113
Universidade Federal de Ouro Preto UFOP Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas NUPEB Laboratório de Enzimologia e Proteômica - LEP Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Alterações hepatoesplênicas associadas à infecção por Schistosoma mansoni no modelo murino: clínica, histopatologia e proteômica Jonatan Marques Campos Ouro Preto 2012

Alterações hepatoesplênicas associadas à infecção ...‡ÃO... · Resumo ... Figura 8: Diagrama esquemático para obtenção de proteínas solúveis ... A primeira abordagem

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Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas – NUPEB

Laboratório de Enzimologia e Proteômica - LEP

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Alterações hepatoesplênicas associadas à infecção por Schistosoma

mansoni no modelo murino: clínica, histopatologia e proteômica

Jonatan Marques Campos

Ouro Preto

2012

Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas – NUPEB

Laboratório de Enzimologia e Proteômica - LEP

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Alterações hepatoesplênicas associadas à infecção por Schistosoma

mansoni no modelo murino: clínica, histopatologia e proteômica

Ouro Preto

2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Biotecnologia do Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas

(NUPEB) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), como parte

integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em

Biotecnologia, Área de concentração - Genômica e Proteômica.

Orientador: Prof. Dr. William de Castro Borges

Co-Orientador: Prof. Dr. Milton Hércules Guerra de Andrade

C198a Campos, Jonatan Marques.

Alterações hepatoesplênicas associadas à infecção por Schistosoma

mansoni no modelo murino [manuscrito] : clínica, histopatologia e proteômica

/ Jonatan Marques Campos - 2012.

xv, 95f.: il., color; grafs.; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. William de Castro Borges.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em

Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia.

Área de concentração: Genômica e Proteômica.

1. Proteômica - Teses. 2. Biotecnologia - Teses. 3. Schistosoma mansoni - Teses. 4. Biomarcadores - Teses. 5. Esquistossomose - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 577.212:616.995.122

Catalogação: [email protected]

i

Colaboradores

Profa. Dra. Cláudia Martins CarneiroI

Prof. Dr. Vanderlei RodriguesII

Prof. Dr. Milton Hércules guerra de AndradeIII

Profa. Dra. Lizandra Guidi MagalhãesII

M.s. Nívia Carolina Nogueira PaivaI

Dra. Adriana Paes LemeVI

Mestranda Renata Alves de Oliveira e Castro IV

Mestranda Aline Costa LitalinoI

I – Laboratório de Imunpatologia NUPEB/UFOP

II – Laboratório de Biologia Molecular de Parasitos FMRP/USP

III – Laboratório de Enzimologia e Proteômica NUPEB/UFOP

IV – Laboratório de Imunoparasitologia NUPEB/UFOP

VI - Setor de Espectrometria de Massas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e

Materiais – ABTLuS)

ii

Este trabalho é dedicado a todos meus familiares;

Meus pais, Raul Antônio e Ingrid Marques;

Minha irmã, Jenifer Marques

Meus avós, Clotilde Marques e Nilo Marques (in memorian),

Tarcília Campos e Raimundo Campos.

iii

Agradecimentos

A Deus por me proporcionar paz, esperança e força durante toda minha caminhada.

Aos meus pais, irmã e familiares por serem o alicerce do meu crescimento.

Ao professor William de Castro Borges pela excelente orientação, aprendizado, confiança,

incentivo e seriedade.

Ao professor Milton Hércules Guerra de Andrade pela co-orientação, incentivo e

desenvolvimento de recursos técnicos no LEP.

Ao professor Vanderlei Rodrigues pela colaboração e oportunidade de desenvolvimento de

parte deste trabalho em seu laboratório FMRP/USP.

A professora Cláudia Martins Carneiro pela colaboração e conselhos nos experimentos.

Aos professores Ieso de Miranda e Renata Guerra por terem disponibilizados seus

laboratórios auxiliando no desenvolvimento deste trabalho.

A doutoranda Nívia Carolina pela excelente colaboração na realização da análise histológica

presente neste trabalho.

A Profa. Dra Lizandra Guidi Magalhães pela ajuda nos experimentos realizados na

FMRP/USP.

A mestranda Renata Alves de Oliveira e Castro pela ajuda nos experimentos.

Aos amigos do LEP pela amizade, apoio, aprendizado e momentos de diversão. Agradeço ao

mestrando Leandro Xavier Neves pela ajuda nos experimentos.

Ao técnico do LEP José Henrique Braga Fortes pela experiência de laboratório, por

proporcionar um ambiente de trabalho organizado e pela ajuda nos recursos técnicos.

Aos amigos da República 171 que me acolheram e foram meus parceiros de festas e futebol

durante todo este tempo. Em especial ao Daniel Discaciate (Daniboy) e ao Paulo Renato

(Marú).

Ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia/NUPEB/UFOP pela oportunidade do

desenvolvimento desta dissertação.

A CAPES/REUNI pela bolsa de estudos fornecida durante a realização deste projeto.

A FAPEMIG pelo apoio financeiro para execução deste projeto.

A todos que direto ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

iv

“Faço o melhor que sou capaz, só para viver em paz”.

(Marcelo Camelo – Los Hermanos)

v

Sumário

Lista de Figuras........................................................................................................................vii

Lista de Tabelas.........................................................................................................................ix

Lista de Abreviaturas e Símbolos...............................................................................................x

Resumo.....................................................................................................................................xii

Abstract...................................................................................................................................xiv

1 – Introdução.............................................................................................................................2

1.1 – Aspectos gerais.....................................................................................................2

1.2 - O ciclo biológico do Schistosoma mansoni..........................................................6

1.3 – Diagnóstico e Tratamento.....................................................................................9

1.4 – Proteômica..........................................................................................................10

1.5 – Modelo murino de infecção por S. mansoni.......................................................13

2 - Objetivos..............................................................................................................................15

2.1 - Objetivo geral........................................................................................................15

2.2 - Objetivos específicos............................................................................................15

3 - Metodologia.........................................................................................................................17

3.1 - Manutenção do ciclo do S. mansoni.....................................................................17

3.2 - Delineamento Experimental..................................................................................17

3.3 - Exame parasitológico de fezes..............................................................................19

3.4 - Obtenção do material biológico............................................................................19

3.5 - Razão peso do órgão e peso corporal....................................................................19

3.6 - Leucograma...........................................................................................................20

3.7 - Dosagens enzimáticas para ALT, AST e Albumina Sérica..................................20

3.8 - Análise histológica................................................................................................20

3.9 - Extração de proteínas............................................................................................21

3.10 - Eletroforese unidimensional (1D SDS-PAGE)...................................................22

3.11 - Eletroforese bidimensional (2-D SDS-PAGE)...................................................23

3.12 - Digestão in gel e preparo de amostras para espectrometria de massas...............25

vi

3.13 - Identificação das proteínas por espectrometria de massas..................................26

4 - Resultados............................................................................................................................30

4.1 - Exame parasitológico de fezes - acompanhamento da ovoposição nos animais

infectados..................................................................................................................................30

4.2 - Avaliação de esplenomegalia e hepatomegalia nos animais dos grupos I e II.....31

4.3 - Análises hematológicas e dosagens bioquímicas..................................................32

4.4 - Análises histológicas de fígado e baço.................................................................36

4.5 - Análise proteômica comparativa de fígado e baço dos animais dos grupos I e

II................................................................................................................................................40

4.6 - Perfil eletroforético unidimensional e análise densitométrica..............................40

4.7 - Perfil proteico em eletroforese bidimensional (SDS-PAGE) da fração solúvel de

fígado...................................................................................................................................41

4.8 - Perfil proteico em eletroforese bidimensional (SDS-PAGE) da fração solúvel do

baço......................................................................................................................................48

5 - Discussão.............................................................................................................................53

6 - Conclusões...........................................................................................................................64

7 - Referências..........................................................................................................................65

8 – Anexos................................................................................................................................75

vii

Lista de Figuras

Figura 1: Distribuição da Esquistossomose no mundo...............................................................3

Figura 2: As 10 principais causas de DALYs.............................................................................3

Figura 3: Distribuição da população que requer quimioterapia preventiva................................5

Figura 4: Ciclo de vida do S. mansoni........................................................................................8

Figura 5: Géis de eletroforese bidimensional (2-DE)...............................................................11

Figura 6: Métodos de ionização “soft” para análise de peptídeos e proteínas..........................12

Figura 7: Representação do método de infecção pelo anel.......................................................18

Figura 8: Diagrama esquemático para obtenção de proteínas solúveis....................................22

Figura 9: Ilustração das etapas de produção do gel bidimensional (2-DE)..............................24

Figura 10: Etapas do processo de digestão in gel.....................................................................26

Figura 11: Delineamento experimental ilustrando a identificação dos peptídeos obtidos por

digestão in gel...........................................................................................................................28

Figura 12: Gráfico demonstrando a evolução da ovoposição nos animais infectados entre o

35º e o 50º dia de infecção........................................................................................................30

Figura 13: Relação peso do órgão e peso corporal dos grupos I e II........................................31

Figura14: Análise global e diferencial de leucócitos do grupo I com 5 semanas de

infecção.....................................................................................................................................33

Figura15: Análise global e diferencial de leucócitos do grupo II com 7 semanas de

infecção.....................................................................................................................................34

Figura 16: Fotomicrografias de fígado de camundongos infectados com Schistosoma mansoni

e necropsiados com 5 e 7 semanas após a infecção..................................................................37

Figura 17: Gráfico do número de células inflamatórias na região perivascular de fígado.......38

Figura 18: Fotomicrografias de baço de camundongos infectados com Schistosoma mansoni e

necropsiados com 5 e 7 semanas após a infecção.....................................................................39

Figura 19: Gráfico comparando a área do folículo nodular do baço........................................39

Figura 20: Perfil eletroforético representativo de proteínas solúveis de fígado e baço............41

Figura 21: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de fígado de animais do

grupo I (5 semanas de infecção)...............................................................................................43

viii

Figura 22: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de fígado de animais do

grupo II (7 semanas de infecção)..............................................................................................44

Figura 23: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de fígado de animais do

grupo II (7 semanas de infecção) pH 4-7..................................................................................45

Figura 24: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de baço de animais do

grupo I (5 semanas de infecção)...............................................................................................49

Figura 25: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de baço de animais do

grupo II (7 semanas de infecção)..............................................................................................50

Figura Suplementar 1................................................................................................................91

Figura Suplementar 2................................................................................................................92

Figura Suplementar 3................................................................................................................93

ix

Lista de Tabelas

Tabela 1: Prevalência das Principais Doenças Tropicais Negligenciadas..................................4

Tabela 2: Principais metabólitos alterados em urina de camundongos infectados com S.

mansoni e em hamsters infectados com S. japonicum..............................................................14

Tabela 3: Amostragem de animais............................................................................................18

Tabela 4: Tabela de dosagens bioquímicas...............................................................................35

Tabela 5: Dosagens de proteínas solúveis de fígado e de baço................................................40

Tabela 6: Proteínas de fígado identificadas por espectrometria de massas..............................46

Tabela 7: Proteínas de baço identificadas por espectrometria de massas.................................51

Tabela Suplementar 1: Proteínas de Fígado..............................................................................76

Tabela Suplementar 2: Proteínas de Baço.................................................................................86

x

Lista de Abreviaturas e Símbolos

% - Percentual

°C – Graus Celsius

µA - Microampere

µg – Micrograma

µL - Microlitro

ACN – Acetonitrila

ADP – Adenosina difosfato

ALT – Alanino aminotrasferase

AMBIC - Bicarbonato de Amônio

AST – Aspartato aminotrasferase

ATP – Adenosina trifosfato

BCA - bicinchoninic acid

BIP - Binding immunoglobulin protein

CCA – Centro de ciência animal

CHAPS – (3-[(3-Cholamidopropil) dimetilamônio]-1- propanosulfonato)

cm – Centímetro

Da - Dalton

DNA – Ácido desoxirribonucleico

DTT - Ditiotreitol

EDTA - Ethylenediamine tetraacetic acid

EF-Tu - Elongation factor thermo unstable

ELISA – Enzyme Linked Immunosorbent Assay

emPAI – Exponentially modified protein abundance index

FDR – False discovery rate

FMRP – Faculdade de medicina de Ribeirão Preto

g - Gramas

HCL – Ácido Clorídrico

HE – Hematoxilina e Eosina

HSP – Proteína de Choque Térmico

IAA - Iodoacetamida

IEF - Isoeletrofocalização

kDa – Kilodálton

Kg – Kilograma

LEP – Laboratório de Enzimologia e Proteômica

M – Molar

m/z – Massa sobre carga

mA - Miliampere

Mb – Megabase

mg – Miligrama

min – Minutos

mm – Milímetro

mM – Milimolar

Mr – Massa relativa

N - Número

NaCl – Cloreto de Sódio

NCBI – National Center for Biotechnology Information

nL – Nanolitro

OMS – Organização Mundial de Saúde

xi

p:v – Peso por volume

pb – Pares de bases

PBS – Phosphate buffered saline

PCR – Reação em cadeia da polimerase

pH – Potencial hidrogeniônico

ROS - Reactive oxygen species

SDS – Dodecil Sulfato de Sódio

SDS-PAGE – Eletroforese em gel de poliacrilamida com SDS

TCA – Ácido tricloroacético

TFA – Ácido trifluoracético

Tris - tris(hidroximetil)aminometano

UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto

USP – Universidade de São Paulo

V - Volts

v:v – Volume/volume

WHO – World Health Organization

xii

Resumo

A Esquistossomose é uma doença endêmica em vários países, afligindo mais de 207 milhões

de pessoas no mundo. É considerada a segunda infecção parasitária mais importante em

termos de saúde pública devido ao impacto socio-econômico, podendo ocasionar cerca de 200

mil mortes anualmente. A caracterização do genoma e transcriptoma do Schistosoma mansoni

propiciou o emprego de técnicas na área da proteômica as quais vem permitindo maior

compreensão da biologia deste parasito em todos os estágios de seu ciclo de vida. Entretanto,

até o momento, poucos estudos proteômicos abordaram a relação parasito-hospedeiro. O

entendimento desta relação é de fundamental importância para a proposição de novos

métodos de diagnóstico, avaliação de prognóstico e tratamento da doença. O presente trabalho

teve como foco a análise das alterações no proteoma solúvel de fígado e baço, utilizando o

modelo murino de infecção por S. mansoni. A primeira abordagem fundamentou-se na

discriminação dos estágios de fase aguda e fase crônica nos animais infectados. Após

realização do exame parasitológico de fezes, avaliação das alterações hepatoesplênicas através

da relação (% órgão/corpo) e histologia de fígado e baço, foi possível estabelecer que o grupo

de animais com 5 semanas de infecção desenvolveu a fase aguda da esquistossomose e

animais infectados por 7 semanas apresentaram a fase crônica da doença. A técnica de

eletroforese bidimensional comparativa, para proteínas solúveis de fígado e baço de animais

controles e infectados, demonstrou alterações nos níveis de expressão de proteínas associadas

com processos e vias bioquímicas diversas, como resposta ao estresse celular, tradução, ciclo

da uréia e via glicolítica. No fígado, a categoria de proteínas chaperoninas apresentou maior

número de representantes com alteração de expressão dentre as quais se destacam GRP-78

(proteína reguladora de glicose 78 kDa), HSP-71 (proteína de choque térmico 71 kDa), Erp-

60 (calreticulina) e PDI (proteína dissulfeto isomerase). Por outro lado, proteínas como a

CPSase I (carbamoil fosfato sintetase I), albumina, indoletilamina N-metiltransferase,

peroxirredoxina-6 e anidrase carbônica III apresentaram expressão diminuída no fígado em

decorrência da infecção. O perfil proteômico do fígado do animal infectado correlacionou-se

com a análise histológica do órgão na qual se observa uma intensa resposta imune celular. No

baço, as proteínas identificadas com alteração de expressão foram calreticulina, fosfoglicerato

quinase I, frutose-bifosfato aldolase A, gliceraldeído 3 fosfato desidrogenase, EF-Tu, (fator de

elongamento) e aspartato aminotransferase. Em geral, as proteínas diferencialmente presentes

no baço de animais infectados apresentaram aumento de expressão, sendo o perfil molecular

xiii

compatível com a demanda de produção de energia e síntese proteica. Estes dois processos

são altamente relevantes para o custeio da intensa proliferação celular observada no órgão.

Coletivamente, os resultados obtidos demonstraram que a abordagem proteômica empregada

permitiu a identificação de marcadores teciduais induzidos pela infecção por S. mansoni.

Abordagens futuras permitirão estabelecer se as alterações teciduais decorrentes da infecção

pelo parasito alteram significativamente o proteoma plasmático a ponto de indicar novos

biomarcadores da esquistossomose.

xiv

Abstract

Schistosomiasis is an endemic disease affecting 207 million people worldwide. It is

considered the second most important parasitic disease in terms of public health due to its

social and economic impact, leading to an estimated 200 thousand deaths annually. The

characterization of the S. mansoni genome and transcriptome has allowed the use of

proteomic techniques providing a deeper understanding of the parasite´s biology throughout

its life cycle stages. Nevertheless, a few proteomic studies have addressed the host-parasite

relationship. Understanding the S. mansoni parasitism is of paramount importance for the

proposal of novel diagnostic methods, evaluation of prognosis and treatment of the disease.

The present work focused on the spleen and liver soluble proteome-associated alterations in

the murine model of experimental schistosomiasis. The first approach involved discrimination

between the acute and chronic stages of the disease. After feces examination, measurement of

hepatic/spleen mass increase and tissue histology it was established that the 5 week-infected

mice developed the acute phase of schistosomiasis whereas animals infected for 7 weeks

exhibited the chronic disease. Comparative two dimensional gel electrophoresis, for cytosolic

proteins from liver and spleen, demonstrated changes in the expression profile for molecules

involved in several cellular processes such as stress response, translation, urea cycle and

glycolytic pathway. In the liver, various chaperonins such as GRP-78, HSP-71, Erp-60 and

PDI exhibited increased expression profile. In contrast, carbamoyl phosphate synthetase I,

albumin, indoethyllamine N-methyltransferase, peroxiredoxin 6 and carbonic anhydrase III

were detected at lower levels upon S. mansoni infection. The liver proteomic profile for the

infected animal correlated with the histological analysis of the organ in which an intense

cellular immune response was observed. In the spleen, the identified proteins displaying

altered expression profile were calreticulin, phosphoglycerate kinase I, fructose-biphosphate

aldolase A, glyceraldehyde-3-phosphate dehydrogenase, EF-Tu (elongation fator – Tu) and

aspartate aminotransferase. Overall, the proteins differentially expressed in the spleen of

infected animals displayed up regulation evidencing a molecular profile suitable to provide

the demand in energy production and protein synthesis. These two cellular processes are of

great relevance to maintain the intense cellular proliferation observed in the organ.

Collectively, our results demonstrated that the employed proteomic approach allowed the

identification of tissue markers induced by the S. mansoni infection. Future experiments will

xv

establish whether the observed tissue alterations promoted by the S. mansoni parasitism

significantly alter the plasma proteome to highlight novel biomarkers of schistosomiasis.

1- Introdução

2

1 - Introdução

1.1 – Aspectos gerais

O gênero Schistosoma é constituído por organismos da família Schistosomatidae,

classe Trematoda e filo Platelminto. Os representantes deste gênero possuem sexos separados

e um ciclo de vida heteroxeno. As principais espécies de Schistosoma que parasitam os seres

humanos são: Schistosoma mansoni, Schistosoma haematobium, Schistosoma japonicum,

Schistosoma intercalatum e Schistosoma mekongi (Mahmoud, 2004). Algumas destas

espécies causam a forma intestinal da esquistossomose (S. mansoni, S. japonicum, S.

intercalatum e S. mekongi); as quais, no estágio de vida adulta, localizam-se no sistema porta

hepático do hospedeiro vertebrado. O S. haematobium causa a esquistossomose urogenital por

localizar-se nas veias do trato urinário, durante a fase de vida adulta e por liberar ovos através

da urina (Utzinger et al., 2011) A Esquistossomose também conhecida como Bilharzíase é

uma doença parasitária endêmica em vários países, afligindo mais de 207 milhões de pessoas

no mundo. Estima-se ainda, que 779 milhões de pessoas possuem o risco de contrair a doença,

Figura 1 (World Health 2010); além de ser considerada a 4ª principal doença tropical

negligenciada no mundo, Tabela 1 (Hotez et al., 2008). Depois da malária é a segunda

infecção parasitária mais importante em termos de saúde pública e impacto socio-econômico,

ocasionando cerca de 200 mil mortes por ano, (Wichmann et al., 2009). As doenças tropicais

negligenciadas constituem a 6ª maior causa de DALYs (Disability-Adjusted Life Years), um

índice métrico adotado pela organização mundial de saúde, o qual avalia o impacto da doença

no indivíduo, baseando-se nos anos de vida perdidos devido à incapacidade produtiva e morte

prematura, Figura 2.

