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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Cassio Caldini Crespo
Alterações laríngeas, sintomas vocais e aspectos autorreferidos de estresse em professores do ensino público
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2009
Dissertação apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Fonoaudiologia na área de concentração Clínica Fonoaudiológica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Profa. Dra. Léslie Piccolotto Ferreira.
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto em sua forma impressa, como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da tese/dissertação.
ii
iii
CRESPO, Cassio Caldini
Alterações laríngeas, sintomas vocais e aspectos autorreferidos de estresse em professores do ensino público / Cassio Caldini Crespo – São Paulo, 2009.
92 f.
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia.
Título em Inglês: Laryngeal findings, voice symptoms and self-referred aspects of stress in teachers of public education.
1. Docentes 2. Esgotamento profissional 3. Distúrbios da voz 4. Laringoscopia
iv
BANCA EXAMINADORA
Prof(ª). Dr(ª). ___________________________________________________
Prof(ª). Dr(ª). ___________________________________________________
Prof(ª). Dr(ª). ___________________________________________________
v
TEMPO PARA TUDO
TUDO NESTE MUNDO TEM SEU TEMPO;
CADA COISA TEM SUA OCASIÃO.
HÁ UM TEMPO DE NASCER E UM TEMPO DE MORRER;
TEMPO DE PLANTAR E TEMPO DE ARRANCAR;
TEMPO DE MATAR E TEMPO DE CURAR;
TEMPO DE DERRUBAR E TEMPO DE CONSTRUIR.
HÁ TEMPO DE FICAR TRISTE E TEMPO DE SE ALEGRAR;
TEMPO DE CHORAR E TEMPO DE DANÇAR;
TEMPO DE ESPALHAR PEDRAS E TEMPO DE AJUNTÁ-LAS;
TEMPO DE ABRAÇAR E TEMPO DE AFASTAR.
HÁ TEMPO DE PROCURAR E TEMPO DE PERDER;
TEMPO DE ECONOMIZAR E TEMPO DE DESPERDIÇAR;
TEMPO DE RASGAR E TEMPO DE REMENDAR;
TEMPO DE FICAR CALADO E TEMPO DE FALAR.
HÁ TEMPO DE AMAR E TEMPO DE ODIAR;
TEMPO DE GUERRA E TEMPO DE PAZ.
ECLESIASTES 3, 1-8
vi
Dedico este trabalho
à minha esposa Vânia, por sua presença sempre carinhosa e por seu estímulo incansável nesta jornada;
ao meu pai José, cujo exemplo de vida sempre será meu norte nos caminhos desta vida;
à minha mãe Odilla, por sua fé inabalável e seu apoio sempre incondicional;
às minhas filhas Carolina, Marina e, sobretudo, à pequena Lara, de quem roubei precioso tempo de convivência, pela compreensão e ternura que sempre me dedicaram.
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pai e, sobretudo, amigo.
À Profa. Dra. Léslie Piccolotto Ferreira, minha orientadora, por seus conhecimentos e dedicação ao seu ofício, sem a qual nada teria sido possível.
À Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva, pelas preciosas sugestões e ensinamentos ao longo deste curso.
Ao Prof. Dr. André de Campos Duprat e à Dra. Samantha Bannwart, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pela avaliação realizada nas imagens laringoscópicas que compõem este estudo.
Aos membros da Banca de Qualificação, Prof. Dr. André de Campos Duprat, Profa Dra. Iara Bittante de Oliveira, Profa Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva e Profa Dra. Noemi Grigoletto De Biase, pelas valiosas sugestões, que muito contribuíram na elaboração deste trabalho.
Ao Prof. Dr. José Jarjura Jorge Jr. e à Profa Dra. Maria Angelina Nardi de Souza Martinez, por seus incentivos e suas contribuições.
Aos meus colegas da disciplina de Otorrinolaringologia, da Faculdade de Medicina de Sorocaba/PUC-SP, e aos médicos residentes do serviço de ORL, por seu apoio e participação.
Às fonoaudiólogas Maria Fabiana Bonfim de Lima, Elaine Gemaque e Ilza Machado, companheiras de pesquisa e Mestrado, que compartilharam comigo todo o processo de coleta de dados, em Sorocaba.
Ao colega de Mestrado e amigo Rubem Cruz Swensson, pelos momentos que partilhamos.
Às estudantes da Graduação em Fonoaudiologia (PUC-SP) Renata Bindi e Natália Costa, pelo apoio e colaboração na realização deste estudo.
Aos diretores, coordenadores e professores das duas escolas municipais participantes desta pesquisa, na cidade de Sorocaba/SP, pela contribuição e gentileza com que sempre me receberam.
À Sra. Virgínia Rita Pini, secretária do Programa de Estudos Pós-graduados em Fonoaudiologia, sempre prestativa e gentil no tratamento com todos os alunos.
A todos os professores do Programa de Estudos Pós-graduados em Fonoaudiologia, da PUC-SP, por oferecerem aos alunos muitas possibilidades de crescimento profissional e pessoal.
A todos que, embora não mencionados, contribuíram, de alguma forma, com a realização desta pesquisa.
viii
RESUMO
CRESPO, CC. Alterações laríngeas, sintomas vocais e aspectos autorreferidos de estresse em professores do ensino público. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009. Objetivo: Analisar e relacionar a ocorrência de alterações laríngeas, sintomas de voz/garganta e aspectos autorreferidos relacionados ao estresse em professores do ensino fundamental e médio da rede de ensino público. Justificativa: Os distúrbios que atingem a voz afetam todas as profissões, mas assumem importância vital e são altamente incapacitantes para aqueles que usam sua voz como ferramenta laborativa, como é o caso dos professores. O estresse está presente na rotina diária docente em função de vários fatores sociais e das relações do trabalho moderno. Dentro desse contexto, no qual se cruzam os distúrbios da voz (materializados nos sintomas vocais e nas imagens laringoscópicas) e a realidade diária do estresse, cada vez mais presente na profissão de professor, foi idealizada esta pesquisa. Aspectos teórico-metodológicos: A pesquisa consistiu em um estudo prospectivo transversal observacional. Foram analisados os dados obtidos a partir da avaliação de população de 58 professores de duas escolas de ensino fundamental e médio da rede Municipal de Ensino do Município de Sorocaba/SP, que preencheram os critérios de inclusão e exclusão propostos. Os professores foram submetidos a: (1) questionário de autoavaliação, denominado “Condições de Produção Vocal do Professor – CPV-P”, em que foram analisadas questões organizacionais, incluindo-se as com inferência ao estresse e à violência no ambiente escolar e sintomas vocais e de garganta; (2) exame da laringe por imagem, consistindo em uma vídeonasolaringoscopia, registrada em mídia digital, para posterior análise e classificação das alterações presentes, por profissionais médicos da área de Otorrinolaringologia. Analisaram-se as relações entre o nível de estresse inferido pelas respostas dos questionários com os sintomas referidos e os achados laringoscópicos. Na análise estatística dos dados foram empregados: a Correlação de Pearson, o teste ANOVA – Analysis of Variance e o teste de associação Qui-Quadrado. RESULTADOS: Da amostra, 70,68% dos sujeitos referiram apresentar pelo menos um sintoma de voz. Os de maior ocorrência foram: rouquidão, voz fraca e falhas na voz. Pelo menos um sintoma de garganta foi referido por 91,40% dos sujeitos, sendo os de maior ocorrência: pigarro, esforço ao falar e cansaço ao falar. Nas avaliações das imagens, 91,37% dos sujeitos apresentaram pelo menos um tipo de alteração: sinais de refluxo laringofaríngeo, em 68,97%; constrição supraglótica, em 65,52%; fenda, em 27,56% e lesão de massa, em 32,75%. A população estudada não apresentou resultados que comprovassem intensidade elevada de inferência ao estresse. Os resultados indicaram tendência dos professores com maior inferência ao estresse a apresentar maior número de sintomas de garganta, o mesmo não ocorrendo com os sintomas vocais. Não se encontrou correlação entre nível de estresse e alterações laringoscópicas. Palavras-chave: docentes, esgotamento profissional, distúrbios da voz, laringoscopia.
ix
ABSTRACT
CRESPO CC. Laryngeal findings, voice symptomsand self-referred aspects of stress in teachers of public education. [Master’s dissertation]. Sao Paulo: Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo, 2009.
Aim: To analyze and correlate the occurrence of laryngeal changes, voice/throat symptoms and self-referred aspects related to stress under elementary and secondary public school teachers Justification: The vocal disorders affect each and every working class, however, they assume vital importance and are highly incapacitating to the ones who use their voices as a work tool, such as teachers. Stress is present on a regular daily basis of scholastic work due to various social factors as well as modern work relations. In this context, where vocal disorders (materialized in voice symptoms and in laryngoscopic images) combine with the daily reality of teachers who face stress often enough in their jobs, this current research has been conducted. Theoretical and methodological aspects: The research was based on an observational transversal prospective study. Data was collected and analyzed taking into account the evaluation of 58 teachers in two elementary and secondary municipal schools in Sorocaba/SP, which fulfilled the proposed criteria of inclusion and exclusion. The teachers were submitted to: (1) self assessment questionnaire on organizational questions, including questions about inference from stress and violence in the school environment and from voice/throat symptoms, called "Conditions of the Teacher’s Vocal Production – CPV-P", which examined organizational issues, including the inference with the stress and violence in the school environment and voice and throat symptoms; (2) Larynx examination by image, consisting of a video-nasal laryngoscopy, registered in digital media for further analysis and classification of existing alterations, by professional doctors in the area of otolaryngology. Statistical analysis of data were employed: the Pearson’s Correlation, ANOVA-Analysis of Variance Test and the test of Association Chi-Square were used. Results: From the sample, 70.68% of subjects referred to, at least, one voice symptom. The ones which highest prevalence were: hoarseness, weak voice and flaws in the voice. At least one throat symptom was referred by 91.40% of subjects and the most prevalent were: phlegm, effort and fatigue to talk. During the image evaluation 91.37% of subjects showed at least one kind of disorder: evidence of laryngopharyngeal reflux in 68.97%, supra-glottic constriction in 65.52%, vocal cleft in 27.56%, and mass lesion in 32.75%. The results showed tendency of teachers with higher inference to stress the greater number of symptoms present in the throat, this does not occur with the vocal symptoms. There was no correlation between level of stress and laryngoscopy changes. Key Words: faculty, Burnout professional, voice disorders, laryngoscopy.
x
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 01 2. OBJETIVOS 05 3. REVISÃO DE LITERATURA 06 3.1. Riscos 06 3.2. Prevalência 09
3.2.1. Prevalência das alterações vocais perceptivo-auditivas e achados laringoscópicos 10 3.2.2. Prevalência dos sintomas vocais 12
3.3. Estresse em professores 15 4. MÉTODO 24 4.1. Delineamento do estudo e preceitos éticos 24 4.2. População e amostra do estudo 24
4.2.1. Critérios de Inclusão e exclusão 26 4.2.2. Caracterização da amostra final 26
4.3. Instrumentos da pesquisa 27 4.3.1. Questionário de autoavaliação 27 4.3.2. Exames videonasolaringoscópicos 28
4.4. Procedimentos 30 4.4.1. Questionário de autoavaliação 31 4.4.2. Exames videonasolaringoscópicos 31
4.5. Análise dos dados 33 4.5.1. Tabulação dos dados do questionário de autoavaliação 33
4.5.1.1. Questões com inferência para estresse 33 4.5.1.2. Questões sobre sintomas vocais e de garganta 37
4.5.2. Análise estatística 37 4.5.2.1. Testes estatísticos 37 4.5.2.2. Análise de fidedignidade para as avaliações de imagem 38 4.5.2.3. Índice de Estresse 38 4.5.2.4. Variáveis da pesquisa 39
5. RESULTADOS 41 5.1. Resultados das questões autorreferidas relacionadas à presença de sintomas de voz e garganta 41 5.2. Resultado das avaliações das imagens videonasolaringoscópicas 42 5.3. Resultados das questões organizacionais autorreferidas relacionadas ao estresse 43 5.4. Correlações entre o Índice de Estresse e sintomas autorreferidos 48 5.5. Correlações entre o Índice de Estresse e alterações dos exames de imagem
videonasolaringoscópicas 52 6. DISCUSSÃO 55 7. CONCLUSÃO 65 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66 9. ANEXOS 71 Anexo 1 – Questionário: Condição vocal do professor 71 Anexo 2 – Protocolo de Avaliação 79
xi
LISTA DE TABELAS Tabela 1. Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos professores, segundo aspectos sóciodemográficos e aspectos de caracterização do trabalho (n=58) 25
Tabela 2: Descritiva completa para Índice de Estresse 38
Tabela 3: Distribuição dos sintomas vocais referidos pelos professores (n=58) 41
Tabela 4: Distribuição dos sintomas de garganta referidos pelos professores (n=58) 42
Tabela 5: Distribuição dos achados das videonasolaringoscopias (n=58) 43
Tabela 6: Distribuição das respostas das questões organizacionais diretamente relacionadas ao estresse 44
Tabela 7: Distribuição das respostas das questões organizacionais inversamente relacionadas ao estresse 45
Tabela 8: Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 1) 46
Tabela 9: Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 1,5) 47
Tabela 10: Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 2) 48
Tabela 11: Comparação entre os Grupos A e B para quantidade de sintomas referidos 49
Tabela 12: Correlação do Índice de Estresse com sintomas laríngeos 52
Tabela 13: Correlação do Índice de Estresse com alterações videonasolaringoscópicas 53
Tabela 14: Correlação entre alterações videonasolaringoscópicas e o Índice de Estresse 53
Tabela 15: Relação entre Grupos (A e B) e alterações videonasolaringoscópicas 54
xii
LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Peso atribuído às questões relativas às situações de violência ocorridas na escola 35
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 1) 47 Gráfico 2: Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 1,5) 47 Gráfico 3: Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 2) 48 Gráfico 4: Distribuição da média de sintomas referidos nos Grupos A e B 49 Gráfico 5: Distribuição da média do Índice de Estresse nos sintomas de voz referidos 50 Gráfico 6: Distribuição da média do Índice de Estresse nos sintomas de garganta referidos 51 Gráfico 7: Distribuição da média do Índice de Estresse na ocorrência de alterações videonasolaringoscópicas 52
1. INTRODUÇÃO
Na área de atuação da Laringologia do século XXI, as atenções se
voltam, cada vez mais, para as correlações entre os distúrbios vocais e as
atividades laborais. O crescimento da sociedade como um todo, o
desenvolvimento industrial e coorporativo, a explosão da mídia e a globalização
vieram acompanhados de uma preocupação crescente com a saúde do
trabalhador e com a prevenção das doenças ocupacionais.
A relação entre voz e as atividades do trabalho assume papel relevante
na literatura, com estudos que abordam o tema (ARAÚJO et al., 2008). O 1º
Pró-Consenso de Voz Profissional Voz e Trabalho (S.B.L.V., 2001) definiu voz
profissional como “forma de comunicação oral utilizada por indivíduos que dela
dependem para exercer sua atividade ocupacional”.
Na medida em que o trabalho como atividade social está estreitamente
relacionado com a comunicação oral, em menor ou maior grau, de um modo
geral, os distúrbios que atingem a voz afetam todas as classes trabalhadoras.
Entretanto, esses distúrbios assumem importância vital e são altamente
incapacitantes para aqueles que usam sua voz como ferramenta laborativa. É
nesse grupo de trabalhadores que esses distúrbios afloram como
consequência direta, como doenças relacionadas ao trabalho. O contingente de
profissionais que se encaixam neste perfil não é pequeno.
Segundo VILKMAN (2000), cerca de 25% dos trabalhadores finlandeses
dependiam de alguma forma da voz para o desenvolvimento de suas funções,
índice que atingia um terço da força de trabalho, considerando-se globalmente
as sociedades modernas.
2
No Brasil, a questão da saúde vocal do trabalhador é foco de atenção e
preocupação de órgãos ligados ao Ministério da Saúde, sendo essa uma
vertente de atuação da Rede Nacional de Saúde do Trabalhador (RENAST). A
regional de São Paulo, do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de
São Paulo – CEREST/SP, órgão ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS),
criado no intuito de fortalecer as ações relacionadas à saúde dos trabalhadores
no país, tem se mostrado ativa em eventos e debates, com participação de
profissionais representantes de diversos segmentos da sociedade, entidades
de classes e representantes sindicais. Patrocina ainda o Grupo Educativo
Terapêutico, cujas atividades são direcionadas aos profissionais de diversas
áreas que utilizam a voz como ferramenta de trabalho, entre eles, professores,
radialistas, advogados e operadores de telemarketing. Nesse sentido, a
parceria do CEREST com o Grupo de Estudos de Voz da Fonoaudiologia da
PUC-SP tem se mostrado profícua em seus resultados.
