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FASE DE TRABALHO DE CAMPO O trabalho de campo constitui-se numa etapa essencial da pesquisa qualitativa, que a rigor não poderia ser pensada sem ele. Opõem-se aos “surveys” que trazem os sujeitos para o laboratório do pesquisador, mantém com eles uma relação estruturada [...] “A pesquisa de campo, por onde começa toda carreira etnológica, é mãe e ama -de-leite da dúvida, atitude filosófica por excelência. Essa “dúvida antropológica” não consiste apenas em saber que não se sabe nada, mas em expor resolutamente o que se acreditava saber e a própria ignorância, aos insultos e aos desmentidos que infligem a idéias e hábitos muito caros, àqueles que podem contradizê-los no mais alto grau. Ao contrário do que a aparência sugere, é por seu método mais estritame nte filosófico que a etnologia se distingue da sociologia” (MINAYO 2004 pg.106. apud. Lévi-Strauss 1975, 220) “Cada vez que o cientista social retorna ás fontes vivas de seu saber, àquilo que nele opera como meio de compreender as formações culturais mais afastadas de si, faz filosofia espontaneamente” (MINAYO 2004 pg. 106. Apud. Lévi -Strauss 1975, 222) As operações mentais decorrentes das atitudes e práticas de interrogação no campo da pesquisa, segundo Lévi-Strauss, ajudam o investigador a confrontar-se com seu objeto diretamente, pois faz assim uma: “Sociologia de carne e osso que mostra os homens engajados no seu próprio dever histórico e instalados em seu espaço geográfico concreto.” (MINAYO 2004 pg. 106, apud. Lévi-Strauss 1975, 212) “Não é a prece ou o dom que importa entender, o que conta é o melanésio de tal ou tal ilha. Contra o teórico, o observador deve ter sempre a última palavra; e contra o observador, o indígena.” (MINAYO 2004 pg. 106, apud. Lévi -Strauss 1975, 211) São componentes do trabalho de campo duas categorias fundamentais que tentaremos abordar mais exaustivamente: a) A entrevista, nome genérico no qual incluiremos diferentes abordagens que podem ser decompostas em: entrevista aberta, entrevista estruturada, entrevista semi-estruturada, entrevista através de grupos focais e história de vida. [...] b) A observação Participante como momento que enfatiza as relações informais do pesquisador no campo. Essa informalidade aparente reveste-se porém de uma série de pressupostos, de cuidados teóricos e práticos que põem fazer avançar ou também prejudica o conhecimento da realidade proposta. A ENTREVISTA Ao lado da observação participante, a entrevista tomada no sentido amplo de comunicação verbal, e no sentido restrito de colheita de informações sobre determinado tema científico  é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo. “Conversa a dois, feita por iniciativa do entrevistador, destinada a fornecer informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e entrada (pelo entrevistador) em temas igualmente pertinentes com vistas a este objetivo” (MINAYO 2004 pg. 108, apud. Kahn & Cannell 1962, 52) Mediante a entrevista podem ser obtidos dados de duas naturezas: a) os que se referem a fatos que o pesquisador poderia conseguir através de outras fontes como censos, estatísticas, registros civis, atestados de óbitos etc. [..] b) os que se referem diretamente ao individuo entrevistado, isto é, suas atitudes, valores e opiniões. São informações ao nível mais profundo da realidade que os cientistas sociais costumam denominar “subjetivos”. Só podem ser conseguidos com a contribuição dos atores sociais envolvidos. Segundo forma em que se estrutura a entrevista [...] a) sondagem de opinião, elaborada mediante questionário totalmente estruturado, onde a escolha do informante está condicionada pela multiplicidade de respostas apresentadas pelo entrevistador; b) entrevista semi-estruturada que combina perguntas fechadas (ou estruturadas) e abertas, onde o entrevistado tema possibilidade de discorrer o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador; c) entrevista aberta, quando o informante discorre livremente sobre o tema que lhe é proposto; d) entrevista não-diretiva “centrada” ou “entrevista focalizada” onde se aprofunda a conversa sobre determinado tema sem prévio roteiro; e) entrevista projetiva, isto é, centrada em técnicas visuais (quadros, pinturas, fotos) usadas quase sempre para aprofundar informações sobre determinado grupo. (MINAYO 2004 pg. 108, apud. Honnigmann: 1995) a) A palavra como símbolo de comunicação por excelência “A palavra é o modo mais puro e sensível de relação social. [...] Existe uma parte muito importante da comunicação ideológica que não pode ser vinculada a uma esfera ideológica particular: trata-se da comunicação da vida cotidiana. O material privilegiado de comunicação na vida cotidiana é a palavra” (MINAYO 2004 pg. 109, apud. Bakhtin 1986: 36s)  

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FASE DE TRABALHO DE CAMPO O trabalho de campo constitui-se numa etapa essencial da pesquisa qualitativa, que a rigor

 

não poderia ser pensada sem ele. Opõem-se aos “surveys” que trazem os sujeitos para olaboratório do pesquisador, mantém com eles uma relação estruturada [...]“A pesquisa de campo, por onde começa toda carreira etnológica, é mãe e ama-de-leite dadúvida, atitude filosófica por excelência. Essa “dúvida antropológica” não consiste apenas em

saber que não se sabe nada, mas em expor resolutamente o que se acreditava saber e a

 

própria ignorância, aos insultos e aos desmentidos que infligem a idéias e hábitos muito caros,àqueles que podem contradizê-los no mais alto grau. Ao contrário do que a aparência sugere,é por seu método mais estritamente filosófico que a etnologia se distingue da sociologia”(MINAYO 2004 pg.106. apud. Lévi-Strauss 1975, 220)“Cada vez que o cientista social retorna ás fontes vivas de seu saber, àquilo que nele opera

