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  Alfabetização Cie ntíca no Ensino de Qu ímica QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Vol. 31, N° 3, AGOSTO 2009 165 Recebido em 17/01/09, aceito em 27/03/09  Tathiane Milaré, Graz iela Piccoli Richetti e J osé de Pin ho Alves F ilho  A Alfabetização Científica é um processo que visa a uma formação científica básica a todos os cidadãos e tem se tornado um slogan que abrange diversos significados e objet ivos. Nesse contexto, apresentamos suas principais finalidades encontradas na literatura a fim de tornar possível sua compreensão. Buscando viabilizar o desenvolvimento da Alfabetização Científica no Ensino de Química, analisamos os temas sociais propostos nos artigos da seção Química e Sociedade da revista Química Nova na Escola conforme categorias compatíveis com as finalidades apresentadas. Os artigos analisados possuem potencialidades para o d esenvolvimento dos objetivos da Alfabetização Científica no Ensino de Química. alfabetização científica, ensino de Química, temas sociais Alfabetização Cientíca no Ensino de Química: Uma Análise dos Temas da Seção Química e Sociedade da Revista Química Nova na Escola  A Alfabetização Científica é defendida por muitos professores e pesquisadores do Ensino de Ciências em diversos países como um processo necessário na formação dos cidadãos.  A  Al fa betiza çã o Ci en fi ca é defendida por muitos pro- fessores e pesquisadores do Ensino de Ciências em diversos países como um processo necessá- rio na formação dos cidadãos. De maneira geral, é um movimento que considera a necessidade de todos possuírem um mínimo de conheci- mentos científicos para exercerem seus direitos na sociedade moderna. No entanto, são muitas as dis- cussões sobre os objetivos e os caminhos a serem percorridos para promover a Alfabetizaçã o Científica na Educação Básica. E por outro lado, são poucos os trabalhos que estudam as relações entre os conhe- cimentos científicos e os aspectos da vida de um cidadão (Cajas, 2001; Liso e cols., 2002), dificultando a escolha de direcionamentos na prática da sala de aula a favor da  Alfabetizaç ão Cientí fica.  A seção Química e Sociedade, da revista Química Nova na Escola, traz artigos que procuram “analisar as maneiras como o conhecimento quí- mico pode ser usado – bem como as limitações de seu uso – na solução de problemas sociais, visando a uma educação para a cidadania” (QNEsc, 2008, s/p). Acreditamos que os te- mas apresentados nesses artigos possuem potencialidades para auxi- liar a preencher uma das principais lacunas existentes no desenvolvimen- to da Alfabetização Científica nas aulas de Química: bus- car quais e como os conhecimentos químicos podem au- xiliar na formação da cidadania. Nesse contexto, apresentamos as principais finali- dades da Alfabetização Científica encontradas na literatura e avalia- mos a possibilidade do uso dos temas propostos na seção Química e Sociedade da revista Química Nova na Escola no alcance dessas finalidades.  A Alfabetização Cientíca  Alfabetização Científica é a deno- minação atribuída a um novo discurso sobre o Ensino de Ciências escolar decorrente de investigações emer- gentes no campo da Didática das Ciências (Cajas, 2001). Ela sugere a conversão da educação científica para parte de uma educação bá- sica geral a todos os estudantes (Cachapuz e cols., 2005). Essa neces- sidade surgiu num contexto no qual o Ensino de Ciências era dogmático, cen- trado em verdades, baseado na trans- missão-recepção de resultados, conceitos e doutrinas pouco contextualizadas e voltado para a for- mação de cientistas (Fourez e cols., 1997). Inúmeros estudos sobre con- cepções alternativas (Driver e cols., 1999) e sobre a percepção pública da Ciência (Jenkins, 1999) evidenciavam os baixos índices de aprendizagem e interesse das pessoas pelas áreas das Ciências, propiciados por esse tipo de ensino. Como apenas para uma pequeníssima parcela dos es- tudantes da escola básica o Ensino de Ciências é a primeira etapa da

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 Alabetização Científca no Ensino de QuímicaQUÍMICA NOVA NA ESCOLA Vol. 31, N° 3, AGOSTO 2009

Recebido em 17/01/09, aceito em 27/03/09

 Tathiane Milaré, Graziela Piccoli Richetti e José de Pinho Alves Filho A Alfabetização Científica é um processo que visa a uma formação científica básica a todos os cidadãos e

tem se tornado um slogan que abrange diversos significados e objetivos. Nesse contexto, apresentamos suasprincipais finalidades encontradas na literatura a fim de tornar possível sua compreensão. Buscando viabilizaro desenvolvimento da Alfabetização Científica no Ensino de Química, analisamos os temas sociais propostosnos artigos da seção Química e Sociedade da revista Química Nova na Escola conforme categorias compatíveiscom as finalidades apresentadas. Os artigos analisados possuem potencialidades para o desenvolvimento dos

objetivos da Alfabetização Científica no Ensino de Química.

alfabetização científica, ensino de Química, temas sociais

Alfabetização Cientíca no Ensino de Química:

Uma Análise dos Temas da Seção Química e

Sociedade da Revista Química Nova na Escola

 A Alfabetização Científicaé defendida por 

muitos professores epesquisadores do Ensinode Ciências em diversos

países como um processonecessário na formação

dos cidadãos.

