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Alterações tireoidianas em pacientes expostos a organoclorados Isabel de Fátima Alvim Braga ORIENTADORES: PROFª. DRª CARMEN ILDES RODRIGUES FRÓES ASMUS PROFESSOR DR. MARIO VAISMAN RIO DE JANEIRO 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

Alterações tireoidianas em pacientes expostos a organoclorados · E, finalmente, àquele que eu acredito que foi essencial par a execução desse projeto, que me ensinou clínica

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Alterações tireoidianas em pacientes expostos a

organoclorados

Isabel de Fátima Alvim Braga

ORIENTADORES: PROFª. DRª CARMEN ILDES RODRIGUES FRÓES ASMUS PROFESSOR DR. MARIO VAISMAN

RIO DE JANEIRO 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

Alterações tireoidianas em pacientes expostos a

organoclorados

Isabel de Fátima Alvim Braga

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Instituto de Estudos em Saúde Coletiva

da Universidade Federal do Rio de

Janeiro com vistas à obtenção de título de

Mestre em Saúde Coletiva

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PRODUÇÃO, AMBIENTE E SAÚDE

ORIENTADORES: PROFª. DRª CARMEN ILDES RODRIGUES FRÓES ASMUS PROFESSOR DR. MARIO VAISMAN

RIO DE JANEIRO 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

III

Banca Avaliadora: Membros Titulares Prof. Dr. Raphael Mendonça Guimarães Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ Profª Drª Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ Profª Drª Patricia de Fatima dos Santos Teixeira Faculdade de Medicina/UFRJ Membros Suplentes Prof. Dr. Paulo Rubens Guimarães Barrocas Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ

IV

B813 Braga, Isabel de Fátima Alvim

Alterações Tireoidianas em Pacientes Expostos a Organoclorados/ Isabel de Fátima Alvim Braga - Rio de Janeiro: UFRJ/IESC, 2012. xviii, 120 p. :il. ; 31 cm cxc xc Orientadores: Carmen Ildes Froes Asmus e Mario Vaisman. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2012. \ c\ cxvccf Referências: f. 73-89

1. Tireóide. 2. Organoclorados. 3. Cidade dos Meninos. 4. Saúde Coletiva. I. Asmus, Carmen; Vaisman, Mario. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Estudos em Saúde Colet iva. I I .T ítu lo.

CDD 616.44

V

VI

"O homem é do tamanho do seu sonho." Fernando Pessoa

“A educação tem raízes amargas, mas seus frutos são doces”

Aristóteles

"O homem não é nada além daquilo que a educação fez dele.” Immanuel Kant

“Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância."

Derek Bok

"O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer."

Abraham Lincoln

"Queremos uma justiça social que combine com a justiça ecológica. Uma não existe sem a outra."

Leonardo Boff

VII

AGRADECIMENTOS:

À minha mãe, da qual herdei mais características de personalidade do que ela

própria imagina; à tia Nicinha, pela co-criação; aos meus padrinhos, pelo apoio total;

À minha orientadora Carmen Froes, considerada por muitos a "mãe" do

Mestrado, cujos ensinamentos ultrapassaram, em muito, as questões puramente

acadêmicas;

Ao meu co-orientador Mario Vaisman pela gentileza de aceitar a co-orientação

e pela seriedade, objetividade e competência com que me acompanhou nesse

período;

Ao meu namorado Bruno, por todos os momentos em que esteve ao meu lado

na execução desse trabalho;

Aos amigos que fiz nesse caminho: Ana Luisa Alfaya, pelas precisas

avaliações humanas regadas a episódios de binge; Gesiele Veríssimo, que foi o

maior exemplo que já conheci de como ver o mundo de forma otimista; Maíra

Mazoto, pela perspicácia; Rômulo Elizardo, pela continuidade de uma amizade que

já dura quase dez anos; Patricia e Cristiano Boccolini, pela agradável surpresa

(Continuarei tratando você como um "ser só"... Rs!); Juliana Chrisman, pela grande

ajuda estatística; Bila, que foi a outra mãezona da galera; Camila Muzi, que mostrou

que eu não dirijo tão mal assim; Daiana Thiengo, por toda doçura;

Aos professores: Volney Camara, nosso exemplo de academicismo; Anamaria

Tambelini, Teca e Diana Maul, que nos ensinaram a pensar fora do corriqueiro; Katia

Bloch, pela paciência em nos ensinar Epidemiologia; Armando Meyer, pelo exemplo

de vida; Marcia Gomide pela paciência e serenidade; Luiz Tura, pelo ensino da

nossa própria representação social,

Aos funcionários: Geraldo e Dieguinho, que diversas vezes impediram que o

Banco não vingasse, Ivisson, que resolveu absolutamente todos os nosso

problemas; Gleici, que me ajudou com as digitalizações; Fátima, que foi uma

excelente aquisição para o Instituto,

À Equipe do Ministério da Saúde, que muito colaborou na execução desse

projeto,

À Equipe do INCA responsável pela execução do banco,

Àos membros da população de Cidade dos Meninos, que aceitaram participar

da pesquisa;

À banca, que teve a paciência de ler desde o projeto de qualificação até o

trabalho final,

VIII

Àqueles que, pela vida toda que sempre tornaram as minhas diversas jornadas

um deleite especial: Luisa Alves, Laura Lecocq, Aline Sardinha, Aline Mendes,

Fernanda Antonello, Amanda Pendle, Dani e Bruna Pugliese, Juju Miranda, Dani

Assafin, Erica Mathias. Deborah Caputi, Carlos Bronze, Mari Costa, Cris Martins,

Salsicha, Daniel Roque, Netto, Andre Vidal, Thais Pontes, Priscilla Antonello e tantos

outros que não daria pra enumerar aqui...

Aos meus queridos bolsistas: Paulo, Samuel, Camila e Gabriel,

E, finalmente, àquele que eu acredito que foi essencial par a execução desse

projeto, que me ensinou clínica toxicológica, que me ensinou estatística, que me

ensinou pesquisa, que ensinou como trilhar caminhos, que me ensinou a escrever

artigo e que me ensinou tantas outras coisas que é melhor eu nem descrever por

aqui. Raphael Mendonça, obrigada de coração.

Sem vocês, nada disso teria sido possível. Sem vocês, não teria sido a mesma

coisa. Sem vocês, não teria sido tão divertido...

IX

RESUMO

BRAGA, Isabel de Fátima Alvim. Alterações Tireoidianas em pacientes expostos

a Organoclorados. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde

Coletiva) - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2012

Introdução: A glândula tireóide tem sido vista como um órgão sentinela do

sistema endócrino. Embora o conhecimento acerca da associação entre alterações

nessa glândula e exposição a organoclorados ainda seja incipiente, diversos estudos

sugerem existir uma correlação. Nosso estudo se propõe a estudar a população

exposta a organoclorados em Cidade dos Meninos. Objetivos: Avaliar a ocorrência

de transtornos tireoidianos nesta população e associá-los com as variáveis

sociodemográficas. Métodos: Foi utilizado um banco de dados contendo níveis de

T3 total, T4 livre, TSH e demais variáveis sócio-demográficas da população. Foi feita

uma análise de cluster hierárquico para determinar um escore de exposição da

população. Calculou-se os valores de média, mediana, desvio padrão dos

transtornos, bem como suas respectivas prevalências. Após, foi feita uma regressão

linear. Resultados: No que concerne a prevalência total da população, não foram

encontrados valores discrepantes em relação aos demais estudos de prevalência.

As pessoas que não nasceram no local apresentaram maiores médias dos 3

hormônios, mas com significância estatística apenas para T3. Além disso, esse

grupo apresentava um percentual consideravelmente menor de transtornos que os

nascidos no local. O sexo feminino apresentou maior número de alterações que o

masculino. Encontrou-se uma prevalência total de 6,3% de hipotireoidismo e 1,38%

de hipertireoidismo. 17,25% das crianças de 1 a 6 anos e 12,5% dos maiores de 65

anos apresentou aumento de TSH. O modelo de regressão linear para T3, T4 e TSH

ajustado apresentou valores estatisticamente significantes (0,54 e p valor<0,001;

r=0,22 e p valor 0,017; r=0,021 e p valor 0,021 respectivamente). Conclusão:

Fazem-se necessários mais estudos sobre o sistema endócrino-tireoidiano nessa

população, bem como acompanhamento e tratamento dos pacientes que já

apresentam transtornos.

Palavras-chave: Organoclorados; Tireóide, Cidade dos Meninos, TSH,

Triiodotironina, Tiroxina

X

ABSTRACT

BRAGA, Isabel de Fátima Alvim. Alterações Tireoidianas em pacientes expostos

a Organoclorados. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde

Coletiva) - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2012

Introduction: The thyroid gland has been seen as a body guard of the endocrine

system. Although knowledge about the association between changes in this gland

and exposure to organochlorines is still in its infancy, several

studies suggest a correlation betwen then. Our study aims to examine the population

exposed to organochlorines in Cidade dos Meninos. Objectives: The aim os the

study is to evaluate the occurrence of thyroid disorders in this population and to

associate them with sociodemographic variables. Methods: We used a database

containing levels of total T3, free T4, TSH and other socio-demographic

characteristics. We conducted a hierarchical cluster analise to

determine an exposure score. We calculated the values of mean, median, standard

deviation of the disorders and their prevalence. After, we performed a linear

regression. Results: Regarding the prevalence in the population, there were no

outliers in relation to other prevalence studies. People who were not born at this local

site had higher averages of three hormones, but statistically significant only for T3. In

addition, this group had a significantly lower percentage of disorders than those born

at the site. Females had more changes than males. We found a total prevalence of

6,3% and 1,38% of hypothyroidism hyperthyroidism. 17.25% of children 1-6 years

and 12.5% of those over 65 years showed an increase of TSH. The linear regression

ajdusted model for T3, T4 and TSH values were statistically significant (0.54 p value

<0.001, r = 0.22 p value 0.017, r = 0.021 and p value 0.021 respectively).

Conclusion: There is a need more studies on the endocrine system thyroid in this

population, as well as monitoring and treatment of patients who already have

disorders.

Word-keys: Organochlorines, Thyroid, Cidade dos Meninos, TSH, Triiodothyronine,

Thyroxine

XI

LISTA DE FIGURAS:

Figura 1: Acumulação de DDT em diferentes compartimentos de um ecossistema. 10

Figura 2: Principais reguladores endócrinos e autócrinos ou parácrinos da secreçção

de tireotrofina. ..................................................................................................... 20

Figura 3: Ação dos principais organoclorados da função tireoidiana ........................ 24

Figura 4: Representação gráfica de domicílios onde os ovos de galinha amostra

foram coletadas e as concentrações de poluentes alvo, Cidade dos Meninos,

Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil, 2002 .................................................. 32

XII

LISTA DE QUADROS:

Quadro 1: Principais efeitos do Hexaclorociclohexano (HCH) em animais. ................ 8

Quadro 2: Principais alterações orgânicas associadas aos OC em seres humanos. 14

Quadro 3: Principais desfechos descritos referentes a alterações dos hormônios

tireoidianos em populações expostas a compostos organoclorados em humanos

............................................................................................................................ 28

:

XIII

LISTA DE TABELAS:

Tabela 1. Frequências de sexo, faixa etária, renda familiar e escolaridade e grupos

de exposição na população de Cidade dos Meninos, 2007 (N total= 354

indivíduos ............................................................................................................ 47

Tabela 2. Estatísticas de hormônios tireoidianos segundo variáveis de

confundimento, 2007 .......................................................................................... 49

Tabela 3. Prevalência de alterações de hormônios tireoidianos por sexo, faixa etária,

grupos de exposição na população de Cidade dos Meninos, 2007 ................... 50

Tabela 4. Análise em regressão linear dos hormônios tireoidianos em relação à

Sexo, Grupos de exposição, faixa etária, nascimento em Cidade dos Meninos,

2007 .................................................................................................................... 51

XIV

LISTA DE ANEXOS:

Anexo I - Questionários ............................................................................................. 91

Anexo II - Termo de consentimento .......................................................................... 97

Anexo III - Cronograma ........................................................................................... 102

XV

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ALA-D Alanina amina-transferase

AhR Aryl Hydrocarbon Receptor (Receptor de Hidrocarboneto Aromático)

ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry (Agência de Registros e Doenças por Substâncias Tóxicas)

CM Cidade dos Meninos

CGVAM Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental

Conprev Coordenação de Prevenção e Vigilância

D2 Desiodase do tipo 2

DCB Diclorobenzeno

DCP Diclorofenol

DDD Diclorodifenildicloroetano

DDE Diclorodifenildicloroetileno

DIT Diiodotirosina

DDT Dicloro-difenil-tricloroetano

DNA Deoxyribonucleic Acid (Ácido desoxirribonucleico)

DP Desvio Padrão

EDTA Ethylenediamine Tetraacetic Acid (Ácido Etilenodiamina Tetraacético)

EGF Epidermal Grouth Factor (Fator de Crescimento Epidermal)

EPA Environmental Protecion Agency (Agência de Proteção Ambiental)

ESF Estratégia de Saúde da Família

EUA Estados Unidos da América

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

FGF Fibroblast Grouth Factor (Fator de crescimento de Fibroblastos)

GABA Ácido Gama Amino Butírico

GRP Pepsídeo Liberador de Gastrina

HCB Hexaclorobenzeno

HCCH Hexaclorociclohexeno

HCCOL Hexaclorociclohexenol

HCH Hexaclorociclohexano

Alfa-HCH ou α-HCH alfa-1,2,3,4,5,6-hexaclorociclohexano

Beta-HCH ou β-HCH beta-1,2,3,4,5,6-hexaclorociclohexano

Gama-HCH ou γ-HCH gama-1,2,3,4,5,6-hexaclorociclohexano

XVI

Delta-HCH ou δ-HCH delta-1,2,3,4,5,6-hexaclorociclohexano

Épsilon-HCH ε-HCH épsilon-1,2,3,4,5,6-hexaclorociclohexano

HHS United States Department of Health and Human Services (Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos)

HTTP Hiper Text Transfer Protocol (Protocolo de Hiper Texto)

IARC International Agency For Researc On Cancer (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer)

IC Intervalo de confiança

IESC Instituto de Estudos em Saúde Coletiva

IgE Imunoglobulina E

INCA Instituto Nacional do Câncer

IPCS International Programe on Chemical Safety (Programa Internacional em Segurança Química)

LBA Legião Brasileira de Assistência Social

LI Limite inferior

LS Limite superior

MIT Monoiodotirosina

MMA Ministério do Meio Ambiente

MS Ministério da Saúde

MSCA McCarthy Scales of Children's Abilities (Escala McCarthy de Habilidades Infantis)

NB Neuromedina B

NT Neurotensina

OC Organoclorados

OMS Organização Mundial de Saúde

PARA Programa de Análise de Resíduos Agrotóxicos

PCB’s Bifenilas Policloradas

PCCOL 2,3,4,5,6-pentaclorociclohexeno-(2)-ol-(1)

PCDD Policlorado dibenzodioxina

PCP Pentaclorofenol

PCDF Policlorado dibenzeno furano

PG Glucuronide conjugate (Conjugado glicurônico)

PMA Sulfate conjugate (Conjugado sulfato)

PIB Produto Interno Bruto

POPs Persistant Organic Poluents (Poluentes Orgânicos Persistentes)

PPB Partes por bilhão

PPM Partes por milhão

XVII

PSSTR Programa de Segurança e Saúde do Trabalhador Rural

PTH Paratormônio

RJ Rio de Janeiro

SM Salário mínimo

SP Substância P

RNA Ribonucleic Acid (Ácido Ribonucléico)

SNC Sistema Nervoso Central

T3 Triiodotironina

T3RU Resin Uptake T3 (Captação de T3)

T4 Levotiroxina

T4l Levotiroxina livre

TCB Triclorobenzenos

TCP Triclorofenóis ou Triclorofenol

TeCCH 3,4,5,6-tetraclorociclohexeno

TeCCOL Tetraclorociclohexenol

TeCB Tetraclorobenzeno

TeCP Tetraclorofenol

TRH Hormônio hipotalâmico de liberação da tireotropina

TSH Hormônio tireotrófico

UDPGTs Hepatic uridine diphosphate glucuronyltransferases (Uridina Difosfato Glucuronil transferase hepática)

US United States (Estados Unidos)

USA United States Of America (Estados Unidos da América)

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNEP United Nations Environment Programme (Programa Ambiental das Nações Unidas)

WHO World Health Organization (Organização Mundial de Saúde)

WWW Worl Wide Web (Rede mundial de computadores)

XVIII

SUMÁRIO:

1.0 Introdução ............................................................................................................. 3

2.0 Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 7

2.1 Organoclorados............................................................................................. 7

2.1.1 Hexaclorociclohexano (HCH) .................................................................... 7

2.1.2 Diclorodifeniltriclorotetano (DDT)............................................................... 9

2.1.3 Dibenzo-p-dioxinas policloradas e Dibenzofuranos policlorados ............. 12

2.2 Organoclorados e saúde .................................................................................. 13

2.3 Sistema tireoidiano ...................................................................................... 18

2.4 Organoclorados e tireóide ........................................................................... 23

2.5 Cidade dos Meninos ................................................................................... 29

3.0 Objetivos ............................................................................................................. 35

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 35

3.2 Objetivos específicos .................................................................................. 35

4.0 Metodologia ......................................................................................................... 37

4.1 Desenho de Estudo ..................................................................................... 37

4.2 Base populacional do Estudo ...................................................................... 37

4.3 Variáveis do Estudo .................................................................................... 37

4.4 Fonte de dados ........................................................................................... 41

4.5 Análise dos dados ....................................................................................... 42

4.6 Aspectos Éticos........................................................................................... 43

5.0 Resultados ...................................................................................................... 46

6.0 Discussão ....................................................................................................... 54

7.0 Conclusão ....................................................................................................... 70

8.0 Referências: ................................................................................................... 73

9.0 Anexos ............................................................................................................ 91

1

Apresentação

O presente projeto é um dos produtos do Termo de Cooperação nº 74/2010

(processo nº 25000.153491/2010-00) estabelecido entre o Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a

Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde

(CGVAM/MS) no ano de 2011.

