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Musicbox' alia roupa àarte PORTAABERTA Diferente ou simples- mente "mais à frente". A "Conceito X" con- juga a moda urbana e arte num espaço, dando-lhe um conceito de "My Box". A irreverência desta loja, numa das artérias principais da cidade de Braga, está estam- pada em cada centímetro da "My Box" e, harmoniosamen- te, transforma as paredes bran- cas numa galeria de arte dedi- cada a diferentes expressões artísticas urbanas. Por enquanto, e ao mesmo tempo que se escolhe uns "té- nis" ou uma peça de roupa, o cliente é convidado a apreciar os trabalhos de Júlio Dolbeth e Rui Vitorino dos Santos. Dois professores de Design de Co- municação e Ilustração da Fa- culdade de Belas Artes da Uni- versidade do Porto. Esta será umas das formas de comunicação da "Conceito X", que manterá no interior uma programação cultural, dando a conhecer diferentes trabalhos de artistas nacionais. A "concept store" apresenta criações de vários estilistas na- cionais, assim como outro ti- pos de acessórios. Os preços? Esses variam consoante o poder de compra de cada cliente que queira aliar a moda urbana à arte dentro de uma "My Box". MAIS INFORMAÇÃO: Galeria My Box Rua Santa Margarida, n.°6o Braga conceitox.blogspot.com NUNOCERQUEIRA [email protected]

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Musicbox'alia roupa

àarte

PORTAABERTA

Diferente

ou simples-mente "mais à frente".A "Conceito X" con-juga a moda urbana earte num só espaço,

dando-lhe um conceito de "MyBox". A irreverência desta loja,numa das artérias principaisda cidade de Braga, está estam-pada em cada centímetro da

"My Box" e, harmoniosamen-te, transforma as paredes bran-cas numa galeria de arte dedi-cada a diferentes expressõesartísticas urbanas.

Por enquanto, e ao mesmotempo que se escolhe uns "té-nis" ou uma peça de roupa, ocliente é convidado a apreciaros trabalhos de Júlio Dolbeth eRui Vitorino dos Santos. Doisprofessores de Design de Co-municação e Ilustração da Fa-culdade de Belas Artes da Uni-versidade do Porto.

Esta será umas das formasde comunicação da "ConceitoX", que manterá no interioruma programação cultural,dando a conhecer diferentestrabalhos de artistas nacionais.A "concept store" apresentacriações de vários estilistas na-cionais, assim como outro ti-pos de acessórios.

Os preços? Esses variamconsoante o poder de comprade cada cliente que queira aliara moda urbana à arte dentro de

uma "My Box".

MAIS INFORMAÇÃO:Galeria My Box

Rua Santa Margarida, n.°6o Braga

conceitox.blogspot.com

[email protected]

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Autoridade dos Transportes prontaPorto Dirigentes estão escolhidos. Organismo poderá começar a funcionar a partir de Setembro

A Autoridade Metropolitana dos Trans-

portes do Porto (AMTP) foi finalmenteconstituída e deve começar a funcio-

narem Setembro. Joaquim Cavalheiro

vai liderara estrutura, cuja composiçãofoi anunciada ontem por Rui Rio, líder

da junta Metropolitana do Porto.

O autarca, que falava no final deuma reunião do referido organis-mo, lembrou o longo processoque levou à concretização da Au-toridade Metropolitana de Trans-

portes do Porto, mas sublinhouque a escolha de pessoas para essa

estrutura "foi feita de tal forma emconsenso com o Governo que ostrês nomes indicados para o con-selho executivo são indicados emconjunto".

Assim, Joaquim Cavalheiro,que representa a Direcção de Es-tradas do Porto, será o presiden-te da Autoridade Metropolitanade Transportes.

Para os lugares de vogais doconselho executivo foram esco-lhidos João Marrana, que foi ad-

VIRGÍNIAALVES

[email protected]

ministrador da STCP e actual-mente está na Metro do Porto, eAmérico Pires da Costa, profes-sor da Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto.

No que diz respeito aos nomes

para os dois membros não execu-tivos do órgão, cabe ao Governo

indicar um deles. O outro lugar,"tal como definem os estatutos,deve ser obrigatoriamente ocupa-do pelo presidente da comissãoexecutiva da Junta Metropolitana,Lino Ferreira", frisou Rui Rio.

O autarca anunciou igualmen-te os concelhos da Área Metropo-

Rui Rio anunciou nomes escolhidos para a Autoridade Metropolitana dos Transportes

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litana que estarão representadosno Conselho Geral da Autoridadede Transportes.

A Junta tinha que escolher seis

concelhos, sendo um deles, obri-gatoriamente, o Porto. Por vota-ção secreta foram eleitos Gondo-mar, Maia e Trofa, a Norte doDouro, e Santa Maria da Feira eArouca, a Sul do Douro.

Processo arrastou-se

Escolhidos os nomes, a Autorida-de Metropolitana poderá come-çar a funcionar em Setembro,"existindo já, segundo o Governo,instalações próprias", sublinhouRui Rio, acrescentando desconhe-cer "onde são".

