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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO GIOVANA CRISTINA FARIA DE SOUZA ALUGUEL SOCIAL + CULTURA - MULTIFUNCIONALIDADE COMO AGENTE NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO URBANA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2017

ALUGUEL SOCIAL + CULTURA MULTIFUNCIONALIDADE COMO …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/11918/1/... · 2019. 8. 29. · TERMO DE APROVAÇÃO . ALUGUEL SOCIAL + CULTURA

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANA CRISTINA FARIA DE SOUZA

ALUGUEL SOCIAL + CULTURA - MULTIFUNCIONALIDADE COMO AGENTE NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO URBANA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2017

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GIOVANA CRISTINA FARIA DE SOUZA

ALUGUEL SOCIAL + CULTURA - MULTIFUNCIONALIDADE COMO AGENTE NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO URBANA

Trabalhode conclusão de curso apresentado à disciplina deTrabalho de Conclusão de Curso I do Curso Superior de Arquitetura e Urbanismo do Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo – DEAAU-da Universidade Tecnológica Federal do Paraná -UTFPR, como requisito parcial à obtenção dotítulo de Bacharel em Arquitetura eUrbanismo.

Orientadora: Profa. Dra. Yumi Yamawaki

CURITIBA

2017

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TERMO DE APROVAÇÃO

ALUGUEL SOCIAL + CULTURA MULTIFUNCIONALIDADE COMO AGENTE NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO URBANA

Por GIOVANA CRISTINA FARIA DE SOUZA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 11 de Junho de 2018 como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. A candidata foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Renata Akyiama UNIVERSIDADE POSITIVO - PR

Prof. Isuru Yamamoto UTFPR

Profa. Simone Polli UTFPR

Prof. Yumi Yamawaki (orientadora) UTFPR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus Curitiba - Sede Ecoville Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo

Curso de Arquitetura e Urbanismo

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Dedico este trabalho às minhas

estrelinhas.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente à minha mãe, que sempre esteve

presente, o meu grande exemplo e porto seguro, sem você nada teria sido possível.

À toda a minha família, em especial ao Tio Nelson e ao meu pai.

Ao meu namorado, João Pedro, que me ajudou muito. Aos meus amigos, que

dividiram esse momento comigo.

A todos os meus professores, que foram fundamentais para a minha formação.

Principalmente aos que se dispuseram a me auxiliar no desenvolvimento desse

trabalho através de assessorias e orientações.

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RESUMO

FARIA,Giovana. Reabilitação da rua 13 de maio.2017.Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

O presente trabalho tem por objetivo embasar um projeto de reabilitação para uma área central de Curitiba: a Rua 13 de maio. A base se deu através da exploração de conceitos como memória e história, paisagem urbana, vitalidade urbana, diversidade urbana e apropriação do espaço público, esses conceitos são complementares uns aos outros. O processo de esvaziamento e degradação dos centros urbanos, os tipos de intervenções urbanas, a gentrificação associada às intervenções e o aluguel social também foram fundamentais para a compreensão do problema. O projeto será uma intervenção em uma quadra com a proposta de diversificar usos através de um edifício multifuncional

Palavras-chave: aluguel social, multifuncionalidade, escola de teatro, diversidade urbana.

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ABSTRACT

FARIA, Giovana. 13 de maio streetrehabilitation.2017.Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

The following paper aims to provide the foundations of an urban rehabilitation

project for one of Downtown Curitiba’s areas: the Rua 13 de Maio (13 de Maio Street).

The basis was set through the analysis of concepts as Memory and History, Urban

Landscape, Urban Vitality, Urban Diversity and Appropriation of Public Urban Space,

these concepts are complementary to each other. Also, the process of urban areas

degradation and emptying, the kinds of urban interventions, gentrification associated

with these interventions and the concept of Social Rent are necessary for the

comprehension of the problem. The project will be an intervention on a block with the

proposal to diversify uses through a multifunctional building.

Keywords: social rental, multifunctionality, school of theater, urban diversity.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Localização da Rua 13 de maio. ..................................................... 49

Figura 2: Área Calma de Curitiba. .................................................................. 50

Figura 3: Redução de Acidentes na área Calma. ........................................... 50

Figura 4: Teatro Hauer - hoje.Fonte: Google Street View, 2017. ................... 54

Figura 5: Teatro Hauer em 1913. Fonte: Lookfordiagnosis, 2017. ................. 54

Figura 6: Teatro Hauer durante o restauro em 2016. ..................................... 54

Figura 7: Teatro José Maria Santos à noite. .................................................. 55

Figura 8: Teatro Lala Schneider. .................................................................... 57

Figura9: SeboArcádia. .................................................................................... 58

Figura 10: Edifício Vermelho - Solar dos Guimarães. .................................... 59

Figura 11: Edifício Laranja - Solar dos Guimarães. ........................................ 59

Figura 12: Fachada do Colégio Martinus na Rua 13 de maio. ....................... 60

Figura 13: Escola Anjo da Guarda. ................................................................ 61

Figura 14: Casa Kirchgassner. ....................................................................... 63

Figura 15: Demografia. ................................................................................... 65

Figura 16: Pirâmide Etária Curitiba. ............................................................... 66

Figura 17: Pirâmide Etária São Francisco. ..................................................... 67

Figura 18: Pirâmide Etária Centro. ................................................................. 67

Figura 19: Domicílios segundo tipo (casa, casa de vila, condomínio e apartamento). ........................................................................................................... 68

Figura 20: Déficit habitacional de Curitiba, Centro e São Francisco. ............. 68

Figura 21: Redes de Infraestrutura no Centro e São Francisco. .................... 69

Figura 22: Estabelecimentos ativos segundo setor de atividade econômica. 69

Figura 23: Domicílios por classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita em salários mínimos. ..................................................................................... 70

Figura 24: A proporção de habitantes por carro em Curitiba. ......................... 71

Figura 25: Número de Habitantes por Carro nas Capitais. ............................. 71

Figura 26: Habitantes por veículo em Curitiba. .............................................. 72

Figura 27: Ocorrências registradas em 2010. ................................................ 72

Figura 28: Áreas Verde Curitiba, Centro e São Francisco. ............................ 73

Figura 29: Áreas verdes na Rua 13 de maio. ................................................. 73

Figura 30: Uso do Solo na Rua 13 de maio. Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Base: IPPUC, 2015. .................................................................................................. 74

Figura 31: Número de Pavimentos por edificação na Rua 13 de Maio.Fonte: Elaborado pela autora, 2017.Base: IPPUC, 2015. .................................................... 75

Figura 32: Mapa de Equipamentos Municipais dos Bairros Centro e São Francisco. ................................................................................................................. 76

Figura 33: Mapa de Transporte Público. ........................................................ 77

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Figura 34: Localização da Rua Treze de Maio. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Base: IPPUC, 2015. ........................................................................................ 78

Figura 35: Mapa Síntese Rua Treze de Maio. Fonte: Elaborado pela autora,2017. Base: IPPUC, 2017. ............................................................................. 79

Figura 36: Incidência Solar do Terreno. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. 79

Figura 37: Volumetria do Entorno. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. ....... 80

Figura 38: Mapa Síntese. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. ..................... 81

Figura 39: Zoneamento dos Lotes que compõe o terreno. ............................. 82

Figura 40: Usos Permitidos no Setor Especial São Francisco. ...................... 83

Figura 41: Parâmetros de Ocupação no Setor Especial São Francisco. ........ 83

Figura 42: Usos Permitidos no Setor Especial Histórico. ............................... 84

Figura 43:Parâmetros de Ocupação no Setor Especial Histórico. ................. 85

Figura 44: Imóveis Tombados e UIPs no entorno do terreno. ........................ 87

Figura 45: Implantação do Projeto. ................................................................ 88

Figura 46: Sistema Estrutural. ........................................................................ 89

Figura 47: Vazios no projeto. ......................................................................... 90

Figura 48: Elevações Rítmicas. ...................................................................... 90

Figura 49: Modulação baseada no corpo humano. ........................................ 91

Figura 50: Organização das habitações de acordo com as possíveis configurações familiares. Fonte:Gifu Prefecture, 2007. ............................................ 91

Figura 51: Planta de uma tipologia de apartamento. ...................................... 92

Figura 52: Sala com pé direito duplo. ............................................................. 93

Figura 53: Cooperativa de Habitação La Balma. ............................................ 93

Figura 54: Estratégia Ambiental. .................................................................... 95

Figura 55: Relação com o bairro. ................................................................... 96

Figura 56: Circulações e Espços Comunitários. ............................................. 97

Figura 57: Sistema Estrutural. ........................................................................ 98

Figura 58: Varanda. ........................................................................................ 98

Figura 59: Circulação horizontal e escadas metálicas. .................................. 99

Figura 60: Tipologias habitacionais. ............................................................. 100

Figura 61: Tamanhos das diferentes tipologias. ........................................... 101

Figura 62: Plantas do Edifício. ..................................................................... 101

Figura 63: Praça das Artes e Conservatório Dramático Musical. ................. 102

Figura 64: Setorização Praça das Artes. ...................................................... 102

Figura 65: Corte Longitudinal Praça das Artes. ............................................ 103

Figura 66: Conservatório Dramático Musical de São Paulo após restauro. . 104

Figura 67: Recepção no primeiro pavimento. ............................................... 105

Figura 68: Salas de Dança e Música. ........................................................... 106

Figura 69: Praça das Artes. .......................................................................... 106

Figura 70: Perspectiva Escola de Artes Performativas. ............................... 107

Figura 71: Conceito do projeto. .................................................................... 108

Figura 72: Elevação. .................................................................................... 109

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Figura 73: Corte 3D com a distribuição do programa. .................................. 109

Figura 74: Perspectivas do Complexo Habitacional e Cultural Júlio Prestes. ................................................................................................................................ 110

Figura 75: Implantação Complexo Júlio Prestes. ......................................... 111

Figura 76: Escola de Música do Complexo Júlio Prestes. ............................ 111

Figura 77: Planta de Implantação do Complexo Júlio Prestes. .................... 112

Figura 78: Complexo Júlio Prestes - Permeabilidade e Fruição Pública. ..... 113

Figura 79: Dinâmicas espaciais da Gentrificação em Paris. ........................ 115

Figura 80: Explorar as visuais. ..................................................................... 117

Figura 81: Estratégia de Implantação. .......................................................... 118

Figura 82: Planta de Implantação................................................................. 119

Figura 83: Detalhe Térreo 1 - Praça Central e escada de conexão com o térreo 2. ............................................................................................................................. 120

Figura 84: Setorização. ................................................................................ 121

Figura 85: Acessos Térreo 1. ....................................................................... 122

Figura 86: Usos Térreo 1. ............................................................................ 122

Figura 87: Acessos Térreo 2. ....................................................................... 123

Figura 88: Usos Térreo 2. ............................................................................ 124

Figura 89: Planta do Anfiteatro. .................................................................... 125

Figura 90: Perspectiva vista a partir da Rua Treze de Maio. ........................ 125

Figura 91: Planta das Lojas - Térreo 1. ........................................................ 126

Figura 92: Planta do Coworking. .................................................................. 127

Figura 93: Planta Restaurante. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. .......... 128

Figura 94: Distribuição da Escola de Teatro nos pavimentos. ..................... 128

Figura 95: Planta Escola de Teatro - Térreo 1. ............................................ 129

Figura 96: Escola de Teatro - Térreo 2. ....................................................... 130

Figura 97: Escola de Teatro - Primeiro Pavimento. ...................................... 131

Figura 98: Planta - Distribuição das unidades habitacionais. ....................... 132

Figura 99: Corte - Distribuição das unidades habitacionais. ........................ 132

Figura 100: Número de Unidades Habitacionais. ......................................... 133

Figura 101: Unidade de 1 Quarto. ................................................................ 133

Figura 102: Unidade Estúdio. ....................................................................... 134

Figura 103: Unidade 2 Quartos. ................................................................... 134

Figura 104: Unidade 3 Quartos. ................................................................... 135

Figura 105: Unidade Duplex. ........................................................................ 135

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LISTA DE SIGLAS

BID

CDP

ICES

IPHAN

IPPUC

Banco Interamericano de Desenvolvimento

Condicionantes, Deficiências e Potencialidades

Iniciativa Cidades Emergentes e Artístico Nacional

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano

ISCTE -CET Instituto Universitário de Lisboa – Centro Especialização

Tecnológico

PAS Plano de Aluguel Social

PlanHab

s.d.

Plano de Habitação

Sem data

UIEP Unidade de Interesse Especial de Preservação

UIP Unidade de Interesse de Preservação

ZC

ZR-4

Zona Central

Zona Residencial 4

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................. 14

1.1. Delimitação do Tema ............................................................. 14

1.1.1. Problema de Pesquisa .......................................................... 14

1.1.2. Hipótese ............................................................................... 14

1.2. Objetivos ................................................................................ 14

1.2.1. Objetivo Geral ....................................................................... 14

1.2.2. Objetivos Específicos ........................................................... 15

1.3. Justificativa ............................................................................. 15

1.4. Estruturado Trabalho e Metodologia da Pesquisa ................. 17

2. CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA ...................................................... 18

2.1 Cidade: Memória e História .......................................................... 18

2.1.1. Paisagem Urbana ................................................................. 20

2.1.2. Diversidade Urbana e Segurança ......................................... 22

2.1.3. Vitalidade Urbana ................................................................. 25

2.1.4. Apropriação do Espaço Público ............................................ 28

2.2. Centro das Cidades ..................................................................... 31

2.2.1. Intervenções Urbanas ........................................................... 33

a) Renovação ............................................................................. 36

b) Reabilitação ........................................................................... 37

c) Revitalização .......................................................................... 39

d) Requalificação ........................................................................ 40

e) Regeneração .......................................................................... 41

f) A Intervenção para a Rua 13 de Maio .................................... 42

2.2.2. Gentrificação e Intervenções Urbanas .................................. 42

2.2.3. Aluguel Social ....................................................................... 46

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3. INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE ............................................ 48

3.1. Escolha da área de atuação ................................................... 48

3.2. Rua Treze de Maio ................................................................. 49

3.2.1. Aspectos Históricos de ocupação e desenvolvimento ........ 51

3.2.2. Características Socioeconômicas e Urbanas ..................... 65

3.2.3. Estrutura Urbana ................................................................ 75

3.3. O terreno ................................................................................ 78

3.3.2. Uso do Solo ........................................................................ 81

3.3.3. Imóveis e Preservação ....................................................... 85

4. ESTUDOS DE CASO ................................................................... 88

4.1. Habitação de Interesse Social ................................................ 88

4.1.1. Kitaga Apartament Building - Sanaa ...................................... 88

4.1.2. Cooperativa De Habitação La Balma - Lacol Arquitetura

Cooperativa E La Boqueria ........................................................................... 93

4.2. Escolade Teatro ................................................................... 102

4.2.1. Conceito e Inserção Urbana:Praça das Artes – Brasil

Arquitetura 102

4.2.2. Programa e Usos: Escola de Artes Perfomáticas– 2º lugar do

concurso Projetar.org ................................................................................. 107

4.3. PolíticasHabitacionais .......................................................... 110

4.3.1. Complexo habitacional e Cultural Júlio Prestes – Biselli &

Katchborian Arquitetos ............................................................................... 110

4.3.2. Medidas Para Controle Do Mercado Imobiliário em Paris .... 114

5. DIRETRIZES PROJETUAIS ....................................................... 117

5.1. Diretrizes Gerais .................................................................. 117

5.1.1. Conceito e Estratégia de Implantação .............................. 117

6. O PROJETO ............................................................................... 119

6.1. Setorização .......................................................................... 120

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6.2. Térreo .................................................................................. 121

6.3. Anfiteatro .............................................................................. 124

6.4. Lojas .................................................................................... 125

6.5. Coworking ............................................................................ 126

6.6. Restaurante .......................................................................... 127

6.7. Escola de teatro ................................................................... 128

6.8. Aluguel Social ...................................................................... 131

6.8.1. As Unidades Habitacionais ............................................... 133

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 136

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................... 137

9. APÊNDICE ................................................................................. 149

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1. INTRODUÇÃO

1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Edifício de aluguel social e uma escola de teatro, com térreo público, na quadra

delimitada pelas ruas: Treze de Maio, Duque de Caxias, Mateus Leme e Doutor

Claudino dos Santos.

1.1.1. Problema de Pesquisa

Como incentivar a permanência das pessoas na rua 13 de maio?

1.1.2. Hipótese

Criando diferentes motivos e possibilidades para as pessoas usufruírem do

espaço em diferentes momentos, circunstâncias e horários, as pessoas poderão

permanecer mais na Rua 13 de maio.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

Utilizar vazios urbanos para construção de um edifício multifuncional que

otimize a fruição e a permanência nos espaços públicos na quadra delimitada pelas

ruas: Treze de Maio, Duque de Caxias, Mateus Leme e Doutor Claudino dos Santos.

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1.2.2. Objetivos Específicos

a) Entender o processo de degradação dos centros urbanos.

b) Conhecer conceitos para melhoria da qualidade das ruas.

c) Conhecer o histórico da Rua 13 de maio.

d) Levantar os usos existente na Rua 13 de maio e os diferentes micro setores.

e) Analisar as características socioeconômicas dos bairros São Francisco e Centro.

f) Identificar potenciais e a vocação da rua.

g) Escolher o tipo de intervenção para mitigar o problema.

h) Compreender projetos similares.

i) Elaborar as diretrizes projetuais para melhorar a qualidade espacial e aumentar o

fluxo de usuários.

j) Propor um projeto de edifício que contribua para a reabilitação da área em que está

inserido.

1.3. JUSTIFICATIVA

O tema do trabalho é um edifício multifuncional, que abrigará residências

voltadas para o aluguel social, uma escola de teatro e um restaurante. A área

escolhida para intervir foi a quadra delimitada pelas ruas: Treze de Maio, Duque de

Caxias, Mateus Leme e Doutor Claudino dos Santos, na região central de Curitiba.

Os centros urbanos são os locais de mais fácil acesso pela maioria da

população. Em geral são lugares infra estruturados e dinâmicos. Porém, esses

mesmos espaços vêm passando por um processo de esvaziamento e degradação.

Villaça (2001) defende esse processo como sendo parte da mudança das classes

mais abastadas para outras regiões da cidade e a tomada dos centros pelas classes

populares.

Os centros são lugares de muito uso durante o dia, por abrigarem muito

comércio e serviço, mas com um esvaziamento noturno devido ao pouco uso

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residencial, ou seja, toda a infraestrutura existente é pouco aproveitada por

moradores.

Como parte desse processo está a região central de Curitiba, com muitos

imóveis abandonados ou subutilizados, mesmo que segundo o IPPUC (2015) a cidade

possua um déficit habitacional de 5,34%.

O recorte surgiu após uma análise de toda a extensão da rua 13 de maio, que

foi identificada como uma área com diversas potencialidades, porém, com pouco uso

comercial, sendo uma rua apenas de passagem, com um fluxo intenso de carros e

com baixo fluxo de pedestres, com muitos terrenos subutilizados para

estacionamentos e edificações em mal estado de conservação.

A quadra escolhida para a intervenção faz uma conexão direta com o Largo da

Ordem e possui uma grande vocação cultural, com vários equipamentos para diversas

modalidades, como teatro, música e artes plásticas. O próprio espaço público,

principalmente no Largo da Ordem, serve como espaço para manifestaçoes artísticas.

O aluguel social é uma forma de garantir o direito à moradia, porém sem dar o

direito à propriedade. Uma solução que vem sendo amplamente implementada em

países desenvolvidos como Estados Unidos e na Europa, com relativo sucesso,

porém, quase inexistente na América Latina. O aluguel pode ser uma forma

complementar para a redução do déficit habitacional em camadas de renda baixa.

