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ALTA RENASCENÇA
Antonio Castelnou
CINQUECENTO
❖No Século XVI, o RENASCIMENTO atingiu seu ápice, quando
todos os artistas passaram a serem vistos como verdadeiros
gênios, escolhidos por Deus para criar a arte maior.
❖Tal concepção estética fez com que os artistas realizassem obras
vastas e ambiciosas, assim como sua fé na inspiração divina
acabou conduzindo-os a confiar estritamente em padrões
subjetivos de beleza e verdade imutáveis.
❖Se em épocas anteriores, eram
os nobres (reis e príncipes) que
concediam seus favores aos
artistas, a partir do século XVI,
foram os segundos que aceitavam
ou não suas encomendas.
❖Diante disso, os burgueses
encontraram na arte um modo
seguro de perpetuar o próprio
nome e de adquirir um
MONUMENTO condigno à sua
existência terrena.
Mona Lisa - La Gioconda (1503/05)
Leonardo Da Vinci (1452-1519)
77x53cm
Em óleo sobre madeira
❖O declínio da influência de
Florença fez com que, no
Cinquecento, a capital da
Renascença se transferisse
para ROMA, onde se
destacaram como mecenas
os papas Alexandre VI
(1492/1503), Júlio II (1503/13),
Leão X (1513/21) e Clemente
VII (1521/34).
Piazza del Campidoglio
(1538/1612, Roma)
Michelangelo (1475-1564)
Statua Equestre
di Marco Aurelio
(c.175 dC)
h=4,24m
❖Em seu apogeu, a ARTE RENASCENTISTA caracterizou-se por uma imagem
existencial que era a síntese entre o platonismo e o cristianismo: a beleza
natural era interpretada como expressão da verdade divina e a criatividade
humana como instrumento de proximidade entre os homens e Deus.
Leonardo da Vinci
(1452-1519)
L'Ultima Cena
(1495/98)
4,60x8,80m em têmpera
c/óleo sobre reboco úmido
Santa Maria dela Grazie
(Milão)
❖Basicamente, foram estes os fatos que levaram ao apogeu do
RENASCIMENTO no século XVI:
✓Desenvolvimento surpreendente da matemática e da anatomia,
proporcionando o estudo e aplicação das LEIS DA PERSPECTIVA,
assim como a exploração das proporções humanas;
✓Aprimoramento da INSPIRAÇÃO CLÁSSICA, reafirmando-se os
conceitos de harmonia e de elegância, assim como a difusão de
traçados geométricos proporcionais;
✓Maior AUTONOMIA dos mestres que, imbuídos em provar seus
talentos preciosos e inigualáveis, competiam entre si e os eruditos;
✓RIVALIDADE crescente entre as cidades do Sul da Europa,
diferentemente dos países ao Norte, onde as cidades tinham menos
autonomia e orgulho local.
❖Na PINTURA, procurou-se trabalhar com
perfeição técnica, além da idealização da
figura e grande senso de proporções.
❖Da inspiração na Grécia clássica, voltou-
se para a Roma Imperial, o que conferiu
maior grandiosidade, solenidade e
ostentação à arte.
Giovanni Bellini (1430-1516)
Madonna e Bambino
Benedicendo
(1510)
Sacra Conversazione (1505)
Andrea Mantegna (1431-1505)
Calvario (1457/60)
Lamentazione sul Cristo Morto
(1501)
San Sebastian (1480)
Leonardo Da Vinci (1452-1519)La Vergine delle Pietre
(1483/86)
Cecilia Gallerani (1483/90)
La Vergine, il Bambino eSt'Anna (1510)
Mestre renascentista completo, Da Vinci deu à
humanidade ideias geniais e fundamentos de
quase todos os ramos da ciência moderna (física,
matemática, astronomia, geologia e química).
Estudou desde a anatomia humana até a
construção de um aparelho para voar.
Macchina diGiro (1480)
Studi di Embrioni(1509/14)
Autortitratto (1512/15)
L’Uomo Vitruviano
(c.1490)
Raffaello Sanzio (1483-1520)
Fidanzamento
della Vergine (1504)
Trasfigurazione (1517/20)
Agnolo Doni
(1506/07)
Pietro Bembo
(c.1506)
Escuola di Atene (1509/11) – Stanza della Segnatura, Palazzo Apostólico del Vaticano (5,00x7,70m)
Bastiano Da Sangallo (Aristóteles)
Leonardo
Da Vinci
(Platão)
Michelangelo
(Eráclito)
Raffaello
(Apolo)
❖Da ESCOLA VENEZIANA,
o maior nome foi o do pintor
Giorgio Barbarelli da
Castelfranco, conhecido como
il Giorgione (1478-1510).
❖Aprendiz de Bellini, foi o
primeiro a pintar paisagens
com figuras e um nu reclinado;
além de cenas sem um
propósito votivo, alegórico ou
histórico; usndo as cores com a
intensidade que ficou típica da
região de Vêneto.
