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Alterações na composição corporal, tensão arterial e perfil lipídico de crianças e adolescentes participantes no Programa de Intervenção “Projeto ACORDA. Orientadora: Professora Doutora Luísa Aires Co-orientador: Professor Doutor Jorge Mota Orientando: Ronaldo Belchior de Albuquerque Melo Porto, Maio 2013 Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de mestre em Atividade Física e Saúde, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto ao abrigo do Decreto de Lei nº. 74/2006 de 24 de Março.

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Alterações na composição corporal, tensão arterial e perfil

lipídico de crianças e adolescentes participantes no Programa

de Intervenção “Projeto ACORDA”.

Orientadora: Professora Doutora Luísa Aires

Co-orientador: Professor Doutor Jorge Mota

Orientando: Ronaldo Belchior de Albuquerque Melo

Porto, Maio 2013

Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau

de mestre em Atividade Física e Saúde, da Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto ao abrigo do Decreto

de Lei nº. 74/2006 de 24 de Março.

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Ficha de Catalogação

Belchior, R.A.M (2013). Alterações verificadas na composição corporal, tensão

arterial e perfil lipídico de crianças e adolescentes participantes no Programa

de Intervenção “Projeto ACORDA”. Porto: R. Belchior. Dissertação de Mestrado

para obtenção do grau de mestre em Atividade Física e Saúde, apresentada à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-Chave: Composição Corporal, Crianças, Adolescentes, Projeto

Acorda

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“Se a gente quiser modificar alguma coisa, é pelas crianças que

devemos começar, por meio da Educação”

Ayrton Senna

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Agradecimentos

- Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade de viver em Portugal,

especialmente na cidade do Porto. Por ter me proporcionado conviver com

pessoas maravilhosas nesta cidade e pelas maravilhas que aconteceram na

minha vida ao longo desses dois anos.

- A minha querida e amada mãe Emília Belchior por todos os sacrifícios feitos

para me proporcionar esta experiência do Mestrado, por todas as conversas de

estimulo. A partir dos seus gestos eu posso sentir e perceber o que é o

verdadeiro amor incondicional. Qualquer palavra é incapaz de descrever toda

admiração, respeito, carinho, orgulho e amor que sinto por ela.

- Aos meus avós Manuel e Maria de Lourdes Belchior por mesmo não

concordando com a minha vinda a Portugal não deixaram de ajudar-me no

custeio deste projeto, inclusive pagando meu mestrado. E também por eles

terem me ensinado o sentido das palavras humildade, serviço, sinceridade e

família. Amo-os muito.

- Ao meu querido e amado pai Ronaldo Oliveira, minhas irmãs Juliana e Carol,

pelo apoio, carinho e demonstração de amor.

- A minha esposa Maria Alice Belchior pelo companheirismo, amizade, carinho,

dedicação, muita paciência para comigo neste tempo. Sem ela eu jamais teria

conseguido realizar esta obra.

- A minha orientadora professora Dra. Luísa Aires por toda sua dedicação,

apoio e compromisso com os quais me orientou nesta obra. Pela forma

paciente com que me orientava sempre me ajudando e respondendo as

dúvidas no menor tempo possível. A professora Luísa é uma daquelas pessoas

que fazem o trabalho valer a pena, pela alegria, compromisso, justiça e

sabedoria com que conduz o projeto. Foi muito gratificante e de grande valia ter

sido orientado por ela. Muitíssimo obrigado por tudo.

- Ao Dr. Gustavo pelas boas conversas e orientações durante as avaliações e

no pátio da FADEUP.

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- A toda minha Família Portuguesa, em particular o Manelito e Fátima, as Tias

Emilia e Maria, Tio João e toda família de Vila Real e Sabrosa por toda

dedicação, carinho e amor que desde miúdo sempre tiveram comigo.

- A todos meus colegas de mestrado, especialmente ao Marcus Túlio, Filipa,

Cristiana e Leandro pela amizade e companheirismo.

- A Alessandra e Gabriel pela amizade e orações.

- A todos os professores e funcionários da FADEUP, especialmente os

Professores José Alberto Duarte, Jorge Bento, José Carlos Ribeiro, Maria

Paula Santos e a Patrícia da Biblioteca por sempre estar a disposição quando

precisei solicita-los.

- Ao meu co-orientador Jorge Mota pela sua simplicidade, receptividade e

rapidez com que respondia minhas questões.

- A todos meus ex-professores da UFPE, especialmente os professores Dr.

Paulo Carvalho, Pedro, Edilson e Vilde.

- A todos os meus amigos em especial Hugo Borba, Marcio, Edgar, Luiz,

Felipe, Bruna, Plinio, Edson, Giovanni, Taciana, Bruno, Tiago, Beta, Felipinho,

Nanda, Lívia, Carol, Vanessinha, Manu Balbino, Navila, Augusto, Rebeca, Ana

Karla E Bruno Simões por todo apoio e incentivo para que eu fosse firme e

conseguisse superar todas as dificuldades.

- A todos os pais e crianças participantes do projeto ACORDA fica aqui meu

reconhecimento que sem a boa vontade, compromisso e renuncia de vocês

este trabalho jamais poderia ter sido realizado. Fica um muito obrigado por

todos os momentos de aprendizado e alegria durante as avaliações.

- A todas as escolas que fazem parte do Projeto ACORDA.

- Por fim, mas não menos importante, aos meus cunhados João, Claudio, Aline,

Amélia, Luis e aos meus sogros José e Ângela por todo apoio e carinho que

sempre demonstraram a mim.

- A todas as pessoas que contribuíram para esta obra e por algum motivo eu

possa estar esquecendo, fica um muito obrigado.

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Índice Geral

Agradecimentos ................................................................................................. v

Índice de Figuras ................................................................................................ ix

Índice de Tabelas ............................................................................................... x

Resumo .............................................................................................................. xi

Abstract ............................................................................................................ xiii

Lista de abreviações ......................................................................................... xv

CAPÍTULO I: ................................................................................................ 1

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.Introdução ....................................................................................................... 3

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA ................................................. 5

2. Revisão de Literatura ..................................................................................... 7

2.1 Obesidade Infantil ..................................................................................... 7

2.1.2 Causas e consequências da obesidade ................................................. 9

2.2 Composição corporal .............................................................................. 10

2.2.1 Métodos para avaliação da composição corporal ................................ 11

2.3. Obesidade, Tensão Arterial e Hipertensão. ........................................... 14

2.3.1 Tensão Arterial ..................................................................................... 14

2.3.2 . Tipos de Tensão arterial .................................................................... 14

2.3.3. Hipertensão Arterial ............................................................................ 16

2.3.4. Obesidade e Hipertensão ................................................................... 18

2.4. Colesterol, Triglicerídeos, glicose .......................................................... 18

2.4.1. Definição ............................................................................................. 18

2.4.2. Tipos de diabetes e epidemiologia ...................................................... 20

2.4.4. Consequências e Tratamento da Diabetes ......................................... 22

2.4.5. Colesterol ............................................................................................ 23

2.4.6. Triglicérides ......................................................................................... 25

2.5. Dislipidemia ............................................................................................ 26

2.6. Benefícios e recomendações mundiais para prática de atividade física 27

2.6.1. Benefícios da atividade física .............................................................. 27

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2.6.2. Recomendações mundiais para atividade física em crianças e

adolescentes ................................................................................................. 28

2.6.4. Dislipidemias, obesidade, e exercício. ................................................ 29

2.6.5. Intervenção ......................................................................................... 30

CAPÍTULO III: OBJETIVOS E METODLOGIA ........................................... 33

3. Objetivos ...................................................................................................... 35

3.1 Objetivo geral do estudo ......................................................................... 35

3.2 Objetivos específicos .............................................................................. 35

4. Material e Métodos ....................................................................................... 36

4.2 Procedimentos para avaliações .............................................................. 36

4.3 Projeto ACORDA .................................................................................... 37

4.3.1 Programa de exercício físico ................................................................ 37

4.4 Procedimentos estatísticos ..................................................................... 38

CAPÍTULO IV: RESULTADOS, DISCUSSÃO, CONCLUSÃO E

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 41

5. Resultados ................................................................................................... 43

5.1. Caracterizações da amostra .................................................................. 43

5.2. Comparação dos dois momentos de avaliação..................................... 45

5.3 Caracterização do HOMA e análise estatística ....................................... 48

6. Discussão ..................................................................................................... 51

7. Conclusão .................................................................................................... 57

8. Referências .................................................................................................. 59

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Índice de Figuras

- Figura 1. Percentagem da amostra de acordo com o gênero 43

- Figura 2. Alterações no IMC entre a 1ª e 2ª avaliações 44

- Figura 3. Percentagem da amostra por faixa etária 44

- Figura 4. Alterações do HOMA entre as avaliações 49

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Índice de Tabelas

-Tabela 1. Prevalência do peso normal, sobrepeso e obesidade

por áreas geográficas em Portugal 8

-Tabela 2. Ponto de corte para perímetro da cintura em crianças

Portuguesas 13

-Tabela 3. Classificação da Tensão Arterial 15

-Tabela 4. Classificação do Colesterol Total 24

-Tabela 5. Classificação do Colesterol LDL 24

-Tabela 6. Classificação do colesterol HDL 25

-Tabela 7. Classificação dos triglicerídeos 26

-Tabela 8. Percentagem da amostra de acordo com IMC nos

dois momentos 43

-Tabela 9. Caracterização da amostra e comparação das variaveis

em estudo separados por gênero 45

-Tabela 10. Comparação de todas as variaveis em estudo nos

dois momentos de avaliação 46

-Tabela 11. Comparação das variaveis em estudo de acordo

com faixa etária 47

-Tabela 12. Comparação das variáveis entre os grupos etários 48

-Tabela 13. Caracterização da amostra e Comparação

do HOMA entre as avaliações 49

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Resumo

A obesidade infantil é um grave problema de saúde pública, e está definida

como aumento da gordura corporal, acima do qual o risco de doença aumenta.

Estima-se que no mundo haja 500 milhões de pessoas com obesidade, desses,

40 milhões são crianças menores de 5 anos. As principais causas da

obesidade são sedentarismo e uma alimentação desequilibrada, e está

associada a outros fatores de risco como: Hipertensão arterial, diabetes,

dislipidemias, síndrome metabólica, asma, doenças cardiorrespiratórias e

psicossociais. Portugal tem uma das maiores taxas de obesidade infantil da

Europa. A hipertensão arterial, classificada como a terceira causa na redução

da qualidade e dos anos de vida, afeta já uma percentagem preocupante de

crianças e adolescentes. O principal objetivo deste estudo foi analisar as

alterações observadas na composição corporal perfil lipídico, HOMA e tensão

arterial em crianças participantes de um programa de intervenção para

prevenção e tratamento da obesidade, através do aumento da prática de

exercícios físicos regulares.

Para isso recolheu-se dados antes e após o programa de intervenção

denominado “Projeto ACORDA”. A amostra foi composta por 68 crianças dos 6

aos 19 anos, sendo 42,6% de meninos e 57,4% de meninas. Foram avaliados

o peso, altura e perímetro da cintura, a % de massa Gorda e % de gordura do

tronco (através do DEXA). Foram também recolhidas amostra de sangue, para

análise do perfil lipídico e foi medida a tensão arterial.

A partir do T-Test para amostras emparelhadas, foram encontradas diferenças

significativas entre as duas avaliações em: altura, peso, perímetro da cintura, %

de massa gorda do tronco, tensão arterial sistólica, colesterol total e glicose.

Os valores médios da % de massa gorda do tronco, tensão arterial sistólica,

glicose e colesterol reduziram significativamente. Os triglicerídeos e tensão

arterial diastólica mostraram uma tendência de redução, contudo não foram

verificadas diferenças significativas. A partir da ANOVA foram observadas

diferenças significativas entre as faixas etárias, (Δ)Delta da Tensão arterial

sistólica do grupo de 12-19 anos foi diferente do grupo de 9-11 anos, e o

ΔColesterol do grupo de 9-11 anos foi diferente do grupo de 12-19 anos.Os

resultados obtidos mostraram que um programa de intervenção com o objetivo

de aumentar os níveis de atividade física, pode contribuir para a redução da

massa gorda em crianças e adolescentes com excesso de peso e obesidade.

