210

Alunos cegos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Alunos cegos
Page 2: Alunos cegos

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário ExecutivoJosé Henrique Paim Fernandes

Secretária de Educação EspecialClaudia Pereira Dutra

Page 3: Alunos cegos

ministério da educaçãosecretaria de educação especial

Saberes e práticasda inclusão

desenvolvendo competências parao atendimento às necessidades educacionais

especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão

Brasília − 2006

Page 4: Alunos cegos

FICHA TÉCNICA

Coordenação GeralSEESP/MEC

ConsultoriaMaria Salete Fábio Aranha

Revisão TécnicaMaria Glória Batista MotaDenise de Oliveira Alves

Revisão de TextoMaria de Fátima Cardoso Telles

Série: SABereS e PrÁTiCAS DA iNCLUSÃO

Caderno do Coordenador e do Formador de Grupo

Recomendações para a Construção de Escolas Inclusivas

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos Surdos

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades EducacionaisEspeciaisdeAlunoscomDeficiênciaFísica/Neuro-motora

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos com Altas Habilidades/Superdotação

Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos Cegos e de Alunos com Baixa Visão

AvaliaçãoparaIdentificaçãodasNecessidadesEducacionaisEspeciais

Saberes e práticas da inclusão : desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. [2.ed.]/coordenaçãogeralSEESP/MEC.-Brasília:MEC,SecretariadeEducaçãoEspecial,2006.

208p.(Série:Saberesepráticasdainclusão)

1.Competênciapedagógica.2.Educaçãodos cegos.3.Adequaçãodo currículo. I.Brasil. Secretaria de Educação Especial.

CDU:376.014.53CDU376.32

DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)

Page 5: Alunos cegos

Apresentação

Prezado(a)Professor(a),

AEducaçãoEspecial,comoumamodalidadedeeducaçãoescolarqueperpassatodasasetapaseníveisdeensino,estádefinidanasDiretrizesNacionaisparaa Educação Especial na Educação Básica que regulamenta a garantia do direito de acesso e permanência dos alunos com necessidade educacionais especiais e orienta para a inclusão em classes comuns do sistema regular de ensino.

Considerandoa importânciada formaçãodeprofessores e anecessidadedeorganização de sistemas educacionais inclusivos para a concretização dos direitos dos alunos com necessidade educacionais especiais a Secretaria de Educação Especial do MEC está entregando a coleção “Saberes e Práticas da Inclusão”,que aborda as seguintes temáticas:

. Cadernodocoordenadoredoformadordegrupo.

. Recomendações para a construção de escolas inclusivas.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência física/neuro-motora.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdotação.

. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e com baixa visão.

. Avaliaçãoparaidentificaçãodasnecessidadeseducacionaisespeciais.Desejamos sucesso em seu trabalho.

Secretaria de Educação Especial

Page 6: Alunos cegos

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

“Oquadroaseguir ilustracomosedeveentendereofertarosserviços

de educação especial, como parte integrante do sistema educacional

brasileiro,emtodososníveisdeeducaçãoeensino”.

(ParecerCNE/CEBNº2/2001)

Page 7: Alunos cegos

45

Sumário

Introdução

Conhecendo a Deficiência Visual: cegueira e

baixa visão

Consequências da Deficiência Visual:

importância e método de triagem diagnóstica

Suportes para o Aluno com Deficiência Visual:

estimulação sensorial e recursos ópticos

Sistema Braille

Complementações Curriculares Específicas

para a Educação de Alunos Cegos e de Alunos

com Baixa Visão: atividades de vida diária

(AVD) orientação e mobilidade

Complementações Curriculares Específicas para

a Educação de Alunos Cegos: escrita cursiva e

soroban

Ensino da Língua Portuguesa e Ensino da

Matemática

Ensino de Estudos Sociais (Geografia e

História) e Ensino de Ciências

1

57

7

33

11

85

115

127

143

2

3

4

5

6

7

8

Page 8: Alunos cegos

Ensino de Arte e de Educação Física

Construção de um Sistema Educacional

Acolhedor para Alunos Cegos e para Alunos

com Baixa Visão - Adequações Curriculares

Avaliação Compreensiva

A Interação Social e o Desenvolvimento de

Relações Sociais Estáveis

9

10

11

12

157

173187

201

Page 9: Alunos cegos

�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Introdução

FINALIDADE FavorecercondiçõesparaqueprofessoreseespecialistasemEducaçãopossam

identificareatenderàsnecessidadeseducacionaisespeciaisdealunoscegosede

alunoscombaixavisãopresentesnaclassecomum,doensinoregular.

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEMAofinaldestemódulo,oprofessordeverásercapazde:

1. Descrevercaracterísticasdacegueiraedabaixavisão,conceitoseclassificações

correntes.

2. Dissertar sobre as implicações da cegueira e da baixa visão para o

desenvolvimento do aluno e para o processo de ensino e aprendizagem.

3. Aplicar o teste de acuidade visual.

4. Discutirsobreanecessidadedeseestimularodesenvolvimentosensorialdo

aluno cego e do aluno com baixa visão .

5. Reconhecer recursos ópticos disponíveis paradiferentes tipos de baixa

visão.

6. DissertarsobreoBraille,comosistemadecomunicaçãoparaoalunocom

deficiênciavisual.

7. Dissertar sobre complementações curriculares específicas (emboranão

exclusivas)paraoensinodealunoscegose/oudealunoscombaixavisão:

Atividades deVidaDiária,Orientação eMobilidade,Escrita cursiva, e

Soroban.

8. DissertarsobreaaplicaçãodosistemaBraillenoensinodediferentesáreas

do conhecimento para alunos cegos.

9. Dissertar sobre adequações curriculares para o acolhimento de alunos cegos

e de alunos com baixa visão.

10.Dissertarcriticamentesobreaavaliaçãocompreensivadoprocessodeensino

e aprendizagem do aluno cego e do aluno com baixa visão.

11. Analisarcriticamenteosdesafiosnoprocessodeensinoeaprendizagem,em

relaçãoaalunoscomdeficiênciavisual.

Page 10: Alunos cegos

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

12.Planejareimplementarajustescurricularesdepequenoporte:organizacionais,

deobjetivos,deconteúdos,demétodoseprocedimentos,detemporalidadeede

avaliação,considerandoasespecificidadesdecadaáreadoconhecimento.

13. Apontar os ajustes curriculares de grande porte que se mostram necessários

para atender às necessidades educacionais especiais de cada aluno:

organizacionais,deobjetivos,deconteúdos,demétodoseprocedimentos,

de temporalidade e de avaliação.

14.Identificarestratégiasdeaçãovoltadasparaodesenvolvimentodeinterações

sociais e de relações sociais estáveis no contexto da sala inclusiva.

CONTEÚDO1. Adeficiênciavisual:conceituação,sistemasdeclassificação,característicase

implicações(expectativas1e2).

2. Testedeacuidadevisual:EscaladeSnellen(expectativa3).

3. Estimulaçãoedesenvolvimento sensorial: tato,olfato, audição,paladare

sentidosintegrados(expectativa4).

4. Recursosópticosparaaeducaçãodealunoscombaixavisão(expectativa5).

5. SistemaBraille(expectativa6).

6. Complementações curricularesespecíficasparaaeducaçãodoalunocego

e/oudoalunocombaixavisão:orientaçãoemobilidade,atividadesdevida

diária(AVD);sorobaneescritacursiva(expectativa7).

7. Recursosdidáticosparausoemáreasespecíficasdoconhecimento:Língua

Portuguesa,Matemática,HistóriaeGeografia,Ciências,ArteseEducação

Física(expectativa8).

8. AdequaçõesCurriculares(expectativa9).

9. Avaliaçãocompreensivadoprocessodeensinoeaprendizagemeidentificação

denecessidadeseducacionaisespeciais(expectativas10,11,12e13).

10.Estratégiasdeaçãovoltadasparaodesenvolvimentodeinteraçõessociaise

derelaçõessociaisestáveisnocontextodasalainclusiva(expectativa14).

Page 11: Alunos cegos

�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino

Fundamental – Deficiência Visual. SérieAtualidadesPedagógicas,

6,vol.1.Brasília:MEC/SEESP,2001.

BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino

Fundamental – Deficiência Visual. SérieAtualidadesPedagógicas,

6,vol.2.Brasília:MEC/SEESP,2001.

BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino

Fundamental – Deficiência Visual. SérieAtualidadesPedagógicas,

6,vol.3.Brasília:MEC/SEESP,2001.

SÃO PAULO. O deficiente visual na classe comum.SãoPaulo:SE/CENP,

1987.

Page 12: Alunos cegos
Page 13: Alunos cegos

11DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Iº ENCONTRO

1. CONHECENDO A DEFICIÊNCIA VISUAL: CEGUEIRA E BAIXA VISÃO

TEMPO PREVISTO08horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecercondiçõesparaquecadaparticipantesefamiliarizecomosprincipaisaspectos que constituem a condição de cegueira e a condição de baixa visão: sistema efunçãovisual,conceituação,incidência,causas,sintomas,sinaisindicadoresetiposdedeficiênciavisual(ref.aexpectativa1).

MATERIAL Texto:Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental

– Deficiência Visual. VoI1,p.29-33,34–35,38-41,46-50,61-74.Brasília:MEC/SEESP,2001.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESEste encontro deverá se constituir de diferentesmomentos de interação,objetivando a construção do conhecimento sobre os principais aspectos que constituem a cegueira e a baixa visão.

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

1. Apresentação dos participantes do grupo (1 h)Primeiramente, o formador deverá propor aos participantes que seapresentem.Para tanto, sugere-seautilizaçãoda técnicadedinâmicade

Page 14: Alunos cegos

12

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

grupodenominadaCosme/Damião.Descreve-se,aseguir,ospassosqueconstituematécnicasugerida.

Objetivos • Favorecer o conhecimento e o entrosamento dos participantes. • Procurardesenvolvera compreensãosobreasexpectativasepossíveis

predisposiçõesdooutro,comrelaçãoaotrabalhoaserdesenvolvido. • Desenvolver a capacidade de ouvir e de sintetizar as informações

transmitidas pelo outro.

Desenvolvimento • Oformadordeveráformarsubgruposde,nomáximo,doisintegrantes,

orientando-osa trocarem idéias,durantedezminutos, sobreos itensconstantesdoroteiro,apresentadoaseguir:

Roteiro da entrevista• Nome• Qualificaçãoprofissional• Históricoprofissional• Funçãoprofissionalatual• Interesses• Qualidadesedefeitos• Competênciasedificuldades• Objetivosprofissionais• Objetivos para este encontroObs:Éimportanteenfatizarabuscadeidentificaçãodascaracterísticaspessoais do companheiro que está sendo entrevistado e anotar suas colocações.

• Apósaentrevistamútua,osparticipantesdeverãosereagruparemgrandecírculo,possibilitandoquecadaumseapresenteaosdemaisintegrantesdogrupo,comosefosseocompanheiroqueentrevistou.Exemplo:JoséentrevistaMariaeMariaentrevistaJosé.ParaaexposiçãoMariadiz:“EusouJosé,etc..eJosédiz:“MeunomeéMaria,etc..

• Aofinaldasapresentações, faz-seaavaliaçãodoexercício,verificandosetodososparticipantesforamapresentadosàplenária.Essaatividadedeveráteraduraçãomáximade45minutos.

2. Estudo dos textos (1 h)O formador deverá dar continuidade às atividades, propondo aosparticipantesque seorganizem,a seguir, emsubgruposdenomáximo

Page 15: Alunos cegos

13DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

quatro pessoas, para leitura, identificaçãoediscussão sobreosaspectosrelevantes constantes dos textos abaixo indicados:

SISTEMA E FUNÇÃO VISUAL – CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL1

A formaçãoda imagemvisualdependedeuma rede integrada,de estruturacomplexa,daqualosolhossãoapenasumaparte,envolvendoaspectosfisiológicos,funçãosensório-motora,perceptivaepsicológica.

Acapacidadedeveredeinterpretarasimagensvisuaisdependefundamentalmentedafunçãocerebraldereceber,decodificar,selecionar,armazenareassociaressasimagens a outras experiências anteriores.

Paraveromundoemformasecoresénecessárioqueonervoópticoearetina(camadainternaquerevesteacâmaraocular)estejamintactos.Aretinaéformadaporcélulasfoto-receptoras,oscones,responsáveispelavisãocentralevisãodecores,epelosbastonetes,responsáveispelavisãoperiféricaeadaptaçãoapoucailuminação–visãonoturna.

Aconcentraçãodascélulasnervosasnaretinapassaaconstituiramácula,pontocentraldavisão,cujafunçãoéaacuidadevisual,responsávelpelavisãonítidaededetalhes.Asterminaçõesdessascélulasnervosasconstituemonervoópticoqueconduzoestímulovisualaocérebro,ondeasimagenssãointerpretadas.

1 Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental - Deficiência Visual. Vol. 1,p.29-33,34-35,38-41,46-50,61-74.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Estrutura do globo ocular

Page 16: Alunos cegos

14

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Aparteexternaéconstituídapelaesclerótica,membranafibrosaeresistente(o

brancodosolhos),responsávelporsuaproteção.Acórneaétransparente,para

possibilitar a passagem dos raios luminosos.

Atúnicamédiaéconstituídapelacoróide,membranapigmentada,ricaem

vasossangüíneos,responsáveispelairrigaçãoepelanutriçãodaretina.

Ocorpociliar éumespessamentoda túnicamédia, ligandoa coróideà íris.

Produzohumoraquoso,fluidotransparentequeocupaoespaçoentreacórnea

eocristalino,parteanterior.Juntocomohumorvítreo(substânciagelatinosa

e transparente),ocupaoespaçoposteriordocristalinoeretina, formandoos

meioslíquidos.

Aíris,odiscocoloridodosolhos,éformada,napartecentral,pelapupila(menina

dosolhos),quecontrolaaentradaeaquantidadedoestímuloluminoso.Pela

açãodosmúsculosdaíris,controladapelosistemaautônomo,apupilasedilata

noescuroesecontraiemaltailuminação,regulandoaquantidadedeluzque

penetra no olho.

Atrásdaíris,ficaocristalino,umalentebiconvexa,transparente,responsávelpelo

focoenitidezdaimagem.Oestímuloatravessaosdiversosmeiostransparentes,

córnea,humoraquoso,cristalinoecorpovítreo,parachegaraofundodoolho.

Qualquermáformaçãooualteração,nessesistema,podeprejudicarseriamente

afunçãovisual.

Assensaçõesvisuais,recebidasinvertidaspelaretina,sãolevadasaocérebro,

pelonervoóptico,ecorrigidaspelocórtexvisualoccipital,que,interpretadas,

tornam-seconscientes.

Osconesebastonetesfazemsinapsecomcélulasbipolaresque,conectadasàs

célulasganglionares,formamosaxôniosdonervoóptico.

Córtex Visual

As imagensvisuais se formamatravésda excitação,pela luz,dasmoléculas

fotossensíveis,desencadeandoreaçõesquímicasegerandoimpulsosnervosos,que

sãoconduzidospelonervoópticoaocórtexvisual,responsávelpeladecodificação,

interpretação e associação de imagens.

Page 17: Alunos cegos

15DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

A Visão Tridimensional

Avisão tridimensional ou estereoscópicaocorrequandohábinocularidade,

possibilitandoapercepçãodaposiçãodosobjetosnoespaço,ocálculodadistância

entreeleseanoçãodeprofundidade.

Aimagemintegradanocérebroocorreporqueainformaçãovisualdeambosos

olhos(visãobinocular)éfundidaemumaúnicaimagem,pelascélulascorticais

conectadas às vias ópticas de ambos os olhos.

Avisãobinocular sedesenvolvenormalmente, seosdoisolhos trabalharem

juntos.Comimagensdiferentespordesviodosolhos(estrabismo)ouporerrode

refração,nãoocorreafusão.Dessaforma,acriançapassaapreferiromelhorolho,

suprimindoaimagemdooutrooufixandoalternadamente,podendodesenvolver

a ambliopia ou baixa visão.

Asalteraçõesda visãobinocular, asdificuldadesde convergência (desvio) e

acomodativas(acomodaçãodalenteocularparaveremdiferentesdistâncias),

podem acarretar na criança sensações desagradáveis como: imagens duplas

(diplopia),dificuldadedediscriminaçãodefigurae fundoedeorientaçãono

espaço.

Essas dificuldades devem ser corrigidas por correção óptica, oclusão ou

intervençãocirúrgica,quandoforocaso,omaiscedopossível,antesdaredução

daplasticidadeneuronalecortical,paraqueacriançatenhaumdesenvolvimento

normaldosistemaefunçãovisual.

Processamento visual

Page 18: Alunos cegos

16

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL

Baixa Visão

Éaalteraçãodacapacidadefuncionaldavisão,decorrentedeinúmerosfatoresisoladosouassociados,taiscomo:baixaacuidadevisualsignificativa,reduçãoimportantedo campovisual, alterações corticais e/oude sensibilidade aoscontrastes,queinterferemouquelimitamodesempenhovisualdoindivíduo.

Aperdadafunçãovisualpodesedaremnívelsevero,moderadoouleve,podendoserinfluenciadatambémporfatoresambientaisinadequados.

Cegueira

Éaperdatotaldavisão,atéaausênciadeprojeçãodeluz.

Dopontode vista educacional, deve-se evitar o conceito de cegueira legal(acuidadevisualigualoumenorque20/200oucampovisualinferiora20°nomenorolho),utilizadaapenasparafins sociais,poisnão revelamopotencialvisualútilparaaexecuçãodetarefas.

ABORDAGEM EDUCACIONAL

A comprovação de que portadores do mesmo grau de acuidade apresentam níveisdiferentesdedesempenhovisualeanecessidadederelacionarautilizaçãomáximadavisãoresidualcomopotencialdeaprendizagemdacriança,levouasDras.FayeeBarragaaenfatizaremanecessidadedeumaavaliaçãofuncional,pela observação criteriosa da capacidade e desempenho visual da criança. Sob esseaspectoe,portanto,parafinseducacionais,sãoporelasconsiderados:

Pessoascombaixavisão–aquelasqueapresentam“desdecondiçõesdeindicarprojeçãodeluz,atéograuemqueareduçãodaacuidadevisualinterfereoulimitaseudesempenho”.Seuprocessoeducativosedesenvolverá,principalmente,pormeiosvisuais,aindaquecomautilizaçãoderecursosespecíficos.

