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0- 0 - ENGENHEIRO DE ELÉTRICA SISTEMAS INTEGRADOS DE PROTEÇÃO E AUTOMAÇÃO EM SUBESTAÇÕES

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    ENGENHEIRO DE ELTRICA SISTEMAS INTEGRADOS DE PROTEO E AUTOMAO EM SUBESTAES

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    ENGENHEIRO DE ELTRICA

    SISTEMAS INTEGRADOS DE PROTEO E AUTOMAO EM SUBESTAES

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    CASCAES PEREIRA, Allan M.sc.

    Engenheiro Eletricista / UERJ. Rio de Janeiro, 2006 106 p.: 59 il.

    PETROBRAS Petrleo Brasileiro S.A.

    Av. Almirante Barroso, 81 17 andar Centro CEP: 20030-003 Rio de Janeiro RJ Brasil

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  • INDICE

    Apresentao..............................................................................Pag..8 1 Arquitetura Bsica dos Rels Digitais..................................................9

    1.1 Introduo ................................................................................9 1.2 - Subsistema de Entradas Analgicas .......................................10 1.3 - Subsistema de Entradas Digitais ou Discretas ........................13 1.4 - Subsistema de Sadas Digitais ou Discretas ...........................14 1.5 - Memrias ................................................................................14 1.6 - Processador ............................................................................15 1.7 - Subsistema de Comunicao..................................................15 1.8 - Teclado Local e Visor de Cristal Lquido..................................16 1.9 - Fonte de Alimentao..............................................................16 1.10 - Alternativas de Arquitetura ....................................................16

    2 Algoritmos de Filtragem Digital..........................................................20

    2.1 - Introduo ...............................................................................20 2.2 - Algoritmos para Proteo de Distncia....................................20 2.2.1 - Algoritmos Baseados em Modelos dos Sinais de Entrada ..21 2.3 - Conceito de Janela de Dados..................................................22 2.4 - Algoritmo de Fourier ................................................................23 2.4.1 - Utilizao de Janela de Dados de um Ciclo ........................24 2.4.2 - Utilizao de Janela de Meio Ciclo ......................................24 2.5 - Algoritmo Recursivo de Fourier ...............................................27 2.6 - Algoritmo de Walsh .................................................................27 2.7 - Algoritmos de Filtragem Digital Baseados em Modelo do Sistema 29 2.8 - Algoritmo de Mnimos Quadrados ...........................................31

    3 Novas Funes Oferecidas Pelos Rels Digitais...............................33

    3.1 - Introduo ...............................................................................33 3.2 - Novas Funes Oferecidas pelos Rels Digitais .....................33 3.2.1 - Registro Seqencial de Eventos..........................................33 3.2.2 - Oscilografia..........................................................................34 3.2.3 - Registro de Valores de Medio Indicativa..........................34 3.2.4 - Autoteste e Autodiagnose....................................................35

    3

  • 4

    3.2.5 - Teclado, Visor e LEDs .........................................................35 3.2.6 - Comunicao.......................................................................37 3.2.7 - Sincronizao ......................................................................37 3.2.8 - Localizao de Faltas ..........................................................37 3.2.9 - Monitorao do Disjuntor .....................................................37 3.2.10 - Monitorao do Circuito de Disparo...................................37 3.2.11 - Relatrio de Falta...............................................................38 3.2.12 - Deteco de Falha na Abertura ou Fechamento do Disjuntor ..38 3.2.13 - Configurao das Entradas e Sadas Digitais ...................38 3.2.14 - Grupos de Ajustes .............................................................39 3.2.15 - Monitorao da Qualidade da Energia Fornecida .............40 3.2.16 - Anlise de Harmnicos......................................................40 3.2.17 - Anlise de Fasores ............................................................40

    4 Possibilidades de Diferentes Arquiteturas .........................................41

    4.1 - Introduo ...............................................................................41 4.2 - Possibilidade de Diferentes Arquiteturas para o Sistema Digital.41 4.3 - Influncia do Tipo e Porte da Subestao ...............................46 4.4 - Itens a Serem Analisados na Definio do Sistema Digital ..........47 4.4.1 - Desempenho e Confiabilidade.............................................47 4.4.2 - Recursos Operacionais e Apoio Manuteno...................48 4.4.3 - Modularidade, Expansibilidade e Mantenabilidade..............49 4.4.4 - Condicionamento Ambiental ................................................49 4.4.5 - Cablagem ............................................................................50 4.4.6 - Comunicao de Dados.......................................................50 4.5 - Substituio dos Circuitos e Rels dos Cubculos Blindados e Painis por Sistemas Digitais ...................................................51 4.6 - Uso de Esquemas de Retaguarda...........................................52 4.7 - Redundncia no Sistema Digital..............................................53 4.8 - Custo.......................................................................................54 4.9 - Concluses .............................................................................54

    5 Vantagens dos Sistemas de Proteo e Automao Digitais ............55

    5.1 - Introduo ...............................................................................55 5.2 - Estrutura e Funcionamento de um Sistema Digital Inteligente de Proteo, Controle e Automao.............................................55 5.2.1 - Sistema de Superviso, Controle e Automao ..................56 5.2.2 - Sistema de Proteo ...........................................................57 5.3 - Vantagens da Utilizao dos Sistemas Digitais .......................57 5.4 - Problemas e Limitaes dos Sistemas Convencionais.......................61

  • 5

    6 - Sistemas Integrados de Proteo e Automao ................................64 6.1 - Introduo ...............................................................................64 6.2 - O Panorama Atual...................................................................65 6.3 - Razes para Evoluir para um Sistema Integrado.....................65 6.4 - Linguagem CIM XML Aplicada a Sistemas Eltricos.....................66 6.5 - Padro IEC 61850 Sua Implantao e Aplicaes ......................68 6.5.1 - Objetivos do Padro IEC 61850 ..........................................72 6.5.2 - Benefcios ............................................................................72 6.5.3 - Confirmao da Viabilidade.................................................73 6.5.4 - O Projeto INTERUCA ..........................................................76 6.5.5 - Evoluo dos Sistemas Atuais para o Padro IEC 61850...77 6.5.6 - Monitorao de Equipamentos Usando o Padro IEC 61850 .81 6.5.7 - Concluses ..........................................................................82 6.6 - Utilizao das Informaes de Monitorao e Controle

    Disponveis nos Rels.............................................................................83 6.6.1 - Introduo............................................................................83 6.6.2 - Unidades de Medio de Fasores (Phase Measurement

    Units - PMU) ...........................................................................................84 6.6.3 - Aplicaes dos Dados e Informaes dos Rels.................85 6.6.4 - Recomendaes e Sugestes .............................................87 6.7 - Possibilidades de Retrofit ........................................................87 6.8 - Tendncias da Integrao na Automao de Subestaes.....87 6.9 - Concluses .............................................................................89

    7 Testes em Sistemas Integrados de Proteo e Automao ......................90

    7.1 - Introduo ...............................................................................90 7.2 - Uso da Linguagem SCL ..........................................................90 7.3 - A Norma IEC 61850 ................................................................92 7.4 - Equipamento de Teste para Rels Microprocessados Convencionais.. 94 7.5 - Equipamento de Teste para IEDs de Proteo Baseados na Norma

    IEC 61850................................................................................................94 7.6 - Testes de Conformidade .........................................................95 7.7 - Testes de Interoperabilidade ...................................................96 7.8 - Testes de Desempenho ..........................................................98 7.9 - Concluso ...............................................................................98

    Bibliografia ............................................................................................100

  • LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Diagrama de Blocos de um Rel Digital .............................................................................09

    Figura 1.2 - Amostragem dos Sinais Analgicos ...................................................................................10

    Figura 1.3 Alternativas Para o Circuito de Entradas Analgicas ........................................................11

    Figura 1.4 Exemplo de Arquitetura Simplificada de Rel Digital ........................................................12

    Figura 1.5 Exemplo de Configurao Simplificada do Software de Rel Digital ................................12

    Figura 1.6 Exemplo de Arquitetura com Trs Multiplexadores ...........................................................13

    Figura 1.7 Arquitetura do Rel SPC (GE) ...........................................................................................14

    Figura 1.8 Diagrama de Blocos Processador Central e Memrias..................................................16

    Figura 1.9 Diagrama em Blocos Geral do Rel DGP (GE).................................................................17

    Figura 1.10 Diagrama em Blocos Interface Homem-Mquina.........................................................18

    Figura 1.11 Diagrama em Blocos Entradas Digitais e LEDs...........................................................19

    Figura 2.1 Janela de Dados Deslizante ..............................................................................................22

    Figura 2.2 ...............................................................................................................................................25

    Figura 2.3 ...............................................................................................................................................26

    Figura 2.4 ...............................................................................................................................................26

    Figura 2.5 ...............................................................................................................................................26

    Figura 2.6 ...............................................................................................................................................28

    Figura 2.7 ...............................................................................................................................................28

    Figura 2.8 ...............................................................................................................................................29

    Figura 2.9 ...............................................................................................................................................29

    Figura 2.10 .............................................................................................................................................31

    Figura 2.11 .............................................................................................................................................32

    Figura 3.1 Lista de Eventos.................................................................................................................34

    Figura 3.2 Exemplo de Oscilograma com Anlise de Harmnicos.....................................................35

    Figura 3.3 Interface Homem-Mquina Remoto: Visor, Teclado e LEDs Indicativos...........................36

    Figura 3.4 Interface Homem-Mquina Remotos e Comunicao com CLP.......................................36

    Figura 3.5 Relatrio de Falta...............................................................................................................38

    Figura 3.6 Exemplo de Diagrama Lgico............................................................................................39

    Figura 3.7 Demandas e Distoro Harmnica Total (DHT) ................................................................40

    Figura 4.1 Sistema com Processamento da Automao e Controle Centralizado e Aquisio de

    Dados Distribuda...................................................................................................................................42

    Figura 4.2 Sistema com Aquisio de Dados Distribuda e Redundncia .........................................43

    Figura 4.3 Sistema com Proteo e Aquisio de Dados Distribuda e Automao e Controle

    Centralizados..........................................................................................................................................44

    Figura 4.4 Exemplo de configurao Sistema SPACOM (ABB) ......................................................45

    6

  • 7

    Figura 4.5 Exemplo de configurao Sistema ALSTHOM...............................................................46

    Figura 4.6 - Exemplo de Interface Homem Mquina .............................................................................48