 A   Alfabetização Científica édefendida por muitos pro-fessores e pesquisadores

do Ensino de Ciências em diversospaíses como um processo necessá-

rio na formação dos cidadãos. Demaneira geral, é um movimento queconsidera a necessidade de todospossuírem um mínimo de conheci-mentos científicos para exerceremseus direitos na sociedade moderna.

No entanto, são muitas as dis-cussões sobre os objetivos e oscaminhos a serem percorridos parapromover a Alfabetização Científicana Educação Básica. E por outrolado, são poucos os trabalhos que

estudam as relações entre os conhe-cimentos científicos e os aspectosda vida de um cidadão (Cajas, 2001;Liso e cols., 2002), dificultando aescolha de direcionamentos naprática da sala de aula a favor da Alfabetização Científica.

 A seção Química e Sociedade, darevista Química Nova na Escola, trazartigos que procuram “analisar asmaneiras como o conhecimento quí-mico pode ser usado – bem como aslimitações de seu uso – na solução

de problemas sociais, visando a umaeducação para a cidadania” (QNEsc,2008, s/p). Acreditamos que os te-mas apresentados nesses artigospossuem potencialidades para auxi-

liar a preencher uma das principaislacunas existentesno desenvolvimen-to da AlfabetizaçãoCientífica nas aulasde Química: bus-car quais e comoos conhecimentosquímicos podem au-xiliar na formação dacidadania.

Nesse contexto,

apresentamos as principais finali-dades da Alfabetização Científicaencontradas na literatura e avalia-mos a possibilidade do uso dostemas propostos na seção Químicae Sociedade da revista QuímicaNova na Escola no alcance dessasfinalidades.

A Alabetização Científca

 Alfabetização Científica é a deno-minação atribuída a um novo discursosobre o Ensino de Ciências escolar

decorrente de investigações emer-gentes no campo da Didática dasCiências (Cajas, 2001). Ela sugerea conversão da educação científicapara parte de uma educação bá-

sica geral a todos os estudantes(Cachapuz e cols.,2005). Essa neces-sidade surgiu numcontexto no qual oEnsino de Ciênciasera dogmático, cen-trado em verdades,baseado na trans-missão-recepção deresultados, conceitose doutrinas pouco

contextualizadas e voltado para a for-mação de cientistas (Fourez e cols.,1997). Inúmeros estudos sobre con-cepções alternativas (Driver e cols.,1999) e sobre a percepção pública daCiência (Jenkins, 1999) evidenciavamos baixos índices de aprendizageme interesse das pessoas pelas áreasdas Ciências, propiciados por essetipo de ensino. Como apenas parauma pequeníssima parcela dos es-tudantes da escola básica o Ensinode Ciências é a primeira etapa da

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formação como cientistas, a educa-ção científica deveria fazer parte daeducação geral (Millar, 2003) e incluiraspectos da vida cidadã.

Gil-Pérez e Vilches (2006) defen-dem que a Alfabetização Científica énecessária para: i) tornar a Ciênciaacessível aos cidadãos em geral;

ii) reorientar o Ensino de Ciênciastambém para os futuros cientistas;iii) modificar concepções errôneasda Ciência frequen-temente aceitas edifundidas; e iv) tor-nar possível a apren-dizagem significativade conceitos.

Já para Chassot(2003a), “ser alfabe-tizado cientificamente

é saber ler a lingua-gem em que está escrita a natureza”(p. 30), uma vez que considera aCiência como uma linguagem cons-truída pelos humanos para explicaro mundo natural. É desejável que oalfabetizado cientificamente entendaa necessidade de transformação domundo e o faça para melhor. Para ele,a Alfabetização Científica tambémpossui uma dimensão na promoçãoda inclusão social, pois não bastacompreender a Ciência, é necessário

que ela se torne “facilitadora do estarfazendo parte do mundo” (Chassot,2003b, p. 93).

