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Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

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Novas seções, nova cara e uma festa em que, como sempre, não faltam ilustres convidados. Papo-cabeça com Alceu Valença: "Não sou tradicionalista, mas respeito a tradição."

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ARMAZÉM DA MEMÓRIA NACIONAL

4 abril 2013

37 Jogos e brincadeiras

28 ilUsTres brasileiros Ademar Casé

brasil em fesTac om esta edição, o AlmAnAque BrAsil completa 14 anos. Para comemo-

rar, estreia um projeto gráfico que reforça nossa proximidade com a cultura popular. Tanto nos títulos quanto nas vinhetas, adotamos tipografias inspiradas em letras feitas à mão, encontradas em placas, barcos e caminhões nos quatro cantos do País. O logotipo, que tanto sucesso faz desde 1999, foi remodelado, com novas referências. Mas sua premissa original foi preservada. As fotos ga-nharam destaque e os textos estão mais arejados, proporcionando uma leitura mais agradável, com o objetivo de valorizar os temas e personagens retratados.

A edição traz também novas seções. Com o cronômetro girando para o Mundial de 2014, estreamos Todas as Copas, que trará curiosidades, fatos marcantes e des-taques de cada uma das edições do torneio.

Outra novidade é Design Popular Brasileiro, seção que apresenta a criatividade na-cional em peças do dia a dia. Profissionais renomados, artistas de rua e anônimos sem nenhuma pretensão artística frequentarão estas páginas, desfilando criações em rou-pas, paredes, brinquedos e outros suportes. Tudo sob a influência das cores e formas do País. Quem dá a largada é Marcelo Rosenbaum, que apresenta móveis inspirados na feira de Caruaru, no dourado capim do Jalapão, nos grafismos indígenas.

Novos nomes também passam a fazer parte do expediente da revista, inaugu-rando nosso conselho editorial. É um time de primeira, que desde o início acom-panha o AlmAnAque e – cada um em sua área e à sua maneira – já colaborava e inspirava a revista. Para contribuir com uma visão sobre os esportes, Juca Kfouri. Para a reportagem histó rica, Geneton Moraes Neto. No design brasileiro, Adélia Borges. Na comunicação, João Rodarte. Nas letras, Mario Prata. Nas artes gráficas, Ziraldo. E em todas as artes do palco, Antonio Nóbrega. Comandando essa sele-ção, Elifas Andreato, idealizador da publicação.

Para completar a festa, o Especial traz histórias e curiosidades relacionadas a aniversários. Do Parabéns brasileiro aos docinhos genuinamente nacionais, dos festejos egípcios aos balões com tripas de bicho. E para comemorar conosco não faltam convidados ilustres: Sinatra e Tom Jobim, Darcy Ribeiro e suas 60 mulhe-res, princesa Isabel e seu aniversário abolicionista. Todos trazem saborosas histó-rias de almanaque para celebrar esses 14 anos de dedicação ao Brasil.João rocha rodrigUes, editor

CONSELHO EDITORIAL Elifas Andreato (coordenação), Adélia Borges, Antonio Nóbrega, Geneton Moraes Neto, João Rodarte, Juca Kfouri, Mario Prata, Ziraldo.

Diretor executivo Bento Huzak Andreato Editor João Rocha Rodrigues Editor de arte Dennis Vecchione Redatores Bruno Hoffmann e Natália Pesciotta Designer Rodrigo Terra Vargas Pesquisa iconográfica Laura Huzak Andreato Revisor Eduardo Calil Gerente financeira Joana Darc Oliveira Gerente administrativa Eliana Freitas Assistentes administrativas Geisa Lima e Viviane Silva Assessoria jurídica Cesnik, Quintino e Salinas Advogados Jornalista responsável João Rocha Rodrigues (MTb 45265/SP) Impressão Abril Gráfica

PUBLICIDADE Brasília Vertmidia. Fone: (61) 8127-7444. E-mail: [email protected] Rio de Janeiro Fernanda Santa Roza. Fone: (21) 9345-2835. E-mail: [email protected] São Paulo Eliana Freitas. Fone: (11) 3868-0830. E-mail: [email protected]

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O AlmAnAque está sob licença Creative Commons. A cópia e a reprodução de seu conteúdo são autori-

zadas para uso não comercial, desde que dado o devido crédito à publicação e aos autores. Não estão incluídas nessa licença obras de terceiros. Para reprodução com outros fins, entre em contato com a Andreato Comunicação & Cultura. Leia a íntegra da licença no site do AlmAnAque.

Distribuição em voos nacionais e internacionais

Tiragem auditada desta edição120 mil exemplares

O AlmAnAque é uma publicação da Andreato Comunicação & Cultura.

Rua Dr. Franco da Rocha, 137 - 11º andar Perdizes. São Paulo-SP CEP 05015-040

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Aumente seu nível de brasilidade e ganhe pontos para trocar por uma infinidade de prêmios

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Ou pela internet: www.almanaquebrasil.com.br

Apresentam

5 você sabia? 16 papo-cabeÇa Alceu Valença

19 o Teco-Teco

34 design brasileiro Marcelo Rosenbaum

24 especial Aniversário

Bolo: BOlIêR - AtElIê dE BOlOs www.bolier.com.brtelefone: (11) 98442-8665Baseado em caricaturas de lEANdRO sPEtt Direção de arte: dENNIs VECChIONE E ROdRIGO tERRA VARGAs38 caUsos do boldrin

ponTo final

22 Todas as copas Uruguai, 1930

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5 almanaquebrasil.com.br

Antônio BAstião fAz tAmBores pArA semeAr A pAzEle planta, entende de cura pelas ervas, é herdeiro de um grupo de congado. Apesar de analfabeto (“No meu tempo, ninguém tinha o di-reito de aprender a ler”), Antônio Luiz de Matos é reconhecido mes-tre, com título e tudo. Por isso, já apareceu na televisão, em emissoras como Globo e Rede Vida. Mas chame-o de “mestre” para ouvir como resposta: “Com todo o respeito, é Antônio Bastião”.

O maior tambozeiro do vale do Jequitinhonha explica, em entrevista ao Museu da Pessoa: “Eu gosto de ser chamado assim por causa do meu pai, que chamava Bastião. Quando me chamam assim, eu me lembro dele e fico feliz. Na verdade eu tenho uma patente, graças a Deus”.

De família de lavradores e oleiros da região de Minas Nova, nordes-te de Minas Gerais, Antônio Bastião aprendeu com o pai, que apren-deu com o avô, a tocar e produzir instrumentos de percussão, além das cantigas, ritmos e toques dos escravos.

Mais relevante que o conhecimento da madeira de piquizeiro se-co, mutambinha ou couro verde, ele recebeu como herança o cui-dado com a natureza. “Tem que chegar lá com a alma limpa, fazer orações, escolher o dia certo e ver qual pode pegar para não preju-dicar as pequenininhas”, ensina.

Bastião acredita, acima de tudo, na importância dos tambores: “Onde o tambor toca, não tem inimizade, não tem briga”. E vai além: “Os tambores conversam com Deus, pode ter certeza”. [NP]

/49/4/1967 Juscelino Kubitschek volta do exílio. A ditadura militar permite que ele fique no Brasil, mas o proíbe de pisar em Brasília.

17/4/1980 Começam as obras, em Brasília, do Memorial JK, que abriga os restos mortais do ex-presidente.

24/4dia do talento

saiba mais 20 Anos do Museu da Pessoa no Brasil (Babel, 2011).

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6 abril 2013

inventor uruguAio trAnsformA lixo em BicicletAsNo interior do Uruguai, entre fazendas e lavouras, um menino cresceu sonhando com uma bicicleta. Aprendeu que reali-zar sonhos exige trabalho e perseverança. Do serviço da roça, tirou o suficiente para comprar uma magrela que o levava pelas estradas, com poeira e sorriso no rosto. Mas a família passou por dificuldades. Diante da urgência, a bicicleta foi vendida.

O menino virou homem e resolveu es-crever a própria história. Juan Muzzi nunca aceitou salário. Vive das ideias, do talento que o fez reconhecido mundo afora por obras e inventos. Mudou-se para o Brasil 44 anos atrás. É empresário e artista plástico. Mais que isso: é um artista do plástico.

Preocupado com a enorme quantidade de resíduos que os brasileiros desperdi-çam, fechou-se no laboratório. Desenvol-veu uma bicicleta ecológica produzida com a reciclagem de 200 garrafas pet. Em duas horas, o lixo vira meio de transpor-te. “O processo economiza 96% da ener-gia usada para fabricar uma bicicleta co-mum”, explica Muzzi.

A bike de pet, batizada Muzzicycle, foi patenteada em 140 países. Já roda por vários cantos do planeta e em breve não estará sozinha. O inventor pretende criar cadeiras de rodas para deficientes com a mesma tecnologia.

Por enquanto, as bicicletas são feitas por encomenda e prometem ser duráveis o bastante para acompanhar os donos por muito tempo. “A pirâmide que deixaremos para nossos netos não será de pedras, mas de pet. O material demora décadas para se decompor. Nunca vai acabar”. Juan Muzzi não é mais o menino pobre do Uruguai, mas ainda persegue sonhos. Agora sobre duas rodas. [Laís Duarte]

saiba mais site da muzzicycles, com vídeos, fotos e loja virtual: www.muzzicycles.com.br.

15/4dia mundial

do desenhistaJuan Muzzi e sua Muzzicycle; abaixo, com o presidente uruguaio José Mujica.

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17/4dia da

botânica

“Segundo as más línguas, só as plan-tas gostavam do Itamar.” Com a frase, no documentário Daquele Instante em Diante, o guitarrista Luiz Chagas brinca com a fama de maldito que acompanhou o músico paulista Itamar Assumpção, morto em 2004.

Autor de músicas como Nego Dito, Milágrimas e Dor Elegante, Itamar era um artista da noite, que produzia e lança-va discos independentes quando isso era uma grande peripécia. Mas, de manhã, gostava da rotina tranquila, de regar suas árvores, flores e mudas.