 

como meio de compreender as formações culturais mais afastadas de si, faz filosofiaespontaneamente” (MINAYO 2004 pg. 106. Apud. Lévi-Strauss 1975, 222)As operações mentais decorrentes das atitudes e práticas de interrogação no campo dapesquisa, segundo Lévi-Strauss, ajudam o investigador a confrontar-se com seu objetodiretamente, pois faz assim uma: “Sociologia de carne e osso que mostra os homens

 

engajados no seu próprio dever histórico e instalados em seu espaço geográfico concreto.”(MINAYO 2004 pg. 106, apud. Lévi-Strauss 1975, 212)

“Não é a prece ou o dom que importa entender, o que conta é o melanésio de tal ou tal ilha.Contra o teórico, o observador deve ter sempre a última palavra; e contra o observador, oindígena.” (MINAYO 2004 pg. 106, apud. Lévi-Strauss 1975, 211)

 

São componentes do trabalho de campo duas categorias fundamentais que tentaremosabordar mais exaustivamente: a) A entrevista, nome genérico no qual incluiremos diferentesabordagens que podem ser decompostas em: entrevista aberta, entrevista estruturada,entrevista semi-estruturada, entrevista através de grupos focais e história de vida. [...] b) Aobservação Participante como momento que enfatiza as relações informais do pesquisador no

 

campo. Essa informalidade aparente reveste-se porém de uma série de pressupostos, decuidados teóricos e práticos que põem fazer avançar ou também prejudica o conhecimento darealidade proposta.A ENTREVISTAAo lado da observação participante, a entrevista – tomada no sentido amplo de comunicação

 

verbal, e no sentido restrito de colheita de informações sobre determinado tema científico – é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo.

 

“Conversa a dois, feita por iniciativa do entrevistador, destinada a fornecer informaçõespertinentes para um objeto de pesquisa, e entrada (pelo entrevistador) em temas igualmentepertinentes com vistas a este objetivo” (MINAYO 2004 pg. 108, apud. Kahn & Cannell 1962,

 

52)Mediante a entrevista podem ser obtidos dados de duas naturezas: a) os que se referem a

 

fatos que o pesquisador poderia conseguir através de outras fontes como censos, estatísticas,registros civis, atestados de óbitos etc. [..] b) os que se referem diretamente ao individuoentrevistado, isto é, suas atitudes, valores e opiniões. São informações ao nível maisprofundo da realidade que os cientistas sociais costumam denominar “subjetivos”. Sópodem ser conseguidos com a contribuição dos atores sociais envolvidos. 

 

Segundo forma em que se estrutura a entrevista [...] a) sondagem de opinião, elaboradamediante questionário totalmente estruturado, onde a escolha do informante estácondicionada pela multiplicidade de respostas apresentadas pelo entrevistador; b) entrevistasemi-estruturada que combina perguntas fechadas (ou estruturadas) e abertas, onde oentrevistado tema possibilidade de discorrer o tema proposto, sem respostas ou condições

 

prefixadas pelo pesquisador; c) entrevista aberta, quando o informante discorre livrementesobre o tema que lhe é proposto; d) entrevista não-diretiva “centrada” ou “entrevistafocalizada” onde se aprofunda a conversa sobre determinado tema sem prévio roteiro; e)entrevista projetiva, isto é, centrada em técnicas visuais (quadros, pinturas, fotos) usadasquase sempre para aprofundar informações sobre determinado grupo. (MINAYO 2004 pg. 108,

 

apud. Honnigmann: 1995)a) A palavra como símbolo de comunicação por excelência“A palavra é o modo mais puro e sensível de relação social. [...] Existe uma parte muito

importante da comunicação ideológica que não pode ser vinculada a uma esfera ideológicaparticular: trata-se da comunicação da vida cotidiana. O material privilegiado de

 

comunicação na vida cotidiana é a palavra” (MINAYO 2004 pg. 109, apud. Bakhtin 1986: 36s) 

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“Um sistema de disposições duráveis e transferíveis que integram todas as experiênciaspassadas e funciona a todo momento como matriz de preocupações, apreciações e ações. O

 

„hatitus‟ torna possível o cumprimento de tarefas infinitamente diferenciais, graças ástransferências analógicas de esquemas que permitem resolver os problemas, da mesmaforma, graças ás correções incessantes dos resultados obtidos e dialeticamente produzidospor estes resultados”. (MINAYO 2004 pg. 111, apud. Bourdieu: 178 s.)  

O autor compara o “habitus” com inconsciente: 

 

“O inconsciente da história que a história produz, incorporando as estruturas objetivas queele produz nesta quase natureza que é o „habitus‟.” (MINAYO 2004 pg. 111, apud. Bourdieu:197, 179)“O indivíduo concretiza sob mil formas possíveis idéias e modos de comportamentoimplicitamente inerentes ás estruturas ou ás tradições de uma sociedade dada” (MINAYO 2004

 

pg. 112, apud. Boudieu 1967, 89)Acrescenta, referindo-se á entrevista:“Se um testemunho individual é gravado ou comunicado, isto não quer dizer que se consideratal individuo precioso em si mesmo. Essa entidade adulta e singular é tomada como amostrada continuidade” (MINAYO 2004 pg. 112, apud. Bourdieu 1967, 90) 

 