Diante das várias ideias sobre Alfabetização Científica, algumastentativas de classificação dessasdiferentes concepções foram realiza-das. Díaz e cols. (2003) identificaramna literatura três maneiras de seconceber a Alfabetização Científica:i) como um rótulo às propostas dereforma do Ensino de Ciências de-

senvolvidas por um amplo movimen-to internacional de pesquisadores daárea; ii) como metáfora para tratarsobre as finalidades da educaçãocientífica; e iii) como um mito cul-tural que designa um ideal a serperseguido. Shen ( apud Lorenzetti eDelizoicov, 2001) e Marco (2000) dis-tinguem três formas de AlfabetizaçãoCientífica presentes em propostasdesse movimento, são elas:

  Alfabetização Científica Prática:visa contribuir com o desenvolvimen-

to de conhecimentos científicos etécnicos básicos necessários na vidadiária do indivíduo. Segundo Millar(2003), essa proposta “aponta paraum currículo com uma ênfase maisforte em um modo de conhecer maistecnológico sobre os fenômenos,em conhecimento mais aplicável

imediatamente do que em princípiosabstratos mais gerais” (p. 80); Alfabetização Científica Cívica:

tem como objetivodesenvolver conhe-cimentos científicosque subsidiem de-cisões do indivíduo,a fim de participarmais ativamente deprocessos demo-cráticos da socie-

dade cada vez maisevoluída e tecnológica. Esse tipode alfabetização pode “contribuirpara minimizar a grande quantida-de de superstições e crenças quepermeiam a sociedade” (Lorenzettie Delizoicov, 2001, p. 5). Trata-setambém de evitar que os cidadãosexperimentem “um sentimento deimpotência tão grande frente àsCiências e às Tecnologias, e a tudovinculado a elas” (Fourez e cols.,1997, p. 24);

 Alfabetização Científica Cultural:o estudo da Ciência, nessa pers-pectiva, está relacionado com suanatureza e é motivado pela vontadede se conhecer mais profundamentesobre a principal aquisição da cul-tura humana. Fourez e cols. (1997)explicam essa perspectiva fazendouma comparação: para falar sobree apreciar a Ciência,é necessário ter certaformação da mesma

maneira que paraapreciar um quadrode Van Gogh ou umasinfonia de Mozart.

Outros autores (Fourez e cols.,1997; Henriksen e Froyland  apud  Vogt e Polino, 2003) apontam aindaum quarto campo para a Alfabetiza-ção Científica. Trata-se do âmbitoeconômico, político ou profissionalque visa incentivar a formação depessoas para o trabalho científico,

objetivando promover e manter ocrescimento econômico dos países.

Kemp ( apud Díaz e cols., 2003)analisou as concepções sobre Alfa-betização Científica de nove espe-cialistas em Didática das Ciências.Todos os entrevistados em suapesquisa concordaram que a Alfabe-

tização Científica (1) é o objetivo maisimportante do Ensino de Ciências;(2) que difere do que se entende porum ensino propedêutico (prepara-tório para a formação científica); e(3) possui uma gama de aspectos aserem desenvolvidos que torna seusignificado bastante complexo. Emseu trabalho, o autor estabeleceu trêscategorias de Alfabetização Científi-ca: pessoal, prática e formal.

 A Alfabetização Científica Pessoal

enfoca principalmente os conceitoscientíficos, as relações entre Ciênciae Sociedade e os motivos pessoaisdos indivíduos. Forma pessoas quesaibam incluir a linguagem e os con-ceitos científicos em seu cotidiano eem sua formação cultural. É uma ca-tegoria semelhante à AlfabetizaçãoCientífica Cultural apresentada ante-riormente. A Alfabetização CientíficaPrática privilegia procedimentos,processos, habilidades, competên-cias e justificativas práticas. Consiste

em “saber usar a ciência na vidacotidiana e com propósitos cívicose sociais” (Díaz e cols., 2003, p. 4).Por último, a Alfabetização CientíficaFormal inclui tanto os aspectos con-ceituais quanto os procedimentais(procedimentos, processos, habi-lidades e competências) além deconsiderar os fatores socioeconômi-

cos, os culturais, ospráticos, os cívicose os democráticos.

Segundo Díaz ecols. (2003), “quan-do a alfabetizaçãoé concebida destaforma as metas são

tantas que seus defensores parecemesquecer que os recursos e o tempodisponível para o ensino de ciênciassão limitados” (p. 5).

Outra discussão pertinente ésobre quais componentes se fazemnecessários no currículo de Ciênciaspara a formação básica geral dos

 A Alfabetização CientíficaPrática visa contribuir com

o desenvolvimento deconhecimentos científicos

e técnicos básicosnecessários na vida diária

do indivíduo.

