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Alfabetização nas Deficiências Um Desafio Fatima Pereira da Silva Fonoaudióloga ll Capacitação Deficiência Física SRE – setembro/2014

Alfabetização nas Deficiências Um Desafio

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Fatima Pereira da Silva
do professor e escola, com relação as práticas
pedagógicas à serem adotadas nesse processo.
E quando pensa-se no aluno com deficiência seja
ela, física, intelectual, auditiva, visual, múltipla ou
mesmo o TGD, parece que os conhecimentos
pedagógicos apreendidos até então, tendem a
desaparecer.
Discutir qual método é mais eficaz é uma questão de
conhecer o que cada metodologia oferece e qual se
adequa a situação da sala de aula/aluno.
Nem sempre conseguimos trabalhar embasados em um
único método ou teoria.
Em cima dessa discussão, o professor precisa ter um olhar
crítico sobre as vantagens e desvantagens de cada método
e qual flexibilização necessária para que o aluno consiga
atingir a alfabetização e o letramento.
Métodos de Alfabetização
A escrita é um produto cultural adquirido por meio
da relação ensino-aprendizagem.
Alfabetização
teóricos com procedimentos que organizam o trabalho
pedagógico em torno da alfabetização.
Vários estudos em cada época específica pontuaram e
divulgaram para as escolas os benefícios de um
método, depois do outro até os dias de hoje.
Fazendo um breve retorno em busca dos métodos de
alfabetização já adotados nas escolas brasileiras temos
os seguintes pontos de cada método.
A História dos Métodos de
Alfabetização - Sintéticos
palavra, realiza correspondência entre fonema/grafema, da
parte para o todo
Método Alfabético (soletração)
B) Grafia,
C) Família silábica;
D) Monossílabos, Dissílabos
E) Textos segmentados ( a ca sa, a ma re la, na, flo res ta)
A História dos Métodos de
Alfabetização - Sintético
Método Fônico
Palavras formadas com as vogais;
Apresentação dos fonemas regulares (d, b, f, j, m, n) de
forma isolada, em seguida os irregulares;
Junção dos fonemas regulares e posteriormente os
irregulares, com as vogais, formando sílabas;
Formação de palavras, frases, textos.
A História dos Métodos de
Alfabetização - Sintético
Método Silábico
Sílabas simples, apoio em palavras e ilustrações
destacando a sílaba na palavra “bo” de bola;
Famílias silábicas, sílaba em destaque na palavra;
Formação de palavras, frases, textos.
A História dos Métodos de
Alfabetização - Analíticos
maiores, palavra para unidades menores.
Leitura é um ato global e ideovisual;
Reconhecimento global das palavras e das frases.
Dentre os métodos analíticos temos:
A)Palavração;
B)Sentenciação;
Alfabetização - Analíticos
universo infantil;
Divisão silábica das palavras;
estudadas;
Formação de frases, textos.
Alfabetização - Analítico
criança;
Memorização;
Formação de grupos de palavras;
Isolamento de elementos conhecidos dentro da palavra
(sílaba);
Alfabetização - Analítico
cartazes;
Decomposição do texto estudado em frase (iniciando o
estudo do 2º cartaz);
Formação de novas palavras com as sílabas estudadas;
Estudo e análise de grafema/fonema.
A História dos Métodos de
Alfabetização
Num determinado momento da história dos método surge os testes
ABC para verificação a maturidade necessária ao aprendizado da
leitura e escrita, a partir desse momento, as cartilhas passaram a se
basear predominantemente em métodos mistos ou ecléticos
(analítico-sintético e vice versa) onde disseminou a ideia e a prática
do “período preparatório”.
Em 1980 toda a tradição dos métodos de alfabetização até então
aplicados, foi sistematicamente questionada.
Na busca de soluções surge o construtivismo não como um, método
novo mas como uma “revolução conceitual” resultante das pesquisas
sobre a psicogênese da língua escrita desenvolvidas pela
pesquisadora argentina Emília Ferreiro e colaboradores.
Questionamento sério sobre o uso das cartilhas de alfabetização.
A História dos Métodos de Alfabetização
Emília Ferreiro e Ana Teberosky em
Psicogênese da língua escrita
“Mais do que pensar em métodos, é preciso compreender os
processos de aprendizagem da criança ao tentar reconstruir a
representação do sistema alfabético.”
A escrita, a leitura e a linguagem oral não se desenvolvem
separadamente, mas atuam de maneira interdependente.