Palavras Chave: Obesidade Pediátrica, Composição Corporal, Perfil Lipídico,

Tensão arterial, Intervenção

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Abstract

Child obesity is a serious public health concern defined as the increase of body

fat, contributing to the risk of sicknesses. It is estimated that forty million, from

five hundred million obese people worldwide, are children under five years of

age. The main causes of obesity are lack of physical exercise and unbalanced

eating habits, associated with other risk factors such as: blood pressure,

diabetes, dyslipidaemias, metabolic syndrome, asthma, cardiorespiratory and

psychosocial diseases. Portugal has one of the highest child obesity rates

inEurope. Elevated blood pressure is classified as the third cause in reducing

quality and lifetime, affecting a concerning percentage of children and

adolescents. The main purpose of this study was to analyse changes between

baseline and second evaluation in body composition, lipid profile, HOMA, and

blood pressure in children attending an intervention program for obesity

treatment and prevention, through the increase of physical exercise in a regular

basis. To conduct the study, data were collected before and after the

intervention program named “ACORDA Project”. The sample comprised 68

children and adolescents aged 6 to 19 years old, (57,4% girls). Weight, height,

waist circumference, percentage of fat mass and percentage of trunk fat

(through DEXA) were evaluated. Blood samples were also collected for the lipid

profile and the blood pressure was measured. Pared-sample T-Test , was used

to analyse differences for: height, weight, waist circumference, percentage of fat

mass, trunk fat, systolic blood pressure, glucose and cholesterol. Mean values

of the percentage of fat mass, trunk fat, systolic blood pressure glucose and

cholesterol decrease significantly. Triglycerides and diastolic blood pressure

showed a decreasing trend, however, considerable differences were not

verified. ANOVA was used to analyse significant differences between age

groups. The (Δ) Delta systolic blood pressure of group 12-19 years was

different group of 9-11 years, and ΔColesterol group 9-11 years was different

from group of 12-19 years . Our results showed that an intervention program

with the purpose to increase levels of physical exercise, could contribute to the

reduction of fat mass in obese and overweight children and adolescents.

Keywords: Childhood Obesity, Body Composition, Lipid Profile, Blood Pressure,

Intervention.

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Lista de abreviações

AVC – Acidente Vascular Cerebral

ACORDA – Adolescentes e Crianças Obesas em Regime de Dieta e Atividade

Física

CIAFEL – Centro de Investigação, Atividade Física, Saúde e Lazer

CT – Colesterol Total

DCV – Doenças Cardiovasculares

DEXA – Dual Energy Xray Absorptiometry

EDTA – Ácido Etilenodiaminotetracético

Fig – Figura

HDL – Lipoproteína de Alta Densidade

HOMA – Homeostasis Model Assessment

LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade

LP(A) – Lipoproteína (a)

IMC – Índice de Massa Corporal

NIH – National Institutes of Heatlh

MG – Massa Gorda

PC – Perímetro da Cintura

SNC – Sistema Nervoso Central

SPSS – Statistical Packege for The Social Sciences

TA – Tensão Arterial

TAD – Tensão Arterial Diastólica

TAM – Tensão Arterial Média

TAS – Tensão Arterial Sistólica

WHO – World Health Organization

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CAPÍTULO I:

INTRODUÇÃO

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1.Introdução

1.1 Propósito e finalidade do estudo

A obesidade é um grande problema de saúde pública, na qual é vista, ao

lado do cigarro, como a maior causa evitável de doenças. Associado a ela

ocorrem diversas morbidades, tais como: doenças cardiovasculares,

hipertensão arterial e dislipidemias. Contudo há décadas sabe-se que a

obesidade é causada por uma maior ingestão de calorias do que o seu

dispêndio, no entanto, o fato de conhecer suas causas e consequências parece

não implicar na redução do número de obesos.

A obesidade infantil também está em crescimento, o que pode ser

explicado pelo aumento do comportamento sedentário e maior acesso a

alimentos pobres em nutrientes e ricos em gorduras saturadas (Anderson &

Butcher, 2006).

Estudos mostram a importância de investir em intervenções que visem

aumento do dispêndio energético com o intuito de diminuir o comportamento

sedentário e, como consequência, tentar reverter ou travar o crescimento da

obesidade infantil. Pois, apesar da dificuldade em quantificar e estratificar os

riscos da obesidade em crianças, já é certo que há uma tendência das crianças

obesas tornarem-se adultos obesos. (de Onis et al., 2013; Freedman et al.,

2009).

Promover intervenções com este propósito e verificar a fiabilidade dos

benefícios encontrados é muito importante para saber quais os melhores

procedimentos, duração e intensidade de exercícios a serem inseridos dentro

dos programas de intervenção.

A principal finalidade deste trabalho foi verificar e analisar as diferenças

encontradas após um programa de intervenção com acréscimo de atividade

física em crianças, observando principalmente se houve alterações da

composição corporal, da tensão arterial e do perfil lipídico.

.

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1.2 Estrutura do estudo

Para maiores esclarecimentos e com a intenção de responder aos

objetivos antes propostos, o estudo obedeceu a seguinte estrutura: o primeiro

capítulo contém uma introdução breve, apresentando de forma sucinta e clara

o propósito e a finalidade deste estudo, mostrando de forma resumida sua

composição.

O segundo capítulo compreende a construção da revisão da literatura,

onde são vistos os aspectos principais da obesidade infantil e suas

consequências, métodos para avaliar a composição corporal, tensão arterial e

hipertensão, glicose e diabetes, colesterol, triglicerídeos e dislipidemia e por fim

um breve comentário sobre a intervenção e seus benefícios.

No terceiro capítulo encontram-se os objetivos principal e secundário, e

todo o material e metodologia utilizada para este estudo.

O quarto capítulo diz respeito à apresentação dos resultados e

discussão encontrados, seguidos das principais conclusões e por fim as

referências utilizadas neste trabalho.

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CAPÍTULO II: REVISÃO

DE LITERATURA

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7

2. Revisão de Literatura

2.1 Obesidade Infantil

Durante muitos anos a obesidade foi vista como sinônimo de beleza, bem

estar, alto nível social e poder. Hoje, é vista como um importante problema de

saúde pública, pelo seu impacto na expectativa de vida e qualidade de vida do

obeso. É considerada, ao lado do tabagismo, a principal causa de morte

evitável. É a doença crônica de maior crescimento mundial, com graves

consequências para todas as faixas etárias e níveis sociais (Viuniski, 2005, p.

1).

A obesidade infantil é considerada uma doença crônica, epidêmica e

crescente nas últimas décadas, caracterizada pelo aumento da gordura

corporal. Em 2008 havia 1,4 bilhões de pessoas com excesso de peso, 200

milhões de homens e 300 milhões de mulheres eram obesos, desse número

destaca-se que 40 milhões de crianças menores de cinco anos têm obesidade.

65% da população mundial vive em países onde a obesidade e o sobrepeso é

mais letal do que a desnutrição (World Health Organization, 2012).

A obesidade é causadora de diversas doenças crônicas como doenças do

coração, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e doenças respiratórias

(Bouchard, 2003, p. 45). Segundo a Organização Mundial da saúde (WHO)

essas doenças provocaram 38 milhões de óbitos em todo mundo no ano de

2005, o dobro das mortes provocadas por doenças infecciosas (World Health

Organization, 2013d). Um estudo realizado em 25 países relata o crescimento

da obesidade infantil ao longo dos anos, mostrando que a América do Norte, a

Europa e a Região ocidental do Pacifico têm prevalências entre 20% a 30% de

crianças com sobrepeso ou/e obesidade. Países em desenvolvimento como

Brasil, México, Egito e Chile obtiveram índices de obesidade infantil

semelhantes aos países desenvolvidos, no entanto países do sudeste asiático,

África subsaariana, norte da África, Médio Oriente, Américas do Sul e Central

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tiveram uma menor prevalência de obesidade em crianças (Wang & Lobstein,

2006).

Na Europa há diferenças entre regiões e países, na região do mediterrâneo

o sobrepeso e obesidade estão presentes em 41% das crianças em idade

escolar, enquanto no restante da Europa a prevalência é de 38% (Wang &

Lobstein, 2006). Um estudo recente na Espanha aponta para a prevalência de

sobrepeso de 23,01% em garotas e 20,81% em garotos de 9 a 17 anos, e na

obesidade cerca de 12,70% nas meninas e 4,98% nos rapazes (Aguilar

Cordero et al., 2012).

Portugal tem uma das maiores taxas de obesidade infantil da Europa

(Padez et al., 2004). Em Portugal os valores para sobrepeso são idênticos aos

da Espanha, onde a prevalência de sobrepeso e obesidade é cerca de 23,1% e

9,6 nas meninas e 20,4 % e 10,3 nos rapazes respectivamente (Sardinha et al.,

2011). No entanto, há diferenças consideráveis entre as regiões, a região do

Alentejo e Centro têm 16,4 % de sobrepeso enquanto a Região Norte tem

18,5%, como observado na tabela abaixo (Sardinha et al., 2011):

TABELA 1. Prevalência do peso normal, sobrepeso e obesidade por áreas

geográficas em Portugal.

Região IMC (IOTF) Total de crianças n

(%)

Garotas (%) Rapazes (%) p ª

Alentejo n = 1 583

PesoNormal Sobrepeso Obesidade

1 246 (78.7) 260 (16.4)

77 (4.8)

650 (77.9) 142 (17.0)

42 (5.0)

595 (79.7) 118 (15.8)

34 (4.6)

0.69

Algarve n =1 823

PesoNormal Sobrepeso Obesidade

650 (78.9) 138 (16.7)

36 (4.3)

336 (77.2) 76 (17.5) 23 (5.3)

314 (80.7) 62 (15.9) 13 (3.3)

0.30

Centro n =5 144

PesoNormal Sobrepeso Obesidade

4 072 (79.2) 843 (16.4) 229 (4.4)

2 125 (80.1) 428 (16.1) 101 (3.8)

1 947 (78.2) 416 (16.7) 128 (5.1)

0.05

Lisboa n = 5 376

PesoNormal Sobrepeso Obesidade

4 120 (76.6) 901 (16.8) 355 (6.6)

2 131 (77.1) 463 (16.8) 169 (6.1)

1 989 (76.1) 438 (16.8) 186 (7.1)

0.33

Norte n =9 122 PesoNormal Sobrepeso Obesidade

6 988 (76.6) 1 684 (18.5)

450 (4.9)

3 661 (78.2) 824 (17.6) 194 (4.2)

3 327 (74.9) 860 (19.4) 256 (5.8)

< 0.001

IMC: índice de massa corporal segundo os pontos de corte propostos pelo IOTF (Internacional Obesity

Task Force) acompara os gêneros dentro das regiões com o Teste do qui-quadrado. (Retirado de Sardinha et al, 2011)

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Na tabela acima é possível observar diferenças entre os gêneros tanto no

sobrepeso como na obesidade. Nas regiões de Lisboa, Norte e Centro há

maior número de rapazes obesos do que raparigas, porém nas regiões do

Alentejo e Algarve acontece o inverso. Há discrepâncias quando o gênero é

isolado entre as regiões: a região centro tem uma percentagem de garotas

obesas inferior à de Lisboa, e no caso dos rapazes a região da grande Lisboa

também tem maior predominância de obesos com 7,1%, enquanto o Algarve

são 3,3%. Na Região de Lisboa há a maior predominância de crianças obesas

com 6,6% enquanto a Região Norte há maior número de crianças com

sobrepeso 18,5 % (Sardinha et al., 2011).

2.1.2 Causas e consequências da obesidade

A obesidade infantil acontece devido à maior ingestão de calorias em

relação ao seu gasto, com desenvolvimento, metabolismo e exercício físico. A

ingestão de calorias em quantidade superior às utilizadas para o funcionamento

das necessidades do organismo, será armazenada na forma de triglicérides

conduzindo progressivamente ao sobrepeso e à obesidade. Há fatores que

cooperam para o desenvolvimento da obesidade infantil, como: o ambiente, a

predisposição genética e o fator comportamental (Karnik & Kanekar, 2012).

Do fator ambiente destaca-se o papel dos pais na condução das dietas e

níveis de exercício físico das crianças. Embora não resulte para todas as

famílias e crianças, estudos indicam a redução do índice de massa corporal

das crianças quando os pais controlam e determinam o estilo de vida,

regulando a dieta e promovendo o aumento da atividade física (Heinberg et al.,

2010).

Os fatores genéticos contribuem para uma maior suscetibilidade da

obesidade, pois influenciam o metabolismo. Hoje, são conhecidos mais de 20

genes diretamente ligados a obesidade e outros 100 ainda estão em estudo

(Viuniski, 2005, p. 1).