As autoridades metropolitanasdo Porto e de Lisboa foram criadasem Janeiro de 2009, aquando da

aprovação do regime jurídico queestipulava atribuições e compe-tências desses organismos, comoplaneamento, organização, opera-ção, financiamento, fiscalização edesenvolvimento do transportepúblico de passageiros. ¦

Expansão doMetro do Porto nãopode ser afectadapela austeridade

? A situação do metro do Porto

foi abordada na reunião da

lunta Metropolitana, com o presi-dente Rui Rio a reafirmar que não

aceitam que a expansão do projecto

seja travada.0 autarca lembrou que o "ministrodas Obras Públicas garantiu que a

obra não ia ser afectada pelo Plano

de Estabilidade e Crescimento (PEC) e

mais tarde anunciou que ia avançar a

terceira travessia do Tejo e o TGV".

"Logo, a opinião na lunta é unânime:

se não são afectadas grandes obras

públicas a Sul, também não podemser afectadas a Norte", sublinhou.

Rui Rio insistiu no principio de igual-dade de tratamento para todas as

regiões, defendido por todos os

autarcas da lunta, que aplicoutambém às SCUT, "que agora é igual

para todos, ninguém paga".

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Arvores portuguesasdesvendam climado passadoInvestigação. Um laboratório novo, dois grupos e umafloresta para caracterizar. Depois de estudados, carvalhose pinheiros vão mostrar que tempo fazia cá há 400 anos

FILOMENA NAVES

A operação é simples. Sofia Lealvai rodando uma espécie de bro-ca manual, bem até ao centro dotronco da árvore, insere em segui-da um estilete no orifício e, commuito jeitinho, recolhe um finíssi-mo cilindro de madeira. Depois é

tempo de retirar a broca, rodan-do-a agora para o lado contrário,o que produz um som inesperado,de madeira seca, como uma por-ta a chiar, mas muito mais alto.Não há problema, "ela não grita",diz a jovem investigadora a sorrir.

Sofia Leal está habituada.Aquele procedimento "é inofensi-vo para a árvore", explica ainves-tigadora do recém-inauguradoCentro deDendrocronologia, doInstituto Superior de Agronomia(ISA) . Quanto à amostra que aca-ta ou de recolher, ela é uma fontede informação preciosa. Contémuma memória do clima e um ca-lendário preciso sobre o passadoe esse é todo um campo de estudo

que está agora a iniciar-se em Por-

tugal. A dendrocronologia e adendro climatologia - dendro é

uma palavra grega e significa ár-vore.

Com um projecto financiadopela Fundação para a Ciência e

Tecnologia (FCT), que se iniciouem Janeiro e vai durar três anos, aequipa de Sofia Leal e um grupoda Faculdade de Ciências de Uni-versidade de Lisboa (FCUL) , liga-do ao SIAM (estudo das alteraçõesclimáticas no País), vão viajar atéao passado climático em Portugalatravés dessa informação contida

nas árvores da floresta

portuguesa (ver caixa)."Estamos a contar

conseguir ir até há 300 ou400 anos", diz a investigado-ra do ISA. Qual seria a tempera-tura média de Verão nessa altura,quando por cá dominavam os Fi-lipes, e depois, quando lhes suce-deu o rei D. João IV? Terá havidosecas graves, ou eram regulares os

padrões da chuva?Conhecer o clima dessas épo-

cas exige recurso a informação in-directa, e a metodologia mais fide-digna, está demonstrado, é a dosanéis de crescimento das árvores.

Ano após ano, à medida quecrescem, as árvores guardam nassuas células informação sobre a

temperatura, aprecipitação, ahu-midade do ar e até a poluição doseu ambiente. Quem já viu umtronco de árvore cortado sabe queele é feito de anéis concêntricossucessivos. E cada anel corres-ponde, na maioria das árvores declima temperado, a um ano decrescimento. É analisando e ca-racterizando as células de cadaum desses anéis que os cientistas

conseguem conhecer a informa-ção climática que caracteriza ca-da um desses anos. E como as ár-

LABORATÓRIO

Os padrões dafloresta portuguesa> O primeiro laboratório paraestes estudos no País foiinaugurado quarta- feira. Aliserão analisadas as amostrasrecolhidas na floresta portu-guesa no âmbito do projectoem curso. "Vamos caracteri-zar as árvores quanto aos pa-râmetros climatológicos quepodem fornecer. Já sabemos

que os carvalhos são bons

para estes estudos", contaSofia Leal. No final do projec-to haverá um primeiro retra-to desse passado climático.

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ESPÉCIES E SECAS

AMOSTRAS> Árvores Nem todas as árvo-

res são "certinhas" a dar infor-

mação climatológica, e nemtodas fornecem o mesmo tipode parâmetros. Por isso, a

equipa ainda está nesta altura

a avaliar os vários tipos paraperceber quais são as mais

adequadas ao estudo. Já sesabe, por exemplo, que os car-valhos são boas fontes de in-

formação. Oliveiras e pinhei-

ros também serão testados, eé preciso ir à caça de árvores

com 200, 300, 400 anos. Para

já, as áreas com potencial são

o Buçaco e as serras da

Estrela e da Nogueira.