Este Termo de Cooperação, nomeado “Análise dos Efeitos à Saúde

decorrentes da Exposição a Compostos Organoclorados em Cidade dos Meninos –

RJ” tem como objeto a análise do banco de dados produzido pelo Instituto Nacional

do Câncer (INCA), durante o ano de 2007, a partir de um convênio realizado, à

época, entre o INCA e a CGVAM.

O convênio estabelecido entre o INCA e a CGVAM teve como objeto a

realização de um inquérito de saúde da população residente na área denominada

Cidade dos Meninos, com coleta de dados clínicos, exame físico e exames

laboratoriais. Ele foi finalizado no ano de 2007 e o banco de dados produzido foi

entregue ao MS.

No ano de 2011, o IESC/UFRJ foi chamado pelo MS para analisar este

banco de dados, através do Termo de Cooperação supracitado. O presente projeto

de pesquisa tem como objeto a análise dos dados e informações de saúde

existentes neste banco referentes aos efeitos da exposição a compostos

organoclorados na população de Cidade dos Meninos.

2

3

1.0 Introdução

A agricultura é uma importante atividade econômica neste país (IBGE, 2010),

sendo responsável por cerca de vinte e um por cento do Produto Interno Bruto

Brasileiro (PIB), Sendo assim, sob a justificativa do aumento da produtividade e

aumento da qualidade do alimento, o consumo de agrotóxicos cresceu a tal ponto

nas útimas décadas que situou o Brasil na primeira posição do ranking mundial.

Como consequência, diariamente, cerca de 12 milhões de trabalhadores rurais são

expostos aos pesticidas (Oliveira e Meyer, 2003). A Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), no relatório do Programa de Avaliação de Resíduos Agrotóxicos

(PARA) de 2009 identificou 30% de irregularidades na quantidade de agrotóxico

presente em cada produto agrícola analisado, o que comprova a utilização ilegal de

agrotóxicos em diversas culturas (ANVISA, 2010).

Os agrotóxicos vêm sendo responsabilizados por diversos danos ao meio

ambiente devido à baixa eficiência das aplicações destes produtos. Cerca de 50%

do produto aplicado não fica retido nos vegetais, depositando-se no solo e

contaminando lençóis freáticos (Matuo 1985 apud Garcia, 2005; Peres, 2003). A

movimentação desses produtos em direção às águas subterrâneas, seguindo o fluxo

das mesmas, pode levar ao distanciamento geográfico dos produtos químicos e

aumento da área de contaminação (Zebarth, 1999).

A etimologia da palavra pesticida advém de um termo impróprio para designar

o conjunto de substâncias responsáveis pelo controle de pragas biológicas. A

terminologia agrotóxicos define um grupo de substâncias mais abrangente, incluindo

também as propriedades de defensivos agrícolas e estímulo ao crescimento vegetal,

dentre outros (Weiszflog, 2011).

4

Em 2001, em uma reunião da UNEP (United Nations Environment

Programme), na Suécia, representantes de 90 países, incluindo o Brasil, assinaram

a Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) que visava proibir a

produção e o uso de algumas substâncias tóxicas. Os 12 poluentes listados foram:

Aldrin, Clordano, Mirex, Diedrin, Dicloro-difenil-tricloroetano (DDT), Dioxinas,

Furanos, Endrin, Heptacloro, Hexaclorociclohexano, Bifenilas Policloradas e

Toxafeno. Esses poluentes possuem em comum a capacidade de persistir por

muitos anos no meio ambiente e a afinidade pelas camadas lipídicas do organismo,

o que possibilita a sua absorção na gordura animal, ampliando seu potencial tóxico.

Até 2005, 105 países já haviam ratificado esse tratado (Jandacek et al., 2007; Nass

e Francisco, 2002).

Os organoclorados têm multiplos efeitos sobre o funcionamento do organismo

animal, em particular sobre os sistemas neurológico, imunológico (Bogert et al.,

1994) e endócrino (Goldner et al., 2010). Vários estudos têm evidenciado o papel

dos organoclorados como disruptores endócrinos, sugerindo que alterações

da tireóide poderiam ser traduzidas como evento sentinela em relação a estes

efeitos tóxicos (Fréchou et al., 2002). Entretanto, a maioria das informações sobre os

efeitos na saúde de pesticidas organoclorados em seres humanos, vem de estudos

com exposição ocupacional e não ambiental (ATSDR, 2005).

Desde a década de 40, uma população de cerca de 1000 residentes na área

de Cidade dos Meninos, Município de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro,

vem sendo exposta a resíduos de organoclorados oriundos de uma fábrica

desativada. Em um estudo realizado no ano de 2001, pelo Ministério da Saúde, para

avaliação do risco à saúde desta população pela exposição a estes resíduos, as

substâncias químicas identificadas como contaminantes de interesse, produzidos,

5

manipulados ou formulados no local foram: hexaclorociclohexano (HCH),

Diclorodifeniltricloroetano (DDT); intermediários conhecidos da degradação:

Diclorodifenildicloroetano (DDD) e Diclorodifenildicloroetileno (DDE); e prováveis

compostos de degradação: hexaclorobenzeno, triclorobenzeno, triclorofenol,

pentaclorofenol, debenzo-p-dioxinas e dibenzo furano policlorados (Ministério da

Saúde, 2002).

Diante disso, o presente trabalho se propõe a investigar a ocorrência de

alterações dos níveis de hormônios tireoidianos, na população exposta aos

compostos organoclorados identificados na área de Cidade dos Meninos.

6

7

2.0 Revisão Bibliográfica

2.1 Organoclorados

Organoclorados são compostos de carbono, hidrogênio e cloro que não

ocorrem naturalmente no ambiente (Casaret, 2001; LaDou, 2004).

Foram substâncias amplamente utilizadas como defensivos agrícolas até a

década de 1970, quando a maioria deles foi proibida por fazerem parte do grupo de

POPs (Jandacek et al., 2007; Nass e Francisco, 2002).

São compostos que, em função da estrutura molecular clorada, apresentam

alta lipossolubilidade e, conseqüentemente, grande capacidade de bioacumulação e

persistência nos tecidos (ATDSR, 1999).

Os inseticidas organoclorados podem ser classicados estruturalmente em

cinco tipos: hexaclorooctahidronaftalenos (aldrin, dieldrin e endrin), canfenos

clorados (endossulfan, clordano, heptaclor, toxafeno), difeniletanoclorados (DDT,

DDD, docofol e metoxiclor), cicldienos e hexaclorociclohexano. (Mendes, R. , 2007).

Todos os organoclorados podem ter absorção respiratória, digestiva e

dérmica e sua principal via de eliminação é a biliar.

A ação molecular dos organoclorados ocorre principalmente na bomba de

sódio e potássio, com conseqüente modificação do fluxo desses íons (Oga, 2009).

2.1.1 Hexaclorociclohexano (HCH)

O HCH é um composto altamente solúvel em lipídeos que pode ser absorvido

pelo trato digestivo, respiratório e cutâneo e sua principal via de excreção é a biliar

8

(Oga, 2008; Lange et al., 1981). É exatamente essa lipossolubilidade que, ao gerar

depósitos lipídicos dessa substância nos organismos dos animais, produz o

processo de magnificação trófica e conseqüente persistência ambiental desse

composto (Bentabol e Jodral, 1995; Naso et al., 2004). O HCH possui diversos

isômeros, dentre os quais se destaca o lindano, por sua ação inseticida (ATSDR,

2004).

Os principais efeitos tóxicos do hexaclorociclohexano para animais estão

evidenciados no Quadro 1 (ATSDR, 2005):

Principais efeitos do HCH por

sistema Mecanismo de ação Efeito / População

Nervoso Ativação dos receptores GABA Epilepsia em ratos (Nyitria et al.,

2002)

Endocrinológico/ Tireoidiano Aumento da atividade de enzimas

hepáticas

Hipotireoidismo em ovelhas (Beard e

Rawlings, 1999)

Neurológico Estimulo ao influxo de cálcio Neurotoxicidade (Nagaraja e

Desiraju, 1994 )

Renal Mecanismo ainda não elucidado Lesão tubular cortical em ratos

(Lopez-aparicio et al., 1994)

Cardíaco Alteração no influxo de eletrólitos Alteração de condução em ratos

(Hong e Boorman, 1993)

Fígado Mecanismo ainda não elucidado Esteatose em ratos (Shahid Ali e

Raul Shakoori, 2002)

Sistema Endócrino Reprodutor Mimetização de estrogênio Disrupção endócrina em ratos

(Chadwik et al., 1998)

Alteração de maturação sexual em

ovelhas (Beard e Hawlings., 1999)

Quadro 1: Principais efeitos do Hexaclorociclohexano (HCH) em animais.

A Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC) classificou-o como

possivelmente carcinogênico para humanos (Grupo 2A) (IARC, 2003). A Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classificou, de acordo com o Decreto nº.

98.816/90, o HCH como classe I - extremamente tóxico.

9

O HCH foi proibido como agrotóxico no Brasil pela portaria 329 de 1985,

juntamente com o aldrin, canfeno clorado, hexaclorobenzeno, DDT, dodecacloro,

endrin, heptacloro, ensosulfan, metoxicloro, nonacloro, dicofol e clorobenzilato.

Atualmente, só pode ser comercializado como conservante de madeiras (ANVISA,

2006).

2.1.2 Diclorodifeniltriclorotetano (DDT)

O diclorodifeniltriclorotetano (DDT) foi sintetizado pela primeira vez e

descoberto pelo químico suíço Paul Muller em 1939, patenteado nos EUA em 1944

e tido como potente inseticida desde então (Deichman, 1973; Paulini, 2004). Ganhou

notoriedade em 1962, quando Rachel Carson publicou seu livro Silent Spring

(Primavera Silenciosa), no qual evidenciou alterações na reprodução de aves pela

bioacumulação do DDT e seus metabólitos (Carson, 1962). Foi proibido nos países

desenvolvidos na década de 70 (D’Amato, 2010; ATSDR, 2002). No Brasil, o DDT foi

proibido como defensivo agrícola em 1985 e, posteriormente, em 1998, também foi

proibido para uso em campanhas de saúde pública. Em 2009, a Lei 11.936 proibe a

fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e o

uso do diclorodifeniltricloroetano (Anvisa, 2009).

Apesar disso, por se tratar de um poluente persistente tanto no solo quanto

nos organismos vivos, bem como por sua bioacumulação em tecidos lipofílicos,

diversos estudos continuam a encontrar esse composto em diversas biotas (Chen et

al., 2010; Li, 2010; Ssebugere, 2010).

O DDT de grau técnico é uma mistura de três formas: p, p'-DDT (85%), o, p'-

DDT (15%), e o, o'-DDT (traços). Ele também pode conter DDE (1,1-dicloro-2 ,2-bis

10

(p-clorofenil) etileno) e DDD (1,1-dicloro-2 ,2-bis (p-clorofenil) etano) como

contaminantes (ATSDR, 2002). Leva cerca de 12 anos para ser degradado

(Guimarães, 2007).

O DDT é metabolizado no organismo humano em diversos outros compostos,

que podem ser medidos na gordura corporal, urina, sêmen e leite materno, sendo os

principais o 1,1,1-tricloro-2(p-clorofenil)-2-(o-clorofenil)etano (o,p'-DDT), 1,1-dicloro-

2-(p-clorofenil)-2-(o-clorofenil)etileno (o,p'-DDE), 1,1,1,-tricloro-2,2-bis(p-

clorofenil)etano (p,p'-DDT) e 1,1,-dicloro-2,2-bis(p-clorofenil)etileno (p,p'-DDE).

Como o DDT é altamente lipossolúvel, acumula-se também no ambiente

apresentando-se em maiores concentrações nas áreas mais avançadas das cadeias

tróficas, conforme mostra a figura 1.

Figura 1: Acumulação de DDT em diferentes compartimentos de um ecossistema.

Valores em partes por milhão (Fonte: Edwards, 1975 apud Melo & Vallejo, 1990).

11

Os isômeros o,p'-DDT, o,p'-DDE e p,p'- são moléculas menos estáveis. O

derivado p,p'-DDE, sendo mais estável e lipossolúvel, acumula-se no tecido adiposo,

leite materno e plasma. Por isso, ele é usado como marcador de exposição ao DDT

(ATSDR, 2002; Krstevska-Konstantinova et al., 2001).

As principais vias de absorção do DDT são: respiratória, digestiva e dérmica,

dependendo do veículo utilizado (Costa, 1979; Hayes, 1965). A principal fonte de

contaminação para os indivíduos que não estão ocupacionalmente expostos ao

DDT, é a alimentação, principalmente através da ingestão de gorduras animais e

conseqüente absorção intestinal. Esse composto pode fazer parte da via de

circulação entero-hepática, pois pode ser excretado na bile e reabsorvido. O DDA,

metabólito do DDT é hidrossolúvel e, por isso, pode ser excretado pela bile, pelas

fezes e pela urina (Cornelliuss, 1972; Corneliuss, 1969; Rozman et al., 1985;

Jandacek et al., 2007; Hayes, 1965).

São numerosos os trabalhos evidenciando a excreção do DDT no leite

materno. Embora essa excreção ainda seja passível de análise nas populações, por

se tratar de um poluente persistente, há um indício de queda nesses índices (Smith,

1999).

Os efeitos à saúde humana em decorrência do DDT e seus metabólitos são

dependentes da forma como o indivíduo foi exposto. A inalação e exposição ocular

direta ao composto associam-se apenas à irritação local. A ingestão vem senso

associada à maior parte dos efeitos deletérios, como neoplasia, alterações

tireoidianas, hepáticas e renais. (ATSDR, 2002).

12

2.1.3 Dibenzo-p-dioxinas policloradas e Dibenzofuranos policlorados

As dibenzo-p-dioxinas policloradas (PCDD ou dioxinas) e os dibenzofuranos

policlorados (PCDF ou furanos) são duas classes de compostos aromáticos

tricíclicos, com propriedades físico-químicas semelhantes, Não são produzidos

intencionalmente, mas como resíduo da produção ou degradação química de outras

substâncias, tais como a incineração de resíduos urbanos e motores de combustão

interna.