(PASTERNAK, BOGÚS, 2014)

O restaurante, foi uma demanda levantada através de entrevistas no

local, pois as pessoas, após assistirem apresentações artísticas, costumam buscar

lugares próximos para se alimentarem e darem continuidade ao momento de lazer.

Quanto a sua presença no projeto funcionaria como um aglutinador e pessoas

motivando uma maior permanência no local.

O aluguel social, o restaurante e a escola de teatroconstituiem a

multifuncionalidade do edifício. O térreo, que será público, permitirá que as pessoas

interajam com o ambiente e com as manifestações culturais, aumentando o fluxo de

pessoas e dando incentivos para a sua permanência no local.

A diversidade de funções e usos geram aapropriação e permanência, de

diferentes pessoas e em diversos horários. (JACOBS, 2011)

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“Um bairro mais diversificado socialmente, é, portanto, propício para uma

‘urbanidade’ ou mesmo para a ideia de integração social, segurança e ‘cidadania’. ”

(NETTO, 2006, p.1)

1.4. ESTRUTURADO TRABALHO E METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa foi estruturada em 4 grandes tópicos: Conceituação Temática,

Interpretação da Realidade, Estudos de Caso e Diretrizes.

Na conceituação temática, buscou-se referencial teórico e conceitos para o

melhor entendimento e suporte do trabalho a ser desenvolvido. Entendendo as

problemáticas de regiões centrais, onde o projeto seria implantado.

A interpretação da realidade se deu através de diversos diagnósticos para

compreender as características da área de intervenção. Os estudos de caso foram

um suporte para entendimento de como foram feitas intervenções semelhantes em

outras localidades. Por fim, as diretrizes são o resultado de toda a análise feita no

decorrer do trabalho, a resultante de tudo que foi previamente abordado e estudado.

A metodologia adotada para o desenvolvimento do trabalho envolveu o método

exploratório. Foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, para a conceituação

temática e os estudos de casos, utilizou-se livros, artigos científicos, teses,

dissertações e web sites. Para a interpretação da realidade foram utilizados dados

estatísticos e levantamentos de informações in locu, além da elaboração de mapas

para melhor entendimento das informações coletadas em relação ao espaço

estudado. As diretrizes foram baseadas numa análise do referencial teórico e dos

diagnósticos levantados.

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2. CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA

2.1 CIDADE: MEMÓRIA E HISTÓRIA

A cidade costuma ser o espaço onde acontecem as interações sociais dos

indivíduos. É esse espaço que adere os acontecimentos para que eles não fiquem

perdidos no tempo. Muitas memórias coletivas podem ter como a única coisa em

comum o espaço em que elas aconteceram, a cidade. (ABREU, 1998)

Segundo Pesavento (2005) a recuperação da cidade implica no registro da

materialidade (lembranças, personagens, prédios, etc.), mas também em encontrar

os significados que esta cidade abrigou ao longo do tempo, construindo através desse

conjunto uma identidade urbana, formada pelos sentidos e formas que

individualizouesse espaço na história.

Infelizmente não há muitos vestígios do passado nas cidades brasileiras.

Devido a influência Iluminista no século XIX, o objeto de análise e preocupação das

pessoas passou a ser as perspectivas do futuro, relegando o passado a mero

processo de alterações até atingir o “ápice” social, logo, as memórias e sua influência

poderiam ser omitidas. Durante o século XX aconteceram grandes projetos

modernizadores nas cidades, e qualquer apego ao passado era tido como

conservadorismo e sinônimo de atraso.Foi só depois dos grandes acontecimentos

trágicos do século XX, como as guerras e o holocausto, que a sociedade passou a

viver o presente, desconfiar do futuro e revalorizar o passado. (ABREU, 1998).

O resgate desse passado pode acontecer de diversas formas, através das

memórias sociais, memórias coletivas, da história, da geografia, do patrimônio

histórico, etc.Para entender a memória das cidades é necessário entender os

diferentes tipos de memória e como elas impactam na memória da cidade.

Para Abreu (1998), a memória individual é muito subjetiva e única, enquanto

que a memória de um lugar, de uma cidade, é uma memória compartilhada, ou seja,

uma memória coletiva.

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Porém, Pesavento (2005) define a memória social como parte de uma vida em

comum, e amemória coletiva como o modo institucional e cultural com que uma

comunidade passa a evocar, construir e transmitir seu passado, ou seja, é a

institucionalização da memória social.

As memórias coletivas são dinâmicas, e estão baseadas no ponto de vista e

experiências de um determinado grupo social. Essas memórias podem ser registradas

em documentos, tornando-se memória histórica. Esses registros normalmente

ocorrem em momentos de ruptura, quando o que se deseja lembrar já está muito

distante e está quase se perdendo no passado. (ABREU,1998)

Há também uma relação importante entre memória e história. Na mitologia

grega Mnemósine era a deusa da memória e Clio, sua filha, musa da história. Ambas

eram responsáveis por elaborar narrativas sobre o passado. Mas a escrita e a fama,

fizeram a história o registro autorizado, atividade marcada pelo atributo de

permanência. A narrativa histórica reconstrói o passado que toma o lugar do

acontecido, substituindo-o como uma versão estável do tempo que passou.

(PESAVENTO, 2005).

ParaAbreu(1998), os fatos históricos são uma forma mais concreta de obter as

informações do passado, pois são obtidos com um maior distanciamento, evitando

deixar-se levar pelas experiências pessoais. A história como ciência possui um

compromisso com a verdade, não sendo imune a equívocos, porém devendo sempre

ser revista e reorganizada. "Segundo a sua orientação, a memória pode conduzir à

história ou distanciar-se dela." (Le Goff, 1990, p.379)

Le Goff (1990) defende que os fenômenos da memória são resultados de

sistemas dinâmicos que existem apenas na medida em que são mantidas ou

reconstituídas.A memória coletiva, foi muitas vezes manipuladapelas forças sociais

que lutavam pelo poder, criando esquecimentos e silêncios na história.

Sobre o impacto da memória e da história na vida individual e coletiva Venrant

(apud Le Goff, 1990) afirma que a memória representa a conquista do homem sobre

o seu passado individual, assim como a história seria para um grupo social a conquista

do seu passado coletivo.

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O lugar onde se desenvolveram essas memórias é muito importante. "Não há

memória coletiva que não se desenvolva num quadro espacial." (HALBWACHS, 1990,

p.92). "[...] As imagens espaciais desempenham um papel na memória coletiva."

(HALBWACHS, 1990, p.99). Ainda segundo Halbwachs (1990), o lugar é uma marca

do grupo e o grupo é marcado pelo lugar. Todos os elementos possuem um sentido

para o grupo que ocupou o espaço correspondendo a aspectos de suas vidas e da

sua sociedade.

Para Abreu (1998) é preciso se conscientizar de que o resgate da memória nas

cidades deve associar-se a recuperação das formas herdadas de outros tempos, mas

também buscar o que não deixou marcas na paisagem, o que pode ser recuperado

nas instituições de memória.

Para Paoli (1992) a noção de “patrimônio histórico” deveria evocar um passado

vivo, preservando coisas significativas e diversas para a coletividade, e não apenas

relativas às instituições de poder. No entanto, isso nem sempre ocorre, pois

infelizmente a preservação é dissociada dos significados coletivos, não expressando

as experiências sociais que deveriam representar e tornando assim o patrimônio

pouco atrativo.

2.1.1. Paisagem Urbana

Para compreender os conceitos de paisagem urbana é necessário antes definir

o termo “paisagem”.

Segundo Maciel e Lima (2011) o conceito de paisagem, antes associado ao

naturalismo, passa a ser definido como a expressão morfológica da integração entre

os fatores naturais e sociais a partir do século XX.

Para Burle Marx (1981), a paisagem é composta por aspectos ecológicos,

biogeográficos eculturais, além das qualidades estéticas e funcionaisconsideradas

pela arquitetura.

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Neste contexto, é possível extrair da definição de paisagem um conceito

adequado para paisagem urbana, que éa paisagem da cidade. Como propõe Landim

(2004, p.36):

A paisagem urbana representa a cidade, e assim torna-se possível conhecer a cidade por meio de sua paisagem, pois, enquanto a cidade se configura como linguagem, a paisagem urbana apresenta-se como a sua representação, a qual torna possível esse conhecimento, estabelecendo relações entre o modo de representar, no caso, a paisagem urbana, e o objeto a ser representado, no caso, a cidade.

Ainda segundo Landim (2004), a paisagem da cidade gera percepções através

de todos os elementos que a compõe. Os diferentes usos, elementos e características

da cidade são geradores da paisagem urbana, e a partir dela pode-se fazer um

diagnóstico completo de toda a dinâmica social, econômica e cultural de uma cidade.

Em contrapartida, Carlos (1992) defende que a paisagem urbana é uma forma

de manifestação do urbano. A paisagem vai além da aparência, ela introduz os

elementos da discussão do urbano como um processo e não apenas como forma. Na

paisagem se encontram diversos elementos que podem gerar uma discussão sobre a

evolução da produção espacial e a forma como ela foi produzida. A autora também

fala sobre os dois elementos principais para a paisagem urbana: o espaço construído

e o movimento da vida.

Capel (2002) enfatiza a identificação dos tipos de paisagemurbanapela

associação às atividades econômicas, podendo encontrar, em uma cidade, uma

paisagem industrial, de comércio, de lazer, dos espaços dedicados ao transporte e às

comunicações, sugerindo o estudo das funções econômicas através dos usos do solo.

O estudo da paisagem urbana é muito importante para o planejamento das

cidades. Para Lynch (1998) a paisagem urbana possui multiplicidade de funções,

entre elas recordar e causar prazer.

A paisagem urbana é ampla e complexa, podendo abranger diversas escalas.

Para Rossi (1982) na escala da rua, os imóveis de moradia e a estrutura da

propriedade territorial são elementos fundamentais da paisagem urbana.

Um cenário físico vivo e integrado, capaz de gerar uma imagem nítida, possui

uma função social. Ele pode fornecer a matéria-prima para símbolos e memórias

coletivas da comunicação de um grupo. Uma paisagem impressionante é a estrutura

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que muitos povos utilizam para construir seus mitos de importância social. Essa

imagem ambiental dá ao seu possuidor um forte senso de segurança emocional.

(LYNCH, 1998)

2.1.2. Diversidade Urbana e Segurança

A composição espacial e os usos dados a um determinado lugar influenciam

diretamente na segurança desse espaço. SegundoJacobs (2011) quanto mais

diversificado forem os usos de uma rua, mais pessoas circularão e isso gerará maior

segurança.

Netto (2006) critica grande parte da produção daarquitetura nas cidades. A

tipologia, que ficou consagrada nos anos 1990 e empregada pelo mercado da

construção civil, se vale de edifícios verticalizados com recuos laterais e frontal e

térreos privados isolados através de gradil. Este tipo de construção induz a utilização

de automóveis e gera um esvaziamento das ruas pela ausência de usos que atraiam

a circulação de pedestres. Como consequência aumenta a incidência de crimes.

Vale notar que a tipologia dos edifícios com recuos, grades, guaritas e térreos privados só foi consagrada porque parece responder aos anseios de classes média e alta por mais segurança – mas que termina por gerar exatamente o efeito oposto. (NETTO, 2006, p. 1)

Vivan e Saboya (2012), sob um prisma mais específico, criticam os

zoneamentos das cidades brasileiras, que na maior parte dos casos nãorestringem

qualquer tipo de padrão construtivo, limitando-se a regular o uso do solo e

definiríndices construtivos generalistas. Com isso os padrões empregados diminuem

a relação com a rua, tornando os espaços com menor trânsito de pessoas e,

consequentemente, mais inseguros.

Reforçando isso, Tanscheit (2016, p.1)expõeque “A noção de segurança é

perdida no momento em que uma localidade se torna vazia, não recebe iluminação,

uso ou até mesmo a atenção adequada. ”

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Essas noções têm por base as propostas de JaneJacobs em seu livro Morte e

Vida nas Grandes Cidades (2011). Jacobs, acrescenta ao já exposto, que se existem

casos de violência em uma rua ou em um bairro, as pessoas se tornam temerosas em

relação às ruas, e quando isso ocorre, as pessoas usam menos as ruas, o que as

torna ainda mais inseguras.

Outro ponto abordado por Jacobs (2011) é a necessidade de “olhos para

rua”.Neste sentido Vivan e Saboya (2012, p.3) afirmam:

A conexão visual das edificações destaca-se na segurança das edificações e dos espaços públicos como um fator que pode favorecer a redução dos crimes. Locais aparentemente mais seguros também incentivariam seu uso, o que por sua vez reforça a vigilância natural, em um círculo virtuoso.

Vivan e Saboya (2012) dizem que as portas e janelas são dispositivos que por

possibilitarem a comunicação visual com a rua podem inibir algumas atitudes de

criminosos. Não necessariamente por sempre haver alguém olhando, mas por deixar,

no criminoso, a dúvida de que pode estar sendo observado. A edificação sem bloqueio

e próxima a um espaço público com bom nível de movimentação sugere uma

combinação que reforça a vigilância público x privado.

Através de um estudo exploratório realizado na cidade de Florianópolis, que

analisou a ocorrência de crimes e os espaços em que eles ocorreram, Vivane Saboya

(2012) concluem que os resultados obtidos demonstraram que a arquitetura e o

ambiente podem ter influenciado o comportamento. “Mais especificamente, relações

de Inter visibilidade entre os espaços edificados e os espaços públicos possuem

influência na distribuição da ocorrência de crimes. Tais resultados corroboraram a

literatura existente. ” (VIVAN e SABOYA, 2012, p.18).

Entretanto, o mesmo estudo também afirmaqueo tipo de uso urbano é mais

relevante para a distribuição dasocorrências de crimes do que a existência ou não de

visibilidade entre o interior e o exterior. De forma ainda inconclusiva, o estudo revelou

que a ocorrência de crimes é maior em áreas comerciais.Mas ainda assim os autores

são contrários a criação de bairros exclusivamente residenciais.

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Bondaruk (2007),da Polícia Militar do Paraná, realizou uma pesquisa

associando a ocorrência de crimes em Curitiba à arquitetura e ao desenho urbano.

Ele concordou com os principais preceitos de Jacobs. A partir do que foi escrito pela

norte-americana, Bondaruk selecionou alguns pontos essenciais para a manutenção

da segurança em uma determinada área. São eles: Usos principais combinados,

tamanho reduzido das quadras, edifícios com estado de conservação variados e

densidade alta de pessoas.

Os usos principais são aqueles que sozinhos atraem as pessoas a um lugar, e

a combinação deles propicia que hajam mais pessoas nas ruas em diferentes

horários. O tamanho reduzido das quadras faz com que os diferentes usos sejam de

fato combinados e misturados, fazendo com que o trajeto das pessoas se cruzem. O

estado de conservação variado dos edifícios gera uma diversidade de classes sociais

no mesmo espaço. E finalmente, a densidade alta de pessoas sustenta a vida

comercial e social do bairro. (JACOBS apud BONDARUK, 2007).

Para Jacobs (2011) uma rua segura que se vale da presença de desconhecidos

precisa de três características principais: a primeira é que deve ser nítida a separação

entre o espaço público e privado; a segunda é que devem existir olhos para a rua; e a

terceira é a de que deve ter usuários transitando ininterruptamente.

“Um bairro mais diversificado socialmente, é, portanto, propício para uma

‘urbanidade’ ou mesmo para a ideia de integração social, segurança e

‘cidadania’. ” (NETTO, 2006, p.1)

Para conseguir toda essa diversidade, está sendo amplamente discutida a

importância das fachadas ativas. O Plano Diretor Estratégico de São Paulo (2013, p.1)

define fachadas ativas como: “a ocupação da fachada localizada no alinhamento de

passeios públicos por uso não residencial com acesso aberto à população e abertura

para o logradouro. ” Os objetivos associados, citados no plano, são:

Promover usos mais dinâmicos dos passeios públicos em interação com atividades instaladas nos térreos das edificações a fim de fortalecer a vida urbana nos espaços públicos. Evitar a multiplicação de planos fechados na interface entre as construções e o passeio público.(Plano Diretor Estratégico de São Paulo, 2013, p.1)

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As fachadas ativas são exemplo claro de que, ainda que seja necessário a

delimitação expressa entre o público e o privado, esses núcleos demandam conexão,

justamente por sua interposição proporcionar segurança (JACOBS, 2011). Neste

sentido:“ conectar os espaços entre o que é público e o que é privado pode ser um

trunfo para evitar a perda da noção de segurança. ” (TANSCHEIT, 2016, p.1)

Segurança e qualidade do espaço público possuem uma relação mútua, pois

uma depende da outra, e para termos cidades melhores para as pessoas é necessário

que ambas estejam presentes no espaço público. Gehl (2013) afirma que caminhar

com segurança é necessário para que as cidades sejam convidativas e funcionais

para as pessoas, da mesma forma, a recíproca também é verdadeira. A segurança,

real ou percebida, é essencial para a vida na cidade.

2.1.3. Vitalidade Urbana

A vitalidade urbana se refere à vida nos espaços públicoseémuito importante

para as cidades. Segundo Saboya (2016, p.1) a vitalidade urbana: “é um conceito

complexo e multifacetado, que acontece a partir da interação entre diversos padrões

sociais, espaciais e econômicos. ”

Ainda segundo Saboya (2016, p.1):

Um lugar possui vitalidade quando há pessoas usando seus espaços: caminhando, indo e vindo de seus afazeres diários ou eventuais; interagindo, conversando, encontrando-se; olhando a paisagem e as outras pessoas; divertindo-se das mais variadas maneiras e nos mais diversos locais; brincando, especialmente em parques e praças, mas também na rua; e assistindo apresentações artísticas, especialmente as informais e improvisadas, entre outras manifestações. Inclui também toda uma gama de atividades relacionadas às trocas comerciais, tais como entrar e sair de lojas, perguntar e pesquisar preços, olhar vitrines, comprar, pechinchar, etc. Quando acontece informalmente no próprio espaço público, como é o caso de camelôs e barraquinhas de venda de comidas, a própria atividade comercial é parte da vitalidade urbana. Em suma, a vitalidade urbana pode ser entendida como a alta intensidade, frequência e riqueza de apropriação do espaço público, bem como à interação deste com as atividades que acontecem dentro das edificações.

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Netto et al (2012) corroboram o apresentado descrevendo a vitalidade como

um conjunto de condições encontradas em espaços em que há intensa presença de

pessoas nas ruas, grupos em interação e trocas microeconômicas. O papel das

densidades e da forma urbana pode ser associado ao tema da interatividade e

inovação na economia urbana. Para os autores, a vitalidade é impactada de diferentes

formas pelas morfologias arquitetônicas. Essas morfologias impactam não somente a

vitalidade, por isso para entende-la é necessário compreender as implicações que

elas possuem em suas dinâmicas mais amplas.

Para Saboya (2016),o fator mais óbvio, que influencia a vitalidade urbana, é a

quantidade de pessoas e atividades que podem preencher os espaços públicos. A

quantidade de pessoas, economias e área construída é diretamente proporcional à

vitalidade urbana.

Gehl (2013) oferece um contraponto, pois essa densidade geraria um fluxo de

pessoas passando pelas ruas, mas não necessariamente uma permanência. A cidade

tem que ser entendida não somente através da quantidade de pessoas, mas de

quanto tempo elas mantêm-se no espaço. Os lugares que oferecem oportunidades de

permanência são muito mais vivos, já que os percursos de passagem costumam ser

rápidos, ligando apenas origem e destino, e não são suficientes para evitar a sensação

de esvaziamento. O autor discorre também sobre o fato de ser muito melhor investir

na qualidade espacial para atrair as pessoas aos espaços públicos do que aumentar

o número de pessoas em uma região. Pois, para ele, é mais fácil e mais eficiente

trabalhar com a qualidade do que com a quantidade.