DADOS> Seca Em relação ao carva-Iho-negral, os investigadoresjá têm algumas novidades

para contar. Uma delas tem

que ver com secas e a reac-

ção destas árvores a essa si-

tuação. Na região de Trás-

-os-Montes, a equipa verifi-

cou que houve uma seca nos

anos de 1970 (1976 foi o anomais severo) e que os carva-lhos mais expostos ao sol

cresceram muito menos.Nos anos 80, porém, recupe-raram o crespimento nor-mal. Uma boa notícia, já queas secas tenderão a aumen-tar em Portugal.

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vores de uma mesma flores-ta apresentam naturalmenteum padrão idêntico fica assimestabelecida uma cronologiaque permite depois estudosnoutros áreas, como a ar-queologia, para datação pre-cisa de objectos de madeira,ou com madeira. Quandoesteve a fazer o doutora-mento nesta área, em Vie-na, Sofia Leal participounos estudos de datação deum castelo, com esta meto-dologia. E também andouenfiadanuma mina de sal,

para recolher madeiras data-das da Idade do Ferro, comcerca de três mil anos

Anéis de crescimento nostroncos das árvores são fontede informação climáticaimportante

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"A implantação da República em Portugal consistiunuma pequena guerra civil entre maçons, a propósitode uma grande e fundamental dimensão da liberdade:a liberdade de consciência, de religião e de culto",escreve o autor a abrir a obra - e que, desta formaredutora, parece estabelecer desde logo os parâmetrosdo que se avizinha poder vir a ser uma saborosapolémica entre investigadores. Postas as coisas nestepé, "o objectivo principal deste livro é o de reunir edar a conhecer os dois relatórios oficiais secretossobre a implantação da República em Portugal queforam elaborados em 1910 pelos próprios agentesdesse movimento - maçons e carbonários". Semprecom polémica à mistura, Costa Pimenta questiona:"Quem e como se implementou a República?" Eresponde: "O Grão-Mestre do Grande Oriente '

Lusitano, Sebastião de Magalhães Lima e um grupo demaçons igualmente adeptos do princípio republicano,contra outro grupo de maços adeptos do princípiomonárquico", "formulando a doutrina, fazendo apropaganda necessária [...] e criando [...] uma forçaarmada, a carbonária portuguesa, [...] capaz demobilizar quarenta mU combatentes". Que têm apalavra nas páginas seguintes.História em primeira mão por isso, mas a carecerde explicações, enquadramentos e outras dissertações,de que Costa Pimenta se encarrega com obrilhantismo que já se lhe tinha detectado- não apenas na obra anterior, mas em conferênciase artigos publicados em revistas e colectâneas daesDecialidade.ANTÓNIO FREITAS DE SOUSA

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Há inovações que sãomais do que meras mais-valias na qualidade devida das pessoas. É o casodo sistema ColorADD

que está a revolucionaro mundo dos daltónicose da empresa Biosurfit

que com as suas análises

ao sangue, feitas em

tempo recorde podemsalvar vidas.

TEXTO MARISA ANTUNES

Inovação

rima com evolução e nos

dois casos que o Expresso Empr-ego vai mostrar hoje, essa evolu-

ção traz seguramente uma mais-

valia que vai além-fronteiras, fazendo a

diferença.

Já com projeção global, está o revo-lucionário sistema criado pelo investi-

gador Miguel Neiva - o ColorADD, que

permite finalmente aos daltónicos con-

seguir distinguir as cores. O outro exem-

plo de empreendedorismo vem de um

engenhoso equipamento da empresaBiosurfit que permite saber, em apenas10 minutos, os resultados de análises clí-

nicas que habitualmente, nunca levam

menos de uma semana a chegar. Um

equipamento que vai ser lançado até ao

final do ano, masquejátemo reconheci-

mento dos players do mercado.

Também Miguel Neiva (foto, na capa)tem vindo a conquistar a comunida-de científica dentro e fora de Portugal,desde que criou o código ColorADD, um

sistema de identificação de cores, porsímbolos, para daltónicos. E o caso não

é para menos.

Imagine que é daltónico e que não dis-

tingue as cores mais básicas. E que vive

nessa nuvem nebu losa há anos e que tan-to transtorno pode causar desde a esco-

lha da roupa até à simples interpretaçãodo mapa do metro representado porcores. E que pela mesma razão, vê blo-

queada a possibilidade de abraçar diver-

sas profissões tais como pilotagem de

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aviões, navegação marítima, a indústria

gráfica, a química, a geologia, a arqueo-logia, a decoração e a moda, entre tantasoutras.

Num efeito bola de neve desde quecriou este sistema, o investigador e pre-sidente da Associação Portuguesa de

Designers, não só se tem desdobrado em

congressos nacionais e internacionaissobre o revolucionário ColorADD, como

está a pô-lo em prática. Depois das tintasCIN terem adotado o sistema, agora foi a

vez da tradicional fábrica Viarco conce-

ber uma caixa com seis lápis identifica-dos com os respetivos códigos.

"O ColorADD acaba por estar assen-

te num projeto de inclusão e aqui a cor

surge precisamente para 'incluir'. As

crianças daltónicas passam a ter aces-

so a uma caixa com seis lápis de cor, quelhes permite fazer quase tudo, ao mistu-

rá-las", explica Miguel Neiva, lembrando

que o daltonismo afeta cerca de 10% da

população masculina.