Ambos os compostos são considerados substâncias persistentes, pois, assim

como os outros organoclorados supracitados, possuem baixa hidrossolubilidade e

alta estabilidade no organismo humano, devido a lipossolubilidade (Assunção e

Pesquero, 1999; Oga, 2008; Jones et al, 1997,Kreuser et al, 1997). De acordo com

a IARC, a dioxina é um carcinógeno do grupo 1 e os furanos 2B (IARC, 2003).

As informações no que concerne a toxicocinética desses compostos ainda

são limitadas (Birnbauma et al., 2003).

Podem ser absorvidos pela via digestiva, respiratória e dérmica e serem

excretados no leite materno, fezes, secreção biliar e urina (Abraham et al.,1996;

ATSDR,1998; ATSDR,1994; Birnbauma,2003; Kedderis et al.,1991; Santostefano et

al., 1998).

Carrier et al. (2005) propuseram um modelo de distribuição desses compostos

no organismo animal, incluindo seres humanos, que evidencia uma predisposição

para bioacumulação nos tecidos adiposo e hepático.

13

A lipossolubilidade desses compostos lhes confere a capacidade de se

depositar nos tecidos gordurosos do organismo, sofrendo magnificação trófica ao

longo das cadeias alimentares (Klein, T. A., 1999).

Devido a esta propriedade, o exame mais adequado para identificar a

presença destes compostos é a biópsia de tecido adiposo (Mês, 2004).

Entretanto, devido às dificuldades técnicas de execução e ao custo do

procedimento, diversos estudos e instituições optam pela dosagem sanguínea do

composto.

2.2 Organoclorados e saúde

A crescente preocupação com o uso indiscriminado de agrotóxicos vem

alertando a comunidade científica para a necessidade de estudos para avaliação do

impacto sobre a saúde humana destes compostos.

De uma forma geral, os organoclorados afetam simultaneamente diversos

sistemas do organismo humano. Os mecanismos pelos quais cada classe de

compostos age sobre o organismo não são os mesmos para cada grupo de

substância, podendo ter efeitos sinérgicos ou até mesmo antagônicos (Dwivedi e

Iannaccone, 1998).

Segundo Guimarães (2009) entre os mecanismos de ação identificados estão:

a inibição da aromatase pelo DDT e DDE; o agonismo ou antagonismo de

receptores de estrogênio pelo DDT, DDE, PCB e dioxinas; o agonismo ou

antagonismo de receptores de androgênio pelo Dieldrin, Aldrin, Toxafeno e DDT; o

agonismo dos receptores aril-hidrocarboneto do PCB e dioxinas; as interações com

proteínas de ligação; e o envolvimento no metabolismo hormonal.

14

As principais alterações associadas aos OC em humanos encontradas em

estudos com humanos estão descritas no Quadro 2. Cabe destaque para os

sistemas imunológico, cardiovascular, dermatológico, digestivo, hematológico,

endocrinológico e reprodutor.

Tipo de desfecho

Composto Principais efeitos Estudo

Imunológico Diversos OC Aumento de Imunoglobulina E Reichrtová et al., 1999

Cardiovascular Dioxinas Aumento da mortalidade por doenças circulatórias

Consonni et al., 2007 PCB Carcinoma colorretal Howsam et al., 2004 Neoplasias Dioxinas Carcinoma de partes moles Persatori et al., 1992 Cânceres hematológicos Neoplasias do trato hepatobiliar Dioxinas Câncer de mama Warner et al., 2002 Dermatológico Dioxinas Cloracne Assennato et al. (1987 Bifenilas policloradas Cloracne Guo et al., 1999 Dibenzofuranos Hiperceratose Artrite Hematológico Anemia Endócrino/Reprodutor Bocio DDT e metabólitos Criptorquidia Bhatia et al., 2005 Carbone et al., 2007 DDT e metabólitos Alterações na qualidade do sêmen Rignell-Hydbon et al., 2004 Dalvie et al.,2004 Toft et al., 2006 Toft et al., 2007 Ayotte et al., 2001 HCH Malformações congenitas e aborto Salazar-García et al., 2004 Diversos OC Baixo peso ao nascer Fenster et al., 2006 DDE Tumores testiculares malignos McGlynn et al., 2008

Dioxinas Partos prematuros e abortamentos espontâneos

Eskenazi et al., 2003 Bifenilas policlorados Aborto Tsukimori et al.(2008)

Dibenzofuranos Parto prematuro

Quadro 2: Principais alterações orgânicas associadas aos OC em seres humanos.

Em Seveso, ao Norte de Milão, na Itália, um acidente químico ocorrido em 9

de Julho de 1976, em função da explosão de um reator na fábrica de triclorofenóis

Hoffman-La-Roche causou a exposição da população residente no entorno às

15

dioxinas. Esta população foi acompanhada em uma coorte que evidenciou aumento

da mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias e maior incidência de

diabetes e de tumores gastrintestinais e hematopoiéticos (Bertazzi et al., 1998).

Uma amostra de 600 mulheres dessa coorte foi avaliada por Eskenazi et al.

(2002), que não encontraram associação entre a exposição eo desfecho

endometriose. Assennato et al. (1987) em um estudo caso-controle de um subgrupo

desta população com diagnóstico de cloracne, observaram alta taxa de

reversibilidade em decorrência do afastamento temporal da exposição inicial.

Consonni et al. (2007) em um estudo após 25 anos do acidente com um

subgrupo populacional formado apenas por pessoas do sexo feminino, encontrou

aumento da mortalidade por doenças circulatórias, doença pulmonar obstrutiva

crônica e diabetes.

Em 1996, deu-se início à uma coorte em mulheres expostas que tinham 40

anos ou mais na época do acidente a qual evidenciou aumento no número de casos

de câncer de mama (Warner et al., 2002).

Essa mesma coorte associou a exposição ao aumento de partos prematuros

e abortos (Eskenazi et al., 2003). O follow up dessa população também evidenciou

aumento nas seguintes neoplasias: sarcomas de partes moles, trato hepatobiliar e

sistema hematológico (Persatori et al., 1992).

Em 1968, uma contaminação de óleo de arroz com bifenilas policloradas e

dibenzofuranos policlorados ocorreu em Yusho, Taiwan (Kuratsune et al., 1987). Um

follow-up da população que ingeriu o alimento contaminado após 40 anos da

exposição evidenciou alta prevalência de cloracne, bócio, artrite, anemia e

hiperceratose (Guo et al., 1999). Tsukimori et al. (2008) realizaram estudo em que

16

compararam os índices de aborto e parto prematuro na mesma população residente

em Yusho, antes e após a contaminação, encontrando aumento destas taxas. Hsu

et al. (1995) observaram aumento da freqüência de malformações ungueais, como

achatamentos e coiloníquia, em um follow-up da população infantil exposta em

Yusho.

Em razão das propriedades estrogênicas de alguns OC, estes vem sendo

associados a desfechos do sistema reprodutor. Em diversos estudos em seres

humanos, o DDT e seus metabólitos vem sendo associados ao nascimento de

crianças portadoras de criptorquidia (Longnecker et al.,2002; Bhatia et al., 2005;

Carbone et al.,2007).

Alterações na qualidade e quantidade do sêmen de pacientes expostos a esses

mesmos compostos também têm sido encontradas (Ayotte et al., 2001; Dalvie et al.,

2004; Rignell-Hydbon et al., 2004; Toft et al., 2006 ; Toft et al, 2007).

Dalvie et al. (2004), avaliando 60 trabalhadores próximos ao centro de controle

de malária de Tzaneen, África do Sul, observaram que a morfologia e quantidade

dos espermatozóides era pior do que o normal, mas sem associação significativa

entre esse desfecho e os níveis de DDT.

Toft et al. (2005) analisaram os níveis de DDE e hexaclorobifenila em mulheres

grávidas e seus parceiros em Varsovia (Polônia), Kharkiv (Ucrânia) e Groenlandia e

associaram as diferenças entre tempo de gravidez e motilidade dos

espermatozóides desses grupos às diferentes dosagens dos poluentes DDE e

hexaclorobifenila. No estudo em questão, quanto maior à dosagem dos poluentes

supracitados na população, piores os níveis de fecundidade.

17

Rignell-Hydbom (2004) observaram que pacientes do sexo masculino com

maiores níveis de DDE (maior quintil) apresentavam maiores índices de baixa

motilidade espermática.

Em seu estudo, Salazar-García et al. (2004) avaliaram a história reprodutiva

de 2033 trabalhadores na campanha contra a malária no México não encontrando

associação significativa entre DDT e risco de aborto espontâneo ou alteração da

razão de sexo. Entretanto, foi encontrado aumento do risco de anomalia congenita

associado à exposição ao DDT.

Fenster et al. (2006) investigaram a associação entre diversos compostos,

dentre eles o DDE, DDT, HCB, beta-HCH, gama-HCH, Dieldrin e Heptaclor e

alterações na duração da gestação e do peso ao nascer. A população de estudo foi

uma coorte de nascimentos de 385 pessoas de origem latina, de baixa renda, de

Salina Valley, na comunidade agrícola da Califórnia, onde não foi observada

associação entre a dosagem dos OC e o peso ao nascer ou comprimento cabeça-

calcanhar.

Bhatia et al. (2005) realizaram estudo caso controle que avaliou os níveis

séricos de DDT e DDE e criptorquidia e hipospádia. O estudo foi feito sobre uma

coorte longitudinal entre 1959 e 1967, quando o DDT foi usado e produzido nos

EUA., não havendo associação significativa entre estas variáveis.

Carbonne et al. (2006) realizaram estudo caso-controle investigando uma

possível relação entre exposição a produtos químicos e criptorquidia e hipospádia na

prole na área agrícola de Ragusa. Foi encontrado aumento não significativo do risco

de criptorquidia em filhos de mães empregadas na agricultura e com provável

exposição à agrotóxicos.

18

Um estudo caso-controle em 60.468 trabalhadores de indústria de celulose e

papel em 11 países entre 1920 e 1996 expostos à organoclorados evidenciou fraca,

mas estatisticamente significativa associação entre mortalidade por tumores

malignos e essa exposição, principalmente linfoma de Hodgkin (McLean et al.,

2008).

Howsam et al. (2004) realizaram um caso-controle em Barcelona, Catalunha,

Espanha que avaliou as concentrações de soro de diversos OC por cromatografia

gasosa. Avaliaram também mutações pontuais nos genes p-53 e na enzima K-Ras

Houve aumento de risco de câncer colorretal com maiores níveis de bifenilas

policloradas (Congêneres 28 e 118).

Viel e Richardson (1993) avaliaram a prevalência de linfoma, mieloma

múltiplo, leucemia e mortalidade masculina na França, de 1984 a 1986, por área

geográfica. A população de agricultores apresentou aumento da taxa de mieloma

múltiplo e leucemia, mas não de linfoma. Os autores salientaram que, isoladamente,

nenhum fator agrícola foi consistentemente associado com neoplasias.

2.3 Sistema tireoidiano

O nome tireóide vem do grego thyreos, que significa escudo, e eidos,

forma (Hoyes and Kershaw, 1985). A glândula tireóide é essencial na homeostase

do organismo humano na medida em que os hormônios por ela produzidos, tiroxina

ou 3,5,3',5'-tetraiodotironina (T4), 3,5,3' triiiodotironina (T3) e a calcitonina, são

essenciais para a regulação da expressão gênica, diferenciação celular, regulação

19

do metabolismo energético e metabolismo do cálcio (Da Poian, 2002 e Berne e

Levy, 2009).

A unidade funcional da glândula tireóide é o folículo tireoidiano (Da Poian,

2002; Berne e Levy, 2009).

A adenohipófise é a responsável pela regulação da secreção dos hormônios

tireoidianos através da secreção do Hormônio Estimulante da tireóide (TSH).

(Harrison, 2002; Guyton, 2006).

Este por sua vez é liberado a partir da secreção hipotalâmica do Hormônio

hipotalâmico de liberação da tireotrofina (TRH) (Harrison, 2002; Guyton, 2006).

O eixo formado pelo TRH, TSH e demais hormônios tireoidianos forma uma

alça de feedback (retroalimentação). Através de um receptor de proteína G o TRH

estimula a produção de TSH, que estimula a produção de T3 e T4 através do

aumento da atividade da bomba de iodeto. O TSH é liberado de forma pulsátil. Sua

dosagem pode ser feita em qualquer momento do dia em função da sua longa meia-

vida (Harrison, 2002; Guyton, 2006, Scanlon, 2001).

Embora os hormônios da tireóide sejam os principais reguladores da secreção

de TSH, outras substâncias como a somatostatina, adrenalina e noradrenalina,

dopamina, substância P, neuromedina B, peptídeo liberador de gastrina,

interleucinas, cortisol, leptina, galanina, orexina, hormônio liberador de corticotrofina

e o hormônio estimulador dos melanócitos também influenciam sua secreção, como

podemos observar no esquema gráfico da Figura 2 (Moura et al., 2010).

20

Figura 2: Principais reguladores endócrinos e autócrinos ou parácrinos da secreçção de tireotrofina.

Legenda: SNC: Sistema Nervoso Central; EGF: Fator de Crescimento Epidermal ; FGF: Fator

de crescimento de Fibroblastos; SP: Substância P; NB: Neuromedina B; GRP: Pepsídeo Liberador de

Gstrina; NT: Neurotensina; D2: Desiodase do tipo 2 (Fonte: Moura et al., 2004)

O TSH é uma glicoproteína com peso molecular de 28000 (Tunbridge, 1975).

A maior parte dos efeitos que gera na glândula tireoidiana ocorre da ligação a

receptores específicos, ativando a adenilato ciclase, que aumenta a formação de

monofosfato cíclico de adenosina. Esse último atua como segundo mensageiro

ativando proteínas que provocam múltiplas fosforilações celulares. Embora seja esse

o principal meio de sinalização celular pelo TSH, ele também ativa proteínas G,

modulando os níveis citoplasmáticos de cálcio, e aumentando a geração de 1,4,5

21

inositol-trifosfato. O TSH tem os seguintes efeitos sobre a tireóide: aumento da

proteólise da tireogloblina já armazenada, aumento da atividade da bomba de

iodeto, aumento da iodização da tirosina, aumento da atividade secretória das

células tireoidianas, aumento do número de células tireoidianas e transformação das

células cubóides em colunares (Guyton, 2006 Greenspan, 1997; Van Sande et al.,

2006 )

Para sintetizar os hormônios, a tireóide necessita de iodeto (cerca de

1mg/semana) e tireoglobulina, afim de efetuar a iodetação da tirosina através da

iodinase e tireoperoxidase. A tireoglobulina contém 70 aminoácidos tirosina, que

são os principais substratos, junto com o iodo, da formação de hormônios

tireoidianos. O iodeto, obtido através da alimentação, é assimilado por uma bomba

de Sódio e Potássio ATPase, também chamada de bomba de iodeto, por estímulo

do TSH (Da Poian, 2002 e Berne e Levy, 2009).

O TSH também sofre efeito de feedback pela presença de iodeto. O

fenômeno de Wolff-Chaikoff se dá quando ocorre diminuição da produção hormonal

pelo excesso de iodeto (Harrison, 2002; Guyton, 2006).

O iodeto é direcionado para a base dos folículos e oxidado a iodo pela

tireoperoxidase, formando as moléculas de tirosina, que são incorporadas à

tireoglobulina. Dependendo do número de moléculas de iodo que recebe, a

tireoglobulina pode formar tanto a monoiodotirosina (MIT) quanto a diiodotirosina

(DIT). O T4 é formado por dois resíduos de DIT e o T3 por um MIT e um DIT.