Dentre os profissionais da voz, o professor é aquele que tem merecido
maior número de pesquisas entre os fonoaudiólogos brasileiros (FERREIRA et
al., 2003).
A classe dos professores atua com esforço vocal intenso e, na maioria
das vezes, sem treinamento adequado e exposto a condições ambientais
adversas (ARAÚJO et al., 2008). A pesquisa de ROY et al. (2004) apresenta
um dos maiores estudos epidemiológicos sobre a prevalência de distúrbios
vocais na população geral e em professores, com uma casuística de 2.531
sujeitos, e sugere fortemente que os professores são mais suscetíveis a
apresentar distúrbios vocais. Essa classe em especial quer por sua relevância
social e número de profissionais envolvidos, quer pelos enormes prejuízos
financeiros e educacionais ocasionados pelo absenteísmo motivado pelas
moléstias ocupacionais da voz, destaca-se como centro de atenção dos órgãos
governamentais.
3
Dentre as causas possíveis para o adoecimento físico e mental do
professor, o estresse1 acentuado, presente nessa classe laboral, é um
fenômeno que vem sendo observado em vários países (LAPO e BUENO, 2003)
e, portanto, tem importância e merece destaque.
Para SEIFERT e KOLLBRUNNER (2005), as causas psicológicas e o
aumento do tônus muscular laríngeo associado a elas devem ser lembradas
como fatores etiológicos dos distúrbios vocais. Para esses autores, o papel da
voz como “barômetro de emoções”, em que o distúrbio vocal deve também ser
visto como um sinal de estresse emocional, tem que ser lembrado no momento
da escolha do método terapêutico, reforçando-se com psicoterapia os métodos
tradicionais de terapia vocal.
PINHEIRO e CUNHA (2004), ao chamarem a atenção para as questões
psíquicas dos distúrbios da voz, retratam criticamente a forma dicotômica entre
o orgânico e o psíquico com que os casos de disfonia são tratados. Apontam
as autoras a falta de consistência na definição de psiquismo, na literatura
fonoaudiológica, que o reduz a “tudo o que não é orgânico”, e sedimenta o
equívoco da negação do binômio “mente-corpo”. Sem minimizar a importância
dos recursos técnicos no campo fonoaudiológico, reforçam a ideia de manter
viva a preocupação com os aspectos simbólicos das manifestações disfônicas.
Lembram que o sintoma sempre tem um significado latente além do manifesto,
pois ele é revelador da vida psíquica do paciente, um canal aberto para o
inconsciente. Para as autoras, uma abordagem uníssona entre o orgânico e o
psíquico é o caminho para resultados terapêuticos duradouros, com resgate
não apenas da voz, mas de tudo que antecede e se relaciona com a disfonia,
na história de vida do paciente.
Os fatores para o aparecimento do estresse estão presentes na rotina
diária do professor. Segundo SOUZA et al. (2003), até a década de 60, existia,
para a maior parte dos professores, uma relativa segurança material pela
1 Para a palavra inglesa “stress” adotou-se neste trabalho sua versão “estresse” para a língua portuguesa.
4
estabilidade no emprego e piso salarial condizente, o que garantia um certo
prestígio social. Esse quadro dos anos 60 contrasta com o perfil das condições
atuais do trabalho docente descrito por GASPARINI et al. (2005), na pesquisa
em que apresentaram um perfil dos afastamentos, por motivos de saúde, em
uma população de profissionais da educação, baseado nos dados
apresentados no relatório da Gerência de Saúde do Servidor e Perícia Médica
do Município de Belo Horizonte/MG, abrangendo o período de abril de 2001 a
maio de 2003. Esse estudo apontou os transtornos psíquicos em primeiro lugar
entre os diagnósticos que provocaram os afastamentos (15,8%). Apontaram os
autores que o papel do professor extrapolou a mediação do processo de
conhecimento do aluno ao incorporar aspectos de articulação entre escola e
comunidade e tarefas de gestão e planejamento escolar. O sistema escolar
transferiu, segundo os autores, ao profissional docente a responsabilidade de
preencher as lacunas existentes na instituição, convivendo com um efetivo em
número insuficiente e, muitas vezes, compelido a buscar por seus próprios
meios formas de requalificação e atualização.
Dentro desse contexto, no qual se cruzam os distúrbios da voz
(materializados nos sintomas vocais e nas imagens laringoscópicas) e a
realidade diária do estresse, cada vez mais presente na profissão de professor,
foi idealizada a presente pesquisa. A partir de seus achados, espera-se poder
contribuir para o entendimento das alterações laríngeas em sua vertente
relacionada ao estresse nessa classe profissional.
5
2. OBJETIVOS
Analisar e correlacionar a ocorrência de alterações laríngeas, sintomas de
voz/garganta e aspectos autorreferidos relacionados ao estresse em
professores do ensino fundamental e médio da rede de ensino público.
6
3. REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo está dividido em três partes, na tentativa de facilitar sua
leitura e entendimento. Na primeira, são oferecidos dados epidemiológicos
sobre riscos envolvidos na atividade docente, em especial sobre voz e
estresse. Na segunda, dados de prevalência de achados laringoscópicos e
sintomas (de voz e garganta) autorreferidos na população geral e em
professores. Ao final, na terceira, incluem-se dados de literatura sobre estresse
e suas correlações com os distúrbios vocais.
3.1. Riscos
O trabalho de prevenção frente a determinado problema de saúde
passa, necessariamente, pela compreensão de sua natureza etiológica e dos
riscos envolvidos no processo de seu aparecimento.
As disfonias profissionais sempre envolvem multifatoriedade causal e
são vários os riscos a serem considerados, incluindo-se os fatores psicológicos
(SMOLANDER e HUTTUNEN, 2006).
O grupo dos professores é apontado na literatura como um dos de maior
risco para distúrbios vocais (SMITH et al., 1997; SMITH et al., 1998;
WILLIAMS, 2003; Roy et al., 2004; THIBEAULT et al., 2004; VILKMAN, 2004;
SLIWINSKA-KOWALSKA et al., 2006). Em relação ao gênero, ser professor e
do sexo feminino carrega um risco adicional para os distúrbios vocais
(BRASOLOTTO e FABIANO, 2000).
7
Para GIANNINI (2007), os professores constituem a categoria
profissional mais propensa ao desenvolvimento de alterações vocais, devido ao
uso intenso da voz e ao ambiente muitas vezes desfavorável de seu trabalho.
Os resultados de SMITH et al. (1998), através de questionário
autorreferido aplicado em uma amostra de 554 professores (grupo-controle de
220 indivíduos adultos da população geral), indicaram que esses profissionais
apresentam maior risco de desenvolver distúrbios vocais do que outros
trabalhadores estudados, pelo uso prolongado e intenso da voz associado a
ambientes ruidosos. O ruído em sala de aula como fator de risco para
disfonias, pelo “efeito de Lombard – Tarneaud” (tendência a se aumentar a
intensidade da voz, em resposta ao ruído ambiental), foi estudado por LIBARDI
et al. (2006). De uma amostra de 36 professores, 75% referiram como alto o
ruído em sala e 34,95% apresentaram alguma queixa vocal. Em relação aos
efeitos do ruído sobre a comunicação oral em sala de aula, a maioria dos
professores acusou a necessidade de falar mais alto (50% responderam
“sempre”, 47% responderam “às vezes”) Referiram, ainda, dificuldade em
compreender o que lhes falavam e intolerância a qualquer tipo de barulho. Na
pesquisa de MEDEIROS et al. (2008), realizada com questionário para
aspectos organizacionais e aspectos de saúde geral e mental (The General
Health Questionnaire GHQ-12), em 2.103 professoras de 81 escolas de Belo
Horizonte consideraram como um dos fatores para o desencadeamento de
estresse o nível de ruído elevado. As professoras do estudo referiram o ruído
como um fator ambiental adverso para o desenvolvimento das atividades, e
esta variável foi fortemente associada à disfonia provável, pelos critérios do
método.
KOOIJMAN et al. (2006), em sua pesquisa, analisaram 1.878
questionários, com o objetivo de identificar fatores de risco associados a
problemas vocais em professores do ensino fundamental e médio. O
questionário aplicado continha questões organizacionais (tempo de atividade
docente, carga horária diária, número de alunos por classe), aspectos físicos
(problemas de pescoço e ombros, coluna, laringofaringe e audição), aspectos
8
psicoemocionais (estresse, emoções) e aspectos ambientais (acústica,
umidade, temperatura, fatores irritantes das vias aéreas). Os aspectos físicos e
psicoemocionais foram os que mais se relacionaram aos distúrbios vocais
relatados. Como uma de suas conclusões, os autores afirmaram que as
emoções podem influenciar negativamente a produção vocal, especialmente
em pessoas sensíveis. Também encontraram correlação entre carga de uso
vocal (justificada pela obrigatoriedade de elevar a voz em aula, principalmente
quando o número de alunos, por classe, era grande) e distúrbios vocais. Os
fatores ambientais se mostraram os de menor importância.
O CEREST/SP (2006), dada a importância do tema, indicou a
necessidade da caracterização da disfonia profissional como entidade
nosológica individualizada. Sugeriu a inclusão de uma nova categoria para a
classificação das disfonias: o distúrbio de voz relacionado ao trabalho. Com
isso, esperou evidenciar o tema, abrindo discussões e ações, visando
sedimentar os conhecimentos acerca das disfonias, sua relação com o
ambiente e os riscos envolvidos. Fundamentou a importância do assunto
baseado nas conclusões e diretrizes apresentadas no XIV Seminário de Voz
(2004) organizado pelo GT – Voz Fonoaudiologia, da PUC-SP. Esse encontro
apresentou sistematização de riscos para aparecimento de distúrbios
ocupacionais da voz, descrevendo que devem ser considerados os seguintes
aspectos: a intensidade, o tempo de exposição a esses fatores e a organização
temporal da atividade, como a duração do ciclo de trabalho, a distribuição das
pausas ou a estrutura de horários.
O documento apresentado no XIV Seminário de Voz (2004) agrupou os
fatores de risco dos distúrbios de voz da seguinte forma:
1 – Organizacionais do processo de trabalho: jornada de trabalho
prolongada; sobrecarga (acúmulo de atividades ou funções); demanda vocal
excessiva; ausência de pausas e locais de descanso durante a jornada; falta de
9
autonomia; ritmo de trabalho estressante; trabalho sob forte pressão e
insatisfação com o trabalho e/ou com a remuneração.
2 – Ambientais, subclassificados em: riscos físicos e riscos químicos.
Incluem-se em riscos físicos: nível de pressão sonora acima de 65 dB (nível de
audição); falta de planejamento em relação ao mobiliário e aos recursos
materiais; desconforto e choque térmico; ventilação inadequada do ambiente e
utilização de aparelhos de ar condicionado. Incluem-se em riscos químicos:
exposição a produtos químicos irritativos de vias aéreas superiores (solventes,
vapores metálicos, gases asfixiantes) e a presença de poeira e/ou fumaça no
local de trabalho.
A sobrecarga emocional aparece diretamente inferida dos riscos
organizacionais. Os riscos físicos e químicos dizem respeito a agentes
agressores que lesionam o organismo em clara relação causa-efeito. Mesmo
aqui, entretanto, agora formando um segundo plano, aparece a sobrecarga
emocional, uma vez que a qualquer desconforto orgânico se associa um certo
nível de estresse (PEREIRA et al., 2003).
3.2. Prevalência
Os sinais vocais como qualidade vocal (que pode ser notada e aferida
pelo examinador) as imagens (colhidas nos exames da laringe) e os sintomas
vocais (na esfera da autopercepção/queixa autorreferida) são pontos
importantes no diagnóstico e classificação das disfonias. É interessante
conhecer aspectos de sua prevalência.
Segundo ROY et al. (2004), os índices de prevalência de distúrbios
vocais, na população geral, variam consideravelmente na literatura, de 0,62% a
15%. Para esses autores, as diferenças encontradas relacionam-se, em parte,
10
às definições conflitantes para “distúrbios vocais”; outras vezes, devem-se a
diferenças metodológicas no tamanho e seleção das amostras de estudo.
3.2.1. Prevalência das alterações vocais perceptivo-auditivas e
achados laringoscópicos
A pesquisa de OLIVEIRA (1999), utilizando em seu método
questionários sobre sintomas vocais/autoavaliação do desempenho vocal e
protocolos para avaliação da voz e imagens laríngeas, em sua segunda etapa,
estudou uma população de professores do ensino fundamental da cidade de
Campinas/SP. Em 42 sujeitos que compunham a amostra dessa etapa, a
autora encontrou uma prevalência de alterações da qualidade vocal avaliadas
por análise perceptivo-auditiva (juízes fonoaudiólogos) de cerca de 80%. A
prevalência de voz rouca foi em média 35%, de voz áspera 40% e de voz
soprosa 40%. Essa etapa mostrou ainda prevalência elevada de alterações
laríngeas nas laringoscopias, principalmente considerando-se que a amostra
de 42 docentes foi selecionada pelo critério, entre outros, de ausência de
diagnóstico prévio de patologia laríngea. A prevalência de fendas glóticas
encontrada (76,2%) foi considerada alta, pela pesquisadora, concentradas no
tipo triangular médio-posterior, denotando hiperfunção. Também foi alta a
prevalência de desvio no comportamento do vestíbulo laríngeo (80,9%),
caracterizado pela presença de constrição em qualquer de suas
apresentações. Essa presença de constrição glótica, um segundo fator
indicativo de hiperfunção, apontou para as disfonias funcionais. Encontrou
ainda prevalência de 57,1% para lesões de massa (as mais prevalentes foram
espessamentos, edemas e nódulos) e 97,6% de sinais de refluxo
gastroesofágico (hiperemia da região aritenoídea, espessamento posterior,
convexidade do espaço interaritenoideo). Uma observação importante, a partir
dos resultados de OLIVEIRA (1999), é a de que muitos professores, que
apresentaram alterações na avaliação perceptivo-auditiva e/ou na
laringoscopia, não identificavam o problema como presente, em suas respostas
do questionário de autoavaliação.
11
A questão de como o sujeito percebe sua alteração vocal é valorizada
por WILLIAMS (2003), para quem a prevalência desses distúrbios pode ser
mais alta ainda do que a encontrada em muitos trabalhos se a metodologia se
baseou em questionários de autopercepção da qualidade vocal. Para esse
autor, a autopercepção depende muito de como o distúrbio afeta, diretamente,
a atividade laboral e parte dos afetados pode não valorizar o fato se seu
desempenho não for prejudicado. A ausência de queixa vocal não é indicativo
fiel de ausência de alterações laríngeas ou de alterações qualitativas da voz,
sejam perceptivo-auditiva ou acústicas (OLIVEIRA, 1999; CORAZZA et al.,
2004; PENTEADO, 2007).
A prevalência de distúrbios vocais em docentes também foi estudada por
FUESS e LORENZ (2003). Em uma amostra de 451 professores, do ensino
fundamental e médio da rede municipal de ensino de Mogi das Cruzes/SP, a
prevalência de disfonia (subclassificada em eventual, frequente ou constante)
foi alta (80,7%). Houve correlação estatística entre os casos de disfonia com
carga horária semanal e número de alunos por classe com a carga horária
semanal e o número de alunos por classe. Da amostra, 30 professores que
apresentavam problemas vocais constantes foram submetidos à
telelaringoscopia. Os diagnósticos considerados pelos autores como disfonias
por exigência ocupacional (nódulos vocais e disfonia funcional) somaram 50%
dos casos. A distribuição dos achados telelaringoscópicos foi: nódulos vocais
(26,5%); disfonia funcional (23,5%); cisto de prega vocal (13,5%); edema de
Reinke (10%); sinais de refluxo laringofaríngeo (10%); laringite de etiologia
alérgica (6,5%); sulco vocal (6,5%) e leucoplasia (3,5%).
PRECIADO et al. (2005) estudaram, com questionários de
autoavaliação, avaliação vocal e laringoestroboscopia, uma população
randomizada de 492 professores do ensino médio e fundamental de La
Rioja/Espanha. Seus resultados, no que concerne à laringoestroboscopia,
mostram alterações em 57% da amostra. A classificação utilizada para essas
alterações e sua distribuição nos resultados foram: lesões orgânicas em 20%
(13,8% nódulos vocais; 2% pólipos; 1,4% ectasias vasculares; 1,2% edema de
12
Reinke; 0,4% cisto submucoso; 0,4% sulco vocal e 1% outras alterações);
laringite crônica em 8,1% (2,8% inespecíficas; 3,9% tabágicas e 1,4% por
refluxo gastroesofágico (RGE) e alterações funcionais em 28,8% (18,1%
sobrecarga vocal; 7,5% disfonia hiperfuncional; 0,4% disfonia hipofuncional e
2,8% fonação ventricular).