 A Alfabetização CientíficaCívica tem como objetivo

desenvolver conhecimentoscientíficos que subsidiemdecisões do indivíduo.

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estudantes. Autores, em artigossobre a Alfabetização Científica,frequentemente trazem questiona-mentos sobre quais conteúdos ouconhecimentos devem ser trabalha-dos nessa perspectiva. Martín-Diaz(2002) diz que essa questão estárelacionada com a prática desenvol-

vida em sala de aula e que os con-teúdos a serem trabalhados devemser contextualizados e funcionais.Não só os conceitos, mas tambémas atividades de sala de aula devemser contextualizadas e aplicáveis(Martín-Diaz, 2002), de forma a se-rem úteis, motivadores e acessíveisa todos os estudantes, independen-temente da carreira profissional queserá seguida.

Millar (2003) defende dois ob-

jetivos do conteúdo científico a sertrabalhado com estudantes de cincoa dezesseis anos de idade, quecorresponde à educação básicabrasileira. São eles:

  i. ajudar os estudantes atornarem-se mais capacitados  nas suas interações com o  mundo material pela ênfaseem um modo de conhecer  mais tecnológico, mais útil do ponto de vista prático;

 ii. desenvolver gradualmente a compreensão dos estudan-tes de um pequeno númerode “modelos mentais” sobreo comportamento do mundo natural. (p. 83)

Esses objetivos mostram a pre-ocupação em evitar o ensino deteorias e conceitos que se encerramem si mesmos, isto é, que possuem

como único argumento de defesada presença no currículo escolar ofato de serem científicos. Os conhe-cimentos científicos e tecnológicosabordados devem propiciar o desen-volvimento do indivíduo em sua vidadiária e a tomada de consciência dascomplexas relações entre Ciência eSociedade; auxiliar a resolver pro-blemas e necessidades de saúde esobrevivência básicas; e considerara Ciência como parte da cultura atual(Furió e Vilches, 1997).

Reid e Hodson ( apud Cachapuze cols., 2005) propõem que a educa-ção dirigida para uma cultura cientí-fica básica deve conter os seguinteselementos: i) conhecimentos de ci-ência; ii) aplicações do conhecimen-to científico; iii) saberes e técnicas daciência; iv) resolução de problemas;

v) interação com a Tecnologia; vi)questões sócio-econômico-políticase ético-morais na Ciência e na Tecno-logia; vii) história e desenvolvimentode Ciência e Tecnologia; e viii) estudoda natureza da Ciência e a práticacientífica. Ao desenvolver esseselementos no Ensino de Ciências,pretende-se que os estudantestenham os conhecimentos neces-sários para compreender questõesrelativas à Ciência e à Tecnologia e

seu impacto nos contextos social,econômico e político, sendo capazesde refletirem, discutirem, formaremopiniões e atuarem na sociedade emque estão inseridos.

Como ensinar e quais estraté-gias utilizar em sala de aula sãooutros aspectos importantes na Alfabetização Científica. No entanto,é importante considerar que qual-quer estratégia de ensino que visealcançar algum dos objetivos da  Alfabetização Científica apresenta-

dos requer preparação adequadado professor envolvido. Nesse sen-tido, Fourez e cols. (1997) apontamque os professores devem possuirem sua formação elementos comohistória da Ciência,epistemologia, in-terdisciplinaridade,aspectos tecnoló-gicos, aspectos so-ciais e conteúdosespecíficos além de

conhecer seus alu-nos e as finalidadesdo que se propõe aensinar.

 Alguns pontos centrais, comunsentre as ideias de AlfabetizaçãoCientífica apresentadas, podem serdestacados:

a) As pessoas em geral devempossuir um mínimo de conhecimentocientífico;

b) O ensino de Ciências deve serdiferente do ensino propedêutico,

centrado em conteúdos que se en-cerram em si mesmos;

c) Aspectos sociais e culturaisdevem ser considerados no Ensino.

Nesse sentido, o uso de temasno Ensino de Ciências e no Ensinode Química pode colaborar na con-cretização desses pontos em sala

de aula, pois direcionam os conhe-cimentos científicos para uma finali-dade prática, atribuindo importânciapara os alunos ao que é estudado efavorecendo a interdisciplinaridade.  Além disso, a inclusão de temassociais nas aulas de Química ajudaa evitar o despejo maciço de conte-údos e a necessidade de memori-zação de conceitos e fórmulas, quecaracterizam o ensino tradicional.Também colaboram com a discus-

são de aspectos sociais, políticose econômicos, que são elementosnão disciplinares que auxiliam naproblematização e fazem parte darealidade dos alunos.