3

Figura 2: As 10 principais causas de DALYs (Disability-Adjusted Life Years)

no mundo. Adaptado de (Hotez et al., 2007).

Figura 1: Distribuição da Esquistossomose no mundo. Geneva, World Health Organization, 2010.

(http://www.who.int/neglected-diseases/ preventive-chemotherapy/databank/en/index.html).

4

O S. mansoni é endêmico no nordeste do Brasil, na Venezuela, Suriname, Caribe e

Egito. O S. japonicum é endêmico na China, Filipinas e Indonésia. O S. mekongi é encontrado

no Camboja (Chitsulo et al., 2004). No Brasil a esquistossomose mansônica ocorre de forma

endêmica nos seguintes estados: Alagoas, Maranhão, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do

Norte, Paraíba, Sergipe, Espírito Santo e Minas Gerais (predominantemente no norte e

nordeste do Estado), Pará, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná,

Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal (SES/MS, 2010, World Health, 2010).

Aproximadamente 25 milhões de pessoas vivendo nas zonas rurais estão expostas ao risco de

contrair a doença (de Oliveira et al., 2004). O S. mansoni, é dentre as espécies causadoras da

Tabela 1: Prevalência das Principais Doenças Tropicais Negligenciadas. Adaptado de (Hotez et al., 2007).

5

esquistossomose, a mais estudada no mundo. Acredita-se que a doença chegou às Américas

através do comércio de escravos africanos no período colonial (Campbell et al., 2000). No

Brasil, a esquistossomose foi detectada pela primeira vez em 1908, pelo médico brasileiro

Pirajá da Silva, através de exames de fezes e de vermes coletados a partir de necropsias (Katz,

2008). A transmissão da doença depende da existência de hospedeiros intermediários, e as três

principais espécies envolvidas na transmissão para o homem são: Biomphalaria glabrata,

Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila.

Clinicamente, a esquistossomose pode ser classificada em doença de fase aguda e fase

crônica. A fase aguda corresponde à etapa de penetração das cercárias através da pele,

variando desde um quadro assintomático até apresentação de um quadro clínico sintomático.

Nos seres humanos, a fase crônica inicia-se a partir do sexto mês após a infecção, podendo

durar vários anos. Está associada à postura de ovos, lesões no fígado e baço, hipertensão

portal, varizes esofagianas e hemorragias, podendo levar à morte (SES/MS, 2010, Ferrari and

Moreira, 2011, World Health, 2010).

A Assembléia Mundial de Saúde, através da resolução (WHA54. 19) realizada em

maio de 2001, recomendou aos países membros a desenvolverem atividades de controle

sustentável, garantindo o acesso à medicação e promovendo medidas preventivas para o

controle da esquistossomose. A meta mínima era a administração de quimioterapia para pelo

menos 75% de todas as crianças em risco de morbidade até 2010 (Favre et al., 2009). Porém

estimativas indicam que menos de 10% da população em risco de morbidade recebe

quimioterapia preventiva, demonstrando que a cobertura estabelecida em 2001 está longe de

ser alcançada, Figura 3.

Figura 3: Distribuição da população que requer quimioterapia preventiva. AFR – África / AMR –

Américas / EMR – leste do Mediterrâneo / SEAR – Sul e leste da Ásia / WPR – Oeste do pacífico.

Geneva, World Health Organization, 2010.

6

1.2 - O ciclo biológico do Schistosoma mansoni

O S. mansoni é o agente etiológico da esquistossomose mansônica, uma doença

inicialmente assintomática, podendo evoluir para formas clínicas extremamente graves e levar

o paciente à morte. A fêmea do S. mansoni mede aproximadamente de 1,2 a 1,6 cm, apresenta

corpo cilíndrico e encontra-se alojada em uma fenda do corpo do macho denominada de canal

ginecóforo. O macho mede cerca de 1 cm, apresenta cor mais clara que a fêmea e corpo

achatado (Loverde and Chen, 1991). O sexo do S. mansoni é determinado no zigoto, este

possui 8 pares de cromossomos (2n=16), sendo 7 pares autossômicos e 1 par sexual. A fêmea

é heterozigótica ZW e o macho é homozigoto ZZ. (Berriman et al., 2009). O genoma do

Schistosoma contém mais de 380 milhões de pares de bases divididos entre os setes pares

autossomais e o par sexual. A versão mais recente proposta para o genoma do S. mansoni

contabiliza cerca de 10.852 genes (Protasio et al., 2012).

O ser humano é o principal hospedeiro definitivo do S. mansoni. Nele, o parasito

apresenta a forma adulta, reproduz-se sexuadamente e, por meio da eliminação dos ovos,

ocasiona a contaminação das coleções hídricas. A infecção no hospedeiro vertebrado se dá

através do contato com água doce contendo cercárias, as quais são capazes de penetrar

ativamente na pele do hospedeiro, orientadas por estímulos químicos e utilizando-se do

conteúdo proteico das glândulas pré e pós acetabulares. (Collins et al., 2011, Curwen et al.,

2006). Proteínas presentes nas secreções das glândulas cercarianas possuem funções

proteolíticas e imunomoduladoras. Uma variedade de isoformas para elastase, além de outras

enzimas proteolíticas (dipeptidil peptidase e invadolisinas), constitui as secreções utilizadas

no processo de penetração. Outra proteína encontrada em secreções de cercárias é a SmKK7,

por apresentar homologia com toxinas de escorpião, acredita-se que possua a capacidade de

bloquear canais de K+, auxiliando na modulação do sistema imune (Curwen et al., 2006). O

processo de penetração das cercárias pode levar em média de 4 a 6 minutos, porém algumas

cercárias levam apenas 1.5 minutos para passar pela barreira física da pele (Haas and

Haeberlein, 2009).

Ao penetrarem na pele do hospedeiro as cercárias perdem a cauda, e após uma rápida

transformação, atingem o estágio de esquistossômulo. A transformação em esquistossômulo

dá origem ao tegumento heptalaminar, o qual permite a adaptação às alterações de

osmolaridade, nutrientes, temperatura e ação do sistema imune (Skelly and Shoemaker, 2000).

A camada mais externa do tegumento, o membranocalyx, possui a capacidade de captar

7

proteínas e moléculas do hospedeiro como CD44 e glicolipídeos provenientes de eritrócitos,

favorecendo-o na evasão do sistema imune (Castro-Borges et al., 2011a). O tegumento

também funciona como uma barreira física protegendo os componentes enzimáticos,

transportadores, canais iônicos da membrana plasmática e ainda apresenta capacidade de

renovação a cada 5 dias (Saunders et al., 1987, Braschi and Wilson, 2006).

Os esquistossômulos permanecem neste estágio por 2 a 3 dias, antes de migrarem,

através do sistema linfático e vênulas presente na derme, para o sistema circulatório. Ao

atingir a corrente sanguínea, passam pelo coração e eventualmente pelos pulmões, até

alcançarem o sistema porta-hepático. Após o 28° dia de infecção, os vermes presentes no

sistema porta-hepático se acasalam e dão início à migração até as vênulas mesentéricas para o

início da ovoposição. Através do pareamento, o macho libera os espermatozóides dentro do

canal ginecóforo, estes fecundam os ovócitos dando origem ao zigoto (Dewalick et al., 2011).

O desenvolvimento sexual da fêmea e, consequentemente, o início da ovoposição, são

dependentes do acasalamento com o macho. Acredita-se que através de vias de sinalização

envolvendo o fator de crescimento TGF-β, o macho ativa e regula a expressão gênica na

fêmea (Freitas et al., 2007, Beckmann et al., 2010).

A produção de aproximadamente 300 ovos por dia, e a consequente presença destes

ovos no tecido hepático, promove a liberação de antígenos solúveis (SEA), induzindo o

aparecimento de reações inflamatórias periovulares, originando os granulomas e, em seguida,

o processo de fibrose (Manzella et al., 2008). As glicoproteínas Omega-1 e IPSE/alpha-1

juntas constituem a fração mais abundante dos antígenos solúveis de ovos (SEA). Estas

proteínas são hepatotóxicas e imunogênicas, possuem a capacidade de estimular a liberação

de IL-4, induzindo uma resposta inflamatória do tipo Th2 no hospedeiro (Abdulla et al., 2011,

Mathieson and Wilson, 2010). Os ovos depositados no endotélio da parede das vênulas

induzem uma reação inflamatória periovular, a qual provavelmente facilita a passagem dos

mesmos pela musculatura até atingirem a luz intestinal (Lenzi et al., 1991). Ao serem

liberados juntamente com as fezes, os ovos alcançam as coleções hídricas e, em contato com a

água doce, eclodem liberando os miracídios. Os miracídios são formas larvais ciliadas,

capazes de nadar em busca do hospedeiro invertebrado, moluscos do gênero Biomphalaria.

No hepatopâncreas do molusco, as larvas transformam-se em esporocistos primários, os quais

se desenvolvem em esporocistos secundários. Estes últimos, por meio de reprodução

assexuada, dão origem às cercárias. Análises recentes de transcrição gênica por microarray

sugerem que a síntese de proteínas a serem utilizadas pelas cercárias durante a infecção do

8

hospedeiro vertebrado, ocorre no interior do molusco durante os estágios de diferenciação em

cercárias (Parker-Manuel et al., 2011), Figura 4.

Figura 4: Ciclo de vida do S. mansoni. O S. mansoni possui um ciclo heteroxeno, necessitando de

um hospedeiro invertebrado (Biomphalaria) e de um hospedeiro vertebrado. Cercárias liberadas

pelos caramujos penetram ativamente na pele do hospedeiro vertebrado e se transformam em

esquistossômulos. Estes atingem o sistema circulatório através da derme, e se alojam no sistema

porta-hepático. No sistema porta-hepático os vermes, acasalam-se e, em seguida, migram para as

veias mesentéricas dando início à ovoposição. Os ovos atingem as coleções hídricas, eclodem e

liberam os miracídios. Os miracídios infectam o caramujo, transformam-se em esporocistos

primários que por poliembrionia geram esporocistos filhos e depois cercárias. Adaptado de:

Introdução à parasitologia. Wilson, R.A, 1980. pp13.

9

1.3 - Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da esquistossomose pode ser realizado por métodos diretos e indiretos.

Os métodos indiretos ou sorológicos dependem de marcadores bioquímicos e imunológicos

associados à infecção, dentre os quais se destacam os testes imunológicos como a

imunofluorescência, ensaios imunoenzimáticos (ELISA), reação intradérmica e reação

periovular. Técnicas de reação em cadeia de polimerase estão sendo descritas para o

diagnóstico da doença (Pontes et al., 2002). Atualmente a técnica de Kato-Katz é o método

parasitológico recomendado para o diagnóstico da esquistossomose, por ser quantitativo e

prático (Katz et al., 1972). No entanto, a sensibilidade desta técnica diminui quando a

prevalência e intensidade da infecção são baixas (Zhou et al., 2008, Lin et al., 2008).

Os testes sorológicos para detecção de IgG e IgM no soro de pacientes, possuem uma

grande sensibilidade, podendo indicar infestação atual ou passada, principalmente em áreas de

baixa prevalência da doença, ou em pacientes com baixa parasitemia. O método de ELISA,

por exemplo, além de proporcionar ensaios quantitativos, mostra-se mais adequado para

aplicação em estudos populacionais onde se encontra baixa parasitemia, apresentando uma

sensibilidade e especificidade próximas de 98% (Oliveira et al., 2005). Teste de

imunofluorêscencia para a detecção de anticorpos contra S. mansoni demonstram alto grau de

sensibilidade 95,6% para as fases aguda e crônica (Kanamura et al., 2002). Entretanto, este

método possui especificidade em torno de 50%. Em geral os ensaios de detecção de

anticorpos demonstram ser mais sensíveis que os exames parasitológicos, mas carecem de

especificidade. Já a detecção de antígenos circulantes é um método altamente específico,

porém não tem demonstrado ser mais sensível que os exames parasitológicos em áreas de

baixa endemicidade (Attallah et al., 1999, Van Lieshout et al., 1995). Os testes de reação em

cadeia da polimerase (PCR), realizados a partir de amostras de fezes e soros de pacientes, não

demonstraram reações cruzadas com outros helmintos, atingindo sensibilidade de 96.7% e

especificidade de 88% (Pontes et al., 2002). Contudo, testes como imunofluorêscencia e PCR

não estão disponíveis na rotina do sistema público de saúde (Sorgho et al., 2005). Desta

maneira, torna-se necessário o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico,

especialmente para auxiliar na detecção de pacientes com baixa carga parasitária (Alan

Wilson et al., 2006).

Para o tratamento da esquistossomose, o praziquantel e a oxaminiquine são as drogas

de escolha. Os dois medicamentos se equivalem quanto à eficácia e segurança, todavia o

10

praziquantel é a droga disponível atualmente, em função do menor custo. O modo de ação do

praziquantel não é totalmente compreendido, a maioria dos estudos aponta para perturbações

na homeostase do cálcio e comprometimento das funções normais do tegumento (Kasinathan

et al., 2010). Neste sentido, o desenvolvimento de novos medicamentos para combater a

infecção também se torna necessário, uma vez que existem relatos de resistência do parasito à

ação deste fármaco (Kasinathan et al., 2010).

1.4 - Proteômica

A palavra proteoma foi primeiramente introduzida por Wilkins (1996), onde foi

utilizada para expressar a idéia do conjunto das proteínas de uma célula ou organismo. Assim,

a proteômica foi estabelecida como ferramenta para o estudo da expressão proteica e suas

alterações (Anderson and Anderson, 1998). Atualmente existe um grande interesse na

aplicação da proteômica, como ferramenta para a identificação de marcadores proteicos.

Alguns tecidos, órgãos e fluidos corporais, tais como plasma e saliva já estão sendo utilizados

na busca de possíveis biomarcadores de infecções (Bodzon-Kulakowska et al., 2007). A

proteômica também reune ferramentas que fornecem informações sobre modificações pós-

traducionais, abundância de proteínas e interações proteicas, possibilitando o estudo de

alterações metabólicas ocorridas em um organismo (Harvie et al., 2007, Manivannan et al.,

2011).

Com o melhoramento de técnicas de pré-fracionamento destes proteomas e com a

introdução da técnica de eletroforese bidimensional (2-DE), em 1975 por O'Farrell e Klose;

tornou-se possível a análise e detecção de proteínas em amostras biológicas mais complexas

(O'Farrell, 1975). Através da técnica de eletroforese bidimensional, as proteínas são

inicialmente separadas de acordo com o ponto isoelétrico e, em seguida, submetidas à

separação por massa molecular, com auxílio de uma matriz polimérica

(acrilamida/bisacrilamida), Figura 5. Assim, tornou-se possível a detecção de alterações

como: aumento ou diminuição da expressão de proteínas em um proteoma específico e

modificações pós-traducionais como glicosilação e fosforilação.

11

A partir do desenvolvimento de gradientes de pHs imobilizados, para separação das

proteínas na 1ª dimensão, obteve-se uma melhor reprodutibilidade dos géis (Gorg et al.,

2009). Em seguida, surgiu a necessidade de identificação em larga escala das proteínas

detectadas em gel. O emprego da técnica de digestão in gel, a qual baseia-se na excisão da

banda contendo a proteína de interesse e incorporação de enzimas proteolíticas, para a

geração de peptídeos, possibilitou a identificação destas proteínas por espectrometria de

massas. As recentes técnicas de sequenciamento de peptídeos / proteínas via ESI-MS (

Electrospray Ionization Mass Spectrometry ) e MALDI-MS ( Matrix – Assisted Laser

Desorption Ionization Mass Spectrometry) e o desenvolvimento de algoritmos de busca

utilizando-se de dados espectrais, tornou possível a identificação de proteínas em larga escala

(Cottrell, 2011, Seidler et al., 2010). No processo de ionização por ESI, os peptídeos são

submetidos à cromatografia líquida e, durante a eluição, direcionados à um spray capilar.

Neste capilar aplica-se uma altissíma diferença de potencial, proporcionando a formação e

dispersão de gotas microscópicas carregadas. Uma vez dispersadas, as gotículas

microscópicas contendo os peptídeos ionizados, são evaporadas formando-se gotas de

diâmetros cada vez menores, até atingirem o estado gasoso, evento chamado de fissão de

Figura 5: Géis de eletroforese bidimensional. Géis ilustrativos mostrando a separação das proteínas na

primeira dimensão pH 3-10, seguido de separação de acordo com a massa molecular. Adaptado de (Rusconi

et al., 2010)

A) B)

12

Coulomb (Kebarle and Verkerk, 2009). Após a fissão, a relação m/z (massa/carga) pode ser

obtida a partir de uma variedade de analisadores de massas e detectores disponíveis

atualmente, Figura 6A.

No processo de ionização por MALDI, os peptídeos são misturados à uma matriz

orgânica capaz de absorver radiação ultra violeta. Após a solidificação dos peptídeos na

matriz orgânica utiliza-se laser em comprimento de onda definido, para promover a

sublimação e transferência de carga aos peptídeos, possibilitando a identificação via

diferentes analisadores de massas Figura 6B.

A - ESI

B - MALDI

Figura 6: Métodos de ionização “soft” para análise de peptídeos e proteínas. A) Técnica de ESI,

ilustrando a eletropulverização de peptídeos B) Técnica de MALDI, ilustrando a ionização de peptídeos

misturados a uma matriz orgânica. Adaptado de (Steen and Mann, 2004).

13

1.5 - Modelo murino de infecção por S. mansoni

Considerado como o principal modelo utilizado para infecção experimental por S.

mansoni, o modelo murino vem contribuindo para o entendimento de inúmeros aspectos

ligados à esquistossomose e à biologia do parasito (Abdul-Ghani and Hassan, 2010). Dentre

os aspectos que justificam sua utilização incluem o baixo custo, a facilidade de manipulação

do animal e o tempo reduzido necessário para a evolução clínica da doença. No camundongo,

a esquistossomose de fase aguda se estabelece durante os primeiros 30 a 35 dias de infecção,

tempo necessário para a instalação dos vermes adultos no sistema porta-hepático, pareamento

e início da ovoposição (Loverde and Chen, 1991, Harvie et al., 2007). A fase crônica, por sua

vez, inicia-se a partir da postura dos ovos sendo as complicações teciduais ocasionadas pela

deposição crescente dos mesmos nos tecidos, especialmente no hepático (Manivannan et al.,

2010). Dependendo da carga parasitária, o animal dificilmente sobrevive à 8ª semana de

infecção, embora tenha sido demonstrado que a infecção com 45 cercárias garante sobrevida

por até 20 semanas em camundongos machos da linhagem CBA/J (Henderson et al., 1993).

Mais recentemente o modelo murino tem sido empregado para a identificação de

possíveis marcadores teciduais da infecção por S. mansoni, utilizando-se de abordagens na

área da proteômica (Manivannan et al., 2010). Análises do proteoma total de fígado de

camundongos infectados demonstraram alterações nos níveis de várias enzimas relacionadas

ao metabolismo energético, resposta ao estresse, dentre outras (Manivannan et al., 2012).

Espera-se que a curto prazo as inovadoras tecnologias para identificação e quantificação de

proteínas forneçam um inventário molecular do impacto da doença no hospedeiro vertebrado.

Tais investigações são de particular importância, especialmente quando aplicadas aos estágios

da doença para os quais é possível a correlação com a doença humana (Manivannan et al.,

2011, Harvie et al., 2007). Estudos de metabolômica também têm sido realizados utilizando-

se do modelo murino de infecção por S. mansoni. A identificação rápida e inequívoca de

centenas de metabólitos diferencialmente presentes no soro e urina de animais infectados vem

proporcionando a validação de métodos alternativos para a detecção dos distúrbios

metabólicos associados à infecção - Tabela 2 (Wu et al., 2010a, Balog et al., 2011). Neste

sentido, a detecção de níveis elevados do aminoácido hidroxiprolina em soros de animais

infectados tem sido avaliada como potencial indicador de fibrose em pacientes com

esquistossomose hepatoesplênica (Wang et al., 2004, Utzinger et al., 2011).

14

O presente trabalho pretende, a partir de uma coleção de dados clínicos, ensaios de

atividade enzimática, análise histológica de fígado e baço e análise comparativa de proteínas

por gel bidimensional, contribuir com o entendimento da relação parasito/hospedeiro durante

o curso da infecção por S. mansoni, utilizando camundongos isogênicos da linhagem Balb/c.

Espera-se que os resultados encontrados possam, no futuro, apontar candidatos potenciais

para melhoria das técnicas de diagnóstico, prognóstico e tratamento da esquistossomose.