Gehl (2013, p.68) é claro ao afirmar que, muito mais do que o adensamento, as

cidades precisam de espaços com qualidade, conforme se observa da seguinte

passagem: "O que a cidade viva realmente precisa é uma combinação de espaços

públicos bons e convidativos e certa massa crítica de pessoas que queira utilizá-los."

Além disso, adiciona-se um novo elemento para a trama da vitalidade urbana a

partir da declaração de Netto et al (2012, p.264): “A dimensão das intensidades das

presenças e interações e a dimensão dos conteúdos simbólicos da interação e valores

subjetivos são complementares e igualmente importantes para a vitalidade urbana.”

Como forma de permanência no espaço, há a contraposição das formas de

deslocamentos. O tráfego lento, proporcionado pelo caminhar calmo, gera um tempo

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maior de permanência nos espaços. Gehl (2013) confronta dois exemplos: Veneza,

onde a maioria das pessoas se deslocam a pé. E as cidades modernas, com bairros

voltados para os automóveis, onde há um maior número de pessoas circulando,

porém de forma rápida através dos seus carros. Mesmo com uma população menor,

Veneza possui mais vitalidade, as pessoas demoram mais para se deslocar, e os

caminhos se tornam menos óbvios, podendo haver paradas em lojas e desvios no

caminho previsto.

Saboya (2016, p.1) afirma que “movimento de pedestres é um dos

componentes basilares da vitalidade”. Ao mesmo tempo caracteriza os automóveis

como “desvitalizadores” do espaço urbano. Porém, para garantir a vitalidade urbana,

é necessário garantir a acessibilidade aos espaços públicos: “É importante pensar em

alimentá-los com linhas de transporte coletivo e a infraestrutura correspondente, bem

como ciclovias, faixas de pedestres e outros equipamentos que aumentem a

segurança dos pedestres e ciclistas. ” (SABOYA, 2017, p. 1).

Há uma clara tendência, já há algumas décadas, especialmente entre os estudiosos da cidade, no sentido de priorizar modos de transporte coletivos e não motorizados. Sistemas eficientes, com boa cobertura, pontuais e frequentes são ferramentas valiosas para democratizar o acesso à cidade e dar suporte a experiências plenas e enriquecedoras do espaço urbano, bem como promover o encontro e o acesso aos diferentes recursos que fazem parte de nossa cada vez mais complexa e variada existência. São, portanto, fatores de vitalidade. (Saboya, 2016, p.2)

Outro fator de grande importância na vitalidade urbana é o espaço de transição

entre o espaço público, a rua, e o espaço residencial, privado. Essa transição tem

grande impacto, podendo ou não, reforçar a vida na cidade, através de espaços ativos,

abertos, com muitas portas, unidades baixas e cuidadosamente planejadas no nível

térreo pode-se alcançar uma maior vitalidade urbana. (GEHL, 2013).

Sobre esse espaço de transição Netto et al (2012), dizem que o envolvimento

de encontros no espaço público e a possibilidade de acesso ao espaço construído,

constituem uma relação que envolve também um potencial de comunicação e a

constituição de trocas sociais, políticas e microeconômicas que se manifestam

localmente.

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Gehl (2013) defende também que é necessário que haja uma grande

diversidade no térreo, e para isso um mesmo empreendimento não pode ocupar mais

do que 5m da fachada. Assim, grandes empreendimentos poderiam ficar no andar

superior e ter apenas o seu acesso no nível da rua, evitando espaços residuais, sem

acesso direto para a rua.

Os autores citados partem da classificação tradicional (seja como crítica

favorável ou contraposição) proposta por Jacobs (2011), que elenca como um dos

critérios para uma maior harmonia entre desconhecidos e segurança no espaço

urbano, a clara delimitação entre o espaço público e privado, ainda que, por outro

lado, demonstrem que é necessária alguma forma de intersecção, mesmo que por

meio de espaços de transição, como proposto por Gehl.

Assim como Jacobs(2011) defendia os olhos da rua, Saboya (2013) afirma que

além da proximidade física, entre o espaço público e privado, é necessário que haja

também conexões visuais através da permeabilidade das fachadas.

2.1.4. Apropriação do Espaço Público

Segundo o dicionário Aurélio (2016) apropriação é: “derivação fem. sing. de

Apropriar. 1- Tornar próprio; 2 – Acomodar; 3 - Aplicar, atribuir; 4 - Tornar ou ser

adequado ou conveniente a;5 - Apossar-se; 6 - Tornar seu uma coisa alheia”.

A apropriação do espaço é o uso do espaçocomo se ele fosse seu. E quando

falamos de espaços públicos há o enfrentamento de um grande problema, eles são

de todos, porém muitas vezes, o sentimento é de que eles não são de ninguém.

Para Silva (2009), a apropriação do espaço público pode se dar através de

diferentes formas. O uso dos espaços é uma das mais importantes, pois,as pessoas

podem se concentrar em um local pelo uso que foi proposto a ele, ou pelo uso que as

pessoas costumam fazer do espaço. A autora (ibid, p.30) relembra Gehl e cita que

“Os tipos de uso nos espaços públicos podem ser divididosem atividades necessárias,

opcionais e sociais”.

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Outro fator importante é a atratividade e qualidade espacial, um lugar atrativo,

com grande qualidade espacial, atrai mais pessoas do que um lugar com pouca

qualidade. Os pontos de atratividadepodem estar associados às edificações ou aos

espaços abertos, que adquirem um caráter específico e marcante na paisagem

urbana(SILVA, 2009).

Ferreira (2007, p.16) acrescenta a importância da atividade política como uma

das possibilidades para a apropriação coletiva:

Ao considerar o espaço público, socialmente construído, também como locus da ação política cotidiana, não pretendo dissociar funções distintas que esse espaço pode abrigar.A compreensão do lazer, da recreação e do ócio, como atividades fundamentais para o desenvolvimento humano, e complementares ao trabalho e a demais atividades sociais, pode garantir ao espaço público uma dimensão mais ampla do que algumas sínteses que visam classificar áreas livres de acordo com sua utilização.

Para Carlos (2004) a apropriação do espaço é um direito de cidadania, que é

dificultado pela segregação de classes. A cidade como produção social vem sendo

um elemento exterior à sociedade. Os espaços da cidade passaram a ser tidos como

produtos da acumulação capitalista. Neste sentido, a prática socioespacial é

empobrecida. Isso impõe restrições às formas de apropriação da cidade, pela

limitação do uso, porque o processo de acumulação generaliza-se no espaço.

A reflexão sobre a cidade é, fundamentalmente, uma reflexão sobre a prática sócio-espacial que diz respeito ao modo pelo qual se realiza a vida na cidade, enquanto formas e momentos de apropriação do espaço como elemento constitutivo da realização da existência humana (CARLOS, 2004, p.13).

Enquanto que, para Telésforo (s.d.), a apropriação não tem a ver com

propriedade, mas com o uso, e precisa acontecer coletivamente como condição de

possibilidade à apropriação individual. Portanto, não seria afetado diretamente pelo

modo de acumulação de bens.

Em um estudo na cidade de Criciúma/SC, Vieira (2010) concluiu que existe

uma relação direta entre a configuração do espaço e sua apropriação. As formas do

espaço público podem potencializar o seu uso. Aspectos como orientação,

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legibilidade, estrutura e identidade são critérios de qualidade fundamentais para que

um conjunto de espaços públicos possa vir a compor um sistema e para que a sua

configuração facilite a apropriação pelas pessoas.

Elementos morfológicos como a vegetação, as edificações, sua organização em lotes e quadras, dentre outros, são partes que se organizam ou são organizadas configurando espaços públicos que irão formar a estrutura urbana, e que são capazes de dar-lhe sustentação e vitalidade. Argumentamos que, para a leitura desta estrutura, se faz necessária a decomposição destes elementos em diversas escalas de tempo e de espaço, com o objetivo de obter uma análise mais completa, capaz de nos aproximar da compreensão do todo. (VIEIRA, 2010, p. 43)

Mendonça (2007) salienta que as apropriações espontâneas (quando um meio

é utilizado para uma finalidade diferente da qual foi atribuída a ele) não implicam em

inadequação ou indícios de marginalidade. Pelo contrário, podem indicar criatividade,

capacidade de melhor aproveitamento das infraestruturas públicas e fornecer

subsídios que alimentem o projeto e a construção futura de ambientes desta natureza.

O vínculo ao ambiente urbano, quanto apropriação do espaço, pode ser utilizado para

compreender os desejos e necessidades de uma determinada população.

A amplitude e variedade de espaços públicos gera o esvaziamento deles. A

cidade tem um número limitado de pessoas. Portanto, é necessário que haja

planejamento em relação a esses espaços, que devem respeitar uma escala humana.

Espaços grandes demais precisam de muita gente para que se tenha a sensação de

que está sendo ocupado. Além de que existe um ciclo, as pessoas são atraídas a

lugares que estão sendo ocupados por outras pessoas (GEHL,2013).

A vitalidade urbana é sem dúvida a melhor forma de gerar apropriação do

espaço público. ConformeJacobs (2011) afirmava, as pessoas tendem a ocupar

espaços previamente ocupados, ou seja, que pessoas atraem mais pessoas. Essa

vitalidade e atração de pessoas certamente gera mais segurança para a apropriação

do espaço.

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2.2. CENTRO DAS CIDADES

Áreas urbanas centrais, em geral, englobam um bairro ou um conjunto de

bairros, com forte poder de concentração de pessoas e atividades, com infraestrutura

urbana, serviços e equipamentos públicos, acervo edificado, serviços de vizinhança e

oportunidade de trabalho. Essas áreas são comumente chamadas de centro e se

encontram articuladas, ou não, em torno do núcleo original da cidade. (MINISTÉRIO

DAS CIDADES, 2008)

Os centros das cidades são locais extremamente dinâmicos, com fluxo de

pessoas, veículos e mercadorias provenientes de atividades terciárias. Costumam ser

uma referência e historicamente abrigam diversas instituições públicas e religiosas.

(VARGAS E CASTILHO, 2015)

No entanto, Villaça observa que nem todas as cidades possuem um conjunto

de instituições públicas e religiosas. Para a análise, o autor divide as cidades em:

históricas, que exaltam o poder político e o poder religioso; capitalistas, que exaltam

apenas o poder político; e tipicamente capitalistas, onde a maioria das cidades

brasileiras se encaixam, que não exaltam nem o estado nem a religião.

Os centros principais, de cidades tipicamente capitalistas, segundo Villaça

(2012): “são dominados pela atividade privada de comércio e serviços, pela

propriedade privada da terra urbana e pelo mercado imobiliário. Em resumo, pelo

lucro. ”

Vargas e Castilho (2015) observam que os centros das cidades têm recebido

diversos nomes: centro histórico, centro de negócios, centro tradicional, centro de

mercado, centro principal ou, simplesmente centro.

Para Villaça (2001) o centro principal é o lugar mais democrático das cidades.

Pois ele surge como o local de maior convergência de deslocamentos dentro de uma

cidade. Por isso, o centro não precisa estar localizado geograficamente no meio do

território da cidade, mas é o local que (ibid, 2001, p.239): “minimiza o somatório dos

deslocamentos do conjunto dos membros da aglomeração. Tal ponto seria aquele no

qual toda a comunidade se reuniria no menor tempo possível. ”

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Os centros se congestionam pela intensidade de atividades, ao mesmo tempo que a concorrência de outros lugares para morar e viver é ampliada. Atividades ditas nobres e outras grandes geradoras de fluxos, como instituições públicas saem do centro. Com isso, atividades de menor rentabilidade, informais e por vezes, ilegais e praticadas por usuários e moradores com menor ou quase nenhum poder aquisitivo tomam o lugar deixado vazio.Como resultante, a arrecadação diminui e o poder público reduz a sua atuação nos serviços de limpeza e segurança públicas. (VARGAS e CASTILHO, 2015)

Villaça (2001), na sua tese sobre o espaço intra-urbano, faz uma análise

completa sobre as modificações dos centros das cidades brasileiras a partir das

classes de alta renda. O autor afirma que, o processo chamado de “decadência” do

centro se deu pela saída das classes dominantes dos centros e mudança para outras

áreas da cidade. Como consequência, a tomada do centro pelas camadas populares.

“Por volta da década de 70 – variando um pouco conforme a metrópole -os

centros já estavam bastante abandonados, principalmente como local de compras,

diversões e escritórios profissionais liberais das burguesias” (VILLAÇA, 2001, p. 283)

Segundo o Manual de Reabilitação de Áreas Urbanas centrais do Ministério

das Cidades (2008):

Muitas famílias de classe média optaram por sair do centro nas últimas décadas porque preferiam morar em apartamentos ou casas mais modernas, em bairros mais segregados, ou porque consideravam as condições do centro deterioradas. Para as famílias de menor renda, o acesso a essas unidades deixadas vazias no centro é economicamente impossível, e as opções mais viáveis continuaram sendo os cortiços, favelas e loteamentos precários na periferia. No entanto, em algumas áreas centrais, ainda moram muitas famílias para quem essa localização é importante em função, especialmente, da proximidade do trabalho.

Processo similar aconteceu na Espanha, Outón (2013) relata que o crescimento

das cidades e o aparecimento de novos bairros residenciais ocasionaram o abandono

de residências e proporcionou um processo crescente de abandono, degradação e

marginalização dos centros históricos.

Tanto Outón (2013) quanto Villaça (2001) denotam a importância, dentre outros

fatores, do automóvel nos deslocamentos urbanos no processo de abandono dos

centros.

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A nova força, que surgiu então e provocou a ruptura dos centros principais com as elites que o sustentavam, foi constituída pelo aumento da mobilidade espacial motivada pelo aumento da taxa de motorização das classes de mais alta renda de nossas cidades e pela nova produção do espaço coerente com os novos padrões de mobilidade territorial que tais classes passaram a apresentar. (VILLAÇA, 2001)

Algumas das características gerais desse período são a generalização do automóvel como forma de deslocar-se até o ponto de consumo, a incorporação massiva da mulher no trabalho, modificações na unidade familiar e nos tipos de habitações. Tudo isso, definitivamente, conduz a um uso intensivo do tempo, fora da jornada de trabalho convencional, que se atrai do ato de compra para desfrutá-lo juntamente com o tempo dedicado a vida familiar e o lazer. (OUTÓN, 2013, tradução minha)

Além do centro tradicional, as cidades costumam ter outras centralidades, o

que nos Estados Unidos costuma ser chamado de poli nucleação (VILLAÇA, 2001).

Sobre Centro Histórico as autoras Vargas e Castilho (2015, p.2) afirmam:

O conceito de Centro Histórico está associado à origem do núcleo urbano, reforçando a valorização do passado. Este último conceito cristaliza-se, por vezes, como se as demais partes da cidade não tivessem contribuído para a história da sua gente, refletida sucessivamente na sua estrutura em construção. O Centro Histórico não deve, portanto, ser analisado como se fosse um lugar predestinado à fantasmagoria de perda causada mais pelo desaparecimento das referências do presente que pela real saudade do passado. Nessa direção, são valorizados os lugares geográficos, os elementos arquitetônicos (religiosos e civis) e, por extensão, urbanos (estrutura urbana e bairros), em detrimento do conteúdo social.

Maricato (2011) chama atenção para duas problemáticas. O centro possui uma

infraestrutura excepcional em relação a outras regiões da cidade e está sofrendo um

processo de esvaziamento, mantendo essa infraestrutura ociosa em horários não

comerciais. Enquanto que as periferias estão crescendo de forma extensiva e

horizontal em áreas carentes de infraestrutura.

2.2.1. Intervenções Urbanas

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Castriota (2007) analisa de forma ampla e crítica todo o panorama de

patrimônio histórico e preservação. Segundo ele, inicialmente, todo esse processo

iniciou com políticas que protegiam apenas edificações, estruturas e artefatos

individualmente, de forma que possuíam efeitos bastante limitados, raramente se

considerando o entorno imediato. A concepção de preservação era muito restrita e

limitada ao modelo que era seguido. No Brasil, a preservação tem um significado ainda

mais restrito, o de “tombar”, que foi o primeiro instrumento introduzido no país na

década de 30 e, até hoje, quase o único tipo de proteção efetivamente utilizado.

Sobre a preservação de forma mais completa, em termos de paisagem urbana

o autor pontua:

É nesse sentido que nos parece fundamental o conceito contemporâneo de patrimônio ambiental urbano, matriz a partir da qual podemos pensar hoje a preservação do patrimônio, sem cair nas limitações da visão tradicional. Pensar na cidade como um "patrimônio ambiental" é pensar, antes de mais nada, no sentido histórico e cultural que tem a paisagem urbana em seu conjunto, valorizando não apenas monumentos "excepcionais", mas o próprio processo vital que informa a cidade. Neste campo, o tipo de objeto a ser protegido muda, passando do monumento isolado a grupos de edificações históricas, à paisagem urbana e aos espaços públicos. Assim, quando se pensa em termos de patrimônio ambiental urbano, não se pensa apenas na edificação, no monumento isolado, testemunho de um momento singular do passado, mas torna-se necessário, antes de mais nada, perceber as relações que os bens naturais e culturais apresentam entre si, e como o meio ambiente urbano é fruto dessas relações. (CASTRIOTA, 2007, p.15)

Castriota (2007) também faz a diferenciação entre preservação e

conservação,sendoessa uma dimensão mais dinâmica e a mudança é inevitável,

enquanto aquela pressupõe a limitação da mudança. Por isso, quando referente ao

patrimônio urbano, que é um objeto não estático, a conservação precisa ser integrada

às políticas mais amplas de desenvolvimento, devendo ser considerada como objeto

central do planejamento urbano e regional, valorizando não apenas edifícios, como

também a qualidade ambiental de núcleos históricos, a morfologia urbana e o

patrimônio cotidiano.

Quando referente a preservação e conservação, inicialmente, os principais

atores e instrumentos eram do Estado. Mas quando se ampliou para uma demanda

urbana, percebeu-se a necessidade de parcerias privadas, mesmo que o Estado

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tenha se mantido como protagonista dos processos, ainda que de maneira

diferenciada atuando de forma contínua e integral no planejamento urbano.

(CASTRIOTA, 2007)

Nesse contexto urbano, os termos preservação e conservação passaram a ser

substituídos por termos como reabilitação (de forma crítica ao processo de

renovação), requalificação, revitalização, etc.

Para Oliveira e Bragança (2012) os processos de reabilitação, revitalização e

reutilização dos ambientes construídos, são reflexos de uma atual preocupação

sustentável de diminuir impactos ambientais. Esses processos são utilizados para a

obtenção de novas dinâmicas, funcionalidades e proficiência e até mesmo uma nova

vida aos espaços. As cidades precisam de mudanças para acompanhar as

necessidades dos seus habitantes, por isso a transformação deve resultar em locais

agradáveis onde as pessoas se sintam convidadas a habitar, explorar a cultura, provar

entretenimento e experenciar lazer.

Porém como visto anteriormente, esses processos não são atuais, e surgiram

através de uma evolução de conceitos ligados a preservação das memórias dos

lugares, a partir de uma intensa procura por identidade e pelas raízes culturais.

(ABREU, 1998; CASTRIOTA, 2007; PAOLI, 1992)

Sobre o prefixo “re”, amplamente utilizado para nomear diferentes tipos de

intervenções urbanas Vasconcellos e Mello (2008, p.60) definem:

O prefixo RE começa a ser empregado nas novas definições. - Renovação, reabilitação, revitalização, regeneração etc. -representando referências explícitas às preexistências. O RE é uma estratégia que considera (ou finge considerar) a inclusão do Tempo na análise do Espaço, sem, contudo, explicitar um significado e uma metodologia para tal. Aparece aí o modismo oportunista, as imprecisões de definição e da própria metodologia a ser adotada.