Experiências vivenciadas durante o período de 3 aos 6 anos fazem
parte do processo de alfabetização, a partir da interação dos
leitores e o material escrito.
Conhecimentos socialmente transmitidos pelos adultos e
assimilados pela criança.
Nível pré-silábico: Não existe uma correspondência entre
grafema/fonema, a criança pode reproduzir traços de escrita utilizando
letras, números, letras do seu nome ou mesmo letras aleatórias.
Nível Silábico: No início a criança associa cada emissão sonora (sílaba)
com uma letra, podendo usar qualquer letra para qualquer sílaba.
Posteriormente, ela descobre que a escrita representa a fala, esse é um
momento importante na evolução do processo de leitura.
Ex.: Cachorro KOR - AXO - COR
Aqui a criança não aceita escrever letras iguais como KOO ou uma
palavra com uma letra – Pó – P. Esse é um importante conflito para
avançar para o próximo nível.
Níveis de Hipótese de Escrita
Nível Alfabético
sempre com a escrita padrão.
Ex.: Cachorro – KAXORO – COXORRO
Nível Ortográfico
correta.
A criança começa a produzir textos antes mesmo de saber as
letras de maneira convencional.
O ambiente alfabetizador precisa oferecer ao aluno oportunidades de
participar de momentos de situações reais para o uso da escrita, diversos
atos de leitura e escrita.
Precisa ter atividades permanentes como um ambiente atraente,
aconchegante, livros de diversos gêneros, diferentes autores, revistas,
histórias em quadrinhos, jornais, textos com produção de outras crianças;
Jogos de mesa, jogos gráficos como caça palavras, cruzadinhas, forca...
Deixar material à vontade como cartelas com letras, letras móveis;
Criar ambientes de brincar dentro e fora da sala de aula para ampliação do
universo discursivo, da linguagem, sempre com atividades contextualizadas.
Todo material de exploração como encartes de supermercados, listas
telefônicas, livros de receitas, blocos de escrever, devem estar a disposição
da criança.
Métodos Tradicionais X Construtivismo
O construtivismo considerado até então o mais moderno e eficaz entre as
teorias de ensino, passou a ser alvo frequente de ataques. Até seus mais fiéis
defensores reconhecem que seu emprego na educação básica vem sendo,
no mínimo distorcido.
O conceito da teoria preconiza que é preciso levar em consideração a
bagagem cultural adquirida pela criança antes de ingressar na escola. A
técnica consiste em apresentar o mundo letrado ao aluno diretamente por
meio por meio de textos, mesmo antes dele ser capaz de decodificar cada
palavra. Ignorando que esses estudantes-mirins trazem de casa uma
bagagem bem mais vazia do que se esperava. Herdam dos pais histórias de
defasagem educacional.
(Questão de método/Revista Educação)
Métodos Tradicionais X Construtivismo
Para o professor Dr. Fernando Capovilla “É a mesma coisa que pegar um texto
em alemão, entregar a alguém que não conhece a língua e pedir pra ler”.
Capovilla, afirma que o construtivismo condena as crianças de classes menos
favorecidas ao fracasso escolar. Ele é um dos defensores do emprego do
método fônico. Onde é ensinado as crianças a correspondência entre sons
(fonemas) e letras (grafemas).
As discussões em torno dos métodos é acirrada.
O MEC nos seus Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), não compartilham da
mesma opinião do Dr. Capovilla.
Dr. Capovilla, é coordenador do Laboratório de Neuropsicolinguística Cognitiva
Experimental (Lance), do Instituto de Psicologia da USP.
Métodos Tradicionais X Construtivismo
Podemos pensar que se o construtivismo no Brasil, esbarra no complicador da
bagagem cultural de cada criança, podemos concluir que o construtivismo teria
melhores resultados em países em que a população é mais culta, onde a renda
familiar permite que a família tenha maiores condições de investir em livros, e
outras situações favoráveis ao aumento dessa “ bagagem”.
Isso não acontece! Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Itália, Canadá e
Portugal por exemplo, empregam o método Fônico antes de partir para a
compreensão e interpretação de textos. Porém ele não é aplicado
isoladamente, mas como parte essencial de um amplo programa de leitura e
escrita. Resultado segundo dados da Unesco, esses países tem taxas de
reprovação de 5%. Alemanha que tem o ensino centrado no fônico tem taxa de
2% de reprovação.