[...] cada ator social se caracteriza por sua participação, no seu tempo histórico, num certonúmero de grupos sociais, informa sobre uma “sub-cultura” que lhe é específica e tem

relações diferenciadas com a cultura dominante. pg. 113Essa compreensão do individuo como representativo tem portanto que ser completada com asvariáveis próprias tanto da especificidade histórica como dos determinantes das relações

 

sociais. E, também, dentro do próprio grupo ou comunidade alvo da pesquisa, com umadiversificação que contemple as hipóteses, pressupostos e variáveis estratégicas previstaspara a compreensão do objeto de estudo. Pg 113b) A interação entre o pesquisador e os atores sociais no campo[...] a entrevista não é simplesmente um trabalho de coleta de dados, mas sempre uma

 

situação de interação na qual as informações dadas pelos sujeitos podem ser profundamenteafetadas pela natureza de suas relações com o entrevistador. pg113

 

O impacto resultante do pertencimento a outra classe, que se concretiza em experiênciasocioculturais e até conflitantes, é um dado condicionante da pesquisa, junto com todos osoutros fatores que acompanham qualquer ruma de suas fases. Pg.115

 

A realidade social é um lusco-fusco, mundo de sombras e luzes em que os atores revelam eescondem seus segredos grupais. Em lugar do caráter de “passividade” que as teorias

 

reprodutivistas e positivistas, sob pontos de vista diferentes, conferem aos entrevistados,esses autores (integracionistas simbólicos e fenomenologistas) os projetam agindo e reagindodurante todo o processo de contato com o pesquisador. Pg.115

 

A informação não-estruturada persegue vários objetivos: a) a descrição do caso individual; b)a compreensão das especificidades culturais mais profundas dos grupos; c) a comparabilidade

 

de diversos casos. Pg.122“Parece impossível compreender a realidade social total, se não se admite que estasuperposição de planos submetidos a um determinante mais ou menos flexível, repousa sobre

 

um solo vulcânico, onde se agita o que há de mais espontâneo e inesperado na vida coletiva:as condutas criadoras, as idéias e valores coletivos, os estados mentais e os atos psíquicos

coletivos. (MINAYO 2004 pg. 123, apud. Gurvitch 1954,113)DISCUSSÃO DE GRUPOO específico do grupo de discussão são as opiniões, relevâncias e valores dos entrevistados..Difere por isso da observação que focaliza mais o comportamento e as relações. Tem umafunção complementar à observação participante e ás entrevistas individuais.pg. 129

 

Do ponto de vista operacional, a discussão de grupo (“grupos focais”) se faz em reuniões comum pequeno número informantes (seis a doze). Geralmente tem a presença de um animadorque intervém, tentando focalizar e aprofundar a discussão. Pg. 129Essa estratégia de coleta de dados é geralmente usada para: a) focalizar a pesquisa eformular questões mais precisas; b) complementar informações sobre conhecimentos

 

peculiares a um grupo em relação a crenças, atitudes e percepções; c) desenvolver hipótesesde pesquisa para estudos complementares. Pg. 129Assim a pesquisa qualitativa torna-se importante para; a) compreender os valores culturais e

as representações de determinado grupo sobre temas específicos; b) para compreender asrelações que se dão entre atores sociais tanto no âmbito das instituições como dos

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movimentos sociais; c) para avaliação das políticas públicas e sociais tanto do ponto de vistade sua formulação , aplicação técnica, como dos usuários a quem se destina. Pg.134

 

Para conseguir apreender a totalidade funcional “ a) ter objetivos realmente científico s econhecer os atores e critérios da etnografia moderna. [...] O segundo ponto do método écolocar-se em boas condições de trabalho e dispor-se a viver no contexto, aberto à realidadedo grupo pesquisado. [...] c) O último item do método de observação participante

preconizado por Malinowski consiste na aplicação de um certo número de métodos

 

particulares para selecionar, coletar, manipular e estabelecer os dados” (MINAYO 2004 pg.138, apud.Malinowski 1975, 45)O estoque de conhecimento se forma através de tipificações do mundo do senso comum. Issopermite a identificação de grupos, a estruturação comum de relevância e possibilidade decompreensão de um modo de vida específico de determinado grupo. Pg 196

 

Os pesquisadores costuram encontrar três grandes obstáculos quando partem para a análisedos dados recolhidos no campo (documentos, entrevistas, biografias, resultados de discussãoem grupos focais e resultados de observação)pg.197Uma análise do material recolhido busca atingir os três objetivos: – Ultrapassagem daincerteza: o que eu percebo na mensagem, estará lá realmente contido? Minha leitura será

 

válida e generalizável? – Enriquecimento da leitura: como ultrapassar o olhar imediatoespontâneo e já fecundo em si, para atingir a compreensão de significações, a descoberta de

conteúdos e estruturas latentes? – Integração das descobertas que vão além da aparência,num quadro de referência da totalidade social no qual as mensagens se inserem (MINAYO 2004pg.198 apud. Bardin 1979, 29)

 

Noutras palavras, a análise do material possui três finalidades complementares dentro daproposta de investigação social: a) a primeira é heurística. Isto é, insere-se no contexto dedescobertas das pesquisas. Propõe-se a uma atitude de busca a partir do próprio materialcoletado: b) a segunda é de “administração de provas” Parte de hipóteses provisórias,informa-as ou as confirma e levanta outras; c) a terceira é a de ampliar a compreensão de

 

contextos culturais com significações que ultrapassam o nível espontâneo das mensagens.Pg.198

 

ANALISE DO CONTEÚDO“Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentossistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos

 

ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições deprodução/recepção destas mensagens” (MINAYO 2004 pg. 199 apud Bardin: 1979, 42) 

 

Historicamente a Análise de Conteúdo Clássica tem oscilado entre o rigor da supostaobjetividade dos números e a fecundidade da subjetividade. A grande importância dessatécnica de função heurística tem sido a de impor um corte entre as intuições e as hipóteses

 

que encaminham para interpretações mais definitivas. Essa tentativa faz parte de um esforçoteórico secular. Pg.200

 

[...] Os critérios fundamentais então exigidos par testificar o rigor científico estão assimresumidos: a) trabalhar com amostras reunidas de maneira sistemática; b) interrogar-se sobrea validade dos procedimentos de coleta e dos resultados; c) trabalhar com codificadores que

 

permitam verificação de fidelidade; d) enfatizar o análise de freqüência como critério deobjetividade e cientificidade; e) ter possibilidade de medir a produtividade da análise. Pg.