“Se duvidar, na mata ele era mais ele do que no palco”, arrisca o cenógrafo Rick Cukierman. Para a poeta e parceira Alice Ruiz, os cuidados com as plantas eram “a

materialidade da espiritualidade dele”.Uma das espécies mais arredias e difí-

ceis tinha lugar especial no jardim do mú-sico da Vanguarda Paulista: a orquídea. Não visitava um amigo sem levar um vaso com a flor embaixo do braço. Chegava a casa e ia logo procurando um bom lugar para o presente.

Itamar não teve dúvida na hora de bati-zar a banda só de mulheres que tocou com ele nos anos 1990. Nove instrumentistas formaram as Orquídeas do Brasil e o acom-panharam na trilogia Bicho de 7 Cabeças. Mesmo sem os cuidados do especialista, elas ainda se reúnem. “Se vamos nos en-contrar, sempre brota flor em casa”, conta Tata Fernandes, que trata de desmistificar: “Itamar sempre foi um doce”. [NP]

itAmAr cultivAvA músicAs e orquídeAs

JURAR DE PÉS JUNTOS durante a inquisição, na idade média, amarrar as mãos e os pés dos acusados ou suspendê-los pela canela eram formas de tortura. de pés juntos, ficava difícil para o réu não confessar as heresias de que era acusado. veio daí a expressão que enfatiza o compromisso com o juramento, enraizada pelos lusitanos na língua portuguesa. em portugal, usa-se “jurar a pés juntos”.

1 hugo de grenoble2 Francisco de Paula3 ricardo de chichester4 isidoro de sevilha5 vicente Ferrer6 guilherme de aebelholt7 João batista de la salle8 Walter de Pontoise9 valdetrudes10 terêncio 11 gema galgani12 Zeno de verona13 martinho 1°14 tibúrcio15 crescêncio16 bento José labre17 donnan18 aPolônio19 exPedito20 teodoro21 inês22 vicente da esPanha23 João, o esmoler24 Francisco de sales25 marcos26 Paula27 Zita28 tomás de aquino29 catarina de siena30 mariana

Somos os maiores importadores do mundo de bacalhau da Noruega. Em 2011, levamos à mesa 32 mil toneladas do “príncipe dos mares”. Portugal chegou em segundo lugar, com 20 mil toneladas.

Itamar Assumpção e as Orquídeas do Brasil, na capa de Bicho de 7 Cabeças, de 1994.

saiba mais Daquele Instante em Diante, de rogerio velloso (2011).

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8 abril 2013

23/4dia municiPal da PeriFeria (salvador)

Os três são de Salvador. Enderson mora em Cajazeiras, um dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina. Tiago vive em Curuzu, bairro com a maior po-pulação negra da capital baiana. Itamara é de Sussuarana, lugar que começa a entrar no mapa por ser um polo de produção cul-tural da população carente. O trio coorde-na o Mídia Periférica, projeto que desde 2010 direciona lentes e mentes para as regiões mais pobres de Salvador.

Tudo começou quando Enderson, aos 19 anos, se matriculou em oficinas de co-municação desenvolvidas pela ONU em parceria com o Instituto de Mídia Étnica. O rapaz ficou incomodado ao perceber como a mídia costuma marginalizar a po-pulação dos bairros pobres. Decidiu, por conta própria, criar vídeos sobre as belezas do seu lugar e postá-los na internet. Come-çava assim a primeira ação do que viria a ser batizado como Mídia Periférica.

“Achei que poderia amenizar a imagem da minha comunidade e dar exemplo para as outras pessoas”, explica o diretor exe-cutivo e articulador do projeto. Na cami-nhada, conheceu Tiago e Itamara, uma du-pla “disposta a revolucionar a imagem da comunidade por meio da comunicação”.

A partir dali, surgiriam blogs, jornais im-pressos, programas de rádio comunitária.

Algumas ações foram deixadas para trás, principalmente por falta de dinheiro. Mas a disposição e o entusiasmo não esmorece-ram. Para eles, nada pode mudar mais a au-toestima da comunidade do que os jovens se sentirem empoderados – “transformados em empreendedores sociais ou entendedo-res do sistema”, explica Enderson.

Um exemplo é o Postais da Periferia. A ação é simples, mas transformadora: foto-grafar os lados belos das áreas mais afas-tadas da cidade. “Ao trazer o turista para a comunidade, ocorre o fortalecimento do empreendedor local, gera-se renda e valo-riza-se a autoestima de todo mundo”, conta.

O Mídia Periférica recebeu prêmios de diferentes instituições pelo trabalho. Faz parte da Rede Nacional de Jovens e Adolescentes Comunicadores e foi além dos limites soteropolitanos. Em março, a Unesco convidou Enderson para transmi-tir sua experiência para grupos de jovens de comunidades periféricas de Brasília.

O trio segue antenado às novas tendên-cias da comunicação e com o sonho de ver a periferia orgulhosa, informada e com di-nheiro no bolso. “A juventude de comuni-dade não precisa só de espaço no mercado de trabalho. Precisamos de espaço para empreender. Queremos ser donos do nosso próprio negócio”, conclui Enderson. [BH]

Jovens BAiAnos ApontAm lentes e mentes pArA A periferiA

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minguante

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crescente

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Como o animal que o representa, trabalhador da terra, o nativo em Touro esbanja persistência, de-terminação e racionalidade. Não sabe lidar com preguiça, descom-promisso ou irresponsabilidade. Os taurinos costumam ter prazer em cultivar hábitos e gostam de fazer as coisas do seu jeito. No entanto, caso entendam que uma mudança é necessária, não pesta-neiam em pô-la em prática. Em geral, são ligeiramente tímidos, mas simpáticos e interessados nos outros à sua volta.

“MaNteNHa a caBeça fria,

se quiser iDeias frescas”

saiba mais Blog do mídia periférica: www.midiaperiferica.blogspot.com.br.

10/4nova

Nossa homenagem a aparício torelly, o Barão De itararé

Enderson e os postais: “A periferia precisa de espaço para empreender”.

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jacksoN Do BoNgô ele ficou famoso ao mostrar para o mundo cocos como a, e, i, o, u, Ypsilone. mas, quando começou a aparecer na rádio jornal do commercio, no recife, a imagem de jackson do pandeiro ainda era outra. em suas primeiras fotos divulgadas, como esta ao lado, o paraibano empunhava um bongô no auditório da rádio, antes de ganhar o microfone e o pandeiro. era bem a contragosto, diga-se, que ficava responsável pelo bongô, como mostra a expressão amuada na foto de 1949. protestava ao maestro nozinho, líder da orquestra jazz paraguary: “eu sou brasileiro, não sou cubano”.

RESPOSTA NA PÁGINA 35

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10 abril 2013

professorA trAnsformou A vidA dAs mães dos Alunos

30/4dia nacional

da mulher

Tudo começou nos anos 1980, na periferia de São Paulo, quando Mirtes de Souza reu-niu seus alunos com defasagem de aprendi-zado a fim de mapear seus problemas. Fi-cou claro que a desestruturação da família e, em muitos casos, o alcoolismo da mãe influenciavam no desenvolvimento dos pequenos. “Quando você é educadora, não consegue olhar só para a sala de aula.”

A partir da iniciativa, uma pequena re-volução aconteceu na região. Há quase 30 anos, o Movimento de Mulheres do Jardim Comercial cria oportunidade para as mu-lheres na Zona Sul de São Paulo.

O primeiro passo foi aproximá-las. Em um galpão da escola pública em que lecio-nava, Mirtes passou a ensinar costura, bor-dado e outras coisas. O mais importante, porém, era o espaço para que dividissem suas angústias e problemas. As atividades e a união não só livraram várias mulheres de vícios como renderam melhorias concretas para a comunidade.

Criação de vagas para ensino médio, au-mento de medicamentos em postos de saú-de, participação das famílias na construção de prédios populares, remoção de áreas de risco. Não dá nem para enumerar todas as vitórias que elas conseguiram para o bairro nesses 27 anos. Mas dá para arriscar a mais importante: que os apartamentos populares

fossem entregues em nome da mulher, e não do homem da família. A medida reivin-dicada por elas foi adotada pela CDHU em todo o estado de São Paulo.

Hoje a associação comandada por Mirtes e sua irmã Marly oferece cursos de costura, panificação e cidadania, em sede própria e equipada, além de empregar dezenas de mulheres como costureiras. Com a voz pausada e serena, Mirtes se anima com tu-do que conta sobre o Movimento. Mas um fato a emociona especialmente. Em 1999, a filha, que então estudava Economia, lhe disse, rispidamente, que o projeto não so-breviveria sem um produto de venda.

“Passei a noite toda acordada, até que olhei a manta de bebê que era da minha filha e tive uma ideia.” Criou então o “livro-travesseiro” infantil, carro-chefe da associação, com personagens e deta-lhes costurados pelas mulheres do bairro. Mais tarde, outros produtos foram sendo acrescentados ao catálogo. Damas e mico preto, por exemplo, viraram jogos em te-cido para entreter as crianças enquanto as mães estavam nos cursos.

Além de dirigir a associação e cuidar da loja do grupo, Mirtes dá aulas na rede pú-blica e encontra tempo para escrever e reci-tar poemas. Como? “Quando a gente faz o que gosta, nunca se cansa.” [NP]

a garotinha acima nasceu no rio de janeiro em 29 de abril de 1941, mas tem alma – e família – baiana. dinair (esse é seu nome de batismo) chegou a ser chamada de “nina simone brasileira”, nos anos 1970. tem a quem puxar: pai e mãe eram cantores. musa de milton nascimento e ex-mulher de gilberto gil, con-sagrou músicas de compositores como aldir Blanc e dolores duran. além, claro, das canções do pai.

resPosta Na PÁgiNa 35

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o que se coLHe eM aBriLCaqui, graviola, kiwi,

mexerica, manga, maçãsaiba mais visite o site do projeto: www.movimentodemulheres.org.br.