"Para a Viarco, a integração do Color-ADD nos seus produtos passou a ser

uma obrigação e ao mesmo tempomotivo de orgulho. Ao adotarmos este

código nos nossos lápis, temos a possi-bilidade de contribuir para a inclusão

de muitas crianças e ao mesmo tempoapoiar a implementação de uma lingua-

gem desenvolvida em Portugal que con-

fiamos ter todas as condições para se

tornar universal", reforça também José

Vieira, responsável pela Viarco.

Um sonho de tornar este sistema uni-

versal que levou, recentemente, MiguelNeiva à Expo Xangai, para partilhar a sua

descoberta com a comunidade interna-

cional, a convite do lAPMEI e do Centro

Português de Design. Ou a ver o Color-

ADD citado numa revista da brasileiraGlobo como uma das "40 ideias paramelhorar o Mundo".

"Cedo percebi que isto era mais do

que um projeto académico quando senti

que não eram só os designers a abraçaro ColorADD esim a sociedade em geral",

realça Miguel Neiva, adiantando ainda

que o sistema já está a ser analisado paraaplicações informáticas e para identifi-

cação de medicamentos e material usa-

do em ambiente hospitalar.

Análises ao sangue em 10 minutosNuma outra área, a do diagnóstico

médico, também a Biosurfit prometedar que falar no último trimestre des-

te ano. A partir da constatação de umanecessidade do mercado, a empresadesenvolveu um avançado equipamentotecnológico que permite a realização de

análises clínicas no momento. Isso signi-fica que quando o doente vai ao médico,

pode saber quase de imediato uma série

de parâmetros necessários para o diag-nóstico da sua doença.

Uma gota de sangue é quanto basta

para se fazer as análises, que nesta pri-meira fase abrangem as necessárias paraidentificar o tipo de infeções, bactérias e

vírus. O sangue é depois inserido no blis-

terde um CD descartável e colocado na

plataforma Spinit, que lê o mesmo e dita

os resultados. Num tempo máximo de 15

minutos."O resultado das análises surge entre

os oito e os 15 minutos. Para análises

deste tipo feitas em ambiente hospita-lar, numa situação de urgência, o tem-

po nunca seria inferior a duas horas. Em

padrões normais, nunca menos de umasemana", explica o CEO da Biosurfit, JoãoGarcia da Fonseca.

Aempresasurgiu após a elaboração de

um projeto financiado pela Fundação da

Ciência e Tecnologia, no Centro de Físi-

ca da Matéria Condensada da Faculdade

de Ciências da Universidade de Lisboa. E

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agora prepara-se para arrancar em forçano último trimestre deste ano.

Uma ideia que pode salvar vidas, mas

não só. "Existe uma pressão cada vez

maior da indústria médica para a rea-

lização de análises clínicas ao sanguemais rápidas, mais eficientes e com

menor custo para os utentes e para o

sistema de saúde", remata ainda JoãoFonseca.

Em cinco anos de pesquisa e desenvol-

vimento que leva o projeto, foram vários

os prémios conquistados: "Bioempreen-dedor 2004", pela APBIo (Associação

Portuguesa de Biolndústrias), melhorBusiness Plan em 2005, pelo lAPMEI, e

"Empreendedor do ano" em 2007, pela

ANJE (Associação Nacional de Jovens

Empresários).A nível internacional, a Biosurfit foi

finalista nas edições de Pamplona e Cas-

cais do Eu ropeanVentureContest(EEVC)e teve oportunidade de se apresentar em

Dusseldorf (Alemanha).

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O sistema da Biosurfit já recebeu vários prémios ainda antes de ser comercializado. À direita, Miguel Neiva, que está a revolucionar o mundo dos daltónicos dentro e fora de Portugal

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Pioneirosde Bolonha

A Faculdade de Ciências Humanas da UniversidadeCatólica acaba de divulgar os resultados de umaanálise sobre a empregabilidade dos primeiroslicenciados de Bolonha. Os resultados são otimistas.

TEXTO CÁTIA MATEUS

Cercade 70% dos primeiros

alunos licenciados pela Facul-

dade de Ciências Humanas

(FCH) da Universidade Cató-

lica, ao abrigo do processo de Bolonha,

entram no mercado de trabalho logo

após a conclusão da licenciatura. Os

dados são avançados pelo Gabinete de

Avaliação e Desenvolvimento Profissio-

nal (GADEP) da Católica, com base num

estudo conduzido pela instituição com o

objetivo de avaliar a taxa de inserção no

mercado laborai dos seus diplomados.É conhecida como uma área de difí-

cil empregabilidade nos dias que cor-

rem, mas os diplomados em Comunica-

ção Social e Cultural pela Universidade

Católica não parecem ter motivos paradesanimar. O processo de Bolonha

implicou a redução dos cursos de licen-

ciatura de quatro para três anos e, mes-

mo com esta margem, 63,7% dos diplo-mados já tinha lugar assegurado no

mercado de trabalho ao fim de um anoda data de licenciatura. Volvidos dois

anos sobre a conclusão do curso, eram

já 71,3% os recém-licenciados da insti-

tuição com emprego garantido.De entre os que conseguiram o tão

ambicionado lugar no mercado de tra-

balho, 67% arrancaram com nível sala-

rial superior a 750 euros mensais. Cerca

de 30% destes recém-licenciados encon-

traram ocupação remunerada no sector

da comunicação social (imprensa escri-

ta, rádio e televisão). Outros 27% terãoenveredado pela área do marketing e da

publicidade, 15% renderam-se à comuni-

cação empresarial, 11% à comunicação

digital, 8% operam na gestão e comuni-

cação cultural, 7% na educação e apenas3% na administração pública. Na verda-

de, ao esforço dos alunos na tentativa de

encontrar uma saída profissional juntou-se também o empenho da universidade

já que a instituição assegurou por meca-nismos próprios a integração de 34% dos

inquiridos. 50% destes ex-alunos foramrecrutados a prazo, 18% enquanto pres-tadores de serviços e 20% conseguiramde imediato um vínculo definitivo.