Tabela 2: Principais metabólitos alterados em urina de camundongos infectados

com S. mansoni e em hamsters infectados com S. japonicum (Utzinger et al.,

2011).

a Camundongos fêmeas infectados com 80 cercárias de S. mansoni, amostras de

urina coletadas após 46 e 56 dias de infecção e analisadas por ressonância

magnética nuclear (NMR). b Camundongos fêmeas infectados com 100 cercárias de S. mansoni, amostras de

urina coletadas após 56 dias de infecção e analisadas por eletroforese em capilar

(CE). c Hamsters infectados com 100 cercárias de S. japonicum, amostras de urina

coletada após 36 dias de infecção e analisadas por ressonância magnética nuclear

(NMR).

2 - Objetivos

15

2 - Objetivos

2.1 - Objetivo geral

Identificação de proteínas solúveis diferencialmente presentes no fígado e baço de

camundongos Balb/c infectados por S. mansoni, nos estágios de fase aguda e crônica da

doença.

2.2 - Objetivos específicos

Discriminar os estágios de fase aguda e fase crônica da esquistossomose em

camundongos Balb/c infectados com cercárias de S. mansoni através de

ensaios enzimáticos, leucometria, Razão percentual (órgão/Corpo) e análise

histológica;

Obter o proteoma solúvel de fígado e baço dos animais controles e infectados

nos dois estágios distintos da infecção;

Realizar eletroforese bidimensional comparativa para a detecção de proteínas

diferencialmente presentes no fígado e baço de animais infectados;

Identificar as proteínas selecionadas por espectrometria de massas.

3- Metodologia

17

3 - Metodologia

3.1 - Manutenção do ciclo do S. mansoni

A manutenção do ciclo do S. mansoni é rotineiramente realizada no Laboratório de

Biologia Molecular de Parasitas – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / USP. Cercárias

de S. mansoni da linhagem Porto Rico são recuperadas a partir de moluscos da espécie

Biomphalaria glabrata previamente infectados. Os moluscos são mantidos no escuro por 48

horas antes de serem expostos à luz artificial, pelo período mínimo de 2 horas para a liberação

das cercárias. As cercárias liberadas são contadas em microscópio óptico antes de serem

utilizadas para a infecção dos animais. O processo de infecção se dá através do contado

percutâneo de cercárias com o abdômen dos animais, simulando uma infecção natural.

3.2 – Delineamento Experimental

Fêmeas de camundongos (Mus musculus, n = 32) germ free, da linhagem Balb/c com

30 dias de idade e aproximadamente 20g foram adquiridos via Biotério Central da

Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto. Os animais foram anestesiados, via

intraperitoneal, através da administração associada de dois anestésicos cloridrato de cetamina

10% (Syntec) a 8.0 mg/Kg e cloridrato de xilazina 2,3% (Vetbrands) a 4.0 mg/Kg,

proporcionando uma analgesia de aproximadamente 60 minutos. Com o auxílio de um

aparador automático de pelos, fez-se a tricotomia da região abdominal dos animais, para

facilitar a penetração das cercárias. Os animais foram colocados em decúbito dorsal,

imobilizados em um suporte de acrílico, e em seguida, os anéis de aço inoxidável de

dimensões, 1 cm de altura por 0,5 cm de raio, foram posicionados sobre o abdômen e fixados

em acrílico com o auxílio de fita adesiva. Em seguida, cerca de 1 mL de suspensão contendo

cercárias foi dispensado nos anéis para a infecção de 20 animais. Os camundongos foram

mantidos em contato com a suspensão de cercárias durante 30 minutos à temperatura

ambiente. Para os outros 12 animais, utilizados como controles não infectados, o processo de

infecção foi simulado com a utilização de água. Decorridos 30 minutos de exposição, a

suspensão remanescente de cercárias foi descartada em etanol 70%. A Figura 7 ilustra o

esquema representativo do processo de infecção pelo método de anel.

18

Após a infecção, os 32 animais foram separados em dois grupos conforme indicado na

Tabela 3: Grupo I (animais com 5 semanas de infecção) e grupo II (animais com 7 semanas

de infecção). Em seguida, os animais foram mantidos em gaiolas à temperatura ambiente com

ração e água ad libitum e ciclo claro/escuro com intervalos de 12 horas. Todos os

procedimentos realizados com os animais foram aprovados pela Comissão de Ética em Uso

Animal.

Grupo I – 5 semanas Grupo II – 7 semanas

Controle (N=6) Controle (N=6)

Infectado (N=10) Infectado (N=10)

6-Infecção por anel

5-Suspensão de

cercárias

4-Anestesia dos

animais

3-Contagem das

cercárias

2-Liberação das

cercárias

1-Biomphalaria glabrata

infectados

Figura 7: Representação do método de infecção por anel. 1 e 2- Caramujos infectados são expostos à luz

para liberação das cercárias. 3- A contagem das cercárias é realizada em microscópio óptico. 4-

Camundongos são anestesiados por via intraperitoneal. 5- A suspensão de cercárias (200 cercárias/ml) é

adicionada sobre o abdômen do animal, através do anel de infecção. 6- Decorrido 30 minutos de infecção, a

suspensão de cercárias é retirada do anel.

Tabela 3: Amostragem de animais

N – Número de animais.

19

3.3 - Exame parasitológico de fezes

Cerca de 300 mg de fezes recolhidas de cada animal infectado, foram coletadas entre o

35º e o 50º dia de infecção em intervalos de 5 dias. As amostras foram conservadas em

formol tamponado 10% até a realização dos exames. Análise das fezes foi realizada segundo o

método de sedimentação espontânea ou método de Hoffman, (Hoffman WA, 1934). O

sedimento obtido foi analisado diretamente ao microscópio óptico para a determinação do

número de ovos por lâmina. As lâminas foram confeccionadas em triplicata para cada animal,

utilizando-se 200 μl de sedimento.

3.4 - Obtenção do material biológico

Todos os animais dos grupos I e II foram eutanasiados respectivamente após 5 e 7

semanas de infecção, utilizando-se a administração intraperitoneal dos anestésicos cloridrato

de cetamina 10% (Syntec) a 24.0 mg/Kg e cloridrato de xilazina 2,3% (Vetbrands) a 12.0

mg/Kg. Após verificação de analgesia profunda, os animais foram pesados e, em seguida,

cerca de 700 L de sangue coletados por punção cardíaca. O sistema porta-hepático dos

animais foi posteriormente perfundido com solução salina citratada (NaCl 0.85%, Citrato de

sódio 0.75%).

Após a perfusão foram retirados o fígado e o baço dos animais dos grupos controle e

infectado. Os órgãos foram pesados, lavados em tampão fosfato de sódio (PBS 0,01 M pH

7,2) e segmentos de aproximadamente 0.5 cm de largura obtidos e armazenados em formol

tamponado 10% para análises histológicas. O restante dos órgãos foi congelado em freezer -

80°C para posteriores análises proteômicas.

3.5 – Razão peso do órgão e peso corporal

Para todos os animais dos grupos I e II, obteve-se a razão percentual entre o peso dos

órgãos, fígado e baço, em relação ao peso corporal dos animais (% órgão/corpo). Este

parâmetro foi obtido para avaliação de hepatoesplenomegalia dos animais infectados em

comparação com os animais controles em cada fase de infecção. As análises estatísticas foram

realizadas utilizando Student´s t-test não pareado, através do software Prism versão 5.0.

20

3.6 – Leucograma

O sangue obtido foi dividido em duas partes, sendo cerca de 400 μL mantido na

presença de EDTA a 2% para análises hematológicas e 300 μL para obtenção de soro. Para a

realização das análises hematológicas foram determinados: contagem global de leucócitos e

análise diferencial (número de linfócitos, neutrófilos segmentados, monócitos e eosinófilos).

Os leucogramas dos animais do grupo controle serviram como valores normais de referência.

Os esfregaços obtidos para a contagem diferencial foram corados utilizando-se o Kit Instant

Prov (Labor & Labor Bioclin). Para a contagem global de leucócitos, diluiu-se o sangue em

líquido de Turk (ácido acético 2%, violeta genciana 0,1%) na proporção de 1:10 e este foi

analisado em câmara de Neubauer espelhada. As análises estatísticas foram realizadas

utilizando Student´s t-test não pareado, através do software Prism versão 5.0.

3.7 - Dosagens enzimáticas para ALT, AST e Albumina Sérica

O soro obtido foi utilizado para dosagens bioquímicas de ALT (alanino

aminotransferase); AST (aspartato aminotrasferase) e Albumina sérica. As amostras de soro

foram analisadas pelo Laboratório de Análises Clínicas - Claudino / Ouro Preto, onde as

enzimas transaminases foram dosadas através de métodos cinéticos e submetidas à leitura no

ultravioleta por espectrofotometria (Bioclin). A albumina foi dosada através do método

colorimétrico verde de bromocresol (Bioclin). As dosagens enzimáticas e de albumina do

grupo controle serviram como valores normais de referência. As análises estatísticas foram

realizadas utilizando Student´s t-test não pareado, através do software Prism versão 5.0.

3.8 - Análise histológica

Durante a necropsia, amostras de fígado e baço foram fixados em formol 3,7%

tamponado (pH 7.2), processados rotineiramente e incluídos em parafina. Secções de

aproximadamente 4 μm de espessura foram obtidas em micrótomo e submetidas à coloração

com Hematoxilina & Eosina (HE) e Tricrômico de Masson.

Nos cortes de baço foi avaliado o grau de organização tecidual (distribuição da polpa

branca e polpa vermelha). Nos cortes de fígado, foram avaliados o processo inflamatório

21

perivascular e a área média dos granulomas. A coloração de Tricrômico de Masson permitiu a

avaliação qualitativa do processo de fibrose no interior dos granulomas.

Para avaliação do processo inflamatório foram quantificados os núcleos celulares

presentes no infiltrado perivascular em toda a extensão do corte histológico. As imagens

foram visualizadas pela objetiva de 40x e digitalizadas através da microcâmera Leica

DFC340FX associada ao microscópio Leica DM5000B. Todas as imagens foram analisadas

com o auxílio do software de análise e processamento de imagem Leica QwinV3 no

Laboratório Multiusuários do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Ouro Preto. O processo inflamatório foi determinado pela diferença significativa

(p<0,05) entre o número de núcleos celulares presentes nos animais infectados e aquele

observado nos animais controles ± desvio padrão.

3.9 - Extração de proteínas

Para a extração de proteínas solúveis, 100 mg de tecidos foram macerados em

nitrogênio líquido com o auxílio de um gral e pistilo. O conteúdo macerado foi colocado em

eppendorf e, em seguida, adicionou-se 500 μL de tampão de extração (Tris-HCl 25 mM pH

7,5) contendo 20 μL de PIC ( coquetel inibidor de proteases, Sigma-Aldrich). A mistura foi

homogeneizada em vortex por 5 minutos, seguido de sonicação (Sonifer 250 Branson) por 5

ciclos de 20 pulsos em banho de gelo. A suspensão resultante foi centrifugada a 4°C e

100.000 x g por 1 hora em centrifuga Sorvall 5C. O sobrenadante, referente à fração solúvel,

foi recuperado e o sedimento contendo membranas, armazenado a -80°C. Uma alíquota de 50

μL do sobrenadante foi armazenada para dosagem de proteínas totais.

Após a recuperação do sobrenadante, o mesmo foi colocado em um tubo tipo Falcon

de 15 mL para a precipitação das proteínas com ácido tricloroacético (TCA) e acetona. Para

cada 1 ml de sobrenadante foram adicionados 8 mL de acetona P.A gelada e 1 mL de solução

de ácido tricloroacético (TCA) 100%. A mistura foi homogeneizada e deixada durante a noite

em freezer a -20°C para precipitação das proteínas. Após a precipitação, a mistura foi

centrifugada a 46.000 x g por 30 minutos a 4°C em centrifuga Sorvall 5C. O precipitado foi

ressuspendido e lavado por 2 vezes com 500 μL de acetona gelada e novamente centrifugado

a 4°C e 46.000 x g por 30 minutos. O precipitado de proteínas foi deixado à temperatura

ambiente para evaporação total da acetona. Finalmente, o precipitado foi ressuspendido em

22

200 μL de tampão de reidratação (uréia 7 M; tiouréia 2 M; CHAPS (3-[(3-Cholamidopropil)

dimetilamônio]-1- propanosulfonato) 4%; azul de bromofenol 0.002%), Figura 8.

Figura 8: Diagrama esquemático para obtenção de proteínas solúveis.

3.10 – Eletroforese unidimensional (1D SDS-PAGE)

Anteriormente à confecção dos géis unidimensionais, fez-se a dosagem de proteínas

solúveis, obtidas conforme o item 3.9. pra esta dosagem foi utilizando o kit BCA protein assay

(Thermo scientific). O extrato proteico da fração citosólica de cada órgão, foi analisado por

meio de eletroforese em gel de poliacrilamida em condições desnaturantes (10% SDS-PAGE)

conforme descrito por Laemmli, UK 1970. Para o preparo da amostra a ser analisada, cerca de

30 μg de proteínas foram desnaturados em 10 μL de tampão da amostra (Tris-HCl 0.125 M

23

pH 6.8; SDS 4%; glicerol 20%; azul de bromofenol 0,002%). As amostras foram fervidas em

banho-maria por 5 minutos, e, em seguida, aplicadas no gel. A eletroforese ocorreu a 200 V e

20 mA durante aproximadamente 1,5 horas. Utilizou-se solução de Coomassie Brilliant Blue

G 250 (Coomassie Brilliant Blue G 250 2%; etanol 40%; ácido acético 7%) para coloração do

gel durante 2 horas. O gel foi descorado em solução A (etanol 40%, ácido acético 7%) por 30

minutos e, em seguida, em solução B (etanol 10%, ácido acético 7%) durante a noite. As

imagens dos géis foram obtidas através do scanner ImageScanner III (GE healthcare). A

análise densitométrica, utilizando-se de canaletas referências contendo 30 g de proteínas

citossólicas, foi realizada com o auxílio do software Quantity One, versão 4.6.9 – Bio Rad.

Esta análise foi utilizada para se igualar a quantidade total de proteínas obtidas dos animais

controles e infectados e posterior confecção das réplicas técnicas nos géis bidimensionais.

3.11 - Eletroforese bidimensional (2-D SDS-PAGE)

Para a confecção de géis bidimensionais 300 μg de proteínas citosólicas foram

solubilizadas em tampão de reidratação contendo DTT a 1% e anfólitos pH 3-10 ou 4-7 0,8%.

As amostras foram acondicionadas em sarcófagos (Strip Holder 7 cm, GE Healthcare) para a

incorporação das proteínas no gel de primeira dimensão (Immobiline DryStrip Gels 7cm; pH

3-10 ou pH 4-7, Linear,GE Healthcare). A etapa de isoeletrofocalização (IEF) ocorreu à

temperatura de 20°C a 50 μA/gel no equipamento Ettan IPGphor III (GE Healthcare) de

acordo com o seguinte protocolo: reidratação por 12 horas; 300V durante 30 minutos; 1000V

por 30 minutos e 8000V por 3 horas. Após a focalização isoelétrica, as proteínas presentes nos

géis de primeira dimensão foram submetidas à redução com 1% de DTT em solução de

equilíbrio (uréia 6M; Tris-HCl pH 8.8 1.5M; glicerol 30%; SDS 2%; azul de bromofenol 1%)

e, em seguida, alquiladas com iodoacetamida (IAA) a 4% em solução de equilíbrio.

Para a separação das proteínas por massa molecular (segunda dimensão) utilizou-se

gel de acrilamida/bisacrilamida a 10%. O gel de primeira dimensão foi posicionado e

posteriormente fixado no gel de segunda dimensão com solução de agarose 1% a quente em

tampão de eletroforese. A eletroforese ocorreu nas seguintes condições: 200 V e 20 mA/gel

durante aproximadamente 1,5 horas. Para corar o gel foi utilizado solução de Coomassie Blue

G 250. Após 2 horas de coloração o gel foi descorado em solução A (etanol 40%, ácido

acético 7%) por 30 minutos e, em seguida, em solução B (etanol 10%, ácido acético 7%)

durante a noite. As imagens dos géis foram obtidas através do scanner ImageScanner III (GE

24

healthcare) e sobrepostas através do software 2-D Evolution v.2005, (GE healthcare). A

Figura 9 mostra uma representação das etapas de confecção dos géis bidimensionais.

Figura 9: Ilustração das etapas de produção do gel bidimensional (2-DE). Extratos citosólicos, obtidos de

fígado e baço de animais controle e infectados, foram adsorvidos em géis de primeira dimensão 7cm (pH3-10/4-

7) por 12 horas. Os géis reidratados foram isoeletrofocalizados no aparelho Ettan IPGphor III e as proteínas

posteriormente reduzidas e alquiladas com DTT 1% e IAA 4%, respectivamente. A segunda dimensão ocorreu

em géis de poliacrilamida 10%. Após coloração dos géis a análise de expressão diferencial foi realizada com

auxílio do software 2-D Evolution v.2005 – Non Linear Dynamics.

25

3.12 – Digestão in gel e preparo de amostras para espectrometria de massas

Após a obtenção dos géis bidimensionais, os spots de interesse (proteínas

diferencialmente presentes nos grupos controle e infectados) foram excisados e transferidos

para eppendorfs de 1,5 ml contendo 300 μL de solução descorante (etanol 40%; ácido acético

7%) e mantidas a 37°C até a completa descoloração. A solução descorante foi retirada e os

spots lavados com 500 μL de água milli-Q para remover o excesso de solução descorante.

Em seguida, os spots foram novamente lavados e desidratados por 3 vezes durante 5 min em

300 μL de solução 20 mM NH4HCO3 / Acetonitrila (ACN) 50%.

A desidratação completa dos spots ocorreu em speed vaccum durante 30 minutos. Os

spots foram reidratados com cerca de 15 μL de solução de tripsina a 0,1 μg/ μL em solução 20

mM NH4HCO3. Após 20 minutos, o excesso de solução de tripsina foi retirado e os spots

recobertos com cerca de 40 μl de solução NH4HCO3 a 20mM. A tripsinólise ocorreu a 37°C

por 24 horas. O sobrenadante de reação contendo os peptídeos trípticos foi recuperado e

transferido para um novo tubo. Para a extração dos peptídeos presentes no interior dos spots

adicionou-se ao tubo cerca de 30 μL de ácido trifluoracético (TFA) 2% / ACN 50% e o

sobrenadante recuperado após 30 minutos à temperatura ambiente. Os sobrenadantes

contendo os peptídeos de cada spot foram combinados e secos em speed vaccum. As amostras

foram mantidas a 4°C para posterior análise por espectrometria de massas. A Figura 10

ilustra as principais etapas associadas ao processo de digestão in gel.

26

3.13 – Identificação das proteínas por espectrometria de massas

3.13 – Identificação por espectrometria de massas

Os peptídeos provenientes de cada digestão in gel descrita no item 3.12, foram

analisados no Setor de Espectrometria de Massas do Centro Nacional de Pesquisa em

Energia e Materiais – ABTLuS), Campinas – SP. Inicialmente, os peptídeos foram

resusspensos em 12 L de ácido fórmico 0.1% e cerca de 4 L submetidos à pré-coluna

nanoAcqutiy Symmetry C18, 5 µm (180 µm x 20 mm, Waters) acoplada ao sistema

nanoAcquity UPLC (Waters) utilizando ácido fórmico a 0.1% (v/v) a um fluxo de 10

L/min. A pré-coluna foi lavada durante 5 min e, em seguida, o fluxo foi direcionado para a

coluna capilar nanoAcquity BEH130 1.7 µm C18 (75 m x 250 mm, Waters). A separação

dos peptídeos nesta coluna ocorreu a partir da utilização de dois solventes, solvente A –

0.1% ácido fórmico e solvente B – 100% ACN/0.1% ácido fórmico. O fluxo para a coluna

capilar foi de 300 nL/min, a temperatura da coluna ajustada para 60°C e o perfil do gradiente

estabelecido segundo as condições: 5% solvente B por 2 min, seguido por um gradiente

Figura 10: Etapas do processo de digestão in gel. Bandas de interesse dos géis controle e infectados são

excisadas e colocadas em solução descorante até total descoloração. Em seguida são lavadas com tampão

AMBIC, desidratadas em speed vaccum e novamente hidratadas em tampão AMBIC contendo tripsina. A

digestão com tripsina ocorreu por 24 horas a 37°C. Posteriormente os peptídeos trípticos são recuperados e

secados em speed vaccum.

27

linear até 35% solvente B durante 20 min. Finalmente, lavou-se a coluna utilizando 95%

solvente B por 2.5 min.