A Tempestade
(1506/08)73x83cm
Vênus adormecida (1507/10) - 108x175cm
Concluída por Tiziano (c.1489-1576)
il Giorgione(1478-1510)
❖Na ESCULTURA da Alta Renascença,
repetem-se as características de
equilíbrio, harmonia e perfeccionismo,
predominando o uso do mármore e do
tutto tondo (estátua independente).
❖O maior nome foi o de Michelangelo
Buonarotti (1475-1564); um artista
antissocial, desconfiado, orgulhoso,
trabalhador fanático e profundamente
religioso, cuja obra subjetiva guiou-se
por pesquisas maneiristas a partir de
1515, tornando-se expressão pessoal.
Bacchus(1510/12)
Jacopo Sansovino
(1486-1570)
Scals dei Giganti:
Marte e Nettuno (1566)
Palazzo Ducale, Veneza)
Pietà (1498/99)
1,74x1,95m
em mármore
Basilica di
San Pietro
Vaticano
Michelangelo Buonarroti (1475-1564)David (1501/04) – 1,99x5,17m
Famiglia Santa ou Doni Tondo/Madonna (1507)
Michelangelo Buonarroti (1475-1564)
Cristo dela Minerva
(Prima verzione, 1514/15)
Verzione finale (1519/20)
Sta. Maria sopra
Minerva a Roma
Volta della Cappella Sistina (1508/12)
Palazzo Apostolico del Vaticano – 1,34x4,00m
Cappella (1473/81) h=21m
❖No auge da Renascença, os
arquitetos aspiravam construir
templos e arcos triunfais, mas
eram contratados para erigir
palácios e igrejas, nos quais
exploraram a beleza de suas
proporções e a amplidão de
seus interiores.
❖Houve a profusão de cúpulas
semicirculares, arcadas,
colunatas, galerias e abóbadas
realizadas em tijolo e
revestidas de mármore e
outras pedras nobres,
Donato Bramante
(1444-1514)
Projeto original de
San Pietro (1506/14),
depois ampliado por
Michelangelo (1475-1564)
Duomo di San Pietro (1546/80) - 41,47x136,57m
22.000 m2 | fac. 47x114m | 45 altares | 11 capelas
❖A partir do século XVI, surgiram as
primeiras Academias, as quais
passaram a ditar cânones estéticos
para todas as BELAS-ARTES.
❖Os palácios (palazzi) burgueses
enobreceram-se em técnica e
requinte, ao mesmo tempo que
apareceram as primeiras mansões
de campo denominadas de vilas
(villa ou, no plural, ville).Villa Capra
La Rotunda
(1567/1605, Vicenza)
Andrea Palladio (1508-80)
Villa Foscari – La Malcontenta
(1550/60, próxima a Mira)
Renascimento em outros países
❖O domínio da ciência e da arte clássica manteve-se por algum
tempo nas cidades da Itália, mas logo a vontade de criar uma arte
mais fiel à natureza acabou inspirando as demais nações
europeias, especialmente os PAÍSES BAIXOS e arredores.
❖No Norte europeu, onde a tradição gótica estava mais
enraizada, o novo estilo foi empregado inicialmente de modo
superficial, como uma nova forma de ornamentação, para depois
dominar toda a construção.
❖Diferentemente da Itália, os
países do Norte europeu não
tinham ruínas romanas para
redescobrir, sendo a ARTE
RENASCENTISTA mais um
rompimento do gótico.
❖ Na Holanda, Flandres, França,
Alemanha e Inglaterra, tratou-se
de uma arte híbrida, difícil de ser
avaliada e causada diretamente
pela REFORMA religiosa, que
teve um papel muito mais forte
que ao Sul.
Países
Baixos
❖No RENASCIMENTO
FLAMENGO, ao invés da beleza
ideal, buscou-se um realismo
intenso e naturalista, de temática
religiosa ou doméstica, mais do
que mitológica, retratando-se
camponeses ou cidadãos
prósperos ao invés de nus sacros
e/ou heroicos.
Casamento camponês (1568)
Pieter Bruegel de Oude (c.1525-69)
Rogier van der Weyden (1400-64)
Retratos de senhoras
(c.1440)
Jan van Eyck (c.1390-1441)
Giovanni Arnolfini e Esposa
(1434)
A Virgem
com o
Chanceler
Rolin (1435)
A Virgem com Georgevan der Paele(1436)
Hieronymus Bosch (c.1450-1516)
Tríptico do Jardim das Delícias Terrenas (1500/05)Em óleo sobre madeira – 2,20x3,89m
Pieter Bruegel de Oude (c.1525-69)
A Torre de Babel
(1563)
A Dança dos
Camponeses
(1568)
118 Provérbios Holandeses (1559) – 1,17x1,63m
❖ Nas regiões da ALEMANHA,
preferiu-se retratos realistas e
personalizados; ou ainda,
grandes cenas. Ao invés das
técnicas do afresco e
têmperas, predominou a
pintura à óleo sobre madeira.