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Há muitos anos que os riscos da obesidade são conhecidos pela

comunidade científica, e são evitáveis, porém de difícil controle e vem se

mostrando complicado erradicar, tendo em vista o crescente número de adultos

e crianças obesas. As principais consequências da obesidade infantil são:

aumento da probabilidade de desenvolver doenças cardíacas, aumento da

tensão arterial, maior probabilidade de desenvolver síndrome metabólica,

dislipidemia, maior suscetibilidades à Diabetes tipo II, distúrbios psicossociais e

de forma indireta, maiores gastos com tratamentos de saúde por parte do

estado (Bouchard, 2003, p. 253; McArdle et al., 2007, p. 848). Outro fator

preocupante é a correlação da obesidade infantil com a obesidade em adultos,

segundo Freedmam et al, (2009) (2007)24% a 90% das crianças com excesso

de peso e obesidade serão adultos obesos, e isso é potencializado se a

obesidade prevalecer até à adolescência.

2.2 Composição corporal

Para enfrentar este problema associado aos fatores de risco das

doenças cardiovasculares DCV, sociedade e governo devem ser capazes de

monitorar a população e detectar os indivíduos em risco, bem como avaliar a

efetividade dos programas de intervenção física e nutricional .

Atualmente, há vários métodos disponíveis que permitem avaliar a

composição corporal: antropometria, ressonância magnética, bioimpedância

elétrica, Hidrodensitometria, pletismografia (Bod Pod), Dual Energy x-Ray

Absorptiometry (DEXA), tomografia axial computorizada, entre outros. A

seleção destes métodos deverá respeitar o que é pretendido; podem servir

para a validação de outros métodos indiretos, para a avaliação global ou parcial

do corpo. No entanto, nem todos os métodos são apropriados para a prática

no terreno, pois devem ser considerados fatores como os custos, a

disponibilidade do equipamento, morosidade e a facilidade de aplicação (Pinto

et al., 2005).

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2.2.1 Métodos para avaliação da composição corporal

As várias técnicas de avaliação composição corporal podem ser

divididas em diretas e indiretas. A dissecação de cadáveres é uma das técnicas

de avaliação direta mais utilizada através da dissolução do corpo em uma

solução química para determinar sua mistura de componentes de massa gorda

e massa isenta de gordura (McArdle et al., 2007, p. 790), ou dissecando

fisicamente a gordura, o músculo e o osso. Pesquisas recentes avaliaram

quimicamente a composição corporal em várias espécies animais, mas poucos

estudos determinaram diretamente o conteúdo de gordura nos seres humanos.

Porém, estas análises exigem um equipamento laboratorial especializado,

envolvem questões éticas e obstáculos legais para obter cadáveres com

finalidade de pesquisa (McArdle et al., 2007; p. 790).

Diversos procedimentos indiretos determinam a composição corporal.

Um deles envolve o principio de Arquimedes aplicado à pesagem hidrostática.

Esse método calcula o percentual de gordura a partir da densidade do corpo

imerso na água. Outros procedimentos permitem prever a gordura corporal a

partir da mensuração das pregas cutâneas, dos perímetros da cintura e anca,

do Dual-energy X-ray DEXA ou absorciometria de raio-x de dupla energia, da

condutividade elétrica corporal (bioimpedância), da interactância quase

infravermelha, do ultrassom, da tomografia computadorizada, da pletismografia

com ar e do mapeamento por ressonância magnética (McArdle et al., 2007, p.

791; Powers & Howley, 2004, pp. 364-365).

O DEXA quantifica de maneira fiável e precisa, a gordura e a massa

corporal magra regional não óssea, incluindo o conteúdo mineral das estruturas

ósseas mais profundas do corpo. Quando utilizado para composição corporal o

DEXA não depende de conjecturas acerca da constância biológica dos

componentes “massa gorda” e “massa isenta de gordura”, que são inerentes

para a pesagem hidrostática. Pode ainda ser realizado para analisar a

osteoporose e possíveis distúrbios ósseos (McArdle et al., 2007, p. 808) .

O princípio subjacente de DEXA estabelece que as áreas de ossos e de

tecidos moles podem ser penetradas até uma profundidade de

aproximadamente 30 cm por dois picos distintos de energia provenientes de

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uma fonte de isótopos de alta afinidade – gadolínio 153 . A penetração é

analisada por um detector de cintilação. O exame deve ser realizado com o

indivíduo deitado em decúbito dorsal sobre uma mesa, onde a fonte e o

detector são passados através do corpo com uma velocidade relativamente

lenta de 1cm/s. Em média o mapeamento do DEXA de todo o corpo pode levar

cerca de 12 minutos, conforme o protocolo de avaliação que for executado (de

Mello et al., 2005).

Apesar dos inúmeros estudos comprovando a eficácia do DEXA para

avaliar massa gorda, massa magra e massa óssea (de Mello et al., 2005), esse

método apresenta algumas dificuldades para seu uso. É uma técnica com

custo elevado, sendo necessária uma pessoa capacitada para manusear o

aparelho e interpretar seus dados (Braulio et al., 2010).

Dentre os métodos para avaliação da composição corporal destaca-se o

perímetro da cintura (PC), que segundo a Sociedade Internacional para o

Avanço da Cineantropometria (Fragoso & Vieira, 2011, p. 38) define-se como

circunferência obtida no plano horizontal e na zona de menor dimensão entre o

bordo inferior da grelha costal e crista ilíaca. Entretanto há diversas formas de

avaliar o PC, método este que vem se mostrando fiável na correlação com

obesidade, síndrome metabólica, e risco para doenças cardiovasculares

(Spolidoro et al., 2013; Vakil et al., 2012; Zhang & Wang, 2013).

Em crianças é complicado haver uma classificação mundial para PC

como acontece em adultos, tendo em vista as especificidades de cada idade,

gênero e população. Apesar desta dificuldade existem vários estudos a

determinar pontos de corte para crianças: nos Estados Unidos foi realizado um

estudo para definir pontos de corte em crianças afro-americanas, latino-

americanas e europeu-americana (Fernandez et al., 2004). No Reino Unido foi

realizado um estudo de ponto de corte para perímetro da cintura em crianças, e

concluíram que era necessário e prudente desenvolver padrões representativos

em crianças de todas as etnias (McCarthy et al., 2001). Nas crianças o

perímetro da cintura pode ser adotado como alternativa, ou auxiliar o IMC na

mensuração dos fatores de risco (McCarthy et al., 2001).

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Em Portugal um estudo de Sardinha et al (2012) estabeleceu pontos de

corte de PC para crianças entre os 10-18 anos.

Tabela 2. Ponto de corte para perímetro da cintura em crianças portuguesas

Idade

(Gutin &

Manos)

L M S 5th 10th 25th 50th 75th 85th 90th 95th

Garotas

10 −0.77 63.9 0.11 53.9 55.8 59.4 63.9 69.1 72.2 74.4 77.9

11 -1.16 65.5 0.11 55.5 57.4 61.0 65.5 70.8 74.1 76.5 80.3

12 -1.50 67.4 0.12 57.5 59.3 62.8 67.4 72.8 76.3 78.8 83.1

13 -1.68 68.9 0.11 59.1 61.0 64.4 69.0 74.5 78.0 80.6 85.0

14 -1.74 70.2 0.11 60.3 62.2 65.7 70.2 75.7 79.2 81.8 86.2

15 -1.75 71.4 0.10 61.5 63.4 66.8 71.4 76.9 80.3 82.9 87.3

16 -1.70 72.3 0.10 62.4 64.3 67.8 72.3 77.8 81.3 83.9 88.1

17 -1,60 72.9 0.10 62.9 64.8 68.3 72.9 78.4 81.8 84.3 88.5

18 -1.45 73.3 0.11 63.1 65.1 68.7 73.3 78.7 82.1 84.6 88.7

Garotos

10 -1.58 65.5 0.12 55.3 57.2 60.7 65.5 71.3 75.0 77.8 82.6

11 -1.59 66.2 0.11 56.0 57.9 61.5 66.2 72.1 75.8 78.6 83.4

12 -1.65 67.6 0.12 57.3 59.2 62.8 67.6 73.4 77.2 80.0 84.8

13 -1.84 69.3 0.12 59.2 61.0 64.6 69.3 75.2 78.9 81.8 86.7

14 -1.80 71.2 0.10 61.3 63.1 66.6 71.2 76.9 80.7 83.6 88.5

15 -2.00 73.1 0.10 63.5 65.3 68.6 73.1 78.7 82,4 85,2 90.1

16 -1.89 74.8 1.5 65.5 67.2 70.5 74.8 80.2 83.8 86.5 91.3

17 -1.90 75.9 1.9 67.1 68.8 71.8 76.0 81.2 84.6 87.3 92.0

18 -1.99 76.9 1.8 68.5 70.1 73.0 77.0 81.9 85.3 87.8 92.3

Valores percentis de perimetro da cintura medidos em centimetros, especificos para sexo e idade para crianças e

adolescentes portugueses.

Cada faixa etária foi categorizada pelo ponto médio, ou seja, o grupo de

crianças com 10 anos incluiu todas as crianças com 9,50 e 10,49 anos e assim

por diante. Apesar do grande número de estudos envolvendo perimetro da

cintura em crianças, é preciso precaução na hora de compara-los, tendo em

conta que a medição e os pontos de corte são realizados de forma diferente

(Sardinha et al., 2012)

Encontrar o melhor método em função de diferentes amostras

populacionais é uma tarefa difícil, contudo o DEXA continua a ser um dos

métodos mais válidos e fiáveis para a avaliação da composição corporal tendo

em conta as especificidades e objetivos da investigação em causa.

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2.3. Obesidade, Tensão Arterial e Hipertensão.

2.3.1 Tensão Arterial

A tensão arterial (TA) é o resultado da contração do coração a cada

batimento e da contração dos vasos quando o sangue por eles passa. O

resultado do batimento do coração é a propulsão de uma quantidade de

sangue (volume) através da artéria aorta. Quando este volume de sangue

passa através das artérias, elas se contraem como se estivessem comprimindo

o sangue para que ele circule normalmente. Esta pressão é necessária para

que o sangue consiga chegar aos locais mais distantes, como a as

extremidades do corpo (McArdle et al., 2007, p. 316). A TA é igual ao produto

do débito cardíaco com a resistência periférica total (McArdle et al., 2007, p.

316). Débito cardíaco é o produto do volume sistólico (quantidade de sangue

bombeado por batimento cardíaco) com a frequência cardíaca (FC) (Powers &

Howley, 2004, p. 173). A FC é determinada pelo número de batimentos

cardíacos por unidade de tempo, geralmente expressa em batimentos por

minuto, e pode variar de acordo com a necessidade do corpo para as

mudanças de fornecimento de oxigênio, como durante o exercício, repouso e

sono. A frequência cardíaca é controlada pelo sistema nervoso simpático e

parassimpático (Powers & Howley, 2004, p. 176).

2.3.2 . Tipos de Tensão arterial

Tensão arterial sistólica: é a pressão mais elevada nas artérias

durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, sendo chamada de pressão

máxima. Durante a fase de relaxamento do coração, quando há o fechamento

das válvulas aórticas, o recuo elástico do sistema arterial mantém a pressão

continua, proporcionando um fluxo continuo de sangue à periferia até a próxima

ejeção sanguínea (McArdle et al., 2007, p. 316).

Tensão arterial diastólica: durante a fase de relaxamento do ciclo

cardíaco ou diástole, a tensão arterial cai para 70 ou 80 mm Hg. A tensão

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arterial diastólica indica a resistência periférica, ou a facilidade com que o

sangue flui das arteríolas para os capilares. Com alta resistência periférica, a

pressão no interior das artérias após a sístole não dissipa rapidamente

(McArdle et al., 2007, p. 319).

Tensão arterial média : é ligeiramente inferior à média aritmética das

pressões sistólica e diastólica, devido ao coração permanecer em diástole por

tempo superior a sístole. A TAM é, em média 93 mmHg em repouso, e

representa a força média exercida pelo sangue contra as paredes arteriais

durante o ciclo cardíaco. Pode ser estimada por: TAM= TA Diastólica +

0,333X(TA Sistólica – TA Diastólica) (McArdle et al., 2007, p. 319). A tensão

arterial média é importante, pois determina a taxa de fluxo sanguíneo por meio

da circulação sistêmica (McArdle et al., 2007, p. 319).

Tensão diferencial: representa a característica pulsátil da circulação

sanguínea, é calculada pela diferença entre a tensão arterial sistólica e tensão

arterial diastólica (McArdle et al., 2007, p. 319).

