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“Rede de reservas particulares interligadas do entorno do Parque Nacional do Descobrimento” (Proposta da AMEPARNA para conservação ambiental do entorno do Parque Nacional do Descobrimento) PRADO – BAHIA AGOSTO 2006

ALTERNATIVAS ENTORNO 1

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“Rede de reservas particulares

interligadas do entorno do Parque Nacional do

Descobrimento”

(Proposta da AMEPARNA para conservação ambiental do entorno do Parque Nacional do Descobrimento)

PRADO – BAHIA

AGOSTO 2006

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SUMÁRIO

1. Introdução 2. Objetivos 3. Justificativas para realização deste trabalho 4. Proposta do Ministério do Meio Ambiente para ampliação

do Parque Nacional do Descobrimento 5. Diagnósticos da área proposta para ampliação do Parque

Nacional do Descobrimento (PND)

5.1. Aspectos sociais e econômicos

5.1.1. Introdução

5.1.2. Metodologia utilizada

5.1.3. Resultados

5.2. Aspectos ambientais

5.2.1. Caracterização da vegetação da área da ampliação 5.2.2. Caracterização da fauna regional 5.2.3. Caracterização da paisagem da área da ampliação 5.2.4. Caracterização ambiental e proposta “individual” dos Fragmentos florestais e áreas abertas do entorno

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6. Metodologia para Formação da “Rede de Reservas

Particulares Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento”

6.1. Planejamento

6.2. Bases conceituais

6.3. Metodologia de Formação da “Rede de Reservas Particulares Interligadas”

7. Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do

Parque do Descobrimento

8. Sustentabilidade da Rede de Reservas Particulares

8.1. Circuito de Turismo Ambiental e Rural

8.2. Utilização de CRL – Cotas de Reserva Legal

8.3. Bolsa de venda de áreas florestais

8.4. Ações complementares propostas

9. Bibliografia 10. Equipe Técnica ANEXO 01 - Carta de vegetação da área do entorno do PARNA Descobrimento. ANEXO 02 - Mapa da proposta de implantação da “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento”. ANEXO 03 - Lista de Assinatura de vizinhos ANEXO 04 - Estatuto da AMEPARNA

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1. Introdução

O Parque Nacional do Descobrimento (PND) está localizado inteiramente no

município de Prado, região extremo sul da Bahia e foi criado pelo Decreto

s/no, de 20 de abril de 1999, possuindo uma área total de 21.129,00

hectares, composta principalmente por floresta ombrófila densa (mata

atlântica), constituído por uma boa área núcleo de mata atlântica. Está

localizado entre as coordenadas 16o55’ e 17o15’ de Latitude Sul e 39o25’ e

40o10’ de Longitude Oeste.

Hoje com a área atual existente o Parque Nacional do Descobrimento passa

por várias ameaças à sua conservação que podem comprometer sua

integridade e seu objetivo principal de conservação de importante fragmento

de mata atlântica, com biodiversidade expressiva. Entre estas ameaças

destacamos principalmente o risco de invasões, principalmente pelos índios

pataxó (já existem 4 ocupações dentro da área do PARNA), roubo de

madeira e caça. Considerando o atual número de vigilantes do PND e todas

as ameaças que rodeiam a Unidade de Conservação podemos afirmar que,

hoje, a grande proteção atual do PND é dada pelos vizinhos.

Os proprietários de terras do entorno do Parque do Descobrimento que

vivenciam diariamente a realidade de conservação desta Unidade de

Conservação se uniram e criaram a “AMEPARNA” - Associação de Amigos,

Vizinhos e Moradores do Parque, com objetivo de auxiliar o governo na

conservação e proteção do PND.

A associação contratou serviços de consultoria com finalidade de melhor

estudar a realidade regional do entorno e propor melhores alternativas que

propiciem a garantia da conservação de todos fragmentos atuais do entorno

e promova o fortalecimento e consolidação da área atual do Parque (área

núcleo). A estratégia proposta é a formação de uma “Rede de Reservas

Particulares” interligadas com o PARNA do Descobrimento, que, além de

conservar o maior dos fragmentos de mata atlântica do nordeste, possa

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contar com os atuais vizinhos do entorno como aliados na conservação de

suas reservas (entorno) e da área núcleo (PARNA), mantendo assim intacto

o maior fragmento de mata atlântica do Nordeste. Assim, através deste

trabalho, os moradores do entorno e associação AMEPARNA, tem como

objetivo mostrar realmente a realidade da situação atual do entorno do

Parque Descobrimento e apresentar ao Ministério do Meio Ambiente uma

nova proposta de parceria na conservação deste importante fragmento

florestal de mata atlântica.

Para elaboração de nossa proposta foi realizado um diagnóstico total da área

do entorno, com classificação do estado de conservação de todos os

fragmentos florestais existentes no entorno imediato do PARNA (área

prevista para ampliação), estudo de vizinhança, efeito de borda, além de

diagnósticos sócio-econômicos de toda área do entorno, levantando todas as

atividades econômicas hoje existentes e geração de empregos associada.

Também foram considerados todos os estudos anteriores realizados na área

do PARNA, seja de caráter ambiental, social e econômico.

Os resultados mostram, por exemplo, que na proposta atual de expansão do

PND estão incluídas muitas áreas produtivas (mais de 4.000 hectares de

áreas de agropecuária), áreas antropizadas sem interesse para conservação

ambiental e produtivas do ponto de vista econômico e social, que geram

muitos empregos. Os resultados também mostram que a melhor alternativa

para o desenvolvimento sustentável da região é de uma proposta

participativa, envolvendo os moradores do atual entorno, implantando

programas ambientais nestas áreas visando fortalecer a consciência

ecológica dos moradores, denotando a importância do Parque Nacional do

Descobrimento para a região, fazendo das pessoas moradoras do entorno

“amigos do PND”, aliados na conservação da área e não “inimigos do PND”

insatisfeitos com os processos de desapropriação, retirada de suas moradias

e seus empregos.

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A proposta apresentada neste trabalho tem como objetivo obter um ponto de

equilíbrio conciliando conservação ambiental do Parque Nacional do

Descobrimento e todos os fragmentos vizinhos do entorno do PARNA e não

inclusão de áreas produtivas (agricultura e pecuária) do ponto de vista sócio-

econômico. Apresentamos neste trabalho a proposta de implantação das

“Redes de Reservas Particulares Interligadas do entorno do Parque

Nacional do Descobrimento”.

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2. Objetivos O grande objetivo é apresentar uma proposta alternativa que tenha como

objetivo principal a Conservação do maior fragmento de mata atlântica do

Nordeste, o PARNA Descobrimento e seu entorno, obtendo uma solução

satisfatória do ponto de vista ambiental, social e econômico, promovendo o

desenvolvimento sustentável da região.

Para a sociedade e o governo temos como objetivo montar uma proposta

onde todos os fragmentos florestais existentes na área proposta para

ampliação se mantenham conservados, assegurando este compromisso em

averbação em cartório, conservando este importante trecho de mata atlântica

da região para as gerações futuras.

Para os proprietários o grande objetivo é manter a área florestal atual em

seus domínios. Promover a conservação sem a desapropriação. Eles que

conservaram estas florestas por tanto tempo querem continuar conservando

estas matas, ajudando na preservação do grande núcleo florestal, o PARNA

do Descobrimento.

Para apresentação de uma proposta sólida e embasada nos conceitos da

Biologia da Conservação temos como objetivo a realização de estudos

complementares a amostragem já existente, coletando dados primários de

aspectos sociais, econômicos e principalmente ambientais envolvidos na

área proposta para ampliação do PARNA Descobrimento.

O governo ficaria desonerado de investir em compras de terras e os

proprietários satisfeitos com a manutenção das reservas florestais em suas

propriedades atuando como verdadeiros fiscais ambientais, mantendo a

“Redes de Reservas Particulares Interligadas do entorno do Parque

Nacional do Descobrimento” e auxiliando na conservação e proteção do

PARNA Descobrimento (núcleo e espinha dorsal da rede de reservas).

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3. Justificativas para realização deste trabalho Com referência a proposta de ampliação da área do Parque Nacional do

Descobrimento e a condução deste processo, a AMEPARNA – Associação

dos Amigos, Vizinhos e Moradores do entorno do Parque Nacional do

Descobrimento, considerando que a proposta apresentada envolve muitas

questões de ordem social, econômica, além de vários aspectos ambientais,

contratou estudos complementares e vem através deste trabalho apresentar

um diagnóstico ambiental, social e econômico complementar, assim como

propostas alternativas à não desapropriação e conservação de todos os

fragmentos florestais hoje existentes, com a formação da “Rede de

Reservas Particulares Interligadas do entorno do Parque Nacional do

Descobrimento”, baseado nas seguintes justificativas:

1) Consideramos que no trabalho apresentado intitulado “Identificação da

estrutura fundiária para ampliação e criação de Unidades de Conservação no

extremo sul da Bahia”, com referência ao item 5.2. “Caracterização

socioeconômica das famílias” a amostragem não foi suficiente para produção

de um diagnóstico social, econômico e ambiental condizente com a realidade

atual. Isto se deve a grande variação de situações encontradas (grandes,

médias e pequenas propriedades, assentamentos rurais do INCRA, terras

indígenas e invasões) exigindo maior amostragem da área proposta para

ampliação. Como exemplo da amostragem insuficiente, citamos a inclusão

de mais de 2.000,00 hectares de áreas sem vegetação florestal, formadas

por áreas de plantio agrícola e pastagens na proposta apresentada para

ampliação na Consulta Pública.

2) Buscar uma maior participação popular no processo de ampliação do

PARNA. Inicialmente não existiu uma boa comunicação das ações que

estavam sendo tomadas e a participação com os proprietários diretamente

envolvidos. A criação da AMEPARNA foi realizada no sentido de mobilizar e

envolver os vizinhos e moradores do entorno do Parque no processo de

ampliação.

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3) Consideramos como uma situação ótima, do ponto de vista de

conservação ambiental, a existência de um Parque Nacional formado por

uma área núcleo do fragmento, fazendo divisas somente com áreas de

florestas, gerando um bom efeito tampão de proteção das áreas núcleo (do

PARNA), esta situação é excelente do ponto de vista conservacionista. Esta

situação é a ideal para um Parque Nacional, que pode ser melhorada tendo

como vizinhos proprietários conscientes e interessados em conservar suas

áreas florestais, proprietários que possam auxiliar na conservação ambiental

do PARNA. A criação da AMEPARNA demonstra o grande interesse dos

vizinhos em auxiliar no trabalho de conservação do Parque e principalmente

conservarem em regime de perpetuidade suas áreas florestais interligadas

ao PARNA, formando uma “Rede de reservas particulares interligadas” onde

a área núcleo será o PARNA. Temos que considerar que a grande maioria

destes proprietários conservou as suas áreas florestais até o momento e

mostram interesse em continuar conservando-as e disposição para assinar

compromissos públicos para fim desta conservação.

4) Desonerar a União de compra de terras para ampliação do PARNA,

aumento do número de funcionários e infra-estrutura, aumento significativo

da fiscalização pelo aumento significativo do número de acessos ao PARNA

(mais de 30 entradas e acessos à área núcleo do PARNA estariam abertos,

sem a proteção dos vizinhos atuais).

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4. A Proposta do Ministério do Meio Ambiente para ampliação do Parque Nacional do Descobrimento

Neste item é mostrada a proposta do governo para ampliação do PARQUE,

sintetizada dos vários documentos e estudos encomendados pelo Ministério

do Meio Ambiente:

Os parques nacionais do Descobrimento e Pau Brasil e a Reserva Biológica

de Una são Unidades de Conservação (UC´s) de proteção integral na Mata

Atlântica do sul da Bahia. Todas três possuem florestas no seu entorno

imediato, mas que estão fora dos seus limites de proteção.

Vários estudos mostraram que os animais de dentro das UC´s transitam nos

fragmentos de mata de fora dessas, algumas vezes levando consigo também

sementes das árvores da floresta. Se esses fragmentos fossem destruídos,

muitas plantas e animais perderiam áreas importantes de habitat e

reprodução.

A proposta de ampliação destas Unidades de Conservação visa proteger a

maior parte dessas florestas do entorno, incluindo-as dentro dos limites das

unidades ou dentro de outras unidades de conservação, de forma a criar um

bloco contínuo de florestas, protegidas para as gerações futuras.

O Parque Nacional do Descobrimento está localizado no litoral do extremo

sul da Bahia, no município do Prado. Foi criado pelo Decreto s/n, de 20 de

abril de 1999, com área de 21.129 ha.

Com este tamanho, é o maior fragmento contínuo de Mata Atlântica da

região Nordeste do Brasil. Está na maior parte coberto de florestas densas

de tabuleiro, que sofreram exploração seletiva de madeira pouco antes de

sua criação. Mesmo assim, abriga uma rica fauna ameaçada: onças

pintadas, as últimas antas da Bahia, o raro Mutum do Sudeste e até a águia

Harpia (Gavião-real).

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As principais justificativas do Ministério do Meio Ambiente para

ampliação do PARNA são:

• Existência de 9.300 hectares de florestas ainda desprotegidas bem

próximas ao parque, mas fora de seus limites. Algumas dessas matas

estão até melhor preservadas do que dentro do próprio Parque.

• Problema de limites muito irregulares por dentro da floresta. Isso

dificulta conhecer ao certo quais são os limites exatos do parque e,

portanto, dificulta muito a sua proteção.

• Amenizar o efeito-borda.

Exposição de motivos

Segundo Pinto, 2000, o conjunto formado pelos Parques Nacionais do

Descobrimento e Monte Pascoal concentra o maior fragmento de Mata

Atlântica da região Nordeste. Trata-se de dois fragmentos de grande porte,

próximos um do outro, o que facilitaria a implantação de micro-corredores,

restabelecendo a conexão entre estas unidades (Símbios, 2000). A

importância da área se confirma pelos registros recentes de várias espécies

ameaçadas de extinção e de grandes mamíferos de topo de cadeia, os quais

necessitam de uma grande área para sobreviver.

A ampliação do Parque Nacional do Descobrimento visa, principalmente,

incluir nesta unidade os fragmentos florestais bem preservados ou com bom

potencial de regeneração do seu entorno imediato. Além disso, sua

ampliação reduziria a irregularidade do seu contorno, o que facilitaria

tremendamente sua proteção e diminui de maneira considerável o efeito de

borda sobre a zona núcleo. A União Mundial para a Natureza (IUCN), através

de sua Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA), recomenda que,

sempre que possível, sejam incorporadas nas partes mais externas das

unidades de conservação áreas em regeneração ou que poderiam ter seu

uso alterado, priorizando sua recuperação ambiental, fazendo com que, do

ponto de vista ecológico (e não de manejo), a “zona de amortecimento

ecológica” esteja dentro dos limites da área, sob controle dos seus

administradores.

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Desafios e sugestões

São apontados na proposta do MMA vários objetivos que condizem na

íntegra com os objetivos deste trabalho, ou seja:

a) O ideal seria a construção de parceria duradoura entre o parque e os

donos de mata, unindo forças na proteção da floresta. O desafio é estimular

o sentimento de valorização nas pessoas que protegeram a mata até hoje;b)

Há um plantio de mamão cercado por matas dentro da área proposta. Este

plantio, que gera muitos empregos, poderia ser mantido, se as áreas de

floresta cercando-o fossem transformadas em RPPN;

Figura 01 – Limites atuais do PARNA (amarelo) e proposta de ampliação (branco).

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5. Diagnósticos da área proposta para ampliação do Parque Nacional do Descobrimento

5.1. Aspectos sociais e econômicos

5.1.1. Introdução

Para assegurar às gerações futuras ao menos as oportunidades do atual

progresso sem prejudicar o meio ambiente esta visão oportunizou o

Desenvolvimento Sustentável (CMMAD, 1987, citado Peter H. May, 1995) um

enfoque que não cria necessariamente a situação de vencedor-perdedor.

Nesta linha esta forma conceitual observa no programa da CAR –

Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional as seguintes dimensões:

economicamente viável, socialmente justo, ecologicamente correto e

politicamente fundamentado na participação da sociedade. Desta forma

tivemos a oportunidade de no momento de escuta dos proprietários

construirmos um modelo de desenvolvimento e preservação condizente com

o estágio individual e que contemplasse a demanda da sociedade e

conseqüentemente uma busca de consolidação de parcerias, sendo

inicialmente uma quebra de paradigmas ao individualismo entre eles

(proprietários) e entre eles e o poder público, que apresentava uma proposta

inicial de exclusão e que ao acenar para um diálogo possibilitou a

observação de que seria possível construir um modelo de todos.