Em busca de temas no ensino de

química

Para discutir as relações entre asfinalidades da Alfabetização Cientí-fica e o uso de temas no Ensino deQuímica, primeiramente foram sele-cionados artigos da seção Química

e Sociedade dos números de 1 a 28da revista Química Nova na Escola para identificação dos temas pro-postos pelos principais autores daárea. Dos 29 artigos dessa seção, 9

enfocam Tecnologia;9, Meio Ambiente; 6,Saúde e estética; 3,  Alimentos; e 2 nãoforam categorizados.Destes, um delesapresenta um relato

sobre uma propostade abordagem dife-renciada da Quími-ca (Santos e cols.,

2004) e o outro aborda os sentidosdo letramento na educação em Ciên-cias (Paula e Lima, 2007). Eles nãoforam considerados na análise pornão focarem um único tema socialcomo os demais artigos.

 A maioria dos artigos refere-se aoMeio Ambiente e à Tecnologia, revelan-do um reflexo da sociedade moderna

Na Alfabetização CientíficaCultural, o estudo da

Ciência está relacionadocom sua natureza e é

motivado pela vontadede se conhecer mais

profundamente sobre aprincipal aquisição da

cultura humana.

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em que vivemos, onde estamos cer-cados pela Tecnologia e sofremos osimpactos ambientais proporcionadospor esse crescente desenvolvimento.  Além disso, esses dados revelam apreocupação de formar cidadãos queatuem nessa sociedade.

 Após o levantamento inicial dos

artigos, a análise dos temas pro-

postos foi baseada em categoriasrelacionadas às principais finali-dades da Alfabetização Científicaapresentadas anteriormente:

Prática: interpretação de fenô-menos e procedimentos presentesno cotidiano, baseada em conheci-mentos científicos e técnicos. Como

exemplo, tem-se o funcionamento

de artefatos tecnológicos, a ação deprodutos e a explicação de fenôme-nos naturais.

Cívica: conhecimentos que per-mitem que o indivíduo tome algumtipo de decisão perante situaçõesvivenciadas.

Cultural: aspectos relacionados à

natureza da Ciência e da Tecnologia,

Tabela 1: Artigos da revista Química Nova na Escola utilizados na análise.

 AZEVEDO, E.B. Poluição vs. tratamento de água: duas faces da mesma moeda. Química Nova na Escola, n. 10, p. 21-25, 1999.

BARBOSA, A.B. e SILVA, R.R. Xampus. Química Nova na Escola, n. 2, p. 3-6, 1995.

BOCCHI, N.; FERRACIN, L.C. e BIAGGIO, S.R. Pilhas e baterias: funcionamento e impacto ambiental. Química Nova na Escola, n.11, p. 3-9, 2000.

BRAATHEN, P.C. Hálito culpado: o princípio químico do bafômetro. Química Nova na Escola, n. 5, p. 3-5, 1997.

CANGEMI, J.M.; SANTOS, A.M. e NETO, S.C. Biodegradação: uma alternativa para minimizar os impactos decorrentes dos resíduosplásticos. Química Nova na Escola, n. 22, p. 17-21, 2005.

CARDOSO, A.A.; MACHADO, C.M.D. e PEREIRA, E.A. Biocombustível, o mito do combustível limpo. Química Nova na Escola, n. 28p. 9-14, 2008.

CHASSOT, A.; VENQUIARUTO, L.M. e DALLAGO, R.M. De olho nos rótulos: compreendendo a Unidade Caloria. Química Nova naEscola, n. 21, p. 10-13, 2005.

COSTA, M.L. e SILVA, R.R. Ataque à pele. Química Nova na Escola, n. 1, p. 3-7, 1995.

DIAS, S.M. e SILVA, R.R. Perfumes: uma química inesquecível. Química Nova na Escola, n. 4, p. 3-6, 1996.

DURÃO JR., W.A. e WINDMÖLLER, C.C. A questão do mercúrio em lâmpadas fluorescentes. Química Nova na Escola, n. 28, p. 15-19, 2008.

FARIAS, R.F.A Química do tempo: Carbono-14. Química Nova na Escola, n. 16, p. 6-8, 2002.

FERREIRA, J.T.B. e ZARBIN, P.H.G. Amor ao primeiro odor: a comunicação química entre os insetos. Química Nova na Escola, n. 7,p. 3-6, 1998.

FIORUCCI, A.R. e BENEDETTI FILHO, E. A importância do oxigênio dissolvido em ecossistemas aquáticos. Química Nova na Escolan. 22, p. 10-16, 2005.

FIORUCCI, A.R., SOARES, M.H.F.B. e CAVALHEIRO, E.T.G. A importância da vitamina C na sociedade através dos tempos. QuímicaNova na Escola, n. 17, p. 3-7, 2003.

