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Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da Biblioteca Central da UFLA TEXTO REVISADO PELO AUTOR Ó 1997 FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão PROIBIDA A REPRODUÇÃO DO TODO OU PARTE, POR QUALQUER MEIO, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DA FAEPE. Teixeira, Júlio César. Alimentação de bovinos leiteiros / Júlio César Teixeira - - Lavras: UFLA - FAEPE, 1997. 217p.: il. Bibliografia: 1. Ruminante - Alimentação 2. Gado leiteiro. 3. Nutrição - Alimentação. I Universidade Federal de Lavras. II. Título. CDD - 636.2142

Alimentação de bovinos leiteiros - livro

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Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da Biblioteca Central da UFLA

TEXTO REVISADO PELO AUTORÓ 1997 FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão

PROIBIDA A REPRODUÇÃO DO TODO OU PARTE, POR QUALQUER MEIO, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DA FAEPE.

Teixeira, Júlio César.Alimentação de bovinos leiteiros / Júlio César

Teixeira - - Lavras: UFLA - FAEPE, 1997.217p.: il.

Bibliografia:

1. Ruminante - Alimentação 2. Gado leiteiro.3. Nutrição - Alimentação. I Universidade Federal de Lavras. II. Título.

CDD - 636.2142

Page 2: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS

Júlio César Teixeira

UFLA - Universidade Federal de LavrasFAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão

Lavras (MG) - 1997

Engenheiro Agrônomo pela ESAL (1977), Mestre em Nutrição animal e pastagens pela USP/ESALQ (1980), Doutor em Zootecnia pela UFV (1984) Pós-Doctor em Nutrição de Ruminantes pela University of Arizona -USA (1988), Professor Titular do DZO/UFLA.

Page 3: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Curso de Especialização - Pós-Graduação “Lato Sensu por Tutoria à DistânciaALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS

Convênio:UFLA - Universidade Federal de Lavras FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão

Reitor da UFLA:FABIANO RIBEIRO DO VALE

Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE:DOUGLAS ANTÔNIO DE CARVALHO

Chefe do Departamento de Ciências Exatas:ALOÍSIO RICARDO PEREIRA SILVA

Coordenador do Curso:ROGÉRIO SANTORO NEIVA

Editoração Eletrônica:SIDNEI TAVARES REIS

Capa:SIDNEI TAVARES REIS

Revisão de texto:

LUCIA DE FÁTIMA ANDRADE CORREIA TEIXEIRA

INGRID ROBLES MORON

Impressão:

GRÁFICA UNIVERSITÁRIA - UFLA

Page 4: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

ÍNDICE

1. PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIGESTÃO EM BOVINOS

LEITEIROS ........................................................................................ 21

1.1. Introdução ............................................................................... 21

1.2. Características do Animal Ruminante .................................... 21

1.2.1. Estômago dos Ruminantes .............................................. 21

1.2.2. Microrganismos ............................................................... 23

1.2.3. Utilização de Alimentos Fibrosos e Outros ...................... 24

1.3. Importância da Função Ruminal ............................................ 24

1.3.1. Produção de Ácidos Graxos Voláteis .............................. 24

1.3.2. Formação de Isoácidos ................................................... 25

1.3.3. Produção de Ácidos Graxos de Cadeia Longa ................ 26

1.3.4. Produção de Ácido Lático ............................................... 26

1.3.5. Síntese de Proteína Microbiana ...................................... 26

1.3.6. Síntese de Vitaminas do Complexo B e K ....................... 27

1.3.7. Hidrogenação de Ácidos Graxos Insaturados .................. 27

1.3.8. Redução do Tamanho da Partícula ................................. 27

1.3.9. Absorção de Nutrientes no Rúmen .................................. 28

1.3.10. Eructação dos Gases .................................................... 28

1.4. Comportamento de Alimentação e Ruminação ..................... 28

1.5. Digestão no Abomaso e Intestino .......................................... 29

1.5.1. Abomaso ......................................................................... 29

1.5.2. Digestão Intestinal ........................................................... 29

iii

Page 5: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

1.5.3. Ceco ............................................................................... 29

1.5.4. Intestino Grosso .............................................................. 30

1.6. Necessidades Especiais de Vacas Leiteiras .......................... 30

1.6.1. Tamanho da Partícula Suficiente.................................... 30

1.6.2. Preparação Adequada dos Grãos .................................... 30

1.6.3. Conteúdo Adequado de Fibra para Vacas Leiteiras ......... 31

1.6.4. Balanço entre Parede Celular (FDN) e Carboidratos

Não Estruturais ............................................................... 32

1.6.5. Manutenção do pH Ruminal ............................................ 32

1.6.6. Manutenção de PDR e PNDR ......................................... 33

1.7. Microbiologia Ruminal ............................................................ 33

1.8. Variação nas Respostas de Alimentos ................................... 34

1.9. Fatores Afetando a Ingestão de matéria Seca ....................... 34

1.9.1. Necessidades de Energia ................................................ 34

1.9.2. Digestibilidade das Rações ............................................. 35

1.9.3. Enchimento do Rúmen .................................................... 35

1.9.4. Fermentação Anormal da Ensilagem ............................... 35

1.9.5. Mecanismo de Feedback ................................................. 36

1.9.6. Presença de Toxinas ....................................................... 36

1.9.7. Palatabilidade ................................................................. 36

1.9.8. Temperatura e Umidade ................................................. 36

1.9.9. Tamanho ou Peso Corporal ............................................. 37

1.9.10. Freqüência de Alimentação ........................................... 37

1.9.11. Ingestão de Água .......................................................... 37

iv

Page 6: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

2. CARBOIDRATOS PARA BOVINOS LEITEIROS .............................. 39

2.1. Introdução ............................................................................... 39

2.2. Tipos de Carboidratos ............................................................ 40

2.3. Carboidratos Não Estruturais ................................................. 49

2.4. Digestão de Carboidratos ....................................................... 50

3. FIBRA PARA BOVINOS LEITEIROS ................................................ 51

3.1. Introdução ................................................................................ 51

3.2. Medida do Nível de Fibra nos Alimentos ................................

52

3.2.1. Fibra Bruta ...................................................................... 52

3.2.2. Fibra em Detergente Ácido ............................................. 52

3.2.3. Fibra em Detergente Neutro ............................................ 53

3.3. Alimentos Fibrosos e Performance de Vacas ........................ 53

3.4. Nível Ótimo de FDN para Vacas Leiteiras ............................... 58

3.5. Conteúdo de Fibra da Ração Total ......................................... 59

3.5.1. Pouca Fibra e Fibra com Textura Inadequada ................. 59

3.5.2. Muita Fibra na Ração Total ............................................. 61

3.6. Conclusões .............................................................................. 61

4. PROTEÍNA PARA BOVINOS LEITEIROS ......................................... 63

4.1. Introdução ................................................................................ 63

4.2. Composição e Importância da Proteína ................................. 63

4.3. Fração Nitrogenada dos Alimentos ........................................ 64

4.4. Composto Nitrogenados Não Protéico .................................. 71

5. GORDURA PARA BOVINOS LEITEIROS ......................................... 73

5.1. Introdução ................................................................................ 73

v

Page 7: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

5.2. Ácidos Graxos ......................................................................... 74

5.3. Ácidos Graxos Poliinsaturados, Monoinsaturados e

Saturados ................................................................................ 75

5.4. Ácidos Graxos Livres .............................................................. 77

5.5. Metabolismo das Gorduras ..................................................... 78

5.6. Funções da Adição de Gorduras ............................................ 79

5.7. Umidade em Gorduras .............................................................

79

5.8. Impurezas Insolúveis ............................................................... 80

5.9. Material Insaponificável .......................................................... 80

5.10. Ácidos Graxos Totais ............................................................ 80

5.11. Estabilidade da Gordura ....................................................... 80

5.12. Coloração ............................................................................... 82

5.13. Adição de Gordura em Rações de Ruminantes ................... 82

5.14. Fontes de Gorduras mais Comuns ....................................... 83

6. MINERAIS PARA BOVINOS LEITEIROS .......................................... 85

6.1. Introdução ................................................................................ 85

6.2. Cálcio ........................................................................................

85

6.3. Fósforo ..................................................................................... 86

6.4. Magnésio .................................................................................. 87

6.5. Enxofre ..................................................................................... 88

6.6. Potássio ................................................................................... 88

6.7. Sódio e Cloro ........................................................................... 88

6.8. Microminerais .......................................................................... 89

vi

Page 8: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

6.9. Suplementação de Minerais para Bovinos Leiteiros ............. 90

7. VITAMINAS PARA BOVINOS LEITEIROS ....................................... 93

7.1. Vitamina A ................................................................................ 93

7.2. Vitamina D ................................................................................ 94

7.3. Vitamina D para Vacas Leiteira ............................................... 95

7.4. Vitamina E ................................................................................ 95

7.5. Vitamina K ................................................................................ 96

7.6. Vitamina C ................................................................................ 96

7.7. Vitaminas do Complexo B ....................................................... 97

7.8. Exigências de Vitaminas ......................................................... 98

7.9. Suplementação com Vitaminas .............................................. 98

7.10. Conclusões ............................................................................ 99

8. ÁGUA PARA BOVINOS LEITEIROS ................................................. 101

8.1. Funções da Água ..................................................................... 101

8.2. Ingestão de Água ..................................................................... 103

8.3. Qualidade da Água .................................................................. 106

8.4. Análises Laboratoriais ............................................................ 107

8.5. Qualidade Química da Água ................................................... 108

8.5.1. pH ................................................................................... 108

8.5.2. Dureza ............................................................................ 108

8.5.3. Total de Sólidos Solúveis (TSS) ...................................... 109

8.5.4. Nitratos e Nitritos ............................................................ 110

8.5.5. Sulfato ............................................................................ 112

8.6. Considerações Sobre a Qualidade Química da Água ........... 113

vii

Page 9: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

8.6.1. Contaminantes e Elementos Tóxicos .............................. 113

8.6.2. Temperatura da Água ..................................................... 114

8.7. Testes Bacteriológicos e Físicos ........................................... 114

8.8. Conclusões .............................................................................. 116

9. ADITIVOS NAS RAÇÕES DE VACAS LEITEIRAS ........................... 117

9.1. Introdução ............................................................................... 117

9.2. Agentes Tamponantes e Alcalinizantes ................................. 117

9.3. Vitaminas do Complexo B e Colina ........................................ 120

9.3.1. Niacina ............................................................................ 122

9.3.2. Colina ............................................................................. 124

9.4. Outros Aditivos ....................................................................... 124

9.4.1. Enzimas .......................................................................... 124

9.4.2. Probióticos ...................................................................... 124

9.4.3. Leveduras e Fungos ........................................................ 126

9.4.4. Sais Aniônicos ................................................................ 128

9.4.5. Betacaroteno ................................................................... 128

9.4.6. Lasalocid ......................................................................... 128

9.4.7. Análogo da Metionina ...................................................... 128

9.4.8. Monensina ....................................................................... 129

9.4.9. Ácido Propiônico ............................................................. 129

9.4.10. Inoculantes Bacterianos de Silagens .............................. 129

9.4.11. Inoculantes Enzimáticos de Silagens ............................. 130

10. ALIMENTOS CONCENTRADOS PARA BOVINOS LEITEIROS ......

131

10.1. Introdução .............................................................................. 131

viii

Page 10: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

10.2. Farelos de Sementes de Oleaginosas .................................. 131

10.2.1. Farelo de Soja ............................................................... 132

10.2.2. Farelo de Algodão ......................................................... 132

10.3. Sementes de Soja e Algodão ................................................ 132

10.3.1. Semente de Soja ........................................................... 132

10.3.2. Caroço de Algodão ........................................................ 133

10.4. Sub-produtos Ricos em Fibra ............................................... 133

10.4.1. Polpa de citrus ............................................................... 133

10.5. Sub-produtos Moídos ............................................................ 134

10.5.1. Farelo de Trigo .............................................................. 134

10.5.2. Farelo de Arroz .............................................................. 134

10.5.3. Glúten de Milho ............................................................. 134

10.5.4. Farelo de Glúten de Milho ............................................. 135

10.6. Sub-produtos de Origem Animal .......................................... 135

10.6.1. Farinha de Pena de Aves Hidrolizada ............................ 135

10.6.2. Farinha de Sangue ........................................................ 135

10.6.3. Farinha de Carne e Osso ............................................... 136

10.6.4. Farinha de Peixe ........................................................... 136

10.6.5. Sebo .............................................................................. 137

10.6.6. Gorduras Inertes Ruminalmente .................................... 137

10.6.7. Soro de Leite ................................................................. 137

11. ALIMENTOS VOLUMOSOS PARA BOVINOS LEITEIROS ............ 139

11.1. Introdução .............................................................................. 139

11.2. Leguminosas e Gramíneas .................................................... 139

ix

Page 11: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

11.2.1. Silagem de Milho ........................................................... 140

11.2.2. Silagem de Sorgo .......................................................... 140

11.3. Palhadas ................................................................................. 140

11.4. Sabugo ................................................................................... 141

11.5. Pastagens ............................................................................... 141

11.6. Forragem Picada .................................................................... 141

11.7. Estimativa da Digestibilidade e Conteúdo de Energia ........ 142

12. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS EM

ALEITAMENTO ................................................................................ 143

12.1. Introdução .............................................................................. 143

12.2. Sistema Digestivo dos Bezerros ........................................... 143

12.3. Alimentação com Colostro .................................................... 144

12.3.1. Importância do Colostro ................................................. 144

12.3.2. Composição e absorção do colostro .............................. 144

12.3.3. Forma de Administração do Colostro ............................. 146

12.3.4. Armazenamento do Colostro ......................................... 146

12.3.5. Substitutos Comerciais .................................................. 147

12.4. Dietas Líquidas Alternativas para Bezerras ......................... 147

12.4.1. Proteína Nos Sucedâneo para Bezerros ........................ 148

12.4.2. Gordura nos Sucedâneos para Bezerros ........................

149

12.4.3. Carboidratos nos Sucedâneos para Bezerros .................

149

12.4.4. Minerais, Vitaminas e Antibióticos nos Sucedâneos

para Bezerros ............................................................... 149

x

Page 12: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

12.5. Rações para Bezerros em Aleitamento ................................. 150

13. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERRAS E NOVILHAS ......... 153

13.1. Introdução .............................................................................. 153

13.2. Sistema Digestivo .................................................................. 153

13.3. Alimentação da Desmama aos Seis Meses de Idade ........... 154

13.4. Alimentação dos Seis Meses até um Mês Antes do Parto ..

156

13.5. Alimentação com Concentrados ........................................... 157

13.6. Nutrição Afetando a Reprodução e Sanidade ...................... 158

13.6.1. Deficiência de Energia ................................................... 159

13.6.2. Deficiência de Proteína .................................................. 161

13.6.3. Deficiência de Fósforo ................................................... 161

13.6.4. Deficiência de Iodo ........................................................ 161

13.6.5. Deficiência de Zinco ...................................................... 162

13.6.6. Deficiência de Manganês ............................................... 162

13.6.7. Deficiência de Cobalto ................................................... 162

13.6.8. Deficiência de Sal .......................................................... 162

13.6.9. Deficiência de Vitamina A .............................................. 163

13.6.10. Deficiência de Água ..................................................... 163

13.6.11. Sub-alimentação .......................................................... 163

13.6.12. Super-alimentação ....................................................... 163

13.7. Crescimento Compensatório ................................................ 164

14. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS SECAS ......................... 167

14.1. Introdução .............................................................................. 167

14.2. Manejo de Alimentação no Início do Período Seco ............. 167

xi

Page 13: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

14.2.1. Exigência de Fibra Durante o Período Seco .................. 169

14.2.2. Exigência de Energia Durante o Período Seco .............. 169

14.2.3. Exigência de Proteína Durante o Período Seco ............. 170

14.2.4. Exigência de Minerais Durante o Período Seco ............. 170

14.2.5. Exigência de Vitaminas Durante o Período Seco ........... 171

14.2.6. Conseqüências do Programa de Alimentação ................ 172

15. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO ...... 175

15.1. Introdução .............................................................................. 175

15.2. Final da Lactação Anterior .................................................... 175

15.3. Secagem dos Animais ........................................................... 176

15.4. Período Seco .......................................................................... 177

15.5. Pré-parto ................................................................................. 177

15.6. Parto ....................................................................................... 178

15.7. Conclusões ............................................................................ 179

16. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO ........... 181

16.1. Introdução .............................................................................. 181

16.2. Fase 1 - Início da Lactação ................................................... 181

16.3. Fase 2 - Pico da Ingestão de Matéria Seca ........................... 183

16.4. Fase 3 - Meio ao Final da Lactação ....................................... 184

16.5. Considerações Gerais ........................................................... 184

17. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO

CONFINADAS .................................................................................. 187

17.1. Introdução .............................................................................. 187

17.2. Manejo em Freestall ............................................................... 187

xii

Page 14: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

17.3. Piso das Instalações .............................................................. 189

17.4. Sala de Ordenha e Espera ..................................................... 189

17.5. Manejo de Alimentação ......................................................... 189

17.6. Comportamento de Alimentação .......................................... 190

17.7. Máxima Ingestão de Alimentos ............................................. 190

17.8. Estratégia de Alimentação para Maximizar a Ingestão

de Alimentos ......................................................................... 191

17.9. Disponibilidade de Água ....................................................... 192

17.10. Formação de Grupos de Alimentação ................................ 193

17.11. Pontos a Serem Checados em um Sistema de

Alimentação .......................................................................... 193

17.11.1. Instalações e Grupos ................................................... 194

17.11.2. Qualidade do Alimento no Comedouro ........................ 195

18. INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DO LEITE... 197

18.1. Introdução .............................................................................. 197

18.2. Alteração dos Componentes do Leite .................................. 198

18.3. Estratégias de Manejo de Alimentação para Maximizar os

Sólidos do Leite .................................................................... 198

18.4. Maximizando a Ingestão de Alimentos ................................. 198

18.5. Alimentos Concentrados e a Composição do Leite ............ 200

18.6. Fibra e a Composição do Leite ............................................. 201

18.7. Proteína Dietética e a Composição do Leite ........................ 202

18.8. Gordura Dietética e Composição do Leite ........................... 202

18.9. Recomendações Gerais ........................................................ 203

xiii

Page 15: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

19. NUTRIÇÃO E DOENÇAS METABÓLICAS EM VACAS LEITEIRAS 205

19.1. Introdução .............................................................................. 205

19.2. Doenças Relacionadas ao Metabolismo Energético ............ 206

19.2.1. Síndrome da Vaca Gorda .............................................. 206

19.2.2. Cetose ........................................................................... 206

19.2.3. Retenção de Placenta ................................................... 207

19.2.4. Infertilidade ................................................................... 208

19.3. Doenças Associadas com Acidose ou Pouca Fibra ............ 208

19.3.1. Timpanismo ................................................................... 208

19.3.2. Laminite (Problemas de Casco) ..................................... 209

19.3.3. Indigestão ...................................................................... 209

19.3.4. Abcessos Hepáticos .......................................................

209

19.3.5. Deslocamento do Abomaso ........................................... 210

19.3.6. Baixo Nível de Gordura no Leite ................................... 210

19.4. Doenças Metabólicas Relacionadas a Minerais ................... 211

19.4.1. Febre do Leite (Hipocalcemia) ..................................... 211

19.4.2. Doenças do Imbalanço no Controle de Cálcio e

Fósforo ....................................................................... 212

19.5. Desordem Relacionadas ao Manejo Alimentar .................... 212

19.6. Considerações Gerais ........................................................... 213

20. A CONDIÇÃO CORPORAL E O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO. 215

20.1. Introdução ......................................................................... 215

20.2. Diferentes Sistemas de Avaliação da Condição

Corporais .............................................................................. 216

xiv

Page 16: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

20.3. Sistema Americano de Avaliação da Condição Corporal .... 217

20.4. Objetivo da Avaliação da Condição Corporal ...................... 217

20.5. Condições Corporal (CC) e Produção de Leite .................... 217

20.6. Condição Corporal (CC) e Performance Reprodutiva .......... 219

20.7. Épocas de Avaliação da Condição Corporal ........................ 220

20.8. Conclusões ............................................................................ 225

21. AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS

LEITEIRAS ....................................................................................... 227

21.1. Introdução .............................................................................. 227

21.2. Avaliação ................................................................................ 227

21.3. Ficha de Avaliação ................................................................. 228

22. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS ...............

233

22.1. Introdução .............................................................................. 233

22.2. Pontos a Serem Checados em um Manejo ........................... 234

22.3. Seleção de Alimentos e Sistemas de Manejo ....................... 235

22.4. Manejo da Água ..................................................................... 236

22.5. Exame das Fezes ................................................................... 236

23. CONTROLE DA QUALIDADE RAÇÕES PARA BOVINOS

LEITEIROS ...................................................................................... 237

23.1. Controle de Qualidade ........................................................... 237

23.1.1. Aspectos a Serem Analisados ..................................... 237

23.1.2. Desenvolvendo Rações Baseando-se em Análises ..... 238

23.1.3. Enfatizar a Qualidade da Forragem para Vacas em

Lactação ..................................................................... 239

xv

Page 17: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

23.1.4. Observações Constantes da Qualidade do Alimento .. 239

23.2. Controle da Qualidade ........................................................... 240

23.3. Performance Animal .............................................................. 240

23.4. Checar Práticas e Estratégias de Alimentação .................... 241

24. AGRUPAMENTO DE VACAS PARA ALIMENTAÇÃO COM

RAÇÃO TOTAL ............................................................................... 243

24.1 Introdução ............................................................................... 243

24.2. Agrupamento de Acordo com a Produção ........................... 243

24.3. Agrupamento pela Idade e Qualidade do Úbere .................. 244

24.4 Agrupamento pela Condição Corporal .................................. 245

25. GLOSSÁRIO ....................................................................................

247

26. LITERATURA CONSULTADA ......................................................... 265

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1. Sistema de determinação dos carboidratos .................. 42

Tabela 2.2. Fração de carboidratos de alguns alimentos ................. 42

Tabela 2.3. Composição das forragens ............................................. 43

Tabela 2.4. Classificação de fibra em vários tipos de forragens ..... 43

Tabela 2.5. Concentração ótima de FDN e FDA nas rações de

vacas ................................................................................ 44

Tabela 2.6. Capacidade de FDN como percentagem do peso vivo .. 46

Tabela 2.7. Calculo das exigências de FDN na ração ....................... 48

Tabela 2.8. Estimativa do valor volumoso ........................................ 48

Tabela 3.1. Conteúdo de fibra de algumas forragens, medida

xvi

Page 18: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

pelas três técnicas .......................................................... 53

Tabela 3.2. Conteúdo de fibra em detergente neutro e ácido

e tempo gasto na mastigação de alguns alimentos ..... 57

Tabela 3.3. Conteúdo de FDN ótimo para vacas leiteiras ................. 58

Tabela 3.4. Influência do nível de FDN e tamanho da partícula

sobre a atividade mastigatória de vacas leiteiras ......... 59

Tabela 3.5. Típico efeito do conteúdo de fibra de rações sobre o

status metabólico de vacas leiteiras ............................. 60

Tabela 4.1. Fração da proteína dos alimentos .................................. 65

Tabela 4.2. Degradabilidade da proteína de vários alimentos ......... 66

Tabela 4.3. Fração protéica de várias forragens ............................... 67

Tabela 4.4. Exigências de proteína e energia .................................... 69

Tabela 4.5 . Exemplo de rações de degradabilidade controlada ..... 70

Tabela 5.1. Ácidos graxos e número de átomos ............................... 74

Tabela 5.2. Alguns alimentos ricos em gordura ............................... 75

Tabela 5.3. Concentração energética de vários alimentos ............... 76

Tabela 5.4 Composição de algumas fontes de gordura ................... 84

Tabela 6.1. Concentração máxima e recomendada de minerais

em rações de vacas secas e em lactação (NRC, 1989) . 91

Tabela 7.1. Níveis recomendados de vitaminas para vacas em

lactação (adaptado do NRC, 1989) ................................ 98

Tabela 8.1. Ingestão de água por bovinos leiteiros (litros/dia) ........ 103

Tabela 8.2. Estimativa do consumo diário de água para bovinos

leiteiros, de acordo coma variação na temperatura

xvii

Page 19: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

ambiental ........................................................................ 105

Tabela 8.3. Efeito do teor de umidade do alimento no consumo

de água ............................................................................

105

Tabela 8.4. Nível de dureza da água ingerida por ruminante ........... 109

Tabela 8.5. Concentração de sólidos totais na água ........................ 110

Tabela 8.6. Níveis de nitrato na água, em ppm ................................. 111

Tabela 8.7. Nitratos e nitritos e fatores para converter uma forma

em outra .......................................................................... 112

Tabela 8.8. Limites máximos de substância tóxicas na água .......... 114

Tabela 8.9. Análise da água para bovinos leiteiros .......................... 115

Tabela 9.1. Tamponantes comuns e agentes alcalinizantes e sua

composição .................................................................... 119

Tabela 9.2. Resposta experimentais com tamponantes pode ser

benéfica .......................................................................... 119

Tabela 9.3. Situações onde a utilização de tamponantes pode ser

benéfica ........................................................................... 120

Tabela 9.4. Conteúdo e degradabilidade ruminal da colina em

alguns alimentos ............................................................ 121

Tabela 9.5. Resposta na produção a suplementação de niacina

em dietas contendo gordura suplementar .................... 123

Tabela 9.6. Resumo de diferentes pesquisas que mostram a

ação de fungos e leveduras na alimentação de

bovinos leiteiros ............................................................. 127

Tabela 10.1. Composição de alguns alimentos comumente

xviii

Page 20: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

usados na alimentação de bovinos leiteiros ................ 138

Tabela 12.1. Composição aproximada do colostro e do leite de

vacas holandesas ........................................................ 145

Tabela 12.2. Qualidade de proteínas em sucedâneos para

bezerros. ....................................................................... 148

Tabela 12.3. Níveis de nutrientes recomendados na dieta de

bezerros em diferentes idades .................................... 151

Tabela 13.1. Ingestão de água por bezerras e novilhas ................... 155

Tabela 13.2. Conteúdo de nutrientes na dieta de bezerras e

novilhas ......................................................................... 160

Tabela 13.3. Desenvolvimento de bezerras e novilhas das raças

HOLANDESA e JERSEY ................................................. 165

Tabela 14.1. Exigências nutricionais de vacas secas, no pré-parto

e em lactação .................................................................. 168

Tabela 14.2. Impacto do manejo de vacas secas sobre desordens

metabólicas após o parto ...............................................

172

Tabela 14.3. Desordens digestivas e metabólicas em vacas na

época do parto ................................................................ 173

Tabela 18.1. Sumário de mudanças no manejo de alimentação

que afetam a composição do leite ................................. 204

Tabela 20.1. Tabela de conversão para diferentes sistemas de

avaliação da condição corporal ................................... 216

Tabela 20.2. Relação entre a perda de condição corporal pós-

xix

Page 21: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Índice

parto e performance reprodutiva (síntese de uma.

pesquisa) .......................................................................

219

Tabela 20.3. Condições corporal recomendada para bovinos

leiteiros ........................................................................... 220

Tabela 20.4. Relações, do estágio de lactação e escore de

condição corporal ou mudanças na condição

corporal e seus possíveis problemas ........................... 221

xx

Page 22: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

1

PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIGESTÃO EM BOVINOS LEITEIROS

1.1. Introdução

O custo da alimentação de bovinos leiteiros representa 45 a 60% do

custo total de produção de leite. O custo da alimentação precisa ser

observado para que os níveis de nutrientes e ingestão de alimentos possam

suportar um nível ótimo e econômico de produção. A melhoria da

alimentação é o ponto principal para aumentar a lucratividade , reduzindo o

custo de alimentação, aumentando a produtividade de leite/vaca,

melhorando a saúde e reprodução, diminuindo os gastos com

medicamentos, sêmen, etc.

O entendimento básico da nutrição animal aplicado para bovinos

leiteiros é essencial para um bom manejo do rebanho.

A conveniente alimentação dos ruminantes, especialmente dos

bovinos leiteiros, é muito mais complicado e requer muito mais arte do que

para animais monogástricos.

1.2. Características do Animal Ruminante

1.2.1. Estômago dos Ruminantes

21

1

Page 23: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

O animal ruminante caracteriza-se por apresentar o aparelho

digestivo bem distinto, sendo que o estômago divide-se em quatro

compartimentos.

O rúmen, é o primeiro compartimento do estômago, um reservatório

equivalente a 160 a 240 litros, local da atividade microbiana, onde existe

aproximadamente 150 bilhões de microrganismos em uma colher de chá,

predominantemente de bactérias e protozoários. Estes microorganismos

comandam o crescimento fermentativo e vão servir como fonte de

nutrientes para o trato digestivo posterior.

O rúmen está em constante movimentação, causada pela contração

da musculatura. Existe, devido a isso, uma estratificação das partículas do

alimento. Partículas grosseiras das forragens tendem a permanecer

próximas ao esfíncter cárdia, para a regurgitação, ruminação e digestão

microbiana e redução do tamanho da partícula. Partículas finas das

forragens e partículas densas dos concentrados tendem a juntar no fundo.

As partículas tendem a deixar o rúmen após serem reduzidas de tamanho

via ruminação e ação microbiana. Os microrganismos também passam do

rúmen para o trato posterior (abomaso, intestino) para serem digeridos.

O rúmen, desenvolvido anatomicamente em tamanho, estrutura e

atividade microbiana digere alimentos secos ou silagens, enquanto que no

abomaso são digeridos leite ou sucedâneos. O desenvolvimento da parede

e tamanho do rúmen é a chave para a produção de certos ácidos da

fermentação dos alimentos sólidos. O rúmen é adequadamente

desenvolvido para fazer com que alimentos líquidos sejam desnecessários

a partir de 3 a 4 semanas de idade, se adequada dieta sólida é oferecida

poucos dias após o nascimento e se 700 a 1000 gramas começa a ser

consumida. Alguns ingredientes vegetais existentes nos sucedâneos na

forma líquida, entretanto, podem não ser adequadamente digeridos no

Page 24: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

abomaso e intestino até os 24 dias de idade devido a falta de certas

enzimas.

O retículo, ou “favo de mel”, tem uma capacidade aproximada de 10

litros, caracterizando-se por ser um local de muitos problemas, considerado

uma parte da câmara de fermentação, praticamente sem diferenciação do

rúmen.

O omaso ou “folhoso”, tem uma capacidade aproximada de 16

litros, caracterizando-se pela remoção de água e “moagem”, servindo de

“para choques” para o abomaso.

O abomaso ou estômago verdadeiro, tem uma capacidade

aproximada de 20 litros e é o local de digestão ácida e enzimática.

1.2.2. Microrganismos

Os microorganismos do rúmen precisam ser adequadamente

alimentados tanto quanto o animal. Algumas conciliações precisam ser

feitas na alimentação dos microorganismos e da vaca para otimizar a

performance. Como exemplos, pode-se citar:

a - Não se pode sobrecarregar a dieta em concentrado, pois isso

pode ocasionar acidose e um pH ruminal que não é condutivo para síntese

de proteína e vitaminas do complexo B ou produção de acetato. Além disto,

pode reduzir a ingestão de forragens ao ponto que a função ruminal,

eructação e contração muscular são reduzidas.

b - Não se pode usar nitrogênio não protéico (NNP) como única

fonte de nitrogênio ou proteína para vacas em alta produção. O NNP pode

atender as exigências dos microrganismos para nitrogênio ou equivalente

protéico, mas não as exigências das vacas para aminoácidos essenciais,

como lisina e metionina.

23

Page 25: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

c - O pH ótimo não é o mesmo para todas as funções ruminais:

para a síntese de vitaminas do complexo B é ao redor de 6,4, para a

síntese protéica de 6,8 e para digestão da fibra e celulose, de 7,0.

1.2.3. Utilização de Alimentos Fibrosos e Outros

Os ruminantes podem converter alimentos fibrosos e produtos que

não estão disponíveis ao homem ou animais de estômago simples em leite

e carne. Estes produtos podem ser divididos em:

a - Forragens anuais ou perenes, são fontes relativamente baratas

de nutrientes, podendo ser cultivadas em solos não adaptados para outros

tipos de culturas utilizadas na alimentação humana.

b - Resíduos culturais, como palhadas e outros.

c - Resíduos do processamento de alimentos, como os

provenientes da industrialização do milho, soja, laranja, leite, cana, etc.

d - Resíduos do processamento de fibras, como os provenientes da

industrialização do algodão, papel, etc.

e - Substitutos da proteína, como a uréia, amônia anidra, etc.

f - Resíduos animais, como o esterco, farinha de pena, farinha de

sangue, farinha de osso, farinha de carne, etc.

1.3. Importância da Função Ruminal

1.3.1. Produção de Ácidos Graxos Voláteis (AGVs)

Os carboidratos transformam-se, através da fermentação

microbiana, em AGVs, que fornecem 60 a 80% das necessidades

energéticas dos animais.

Page 26: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Os AGVs formados, em proporção nas rações de vacas leiteiras

são:

acético (50 a 60%), propiônico ( 18 a 20%) e butírico (12 a 18%).

O ácido acético predomina em dietas ricas em forragens e é a maior

fonte de energia e de substrato para a gordura do leite, para o metabolismo

muscular, gordura corporal. As concentrações de ácido acético são

reduzidas com o abaixamento do nível de forragem ou fibra efetiva na dieta.

Forragem finamente moída, alta ingestão de amido extrudado, peletizado ou

floculado, e alta ingestão de gordura também podem deprimir a produção

de ácido acético.

O ácido propiônico predomina em dietas ricas em concentrado e

provem energia via conversão a glicose no fígado, substrato para síntese

de lactose e uma pequena porção na síntese da proteína do leite.

O ácido butírico provem energia para a parede ruminal, substrato

para a síntese de gordura do leite e usado como gordura corporal quando

excesso de energia está presente na dieta.

Parece ser necessário maior produção de ácido acético que ácido

propiônico para manter o nível de gordura do leite normal. A relação ótima

acético propiônico é de 3:1. Relação menor que 2:1 resulta em performance

anormal e um tipo de metabolismo de ácido graxo que é antagônico a

produção de leite.

1.3.2. Formação de Isoácidos

Os isoácidos formados no rúmen, são usados na síntese protéica

ruminal e usados pelos microrganismos celulolíticos que quebram a fibra.

25

Page 27: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

1.3.3. Produção de Ácidos Graxos de Cadeia Longa

O rúmen é capaz de produzir ácidos graxos de cadeia longa,

usados primariamente para a síntese da gordura corporal e do leite e como

reserva de energia. O ácido esteárico, encontrado na gordura corporal,

pode predominar na síntese e composição da gordura do leite.

1.3.4. Produção de Ácido Lático

O ácido lático, produzido no rúmen, é usado como fonte energética,

via conversão a propiônico e glicose. A produção excessiva de ácido lático

pode resultar em acidose aguda quando o pH do rúmen cai abaixo de 5,0.

Os principais sintomas são: incoordenação, fraqueza, aparente cegueira,

queda no consumo, paralisia ruminal, gemido de dor abdominal, ranger de

dentes, timpanismo e/ou distensão do abomaso, desidratação, diarréia

fétida, toxemia e morte.

1.3.5. Síntese de Proteína Microbiana

A proteína é transformada no rúmen pela degradação microbiana à

amônia. A amônia, proveniente da degradação protéica ruminal é convertida

em proteína microbiana. É possível utilizar substitutos da proteína dietética

como a uréia para reduzir custos, com a mesma função, além da ingestão

de outras fontes de nitrogênio não protéico (amônia, aminas, amidas e

nitratos) comumente encontrados em alimentos ensilados e ( resultado da

degradação da proteína durante a ensilagem) ou outros.

A proteína microbiana e a proteína que passa pelo rúmen sem

sofrer degradação (by-pass) vão sofrer digestão no abomaso e intestino

delgado para suprir o animal com aminoácidos, utilizados na síntese de

Page 28: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

proteína corporal e do leite, na manutenção do nível de glicose e energia,

quando necessário.

A síntese microbiana de proteína resulta em um ganho líquido em

proteína disponível para o animal, se a dieta for adequada.

A proteína microbiana é de alta qualidade, antagônica a proteína

animal em conteúdo de aminoácidos, sendo superior em aminoácidos

essenciais a muitas proteínas de origem vegetal e somente vacas de alta

produção respondem a suplementação com metionina e lisina.

1.3.6. Síntese de Vitaminas do Complexo B e K

O rúmen sintetiza vitaminas do complexo B e K, fazendo com que

os animais dependam menos das fontes dietéticas. Somente a vitamina B12

não é sintetizada e houver inadequado suplementação de cobalto na dieta.

Somente vacas em alta produção respondem a suplementação com niacina

ou vitamina B12.

1.3.7. Hidrogenação de Ácidos Graxos Insaturados

Os ácidos graxos insaturados presentes na dieta são hidrogenados,

reduzindo a toxicidade das gorduras insaturadas e óleos nos

microrganismos do rúmen e tecido corporal, mantendo mais normal o

conteúdo de gordura corporal e do leite.

1.3.8. Redução do Tamanho da Partícula

As partículas do alimento são reduzidas através da mastigação do

bolo ruminado ou da ruminação ( regurgitação, remastigação e produção de

saliva para lubrificação e tampão). O volume de saliva é superior a 64

27

Page 29: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

litros/dia. A redução da partícula facilita a digestão microbiana e é

necessária antes de muitos alimentos deixarem o rúmen.

1.3.9. Absorção de Nutrientes no Rúmen

A parede ruminal absorve grandes quantidades de AGVs (produção

de energia corporal), amônia (reciclada como uréia) e alguns minerais.

1.3.10. Eructação dos Gases

Os gases produzidos no rúmen durante a fermentação, como o

metano e CO2, são eructados, evitando-se o timpanismo.

1.4. Comportamento de Alimentação e Ruminação

O comportamento de vacas em inicio de lactação, em sistema de

confinamento, com ração total, pode ser resumido nos seguintes

parâmetros:

- número de vezes que consomem ração por dia: de 12 a 16;

- tempo gasto para se alimentar: 6 a 10 horas/dia;

- número de períodos de ruminação por dia: 10 a 14;

- tempo gasto na ruminação: 6 a 8 horas/dia;

- tempo gasto descansando: 6 a 12 horas/dia;

- taxa de permanência do alimento no rúmen: 20 a 24 horas, sendo

que as forragens permanecem mais tempo que concentrados ou forragens

mais finamente moídas.

- tempo de permanência no trato digestivo: 72 a 96 horas.

Page 30: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

1.5. Digestão no Abomaso e Intestino

1.5.1. Abomaso

A presença de alimento estimula a produção de ácido clorídrico

(cloro da ração e hidrogênio), que converte pepsinogênio em pepsina,

importante enzima proteolítica e pode atuar quebrando algumas gorduras.

O pH no abomaso varia de 2,0 a 4,0.

1.5.2. Digestão Intestinal

O intestino delgado dos ruminantes mede aproximadamente 40

metros de comprimento e 5,0 cm de diâmetro. As enzimas do pâncreas e

intestino, auxiliadas pela secreção biliar, quebram os nutrientes, na seguinte

ordem:

- gorduras à monoglicerídeos, ácidos graxos e glicerol;

- carboidratos simples à monossacarídeos;

- proteínas à aminoácidos.

O intestino delgado é o principal local de absorção dos produtos da

digestão.

1.5.3. Ceco

O ceco ou intestino cego, fica próximo a junção do intestino delgado

com o grosso, é o local de alguma fermentação, não sendo tão fundamental

em ruminantes.

1.5.4. Intestino grosso

29

Page 31: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

O intestino grosso é o local onde ocorre alguma fermentação,

alguma absorção de energia e AGVs e é o último órgão do aparelho

digestivo, onde o material indigerido é armazenado para posterior excreção.

1.6. Necessidades Especiais de Vacas Leiteiras

1.6.1. Tamanho da Partícula Suficiente

Tamanho da partícula suficiente para estimular a eructação e

movimentação do rúmen e para adequada digestão da forragem. Partículas

muito finas de forragens deixam o rúmen muito rápido, sendo a

digestibilidade baixa quando comparada com partículas mais longas. A

presença de fibra longa é fundamental para a manutenção do nível de

gordura no leite e a saliva para manutenção do pH ruminal (função tampão).

Partículas finas de forragens requerem menos mastigação e reduzem a

produção de saliva, necessária para tamponar e manter o pH no rúmen, em

uma faixa adequada.

O tamanho da partícula deve ser adequado para o crescimento e

atividade microbiana, aumentar a produção de AGVs (especialmente

acetato) e proteína microbiana. A forragem deve ser picada ou moída para

que a média do tamanho da partícula seja de 1 a 2 cm e 15 a 20% das

partículas sejam de 2,5 a 4 cm de comprimento.

1.6.2. Preparação Adequada dos Grãos

Os grãos devem ser preparados de tal forma que a digestibilidade

do grão e da ração total seja melhorada, devendo-se observar que rações

com altos níveis de concentrados podem levar a abcessos no fígado. Os

grãos de cereais secos devem ser moídos em peneira de 1 cm. Grãos

Page 32: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

moídos muito finos podem reduzir a digestibilidade pelo aumento da taxa de

passagem pelo rúmen.

O tratamento térmico dos grãos (peletização, floculação, extrusão)

normalmente altera a molécula do amido, podendo aumentar a degradação

ruminal e conseqüentemente a produção de ácido propiônico, mas podem

causar uma diminuição nos níveis de gordura do leite (0,1 a 0,5 ou mais

pontos percentuais), quando a quantidade de grãos está acima de 35 % da

ração total.

O tratamento térmico de suplementos protéicos, não afeta o teor de

gordura no leite e pode aumentar a utilização da proteína (aumento a

proteína by-pass), desde que o tratamento não seja em excesso. O

tratamento térmico parece ser eficiente para a soja grão e caroço de

algodão, quando usado para animais jovens.

1.6.3. Conteúdo Adequado de Fibra para Vacas Leiteiras

O nível de carboidratos estruturais deve ser adequado para manter

o crescimento microbiano. O nível adequado é de 18 a 20% de FDA e de 28

a 30% de FDN.

Nem toda fibra tem o mesmo valor na ração:

a - o tamanho da partícula é importante especialmente para

utilização da forragem e para a movimentação do rúmen;

b - a digestibilidade da fibra varia: a fibra em alguns sub-produtos

pode ser mais digerida e mais rapidamente digerida;

c - a fibra em forragens de baixa qualidade pode não ser

adequadamente digerida;

31

Page 33: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

d - fibra em forragens que são bastante imaturas pode ser quebrada

e rapidamente digerida.