Page 19: Alunos cegos

1�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Cegas–pessoasqueapresentam“desdeaausênciatotaldevisão,atéaperdadaprojeçãodeluz”.Oprocessodeaprendizagemsefaráatravésdossentidosremanescentes(tato,audição,olfato,paladar),utilizando o Sistema Braille como principal meio de comunicação escrita.

INCIDÊNCIA

DadosdaOrganizaçãoMundialdeSaúderevelamaexistênciadeaproximadamente40milhões de pessoas deficientes visuais nomundo, dos quais 75% sãoprovenientes de regiões consideradas em desenvolvimento.

OBrasil, segundoessamesma fonte,deve apresentar taxade incidênciadedeficiência visual entre 1,0a 1,5%dapopulação, sendodeumaentre3.000criançascomcegueira,edeumaentre500criançascombaixavisão.Observa-sequeaproporçãoéde80%depessoascombaixavisãoede20%depessoastotalmente cegas.

Calcula-sequeosdadosestimadospoderiamserreduzidospelomenosàmetade,sefossemtomadasmedidaspreventivaseficientes.

Ocensoescolar/2002(INEP)registra20.257alunoscomdeficiênciavisualnaeducaçãobásicadosistemaeducacionalbrasileiro.Aanálisedessesdadosrefletequemuitascrianças,jovenseadultoscomdeficiênciavisualencontram-seforada escola.

CAUSAS MAIS FREQUENTES

Causas Congênitas

• RetinopatiadaPrematuridade,grausIII,IVouV–(porimaturidadedaretinaemvirtudedepartoprematuro,ouporexcessodeoxigênionaincubadora).

• Corioretinite,portoxoplasmosenagestação.• Cataratacongênita(rubéola,infecçõesnagestaçãoouhereditária).• Glaucomacongênito(hereditárioouporinfecções).• Atrofiaópticaporproblemadeparto(hipoxia,anoxiaouinfecçõesperinatais).• Degenerações retinianas (SíndromedeLeber, doenças hereditárias ou

diabetes).• Deficiência visual cortical (encefalopatias, alteraçõesde sistemanervoso

centralouconvulsões).

Page 20: Alunos cegos

1�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Causas Adquiridas

Por doenças comodiabetes, descolamento de retina, glaucoma, catarata,degeneração senil e traumas oculares.

PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL NA INFÂNCIA

Emnossomeio,abaixavisãoaindapassa,muitasvezes,despercebidaapaiseprofessores,manifestando-se,comfreqüência,nomomentoemqueaumentamnaescolaosníveisdeexigênciaquantoaodesempenhovisualdacriança,paraperto.Porsuavez,acegueiraémaisfacilmentedetectadaegeralmentediagnosticadamais cedo.

Adetecçãoprecocedequaisquerdosproblemaspodeconstituirfatordecisivonodesenvolvimentoglobaldacriança,desdequesejampropiciadascondiçõesde estimulaçãoadequadaa suasnecessidadesdematuração, favorecendoodesenvolvimento máximo de suas potencialidades e minimizando as limitações impostas pela incapacidade visual.

Emtodasassituaçõesescolares,aprofessoratem,normalmente,oportunidadedeobservar sinais, sintomas, posturas e condutasdo aluno, que indicamanecessidadedeencaminhamentoaumexameclínicoapurado.

SINTOMAS E SINAIS MAIS COMUNS DE ALTERAÇõES VISUAIS

Sintomas:• tonturas,náuseasedordecabeça;• sensibilidadeexcessivaàluz(fotofobia);• visão dupla e embaçada.

Condutas do aluno:• apertaeesfregaosolhos;• irritação,olhosavermelhadose/oulacrimejantes;• pálpebrascomasbordasavermelhadasouinchadas;• purgaçõeseterçóis;• estrabismo;• nistagmo(olhosemconstanteoscilação);• piscarexcessivamente;• crostapresentenaáreadeimplantedoscílios;

Page 21: Alunos cegos

1�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• franzimentodatesta,oupiscarcontínuo,parafixarpertooulonge;• dificuldadeparaseguimentodeobjeto;• cautelaexcessivaaoandar;• tropeçoequedafreqüentes;• desatençãoefaltadeinteresse;• inquietaçãoeirritabilidade;• dificuldadeparaleituraeescrita;• aproximaçãoexcessivadoobjetoqueestásendovisto;• posturainadequada;• fadigaaoesforçovisual.

Formas de Prevenção

Ascausasdeorigemgenéticaefamiliar,comoretinitepigmentosa,glaucomaecataratacongênita,podemserevitadascomaconselhamentogenético.

Dentreascausascongênitas,destacam-seosfatoresmaisfreqüentes:gestaçãoprecoce,desnutriçãodagestante,drogasemgeral,álcool,infecçõesduranteagravidez(rubéola,sífilis,AIDS,toxoplasmoseecitomegalovirus).

Existealtaincidênciadedeficiênciavisualseveraassociadaàmúltipladeficiência,emnossomeio,emvistadafaltadeprevenção(vacinaçãodemeninascontraarubéola),oqueevitariaonascimentodecriançascomcataratacongênita,surdezedeficiênciamental.

Todamulherdeveservacinadaantesdeengravidarou,depreferência,noiníciodaadolescência,poisovírusdarubéolamaternaatravessaaplacenta,alterandooprocessodeformaçãoembrionária.

A prevenção depende apenas da política pública, devendo a investigaçãoepidemiológica a ser realizada pelos governos estaduais e municipais.

Atoxoplasmoseétransmitidapeloprotozoário“toxoplasmagondii”,geralmentepormeiodecontatocomanimaisdomésticosinfectados:cães,coelhos,gatos,galinhas, pombos e alimentosmal cozidos.Amãe contagiadanoprimeirotrimestredegestaçãopodegerarumacriança comdeficiênciavisual severa,microcefaliaecalcificaçõescerebrais.

As doenças virais e bacterianas como sarampo,meningites, encefalites,podem acarretar hidrocefalia, oumicrocefalia. São também causas dedeficiência visual que podem ser reduzidas pormedidas eficientes deprevençãodesaúde,comodetecçãoprecocedasalteraçõesvisuais,triagememberçário,crechesepré-escolas.

Page 22: Alunos cegos

20

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL

As principais alterações visuais na infância são: hipermetropia,miopia,astigmatismo,ambliopiaeestrabismo.Emboraessasalteraçõesnãoconstituamdeficiênciavisual,sãoproblemasvisuaisquedevemserdetectadosetratadosprecocemente, com intervenção clínicaoftalmológica adequada,paraque acriançaatinjaumdesenvolvimentodasfunçõesvisuaisdentrodospadrõesdenormalidade.

Oolhohumanopodever,comnitidez,objetosacurtadistância,desde25cmatémuitosquilômetrosdedistância.Paraqueistoocorra,osmeiosópticoseviasópticasdevemestarintactos,demodoqueaimagemcaptadapelaretinasejatransmitidapelonervoópticoatéocórtexvisual,responsávelpeladecodificaçãoe interpretação das imagens visuais.

Adetecçãoprecoceecorreçãodasprincipaisalteraçõesvisuais,noprimeiroanodevida,permitemqueasimagensdeambososolhossejamiguaisedeboaqualidade,paraqueocérebrosejacapazderealizarafusão.Asduasimagenssefundemtornandoumapercepçãoúnica,processoresponsávelpelavisãobinocular.

Avisãobinocular temumrápidodesenvolvimento, apartirda coordenaçãooculardos3atéos12meses,oquepossibilitaapercepçãoespacialeavisãodeprofundidade.Asconexõescelulareseaplasticidadeneuronalsãointensasatéos3anos,porissoasalteraçõesvisuaiscomoambliopiaeestrabismodevemsercorrigidas,depreferência,noprimeiroanodevida,pararesultadosdegrandeeficácia.

Emboraabinocularidadesecompleteporvoltados5–6anos,osresultadosobtidosdepoisdos5(cinco)anossãobemmenores.Porisso,deveriaserpráticacomum,emnossomeio,realizaraavaliaçãooftalmológicanascrechesepré-escolas.

Ambliopia

Éaparadaouregressãododesenvolvimentovisualemumouambososolhos,determinandoadiminuiçãodaacuidadevisual, semumaalteraçãoorgânicaaparente.

A ambliopia pode ser causada por:• Estrabismo,em50%doscasos;• Privaçãosensorial(ex-anopsia,catarataouptose);

Page 23: Alunos cegos

21DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Anisometria-discrepânciadeerrosderefração;• Ametropia - altos erros de refração: (hipermetropia, miopia e

astigmatismo).

Comovimospelostiposdeambliopia,otratamentoeocontrolesãoexclusivamentederesponsabilidadedooftalmologistaquefaráaprescriçãodorecursoópticoea indicação da oclusão.

Osmédicosdãopreferênciaàoclusãodiretanapele,comoclusorantialérgicoerecomendam a oclusão dos óculos somente nos casos de ambliopia leve.

Aorientaçãodacondutadeoclusão,noscasosdeambliopiaeestrabismo,nãoédecompetênciadoprofessorespecializado.Essedeve,sim,orientarafamíliaparaterconsistênciaeperseverançanaconduta,bemcomoorientarsobreatividadeslúdicasquepossamdistraireestimularvisualmenteacriança.

ESTRABISMO

Éaausênciadeparalelismoesincroniadosmúsculosoculares,paraumaperfeitacoordenaçãodeambososolhos,responsávelporumaimagemnítida,nomesmopontodaretina,quepossibilitaafusão.Acriançaestrábicaterágrandedificuldadepararealizarabinocularidade,podendoapresentar:• Diplopia–imagemdupla;• Anularousuprimiraimagemdoolhodesviado;• Visãomonocular;• Baixadeacuidadevisualnoolhodesviado;• Desconfortovisualparaleitura,televisão,etc;• Embaçamentoouembaralhamentovisual;• Dificuldadeparadesenhoeatividadesquerequeiramtri-dimensionalidade;• Piscarmuitoedificuldadeparadirigirànoite.

Tipos de Estrabismo• Convergente(esotropia);• Congênito -pode ter tratamento cirúrgico, entre6 e 12mesesde idade,

parapromoveroalinhamentooculareodesenvolvimentodavisão,porquegeralmenteapresentafixaçãocruzadacompoucamotilidadeocular;

• Adquirido–acomodativo,ouessencial.

Oestrabismoacomodativopodeocorrerporexcessodeacomodação.Acomodaçãoéoajustedoolhoparaverdiferentesdistânciaseformarimagemclara,pelamudançadaformadocristalinoeaaçãodosmúsculosciliares.

Page 24: Alunos cegos

22

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

O estrabismo acomodativo pode ser causado por hipermetropia ou por alteração deconvergência,deorigemcentral.Quandotratadocomcorreçãoópticanosprimeiros6meses,tendeadesaparecer.

Exotropia - Estrabismo Divergente XT

O estrabismo divergente ou XT aparece geralmente mais tarde e está associado à miopia.Osexercíciosortópticospodemajudarmuitonotratamento.Acirurgiapodeserindicadaparaadquirirfunção,ouseja,recuperaravisãobinocularoupuramenteporestética.

ERROS DE REFRAÇÃO

Hipermetropia

Éuma dificuldade acomodativa (capacidade de ver perto), causada peloachatamentodogloboocular.Nessecaso,aimagemseformaatrásdaretinaesuacorreçãoexigeautilizaçãodelentesconvergentesoupositivas,paratornaro cristalino mais convergente.

Oportadordehipermetropia,mesmocomesforçoacomodativo,nãoconsegueenxergarnitidamenteumobjetoquandoolhaparaperto.Acriançamostra-sedesinteressadaparaverfiguras,TV,leituraepodeteratrasodedesenvolvimentovisual,nasaltashipermetropias,porbaixacapacidadedefixaçãoeseguimentovisual.

Crianças portadoras de alterações neurológicas podem apresentar baixa capacidadeacomodativa,mostrando funcionamentovisualpobre.Éde sumaimportânciaadetecçãoprecocee correçãode refraçãonessas crianças,paraotimizar o desenvolvimento visual e cognitivo.

Miopia

Amiopiaédificuldadeparaverlonge,emvirtudedoalongamentodogloboocular,queformaaimagemantesdaretina.As pessoas com miopia não enxergam com nitidez objetos distantes. A correção éfeitautilizando-selentesdivergentesounegativas.Osalunoscommiopia,nãodetectada,apresentammuitadificuldadeparacopiardalousa,sãotidoscomo

Page 25: Alunos cegos

23DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

desinteressados, preguiçosos e lentos.Apresentam, como sintomas, piscarconstantemente,fecharapálpebra(esforçoacomodativo),coçarosolhos,etc.

Muitos bebês com altamiopia, não detectada, podem apresentar atrasoneuropsicomotor,retardandooengatinhareamarchaemvirtudedatensãooudomedodesedeslocarnoespaçoepelafaltadecontroledoambiente.

OsportadoresdaSíndromedeDownedeoutrassíndromesquepodemapresentaraltamiopia,devemseravaliados,ecorrigidaaretração,parapreveniralteraçõesde desenvolvimento.

Astigmatismo

Ocorrequandoacórneanãoapresentaamesmacurvaturaemtodasasdireções,ocasionandoumadeformaçãodaimagem.

Os sintomasmais freqüentes do astigmatismo são: dores de cabeça, olhoslacrimejantes, queimaçãoe coceiranosolhos edeformaçãooudistorçãodaimagem.Nosgrandesastigmatismosaacuidadevisual ébaixa.A lenteparacorreçãodoastigmatismoécilíndrica.

BAIXA VISÃO - PRINCIPAIS PATOLOGIAS

Atrofia Óptica

Éaperdatotalouparcialdavisão,emdecorrênciadelesõesoudoençasnonervoóptico,discoóptico,papila,podendohaverdegeneraçõesdasfibras,tantodascélulasganglionares,comodocorpogeniculado.

Tipos de Atrofia Óptica

a) Simples–quandoodiscoópticoperdea cor rosada, torna-sepálidooubranco.Geralmenteháumaescoriaçãodapapila,dasbordasparaocentro,ocorrendopalideztemporaldapapila.Essetipodeatrofiapodeserdecorrentedehidrocefalia,meningiomasesífilis.

b) Secundária–édecorrentedeneuriteóptica,neurorretiniteeedemapapilar.Nestecaso,aaparênciadapapilaébranco-azulada,turvaouacinzentada.Asalteraçõespodemafetarasregiõesvizinhasdaretina.Podemocorrerpor

Page 26: Alunos cegos

24

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

doenças infecciosas,bactérias, vírus,protozoários,hemorragias,diabete,Leber,traumatismosetumores.

c) Atrofia Glaucomatosa–háumaumentodaescavação,atingindotodoodiscoóptico,atrofiadepapilaedescolamentodotroncocentral.

Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:

• Lupasmanuaisdealtasdioptrias;• Altoníveldeiluminaçãocomfiltroparapotencializarcontrasteediminuir

reflexãoebrilho;• Contrasteeampliação(dependendodaalteraçãodocampo);• Lentesesféricaseprismáticas;• Telessistemas;• Magnificaçãoeletrônica,comcontroledecontraste,brilhoeprofundidade;• Portatextoecadernodepautaampliadaoureforçada;• Jogosdecomputadorparaelaboraçãodedesenhosecenas.

Estratégias Pedagógicas:

• Verificaropotencialdevisãocentralpreservado.• Compreenderasdificuldadesdepercepçãodedetalhesqueoalunoapresente

e a necessidade de aproximação da lousa ou do material pedagógico.• Facilitar a discriminação de detalhes, potencializando o contraste e a

iluminação do material a ser discriminado.• Favorecer odesenvolvimentoda consciência visual, ajudandoo alunoa

analisareinterpretarformasmaiscomplexasdeobjetosefiguras.• Favoreceraampliaçãodorepertóriovisualdoaluno,atravésdemúltiplas

experiências,incluindoatéajudastáteiseauditivasquandoavisãonãoforsuficiente.

• Motivar o aluno a construir as imagens mentais a partir da experiência concreta com os objetos para a representação tridimensional e a representação simbólica.

• Ajudar o aluno a compreender suas reais alteraçõesde campovisual,as dificuldades com escotoma (ponto cego), buscando o melhorposicionamentodecabeçaoudomaterialquefavoreçamelhordesempenhovisual.

Page 27: Alunos cegos

25DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Nistagmo

Sãooscilaçõesinvoluntáriaserítmicasdosolhos,queocasionamalteraçãodosistemasensório-motorocular.Onistagmopodesercongênito,quandosurgeduranteosseisprimeirosmeses,ouadquirido.Aorigemdonistagmoaindanãoébemconhecida.Podeserumaalteraçãoneurológica(vestibular,lesõesdosistemanervosocentral),pororigemcerebelar,outumorintracraniano.

Onistagmopode estar presentenas cataratas congênitas, atrofias ópticas,albinismo,acromatopsias,alteraçõesretinianaseoutras.

Tipos de Nistagmo:

• MovimentoPendular;• Ondulatórios–igualvelocidade,duração–direção;• Emmola;• Movimentosmais lentos e retorno rápido– freqüentes em alterações

neurológicasevestibulares;• Mistos.

Osmovimentospodemserhorizontal,vertical,oblíquo,rotatórioecircular.

Spamus Nutans

Surgeporvoltadosseismesesaumanodevida.Caracteriza-sepornistagmodecabeça,commovimentosantero-posterioreselaterais,rápidos,bemnítidos,quandoaposiçãoésentada.Deitada,tendeadesaparecer,aorigemédesconhecidae tende à cura.

Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:

• Lentesprismáticasouesfero-prismáticas;• Lentesmanuaisoudeapoio;• Lupasderégua;• Os telessistemaspara longepodemserdedifícil adaptação,dependeda

possibilidade de o aluno realizar a compensação de cabeça para bloqueio do nistagmo;

• Lentesescurecidasoufiltroamareloparapotencializarocontraste.