Mirtes (de faixa) e Marly de Souza (à direita), na sede do Movimento de Mulheres.

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mAnoBrA de vicente mAtheus tirou sócrAtes do são pAuloEm 1978, Sócrates, então um jovem meio-campista de 23 anos, começou a se destacar pelo Botafogo de Ribeirão Preto. A revelação do interior paulista chamou a atenção do São Paulo, que demonstrou interesse em contratar o jogador. Conver-sa vai, conversa vem, ficou quase tudo acertado. “O São Paulo apenas pediu uma semana para levantar o dinheiro”, recor-dava-se Sócrates.

O presidente do Corinthians, Vicente Matheus, também estava de olho no atleta. Mas sentia que havia saído em desvanta-gem. Eis que bolou um plano inusitado. Ao saber que a diretoria rival iria viajar para Ribeirão para fechar o negócio, pediu que seu irmão, Isidoro Matheus, convidasse o presidente são-paulino, Antônio Leme Nunes Galvão, para negociar a compra do zagueiro são-paulino Chicão. O irmão de Matheus ainda acenou com a possibilidade

de ceder ao rival o lateral Claudio Mineiro. A proposta soou como música para a di-

retoria tricolor. Com a venda de Chicão, o clube teria dinheiro para trazer Sócrates e, de quebra, ainda ganharia um novo lateral. O mandatário são-paulino adiou a viagem a Ribeirão para receber Isidoro Matheus.

Só que o interesse em Chicão era uma grande lorota. Enquanto seu irmão ence-nava o desejo pelo beque, Vicente Matheus encheu uma maleta de dinheiro, entrou no carro e partiu para Ribeirão. No mesmo dia, fechou o negócio.

O resto da história é conhecido: Sócrates tornou-se um dos maiores craques do Corinthians. O destino, porém, tratou de recompensar o São Paulo. Uma dé-cada mais tarde, Raí, irmão de Sócrates, foi contratado pelo clube e virou um dos mais importantes ídolos da história do tricolor do Morumbi. [BH]

resPosta Na PÁgiNa 35

de quem são estes olhos?

poucos sabem, mas estes olhos de galã apareceram na tevê pela primeira vez em um programa de esportes, na época em que ele ainda era modelo. já como ator, o carioca nascido em 17 de abril de 1970 ficou nacionalmente conhecido. Foi de índio peri, no filme O Guarani, a michê, na novela Celebridade, além de ter comandado alguns programas de auditório e até dirigido filmes. sabe quem é?

dia da sociedade espírita

dia nacional da radiopatrulha

dia do Padroeiro dos carreteiros

dia nacional do caratê

dia da criança Palestina

dia do Patriarca

dia nacional do Jornalista

dia nacional do correio

dia da biblioteca

dia da engenharia

dia do exército da salvação

dia da Parteira

dia do beijo

dia das américas dia da conservação do solo

dia nacional da voz

dia mundial do hemofílico

dia do editor

dia do exército do brasil

dia do diplomata

dia do metalúrgico

dia da comunidade luso-brasileira

dia mundial do escoteiro

dia do boi

dia do contador

dia do engraxate

dia da empregada doméstica

dia da caatinga

dia universal da dança

dia da baixada Fluminense

10/4dia da mentira

saiba mais Democracia Corintiana – A utopia em jogo, de sócrates e ricardo gozzi (Boitempo, 2002).

Matheus (à direita apresenta a nova contratação corintiana.

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Page 14: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

Você sabia? Milhares de selos já foram emitidos ao longo dos 350 anos de trajetória dos Correios. Dezenas deles mereceram destaque neste AlmAnAque. De peixes e pássaros a Santos-Dumont e Tom Jobim, não faltaram pequenos grandes exemplos da riqueza e inovação nacional.

Almanaque pra tudoEhão de chover almanaques. O Tempo os imprime,

Esperança os edita; é toda a oficina da vida”, escreveu Machado de Assis no conto Como se Inventaram

os Almanaques. Durante séculos, eles foram uma verdadeira sensação no Brasil. Tinha almanaque de tudo: revolucionários, literários, femininos, masculinos, infantis. E chegavam dos centros urbanos às mais distantes zonas rurais.

Mais antigos até do que a imprensa, o dicionário os explica: “publicação periódica com calendário, informações científicas, tabelas, registro de aniversários e textos humorísticos ou recreativos”.

Foi inspirado nessas saudosas publicações que, em 1999, o artista

gráfico e jornalista Elifas Andreato criou o AlmAnAque BrAsil, com o objetivo de resgatar um formato editorial saboroso e popular, mas com proposta nova: reunir, a cada edição, o que de melhor o Brasil tem a oferecer.

A instituição mais antiga do País foi o primeiro apoiador do projeto que agora completa seus 14 anos. Ligados com a história e a cultura do Brasil,

os Correios estão presentes desde a edição inaugural e participaram de diversas

parcerias editoriais.Seja na trajetória de vida de

ilustres e desconhecidos, em atitudes inspiradoras, na história ou na cultura

do nosso povo, há 14 anos o AlmAnAque endossa a frase do

seu patrono, o folclorista Câmara Cascudo: “O melhor produto

do Brasil é o brasileiro”.

CAUSOS DOS CORREIOS Texto e ilustração publicados originalmente em Novos Causos dos Correios (ECT, 2000).

Avistei uma senhora recostada na janela e percebi que havia correspondência para aquele endereço.– Tem carta para a senhora – anunciei.– Bem que poderia ser do meu filho Alfredo, que não vejo há anos – suspirou Dona Santinha, enquanto pegava a carta. – Ele era o xodó do meu falecido marido. Até o dia em que brigaram e o garoto foi embora.Ansiosa, Dona Santinha correu para dentro da casa em busca dos óculos. Com as mãos trêmulas, conseguiu ler o remetente: “Luciano Santos e...” – a mulher ficou estática por alguns

Histórias que emocionamsegundos – “...Carlos Eduardo dos Santos Neto”. Ela parecia perturbada.– Carlos Eduardo dos Santos é o nome do meu falecido marido! – disse, com a voz embargada.Os óculos embaçados dificultavam a leitura, mas ela foi em frente: “Querida vovó, tudo bem com a senhora?”. Dentro do envelope, fotos e mais uma folha de papel. Era de seu filho Alfredo, que tinha dado dois meninos a Dona Santinha, um deles com o nome do avô.De sacola no ombro e com meu lado maternal falando mais alto, chorei junto.

Por Maria das Neves Gomes, auxiliar administrativa de Aparecida de Goiânia (GO)

Um milhão Esse é o número de peças no acervo do Museu dos Correios, em Brasília, sobre a centenária história postal do Brasil.

Page 15: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

BRASÍLIAMUSEU NACIONAL DOS CORREIOSSetor Comercial Sul, Qd. 4, Bl. A, 256. Ed. Apolo. Asa Sul Fone: (61) 3426-1000

Correios – Um Diálogo com Vilém Flusser

Memórias Femininas da Construção de BrasíliaA partir de 10/4

Sim, Pode Tocar! A partir de 10/4

De terça a sexta, das 10h às 19h; sábados e domingos, das 12h às 18h

SALVADORCENTRO CULTURAL CORREIOSTravessa Cruzeiro de São Francisco, 20. PelourinhoFone: (71) 3321-6665

Retratos de Família: A Imigração Italiana na Bahia A partir de 4/4 De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 8h às 12h

JUIZ DE FORA (MG)ESPAÇO CULTURAL CORREIOSRua Marechal Deodoro, 470. Centro. Fone: (32) 3690-5715

União & Indústria – Uma Estrada para o FuturoA partir de 4/4. De segunda a sexta, das 8h às 17h

RIO DE JANEIROCENTRO CULTURAL CORREIOSRua Visconde de Itaboraí, 20. Centro. Fone: (21) 2253-1580

O Diário de William Collett Até 21/4

A Mão Livre de Luiz Carlos Ripper Até 21/4

De terça a domingo, das 12h às 19h

Céu sobre Chuva ou Botequim, de Gianfrancesco Guarnieri De quinta a domingo, às 19h

RECIFECENTRO CULTURAL CORREIOSAv. Marquês de Olinda, 262. Bairro do Recife. Fone: (81) 3224-5739

Diário das Frutas Roberto Burle Marx – Obra em Desenho Até 28/4

De terça a sexta, das 9h às 18h; sábados e domingos, das 12h às 18h

Cine Clube Curta Doze e Meia Quintas, às 12h30

FORTALEZAESPAÇO CULTURAL CORREIOSRua Senador Alencar, 38. Centro. Fone: (85) 3255-7262

Oswaldo Goeldi – Soturno Caminhante Até 20/4 De segunda a sexta, das 8h às 17h

AQUÁTICOSLIII Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação (Troféu Professora Maria Lenk – Taça Correios) De 22 a 27/4, no Rio de Janeiro

Clínica Internacional de Nado Sincronizado De 7 a 13/4, no Rio de Janeiro

4ª Etapa da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas – FINA (10 km) 13/4, em Cancún (México)

Campeonato Brasileiro Júnior Masculino de Polo Aquático 4/4, no Rio de Janeiro

Troféu Brasil de Saltos Ornamentais De 11 a 14/4, no Rio de Janeiro

HANDEBOLLiga Nacional de Handebol Adulto Masculino e FemininoAté 30/8

FUTSALLiga Futsal Masculina – Competição Nacional 15/4

Taça Brasil Masculino Adulto – Divisão Especial Até 6/4, em Erechim (RS)

Taça Brasil Feminino Sub-20 – Divisão Especial De 14 a 20/4, em Recife

Taça Brasil Feminino Sub-20 – 1ª Divisão 7 a 13/4, em Belém

TÊNISCircuito Nacional Correios de Tênis Infanto-Juvenil – Etapa Nordeste De 6 a 14/4, em Natal (RN)

Série ITF Seniors Brasil – Etapa Brasília De 22 a 27/4, em Brasília

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SAIBA MAIS: www.correios.com.br

Água é tema do ano e de selosPor decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, 2013 é o Ano Internacional das Nações Unidas de Cooperação pela Água. A ideia é suscitar debates e entendimentos sobre a gestão e o uso pacífico do bem natural pelo mundo. A emissão especial de selos dedicada ao Ano lembra a importância do tema para o desenvolvimento sus-tentável, integridade do meio ambiente e erradicação da pobreza. Repare: a água é mostrada de forma cíclica em torno do globo ter-restre, em menção aos valores de sustentabilidade e acessibilidade.