1.6.4. Balanço entre Parede Celular (FDN) e Carboidratos Não Estruturais (CNE)

A relação e os níveis de FDN e CNE não é bem definida. O

conteúdo celular, como o amido e açucares solúveis são necessários para

prover energia prontamente disponível para os microrganismos e animal

bem como os carboidratos estruturais são importantes para auxiliar e evitar

o abaixamento no pH ruminal.

Uma forragem de tamanho de partícula adequado é necessária para

manter a metabolismo ruminal adequado e a composição do leite.

1.6.5. Manutenção do pH Ruminal

O pH ruminal precisa ser controlado para boa síntese de proteínas

e vitaminas (6,4 a 6,8), podendo abaixar ou aumentar em curtos períodos

nas dietas convencionais. A utilização de ração total controla melhor o pH

ruminal. O pH pode ser afetado pelo pH da água (abaixo de 5,5 a 6,0 ou

acima de 8,0 a 8,5), sendo adequada a ingestão de água com pH 6,5 a 7,5.

O pH pode ser controlado pelo nível de forragem e fibra na dieta,

pelo sistema de alimentação, pelo uso de tampões (necessário em rações

de vacas em início de lactação), pelo tratamento da água quando

necessário e, por estratégias de alimentação (alimentar mais de duas vezes

por dia).

Page 34: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

1.6.6. Manutenção de PDR e PNDR

Para vacas em lactação é preciso manter o balanço entre a proteína

degradável no rúmen e a proteína não degradada, para atender as

necessidades de aminoácidos principalmente para vacas em alta produção.

Provavelmente um mínimo de 35 a 40% da proteína total precisa

ser “passada” para o intestino ou lentamente degradada no rúmen para

vacas em início de lactação, ao mesmo tempo que uma parte precisa

atender as necessidades de nitrogênio dos microrganismos do rúmen.

Outro aspecto, é que o perfil dos aminoácidos precisa ser adequado

para que não ocorra deficiência de aminoácidos essenciais, como metionina

e lisina.

1.7. Microbiologia Ruminal

Os microrganismos do rúmen são sensíveis à vários fatores, tais

como:

- níveis de proteína, amônia e uréia;

- níveis e tipo de gordura;

- níveis de minerais, especialmente cálcio, fósforo, enxofre,

magnésio, cobre, zinco e cobalto;

- materiais de fermentação anormal;

- alimentos estragados (mofo, putrefação e micotoxinas) podem

reduzir a ingestão, produção de leite ou a gordura do leite.

- águas contaminadas (coliformes fecais ou outros) ou com um pH

em níveis extremos.

33

Page 35: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

1.8. Variação nas Respostas de Alimentos

As respostas dos animais variam para alguns alimentos e aditivos

em forragens e nos concentrados. Os aditivos em silagens que

consideravelmente aumentam o conteúdo de ácido lático pode algumas

vezes deprimir a performance de vacas leiteiras, especialmente se

nitrogênio não protéico ou outros tampões não forem adicionados a dieta.

Os seguintes itens são importantes e apresentam respostas

diferentes em vacas leiteiras: tampões, proteína by-pass, isoácidos,

suplementação com gordura, sementes de oleaginosas, metionina, niacina,

antibióticos.

1.9. Fatores Afetando a Ingestão de Matéria Seca

Os seguintes fatores afetam a ingestão de matéria seca por vacas

leiteiras:

1.9.1. Necessidades de Energia

Muitas vacas em produção irão ingerir para atender as suas

necessidades de energia, isso se a dieta estiver adequadamente

balanceada. Entretanto, vacas em alta produção (acima de 35 litros/dia) não

podem ingerir o bastante para atender as necessidades de energia,

utilizando as reservas corporais de gordura para atender os déficits (1 Kg de

gordura corporal pode produzir de 7 a 9 litros de leite). A obesidade deve

ser evitada, pois pode tornar as vacas mais susceptíveis a cetose,

infecções do útero e mastite. Vacas produzindo menos de 10 litros de leite,

algumas vezes irão consumir mais alimentos que o necessário para atender

as necessidades de energia. As vacas secas podem consumir o dobro de

suas necessidades se permitida.

Page 36: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

1.9.2. Digestibilidade das Rações

Algumas rações podem ter uma digestibilidade tão baixa que os

animais não podem ingerir o bastante para atender sua necessidades:

menos de 65 % de NDT ou 1,45 Mcal de Ell / Kg de matéria seca da ração

total não atende as exigências nutricionais de boas produtoras de leite, pois

a densidade energética é muito baixa.

Rações que tem digestibilidade relativamente alta podem ser

consumidas em menor quantidade desde que as necessidades de energia

sejam atendidas em menor ingestão: rações contendo altos níveis de

concentrado e pouca forragem (fibra efetiva) podem deprimir a ingestão,

produção e gordura do leite.

A digestibilidade da ração pode ser diminuída por inadequado

balanço ou nível de nutrientes.

1.9.3. Enchimento do Rúmen

O enchimento do rúmen é o sinal para o animal parar de comer,

ocorrendo mais facilmente com rações de baixa digestibilidade. Algumas

vezes os efeitos podem ser sobre uma ingestão maior de sal ou usando

bicarbonato de sódio na ração total, devido a maior ingestão da MS.

1.9.4. Fermentação Anormal da Ensilagem

Algumas vezes pode deprimir a ingestão e performance, devido a

uma cetose ou acetonemia.

35

Page 37: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

1.9.5. Mecanismo de Feedback

Certos nutrientes ou metabólitos no sangue podem enviar sinais ao

cérebro para reduzir ou parar de comer.

1.9.6 Presença de Toxinas

A presença de certas toxinas nos alimentos podem deprimir a

ingestão de MS. As micotoxinas dos mofos, alcalóides presentes em

algumas forragens, tanino em algumas variedades de sorgo e amônia

desprendida devido a adição de uréia na silagem, com pH abaixo de 4,5,

afetam a ingestão.

1.9.7. Palatabilidade

Certos alimentos e aditivos podem deprimir a ingestão de alimentos

concentrados convencionais em dietas totais, como uréia ou bicarbonato

acima de 1,5 % ou glúten de milho acima de 20-30 %.

Algumas espécies de forragens são menos palatáveis que outras ou

mesmo forragens fertilizadas com excesso de nitrogênio ou esterco.

1.9.8. Temperatura e Umidade

A ingestão, produção e teor de gordura podem decrescer em

temperaturas acima de 32 0 C e 80 % de umidade, ocorrendo um

decréscimo nos verões úmidos e conseqüentemente sendo necessária a

concentração de determinados nutrientes na dieta.

Page 38: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

1.9.9. Tamanho ou Peso Corporal

As necessidades de forragem e FDN estão relacionadas com o

peso e tamanho corporal. Bezerros consomem maiores níveis por unidade

de tamanho metabólico que novilhas.

1.9.10. Freqüência de Alimentação

Parece que a freqüência de alimentação não é crítica em manejos

adequados e rações bem balanceadas, mas a alimentação mais de uma a

três vezes por dia parece ser necessária em muitas situações para atender

a expectativa de ingestão e utilização de alimentos.

1.9.11. Ingestão de Água

A ingestão e qualidade da água podem influenciar a ingestão de

matéria seca e a produção.

37

Page 39: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros

Page 40: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

CARBOIDRATOS

PARA BOVINOS LEITEIROS2.1. Introdução

O manejo da alimentação de carboidratos pode ter um grande efeito

na performance do rebanho. O imbalanço pode causar uma série de

problemas, que incluem:

1 - alta proteína / forragem com baixa fibra

2 - baixa ou variável ingestão

3 - baixa ou alta gordura do leite

4 - aumento de problemas do casco

5 - grandes mudanças na condição corporal de vacas em início de

lactação

6 - maior quantidade de milho nas fezes

7 - fezes aquosas

8 - não pico

9 - não persistência

10 - aumento da incidência de problemas metabólicos

11 - aumento da incidência de problemas reprodutivos

39

2

Page 41: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Carboidratos para Bovinos leiteiros

Em contraste, em alguns rebanhos de vacas holandesas bem

manejados, com média de lactação acima de 9.000 Kg de leite com um

nível de gordura de 3,8 a 4,0% e de proteína de 3,2 a 3,3%, as

características comum neste tipo de rebanho é:

1 - vacas de grande porte

2 - forragem de boa qualidade

3 - alimentação não muito rica em grãos

4 - forragem com tamanho de partícula grande

5 - alimentação várias vezes ao dia

6 - ingestão de matéria seca alta e constante

7 - vacas com pico alto e persistente (menos de 10% de queda ao

mês)

8 - pequenas mudanças na condição corporal

9 - baixa incidência de cetose e deslocamento do abomaso

10 - poucos problemas com performance reprodutiva

O tema central deste sucesso parece ser a alimentação bem

manejada de carboidratos.

2.2. Tipos de Carboidratos

A vaca leiteira é um ruminante com uma grande população

microbiana no rúmen, que requer carboidratos para crescimento, e estes

carboidratos precisam ser balanceados ou podem ser um turno no caminho

da população microbiana para a digestão da fibra. O desafio é manter o

balanço para assegurar máxima digestão da fibra e entregar máxima

quantidade de energia para síntese de leite.

40

Page 42: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Van Soest desenvolveu um método para analisar a fibra dos

alimentos. Ele usou detergentes para solubilizar a fração não fibrosa. A fibra

em detergente ácido é assim chamada devido ser usada para extrair todo

conteúdo celular solúvel e hemicelulose, deixando a celulose e lignina.

Apesar de ser uma melhora significante sobre a fibra bruta, não é

totalmente satisfatória. Van Soest considera FDA somente como um passo

intermediário na determinação de lignina e proteína ligada. O mais

apropriado valor é fibra em detergente neutro (FDN) que inclui a

hemicelulose, pois o detergente neutro extrai o material celular solúvel e a

pectina que está associada com a parede celular. Os carboidratos

solubilizados são geralmente mais rapidamente digeridos que a fibra em

ruminantes.

A fibra bruta é a nomenclatura legal e corrente para a fibra que os

alimentos são registrados e garantidos. Infelizmente, a definição de fibra

total em alimentos é completamente inadequada em que toda hemicelulose

e parte da lignina não são contadas.

Existem problemas com o procedimento de FDN usualmente

associado com alimentos ricos em amido. O método original tem sido

modificado para incluir uma enzima amilase para auxiliar na solubilização do

amido. Infelizmente, isto não resolve todo o problema. Em muitos alimentos,

é difícil extrair o amido. Com o desenvolvimento tecnológico, o uso de

análise de infravermelho será mais comum e feita em minutos. Este

método, entretanto, depende de vários equipamentos. Para o propósito

corrente, sugere-se os valores da literatura para alimentos concentrados e

análise de FDN para as forragens.

Page 43: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Carboidratos para Bovinos leiteiros

Tabela 2.1 - Sistema de determinação dos carboidratos.Fração Química Digestão primária

FDNCeluloseLigninaHemicelulose

Detergente neutroBactéria celulolíticaBactéria hemiceluloliticaIndisponível

FDA Lignina Celulose Detergente ácido Bactéria celulolíticaIndisponível

Lignina ácido sulfúrico 72% Indisponível

Carboidratos solúveis

amidoaçucarespectinaproteínalipídeosminerais

detergente neutroBactérias e protozoários

em geral

Não-estrutural carboidratos e pectina

por cálculo

Tabela 2.2 - Fração de carboidratos de alguns alimentosAlimentos PB

% MSEE

% MSCinza% MS

CT% MS

FDN% MS

CNF% MS

CNE% MS

Feno de alfafa 17,6 2,6 9,1 70,7 46,9 23,8Feno de gramínea 13,9 3,1 7,1 75,9 67,2 8,7Silagem de milho 8,1 3,0 4,2 84,7 45,0 39,7Polpa de citrus 7,0 6,0 5,2 81,8 21,1 60,7 27,2Farelo de glutem 22,9 1,1 7,6 68,4 41,3 27,1 23,3Glutem de milho 65,9 2,4 3,4 28,3 14,0 14,3 18,4Milho 10,9 4,3 1,5 83,3 9,0 74,7 73,8Farelo de algodão 44,4 2,0 6,3 47,3 34,0 13,3Sorgo 12,4 3,1 2,0 82,5 8,7 73,8Soja grão 42,8 18,8 5,5 32,9 32,9Farelo de soja 49,9 1,5 7,3 41,3 14,0 27,3

CT - CARBOIDRATOS TOTAIS = 100 - proteína bruta - extrato etéreo - cinzaCNF - CARBOIDRATO NÃO FIBROSO = CT - FDNCNE - CARBOIDRATO NÃO ESTRUTURAL ( determinado pelo método de Smith )

Tabela 2.3 - Composição das forragens

42

Page 44: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Forragem MS

%

PB

% MS

FDN

% MS

FDA

% MS

Hemi

% MS

Celul

% MS

Lign

% MS

Silagem leguminosa 37

30-43

20

17-24

47

40-55

39

33-44

8,9

4-14

31

22-34

7,7

5-10

Silagem de gramínea 31

21-41

13

10-17

62

55-68

41

37-44

21

15-27

24

31-37

6,4

5-8

Silagem de Milho 33

25-40

8

7-9

45

38-51

26

22-30

19

15-23

23

19-27

2,8

2-3,5

Tabela 2.4 - Classificação da fibra em vários tipos de forragens

Forragem FDN

% MS

FDA

% FDN

Hemicel.

% MS

Celulose

% FDN

Lignina

% FDN

Silagem leguminosa 47,0 83,0 18,9 66,0 16,4

Silagem de gramínea 62,0 66,1 33,8 54,8 10,3

Silagem de milho 45,0 57,8 42,0 51,0 6,2

Note a variação na análise de FDN e a relação de FDA e lignina

como uma percentagem da FDN.

A FDN é usada como um indicador. É importante otimizar FDN na

ração para maximizar a ingestão de matéria seca. A tabela 2.5 ilustra os

níveis adequados de FDN e FDA em rações de vacas leiteiras.

Tabela 2.5 - Concentração ótima de FDN e FDA nas rações de vacas

Page 45: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Carboidratos para Bovinos leiteiros

Produção de leite

(vaca 600 Kg PV)

em Kg/dia

Energia liquida

lactação

Mcal/Kg

FDN

%

FDA

%

< 14 1,43 45 31

14 - 20 1,52 39 28

20 - 29 1,63 33 24

> 29 1,74 27 21

vaca seca 1,34 49 34

A FDN é usada como o primeiro indicador no lugar da FDA

basicamente pelos seguintes fatores:

1 - A relação de FDN e FDA nos alimentos não é sempre constante

nos alimentos,

2 - A FDN é uma boa estimativa do volume da dieta,

3 - Pesquisas mostram uma correlação FDN e ingestão de MS.

Mertens recentemente indicou a importância de reconhecer que a

vaca tem um requerimento demorado de energia que o impacto da

ingestão, e que como a densidade energética da ração aumenta, a ingestão

de matéria seca irá diminuir. Na formulação de dietas para vacas leiteiras, a

fibra e forragem precisam ser maximizadas na dieta para minimizar o custo.

Mertens demonstra que existe uma única solução para maximizar a

ingestão para manter um nível de produtividade.

Como mencionado anteriormente, é importante que o balanço

microbiano do rúmen seja mantido. Fazer isto, é necessário manter uma

quantidade mínima de fibra para digerir fibra. O melhor caminho para

44

Page 46: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

estimar a quantidade mínima é pelo volume ruminal, que é relacionado com

o peso corporal. Mertens sugere que 1,2% do peso corporal ser o máximo.

Este número pode ser usado juntamente com os da tabela 2.6.

Para desenvolver este conceito, a FDN é o componente volumoso

lentamente digerido do alimento. Mertens encontrou que quando animais

foram alimentados com dietas ad libitum com diferentes conteúdos de FDN,

eles consumiram a matéria seca para uma capacidade diária de FDN de 1,2

% do PV (vacas adultas, no meio da lactação).

Recentes cálculos mostram que animais em crescimento, como

novilhas, animais em primeira lactação, irão consumir FDN somente para a

capacidade de 1,0 % do PV. Outros cálculos sugerem que vacas secas e

vacas em início de lactação precisam consumir somente para uma

capacidade de FDN de 0,8 a 1,0 % do PV, conforme mostra a tabela 2.7.

As diferenças mostram que a qualidade da forragem e agrupamento

de animais pelo tamanho pode ser mais importante nas considerações da

formulação da ração. O balanceamento de rações para substituição é de

extrema importância. Para novilhas alcançarem o potencial genético para

seu tamanho corporal será autorizada a formulação de rações contendo

máxima quantidade de forragem. Se a capacidade de FDN de um grupo de

animais é somente de 0,8 a 1,0 % do PV, isto limitará a ingestão total e

será enfatizado a importância de forragens de alta qualidade. Por exemplo,

se num grupo de vacas em início de lactação, 50% dos animais forem de

primeira lactação e o restante uma mistura de primeira, segunda, terceira

ou mais lactações, o tamanho médio no grupo será pequeno. Se as

novilhas tem somente 500 Kg e as outras 600 Kg de PV, o peso médio do

grupo será de 550 Kg de PV. Se o grupo está somente 50 dias em lactação

e um 55 % de FDN como forragem está iniciando a alimentação, as vacas

podem ter uma capacidade de FDN somente de 0,8 a 1,0% do peso vivo.

Page 47: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Carboidratos para Bovinos leiteiros

Tabela 2.6 - Capacidade de FDN como uma percentagem do peso vivo.

Número de Lactações

Animais 0 1 2 3+

Crescimento 1,0 - - -

Vaca seca 0,8 0,9 1,0

Vaca em lactação

0 a 14 Kg de MSI

14 a 28 Kg de MSI

> 28 Kg de MSI

0,85

0,90

1,00

0,95

1,00

1,10

1,05

1,10

1,20

Alguns exemplos de formulação para FDN estão apresentadas na

tabela 2.7 e 2.8. Os tipos de problemas que aparecem e os problemas que

podem ser resolvidos podem ser vistos. O ponto principal é o seguinte: se a

FDN é balanceada usando forragens de alta qualidade, o nível de nitrogênio

não protéico (proteína solúvel) na ração excederá aquela que pode ser

adequadamente utilizada pelas bactérias. Existe diversas soluções

possíveis para isto, nenhuma delas são totalmente adequada ou

apropriada:

1 - substituição parcial da fonte de alto FDN/baixa proteína como

silagem de milho,

2 - fornecendo alimentação diversas vezes ao dia e melhorando a

estratégia de alimentação,

3 - Diminuir a degradabilidade da proteína pela substituição por

fontes de baixa degradabilidade /baixa solubilidade,

Os exemplos mostram a importância do balanceamento de

carboidratos e forragens para manter as bactérias celulolíticas do rúmen.

46

Page 48: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Existem dois caminhos para calcular as exigências de FDN na

ração. O primeiro é usar os valores da tabela. Por exemplo, vacas

produzindo acima de 29 Kg de leite/dia terão 28 % da MS como FDN. A

concentração de FDN é calculada pela média usada para outras

concentrações de nutrientes expressos como percentagem, usando valores

de tabelas para concentrados e valores analíticos para forragens.

Outro método é usando uma equação. A equação que inicialmente

é mais apropriada aos dados da tabela 2.5, assumindo ingestão adequada

de matéria seca é :

CIFDN (em Kg) = 0,011 x Peso Vivo (em Kg),

onde CIFDN é a capacidade de ingestão de FDN.

A estimativa da ingestão de matéria seca pode ser próxima a exata.

Isto é um caminho para obter uma rápida estimativa da ingestão de matéria

seca. O outro caminho é usar equações para predizer a ingestão.

Pesquisadores recomendam que 70 a 75% do total de FDN

consumido pela vaca seja de forragem e o mínimo de FDN na ração de 25

%, isto enfatizado como fibra efetiva.

Tabela 2.7 - Cálculo das exigências de FDN na ração

Ingestão de matéria seca

Peso da vaca

Ingestão de FDN (nível de produção de leite, em Kg)

em Kg em Kg/dia 14 19 - 29 29

Page 49: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Carboidratos para Bovinos leiteiros

400 4,5 10,0 13,6 15,4

450 5,0 10,9 15,0 17,7

500 5,5 12,3 16,8 19,5

550 6,0 13,2 18,2 21,3

600 6,5 14,5 19,5 23,1

650 7,0 15,4 21,3 25,0

700 7,5 16,8 22,7 26,8

750 8,0 17,7 24,1 28,6

800 8,5 19,1 25,9 30,4

Tabela 2.8 - Estimativa do valor volumoso

Alimento Conteúdo de FDN %

Fração retida peneira 1.18

mm

Valor Volumoso unidades

Padrão 100 1,00 100,0

Feno de gramíneas 65 0,98 63,7

Feno de leguminosa 50 0,92 46,0

Silagem leguminosa 50 0,67 33,5

Silagem de milho 51 0,81 41,5

Milho moído 9 0,48 4,3

Farelo de soja 14 0,23 3,2

Palha de soja 67 0,03 2,0

Alimento muito moído 56 0,005 0,3

2.3. Carboidrato Não Estrutural

Finalmente, no balanceamento de rações para carboidratos, o

carboidrato não estrutural ou fibroso (CNE) precisa ser analisado.

O CNE pode ser calculado pela seguinte equação:

48

x

Page 50: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Carboidratos Totais = 100 - PB - EE - cinza

CNE = Carboidratos totais - FDN

ou

CNE = 100 - (FDN + PB + EE + cinzas)

Note que o total de carboidratos não estruturais mede o amido e

açucares. O CNE também inclui pectinas, que são encontrados nos

alimentos como as leguminosas, polpa de citrus e de beterraba. As pectinas

são rapidamente degradadas no rúmen.

Amidos e açucares fermentam muito rapidamente, principalmente

para propiônico. Se os amidos e os açucares são realmente disponíveis, a

fermentação pode mudar para fermentação láctica, que pode levar

rapidamente a uma acidose e problemas nos animais.

A recomendação para quantidades de amido e açucares na dieta de

bovinos, varia: máximo de 25 % da ração total, 1,1 % do PV como CNE,

máximo de 30% da MS da ração, outros 40 a 45%, no máximo. A mais

lógica e adequada é ter um mínimo e um máximo, sugerido-se:

baixa taxa de digestão de CNE - mínimo 1,1 % do PV

máximo 1,4 % do PV

média taxa de digestão de CNE - mínimo 1,0 % de PV

máximo 1,1% de PV

O mínimo é importante para prover o crescimento microbiano e o

máximo prevenir acidose.

Deve-se ter em mente que o manejo da alimentação é uma

importante parte do programa de alimentação de carboidratos. As vacas

devem ser estimuladas a consumir alimentos o máximo possível. Isto

Page 51: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Carboidratos para Bovinos leiteiros

significa que em rebanhos ordenhados duas vezes ao dia, de manhã e a

tarde, a estratégia será regular a alimentação de manhã até 8-9 horas da

noite. É importante planejar a estratégia de alimentação ao redor do tempo

de atividade da ordenha, para modificar sua dependência da fonte de

carboidratos e proteína.

2.4. Digestão de Carboidratos

Existem três fatores que afetam a digestão de carboidratos no

rúmen:

a. disponibilidade de carboidratos (solubilidade, cristalinidade, grau de

lignificação e distribuição de carboidratos)

b. proteína ruminal e disponibilidade de co-fatores (a massa microbiana

requer amônia, aminoácidos, isoacidos, vitaminas e minerais)

c. passagem ( a taxa que o material move através do rúmen para o trato

posterior).

Todos os tipos de carboidratos são diferentes , e isto é um desafio

para desenvolver métodos para assegurar esta variação. A disponibilidade

dos carboidratos é afetada por muitos fatores, principalmente maturidade,

ambiente, processamento, espécies e manejo de alimentação.

50

Page 52: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

FIBRA PARA BOVINOS LEITEIROS

3.1. Introdução

Fibra é o material contido nos alimentos que é lentamente digerido

ou indigestível. Tipicamente, é a medida da parede celular das plantas: a

porção estrutural (de suporte) das plantas.

Os componentes fibrosos da parede celular incluindo a celulose,

hemicelulose e lignina, bem como pectina, são digeridos somente através

da fermentação microbiana. No rúmen, uma grande população de bactérias,

protozoários e fungos produzem enzimas que quebram os componentes

complexos da parede celular em pequenas moléculas, como a glicose.

Nutricionalmente, fibra é a porção do alimento que tem digestão

limitada, limita a digestão do alimento, requer mastigação e ruminação para

redução do tamanho da partícula e ocupa espaço no rúmen devido ao seu

volume, limitando assim o consumo.

A fibra contém os componentes dos alimentos mais lentamente

degradáveis, como celulose e hemicelulose, bem como um componente

químico indigerível, a lignina. Entretanto, um nível adequado de fibra é

necessário na dieta de vacas leiteiras, para manter a ruminação normal,

evitar depressão no conteúdo de gordura no leite, evitar problemas de

acidose e casco.

A capacidade de enchimento do aparelho digestivo das vacas é um

fator limitante, o quanto o animal esta habilitado para consumir altos níveis

de conteúdo de fibra e forragem nas dietas.

51

3

Page 53: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Fibra para Bovinos Leiteiros

3.2. Medida do Nível de Fibra nos Alimentos

Os três métodos usados para medir o nível de fibra nos alimentos

incluem: fibra bruta (FB), fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em

detergente neutro (FDN).

Cada uma destas medidas pode ser encontrada em várias tabelas

de composição de alimentos ou volumosos. Apesar de todos eles medirem

fibra, cada método apresenta diferentes valores de fibra para um só

alimento.

3.2.1. Fibra Bruta

Este é o método mais antigo de se medir fibra. Basicamente, uma

amostra de alimentos ou de forragem é fervida por 30 minutos em ácido

forte e 30 minutos em alcali forte.

A fibra bruta não mede exatamente celulose, hemicelulose e lignina.

O ácido dissolve hemicelulose, enquanto o alcali dissolve lignina. O número

obtido para FB não reflete o total de fibra do alimento.

3.2.2. Fibra em Detergente Ácido

A fibra em detergente ácido é obtida fervendo uma amostra de

alimento ou forragem por uma hora em uma solução ácido sulfúrico-

detergente. Como descrito anteriormente, o ácido dissolve a hemicelulose,

sendo que a FDA é somente a medida da celulose e lignina. Desde que

alcali não é envolvido neste procedimento, em contraste com a FB, não há

perda de lignina quando a amostra é fervida em detergente ácido. Como

52

Page 54: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

esperado, os valores de FDA dos alimentos tendem a ser maiores que os

valores de FB.

3.2.3. Fibra em Detergente Neutro

A fibra em detergente neutro é obtida fervendo uma amostra de

alimento ou forragem por uma hora em uma solução detergente, com pH =

7,0 (neutro). Uma das substâncias químicas da solução detergente neutro,

o sulfato lauril de sódio, é um detergente comum encontrado em

shampoos e sabões. Desde que esta solução não é alcalina nem ácida, não

há perda nem de celulose nem de lignina. Portanto, a FDN é a medida da

celulose, hemicelulose e lignina, os três principais componentes da parede

celular da planta.

A FDN é tipicamente o maior valor de fibra do alimento, a FDA o

segundo e a FB o menor.

Tabela 3.1 - Conteúdo de fibra de algumas forragens, medida pelas três

técnicas.

Forragem FB FDA FDN

Feno de alfafa 22 29 40

Silagem de alfafa 22 29 40

Silagem de milho 24 28 51

Feno de capim 30 35 65

3.3. Alimentos Fibrosos e Performance de Vacas

Adequado conteúdo de fibra de apropriada forma física na dieta de

vacas em lactação assegura mastigação e atividade ruminal normal. Todos

Page 55: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Fibra para Bovinos Leiteiros

os alimentos ou forragens tem um certo valor volumoso, que mede a

habilidade dos alimentos para estimular a mastigação, especificamente a

mastigação durante a ruminação. Este conceito considera não somente o

conteúdo de fibra dos alimentos bem como sua textura ou tamanho da

partícula.

Sub-produtos ricos em fibra como a casca de soja ou glúten de

milho podem ter alto nível de fibra, mas a fibra tem, tipicamente, partículas

de pequeno tamanho e baixo nível de fibra efetiva ou baixo valor volumoso.

Como ocorre com outros nutrientes, as vacas requerem uma

razoável quantidade de fibra para máxima resposta na produção de leite.

Isto reflete o fato que a fibra tem dois efeitos distintos sobre as vaca. O

primeiro, pelo aumento da fibra na dieta de um propicio nível ótimo, o valor

volumoso da fibra estimula mais ruminação e mantém normal a função

ruminal. Como mais fibra é adicionada a dieta, acima do nível ótimo para

um nível de produção, a fibra começa a manter seu segundo efeito: limitar a

ingestão e a digestibilidade da dieta.

A tabela 3.2 apresenta alguns alimentos volumosos e seus valores

esperados de FDN e FDA. Já que a fibra é o componente responsável pela

estimulação da mastigação em ruminantes, uma estimativa do tempo de

mastigação é dado por quilo de matéria seca consumida. Geralmente, o

aumento na fibra irá levar ao aumento no tempo de mastigação e quebra

das partículas do alimento. A mastigação estimula o fluxo de saliva e

consequentemente a produção de bicarbonato de sódio. Este é um

processo que resulta no tamponamento natural do rúmen. Sob certas

condições onde a ingestão de fibra é marginal, a adição de 600 a 750

gramas /vaca/ dia de bicarbonato de sódio é aconselhável.

Geralmente as forragens com alto conteúdo de fibra gastam um

maior tempo para mastigação, dependendo entretanto da forma física do

alimento e da fibra. Por exemplo, o feno de alfafa longo e feno de alfafa

54

Page 56: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

peletizado tem o mesmo FDN e FDA, mas os tempos de mastigação são

drasticamente diferentes: um quilo de feno longo requer 60 minutos para

mastigação enquanto a mesma quantidade de feno peletizado requer

somente 35 minutos. O tempo de mastigação da silagem de milho irá variar

de acordo com o tamanho do corte; silagens com corte extremamente

grosseiro levam 60 minutos por cada quilo de MS comparada aos 50

minutos para o corte normal e 40 minutos para o corte fino (razão para

diminuição da gordura no leite quando se usa silagens finamente cortadas).

O feno de capim irá variar no tempo de mastigação em relação a

maturidade quando ao corte: em cortes precoces o tempo gasto na

mastigação é menor que em cortes tardios, uma resposta ao conteúdo de

fibra no feno.

Os sub-produtos com linter variam consideravelmente no teor de

fibra e no tempo de mastigação. A casca de algodão e a espiga de milho

tem grandes quantidades de FDN, mas a casca estimula mais a mastigação

e pode ser usado como um alimento volumoso por natureza. Os resíduos

de cervejaria e de destilaria tem um FDN e FDA mais altos que muitos

grãos e suplementos protéicos, mas, devido a suas formas físicas, são

somente um pouco mais efetivos para estimular a mastigação (em torno de

15 minutos por cada quilo) que o milho moído (8 minutos) e farelo de soja (6

minutos).

Dos alimentos disponíveis, o caroço de algodão inteiro parece ser o

melhor para estimular a mastigação. O alto teor de óleo é benéfico se

ingerido em quantidades limitadas devido ao aumento na densidade

energética da ração, importante para vacas em início de lactação

produzindo grande quantidade de leite. Apesar da semente de soja conter

uma quantidade relativamente alta de fibra, o tempo gasto na mastigação é

um dos menores entre vários sub-produtos, devido a forma física deste

alimento e ao fato que a fibra é extremamente digestível.

Page 57: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Fibra para Bovinos Leiteiros

Os dados da tabela 3.2 mostram que as forragens são geralmente

melhores na estimulação da mastigação, e consequentemente, produção de

gordura no leite. Entretanto , a forma física pode afetar muitos dos efeitos

desejados e precisa ser considerada na alimentação de vacas leiteiras.

Os sub-produtos variam drasticamente em suas habilidades para

estimular a mastigação e não são eficazes como muitas forragens, mas

estes alimentos podem ser fornecidos quando ingeridos em quantidades

limitadas. Pesquisas tem mostrado que os bovinos leiteiros precisam

mastigar no mínimo 10 horas por dia, para manter as funções normais do

rúmen e a porcentagem de gordura no leite.

Um exemplo de uma ração com mastigação inadequada (menor

que 10 horas/dia) é uma dieta contendo silagem de milho finamente

cortada, em níveis correspondendo a 50% da matéria seca e o restante

como concentrado: se esta vaca está consumindo 18 Kg de matéria seca,

somente 6 horas de mastigação seriam promovidos pela silagem (9 Kg x 40

min./Kg = 360 minutos ou 6 horas) e 1,3 horas pelo concentrado (9 Kg x 9

minutos/Kg de concentrado = 81 minutos ou 1,3 horas), resultando em um

total de 7,3 horas. A silagem de milho com corte normal adicionada a esta

ração poderia estimular 9 horas de mastigação mais 1,3 horas do

concentrado resultando em um total de 10,3 horas.

56

Page 58: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Tabela 3.2 - Conteúdo de Fibra em detergente neutro e ácido e tempo gasto

na mastigação de alguns alimentos.

FDN FDA Tempo de mastigação

(% MS) (%MS) (minutos/Kg de MS)

Forragens

Alfafa Longa 52 38 60

Peletizada 52 38 37

Silagem 52 38 57

Silagem Corte grosseiro 50 27 66

de milho Corte médio 50 27 60

Corte fino 50 27 40

Feno de Corte precoce 50 29 75

capim Corte tardio 72 42 90

Sub - Casca de algodão 89 71 31

produtos Polpa de citrus 28 22 31

Caroço de algodão inteiro 39 28 28

Resíduo de cervejaria 52 23 15

Espiga de milho 88 39 15

Resíduos de destilaria 45 16 13

Casca de soja 65 47 9

Grãos Milho 9 3 9

Cevada 23 7 15

Farelo de soja 10 6 7

Page 59: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Fibra para Bovinos Leiteiros

3.4. Nível Ótimo de FDN para Vacas Leiteiras

O nível ótimo de fibra na dieta é uma função do nível de produção

da vaca. Para alta produção, abaixar a fibra no nível ótimo para máxima

ingestão de alimentos. Com o aumento na produção de leite, o nível ótimo

de FDN na ração diminui. Para altos níveis de produção de leite, o nível de

FDN na ração cai para 26 %. Este valor pode ser visto como um mínimo.

Geralmente, quando o conteúdo de FDN da ração cai abaixo de 26-27 %,

existe uma boa chance da vaca diminuir o consumo, ter acidose,

desenvolver problemas de casco ou sofrer de depressão de gordura no

leite. Esta recomendação para mínimo nível de fibra na ração é baseado

assumindo-se que 75% da fibra de material grosseiro.

O alto valor de FDN recomendado para vacas secas reflete a

recomendação para manter bem condicionadas vacas secas com dietas

ricas em forragens.

Tabela 3.3 - Conteúdo de FDN ótimo para vacas leiteiras

Animais FDN, % na MS

Vacas em lactação acima de 45 litros/dia 26

alta produção, 30 a 45 litros/dia 28

média produção, 20 a 30 litros/dia

32-33

abaixo de 20 litros/dia 39

recém-paridas (até 4 semanas) 36

Vacas secas 50

Novilhas menos de 180 Kg de PV 34

de 180 a 360 Kg de PV 42

Gestantes, 360 a 540 Kg de PV 50

58

Page 60: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

3.5. Conteúdo de Fibra da Ração Total

3.5.1. Pouca Fibra e Fibra com a Textura Inadequada

Uma ração com um nível de FDN abaixo de 26 a 28 % para vacas

em alta produção, ou uma ração contendo fibra que tem um reduzido

tamanho de partícula, pode causar uma série de problemas metabólicos.

O primeiro sintoma do inadequado valor volumoso (nível de fibra x

textura) da dieta será a diminuição da atividade de mastigação do bolo

alimentar (8 a 10 horas/dia), refletindo na produção de saliva. A saliva, rica

em bicarbonato, atua como tamponante no rúmen, neutralizando os ácidos

produzidos resultantes da fermentação microbiana dos alimentos. O pH do

conteúdo ruminal não pode cair abaixo de 6,0 - 6,2, pois reduz a

degradação da fibra pelos microrganismos. Quando existe insuficiente

bicarbonato, pode resultar em acidose ruminal. Esta condição está

associada com depressão na gordura do leite, diminuição do consumo,

problemas de casco e outros desarranjos metabólicos.

Tabela 3.4 - Influencia do nível de FDN e tamanho da partícula sobre a

atividade mastigatória de vacas leiteiras.

DIETA Ingestãomin/dia

Ruminaçãomin/dia

Totalmin/dia

Ração com 31% de FDN(55 % de silagem alfafa - 48% FDN)

211 534 745

Ração com 21% de FDN(55% de silagem alfafa - 31% FDN)

175 343 519

Ração com 31% de FDN(Silagem picada)

220 318 538

Ração com 21% de FDN(Silagem picada)

153 240 393

Page 61: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Fibra para Bovinos Leiteiros

Vacas consumindo ração com 31% de FDN ruminam

aproximadamente 3 horas a mais por dia que vacas consumindo rações

com 21% de FDN.

Assumindo que uma vaca produz aproximadamente 280 ml de

saliva por cada minuto que ela rumina, isto significa que uma vaca

consumindo ração com maior FDN irá produzir aproximadamente de 40 a

44 litros de saliva por dia a mais do que as consumindo ração com menor

teor de FDN. Baseado na composição da saliva, aproximadamente 230

gramas de bicarbonato estará disponível a mais para esta vaca.

Tabela 3.5 - Efeito típico do conteúdo de fibra das rações sobre o status

metabólico de vacas leiteiras.

% de Volumoso Longo na ração

Medidas 100% 60% 40% 0%

FDN, % 70 48 36 14

Mastigação, min/dia 960 900 820 340

Saliva, litros/dia 50 47 45 33

Acetato ruminal, % 70 61 55 40

Propionato ruminal, % 15 22 27 40

Gordura do leite, % 3,7 3,5 3,4 1,0

Com o decréscimo do conteúdo de FDN na dieta, diminui o nível de

acetato e aumenta o de propionato. O acetato é o precursor da síntese da

gordura do leite enquanto o propionato predispõe a vaca a produzir gordura

corporal. Um baixo nível de fibra na dieta faz a vaca mais eficientemente

60

Page 62: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

sintetizar gordura corporal do que gordura do leite. Isto resulta na

depressão da gordura do leite.

3.5.2. Muita Fibra na Ração Total

O baixo nível de fibra na ração pode afetar a produção de leite e

nível de gordura no leite bem como ocasionar problemas digestivos, mas

muita fibra também pode reduzir a produção de leite.

Alta fibra diminui a concentração de energia da dieta devido os

alimentos fibrosos terem menos densidade energética que os grãos. Como

a vaca aproxima-se da sua capacidade de enchimento, altos níveis de fibra

diminuem a ingestão de alimentos. Estes dois efeitos de dietas de alta fibra

resultam em decréscimo na produção de leite.

3.6. Conclusões

O nível de fibra na ração tem um papel importante na ingestão de

alimentos e produção de leite. Para formular uma dieta adequada em fibra

efetiva, precisa-se entender o que é fibra, que medidas de fibra são usadas

e qual o papel físico da fibra na manutenção da função normal do rúmen.

Formulando dietas com o nível ótimo de fibra, como FDN, provem máxima

ingestão de forragem e máxima produção de leite.

Page 63: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Fibra para Bovinos Leiteiros

62

Page 64: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

PROTEÍNA PARA BOVINOS LEITEIROS

4.1. Introdução

O National Research Council - NRC, em 1985 publicou as

recomendações para melhorar a precisão com que as exigências de

proteína podem ser preditas, para crescimento e produção de leite,

conceitos modernos que tem sido aplicados na formulação de rações.

Os suplementos protéicos usualmente são a porção mais

expressiva da ração de vacas leiteiras e em muitos casos o uso de uréia ou

outra fonte de nitrogênio não protéico (NNP) pode ser uma alternativa para

atender as exigências de proteína das vacas, reduzindo o custo e

atendendo as necessidades de nitrogênio solúvel para os microrganismos

do rúmen.

4.2. Composição e Importância da Proteína

Proteínas são estruturas químicas complexas compostas de

carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e enxofre. Cada proteína é feita de

numerosas unidades conhecidas como aminoácidos. Existe mais de 20

aminoácidos diferentes, de ocorrência natural, combinados em diferentes

maneiras para formar a proteína.

Os aminoácidos promovem o crescimento do músculo, osso ,tecido

conjuntivo e são os formadores das enzimas. O leite é uma fonte rica em

63

4

Page 65: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Proteína para Bovinos Leiteiros

proteína e portanto as vacas necessitam dietas contendo níveis

recomendados de proteína na dieta pois uma deficiência leva a uma

redução na produção, crescimento retardado e afeta a saúde do animal.

4.3. Fração Nitrogenada dos Alimentos

A fração nitrogenada dos alimentos pode ser definida da seguinte

forma:

Proteína bruta (PB) - usada para descrever o conteúdo de proteína de um

alimento, incluindo não somente o complexo protéico mas todo composto

nitrogenado, determinando-a pela medida analítica do nitrogênio do

alimento multiplicado por 6,25 (a proteína verdadeira contém 16% de

nitrogênio).

Proteína digestível (PD) - é o conteúdo de proteína bruta de um alimento

multiplicado por sua digestibilidade; geralmente as proteínas das forragens

são 60 % digestíveis e a dos alimentos concentrados 85%, podendo variar

dependendo de vários fatores.

Proteína ou nitrogênio solúvel (Psol) - compostos nitrogenados ou

proteína que são rapidamente degradados a amônia no rúmen, sendo

determinados pela quantidade de proteína que é solúvel em um líquido

(fluído ruminal, água ou outra solução).

Proteína não degradada no rúmen (PNDR) - proteína ou compostos

nitrogenados que não são degradados no rúmen, passam pelo rúmen e

ficam disponíveis para a digestão no intestino delgado, também

denominada proteína de escape ou by-pass.

Proteína degradada no rúmen (PDR) - fração da proteína que é

degradada pelos microrganismos do rúmen; compreende a fração solúvel

mais uma outra que é digerida enquanto o alimento permanece no rúmen.

64

Page 66: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Tabela 4.1 - Fração da proteína dos alimentos.