E no que toca aos alunos de Servi-

ço Social, o estudo revela índices ainda

mais animadores em matéria de empre-gabilidade. Segundo o relatório, cerca de

78,1% dos recém-licenciados tinham jáconseguido emprego ao fim de um ano

e ao fim de dois anos sobre a conclusão

do curso a percentagem já subia para os

83,3%. No que toca ao salário, em 69%

dos casos ele superou logo de início os

750 euros mensais. Na sua esmagadoramaioria (78%), os jovens começam a tra-balhar logo na sua área de formação e

conseguiram os seus empregos por con-

curso (48%) ou permanecendo na ins-

tituição onde realizaram o seu estágiocurricular (23%). Em matéria de vínculo

laborai, 48% destes recém-licenciados

foram contratados a prazo, 9% em regi-me de prestação de serviços e 28% alcan-

çaram de imediato vínculo efetivo.

O cenário para quem se licenciou em

Línguas Estrangeiras também se revela

otimista. À luz do estudo, cerca de 69%

do universo de alunos licenciados nestaárea obteve emprego até um ano após

a conclusão do estudo, ficando maio-

ritariamente na instituição onde esta-

giaram (68%). Marketing, gestão ou

administração pública são as áreas queabsorvem a maioria destes profissio-nais (46%), seguindo-se o ensino onde

encontram lugar 23% dos alunos. Tam-bém aqui, a esmagadora maioria (92%)inicia a sua vida profissional numa fas-

quia salarial que não vai abaixo dos 750

euros mensais.

O estudo foi realizado junto dos

diplomados dos cursos da FCH commaior número de alunos inscritos:

Comunicação Social e Cultural, ServiçoSocial e Línguas Estrangeiras Aplicadas.Áreas que, curiosamente, são aponta-das como das mais problemáticas parao ingresso no mercado de trabalho.

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À procurado primeiroemprego.Bolonhadivide patrões

Os cursos tornaram-se mais práticos,mas os candidatos são mais imaturos

KÂTIACATULOkatia. [email protected]

Será um curso superior de três anos sufi-ciente para um recém-licenciado compe-tir no mercado de trabalho qualificado?É uma dúvida que inquieta boa parte dos

empresários, professores e até ordens pro-fissionais desde que o modelo de Bolonha

entrou no ensino português, em 2006.Resta perceber se o comportamento dos

empregadores portugueses também mudou

perante o novo sistema que uniformizouas universidades europeias. No momen-to de decidir entre um candidato comlicenciatura e um recém-licenciado commestrado integrado, os directores dos

recursos humanos dividem-se.Entre um e outro, a Allianz Portugal

admite preferir os jovens que comple-

tam a sua formação com mestrados inte-

grados, embora em alguns casos tam-bém seleccionem candidatos com licen-ciaturas de três anos "numa óptica dedesenvolvimento profissional", explicaTelma Inácio, directora de recrutamen-to da seguradora sedeada em Munique(Alemanha). A empresa farmacêutica Bial

assume desde logo que valoriza muitomais os mestrados, pós-graduações e atédoutoramentos, mas isso acontece sobre-

tudo porque pertencem a um sector querequer "grande especialização", esclare-

ce José Redondo, administrador e direc-tor-geral da farmacêutica portuguesa.

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Em contrapartida, a Sumol+Compal, aUnicre, e a Nestlé Portugal asseguramque não fazem qualquer distinção entreos candidatos com e sem mestrados. "O

recrutamento incide mais no perfil do

que no grau académico", conta MartaPenetra, do departamento de RecursosHumanos da Unicre. O factor decisivo

para a Sumol+Compal será sempre a"capacidade e os conhecimentos" que o

candidato revela ao longo do processode recrutamento, explica José PauloMachado, responsável pelo departamen-

to Pessoas e Comunicação da empresade bebidas e produtos alimentares.

O certo é que a maioria dos empresá-rios tende a privilegiar os candidatos com

graus de mestrados integrados, garanteCarla Marques, directora da Tempo-Team,uma das principais empresas de recur-sos humanos em Portugal: "Boa partedos empregadores tem ainda muitas incer-tezas quanto à qualidade de ensino apósa introdução do processo de Bolonha."