(Questão de método/Revista Educação)
Métodos Tradicionais X Construtivismo
Nos Estados Unidos o debate em torno dos métodos é tão sério que é
chamado de Reading wars (“guerra na leitura).
Em frente a essas discussões a pedido do Congresso Norte Americano, foi
solicitado ao National Institute of Child Health and Human Development
Instituto Nacional de Saúde da Infância e Desenvolvimento Humano), uma
pesquisa que foi realizada entre 1997 e 1999, com o objetivo de descobrir
se a abordagem fônica era realmente eficaz. Com isso foi realizado o mais
completo levantamento já produzido naquele país sobre métodos de
alfabetização. Chamado de National Reading Panel (Painel Nacional de
Leitura).
Para executar esse trabalho foi formada uma comissão composta por
pesquisadores, representantes de escolas, professores e pais. O grupo
identificou cem mil estudos sobre alfabetização.
(Questão de método/Revista Educação)
ALFABETIZAÇÃO
Conclusão da pesquisa realizada foi que as crianças alfabetizadas por
meio de métodos fônicos desenvolvem melhor a compreensão e
interpretação de textos, além de melhorar a expressão oral. “ As
descobertas mostraram que ensinar as crianças a manipular fonemas foi
altamente efetivo sob a variedade de condições de ensino e uma
variedade de alfabetizandos de diferentes séries e idades”.
Os participantes do painel destacaram que o treinamento da consciência
fonética não constitui um programa completo de leitura. “ No entanto, ele
dá à criança conhecimento essencial sobre o sistema alfabético.
“É um componente necessário a um completo e integrado programa de
leitura.” Afirma o relatório.
Método Fônico
A manipulação dos fonemas é altamente eficaz sob as mais variadas condições de ensino. A consciência fonológica amplia significativamente a capacidade de leitura da criança;
A aplicação sistemática do método fônico produz benefícios em estudantes do ensino infantil ao 6º ano e para crianças em geral com dificuldades de leitura;
Alunos que foram alfabetizados por meio de método fônico demonstram melhor capacidade para decodificar textos e ler em voz alta;
A aplicação sistemática do método fônico produz benefícios em estudantes do ensino infantil ao 6º ano e para crianças em geral com dificuldades de leitura.
Método Multissensorial
método multissensorial. Ela defendia a participação
ativa da criança durante a aprendizagem. A criança
devia, por exemplo, traçar a letra enquanto o
professor dizia o som correspondente (MONTESSORI, 1948).
Fernald e Keller (1921), outros proponentes do
método multissensorial, também incentivavam as
crianças a pronunciar em voz alta os nomes das letras
enquanto as escrevessem.
“Alfabetização de crianças com distúrbios de
aprendizagem, por métodos multissensoriais, com
ênfase fono-visuo-articulatória”.
Método Multissensorial
escrita às crianças.
tátil, este método facilita a leitura e a escrita ao
estabelecer a conexão entre aspectos visuais (a
forma ortográfica da palavra), auditivos (a forma
fonológica) e cinestésicos (os movimentos necessários
para escrever aquela palavra).
O Processamento Fonológico na
De acordo com Capovilla, Alessandra Gotuzo - Nas últimas décadas a
processamento fonológico para a aquisição de leitura e escrita tem sido de
extrema importância.
Quando falamos em ter acesso ao léxico mental, estamos referindo a ter
acesso fácil e rápido à informação fonológica estocada na memória de
longo prazo. A eficiência no acesso léxico parece facilitar o uso de
informações fonológicas nos processos de decodificação e codificação
durante a leitura e escrita.
A memória de trabalho fonológica refere-se tanto ao processamento ativo,
quanto ao armazenamento transitório de informações fonológicas. Crianças
com dificuldades severas de leitura e escrita frequentemente apresentam
distúrbios nessa memória.
consciência geral de segmentos nos níveis de palavra e
subpalavra (palavras, rimas, aliterações, sílabas e fonemas);
Consciência fonêmica é usado em referência específica a
consciência de fonemas;
Nem sempre a Consciência fonológica segue a ordem acima,
o que se tem em consenso é que a última habilidade a surgir é
a consciência fonêmica.
consciência de sílabas, aliterações e rimas do que de fonemas.
Enquanto estas parecem desenvolver-se espontaneamente, o
mesmo não ocorre com a consciência fonêmica;
A precedência da consciência suprafonêmica em relação a
consciência fonêmica é devida ao fato de que as sílabas
isoladas e outros segmentos mais amplos são manifestados
com unidades discretas na fala e o mesmo não acontece com
os fonemas isolados.