O sistema de nanocromatografia citado acima interfaceado com o espectrômetro Q-Tof

Ultima (Micromass – Waters) contendo uma fonte de nano-electrospray, constituíram o

equipamento utilizado para a detecção e fragmentação dos peptídeos. Espectros MS e

MS/MS foram adquiridos utilizando o modo AutoMSMS. Os parâmetros de espectrometria

de massas para o modo MS incluíram: voltagem do íon “spray” 1500 V, gás de secagem a

6L/min, temperatura do gás de secagem 160°C, faixa de aquisição m/z 50-2.200. No modo

AutoMSMS as condições foram as seguintes: dissociação induzida por colisão com gás N2 ,

faixa de aquisição m/z 350-1.400, carga dos íons selecionados para fragmentação +2, +3 e

+4 e exclusão de íons com carga +1.

Dados obtidos a partir dos espectros MS/MS foram submetidos à busca de identidade

utilizando uma cópia local do programa Mascot (Matrix Science Ltd., version 2.1). Os

bancos de dados utilizados foram o NCBInr (15270974 sequencias; 5234858139 resíduos) e

o NCBI_Mus musculus (139814 sequencias). As buscas levaram em consideração os

seguintes critérios: enzima – Tripsina; modificação fixa – carbamidometilação (C);

modificação variável – oxidação (M); tolerância para íon precursor - 10 ppm; tolerância para

íons provenientes de fragmentação - 0.1 Da. Considerou-se uma taxa de falsos positivos

(FDR) de 2% e os peptídeos que apresentaram expect value ≤ 0.05 foram considerados

identificações significativas. Figura 11.

28

Figura 11: Delineamento experimental ilustrando a identificação dos peptídeos obtidos por digestão in

gel. Após a obtenção dos peptídeos por digestão in gel, estes foram ressuspendidos em ácido fórmico 0.1% e

posteriormente separados por nano- UPLC, interfaceado ao espectrômetro de massas Q-Tof Ultima

(Micromass). Os dados de MS/MS foram submetidos à busca de identidade nos bancos NCBInr e Mus

Musculus.

4-Resultados

30

4 – Resultados

4.1 – Exame parasitológico de fezes - acompanhamento da ovoposição nos animais

infectados

O gráfico representado na Figura 12 mostra o número médio de ovos de S. mansoni

presentes no sedimento de fezes após 35º, 40º, 45º e 50º dias de infecção. Os resultados dos

exames demonstraram que entre o 35º e 40º dia após a infecção o número de ovos presentes

nas fezes é significativamente menor em comparação com a ovoposição observada no período

entre o 45º e o 50º dia. Este resultado, embora não exatamente quantitativo, serviu para a

definição de dois grupos experimentais distintos para a posterior análise de biomarcadores

teciduais associados com a infecção. A partir do 45º dia o número médio de ovos depositados

nos tecidos aumenta consideravelmente caracterizando a fase crônica da doença no modelo

murino.

Figura 12: Gráfico demonstrando a evolução da ovoposição

nos animais infectados entre o 35º e o 50º dia de infecção.

Para as análises estatísticas utilizou-se o número médio de

ovos presentes em 300 mg de fezes de 5 animais. As triplicatas

das lâminas foram analisadas no software Prism versão 5.0

utilizando Student´s t-test pareado.

35 d

ias

40 d

ias

45 d

ias

50 d

ias

0

10

20

30

40

mero

de o

vo

s p

or l

âm

ina

**

*

31

4.2 – Avaliação de esplenomegalia e hepatomegalia nos animais dos grupos I e II

A Figura 13 demonstra as alterações indicativas de hepatoesplenomegalia nos animais

infectados em comparação com os animais controles para os dois grupos avaliados. No

gráfico (A) podemos observar um significativo aumento do baço nos animais com 5 semanas

de infecção, período no qual o peso do órgão aumenta 100% em relação ao baço de animais

controles. No gráfico (B) observa-se um aumento discreto do fígado para estes animais. Para

os animais com 7 semanas de infecção foram observados aumentos significativos de baço e

fígado, gráficos (C) e (D). Nestes animais observou-se aumento de até quatro vezes para o

baço e de até duas vezes para o fígado em relação ao peso dos órgãos nos animais controles.

Neste período a hepatoesplenomegalia característica da esquistossomose está bem definida o

que contribuiu para a definição de fase crônica da doença nos animais infectados. As análises

estatísticas foram realizadas utilizando Student´s t-test não pareado, através do software Prism

versão 5.0.

Figura 13: Relação peso do órgão e peso corporal dos grupos I e II. (A) % Baço/Corpo grupo I (B) %

Fígado/Corpo grupo I (C) % Baço/Corpo grupo II (D) % Fígado/Corpo grupo II. As análises estatísticas foram

realizadas através do software Prism versão 5.0, utilizando-se Student´s t-test não pareado. * p≤ 0.05 *** p≤

0.001.

*

***

***

***

32

4.3 – Análises hematológicas e dosagens bioquímicas

Amostras de sangue, dos animais do grupo I e do grupo II, foram coletadas através de

punção cardíaca e avaliadas quanto às alterações do número de células sanguíneas, através de

contagem global e diferencial de leucócitos. Os dados representados na Figura 14 mostram

que não houve alterações significativas na contagem global de leucócitos dos animais com 5

semanas de infecção, no entanto, a avaliação da leucometria diferencial deste grupo

demonstrou eosinofilia nos animais infectados, Figura 14E. No grupo de animais com 7

semanas de infecção, não foram observadas diferenças estatísticas nas análises de leucócitos

globais, porém a contagem diferencial revelou uma diminuição significativa de eosinófilos,

caracterizando eosinopenia associada à infecção crônica, Figura 15E.

33

*

Figura 14: Análise global e diferencial de leucócitos do grupo I com 5 semanas de infecção. (A)

Leucócitos globais (B) % de Monócitos (C) % de Linfócitos (D) % de Segmentados (E) % de

Eosinófilos. As análises estatísticas foram realizadas através do software Prism versão 5.0, utilizando-se

Student´s t-test não pareado. * p≤ 0.05.

34

*

Figura 15: Análise global e diferencial de leucócitos do grupo II com 7 semanas de infecção. (A)

Leucócitos globais (B) % de Monócitos (C) % de Linfócitos (D) % de Segmentados (E) % de

Eosinófilos. As análises estatísticas foram realizadas através do software Prism versão 5.0, utilizando-

se Student´s t-test não pareado. * p≤ 0.05.

35

As amostras de sangue recolhidas dos animais dos grupos I e II, também foram

utilizadas para avaliação de marcadores clássicos de dano tecidual, especificamente dosagem

de atividade de ALT e AST e concentração de albumina sérica. Na Tabela 4 podemos

observar as alterações das enzimas transaminases e alterações no nível de albumina sérica ao

longo da infecção. Os resultados das avaliações bioquímicas demonstraram diminuição nos

níveis das enzimas transaminases ALT e AST, entre os animais infectados e controles do

grupo I e do grupo II. A razão ALT/AST teve um aumento em torno de 50% comparando os

animais infectados dos dois grupos. A princípio esta razão poderia indicar aumento dos níveis

de ALT a partir da 5 semana de infecção, demonstrando a severidade do dano hepático. No

entanto, os valores absolutos de atividade enzimática demonstraram que os níveis de ALT

permaneceram sem grandes alterações enquanto os níveis de AST diminuíram o que

contribuiu para o aumento da razão ALT/AST. Por outro lado, os níveis séricos de albumina

diminuíram em relação ao controle nos animais com 5 semanas de infecção e,

significativamente, nos animais com 7 semanas de infecção, demonstrando o

comprometimento da função hepática associado à fase crônica da esquistossomose.

Grupo I a

(5 semanas de infecção)

Grupo II b

(7 semanas de infecção)

Controle Infectado Controle Infectado

ALT (U/L) 392,9 203,5 202,5±72,0 150,1±2,4

AST (U/L) 757,9 653,1 511,2±139,6 260,7±17,4

ALT/AST 0,52 0,31 0,40 0,58

ALB (g/dL) 3,76 3,56 3,86±0,11 2,93±0,11**

Tabela 4: Tabela de dosagens bioquímicas

a- Para os animais do grupo I, os dados mostrados correspondem a dosagens de apenas um pool

proveniente de 3 animais. b- para o grupo II foram feitas analises estatísticas utilizando triplicatas

de pools provenientes de 3 animais, Student´s t-test. **

p≤0.01.

36

4.4 – Análises histológicas de fígado e baço

As secções de fígado e baço provenientes dos animais dos grupos I e II foram

mantidas em formol, posteriormente incluídas em parafina e processadas para histologia

conforme descrito no item 3.8. A tríade portal (ramo da veia porta; ramo da artéria hepática e

ducto biliar) e a veia centro-lobular, de animais controles dos grupos I e II, estão mostradas

nas Figuras 16A/16B, respectivamente. Observou-se aspecto histológico hepático normal

nestes animais. As Figuras 16C/16D demonstraram respectivamente, inflamação moderada

perivascular presente nos animais infectados do grupo I e acentuado processo inflamatório

perivascular nos animais infectados do grupo II. A seção demonstrada na Figura 16E ilustra a

presença de vermes pareados em corte transversal nos animais com 5 semanas de infecção.

Observa-se nítido aumento de diâmetro no ramo da veia porta nestes animais e inflamação

moderada perivascular. A Figura 16F indica a presença de ovos imaturos no parênquima

hepático dos animais com 5 semanas de infecção, no entanto, observa-se discreta inflamação

granulomatosa ao redor dos ovos. Por outro lado, após 7 semanas de infecção os ovos

presentes no parênquima hepático, aparentam desenvolvimento completo, e estão circundados

por intensa inflamação granulomatosa, Figura 16G. Utilizando-se do método de coloração

Tricômico de Masson foi possível visualizar deposição de colágeno associada ao processo de

fibrose instalado para a resolução dos granulomas, Figura 16H. Avaliações quantitativas do

número de células inflamatórias da região perivascular dos animais infectados mostraram que

entre 5 e 7 semanas de infecção houve um aumento de 100% no número de células

inflamatórias, Figura 17.

37

Figura 16: Fotomicrografias de fígado de camundongos infectados com Schistosoma

mansoni e necropsiados com 5 e 7 semanas após a infecção. (A) aspecto histológico normal

de camundongos controles do grupo I, evidenciando os componentes da tríade portal (asterisco)

e veia centro-lobular (seta); (B) aspecto histológico normal de camundongos controles do grupo

II, evidenciando os componentes da tríade portal (asterisco) e veia centro-lobular (setas); (C)

camundongos infectados do grupo I necropsiados após 5 semanas de infecção, apresentando

discreto infiltrado inflamatório perivascular (asterisco); (D) camundongos infectados do grupo

II necropsiados após 7 semanas de infecção, evidenciando acentuado infiltrado inflamatório

perivascular (asterisco); (E) presença de helmintos na veia da tríade portal (seta); (F) ovos no

parênquima hepático de um animal infectado do grupo I, necropsiados após 5 semanas de

infecção (cabeça da seta); (G) ovos isolados por inflamação granulomatosa, presente em um

animal infectado do grupo II, necropsiados após 7 semanas de infecção (seta); (H) presença de

granulomas fibrosados no parênquima hepático de um animal infectado do grupo II,

necropsiados após 7 semanas de infecção (cabeça de seta). Coloração por Hematoxilina-Eosina

(A-G); Coloração Tricrômico de Masson (H). Barra=100µm.

38

O aspecto histológico normal do baço de animais controles dos grupos I e II está

demonstrado, respectivamente nas Figuras 18A/18C. Observa-se a polpa branca organizada

em folículos nodulares não estimulados e a distribuição celular da polpa vermelha apresenta

aspecto histológico normal. Nos animais do grupo I, com 5 semanas de infecção, os nódulos

foliculares apresentaram-se hipertróficos, com aparecimento de centros germinativos

constituídos de macrófagos e linfócitos, Figura 18B. Os animais do grupo II, com 7 semanas

de infecção, apresentaram hiperplasia de polpa branca e aumento acentuado de linfócitos e de

células fagocitárias na região de polpa vermelha, Figura 18D. A medida da área nodular do

baço, revelou aumento de 100% nos animais com 5 semanas de infecção, Figura 19. Para os

animais com 7 semanas de infecção, não foi obtida a área nodular, devido à intensa

hiperplasia do órgão, a qual dificultou a delimitação exata do nódulo.

***

Figura 17: Gráfico comparativo do

número de células inflamatórias na

região perivascular do fígado entre

os animais infectados do grupo I e

grupo II.

39

Figura 18: Fotomicrografias de baço de camundongos infectados com Schistosoma

mansoni e necropsiados com 5 e 7 semanas após a infecção. (A) aspecto histológico

normal de camundongos controles do grupo I, evidenciando a organização nodular da polpa

branca (circulado), distribuída entre as células da polpa vermelha (asterisco); (B) hipertrofia

nodular com hiperplasia das células da polpa branca restrita à região folicular em

camundongos infectados do grupo I, necropsiados após 5 semanas de infecção. (C) aspecto

histológico normal de camundongos controles do grupo II, necropsiados após 7 semanas de

infecção, evidenciando a organização nodular da polpa branca (circulado) distribuída entre

as células da polpa vermelha (asterisco); (D) hiperplasia das células da polpa branca

extrapolando a região nodular, com perda de arquitetura esplênica, em camundongos do

grupo II, necropsiados após 7 semanas de infecção. (A-D) Hematoxilina-Eosina.

Barra=100µm

Figura 19: Gráfico comparando

a área nodular no baço entre os

animais controles e infectados

do grupo I.

Infectado

Controle

*

40

4.5 – Análise proteômica comparativa de fígado e baço dos animais dos grupos I e II

Cerca de 100 mg de baço e fígado foram utilizados para extração de proteínas solúveis

conforme descrito no item 3.9. Alíquotas destas preparações foram utilizadas para

determinação do conteúdo proteico utilizando o método BCA protein assay (Thermo

scientific). Concentrações de proteínas solúveis de animais representantes dos diferentes

grupos estão indicadas na Tabela 5, a seguir.

Fígado Baço

Grupo I Grupo II Grupo I Grupo II

Controle 4,22 µg/µl 3,36 µg/µl 5,59 µg/µl 6,55 µg/µl

Infectado 7,99 µg/µl 5,04 µg/µl 4,46 µg/µl 4,97 µg/µl

4.6 – Perfil eletroforético unidimensional e análise densitométrica

As frações proteicas obtidas foram inicialmente analisadas em géis de poliacrilamida

unidimensionais (1D SDS-PAGE) para avaliação de integridade e perfil de bandeamento

antes e após a etapa de precipitação por TCA/Acetona. Na Figura 20 observa-se a presença

de proteínas em ampla faixa de massa molecular sugerindo efetiva inibição proteolítica

durante o preparo da amostra. Além disso, a precipitação não alterou o perfil eletroforético

das proteínas solúveis de fígado e baço e provavelmente eliminou de maneira satisfatória a

presença de ácidos nucleicos, sais e lipídeos. Contudo, como a solubilização das proteínas

precipitadas diretamente no tampão de reidratação dificulta análises precisas de conteúdo

proteico, optou-se por realizar densitometria em gel 1D utilizando-se de quantidade conhecida

de suas respectivas frações solúveis não precipitadas. Desta maneira, foi possível igualar as

quantidades de proteínas presentes nos géis bidimensionais de animais controles e infectados

nos dois grupos.

Tabela 5: Dosagens de proteínas solúveis de fígado e de baço

41

4.7 – Perfil proteico em eletroforese bidimensional (SDS-PAGE) da fração solúvel de

fígado

Géis bidimensionais confeccionados com proteínas solúveis de fígado dos animais

com 5 e 7 semanas de infecção, foram corados por Coomassie brilliant blue G250 e

analisados com auxílio do software 2-D Evolution v.2005, para posterior comparação com

seus respectivos géis controles. Uma análise global revelou alterações pouco evidentes entre o

proteoma solúvel dos animais controles (A) e infectados (B) por 5 semanas, Figura 21.

Entretanto a análise de bandas específicas destes animais, após sobreposição dos géis,

demonstrou diferenças significativas de expressão entre animais controles e infectados

Tabela 6. Por outro lado, o perfil eletroforético bidimensional de fígado dos animais com 7

semanas de infecção, revelou nítidas alterações na abundância de proteínas compartilhadas

por animais controles (A) e infectados (B), Figura 22 e Tabela 6.

A Figura 23 mostra o perfil eletroforético bidimensional de fígado, em pH 4-7, dos

animais com 7 semanas de infecção. Esta faixa estreita de pH proporcionou uma melhor

resolução das proteínas realçando as alterações no nível de expressão de proteínas neste grupo

de animais. Os spots, diferencialmente presentes nos géis confeccionados, foram excisados e

submetidos ao processo de digestão in gel utilizando tripsina. Posteriormente os peptídeos

provenientes da digestão foram identificados por espectrometria de massas. Dos 74 spots de

interesse procedentes de cinco pares de géis réplicas de fígado (pH 3-10 e pH 4-7), foram

Figura 20: Perfil eletroforético representativo

de proteínas citosólicas de fígado e baço. FS –

Fração solúvel. FP – Fração precipitada. Alíquotas

contendo cerca de 30 μg de proteínas foram

separadas em gel SDS-PAGE 10%. Coloração por

Comassie brilliant blue G250.

42

selecionadas pelo menos 14 proteínas que apresentaram alterações de expressão comuns aos

animais de 5 e 7 semanas de infecção, Tabela 6. O aumento do poder de resolução dos géis

com o emprego do pH 4-7 não impediu com que houvesse confluência de bandas para

proteínas com massa molecular e ponto isoelétrico semelhantes. Isto resultou, na maioria dos

casos, na identificação de mais de uma proteína por spot. Contudo, a utilização da abordagem

LC-MS/MS permitiu através do parâmetro de abundância relativa, (emPAI- Exponentially

modified protein abundance index), identificar o componente de maior abundância, o qual

constitui o foco de investigação neste trabalho.

Dentre as 14 proteínas selecionadas, cinco proteínas são chaperoninas envolvidas com

estresse no retículo endoplasmático, spots 2, 3, 4, 8 e 9; duas proteínas de transporte, spots 5 e

6; duas proteínas anti-oxidantes, spots 11 e 12; uma proteína do ciclo da uréia, spot 1; uma

proteína metil-transferase, spot 10 e uma proteína de via glicolítica, spot 14, Tabela 6.

Algumas isoformas de proteínas também foram encontradas com alteração em sua expressão

nos animais infectados, como é o caso da transferrina spot 7 e anidrase carbônica spot 13.

Entre as proteínas confluentes identificadas, uma classe de proteínas estruturais chamou a

atenção, as citoqueratinas. Alterações no citoesqueleto são descritas em algumas hepatopatias,

e a presença de citoqueratinas nas mais variadas faixas de pH e massa molecular sugerem

intensa modificação pós-traducional. As chaperoninas juntamente com as proteínas

transferrina e triose-fosfato isomerase apresentaram aumento de abundância nos animais

infectados. Este aumento chegou a mais de 100% no caso das chaperoninas e mais de 200%

para a transferrina. Outras proteínas como a carbamoil fosfato sintetase I, albumina,

indoletilamina n-metiltransferase, peroxiredoxina 6 e anidrase carbônica, apresentaram

diminuição de abundância nos animais infectados, com redução de 90%; no caso da

indoletilamina n-metiltransferase e anidrase carbônica III a redução chegou a 91% e 88%

respectivamente,Tabela 6 - (vide tabela suplementar 1, em anexos).

Figura 21: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de fígado de animais do grupo I (5 semanas de infecção). A) animais controles. B) animais

infectados. Géis de poliacrilamida 10%, pH 3-10 SDS-PAGE, com aproximadamente 300 μg de proteínas. Spots vermelhos: Aumento em relação ao controle. Spots

azuis: Diminuição em relação ao controle.

43

Figura 22: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de fígado de animais do grupo II (7 semanas de infecção). A) animais controles. B) animais

infectados. Géis de poliacrilamida 10%, pH 3-10 SDS-PAGE, com aproximadamente 300 μg de proteínas. Spots vermelhos: Aumento em relação ao controle. Spots

azuis: Diminuição em relação ao controle.

44

Figura 23: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de fígado de animais do grupo II (7 semanas de infecção). A) animais controles. B) animais

infectados. Géis de poliacrilamida 10%, pH 4-7 SDS-PAGE, com aproximadamente 300 μg de proteínas. Spots vermelhos: Aumento em relação ao controle. Spots

azuis: Diminuição em relação ao controle.