Neste sentido foram realizados diversos eventos com participação para

esclarecimentos e entendimentos sobre as principais visões (dos

proprietários e do Estado), no mesmo período foi possível desenvolver a

estrutura de cooperação a AMEPARNA – associação de amigos e

proprietários do entorno do PARNA do Descobrimento, garantido o

desenvolvimento de um pensamento diferenciado e integrativo possibilitando

a proposta ““REDES DE RESERVAS PARTICULARES INTERLIGADAS DO

ENTORNO DO PARQUE NACIONAL DO DESCOBRIMENTO” que

acreditamos integrar um novo modelo de conservação com participação

social transformando em realidade umas das premissas dos corredores

Ecológicos, 2005, trazendo ao Estado a possibilidade de gestão integrada

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sem ocorrer nenhuma tutela ou desgaste social e sim participação co-

responsável a qual precisará de ajustes e incorporação permanente de uma

visão diferenciada conforme propõe BAIARDI, 1998, de uma cultura e

capacitação para o desenvolvimento sustentável.

Escutar os atores locais significa não negar a possibilidade de sujeitos

sociais como afirma MALGODI, 1999 (pág 07), que a meu ver são capazes

não apenas de ler e atribuir significado ao seu mundo, como também de

aceitar novos acordos que possam vir a considerar razoáveis em seus

padrões lógicos e morais. Compartilhamos ainda MALGODI, 1999 cita

Ostron, da crença na capacidade humana de aprender a usar da

reciprocidade e das regras sociais para vencer os dilemas sociais da vida

cotidiana. O empodeiramento com certeza é a premissa social dos novos

tempos com a possibilidade de produzirmos de fato a mudança esperada.

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5.1.2. Metodologia utilizada

Realização de reuniões com proprietários

Foram realizadas as seguintes reuniões com proprietários da área de

ampliação para discussão da proposta ora apresentada:

1) Reunião para definição das estratégias para elaboração da proposta

alternativa a ser apresentada ao Ministério do Meio Ambiente (19/05/2006 –

Posto Bentivi e 31/05/2006 - Maçonaria) – Itamaraju;

Foto 01 – Reunião inicial para definição da estratégia de trabalho (31/05/06)

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2) Participação em consulta pública – Prado (10/06/2006):

Tivemos uma participação representativa dos moradores e vizinhos do

PARNA.

Foto 02 – Consulta pública – Prado (10/06/2006)

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Foto 03 – Consulta pública – Prado (10/06/2006)

Foto 04 – Consulta pública – Prado (10/06/2006)

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3) Com AMEPARNA – discussão inicial da proposta alternativa da formação

da “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do Parque

do Descobrimento” e definição de novas estratégias de ação (dia

20/06/2006 – Guarani);

4) Prefeitura de Prado (com Prefeito, Secretário de Agricultura) para criação

do Comitê de Acompanhamento da Ampliação do PARNA Descobrimento e

recebimento de carta convite para reunião de formação do Comitê (dia

20/06/2006 – Prefeitura Municipal de Prado);

5) Com Comitê de Acompanhamento da Ampliação do PARNA

Descobrimento e para constituição do Comitê (dia 05/07/2006 – Prefeitura

Municipal de Prado);

Foto 05 – Formação do Comitê de acompanhamento do processo de ampliação o PARNA do Descobrimento – Prado (05/07/2006)

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6) Com PRESERVA – Associação dos Proprietários e RPPNs da Bahia para

discussão sobre alternativas de reservas privadas. Com participação do IBIO

– Instituto Bioatlântica, Flora Brasil, IBAMA e The Nature Conservancy (dia

07/07/2006 – Itamaraju);

Foto 06 – Reunião com a PRESERVA com objetivo de discutir formas de conservação de terras privadas - Prado (07/07/2006)

7) Com Comitê de Acompanhamento da Ampliação do PARNA

Descobrimento e para elaboração do Plano de Ação (dia 19/07/2006 –

Prefeitura Municipal de Prado);

8) Com AMEPARNA – primeira reunião para discussão e consolidação da

proposta alternativa da formação da “Rede de Reservas Particulares

Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento” e definição de

novas estratégias de ação (dia 03/08/2006 – Itamaraju);

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Foto 07 – Segunda reunião com proprietários para consolidação dos resultados do diagnóstico e apresentação da proposta preliminar, Itamaraju (22/08/2006)

9) Com AMEPARNA – segunda reunião para discussão e consolidação da

proposta alternativa da formação da “Rede de Reservas Particulares

Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento” e definição de

novas estratégias de ação (dia 22/08/2006 – Itamaraju);

Pesquisa de campo

Realização de viagens de campo para entrevista individual com cada

proprietário e reconhecimento de campo de todas as áreas envolvidas,

visando à elaboração dos diagnósticos sociais, econômicos e ambientais (10-

21 julho) e (25 de julho a 10 de agosto).

Análise e observação de documentação das propriedades

ITR/INCRA/Escrituras, identificando as discrepâncias de dados.

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Mobilização Social dos Agricultores

O grande interesse dos proprietários em manter suas reservas florestais

assim como a falta de comunicação envolvida na ampliação do PARNA levou

os proprietários das áreas do entorno a criarem a AMEPARNA – Associação

dos moradores vizinhos amigos do Parque Nacional do Descobrimento. Esta

associação possui nos objetivos de seus estatutos a promoção do

desenvolvimento sustentável da região promovendo a melhoria de aspectos

ambientais e conservação de todos os fragmentos florestais existentes,

assim como promover a recuperação ambiental de áreas degradadas.

5.1.3. Resultados

Geração de renda e empregos envolvidos na área da ampliação do

PARNA

Na área proposta para ampliação do PARNA temos uma área de cerca de

3.900 hectares sem vegetação florestal, isto é, formada por pastagens e

áreas agrícolas. Esta área, produtiva do ponto de vista econômico, é

responsável pela geração de empregos (cerca de 500 empregos diretos e

indiretos) dentro da área proposta para ampliação.

Os empregos gerados nas propriedades localizadas dentro da área de

desapropriação/ampliação do PARNA, conforme levantamento realizado em

todos estes imóveis temos um número de aproximadamente 500 empregos.

Ainda no quesito emprego nos levantamentos realizados tivemos uma

indicação que serão perdidos definitivamente aproximadamente 352

empregos com a ampliação do PARNA.

As receitas financeiras envolvidas nas propriedades situadas na área de

ampliação do PARNA do Descobrimento, estes são da ordem de

aproximadamente 6,6 milhões de reais anuais.

Page 22: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

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EMPREGOS APÓS AMPLIAÇÃO

30%

70%

SERÃO MANTIDOS DEIXARÃO DE EXISTIR

Figura 02 – Representação dos empregos hoje existentes que serão mantidos e postos de trabalhos que serão extintos com a ampliação via desapropriação.

Proprietários que já auxiliaram o IBAMA na proteção do PARNA

Descobrimento em algum momento

Mais da metade dos proprietários do atual entorno já auxiliaram o IBAMA em

alguma atividade específica de proteção do PARNA, ou seja, principalmente

combate a incêndios florestais, proteção contra entrada de caçadores e

roubo de madeira.

PROPRIETÁRIOS NO ENTORNO QUE AJUDARAM AO IBAMA

54%

46%

AJUDAM E JÁ AJUDARAM AINDA NÃO AJUDARAM

Figura 03 – Representação dos proprietários do entorno que em alguma oportunidade já auxiliaram o IBAMA (Parna Descobrimento), seja no combate a incêndios, seja no fiscalização na área do PARNA e entorno.

Page 23: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

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Interesse em implantação de projetos de turismo ecológico

Dos 46 proprietários da área proposta para implantação, quase metade

deles, ou seja cerca de 19 proprietários tem interesse em implantar projetos

de turismo ambiental e rural em suas propriedades.

INTERESSE DOS PROPRIETÁRIOS AO TURISMO

46%

54%

SIM NÃO

Figura 04 – Representação dos proprietários interessados, ou não, em realizar atividades de turismo rural ou ambiental em suas propriedades.

Moradores da área de ampliação e no PND

Hoje residem em casas situadas na área proposta para ampliação cerca de

68 famílias e 249 moradores dos imóveis localizados nos imóveis envolvidos

nas áreas de ampliação.

Entre as comunidades indígenas residentes, agora dentro da área do PARNA

do Descobrimento, temos populações distribuídas em quatro aldeias (Cahy,

Tibá, Pequi e Alegria Nova).

A aldeia de Cahy tem como moradores 17 famílias, na aldeia Tibá vivem 35

famílias, na Pequi 17 famílias e na aldeia alegria nova são 16 famílias.

Temos uma estimativa de 340 índios vivendo hoje dentro da área do PARNA

Descobrimento (SOTTO-MAIOR, 2005).

Page 24: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

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Proprietários com interesse em ser desapropriado

Apesar da desinformação correta do processo de desapropriação, os

proprietários de terras e AMEPARNA sempre buscaram maiores informações

junto ao ministério e aos antigos proprietários desapropriados quando da

criação dos PARNAs do Descobrimento e Pau Brasil, onde muitos

proprietários até hoje não receberam suas indenizações e outros receberam

valores muito inferiores ao preço real da terra. No diagnóstico total feito na

área do entorno, dos 46 proprietários envolvidos apenas 2 (dois) tem

interesse que suas áreas sejam desapropriadas, portanto a maioria absoluta

não tem interesse em desapropriação de suas terras, mesmo considerando

que a maioria delas são constituídas de áreas florestais.

INTERESSE EM DESAPROPRIAÇÃO

2%

98%

SIM NÃO

Figura 05 – Representação dos proprietários interessados em manter suas terras em comparação com proprietários com interesse em serem desapropriados.

5.2. Aspectos ambientais 5.2.1. Caracterização da vegetação da área da ampliação

Formações Florestais - Floresta Ombrófila Densa

Esta tipologia vegetal florestal recobria originalmente toda área do entorno do

PARNA Descobrimento.

O termo Floresta Ombrófila Densa, criado por Ellemberg & Mueller-Dombois

(1965/6), substituiu pluvial (de origem latina) por Ombrófila (de origem

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grega), ambos com o mesmo significado “amigo das chuvas”. Este tipo de

vegetação é caracterizado por fanerófitos, justamente pelas sub-formas de

vida macro e mesofanerófitos, além de lianas lenhosas e epífitos em

abundância que o diferenciam das outras classes de formações. Porém sua

característica ecológica principal reside nos ambientes ombrófilos que

marcam muito bem a “região florística florestal”. Assim a característica

ombrotérmica da Floresta Ombrófila Densa está presa aos fatores climáticos

tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25°C) e de alta precipitação

bem distribuída durante o ano (de 0 a 60 dias secos), o que determina uma

situação bioecológica praticamente sem período biologicamente seco.

Dominam no ambiente desta floresta os latossolos e podzólicos com

características distróficas e raramente eutróficas (IBGE, 1992). Para fins de

mapeamento a floresta ombrófila densa será dividida em floresta primária e

floresta secundária, conforme definições da resolução do CONAMA 10/93 e

conceitos abaixo descritos:

Floresta Ombrófila Densa Primária

A vegetação primária é aquela de máxima expressão local, com grande

diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a

ponto de não afetar significativamente suas características originais de

estrutura de espécies.

Assim são considerados como fragmentos florestais com vegetação primária

aquele que apesar de alguma atividade extrativista mantém suas

características de estratificação e diversidade biológica. Praticamente toda

área do PARNA do Descobrimento já passou por alguma atividade

extrativista ao longo destes últimos 500 anos, principalmente através da

implantação dos “Planos de Manejo Sustentados”, no auge do ciclo

madeireiro da região que atravessou as décadas de 60, 70, 80 e 90,

principalmente pela empresa Bralanda.

Na área proposta para ampliação não é diferente, a maioria dos fragmentos

florestais existentes já passaram por alguma atividade extrativista madeireira

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26

sendo portanto fragmentos de floresta secundária, porém algumas áreas

ainda mantém características de floresta primária devido à baixa intervenção

historicamente ocorrida nestes locais. Na área da “Rede de reservas

particulares interligadas do entorno do Parque Nacional do

Descobrimento” destacamos os fragmentos florestais de propriedade de

Gersino Bronzon, Licínio Ângelo Caliman, Jaurio Pianissoli, Altemir Galavotti,

José Mauro Loureiro, Gervásio Félix Demuner, Dionísio Marianelli, Alvimar

Gonçalves, João Ademir Caliman, entre outros. Estes fragmentos em sua

maioria, conforme metodologia e proposta da AMEPARNA, serão

transformados em RPPN´s.

Na área do PARNA destacamos a existência de espécies de alto potencial

madeireiro tais como: jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex

Benth.), sucupira-marreta (Diplotropsis incexis, Rizz.&Tul.), parajú (Manilkara

longifolia), massaranduba (Manilkara brasiliensis, Miq.), aderno (Astronium

communa,Jacq., Astronium graciles, Engl.), cedro (Cedrela odorata, L.),

arapati (Arapatiella psilophylla (Harms) Cowan), gindiba (Sloanea

gaudichaudii,Trécul) louro-prego (Ocotea sp./ Nectandra sp.), bicuíba (Virola

bicuhyba, Schott), pequi-vinagreiro (Caryocar glabrum, Aubl.), juerana

(Parkia pendula, (Willd) Benth.), biriba (Eschweilera ovata, Mart.), inhaíba

(Lecythis lurida (Miers.) Mori), braúna (Melanoxylon brauna, Schott.),

sapucaia (Lecythis lanceolata,Poir.), jequitibá (Cariniana brasiliensis, Casar),

putumujú (Centrolobium schlerophyllum, Lima), pau-d’óleo (Copaifera lucens,

Dwyer) e jatobá (Hymenaea rubriflora, Ducke).

Quadro 01 – Relação das tipologias vegetais presentes nas áreas propostas para ampliação do PARNA do Descobrimento TIPOLOGIA VEGETAL ÁREA (ha) % da área totalEstágio Avançado de Regeneração 6912,1699 52,26599Estágio Médio de Regeneração 1329,9668 10,05647Estágio Inicial de Regeneração 413,8482 3,12929Área Antropizada 4569,0012 34,54825Total geral 13224,9861 100,00

Page 27: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

27

PERCENTUAL POR ESTÁGIOS SUCESSIONAIS

35%

52%

3% 10%

Areas Antropizadas Estágio Avançado Estágio Inicial Estágio Médio

Figura 06 – Representação da Classificação do estado de conservação dos fragmentos e áreas abertas existentes na área proposta para ampliação do PARNA.

Floresta Ombrófila Densa Secundária

Conforme definições da resolução do CONAMA 10/93, a vegetação

secundária ou em regeneração e aquela resultante de processos naturais de

sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações

antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da

vegetação primária.

As florestas secundárias hoje é a formação florestal dominante na área

proposta para ampliação do Parque Nacional do Descobrimento, onde

praticamente todos os fragmentos presentes são secundários, devido a forte

extração de espécies madeiras/nobres que ocorreu no passado.

Neste trabalho consideramos como floresta secundária à vegetação em

estágio avançado, médio e inicial de regeneração de mata atlântica. Para

melhor entendimento, descrevemos abaixo os diferentes estágios de floresta

secundária, com base em resolução CONAMA (005/94), válida para o estado

da Bahia:

Page 28: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

28

Floresta secundária em estágio avançado de regeneração

Vegetação florestal onde a fisionomia arbórea é dominante sobre as demais,

formando um dossel fechado e relativamente uniforme ao porte, podendo

apresentar árvores dominantes, sua altura média é superior a 12m para

floresta ombrófila densa (RESOLUÇÃO CONAMA 005, 1994). Na maioria

das vezes a ocorrência de estágio avançado infere que estas áreas já

sofreram algum tipo de interferência antrópica que alterou suas

características originais, não sendo caracterizada mais como floresta

primária. Esta formação é caracterizada também pela presença de grande

número de epífitas, distribuição diamétrica de grande amplitude (DAP

superior a 18cm para floresta ombrófila densa), trepadeiras geralmente

lenhosas, serapilheira abundante e diversidade biológica muito grande

devido à complexidade estrutural. Sua fisionomia se aproxima bastante da

vegetação primária.

Em sua composição florística destacam-se a ocorrência de espécies como

pau paraíba (Simaruba amara), murici (Byrsonima sericea D.C.), amescla

(Protium heptaphyla), murta (Myrcia sp), licurana (Alchornea triplinervia),

mundururu (Miconia dodecandra), biriba (Escweilera ovata), condururu

(Brosimum spp), Ingá (Inga spp), Arapati (Arapatiella psilophylla) e outras.

Page 29: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

29

Foto 08 – Aspecto geral da floresta ombrófila densa em estágio avançado de regeneração. (Propriedade do Sr. João Ademir Caliman – Prado – Bahia).