O novo modelo tornou os cursos mais

objectivos, mas trouxe também uma gran-de desvantagem, reconhecem os respon-sáveis dos recursos humanos consulta-dos pelo í. "Os recém-licenciados saemmuitos jovens das universidades e isso

nota :se no plano da maturidade pessoal",defende Ana Gomes, da Nestlé. A dura-

ção das licenciaturas é menor e isso reflec-

te-se na atitude e na postura dos candi-

datos, que "revelam imaturidade na adap-tação ao mercado de trabalho", diz TelmaInácio, da Allianz.melhor OU PIOR ensino? Perceber se

Bolonha veio trazer melhor ou pior ensi-no é tarefa complicada para os empre-gadores portugueses. "Se por um lado os

cursos têm uma base bastante mais prá-tica - o que é atractivo para o mercadode trabalho -, por outro, a redução do

tempo das licenciaturas não permite mui-tas vezes assimilar todos os conceitostransmitidos ao longo de três anos", diza responsável dos recursos humanos daUnicre. A qualidade do ensino superiorpode até não estar comprometida, masTelma Inácio, da Allianz Portugal, estáconvencida de que houve uma perda na

"abrangência e na generalidade do ensi-

no", uma vez que em algumas áreas os

professores deixaram de ter tempo parafazer contextualizações.

Os próprios alunos têm essa consciên-cia e procuram também aprofundar asua formação, optando por fazer mestra-dos ou pós-graduações, defende José

Redondo: "Ao contrário do que se passa-va há alguns anos, hoje já é possível encon-trar candidatos com formação e expe-riência a nívelinternacional."

A decisão de prosseguir os estudos par-te dos próprios alunos pós-Bolonha, con-ta Marta Penetra, da Unicre. É a forma

que os recém-licenciados encontraramde ficar no mesmo patamar que os quetêm um percurso académico mais com-pleto: "Uma boa parte dos nossos cola-boradores decide continuar a formaçãoapós adquirir alguma experiência pro-fissional, pois só depois de algum tem-

po conseguem identificar a especializa-ção adequada ao seu caso."

Permitir uma especialização adaptadaa cada aluno é a grande vantagem de

Bolonha, mas será preciso ainda perce-ber se o mestrado é uma opção acessí-vel a todos. José Redondo, da Bial, teme

que uma boa parte dos alunos não con-

siga ir além de uma licenciatura de três

anos. "O custo da maior parte dos mes-trados não integrados é elevado para o

nível de vida dos portugueses. Pode seruma séria desvantagem deste modelo."

AllianZj Nestlé e SumolCompal não fazem

qualquer distinção entreos licenciados com e sem

mestrados integrados

Bial, Unicre e Tempo-Team são empresas

que privilegiam oscandidatos com maior

grau académico

São os próprios alunospós-Bolonha a sentir

a necessidade deprosseguir a sua

formação académica

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NÃO OUVIR E INTERROMPERNão saber o que respondernem o que perguntar aoerrtrevistador e ter um discurso

pouco objectivo. "A ausênciade perguntas sobre a função adesempenhar, a tendência parainterromper o entrevistador

ou perder-se em discursoslacónicos são algumas dasdeficiências encontradas",diz Telma Inácio, da Allianz

Portugal. Alguns candidatos

dizem, por exemplo, que são

dinâmicos, mas o seu discursonão revela isso.

ERROS ORTOGRÁFICOSUma das lacunas mais comunsentre os candidatos ao

primeiro emprego - avisa Carla

Marques, da Tempo-Team -, éo envio de currículos com erros

ortográficos, o que à partidadenuncia "insuficiências aonível do domínio da línguaportuguesa e também poucocuidado e preocupação com aelaboração de um documento

que em primeira instância é oespelho do candidato", diz adirectora da empresa derecursos humanos.

OS PROBLEMAS

FALTA DE PREPARAÇÃONão ter a preocupação derecolher informação sobre aempresa é mais um erro

grave cometido pelos recém-

-licenciados, avisa CátiaCandeias, da IBM. "O facto dese deixar transparecer que não

se passou os olhos pelo site danossa empresa é revelador do

desinteresse", explica MartaPenetra, da Unicre. E nãorevelar "focos de interesse

específicos" é uma outra lacuna

que os entrevistadoresdetectam nas entrevistas.

AMBIÇÃO DESADEQUADADemasiadas exigências são acaracterística negativa que os

empregadores apontam comodas mais recorrentes. Essas

"exigências prematuras,nomeadamente de condiçõesremuneratórias", podemcondicionar a imagem que osrecrutadores têm do candidato,diz Telma Inácio, da Allianz

Portugal. "A ambição financeiraelevada versus experiênciademonstrada" é, aliás, "o erro"

que a Nestlé identifica comomais frequente.

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SIMULAR A ENTREVISTAElaborar uma lista de possíveisquestões, antecipando as

perguntas que poderão serfeitas na entrevista. Procurar

responder para si próprioquestões simples tais como:

porque concorri; porqueescolhi esta empresa; comovejo a minha evoluçãoprofissional, são algumas das

sugestões apresentadas pelaIBM. Identificar com clareza ospontos fortes de uma forma"natural e espontânea" é umadas vantegens identificadas

pela Unicre.

SABER FAZER UM CURRÍCULOElaborar e enviar para as

empresas um currículo objec-tivo, conciso e com grandecorrecção gramatical e comuma boa apresentação gráfi-ca. Médias do curso, faculda-de, experiências académicase extracurriculares, tudo isso

pode vir a ser determinantepara levar um empregador aescolher um candidato emdetrimento do outro para asfases de selecção seguintes,avisa Caria Marques, da Tem-po Team.