FRAÇÃO PROTEÍNA FORMA DETERMINAÇÃO

A Nitrogênio não protéico Proteína solúvel

B1 Proteína rapidamente degradável Proteína solúvel + ácido tungstico

B2 Proteína de degradabilidade intermediária Enzimática ou in situ

B3 Proteína de degradabilidade lenta Enzimática ou in situ

C Proteína indisponível Nitrogênio em Fibra em detergente ácido - N-FDA

Correntemente, somente a proteína total, proteína solúvel e

proteína ligada, como N-FDA, pode ser determinada. As várias frações

podem ser combinadas da seguinte maneira:

Proteína solúvel = A + B1

Proteína ligada = C

Proteína degradável = A + B1 + B2

Proteína não degradada = B3 + C

Page 67: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Proteína para Bovinos Leiteiros

Tabela 4.2 - Degradabilidade da Proteína de vários alimentos

Alimento MS

(%)

PB

(%)

Proteína solúvel (%)

PDR

(%)

PNDR

(%)

N-FDA

(%)

Polpa de citrus 90 6,7 26 80 20 5,0

Milho triturado 89 10,0 12 30 70 6,2

Milho moído 89 10,0 12 35 65 6,2

Melaço 75 4,1 100 100 0 0

Farelo de glúten 88 21,7 48 70 30 2,6

Caroço algodão 92 24,0 33 55 45 10,0

Farinha de sangue 90 98 9,5 18 82 10,0

Farelo de algodão 94 43 22 59 41 2,7

Glúten de milho 90 69 4 45 55 5,0

Farinha de peixe 93 64 12 20 80 5,0

Farinha de carne 90 51 13 24 76 5,0

Farinha carne/osso 90 47 15 40 60 5,0

Farelo de soja 88 49 20 72 28 2,0

Farelo de girassol 93 49 30 76 24 2,5

Uréia 99 281 100 100 0 0

Soja grão cru 90 41 40 80 20 2,9

As modificações nos valores da proteína e a combinação de frações

para obter a fração degradável e de escape, são ilustradas abaixo.

66

Page 68: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Observe as seguintes relações:

Proteína solúvel = A + B1

B2 = Degradável - solúvel

Degradabilidade, medida in vivo, enzimática ou em situ

B3 = escape - C

C = proteína em fibra em detergente ácido

Degradabilidade = 100 - escape (by-pass, indegradável ou B3) + C

Se é feita uma medida da proteína total sem conhecimento das

outras frações, estas frações permanecerão na mesma. Se, por exemplo, a

solubilidade é medida e é encontrado 25% do total de proteína, mudanças

precisam ser feitas na fração apropriada.

Tabela 4.3 - Fração protéica de várias forragens

Alimento MS,% PB,% Proteína solúvel

PDR PNDR N-FDA

Feno Alfafa 89 20 20 72 28 5

Silagem alfafa 40 20 45 80 20 10

Feno de gramíneas 89 12 20 63 37 5

Silagem de capim 30 12 55 80 20 10

Silagem de milho 35 12 55 73 27 4

Exemplo da modificação dos valores de proteína do farelo de soja:

Proteína

Page 69: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Proteína para Bovinos Leiteiros

Bruta = 51,0 % da MS

Solúvel, % da PB -> A = 6,0 e B1 = 14,0

Intermediária, % da PB -> B2 = 52,0

Baixa degradação, % da PB -> B3 = 26,0

Indisponível, % da PB -> C = 2,0

Exemplo do cálculo da proteína degradável e a de escape:

Proteína degradável = Solúvel + intermediária

= A + B1 + B2

= 6,0 + 14,0 + 52,0

= 70,0 %

Proteína de escape = Baixa degradabilidade + Indisponível

= B3 + C

= 26,0 + 2,0

= 28,0

68

Page 70: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Tabela 4.4 - Exigências de proteína e energia

EXIGÊNCIAS ITENS 180 Kg

0,9 Kg GPD

360 Kg0,9 Kg GPD

540 Kg 0,7 Kg GPD

Vaca seca

VacaInicio

Lactação

Vaca Meio

Lactação

VacaFinal

lactação

Matéria Seca

Kg 3,9 7,2 10,7 11,8 23,7 22,2 19,2

% do PV 2.9 2,6 2,3 2,0 4,0 3,6 3,0

Proteína Ingerida

Kg 0,64 0,77 0,95 1,45 3,90 3,40 2,68

% da MS 15,6 10,7 8,9 12,3 16,4 15,4 13,9

Fração proteína, %

Solubilidade 35 50 70 60 30 38 48Degradabilidade 45 55 71 75 60 61 61Não degradável 55 45 29 25 40 39 39

Total de NDT

Kg 2,5 4,2 5,7 5,9 17,3 15,6 12,4

% da MS 63 59 54 46 73 70 64

Energia mantença

Elm (Mcal) 3,1 5,2 7,6

Energia Ganho

Elg (Mcal) 1,9 3,3 3,9

Energia lactação

Ell (Mcal) 13,5 38,9 34,9 27,7

Mcal/MS 0,47 0,74 0,71 0,65

Tabela 4.5 - Exemplo de rações de degradabilidade controlada.

Page 71: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Proteína para Bovinos Leiteiros

IngredienteInício1

lactaçãoRPI

Início1

lactaçãoRPC

1978NRC2

RPI

1978NRC2

RPC

1985NRC2

RPI

1985NRC2

RPC

Ingestão de MS (Kg/dia)

Silagem pré-secada 4,54 4,54 4,54 4,54 4,54 4,54

Silagem de milho 5,53 5,53 8,03 7,94 8,03 7,94

Feno de leguminosa 0,91 0,77 0,91 0,91 0,91 0,91

Milho 7,71 6,40 3,90 2,86 3,18 2,04

Resíduo cervejaria 3,13 2,77 1,68 2,36 2,41 2,63

Farelo de soja 1,41 0,44 1,00

Total 21,82 21,56 19,07 19,07 19,07 19,07

Análise da ração (%MS)

PB 16,9 16,9 14,9 14,9 16,6 16,6

PDR 12,0 10,7 10,7 9,4 11,8 10,4

PNDR 4,0 6,2 4,2 5,5 4,8 6,2

FDN 30,1 30,1 36,8 36,7 36,7 36,6

Ell (Mcal/Kg) 1,74 1,72 1,63 1,63 1,63 1,63

MSI (% do PV) 3,65 3,65 2,99 3,00 2,99 3,00

Volumoso/concentrado 51 51 71 70 71 70

Fração Protéica (%PB)

Solúvel 31,6 29,9 36,5 34,6 35,8 33,1

Degradável 70,8 63,0 71,5 62,9 71,4 62,9

Não degradável 29,2 37,0 28,5 37,1 28,6 37,1

1 - Considerando uma vaca de 590 Kg de PV, produzindo 38 Kg de leite com 3,6% de gordura e perdendo 0,180 Kg/dia

2 - Considerando uma vaca de 630 Kg de PV, produzindo 25 Kg de leite com 4,0% de gordura e ganhando 0,180 Kg/dia

4.4. Compostos Nitrogenados Não Protéicos

70

Page 72: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Os compostos nitrogenados não protéicos são compostos de

carbono, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e algumas vezes de fósforo. A

uréia é o mais comum dos compostos não protéicos. Outros compostos são

disponíveis mas seu uso tem que ser visto com cuidado devido ao custo,

problemas de toxidade e regulamentação. Estes compostos incluem os

produtos amoniados, biureto, nitratos, etc.

A uréia é um composto branco, de gosto amargo para os

ruminantes, contendo normalmente entre 45 e 46,5 % de N (equivalente

protéico de 281 %). A uréia está ausente nas plantas sendo um produto

final normal do metabolismo de nitrogênio nos mamíferos.

O composto nitrogenado não protéico comumente encontrado nas

plantas é o nitrato, que normalmente não está em nível tóxico e pode ser

usado pelos ruminantes como uma fonte de nitrogênio.

As bactérias do rúmen requerem nitrogênio na forma simples como

amônia (NH3 ) e aminoácidos. Os compostos não protéicos, como a uréia,

são rapidamente convertidos em amônia e CO2 no rúmen. Quando

adequada energia está disponível, a amônia é sintetizada em proteína

microbiana. A utilização de uréia em dietas baixa em energia e rica em

forragens é ineficiente, devido a falta de energia.

Page 73: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Proteína para Bovinos Leiteiros

72

Page 74: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

GORDURA PARA BOVINOS LEITEIROS

5.1. Introdução

A utilização de gordura na alimentação de ruminantes tem sido uma

prática recente na formulação de dietas para estes animais. As gorduras

apresentam propriedades físicas, químicas e fisiológicas que são

importantes no processamento da ração, na nutrição animal e na melhoria

na palatabilidade. Uma importante característica da gordura é seu alto valor

energético (as gorduras apresentam três vezes mais energia líquida para

lactação que uma quantidade equivalente de milho). Em rações onde a

energia torna-se um nutriente limitante e o limite superior da suplementação

de grãos tem que ser respeitado, a adição de gordura pode ser de

significante benefício energético para vacas em alta produção. Nestes

casos, a suplementação de gordura proverá necessária densidade

energética na dieta para fornecer flexibilidade para o balanceamento de

fibra e proteína.

O melhoramento da performance da lactação, condições corporais

e performance reprodutiva são citadas como um potencial benefício da

suplementação com gordura, além de auxiliar na redução da poeira em

misturas de grão moídos.

As fontes concentradas de gordura, são encontradas basicamente

em duas formas: seca ou líquida. Gordura na forma seca é de fácil

manuseio, pode ser adquirida em pequenas quantidades, mas são

73

5

Page 75: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Gordura para Bovinos Leiteiros

usualmente de maior custo. A gordura na forma líquida é mais econômica,

mas necessita equipamentos especiais para incorporá-la na mistura.

Independente da forma física, a gordura pode prover um importante valor

nutricional em rações de vacas leiteiras.

As gorduras utilizadas, comumente, em dieta de ruminantes incluem

o sebo (gordura animal), combinação de óleos e gorduras de origem animal

e vegetal, e mais recentemente, gorduras protegidas ou “rúmen by-pass”.

5.2. Ácidos Graxos

Os ácidos graxos são os principais constituintes das gorduras. Eles

são constituídos basicamente de carbono (C), oxigênio (O) e hidrogênio (H).

Moléculas de ácidos graxos constituem-se de átomos de carbono

ligados para formar cadeia de vários comprimentos, de 4 a 26 átomos de

carbono, conforme alguns são apresentados a seguir.

Tabela 5.1 - Ácidos graxos e número de átomos.

Nome comum N0 de átomos

Ácido butírico 4

Ácido Laurico 12

Ácido palmítico 16

Ácido esteárico 18

Ácido araquídico 20

74

Page 76: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

5.3. Ácidos Graxos Poliinsaturados, Monoinsaturados e Saturados.

Os termos gordura saturada, monoinsaturada e poliinsaturada são

comumente usados e referem-se ao envolvimento químico no número de

ligações duplas carbono-carbono como constituinte da gordura. Por

exemplo, gorduras saturadas não contém duplas ligações, monoinsaturadas

contém somente uma dupla ligação e poliinsaturada pode conter duas ou

mais ligações duplas.

Tabela 5.2 - Alguns alimentos ricos em gordura.

Nome comum % de AG saturado

% de AG monoinsaturado

% de AG poliinsaturado

Manteiga 66 30 4

Sebo bovino 52 44 4

Banha de suíno 41 47 12

Óleo de soja 15 24 61

Óleo de oliva 14 77 9

Óleo de milho 13 25 62

Óleo de girassol 11 20 69

Em condições naturais, as gorduras contém uma combinação de

ácidos graxos, que caracteriza cada gordura.

O número de duplas ligações afeta a característica físico-química

(líquida ou sólida) de uma gordura a determinada temperatura. Por

exemplo, uma gordura saturada tem um alto ponto de fusão (temperatura

em graus centígrados em que a gordura passa do estado líquido ao sólido)

tanto monoinsaturadas ou poliinsaturadas. O sebo de boi, uma gordura

Page 77: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Gordura para Bovinos Leiteiros

saturada, tem ponto de fusão (400 C) mais alto que o óleo de oliva (uma

gordura monoinsaturada) que tem ponto de fusão mais alto que o óleo de

girassol, uma gordura poliinsaturada.

Gorduras que apresentam um ponto de fusão acima do sebo de boi

são classificadas como sebos (tallow) e as abaixo, como óleos ou graxas

(grease). Uma gordura de boa qualidade tem um nível mínimo de 41,50 C.

As gorduras, de origens diferentes, podem afetar a fermentação

ruminal. Quantidade excessiva de gordura poliinsaturada, como os óleos

vegetais, são tóxicas para alguns microrganismos ruminais. Gorduras

saturadas, com o sebo de boi, são supostamente inertes no rúmen, devido

ao seu alto ponto de fusão. Reduzindo a solubilidade da gordura no rúmen

presumivelmente minimiza o potencial negativo da interação da gordura

com os microrganismos do rúmen.

Uma prática comum na alimentação de ruminantes é dividir a

quantidade a ser adicionada em três formas: aproximadamente 1/3 com

fontes de óleos vegetais (soja grão ou caroço de algodão integral ), 1/3 com

gordura saturada (sebo de boi) e o 1/3 restante com uma fonte de gordura

inerte no rúmen.

Tabela 5.3 - Concentração energética de vários alimentos.

Alimento Energia líquida lactação (Mcal/Kg de MS)

NDT%

Feno de alfafa 1,26 56Fubá de milho 2,03 88Caroço de algodão 2,29 98Soja grão 1,89 81Sebo 5,24 94Gordura Protegida 4,47 182

76

Page 78: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

5.4. Ácidos Graxos Livres

Na natureza, as gorduras ocorrem como triglicerídeos, que são três

ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol. Os ácidos graxos na

forma livre são formados quando os ácidos graxos são separados do

glicerol, como resultado de duas reações químicas:

1 - lipases naturais (enzimas que separam os ácidos graxos da

molécula de glicerol) em sub-produtos de origem animal podem causar a

formação de ácidos graxos livres;

2 - exposição da gordura a umidade pode separar os ácidos graxos

do glicerol.

Se, os sub-produtos de origem animal não são processados

rapidamente, os níveis de ácidos graxos livres aumentarão. Da mesma

forma, se cuidados não forem tomados no armazenamento, a umidade

adquirida pela gordura, aumentará o nível de ácidos graxos livres. Assim, o

nível de ácidos graxos livres é um indicador do cuidado no processamento

de sub-produtos de origem animal e/ou a presença de excesso de umidade

na gordura.

Para vacas leiteiras, não é importante se a fonte suplementar está

na forma de ácidos graxos livres ou de triglicerídeos, pois as bactérias do

rúmen tem a habilidade para hidrolizar triglicerídeos à ácidos graxos e

glicerol: o glicerol é convertido à ácidos graxos voláteis no rúmen.

Embora o nível de ácidos graxos livres não apresenta um efeito

negativo para ração de vacas leiteiras, este nível é um bom indicador da

qualidade e mais especificamente dos cuidados tomados no

processamento, sugerindo-se, quando possível, a utilização de fontes que

contenham no máximo 10% de ácidos graxos livres.

Page 79: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Gordura para Bovinos Leiteiros

5.5. Metabolismo das Gorduras

A maior parte das necessidades de energia dos ruminantes é

derivada de ácidos graxos de cadeia curta , os ácidos graxos voláteis

(acético, butírico e propiônico), produzidos pela fermentação ruminal de

vários concentrados e alimentos fibrosos na dieta.

No rúmen, a gordura passa por dois processos: o primeiro é a

lipólise que separa os triglicerídeos ou ácidos graxos complexados em

ácidos graxos livres e glicerol; seguindo a lipólise, os ácidos graxos

insaturados são hidrogenados (adição de moléculas de hidrogênio) pelos

microrganismos do rúmen para a forma de ácidos graxos saturados. Muito

pouca digestão suplementar de gordura ocorre no rúmen. As gorduras

combinam com as partículas dos alimentos e passam para o

abomaso/intestino, onde são misturadas com o ácido pancreático, bilis e

enzimas digestivas, sendo absorvidas.

Em contraste, os ácidos graxos que resultam da hidrólise de muitas

gorduras dietéticas pelas enzimas microbianas são primariamente ácidos

graxos de cadeia longa, dependendo do tipo de gordura. Ácidos graxos

saturados, que são sólidos a temperatura ambiente, são relativamente

insolúveis no fluido ruminal, ao passo que os ácidos graxos insaturados,

são líquidos na temperatura ambiente, solúveis e causam maior efeito na

depressão da digestibilidade da fibra. Os ácidos graxos de cadeia longa não

são absorvidos pela parede ruminal, sendo rapidamente incorporados

dentro da membrana celular das bactérias e protozoários ruminais sendo

que alguns “escapam” e passam para o abomaso.

Os ácidos graxos saturados e insaturados de cadeia longa no

rúmen são modificados pela população microbiana e alteram a fermentação

ruminal, sendo que os ácidos graxos insaturados tem maior efeito adverso

na fermentação do que os saturados. A “cobertura” física da fibra pela

gordura adicionada tem sido proposta como uma possível teoria para

78

Page 80: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

explicar a depressão na digestibilidade da fibra, que ocorre em alguns

casos. Por outro lado, a adição de cálcio tem reduzido os efeitos negativos

da adição de gordura sobre a digestibilidade da fibra. Aparentemente, a

suplementação extra de cálcio (0,8 a 1,0 % de cálcio na matéria seca total

da ração) é usada na formação de sabões insolúveis com ácidos graxos de

cadeia longa e que nesta forma são menos prejudiciais aos microrganismos

do rúmen. No abomaso, os sabões de cálcio são dissociados e ficam

disponíveis para a absorção, devido ao baixo pH (mais ácido). Como o pH

aumenta no íleo e intestino grosso, os sabões são reconstituídos e

excretados.

5.6. Funções da Adição de Gorduras

Uma prática recente e que está se tornando comum nas fazendas

leiteiras de vários países tem sido alimentar vacas de alta produção, em

início de lactação, com um aumento na densidade energética da ração

devido ao balanço energético negativo que ocorre nesta fase. Para se

conseguir este aumento na densidade energética, o uso de gordura ou

alimentos ricos em gorduras é um passo natural para aumentar esta

densidade.

O caroço de algodão é um alimento rico em gordura que tem sido

utilizado com sucesso na alimentação de bovinos leiteiros, associado com

quantidades adequadas de forragens.

5.7. Umidade em Gorduras

A umidade é primariamente um indicador do controle e cuidados

usados no manuseio da gordura, podendo afetar negativamente os níveis

de ácidos graxos livres até uma deterioração da gordura estocada. O ideal é

que o nível seja inferior a 0,25%.

Page 81: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Gordura para Bovinos Leiteiros

5.8. Impurezas Insolúveis

Impurezas insolúveis são constituídas de pequenas partículas de

fibra, cabelo, couro, osso, terra ou plástico. Estas impurezas insolúveis

podem causar problemas de obstrução nas narinas e focinho e contribuem

na produção de lama nos tanques de armazenamento. O ideal é que o nível

de impurezas seja inferior a 0,25%.

5.9. Material Insaponificável

Material insaponificável é o material solúvel em gordura pura mas

não combina com soda para formar sabão. Isto é especialmente indesejável

na indústria de sabões. As fontes que contribuem para a insaponificação

incluem impurezas em equipamentos domésticos, restos de gordura e óleo

hidráulico. O ideal é que o nível de material insaponificável seja inferior a

0,50%.

5.10. Ácidos Graxos Totais

O total de ácidos graxos na gordura deve ser superior a 90%,

devido as gorduras naturais apresentarem em seu estado,

aproximadamente 90% de ácidos graxos e 10% de glicerol. Níveis de

ácidos graxos inferiores a 90% podem sugerir que a gordura contém altos

níveis de outros materiais.

5.11. Estabilidade da Gordura

O oxigênio é uma constante ameaça para a estabilidade e potencial

de rancificação de toda gordura. Quando a oxidação ocorre, peróxidos são

formados. A reação de peroxidação (medida em miliequivalentes de

80

Page 82: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

peróxido por quilograma de gordura - mE/Kg) leva a formação de vários

sub-produtos, sendo que os principais destes são os radicais livres

responsáveis pelo odor ruím e sabor desagradável de gorduras e óleos

rancificados. Peróxidos em gorduras podem também destruir as vitaminas

A, D e E, aumentando as exigências de suplementação.

O procedimento para determinação da instabilidade da gordura

pode ser medida examinando-se periodicamente amostras de alimentos

armazenados. Dois testes principais são usados para medir a estabilidade

das gorduras: o teste VPI (valor de peróxido inicial) e o teste MOA (método

de oxigênio ativo). O VPI mede o nível de peróxidos na amostra dando uma

boa idéia da qualidade da gordura mas não avalia a estabilidade nas

condições de armazenamento. O MOA é um teste para medir a estabilidade

da gordura e sua resistência na formação de peróxidos. Níveis menores que

20 mE/Kg após 20 horas do teste MOA é uma especificação que pode ser

razoável. Gorduras que são expostas a altas temperaturas e ou umidade,

como os óleos em restaurantes (yellow grease) podem ter um índice maior

que 20 mE/Kg. Independente da quantidade de antioxidantes que possa ser

adicionado a este material, o valor de peróxido não é abaixado.

Normalmente, estas fontes comerciais de gordura (yellow grease) contém

uma combinação de óleos de restaurante, gordura restituída e

antioxidantes.

O uso de gorduras animais e sebo de animais recém abatidos pode

prevenir problemas de palatabilidade.

A adição de antioxidantes, como o etoxiquim, BHT ou TBHQ pode

ser uma prática adequada para assegurar estabilidade e aumentar o tempo

de armazenamento.

Page 83: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Gordura para Bovinos Leiteiros

5.12. Coloração

As gorduras variam na coloração, de branco puro (sebo bovino

refinado) a amarelo (gordura de galinha e óleo de restaurante). A cor é um

importante componente da gordura para a indústria química e de sabões,

mas não afeta o valor nutricional da gordura quando utilizada na dieta dos

ruminantes.

5.13. Adição de Gordura em Rações de Ruminantes

A prática de adicionar gordura em rações de ruminantes não deve

ser generalizada, devido ao aumento de custo que pode representar e por

as exigências energéticas serem atendidas, em vários casos, mediante o

balanceamento de rações com os alimentos convencionais.

Parece ser unânime que esta prática é benéfica para animais em

alta produção, especialmente no início da lactação, onde ocorre um balanço

energético negativo e uma depressão no consumo.

Antes de adicionar gorduras em rações, deve-se considerar os

seguintes pontos:

1 - Nível de produção - a adição parece ser necessária para vacas com

produção superior a 8.000 Kg de leite/lactação;

2 - Nível de grão na dieta - se, a adição de altas quantidades de grãos

(acima de 55 %) causar problemas como acidose e abaixamento no teor

de gordura do leite, a adição de gordura pode ser benéfica;

3 - Reprodução - a adição de gordura pode melhorar a performance

reprodutiva (cio e concepção) em vacas em início de lactação.

4 - Custo relativo da suplementação

82

Page 84: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

5.14. Fontes de Gordura mais Comuns

Existe basicamente três formas de suplementar gordura em rações

de ruminantes: gorduras e óleos vegetais que primariamente contém ácidos

graxos insaturados, gordura animal que contém ácidos graxos saturados e

fontes de gordura protegida ou inerte no rúmen.

1 - Caroço de algodão - o caroço integral, com linter, é a forma mais

popular encontrada. O caroço é a única forma que combina proteína,

gordura e fibra em um só alimento. A gordura é insaturada, mas apresenta

uma baixa degradabilidade ruminal, e apresenta um acréscimo de 0,2 a 0,3

% no teor de gordura do leite. O caroço deslintado (mecanicamente ou por

uso de ácido) pode ser usado e é de manuseio mais fácil.

2 - Gordura animal - pode ser derivada de sub-produtos de muitas

espécies, mas é primariamente oriunda de suínos e bovinos, e é

comercializada em outros países com a denominação de “Feed grade

animal fat”;

3 - Banha - derivada principalmente de sub-produtos oriundos do

abate de suínos, podendo ser uma mistura de suínos, bovinos e galinha, é

comercializada em outros países com a denominação de “Choice white

grease”;

4 - Sebo - primariamente derivado de sub-produtos do abate de

bovinos, mas pode conter outras gorduras animais, desde que contenha

ponto de fusão acima de 40,50 C e é comercializado em outros países com

a denominação de “Tallow”;

Page 85: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Gordura para Bovinos Leiteiros

Tabela 5.4 - Composição de algumas fontes de gordura

Fonte de gordura MS,% G,% PB,% FDA, % ELL, %

Caroço de algodão:

com linter 92 18 21 31 2,05

sem linter 90 21 23 23 2,11

Soja grão integral 92 17 39 9 1,94

Girassol 90 40 18 15 2,84

Sebo 99 100 5,84

Banha de porco 99 100 5,84

Óleo de soja 99 100 5,84

Gorduras protegidas:

Alifet 98 92 5,48

Booster Fat 98 95 5,64

Energy Booster 98 100 5,95

Megalac 98 82 4,91

5 - Óleo usado de restaurantes - obtido primariamente de restos de

óleos vegetais usados em restaurantes, pastelarias e outros, podendo ter

coloração escura, alto nível de ácidos graxos livres e altos níveis de

impureza além de sofrer, em alguns casos, um processo de reconstituição.

É comercializado em outros países com a denominação de “Yellow grease”;

6 - Combinação de óleos e gorduras de origem animal ou vegetal,

podendo incluir todos os tipos de gordura animal, óleos vegetais, óleos

vegetais acidulados, sabões e/ou óleos de restaurantes.

84

Page 86: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MINERAIS

PARA BOVINOS LEITEIROS6.1. Introdução

Os minerais são fundamentais na nutrição de bovinos leiteiros,

especialmente para vacas em produção de leite. Os minerais são

requeridos por todos os animais para diversos processos biológicos, mas a

quantidade encontrada em muitos alimentos não são normalmente

suficientes para máximo crescimento ou produção de leite sendo necessária

uma suplementação para compensar a deficiência. Outro aspecto, é que os

teores de minerais dos alimentos variam consideravelmente, devido a vários

fatores, sendo, portanto, aconselhável a análise dos alimentos (forragens)

principalmente de cálcio e fósforo. Cuidados devem ser tomados para que

as quantidades suplementadas não sejam elevadas, para evitar problemas

de toxidez. Discutiremos aqui os principais minerais e sua importância na

nutrição.

6.2. Cálcio

O cálcio (Ca) tem pronunciado efeito sobre o metabolismo ruminal,

produção, crescimento e reprodução.

Os principais efeitos devido a uma deficiência de cálcio na dieta,

resultam em:

85

6

Page 87: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Minerais para Bovinos Leiteiros

- depressão na produção e piora na fertilidade,

- aumento na incidência de febre do leite e retenção de placenta,

- piora no crescimento do esqueleto resultando em fraturas

múltiplas de pernas de animais jovens,

- falta na suplementação ou falha no balanceamento das rações,

especialmente para animais jovens e vacas secas, freqüentemente está

envolvido,

- mais comum de ocorrer em rações ricas em silagem de milho.

Em alguns casos, o cálcio pode estar presente em quantidades

excessivas na dieta, especialmente quando ocorre uma superalimentação

de forragens ricas em cálcio por vacas secas, ou uma super suplementação

de animais, com cálcio. Os principais efeitos devido a um excesso de cálcio

na dieta são:

- depressão na digestibilidade da matéria seca,

- redução na ingestão de alimentos,

- aumento na incidência de febre do leite, retenção de placenta e

infeção urinária, quando presentes em rações de vacas secas e novilhas,

- pode aumentar a incidência de infertilidade, especialmente

problemas císticos quando grosseiramente excessivo.

6.3. Fósforo

Como ocorre com o cálcio, o fósforo (P) é muito importante para o

metabolismo normal do rúmen, reprodução, crescimento e produção.

Os maiores problemas decorrentes de uma ingestão deficiente de

fósforo são:

86

Page 88: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

- mais freqüentemente ocorre em animais jovens e vacas secas, ou

quando são utilizadas dietas restritas em concentrado ou pouca

suplementação,

- algumas vezes é um problema devido ao uso de fontes de fósforo

de pior disponibilidade (fosfato de rocha, etc.),

- pode piorar crescimento e fortalecimento dos ossos.

Os maiores problemas relacionados com a ingestão excessiva de

fósforo, que pode ocorrer em rações de vacas leiteiras, geralmente

resultado de uma super suplementação, particularmente quando

consideráveis níveis de sub-produtos são utilizados na dieta, são a redução

da produção e especialmente da reprodução.

6.4. Magnésio

O magnésio (Mg) é importante para manter a fermentação ruminal

normal, crescimento do esqueleto, produção, reprodução e saúde animal.

Uma baixa ou deficiente ingestão de magnésio, geralmente devido a

um desbalanço da dieta ou falta da suplementação, resulta em:

- tetania das pastagens e casos complicados de febre do leite,

- depressão na digestibilidade da fibra,

- altos níveis de uréia no plasma,

- piora na reprodução.

O excesso da ingestão de magnésio, resulta em:

- depressão na ingestão de alimentos, digestibilidade e produção,

- pode resultar em diarréia.

Page 89: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Minerais para Bovinos Leiteiros

6.5. Enxofre

O enxofre (S) é necessário para a síntese de aminoácidos

sulfurosos pelos microrganismos do rúmen. A baixa ingestão de enxofre

pode resultar em uma induzida deficiência protéica. A ingestão excessiva de

enxofre degrada o tecido de fígado e a função hepática. É necessário

acompanhar, periodicamente, a quantidade de enxofre nas forragens e

ajustar a dieta.

6.6. Potássio

O potássio (K) é um mineral essencial para muitas funções do

metabolismo animal.

Uma ingestão deficiente de potássio pelos animais resulta em:

- redução na ingestão de alimentos,

- depressão na produção de leite e no teor de gordura,

- aumenta o stress devido ao calor e umidade,

- pode resultar em paralisia dos quartos dianteiros.

A ingestão excessiva de potássio, principalmente por vacas recém-

paridas e novilhas pode aumentar a congestão no úbere. Isto pode resultar

do uso de leguminosas ou de uma super suplementação com mistura

mineral contendo uma apreciável quantidade de potássio.

6.7. Sódio e Cloro

O sódio (Na) e o cloro (Cl) são dois elementos minerais que

normalmente são supridos pelo sal comum, sendo também encontrados em

alguma quantidade (Cl) em muitos alimentos.

88

Page 90: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

O sal deve ser colocado a livre escolha do animal, em cocho

separado.

Uma baixa ingestão de sal, o que mais comumente falta nas dietas

de vacas, resultante de uma deficiência nos suplementos (alguns

suplementos protéicos comerciais apresentam baixo nível de sal para

serem mais palatáveis) ou devido a rações serem balanceadas usando

somente sódio, podendo resultar em uma deficiência de cloro devido ao uso

de tampões, resulta em:

- severos problemas relacionados a congestão do úbere de vacas

secas ou novilhas recém paridas,

- redução na ingestão de alimentos e na produção, bem como

possível aumento na incidência de deslocamento de abomaso,

- piora no balanço ácido-base.

6.8. Microminerais

Um ingestão deficiente de microminerais, iodo (I), selênio (Se),

manganês (Mn), cobalto (Co), molibdênio (Mo), ferro (Fe), cobre (Cu), zinco

(Zn), pode afetar consideravelmente a produção e especialmente a saúde,

como uma extensão da deficiência de proteína e energia.

Preferencialmente, o balanço é feito para Cu, Zn e Se usando

premix minerais contendo outros elementos como o Mn, Fe, Co e I em

proporções apropriadas.

A baixa ingestão de microminerais, pode levar as seguintes causas:

- deficiência de Cu pode resultar de alta ingestão de sulfato,

molibdênio, ferro e manganês, via água, ar ou planta poluída;

Page 91: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Minerais para Bovinos Leiteiros

- baixa ingestão de selênio aumenta a susceptibilidade a infeções

incluindo a de úbere, útero e casco;

- deficiência de cobalto resulta em deficiência de vitamina B12 que é

essencial para o metabolismo. O apetite pode ser reduzido e causar

anemia;

- deficiência de iodo causa uma disfunção da tiróide (bócio) e

hormônios endócrinos.

O flúor e o molibdênio, normalmente, não estão deficientes e sim

estão em excesso, ao ponto de causar toxidez. O excesso de flúor (acima

de 30-40 ppm na ração total) causa problemas nas pernas e casco e piora

na produção. Pode resultar de alto flúor em algumas fontes de fósforo ou

contaminação de forragem pelo ar poluído por indústrias de alumínio,

metais ,e etc. Altos níveis de molibdênio, resultantes de águas

contaminadas , causa uma deficiência de cobre induzida.

A excessiva ingestão de microminerais pode afetar a produção e a

saúde, sendo constatado na análise do sangue ou do fígado e, geralmente

ocorre da super suplementação e algumas vezes da água e de alimentos

contaminados. Excessiva ingestão de iodo pode resultar em valores altos

no leite (acima de 0,5 ppm).

6.9. Suplementação de Minerais para Bovinos Leiteiros

Os minerais precisam ser ingeridos nas quantidades necessárias e

a melhor forma para vacas leiteiras é através da mistura na ração

concentrada ou ração total. Os minerais precisam ser suplementados em

uma única mistura, contendo uma boa fonte de cada mineral, especialmente

em relação a disponibilidade. Se a análise dos minerais em uma ração total

ou no concentrado não estiver nos níveis esperados, deve-se checar se os

níveis de minerais foram adequadamente adicionados a ração ou se os

90

Page 92: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

minerais foram adicionados em quantidades adequadas ou se foram

misturados e distribuídos inadequadamente. Cuidados devem ser tomados

para evitar perdas no misturador.

Tabela 6.1 - Concentração máxima e recomendada de minerais em rações de vacas secas e em lactação. (NRC, 1989).

Minerais Vacas secas

Início da lactação

Meio e final da lactação

Concentração

máxima

Macrominerais, em % da MS

Cálcio (Ca), 0,39 077 0,60 2,00

Fósforo (P) 0,24 0,49 0,38 1,00

Magnésio (Mg) 0,16 0,25 0,20 0,50

Enxofre (S) 0,16 0,25 0,20 0,40

Sódio (Na) 0,10 0,18 0,18 -

Cloro (Cl) 0,20 0,25 0,25 -

Potássio (K) 0,65 1,00 0,90 3,00

Microminerais, em ppm

Ferro (Fe) 50 50 50 1000

Cobalto (Co) 0,10 0,10 0,10 10

Cobre (Cu) 10 10 10 100

Manganês (Mn) 40 40 40 1000

Zinco (Zn) 40 40 40 500

Iodo ( I ) 0,25 0,60 0,60 50

Selênio (Se) 0,30 0,30 0,30 2

Page 93: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Minerais para Bovinos Leiteiros

92

Page 94: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

VITAMINAS PARA BOVINOS LEITEIROS

As vitaminas são classificadas em dois grupos: solúveis em

gordura(lipossolúveis) e solúveis em água(hidrossolúveis). As vitaminas

lipossolúveis são armazenadas na porção gordura ou lipídica do alimento e

incluem as vitaminas A, D, E e K. As vitaminas hidrossolúveis incluem todas

as vitaminas do complexo B e C. Sob muitas condições, as exigências de

vitaminas são supridas por alimentos de alta qualidade, alimentos naturais,

pela fermentação ruminal e pela síntese que ocorre no tecido. As vitaminas

A, D e E usualmente são encontradas em quantidades significativas em

forragens de excelente qualidade. Todas as vitaminas do complexo B e a

vitamina K são sintetizadas pelos microrganismos do rúmen, enquanto a

vitamina C é sintetizada no tecido corporal.

7.1. VITAMINA A

Todos os animais requerem vitamina A. A vitamina A não é

encontrada nos alimentos como uma vitamina mas como caroteno, um

precursor da vitamina A. O caroteno é convertido a vitamina A na parede

intestinal ou no fígado. Uma miligrama de caroteno é equivalente a 400

USP ou unidades internacionais (UI) de vitamina A para bovinos.

Muitos fatores afetam a disponibilidade e utilização da vitamina A e

caroteno. Os fatores que reduzem ou destroem a potencialidade da

vitamina A são:

93

7

Page 95: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Vitaminas para Bovinos Leiteiros

- presença de nitratos nos alimentos;

- aquecimento dos alimentos durante o armazenamento;

- longos períodos de armazenamento;

- exposição ao ar e luminosidade;

- oxidação de óleos e gorduras nas rações;

- inadequadas quantidades de proteína, fósforo e zinco em rações.

Condições de estresse como baixa temperatura ambiental e doença

aumentam as exigências de vitamina A.

Deficiências de vitamina A incluem degeneração do trato

respiratório, boca, glândulas salivares, olhos, glândulas lacrimais, trato

intestinal, uretra, pulmões e vagina. Tecidos afetados são altamente

susceptíveis a infeções, resfriados e pneumonia. Diarréia e perda de peso

são comuns. Estágios avançados da deficiência são caracterizados por

mudanças nos olhos-queratitis, inflamação dos olhos, escurecimento da

córnea, cegueira noturna e finalmente, cegueira permanente. Vacas em

gestação exibem sintomas de deficiência através do encurtamento do

período de gestação, alta incidência de retenção de placenta, nascimento

de natimortos, bezerros com incoordenação motora e cegos.

7.2. Vitamina D

A vitamina D é conhecida como vitamina do sol ou fator

antiraquítico. A vitamina D ocorre em duas formas: D2 e D3. A vitamina D2 é

mais comumente encontrada nos fenos, palhadas e outras plantas,

enquanto a vitamina D3 é conhecida como a forma animal devido a sua

ocorrência na gordura dos peixes e leite irradiado. Ambas as formas são

iguais em vitamina D potencial e são estáveis durante o armazenamento.

94

Page 96: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A radiação solar ou luz ultravioleta converte certos componentes na

pele em vitamina D. Animais expostos a radiação solar sintetizam vitamina

D que em alguns casos não é suficiente para atender as exigências

nutricionais. Bezerros ou vacas criadas em sistema intensivo, com

cobertura total e que não consumem pelo menos 5 a 6 Kg de feno são,

praticamente dependentes de vitamina D.

7.3. Vitamina D para Vacas Leiteiras

A vitamina D é importante na absorção e subsequente utilização de

cálcio e fósforo do trato intestinal. Deficiências de vitamina D são

externadas pelo redução na disponibilidade de cálcio e fósforo. O primeiro

sintoma de deficiência é o decréscimo nos níveis de fósforo e cálcio no

sangue. Este decréscimo está associado com inflamação e fragilidade das

juntas e fácil quebra dos ossos da bacia. Em algumas condições, cio

silencioso e problemas de baixa fertilidade estão associados com nível sub-

ótimo de vitamina D.

7.4. Vitamina E

Compostos com atividade em vitamina E são conhecidos como

tocoferóis. Existem numerosas formas de tocoferol com atividade

antioxidante, que variam em atividade na vitamina E. O alfa tocoferol tem a

maior atividade em vitamina E. A vitamina E é usada em muitos alimentos

para prevenir a oxidação de outras vitaminas.

A deficiência de vitamina E é rara. Em bezerros, a deficiência é

conhecida como doença do músculo branco, com sintomas que incluem

fraqueza do músculo da perna, alteração dos músculos da língua e eventual

Page 97: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Vitaminas para Bovinos Leiteiros

inabilidade para ficar de pé. Em animais velhos, súbita falha no coração ou

injúria no músculo do coração estão associadas à deficiências crônicas.

Falta de odor no leite é usualmente o primeiro sintoma de

deficiência em vacas leiteiras. A alimentação com altos níveis de vitamina E

(400 a 1000 miligramas/vaca/dia) tem reduzido o odor de oxidação no leite;

entretanto, o custo é alto pois menos de 2% da vitamina E é transferida

para o leite.

Forragens verdes, material folhoso e vários óleos (germe de trigo e

soja) são boas fontes de vitamina E. Sob muitas condições, os alimentos

naturais suprem quantidades adequadas de vitamina E para vacas leiteiras.

Grandes quantidades de vitamina E podem ser armazenadas em vários

órgãos e tecidos corporais.

7.5. Vitamina K

A atividade em vitamina K é essencial para coagulação normal do

sangue. Folhas verdes (frescas ou secas) são boas fontes de vitamina K. A

vitamina também é sintetizada em grandes quantidades no rúmen.

Sintomas de deficiência de vitamina K são hemorragia ou sangramento

excessivo.

7.6. Vitamina C

O ácido ascórbico ou vitamina C não é necessário em rações de

vacas leiteiras devido a síntese corporal. Somente homens, macacos e

cobaias requerem fontes dietéticas de vitamina C.

96

Page 98: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

7.7. Vitaminas do Complexo B

As vitaminas do complexo B são sintetizadas pelos microrganismos

do rúmen e muitas são abundantes em alimentos naturais. Portanto, não

existem evidências da necessidade de suplementação de vitaminas do

complexo B para animais com rúmen funcional (6 semanas de idade ou

mais velhos). As vitaminas do complexo B são: tiamina, riboflavina, ácido

pantotênico, niacina, biotina, vitamina B12 , ácido fólico, piridoxina e colina.

Sobre situações de doenças e durante períodos de estress, a

produção de vitaminas B pode ser limitada. A deficiência de cobalto pode

levar a uma deficiência de vitamina B12 , caracterizada por anemia.

Em bezerros, a deficiência de vitamina B pode resultar em:

- tiamina: polineurite (incoordenação das pernas especialmente dos

membros anteriores), perda de apetite, diarréia severa, desidratação e

morte;

- riboflavina: hiperemia (congestão do sangue) na mucosa da boca,

lesões, perda de cabelos, salivação excessiva;

- ácido pantotênico: dermatite escamosa ao redor dos olhos, perda

de apetite, diarréia, convulsões;

- niacina: súbita perda de apetite, diarréia severa, desidratação e

morte;

- biotina: paralisia das pernas traseiras, diminuição da excreção

urinária;

- vitamina B12: decréscimo no apetite e crescimento, fraqueza

muscular e anemia;

- piridoxina: perda de apetite, diminuição no crescimento, ataques

epilépticos e rangimento dos dentes;

Page 99: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Vitaminas para Bovinos Leiteiros

- colina: extrema fraqueza e inabilidade para permanecer de pé.

7.8. Exigências de Vitaminas

As exigências de vitaminas para vacas leiteiras são relacionadas ao

tamanho corporal e estágio de lactação. As vitaminas A, D e possivelmente

E pode ser balanceadas em rações de animais adultos. Bezerros

alimentados com leite integral podem receber suplementação com

vitaminas A, D e E sendo que as vitaminas do complexo B são supridas no

leite. Sucedâneos comerciais podem conter vitaminas A, D e E e todas as

vitaminas do complexo B.

Tabela 7.1 - Níveis recomendados de vitaminas para vacas em lactação (Adaptado do NRC, 1989).

VITAMINA UNIDADE NÍVEL Recomendado

NÍVEL Máximo

TOTAL estimado/dia

A UI/Kg 2.900 a 3.600 30.000 65.250 UI

D UI/Kg 450 4.500 20.250 UI

E UI/Kg 7 900 315 UI

7.9. Suplementação com Vitaminas

Existem dois métodos de suplementação de vitaminas para vacas

leiteiras: oral (via alimento ou água) e injetável.