    Figura 4.7 Configurao com Modularidade .......................................................................................50

    Figura 4.8 Exemplo de Integrao Vertical e Horizontal.....................................................................51

    Figura 5.1- Exemplo de Sistema Digital de Superviso, Controle e Automao...................................56

    Figura 5.2 - Aspecto da Interface Homem-Mquina Digital ...................................................................57

    Figura 5.3 - Exemplos de Relatrio e Lista de Eventos.........................................................................58

    Figura 5.4 - Simplificao de Subestaes............................................................................................59

    Figura 5.5 - Comparao entre os Tempos de Engenharia, Compras, Instalao e ............................60

    Comissionamento para Sistemas Convencionais e Digitais..................................................................60

    Figura 5.7 Parte de Circuito de Intertravamento de Chaves Seccionadoras......................................62

    Figura 5.8 - Arranjo dos Equipamentos na Casa de Controle Sistema Convencional .......................62

    Figura 5.9 - Anunciador de Alarmes ......................................................................................................63

    Figura 6.1 Entradas, Sadas e Configurao de Dados de uma Funo ...........................................69

    Figura 6.2 Ns Lgicos Agrupados em Dispositivos Lgicos (Funes)............................................69

    Figura 6.3 Nveis Hierrquicos em Uma Subestao .........................................................................70

    Figura 6.4 Mapeamento das Mensagens............................................................................................71

    Figura 6.5 Separao entre Software Aplicativo e de Comunicao..................................................72

    Figura 6.6 Conjunto de Teste Para Verificao de Interoperabilidade ...............................................79

    Figura 6.7 Arquitetura Utilizada no Projeto INTERUCA......................................................................79

    Figura 6.8 Coordenao Lgica Entre Rels de Sobrecorrente .......................................................80

    Figura 7.1 Gerao Do Arquivo SCD..................................................................................................91

    Figura 7.2 Arquitetura Simplificada de um SAS Utilizando a Norma IEC 61850................................93

    Figura 7.3. Ligaes de um Rel Digital Convencional ao Equipamento de Teste...........................94

    Figura 7.4 - Equipamentos Para a Realizao de Testes de Conformidade e Funcionais ...................95

    Figura 7.5 Sistema para Teste de Interoperabilidade de Vrios IEDs................................................97

  • APRESENTAO O

    Os rels de proteo experimentaram notvel evoluo desde que a tecnologia digital foi

    adotada em sua fabricao, tendo-se transformado em dispositivos inteligentes, chamados de IEDs

    de proteo. Alm de agregarem maiores recursos s tarefas de proteo de equipamentos, barras e

    linhas de transmisso, so tambm capazes de participar das diversas funes de superviso,

    controle e automao normalmente utilizadas em uma subestao. O advento da norma IEC 61850

    veio uniformizar o uso de redes locais LAN (Local rea Network) de alta velocidade e elevada

    confiabilidade, permitindo o compartilhamento de informaes entre os diversos IEDs, bem como a

    disponibilizao dessas informaes aos diferentes usurios de uma indstria ou empresa de energia

    eltrica (operador local, operador do centro de controle, medio, tecnologia da informao,

    manuteno, engenharia da proteo, anlise de faltas etc.). Adicionalmente, a norma IEC 61850

    solucionou o problema das expanses dos sistemas digitalizados, oferecendo a garantia de

    expansibilidade e interoperabilidade entre IEDs de fabricantes diferentes, reduzindo drasticamente o

    custo das expanses dos sistemas digitalizados.

    8

  • 1 ARQUITETURA BSICA DOS RELS DIGITAIS

    1.1 Introduo Os rels microprocessados consistem de um conjunto de unidades de hardware e software interligadas entre si de modo a executar as diversas funes do rel de forma eficiente, confivel e

    econmica. Embora possam existir variaes de projeto de um fabricante para outro, so

    apresentados na Figura 1.1 os principais subsistemas que fazem parte da maioria dos rels

    numricos.

    Figura 1.1 - Diagrama de Blocos de um Rel Digital

    9

  • 1.2 - Subsistema de Entradas Analgicas Possui os seguintes elementos:

    Transformadores de Isolamento Galvnico e Condicionamento de Sinais:

    Filtros Anti-Aliasing

    Limitam o espectro de freqncia dos sinais de entrada, eliminando as altas freqncias. O

    filtro deve possuir freqncia de corte adequada para permitir a passagem da freqncia fundamental

    e dos harmnicos menores, de modo a no provocar atraso excessivo. De um modo geral, quanto

    maior for a freqncia de corte, menor ser o atraso gerado pelo filtro.

    Amplificadores Sample and Hold - Registram o valor instantneo da corrente ou tenso, no momento da amostragem, e retm este valor at pass-lo ao conversor A/D.

    Multiplexador - Efetua a varredura dos canais de entrada com uma velocidade correspondente taxa de amostragem, determinada pelo relgio de amostragem (clock). Conversor Analgico-Digital - Efetua a converso de cada sinal analgico que lhe comutado pelo multiplexador, para seu equivalente digital. A converso controlada pelo relgio de

    amostragem, o qual gera pulsos de curta durao, a uma dada freqncia, estabelecendo, assim, os

    instantes de amostragem. A cada pulso do relgio feita a converso do valor instantneo do sinal de

    entrada para uma palavra digital. O tempo de converso tpico da ordem de 25s. Na alternativa de amostragem com espaamento uniforme durante todo o ciclo do sinal,

    existem duas variantes: amostragem uniforme em tempo e amostragem uniforme em ngulo. Na

    amostragem com tempo fixo, o intervalo de tempo entre amostras (t ) constante, isto , a freqncia de amostragem constante e da ordem de 240 Hz a 2 kHz. Este mtodo tambm

    conhecido como amostragem assncrona, sendo o mais utilizado neste momento, para rels digitais.

    (ver Figura 1.2 a).

    fm

    Figura 1.2 - Amostragem dos Sinais Analgicos

    Na amostragem uniforme com ngulo constante, ou amostragem sncrona, constante o

    ngulo de separao entre amostras )( 0 t= , onde 0 a freqncia angular do sinal (ver

    10

  • Figura 1.2 b). Neste caso, a amostra est sincronizada com a passagem por zero do sinal, o que

    requer que seja detectado o ponto de passagem por zero. Consequentemente, se a freqncia 0 do sinal, variar, ser necessrio modificar o valor de t e, portanto, o de . Este inconveniente reduz a aplicao deste tipo de amostragem.

    fm

    Na realidade realizada mais de uma converso A/D em cada instante de amostragem, pois

    o rel deve processar vrios sinais analgicos de entrada (corrente das 3 fases e neutro, tenso das 3

    fases, etc.). Uma alternativa para este caso fazer uma multiplexao analgica dos sinais de

    entrada e aplic-las seqencialmente a um conversor anlogico-digital (Figura 1.3a). O processo de

    converso e transmisso de cada sinal ao processador deve ser muito rpido para que as amostras

    possam ser consideradas simultneas.

    Figura 1.3 Alternativas Para o Circuito de Entradas Analgicas

    A tendncia atual utilizar conversores A/D de alta velocidade, sem unidades sample and

    hold. Nesse caso, sendo 1 ciclo equivalente a 16,67 ms e admitindo que a durao de varredura

    completa do multiplexador seja de 10s, o erro mximo gerado ser de, aproximadamente, 0,02 graus. Este erro desprezvel para aplicao em rels. Mesmo para tempos de varredura de 50s, o erro gerado ser pequeno (0,1 grau).

    Caso a multiplexao seja de baixa velocidade, as amostras seqencialmente obtidas no

    podero ser consideradas como simultneas, sendo necessrio efetuar correo das medidas por

    interpolao.

    11

  • Outra variante consiste em fazer a amostragem de cada sinal de forma simultnea, e reter os

    valores das amostras para sua converso e transmisso ao processador com velocidade

    relativamente baixa uma vez que as amostras sero feitas dentro do mesmo intervalo do relgio

    (Figura 1.3b).

    Uma terceira alternativa utilizar conversores analgico-digitais independentes nos diferentes

    canais de entrada (Figura 1.3c), o que eleva o custo do esquema.

    As Figuras 1.4 e 1.5 mostram configuraes simplificadas de rels digitais

    Figura 1.4 Exemplo de Arquitetura Simplificada de Rel Digital

    Figura 1.5 Exemplo de Configurao Simplificada do Software de Rel Digital

    12

  • A Figura 1.6 mostra um exemplo de configurao com amplificadores sample and hold e trs

    multiplexadores.

    Figura 1.6 Exemplo de Arquitetura com Trs Multiplexadores

    1.3 - Subsistema de Entradas Digitais ou Discretas Suas partes constituintes so:

    Condicionamento de Sinais e Isolamento Eletro-tico - Esta unidade tem a finalidade de converter os contatos abertos ou fechados de entrada para valores adequados de tenso. Realiza,

    tambm, um isolamento galvnico dos sinais de entrada e prov proteo contra sobretenses

    transitrias que possam ocorrer nos cabos de controle.

    Circuito de Entradas Digitais - Converte a tenso de entrada, representativa de contato aberto ou fechado em sinal binrio, associado ao endereo do ponto de entrada.

    A Figura 1.7 apresenta uma configurao com entradas digitais com opto-acopladores.

    13

  • Figura 1.7 Arquitetura do Rel SPC (GE)

    1.4 - Subsistema de Sadas Digitais ou Discretas responsvel pelas aes de comando (abrir, fechar, ligar, desligar etc.) de equipamentos.

    Os contatos de sada deste subsistema podem tambm ser usados para chavear outros rels ou

    circuitos. Processa a informao proveniente de uma porta paralela do processador a qual consiste de

    uma palavra digital contendo o endereo e o estado que dever assumir o rel de sada. Deve haver

    acoplamento eletro-tico entre esta porta e o rel de sada para proteg-lo. Este rel efetua o

    comando de dispositivos ou equipamentos atravs do fechamento de um contato seco.

    1.5 - Memrias Os rels digitais utilizam, pelo menos, os seguintes tipos de memoriais:

    RAM - Memria de acesso aleatrio. Armazena os dados amostrados, medida que so liberados pelo conversor A/D. usada como buffer de memria para armazenar temporariamente os

    valores das amostras de entrada, acumular resultados intermedirios dos programas de proteo e

    para reterem dados a serem guardados posteriormente na memria no voltil.