Page 28: Alunos cegos

26

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Estratégias Pedagógicas:

• Compreenderqueasdificuldadesóculo-motorasdefocalização,seguimentovisualecoordenaçãoolho-mãopodemdificultararealizaçãodeatividadespráticasde coordenaçãoviso-motora, comoencaixes,desenhos, cópiadalousa e escrita.

• Evitar alta iluminaçãodireta, reflexoebrilhona lousaoumaterial a serdiscriminado.

• Orientaroalunoquantoàmelhororganizaçãoespacial,posiçãoparaleituraeadequaçãodomaterial,aopontodecompensaçãoedistânciaqueconsigafocalizarediscriminar.

• Evitar corrigir aposiçãode cabeçaque é aúnica formadebloqueiodosmovimentos involuntários.

• Utilizarpistasvisuaisparamelhororganizaçãodocampográfico,tantoparaleituracomoparaescrita(guiasparaleitura).

• Proporcionaratividadeslúdicasquefavoreçamoexercíciodosmovimentosoculares,graduandoasdificuldades:boliche,jogosdepeteca,bolaaocesto,futebol,tiroaoalvo,natação.Jogosdeintegraçãosensorialeequilíbrio.

Cório-retinite

Éumainflamaçãodacoróide(coroidite),quandoafetaambasascamadascoróidee retina.

Acausaéatoxoplasmose,porinfestaçãodoprotozoárioGondii,adquiridapelocontatocomanimaisinfectados:cães,coelho,gatos,pombo,galinhaenacarnesuína.

Éimportantequesefaçaodiagnósticodiferencialdesífilis,tuberculose,herpes,AIDSeuveítes.OtesteespecíficoparaavaliarosanticorposparatoxoplasmoseéaimunofluorescênciaouElisa.Oquadroneurológicopodeserdealteraçãofocal,comlesõescicatrizadas,placasmaculareseconvulsões.Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:

• Óculosdecorreçãorefracionalcomum;• Lentesbifocais;• Lupasmanuaisoudemesaparamagnificação;

Page 29: Alunos cegos

2�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Lentesesfero-prismáticasentre6e12graus-comacuidadevisualsemelhanteemA.O.;

• Lentesesféricasdealtasadiçõescomvisãomonocular;• TelescópiotipoGalileu-2x,3x,4xe6xmanuais,preferíveisatelescópios

fixosemarmações.

Estratégias Pedagógicas:

Oprofessorprecisacompreenderquemuitasvezeséimpossívelacriançaolharparafrente,ounosolhosdoprofessor,poisosolhosdesviamparafugirdopontocego,dacicatrizmacular.

Recomendam-seosmesmosprocedimentospedagógicosdaatrofiaóptica,poisofuncionamentovisualésemelhante.Deve-seconsiderarquenasalteraçõesmacularesimportantes,adiscriminaçãodefigurascomplexascomodeanimaistorna-sedifícil.Emboraoalunoapresentenívelgráficoelementar,oprofessorpodeedeveoferecermateriaissimbólicoscomoletraseoutros.Acópiadalousaébastantedifícilemvirtudede,adistância,avisãoficarprejudicada,ouapresentar escotomas no campo visual.

Oprofessordeveajudaroalunoabuscaramelhorposiçãoedistânciaparafacilitaracópianalousa,alémdeorganizarocampográficodalousaemrelaçãoà necessidade do aluno.

ALTERAÇõES RETINIANAS

Retinopatia da prematuridade ou fibroplasia retrolental

Aretinopatiadaprematuridadepodeserdecorrentedeimaturidadedaretina,porbaixaidadegestacional,e/ouporaltadosedeoxigênionaincubadora.Ooxigênioemaltaconcentraçãoprovocaavasoconstrição,impedindoairrigaçãodaretina,podendoprovocaraformaçãodepregasretinianas,massafibrosaoucicatricial,retraçãodaretina,oudeslocamentototalouparcial.

Podemocorreraindacomplicaçõescomoacatarata,oglaucomaouuveíte.Oprocedimentocirúrgiconosdescolamentosderetinatêmpoucosucesso,dopontodevistafuncional,sendomuitasvezespreferívelàestimulaçãodavisãoresidualremanescente,mesmoqueestasejapouca.

Page 30: Alunos cegos

2�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:

a) Para perto • Óculosacopladoscomlentesdeaumento; • Lentesparamiopia; • Lentesdeaumentomanual; • Lupasiluminadastipocopooudemesa.

b) Para longe • Sistemas telescópicos.

Retinose Pigmentar

Distrofiahereditáriados receptores retinianos,por transmissãoautossômicarecessiva dominante ligada ao cromossomaX.Constitui síndromes como:Laurence-Moon, Bardet-Bield,Usher, sendo rigorosamente necessária aprevençãoporaconselhamentogenético.

Sãomuitosostiposderetinosepigmentar,geralmentedecaráterprogressivo,comdegeneraçãodecones(responsávelpelavisãodecores)ebastonetes(visãodeformas),noestágiofinalcomalteraçãomacular.

Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:• Altoníveldeiluminação;• CircuitodeTV;• Lâmpadacomraiosinfravermelhos;• Ampliaçãoepotencializaçãodecontrastescomfiltroamarelo;• Lupamanualaté11dioptria.

Retinopatia Diabética

É uma alteração retiniana por obstrução dos vasos capilares da região da mácula eretina,comformaçãodecicatrizouescotomasextensos,podendoformaredemaou cistos de mácula.Pode haver descolamentos de retina. O tratamento pode ser a vitrectomia e a foto-coagulação,queestabilizamoquadrodeedema.Háassociaçõescomcatarataou glaucoma.

Page 31: Alunos cegos

2�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Síndrome de Leber ou Amaurose Congênita de Leber

É caracterizadapordegeneração retiniana, comeletroretinograma extinto.Manifesta-seporumaneuriteópticahereditária,maisfreqüentena2ªinfância,lesandoosolhosdeformabrusca.Étransmitidapelamãeeafetageralmenteosexomasculino,podendoafetarosistemanervoso.

Hádegeneraçõesretinianasqueafetamtambémmeninasesãodotipoprogressivo.Afunçãovisualébastanteprejudicada,acuidadevisual-AVmuitoreduzidaeníveldefuncionamentovisualbastanteheterogêneo.

Retinoblastoma

Tumornaretinaquepodeaparecernasprimeirassemanas,atéos2anosdeidade.Osprimeirossinaissãoleucocoria(manchabranca),podendoserunioubilateral,estrabismoeligeiramidríase.Otratamentoéaenucleaçãodeurgência,radioterapiaouquimioterapiaconformeresultadoanatomo-patológico.

Estratégias Pedagógicas:

• Motivar o aluno a utilizar ao máximo o potencial visual mesmo nos descolamentos de retina ou em degenerações progressivas. Nos descolamentos deretinaoureduçãoextremadocampovisual,asdificuldadesdeleituraseacentuam.Entretanto,oprofessordeveencorajaroalunoautilizaravisãoresidual,semtemordeperdê-laougastá-la.

• Recursosdealtailuminação,controledeluzpordimmerepotencializaçãodecontrastes,melhoramodesempenhovisualdoaluno.

• Lápisoucanetasfluorescentesajudamnavisualização.• Naacuidadevisualmuitobaixaourestriçãoacentuadadocampovisual,a

cópiadalousasetornamuitodifícil.Podemserutilizadasampliaçõesparapertoourecursoseletrônicosparacópiadalousa,porvarredura.

• Lentesescurecidasmelhoramofuncionamentovisualeajudamnasatividadesrecreativas.

GLAUCOMA

Decorrentedaalteraçãonacirculaçãodolíquidohumoraquoso,responsávelpelanutriçãodocristalino,írisecórnea.Háoaumentodapressãointra-ocular.

Page 32: Alunos cegos

30

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Ossintomasmaisfreqüentes:dorintensa,fotofobia,olhobuftálmicoeazulado.Háestudosrecentesqueapontamumapredisposiçãogenéticaparaoglaucomacongênito.Émais freqüenteapósa4ªdécada, emaltashipermetropias, emdiabéticoseemnegros.

Otratamentoécirúrgicoeomaisprecocepossívelobtendobonsresultados.Podehavercomplicaçõescomoluxaçõesdocristalino,descolamentoderetina,atrofiaóptica e hemorragias.

Oglaucomapodeestar associadoa aniridia, (ausênciade íris) síndromedeMarfan,AxenfeldeSturge-Weber.

Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:

• Iluminaçãopotentesemreflexoebrilho;• Lupademesacomiluminação;• Altocontrasteefiltros;• Lupasmanuais;• Paraleitura,lentesmicroscópicas;• Paralonge,telelupasdebaixadioptria(di).

Estratégias Pedagógicas:

• Compreenderqueoníveldevisãodoalunocomglaucomaflutuamuito.Eleseestressacomfreqüênciapelador,fotofobiaeflutuaçãodavisão.Istonãosignificaqueoalunosejadesmotivadoepreguiçoso.

• Analisar, cuidadosamente, as alteraçõesde campovisualquepodemserdiferentesemcadaolho.

• Ajudar o aluno a compreender e buscar a melhor posição para o trabalho visual.• Ajudaroalunoaidentificaromelhorequipamentodemagnificação,delupas

manuais,decopo,mesaoulupasiluminadas.Muitasvezesaadaptaçãodessesauxíliosficamdificultadaspelareflexodeluzebrilho.

• Compreenderqueemvirtudedasalteraçõesdecampovisual,nemsempreomaterialampliadofacilitaadiscriminaçãoealeitura.

• Utilizarporta-textoparamaiorconfortoparaaleitura.

Page 33: Alunos cegos

31DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

CATARATA

Éaopacificaçãodocristalino,produzindoa leucocoriaoumanchabrancanapupila.Ascausascongênitaspodemserdecorrentesdarubéola(síndromedarubéola congênita),do sarampo,de fatorhereditário,do citomegalovirus,datoxoplasmoseedasífilis.AlteraçõescromossômicascomoSíndromedeDown,Lowe,Trissomia13-15eSíndromedeCockayne.

Podeocorrertambémporirradiações,medicaçõestóxicaseconsumodedrogas.A catarata congênita é umadasmaiores causasde cegueirana infância.Aprevençãoimplicaemcirurgiaprecocee,principalmente,avacinaçãoecontroleepidemiológicodarubéolaeoaconselhamentogenético.

Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:

• Lentedecontatoouóculos;• Lenteintra-ocularnosprimeirosanosdevidapodeocasionarmaisrejeição,

sendodesaconselhávelpelamudançaderefração;• Óculosdeaté20di sãobemaceitospor crianças,podendoser tentadaa

correçãodahipermetropia e astigmatismo.Osbifocais commaisde6dipodemsertestados;

• Lupademesailuminada;• Lupasmanuaistiporégua;• Controle de iluminação no ambiente.

Estratégias Pedagógicas:

O aluno que teve a catarata operada precocemente e com boa correção óptica dificilmentenecessitarádeajudasadicionais.

Noscasosdealtascorreçõesópticas,hánecessidadedegrandeaproximaçãodomaterialaserlido,oquepodeacarretarcansaçoeestressenaleitura.Éimportanteinvestigarcomoalunoeomédico,seumacorreçãoópticademenordioptriacomadiçãomanualnãofavoreceoprocessodeleitura-escrita.

Nascataratasnãooperadas,lupasiluminadasecontroledeiluminaçãonoambientecomlumináriasdefocodirigíveispodemmelhorarodesempenhovisual.

3. Intervalo (15 min.)

Page 34: Alunos cegos

32

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

4. Continuação do estudo do texto (1h e 45 min.).

5. Almoço (2 h)

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO04horas

1. Continuação do estudo dos textos (2 h)Reiniciandoostrabalhos,osparticipantesdeverãoretomaraorganizaçãoempequenosgrupos,paratérminodaleituradostextos.

2. Preparação das questões para gincana (30 min.)Emseguida,oformadordeveráorientarosparticipantesquantoàsregrasdeorganizaçãodagincana.Deverácomeçarpeladivisãodosparticipantes,destavez,emdoisgrupos:AeB.Cadagrupodeveráelaborarde25a30questões,relativasaoconteúdodostextoslidoseestudadosnessedia;serãousadas,duranteagincana,somente15,maselasnãopoderãoserrepetidas,deformaqueéinteressantequecadagrupotenhaquestõesextrasparausar,casooadversário apresente primeiro uma de suas questões.

O tempo de desenvolvimento da gincana deverá ser cronometrado rigorosamente pelo coordenador e não será permitida a consulta a qualquer material.

3. Intervalo (15 min.)

4. Efetivação da gincana (1 h e 15 min.)Deverásersorteadoogrupoqueiniciaráagincana,propondosuaprimeiraquestão.Ogrupoadversárioteráaté01minutoparainiciararesposta.Caberáàplenáriadizersearespostaestáounãocorreta,eaoformador,ovotodeMinerva,casonãoseobtenhaconsenso.

Ospontosdeverãoserregistrados,peloformador,emlocalvisívelparatodos.Agincanaserávencidapelogrupoqueprimeiroatingir15pontos.

Page 35: Alunos cegos

33DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

2º ENCONTRO

2. CONSEqUÊNCIAS DA DEFICIÊNCIAVISUAL: IMPORTÂNCIA E MÉTODO

DE TRIAGEM DIAGNÓSTICA

TEMPO PREVISTO08horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condições para que cada participante discuta sobre algumas das possíveisconseqüênciasdadeficiênciavisual(ref.aexpectativa2)eaprendaaaplicarotestedeacuidadevisual(ref.aexpectativa3)

MATERIAL Textos:SÃO PAULO. O Deficiente Visual na Classe Comum. SãoPaulo:SE/CENP,p.

13-15,1987.

BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental - Deficiência Visual,volume1,p.39,41-46.Brasília:MEC/SEESP,2001.

• Listadetarefasaseremdesempenhadasduranteatividadedesimulaçãodecegueira.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

Page 36: Alunos cegos

34

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

1. Leitura do texto (45 min.)Sugere-sequeoformadorproponhaaosparticipantesquesedistribuamemgruposdeatécincopessoas,paraleituraediscussãodoseguintetexto:

qUAIS AS REAIS LIMITAÇOES DECORRENTES DA DEFICIÊNCIA VISUAL? 2

Talvezumadasmaioresdificuldadesenfrentadaspeloportadordedeficiênciavisualresidanafaltadeumacompreensãosocialmaisprofundaarespeitodasreaisimplicaçõesdacegueira,oudabaixavisão.

Éfreqüenteencontrarmosníveisbastantebaixosdeexpectativacomrelaçãoaorendimentoacadêmicododeficientevisual.

O fato,motivado pelo desconhecimento das possibilidades da pessoa quetemessadeficiênciagera,muitasvezes,afalsaconvicçãodequeàdeficiênciavisual sevinculamsempredificuldadesdeaprendizagemeatémesmodéficitintelectual.

Comoconseqüência,ocorre,nãoraro,encontrarmoscriançasportadorasdebaixavisãosendo tratadascomose fossemcegasou identificadascomodeficientesmentais,semqualquerestimuloparamelhorutilizaçãodesuavisãoremanescenteou de oportunidade para o desenvolvimento de suas potencialidades.

Estudos têmdemonstrado,porém,que,dopontodevista intelectual,nãohádiferençaentreodeficiente“visual”easpessoasdotadasdevisão.Apotencialidadementaldoindivíduonãoéalteradapeladeficiênciavisual.Oseunível“funcional”,entretanto,podeestarreduzido,pelarestriçãodeexperiênciasque,adequadasàssuasnecessidadesdematuração,sejamcapazesdeminimizarosprejuízosdecorrentesdodistúrbiovisual.

Essaausênciadeestimulaçãoou“restriçãodeexperiências”podeameaçarodesenvolvimentonormaldoprocessoeducativodacriançaprivadadevisão,principalmente naqueles aspectos relacionados às habilidades que envolvem

2 São Paulo.CoordenadoriadeEstudoseNormasPedagógicas.Odeficientevisualnaclassecomum.SãoPaulo:SE/CENP,p.13-15,1987.

Page 37: Alunos cegos

35DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

autilizaçãodoscanaisvisuais,taiscomoosaspectosligadosàsáreasdeaquisiçãodeconceitos,orientação,mobilidadeecontroledoambiente.

Apercepçãodomundo,pelacriançavisualmenteprejudicada,éobtidaatravésdosseussentidosremanescenteseaspistasporelesfornecidaspodemlevarainformaçõesincompletas,originando,muitasvezes,conceitosdiferentesdaquelesobtidoseutilizadospelosquepossuemumavisãonormal.Exemplodissoéaredaçãoelaboradaporumacriançacegacongênita,alunadeclassecomum,2ª sériedeumaescoladaredeestadualdeensino.

“Minha mãe é azul, olhos verdes, boca vermelha.Às vezes minha mãe é brava.

Ela faz carinho, amorosa, muito linda, linda, linda, linda!”

Qualafonteperceptivaquealevouaconceituaramãecomo“azul”?

Narealidade,apalavra“azul”erafreqüentementeempregadapelaprofessoraaocomentarcomosalunossobreabelezadodia:“océuestámuitoazul,muitolindo”.

Separaacriançadevisãonormal,acompreensãodevetersidoconcomitantepelavisãodocéuazuloupelamemóriavisualquedelepossui,paraaportadoradecegueiracongênita,ainexistênciadeimagemmental,querepresentasseocéuouacor,devetê-lalevadoaumprocessomentalqueacreditamosser:

céuazul/céulindo céunãoazul/céunãolindo céumuitoazul/céumuitolindo muito azul/ muito lindo.

Paraela,apalavra“azul”passouasignificar“lindo”, tudoqueé lindo,muitolindo,éazul;mamãeémuitolinda,entãomamãeéazul.

Concluímosmaisumavezque,numacultura comoanossa, ondea grandemaioriadasatividadesgiraemtornodeestímulosvisuais,ondeaprogramaçãoeducacionalseorientaquasequeexclusivamenteparaumaaprendizagemvisual,oindivíduo,portadordecegueiraoudebaixavisão,hádeseencontrarsempreemsituaçãodedesvantagememrelaçãoaquelesconsiderados“normais”.

Page 38: Alunos cegos

36

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Outrosérioproblemadodeficientevisualéasuageralmenterestritapossibilidadedesemoverlivremente,emambientesnãofamiliares.