SELOS DO BRASIL

Não perca!

Page 16: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

16 abril 2013

“Precisamos cuidar Para não nos tornarmos carne de segunda”

por joão rocha rodrigues fotos gustavo Bomfim

Ao longo da carreira, ele atravessou diferentes territórios sonoros em busca de uma música original, única.

Misturou rock com embolada, pôs guitarra no baião. E segue na batalha pela valorização do que é nosso.

ALCEU VALENÇA

16 abril 2013

Page 17: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

17 almanaquebrasil.com.br

A infância no interior de Pernambuco foi importante para a sua formação artística? Sem dúvida. Eu sou de São Bento do Una, do agreste meridional pernambucano. Lá ouvi toda a cultura herdada, a cultura ibérica brasileira. Porque em São Bento tinha os aboios no meio do silêncio e da seca, o piado das rolinhas fogo-pagou, o mu-gido do gado, o relincho dos cavalos. Na feira de São Bento, via os cordelistas lendo seus cordéis, os emboladores e os violeiros tocan-do nas ruas, os circos quase sempre mambembes que apareciam por lá. Nos alto-falantes, ouvia Luiz Gonzaga, Augusto Calheiros. E a vitrola do meu avô a tocar tudo.

Na sua música, esse sertão teve maior importância do que o mar, tão presente em suas composições? O sertão teve uma im-portância muito maior, foi lá onde tudo começou. Vi o mar pela pri-meira vez quando, ainda menino, fui passar férias em Olinda. Me lembro bem que, à primeira vista, achei o mar menor do que o açude de São Bento. Depois, fui morar no Recife. Lá conheci o Carnaval. Na minha rua, a rua dos Palmares, moravam de um lado o poeta Carlos Pena Filho e, do outro, o grande compositor de frevos Nelson Ferreira. E eu na residência do meio. Eu era o poeta aprendiz dessa minha rua guerreira, a rua dos Palmares. Era uma rua “carnavaló-droma”. Por lá passavam todos os blocos que iam para o centro da cidade: blocos de maracatu, blocos de frevo, blocos de caboclinhos. A cultura de São Bento e essa cultura da rua dos Palmares entraram na minha alma de uma maneira absolutamente natural.

Enfrentou resistência da família para tornar-se músico? Meu pai não queria que eu fosse artista. Não queria dar violão, contratar professor. Queria que eu fosse advogado, tinha medo da carreira de músico. Mas a arte correu atrás de mim. Quando vim para o Rio, ape-sar de o meu pai ter condições financeiras para me bancar aqui, passei necessidade. Vim arrombado, lascado, quase como um retirante.

Ao longo da carreira, você vem se alimentando de diferentes gê-neros musicais: rock, baião, blues, música árabe, coco, ciranda. Apesar de fazer uma música sem fronteiras, bate firme na valo-rização do que é nosso. Por quê? O meu discurso não muda. É o mesmo desde os tempos de faculdade. Eu sou um ser planetário. Sou um ser planetário porque vivo no planeta Terra. Mas sou de São Bento do Una, sou de Pernambuco, sou do Brasil, sou da América, sou do mundo. Isso vai numa gradação. Não sou tradicionalista, mas respeito a tradição. Sempre respeitei. Respeito, portanto, todas as minhas matrizes. Claro que as coisas vão se acoplando à minha criação. Mas elas vão entrando de uma maneira absolutamente na-tural, sem artificialidades, sem conveniências.

Como isso se manifesta? Eu adoro blues. Gosto muito. Mas não faço blues bem, não sou um grande blueseiro. Nem poderia ser, a minha vivência não é essa. Agora, no aboio, na toada, não existe blueseiro que cante igual a mim. Na minha cabeça, artista não tem ídolo, porque a idolatria provoca imitação. Adoro Luiz Gonzaga, conheço profundamente a música dele, aprendi muito, mas nunca quis ser ele. Assim como artista nenhum deve querer ser Mick Jagger nem Paul McCartney. Aliás, eles não são melhores do que eu em nada, nem eu melhor do que eles. Somos diferentes. É possível di-zer que uma papoula é mais bonita do que uma rosa? Não. Papoula é papoula, rosa é rosa. Artistas quando são verdadeiramente artistas são incomparáveis. Já o artista imitador, aí, sim, é comparável.

De certa maneira, você costuma cumprir um rito, com shows específicos para cada época do ano. Por quê? É quase uma tradi-ção. Quando chega o Carnaval, canto frevos, maracatus, cirandas. Quando chega o São João, me aproximo da linguagem do baião. É tudo no “ão”: São João, baião, sertão, Gonzagão. Mas também faço outros shows. Em dezembro, toquei num festival em Rio Negrinho, Santa Catarina, fazendo um som superpesado. A sonoridade que eu boto dentro de uma embolada todo mundo pensa que é rock, e não é. Foi quase um Woodstock. A garotada ficou tão entusiasmada que, em determinado momento, as meninas começaram a tirar a roupa, ficaram nuas. O povo endoideceu.

Há também shows mais comportados, não? Faço de tudo. No ano passado, toquei com a orquestra de Ouro Preto. Faço também shows menores, com só três pessoas, mais improvisados. Uma coisa mais cool, mais elegante. Por que o Brasil tem apenas que ser brega? Por que tem que descer da música de coração, de referências, bem-ar-ranjada, para fazer uma música que entre nas paradas de sucesso? Sabe quanto tempo essa ilusão dura? Pouquíssimo. A depressão lo-go começa a pegar o ídolo de conveniência – quase sempre manda-do pelo empresário, que, na verdade, é o dono da banda. Esse ídolo passa por um momento de glória imenso e daqui a dois meses aca-bou o ídolo, por falta de profundidade.

“Na miNha cabeça, artista Não tem ídolo, porque a idolatria provoca imitação. adoro luiz GoNzaGa, mas NuNca quis ser ele”

ele tinha apenas 6 anos quando pisou no palco pela primeira vez. em pleno cine teatro rex, em são bento do una, soltou a voz com versos de capiba: “pernambuco tem uma dança / que nenhuma terra tem (…) É uma dança / que vai e que vem / que mexe com a gente / É frevo, meu bem!” saiu com o segundo lugar. o ganhador da caixa de sabonetes, prêmio principal do concurso infantil, foi um menino que cantou Granada, em espanhol, imitando miguelito, astro da época. “Já eu, cantei parecido comigo mesmo, uma música da terra, e perdi. mas me apaixonei pela ribalta.” desde então, alceu valença segue trilhando seu caminho único na música brasileira, sem filiação a movimentos ou ídolos. “artista não deve ter ídolo, porque a idolatria provoca imitação. artistas quando são verdadeiramente artistas são incomparáveis.” No entanto, defende com unhas e dentes as nossas matrizes musicais. “evoluímos muito nos últimos 10, 15 anos. mas o brasil precisa conhecer o brasil. precisamos cuidar das nossas referências para não nos tornarmos carne de segunda.”

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18 abril 2013

deia indígena. O povo gostava de Aquele Abraço, de Gilberto Gil? Gostava. O povo gostava de Chico Buarque? Pra caramba. A dificul-dade da boa música hoje é não poder contar com uma boa plataforma de lançamento. Quantas rádios tocam MPB e quantas rádios tocam música em inglês? Passa longe da minha cabeça ser antiamericanista. Se fosse em alemão, também ia reclamar. Quando é verdadeiro, não estou interessado em que língua se está cantando. Ray Charles era um artista verdadeiro. Amy Winehouse era uma artista integral. Sou lou-co por ela. Fui a um show e chorei como um menino bobo.

O que crê que o Brasil pode oferecer de original, de transformador para o mundo? A vida inteira viajei pelo País. Primeiro, jogando bas-quete. Depois, como artista. Conheço as maravilhas do Brasil. É um país inacreditável, de muitos climas. Somos um continente, uma Europa. E em cada canto floresce uma cultura diferente. A convivência harmônica de todas essas culturas só acontece aqui. O Brasil se misci-genou de maneira muito rápida. Quase de uma vez só, em poucos sécu-los, misturou o índio com o negro, o negro com o branco. Evoluímos muito nos últimos 10, 15 anos. Se continuarmos nessa medida, em pou-co tempo teremos uma sociedade diferente. Porque a gente é manso, é alegre. Mas o Brasil precisa conhecer o Brasil. Precisamos cuidar das nossas referências para não nos tornarmos carne de segunda.

No Carnaval de 2013 você andou fantasiado de Danton. O que esse revolucionário francês tinha a nos dizer? Todo ano incorpo-ro um personagem no Carnaval. Já fui Maurício de Nassau, já fui um toureiro chamado Manolete, falando em portunhol. Estava em Paris, entrei em uma loja de fantasias e comprei uma roupa de Danton. Lembrei dos ideais da Revolução Francesa: igualdade, liberdade e fraternidade. No fundo, é o que perseguimos até hoje, não é não? Em determinado momento, perguntaram para Danton: “E como an-da a música brasileira?”. E ele respondeu: “Precisa ser tratada com igualdade diante das outras manifestações mundiais”. Esse é o bara-to dos personagens que vivo. Naquele momento, pude me vestir co-mo um Danton planetário, lutando pelos ideais não da Revolução Francesa, mas da revolução mundial.