    ROM - Memria de leitura somente. usado para armazenar programas permanentemente. no programvel. Em alguns casos os programas podem ser executados diretamente da ROM, se

    seu tempo de leitura for suficientemente curto. Caso contrrio, os programas devero ser copiados da

    14

  • 15

    ROM para a RAM durante o processo de inicializao. A execuo em tempo real , ento, feita a

    partir da RAM.

    PROM - Memria de leitura somente. , porm, programvel e tambm usada para armazenar programas permanentemente.

    EPROM - uma PROM regravvel. usada para armazenar certos parmetros (como os ajustes do rel) que devem poder ser alterados de tempos em tempos, porm, que uma vez estabelecidos,

    no devem ser perdidos mesmo durante interrupo da tenso de alimentao do rel. Para esta

    funo pode tambm ser usada uma memria tipo ncleo ou uma RAM com bateria incorporada.

    O uso de uma EPROM de grande capacidade desejvel em um rel digital para poder

    gravar dados de faltas, listas de eventos datados, registros das mudanas de ajuste feitos no rel etc.

    A limitao a um maior uso desta memria, porm, ainda o seu custo.

    Os rels atualmente no mercado j utilizam este tipo de memria para armazenar

    temporariamente os dados mencionados at que os mesmos possam ser transferidos para um meio

    mais permanente, como uma memria de massa de um microcomputador externo.

    1.6 - Processador a unidade central do rel, encarregada de executar as funes lgicas, os algoritmos e

    programas de proteo e o controle das diversas funes de tempo, alm de realizar tarefas de

    autodiagnstico e comunicao com os perifricos. comum se utilizar mais de um processador em

    um mesmo rel. Assim, por exemplo, pode-se utilizar um processador para executar os algoritmos de

    proteo e outro para executar as funes lgicas. Na Figura 1.8 mostrado diagrama em blocos

    contendo um processador central e memrias.

    1.7 - Subsistema de Comunicao As interfaces de comunicao permitem o intercmbio de informaes com unidade externas ao

    rel, como por exemplo, o sistema de superviso e controle local ou remoto. As comunicaes se faro

    sobre um meio fsico, que poder ser cabo coaxial, par tranado ou fibra tica. Para o intercmbio de

    informaes em tempo real necessrio dispor de uma interface de comunicao paralela.

  • Figura 1.8 Diagrama de Blocos Processador Central e Memrias

    1.8 - Teclado Local e Visor de Cristal Lquido Permitem algum nvel de interface homem-mquina local, possibilitando a escolha de ajustes

    e parmetros e a leitura de dados, mensagens e alarmes no prprio rel.

    1.9 - Fonte de Alimentao Esta , em geral, uma fonte de sada mltipla (usualmente 5 Vcc e 15 Vcc), alimentada a partir da bateria da subestao (125 Vcc). A tenso de 5 Vcc usada para os circuitos eletrnicos. A tenso de 15 Vcc necessria para as entradas analgicas. A fonte de alimentao deve ser

    regulada, de modo a no variar sua tenso de sada durante variaes da tenso de entrada.

    1.10 - Alternativas de Arquitetura A arquitetura indicada na Figura 1.1 e suas variantes consideram a utilizao de

    transformadores de corrente e tenso convencionais. Caso sejam usados TCs e TPs ticos, a

    amostragem das correntes e tenses ser realizada nos prprios TCs e TPs. Os sinais so

    transmitidos at o rel de forma serial, j digitalizados, atravs de fibras ticas. So conectados

    diretamente memria do microprocessador encarregado da filtragem digital.

    16

  • A seguir, nas Figuras 1.9 a 1.11 so apresentadas algumas arquiteturas de hardware

    correspondentes a rels digitais de diferentes fabricantes.

    Figura 1.9 Diagrama em Blocos Geral do Rel DGP (GE)

    17

  • Figura 1.10 Diagrama em Blocos Interface Homem-Mquina

    18

  • Figura 1.11 Diagrama em Blocos Entradas Digitais e LEDs

    19

  • 2 ALGORITMOS DE FILTRAGEM DIGITAL 2.1 - Introduo

    Os algoritmos de filtragem digital destinam-se, normalmente, a determinar os parmetros das

    ondas de corrente e tenso de freqncia fundamental (magnitude, fase e freqncia), eliminando,

    tanto quanto possvel, os harmnicos e demais rudos presentes durante as faltas ou outras

    condies anormais no sistema protegido.

    2.2 - Algoritmos para Proteo de Distncia

    sabido que a proteo de distncia se baseia na avaliao da impedncia aparente apresentada ao rel e sua comparao com uma caracterstica no plano X-R, cuja forma se tenha

    determinado em funo da mxima resistncia de falta esperada, das oscilaes de potncia que

    possam ocorrer no sistema, da localizao das cargas etc.

    Quando se fala de impedncia se toma em considerao a freqncia fundamental do

    sistema. Porm, as ondas de corrente e tenso podem estar fortemente contaminadas,

    particularmente logo aps a ocorrncia de uma falta. Esta contaminao consiste em transitrios

    exponenciais, harmnicos superiores etc.

    O problema da contaminao resolvido pelos rels digitais, em boa parte dos casos,

    mediante a implementao de algoritmos de filtragem digital, cujo objetivo obter as componentes

    real e imaginria dos fasores representativos da componente de freqncia fundamental das ondas

    de corrente e tenso. Em outros casos, se implanta um algoritmo baseado na soluo da equao

    diferencial que permita calcular a impedncia, atuando ao mesmo tempo como filtro que elimine a

    influncia dos transitrios exponenciais e de harmnicos superiores.

    Na realidade, os algoritmos de filtragem digital so aplicveis no somente proteo de

    distncia, mas tambm proteo de transformadores, geradores etc. Seu objetivo determinar, to

    exatamente quanto possvel, as componentes real e imaginria das ondas de corrente e tenso de

    freqncia fundamental.

    Sendo V e I os valores RMS dos sinais de tenso e corrente que esto sendo analisados, e

    chamando de V e as componentes Seno e V e as componentes Co-seno de tais ondas, sua representao fasorial ser:

    S I S C IC

    (2.1)

    jVcsVV +=

    (2.2) cjIsII +=

    20

  • A partir dos valores fasoriais de V e I , pode ser calculada, para o caso dos rels de distncia, a posio da falta, dada por:

    Z V

    I=

    (2.3)

    ou

    SC

    SC

    jIIjVV

    Z ++=

    (2.4)

    2.2.1 - Algoritmos Baseados em Modelos dos Sinais de Entrada

    Nesse tipo de algoritmos procura-se obter os parmetros relativos s componentes das ondas

    de corrente e tenso na freqncia fundamental. Todos os demais componentes so considerados

    rudos. Uma exceo a proteo diferencial de transformadores que utiliza o nvel de alguns

    harmnicos para restrio em condies de magnetizao ou sobre-excitao.

    Na maioria dos rels, portanto, deve-se utilizar um filtro passa-banda que deixe passar a

    componente fundamental e bloqueie a componente c.c, assim como os harmnicos e sub-

    harmnicos.

    Este tipo de filtro tem seu desenvolvimento baseado numa funo chamada de convoluo,

    segundo a qual possvel expressar o sinal de sada y t( ) de um sistema linear, a partir do sinal de

    entrada x t( ) e de uma funo )(y , pela expresso:

    (2.5)

    dtxyty = )()( )(t

    o

    Sendo )(y a resposta ao impulso do sistema linear, isto , corresponde ao sinal de sada para uma entrada tipo impulso unitrio.

    Na filtragem digital, utilizada uma aproximao discreta da integral de convoluo:

    (2.6)

    ynk

    kak xn k= =

    1

    ,onde:

    k = nmero total de amostras

    ak = coeficientes do filtro (resposta ao impulso para cada amostra) xn k = valor do sinal de entrada para a amostra n k Os filtros baseados nos sinais de entrada podem ser de dois tipos:

    21

  • Filtros recursivos - Tm resposta ao impulso infinita no tempo (IIR). O sinal de sada depende do valor da amostra medido em determinado instante e das estimaes nos instantes anteriores, isto

    , de toda a histria prvia do sinal de entrada.

    Filtros no recursivos - Tm resposta ao impulso finita (FIR). O sinal de sada depende de uma histria finita do sinal de entrada. Nestes filtros, as estimaes se realizam com um somatrio de

    amostras afetadas por um coeficiente.

    Os filtros FIR so mais adequados para proteo, pois:

    a) deixam, rapidamente, de considerar a condio de pr-falta (ver conceito de janela de dados);

    b) possuem zeros naturais em suas respostas de freqncia, os quais podem ser ajustados

    para coincidir com a componente c.c e os harmnicos, eliminando ou atenuando

    fortemente estes sinais.

    2.3 - Conceito de Janela de Dados A partir da equao (2.6), pode-se calcular o valor instantneo do sinal de sada a partir

    dos ltimos valores do sinal de entrada. Para cada , portanto, tem-se valores do sinal de

    entrada, correspondendo a uma janela de dados deslizante, conforme mostrado na Figura 2.1.

    yn

    k yn k

    Figura 2.1 Janela de Dados Deslizante

    Nesta figura est indicada uma janela deslizante com 3 amostras, tendo-se uma freqncia

    de amostragem de 12 amostras por ciclo. Na mesma figura, mostrada tambm uma

    descontinuidade no sinal da tenso devido a uma falta. A janela A contm 3 amostras da tenso pr-

    falta. As janelas B e C contm amostras da tenso pr-falta e de falta. A janela D contm apenas

    amostras de tenso de falta.

    Como se pode verificar, a equao (2.6) fornece resultados corretos para as janelas A e D.

    Os resultados para as janelas B e C no tm significado. O filtro dito em estado transitrio e

    contm informaes de pr-falta e de falta.

    22

  • importante, portanto, detectar quando a janela de dados est cruzando por um ponto de

    descontinuidade, para evitar a operao do rel neste perodo.

    Se o sinal de entrada fosse puramente senoidal, poder-se-ia concluir que quanto menor a janela de

    dados, mais rapidamente o rel ficaria liberado para tomar uma deciso de disparo ou no disparo.

    Sabemos, porm, que os sinais de entrada esto distorcidos por diferentes tipos de rudos. A

    capacidade do algoritmo para eliminar estes rudos depende, em grande parte, da largura da janela

    de dados.

    Assim, pode-se dizer que, em geral, a reduo da largura da janela aumenta a velocidade do

    rel, porm prejudica sua preciso.