O método mais comum é misturando um premix vitamínico com

grãos. A adição de 1 a 2,5 Kg de premix vitamínico por tonelada de grãos

98

Page 100: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

pode suprir de 4.000 a 6.000 UI de vitamina A e 1.000 a 2.000 UI de

vitamina D por quilo de mistura, o que é adequado.

Vitaminas A, D e E podem ser injetadas intramuscularmente. Uma

dose usualmente provém adequado nível de vitaminas por 3 meses,

dependendo do nível e elementos das vitaminas. Uso de vitaminas

injetáveis durante o período seco e para recém-nascidos aumentará os

níveis de vitaminas no sangue e nos tecidos.

Super suplementação de vitaminas por longos períodos pode ser

evitado. Isto é particularmente importante para vitamina D. Doses maciças

(20.000.000 de UI de vitamina D por dia) iniciada 3 dias antes do parto e

por um máximo de 7 dias consecutivos, tendo sido utilizada para controlar a

febre do leite. Este nível de vitamina é tóxico se utilizado por mais de 7 dias.

O uso contínuo de 60.000 UI por Kg de ração por dia reduz a incidência de

febre do leite em vacas com um histórico prévio de doença, mas aumenta a

incidência em vacas que nunca tiveram esta desordem metabólica.

7.10. Conclusões

Em muitas fazendas leiteiras, adequadas vitaminas ou precursores

das vitaminas são encontradas nos alimentos. Situações onde a adição de

vitaminas são recomendadas são listadas a seguir:

- forragens armazenadas por longos períodos (vitamina A);

- silagem de milho danificada por gelo (vitamina A);

- dieta rica em grãos (vitaminas A, D e E);

- animais estabulados (vitamina D);

- bezerros com leite ou sucedâneo (vitaminas A, D e E);

- resíduos agrícolas (vitaminas A e D);

Page 101: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Vitaminas para Bovinos Leiteiros

- forragem danificada pelo tempo (vitaminas A e D);

- odor de leite oxidado (vitamina E);

- períodos de estresse (vitaminas A, D e E);

- forragem danificada pelo calor (vitamina A).

100

Page 102: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

ÁGUA PARA BOVINOS LEITEIROS

A água é o nutriente mais importante na alimentação e saúde

animal, e o mais abundante nutriente no corpo animal em todas as fases do

crescimento e desenvolvimento. O corpo de um bezerro contém de 75 a 80

% de água ao nascimento e aproximadamente de 55 a 65 % no animal

adulto. De todos os animais domésticos, as vacas leiteiras em lactação

requerem grandes quantidades de água em proporção ao seu tamanho,

devido a água constituir cerca de 88 % do leite produzido.

Fontes de água incluem a água obtida do solo ou superfície, água

dos alimentos e água metabólica obtida da oxidação de gorduras e

proteínas no corpo. A ingestão de água usualmente refere-se a água

bebida livremente mais aquela disponível nos alimentos.

A quantidade e qualidade da água podem limitar a produção de

leite, o crescimento e a saúde animal.

O suprimento de água fresca e limpa é necessária para uma

fermentação e metabolismo ruminal normal, propiciar um fluxo adequado de

alimentos, digestão e absorção intestinal adequada, volume sangüíneo

normal e atender as necessidades do tecido.

8.1. Funções da Água

101

8

Page 103: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

A água é o meio em que ocorre todas as reações químicas no corpo

animal. No sangue, que contem 80% de água, é vital no transporte de

oxigênio e dióxido de carbono do tecido bem como iniciar o sistema de

suporte da vida do corpo.

As maiores funções da água são as seguintes:

- ideal lubrificante para transporte de alimentos;

- auxilia na excreção;

- regulador da temperatura corporal;

- agente tamponante na regulação do pH dos fluídos corporais.

As propriedades físicas da água são importantes na transferência

do calor e na regulação da temperatura do corpo. O calor específico é a

habilidade para absorver ou dar calor com uma relativa mudança na

temperatura. Desde que a água tem um alto calor específico, é um

importante fator no sistema regulador da temperatura corporal. A restrição

no consumo de água leva a uma diminuição na ingestão de alimentos, na

retenção de nitrogênio e perda de nitrogênio nas fezes. Isto resulta também

num aumento na excreção de uréia na urina. Animais que estão em ganho

de peso requerem mais água que os que estão perdendo peso.

Os animais podem perder toda a gordura e aproximadamente 50%

da proteína corporal e ainda assim sobrevivem, mas se perderem 10% da

água corporal, morrem.

Os animais necessitam um contínuo suprimento de água para

máxima eficiência. Devido as funções da água como lubrificante, transporte

de alimentos e auxílio na excreção de resíduos corporais, a ingestão

precisa ser igual a perda através das fezes, urina e evaporação. Como

exemplo, durante o metabolismo de proteínas, o ácido úrico e uréia são

produzidos e precisam ser removidos através dos rins. A água é necessária

102

Page 104: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

para dissolver a uréia, ácido úrico, fosfatos e outros minerais para fácil

passagem através do trato urinário.

8.2. Ingestão de Água

O consumo de água das vacas leiteiras é influenciada por muitos

fatores incluindo raça, tamanho corporal, condições ambientais,

temperatura da água, umidade, suprimento de alimentos, sal e nível de

produção. Geralmente, os bovinos consomem de 4 a 8 litros de água por

cada Kg de matéria seca consumida e um adicional de 6 a 10 litros de água

por litro de leite produzido. Rações com altos níveis de sal ou proteína

aumentam a ingestão de água.

A produção de leite e a ingestão de alimentos diminuem quando a

ingestão de água não é adequada. Em temperaturas ambientais acima de

26 0 C, a taxa respiratória começa a aumentar, aumentando o total de água

perdida através da respiração e transpiração. Aumentando as perdas de

água é o sinal para o animal consumir mais água para repor as perdas.

Tabela 8.1 - Ingestão de água por bovinos leiteiros ( litros / dia).

Categoria Idade Quantidade

Bezerras Holandesas 1 mês 5 a 8 litros

Bezerras Holandesas 2 meses 6 a 9 litros

Bezerras Holandesas 3 meses 8 a 11 litros

Bezerras Holandesas 4 meses 12 a 14 litros

Bezerras Holandesas 5 meses 15 a 18 litros

Novilhas Holandesas 15 a 18 meses 23 a 28 litros

Novilhas Holandesas 18 a 24 meses 28 a 38 litros

Vacas Jersey 15 litros de leite/dia 52 a 60 litros

Vacas Guernsey 15 litros de leite/dia 55 a 62 litros

Vacas Pardo suíça 15 litros de leite/dia 58 a 68 litros

Page 105: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

Vacas Holandesas 23 litros de leite/dia 92 a 110 litros

Vacas secas Gestação, 6 a 9 meses 35 a 50 litros

Observação: vacas em lactação em média 4,5 a 5,0 litros por litro

de leite.

A ingestão de água pode ser estimada pela seguinte equação:

IA = 16,0 + 3,48 x MSI + 1,98 x PL + 0,05 x Na + 1,20 x TMS

onde,

IA = ingestão de água, em Kg/dia;

MSI = matéria seca ingerida, em Kg/dia;

PL = produção de leite, em Kg/dia;

Na = ingestão de sódio, em gramas/dia e

TMS = média da temperatura mínima semanal, em 0 C.

Desta forma, a equação para estimar o consumo de água irá alterar

3,48 litros por cada mudança em Kg de matéria seca ingerida, 1,98 litros

por cada litro de leite produzido, 0,05 litros por cada grama de sódio

consumido e 1,20 litros por cada grau celsius alterado na temperatura

média mínima. Normalmente, em temperatura elevadas, a ingestão de

matéria seca e produção de leite diminuem, mas usualmente a ingestão de

água aumenta, particularmente quando não existe sombra nas instalações.

Com sombra, a localização da água em relação a sombra pode ter um

efeito maior no consumo de água. Estudos tem mostrado uma diminuição

no consumo de água em temperaturas altas, quando os bebedouros estão

104

Page 106: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

localizados no sol, requerendo que as vacas deixem a sombra para beber

água.

Tabela 8.2 - Estimativa do consumo diário de água para bovinos leiteiros, de acordo com a variação na temperatura ambiental.

Animais MSI > 50 C 100 C 150 C 210 C 260 C >300 C

Bezerras, 90 Kg 8,3 9,1 9,5 11,1 12,7 15,0

Bezerras, 272 Kg 24,9 26,9 31,3 38,4 41,6 46,7

Vaca seca, 635 Kg 13,6 39,6 46,3 53,1 60,2 66,9 73,7

Vaca, 18 litros/dia 16,3 61,4 68,1 74,8 81,6 88,7 95,5

Vaca, 27 litros/dia 18,2 72,9 79,6 86,7 93,5 100,2 106,9

Vaca, 36 litros/dia 20,0 84,7 91,5 98,2 104,9 112,1 118,8

Vaca, 45 litros/dia 21,8 96,2 103,0 109,7 116,8 123,5 130,3

A ingestão de matéria seca e o conteúdo de umidade do alimento

influenciam o total de água consumida. Em geral, vacas em lactação

consomem 1,5 a 2,0 litros de água por litro de leite, sendo que a ingestão

diminui com o aumento no teor de água dos alimentos.

Tabela 8.3 - Efeito do teor de umidade do alimento no consumo de água.

Ingestão 30,7 % 42,6 % 48,3% 53,6%

MS, Kg/dia 13,9 19,3 21,9 24,3

Água, litros/dia

Bebida 68,7 60,6 53,2 43,2

Page 107: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

No alimento 14,3 21,2 20,4 18,5

Total 83,0 81,8 73,6 61,7

Dietas ricas em sal, bicarbonato de sódio e proteína, levam a uma

produção anormal de urina, são causas da ingestão excessiva de água.

Os sinais de um a excessiva ingestão de água são: excessiva

produção de urina, fezes anormais em coloração e odor, diarréia.

As possíveis causas de uma inadequada ingestão de água são:

- carência de suprimento,

- inadequada pressão da água para atender as exigências,

quando se usa bebedouros em confinamento,

- baixa qualidade química da água: muito ácida, muito

alcalina, presença de metais, alto conteúdo de sólidos totais dissolvidos,

- poluição,

- presença de bactérias como coliformes fecais ou não

fecais, presença de algas, especialmente do tipo azul-verde, outros.

Os sinais de uma ingestão inadequada de água são fezes secas,

pequena produção de urina, ingestão de água infreqüente, elevação na

concentração de hematócito no sangue, queda considerável e não

explicada na produção de leite, ingestão de urina.

8.3. Qualidade da Água

A qualidade da água é importante para máxima performance de

vacas leiteiras. A água ingerida pelos animais é proveniente de água de

rios, lagos, nascentes e água empossada. Não se pode assumir que os

106

Page 108: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

bovinos são resistentes a doenças bacterianas através da água bebida ou

água poluída.

A contaminação da água do estábulo e de poços é devido a

presença de nitratos, pesticidas, algas e certos parasitas como helmintos.

Também, a palatabilidade e odor da água bem como o alto nível de

minerais como ferro e enxofre reduzem o consumo.

8.4. Análises Laboratoriais

A qualidade da água é medida por testes de laboratório obtidos de

amostras retiradas periodicamente da superfície da água.

Os principais teste incluem os seguintes itens:

Químicos:

pH

dureza

sólidos totais dissolvidos

nitratos e nitritos

cálcio e magnésio

sulfato e cloretos

ferro e enxofre

Bacteriológicos:

contagem total de bactérias

Page 109: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

coliformes

Físicos:

cor

odor

turgidez

8.5. Qualidade Química da Água

Os testes químicos são a medida da presença na água de

elementos provenientes do solo, sedimentos e rochas. Os elementos

podem estar na forma de íons individuais, pares de íons ou complexos de

diversos ions. Os principais elementos são: hidrogênio, sódio, potássio,

magnésio, cálcio, sílica, cloro, oxigênio, enxofre e carbono.

8.5.1. pH

O pH é a medida da acidez ou alcalinidade. Água abaixo de pH 7,0

é ácida e acima é alcalina. A pH da água consumida pelos animais pode

variar de 6,5 a 8,0.

8.5.2. Dureza

A dureza da água pode ser classificada de acordo com a tabela 8.4.

A dureza não é um problema importante na água bebida pelos

animais. A concentração de elementos tóxicos é mais importante. A dureza

108

Page 110: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

é medida pelo total de sabão necessário para desenvolver uma espuma

permanente.

Tabela 8.4 - Nível de dureza da água ingerida por ruminantes.

Grau de dureza mg/litro Descrição

0 a 60 mole

61 a 120 moderada

121 a 180 dura

> 180 muito dura

8.5.3. Total de Sólidos Solúveis (TSS)

O TSS é uma medida de todos os minerais que estão dissolvidos na

água, provenientes da percolação do solo e das formações de rochas. Os

principais ânions inorgânicos na água incluem carbonatos, cloretos, sulfatos

e nitratos. Os principais cations são o sódio, potássio, cálcio e magnésio.

Para água fresca, salinidade e TSS são equivalentes. O TSS fornece um

índice usual para a suscetibilidade de um suprimento de água para uso

animal.

Animais em crescimento toleram concentrações de sais na água

acima de 1%; níveis maiores são tóxicos. Quando a concentração de sais

aumenta para 1,2%, a ingestão de água aumenta. Concentrações maiores

que 1,2% reduzem o consumo de água.

Page 111: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

De uma maneira geral, os ruminantes podem tolerar concentrações

de sólidos totais de até 7.000 ppm para vacas leiteiras e 10.000 para

bovinos de corte.

Normalmente, níveis superiores a 10.000 ppm, tornam a água

impalatável. Níveis acima de 5.000 ppm afetam a palatabilidade e se

consumida, produzirá perda de peso e diarréia.

A remoção dos TSS da água é muito difícil e caro.

Tabela 8.5 - Concentração de sólidos totais na água.

Descrição Concentração de TSS mg/litro

Problemas

Água fresca 0 a 1.000 Nenhum problema

Água salobra 1.000 a 10.000 Risco

Água salgada 10.000 a 100.000 Perigoso

Salmoura > 100.000 Imprópria

Levemente salina 1.000 a 3.000 Satisfatória

Moderadamente salina 3.000 a 5.000 Possível diarréia

Muito salina 5.000 a 7.000 Evitar o uso

Próxima a salmoura 7.000 a 10.000 Alto risco

> 10.000 Imprópria

8.5.4. Nitratos e Nitritos

É necessário analisar a água e os alimentos para determinar o total

de nitratos ingeridos. Os resultados do laboratório são expressos em nitrato

de potássio (KNO3 ) ou como nitrato-nitrogênio ( NO3-N).

110

Page 112: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A toxidade ou envenenamento por nitrato é geralmente um

resultante da ingestão de forragens com alto conteúdo de nitrato. O nitrato

em sua forma original não é tóxico mas é na forma de nitrito.

Os nitratos entram no rúmen e são convertidos a nitritos, pelas

bactérias do rúmen antes de serem absorvidos e entrarem no sangue, onde

nesta forma convertem a hemoglobina (pigmento vermelho carregador de

oxigênio) em um pigmento castanho chamado metahemoglobina, que não

carrega o oxigênio. Como esta transformação ocorre no sangue, o animal

mostra tristeza e falta de respiração.

Tabela 8.6 - Níveis de nitrato na água, em ppm.

Conteúdo de NO3

Conteúdo de N-NO3

Problemas

0 a 44 10 Não prejudicial

45 a 132 10 a 20 Seguro se o alimento tem pouco nitrato e dieta balanceada

133 a 220 20 a 46 Pode ser prejudicial se usado por muito tempo

220 a 660 40 a 100 Possíveis perdas, risco para vacas leiteiras

660 a 800 100 a 200 Aumenta a possibilidade de perdas, pouco seguro

acima de 800 acima de 200 Não utilizar

Os sintomas de toxicidade aguda são:

- pulsação rápida,

- espuma na boca,

- convulsões,

- focinho e olhos azulados,

Page 113: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

- sangue de coloração achocolatado ou cinzento.

A infusão de uma solução com 4% de azul de metileno é o principal

tratamento terapêutico. Quando a conversão alcança de 70 a 80%, o animal

usualmente morre por asfixia. A toxicidade por nitrato da água é mais

provável ocorrer quando os animais bebem água de tanques ou fosso que

foram contaminados com fertilizantes contendo metais pesados.

Os seguintes fatores de conversão são utilizados quando se trata

de nitratos e nitritos:

Tabela 8.7 - Nitratos e nitritos e fatores para converter uma forma em outra.

Forma A Forma B

N NO2 NO3 KNO3 NaNO3

Nitrato - Nitrogênio 1,00 3,30 4,40 7,20 6,10

Nitrito - Nitrogênio 1,00 3,30 4,40 7,20 6,10

Nitrato (NO3) 0,23 0,74 1,00 1,63 1,37

Nitrito (NO2) 0,30 1,00 1,34 2,20 1,85

Nitrato de Potássio(KNO3) 0,14 0,64 0,61 1,00 0,84

Nitrato de Sódio (NaNO3) 0,10 6,54 0,72 1,20 1,00

Forma B = Forma A x Fator de conversão

8.5.5. Sulfato

Enquanto os níveis de sulfato não são bem definidos, níveis acima

de 500 ppm para bezerros e de 1.000 ppm para animais adultos podem

afetar a ingestão de água. A forma específica de sulfato pode ser

identificada desde formas menos tóxicas a mais tóxicas. Sulfito de

hidrogênio é a forma mais tóxica e quantidades inferiores a 0,1 ppm podem

reduzir a ingestão de água.

112

Page 114: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

As formas comuns de sulfato encontradas na água são de cálcio,

ferro, magnésio e sódio. Todas são laxativas mas o sulfato de sódio é a

mais potente. Os bovinos tendem a iniciar resistência ao efeito laxativo

após um período de poucas semanas. Parece que o sulfato de ferro diminui

a ingestão de água mais que outras formas de sulfato.

8.6. Considerações Sobre a Qualidade Química da Água

As seguintes considerações deverão ser feitas com relação a

qualidade química da água para ruminantes:

1 - água considerada dura geralmente não traz efeito adverso para vacas;

2 - a combinação de alta concentração de magnésio e sulfato pode resultar

em fezes moles e diarréia;

3 - o tratamento químico da água para reduzir a concentração de bactérias

não afeta o consumo de água por ruminantes;

4 - alto nível de sulfato pode aumentar a necessidade de cobre;

5 - água ácida com um pH entre 5,1 a 5,5 pode aumentar os problemas

relacionados a acidose, reduzindo a produção de leite, diminuindo o

teor de gordura no leite, diminuindo a ingestão de alimentos, maiores

problemas metabólicos e de infeção e, aumento na infertilidade;

6 - água alcalina com um pH entre 8,5 a 9,0 pode resultar em problemas

relacionados a alcalose (sintomas semelhantes a acidose), podendo

resultar em deficiência de vitaminas do complexo B, devido a uma

diminuição na produção ruminal.

8.6.1. Contaminantes e Elementos Tóxicos

É conhecido a vários anos que os bovinos algumas vezes são

envenenados quando bebem águas de lagos ou represas invadidas por

Page 115: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

algas azuis-verdes. Seis espécies de algas tem sido identificadas como

potencialmente causadoras da toxidez. Deve-se evitar que os animais

bebam água de represas que tenham algas em crescimento.

Sob certas condições, a água pode conter níveis de minerais que

são potencialmente tóxicos para os animais. Os elementos mais comuns

são o chumbo, mercúrio e cádmio, entre outros que estão apresentados na

tabela 8.8.

8.6.2. Temperatura da Água

Existe pouca evidência mostrando que a produção animal possa ser

afetada pela temperatura da água em ambientes de clima quente. Águas

armazenadas em bebedouros abertos pode estar sujeita a maior

crescimento bacteriano.

Tabela 8.8 - Limites máximos de substancia tóxicas na água.Elementos mg/litros ou ppm

Alumínio 5,00Arsênico 0,20Cádmio 0,05Cromo 1,00Cobalto 1,00Cobre 0,50Flúor 2,00Chumbo 0,10Mercúrio 0,01Molibdênio 0,50Nitrato - N 100,00Nitrito - N 10,00Selênio 0,05Zinco 25,00

8.7. Testes Bacteriológicos e Físicos

114

Page 116: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Um esforço deve ser feito para que os animais possam beber água

limpa possibilitando a máxima performance possível. Diversos estudos

mostram que bactérias como a E. coli são destruídas pela população

bacteriana no rúmen. A determinação do número de bactérias como a E.

coli na água é essencial para humanos, e de pouco valor para os animais.

Tabela 8.9 - Análise da água para bovinos leiteiros.Item Média Esperado Possível problema

pH, % 7,0 6,8 a 7,5 < 5,5 e > 8,5sólidos totais, ppm 368 < 500 > 3.000alcalinidade, ppm 141 0 a 400 > 5.000Bicarbonatos, ppm 139CO2, ppm 46 0 a 50Cloretos, ppm 20,2 0 a 250 > 2.000Sulfatos, ppm 35,5 0 a 250 > 2.000Flúor, ppm 0,23 0 a 1,2 > 2,4Fosfatos, ppm 1,4 0 a 1,0Dureza total, ppm 208 0 a 180Cálcio, ppm 60,4 0 a 43 > 500Magnésio, ppm 13,9 0 a 29 > 125Sódio, ppm 21, 0 a 3Ferro, ppm 0,8 0 a 0,3 > 0,3Manganês, ppm 0,3 0 a 0,05 > 0,05Cobre, ppm 0,1 0 a 0,6 > 0,6 a 1,0Sílica, ppm 8,7 0 a 10Potássio, ppm 9,1 0 a 20Arsênico, ppm 0,05 > 0,20Cádmio, ppm 0 a 0,01 > 0,05Cromo, ppm 0 a 0,05Mercúrio, ppm 0 a 0,005 > 0,01Chumbo, ppm 0 a 0,05 > 0,10Nitrato-NO3, ppm 33,8 0 a 10 > 100Nitrito-NO2, ppm 0,28 0 a 0,1 > 4 a 10Sulfitos, ppm 0 a 2 > 0,1Bário, ppm 0 a 1 > 10Zinco, ppm 0 a 5 > 25Molibdênio, ppm 0 a 0,068Bactérias / 100 ml < 200 > 1.000.000Coliformes / 100 ml < 1,0 > 15 a 20

Page 117: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Água para Bovinos Leiteiros

Coliformes fecais/100ml

< 1,0 > 10

Streptococcus/100 ml

< 1,0 > 30

8.8. Conclusões

A água representa uma parte vital dos nutrientes ingeridos pelos

animais. Em quantidade, a ingestão de água é maior que a de alimentos. A

qualidade da água afeta o consumo e performance animal. Quando o pH é

menor que 6 e maior que 8,5 pode resultar em problemas para os animais.

Resfriar a água em climas quentes, reduz a ingestão, mas aumenta a

performance. Os bebedouros devem estar localizados em áreas em que os

animais tenham livre acesso. Vacas de alta produção de leite são

dependentes de água limpa, fresca e disponível todo o tempo. Manter os

bebedouros limpos é uma prática recomendada, para que as vacas possam

ingerir mais água.

116

Page 118: Alimentação de bovinos leiteiros - livro
Page 119: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

ADITIVOS NAS RAÇÕES DE VACAS LEITEIRAS

9.1. Introdução

Há um grande número de aditivos disponíveis para inclusão nas

rações para vacas leiteiras. Eles podem oferecer aos produtores de leite

uma melhoria na nutrição de suas vacas e aumento de benefícios, quando

usados corretamente. Os aditivos não são disfarces ou substitutos para

rações balanceadas corretamente e boas práticas alimentares. Os aditivos

devem ser vistos sim, como auxiliadores em bons programas alimentares.

Este trabalho pretende revisar a pesquisa de alguns dos aditivos mais

populares e oferecer recomendações em suas utilizações mais efetivas.

9.2. Agentes Tamponantes e Alcalinizantes

Tamponantes são definidos como a combinação de um ácido fraco

e seu sal, os quais neutralizam os ácidos produzidos durante a digestão e

metabolismo dos alimentos. Os verdadeiros tamponantes neutralizam os

ácidos com pequena, ou sem alguma, mudança no pH. Por outro lado, os

agentes alcalinizantes neutralizam os ácidos, mas também aumentam o pH.

Os compostos classificados como tamponantes ruminais são bicarboanto

de sódio, bicarbonato de potássio, carbonato de magnésio e bentonita. Os

compostos alcalinizantes fornecidos ao gado leiteiro são bicarbonato de

sódio e óxido de magnésio. Os agentes tamponantes e alcalinizantes

disponíveis e sua composição estão listados na Tabela 9.1.

117

9

Page 120: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Os agentes tamponantes e alcalinizantes são provavelmente os

aditivos mais comumente usados. Avaliações em NY, centro-oeste e

nacional, indicam que acima de 50% dos produtores de leite estão

fornecendo ou tem fornecido cerca de 75% daqueles tamponantes usados

rotineiramente ou constantemente.

A predominância das informações das pesquisas de tamponantes

indicam que eles são mais efetivos quando as dietas contem 50% ou mais

de matéria seca da forragem como silagem de milho, quando baixas ou

limitadas quantidades de forragens estão sendo consumidas ou quando a

forragem ou os ingredientes da dieta são ligeiramente ácidos. Os

programas de alimentação, nos quais os tamponantes parecem ser os

menos efetivos são quando capins ou silagens de capim constituem a única

ou a principal porção de forragem utilizada na alimentação. A tabela 9.1 nos

dá uma visão da pesquisa sobre tamponantes em relação a utilização de

forragens.

Os agentes alcalinizantes ou tamponantes são freqüentemente

fornecidos para corrigir as quedas na gordura do leite. Diminuições na

gordura do leite ocorrem quando o pH do rúmen cai abaixo de 6 e a

proporção acetato-propionato no rúmen cai abaixo de 2.2 e/ou níveis de

propionato no rúmen excedem 25% molar. Enquanto os tamponantes

podem ajudar a corrigir os testes de baixa gordura no leite, a causa real

para a diminuição, tais como inadequado fornecimento de forragem,

excesso de fornecimento de grãos e forragens fornecidas muito finas

devem ser determinados e corrigidos.

Page 121: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras

Tabela 9.1- Tamponantes comuns e agentes alcalinizantes e sua composição

Item Bicarbonatode sódio

Carbonatode sódio

Alkaten AuxiliarRúmen

Óxido deMagnésio

Bicarbonato de sódio 100,0 37,0 34,8

Carbonato de sódio 47,0 43,8

Óxido de Magnésio 71 a 96

Material Inerte 6,1

Sódio 27,4 30,4 28,5 8,8

Magnésio 16,6 43 a 58

Potássio 14,5

Cloro 10,8

Enxofre 3,6

Tabela 9.2 - Respostas experimentais com tamponantes em várias condições de alimentação.

Condição da forragemResposta na

produção de leiteKg/dia

Produto

Ingestão de baixa forragem + 0,8 Bicarbonato Na

Ingestão de baixa forragem 0,0 Oxido de Mg

Ingestão moderada de forragem + 0,7 Bicarbonato Na

Ingestão moderada de forragem + 0,8 Oxido de Mg

Silagem de milho + 1,3 Bicarbonato Na

Silagem de milho - haylage + 1,1 Bicarbonato Na

Silagem de milho - haylage + 1,8 Carbonato de Na

Haylage - 0,1 Bicarbonato Na

Feno - 0,2 Bicarbonato Na

120

Page 122: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Tabela 9.3 - Situações onde a utilização de tamponantes pode ser benéfica.

Situação Descrição

Alimentação com silagem de milho acima de 50 % da matéria seca

Ração com baixa fibra-forragem ração abaixo de 19% de FDA

Forragem finamente moída partícula menor que 1 mm

Forragem fibra longa 50% partícula acima 5 mm

Rações ricas em amido conteúdo grão acima de 55 % da MS

Quantidade de grãos fornecida mais de 3,5 Kg/alimentação

Stress por calor temperaturas acima de 270 C

Baixa gordura no leite Diversas vacas com problemas

9.3. Vitaminas do Complexo B e Colina

Atualmente não existem dados que dêem embasamento para a

adição prática de vitaminas B nas rações para vacas leiteiras.

As vitaminas do complexo B são sintetizadas em quantidades

adequadas pelos microrganismos do rúmen sob muitas condições. A

exceção é a niacina que é suplementada durante os primeiros meses de

lactação, que tem demonstrada melhorar a produção e a sanidade

(discussão posterior).

A colina é uma vitamina do complexo B, que tem recebido atenção

recentemente, como um meio de melhorar a composição e a produção do

leite. Infusões pós-ruminais de colina tem mostrado aumentar a produção

Page 123: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras

de leite, porcentagem de gordura e, em um experimento, % de proteína do

leite.

A suplementação de dietas com formas de colina não-protegidas

contra a degradação de proteína microbiana ruminal não mostrou nenhum

aumento de produção. A razão aparente para isso, é que formas não

protegidas de colina são rápida e extensivamente degradadas no rúmen. O

conteúdo e a degradabilidade de colina em alguns alimentos comuns estão

na tabela 9.4.

A exigência pós-ruminal estimada diariamente de colina é 30 g para

uma vaca de leite típica. Para atender essa exigência, uma vaca teria que

consumir cerca de 43,8 Kg de farinha de peixe/dia. Isto não é viável, nem

prático. A suplementação de dietas com cloreto de colina ou estereato para

atender as exigências pós-ruminais resultou em um reduzido consumo

alimentar e não produziu efeitos benéficos. Assim, a suplementação de

dietas de vacas leiteiras com formas não protegidas do rúmen não é

recomendada.

Tabela 9.4 - Conteúdo e degradabilidade ruminal da colina em alguns

alimentos.

Alimento Conteúdo mg/gramas Degradabilidade %

Feno de alfafa 0,43

Cevada 1,84 80,0

Milho 0,68

Glutem de milho 0,60

Silagem de milho 0,38

Farinha de peixe 4,17 83,0

Farelo de soja 2,95 84,0

Cloreto de colina 357,90 99,0

122

Page 124: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Esterearato de colina 162,80 98,0

9.3.1. Niacina

A niacina, uma vitamina do complexo B, é um termo genérico para o

ácido nicotínico ou nicotinamida, os quais são as formas mais ativas de

niacina. A principal função biológica da niacina é uma coenzima envolvida

na transferência do H durante o metabolismo de carboidratos, lipídeos e

proteína. As bactérias do rúmen, geralmente, produzem niacina suficiente

para atender suas necessidades e as necessidades do metabolismo da

vaca. Entretanto, tem sido demonstrado que vacas nas primeiras lactações

quando o consumo alimentar é baixo e as exigências de nutrientes são altas

respondem a suplementação dietética com niacina.

Em 25 experimentos de pesquisa sumarizados por Hutjens (1990),

17 dos experimentos relataram um aumento na produção de leite (média de

1,2 Kg/dia) com suplementação de niacina. Uma resposta menos

consistente foi encontrada para % de gordura de leite com somente 13 dos

21 experimentos mostrando um aumento com a suplementação de niacina

(resposta média foi de 0.21% de unidades acima do controle). Tem sido

sugerida que o fornecimento de niacina em dietas com alta gordura

poderiam ajudar a aliviar a diminuição na % de proteína do leite,

comumente observada com estas dietas. Um sumário das pesquisas

recentes com dietas ricas em gordura estão na Tabela 9.5. Parece que a

niacina realmente aumentou a % de proteína do leite neste experimento,

mas tendeu a diminuir a % de gordura no leite e a produção de leite. Como

e onde a niacina age na vaca para aumentar a % de proteína do leite resta

ser elucidado.

Page 125: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras

Tabela 9.5 - Resposta na produção a suplementação de niacina em dietas

contendo gordura suplementar.

Local Controle

Leite

Kg/dia

Controle

Gordura

%

Niacina

Leite

Kg/dia

Gordura

unidade

%

Proteína

unidade

%

TX-1986 31,6 3,38 - 1,5 - 0,16 + 0,18

TX-1988 29,9 4,03 + 0,5 - 0,12 - 0,11

WI-1989 42,0 3,15 - 0,7 - 0,03 + 0,02

IL-1990 38,2 3,36 + 1,1 - 0,01 + 0,13

WI-1990 38,5 3,38 - 1,7 + 0,07 + 0,15

MÉDIA - 0,5 - 0,05 + 0,07

Tem sido mostrado que a niacina ajuda a prevenir a cetose. Como a

niacina age não está claro, mas parece ser através da regulação da perda

do peso corporal. Através da diminuição da liberação de gordura da reserva

corporal, a vaca pode utilizar mais efetivamente a gordura corporal, e

assim, prevenir a cetose.

Os resultados geralmente positivos das pesquisas indicam que a

niacina deveria ser suplementada (6 g/dia) para vacas de alta produção

(acima de 9.072 Kg de leite) começando duas semanas antes do parto até

a parição e continuando até 90 dias. Ótimas respostas são encontradas

quando vacas secas tem uma condição corporal maior que 3. Vacas

magras, de baixo peso não responderam ou responderam negativamente a

suplementação com niacina.

124

Page 126: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

9.3.2. Colina

A colina é usada para minimizar a formação de gordura no fígado e

melhorar a neurotransmissão. O principal uso é para vacas secas, duas

semanas antes do parto, para vacas com experiência anterior em cetose e

perda de peso, na quantidade de 30 g por dia, devendo ser protegida da

degradação ruminal.

9.4. Outros Aditivos

9.4.1. Enzimas

Este autor desconhece qualquer informação de pesquisa publicada

de fornecimento de enzimas para gado leiteiro. Tem sido publicada alguma

pesquisa de produtos comerciais contendo enzimas na adição de alguns

outros aditivos alimentares, mas o efeito das enzimas sozinhas não podem

ser separadas de outros aditivos alimentares.

Em uma revisão de algumas pesquisas limitadas de enzimas em

dietas de ruminantes, Kung (1990) concluiu que a adição de enzimas em

dietas de animais com rumens funcionais seriam de pequeno benefício,

uma vez que as enzimas parecem ser extensivamente degradadas pelos

microrganismos do rúmen.

9.4.2. Probióticos

Probiótico é um suplemento alimentar microbiano vivo, que afeta

beneficamente o animal hospedeiro por aumentar seu balanço microbiano

intestinal (Fuller, 1989). Esta definição separa os probióticos, que são

usualmente constituídos de Lactobacillus ou espécies de Streptococcus,

Page 127: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras

das leveduras, fungos e outros microrganismos aeróbicos, os quais não são

viáveis nas condições anaeróbicas dentro dos intestinos.

Existe no trato uma população bacteriana natural de proteção. Esta

população é relativamente estável, mas pode ser alterada por fatores

dietéticos e ambientais. O fator mais comum associado com mudanças na

flora do trato é o stress (transporte, lotação, mudanças climáticas,

mudanças alimentares, parição e problemas de saúde). Entretanto, uma

definição exata de stress e o grau de stress exigido para alterar a microflora

do trato é difícil de ser estabelecida.

São limitadas as Informação sobre a utilização de probióticos na

alimentação e manejo de vacas leiteiras. A maior parte das informações

existentes sobre probióticos são com vacas estressadas ao parto. Tem sido

mostrado que o fornecimento de probióticos após a desmama ou transporte

aumenta o consumo alimentar, o ganho diário e a eficiência alimentar. Em

dois experimentos com vacas em lactação, fornecendo-se um lactobacillo

acidófilo houve um aumentou significativo da produção de leite em 1,8

Kg/vaca/dia durante o período experimental (Jaquette et al., 1988 and Ware

et al., 1988).

O modo de ação dos probióticos é incerto. Eles podem exercer os

seus efeitos benéficos através de antagonismo contra grupos específicos

de organismos patogênicos, uma atividade enzimática aumentada no trato

ou pela estimulação da imunidade. Seja qual for a forma que exercem seus

efeitos, devem ser ingeridos em um número suficiente para passar através

do rúmen e abomaso e se estabelecer nos intestinos.

A maior parte das vezes o fornecimento de probióticos é

imediatamente posterior a parição, durante períodos de inapetência ou

diarréia. Não são disponíveis dados suficientes para se fazer

recomendações nos benefícios alimentares contínuos ou qual(is) espécie(s)

de bactéria(s) seria(m) mais benéfica(s).

126

Page 128: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

9.4.3. Leveduras e Fungos

Leveduras, culturas de levedura e culturas de fungos são

freqüentemente consideradas sinônimos, mas são na verdade, um pouco

diferentes. A espécie mais comum de fungo na alimentação é a

Saccharomyces cerevisiae. Ela pode estar em uma forma não fermentativa

ou em um forma de levedura seca, mas a definição de levedura sozinha

indica que ela está separada do meio no qual ela cresceu. A definição de

cultura de levedura é um produto seco composto de levedura fermentável e

o meio no qual ele cresceu. Os extratos de fungo (meio seco com

organismos) são principalmente de espécies de Aspergillus oryzae ou A.

niger.

Pesquisas recentes sobre os efeitos do fornecimento de produtos

de leveduras e fungos na produção de leite, composição do leite e consumo

de matéria seca são mostrados na tabela 9.6. Os resultados destes

experimentos são semelhantes aqueles revisados por Chase (1989) de

pesquisas anteriores nas quais as respostas de produção para alimentação

com leveduras e culturas de leveduras são inconsistentes.

O modo de ação das culturas de fungos e leveduras e extratos é

desconhecido. A microflora do rúmen ou mudanças de parâmetros

associados com o fornecimento destes produtos não podem ser

diretamente atribuídas a alimentação com microrganismos vivos, assim

como alguns produtos também não contém organismos viáveis e alguns

produtos também contém compostos adicionais que podem alterar os

padrões de fermentação ruminal. Leveduras e fungos produzem enzimas

tais como amilases, proteases, lipases e celulases e também são boas

fontes de vitaminas do complexo B.

Page 129: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras

Mudanças nas fermentações do rúmen ou parâmetros ruminais

atribuídos a alimentação com levedura e fungo são:

1. Aumento da digestão de celulose pela bactéria;

2. Digestão aumentada de fibra, aumento na digestão da fibra;

3. Utilização incrementada do ácido lático pela bactéria ruminal;

4. Produção aumentada de ácido propiônico no rúmen;

5. pH do rúmen mais estável.

Tabela 9.6 - Resumo de diferentes pesquisas que mostram a ação de fungos e leveduras na alimentação de bovinos leiteiros.

CONTROLE ADITIVO

ANO MSI PL % G % P MSI PL % G % P

1987 35,6 38,9

1988 20,9 30,4 3,20 3,17 21,4 30,7 3,33 3,13

1989 19,6 26,3 3,42 3,44 19,0 25,6 3,46 3,50

1990 17,8 26,0 3,9 3,2 17,8 27,2 3,9 3,2

Resta investigar se estes produtos realmente alteram as

fermentações do rúmen, se apresentam um efeito metabólico no animal ou

aumentam o consumo alimentar.

A inconsistência dos resultados de pesquisa nas dietas para vacas

em lactação tornam difícil a definição de situações específicas de uso de

aditivos de leveduras e fungos. Parece que vacas na primeira lactação com

128

Page 130: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

dietas relativamente altas em grãos são as melhores candidatas para o uso

destes produtos.

9.4.4. Sais Aniônicos

Os sais anionicos são utilizados visando aumentar os níveis de

cálcio sangüíneo, pela estimulação da mobilização do cálcio do osso e

maior absorção de cálcio no intestino delgado. O principal uso é para vacas

secas, duas a três semanas antes do parto, na quantidade de 100 g (como

cloreto de amônio ou sulfato de magnésio), ajustando os níveis de cálcio

para 100 a 150 gramas/dia.

9.4.5. Betacaroteno

O betacaroteno é utilizado visando melhorar a performance

reprodutiva, a resposta a imunidade e controlar mastite. O principal uso é

para vacas em início de lactação e período de predisposição a mastite, na

quantidade de 200 a 300 g/dia.

9.4.6. Lasalocid

O lasalocid, um ionóforo, atua na melhoria da produção de ácidos

graxos voláteis, diminuindo a produção de metano, melhorando a eficiência

alimentar e prevenindo problemas de coccidiosis em bezerros. O principal

uso é para bezerros (prevenir coccidios) e novilhas em crescimento

(melhorar o crescimento e o uso de alimentos), na quantidade de 60 a 200

mg/animal/dia.

9.4.7. Análogo da Metionina

Page 131: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras

A metionina análoga é utilizada visando minimizar a formação de

gordura no fígado, controlar a cetose e melhorar a gordura do leite. O

principal uso é para vacas em inicio da lactação, recebendo altos níveis de

concentrado e limitada proteína dietética, na quantidade de 30 g/dia.

9.4.8. Monensina

A monesina, um ionóforo, atua na melhoria da fermentação ruminal,

melhorando a eficiência alimentar e prevenindo problemas de coccidiosis

em bezerros. Sua principal utilização é na prevenção de coccidios em

bezerros e novilhas em crescimento acima de 200 Kg de PV ,melhorando o

crescimento e o uso de alimentos, na quantidade de 50 a 200

mg/animal/dia.

9.4.9. Ácido Propiônico

O ácido propiônico é um inibidor da formação de mofos e

preservativo para silagens de alta umidade, feno úmido e silagem pré-

secada. O principal uso é aplicar nas forragens ou grãos antes do

armazenamento ou da ensilagem, na quantidade de 0,15 a 0,60 %,

dependendo da umidade.

9.4.10. Inoculantes Bacterianos de Silagens

Os inoculantes (bactérias) são utilizados para estimular a

fermentação da silagem, reduzindo as perdas de matéria seca, diminuindo a

temperatura da silagem e aumentando a produção de ácidos graxos

voláteis. O principal uso é aplicar nas silagens (acima de 60% de umidade),

forragens de primeiro ou ultimo corte (devido ao natural nível baixo

130

Page 132: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

bacteriano) e ambiente de pior fermentação, na quantidade de 100.000

organismos/grama de silagem ou 90 bilhões por tonelada.

9.4.11. Inoculantes Enzimáticos de Silagens

Os inoculantes enzimáticos de silagens, são utilizados com a

função de digerir a parede celular das plantas para serem utilizadas pelas

bactérias lácticas, abaixando o pH e melhorando a taxa e extensão da

digestibilidade da forragem. O principal uso é aplicar nas silagens. A

quantidade adequada ainda não está clara.

Page 133: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

ALIMENTOS CONCENTRADOS PARA BOVINOS LEITEIROS

10.1. Introdução

Muito dos alimentos concentrados utilizados na alimentação de

bovinos leiteiros representam sub-produtos resultantes do processamento

de alimentos para humanos. As rações de vacas leiteiras são formuladas

com sub-produtos e alimentos volumosos que não podem ser usados para

consumo humano. Existe uma variedade enorme de materiais que podem

ser usados.

Procuraremos discutir os alimentos que podem ser utilizados, seu

valor nutricional e restrições.