Ainda segundo as autoras, Vasconcellos e Mello (2008, p.61), essas

intervenções são ações integradas e simultâneas que visam “a retomada de

atividades econômicas, a recuperação física dos imóveis e a fixação da população de

origem no seu habitat”. São atitudes que envolvem o reconhecimento das pré-

existências, reconhecendo o valor da história na cidade e do homem como ser cultural,

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ocasionandoo surgimento dos diversos termos que possuem significados

semelhantes.

Esse tipo de intervenção urbana, normalmente surge num contexto de

preservação. A preservação é uma ação voltada para a proteção de um bem cultural

contra qualquer dano ou degradação, através de instrumentos legais. Se tratando de

edifícios pode-se iniciar com uma manutenção preventiva e até mesmo chegar a um

processo mais sofisticado de restauração. (VASCONCELLOS e MELLO, 2008)

Segundo Frenkel (2008, p.22) a União Europeia “trabalha no desenvolvimento

de políticas públicas de intervenção urbanas que permitem às cidades a promoção de

seus objetivos relacionados à coesão social, econômica e territorial”. É através do

aumento da produtividade, da competitividade e modernização que se obtém o

desenvolvimento econômico e melhorias ambientais e sociais.

Alguns termos se destacam como diferentes conceitos de intervenções

urbanas. São eles:

a) Renovação

O termo “renovação” surge como uma solução para tecidos urbanos

degradados e é marcado pela ideia de demolição do existente e a construção de

edifícios contemporâneos que atendam novas atividades, adaptadas ao processo de

mudança. (VASCONCELLOS e MELLO, 2008; FRENKEL, 2008)

A carta de Lisboa (1995, p.1) define renovação como:

Ação que implica a demolição das estruturas morfológicas e tipológicas existentes numa área urbana degradada e a sua consequente substituição por um novo padrão urbano, com novas edificações (construídas seguindo tipologias arquitetônicas contemporâneas), atribuindo uma nova estrutura funcional a essa área. Hoje estas estratégias desenvolvem-se sobre tecidos urbanos degradados aos quais não se reconhece valor como património arquitetônico ou conjunto urbano a preservar.

Nos casos de cidades norte americanas e francesas, a renovação implicou na

reocupação de zonas centrais por atividades econômicas, escritório e residencial de

elevado valor financeiro e a consequente expulsão da função residencial dos centros

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e a periferização das classes médias e atividades econômicas sem força para

competir financeiramente pela localização central. (ISCTE/CET, 2005)

A ideia de renovação atinge principalmente intervenções de larga escala e de

transformação integral. Acarretando em uma mudança estrutural que abrange a

dimensão morfológica (forma da cidade e da paisagem), dimensão funcional (base

econômica e das funções a ela associadas que podem desaparecer ou ser

substituídas) e dimensão social (esfera sociológica, geralmente substituição de

residentes ou visitantes por outros com níveis de rendimento, instrução e estilo de vida

diferentes). (ISCTE/CET, 2005)

Vaz e Jacques (2013) enfatizam os negativos efeitos sociais atingidos através

da renovação urbana, como a gentrificação e o impacto cultural para a população

local. Mas as autoras também abordam o fato de que o termo renovação urbana

possui um conceito diferente na Alemanha. Sendo entendido como um processo

permanente de manutenção do ambiente edificado, podendo ocorrer reconstruções,

mas não necessariamente.

b) Reabilitação

A reabilitação surgiu como uma crítica aos impactos sociais, econômicos e

arquitetônico-urbanísticos dos processos de renovação. A revalorização do patrimônio

e a consciência da importância das edificações existentes, assim como da morfologia

urbana também contribuíram para isso. (VAZ e JACQUES, 2013)

A Carta de Lisboa (1995, p.1) define reabilitação urbana como:

É uma estratégia de gestão urbana que procura requalificar a cidade existente através de intervenções múltiplas destinadas a valorizar as potencialidades sociais, económicas e funcionais a fim de melhorar a qualidade de vida das populações residentes; isso exige o melhoramento das condições físicas do parque construído pela sua reabilitação e instalação de equipamentos, infraestruturas, espaços públicos, mantendo a identidade e as características da área da cidade a que dizem respeito.

Para Frenkel (2008) a reabilitação urbana, em relação ao edificável, procura

conferir um caráter de “habitabilidade”, qualificando construções existentes e

implantando novos equipamentos necessários. “Esta intervenção pode implicar em

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um conjunto de ações como: demolição de alguns edifícios, restauração de outros e

construção de novos. ”(FRENKEL, 2008, p.23)

Quanto à paisagem urbana,Frenkel (2008) afirma que a reabilitação é um

processo que visa a manutenção da população em áreas centrais e que se preocupa

com o patrimônio histórico-arquitetônico. A reabilitação atua para a melhora do espaço

público, com elementos de visibilidade, e nos espaços de transição e complementares

às residências. (FRENKEL, 2008)

Assim como Frenkel, o ISCTE/CET (2005) afirma que a reabilitação, diferente

da renovação, não destrói o tecido urbano, o que acontece é uma readaptação a nova

funcionalidade urbana. Ocorre a readequação do tecido urbano degradado,

enfatizando o caráter residencial, podendo acontecer intervenções complementares

tanto no conjunto edificado, como na paisagem urbana. O objetivo é criar condições

para que as pessoas possam viver nesses núcleos, como também que a sociedade

enquanto coletividade tenha estima por esses lugares. (Arqº Alcino Soutinho in 2º

Encontro dos Programas Urban e Reabilitação Urbana, 1998:48 apud ISCTE/CET,

2005)

Yagüe (2010) chama a atenção para o fato de que, se a reabilitação não deve

associar-se apenas aos edifícios, mas deve se integrar aos espaços e elementos

urbanos, se faz necessário dentro do processo de reabilitação, incluir transporte e

infraestrutura, além dos edifícios públicos e privados. Também de acordo com essa

ideia mais ampla, o autor salienta a importância da configuração das edificações, dos

espaços intersticiais, dos vazios, dos espaços urbanos e das áreas abandonadas. A

reabilitação e a revitalização funcionam nesses espaços quando se segue um

determinado plano integrado de ações que dão continuidade e homogeneidade a uma

área. Enquanto que Castriota (2007) salienta a importância da formulação de

estratégias, conscientes da realidade local, para o desenvolvimento desse lugar.

Segundo o Ministério das Cidades (2008) o termo reabilitar significa recompor

atividades, habilitando novamente o espaço, através de um processo de gestão de

ações integradas, públicas e privadas. Para possibilitar as múltiplas funções urbanas,

já localizadas na área em questão, mas sem excluir a implantação de novos usos,

atividades e funções, desde que não sejam contraditórias com a identidade do lugar.

O processo compreende a recuperação e reutilização do acervo edificado, que

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incluios espaços e edificações ociosas, vazias, abandonadas e insalubres e a

melhoria dos espaços de uso coletivo, serviços públicos, equipamentos comunitários

e a acessibilidade, na direção do repovoamento da utilização pelas diferentes classes

sociais.

Como uma crítica em relação ao termo reabilitar, amplamente utilizado, que

traz um sentido estático (reestabelecer – restituir uma coisa ao seu estado antigo)

para Yagüe (2010) seria mais próprio falar em revitalizar (dar força e vida à uma coisa)

ao ter um sentido de aumento, progressivo e integrador. Assim como incorporar

termos como reciclar, que confere um dinamismo e continuidade.

c) Revitalização

Para os autores da Carta de Lisboa (1995, p.1) revitalização:

Engloba operações destinadas a relançar a vida econômica e social de uma parte da cidade emdecadência. Esta noção, próxima da reabilitação urbana, aplica-se a todas as zonas da cidade sem oucom identidade e características marcadas.

Os projetos de revitalização urbana têm como requisitos uma sensação de

crise, a negociação entre os setores público e privado e uma vontade conjunta para

que a cidade melhore física, econômica e sócio culturalmente. Os objetivos a serem

atingidos são uma renovação do espaço público, melhoria na acessibilidade (eixos

viários e nós), renovação das atividades, formação de centralidades (através de uso

misto e reforço de imagem). (FRENKEL, 2008, p.22)

Para o ISCTE/CET (2005) o processo de revitalização urbana no intuito de

trazer “nova vida” ou retomar dinâmicas, enquanto planejamento, traz uma visão

organicista e vitalicista para o território urbanizado. Também é visto como um conceito

complexo, e as estratégias, metodologias e instrumentos de revitalização podem ser

as mesmas englobadas por outros modelos de intervenção.

Vaz e Jacques (2013) descrevem a revitalização urbana como a recuperação

de elementos históricos, simbólicos, sociais e ecológicos do local, porém podendo

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haver uma adequação a modernidade, ainda que sem os excessos do modernismo.

O que segundo as autoras, faz com que venha sendo chamados de pós-modernos.

Para Frenkel (2008) a revitalização vai além, devendo ser capaz de intervir de

forma articulada para levantar problemas e articular de forma contínua as diferentes

dimensões do território, exigindo prevenção e não apenas reparo.

A integração deve estar presente nas dimensões da intervenção, nas funções

urbanas, e entre parceiros e recursos. Por isso, a revitalização entra como um

processo de planejamento estratégico para reconhecer, manter e introduzir valores,

promovendo vínculos entre territórios, pessoas e atividades. Logo, não é apenas

projeto, é necessário interligar performance econômica e financeira, sustentabilidade

física e ambiental e coesão social e cultural. Faz parte da revitalização a adaptação

às realidades territoriais, devendo equilibrar os recursos com os potenciais a serem

explorados, melhorando a qualidade de forma global no ambiente urbano.

(ISCTE/CET, 2005)

d) Requalificação

Segundo a Carta de Lisboa (1995, p. 2) a requalificação “aplica-se sobretudo a

locais funcionais da “habitação”; tratam-se de operações destinadas a tornar a dar

uma atividade adaptada a esse local e no contexto atual. ”

A requalificação urbana é sobretudo um instrumento para a melhoria das condições de vida das populações, promovendo a construção e recuperação de equipamentos e infraestruturas e a valorização do espaço público com medidas de dinamização de qualidades urbanas, de social e econômica. Procura a (re)introdução acessibilidade ou centralidade a uma determinada área (sendo frequentemente apelidada de uma política de centralidade urbana). (ISCTE/CET, 2005, p.21)

Frenkel (2008) afirma que a requalificação procura melhorar a vida da

população, promove a construção e recuperação de equipamentos e infraestruturas

existentes. Além de valorizar os espaços públicos através de atividades econômicas

e culturais com alto valor financeiro e de centralidade, também dinamiza a sociedade

e a economia.

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A requalificação urbana é voltada principalmente para implantação de novos

padrões que visam a melhora do desempenho econômico, de forma mobilizadora,

acelerada e estratégica. Dessa forma, provoca mudança do valor da área nos níveis

cultural, econômico, paisagístico e cultural.

e) Regeneração

O termo regeneração urbana surgiu na metade dos anos 90 em países anglo-

saxões, como substituição para o termo revitalização, que era o mais utilizado para

intervenções em áreas de interesse patrimonial, principalmente em centros históricos.

A mudança não ocorreu apenas no nome, mas também no conceito (ZANCHETI,

2009)

Os novos projetos de regeneração objetivaram um redesenho da economia urbana para assumir características supralocais, buscando maximizar a utilização dos recursos existentes, especialmente os bens patrimoniais, utilizando o aporte de recursos financeiros externos. Esses projetos buscam uma melhoria geral dos recursos ambientais (construídos e naturais) como maneira de elevar a produtividade local e a imagem urbana. Os projetos passam a ser uma atividade de gestão que ultrapassa a escala municipal e se torna metropolitana, regional, nacional, ou mesmo global, e que visa à redefinição dos papéis e dos modos de cooperação entre atores públicos e privados, (ZANCHETI, 2009, p. 5)

Segundo Zancheti (2009), são objetivos da regeneração a manutenção do

patrimônio imobiliário, o aumento no valor dos imóveis, a introdução de novas

atividades urbanas, a melhoria das condições das residências dos grupos sociais mais

pobres, a criação de zonas de negócios, a criação de tecnopólos e a melhoria

ambiental. Para o autor, uma forma de medir o sucesso de uma regeneração é através

do emprego, da renda e da arrecadação municipal.

Baptista (2012) simplifica dizendo que o objetivo da regeneração urbana é a

resolução de problemas urbanos através de uma melhoria duradoura na vida

econômica, condição física, social e ambiental de uma área específica, através da

integração de diversos atores de diferentes áreas profissionais.

A regeneração urbana trabalha sobre áreas consolidadas e intervém através

de uma união, como base para negociação de soluções, dos setores público, privado

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e terceiro setor de forma dinâmica para desenvolver estruturas necessárias de apoio

a propostas mais específicas e melhorar as condições da área urbana. No setor

público, a regeneração, em sua especificidade operativa, atinge diversos setores da

administração pública, como o transporte, meio-ambiente, habitação, cultura,

infraestruturas, etc.A gestão do desenvolvimento local, através da integração entre

planos, projetos e atores, é a atividade que diferencia regeneração urbana de

revitalização. (ZANCHETI, 2009)

A integração dos diversos setores da sociedade, costuma também refletir o

financiamento da regeneração urbana, que pode ser realizado por entidades públicas,

privadas ou mistas. O que normalmente ocorre é uma mistura de diversas companhias

e instituições para minimizar os juros. A variedade de atividades ou fases do projeto o

tipo e a natureza da propriedade imobiliária, e o tamanho e o desempenho dos

negócios na localidade também são influenciadores. (ZANCHETI, 2009)

f) A Intervenção para a Rua 13 de Maio

Para a intervenção na Rua 13 de maio, foi delimitado que será uma

Reabilitação. Pretende-se manter o caráter que a rua já possui, melhorando a

espacialidade do que já está localizado na área, sem excluir a possibilidade de novos

usos, desde que não concorram com os já existentes.

A reabilitação é um processo que atinge as escalas dos edifícios e da paisagem

urbana, porém, sempre com a prorrogativa de manter a moradia da população nas

áreas centrais, enfatizando o caráter residencial. O projeto de reabilitação é uma

readaptação as funcionalidades urbanas e demandas atuais, para criar condições

para que as pessoas vivam nesse espaço, e para que a coletividade tenha estima por

esses lugares.

2.2.2. Gentrificação e Intervenções Urbanas

SegundoBidou-Zachariasen (2006, p.22):

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O termo gentrification foi utilizado pela primeira vez por Ruth Glass (1963) para descrever o processo mediante o qual famílias de classe média haviam povoado antigos bairros desvalorizados do centro de Londres, ao invés de se instalarem nos subúrbios residenciais, segundo o modelo até então dominante para essas classes sociais. Por essa noção, a autora compreendia, ao mesmo tempo, a transformação da composição social dos residentes de certos bairros centrais, por meio da substituição de camadas populares por camadas médias assalariadas; e um processo de natureza diferente: o de investimento, reabilitação e apropriação, por estas camadas sociais, de um estoque de moradias e de bairros operários populares.

Ainda segundo a autora Bidou-Zachariasen (2006), a gentrificação é um

fenômeno complexo, que se distingue de outros processos, pois envolve

simultaneamente aspectos físicos, econômicos, sociais e culturais.

O autor Leite (2010) usa o termo enobrecimento urbano para tratar de conceitos

bastante semelhantes à gentrificação. Segundo ele, o enobrecimento urbano consiste

em um tipo de intervenção urbana que altera a paisagem urbana através da

transformação arquitetônica e da paisagem para atender as demandas de valorização

imobiliária, de segurança, ordenamento e limpeza urbana voltadas à reapropriação

por parte das classes médias e altas.

Silva (2006) afirma que alguns autores correlacionam a

gentrificaçãocomgrandescidades em que os centros antigos foram deixados de lado

pelas classes médias altas por um tempo. Com isso atividades populares e moradia

de pessoas de menor renda passaram a ocupar os centros. Esse fenômeno pode

acontecer pela demanda, a classe média reconquistando o centro (uma classe média

diferenciada, cansada dos condomínios fechados). E também pela oferta, ou seja, os

governantes e o setor privado dotam o centro de características (consumo e lazer)

atrativas para pessoas de maior renda.

Nos centros costumavam estar localizados edifícios dos poderes públicos,

comércio, lazer e moradia voltados a famílias mais abastadas. Com a mudança de

interesses das elites, que passaram a migrar para áreas valorizadas em direção as

periferias, o centro passou a abrigar comércio e moradia mais populares. Porém, os

centros se mantiveram como locais de muita vitalidade, com uma concentração de

oportunidades, mas com espaços malcuidados, pelo poder público, que refletem o

empobrecimento do lugar. (SILVA, 2006; VILLAÇA, 2001)

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O processo de intervenção em velhos centros urbanos é muito importante,

porém é necessário que haja estratégia para que os pequenos negócios e o patrimônio

comum (de menor importância patrimonial) sejam mantidos. Fazer do centro lugar não

apenas de passagem e comércio, mas também de moradia é importante para vencer

a ociosidade e o abandono. Segundo Maricato (2011) há experiências que

comprovam a necessidade de moradia para a recuperação de áreas centrais.

Intervenções de enobrecimento urbano, em geral, são realizadas em lugares

que possuem grande significado histórico para a cidade e que possuíram grande

importância econômica, política e cultural. Porém, que se encontram em processo de

deterioração física e perderam a importância, em relação ao resto da cidade, ao longo

do tempo. Os projetos consistem na possibilidade de retorno ao centro pelas classes

dominantes, num modelo muito parecido ao proposto por Haussmann em Paris. O

problema, no entanto, se encontra no caráter segregacionista, pela alteração dos usos

para adequação ao mercado, que inviabiliza a permanência dos antigos moradores.

(LEITE, 2010)

Nem toda a intervenção urbana precisa ou vai causar gentrificação e

enobrecimento. Mas, para evita-la, é necessário planejamento estratégico e

intervenção direta do poder público, pois o mercado imobiliário não possui interesses

sociais, apenas econômicos.

Infelizmente no Brasil a maior parte da população não tem acesso ao mercado

de moradia formal. São pessoas que vivem na cidade ilegal, na cidade que se espalha

horizontalmente sobre o território carente de infraestrutura e que gasta tempo e

dinheiro para se deslocar diariamente até o trabalho. Enquanto isso, os centros

urbanos estão passando por um processo de esvaziamento, mesmo sendo o lugar na

cidade que émelhor servido de infraestruturas. Trazer a moradia social para os centros

seria uma forma de resolver os dois problemas, porém não existe interesse do

mercado em promover isso. Por isso é necessário que a moradia social tenha uma

importância especial no plano e na operação de intervenções nos centros, pois sem

uma interferência direta do poder público, ela não será implementada.(MARICATO,

2011).

A diversidade social é um conceito muito importante para intervenções em

áreas centrais. O objetivo dessa diversidade é de que o centro não permaneça como

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território exclusivamente de pobres, ao mesmo tempo que não exclui os pobres desse

espaço. A intenção é criar um espaço onde diversas classes sociais possam conviver.

(SILVA, 2006)

Com as melhoras vindas dos projetos de intervenção urbana, o mercado

já se encarregará de trazer as classes com maior poder aquisitivo para as áreas.

Porém, é dever do governomanter programas sociais com o objetivo de não expulsar

todos os moradores mais pobres. (MARICATO, 2006)

Sobre a questão cultural Maricato (2001, p.146) apresenta:

Os projetos culturais são fundamentais para atrair pessoas ao Centro nos horários de lazer, mas é impossível dar uso cultural a todos os edifícios de importância estética ou histórica. A localização das sedes dos órgãos governamentais nas áreas centrais também é fundamental assim como a modernização da infraestrutura. Mas como já foi destacado, a legislação específica de uso e ocupação do solo deve apontar para a possibilidade de preservação (ou abertura e manutenção) do pequeno negócio, do patrimônio comum, da reciclagem de edifícios, de priorizar a moradia, em especial a moradia social.