Dadaa importânciadessa locomoção independente - fator essencialparaoajustamentopessoaleadequaçãosocialdodeficiente-éenfatizadaanecessidadededesenvolver,nacriançaportadoradessalimitação,habilidadesdeorientaçãoemobilidade, ou seja, capacidadeparaquepossa,utilizando-sede todas asinformaçõessensoriaisfornecidaspeloambiente,reconhecê-loesituar-senele,numainteraçãoquelhepermitainfluireserinfluenciadaporele.

Embora possamos considerar a restrição à mobilidade independente e à percepção globalediretadomeiocomolimitaçõesbásicas,impostasporumadeficiênciavisualgrave,nãopodemosnosesquecerdequedelaspodemdecorrermuitasoutraslimitações,variandoemgraueocorrênciaparacadaindivíduo,deacordocomsuacapacidadedeutilizaçãodetécnicaseprocedimentoscompensatórios,desuareaçãoàspráticaseexpectativassociaisque,deacordocomTelford,podemlheimpedirodesenvolvimentoeoexercíciodeaptidõesecompetênciasqueohabilitariam a se tornar uma pessoa independente.

QUE VARIÁVEIS PODEM INFLUIR NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO DEFICIENTE VISUAL?

Dentreosfatoresquepodeminfluirnodesenvolvimentodoprocessoeducativododeficientevisual,algunsmerecemserdestacadosafimdeque,conhecendo-os,oprofessorpossaatuarsobreeles,superando-osouatenuandoseusefeitos.

Idade da manifestação:Afasedavidaemqueoindivíduosetornoudeficientedetermina a necessidade de atenção especial para alguns aspectos do seu processo educacional.Aexistência (ounãoexistência)de imagensvisuaisacumuladaspeloportadordessadeficiênciairádeterminaraconstituiçãodeumconjuntodenecessidadesespecíficas,bemcomoexigiraadequaçãodetécnicasedeestratégiasdeensino,casosedesejeumaefetivaaprendizagem.

Oportadordecegueiracongênita,ouaquelequeperdeuavisãonosprimeirosanosdevida,nãoconserva imagensvisuaisúteis.Experimentaomundoqueo cerca através do tato, da audição, do olfato, dopaladar, percebendo-o einterpretando-o,muitasvezes,demaneiradiferentedaquelaqueosdemaisofazem.Freqüentemente,também,teráquerepresentaromundoatravésdeumalinguagem cujos signos nem sempre coincidem com suas vivências pessoais.

Page 39: Alunos cegos

3�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Este fato ressalta a necessidadede se prover estímulos complementares àexposiçãodoconteúdoquesepretendatransmitiraoalunodeficiente,atravésda multiplicação de vivências perceptivas em torno de uma mesma noção.

Para o indivíduo que perdeu a visãomais tarde em sua vida - depois dealfabetizadopor tipos impressos,por exemplo, - abagagemde informaçõesvisuaisdeve constituir elemento facilitadorparaa continuidadedoprocessoeducacional.Entretanto,aperdapodeacarretarsériasconseqüênciasemocionaisepedagógicas.Anãoaceitaçãodadeficiência,muitasvezeslevaoalunoaoferecerresistênciaàutilizaçãoderecursosetécnicasquefavoreçamaminimizaçãodaslimitaçõesimpostaspelodistúrbiovisual.

O tempo transcorridodesdeaperdaéoutrofatorimportantenoprocessodeadaptaçãodoindivíduoàsituaçãoeducacional.Aquelequeconvivecomafaltadevisãohámaistempoestáemsituaçãodiferentedaquelequeaindaseencontrasob o impacto emocional de uma perda recente.

O tipo de manifestação-Oindivíduoqueperdeavisãosubitamente,podeter,emfacedaincapacidade,reaçõesemocionaisdiferentesdasdaquelecujavisãovaiseapagandolentamente.Numaperdalenta,apessoaviveumprolongadoperíodode insegurança e angústia, enquantoquenaperda súbita, apessoasofreum impactocuja intensidadee recuperação irãodepender tantodesuaprópriaestruturaecapacidadedeaceitação,comodascondiçõesdoseumeiosociofamiliar.

Àmedidaque,quernaperdagradual,quernasúbita,diferentesreaçõespodeminfluirnoajustamentoemocionaldoindivíduo,édeseesperarqueelaspossamtrazerimplicaçõestambémaodesenvolvimentodoseuprocessoeducacional.

A causa do distúrbio-Oconhecimentodacausadoproblemapoderáindicarseoestadogeraldoindivíduoestácomprometido,seoprocessopatológicoselimitaaosolhos,qualéotratamentoministradoequaissãooscuidadosnecessários.Acondutadodeficientevisualpodeserafetada,ainda,porumprocessodoloroso,comoacontecenoglaucomacongênito,ou,dentreváriosoutrosmotivos,porumrelacionamentoalteradocomospais,quando,porexemplo,odistúrbioocularéconseqüênciadeumadoençavenérea.”(SãoPaulo,1987)

2. Discussão do texto em plenária (45 min.)

Page 40: Alunos cegos

3�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

3. Intervalo (15 min.)

4. Preparação da simulação (30 min.)Findaa leituraeadiscussão sobreo texto,o formadordeverádar inícioà organização do grupo para a atividade de simulação da cegueira. Os participantesdeverãoconstituirduplas,asquaisdeverãoreceberduasfaixasdegaze,sendoumaparacadaparticipante,comasquaiscadaumdeveráterseusolhosvendados,impedindoqualquerpossibilidadedevisão.

Enquantoumdosparticipantesdaduplaestiver comosolhosvendados,ooutro servirádeacompanhante.Após30min. ea execuçãodas tarefassolicitadas,ospapéisdeverãoser invertidos,passandooacompanhanteaservendadoeo“cego”,aseroacompanhante.Enquantoacompanhantes,osmembrosdogrupodeverãoobservarasexpressões faciaiseamaneiracomoseuparceiroadministraaausênciadaviavisual,comoinstrumentoderelação com a realidade.

Aspessoasnãopoderão,sobhipótesenenhuma,utilizar-sedavisãocomorecursoparaexecuçãodas tarefaspropostas.Para tanto,deverão ter seusolhosvendadosdeformaaimpossibilitaroreconhecimentovisualdepessoas,lugares e objetos presentes no espaço.

Acadaparticipantedeveráserdadaumacópiadalistadetarefas.Estadeveráserexecutadaenquantooparticipanteestivercomosolhosvendados.Assim,primeiramenteumdesempenharásuastarefas,enquantoqueooutrosóofaráquandoospapéisforeminvertidos.

LISTA DE TAREFAS A SEREM DESEMPENHADAS DURANTE ATIVIDADE DE SIMULAÇÃO DE CEGUEIRA

1. Dar uma volta pelo quarteirão.2. Tomaráguaembebedouropúblico.3. Darumtelefonema,deumaparelhodetelefonepúblico.4. AssistirprogramadeTVpor05minutos.5. Consultartextodisponívelsobreamesadocoordenadordogrupo.6. Registrarseussentimentossobreaexperiência,emfolhadecaderno.7. Usar o sanitário.8. Comprarbalaemumbar,cantina,ouqualqueroutroestabelecimentopróximo.9. Solicitarqualquerinformaçãodealgumtranseunte.10.Assinarumalistadepresença.

Page 41: Alunos cegos

3�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

5. Simulação (45 min.)

6. Plenária (1 h)Apósavivênciadasimulação,ogruposereuniráemplenáriaparadiscussão.Oformadordeveráestimularquecadaumexpliciteoquesentiu,oquepensou,enfim,quesignificadoteveavivênciaparacadaparticipante.

O formador, deve, também, incentivar os participantes a apresentaremsugestões sobrecomo tornarmaisviável,parao sujeito cego, executarastarefasemquestão.

7. Almoço (2 h)

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO04horas

1. Estudo dirigido (45 min.)Dando início às atividades deste encontro, o formador sugerirá aosparticipantesqueretomemaorganizaçãoempequenosgrupos,paraaleiturae discussão sobre o texto abaixo.

TRIAGEM OCULAR3

Aavaliaçãodaacuidadevisual,porsisó,nãoéfatordeterminantenadetecçãodadeficiênciavisual;associadaaela,édesumaimportânciaaobservaçãodossinais,sintomasecondutasdoaluno.

Noexameoculardebebês(pelométodoTeller)(apartirdo1ºmêsdevida)edecriançasapartirde2anos(TesteBust,LH,LightHouse)jáépossíveldetectaradeficiênciavisual.Infelizmente,taistestesnãoseencontramdisponíveis,emlargaescala,nomercadonacional.

3 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual, vol.1,p39,41-46.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 42: Alunos cegos

40

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Teste Bust

Teste Light House

Ospaiseprofessoresdecriançasdeberçário,decreche,dapré-escolaedeescolasdoensinofundamentalpodemsolicitar,emcasodapresençadesintomasoudesinais,umaavaliaçãofuncionaldavisãoparadetecçãodepossíveisalteraçõesno desenvolvimento visual.

Funções da Escola• Aplicar testes para triagemocular de pré-escolares para verificaçãoda

acuidadevisual;

• Encaminhar a criança, comurgência, aomédicooftalmologista, quando

Teste Light House

Teste Bust

Page 43: Alunos cegos

41DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

necessário;

• Proporcionar orientação quanto à higiene e à prevenção dos problemas

oculares;

• Buscar,juntoaospaise/ouàcomunidade,recursosparaomelhoratendimento

da criança.

Ométodomaissimpleseeficazdeavaliaçãoedetriagemdepré-escolaresede

escolareséorealizadoatravésdaEscalaOptométricadeSnellenoutestedoE

(ganchos)quepodeseraplicadoemcriançasmaioresde4anos.

OtestedeSnellennãoéadequadoparaaavaliaçãodeacuidadevisualdecrianças

combaixavisão,sendoaconselhávelutilizá-loapenasparatriagemdapopulação

escolar.

Aplicando o teste de acuidade visual

Primeiramente,selecionaromaterialnecessário:

• EscalaoptométricadeSnellenouLightHouse;

• Ponteirooulápispreto;

• Fitamétrica;

• Giz,cadeira;

• Modelodo“gancho”,confeccionadoemcartolinaoupapelcartãopreto;

• Cartãoparacobriroolho;

• Listanominaldosalunospararegistrodosresultados.

Aseguir,providenciarolocaladequadoparaaaplicaçãodoteste:

• Ternomínimo5(cinco)metrosdeespaçolivre;

• Terboailuminação,semofuscamento(luzdevevirdetrásoudosladosda

criançaqueserátestada);

• Sembarulhoesemestímulosquedesviemaatençãodoaluno.

Tomadasestasprimeirasprovidências,procede-sedaseguintemaneira:

• Colocaratabelademodoquealinhacorrespondenteàacuidade1.0fiqueno

níveldosolhosdacriança,quandosentada;

• Riscarnochãoumalinhaàdistânciade5(cinco)metros,paraindicaronde

oalunodeverácolocar-seduranteaaplicação;

• Colocarumacadeiracomospéstraseirossobrealinhariscadanochão;

• Apontaros“ganchos”depreferência,comlápispreto.Grandepartedoêxitodotestedeacuidadevisualdependedopreparoprévio

Page 44: Alunos cegos

42

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

dos escolares.

Paratanto,oprofessordeveexplicardetalhadamenteoquevaifazer,mostrandoasdiferentesposiçõesnasquaisos“ganchos”aparecemnatabela.Comauxíliodomodelo,verificarseaexplicaçãofoibemcompreendida,pedindoacadaalunoqueinformeaposiçãodeumdos“ganchos”.

Individualmenteexplicaraoaluno,juntoàtabela,oqueseesperaqueelefaça,mostrandoumoudois“ganchos”everificandoseeleentendeubemoquefoipedido.Àdistânciade5metros,colocaroalunosentadonumacadeira,emfrenteàtabela.Ensinaracobrirumolhocomocartão,colocadoobliquamentesobreonariz,sempressionarogloboocular(oolhodevepermaneceraberto).

Quanto à aplicação propriamente dita, são os seguintes os cuidadosnecessários:• Seacriançausaróculos,testarprimeirocomelesedepoissemeles;• Testarsempreoolhodireito(O.D.)primeiroedepoisoesquerdo(O.E.),para

evitarconfusãonasanotações;• Usarlápispreto,ouponteiro,paraindicarosinalaserlido;• Começarde cimaparabaixo indicandodoisou três sinaisde linha, sem

estabelecerrotina;• Mudardeumsinalparaooutro,ritmicamente,evitandoapressaroaluno,

massemdemorardemasiadamente;• Mostraromaiornúmerodesinaisdaslinhas0,9e1,0;• Seacriançaficarindecisaemdeterminadalinha,indicarumnúmeromaior

desinais,paracertificarseérealmentefalhadevisão;• Anotarcomoresultadodoteste,ovalordecimalcorrespondenteàúltimalinha

emquenãoencontroudificuldade,registrandoseparadamenteosresultadosdeO.D.eO.E.Exemplo:O.D.=1,0O.E.=0,8;

• Quandoacriançanãoenxergarossinaismaiores–linha0,1–registrar“<0,1”(menordoque0,1);

• Registrarnacolunadeobservações,sinaisousintomaspercebidosduranteoteste,bemcomoseoalunoestiveremtratamentooftalmológico;

• Encaminharaooftalmologista,prioritariamente,oalunoqueobtevenotesteresultadoigualouinferiora0,8emqualquerolho,ouqueapresentediferençade duas linhas ou mais entre os resultados de um e de outro olho.

Antesde fazeroencaminhamento,realizeoreteste,usandoamesmatécnicadescrita.

2. Seleção dos materiais e preparação do ambiente (30 min.)

Page 45: Alunos cegos

43DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Apósaleituradotexto,osparticipantesterãocomotarefaaorganizaçãodaatividadepráticadeaplicaçãodotestedeacuidadevisual,atravésdaescalaoptométricadeSnellen.

Paratanto,deverãoprovidenciarosmateriaisnecessáriosàaplicação,verificaraadequaçãodolocalaserrealizadootesteeprepararoambiente,observandoas recomendações constantes do texto.

3. Intervalo (15 min.)

4. Execução de exercício prático (1 h e 30 min.)Retornandoàsatividades,osparticipantes,organizadosemduplas,deverão,primeiramente,realizaraaplicaçãodotestedeacuidadevisual,deformaquesejafeitoumrevezamento,ouseja,aquelequeéoaplicadornaprimeiravez,coloca-senopapeldealunonasegundavez.

Essadinâmicadeverápermitirquetodososparticipantesrealizemafunçãodeaplicadores,bemcomorepresentemoalunoavaliado.Aoformadorcaberáalertá-los sobreanecessidadedeatenção comamaneirade registrarosresultadosobtidos,poisessemesmoregistroseráposteriormenteanalisadopelo grupo.

5. Plenária (1 h)Depois que todos os participantes tiverem aplicado o teste e terem sido sujeitosdaaplicaçãodeveráserdadoinícioàdiscussão,emplenária,sobreaatuaçãodecadaumcomoaplicadordoteste,sobresuasdúvidaseincertezasaoavaliarodesempenhoemacuidadevisualdocompanheiro,bemcomosobreasprovidênciasaseremtomadasapartirdaí.

Oformador,nopapeldemediador,poderáexporsuasprópriasobservaçõesacercadoexercícioprático,orientandoosparticipantesquantoaoquetiverobservado.Éimportantequenestemomentooformadorenfatizeosaspectosque devem ser respeitados para a realização da triagem.

Paraterminaraatividade,osparticipantesdeverãoanalisarosresultadosobtidos e, combaseno texto lido, identificarpossíveisnecessidadesdeencaminhamentoprofissional.

Page 46: Alunos cegos
Page 47: Alunos cegos

45DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

3º ENCONTRO

3. SUPORTES PARA O ALUNO COMDEFICIÊNCIA VISUAL: ESTIMULAÇÃOSENSORIAL E RECURSOS ÓPTICOS

TEMPO PREVISTO07horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condições para que cada participante:• reconheça a importância da estimulação sensorial para a aprendizagem e

paraodesenvolvimentodoalunocegoedoalunocombaixavisão.(ref.aexpectativa4).

• reconheçarecursosópticosdisponíveisparaoalunocombaixavisão(ref.aexpectativa5).

MATERIAL Texto:São Paulo. O Deficiente Visual na Classe Comum,p. 19-21.SãoPaulo:SE/

CENP,1987.

Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.1,p.74-78.Brasília:MEC/SEESP,2001.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO 04horas

Page 48: Alunos cegos

46

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

1. Leitura e discussão do primeiro texto (1 h)Dandoinícioàsatividadesdesseencontro,o formadordeveráproporqueosparticipantessedistribuamemgruposdeaté05pessoas,paraleituraediscussão do texto abaixo:

qUAL A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SENSORIAL PARA O ALUNO DEFICIENTE VISUAL?4

Comoascriançasdeficientesvisuaisgeralmenteadquiremseuconhecimentopormeiodeexperiênciasquenãoincluemousodavisão,faz-senecessárioquelhessejamoferecidasoportunidadesparadesenvolverossentidosremanescentes:tato,audição,olfatoemesmopaladar.

Noambientedaescola,oprofessorpodeaproveitarváriosmomentosesituaçõesparaqueoalunoidentifiquesons,discrimineodores,experimentediversossaboresediferencieosmaisvariadosmateriais,proporcionando,destamaneira,nãosóparaoalunodeficientevisual,comoparatodososalunos,umdesenvolvimentosensorial harmoniosoque favorecerá tantooprocesso educacional, comoaorientaçãoeamobilidadedodeficientevisual.

Audição

Pedir ao aluno que discrimine os diversos tipos de sons existentes:• Na salade aula: ventilador, gizna lousa, abrir e fechar cortinas, porta,

armário;• Nasecretaria:máquinadedatilografia,gavetadearquivo, telefone,rádio,

relógio,campainha;• Na cozinha: talheres, copos,pratos, torneira aberta,diferentes fervuras,

queimadoresdefogãoaceso;• Nobanheiro;descarga,lavatório,chuveiro;• Nopátio:vassouraserodossendousadosnalimpeza,baldesenchendode

água,esguicho.