Alfabetização
A consciência fonológica refere-se tanto a consciência de que a fala pode ser segmentada quanto a habilidade de manipular tais segmentos;
É uma consciência metalinguística ( que é a habilidade de desempenhar operações mentais sobre o que é produzido por mecanismos mentais envolvidos na compreensão de sentenças. Ela difere da habilidade linguística como a percepção ou discriminação fonêmica.
Vários estudos tem direcionados para a importância da consciência fonológica para o processo de aquisição de leitura e escrita.
A habilidade de estar atento aos sons da fala se correlaciona com o sucesso do aprendizado da leitura e escrita;
O Processamento Fonológico na
O tipo de consciência fonológica promovido pela instrução de leitura
depende do sistema de escrito que está sendo ensinado.
A Consciência fonêmica parece só ser alcançada com a introdução do
sistema alfabético; mas não com o silábico ou ideográfico.
A tomada de consciência de que a fala possui uma estrutura fonêmica
que é essencial para a aquisição da leitura, nesse momento essa
estrutura permite à criança converter a ortografia em fonologia, com isso
ela poderá qualquer palavra nova (mesmo com erros, no caso das
irregulares).
O Processamento Fonológico na
Esta é uma característica das ortografias alfabéticas, que permite
ao aluno ao se deparar com uma palavra nova, ler por
decodificação fonológica. Aos poucos esse processo contribuirá
para criar a representação ortográfica daquela palavra, que a
partir daí poderá ser lida por rota lexical .
A possibilidade dessa decodificação fonológica na leitura inicial é
estimulada pelos métodos fônicos em oposição aos métodos
globais.
As crianças que aprendem a ler por meio de decodificação
fonológica, quando alcançam maior eficiência nesse processo,
conseguem ler em velocidade maior e acumulam maiores
vocabulários, com isso alcançam níveis de compreensão de leitura
cada vez mais elevados.
Nasais S
Simples Multiplas
Papel das Cordas Vocais surdas sonoras surdas sonoras sonoras sonoras sonoras
Ponto de
Articula ção
Palatais /∫/ /ζ/ // /y/
FONEMA(SOM) ARTICULAÇÃO (MOVIMENTO DOS OFA’S) GRAFEMA(LETRA)
/a/ Boca bem aberta,mostrando-se os dentes. Sonoro. A
/e/ Boca entreaberta. Sonoro. E
/i/ Dentes à mostra, lábios esticados. Sonoro. I
/o/ Boca entreaberta, lábios arredondados. Sonoro. O
/u/ Boca semi fechada, lábios em bico. Sonoro. U
/b/ Lábios fechados, som explosiva-vibração, sonoro. B
/k/ Boca entreaberta,som brusco na garganta- sem
vibração,surdo. CA-CO-CU
dentes superiores- vibração.Sonoro. D
- sem vibração, surdo. F
com vibração.Sonoro
com vibração,sonoro.
/l/ Boca aberta, a língua toca atrás dos dentes
superiores, sonoro.
/n/ Boca aberta, língua atrás dos dentes superiores,
som nasal, sonoro.
surdo
P
/r/ Boca entreaberta, língua toca uma vez o céu da
boca, mais ao fundo
língua toca os dentes inferiores –sem
vibração,surdo.
SA-SE-SI-SO-SU
ÇA-ÇO-ÇO-SS-CE-CI
T
o ar - com vibração,sonoro.
vibração, surdo.
X- CH
língua toca os dentes inferiores – com vibração,
sonoro.
cuidado, do que só pensar em qual método seria mais
adequado.
nesse processo.
Eu nunca posso ir pra sala de aula, sem pensar em preparar
antes o material do meu aluno com as adaptações
necessárias ao caso, para que ele consiga reter melhor o
conhecimento transmitido.
Projeto Participar
deficientes intelectuais e autistas
como identificar prevenir e remediar numa abordagem fônica. São Paulo:
Memnon, 2003.
Questões Clínicas e Educacionais. Porto Alegre: Artmed, 2003.
ANDRADE, Claudia Regina Furquim de et al. ABWF – Teste de Linguagem
Infantil: nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. São
Paulo: Pró-Fono, 2000.
articulatório: livro do professor. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
Lembrete
trazer cheia, não encher no galão.
Ao buscarmos toda essa história dos métodos,
quando começamos a pensar nas deficiências
físicas, já abordadas nesse curso até então,
podemos chegar a quais questionamentos na
alfabetização????