A cultura vem sendo parte de um processo na qual é utilizada como instrumento

de valorização econômica. Como parte desse processo também está sendo

empregada em revitalizações urbanas. Este processo, instaurado com a priorização

das questões econômicas, é uma consequência da evolução das estruturas

socioeconômicasneoliberaisquetambémrefletem no próprio conceito de cultura. (VAZ;

JACQUES, 2013)

A teatralização de espaços urbanos, que muitas vezes acrescenta valores

antes inexistentes, onde o patrimônio está presente como cenário para fotos turísticas

e apresentações culturais não reflete a verdadeira importância cultural e histórica da

cidade. Esse processo é chamado por Leite (2010) de espetacularização da cultura,

e pode ser visualizado, mais claramente, através do contraste entre as áreas que

sofreram intervenção e o seu entorno imediato.

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2.2.3. Aluguel Social

O Plano Nacional de Habitação – PlanHab (2009), foi previsto na Lei 11.124/05

que dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, é um

instrumento importante para a implementação da nova Política Nacional de Habitação.

Nesse plano consta uma parte que se refere a Locação Social de Unidades

Habitacionais em Centros Históricos e Áreas Urbanas Consolidadas (p.156):

O objetivo desta ação é subsidiar parte dos aluguéis de unidades habitacionais para os Grupos de Atendimento 1 e 2 em centros urbanos e áreas urbanas consolidadas de metrópoles e centros regionais localizados nos municípios tipos A, B, C, D e E. Visa constituir-se numa alternativa de acesso à moradia que permite mobilidade espacial dos beneficiários que necessitam mudar os locais de residência ou que, por sua condição de vulnerabilidade social, não podem se responsabilizar pela propriedade de um imóvel. Os valores máximos do repasse federal para aluguel social e percentuais máximos de comprometimento da renda do beneficiário serão calculados com base nos rendimentos daqueles Grupos. Os contratos de locação social serão firmados entre os proprietários de imóveis, e os beneficiários finais avaliados periodicamente para verificação dos requisitos necessários para acesso aos aluguéis subsidiados. As demais condições do subprograma, incluindo os prazos de concessão do benefício e a gestão das unidades, serão definidas no programa local de atendimento.

As ofertas por moradia no Brasil não suprem a demanda por habitação,

problema que atinge principalmente as famílias de baixa renda. Isso é resultado de

uma série de fatores, como a especulação imobiliária, a falta de desempenho do poder

público em resolver a situação e a pressão inflacionária. (PASTERNAK, BOGÚS,

2014). Uma das consequências é o espraiamento das cidades e a grande maioria da

população sem acesso a cidade formal (MARICATO, 2006)

O aluguel social é uma forma de garantir o direito à moradia, porém sem dar o

direito à propriedade. Uma solução que vem sendo amplamente implementada em

países desenvolvidos como Estados Unidos e na Europa, com relativo sucesso,

porém, quase inexistente na América Latina. O aluguel pode ser uma forma

complementar para a redução do déficit habitacional em camadas de renda baixa.

(PASTERNAK, BOGÚS, 2014)

Pasternak e Bogús (2014) fizeram uma análise ampla dos imóveis alugados

na cidade de São Paulo, e a casa alugada normalmente possui uma localização mais

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centralizada na cidade se comparada com a casa própria. O que significa que estão

mais próximas de empregos e equipamentos, podendo ser melhor para as famílias de

baixa renda. O problema é o preço do aluguel, que costuma comprometer cerca de

30% da renda das famílias.

No Brasil, o aluguel social vem sendo implantado como uma forma provisória

de habitação (SANTOS et al, 2016). Em Curitiba a Lei 14.700/2015, que dispõe sobre

a criação e define critérios para o Programa de Aluguel Social (PAS), expressa que é

um programa de moradia provisória, destinado a famílias com baixa renda e em

condições de vulnerabilidade habitacional temporária, até o reassentamento definitivo.

Pode ser concedido pelo prazo de até 2 anos, para uma mesma família, sendo

destinado a todos os trabalhadores, inclusive os de natureza informal.

Santosetal(2016) enfatizam que o direito à moradia, presente na constituição,

não implica no reconhecimento dos direitos individuais de propriedade. A política de

aluguel social poderia inclusive ser mais estável, pois muitas vezes, após a

regularização fundiária, moradores enfrentam processos de gentrificação. Por isso,

deve-se considerar o aluguel social não apenas em casos emergenciais, mas como

parte de uma estratégia habitacional, provendo habitação de forma definitiva,

possibilitando uma população diversificada.

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3. INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE

3.1. ESCOLHA DA ÁREA DE ATUAÇÃO

A área escolhida para o projeto de reabilitação foi o meio de quadra delimitada

pelas ruas Treze de Maio, Duque de Caxias, Matheus Leme e Claudino dos Santos.

A quadra está localizada no Bairro São Francisco, na região central e histórica de

Curitiba.

Quanto a Rua Treze de Maio,esta possui características que a tornam singular,

como os diversos equipamentos culturais que lá estão localizados, são exemplos o

Teatro Lala Schneider, o Teatro José Maria Santos, o Teatro Barracão, o Ap da 13, o

Conservatório de MPB de Curitiba e o Solar dos Guimarães.

Simultaneamente ao uso cultural,diversos lotes são utilizados apenas com a

função de estacionamento; fachadas ativas foram descaracterizadas e deixaram de

abrigar usos comerciais ealguns edifícios estão abandonados e/ou degradados.

Pela oposição latente demonstrada, a Treze de maio foi escolhida.

Primeiramente realizou-se uma análise de toda a extensão da referida rua, onde foi

possível identificar vários setores que compõe sua paisagem (Figura xx).

Após a compreensão dos principais usos e do histórico percebeu-se que a rua

possui uma vocação cultural. Portanto, optou-se por uma das quadras do setor cultural

para abrigar um projeto que alia uma escola de teatro (equipamento cultural), a

habitação de interesse social e usos comerciais que complementam o programa.

A finalidade não é apenas reabilitar a região, mas também aproximar a

população de baixa rendaao equipamento cultural.

.

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3.2. RUA TREZE DE MAIO

A Rua Treze de Maio está localizada em Curitiba, na Regional Matriz, e cruza dois

bairros da cidade: São Francisco e Centro. A área de análise envolve toda a extensão

da rua, tendo seu início ao fim da Rua Martin Afonso e seu fim próximo ao Teatro

Guaíra. (Figura 1).

Fonte: Google Earth,2017; fazendodiferencadp.blogspot,2017. Adaptado pela autora.

A rua está inserida na Área Calma de Curitiba, cuja proposta é que a velocidade

máxima seja de 40km/h, visando humanizar o espaço público, melhorar a segurança

Figura 1: Localização da Rua 13 de maio.

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viária e a convivência entre pedestres, ciclistas e motoristas (Prefeitura de Curitiba,

2015). Segundo a Gazeta do Povo (2017) as expectativas vêm se cumprindo, e já é

possível constatar a diminuição de acidentes. (Figura 3)

Figura 2: Área Calma de Curitiba.

Fonte: Gazeta do Povo, 2015.

Figura 3: Redução de Acidentes na área Calma.

Fonte: Gazeta do Povo, 2017.

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3.2.1. Aspectos Históricos de ocupação e desenvolvimento

Durante o século XVIII, Curitiba se resumia à região central. Conforme expõe

Fenianos (2003), era uma pequena vila composta por casas de pau-a-pique e pouco

comércio.A partir da política de expansão de fronteiras do governo português para o

sul do Brasil e atuação do movimento tropeiro, responsável pelo transporte de gado

entre o sul e o sudeste, a região passou a chamar atenção das autoridades públicas

coloniais, como a visita do ouvidor Raphael Pires Pardinho, e atingir maior relevância

comercial.Com isso, sua ocupação também se tornou mais atrativa para os

fazendeiros da área, tendo em vista a atuação econômica junto ao transporte de gado.

No começo do século seguinte, segundo relato de Saint-Hilaire (Wal e

Imaguire Jr, 2016) Curitiba tinha forma mais ou menos circular e era composta de

duzentas e vinte casas de pequenas dimensões. Essas casas se dispunham em volta

de uma praça central (atual Praça Tiradentes). A “cidade” era reconhecida pela

denominação de “Vilinha” (HORNER JR, 2002)

Decorrente de seu desenvolvimento econômico, Curitiba foi reconhecida como

capital da, recém declarada, autônoma província do Paraná, em relação à São Paulo

em 1853, aumentando também sua influência política. Segundo Fenianos (2003), na

metade do século XIX, no ano de 1857, a cidade era composta pelas Ruas do Fogo

(atual Rua São Francisco), Rua da Entrada (atual Rua Emiliano Perneta), Rua da

Carioca (atual Rua Riachuelo), Estrada da Marinha (atual Avenida João Gualberto),

Rua Fechada (atual Rua José Bonifácio), Rua do Rosário (nome permaneceu), Rua

do Nogueira (atual Rua Barão do Cerro Azul), Rua das Flores (atual Rua XV de

Novembro), Rua do Comércio (atual Av. Marechal Deodoro), Rua do Saldanha (atual

Rua Carlos Cavalcanti), Rua da Assembléia (atual Al. Dr Muricy) e Rua Direita (Rua

Treze de Maio).

Durante o século XX se deu maior parte dos projetos de urbanização e

influência na infraestrutura da cidade, sem embargo da importância de projetos como

o de Pierre de Toulois (Horner Jr, 2002), gradualmente passando a comportar

saneamento básico, iluminação e atrativos de lazer como o ColyseoCurytibano,

primeiro parque de diversões a funcionar em Curitiba, e o Passeio Público. A

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população aumentou de forma considerável, bem como a ocupação nas áreas ao

redor da vila. (FENIANOS, 2003).

Através do Plano Agache (Wal e Imaguire Jr, 2016) e do plano de revitalização

dos anos 70, passou-se a reconhecer o caráter histórico da região central,

preconizando a área como preferencial para instituições culturais oficiais. A rua XV de

novembro foi fechada e parte do setor histórico, a partir de então, reconhecido como

tal, foi bloqueado aos veículos.

Conforme IPPUC (s.d.), a transformação cultural de Curitiba está ligada a

criação de uma identidade curitibana. Para isso, houve um processo de revitalização

dos setores históricos e tradicionais da cidade, como o fechamento da Rua XV, a

revitalização de edifícios históricos como o Teatro Paiol e o Centro de Criatividade do

Parque São Lourenço.

Portanto, a região central é identificada pelo seu aspecto histórico e usos de

identidade cultural, sendo necessário reconhecer a necessidade da manutenção de

certas características históricas e arquitetônicas da localidade. Nesta amplitude

geográfica, está incluso o bairro São Francisco.

Na região do bairro São Francisco, a partir da segunda metade do século XIX

e começo do século XX, segundo Wal e Imaguiri Jr (2016), se estabeleceu uma classe

média de profissionais liberais e pequena burguesia, assim como sedes das

sociedades étnicas, decorrentes da imigração intensa da metade do século XIX à

metade do século XX.

No caso particular em análise, à Rua 13 de maio, à época denominada Rua

da Direita, teve destaque o estabelecimento de comunidades de etnia alemã,

principalmente sob a figura dos Hauer, agindo no comércio de materiais de construção

e empreendimentos como o Teatro Hauer. (WAL e IMAGUIRI JR, 2016)

O Teatro Hauer foi inaugurado por José Hauer em 1891, localizado no que hoje

é identificado como n° 590 da Rua 13 de maio e era, segundo o jornalista

Antenolli(2016): “um importante espaço para a sociabilidade. Além de receber

companhias artísticas, promovia bailes, reuniões e banquetes encomendados pelas

associações e políticos da época”. Antenolli ainda cita a afirmação da historiadora

Pamela Fabris de que o Teatro Hauer, em 9 de outubro de 1897, foi o local da primeira

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apresentação de cinema de Curitiba, realizada pelo cinematógrafo Lumière, e foi a

localidade escolhida para a reunião de fundação do Coritiba Football Club, em 1909.

Segundo daCosta (apud Fernandes, 2017), foram montadas mais de 40 peças

no endereço, no auge da rivalidade entre o Teatro do Hauer e demais casas de

eventos da cidade (estando incluído o Teatro São Theodoro - hoje, Teatro Guaíra).

Sendo típico de sua cartilha as operetas, as comédias e até espetáculos anticlericais.

Após 1947, transformou-se no Cine Marabá e passou a integrar o circuito de

cinema da cidade. Conforme relato do jornalista Millarch (1976), em 1962 o

empreendimento voltou a sofrer reformas substanciais, contudo, com a diminuição na

frequência do público durante a década de 70, a localidade foi novamente alterada,

se tornando o denominado Cine Bristol.

No novo estabelecimento diminui-se o número de poltronas, foi instalado

sistema de ar condicionado e alterou-se a decoração. Tais relatos são corroborados

pela descrição do estabelecimento pela Secretaria de Educação do Paraná. O

primeiro filme exibido pelo Cine Bristol foi “The Returnofthe Pink Panther” (A Volta da

Pantera Cor-de-Rosa, 1975), de Blake Edwards.

Segundo a Secretaria de Educação do Paraná, em 1985 o Cine Bristol sofreu

nova reforma, contudo, fechou suas portas em 1995. O ambiente foi transformado em

Bristol Golden Bingo, porém, após interpretação de que atividade econômica seria

“jogo de azar”, o estabelecimento encerrou suas atividades em 16/09/2003, devido

ação fiscalizatória do governo do estado.

Posteriormente, virou uma igreja evangélica e um estacionamento, entretanto,

é importante delimitar que essas atividades se deram mais ao redor do

estabelecimento, justificado pela extensão do prédio, conforme expõe Fernandes

(2016). Portanto, a fachada da casa de esquina do número n° 590 permanece

praticamente igual à do Teatro Hauer. Conforme se observa das Figuras 4 e 5:

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Conforme expõe Fernandes (2016), em 2016 foi iniciado um processo de

restauração do prédio pelo arquiteto e urbanista Nicoletti Gilioli, professor da

Universidade Tuiuti (Figura 6). Atualmente (maio de 2017), utiliza-se do primeiro

pavimento para a atividade comercial exercida pelo restaurante vegano Semente de

Girassol.

Figura 6: Teatro Hauer durante o restauro em 2016.

Figura 4: Teatro Hauer - hoje.Fonte: Google Street View, 2017.

Figura 5: Teatro Hauer em 1913. Fonte: Lookfordiagnosis, 2017.

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55

Fonte: Fernandes, 2016.

.

O assentamento do Teatro Hauer, logo no começo do século XX,

contribui para a influência de uma cultura de teatros na Rua 13 de Maio, ainda que

mais presente a partir da segunda metade do referido século.

O Teatro Treze de maio (Figura 7), hoje tombado, teve suas atividades

iniciadas, no fim do século XIX, quando, na esteira da burguesia que se estabelecia

na Treze de Maio, a família Hoffman (origem germânica, como os Hauer) instalou uma

fábrica de malhas e confecções. Após, o local se tornou a denominada Malharia

Curitiba, de certa forma mantendo a atividade econômica, porém, foi fechado no fim

dos anos 1970.

Figura 7: Teatro José Maria Santos à noite.

Fonte: Bia Lanza, 2008.

Por volta de 1980, a Prefeitura Municipal de Curitiba locou-o e resolveu

desenvolver no lugar a Fábrica do Samba, abrigando o movimento das escolas de

samba que não tinham quadras ou locais adequados para seus ensaios preparativos

para o carnaval. A partir desse momento se reconheceu dimensão cultural ao prédio.

Após o carnaval de 1982, a Fundação Cultural realizou ampliações no quadro

patrimonial edificado. (Coordenação do Patrimônio Cultural, sd). Em julho de 1982

o espaço passou a abrigar o Teatro da Classe, sob a capitania do ator José Maria

Santos, se valendo de recursos da Associação dos Produtores de Espetáculos

Teatrais do Paraná, do Serviço Nacional de Teatro, da Secretaria de Estado de Cultura

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e da Fundação Cultural de Curitiba para sua formação.(GOVERNO DO ESTADO DO

PARANÁ, 2016)

Durante a metade da década de 80 o Teatro alterou seu nome para 13 de maio,

contudo, foi prejudicado pela falta de público e recursos e, com interesse dos

proprietários em vendê-lo, os compradores despejaram os ocupantes do local e

iniciaram processo de demolição do ambiente, incluindo as paredes externas.

O jornalista AramisMillarch, em publicação original no Almanaque Estado do

Paraná, em data de 29 de agosto de 1986 relata que havia uma intenção de demolir

o Teatro 13 de maio para que o terreno abrigasse um estacionamento com acesso

duplo, pela 13 de maio e pela praça da Ordem. O edifício já era protegido pelo IPPUC,

e a legislação não permitiria a demolição, mas o que realmente impediu, de fato, a

demolição foi a movimentação da classe artística para protege-lo. O jornalista

ressaltava também que tão importante quanto manter o espaço cultural, era

importante a utilização do espaço

A destruição completa foi impedida devido à intervenção da classe artística,

principalmente após o falecimento do ator José Maria Santos em 1990 (que, de certa,

forma uniu a classe) e da Assembleia Legislativa do Estado. O prédio foi então

tombado pelo Governo do Estado e na sequência elaborado o projeto de restauro do

espaço.

Em 27 de junho de 1998, o Teatro foi estabelecido sob o nome de José Maria

Santos e permaneceu sob administração do Centro Cultural Teatro Guaíra. Em 2016

passou a ser chamado de Teatro Zé Maria, ainda em homenagem ao ator que

vislumbrou a importância do empreendimento para a vida cultural da cidade.

Durante os anos 90 e começo dos anos 2000, o movimento por novos teatros

se fortaleceu na região.

Por exemplo, o teatro Lala Schneider (Rua Treze de Maio, n° 639) foi criado,

em 1994, pelo ator João Luiz Fiani (atual Secretário de Cultura do Governo do Estado

do Paraná), em homenagem a denominada “primeira dama do teatro paranaense”,

falecida em 2007 (Gazeta do Povo, 2007). Sendo considerado o primeiro teatro

particular da cidade. (CASTRO, 2012)

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Logo ao lado do Teatro Lala Schneider (Figura 8), também por iniciativa de

Fiani, em 2002, se estabeleceu o teatro Edson D’ávila, que visava dar espaço para a

renovação das companhias e linguagens do teatro. Oferecendo, também, diversos

cursos de iniciação e especialização teatral. (AVELLEDA, 2002)

Figura 8: Teatro Lala Schneider.

Fonte: Gazeta do Povo, 2017.

E, por fim, já na quadra em que a 13 de maio desemboca na Rua Conselheiro

Laurindo, surge o teatro Barracão EnCena, em 2007. É um espaço cultural planejado

para espetáculos de porte médio, principalmente de produtores locais. Há também no

local um curso de teatro. (TEATRO BARRACÃO, s.d.)

Ainda sob o viés cultural, a Rua 13 de Maio apresenta opções além do teatro,

como o Sebo Arcádia (Figura 9), Aoca Bar, Dizzy Jazz Bar e, com mais fontes no

aspecto histórico, o Solar dos Guimarães e o atual Conservatório de Música Popular

Brasileira de Curitiba.

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Figura9: SeboArcádia.

Fonte: Google Street View, 2017.

Construído em 1897, por Manoel Antônio Guimarães Neto, o complexo dividido

em dois edifícios: um laranja (Figura 10) na esquina com a Rua Mateus Leme e outro

vermelho(Figura 11) ao lado do primeiro. De maneira diferente do restante da rua,

teve ocupação da alta burguesia de descendência portuguesa (a família Guimarães).