 

201No plano epistemológico confrontam-se duas concepções de comunicação: a) o modelo“instrumental” que defende o seguinte ponto de vista: numa comunicação o mais importantenão é o conteúdo manifesto da mensagem (como defendia Berelson) mas o que ela expressagraças ao contexto e ás circunstância em que se dá; b) o modelo “representacional” que dá

 

fundamental importância ao conteúdo lexical do discurso. Isto é, defende a idéia de queatravés das palavras da mensagem podemos fazer uma boa análise de conteúdo, sem nosatermos ao contexto e ao processo histórico. Pg. 202Os adeptos das técnicas qualitativas aprofundam sua argumentação dentro da seguinte linha:a) colocam em cheque a minúcia da análise de freqüência como critério de objetividade e

 

cientificidade; b) tentam ultrapassar o alcance meramente descritivo do conteúdo manifestoda mensagem, para atingir, mediante a inferência, uma interpretação mais profunda. Pg.203O resumo das tendência históricas da Análise de Conteúdo conduz-nos a uma certeza. Todo o

esforço teórico para desenvolvimento de técnicas, visa – ainda que de formas diversas e atécontraditórias – a ultrapassar o nível do senso comum e do subjetivismo na interpretação e

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alcançar uma vigilância crítica frente à comunicação de documentos, textos literários,biografias, entrevistas ou observação. Pg. 203

 

Para isso análise de conteúdo em termos gerais relaciona estruturas semânticas (significantes)com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula a superfície dos textosdescrita e analisada com os fatores que determinam suas características: variáveispsicossociais, contexto cultural, contexto e processo de produção da mensagem. Pg.203

Técnicas de Análise de ConteúdoNa busca de atingir os Significados manifestos e latentes no material qualitativo têm sidodesenvolvidas várias técnicas como Analise de Expressão, Análise de Relações, AnaliseTemática e Análise de Expressão, Análise de Relações, Análise Temática e Análise daEnunciação, Estudando as proposta de cada uma dessa modalidades perceberemos que cadauma enfatiza aspectos a serem observados nos textos dentro de pressupostos específicos.Pg.204Análise da ExpressãoEnfatiza a necessidade de conhecer os traços pessoas do autor da fala, sua situação social eos dados culturais que o moldam.Análise das Relações

 

São duas as principais modalidades de análise das relações: a) de co-ocorrências: extrai deum texto as relações entre as partes de uma mensagem e assinala a presença simultânea e a

b) estrutural. Pg.204Análise de co-ocorrências: a) escolha da unidade de registro (essa pode ser uma palavra-chave, por exemplo e a categorização por temas; b) escolha das unidades de contexto de o

 

recorte de texto em fragmentos (pode ser, por exemplo, parágrafos); c) presença ou ausênciade Ada unidade de registro em cada unidade de contexto; d) cálculo de co-ocorrências; e)representação e interpretação de resultados. Pg.204A utilidade maior da análise de co-ocorrência tem sido no esclarecimento das estruturas dapersonalidade, na análise das preocupações latentes tanto individuais como coletivas, para

 

análise de estereótipos e de representações sociais. Pg.205Os estruturalistas buscam o imutável e permanente sob a heterogeneidade aparente. Por trás

 

dessa busca está a noção de sistema. Analisar significará, pois, reencontrar as mesmasengrenagens, quaisquer sejam as formas do mecanismo. A significação, no caso, ficasubordinada à estruturação. Pg. 205

 

O conceito básico da Análise Avaliativa é atitude. Uma atitude seria a predisposiçãorelativamente estável e organizada para reagir sob a forma de opiniões ou de atos em

 

presença de objetos (pessoas, idéias, coisas, acontecimentos) de maneira determinada.Pg.205Uma atitude seria o núcleo ou matriz que produz e traduz um conjunto de juízo de valor. A

 

análise avaliativa consistiria em encontrar as bases destas atitudes por trás da dispersão dasmanifestações verbais. É semelhante á analise temática enquanto separa o texto em unidade

 

de significação. Seu objetivo porém é específico: atém-se somente á carga avaliativa dasunidades de significação tomadas em conta, em termos de direção e de intensidade dos juízosselecionados (MINAYO 2004 pg. 206 apud. Bordin; 1979; Osgood: 1959)

 

ANÁLISE DA ENUNCIAÇÃOApóia –se numa concepção de comunicação como processo e não como um dado estático, e do

 

discurso como palavra em ato. A análise da enunciação considera que na produção da palavraelabora-se ao mesmo tempo um sentido e operam-se transformações. Por isso o discurso nãoé um produto acabado, mas um momento de criação de significados com tudo o que issocomporta de contradições, incoerências e imperfeições. Pg.206Leva em conta que, nas entrevistas, a produção é ao mesmo tempo espontânea e