Segundo o American College of Sports Medicine (American College of

Sports Medicine, 2010, p. 31) os níveis de tensão arterial são classificados

como:

Tabela 3. Classificação da Tensão Arterial

Classificação da TA TAS em mmHg TAD em mmHg

Normal < 120 < 80

Pré - Hipertensão 120-139 Ou 80-89

Hipertensão - estágio 1 140-159 Ou 90-99

Hipertensão – estágio 2 >ou = 160 Ou > 100

TA- Tensão arterial, TAS - Tensão arterial sistólica, TAD – Tensão arterial diastólica

Obesidade e sedentarismo são fatores interligados e determinantes para

o aumento da tensão arterial, ainda mais quando unidos ao aumento do

colesterol LDL e diminuição do HDL, que contribuem para a formação de

placas de gordura causando aumento da resistência dos vasos. Esses

componentes aumentam, portanto, a probabilidade de desenvolver

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aterosclerose e arteriosclerose, fatores responsáveis pelo aumento da tensão

arterial (McArdle et al., 2007, pp. 25-26)

A alimentação também é um fator importante no controle da tensão

arterial. Alimentos ricos em gorduras, sal, sódio e o álcool ajudam a aumentar

os níveis de TA, portanto evitar ou consumi-los moderadamente é fundamental

para o equilíbrio pressórico (Ibrahim & Damasceno, 2012).

Outro fator importante e determinante nos níveis pressóricos é a

genética. Em alguns casos, a predisposição genética (em especial na

população de origem Africana) pode facilitar aumento dos níveis de tensão

arterial (Ibrahim & Damasceno, 2012). O estudo de Burt et al (1995) (Burt et al.,

1995), concluiu que a prevalência de tensão alta foi duas vezes maior em

pessoas negras do que em pessoas caucasianas.

2.3.3. Hipertensão Arterial

Por volta de 2000, a prevalência da Hipertensão era de 26,4%, mas

prevê-se que este fator de risco para as doenças cardiovasculares aumente

para cerca de 29,2% na população mundial em 2025 (Kearney et al., 2005). O

número de crianças com hipertensão é estimado em 9,6% (Harrabi et al.,

2006).

A Hipertensão pode ser classificada de Primária, onde não existe uma

causa definida, ou secundária quando pode haver uma causa orgânica (Raj &

Krishnakumar, 2012). A hipertensão primária tem uma origem multifatorial:

obesidade, resistência à insulina, alteração na homeostasia do sódio no

organismo, mudanças na estrutura do músculo vascular liso, níveis de acido

úrico no sangue e fatores genéticos podem contribuir para esta patologia (Raj &

Krishnakumar, 2012). As causas da hipertensão secundária variam de acordo

com a idade: disfunções renais e patologias associadas à artéria aorta são as

causas mais comuns de hipertensão em crianças até 6 anos (Mitsnefes, 2006).

Nas crianças de 6 a 10 anos a doença renal parenquimatosa é o principal

responsável por elevar a tensão arterial. Além disso, alguns tipos de tumores

(neuroblastoma, adenocarcinoma renal), disfunções endócrinas

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(hipertireoidismo, Síndrome de Cushing, hiperplasia adrenal congênita) e

aumento da pressão intracraniana podem eventualmente aumentar os níveis

de tensão e progredir para Hipertensão (Mitsnefes, 2006).

O desequilíbrio pressórico crônico gera um quadro de Hipertensão

arterial, caracterizado por valores acima de 140 por 90 de tensão arterial. O

aumento da tensão arterial afeta a resistência e elasticidade dos vasos

causando problemas no coração, rins e cérebro. Os vasos são recobertos por

tecido conjuntivo na porção externa, por tecido muscular liso e pequena porção

de tecido conjuntivo elástico na porção média e internamente por uma camada

muito fina e delicada de células endoteliais, que é pressionada quando o

sangue está circulando com pressão elevada. Com isso, os vasos se tornam

endurecidos e estreitos podendo, com o passar dos anos, bloquear ou romper.

Quando ocorre bloqueio em vasos que irrigam coração, causa a angina que por

sua vez pode ocasionar um enfarto. No cérebro, o bloqueio ou rompimento de

um vaso, pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC). Nos rins podem

ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos órgãos (Sociedade

Brasileira de Hipertensão, S.d.).

Hipertensão arterial é um importante desafio para a saúde pública

mundial, devido sua alta prevalência concomitantemente com sérios riscos

para os sistemas renal e cardiovascular. É classificada como maior fator de

mortalidade, e é a terceira causa na redução da qualidade e dos anos de vida

(Kearney et al., 2005).

A crescente prevalência de hipertensão em todo mundo contribui para

atual pandemia de doenças cardiovasculares, passando da menor importância

nas causas de morte do século passado, para um dos principais fatores de

mortalidade mundial neste século (Kearney et al., 2005).

A hipertensão arterial está projetada para ser uma das maiores causas

adjacentes de mortalidade do mundo em 2020. Em 1990, 5,8% das mortes

foram associadas a tensão alta, em 2000 este valor já era de 7,2% das mortes

no mundo. Em 2020 a hipertensão será o fator de risco mais comum para

mortes e invalidez no mundo (Reid & Thrift, 2005).

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2.3.4. Obesidade e Hipertensão

A obesidade é um dos principais fatores evitáveis da hipertensão infantil,

Alguns estudos relatam diferenças significativas entre crianças com peso

normal e obesas (Kearney et al., 2005; Raj & Krishnakumar, 2012). Um estudo

realizado na China em 2012 concluiu que o sobrepeso/obesidade está

fortemente associado com hipertensão e pré-hipertensão em crianças

estudantes (Zhang et al., 2012).Outro estudo concluiu ainda que além do índice

de massa corporal (IMC) o perímetro da cintura (PC) é um forte indicador do

aumento da tensão arterial em crianças pré-escolares, especialmente nos

rapazes obesos entre 3-6 anos (Chen & Li, 2011).

O tratamento da hipertensão associada à obesidade deve concentrar-se

em reduzir a massa corporal da criança, modificando o estilo de vida de toda a

família. As recomendações dietéticas indicam que deve ser evitado o consumo

em excesso de açúcar, gorduras saturadas e sal, e ao mesmo tempo,

aumentar o consumo de fibras na forma de frutas, legumes e grãos integrais.

Paralelamente, é necessário o aumento dos níveis de exercício físico

diminuindo o tempo gasto em atividades sedentárias (Becton et al., 2012).

Por vezes, mesmo com a redução da massa corporal o quadro

hipertensivo permanece inalterado, fazendo necessário o uso farmacológico no

tratamento. Porém as mudanças no estilo de vida devem permanecer mesmo

com o uso do fármaco. Os casos com hipertensão sintomática ou causas

secundárias e diabetes mellitus, devem ter tratamento farmacológico realizado

concomitantemente às mudanças no estilo de vida (Becton et al., 2012).

2.4. Colesterol, Triglicerídeos, glicose

2.4.1. Definição

Glicose: é um tipo de carboidrato pertencente à classe dos

monossacarídeos, também denominado dextrose ou açúcar no sangue.

Consiste em um composto formado por seis carbonos, doze de hidrogênio e

seis de oxigênio (C6H12O6) que são formados naturalmente no alimento ou no

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organismo a partir da síntese de carboidratos complexos. A gliconeogênese

sintetiza a glicose principalmente no fígado, a partir dos resíduos de carbonos

de outras substâncias (aminoácidos, glicerol, piruvato e lactato) (McArdle et al.,

2007, p. 8). Após absorção pelo intestino delgado, a glicose tornar-se

disponível como fonte de energia para o metabolismo celular, ou forma

glicogênio para armazenamento no fígado e nos músculos ou é transformada

em gordura para utilização posterior como fonte de energia (McArdle et al.,

2007, p. 8). Para os seres humanos a principal fonte de glicose é o

polissacarídeo amido (Waitzberg, 2009, p. 57).

A glicose é a principal fonte de energia para grande parte das células do

organismo, é protetora de proteínas, ou seja, quando a quantidade de glicose

no organismo é suficiente impede que as proteínas assumam o papel de

produção da energia, fazendo com as mesmas mantenham-se na sua função

de construção dos tecidos (Waitzberg, 2009, p. 58). A quantidade adequada de

glicose impede a formação excessiva de cetonas. Caso não haja glicose

disponível para utilização, os lipídios serão oxidados, formando grande

quantidade de cetonas que poderão causar acidose metabólica, levando ao

coma e posteriormente a morte do indivíduo (Waitzberg, 2009, p. 58). Uma das

principais funções da glicose é a manutenção de energia para o sistema

nervoso central (SNC). Em condições normais o cérebro e suas células usam a

glicose sanguínea quase exclusivamente como seu substrato para energia. Em

situações normais, os níveis de glicose no sangue são regulados por dois

hormônios produzidos pelo pâncreas: insulina e glucagon (McArdle et al., 2007,

pp. 12-15).

Os níveis sanguíneos de glicose considerados normais são: acima de

45mg/dl de sangue e menores que 100mg/dl de sangue. Abaixo de 45mg/dl o

individuo encontra-se em hipoglicemia e acima de 100mg/dl em hiperglicemia

(McArdle et al., 2007, p. 15). O aumento progressivo do quadro hiperglicêmico

leva à diabetes melittus (Craig et al., 2009).

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2.4.2. Tipos de diabetes e epidemiologia

Diabetes melittus é um grupo de doenças metabólicas, caracterizada por

um estado hiperglicêmico crônico resultante da deficiência na secreção de

insulina, na resistência da insulina, ou ambos. As anomalias nos carboidratos,

gordura, proteína e metabolismo encontrados na diabetes, são resultado da

ação deficiente da insulina nos tecidos alvos (Craig et al., 2009).

No individuo classifica-se como diabético quando os níveis de glicose

sanguínea ultrapassam os 126 mg/dl. Entretanto alguns sintomas como,

poliúria, polidipsia, perturbação na visão, perda de peso associado a grandes

quantidades de cetonas, ajudam a identificar a doença (Craig et al., 2009). Os

exames sanguíneos que confirmam a diabetes são: analisar os níveis de

glicose no sangue, na qual o paciente deve realizá-lo com no mínimo oito horas

de jejum completo, e o exame pós-prandial, que é verificar os níveis de glicose

e insulina no sangue duas horas após uma refeição, geralmente é feito após o

almoço (Craig et al., 2009). Em 1985 foi desenvolvido por Matthews et

al.,(1985) o Homeostasis model assessment (HOMA), que serve para verificar

se há resistência à insulina. A resistência à insulina é o maior fator de risco

para desenvolver diabetes tipo 2, e provavelmente um grande fator de risco nas

crianças (Keskin et al., 2005). Segundo Keskin et al. (2005) o HOMA tem

grande sensibilidade e especificidade para medição da insulina, sendo

considerado a ferramenta mais simples, confiável e apropriado para grandes

estudos epidemiológicos para verificar resistência à insulina em crianças e

adolescentes.

No inicio dos anos 2000 havia 151 milhões de pessoas no mundo com

diabetes, desses, 136 milhões tinham diabetes tipo II. Em 2011 eram 366

milhões de diabéticos e 329 milhões do tipo II. Após 30 anos, ou seja, em 2030

estima-se que a população de pessoas com diabetes seja mais do que o triplo

em 2000, números apontam para 552 milhões de pessoas e 497 milhões com

tipo II (Cheng, 2005).

Estudo de (Gardete-Correia et al., 2010) realizado com 5167 pessoas

entre 20-79 anos, diz que em Portugal a prevalência de diabetes seja de 11,7%

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da população total. Entretanto há diferenças entre os gêneros, os homens com

diabetes são 14,2% e mulheres 9,5%. Interessante ressaltar que 2,4% das

pessoas entre 20 – 39 anos tinham diabetes II, os valores aumentavam com o

passar da idade. Foi verificado que 30,9% são considerados pré- diabéticos e

5,5% dos diabéticos não sabiam que tinham diabetes.

Os tipos de diabetes mais frequentes são: diabetes tipo I

(insulinodependentes) e diabetes tipo II (não insulinodependentes). A

distribuição de diabetes tipo I é bastante heterogênea entre os países (Cheng,

2005). Quanto à Diabetes tipo II aproximadamente 90% dos casos de diabetes

são tipo II ou não insulina dependente. Ocorre geralmente em pessoas obesas

com mais de 40 anos, embora atualmente comprometa a saúde de pessoas

cada vez mais jovens. Está diretamente associada ao estilo de vida sedentário,

aos maus hábitos alimentares e stress da vida moderna. Os fatores genéticos

(histórico familiar) e ambientais também influenciam a diabetes tipo II

(Vaidyanathan et al., 2012).