    A equao (2.6) fornece apenas os valores instantneos do sinal de sada . Para se obter

    o valor dos fasores de corrente e tenso em magnitude e fase h dois mtodos:

    yn

    Determinao simultnea das componentes real e imaginria do fasor, utilizando um par de filtros

    ortogonais (por ex.: um filtro Seno e um filtro Co-seno).

    Determinao das componentes real e imaginria do fasor utilizando um nico filtro, tomando

    como componentes real e imaginria os valores de sada do filtro defasados de 1/4 de ciclo. Este

    mtodo apresenta um retardo no tempo de resposta de 1/4 e ciclo em relao ao primeiro mtodo.

    2.4 - Algoritmo de Fourier Baseia-se em um caso particular da equao (2.6), onde a funo y( ) toma a forma de uma exponencial de expoente imaginrio. Assim, para se obter a componente fundamental de x t( ) , temos:

    detxty j = )( )(t

    o (2.7)

    As componentes ortogonais do fasor y t( ) (componente fundamental de x t( ) ) so:

    Funo Co-seno: (2.8)

    dtttyYC = cos)( T

    o

    Funo Seno: (2.9)

    dtttyYS = sen)( T

    0

    Onde T o perodo de observao do sinal de entrada.

    23

  • 2.4.1 - Utilizao de Janela de Dados de um Ciclo As formas discretas das equaes (2.8) e (2.9) constituem o algoritmo de Fourier. Assim, para

    uma janela de 1 ciclo e N amostras por ciclo, pode-se demonstrar, com base na Teoria da

    Transformada de Fourier que, para o instante -simo, tem-se: k

    ( )=

    =ky

    NY k

    N

    kC cos

    21 (2.10)

    ( )= =

    kyN

    Y kN

    kS sen

    21 (2.11)

    ,onde o ngulo entre amostras, na freqncia fundamental, isto , =2/N . Sendo o intervalo entre amostras, vem:

    t

    t= 0 A funo Fourier a expresso do fasor, cujas componentes ortogonais so e , isto : CY SY

    Funo Fourier: jYcsYY += O mdulo e ngulo do fasor correspondente janela de dados centrada na amostra i, so

    dados por:

    [ ] [ ]Y Y Yi Ci S i( ) ( ) ( )= +2 2

    (2.12)

    = i

    YYtg

    CIS

    ii

    )(

    )(1)(

    (2.13)

    Observa-se que o fasor em questo tem magnitude definida, porm gira medida que a

    janela de dados se desloca. Esta rotao no afeta os rels que operam com uma s grandeza, nem

    os que se baseiam no quociente de 2 fasores, como o caso dos rels de distncia. Em algumas

    aplicaes, porm, pode ser necessrio corrigir a rotao.

    2.4.1.1 - Determinao dos Harmnicos

    Em geral, para uma janela de dados de 1 ciclo e amostras por ciclo (sendo um nmero

    par), possvel determinar um total de

    k k

    k2

    1 harmnicos. As componentes ortogonais

    correspondentes ao harmnico de ordem m, so:

    ( )Y

    ky m kC

    m

    k

    k

    k( ) cos=

    =2

    1

    (2.14)

    ( )=

    =kmy

    kY k

    k

    k

    mS sen

    21

    )(

    (2.15)

    24

  • ( )( )

    ( )m S

    m

    Cmtg

    Y

    Y= 1

    (2.16)

    2.4.1.2 - Resposta do Filtro em Estado Estvel obtida considerando um sinal de entrada senoidal e realizando uma varredura na

    freqncia.

    Os grficos de resposta de freqncia do filtro representam o ganho do filtro em funo da

    freqncia. O ganho definido como o quociente entre a amplitude do sinal de sada e do sinal de

    entrada.

    A Figura 2.2 mostra os grficos de resposta de freqncia para os filtros tipo Seno, Co-seno e

    Fourier, com janelas de dados de 1 ciclo e 16 amostras por ciclo. A escala do eixo das abcissas

    indicada em mltiplos da componente de freqncia fundamental.

    O filtro tipo Fourier corresponde a uma combinao de um filtro Seno e de um filtro Co-seno.

    Figura 2.2

    A anlise dos grficos indica que a resposta de freqncia dos filtros Co-seno, Seno e Fourier

    possuem zeros corresponde componente de c.c. (freqncia zero) e aos harmnicos dos sinais de

    entrada, alm de apresentar atenuao crescente com a freqncia para os sinais de freqncias

    intermedirias.

    2.4.1.3 - Resposta do Filtro em Estado Transitrio

    Durante o estado transitrio do filtro digital, um rel de distncia, por exemplo, poder sofrer

    sobrealcance ou subalcance transitrio.

    Como um dos mtodos para avaliar a resposta de estado transitrio de um filtro aplica-se, na

    entrada, sinais distorcidos pela componente c.c, componentes oscilatrias amortecidas e outros

    rudos, e calcula-se a impedncia aparente dividindo os fasores de tenso e corrente estimados.

    A trajetria da impedncia aparente vista por rels de distncia dotados de filtros tipo Co-

    seno, Seno e Fourier para o caso de falta no final de uma linha curta e em condies de mxima

    assimetria da corrente, est mostrada na Figura 2.3

    25

  • .

    Figura 2.3

    Na Figura 2.4 mostrado um zoom da rea junto posio final do vetor impedncia.

    Figura 2.4

    Atravs da Figura 2.4 pode-se verificar que a resposta transitria do filtro tipo Co-seno

    melhor que a dos demais, em virtude da maior rapidez de convergncia para o valor final 0,1 +j1,0

    p.u. (impedncia da linha de transmisso at a falta).

    2.4.2 - Utilizao de Janela de Meio Ciclo Na Figura 2.5 apresentado o grfico da resposta da freqncia de um algoritmo de Fourier

    de meio ciclo, com 12 amostras por ciclo.

    Figura 2.5

    Verifica-se que o algoritmo elimina os harmnicos mpares, mas no impede a componente

    c.c nem os harmnicos pares.

    26

  • 2.5 - Algoritmo Recursivo de Fourier

    Os algoritmos de Fourier no recursivos apresentam dois problemas:

    Nmero elevado de operaes do processador (cada componente do fasor requer uma soma de

    produtos de dois fatores). k

    O fasor gira.

    Com o algoritmo recursivo, estes dois problemas ficam resolvidos. Assim, para um filtro de 1

    ciclo, o algoritmo fica:

    ( ) ( )+= LyyYY vnvCnC cos)()()()( (2.17)

    ( ) ( )+= LyyYY vnvSnS sen)()()()( (2.18) onde L corresponde ao nmero da amostra mais recente, o valor dessa amostra e a

    componente ortogonal de sada estimada, enquanto e so os valores de entrada e sada

    correspondentes a uma amostra atrasada de um ciclo em relao atual.

    y n( ) Yn( )

    y v( ) Yv( )

    Neste algoritmo se requer, apenas, uma multiplicao e uma soma para atualizar cada

    componente ortogonal do fasor. Alm disto, o fasor resultante no gira.

    A resposta de estado transitrio deste algoritmo pior que no caso de algoritmo no

    recursivo, especialmente no caso do filtro Co-seno.

    Isto se deve ao fato de que nos algoritmos no recursivos o coeficiente do filtro no varia

    enquanto a janela de dados desliza, isto , a ao filtrante sempre a mesma.

    Nos algoritmos recursivos, os coeficientes variam a cada amostra, de modo que o filtro fica

    alternando-se entre os tipos Seno e Co-seno a cada ciclo.

    A resposta de freqncia, portanto, tambm no fixa, influindo negativamente sobre a

    resposta em estado transitrio.

    2.6 - Algoritmo de Walsh semelhante ao algoritmo de Fourier, substituindo-se os sinais senoidais de freqncia

    fundamental e seus harmnicos por sinais em onda quadrada. As funes Walsh, na freqncia

    fundamental, equivalentes s funes Seno e Co-seno, so denominadas funes Walsh tipo Seno

    (SAL) e tipo Co-seno (CAL). A Figura 2.6 mostra um conjunto de funes Walsh.

    (SAL)

    27

  • (CAL)

    (SAL)

    Figura 2.6

    A vantagem no uso deste tipo de funo a simplificao do processamento, uma vez que os

    coeficientes das equaes (2.10) e (2.11) passam a ser apenas +1 ou -1.

    Nas Figuras 2.7 e 2.8 so apresentados os grficos de resposta de freqncia e resposta

    transitria para as funes SAL, CAL e Walsh, com janela de um ciclo e 16 amostras por ciclo. A

    funo Walsh equivalente funo Fourier, em que os valores de sada correspondem resultante

    entre as funes CAL e SAL.

    Figura 2.7

    Observa-se que este tipo de filtro no adequado para eliminar os harmnicos mpares, Isto

    , decorrente do erro resultante da aproximao dos sinais senoidais de entrada para ondas

    quadradas, com um nmero reduzido de harmnicos. Para melhorar a resposta de freqncia seria

    necessrio considerar um nmero elevado de funes de Walsh, o que imporia maior carga de

    processamento.

    Na Figura 2.8 mostrada a trajetria da impedncia aparente vista por rels de distncia,

    utilizando o algoritmo de Walsh, nas mesmas condies que o Filtro de Fourier.

    28

  • Figura 2.8

    As funes de Walsh foram desenvolvidas para permitir o uso de processamentos de menor

    capacidade e menor custo. Entretanto, dado o estado atual de desenvolvimento dos processadores,

    este aspecto no mais importante.

    2.7 - Algoritmos de Filtragem Digital Baseados em Modelo do Sistema

    Os algoritmos baseados em modelos de sinais de entrada estimam fasores, que so

    aplicados a distintos tipos de rels. Nos rels de proteo de linhas de transmisso possvel

    tambm utilizar algoritmos baseados em modelos do sistema, que estimam os valores de parmetro,

    tais como a indutncia e a resistncia da linha com defeito.

    Podemos representar uma linha de transmisso monofsica curta (ver Figura 2.9) a partir da

    equao diferencial que relaciona a voltagem e a corrente de entrada no rel. Para um curto-circuito

    franco no sistema, no instante inicial, a tenso no rel ser dada por:

    Figura 2.9

    dtdiLiRV LLL +=

    (2.19)

    onde i , o valor instantneo da corrente e e a resistncia e indutncia da linha at o local

    da falta.