 

constrangida pela situação. Portanto a análise da enunciação trabalha com: a) as condiçõesde produção da palavra. Parte do princípio que a estrutura de qualquer comunicação se dánuma triangulação entre o locutor, seu objeto de discurso e o interlocutor. Ao se expressar, olocutor projeta seus conflitos na sua maioria, inconscientes; b) o continente do discurso esuas modalidades. Essa aproximação se dá através de: 1) análise sintática e paralinguistica:

 

estudo das estruturas gramaticais; 2) análise lógica: estudo do arranjo do discurso; 3) análisedos elementos formais atípicos: silêncios, omissões, ilogismos; 4) realce das figuras deretórica. Pg.207

Em termos operacionais a análise da enunciação segue o seguinte roteiro: a) Estabelecimentodo Corpus: delimitação do número de entrevistas a serem trabalhadas. A qualidade da análise

 

substitui a quantidade do material. Leva-se em conta a questão central e objetiva da pesquisa

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para delinear as dimensões do Corpus; b) Preparação do Material: cada texto (entrevista) éuma unidade básica. Começa-se pela transcrição exaustiva de cada peça, deixando-se uma

 

margem (à direita ou a esquerda) para anotações. A transcrição conserva tanto o registro dapalavra (significantes) como dos silêncios, risos, repetições, lapsos, sons etc.); c) As Etapas daAnálise: na análise de enunciação cada entrevista é submetida a tratamento como umatotalidade organizada e singular. São observados em cada uma os seguintes aspectos: 1) o

alinhamento e a dinâmica do discurso para se encontrar a lógica que estrutura cada peça; 2)

 

o estilo; 3) os elementos atípicos e as figuras de retórica. Pg.2071.  Primeiramente, a partir da observação do encadeamento das proposições faz-se uma análise

lógica. Separam-se por barra ou recopiam-se todas as orações observando-se as relações queressaltam a forma de raciocínio. Em segundo lugar se realiza a análise seqüencial, que sepreocupa com a maneira de construção do texto, pondo em evidência o ritmo, a progressão e

 

a ruptura do discurso;2.  O estilo; dentro da análise de enunciação o estilo é m revelador do locutor, de seu contexto e

de seus interlocutores, no sentido de que a expressão e o pensamento caminham lado a lado.É importante tê-lo em conta;

3.  Os elementos Atípicos e as Figuras de Retórica: na análise da enunciação torna-se

 

fundamental observar: a) as repetições de um mesmo tempo ou de uma mesma palavradentro de um texto. Essa repetição pode ser indicador da importância do termo, da sua

ambivalência, da denegação enquanto tentativa de convencimento de uma idéia, da presençade uma idéia recusada; b) os lapsos podem significar a insistência não-dominável de uma idéiarecusada. Segundo a psicanálise, a erupção irracional num contexto da racionalidade significa

 

uma quebra de defesa do locutor; c) os ilogismos, isto é, os emperramentos nos raciocíniosdemonstrativos. Costumam ser indicativos de uma necessidade de justificação, ou de umjuízo em contradição com a situação real; d) os “lugares comuns”. Têm um papel justificador.Podem apelar para a cumplicidade do interlocutor (frases feitas, provérbios culturalmentepartilhados). Também, por vezes, têm a função de desviar a atenção do entrevistador e

 

indicar a recusa de aprofundar determinados assuntos; e) os jogos de palavras: os chistespodem indicar descontração mas também a tentativa de distanciamento de uma questão: f)

 

as figuras de retórica. Elas jogam com o sentido das palavras. As mais comuns são: o paradoxo(reunião de duas idéias aparentemente irreconciliáveis); a hipérbole (o aumento ou adiminuição excessiva das coisas); a metonímia (uso da parte pelo todo do abstrato pelo

 

concreto e vice-versa); a metáfora (designa uma coisa por outra. Pg. 207Em suma, a proposta da Análise de Enunciação é conseguir, através do confronto entre a

 

análise lógica, a análise seqüencial e a análise do estilo e dos elementos atípicos de um texto,a compreensão do significado. A conexão entre os temas abordados e seu processo deprodução evidenciariam os conflitos e contradições que permeiam e estruturam o discurso.

 

Pg.208ANÁLISE TEMÁTICA“O tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisadosegundo critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura” (MINAYO 2004, pg.208. apud.Bardin: 1979: 105)“Uma unidade de significação complexa de comprimento variável, a sua validade não é deordem lingüística, mas antes de ordem psicológica. Pode constituir um tema tanto uma

 

afirmação como uma alusão (MINAYO, 2004, pg.209. apud. Unrug: 1974, 19)Operacionalmente a análise temática desdobra-se em três etapas:1) A pré-Análise – Consiste na escolha dos documentos a serem analisados; na retomadadas hipóteses e dos objetivos iniciais da pesquisa, reformulando-as frente ao materialcoletado; e na elaboração de indicadores que orientem a interpretação final. Pode ser

 

decomposta na seguinte tarefa: Leitura Flutuante; do conjunto das comunicações. Consisteem tomar contato exaustivo com o material deixando-se impregnar pelo seu conteúdo. Adinâmica entre as hipóteses iniciais, as hipóteses emergentes, as teorias relacionadas ao tematornarão a leitura progressivamente mais sugestiva e capaz de ultrapassar á sensação de caosinicial. Constituição do Corpus: Organização do material de tal forma que possa responder a

 

algumas normas de validade: exaustividade (que contempla todos os aspectos levantados noroteiro); representatividade(que contenha a representação do universo pretendido);homogeneidade (que obedeça a critérios precisos de escolha em termos de temas, técnicas e

interlocutores); pertinência (os documentos analisados devem ser adequados ao objetivo dotrabalho) Formulação de Hipóteses e Objetivos. Em relação ao material qualitativa, a