Na pesquisa de SLIWINSKA-KOWALSKA et al. (2006), em uma amostra
de 425 professores (grupo-controle com 83 não-professores), as prevalências
de fendas glóticas e nódulos vocais encontradas nas laringoscopias foram três
vezes maiores em professores do que no grupo-controle de não-professores.
FORTES et al. (2007) estudaram uma população de indivíduos
encaminhados a um hospital terciário, selecionados por atuarem em atividades
nas quais o uso da voz fosse indispensável e preponderante, e que
apresentassem queixas vocais, com objetivo de registrar a prevalência de
alterações laríngeas observadas por videolaringoestroboscopia. De acordo com
os autores, por se tratar de uma amostra pré-selecionada justifica-se a alta
prevalência de alterações encontradas nos exames. Os pacientes foram
divididos em nove categorias, de acordo com suas profissões: professores,
atores, cantores, vendedores, telefonistas/telemarketing, secretárias,
missionários, profissionais de saúde e miscelânea. O grupo de professores era
composto por 38 docentes, e os diagnósticos nesse grupo foram de alterações
estruturais mínimas em 32%, nódulos vocais em 25%, edema de Reinke em
16%, pólipos em 13%, cordite em 5% e outros diagnósticos em 3%.
3.2.2. Prevalência dos sintomas vocais
A pesquisa de OLIVEIRA (1999), citada anteriormente, encontrou na
amostra inicial com 112 sujeitos (primeira etapa da pesquisa) a prevalência de
três ou mais sintomas vocais de 92%, considerada alta. Um dos objetivos de
sua pesquisa foi estabelecer a prevalência de sintomas vocais em professores
13
do ensino fundamental sem diagnóstico prévio de patologia vocal. Os sintomas
mais citados foram fadiga vocal, esforço vocal, garganta raspando e seca. Na
amostra final de 44 casos selecionada pelos critérios de inclusão, a avaliação
perceptivo-auditiva da voz e as laringoscopias confirmaram que a presença de
três ou mais sintomas é indicativo da possibilidade real do examinador detectar
e aferir sinais em seu exame. Dessa forma, para a autora, o número de
sintomas referidos tem importância como previsor da presença de alterações
perceptivo-auditivas ou laringoscópicas.
No trabalho de ROY et al. (2004) as alterações vocais investigadas
diziam respeito a sintomas referidos tais como rouquidão, cansaço vocal,
perda de alcance vocal no canto, desconforto ao falar, esforço ao falar, voz
monótona, voz trêmula, dor de garganta, garganta seca e pigarro. A
prevalência de alterações vocais ao longo de toda a vida na totalidade de
amostra foi de 43%; considerando-se apenas os professores, foi de 57,7%
contra 28,8% dos não professores. A prevalência de distúrbios vocais referidos
na época da pesquisa na população geral foi de 6,2%, e no grupo de
professores foi de 11,0%. Para esses autores, esses resultados não só
indicaram que os professores são uma categoria de alto risco para distúrbios
vocais, mas também que a magnitude de problemas vocais na população geral
é significante.
Na pesquisa de SLIWINSKA-KOWALSKA et al., 2006 (amostra de 425
professores, com grupo-controle composto por 83 não-professores), a
prevalência de sintomas vocais (rouquidão, perda de voz, garganta seca,
pigarro e tosse seca) em relação a gênero, foi duas vezes maior em
professores do sexo feminino que no grupo-controle de não-professores desse
mesmo sexo (69% vs. 36%). A pesquisa de VILKMAN (2004) mostrou
resultados semelhantes, quanto à distribuição de prevalência nos gêneros, ao
estudar uma amostra composta de 40 indivíduos universitários saudáveis de
cada sexo (n=80). Seus resultados mostraram uma tendência do gênero
feminino em ser mais predisposto e com maior risco de desenvolver distúrbios
vocais.
14
A presença de fadiga vocal tem alta prevalência nas pesquisas sobre os
sintomas vocais e de garganta em professores, assim como rouquidão e
garganta seca (TENOR et al., 1999; OLIVEIRA, 1999; FERREIRA et al., 2003;
FUESS e LORENZ, 2003; PRECIADO et al., 2005; SLIWINSKA-KOWALSKA et
al., 2006; ARAÚJO et al., 2008; SILVERIO et al., 2008).
Longe de ser um problema resolvido, as queixas de sintomas vocais em
professores, segundo SIMBERG et al. (2005), se intensificaram na Finlândia,
ao longo de um período de 12 anos analisado pelos autores. Um mesmo
questionário, aplicado em 1988 a 478 professores, foi reutilizado em 2001, com
uma amostra de 434 docentes, a fim de estabelecer a variabilidade da
prevalência de sintomas vocais autorreferidos ao longo do tempo, em uma
população geográfica e culturalmente semelhante. O questionário incluiu
questões sobre a presença de seis sintomas vocais, nos últimos dois anos:
cansaço vocal; rouquidão; quebras vocais; dificuldade em ser ouvido; dor na
região laríngea e afonia. Em ambos os estudos, o cansaço vocal foi o sintoma
mais frequente, com 9% em 1988 e 22% em 2001, seguido por rouquidão (4%
em 1988 e 18% em 2001). Os demais sintomas também apresentaram
incrementos semelhantes. Segundo os autores, vários fatores podem explicar
esse aumento, destacando-se, em seus resultados: o aumento do número de
alunos por classe, o aumento do nível de ruído e a piora no comportamento
dos alunos.
BRASOLOTTO e FABIANO (2000) estudaram a qualidade vocal em uma
amostra de 65 professores universitários, de ambos os sexos, na cidade de
Bauru/SP, submetidos a um questionário para identificação de distúrbios vocais
e à análise acústica de sua voz, (programa “Dr. Speech 3.0”), imediatamente
antes e depois de quatro horas de aulas expositivas. Após as aulas, 30 (75%)
professoras e 11 (45,83%) professores relataram mudanças na voz. O sintoma
mais referido foi rouquidão, seguido por fadiga vocal, afonia, elevação da
intensidade e agravamento da voz.
15
FERREIRA et al. (2003), em uma amostra de 422 professores, do ensino
público do município de São Paulo, submetida a um questionário autorreferido
que abordou riscos ocupacionais, aspectos vocais, aspectos de saúde geral,
hábitos, antecedentes familiares e ambientes de lazer, encontraram uma média
de dois sintomas vocais por professor. A rouquidão foi o sintoma/sinal
prevalente, com 53,2%, seguido de perda de voz (19,6%) e voz fraca (19,2%).
Entre as sensações de garganta, foram mencionadas: garganta seca (57,6%),
cansaço ao falar (50,8%), pigarro (46%) e ardor (28,4%). As respostas mais
frequentes dos professores, quando perguntados sobre os fatores que
desencadearam problemas de voz e garganta, foram: o “uso intensivo da voz”
(84,4%) e o “estresse” (52,2%).
ARAÚJO et al. (2008), em uma pesquisa que envolveu questionários
para 747 professoras, do ensino fundamental e médio da rede municipal de
Vitória da Conquista/BA, encontraram como sintomas vocais referidos mais
frequentes o cansaço ao falar em 69,1%, piora na voz ao final do dia de
trabalho (voz rouca ou fraca) em 67,9% e rouquidão permanente, nos últimos
seis meses, em 59,2%.
3.3. Estresse em professores
Todos convivem com certo grau de estresse e isso é benéfico e estimula
o desempenho geral. Entretanto, uma dose alta dele passa a ser prejudicial
(BACHION et al., 2005).
Os educadores, na literatura mundial, têm sido apontados como uma
das categorias profissionais mais propensas a desenvolver distúrbios
emocionais frente ao estresse (PEREIRA et al., 2003; MORENO-ABRIL et al.,
2007).
16
Para BOONE (1996), toda mudança ou adaptação determina estresse e
certo nível dele está presente em todas as atividades, sejam sociais,
profissionais ou de lazer. Todo estresse pode mudar a voz e o mau uso da voz
é uma prática que pode ser agravada ou até mesmo iniciada pelo estresse. Os
fatores psicológicos atuam de forma direta na voz, como geradores de estresse
e tensão. Neste ângulo, a satisfação com a qualidade de vida tem relação
direta com a qualidade vocal. Esse autor lista uma série de sintomas do
estresse na voz, com possibilidade de aparecimento de afonia, quebras de
sonoridade, rouquidão, voz forte, fraca, apertada e soprosa; lista ainda outros
sintomas que, em última análise, podem se traduzir por alteração vocal: dor no
pescoço ou garganta, boca e garganta secas, elevação da laringe, falta de ar e
pigarro.
COELHO (1994) trabalhou com uma amostra da população geral de 81
indivíduos com disfonia e seu grupo-controle, tentando estabelecer relação
entre estresse e voz. Conclui que, embora os sintomas de estresse fossem
similares nos dois grupos, existia uma tendência nos sujeitos do grupo
disfônico a atribuir uma carga emocional maior às dificuldades do dia-a-dia e a
responder mais somaticamente ao estresse. A ansiedade, como traço de
personalidade mais marcante em professoras disfônicas do que em não
disfônicas, foi encontrada também por PEREIRA (2003).
BOTELHO et al. (1996) estudaram a relação entre voz e o aspecto
emocional em 20 docentes, por meio de questionário. Em seus resultados, os
autores apontaram a presença de desmotivação profissional face a condições
de trabalho desfavoráveis, a qual foi considerada como fator predisponente
para o aparecimento de problemas vocais.
SEIFERT e KOLLBRUNNER (2006) deixaram claro seu ponto de vista
sobre a relação entre fatores psicossociais e hipertonia muscular nas disfonias.
Para esses autores, esses dois agentes são a linha de chegada de outros
fatores causais os mais variados. Para eles, não importa se a disfunção vocal é
17
o resultado do mau uso vocal ou de fatores psicossociais; a questão é sempre
o grau com que os fatores psicológicos contribuem para a instalação e
perpetuação de tensão laríngea excessiva.
Para ROY et al. (2000), o papel da personalidade nos distúrbios vocais
permanece não totalmente esclarecido, por existir controvérsia se ela atua,
nesses casos, como fator causal, concomitante ou consequente. Na tentativa
de começar a responder a essa pergunta, os autores em sua pesquisa,
objetivaram avaliar aspectos psicológicos e diferenças individuais na
personalidade em grupos de pacientes com problemas vocais (disfonia
funcional, nódulos vocais, disfonia espasmódica e paralisia unilateral de prega
vocal) e um grupo-controle. Utilizaram questionários com testes psicológicos
(EPQ – Eysenck Personality Questionnaire, STAI-Trait – The State-Trait
Anxiety Inventory, BDI – Beck Depression Inventory e Voice Handicap Profile).
Seus resultados mostraram características de extroversão e agressividade
maior no grupo dos nódulos vocais, em relação ao grupo de disfonias
funcionais, e entre ambos, em relação ao grupo-controle. O grupo de disfonia
funcional se mostrou mais instável emocionalmente do que o grupo com
nódulos vocais. Na sua discussão, os autores tendem a concluir que indivíduos
com certas características de personalidade são mais suscetíveis a
desenvolver disfonias funcionais e nódulos vocais. Em oposição, encontraram
menos suporte para a hipótese de que distúrbios vocais levem a mudanças
gerais da personalidade. PRECIADO et al. (2005), por sua vez, em suas
considerações destacaram o aparecimento de distúrbios na esfera pessoal e
psicológica como consequência direta da disfonia. Para esses autores, a
disfonia aparece como causa dos distúrbios emocionais e não o contrário. Uma
voz disfônica vai ocasionar uma sensação de insegurança, uma falta de
autoridade, uma alteração de personalidade e um isolamento do professor,
segundo esses autores.
PEREIRA et al. (2003) procuraram, em sua pesquisa, avaliar a
sintomatologia de estresse presente numa amostra de 170 professores da rede
de ensino municipal de Maringá/PR, constituída em 96,5% por mulheres.
18
Utilizaram o questionário “Inventário de sintomatologia de estresse – ISE”,
devidamente validado. Os resultados indicaram níveis elevados de sintomas de
estresse, tanto do tipo físico como psicológico, no grupo investigado, quando
comparado com o grupo padrão utilizado na validação do ISE. Os sintomas de
estresse mais prevalentes foram: pouco tempo para si mesmo, irritabilidade
fácil, sentimento de cansaço mental, dores nas costas ou nuca e problemas de
voz.
Os fatores que relacionam os professores ao estresse são vários. Entre
eles figuram: sobrecarga de trabalho, número excessivo de alunos por classe,
infraestrutura deficiente, violência ou comportamento agressivo no ambiente de
trabalho, baixa remuneração, crise de autoridade docente e falta de
reconhecimento social e comunitário pelo trabalho docente (PEREIRA et al.,
2003; BAUER et al., 2006; GASPARINI et al., 2006; FERREIRA et al., 2008;
JIN et al., 2008; MORENO-ABRIL et al., 2007; PASCHOALINO, 2008).
Para os alunos, a escola, mais do um local para adquirir conhecimento,
significa convivência e socialização. Para o jovem professor, mais do que um
posto de trabalho, a docência se traduz por oportunidade de exercer sua
cidadania. Em início de carreira, o docente valoriza a criação de laços de
afetividade entre mestre-aluno em uma atividade que se mostre produtiva e
criadora. Frustrada a expectativa dos alunos de que a escola propicie algo mais
do que é realmente oferecido, o resultado é desinteresse, agressividade,
fracasso e consequente evasão escolar. Por seu lado, o idealismo inicial do
professor enfrenta a convivência com barreiras cada vez mais intransponíveis
em sua profissão (GASPARINI et al., 2005; SILVA, 2006; LOPES, 2008).
Para FUMAGALLI (2008) a desestruturação de certas relações sociais
pode afetar a saúde. Para essa autora, tem importância fundamental nas
relações do trabalho: (1) o apoio social (receber ajuda adequada dos colegas e
superiores para cumprir, a contento, a demanda do ofício); (2) oportunidade de
desenvolver relacionamentos no grupo de trabalho (sem o que não seria
19
possível obter-se ajuda necessária) e (3) desenvolvimento do corporativismo
(componente emocional que une os membros do grupo).
Para o corpo docente, a consequência dessa desestruturação é o
desenvolvimento de uma forma especial de esgotamento profissional,
conhecido como Síndrome de Burnout ou Síndrome da Desistência,
relacionada à dor do profissional que perde sua energia de trabalho, por se
defrontar com a frustração da impossibilidade de realizar tudo a que
inicialmente se propôs. É peculiar das profissões de ajuda interpessoal
marcante, como é o caso do magistério. O Burnout, traduzido para o português
como “consumir-se em chamas”, “perder o fogo” ou ainda “perder a energia”,
começa com uma inquietação que aumenta na mesma proporção que o prazer
de lecionar gradativamente vai se esvaindo, estabelecendo-se em seu lugar
uma situação de estresse crônico. Afeta, preferencialmente, trabalhadores com
responsabilidades éticas e sociais bem marcadas, onde o idealismo e altruísmo
são mais preponderantes. Caracteriza-se pelo interrelacionamento de três
dimensões: (a) exaustão emocional (falta ou carência de energia e entusiasmo,
“nada mais de si mesmo a oferecer”); (b) despersonalização (insensibilidade
emocional, sentimentos e atitudes negativas em relação aos alunos) e (c) baixa
realização profissional (falta de envolvimento pessoal no trabalho, autoestima
baixa e autoavaliação negativa) (REINHOLD, 2007; CARLOTTO, 2003;
SANTINI e MOLINA NETO, 2005; SILVA, 2006; BAUER et al., 2006; LOPES,
2008; CHAMBERS, 2008).
CARLOTTO e PALAZZO (2006) estudaram a relação de fatores de
estresse com as três dimensões do Burnout, citadas anteriormente. Utilizaram,
em sua amostra de 217 professores, o questionário Maslach Burnout Inventory
– MBI e um questionário autoaplicável contendo dados demográficos, dados
profissionais e variáveis psicossociais. A dimensão de exaustão emocional
correlacionou-se diretamente proporcionada com o número de alunos por
classe e carga horária docente. Nessa dimensão, houve ainda correlação com
o fator “expectativas familiares em relação ao trabalho do professor”. Assim,
perceber expectativas familiares não contempladas é um fator de estresse, que
20
aumenta o sentimento de exaustão emocional no docente. Por outro lado, na
dimensão de despersonalização foi evidenciada associação com “expectativas
familiares”, “mau comportamento dos alunos” e “falta de participação nas
decisões institucionais”. O fator “mau comportamento” apareceu ainda
associado à terceira dimensão: baixa realização profissional.