A homeostase da glicose sanguínea é mantida em equilíbrio por uma

atuação conjunta entre a ação da insulina e a secreção de insulina. O

funcionamento regular do pâncreas e das células beta responde à necessidade

fisiológica de aumentar a secreção de insulina quando os níveis de glicose no

sangue aumentam. Quando há perda parcial de função das células beta, acaba

por perder-se a resposta ao índice glicêmico (Vaidyanathan et al., 2012). A

disfunção destas células é a principal causa da diabetes tipo II. No entanto o

organismo reconhece uma ação não normal da insulina e aumenta a ação das

células beta para manter a homeostasia. Este desequilíbrio entre a secreção de

insulina e sua ação ocorre devido à resistência à insulina, geralmente

associada à obesidade e sedentarismo. Alguns hormônios, citosinas e ácidos

graxos livres podem interferir na ação da insulina em adipócitos (Cheng, 2005;

Vaidyanathan et al., 2012). Deve ser ainda considerada também uma forte

componente hereditária: 80% dos ínvidos com diabetes tem algum familiar com

diabetes (Craig et al., 2009).

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22

2.4.4. Consequências e Tratamento da Diabetes

A Diabetes mellitus é um dos maiores problemas de saúde pública em

todo o Mundo. As consequências desta patologia afetam diversos sistemas e

levam a incapacidades graves e consideráveis custos de saúde (Neville &

Sidawy, 2012).

Considerando as complicações que podem ocorrer com os seres

humanos, a diabetes é a principal causa de doenças cardíacas, acidente

vascular cerebral, insuficiência renal, retinopatia e amputação dos membros

inferiores não traumáticos (Neville & Sidawy, 2012).

De acordo com o National Diabetes Information Clearinghouse foram

feitas 65 mil amputações com origem não traumática em diabéticos nos

Estados Unidos, o que representa 60% deste tipo de amputação (Neville &

Sidawy, 2012).

Nos diabéticos, a neuropatia, o comprometimento vascular e

susceptibilidade a infecção são fisiopatologias que convergem para lesões na

pele dos pés, chamado de pé diabético (Neville & Sidawy, 2012).

A diabetes também gera um alto custo para os sistemas de saúde dos

países. No ano de 2007 estima-se que foram gastos 174 bilhões de dólares

com diabetes e suas complicações. Deste valor 116 bilhões foram gastos com

despesas médicas e 58 bilhões gastos com custos indiretos, tais como a

deficiência, faltas ao trabalho e mortalidade prematura. As despesas médicas

das pessoas com diabetes custam o dobro em comparação com as pessoas

não diabéticas (Neville & Sidawy, 2012).

Dieta, administração de insulina, exercícios físicos e medicação oral são

a base e a melhor forma de gerir o tratamento para diminuir os níveis de

glicose no sangue. Para sobreviver pessoas com diabetes tipo I devem ter

insulina administrada regularmente (Department of Health and Human Services

e Centers for Disease Control and Prevention, S.d.)

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23

2.4.5. Colesterol

O colesterol é um álcool em sua forma molecular, porém no organismo é

considerado um lipídio, apesar de não conter ácidos graxos compartilha de

algumas características físicas e químicas dos lipídios. O colesterol é

encontrado na membrana plasmática de todas as células, origina-se por meio

da dieta (colesterol exógeno) ou pela síntese celular (colesterol endógeno).

Entretanto forma-se mais colesterol endógeno a partir da dieta rica em ácidos

graxos saturados e ácidos graxos trans, que facilitam a síntese de colesterol

LDL no fígado (McArdle et al., 2007, p. 25).

O fígado sintetiza 70% do colesterol corporal, no entanto as paredes das

artérias e os intestinos também sintetizam este composto. O colesterol é de

extrema importância para o organismo, pois participa de diversas funções,

como por exemplo: ajuda na construção das membranas plasmáticas, funciona

como percursor na síntese da vitamina D, dos hormônios das glândulas

suprarrenais, e dos hormônios sexuais estrogênio, androgênio e progesterona.

Também é importante para a síntese da bile (emulsificador dos lipídios durante

a digestão) e desempenha um papel crucial na formação dos tecidos, órgãos e

das estruturas corporais durante o desenvolvimento fetal (McArdle et al., 2007,

p. 25).

As principais fontes de colesterol exógeno são: gema do ovo, carnes

vermelhas e vísceras (fígado), os crustáceos particularmente o camarão e os

produtos lácteos (queijos cremosos, manteiga, e leites) (McArdle et al., 2007, p.

25).

O colesterol não pode dissolver-se no sangue, é transportado para as

células por lipoproteínas. Lipoproteínas de baixa densidade (LDL) ou colesterol

ruim e lipoproteína de alta densidade (HDL) ou colesterol bom são os dois tipos

de lipídios que juntamente com triglicerídeos e o colesterol Lpa quantificam os

valores do colesterol total, aferido por meio de analises clinicas ao sangue

(American Heart Association, S.d.-a).

O LDL é uma lipoproteína que leva normalmente 60 a 80% do colesterol

sérico total e possui grande afinidade com as células da parede arterial. O LDL

conduz o colesterol até o tecido arterial, onde as partículas LDL são oxidadas

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alterando suas propriedades físico-químicas, e são captadas pelos macrófagos

no interior da parede arterial, com isso se dá o inicio da formação da placa

aterosclerótica (McArdle et al., 2007, p. 24). Consequentemente também

haverá formação de coágulos que poderão levar ao acidente vascular cerebral

e infarto (American Heart Association, S.d.-a).

Há também a Lipoproteína que é uma variação genética do LDL. Níveis

elevados de Lpa no sangue é um fator de risco elevado para o

desenvolvimento prematuro de depósitos de gordura nas artérias (American

Heart Association, S.d.-a).

O HDL é uma lipoproteína de alta densidade responsável por carregar

25% a 30% do colesterol, é conhecido como colesterol bom porque níveis

elevados de HDL protegem o organismo de doenças cardiovasculares. Em

contrapartida níveis de HDL inferiores a 40 mg/dl aumentam o risco de doenças

do coração. Isto acontece porque o HDL tende a levar ao fígado o colesterol

presente nas artérias, reduzindo seu acúmulo na placa arterial (American Heart

Association, S.d.-a).

Segundo o Instituto Nacional de Saúde (NIH) as categorias que definem

os valores de colesterol nos adultos são:

Tabela 4. Classificação do Colesterol Total (National Heart, 2012b)

Nível de colesterol total Categoria de colesterol total

Menor que 200 mg/dl Desejável

Entre 200-239 mg/dl Alterado

240 mg/dl ou acima Elevado

Tabela 5. Classificação do Colesterol LDL (National Heart, 2012b)

Nível de Colesterol LDL Categoria do LDL

Menor que 100 mg/dl Ótimo

Entre 100 – 129 mg/dl Levemente alterado

Entre 130 – 159 mg/dl Alterado

Entre 160 – 189 mg/dl Alto

190 mg/dl ou acima Muito alto

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Tabela 6. Classificação do Colesterol HDL (National Heart, 2012b)

Nível de colesterol HDL Categoria de HDL

Menor que 40 mg/dl Risco para doença cardíaca aumentado

Entre 40 – 59 mg/dl Menor risco para doença cardíaca

60 mg/dl ou acima Considerado protetor contra doenças

cardíacas

Em crianças os níveis de colesterol total não devem passar o limite de

170 mg/dl e o HDL deve ser maior que 40 mg/dl em crianças até 10 anos e

maior que 38 mg/dl em adolescentes de 10 a 19 anos (National Heart, 2012b).

As principais causas para problemas associados com o colesterol são:

uma dieta não equilibrada rica em gorduras saturadas e trans, excesso de

peso, sedentarismo, hereditariedade, idade e sexo (National Heart, 2012a).

2.4.6. Triglicérides

Os lipídios são armazenados na forma de triglicérides, moléculas de três

ácidos graxos (saturados, monossaturados ou poli - insaturados) acoplados a

um álcool (glicerol) para constituírem reservas de energia. O armazenamento

de triglicérides ocorre principalmente no tecido adiposo, um tipo de tecido

conjuntivo que tem como função principal armazenar energia (Waitzberg, 2009,

p. 131).

O tecido adiposo está distribuído amplamente no tecido subcutâneo. O

fluxo sanguíneo para este tecido varia de acordo com o peso corporal e estado

nutricional, elevando-se durante o jejum (Waitzberg, 2009, p. 131).

O excesso de peso, obesidade e sedentarismo, e uma dieta rica em

carboidratos (mais de 60% da dieta) estão associados a elevados níveis

sanguíneos de triglicérides. Por vezes níveis altos de triglicérides coincidem

com colesterol total alto, alto colesterol LDL e baixo HDL. Excesso de

triglicérides está associado a doenças cardiovasculares, diabetes e síndrome

metabólica (American Heart Association, S.d.-a).

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Tabela 7. Classificação das triglicérides (American Heart Association,

S.d.-b):

Nível de triglicérides Categoria

Menor que 100 mg /dl Ótimo

Entre 100 – 149 mg/dl Normal

Entre 150 – 199 mg/dl Levemente alto

Entre 200 – 499 mg/dl Alto

500 mg/dl ou acima Muito alto

Valores estabelecidos para adultos e crianças.

2.5. Dislipidemia

Dislipidemia significa que existem níveis de colesterol e triglicérides em

excesso no sangue. Portanto é causada devido a uma dieta rica em gorduras e

colesterol, quando o organismo produz colesterol e triglicérides em demasia ou

ambas as situações (Instituto Procardiaco, 2007).

Assim, a dislipidemia pode estar associada à obesidade, dieta

inadequada, sedentarismo, entretanto é possível não ter nenhum desses

fatores e desenvolver dislipidemia por questões genéticas. Doenças

metabólicas como diabetes melliuts e hipotireoidismo, e alguns medicamentos

como corticoides podem favorecer o desenvolvimento da dislipidemia (Instituto

Procardiaco, 2007).

O tratamento da dislipidemia consiste na manutenção do peso ou perda

de peso, se necessário, prática regular de exercício físico, não fumar, ingerir

bebida alcoólica com moderação, ingerir alimentos com menor teor de gordura

saturada e trans, e no caso de elevado triglicérides diminuir a ingestão de

carboidratos. Por vezes pode ser administrado medicamento para reduzir o

colesterol e triglicérides, ou para controlar a diabetes e doenças do coração

(Instituto Procardiaco, 2007).

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2.6. Benefícios e recomendações mundiais para prática de atividade física

2.6.1. Benefícios da atividade física

Atividade física é definida pela organização mundial da saúde, como

qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que

requer gasto energético. A inatividade física ou sedentarismo é identificado

como quarto principal fator de risco para mortalidade geral, causando

aproximadamente 3,2 milhões de mortes a nível mundial (World Health

Organization, 2013a).

Os atuais níveis de sedentarismo são em parte devido às pessoas

dedicarem de forma insuficiente às horas de lazer a prática de atividades

físicas, e pelo aumento do comportamento sedentário em atividades

ocupacionais e domesticas. Da mesma maneira o aumento da utilização de

meios passivos de transporte também está associado com declínios nos níveis

de atividade física (World Health Organization, 2013c).

O aumento da urbanização nos países resultou em diversos fatores

ambientais que podem ter desencorajado a pratica do exercício físico, tais

como (World Health Organization, 2013c):

- Aumento da violência urbana.

- Excesso de tráfego, especialmente em grandes cidades.

- Piora da qualidade do ar e poluição.

- Poucos parques, calçadas adequadas e desporto de recreação ao ar livre.

Politicas publicas de diversos setores, multidisciplinar precisam ser

implementadas para aumentar a pratica de atividade física a nível mundial

(World Health Organization, 2013c).

O sedentarismo e a falta de aptidão física estão associados com

aumento do risco de doenças cardiovasculares, e vários tipos de doenças

metabólicas, tais como: distúrbios lipídicos, elevada pressão arterial e

resistência à insulina (Mota et al., 2012). Os baixos níveis de atividade física

durante a infância são conhecidos atualmente como um importante fator

coadjuvante no aumento da prevalência da obesidade na adolescência e fase

adulta (Aznar et al., 2011). O aumento da prevalência de sobrepeso e

obesidade tem sido associado com ambientes favoráveis ao comportamento

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sedentário. Crianças portuguesas estão entre as mais obesas e as menos

ativas de toda União Europeia (Janssen et al., 2005; Sardinha et al., 2011).

Exercício físico regular e de intensidade moderada, como caminhar,

andar de bicicleta, ou praticar esportes traz benefícios importantes para a

saúde. Pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares, câncer do cólon,

câncer de mama, diabetes e depressão. No mais, níveis regulares e

adequados de atividade física reduzem a probabilidade de fraturas do quadril e

coluna vertebral, pois ajudam a fortalecer os ossos, e são ainda um forte aliado

na manutenção do peso saudável (World Health Organization, 2013a).

Nas crianças e adolescentes a prática de atividade física auxilia a (World

Health Organization, 2013b):

- Desenvolver os tecidos do sistema musculoesquelético (ossos, músculos e

articulações).

- Desenvolver o sistema cardiovascular (coração e pulmões).