É importanteque ele aprenda adiscriminar tambémsons externos: carro,

caminhão,ônibus,sirene,pássaros,sonsmusicais,vozesdeanimaiseoutros.

4 SÃO PAULO. O Deficiente Visual na Classe Comum.SãoPaulo:SE/CENP,p.19-21,1987.

Page 49: Alunos cegos

4�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Semprequepossível,pediraoalunoquelocalizeasfontessonoraseidentifiqueaspessoasecolegasdeseucírculodeamizade,pelavoz.

Oprofessor pode, então pedir ao aluno que, localizada umadeterminadafontesonora,dirija-seatéela.Exemplo:umabatidanaporta,acampainhadotelefone,etc.Issocapacitaráoalunoafazerusodaaudiçãoparasuaorientaçãoe mobilidade.

Comoexercícioparaqueoalunopossachegaràfontesonora,oprofessorpodeproceder da seguinte maneira:

Emlocalsemobstáculos,quepodeseropátio,oprofessordeveafastar-sedoalunoalgunspassose,falandosempre,pedirquevenhaatéele.Quandooalunoalcançarêxito,oprofessorrepetiráaexperiência,sóque,agora,silenciando-seassimqueelecomeçaraandar.Casooalunosedesviedadireção,oprofessordeveráfalarnovamente,atéqueconsigacorrigirorumo.

Édegrandevaliaqueoalunosejacapazdeencherumcopocomlíquido(detorneira,jarraougarrafa)semderramá-lo,apenasutilizando-sedaaudição.

Tato

Ofereceraodeficientevisualamaiorvariedadepossíveldemateriaiscomo:tiposdiferentesdepapel,detecido,demadeira,decouro,deamostrasdetapetes,defios,deplásticos,delixas,etc..Comestesmateriais,pedir-lhequediscrimineespessura,tamanhoetextura:grosso,fino,pequeno,grande,liso,rugoso,macio,áspero,etc..

Apresentaraoaluno sólidosgeométricos feitosemmadeiraouemcartolina,linhasdeváriostiposemrelevoecoladasemcartão,desenhossimplesdeobjetosconhecidos contornados com lã ou barbante. Permitir que o aluno explore à vontadeomaterial,identificando-oerelacionando-ocomaquiloqueédoseuconhecimento e de seu ambiente.

Fazercomqueoalunopercebaasváriassensaçõestérmicas:quente,frio,morno,gelado,etc.

Proporcionarcondiçõesparaquepossaidentificaraconsistênciade:óleo,pasta,creme,cera,graxa,bemcomodediferentestiposdealimentoscrusecozidos.Eledeverásercapazdereconhecertodosestesprodutos,utilizando-se,também,deumtipodeinstrumento,comoporexemplo,umaespátulaouumtalher.

Page 50: Alunos cegos

4�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Todasestasatividadesserãodegrandevaliaparaaadequaçãosocialdoaluno,poispossibilitamodesenvolvimentodehabilidadesnecessáriasàsdiferentessituações de sua vida diária.

Olfato

Pediraoalunoqueidentifiqueváriosprodutos,pelocheiro(odor).Exemplos:odores fortes:gasolina, álcool,naftalina, inseticida,desinfetante, cera, etc.Aseguir, produtos comodoresmais suaves: sabonete, talco, pastadedentes,perfume;odoresdealimentos:frutas,carnes,cafécebola,alho,etc.

Solicitaraoalunoqueprocurereconhecer,peloolfato,algumasdependênciasdaescolacomo:cozinha,banheiro,jardime,notrajetoentresuacasaeaescola:farmácia,açougue,barbearia,postodegasolina,padaria,etc.

Importante:Comoosentidodoolfatosatura-serapidamente,deve-seterocuidadodenãorealizarexercíciosmuitoprolongados.

Paladar

Permitirqueoalunoexperimentealimentoscomosprincipaissabores:amargo,doce,azedo,salgado,picante,nãohavendonecessidadededegluti-los.

Sentidos integrados

Acompanharoalunopelasdependênciasdaescola,pedindo-lhequeidentifiqueosváriosestímulos,procurandolocalizarafonte.Estesestímulospodemser:vozes,ruídos,perfumes,odores,etc.

Fazendousodetodosossentidos,eledeveaprendera localizar-senoespaçofísicoconhecidoelocomover-secomsegurança.Pedirqueinformecomoestápercebendooambiente:tipodepiso(terra,cimento,madeira,grama,cerâmica),ventilação,espaço,númerodepessoas,etc.(SãoPaulo,1987).

2. Organização e distribuição de tarefas (1 h)Emseguida,oformadordeverásolicitarquecadagrupoescolhaumdossentidos(quenãoavisão:audição,tato,olfato,paladar),garantindoquetodos os sentidos estejam representados na turma. Não há problema se

Page 51: Alunos cegos

4�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

maisdeumgrupoescolheromesmosentido,mastodosossentidosdevemserfocalizadospor,pelomenos,umgrupo.

Oformadordeverá,então,solicitarque,decadasubgrupo,umdosmembrossaiadasala.Esteserá,posteriormente,chamadodevoltaparaasala,momentoem que deverá representar o papel de um aluno cego. Os participantes escolhidosparadeixarasaladeverãopermanecerforadela,enquantocadagrupodesenvolveatarefaquelhesserádada.

Apósasaídadessesparticipantes,cadasubgrupodeveráelaborarumalistadepelomenos03atividadesaseremdesenvolvidas,posteriormente,peloparceiroqueseretiroudasala,atravésdautilizaçãodosentidoescolhidopelo seu subgrupo.

Apósotérminodoplanejamento,osparticipantesqueseencontramforadasaladeverãoserchamadosdevolta,vendados,deformaanãopoderemcaptarqualquerestímuloatravésdaviavisual,eentão,solicitadosadesenvolverastrêsatividadesplanejadaspelo seugrupo,utilizando-seespecialmentedosentido escolhido pelo grupo.

3. Intervalo (15 min.)

4. Execução das atividades (45 min.)Oformadordeverá,então,solicitarqueumgrupoapósooutrodesenvolvaasatividadesplanejadas,emorganizaçãodeassembléia,deformaquetodospossamassistirodesempenhodosparticipantesvedados,membrosdetodosos grupos.

5. Discussão em grupo (1 h)Apóso intervalo, o formadordeverá solicitarque todososparticipantesdiscutamospontosdeadequaçãoeosdeinadequaçãoidentificadosduranteaatividade.Deverá,também,solicitarquesugiramestratégiasparafavorecereadequarodesenvolvimentodasatividadesàscondiçõesdo“aluno”cego.

Incentiva-sequeosparticipantesquevivenciaramasituaçãoda“cegueira”compartilhemsuaspercepções,sentimentosemanifestemsuasnecessidades.

6. Almoço (2 h)

Page 52: Alunos cegos

50

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO03horas.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Leitura e discussão sobre o texto referente a recursos ópticos (1 h 30 min.)Osparticipantesdeverãoretornaràorganizaçãodepequenosgrupos,paraleitura,estudoediscussãodosegundotexto.

Dadaapresençadeinúmerostermostécnicos,possivelmentenãofamiliaresaosprofessores,sugere-seque:

• Aleiturasejafeitaemvozalta,sendocadatópicolidoporumapessoadiferente.Com isso, pode-se evitar o tédiona atividadede leitura ediscussão.

• O grupo atribua a cada participante a responsabilidade de um conjunto de conceitos.

Destaforma,todososparticipantesdogrupolerãootexto,emsuaíntegra,mascadaumdeverásercapazdeexpor,emplenária,osconceitosqueficaramsob sua responsabilidade.

Cadamembrodogrupopode(edeve)prepararsuaapresentaçãodosconceitosquelhecouber,utilizando-sedesuacriatividade(usodedramatização,cartazes,criaçãodeprotótipos,etc...).

ADAPTAÇÃO DE RECURSOS ÓPTICOS ESPECÍFICOS5

SegundoBarraga(1985),acapacidadedefuncionamentoeodesenvolvimentoda eficiência visualdependem, fundamentalmente, da experiência visual.Aoportunidadedeenfocar,deolharedeinterpretarimagensvisuaisémecanismoativadordasfunçõescerebrais.

5 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.1,p.74-78.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 53: Alunos cegos

51DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Muitosindivíduoscombaixavisão,severaoumoderada,poderãosebeneficiar

daajudaderecursosópticosespecíficos,parapertooulonge,comoformade

facilitaroprocessodeensinoeaprendizagem.

Osmesmosrecursosópticostêmafunçãodecorregirasametropias,ouseja,

melhorarafocalizaçãoporampliação,proporcionandomaisnitidezdeimagem

pelacorreçãodarefração.

Comadaptaçãoderecursosópticosesféricosadequados,aampliaçãodaimagem

retinianapermiteaconexãocelulareaformaçãodeimagensnítidasedetalhadas

quepossibilitamodesenvolvimentodaeficiênciavisualparaatividadesdeperto,

comoleitura,escrita,visualizaçãodateladocomputador,TVeadecodificação

deestímulosvisuaisalongadistância.

Osrecursosópticosespeciais,geralmentecaracterizadosporlentesdegrande

aumentoparacorreçãodavisãodepertooulonge,são:

a) Auxílio para perto

• Óculosbifocaisoumonofocais

• Sistemas telemicroscópicos

• Lupasmanuaisedeapoio

Óculos bifocais e monofocais

Osbifocaisaumentama imagemdoobjetoedãomaisnitidez comas lentes

convergentesde+4,+6,+8,+10DE.

Óculos bifocais e monofocais

Page 54: Alunos cegos

52

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Lentes esferoprismáticas

Sãoformadasporlentespositivasconvergentescomadiçãodeprismanabasenasalparamelhorarafixação,aconvergênciaedarconfortoparaatividadesdeleitura. Essas lentes geralmente são combinadas em seu poder dióptrico como por exemplo:+5DE/7P(dióptricaeprismática).Menosde10DEsãoaconselháveisparaaspessoasquepossuemvisãobinocularoupoucaperdavisual,paramaioresde10DE/12Pmonoculares.

As lentesesféricaspodemser simples, semadiçãodeprisma, indicadasparapessoas com visão binocular ou monocular que não apresentam acuidade visual muitobaixa,poisvãoaté10DE.

Lentes asféricas

Sãolentesmonocularesemvirtudedaaltadioptria,variandode10DIasféricaaté24DI.

Sãoutilizadasparaatividadesdeleituraparaperto,eadistânciaolho-objetodevesermaispróxima,àmedidaqueaumentamasdioptrias.

Háumapequenafórmulaparachegar-seàdistânciafocal: F=100/D F=100/20D F=5cm

Adistância focal variadeacordocomapatologia,acuidadevisual eníveldemagnificaçãodalente.Adistânciaidealparamelhorarafunçãovisual,deveserpesquisadaindividualmentecomcadaaluno,poisdevevariarde15a5cmoumenos. Essas lentes podem ser montadas em óculos ou adicionadas tipo clipes.

Lentes microscópicas

Sãolentesdealtadioptria,com+28D,variandode7xaté12xdeaumento.Parachegaraovalordióptrico,multiplica-sepor4.

Essas lentes geralmente são prescritas para pessoas com acuidade visual muitobaixa.Comosãolentesconvexaspositivasdealtadioptria,adistânciafocalémuitopequena,comadesvantagemdelimitaçãoacentuadadecampovisual.

Page 55: Alunos cegos

53DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Comoa coordenaçãodosmovimentosoculares, apostura corretada cabeçaedasmãos sãonecessárias; o tempoémais longoe a adaptaçãodas lentesmicroscópicasémaisdifícil.Paramelhorconfortodoaluno,paraleitura/escrita,édefundamentalimportânciaautilizaçãodesuporteparaleitura/escrita,mesaadequada,pesquisade iluminaçãoe contraste, fatoresquepodem facilitarodesempenho visual.

Lupas manuais e de apoio

São recursos auxiliares importantes para pessoas que não se adaptam aos recursosdescritos,de fácilusoe funcionamento,dispensandoo treinamentopara adaptação.

As lentes manuais com lentes esféricas ou asféricas possuem melhor qualidade óptica.Variamde2xaté10xdeaumento.Adistânciafocaldaslentesmanuaisdeapoioétiradapelamesmafórmuladosóculos.

Aslentesmanuaisdealtadioptriatêmocampovisualmuitorestrito;jáaslupasdeapoiopossuemumcampovisualmaisampliado,porquesãodeaumentosmenores.Têmaindaavantagemdepossuir focomaisfixoedeixarasmãoslivres.Sãoaconselháveisparacriançasemetapapré-escolareidosos.

Tanto as lupas manuais como de apoio podem ser usadas como complementação deóculosespeciais.Podemseriluminadas,ounão,eterdiferentesformatos:lupasmanuais,tiporégua,copo,folha,lanterna,gancho,etc.

Lupas manuais e de apoio

Page 56: Alunos cegos

54

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Telemicroscópios em óculos

Sãotelelupasdeacoplagememóculosmonoculares,binocularesoumanuais,que permitem trabalho em uma distância maior.

Essaslentes,emboratenhamrestriçãodecampo,permitemconfortovisualpelaqualidade de iluminação e por deixar as mãos livres.

b) Auxílio para longe

Telelupas

Permitem o aumento e aproximação do objeto a ser visto. Há dois tipos:• Galilei–Formadaporduaslentes,umaconvergenteeumadivergente.São

muitopráticasedefáciladaptação.• KeplerouPrismática–Écompostaporduaslentesconvergentesqueinvertem

aimagem,porissoéusadacomlenteprismática.

As telelupas podem sermanuais ou acopladas a óculosmonoculares, oubinoculares. As telelupas binoculares geralmente são de pequeno poder dióptrico, e são indicadas para o uso de pessoas que têm acuidade visualsemelhante,emambososolhos.SãousadasparaassistirTV,teatroejogos.

As telelupas monoculares manuais são mais bem aceitas por alunos e adolescentes emfunçãodaestética,entretantotêmadesvantagemdenãoliberarasduasmãospara a escrita.

Paraosalunosquetêmdificuldadedecoordenaçãooculomotoraeoualteraçãodecampovisual,astelelupasmanuaissãodemaisfáciladaptação.

Osaumentosdastelelupasvariamde2xaté12x,sendomelhoriniciaroprocessode adaptação com aumentos gradativos.

Noprocessodeadaptaçãoderecursosópticos,oalunodevelevarorecursoparacasa,parapoderpesquisarlivrementeemseuambiente,nosespaçosexternosdesuapreferência,edecidirseguramenteamelhoropção.

2. Intervalo (15 min.)

Page 57: Alunos cegos

55DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

3. Plenária (1 h 15 min.)Terminadooestudoemgrupo,osparticipantesdeverãoretornaràsituaçãode plenária.

Sugere-sequeosparticipantessereagrupem,agora,apartirdosconceitosqueficaramsob suaespecial responsabilidade.Assim,haveráogrupodeparticipantesquevaiapresentaraslentesesferoprismáticas,ogrupoquevaifalarsobreaslentesasféricas,etc..

Osparticipantesdecadagrupodeverão,então,apresentarparaaplenáriaorecursoópticoqueseencontrasobsuaresponsabilidade,coordenandoadiscussão sobre o tópico.

Pretende-sequeestaatividade sejadenatureza lúdica,oquecertamentefavorecerá a apreensão de um conhecimento técnico de forma leve edescontraída.

Page 58: Alunos cegos
Page 59: Alunos cegos

5�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

4º ENCONTRO

4. SISTEMA BRAILLE

TEMPO PREVISTO08horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condiçõesparaque cadaparticipante se familiarize comoBraillecomosistemadecomunicaçãoparaoalunocomdeficiênciavisual,emgraudecegueira.

MATERIAL Texto:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino

Fundamental – Deficiência Visual. Brasília:MEC/SEESP,2001.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

1. Estudo em grupo (2 h)Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudodostextosabaixo.

Page 60: Alunos cegos

5�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

ESCOLARIZAÇÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA VISUAL6

Oprofessor alfabetizadordeve levar emconsideração todosos aspectosdedesenvolvimentodacriançaepartirdosseguintesprincípios:• Qualograudeperdadavisãodacriança?• Oqueacriançasabe?• Quetipodeexperiênciateveanteriormente?• Queoportunidadeslheforamoferecidas?• Oquelheésignificativonestemomento?• Oqueacriançaquersaberfazernessemomento?• Qualéoníveldeenvolvimentodesuafamília?

Oprofessoralfabetizadordeveajudaracriançaalidarcomfrustraçõesemotivá-la a investigar,pesquisar, construirnovos significados. Isto irá reforçar suaidentidadeeconstituiráabasedafuturaaprendizagem.

Porisso,oprocessodedesenvolvimentoeaprendizagemdaleituraeescritadevetercomometaaaçãofuncional,significativa,vivenciadaeconstruídapelacriança,mediantecooperaçãoconjuntaprofessor-aluno-colegasefamiliares.

Cabeaoprofessoraanálisedecadacaso,aorganizaçãoeasistematizaçãodeatividadespedagógicasespecíficas,necessáriasaodesenvolvimentointegraldoaluno,comotambémproporeadaptaratividadeslúdicas,prazerosasesituaçõesde interação, socialização e participação coletiva comosdemais alunosdaescola.

FASE INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO

Antesdeaprendercomoseescreveecomoselê,apessoatemalgumasidéiassobrecomodeveserisso.Elavêalgumasescritasnarua,natelevisão,nosjornaise em muitos lugares. Ela vê pessoas lendo e escrevendo e pensa sobre isso.

A criança vidente incorpora, assistematicamente, hábitos de escrita e deleituradesdemuitocedo.Acriançacega,noentanto,demoramuitotempoaentrarnouniversodo“lereescrever”.OSistemaBraillenãofazpartedo

6 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.27-38,42-68.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 61: Alunos cegos

5�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

cotidiano, como um objeto socialmente estabelecido. Somenteos cegos seutilizamdele.Asdescobertasdaspropriedadesefunçõesdaescritatornam-seimpraticáveis para ela.