Como a ação hormonal do T3 é mais poderosa do que a do T4, na restrição de iodo,

a tendência é de que se produza mais T3 em relação a T4. Ao se ligar ao receptor, a

tireoglobulina é endocitada e degradada pelo lisossomo. Assim, T3 e T4 são

liberados na corrente sanguínea e circulam ligados a proteínas. São elas: a globulina

22

de ligação a tiroxina (70% de T3 e T4), a transtiretina (10 a 15%) a albumina (15 a

20%) e a lipoproteína (3%). Apenas 0,03% de T4 e 0,2 a 0,5% de T3 circulam livres

no plasma. A degradação desses hormônios - T3 e T4 - é feita no nível hepático,

sendo os produtos eliminados na urina, bile ou fezes (Da Poian, 2002 ; Berne e e

Levy, 2009).

A maior parcela do T4 produzido é convertido para T3, devido à maior

potência hormonal deste, pela ação de um grupo de enzimas desiodase. A maior

parte do T3 circulante advém da conversão realizada pela desiodase tipo 1, presente

principalmente no fígado e rim. A desiodase tipo 2 realiza a conversão de T4 em T3

no sistema nervoso central, hipófise e tecido adiposo marrom. A desiodase tipo 3

converte o restante do T4 produzidos em T3 reverso, composto inativo. Os folículos

tireoidianos podem realizar o armazenamento hormonal para suprimento do

organismo por dois a três meses (Guyton, 2006; Berne e Levy, 2009; Da Poian,

2002).

Os hormônios da tireóide aumentam a atividade funcional do organismo e as

taxas do metabolismo basal na medida em que ativam a transcrição nuclear de

determinados genes e, consequentemente, aumentam a síntese protéica

intracelular. Os receptores de hormônios tireoidianos normalmente se ligam a

triiodotironina (90%). Diversas ações são atribuídas a essa interação com o receptor,

como o aumento do número e da atividade das mitocôndrias, o aumento da taxa de

transporte ativo através das membranas celulares e da taxa metabólica corporal

(Guyton, 2006).

No sistema cardiovascular, os hormônios tireoidianos têm como efeito o

aumento do fluxo sanguíneo e do débito cardíaco, aumento da freqüência cardíaca,

23

diminuição da pressão diastólica com aumento na pressão de pulso e diminuição da

tolerância ao esforço (Gonçalves, 2006).

Também geram aumento da freqüência respiratória, aumento do metabolismo

de carboidratos, estímulo do metabolismo lipídico, aumento da taxa metabólica basal

e, consequentemente, redução do peso corporal (Donato Junio, 2004; Guyton,

2006).

A tiroxina eleva a taxa de metabolismo da glicose no organismo e, em

decorrência disso, aumento da secreção de insulina pelo pâncreas. Como também

aumenta a taxa de atividade óssea, ocorre aumento da necessidade de

paratormônio (PTH). A diminuição das taxas de hormônios tireoidianos em homens

gera diminuição da libido. Em mulheres, podem ocorrer alterações menstruais

associadas a distúrbios tireoidianos, como a amenorréia no hipotireoidismo. (Guyton,

2006).

2.4 Organoclorados e tireóide

As alterações da tireóide vem sendo indicadas como evento sentinela com

relação aos efeitos nocivos dos pesticidas conhecidos como disruptores endócrinos

(Fréchou et al., 2002). Diversos estudos vem corroborando a idéia de que a

exposição aos organoclorados está associada a diversas alterações nessa glândula

(Alvarez-Pedrerol et al., 2008; Ribas-Fito et al., 2003), embora os mecanismos pelos

quais a tireóide é afetada ainda não sejam ainda totalmente conhecidos. As bifenilas

policloradas possuem estrutura similar aos hormônios tireoidianos, podendo atuar

através do estímulo aos seus receptores (McKinney e Waller, 1994). O

Hexaclorociclohexano, dioxinas, dibenzofuranos, DDT e seus metabólitos, diminuem

24

a meia-vida do T4 na medida em que estimulam a produção da enzima hepática,

uridina-difosfato-glucuronil-transferase (UDTG), responsável pela glucorinização de

T4 (Pearce et al., 2009; Brucker-Davis, 1999).

A figura 3 representa os diferentes locais de atuação dessas substâncias no

sistema tireoidiano:

Figura 3 : Ação dos principais organoclorados da função tireoidiana

(Fonte: Adaptada de Pearce et al., 2009)

A maior parte dos estudos em seres humanos acerca da exposição aos

organoclorados e a ocorrência de patologias tireoidianas avaliou as bifenilas

25

policloradas e o DDT e seus metabólitos, embora ainda com resultados controversos

(Dallaire, 2008; Longnecker, 2005). Em razão da importância de tais hormônios para

o neurodesenvolvimento, diversos estudos avaliaram especificamente gestantes e

recém-natos. Apenas um número muito pequeno de estudos avaliou a associação

entre hexaclorociclohexano e a tireóide, evidenciando a necessidade de pesquisas

nesse sentido.

Ribas-Fito et al. (2003), ao analisarem duplas de mães e recém-nascidos em

cujos cordões umbilicais foram dosados organoclorados para comparação com os

níveis sanguíneos de TSH em bebês ao terceiro dia de nascimento, observou que

maiores níveis de p,p'-DDE, beta-hexaclorocliclohexano e bifenilas policloradas

associaram-se a maiores concentrações de TSH. Nenhuma relação foi encontrada

entre hexaclorobenzeno e o hormônio estimulador da tireóide no estudo em questão.

Um estudo realizado em crianças pré-escolares de 4 anos em Maiorca

avaliou a tireóde destas através da dosagem sérica de T4, T3, TSH e diversos OC

no sangue periférico. Maiores níveis sanguíneos de diclorodifenil tricloroetano (p, p'-

DDT), β-hexaclorociclohexano (β-HCH), bifenilas policloradas (PCB congêneres-138,

PCB e PCB-153-118) foram relacionados a menores níveis totais de T3. Além disso,

T4 livre foi inversamente associado com o PCB-118, enquanto não se encontrou

relação entre TSH e qualquer medida do OCs (Alvarez-Pedrerol et al., 2008).

Sukdolová et al. (2000) realizaram um estudo caso-controle em uma

comunidade pesqueira para investigar a alta incidência e prevalência de

hipotireoidimo nessa população. O grupo populacional de estudo foram as mulheres

de 30 anos ou mais. Esse estudo mostrou relação positiva entre maiores

concentrações sanguíneas de bifenilas policloradas e baixas taxas hormonais

26

tireoidianas de T3 e T4. Em um estudo com 334 gestantes de Salina Valley entre

outubro de 1999 e outubro de 2000, Califórnia, foram dosados PCB, DDT, HCB,

DDT para investigação dos níveis de hormônios tireoidianos na gravidez. Após

análise dos dados por regressão linear multivariada, ficou evidenciado que grande

parte das PCBs associou-se aos baixos níveis de T4. Não houve associação com

TSH. HCB associou-se à diminuição de T4 e T3, corroborando a hipótese de que

esses POPs podem alterar a função desta glândula durante a gravidez. (Chevrier et

al., 2008)

Dallaire et al. (2008) investigaram o impacto da passagem transplacentária de

bifenilas policloradas e hexaclorobenzeno em recém nascidos nas proximidades do

Rio São Lourenço (n=260) e em Nunavik (n=410) em Quebéc, Canada, através da

dosagem de T4, T3, TSH e tireoglobulina e análise do sangue dos cordões

umbilicais dos recém nascidos, não tendo encontrado nenhuma associação

estatisticamente significativa entre tais dosagens e bifenilas policloradas ou HCB. O

próprio estudo sugere que esse resultado se deveu à algum fator protetor, como

consumo de produtos ricos em iodo.

Dallaire et al. (2009) avaliaram a associação entre bifenilas policloradas e

seus metabólitos em 623 mulheres de etnia "Inuit" de Nunavik, Canadá, através da

dosagem desses composto (PCBs) no plasma e hormônios tireoidianos, concluindo

que a exposição a esses poluentes se associou à alterações dos níveis de T3 e

tireoglobulina circulantes.

Lopez-Espinosa et al. (2009) investigaram a associação entre a dosagem de

DDE e PCBs no sangue e os níveis de TSH. Os OC foram medidos em soro materno

em 157 gestantes com 12 semanas, pertencentes a uma coorte em Valencia,

27

Espanha. Evidenciou-se que as mães com maiores níveis de DDE tinham maior

razão de chance de ter níveis maiores de TSH, mas não ocorreu associação entre

PCB e DDE e os níveis de TSH. Foram investigados os níveis de PCB e PBDE e de

hormônios tireoidianos no soro e sangue do cordão umbilical de recém-nascidos no

Hospital Johns Hopkins em 2004 e 2005. Em recém-nascidos de parto vaginal,

houve associação inversa entre PBDEs e PCBs e níveis séricos de T4 e T3, mas

não estatisticamente significativa (Herbstman et al., 2008).

Wang et al. (2005) avaliaram os níveis de PCBs, dioxina, HCB, DDE, cádmio

e chumbo e hormônios tireoidianos no sangue do cordão umbilical de 198 recém-

nascidos, comparando-os com os dados de história reprodutiva de 118 gestantes

entre 25 e 34 anos. Os autores encontraram associação inversa entre T3 e T4 e os

níveis séricos de OC. Não se encontrou relação entre esses OC e TSH.

Dewailly et al.,(1997) realizaram estudo em mulheres Inuit da região Kativik

da Província de Québec onde foram investigados os possíveis efeitos da exposição

intra-uterina à organoclorados sobre o estado de saúde dos recém-nascidos, dentre

eles os níveis de TSH, não se evidenciando associação entre este desfecho e os

níveis de OC. Nagayama et al. (1998) avaliaram a relação entre dioxinas, PCDFs e

PCBs no sangue periférico de 36 lactentes, e os níveis destes OCs no leite materno.

A dioxina relacionou-se de forma significativa a baixos níveis de T3 e T4.

Han et al. (2011) realizaram estudo caso-controle correlacionando os níveis

de PCBs, dioxinas e PBDEs e TSH em crianças de 6 a 8 anos, residentes em uma

área de reciclagem de lixo eletrônico, observando maiores índices de TSH em

crianças expostas que no grupo controle.

28

O quadro 3 apresenta um consolidado dos principais estudos epidemiológicos

referentes a relação entre os hormônios tireoidianos e os compostos

organoclorados.

Estudo Ano Local População Composto Desfecho

Alvarez-Pedrerol 2008 Espanha Escolares p,p'-DDT, Diminuição de T3

beta-HCH

PCB

Sukdolová et al. 2000 Estados Unidos

Mulheres Mohauk de 30 anos ou mais

PCBs Hipotireoidismo

Chevrier et al. 2008 Estados Unidos

Gestantes de Salina Valley

PCBs Diminuição de T4

HCB Diminuição de T3 e T4

Hangmar et al. 2001 Estados Unidos

Esposas de pescadores

PCBs Hipotireoidismo

Dallaire et al. HCB Ausência de associação

PCBs Ausência de associação

Ribas-Fito et al. 2003 Espanha Recém-nascidos DDE Aumento de TSH

HCH

PCBs

Dallaire et al. 2009 Canadá Mulheres Inuit PCBs Diminuição de T3

Lopez-Espinoza et al.

2009 Gestantes de 12 semanas

PCBs Ausência de associação

DDE Aumento de TSH

Herbstman et al. 2008 EUA Recém-nascidos PCB Diminuição de T3 e T4

PBDE Diminuição de T3 e T4

Wang et al. 2005 Taiwan Recém-nascidos PCB Diminuição de T3 e T4

Sem alteração em níveis De TSH

Dioxina Diminuição de T3 e T4

Sem alteração em níveis De TSH

HCB Diminuição de T3 e T4

Sem alteração em níveis De TSH

DDC Diminuição de T3 e T4l.

Sem alteração em níveis De TSH

Dewailly et al. 1993 EUA Recém-nascidos Inuit Diversos OC Sem alteração de TSH

Nagayama et al. 1998 Japão Recém-nascidos Dioxina Diminuição de T3 e T4

Han et al. 2011 China Crianças com 6 a 8 anos

Dioxina Aumento de TSH

Quadro 3: Principais desfechos descritos referentes a alterações dos hormônios tireoidianos em

populações expostas a compostos organoclorados em humanos

29

2.5 Cidade dos Meninos

Cidade dos Meninos é uma área localizada no Município de Duque de Caxias,

Rio de Janeiro, com aproximadamente 19,4 milhares de metros quadrados e cerca

de 1000 habitantes, próxima ao quilômetro 12 da antiga Estrada Rio - Petrópolis,

localizando-se mais precisamente entre a Avenida Presidente Kennedy e os rios

Iguaçú e Capivari e o canal do Pilar, na Baixada Fluminense.

A região é atravessada pela Estrada Camboaba (Borges, 1996, Bijos, 1961;

Braga, 1996; Ministério da Saúde, 2002; INCA, 2009; Oliveira, 2008).

Segundo Mello (1998) em 1934, essa área foi cedida à Primeira-dama Darcy

Vargas, que implementou um projeto de albergue para meninas pobres nas

chamadas "casas-lares", com aprendizado profissional e atividades produtivas. Essa

peculiaridade deu ao local o nome de “Cidade das Meninas.”

A mudança de nomenclatura somente ocorreu em 1947, para Cidade dos

Meninos. Tem essa denominação em razão desse albergue ter sido entregue para

sediar o Abrigo Cristo Redentor, orfanato pertencente à Legião Brasileira da

Assistência Social (LBA) onde habitavam cerca de 400 crianças (Oliveira, 1994).

Nesse período, houve um importante crescimento na região amazônica do

extrativismo da borracha e, após tal, da madeira (Murrieta, 1995) passando a expor

um número maior de pessoas ao risco da malária, gerando a necessidade de

intervenção estatal nesse sentido.

Em 1947, o Ministério da Educação e Saúde solicitou que 8 pavilhões fossem

cedidos para a instauração dos Instituto de Malariologia (Oliveira, 2004).

30

Assim, iniciou-se na área a produção de hexaclorociclohexano (Braga, 1996;

Oliveira, 1995; Oliveira, 2008). O DDT e o pentaclorofenol só tiveram sua produção

iniciada em 1955 (Ministério da Saúde, 2002).

De 1956 a 1960 foram produzidos no local, além do HCH, pasta de DDT;

mosquicida concentrado, composto de DDT, Nafta e Lindano; iscas rodenticidas;

rodenciticidas solúveis contendo caolim e pós anti-cúlex (MS, 2002).

As atividades produtivas só foram encerradas em 1965 e os restos industriais

foram abandonados no local, com o Instituto sendo transferido administrativamente

para a Fiocruz. Desse período até 1996, o abrigo continuou funcionando na

localidade (MS, 2002).

Somente em 1989, após divulgação maciça na mídia da venda ilegal de

lindano nas feiras livres próximas ao local é que foi descoberto o depósito

abandonado na área da antiga fábrica. (MS, 2002).

Nessa época, através da informação dos habitantes da área, foi revelado que

havia sido feito uso do HCH para controle de mosquitos e pragas no local e

pavimentação de parte da Estrada da Camboaba (MS, 2002).

A primeira tentativa de remediação, feita em 1995, pela empresa Nortox, com

a adição de cal ao solo, aumentou a área contaminada de 13000 para 19000

quilômetros quadrados, além de contribuir para a formação de novos compostos.

Em 2001, iniciou-se um estudo de avaliação de risco à saúde da população

da área, pelo Ministério da Saúde, onde foram retiradas amostras de solo superficial

e alimentos (ovos e leite).

Os seguintes compostos organoclorados excederam os padrões

estabelecidos e foram considerados contaminantes alvo a serem observados nos

31

processos de monitoramento e remediação e na saúde de estudos de

acompanhamento sobre a afetados: HCH e seus isômeros (ovos, leite, solo); DDT e

seus metabólitos (ovos, leite, solo); triclorobenzenos (solo); triclorofenóis (solo),

dioxinas e furanos (ovos, solo) (AMBIOS, 2002; Ministério da Saúde, 2003 ; INCA,

2009; Asmus et al., 2008).

Os resultados deste estudo refletiram o necessidade de uma estrutura de

monitoramento de saúde e de um sistema de informações capaz de gerar dados

sobre a saúde da população afetada (AMBIOS, 2002; Ministério da Saúde, 2003;

INCA, 2009; Asmus et al., 2008).