Nos anos 1980, você estava muito mais presente na mídia. Mu-dou a mídia ou mudou você? Eu hoje não estou no meio. Estou na minha. Apareço menos na mídia porque quero. Hoje posso tocar a minha carreira de outro modo. Dá uma olhada no meu Facebook, no meu site, na minha agenda, veja meus shows no YouTube. Há uma multidão acompanhando o que faço. Recentemente, fiz um show em Brasília para 25 mil pagantes. Vivo viajando. Há pouco, vim de Ibimirim, Pernambuco. Logo antes do Carnaval, estava na França, em Portugal. No começo de ano, teve ocasiões em que fiz dois shows por dia. Sou da estrada, gosto da estrada. Isso me faz um bem dana-do. No palco eu me sinto artista. Fora do palco eu sou um filósofo.

Você acredita que falte reflexão no mundo de hoje? Acho que es-tamos vivendo num tempo em que o visual, a propaganda estão ti-rando a gente de prumo. Para todo canto que se olha, algo solicita seu cérebro. O cara come, come e fica empanzinado de informações. Co-me até sem querer, compra até o que não quer. E a discussão profun-da fica de lado. Como artista, sempre fiz questão de ter a minha opi-nião, seguir o meu caminho. Isso é o que me faz artista.

O que move você hoje, depois de tantos anos de carreira? A vida é um desafio o tempo todo. Cada vez que entro no palco, é desafio e, ao mesmo tempo, prazer. O que me move talvez seja a minha expul-são do palco de São Bento do Una, aos seis anos de idade. Eu perdi a caixa de sabonetes, que era o prêmio do concurso infantil de música da cidade, cantando É Frevo, Meu Bem!, de Capiba. Quem ganhou foi um menino que cantou Granada, bem parecido com Miguelito, um astro da época. Eu cantei parecido comigo mesmo, uma música da terra, e perdi. Perdi o prêmio, mas me apaixonei pela ribalta.

Acredita que músicas suas e de outros grandes compositores que fi-zeram sucesso nos anos 1970, 1980 não teriam espaço hoje em dia? As circunstâncias da produção musical no Brasil mudaram. O povo gosta do que não presta? Não é isso. Sabe quantas cópias do meu disco Cavalo de Pau foram vendidas? Num ano, mais de um milhão. As pes-soas gostavam de Tropicana? Gostavam. Tocava a música até em al-

“passa loNGe da miNha cabeça ser aNtiamericaNista. se fosse em alemão, tambÉm ia reclamar. quaNdo É verdadeiro,

Não estou iNteressado em que líNGua se está caNtaNdo”

abril 2013

Page 19: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

diversão para pequenos e grandal h ões

19 almanaquebrasil.com.br

Mentira tem data

As mentiras, como sabemos, não aparecem apenas em 1º de abril. Estima-se que uma pessoa comum conte em média três mentiras por dia. Se isso for verdade, ao fim de um ano, terá contado 1.095 cascatas. Um cidadão que viver 73 anos (a expectativa de vida do brasileiro) terá contado 79.935 lorotas durante a vida. Agora imagine que esse sujeito seja o Pinóquio e seu nariz cresça um centímetro a cada mentira. Em 73 anos, seu nariz terá 799 metros! É quase o tamanho do maior edifício do mundo, em Dubai!

Já Pensou Nisso?

É a mais pura verdade: não houve uma criança na história deste País que não tenha acordado ansiosa em um 1º de abril para contar uma mentira para seus amigos. Há as estapafúrdias (“Você sabia que desceu um ET na rua de cima?”), as esportivas (“O Palmeiras contratou o Messi!”) e as de fofoca (“Tá sabendo que o Claudinho começou a namorar a Mariana?”). Para, pouco tempo depois, disparar o balde de água fria (“1º de abril!”), deixando o interlocutor com cara de bobo. Aliás, o Dia da Mentira é também conhecido como Dia dos Bobos e é celebrado no mundo inteiro. A

história começou na França, no século 16, quando um rei decidiu alterar o calendário. Muita gente não gostou da mudança e continuou a celebrar o ano novo à moda antiga. Para fazer graça, uns brincalhões enviavam convites de celebrações de mentira, causando enormes confusões.

O primeiro registro da pegadinha no Brasil é de dois séculos atrás. Um jornal pernambucano noticiou em 1º de abril de 1848 que o imperador dom Pedro 2º havia morrido. A notícia, que provocou alvoroço, foi desmentida no dia seguinte. Desde então, somos uma grande nação de mentirosos. Pelo menos a cada 1º de abril.

trava língua

resposta na página 37

R.c

O que a mentira tem que a faz correr menos que a verdade?

o que É, o que é?

R.

Loroteiro Bolota da Lorota Loteria

Em 2006, o AlmAnAque promoveu em suas páginas o Grande Concurso de Mentiras. O ganhador da insólita pre-miação foi um ilustre brasileiro que inventou idiomas imaginários e pregou peças em apresentadores de tevê e até em amigos como Toquinho e Caetano Veloso. Arrisca dizer quem é?

olho vivo

Para descobrir quem é esse famoso casca-teiro basta trocar os asteriscos abaixo por letras. O número de cada asterisco indica uma letra escondida na linha correspon-dente lá de cima. Por exemplo: primeiro asterisco, linha 2: C. E assim por diante.

ilustrações: Luciano tasso – www.lucianotasso.blogspot.com

17

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3 2

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Page 20: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

Arena Pantanal – Cuiabá/MTAeroporto JK – Brasília/DFMineirão – Belo Horizonte/MG

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Page 21: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

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Page 22: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

22 abril 2013

País que inventou o

futebol, a inglaterra

ficou fora da Primeira

coPa Por divergências

com a fifa. outros

euroPeus recusaram

o convite Porque

atravessavam crises

econômicas.

o brasil Perdeu

Para a iugoslávia Por

2 a 1 na estreia. no

jogo seguinte, goleou

a bolívia Por 4 a 0, mas

acabou eliminado.

a taça

a Olimpíada de 1924, em Paris, pela primeira vez seleções de futebol de outros continentes enfrentaram os europeus em um torneio oficial. O Uruguai

saiu com a medalha de ouro. Quatro anos depois, na Olimpíada de Amsterdã, novamente os sul-americanos conquistaram a primeira colocação. O presidente da Fifa, Jules Rimet, sentiu que era o momento de criar uma competição internacional de futebol. Nadando na maré de vitórias, o Uruguai foi escolhido como o primeiro país-sede da Copa do Mundo. Não houve eliminatórias para a disputa. Foram convidadas quatro seleções da Europa (Bélgica, França, Iugoslávia e Romênia), sete da América do Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai) e duas da América do Norte (Estados Unidos e México).Coube aos donos da casa disputar a final contra a Argentina. Em um jogo duro, venceram por 4 a 2 e levantaram a taça diante de 70 mil uruguaios que lotavam o estádio Centenário.

O troféu do torneio foi desenhado pelo artesão francês Abel Lafluer. O primeiro nome dado à taça foi Victoire aux Ailes d’Or, ou Vitória com Asas de Ouro. A peça apresentava a figura da deusa da vitória segurando uma taça octogonal. Media 30 centímetros e foi feita de ouro com uma base de pedras semipreciosas. Em 1946, foi rebatizada com o nome do idealizador da competição, Jules Rimet.

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a coPa celeste

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Page 23: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

23 almanaquebrasil.com.br

Aos 31 anos, o atacante uruguaio Hector Scarone era o mais velho da seleção anfitriã – estivera, inclusive, nos grupos campeões olímpicos em 1924 e 1928. Estreou na reserva, mas entrou no segundo jogo, contra a Romênia, e foi decisivo para conquistar a vitória por 4 a 0. A partir daí não saiu mais do time. Ao fim da Copa, conquistou um apelido da imprensa: El Mago, que lhe acompanharia por toda a vida. Até hoje, é o segundo maior goleador da seleção uruguaia, com 31 gols, atrás apenas de Loco Abreu.

duas bolas?

UrUgUai 4 x 0 romênia

UrUgUai 1 x 0 PerU

UrUgUai 6 x 1 iUgoslávia - semifinal

UrUgUai 4 x 2 argentina - final

o artilheiroguillermo stábile

País: argentina

idade: 24

jogos: 4

gols: 8

Stábile viu o primeiro jogo da seleção argentina do banco de reservas. Só entrou no segundo porque o titular Roberto Cherro teve uma crise de nervos. Marcou três gols contra o México. Não havia mais como sacá-lo do time. dali em diante, anotaria ao menos um gol em todos os jogos: dois contra o Chile, dois contra os Estados Unidos, um contra o Uruguai. No ano seguinte, foi contratado pelo genoa, da Itália. Nunca mais defendeu a seleção de seu país.

Na final da Copa, Uruguai e Argentina exigiram jogar com a própria bola. Ficou decidido que, no primeiro tempo, jogariam com a bola argentina – resultado parcial: 2 a 1 para os argentinos. No segundo tempo, a Celeste virou para 4 a 2 usando a própria pelota.

o atacante Preguinho, do fluminense,

marcou o Primeiro gol do brasil

em coPas, contra a iugoslávia,

na derrota Por 2 a 1.

el mago

figUrinHa CarimBaDa

Page 24: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

Tinha eu 14 anos de idade / Quando meu pai me chamou / Perguntou-me se eu queria / Estudar Filosofia / Medicina ou Engenharia / Tinha eu que ser doutor, canta Paulinho da Viola no samba 14 Anos. O AlmAnAque chegou lá – e sem precisar de doutorado. Nascido sob o sig-no de Áries, por iniciativa do artista gráfi-co e jornalista Elifas Andreato e apoio do comandante Rolim, fundador da TAM, este armazém da memória nacional alçou voo pela primeira vez em abril de 1999, há 14 anos. É tempo então de celebrar.

Embora pareça óbvio que as comemo-rações de aniversário tenham surgido

junto com a humanidade, o costume foi inaugurado pelos egípcios, que a cada ano festejavam o dia do nascimento dos faraós. Tanto os gregos quanto os romanos aco-lheram a importância do aniversário, pa-lavra do latim para “aquilo que volta to-dos os anos”. Os ritos para o dia, ligados aos deuses, eram vistos como forma de oferecer proteção ao aniversariante. Até o século 3 a cultura europeia inibiu as comemorações. Mas não teve jeito. Se há algo universal, é a festa de aniversá-rio. A do AlmAnAque vai ser com a personalidade que o povo brasileiro lhe deu. É hora, é hora, é hora, é hora!