Foto 09 – Aspecto geral da floresta ombrófila densa em estágio avançado de regeneração (Propriedade do Sr. Jaurio Pianissoli – Prado – Bahia).

Page 30: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

30

Foto 10 - Aspecto geral da floresta ombrófila densa em estágio avançado de

regeneração (Propriedade do Sr. Gersino Bronzon – Prado – Bahia).

Floresta secundária em estágio médio de regeneração

No estádio médio de regeneração a fisionomia arbórea e/ou arbustiva

predomina sobre o estrato herbáceo, podendo constituir estratos

diferenciados, com altura média variando entre 5 e 12 metros (para floresta

ombrófila densa) e distribuição diamétrica com DAP médio variando entre 8 a

18cm (CONAMA, 1994). Este estágio sucessional caracteriza-se também por

apresentar epífitas, trepadeiras predominantemente lenhosas, com sub-

bosque presente.

Nos fragmentos florestais existentes nos tabuleiros, em estágio médio,

destacamos a presença de espécies como pequi de capoeira (Miconia

minutiflora (Bompl.) DC.), murici (Byrsonima sericea DC.), Aderninho

(Astronium concinnum (Engl.) Schott.), Pau paraíba (Simarouba amara

Aubl.), Ingá (Inga sp), Pau pombo (Tapirira guianensis Aubl.), Pindaíba

Page 31: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

31

(Guatteria sp), Mundururu branco (Miconia dodecandra (Desr.) Cogn.),

Matataúba (Schefflera morototoni (Aubl.) Decne. & Planche) e Velame

(Croton florisbundus Spreng.). Compreende áreas que geralmente já

passaram por alguma atividade extrativista, como, por exemplo, retirada de

madeiras nobres, provocando grande desuniformidade de altura no dossel

superior.

Foto 11 – Aspecto geral da floresta ombrófila densa em estágio médio de regeneração (Propriedade do Dr. Nelson Fernandes – Prado – Bahia).

Floresta secundária em estágio inicial de regeneração

Caracteriza-se por apresentar uma fisionomia herbáceo/arbustiva de porte

baixo, altura média inferior a 5 metros (floresta ombrófila densa) e pequena

amplitude diamétrica (DAP médio inferior a 8 cm), apresenta também

trepadeiras (geralmente herbáceas), fina camada de serapilheira, presença

de muitas espécies pioneiras, ausência de sub-bosque. São áreas que

geralmente foram totalmente desmatadas ou destruídas pelo fogo, e estão

em processo inicial de colonização por espécies florestais. Apresentam

grande número de árvores por unidade de áreas, mas pequena diversidade

Page 32: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

32

biológica. Nestas áreas se destacam como principais representantes na

composição florística de espécies pioneiras típicas, como: murici (Byrsonima

sericea DC.), pau pombo (Tapirira guianensis Aubl.), embaúba (Cecropia

palmata Wild.), copiã (Vismia ferruginea H.B.K.), velame (Croton floribundus

Spreng.), pequi de capoeira (Miconia minutiflora (Bompl.) DC.), quaresmeira

(Tibouchina sp), gurindiba (Trema micrantha (L.) Blume) e pororoca

(Rapanea ferruginea Aubl.).

Foto 12 – Aspecto geral da floresta ombrófila densa em estágio inicial de regeneração (Propriedade do Sr. Dércio F. Guimarães – Prado – Bahia).

Floresta Ombrófila Densa Aluvial

Trata-se de uma formação ribeirinha ou “Floresta Ciliar” que ocorre ao longo

dos cursos de água ocupando os terraços antigos das planícies quaternárias.

Esta formação é constituída por macro, meso, e microfanerófitos de rápido

crescimento em geral de casca lisa, tronco cônico, por vezes com a forma

característica de botija e raízes tabulares. A floresta fluvial apresenta com

freqüência um dossel emergente, porém devido à exploração madeireira, a

sua fisionomia torna-se bastante aberta (IBGE, 1992).

Page 33: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

33

A formação aluvial não varia topograficamente e apresenta sempre

ambientes repetitivos nos terraços dos flúvios.

Entre as espécies mais comuns desta tipologia vegetal destacamos a

presença do ganandi ou olandi (Calophylum brasiliense) que ocorre em todas

bacias brasileiras e sempre ocupando planícies inundadas com freqüência;

landirana (Symphonia globulifera L.), ingás (Inga spp), louro amarelo

(Nectandra sp), óleo comumbá (Macrolobium latifolium Vog.), angelim

(Andira legalis), jatobá (Hymenaea stilbocarpa Ducke), jussara (Euterpe

edulis Mart.), araça (Psidium spp), arapati (Arapatiella psilophylla (Harms)

Cowan), tararanga (Pouroma mollis Aubl.), murta (Myrcia spp) e pimenteira

(Xylopia sericea Aubl.).

Cacau/Cabruca

É uma área originalmente composta por floresta primária, que teve seus

estratos inferiores (sub-bosque) eliminados, mantendo somente o dossel

superior da floresta. São áreas utilizadas para plantios de Cacau. Uma

característica marcante desta tipologia é a abundante presença de espécies

epífitas, como bromélias e orquídeas. A composição desta tipologia florestal

foi bastante alterada e simplificada, permanecendo apenas as espécies

típicas dos dosséis superiores, com altura média superior aos 25 metros, se

enquadrando normalmente em estágio avançado de regeneração. Esta

tipologia possui como espécies típicas o jequitibá (Cariniana estrellensis e

Cariniana legalis), que na região extremo sul está praticamente restrito as

áreas de cabruca, angelim (Andira anthelminthica), ingá (Inga spp), sapucaia

(Lecythis pisonis), jenipapo (Genipa americana) e cajá (Spondias lutea ).

Na área proposta para ampliação do PARNA do Descobrimento existem

poucas áreas de cabruca, destacamos a área existente na bacia do Rio

Cahy, na propriedade do espólio de Aloísio Almeida Costa e irmãos.

Page 34: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

34

Foto 13 – Aspecto geral de uma mata de cacau/cabruca, Bacia do Rio Cahy.

Mussunungas

Na faixa de mata atlântica que compreende a região sul e extremo sul da

Bahia e norte do Espírito Santo, encontram-se áreas denominadas

regionalmente de mussunungas. Estas formações vegetais estão sempre

associadas a manchas de solos do tipo espodossolo hidromórfico, solos

arenosos com camada de adensamento presente em horizontes superficiais.

Destaca-se a importância do ponto de vista biológico, da vegetação das

mussunungas, constituindo ecossistemas extremamente frágeis, sensíveis a

qualquer alteração próximas aos seus limites. Ocorrente em enclaves dentro

da floresta ombrófila densa, a mussununga constitui importante ecossistema,

abrigando um grande número de espécies endêmicas da flora e fauna,

possuindo elementos da flora e fauna das regiões de restinga e campo

rupestre.

Nas mussunungas arbóreas da região, destacam-se entre as espécies

arbóreas, indivíduos de aderninho (Casearia commersoniana Camb.), pau

Page 35: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

35

pombo (Tapirira guianensis Aubl.), carobinha (Jacaranda obovata Cham.),

ipê branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sandwith), aroeirinha (Schinus

terebentifolius Raddi) e óleo comumbá (Macrolobium latifolium Vog.). Nos

estratos inferiores são comuns representantes das famílias Asteraceae

(Achyrocline, Acrotppappus, Baccharis, Aspilia, Eremanthus, Lychnophora,

Stilpnopappus e Vernonia) e Euphorbiaceae (Croton, Phyllanthus e

Sebastiana) e espécies como titara (Desmoncus orthacanthos C.Martius),

capim canarana (Echinochloa polystachia (Kunth.) Hitcht.) e capim patuá

(Panicum aquaticum Poir.).

Na área proposta para ampliação do PARNA Descobrimento as

mussunungas estão concentradas na divisa nordeste da área do PARNA.

Foto 14 – Aspecto geral de uma área de mussununga, Propriedade de Rodrigo Casal Del Rey de Carvalho - Prado - Bahia.

Brejos (Vegetação Aluvial)

Este ambiente é formado nas áreas de planícies fluviais que refletem os

efeitos das cheias dos rios nas épocas chuvosas ou então das depressões

Page 36: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

36

alagáveis todos os anos. Os brejos possuem uma vegetação típica,

composta por espécies do gênero Typha (Taboa), comum destas formações

fica confinado em um ambiente super especializado, dos gêneros Cyperus e

Juncus, exclusivos das áreas pantanosas dos trópicos; além de gramíneas e

as ciperáceas e espécies das famílias Melastomataceae, Salviniaceae,

Pontederiaceae, Nymphaeaceae, Leguminosae e Alismataceae.

Na área da ampliação esta formação aparece em diversos pontos nos vales

dos rios de maior porte.

Foto 15 – Aspecto geral de uma área de brejo, Rio Cahy - Prado - Bahia.

Áreas Antropizadas

São as áreas que não possuem mais a vegetação florestal, sendo compostas

principalmente por áreas de pastagem (principalmente braquiárias) e

agricultura (mamão, café, maracujá, banana, coco e outros).

Page 37: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

37

Na área proposta para ampliação temos 4520,58 hectares de áreas

antropizadas, representadas principalmente por áreas de pastagem

(principalmente braquiária) e áreas de agricultura (principalmente mamão e

café). Estas áreas são consideradas muito produtivas englobando, entre

outras, propriedades de pecuária de corte com média de produção de carne

acima da região (chegando a 2,5 cabeças de gado por hectare) e plantios de

mamão certificados para exportação.

Foto 16 – Aspecto geral de áreas de plantio agrícola (café) existentes dentro da área proposta para ampliação do PARNA Descobrimento (Propriedade do Sr. João Caliman – Prado – Bahia).

Page 38: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

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Foto 17 – Aspecto geral de áreas de pastagem de braquiária (Brachiaria brizantha) área proposta para ampliação do PARNA Descobrimento (Propriedade do Sr. Dércio Guimarães – Prado – Bahia).

Foto 18 – Aspecto geral de áreas de pastagem de braquiária existente dentro da área proposta para ampliação do PARNA Descobrimento (Propriedade do Sr. Jovelino Francisco Bronzon – Prado – Bahia).

Page 39: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

39

5.2.2. Caracterização da fauna regional Temos no PARNA do Descobrimento uma fauna bem expressiva

principalmente considerando o tamanho do fragmento florestal (mais de

30.000 hectares entre área núcleo – PARNA e reservas particulares

interligadas). A presença de grandes felinos brasileiros como a onça pintada

(Pantera onca) e onça parda (Puma concolor) constituem em um ótimo

indicador da qualidade faunística da região.

Destacamos na área do fragmento PARNA e reservas interligadas a

presença de espécies animais raros e ameaçados de extinção como o

jacaré-de-papo-amarelo (Caiman yacare), mutum (Crax spp.), chauá

(Amazona rhodocorytha), beija-flor-canela (Glaucis dohrnii), guigó (Calicebus

personatus melanochir) e a lontra (Lontra longicaudis).

Entre as aves, conforme citado no estudo ornitológico realizado na área do

PARNA Descobrimento em 2001 (CORDEIRO, 2002), foram registradas 47

espécies, das quais 44 endêmicas da Mata Atlântica, 17 legalmente

protegidas no Brasil e 15 listadas em alguma categoria de ameaça da UICN,

onde destacamos os psitacídeos papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) e

suia (Touit surda) - endêmica da Mata Atlântica e ameaçada, o gavião real

(Harpia harpyja), a anambé-de-asa-branca (Xipholena atropurpurea) e os

criticamente ameaçados mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) e balança-

rabo-canela (Glaucis dohrnii).

Page 40: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

40

Foto 19 – Espécies da Fauna Sagüi-de cara-branca (Callithrix geoffroyi) e onça pintada (Panthera onca) ocorrentes na área do PARNA Descobrimento e entorno.

5.2.3. Análise e Caracterização da paisagem do entorno Com relação à borda e vizinhança da área atual do PARNA Descobrimento e

da área futura (simulando a efetivação da proposta de ampliação) temos

várias considerações de ordem técnica a serem feitas. O perímetro atual do

PARNA é de aproximadamente 156.798 metros, conforme mostra o quadro

02 abaixo. Deste perímetro atual temos, com referência à vizinhança, na área

atual a maior parte dividindo com área de florestas, ou seja, temos 83.027

metros de divisa dividindo com áreas de floresta reduzindo o efeito de borda

da Unidade de Conservação (PARNA) com relação à vizinhança. O grande

problema e perda ambiental, com a ampliação, é a redução da área de

vizinhança do PARNA com florestas, aumentando o efeito negativo de borda,

vizinhança com áreas abertas.

Com a proposta de ampliação continuam havendo invaginações devido às

áreas de assentamentos e pequenas comunidades o que invalida a relação

Page 41: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

41

perímetro área com pouca mudança. Zonas tampão são importantes na

implementação de uma Unidade de Conservação e podem atenuar os efeitos

do isolamento e da matriz. Portanto, diferentes tipos de zonas-tampão têm

distintos níveis de permeabilidade e conseqüentemente, diferentes efeitos na

conservação da biodiversidade do fragmento. Quanto maior a similaridade da

composição e da estrutura da vegetação entre a zona tampão e o fragmento,

maior a e.ciência da zona tampão.

Quadro 02 – Perímetro e vizinhança atual e futuro do parque Perímetro atual Perímetro com a ampliação Tipologia vegetal Perímetro

(metros) Tipologia vegetal Perímetro

(metros) Área aberta 73.770,97 Área aberta 141.848,07 Floresta 83.027,39 Floresta 4.865,24 TOTAL 156.798,36 TOTAL 146.713,31

5.2.4. Caracterização ambiental e proposta “individual” dos

Fragmentos florestais e áreas abertas do entorno Para melhor entendimento da localização dos fragmentos florestais

existentes na área proposta para ampliação do PARNA Descobrimento,

assim como melhor expor a proposta alternativa para formação da “Rede de

Reservas Particulares Interligadas” agrupamos estes fragmentos por

localização geográfica e setores no entorno do PARNA.

Para facilitar o entendimento da localização destes setores de fragmentos foi

utilizado como metodologia a numeração inicial partindo do contato do

PARNA e AMPLIAÇÃO com a Rodovia Antônio Braga, que será considerado

o Setor 01, e, a partir daí girando no sentido horário os outros setores serão

classificados. Dentro de cada Setor serão apresentados os fragmentos

florestais e áreas abertas existentes, assim como a propostas para cada um

destes. Para a numeração dos fragmentos e áreas abertas foi utilizada uma

numeração contínua, sem divisão por setor.

Page 42: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

42

Setor 01 – Sudoeste do PARNA

Representado pelas propriedades de Braz Caliman, Nilzon Taqueti Machado,

Gersino Bronzon, Jovelino Francisco Bronzon, Fibra Ind. de Madeira Ltda.,

Osmar Galão e Licínio Ângelo Caliman e José Caliman Sobrinho. Esta área

proposta para ser inclusa na ampliação do PARNA Descobrimento é

composta por fragmentos em estágio médio e avançado de regeneração,

porém existem na área muitas áreas abertas de pastagem.

Fragmento florestal 01 – Com área total de 249,5 hectares este fragmento

está localizado nas propriedades de Sr. Braz Caliman (161,85 hectares) e

Nilzon Machado (87,6530 hectares), é um fragmento em estágio médio de

regeneração com existência de muitos paliteiros (árvores antigas mortas e

em pé). Esta área se situa em frente (dividido pela estrada de acesso ao

PARNA) ao fragmento 02 da Fibra Ind. de Madeira Ltda. (antigo plano de

manejo florestal, apêndice que seque até a rodovia Antonio Braga).

Proposta de Conservação: Considerando os critérios de estado de

conservação do fragmento e sua distância da divisa do PARNA, a proposta é

que este fragmento 01 seja totalmente averbado como Reserva Legal do

imóvel dos respectivos imóveis de Braz Caliman e de Nilzon T. Machado, o

excedente de Braz Caliman será consolidado em Servidão Ambiental

garantindo a perpetuidade de conservação da área florestal.

Page 43: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

43

Foto 20 – Ao fundo aspecto geral do fragmento Florestal 01 em estágio médio de regeneração de mata atlântica, área de Braz Caliman e Nilzon Machado.

Foto 21 – Detalhe do Fragmento Florestal 01, estágio médio de regeneração.

Page 44: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

44

Fragmento florestal 02 – Este fragmento com 370,85 hectares, compreende

toda área florestal em estágio avançado de regeneração e em muito bom

estado de conservação, está localizado nas propriedades da Fibra Ind. de

Madeiras (Riacho das Pedras) em que constituía em uma área de Plano de

Manejo Florestal Sustentado e nos fundos da propriedade de Ademir Galão,

se apresentam hoje em estágio avançado de regeneração em bom estado de

conservação.