Segundo Oliveira et al. (1995) embora a contaminação pelo HCH tenha se

estendido por todo o território, as maiores concentrações do composto HCH se

localizam nas áreas adjacentes à antiga fábrica. Entretanto, há evidencias da

existência de múltiplos contaminantes e múltiplos focos de contaminação. (Asmus,

2008).

Em 2003, a FIOCRUZ realizou a dosagem sanguínea dos compostos

organoclorados na população local evidenciando altos níveis (Brilhante & Franco,

2006).

Em 2005, o INCA realizou um estudo clínico e laboratorial na população desta

área, com a finalidade de elaborar protocolos para acompanhamento dessa

população no que tangesse às principais patologias encontradas, dando

continuidade ao acompanhamento dessas pessoas (Relatório INCA, 2007; Oliveira,

2010).

A figura 4 evidencia o mapa do local, bem como a disposição das casas dos

moradores no entorno da estrada da Camboaba.

32

Figura 4: Representação gráfica de domicílios onde os ovos de galinha amostra foram coletadas e as

concentrações de poluentes alvo, Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil,

2002

(Figura modificada de Asmus et al. 2008) PPB = Partes por biilhão

Entretanto, cabe salientar que essa população possui algumas peculiaridades.

Primeiramente, nem todos trabalharam diretamente com o produto, uma vez que

fazem parte desse grupo de expostos ex-internos do Abrigo; moradores-ocupantes

de área federal, pertencentes a famílias remanescentes de funcionários;

trabalhadores e ex-trabalhadores da fábrica de pesticidas que ali foi instalada

33

(Herculano, 2002). Além disso, grande parte dessa população não deseja deixar o

local, pois receia ser removida para um lugar de pior qualidade (Ministério da Saúde,

2002). Dessa forma, os estudos, no que concerne as perguntas com relação a

sintomas subjetivos, possuem dificuldades técnicas, uma vez que boa parte da

população, temerosa, tende a negar seus sintomas.

No ano de 2011, foi firmado o termo de cooperação número 74 de 2012, sob

processo número 2500.153491.2010.00 entre o Instituto de Saúde Coletiva da

Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Coordenação de Vigilância em Saúde

Ambiental do Ministério da Saúde, nomeado “Análise dos Efeitos à Saúde

decorrentes da Exposição a Compostos Organoclorados em Cidade dos Meninos,

Rio de Janeiro”, que teve como objeto a análise do banco de dados produzido pelo

Instituto Nacional do Câncer (Departamento de Ciência e Tecnologia em Saúde,

2011). Este termo de compromisso tem como um de seus produtos a construção de

um plano de ações de saúde para monitoramento de saúde da população de Cidade

dos Meninos, a ser trabalhado em conjunto com as equipes de Estratégia de Saúde

da Família locais, a partir dos resultados das análises dos bancos de dados.

34

35

3.0 Objetivos

3.1 Objetivo Geral

Investigar a ocorrência de alterações dos hormônios TSH, T4 e T3, na

população exposta aos compostos organoclorados identificados na área de Cidade

dos Meninos.

3.2 Objetivos específicos

1) Analisar as concentrações dos hormônios tireoidianos em relação às

características sócio-demográficas da população em estudo.

2) Associar as concentrações séricas dos hormônios tireoidianos com padrões de

exposição estabelecidos aos compostos organoclorados.

36

37

4.0 Metodologia

4.1 Desenho de Estudo

Estudo observacional, do tipo seccional, onde a população sob estudo

constitui-se de toda a população cadastrada pela Estratégia de Saúde da Família

(ESF).

4.2 Base populacional do Estudo

A base populaciona do estudo foi a população cadastrada pelo inquérito

clínico-laboratorial realizado pelo INCA no ano de 2007 na área de Cidade dos

Meninos.

No grupo inicial, havia 534 homens e 593 mulheres. De um total de 1133

cadastrados, 32 se recusaram a participar da pesquisa. Dos demais, 28 pacientes se

recusaram a colher os exames de sangue. Não foi feita restrição por sexo, idade,

faixa etária ou situação social para entrada no estudo. Optou-se por excluir os

pacientes já sabidamente com transtornos tireoidianos e os usuários de amiodarona.

Entretanto, não foram encontrados pacientes com esses relatos. Após análise de

cluster (onde apenas os tinham todas as variáveis em questão foram mantidos),

sobraram 343 indivíduos, dos quais 247 dosaram T3 total; 255 dosaram T4 livre e

253 dosaram TSH.

4.3 Variáveis do Estudo

Exposição: Os indivíduos foram classificados em escores de exposição

construídos por análise de cluster hierárquico a partir das seguintes variáveis:

38

Tempo de Residência no local; Tempo de contato com o solo; Tempo de criação de

animais; Tempo de consumo de carne; Tempo de consumo de ovos; Tempo de

consumo de leite e derivados. Foi realizada a análise de cluster hierárquico. Para

avaliar a precisão da classificação, comparou-se a variabilidade intra-grupo (que é

pequena se a classificação é boa) para a variabilidade inter-grupos (que é grande se

a classificação é boa), através do teste de ANOVA para cada dimensão (caso ou

variável).

A técnica de agrupamento utilizada foi a classificação hierárquica ascendente.

O método hierárquico aglomerativo ou ascendente começa com os objetos

individuais, ou seja, os sujeitos. Então, têm-se, inicialmente, tantos grupos quantos

forem os sujeitos (n=343). Os mais semelhantes foram agrupados, sendo estes

grupos iniciais fundidos de acordo com suas similaridades. Eventualmente, como as

semelhanças diminuem, todos os subgrupos são fundidos em um único.

A partir de um dendrograma, pode-se escolher uma partição dos n objetos

submetidos à classificação hierárquica ascendente. Para selecionar uma boa

partição, escolheu-se um nível de agregação para o qual o valor não seja muito

elevado, ou seja, baixa transformação das distâncias iniciais entre os objetos.

O algoritmo (processo interativo) de agregação utilizado foi o método baseado

no crescimento mínimo do momento de ordem 2. O método, em lugar de reunir as

duas classes que apresentam a menor distância (semelhança), agregou duas

classes, de tal maneira que a classe resultante teve dispersão mínima com relação a

todas as classes que possam ser formadas em uma etapa do seu algoritmo. O

algoritmo calculou a dispersão de cada nova classe eventualmente constituída de

duas classes originais. Para aplicar esse método, foi necessário utilizar a distância

euclidiana (quadrática) entre os sujeitos. A estratégia de agregação foi realizada

39

pelo método de Ward. Se agrupadas as classes {k} e {k'}, o aumento da variância

intragrupo, também chamado de nível de agregação )'kk( é definido por:

)G,G(2

'kk

'kk)'kk( 'kkd

.

nnnn

em que Gk e Gk' correspondem aos centros de gravidade das classes k e k'

(Crivisqui, 1999). Para a organização dos dados, utilizou-se a planilha eletrônica do

Microsoft Excel, na sua versão 2010, e para a análise de clusters, o SPSS 19.0.

Considerou-se, para criação dos clusters, variáveis cujo modelo teórico

ancilar identificasse como comportamento associado à exposição e às rotas de

exposição. Há referência de que cerca de 96% da exposição humana aos

organoclorados e dioxinas dá-se por meio da ingestão de alimentos, principalmente

de origem animal como peixes, carnes, ovos, leite e seus derivados (Nakagawa et

al., 1999). Para a definição dos clusters foram usadas as variáveis: tempo de

moradia no local, tempo de contato com solo (em atividades ocupacionais,

agricultura, etc), tempo de criação de animais, tempo de consumo de carne

produzida no local, tempo de consumo de leite, ovos e derivados, todas variáveis

contínuas medidas em anos.A toxicologia considera, para efeito de avaliação de

toxicidade a qualquer composto químico, a relação dose (intensidade) x tempo.

Todas estas variáveis foram ajustadas para a idade, procedendo-se um cálculo de

pessoa tempo em que se considerou cada ano de exposição. Isso deu a origem a 3

grupos de cluster de exposição: maior, intermediária e menor.

O processo hierárquico de formação de clusters foi feito por meio de um

dendograma. Os resultados indicaram que o cluster 1 (n=45), aqui identificado,

apresenta características de exposição que podem ser consideradas como mais

intensas do que aquelas identificadas para o cluster 2 (n=103), de exposição

40

intermediária, que possui intensidade maior que o cluster 3 (n=206). Isso ocorre

porque para tal análise era necessário que todas as variáveis fossem preenchidas.

No grupo 1, as variáveis residência no local, contato com o solo, criação de animais,

consumo de carne, consumo de ovos e consumo de leite e derivados apresentaram,

respectivamente, as seguintes médias: 43,09; 42,71; 10,33; 44,29; 44,33; 43,91,

com os seguintes DP: 11,71; 11,83; 16,75; 9,87; 9,88; 10,72. O grupo 2 apresentou

as seguintes médias para estas mesmas variáveis: 24,02 ; 21,81; 8,33; 23,86; 24,21;

23,89, com os seguintes DP: 11,20; 12,40; 12,09; 11,07; 11,10; 11,16. O grupo 3

apresentou os seguintes valores de média: 10,94; 10,50; 3,53; 10,85; 10,84; 10,47 e

o os seguintes valores de DP: 9,48; 9,90; 7,04; 9,48; 9,49; 9,56. O total dos grupos

apresentou os seguintes valores de média: 18,83; 17,89; 5,79; 18,89; 18,99; 18,78v

o os seguintes valores de DP: 14,99; 15,29; 10,65; 15,07; 15,12; 15,14. Todos os

valores de p calculados pelo teste de ANOVA foram inferiores a 0,001.

Confusão (ou modificador de efeito):

- Faixa etária (Menores de 1 ano; 1-5 anos; 6-9 anos; 10-19 anos; 20-39 anos;

40-59 anos; 60 anos ou mais)

- Nascimento em Cidade dos Meninos (Sim ou Não)

- Sexo (masculino ou feminino)

Desfechos: Frequência de alterações nos níveis dos hormônios T3, T4 e TSH.

Os valores de referência utilizados foram os seguintes, de acordo com o próprio

laboratório que as analisou:

T3: Neonato : 1 a 3 dias (100-700ng/dL); 1-11meses (100 – 245 ng/dL) 1

a 5 anos (100 - 270 ng/dL), 6 a 12 (90 a 240 ng/dL), adulto (70 - 210 ng/dL)

41

TSH: RN (1,3 - 21,4 mcUI/mL), até 3 dias (1,1 - 18,3 mcUI/mL), até 10

semanas (0,6 - 10,7 mcUI/mL), até 14 meses (0,4 - 7,0), até 5 anos (0,4 -

6,0 mcUI/mL), acima de 5 anos (0,3 - 5,0 mcUI/mL), adultos (0,3 - 5,0 mcUI/mL)

T4 livre: 0,8 - 1,9 ng/dL

4.4 Fonte de dados

Questionário (Anexo 1) e exames laboratoriais produzido pelo estudo realizado

pelo Conprev (Coordenação de Prevenção e Vigilância) do INCA, no Programa de

Vigilância à Atenção da População Exposta a Pesticidas Organoclorados em

Cidade dos Meninos, RJ, entre março e dezembro de 2007, que consistia na

aplicação de questionários, de avaliação de saúde por anamnese e exame clínico e

da obtenção de amostras sangüíneas para análise laboratorial. Os questionários

eram do tipo misto e receberam a denominação de Sistema de Informações. A

adequação e a validação das perguntas foram realizadas em amostra de pacientes

do Instituto Fernandes Figueira, previamente à aplicação em Cidade dos Meninos.

As amostras de sangue para os exames laboratoriais em questão foram coletadas

com os pacientes em jejum, após prévia autorização por escrito, usando

equipamentos do tipo vacunteiner em 2 tubos de 10 ml sem anticoagulante

(vermelho) e 1 tubo de 5ml com EDTA (Ethylenediamine tetraacetic acid ou Ácido

etilenodiamina tetraacético) (roxo). O sangue foi coletado preferencialmente no

sistema venoso antecubital, região anatômica de forma triangular, anterior ao

cotovelo, limitada pelo músculo pronador redondo e pelo músculo braquiorradial.

Entretanto, em caso de limitação anatômica do paciente, foi feita a coleta em outro

vaso venoso em membro superior. A coleta das amostras de sangue foi realizada

por uma equipe de enfermeiros com experiência nessa atividade e coordenada por

42

um médico, no posto de saúde do ESF da Cidade dos Meninos. Para o transporte

até o laboratório, o material foi colocado em caixas de isopor com 4 unidades de

bolsa de gelo gel cada. As amostras foram levadas para processamento e análise no

Laboratório de Patologia Clínica do Hospital do Câncer (HC1-INCA), onde a

dosagem dos hormônios TSH, T3 e T4 foi feita pelométodo da Quimioluminescência

pelo método Immulite® com kits da marca Medlab®.

Para T3, o ensaio apresentava as seguintes características: Fator de

conversão: ng/dL x 0,01536 - nmol/L; Calibração: 40-600 ng/dL (0,61-9,2 nmol/L);

Sensibilidade Analitica: 35/ng/dL (0,54nmol/L); Especificidade: O teste é específico

para T3. Para T4, os valores foram os seguintes: Fator de conversão: µ/dL x 12,87 -

>nmol/L; Calibração: 1,0 - 24µg/dL (13-309 nmol/L); Sensibilidade analítica: 0,4µg/dL

(5nmol/L); Especificidade: o doseamento é específico para T4. Para TSH, as

características do ensaio foram: Calibração: até 75 µIU/mL; Sensibilidade Analítica:

0,004 µgIU/mL; Efeito Hook de alta dose: nenhum até 7500 µIU/mL; Linearidade: o

doseamento mantém as linearidades boa mesmo a baixas concentrações;

Especificidade: O doseamento é específico para TSH.

4.5 Análise dos dados

Um banco de dados em programa Epinfo 3.5.1 (2008) foi estruturado para a

entrada dos mesmos, cujo processo de digitalização foi feito por cinco acadêmicos

bolsistas do IESC. Foram realizados procedimentos de revisão, codificação e

conferência dos instrumentos. Os dados foram exportados para o programa SPSS

(© 2009 SPSS Brasil.) A análise dos hormônios tireoidianos e seus respectivos

pontos de corte levou em consideração os valores limite do próprio laboratório que

os analisou, padronizado por faixa etária.

43

Os demais dados foram analisados através do cálculo dos valores de média,

desvio padrão (DP), mediana, com p valor calculado sobre o Teste T. As as variáveis

categoricas foram apresentadas como proporções. O cálculo do p valor foi feito,

nesse caso, através do teste do qui-quadrado. Os níveis de hormônios tireodianos

foram analisados a partir de um escore padronizado de exposição. Foi feito o teste

de Person para n>5 e Fischer para n<=5 ara análise bivariada entre as categorias de

exposição e os hormônios em questão. Por fim, foi feita a regressão linear simples

para avaliar a relação entre as categorias de exposição e os valores contínuos dos

hormônios, controlados por sexo, nascimento em CM e faixa etária. A seguir,

realizou-se regressão linear multipla para as variáveis dependentes T3, T4 e TSH,

usando o grupo de exposição como variável dependente e as demais como variáveis

confundidoras, pela ordem crescente de p valor.

4.6 Aspectos Éticos

Os procedimentos nesta pesquisa foram feitos respeitando-se os

procedimentos éticos da Declaração de Helsinque e da Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos que exige

aprovação do projeto por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) institucionalmente

formalizado. O Projeto seguiu as normas de realização de pesquisa da Instituição

proponente (Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ) e, em virtude do banco de dados

ser nominalmente identificado o trabalho foi realizado respeitando as normas

vigentes, sob a supervisão dos orientadores. Quanto à transferência de resultados, o

projeto contempla a divulgação dos resultados da pesquisa, salvaguardando a

identidade dos participantes. No tocante à análise crítica dos riscos e benefícios,

trata-se de um grupo populacional exposto à uma substância química que oferece

44

risco à população. As propriedades das informações geradas são de uso exclusivo

da equipe de pesquisa e o pesquisador responsável (Coordenadora: Carmen Ildes

Fróes Asmus) garante que nenhuma pessoa estranha à equipe de pesquisadores

teve acesso aos dados, para que se preserve a confidencialidade das informações,

quando for o caso. Não obstante, a divulgação dos resultados da pesquisa deverá

ser pública. Finalmente, no que tange aos critérios para suspensão ou encerramento

da pesquisa, caso ocorra algum motivo imprevisto, a suspensão ou encerramento da

pesquisa será decidida após discussão com todos os atores sociais envolvidos e

análise das razões pelos responsáveis pelo Projeto.