10.2. Farelos de Sementes de Oleaginosas

Farelos de algodão, amendoim, soja, girassol e canola são

suplementos ricos em proteína e excelentes fontes de energia (podem ser

usados como energia quando consumidos em excesso das exigências

nutricionais). Para vacas em lactação, os farelos de algodão, amendoim e

de girassol podem ser usados em substituição ao farelo de soja. O farelo de

girassol, que normalmente é alto em fibra precisa ser restrito a 20 a 25% da

mistura de grãos, devido a sua palatabilidade. O farelo de canola é similar

ao de girassol (alto em fibra) com baixos teores de energia: o valor

131

10

Page 134: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

energético relativo ao farelo de soja é baixo. Geralmente, o farelo de soja e

o farelo de algodão são as fontes mais preferidas de proteína natural.

10.2.1. Farelo de Soja

O farelo de soja é o subproduto obtido após a extração do óleo do

grão de soja. Dependendo do processo de extração (expeller ou solvente),

o farelo pode ter de 44 a 48% de proteína. A proteína do farelo da forma de

expeller é menos degradável no rúmen que a obtida de solvente. O farelo

de soja tem altos níveis de proteína e energia e é de alta palatabilidade.

10.2.2. Farelo de Algodão

O farelo de algodão é o sub-produto obtido após a extração do óleo

do caroço de algodão, tendo variado nível de óleo em decorrência do tipo

de processamento. O farelo de algodão tem de 30 a 38% de proteína e,

aproximadamente, 90% da energia contida no farelo de soja e é de boa

palatabilidade. O farelo de algodão pode substituir totalmente o farelo de

soja em rações de vacas, apesar de apresentar o gossipol em níveis que

não afetam a vaca, a não ser quando utilizado em combinação com o

caroço de algodão inteiro. Neste caso, o gossipol “passa” pelo mecanismo

ruminal de desintoxicação (escapa da quebra no rúmen), entra na corrente

sangüínea, se ligando ao Fe da hemoglobina, criando a toxidade por

gossipol e possivelmente levando a morte súbita do animal. Portanto, para

vacas leiteiras em alta produção, o farelo de algodão tem que ser limitado a

35 a 40% da mistura concentrada ou quando houver adição de caroço de

algodão; o total (caroço mais farelo) deve ser limitado a 4,5 Kg/animal/dia.

10.3. Sementes de Soja e Algodão

Page 135: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros

10.3.1. Semente de Soja

A semente de soja (soja grão) é um alimento rico em proteína,

energia e gordura, que deve ser utilizado em níveis máximos de 2,5 a 3,5

Kg/vaca/dia ou incluída na mistura concentrada (até níveis máximos de

20%). É recomendável que o grão seja moído ou triturado, antes da

utilização na alimentação, não devendo ser armazenado desta forma por

mais de uma semana pois pode rancificar. Quando o grão é tostado, torna-

se uma excelente fonte de proteína não degradada no rúmen, além de

destruir a urease.

10.3.2. Caroço de Algodão

O caroço de algodão é um alimento que apresenta moderado nível

de proteína, alta gordura, fibra e energia. O caroço pode ser encontrado

com linter ou deslintado (sem linter), que apresenta um pouco mais de

proteína e gordura. A utilização de caroço de algodão deslintado no qual se

utilizou ácido, não é recomendado. O caroço de algodão pode substituir

parte da fibra do volumoso para vacas leiteiras e pode ser utilizado até

níveis de 3,5 Kg/cabeça/dia. A utilização do caroço de algodão inteiro

apresenta melhores resultados que o caroço na forma moída ou triturada. O

caroço devido a sazonalidade, precisa ser armazenado, recomendando-se

que seja em lugar limpo, seco, com umidade de no máximo 13%, pois

níveis acima podem desenvolver Aspergillus flavus, que é um fungo

produtor de aflatoxina, extremamente tóxica para bovinos.

10.4. Sub-Produtos Ricos em Fibra

10.4.1. Polpa de Citrus

Page 136: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A polpa de citrus, seca e peletizada é um sub-produto da indústria

de processamento da laranja, constituída de casca, polpa de frutos inteiros

descartados, sendo freqüentemente utilizada na dieta de vacas em lactação

em outros países. A polpa contém aproximadamente 6 % de proteína, 11%

de fibra bruta e 70 a 75% de NDT. Geralmente é restrita a 10-15 % da

mistura concentrada mas pode ser utilizada até 25% sem problemas. A

vaca gosta da polpa e consome rapidamente, mas precisa de um período

para adaptação a polpa.

A polpa é uma boa fonte de fibra digestível e energia, devendo-se

cuidar com o cálcio, pois chega a ter 2% de cálcio.

10.5. Sub-Produtos Moídos

10.5.1. Farelo de Trigo

O farelo de trigo consiste primariamente da casca da semente,

resíduos de grãos, sendo utilizado para promover volume, tendo um efeito

laxativo. O uso tem que ser restrito ao máximo de 20% da mistura

concentrada.

10.5.2. Farelo de Arroz

O farelo de arroz é composto da casca da semente e gérmen, que

são removidos durante o processamento de polimento do arroz para

consumo humano. Pode ser usado como o farelo de trigo, restrito ao

máximo de 15% da mistura concentrada.

10.5.3. Glúten de Milho

Page 137: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros

O glúten de milho consiste principalmente do glúten, separado no

processo úmido de produção do amido. É um alimento pesado e

concentrado, podendo ou não conter compostos solúveis do milho. É uma

excelente fonte de proteína (e proteína não degradada no rúmen) e energia

(ligeiramente superior ao grão) para vacas leiteiras quando adequadamente

balanceado com outros alimentos( até 15% da mistura ou no máximo 2,5

Kg/dia/cabeça). Não é muito palatável.

10.5.4. Farelo de Glúten de Milho

O farelo de glutem de milho consiste do glúten e da casca do milho,

podendo ou não conter outros compostos solúveis. É uma boa fonte de

proteína (aproximadamente 22%, de alta degradabilidade no rúmen) e

energia comparável ao sorgo, e quando o custo não é proibitivo, pode ser

utilizado até 50% da mistura de concentrado. Apresenta média

palatabilidade média. Sendo que na forma úmida, é mais palatável que na

forma seca.

10.6. Sub-Produtos de Origem Animal

10.6.1. Farinha de Pena de Aves Hidrolizada

É um produto que não é extensamente usado na ração de vacas

leiteiras devido ao odor e palatabilidade. Contém mais de 85% de proteína,

sendo 70% não degradada no rúmen, mas apresenta uma digestibilidade

intestinal média e um péssimo balanço de aminoácidos. É uma boa fonte de

enxofre, sendo restrita sua utilização a no máximo 10% da mistura

concentrada.

10.6.2. Farinha de Sangue

Page 138: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Produto constituído de sangue coagulado, seco e moído, na forma

de farinha. É rica em proteína bruta (80 %), com alto nível de proteína não

degradada no rúmen (acima de 80%), sendo uma fonte de aminoácidos de

excelente qualidade. Entretanto, o método de processamento pode afetar a

qualidade do produto. A farinha de sangue pode causar problemas de

qualidade e os animais precisam ser adaptados ao seu consumo

gradualmente. A farinha de sangue precisa ser limitada a no máximo 0,5 a

1,0 Kg/cabeça/dia.

10.6.3. Farinha de Carne e Osso

A farinha de carne e osso é o produto restituído do tecido animal,

incluindo ossos, que contém em torno de 54% de proteína, sendo 50%,

aproximadamente, não degradada no rúmen. Devido ao conteúdo de ossos,

o nível de cálcio e fósforo é alto. Desde que o conteúdo químico da farinha

de carne e osso pode variar sensivelmente, precaução deve ser tomada na

aquisição e formulação de dietas. A farinha de carne e osso não é palatável,

deve ser introduzida gradativamente além de ser limitada a 0,5 a 1,0

Kg/vaca/dia.

10.6.4. Farinha de Peixe

A farinha de peixe, sub-produto da industrialização de pescados,

contém mais de 60% de proteína, da qual 65% é não degradada no rúmen.

A farinha de peixe tem um excelente balanço de aminoácidos, sendo rica

em metionina e lisina. Entretanto, considerável variação na degradabilidade

ruminal ocorre devido a diferentes métodos de processamento. A farinha de

peixe é rica em cálcio e fósforo. Por causa do odor e gosto, a aceitabilidade

da farinha de peixe pode ser um problema, sendo que as vacas precisam

Page 139: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros

serem adaptadas lentamente. A farinha de peixe deve ser utilizada no nível

máximo de 1,0 Kg/cabeça/dia, para vacas em alta produção.

10.6.5. Sebo

O sebo é 100% gordura e não supri outro nutriente para a ração a

não ser energia, apresentando uma alta densidade energética (177% de

NDT). Quando a gordura da dieta vem de fontes naturais que não são

protegidas (óleos, sebo) o total de gordura não pode exceder a 6% da ração

total.

10.6.6. Gorduras Inertes Ruminalmente

São gorduras insolúveis ou não degradadas no rúmen, que tem

pequeno efeito sobre os microrganismos ruminais, podendo exceder a 6%

do total da dieta, se necessário, para atender as exigências de produção.

Os métodos de produção destas gorduras ruminalmente inertes incluem a

hidrogenação de ácidos graxos insaturados, encapsulação da gordura em

uma matriz para proteger do rúmen e ligação química de óleos vegetais

(óleo de palma) com cálcio para formar um complexo insolúvel

ruminalmente. Estas gorduras tem alta densidade energética e são

limitadas a 500 gramas por dia. Devido a seu alto custo, elas são

freqüentemente usadas quando a suplementação dietética de gordura

alcançou nível de energia máximo e energia adicional é necessária. Em

geral, usa-se 1/3 da gordura dietética de fontes naturais, 1/3 de fontes de

gordura disponíveis para o rúmen (óleos, sebo) e 1/3 de fontes de gordura

inertes.

Page 140: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

10.6.7. Soro de Leite

O soro de leite, é a porção líquida separada do leite coalhado

durante a fabricação do queijo. São obtidos basicamente dois tipos de soro

dependendo do tipo de queijo produzido: o soro doce, com pH = 6,0 e o

soro ácido, com pH = 4,6,. O pH de ambos os soros pode cair para 3,5

após 2 dias, o que o torna pouco palatável, tendo, portanto, de ser utilizado

diariamente. O soro é altamente corrosivo, dificultando o armazenamento.

As vacas precisam adaptar-se ao soro lentamente, mas uma vez

adaptadas, as vacas consomem aproximadamente 2/3 da sua ingestão

normal de água como soro. Em base de matéria seca, o soro eqüivale ao

milho em NDT, contendo 1/3 a mais de proteína. A ingestão de soro

aumenta a quantidade de urina excretada.

Tabela 10.1 - Composição de alguns alimentos comumente usados na alimentação de bovinos leiteiros.

ALIMENTO MS%

PB%

PDR%

EE %

FDN%

FDA%

FB % Ell Mcal

NDT %

Ca % P%

Quant. na

raçãoFarinha de

sangue92 80 18 1,3 0 0 1 1,04 61 0,28 0,23 1,5 Kg

Polpa de citrus

91 6 80 3,3 11,5 71 1,7 0,10 20 %

Far. Glúten milho

90 23 75 2,2 45 12 8,7 1,92 75 0,32 0,73

Glúten de milho

91 67 45 2,4 14 5 4,3 2,07 78 0,19 0,45

Caroço de algodão

92 21 55 18 44 34 22 2,22 87 0,19 0,41 25 %

Farelo de algodão

91 41 56 1 28 21 13 1,63 69 0,20 1,10 40 %

Farinha de penas

93 85 29 3 0 18 1 1,54 65 0,26 0,66 0,5 Kg

Farinha de peixe

92 61 35 9,6 0 0 0,9 1,67 67 5,2 2,9 1 Kg

Far. Carne e osso

93 50 51 9,6 0 0 2,2 1,67 66 10,3 5,1 1,5 Kg

Farelo de arroz

91 13 13,5 12 64 0,07 1,54 15 %

Page 141: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros

Grão de soja 90 38 74 18 13 10 5 2,11 84 0,25 0,59 25 %Farelo de

soja89 45 65 1 14 10 6 1,94 75 0,26 0,60

Farelo de girassol

93 46 74 3 39 21 11 1,48 60 0,40 0,91 30 %

Sebo 99 0 0 98,5 0 0 0 - 175 0 0Soro de leite 14 90 0,7 0 0 0 1,87 0 0

Page 142: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

ALIMENTOS VOLUMOSOS PARA BOVINOS LEITEIROS

11.1. Introdução

Os alimentos são classificados como forragens (volumosos) e

concentrados, mas está divisão não é sempre claramente definida.

As forragens são caracterizadas inicialmente como fibrosas (mais

de 18 % de FB) ou volumosa e geralmente representam a porção

vegetativa da planta. O conteúdo de energia digestível das forragens

geralmente é menor em unidade de peso ou volume que os concentrados,

sendo que a maior parte desta energia deriva da celulose ou hemicelulose.

11.2. Leguminosas e Gramíneas

As leguminosas e gramíneas são as principais fontes de forragem

para bovinos leiteiros. Estas forragens são excelentes fontes de proteína,

caroteno, cálcio e outros minerais se cortadas ou armazenadas

adequadamente.

Forragens de alta qualidade podem representar 2/3 da ração com

os animais consumindo de 2,5 a 3,0 % do seu peso, em base de matéria

seca, como forragem, além de suprir muita das necessidades de proteína e

energia para produção de leite. Fatores importantes na determinação da

qualidade é a idade ao corte e o estágio de maturação da planta: com

maturidade avançada, as plantas decrescem em proteína, energia, cálcio,

139

11

Page 143: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

fósforo e matéria seca digestível enquanto aumenta a fibra (FDN, FDA e

lignina). A lignina é indigerível e normalmente afeta a digestibilidade de

outros nutrientes.

As leguminosas e as gramíneas podem ser utilizadas com silagem,

silagem pré-secada ou como feno. A silagem e a silagem pré-secada

oferecem a vantagem de menores perdas de folhas , menor tempo para

curtir ao sol e usualmente redução do trabalho no manuseio.

11.2.1. Silagem de Milho

Uma boa silagem de milho normalmente contém cerca de 50 % de

grãos com base na MS. É uma excelente fonte de energia e se produzida

adequadamente, as vacas consomem em grandes quantidades, mesmo

tendo-se em consideração que os animais necessitam de suplementação

de proteína e minerais.

11.2.2. Silagem de Sorgo

O sorgo pode ser usado como silagem em determinadas áreas que

não apresente problemas de doenças, pragas e manejo. A silagem de sorgo

é igual em produção a de milho, mas os grãos de sorgo usualmente não

produzem tão bem quanto o milho. O potencial de ingestão e de energia é

mais baixo que o do milho.

11.3. Palhadas

As palhadas de milho, trigo, aveia, feijão, etc. normalmente são

baixas em energia, proteína, minerais e vitaminas. Elas devem ser limitadas

na ração para vacas em lactação e usadas somente quando fibra adicional

Page 144: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

é necessária. Se adequadamente suplementadas, algumas palhadas

podem ser utilizadas para vacas secas e novilhas mais velhas.

11.4. Sabugo

O sabugo de milho, adequadamente suplementado pode ser

utilizado em rações de vacas secas e novilhas. Normalmente é baixo em

proteína e energia e não é recomendado para alimentação de vacas em

lactação.

11.5. Pastagens

Se bem manejadas, as pastagens são uma boa fonte de nutrientes.

Elas tem uma vantagem adicional de eliminar a necessidade de manejo

manual do material. Adequada fertilização e manejo são necessários para

manter uma boa pastagem. A movimentação dos animais e a manutenção

de cercas são as maiores desvantagens. Freqüente rotação de pequenos

lotes reduz perdas, mas requer maior mão de obra.

Como a quantidade e qualidade das pastagens muda durante o

inverno, os animais necessitam ser suplementados com forragens

armazenadas ou outros alimentos.

11.6. Forragem Picada

A utilização de forragem verde, picada no cocho tem a vantagem de

reduzir as perdas no campo. Entretanto, picar forragem todo dia pode ser

um grande problema durante épocas de chuva ou durante picos de

trabalho.

Page 145: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

11.7. Estimativa da Digestibilidade e Conteúdo de Energia

O teor de FDA das forragens é altamente correlacionado a

digestibilidade: aumentando o FDA a digestibilidade da MS e o NDT ou o

conteúdo de energia da forragem decresce.

Estimativas da digestibilidade e conteúdo de energia das forragens

do FDA pode ser estimado pela seguinte equação (base de MS):

· Leguminosas e gramíneas:

NDT, % = 88,9 - (% FDA x 0,779)

Ell , Mcal/Kg = {0,486 - (% FDA x 0,0138)}/ 0,454

· Silagem de milho:

NDT, % = 87,84 - ( % FDA x 0,7 );

Ell , Mcal/Kg = { 94 - (% FDA x 0,8)} / 0,454.

O teor de FDN é um indicador da ingestão de matéria seca:

· MSI, % do PV = 120 / % FDN na forragem

Page 146: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS EM ALEITAMENTO

12.1. Introdução

O programa de alimentação de bezerros recém-nascidos até a

desmama é fundamental para assegurar o bom desempenho dos

animais após a desmama, além de ser nesta fase onde ocorre maiores

problemas de mortalidade de animais.

Nesta fase, a alimentação terá que prover nutrientes necessários

para manutenção das funções vitais do corpo e para o crescimento e

reduzir a incidência e severidade das diarréias.

12.2. Sistema Digestivo dos Bezerros

Ao nascer e durante as primeiras semanas de vida, o rúmen,

retículo e omaso dos bezerros são subdesenvolvidos. Ao contrário de

uma vaca adulta, o abomaso é o maior compartimento do estômago. No

primeiro estágio de vida o rúmen não é funcional e alguns alimentos

digeridos pelos animais adultos não podem ser utilizados pelos bezerros.

Durante o aleitamento o leite “sobre passa” o rúmen via goteira

esofágica, diretamente para o abomaso.

Durante o tempo em que o bezerro ingere leite o rúmen continua

subdesenvolvido; quando os bezerros começam a consumir grãos e

forragens, uma população microbiana começa a estabelecer no rúmen e

143

12

Page 147: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento

retículo. Os produtos finais da fermentação microbiana são responsáveis

pelo desenvolvimento do rúmen, ocorrendo a partir da 3a semana de

idade, dependendo do programa de alimentação. Se a alimentação com

concentrado inicia-se durante a primeira semana, com ou sem forragem,

o rúmen começará a crescer (desenvolvimento de papilas) e começará a

funcionar como um animal adulto em 3 meses de idade.

12.3. Alimentação com Colostro

12.3.1. Importância do Colostro

Os bezerros nascem sem resistência a doenças e portanto

necessitam adquirir a resistência a partir da ingestão do colostro. A

alimentação com colostro (o primeiro leite secretado após o parto)’é

crítica nas primeiras 24 horas de vida. Pesquisas tem sugerido que 60

mg de imunoglobulinas precisam ser absorvidas para prover adequada

proteção a doenças. A absorção de anticorpos rapidamente declina após

o nascimento, com 2/3 dos anticorpos ocorrendo na alimentação animal.

O colostro também tem um importante papel no controle da atividade

microbiana danosa a nível de intestino.

O bezerro deve receber em torno de 3,5 litros de colostro de alta

qualidade imediatamente após o parto, mas pode necessitar de um tubo

esofagiano para conseguir este alto nível de ingestão.

A qualidade do colostro é baixa nas vacas de primeira e segunda

lactações, vacas mal manejadas no pré-parto e sob condições

ambientais de stress.

12.3.2 - Composição e Absorção do Colostro

146

Page 148: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A tabela 12.1 mostra a composição do colostro e as rápidas

transformações que ocorrem até a secreção do leite normal no terceiro

dia.

Tabela 12.1 Composição aproximada do colostro e do leite

de vacas holandesas

1 0 DIA 2 0 DIA 3 0 DIA

COMPONENTES 1a

ordenha2a

ordenha1a

ordenha2a

ordenha1a

ordenha2a *

ordenha

Sólidos Totais, % 23,9 17,9 14,1 13,9 13,6 12,5

Gordura, % 6,7 5,4 3,9 3,7 3,5 3,5

Proteína, % 14,0 8,4 5,1 4,2 4,1 3,2

Imunoglobulinas, %

6,0 4,2 2,4 0,2 0,1 0,09

Lactose, % 2,7 3,9 4,4 4,6 4,7 4,9

Minerais, % 1,11 0,95 0,87 0,82 0,81 0,74

* Leite normal

A composição do colostro é aproximadamente a do leite, após as

seis primeiras, ordenhas com a maioria das mudanças ocorrendo nas

primeiras duas ordenhas (primeiras 24 horas).

Os bezerros que não recebem o colostro nas primeiras 12 horas

após o nascimento não absorvem imunoglobulinas suficientes para prover a

imunidade. A ocorrência da não absorção inicia após as 12 horas e

aumenta a cada hora que passa. Após 24 horas, acima de 50% dos

bezerros não absorvem imunoglobulinas. A absorção cessa completamente

em todos os bezerros em 36 horas.

Page 149: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento

As células absortivas da mucosa do intestino delgado dos bezerros

ao nascer são imaturas. Nesta fase, eles podem absorver grandes

moléculas de proteínas do colostro e transportar para a circulação geral.

Com o amadurecimento das células absortivas, os bezerros perdem a

habilidade de absorver proteínas na forma intacta, ocorrendo o

“fechamento” da mucosa.

A concentração de imunoglobulinas no sangue dos bezerros é

diretamente relacionados a resistência à doenças. Com três semanas de

idade, mais ou menos, quando os bezerros estão aptos a produzirem suas

próprias imunoglobulinas, o conteúdo destas no sangue diminui até uma

taxa constante. Se os bezerros absorvem somente uma pequena

quantidade de imunoglobulinas antes do fechamento, as chances de

sobrevivência são grandemente diminuídas, sendo importante, portanto, o

consumo da quantidade adequada de colostro.

12.3.3. Forma de Administração do Colostro

Devido a importância da ingestão da quantidade adequada de

colostro (3,5 litros) o mais rápido possível após o nascimento, sendo

importante certificar-se se o bezerro irá mamar ou ingerir o colostro. A

utilização de mamadeiras ou balde para os bezerros é mais desejável que

deixar o bezerro mamar, pois desta forma se conhece a quantidade

consumida. Algumas pesquisas tem mostrado que 40 a 50% dos bezerros

ou não mamam ou não consomem a quantidade de imunoglobulinas

necessárias para a proteção de doenças.

12.3.4. Armazenamento do Colostro

Por diversas razões (leite sangrento, mastite, febre do leite, etc.)

existem bezerros que não podem ingerir um colostro de qualidade de suas

148

Page 150: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

mães. Muitas vacas produzem mais colostro que seus bezerros necessitam.

Somente o primeiro colostro ordenhado de vacas mais velhas pode ser

armazenado. Geralmente o colostro destes animais tem um nível mais alto

de imunoglobulinas que aqueles de vacas de primeira e segunda lactação.

O colostro deve ser colocado em um saco plástico, na quantidade

recomendada para uma alimentação e congelado em freezer. O

descongelamento preferencialmente deve ser feito em água quente (50o C)

ou em forno de microondas, tomando-se o cuidado de não elevar

demasiadamente a temperatura para não coagular as imunoglobulinas do

colostro.

12.3.5. Substitutos Comerciais

Em alguns países, substitutos de colostro são comercialmente

disponíveis, apesar de pesquisas terem demostrado que estes produtos

contém baixa concentração de imunoglobulinas comparado as encontradas

em colostro de alta qualidade.

12.4. Dietas Líquidas Alternativas para Bezerras

Diversas dietas líquidas podem ser usadas com relativo sucesso

para bezerras, como os sucedâneos comerciais, o excesso de colostro, o

soro de leite enriquecido ou o leite mastítico. Os sucedâneos do leite

integral precisam conter de 20 a 22% de proteína bruta e de 10 a 20% de

gordura, na matéria seca.

Quando se escolher entre leite integral ou sucedâneo, a decisão

precisa ser baseada na conveniência, qualidade e custos. O sucesso do

aleitamento artificial está na qualidade do sucedâneo utilizado. Os

sucedâneos variam consideravelmente na qualidade: sucedâneos de alta

qualidade tem um conteúdo de nutrientes bem superior aos de baixa

Page 151: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento

qualidade, o que resultará em menor ocorrência de diarréia, maior vigor e

maior habilidade para resistência à doenças e ganho de peso. A qualidade

de um sucedâneo deve levar em conta a proteína, gordura, carboidratos ,

minerais, vitaminas e antibióticos.

12.4.1 - Proteína nos Sucedâneos para Bezerros

Como discutido anteriormente, os sucedâneos precisam conter pelo

menos 20 % de proteína, principalmente proteína derivada do leite ou de

sub-produtos do leite. Alguns sucedâneos contém proteína da soja ou de

outras plantas, que não são utilizados efetivamente pelos bezerros, devido

a um imbalanço no conteúdo de aminoácidos e os bezerros não coterem

enzimas para digerir os carboidratos associados a estas proteínas. A

qualidade da proteína pode ter um efeito significativo no crescimento do

bezerro.

Tabela 12.2 - Qualidade de proteínas em sucedâneos para bezerros.

Proteína de ótima qualidade

Proteína aceitável Proteína de baixa qualidade

Leite desidratado Soja especialmente processada

Solúveis de carne

Soro de leite integral Concentrado de soja Soja crua sem processamento

Soro de leite delactosado

Soja isolada Destilados

Caseína Proteína de peixe hidrolizada

Levedura

Albumina do leite Trigo

150

Page 152: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Proteína concentrada do soro

12.4.2. Gordura nos Sucedâneos para Bezerros

O conteúdo de gordura em um bom sucedâneo precisa ser de pelo

menos 10% . Altos níveis de gordura (20%) tendem a diminuir a severidade

das diarréias e fornecem energia adicional para o crescimento e

manutenção da temperatura corporal nos meses mais frios. Nos meses

quentes, níveis de 10% são suficientes.

A melhor fonte de gordura é a de origem animal (sebo) e, os óleos

vegetais insaturados são aceitáveis. A utilização de 1 a 2% de lecitina é

aconselhável como um auxílio para a digestão e absorção de gorduras.

12.4.3. Carboidratos nos Sucedâneos para Bezerros

A melhor fonte de carboidratos nos sucedâneos é a lactose (açúcar

do leite), não devendo conter grandes quantidades de amido e sacarose,

pois os bezerros não contém quantidade suficiente de enzimas para digerir

o amido e a sacarose, levando a uma maior incidência de diarréia e menor

ganho de peso. A ingestão excessiva de amido é uma das maiores causas

de diarréias nutricionais em bezerros com menos de 21 dias de idade.

Bezerros recém nascidos não utilizam fibra. Nível de fibra nos

sucedâneos comerciais acima de 0,25 % indica a presença de uma fonte de

carboidrato ou de proteína de origem vegetal.

12.4.4. Minerais, Vitaminas e Antibióticos nos Sucedâneos para Bezerros

Page 153: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento

Desde que muitos sucedâneos são adequadamente fortificados,

com suplementação adicional de minerais e vitaminas não são usualmente

necessários quando utiliza-se sucedâneos.

Muitos sucedâneos contém antibióticos ou combinações de

antibióticos de largo espectro para serem efetivos em muitos organismos

patogênicos. Para bezerros, mais importante é o manejo. A efetividade dos

antibióticos não se compara a um bom manejo.

12.5. Rações para Bezerros em Aleitamento

Uma ração de alta qualidade precisa ser oferecida aos animais a

partir de 3 a 7 dias de idade. Pequenas quantidades oferecidas e recusadas

devem ser removidas do cocho para manter a ração fresca. A ração precisa

ser palatável e de textura mais grosseira ( peletizada, etc.). Pesquisas com

altos níveis de proteína não degradada e gordura são variáveis. A adição de

uma fração fibrosa a uma dieta inicial de bezerros pode auxiliar no

atendimento as exigências iniciais de feno (antes de um mês de idade). A

forragem precisa ser ministrada antes do desaleitamento.

A ração de preferencia peletizada juntamente com água, precisa

estar disponível continuamente. A quantidade limite de ração é de

aproximadamente 2 Kg/dia, sendo este consumo conseguido

aproximadamente após a desmama, com 6 a 8 semanas de idade.

152

Page 154: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Tabela 12.3 - Níveis de nutrientes recomendados na dieta de bezerras em diferentes idades.

NutrientesSucedâneo

do leiteRação inicial até 3

meses

Ração de 3 a 6 meses

Ração de 6 a 12 meses

Ração acima de 12 meses

Energia Elm , Mcal/Kg 2,40 1,89 1,70 1,58 1,39 Elg, Mcal/Kg 1,54 1,19 1,08 0,97 0,81 EM, Mcal/Kg 3,77 3,10 2,60 2,47 2,27 ED, Mcal/Kg 4,18 3,02 3,02 2,88 2,69 NDT, % da MS 95 95 95 95 95Proteína Bruta, % 22 22 22 22 22Fibra, mínimo FB, % 13 15 15 FDA, % 16 19 19 FDN, % 23 25 25 FDN, % na MS da fibra 17 19 19Extrato Etéreo, mínimo, % 10 3 3 3 3Minerais Cálcio, % 0,70 0,60 0,52 0,41 0,29 Fósforo, % 0,60 0,40 0,31 0,30 0,23 Magnésio, % 0,07 0,10 0,16 0,16 0,16 Potássio, % 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 Sódio, % 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 Cloro, % 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 Enxofre, % 0,29 0,20 0,16 0,16 0,16 Ferro, ppm 100 50 50 50 50 Cobalto, ppm 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 Cobre, ppm 10 10 10 10 10 Manganês, ppm 40 40 40 40 40 Zinco, ppm 40 40 40 40 40 Iodo, ppm 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 Selênio, ppm 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30Vitaminas (UI/Kg)

Page 155: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento

Vitamina A 1700 1000 1000 1000 1000 Vitamina D 270 140 140 140 140 Vitamina E 18 11 11 11 11

154

Page 156: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERRAS E NOVILHAS

13.1. Introdução

A adequada alimentação de novilhas leiteiras da desmama aos

vinte e quatro meses de idade é freqüentemente um desafio nas fazendas

leiteiras.

As novilhas precisam ser alimentadas para que possam ser

inseminadas ou cobertas na idade de 13 a 15 meses e estarem em

condições para parirem aos 24 meses de idade sem qualquer problema.

Enquanto a alimentação e cuidados com as novilhas não são as

atividades mais criticas do dia a dia da fazenda, a falta de cuidado crônica

com as é um problema de muitas fazendas. A nutrição inadequada das

novilhas leva a um baixo crescimento e a um peso inadequado na idade

desejada para a cobertura. Como resultado, as novilhas parem acima dos

24 meses de idade e produzem consideravelmente menos leite durante sua

vida produtiva do que novilhas bem alimentadas e desenvolvidas.

13.2. Sistema Digestivo

O sistema digestivo e as exigências nutricionais das novilhas vão

gradualmente alterando. Após a desmama, que pode ocorrer entre a 4a e 8a

semana de idade, o rumem é ainda pequeno e subdesenvolvido. As

paredes do rúmen são bastante finas para absorver grandes quantidades

153

13

Page 157: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas

de ácidos graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico) produzidos

pela fermentação ruminal. Em adição, o rúmen não pode ainda esperar e

digerir bastante forragem para manter o crescimento satisfatório. Por isso,

bezerras recentemente desmamadas até um ano de idade precisam

receber uma alta proporção da matéria seca ingerida como concentrado:

acima de 2,5 a 3,0 Kg por cabeça. Bezerras acima de 1 ano de idade, que

tem um bom desenvolvimento do rúmen e boa fermentação ruminal, podem

ser alimentadas com forragens de média qualidade e mínima

suplementação com concentrados, tendo um crescimento e

desenvolvimento adequado.

13.3. Alimentação da Desmama aos Seis Meses de Idade

A qualidade da forragem pode ser cuidadosamente monitorada para

bezerras de 2 a 6 meses de idade. O feno de boa qualidade deve ser a

forragem preferida. Forragens de baixa qualidade reduzem a ingestão e

retardam o desenvolvimento. Feno de leguminosa ou misto, leguminosa-

gramínea, principalmente de segundo a terceiro corte, é considerado de alta

qualidade. Alimentos fermentados, como a silagem de milho e silagens pré-

secadas, podem ser administrados para bezerras dos quatro aos seis

meses de idade.

As pastagens devem ser evitadas para bezerras nesta fase devido

ao seu baixo teor de matéria seca e devido aos problemas de manejo das

pastagens. Bezerras novas, até 6 meses de idade, são manejadas melhor

quando estabuladas, recebendo mais os nutrientes provenientes dos

concentrados tendendo a sofrer menos que novilhas mais velhas de calor,

competição e parasitas internos e externos.

Quando chega o dia da desmama, a porção líquida de alimento das

bezerras precisa ser cortada e suplementada com uma boa mistura de

156

Page 158: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

grão, à vontade. Nesta fase, as bezerras podem estar consumindo

aproximadamente 700 gramas por cabeça/dia, consumindo muito menos

forragem que concentrados, em base da matéria seca. A forragem pode ser

a maior porção da dieta de animais dos 4 aos 6 meses de idade, mas

precisa ser de alta qualidade e palatável.

Para bezerras acima dos 6 meses de idade, é recomendada a

utilização de concentrados, à vontade, até o máximo de 2,5 a 3,0

Kg/cabeça/ dia. A qualidade da forragem irá determinar quanto de proteína

e outros nutrientes são necessários na mistura concentrada, que pode ser

simples (milho, farelo de soja, vitaminas e minerais) ou complexa.

Água fresca, abundante e limpa, precisa estar disponível todo o

tempo. Água velha e suja reduz a ingestão de água e conseqüentemente o

consumo de alimento, tornando os animais mais suscetíveis a diarréias. A

ingestão de água depende de muitos fatores como a idade, tamanho

corporal, temperatura ambiental e consumo de forragens.

Tabela 13.1 - Ingestão de água por bezerras e novilhas.

IDADE, meses INGESTÃO, litros/dia

1 5 a 8

2 6 a 9

3 8 a 11

4 12 a 14

14 15 a 18

15 a 17 23 a 28

18 a 24 29 a 38

Page 159: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas

13.4. Alimentação dos Seis Meses até um Mês Antes do Parto

Aos seis meses de idade, as bezerras apresentam o rúmen

funcional, com grande capacidade, de tal forma que estão aptas a consumir

grandes quantidades de forragens.

Indiferente do tipo da forragem, as bezerras necessitam de uma

suplementação com concentrados, sendo que a quantidade depende

parcialmente da idade e da qualidade da forragem.

Com exceção da silagem de milho, muitas forragens podem ser

oferecidas as bezerras, à vontade, sem medo de uma superalimentação.

Como a silagem de milho tende a esquentar e fermentar no cocho, há

necessidade de fornecer adequadamente. A silagem de milho pode ser

tratada com amônia anidra para reduzir o crescimento de mofo e aumentar

o tempo de permanência no cocho, mas esta é melhor utilizada por

bezerras com idade acima dos 12 meses.

Leguminosas e misturas leguminosa/gramínea são excelentes

forragens para bezerras. O valor dos fenos e silagens pré-secadas,

entretanto, varia com o estágio de maturidade na colheita. Em forragens

maduras, o teor de proteína e energia decresce aumentando a

concentração de FDN e FDA. Assim, quanto mais madura a forragem, pior

é seu valor nutricional.

Silagem de milho é rica em energia e é uma excelente forragem

para novilhas mais velhas se devidamente suplementada com proteína, e

utilizada em quantidades limitadas para os animais não engordarem

demais. A condição corporal precisa ser acompanhada, em todos os

animais.

Animais que consomem somente pastagens raramente tem suas

necessidades nutricionais atendidas, principalmente para bezerras abaixo

158

Page 160: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

de 1 ano de idade. Pastagens com excelente manejo podem ser uma boa

forragem para os animais. As novilhas tem um desenvolvimento satisfatório

dos 6 aos 12 meses de idade em pastagens, se consumirem de 1 a 2 Kg/

cabeça/dia de concentrado e forragem suplementar no período da seca.

Todos os animais precisam ter adequada sombra e livre acesso a

água (fresca e limpa) e sal mineral, principalmente se criados em

pastagens.

A ração concentrada para bezerras mais velhas e novilhas

necessita ser balanceada de acordo com a forragem, para prover os níveis

recomendados de energia, proteína, minerais e vitaminas e manter o

crescimento nas taxas desejáveis.

A uréia geralmente não é recomendada para bezerras até os seis

meses de idade, usando-se para bezerras mais velhas (se não for usado

amônia na ensilagem),na quantidade de 0,5 % do concentrado.

Os microminerais devem ser fornecidos à vontade em cochos e

adicionados no concentrado, atendendo as exigências nutricionais. Cálcio e

fósforo precisam ser balanceados de acordo com o crescimento.

Suplementação de vitamina A, D e E é necessário quando se utiliza

forragem estocada por longo período, fenos de baixa qualidade. Em

bezerras de rúmen funcional, os microrganismos produzem todas as

vitaminas do complexo B e vitamina K , não necessitando a adição na dieta.

13.5. Alimentação com Concentrado

Sob muitas condições de manejo, novilhas dominantes consomem

mais que sua proporcional parte de concentrado. Como resultado, as taxas

de crescimento das novilhas que vivem em grupos, podem variar

tremendamente. Este problema pode ser aliviado usando alguma forma de

contenção para dar a todos os animais a mesma oportunidade para receber

Page 161: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas

sua parte. A distribuição em grupos de acordo com a idade e peso é

necessário para os animais terem o crescimento desejado.

Rações completas ou rações totais Adequadamente formulada,

podem ser bem utilizadas por bezerras e novilhas em crescimento. Elas

contém todos os ingredientes necessários nas proporções desejadas. Em

bezerras alimentadas com rações totais é permitido a consumo de rações à

vontade. A ingestão é regulada pelo volume da ração, densidade energética

e outros fatores. Ração total contendo silagem de milho tem que ser

controlada quando administrada para novilhas mais velhas.

Algumas dietas podem resultar, algumas vezes, em hiperqueratose

ruminal, mudança prejudicial na parede ruminal, ulceração, abcesso no

fígado e timpanismo, se fornecidas por longo período sem forragens

grosseiras. Portanto, a utilização de feno (fibra longa) com determinados

concentrados é benéfico.

As exigências de matéria seca e outros nutrientes mudam com a

idade das novilhas, sendo aconselhável a separação em grupos de mesma

idade/peso, para ótimo crescimento e economia.

13.6. Nutrição Afetando a Reprodução e Sanidade

Bezerras alimentadas com quantidades inadequadas de energia,

proteína, minerais ou vitaminas, crescem mais lentamente e tem uma

menor eficiência reprodutiva que animais alimentados adequadamente.

Deficiências de energia, proteína, fósforo, iodo, manganês, zinco, vitamina

A, cobalto, sal e água são, provavelmente, as mais comuns deficiências

nutricionais em bezerras e novilhas em crescimento.

13.6.1. Deficiência de Energia

160

Page 162: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Volumoso pobre, pastagens ruins ou inadequadas suplementações

com concentrado causam deficiência energética em novilhas. Cio silencioso

é um comum sintoma desta deficiência. Falha para detectar cio em bovinos,

retarda a cobertura e aumenta o número de serviços por concepção. Para

melhor eficiência reprodutiva, as novilhas precisam ganhar peso no período

da cobertura. Novilhas prenhas precisam ser alimentadas com quantidades

limitadas de alimentos ricos em energia para evitar excessiva gordura no

parto. Vacas e novilhas gordas tendem a ter mais cetose por ocasião ao

parto, menor resistência a infeções no úbere e útero. Inadequado

crescimento retardará a maturidade sexual.

Tabela 13.2 - Conteúdo de nutrientes na dieta de bezerras e novilha.

Page 163: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas

ITEM 3 a 6 meses 6 a 12 meses > 12 meses150 Kg 250 Kg 400 Kg

MS ingerida, Kg/dia 2,7 a 4,0 5,4 a 7,3 6,8 a 11,3MS ingerida, % do PV 2,6 2,4 2,2Energia Elm, Mcal/Kg de MS 1,70 1,59 1,39 Elg, Mcal/Kg de MS 1,08 0,97 0,81 NDT, % MS 69 66 61Proteína PB, % MS 16 12 12 PNDR, % MS 8,2 4,3 2,1Fibra FB, % MS 13 15 15 FDA, % MS (mínimo) 16 19 19 FDN, % MS (mínimo) 23 25 25Minerais Ca, % MS 0,52 0.41 0,29 P, % MS 0,31 0,30 0,23 Mg, % MS 0,16 0,16 0,16 K, % MS 0,65 0,65 0,65 S, % MS 0,16 0,16 0,16 Na, % MS 0,10 0,10 0,10 Cl, % MS 50 0,20 0,20 Fe, ppm 10 50 50 Cu, ppm 10 10 10 Mn, ppm 40 40 40 Zn, ppm 40 40 40 Co, ppm 0,10 0,10 0,10 I, ppm 0,25 0,25 0,25 Se, ppm 0,30 0,30 0,30Vitaminas A, UI/Kg 2200 2200 2200 D, UI/Kg 300 300 300 E, UI/Kg 24 24 24

162

Page 164: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

13.6.2. Deficiência de Proteína

Sintomas de deficiência de proteína em novilhas incluem a perda de

apetite, baixas taxas de crescimento e insucesso para mostrar sintomas de

cio. Adequada proteína é necessária para o bom desenvolvimento e

funcionamento dos órgãos reprodutivos, bem como para atender as

necessidades nutricionais das novilhas e desenvolvimento do feto. Muitas

novilhas recebendo inadequada proteína e energia por períodos

prolongados apresentam ovário e útero subdesenvolvidos e na maioria das

vezes retardamento na maturidade sexual.

13.6.3. Deficiência de Fósforo

Deficiência de fósforo pode reduzir o apetite, causar um apetite

depravado bem como um retardamento na maturidade sexual e deprimir os

sinais de cio. O fósforo auxilia na transferência de energia no tecido

corporal. A ração deve conter pelo menos 0,26 a 0,30 % de fósforo. Muitas

forragens e pastagens nativas apresentam baixos teores de fósforo, que

precisam ser suplementados, à vontade, com fosfato bicálcico, farinha de

osso, etc. ou com um suplemento mineral comercial. Os grãos contém bons

níveis de fósforo.

13.6.4. Deficiência de Iodo

Retardamento para mostrar o cio, redução nas taxas de concepção

e aumento na incidência de retenção de placenta são sintomas comuns

resultantes da deficiência de iodo. Os bezerros podem ter perda de pelo, ou

nascerem com debilidade ou natimortos. Bezerros de vacas deficientes em

iodo podem ter bócio (alargamento da tiróide).