GUGLIOTTI, M.A Química do corpo humano: tensão superficial nos pulmões. Química Nova na Escola, n. 16, p. 3-5, 2002.

JAFELICCI JR., M. e VARANDA, L.C. O mundo dos coloides. Química Nova na Escola, n. 9, p. 9-13, 1999.

NASCIMENTO, R.M.M.; VIANA, M.M.M.; SILVA, G.G. e BRASILEIRO, L.B. Embalagem cartonada longa vida: lixo ou luxo. QuímicaNova na Escola, n. 25, p. 3-7, 2007.

OLIVEIRA, F.C.C.; SUAREZ, P.A.Z. e SANTOS, W.L.P. Biodiesel: possibilidades e desafios. Química Nova na Escola, n. 28, p. 3-8,2008.

PEREIRA, R.C.C.; MACHADO, A.H. e SILVA, G.G. (Re)conhecendo o PET. Química Nova na Escola, n. 15, p. 3-5, 2002.

PINHEIRO, P.C.; LEAL, M.C. e ARAÚJO, D.A. Origem, produção e composição química da cachaça. Química Nova na Escola, n. 18,p. 3-8, 2003.

SANTOS, C.P.; REIS, I.N.; MOREIRA, J.E.B. e BRASILEIRO, L.B. Papel: como se fabrica? Química Nova na Escola, n. 14, p. 3-7,2001.

SILVA, P.H.F. Leite: aspectos de composição e propriedades. Química Nova na Escola, n. 6, p. 3-5, 1997.

SILVA, R.M.G. e FURTADO, S.T.F. Diet ou light: qual a diferença. Química Nova na Escola, n. 21, p. 14-17, 2005.

SILVA, R.R.; FERREIRA, G.A.L.; BAPTISTA, J.A. e DINIZ, F.V. A Química e a conservação dos dentes. Química Nova na Escola, n. 13p. 3-8, 2001.

SOUZA, J.R. e BARBOSA, A.C. Contaminação por mercúrio e o caso da Amazônia. Química Nova na Escola, n. 12, p. 21-25, 1999.

TOLENTINO, M. e ROCHA-FILHO, R.C. O átomo e a tecnologia. Química Nova na Escola, n. 3, p. 4-7, 1996.

_____. A Química no efeito estufa. Química Nova na Escola, n. 8, p. 10-14, 1998.

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como os históricos e as curiosidadessobre seu desenvolvimento.

Profissional ou econômica: enfa-tiza a importância econômica sobredeterminado tema ou aspectos re-

lacionados à formação profissional.

Os principais conteúdos esco-lares de Química necessários nacompreensão de cada tema propos-to nos artigos analisados (Tabela 1)também foram levantados e serãoapresentados adiante. A Tabela 2mostra os artigos analisados, seusrespectivos temas centrais e aspotencialidades encontradas emcada um deles na promoção das fi-nalidades da Alfabetização Científica

(prática, cívica, cultural e profissionalou econômica).

Potenciais para a Alabetização

Científca Prática

Na maioria dos artigos analisa-dos, encontramos potencialidadespara o desenvolvimento da Alfabeti-zação Científica Prática. Houve umapreocupação em mostrar como osconhecimentos científicos e técnicospodem contribuir para a compreen-são de alguns fenômenos naturais,processos e funcionamento de arte-fatos tecnológicos e outros produtospresentes no dia a dia. Esses artigostambém ressaltaram a importânciade tais conhecimentos científicos

para a sociedade como um todo.Sobre os fenômenos naturais,

alguns artigos permitem entendercomo ocorre o processo de bronzea-mento da pele sob efeito da luz solar;

a comunicação entre os insetos porferomônios; o funcionamento dospulmões; a formação de cáries nosdentes; o efeito estufa na Terra; e oscoloides na natureza. Entre os princi-pais conteúdos de Química necessá-rios nesse entendimento, podemoscitar radiações eletromagnéticas,substâncias, misturas e separações,reações químicas, compostos orgâ-nicos, gases, coloides, pH etc.

Os processos abordados nosartigos referem-se ao tratamento

Tabela 2: Tema central e categorias encontrados nos artigos analisados.