45

46

5.0 Resultados

Alguns dados sofreram perdas consideráveis. No campo faixa etária, ocorreram

117 variáveis válidas e 48 faltantes; na variável sexo, ocorreram 1127 variáveis

válidas e 38 faltante, 577 válidas como renda familiar e 588 faltantes. A população

mostrou um padrão de distribuilção por faixa etária relativamente jovem, com 1,79%

da mesma de menores de 1 ano; 9,04% com 1 a 5 anos; 10,12% com 6 a 9 anos; 7,

28% com 10 a 19 anos; 28,86%, maior percentual, em pessoas de 20 a 39 anos;

22,83% com 40 a 59 anos e 10,12% com 60 anos ou mais. Após a análise de cluster

hierárquico, em que era necessário o preenchimento toal de todas as variáveis

deste, a população restante incluia 174 homens e 180 mulheres, num total de 354

indivíduos.

A tabela 1 evidencia uma discreta preponderância do sexo feminino nessa

população, 50,85%, sendo que 44,3% da população estudou apenas até o

fundamental incompleto. Apenas 1,17% completaram o nível superior e 0,29%

possui especialização ou residência. A taxa de analfabetismo auto-referido é maior

nas mulheres (55,13%).

A maioria (44,31%) dos indívíduos possui apenas fundamental completo.

Apenas 1 pessoa (0,29%) referiu ter feito pós-graduação. A renda familiar tem uma

distribuição menos desigual entre os sexos.

A maior parte da população, 28,29% possui renda familiar de 2 a 3 salários

mínimos. 2,89% da população não possui rendimento e 10,98% da população

recebe apenas um salário mínimo.

47

Tabela 1. Frequências de sexo, faixa etária, renda familiar e escolaridade e grupos de exposição na

população de Cidade dos Meninos, 2007 (N total= 354 indivíduos

Variáveis N %

Sexo Masculino 174 49,15 Feminino 180 50,85 Total 354 100,00 Escolaridade Não sabe escrever 70 20,41 Alfabetizado 9 2,62 Fundamental incompleto 152 44,31 Fundamental completo 21 6,12 Médio Incompleto 34 9,91 Médio Completo 47 13,70 Superior incompleto 5 1,46 Superior completo 4 1,17 Especialização/residência 1 0,29 Total de indivíduos 343 100,00 Renda familiar Até 1 salário mínimo 19 10,98 1 - 2 salários mínimos 37 21,39 2 - 3 salários mínimos 50 28,90 3 - 4 salários mínimos 24 13,87 5 - 10 salários mínimos 22 12,72 10 - 20 salários mínimos 1 0,58 Sem rendimento 5 2,89 Não sabe 15 8,67 Total 173 100,00 Grupos de exposição Exposição Maior 45 12,71

Exposição Intermediária 103 29,10 Exposição menor 206 58,19 Total 354 100,00 Nascimento em Cidade dos Meninos Sim 259 73,16 Não 95 26,84 Total 354 100,00 Faixa etária Menores de 1 ano 3 0,85 1 - 5 anos 30 8,47 6 - 9 anos 38 10,73 10 -19 anos 72 20,34 20 - 39 anos 104 29,38 40 - 59 anos 78 22,03 60 anos ou mais 29 8,19 Total 354 100,00

A distribuição da população entre grupos de cluster hierárquico mostra que a

maior parte desta está menos exposta, 58,19% e 12,71% apresenta exposição

intermediária e 29,09% maior.

A tabela 2 mostra a média, mediana, desvio-padrão dor hormônios tireoidianos

de acordo com as seguintes variáveis: grupo de exposição, sexo, faixa etária,

No que concerne as dosagens do T3 total, todas as variáveis mostraram

valores estatísticamente significativos na tabela em questão.

As médias desse hormônio no grupo de menor exposição (174,36 de média e

174 de mediana) foram consideralvelmente maiores que no grupo de maior

48

exposição (média de 141,25 e mediana de 138, com siginificância estatística. Os

nascidos em Cidade dos Meninos tiveram menor média (151,42) e mediana (38,35)

do que os não nascidos (176,77 de média e 40,43 de mediana), também com

significância estatística. A faixa etária de 1 a 5 anos teve a maior média (209,94) e

mediana (209,00) de T3. As menores médias de T3 total foram obtidas dentre os

pacientes com 60 anos ou mais (136,50).

Com relação ao T4 livre, apenas a variável faixa etária mostrou significância

estatística.

Ainda que sem significância estatística, o grupo com menor exposição

apresentou media (1,14) e mediana (1,12) maiores do que o de maior exposição

(1,08 e 1,08, respectivamente). Além disso, o nascimento em Cidade dos Meninos

também correlacionou-se com menor média de T4 livre (1,10) do que os nascidos

em outros locais (1,15). Dentre as faixas etárias, a de 1 a 5 anos apresentou maior

média (1,23) e a de 60 anos ou mais a menor média (1,06). O sexo masculino

apresentou maior média e mediana (1,13, em ambas) do que o feminino (1,10 em

ambas).

Para TSH, apenas as variáveis grupo de exposição, nascimento em CM e faixa

etária apresentaram significância estatística.

Maiores média (2,90) e mediana (2,03) de TSH foram obtidas nos grupos de

maior exposição.

O nascimento em CM correlacionou-se a menores média (2,17) e mediana

(1,72).

Com relação às faixas etárias, as maiores médias de TSH ocorreram nas

crianças de 1 a 5 anos (3,01) e as menores na faixa de 10 a 19 anos (1,95).

49 - 49 -

Tabela 2. Estatísticas de hormônios tireoidianos segundo variáveis de confundimento, 2007

Variá- veis

T3 total T4 livre TSH

Média Desvio Padrão

Media- na

p valor Média Desvio Padrão

Media -na

p valor Média Desvio Padrão

Media- na

p valor

Grupos de exposi-ção

Maior 141,25 27,81 138,00 <0,001 1,08 0,16 1,08 0,182 2,90 2,66 2,03 0,012

Intermediá- ria

143,39 29,47 137,00 1,10 0,20 1,09 1,90 1,07 1,69

Menor 174,36 43,45 174,00 1,14 0,19 1,12 2,39 1,58 1,89

Total 159,78 40,43 155,00 1,12 0,19 1,11 2,33 1,69 1,81

Nasci- mento em CM

Sim 151,42 38,35 143,00 <0,001 1,10 0,18 1,10 0,068 2,17 1,45 1,72 0,038

Não 176,77 39,43 177,00 1,15 0,20 1,12 2,64 2,08 2,04

Total 159,77 40,43 155,00 1,12 0,19 1,11 2,33 1,69 1,81

Faixa etária

<1 ano * * * <0,001 * * * 0,020 * * * 0,013

1-5 anos 209,24 35,09 209,00 1,23 0,20 1,20 3,01 1,49 2,96

6-9 anos 194,39 32,31 187,00 1,18 0,19 1,17 3,16 2,16 2,67

10-19 anos 168,18 29,86 170,00 1,11 0,18 1,08 1,95 1,05 1,54

20- 39 anos 150,53 41,10 144,00 1,10 0,18 1,11 2,07 1,26 1,76

40-59 anos 141,27 27,82 138,00 1,11 0,19 1,10 2,36 2,02 1,69

>=60anos 136,50 31,82 129,00 1,06 0,14 1,04 2,31 1,80 1,55 Total 159,78 40,43 155,00 1,12 0,18 1,11 2,33 1,69 1,81

Sexo Masculino 158,57 44,99 151,00 <0,001 1,13 0,20 1,13 0,142 2,36 1,80 1,91 0,744

Feminino 160,99 35,40 158,00 1,10 0,18 1,10 2,30 1,54 1,77

Total 159,77 40,43 155,00 1,12 0,19 1,11 2,33 1,70 1,81

*Zero casos.

A tabela 3 evidencia as freqüências de normalidade dos hormônios tireoidianos

pelas mesmas variáveis da tabela 2, com os valores absolutos do número de

indivíduos em cada grupo (N), sua respectiva porcentagem e seu p valor, calculado

pelo teste de ANOVA.

Ao analisar o resultado para o hormônio tiroxina livre, apenas a variável grupo

de exposição apresentou significância estatística. Para TSH, nenhuma das variáveis

mostrou valores com significância estatística.

Entretanto, a maior parte dos indivíduos com aumento de TSH (87,5% destes)

pertencia ao grupo de maior exposição. As mulheres apresentaram mais alterações

de aumento de TSH que os homens, numa proporção de 1,28 para 1.

A faixa etária de 60 anos ou mais apresentou 12,5% de prevalência de

aumento de TSH. A faixa etária de 40 a 59 anos apresentou 7,73% desta

prevalência.

- 50 -

Tabela 3. Prevalência de alterações de hormônios tireoidianos por sexo, faixa etária, grupos de exposição na população de Cidade dos Meninos, 2007

Variáveis T3 total T4 livre TSH

Baixo Normal Alto Baixo Normal Alto Baixo Normal Alto

N % N % N % Total p valor

N % N % N % Total p valor

N % N % N % Total P valor

Grupos de exposição

Maior 0 0,00 38 0,15 1 0,00 39

0,140

2 0,01 39 0,15 0 0,00 41

0,013

1 0,00 32 0,13 7 0,03 40

0,124 Intermediária 0 0,00 76 0,31 1 0,00 77 0 0,00 78 0,31 0 0,00 78 1 0,00 76 0,30 1 0,00 78

Menor 0 0,00 122 0,49 9 0,04 131 2 0,01 134 0,53 0 0,00 136 1 0,00 126 0,50 8 0,03 135

Total 0 0,00 236 0,96 11 0,04 247 4 0,02 251 0,98 0 0,00 255 3 0,00 234 0,92 16 0,06 253

Sexo

Masculino 0 0,00 118 47,77 6 2,43 124

0,512

1 0,39 127 49,80 0 0,00 128

0,308

1 0,40 116 45,85 7 2,77 126

0,742 Feminino 0 0,00 118 47,77 5 2,02 123 3 1,18 124 48,63 0 0,00 127 2 0,79 118 46,64 9 3,56 127

Total 0 0,00 236 95,55 11 4,45 247 4 1,57 251 98,43 0 0,00 255 3 1,19 234 92,49 16 6,32 253

Nascimento em CM

Sim 0 0,00 161 65,18 6 2,43 167

0,262

2 0,78 170 66,67 0 0,00 172

0,393

2 0,79 160 63,24 8 3,16 170

0,318 Não 0 0,00 75 30,36 5 2,02 80 2 0,78 81 31,76 0 0,00 83 1 0,40 74 29,25 8 3,16 83

Total 0 0,00 236 95,55 11 4,45 247 4 1,57 251 98,43 0 0,00 255 3 1,19 234 92,49 16 6,32 253

Faixa etária

Menos de 1 ano 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0

0,829

0 0,00 0 0,00 0 0,00 0

0,590

0 0,00 19 7,51 0 0,00 0

0,116

1-5 anos 0 0,00 16 6,48 1 0,40 17 0 0,00 20 7,84 0 0,00 20 0 0,13 23 9,09 1 0,40 20

6-9 anos 0 0,00 26 10,53 2 0,81 28 0 0,00 28 10,98 0 0,00 28 0 0,00 44 17,39 5 1,98 28

10-19 anos 0 0,00 41 16,60 3 1,21 44 0 0,25 45 17,65 0 0,00 45 0 0,13 44 17,39 1 0,40 45

20- 39 anos 0 0,00 78 31,58 3 1,21 81 2 0,75 80 31,37 0 0,00 82 1 0,38 78 30,83 2 0,79 81

40-59 anos 0 0,00 54 21,86 1 0,40 55 2 0,63 54 21,18 0 0,00 56 2 0,63 49 19,37 4 1,58 55

60 anos ou mais 0 0,00 21 8,50 1 0,40 22 0 0,38 24 9,41 0 0,00 24 0 0,00 21 8,30 3 1,19 24

Total 0 0,00 236 95,55 11 4,45 247 4 2,01 251 98,43 0 0,00 255 3 1,38 234 92,49 16 6,32 253

50

51 - 51 -

Tabela 4. Análise em regressão linear dos hormônios tireoidianos em relação à Sexo, Grupos de

exposição, faixa etária, nascimento em Cidade dos Meninos, 2007

Hormônio Variáveis

Modelo Bruto Modelo Ajustado*

R R² β1 IC 95% p

valor R R ² β1

IC 95% p valor

LS LI LS LI

T3

Grupo de Exposição 0,36 0,13 19,50 13,13 25,88 <0,001

0,54 0,29

0,80 9,11 -8,28

<0,001 Sexo

0,08 0,01 6,59 12,69 0,50 0,034

Faixa etária 0,47 0,22 -14,31 -12,43 -16,19 <0,001

Nascimento em CM 0,17 0,03 15,71 22,32 9,11 <0,001

T4

Grupo de Exposição 0,12 0,01 0,03 0,06 0,00 <0,001

0,22 0,05

-0,01 0,04 -0,05

0,017 Sexo

0,01 0,00 0,00 0,03 -0,04 0,771

Faixa etária 0,04 0,00 -0,01 0,01 -0,02 0,295

Nascimento em CM 0,06 0,00 0,03 0,07 -0,01 0,092

TSH

Grupo de Exposição 0,05 0,00 -0,10 0,18 -0,39 0,473

0,21 0,05

-0,49 -0,10 -0,89

0,021 Sexo

0,00 0,00 0,00 0,21 -0,21 0,977

Faixa etária 0,08 0,01 -0,09 -0,01 -0,16 0,022

Nascimento em CM 0,03 0,00 0,11 0,34 -0,13 0,388

*O modelo ajustado considerou as seguintes variáveis: faixa etária, nascimento, grupo de exposição e sexo

Legenda: LI=limite inferior para IC 95% e LS=limite superior para IC 95%

A tabela 4 mostra os valores da equação após a realização da regressão linear.

O modelo bruto de regressão linear simples para a variável dependente T3 total

mostrou valores estatísticamente significativos para todas as variáveis

independentes (Grupo de exposição, sexo, faixa etária e nascimento em Cidade dos

Meninos). Os maiores valores de R² foram encontrados para as variáveis faixa etária

e grupo de exposição (0,22 e 0,36, respectivamente). O maior valor de β1 foi o do

grupo de exposição (19,50). O modelo ajustado de regressão linear para este

hormônio apresentou os seguintes valores: β1=0,08; R² =0,29; LS (IC 95%) = 9,11

e LI= -8,28, com p valor inferior a 0,001.

52 - 52 -

Para T4 livre, o modelo bruto de regressão linear simples mostrou-se

estatísticamente significante apenas para a variável grupo de exposição, que

apresentou valores de β1= 0,03 e de R²= 0,001. Entretanto, ao ajustarmos o

modelo, encontramos uma reta com β1= -0,01, R² =0,05, LS (IC 95%) =0,04 e LI=-

0,05, com p valor estatísticamente significante.

Além disso, para TSH, apenas a variável faixa etária apresentou significância

estatística no modelo simples, com valores de β1= -0,09 e de R²= 0,01, LS (IC

95%)=-0,01 e LI=0,016 com p valor 0,002. Quando o modelo foi ajustado, encontrou-

se os seguintes valores: β1= 0,21; R²=0,05, com p valor estatísticamente

significante.

.