Infelizmenteascriançascegassótomamcontatocomaescritaecomaleituranoperíodoescolar.Esseimpedimento,sabe-se,podetrazerprejuízoseatrasosnoprocessode alfabetização.É ahorade a educação fazer-semais forte ecumprircomseusreaisobjetivos:abrirfrentesdeconhecimento,suprirlacunase minimizar carências.

Algunsestudiosos,especialmentedalinhaconstrutivista,consideramatécertopontodesnecessáriosexercíciosprévios,quepreparamoeducandoparaingressarnoprocessode alfabetizaçãopropriamente dito, porquenão acreditamnachamada“prontidãoparaaalfabetização”.

Deacordo comesta leitura teórica, a aprendizagemnão sedápor exercíciomecânico,pelaassimilaçãooudecodificaçãodecódigosoutécnicas,maspelapossibilidadedeacriançapensar,analisar,compararsemelhançasediferenças,pesquisar,terdúvidasebuscarsoluçõescomoauxíliodoprofessor.

Oquedeveficarclaro,entretanto,équenocasodaeducaçãodecriançascegas,independente da concepção pedagógica ou linha metodológica adotada pela escola,não sepodenegligenciarodesenvolvimento integral, autilizaçãodetécnicaserecursosespecíficosfundamentaisaoêxitoeeficáciadoprocessodeaprendizagemdaleituraeescrita,peloSistemaBraille.

Égeralmentenafasepré-escolar,quevaidosquatroaosseisanos,queseprocuradargrandeênfaseaodesenvolvimentodeumconjuntodehabilidadesquesãoimportantes para a leitura e a escrita no Sistema Braille.

Capacitar uma criança não é condicioná-la, transformando-a num serautomatizado, com respostas previsíveis e resultados esperados. Acapacitaçãoressaltadanascedaindependênciaedodomíniodesimesmo.

Quandosefalanaimportânciadodesenvolvimentodecapacidadesbásicas,fala-sedafinalidademáximadaeducaçãoespecial:proporcionaraoindivíduocomqualquerdeficiênciaaoportunidadededesenvolver-senadireçãodetornar-seumserautônomo,participativo,umapessoaplena,umhomemcomconsciênciade si mesmo.

Page 62: Alunos cegos

60

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Ashabilidadesbásicas são trabalhadasapartirdasdificuldadesgeradaspelaprópria cegueira,oudecorrentesda faltade interaçãocomomeio,podendoapresentar-seemdiferentesníveisouemáreasdedesenvolvimento.

Ao estimular o mecanismo capaz de mobilizar estruturas internas da criança pré-escolar,deve-sedesenvolverhabilidades relativasà:percepção corporal,percepção espacial, desenvolvimento de conceitos, discriminação tátil,discriminaçãoauditiva,motricidadefinaeampla,acrescidosdadiscriminaçãovisualparacriançascomvisãosubnormal.Porisso,faz-senecessárioumtrabalhodeestimulaçãocontínuoeconsistente,apartirdaeducaçãoinfantil,naqualáreasimportantes necessitam ser aprimoradas.

Assim,oprofessor alfabetizadordeve levar a criançaa experimentar váriassituações de aprendizagem, a fimde que ela possa aprender a explorar, amanipular, aperceber, a reconhecer efinalmente a conhecerouniverso aoqualpertence,fazendocomqueelatambémsedescubraeseidentifiquecomoindivíduointeiroecapaz.

Nãoraroverifica-seodespreparodoprofessor,quedesconheceasnecessidadesdacriançanesseperíodo.Éfundamentalqueoprofissionalestejaomaispreparadopossívelparaquepossarealizarumatarefaeficiente,afimdealcançarosobjetivosa que se propõe.

Assimsendo, ao ingressarnoprogramadealfabetização, a criançadeve sercriteriosamenteobservadapeloprofessor,paraqueestepossa identificarseuperfildedesenvolvimento.

Osaspectospsicomotores,cognitivoseespecialmenteashabilidadessensoriais(táteis, auditivas e visuais)devemserobservados, vistoque sãohabilidadesessenciaisparafacilitaroprocessodealfabetizaçãopropriamentedito.

Ovolumedeinformaçõeseaqualidadedasexperiênciasdeaprendizagemdevemserosmaisvariadospossíveis,desdeasatividadesdelinguagem,comoreproduçãoeproduçãodepequenosversos,músicas,contosetextos,elaboraçãoeconstruçãodeesquemaslúdicos,deevocação,memória,representaçãomentaletemporal,jogosderepresentaçãoeraciocínioespacial,lógico-matemático,etc.

Alémdessas atividades grupais, as atividades individuais demanuseio e autilizaçãoderecursosespecíficoscomoreglete,punção,acessoaocódigobrailee ao texto em braile deverão ser priorizadas no contexto escolar.

Page 63: Alunos cegos

61DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

APRENDIZAGEM DO SISTEMA BRAILLE E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Umprogramadealfabetizaçãoparaatenderverdadeiramenteàsnecessidadesbásicasdeumalunodeficientevisual,precisaestabelecerconteúdosquevenhamprepará-loparaumdesempenhosatisfatórionastarefasdelereescrever.

Sabe-sequedesdeonascimentoatéaetapaescolar,acriançacom limitaçãovisualpodeapresentaratrasoemseudesenvolvimentoerequer,porisso,umaatençãoespecífica.

Suasdescobertaseconstruçõesmentaisirãodependerdaformapelaqualeleseráestimulado,levadoaconheceromundoqueorodeia.

Eisodesafiodoalfabetizador: estimular,orientar, conduzirparaautonomia,oportunizar, sempre dosando suas ações.O professor deverá favorecer ocrescimentoglobaldacriança,jamaisatolhendo,jamaisatransformandonumacópiamalforjadadeseumestre.

Independentedaposturapedagógicaadotada,oalfabetizadordecriançascegasdeve compreender que elas necessitam de mais tempo para adquirir habilidades sensório-motoras,simbólicasepré-operatórias.

Odesenvolvimentoerefinamentodapercepçãotátileodomíniodehabilidadespsicomotorassãoessenciaisparaafacilitaçãodoprocessodeleituraeescritapelo Sistema Braille.

Aescolhadeumprocesso,deummétodoedetécnicasadequadastemqueestarpresentesnasmetastraçadaspeloprofessor.

Tendoemvistaquevivemosnumasociedadealtamentecentradanaleitura,essesfatorestrazempreocupaçõesprofundasparaoaprendizadodaleituraedaescritapeloalunodeficientevisual.Dependendodograudevisão,oalunoaprenderáalereaescreverpeloSistemaBraille,ouescreveráeleráatravésdaletraimpressaemtinta,ampliada.

Ahabilidadedeusareficientementeosdedos,paraaleituraemSistemaBraille,serádesenvolvidacomapráticapeloexercíciofuncional.Deinício,issoimplicafazerascoisascomtodoocorpo,depoiscomosbraços,asmãoseosmúsculosgrossosefinalmente,utilizarosmúsculosfinosquefortalecemosdedos,tornando-osmaisflexíveisesensíveis.

Page 64: Alunos cegos

62

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Oalunoquepossui visão suficiente para ver letras impressas ou em tiposampliadosprecisatambémdeatividadesfísicasefuncionais,quepossibilitemumnívelsatisfatóriodecoordenaçãoolho-mão,necessárioaoprocessodeleitura-escrita.

Outraquestãoimportanteparaaqualoprofessoralfabetizadordeveestaratento,équecriançascegastendemautilizarmaisoraciocínioverbaleaviafonológicaparaaconstruçãodaleituraedaescrita,podendomuitasvezesautomatizaraleituraeapresentarmaisdificuldadeparaaconstruçãodaescrita.

Algunsalunospodem,naverdade,encontrarmuitadificuldadeparaaprenderalereescrever.Issoéespecialmenteverídiconoscasosdealunosquepossuemoutrasdeficiênciasouproblemasemocionais,alémdadeficiênciavisual.Outrospodem adquirir com mais lentidão a habilidade da leitura e da escrita.

O desafio específico está em encontrar-se o melhor caminho pelo qual cada aluno possa progredir.

O SISTEMA BRAILLE: PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA7

OSistemaBrailleéumcódigouniversaldeleituratátiledeescrita,usadoporpessoascegas,inventadonaFrançaporLouisBraille,umjovemcego.Oanode1825éreconhecidocomoomarcodessaimportanteconquistaparaaeducaçãoeaintegraçãodaspessoascomdeficiênciavisualnasociedade.

Antesdesseinventohistórico,registraram-seinúmerastentativas,emdiferentespaíses,nosentidodeencontrarummeioqueproporcionasseàspessoascegascondiçõesde lereescrever.Dentreessas tentativas,destaca-seoprocessoderepresentaçãodoscaracterescomunscomlinhasemaltorelevo,adaptadopelofrancêsValentinHauy,fundadordaprimeiraescolaparacegosnomundo,em1784,nacidadedeParis,denominadaInstitutoRealdosJovensCegos.

7 BRASIL,Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental. SérieAtualidadesPedagógicas,6,Volume2,p.32-38;42-62.Brasília:MEC/SEESP,2002.

Page 65: Alunos cegos

63DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Foinestaescola,ondeosestudantescegostinhamacessoapenasà leitura,peloprocessodeValentinHauy,queestudouLouisBraille.Atéentão,nãohaviarecursoquepermitisseàpessoacegacomunicar-sepelaescritaindividual.

LouisBraille, ainda jovemestudante, tomouconhecimentodeuma invençãodenominadasonografiaoucódigomilitar,desenvolvidaporCharlesBarbier,oficialdoexércitofrancês.Oinventotinhacomoobjetivopossibilitaracomunicaçãonoturnaentreoficiaisnascampanhasdeguerra.

Baseava-se em doze sinais, compreendendo linhas e pontos salientes,representandosílabasnalínguafrancesa.OinventodeBarbiernãologrouêxitonoquesepropunha,inicialmente.ObemintencionadooficiallevouseuinventoparaserexperimentadoentreaspessoascegasdoInstitutoRealdosJovensCegos.

AsignificaçãotátildospontosemrelevodoinventodeBarbierfoiabaseparaacriaçãodoSistemaBraille,aplicáveltantonaleituracomonaescrita,porpessoascegas,ecujaestruturadivergefundamentalmentedoprocessoqueinspirouseuinventor.OSistemaBraille,utilizandoseispontosemrelevo,dispostosemduascolunas,possibilitaaformaçãode63símbolosdiferentesquesãoempregadosemtextosliteráriosnosdiversosidiomas,comotambémnassimbologiasmatemáticaecientífica,emgeral,namúsicae,recentemente,naInformática.

ApartirdainvençãodoSistemaBraille,em1825,seuautordesenvolveuestudosqueresultaram,em1837,napropostaquedefiniuaestruturabásicadosistema,aindahojeutilizadamundialmente.Comprovadamente,oSistemaBrailleteveplenaaceitaçãoporpartedaspessoascegas, tendo-seregistrado,noentanto,algumastentativasparaaadoçãodeoutrasformasdeleituraeescritae,aindaoutras, sem resultadoprático, para aperfeiçoamentoda invençãodeLouisBraille.

ApesardealgumasresistênciasmaisoumenosprolongadasemoutrospaísesdaEuropaenosEstadosUnidos,oSistemaBraille,porsuaeficiênciaevastaaplicabilidade, se impôsdefinitivamentecomoomelhormeiode leituraedeescrita para as pessoas cegas.

Constado arranjode seis pontos em relevo, dispostos emduas colunasdetrêspontos,configurandoumretângulodeseismilímetrosdealturapordoismilímetrosdelargura.Osseispontosformamoqueseconvencionouchamar“celabraile”.Parafacilitarsuaidentificação,ospontossãonumeradosdaseguinteforma:

Page 66: Alunos cegos

64

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• doaltoparabaixo,colunadaesquerda:pontos1-2-3;• doaltoparabaixo,colunadadireita:pontos4-5-6;

1 42 53 6

Conformecombinadosospontosentresi,formar-se-ãoasletras;porexemplo,oponto1,sozinho,representao“a”.

1 42 53 6

Éfácilsaberqualdospontosestádeterminado,poissãocolocadossemprenamesma disposição.

As diferentes disposições desses seis pontos permitem a formação de 63combinaçõesousímbolobraile.Asdezprimeirasletrasdoalfabetosãoformadaspelasdiversascombinaçõespossíveisdosquatropontossuperiores (1-2-4-5);asdezletrasseguintessãoascombinaçõesdasdezprimeirasletras,acrescidasdoponto3,eformamasegundalinhadesinais.Aterceiralinhaéformadapeloacréscimodospontos3e6àscombinaçõesdaprimeiralinha.

Ossímbolosdaprimeiralinhasãoasdezprimeirasletrasdoalfabetoromano(a-j).Essesmesmossinais,namesmaordem,assumemcaracterísticasdevaloresnuméricos1-0,quandoprecedidasdosinaldonúmero,formadopelospontos3-4-5-6.

Noalfabetoromano,vinteeseissinaissãoutilizadosparaoalfabeto,dezparaossinaisdepontuaçãodeusointernacional,correspondendoaos10sinaisdaprimeiralinha,localizadosnaparteinferiordacelabraile:pontos2-3-5-6.Osvinteeseissinaisrestantessãodestinadosàsnecessidadesespecíficasdecadalíngua(letrasacentuadas,porexemplo)eparaabreviaturas.

Dozeanosapósainvençãodessesistema,LouisBrailleacrescentoualetra“w”aodécimosinaldaquartalinhaparaatenderàsnecessidadesdalínguainglesa.

Os chamados “SímbolosUniversaisdoSistemaBraille” representamnão sóasletrasdoalfabeto,mastambémossinaisdepontuação,números,notaçõesmusicaisecientíficas,enfim,tudooqueseutilizanagrafiacomum,sendo,ainda,deextraordináriauniversalidade;elepodeexprimirasdiferenteslínguaseescritasdaEuropa,ÁsiaeÁfrica.

Page 67: Alunos cegos

65DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Em1878,umcongressointernacionalrealizadoemParis,comaparticipaçãodeonzepaíseseuropeusedosEstadosUnidos,estabeleceuqueoSistemaBrailledeveriaseradotadodeformapadronizada,parausonaliteratura,exatamentedeacordocomapropostadeestruturadosistema,apresentadaporLouisBrailleem1837,járeferidaanteriormente.

ALFABETO BRAILLE

LeituraDisposição Universal dos 63 sinais simples do Sistema Braille

Page 68: Alunos cegos

66

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

OSistemaBrailleaplicadoàMatemáticatambémfoipropostoporseuinventorna revisão editada em 1837.Nesta época, foramapresentados os símbolosfundamentaisparaalgarismos,bemcomoas convençõesparaaAritméticaepara a Geometria.

Desdeentão,novossímbolosforamcriados,determinadospelaevoluçãotécnicaecientífica,eoutrosforammodificados,provocandoestudosetentativasdeseestabelecerumcódigounificado,decarátermundial,oquefoiinviabilizadopelaacentuada divergência entre os códigos.

NoBrasil,apartirdadécadade70,especialistasnoSistemaBraillepassaramapreocupar-se comas vantagensque adviriamdaunificaçãodo códigodeMatemática,umavezqueatabelaTaylor,adotadadesdeadécadade40,nãovinhaatendendosatisfatoriamenteàtranscriçãoembraile,sobretudoapósaintroduçãodossímbolosdaMatemáticaModerna,revelando-seestatabelainsuficienteparaasrepresentaçõesmatemáticasecientíficasemnívelsuperior.

Dessemodo,oBrasilparticipou inicialmentedosestudosdesenvolvidospelocomitêdeespecialistasdaONCE(OrganizaçãoNacionaldeCegosEspanhóis)acompanhando seus estudos, dos quais resultou oCódigo deMatemáticaUnificado.

Em1991,foicriadaaComissãoparaEstudoeAtualizaçãodoSistemaBraille,emusonoBrasil,comaparticipaçãodeespecialistasrepresentantesdoInstitutoBenjaminConstant, da FundaçãoDorinaNowill para cegos, doConselhoBrasileiroparaoBem-EstardosCegos,daAssociaçãoBrasileiradeEducadoresdeDeficientesVisuaisedaFederaçãoBrasileiradeEntidadesdeCegos,comoapoiodaUniãoBrasileiradeCegoseopatrocíniodoFundodeCooperaçãoEconômicaparaIbero-América–ONCE-ULAC.

Osestudosdessacomissãoforamconcluídosem18demaiode1994,tendocomoumadasprincipais resoluções, adeadotar,noBrasil, oCódigoMatemáticoUnificadoparaaLínguaCastelhana,comasnecessáriasadaptaçõesàrealidadebrasileira.

PororientaçãodaUniãoBrasileiradeCegos,especialistasdaComissãonaáreadaMatemáticavêmrealizandoestudosparaoestabelecimentodeestratégias,visandoà implantação, em todoo territóriobrasileiro, danovaSimbologiaMatemáticaUnificada.

Page 69: Alunos cegos

6�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

A Produção Braile

OaparelhodeescritausadoporLouisBrailleconsistiadeumaprancha,umaréguacom2linhas,comjanelascorrespondentesàscelasbrailequeseencaixampelasextremidadeslateraisnaprancha,eopunção.Opapeleraintroduzidoentreapranchaearégua,oquepermitiaàpessoacega,pressionandoopapelcomopunção,escreverospontosemrelevo.Hoje,asregletes,umavariaçãodesseaparelhodeescritadeLouisBraille,sãoaindamuitousadaspelaspessoascegas.Todasasregletesmodernas,quersejammodelosdemesaoudebolso,consistemessencialmentededuasplacasdemetaloudeplástico,fixadasdeumladopordobradiças,demodoapermitiraintroduçãodopapel.

A placa superior funciona como a primitiva régua e possui as janelascorrespondentesàscelasbraile.Diretamentesobcadajanela,aplacainferiorpossui, embaixo relevo,a configuraçãodecela.Pontoporponto,aspessoascegas,comopunção,formamosímbolocorrespondenteàsletras,númerosouabreviaturas desejadas.

Escrita no sistema Braile com uso de reglete e punção

Escrita com máquina braile

Page 70: Alunos cegos

6�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Nareglete,escreve-sedadireitaparaaesquerda,naseqüêncianormaldeletrasousímbolos,invertendo-se,entãoanumeraçãodospontos,assim:

4 15 26 3

A leitura é feitanormalmenteda esquerdapara adireita.Conhecendo-se anumeraçãodospontos,correspondentesacadasímbolo,torna-sefáciltantoaleitura,quantoaescritafeitaemreglete.