- Desenvolver a consciência neuromuscular (coordenação e equilíbrio).

- Manter o peso saudável

Também é associada a benefícios psicológicos, melhorando o controle

sobre ansiedade e depressão. Da mesma forma, pode ajudar no

desenvolvimento social dos jovens, auxiliando a construção da autoconfiança,

interação social e integração. Jovens fisicamente ativos adotam mais

facilmente outros comportamentos saudáveis (evitam álcool, drogas e tabaco)

e demonstram elevado desempenho escolar (World Health Organization,

2013b).

2.6.2. Recomendações mundiais para atividade física em crianças e adolescentes

A Organização mundial da saúde e o Colégio Americano de Medicina

Desportiva apresentam diretrizes semelhantes no que diz respeito à prática de

atividade física para crianças e adolescentes. Para crianças e jovens o

exercício físico deve incluir brincadeiras, jogos, esportes, atividades de

recreação e aulas de educação física na escola e comunidade. As

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recomendações para melhorar a aptidão cardiorrespiratória e muscular, a

saúde óssea, os marcadores biológicos da saúde cardiovascular e metabólica

são (American College of Sports Medicine, 2010, p. 128; World Health

Organization, 2011):

- Crianças e adolescentes dos 5-17 anos devem realizar, 60 minutos de

atividade física moderada a vigorosa, 3-4 vezes por semana, mas de

preferência diariamente (World Health Organization, 2011).

- Se a quantidade for maior que 60 minutos, terá melhores benefícios

para saúde da criança (World Health Organization, 2011).

- O treino aeróbico deve ser preponderante, inclusive em alguns

momentos deve ser intenso, entretanto devem ser incluídas atividades que

fortalecem os músculos e ossos, ao menos três vezes por semana (American

College of Sports Medicine, 2010, p. 128; World Health Organization, 2011).

As crianças e adolescentes devem praticar atividade física regular,

porém é preciso respeitar as individualidades, requisitos de segurança e deve

ser orientada e supervisionada por um profissional de educação física

(American College of Sports Medicine, 2010, p. 128).

Crianças com sobrepeso, obesas ou fisicamente inativas podem não ser

capazes de realizar 60 minutos de exercício físico diário. Portanto para um

melhor bem estar da criança e melhores resultados, o treino deverá progredir

de forma gradual no que diz respeito à frequência à duração e intensidade

(American College of Sports Medicine, 2010, p. 128; World Health

Organization, 2011).

Os pais devem estimular seus filhos a reduzir atividades que sejam

sedentárias (assistir televisão, utilizar a internet e jogar videogames), e

promover atividades que favoreçam a aptidão física, como caminhar, correr e

pedalar (American College of Sports Medicine, 2010, p. 128).

2.6.4. Dislipidemias, obesidade, e exercício.

O exercício regular melhora o perfil lipídico em muitos indivíduos, porém

as modificações não acontecem em todas as pessoas. Contudo o exercício é

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importante para controlar outros fatores de risco para doenças

cardiovasculares, e deve ser um dos componentes para introduzir um estilo de

vida saudável (American College of Sports Medicine, 2010, p. 164).

O treinamento com exercícios deve ser de intensidade moderada, e

quando possível progredir para intensidade vigorosa, obtendo melhores

resultados para a saúde e aptidão cardiorrespiratória (American College of

Sports Medicine, 2010, p. 165).

2.6.5. Intervenção

Com a evolução tecnológica e a crescente utilização dos fast foods nos

hábitos alimentares fizeram elevar rapidamente os níveis de obesidade e

sedentarismo em diversos países, especialmente nos desenvolvidos e em

desenvolvimento.

Por isso, a preocupação da comunidade cientifica é cada vez maior em

aumentar os níveis de atividade física nas crianças, utilizando a intervenção

como forma recorrente a este processo. Entretanto, para uma melhor eficácia

na redução de massa gorda e do sedentarismo, é necessário aumentar os

níveis de atividade física concomitantemente com a intensidade da mesma.

(Metcalf et al., 2012).

O Estudo do Pate et al. (2002), verificou que crianças até os 7-8 anos

cumpriam as diretrizes do United Kingdom Expert consensus group para

quantidade de exercício físico semanal. Contudo a percentagem de crianças

ativas segundo as recomendações caia a medida que aumentava-se a idade,

passando de 89,7% aos 10 anos, para somente 29,4% dos adolescentes com

15 anos conseguiu cumprir as diretrizes para exercício físico. Contudo houve

diferenças entre os gêneros, pois dos meninos com 15 anos 34,1% realizava

atividades físicas satisfatoriamente e nas meninas de 15 anos apenas 25,1%

conseguiram atingir as recomendações. Este estudo sugere o programa de

intervenção para todas as idades, no entanto o foco deve ser na idade onde a

percentagem de crianças ativas cai drasticamente.

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Sabemos que as intervenções são bem recebidas pelas crianças e

atuam na percepção da atividade física, promovem relações sociais, estimulam

a aprendizagem motora e reduzem o tempo dedicado a atividades sedentárias

(Salmon et al., 2005).

Estudos sugerem que a família tem um papel importante no dispêndio

energético e nos níveis de atividade física da criança; quando os pais

participam e promovem atividades de lazer ajudam a reduzir o tempo de

atividades sedentárias e aumentam o gasto energético semanal de toda a

família (Rhodes et al., 2010).

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CAPÍTULO III:

OBJETIVOS E

METODLOGIA

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3. Objetivos

3.1 Objetivo geral do estudo

- Analisar as alterações verificadas através do aumento da prática de

exercícios físicos regulares em crianças participantes de um programa de

intervenção para prevenção e tratamento da obesidade.

3.2 Objetivos específicos

Analisar as alterações verificadas antes e após intervenção através da prática

do exercício físico:

a. na tensão arterial sistólica e diastólica.

b. nos níveis do perfil lipídico.

c. na composição corporal – IMC, PC, % massa gorda Total e % massa

gorda do tronco.

d. no HOMA como indicador de resistência à insulina.

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4. Material e Métodos

4.1 Caracterização da amostra

O estudo de caráter longitudinal de um ano letivo incluiu uma amostra de

68 crianças e adolescentes, com 42,6% de rapazes e 57,4% de meninas, entre

6 e 19 anos, X=10,40+3,53.

4.2 Procedimentos para avaliações

O peso foi avaliado usando uma balança digital de marca Seca 708, com

aproximação às centésimas. Os valores foram registados em kg com

aproximação a 0,1kg.

O procedimento para a avaliação da altura consistiu na medição da

distância entre o vertex e o plano de referência do solo, mantendo a atitude

antropométrica firme e estável. Foi posteriormente categorizado em peso

normal, sobrepeso e obesidade de acordo com os pontos de corte de Cole,

(Cole et al., 2000).

A percentagem de Massa Gorda (%MG) foi avaliada através do aparelho

dual energy xray absorptiometry DEXA - modelo QDR 4500A; Hologic, Bedford,

M.

As amostras sanguíneas foram recolhidas para realização de

hemograma e dosagens de glicose, colesterol total CT, lipoproteína de alta

densidade HDL, lipoproteína de baixa densidade LDL e triglicérideos. O sangue

foi obtido por punção venosa em ácido etilenodiaminotetracético EDTA

recolhido em tubos. Foram feitas alíquotas de plasma e imediatamente

armazenadas a - 70°C.

A pressão arterial foi medida através do aparelho Colin, (modelo BP

8800p Colin Medical Instruments Corporation—San Antonio, TX, USA). As

primeira e segunda medidas foram feitas depois de 5 e 10 min de repouso. Se

estas duas medições diferissem 2 mm Hg, o protocolo seria repetido (duas

novas medições que não podiam exceder 2 mm Hg). O HOMA foi calculado de

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acordo com (Matthews et al., 1985) e foi realizado o ponto de corte de (Keskin

et al., 2005).

4.3 Projeto ACORDA

As crianças e adolescentes que constituem a amostra participaram no

programa de intervenção denominado PROJECTO ACORDA (Adolescentes e

Crianças Obesas em Regime de Dieta e Atividade Física). Este projeto insere-

se num estudo longitudinal aplicado aos jovens com excesso de peso e

obesidade, cujo principal objectivo visa a alteração de comportamentos

proporcionando o acesso facilitado à prática da Atividade Física orientada,

associando a supervisão alimentar e clínica.

4.3.1 Programa de exercício físico

Todos os participantes obesos foram encorajados a modificar seus

hábitos de vida e a participar num programa de intervenção para proporcionar

exercício físico regular. O programa foi introduzido e desenvolvido em cinco

escolas de ensino básico primário do agrupamento de Santa Bárbara em

Fanzeres (Gondomar), na Escola Secundária Valongo e na Faculdade de

Desporto – Universidade do Porto. O programa teve a duração de oito meses,

correspondendo ao período do calendário escolar. O programa ACORDA

consistiu em completar 5 sessões de exercício físico por semana. Todas as

sessões foram supervisionadas por estagiários da Faculdade de Desporto e

dois licenciados em Atividade Física e Ciências do Desporto, sob a supervisão

de dois doutorados. Cada sessão de exercício físico tem a duração de 1 hora e

é planeada para desenvolver resistência aeróbica, força, flexibilidade,

coordenação e equilíbrio, através de jogos com bolas, arcos, cordas, exercícios

calisténicos, ginástica e treino de força. O programa de exercício também foi

destinado a desenvolver o prazer e consciência corporal. Mensagens sobre

hábitos alimentares saudáveis foram entregues aos alunos e encarregados de

educação ao longo do programa.

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Todas as crianças e adolescentes não apresentavam qualquer tipo de

doença, nem estavam sujeitos a qualquer tipo de medicação.

As avaliações foram realizadas na parte da manhã, entre às 9.30h e 13.30h, no

centro de investigação, Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) na

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Estas avaliações foram

efectuadas sempre pelos mesmos observadores, no sentido de reduzir os

possíveis erros interobservados. Todos os alunos foram informados que

deveriam estar presentes em jejum de 12 horas, podendo apenas beber água,

após o jantar do dia anterior.

O protocolo experimental foi aprovado pelo Comitê de Revisão do

Conselho Científico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e de

acordo com o tratado de Helsinque. Duas semanas antes das avaliações foi

enviada uma carta aos pais, com informações detalhadas e pedido de

consentimento por escrito. Apesar do Projeto ACORDA ser um programa de

intervenção cujo principal objetivo é intervir em crianças e adolescentes com

sobrepeso e obesidade, por questões éticas as crianças com peso normal que

quiseram participar foram também aceites neste projeto.

4.4 Procedimentos estatísticos

Depois de analisar a normalidade das variáveis através do teste

Kolmogorov-Smirnov, foi realizado o T-Test de amostras emparelhadas para

analisar diferenças observadas nos valores da tensão arterial, %MG total,

%MG tronco, PC, perfil lipídico e HOMA antes e depois do programa de

intervenção, para amostra total, por género. Posteriormente foram feitas

analises emparelhada com separação por faixas etárias. Foi usada a análise da

variância - ANOVA para testar as diferenças entre os grupos das faixas etárias

seguidos dos testes post-hoc Bonferroni. Para os cálculos dos deltas, foi

calculada a diferença entre a segunda e a primeira avaliação de todas as

variáveis em estudo.

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O nível de significância foi colocado em 0,05 (5%). Para o tratamento de

dados foi utilizado o software SPSS (Statistical Packege for the Social

Sciences) versão 20.0.

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CAPÍTULO IV:

RESULTADOS,

DISCUSSÃO,

CONCLUSÃO E

REFERÊNCIAS

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5. Resultados

5.1. Caracterizações da amostra

A amostra foi composta por 68 crianças e adolescentes entre os 6 e 19

anos, na qual 57,4% eram meninas (Figura 1). A média de idade foi de 10,4

anos no total da amostra, sendo de 9,80 nos rapazes e 10,85 nas meninas.

Segundo a classificação de Cole et al., (2000) para o IMC, nesta amostra

38,2% eram obesos, 29,4% apresentavam sobrepeso e 32,3% tinham peso

normal na primeira avaliação. Na segunda avaliação verificou-se que 39,7%

eram obesos, 26,5% tinham sobrepeso e 33,8% peso normal (tabela 8). Após a

segunda avaliação, 82,35% dos indivíduos mantiveram a mesma categoria de

IMC, 8,82% passaram a uma categoria inferior e 8,82% passaram a uma

categoria superior de IMC (Figura 2), contudo houve diminuição da média dos

valores de IMC da segunda avaliação em relação à primeira. Na categorização

das faixas etárias, 30,88% eram crianças de 6-8 anos, 42,65% situavam-se

entre 9-11 anos e 26,47% entre 12-19 anos (Figura 3).