O edifício laranja foi o primeiro a ser construído nessa composição, ele foi firmado em

pedra e tijolo, com telhado de quatro caídas rodeado por platibandas e janelas e portas

arredondadas dispostas nos três pavimentos do imóvel.Enquanto que o vermelho,

formado posteriormente, foi erguido em alvenaria de tijolos com traços da arquitetura

eclética, entrada lateral por uma varanda, sótão e porão alto. (FUNDAÇÃO

CULTURAL, s.d.; ABDALLA, 2015)

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Ao complexo não foi dado uso diverso do que a residência dos Guimarães até

1905, em que o prédio laranja (atual Conservatório de Música Popular) recebeu a

Casa Ivaí, posteriormente virando a tipografia da família Locker, o Hotel São José e o

Hotel do Machado. Contudo, a família ocupou a área do prédio vermelho (efetivo

“Solar do Barão”) até os anos 20, momento em que o estabelecimento passou a ter

ocupação comercial. Contudo, nos anos 80 se encontrava abandonado. (FUNDAÇÃO

CULTURAL, s.d.; ABDALLA, 2015)

O edifício laranja sofreu um incêndio durante a época do exercício de atividade

econômica por parte do Hotel Machado em 1979, persistindo apenas as paredes

perimetrais, exemplo da arquitetura eclética alemã. Em 1981, a prefeitura de Curitiba

se apropriou do imóvel, visando a revitalização do Setor Histórico por meio da

restauração, reciclagem e valorização de prédios históricos que estavam sem uso,

sendo repassada sua propriedade e ocupação para a Fundação Cultural de Curitiba

de 1985 até 1993 (nas estruturas restantes da localidade). (FUNDAÇÃO CULTURAL,

s.d.; ABDALLA, 2015)

Contudo, as obras em todo o complexo só iniciaram em 7 de julho de 1992. No

mesmo ano já estava pronta uma parte do imóvel, com entrada pela Rua Mateus

Leme, destinado para o Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba. O

Figura 10: Edifício Vermelho - Solar dos Guimarães.

Fonte: Google Street View, 2017.

Figura 11: Edifício Laranja - Solar dos Guimarães.

Fonte: Google Street View, 2017.

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prédio vermelho teve que ser interditado por problemas estruturais, só sendo

inaugurado em 26 de agosto de 2009. (FUNDAÇÃO CULTURAL, s.d.)

O Conservatório de Música, atualmente, dedica-se ao ensino, à pesquisa e à

produção de eventos artístico-culturais na área da Música Popular Brasileira, (com

ampla estrutura para essa atividade) e fomento a grupos artísticos com vinculação à

Fundação Cultural de Curitiba.

O prédio vermelho, o Solar dos Guimarães stricto sensu, inicialmente abrigou

o Centro de Estudos Multimeios, voltado à formação em música eletrônica, mídias

digitais, fotografia digital, software livre e hip hop, bem como a produção de pesquisas,

resgates e preservação da técnica e dos conhecimentos nas diversas áreas

trabalhadas. Serviu também de ponto de encontro aos voluntários da Copa do Mundo

de 2014.(CURITIBA, 2014)

Também constam (e constaram) na rua, ainda que seu acesso principal não

seja pela treze de maio, alguns colégios e demais instituições de ensino. Os exemplos

principais são o Colégio Martinus e o Colégio Anjo da Guarda.

O Colégio Martinus (Figura 12) também tem origem vinculada à cultura e etnia

alemã, formado sob a representatividade religiosa luterana, inclusive com o nome

homenageando a denominação latina de Martin Lutero (monge alemão protestante),

ou seja, a ocupação alemã e religião luterana é essencial para o estabelecimento do

Colégio Martinus.

Figura 12: Fachada do Colégio Martinus na Rua 13 de maio.

Fonte: Google Street View, 2017.

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Os imigrantes alemães reuniam-se inicialmente nas casas das famílias para

celebrar seus cultos. O pastor Johann Friedrich Gärtener, de Joinville, vinha uma vez

por mês atender os luteranos da cidade. Cerca de 20 famílias reuniam-se para este

culto, e assim foi até o ano de 1866, quando o grupo já contava com 50 famílias. Em

1866 foi fundada formalmente a primeira Comunidade Luterana de Curitiba, com a

concretização de um templo religioso e de uma instituição de ensino no terreno onde

atualmente estão o templo da Comunidade do Redentor e o Colégio Martinus. Esse

embrião era a "GemeindeSchule" - Escola da Comunidade Luterana. (COMUNIDADE

DO REDENTOR, s.d.)

Contudo, o Martinus, formalmente, só se concretizou em 1948, após

investimentos da comunidade luterana e iniciativa do Pastor Heinz Friedrich Soboll,

alemão nascido em Grünningsfeld, em 7 de setembro de 1904, e falecido em 14 de

dezembro de 1972. Heinz Soboll veio ao Brasil em 1927, enviado pelo Departamento

do Exterior da Igreja Evangélica na Alemanha. (CREUTZBERG, 2001)

Entre 1948 e 1953 o Martinus só ofertava curso primário, a partir de então

passou a ofertar o curso ginasial, adquirindo a denominação de Ginásio Martinus. No

ano de 1965 teve início o curso secundário (Ensino Médio) e desde então tem o nome

de Colégio Martinus. (EDUCA-EDU, s.d.; MARTINUS, s.d.)

A Escola Anjo da Guarda (Figura 13), localizada no atual número 990 da Treze

de Maio, em 1962, era um pequeno jardim de infância, com apenas 4 alunos, quando,

na atuação da pedagoga Vera Maria Lacombe Miraglia, por influência do Frei Álvaro

Machado, alterando e aplicando um projeto pedagógico inovador, ampliou a

abrangência da instituição do ensino (fechando o ano letivo de 1962 com 60 alunos).

Figura 13: Escola Anjo da Guarda.

Fonte: Google Street View, 2017.

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Para a manutenção das professoras na instituição de ensino, que não era

dotada de apoio financeiro, a pedagoga Vera Maria propôs ao governo do estado à

época (sobre a figura de Ney Braga), o empréstimo de professoras pelo município,

que aprendiam na prática com Vera Maria, e depois retomavam seus postos e

multiplicavam uma educação de qualidade.(BIENAL DE CURITIBA, s.d.; CARNEIRO,

2012)

Em 1972 a escola passou a oferecer 1º grau, como era chamado na época.

Atualmente se mantém atendendo alunos desde o maternal até o 9º ano. A partir de

2018 a instituição passará a fazer parte do Grupo Marista de Ensino, passando a ser

denominada Colégio Marista Anjo da Guarda. (ANJO DA GUARDA, s.d.; COLÉGIOS

MARISTAS, s.d.)

Por fim, é importante remeter-se a um dos locais mais peculiares da rua e o

impacto da arquitetura modernista na rua13 de maio, a Casa Kirchgassner. A

localidade foi projetada em 1929 pelo arquiteto FredericKirchgässner, alemão nascido

em 1899, vindo para o Brasil em 1909, para ser utilizada como sua residência.

Instalado em Curitiba, Frederic estudou Artes Plásticas e Arquitetura por

correspondência naArchitectktur System Karnack-Hachfeld de Potsdam e na

DeutcheKunstschule de Berlim. (GNOATO, 2017)

Concluindo as obras do projeto de sua residência em 1932, a edificação

possuía laje ao invés de telhado, com pórticos no terraço emoldurando a paisagem,

além disso, afirma Salvador Gnoato, em artigo do jornal Gazeta do Povo:

“Kirchgässner fez um modernismo diferente da grande corrente corbusiana,

racionalista. Ele criou um modernismo personalista [...] que remete muito à primeira

experiência expressionista da Bauhaus, antes dos abstratos ganharam a disputa

conceitual”.

A casa Kirchgassner(Figura 14) também dispunha de banheiro ao lado do

quarto do casal, com banheira e armários embutidos. Da porta de entrada principal da

casa se tinha acesso ao único quarto da residência, o do casal, as paredes eram

listradas de cinza, azul, verde e com reflexos dourados, posteriormente com o

nascimento dos filho de Frederico, o arquiteto transformou a sala de música em um

quarto e seu ateliê do pai, no último andar da casa, em dormitórios para os filhos.

(SOUZA, 2013)

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Figura 14: Casa Kirchgassner.

Fonte: Macacheira, 2012.

A localização da casa também foi fundamental para seu estabelecimento,

conforme dispõe artigo do site patrimônio público do Paraná: “mesmo em terreno

íngreme, de acordo com o próprio Kirchgässner, a casa foi construída, na época, num

local estratégico, pois possuía a vista da cidade e a panorâmica da Serra do Mar,

visão esta que não é mais possível atualmente. ” (COORDENAÇÃO DO

PATRIMÔNIO CULTURAL, s.d)

Para exemplificar a recepção controversa que o empreendimento teve na

primeira metade do século XX, Souza (2012) faz referência ao livro Espirais de

Madeira do arquiteto Irã Dudeque, em que se relata que parte da população parava

diante da obra em construção para questionar o que estava sendo construído e

aconselhar ser um péssimo investimento para uma construção tão esteticamente

desagradável. Além disso, a porta de vidro com duas janelas pequenas em formato

de cruz fazia com que os pedestres acreditassem se tratar de uma igreja e o único

cômodo com banheiro anexo se tornasse curiosidade para os colegas de escola dos

herdeiros de Kirchgässner.

A residência se encontra no atual número 1224 da rua13 de maio. Apesar de

ter sido tombada após o falecimento de Kirchgässner em 1988, o herdeiro Arwed é

quem mantém os reparos internos do local, segundo Souza (2012). Por fora, ela sofre

com a violência de Curitiba: está toda pichada e a cerca elétrica precisa ser revisada,

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porque ora ou outra é cortada. Por dentro, há pequenas infiltrações e alguns cupins

que atacaram as escadas de madeira.

De acordo com Souza (2012), Arwed entregou a casa nas mãos da arquiteta e

restauradora Giceli Portela para que a residência seja restaurada. Existe um pedido

na prefeitura para transformá-la em UIEP (Unidade de Interesse Especial de

Preservação).

A análise dos empreendimentos e ocupação da rua13 de maio permite concluir

que, como uma das primeiras ruas da pequena vila que costumava ser Curitiba no

começo do século XIX, sua ocupação se deu com fins residenciais aos descendentes

e imigrantes alemães, sob um aspecto étnico, e a uma média e baixa burguesia (aos

quais esses imigrantes alemães também pertenciam), sob um aspecto econômico.

Justamente por esse motivo, seguiram-se finalidades comerciais a diversos

empreendimentos, considerando que a burguesia do fim do século XVIII, século XIX

e começo do século XX se dedicava ao comércio e serviços. Acompanhavam a

presença da comunidade germânica determinados serviços à comunidade, como

escolas.

Os imóveis e prédios, em regra, seguiam a lógica dos demais da época,

possuindo baixa altura. Contudo, a própria presença de comércio serviu de fomento

para que empreendimentos de entretenimento, como teatros e bingos, fossem

estabelecidos, de forma que sua arquitetura também era dotada de linhas diferentes

(como mais de um pavimento, diferente disposição das janelas e etc) para chamar

atenção.

Essa ocupação mista, de aspecto residencial, de entretenimento e comercial

durou até os anos 1940, em que a ampliação da cidade, a ausência de condições de

habitabilidade para diversas pessoas e a facilitação da locomoção, fez que habitação

da região central e, inclusive, da Treze de Maio, fosse reduzida.

Durante os anos 70, o município de Curitiba buscou a revitalização da região

central, adotando maior característica cultural para diversos empreendimentos do

Centro Histórico. A Treze de Maio também foi influenciada por esse movimento, por

exemplo, com o fomento aos teatros da região e o interesse público dado ao Solar

dos Guimarães.

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3.2.2. Características Socioeconômicas e Urbanas

A Rua Treze de Maio está situada em dois bairros de Curitiba: Centro e São

Francisco. O bairro Centro possui uma densidade habitacional muito grande,

enquanto que em Curitiba a média é de 40,30 habitantes por hectare, no Centro essa

taxa é de 113,51 e no São Francisco, um pouco mais próximo da média da cidade, é

de 45,26. (Figura 15)

A taxa de crescimento da cidade é de 0,99%, no Centro 1,34% e o São

Francisco possui uma taxa de crescimento negativo de -0,48%. Em ambos os bairros,

assim como em Curitiba, a população é composta por maioria feminina (52,33% em

Curitiba, 54,60% no Centro e 55,15% no São Francisco.) (Figura 15)

Quanto a faixa etária, a maior concentração etária, nos dois bairros, é de

jovens. Porém, com uma população idosa significativa. Como pode ser visto mais

claramente nas pirâmides etárias das Figuras 16, 17 e 18.(IPPUC, 2015)

Figura 15: Demografia.

Fonte: IPPUC, 2015.

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Figura 16: Pirâmide Etária Curitiba.

Fonte: IPPUC, 2015.

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Figura 17: Pirâmide Etária São Francisco.

Fonte: IPPUC, 2015.

Figura 18: Pirâmide Etária Centro.

Fonte: IPPUC, 2015.

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Nos bairros São Francisco e Centro não há ocupações irregulares. O primeiro

possui 3.105 unidades habitacionais e densidade de 1,97 habitantes/domicílio. O

segundo possui 23.360 unidades habitacionais e densidade de 1,60

habitantes/domicílio. Dessas unidades, a grande maioria corresponde a apartamentos

em ambos os bairros (Figura 19).

Curitiba possui um déficit habitacional de 5,34%, nos bairros Centro e São

Francisco o déficit habitacional é de 1,60% e 2,64% respectivamente. (Figura 20)

Figura 19: Domicílios segundo tipo (casa, casa de vila, condomínio e apartamento).

Fonte: IPPUC, 2015.

Figura 20: Déficit habitacional de Curitiba, Centro e São Francisco.

Fonte: IPPUC, 2015.

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Serviços como coleta de lixo, energia elétrica, água encanada e coleta de

esgoto atingem quase a totalidade dos domicílios, tanto no São Francisco quanto no

Centro (Figura21). Assim como a educação não é um problema nos bairros que

possuem boas taxas de alfabetização. (IPPUC,2015)

Figura 21: Redes de Infraestrutura no Centro e São Francisco.

Fonte: IPPUC, 2015)

As atividades econômicas que prevalecem nos bairros são serviços

(correspondendoa 56,03% no Centro e 58,06% no São Francisco) e comércios (taxas

de 37,10% e 33,38% respectivamente) (Figura 22). Assim pode-se dizer que a Rua

13 de maio está localizada em uma área majoritariamente de serviços e comércios.

Figura 22: Estabelecimentos ativos segundo setor de atividade econômica.

Fonte: IPPUC, 2015.

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Nos bairros analisados a renda é distribuída de forma diversa, no entanto,no

Centro, 30,68%dos domicíliosdo bairro possuem renda de até 2 salários mínimos. No

São Francisco,30,53% possuem renda similar de até2 salários mínimos (Figura 23),

ou seja, uma parcela significativa da população, dos dois bairros, não possui renda

familiar que ultrapasse 1.874 reais.

O trânsito na região reflete um problema recorrente nas grandes cidades,

causando problemas de mobilidade para os cidadãos e inúmeros congestionamentos.

Em Curitiba há 1,8 habitantes por carro, segundo o Jornal Nexo (2015), é a capital

mais motorizada do país. (Figura 24 e 25)

Figura 23: Domicílios por classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita em salários mínimos.

Fonte: IPPUC, 2015.

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Figura 25: Número de Habitantes por Carro nas Capitais.

Fonte: Mariani e Ducroquet, 2015.

Nos dados do IPPUC (2015) esse número é um pouco diferente, de 1,46

habitantes por veículo. Porém, nos bairros analisados esse número éainda

menor,correspondendo a0,46 habitantes por carro no centro e 0,98 no São Francisco,

ou seja, há mais carros do que habitantes. (Figura 26)

Figura 24: A proporção de habitantes por carro em Curitiba.

Fonte: Mariani e Ducroquet, 2015.

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A segurança é outro quesito que gera preocupações na região. O Centro possui

uma taxa muito alta de ocorrências (480,87 a cada cem mil habitantes), em especial

homicídios (207,70 a cada cem mil habitantes). No São Francisco foram

registrados65,25 ocorrênciasa cada cem mil habitantes, constando 48,94 homicídios

neste mesmo grupo. Estes últimos números são mais próximos ao da cidade como

um todo (42,81 homicídios/ 52,06 ocorrências a cada 100 mil habitantes). (Figura 27)

Figura 26: Habitantes por veículo em Curitiba.

Fonte: IPPUC, 2015.

Figura 27: Ocorrências registradas em 2010.

Fonte: IPPUC, 2015.

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As áreas verdes dos bairros, Centro e São Francisco, estão bem abaixo do

percentual de área verde por habitante da cidade como um todo. O que pode ser

entendido facilmente se considerado o fato de ambos os bairros serem centrais e com

uma alta densidade habitacional. Em Curitiba há 58 m² de área verde por habitante,

no São Francisco são 25,9m² e no Centro são 5,24m². (Figura 28)

Figura 28: Áreas Verde Curitiba, Centro e São Francisco.

Fonte: IPPUC, 2015.

Na rua 13 de maio há duas pequenas áreas verdes, a Praça Frederico

Kirchgassner e um jardinete na intersecção com a rua João Manoel. (Figura 29)

Figura 29: Áreas verdes na Rua 13 de maio.

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Fonte: Google Earth, 2017. Adaptado pela autora.

A Rua 13 de Maio possui uma grande diversidade de usos, entre os quais se

destacam os equipamentos culturais e os estacionamentos (além de usos

residenciais, comerciais e mistos). Dentro dos usos culturais, os teatros são um

destaque, como por exemplo o Teatro Lala Schneider, o Teatro José Maria Santos, o

Teatro Barracão e o Ap. da 13. (Figura 30)

Figura 30: Uso do Solo na Rua 13 de maio. Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Base: IPPUC, 2015.

As edificações da rua possuem números de pavimentos variados, com alguns

edifícios com mais de 20 pavimentos. Mas, a maior parte dos edifícios possuem entre

1 e 3 pavimentos. (Figura 31)

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Figura 31: Número de Pavimentos por edificação na Rua 13 de Maio.Fonte: Elaborado pela autora, 2017.Base: IPPUC, 2015.

3.2.3. Estrutura Urbana

Os bairros Centro e São Francisco são bairros centrais, providos de

infraestrutura em uma região já consolidada e provida de alguns equipamentos

municipais (Figura 32).

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Figura 32: Mapa de Equipamentos Municipais dos Bairros Centro e São Francisco.

Fonte: IPPUC, 2015. Adaptado pela Autora.

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Reflexo da infraestrutura consolidada e das próprias características de um

centro urbano, a região possui fácil acesso através do transporte público. Na rua 13

de maio passam linhas de ônibus convencional, turismo e direta (Figura 33).

Figura 33: Mapa de Transporte Público.

Fonte: IPPUC, 2017. Adaptado pela autora.

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3.3. O TERRENO

O terreno escolhido para a intervenção está localizado na região central em

Curitiba, na quadra delimitada pelas ruas Treze de Maio, Duque de Caxias, Matheus

Leme e Claudino dos Santos, conforme figuras 34 e 35.

Figura 34: Localização da Rua Treze de Maio. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Base: IPPUC, 2015.

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Figura 35: Mapa Síntese Rua Treze de Maio. Fonte: Elaborado pela autora,2017. Base: IPPUC, 2017.

3.3.1. Mapa Síntese

Conforme a figura 36 pode-se verificar as condições de incidência solar do

terreno, de acordo com os períodos e estações do ano. A testada da Rua Treze de

Maio está a 13º Noroeste.