    RL LL

    Integrando a equao (2.19) em 2 intervalos consecutivos, temos:

    29

  • (2.20)

    [ ])()()()( 0110

    1

    0

    titiLdttiRdttv LLLLt

    tLL

    t

    t

    +=

    (2.21)

    [ ])()()()( 1221

    2

    1

    titiLdttiRdttv LLLLt

    tLL

    t

    t

    += Por aproximao, para intervalos de tempo pequenos, pode-se escrever:

    [ ] )(2

    )()(2

    )( 111

    kLkLkLkLL

    kt

    kt

    vvttvtvttv == +++

    (2.22)

    Para as amostras k, k+1 e k+2, as equaes (2.20) e (2.21), podem, ento, ser escritas:

    t i i i i

    t i i i i

    R

    L

    t v v

    t v v

    L L L k

    L L L L

    L

    L

    L L

    L L

    k k k

    k k k k

    k k

    k k

    2

    2

    2

    2

    1 1

    2 1 2 1

    1

    2 1

    ( )( )

    ( )( )

    ( )

    (

    + +

    + + + +

    +

    + +

    +

    +

    =

    +

    +

    (2.23)

    o que permite calcular os valores de e pelas expresses: RL LL

    ))(())(())(())((

    112121

    112121

    kkkkkkkk

    kkkkkkkk

    LLLLLLLL

    LLLLLLLLL iiiiiiii

    iivviivvR ++

    ++=++++++

    ++++++

    (2.24)

    ++++++=

    ++++++

    ++++++

    ))(())(())(())((

    2112121

    112121

    kkkkkkkk

    kkkkkkkk

    LLLLLLLL

    LLLLLLLLL iiiiiiii

    vviivviitL (2.25)

    Estes algoritmos representam uma carga computacional menor que os algoritmos baseados

    em modelo dos sinais de entrada. Outra vantagem deste algoritmo que a componente peridica

    exponencial no um erro para o algoritmo, pois satisfaz equao diferencial. Por outro lado,

    porm, os harmnicos superiores e outros erros no so suprimidos e afetam a medio, a menos

    que sejam eliminados por outro filtro. Pode-se considerar tambm no algoritmo o modelo de linha que

    inclui a capacitncia Shunt da LT. Esta soluo, porm, necessita de maior processamento, tornando

    sua aplicao mais restrita.

    O algoritmo acima possui janela de dados curta, em geral menos de um ciclo.

    Os algoritmos baseados em modelos de sistema no possuem uma resposta de freqncia

    definida, pois processam os sinais simultaneamente. A Figura 2.10 mostra os grficos de resposta de

    freqncia de um algoritmo baseado no valor mdio do sinal de sada de 3 amostras, com janela de

    dados de meio ciclo (a) e um ciclo (b) respectivamente. Para a determinao dos grficos variou-se a

    freqncia do sinal de voltagem, mantendo fixa a freqncia da corrente.

    30

  • Figura 2.10

    2.8 - Algoritmo de Mnimos Quadrados Considerando-se nos sinais de entrada todos os erros possveis, o sinal y t( ) pode ser em geral escrito:

    y t Y S t tn

    Nn n( ) ( ) ( )= +

    =

    1

    (2.26)

    onde: representa um conjunto de sinais elementares que se pressupe estejam presentes em S tn ( )

    y t( )

    so seus coeficientes Yn

    ( )t representa os erros O problema geral em estimar parmetros inerente a todo algoritmo de filtragem digital

    consiste em estimar os n valores de a partir de um conjunto de k amostras Yn yk tais que o termo

    erro, ( )t , seja mnimo. O algoritmo de mnimos quadrados requer a necessidade de resolver, tornando o erro mnimo, o seguinte conjunto de equaes (2.27):

    +

    =

    kNN

    N

    N

    k Y

    Y

    Y

    tkStkStkS

    tStStS

    tStStS

    y

    y

    y

    2

    1

    2

    1

    21

    21

    21

    2

    1

    )()()(

    )2()2()2(

    )()()(

    (2.27)

    A equao (2.27) tambm pode ser escrita na forma matricial:

    [ ] [ ] [ ] [ ]+= YSy (2.28) Considerando-se que sero realizadas k amostras por ciclo, a equao (2.28) representar

    um conjunto de k equaes com n incgnitas ( n coeficientes de ), tem soluo para k n. Yn

    31

  • 32

    p nicos

    perio

    o do

    rem presentes no sinal de entrada constituiro um erro e devero ser

    cludo

    Nos algoritmos de mnimos quadrados podemos considerar qualquer conjunto de sinais

    elementares S tn ( ) . Nestes sinais podemos incluir a com onente fundamental, harmsu res e a componente c.c.

    A sele conjunto de sinais elementares de grande importncia, pois os sinais que no

    foram considerados e que estive

    in s no termo ( )t . Da mesma forma, a incluso de sinais no existentes no sinal de entrada tambm introduz erros.

    Uma vantag goritmo de mnimos quadrados a possibilidade de eliminar a

    componente aperidica e

    em do al

    xponencial mediante sua incluso explcita no conjunto

    amental e os

    armni

    amostras por ciclo. Neste grfico pode-se observar a

    esen

    S tn ( ) . Pode-se demonstrar que os algoritmos de Fourier constituem casos particulares do algoritmo

    de mnimos quadrados, em que os sinais elementares so somente a componente fund

    h cos; isto ; para um algoritmo de Fourier, a componente aperidica exponencial um rudo e

    distorce sua resposta de estado transitrio.

    A Figura 2.11 apresenta o grfico de resposta de freqncia de um filtro de mnimos

    quadrados com janela de um ciclo e 12

    pr a de zeros em todos os harmnicos, da mesma forma, como nos algoritmos de Fourier com

    janela de um ciclo.

    Figura 2.11

  • 3 NOVAS FUNES OFERECIDAS PELOS RELS DIGITAIS

    3.1 - Introduo

    Os rels digitais hoje disponveis no mercado esto projetados de modo a poder substituir os rels convencionais sem requerer modificaes na estrutura de cablagem e na filosofia de disparo e

    de proteo de retaguarda atualmente utilizadas. Assim, numa instalao existente, sero utilizados

    os mesmos cabos provenientes dos TCs e TPs, os cabos para energizar as bobinas de disparo no 1 e

    2 de cada disjuntor ligado ao circuito protegido, bem como os cabos para a alimentao CC dos rels.

    Existem, porm, algumas caractersticas que diferem daquelas dos rels convencionais, so

    comuns maioria dos rels digitais e correspondem a maiores recursos oferecidos ao pessoal de

    operao e manuteno e, at mesmo, ao projetista do sistema de proteo e controle.

    A seguir, so apresentadas as funes adicionais mais freqentemente encontradas nos rels

    digitais. importante acrescentar que algumas dessas funes so opcionais ou no so fornecidas

    com todos os tipos de rels, como o caso, por exemplo, das funes de oscilografia, localizao de

    faltas e medio indicativa.

    3.2 - Novas Funes Oferecidas pelos Rels Digitais

    Adicionalmente ao que j foi informado no Mdulo IV, so apresentadas a seguir as principais

    caractersticas ou funes adicionais s funes de proteo, disponveis nos rels digitais e que no

    so oferecidas pelos rels convencionais.

    3.2.1 - Registro Seqencial de Eventos

    Consiste do registro, em memria, dos diversos tipos de ocorrncia selecionadas, tais como

    estado (aberto, fechado, ligado, desligado etc.) de equipamentos, operao de contatos, operao de

    rels ou funes, disparos, alarmes, mudanas de ajuste, resultados do autoteste, etc. Para cada

    evento tambm registrada a data, hora, minuto e milissegundo de sua ocorrncia. Dependendo do rel,

    podem ser registrados at 100 ou 200 eventos. A Figura 3.1 mostra um exemplo de lista de eventos.

    33

  • Figura 3.1 Lista de Eventos

    3.2.2 - Oscilografia

    Esta funo corresponde ao registro das formas de onda das correntes e tenses. A taxa de

    amostragem pode variar desde 12 ou 16 amostras por ciclo at taxas maiores como, por exemplo, 64

    amostras por ciclo. A partir destes registros podem ser construdos os oscilogramas das correntes e

    tenses, com durao que depende da quantidade de memria disponvel para este fim (30 ciclos, por

    exemplo).

    A apresentao dos oscilogramas pode ser feita por meio de um laptop local, ou atravs da

    tela de um PC e impressora na sala de controle da usina ou subestao, ou ainda no prprio escritrio

    da concessionria. Alm dos oscilogramas, so tambm registrados eventos de interesse, como, por

    exemplo, o instante de operao dos rels, o momento de disparo dos disjuntores etc.

    A partida da funo oscilografia pode ser feita, tanto por um sinal interno do rel, quanto por

    um contato externo. A Figura 3.2 mostra um exemplo de oscilograma.

    3.2.3 - Registro de Valores de Medio Indicativa

    Muitos rels fornecem o valor de grandezas eltricas de interesse, como, por exemplo:

    a) Corrente (Ia, Ib, Ic, In);

    b) Demanda (Ia, Ib, Ic);

    c) Tenso (Va, Vb, Vc, Vab, Vbc, Vca);

    d) Potncia ativa (3); e) Potncia reativa (3); e) Freqncia.

    34

  • A preciso da ordem de 1%.

    Figura 3.2 Exemplo de Oscilograma com Anlise de Harmnicos

    3.2.4 - Autoteste e Autodiagnose

    Esta operao realizada continuamente. Sendo detectado qualquer problema, iniciado um

    alarme e registrado um evento na lista de eventos.

    3.2.5 - Teclado, Visor e LEDs

    Estes componentes constituem uma interface homem-mquina local simplificado. O teclado

    simplificado, possuindo teclas alfanumricas. Permite a execuo de ajustes e a gravao de

    parmetros, localmente.

    O visor de cristal lquido oferece a possibilidade de exteriorizao local de dados de medio

    indicativa, informaes de eventos, ajustes, parmetros, alarmes, valores de corrente e tenso

    durante faltas etc. Os dados e mensagens podem ser rolados para cima ou para baixo,

    pressionando-se teclas ou botes.

    Os LEDs servem para indicar o tipo de disparo (instantneo ou temporizado, fase A, B, C ou

    terra etc.) se h algum alarme atuado, se h seqncia negativa etc.

    A Figura 3.3 mostra um modelo de teclado, incluindo visor, LEDs e botes.