 

proposta do primado do quadro de análise sobre as técnicas e controversa. [...] Entendemos

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que há necessidade de se estabelecer hipóteses iniciais pois a realidade não é evidente:responde a questões que teoricamente lhe são colocadas. Porém esses pressupostos iniciais

 

têm que ser de tal forma flexíveis que permitam hipóteses emergentes a partir deprocedimentos exploratórios.2) Exploração do Material: Consiste essencialmente na operação de codificação. Análisetemática tradicional trabalha essa fase primeiro com o recorte do texto em unidades de

registro que podem ser uma palavra, uma frase, um tema, um personagem, um

 

acontecimento tal como foi estabelecido na pré-análise. Em segundo lugar, escolhe as regrasde contagem, uma vez que tradicionalmente ela constrói índices que permitem alguma formade quantificação. Em terceiro lugar, ela realiza a classificação e a agregação dos dados,escolhendo as categorias teórica ou empíricas que comandarão a especificação dos temas.3) Tratamento dos Resultados Obtidos e Interpretação: os resultados brutos são

 

submetidos (tradicionalmente) a operação estatísticas simples (percentagens) ou complexas(análise fatorial) que permitem colocar em relevo as informações obtidas. A partir daí oanalista propõe inferências e realiza interpretações previstas no seu quadro teórico ou abreoutras pistas em torno de dimensões teóricas sugeridas pela leitura do material.ANÁLISE DO DISCURSOSeu criador é o filósofo francês Michel Pêcheux – década 60 – Escola Francesa de Análise doDiscurso

Articula três regiões do conhecimento:a) O materialismo Histórico como teoria das formações sociais e suastransformações estando incluída aí a ideologia;

 

b) A Lingüística enquanto teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos deenunciação;c) A Teoria do Discurso como teoria da determinação histórica dos processossemânticos. pg. 211O objetivo básico da Análise do Discurso é realizar uma reflexão geral sobre as condições de

 

produção e apreensão da significação de textos produzidos nos mais diferentes campos:religioso, filosófico, jurídico e sócio-político. Ela visa a compreender o modo de

 

funcionamento, os princípios de organização e as formas de produção social do sentido.pg.211Seus pressupostos básicos podem se resumir em dois princípios, segundo Pêcheux: 1) Osentido de uma palavra, de uma expressão ou de uma proposição não existe em si mesmo,

 

mas expressa posições ideológicas em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, asexpressões e proposições são produzidas; 2) toda formação discursiva dissimula (pela

 

transparência do sentido que nela se constitui) sua dependência das formações ideológicas.(MINAYO, 2004, pg.211. apud. Pêcheux 1988, 160-162)A definição de Texto, a reflexão sobre as possibilidades da Leitura, os Tipos do Discurso, o

 

sentido do Silêncio, o caráter recalcado da matriz do Sentido são alguns temas que ospensadores da Análise do Discurso trazem como enriquecimento ao debate sobre o

 

tratamento do material qualitativo. Pg.213O texto é o discurso acabado para fins de análise . Todo texto, enquanto corpus é um objetocompleto. É dele que partem possíveis recortes. Enquanto objeto teórico, porém,o texto é

 

infinitamente inacabado: a análise lhe devolve sua incompletude, acenando para um jogo demúltiplas possibilidades interpretativas. Pg. 213

 

Do ponto de vista analítico o texto é o espaço mais adequado para se observar o fenômeno dalinguagem: ele contém a totalidade. Essa totalidade se revela em três dimensões deargumentação: a) relações de Força: lugares sociais e posição relativa do locutor e dointerlocutor: b) Relação de Sentido: a interligação existente entre este e vários discursos, o“coro de vozes” que se esconde em seu interior: c) Relação de Antecipação: a experiência

 

ante-projetada do locutor em relação ao lugar e à reação de seu ouvinte. Pg. 213[...] o homem como ser histórico é finito e se complementa na comunicação. Mas acompreensão dessa comunicação é também finita: ocupa um ponto no tempo e no espaço. Eainda quando podemos ampliar os horizontes da comunicação e da compreensão, nuncaescapamos da história, fazemos parte dela e sofremos os preconceitos de nosso tempo. Pg.220O fato de pertencermos a determinado grupo social, a determinado tempo histórico, depossuirmos determinada formação, faz que a compreensão hermenêutica seja

inevitavelmente condicionada pelo contexto do analista. Por isso [...] a hermenêutica temque se relacionar com a retórica e com a práxis. Pg. 221

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A pesquisa hermenêutica também analisa os dados da realidade tendo como ponto de partidaa manutenção e a extensão da intersubjetividade de uma intenção possível como núcleo

 

orientador da ação. A compreensão do sentido orienta-se por um consenso possível entre osujeito agente e aquele que busca compreender. Pg.221Toda interpretação bem-sucedida é acompanhada pela expectativa de que o autor poderiacompartilhar da explicação elaborada se pudesse penetrar também no mundo do pesquisador.