 Artigos analisados TemaFinalidades da Alfabetização Científica

Prático Cívico CulturalProfissional/ Econômico

Costa e Silva, 1995 Efeitos da luz solar na pele X X

Barbosa e Silva, 1995 Xampus X X X

Tolentino e Rocha-Filho, 1996 Átomos X X

Dias e Silva, 1996 Perfumes X X X

Braathen, 1997 Bafômetro X X

Silva, 1997 Leite X X

Ferreira e Zarbin, 1998 Feromônios X X

Tolentino e Rocha-Filho, 1998 Efeito estufa X X

Jafelicci Jr. e Varanda, 1999 Coloides X X

 Azevedo, 1999 Água X X X

Bocchi e cols, 2000 Pilhas e baterias X X

Souza e Barbosa, 2000 Contaminação por Hg X X

Silva e cols., 2001 Dentes X X X

Santos e cols., 2001 Papel X X

Pereira e cols, 2002 PET X X

Gugliotti, 2002 Pulmões X X

Farias, 2002 Carbono 14 X X X

Fiorucci e cols., 2003 Vitamina C X X

Pinheiro e cols., 2003 Produção da cachaça X X X

Chassot e cols., 2005 Rótulos/calorias X X

Silva e Furtado, 2005 Alimentos diet e light X X

Fiorucci e Benedetti Filho, 2005 Ecossistemas aquáticos X

Cangemi e cols., 2005 Plásticos X X

Nascimento e cols., 2007 Embalagens cartonadas X X X

Oliveira e cols., 2008 Biodiesel X X X

Cardoso e cols., 2008 Biocombustível (etanol) X X X

Durão Jr. e Windmöller, 2008 Mercúrio X X

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da água, à fabricação do papel, àreciclagem de materiais diversos e àprodução da cachaça, que envolvemconhecimentos de Química comotipos de substâncias, misturas, solu-bilidade, reações, ligações, estruturamolecular, polímeros, isótopos eradioatividade.

Outros assuntos classificadosna categoria da finalidade práticarelacionam-se com as propriedadese ação de produtos cosméticos,higiene (sabão, xampus, filtros so-lares, perfumes, creme dental) e ali-mentícios (leite, produtos rotulados),além do funcionamento de algunsartefatos como bafômetro, pilhase baterias e das propriedades dealgumas embalagens. Todos essestemas envolvem o conhecimento

químico sobre as substâncias.O desenvolvimento da Alfabetiza-ção Científica Prática permite que umindivíduo entenda fenômenos e pro-cessos de seu entorno, principalmenteos relacionados a técnicas e procedi-mentos, embora existam autores quedefendam que esses conhecimentosnão são necessários na vida cotidiana(Fensham, 2002; Millar, 2003). Poroutro lado, essa perspectiva podedirecionar o Ensino de Química, mos-trando aos alunos aplicabilidade do

que aprendem e evitando princípiosabstratos mais gerais e descontextu-alizados que não são significativos ecausam desinteresse.

Potenciais para a Alabetização

Científca Cívica

 Auxiliar os alunos a tomarem de-cisões baseadas em argumentos éuma das principais premissas da Al-fabetização Científica Cívica. Em salade aula, essa capacidade pode ser es-

timulada por situações que requeremnegociações e deliberações. É o casode muitos dos temas abordados nosartigos analisados em que as decisõespossíveis de serem tomadas referem-se principalmente aos cuidados com asaúde e com o meio ambiente.

O estudo dos temas propostosnos artigos permite a tomada dedecisões sobre questões como: De-vemos ou não nos proteger dos raiossolares? Qual filtro solar utilizar? Qualxampu escolher? Como escolher e

armazenar o leite? Consumir produtosdiet ou light? Devo ingerir bebidasalcoólicas? Que atitude tomar paraevitar a poluição? Devo descartar pi-lhas e baterias em aterros sanitários?Optar por qual tipo de creme dental?Quais atitudes tomar em relaçãoa dietas? Essas e outras questões

estão relacionadas a situações co-muns na sociedade atual. No entanto,resolvê-las não é uma tarefa simplese envolve diversos tipos de conhe-cimentos. Entre eles estão algumasnoções de Química como as pro-priedades das substâncias, acideze basicidade, pH, reações químicas,entre outras. Outra contribuição daQuímica e de outras áreas científicasnesse sentido é a desmistificaçãode alguns assuntos, evitando que as

decisões sejam tomadas de formaarbitrária, sem uma reflexão maisprofunda e crítica.

Potenciais para a Alabetização

Científca Cultural

Na categoria da AlfabetizaçãoCientífica Cultural, foram identifi-cados alguns fatos históricos queenvolvem o desenvolvimento daCiência e da Tecnologia, além dealgumas curiosidades. Conceber odesenvolvimento da Ciência num

contexto social e histórico, admitindoas incertezas, a não linearidade, osconflitos, os fracassos e os interes-ses, é um ponto importante na forma-ção do cidadão, pois faz com que elecompreenda os limites dos saberescientíficos frente a outras formas dese conhecer (Fourez e cols., 1997).