Figura 1. Percentagem da amostra de acordo com o gênero.

Tabela 8. Percentagem da amostra de acordo com IMC nos dois momentos

Avaliações N Peso Normal N Sobrepeso N Obesidade

1ª 22 32,4% 20 29,4% 26 38,2%

2ª 23 33,8% 18 26,5% 27 39,7%

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Fig 3. Percentagem da amostra por faixa etária

No grupo das meninas houve redução significativa dos valores médios

na tensão arterial sistólica e glicose (p<0,001), contudo houve aumento

significativo no perímetro da cintura. Nos meninos houve uma redução

significativa na %MG do tronco, tensão arterial sistólica e glicose. Além disso,

observou-se que, de forma geral, os valores médios da %MG no tronco e total

bem como o IMC eram mais baixos nos meninos em ambas os momentos de

avaliação. Porém, as meninas apresentaram menores valores médios de

perímetro da cintura do que os meninos (Tabela 9).

Fig 2. Alterações no IMC entre avaliações

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Tabela 9. Caracterização e comparação da amostra separada por géneros

Meninas

Variáveis N 1ª avaliação (DP) 2ª avaliação (DP) t p Delta Altura 39 1,40 (0,13) 1,42 (0,13) -6,006 0,000 -0,02 Peso 39 47,48 (19,39) 49,33 (19,92) -3,865 0,000 -1,84 IMC 39 23,22 (5,65) 23,36 (6,00) -0,556 0,581 -0,13 PC 34 76,54 (16,65) 78,81 (17,63) -2,226 0,033 -2,27

% MG tronco 24 36,22 (7,79) 35,79 (7,49) 0,663 0,514 0,42 % MG total 24 38,71 (5,86) 38,62 (5,84) 0,223 0,825 0,09

TAS 35 112,14 (16,23) 105,14 (10,83) 3,154 0,003 7,00 TAD 35 58,28 (10,41) 58,77 (6,49) -0,191 0,850 -0,28

Glicose 32 82,25 (7,48) 77,62 (6,05) 3,762 0,001 4,62 Triglicérideos 31 83,64 (40,96) 87,77 (40,23) -0,755 0,455 -4,12

Colesterol Total 32 167,68 (29,97) 163,15 (27,90) 1,328 0,194 4,53 HDL 32 50,87 (7,86) 52,89 (9,36) -1,548 0,132 -2,02 LDL 32 88,57 (24,70) 86,60 (26,49) 0,717 0,479 1,96

Meninos

N 1ª avaliação(DP) 2ª avaliação(DP) t p Delta Altura 29 1,39 (0,16) 1,42 (0,15) -6,503 0,000 -0,02 Peso 29 46,83 (23,39) 47,55 (22,94) -1,495 0,146 -0,72 IMC 29 22,82 (6,35) 22,35 (6,19) 2,302 0,029 0,45 PC 26 77,67 (19,28) 79,21 (19,01) -1,721 0,098 -1,54

%MG tronco 24 33,84 (11,21) 32,19 (10,25) 2,552 0,018 1,64 % MG total 24 36,51 (9,51) 35,69 (9,32) 1,781 0,088 0,82

TAS 28 112,64 (13,84) 105,03 (11,87) 3,418 0,002 7,60 TAD 28 60,85 (8,35) 60,00 (7,30) 0,483 0,633 0,85

Glicose 25 84,80 (8,11) 77,79 (12,81) 2,319 0,029 7,00 Triglicérideos 25 80,48 (32,74) 72,80 (31,69) 1,151 0,261 7,68

Colesterol Total 25 176,36 (27,50) 158,96 (38,77) 2,723 0,012 17,40 HDL 25 57,02 (12,29) 56,30 (15,45) 0,254 0,802 0,72 LDL 24 89,70 (24,05) 92,00 (25,43) -0,974 0,340 -2,29

IMC- Índice de massa corporal, PC- Perímetro da cintura, TAS- Tensão arterial sistólica, TAD- Tensão arterial

diastólica, T teste de amostras emparelhadas. Delta – diferença entre o valor médio da 2ª avaliação e 1ª avaliação.

5.2. Comparação dos dois momentos de avaliação

A altura, peso, perímetro da cintura, %MG do tronco, tensão arterial

sistólica, colesterol total e glicose apresentaram diferenças significativas entre

as avaliações. Contudo altura e peso aumentaram o que contribuiu, porém de

forma não significativa, para acréscimo do IMC. O perímetro da cintura que é

um forte indicador para doenças cardiovasculares obteve um acréscimo

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significativo, no entanto aconteceu o inverso com o valor da %MG no tronco

avaliada pelo DEXA. Foi observada uma diminuição significativa da tensão

arterial sistólica (p< 0,001), do colesterol total e da glicose (p<0,001). Os níveis

médios de HDL e LDL, triglicerídeos e tensão arterial diastólica não

apresentaram diferenças significativas.

Tabela 10. Comparação de todas as variáveis em estudo entre os dois

momentos de avaliação para a amostra total.

Variavéis N 1ª

avaliação(DP) 2ª

avaliação(DP) T p Delta

Altura 68 1,39(0,14) 1,42(0,14) -8,830 0,000 0,03

Peso 68 47,20(21,02) 48,58(21,11) -3,930 0,000 1,36

IMC 68 23,05(5,92) 22,93(6,05) 0,737 0,463 -0,12

PC 60 77,03(17,70) 78,99(17,57) -2,823 0,006 1,95

% MG Tronco 48 35,03(9,71) 33,99(9,02) 2,253 0,029 -1,03

% MG total 48 37,61(8,04) 37,15(7,68) 1,475 0,147 -0,45

TAS 63 112,36(15,02) 105,09(11,05) 4,634 0,000 -7,26

TAD 63 59,53(9,41) 59,31(6,72) 0,195 0,846 -0,22

Glicose 57 83,36(7,80) 77,69(9,52) 3,812 0,000 5,67

Triglicerídeos 56 82,23(37,22) 81,08(37,12) 0,267 0,790 1,14

Colesterol 57 171,49(28,98) 161,35(32,86) 2,935 0,005 10,17

HDL 57 53,57(10,41) 54,38(12,39) -0,566 0,574 -0.81

LDL 56 89,06(24,21) 88,92(25,94) 0,074 0,941 0,13

TAD- Tensão arterial diastólica, TAS- tensão arterial sistólica, PC- Perímetro da cintura, IMC- Índice de massa corporal;

MG – Massa Gorda. T teste de amostras emparelhadas. Delta – diferença entre o valor médio da 2ª avaliação e 1ª

avaliação

Após separar a amostra por faixas etárias foram encontradas diferenças

significativas entre as duas avaliações (Tabela 11). No que consta ao grupo

dos 6 aos 8 anos, verificaram-se diferenças significativas na altura (p<0,001),

peso e glicose (p<0,05). Entre os 9 e 11 anos, verificamos que a altura , o CT,

(p<0,001), o peso, a TAS, o LDL e a glicose apresentaram-se

significativamente diferentes entre as avaliações (p<0,05). E no grupo dos 12

aos 19 anos houve diferenças significativas na altura, PC, colesterol total e

TAS (p<0,05).

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Tabela 11. Comparação das variáveis em estudo entre os dois momentos de

avaliação de acordo com faixa etária.

6-8 anos Variáveis N 1ª avaliação(DP) 2ª avaliação(DP) t p Delta

Altura 21 1,26(0,05) 1,30(0,06) -5,71 0,000 -0,03 Peso 21 29,93(8,25) 31,28(9,92) -2,66 0,015 -1,35 IMC 21 18,50(4,04) 18,23(4,55) 1,10 0,284 0,27 PC 19 64,18(12,24) 65,10(12,15) -0,87 0,394 -0,92

% MG tronco 14 30,51(10,72) 29,30(10,52) 1,41 0,181 1,21 % MG total 14 33,66(9,15) 33,10(9,18) 1,01 0,331 0,55

TAS 20 104,35(10,57) 100,40(9,73) 1,59 0,127 3,95 TAD 20 55,80(8,72) 57,60(7,59) -0,71 0,482 -1,80

Glicose 16 83,18(10,46) 78,31(7,08) 2,154 0,048 4,87 Triglicérideos 16 78,81 (28,97) 76,06(28,57) 0,301 0,768 2,75

Colesterol total 16 173,62(39,03) 165,00(32,58) 2,073 0,056 8,62 HDL 16 53,70(10,34) 53,91(10,78) -0,089 0,930 -0,20 LDL 16 94,43(28,87) 89,56(25,43) 1,571 0,137 4,87

9-11 anos

N 1ª avaliação(DP) 2ª avaliação(DP) t p Delta

Altura 29 1,36(0,05) 1,39(0,06) -8,22 0,000 -0,026 Peso 29 43,09(9,94) 44,10(9,75) -2,61 0,014 -1,004 IMC 29 22,79(4,01) 22,47(3,86) 1,39 0,175 0,319 PC 25 75,04(12,38) 76,82(11,80) -1,59 0,124 -1,780

% MG tronco 21 36,21(7,87) 34,94(6,90) 1,26 0,056 2,033 % MG total 21 38,88(6,35) 38,38(5,35) 0,50 0,297 1,070

TAS 27 110,00(11,98) 105,92(11,54) 2,18 0,038 4,070 TAD 27 59,59(8,08) 60,48(6,21) -0,62 0,536 -0,888

Glicose 22 86,22(6,32) 80,36(5,32) 3,533 0,002 5,86 Triglicérideos 22 86,54(45,69) 82,40(36,76) 0,608 0,550 4,13

Colesterol total 22 174,13(21,09) 174,59(22,61) -0,127 0,901 -0,45 HDL 22 55,15(11,69) 54,63(11,38) 0,428 0,673 0,51 LDL 21 93,23(17,41) 100,67(20,89) -2,261 0,035 -7,43

12-19 anos

N 1ª avaliação(DP) 2ª avaliação(DP) t p Delta

Altura 18 1,59(0,09) 1,61(0,08) -2,43 0,026 -0,012 Peso 18 73,98(18,53) 75,95(16,94) -1,95 0,067 -1,972 IMC 18 28,76(5,68) 29,14(5,21) -0,97 0,343 -0,379 PC 18 95,40(15,15) 98,86(14,59) -2,36 0,032 -3,462

% MG tronco 13 37,99(9,96) 37,51(9,00) 0,45 0,661 0,476 % MG total 13 39,81(8,64) 39,53(8,58) 0,42 0,679 0,284

TAS 19 126,37(15,73) 109,56(10,82) 4,84 0,000 16,812 TAD 19 64,12(10,81) 61,43(5,93) 1,00 0,332 2,687

Glicose 19 80,21(5,56) 74,09(13,58) 1,678 0,111 6,11 Triglicérideos 18 80,00(33,50) 83,94(45,09) -0,580 0,569 -3,94

Colesterol total 19 166,63(27,33) 142,84(35,92) 2,952 0,009 23,78 HDL 19 51,63(9,05) 54,50(15,16) -0,784 0,443 -2,87 LDL 19 79,91(25,00) 75,39(26,04) 1,874 0,077 4,52

PC- perímetro da cintura, IMC- índice de massa corporal, TAS- tensão arterial sistólica, TAD- tensão arterial diastólica,

MG- Massa gorda. T teste de amostras emparelhadas. Delta – diferença entre o valor médio da 2ª avaliação e 1ª

avaliação

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Para calcular as diferenças entre grupos etários, foi usada a ANOVA

(tabela 12) e os resultados mostraram diferenças significativas na variação (Δ)

da TA sistolica entre os grupos de 6-8 anos e 12-19 anos (p=0.004) e entre 9-

11 anos e 12-19 anos, ΔColesterol entre 9-11 anos e 12-19 anos (p=0.008),

ΔLDL entre 6-8 anos e 9-11 anos (p=0.018) e ΔLDL entre 12-19 anos e 9-11

anos (p=0.015).