Muitos dos estressores presentes no cotidiano do trabalho dos
professores estão fora de seu controle direto e são determinados pela política
educacional. Um exemplo disso são as estratégias e conteúdos pedagógicos
que serão trabalhados com os alunos. Outros aspectos relacionam-se com a
estrutura social e econômica, e tão pouco podem ser moldados pela vontade
do docente. Identificar a presença de estressores e a sintomatologia decorrente
deles foi o objetivo da pesquisa de GOULARD JÚNIOR e LIPP (2008). Como
instrumentos de coleta de dados, utilizaram um questionário para caracterizar a
população estudada (175 docentes da educação básica de um município do
interior de São Paulo) e o Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp-ISSL. O
resultado desse último indicou que 56,6% das professoras avaliadas estavam
experimentando estresse. Os sintomas físicos detectados foram: sensação de
desgaste físico, cansaço constante, tensão muscular e problemas de memória.
Em relação aos sintomas psicológicos, destacaram-se: irritabilidade excessiva,
cansaço excessivo, angústia/ansiedade diária, pensar constantemente em um
só assunto e irritabilidade sem causa aparente.
A quebra da autoestima, introduzida como uma consequência de baixo
apoio social, e sua relação com a disfonia foi estudada por CEBALLOS (2008).
O apoio social é definido, pela autora, como o rol de informações que faz com
que os indivíduos se sintam amados, recebedores de atenção e cuidados. Sua
ausência afeta diretamente o nível de autoestima. A pesquisa foi realizada com
476 professores da rede municipal de ensino de Salvador/BA, com o uso da
escala GRBAS para disfonia e das escalas MOS-SSS3 e JCQ4 para o apoio
social. A autora conclui, a partir de seus resultados, que os professores que
contam com baixo apoio social, no ambiente de trabalho ou fora dele, têm
maiores chances de apresentar disfonia. Ainda a respeito da autoestima como
21
fonte de energia frente as adversidades da profissão, a maioria das professoras
da pesquisa de MARIANO e MUNIZ (2006), expressou, de forma muito
evidente, que o prazer em sua atividade é vivenciado quando elas obtêm o
reconhecimento do aluno pelo seu trabalho. Na metodologia foram empregadas
observações locais (globais e focalizadas) e posterior análise de conteúdo dos
dados capturados, em uma população de 20 professores da rede municipal de
João Pessoa/PB.
Nos resultados da pesquisa de SILVA e CARLOTTO (2003), o gênero
não afetou a prevalência de Burnout, mostrando sintomas indistintamente em
homens e em mulheres. A amostra dessa pesquisa era constituída por 31
professores e 30 professoras da rede de ensino municipal de Canoas/RS,
avaliados por meio do “Maslach Burnout Inventory, forma ED – MBI-ED”, um
questionário autoaplicável, devidamente traduzido para o português e validado.
Outros autores, entretanto, encontraram diferença entre os gêneros. A
relação entre gênero dos professores e sua saúde, incluindo-se a mental, foi
estudada por ARAÚJO et al. (2006). A pesquisa foi realizada em Feira de
Santana/BA, por meio de questionários autorreferidos (Job Content
Questionnaire – JCQ e Self Report Questionnaire – SRQ-20). As prevalências
de esquecimento, cansaço mental, insônia e nervosismo foram
significativamente mais elevadas entre as mulheres. O gênero feminino
apresentou prevalência mais elevada e estatisticamente significante, em
relação a sintomas vocais, no item perda temporária da voz (26,6% contra
4,4%). Na mesma linha, a pesquisa de MORENO-ABRIL et al. (2007),
encontrou uma associação positiva entre o sexo feminino e o desenvolvimento
de distúrbios emocionais frente a fatores estressantes, em 498 professores não
universitários da cidade de Granada/Espanha.
A prevalência dos transtornos mentais e sua associação com
características do trabalho docente foi investigada por GASPARINI et al.
(2006), em pesquisa com 751 professores da rede municipal de ensino de Belo
22
Horizonte/MG. Para investigar a existência de transtornos mentais foi utilizado
o General Health Questionnaire (GHQ), que busca apenas apontar os
problemas na função mental que se apresentam como uma disfunção,
deixando a pesquisa diagnóstica para uma abordagem psiquiátrica posterior.
Foi utilizado questionário adicional sobre questões organizacionais, condições
de trabalho, relacionamento interpessoal e ocorrências no ambiente de
trabalho. A prevalência de transtornos mentais (escore total no GHQ > 4) foi de
50,3%. Os resultados mostraram uma associação forte entre a prevalência de
transtornos mentais e a experiência de violência na escola, com percepção
negativa sobre o trabalho (pouca autonomia, pequena margem de criatividade,
pouco tempo para preparo de aula e correção de trabalhos e com condições do
ambiente físico (ruído, ventilação, iluminação e condição das paredes da
escola).
Na Alemanha, os distúrbios e sintomas relacionados ao Burnout são a
principal causa de aposentadoria precoce entre professores, segundo BAUER
et al. (2006). Esta constatação levou os autores a realizarem sua pesquisa,
com o objetivo de estabelecer a relação entre carga de trabalho docente e
estresse emocional, em 408 professores do ensino médio, através de
questionários: coping capacity questionnaire – MECCA (para aferir o estado de
ânimo e combatividade dos professores) e SCL 90 R (para índice de sintomas
psicossomáticos e psicopatológicos). Seus resultados, de acordo com a
classificação do MECCA, mostraram uma prevalência de 32,5% para Burnout,
17,7 % para tensão severa, 35,9% para falta de atração pelo trabalho e 17,7%
para índices classificados como normais. Em relação ao SCL 90 R, 20%, a
amostra exibiu índices de sintomas psicossomáticos e psicopatológicos
classificados como alto pelos critérios desse método.
Aspectos associados à qualidade de vida de professores e questões de
saúde vocal foram estudados por PENTEADO e PEREIRA (2007). Sua
amostra foi composta por 128 professores do ensino médio. Por meio da
aplicação dos questionários World Health Organization Quality of Lif/bref e
Qualidade de vida e voz (QVV), evidenciaram a desvalorização do professor
23
traduzida por salários aquém das reais necessidades para suprir demandas de
aprimoramento pessoal, social e profissional. Identificaram que fatores
relacionados ao domínio meio-ambiente (lazer, dinheiro, informações, ambiente
de trabalho, serviços de saúde e meio de transporte) são fatores de
insatisfação dos professores e, desta forma, promotores de estresse.
O aspecto “violência escolar” e sua relação com a ocorrência de
“sintomas vocais”, foi o foco principal de FERREIRA et al. (2008). Utilizaram um
questionário em 422 professores do município de São Paulo. O elo de ligação
entre as duas variáveis, segundo as autoras, foi o estresse e o Burnout. Da
amostra, 60% referiram ter sintoma vocal, sendo os mais relatados: garganta
seca, rouquidão e cansaço ao falar. Em sala de aula, a alteração vocal esteve
estatisticamente associada à ameaça ao professor; no ambiente escolar,
associou-se às manifestações de racismo, agressões, insultos, violência na
porta da escola e violência contra funcionários.
O estudo de MEDEIROS et al. (2008), citado anteriormente, realizado
com questionários para aspectos organizacionais e aspectos de saúde geral e
mental (The General Health Questionnaire GHQ-12) em 2.103 professoras de
81 escolas de Belo Horizonte/MG, demonstrou forte associação entre disfonia
provável e disfonia possível com distúrbios mentais em professoras. A vivência
de situações de violência no ambiente escolar, como variável indicadora de
estresse, relacionou-se com disfonia provável, pelo método adotado. Outras
variáveis, igualmente relacionadas, foram: dificuldade de relacionamento no
trabalho, pequena autonomia para criar e inovar, sobrecarga de tarefas no
tempo disponível e condições de trabalho desfavoráveis.
24
4. MÉTODO
4.1. Delineamento do estudo e preceitos éticos
A pesquisa foi de natureza prospectiva, descritiva e transversal, e
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-SP (processo nº
134/2008). Todos os participantes foram informados, claramente, de seus
objetivos e métodos, e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
4.2. População e amostra do estudo
Participaram desta pesquisa todos os professores de duas escolas da
rede pública do Município de Sorocaba/SP que atuavam no ensino fundamental
e médio na época da coleta de dados e que preencheram os critérios de
inclusão e exclusão.
As escolas selecionadas situavam-se no centro e em um bairro periférico
da cidade e eram semelhantes em tamanho, número de classes, número de
turnos e de professores. O fato de ambas terem sido alvo de atuação
fonoaudiológica no trabalho desenvolvido pela APADAS2 foi também valorizado
na escolha como um fator facilitador para a aderência à pesquisa.
As escolas desenvolviam suas atividades em três turnos (manhã, tarde e
noite). Em conjunto, dispunham de 28 salas de aula e salas de suporte (sala de
multimeios, quadras de esportes, laboratório, biblioteca). Contavam com 34
funcionários e 99 professores efetivos. Em média, existiam 35 alunos por
classe, perfazendo um total de 2.533. No ano letivo de 2007, estavam
2 APADAS – Associação de Pais e Amigos do Deficiente Auditivo de Sorocaba.
25
matriculados 39 alunos com necessidades especiais. Os serviços de merenda
e limpeza eram terceirizados.
A amostra tinha a seguinte distribuição, em seus aspectos
sóciodemográficos (Tabela 1): quanto ao gênero, 40 (69,0%) foram do sexo
feminino e 18 (31,0%) do sexo masculino; quanto ao estado civil, 15 (25,9%)
eram solteiros, 36 (62,1%) casados, 6 (10,3%) separados e 1 (1,7%) viúvo;
quanto ao grau de escolaridade, 56 (96,56%) tinham curso superior completo, 1
(1,7%), curso superior em andamento e 1 (1,7%) com pós-graduação. Da
amostra, 82,2% (50 docentes) atuavam com uma carga horária efetiva, com os
alunos, de 20 horas semanais ou mais. Dos docentes, 2 (3,45%) tinham carga
horária reduzida, menor que 10 horas semanais, 5 (8,6%) deles entre 10 e 20
horas semanais, 20 (34,5%) entre 20 e 30 horas semanais, 15 (25,9%) com
carga horária entre 30 e 40 horas semanais e 15 (25,9%) maior do que 40
horas semanais. O professor mais jovem tinha 25 anos e o mais idoso 67 anos.
A média de idade dos professores pesquisados foi de 43 anos.
Tabela 1 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos professores,
segundo aspectos sóciodemográficos e aspectos de caracterização do trabalho (n = 58)
VARIÁVEL CATEGORIAS n %
Local de trabalho Escola 1 31 53,4
Escola 2 27 46,6
Sexo Feminino 40 69
Masculino 18 31
Estado civil
Solteiro 15 25,9
Casado 36 62,1
Separado 6 10,3
Viúvo 1 1,7
Escolaridade
Pós-graduação 1 1,7
Superior em curso 1 1,7
Superior completo 56 96,6
Carga horária efetiva com alunos (horas/semana)
menos de 10 horas 2 3,4
de 10 a 20 horas 5 8,6
de 20 a 30 horas 20 34,5
de 30 a 40 horas 15 25,9
mais de 40 horas 15 25,9
26
4.2.1. Critérios de inclusão e exclusão
Foram adotados os seguintes critérios de inclusão:
• Fazer parte do corpo docente das escolas pesquisadas e estar
em atividade plena e regular;
• Frequentar regularmente as reuniões semanais denominadas
Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC).
Critério de exclusão:
• Não finalização, por qualquer motivo, dos procedimentos de
coleta de dados.
4.2.2. Caracterização da amostra final
O trabalho foi realizado com uma amostra final de 58 professores, os
quais preencheram os critérios de inclusão e exclusão, a partir de um universo
possível de 99 docentes em atividade profissional nas escolas escolhidas.
Parte dos professores não preenchiam os critérios de inclusão por
estarem readaptados de função (sem atividade docente) ou por cumprirem seu
HTPC em outra escola. Dos que preencheram os critérios de inclusão, parte foi
posteriormente excluída do estudo por não finalizarem, a contento, todas as
etapas da coleta de dados.
27
4.3. Instrumentos da pesquisa
4.3.1. Questionário de autoavaliação
Utilizou-se a aplicação do questionário de autoavaliação, denominado
“Condições de Produção Vocal do Professor – CPV-P” (FERREIRA et al.,
2007) e disponibilizado no Anexo 1.
Esse questionário contém 79 questões agrupadas em seis blocos, a
saber:
I. Identificação do questionário
II. Identificação do entrevistado
III. Situação funcional
IV. Aspectos gerais de saúde
V. Hábitos
VI. Aspectos vocais
Os professores foram instruídos a responder a todos os 79 itens do
questionário, mas como instrumento dessa pesquisa considerou-se apenas
aqueles relacionados ao foco de interesse (campos sombreados do Anexo 1).
As questões escolhidas dizem respeito a dados de identificação do
entrevistado (grupo II do questionário); sua situação funcional e organizacional
(grupo III do questionário); aspectos de saúde geral (grupo IV do questionário)
no item “problemas emocionais” e aspectos vocais (grupo VI do questionário).
Dos grupos III e IV foram selecionadas apenas as questões a partir das quais
se pudesse inferir a situação de estresse que o sujeito apresentava ou deixava
transparecer através de suas respostas. Do grupo VI, foram escolhidas
questões sobre sintomas de voz e de garganta.
28
Assim, utilizou-se as questões relativas a:
• Identificação: questões 1 a 7 referentes à identificação do questionário
(código da entrevista e data); identificação do entrevistado (nome, data
de nascimento, sexo, estado civil e escolaridade);
• Situação funcional: questão 14, que abordava característica do
professor quanto à quantidade de horas que permanece com os alunos;
• Estresse: questões 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 45, 47, 48 e 49, que
abordavam temas relacionados com presença de possíveis causas de
desencadeamento de estresse. Foi incluída ainda a questão 51, em seu
item seis, sobre autorreferência a problemas emocionais.
• Aspectos vocais: questões 71 e 72, que abordavam sintomas vocais
(rouquidão, perda da voz, falha da voz, falta de ar, voz fina, voz grossa,
voz variando entre grossa e fina e voz fraca) e sintomas relacionados à
garganta (picada na garganta, areia na garganta, bola na garganta,
pigarro, tosse seca, tosse com catarro, dor ao falar, dor ao engolir,
dificuldade ao engolir, ardor na garganta, secreção ou catarro na
garganta, garganta seca, cansaço ao falar e esforço ao falar).
As questões do questionário que foram consideradas permitiram as
modalidades de resposta:
− do tipo dicotômico: “sim/não”;
− do tipo: “nunca”, “raramente”, “às vezes”, “sempre” e “não sei”.
4.3.2. Exames videonasolaringoscópicos
Foram realizados exames videonasolaringoscópicos por meio dos
seguintes instrumentos: nasolaringoscópio flexível, marca Machida, modelo
ENT-30P-III, com 3.2 mm de diâmetro; fonte de luz marca Ferrari, com
lâmpada halogenada de 250W; microcâmera analógica marca ASAP, modelo
29
Popcam CCD 1/3 e seu respectivo endo-coppler; microfone de lapela marca
Ferrari; TV Philips PV 461, com tela de14 polegadas e vídeo cassete recorder
agregado (VHS); fita magnética VHS, EMTEC - PHG T-120; PC DELL com
placa aceleradora de vídeo; placa de captura digital externa marca Pinnacle,
modelo USB 500 e Software Studio10 – Pinnacle (utilizados como instrumentos
de captura e conversão das imagens analógicas VHS para o formato digital
mpeg e sua edição).
A escolha da videonasolaringoscopia como instrumento, em detrimento
da telelaringoscopia, levou em consideração a relativa maior rapidez e
facilidade na execução do exame, uma vez que a videonasolaringoscopia é
realizada com índice menor de desconforto relatado pelo paciente do que na
telelaringoscopia. Considerou-se ainda que a técnica de realização da
telelaringoscopia, por implicar a apreensão e tração da língua, acarreta
alteração no trato, falseando a observação da presença de constrições
supraglóticas.
Como instrumento para análise das imagens videonasolaringoscópicas e
classificação das alterações encontradas foi utilizado o Protocolo de Avaliação
de Imagens Laringoscópicas (adaptado de OLIVEIRA, 1999), disponibilizado no
Anexo 2.
Os seguintes aspectos compunham esse protocolo:
• Quanto à presença ou ausência de fenda. Se presente, seria classificada
em seus tipos (fenda triangular médio-posterior, fenda triangular ântero-
posterior, fenda fusiforme ântero-posterior, fenda em ampulheta e fenda
irregular). A ocorrência de fenda triangular posterior, em professores do
sexo feminino, foi considerada como achado normal para o sexo;
• Quanto à presença de constrição supraglótica, na opinião dos juízes, por
sua experiência profissional. Como subitens desta questão, pediu-se
30
para que os juízes a classificassem em constrição medial e constrição
ântero-posterior;
• Quanto à presença de lesão de massa. Se presente, classificada em
seus tipos (nódulos, pólipo, edema de Reinke, irregularidade da borda
livre, edema e cisto);
• Quanto à presença de sinais de refluxo laringofaríngeo (RLF), na opinião
dos juízes, por sua experiência profissional. Como subitens desta
questão, pediu-se para que os juízes assinalassem a presença ou
ausência de espessamento posterior e a presença de convexidade do
espaço interaritenoideo;
• Um último espaço foi reservado para outros achados.
