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Há muito, muito tempo, numa cidade lá para os lados do Oriente, vivia Ali Babá, que
ganhava a vida comprando e vendendo coisas nas aldeias próximas à sua. Uma
bela tarde, ao regressar a casa, viu uma longa caravana de quarenta homens
carregados com grandes caixas, que as puseram no chão ao chegarem junto a uma
rocha. Então, espantadíssimo, Ali Babá viu o chefe aproximar-se da parede rochosa
e gritar:
- Abre-te Sésamo!
Como que por milagre abriu-se uma grande fenda na rocha e apareceu uma enorme
gruta, no interior da qual os homens depositaram as caixas e saíram.
- Fecha-te Sésamo!- gritou o chefe.
A parede voltou a fechar-se e foram-se embora.
Quando Ali Babá viu que os homens já iam longe, correu para a grande rocha e
gritou:
- Abre-te Sésamo!
Entrou na gruta e viu, espantado, que ela albergava um precioso tesouro,
proveniente dos roubos que os homens vinham praticando nas cidades da região.
Então carregou o que pode num saco e voltou para casa.
No dia seguinte, pedindo segredo, contou tudo ao seu irmão mais velho Kasim.
Logo que a noite caiu Kasim, sem dizer nada a ninguém, colocou os arreios e alguns
sacos nas mulas e dirigiu-se à gruta, sonhando durante todo o percurso que era
muito, mas mesmo muito rico.
Porém, quando tinha os sacos quase todos cheios, os ladrões regressaram para
guardar mais coisas roubadas e, ao verem-no, pois não havia como esconder-se,
condenaram-no a ficar fechado na gruta.
Preocupado com o desaparecimento do irmão, e lembrando-se da conversa que
tivera, Ali Babá decidiu ir procurá-lo à gruta. Logo que entrou viu-o atado de pés e
mãos, jogado a um canto.
Desamarrou-o e foram-se embora a correr, por entre juras de nunca mais
ali voltarem.
Porém, quando os ladrões regressaram à gruta e viram que o prisioneiro
se tinha evadido, logo pensaram numa maneira de o apanharem e a quem
o ajudou.
- Far-me-ei passar por mercador e irei bater de porta em porta em todas as
cidades em redor. Porei um de vós em cada vasilha e encherei uma com
azeite. - decidiu o chefe dos ladrões.
E lá foram de cidade em cidade, consoante o plano que tinha forjado, até
que chegou a casa de Kasim e o reconheceu. De imediato lhe pediu
alojamento, ao que este anuiu, sem desconfiar de nada.
Mas durante o jantar a criada Frahazada, ao passar junto das vasilhas,
ouviu os ladrões a cochicharem:
- Estejam preparados, aproxima-se o momento de os agarrarmos!
Frahazada correu a contar a Ali Babá a estranha coisa que tinha ouvido.
Resolveram então ferver um alguidar de azeite e despejá-lo em cada
pote aonde se escondiam os malvados ladrões. Estes fugiram
aterrorizados, com excepção do chefe, que foi preso e entregue aos
guardas do rei.
Kasim, agradecido, comprometeu-se a dar metade da sua fortuna ao
irmão.
- Agradeço-te, mas apenas quero 1/4 para mim. O restante pertence a
Frahazada, com quem me vou casar!