Tabela 12. Comparação das variáveis entre os grupos etários

Grupo de 6-8 anos Grupo de 9-11 anos Grupo de 12-19 anos

N Média DP N Média DP N Média DP

ΔIMC 21 -0,27 1,14 29 -0,31 1,23 18 0,37 1,64

ΔPC 19 0,92 4,59 25 1,78 5,58 16 3,46 5,86

Δ% MG tronco

14 -1,21 3,21 21 -1,26 2,85 13 -0,47 3,82

Delta % MG total

14 -0,55 2,06 21 -0,50 2,14 13 -0,28 2,41

ΔTAS 20 -3,95 11,07 27 -4,07 9,68 16 -16,81* 13,87

ΔTAD 20 1,95 10,42 27 0,22 7,43 16 -3,68 9,22

ΔGlicose 16 -4,87 9,05 22 -5,86 7,78 19 -6,11 15,88

ΔTG 16 -2,75 36,59 22 -4,13 31,90 18 3,94 28,84

ΔColesterol 16 -8,62 16,44 22 0,45** 16,84 19 -23,78 35,12

ΔHDL 16 0,20 9,26 22 -0,51 5,63 19 2,87 15,97

ΔLDL 16 -4,87 12,41 21 7,43*** 15,06 19 -4,52 10,51

Comparação post Hoc Bonferroni: *Grupo de 12-19 anos diferente dos grupos de 6-8 e 9-11 anos. **Grupo de 9-11 anos diferente do grupo de 12-19 anos. *** Grupo de 9-11 anos diferente dos grupos 6-8 e 12-19 anos. IMC- índice de massa corporal, PC- perímetro da cintura, MG . Massa Gorda, TAS- Tensão arterial sistólica, TAD- Tensão arterial diastólica, TG- triglicérideos.

5.3 Caracterização do HOMA e análise estatística

No que diz respeito ao índice de resistência à insulina, não há diferenças

significativas nos valores médias entre duas avaliações (tabela 13). Os valores

médios do HOMA apresentaram uma tendência de redução mais acentuada

nas meninas após a segunda avaliação (tabela13).

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Tabela 13. Caracterização da amostra e comparação de acordo com o HOMA

HOMA

1ª Avaliação 2ª Avaliação t p Delta N Média DP N Média DP

Meninos 21 1,558 (1,00) 21 1,557 (0,86) 0,009 0,993 0,001 Meninas 30 2,438 (1,58) 30 2,188 (1,74) 0,702 0,488 0,25

Total 51 2,076 (1,43) 51 1,928 (1,47) 0,673 0,504 0,14

T teste de amostras emparelhadas. Delta – diferença entre o valor médio da 2ª avaliação e 1ª

avaliação

Apesar de haver uma tendência na redução média dos valores, somente

3,92% das crianças e adolescentes diminuíram o risco de HOMA enquanto

5,88% passaram a ter risco. 11,76% mantiveram o risco para resistência à

insulina, entretanto a maioria da amostra não apresentou risco para a

resistência a insulina (Fig 4).

Fig 4. Alteração do HOMA entre as avaliações

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6. Discussão

O objetivo deste estudo foi analisar as diferenças encontradas após 8

meses de um programa de intervenção, com foco no aumento dos níveis

habituais de atividade física em crianças e adolescentes no que diz respeito à

composição corporal, tensão arterial, perfil lipídico, glicose e resistência à

insulina. Os principais resultados apresentados neste estudo foram: redução da

percentagem de gordura no tronco de acordo com do DEXA, diminuição da

tensão arterial sistólica, do colesterol e glicose.

Os dados da composição corporal seguiram uma tendência encontrada

no estudo de Semiz et al.,(2007), onde a gordura corporal e indice de massa

corporal são superiores nas meninas. Entretanto de forma geral o peso

corporal e altura foram significativamente (p<0,01) maiores na segunda

avaliação do que na primeira, ou seja, após a intervenção. Isto aconteceu

devido os individuos da amostra situarem-se em plena fase de

desenvolvimento tecidual, ósseo e muscular. Apesar do crescimento do peso

corporal houve redução do IMC, o que implica uma maior influência da altura

em detrimento do peso corporal.

O perimetro da cintura que é um importante indicador para doenças

cardiovasculares não seguiu a mesma tendência da % de massa gorda do

tronco, e aumentou após a segunda avaliação em todas as três faixas etárias,

no sexo masculino, e de forma significativa nas meninas e na amostra total,

resultados não esperados, pois era biologicamente espectavel uma redução do

PC após o periodo de intervenção, como acontece nos estudos de Lazzar et

al., (2007) e Klein-Platat et al., (2005). Estes resultados são muito importantes,

pois altos valores de perímetro de cintura têm correlação com aumento da

tensão arterial ainda na infância e especialmente nos rapazes (Chen & Li,

2011; Lu et al., 2013; Zhang & Wang, 2013).

No entanto vale a pena ressaltar e levar em conta a redução significativa

(p<0,05) dos valores médios da % de massa gorda no tronco, corroborando

com os estudos de Batch (2005), Jauregui et al.,(2012), Dencker et al.,(2006) ,

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Farpour-Lambert et al.,(2009) e Watts et al.,(2004) que sugerem a importância

do exercício físico regular na diminuição da massa gorda, evitando assim o

desenvolvimento de diversas comorbidades associadas a obesidade, pois há

forte correlação de doenças cardiovasculares com a gordura total e abdominal

desde a infância (Dencker et al., 2012)

Promover o aumento dos níveis de atividade física com o intuito de

elevar a aptdão cardiorespiratória pode auxiliar na redução da massa gorda

como também na manutenção da mesma (Batch, 2005; Jauregui et al., 2012).

Pois niveis baixos de aptidão cardiorespiratória estão fortemente associados à

obesidade em crianças, destacando-se o aumento da aptidão como fator

protetor na juventude (Aires et al., 2010). Lee & Arslanian (2007) também

observou em seu estudo que alto condicionamento cardiorespiratório está

associado a baixos valores de gordura abdominal, e sugere que crianças e

adoelscentes devem ser estimuladas a participar de programas que promovam

atividades fisicas. Nassis et al.,(2005) concluiu que as crianças com sobrepeso

e obesidade com elevado condicionamento cardiorespiratório tinham menos

gordura abdominal e total, comparado as crianças de mesmo IMC com baixos

niveis de aptidão. No entanto para uma melhor eficácia na redução de massa

gorda abdominal é importante a prática de atividades fisicas concomitantimente

ao controle alimentar (Togashi et al., 2010).

No que diz respeito à tensão arterial houve semelhanças nos valores

médios da tensão arterial sistólica entre os meninos e meninas na 1ª e 2ª

avaliações, havendo após a intervenção uma redução significativa (p<0,01) do

valor médio da tensão arterial sistólica, indicando uma coerência com estudos

encontrados na literatura, na qual os niveis de tensão arterial estão associados

à obesidade e baixos niveis de atividade física, ou seja, após a promoção de

programas cujo objetivo é aumentar a atividade física regular e reduzir a massa

gorda corporal, reduz-se gradativamente a tensão arterial em repouso (Duncan

et al., 2011; Farpour-Lambert et al., 2009; Reinehr et al., 2009; Silva et al.,

2009). Farpour-Lambert et al,(2009) verificou ainda que as maiores mudanças

na TA ocorreram em crianças com maiores valores de TA independentemente

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da redução da gordura corporal, e após um periodo maior de intervenção

ocorreu outra diminuição da TA.

No estudo de Gaya et al, (2009) concluiram que niveis de atividade física

moderada e baixos niveis de sedentarismo estão associados com menores

valores da tensão arterial sistólica, Leary et al.,(2008) também observou que

altos niveis de atividade fisica está associado a baixos valores de tensão

arterial, sugerindo que o volume pode ser mais importante do que a

intensidade. Contudo a TAS não reduziu uniformemente em todas as faixas

etárias, pois no grupo de 6-8 anos não foram encontradas diferenças

significativas entre as avaliações. Este resultado pode ser explicado pela

ausência de tensões elevadas em crianças saudáveis até os 10 anos

(Mitsnefes, 2006). Fato este que também explica o porquê da variação da

tensão arterial, do grupo de 12-19 anos ter sido significativamente superior ao

grupo de 6-8 anos e 9-11 anos.

A promoção de atividade física moderada ou vigorosa nas crianças e

adolescentes também está associada com a redução dos niveis de colesterol,

sendo um grande fator protetor para futuras doenças cardiovasculares

(Moschonis et al., 2013). Neste estudo houve redução significativa dos niveis

médios de colesterol total após a intervenção: na amostra total, no grupo de 12-

19 anos e no grupo dos meninos. Resultados que foram semelhantes ao

estudo de El Ansari et al. (2010), após a intervenção os valores totais e do

grupo dos rapazes reduziram significativamente. No entanto a variação do

colesterol total do grupo de 12-19 anos entre as avaliações foi

significativamente inferior ao grupo de 9-11 anos, o que acabou acontecendo

pelo aumento significativo do LDL deste último grupo, já que o LDL é um dos

componentes do colesterol total (McArdle et al., 2007, p. 25)

Diversos estudos indentificam uma menor probabilidade de desenvolver

patologias associadas ao colesterol em crianças e adolescentes ativos, pois se

acredita que jovens ativos terão menos chances de desenvolver

hipercolesterolemia na infância e posteriormente na idade adulta, evitando ou

diminuindo a ocorrência de doenças cardiovasculares (Bailey et al., 2012; El

Ansari et al., 2010; Moschonis et al., 2013).

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Não foram encontradas diferenças significativas para tensão arterial

diastólica e triglicerideos.

Contudo o aumento da tensão arterial diastólica advém pelo acréscimo

da resistência periférica (McArdle et al., 2007, p. 319) geralmente causado pela

presença de placas de gordura nas arterias e capilares, juntamente com

valores baixos de HDL e alto LDL (McArdle et al., 2007, pp. 25-26), o que

dificilmente ocorre em crianças saudáveis. Talvez por isso a tensão arterial

diastólica não apresentou diferenças significativas, com baixos valores médios

nas duas avaliações em todos os grupos estudados.

No caso dos triglicérideos a explicação plausivel para não ocorrência de

significância entre as avaliações se dá pelo fato dos triglicéridos serem a forma

de armazenamento das gorduras, o que não ocorre de forma intensa na

infância e adolescência, incidindo posteriormente na fase adulta (Waitzberg,

2009, p. 131) devido ao sedentarismo e consumo excessivo de carboidratos

(American Heart Association, S.d.-a).

Os valores de HDL aumentaram e o LDL diminiu como era plausivel e

biologicamente espectavel com acréscimo da atividade fisica, no entanto os

resultados não foram significativos. Pórem no estudo de Cordova et,al. (2012)

também não foram encontradas diferenças significativas de colesterol HDL e

LDL entre os grupos dos sedentários, ativos e praticantes de esportes.

No que diz respeito à resistência à insulina, verificou-se que após a

segunda avaliação 5,88% das crianças mudaram de categoria para HOMA

“risco”, 3,92% passaram a categoria “sem risco” e 11,76% mantiveram o “risco

de resistência á insulina”. No entanto a grande maioria das crianças (78,43%)

não apresentou valores de risco nas duas avaliações. Após a intervenção

observou-se uma tendência na redução dos valores médios, indicando de

forma geral uma diminuição da resistência à insulina, porém essa diminuição

do HOMA não foi significativa.

Esta tendência pode ser explicada pela redução significativa da glicose e

da massa gorda no tronco, pois na medida em que há menos glicose circulante

no sangue e menos gordura também há uma convergência para redução da

resistência à insulina. Alguns estudos sugerem que a intervenção com

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atividade física moderada ou vigorosa é benefica para reduzir os niveis de

glicose e resistência à insulina, especialmente em crianças obesas (Bell et al.,

2007; Macias-Cervantes et al., 2009; Mirza et al., 2012).

Apesar dos excelentes resultados encontrados e discutidos acima, este

estudo longitudinal apresenta algumas limitações: por um lado a amostra é

reduzida dificultando a separação por grupos e diminuindo o poder da análise e

por outro lado a não existência de um grupo controlo, impedindo de verificar a

verdadeira eficácia do programa. Contudo tratava-se de um programa

apoiadopelo Ministério de Educação com o fim de assistir uma comunidade,

tornando difícil eticamente formar um grupo de controlo.

No entanto, este estudo tem pontos fortes a salientar, como a avaliação

objetiva de todas as variáveis com especial destaque para a utilização do

DEXA para avaliar a composição corporal, O DEXA permite estabelecer a % de

massa gorda caracterizando a obesidade com maior precisão e fiabilidade.

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7. Conclusão

Os resultados do presente estudo indicam que o programa de

intervenção ”Projeto ACORDA” parece ter contribuído para a redução da

percentagem de massa gorda, dos níveis de tensão arterial sistólica, do

colesterol total e da glicose em crianças e adolescentes. Em síntese, este

estudo reforça as atuais evidências sobre a importância dos projetos de

promoção da atividade física na prevenção e tratamento de crianças

adolescentes com excesso de peso/obesidade. Os inúmeros benefícios

biológicos que as crianças conquistam com a perda de peso, através da prática

da atividade física justificam largamente o investimento em programas de

intervenção o mais cedo possível. De fato, programas de intervenção vêm se

mostrando uma importante ferramenta na promoção de hábitos de vida

saudáveis desde a infância até a idade adulta.

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