4.4. Procedimentos
O levantamento de dados para a pesquisa contou com duas etapas, a
saber: aplicação do questionário de autoavaliação (Anexo 1), para a coleta de
informações referentes à autopercepção do professor e realização do
procedimento de coleta das imagens videonasolaringoscópicas, para avaliação
estrutural laríngea.
A aplicação dos questionários e realização de exames tiveram lugar
junto aos professores na própria escola onde esses lecionavam, em horários
designados para as reuniões pedagógicas entre os docentes e a diretoria,
denominados HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo). Esse encontro
ocorria uma vez por semana, nas duas escolas do estudo, no qual a presença
dos professores era obrigatória. Dessa forma, obteve-se tempo em conjunto
com todos os envolvidos, o que facilitou sobremaneira a coleta, ocorrida nos
meses de março a junho de 2007.
31
Após o aval dos responsáveis pela Secretaria de Educação do município
de Sorocaba, e com a presença dos diretores das respectivas escolas, houve o
primeiro encontro para apresentação dos pesquisadores. Nesta oportunidade,
expuseram-se os objetivos da pesquisa, assim como suas etapas e
procedimentos. Aos professores que concordaram em participar solicitou-se a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
4.4.1. Questionário de autoavaliação
Cada professor participante recebeu o questionário de autoavaliação,
com as devidas instruções para seu preenchimento. Foi solicitada sua
devolução a partir das duas semanas seguintes. As dúvidas no preenchimento
foram esclarecidas durante os horários de HTPC, quando os pesquisadores
estavam presentes.
4.4.2. Exames videonasolaringoscópicos
Nas semanas seguintes após a reunião inicial de apresentação, nesse
mesmo período de HTPC, realizou-se a coleta das imagens laríngeas, em
salas designadas para essa finalidade, pela diretoria da escola. Um a um, os
professores se ausentaram da reunião do HTPC em curso, para se
submeterem ao exame, com duração média de 15 minutos por exame. Entre
cada exame observou-se um período de 20 minutos para limpeza e
procedimentos de desinfecção do equipamento, com imersão em solução de
glutaraldeido a 2%.
A sistemática de realização dos exames foi a seguinte: nova explicação
ao examinado sobre o exame a ser realizado, amenizando a expectativa dos
mais ansiosos; oroscopia e rinoscopia especular anterior prévia, de forma a
avaliar as condições locais, nível de reflexo nauseoso de orofaringe e escolha
da narina a ser utilizada como via de acesso à laringe; aplicação de solução
32
anestésica tópica nasal (xylocaina® 2% – duas gotas na narina escolhida,
repetida depois de 30 segundos) e na orofaringe (xylocaina® 10% – spray, 2
jatos) e realização da videonasolaringoscopia com o equipamento descrito
anteriormente. A decisão pela padronização do uso de xylocaina oral,
questionável por nem sempre ser necessário e até contraproducente em alguns
casos, foi motivo de reflexão. Por fim, preferiu-se o uso sistemático para que a
técnica empregada fosse uniforme em toda a amostra.
A videonasolaringoscopia foi sistematizada da seguinte forma: inspeção
da laringofaringe e laringe; visualização das pregas vocais em abdução e
durante a fonação com a emissão dos fonemas /a/, /ε/ e /i/, de forma
sustentada; fonemas /a/ ou /ε/, em escala ascendente, conforme a facilidade de
execução; fonema /a/ em fonação inspirada; e solicitação emissão de fala com
contagem de um a dez e sequência dos meses do ano.
As imagens de videonasolaringoscopia registradas de forma analógica
em fita magnética VHS (velocidade de gravação SP), foram capturadas para o
formato digital (mpeg) e editadas de forma a conter entre 60 e 90 segundos de
imagem e som. Cada exame foi registrado com o número de identificação do
professor correspondente.
O banco de imagens resultante foi enviado para análise por dois
otorrinolaringologistas com renomada experiência em Laringologia. Da
amostra, 10% das imagens foram escolhidas de forma aleatória, duplicadas e
reapresentadas, com a finalidade de obter meio de aferir e garantir a
confiabilidade dos resultados das avaliações. Assim, a casuística final continha
64 imagens videonasolaringoscópicas correspondendo a 58 professores. A
concordância entre a avaliação e reavaliação dessas imagens, pelo Índice de
Concordância de Kappa, foi máxima (100%).
33
Os juízes laudaram os exames em consenso e de forma sistematizada,
utilizando o Protocolo de Avaliação de Imagens Laringoscópicas, já descrito
anteriormente (Anexo 2), e foram orientados a considerar como presentes as
alterações perceptíveis ao seu julgamento, desde que aparecessem de forma
clara e segura em algum segmento da gravação. Levou-se em conta que para
algumas alterações, quer por sua localização ou natureza funcional, não se
consegue a visualização do problema de forma contínua e uniforme, devendo a
experiência pessoal do juiz ser determinante e decisiva.
4.5. Análise dos dados
Os dados obtidos com os questionários e as fichas de avaliação das
laringoscopias foram tabulados no programa Microsoft Office Excel 2003.
Utilizou-se digitação dupla para eliminar a ocorrência de erros.
4.5.1. Tabulação dos dados do questionário de autoavaliação
4.5.1.1. Questões com inferência para estresse
Criação dos Grupos A e B e Índice de Estresse
As respostas às 12 questões relacionadas com possíveis causas de
estresse (15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 45, 47, 48 e 49) e a questão sobre
autorreferência a problemas emocionais (51, em seu item seis) foram utilizadas
na elaboração de um Índice de Estresse (total de 30 questões, considerando-
se os subitens, quando existentes, como questões independentes).
A criação desse índice objetivou disponibilizar um mecanismo através do
qual a amostra pudesse ser dividida em dois grupos: Grupo A (menor Índice de
Estresse) e Grupo B (maior Índice de Estresse).
34
Para a obtenção do Índice de Estresse os resultados foram analisados
da forma que passaremos a explicitar, a seguir.
As questões selecionadas e utilizadas admitiam como possibilidade de
resposta as alternativas “nunca”, “raramente”, “às vezes”, “sempre” e “não sei”.
Para cada resposta, com exceção de “não sei”, atribuiu-se um score
numérico, a saber:
1. Se a pergunta se referia a um fator diretamente relacionado ao estresse
(por exemplo: “O estresse está presente em seu trabalho?”) os valores
atribuídos, em pontos, foram:
• para a resposta “nunca”, o valor zero;
• para “raramente”, o valor um;
• para “às vezes”, o valor dois;
• para “sempre”, o valor três.
2. Se a pergunta se referia a um fator inversamente relacionado ao estresse
(por exemplo: “Seu ambiente de trabalho é calmo?”) os valores atribuídos em
pontos foram:
• para a resposta “nunca”, o valor três;
• para “raramente”, o valor dois;
• para “às vezes”, o valor um e
• para “sempre”, o valor zero.
3. Excepcionalmente, para a questão de número 48, que se apresentava
subdividida em 15 subitens (48.1 a 48.15), foi necessário a criação de um
sistema de pesos para se obter uma certa paridade na pontuação atribuída,
haja vista que o potencial para geração de estresse, em cada um, variava de
35
forma significativa. Para as questões de situação de violência, que
envolvessem a instituição e não diretamente o professor, foi atribuído um peso
menor; para aquelas nas quais o professor fosse o alvo direto da agressão ou
perigo iminente, o peso atribuído foi maior. O peso atribuído para cada subitem
está exposto no Quadro 1.
Quadro 1 – Peso atribuído às questões relativas às situações de violência ocorridas na escola
questão # Situação de violência peso
48.1 depredações 1
48.3 roubo de material da escola 1
48.15 pichações 1
48.2 roubo de objetos pessoais 1,5
48.5 intervenção da polícia 1,5
48.8 brigas 1,5
48.12 violência à porta da escola 1,5
48.14 problemas com drogas 1,5
48.4 ameaça ao professor 2
48.6 manifestação de racismo 2
48.7 indisciplina em sala de aula 2
48.9 agressões 2
48.11 insultos 2
48.13 violência contra os funcionários 2
48.10 tiros 2,5
4. A questão de número 22 foi a única que admitia resposta dicotômica, do
tipo “não” ou “sim”. Uma vez que não havia valores intermediários entre o
máximo e o mínimo (pela ausência das alternativas “raramente” e “às vezes”),
considerou-se que atribuir valores “zero” e “três” (score mínimo e máximo para
as demais questões) faria com que houvesse muita discrepância de valores,
dando-se muita importância à resposta “não”. Por esse motivo, os valores
atribuídos em pontos foram:
• para a resposta “não”, o valor um;
• para a resposta “sim”, o valor zero.
36
As perguntas respondidas com a alternativa “não sei” não foram
consideradas na elaboração do Índice de Estresse, assim como aquelas
eventualmente não respondidas pelo professor em seu questionário. Desta
forma, se todas as questões estivessem respondidas e para nenhuma delas a
resposta fosse “não sei”, o índice seria elaborado com todas as 30 questões,
sendo possível, neste caso, um score máximo de 119,5 pontos.
Para cada sujeito tabulado o score máximo possível variou, pois, caso a
caso, existiam questões não respondidas ou questões respondidas com a
alternativa “não sei”. Em ambos os casos, como explicado anteriormente, a
questão não foi considerada, o que resultava em score final possível
comparativamente menor.
Para cada sujeito da pesquisa, os scores das questões consideradas
foram somados, obtendo-se valores numéricos finais representativos do score
total obtido por aquele sujeito. Essa pontuação, entretanto, não permitiu uma
comparação direta, uma vez que sofria a influência do número de questões
consideradas caso a caso. Para se conseguir dados passíveis de comparação,
calculou-se o quanto em porcentagem da pontuação máxima possível para o
sujeito este valor representaria. A esse valor percentual final chamou-se Índice
de Estresse.
Para a separação da amostra nos Grupos A e B, calculou-se a mediana
dos valores de Índice de Estresse, uma vez que essa medida estatística
permite dividir a amostra ao meio, ou seja, metade dos casos obtiveram índices
menores do que a mediana (Grupo A – menor estresse), enquanto que a outra
metade índices maiores (Grupo B – maior estresse).
37
4.5.1.2 – Questões sobre sintomas vocais e de garganta
Do grupo VI do questionário foram selecionadas apenas as questões 71
(sintomas vocais) e 72 (sintomas de garganta). Estas questões permitiam como
resposta: “nunca”, “raramente”, “às vezes”, “sempre” e “não sei”. Considerou-se
agrupar como presença (resposta afirmativa) aos que responderam com “às
vezes” ou “sempre”, e como ausência (resposta negativa) aos que
responderam com “nunca”, “raramente” ou “não sei”. Dessa forma, as
respostas finais a este tipo de pergunta ficaram restritas à “presença” ou
“ausência”.
4.5.2. Análise estatística
Na análise estatística foram utilizados os softwares: SPSS® V11.5,
Minitab® 14 e Excel® XP.
Foi definido para este trabalho um nível de significância de 0,05 ou 5%.
Todos os intervalos de confiança foram construídos com 95% de confiança
estatística.
4.5.2.1. Testes estatísticos
Para a caracterização da amostra, utilizou-se testes de estatística
descritiva (média, mediana, desvio padrão e coeficiente de variação) dos dados
obtidos no questionário de autoavaliação. Utilizou-se ainda os testes: Igualdade
de Duas Proporções, ANOVA – Analysis of variance, Correlação de Pearson,
Qui-Quadrado para Independência e Intervalo de Confiança para Média.
38
4.5.2.2. Análise de fidedignidade para as avaliações de
imagem
Para os dados obtidos através do Protocolo de Avaliação de Imagens
Laringoscópicas, primeiramente foi realizada análise de concordância entre a
avaliação e reavaliação de alguns sujeitos (10% dos exames, como descrito no
método), através do Índice de Concordância de Kappa. Foi verificada
concordância máxima e, portanto, a avaliação, considerada fidedigna.
4.5.2.3. Índice de Estresse
O Índice de Estresse, criado para dividir a amostra em dois grupos,
como descrito na análise dos dados, foi estudado estatisticamente antes de
sua utilização para obtenção dos resultados finais. As características
estatísticas referentes ao índice são apresentadas na Tabela 2.
O Índice de Estresse apresenta variabilidade baixa, pois o Coeficiente de
Variação – CV é menor que 50%, o que demonstra que os dados são
homogêneos. O Índice de Estresse médio foi de 37,45 ± 2,67 e sua mediana
36,83.
Tabela 2 – Descritiva completa para Índice de Estresse
Índice de Estresse
Média 37,45
Mediana 36,83
Desvio Padrão 10,39
Mínimo 15,45
Máximo 61,09
39
4.5.2.4. Variáveis da pesquisa
As variáveis da pesquisa consideradas foram:
A) Variáveis dependentes
1) Questões cujas respostas se limitavam à “presença” e “ausência”
no questionário;
2) Questões cujas respostas se limitavam à “presença” e “ausência”
na laringoscopia, relativas a:
• fendas laríngeas, lesão de massa em pregas vocais, constrição
laríngea, e sinais de refluxo laringofaríngeo;
• sintomas vocais (presença e ausência): rouquidão, perda de
voz, falha na voz, falta de ar, voz fina, voz grossa, voz variando
fina/grossa e voz fraca;
• sintomas de garganta (presença e ausência): picada na
garganta, areia na garganta, bolo na garganta, ardor na
garganta, secreção na garganta, garganta seca, pigarro, tosse
seca, tosse com catarro, dor ao falar, dor ao engolir, dificuldade
para engolir, cansaço ao falar e esforço ao falar;
• tipos de fenda (triangular posterior, triangular médio-posterior,
triangular ântero-posterior, fusiforme ântero-posterior, fusiforme
anterior, em ampulheta e irregular);
• tipos de lesão de massa (nódulos, pólipo, Edema de Reinke,
espessamento, edema e cisto).
B) Variável independente
• Índice de Estresse
40
Buscou-se, através de cruzamentos dos dados obtidos, analisar a
correlação entre a ocorrência de sintomas referidos e alterações encontradas
objetivamente nas videonasolaringoscopias, com os grupos A e B, criados a
partir das respostas às questões com inferência ao estresse. Dessa forma,
procurou-se definir se a disparidade de fatores de estresse entre o grupo A
(menor estresse) e o B (maior estresse) influencia a ocorrência dos sintomas e
sinais de acometimento laríngeo.
41
5. RESULTADOS
5.1. Resultados das questões autorreferidas relacionadas à
presença de sintomas de voz e garganta
A Tabela 3 mostra a distribuição dos sintomas vocais autorreferidos
pelos professores.
Da amostra, 41 (70,68%) sujeitos referiram apresentar pelo menos um
sintoma de voz e 34 (58,62%), pelo menos dois. Os sintomas referidos foram:
rouquidão (44,80%), voz fraca (34,50%), falha na voz (32,50%), voz grossa
(29,30%), perda da voz (22,40%), falta de ar (22,40%), voz fina (15,50%) e voz
variando, grossa/fina (15,50%).
Tabela 3 – Distribuição dos sintomas vocais referidos pelos professores (n=58)
Sintomas vocais
Ausência Presença
n % n %
ao menos 1 sintoma 17 29,31 41 70,68
ao menos 2 sintomas 24 41,37 34 58,62
rouquidão 29 50,00 26 44,80
perda da voz 42 72,40 13 22,40
falha na voz 37 63,80 19 32,80
falta de ar 41 70,70 13 22,40
voz fina 46 79,30 9 15,50
voz grossa 38 65,50 17 29,30
voz variando grossa/fina 45 77,60 9 15,50
voz fraca 33 56,90 20 34,50
A Tabela 4 mostra a distribuição dos sintomas de garganta
autorreferidos pelos professores.
Da amostra, 53 (91,40%) sujeitos referiram apresentar pelo menos um
sintoma de garganta e 48 (82,75%), pelo menos dois. Os sintomas referidos
42
foram: pigarro (67,20%), esforço ao falar (60,10%), cansaço ao falar (60,30%),
garganta seca (58,60%), tosse seca (44,80%), catarro na garganta (41,40%),
dor ao engolir (32,80%), tosse com catarro (29,80%), dor ao falar (27,60%),
bola na garganta (24,60%), dificuldade ao engolir (20,70%), picada na garganta
(15,50%) e areia na garganta (15,50%).