45

Spot e Proteína

d No. de

acesso (gi)

emPAI pI Massa

(kDa)

Função 5 semanas

de infecção

7 semanas

de infecção

Referênciaa c

1

Carbamoil Fosfato Sintetase I (CPSase I)

- Citoqueratina-8 (CQ-8)

124248512

52789

0.34

0.06

6.48

5.70

164.61

54.56

CUR

EST

-0,24 - 0.57* - 2.6

2 Proteína reguladora de glicose 94 kDa (GRP-94)

-Calreticulina (ERp-60)

6755863

6680836

1.07

0.07

4.74

4.33

92.47

48.14

CHP/re

CHP/re

+1.11* + 0.65

sr

3 Proteína reguladora de glicose 78kDa (GRP-78)

-Proteína de choque térmico 70 kDa 1A (HSP-70.3)

-Gama glutamil trasferase

1304157

193983

201941

0.86

0.10

0.04

5.07

5.52

4.98

72.42

70.07

78.33

CHP/re

CHP/ct

ACT

+0.49**

+0,79* + 3.9

4 Proteína de choque térmico 71 kDa (HSP-71)

-Albumina

-Proteína reguladora de glicose 75kDa (GRP-75)

13242237

191765

14917005

1.70

0.07

0.04

5.37

5.75

5.91

70.87

68.69

73.52

CHP/ct

TRP

CHP/ct

+0.18 +0,43* + 4.6

5 Albumina - Superóxido dismutase Cu/Zn

26340966

226471

0.98

0.21

5.75

6.02

68.69

15.94

TRP

ATO

- 0.46**

-0.10 - 2.1

6

Transferrina -Triose-fosfato isomerase (TIM)

14250269

54855

0.72

0.12

6.94

5.56

76.73

32.19

TRP

GLC

sv +2.14* + 3.6

7 Transferrina 14250269 0.72 6.94 76.73 TRP +0.62* +2.25

* + 4.2

8 Calreticulina (ERp-60) 6680836 1.07 4.33 48.14 CHP/re +0.08 +0,74* + 2.9

9 Dissulfeto isomerase 54777 1.58 4.77 57.06 CHP/re +0.33**

+1.24 +2.2

10 Indoletilamina N-metiltransferase 6678281 1.31 6.00 29.46 MTR -0.94***

-0,91***

sr

11 Peroxiredoxina-6 -Indoletilamina N-metiltransferase

- Citoqueratina-8 (CQ-8)

-Citoqueratina-1(CQ-1)

-Exportina 1

-Metilmalonil-CoA mutase.

3219774

6678281

52789

4159806

15126703

53151

1.12

0.23

0.06

0.05

0.05

0.04

5.71

6.00

5.70

8.39

5.58

6.45

24.87

29.46

54.56

65.60

64.38

82.84

ATO

MTR

EST

EST

TRP

MTE

-0.45* -0,86

** - 6.1

Tabela 6: Proteínas de fígado identificadas por espectrometria de massas

a b a b

46

Spot e Proteínad No. de

acesso (gi)

emPAI pI Massa

(kDa)

Função 5 semanas

de infecção

7 semanas

de infecção

Referênciaa c

12 Anidrase carbônica III -Enoil-CoA hidratase.

-Citoqueratina -2 (CQ-2)

31982861

12805413

85701680

1.34

0.22

0.05

6.89

8.76

8.68

29.36

31.47

63.31

ATO

MTE

EST

-0,52**

-0,88**

- 5.6

13 Anidrase carbônica III

- Citoqueratina-8 ( CQ-8)

- Citoqueratina-1(CQ-1)

31982861

52789

4159806

2.59

0.06

0.05

6.89

5.70

8.39

24.06

54.56

65.60

ATO

EST

EST

-0,28* -0,84

*** - 5.8

14 Triose-fosfato isomerase (TIM)

-Imunoglobulina cadeia leve

-Ribonucleoproteína heterogênea A2/B1

-Ribonucleoproteína heterogênea A3 isoforma A

54855

110434

3329498

31559916

1.26

0.47

0.30

0.08

5.56

7.06

8.97

9.10

32.19

24.49

37.40

39.65

GLC

IMG

TRD

MPT

+0,88**

+0,44* - 2.3

CUR- ciclo da uréia; GLC- glicólise; ACT- acetiltransferase.; TRP- Transporte; MTE- metabolismo energético; IMG- imunoglobulina; TRD- tradução; MTR- metil-transferase;

CHP/mt- chaperona de mitocôndria; CHP/ct- chaperona de citosol; CHP/re- chaperona de retículo endoplasmático; ATO- anti-oxidante; EST- estrutural. a (– diminuição na expressão em relação ao controle; + aumento na expressão em relação ao controle).

b(razão entre o volume do spot no animal infectado e o volume do spot no animal controle).

c (referência de alterações na abundância de proteínas em camundongos CBA/J infectados com 45 cercárias de S. mansoni, com 12 semanas de infecção).

d (classificação das proteína identificadas por spot de acordo com o índice emPAI).

e (Numeração dos spots nos géis bidimensionais).

sv (sem variação).

sr (sem referência).

* p< 0.05

** p< 0.01

*** p< 0.001.

a b a b

47

48

4.8 – Perfil proteico em eletroforese bidimensional (SDS-PAGE) da fração solúvel do

baço

Géis bidimensionais de proteínas de baço dos animais com 5 e 7 semanas de infecção,

também foram confeccionados no intuito de avaliar as diferenças no proteoma solúvel dos

animais controles e infectados. Os géis foram corados por Coomassie brilliant blue G250 e

analisados com auxílio do software 2-D Evolution v.2005. A Figura 24 mostra o perfil

eletroforético bidimensional do baço dos animais com 5 semanas de infecção. Uma análise

global destes géis demonstrou significativas alterações na expressão de algumas proteínas

entre os animais controles (A) e infectados (B). A quantificação destas alterações de

abundância pode ser vista na Tabela 7. O perfil eletroforético da fração solúvel de baço dos

animais com 7 semanas de infecção é representado pela Figura 25. Estes géis nos mostra que

as alterações presentes nos animais com 5 semanas de infecção, se mantiveram nos animais

com 7 semanas de infecção, porém com um aumento na abundância de proteínas muito mais

significativo, Tabela 7. Em geral as proteínas de baço identificadas com alterações de

expressão, tiveram aumento nos animais com 5 e 7 semanas de infecção.

Dos 60 spots de interesse procedentes de três pares de géis réplicas de baço (pH 3-10),

foram selecionados pelo menos 7 proteínas que apresentaram alterações de expressão comuns

aos animais de 5 e 7 semanas de infecção, Tabela 7 – (vide tabela suplementar 2, em anexos).

Das 7 proteínas selecionadas, três proteínas são de via glicolítica, spots 3, 4 e 5; uma proteína

chaperona de retículo endoplasmático, spot 1; uma proteína de síntese proteica, spot 6 e uma

proteína de metabolismo energético, spot 7. Confluências de proteínas também foram

observadas nos géis bidimensionais de fração solúvel de baço, sendo as citoqueratinas o grupo

de proteínas confluentes com maior predominância. Algumas proteínas solúveis de baço

tiveram um aumento de mais de 600%, como é o caso da gliceraldeído 3 fosfato

desidrogenase e do fator de alongamento (EF-Tu), o qual aumentou cerca de 800% nos

animais com 7 semanas de infecção.

.

Figura 24: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de baço de animais do grupo I (5 semanas de infecção). A) animais controles. B) animais

infectados. Géis de poliacrilamida 10%, pH 3-10 SDS-PAGE, com aproximadamente 300 μg de proteínas.

49

Figura 25: Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de baço de animais do grupo II (7 semanas de infecção). A) animais controles. B) animais

infectados. Géis de poliacrilamida 10%, pH 3-10 SDS-PAGE, com aproximadamente 300 μg de proteínas.

50

Spot e Proteína

c No. de

acesso(gi)

emPAI pI Massa

(kDa)

Função 5 semanas

de infecção

7 semanas

de infecção

Referência

1 Calreticulina precursor

- Citoqueratina-8(CQ-8)

74200069

52789

2.05

0.06

4.57

5.70

47.99

54.56

CHP/re

EST

+0.18 +2.33

** sr

2 Calreticulina (ERp-60)

- Citoqueratina-10 (CQ-10)

- Citoqueratina-8 (CQ-8)

- Citoqueratina-42 (CQ-42)

- Citoqueratina-1(CQ-1)

- Citoqueratina-2 (CQ-2)

6680836

387397

52789

38503465

4159806

85701680

0.30

0.18

0.13

0.12

0.05

0.05

4.33

5.04

5.70

5.09

8.39

8.68

42.19

57.76

54.56

50.13

65.60

63.31

CHP/re

EST

EST

EST

EST

EST

sv +1.84* sr

3 Fosfoglicerato quinase 1

- Argininosuccinato sintetase

- Citoqueratina-8(CQ-8)

202423

6996911

52789

1.34

0.23

0.11

8.02

8.36

5.70

44.55

46.58

54.56

GLC

MTE

EST

+0.68 +1.97* sr

4 Frutose-bifosfato Aldolase A 7548322 0.70 8.30 39.35 GLC +1.96**

+1.64**

sr

5 Gliceraldeído 3 fosfato desidrogenase

- Malato desidrogenase

6679937

387422

1.41

0.42

8.44

8.93

35.81

3561

GLC

MTE

+0.37* +6.17

* sr

6 Fator de alongamento ( EF-Tu)

- Citoqueratina-13 (CQ-13)

- Citoqueratina-8 (CQ-8)

- Citoqueratina -10 (CQ-10)

-Citoqueratina-1(CQ-1)

556301

288246

52789

387397

4159806

0.77

0.21

0.06

0.06

0.05

9.10

4.79

5.70

8.39

5.04

50.11

47.75

54.56

65.60

57.76

BSP

EST

EST

EST

EST

+1.75**

+8.23***

sr

7 Aspartato aminotransferase

- Citoqueratina-8(CQ-8)

- Citoqueratina-1(CQ-1)

- Citoqueratina-13 (CQ-13)

74213886

52789

4159806

288246

1.16

0.12

0,03

0.02

9.13

5.70

8.39

4.79

47.41

54.56

65.60

47.75

MTE

EST

EST

EST

+0.20* +0.77

* sr

Tabela 7: Proteínas de baço identificadas por espectrometria de massas

BSP- biosintese de proteínas; GLC- glicólise; MTE- metabolismo energético; CHP/re- chaperona retículo endoplasmático; EST- estrutural. a (+ aumento na expressão em relação ao controle).

b (razão entre o volume do spot no animal infectado sobre o volume do spot no animal controle).

c (classificação das proteínas identificadas por spot de acordo com o índice emPAI).

e (Numeração dos spots nos géis bidimensionais).

sr (sem referência). sv (sem variação).

* p< 0.05

** p< 0.01

*** p< 0.001.

a b a b

51

52

5 - Discussão

53

5 – Discussão

Abordagens proteômicas vêm sendo utilizadas nos últimos anos como ferramentas de

grande utilidade para a compreensão da biologia do S. mansoni, proporcionando um amplo

conhecimento a respeito do parasito em seus mais variados estágios de vida (Mathieson et al.,

2011, Curwen et al., 2004, Curwen et al., 2006). O emprego destas ferramentas tornou

possível o estudo detalhado de subproteomas do parasito, como aquele presente no tegumento

do verme, revelando a importância desta estrutura na obtenção de nutrientes e evasão do

sistema imune (Castro-Borges et al., 2011a, Castro-Borges et al., 2011b, Braschi et al., 2006).

Entretanto, até o momento, poucos estudos na área da protêomica abordaram a relação

parasito/hospedeiro, com o intuito de avaliar o impacto da doença nos órgãos afetados e

identificar marcadores para diagnóstico e/ou prognóstico da esquistossomose (Wilson et al.,

2007). Neste sentido, o presente trabalho refere-se à busca de marcadores proteicos,

provenientes de fígado e baço, durante as fases aguda e hepatoesplênica da esquistossomose

no modelo murino.

Nossa primeira abordagem fundamentou-se na discriminação dos estágios de fase

aguda e fase crônica nos animais infectados por S. mansoni. Para isso, inicialmente foram

realizados exames de fezes a partir do 35º dia de infecção para a comprovação do início da

ovoposição. Apesar de não terem sido realizados exames prévios, a literatura relata que a

ovoposição ocorre entre o 32º e o 35º dia de infecção no modelo murino (Brener and Chiari,

1956). Além do baixo número de ovos detectados nesta fase, observou-se que os mesmos se

encontravam em estágios iniciais de desenvolvimento embrionário. O acompanhamento da

ovoposição demonstrou aumento significativo do número de ovos nas fezes a partir do 45º dia

e a presença de até 20 vezes mais ovos por lâmina no 50º dia de infecção, quando comparados

aos números de ovos observados em 35 dias. A determinação e o acompanhamento da

ovoposição constituem ainda análises rotineiramente empregadas para o diagnóstico e

prognóstico da forma aguda da esquistossomose (Neves, 1992).

Outra abordagem utilizada para definir os estágios de fase aguda e fase crônica da

doença consistiu na avaliação da hepatoesplenomegalia desenvolvida pelos animais ao longo

da infecção. Para isso, utilizou-se a razão percentual peso do órgão (baço e fígado) / peso

corporal dos animais. Este parâmetro mostrou que os animais com 5 semanas de infecção

apresentaram aumento de 100% no tamanho do baço e um discreto aumento do fígado. Para

os animais com 7 semanas de infecção a hepatoesplenomegalia mostrou-se bem característica

54

de fase crônica da doença. Resultados similares foram encontrados em experimentos

realizados com camundongos CBA/J infectados com 45 cercárias, nos quais este aumento

chegou a aproximadamente 3 vezes para o baço e de até 2 vezes para o fígado, em animais

com 20 semanas de infecção (Manivannan et al., 2012, Henderson et al., 1993).

As análises de leucometria dos animais com 5 semanas de infecção não demonstraram

alterações no número total de leucócitos. Entretanto, a contagem diferencial mostrou aumento

significativo do número de eosinófilos, compatível com a fase aguda da esquistossomose,

caracterizando um processo de eosinofilia nos animais deste grupo. A eosinofilia

acompanhada ou não por leucocitose é característica da fase aguda da esquistossomose (Lenzi

et al., 1987, Atta, 1981). Os animais com 7 semanas de infecção também não apresentaram

alterações nos níveis de leucócitos globais. Por outro lado, observa-se nesta fase uma

diminuição significativa do número de eosinófilos. Diminuição dos níveis de leucócitos,

particularmente eosinófilos, está comumente associada à fase crônica da esquistossomose

(Vitorino RR, , 2012).

Ensaios para marcadores clássicos de danos hepáticos como a determinação das

atividades das transaminases ALT e AST, não foram suficientes para a discriminação de fase

aguda e crônica da doença. Os valores absolutos de atividade enzimática demonstraram que

os níveis de ALT permaneceram sem grandes alterações nos dois grupos de animais

infectados, enquanto os níveis de AST diminuíram; o que contribuiu para o aumento da razão

ALT/AST. Por outro lado, a dosagem de albumina sérica mostrou-se útil na identificação de

animais portadores de fase crônica da doença. Este efeito pode ser explicado pelo

comprometimento da função hepática nesta fase, devido ao intenso processo inflamatório

associado (Oliveira et al., 2008, Wu et al., 2010b). No intuito de avaliar as alterações teciduais

no fígado e baço dos animais infectados, análises histológicas foram realizadas para a

confirmação das duas fases distintas da infecção. Os animais com 5 semanas de infecção

apresentaram significativas alterações hepáticas, revelando um processo inflamatório

moderado ao redor da tríade portal e da veia-centrolobular. Sabe-se que a inflamação

periportal pode ser observada a partir da 3ª semana de infecção (Atta, 1981). Para o grupo

com 7 semanas de infecção observou-se um acentuado processo inflamatório periportal. Neste

grupo foi verificado aumento de 2 vezes no número de células inflamatórias na região

perivascular, em comparação aos animais com 5 semanas de infecção. A presença de vermes

adultos pareados foi observada nos ramos da veia porta de alguns animais, tanto no grupo

com 5 semanas de infecção quanto no grupo com 7 semanas de infecção. Ovos imaturos de S.

55

mansoni foram encontrados no parênquima dos animais com 5 semanas de infecção. Ao

serem liberados da fêmea, os ovos de S. mansoni são imaturos e continuam a se desenvolver

ainda no interior do hospedeiro vertebrado até a completa formação do miracídio (Jurberg et

al., 2009, Dewalick et al., 2011). Ovos imaturos não induzem grandes alterações teciduais,

mas após totalmente desenvolvidos estes passam a liberar secreções antigênicas solúveis

(SEA) as quais são responsáveis pelo aumento do processo inflamatório e consequente

formação de granulomas periovulares (Andrade, 2009). O fígado de animais com 7 semanas

de infecção apresentaram algumas regiões fibrosadas, nas quais ovos não foram detectados,

em consequência da resolução dos granulomas. A reação granulomatosa inicial caracteriza-se

pela presença de macrófagos, linfócitos, eosinófilos e acúmulo de colágenos dos tipos I e III

(Andrade, 2004, Silva et al., 2006). Com o passar do tempo esta reação inflamatória torna-se

fibrótica, acumulando-se no parênquima do fígado e em regiões periportais, resultando, entre

outras complicações, em hipertensão portal característica da fase crônica da esquistossomose

mansônica (Abdulla et al., 2011, Warren, 1968).

Para os animais com 5 semanas de infecção, as análises histológicas de baço revelaram

hipertrofia nodular e hiperplasia da polpa branca, restrita à região folicular. A medida da área

nodular no baço destes animais demonstrou aumento de 100% em relação ao controle, sendo

este aumento característico de nódulos sensibilizados em resposta a antígenos. Para os

animais com 7 semanas de infecção, não foi possível determinar com precisão a área nodular,

devido à intensa migração de linfócitos provenientes dos nódulos foliculares para a região de

polpa vermelha, ocasionando perda estrutural da organização folicular. Fatores diversos como

a hipertensão portal, a presença de granulomas, o alargamento de sinusóides esplênicos e a

congestão da polpa vermelha contribuem para a instalação do quadro de esplenomegalia

(Freitas et al., 1999). Coletivamente, nossos resultados permitiram concluir que os animais

com 5 semanas de infecção apresentaram quadro patológico característico de fase aguda

enquanto os animais infectados por 7 semanas apresentaram alterações celulares e teciduais

compatíveis com a fase crônica da esquistossomose.

Decorrido as etapas de diferenciação entre os grupos com infecção aguda e crônica,

foram realizadas análises proteômicas de fígado e de baço, com o intuito de determinar as

alterações no proteoma solúvel presente na fase aguda e na fase crônica da doença. A técnica

de eletroforese bidimensional demonstrou várias alterações nos níveis de expressão de

proteínas associadas com processos e vias bioquímicas diversas como resposta ao estresse

celular, tradução, ciclo da uréia, via glicolítica, entre outros.

56

Particularmente, o proteoma do fígado de animais infectados apresentou tanto

aumento quanto diminuição na abundância de algumas proteínas. Estas diferenças foram mais

evidentes no perfil bidimensional dos animais com 7 semanas de infecção, onde o dano

hepático é significativamente maior. De um total de 74 spots pré-selecionados para a

identificação por espectrometria de massas, 14 apresentaram consideráveis alterações de

abundância e foram detectadas nos animais de 5 e 7 semanas de infecção. O emprego de géis

de 7 cm pH 3-10 e pH 4-7 não impediu com que houvesse confluência de bandas para

proteínas com massa molecular e ponto isoelétrico próximos. Isto resultou, na maioria dos

casos, na identificação de mais de uma proteína por spot.

Dentre as proteínas que tiveram sua expressão aumentada no fígado dos animais

infectados, as mais abundantes são chaperoninas envolvidas com estresse no retículo

endoplasmático, proteínas carreadoras, metabolismo energético e via glicolítica. As

chaperonas identificadas apresentaram aumento de expressão, em ambos os grupos de animais

infectados. Estas moléculas constituem um grupo de proteínas que auxiliam no enovelamento

proteico, apresentação de antígeno, e estão diretamente envolvidas com o estresse celular,

termotolerância e renovação de proteínas via degradação pelo proteassoma (Hartl and Hayer-

Hartl, 2002, Moser et al., 1990). O retículo endoplasmático é uma organela intimamente

ligada com o processo de enovelamento de proteínas recém-sintetizadas, e dentre as

chaperonas que medeiam o processo de enovelamento de proteínas nesta organela estão:

GRP-94 (proteína reguladora de glicose 94 kDa); GRP-78 ou BIP (proteína reguladora de

glicose 78 kDa); PDI (proteína dissulfeto isomerase) e calreticulina (Gupta and Tuteja, 2011).