  A abordagem desses aspectosno Ensino de Química é essencialna motivação dos alunos no estudoda Ciência, aproximando-os desse

tão particular componente da culturahumana. Trata-se também de umadas formas de se evitar a visão daCiência como verdadeira, única eacabada.

Os elementos encontrados nosartigos e considerados na categoriacultural são os aspectos históricosdo sabão, do átomo, dos processosde obtenção de essências, dos co-loides, dos tratamentos dos dentes,da fabricação do papel, do uso doPET, do Santo Sudário, da Vitamina

C, da produção de cachaça e do de-senvolvimento e uso de embalagenscartonadas.

Potenciais para a Alabetização

Científca Profssional ou Econômica

  Alguns dos temas abordadosenvolvem conhecimentos mais espe-

cíficos e complexos, que não são tãoaplicáveis no dia a dia de um cidadãocomum. Por outro lado, são bastanteimportantes em determinadas áreasprofissionais e enquadram-se naQuímica aplicada ao setor produtivo.É o caso da relação entre a estruturaatômica e o desenvolvimento de tec-nologias em diversos setores comomedicina, energia nuclear, produtoseletro-eletrônicos etc., da importân-cia da datação por Carbono-14 na

arqueologia e da importância doconhecimento químico na medicina,a exemplo da tensão artificial nospulmões. A forma com que essesassuntos específicos são aborda-dos pode despertar o interesse dosestudantes em seguir determinadascarreiras científicas, o que contribucom a Alfabetização Científica nosentido profissional e econômico.

Outros temas considerados nes-sa categoria foram os que enfatiza-ram aspectos econômicos como,

por exemplo, a variação do custoconforme as propriedades de produ-tos como os perfumes, a economiaobtida com processos como a reci-clagem e a importância econômicada produção de cachaça para o país.

Considerações fnais

O uso de temas sociais no Ensi-no de Química, como os propostosnos artigos analisados, mostrou-seadequado no desenvolvimento da Al-

fabetização Científica, considerandoseus principais objetivos. A aproxi-mação entre os conteúdos formaisde Química e os temas sugeridosnos artigos pode proporcionar aosalunos a construção de ideias acer-ca dos aspectos históricos, sociais,culturais e tecnológicos relacionadosaos temas, contribuindo dessa for-ma para a formação da cidadania.Sendo assim, as questões relacio-nadas à Ciência e à Tecnologia e osconteúdos escolares tornam-se mais

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 Abstract: Scientific Literacy in Chemical Education: An analysis of the subjects in the section “Chemistry and Society” of Química Nova na Escola journal. Considering the importance of the processof Scientific Literacy in the basic formation of the citizen, this work presents its main characteristics and objectives founds in literature. Searching an approach of this process with Chemistry Education,the social subjects considered in articles of the section “Chemistry and Society” of the “Química Nova na Escola” journal had been analyzed, as categories established compatible to the objectivesof the Scientific Literacy. The analyzed articles possess potentialities for the development of more than one of the objectives of the Scientific Literacy in Chemical Education.

Keywords: Scientific Literacy, Chemical Education; social i ssues.

significativos.É importante lembrar, entretanto,

que outros fatores também devemser considerados no processo de  Alfabetização Científica, como ointeresse e a importância dos temasaos alunos, sua compatibilidade comos conteúdos científicos a serem de-

senvolvidos em determinada fase es-colar e a abordagem interdisciplinar.Os temas dos artigos analisados

também podem ser explorados sobo ponto de vista de outras finalidadesda Alfabetização Científica, além dos

apontados neste trabalho. Busca-mos classificar os temas conformea abordagem feita pelos autores dosartigos, considerando os aspectosdos textos mais adequados às cate-gorias estabelecidas. Todavia, é pos-sível que temas como, por exemplo,o leite seja trabalhado com a finali-

dade de desenvolver a AlfabetizaçãoCientífica Cultural, Profissional eEconômica, abordando-se aspectosda produção e do consumo de leiteno país e a agropecuária.

Tathiane Milaré ([email protected]), licenciadaem Química pelo Instituto de Química da UNESP/ 

  Araraquara (SP), mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológicada UFSC, é doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciênciasda USP na área de concentração Ensino deQuímica. Graziela Piccoli Richetti ([email protected]), bacharel e licenciada em Químicapelo Centro de Ciências Físicas e Matemáticas daUFSC, mestre pelo Programa de Pós-Graduaçãoem Educação Científica e Tecnológica da UFSC, éprofessora da Escola de Educação Básica Depu-tado Nilton Kucker em Itajaí (SC). José de Pinho

Alves Filho ([email protected]), bacharel emFísica pela UFRGS, mestre em Educação e doutorem Ensino de Ciências Naturais e Matemática pelaUFSC, é professor da UFSC.