Tabela 4 – Distribuição dos sintomas de garganta referidos pelos professores (n=58)
Sintomas de Garganta
Ausência Presença
n % n %
ao menos 1 sintoma 5 8,60 53 91,40
ao menos 2 sintomas 10 17,24 48 82,75
picada na garganta 43 74,10 9 15,50
areia na garganta 44 75,90 9 15,50
bola na garganta 39 67,20 14 24,10
pigarro 19 32,80 39 67,20
tosse seca 30 51,70 26 44,80
tosse com catarro 39 67,20 17 29,30
dor ao falar 38 65,50 16 27,60
dor ao engolir 36 62,10 19 32,80
dificuldade ao engolir 41 70,70 12 20,70
ardor na garganta 27 46,60 28 48,30
catarro na garganta 30 51,70 24 41,40
garganta seca 21 36,20 34 58,60
cansaço ao falar 20 34,50 35 60,30
esforço ao falar 20 34,50 36 62,10
5.2. Resultado das avaliações das imagens
videonasolaringoscópicas
Nas avaliações das imagens laríngeas (n=58), 53 (91,37%) sujeitos
apresentaram pelo menos um tipo de alteração e 44 (75,86%), pelo menos
dois.
A Tabela 5 apresenta as alterações encontradas: sinais de RLF em 40
(68,97%) sujeitos, constrição supraglótica em 38 (65,52%), fenda em 16
(27,56%) e lesão de massa em 19 (32,75%).
43
As fendas triangulares posteriores encontradas foram consideradas
normais, por terem sido identificadas em casos do sexo feminino, e tabuladas
como ausência (13 casos).
Tabela 5 – Distribuição dos achados das videonasolaringoscopias (n=58)
ALTERAÇÃO Ausência Presença
tipo n %(n) n % n %(n)
ao menos 1 5 8,62 53 91,37
ao menos 2 14 24,13 44 75,86
fenda
fenda triangular médio-posterior 8 50,00
42 72,41 16 27,58 fenda triangular ântero-posterior 1 6,25
fenda em ampulheta 5 31,25
fenda irregular 2 12,50
constrição supraglótica
ambos 19 50,00
20 34,48 38 65,52 apenas ântero-posterior 5 13,16
apenas medial 14 36,84
lesão de massa*
nódulos vocais 3 15,78
pólipo 1 5,26
irregularidade de borda livre 5 26,31
39 67,25 19 32,75 edema 6 31,57
cisto 3 15,78
sulco vocal 2 10,52
atrofia 1 5,26
sinais de RLF
ambos 23 57,50
18 31,03 40 68,97 apenas convexão interaritenoideia 6 15,00
apenas espessamento posterior 11 27,50
*para o tipo de lesão de massa, um mesmo sujeito apresentou 2 lesões simultâneas
5.3. Resultados das questões organizacionais autorreferidas
relacionadas ao estresse
A seguir, as tabelas 6 e 7 apresentam a distribuição das respostas dos
professores às questões relacionadas ao estresse, exceto situações de
violência (que serão exibidos separadamente). Os dados são apresentados em
duas tabelas para facilitar sua interpretação.
44
A Tabela 6 lista apenas as questões diretamente relacionadas ao
estresse, quando foi considerada a resposta “nunca” para uma inferência baixa
ao estresse, e a resposta “sempre” para uma inferência máxima. Na Tabela 7,
foram agrupadas as questões inversamente relacionadas ao estresse, e,
assim, “nunca” e “sempre” têm inferência oposta à Tabela 6.
Tabela 6 – Distribuição das respostas das questões organizacionais diretamente relacionadas ao estresse
Inferência ao estresse Nunca Raramente Às Vezes Sempre Não sei
Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Qtd %
Tem estresse no trabalho? 1 1,70 7 12,10 30 51,70 20 34,50 0 0,00
O ambiente de trabalho interfere na vida pessoal e/ou saúde? 2 3,40 3 5,20 25 43,10 27 46,60 1 1,70
Tem problemas emocionais? 26 44,80 13 22,40 14 24,10 5 8,60 0 0,00
O ritmo de trabalho é estressante? 1 1,70 1 1,70 32 55,20 22 37,90 2 3,40
Leva trabalho para casa? 1 1,70 3 5,20 15 25,90 36 62,10 3 5,20
Para as questões sobre a “presença de estresse no trabalho”,
“interferência do trabalho na vida pessoal e/ou saúde”, “ritmo estressante do
trabalho” e “necessidade de levar trabalho para casa”, a maior parte dos
entrevistados assinalou as frequências “às vezes” e “sempre”. Sobre
apresentar “problemas emocionais”, 67,20% responderam “nunca” ou
“raramente”.
45
Tabela 7 – Distribuição das respostas das questões organizacionais inversamente relacionadas ao estresse
Inferência ao estresse Nunca Raramente Às Vezes Sempre Não sei
Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Qtd %
O ambiente é calmo? 9 15,50 12 20,70 27 46,60 6 10,30 4 6,90
Facilidade para se ausentar da sala? 1 1,70 14 24,10 28 48,30 13 22,40 2 3,40
Tem tempo para todas as atividades na escola? 3 5,20 13 22,40 34 58,60 6 10,30 2 3,40
Liberdade nas atividades? 0 0,00 0 0,00 7 12,10 51 87,80 0 0,00
Bom relacionamento com alunos? 0 0,00 0 0,00 9 15,50 49 84,50 0 0,00
Bom relacionamento com direção/escola? 0 0,00 0 0,00 2 3,40 56 96,60 0 0,00
Bom relacionamento com colegas? 0 0,00 0 0,00 2 3,40 55 94,80 1 1,70
Bom relacionamento com pais? 1 1,70 0 0,00 8 13,80 46 79,30 3 5,20
Tem satisfação no trabalho? 1 1,70 0 0,00 20 34,50 37 63,80 0 0,00
Para essas perguntas, com inferência inversa para o estresse, a maior
parte das respostas igualmente se concentram nas posições intermediárias
(“raramente” e às vezes”). A maior parte dos professores (87,9%) refere
sempre ter liberdade e autonomia em suas atividades. Para as questões de
relacionamento, a escolha em “sempre bom relacionamento” foi de 84,50%
com os alunos, 96,60% com a direção da escola, 94,80 % com os colegas de
trabalho e 79,30% com os pais de alunos. Em relação a ter satisfação com o
trabalho, 98,30% dos professores responderam “sempre” e “às vezes”,
enquanto que 1,7% “nunca” ou “raramente”.
A seguir, as tabelas 8 a 10 e os gráficos 1 a 3 mostram a distribuição
das respostas dos professores às questões relacionadas à violência no
ambiente escolar.
A essas questões, como explicitado no Método, foram atribuídos pesos
proporcionalmente maiores para as situações potencialmente mais capazes de
induzir ao estresse.
46
Os dados são apresentados em três tabelas, agrupadas pelo peso
atribuído, para facilitar sua interpretação.
Para essas questões, a maioria das respostas se concentraram nas
modalidades intermediárias “raramente” e “às vezes”, para qualquer dos
agrupamentos.
Os extremos, caracterizados pelas respostas “nunca” e “sempre”, foram
proporcionalmente menos contemplados.
As perguntas sobre a ocorrência de “ameaça ao professor”, “ocorrência
de tiros” e “violência com funcionários”, as quais, por sua natureza carregam
grande inferência ao estresse, aparecem com maior concentração de respostas
deslocada para “nunca” e “raramente”.
A modalidade de resposta “não sei” foi contemplada em todas as
perguntas com exceção de ocorrência de “brigas” (0%). Os percentuais mais
altos para “não sei” ocorreram para “problemas com drogas” (24,1%), “ameaça
ao professor” (17,2%), “violência com funcionários (15,5%), “roubo de material
escolar” (13,8%) e “manifestação de racismo” (13,8%).
Tabela 8 – Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 1)
situações de violência Nunca Raramente Ás Vezes Sempre Não sei
Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Qtd %
depredações 8 13,80 21 36,20 20 34,50 4 6,90 5 8,60
pichações 8 13,80 24 41,40 19 32,80 4 6,90 3 5,20
roubo de material escolar 12 20,70 20 34,50 17 29,30 1 1,70 8 13,80
47
Tabela 9 – Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 1,5)
situações de violência Nunca Raramente Às Vezes Sempre Não sei
Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Qtd %
brigas 0 0,00 16 27,60 34 58,60 8 13,80 0 0,00
intervenção da polícia 21 36,20 23 39,70 8 13,80 0 0,00 6 10,30
problemas com drogas 12 20,70 21 36,20 10 17,20 1 1,70 14 24,10
roubo de objetos pessoais 10 17,20 22 37,90 23 39,70 0 0,00 3 5,20
violência à porta da escola 16 27,60 23 39,70 13 22,40 0 0,00 6 10,30
48
Tabela 10 – Distribuição das respostas das questões sobre situações de violência (peso atribuído = 2)
situações de violência Nunca Raramente Às Vezes Sempre Não sei
Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Qtd %
agressões 4 6,90 19 32,80 29 50,00 4 6,90 2 3,40
ameaça ao professor 22 37,90 17 29,30 9 15,50 0 0,00 10 17,20
indisciplina 0 0,00 4 6,90 31 53,40 22 37,90 1 1,70
insultos 5 8,60 19 32,80 25 43,10 5 8,60 4 6,90
manifestações de racismo 21 36,20 24 41,40 5 8,60 0 0,00 8 13,80
tiros* 49 84,50 4 6,90 1 1,70 0 0,00 4 6,90
violência c/ funcionários 25 43,10 20 34,50 4 6,90 0 0,00 9 15,50
*para este item foi estipulado peso 2,5
5.4. Correlações entre o Índice de Estresse e sintomas
autorreferidos
A Tabela 11 e o Gráfico 4 apresentam uma comparação entre os grupos
A (menor estresse) e B (maior estresse) em relação ao número médio de
sintomas de voz e garganta autorreferidos pelos sujeitos.
A média do número de sintomas de voz autorreferidos pelos professores
foi igual nos dois grupos (2,17 sintomas/professor). Para os sintomas de
49
garganta, a média para o Grupo A foi 4,93 sintomas/professor, enquanto para o
Grupo B foi 6,1 sintomas/professor.
Embora tenha havido mais sintomas de garganta autorreferidos pelos
professores do Grupo B, os resultados não indicaram diferença,
estatisticamente significante, entre os dois grupos.
Tabela 11 – Comparação entre os Grupos A e B para quantidade de sintomas referidos
Grupo N° de sintomas de voz referidos N° de sintomas de garganta referidos
Grupo A Grupo B Grupo A Grupo B
Média 2,17 2,17 4,93 6,1
Mediana 2 2 4 7
Desvio Padrão 2,19 1,89 3,12 3,99
Coeficiente de Variação (CV) 101% 87% 63% 65%
Mínimo 0 0 0 0
Máximo 7 6 11 13
Intervalo de confiança (IC) 0,8 0,69 1,13 1,45
p-valor 1 0,218
50
O Gráfico 5 mostra a distribuição da média do Índice de Estresse para
presença ou ausência dos sintomas de voz autorreferidos.
Essa média foi maior nos sujeitos que referiram “falha na voz”, “falta de
ar ao falar”, “voz fina”, “voz grossa”, “voz variando grossa/fina” e “ voz fraca”,
quando comparadas às médias dos sujeitos que não referiram esses sintomas.
O Gráfico 6 mostra a distribuição da média do Índice de Estresse para
presença ou ausência dos sintomas de garganta autorreferidos.
Para todos os sintomas investigados, a média do Índice de Estresse
encontrado foi maior na presença dos sintomas do que em sua ausência.
51
Em seguida, utilizou-se a Correlação de Pearson para medir o grau de
relação entre o Índice de Estresse e a quantidade de sintomas vocais e de
garganta referidos (Tabela 12).
Os resultados indicam a presença de correlação entre o Índice de
Estresse e a quantidade de sintomas de garganta, para a qual o valor de 33,1%
indica que ele aumenta proporcionalmente com a quantidade de sintomas
referidos. Para os sintomas de voz, a Correlação de Pearson não indicou
correlação estatística.
52
Tabela 12 – Correlação do Índice de Estresse com sintomas laríngeos
Corr. p-valor
sintomas de voz 12,40% 0,354
sintomas de garganta 33,10% 0,011*
Correlação de Pearson
5.5. Correlações entre o Índice de Estresse e alterações dos exames
de imagem videonasolaringoscópicas
O Gráfico 7 explicita a comparação entre a média do Índice de Estresse
na presença ou ausência de alterações nas videonasolaringoscopias (quanto
maior o índice, maior a inferência para presença de estresse). A média do
Índice de Estresse foi mais alta na presença do que na ausência apenas para a
variável “presença de sinais de RLF”.
Em seguida, empregou-se a Correlação de Pearson para medir o grau
de relação entre o Índice de Estresse e as alterações encontradas nas imagens
de laringe (Tabela 13).
53
Verificou-se que o Índice de Estresse não possui nenhuma relação
significativa com as alterações videonasolaringoscópicas, pela Correlação de
Pearson. Para os sinais de RLF, paradoxalmente ao esperado, a relação com
o Índice de Estresse foi inversamente proporcional (o p-valor para esta variável,
entretanto, não lhe confere significância estatística).
Tabela 13 – Correlação do Índice de Estresse com alterações videonasolaringoscópicas
Corr. p-valor
fenda 2,80% 0,837
constrição 9,60% 0,473
massa 0,50% 0,97
RLF -9,30% 0,486
Correlação de Pearson
Ainda para a análise das relações do Índice de Estresse comparou-se
seus valores médios com os resultados das avaliações
videonasolaringoscópicas, através do teste ANOVA – Analysis of Variance.
O resultado da aplicação desse teste indicou que não existe diferença
média do Índice de Estresse entre presença e/ou ausência de alterações
laríngeas.
Os resultados pela ANOVA são apresentados na Tabela 14.
Tabela 14 – Correlação* entre alterações nasolaringoscópicas e o Índice de Estresse
Índice de Estresse Média Mediana Desvio Padrão CV Mín. Máx. n IC p-valor
fenda Ausência 37,74 39,33 9,96 26% 15,45 56,58 29 3,63
0,837 Presença 37,17 36,24 10,97 30% 19 61,09 29 3,99
constrição Ausência 38,82 39,75 9,08 23% 23,61 59 20 3,98
0,473 Presença 36,74 36,11 11,06 30% 15,45 61,09 38 3,52
massa Ausência 37,49 37,25 8,67 23% 19 59 38 2,76
0,97 Presença 37,38 33,48 13,32 36% 15,45 61,09 20 5,84
RLF Ausência 36,02 35,32 9,96 28% 19 51,98 18 4,6
0,486 Presença 38,1 37,04 10,64 28% 15,45 61,09 40 3,3
*ANOVA
54
Realizou-se ainda um terceiro estudo, buscando relacionar as alterações
videonasolaringoscópicas com os Grupos A e B (criados através da mediana
do Índice de Estresse), utilizando-se o Teste Qui-Quadrado para respostas
qualitativas. Também pelo teste Qui-Quadrado não se encontrou relação e/ou
associação, estatisticamente significante, entre as alterações
videonasolaringoscópicas e os Grupos A (menor estresse) e B (maior
estresse).
Os resultados da associação do Qui-Quadrado serão mostrados com
valores absolutos e percentuais na Tabela 15.
Tabela 15 – Relação entre Grupos (A e B) e alterações videonasolaringoscópicas
Grupo A Grupo B Total p-valor n % n % n %
constrição Ausência 8 27,6 12 41,4 20 34,5
0,269 Presença 21 72,4 17 58,6 38 65,5
fenda Ausência 12 41,4 17 58,6 29 50
0,189 Presença 17 58,6 12 41,4 29 50
massa Ausência 18 62,1 20 69 38 65,5
0,581 Presença 11 37,9 9 31 20 34,5
RLF Ausência 10 34,5 8 27,6 18 31
0,57 Presença 19 65,5 21 72,4 40 69
Teste Qui-Quadrado
Após as análises, por três testes diferentes, no sentido de buscar
correlação entre Índice de Estresse e alterações laríngeas dos exames de
imagem, os resultados, na direção como foram analisados, indicam que o
Índice de Estresse não afeta a frequência de alterações encontradas nas
videonasolaringoscopias e vice-versa.
55
6. DISCUSSÃO
A questão de investigação deste estudo foi a influência ambiental na
voz, buscando evidenciar a relação entre o orgânico e o psíquico, através dos
achados em uma população de professores. A maioria dos trabalhos na
literatura apresentam foco em uma vertente ou outra, sem que as duas
mantenham um peso equivalente. Isso parece decorrer da grande dificuldade
encontrada em se avaliar duas variáveis, voz e estresse, que sofrem a
influência dos múltiplos fatores a que estão expostos os sujeitos, tanto no
ambiente de pesquisa como na vida comunitária.
A escolha dos professores se justifica por ser esse grupo de
profissionais claramente apontado na literatura como de risco, tanto para
disfonias (SMITH et al., 1997; SMITH et al., 1998; WILLIAMS, 2003; ROY et al.,
2004; THIBEAULT et al., 2004; VILKMAN, 2004; SLIWINSKA-KOWALSKA et
al., 2006) como para distúrbios emocionais (PEREIRA et al., 2003; MORENO-
ABRIL et al., 2007).