AS SOLUÇÕES

CONHECER A EMPRESAConhecer a empresa a que secandidata, pesquisar sobre otipo de actividade quedesenvolve, qual a cultura, osresultados, os objectivos da

empresa são informações querevelam interesse eenvolvimento do candidato.Procurar informação nos sitesdas empresas é essencial. "Ainternet é um auxiliar preciosopara este tipo de preparação,pois permitir a recolhaexaustiva de informação sobreas diferentes empresas", dizCátia Candeias da IBM.

HUMILDADE E HONESTIDADE[Demonstrar humildade,honestidade e ainda grandedisponibilidade para o proces-so de recrutamento, revelaruma postura de interesse eenvolvimento durante todas asfases de selecção é o conse-lho de Caria Marques, da Tem-

po Team. O melhor conselho

que se pode dar a um candi-dato é este que procure "serverdadeiro, ter uma atitude

positiva e ambiciosa perante avida", remata o administradorda Bial, José Redondo.

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INGLATERRA

ZITA MARTINSInvestigadora no Imperial College em Londres

Uma cientista cosonho de viajar a

_ Zita Martins troca as voltas aocéu carregado do Verão londri-no. Enquanto outros insistem natradicional gabardina, a cientista

circula entre laboratórios e gabi-netes com sandálias de salto e

um vestido floral. Aos 31 anos, a

química e astrobióloga é investi-

gadora no Imperial College, no

Departamento de Ciência e En-

genharia da Terra.

Recentemente, a prestigiadaRoyal Society atribuiu-lhe um fi-nanciamento individual para os

próximos dez anos. Zita lida to-dos os dias com uma magna ques-

tão : a existência de vida extrater-restre e a origem da vida na Terra.A colaboração estreita com aNASA e a Agência Espacial Euro-

peia levam-na a um cruzar cons-tante do espaço aéreo, numa ca-minhada incessante para provarque não estamos sós no universo.

A infância, passou-a em pon-tas, entre pííás, pirouettes e ara-

besques. Mas a par do ballet clás-

sico, que fez até aos 14 anos, pai-rava o fascínio pelo espaço. Fez

a licenciatura em Química, noInstituto Superior Técnico, emLisboa, e escreveu a cientistas

SINAIS PORTUGUESES LÁ FORA

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moMarte

dos laboratórios de Astroquími-ca da NASA a perguntar onde

poderia, na Europa, fazer um es-

tágio nessa área. Aconselharam-

-na a rumar a Leiden, na Holan-da, onde, além do estágio, fez o

doutoramento em Astrobiolo-gia. Durante esse período tor-nou-se cientista convidada daNASA, e passou alguns mesesem Washington.

«Foi um sonho tornado reali-dade. Estive a analisar amostrasde meteoritos colhidos na An-tárctida (os condritos carboná-ceos), amostras extraterrestres.

A ver que moléculas orgânicas é

que estavam presentes. Se essas

moléculas eram extraterrestres,qual a sua contribuição para a

origem da vida na Terra?»

Após o doutoramento, foi con-vidada pela NASA e pelo ImperialCollege para o pós-doutoramen-to. A ligação à Europa levou-a a

optar pela instituição britânica.Publicou estudos na revista

Meteoritics and Planetary Scien-

ce. Um dos estudos teve que vercom as moléculas que são os

componentes básicos do nosso

código genético. Todos os seresvivos têm um código genético.«O que nós descobrimos é quecomponentes dos códigos gené-ticos estão presentes em meteori-

tos, e esses componentes já exis-

tiam na formação do nosso siste-

ma solar. Foram trazidos para aTerra entre 4,6 e 3,8 mil milhõesde anos. Se esses blocos funda-mentais para a vida foram trazi-dos para a Terra, também pode-rão ter sido levados para outrossítios no nosso sistema solar, e até

mesmo no nosso universo. Isso

levanta a questão se estaremossozinhos no universo.»

Hoje, o trabalho da investiga-dora divide-se em duas verten-tes. Analisar meteoritos, para ve-rificar se têm moléculas orgâni-cas e se poderão ter tido umpapel fundamental na origemda vida na Terra. E prepararmissões espaciais a Marte. «De-

senvolver métodos de detecção,a nível químico, para quandoformos a Marte conseguirmosdetectar vida», explica Zita.

Zita é também uma comuni-cadora de ciência. E tem em Cari

Sagan uma referência que a

acompanha desde sempre. Tor-

nou-se presença habitual na te-levisão britânica, onde participaem programas e documentários.

Define-se como «perseveran-te» e tem o sonho de integraruma revolução no nosso tempo.«Gostaria de ir a Marte ou a ou-tro local do nosso sistema solar.