SIRVA-SE BRIGADEIRO Na época da populariza-ção do leite condensado no Brasil, parti-dárias do brigadeiro Eduardo Campos pa-ra a presidência da República criaram a receita simples. Distribuíam aos eleitores para divulgar o candidato de 1950.

BEIJINHO A brasileira Isabelle Ferreira Arnaud afirma que seu pai, José, foi o idealizador do doce, feito com leite de cabra, antes de ser popularizado como é hoje: leite condensado e coco.

CAJUZINHO O docinho de amendoim é um patrimônio de aniversário brasileiro cada vez menos usual. Apesar do nome, a única relação com a fruta do cajueiro é a forma, com um pedaço de amendoim em cima.

OLHO DE SOGRA Basta reparar na apa-rência esbugalhada da ameixa sobre o doce de coco para entender a maldosa origem do seu nome.

24 abril 2013

Neste aniversário não vai faltar nada: nem bolo, nem parabéns, nem ilustres convidados. De Frank Sinatra a dom Pedro 2º, todos trazem histórias para animar a festa. TEXTO NATÁLIA PESCIOTTA ARTE RODRIGO TERRA VARGAS BOLO BOLIÊR - ATELIÊ DE BOLOS CARICATURAS LEANDRO SPETT

Page 25: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

“FELIZ ANIVERSÁRIO” JÁ FOI “BOM DIA”Quando as irmãs Hill inventaram uma cantiga para as crianças do jardim de infância no Mississippi, em 1875, não podiam imaginar que sua melodia atra-vessaria séculos. Tudo porque, em 1923, outro norte-americano gravou a música com a letra trocada: em vez de “Good morning to all” (bom dia a to-dos), Robert Coleman cantava “Happy birthday to you” (parabéns pra você). E a cantiga ganhou o mundo.

É PIQUE, É PIQUE, É HORA, É HORA, É HORA...

Há quem jure que o bordão nasceu no bar paulistano Ponto Chic, nos anos 1930. Seria fruto de uma mistura de palavras de ordem comum entre os estudantes de Direito da

Universidade de São Paulo. “Pic” era o apelido de um deles, “é hora” saudava a rodada de

cerveja gelada. O rajá Timbum, que passara pela faculdade, teria inspirado o grito “rá-tim-bum”.

VERSÃOPORTUGUESA

A adaptação de Happy Birthday to You difundida em

Portugal leva o nome do aniversariante: Hoje é dia de

festa / Cantam as nossas almas / Para o menino AlmAnAque /

Uma salva de palmas!

VERSÃO GAÚCHANo Rio Grande do Sul é usual o “parabéns crioulo”,

criado por Dimas Costa e Eliseu Salvador. Nos programas de rádio que apresentava nos anos 1950, Dimas popularizou os versos Parabéns,

parabéns / Saúde e felicidade / Que tu colhas sempre todo dia / Paz e alegria na lavoura da amizade.

DIVISÃO DO BOLO No Brasil, os direitos autorais de Parabéns a Você são divididos entre a família das compositoras de Mississippi (41,67%), a Warner (41,67%) e a família de Bertha (16,66%).

41,67% FAMÍLIA DAS

COMPOSITORAS DE MISSISSIPPI

16,66% FAMÍLIA DE

BERTHA

41,67% WARNER

AS VELINHAS do bolo têm ori-gem na Grécia Antiga. No sexto dia do mês, os gregos colocavam velas acesas sobre uma torta, em simbologia à lua cheia – homenagem à deusa Ártemis.

COM QUEM SERÁ?Não se sabe quem a criou, mas a brinca-deira geralmente cantada depois do Parabéns a Você é uma paródia de músi-ca clássica alemã. Trata-se da marcha nupcial composta por Wagner. Talvez pela difusão da paródia, a opção não é muito escolhida pelas noivas brasileiras.

Em 1942, a rádio Tupi do Rio de Janeiro organizou um concurso para escolher a letra em português da melodia de Happy Birthday to You. A versão cam-peã, selecionada pela Academia Brasileira de Letras, foi composta por uma farmacêutica do interior de São Paulo. Filha de fazendeiros, Bertha Celeste Homem de Melo costumava participar de concursos usando pseudô-nimos. Só ela, entre cinco mil concor-rentes, escreveu quatro versos diferen-tes, sem repetição: Parabéns a você / Nesta data querida / Muita felicidade / Muitos anos de vida.

CONCURSO ELEGEU PARABÉNS BRASILEIRO

OS BALÕES entraram na festa para agradar às crianças. Talvez um dos primeiros brinquedos da humanidade, já foram feitos de tripas de animais infladas.

REPR

ODU

ÇÃO

Page 26: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

REI DA BOSSA NÃO APROVOU VIOLÃO DE ANIVERSÁRIOJoão Gilberto entrou na sala escura de dona Boneca Regina, uma senhora que adotou como mãe em Porto Alegre. De repente, a luz se acendeu e iluminou to-dos os novos amigos gaúchos, que ento-aram um animado Parabéns a Você. Já tivesse João a fama que tem hoje, ser vi-vo algum arriscaria tal surpresa para ele. Mas era apenas o aniversário de 24 anos do excêntrico rapaz que anos depois inauguraria a bossa nova. Além da festa, o aniversariante ganhou um violão. Colocou no colo, tentou alguns acordes e logo fez cara feia. No dia seguinte, ti-veram que substituir o presente por ou-tro instrumento.

IMPERADOR GANHOU ÓPERA DE PRESENTEO culto dom Pedro 2° era o primeiro da lista de fãs do maestro Carlos Gomes. Tanto que ofereceu ao músico uma estada na Europa financiada pelo Império. No Velho Continente, o brasileiro deixou o público impressionadíssimo com o seu O Guarani. Ao voltar, Carlos Gomes foi recebido como herói nacional. Sua ópera foi apresenta-da no Rio de Janeiro especialmente no dia do aniversário do padrinho Pedro 2°, aos gritos de “Viva o imperador!”.

FESTA ABOLICIONISTAPrincesa Isabel comemorou o aniversá-rio de 39 anos de forma especial. Não teve bolo nem velas, mas foi o centro de evento abolicionista. Quatro anos antes da Abolição da Escravatura, ela entre-gou centenas de alforrias a escravos, uma a uma.

SINATRA (NÃO) CUMPRIMENTOU TOM JOBIMNo Antônio’s só havia um assunto na-quele 25 de janeiro. O reduto da boe-mia carioca parou com o inesperado telefonema de Frank Sinatra atendido por um garçom. O secretário do ameri-cano avisava: “Sinatra quer cantar Happy Birthday to You a Tom Jobim”. Deu para ouvir de longe os gritos de ir-ritação do popstar porque Tom não es-tava no bar. Na verdade, tudo não pas-sou de um trote do repórter João Luiz de Albuquerque e do empresário Jackson Flores. Só que o maestro nun-ca soube disso. Morreu garantindo que o companheiro estrangeiro quis cum-primentá-lo em ligação internacional para seu boteco preferido.

26 abril 2013

REPR

ODU

ÇÃO

TARSILA DO AMARAL presenteou Oswald de Andrade, no aniversário de 38 anos do marido,

com um quadro. Considerado obra-prima da pintora, ele tem o nome

escolhido pelo presenteado: Abaporu.

Page 27: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

Não é todo ano que Jaguar pode come-morar seu aniversário. Mas ele não acha ruim, não. Nascido em 29 de fevereiro de 1932 (data que só entra no calendário a cada quatro anos), em 2012 o cartunista

completou alegados 20 aninhos. “Eu tive sorte de nascer em ano bissexto, porque se tem uma coisa que detesto é comemo-rar aniversário. Comemorar o quê? De estar um ano mais perto da cova?”

DORIVAL CAYMMI casou-se com Stella Maris no dia

de seu aniversário de 26 anos.

GARRINCHA NASCEU NO DIA DE SANTO ANTÔNIO, 13 de junho. Com o pretexto, passava o mês soltando foguetes na rua. O próprio jogador fabricava os fogos.

O DIA EM QUE CHICO NÃO FEZ ANIVERSÁRIO“Chico, eu desafino até pra cantar Parabéns!”, resmungou o escritor Mario Prata no bar. Chico Buarque provocou: “Duvido. Quero ver”. Bastou a demons-tração de desafinamento para o Final do Leblon inteiro emendar no “É pique! É pique!”. Em questão de instantes a co-memoração tomou forma. Mario ligou para os amigos e não parou de chegar gente ao bar. A esposa Marieta Severo fi-cou sabendo e apareceu com as filhas, um bolo e velinhas. A festança tomou conta da rua, interditou o trânsito, atraiu repórteres e não terminou tão cedo. Até um jornal francês registrou a notícia do incrível aniversário de Chico em novem-bro. Em tempo: o cantor faz anos em 19 de março. Mesmo dia, por sinal, do ami-go Mario Prata.

OS 26 ANOS DE NOEL FICARAM SEM RETRATO NEM BILHETENoel Rosa não era muito de comemorar aniversário. Mas no 11 de dezembro de 1936, o último de sua vida, rendeu-se ao sentimentalismo. O sambista procurou Ceci, sua musa, com quem estava estre-mecido. A dançarina até tentou ser sim-pática: “Não esqueci seu aniversário”. Não teve jeito: foi naquela sexta-feira que o Poeta da Vila percebeu, entre si-lêncios e ironias, que não havia mais ne-nhum sentimento por parte dela. Já que nada podia salvar a data, Noel compôs o samba-testamento Último Desejo, para muitos sua obra-prima: Nosso amor que eu não esqueço / E que teve o seu come-ço / Numa festa de São João / Morre ho-je sem foguete, / Sem retrato e sem bilhe-te, / Sem luar, sem violão.