Sua vegetação é composta por uma diversidade considerável de espécies

entre as quais citamos a murta, juerana vermelha, arapati, sucupira, braúna,

parajú, louro entre outras.

Foto 22 – Aspecto Geral do Fragmento Florestal 02 em estágio avançado de regeneração de mata atlântica, propriedade da Fibra Ind. de Madeiras.

Page 45: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

45

Foto 23 - Aspecto Geral do Fragmento Florestal 02, antiga área de manejo florestal sustentável, em estágio avançado de regeneração de mata atlântica, propriedade da Fibra Ind. de Madeiras (Riacho das Pedras). Proposta de Conservação: Para esta propriedade, composta de floresta em

estágio avançado de regeneração, consideramos o fator distância e divisa

com o PARNA e o efeito de borda provocado pela inclusão da ponta do

fragmento. Assim, considerando que a inclusão de parte deste fragmento iria

aumentar o efeito de borda do PARNA, pois parte desta área constitui um

“apêndice” se estendendo até a Rodovia Antônio Braga, a proposta

AMEPARNA é que este fragmento 02 seja em parte transformado em

Servidão Ambiental (355,8 hectares), parte formada pelo apêndice mais

próximo a Rodovia Antônio Braga, e outra parte, com 15,05 hectares seja

parte da reserva legal de Ademir Galão. Assim será garantida a conservação

de todo o fragmento.

Page 46: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

46

Área aberta 03 – Área de pastagem (Braquiaria decumbens) com 408,98

hectares, propriedade de Jovelino Francisco Bronzon, onde é desenvolvida

atividade de pecuária de corte. A vegetação apresenta composição uniforme

formada pela pastagem e não apresenta regeneração natural de nenhuma

espécie arbórea. Este imóvel possui quase 100% de áreas abertas de

pastagens e não possui a reserva legal averbada. Esta situação leva a

elaboração de uma proposta visando à recuperação ambiental de áreas

degradadas para composição da Reserva Legal do Imóvel.

Proposta de Conservação e Recuperação Ambiental: Para esta área aberta

03 hoje quase totalmente aberta e composta de pastagem, inclusa para

aumento da largura do PARNA neste ponto (efeito de estreitamento do

PARNA neste ponto), a proposta AMEPARNA constitui na criação e

averbação de uma Reserva Legal a ser recuperada do imóvel, com 104,54

hectares (correspondente a 20% da área do imóvel) e localizada

estrategicamente junto à divisa do PARNA (área hoje de Ademir Caliman).

Considerando que esta área é composta por pastagem de Braquiária, será

apresentado pelo proprietário um plano de recuperação de áreas degradadas

(PRAD), assim como um termo de compromisso para recuperação ambiental

da área de reserva legal no prazo de 3 (três) anos. A área de reserva legal

averbada deverá ser isolada e cercada e os trabalhos de recomposição

ambiental deverão ser iniciados imediatamente com previsão e compromisso

de recomposição da área total em 3 (três) anos, aumentando a largura atual

do fragmento do PARNA e reservas interligadas. Complementarmente

poderia também ser feito um TAC – Termo de Ajuste de Conduta, reforçando

os compromissos de averbação e recuperação ambiental da área de reserva

legal.

Page 47: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

47

Foto 24 – Benfeitorias existentes na Área Aberta 03.

Foto 25 – Aspecto Geral da grande Área Aberta 03 composta de pastagem (Braquiaria decubens).

Page 48: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

48

Fragmento florestal 04 – Este fragmento possui parte de sua área em

estágio médio de regeneração de mata atlântica e outra parte em estágio

avançado de regeneração de mata atlântica. Com áreas de 144,19 hectares

é de propriedade do Sr. Ademir Galão.

Esta área se situa entre duas áreas abertas, sendo uma delas inclusa na

ampliação do PARNA (área aberta 06).

Proposta de Conservação: Considerando a localização do fragmento florestal

em questão (entre duas áreas abertas) e estado de conservação (estágio

médio e avançado de regeneração), e principalmente que este fragmento

não faz contato direto (divisa) com o PARNA a proposta constitui na

transformação de área de reserva legal averbada (correspondendo a mais de

20% da área do imóvel), garantindo sua conservação e perpetuidade, e

abrindo a possibilidade do proprietário negociar a Cota de Reserva Legal do

imóvel (excedentes existentes).

Foto 26 – Aspecto geral do Fragmento Florestal 04 em estágio médio de regeneração de mata atlântica, propriedade do Sr. Ademir Galão (futura RL).

Page 49: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

49

Foto 27 – Aspecto interno do fragmento florestal 04 (estágio médio), propriedade do Sr. Ademir Galão. Fragmento florestal 05 – Este fragmento está em sua maior parte localizado

dentro da propriedade de Sr. Licínio Ângelo Caliman, Fibra Ind. de Madeiras,

Gersino Bronzon e José Caliman Sobrinho, apresenta vegetação florestal

constituída de mata atlântica em estágio avançado de regeneração.

Proposta de Conservação: A proposta AMEPARNA para este fragmento 05

constitui que parte da área (apêndice lateral) seja transformada em Servidão

Ambiental (a área mais próxima a Rodovia Antônio Braga) e outra parte seja

criada uma RPPN (vizinho direto ao PARNA do Descobrimento), garantindo a

perpetuidade da conservação do fragmento.

Page 50: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

50

Foto 28 – Aspecto Geral do Fragmento Florestal 05 em estágio avançado de regeneração de mata atlântica propriedade de Sr. Licínio Ângelo Caliman, Fibra Ind. de Madeiras, Gersino Bronzon e José Caliman Sobrinho.

Área aberta 06 – Área de pastagem (Braquiaria spp) e antiga área de plantio

de mamão, onde hoje é desenvolvida atividade de pecuária de corte com

108,16 hectares. Esta área está totalmente inserida na propriedade de

Ademir Galão e parte José Caliman Sobrinho. A vegetação apresenta

composição uniforme formada pela pastagem.

Page 51: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

51

Foto 29 – Aspecto Geral da Área Aberta 06, composta de pastagem (Braquiaria sp).

Proposta: Considerando que a área é hoje produtiva (pastagem) é que será

vizinha a uma futura área de Servidão Ambiental e Reserva Legal, e não faz

divisa direta com o PARNA, a proposta é que esta área seja retirada da

ampliação do PARNA.

Setor 02 – Leste do PARNA

Representado pelas propriedades do Sr. Dércio Ferreira Guimarães e Dr.

Nelson Prado Fernandes com acesso pela Rodovia Antônio Braga. É uma

área composta principalmente por fragmentos florestais secundários em

estágio inicial e médio de regeneração. É um dos Setores de vegetação

florestal menos expressiva dentro da área proposta para ampliação.

Page 52: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

52

Fragmento florestal 07 – Com área de 323,49 hectares este fragmento está

localizado integralmente na propriedade do Dr. Nelson Prado Fernandes, é

um fragmento em estágio médio de regeneração (altura média em torno de 7

metros) com existência de muitos paliteiros (árvores antigas mortas e em pé).

Sua vegetação possui baixa diversidade em comparação com outros

fragmentos da região, sendo composta principalmente por espécies pioneiras

como o fidalgo, embaúba, gurindiba e quarana.

Foto 30 – Aspecto Geral do Fragmento Florestal 07 – Estágio médio de regeneração, propriedade do Dr. Nelson Prado Fernandes

Proposta de Conservação: Que este fragmento 07 seja totalmente averbado

como Reserva Legal do imóvel, garantindo a perpetuidade de conservação

da área florestal. A propriedade do Dr. Nelson terá um excedente de reserva

legal de 71 hectares.

Page 53: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

53

Fragmento florestal 08 - É representado por uma área que foi totalmente

atingida por incêndio florestal e hoje se apresenta em estágio inicial de

regeneração composta principalmente por espécies pioneiras. Com 373,78

hectares está localizado nas propriedades do Dr. Nelson Prado Fernandes e

Sr. Dércio Guimarães.

Proposta de Conservação: Considerando o estado atual de conservação e

diversidade, é uma área das menos expressivas da região. A proposta é que

este fragmento 08 seja totalmente averbado como Servidão Ambiental do

imóvel, garantindo a perpetuidade de conservação da área florestal. Na

proposta será feito o enriquecimento com espécies secundárias e clímax na

área. Futuramente poderá compensar reservas florestais da região.

Foto 31 – Aspecto Geral do Fragmento Florestal 08, Estágio inicial de regeneração de mata atlântica nas propriedades do Dr. Nelson Prado Fernandes e Sr. Dércio Guimarães.

Page 54: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

54

Fragmento florestal 09 – Com área de 23,3 hectares este fragmento está

localizado integralmente na propriedade do Sr. Dércio Ferreira Guimarães, é

um fragmento em estágio médio de regeneração (altura média em torno de 7

metros) com existência de muitos paliteiros (árvores antigas mortas e em pé).

Sua vegetação possui baixa diversidade em comparação com outros

fragmentos da região, sendo composta principalmente por espécies pioneiras

como o fidalgo, embaúba, gurindiba e quarana.

Foto 32 – Área de pastagem, ao fundo aspecto geral do Fragmento Florestal 09, propriedade do Sr. Dércio Ferreira Guimarães.

Proposta de Conservação: A proposta AMEPARNA para este fragmento 09 é

que seja averbada como Servidão Ambiental.

Área aberta 10 – Área de pastagem (Braquiaria brizanta), com 319,57

hectares, com produtividade acima da média regional (2,5 cabeças por

hectare enquanto a média regional e de 01 cabeça/ha) apresenta

composição uniforme formada pela pastagem e não apresenta regeneração

Page 55: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

55

natural de nenhuma espécie arbórea. De propriedade do Dr. Nelson Prado

Fernandes e Sr. Dércio Guimarães.

Proposta: Considerando que a área é hoje muito produtiva (pastagem de

excelente nível) é que todas as áreas florestais vizinhas serão conservadas,

a proposta é que esta área seja retirada da ampliação do PARNA.

Foto 33 – Aspecto Geral da Área Aberta 10 composta de pastagem (Braquiaria brizanta), propriedade do Sr. Dércio Ferreira Guimarães.

Fragmento florestal 11 – Com área de 160,4 hectares este fragmento está

localizado integralmente na propriedade do Sr. Dércio Ferreira Guimarães, é

um fragmento constituído em sua maior parte em estágio avançado de

regeneração com existência de muitos paliteiros (árvores antigas mortas e

em pé). Este fragmento é mostrado na foto 34.

Sua vegetação possui baixa diversidade em comparação com outros

fragmentos da região, sendo composta principalmente por espécies pioneiras

como o fidalgo, embaúba, gurindiba e quarana.

Page 56: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

56

Proposta de Conservação: Considerando que este fragmento 11 está em

bom estado de conservação e já encontra averbada em cartório como

Reserva Legal do imóvel, dentro da proposta AMEPARNA indicamos que

este fragmento se mantenha como Reserva Legal do Imóvel.

Área aberta 12 – Área de pastagem (Braquiaria brizanta), com 93,4 hectares

e produtividade acima da média regional (2,5 cabeças por hectare enquanto

a média regional e de 01 cabeça/ha) apresenta composição uniforme

formada pela pastagem e não apresenta regeneração natural de nenhuma

espécie arbórea.

Proposta: Considerando que a área é hoje muito produtiva (pastagem de

excelente nível) é que todas as áreas florestais vizinhas serão conservadas,

a proposta é que esta área seja retirada da ampliação do PARNA.

Foto 34 – Aspecto Geral da Área Aberta 12, ao fundo fragmento florestal 11, ambos de propriedade do Sr. Dércio Ferreira Guimarães.

Page 57: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

57

Fragmento florestal 13 – Esta área aproximada de 32,34 hectares e está

totalmente localizada dentro da propriedade do Sr. Dércio Ferreira

Guimarães, é o melhor fragmento da propriedade e se apresenta em estágio

avançado de regeneração.

Sua vegetação é composta por uma diversidade considerável de espécies

entre as quais citamos a juerana vermelha, jatobá, arapati, mucitaíba, paraju,

louro, pau pombo, fidalgo entre outras.

Proposta de Conservação: Já constitui uma Reserva Legal Averbada em

cartório e na proposta AMEPARNA será transformada em RPPN – Reserva

Particular do Patrimônio Natural com garantia de perpetuidade de

conservação.

Foto 35 – Aspecto Geral do Fragmento Florestal 13 em estágio avançado de regeneração de mata atlântica também dentro da propriedade do Sr. Dércio Ferreira Guimarães.

Page 58: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

58

Fragmento florestal 14 – Este fragmento possui uma área de 38,5 hectares,

sendo localizado integralmente na propriedade do Sr. Dércio Guimarães, é

um fragmento em estágio médio de regeneração, com dossel uniforme,

indicando que foi área que no passado já sofreu um corte raso.

Sua vegetação com boa diversidade em comparação com outros fragmentos

em estágio médio da região, sendo composta principalmente por espécies

pioneiras como o pau pombo, fidalgo, juerana branca, embaúba, juerana

vermelha, jatobá e gurindiba.

Proposta de Conservação: Já constitui uma Reserva Legal Averbada em

cartório e na proposta AMEPARNA será transformada em RPPN – Reserva

Particular do Patrimônio Natural.

Foto 36 – Aspecto geral do fragmento florestal 14, floresta em estágio médio de regeneração de mata atlântica e será transformada em RPPN.

Page 59: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

59

Setor 03 – Noroeste do PARNA

Compreende os fragmentos florestais das áreas de Jaurio Pianissoli, Altemir

Galavotti, Gervásio Félix Demuner, Miguel Simão Demuner, Pedro Leone

Demuner e outros. É um bloco onde todos os fragmentos florestais estão

conectados entre si, formando na realidade um só fragmento em estágio

avançado de regeneração. Na área proposta para ampliação existem

algumas áreas abertas (principalmente plantios de café, banana e

pastagens). Considerando a paisagem e o aproveitamento agrícola deste

Setor a solução proposta seria a conservação de todas as áreas florestais e

continuidade de uso de todas as áreas hoje abertas que na proposta

AMEPARNA seriam retiradas da ampliação principalmente considerando que

estas áreas abertas são produtivas, geram empregos e estão fora do limite

das áreas florestais (Foto 37).

Foto 37 – Visão geral da região do Setor 03, onde temos áreas abertas,

principalmente de agricultura e ao fundo o fragmento florestal 15, floresta em estágio avançado de regeneração de mata atlântica.

Page 60: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

60

Fragmento florestal 15 – O fragmento florestal 15 é um grande fragmento

em estágio avançado de regeneração englobando vários imóveis e vizinho

ao PARNA Descobrimento composto de 1708,3 hectares. Fazem parte deste

fragmento parte das propriedades de Jaurio Pianissoli, Altemir Galavotti,

Gervásio Félix Demuner, Miguel Simão Demuner, Pedro Leone Demuner,

Elzito Dias Batista, Prefeito, Karine Cordeiro de Santana, Leoni Engelhardt

Marim e Ind. Colodetti

Proposta de Conservação: A proposta AMEPARNA para este fragmento 15

constitui que parte da área seja transformada em Servidão Ambiental (1015,5

hectares) e outra parte (toda porção vizinha ao PARNA) seja criada uma área

interligada de RPPN´s (692,8 hectares).

Foto 38 – Aspecto interno e geral do fragmento florestal 15, estágio avançado de regeneração, dentro da propriedade de Jaurio Pianissoli.

Page 61: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

61

Área aberta 15 – Representada pelas áreas abertas existentes no setor 3

nas propriedades de José Mauro Loureiro, esta área com 59,46 hectares

abrange várias áreas produtivas de uso agrícola (café, mamão, banana,

abóbora e coco) e de pastagem (Braquiaria spp).

Proposta: Considerando que é uma área produtiva e ocupada principalmente

por agricultura e pastagem, assim como que todas as áreas florestais

vizinhas serão conservadas, a proposta é que esta área seja retirada da

ampliação do PARNA.

Área aberta 16– Com 11,59 hectares, compreende a área aberta da

propriedade do Sr Jaurio Pianissoli representada por plantio de café (foto 39).

Proposta: Considerando que a área é hoje produtiva e ocupada por área

agrícola e produtiva a proposta é que esta área seja retirada da ampliação do

PARNA.

Foto 39 – Aspecto Geral da Área Aberta 17, propriedade do Sr. Jaurio Pianissoli, onde existe área agrícola com plantio de café.

Page 62: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

62

Área aberta 18 – Representada pelo grande conjunto de áreas abertas do

Setor 03, esta área aberta com 69,72 hectares de área antropizada, abrange

várias áreas produtivas de uso agrícola (café, mamão, banana, abóbora e

coco) e de pastagem (Braquiaria spp), localizadas principalmente nas

propriedades de Gervásio Félix Demuner, Elzito Batista Dias, Indústria

Colodetti e Pedro Leone Demuner.