53 - 53 -

54 - 54 -

6.0 Discussão

As alterações da tireóide vem sendo indicadas como evento sentinela com

relação aos efeitos nocivos dos compostos conhecidos como disruptores endócrinos

(Fréchou C. et al., 2002). O Hexaclorociclohexano, dioxinas, dibenzofuranos, DDT e

seus metabólitos diminuem a meia-vida do T4 na medida em que estimulam a

produção da enzima hepática uridina-difosfato-glucuronil-transferase (UDTG),

responsável pela glucorinização de T4 (Pearce et al, 2009; Brucker-Davis, 1999).

Essas alterações fisiológicas podem ser responsáveis pelo fenômeno encontrado.

As maiores médias para T3 e TSH em crianças de 1 a 5 anos podem, pelo

menos em parte, ser explicadas pelo fato de que o intervalo de valores dentro da

normalidade é maior nessas faixas.

Em todas as faixas etárias de todas as variáveis analisadas, as alterações de

TSH foram mais prevalentes do que as dos demais hormônios. Isso sugere que

grande parte dos transtornos tireoidianos nessa população se encaixam na definição

de “subclínicos", que se define como alteração no TSH, sem concomitante alteração

de T3 e T4.

Ainda assim, a análise por regressão linear simples e múltipla para T3 total

continuou bastante evidente, com alto coeficiente R e importante significância

estatística. As variáveis de confundimento utilizadas nesse modelo: sexo, idade e

nascimento no local tem importante sustentação na literatura para sua utilização.

(Nascimento, et al., 1997; Hollowell, 2003; Wiersinga, 1994.). O nascimento no local

é uma variável que sugere que, quanto mais novo for o indivíduo no momento do

início da exposição, mais efeito tóxico oriundo do tempo de exposição haverá dos

compostos em seu organismo, funcionando também como uma proxy de exposição

intrauterina.

55 - 55 -

Apesar disso, os valores de β1 nas variáveis isoladas no modelo de regressão

linear univariado não se mostram altos, sofrendo considerável aumento no modelo

ajustado. Isso pode ser explicado por um possível sinergismo e interação

multiplicativa entre estas características. A significância estatística também

aumentou para as variáveis T3 total e T4 livre quando realizado a modelagem para

análise multivariada.

Ao se classficar a população pelos grupos de exposição por análise de cluster

hierárquico, ocorreu grande número de perdas, pois o banco continha muitas

variáveis de exposição faltantes para classificação da exposição. Restaram apenas

354 indivíduos para análise em cluster hierárquico, dos quais 247 indivíduos tinham

dosagem de T3 total, 260 de T4 livre e 253 de TSH. As variáveis utilizadas para

configuração do método de cluster (tempo de moradia em CM; tempo de criação de

animais; tempo de consumo de carne; tempo de consumo de ovos; tempo de

consumo de leite e derivados, tempo de contato com o solo, tempo em Cidade dos

Meninos em relação ao tempo de nascimento) foram todas coletadas a partir do

questionário, estando suscetíveis a um viés de informação, na medida em que foram

respondidas pelos próprios moradores de Cidade dos Meninos.

Além disso, há dificuldade em encontrar estudos comparativos ambientais

para a exposição em questão, pela peculiaridade da população, que está exposta

há 40 anos a essas substâncias. A associação de exposição combinada de HCH,

DDT, DDE e dibenzofuranos por 40 anos em indivíduos que não trabalham com as

substâncias e vem se mantendo expostos é sem precedentes na literatura mundial,

não havendo base exata para comparação dos nossos dados. Muitos estudos com

organoclorados fazem mensurações de organoclorados que não estão presentes em

Cidade dos Meninos, especialmente as bifenilas policloradas. Entretanto, como o

56 - 56 -

efeito de desregulação endócrina gerado por estas é semelhante ao de outros

organoclorados, cabe destacar tais estudos para balizar a discussão.

Para classificar nossos pacientes em hipotireoideus, eutireoideus e

hipertireoideus, utilizamos apenas a dosagem de TSH. Nosso estudo encontrou uma

prevalência total de hipotireoidismo, baseado os valores de TSH de 6,3% e 1,1%

de hipertireoidismo e com maior prevalência na população maior de 40 a 59 anos

(7% dessa população apresentou algum tipo de alteração nos níveis de TSH). Não é

possível descartar os efeitos da exposição aos compostos organoclorados durante a

infância, como um dos fatores que podem ter influenciado a ocorrência destas

alterações nesta faixa etária (OMS,1982). Na população geral, o hipotireoidismo

subclínico tem uma prevalência de aproximadamente 6%, sendo mais comum em

mulheres e nos idosos. A incidência de progressão para hipotireoidismo é de 5 a

15% ao ano. Já hipertireoidismo subclínico tem uma prevalência de

aproximadamente 1% e também é mais comum em grupos etários mais velhos, mas

a sua preponderância no sexo feminino é menos acentuada (Wiersinga, 1994).

Santos-Júnior et al. (2007) encontraram 3,7% de prevalência de hipotireoidismo

subclínico em idosos (n=107) no Acre. Silva (2004) avaliou a incidência de

transtornos tireoidianos através de dosagens séricas de TSH e T4 livre em 105

pacientes com mais de 60 anos em instituições de idosos em Itajubá, Minas Gerais,

onde se verificou que 26,6% dos idosos aparesentava m hipofunção dessa glândula,

com 53,6% destes na forma subclínica. Não foi encontrado nenhum caso de

hipotireoidismo. No nosso estudo, em contraposição, de um total de 97 idosos, 14

(0,14%) apresentaram aumento de TSH; 82 (0,85%) apresentaram TSH normal e

apenas 1 (0,01%) apresentou diminuição do mesmo.

57 - 57 -

Pontes et al. (2002) estudaram a prevalência de tireoidopatias em 210

habitantes do município de Cabaceiras, Paraíba divididos em: 1) grupo de estudo

(n=122), pacientes da área rural, com queixas e/ou quadro clínico de doença

tireoideana; 2) grupo exploratório (n=88), voluntários da área urbana, sem queixas. A

investigação constou de exame clínico, dosagens hormonais (TSH, T3, T4 livre),

pesquisa de anticorpo anti-microssomal e ultrasonografia da tireóide. No grupo de

estudo, as prevalências de hipotireoidismo foram similares às encontradas no grupo

dos voluntários (15,9 % e 4,5%, respectivamente). Aproximadamente 42 % dos

pacientes da área rural apresentaram alterações tireoideanas à USG, com

predomínio de bócio difuso atóxico (30,7%). Ou seja, nesse município rural

encontrou-se alta prevalência de alterações tireoidianas. Julvez et al (2011)

realizaram uma coorte com 182 crianças acompanhadas até 5 anos e 6 meses de

idade. Foram avaliadas as concentrações de organoclorados no soro materno da

gestação e em seu leite, parâmetros clínicos da tireóide no soro materno e no

cordão e subsequentes resultados neuopsicológicos na criança com fatores sócio-

demográficos e relação de captação de T3 (T3RU ou Resin Uptake T3) estimada

pela quantidade de tiroxina globulina. Os resultados mostraram associações

consistentes inversamente proporcionais entre T3RU e exposição à organoclorados,

sugerindo que os OC podem diminuir a T3RU na vida precoce, o qu se associa a

transtornos do neurodesenvolvimento infantil.

No presente estudo, não foi encontrado nenhum relato de carcinoma

tireoidiano. Almeida et al. (1988) revisaram 40.478 exames anatomopatológicos,

encontrando 678 exames relativos a glândula tireóide, fazendo parte deste valor 491

bócios, 110 adenomas e 77 carcinomas, ou seja, apenas em 0,001925% das

autópsias foi encontrado carcinoma tireoidiano.

58 - 58 -

Também não ocorreram alterações em menores de 1 ano. Entretanto, cabe

salientar que o número de indivíduos nessa faixa foi muito pequeno, de apenas 6

crianças, das quais nenhuma foi considerada, tendo em vista que não estavam

incluídas na análise de cluster, por não terem preenchimento de todas as variáveis.

Dentre as 89 crianças e adolescentes até 19 anos deste estudo, nenhuma

apresentou diminuição de T3. Nenhuma criança apresentou diminuição de TSH na

faixa de 1 a 5 anos. 5 crianças de 6-9 anos apresentaram aumento de TSH, sem o

rebaixamento dos demais hormônios. No Brasil, a incidência de hipotireoidismo

congênito é de aproximadamente 0,04% (De Carvalho, T. M. et al., 2007), mas o

presente estudo não apresentava nenhum indivíduo menor de 1 ano analisável para

comparação desse dado. Canaris et al. (2000) realizou dosagem de TSH e T4 em

25.862 crianças no Colorado e observaram 9,5% de hipotireoidismo e 2,2% de

hipertireoidismo. Esses valores contrastam com os valores supracitados neste

estudo. Nascimento et al. (1997) realizaram estudo com 82.709 crianças com menos

de 3 meses de idade em Santa Catarina e encontraram 0,04% de prevalência com

relação 2 para 1 entre meninas e meninos. Mazhitova et al. (1998) avaliaram a

relação entre contaminantes clorados - bifenilas policloradas, DDT, DDE e dioxinas -

com o crescimento e a função tireoidiana em 12 crianças internadas da região do

Mar Aral, no Casaquistão, conhecido pela alta contaminação. Não foram

encontrados quaisquer tipo de comprometimento da tireóide pela dosagem de TSH e

tiroxina. Assim, embora tenham sido encontradas altas concentrações de β-HCH,

PCF e DDT extremamente elevadas em algumas crianças, não foi possível

estabelecer a correlação por não terem sido encontradas alterações. Ribas-Fitó et

al. (2003) analisaram associação entre exposição perinatal a OC e hormônios

tireoidianos em recém-nascidos em uma área poluída com hexaclorobenzeno,

59 - 59 -

através da análise de 98 pares de mães e recém-nascidos, correspondendo a 83,1%

de todas as crianças nascidas no período de 1997 a 1999. Dosou-se a concentração

de compostos organoclorados em 70 cordões umbilicais. Todos os recém-nascidos

apresentaram concentrações de TSH normais. O p,p'-DDE, betaclorociclohexano,

bifenilas policloradas relacionaram-se a maiores níveis de TSH, mas com

significância estatística apenas para hexaclorociclohexano. Maervoet et al. (2007)

analisaram as possíveis relações entre concentrações de poluentes ambientais e os

níveis de hormônios tireoidianos no sangue do cordão umbilical humano, através da

medição das concentrações de poluentes ambientais (bifenilas policloradas,

compostos de dioxina, hexaclorobenzeno, p, p'-DDE, cádmio e chumbo e hormônios

tireoidianos no sangue do cordão umbilical de 198 recém-nascidos. Eles

encontraram uma relação inversamente proporcional e estatisticamente

significante entre as concentrações de compostos organoclorados e níveis de ambas

as triiodotironina livre (T3 livre) e tiroxina livre (T4 livre), mas não hormônio

estimulante da tireóide, foi observado. Nascimento et al. (1997) evidenciaram, em

estudo realizado no período de julho de 1993 a dezembro de 1994 no estado de

Santa Catarina em que foi realizada dosagem de TSH em 82.709 recém-nascidos,

304 resultados anormais ou 0,36%, dos quais 34 tiveram diagnóstico de

hipotireoidismo congênito, com distribuição de sexos de 2 mulheres para cada

homem.

No que concerne a distribuição entre ambos os sexos, encontramos uma

relação entre homens e mulheres de 0,96. As mulheres apresentaram cerca de 2

vezes mais transtornos de TSH do que os homens, mas não encontramos

correlação estatísticamente significante entre os sexos. Goldner et al. (2012)

examinaram a associação transversal entre uso de organoclorados e risco de

60 - 60 -

hipotireoidismo e hipertireoidismo entre os cônjuges do sexo feminino (n=16.529) de

agricultores, em Iowa e Carolina do Norte inscritos no Agricultural Health Study

(Estudo de Saúde na Agricultura) em 1993 a 1997. Também foi avaliado o risco de

doença da tireóide em relação a nunca usar de herbicidas, inseticidas, fungicidas, e

fumigantes. A prevalência de doença de tireóide auto-referida diagnosticadas

clinicamente foi de 12,5%, e a prevalência de hipotireoidismo e hipertireoidismo foi

de 6,9% e 2,1%, respectivamente. Houve uma maior chance de hipotireoidismo com

uso frequente de inseticidas organoclorados (OR= 1,2; intervalo de confiança de

95% (CI): 1,0-1,6) e fungicidas (OR= 1,4; IC95%=1,1 - 1,8), mas nenhuma

associação com uso de herbicidas, fumigantes, organofosforados, piretróides ou

carbamatos. Rylander et al. (2006) dosaram concentrações séricas de CB-153 e p,

p'-DDE em 196 homens (idade média 59 anos, intervalo 48 - 82), ajustados por

valores do lipidograma. Análises hormonais no soro foram realizadas com

imunoensaios. O efeito da CB-153 e p, p'-DDE (como variáveis contínuas ou

categorizadas) foram avaliados por modelos de regressão linear, ajustando para

possíveis fatores de confundimento, tendo havido uma associação positiva

significativa entre p, p'-DDE e TSH. Um aumento de 100 lípido ng / g de p, p'-DDE

correspondeu a um aumento de 0,03 mU / l (IC 95% = 0,01 - 0,05) no nível de TSH.

Além disso, houve uma significativa associação negativa entre p, p'-DDE e estradiol.

Um aumento de 100 lípido ng / g de p, p'-DDE correspondeu a um decréscimo de

0,57 pmol / l (IC 95% = -1,0, - 0,12) no nível de estradiol. O valor de R² (Coeficiente

de determinação do modelo) foi de apenas 4%. Não foram observadas associações

entre qualquer um dos biomarcadores POP e outros hormônios. Esses resultados

apoiaram a hipótese de que a exposição POP podem afetar o eixo hipotálamo-

hipofisário em humanos, mas os dados epidemiológicos globais ainda não são

61 - 61 -

consistentes o suficiente para permitir quaisquer conclusões definitivas. Meeker,

Altshul e Hauser (2007) mediram os níveis séricos de 57 congêneres de PCBs, p,

p'-DDE e HCB, bem como Tlivre, T3 total e TSH em 341 homens adultos recrutados

de uma clínica de infertilidade de 2000 a 2003. Na regressão linear multivariada,

houve associação positiva entre p, p'-DDE e T4 livre e T3 total, e uma associação

inversa entre p, p'-DDE e TSH. Por outro lado, para o PCB, havia apenas uma

associação inversa entre PCB 153 e T3. No entanto, quando os resultados foram

também ajustados para p, p (')-DDE, associações inversas com T3 foram

significativas para PCB 138, PCB 153, somas de PCB e de três grupos diferentes

PCB e HCB, enquanto as associações positivas entre p, p (')-DDE e T3(também

permaneceram.