Page 165: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas

13.6.5. Deficiência de Zinco

As pesquisas ainda não definiram ao certo como o processo

reprodutivo das novilhas é afetado pela deficiência de zinco, mas esta

deficiência pode causar baixa fertilidade nas novilhas e pode aumentar a

susceptibilidade a infecções.

13.6.6. Deficiência de Manganês

Irregularidade ou ausência de cio pode ser causado pela deficiência

de manganês. Deficiência severa leva a uma reabsorção do feto, fraco

desenvolvimento do úbere, completa ausência de secreção de leite e

nascimento de bezerros pequenos, debilitados ou mortos.

13.6.7. Deficiência de Cobalto

Bezerros novos com deficiência de cobalto mostram perda de

apetite e pior crescimento. Vacas com dietas deficientes em cobalto

produzem leite com baixo nível de vitamina B12 .

13.6.8. Deficiência de Sal

Após alguns meses, a deficiência de sal resulta em perda de

apetite, pior crescimento, menor produção de leite e apetite depravado.

Quando a dieta está deficiente em sal, os animais podem consumir urina,

estrume, sujeira e outros materiais. Esta deficiência vai de encontro a perda

de sódio e é mais comum em animais consumindo somente volumoso de

baixa qualidade. A ingestão de 30 a 60 gramas de cloreto de sódio (sal

comum) rapidamente alivia todos os sintomas de deficiência.

164

Page 166: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

13.6.9. Deficiência de Vitamina A

Novilhas gestantes que estão com deficiência em vitamina A podem

abortar na ultima metade da gestação, além da deficiência causar

irregularidade no estro e reduzida fertilidade. Alta deficiência suprime a

ovulação ou impede a implantação dos ovos fertilizados no útero. A

deficiência de vitamina A leva os animais a serem mais suscetíveis a

infecções. Estes sintomas são semelhantes a deficiência de vitamina E.

13.6.10. Deficiência de Água

O consumo de água é afetado por vários fatores, incluindo o tipo e

qualidade do alimento. Com o aumento de proteína e sal na matéria seca

da dieta, aumento da temperatura ambiental, aumenta as exigências de

água. As novilhas precisam consumir água fresca, limpa, livre de coliformes

e à vontade.

13.6.11. Sub-alimentação

A sub-alimentação de novilhas leva a uma redução no crescimento

e aumenta a idade ao primeiro parto (acima de 24 meses). Atrofia no

crescimento resulta em vacas pequenas, menos produtivas e com mais

dificuldade no parto.

13.6.12. Super-alimentação

Estudos mostram que excessiva ingestão de energia (140% da

ingestão recomendada) antes da parição, causa infiltração de gordura na

glândula mamária e reduz o número de células alveolares disponíveis para

Page 167: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas

a síntese de leite. A alimentação para obter acelerada taxa de crescimento

parece não impedir o desenvolvimento da glândula mamária após a parição.

13.7. Crescimento Compensatório

Crescimento compensatório é um termo usado para descrever um

período de aumento na taxa de crescimento posterior a um período de

crescimento restrito. A taxa de crescimento de novilhas leiteiras tem sido

restrito devido a dietas pobres que foram alimentadas por pequenos

períodos de tempo. Novilhas podem compensar este pior crescimento com

períodos de muito rápido crescimento ou crescimento compensatório. Isto

pode somente ser obtido com dietas ricas em energia, proteína e outros

nutrientes. A utilização do crescimento compensatório

166

Page 168: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Tabela 13.3 - Desenvolvimento de bezerras e novilhas das raças HOLANDESA e JERSEY.

IDADE JERSEY HOLANDESAem meses PESO em Kg ALTURA em cm PESO em Kg ALTURA em cm

1 42 a 50 56 a 74 60 a 70 80 a 842 55 a 66 74 a 84 81 a 95 85 a 893 70 a 80 84 a 86 102 a 119 89 a 944 83 a 98 86 a 91 123 a 145 94 a 985 106 a 126 91 a 96 145 a 170 98 a 1036 117 a 146 96 a 98 167 a 195 103 a 1067 138 a 164 98 a 102 189 a 22 106 a 1108 152 a 187 102 a 104 211 a 246 110 a 1139 169 a 198 104 a 105 233 a 271 113 a 116

10 177 a 219 105 a 107 256 a 296 116 a 11911 194 a 226 107 a 109 277 a 321 119 a 12112 214 a 249 109 a 112 299 a 345 121 a 12313 227 a 260 112 a 113 320 a 369 123 a 12514 243 a 273 113 a 114 341 a 393 125 a 12715 256 a 290 114 a 115 362 a 416 127 a 12816 265 a 300 115 a 117 369 a 438 128 a 13017 276 a 316 117 a 118 402 a 460 130 a 13118 290 a 341 118 a 119 420 a 482 131 a 13219 295 a 349 119 a 120 438 a 502 132 a 13320 317 a 369 120 a 121 456 a 521 133 a 13421 326 a 375 121 a 122 473 a 540 134 a 13522 344 a 390 122 a 124 488 a 557 135 a 13623 345 a 399 124 a 125 502 a 573 136 a 13724 358 a 405 125 a 126 516 a 588 137 a 138

Page 169: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas

168

Page 170: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS SECAS

14.1. Introdução

O adequado manejo de alimentação de vacas secas fornece o

suporte para o sucesso na próxima lactação. O manejo durante estes 50 a

70 dias, inclui a manutenção de uma condição corporal ótima, o preparo da

glândula mamária para o próximo período e minimização das doenças

infecciosas, digestivas e metabólicas.

Para se conseguir o sucesso neste programa, é necessário

conhecer o rebanho: produção anterior, condição corporal ao secar e

histórico sanitário.

Durante este período de transição, da lactação para o período seco

e nova lactação, as vacas estão sob um enorme estresse físico e

metabólico. O aumento deste estresse, agravado por uma manejo

deficiente, pode resultar especialmente em vacas de melhor produção de

leite, em aumento dos problemas sanitários, redução da ingestão de

matéria seca, redução da eficiência reprodutiva, aumento da

susceptibilidade a doenças e aumento da incidência de mastite.

14.2. Manejo da Alimentação no Início do Período Seco

O manejo da alimentação no início do período seco é essencial,

devendo-se manter ótimo conteúdo de fibra na dieta, limitar a ingestão de

167

14

Page 171: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas Secas

energia, evitar a superalimentação com proteína e atender as exigências de

minerais e vitaminas.

As rações das vacas secas devem prover adequada, mas não

excessiva, quantidade de nutrientes. Uma superalimentação com energia

leva a um super-condicionamento das vacas secas e aumenta a incidência

de desordens metabólicas no parto.

Tabela 14.1 - Exigências nutricionais de vacas secas, no pré-parto e em lactação.

Nutriente NRC, 1989

Vaca seca

Início

Vaca seca

Pré-parto Vaca lactação

Proteína Bruta, % 12 12-13 14-15 18

PNDR, % da PB - 28 33 35

Ell, Mcal/Kg 1,26 1,26 1,50 1,72

FDN, % 35 > 50 > 40 27

FDA, % 27 > 35 > 25 21

Ca, % 0,39 0,40-0,50 0,60 0,90

P, % 0,24 0,25 0,30 0,50

Mg, % 0,16 0,16 0,20 0,30

K, % 0,65 0,65 0,65 1,00

S, % 0,16 0,16 0,16 0,20

Vitamina A, UI/dia 50.000 100.000 100.000 100.000

Vitamina D, UI/dia 15.000 30.000 30.000 30.000

Vitamina E, UI/dia 200 400 600-1.000 600-1.000

Page 172: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

14.2.1. Exigências de Fibra Durante o Período Seco

A fibra é fundamental no manejo de vacas seca, cuja dieta deve

conter um porcento ou mais do peso corporal como fibra grosseira. A

forragem ideal para o período seco inclui fenos de fibra longa, gramíneas ou

misturas de gramineas-leguminosas ou palhada de milho ou sorgo, quando

adequadamente suplementada.

Se a silagem de milho for usada normalmente para vacas em

lactação, deve-se utilizar em níveis imitados para vacas secas (2% do peso

vivo ou de 5 a 10 Kg ) visando melhorar a ingestão e a função ruminal após

o parto.

A vaca precisa consumir um mínimo de um porcento do seu peso

como forragem, em base de matéria seca, de um total aproximado de 1,6 a

1,8 porcento da ingestão total. As vacas secas necessitam níveis altos de

fibra, e forragem de alta qualidade deve ser reservada para vacas no início

da lactação, quando as exigências de energia são maiores.

14.2.2. Exigências de Energia Durante o Período Seco

Exigências de fibra e energia são interrelacionadas, e como as

dietas preenche cada requerimento é refletido na condição corporal. O

tempo ideal para recondicionar a vaca é durante o final da lactação. Se a

vaca é seca em condições corporais adequadas (3,5 a 4,0), a ingestão de

energia pode ser limitada durante o período seco, utilizando forragem de

média qualidade e limitada ingestão de energia, para minimizar a incidência

da “síndrome da vaca gorda”.

Os problemas associados com a síndrome da vaca gorda incluem o

deslocamento do abomaso, variações na ingestão, febre do leite, cetose,

retenção de placenta, edema do úbere e aumento na susceptibilidade a

metritis e mastite.

Page 173: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas Secas

O manejo de energia adequado seria a suplementação quando se

utiliza forragem de baixa qualidade, para atender as exigências, e

suplementar muito pouco ou nada, se utilizar forragem de boa qualidade,

evidentemente monitorando a condição corporal do animal.

14.2.3. Exigências de Proteína Durante o Período Seco

As exigências de proteína bruta durante o início do período seco

são de 12 a 13% da MS. Para assegurar que as exigências de proteína

sejam adequadamente atendidas, a forragem precisa ser analisada e

formulada uma ração apropriada. Deve-se evitar a deficiência de proteína

que diminui a ingestão e o uso de nutrientes bem como o excesso que pode

trazer problemas de desordens metabólicas.

Pesquisas tem mostrado que dietas que atendem as exigências de

proteína e não estão em excesso, reduzem a incidência de desordens

metabólicas.

14.2.4. Exigências de Minerais Durante o Período Seco

O manejo principal de minerais durante o período seco é evitar

excessivos níveis de cálcio, mantendo a relação entre cálcio e fósforo em

2,5:1 e 1,5:1, para evitar problemas de febre do leite. A suplementação

deve ser feita junto a ração total, ou concentrada.

O sal mineral, principalmente contendo os microminerais, pode ser

colocado em cochos minerais e deixados à vontade até no pré-parto,

quando devem ser adicionados na ração, para se evitar alta ingestão de sal

associado ao edema do úbere.

Entre os microminerais exigidos, destaca-se o iodo, cobalto e

selênio. A deficiência de iodo resulta em bezerros nascidos com bócio,

Page 174: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

enquanto uma deficiência de cobalto resulta em baixo apetite e pior

crescimento. Vacas secas deficientes em selênio podem parir bezerros

mortos ou com doença do músculo branco e as vacas apresentam alta

incidência de retenção de placenta. Uma injeção de selênio e vitamina E,

aproximadamente 21 dias antes do parto, tem sido efetiva na redução da

incidência de retenção de placenta.

Recentemente nos Estados Unidos, tem sido utilizado sais

aniônicos (cloreto de amônio, sulfato de amônio, sulfato de cálcio e sulfato

de magnésio) durante o período seco para evitar a febre do leite em vacas

de maior produção, quando há ocorrência no rebanho. Os sais aniônicos

agem diminuindo o pH do sangue e urina, aumentando a mobilização e

absorção de cálcio, diminuindo, com isto, a incidência de febre do leite.

14.2.5. Exigências de Vitaminas Durante o Período Seco

As vitaminas A, D e E são importantes na nutrição das vacas

durante o período seco. A deficiência de vitamina A pode resultar em

abortos e bezerros doentes e debilitados.

A suplementação com vitaminas depende da qualidade da forragem

e do tipo de forragem utilizada. A suplementação é necessária quando se

usa silagens ou forragem picada.

Muitos pesquisadores recomendam um aumento nos níveis de

vitamina E (600 UI/dia) no pré-parto, principalmente quando os níveis de

selênio na dieta são baixos.

Page 175: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas Secas

14.2.6. Conseqüências do Programa de Alimentação

A incidência de desordens metabólicas em rebanhos de melhor

produtividade pode ocorrer em decorrência de erros no manejo nutricional

de vacas durante o período seco.

A tabela 14.2 mostra o impacto do manejo sobre as desordens pós-

parto, observando-se claramente que os fatores de manejo como o

programa de alimentação podem influenciar a saúde do rebanho.

Tabela 14.2 - Impacto do manejo de vacas secas sobre desordens metabólicas após o parto.

Manejo alimentar das vacas secas Impacto sobre as vacas recém-paridas

Dieta com baixo cálcio Diminui retenção de placenta, mestrite, deslocamento de abomaso e febre do leite

Suplementação extra com vitamina D Diminui mestrite e deslocamento do abomaso

Alimentação de vacas secas para aumentar o peso vivo

Aumenta a incidência de cetose

Muitas desordens metabólicas e digestivas que ocorrem perto do

parto são interrelacionadas. A febre do leite como uma desordem primária

está associada com alta incidência de mestrite, deslocamento de abomaso

e retenção de placenta (tabela 14.3).

Page 176: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Tabela 14.3 - Desordens digestivas e metabólicas em vacas na época do parto.

Desordem primáriaDesordem secundária

Febre do leite

Distocia Retenção de placenta

Mastiti Deslocamento de abomaso

Cetose

Distocia XRetenção placenta

X X

Mestrite X X X X XDeslocamento

abomasoX X X X

Mastite X X X X XBaixa taxa concepção

X X X X X X

Page 177: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas Secas

Page 178: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MANEJO DE ALIMENTAÇÃO NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO

15.1. Introdução

O manejo completo das vacas durante o período seco e início da

lactação, denominado período de transição, é um dos aspectos mais

críticos na produção leiteira. A princípio, alguns consideram o período seco

como o tempo para deixar a vaca descansar e recuperar do stress da

lactação recentemente completada, enquanto outros vêem este período

como uma oportunidade para preparar a vaca para a lactação que está por

vir para qual a performance reprodutiva e produtiva possa ser aumentada.

Na verdade, o período seco serve para ambos propósitos.

As mudanças que uma vaca em alta produção sofre durante a

transição de uma lactação para um estado não produtivo (seco) e a volta

novamente para o período de lactação (após o parto) são estressantes para

a vaca e podem ter um impacto negativo na saúde, ingestão de alimentos,

produção de leite e eficiência reprodutiva durante a subsequente lactação.

É durante este período que a vaca é mais susceptível às várias desordens

metabólicas e digestivas e quando novas infecções intramamárias são

estabelecidas.

15.2. Final da Lactação Anterior

175

15

Page 179: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação no Período de Transição

O maior desafio frente o manejo de uma rebanho leiteiro de alta

produção é o de como alcançar o grau desejado de condição corporal sem

que as vacas engordem excessivamente. Adequadas reservas corporais

precisam estar disponíveis para mobilização para sustentar altos níveis de

produção de leite durante o início da lactação quando a demanda de

energia excede a ingestão. Vacas que estão magras (condição corporal <

3,5) no parto não tem reservas adequada que possam ser mobilizadas e

conseqüentemente, a produção leiteira é reduzida. Vacas que estão muito

gordas (condição corporal > 4,5) apresentam maiores dificuldades e

desordens metabólicas como febre do leite, cetose, sindrome da baixa

gordura, deslocamento de abomaso, retenção de placenta e mestrite.

O manejo de alimentação adequado para o período de transição,

começa no final da lactação, onde as vacas precisam “acabar” as reservas

corporais no último terço da lactação, pois é nesta época em que as vacas

irão restabelecer as reservas corporais mais eficientemente que no período

seco.

15.3. Secagem dos Animais

O sucesso de um período seco é atingir um balanço econômico

entre os ganhos na produção e benefício da extensão a lactação corrente,

com perdas na produção e benefício na lactação seguinte como resultado

dos poucos dias secos, que segundo as pesquisas devem ser de 40 a 70

dias.

As vacas podem ser secadas prolongando o intervalo de ordenha

ou abruptamente, parando de ordenhar as vacas, que é o procedimento

mais simples, quando as vacas começam a “quebrar” rapidamente o leite.

Em vacas de alta produção, deve-se mudar a dieta para reduzir a produção

para níveis abaixo de 18 a 25 litros, acompanhado de uma restrição na

178

Page 180: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

disponibilidade de água, substituição de forragens de alta qualidade para de

baixa qualidade e interromper a alimentação concentrada.

15.4. Período Seco

A estratégia do manejo para o período seco é prover suficiente

nutriente para a manutenção da vaca, crescimento da vaca (se não for

animal adulto) e desenvolvimento do feto. As exigências nutricionais das

vacas secas aumentam durante este período pois 60 % do crescimento

fetal ocorre neste período (dois últimos meses da lactação). Portanto, a

vaca precisa ser provida de uma ração que contém adequadas, mas não

excessiva, quantidades dos nutrientes requeridos. Super alimentação de

energia e proteína deve ser evitado para evitar desordens metabólicas.

As vacas devem consumir uma dieta com 12-13% de proteína bruta

e um mínimo de 1% do peso corporal como forragem de fibra longa. A

quantidade de concentrado precisa ser a mínima quantidade necessária

para atender as deficiências de energia e proteína e como suplemento para

minerais e vitaminas. A silagem de milho deve ser limitada, representando

no máximo 50% da forragem total ingerida.

15.5. Pré-parto

Um manejo alimentar diferenciado deve ser feito durante as últimas

2 ou 3 semanas antes do parto. Isto fará as vacas ajustarem a ingestão de

uma ração alta em forragem (predominantemente feno) e baixa em

concentrado durante o período seco para uma ração baixa em forragem

(silagem) e alta em concentrado. A ingestão de matéria seca cai de 20 a

40% imediatamente antes do parto, fazendo com que a ração de vacas no

pré-parto sejam formuladas para conter uma alta densidade nutricional,

diferentemente da ração de vacas secas, para que o nível desejável de

Page 181: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação no Período de Transição

nutrientes seja mantido, além de ajustar o rúmen para a dieta rica em

forragem fermentada que predominará após o parto. O programa nutricional

trata-se portanto de uma transição (entre ração de vaca seca para uma

ração de vaca em lactação) onde o teor de proteína bruta deve estar entre

14 a 15%, além de aumentar a quantidade de fontes de proteína não

degradada no rúmen. Este aumento em 2 pontos na porcentagem de

proteína tem resultado em redução nos problemas metabólicos, aumento na

ingestão de matéria seca causando menor perda de peso no parto. O total

de concentrado deve ser aumentado para 0,5 a 1,0% do peso vivo da vaca,

que auxiliará na adaptação do rúmen aos altos níveis de concentrado

utilizados no pós-parto. Se houver ocorrência de cetose no rebanho, é

conveniente o uso de niacina (6 gramas/vaca/dia). Se o programa de

alimentação pós-parto incluir adição de gordura, é conveniente a adição de

100 a 150 gramas/vaca/dia, o que auxiliará a minimizar uma depressão na

ingestão de ração pós-parto causada pela adição de gordura, além de

acostumar o animal com o odor e gosto da gordura.

15.6. Parto

Este é um dos períodos mais críticos da vaca. As vacas precisam

ser estimuladas a consumir o máximo de matéria seca possível após o

parto. Entretanto, isto não significa que as vacas possam ser autorizadas a

consumir concentrado livremente. A estratégia adequada parece ser usar

uma ração baseada em forragens de boa qualidade com aumentos

gradativos na quantidade de concentrado oferecido. O stress do parto irá

afetar o balanço normal da população microbiana, podendo resultar em

diarréia, gastroenterite e redução na ingestão de alimentos.

conseqüentemente, é imperativo que os animais tenham saúde e atividade

microbiana adequada. Os probióticos e várias enzimas podem providenciar

uma ajuda adicional para o animal.

180

Page 182: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

15.7. Conclusões

Para que uma vaca , especialmente a de alta produção possa fazer

sucesso e ser lucrativa o período de transição da lactação, o período seco-

parto e nova lactação , tem que se desenvolver um programa que considera

a saúde do úbere e do rúmen. Os seguintes pontos são importantes neste

manejo nutricional: desenvolver um programa alimentar no final da lactação

para que as vacas consigam uma adequada condição corporal; ter como

objetivo um período seco de 50 a 60 dias; desenvolver um programa de

controle de mastite durante o período seco; alimentar as vacas no período

seco para atender, mas não exceder, as exigências nutricionais e utilizar um

período pré-parto para ajustar as vacas para o parto e para o pós-parto.

Page 183: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação no Período de Transição

182

Page 184: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO

16.1. Introdução

As exigências nutricionais das vacas em lactação variam de acordo

com o estágio de lactação e gestação, onde há uma correlação entre a

curva de produção de leite, % de gordura no leite, ingestão de matéria seca

e alterações no peso corporal durante a lactação.

Baseado nestes aspectos, três fases de alimentação distintas

podem ser definidas:

Fase 1 - Início da lactação, de 0 a 70 dias após o parto (pico de

produção de leite);

Fase 2 - Pico de ingestão de matéria seca, de 70 a 140 dias após o

parto (declínio da produção de leite);

Fase 3 - Meio e final da lactação, de 140 a 305 dias após o parto

(declínio da produção de leite).

16.2 - FASE 1 - Início da Lactação

O início da lactação, do parto até 70 dias pós parto, ocorre um

rápido aumento na produção de leite, podendo o pico de produção ocorrer

entre a 4 e 6 semanas. A ingestão de alimentos não mantém a mesma

proporção dos nutrientes, especialmente energia, necessária para a

181

16

Page 185: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação

produção de leite e o tecido corporal será mobilizado para atender as

necessidades de energia para produção de leite.

O ajuste das vacas a ração de lactação nesta fase é um importante

manejo prático. Aumentado-se os alimentos energéticos de 500 a 700

gramas/dia após o parto irá aumentar a ingestão de nutrientes, minimizando

problemas de desordens metabólicas. Excesso na utilização de grãos

(acima de 60%) pode causar acidose e a queda da gordura do leite. O nível

de fibra na ração total não deve ser menor que 18% de FDA e 28% de FDN.

A forragem tem que prover pelo menos 21% de unidades de FDN na ração

total. A forma física da fibra também é importante , pois a ruminação e

digestão serão mantidas normais se 50% das partículas da forragem forem

maior que 2,5 cm de comprimento.

A proteína é um nutriente crítico durante o início da lactação. Níveis

acima das exigências de proteína bruta durante este período auxiliam no

estímulo de ingestão de alimentos e permitem o eficiente uso dos nutrientes

mobilizados das reservas corporais para a produção de leite. As rações

precisam necessariamente conter 19% ou mais de proteína bruta para

atender as exigências durante este período. O tipo de proteína (degradáveis

e não degradáveis) e a quantidade de proteína a ser utilizada dependerá

dos ingredientes da ração , método de alimentação e potencial de produção

de leite da vaca. A uréia quando utilizada deve ser no máximo de 200

gramas por vaca quando o nível de proteína da ração é alto.

Baixo pico de produção e problemas de cetose ocorrem quando os

níveis de nutrientes não são atendidos, refletindo em baixa produção

durante toda a lactação. Se a ingestão de concentrado é aumentada muito

rapidamente ou é muito alta, pode levar a sérios problemas de desordens

metabólicas (deslocamento do abomaso, acidose, etc.)

Alguns pontos devem ser considerados para se aumentar a

ingestão de nutrientes nesta fase:

184

Page 186: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

–1 utilizar forragem de alta qualidade;

–2 verificar se o nível de proteína da dieta é adequado;

–3 aumentar a ingestão de grãos em taxas constantes após o parto;

–4 considerar a adição de gordura nas dietas (de 500 a 750

gramas/dia/vaca);

–5 manter o acesso a alimentação constante;

–6 minimizar o stress.

16.3 - FASE 2 - Pico da Ingestão de Matéria Seca

A segunda fase da alimentação na lactação ocorre após os 70 dias,

quando as vacas já atingiram o pico de lactação e precisam ser

mantidas no nível do pico de produção o máximo possível. Nesta fase, a

ingestão de alimentos é próxima ao máximo e pode suprir as

necessidades de nutrientes, resultando em parada na perda de peso e

manutenção ou pequeno aumento no ganho de peso.

A ingestão de grãos pode ser alta, desde que não exceda a 2,3%

do peso vivo e de forragens (boa qualidade) com ingestão de 1,5% do

peso vivo (com base na matéria seca), para manter a função ruminal

normal. A utilização de rações com alta digestibilidade da fibra irá auxiliar

na manutenção de um ambiente ruminal ótimo quando altos níveis de

grãos começarem a ser utilizados.

Os problemas que podem ocorrer neste período incluem uma rápida

queda ou declínio na produção de leite, baixa na gordura do leite, cio

silencioso (não observado) e cetose.

Alguns pontos devem ser considerados para se aumentar a

ingestão de nutrientes nesta fase:

185

Page 187: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação

–7 distribuir a ração total (ou forragens e concentrados) diversas vezes

durante o dia;

–8 utilizar alimentos de melhor qualidade possível;

–9 limitar a uréia a 200 gramas/vaca/dia;

–10minimizar o stress.

16.4 - FASE 3 - Meio ao Final da Lactação

A terceira fase da alimentação na lactação vai ocorrer dos 140 aos

305 dias pós-parto, quando as vacas já apresentam um declínio constante

na produção de leite, a vaca está em gestação e as exigências nutricionais

serão facilmente atendidas pela ingestão. É a fase mais fácil de manejar a

alimentação. A alimentação com grãos é para atender as exigências de

produção e repor as perdas corporais ocorridas no início da lactação. As

vacas em lactação, nesta fase principalmente, requerem os mesmos

alimentos para repor um quilo de tecido corporal que as vacas secas.

A ocorrência de problemas nutricionais durante esta fase é

pequena. A produção de leite cai lentamente, em torno de 8 a 10% ao mês

(normal) e deve-se cuidar apenas para que as vacas não fiquem super

condicionadas.

16.5 - Considerações Gerais

As seguintes considerações podem ser feitas sobre o manejo

alimentar de vacas em lactação:

1. Proteína bruta: usada em níveis de 18 a 19% (na MS) no início da

lactação decrescendo para níveis de 13% no final da lactação;

186

Page 188: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

2. Energia líquida para lactação: em níveis de 1,72 Mcal/Kg de MS no início

da lactação decrescendo para níveis de 1,54 Mcal/Kg de MS no final

da lactação;

3. Forragem: mínimo de 1,5 Kg por 100 Kg de peso vivo (ou 1,5 % do PV),

sendo que no início da lactação há necessidade de se utilizar

forragem de alta qualidade;

4. Fibra: mínimo de 18 % de FDA na MS durante o início da lactação

aumentando para 21 % ou mais de FDA no final da lactação, sendo

que a matéria seca da dieta precisa conter um mínimo de 21% de

FDN como forragem;

5. Sal: 0,5 a 1,0 % de sais minerais na mistura concentrada;

6. Cálcio e fósforo: aproximadamente 1% da mistura de concentrado

precisa ser de cálcio/fósforo.

187

Page 189: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação

188

Page 190: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MANEJO DE ALIMENTAÇÃO

DE VACAS EM CONFINAMENTO17.1. Introdução

O objetivo dos produtores leiteiros é providenciar ambientes de

estabulação e ordenha que promovam o conforto, produção e saúde animal.

O sistema e estratégia de alimentação precisa maximizar a ingestão de

alimentos e assegurar condições corporais adequadas. A movimentação

das vacas para a sala de ordenha (e vice-versa) precisa ser tranqüilo e

delicado.

O conforto das vacas pode fazer uma diferença de centenas de

litros de leite entre rebanhos com alimentação e genética semelhantes. O

sucesso será alcançado se criar um ambiente para a vaca que minimiza o

stress e a competição excessiva por alimentos e água.

17.2. Manejo em Freestall

A manutenção adequada de freestalls é a chave para o conforto

das vacas em muitas propriedades. As baias precisam estar limpas, secas

e confortáveis para que as vacas possam deitar, e ser de dimensões que

permitam a vaca levantar e deitar naturalmente. Uma importante

consideração é o “espaço de investida”. Quando de pé , a vaca precisa

investir ou para diante ou para o lado da baia. Se o espaço de investida não

187

17

Page 191: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas

é disponível, as vacas terão dificuldade em levantar e podem

eventualmente parar de usar a baia.

Para checar se em um freestall as baias estão adequadamente

dimensionadas para o conforto animal, considerar o seguinte:

a - as vacas consistentemente evitam certas baias ?

b - as vacas deitam para trás nas baias ?

c - as vacas ficam meio fora/meio dentro das baias ?

d - quando as vacas normalmente descansam (entre 10 e 16 horas) são

mais que 20 a 30% ?

Se as respostas para qualquer uma destas questões é sim, então

as baias não são tão confortáveis como elas precisam ser. Cheque também

injúrias ou falta de pelo nos joelhos e cotovelos, um sinal que as vacas tem

dificuldades sérias de deitar e levantar das baias.

As camas podem ser de vários tipos: palha, serragem, papel e

areia. A escolha é determinada pelo sistema de manejo do esterco.

Qualquer cama usada precisa manter as vacas limpas e secas. A

manutenção das camas das baias adequadamente maximiza a absorção de

umidade, torna a baia confortável, aumenta o uso e reduz o potencial de

injúrias.

A superfície da baia com cama, precisa ser livre de buracos de

urina. Deve-se olhar sujeiras no ubere e tetas. Muitos pesquisadores

sugerem o teste do joelho úmido: “ajoelhe na baia por 10 segundos: se o

joelho estiver úmido, então as baias não estão com as camas

adequadamente manejadas. As baias precisam ser inspecionadas

diariamente e as camas molhadas precisam ser removidas.

A manutenção inadequada do freestall não somente reduz o

conforto das vacas como também aumenta o risco de mastite.

190

Page 192: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

17.3. Piso das Instalações

Todas as superfícies onde as vacas caminham precisam ser anti-

derrapantes para reduzir injúrias, aumentar a mobilidade para alimentar,

beber água e área de descanso e para estimular o cio. Se as vacas

caminharem muito lentamente ou timidamente, com as patas traseiras

estendidas, isto pode ser um sinal de pior tração. Todo piso concretado

precisa ser ranhado para ser menos escorregadio.

17.4. Sala de Ordenha e Espera

As vacas não devem esperar mais que duas horas na área de

espera (uma hora ou menos, é preferível). As vacas irão ruminar na sala de

ordenha e espera se são confortáveis e tranqüilas. Se mais que 20 % das

vacas defecam na sala de ordenha, isto pode ser um sinal de desconforto

ou ansiedade. O sistema de ordenha precisa ser adequadamente

desenhado, instalado e mantido, para o conforto das vacas.

17.5. Manejo de Alimentação

As tecnologias de alimentação usadas precisam ser

cuidadosamente avaliadas para se ter certeza se promovem intenso

comportamento alimentar para o rebanho.

As tecnologias de alimentação incluem o sistema de alimentação

(ração total, forragem separada do concentrado) , estratégia de alimentação

(quando está disponível dos alimentos, freqüência de alimentação) e

ingredientes da ração.

Page 193: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas

Um lucrativo programa de alimentação otimizará os três

componentes para promover o conforto animal, alimentação normal e o

comportamento social pelo rebanho. Intensiva conduta de alimentação

promove a máxima ingestão de alimentos e melhora a reprodução,

produção e saúde animal.

17.6. Comportamento de Alimentação

As vacas de boa produção de leite podem chegar no pico de

lactação consumindo cerca de 22 Kg de matéria seca e beber acima de 80

litros de água, diariamente. O tamanho médio de cada alimentação é de 2,0

Kg com duração aproximada de 30 minutos, com 11 alimentações em

média por dia e o tempo total gasto na alimentação de aproximadamente 5

horas.

Vacas em alta produção e velhas, consomem mais alimentos (em

maior quantidade e mais rapidamente), bebem mais água e ruminam por

mais tempo e mais eficientemente que vacas de baixa produção e novas.

Por causa destas diferenças inerentes entre vacas de primeira lactação e

vacas velhas, é importante agrupar separadamente para promover intenso

comportamento de alimentação e agressivo habito alimentar.

17.7. Máxima Ingestão de Alimentos

As vacas precisam alcançar máxima ingestão de alimentos no

máximo em 10 semanas após o parto, o que minimizará o tempo

despendido no balanço energético negativo. Geralmente, vacas que

atendem altos níveis de ingestão cedo, no início da lactação, produzirão

mais leite, com menos problemas de saúde e terão grande eficiência

reprodutiva. Novilhas de primeira parição precisam aumentar a ingestão de

192

Page 194: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

alimentos diariamente (de 1,5 a 2,0 Kg/semana) durante as primeiras três

semanas pós-parto e vacas mais velhas, perto de 2,5 a 3,0 Kg/semana.

Uma vaca no pico de ingestão pode consumir aproximadamente 4%

do seu peso corporal como matéria seca, ou aproximadamente 1 Kg de

matéria seca por cada 2 Kg de leite produzido.

A ingestão de alimentos abaixo dos níveis desejáveis usualmente

resultará em excessiva perda de condição corporal, pior eficiência

reprodutiva, aumentando a incidência de problemas sanitários do rebanho e

baixa persistência de produção de leite.

Lembre-se sempre que uma ração adequadamente balanceada

fornece nutrientes em proporções e quantidades que nutrem uma vaca por

24 horas. Em adição, os nutrientes requeridos precisam estar em uma

quantidade de alimento que a vaca pode consumir em 24 horas. Estes

fundamentos precisam ser seguidos.

17.8. Estratégias de Alimentação para Maximizar a Ingestão de Alimentos

Os principais componentes de uma estratégia de alimentação que

influenciam a ingestão de alimentos incluem a disponibilidade de alimento e

sincronização da alimentação, manejo do cocho, freqüência e seqüência de

alimentação, conteúdo de umidade da ração, estratégias de agrupamento

de vacas e novilhas, evitar mudanças súbitas na ração e garantia de

suficiente disponibilidade de água.

A alimentação precisa estar disponível pelo menos 20 horas

diariamente. Alimentos frescos precisam sempre estar disponíveis quando a

vaca for comer: após a ordenha, após limpeza do freestall ou quando o

alimento é distribuído. Além disto, 65 a 70% da ingestão diária de matéria

Page 195: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas

seca ocorre durante o dia. Evidentemente, um sistema de alimentação para

maximizar a ingestão terá que adaptar este modelo de alimentação natural.

Os cochos (comedouros) precisam ser mantidos limpos e livres de

alimentos estragados. Muitos pesquisadores recomendam de 60 a 75 cm de

espaço no comedouro, por vaca. Entretanto, o espaçamento ideal no

comedouro por vaca depende da disponibilidade de alimento. O segredo é

observar o comportamento social durante a alimentação: existe dominância

excessiva e competição por alimento? As novilhas pequenas e vacas

recém-paridas são expulsas do comedouro pela vacas dominantes ?

Excessiva lama, esterco, água ou entulho irá impedir a movimentação dos

animais. O desenvolvimento do melhor sistema de alimentação do rebanho

requer observações cuidadosas do comportamento social e de alimentação

dos animais.

O conteúdo de matéria seca da ração precisa ser monitorada

periodicamente e as rações serem ajustadas de acordo (pelo menos

quinzenalmente). Tente manter o conteúdo de umidade da ração entre 15 e

50 % para máxima ingestão. As rações precisam ser distribuídas para as

vacas diversas vezes ao dia para estimular a atividade de alimentação. Se

utilizar alimentação separada, volumosos e concentrado, tente distribuir o

concentrado pelo menos quatro vezes ao dia, e não mais que 2,5 a 3.5 Kg

em cada alimentação.

O coração de qualquer sistema para vacas de alta produção de leite

precisa ser baseado em forragem de alta qualidade. Forragem de alta fibra

e de baixa qualidade limita a ingestão. conseqüentemente, mais

concentrado, em relação a forragem precisa ser consumido resultando em

acidose, problemas de baixa ingestão, e pior produção de leite.

17.9. Disponibilidade de Água

194

Page 196: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A água tem que estar disponível para os animais durante todo o dia.

O ideal é que os bebedouros sejam dimensionados para 20 a 25 vacas, e

colocados estrategicamente para todos os grupos de vacas nos estábulos,

na entrada da sala de ordenha e na área de espera. Os bebedouros não

devem estar a mais de 15 metros do comedouro. Em geral, uma vaca bebe

aproximadamente 4 litros de água para cada quilo de matéria seca

consumida. A limitação na ingestão de água pode limitar a ingestão de

matéria seca.

17.10. Formação de Grupos e Alimentação

A estratégia de formação de grupos pode promover a máxima

ingestão de alimentos e comportamento agressivo de ingestão assim como

ocorre após o parto. Todos os grupos de vacas precisam ser homogêneos

para facilitar a formulação de ração e alimentação. O tamanho do grupo

dependente das instalações, tamanho do rebanho, do numero máximo de

vacas que podem ser manejadas na ordenha, alimentação e do pessoal.

As novilhas recém-paridas devem ser agrupadas separadamente, o

que facilita a adaptação ao ambiente no pós-parto, melhora o

comportamento de alimentação e reduz desordens metabólicas, resultando

em alta ingestão e produção de leite.

Observações práticas sugerem que o efeito benéfico de separar

grupos é mais pronunciado no período de transição, sendo que grupos

com baixa densidade de vacas e amplo espaço no comedouro reduzem a

competição e o stress pós-parto.

17.11. Pontos a Serem Checados em um Sistema de Alimentação

Page 197: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas

Em resumo, considere os seguintes pontos para assegurar que

esteja implantado o mais lucrativo sistema de alimentação para os rebanhos

leiteiros, considere que cada um dos pontos pode maximizar a eficiência do

sistema de alimentação.

17.11.1. Instalações e Grupos

A - Manejo de alimentos e alimentação

–1 armazenamento de alimentos: capacidade adequada, boa manutenção,

acesso fácil;

–2 inventário adequado do volumoso,

–3 eficiente distribuição de alimentos para todos os grupos possíveis;

–4 minimizar as sobras ( 5% de sobras);

–5 pesagem correta de todos os alimentos para todos os grupos.

B - Vacas e movimento das vacas

–6 movimento tranqüilo e calmo para a sala de ordenha;

–7 acesso a alimentação quando as vacas querem comer;

–8 acesso a sombra;

–9 tempo gasto na alimentação e ingestão de água é mínimo (< 6

horas/dia);

–10peso ou tape das vacas corretos,

–11condição corporal apropriada.

C - Comedouros e lotes

–12espaço adequado no comedouro (60 a 75 cm/vaca);

196

Page 198: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

–13disponibilidade e qualidade da água (20 vacas ou menos por

bebedouro);

–14comedouros bem mantidos;

–15comedouros livres de superfícies rugosas e quebradas.

17.11.2. Qualidade do Alimento no Comedouro

A - Distribuição de alimentos

–16tamanho de partícula adequada (15% ou mais, maiores que 5 cm );

–17a ração total uniformemente misturada, todo dia;

–18a ração total é distribuída pelo menos 2 vezes ao dia;

–19a ração é revolvida nos comedouros freqüentemente;

–20sem mofo, baixa temperatura do alimento, boa palatabilidade durante

todo o dia;

–21umidade da ração entre 15 e 50 %;

–22os minerais estão disponíveis entre 60 e 120 g/vaca/dia;

–23a textura da mistura concentrada grosseira;

–24o concentrado distribuído quatro ou mais vezes ao dia, de 2,5 a 3,5 Kg

no máximo em cada refeição;

–252,5 a 3,5 Kg de leite por Kg de concentrado;;

–261,8 a 2,5 % do peso corporal é consumido como forragem diariamente;

–27a forragem é analisada rotineiramente e as rações são balanceadas ao

menos quatro vezes ao ano.

Page 199: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas

B - Sobra de alimento

–28alimentos não podem estar sobrando no comedouro;

–29composição da sobra. As vacas estão sendo seletivas?

Em adição a estes pontos a serem checados, há necessidade de

avaliar os animais, alimentos, fatores ambientais e quanto o programa de

alimentação está atendendo as necessidades nutricionais das vacas:

a. problemas de casco e pernas que podem limitar a mobilidade;

b. atividade de ruminação: o ideal é que metade do rebanho esteja

comendo ou ruminando ao mesmo tempo;

c. consistência, cor e conteúdo das fezes;

d. respiração: cheque resfriado ou problemas nasais;

e. condição física das forragens: tamanho de partícula, mofo ou putrefação;

f. movimentação dos animais: tranqüilo e delicado.

198

Page 200: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DO LEITE

18.1. Introdução

O manejo adequado da alimentação das vacas de um rebanho,

pode abaixar os custos de produção além de manter o animal saudável. A

alimentação com níveis máximos de gordura e proteína, visando aumentar

a produção de leite é essencial para alcançar estes objetivos.

Os componentes sólidos do leite incluem a gordura, proteína,

lactose e minerais. Os valores normais para a gordura do leite variam de

3,7% (Holandesa) a 4,9% (Jersey), para a proteína de 3,1% (Holandesa) a

3,8 % (Jersey). A lactose é usualmente 4,6 a 4,8% para todas as raças e a

média para os minerais (cinza) é de 0,74%. A expectativa é para um

aumento no teor de gordura e proteína. Normalmente, o preço do leite é

baseado no teor de gordura. O teor normal de gordura no leite também

reflete uma fermentação ruminal normal e uma vaca saudável. Geralmente,

dieta que causa uma depressão na gordura do leite também causa

problemas de casco (laminite), acidose e problemas de ingestão de

alimentos.

A concentração de proteína no leite tem valor econômico porque

alta proteína leva a altas produções de queijo. Atualmente, o conteúdo de

proteína no leite começa a ser mais enfatizado com preços diferenciados,

197

18

Page 201: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Influência da Alimentação na Composição do Leite

ao passo que a gordura começa a declinar devido a demanda humana por

leite ou produtos lácteos baixos em gordura.

18.2. Alteração dos Componentes do Leite

Os fatores que afetam a composição do leite incluem: genética,

estágio da lactação, nível de produção de leite, idade da vaca, ambiente,

doenças (mastite) e nutrição. Aproximadamente 55% da variação na

composição do leite é devido a hereditariedade enquanto que 45% é devido

aos fatores ambientais como o manejo de alimentação. A proteína do leite

segue as mudanças na gordura, exceto durante uma depressão de gordura

ou quando altos níveis de gordura são adicionados na dieta.

18.3. Estratégias de Manejo de Alimentação para Maximizar os Sólidos do Leite

As seguintes estratégias são aconselhadas para maximizar a

produção de leite e de sólidos totais no leite:

1. formular uma ração apropriada;

2. maximizar a ingestão de alimentos;

3. monitorar a composição da dieta (análise da forragem e alimentos);

4. alimentar com forragem de qualidade e apropriadamente;

5. adequada alimentação com proteína, energia, fibra, minerais e

vitaminas.