Figura 36: Incidência Solar do Terreno. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Na figura 37 fica evidente que o entorno imediato do terreno é composto

majoritariamente por edificações de baixo gabarito (até 3 pavimentos) e algumas de

gabarito médio (até 6 pavimentos).

Figura 37: Volumetria do Entorno. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

No Mapa Síntese (Figura 38) é possível verificar as questões ambientais

(incidência solar e ventos predominantes), os principais edifícios do entorno, o uso do

solo e os fluxos (veículos e pedestres)

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Figura 38: Mapa Síntese. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

3.3.2. Uso do Solo

O terreno é composto basicamente por 3 lotes inteiros e partes vazias ou

subutilizadas de outros lotes adjacentes. Esses lotes possuem zoneamentos

diferentes. Os lotes que possuem acesso pela Rua Treze de maio estão inseridos no

Setor Especial São Francisco (SE-FR) e os lotes com acesso pela rua Claudino

Santos estão no Setor Especial Histórico (SE-H), sub setor 1.(Figura 39)

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Art. 357. O Setor Especial São Francisco – SE-FR é uma área com ocupação

O Setor Especial São Francisco (SE-FR) foi criada recentemente, na última

revisão do Zoneamento de Curitiba. Por se tratar de uma área limítrofe do setor

histórico e do centro tradicional da cidade, predominantemente mista, deixou de estar

na Zona Residencial 4 para que os parâmetros de uso e ocupação permitam

intensificar usos habitacionais e comerciais e de serviços em especial aqueles

voltados à economia criativa.

No SE-FR, os usos permitidos estão expostos na figura 40 e é possível construir

até 6 pavimentos, com um coeficiente de aproveitamento 2 e taxa de ocupação de

50%.(Figura 41).

Figura 39: Zoneamento dos Lotes que compõe o terreno.

Fonte: IPPUC, 2017, Adaptado pela Autora

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Figura 40: Usos Permitidos no Setor Especial São Francisco.

Fonte: Prefeitura Curitiba, 2017.

Figura 41: Parâmetros de Ocupação no Setor Especial São Francisco.

Fonte: Prefeitura de Curitiba, 2017.

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A Lei de Zoneamento (2017) define o Setor Especial Histórico (SE-H), como a

área constitui o núcleo histórico de Curitiba com uma paisagem urbana caracterizada

por edificações de valor histórico, cultural e paisagístico relevantes para a preservação

da memória do processo de ocupação da cidade.

No SE-H, os usos permitidos estão expostos na figura 42 e é possível construir

até 3 pavimentos, com um coeficiente de aproveitamento 2,6 e taxa de ocupação de

100% no térreo e 80% nos demais pavimentos.(Figura 43).

Figura 42: Usos Permitidos no Setor Especial Histórico.

Fonte: Prefeitura Curitiba, 2017.

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Figura 43:Parâmetros de Ocupação no Setor Especial Histórico.

Fonte: Prefeitura de Curitiba, 2017.

Vale ressaltar que qualquer projeto, obra ou liberação de alvará no Setor

Histórico precisa ser submetido à uma Câmara Técnica do Patrimônio Cultural

Edificado. (Curitiba, 2017.)

3.3.3. Imóveis e Preservação

No entorno do terreno há vários imóveis que são Unidades de Interesse de

Preservação (UIP) e bens tombados. (Figura 44)

Segundo o Decreto 185/2000 de Curitiba, “são considerados bens imóveis a

preservaros cadastrados pelo Município de Curitiba como Unidade de Interesse de

Preservação – UIP.” Essas unidades não poderão ser descaracterizadas, destruídas,

demolidas ou mutiladas.

A Lei 2044/2012 que dispõe sobre o Procedimento de Inventário de Bens

Imóveis do Patrimônio Cultural de Curitiba discorre sobre Patrimônio e Preservação:

Art.1.Parágrafo único. Integram o Patrimônio Cultural do Município os bens imóveis públicos ou privados representativos de estilos arquitetônicos e/ou artísticos, época de construção, técnicas

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construtivas utilizadas, valor histórico ou presença na paisagem urbana entre outros. Art.2.§3º. Como Critérios técnicos de natureza histórica, serão considerados o significado social e presença na paisagem; como critérios técnicos de natureza artística, serão considerados a qualidade estética e qualidade construtiva do bem imóvel.

A Lei Estadual 1211/1953, dispõe sobre o patrimônio histórico, artístico e

natural do Estado do Paraná:

Artigo 1º - Constitui o patrimônio histórico, artístico e natural do Estado do Paraná o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no Estado e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Paraná, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico, assim como os monumento naturais, os sítios e paisagens que importa conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana.

A diferença principal entre um bem Tombado e uma UIP é a esfera de proteção,

uma vez que os bens podem ser tombados pelo IPHAN (esfera federal), pela

Coordenação de Patrimônio Cultural (esfera estadual), ou serem protegidos como UIP

(esfera municipal).

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Figura 44: Imóveis Tombados e UIPs no entorno do terreno.

Fonte: Elaborado pela autora com base em dados fornecidos em visita ao IPPUC.Base: IPPUC, 2015

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4. ESTUDOS DE CASO

4.1. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

4.1.1. Kitaga Apartament Building - Sanaa

O Edifício Kitaga faz parte de um projeto nas imediações da cidade de Gifu no

Japão, visando a reconstrução de habitação pública em grande escala. O projeto parte de um masterplan (Figura 45) coordenado pelo arquiteto ArataI Sozaki, que selecionou quatro arquitetas para que cada uma fizesse um dos edifícios que compõe o complexo em torno de um pátio interno comum. (Prefeitura de Gifo, 2007)

Figura 45: Implantação do Projeto.

Fonte: James Lenk,2015.

A estrutura do edifício (Figura 46) é composta por vigas de concreto regulares

e dentro desta estrutura são colocados elementos pré-fabricados de concreto armado

que constituem os módulos de habitação da casa. (LABAA, 2018)

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Figura 46: Sistema Estrutural.

Fonte: James Lenk, 2015.

O projeto parte de um sistema estrutural racional e padrão que costuma resultar

em volumes monolíticos.

A diversidade interna respeita a modulação estrutural. Esta, por sua vez,

permite os vazios proporcionados pela subtração de módulos (Figura 47), forma os

terraços privativos eresulta em elevações espaciais complexas (Figura 48).

Um outro ponto interessante é que, por mais que o projeto tenha todas essas

particularidades, quando olhado pelo lado de fora gera um certo anonimato, pois não

é possível identificar onde começa ou acaba determinado apartamento.

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Figura 47: Vazios no projeto.

Fonte: James Lenk, 2015.

Figura 48: Elevações Rítmicas.

Fonte: James Lenk, 2015.

O cuidado da arquiteta, Kazuyo Sejima, não se restringiu apenas a faixada do

edifício, pois por se tratar de um edifício voltado para aluguel não era possível saber

qual a configuração familiar de quem viveria ali. Por esse motivo, os ambientes foram

estabelecidos conforme um módulo de 2,5x2,3 (Figura 49 e 50).

As unidades habitacionais são compostas por módulos que correspondem a:

terraço, dormitório, sala tradicional japonesa, cozinha e salas de estar e jantar. A união

destes gera as diferentes tipologias habitacionais para atender os diferentes grupos

de pessoas que precisavam ser considerados no projeto. (FRENCH, 2009).

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Figura 49: Modulação baseada no corpo humano.

Fonte: Gifu Prefecture, 2007.

Figura 50: Organização das habitações de acordo com as possíveis configurações familiares. Fonte:Gifu Prefecture, 2007.

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Os apartamentos podem ser duplex ou não, se organizam de forma linear, com

um corredor interno voltado para sul (a face mais ensolarada), que evita a insolação

direta nos dormitórios.

Os módulos dos dormitórios possuem portas que podem ser totalmente abertas

para o corredor interno permitindo ampla ventilação e iluminação ou privacidade.

O sanitário se abriga entre dois módulos de quartos, e é dividido em duas

cabines, banho e vaso sanitário, e a pia por sua vez fica no corredor. Essa

compartimentação dos equipamentos sanitários permite que mais de uma pessoa os

utilize ao mesmo tempo.

Figura 51: Planta de uma tipologia de apartamento.

Fonte: James Lenk, 2015.

A sala muitas vezes tem o pé direito duplo (Figura 51) para favorecer e melhorar

a iluminação e ventilação. (Figura 52)

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Figura 52: Sala com pé direito duplo.

Fonte:Gifu Prefecture, 2007.

4.1.2. Cooperativa De Habitação La Balma - Lacol Arquitetura Cooperativa E

La Boqueria

Figura 53: Cooperativa de Habitação La Balma.

Fonte: Archdaily, 2017.

A cidade de Barcelona destinou cincoterrenos municipais para a construção de

Habitações Cooperativas, o uso é cedido para moradia sem que o imóvel se converta

em propriedade privada, ou seja, mantém-se a propriedade pública do solo e impede-

se a especulação imobiliária.

Os moradores não podem ser expulsos do edifício a não ser que deixem

voluntariamente suas residências. O direito de superfície dos terrenos será cedido por

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um tempo de 75 anos para cooperativas, podendo ser prolongado por mais 15 anos,

e depois voltará para a Prefeitura. (LA VANGUARDIA, 2017)

O primeiro lugar no concurso promovido pela Cooperativa Sostre Civic, para o

projeto de habitações no solar Poblenou, foi vencido pela equipe composta pelos

escritórios LacolArquitectura Cooperativa e La Boqueria.(ARCHDAILY, 2017.)

O terreno possui uma superfície de 472 m². Foi decidido por espaços flexíveis

e polivalentes que possam se adaptar e evoluir em função das mudanças, tanto nas

unidades de convivência, como das próprias pessoas que viverão no edifício

(incorporação de novos membros, nascimentos, processo de crescimento das

crianças e adolescentes, processo de envelhecimento dos adultos, etc.)(SOSTRE

CIVIC, 2017).

As cooperativas têm por objetivo proporcionar aos seus sócios habitação digna

e acessível a um preço máximo, definido por legislação em 7,82 Euros por metro

quadrado. (LACOL, 2017)

A questão econômica também foi levada em conta para a utilização dos

recursos disponíveis, pensando no gasto inicial da obra e o uso do edifício ao longo

de sua vida útil. Além disso, a equipe de projeto propõe que o edifício seja um “refúgio

de pobreza energética”, ou seja, minimizar os gastos com energia em 50%, porém,

mantendo o conforto climático e acústico. (LACOL, 2017)

Como parte da estratégia ambiental para promover a redução da demanda em

todos os consumos do edifício, os pavimentos foram tratados individualmente

segundo suas condicionantes. Assim, o edifício responde com um corte dinâmico.

(ARCHIDAILY, 2017), como no exemplo do corredor que está ora na face sul, ora na

face norte, atuando como colchão acústico e protetor térmico.

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Figura 54: Estratégia Ambiental.

Fonte: Archdaily, 2017.

Durante a fase de concurso foi realizado um diagnóstico sócio econômico do

grupo de habitantes (através de um processo participativo) para trabalhar e chegar à

proposta onde o usuário e a comunidade sãoos agentes principais e o edifício é,

apenas, a infraestrutura que os acompanha e permita que evoluam em 3 escalas

sociais: o bairro, a comunidade e as habitações. (LACOL, 2017)

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Figura 55: Relação com o bairro.

Fonte: Archdaily, 2017.

O programa dos espaços comunitários foi construído através do processo

participativo. Espaços que foram distribuídos em altura em todos os pavimentos do

edifício, tomando um caráter diferente segundo o uso em cada espaço. Os espaços

comunitários e circulações foram projetados para melhorar as relações humanas, os

encontros espontâneos e as atividades da cooperativa em todo o edifício.

(ARCHIDAILY, 2017)

O projeto conta com 225m² destinados para espaços comunitários, áreas semi-

externas e externas, onde há uma sala de jantar, salas multiusos, biblioteca e espaço

de trabalho, uma lavanderia por andar, espaço de saúde e cuidados, quarto de visitas,

espaço para armazenamento coletivo e individual por andar, hortas produtivas e área

de estar externa, estacionamento para bicicletas, espaço para ferramentas, área de

escritório e estacionamento. (SOSTRE CIVIC, 2017)

Esses espaços comunitários permitiram uma redução de 5 a 10% no tamanho

das residências, permitindo também que a coletividade não acrescente custos, mas

uma economia e um ganho de espaço e qualidade de vida. (SOSTRE CIVIC, 2017)

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Figura 56: Circulações e Espços Comunitários.

Fonte: Archdaily, 2017.

Se trata de um edifício leve com um sistema de construção mista, onde

predominam os materiais reutilizáveis e desmontáveis (Figura 57), o que permite

reduzir o volume de concreto e o uso de materiais de origem mineral utilizados no

edifício. A fundação será realizada com concreto, as residências com módulos de

madeira laminada (Figura 58) e estrutura metálica nas circulações verticais e

horizontais (Figura 59). O tempo estimado de obra é de 16 meses. (ARCHIDAILY,

2017)

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Figura 57: Sistema Estrutural.

Fonte: Archdaily, 2017.

Figura 58: Varanda.

Fonte: Archdaily, 2017.

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Figura 59: Circulação horizontal e escadas metálicas.

Fonte: Archdaily, 2017.

As tipologias partem de um módulo básico de 50m²,sendo possível anexar

unidades habitáveis de 16m², consideradas espaço comum de uso privativo em

termos legais, que permitem aumentar e diminuir as residências. Essas peças são

cedidas pela cooperativa para as unidades familiares que necessitem em cada

momento, assim, permitindo uma gestão das mudanças sem a necessidade de uma

rotatividade. (SOSTRE CIVIC, 2017)

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Figura 60: Tipologias habitacionais.

Fonte: Archdaily, 2017.

A edificação possui 19 unidades, prevendo a vivência de 33 pessoas, sendo

que uma dessas unidades será utilizada para famílias no processo de reintegração

social. Caso se faça necessário, está previsto uma unidade a mais, reduzindo os

espaços comunitários. (ARCHDAILY, 2017)

Na figura 61 e 62 pode-se verificar as possibilidades tipológicas que a

modulação permite e os diferentes layouts e arranjos para atender as demandas e

necessidades das pessoas que irão residir no edifício.

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Figura 61: Tamanhos das diferentes tipologias.

Fonte: Archdaily, 2017.

Figura 62: Plantas do Edifício.

Fonte: Archdaily, 2017.

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4.2. ESCOLADE TEATRO

4.2.1. Conceito e Inserção Urbana:Praça das Artes – Brasil Arquitetura

Figura 63: Praça das Artes e Conservatório Dramático Musical.

Fonte: Archdaily, 2013.

A Praça das Artes é um complexo cultural, um espaço de música, dança e exposições. O espaço abriga a sede da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo, além de grupos artísticos da Fundação Theatro Municipal de São Paulo. (Teatro Municipal, 2018)

O conjunto também possui uma área destinada para um centro de documentação, a discoteca OneydaAlvarenga, galeria de exposições, áreas administrativas, de convivência, restaurantes, cafés e estacionamento em dois níveisde subsolo. (BRASIL ARQUITETURA, 2006)

Figura 64: Setorização Praça das Artes.

Fonte: Archdaily, 2013.

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Segundo os arquitetos, a Praça das Artes é o tipo de projeto que se acomoda a situações adversas, espaços mínimos, nesgas de terrenos comprimidos por construções preexistentes, em que os parâmetros para seu desenvolvimento são ditados pelas dificuldades. O que os levou a essa escolha e decisão conceitual é, precisamente, a natureza do lugar. A sua compreensão enquanto espaço resultante de fatores sócio-políticos ao longo de muitos anos, ou séculos, de formação da cidade. (ARCHDAILY, 2013)

A Praça das Artes foi criada para resolver um problema de falta de espaço dos bastidores do Theatro Municipal. Durante décadas os grupos artísticos ligados ao Theatro ocuparam diferentes espaços do centro da cidade. (Theatro Municipal, 2018)

Além de atender à histórica carência de espaços para o funcionamento do Teatro, o equipamento cultural desempenha papel indutor estratégico na requalificação da área central da cidade. O rico e complexo programa de uso está fortemente marcado por funções de caráter público, convivência e vida urbana. (ARCHDAILY, 2013)

O espaço físico é composto por uma série de lotes que se interligam no miolo da quadra, voltados para três frentes de ruas.A partir do centro da quadra o novo edifício se desenvolve em três direções – Vale do Anhangabaú (Rua Formosa), Avenida São João e Rua Conselheiro Crispiniano.

Por se tratar de uma área na região central da cidade, o entorno possui uma volumetria caótica, mas uma situação privilegiada de humanidade ao seu redor, de diversidade, vitalidade, mistura de classes sociais, de usos, de conflitos e tensões. (BRASIL ARQUITETURA, 2006)

O conjunto não possuía um perímetro claro para a edificação. A estratégia foi fugirdas construções vizinhas remanescentes, grudar-se em empenas cegas e deixar áreas vazias para o estar e a circulação pública. Assim, são vários os conjuntos edificados na Praça das Artes, com alturas e cores distintas, e interligados por elementos singulares como passarelas e rampas-túnel, em oposição aos sistemas seriais de circulação à vista. O corte (Figura 65) ilustra bem essas conexões (WISNIK, 2013)

Figura 65: Corte Longitudinal Praça das Artes.

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Fonte: Archdaily, 2013.

O Projeto Praça das Artes restaurou e reabilitou o Antigo Conservatório Dramático Musical de São Paulo (Figura 66), que abriga uma rara sala de recitais que há décadas estava inutilizada, e vinculou-o ao novo complexo. (ARCHDAILY, 2013)

Figura 66: Conservatório Dramático Musical de São Paulo após restauro.

Fonte: Archdaily, 2013)

O programa dado aos arquitetos era o apoio ao Teatro Municipal (salas de ensino de música e dança, auditórios, e instalações sofisticadas e amplas para abrigar profissionais), mas a forma como a cidade é organizada em lotes e a lógica da propriedade privada da terra gera diversos espaços vazios, subutilizados ou ociosos, abandonados e esquecidos. A área do terreno era sobretudo uma estreita somatória de lotes, pequenas desapropriações muito próximas de grandes edifícios vizinhos, como o Cine Marrocos e o edifício comercial CBI-Esplanada. (FRAJNDLICH, 2013)

O térreo é completamente livre, podendo-se circular pelo miolo da quadra como se fosse uma grande praça. A distribuição de espaços se aproveita das linhas livres deixadas pelos lotes.

No primeiro andar, ao centro da intervenção, tem-se um núcleo que serve como sala geral de recepção, com um grande restaurante-café (Figura 67) que distribui alunos, músicos e dançarinos pelos edifícios. (FRAJNDLICH, 2013)

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Figura 67: Recepção no primeiro pavimento.

Fonte: Archdaily, 2013.

A estrutura do edifício também é de grande complexidade. Para abrir espaços vazios no meio de um tecido consolidado foram necessários muros de arrimo, com estruturas reforçando todos os lados para que a terra não cedesse para dentro da Praça. (FRAJNDLICH, 2013)

O isolamento acústico influenciou diretamente na estrutura e fachada dos edifícios. Lajes duplas separadas por um sistema de molas e alavancas (dependendo da atividade desenvolvida) criam um colchão de ar que, junto a forros de lã, isolam os andares, de modo que nenhuma vibração sonora é transferida.

Nas salas de estudo de música e de dança, as paredes são revestidas com material absorvente de som, decorado com acabamentos em tecido desenhados pelo artista plástico Edmar de Almeida, que também assina o colorido forro do restaurante-café na recepção. (FRAJNDLICH, 2013)

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Figura 68: Salas de Dança e Música.

Fonte: Archdaily, 2013.