Não foram realizadas análises de cordão umbilical dos recém-nascidos na

área de Cidade dos Meninos e não obtivemos dados para menores de 1 ano. Freire

et al. (2010) avaliaram a associação entre a função da tireóide durante a gravidez ou

infância e do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças, investigando se em

recém-nascidos concentrações de TSH estão relacionados ao desenvolvimento

neurocognitivo subsequente, através de um estudo longitudinal em 178 crianças

nascidas de 2000 a 2002 em uma coorte em Granada (Espanha). As concentrações

de TSH foram medidas no sangue do cordão umbilical, e as funções cognitivas

foram avaliadas aos 4 anos de idade usando escalas MSCA (McCarthy Scales of

Children's Abilities). As concentrações de organoclorados (OC) também foram

determinadas na placenta. A média de TSH nos recém-nascido foi de 3,55 mU/l (]IC

95%=0,24-17mU/l). Em análises de regressão multivariada, o ajuste para

características maternas e da criança e maiores concentrações de TSH recém-

nascidos apresentaram um decréscimo de 3,51 e 3,15 pontos no MSCA em

62 - 62 -

dezenas de funções executivas, respectivamente, e foram associados com um risco

mais elevado de pontuação abaixo do percentil 20 na pontuação quantitativa (OR=

2,64). As crianças com TSH no quartil superior (4,19-17,0 mU/l) tiveram maior risco

de marcar um escore <P20 na memória (OR = 5,73), enquanto que crianças com

TSH no segundo quartil (2,05-2,95 mU/l) estavam em menor risco de atingir o

percentil 20 na escala verbal (OR=0,24). O TSH neonatal também foi associado com

a questão cognitiva geral e resultados de funções executivas, quando controlado por

exposição pré-natal para organoclorados. Freire et al. (2011) investigaram a

exposição pré-natal a pesticidas organocloradose e TSH em recém-nascidos do

sexo masculino no Sul da Espanha, através da análise de 17 compostos

organoclorados em placentas, que foram quantificados por cromatografia gasosa e

espectrometria de massa. O TSH foi medido no sangue do cordão umbilical. A

análise de regressão multivariada realizada para examinar a associação

entre exposição a pesticidas TSH, com ajuste para fatores de confusão conclui que

meninos recém-nascidos com maior exposição ao Endrin na placenta têm

chances maiores de terem maiores níveis de TSH no sangue do cordão (OR =2,05;

IC 95% =1,01 - 4,18; p= 0,05), enquanto maior exposição pré-natal ao endossulfam -

sulfato foi associado com menores valores de TSH (OR =0,36; IC 95% 0,17 - 0,77;

p= 0,008). A associação marginalmente negativa significativa foi encontrada entre os

níveis de TSH e hexaclorobenzeno (β =-0,15; IC95% =-0,31; 0,02; p= 0,09) e

exposição a p, p'-DDE mostrou razão de chances marginalmente significativos mais

elevados de TSH (OR=1,32; IC 95%=0,95 - 1,83; p= 0,09). Chevrier et al. (2008)

objetivou determinar se as concentrações sérias de bifenilas policloradas,

hexaclorobenzeno, p, p’-DDT e p’-DDT e p,p’diclorodifenil DDE dosadas em amostra

de soro de 334 gestantes em Salina Valley, California se relacionavam aos

63 - 63 -

hormônios TSH, T4 total e T4 livre, coletados entre outubro de 1999 e outubro de

2000. Os dados foram analisados por regressão linear múltipla. Após o ajuste para

covariáveis, 7 dos 19 PCB detectados em mais de 75% dos participantes e a soma

desses congêneres foi associado negativamente com as concentrações de tiroxina

livre. Concentrações de hexaclorobenzeno foram associado negativamente tanto

com tiroxina livre quanto com tiroxina total. Concentrações de PCB e

hexaclorobenzeno foram fortemente correlacionadas, o que prejudicou a capacidade

dos autores de identificar suas associações independentes com a função da tireóide.

Assim como em nosso estudo, nenhuma das exposições na Califórnia foi associada

com hormônio estimulante da tireóide. Lopez-Espinosa et al.(2009) investigaram a

associação entre a dosagem de DDE e PCBs no sangue e os níveis de TSH. Os OC

foram medidos em soro materno em 157 gestantes com 12 semanas, pertencentes a

uma coorte em Valencia, Espanha. Evidenciou-se que as mães com maiores níveis

de DDE tinham maior razão de chance de ter níveis maiores de TSH, mas não

ocorreu associação entre PCB e DDE e os níveis de TSH. Foram investigados os

níveis de PCB e PBDE e de hormônios tireoidianos no soro e sangue do cordão

umbelical de recém-nascidos no Hospital Johns Hopkins em 2004 e 2005. Em

recém-nascidos de parto vaginal, houve associação inversa entre PBDEs e PCBs e

níveis séricos de T4 e T3, mas não estatisticamente significativa (Herbstman et al.,

2008). Na mesma linha de seu estudo anterior, Lopez-Espinosa et al (2010)

propuseram-se a examinar a relação dos níveis séricos de cordão de 1,1,1-tricloro-2

,2-bis (4-clorofenil) etano (4,4 '-DDT), 1,1-dicloro-2,2-bis-etileno (4-clorofenil) (4,4 '-

DDE), β-hexaclorociclohexano (β-HCH), hexaclorobenzeno (HCB), quatro cogêneres

de bifenilas policloradas (118, 138, 153, e 180), e sua soma, com o hormônio

estimulante da tireóide neonatal em amostras de sangue em uma coorte de pares de

64 - 64 -

mães e recém nascidos em Valência, Espanha. Este estudo incluiu 453 crianças

nascidas entre 2004 e 2006. Mediu-se as concentrações de OC no soro de cordão

umbilical e TSH no sangue do recém-nascido logo após o nascimento. Associações

entre os níveis de TSH neonatal e a exposição pré-natal OC ajustados para

covariáveis foram avaliados através de análises de regressão linear multivariada. Os

níveis de TSH neonatal tenderam a serem maiores em recém-nascidos com níveis

de β-HCH no cordão umbilical acima do percentil 90 do que naqueles com níveis

abaixo da mediana. Não houve associação estatisticamente significativa entre o

restante dos ACOs e TSH no nascimento. Wang et al. (2005) avaliaram os níveis de

PCBs, dioxina, HCB, DDE, cádmio e chumbo e hormônios tireoidianos no sangue do

cordão umbilical de 198 recém-nascidos, comparando-os com os dados de história

reprodutiva de 118 gestantes entre 25 e 34 anos. Os autores encontraram

associação inversa entre T3 e T4 e os níveis séricos de OC. Não se encontrou

relação entre esses OC e TSH. Asawasinsopon et al (2006) investigaram a

associação entre níveis de organoclorados do soro materno e do cordão umbilical e

níveis de hormônios tireoidianos do cordão. Este estudo teve como objetivo

investigar a associação entre os níveis de OC no soro materno e do cordão, e a

associação entre OC e os níveis de hormônios tireoidianos no soro do cordão

umbilical. O estudo foi realizado com 39 pares mães e filhos do Distrito de Chiang

Mai, no norte da Tailândia, que tiveram parto normal e gestação a termo. O sangue

materno foi coletado para medir ACOs e lipídios totais. Sangue do cordão umbilical

foi coletado para a medição do OCS, lipídios totais e de hormônios da tireóide,

incluindo tiroxina total ,tiroxina livre e do hormônio estimulante da tireóide. 1,1-

dicloro-2 ,2-di (4-clorofenil) etileno (p, p'-DDE) apresentou o maior nível em todas as

amostras de soro com uma média geométrica de 1,191 ng/g lípidos no soro materno

65 - 65 -

e 742 ng/g de lipídios no soro do cordão umbilical. O segundo nível mais alto era de

1,1,1-tricloro-2 ,2-di (4-clorofenil) etano (p, p'-DDT), seguido por 1,1-dicloro-2 ,2-di (4

-clorofenil) etano (p, p'-DDD). Os níveis de p, p'-DDE, p, p'-DDT, p, p'-DDD, e dieldrin

no soro materno foram positivamente associados com os níveis soro (R = 0,86, 0,77,

0,66 e 0,60, respectivamente; P <0,001). Dallaire et al. (2008) investigaram o

impacto da passagem transplacentária de bifenilas policloradas e hexaclorobenzeno

em recém nascidos nas proximidades do Rio São Lourenço (n=260) e em Nunavik

(n=410) em Quebéc, Canadá, através da dosagem de T4, T3, TSH e tireoglobulina e

análise do sangue dos cordões umbilicais dos recém nascidos, não tendo

encontrado nenhuma associação estatisticamente significativa entre tais dosagens e

bifenilas policloradas ou HCB. O próprio estudo sugere que esse resultado se deveu

à algum fator protetor, como consumo de produtos ricos em iodo. Langer. et al

(2006) propuseram-se a estudar o volume da tireóide eo nível de TSH na população

residente na área com poluição múltipla por bifenilas policloradas (PCBs) e

pesticidas (DDE e hexaclorobenzeno - HCB). Um total de 454 adultos foi examinado

no âmbito da pesquisa de campo-piloto em 1998. Entre eles, estavam 237 homens

(faixa etária 19-78 anos, mediana 47) e 227 mulheres (faixa etária 19-78 anos,

mediana 48). Quinze congéneres ambientalmente prevalentes de bifenilas

policlorados e também p, p-DDE (2,2-bis (4-clorofenil) -1,1-dicloroetileno), p, p-DDT

(2,2-bis (4-clorofenil) - 1,1,1-tricloro-etano), hexaclorobenzeno (HCB), bem como

alfa-, beta e gama-hexaclorociclohexano (HCH) foram determinados no soro por. O

volume de tiróide foi medido por ultra-sonografia em tempo real. O nível de TSH foi

estimado pelo método imunoensaio. Coeficientes de correlação de Pearson, após

transformação logarítmica dos valores e coeficientes de correlação de Spearman

para avaliação estatística foram utilizados. Associação negativa significativa (p

66 - 66 -

<0,01) foi encontrada entre o tamanho das tireóides e TSH. Ao usar valores

categóricos PCB> 2000 (N = 208) ou> 3000 (N = 127) por concentração lipídica

(ng/g), associação positiva significativa (p <0,05 e p <0,01, respectivamente) foi

encontrada entre a soma de todos os organoclorados (PCB + DDE + HCB) e

tamanho glândular, enquanto que entre PCB e volume tireoidiano (p <0,01) foi

encontrada apenas nos níveis de PCB> 3000 ng/g de lipídios. Ao usar os

coeficientes de correlação Spearman, associação negativa significativa apareceu

entre PCB e TSH (p <0,05), soma de organoclorados e TSH (p <0,05) e tamanho de

tireóide e TSH (p <0,01).

Takser et al. examinaram os níveis de hormônios da tireóide durante a gravidez

e no sangue do cordão umbilical em relação à concentração sanguínea de

compostos organoclorados e mercúrio em mulheres previamente hígidas recrutadas

durante a gravidez. Encontraram uma correlação negativa estatísticamente

significativa entre os níveis maternos de triiodotironina totais e três não-coplanares

congêneres (PCB-138, PCB-153, e PCB-180), três pesticidas (p, p-DDE, cis-

nanoclor e hexaclorobenzeno) e mercúrio inorgânico de forma independente, sem

quaisquer outras alterações no estado da tireóide.

Dallaire et al. (2009) avaliaram a associação entre bifenilas policloradas e

seus metabólitos em 623 mulheres de etnia "Inuit" de Nunavik, Canadá, através da

dosagem desses composto (PCBs) no plasma e hormônios tireoidianos, concluindo

que a exposição a esses poluentes se associou à alterações dos níveis de T3 e

tireoglobulina circulantes. Dewailly et al.(1997) realizaram estudo em mulheres Inuit

da região Kativik da Província de Québec onde foram investigados os possíveis

efeitos da exposição intra-uterina à organoclorados sobre o estado de saúde dos

67 - 67 -

recém-nascidos, dentre eles os níveis de TSH, não se evidenciando associação

entre este desfecho e os níveis de OC. Nagayama et al. (1998) avaliaram a relação

entre dioxinas, PCDFs e PCBs no sangue periférico de 36 lactentes, e os níveis

destes OCs no leite materno. A dioxina relacionou-se de forma significativa a baixos

níveis de T3 e T4. Han et al. (2011) realizaram estudo caso-controle correlacionando

os níveis de PCBs, dioxinas e PBDEs e TSH em crianças de 6 a 8 anos, residentes

em uma área de reciclagem de lixo eletrônico, observando maiores índices de TSH

em crianças expostas que no grupo controle. O

Finalmente, a exposição intra-uterina pode ajudar a explicar a maior

prevalência de hipo e hipertireoidismo na população de 6 a 9 anos nascida em

Cidade dos Meninos. Wang et al. (2005) examinaram a associação entre os níveis

de bifenilas policloradas, dibenzofuranos, dioxinas e hormônios tireoidianos e

crescimento de recém-nascidos, em no sangue do cordão umbilical de 118

gestantes. Eles observaram correlação importante entre tiroxina, TSH e PCBs. (r=-

0,2, P <0,05).

Grande parte dos estudos já realizados que serviram como base de

comparação foram feitos com dosagens de substâncias químicas nas gestantes e

dos hormônios em recém-natos. (Wang et al., 2005; Ribas-Fitó et al., 2003). Além

disso, estes estudos utilizam população norte-americana ou europeia (Alvarez-

Pedrerol, 2008; Sukdolová et al., 2000; Chevrier et al.2008, Hangmar et al, 2001;

Ribas-Fitó et al., 2008; Dallaire et al., 2009; Herbstman, 2009), com padrão

demográfico diferente da de Cidade dos Meninos. As frequências de população e

seu respectivo percentual por faixa etária mostra que CM possui uma população

jovem, com predomínio discreto de mulheres e adultos jovens (28,83% da população

total). A grande limitação do estudo em questão é tratar-se de um estudo de

68 - 68 -

prevalência onde todos os indivíduos foram expostos, não havendo grupo de

comparação. Também não se dispôs de dados de ultrassonografia e cintilografia de

tireóide. Outra limitação do estudo foi não haver dosagem dos marcadores

biológicos de exposição - as dosagens sanguíneas ou em lipídeos dos

organocloraodos- tendo a análise associativa sido feita por escores de exposição,

de maneira indireta.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia pondera que, para

diagnóstico de hipo e hipertireoidismo somente são necessários T4 livre e TSH.

Nesses casos, o T4 total, do qual não dispusemos, pode ser usado na discordância

entre o TSH e o T4 livre, sendo o T3 total ou livre útil para avaliar a etiologia da

patologia tireoidiana. (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 2012)

Além disso, o trabalho foi feito num banco de dados que não dispuha de

informações clínicas relevantes. Sendo assim, não houve análise da clínica - sinais e

sintoas - dos pacientes expostos. A análise de exame físico contida no banco

também não fez menção à nenhuma cicatriz ou nódulo tireoidiano. Também não foi

possível a obtenção de dados de saúde anteriores à exposição. Sendo assim, não é

possível saber se houve ou não piora do quadro de saúde relacionado com os

hormônios deste estudo.

69 - 69 -

70 - 70 -

7.0 Conclusão

O estudo em questão objetivou analisar as concentrações dos hormônios

tireoidianos e correlacioná-los às características sócio-demográficas da população

exposta aos compostos organoclorados identificados na área de Cidade dos

Meninos, bem como associá-las com padrões de exposição desses compostos.

Ele evidenciou uma prevalência de transtornos tireoidianos na população de

Cidade dos Meninos semelhante à observada na população não exposta. As

alterações da tireóide são de suma importância para o desenvolvimento neonatal, na

medida em que podem gerar aumento de transtornos do neurodesenvolvimento

infantil, como cretinismo. Esses mesmos transtornos nos adultos e nos idosos

também são grandes causas de morbimortalidade.

No presente estudo, o modelo de regressão linear ajustado para sexo, idade,,

nascimento em Cidade dos Meninos se mostrou correlacionado aos níveis

hormonais T3, T4 e TSH com significância estatística, embora os valores de β1 e R²

tenham sido pequenos. Ficou evidenciada uma maior prevalência de alterações

hormonais nas classes com renda familiar mais baixa e nas pessoas que nasceram

em Cidade dos Meninos à exposição aos organoclorados.

As limitações do estudo não nos permitem fornecer certeza de que os

trantornos encontrados se devem apenas à exposição aos organoclorados. Faz-se

necessário o desenvolvimento de novos estudos para avaliação endócrino-

reprodutiva dessa população, principalmente no que concerne a avaliação

utrassonográfica e cintilográfica da glândula em questão. Além disso, é importante o

acompanhamento do desenvolvimento neurológico das crianças onde foram

71 - 71 -

encontradas alterações hormonais, para evitar transtornos do desenvolvimento e

não afetadas, para que, caos desenvolvam alterações tireoidianas tenham o seu

diagnóstico o mais brevemente possível.

72 - 72 -

73 - 73 -

8.0 Referências:

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90 - 90 -

91 - 91 -

9.0 Anexos

Anexo I - Questionários

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Anexo II - Termo de consentimento

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Etapas / Tempo

2010 2011 2012

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Elaboração do Projeto

Montagem do Banco de dados

Digitação dos Dados dos Questionários

Limpeza do banco

Qualificação do Projeto

Análise Descritiva dos dados

Elaboração da modelagem estatística

Análise Multivariada dos Dados

Elaboração do Relatório Final de Dissertação

Defesa Final

Anexo III - Cronograma