    35

  • Figura 3.3 Interface Homem-Mquina Remoto: Visor, Teclado e LEDs Indicativos

    realizado com a ajuda de um microcomputador PC, teclado, vdeo e impressora, podendo,

    tambm, ser utilizado um laptop. Pode, ainda, ser executado atravs de um sistema SCADA. A Figura

    3.4 fornece um exemplo de interface homem-mquina remoto, mostrando tambm a comunicao

    com um CLP.

    Figura 3.4 Interface Homem-Mquina Remotos e Comunicao com CLP

    36

  • 37

    3.2.6 - Comunicao

    A comunicao com outros equipamentos externos realizada, normalmente, por meio de

    portas seriais. Estas portas podem ser de padro RS232 ou RS 485, com taxas de comunicao

    variando de 300 a 57.600 bauds (bits por seg.), sendo 9.600 bauds a taxa ou velocidade de

    comunicao mais utilizada. Vrios protocolos de comunicao podem ser utilizados: ASCII, Modbus,

    DNP 3.0 ou um protocolo particular (proprietrio) do fabricante. As ligaes de um rel de proteo a

    alguns equipamentos externos esto, tambm, mostradas na Figura 3.4.

    3.2.7 - Sincronizao

    possvel interligar vrios rels de modo que todos os registros de eventos e dados de

    oscilografia tenham uma base de tempo comum, utilizando uma entrada do tipo IRIG-B. Isto inclui

    tambm a sincronizao de rels localizados em diferentes subestaes, utilizando-se o sistema GPS

    para manter a mesma base de tempo entre os diversos rels.

    3.2.8 - Localizao de Faltas

    Esta funo disponvel em alguns rels, e fornece a distncia do rel falta em km, milhas

    ou percentagem da impedncia da linha. O valor da medida da distncia falta mostrado no visor

    de cristal lquido do rel e tambm includo no relatrio de falta mencionado a seguir. Em geral,

    podem ser armazenados dados de distncia de vrias faltas.

    3.2.9 - Monitorao do Disjuntor

    Alguns rels oferecem dados da operao do disjuntor, como, por exemplo, os valores

    cumulativos de I.t e I2.t, o valor da corrente de cada fase nas ltimas interrupes etc. Se um dos

    valores cumulativos exceder o seu limite ajustado, ser iniciado um alarme.

    3.2.10 - Monitorao do Circuito de Disparo

    Esta funo permite a monitorao contnua do circuito de disparo, incluindo os cabos, a

    bobina de disparo e a tenso de alimentao. Isto obtido, por exemplo, atravs da monitorao da

    tenso existente entre os terminais de cada contato de disparo. Um alarme iniciado se esta tenso

    for perdida.

  • 3.2.11 - Relatrio de Falta

    Na ocorrncia de uma falta, as informaes de interesse so armazenadas em memria

    magntica, para posterior exteriorizao.

    Exemplos de informaes de interesse so: nmero do rel operado, data e instante de

    operao, tempo de operao, correntes pr-falta, correntes e tenses de falta e tipo de falta.

    Podem ser gravados dados de vrias faltas (as 12 ltimas, por exemplo). A Figura 3.5

    mostra um exemplo de relatrio de falta.

    Figura 3.5 Relatrio de Falta

    O relatrio de faltas pode incluir oscilogramas com resoluo de 1 a 8 kHz e durao entre

    0,25 a 5 s, quando o rel auxiliado por um processador de comunicao.

    3.2.12 - Deteco de Falha na Abertura ou Fechamento do Disjuntor

    Esta funo includa em alguns rels e permite que seja detectada uma falha ou demora no

    fechamento ou na abertura do disjuntor.

    3.2.13 - Configurao das Entradas e Sadas Digitais

    Muitos rels oferecem a possibilidade de se configurar cada um dos contatos de sada ou

    pontos de entrada digitais, segundo determinada lgica. A lgica utilizada para cada conjunto de

    entradas, sadas e operao de funes de proteo pode ser definida, dependendo do rel, por meio

    de operaes Booleanas ou por diagramas lgicos.

    38

  • Para os rels que possuem vrios grupos de ajustes, possvel definir uma lgica diferente

    para cada grupo de ajuste, possibilitando um grande nmero de combinaes. A Figura 3.6 apresenta

    um exemplo de diagrama lgico que pode ser incorporado ao rel.

    Figura 3.6 Exemplo de Diagrama Lgico

    3.2.14 - Grupos de Ajustes

    A possibilidade de mudana de ajustes, automaticamente ou por solicitao, oferecida por

    alguns rels. O rel pode possuir 3, 4 ou at mesmo, 8 conjuntos de ajustes. A escolha de qual

    conjunto estar efetivo pode ser feita localmente, atravs do teclado ou por um laptop, ou ainda,

    remotamente, a partir de um PC. Pode, tambm, ser feita automaticamente, em funo de condies

    pr-definidas, como carga acima de determinado valor, nmero de linhas, transformadores ou

    geradores em servio, configurao do barramento etc.

    39

  • 3.2.15 - Monitorao da Qualidade da Energia Fornecida

    Esta funo, disponvel em alguns rels, fornece o clculo da Distoro Harmnica Total

    (DHT) na corrente e tenso de cada fase, assim como os valores das demandas, em intervalos de 15,

    30 ou 60 minutos. Os dados podem ser exteriorizados sob a forma de grficos, como mostra a Figura 3.7.

    F

    Figura 3.7 Demandas e Distoro Harmnica Total (DHT)

    3.2.16 - Anlise de Harmnicos

    O software dos rels digitais permite realizar uma anlise dos harmnicos presentes nas

    ondas de corrente e tenso, conforme mostrado na Figura 3.2. Os grficos contendo os harmnicos

    podem ser comparados com outros grficos usados em posies diferentes no sistema.

    3.2.17 - Anlise de Fasores

    O rel pode fornecer, graficamente, os fasores das correntes e tenses, antes, durante ou

    aps uma falta. Os fasores gerados por um rel podem ser comparados com fasores gerados em

    outros pontos do sistema, para facilitar anlises de falta.

    40

  • 4 POSSIBILIDADES DE DIFERENTES ARQUITETURAS 4.1 - Introduo

    A utilizao generalizada, da tecnologia digital para substituir os j tecnicamente obsoletos e

    economicamente no mais justificveis sistemas de superviso, controle e proteo convencionais de

    usinas e subestaes ser o grande desafio que se coloca para os prximos anos aos profissionais

    da rea e queles pertencentes aos nveis gerenciais.

    Para vencer este desafio, porm, indispensvel avaliar as vrias alternativas que se

    apresentam e estabelecer critrios adequados de escolha. Devem ser encontradas respostas para

    perguntas como: Quais as melhores solues para cada um dos diferentes tipos de usina ou

    subestao sob os diversos aspectos de custo, instalao fsica, cablagem, condicionamento

    ambiental, comunicao de dados, recursos oferecidos ao pessoal de operao e manuteno,

    desempenho, confiabilidade, expansibilidade do sistema, facilidade de modificao do software, de

    modificao ou criao de telas, ou carregamento do banco de dados pelo prprio pessoal da

    empresa usuria etc.? Quais as configuraes que melhor privilegiam os aspectos acima e ao mesmo

    tempo sejam compatveis com a tecnologia disponvel? Como utilizar os recursos mais modernos

    oferecidos pelos grandes fabricantes mundiais sem resvalar para a dependncia tecnolgica? Como

    digitalizar as usinas e subestaes existentes de maneira adequada e com custos aceitveis? Como

    coordenar a proteo stand alone (digital ou convencional) com o sistema de superviso e controle

    digital, de forma a possibilitar a convivncia de equipamentos com tecnologias diferentes?

    Algumas das questes acima so analisadas a seguir:

    4.2 - Possibilidade de Diferentes Arquiteturas para o Sistema Digital

    A localizao das funes de processamento, aquisio e controle de dados em uma nica

    unidade central ou em vrias unidades localizadas na sala de controle, ou ainda em unidades

    colocadas junto ao processo, determina o grau de centralizao ou descentralizao fsica ou

    funcional do sistema digital. A seguir, so analisadas, de maneira simplificada, diferentes

    possibilidades de arquitetura, desde a fisicamente centralizada (na sala de controle), porm

    funcionalmente distribuda, at aquelas com maior grau de descentralizao.

    Para poder apresentar melhor o problema da centralizao versus descentralizao, o

    sistema digital foi dividido nos seguintes subsistemas, incluindo software e hardware:

    41

  • AC - aquisio de dados para as funes de superviso e controle.

    AP - aquisio de dados para as funes de proteo.

    SC - processamento das funes de superviso e controle.

    P - processamento das funes de proteo.

    IHM - processamento e exteriorizao das funes de interface homem-mquina.

    Na Figura 4.1, o processamento do sistema de superviso e controle (SC) fsica e

    funcionalmente centralizado, isto , realizado numa nica unidade computacional. A aquisio de dados

    para a funo SC pode ser feita por unidades de aquisio e controle (AC) localizadas na sala de

    controle. A proteo poder ser convencional ou digital. No caso da proteo convencional, seus dados

    (atuao de rels, alarmes, posio de chaves seletoras etc.) precisam ser digitalizados, atravs de uma

    unidade de aquisio de dados da proteo (AP) para poderem ser exteriorizados pelo IHM. Por outro

    lado, se forem utilizados rels digitais para a funo proteo com protocolo compatvel, a unidade (AP)

    poder ser eliminada, desde que o sistema central tenha condies de interpretar o protocolo de

    comunicao destes rels, ou se for empregado um conversor de protocolos (gateway). Os rels digitais

    com protocolo compatvel podero fornecer ao sistema central, atravs de sua interface serial,

    informaes de alarmes, atuaes, ajustes e parmetros e podero receber deste os dados para

    alterao de ajustes, parametrizao, alterao de curvas ou caractersticas etc.

    Figura 4.1 Sistema com Processamento da Automao e Controle Centralizado e Aquisio de Dados Distribuda

    AC - Aquisio de Dados para o Sistema SC

    AP - Aquisio de Dados para a Proteo

    Neste tipo de configurao, os cabos dos transformadores de corrente e tenso e para

    informao do estado dos equipamentos, alarmes e comandos precisam ser levados desde a

    subestao ou usina at a sala de controle, representando a principal desvantagem deste esquema.