A proteína GRP-94, conhecida como endoplasmina, é uma proteína da família HSP-90,

constituída por proteínas que se ligam ao cálcio e estão intimamente envolvidas com a

manutenção da atividade do retículo endoplasmático durante o estresse celular. A proteína

GRP-94 apresentou aumento de 111% nos animais com 5 semanas de infecção e 60% nos

animais com 7 semanas de infecção. A princípio, o aumento significativo desta proteína nos

animais com 5 semanas de infecção pode estar relacionado ao início de uma resposta imune

do hospedeiro, contra a infecção pelo parasito. Com a evolução da doença e o aumento do

dano hepático, os níveis desta proteína tendem a diminuir. Estudos demonstraram que a GRP-

94 tem um papel importante na supressão de tumores (Baker-LePain et al., 2004), e,

juntamente com outras proteínas como a BIP, participam do enovelamento de

imunoglobulinas recém-sintetizadas, secreção de proteínas e apresentação de antígenos via

MHC classe I (Melnick et al., 1992). Proteínas GRP-94 e BIP promovem autofosforilação

57

dependente de ATP, regulando os processos de interação destas chaperonas com seus alvos

(Csermely et al., 1995).

As proteínas da família HSP-70 também apresentaram aumento de expressão em

decorrência da infecção por S. mansoni. As proteínas BIP e HSP-71 (proteína de choque

térmico 71 kDa) tiveram aumento significativo de expressão, chegando a 79% para a proteína

BIP e 43% para HSP-71 nos animais com 7 semanas de infecção. A proteína BIP se mostrou

significativamente aumentada, já nos animais com 5 semanas de infecção. Estudos revelaram

que a proteína BIP está intimamente ligada ao transporte de proteínas destinadas à degradação

via proteassoma. Sua síntese em altos níveis está relacionada à depleção de Ca2+

e a condições

de estresse, em paralelo ao acúmulo de proteínas não enoveladas no retículo endoplasmático

(Gething, 1999). As proteínas da família HSP-70 são capazes de interagir com reguladores de

transdução de sinais, juntamente com proteínas da família HSP-90, controlando a homeostase

e proliferação celular (Mayer and Bukau, 2005, Takashima et al., 2003). A super expressão

destas proteínas induz resistência à apoptose celular, enquanto que a baixa expressão aumenta

a sensibilidade a vários danos celulares (Jaattela et al., 1998).

Outras chaperonas como a calreticulina e a proteína dissulfeto isomerase (PDI)

também apresentaram significativo aumento nos animais infectados. Estas proteínas

desempenham papel importante no enovelamento de outras proteínas e em vias de sinalização

no retículo endoplasmático. A calreticulina é uma proteína cuja expressão aumenta no lúmen

do retículo endoplasmático em condições de estresse. Além disso, está envolvida com o

transporte de peptídeos nas células apresentadoras de antígenos auxiliando na resposta imune

contra células tumorais (Bak et al., 2008). A PDI é uma enzima que catalisa a formação de

ligações dissulfeto e, portanto, apresenta papel crucial no enovelamento de proteínas

destinadas à exportação, participa de processos redox, sinalização e homeostase celular

(Laurindo et al., 2012).

Outras proteínas que tiveram sua abundância aumentada no fígado dos animais

infectados por S. mansoni, foram a transferrina e a triose-fosfato isomerase. Duas isoformas

de transferrinas foram identificadas com alteração de expressão no fígado dos animais

infectados. De todas as proteínas que tiveram aumento de expressão no fígado, a transferrina

foi a que apresentou a maior alteração de abundância, passando do aumento de 60% nos

animais infectados por 5 semanas e culminando com aumento de 200% nos animais com 7

semanas de infecção. Estudos clássicos de padronização de cultivo in vitro de

esquistossômulos jovens demonstraram que a suplementação do meio com transferrina

58

estimula o desenvolvimento do verme especialmente durante as primeiras duas semanas e,

desta forma, justifica a necessidade de utilização de ferro pelo parasito (Clemens and Basch,

1989). A triose-fosfato isomerase participa da via glicolítica na conversão de diidroxiacetona

fosfato em gliceraldeído 3 fosfato apresentou expressão aumentada em até 80% nos animais

com 5 semanas de infecção e manteve aumento significativo de expressão (40%) com 7

semanas de infecção. Estudos realizados em fêmeas de camundongos da linhagem C57BL/6,

infectados com 45 cercárias de S. mansoni, demonstraram que proteínas de choque térmico da

família HSP-70, HSP-90, calreticulina, PDI e transferrina, tiveram expressão aumentada após

20 semanas de infecção. Estas alterações podem estar relacionadas com o aumento na síntese

de proteínas, acúmulo de proteínas não enoveladas e estresse oxidativo (Manivannan et al.,

2010).

As proteínas que apresentaram expressão diminuída nos animais infectados foram

CPSase I (carbamoil fosfato sintetase I), albumina, indoletilamina N-metiltransferase,

peroxirredoxina-6 e duas isoformas de anidrase carbônica III. A proteína CPSase I participa

do ciclo da uréia atuando na conversão de ornitina a citrulina. Esta proteína constituiu o spot

de maior volume da fração citosólica presente nos géis 2D. Observou-se uma diminuição de

expressão de 24% nos animais com 5 semanas, e de 57% nos animais com 7 semanas de

infecção. Diminuições da atividade enzimática de CPSase I e de várias outras enzimas

relacionadas ao ciclo da uréia foram previamente descritas para a infecção por S. mansoni no

modelo murino e, mais recentemente, confirmadas por análise proteômica (Tanabe et al.,

1989). Estudos de metabolômica realizados em amostras de urina de camundongos infectados

por S. mansoni revelaram intensa diminuição nos níveis de intermediários do ciclo do ácido

cítrico que participam como substratos no ciclo da uréia como o citrato e succinato (Wang et

al., 2004, Wu et al., 2010a). O mecanismo pelo qual a infecção por S. mansoni induz

diminuição de expressão de CPSase I ainda permanece por ser elucidado, no entanto, foi

demonstrado que o extrato solúvel de ovos administrado via intraperitoneal é capaz de induzir

efeito semelhante e, portanto, na ausência de alterações histopatológicas provocadas pela

formação de granulomas (Tanabe et al., 1989).

A enzima indoletilamina n-metiltransferase é uma proteína que catalisa a N-metilação

de triptaminas e outros compostos resultando com freqüência na inativação de suas atividades

biológicas (Thompson et al., 1999). A avaliação proteômica do fígado demonstrou que os

níveis desta proteína apresentam-se significativamente diminuídos após 5 semanas de

infecção e permanecem praticamente inalterados até a 7ª semana de infecção. A

59

indoletilamina n-metil transferase tem sido envolvida na participação de sinalização através

de metilação de triptaminas e em processo de desintoxicação no metabolismo de xenobióticos

(Ansher and Jakoby, 1986).

Proteínas com atividades antioxidantes também demonstraram expressão reduzida em

animais infectados. Diminuição na abundância de peroxiredoxina-6 foi verificada nos animais

com 5 e 7 semanas de infecção, no entanto, a diminuição nos níveis de peroxiredoxinas foi

pronunciada nos animais com 7 semanas de infecção, chegando a uma diminuição de 86%.

Peroxiredoxinas possuem um papel importante na detoxificação celular e em processos de

estresse oxidativo, através da eliminação de peróxidos de hidrogênio, desta forma, atuando na

prevenção de danos causados por radicais livres (Ishii et al., 2012). Estudos proteômicos de

fígado de camundongos infectados com S. mansoni, demonstraram que os níveis de

peroxiredoxinas 1 e 6 decrescem significativamente em animais infectados durante 8 e 12

semanas (Manivannan et al., 2011). Duas isoformas de anidrase carbônica III também

apresentaram diminuição de abundância nos animais infectados. A diminuição da expressão

dessas proteínas é notada já nos animais com 5 semanas de infecção, tornando-se mais

expressiva nos animais com 7 semanas de infecção (88% de redução). Anidrases carbônicas

pertencem à classe das metaloenzimas e catalisam a reação reversível de hidratação de

dióxido de carbono a ácido carbônico (Yamamoto et al., 2006, Breton, 2001). Diferentemente

das outras anidrases, a anidrase carbônica III, se distingue pelo fato de apresentar baixa

atividade de hidratase, é encontrada em altos níveis no fígado e músculos e apresenta

atividade de tirosina fosfatase através da qual desempenha papel importante na sinalização

ligada à resposta ao estresse oxidativo (Raisanen et al., 1999). A anidrase carbônica III possui

dois grupos sulfidrilas reativos em sua estrutura, capazes de formar ligações dissulfeto com a

molécula de glutationa o que contribui para a regulação de sua atividade (Thomas et al.,

1995). O mecanismo pelo qual a infecção por S. mansoni diminui a expressão de enzimas

ligadas à resposta ao estresse permanece por ser esclarecido. Por outro lado, levando-se em

consideração que a resposta celular do sistema imune contra a infecção está primariamente

baseada no recrutamento de células produtoras de espécies reativas de oxigênio, a baixa

expressão de enzimas antioxidantes poderia contribuir para a eficácia de uma resposta anti-

parasitária.

A segunda abordagem deste trabalho consistiu na avaliação de alterações no proteoma

citosólico do baço, nos animais com 5 e 7 semanas de infecção. De um total de 60 spots

selecionados nos géis bidimensionais para identificação por espectrometria de massas, 7 spots

60

apresentaram expressivas alterações de abundância no baço de animais infectados. As

proteínas que apresentaram alteração no baço foram calreticulina, fosfoglicerato quinase I,

frutose-bifosfato aldolase A, gliceraldeído 3 fosfato desidrogenase, fator de elongamento EF-

Tu e aspartato aminotransferase.

A calreticulina, pertencente ao grupo das chaperoninas, apresentou aumento discreto

nos animais com 5 semanas de infecção. Por outro lado, observou-se aumento superior a

200% para esta proteína nos animais com 7 semanas de infecção. A calreticulina é uma

proteína multifuncional pois está envolvida na captação de Ca2+

, enovelamento de proteínas,

apoptose e vias de sinalização celular (Harr and Distelhorst, 2010). Um dos principais fatores

ligados ao aumento de sua expressão está relacionado com alterações na homeostase do cálcio

e situações de estresse no retículo endoplasmático (Song et al., 2009).

Particularmente, a proteína de maior abundância encontrada no baço dos animais

infectados, foi o fator de alongamento EF-Tu. Este teve sua expressão aumentada em mais de

100% no baço dos animais com 5 semanas de infecção e em torno de 800% nos animais com

7 semanas de infecção. O EF-Tu tem o papel de se ligar à molécula de GTP formando um

complexo com o RNA transportador ligado ao aminoácido, o que propicia a ligação do RNA

transportador ao sítio A do ribossomo (Noble and Song, 2008). O aumento da abundância

desta proteína pode estar relacionado com a demanda aumentada de síntese proteica frente à

intensa resposta celular proliferativa do baço contra a infecção.

Proteínas relacionadas com o metabolismo energético como a fofosglicerato quinase I,

frutose bifosfato aldolase A, gliceraldeído 3 fosfato desidrogenase e aspartato

aminotransferase também apresentaram níveis aumentados de expressão no baço dos animais

infectados. É válido ressaltar o aumento superior a 600% para a enzima gliceraldeído 3-

fosfato desidrogenase nos animais com 7 semanas de infecção. O aumento de expressão de

proteínas ligadas ao metabolismo da glicose pode estar relacionado à demanda de produção de

energia para a multiplicação celular no baço em resposta aos estímulos antigênicos.

Avaliações metabólicas em urina de camundongos apresentaram aumento nos níveis de

piruvato, provavelmente refletindo intensa atividade da via glicolítica no fígado e baço destes

animais (Wang et al., 2004).

Outro ponto que merece atenção refere-se à identificação de citoqueratinas no fígado

e, especialmente, no baço de animais controles e infectados. As citoqueratinas compõem o

citoesqueleto celular sendo constituintes dos filamentos intermediários. A distribuição das

citoqueratinas é tecido-específica, o que tem permitido utilizá-las como importantes

61

marcadores de diferenciação tecidual (Almeida.Jr, 2004). Vários tipos de citoqueratinas foram

encontrados tanto no fígado quanto no baço dos animais infectados. Dentre elas, a CQ-8 foi

identificada com frequência em vários spots selecionados para espectrometria de massas.

(vide figura suplementar 2, em anexos). As diferentes isoformas de citoqueratinas

encontradas nos géis do fígado e do baço apresentaram pI distintos dos valores teóricos

sugerindo a existência de modificações pós traducionais. Neste trabalho não foi possível

correlacionarmos a presença de uma determinada variante de citoqueratina com a evolução da

infecção por S. mansoni, em virtude da confluência de spots para a todas as isoformas

identificadas. Entretanto, tem sido demonstrado que a citoqueratina 18 é diferencialmente

expressa no fígado de animais infectados por S. mansoni e sua presença no soro tem sido

avaliada como um potencial marcador de infecção por este parasito . Espera-se que a

confecção de géis com maior poder de resolução permita a identificação de variantes de

citoqueratina produzidas em resposta aos danos hepáticos provocados pela esquistossomose.

O estudo proteômico da fração solúvel de baço e de fígado dos animais com fase

aguda e fase crônica da doença revelou várias alterações na abundância de proteínas. No

fígado as alterações moleculares são compatíveis com o perfil histológico observado e

provavelmente explica o aumento de expressão para proteínas chaperoninas, proteínas

carreadoras e enzimas ligadas ao metabolismo energético, constituindo um perfil molecular

direcionado à montagem de uma resposta celular no combate à infecção. Em paralelo,

proteínas ligadas a funções hepáticas normais como detoxificação e resposta ao estresse

oxidativo apresentaram níveis diminuídos. Estes resultados vão de encontro ao extenso dano

hepático e perda de função tecidual em decorrência da cronicidade da infecção. No baço as

modificações caracterizaram-se por aumento de proteínas envolvidas com a síntese proteica,

enovelamento e metabolismo energético. Novamente, a análise histológica do baço é

compatível com o perfil molecular identificado e está provavelmente relacionado à intensa

proliferação celular resultando em esplenomegalia exacerbada na fase crônica da infecção.

Grande parte das alterações proteômicas hepáticas identificadas neste trabalho foram

descritas para camundongos da linhagem CBA/J infectados com 45 e 200 cercárias de S.

mansoni (Harvie et al., 2007, Manivannan et al., 2010, Manivannan et al., 2011) A estratégia

experimental utilizada mais recentemente envolveu marcação das proteínas com Cydyes

seguido da técnica de DIGE (Differential in gel electrophoresis) (Manivannan et al., 2012).

Contudo, nossos resultados demonstraram que a técnica clássica de separação bidimensional é

capaz de fornecer resultados equivalentes, embora esteja associada à maior tempo para sua

62

execução. Independentemente da técnica utilizada, o maior desafio ainda consiste no

fracionamento das amostras a serem comparadas de modo a suprimir o efeito das proteínas de

alta abundância, permitindo a identificação de biomarcadores mais específicos para a

infecção. Além disso, em face das alterações teciduais observadas é de fundamental

importância a análise detalhada do soroproteoma de animais infectados por S. mansoni. A

identificação de biomarcadores séricos poderá contribuir de maneira significativa para novos

métodos de diagnóstico, avaliação de tratamento e prognóstico da doença.

63

6 - Conclusões

64

6 – Conclusões

As análises bioquímicas, o exame parasitológico e as avaliações histopatológicas

confirmaram o desenvolvimento da fase aguda da esquistossomose nos animais

infectados por 5 semanas e o estabelecimento da fase crônica da doença com 7

semanas de infecção;

A análise proteômica da fração solúvel de fígado e baço, permitiu a identificação de

um conjunto de proteínas que sofreram alterações em sua expressão durante a infecção

por S. mansoni. A quantificação destas alterações possibilitou estabelecer quais

proteínas diferencialmente expressas durante as fases aguda e crônica da doença;

O fígado dos animais infectados apresentou aumento de expressão para proteínas

chaperoninas, proteínas carreadoras e enzimas ligadas ao metabolismo energético,

além de apresentar diminuição de proteínas envolvidas com processos de

detoxificação e resposta ao estresse oxidativo;

O baço dos animais infectados apresentou aumento de proteínas envolvidas com a

síntese proteica, enovelamento e metabolismo energético. No geral, todas as proteínas

do baço identificadas com alteração, apresentaram aumento de expressão em

comparação àquelas identificadas nos animais controles;

A identificação das alterações proteômicas de fígado e baço apontam para a

caracterização de novos marcadores para o diagnóstico e prognóstico da

esquistossomose mansônica.

65

7 - Referências

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7-Referências

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8-Anexos

Tabela Suplementar 1: Proteínas de Fígado

Acesso emPAI (M+H) obs (M+H) esp (M+H) calc Delta (ppm) miss score expect U Sequência de Peptídeos

Carbamoil Fosfato Sintetase I (CPSase I)

124248512 0.34 545.7561 1089.4976 1089.5819 -0.0842 0 65 0.0072 K.VPAIYGVDTR.M

551.7858 1101.5570 1101.6030 -0.0460 0 75 0.00075 K.QNLIAEVSTK.D

574.7564 1147.4983 1147.5656 -0.0673 0 67 0.0025 K.CLGLTEAQTR.E

639.8241 1277.6337 1277.6867 -0.0530 0 63 0.01 K.TLGVDFIDVATK.V

653.8073 1305.6000 1305.6751 -0.0751 0 73 0.00083 K.AADTIGYPVMIR.S

677.3359 1352.6572 1352.7160 -0.0588 0 81 0.00015 R.GQNQPVLNITNR.Q

701.3313 1400.6480 1400.7082 -0.0602 0 74 0.00063 K.GNDVLVIECNLR.A

710.8169 1419.6192 1419.6841 -0.0650 0 92 7.4e-006

U K.GLNSDSVTEETLR.K

752.3306 1502.6466 1502.7399 -0.0932 0 110 8.3e-008

U K.ALENNMSLDEIVR.L

794.8632 1587.7119 1587.8045 -0.0926 0 111 8.4e-008

R.FLGVAEQLHNEGFK.L

530.2550 1587.7431 1587.8045 -0.0615 0 57 0.032 R.FLGVAEQLHNEGFK.L

804.3910 1606.7675 1606.7912 -0.0237 0 90 1.6e-005

K.IAPSFAVESMEDALK.A

862.3703 1722.7260 1722.8101 -0.0841 0 95 1.7e-006

U K.IEFEGQSVDFVDPNK.Q

863.9396 1725.8646 1725.8897 -0.0251 0 78 0.00024 R.DGSIDLVINLPNNNTK.F

1129.8526 3386.5360 3386.6096 -0.0736 0 49 0.034 U K.GYSFGHPSSVAGEVVFNTGL

GGYPEALTDPAYK.G

1129.8526 3386.5360 3386.6096 -0.0736 0 81 2.3e-005

U K.GYSFGHPSSVAGEVVFNTGL

GGYPEALTDPAYK.G

Citoqueratina-8 (CQ-8)

52789 0.06 692.3474 1382.6801 1382.7194 -0.0392 1 76 5e-006

U K.SLNNKFASFIDK.V

Proteína reguladora de glicose 94 kDa (GRP-94)

6755863 1.07 377.2129 752.4113 752.4068 0.0044 1 38 0.042 U K.KSDYIK.L

377.6695 753.3245 753.3181 0.0064 0 38 0.021 U K.FDESEK.T

377.6695 753.3245 753.3181 0.0064 0 42 0.0099 U K.FDESEK.T

482.2973 962.5801 962.5800 0.0001 0 54 0.0007 U K.LIINSLYK.N

487.2206 972.4267 972.4341 -0.0074 0 52 0.0012 U K.YNDTFWK.E

491.7427 981.4709 981.4767 -0.0298 0 61 0.00021 U R.SGYLLPDTK.A

508.2330 1014.4515 1014.4658 -0.0143 0 48 0.0028 U R.GLFDEYGSK.K

76

520.7213 1039.4280 1039.4346 -0.0065 0 65 3e-005

U K.EVEEDEYK.A

541.2664 1080.5183 1080.5352 -0.0169 0 57 0.00037 U K.FAFQAEVNR.M

570.2832 1138.5519 1138.5731 -0.0030 0 40 0.021 U R.ELISNASDALDK.I

645.2746 1288.5346 1288.5935 -0.0589 0 75 2.4e-006

U K.DISTNYYASQK.K

743.3595 1484.7045 1484.7471 -0.0426 0 99 1.8e-008

U K.GVVDSDDLPLNVSR.E

743.3791 1484.7437 1484.7471 -0.0034 0 53 0.0009 U K.GVVDSDDLPLNVSR.E

763.3561 1524.6977 1524.7195 -0.0217 0 57 0.00032 U K.EEASDYLELDTIK.N

763.3561 1524.6977 1524.7195 -0.0217 0 42 0.0098 U K.EEASDYLELDTIK.N

532.5749 1594.7028 1594.7160 -0.0132 0 42 0.0062 U R.VFITDDFHDMMPK.Y

622.3026 1863.8860 1863.9076 -0.0216 1 38 0.024 U R.EATEKEFEPLLNWMK.D

750.6789 2249.0150 2249.0349 -0.0199 0 39 0.0087 U R.FQSSHHSTDITSLDQYVER.M

1178.5253 2355.0360 2355.0623 -0.0263 0 79 6.2e-007

U R.LTESPCALVASQYGWSGNM

ER.I

786.0209 2355.0410 2355.0623 -0.0214 0 64 2.2e-005

U R.LTESPCALVASQYGWSGNM

ER.I

910.1020 2727.2843 2727.3311 -0.0468 1 94 2.6e-008

U R.TDDEVVQREEEAIQLDGLNA

SQIR.E

1035.4949 3103.4629 3103.4848 -0.0220 1 42 0.0037 U K.GYEVIYLTEPVDEYCIQALPE

FDGKR.F

Calreticulina (ERp-60)