Serão discutidos inicialmente os resultados sobre a prevalência de
sintomas e alterações videonasolaringoscópicas. Os resultados da pesquisa
sobre sintomas referidos confirmam os dados de literatura de que os
professores apresentam um número elevado de sintomas vocais e de garganta
(OLIVEIRA, 1999; FERREIRA et al., 2003; ROY et al., 2004; SIMBERG et al.,
2005; SLIWINSKA-KOWALSKA et al., 2006; ARAÚJO et al., 2008).
Como pudemos observar na Tabela 3: 41 (70,68%) sujeitos referiram
apresentar pelo menos um sintoma de voz e 34 (58,62%), pelo menos dois.
Como sintoma mais frequente na população estudada, destaca-se a rouquidão
(44,8 %). Esse achado está de acordo com os dados de literatura (TENOR et
al., 1999; OLIVEIRA, 1999; FERREIRA et al., 2003; FUESS e LORENZ, 2003;
56
PRECIADO et al., 2005; SLIWINSKA-KOWALSKA et al., 2006; ARAÚJO et al.,
2008; SILVERIO et al., 2008).
Os sintomas de garganta igualmente apresentaram uma frequência alta
na pesquisa, como demonstrado na Tabela 4. Da amostra, 53 (91,40%)
sujeitos referiram apresentar pelo menos um sintoma de garganta e 48
(82,75%), pelo menos dois. Os sintomas de garganta referidos foram: pigarro
(67,20%), esforço ao falar (60,10%) e cansaço ao falar (60,30%), resultados
esses que estão consoantes com a literatura. A sensação de pigarro obteve a
mais alta prevalência nesta população e tal achado foi compatível com o
estudo de FERREIRA e BENEDETTI (2007), podendo ser interpretado como
indicativo de falta de hidratação adequada ou ainda presença de agressão
laríngea por refluxo laringofaríngeo. O globus faríngeo (“bola na garganta”),
outro sintoma tido como indicativo do RLF, foi apenas o décimo sintoma mais
referido, entretanto. Para “garganta seca” a prevalência foi de 58,6%, muito
próxima do resultado da pesquisa de FERREIRA et al. (2003), no qual este
sintoma estava presente em 57,6% dos casos.
Nas avaliações videonasolaringoscópicas a frequência de achados
também foi alta, como demonstrado na Tabela 5. Dos sujeitos, 91,37%
apresentaram pelo menos um tipo de alteração e 75,86%, pelo menos duas. O
número de casos com alteração do vestíbulo laríngeo (denotado por algum tipo
de constrição) e de fendas triangulares médio-posteriores tiveram alta
incidência, o que era de certa forma esperado, por serem estes achados
correlacionados na literatura com a hiperfunção da laringe e com as disfonias
funcionais. Nos achados classificados como lesões de massa (presentes em
32,75% da amostra), os nódulos vocais e espessamentos de borda livre de
pregas somaram 42,09% desses casos. A prevalência de lesões de massa foi
menor do que a referida por OLIVEIRA (1999) e aproxima-se à encontrada por
PRECIADO et al. (2005) e FORTES et al. (2007).
57
Na população estudada, o achado videonasolaringoscópico mais
prevalente foi a presença de sinais de RLF, em 68,97% dos sujeitos (Tabela 5).
Essa prevalência foi menor do que a referida por OLIVEIRA (1999), em seus
casos, e maior do que a encontrada por FUESS e LORENZ (2003).
Em relação aos resultados das questões organizacionais autorreferidas
relacionadas ao estresse, incluindo-se aquelas concernentes a situações de
violência, os resultados apontam para respostas nitidamente concentradas nas
opções intermediárias da escala de graduação do método (“nunca”,
“raramente”, “às vezes” e “sempre”), como podemos observar nas tabelas 6 a
10 e nos gráficos 1 a 3.
Em nenhuma das questões, exceto para os itens “ambiente de trabalho
interfere na vida pessoal e/ou saúde?” e “leva trabalho para casa?” existe uma
frequência alta de respostas com inferência para estresse. Dos professores,
63,80% referiram ter “sempre” satisfação no trabalho, apesar de apenas 10%
considerarem o ambiente calmo e terem tempo suficiente para desenvolver as
atividades propostas (Tabela 7). Mesmo sob condições adversas, o professor
se mostra satisfeito. Esta divergência entre satisfação e condições de trabalho
sugere que o prazer de uma atividade vocacionado sobrepõe-se à boa parte
das dificuldades cotidianas e ameniza a identificação e valoração dos
indicadores de estresse.
Sobre ter liberdade para desenvolver suas atividades, 88% responderam
“sempre”, a esta pergunta. Em relação à qualidade de relacionamento na
escola, as respostas para “sempre” ter “bom relacionamento” alcançou índices
não inferiores a 80% das respostas, considerando-se alunos, pais, colegas e
direção da escola. Pode-se observar que os professores da amostra não
deixam transparecer uma situação de ambiente conflituoso. Ao contrário, essa
distribuição sugere certa tranquilidade dos docentes em sua relação de
trabalho e uma carga de estresse pequena na amostra. Nos resultados sobre a
presença de situações de violência no ambiente de trabalho, novamente as
58
respostas se concentraram nas opções intermediárias da escala (“raramente” e
“às vezes”). Pelas respostas a essas questões, infere-se que a violência está
presente no ambiente escolar, mas não é uma ocorrência comum no cotidiano
da amostra da pesquisa.
Estes resultados são, de certa forma, inesperados. Os dados de
literatura são categóricos ao afirmar a presença, cada vez maior, de sintomas
da Síndrome de Burnout entre os profissionais da educação, haja vista os
resultados de PEREIRA et al. (2003), que indicaram níveis elevados de
sintomas de estresse, tanto do tipo físico como psicológico, no grupo de
professores investigado. O resultado do trabalho de GOULARD JÚNIOR e
LIPP (2008), realizado pelo Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp-ISSL
indicou que 56,6% das professoras avaliadas apresentavam estresse.
FERREIRA et al. (2008) encontraram relação entre “violência escolar” e a
ocorrência de “sintomas vocais”, com evidências da presença de estresse e
Burnout. CODO (2002) refere que apesar de 90% do professores se
declararem muito satisfeitos e comprometidos com seu trabalho, como as
respostas indicam também nesta pesquisa, um, em cada quatro deles,
apresenta sinais de exaustão emocional, o que não foi evidenciado nesta
pesquisa.
As razões apontadas pela literatura para a presença de estresse cada
vez maior são inúmeras, a começar pelo perfil de personalidade dos que
escolhem este caminho profissional: indivíduos com inteligência emocional
preponderante, preocupações éticas e sociais bem marcadas, altruísmo e
vontade de servir sempre presentes (REINHOLD, 2007; CARLOTTO, 2003;
SANTINI e MOLINA NETO, 2005; SILVA, 2006; BAUER et al., 2006; LOPES,
2008; CHAMBERS, 2008). A literatura aponta ainda fatores de
desencadeamento de estresse relacionados à constituição das relações de
trabalho e da sociedade atual, de caráter abrangente e multigeográfico, aos
quais a população-alvo desta pesquisa também está submetida.
59
Em seguida, buscou-se relacionar o Índice de Estresse com os sintomas
e alterações encontrados nas videonasolaringoscopias.
Em relação ao número de sintomas referidos pelo Grupo A e pelo Grupo
B (Gráfico 4), observou-se que, para os sintomas de garganta, os professores
com Índice de Estresse maior (Grupo B) apresentou um número médio de
sintomas maior. Para os sintomas de voz, a média de número de sintomas foi
igual nos dois grupos.
Considerando-se cada sintoma individualmente e comparando-se a
média dos Índices de Estresse com a presença ou ausência de cada sintoma
(gráficos 5 e 6), os resultados evidenciam que a média do índice foi sempre
maior nos sujeitos que referiam sintomas frente aos que não referiam. Esse
achado é indicativo de uma associação positiva entre referir sintomas e
apresentar um Índice de Estresse maior.
De fato, a Correlação de Pearson aplicada ao Índice de Estresse e à
quantidade de sintomas de garganta referidos (Tabela 12) confirmou uma
relação diretamente proporcional, indicando que quanto maior o Índice de
Estresse, maior o número de sintomas de garganta referidos. O mesmo não se
confirmou para os sintomas de voz, entretanto. Este fato pode ser explicado
pela tendência que os professores apresentam, segundo a literatura, de não
valorizarem ou não perceberem características de sua voz. OLIVEIRA (1999)
concluiu que a maioria dos sujeitos não conseguia detectar sua própria voz
como alterada, mesmo na presença de sintomas referidos. Segundo WILLIAMS
(2003), a autopercepção depende muito de como o distúrbio afeta diretamente
a atividade laboral. Para CORAZZA et al. (2004) a ausência de queixa vocal
não é indicativo fiel de ausência de alterações laríngeas ou de alterações
qualitativas da voz, sejam perceptivo-auditiva ou acústicas. Portanto, parte dos
professores disfônicos pode não valorizar o fato, se sua demanda não for
prejudicada. Assim, a prevalência de sintomas de voz pode não se alterar
60
muito, mesmo quando a frequência de alterações qualitativas da voz seja mais
alta.
Em seguida, buscou-se correlações estatísticas entre o Índice de
Estresse e as alterações videonasolaringoscópicas encontradas na amostra.
Os resultados indicaram que o Índice de Estresse não afetou a frequência de
alterações encontradas nas videonasolaringoscopias e vice-versa, nos três
testes estatísticos aplicados. Não foi encontrada, portanto, uma correlação
clara ou inequívoca entre o Índice de Estresse e os resultados do questionário
e das avaliações laríngeas. Pôde ser destacada apenas uma relação, pelo
Teste de Pearson (considerada fraca pela escala de graduação desse método
estatístico), entre sintomas de garganta e o Índice de Estresse.
Essa ausência de correlação está em desacordo com o que a revisão de
literatura induz a supor, e algumas hipóteses podem ser feitas a respeito. A
primeira delas é de que a amostra do estudo de fato não apresenta carga de
estresse significativa, em conformidade com os resultados do questionário
organizacional e de situações de violência. Neste caso, esse resultado
dissonante com a literatura carece de confirmação, através de nova pesquisa,
desta feita, admitindo-se a hipótese da necessidade de uma amostragem mais
ampla e diversificada geograficamente, composta por um número maior de
sujeitos, dada à complexidade das variáveis em questão.
Uma outra hipótese a ser formulada diz respeito ao método empregado
para a avaliação de estresse na amostra. As questões organizacionais e as
consideradas indicativas da presença de violência no ambiente escolar são
expressivas para inferência ao estresse, mas não avaliam, necessariamente, o
estresse presente em cada professor. Isso ocorre pela grande variabilidade das
características da personalidade de cada sujeito. Assim, mesmo que um fator
investigado em determinada questão carregue alto grau de inferência ao
estresse, nada impede que em dois indivíduos diferentes sua presença
produza resultados diametralmente opostos na intensidade de estresse gerado.
61
Os efeitos serão sentidos com base na história de vida de cada sujeito e como
reflexo de seu meio social, fatores esses extremamente peculiares e
individuais. Exemplificando de forma extremada, uma situação de violência
grave como a ocorrência de tiros no ambiente escolar ou imediações pode
configurar fator para a ocorrência de intenso distúrbio emocional em um
professor, enquanto que a estrutura psicológica de outro o faça superar o fato
sem maiores consequências. Por esse ângulo, por mais que se tente isolar
fatores de risco, eles sempre virão acompanhados de seu viés emocional. A
forma e intensidade com que cada sujeito reage às agressões, na dependência
de sua própria e peculiar personalidade, irão, por sua vez, influenciar o
resultado final observado. Dessa forma, deve-se considerar que avaliar a
quantidade de estresse presente em uma população possa obter maior êxito
com ferramentas mais diretas, desenhadas para medir estresse, ao invés de
métodos indiretos como a inferência ao estresse.
Por outro lado, uma terceira razão que pode ser aventada relaciona-se a
um possível baixo grau de comprometimento dos professores com o
preenchimento dos questionários, haja vista a frequência alta de respostas do
tipo “não sei” apresentadas e pela também alta concentração de respostas
intermediárias, do tipo “raramente” e “às vezes”. Essas respostas evitam o
posicionamento claro dos entrevistados sobre diversos assuntos, o que não
ocorre com as opções “nunca” e “sempre”, carregadas de objetividade. Em
adição, alguns questionários foram respondidos sistematicamente com a opção
“não sei” para muitas perguntas contíguas, transparecendo certo grau de
displicência. Se este fato realmente ocorreu, seja qual for o motivo, irá afetar a
consistência e fidedignidade do Índice de Estresse extraído, e introduzir fator
de erro nos resultados. Entretanto, essa possível ocorrência de não
comprometimento e displicência pode ser vista, ela própria, como manifestação
do Burnout, em suas fases de exaustão emocional e despersonalização
(CARLOTTO e PALAZZO, 2006; CHAMBERS, 2008).
Ao contrário de esgotar discussões sobre o tema, o resultado desta
pesquisa deve ser considerado um estímulo e um indicativo de que muito ainda
62
falta a ser investigado e conhecido nesse grupo de profissionais, notadamente
no que se relacione com o aparecimento de distúrbios vocais e emocionais.
A realidade das relações do trabalho docente atual expõe o professor a
uma carga de trabalho excessiva, a um número elevado de alunos por classe,
a condições materiais precárias e a salários cada vez menos condizentes com
seu ofício. Seus alunos trazem consigo, muitas vezes, toda gama de problemas
sociais e familiares, cuja solução está muito além do real alcance dos
professores. Pela proximidade emocional e laços afetivos com o objeto de seu
trabalho, o professor sofre. E esse sofrimento é dobrado, uma vez que, ele
próprio, fora dos muros escolares, novamente é agredido pelos mesmos
mecanismos de pressão social que oprimem seus alunos.
A carga de estresse é inegável, embora não seja tão simples mensurá-
la, principalmente em seu cruzamento com as disfonias.
O relacionamento entre emoções e estresse com os distúrbios vocais é
tão estreito que não parece lógico estudá-los em separado. Para SEIFERT e
KOLLBRUNNER (2006), todas as causas das disfonias, em um momento ou
outro, convergem para os distúrbios psicossociais, contribuindo, esses últimos,
para a instalação e a perpetuação de tensão laríngea excessiva. Por esse
ângulo, por mais que se tente isolar fatores de risco, ambiental e físico, sempre
virão acompanhados de seu viés emocional. A forma e intensidade com que
cada sujeito reage às agressões, na dependência de sua própria e peculiar
personalidade, irá, por sua vez, influenciar o resultado final observado.
No entender de SMOLANDER e HUTTUNEN (2006), as disfonias têm
causa multifatorial por sua natureza e essência. Das quatro categorias de
riscos para as disfonias ocupacionais apontadas por esses autores (fatores
ambientais, fatores concernentes ao estilo de vida, saúde e fatores
psicológicos) são os da esfera emocional e psicológica os mais difíceis de
63
serem analisados, pois sempre sofrem influência direta dos demais fatores.
KOOIJMAN et al. (2006) afirmam que as emoções podem influenciar
negativamente a produção vocal, especialmente em pessoas sensíveis. ROY et
al. (2000) deixam clara sua crença no papel da personalidade, emoções e
problemas psicológicos nos distúrbios da voz. Apontam que a pergunta, ainda
por ser respondida, é se esses fatores contribuem ou são a causa primária de
distúrbios vocais e se, por sua vez, os distúrbios vocais criam problemas
psicológicos e efeitos na personalidade.
Outros autores, como PRECIADO et al. (2005), seguem o caminho
inverso, colocando a disfonia como o evento inicial a ser considerado, a partir
do qual surgiriam os distúrbios na esfera pessoal e psicológica. Se por um lado
é certo, como expõem esses últimos autores, que uma voz disfônica irá
ocasionar uma sensação de insegurança, uma falta de autoridade, uma
alteração de personalidade e um isolamento do professor, por outro, não é
possível negar a influência desses fatores na voz.
Em síntese, os fatores de risco para disfonia e para estresse, citados
nas pesquisas, são sobrepostos, apontados como válidos para ambos os
distúrbios.
Essa concomitância ou sobreposição de fatores de risco se justifica pelo
interrelacionamento entre disfonia e distúrbios emocionais. De fato, até fatores
puramente orgânicos, como “dores cervicais”, afetam a esfera psíquica por
serem também, claramente, geradores de estresse pelo desconforto produzido.
O que parece ficar claro, com a leitura dos diversos autores, é que as
características da voz e as facetas psicoemocionais de cada um, embora
mantenham estreita relação de dependência mútua, desenvolvem-se em
paralelo, ao longo do tempo. Uma influencia e é influenciada pela outra, em
jogo dinâmico interminável. A primeira, ao influenciar, produz nesta segunda
64
modificações imediatas, que de pronto são devolvidas à primeira como novo
fator transformador.