NA COMEMORAÇÃO DE DARCY SÓ ENTROU MULHER“As mulheres são o sal da minha carne, o gosto e gozo do meu viver”, escreveu o antropólogo Darcy Ribeiro. Ele levou o encantamento tão a sério que em seu tes-tamento só aparecem beneficiadas do sexo feminino. Quando completou 70 anos, em 1992, fez questão de uma festa histórica: um almoço só para elas. “Mais de 60 mulheres comeram comigo no dia do meu aniversário”, descreveu no seu Confissões. E se gabou: “Amigas de dé-cadas atrás e amigas de agora, todas es-plêndidas, produzidas, maquiadas, per-fumadas pra mim. Só pra mim”.

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28 abril 2013

m 1923, o pernambucano Ademar Casé embarcou em um pau de arara para tentar a vida no Rio de Janeiro.

Era apenas mais um migrante que deixava para trás as agruras do Nordeste para tentar vencer na vida na capi-tal do País. Uma década depois, já era uma das figuras mais conhecidas, respeitadas e influentes da cidade. O seu Programa Casé juntou gerações de ouvintes em volta do rádio e foi fundamental para tornar popular um meio de comunicação que nasceu elitista.

Quase por instinto, o pernambucano criou tudo o que viria a ser feito no rádio dali em diante. O Programa Casé lan-çou os jingles, os contratos de exclusividade com artistas, as radionovelas, os programas policiais. “Casé fazia em seu programa o que, hoje, um prédio inteiro faz, do comercial ao artístico”, exalta a neta Regina Casé.

O apresentador lançou nomes fundamentais da música popular na era de ouro do rádio. Um trabalho de décadas feito com ousadia e criatividade. Para o radialista Renato Murce, “foi Casé quem primeiro valorizou o artista brasi-leiro: pagava bons cachês e conseguia, com isso, enorme apelo popular e um interesse desusado dos anunciantes”.

Inventor do rádIo nacIonal

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Figura fundamental na popularização do rádio no País, AdEmAr CAsé aliava sensibilidade artística à habilidade para fechar bons negócios. Criou quase tudo: o primeiro jingle, o primeiro contrato de exclusividade, a primeira radionovela. por bruno hoffmann

AdEmAr CAsé (1902-1993)

Cidade natal: Belo Jardim - PE

Artistas lançados: Noel Rosa, Francisco

Alves, Almirante, Silvio Caldas.

Pioneirismos: jingles, artistas exclusivos,

radionovelas, programas policiais.

AdEmAr CAsé

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Carmen Miranda, Aurora Miranda, Araci de Almeida. A proposta era boa para todos. Os artistas recebiam bom paga-mento mensal e visibilidade e Casé tinha só para si as vozes mais famosas da cidade.

PrECursor do Estilo globAlDurante os anos seguintes, o Programa Casé passaria pelas rádios Sociedade, Transmissora, Ipanema e Mayrink Veiga. E seu idealizador ia tendo novas ideias pelo caminho: em 1936 lançou a primeira radionovela – sucesso estrondoso de público. Em 1937, a primeira história policial fictícia. Em 1940, a pri-meira encenação de crimes reais. Dias Gomes dizia: “Tudo o que quiser aprender de criatividade no rádio é com o Casé”.

Em 1950, encantou-se com as primeiras transmissões de tevê. No ano seguinte, já estreava na TV Tupi com o próprio programa. Para Boni, Casé inaugurou o estilo que viria a ser feito na Globo. “O Casé posicionava tudo no palco, não tinha buraco. Esse ritmo que há hoje na Globo certamente é herança dele.” Na mesma década, criou sua própria agência de publicidade.

Dois enfartes durante a década de 1960 interromperam a carreira de sucesso. Manteve a vida com tranquilidade até 7 de abril de 1993, quando morreu, aos 91 anos. “Casé foi aquele nordestino sem temor, deixando para a história do rá-dio a sua presença como um vínculo de grande importância. Deveria ser monumento, troféu, nome de logradouro”, reve-renciou o compositor Fernando Lobo.

rádio dE PortA Em PortAAo chegar ao Rio de Janeiro, depois de passar muita neces-sidade em Pernambuco, Casé fez de tudo um pouco. Até que teve a ideia de vender aparelhos de rádio, que eram então uma diversão elitista. Primeiro, encontrava o nome do chefe da família na lista telefônica. Em horário comercial – quan-do o sujeito não estava em casa –, ia até o portão e o chama-va pelo nome. A mulher dizia que o marido não estava, e ele aí arrematava que tinha de deixar o aparelho para um período de testes. Quando voltava, três dias depois, a família estava encantada com a novidade. O sucesso da estratégia foi tão grande que o dono da rádio Philips resolveu conhecer seu melhor vendedor.

Com o tempo – e com algum dinheiro no bolso –, Casé fez uma proposta insólita à Philips: comprar por 60 mil-réis quatro horas de programação da emissora. Nascia em 1932 o Programa Casé. No início, transmitia duas horas de mú-sica popular e outras duas de música erudita. Mas percebeu que nas duas primeiras horas os ouvintes, empolgados, não paravam de ligar. Nas outras duas, o telefone permanecia em silêncio. A decisão pareceu óbvia: a programação só tra-ria artistas que o povo queria.

Era a hora de correr atrás dos anunciantes. Casé sabia ne-gociar como poucos. Dificilmente fazia um mau negócio. “Se não gostar, não precisa pagar”, disse ao dono de uma padaria ao oferecer espaço na programação. Com o negócio fecha-do, pediu ao compositor Nássara que fizesse uma música para anunciar o produto. Nascia o primeiro jingle brasileiro: Ó pa-deiro desta rua / Tenha sempre na lembrança / Não me traga outro pão / Que não seja o pão Bragança.

Baseado somente em seu tino comercial, Casé propôs contratos de exclusividade com os grandes artistas do mo-mento. Em volta de apenas um microfone poderia ter gente como Noel Rosa, Francisco Alves, Almirante, Silvio Caldas,

“ele fazIa em seu programa o que, hoje, um prédIo InteIro faz, do comercIal ao artístIco”, exalta a neta regIna casé.

sAibA mAis Programa Casé – O que a gente não inventa, não existe, documentário dirigido por Estevão Ciavatta.

Elenco do Programa Casé, com Noel, Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Ao lado, o radialista já aposentado.

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m meados da década de 1960, estudos da Petrobras revelaram

que o litoral brasileiro poderia conter quantidades significativas de gás e petróleo. A primeira descoberta no mar aconteceu em Sergipe, no campo de Guaricema, em setembro de 1968, e foi o marco da produção offshore no Brasil.

A descoberta foi comemorada com euforia. Mas o baixo preço do barril de petróleo no mercado internacional, aliado ao elevado custo da infraestrutura necessária ao desenvolvimento da produção em mar aberto, desestimulava novas investidas. Mesmo assim, a

O mar é a grande aposta

“É um pequeno passo para um homem,

um grande salto para a humanidade”, afirma o astronauta norte-americano Neil Armstrong, ao tornar-se o primeiro

homem a pisar na Lua, em 1969.

Funcionários da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão,

enfeitam esfera de gás para incentivar os jogadores brasileiros que iriam disputar a Copa de 1970, no México.

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1968-1972

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Enquanto isso...

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A seleção brasileiratorna-se tricampeã mundial de futebol ao

conquistar a Copa do Mundo de 1970. Para levantar o caneco, o escrete canarinho – tido

como um dos maiores times de todos os tempos – teve de derrotar tchecoslováquia,

Inglaterra, romênia, Peru, uruguai e Itália. Foi a última Copa disputada por Pelé.

Petrobras resolveu desenvolver o campo. queria treinar seus empregados na nova fronteira exploratória. A aposta mostrou-se acertada: se nas décadas de 1960 e 1970 o Brasil produzia em campos onshore (em terra) cerca de 170 mil barris por dia, com a ida para as águas rasas a produção saltou para 650 mil barris por dia.

em Guaricema, foram testadas tecnologias pioneiras voltadas para os campos marítimos. Lá foi utilizada a primeira plataforma de perfuração flutuante feita no Brasil, a P-1, equipada com uma sonda capaz de perfurar poços de até quatro mil metros de profundidade.

Page 31: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

primeira descoberta de petróleo na camada

pré-sal ocorreu em 2006. Hoje, a produção do pré-sal é uma realidade que põe o Brasil em posição estratégica diante da grande demanda de energia mundial prevista para as próximas décadas.

em fevereiro deste ano, a Petrobras anunciou que a produção no pré-sal das bacias de Santos e Campos atinguiu a marca de 300 mil barris de petróleo por dia.

A usina protótipo de Irati, em São Mateus do Sul, Paraná, produz o primeiro barril de óleo de xisto em escala semi-industrial do Brasil,

em 1972. Foi a comprovação da operacionalidade do Processo Petrosix, tecnologia desenvolvida por técnicos da empresa e depois patenteada em vários países.

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De olho no futuro

Pré-sal a todo vapor

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o número foi alcançado apenas sete anos depois da primeira descoberta. trata-se de um intervalo de tempo inferior ao que foi necessário em outras importantes áreas de produção marítima mundiais. Na porção norte-americana do Golfo do México, por exemplo, foram necessários 17 anos após a primeira descoberta para chegar a 300 mil barris diários.

em 2017, a estimativa da Petrobras é que se produza mais de um milhão de barris de petróleo por dia no pré-sal.

Salvador Allendeé eleito presidente do Chile em 1970.

Seu governo durou três anos. em 11 de setembro de 1973, tropas de extrema-direita lideradas pelo general Augusto

Pinochet bombardearam o palácio presidencial e tomaram o poder, impondo

uma ditadura que durou até 1990.

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Entra em vigor o AI-5, acirrando a repressão do regime militar brasileiro. o ato institucional assinado em 13 de dezembro de 1968 permitia

ao presidente estabelecer o recesso indeterminado do Congresso Nacional,

cassar mandatos e suspender os direitos políticos e garantias

individuais de qualquer cidadão.

o início dos anos 1970, o Produto Interno Bruto do Brasil crescia a taxas superiores a 10% ao

ano, impulsionando o consumo de derivados de petróleo. Como responsável pelo abastecimento nacional, a Petrobras viu-se diante da necessidade de investir no aumento da capacidade de refino.