6680836 0.07 610.3539 1218.6932 1218.6972 -0.0040 0 35 0.049 U K.GQTLVVQFTVK.H

Proteína reguladora de glicose 78kDa (GRP-78)

1304157 0.86 433.7151 865.4156 865.4181 -0.0025 1 48 0.004 U K.FAEEDKK.L

433.7151 865.4156 865.4181 -0.0025 1 46 0.0057 U K.FAEEDKK.L

499.2605 996.5064 996.5101 -0.0037 0 56 0.00057 U R.ALSSQHQAR.I

537.7634 1073.5122 1073.5465 -0.0343 0 59 0.00032 U K.ITITNDQNR.L

614.8063 1227.5981 1227.6207 -0.0227 0 49 0.0024 U R.VEIIANDQGNR.I

617.3094 1232.6042 1232.6183 -0.0141 0 65 7.9e-005

U K.DAGTIAGLNVMR.I

658.8018 1315.5891 1315.6295 -0.0405 0 58 0.00026 U R.NELESYAYSLK.N

699.3900 1396.7654 1396.7813 -0.0159 0 82 1e-006

U K.ELEEIVQPIISK.L

768.8801 1535.7456 1535.7905 -0.0449 0 81 1.4e-006

U K.TFAPEEISAMVLTK.M

768.8801 1535.7456 1535.7905 -0.0449 0 69 2.2e-005

U K.TFAPEEISAMVLTK.M

77

776.8918 1551.7691 1551.7854 -0.0163 0 72 9.8e-006

U K.TFAPEEISAMVLTK.M

783.8644 1565.7143 1565.7726 -0.0583 0 94 5.2e-008

U R.ITPSYVAFTPEGER.L

839.3832 1676.7518 1676.8006 -0.0488 0 114 4.1e-010

U K.NQLTSNPENTVFDAK.R

918.9420 1835.8694 1835.9265 -0.0571 0 131 1e-011

U K.SQIFSTASDNQPTVTIK.V

918.9420 1835.8694 1835.9265 -0.0151 0 36 0.028 U K.DNHLLGTFDLTGIPPAPR.G

967.5032 1932.9919 1933.0058 -0.0138 0 57 0.00022 U K.DNHLLGTFDLTGIPPAPR.G

Proteína de choque térmico 70 kDa 1A (HSP-70.3)

193983 0.10 614.8063 1227.5981 1227.6207 -0.0227 0 49 0.0024 K.VEIIANDQGNR.T

925.4387 2773.2943 2773.3195 -0.0252 0 39 0.0086 U K.QTQTFTTYSDNQPGVLIQVY

EGER.A

Gama glutamil trasferase

201941 0.04 756.3976 1510.7807 1510.7879 -0.0072 0 57 0.00035 U K.SVEVSDPVPAGDLVK.A

Proteína de choque térmico 71 kDa (HSP-71)

13242237 1.70 396.1910 790.3674 790.3709 -0.0035 0 53 0.0013 U K.ATVEDEK.L

396.1910 790.3674 90.3709 -0.0035 0 44 0.012 U K.ATVEDEK.L

425.7010 849.3875 849.3902 -0.0027 0 44 0.012 U R.MVQEAEK.Y

431.2167 860.4188 860.4352 -0.0163 1 44 0.014 U K.DISENKR.A

441.7076 881.4005 881.4130 -0.0125 1 45 0.0055 U K.YKAEDEK.Q

472.7539 943.4932 943.5161 -0.0229 0 44 0.012 U K.VCNPIITK.L

497.2620 992.5095 992.5178 -0.0083 0 47 0.0052 U K.EIAEAYLGK.T

600.3271 1198.6396 1198.6670 -0.0273 0 60 0.00023 U K.DAGTIAGLNVLR.I

614.7758 1227.5371 1227.6207 -0.0837 0 74 5.4e-006

U K.VEIIANDQGNR.T

614.8126 1227.6107 1227.6207 -0.0100 0 37 0.044 U K.VEIIANDQGNR.T

639.3066 1276.5987 1276.6122 -0.0134 0 76 5e-006

U K.CNEIISWLDK.N

652.2858 1302.5571 1302.5914 -0.0343 0 62 9.6e-005

U K.NSLESYAFNMK.A

660.2925 1318.5705 1318.5863 -0.0159 0 43 0.0065 U K.NSLESYAFNMK.A

741.3938 1480.7730 1480.7998 -0.0268 0 61 0.00014 U K.SQIHDIVLVGGSTR.I

744.3304 1486.6462 1486.6940 -0.0478 0 56 0.00023 U R.TTPSYVAFTDTER.L

808.8651 1615.7156 1615.7804 -0.0647 0 86 2.3e-007

U K.SFYPEEVSSMVLTK.M

825.3946 1648.7747 1648.7879 -0.0132 0 73 7.7e-006

U K.NQVAMNPTNTVFDAK.R

846.3541 1690.6937 1690.7183 -0.0246 0 41 0.004 U K.STAGDTHLGGEDFDNR.M

991.4601 1980.9056 1980.9905 -0.0849 0 70 9.8e-006

U K.TVTNAVVTVPAYFNDSQR.Q

78

661.3242 1980.9507 1980.9905 -0.0398 0 42 0.0077 U K.TVTNAVVTVPAYFNDSQR.Q

755.0331 2262.0774 2262.1104 -0.0330 0 66 2.1e-005

U K.GPAVGIDLGTTYSCVGVFQH

GK.V

925.4365 2773.2876 2773.3195 -0.0319 0 46 0.0018 U K.QTQTFTTYSDNQPGVLIQVY

EGER.A 627.2861 1252.5576 1252.6088 -0.0512 0 86 3.4e

-007 U R.FEELNADLFR.G

Albumina

191765 0.07 485.9346 1454.7818 1454.7994 -0.0176 1 59 0.00019 U R.RHPDYSVSLLLR.L

Proteína reguladora de glicose 75kDa(GRP-75)

14917005 0.04 667.3673 1332.7201 1332.7289 -0.0088 0 36 0.047 U R.AQFEGIVTDLIK.R

Albumina 26340966 0.98 356.6896 711.3646 711.3664 -0.0017 0 37 0.042 U K.SEIAHR.Y

499.2508 996.4871 996.5240 -0.0369 0 77 4.2e-006

U K.TPVSEHVTK.C

505.2040 1008.3935 1008.3971 -0.0036 0 36 0.022 U K.CSYDEHAK.L

509.2590 1016.5035 1016.5291 -0.0256 0 45 0.0081 U K.SLHTLFGDK.L

509.2590 1016.5035 1016.5291 -0.0256 0 62 0.00018 U K.SLHTLFGDK.L

521.7202 1041.4259 -0.0177 -0.0256 0 63 4.4e-005

U K.TNCDLYEK.L

550.8331 1099.6516 1099.6601 -0.0084 1 54 0.00068 U K.KQTALAELVK.H

575.2869 1148.5593 1148.6077 -0.0485 0 65 7.4e-005

U K.LVQEVTDFAK.T

589.3067 1176.5989 1176.5999 -0.0011 1 41 0.019 U R.EAHKSEIAHR.Y

625.7719 1249.5293 1249.5727 -0.0434 0 73 6.4e-006

U R.YNDLGEQHFK.G

650.3517 1298.6888 1298.6983 -0.0095 0 41 0.015 U R.HPDYSVSLLLR.L

720.3617 1438.7088 1438.7780 -0.0692 0 77 3.3e-006

U K.APQVSTPTLVEAAR.N

485.9294 1454.7664 1454.7994 -0.0329 1 53 0.00086 U R.RHPDYSVSLLLR.L

485.9350 1454.7833 1454.7994 -0.0161 1 43 0.0075 U R.RHPDYSVSLLLR.L

740.3669 1478.7192 1478.7881 -0.0689 0 129 2.4e-011

U K.LGEYGFQNAILVR.Y

740.3669 1478.7192 1478.7881 -0.0689 0 114 6.7e-010

U K.LGEYGFQNAILVR.Y

740.3897 1478.7649 1478.7881 -0.0233 0 106 4.3e-009

U K.LGEYGFQNAILVR.Y

841.4064 1680.7983 1680.8359 -0.0376 0 66 3.7e-005

U R.LSQTFPNADFAEITK.L

841.4069 1680.7992 1680.8359 -0.0367 0 68 2.2e-005

U R.LSQTFPNADFAEITK.L

634.6249 1900.8528 1900.8528 -0.0362 0 44 0.0035 U K.ENPTTFMGHYLHEVAR.R

79

Superóxido dismutase Cu/Zn

226471 226471 587.7807 1173.5468 1173.5626 -0.0157 0 66 5.1e-005

U K.DGVANVSIEDR.V

Transferrina 14250269 0.72 482.7362 963.4579 963.4662 -0.0083 0 61 0.00019 U K.DGGGDVAFVK.H

508.2561 1014.4976 1014.5029 -0.0053 1 50 0.0027 U K.KSCHTGLGR.S

561.7895 1121.5644 1121.5717 -0.0072 1 36 0.059 U K.DLLFRDDTK.C

675.3106 1348.6066 1348.6623 -0.0557 0 71 1.3e-005

U K.GTDFQLNQLEGK.K

727.3751 1452.7357 1452.7613 -0.0255 1 96 4.8e-008

U K.SKDFQLFSSPLGK.D

739.3754 1476.7362 1476.7572 -0.0210 1 79 2.2e-006

U K.KGTDFQLNQLEGK.K

770.3528 1538.6910 1538.7035 -0.0125 0 44 0.005 U R.DQYELLCLDNTR.K

812.3843 1622.7540 1622.7697 -0.0157 0 59 0.00017 U R.TAGWNIPMGMLYNR.I

Calreticulina( ERp-60)

6680836 1.07 400.2077 798.4008 798.4276 -0.0267 0 42 0.014 U R.FYALSAK.F

488.2414 974.4683 974.4781 -0.0098 0 42 0.02 U K.GLQTSQDAR.F

488.2465 974.4785 974.4781 0.0004 0 43 0.016 U K.GLQTSQDAR.F

488.2465 974.4785 974.4781 0.0004 0 43 0.016 U K.GLQTSQDAR.F 488.2480 974.4815 974.4781 0.0034 0 40 0.027 U K.GLQTSQDAR.F 488.2480 974.4815 974.4781 0.0034 0 41 0.021 U K.GLQTSQDAR.F 502.7613 1003.5080 1003.5338 -0.0258 0 40 0.026 U K.LFPSGLDQK.D 502.7726 1003.5306 1003.5338 -0.0033 0 42 0.017 U K.LFPSGLDQK.D 406.8745 1217.6017 1217.6000 0.0017 1 36 0.055 U K.DKGLQTSQDAR.F 406.8745 1217.6017 1217.6000 0.0017 1 46 0.0063 U K.DKGLQTSQDAR.F 609.8083 1217.6021 1217.6000 0.0021 1 42 0.015 U K.DKGLQTSQDAR.F 609.8085 1217.6025 1217.6000 0.0025 1 46 0.0053 U K.DKGLQTSQDAR.F 609.8085 1217.6025 1217.6000 0.0025 1 68 3.7e

-005 U K.DKGLQTSQDAR.F

610.3548 1218.6950 1218.6972 -0.0022 0 40 0.015 U K.GQTLVVQFTVK.H 610.3557 1218.6968 1218.6972 -0.0004 0 40 0.015 U K.GQTLVVQFTVK.H 610.3569 1218.6992 1218.6972 0.0020 0 60 0.00014 U K.GQTLVVQFTVK.H 610.3578 1218.7009 1218.6972 0.0037 0 65 0.0037 U K.GQTLVVQFTVK.H 726.2986 1450.5827 1450.6477 -0.0650 0 82 3.4e

-007 U K.EQFLDGDAWTNR.W

726.3249 1450.6353 1450.6477 -0.0124 0 46 0.0032 U K.EQFLDGDAWTNR.W

80

814.3375 2439.9908 2440.0134 -0.0226 0 25 0.049 U K.DMHGDSEYNIMFGPDICGPG

TK.K 819.6677 2455.9812 2456.0083 -0.0271 0 24 0.045 U K.DMHGDSEYNIMFGPDICGPG

TK.K 824.9987 2471.9744 2472.0032 -0.0288 0 36 0.0031 U K.DMHGDSEYNIMFGPDICGP

GTK.K 840.3833 2518.1282 2518.1864 -0.0582 1 115 2e

-010 U K.IDNSQVESGSLEDDWDFLPP

KK.I 840.3877 2518.1413 2518.1864 -0.0451 1 90 0.00049 U K.IDNSQVESGSLEDDWDFLPP

KK.I

Dissulfeto isomerase 54777 1.58 381.1971 760.3797 760.3715 0.0082 0 48 0.0067 U K.AEGSEIR.L

381.1995 760.3844 760.3715 0.0129 0 41 0.033 U K.AEGSEIR.L

425.6954 849.3762 849.3716 0.0046 0 44 0.01 U K.DVESDSAK.Q

425.6958 849.3770 849.3716 0.0055 0 44 0.01 U K.DVESDSAK.Q

435.6978 869.3810 869.3767 0.0044 0 42 0.009 U K.SVSDYDGK.L

464.7656 927.5167 927.5178 -0.0011 0 41 0.017 U K.VHSFPTLK.F

483.7719 965.5292 965.5586 -0.0294 0 54 0.00092 U R.ILEFFGLK.K

483.7719 965.5292 965.5586 -0.0294 0 45 0.0069 U R.ILEFFGLK.K 483.7869 965.5593 965.5586 0.0007 0 47 0.0037 U R.ILEFFGLK.K 485.7665 969.5184 969.5284 -0.0100 0 55 0.00067 U K.QLAPIWDK.L 494.7473 987.4800 987.4807 -0.0007 1 59 0.00035 U K.KEECPAVR.L 501.7697 1001.5249 1001.5505 -0.0256 1 58 0.00051 U K.LKAEGSEIR.L 526.2467 1050.4787 1050.4982 -0.0194 0 40 0.019 U R.NNFEGEITK.E 541.3411 1080.6676 1080.6695 -0.0019 0 56 0.00018 U K.THILLFLPK.S 601.8054 1201.5963 1201.5979 -0.0016 0 42 0.015 U R.EADDIVNWLK.K 603.8170 1205.6194 1205.6213 -0.0019 0 46 0.0055 U R.LITLEEEMTK.Y 647.2878 1292.5610 1292.5918 -0.0308 0 67 2.8

e-005 U K.MDSTANEVEAVK.V

475.5871 1423.7396 1423.7711 -0.0315 1 43 0.017 U K.YQLDKDGVVLFK.K 890.9135 1779.8125 1779.8275 -0.0150 0 65 4e

-005 U K.VDATEESDLAQQYGVR.G

611.9729 1832.8969 1832.9057 -0.0088 0 34 0.056 U K.ILFIFIDSDHTDNQR.I 655.6748 1964.0027 1964.0367 -0.0340 0 82 7.4e

-007 U K.HNQLPLVIEFTEQTAPK.I

81

Indoletilamina N-metiltransferase 6678281 1.31 535.7662 1069.5179 1069.5808 -0.0629 1 49 0.0027 U K.KFSGVYLEK.E

561.7547 1121.4948 1121.5328 -0.0380 0 39 0.023 U R.FQHYMVGPK.K

601.8061 1201.5976 1201.6125 -0.0149 0 39 0.028 U K.AIQDAGCQVLK.C

601.8094 1201.6042 1201.6125 -0.0083 0 40 0.025 U K.AIQDAGCQVLK.C

592.2741 1773.8004 1773.8461 -0.0457 1 50 0.0011 U K.VYIGGEDYEKEFTPK.D

620.0426 1857.1061 1857.1564 -0.0503 0 61 2.1e-005

U R.LAGLLKPGGHLVTLVTLR.F

620.0509 1857.1310 1857.1564 -0.0254 0 40 0.0013 U R.LAGLLKPGGHLVTLVTLR.F

620.0509 1857.1310 1857.1564 -0.0254 0 40 0.0011 U R.LAGLLKPGGHLVTLVTLR.F

1016.5125 2031.0104 2031.0524 -0.0420 0 82 7.8e-007

U R.EIIVTDYTPQNLQELQK.W

1016.5125 2031.0104 2031.0524 -0.0420 0 53 0.00062 U R.EIIVTDYTPQNLQELQK.W

1016.5176 2031.0206 2031.0524 -0.0318 0 117 2.1e-010

U R.EIIVTDYTPQNLQELQK.W

1016.5176 2031.0206 2031.0524 -0.0318 0 118 1.6e-010

U R.EIIVTDYTPQNLQELQK.W

1016.5227 2031.0308 2031.0524 -0.0216 0 33 0.053 U K.EPGAYDWSSIVQHACELEG

DR.S 807.0022 2417.9847 2418.0546 -0.0700 0 73 1.1e

-006 U K.EPGAYDWSSIVQHACELEGD

R.S 816.3825 2446.1256 2446.1692 -0.0437 0 59 7.5e

-005 U K.DYLTTYYSFHSGPVAEQEIV

K.F

Peroxiredoxina-6 3219774 1.12 529.2876 1056.5606 1056.5855 -0.0250 0 70 2.6e

-005 U K.LPFPIIDDK.G

574.7521 1147.4896 1147.4928 -0.0032 0 44 0.0058 U K.DDNNMPVTAR

574.7521 1147.4896 1147.4928 -0.0032 0 53 0.00077 U K.DDNNMPVTAR.V

575.3286 1148.6426 1148.6594 -0.0167 1 40 0.021 U R.VVFIFGPDKK.L

596.3208 1190.6271 1190.6659 -0.0388 0 52 0.0014 U K.LSILYPATTGR.N

698.3269 1394.6392 1394.6500 -0.0109 0 47 0.0028 U R.DFTPVCTTELGR.A

726.3127 1450.6109 1450.6576 -0.0467 0 65 2.7e-005

U K.DINAYNGETPTEK.L

Indoletilamina N-metiltransferase

6678281 0.23 620.0512 1857.1317 1857.1564 -0.0247 0 28 0.019 U R.LAGLLKPGGHLVTLVTLR.F

816.3868 2446.1387 2446.1692 -0.0305 0 33 0.034 U K.DYLTTYYSFHSGPVAEQEIV

K.F

82

Citoqueratina-8 (CQ-8)c

52789 0.06 692.3467 1382.6789 1382.7194 -0.0405 1 35 0.057 U K.SLNNKFASFIDK.V

Citoqueratina-1(CQ-1)

4159806 0.05 633.3235 1264.6324 1264.6299 0.0025 0 49 0.0028 U R.TNAENEFVTIK.K

Exportina 1

15126703 0.05 379.7283 757.4420 757.4698 -0.0278 0 41 0.031 U K.QLGSILK.T

Metilmalonil-CoA mutase

53151 0.04 379.7283 757.4420 757.4698 -0.0278 1 41 0.03 U K.QIEKLK.K

Anidrase carbônica III 31982861 1.34 452.2318 902.4491 902.4610 -0.0119 0 43 0.014 U R.GGPLSGPYR.L

521.7589 1041.5032 1041.5131 -0.0099 0 47 0.004 U K.YNTFGEALK.Q

565.2529 1128.4912 1128.5088 -0.0176 0 56 0.00036 U R.VVFDDTYDR.S

669.8279 1337.6413 1337.6575 -0.0162 0 39 0.024 U K.GDNQSPIELHTK.D

678.2915 1354.5685 1354.5745 -0.0060 0 36 0.022 U K.EPMTVSSDQMAK.L

678.2926 1354.5706 1354.5745 -0.0038 0 46 0.0021 U K.EPMTVSSDQMAK.L

678.2926 1354.5706 1354.5745 -0.0038 0 32 0.056 U K.EPMTVSSDQMAK.L

526.5999 1576.7778 1576.8150 -0.0372 0 48 0.0027 U K.YAAELHLVHWNPK.Y

789.4060 1576.7975 1576.8150 -0.0175 0 35 0.055 U K.YAAELHLVHWNPK.Y

915.8073 2744.4001 2744.4286 -0.0285 0 62 4.6e-005

U R.SLFSSAENEPPVPLVGNWRP

PQPVK.G

Enoil-CoA hidratase

12805413 0.22 661.8288 1321.6431 1321.6370 0.0061 0 47 0.004 U K.SLAMEMVLTGDR.I

661.8288 1321.6431 1321.6370 0.0061 0 47 0.0037 U K.SLAMEMVLTGDR.I

669.8228 1337.6311 1337.6319 -0.0008 0 55 0.00053 U K.SLAMEMVLTGDR.I

Citoqueratina -2 (CQ-2)