18.4. Maximizando a Ingestão de Alimentos

A importância da maximização da ingestão de alimentos é

relacionada a minimização do balanço de energia negativo durante o início

Page 202: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

da lactação. As vacas mudam para um balanço energético positivo, o peso

corporal volta ao normal, perdas no escore de condição corporal são

minimizados e as vacas produzem leite com gordura e proteína normais.

Aumentando a ingestão de alimentos pode-se aumentar a proteína do leite

em 0,2 ou 0,3 unidades. Este aumento na porcentagem da proteína do leite

pode ser devido a um aumento global no balanço de energia ingerida assim

como no aumento no total de alimento ingerido. Vacas em alta produção

podem ingerir de 3,6 a 4,0% de seu peso corporal, diariamente, como

matéria seca. Se em um rebanho os animais estão consumindo menos que

3,5% do seu peso corporal como matéria seca, a produção de sólidos do

leite pode ser limitada.

Os maiores fatores alimentares que afetam a ingestão de alimentos

são:

1. manejo de alimentação ( manter comedouro limpo, com sombra e

espaço adequado);

2. freqüência e seqüência de alimentação;

3. umidade da ração total ( 50 % ou menos);

4. interação social do grupo ( vacas dominantes são problemas quando são

misturadas em um mesmo grupo de vacas adultas e novilhas );

5. mudança súbita na ração;

6. piso e ventilação adequada.

Aumentando a freqüência de alimentação, aumenta a gordura no

leite, especialmente quando a dieta é baixa em fibra e alta em concentrado.

As maiores respostas são em dietas com menos de 45% de forragens e

quando o concentrado é oferecido separado, em salas de ordenha com

comedouros. Quando a dieta é oferecida como ração total, a freqüência de

Page 203: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Influência da Alimentação na Composição do Leite

alimentação não é tão problemática, enquanto a dieta permanecer

palatável.

18.5. Alimentos Concentrados e a Composição do Leite

A alimentação com concentrado, separado do volumoso,

primariamente envolve a manutenção de uma relação apropriada

volumoso/concentrado e níveis de carboidratos não estruturais (CNE), que

incluem amido, açucares e pectina.

Os carboidratos não estruturais podem variar de 20 a 45%. Um

nível de 40 a 45% é típico de dietas com uma relação

volumoso/concentrado de 40 a 60% ou menos forragem. Dietas com

grandes quantidades de forragem de alta qualidade e um mínimo de grãos

podem ser deficientes em carboidratos não estruturais. Alimentando com

adequado nível de CNE pode melhorar ambos, gordura e proteína do leite,

enquanto que uma superalimentação leva a uma diminuição na gordura de

1 unidade ou mais apesar de aumentar a proteína em 0,2 a 0,3 unidades.

O total de grãos por alimentação precisa ser limitado em 3,0 Kg

para prevenir acidose no rúmen, problemas de refugo de alimento e

redução do teor de gordura no leite.

Um nível de utilização adequado de grãos para maximizar a

produção de gordura e proteína é o seguinte:

Vacas Holandesas e Pardo suíça:

–1 menos de 18 litros/dia usar 1 Kg de grãos, por 4 Kg de leite;

–2 de 18 a 35 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 3 Kg de leite;

–3 acima de 35 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 2,5 Kg de leite;

Vacas com alto conteúdo de sólidos no leite:

Page 204: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

–4 menos de 13 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 3 Kg de leite;

–5 de 13 a 27 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 2,5 Kg de leite;

–6 acima de 27 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 2 Kg de leite.

Os grãos precisam ser limitados em um máximo de 13 a 15 Kg por

vaca por dia. Fezes que contém muito milho indigerível ou com um pH

menor que 6,0 indicam que tem muito grão ou CNE na dieta,

inadequadamente.

O processamento do grão também pode influenciar na composição

do leite. O milho floculado pode aumentar a porcentagem de proteína no

leite, mas quando em excesso causa uma depressão na gordura do leite.

Alimentos fibrosos como a casca de soja podem substituir grãos

aminolíticos e reduzir a severidade da depressão na gordura. Pesquisas

tem mostrado que a casca de soja pode substituir 50 a 75% do milho em

uma mistura concentrada para manter o nível de gordura normal.

18.6. Fibra e a Composição do Leite

As exigências de fibra das vacas consistem do nível de fibra e do

tamanho da partícula, que contribuem para a estimulação ruminal,

ruminação e salivação além da manutenção normal da gordura e da

proteína do leite. O mínimo requerido de fibra em detergente ácido (FDA) e

neutro (FDN) é de respectivamente 19-21 e 26-28%.Abaixo destes níveis a

vaca corre risco de diminuir a gordura do leite, ter problemas de acidose,

laminite, flutuação crônica na ingestão de alimentos e piora na condição

corporal, especialmente em vacas no início da lactação. Para assegurar

adequado comprimento de partícula, a forragem precisa ser triturada acima

de 1 cm. Tamanho menor que 1 cm pode diminuir drasticamente a gordura

do leite e aumentar a proteína em 0,2 a 0,3 unidades. A alimentação com

inadequada fibra não é recomendada para aumentar a proteína do leite,

Page 205: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Influência da Alimentação na Composição do Leite

pois afeta significativamente o ecossistema ruminal. É aconselhável que

75% da FDN da dieta seja de forragem triturada grosseiramente (fibra

longa) para satisfazer totalmente as exigências de fibra.

Rações ricas em fibra (baixa em energia) limitam a produção de

proteína do leite pois não é ingerida energia suficiente. Geralmente, 40 a

50% da matéria seca da forragem em uma ração é a quantidade mínima

para prevenir baixa gordura no leite. Níveis acima de 60 a 65% de forragem

necessitam de suplementação com fontes ricas em energia para evitar

deficiência energética e depressão na proteína do leite.

18.7. Proteína Dietética e Composição do Leite

O atendimento das exigências das vacas de proteína bruta e

proteína não degradada no rúmen é essencial para a manutenção normal

da proteína do leite. A proteína bruta pode variar de 15 a 18%, dependendo

da produção, e a de escape (não degradada) de 33 a 40% da proteína

bruta, especialmente para vacas no inicio da lactação. Parece que um nível

de 33% de proteína não degradada é adequado para vacas no terço médio

e final da lactação.

Geralmente, o nível de proteína bruta afeta a produção de leite,

mas não a porcentagem de proteína, menos se a dieta for deficiente em

proteína bruta. Um excesso de proteína degrada no rúmen pode reduzir a

proteína do leite. A utilização de uréia deve ser restrita em 1 a 2%, em uma

ração total.

18.8. Gordura Dietética e Composição do Leite

A suplementação da dieta com gordura, especialmente no início da

lactação, tem se tornado uma prática em determinadas fazendas,

Page 206: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

especialmente para vacas de alta produção. Quando se utilizar gordura,

deve-se tomar certos cuidados para evitar uma queda no teor de proteína

do leite, que chega a 0,1 a 0,2 unidades. Se usada adequadamente, a

suplementação com gordura pode resultar na manutenção ou ligeiro

aumento na gordura do leite, pequena alteração na proteína e aumento na

produção de leite e no teor de sólidos não gordurosos do leite.

As recomendações para utilização de gordura baseam-se na

gordura animal (sebo) e em gorduras protegidas, na quantidade de 450

gramas/vaca/dia.

Pesquisas tem mostrado que a utilização de niacina (6 a 12

gramas/dia) pode corrigir a depressão na proteína do leite causada pela

suplementação com gordura dietética. Deve-se cuidar, no entanto, para que

as rações estejam adequadamente balanceadas em proteína, fibra, CNE, e

especialmente nos minerais cálcio e magnésio, que devem ser aumentados

em níveis de 0,95% e 0,35% da matéria seca da ração total,

respectivamente.

18.9. Recomendações Gerais

As praticas de alimentação para maximizar o conteúdo de sólidos

no leite e a produção, incluem:

1. manutenção de um adequado nível de fibra de 26 a 32% de FDN ou

adequado tamanho de partícula;

2. manutenção de um adequado nível de amido com 40 a 45% de

carboidratos não estruturais, no máximo;

3. manutenção da relação volumoso/concentrado em acordo com a fonte

de forragem;

4. manutenção de um adequado nível de proteína de 17 a 18%;

Page 207: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Influência da Alimentação na Composição do Leite

5. manutenção de um adequado nível de proteína não degradada no rúmen

de 33 a 40% da proteína bruta;

6. maximizar a ingestão de uma dieta balanceada.

A tabela 18.1 sumariza as praticas de manejo de alimentação que

influenciam no teor de sólidos no leite. A alimentação correta das vacas

leiteiras , apesar da complexidade, é o único caminho para produzir leite

com o nível máximo de gordura e proteína.

Tabela 18.1 - Sumário das mudanças no manejo de alimentação que afetam a composição do leite.

FATOR DE MANEJO GORDURA, % PROTEÍNA, %

Ingestão máxima de alimento aumenta aumenta 0,2 a 0,3 unidades

Aumento na freqüência de alimentação aumenta 0,2 a 0,3 pode aumentar muito pouco

Deficiência de energia pouco efeito diminui 0,1 a 0,4 unidades

Alto CNE ( > 45 %) diminui 1% ou mais aumenta 0,1 a 0,2 unidades

Normal CNE aumenta mantém o nível normal

Excessiva fibra aumento pequeno diminui 0,1 a 0,4 unidades

Baixa fibra ( < 26% de FDN) diminui 1% ou mais aumenta 0,2 a 0,3 unidades

Partícula de pequeno tamanho diminui 1% ou mais aumenta 0,2 a 0,3 unidades

Alta proteína bruta sem efeito aumenta se a dieta era

deficiente PB

Baixa proteína bruta sem efeito diminui se a dieta é deficiente

Proteína não degrada (33 a 40% da PB) sem efeito aumenta se era deficiente PB

Adição de gordura (> 7 a 8%) variável diminui 0,1 a 0,2 unidades

Page 208: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

NUTRIÇÃO E DOENÇAS METABÓLICAS EM VACAS LEITEIRAS 19.1. Introdução

Desbalanços nutricionais, deficiências ou manejos inadequados de

programas alimentares para vacas leiteiras podem levar a um grande

número de problemas de saúde, identificados como doenças metabólicas

ou distúrbios metabólicos.

Compondo o problema estão toda mudança nutricional necessária

para a vaca, sua carência na lactação/período seco, mudança na qualidade

alimentar, e práticas de manejo para produção individual.

Os programas de sanidade do rebanho leiteiro devem incluir uma

forma de evitar desordens metabólicas e prevenção ou controle de doenças

infecciosas. Freqüentemente quando as doenças metabólicas aumentam,

doenças infecciosas oportunistas também aumentam.

Estresse devido a problemas metabólicos pode diminuir a

resistência da vaca e comprometer as funções imunológicas. Se estas

doenças não forem prevenidas, conseqüências de alto custo na reprodução

e na produção de leite poderão ocorrer. Em alguns rebanhos, a mortalidade

pode chegar a 20 a 25%, em adição a outros custos, como resultado destas

implicações da doença.

205

19

Page 209: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras

19.2. Doenças Relacionadas ao Metabolismo Energético

19.2.1. Síndrome da vaca gorda

O excesso de energia na dieta ( devido a concentrados, silagem de

milho, alguns fenos) durante o período seco, podem causar obesidade em

vacas próximas da parição. Estas vacas muito gordas são mais

susceptíveis a de outros problemas metabólicos como a febre do leite,

cetose, deslocamento do abomaso, retenção de placenta, metrite, e a

possibilidade do animal vir a morrer, o que é provável. Isto não é comum

em alguns manejos de rebanhos holandeses, para alimentação de vacas

para mudanças no peso de 700 para 900 Kg de peso vivo, o que

freqüentemente cria problemas. A estratégia alimentar é recomendada para

restaurar a condição corporal perdida durante o final da lactação. Não

somente esta prática poderá evitar severamente a ocorrência de vacas

obesas mas a conversão alimentar em tecido corporal é mais eficiente

durante o fim da lactação, comparado ao período seco. Deve-se tentar

alcançar um escore corporal de 3,5 no fim da lactação e manter esta

condição durante o período seco para minimizar a incidência da síndrome

da vaca gorda. Esta síndrome pode estar associada com todas as outras

doenças metabólicas discutidas neste artigo.

19.2.2. Cetose

Esta doença metabólica ocorre mais freqüentemente no início da

lactação e pode estar associada com outros problemas, como a síndrome

da vaca gorda, retenção de placenta, mastite, metrite, e deslocamento de

abomaso. Vacas com cetose precisam ser examinadas cuidadosamente.

Os sinais de cetose incluem anorexia, perda de peso, diminuição da

produção de leite, apatia e outros sinais não usuais. A cetose é melhor

Page 210: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

prevenida pela manutenção das vacas em boas condições, mas não

gordas durante o período seco. Outra prática é iniciar o arraçoamento com

grãos 10 a 15 dias antes do parto, aumentando gradualmente de 0,5 Kg

até o nível máximo de 7,0 Kg/vaca/dia. Alterações na dieta durante as

primeiras 6 semanas de lactação também devem ser graduais. Durante a

lactação alimentos de boa qualidade, alta energia e palatáveis devem ser

usados.

19.2.3. Retenção de Placenta

A retenção de placenta no pós-parto em vacas leiteiras é comum,

mas com um manejo adequado pode ser mantida em níveis de até 10% das

vacas. O efeito da retenção de placenta na fertilidade subseqüente é devido

a involução retardada do útero e metrite crônica, uma das causas mais

comuns de infertilidade. Em muitas vacas a maior perda econômica é

devida ao atraso na concepção, o que está associado com a menor

produção de leite. A prevenção da retenção de placenta é o ponto chave.

Para esta desordem, é difícil apontar uma causa exata, assim muitos

fatores diretos e indiretos podem ser os responsáveis. O melhor é manter

uma vaca saudável, em condições adequadas durante e após o parto. Uma

ração adequadamente balanceada durante os 45-60 dias do período seco,

exercícios diários, asseio, áreas da maternidade seca e confortáveis, e

sanidade apropriada durante o período de prenhez minimizam as chances

de retenção de placenta. Vacas com deficiência em vitaminas A e D e de

selênio tem maior incidência de retenção de placenta. Injeções destes

nutrientes em níveis adequados podem ser administradas 8 semanas antes

do parto, se houver suspeita da deficiência.

Page 211: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras

19.2.4. Infertilidade

A infertilidade, causada por problemas nutricionais incluem vacas

que podem estar muito gordas ou muito magras. Outras causas além da

nutrição devem ser consideradas quando problemas nutricionais são

corrigidos. Avaliação da condição corporal é importante porque a eficiência

reprodutiva em vacas extremamente gordas ou magras é

consideravelmente reduzida. As fêmeas muito gordas tem mais problemas

no pós-parto (retenção de placenta, metrites, cistos ovarianos) enquanto

que, vacas muito magras usualmente tem problemas devido ao tempo

prolongado antes do reinicio do ciclo normal. Manter e registrar os escores

de condição corporal que variam de 1 para as muito magras até 5 para as

muito gordas. Vacas em lactação, no pico de produção, não devem ter

escore abaixo de 2,5 e por volta de 3,5 no período de secagem, tendo que

manter este escore durante o período seco.

19.3. Doenças Associadas com Acidose ou Pouca fibra

19.3.1. Timpanismo

O timpanismo é um problema comum quando a relação forragem/

concentrado em base de matéria seca, é muito baixa, ou quando a

concentração de fibra em detergente neutro efetiva é muito baixa.

Geralmente, quando a alimentação predominante é com silagem de milho, o

máximo que a silagem dever representar da ração, em base de matéria

seca é de 55% da ração total. Animais recebendo rações que causam

timpanismo crônico possuem pH ruminal muito baixo (muito ácido), e a

digestão normal dos nutrientes é prejudicada, sendo a ingestão de alimento

mínima. O timpanismo espumoso é a forma aguda de timpanismo, podendo

ocorrer quando vacas consomem grandes quantidades de certas

Page 212: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

leguminosas tais como trevo. Animais em pastagens de leguminosas devem

ser cuidadosamente manejados para evitar o timpanismo.

19.3.2. Laminite (Problemas de Casco).

Esta é uma seqüela do timpanismo e indigestão quando a relação

forragem/concentrado é muito baixa. A laminite causa manqueira, contínuo

desconforto quando as vacas estão de pé, e pior performance.

19.3.3. Indigestão

Ocorre quando um contínuo e considerável desbalanço de amido

cria uma alta acidificação ruminal. Flutuações crônicas (de longa duração)

na ingestão de alimentos são sinais comuns de dietas com pouca fibra. A

vaca não pode maximizar a ingestão de alimento ou produção de leite

enquanto sua ingestão alimentar for inconstante.

19.3.4. Abcessos Hepáticos

Geralmente são uma seqüela da baixa relação

forragem/concentrado e acidificação ruminal em que o excesso de ácido

pode promover ou causar erosões/úlceras ruminais permitindo que várias

bactérias penetrem na corrente sangüínea. Estas bactérias são filtradas e

excretadas pelo fígado, resultando em infecções hepáticas e a criação de

abcessos, que prejudica a eficiência funcional do fígado.

Page 213: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras

19.3.5. Deslocamento do Abomaso

O deslocamento do abomaso é uma desordem de bovinos no qual o

abomaso (estômago verdadeiro) torna-se distendido por gás, fluidos, ou

ambos, levando-o a uma posição anormal. O abomaso geralmente se move

para a esquerda e para cima, permanecendo entre o rúmen e a parede

abdominal esquerda. A maioria dos deslocamentos de abomaso ocorrem

em vacas nas 2 semanas após o parto, sendo que as condições associadas

ao parto parecem ser o fator predisponente. Um nível alto de concentrado

na ração de vacas secas durante o final da gestação e após o parto parece

aumentar substancialmente a incidência de deslocamento de abomaso. Os

sinais de deslocamento de abomaso parecem com os da cetose (anorexia,

ingestão alimentar intermitente), movimentos intestinais escassos, redução

da produção de leite, desconforto geral e apatia. Alguns tipos pouco

comuns de deslocamento do abomaso (direito) mostram sinais um pouco

diferentes dos descritos acima. O tratamento destas condições usualmente

envolvem cirurgia abdominal: corrigindo o deslocamento, no qual o

abomaso é levado de volta à sua posição normal através de suturas para

que o deslocamento não volte a ocorrer. Alimentação apropriada pode

reduzir a incidência de deslocamento de abomaso.

19.3.6. Baixo Nível de Gordura no Leite

Uma depressão na gordura do leite pode ocorrer pela baixa relação

forragem/concentrado, ou em rações que a forragem está finamente moída.

A depressão da gordura do leite é tipicamente associada com acidose,

problemas alimentares e lesões dolorosas no casco. Suplementando a vaca

com dietas contendo fibra adequada, em termos de nível e tamanho da

partícula, eliminará, usualmente, estes problemas nutricionais

interrelacionados. Vários tampões, como o bicarbonato de sódio tem sido

úteis na manutenção da quantidade de gordura do leite, quando altos níveis

Page 214: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

de concentrado são ingeridos. Freqüentemente os tampões tem estimulado

a ingestão alimentar, tornando-se especialmente importantes na dieta de

vacas no início da lactação. Os níveis recomendados de bicarbonato de

sódio na alimentação estão entre 0,50 e 0,75% da matéria seca da ração

total.

19.4. Doenças Metabólicas Relacionadas a Minerais

19.4.1. Febre do Leite (Hipocalcemia)

A febre do Leite geralmente ocorre próximo ao parto, e é causada

pela grande demanda de cálcio exigida no início da produção de leite. A

vaca é incapaz de atender esta demanda de cálcio, devido ao imbalanço da

dieta, influência da vitamina D ou da atividade da glândula paratireóide,

todos fatores que influenciam na regulação destes metabólitos durante o

período seco. Os animais com sintomas da febre do leite ficam

cambaleantes, apresentam tremores musculares, prostração, permanecem

deitados, inabilidade para levantar, temperatura abaixo do normal. A seguir

estão outros problemas que podem ocorrer devido a febre do leite:

dificuldade no parto devido a tremores musculares, aumento nas chances

de prolapso uterino, tendência de aumentar a retenção de placenta,

aumento da possibilidade de metrites (infecção uterina), diminuição na

performance reprodutiva, aumento da tendência de timpanismo devido à

atonia muscular do rumem, maior número de deslocamento de abomaso,

maior risco de cetose, risco consideravelmente maior de desenvolver

mamites, maior risco de outras doenças infecciosas, decréscimo na

produção de leite, redução na vida reprodutiva do rebanho. Os efeitos

secundários da febre do leite são economicamente muito importantes,

mostrando a importância da prevenção.

Page 215: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras

19.4.2. Doença do Imbalanço no Controle de Cálcio e Fósforo

O momento mais importante e crítico para ajustar o imbalanço de

cálcio/fósforo que causa problemas metabólicos é o mês que antecede o

parto. Os requerimentos incluem:

1. Limitada ingestão de cálcio antes do parto; alimentar em excesso tende

a inibir a mobilização normal de cálcio dos ossos.

2. O total das exigências de cálcio para uma vaca de 550 Kg no período

seco é de 40 g/dia; em geral, não deve ser alimentada em mais de

0,4% de cálcio na matéria seca da ração, para vacas secas.

3. Evitar altos níveis de fósforo na alimentação; o requerimento de fósforo

é de 28-30 g/dia e deve ser mantido próximo deste nível. Tentar

alimentar aproximadamente 0.24% de fósforo da matéria seca.

4. Uma alta dosagem de vitamina D injetável é recomendada por alguns

pesquisadores, de três a sete dias antes do parto, para ajudar na

prevenção da febre do leite.

19.5. Desordens Relacionadas ao Manejo Alimentar

Vários problemas relacionados ao manejo alimentar podem causar

sérias desordens nutricionais. A ingestão de partículas metálicas, arame ou

prego, pode causar sérios danos internos, doenças crônicas, pior

performance e possível morte. Deslocamento do abomaso tem sido

associado também a ingestão de forragem finamente moída ou outros

desbalanços nutricionais. Problemas de indigestão e performance ruins são

devidos muitas vezes a péssima qualidade do alimento, pouco asseio de

baias e comedouros, e falta de conforto e abrigo adequado para os animais.

Problemas de acidose podem também ser devido a adaptação ao alimento,

Page 216: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

relação forragem/concentrado inadequada, superlotação animal nas áreas

de alimentação ou outras práticas negligentes.

A severidade do edema de úbere pode ser agravada com o

desbalanço nutricional. O excesso de energia, proteína e sal e a deficiência

de magnésio podem estar correlacionadas como possíveis causas deste

problema. Pesquisas tem mostrado que a suplementação com magnésio

(18g/vaca/dia iniciando 42 dias antes da data provável do parto) tem

demonstrado ser promissor na redução do edema de úbere.

19.6. Considerações Gerais

Parece ser concenso, que um bom manejo nutricional direcionado

para a manutenção de baixos níveis de desordens metabólicas incluem:

1. Utilizar uma dieta balanceada adequadamente para proteína, energia,

fibra, vitaminas e minerais.

2. Agrupar as vacas de acordo com a produção e ajuste da condição

corporal durante a lactação.

3. Manter vacas secas na condição de escore corporal de 3,5 , o desejado

escore para o período seco e parto, evitando a síndrome da vaca

gorda e desordens metabólicas relacionadas.

4. Providenciar exercícios para vacas secas.

5. Limitar a ingestão de grãos antes do parto para níveis de 0,5 Kg,

aumentando gradativamente, durante 15 dias até o parto, quando os

animais estarão ingerindo um nível máximo 7 Kg de concentrado.

Page 217: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras

6. Manter uma relação forragem/concentrado na ração total após o parto,

visando maximizar a ingestão mas em um nível para prevenir

problemas digestivos (cetose, acidose, deslocamento de abomaso)

durante a adaptação para a ração inicial.

7. Fornecer feno de gramíneas ou pastagens para vacas secas visando

minimizar a ingestão de cálcio, prevenindo a febre do leite.

8. - Limitar a alimentação com silagem de milho para vacas secas para 15

a 20 Kg/dia, fornecendo 5 Kg de feno ou forragem equivalente.

9. - Limitar a alimentação com concentrado após o pico de lactação e

ocorrência da concepção.

10.- Manter o intervalo entre partos de 12 a 13 meses para evitar longos

períodos secos, mantendo uma boa sanidade, nutrição e práticas

reprodutivas especiais. O objetivo de uma boa produção é prevenir

doenças por manejos alimentares, fornecendo a vaca um ambiente

limpo, seco, confortável, uma fonte de água de boa qualidade para

maximizar a ingestão de uma ração bem balanceada e palatável, para

atender as necessidades de produção.

Page 218: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A CONDIÇÃO CORPORAL E O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO

20.1. Introdução

É bem conhecido, que a ração que a vaca consome pode ser bem

diferente daquela formulada, devido a variações na qualidade da forragem

(o teor de matéria seca, por exemplo), da ingestão de alimentos ou

complicações com mal funcionamento ou inapropriado sistema de

alimentação que pode comprometer um apropriado sistema de nutrição.

Portanto, a vaca é a avaliação final da ração. Medidas da ingestão de

matéria seca e estudo dos dados da produção do rebanho, composição do

leite e curva de lactação, bem como monitoração da condição corporal da

vaca, são as principais e melhores avaliadores da ração ou diagnostico dos

problemas nutricionais do rebanho.

O manejo cuidadoso da energia em vacas leiteiras é crucial para a

eficiência produtiva e reprodutiva. Pior manejo de energia é comumente

observado como o fator mais limitante que contribui para a baixa produção

de leite e pior performance reprodutiva.

A medição da condição corporal tem sido um instrumento eficiente

no monitoramento da ingestão de energia de vacas e rebanhos. Apesar de

ser uma medição subjetiva, a condição corporal dá uma surpreendente e

acurada medida da reserva de energia no animal vivo, melhor do que

através da variação no peso corporal, especialmente em novilhas e vacas

em gestação. As mudanças no peso vivo, como os que ocorrem durante

215

20

Page 219: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A Condição Corporal e o Programa de Alimentação

períodos de alta ingestão de matéria seca, refletem mais o total de

alimentos no trato digestivo que mudanças no status de reserva de energia.

A técnica de medição da condição corporal é relativamente simples

e de custo baixíssimo, podendo se tornar uma rotina comum no manejo,

pois um leigo, com pouco treinamento pode se tornar um competente

avaliador da condição corporal.

20.2. Diferentes Sistemas de Avaliação da Condição Corporal

Existem diversos sistemas de avaliação da condição corporal em

uso no mundo, o que pode levar a uma confusão na interpretação dos

dados. O sistema britânico usa uma escala de 0 a 5, com aumento de 0,5

ponto, resultando em uma escala de 11 pontos. O sistema australiano usa

escala de 1 a 8. O sistema americano, desenvolvido na Virgínia é uma

adaptação do britânico e usa uma escala de 1 a 5.

No Brasil, há uma tendência em se utilizar o sistema americano e o

britânico.

Tabela 20.1 - Tabela de conversão para diferentes sistemas de avaliação

da condição corporal.

Sistema Americano 1 2 3 4 5

Sistema Britânico 0 1 2 3 4 5

Sistema Australiano 1 2 3 4 5 6 7 8

218

Page 220: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

20.3. Sistema Americano de Avaliação da Condição Corporal

O sistema americano desenvolvido na Virgínia é o mais utilizado

nos Estados Unidos e em outros países da América. Neste sistema as

vacas são avaliadas de 1 a 5, baseado na apreciação visual e palpação

manual do lombo, garupa e região da cauda. Um escore de 1 é dado a uma

vaca muito magra e o valor 5 a uma vaca muito obesa.

Recentemente, uma variação do sistema da Virgínia tem sido

desenvolvido na Califórnia, onde a avaliação é praticamente visual, sem

apalpação, mais prático e fácil de utilizar em sistema de free-stall, mas não

é tão preciso.

20.4. Objetivo da Avaliação da Condição Corporal (CC)

O objetivo da avaliação da condição corporal é identificar praticas

de alimentação sub ótimas ou discrepância entre as recomendações e a

performance do rebanho, otimizar a produtividade minimizando

desenvolvimento de problemas reprodutivos. A CC de vacas em tempos

diferentes, durante o ciclo de produção, fornece uma oportunidade para

observar mudanças nas reservas corporais associadas com mudanças na

produção de leite, reprodução e saúde. Ações de manejo apropriadas

podem ser tomadas em vacas individuais, em grupos ou no rebanho todo

para atender os objetivos, ou seja, para que a CC esteja nos mesmos níveis

antes do desenvolvimento do problema.

20.5. Condição Corporal (CC) e Produção de Leite

219

Page 221: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A Condição Corporal e o Programa de Alimentação

Como a condição corporal na época do parto aumenta para 4 ou

mais, a produção de leite e gordura no leite tende a aumentar durante o

início da lactação quando as vacas são alimentadas com dietas com

suficiente fibra. As vacas com CC acima de 3 no parto alcançam mais cedo

e é mais alto o pico de lactação, mas a persistência na lactação é

relativamente menor.

Os bovinos que requerem adicional reserva corporal são mais

eficientes em depositar energia durante a lactação do que no período seco.

As vacas em lactação usam a energia metabolizável do alimento com uma

eficiência de 75% para substituir as reservas corporais, enquanto que as

vacas secas usam a uma eficiência de 60%, requerendo 15 a 25% mais de

alimento para substituir as reservas, quando comparado com vacas em

lactação. Estudos em que as vacas foram alimentadas durante o período

seco, para alcançar a condição corporal desejada no parto, não mostraram

benefício econômico e o balanço energético foi comparado.

A ingestão de matéria seca é geralmente menor e a perda na

condição corporal tende a ser grande (acima de 1 unidade na CC) durante o

início da lactação para vacas gordas (acima de 4) em relação a condição

corporal adequada (3 a 4). A correção na quantidade de energia é

necessária para reduzir a taxa de mobilização da gordura.

A condição corporal excessiva no parto é indesejável. Vacas com

CC acima de 4, particularmente quando combinadas com longas lactações,

longos períodos secos ( acima de 70 dias) e pior manejo nutricional no pós-

parto, terão menor produção de leite, mais doenças metabólicas e baixa

performance reprodutiva. Entretanto, é bom enfatizar que ambos, a taxa e

extensão da perda da condição corporal são mais críticas que a CC ao

parto no desenvolvimento de fígado gorduroso e outros problemas.

220

Page 222: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

20.6. Condição Corporal (CC) e Performance Reprodutiva

Parece ser uma verdade que vacas gordas com problemas de

deposição de gordura no fígado tem aumentado o período para a primeira

ovulação, primeiro estro e concepção, resultando em problemas de

infertilidade.

Vacas em balanço energético negativo, que apresentam perda de

peso, tem uma baixa performance reprodutiva (44 % de taxa de concepção

e 2,32 serviços/concepção) em relação as em balanço positivo, com ganho

de peso (67 % de taxa de concepção e 1,5 serviços/concepção).

Tabela 20.2 - Relação entre a perda de condição corporal pós-parto e performance reprodutiva (síntese de uma pesquisa).

Perda de Condição

CorporalNumero

Vacas

Dias para

a 1a

ovulação

Dias para

o 1o

estro

Serviços

por

concepção

Período

de

serviço

Pequena (< 0,5 ) 23 24 40 1,7 92

Moderada ( 0,5 a 1 ) 16 34 35 1,8 88

Severa ( > 1 ) 15 35 53 1,9 104

O manejo de alimentação de vacas no período seco precisa ser

direcionado para manutenção da condição corporal, sem perda de peso ou

CC. As vacas excessivamente gordas devem ser manejadas

separadamente durante o período seco. As vacas devem ser manejadas,

221

Page 223: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A Condição Corporal e o Programa de Alimentação

para manter a condição corporal, com dietas para um ganho de peso de 0,5

a 0,7 Kg/dia para compensar o rápido desenvolvimento do feto.

20.7. Épocas de Avaliação da Condição Corporal

Quanto mais freqüente as vacas forem avaliadas, melhor a

determinação das mudanças na reserva corporal. O ideal é que as vacas

sejam avaliadas mensalmente ou a cada dois meses. Esta avaliação pode

ser feita também no manejo normal do rebanho: no parto, na secagem,

durante vacinações, durante inspeção veterinária.

As seguintes épocas são sugeridas para avaliação dos animais:

1. No parto;

2. Entre 5 e 6 semanas após o parto (próximo ao pico de lactação, ao

primeiro cio, ou quando o primeiro exame retal é feito pós-parto,

etc.);

3. Entre 150 e 200 dias após o parto (no meio da lactação);

4. No fim da lactação (secagem).

Nestes tempos de avaliação, o escore desejado deve ser o listado

na tabela 20.2. Se o escore estiver fora das variações aceitáveis, o manejo

deve ser direcionado na tentativa de resolver o problema. O mais

importante é observar a mudança na condição corporal entre um estágio e

outro de lactação. A tabela 20.3 apresenta algumas condições corporais

recomendadas e suas variações.

Tabela 20.3 - Condição corporal recomendada para bovinos leiteiros.

Animal Condição corporal desejável Variação na condição corporal

Vacas Parto 3,5 3,0 a 4,0

Pico de Lactação 2,5 2,0 a 2,5

222

Page 224: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Meio da Lactação 3,0 3,0 a 3,5

Fim da Lactação 3,5 3,0 a 3,5

Novilhas 6 meses de idade 3,0 2,5 a 3,0

Época do cruzamento 3,0 2,0 a 3,0

Parto 3,5 3,0 a 4,0

Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas.

Período Escore de

condição corporal

Razões Sugestão de

manejo

Época de Secar Alto ( > 4,0 ) vacas ganharam peso

excessivo durante a

lactação

Reduzir a energia da

ração no último terço

da lactação

Baixo ( < 3,0 ) Vacas não se

alimentaram para

ganhar peso durante o

período de lactação

Aumentar a energia no

último terço da lactação

Durante o período seco Ganho em CC acima

de 4,25

Excessiva energia na

ração de vacas secas.

Excessivo dias secos,

resultante de

problemas ou falhas na

reprodução

Medir a ingestão,

analisar a forragem e

reduzir a energia

Limitar o dia seco em

70 dias no máximo.

Estabeleça um rigoroso

manejo reprodutivo

Perda em CC Vacas secas perderam

peso devido a ração

Checar a ingestão,

analisar a forragem,

ajustar a energia da

ração para parar a

perda de peso.

223

Page 225: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A Condição Corporal e o Programa de Alimentação

Checar o espaço no

cocho, suprimento de

água, sombra.

checar vacas

individuais para

problemas de doenças

Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas (continuação).

Período Escore de

condição corporal

Razões Sugestão de

manejo

Do parto ao pico CC muito alta (>

3,0 )

Genética

Inadequada

proteína na ração

pós-parto relativo

ao nível de

ingestão da vaca

Agrupe as vacas

baseado na

habilidade

produtiva; Medir a

ingestão e ajustar

a proteína da ração

para um máximo

de 19% na ração

Perda de CC de

1,0 unidade

Isto é normal e

esperado em

vacas leiteiras.

Maximizar a

densidade

energética da

ração mas guarde

níveis de FDN

efetivo na ração

para manter a

fermentação

ruminal.

Considerar adição

de niacina e

224

Page 226: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

gordura

Perda de CC

acima de 1,0

unidade caindo

para baixo de 2,5

Vacas muito

magras no parto ou

perda excessiva de

peso

Medir a ingestão

de MS. Usar

gordura na ração e

forragem de alta

qualidade.

Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas (continuação).

Período Escore de condição

corporal

Razões Sugestão de manejo

Do pico ao meio

da lactação

CC muito alta ( > 3,0 ) Vacas geneticamente

inferiores.

Vacas em dieta rica em

energia por muito tempo

Estas vacas são sérias

candidatas a serem

descartadas se o

problema não for

nutricional

CC permanece baixa( <

2,5 ) ou vacas continuam

a perder peso

Vacas não se

recuperaram da perda da

condição no inicio da

lactação.

Densidade energética da

ração muito baixa.

Doença crônica

Ração baixa em energia

para restabelecer a CC.

Algumas vacas com CC

muito baixa (< 2,5)

algumas com CC muito

alta (>3,5)

Grande variação na

habilidade genética do

rebanho.

Vacas não alimentadas

para atender as

exigências de energia.

Balancear ração para

atender as exigências de

energia e manter até as

vacas atingirem CC>3,0.

Descartar vacas com

problemas de doenças.

Medir a ingestão, analisar

225

Page 227: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A Condição Corporal e o Programa de Alimentação

forragem, balancear

ração Agrupar vacas de

acordo com a produção

e CC. Ter certeza de que

todas as vacas tem

acesso a ração e água.

Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas (continuação).

Período Escore de

condição

corporal

Razões Sugestão de

manejo

Vacas em final de

lactação

CC muito alta

(>3,75).

Vacas recebendo

excesso de

energia

Intervalo entre

partos muito

longo

Medir ingestão,

ajustar a ração

Melhorar o

manejo

reprodutivo,

descartar vacas

com problemas

de fertilidade

CC muito baixa

ou vacas não

ganham condição

para chegar a 3,5

na época de

secar

Ingestão mais

baixa que a

esperada

(palatabilidade da

ração, alteração

na qualidade da

forragem, stress,

Fornecer ração

alta em energia

no último terço da

lactação

Consulte um

veterinário

226

Page 228: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

etc.

Individualmente

as vacas podem

ter doenças

crônicas

20.8. Conclusões

Informações quantitativas relacionadas a avaliação da condição

corporal e composição corporal, são limitadas. Existe um consenso de que

a mudança de uma unidade na CC relaciona-se a uma mudança no peso

corporal (em torno de 30 a 60 Kg). Devido a isto, a adequada formulação de

rações, para atender certas condições de escore descritas, são muito difícil.

227

Page 229: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

A Condição Corporal e o Programa de Alimentação

228

Page 230: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DE

VACAS LEITEIRAS21.1. Introdução

A avaliação do programa de alimentação implantado, passa por

alguns pontos que devem ser checados e observados, para o ser alcançado

o sucesso.

21.2. Avaliação

A avaliação passa primeiramente pelo pessoal envolvido

diretamente com o rebanho. Qualquer problema que possa ocorrer, deve

ser percebido e discutido com o proprietário ou gerente, criador, tratadores

e retireiros, veterinário e se preciso, com os fornecedores de ração e

ingrediente. Deve-se ter em mente que um problema nutricional pode ser

responsável por toda uma situação ou por parte, como: doenças

infecciosas, mastite, reprodutivas, parasitas internos (helmintos, coccidios)

e externos ( piolho, sarna), etc.

Outro aspecto, é saber que a nutrição e as práticas alimentares

podem aumentar a incidência de doenças metabólicas e infecciosas assim

como problemas de infertilidade.

227

21

Page 231: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Avaliação do Programa de Alimentação de Vacas Leiteiras

21.3. Ficha de Avaliação

Quando um problema ocorrer, deve-se obter um histórico mais

detalhado possível da situação, e estas informações podem auxiliar na

descoberta dos problemas e da avaliação do programa, como um todo:

1 - requerer cópias das rações fornecidas pelo fazendeiro;

2 - obter as rações produzidas para determinar com que precisão as rações

estão sendo seguidas e as modificações feitas no programa;

3 - checar os itens mineral e vitamina fornecidos em cochos separados da

ração:

a - itens oferecidos: consiga o rótulo;

b - consumos aproximados - via sobra do suprimento, etc.

4 - obter a seqüência de alimentação - o que está sendo consumido e

quando.

5 - determinar qual é a ração consumida pelas vacas secas

a - muitos problemas de saúde, sanitários ou reprodutivos são

provenientes de uma alimentação imprópria durante o período seco,

especialmente no pré parto (nas últimas 2 - 3 semanas)

b - é praticada alimentação com concentrados antes da parição? (não é

recomendada em muitos rebanhos).

c - como é feita a transição de volumosos (de vacas secas para vacas

em produção)?

d - que níveis ou concentrados são utilizado no dia da parição?

e - De forma o consumo de concentrado aumentou depois da parição?

Page 232: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

6 - Como as forragens são fornecidas a vacas leiteiras?

a - todas as vacas consomem a mesma quantidade?

b - ao menos uma forragem prejudicou a ingestão?

c - no caso de free-stall as forragens estão disponíveis dezoito horas ou

ao menos de 12 a 20 horas, diariamente?

7 - use um formulário para checar a alimentação das vacas leiteiras

8 - pesar as quantidades de alimentos ingeridos.

9 - cheque o consumo através das sobras de alimentos.

10 - obtenha uma avaliação por computador da ração quando todos os

dados estiverem disponíveis.

11 - determine o consumo de água, se a indicação for necessária.

12 - checar a incidência ou os vários problemas de saúde: use um

formulário, especialmente para checar infecções dos pés (casco).

13 - obtenha dados de produção de leite por alguns meses (atual, mês

anterior, outros) e se possível, os seguintes dados:

a - teor de gordura do leite;

b - teor de proteína do leite;

c - contagem de células somáticas.

14 - cheque os dados de produção do rebanho, como um todo e dos grupos

de produção.

a - as vacas mais velhas estão produzindo satisfatoriamente (que pode

ser medido pela produção no pico de lactação)?

Ideal para raças puras: de 25 a 30 litros.

Page 233: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Avaliação do Programa de Alimentação de Vacas Leiteiras

b - a maioria das novilhas de primeira lactação estão produzindo bem?

Ideal para raças puras: de 18 a 21 Kg/dia

c - De quanto as vacas mais velhas estão diminuindo a produção de leite

mensalmente? Cheque a porcentagem de mudança.

Ideal: não deve exceder 5 a 10% ao mês na maioria das vacas até

que elas estejam um tanto velhas (acima de 240 dias em lactação). As

vacas devem ser checadas, individualmente, em vários meses, pois estas

podem estar com uma produção alta ou baixa, fora do normal, no dia

testado.

d - checar a % de vacas em lactação no mês corrente e verificar se está

muito baixo (abaixo de 85 % ou tanto).

e - obtenha as média de produção de leite de todas as vacas em

lactação no mês corrente.

f - obtenha a composição do leite, se possível (% de gordura e proteína).

g - consiga a média de contagem de células somáticas e distribuição nos

meses anteriores e atual, se possível.

h - obtenha o status reprodutivo do rebanho: serviços/concepção,

período de serviço, intervalo entre partos, período seco, etc.

i - checar repetição de cio e verificar as causas da repetição.

15 - Inspecionar os animais

a - Checar todos os grupos: vacas em lactação, vacas secas, novilhas,

novilhas em gestação, bezerras de um ano, bezerras desmamadas,

bezerras em aleitamento,

b - checar os escores de condição corporal de todas as vacas e checar

vacas magras (< 3,0).