Com a missão de contribuir para o desenvolvimento do País, comercializando, distribuindo e industrializando derivados de petróleo e outros produtos, em 1971 a Petrobras criou a subsidiária Petrobras distribuidora, a Br.

Companhia de economia mista, a empresa passou a disputar espaço com as outras distribuidoras em igualdade de condições. em quatro anos, conseguiu sair do terceiro lugar que ocupava, atrás da Shell e da esso, para a liderança do mercado, posição que nunca mais perderia.

Colômbia, Iraque e Madagascar tornam-se os primeiros países estrangeiros a contar com pesquisas da Petrobras, em 1972. Foi o ano da criação da Braspetro, empresa subsidiária da Petrobras com atuação internacional. em 1973, as explorações estenderam-se ao egito e Irã.

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Enquanto isso...

1968-1972

Irmãos Coragem estreia na tv Globo em junho de 1970. A novela escrita por

Janete Clair causou furor. em seu ápice, teve audiência

maior do que a final da Copa do Mundo do México,

entre Brasil e Itália.

BR, uma distribuidora criada para liderar o mercado

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Maior refinaria do País, a Refinaria de Paulínia é inaugurada em fevereiro de 1972, três meses antes da data prevista. Até hoje, os mil dias em que a replan foi construída são uma referência para a indústria do petróleo.

Petrobras distribuidora investe continuamente em pesquisas e projetos científicos de tecnologia.

Foi a primeira companhia a utilizar bombas eletrônicas para abastecimento e a comercializar álcool hidratado e gás natural como combustíveis automotivos. também foi a primeira a fornecer óleos combustíveis ultraviscosos, reduzindo expressivamente os custos nas indústrias.

A Br foi ainda pioneira ao lançar no País o óleo de última geração classe SJ, o Lubrax SJ, em simultaneidade com os estados unidos. Lançou, além disso, o primeiro lubrificante para motores a álcool, o Lubrax Álcool, e o lubrificante ecológico Extra Diesel.

quando se fala em Lubrax, a maioria das pessoas lembra logo da linha automotiva. Mas a família é bem maior. São mais de 120 produtos que atendem também aos setores industrial, de aviação, ferroviário e marítimo.

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Tecnologia que corre em seu motor

De olho no futuro

Macunaíma, baseado na obra do modernista Mário de Andrade,

ganha as telas em 1969. A história do “herói sem nenhum caráter” teve direção

de Joaquim Pedro de Andrade e contou com Grande otelo, Paulo José e dina Sfat

como protagonistas.

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Apesar do sobrenome estrangeiro, as características nacionais estão em cada centímetro dos produtos idea-lizados por Marcelo Rosenbaum. “Sou 100% brasileiro”, afirma o descendente de russos, alemães, portugue-ses e italianos nascido na Grande São Paulo. Seja com referências de festas tradicionais, padrões indígenas, flores do cerrado ou teci-dos do imaginário popular, ele faz do design “uma ferramenta para valorizar a diversida-de cultural do Brasil”.

Isso quando a “ferramenta” não é usada também para a transformação social – e não só em programas de tevê, onde comanda o quadro Lar, Doce Lar, na Rede Globo. Des-de 2010, o projeto A Gente Transforma, ca-pitaneado por ele, promove a autoestima e a renda de comunidades por meio do design – seja no Capão Redondo, em São Paulo, ou na Chapada do Araripe, no Piauí.

Trabalhando com produtos de borracha em Várzea Queimada ou com capim dou-rado no Jalapão, Marcelo aposta no po-tencial criativo da população para trans-formar as comunidades, inserindo-as no mercado competitivo. “Acredito que se-ja este o meu trabalho: usar o meu poten-cial, que conquistei pelo trabalho, de um jeito multiplicador.”

Brasil multiplicado

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COMO NA FEIRA Patrimônio

cultural do Brasil, a maior feira

livre do mundo impressionou

o designer pela simplicidade e

improvisação. Os desenhos dos

móveis inspirados em Caruaru

se aproximam das soluções

originais encontradas no agreste

de Pernambuco. Até J. Borges,

maior xilogravurista do sertão,

foi convidado a participar, com

desenhos inéditos.

COLEÇÃO JALAPA Em 2009, Marcelo viajou até a divisa de Tocantins

e Bahia para desenvolver novos objetos de capim dourado junto com

tradicionais artesãs do Jalapão. Em parceria com o Sebrae e o Projeto

Piracema, a vivência aliou sabedoria popular ao aperfeiçoamento dos

produtos. “Fizemos o exercício de observar o cotidiano delas, as belezas

da região e buscamos incorporar essas formas nos objetos”, contou.

Page 36: Almanaque Brasil – 168 – Edição de Aniversário

36 abril 2013

BANCO-CESTO A peça se apropria da

tradição indígena da cestaria, que “une

beleza e função”. As cordas trançadas são

as mesmas geralmente usadas em barcos.

FILETAGEM A sofisticada técnica dos

desenhos de carrocerias de caminhão

inspirou o jogo de louças.

MATA NO SOFÁ O padrão do estofado que imita

cestaria faz parte da linha Caetê, que, em tupi,

quer dizer mata frondosa. O designer descreve as

estampas: “Usei os grafismos indígenas em uma

cartela de cores que remete à natureza. Trabalhei as

padronagens de uma forma sutil, como um relevo”.

ORIGEM O papel de parede que remete

a sementes foi feito para a única marca brasileira

do setor e integra a coleção Origem.

saiba mais visite o site do designer: www.rosenbaum.com.br.

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CARTA ENIGMÁTICA “Um país sem memória não é apenas um país sem passado. É um país sem futuro.” Rui Barbosa

ENIGMA FIGURADO Nana Caymmi. O QUE É, O QUE É? Perna curta. SE LIGA NA HISTÓRIA 1d (Guaraná Jesus), 2a (Mate Couro), 3c (Itubaína), 4b (Laranjinha). BRASILIÔMETRO 1d; 2b; 3c; 4d; 5a; 6a; 7c; 8b.

Márcio Garcia

DE QUEM SÃO ESTES OLHOS?

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Refrigerante criado há 66 anos em Minas Gerais. Sua fórmula mistura extratos de guaraná e das ervas mate e chapéu de couro.

Bebida inventada em 1925 por um imigrante alemão que vivia em Blumenau. Até hoje faz sucesso nas mesas de Santa Catarina.

Lançado artesanalmente em 1954 no sabor tutti frutti, seu nome faz referência a uma conhecida cidade do interior paulista.

Um farmacêutico criou a fórmula do refrigerante em 1920. Extremamente popular no Maranhão, a marca foi comprada pela Coca-Cola em 2001.

ligue os pontos

1 Em 4/4/1909, é fundado em Porto Alegre:(a) Estátua do Laçador (b) Estádio Olímpico (c) Parque Farroupilha (d) Sport Club Internacional

2 Programa humorístico que estreia na TV Globo em 5/4/1988:(a) Zorra Total (b) TV Pirata (c) Chico City (d) A Praça É Nossa

3 Estreia em 7/4/1919 o grupo musical Os Oito Batutas, sob a liderança de:(a) Noel Rosa (b) Tom Jobim (c) Pixinguinha (d) Villa-Lobos

4 Em 15/4/1940, Juscelino Kubitschek é eleito prefeito de:(a) Maceió (b) Rio de Janeiro (c) Ouro Preto (d) Belo Horizonte

teste o nível de sua brasilidade MARQUE sua pontuação no termômetro ao lado

5 Em 20/4/1971, a Skol lança a primeira cerveja do País:(a) Em lata (b) Sem álcool (c) De trigo (d) Gourmet

6 Em 25/4/1979, é fundado em Salvador o grupo musical e cultural:(a) Olodum (b) Filhos de Gandhi (c) Dodô e Osmar (d) É o Tchan

7 Inaugurado em São Paulo em 27/4/1940:(a) Feira da Liberdade (b) Copan (c) Estádio do Pacaembu (d) Viaduto do Chá

8 Em 30/4/1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra põe na ilegalidade:(a) Samba (b) Cassino (c) Minissaia (d) Umbanda

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Era o dia do pedido da mão da moça em casamento. O namorado estava nervoso, inseguro. Eis que aquele caboclinho intrometido se ofereceu pra ir junto com ele à casa da namorada “ajudar com uns elogios”. O rapaz aceitou, e lá foi a dupla. O pai da moça, um daqueles fazendeirões bravos, foi logo perguntando o que o pretendente tinha para oferecer à filha.– Bão, seu Florêncio... Eu tenho umas terrinhas...O intrometido logo cortou:– Terrinha? Então aquela fazendona que ocê tem lá em Goiás é terrinha? É chão que num acaba mais!– E criação? O senhor tem criação nessa fazenda?– Bão... Uma coisica de nada... Umas cabeças de gado...E o intrometido, novamente:– “Umas cabeças de gado”... Três dias inteiros num dão pra contar o que ele tem de gado, sô! É de perder de vista!

Muito elogio atrapalha

“terrinha?”, estranhou o caboclo introMetido. “então a fazendona que ocê teM é terrinha?”

– Hum... E onde o senhor pensa em morar?– Num ranchinho que eu tenho...E o intrometido: – Ranchinho? Ora essa! Então aquele casarão com 10 quartos, piscina e tudo mais é ranchinho? Meu Deus do céu!A essas alturas, nervoso, o pretendente começa a se coçar no pescoço.– Tá coçando o quê? É picada de mosquito?– Nada, não. É uma manchinha à toa que me apareceu no pescoço hoje de manhã, seu Florêncio.E o intrometido, pra finalizar:– Manchinha à toa? Quar! Ocê tá é podre, lazarento... Que manchinha o quê? Deixa de ser simples, sô!

ponto final

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