Seria muitíssimo interessantedetectar vida extraterrestre a ní-vel de microrganismos. Tentarperceber como é que surgimosna Terra. Será que houve umagénese comum em relação a ou-tro local? Iria mudar muita coisa

na sociedade, deixaríamos de

ser o centro.» T: Sílvia gonçal-

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Diplomas para mais decem alunos estrangeiros

A holandesa Charlot Schans,de 23 anos, estudante de Antropo-logia, prepara-se para fazer umainvestigação numa favela do Riode Janeiro, no Brasil. Mas, antes,quis aprender Português. Charlotfoi uma das 106 pessoas, de 22 na-cionalidades, que frequentaram a

86 ê edição do Curso de Férias de

Língua e Cultura Portuguesaspara Estrangeiros da Faculdade deLetras da Universidade de Coim-bra (FLUC). Os diplomas e certi-ficados foram entregues ontem.

Durante cerca de cinco sema-nas, os participantes - oriundosde países tão distintos como Chi-na, Japão, México, Canadá, Romé-nia, Irlanda ou Rússia, entre ou-tros - puderam aprender a língua,sem perder de vista a vertente cul-tural. Houve visitas (a locais em-blemáticos de Coimbra, mas tam-bém ao Porto, a Óbidos ou a Co-nímbriga, por exemplo) e outrasactividades. "Vi sempre estes alu-nos de sorriso na cara", observouAlbano Figueiredo, subdirectorda FLUC, à margem da cerimónia.

Brittany Conceição Silva, de 19

anos, confirma-o. Está bem dis-

posta, com pouca vontade de re-gressar aos Estados Unidos daAmérica (EUA). "Conheci tantas

pessoas que agora vai ser difícilvoltar. Mas temos a Internet, o Fa-cebook e as férias, para nos visi-tarmos", disse, ao JN, num Portu-guês claro. Os pais são portugue-ses. A tia fez este curso, há dezanos, e a prima também, há dois.

Quis seguir-lhes as pisadas e

aprender a gramática, melhorar aescrita, até porque o Portuguêsque fala "é o Português de casa".

O curso arrancou em 1924 e, deacordo com Albano Figueiredo, "a

procura é elevada".

Ensino Superior

Língua Portuguesa em foco, em Coimbra

URINA FONSECA

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Novas dúvidas na prova de Biologia e Geologia

Clara Viana

Professor da Universidadede Coimbra manifesta-seincrédulo e indignado comuma das soluções

• É a segunda dúvida levantada so-bre os critérios de correcção elabo-rados pelo Gabinete de AvaliaçãoEducacional (Gave) para o exame dasegunda fase de Biologia e Geologia(702), realizado pelos alunos do 11.°

ano. 0 Ministério da Educação garan-te que as soluções apresentadas estãocorrectas.

"Não posso crer que uma respostacientificamente incorrecta seja consi-derada correcta" . A crítica foi endere-

çada ao Gave pelo professor da Uni-versidade de Coimbra Luís Lemos.Na pergunta 7 do Grupo 111 do examerealizado no dia 16 de Julho pedia-se aos alunos para ordenar as letrasde A a G, de modo a reconstituir asequência cronológica de alguns fe-nómenos envolvidos na ocorrênciade um sismo.

Segundo Luís Leal, a resposta pro-posta está errada no que respeita àalínea correspondente à "propagaçãodas ondas superficiais". "Um bomaluno que pense e responda atravésde um critério científico aprofun-dado terá a resposta errada. Estouindignado", escreveu por e-mail aoPÚBLICO. Na resposta que lhe ende-

reçou, o Gave reitera que a soluçãoque apresentou "é a correcta".

A Associação de Professores deBiologia e Geologia também já tinhaaconselhado a anulação de uma ou-tra questão deste exame (pergunta7 do grupo IV), por considerar "nãoexistir sustentação científica para a

resolução proposta pelo Gave", o quefoi rejeitado pelo ministério. Ambasas questões valiam cinco pontos. Na

prova da segunda fase, a média totalfoi de 10,1, mas a dos alunos internos,que são aqueles que frequentam asaulas o ano inteiro, ficou nos 9,8. Noano passado em ambos os casos foi,nesta fase, de 8,8

Na segunda fase, uma das respos-tas apresentadas para o exame de

Geografia A, realizado pelos alunos

do 11.° ano, suscitou dúvidas a mui-tos estudantes. Questionada pelo PÚ-

BLICO, a Associação de Professoresde Geografia garantiu que a respostaproposta está correcta. Na pergunta3 do grupo I pedia-se que, entre qua-tro esquemas, se identificasse qual o

que correspondia à "variação maisfrequente da temperatura num lugarsujeito à passagem de uma perturba-ção da frente polar".

Muitos estudantes optaram pe-la figura que apontava uma varia-ção gradual, quando a correcta é a

que apresenta um aumento bruscode temperatura. "Qualquer lugar é

afectado, em primeiro lugar, pelosector anterior da massa de ar polara que se segue a passagem da frentequente da perturbação frontal, ou se-

Prova realizou-se a 16 de Julho

ja, o ar tropical, mais leve, 'cavalga'gradualmente sobre o ar polar. Esta

passagem ocasiona aumento da tem-peratura e precipitação específica",esclarece a associação de professores."Criaram talvez um grau de dificulda-de excessivo", admitiu a presidenteda associação, Emília Sande Lemos. Aresponsável acrescenta, contudo, queesta questão poderá "fazer brilhar osbons alunos" e que o incremento da

qualidade de ensino não se consegueatravés de questões básicas. A médianeste exame foi, na segunda fase, de10,6, menos duas décimas do que a

alcançada na primeira leva.