Proposta: Considerando que é uma área produtiva e ocupada principalmente

por agricultura e pastagem, assim como que todas as áreas florestais

vizinhas serão conservadas, a proposta é que esta área seja retirada da

ampliação do PARNA.

Área aberta 19 – Abrange várias áreas produtivas de uso agrícola e de

pastagem (Braquiaria spp) com 3,44 hectares, localizada na propriedade de

Pedro Leone Demuner e Gervásio Felix Demuner.

Proposta: Considerando que é uma área produtiva e ocupada principalmente

por agricultura e pastagem, assim como que todas áreas florestais vizinhas

serão conservadas, a proposta é que esta área seja retirada da ampliação do

PARNA.

Setor 04 – Noroeste II do PARNA

Este Setor é formado pelas propriedades que estão localizadas vizinhas a

estrada para Corumbáu e Cahy, representado pelas propriedades de Aloísio

Almeida Costa e Irmãos.

É um Setor formado por uma área considerável de pastagem, plantios

agrícolas (principalmente café e mamão) e alguns fragmentos florestais.

Fragmento florestal 20 – O fragmento florestal 20 com 241,04 hectares é

representado pelas áreas florestais, que em forma de “ferradura” envolvem a

área aberta 21, formando um fragmento florestal parte em estágio médio e

parte em estágio avançado de regeneração de mata atlântica. Este

fragmento florestal está localizado na divisa do PARNA e atinge em vários

Page 63: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

63

pontos a estrada de Corumbau. Além da formação florestal original temos

também nesta área florestal, principalmente junto ao rio Cahy uma área

representativa de cacau sistema cabruca.

Foto 40 – Aspecto interno e geral do fragmento florestal 20.

Page 64: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

64

Foto 41 – Aspecto geral da borda do fragmento florestal 20, junto à estrada de Corumbau (área de cacau/cabruca). Proposta de Conservação: Considerando que o fragmento 20 apresenta

parte em bom estado de conservação (estágio avançado de regeneração de

mata atlântica), principalmente na porção junto ao PARNA e outra parte em

estágio médio de regeneração, formando um bom escudo de proteção para o

PARNA, a proposta AMEPARNA para este fragmento 20 seja parte criado

RPPN (toda porção vizinha ao PARNA) e o restante seja transformado em

Servidão Ambiental, compondo a rede de reservas particulares interligadas

do entorno do PARNA. No total serão criadas 125,35 hectares em RPPN´s

neste setor 04, além de 115,69 hectares de Servidão ambiental totalizando

241,04 hectares de proteção integral.

Área aberta 21 - Compreende o primeiro bloco de áreas abertas com 194,5

hectares do Setor 04 e são representadas principalmente por áreas de

pastagem (Braquiaria spp) e algumas áreas agrícolas (café, urucum, cacau e

mamão). A foto 42 mostra aspectos gerais deste Setor de área aberta.

Page 65: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

65

Proposta: Considerando que a área é hoje produtiva (pastagem) e se localiza

na borda da área de ampliação, assim como todas as áreas florestais

vizinhas serão mantidas e conservadas, a proposta é que esta área seja

retirada da ampliação do PARNA.

Foto 42 – Aspecto Geral da Área Aberta 21 onde predomina áreas de pastagem (limite externo da área proposta para ampliação).

Fragmento florestal 22 – O fragmento florestal 22 com 40,06 hectares, em

estágio inicial de regeneração de mata atlântica está localizado nas

proximidades da rodovia de Corumbau, área em regeneração de mata

atlântica.

Proposta de Conservação: Considerando o estado de conservação do

fragmento (estágio inicial de regeneração de mata atlântica) e que o

fragmento 22 não faz divisa com o PARNA a proposta AMEPARNA e que

este seja retirado da ampliação do PARNA.

Page 66: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

66

Setor 05 – Norte do PARNA

Compreende principalmente a propriedade do Sr. Djalma Galão incluindo as

aquisições das propriedades do Cel. Aclínio e Ronaldo entre outras e

também em terra do Sr. Fae (vulgo).

Fragmento florestal 23 – É representado por um pequeno fragmento de

propriedade do Sr. Fae, está em estágio médio de regeneração com 39,54

hectares se localiza na divisa ao PARNA em uma “entrada ou dente”.

Proposta de Conservação: Considerando a localização estratégia do

fragmento (dente) e o estado de conservação a proposta AMEPARNA para

este fragmento 23 é que seja criada uma RPPN, pois a área apesar de não

apresentar bom estado de conservação está vizinha à área do PARNA e

forma um dente.

Foto 43 – Aspecto Geral do fragmento florestal 23 em estágio médio de regeneração de mata atlântica e existências de mudas clareiras com samambaia-feto (Pteridium aquilinum).

Page 67: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

67

Fragmento florestal 24 – Este fragmento florestal em estágio inicial, médio e

avançado de regeneração da mata atlântica apresenta melhor estado de

conservação a medida que se aproxima do limite do PARNA. Apresenta

várias áreas abertas principalmente na área próxima a pastagem da

propriedade. Está totalmente inserido nas propriedades do Sr. Djalma Galão.

Proposta de Conservação: Considerando a localização estratégia do

fragmento (dente ou apêndice projetado dentro da área do PARNA) e o

estado de conservação, a proposta AMEPARNA para este fragmento 24 é

que seja criado uma RPPN com 78,75 hectares.

Fragmento florestal 25 – É representado pelo maior fragmento florestal

contínuo, possui 273,3 hectares na propriedade do Sr. Djalma Galão, está

em estágio médio e avançado de regeneração de mata atlântica e localizado

em divisa ao PARNA em uma “entrada ou dente”.

Proposta de Conservação: Considerando a localização estratégia do

fragmento florestal e sua inserção na paisagem regional, a proposta

AMEPARNA para este fragmento 25 é que em parte seja criada uma RPPN

com 39,86 hectares (na parte que constitui o “dente” ou “apêndice” projetado

dentro da área do PARNA) e outra parte seja transformada em Reserva

Legal averbada em cartório (a parte mais externa ao “apêndice” do PARNA.

Page 68: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

68

Foto 44 – Aspecto Geral do fragmento florestal 25 em estágio médio e avançado de regeneração de mata atlântica.

Área aberta 26 - Compreende um total de 316,13 hectares representado

principalmente por áreas de pastagem (Braquiaria spp). A foto 45 e 46

mostra aspectos gerais deste setor de área aberta/antropizada. Totalmente

localizada na propriedade do Sr. Djalma Galão.

Proposta: Considerando que a área é hoje produtiva (pastagem) e se localiza

na borda da área de ampliação, e que sua exclusão na afetará a

conservação florestal e forma do PARNA, a proposta AMEPARNA é que esta

área seja retirada da ampliação do PARNA.

Page 69: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

69

Foto 45 – Aspecto Geral da área aberta 26, pastagem de braquiária.

Foto 46 – Aspecto Geral da área aberta 27, pastagem de braquiária

Page 70: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

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Área aberta 27 – Com um total de 36,2 hectares formado por áreas de

pastagem (Braquiaria spp) se localiza vizinha ao fragmento florestal 25 que

será, na proposta transformado em Reserva Legar e RPPN. Totalmente

localizada na propriedade do Sr. Djalma Galão.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem) e se localiza

na borda externa da área de ampliação, e que sua exclusão não afetará

aspectos relacionados à conservação florestal e biológica do PARNA, a

proposta AMEPARNA é que esta área seja retirada da ampliação do PARNA.

Setor 06 – Nordeste do PARNA

Compreende o setor formado pelo P.A. Modelo, e Srs. Dionísio Marianelli,

Alvimar Gonçalves, Fibra Indústria de Madeira Ltda., Posto Malacarne entre

outros.

Fragmento florestal 28 - É composto por dois fragmento florestais em

estágio médio de regeneração de mata atlântica com área de 229,5 hectares

localizado na parte externa (final) da ampliação, junto à estrada para a barra

do Cahy e ao Assentamento Modelo .

Proposta de Conservação: Considerando a localização do fragmento florestal

em relação à paisagem regional, a proposta AMEPARNA para este

fragmento é que seja retirado da ampliação, e passe a constituir a Reserva

Legal do imóvel que está inserida.

Área aberta 29 – Com um total de 220,98 hectares formado por áreas de

pastagem (Braquiaria spp) se localiza vizinha ao fragmento florestal 30 e

aproxima aos limites do PARNA.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem) e se localiza

na borda externa da área de ampliação, e que sua exclusão da ampliação

não afetará aspectos relacionados à conservação florestal e biológica do

Page 71: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

71

PARNA, a proposta AMEPARNA é que esta área seja retirada da ampliação

do PARNA.

Fragmento florestal 30 – é um grande fragmento florestal existente

localizado em várias propriedades, ou seja, Fibra Indústria de Madeira Ltda.,

Sr. Dionísio Marianelli, Alvimar Gonçalves, Ivan Portela e Glória em sua

maior parte está em estágio avançado de regeneração de mata atlântica e

bom estado de conservação e se localizado em divisa ao PARNA conta com

1585,17 hectares.

Proposta de Conservação: Considerando o estado de conservação deste

fragmento como um todo e sua localização em relação ao PARNA (inserção

na paisagem regional), a proposta AMEPARNA para este fragmento 30 é que

seja transformado parte em RPPN com 435,21 hectares (a parte mais

próxima ao PARNA e que vai contribuir para amenizar o efeito de borda do

PARNA e “arredondar” a forma da divisa neste setor. A parte externa à

proposta para criação de várias RPPNs, que possui partes em pior estado de

conservação biológica, seguindo a metodologia proposta para formação do

mosaico de rede de reservas particulares interligadas no entorno do PARNA,

será, nesta proposta, averbada em cartório como Servidão Ambiental e

Reserva Legal para alguns imóveis em regime permanente.

Page 72: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

72

Foto 47 – Aspecto Geral do fragmento florestal 30 em estágio avançado de regeneração de mata atlântica.

Page 73: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

73

Área aberta 31 – Com um total de 350,5 hectares, de propriedade do Sr.

Dionísio Marianelli, Zilmar Marianelli e parte do assentamento Modelo, é

formado por áreas de pastagem (Braquiaria spp) e se localiza vizinha ao

fragmento florestal 30.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem) e se localiza

na borda externa da área de ampliação, e que sua exclusão da ampliação

não afetará aspectos relacionados à conservação florestal e biológica do

PARNA, a proposta AMEPARNA é que esta área seja retirada da ampliação

do PARNA (fora da ampliação).

Foto 48 - Aspecto Geral da área aberta 31, formada por pastagem de braquiária

Área aberta 32 – Com um total de 90,5 hectares, de propriedade de Zilmar

Marialelli, Ivan Portela e Glória, formado por áreas de pastagem (Braquiaria

spp) e localizada vizinha ao fragmento florestal 30.

Page 74: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

74

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem) e se localiza

na borda externa da área de ampliação, e que sua exclusão da ampliação

não afetará aspectos relacionados à conservação florestal e biológica do

PARNA, a proposta AMEPARNA é que esta área seja retirada da ampliação

do PARNA (fora da ampliação).

Área aberta 33 – Constitui uma grande área aberta formada por áreas de

pastagem (Braquiaria spp). De propriedade de Alvimar Gonçalves, Ivan

Portela, Glória e “A portuguesa” possui um total de 1051,42 hectares se

localiza entre os fragmentos florestais 30 e 35, e parte ao leste do Parque (A

portuguesa, nas proximidades de Comuruxatiba), parte desta área aberta faz

divisa com o PARNA.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem) e mantém

todas áreas de preservação permanente em bom estado de conservação, e

também se localiza na parte externa da área proposta para ampliação, e que

também sua exclusão da ampliação não afetará aspectos relacionados à

conservação florestal e biológica do PARNA, pois é representada

principalmente por áreas de pastagem, a proposta AMEPARNA é que esta

área seja retirada da ampliação do PARNA (fora da ampliação).

Page 75: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

75

Foto 49 - Aspecto Geral da área aberta 33, pastagem de braquiária, ao fundo fragmento florestal 30, estágio avançado de regeneração. Propriedade de Alvimar Gonçalves, Ivan Portela, Glória e “A portuguesa”.

Plantio de Eucalipto 34 – De propriedade do Sr. Posto Malacarne, com um

total de 348,88 hectares está área é formada por plantios de eucalipto,

mantendo as áreas de preservação permanente com vegetação nativa. Esta

área se localiza na parte externa do fragmento florestal 35 e parte faz divisa

direta com o PARNA.

Page 76: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

76

Foto 50 – Ao fundo, aspecto Geral do plantio de eucalipto 34, Alcendino (posto) Malacarne.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (plantios de eucalipto),

protegendo e formando um bom efeito de borda protetor ao PARNA, assim

como mantém todas as áreas de preservação permanente em bom estado

de conservação, e considerando também sua localização externa ao limite

atual do PARNA, a proposta AMEPARNA é que esta área seja retirada da

ampliação do PARNA (fora da ampliação).

Fragmento florestal 35 – é um grande fragmento florestal com 256,9

hectares, localizado nas propriedades dos Sr. Alvimar e Posto Malacarne, em

sua maior parte está em estágio avançado de regeneração de mata atlântica

e em bom estado de conservação e se localizado em divisa direta do

PARNA. É uma área estratégica para amenizar o efeito de borda do

fragmento e divisas do PARNA.

Proposta de Conservação: Considerando o estado de conservação deste

fragmento como um todo e sua localização em relação ao PARNA (inserção

Page 77: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

77

na paisagem regional), a proposta AMEPARNA para este fragmento 35 seja

integralmente transformado em RPPN.

Setor 07 – Sudeste do PARNA

Compreende o Setor formado pelas propriedades do Sr. Amarildo Baesso,

José Luiz Sobrinho e Honório Catelan.

Área aberta 36 – Com um total de 149 hectares formado por áreas de

pastagem (Braquiaria spp) e alguns poucos capões de mata esparsos em

estágio médio de regeneração de mata atlântica, esta área aberta também

faz divisa com o PARNA formando um “dente” ou “apêndice” em um dos

pontos de maior estreitamento do PARNA. Esta área é totalmente de

propriedade do Sr. Amarildo Baesso e João Luiz Sobrinho.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem) e mantém

todas áreas de preservação permanente em bom estado de conservação, e

também se localiza na parte externa da área proposta para ampliação, e que

também sua exclusão da ampliação não afetará aspectos relacionados à

conservação florestal e biológica do PARNA, pois é representada

principalmente por áreas de pastagem, a proposta AMEPARNA é que parte

desta área seja retirada da ampliação do PARNA e outra parte, a mais

próxima da divisa do PARNA seja averbada como Reserva Legal a ser

recuperada (RLR) com área de 42,2 hectares e firmado um compromisso de

recuperação ambiental e regeneração natural de algumas partes em 3 (três)

anos.

Page 78: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

78

Foto 51 - Aspecto Geral da área aberta 36, pastagem de braquiária, com alguns fragmentos em estágio inicial e médio de regeneração esparsos. Propriedade do Sr. Amarildo Baesso e João Luiz Sobrinho.

Área aberta 37 – Com 50,77 hectares, de propriedade de Honório Catelam,

é formada por áreas de pastagem (Braquiaria spp) e vizinha ao fragmento

florestal 38. Mantém suas áreas de preservação permanente protegidas e

com boa cobertura florestal. Não faz divisa direta com o PARNA.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem) e mantém

todas áreas de preservação permanente em bom estado de conservação, e

também se localiza na parte externa da área proposta para ampliação, e que

também sua exclusão da ampliação não afetará aspectos relacionados à

conservação florestal e biológica do PARNA, pois é representada

principalmente por áreas de pastagem, a proposta AMEPARNA é que parte

desta área seja retirada da ampliação do PARNA (fora da ampliação).

Page 79: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

79

Fragmento florestal 38 – com 85,7 hectares, totalmente inserido na

propriedade do Sr. Honório Catelam, este fragmento florestal está em bom

estado de conservação (estágio avançado de regeneração de mata atlântica)

e se localizada na divisa direta do PARNA.

Proposta de Conservação: Considerando o estado de conservação deste

fragmento florestal e sua localização vizinha ao PARNA, seguindo a

metodologia proposta pela AMEPARNA para formação do mosaico de “rede

de reservas particulares interligadas no entorno do PARNA”, a proposta para

este fragmento 38 seja transformado integralmente em RPPN.

Setor 08 – Interior e Sul do PARNA

Compreende as propriedades do Sr. Renato Neiva, Walter Muniz FIlho,

Gersino Bronzon e Guido Caliman.