Albrecht Dürer (1471-1528)
Adão e Eva
(1507)
Auto-Retrato aos 26
(1498)
Albrecht Altdorfer (1480-1538)A Batalha de Issus (1529)
Stuppach Madonna (1517/19)
Matthias Grünewald
(1480-1528)O Casal (c.1530)
Lucas Cranach der Ältere
(1472-1553)
❖Na INGLATERRA, a arte renascentista
aconteceu em atraso, somente na
segunda metade do século XVI,
especialmente no reinado da Rainha
Elizabeth I (1558-1693), a qual
sucedeu o pai, Henrique VIII (1491-
1547), caracterizando o Estilo Tudor.
❖ Na ARQUITETURA, as obras
apresentaram plantas compactas e
simétricas, além da inclusão de
vestíbulos e elementos clássicos, como
colunatas e cantaria rusticada.
Robert Smythson (1536-1614)
Longleat House (1553, Wiltshire)
Retrato de
Elizabeth I
(1585)
William Segar
(1564-1633)
Hans Holbein der Jüngere (c,1497-1543)Os Embaixadores Franceses (1533)
Henry VIII
(1540)
Sir Thomas More
(1527)
❖Na ESPANHA, condições
políticas e culturais levaram a
Renascença, influenciada pela
Itália e Flandres, a ser mais
sóbria e austera, sendo sua
obra-prima o palácio El
Escorial (1563/84), que
combina formas clássicas
(arcos e colunas) com
elementos clausurais (torres e
celas) em seus 15 pátios.
El Escorial (1563/84 – Madrid)
Juan Bautista de Toledo (?-1567)
e Juan de Herrera (1530-87)
Juan de Juanes (1475-1545)
La Ultima Cena (1560)
Fernando Yañez de
la Almedina (c.1475-1537)
Mona Lisa
(1519)
76,3x57cm
Madonna y el niño
con lactante Juan
(c.1505)
Salomé con la cabeza
de Juan Bautista (1495)
Juan de Flandes (c.1460-1519)
❖A FRANÇA somente teve contato com
o Renascimento em fins do século XV,
através das tropas de Charles VIII
(1470-98), Louis XII (1462-1515) e
principalmente com o reinado de
François I (1494-1547).
❖ No início do século XVI, muitos artistas
italianos foram contratados para difundir
a nova arte entre os franceses, o que
resultou em um estilo próprio, mais
calmo, temperado e fluído.
Jean Clouet (1480-1541)
Portrait de Francis I (c.1525)
Virgem de Melun
(c.1450)
Jean Fouquet (1420-81)
❖Entre 1508 e 1530, vários
castelos (châteaux) foram
construídos no vale do Loire,
os quais incluíam elementos
clássicos, como colunas e
pilastras decoradas, além de
painéis e ornatos esculpidos.
❖Diferente dos castelos medievais,
esses palacetes em pedra
calcária branca possuíam amplas
janelas, mirantes, lagos
ornamentais e ricos jardins.
Château de Chenonceau
(1515/21, Vale do Loire)
Philibert de l’Orme (1514-70)
Château de
Azay-le-Rideau
(1518/27,
Vale do Loire)
Conclusão
❖Em meados de 1520, o ambiente da CONTRA-REFORMA
religiosa conduziu cada vez mais a um maior sentimentalismo e
individualismo dos artistas, levando-os ao desvio crescente das
regras clássicas e abandono das teorias vitruvianas.
❖Tal atitude acabou conduzindo ao MANEIRISMO, considerado
um período de transição para a arte barroca, a qual passou a
dominar entre os séculos XVI e XVII em toda a Europa.
❖Essa última fase do
Renascimento, em fins do século
XVI e início do XVII, foi marcada
por inúmeras obras com ar de
capricho, afirmação ou ousadia;
até então “prazeres proibidos” na
arte e arquitetura. Nascia assim a
expressão artística maneirista e
seus futuros desdobramentos.
Giudizio Finale
Cappela Sistina (1536/41, Vaticano)
Michelangelo Buonarroti (1475-1564)
Bibliografia
❑BECKET, W. História da pintura. São Paulo: Ática, 1997.
❑BROCVIELLE, V. Petit Larousse da história da arte. São Paulo:
Lafonte, 2012.
❑CUMMING, R. Guias essenciais: arte. Porto: Dorling Kindersley:
Civilização, 2005.
❑HODGE, S. Breve história da arte. São Paulo: Gustavo Gili, 2018.
❑STRICKLAND, C. Arte comentada: da Pré-História ao Pós-
Moderno. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.