85701680 0.05 798.8916 1595.7687 1595.7832 -0.0145 0 83 7.7e-007

U K.SAPDFTATAVVDGAFK.E Anidrase carbônica III

31982861 2.59 521.7321 1041.4496 1041.5131 -0.0635 0 50 0.0013 U K.YNTFGEALK.Q

565.2565 1128.4985 1128.5088 -0.0102 0 46 0.004 U R.VVFDDTYDR.S

669.8300 1337.6454 1337.6575 -0.0223 0 46 0.0017 U K.EPMTVSSDQMAK.L

678.2834 1354.5522 1354.5745 -0.0223 0 40 0.0062 U K.EPMTVSSDQMAK.L

678.2915 1354.5683 1354.5745 -0.0061 0 44 0.0035 U K.EPMTVSSDQMAK.L

678.2915 1354.5683 1354.5745 -0.0061 0 49 0.0012 U K.YAAELHLVHWNPK.Y

83

526.5829 1576.7268 1576.8150 -0.0882 0 54 0.00057 U K.YAAELHLVHWNPK.Y

789.3841 1576.7537 1576.8150 -0.0614 0 75 5e-006

U K.HDPSLQPWSASYDPGSAK.T

648.2898 1941.8475 1941.8857 -0.0382 0 42 0.0046 U K.HDPSLQPWSASYDPGSAK.T

971.9342 1941.8538 1941.8857 -0.0319 0 34 0.027 U K.EAPFTHFDPSCLFPACR.D

684.6108 2050.8105 2050.9030 -0.0925 0 52 0.0001 U K.EAPFTHFDPSCLFPACR.D

1026.4345 2050.8544 2050.9030 -0.0485 0 54 0.00012 U

K.EWGYASHNGPDHWHELYPI

AK.G

836.3762

2506.1066

2506.1454

-0.0388

0

57

9.9e-005

U

R.SLFSSAENEPPVPLVGNWRP

PQPVK.G

915.7931 2744.3574 2744.4286 -0.0712 0 59 0.0001 U

R.SLFSSAENEPPVPLVGNWRP

PQPVK.G

915.7931 2744.3574 2744.4286 -0.0712 0 77 1.4e-006

U

R.SLFSSAENEPPVPLVGNWRP

PQPVK.G

915.8020 2744.3842 2744.4286 -0.0444 0 85 2.1e-007

U

R.SLFSSAENEPPVPLVGNWRP

PQPVK.G

915.8020 2744.3842 2744.4286 -0.0444 0 90 7.3e-008

U

R.SLFSSAENEPPVPLVGNWRP

PQPVK.G

Citoqueratina-8 (CQ-8)

52789 0.06 692.3467 1382.6789 1382.7194 -0.0405 1 35 0.057 U K.SLNNKFASFIDK.V

Citoqueratina-1(CQ-1)

4159806 0.05 633.3235 1264.6324 1264.6299 0.0025 0 49 0.0028 U R.TNAENEFVTIK.K

Triose-fosfato isomerase (TIM)

54855 1.26 569.2679 1136.5212 1136.5648 -0.0436 0 53 0.00097 U K.IAVAAQNCYK.V

624.2649 1246.5153 1246.5902 -0.0749 0 73 3.8e-006

U K.SNVNDGVAQSTR.I

663.7996 1325.5847 1325.6649 -0.0802 0 102 8.3e-009

U R.IIYGGSVTGATCK.E

729.8536 1457.6926 1457.7151 -0.0224 0 62 0.00011 U R.HVFGESDELIGQK.V

770.3736 1538.7326 1538.7841 -0.0515 0 120 1.6e-010

U K.DLGATWVVLGHSER.R

801.9100 1601.8054 1601.8817 -0.0763 0 65 5.4e-005

U K.VVLAYEPVWAIGTGK.T

801.9420 1601.8695 1601.8817 -0.0122 0 (42) 0.0094 U K.VVLAYEPVWAIGTGK.T

608.6460 1822.9163 1822.9611 -0.0448 0 57 0.0003 U K.VSHALAEGLGVIACIGEK.L

84

Imunoglobulina cadeia leve

110434 0.47 652.2936 1302.5727 1302.6092 -0.0365 0 87 3.5e-007

R.FSGSGSGTDFTLK.I

674.2860 1346.5575 1346.5673 -0.0099 0 42 0.0065 R.HNSYTCEATHK.T

674.2860 1346.5575 1346.5673 -0.0099 0 50 0.001 R.HNSYTCEATHK.T

858.7607 2573.2604 2573.2829 -0.0226 0 37 0.017

DVVMTQTPLSLPVSLGDQASI

SCR.S

858.7607 2573.2604 2573.2829 -0.0226 0 34 0.036

DVVMTQTPLSLPVSLGDQASIS

CR.S

Ribonucleoproteína heterogênea A2/B1

3329498 0.30 583.2634 1164.5123 1164.5159 -0.0037 0 55 0.00051 U K.EDTEEHHLR.D

594.8192 1187.6238 1187.6398 -0.0160 0 75 6.8e-006

U K.IDTIEIITDR.Q

619.2745 1236.5344 1236.5405 -0.0060 0 41 0.01 U R.QEMQEVQSSR.S

619.2745 1236.5344 1236.5405 -0.0060 0 73 5.7e-006

U R.QEMQEVQSSR.S

Ribonucleoproteína heterogênea A3 isoforma A

31559916 0.08 857.3828 1712.7511 1712.7683 -0.0172 0 44 0.0033 U R.GFAFVTFDDHDTVDK.I

85

Tabela Suplementar 2: Proteínas de Baço

Acesso emPAI (M+H) obs (M+H) esp (M+H) calc Delta (ppm) miss score expect U Sequência de Peptídeos

Calreticulina precursor

74200069

2.05 369.2159 736.4172 736.4119 0.0053 0 38 0.045 U K.FVLSSGK.F

496.7385 991.4623 991.4611 0.0013 0 46 0.0068 U R.QIDNPDYK.G

524.2447 1046.4749 1046.4628 0.0120 1 38 0.03 U K.DKQDEEQR.L

609.8106 1217.6066 1217.6000 0.0066 1 36 0.053 U K.DKGLQTSQDAR.F

726.3275 1450.6403 1450.6477 -0.0074 0 71 9.2e-006

U K.EQFLDGDAWTNR.W

840.3963 2518.1671 2518.1864 -0.0193 1 33 0.034 U

K.IDNSQVESGSLEDDWDFLPP

KK.I

Citoqueratina-8 (CQ-8)

52789 0.06 692.3467 1382.6789 1382.7194 -0.0405 1 35 0.057 U K.SLNNKFASFIDK.V

Calreticulina (ERp-60)

6680836

0.30

369.2154 736.4162 736.4119 0.0042 0 41 0.022 U K.FVLSSGK.F

400.2222 798.4299 798.4276 0.0024 0 41 0.019 U R.FYALSAK.F

488.2493 974.4841 974.4781 0.0060 0 55 0.00097 U K.GLQTSQDAR.F

524.2407 1046.4669 1046.4628 0.0040 1 42 0.014 U K.DKQDEEQR.L

609.8056 1217.5966 1217.6000 -0.0034 1 54 0.0009 U K.DKGLQTSQDAR.F

609.8056 1217.5966 1217.6000 -0.0034 1 63 0.00011 U K.DKGLQTSQDAR.F

726.3291 1450.6436 1450.6477 -0.0041 0 69 1.5e-005

U K.EQFLDGDAWTNR.W

726.3291 1450.6436 1450.6477 -0.0041 0 58 0.00022 U K.EQFLDGDAWTNR.W

840.3971 2518.1695 2518.1864 -0.0169 1 35 0.024

U

K.IDNSQVESGSLEDDWDFLPP

KK.I

840.3971 2518.1695 2518.1864 -0.0169 1 41 0.006 U

K.IDNSQVESGSLEDDWDFLPP

KK.I

86

840.4024 2518.1855 2518.1864 -0.0009 1 33 0.042 U

K.IDNSQVESGSLEDDWDFLPP

KK.I

Citoqueratina-10 (CQ-10)

387397 0.18 404.2046 806.3946 806.3923 0.0024 0 48 0.0042 R.LAADDFR.L

553.7618 1105.5091 1105.5186 -0.0095 0 40 0.025 R.VTMQNLNDR.L

583.2851 1164.5556 1164.5775 -0.0219 0 50 0.0027 U R.LENEIQTYR.S

601.3071 1200.5996 1200.6098 -0.0102 0 65 6.7e-005

R.QSVEADINGLR.R

691.3217 1380.6288 1380.6408 -0.0121 0 74 5.2e-006

U R.ALEESNYELEGK.I

Citoqueratina-8 (CQ-8)

52789

0.13 692.3487 1382.6828 1382.7194 -0.0366 1 91 1.5e-007

U K.SLNNKFASFIDK.V

692.3487 1382.6828 1382.7194 -0.0366 1 91 1.4e-007

U K.SLNNKFASFIDK.V

Citoqueratina-42 (CQ-42)

38503465 0.12 404.2109 806.4072 806.3923 0.0150 0 43 0.014 R.LAADDFR.T

586.7702 1171.5259 1171.5186 0.0073 0 44 0.0057 U K.DAEEWFFTK.T

Citoqueratina-1(CQ-1)

4159806 0.05 633.3235 1264.6324 1264.6299 0.0025 0 49 0.0028 U R.TNAENEFVTIK.K

Citoqueratina-2 (CQ-2)

85701680 0.05 356.6768 711.3390 711.3300 0.0090 0 (43) 0.0097 R.HGDDLR.S

Fosfoglicerato quinase 1

202423 1.34 371.7293 741.4441 741.4385 0.0056 1 37 0.039 U K.VKAEPAK.I

383.2034 764.3923 764.3817 0.0106 0 38 0.049 U K.YAEAVGR.A

522.8162 1043.6179 1043.6227 -0.0047 1 71 1.5e-005

U K.LTLDKLDVK.G

601.3354 1200.6562 1200.6536 0.0026 0 43 0.0094 U K.IQLINNMLDK.V

610.3322 1218.6498 1218.6496 0.0003 0 45 0.0061 U K.YSLEPVAAELK.S

610.3322 1218.6498 1218.6496 0.0003 0 40 0.02 U K.YSLEPVAAELK.S

692.3521 1382.6897 1382.6976 -0.0079 0 59 0.00023 R.AHSSMVGVNLPQK.A

545.5986 1633.7739 1633.7849 -0.0110 0 61 0.00014 K.LGDVYVNDAFGTAHR.A

877.8879 1753.7612 1753.7798 -0.0186 0 65 2.4e-005

U R.GCITIIGGGDTATCCAK.W

877.8879 1753.7612 1753.7798 -0.0186 0 80 7.8e-007

U R.GCITIIGGGDTATCCAK.W

590.3350 1767.9830 1767.9883 -0.0053 0 34 0.038 U K.ALESPERPFLAILGGAK.V

590.3357 1767.9852 1767.9883 -0.0031 0 52 0.0005 U K.ALESPERPFLAILGGAK.V

87

885.0013 1767.9881 1767.9883 -0.0002 0 51 0.00063 U K.ALESPERPFLAILGGAK.V

885.0013 1767.9881 1767.9883 -0.0002 0 44 0.0036 U K.ALESPERPFLAILGGAK.V

991.9642 1981.9139 1981.9302 -0.0163 0 44 0.0046 U K.VLNNMEIGTSLYDEEGAK.I

675.0122 2022.0148 2022.0310 -0.0162 1 46 0.0036 U K.ITLPVDFVTADKFDENAK.T

Argininosuccinato sintetase

6996911 0.23 429.7439 857.4732 857.4607 0.0126 0 49 0.0047 U R.IDIVENR.F

729.8779 1457.7413 1457.7402 0.0011 0 53 0.00085 U K.APNSPDVLEIEFK.K

785.4009 1568.7872 1568.7908 -0.0036 0 60 0.00016 U R.FELTCYSLAPQIK.V

785.4009 1568.7872 1568.7908 -0.0036 0 52 0.00098 U R.FELTCYSLAPQIK.V

Citoqueratina-8 (CQ-8)

52789 0.11 692.3490 1382.6834 1382.7194 -0.0360 1 55 0.00057 U K.SLNNKFASFIDK.V

692.3490 1382.6834 1382.7194 -0.0360 1 93 1e-007

U K.SLNNKFASFIDK.V

Frutose-bifosfato Aldolase A 7548322 0.70 470.7503 939.4860 939.4774 0.0087 0 59 0.00027 U K.ELSDIAHR.I

522.7874 1043.5602 1043.5611 -0.0009 0 51 0.0019 U R.QLLLTADDR.V

522.7874 1043.5602 1043.5611 -0.0009 0 58 0.00039 U R.QLLLTADDR.V

522.7920 1043.5695 1043.5611 0.0084 0 39 0.03 U R.QLLLTADDR.V

522.7920 1043.5695 1043.5611 0.0084 0 49 0.0028 U R.QLLLTADDR.V

666.8528 1331.6910 1331.6932 -0.0022 0 49 0.0024 U K.GILAADESTGSIAK.R

671.8587 1341.7028 1341.7041 -0.0013 0 41 0.014 U K.ADDGRPFPQVIK.S

689.3589 1376.7033 1376.7088 -0.0055 0 47 0.0043 U M.PHPYPALTPEQK.K

603.6468 1807.9186 1807.9250 -0.0064 1 35 0.041 U K.FSNEEIAMATVTALRR.T

703.0320 2106.0740 2106.0891 -0.0151 0 53 0.00062 U

K.IGEHTPSALAIMENANVLAR

.Y

708.3669 2122.0788 2122.0840 -0.0052 0 43 0.0048 U

K.IGEHTPSALAIMENANVLAR

.Y

1136.5680 2271.1214 2271.1343 -0.0128 0 57 0.00021 U

K.GVVPLAGTNGETTTQGLDG

LSER.C

Gliceraldeído 3 fosfato desidrogenase

6679937 1.41 353.6831 705.3517 705.3479 0.0037 0 49 0.0039 U R.AAICSGK.V

398.2176 794.4205 794.4109 0.0097 0 44 0.0093 U K.LTGMAFR.V

406.2034 810.3923 810.4058 -0.0135 0 45 0.0066 U K.LTGMAFR.V

88

406.2034 810.3923 810.4058 -0.0135 0 37 0.041 U K.LTGMAFR.V

614.3004 1226.5862 1226.6039 -0.0177 0 72 1e-005

U R.VVDLMAYMASK.E

622.3072 1242.5999 1242.5988 0.0011 0 59 0.00022 U R.VVDLMAYMASK.E

685.3304 1368.6463 1368.7361 -0.0898 0 70 1.6e-005

U R.GAAQNIIPASTGAAK.A

778.8703 1555.7261 1555.8029 -0.0768 0 77 3.1e-006

U R.VPTPNVSVVDLTCR.L

890.3622 1778.7099 1778.7900 -0.0801 0 87 7.2e-008

U K.LISWYDNEYGYSNR.V

910.4427 1818.8709 1818.8968 -0.0259 0 95 4.3e-008

U K.IVSNASCTTNCLAPLAK.V

790.4030 2368.1872 2368.2031 -0.0159 1 56 0.00022 U

K.RVIISAPSADAPMFVMGVNH

EK.Y

Malato desidrogenase

387422 0.42 464.7368 927.4590 927.4563 0.0028 0 37 0.043 U K.HGVYNPNK.I

617.3651 1232.7157 1232.7129 0.0028 0 35 0.047 U K.IFGVTTLDIVR.A

780.9064 1559.7983 1559.7944 0.0040 0 41 0.013 U K.VDFPQDQLATLTGR.I

879.9318 1757.8490 1757.8546 -0.0056 0 46 0.0035 U K.ETECTYFSTPLLLGK.K

Fator de alongamento (EF-Tu)

556301 0.77 393.7231 785.4317 785.4283 0.0034 1 50 0.0031 U K.KLEDGPK.F

393.7233 785.4321 785.4283 0.0038 1 51 0.0025 U K.KLEDGPK.F

452.2375 902.4605 902.4570 0.0035 1 47 0.0061 U R.RGNVAGDSK.N

488.2814 974.5482 974.5437 0.0045 0 52 0.0016 U R.LPLQDVYK.I

513.3099 1024.6053 1024.6030 0.0024 0 58 0.00024 U K.IGGIGTVPVGR.V

649.7809 1297.5473 1297.5496 -0.0024 0 56 0.00024 U K.MDSTEPPYSQK.R

702.8676 1403.7206 1403.7197 0.0009 0 55 0.00063 U K.YYVTIIDAPGHR.D

530.2952 1587.8638 1587.8733 -0.0095 0 35 0.05 U K.THINIVVIGHVDSGK.S

839.1269 2514.3590 2514.3768 -0.0178 0 46 0.001 U

R.VETGVLKPGMVVTFAPVNV

TTEVK.S

1004.4669 3010.3789 3010.3875 -0.0086 0 37 0.0078 U

K.SGDAAIVDMVPGKPMCVES

FSDYPPLGR.F

Citoqueratina-13 (CQ-13)

288246 0.21 532.8089 1063.6032 1063.6026 0.0006 1 46 0.0048 U R.LASYLDKVR.A

Citoqueratina-8 (CQ-8) 52789 0.06 692.3490 1382.6834 1382.7194 -0.0360 1 55 0.00057 U K.SLNNKFASFIDK.V

Citoqueratina-10 (CQ-10)

89

387397 0.06 404.2046 806.3946 806.3923 0.0024 0 48 0.0042 R.LAADDFR.L

Citoqueratina-1 (CQ-1)

4159806 0.05 633.3235 1264.6324 1264.6299 0.0025 0 49 0.0028 U R.TNAENEFVTIK.K

Aspartato aminotransferase 74213886 1.16 439.2508 876.4871 876.4818 0.0053 0 54 0.0011 R.VGASFLQR.F

465.2756 928.5367 928.5341 0.0026 1 85 7.7e-007

R.KAEAQIAAK.N

490.7615 979.5084 979.5161 -0.0077 0 60 0.00022

R.VGAFTVVCK.D

577.7681 1153.5217 1153.5186 0.0031 0 65 5.8e-005

R.DAGMQLQGYR.Y

635.8744 1269.7342 1269.7292 0.0050 0 68 2.2e-005

R.IAATILTSPDLR.K

725.4049 1448.7953 1448.7988 -0.0035 0 39 0.017 R.FVTVQTISGTGALR.V

748.8762 1495.7378 1495.7381 -0.0002 0 66 4.1e-005

K.EYLPIGGLAEFCK.A

748.8762 1495.7378 1495.7381 -0.0002 0 42 0.011 K.EYLPIGGLAEFCK.A

823.8678 1645.7209 1645.7294 -0.0085 0 114 3.9e-010

K.TCGFDFSGALEDISK.I

656.3347 1965.9824 1965.9870 -0.0045 1 35 0.036 K.NLDKEYLPIGGLAEFCK.A

774.7546 2321.2421 2321.2492 -0.0071 0 33 0.03 U

R.ISVAGVTSGNVGYLAHAIHQ

VTK.-

Citoqueratina-13 (CQ-13)

288246 0.2 532.8089 1063.6032 1063.6026 0.0006 1 46 0.0048 U R.LASYLDKVR.A

Citoqueratina-1 (CQ-1) 4159806 0.03 633.3235 1264.6324 1264.6299 0.0025 0 49 0.0028 U R.TNAENEFVTIK.K

Citoqueratina-8 (CQ-8) 52789 0.012 692.3490 1382.6834 1382.7194 -0.0360 1 55 0.00057 U K.SLNNKFASFIDK.V

90

Figura Suplementar 1

Géis bidimensionais representativos de proteínas solúveis de fígado de animais do grupo II (7 semanas de infecção). A) animal controle. B) animal infectado. C)

Sobreposição dos géis controle (rosa) e infectado (verde). Géis de acrilamida/bisacrilamida 10%, pH 3-10 SDS-PAGE, com aproximadamente 300 μg de proteínas.

A B C

91

Figura Suplementar 2

92

Alinhamento entre citoqueratina 8 (Mus musculus) e citoqueratina 8 (Homo sapiens). Destacado em vermelho encontra-se o peptídeo da citoqueratina 8 (Mus musculus)

identificado por espectrometria de massas.

Figura Suplementar 3

93

Alinhamento entre citoqueratina 10 (Mus musculus) e citoqueratina 10 (Homo sapiens). Destacado em vermelho encontram-se os peptídeos da citoqueratina 10 (Mus

musculus) identificados por espectrometria de massas.