Área aberta 38 – Com um total de 374,9 hectares formado principalmente

por áreas de pastagem (Braquiaria spp) e alguns poucos capões de mata em

áreas de preservação permanente, esta área aberta está inserida dentro da

ampliação do PARNA. Engloba as propriedades do Srs. Renato Neiva (H.I.

Florestal Ltda) e Walter Muniz FIlho.

Proposta: Considerando que a área hoje é produtiva (pastagem), a proposta

AMEPARNA é que parte desta área seja retirada da ampliação (fora da

ampliação).

Page 80: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

80

Foto 52 - Aspecto Geral da área aberta 38, pastagem de braquiária. Propriedade do Sr. Walter Muniz FIlho.

Foto 53 - Aspecto Geral da área aberta 38, pastagem de braquiária. Propriedade do Sr. Walter Muniz Filho e Renato Neiva.

Page 81: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

81

Áreas abertas 39, 40, 41, 42 – Com um total de 322.3 hectares, estas áreas

são formadas principalmente por áreas agrícolas, isto é, plantios de mamão,

plantios de café, eucalipto e áreas de pastagem (Braquiaria spp), utilizadas

no sistema de cultivo rotacional. Estas áreas e produtivas estão todas

inseridas dentro (em vários pontos) do fragmento florestal 44 e vizinha ao

fragmento 45 em estágio avançado de regeneração de propriedade de João

Ademir Calimam e Guido Calimam.

Proposta: Considerando que todas as 4 áreas hoje são altamente produtivas,

representadas por plantios de mamão, café, pastagem, gerando mais de 50

empregos diretos, além que esta área está inserida em um fragmento que

será totalmente conservado, a proposta AMEPARNA é que todas estas áreas

produtivas sejam retirada da ampliação do PARNA.

Foto 54 - Aspecto Geral da área aberta 40, plantio de café, ao fundo o fragmento florestal 44. Propriedade de João Ademir Calimam e Guido Calimam.

Page 82: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

82

Fragmento florestal 43 – inserido nas propriedades do Sr. Walter Muniz

Filho e Renato Neiva, este fragmento florestal se apresenta em estágio

médio de regeneração de mata atlântica, com 196,2 hectares.

Proposta de Conservação: Considerando a proximidade do PARNA, apesar

do estado de conservação não muito bom, este fragmento florestal será

transformado integralmente em RPPN. Será a única área não tão bem

conservada, porém com formação florestal transformada em RPPN. Esta

área será averbada como Reserva Legal e sobreposta a uma RPPN –

reserva particular do patrimônio natural, formando um escudo protetor,

reduzindo o efeito de borda do PARNA.

Fragmento florestal 44 – totalmente inserido na propriedade do Sr. João

Ademir e Guido Caliman, este fragmento florestal apresenta bom estado de

conservação (estágio avançado de regeneração de mata atlântica) e possui

como característica envolver várias áreas abertas de agricultura e pastagem

(39-42) da propriedade Caliman.

Proposta de Conservação: Considerando o estado de conservação deste

fragmento florestal e sua localização junto a áreas produtivas e vizinha a

várias RPPNs que serão criadas nesta propriedade e propriedades vizinhas,

a proposta AMEPARNA é que este fragmento 44 seja transformado

integralmente em RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Fragmento florestal 45 – trata-se de um pequeno fragmento florestal (56,79

hectares) de propriedade da Bronzon Agropecuária, vizinho direto das terras

de Guido Caliman, este fragmento florestal apresenta em excelente estado

de conservação e inserido em um “dente” do PARNA, constituído por estágio

avançado de regeneração de mata atlântica faz divisa direta com o PARNA.

Proposta de Conservação: Considerando a localização estratégica e o

estado de conservação deste fragmento florestal, seguindo a metodologia

proposta pela AMEPARNA para formação do mosaico de “rede de reservas

Page 83: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

83

particulares interligadas no entorno do PARNA”, a proposta para este

fragmento 45 seja transformado integralmente em RPPN.

Fragmento florestal 46 – Com 275,2 hectares apresenta como

característica estar inserido nos limites do PARNA, inclusive aparecendo em

vários mapas como parte do PARNA. Este fragmento apresenta em

excelente estado de conservação, parte em estágio avançado de

regeneração de mata atlântica (antigos planos de manejo) e parte composta

de florestas primárias, totalmente inserido na propriedade do Sr. João Ademir

Calimam e Guido Calimam.

Proposta de Conservação: Considerando o estado de conservação deste

fragmento florestal e sua localização interna ao PARNA, seguindo a

metodologia proposta pela AMEPARNA para formação do mosaico de “rede

de reservas particulares interligadas no entorno do PARNA”, a proposta para

este fragmento 46 seja transformado integralmente em RPPN.

Foto 55 - Aspecto Geral fragmento florestal 46, propriedade do Sr. João Ademir e Guido Caliman.

Page 84: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

84

Fragmento florestal 47 – de propriedade da Fibra Indústria Madeira Ltda

este fragmento florestal com 1057 hectares é um dos melhores em termos de

estado de conservação do entorno do PARNA. Constituído por áreas em

estágio avançado de regeneração de mata atlântica (antigos planos de

manejo) e de florestas primárias, se localiza divisa direta do PARNA.

Proposta de Conservação: Considerando a localização estratégica e o

estado de conservação deste fragmento florestal, seguindo a metodologia

proposta pela AMEPARNA para formação do mosaico de “rede de reservas

particulares interligadas no entorno do PARNA”, a proposta para este

fragmento 47 seja transformado em parte em RPPN (parte em divisa direta

com o PARNA, correspondendo a 20% da área do imóvel), correspondendo

a 200 hectares e outra parte (cerca de 857 hectares) seja transformada em

Servidão Ambiental de caráter permanente, averbada no cartório de imóveis.

Page 85: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

85

6. Critérios e Metodologia adotada para Formação da “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento”

É apresentada aqui a proposta da AMEPARNA para conservação dos

fragmentos hoje existentes no entorno do PARNA do Descobrimento assim

como a formação de parcerias para conservação da área núcleo (PARNA

Descobrimento), matriz principal na formação da “Rede de Reservas

Particulares”.

Com a proposta da criação da “Rede de Reservas Particulares Interligadas

do Entorno do Parque do Descobrimento” serão criadas 28 RPPNs,

averbadas em cartório e garantidas para perpetuidade de 3.766 hectares de

florestas em bom estado de conservação no entorno direto do PARNA.

Também serão criadas 10 reservas legais em 1.351 hectares de terras e 22

servidões ambientais em caráter perpétuo totalizando 4.078 hectares de

florestas para conservação e para utilização na compensação de reservas

legais da região do PARNA. No total serão mais de 9.000 hectares de

florestas que serão conservados em terras privadas e mais 281 hectares de

pastos que serão recuperados ambientalmente e passarão a compor

reservas legais devidamente averbadas de propriedades sem reservas

vizinhas ao PARNA.

6.1. Planejamento

O planejamento de uma “Rede de Reservas Particulares” tem como objetivo

principal assegurar a conservação do maior fragmento de mata atlântica do

Nordeste através da formação de uma rede de reservas interligadas tendo

como núcleo principal à área do PARNA do Descobrimento e uma série de

reservas particulares na forma de RPPN – Reserva Particular do Patrimônio

Natural, Reservas Legais averbadas, Servidões florestais e ambientais

devidamente averbadas que garantirão a perpetuidade da conservação de

todas áreas florestais hoje existentes.

A rede de reservas interligadas funciona como um “Corredor Ecológico” e

compreende uma rede de parques, reservas e outras áreas de uso menos

intensivo, que são gerenciadas de maneira integrada para garantir a

Page 86: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

86

sobrevivência do maior número possíveis de espécies silvestres de uma

região (FONSECA et. All, 2001).

Nesta proposta tratamos da “Rede de Reservas particulares interligadas”

como uma unidade de planejamento regional (PARNA do Descobrimento e

entorno) que compreende um mosaico de uso racional das terras.

Do ponto de vista biológico o objetivo do planejamento da “Rede de

Reservas Interligadas” é de manter ou restaurar a conectividade da

paisagem e facilitar o fluxo genético entre as populações, aumentando a

chance de sobrevivência a longo prazo das comunidades biológicas e de

suas espécies componentes (FONSECA et. All, 2001).

A estratégia da montagem da “Rede de Reservas particulares Interligadas”

tem como espinha dorsal o PARNA do Descobrimento (matriz principal). Esta

estratégia de conservação além de promover a conservação de todos os

fragmentos florestais hoje interligados ao PARNA, introduz estratégias mais

adequadas de uso da terra, incluindo a restauração de áreas chave,

formando mosaicos. Para o MMA a formação da “Rede de Reservas

Interligadas” vai melhorar o manejo da área protegida (PARNA) respeitando

as aspirações das comunidades e lideranças locais, que consideramos como

fundamentais para equação da conservação deste grande fragmento de

mata atlântica.

A formação da “Rede de Reservas Interligadas” vai garantir a

sustentabilidade regional a longo prazo possibilitando a conservação e

recuperação ambiental de áreas. Trabalhos como recuperação de áreas

degradadas (incluindo áreas de Reserva Legal e de preservação permanente

hoje degradadas), enriquecimento de fragmentos florestais com espécies

raras, ameaçadas e outras atividades que vão proporcionar a melhoria

ambiental da região.

Tomando como base os conceitos da abordagem dos “Corredores de

Biodiversidade” onde são endereçadas diferentes escalas de proteção

ambiental, desde a local até a regional, buscando-se representar diferentes

Page 87: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

87

ecossistemas e também manter ou incrementar os níveis de conectividade

entre as diferentes áreas.

6.2. Bases conceituais

Tomando como base os conceitos da Biologia da Conservação a “Rede de

Reservas Interligadas” tem como objetivo principal assegurar a continuidade

do intercâmbio e fluxo de indivíduos de populações de diferentes espécies

entre a área núcleo (PARNA Descobrimento) e as reservas interligadas a

este, propiciando a sobrevivência destas espécies.

Considerando que todas as reservas da rede estarão interligadas a nossa

matriz e principal fragmento o PARNA do Descobrimento, e que a superfície

total do fragmento é a variável mais importante na conservação das

populações de espécies presentes em determinada área, à constituição da

“Rede de Reservas Particulares do entorno do PARNA Descobrimento”

contempla a conservação em caráter de perpetuidade de todos os

fragmentos florestais hoje existentes.

A composição de um mosaico formado entre fragmentos florestais e algumas

áreas abertas, como no caso proposto com a formação da “Rede de

Reservas Interligadas” permite o movimento da maioria dos animais.

Conforme cita FONSECA et all., 2001, em áreas continentais, ao contrário de

um arquipélago de ilhas verdadeiras, é extremamente difícil se isolar

completamente um fragmento florestais de outras na mesma região.

Também FORMAN (1995) afirma que o nível de resistência da paisagem ao

movimento de organismos é restritivo quando a cobertura natural é, em

média, menor do que 5% e mesmo nestes casos, a resistência depende do

organismo em questão.

A estratégia da implantação “Rede de Reservas Interligadas” pode aumentar

em muito as possibilidades de sobrevivência do conjunto das populações

isoladas de uma determinada espécie (meta-população), reduzindo os riscos

de extinção das espécies.

Page 88: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

88

6.3. Metodologia de Formação da “Rede de Reservas Particulares

Interligadas”

A rede de reservas interligadas do entorno do PARNA do Descobrimento terá

como área núcleo e matriz o PARNA. Esta rede de reservas será composta

por reservas particulares averbadas em cartório garantido a conservação da

área em caráter perpétuo. Conforme cada situação encontrada (estado de

conservação, posicionamento em relação à área atual do PARNA,

possibilidade de interligação de reservas, quebra do efeito de borda do

PARNA, entre outros) foram definidas as categorias de reservas particulares

para cada área proposta para conservação permanente, assim temos as

seguintes categorias:

a) RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

Aplicação: Áreas vizinhas (limites) ao PARNA que se apresentem em bom

estado de conservação (estádio avançado de regeneração de mata atlântica)

e estejam na vizinhança imediata ao PARNA.

Garantia de conservação: está na averbação da RPPN no cartório de registro

do imóvel.

Apoio necessário: Que o IBAMA providencie a vistoria de todas as áreas

enquadradas neste caso e emita parecer técnico. Já temos o apoio da

PRESERVA para auxílio no processo de criação destas RPPN´s.

Considerações Gerais sobre Reserva Particular do Patrimônio Natural –

RPPN:

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural surgiram no direito brasileiro,

como alternativa para o estabelecimento de áreas protegidas por iniciativa de

particulares.

O fundamento legal é encontrado no artigo 6° do Código Florestal que faculta

ao proprietário de um imóvel com cobertura florestal gravá-la com

perpetuidade, desde que verificada a existência de interesse público pela

autoridade florestal.

Page 89: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

89

A matéria foi regulamentada pelo Decreto N° 1.922/90, que admite o

reconhecimento pelo Poder Público de área de domínio privada, protegida

por iniciativa de seu proprietário, caso tal área atenda aos seguintes

requisitos:

a) ser considerada de relevante importância pela sua biodiversidade;

b) pelo seu aspecto paisagístico; ou

c) por suas características ambientais que justifiquem ações de recuperação.

A grande finalidade de uma RPPPN é de preservar os recursos naturais de

uma determinada região. A motivação para sua instituição pode variar desde

uma visão altruísta e comunitária do proprietário da área, até mesmo o

interesse em valorização da área remanescente em decorrência da

repercussão provocada pela área protegida, benefícios fiscais e outros

interesses econômicos.

Nos países onde a servidão ecológica é admitida em geral o grande avanço

de proteção de terras particulares decorre da atuação de organizações não

governamentais que motivam proprietários para a preservação, além de

grandes incentivos tributários.

A instituição da RPPN representa uma providência do Poder Público

objetivando regulamentar áreas particulares protegidas, criando a favor das

mesmas e de seus proprietários benefícios fiscais, como isenção do ITR –

Imposto Territorial Rural, além de prioridade na concessão de crédito

agrícola.

No caso de não cumprimento do estabelecido no documento de instituição,

no zoneamento e no plano de utilização o proprietário estará sujeito a

sanções civis e penais, inclusive com a perda dos benefícios fiscais.

Qualquer conduta do proprietário contrariando a destinação original, como

construções, plantações, eliminação da destinação original, alteração ou

diminuição da finalidade para a qual foi instituída a Reserva, resultará na

Page 90: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

90

responsabilização do mesmo. É sempre oportuno lembrar da

responsabilidade objetiva por dano ambiental, por meio da qual o proprietário

que provocar qualquer dano à Reserva responderá independentemente de

culpa, conforme preceitua o artigo 14, § 1° da Lei N. 6.938/81.

b) Reserva Legal

Aplicação: esta categoria de conservação será aplicada para os casos de

propriedades que somente, hoje, possuam o percentual mínimo de área

florestal (20% da propriedade). Se enquadram também neste caso as áreas

que não sejam de bom estado de conservação (estádio inicial e médio de

regeneração de mata atlântica), vizinhas ao PARNA.

Garantia de conservação: está na averbação da reserva legal no cartório de

registro do imóvel.

Apoio necessário: Que o IBAMA providencie a vistoria de todas as áreas

enquadradas neste caso e emita parecer técnico.

Considerações Gerais sobre Reservas Legais;

As áreas de reserva legal foram instituídas pelo Código Florestal com uma

função específica de manter um equilíbrio ecológico, mantendo regulado os

regimes de chuvas, do clima, da absorção de gases, de partículas poluentes

e, sobretudo, garantir as demandas das gerações futuras, especialmente no

que se refere a princípios ativos de plantas medicinais que poderão

representar a cura de doenças que nem existem atualmente. O legislador

também buscou garantir a preservação das espécie, posto que as reservas

se transformariam em verdadeiros bancos genético. Teriam ainda a função

de suprir demandas de árvores para o fornecimento de madeira e demais

necessidades.

Page 91: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

91

c) Reserva Legal a ser recuperada (RLR)

Aplicação: esta categoria de conservação será aplicada para os casos de

propriedades que não possuam área de reserva legal e que suas terras

(pastagens e plantios agrícolas) foram inclusos na ampliação do PARNA em

função de reduzir efeito de borda, angulação ou estreitamento do PARNA.

Para estes casos criamos a categoria RLR – Reserva legal a ser recuperada,

e definimos o compromisso de recuperação ambiental de toda área em 3

anos, assim como isolamento (cercamento da área).

Garantia de conservação: está na averbação da reserva legal no cartório de

registro do imóvel e complementarmente será firmado um termo de

compromisso para cada uma destas áreas (adoção de um instrumento tipo

“TAC” - Termo de ajustamento de Conduta, para promoção do cercamento e

da recuperação ambiental da área).

Apoio necessário: Que o IBAMA providencie a vistoria de todas as áreas

enquadradas neste caso e emita parecer técnico.

d) Servidão ambiental

Aplicação: Áreas florestais que não fazem divisa diretamente com o PARNA.