Excetopela fadiga,aescritanaregletepodetornar-setãoautomática,paraocego,quantoaescritacomolápisparaapessoadevisãonormal.

Alémdareglete,obrailepodeserproduzidoatravésdemáquinasespeciaisdedatilografia,de7teclas:cadateclacorrespondeaumpontoeaoespaço.Opapeléfixoeenroladoemrolocomum,deslizandonormalmentequandopressionadoo botão de mudança da linha. O toque de uma ou mais teclas simultaneamente produzacombinaçãodospontosemrelevo,correspondenteaosímbolodesejado.Obraileéproduzidodaesquerdaparaadireita,podendoserlidosemaretiradadopapeldamáquina.AprimeiradelasfoiinventadaporFrankH.Hall,em1882,nosEstadosUnidosdaAmérica.

Asimprensasbraileproduzemseuslivrosatravésdemáquinasestereotípicas,semelhantesàsmáquinasespeciaisdedatilografia,conquantoelétricas.Essasmáquinaspermitemaescritadobraile emmatrizesdemetal.Essaescrita éfeitadosdoisladosdamatriz,permitindoaimpressãodobrailenasduasfacesdopapel.Esseéobraileinterpontado:ospontossãodispostosdetalformaqueimpressosdeumladonãocoincidamcomospontosdaoutraface,permitindoumaleituracorrente,umaproveitamentomelhordopapel,reduzindoovolumedos livros transcritos no Sistema Braille.

Aluno em atividade motora

Page 71: Alunos cegos

6�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Novosrecursosparaaproduçãobraile têmsidoempregados,deacordocomosavançostecnológicosdenossaera.Obraile,agora,podeserproduzidopelaautomatização de recursos modernos dos computadores e de uma variedade de modelos de impressora.

OSistemaBrailleéempregadoporextenso,istoé,escrevendo-seapalavra,letraporletra,oudeformaabreviada,adotando-seocódigoespecialdeabreviaturasparacadalínguaougrupolingüístico.Obraileporextensoédenominadograu1.Ograu2éa formaabreviada, empregadapara representaras conjunções,preposições,pronomes,prefixos,sufixos,gruposdeletrasquesãocomumenteencontradas nas palavras de uso corrente. A principal razão de seu emprego é reduzirovolumedos livrosepermitiromaior rendimentona leituraenaescrita.

Uma série de abreviaturasmais complexas forma o grau 3, que requerconhecimentoprofundoda língua, boamemória e sensibilidade tátilmuitodesenvolvida por parte do leitor cego.

Noque se refere ao sistemaabreviado, faz-se importante ressaltarquepororientaçãodaComissãoBrasileiradoBraille,combasenosresultadosobtidosnapesquisasobreaaceitaçãoounãodosistemabrailleGrau2daLínguaPortuguesapelosleitorescegosbrasileiros,estátotalmenteabolidoousodestesistema,natranscrição de quaisquer obras pelos centros de produção e imprensas braile do Brasil,oquejávinhaocorrendodesde1ºdejaneirode1996.

AComissãoBrasileiradoBraillerecomendou,ainda,aelaboraçãodeumsistemapadronizadode abreviaturas braile daLínguaPortuguesa, para ser usadoexclusivamente na escrita individual. Este sistema deverá ser preparado por técnicosdevidamentecapacitados.

Ossímbolosfundamentaisdobraile,utilizadosparaasnotaçõesmusicaisforam,também,apresentadospelopróprioLouisBraille,naversãofinaldosestudosconstantesdapropostadeestruturadoSistema,concluídaem1837.

São muitos os aspectos que incidem positiva e negativamente na escrita e leitura doSistemaBraille.Abordaremos,deformagenérica,fatoresfundamentaisquepoderãofavorecerouprejudicaraescritaealeitura.

Todas as crianças têm o direito a receber educação nos requisitos básicos para a leituraeaescrita,eoprofessordevecompreender,compaciência,asimplicaçõesda questão.

Page 72: Alunos cegos

�0

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Oquesebuscaéumaleiturafluida,comcompreensão,eumaescritaprecisa.

Noentanto,nãosepodeesquecerqueacriançaceganãotempistasvisuais,comodesenhos,paraajudá-loareconhecerumapalavraenemtãopoucopodereconhecer,deimediato,umapalavraespecíficaincluídanumaoração.

Apontadodedonãosubstituioolho,poisseualcanceémuitolimitadoemcomparação com o campo visual. O aluno cego pode reconhecer apenas um símbolodecadavez.Porconseguinte,aleituradobrailenosprimeirosestágiossebaseia,emgrandeparte,nométodoalfabético,silábicoefonético.

Paraqueoalunocegoseenvolvacomoprocessodeescritapropriamentedito,oprofessordevededicarespecialatençãoparaodesenvolvimentomáximodashabilidadesmotoras,vistoqueomanuseiodosrecursosmateriaisespecíficosparaaescritabraile,reglete,punçãoe/oumáquinaPerkins,exigirãodestreza,harmonia e sincronização de movimentos.

FUNDAMENTOS ESSENCIAIS PARA A ESCRITA, NO SISTEMA BRAILLE

Habilidades Motoras

Uma sucessão de movimentos motores amplos levará ao desenvolvimento das habilidadesmotorasfinas,quedaráaoalunoapossibilidadedeanalisardetalhes,bemcomoadquirirflexibilidadedepunhoedestrezadosdedos.

Algumasatividades funcionais e contextualizadaspodemserpropostasparaqueoalunopossaadquirirforçamuscularemobilidadeadequadaeprecisa,nosmovimentos das mãos:• usofuncionaldasduasmãos;• tampar–destamparfrascos(tampasdepressão,deatarraxar,etc.);• subir–descerzíperdecalças,bolsas,vestidos,etc.;• empilhar–desempilhareconstruircomobjetos;• colar–descolaretiquetas,fitasadesivas,etc.;• abrir–fechardiferentestiposdeportasedejanelas;• aparafusar–desparafusar;• alinhavar–desalinhavar–bordar–costurar;• enfiar–desenfiarcontas(elaborarobjetoscomcontas);

Page 73: Alunos cegos

�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• abotoar–desabotoar;

• fazer–desfazernósgrossos,laços,etc.;

• armar–desarmarquebra-cabeças(primeiramentesimples,depoisfazendo

crescerograudecomplexidade);

• pintaremodelarcomasmãos;

• tocar instrumentos como violão e piano.

Nessas atividades podem também ser trabalhados os conceitos de igual–

diferente,grande–pequeno,etc.,associadosàlinguagem,atravésdarealização

deatividadesde classificaçãoque começamcomobjetos familiaresgrandes,

introduzindo-se, gradualmente,outros seqüencialmentemenores.Podemser

incluídostambémconteúdosparaadiscriminaçãodetamanhos,formas,posições,

texturas,etc.

Odomíniodosmovimentosexecutadospelosdedosédesumaimportância.Com

ousodosdedoséqueoalunoescreveráefaráoreconhecimentodossímbolos

braile.Daí anecessidadede seproporuma sériede exercícios estruturados

sistematicamente,quepoderãoajudaroalunoaidentificareinterpretaresses

símbolos.

Inicialmente,pode-sesugeriraoalunoatividadescomo:

• rasgar pedaços de papel de diferentes texturas para construir painéis,

caixas;

• destacartirasdepapel,etc.previamentepontilhados;

• cortarcomtesouraprópria,folhasdepapel,tecidos,etc.;

• dobrarpedaçosdepapel,tecidos,roupas;

• virarpáginasdecadernoscomapontadosdedos;

• recolhercomaspontasdosdedos:grãos,palitos,pregossemponta,folhas

depapel,clipes,etc..

Emseguida,oalunodevetatearsímbolosbraile,paraaprenderaavançarda

esquerdapara adireita, e o inverso,noprincípioda linha seguinte.Muitos

cegostêmdificuldadeparadesenvolveressadestreza.Éimportantegraduaras

atividades para assegurar o êxito.

Essaetapaéessencialparaestimularoalunoadesenvolverumaboapostura.

Lembrar que os antebraçosdevemapoiar-se sobre amesa comospunhos

ligeiramente elevados. Isto proporcionará apoio adequado às mãos. Os dedos

devemestarligeiramentecurvados.Deve-sepropiciarousodeambasasmãos

paraleitura,nesteestágio.

Page 74: Alunos cegos

�2

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Paradesenvolverosmovimentosespecíficosdasmãosededosrecomenda-se:• amassaramassaplástica;• fazerrolinhoscomela;• trabalharbolinhasdemassa;• criarformas,nocomeçolivremente,maistarde,dandoacadaobjetocriado

a noção aproximada que ele deverá representar.

Para coordenar, concomitantemente, o jogo articulatóriodopunho comosmovimentos de segurar e apertar objetos com as mãos e dedos:• pegar uma chave entre os dedos fazendo-a girar no tambor de uma

fechadura;• segurarocabodeumafaca,firmando-anapalmadamãoenosdedos,afim

deexecutaromovimentodecortar;• prender com toda a mão o cabo de um martelo procurando ritmar o movimento

de bater e tornar o golpe cada vez mais dirigido ao alvo.

Nestafase,devemseroferecidas,aoaluno,situaçõesconcretasqueservirãocomobase para a escrita:• dar aoalunoumaespuma forrada comumpedaçodepapel eopunção,

deixando-ofurarlivremente;• mesmoexercíciopoderáserexecutadocomumbastidor,umaplacadeisopor,

tampadecaixadeovos,etc.

Concomitantemente,oprofessordevedaroportunidadeaoalunoparairentrandoemcontatocomareglete,opunçãoouamáquinaPerkins.

Algumasorientaçõespreliminaressefazemnecessáriasparaqueoalunocegoutilize,adequadamente,omaterialdeescrita:• apresentar o material por parte, explicando a utilidade de cada

componente;

Leitura em braile

Page 75: Alunos cegos

�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• mostrarcomoabrirefecharareglete;• orientarcomoencaixararegletenosofíciosdaprancha;• ensinaracolocareretiraropapeldareglete;• orientarparaquedescubraasváriasfileirasdecelasque formamaparte

superiordareglete;• conduziroalunoaexploraracelabrailenareglete;• pedirque,apósacolocaçãodopapel,pressioneapunção,àvontade,nos

diferentespontosdacela,começandosempredadireitaparaaesquerda;• deixarqueperfurelivrementeafimdequeeleentreemcontatocomospontos

docódigobraile;• solicitarqueinicieapontuar,colocandoapenasumpontoemcadacela,em

qualquerposição;depoissolicitarquecoloqueosseispontos;aseguirqueescreva várias combinações de pontos. Exemplo:

1-2-3 e 1-2-3-4

• solicitarquefaçalinhaspontilhadascontínuasealternadas;• considerar os vários tipos de regletes existentes com suas peculiaridades

(formato,materialutilizado,númerodelinhasecelas,procedimentoparacolocaropapel,etc.)bemcomoousodamáquinaPerkinsBraille,seforocaso;

• explicarque,nareglete,aescritadeveserfeitadadireitaparaaesquerda,demonstrando, praticamente, que esse fato não altera a contagemdospontos.

Apóscadaexercício,éimportantequeoalunoretireopapeldaregleteeverifiqueoquefoifeito,identificando,pormeiodotato,aposiçãodospontos.

Mesmonão sendo imprescindível para a alfabetizaçãodeumaluno cego ahabilidadedetraçar,oprofessorpoderáoferecer-lhemaisessapossibilidade,afimdequeoutrosmovimentossejamincorporadosporele;istofacilitará,maistarde,a aquisição da capacidade de escrever seu próprio nome no sistema comum.

Paradominarosistemadeleituraeescritabraile,énecessárioqueoalunotenhabomdesempenhonoqueserefereàlocalizaçãoespacialeàlateralização,tendodesenvolvido boa habilidade manual.

Page 76: Alunos cegos

�4

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

A Leitura Braile

Amaioriadosleitorescegoslê,deinício,comapontadodedoindicadordeumadasmãos:esquerdaoudireita.Umnúmerodepessoas,entretanto,podelerobrailecomasduasmãos.Algumaspessoasaindautilizamodedomédioouanular,emvezdo indicador. Os leitores mais experientes comumente utilizam o dedo indicador damãodireita,comumalevepressãosobreospontosemrelevo,permitindo-lhespercepção,identificaçãoediscriminaçãodossímbolos.

Estefatoacontecesomenteatravésdaestimulaçãoconsecutivadosdedospelospontos em relevo. Essas estimulações ocorrem muito mais quando se movimenta amão(oumãos)sobrecadalinhaescritanummovimentodaesquerdaparaadireita.Emgeralamédiaatingidapelamaioriadosleitoreséde104palavrasporminuto. É a simplicidade do braile que permite essa velocidade de leitura.

Os pontos em relevo permitem a compreensão instantânea das letras como um todo,umafunçãoindispensávelaoprocessodaleitura(leiturasintética).

Para a leitura tátil corrente, ospontos em relevodevem serprecisos e seutamanho máximo não deve exceder a área da ponta dos dedos empregados para aleitura.Oscaracteresdevemtodospossuiramesmadimensão,obedecendoaos espaçamentos regulares entre as letras e entre as linhas. A posição de leitura deveserconfortável.

Otatoéumfatordecisivonacapacidadedeutilizaçãodobraile,devendoportantooeducadorestaratentoasuasimplicaçõesnaeducaçãodosalunoscegos,comoserá tratado posteriormente.

FUNDAMENTOS ESSENCIAIS PARA A LEITURA, NO SISTEMA BRAILLE

Desenvolvimento da Linguagem

Écomumoalunocegodesenvolveruma linguagemreprodutora, carentedesignificado, denominadaverbalismo.Os pais e professores devem estarconscientes e assegurar ao aluno a oportunidade de veicular sua linguagem em desenvolvimento, comexperiências concretas.É comumodesenvolvimentodeumaleituramecânica,semcompreensão.Omaterialaserutilizadoparaaalfabetizaçãodeveserselecionado,demodoqueosalunospossamcompreenderosignificado.

Page 77: Alunos cegos

�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Discriminação Auditiva

Osalunoscegosdevemter,desdepequenos,ambientericoemestimulaçãosonora,comsignificado,demodoa:• Perceber,reconhecer,identificar,discriminarelocalizaragamavariadade

sonsexistentes;• Reconhecer,pormeiodejogos,palavrascomeçadaseterminadaspelomesmo

som;• Discriminar a identidade de sons em palavras que contenham rimas.

Ashabilidadesauditivasqueincluemadiscriminação,aseqüenciaçãoeoritmosãoessenciaiseservemdeapoioparaaleituraeficiente.

Existeumagamadeatividadesqueoprofessorpodeproporaseualuno,paraqueelepossadesenvolverbemashabilidadesauditivas,porexemplo:repetircorretamenteorações curtas, aprendere repetirpequenas cançõesepoemasrimados,escutareobedeceraordens,marcharedançarsegundoritmosdiferentes,cantar canções, executar as açõesditas por elas, caminhar acompanhandoritmosdiferenciadosproduzidosporumtambor,reproduzirmodelosderitmosapresentados,etc.

Discriminação Tátil

A leitura tátil e a escrita dos símbolos braile devem ser processadasconcomitantemente,poisnãoéraroalgunsaprendizessentiremdificuldadesnasistematização da leitura.

Arelevânciadodesenvolvimentotátil,esuasimplicaçõesparaaeducaçãodealunoscegos,podemserconstatadasnoseguintetextodeHaroldC.GrifimeRaulJ.Geber,daUniversidadedeNewOrleans8:

A modalidade tátil é de ampla confiabilidade. Vai além do mero sentido do tato; inclui também a percepção e a interpretação por meio da exploração sensorial. Esta modalidade fornece informações a respeito do ambiente, menos refinadas que as fornecidas pela visão.

8TraduçãodeElzaViégaserevisãodePauloFelicíssimoeVeraLúciadeOliveiraVogel,professoresdoInstitutoBenjamin Constant.

Page 78: Alunos cegos

�6

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Asinformaçõesobtidaspormeiodotatotêmdeseradquiridassistematicamentee reguladas de acordo com o desenvolvimento, para que os estímulosambientais sejamsignificativos.Ao contráriodoque sepensa, o sentidodavisão,quesedesenvolveucomopassardotempo,podecaptarasinformaçõesinstantaneamenteepodetambémprocessarnuançasdeinformação,pormeiode“input”sensorial.

Aausênciadamodalidadevisualexigeexperiênciasalternativasdedesenvolvimento,afimdecultivarainteligênciaepromovercapacidadessócio-adaptativas.Opontocentraldessesesforçoséa exploraçãodoplenodesenvolvimento tátil.Nesseprocesso,ficaimplícitaacompreensãodasseqüênciasdodesenvolvimento,namodalidade tátil. São elas:• consciênciadequalidadetátil;• reconhecimentodaestruturaedarelaçãodaspartescomotodo;• compreensãoderepresentaçõesgráficas;• utilização de simbologia.

Recurso auxiliar para uso funcional da visão

Adaptação de texto para leitura

Todasasfasescontêmníveisvariadosdeaquisiçãodehabilidadesrelativasaodesenvolvimento.

Page 79: Alunos cegos

��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

A modalidade tátil se desenvolve por um processo de crescimento gradual. Esse processoéseqüencialelevaascriançascegasapassaremdeumreconhecimentosimplista a uma interpretação complexa do ambiente. Os pais e educadores têm umpapelimportantíssimonesteprocesso,porqueestimulamodesenvolvimentodascriançascegasdesdeainfância.Comoresponsáveisporessascrianças,elesdevemcontinuaradarênfaseaodesenvolvimentotátil,durantetodaavidadelas,jáqueessaéabaseparaosníveismaisaltosdodesenvolvimentocognitivo.

Finalmente,odesenvolvimentosistemáticodapercepçãotátiléessencialparaqueoscegoscheguemadesenvolveracapacidadedeorganizar,transferireabstrairconceitos.Comamaiordisponibilidadedematerialembraile,oconhecimentodas limitações da modalidade tátil será essencial para determinar as opções de aprendizado para crianças cegas.