Dessa forma, não se pode dizer que entre disfonia e distúrbios
emocionais exista uma dependência direcional e temporal de causa e efeito,
quando um fator obrigatoriamente preceda o outro, sendo essa relação sempre
muito mais pautada pela bidirecionalidade.
A voz humana, como expressão e veículo da linguagem, envolve
múltiplas facetas e nuances. As imbricações e vieses são tantos que tornam
árdua a tarefa do pesquisador ao tentar isolar e descontaminar seus dados e
suas observações. Os fatores que a tornam extremamente rica em sua
expressividade também ampliam a complexidade para o entendimento dos
agentes que a afetam e transformam.
65
7. CONCLUSÃO
• A prevalência dos sintomas de voz e garganta e de alterações
videonasolaringoscópicas foi elevada, na população estudada, e esses
índices estão de acordo com os autores da literatura. Os sintomas que
obtiveram maior frequência de referência foram: rouquidão, voz fraca e
falha na voz, dentre os sintomas vocais, e pigarro, esforço ao falar e
cansaço ao falar, dentre os sintomas de garganta. Nas avaliações das
imagens, a presença de sinais de refluxo laringofaríngeo foi a alteração
mais prevalente, seguida por constrição supraglótica, fenda e lesões de
massa.
• Os resultados indicaram correlação estatística entre número de sintomas
de garganta e estresse.
• Os resultados dos questionários de autoavaliação, para questões
organizacionais e de inferência para violência escolar, não indicaram grau
elevado de estresse na população estudada.
• Não houve associação estatística entre alterações
videonasolaringoscópicas e respostas para questões com inferência para
estresse.
66
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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9. ANEXOS
Anexo 1 – Questionário: Condição vocal do professor
Adaptado de FERREIRA et al., 2007
Prezado professor: O questionário abaixo tem como objetivo fazer um levantamento das condições da voz do professor. Por gentileza, responda todas as questões fazendo um x no local indicado ou completando, quando solicitado.
I – IDENTIFICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO 1 Código do entrevistado (não preencher): ........................................... 2 Data: / /
II – IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO 3 Nome: 4 Data de nascimento: / / 5 Sexo: 0. ( ) feminino 1. ( ) masculino 6 Estado Civil:
1. ( ) solteiro 3. ( ) separado, desquitado ou divorciado 2. ( ) casado ou qualquer forma de união 4. ( ) viúvo
7 Escolaridade: 1. ( ) superior completo; curso: 4. ( ) médio completo 6. ( ) fundamental completo 2. ( ) superior em andamento; curso: 5. ( ) médio incompleto 7. ( ) fundamental incompleto 3. ( ) superior incompleto 8. ( ) outro:
III – SITUAÇÃO FUNCIONAL 8 Há quanto tempo você é professor? 9 Em quantas escolas você já trabalhou em toda sua carreira? 10 Em quantas escolas você trabalha atualmente? 11 Além da escola, trabalha em outro local? 0. ( ) não 1. ( ) sim
Se sim; onde trabalha e o que faz? 12 Há quanto tempo você atua nesta escola? 13 Qual(is) atividade(s) você desempenha atualmente na escola?
1. ( ) leciona 5. ( ) responsável pelo planejamento pedagógico 2. ( ) faz trabalho administrativo 6. ( ) é responsável pela biblioteca 3. ( ) cuida do recreio/entrada 7. ( ) outro. Qual? 4. ( ) atende público
14 Quantas horas por semana você permanece com os alunos? 1. ( ) menos de 10 horas por semana 4. ( ) de 30 a 40 horas por semana 2. ( ) de 10 a 20 horas por semana 5. ( ) mais de 40 horas por semana 3. ( ) de 20 a 30 horas por semana
15 Seu ambiente de trabalho é calmo? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 16 Você tem bom relacionamento com:
1. seus colegas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 2. a direção da escola 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. os alunos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 4. os pais dos alunos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
17 Você tem liberdade para planejar e desenvolver as atividades? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
18 Há supervisão constante? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
19 O ritmo de trabalho é estressante? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
20 Você tem tempo para desenvolver todas suas atividades na escola? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
21 Você costuma levar trabalho para casa? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
22 Existe local adequado para descanso dos professores na escola? 0. ( ) não 1. ( ) sim 23 Em caso de necessidade, você tem facilidade para se ausentar da sala?
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei Quanto ao ambiente físico da escola: 24 A escola é ruidosa? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
25 Se o local é ruidoso, o barulho vem: 1. ( ) do pátio da escola 4. ( ) de obras na escola 7. ( ) de aparelho de som / TV 2. ( ) da própria sala 5. ( ) da rua 8. ( ) outros: 3. ( ) de outras salas 6. ( ) da voz das pessoas
26 O ruído observado é forte? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
27 O ruído observado é desagradável? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
28 A acústica da sala é satisfatória? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
A sala tem eco? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
29 Há poeira no local? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, de que tipo? 30 Há fumaça no local? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, de que tipo? 31 Há umidade no local? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
32 A temperatura da escola é agradável? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei Por que?
33 O tamanho da sala é adequado ao número de alunos? 0. ( ) não 1. ( ) sim
34 Há espaço suficiente para sua movimentação? 0. ( ) não 1. ( ) sim
35 Os móveis (lousa, mesa) são adequados à sua estatura? 0. ( ) não 1. ( ) sim
36 Você realiza esforço físico intenso? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
37 Você carrega peso com frequência? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
38 O local tem iluminação adequada? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
39 A limpeza da escola é satisfatória? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
40 Há condição de higiene adequada nos banheiros?
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
41 Os produtos utilizados na limpeza da escola lhe causam irritação?
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, descreva que tipo de irritação:
42 Há comprometimento de todos os funcionários com a manutenção e organização da escola?
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
43 Há material adequado para a execução do seu trabalho ?
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
44 Há material suficiente? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
45 Você tem satisfação no desempenho da sua função na escola?
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
46 Você considera seu trabalho: 1. monótono 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 2. repetitivo 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
47 O estresse está presente no seu trabalho? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
48 Assinale quais das situações de violência relacionadas abaixo já ocorreram na escola e com que frequência: 1. depredações 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. roubo de objetos pessoais 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. roubo de material da escola 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4. ameaça ao professor 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
5. intervenção da polícia 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
6. manifestação de racismo 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7. indisciplina em sala de aula 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8. brigas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
9. agressões entre alunos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
10. tiros 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
11. insultos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
12. violência à porta da escola 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
13. violência contra os funcionários 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
14. problemas com drogas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
15. pichações 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
49 Você acha que os fatores do ambiente de trabalho interferem na sua vida pessoal ou em sua saúde?
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
50 Quanto tempo, em média, você leva (independentemente do transporte): 1. de casa para o trabalho? 2. do trabalho para casa? 3. de um trabalho para outro (caso trabalhe em mais de um lugar)?
IV – ASPECTOS GERAIS DE SAÚDE 51 Em relação ao seu estado geral de saúde, você costuma ter:
1. problemas digestivos 1.1. azia 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
1.2. refluxo 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
1.3. gastrite 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
1.4. outro: 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. problemas hormonais 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, qual/quais? 3. problemas na coluna 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, qual/quais? 4. problemas dentários 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, qual/quais? 5. problemas circulatórios 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, qual/quais? 6. problemas emocionais 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, qual/quais?
Se sim, faz tratamento? 0. ( ) não 1. ( ) sim, psiquiátrico 2. ( ) sim, psicoterápico 3. ( ) outro
7. problemas respiratórios 7.1. rinite 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.2. sinusite 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.3. amigdalite 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.4. faringite 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.5. laringite 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.6. bronquite 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.7. asma 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.8. resfriados 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7.9. outros 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, qual/quais? 8. problemas de audição 8.1. dificuldade para ouvir 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8.2. dor de ouvido 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8.3. incômodo a sons ou ruídos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8.4. zumbido 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8.5. tonturas/vertigens 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
9. outros problemas de saúde 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, qual/quais?
52 Você apresenta problema na fala? 0. ( ) não 1. ( ) sim
Se sim, que problema é esse?
53 Quanto à sua menstruação 1. você tem tensão pré-menstrual 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. o ciclo é regular 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. você está na menopausa 0. ( ) não 1. ( ) sim 2. ( ) não menstruo por outras razões
4. você faz reposição hormonal 0. ( ) não 1. ( ) sim
54 Você toma medicamentos? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se assinalou sempre na questão anterior, informe quais são e para que servem os medicamentos que toma?
V – HÁBITOS 55 Você fuma? 0. ( ) não 1. ( ) sim
Se sim, 1. Quantos cigarros consome por dia, em média? 2. Há quanto tempo tem este hábito?
56 Você já fumou? 0. ( ) não 1. ( ) sim
Se sim, 1 Fumava quantos cigarros por dia? 2 Há quanto tempo parou?
57 Você consome bebida alcoólica? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Se sim, 1. Que tipo de bebida? 2. Quanto consome, em média, por semana?
58 Você costuma beber água durante o dia? 0. ( ) não 1. ( ) sim
1. Além de água, você costuma beber outros líquidos (café, chá, suco, refrigerantes, etc.) durante o dia? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 2. Quantos copos ingere, em média, de água ou outros líquidos por dia? 3. Você costuma beber água/líquidos gelados? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
59 Quanto aos seus hábitos alimentares: 1. Quantas refeições você faz por dia? 2. Você costuma se alimentar em horários regulares? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 3. Você evita algum tipo de alimento? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei Se sim, qual (is) dos alimentos relacionados abaixo você costuma evitar? 3.1.( ) alimentos duros (por exemplo, carne, cenoura crua) 3.3. ( ) alimentos condimentados (muito temperados) 3.2.( ) alimentos gordurosos 3.4. ( ) alimentos derivados do leite 3.5.( ) outros, qual/is? 4. Ao abrir a boca ou mastigar, você nota: 4.1. estalos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4.2. sensação de areia 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4.3. desvio de queixo 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4.4. dificuldade para abrir a boca ou morder o alimento
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
5. Quanto tempo antes de dormir você faz sua última refeição? 1. ( ) até 30 minutos 2. ( ) entre 31 e 60 minutos 3. ( ) mais de uma hora
60 Quanto ao seu sono: 1. Quantas horas, em média, você dorme à noite? 2. Você costuma acordar durante a noite? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 3. Você acorda descansado? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
61 Em relação às atividades de lazer, assinale a frequência com que costuma frequentar os locais abaixo: 1. clube 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. casa de amigos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. shopping center 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4. igreja 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
5. parques 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
6. cinema ou teatro 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7. barzinhos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8. locais para dançar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
9. academia de ginástica 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
10. praia / sítio 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
11. outros 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
VI – ASPECTOS VOCAIS 62 Você tem ou já teve alteração na sua voz? 0. ( ) não 1. ( ) sim, tive 2. ( ) sim, tenho 63 Se você tem alteração na voz, há quanto tempo esta alteração está presente?
1. ( ) 0 a 5 meses 2. ( ) 6 meses a 11 meses 3. ( ) 1 a 2 anos 4. ( ) 3 a 4 anos 5. ( ) mais de 4 anos 64 Se você teve/tem alteração de voz, em sua opinião, o que a causou:
1. ( ) uso intensivo da voz 6. ( ) exposição ao frio
2. ( ) infecção respiratória 7. ( ) exposição ao barulho
3. ( ) alergia 8. ( ) não houve causa aparente 4. ( ) estresse 9. ( ) não sei
5. ( ) gripe constante 10. ( ) outros, qual/quais?
65 Se você tem/teve alteração de voz, realizou/realiza tratamento especializado para este problema? 0. ( ) não 1. ( ) sim, já realizei 2. ( ) sim, realizo Se sim, que tipo(s) de tratamento(s) realizou? 1. ( ) terapia fonoaudiológica 3. ( ) cirurgia 2. ( ) uso de medicamentos. 4. ( ) outros. Quais?
2.1. Se sim, qual/quais?
66 Se você teve/tem alteração de voz, o início do problema foi:
1. ( ) brusco 2. ( ) progressivo 3. ( ) vai e volta 67 Se você teve/tem alteração de voz, esta tem:
1. ( ) se mantido igual 2. ( ) melhorado 3. ( ) piorado 68 Se você teve/tem alteração de voz, como a definiria?
1. ( ) alteração discreta 2. ( ) alteração moderada 3. ( ) alteração severa 4. ( ) não sei
69 Sua voz ao longo do dia costuma estar:
1. ( ) rouca pela manhã e vai melhorando 4. ( ) rouca de manhã, vai melhorando e à noite volta a piorar 2. ( ) melhor de manhã e vai piorando 5. ( ) a noite a voz não sai 3. ( ) de manhã a voz não sai
70 Como as pessoas reagem quando escutam você falando? 1. ( ) referem alteração de voz constante 5. ( ) confundem sua idade 2. ( ) se espantam com sua voz 6. ( ) perguntam qual é o problema 3. ( ) não entendem o que você diz 7. ( ) nenhuma reação 4. ( ) confundem seu sexo 8. ( ) outros. Quais?
71
Quais sintomas vocais você tem atualmente? 1. rouquidão 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. perda da voz 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. falha na voz 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4. falta de ar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
5. voz fina 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
6. voz grossa 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7. voz variando grossa / fina 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8. voz fraca 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
9. outros 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Quais?
72 Quais sensações relacionadas à garganta e à voz você tem atualmente? 1. picada na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. areia na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. bola na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4. pigarro 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
5. tosse seca 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
6. tosse com catarro 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7. dor ao falar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8. dor ao engolir 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
9. dificuldade para engolir 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
10. ardor na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
11. secreção / catarro na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
12. garganta seca 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
13. cansaço ao falar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
14. esforço ao falar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
15. outros 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
Quais? 73 Já faltou ao trabalho devido alterações na voz? 0. ( ) não 1. ( ) sim; quantas vezes?
Quantos dias, em média, ficou afastado? 74 Você está satisfeito com sua voz? 0. ( ) não 1. ( ) sim
Se não está satisfeito com sua voz, o que mudaria?
75 Você já recebeu alguma orientação sobre cuidados com a voz? 0. ( ) não 1. ( ) sim 76 O que você costuma fazer quando sua voz está alterada?
77 Quanto aos seus hábitos vocais no trabalho, você costuma:
1. poupar a voz quando não está com os alunos
0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. gritar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. falar muito 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4. falar em lugar aberto 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
5. falar realizando atividades físicas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
6. falar carregando peso 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7. beber água durante uso da voz 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
78 Fora do trabalho, você realiza outras atividades que exigem o uso da voz? 1. cantar em coral 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
2. cantar profissionalmente 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
3. cantar em igreja 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
4. fazer leituras públicas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
5. participar de debates 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
6. cuidar de alunos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
7. trabalhar com vendas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
8. fazer gravações 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
9. dar aulas particulares 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
10. falar ao telefone 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
11. outros 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei
79 Existem casos de alteração de voz na sua família? 0. ( ) não 1. ( ) sim 1. Se sim, quem? 2. Se sim, qual o problema? 3. Se sim, passou por cirurgia? 0. ( ) não 1. ( ) sim
Gostaria de acrescentar algum comentário?
Agradecemos sua colaboração!
ANEXO 2 - Protocolo de Avaliação ( adaptado de Oliveira, 1999)
Prezado avaliador A seguir você irá analisar 64 imagens de laringe quanto a presença das alterações listadas
abaixo.Assinale com um ¨X ̈ a presença ou ausência deles. Quando presente um determinado aspecto, o tipo e, em alguns
casos, o grau deverão ser explicitados. Cada imagem deverá ser avaliada de acordo com a numeração que aparecerá no
vídeo. Utilize, sempre que considerar necessário, o item ¨observação ¨, para comentários adicionais. Quando concluir a
analise de cada imagem, discutir com o grupo de juízes o consenso das respostas. Agradeço mais uma vez a sua
disponibilidade!
Atenciosamente, Cássio Crespo
Imagem # ________
1-Quanto à presença de fenda
( ) Ausência ( ) Presença Tipo ( ) Fenda t riangular posterio r ( ) Fenda t riangular médio-posterior ( ) Fenda t riangular antero-posterior
Obs.
2- Quanto à presença de constrição supra-glótica
( ) Ausência ( ) Presença Tipo ( ) constrição medial ( ) constrição antero-posterior
Obs.:
3-Quanto à presença de lesão de massa ( ) Ausência ( ) Presença Tipo ( ) nódulos vocais
( ) pólipo ( ) edema de Reinke
Obs.:
4-Quanto á presença de sinais de RGE ( ) A usência ( ) Presença
Tipo ( ) espessamento posterior ( ) convexidade espaço interaritenoideo
Obs.:
5- outros achados (descrever)
( ) Fenda fusiforme Antero-posterior ( ) Fenda em ampulhe ta ( ) Fenda irregular
( ) irregularidade de borda livre ( ) edema ( ) cisto