As fachadas (Figura 68) são compostas por concreto e superfícies com vidros fixos adesivados em caixilhos especiais para garantir que não houvesse interferência externa de ruídos no interior do edifício. As aberturas, que de acordo com Francisco Fanucci foram feitas em um ritmo aleatório para quebrar a crueza do concreto, lembram uma enorme partitura a céu aberto, como se o prédio pudesse ser tocado por passantes munidos de instrumentos musicais. (FRAJNDLICH, 2013)

Figura 69: Praça das Artes.

Fonte: Archdaily, 2013.

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4.2.2. Programa e Usos: Escola de Artes Perfomáticas– 2º lugar do concurso

Projetar.org

O projeto analisado é o segundo lugar no concurso 03 do portal

projetar.org.Trata-se da nova Escola de Artes Performativas - Teatro, Dança e Música

- em terreno adjacente ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A equipe vencedora

foi formada por Camilla SbeghenGhisleni,Gabriela Fernandes Favero, Júlia De Fáveri

e Victor Moreira Delaqua, todos graduandos da UFSC - Florianopolis/SC.

(ARCHDAILY, 2013)

Figura 70: Perspectiva Escola de Artes Performativas.

Fonte: Projetar.org, 2013.

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Figura 71: Conceito do projeto.

Fonte: Projetar.org, 2013.

Segundo a esquipe responsável pelo projeto o edifício se insere como um palco

aberto e assume a cidade como plateia. A escola se apropria do que marca as três

artes: o silêncio, o respiro e o intervalo que ditam o ritmo do volume e marcam o

entorno já existente. (PROJETAR.ORG, 2013)

O projeto, ainda que contemporâneo, respeita a sua inserção urbana e o seu

entorno, não indo em conflito com o Theatro Municipal. O térreo por sua vez tem uma

proposta convidativa, envolvendo o pedestre, através do alargamento do seu volume,

e o influenciando a entrar no edifício.

O térreo abriga uma área de exposições e a recepção da escola. O pavimento

tambémpossui uma função de distribuição de fluxos, direcionando para o subsolo

onde há uma “black-box” (caixa cênica), em substituição a um auditório comum , que

permite diferentes modos de utilização do espaço.

A Escola traz como proposta formal ser um palco que se volta para a cidade,

um espaço de experimentação e trocas. Para isso a circulação vertical juntamente

com 3 pilares compõe estrutura principal do edifício. Já os brises são engastados nas

lajes, trazendo ritmo e permeabilidade visual para a fachada, mostrando

discretamente os ensaios. Há também uma cortina vermelha transpassando todo o

prédio, permitindo que possa estar aberto ou fechado de acordo com a atividade que

está ocorrendo no momento.

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Figura 72: Elevação.

Fonte: Projetar.org, 2013.

A proposição principal é proporcionar liberdade aos alunos para expressar suas

artes, além das salas de aula e observar o outro, tornando todo o projeto um envelope

que abriga o ensaio geral.

O programa para escola pode ser dividido em parte geral/administrativa (sendo

área comum das três escolas), a escola de dança, escola de música e escola de

teatro. (Figura 73)

Figura 73: Corte 3D com a distribuição do programa.

Fonte: Projetar.org, 2013.

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A parte geral é composta pela black box, camarim e espaço auxiliar no subsolo;

recepção e espaço para exposições no térreo; espaço de performances no primeiro

intervalo; salas de aulas teóricas, administração, sala dos professores e sala dos

coordenadores no primeiro pavimento; café no segundo intervalo; biblioteca no

terceiro pavimento; espaços de convívio próximos a circulação vertical e jardim no

terceiro intervalo.

A escola de música tem suas salas dispostas no segundo pavimento, de dança

no quarto e quinto pavimento e a escola de teatro no sexto e sétimo pavimento.

4.3. POLÍTICASHABITACIONAIS

4.3.1. Complexo habitacional e Cultural Júlio Prestes – Biselli & Katchborian

Arquitetos

Figura 74: Perspectivas do Complexo Habitacional e Cultural Júlio Prestes.

Fonte: Secretaria de Habitação de São Paulo, 2017.

O Complexo Habitacional e Cultural Júlio Prestes (Figura 74) faz parte do

programa PPP (Parceria Público Privada) do Centro, que prevê a construção de 3.683

moradias, sendo 2.260 habitações de interesse social (HIS) e outras 1.423 Habitações

de Mercado Popular (HMP). A iniciativa visa colaborar com a requalificação da região

central, aproximar a moradia do emprego e dos eixos de transporte de massa e, com

isso, reduzir o tempo de deslocamento dos trabalhadores. (SÃO PAULO, 2018)

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Figura 75: Implantação Complexo Júlio Prestes.

Fonte: Secretaria de Habitação de São Paulo, 2017.

O projeto possui uma proposta muito interessante, pois além de trazer mais

moradias para o centro da cidade, ele aproxima a população de equipamentos

culturais com a construção da Escola de Música Tom Jobim (Figura 76), porém,

dialogando com a urbanidade preexistente.

Figura 76: Escola de Música do Complexo Júlio Prestes.

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Fonte: Secretaria de Habitação de São Paulo, 2017.

O terreno maior de 18 mil m²,engloba duas quadrasvizinhas à praça Julio

Prestes, à estação de trem da CPTM e à sala São Paulo, desocupado desde que a

antiga estação rodoviária foi demolida, no bairro da Luz, região central de São Paulo.

Serão 1.200 moradias, creche para 200 crianças, quadra de espore, 5 mil m² de

comércio no térreo dos edifícios e novos espaços verdes e públicos (Figura

77).(ANTUNES, 2016)

Figura 77: Planta de Implantação do Complexo Júlio Prestes.

Fonte: Secretaria de Habitação de São Paulo, 2017.

O projeto de Mario Biselli recorta a grande quadra e abre frentes de mobilidade

para o pedestre, levando espaços públicos e de convivência para o centro da antiga

quadra (Figura 78). Ali, todo o térreo dos edifícios será ocupado por comércio, com

fachadas ativas. A rua Cleveland também teria sua prolongação, terminando

perpendicularmente com a Santa Ifigênia. (ANTUNES, 2016)

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Figura 78: Complexo Júlio Prestes - Permeabilidade e Fruição Pública.

Fonte: Secretaria de Habitação de São Paulo, 2017.

Mesmo com a criação dessa passagem no centro do projeto, que objetiva a

melhoria da fruição pública, os edifícios possuem acesso pelas ruas que circundam o

terreno.Biseli diz que essa é uma forma de antigos moradores de habitações informais

adquirirem um endereço com nome de rua. (ANTUNES, 2016)

Das 1.200 unidades habitacionais que serão construídas no local, 90% se

destinarão para família com renda de até seis salários mínimos do estado (HIS) e 10%

do mercado popular (para famílias com renda de até dez salários mínimos do estado).

(ARCOWEB, 2016)

O projeto do complexo é de autoria do escritório Biselli&Katchborian Arquitetos

Associados, vencedor de um concurso interno realizado pela Construtora Canopus,

responsável pela construção da obra, fruto de uma Parceria Público Privada

(ARCOWEB, 2016)

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4.3.2. Medidas Para Controle Do Mercado Imobiliário em Paris

Segundo o Jornal Le Monde Diplomatique (2009), os aluguéis correspondiam

a cerca de 25% da despesa das famílias francesas, número que nos anos 1980 era

de 12,5%. Ainda segundo o jornal, estima-se que 10 milhões de pessoas enfrentem

dificuldades para quitar dívidas relativas à habitação ou encontrar uma moradia

decente.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos,

apenas 33% dos parisienses possuem casa própria. (LAMAS, 2014)

Com objetivo de deter o processo de gentrificação e facilitar o acesso da

população à moradia, a prefeitura de Paris está tomando algumas medidas, como

proibir o aluguel de temporada para turistas (não é possível fazer um contrato de

aluguel por menos de 1 ano) e estabelecer uma lista, na qual diversos imóveis não

podem ser vendidos para terceiros, pois a prefeitura terá a preferência de compra dos

mesmos com a finalidade de convertê-los em moradias subsidiadas. (VALENCIA,

2015)

A incrementação de opções de aluguel subsidiado e o acesso de populações

de baixo poder aquisitivo em zonas residenciais conectadas a serviços e

equipamentos no centro histórico são propostas do governo da Anne Hidalgo, atual

prefeita de Paris.

Pretende-se, dessa forma, evitar a desapropriação e expulsão dessas pessoas

para as periferias e a consequente ocupação das regiões centrais por grupos de alto

poder aquisitivo. Valencia (2005) cita uma frase do diretor de habitação do governo

de Delanoë:"todos têm o direito à beleza e a viver em um belo ambiente e não é

apenas o dinheiro que deve determinar quem vive (e) onde." (VALENCIA, 2015)

A cidade de Paris já conviveu com a gentrificação em diversos momentos da

sua história. As dinâmicas espaciais da gentrificação em Paris, desde a década de

1960, estão expressas na Figura 79.

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No momento há um plano, uma lei, que obriga que quando qualquer um dos

imóveis catalogados forem postos para venda, deve-se oferecer primeiramente ao

governo. O preço segue os padrões de mercado, porém é decidido pela prefeitura e

não pelo proprietário, que pode recorrer caso não concorde. (VALENCIA, 2015)

O turismo também gera um problema que reflete na questão habitacional

francesa, pois, dentro de todo esse contexto de falta de moradia para a população, a

Figura 79: Dinâmicas espaciais da Gentrificação em Paris.

Fonte: Archdaily, 2015.

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cidade de Paris é também uma das cidades com mais turistas no mundo (entre 16 e

18 milhões de visitantes por ano). Os imóveis que são alugados para temporada, em

sites como airbnb, são imóveis que poderiam estar sendo oferecidos para suprir as

necessidades da população local, mas na verdade só contribuem para o aumento de

preços. Por isso, em 2010 a cidade passou a limitar, por lei, o aluguel para turistas por

um período inferior a um ano. (LAMAS, 2014)

Outra medida tomada pela cidade, em 2012, foi a de obrigar proprietários a

transformarem imóveis comerciais em imóveis residenciais. As multas para espaços

não alugados ou colocados no mercado serão de 20% do valor da propriedade no

primeiro ano, 30% no segundo e 40% no terceiro. Essas medidas estão recebendo

diversas críticas, pois muitas vezes essa transformação é mais cara do que a

construção de um novo prédio, mas, o objetivo é aproveitar o espaço existente, pois

muitos imóveis comerciais estão ociosos. (LAMAS, 2014)

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5. DIRETRIZES PROJETUAIS

5.1. DIRETRIZES GERAIS

A partir de todo o diagnóstico realizado na Rua Treze de Maio, estabeleceu-se

que a rua possuía uma vocação cultural muito forte e, através do estudo das

problemáticas de regiões centrais, percebeu-se também a importância da diversidade

de usos, em especial a moradia no centro.

Por isso o programa do projeto consiste em um Edifício de Habitação Social +

Escola de Teatro. Pelo entendimento dessa importância de diversificar usos para

aumentar a permanência nos espaços, acrescentou-se alguns usos para

complementar o programa: restaurante, coworkinge lojas.

5.1.1. Conceito e Estratégia de Implantação

Fazem parte do conceito do projeto: a exploração de diversas visuais (Figura

80), para que as artes praticadas possam ser vistas de diversos locais; a conexão

espacial e entre os usuários e transeuntes do projeto; a diluição de barreiras entre o

espaço público e privado.

Figura 80: Explorar as visuais.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Como estratégia de implantação (Figura 81), adotou-se como diretriz geral a

conexão entre as três ruas pelas quais é possível acessar o terreno (Treze de Maio,

Duque de Caxias e Claudino dos Santos. Também se estabeleceu uma malha regular

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de 7,5x7,5 para facilitar a resolução estrutural. Por se tratar de um meio de quadra

algumas divisas serão tratadas como muro e as edificações do ateliê de costura,

doTeatro Zé Maria e do Solar do Rosário serão integradas ao projeto.

Figura 81: Estratégia de Implantação.

Fonte: Elaborado pela Autora, 2018.

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6. O PROJETO

A estratégia de implantação foi uma das partes mais importantes do projeto

para cumprir com o objetivo do trabalho que era promover a apropriação do espaço e

melhorar a fruição pública. Por isso o térreo precisava ser dinâmico e diverso, para

que os usuários dos equipamentos e demais transeuntes o ocupassem. Ao mesmo

tempo, fazia parte da estratégia promover a conexão entre as ruas limítrofes ao

terreno. (Figura 82)

Figura 82: Planta de Implantação.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Como o terreno possuía um desnível considerável o térreo foi dividido em 2,

Térreo 1 no nível 0,00 que conecta as ruas Treze de Maio e Claudino dos Santos e o

Térreo 2 com acesso principal pela rua Duque de Caxias. A conexão entre os térreos

se dá por uma escada próxima a uma praça central que acontece no decorrer de um

caminho principal. (Figura 83)

Figura 83: Detalhe Térreo 1 - Praça Central e escada de conexão com o térreo 2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.1. SETORIZAÇÃO

O programa que envolvia: uma Escola de Teatro, Habitações de Aluguel Social,

Restaurante, Coworking, Lojas e Estacionamento foi distribuído no terreno de forma a

criar a dinâmica desejada e por isso se espalhou pelo terreno criando um jogo de

cheios e vazios.

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As Residências ocupam um bloco em L com acesso pela rua Duque de Caxias.

As Lojas ficam sob o bloco residencial próximas a rua Treze de Maio. O coworking

também abaixo das residências ocupa um local um pouco mais reservado. E o

Restaurante e a Escola ficam próximas ao Largo da Ordem pela identificação mais

cultura. (Figura 84)

Figura 84: Setorização.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.2. TÉRREO

Conforme as figuras 85 e 86 é possível entender os principais acessos ao

Térreo 1 e onde ocorrem os usos que se espalham por ele.

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Figura 85: Acessos Térreo 1.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 86: Usos Térreo 1.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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O Térreo 2 possui uma conexão fácil com o Térreo 1 com duas opções de

escada ou elevador. Porém com uma diversidade menor de usos porque é onde se

dá o acesso residencial, uma área um pouco mais reservada. (Figua 87 e 88)

Figura 87: Acessos Térreo 2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 88: Usos Térreo 2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.3. ANFITEATRO

O Anfiteatro foi locado no Térreo 1 e está próximo a rua (Figura 89), para que

as pessoas que estejam passando pelo local se sintam curiosos a adentrar o espaço

quando estiverem ocorrendo apresentações. Para melhorar a acústica o anfiteatro

recebeu uma estrutura de madeira laminada e vidro, que está atirantada ao muro, para

funcionar como concha acústica. (Figura 90)

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Figura 89: Planta do Anfiteatro.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 90: Perspectiva vista a partir da Rua Treze de Maio.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.4. LOJAS

As lojas possuem acesso em nível pela rua Treze de Maio e um caminho de

acesso secundário, ao lado do caminho principal. São três lojas com mezanino e para

demonstrar a versatilidade do espaço foram propostos três layouts diferentes. A

primeira loja destina-se ao comércio de vestuário, a segunda a venda de produtos

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naturais a granel e a terceira é uma loja colaborativa para a venda de artesanatos.

(Figura 91)

Figura 91: Planta das Lojas - Térreo 1.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.5. COWORKING

Logo após o acesso do coworking há uma recepção, um espaço de estar e uma

cozinha. O espaço é provido de salas de reuniões com diferentes tamanhos e

estações de trabalho. Em Frente ao cowoking, na área externa, há uma área de estar

e permanência um pouco mais reservada. (Figura 92)

Na figura 91 também é possível ver a escada principal de acesso ao Térreo 2,

atrás do coworking, e um núcleo de banheiros para atender ao público.

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Figura 92: Planta do Coworking.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.6. RESTAURANTE

O Restaurante possui um salão com 120 lugares, e com acesso para área

externa com mais algumas mesas. A cozinha, vestiário de funcionário, área de

lavagem e dispensa possuem um acesso secundário. (Figura 93)

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Figura 93: Planta Restaurante. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.7. ESCOLA DE TEATRO

Conforme a figura 94, a Escola de Teatro ocupa três pavimentos: Térreo 1,

Térreo 2 e Primeiro Pavimento.

Figura 94: Distribuição da Escola de Teatro nos pavimentos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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No Térreo 1 (Figura 95) estão o Guarda Roupa, local destinado a armazenagem

e reparo de figurinos; a Oficina de Cenário, onde podem ser produzidos alguns

cenários ou serem ofertadas aulas de cenografia e a área administrativa onde também

ocorre o acesso aos demais pavimentos.

Figura 95: Planta Escola de Teatro - Térreo 1.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

No Térreo 2 (Figura 96) é onde estão locadas as salas de aula/estúdios, que

possuem divisórias móveis para que possam oferecer uma variedade de arranjos

diferentes.

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Figura 96: Escola de Teatro - Térreo 2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

No Primeiro Pavimento é onde acontece a Caixa Cênica (Figura 97). O layout

se deu de uma forma mais triangular para melhor aproveitamento do espaço e

mantendo todos os lugares de frente para o palco.

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Figura 97: Escola de Teatro - Primeiro Pavimento.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

6.8. ALUGUEL SOCIAL

O Edifício que abriga as habitações possui um formato em “L”, resultando que

parte das unidades possuem orientação solar Leste/Oeste e outra parte NorteçSul.

Por isso essas unidades foram tratadas de forma diferente para garantir que áreas de

longa permanência possuíssem uma insolação satisfatória.

Conforme a Figura 98, as unidades Norte/Sul foram organizadas de forma que

se repetem nos demais pavimentos. Já as unidades Leste/Oeste não possuem uma

organização que se repete (Figura 99), por isso fica mais clara a visualização da

distribuição em corte.

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Figura 98: Planta - Distribuição das unidades habitacionais.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 99: Corte - Distribuição das unidades habitacionais.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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6.8.1. As Unidades Habitacionais

Conforme Figura 100 o projeto é composto por 5 diferentes tipologias de

unidades habitacionais.

Figura 100: Número de Unidades Habitacionais.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Segue abaixo (Figura 101 a xx) esquemas das tipologias que foram aplicadas

no projeto.

Figura 101: Unidade de 1 Quarto.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 102: Unidade Estúdio.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 103: Unidade 2 Quartos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 104: Unidade 3 Quartos.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 105: Unidade Duplex.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os centros urbanos são lugares incríveis, cheios de história e extremamente

dinâmicos. Tão dinâmicos a ponto de já terem sido sinônimo de glória e riqueza e de

hoje estarem passando por um processo de esvaziamento e degradação. Porém,

continuam sendo um lugar democrático e de fácil acesso.

No centro se concentram as opções culturais, os equipamentos urbanos, o

comércio, os serviços e, consequentemente, as ofertas de emprego.

O centro seria o local perfeito se não houvesse sensação de insegurança, falta

de cuidado com a infraestrutura urbana e se os edifícios não estivessem tão

maltratados pelo tempo e pela falta de manutenção.

O programa do trabalho se deu da junção entre a análise teórica e conceitual

com a interpretação da realidade. A partir da parte conceitual entendeu-se a

importância da diversidade de usos e da necessidade de aumentar o acesso a

moradia nos centros. Enquanto que a interpretação da realidade mostrou claramente

a vocação cultural da área escolhida e do seu entorno.

A construção de uma Escola de Teatro juntamente com o edifício de Aluguel

Social e demais comércios complementares visa a aproximação entre pessoas de

baixa renda com o equipamento cultural e um fluxo de pessoas na região, trazendo

mais vitalidade para a área.

O projeto alcança os seus objetivos através da sua ocupação, principalmente

do térreo, distribuindo o programa de necessidades e criando um percurso que

oferece conforto e possibilidades aos usuários

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9. APÊNDICE

APÊNDICE – ALUGUEL SOCIAL + CULTURA – Multifuncionalidade como

Agente no Processo de Reabilitação Urbana - PRANCHAS

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