    42

  • A Figura 4.2 apresenta um sistema com arquitetura parcialmente descentralizada. Parte do

    processamento da funo SC, bem como as funes de aquisio de dados para a SC e a proteo

    (AP) foi deslocada para junto do processo (subestao, usina ou indstria). A funo proteo utiliza

    rels digitais, cada um dos quais realizando o processamento da proteo que lhe est associada. A

    amostragem dos valores de corrente e tenso, bem como a informao de estado do disjuntor e o seu

    comando de disparo so feitos pela unidade AP. Os dados devem ser enviados aos rels para

    processamento atravs de uma rede de alta velocidade (digitalizao o nvel processo). As

    informaes para o sistema SC central podem transitar atravs de uma rede na qual a velocidade no

    fator to importante.

    A comunicao entre os rels e o sistema central poder ser feita, como no caso anterior, via

    interface serial.

    Figura 4.2 Sistema com Aquisio de Dados Distribuda e Redundncia

    Nesta configurao, o comprimento dos cabos que interligam os equipamentos e cubculos da

    subestao ou usina, s UACs sensivelmente reduzido, no havendo, portanto, cablagem na sala

    de controle.

    A unidade SC + AC remota, alm de efetuar a aquisio dos dados da funo SC e o

    comando dos equipamentos, executa um processamento parcial das funes de superviso e

    controle, com o objetivo de tornar o sistema menos dependente da unidade central. Como exemplos

    das tarefas de processamento que podem ser realizadas pela unidade remota citada, para o caso de

    uma subestao ou usina, podem-se citar:

    Lgicas de intertravamento

    Pr-processamento da medio

    Chaveamento automtico seqencial de circuitos durante manobras ou aps faltas; Includas

    nesta tarefa esto as operaes de transferncia automtica de circuitos.

    Separao automtica de barras

    43

  • Registro seqencial de eventos e alarmes

    Controle de reativos

    Controle de tenso atravs de comutador automtico em carga do transformador

    Monitorao da capacidade de carga de transformadores

    Desligamento programado de cargas

    Verificao da consistncia de dados antes do envio unidade central.

    Figura 4.3 Sistema com Proteo e Aquisio de Dados Distribuda e Automao e Controle Centralizados

    Legenda:

    P - Proteo

    SC - Superviso e Controle

    AC - Aquisio de Dados Sistema SC

    AP - Aquisio de Dados Sistema P

    Mesmo em caso de perda da comunicao com a unidade central, as tarefas acima podero

    continuar sendo realizadas.

    As unidades remotas podero ser construdas com previso para ligao a equipamentos de

    interface homem-mquina portteis, para operao local dos equipamentos digitais durante eventual

    falha do sistema central ou da comunicao e para facilitar os servios de manuteno.

    O sistema da Figura 4.3 possui arquitetura fsica e funcionalmente descentralizada.

    semelhante ao sistema da Figura 4.2 com as funes de proteo deslocadas para junto dos

    equipamentos da subestao ou usina, ou para os prprios cubculos de mdia tenso, em instalao

    preferencialmente abrigada. Valem para esta configurao as mesmas consideraes apresentadas

    para o esquema anterior, exceto pelo fato de que, na configurao em pauta, as funes de proteo

    e aquisio de dados para a proteo esto na mesma unidade.

    44

  • Esta a configurao que corresponde ao uso dos rels digitais atualmente disponveis no

    mercado, instalados em painis, na casa de controle ou em cubculos blindados ou painis, colocados

    em abrigos, junto subestao ou usina (ver Figuras 4.4 e 4.5).

    Figura 4.4 Exemplo de configurao Sistema SPACOM (ABB)

    Os rels de proteo digital, quando montados na sala de controle, com as unidades de

    aquisio e controle e o processamento parcial do sistema SC no ptio, constituem uma variante da

    configurao da Figura 4.3. Tm, porm, a desvantagem de requerer a instalao da cablagem para a

    proteo indo at a sala de controle. Esta variante, juntamente com o esquema da Figura 4.1,

    correspondem aos esquemas mais utilizados atualmente.

    As configuraes apresentadas acima podem ser combinadas de diferentes maneiras, em

    funo das caractersticas especficas de cada instalao e dos equipamentos digitais disponveis no

    mercado, obtendo-se uma grande variedade de possibilidades.

    A escolha adequada da melhor alternativa constitui importante fator para a especificao de

    um sistema digital que alie os requisitos de eficincia operacional, confiabilidade e economia. Esta

    tarefa um dos muitos desafios que devem ser enfrentados pelo engenheiro de proteo e que deve

    ser realizada em conjunto com profissionais de processamento de dados e comunicao.

    45

  • Figura 4.5 Exemplo de configurao Sistema ALSTHOM

    4.3 - Influncia do Tipo e Porte da Subestao O porte da subestao ou usina um fator que influencia, de alguma forma, a escolha da

    configurao do sistema digital a ser empregado. Assim, em instalaes de maior porte, ou no caso

    de varias subestaes distribudas pela rea de uma planta industrial, haver maior vantagem na

    utilizao de arquiteturas descentralizadas. Em instalaes de pequeno porte, poder-se- utilizar

    arquiteturas centralizadas fisicamente, porm funcionalmente distribudas, conforme exemplo

    mostrado na Figura 4.1.

    O tipo da subestao ou usina (nova ou existente, abrigada ou no abrigada, convencional ou

    isolada a SF6 etc.) tambm fator importante para a escolha. No caso das instalaes novas, h total

    liberdade para se optar por um sistema descentralizado e obter o mximo de benefcios, como, por

    exemplo, a construo de uma sala de controle menor e sem haver necessidade de levar a cablagem

    desde os equipamentos at esta sala. Por outro lado, necessrio construir abrigos ou pequenas

    casas de rels para a instalao, no ptio, dos rels de proteo e dos equipamentos digitais de

    aquisio de dados e processamento (UACs).

    Se a instalao existente e est sendo expandida, h duas possibilidades:

    a) Uma delas corresponde ao caso de uma instalao cuja sala de controle no possui

    mais espao para a colocao de novos painis e equipamentos ou quando no h mais

    possibilidade de lanamento de novos cabos nos leitos existentes. Neste caso, a melhor

    opo , claramente, a digitalizao. Em termos de obras civis, bastar construir uma

    46

  • 47

    pequena sala de comando para os equipamentos digitais da unidade central, com previso

    para controlar toda a instalao. A parte nova poder ter as unidades remotas instaladas

    prximo ao ptio.

    A liberdade para localizao da sala de controle em relao aos equipamentos mais uma

    vantagem apresentada pelos sistemas descentralizados fisicamente. Como a ligao entre

    o equipamento central e as unidades remotas corresponde apenas a um cabo coaxial, par

    torcido ou fibra tica, a sala de controle poder ser localizada em qualquer local. Poder,

    inclusive, ser colocada a muitos quilmetros da subestao, usina ou planta industrial.

    Neste ltimo caso, a situao dos equipamentos no local da subestao poderia, por

    exemplo, ser mostrada, na sala de controle, por um sistema de TV.

    b) O segundo caso de expanso da instalao existente corresponde s situaes em que

    a sala de controle e os leitos para cabos foram construdos com previso para futuros

    acrscimos. H espao para a instalao de novos painis convencionais. Ainda neste

    caso, somos de opinio que a opo deve ser pela digitalizao, pelas seguintes razes:

    evitam-se os gastos com painis convencionais e cabos;

    ampliam-se os recursos oferecidos ao pessoal de operao e manuteno;

    possibilita-se a automatizao de vrias funes na subestao ou usina (transferncias

    automticas, controle de tenso, desligamento automtico de cargas etc.);

    Torna-se vivel a transferncia dos dados de interesse para o escritrio da empresa ou para o

    centro de operao;

    Pode ser reduzida a responsabilidade dos operadores, localizados na sala de controle, de maneira

    que muitas as aes de emergncia possam ser realizadas automaticamente, pelo sistema digital.

    Futuramente, o uso de sistemas especialistas com inteligncia artificial poder ampliar as

    aes tornadas automticas.

    4.4 - Itens a Serem Analisados na Definio do Sistema Digital

    Alm do tipo e porte da instalao e da arquitetura do sistema digital, j analisados nos itens

    precedentes, os seguintes aspectos devem ser considerados:

    4.4.1 - Desempenho e Confiabilidade

    Desempenho a capacidade do sistema digital de executar suas funes de forma adequada,

    com tempos de resposta e requisitos tcnicos conforme especificado. Para apresentar bom

    desempenho, o sistema deve possuir capacidade de transmisso de dados, armazenamento e

    processamento suficientes para atender s contingncias mais desfavorveis especificadas.

  • O conceito de confiabilidade envolve os aspectos de segurana e disponibilidade, os quais

    so influenciados pelo grau de redundncia adotado, pela qualidade dos diversos equipamentos e

    componentes, pelo condicionamento ambiental e pelo sistema de transmisso de dados. A Figura 4.2

    mostra um exemplo de uso de redundncias para as funes SC e IHM.

    4.4.2 - Recursos Operacionais e Apoio Manuteno

    O sistema digital deve ser especificado para oferecer amplos recursos ao pessoal de

    operao e manuteno, desde que dentro dos limites dos equipamentos e softwares atualmente

    disponveis. Entre estes recursos, podemos citar:

    Telas grficas com diagramas unifilares mmicos do sistema eltrico, indicando os valores de

    corrente, tenso e potncia em cada circuito, alm de outras grandezas como presses, temperaturas

    etc. As telas devem ser organizadas em diversos nveis de informao, desde as mais gerais at

    aquelas que mostrem as informaes mais detalhadas.

    Listas de alarmes e eventos com a indicao, atravs de cores, do nvel de urgncia de cada

    alarme e do instante de sua ocorrncia.

    Relatrios de ocorrncias, por perodo ou por solicitao do operador.

    Listagens contendo o tempo de operao de cada equipamento relevante, o tempo em que o

    equipamento operou sob condies anormais, o valor mximo e mdio das grandezas de interesse etc..

    Registro das manutenes ocorridas.

    A Figura 4.6 mostra um exemplo de Interface Homem-Mquina.