Page 234: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

c - checar o peso de todos os animais jovens, peso e idade a primeira

parição, através do uso de fita (mínimo), altura da cernelha.

d - pesar os animais jovens quando existirem problemas.

e - observar as condições das fezes, urina, cascos, pernas, úbere e

pêlo.

Page 235: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Avaliação do Programa de Alimentação de Vacas Leiteiras

Page 236: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS

22.1. Introdução

O manejo de alimentação de vacas leiteiras em confinamento é

fundamental na manutenção de uma ingestão adequada de alimento e na

redução do desperdício ou sobras. Uma definição do manejo de

alimentação é a quantidade de alimento oferecido comparado com a

quantidade de alimento consumido. A máxima ingestão de matéria seca

precisa suportar uma ótima produção de leite e profilaxia do animal.

Diversos aspectos precisam ser considerados: seleção de

ingredientes, a preservação dos ingredientes do alimento, a ingestão total

de matéria seca e o ambiente de alimentação que incluem o comedouro, a

água, o conforto animal e a qualidade do ar.

Dois pontos são necessários para um manejo de alimentação

adequado: se você não pode medir, você não pode inspecionar; se você

não pode inspecionar, você não pode administrar.

Três rações existem em uma fazenda: a ração formulada, a ração

oferecida para a vaca e a ração consumida pela vaca, que é a única ração

verdadeira. O sucesso depende do melhoramento desta ração.

233

22

Page 237: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bovinos Leiteiros

22.2. Pontos a Serem Checados em um Manejo

Os seguintes pontos e roteiro precisam ser checados:

1. as vacas precisam ter de 45 a 75 cm/vaca de espaço no cocho;

2. a ração precisa ser uniformemente consumida ao longo do comedouro;

3. examinar a ração para ver se ela está uniforme (caroço de algodão ou

soja são bons marcadores);

4. a distribuição da ração precisa ser avaliada: caules, espigas, material

fino e grosseiro;

5. a sobra ou refugo precisa estar entre 3 a 5% da dieta original oferecida e

parecer similar a original;

6. a ração precisa ser distribuída 2 ou 3 vezes ao dia;

7. se uma distribuição extra aumenta a ingestão de matéria seca em 1 Kg

ou mais, continue com a prática;

8. a sobra precisa ser removida diariamente e pode ser oferecida para as

novilhas, mas nunca para as vacas secas;

9. o comedouro precisa estar na sombra ou ser corberto;

10.o comedouro não pode permanecer vazio por mais que 2 a 3 horas/dia;

11.se as vacas necessitam mais alimento, aumente todos ingredientes

igualmente, não somente volumosos ou concentrados;

12.se as vacas não podem ingerir tudo que é oferecido, reformule a ração

total para assegurar correta ingestão de nutrientes em menos matéria

seca;

Page 238: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

13.o comedouro precisa ter superfície macia, ao nível do chão;

14.cabos de contenção precisam estar posicionados à frente da vaca;

15.a ração precisa ser fresca e com bom cheiro (não pode estar mofada ou

com odor ruim);

16.a ingestão de matéria seca cai 10% em temperaturas acima de 260 C e

umidade de 80%; 20% em temperaturas acima de 320 C;

17.40% das vacas precisam estar ruminando durante o dia ou comendo e

mastigando 10 a 12 horas ao dia;

18.distribuir 60 a 75% da ração a noite durante o verão.

22.3. Seleção de Alimentos e Sistemas de Manejo

Os seguintes pontos devem ser considerados com relação a alguns

alimentos e ao tipo de dieta utilizada:

1 - Quando se utiliza ração total os seguintes cuidados devem ser tomados:

a - novilhas em primeira lactação precisam ter seu próprio grupo;

b - a matéria seca da ração total precisa estar entre 35 a 45% ;

c - há necessidade de adicionar água, se a ração for muito seca;

d - a variação na produção de leite em um grupo precisa ser a menor

possível;

e - as vacas devem mudar de grupo baseado na produção de leite,

condição corporal e idade;

2 - Quando o feno for usado, ele precisa estar disponível para que todas as

vacas possam consumir simultaneamente, distribuído 2 vezes ao dia, ou

incorporado na ração total;

Page 239: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Manejo de Alimentação de Bovinos Leiteiros

3 - A presença de mofo, acima de 10.000 unidades por grama de mateira

seca formando uma colônia, pode causar problemas digestivos;

4 - A silagem de milho precisa ser picada mais grosseiramente, e estar com

pH entre 3,8 a 4,2.

22.4. Manejo da Água

Um adequado suprimento de água e espaço adequado no

bebedouro precisam estar disponíveis para todas as vacas imediatamente

após a ordenha. A água deve ser potável, e estar a uma distância máxima

de 15 metros do comedouro. Deve-se distribuir um bebedouro para cada 20

vacas no sistema loose housing ou um metro linear de bebedouro.

22.5. Exame das Fezes

Um exame detalhado das fezes auxilia na análise do processo de

ingestão e digestão dos alimentos em vacas leiteiras. O pH das fezes acima

de 6,0 indica um excessiva indigestibilidade do amido. O odor putrefativo

das fezes sugere uma excessiva indigestibilidade da proteína. A presença

de grãos nas fezes indica um inadequado processamento ou pior digestão .

A consistência firme das fezes é desejável. Fezes fluídas (moles) pode ser

decorrência de uma excessiva ingestão de proteína, minerais ou grãos e um

baixo consumo de fibra (em quantidade ou na forma física).

Page 240: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

CONTROLE DA QUALIDADE DE RAÇÕES PARA BOVINOS

LEITEIROS23.1. Controle de Qualidade

23.1.1. Aspectos a Serem Analisados

1 - Análise das forragens utilizadas para todos os grupos: vacas em

lactação vacas secas e animais jovens.

a - Incluir análise para proteína em silagens e fenos.

b - Análise de todos os minerais, incluindo microminerais: Cu, Zn, Mn,

Fe e S.

c - Testar alterações em tipo, aparência, odor especialmente em

silagens.

d - Retirar amostra de forragens em diferentes tempos de

armazenamento.

2 - Análise dos grãos e ingredientes após mudanças ou trimestralmente,

como: teor de umidade em milho, sorgo, farelo de soja, etc. Análise em

produtos comerciais quando apresentar informações inadequadas.

3 - Analisar misturas de concentrados ou alimentos trimestralmente ou após

mudanças na formulação.

237

23

Page 241: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Controle da Qualidade de Rações para Bovinos Leiteiros

4 - Analisar umidade de todos os itens usados na mistura da ração total

(TMR) ao menos quinzenalmente ou após mudanças, para manter o

nível adequado de matéria seca.

Ex: 15 Kg MS/50% de umidade = 30 Kg como alimento.

5 - Analisar a ração total trimestralmente ou em cada mudança.

6 - Obter amostras representativas para análise:

Feno: amostras do centro de 12 a 18 fardos

Silagem: composta de 6 amostras

TMR: composta de 6 amostras

Ingredientes: composta de cada remessa.

7 - Monitorar a qualidade da água analisando uma ou duas vezes ao ano ou

quando problemas inexplicáveis ocorrerem.

23.1.2. Desenvolvendo Rações Baseando-se em Análises

1- Programar rações baseadas na ingestão

2 - Programar para vacas em lactação, vacas secas e animais em

crescimento.

3 - Considerar os seguintes itens:

a - custo e disponibilidade,

b - tamanho da partícula e processamento por calor,

c - tipo de proteína: proteína degradável, proteína by-pass, conteúdo de

aminoácidos,

d - tipo de carboidratos: FDA, FDN e amido,

Page 242: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

e - Combinação tipo de proteína x carboidrato:

Ex: ração rica em carboidratos que são rapidamente fermentáveis no

rúmen necessitam de bons níveis de proteína que são prontamente

degradadas no rúmen e vice e versa.

f - palatabilidade da ração,

g - adaptabilidade da ração ao sistema de alimentação,

h - condições ambientais,

i - capacidade de trabalho e manejo da fazenda

23.1.3. Enfatizar a Qualidade da Forragem para Vacas em Lactação.

1 - As forragens preferencialmente para serem utilizadas em quantidades

maiores para produção de leite precisam conter pelo menos 58% de

NDT ou 1,30 Mcal de ELL/Kg de matéria seca.

2 - As forragens precisam ser palatáveis e relativamente livres de mofo,

especialmente para vacas em alta produção.

23.1.4. Observações Constantes da Qualidade do Alimento

1 - Observar mudanças distintas na aparência e odor de forragens e grãos,

2 - Observar a presença de mofos, bolor, deterioração, contaminação

(metal, pedras, etc.)

3 - Toque para sentir calor nos alimentos ou nos locais de armazenamento,

4 - Observar se os silos estão totalmente vedados

Page 243: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Controle da Qualidade de Rações para Bovinos Leiteiros

5 - Checar os sobras de alimentos deixadas pelo rebanho ou animais

individuais.

23.2. Controle da Quantidade

A - Pesar o total de ração oferecida e as sobras nos últimos meses;

Compute a ingestão e cheque com as recomendações

B - Calibre os distribuidores de ração e outros equipamentos usados na

alimentação de acordo com o volume do último mês e mudanças na

umidade, tamanho da partícula ou na fórmula,

C - Observe os animais diversas vezes ao dia e cheque alimentos e sobras.

D - Cheque o inventário dos ingredientes utilizados nas rações,

E - Cheque rotineiramente a quantidade de água (m3) gasto na fazenda.

23.3. Performance Animal

Checando rotineiramente a performance animal pode ser um reflexo

do controle da ração.

A - Leite produzido e vendido: (exemplo)

Leite produzido - 1.700 litros

Total de vacas em lactação - 100 vacas

Leite produzido/vaca - 170 litros

Estas informações são importantes para se checar a ocorrência de

algum problema de imediato.

B - Checar o teor de proteína e gordura do leite no último mês.

Page 244: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Estes dados são bons indicadores do status nutricional.

C - Checar problemas de saúde no último trimestre, pois alguns podem

estar relacionados com a nutrição.

1 - Estômago cheio e com barulho pode ser sinal de acidose, alcalose ou

problema de alimento estragado,

2 - Retenção de placenta ou febre do leite pode ser problema

relacionado com a ração das vacas secas

3 - Cetose pode ser indicativo de problemas com ensilagem anormal,

carência ou excesso de proteína, ou água poluída.

4 - Aumento de mastitis pode significar problemas com ingestão de

alimento mofado, selênio, vitamina E ou água poluída ou teta

contaminada,

D - Perda de peso em vacas em lactação e vacas secas no último mês

E - Alimento refugado diariamente

F - Ruminação, mastigação e esvaziamento do rúmen,

G - Fezes - olhar a cor, odor, consistência e tamanho das partículas.

H - Urina - quantidade excretada e cor

G - Crescimento de animais jovens

23.4. Checar Práticas e Estratégias de Alimentação

A - Alimentos, forragens ou ração total tendo taxa de 5% de sobra em

muitos casos.

Page 245: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Controle da Qualidade de Rações para Bovinos Leiteiros

B - Usar métodos de alimentação que armazenam níveis de energia,

proteína e mineral no rúmen como possível em: ração total,

alimentação com concentrado mais de duas vezes por dia.

C - Prevenir excesso de temperatura no local de armazenamento dos

grãos: distribuir a ração mais freqüentemente, remover a forragem e os

alimentos antes da alimentação evitando-se remoção no dia anterior,

D - Limpar comedouros e bebedouros freqüentemente,

E - Manter as áreas de alimentação bem ventiladas.

Page 246: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

AGRUPAMENTO DE VACAS PARA ALIMENTAÇÃO COM

RAÇÃO TOTAL24.1. Introdução

O conceito de oferecer todos os alimentos em uma ração completa

é relativamente novo. O conteúdo de nutrientes da ração total precisa

satisfazer as exigências de vacas de alta produção. Entretanto, quando

ração total é oferecida para todo o rebanho em lactação, vacas em início de

lactação e especialmente vacas com lactação prolongada devido a

problemas reprodutivos, tendem a ficar obesas. Estas vacas terão sérios

problemas de saúde e no parto. Desta forma, é desejável dividir as vacas

em lactação em mais de um grupo. O número de vacas em um grupo

precisa ser regulado para uma lactação e rotina de alimentação normais.

Durante a lactação, não é desejável deixar vacas na área de espera por

mais de 90 a 120 minutos. Se, por exemplo, 20 vacas são

ordenhadas/homem/hora, o número de vacas no grupo não deve exceder a

40 vacas.

24.2. Agrupamento de Acordo com a Produção

Muitas fazendas, nos Estados Unidos e Canadá, tem achado

conveniente agrupar vacas de acordo com o nível de produção de leite, o

243

24

Page 247: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Agrupamento de Vacas para Alimentação com Ração Total

que tem levado a um aumento na produção e resultado em grande

benefício.

Para reduzir a variação na produção de leite nos grupos, sugere-se

um mínimo de três grupos de produção. Vários grupos reduzem as

diferenças entre grupos no conteúdo nutritivo das rações e

conseqüentemente reduzem a queda na produção quando as vacas são

movidas de um grupo para outro.

Após 3 a 4 dias do parto, as vacas recém paridas são colocadas no

grupo onde a alimentação com concentrado é alta, sendo deixadas neste

grupo pelo menos 2 meses, quando terão a oportunidade de mostrar seu

potencial ou habilidade máxima para produção. As vacas que não

mostrarem este potencial, devem ser mudadas para o grupo de menor

produção. Uma desvantagem deste sistema é que vacas ainda vazias

podem ser transferidas para o segundo grupo. Estes grupos de vacas

precisam ser checados freqüentemente para a detecção de cio.

Alguns pesquisadores sugerem que as vacas sejam agrupadas pela

produção corrigida (4%) para melhor ajuste, mas esta prática é difícil de ser

implantada.

24.3. Agrupamento pela Idade e Qualidade do Úbere

O agrupamento de vacas pelo nível de produção de leite pode ter

efeito negativo sobre a produção e reprodução, se existem condições que

favorecem a agitação entre as vacas para estabelecer dominância. Uma

condição pode ser devido a continua adição de novas vacas ou remoção

das estabilizadas. Entretanto, transtornos podem resultar quando grupos ou

rebanhos são muito grandes e vacas individuais precisam ser reconhecidas

por outras vacas. Uma alternativa é agrupar vacas por uma lactação inteira,

de acordo com a velocidade de lactação, idade e tamanho:

246

Page 248: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

1. novilhas de primeira cria - aumentar concentrado na faixa de 2,0

Kg/cabeça/dia acima da quantidade recomendada, diminuindo a

quantidade equivalente da forragem com base na matéria seca, para

satisfazer as exigências de crescimento adicional.

2. vacas de segunda e terceira lactações, vacas velhas com bons úberes.

3. vacas com úberes médios ou vacas baixas produtoras.

4. vacas velhas com úberes grandes.

Este sistema de agrupamento pode ser aplicado para rebanhos de

200 vacas ou maiores. As vacas podem ficar obesas durante o final da

lactação e todos os grupos tem que ser vistoriados minuciosamente para os

sinais de cio.

24.4. Agrupamento pela Condição Corporal

Parece ser óbvio, segundo alguns pesquisadores, que a utilização

de ração completa para todas vacas em lactação agrupadas de acordo com

o nível de produção pode satisfazer o critério necessário em um sistema

adequado. Pesquisas tem mostrado que uma ração alta em energia, como

ocorre em grupos pelo nível de produção, resulta em grande ingestão de

alimentos e menor perda de peso após o parto em relação a alimentação de

uma ração similar para uma lactação inteira. Em adição, vacas não perdem

peso por um longo período após o parto, que poderá ter um efeito sobre a

taxa de concepção e persistência de lactação para o restante da lactação.

Vacas com ração alta em energia alcançam o peso corporal em

aproximadamente 10 semanas antes e o estro pós-parto ocorre aos 36 dias

comparado aos 60 dias. Assim, o programa de alimentação pode ser

vantajoso se o produtor desejar cruzar suas vacas até os 40 dias, se

possível.

247

Page 249: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Agrupamento de Vacas para Alimentação com Ração Total

Pesquisadores tem recomendado que vacas recebam uma ração

completa contendo 17% de FB, 21,5% de FDA dos 3 dias pós-parto até elas

restabelecerem seu peso corporal, estimando-se que isto possa ocorrer aos

200-225 dias pós-parto. Pode ser benéfico a adição de 1,5 Kg de feno nesta

ração, como FDN efetiva. Após as vacas terem restabelecido seu peso

corporal até 210-225 dias em lactação, podem ser mudadas para um

segundo grupo, onde a ração contenha 33-36% de FDA. Está ração deverá

ser dada durante o período seco. A ração mais apropriada para vacas

secas é feno de gramíneas, suplementada adequadamente com minerais.

Entretanto, o feno para vacas secas necessita ser ajustado para rações de

alta energia que será administrada após o parto. A ração com 33-36% de

FDA, usada durante o final da lactação, precisa ser ajustada iniciando este

10-14 dias antes do parto. Se o feno não estiver disponível em quantidade

suficiente para as vacas secas, as rações de final de lactação precisam ser

administradas para as vacas secas.

248

Page 250: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

GLOSSÁRIO Abomaso - o quarto compartimento estomacal (estômago verdadeiro) de

um ruminante.

Acetonemia (cetose) - uma condição caracterizada por uma elevada

concentração de corpos cetônicos nos tecidos e fluídos do corpo. É

mais comum entre vacas de alta produção em balanço energético

negativo.

Ácido desoxirribonucleico (DNA) - substância química que é o principal

material nuclear das células. A estrutura do DNA determina a

estrutura do ácido ribonucleico, o qual determina a estrutura das

proteínas das células.

Ácidos graxos voláteis (AGV) - comumente usado em referência ao

acético, propiônico e ácido butínico produzido no rúmen de bovinos,

cabra, e carneiro, no ceco de carneiro, ceco e cólon de suínos, no

cólon de cavalo e ceco de coelhos.

Ad libitum (à vontade). Terminologia comumente usada para expressar a

disponibilidade de alimento na base de livre escolha.

Amônia (NH3) - gás penetrante, sem cor, composto de nitrogênio e

hidrogênio; seus compostos são usados como fertilizantes.

Amônio - Ion NH4 + derivado da amônia NH3.

247

25

Page 251: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

Análise proximal - testes para determinação de matéria seca, material

mineral, nitrogênio (proteína bruta), fibra bruta, extrato etéreo

(lipídeos) e extrativo não nitrogenado. Representa a composição

grosseira da composição do alimento.

Animais vazios - termo comumente usado para animais domésticos não

prenhes, vazios.

Anorexia - falta ou perda de apetite.

Antibiótico - um produto metabólico de um microrganismo ou uma

substância química que em concentrações baixas é prejudicial para

atividades de outros microrganismos. Penicilina, tetraciclina,

streptomicina são antibióticos. Não eficazes contra vírus.

Antibiótico de largo espectro - um antibiótico que é ativo contra um grande

número de espécies de micróbios.

Atrofia - um defeito ou falha de nutrição ou função fisiológica manifestada

como um definhamento ou redução no tamanho da célula, tecido,

órgão, ou parte do corpo.

Bactéria coliforme - bactérias do trato intestinal de animais de sangue

quente. A presença é considerado indicativo de contaminação fecal.

Bactericida - um agente ou substância capaz de destruir bactéria.

Bacterina - suspensão de bactérias mortas ou atenuadas (vacina) usada

para aumentar a resistência à doenças.

Bacteriostática - descreve uma substância que previne o crescimento de

bactéria, mas não as mata.

Balanço de nitrogênio - nitrogênio consumido no alimento, menos nitrogênio

fecal e nitrogênio urinário (retenção de nitrogênio)

Page 252: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Bolo - alimento regurgitado que foi mastigado e está pronto para ser

engolido; uma grande pílula para dosar animais.

Bovino - referente ao boi ou a vaca.

BST (somatotropina bovina) - uma proteína complexa biologicamente ativa

secretada pela glândula pituitária. Ela estimula o crescimento celular

do corpo e a produção de leite. Disponível como um produto

produzido sinteticamente para uso em gado. Ocasionalmente

chamado de hormônio de crescimento ou HGB.

Capacidade suporte - número de animais que uma pastagem pode

comumente suportar com alimento para um certo período de tempo.

Caseína - a principal proteína do leite e do queijo.

Caseína iodada - proteína do leite (caseína) na qual o iodo é ligado. Isto é

comumente referido para a tiroproteína e pode ser usado para

estimular vacas leiteiras a secretarem mais leite.

Células somáticas - o conteúdo celular do leite é composto de

aproximadamente 95% de leucócitos (células brancas do sangue) do

sangue e 5% de células epiteliais da secreção do tecido do úbere. Os

leucócitos estão presentes na resposta a infecção, e as células

epiteliais estão presentes como um resultado da infecção.

Coletivamente estas células são chamadas de células somáticas.

Celulose - principal carboidrato constituinte das membranas da célula

vegetal. É disponível para ruminantes através da ação de bactérias

celulolíticas no rúmen.

Cetonúria - presença de corpos cetônicos na urina, referente a uma cetose

de vacas de alta produção.

Circunferência toráxica - a circunferência do corpo logo atrás das escapulas

do animal. É usado para estimar peso corporal.

251

Page 253: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

CMT - Teste de Mastite da Califórnia - um teste útil de seleção de mastite

por determinação do conteúdo de células somáticas no leite. Um

reagente é exigido para reagir com material nuclear de células

presentes no leite para formar um gel.

Colostro - o primeiro leite secretado após a parição. apresenta teores mais

altos em sólidos totais do que o leite normal.

Componentes - os outros sólidos nutricionais do leite que não a água ,

como gordura, proteína , lactose e minerais.

Concentrado - é um alimento alto em extrativo não nitrogenado ( ENN ) e

nutrientes digestíveis totais (NDT) e baixo em fibra bruta ( abaixo de

18 % ). Inclui grãos de cereais, farelo de soja, farelo de algodão e

sub-produtos da industria de moagem como glúten de milho e farelo

de trigo. Um concentrado pode ser pobre ou rico em proteínas.

Condição corporal - referente a quantidade de carne ( peso corporal ),

qualidade da pelagem e saúde geral dos animais.

Confinamento - rebanhos mantidos em currais ou estábulos para máxima

produção. As instalações podem ser parciais ou completas,

geralmente com piso, fechadas ou não, cobertas ou não.

Contagem de células somáticas - uma medida do número de células

somáticas presentes em uma amostra de leite. Uma concentração

alta , acima de 500.000 células somáticas pôr milímetro de leite

indica uma condição anormal no úbere.

Dias em Lactação(DEL) - o número de dias durante a presente lactação que

a vaca tem sido ordenhada, começando com a última data de parição

até a data presente.

Dias Secos - número de dias secos antes da parição.

Page 254: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Dicumarol - Um composto químico encontrado em trevo doce estragado e

feno de Lespedeza. Ele é um anticoagulante e pode causar

hemorragia interna quando ingerida por bovinos.

Digestibilidade - é a porcentagem de alimento ingerido que é absorvido pelo

organismo em oposição ao é excretada como fezes.

Diurético - droga ou agente usado para aumentar o fluxo da urina.

Duração total da lactação - produção total de leite e componentes durante

a lactação vigente.

Edema - presença anormal de grande quantidade de líquido nos espaços

intercelulares do organismo, como na dilatação das glândulas

mamarias comumente acompanhando parição em muitos animais da

propriedade.

Eficiência alimentar - mede a quantidade de alimento consumido pela

unidade de peso ganho ou unidade de produção (leite, carne, ovos).

Enchimento (Fill) - termo que designa o enchimento do trato digestivo do

animal.

Energia bruta - a quantidade de calor; medida em calorias, obtida quando

uma substância é completamente oxidada em uma bomba

colorimétrica.

Energia Digestível (ED) - porção de energia de um alimento que pode ser

digerido ou absorvido pelo organismo animal.

Ensilagem - forragem verde picada preservada por fermentação em um silo.

Também chamada silagem.

Equivalente protéico - termo que indica o teor de nitrogênio total de uma

substância em comparação ao teor de nitrogênio da proteína

(usualmente vegetal). Por exemplo, o nitrogênio não protéico (NNP),

253

Page 255: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

uréia, contém aproximadamente 45% de nitrogênio e contém o

equivalente protéico de 281% (6,25 + 45%).

Ergosterol - um estrol da planta que, quando ativado pelos raios

ultravioletas, torna-se vitamina D2, também chamado vitamina D2 e

ergosterina.

Eructação - o ato de arrotar ou liberar gases do estômago.

Esfíncter - anel muscular que fecha e abre, como o esfíncter muscular no

final da teta das vacas.

Estro - a respectividade sexual restrita em fêmeas mamíferas. Comumente

marcada por intensa aceitação sexual. O estro pertence a um ciclo

todo de mudanças na fêmea não prenha.

Extrativo não nitrogenado ENN) - que consiste de carboidratos, açúcares,

amidos, e uma importante porção de materiais classificados como

hemicelulose nos alimentos. Quando proteína bruta, gordura, cinza,

água, fibra, são adicionadas e subtraídas de 100, a diferença é o

extrativo não nitrogenado.

Extrato etéreo - substâncias gordurosas ou lípidica dos alimentos que são

solúveis em éter.

Fardo de feno - forragem que foi comprimida em um fardo (arredondado ou

retangular) para guardar espaço no armazém e ajuda na

manipulação.

Farelo - a membrana do grão (trigo e de outros grãos cereais) que é

separado da farinha e usado como alimentação animal.

Farinha de osso - ossos de animais que foram cozinhados à vapor sob

pressão e triturados. É usado como um fertilizante e como um

suplemento mineral na alimentação animal.

Page 256: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Feno - forragem seca usada para alimentar animais na fazenda.

Fibra - a porção de celulose das forragens que é baixa em NDT e difícil de

digerir por animais monogástricos.

Fibra Bruta - porção dos alimentos composta de: celulose, hemicelulose,

lignina e outros polissacarídeos que servem de parte estrutural e

protetora das plantas ( alta na forragem e baixas em grãos ) não

solúvel em detergente ácido ou alcalino.

Fibra em Detergente Ácido - mensuração da fibra extraída com detergente

ácido em uma técnica empregada para ajudar a avaliar a qualidade

de forragens. Inclui celulose, lignina, NIDA, e cinza não solúvel em

ácido.

Fibrose - condição marcada pela presença de tecido fibroso intersticial,

especialmente na glândula mamária resultante de mastite.

Fístula - uma abertura artificial no animal, exemplo no rúmen.

Forragem - Volumoso de alto valor alimentício. Gramíneas e leguminosas

cortadas em apropriado estágio de maturação e armazenadas para

preservar a qualidade, são denominadas forragens. Uma cultura que

é rica em fibra e cultivada especialmente para alimentar ruminantes.

Forragem picada verde - forragem colhida no campo e levada aos animais.

Isto minimiza a perda de nutrientes, cor, umidade e desperdício.

Fosfato - um ion de fósforo e oxigênio (H2PO4- ou HPO4

-2). Pode existir em

solução como um ion de éter ou sal de ácido fosfórico.

Free stall - sistema de produção, com cubículos ou camas na qual os

animais leiteiros são livres para entrar e sair, em oposição a ser

confinados em baias.

255

Page 257: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

Ganho médio diário - a quantidade média de acréscimo de peso vivo

quando aplicado a animais de fazenda.

Gastroenterite - Inflamação química bacteriana ou viral da mucosa do

estômago e intestino.

Gordura do leite - lipídios ou ácidos graxos, componentes do leite.

Gordura insaturada - uma gordura tendo uma ou mais duplas ligações não

completamente hidrogenada.

Gossipol - pigmento amarelo tóxico encontrado na semente de algodão. O

calor e a pressão tende a ligá-lo a proteína e desse modo se torna

seguro para o consumo animal.

GPD (Gases produzidos pela digestão). Estes incluem a produção de gases

combustíveis no trato digestivo durante a fermentação da ração. O

metano constitui a maior proporção da produção de gases

combustíveis pelos ruminantes. Quantidades mínimas de hidrogênio,

monóxido de carbono, acetona, etano e sulfidro de hidrogênio são

também produzido.

Hipoglicemia - nível de glicose sangüínea inferior ao normal.

In Vitro - ambiente artificial para testes realizados dentro de tubos de

ensaio.

In Vivo - dentro de um corpo vivo.

Incremento calórico - aumento em calor, produzido após o consumo de

alimento. Consiste de calorias liberadas na fermentação e no

metabolismo de nutrientes. Quando a temperatura ambiental está

abaixo da temperatura crítica, este calor pode ser usado para manter

o corpo quente; contudo, não é desperdiçado. Também chamado de

trabalho da digestão.

Page 258: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Ingestão de proteína - total de proteína ou nitrogênio consumido sem

considerar a qualidade.

Intervalo entre partos - número médio de dias entre as duas últimas datas

de parições, para vacas individuais ou para um rebanho.

Intolerância à lactose - condição na qual a lactose não é adequadamente

hidrolisada no intestino devido a uma insuficiência da enzima lactase.

Lactação projetada (305 dias) - cálculo para prever o rendimento ou a

produção total de uma vaca em 305 dias, baseados em uma lactação

em progresso.

Lactose - açúcar único no leite, um dissacarídeo composto por glicose e

galactose. Média do conteúdo do leite de mais ou menos 5% de

lactose que pouco varia no rebanho.

Laminite - inflamação dos pés ou da perna inferior de animais ruminantes

causada pela superalimentação de grãos ou de gramíneas verdes.

Leguminosas - trevos, alfafa e plantas similares que podem absorver

nitrogênio diretamente da atmosfera através da ação de bactérias

que vivem nas raízes e as usa como nutriente para o crescimento.

Leite corrigido pela gordura - quantidade estimada de leite calculada em

base do equivalente de energia. Significa uma média da produção de

leite em diferentes animais leiteiros e raças em base energética

comum.

Lignina - composto que juntamente com a celulose forma a parede celular

das plantas. É praticamente indigestível.

Livre escolha - sistema de alimentação que permite que os animais

alimentem à vontade.

Matéria Seca - o teor livre de umidade dos alimentos.

257

Page 259: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

Metabolismo basal - (MB) - as mudanças químicas que ocorrem nas células

de um animal, em estado de jejum ou descanso, quando se usa

energia suficiente para manter a atividade celular vital, respiração e

circulação como mensurada pela taxa metabólica basal (TMB).

NIDA - nitrogênio insolúvel em detergente ácido. Nitrogênio ou proteína

dietética não digestível.

Nitrificação - transformação bioquímica da oxidação da amônia (NH4) a

nitrito (NO2) ou a nitrato (NO3).

Nitrogênio orgânico - encontrado, em compostos orgânicos, tais como

proteína e aminoácidos. Exige decomposição microbiana antes da

nitrificação em um nutriente vegetal.

Novilha - fêmea bovina de menos de 3 anos de idade que não pariu um

bezerro. Vacas jovens com seu primeiro bezerro são chamadas de

novilha de primeira cria.

Número de ordenhas - as vacas são normalmente ordenhadas duas vezes

ao dia. Indica-se 2X, todavia, as vacas podem ser ordenhadas mais

freqüentemente (3X, 4X, etc.).

Nutrientes Digestíveis totais (NDT) - uma avaliação padrão do valor

nutricional de um alimento particular para animais de fazenda que

inclui todos os nutrientes orgânicos digestíveis: proteína, fibra,

extrativo não nitrogenado, e lipídeos.

Omaso - terceira divisão do estômago. Também chamado de folhoso

Ordenha manual - ordenha manual de um animal em oposição a ordenha

mecânica.

Page 260: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Paralisia do parto - condição observada principalmente em vacas leiteiras

de alta produção, caracterizada por uma baixa concentração de

cálcio no sangue que resulta em paralisia parcial a completa logo

após o parto, chamado febre do leite.

Paraqueratose - qualquer anormalidade do córneo (camada córnea da

epiderme) da pele, especialmente por uma condição causada por

edema entre as células que perde a formação de queratina.

Parto - processo de dar origens a filhotes.

Pastar - consumir vegetação em pé, como pelos animais domésticos de

fazenda ou animais silvestres.

Período - o período de gestação de uma vaca.

Período de cio - aquele período de tempo quando uma fêmea aceita um

macho no ato de monta. Também chamado em cio ou estro.

Período de lactação - números de dias em que um animal secreta leite até o

próximo parto. Usualmente 10 a 12 meses.

Período seco - descreve uma vaca não lactante. O período seco de vacas é

o tempo entre lactações ( quando uma fêmea não está secretando

leite ), usualmente de 50 a 70 dias.

Persistência - é a qualidade de ser persistente, como na habilidade do

animal em lactação manter a lactação durante um período de tempo.

Pesagem - procedimento usado pelos supervisores e produtores de leite

para determinar a quantidade de leite produzido por uma vaca em um

dia.

259

Page 261: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

pH - medida logarítmica da alcalinidade ou acidez de uma solução usando

a concentração de ions hidrogênio. A escala de pH varia de 0 a 14

com números acima de sete alcalinos, e números abaixo de sete

ácidos. Uma mudança no número medido significa, que a solução é

dez vezes mais fraca ou mais forte que a medida anterior.

Piquete - área grande e aberta que permite descanso ao gado. Proporciona

uma área de até 60 m2 papa pastejo e descanso enquanto o freestall

usa somente 20 m2. Também chamado área livre ou abrigo.

Placenta - união de tecidos entre o feto e a mãe.

Plasma - porção líquida do sangue ou linfa, no qual corpúsculos ou células

sangüíneas flutuam.

Podridão de casco - inflamação que ocorre entre os dedos e em cascos de

ovinos e bovinos. Causado pela combinação de fungos e bactérias.

Poligástrico - que possui mais de um compartimento estomacal, como as

vacas e outros ruminantes.

Pós-parto - após o nascimento da cria.

Ppb (partes por bilhão) - eqüivale a microgramas por quilo ou microlitros por

litro.

Ppm (partes por milhão) - eqüivale a miligramas por quilo ou mililitros por

litro.

Prenhes, gestação (gravidez) - o período de concepção até o nascimento.

O período de desenvolvimento fetal entre a fertilização do óvulo e o

nascimento da cria.

Primípara - termo comumente usado para indicar o primeiro parto de

fêmeas bovinas.

Page 262: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Prolapso uterino - condição na qual o útero esta totalmente no avesso, fora

do corpo do animal, geralmente após o parto.

Proteína Bruta - proteína total do alimento. Para calcular a % de proteína,

um alimento é primeiro analisado quimicamente para teor de

nitrogênio. Visto que as proteínas tem em média 16% de N ,

multiplica-se pelo fator 6,25 para obter a % de proteína bruta.

Proteína Degradada no rúmen (PDR) - aquela proteína ou nitrogênio

degradado no rúmen por microorganismos em proteína microbiana ou

liberada como amônia.

Proteína Digestível (PD) - é a quantidade de proteína do alimento que é

absorvida pelo trato digestivo; ela poderá ser calculado usando a

fórmula PD=% proteína bruta do alimento x o coeficiente de digestão

da proteína no alimento.

Proteína não degradada no rúmen (PNDR) - a porção da proteína

consumida que escapa da destruição pelos microorganismos do

rúmen (proteína de escape, proteína by-pass).

Quartos anteriores - os dois tetos dianteiros da vaca. Também chamado

úbere anterior.

Quilocaloria (Kcal) - equivalente a 1000 calorias.

Ração - alimento dado para um animal durante 24 horas.

Ração balanceada - necessidade de alimento diário de um animal

misturada para incluir proporções adequadas de nutrientes exigidos

para saúde, crescimento, produção e conforto normais. A ração

contendo todos os requerimentos dietéticos para satisfazer o

propósito para o qual é destinado.

Ração completa - uma mistura de todos alimentos ( forragem e grãos ) de

um dieta. Uma ração completa se ajusta em alimentadores

261

Page 263: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

mecanizados e no uso de computadores para formulação de ração

de custo mínimo. As vezes chamado de ração mista total ou TMR.

Rebanho - um grupo de animais (especialmente bovinos) coletivamente

considerado como uma unidade.

Regurgitar - ato de levar alimentos não digeridos do estômago para a boca,

feito por ruminantes.

Retenção de placenta - membranas placentárias que não são expelidas

normalmente durante o parto.

Retículo - a segunda divisão ou compartimento estomacal de um ruminante.

Rúmen - primeiro compartimento estomacal, grande, de um ruminante.

Ruminação - a subida ou regurgitação do alimento para ser mastigado pela

segunda vez, como o gado faz; a mastigação do alimento pelo

ruminante.

Ruminante - um tipo de animal que tem o estômago dividido em quatro

compartimentos: rumem, retículo, omaso e abomaso, através dos

quais o alimento passa na digestão. Eles incluem gado, ovinos,

cabras, cervos e camelos.

Sala de ordenha em espinha de peixe - uma estabulação de ordenha

projetada em zig-zag suspenso que permite a ordenha de grupo de

várias vacas ao mesmo tempo em um sistema de leite em tubulação.

Sala de ordenha paralela - área de ordenha, mais alta ou plataforma, onde

a vaca fica perpendicular ao operador e as unidades de ordenha são

presas entre as pernas posteriores, também chamado lado a lado.

Sala de ordenha rotativa - edificação com plataforma rotativa redonda ou

carrossel no qual as vacas andam até começar a ordenha.

Page 264: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Secar o animal - mudança de um animal lactante para não lactante,

geralmente feita 6 a 8 semanas antes do parto.

Serviço - termo comumente usado na criação animal, significando o

acasalamento do macho com a fêmea.

Silagem - forragem verde, assim como gramínea ou trevo, ou forragem,

assim como milho ou sorgo, que é cortada dentro de um silo, onde

é embrulhada ou comprimida para retirar o ar e passar por uma

fermentação ácida (acetato e lactato) que retarda o apodrecimento.

Silagem de alta umidade - silagem usualmente contendo 70% ou mais de

umidade.

Silagem pré-secada (Haylage) - silagem de baixa umidade (35-55% de

umidade). Gramíneas e leguminosas são cortadas no campo e

secadas até um nível mais baixo que silagens de gramíneas, mas a

cultura não é totalmente seca para o enfardamento. É comumente

armazenada em um sistema lacrado ou impermeável ao ar.

Silo - uma estrutura cilíndrica vertical, cova, trincheira ou outra câmara

relativamente sem ar na qual plantas verdes cortadas, como milho,

gramíneas, leguminosas, ou grãos pequenos e outros tipos de

alimentos são fermentados e armazenados.

Sólidos não gordurosos do leite - proteínas, lactose, minerais e outros

constituintes solúveis em água. É o mesmo que SNG.

Sólidos totais do leite (STL) - primariamente gordura do leite, proteínas,

lactose e minerais.

Somatotropina - um hormônio protéico produzido pela glândula pituitária, o

qual estimula o crescimento do músculo, ossos e desenvolvimento

mamário em animais jovens e aumenta a produção de leite em

263

Page 265: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

animais lactantes pela disponibilidade de nutrientes para síntese e

secreção do leite.

Soro do leite - há duas espécies de soro de leite: soro do leite natural é um

subproduto da transformação do creme em manteiga, e soro do leite

cultivado, geralmente feito de leite desnatado por adição de uma

cultura e pela incubação até ácido láctico. Desenvolve-se a

aproximadamente 0,8%. Sal é geralmente adicionado para acentuar o

gosto.

Subclínica - uma condição de doenças sem manifestação clínica.

Subcutânea - localizado ou ocorre abaixo da pele.

Suculência - uma condição das plantas caracterizada por apresentar suco

fresco e tenra, tornando-as apetitosas aos animais.

Suplementar - adicionar minerais, vitaminas, ou outros ingredientes

menores (com referência ao volume) em uma ração.

Suplementos protéicos - produtos alimentícios que contém 20% ou mais de

proteína.

Sucedâneos - misturas de ingredientes não lácteos (outros do que leite,

gordura do leite, e sólidos não gordurosos) que são combinados

formando um produto semelhante ao leite, leite semi desnatado ou

desnatado. Caseinato de sódio, embora derivado do leite é

comumente chamado um ingrediente não lácteo e é também usado

como uma fonte de proteína nestas imitações de leite. Os óleos

vegetais são comumente usados como fonte de gordura.

Taxa de concepção - número total de concepções obtidas dividido pelo

número total de serviço.

Taxa de passagem - tempo que um resíduo indigestível dado na

alimentação leva para aparecer nas fezes.

Page 266: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros

Tetânia - uma condição em um animal em que está localizado contrações

convulsivas musculares.

Tetania de pastagem - uma doença causada por deficiência de magnésio

de bovinos caracterizada por hiperirritabilidade, espasmos

musculares das pernas e convulsões.

Timpanismo - uma desordem dos ruminantes usualmente caracterizado por

uma acumulação de gás no rúmen.

TMR - ração em mistura total, ração completa.

Touro - bovino macho, sexualmente maduro e não castrado.

Toxinas - veneno produzido por certos microorganismos. Elas são produtos

do metabolismo celular.

Úbere - o agrupamento de glândulas mamárias encaixada providas com

tetas ou mamilos, como em vacas, ovelha, etc.

Ungulado - refere-se a animal que possui casco, como uma vaca.

Unidade Animal - uma unidade de mensuração de animal de produção,

equivalente de uma vaca adulta pesando 450 Kg. A medida é usada

para fazer comparações de consumo de alimento e pastejo.

Uréia - um composto orgânico de nitrogênio não protéico (NH2CONH2). É

feita sinteticamente pela combinação da amônia com dióxido de

carbono.

Vaca - um bovino fêmea adulta.

Vaca Leiteira - um bovino o qual a produção leiteira esta destinado para

consumo humano, ou é mantida para a criação de novilhas de

reposição.

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Page 267: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

Glossário

Vacas Secas - Qualquer vaca que teve bezerro uma vez e não está

produzindo leite.

Vacinação - processo artificial de estimular a imunidade, reage em um

animal um material biológico alterado resultando em resistência a

doenças infecciosas.

Vísceras - os órgãos internos do corpo.

Vitelo (Veal) - bezerro alimentado para abate precoce (normalmente em

menos que 3 meses de idade, nos Estados Unidos).

Volatilização - o fluxo de gases, tal como amônia, do estrume para a

atmosfera.

Volumoso - consiste de pastagem, silagem, feno, ou outro alimento seco.

Ele poderá ser de alta ou baixa qualidade. Volumosos são

usualmente altos em fibra bruta (mais que 18%) e relativamente baixo

em ENN (aproximadamente 40%).

Page 268: Alimentação de bovinos leiteiros - livro

LITERATURA CONSULTADAAGRICULTURAL RESEARCH OF COUNCIL. The nutrient requirements

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TEIXEIRA, J.C. Nutrição de Ruminantes. Edições FAEPE, Lavras, MG,

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