Tanto o sujeito que comunica como aquele que o interpreta são marcados pela história, pelo

 

seu tempo, pelo seu grupo. Portanto o texto reflete essa relação de forma original (MINAYO,2004 pg. 222. apud. Habermas: 1987, 86-97)“Compreender uma manifestação simbólica significa saber sob que condições sua pretensãode validade poderia ser aceita” (MINAYO, 2004, pg. 223. apud. Habermas: 1987, 94)Numa sociedade marcada por relações sociais de produção profundamente desiguais, a

 

comunicação está sistematicamente perturbada. A linguagem é um índice de alienação queexpressa a dominação dos homens sobre seus semelhantes. Pg. 225“Nossos conhecimentos são apenas aproximação da plenitude da realidade, e por isso mesmosão sempre relativos: na medida, entretanto, em que representam a aproximação efetiva darealidade objetiva, que existe independentemente de nossa consciência, são sempre

 

absolutos. O caráter ao mesmo tempo absoluto e relativo da consciência forma uma unidadedialética indivisível” (MINAYO, 2004, pg. 228. apud, Lukács: 1967, 233)

A interpretação, além de superar a dicotomia objetividade versus subjetividade,exterioridade versus interioridade, análise e síntese, revelará que o produto da pesquisa é ummomento da práxis do pesquisador. Sua obra desvenda os segredos de seus próprios

 

condicionamentos. Pg. 237“A práxis do homem não é a atividade prática composta á teoria: é a determinação daexistência humana como elaboração da realidade” (MINAYO, 2004, pg. 247 apud. Kosic: 1969,202)As reflexões sobre o processo de validação do conhecimento nos mostram o campo aberto de

 

debate não só da produção empírica, como da própria concepção da realidade a ser estudadae do sujeito que conhece: não dá para separar os elementos indivisíveis dessa construção

 

“prático-espiritual. Pg. 246Referência Bibliografia MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa emsaúde. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 2004.

Síntese deconceitos

PESQUISA EXPERIMENTAL 

Minayo (2007) e Lakatos et al (1986) informam que quando se determina umobjeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definindo as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável

produz no objeto. LEVANTAMENTO DE DADOS 

A pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento sedeseja conhecer (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986).

ESTUDO DE CASO 

Envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneiraque se permita o seu amplo e detalhado conhecimento (MINAYO, 2007;LAKATOS et al, 1986).

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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 

Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmentede livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado naInternet (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986)..

PESQUISA DOCUMENTAL 

Quando elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico(MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986).

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PESQUISA-AÇÃO E PESQUISA PARTICIPANTE 

Quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com aresolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantesrepresentativos da situação ou do problema estão envolvidos de modocooperativo ou participativo.Participante se desenvolve a partir da interaçãoentre pesquisadores e membros das situações investigadas (MINAYO, 2007;LAKATOS et al, 1986).

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PESQUISA QUANTITATIVA 

Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em númerosopiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso derecursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana,desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.).Resultados precisam ser replicados (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986).

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PESQUISA QUALITATIVA 

Verifica uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo

indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não podeser traduzido em números (MINAYO, 2007).

A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas noprocesso de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicasestatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e opesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem aanalisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focosprincipais de abordagem (LAKATOS et al, 1986).

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GRUPO FOCAL 

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É o universo ou população formado pelo conjunto de seres animados ouinanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum. SendoN o número total de elementos do universo ou população, se faz representartambém pela letra X de forma que X v = Xa, Xb, Xc,........Xv. A delimitação dogrupo focal consiste em explicar que pessoas ou coisas, fenômenos e outros

serão pesquisados, enumerando suas características comuns, como porexemplo: sexo, faixa etária, organização a que pertencem e a comunidadeonde vivem (LAKATOS; MARCONI, 1986).

ENTREVISTA GRUPAL 

A utilização do grupo como técnica de pesquisa observa pressupostos dadinâmica interativa, como fatores de interferência. As técnicas de coletas dedados organizadas no contexto grupal consistem em estratégias únicas parauma pesquisa ou como complemento de outros instrumentos comoobservação, entrevista individual, sendo mais comum o seu uso em métodos

qualitativos de pesquisa (MINAYO, 2007).

A utilização desse tipo de técnica é bastante adequada à abordagem de grupossociais atingidos coletivamente por fatos ou situações específicas. Os grupospodem ser úteis por transportar os entrevistados para o seu próprio mundo ousituação As técnicas de coletas de dados realizadas através do grupo têm emcomum a interação do pesquisador e sua equipe junto a pequenos grupos erecebem várias nominações. Apenas como exemplo, citamos algumasdenominações de técnicas destacando: o grupo focal, a discussão em grupo, aentrevista coletiva e sociodrama, a entrevista grupal com um foco, as oficinasou workshops , a entrevista semi-estruturada coletiva, o painel de consenso, osgrupos naturais e as entrevistas comunitárias (LAKATOS; MARCONI, 1986).

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HISTÓRIA DE VIDA 

Na abordagem qualitativa encontrava-se a história de vida e serve para captaro que acontece na intersecção entre o individual e o social e permite queelementos do presente interajam com elementos do passado.É um olharretrospectivo na vida e permite uma visão total do conjunto tornando possível

uma visão mais aprofundada do momento passado (SOARES, 1994).

QUEIROZ (1988) coloca a história de vida no quadro amplo da história oral quetambém inclui depoimentos, entrevistas, biografias, autobiografias. Consideraque toda história de vida encerra um conjunto de depoimentos e, embora tenhasido o pesquisador a escolher o tema, a formular as questões ou a esboçar umroteiro temático, é o narrador que decide o que narrar. A autora vê na históriade vida uma ferramenta valiosa exatamente por se colocar justamente no pontono qual se cruzam vida individual e contexto social.

HISTÓRIA ORAL 

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Schraiber (1995) apud Minayo (1992) conceitua a pesquisa decorrente dehistória oral como testemunho pessoal do sujeito pesquisado. Às vezes, para apesquisa, pode ser importante saber de fonte pessoal sobre o trabalho, práticase vivências para estimular pensamentos sobre questões como a tecnologia, aqualidade da intervenção técnica, o papel social da prática ou o significado do

desenvolvimento científico e profissional. Esta produção de narrativas constitui-se em rica experiência da perspectiva da pesquisa científica.