    Figura 4.6 - Exemplo de Interface Homem Mquina

    importante que as reas de engenharia, operao e manuteno sejam envolvidas no

    processo de aquisio e desenvolvimento do sistema digital, de modo a se explorar ao mximo os

    recursos desta nova tecnologia. Deve-se procurar, sempre que possvel, adquirir sistemas que sejam

    customizveis, isto , que sempre que possvel admitam modificaes posteriores para atender

    48

  • 49

    necessidades especficas do cliente. Caso contrrio, seria como adquirir um computador com um

    conjunto de programas fornecido pelo fabricante para realizar uma srie de tarefas, mas que no

    admitisse o uso de outros programas, no futuro.

    4.4.3 - Modularidade, Expansibilidade e Mantenabilidade

    Os sistemas no centralizados possuem, normalmente, grau de modularidade e

    expansibilidade adequados, de modo a facilitar sua manuteno e futuras expanses. A agregao de

    novas unidades ao sistema deve ser natural e no dever requerer modificaes no software ou do

    protocolo de comunicaes da parte existente. As Figuras 4.7 e 4.8 mostram exemplos de sistemas

    com modularidade e expansibilidade.

    4.4.4 - Condicionamento Ambiental

    Sistemas utilizando microprocessadores, memrias etc. podem ter seu desempenho,

    confiabilidade e vida til afetados por fatores como:

    Temperaturas elevadas.

    Surtos de tenso conduzidos ou irradiados.

    Umidade, poeira, fungos e vibraes.

    Pelos motivos acima, desejvel que os sistemas digitais operem em ambientes controlados

    e com blindagens para minimizar os efeitos dos campos eletromagnticos.

    No caso de instalao de equipamentos digitais no ptio de subestaes, dever ser

    providenciado ambiente adequado que atenda aos requisitos de imunidade aos efeitos apontados

    acima. importante assinalar, porm, que os rels de proteo e CLPs, bem como a maior parte das

    unidades terminais remotas que hoje so oferecida no mercado j so fabricados de modo a resistir

    s condies ambientais existentes no ptio das subestaes ou usinas, desde que no sejam

    ultrapassados os limites estabelecidos pelas normas.

    A sala de controle de subestaes, por sua vez, rene as melhores condies para a

    instalao de sistemas digitais.

  • Figura 4.7 Configurao com Modularidade

    4.4.5 - Cablagem

    A necessidade de cablagem entre o ptio e a casa de controle, caracterstica das

    configuraes fisicamente centralizadas um fator importante que pesa contra este tipo de

    configurao. Alm do alto custo dos cabos e das instalaes para cont-los, h ainda o

    inconveniente de estes cabos conduzirem as interferncias eletromagnticas para dentro do prdio

    onde est localizada a sala de controle podendo, inclusive, ir at os terminais dos equipamentos

    digitais de aquisio e controle.

    No caso das configuraes fisicamente distribudas, tambm existir cablagem entre os

    equipamentos e os terminais do equipamento de aquisio e controle. Entretanto, os comprimentos

    destes cabos sero sensivelmente menores e os cabos estaro, em grande parte, contidos em

    eletrodutos que podero ser metlicos e aterrados, reduzindo muito o problema da interferncia

    eletromagntica. Alm disto, por serem mais curtos, no haver grande diferena de custo, se forem

    utilizados cabos blindados.

    4.4.6 - Comunicao de Dados

    As diferentes arquiteturas apresentadas anteriormente dependem, para o seu completo

    funcionamento, de um sistema de comunicao de dados que seja, ao mesmo tempo, confivel e de

    alto desempenho, de modo a no provocar interrupes na operao do sistema digital, nem

    introduzir retardos indesejveis.

    Os sistemas de comunicao de dados podem apresentar erros de mensagens, retardos na

    comunicao, falhas nos transceptores ticos (no caso de uso de fibras ticas), falhas em interfaces

    de comunicao etc., que podem afetar a confiabilidade e o desempenho do sistema digital.

    Recomenda-se, portanto, o mximo cuidado ao especificar a rede de comunicaes destes sistemas.

    50

  • Nas arquiteturas descentralizadas fisicamente, parte do sistema de comunicao de dados

    est localizada no ptio da usina ou subestao ou distribudo ao longo da planta industrial, ficando,

    portanto, exposta ao ambiente agressivo destes locais.

    Figura 4.8 Exemplo de Integrao Vertical e Horizontal

    A qualidade e o desempenho dos sistemas de comunicao tm melhorado sensivelmente

    nos ltimos anos. Os sistemas proprietrios dos grandes fabricantes de rels e de sistemas de

    superviso e controle so hoje bastante satisfatrios.

    O problema destes sistemas a incompatibilidade entre os protocolos de comunicao dos

    diferentes fabricantes. Isto dificulta as expanses, sempre que a fonte nova seja de fabricante

    diferente do sistema j existente. O ideal a utilizao de sistemas abertos. O problema da

    padronizao do protocolo, somente fica totalmente resolvido com o emprego da norma IEC 61850,

    conforme ser visto adiante.

    4.5 - Substituio dos Circuitos e Rels dos Cubculos Blindados e Painis por Sistemas Digitais

    Os circuitos de proteo e controle convencionais utilizados em cubculos blindados e painis

    em subestaes, usinas e indstrias apresentam um grau de complexidade, por vezes, bastante

    elevado, em razo da necessidade de incluir funes como intertravamentos, transferncias

    automticas, seqenciamentos, desligamento automtico de cargas, seleo de potencial para

    sincronismo etc. Estas funes, quando realizadas por circuitos convencionais, requerem grande

    51

  • 52

    nmero de rels auxiliares e fiao interna, alm de aumentarem a cablagem entre os diversos

    painis e cubculos, dificultando a manuteno e diminuindo a confiabilidade do sistema.

    Com a utilizao de rels e sistemas de superviso e controle digitais, os cubculos blindados

    e painis podero ser projetados de maneira que seus circuitos sejam grandemente simplificados e,

    at certo ponto, padronizados, contribuindo assim para a reduo do custo destes equipamentos.

    Para que isto seja possvel, porm, necessrio que o sistema digital seja concebido e

    especificado de modo a incorporar todas as funes de automatismos e intertravamentos antes

    executadas pelo sistema convencional, alm de incluir novas funes, tornadas possveis em razo

    da flexibilidade oferecida pela nova tecnologia.

    No caso de reforma e modernizao de instalaes antigas, com problemas de limitaes

    operacionais, obsolescncia de equipamentos e dispositivos, impossibilidade de novas expanses por

    falta de espao na sala de controle, congestionamento da cablagem, desatualizao de

    documentao, necessidade de relocao da sala de controle etc., o uso de sistemas digitais

    adequadamente concebidos poder se apresentar como a melhor soluo, tcnica e

    economicamente.

    A implantao de um sistema digital descentralizado possibilitaria uma instalao gradativa

    das unidades de aquisio e controle junto a cada vo, subestao unitria ou unidade geradora, sem

    necessidade de desenergizar toda a subestao ou usina.

    Quando todo o sistema digital tiver sido instalado, testado e funcionando, o controle da

    subestao ou usina passaria a ser executado atravs do mesmo. Os painis convencionais e a

    cablagem existentes seriam ento desativados.

    Alternativamente, os cabos existentes poderiam ser aproveitados, procedendo-se da seguinte

    maneira: Efetua-se o desligamento de um vo de cada vez. Os cabos so desconectados do painel

    existente e ligados nova UAC. Depois de verificado que todas as informaes relativas ao vo em

    questo esto disponveis no IHM e na base de dados do sistema digital, o vo desligado pode ser

    reenergizado. Caso os cabos existentes no tenham comprimento suficiente para chegar at a UAC,

    pode-se instalar, em local adequado, um painel intermedirio, contendo os bornes necessrios.

    4.6 - Uso de Esquemas de Retaguarda No Brasil, a experincia com o uso de sistemas digitais modernos de automao e proteo

    ainda pequena. Isto tem provocado uma certa preocupao por parte dos potenciais usurios.

    Em razo desta preocupao, existe a tendncia de se especificar algum nvel de retaguarda

    convencional para cobrir eventuais falhas no sistema digital.

    Em algumas instalaes so adotadas retaguardas convencionais, consistindo de pequeno

    painel mmico com LEDs mostrando o status dos equipamentos e de botoeiras para o comando

    destes equipamentos em caso de falha no sistema digital.

    Em nossa opinio, no devem ser misturadas diferentes tecnologias. O uso de sistemas

    convencionais completos ou simplificados deve ser evitado, pois pode reduzir muito ou at anular as

    principais vantagens econmicas e algumas vantagens tcnicas do emprego dos sistemas digitais.

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    Recomenda-se que, para facilitar os testes e a manuteno, as unidades de aquisio e

    controle (UACs), sejam especificadas com facilidades para conexo de um laptop dotado de IHM para

    superviso e comando, o qual poder tambm funcionar como retaguarda no caso de colapso da

    comunicao com o sistema central.

    4.7 - Redundncia no Sistema Digital possvel afirmar, observando o estado atual da tecnologia nesta rea, que os sistemas

    digitais modernos, desde que bem especificados e compatveis com as condies ambientes do local

    de sua instalao, tendem a ser mais confiveis que os sistemas convencionais equivalentes.

    Entretanto, para melhorar a confiabilidade destes sistemas, podem-se utilizar esquemas de

    redundncia. Como exemplos dos diferentes nveis de redundncia que podem ser usados, podem-se

    citar, partindo do mais simples para o mais completo:

    Utilizao de contatos duplos (em srie), para comandos de abertura ou fechamento de equipamentos de manobra. Se possvel, deve-se usar contatos de sada de placas diferentes.

    Duplicao da rede de comunicao de dados, incluindo o meio fsico, hardware e software, com sistema contnuo de deteco de falhas e transferncia automtica para o sistema stand by, em

    caso de falha no sistema principal.

    Duplicao do sistema central de processamento e IHM, conforme mostrado na Figura 4.2.

    Neste esquema, so utilizados dois sistemas digitais idnticos, podendo-se duplicar, inclusive,

    o sistema de comunicao de dados e as UACs. Os dois sistemas so independentes. Esto

    continuamente em operao e realizam os mesmos processamentos sobre os dados que so

    enviados para cada um, separadamente, pelas UACs (redundantes ou no) e pelos respectivos

    sistemas de comunicao de dados. Apenas um dos sistemas (chamado sistema principal), est

    habilitado a atuar sobre o processo e exteriorizar os dados. O outro sistema (denominado stand by)

    permanece pronto para assumir as funes do sistema principal, em caso de falha ou

    indisponibilidade deste.

    Um software de deteco de falha verifica, continuamente, as condies operacionais