Proprietários interessados que possuam excedentes florestais (além da

reserva legal) e que tem interesse na compensação deste excedente de

reserva legal de suas propriedades em outras áreas (Cota de Reserva

Legal).

Garantia de conservação: Como assegurado na Lei 11.284/2006 a servidão

ambiental pode ser agravada em caráter permanente ou temporário. Em

nosso caso todas as áreas serão averbadas em caráter permanente.

Amparo legal: Lei Federal 11.284/2006 e Lei 6981/81 Política Nacional de

Meio Ambiente

Apoio necessário: Que o IBAMA providencie a vistoria de todas as áreas

enquadradas neste caso e emita parecer técnico. Que o IBAMA priorize a

compensação da reserva legal com cotas (CRL) provenientes da área do

entorno do PARNA.

Page 92: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

92

Considerações Gerais sobre Servidão Ambiental:

A servidão ambiental também denominada servidão ecológica ou

servidão de conservação, surgiu nos Estados Unidos, onde é denominada

conservation easement e, tem se revelado um eficaz instrumento para

proteger terras privadas. Este tipo de servidão vem a ser um acordo

objetivando a proteção de uma determinada área de terras, cujo proprietário

concorde em impor uma limitação de uso, temporária ou perpétua, ao imóvel

de sua propriedade.

Vale dizer: o proprietário impõe uma auto-limitação, com o objetivo de

conservar sua(s) terra(s) para fins ecológicos; e abre mão de algum ou

alguns componentes de seus direitos, como uso, fruição ou gozo.

Por outras palavras: por meio da servidão de conservação ou servidão

ecológica, o proprietário destina a totalidade ou parte de sua área para fins

de preservação ambiental, impondo uma ou mais limitações de uso do imóvel

protegido.

A servidão de conservação pode ser instituída em favor de uma pessoa, de

alguma entidade privada ou do próprio poder público. Deparamo-nos com um

instituto de Direito Ambiental a servidão adequado para atendimento a esse

novo tipo de exigência que é a proteção ambiental, não sendo necessário o

requisito de imóvel dominante e serviente.

A modalidade de servidão de conservação tem se revelado extremamente

eficiente para a proteção de terras particulares, em razão dos altos custos

para a aquisição das mesmas, além do envolvimento do proprietário que a

instituiu, de organizações da sociedade civil, que assumem a fiscalização e

supervisão da área protegida, fazendo com que a coletividade também

assuma sua responsabilidade. Tradicionalmente esta função vem sendo

desempenhada pelo poder público, através da criação de parques, reservas

e outras áreas protegidas, a um custo excessivamente alto.

Page 93: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

93

Em países como Estados Unidos, Canadá, Costa Rica, México, Inglaterra e

Espanha, entre outros, milhões de hectares estão protegidos, resultando em

benefícios para a sociedade em geral.

A servidão ambiental, ao contrário da servidão clássica do Direito Civil, não

exige, como condição a existência de imóvel dominante e imóvel serviente,

podendo ser instituída a favor de uma ou mais pessoas ou de uma instituição

no interesse ambiental. Esta modalidade de servidão, nos Estados Unidos é

denominada deeasement in gross.

No Brasil, assim como na maioria dos países que adotaram o sistema

jurídico de Civil Law, este mecanismo, não foi contemplado pelo Código Civil,

que trata apenas da servidão predial, que exige um prédio dominante e um

prédio dominado, sendo tradicionalmente utilizada para garantia de

passagem ou de acesso à água. Na sistemática do Código Civil seria

possível, uma servidão ecológica instituída de um imóvel em favor do outro;

tal é a hipótese do entorno de uma área protegida, como nos casos de um

parque, de uma reserva, de uma área ou zona de proteção ambiental, entre

outras. A recente Medida Provisória N° 1956-50, de 26.5.2000, institui a

servidão florestal incorporando essa modalidade no Direito Brasileiro.

Os benefícios tributários podem ser significativos, representados por isenção

de impostos relativos ao imóvel e pela compensação no imposto de renda

em razão de diminuição do valor venal do imóvel.

Merece destaque também a circunstância de que o dono da terra decide pela

instituição da servidão o que trará a certeza de seu envolvimento com o

projeto e a garantia de sucesso. Ao contrário daqueles casos em que o

governo estabelece limitações ao direito de propriedade, com resistência e

até mesmo revolta de proprietários, neste caso, os mesmos são convencidos

da importância do projeto, bem como motivados por benefícios, que poderão

obter com a iniciativa.

No caso do não cumprimento da destinação, estão previstas medidas

judiciais capazes de assegurar sua efetiva implementação.

Page 94: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

94

O proprietário na servidão ecológica poderá continuar com o uso da

propriedade, desenvolvendo atividades produtivas, desde que tais atividades

não contrariem o objeto do gravame instituído.

Além da proteção ambiental as servidões poderão ser utilizadas para a

proteção do patrimônio histórico, estético, paisagístico, cênico e cultural.

Também tem especial relevo à intenção de proteger terras de família, quando

gerações sucessoras não mais se interessem por atividades agrícolas, ou,

ainda, evitar a expansão urbana sobre áreas especialmente utilizadas para

agricultura.

Finalmente, esta servidão pode ser instituída por um grupo de proprietários

vizinhos, que, mutuamente, podem criar servidões em partes de suas terras,

objetivando vantagens econômicas da área remanescente, para loteamentos

em condomínios temáticos ou para atividades de ecoturismo.

Entre outras opções a servidão pode determinar:

• manutenção do estado natural da área, não admitindo qualquer tipo de

atividade, agrícola, de divisão, de desenvolvimento, ou de atividade

econômica;

• limitação de construção ou edificação;

• limitação quanto a formas e modo de uso da terra;

• proibição de qualquer atividade que não seja agrícola ou agropastoril;

• limitação de urbanização ou de alteração de fins que não sejam

agrícolas;

• destinação exclusivamente para a formação de floresta com plantas

nativas, as quais nunca poderão sofrer corte ou exploração

econômica, ou o mesmo tipo de destinação com possibilidade de

manejo racional e sustentado;

• proibição da introdução ou plantio de plantas não-nativas;

• destinação para ecoturismo ou conservação da paisagem;

Page 95: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

95

• ampliação de zonas amortecedoras de áreas de proteção ambiental

ou áreas ambientalmente sensíveis, ou de especial relevo cênico ou

paisagístico;

• fortalecimento de parques nacionais, estaduais ou municipais, com a

ampliação de áreas no entorno dos referidos parques;]

• proteção perpétua de um legado ecológico, quando nas hipóteses de

testamento o dono da terra pretenda que seus sucessores mantenham

seu compromisso com a proteção ambiental;

• proteção de áreas verdades para loteamentos rurais;

• captura ou absorção de carbono, nos casos de destinação de áreas

verdes para compensar a emissão de carbono por empresas na região

ou em outras partes do mundo;

• a identificação do detentor da servidão (oholder), entidade externa,

normalmente uma ONG que irá ser o responsável, pela fiscalização,

monitoramento e garantia de execução da servidão.

• imitações de uso por parte do proprietário;

• responsabilidade pelo pagamento de impostos e taxas exigíveis;

• sanções e cláusulas penais sobre não observância das regras

estabelecidas.

No sistema norte-americano, inglês e de alguns países da América Central a

servidão ecológica ou de conservação pode ser instituída a favor de uma

instituição pública ou privada, por ato inter vivos ou por testamento.

Conforme citado por THE NATURE CONSERVANCY (1999), a servidão, tal

como concebida tradicionalmente pelo Direito brasileiro, não admiti a

constituição de um direito real semelhante ao conservation easement do

direito norte-americano, a não ser nas hipóteses em que fosse instituída em

favor de outro prédio, como na hipótese de ampliar a área de entorno de um

parque ou de uma unidade de conservação. Igualmente, seria possível o

estabelecimento de tais servidões nos casos de proprietários que se unem

para tirar maior proveito de suas áreas de reserva legal ou de preservação

permanente.

Page 96: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

96

A Medida Provisória N° 1.956-50, de 26 de junho de 2000, alterou esta

situação ao determinar a inserção de um novo artigo no Código Florestal – o

de número 44-A – por meio do qual fica o proprietário autorizado a instituir

servidão florestal, por meio da qual limita seu direito de propriedade,

renunciando, em caráter permanente ou temporário, a direitos de supressão

ou exploração da vegetação nativa, localizada fora da reserva legal e da área

de preservação permanente (TEPEDINO,1999).

O Código Florestal Brasileiro, Lei 4.771/65, elenca, em seu artigo 2°, os

casos de áreas de preservação permanente, como as florestas localizadas

nas margens dos rios, também chamadas de matas ciliares, ao redor das

lagoas, lagos ou reservatório d’água, entre outros (além da área de reserva

legal, consistente em um percentual da propriedade, que deverá ser

preservada).

A própria legislação federal que trata da criação da legislação ambiental

recomenda que um hipótese de cabimento da servidão poderia ocorrer

quando o imóvel serviente estiver situado no entorno de uma parque nacional

ou de uma área ou zona de proteção ambiental, enfim no limite de qualquer

unidade de conservação, confinando-se o prédio serviente e o prédio

dominante.

Além da servidão florestal, instituída pela Medida Provisória 1.956-50, é

possível uma série de iniciativas com base nos institutos jurídicos existentes,

como o usufruto e o comodato, além da própria servidão, no casos de

imóveis confinantes.

É oportuno apresentar, a seguir uma análise de outros institutos de direito

real e, também, a viabilidade de instituí-los como ferramentas para

preservação de terra particulares.

Por meio da servidão florestal o proprietário de um reflorestamento poderia

constituir títulos, inclusive as chamadas debêntures ecológicas, e vendê-los

em bolsa, representando importante incentivo para a formação de novas

florestas, ou eventualmente a manutenção de florestas existentes.

Page 97: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

97

O artigo 44B, do Código Florestal Brasileiro, instituiu a Cota de Reserva

Florestal – CRF, que vem a ser título representativo de vegetação nativa sob

regime de servidão florestal, de Reserva Particular do Patrimônio Natural –

RPPN ou reserva legal, instituída voluntariamente pelo proprietário.

Está tramitando no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 285/99, que

regulamenta o parágrafo 4° do artigo 225 da Constituição Federal,

estabelecendo normas e critérios para a proteção e a utilização dos

Ecossistemas Atlânticos, patrimônio nacional, em fase de análise pela

Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias. Um

substitutivo ao projeto foi elaborado por um grupo de trabalho coordenado

pelo jurista Antonio Herman Benjamim, que propôs, no Capítulo I, do Título

IV, a introdução no Direito Brasileiro da Servidão Ambiental. O Substitutivo

propõe incentivos tributários, como isenção do ITR, a todas as áreas de

vegetação primária e secundária, nos estágios avançado e médio de

regeneração de Ecossistemas Atlânticos. Prevê também deduções do

Imposto sobre a renda, como se verifica dos artigos 32 e 33 a 42,

respectivamente.

Outro Projeto em tramitação, o de número 4.112-A, de autoria do Deputado

Luciano Pizzatto, torna obrigatória a compensação pelo consumo de carbono

por parte de empresas montadoras ou fabricantes de veículos automotores,

referinarias de petróleo, destilarias de álcool, empresas utilizadoras de

combustíveis fósseis como fonte de energia em quantidade igual ou superior

a 2.000 toneladas equivalentes de petróleo por ano.

A servidão ambiental, dessa forma, passa a constituir importante incentivo

econômico para diminuir as emissões, o que simultaneamente irá resultar em

grandes benefícios ao meio ambiente em geral.

A possibilidade de implantação dos sumidouros de carbono vai gerar o

surgimento das empresas para a conservação que irão implantar reservas

naturais com a finalidade de exercer a função natural de seqüestro e

carbono, podendo emitir os certificados ou quotas de captura de carbono,

Page 98: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

98

além das debêntures ecológicas, em áreas próprias ou de terceiros,

cumprindo o papel do land trust que temos traduzido como organização de

conservação de terras – OCT.

A implementação das decisões contidas no Protocolo de Quioto, beneficiarão

especialmente os países em desenvolvimento, como é o caso de nossos

Países da América do Sul, que possuem grandes extensões de terras, nas

quais poderão ser formadas florestas, com ganhos superiores a qualquer

outra commodities.

e) Área fora da ampliação

Aplicação: no caso de áreas abertas (pastagem ou plantios agrícolas) de

baixa diversidade biológica que não justificam a inclusão na ampliação do

PARNA. Também para áreas florestais que criam “apêndices” ou “dentes”

fora da área do PARNA, aumentando efeito de borda e angulações.

Page 99: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

99

7. Proposta da “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento” Em anexo a este trabalho (ANEXO II) é mostrado o mapa da “Rede de

Reservas Particulares Interligadas do Entorno do Parque do

Descobrimento” mostrando a proposta de criação de diferentes categorias

de reservas particulares, ou seja, RPPN – Reservas Particulares do

Patrimônio Natural, RL – Reserva legal averbada, SA – Servidão Ambiental,

e RLR – Reserva Legal a ser Recuperada. Também são mostradas as áreas

a serem excluídas desta proposta (agricultura e pastagem).

ÁREAS POR TIPO DE PRESERVAÇÃO

27%

27%

16%2%28%

RPPN SA RL RLR FA

Figura 07 – Representação gráfica do tipo de categoria de conservação e destinação dado para os fragmentos florestais e áreas abertas da área de ampliação do PARNA

Dentro da proposta da “Rede de Reservas Particulares Interligadas do

Entorno do Parque do Descobrimento” a proposta é a criação de 28 (vinte

e oito) RPPN – Reserva particulares do patrimônio Natural, totalizando 3.766

hectares conservados na forma de RPPN´s.

O quadro 03 mostra a relação de RPPN´s a serem criadas na proposta da

“Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do Parque do

Descobrimento”. Para criação destas áreas a AMEPARNA conta com a

parceria da PRESERVA (Associação dos Proprietários de RPPN´s do estado

da Bahia).

Page 100: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

100

Quadro 03: “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do

Parque do Descobrimento” - Relação de RPPN´s a serem criadas

No quadro 04 temos a relação de Reservas Legais a serem criadas

oficialmente, com parecer técnico do IBAMA, e posteriormente todas

ÁREAS EM HECTARES N° PROPRIETÁRIO IMÓVEL

PROPRIEDADE AMPLIAÇÃO RPPN 01 A portuguesa Faz. Portuguesa 270,9278 270,9278 270,9278

02 Aloísio Almeida Costa e Irmãos Faz. Novo Destino 498,7870 358,3514 125,3482

03 Altemir Galavotti 570,0000 570,0000 320,7348 04 Avilmar Gonçalves Faz. Boa Nova 677,4400 677,4400 118,5304

05 Braz Caliman Faz. Riacho das Pedras 433,0667 163,5300 83,9999

06 Bronzon Agropecuária Faz. Triangulo 56,7858 56,7858 56,7858

07 Dércio Ferreira Guimarães Faz. Reunidas Santa Maria 1449,8155 719,5786 97,2144

08 Dijalma Galão Faz. Laranjeira 793,0000 506,0000 118,6219

09 Dionísio Marianelli Faz. Flor do Norte 375,2500 375,2500 23,4669

10 Fae 500,0000 137,3671 39,5442

11 Fibra Industria de Madeira Ltda. Faz. Riacho das Pedras 448,0257 447,3175 92,4654

12 Fibra Industria de Madeira Ltda. Faz. Carrasco Primavera 1057,0000 1057,0000 200,0000

13 Fibra Industria de Madeira Ltda. Faz. Santo Antonio 590,0681 590,0681 272,5142

14 Gersino Bronzon e Irmãos Faz. Riacho das Pedras 120,0000 120,0000 120,0000

15 Guido Caliman Faz. Guaira 513,0000 513,0000 266,0151 16 H. I. Florestal Ltda. Faz. Terra Nova 381,0600 381,0600 121,6771 17 Honório Catelan Faz. 136,4700 85,7000 50,7700 18 Ivan Portela e Gloria 349,1399 349,1399 275,4657 19 Jaurio Pianissoli Faz. Cachoeira 217,6415 217,6415 86,6618 20 João Ademir Caliman Faz. Guaira 416,8000 416,8000 328,5065

21 José Caliman Sobrinho Faz. Riacho das Pedras 356,0000 134,7454 49,9574

22 Karine Cordeiro Santana Faz. Rio do Sul 257,9079 257,9059 57,9059 23 Leoni Engelhardt Marim Faz. Engelhardt 392,6200 392,6200 164,8380

24 Licínio Ângelo Caliman e Geraldo Antonio Caliman

Faz. Riacho das Pedras 356,0000 180,4828 49,6746

25 Posto Malacarne Faz. Conj.

Cruzeiro do Sul e Primavera

560,5000 560,5000 181,8749

26 Prefeito em Minas Faz. Rio do Sul 104,0000 104,0000 56,8320

27 Walter Muniz Filho e Raquel de Paula Brito

Faz. Aliança 175,0000 175,0000 51,7883

28 Zilmar Marianelli Faz. Flor do Norte 375,2500 375,2500 84,0185

TOTAL 12431,5559 10193,4618 3766,1397

Page 101: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

101

averbadas no cartório, dentro da proposta da “Rede de Reservas

Particulares Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento”.