SILVA (2007) observa que a história oral delineia aspectos e especificidades dosujeito ou fato pesquisado. A diferença da história oral em relação a outrasmetodologias que também utilizam entrevistas como procedimento de coleta dedados é que traz consigo uma intenção comum a qualquer área que dela seutiliza: a valorização de narrativas orais como fontes de pesquisa.As narrativasorais são fontes que possibilitam a aproximação dos significados dados àvivência de quem narra, porque preserva a realidade própria do narrador. Pormeio desta investigação é possível observar diferenças em determinado

acontecimento social. Cada narrador tem sua ótica. Freitas (2002) informa quea história oral tem caráter multidisciplinar porque podem ser ouvidos diferentessujeitos e é mais utilizada nas Ciências Humanas e explica que ela sesubdivide em tradição oral, história de vida, história oral temática.

ENTREVISTA ABERTA 

Entrevista para Lakatos e Marconi (1985) é um procedimento usado nainvestigação social para coletar dados, ou ajudar no diagnóstico ou tentarsolucionar problemas sociais.. Acontece em um colóquio entre duas pessoasem que uma delas vai passar informações para a outra.

A entrevista aberta é o instrumento da análise da enunciação que se apóia nadinâmica da entrevista e nas figuras de retórica como a metáfora, o paradoxofacilitam a interpretação e a compreensão. A produção das palavras éespontânea porém existe constrangimento devido a situação de se estar sendoentrevistado (PAULILO, 2007), .

ESTRUTURADA 

Lakatos e Marconi (1985) definem a pesquisa estruturada como a observação

sistemática. Também pode ser denominada controlada e planejada. Este tipode pesquisa usa instrumento para a coleta de dados. É realizada sob controlepara responder aos objetivos planejados antecipadamente.Deve ser planejadacom cuidado e sistematizada. O observador sabe o eu busca, o que éimportante.Conheceseu objetivo, reconhece seus erros e éimpessoal. NaPesquisa Estruturada os pesquisadores usam os recursos de busca conformevai sendo necessário. O pesquisador delimita o campo e usa instrumentospróprios ao que se procura.

A entrevista estruturada ou questionário geralmente é utilizado nos censoscomo, por exemplo, os do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),

nas pesquisas de opinião, nas pesquisas eleitorais, nas pesquisas

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mercadológicas, pesquisas de audiência, e outros (BONI e QUARESMA,2005).

SEMI ESTRUTURADA 

Na entrevista semi-estruturada, o investigador tem uma lista de questões outópicos para serem preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. Aentrevista tem relativa flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordemprevista no guia e poderão ser formuladas novas questões no decorrer daentrevista (MATTOS, 2005). Mas, em geral, a entrevista seguirá o que seencontra planejado. As principais vantagens das entrevistas semi-estruturadassão as seguintes: possibilidade de acesso a informação além do que selistou;esclarecer aspectos da entrevista; gera de pontos de vista, orientações ehipóteses para o aprofundamento da investigação e define novas estratégias eoutros instrumentos. (TOMAR, 2007).

FORMULÁRIO 

Éo documento com campos pré-impressos onde são preenchidos os dados eas informações, que permite a formalização das comunicações, o registro e ocontrole das atividades das organizações (OLIVEIRA, 2005). A atividade deorganização e métodos é a que fornece os subsídios para a elaboração e ocontrole dos formulários. Os formulários se dubdividem em formulários planos,contínuos e eletrônicos (CURY, 2005)

QUESTIONÁRIOS 

Lakatos e Marconi (1985) conceituam que se trata de um instrumento pararecolher informação.É uma técnica de investigação composta por questõesapresentadas por escrito a pessoas.

O questionário permite que o pesquisador conheça algum objeto de estudo(OLIVEIRA, 2005). As perguntas podem ser classificadas quanto a sua formada seguinte maneira:. Podem ser simples, quando a pergunta e direcionadapara determinado conhecimento que se quer saber ou abertos quando aresposta emite conceito abrangente. Podem conterperguntas abertas quando ointerrogado responde com suas próprias palavras e, por isso, são difíceIs de

tabular e analisar (LAKATOS E MARCONI,1985). E também perguntasfechadas que englobam todas as respostas possíveis, sendo melhor de tabular.Perguntas duplas reunem características de perguntas abertas e fechadas(OLIVEIRA, 2005).

PARTICIPANTE 

A observação, outra técnica de pesquisa, que também se realiza por meio deentrevistas, pode ser participante, caracterizada pela participação real dopesquisador com a comunidade ou grupo. Para Mann (1996) a observaçãoparticipante é uma tentativa de colocar o observador e o observado do mesmo

lado, tornando-se o observador um membro do grupo de modo que vivam etrabalhem dentro do sistema de referencia dos observados.

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ESTRUTURADA 

O entrevistador segue roteiro previamente estabelecido e as perguntas sãofeitas a indivíduos predeterminados. Realiza-se por meio de um formulárioelaborado em decorrência de um planejamento e dirigido a pessoas

selecionadas previamente (LAKATOS; MARCONI, 1986). Esta entrevista épadronizada para obter dos entrevistados respostas às perguntas e permitircomparação entre o mesmo conjunto de perguntas. As diferenças nasrespostas acontecem devido Às diferenças entre os participantes e nãodiferenças devido às questões (BONI; QUARESMA, 2005).