RESERVA LEGAL NA ÁREA DE AMPLIAÇÃO

24%

76%

COM RL AVERBADA SEM RL AVERBADA

Figura 08 – Representação gráfica das áreas de reserva Legal já existentes (averbadas) e que serão criadas e averbadas após a criação da “Rede de reservas particulares interligadas do entorno do PARNA do Descobrimento”.

Quadro 04: “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do

Parque do Descobrimento” - Relação das áreas de Reserva Legal a serem

criadas

ÁREAS EM HECTARES N° PROPRIETÁRIO IMÓVEL

PROPRIEDADE AMPLIAÇÃO RL

1 Associação Modelo Acampamento Modelo 438,0619 58,5764 7,4924

2 Ademir Galão Faz. Boa Esperança 522,7200 244,3971 177,2602

3 Dércio Ferreira Guimarães Faz. Reunidas Santa Maria 1449,8155 719,5786 160,3444

4 Dijalma Galão Faz. São Jorge 901,0000 178,0000 142,0000 5 Dijalma Galão Faz. Laranjeira 793,0000 506,0000 71,2450 6 Elzito Batista Dias Faz. São Marcos 106,4800 47,7962 27,7962

7 Nelson Prado Fernandes Faz. Riacho das Pedras 1259,9810 716,0000 323,4950

8 Nilzon Taqueti Machado Faz. Carabao 1310,1940 87,9881 87,9881 9 Rafael Casal de Rey Carvalho Faz. Santa Rita II 600,9357 339,8532 229,4067

10 Rodrigo Casal de Rey de Carvalho

Faz. Santa Rita I 600,9357 124,2895 124,2895

TOTAL 7983,1238 3022,4791 1351,3175

Considerando a formação da “Rede de Reservas Particulares Interligadas

do Entorno do Parque do Descobrimento” a proposta é a criação de 22

Page 102: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

102

(vinte e seis) SA – Servidão Ambiental, totalizando 4.078 hectares

conservados na forma de Servidão Ambiental.

É mostrado no quadro 05 a relação das áreas de Servidão Ambiental a

serem criadas na proposta da “Rede de Reservas Particulares

Interligadas do Entorno do Parque do Descobrimento”. Conforme

proposta AMEPARNA, estas áreas serão averbadas em caráter permanente

e serão destinadas à compensação de reservas legais da região do PARNA

(Bolsa de CRL – Cota de Reserva Legal - da AMEPARNA).

Quadro 05: “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do

Parque do Descobrimento” - Relação das áreas de Servidão Ambiental a

serem criadas

ÁREAS EM HECTARES N° PROPRIETÁRIO IMÓVEL

PROPRIEDADE AMPLIAÇÃO SA 1 Aloísio Almeida Costa e Irmãos Faz. Novo Destino 498,7870 358,3514 115,6824 2 Altemir Galavotti 570,0000 570,0000 249,2652 3 Ana Maria Casal Del Rey Faz. Santa Rita III 600,9357 315,8573 205,4108 4 Avilmar Gonçalves Faz. Boa Nova 677,4400 677,4400 56,4888

5 Braz Caliman Faz. Riacho das Pedras 433,0667 163,5300 79,5301

6 Colodetti Faz. Colodetti 86,8515 86,8515 76,8515

7 Dércio Ferreira Guimarães Faz. Reunidas Santa Maria 1449,8155 719,5786 168,8885

8 Dionísio Marianelli Faz. Flor do Norte 375,2500 375,2500 189,5172 9 Fibra Industria de Madeira Ltda. Faz. Riacho 448,0257 447,3175 354,8521

10 Fibra Industria de Madeira Ltda. Faz. Carrasco Primavera 1057,0000 1057,0000 857,0000

11 Fibra Industria de Madeira Ltda. Faz. Santo Antonio 590,0681 590,0681 317,5539

12 Gervásio Felix Demuner Faz. Primavera 96,0100 31,0742 6,2879

13 Gervásio Felix Demuner Faz. Providencia e Pedra Melada 76,0000 24,0000 1,8736

14 Jaurio Pianissoli Faz. Cachoeira 217,6415 217,6415 119,3861

15 José Caliman Sobrinho Faz. Riacho das Pedras 356,0000 134,7454 44,4504

16 Karine Cordeiro Santana Faz. Rio do Sul 257,9079 257,9059 200,0000 17 Leoni Engelhardt Marim Faz. Engelhardt 392,6200 392,6200 227,7820

18 Licínio Ângelo Caliman e Geraldo Antonio Caliman

Faz. Riacho das Pedras 356,0000 180,4828 130,8082

19 Nelson Prado Fernandes Faz. Riacho das Pedras 1259,9810 716,0000 299,0100

20 Pedro Leone Demuner Faz. Rio do Sul 70,0000 70,0000 70,0000 21 Prefeito em Minas Faz. Rio do Sul 104,0000 104,0000 47,1680 22 Zilmar Marianelli Faz. Flor do Norte 375,2500 375,2500 261,1450

TOTAL 10348,6506 7864,9642 4078,9517

Page 103: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

103

Na proposta AMEPARNA existe ainda a categoria “Reserva Legal a ser

Recuperada”, esta categoria é representada por 04 áreas localizadas em

pontos onde é necessário amenizar o efeito de borda do PARNA

Descobrimento, assim como em pontos de estreitamento (estrangulamento)

da área do PARNA. É mostrado no quadro 06 a relação das áreas de

“Reserva Legal a ser Recuperada” a serem criadas na proposta da “Rede de

Reservas Particulares Interligadas do Entorno do Parque do

Descobrimento”. Os proprietários destas áreas, conforme proposta

AMEPARNA, assumirão o compromisso de recuperar ambientalmente estas

áreas de pastagem, assim como promover o isolamento (cercamento) da

área.

Quadro 06: “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do

Parque do Descobrimento” - Relação das áreas de Reserva Legal a ser

recuperada (RLR)

ÁREAS EM HECTARES N° PROPRIETÁRIO IMÓVEL

PROPRIEDADE AMPLIAÇÃO RLR

1 Amarildo Baesso e João Luiz Sobrinho

Faz. Nossa Senhora Aparecida

274,8444 148,9461 42,2347

2 Jovelino Francisco Bronzon Faz. Califórnia 446,8843 446,8843 104,5739 3 Nilzon Taqueti Machado Faz. Carabao 1310,1940 87,9881 133,6471

TOTAL 2031,9227 683,8185 280,4557

Page 104: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

104

8. Sustentabilidade da Rede de Reservas Particulares

Ficará a cargo da AMEPARNA buscar meios de sustentabilidade específicos

para cada uma destas reservas, conforme a aptidão de cada uma destas

áreas. Entre os meios de promoção da conservação e sustentabilidade

destas áreas destacamos:

8.1. Circuito de Turismo Ambiental e Rural

A inserção da “Rede de Reservas Particulares Interligadas do Entorno do

PARNA Descobrimento” na região turística denominada “Costa do

Descobrimento” se destaca principalmente por sua grande riqueza biológica

e beleza cênica da região, permitindo a implantação de um excelente circuito

de turismo rural e ambiental, envolvendo várias propriedades do entorno do

PARNA (este projeto pode ser proposto futuramente pela AMEPARNA,

criando um roteiro de visitação).

8.2. Utilização de CRL – Cotas de Reserva Legal

Utilização da CRL – Cota de reserva legal como geração de receitas aos

proprietários para fazer a conservação de importantes fragmentos florestais

vizinhos ao Parque. A proposta da compensação é bastante simples: um

proprietário rural que tenha um déficit de área de reserva legal pode

compensar essa falta por meio de uma área excedente de reserva legal de

outro imóvel. O proprietário que possua área florestal excedente aos limites

definidos para reserva legal, pode qualificá-la para geração de cota de

reserva florestal. Estas cotas, emitidas pelo órgão ambiental competente,

podem ser comercializadas com proprietários que tenham déficit de reserva

legal. Isso permite a viabilização de consolidação de áreas já desflorestadas

e, ao mesmo tempo, cria um mercado de serviços para recuperação e

conservação de florestas.

Com a formação da “Rede de Reservas Interligadas” teremos com a um

grande excedente de florestas e estas podem ser envolvidas na

compensação de reserva legal de outras propriedades da região utilizando o

mecanismo da “Cota de Reserva Legal”. A AMEPARNA pode atuar formando

Page 105: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

105

um “Banco” de CRL para arrendamento e o IBAMA pode colaborar

priorizando a CRL proveniente do entorno do PARNA do Descobrimento.

“A grande novidade é que esse mecanismo cria um mercado que valoriza a

propriedade de quem tem floresta excedente. Essa proposta vai criar um

mercado de serviço ambiental sem impedir o uso sustentável da reserva

legal”, afirma Tasso de Azevedo, diretor do PNF - Programa Nacional de

Florestas.

8.3. Bolsa de venda de áreas florestais

A AMEPARNA manterá também um cadastro e controle em pessoas,

organizações, entidades e empresas interessados na compra e venda de

áreas florestais na região do entorno, acompanhando a negociação de terras

nesta área, assim como orientando previamente aos novos proprietários o

que é fazer parte da “Rede de Reservas Particulares Interligadas do

Entorno do Parque do Descobrimento”, assim como os critérios e

cuidados ambientais a serem adotados na região do entorno.

8.4. Ações complementares propostas

Com a formação da “Rede de Reservas Interligadas” a AMAPARNA vai

elaborar todo um plano de ação contendo estratégias de ações

complementares a constituição da reservas visando planejar e estruturar

ações para promover a conservação da natureza e desenvolvimento

sustentável da região do entorno. Estas ações obrigatoriamente vão envolver

todos os atores locais (moradores e vizinhos). Entre as várias ações

necessárias e propostas está previsto a implantação de programas de

educação e conscientização ambiental, formação de brigadas de incêndio e

de monitoramento e fiscalização ambiental formada por vizinhos e

moradores, estímulo à recuperação de áreas de preservação permanente e

outras importantes para aumentar a conectividade e conservação ecológica

da região e formação dos guias turísticos locais. Estas são algumas das

estratégias que visam formar um cenário favorável à conservação ambiental

da região.

Page 106: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

106

Brigada de combate a incêndios florestais

Brigada tradicionalmente já existente em outros parques nacionais, são

brigadas responsáveis pelo combate a incêndios florestais que anualmente

ameaçam a região. É necessário um treinamento específico para os

membros e a AMEPARNA vai providenciar equipamentos necessários para

equipar esta brigada.

Brigada de monitoramento e fiscalização ambiental

A brigada de monitoramento ambiental tem como objetivo auxiliar a

fiscalização ambiental do PARNA e entorno. Entre suas ações estão

incluídas o combate à caça ilegal e roubo de madeira, assim como o

acompanhamento da conservação dos recursos hídricos da região. Para

formação desta brigada estão previstos cursos de Guarda Parque para seus

integrantes.

Brigada de recuperação ambiental

A brigada de recuperação ambiental tem como objetivo estimular e promover

a conservação de áreas florestais estrategicamente situadas e incentivar a

recuperação ambiental de áreas degradadas via regeneração natural ou

plantio de espécies nativas da mata atlântica que será sempre feito no

regime de mutirão.

Medidas para implantação:

a) Identificação de moradores com maior aptidão para atividade.

b) Promoção de um curso de recuperação ambiental para moradores

locais.

c) Organização do grupo e programação de mutirões de recuperação

ambiental mensais.

Grupo de Guias Ecológicos

A formação de um Grupo de guias ecológicos dará suporte ao circuito de

visitação de turismo rural e ambiental das propriedades do entorno.

Page 107: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

107

Medidas para implantação:

a) Identificação de moradores com maior aptidão para esta atividade.

b) Promoção de um curso de Guias ecológicos para moradores locais.

c) Promoção de intercambio com Guias ecológicos de outras regiões

onde tradicionalmente já é praticado o turismo rural.

Implantação de um programa permanente de educação ambiental

Voltado para professores das escolas rurais da região e para outras pessoas

envolvidas em atividades ambientais (participantes das Brigadas e guias) que

necessitam capacitação constante em suas atividades.

Medidas para implantação:

a) Identificação de todos professores atuantes no entorno do PARNA,

moradores envolvidos nas Brigadas e guias ambientais.

b) Promoção de um curso de formação de multiplicadores em educação

ambiental.

c) Implantação de um calendário anual de atividades ambientais.

Com a conservação de todos fragmentos florestais hoje existentes com a

formação da “Rede de Reservas Interligadas” a formação das diferentes

brigadas de combate a incêndios florestais, monitoramento e fiscalização

ambiental, guias turísticos ambientais, vai proporcionar ao PARNA do

Descobrimento um ambiente circundante ideal, composto pela “Rede de

Reservas Interligadas” e proprietários comprometidos na conservação de

suas reservas e em parceira para o desenvolvimento sustentável da região.

Page 108: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

108

9. Bibliografia

ATMETLLA, A. Manual de Instrumentos Jurídicos Privados para la Proteccioón de los Recursos Naturales, p. II-2, San José, Costa Rica: Fundación Noetrópcia, 1995.

BAIARDI, A. Cultura e capacitação para o desenvolvimento sustentável. Caderno CRH, no. 28, jan/jun 1998

BOBBIO, N. Una teoria furizionale del diritto. Milano. Ed. di Comunitá, 1977.

Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SEMAD, Instituto Estadual de Florestas-MG e Conservation International do Brasil, Avaliação e Ações Prioritárias para à Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. 2002.

LOUZADA, J.N.C; SOUZA, O.F.F; VANDEN BERG,E. Ecologia e Manejo de

Fragmentos Florestais. Textos Acadêmicos. Universidade Federal de Lavras. Curso de Pós-graduação em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais. 42p.il. 2001.

MACKINNON, J.; MACKINNON, K.; GRANHAM, C.; THORSELL, J.

Mananging Protected Areas in the Tropics. IUCN, 217 p. 1999. MALAGODI, M. A. S.. 2002. Otimizando a conservação ambiental: sem

arena de disputas, sem pactos, sem conhecimentos construídos, sem partilha do poder? Piracicaba. Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" Universidade de São Paulo.

MAY, P. H. Economia Ecológica: aplicações no Brasil. Rio de Janeiro.

Campus, 1995 MMA, Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas,

Secretaria da Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos. Estratégias para a Gestão Ambiental Urbana da Costa do Descobrimento. pág.06. Agosto de 2000.

MUJICA, Sergio e SWIFT, Biron, El "Gravamen Ecologico" – Un Gravamen Real para Assegurar la Conservacion de Tierras Privadas en Paises de Latinoamerica, em A Proteção Jurídica das Florestas Tropicais, vol. I, p. 389. Anais do 3° Congresso Internacional de Direito Ambiental, 1999, São Paulo.

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109

OSTROM, E. 1999. El Gobierno de los Bienes Comunes: La evolución de las instituciones de acción coletiva. Universidad Nacional Autónoma de México/ CRIM/ Fondo de Cultura Económica.

SOTTO-MAIOR, L.S.B. Estudos de Fundamentação Antropológica necessários para a identificação e delimitação da Terra Indígena de Comexatiba. 63p. , 2006.

TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. Renovar, RJ, 1999

THE NATURE CONSERVANCY, Conservation Easement, (10/11/99), localizado em http://www.tnc.org/infield/state/texas/index.html

Page 110: ALTERNATIVAS ENTORNO 1

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10. Equipe Técnica envolvida

• Danilo Sette de Almeida, Engenheiro Florestal, Mestre em Ciências Florestais, Consultor Ambiental Sênior, Professor do Curso de Pós Graduação em Gestão Ambiental Municipal – UNEB/CRA/NEAMA.

• Benevaldo Nunes, Engenheiro Agrônomo, Consultor Sênior, Ex-

Gerente do Parque Nacional do Descobrimento, Especialista em Gestão Social – UFBA, Professor do Curso de Graduação da Faculdade de Tecnologia do Extremo Sul – FACTES.

• Priscila Gonçalves Couto, Engenheira Florestal, Especialista em Meio

Ambiente.

• Regimar Pereira Araújo, Técnico Agrícola.

• Regiane Rios, Especialista em Sistema de Informações Geográficas e Mapeamentos.