Deformamaisprática,durantetodootrabalhodediscriminaçãotátil,oprofessordeve estar empenhado em levar a criança cega a:• exploraromaiorvolumepossíveldeobjetos;• identificardiversostiposdeobjetos;• classificardiversostiposdeobjetosquantoàforma,tamanho,textura,etc.;• seriarobjetosdediferentes espécies (gradação crescente edecrescente),

visandopreparar o alunopara compreender osdiferentes tamanhosdepalavraselinhas;

• estabelecerdiferençasentre: 1. semelhança,diferença,equivalência; 2. largura(largo–estreito); 3. posição(emcima–embaixo–entrelinhavertical–horizontal); 4. lateralidade(esquerda–direita); 5. textura(áspero–liso); 6. distância(longe–perto); 7. comprimento(longo–médio–curto); 8. noçãodeconteúdo(cheio–vazio).

• Compreender a organização da página escrita: 1. queselêdaesquerdaparaadireita,deslizandoapontadosdedossobre

alinha; 2. queaslinhassãodispostasnopapeldecimaparabaixo; 3. queaslinhastêmcomeçoefim; 4. queaslinhaspodemestarcompletas; 5. queaslinhaspodemvircomespaçosvazios-queaslinhaspodemvariar

de tamanho.

Page 80: Alunos cegos

��

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Trabalhar o elemento escrito: • oferecerlinhaspontilhadas; • oferecerlinhaspontilhadascomsinaisdiferentes; • oferecerummodeloepediràcriançaqueoidentifiquenalinhatraçada

ou pontilhada.

• Assegurar os movimentos corretos das mãos, no ato da leitura: • conduziracriançaaestarcomodedoempermanentemovimento; • leratravésdemovimentos,contínuos,portantoaspausassãomínimas; • lerletraporletra; • evitarmovimentosdesnecessários:decimaparabaixo,debaixoparacima,

regressivos; • evitarexcessodepressãododedosobrealetra,istodiminuiaqualidade

dapercepção; • alertar a criança para que tenha o cuidado de perceber todas as unidades

contidasnalinha,demodoapreparar-separaoprocessodealfabetizaçãolendopalavras.Aleituratátilsefazletraporletraeapalavrasóépercebidaquando termina.

Reflexão sobre os Métodos de Alfabetização para Crianças Cegas

Encontrarmétodosquefavoreçamaaprendizagemdaleituraedaescritatemsidopreocupaçãofreqüenteentreosprofissionaisdomundodaeducação.

Frenteàproliferaçãodemateriaisexistentesparaaaprendizagemdaleituraedaescrita,observamosescassezdetrabalhosespecíficos,respaldadosporumaboafundamentaçãoteórica,sobreaaprendizagemdoSistemaBraille.

Antesmesmodedefinirqualquermetodologiaparaaaprendizagemdaleituraedaescritabraile,deve-seteceralgumasconsideraçõespréviasarespeitodomomentoemqueodeficientevisualéencaminhadoparaaaprendizagemdocomplexo código que será usado para sua comunicação.

Aaprendizagemdastécnicasdeleituraeescritadependedodesenvolvimentosimbólico,conceitual,psicomotoreemocionaldacriança.

Essaevoluçãosatisfatórianemsempresedádeformaespontâneaparaacriançacega.Pensa-sequeémissãodoeducadorcontribuireintervirintencionalmenteneste processo.

Page 81: Alunos cegos

��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Éclaroquenemtodasascriançascomidadecronológicade6a7anosestãoaptasparainiciaraaprendizagemdastécnicasdeleituraeescrita,equeparaaquelasquenãotenhamconseguidoumamaturidadepsicológicaadequada,insistirquedominemastécnicasécontribuirparaofracasso.Daíanecessidadedeprestarespecialatençãoàshabilidadesenecessidadesdacriança,antesdedecidiromomento de iniciar o ensino da simbologia.

Menciona-seaqui,deformasucinta,osfatoresqueinterferemnaaprendizagemda leitura e da escrita braile:• Organizaçãoespaço-temporal;• Interiorizaçãodoesquemacorporal;• Independênciafuncionaldosmembrossuperiores;• Destrezamanipulativa;• Coordenaçãobimanual;• Independênciadigital;• Desenvolvimentodasensibilidadetátil;• Vocabulárioadequadoàidade;• Pronúnciacorreta(diferenciaçãodefonemassimilares);• Compreensãoverbal;• Motivaçãoanteaaprendizagem;• Nívelgeraldematuridade.

Paraquea criança comdeficiência visualprogrida,nesses aspectos,deveráparticipar de programas com conteúdos curriculares específicos, alémdaprogramação normal da sala de aula.

DadasasparticularidadesdoensinodoSistemaBraille,considera-seoprocessosintéticoomaisfácilerápidoparaaalfabetizaçãodecriançascegas.Porissoacredita-sequeoprofessorpodefazersuaopção,conformeoestiloperceptivodoalunoeviadeapoioeacesso:fonético,silábicooualfabético.

Ométodo fonéticoou sintético temporobjetivobásico ensinar à criançaocódigoaoqualnossossonssãoconvertidosemletrasougrafemas,ouvice-versa,separandoinicialmentealeituraeosignificado.

DecifraroSistemaBrailleéumadecodificaçãodenaturezaperceptivo-tátilenãogarante,deformaalguma,aprendizagemconceitualeinterpretação,necessáriasao processo de leitura.

A leitura é uma atividade de representaçãomental, que envolve o léxicointerno,istoé,oconhecimentoeosignificadodapalavrapeloprocessoglobal.Leréumaatividadecomplexaquenãoserestringeapenasadecifrarsímbolos

Page 82: Alunos cegos

�0

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

táteis.Envolveumavariedadedeatividadescomoatribuirsignificadoaosímbolo,àspalavras,parachegaràinterpretaçãoecompreensãodotexto.

Emboraessesmétodos revelemalgumas falhas,podemserusadoscomêxitopelosalfabetizadores.Osucessovaidependerdacompetênciaedacriatividadedoprofessor,quepodetransformarseutrabalhoemalgoatraenteeenriquecedor.

Oprofessordeveaindabuscar sugestõesdeatividadesespecíficasemoutrasfonteseadaptaràmetodologiadesuaopção.

Aleiturabrailetemsidoabordadapormuitosestudiosossoboenfoqueanalítico,atendendoàsexigênciasdocaráteranalíticodapercepçãotátil.Emboraacriançacom6a7anosdeidadeaindanãotenhadesenvolvidotodososesquemasdeoperaçãomental,seupensamentoéglobalesincrético.

Trata-sedecombinaraviasemântica,lexicaleométodofonético(quepermiteaoalfabetizando,oquantoantespossível,conteúdossignificativos)aomesmotempo,erespeitaraspeculiaridadesdaexploraçãotátil.Podeoptar-setambémporumaapresentaçãogradualdecadagrafema,querepresentaumsomsimplesdofonema,palavracomounidadebásicadamensagemsem,entretanto,deixardeoferecerostextosembraileparaexploraçãoedecodificação.

Nométodosilábico,assílabassãocombinadasparaformarpalavras.Emgeral,quandoseensinaporestemétodo,inicia-seporumtreinoauditivo,pormeiodoqualacriançaélevadaaperceberqueaspalavrassãoformadasporsimplessílabasouporgruposconsonantais.

Apartirdaíoalunoassimilaaformagráficadasílabaàqualatribuiodevidosom.Nestemétodo,apresenta-se inicialmentea família silábica,emseguida,palavras,frasesetextos.

ComojádissemosoSistemaBrailleestábaseadonotatoeutiliza,geralmente,ummétodomaisfácilerápidoqueéosintético.Porseresseumsentidoquepercebeumasucessãodecurtaextensão,otatodistingueefetivamentealetraenãoo conjunto simplesqueconstitui apalavra, emuitomenoso conjuntocomplexoqueformaafrase.Portanto,aoler,acriançacegaelaboraumasíntesedasdiferentesletras.

Nessaperspectiva,podemtambémseroferecidascartelascomosímbolobraileparaacriançaepeloprocessoalfabéticoconstruiraleituraeaescrita.

Page 83: Alunos cegos

�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Paraambososmétodos,deve-seproporconteúdossignificativosadequadosàidade,vistoquealeitura,comoinstrumentodecomunicaçãoedeinformação,será mais tarde estimulante e motivadora por si mesma.

Osujeitoseinteressarádiretamentepelosconteúdosdotexto,semterderealizarespeciais esforçosparadecifrar símbolos, para recomporpalavras e frases.Duranteoperíododeaprendizagem,oalfabetizandofocalizasuaatençãomaisnainterpretaçãodossignificadosenosaspectosformaisdamensagemescrita.Porisso,pensamosqueduranteestaprimeiraetapaaspalavraseasfrasesqueseapresentamtêmdesercurtasecarregadasdeumconteúdoemocionalquesuponhaumreforçoimediatoaoesforçorealizado.

Asmensagensdostextosdevemapresentar-secompalavrasquejátenhamsidotrabalhadasoralmentepelosalunosecomestruturaslingüísticasfamiliaresparaeles.

Com relação à seqüência de apresentação das letras consideramos que se deve respeitaralgunscritérios:• Asdificuldades específicasdoSistemaBraille, semelhançados símbolos,

reversibilidade,assimetria,dificuldadesdepercepçãodecadagrafema,• As características próprias de cada língua: dificuldades ortográficas e

fonéticas.

Segundoapossibilidadedeusarumdosmétodosmencionados,oprofessorpoderádefiniraapresentaçãodasletras,dosfonemasoudassílabas,levandoemconsideraçãooscritériosjáexpostos,ointeresseeexperiênciadoaluno.

Oprofessortemaindaaoportunidadedeoptarporadotarlivrosjáexistenteseutilizados pelas crianças videntes ou textos elaborados com os alunos.

Normalmente,quandoseutilizaométodosilábico,começa-seporapresentarasvogaisminúsculasemaiúsculas,encontrosvocálicos,consoantesqueformamsílabas simples, consoantesque formamsílabas compostas comas seguintesrecomendações:• Desdeoprimeirofonemaintroduzidooprofessordeveráensinaradivisão

silábicadaspalavras.Ensinarohífen.• As palavras que comporão cada unidade proposta devem pertencer ao

repertóriodacriança,paraqueelaestabeleçaumarelaçãosimbólicaentreoconceito e o elemento escrito.

• Daraoalunoanoçãoexatadaunidadepalavracomoalgosignificativo.• Daranoçãodequeoconjuntodepalavrasformaumtodosignificativo,a

sentença.

Page 84: Alunos cegos

�2

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Levaracriançaaobservarecompreenderquenumasentençaaspalavrassãoescritasnumaordemlógica,obedecendoaregrasdeconstrução.

• As palavras na sentença precisam ser escritas respeitando espaços em branco entre elas.

• Desdeosprimeirosfonemasintroduzirassentenças,conseqüentemente,ossinais de pontuação. O primeiro sinal de pontuação a ser dado será o ponto final,depoisopontode interrogação,opontodeexclamação,avírgulaefinalmenteosdoispontos.

• Outrossinaiscomotravessão,reticências,grifo,apóstrofo,aspaseparêntesespoderão ser introduzidos no decorrer dos textos lidos.

Acondutadoprofessorcontribuiparadarsignificadoeimportânciaaoprocessodealfabetização,paraumacriançacomdeficiênciavisual.Assimsendo,acredita-sequeoprofessoralfabetizadorprecisa:• Planejaratividadesapartirdointeresse,competênciaeexperiênciadoaluno;• Acompanhar o processo de aprendizagemde cada aluno, registrando

o progresso. Saber identificar os alunos que precisamde uma atençãoespecífica;

• Fazertrabalhosdiversificados,deacordocomosníveisdosalunos;• Propor trabalhos em pequenos grupos para que cada um possa dar e receber

ascontribuiçõesdesuasidéiasedoquejádescobriu;• Planejarcadaaula,demaneiraqueotemposejadistribuídoentreatividadesque

osalunostenhamdefazersozinhos,empequenosgrupos,ecoletivamente;• Estimularaautoconfiançadosalfabetizandos;• Enfatizarascapacidadesenuncaasdeficiências;• Proporvivênciaseexperimentaçõesparacadaconteúdoaserministrado,

dandosignificadoecontextualizandoaaprendizagem;• Oferecermateriaisatrativoseacessíveis;• Apresentar materiais de boa qualidade e com possibilidade de serem

manipulados;• Apresentar textos, cartilhas e livrosde volumes reduzidos, editados em

formatospequenos,quepossamsermanuseados,edefáciltransporteparaosalunos;

• Recorreraalternativasquesejamtambémmotivadorasparaascriançascegas,taiscomoodesenho,emrelevo,deobjetosfamiliaresquetenhamreferênciascomostextos;

• Usarrecursosvisuais(desenhos,coloridos,contrastes)paramotivaracriançadebaixavisão;

• Adaptaroconteúdo,quandoadeficiênciavisualconstituirimpedimentoparaaexecuçãodedeterminadasatividades;

• Buscarmetodologiasalternativas,quandonecessário.

Page 85: Alunos cegos

�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

2. Intervalo (15 min.)

3. Continuação do estudo em grupo (1 h e 45 min.)

4. Almoço (2 h)

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO04horas

1. Continuação do estudo em grupo (2 h)

2. Intervalo (15 min.)

3. Elaboração de síntese (45 min.) Apresenta-seaseguirumroteirodequestõesqueobjetivafacilitaradiscussãogeral e a elaboraçãodeuma síntese, pelos participantes dosdiferentesgrupos.

Roteiro de Questões • NoqueconsisteoSistemaBraille? • Quaisinstrumentospermitemaredaçãoembraile? • O que se recomenda para a postura do aluno cego quando este escreve em

braile? • Oqueéoverbalismo? • Porquesãoimportantesashabilidadesmotoras? • Qualéaimportânciadotato? • Queprocessosestãoenvolvidosnaproduçãodaleitura? • Oquepodeumprofessoralfabetizadorfazerparaauxiliaraaprendizagem

deumalunocego?

4. Plenária (1 h)As respostas às questões do roteiro deverão ser apresentadas e discutidas em plenária,nahorafinaldesteencontro.

Page 86: Alunos cegos
Page 87: Alunos cegos

�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

5º ENCONTRO

5. COMPLEMENTAÇÕES CURRICULARES ESPECÍFICAS PARA A EDUCAÇÃO DE

ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA (AVD),

ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE

TEMPO PREVISTO08horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecercondiçõesparaquecadaparticipantesefamiliarizecom:• aimportânciadodomínio,peloalunocegoepeloalunocombaixavisão,das

atividadesdevidadiária(AVD);• estratégiasdeensinoquefavoreçamaaprendizagemeaautomatizaçãodas

atividadesdevidadiária;• aimportânciadaautonomiaparaorientaçãoespacialemobilidade;• oensinodeOrientaçãoeMobilidade-OM.

MATERIAL Texto:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino

Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.47–80.Brasília:MEC/SEESP,2001.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

Page 88: Alunos cegos

�6

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

1. E s t u d o d e t e x t o c o m s i m u l a ç ã o d a s a t i v i d a d e s d e AVD (2 h)Aoseiniciaresteencontro,oformadordeverásolicitaraosparticipantesqueseorganizemempequenosgruposparaleitura,estudoediscussãosobreotexto abaixo.

Recomenda-se, àmedidaque se vai lendoo texto, queosparticipantesreproduzamas atividades focalizadas, simulando a cegueira ou a baixavisão.Paratanto,podemutilizarasfaixasusadasnoexercíciodesimulaçãodesenvolvido no encontro.

Paraquetodospossamparticipar,sugere-sequeosparticipantesdecadagruporevezem-senaleituraenassimulações.

ENSINO DE ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIAPRINCÍPIOS DO PROGRAMA DE AVD9

AsAtividadesdaVidaDiária-AVDsereferemaumconjuntodeatividadesquevisamodesenvolvimentopessoalesocialnosmúltiplosafazeresdocotidiano,tendoemvistaaindependência,aautonomiaeaconvivênciasocialdoeducandocomdeficiênciavisual.

Temcomoobjetivos:proporcionaroportunidades educativas funcionaisquehabilitemoalunocomdeficiênciavisualadesenvolver,deformaindependente,seuauto-cuidadoedemais tarefasnoambientedoméstico,promovendo seubem-estarsocial,naescolaenacomunidade.

Tem como objetivos:• favoreceraaquisiçãodehábitos salutaresnaalimentação,nahigiene,na

saúdeenovestuário;• observarasformasqueoalunoutilizaparapercebereinteragircomomeio,

ampliandoeenriquecendo-as;• proporcionaraoalunosegurançaeconfiançapelautilizaçãointegradados

sentidosremanescentes;• favoreceraaquisiçãodeconceitosepistasespaço-temporaiserelaçõescausais,

paraodomínioeaorganizaçãodomeio;• estimularatitudes,habilidadesetécnicasparaodesenvolvimentodeatividades

navidaprática;

9 BRASIL.MinistériodaEducação.Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual.Vol.3,p.47-59,Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 89: Alunos cegos

��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• estabelecerrotinadiárianamanutenção,ordemelimpezadacasa,escolaouescritório;

• orientarquantoaposturas,gestosecomunicaçãosocial;• desenvolverhabilidadesdavidadoméstica:culinária,jardinagem,domíniode

equipamentos,artesanato,pequenosconsertos,atividadesartísticas,etc.;• orientarquantoàadequaçãosocial,etiquetas,boasmaneirasnotratodiário

emrestaurantes,festas,eventospúblicoseoutros;• propiciarvivênciasematividadesesportivas,lúdicaserecreativas.

Recomendações do programa de AVD

1. A pessoa que desenvolve um programa de ensino de AVD precisa de conhecimento técnico-científico, de tempo, paciência, compreensão,imaginação,sensocomum,flexibilidade,tolerância,coerência,conhecimentosobrepersonalidade,conhecimentodasdificuldadesedasnecessidadesdodeficientevisual,alémdelevaremcontaasexpectativaseosinteressesdeseu aluno.

2. OprogramadeensinodeAVDdeveiniciar-seomaisprecocementepossível.Comintervençãoapropriadaeorientaçãoàfamília,muitasinabilidadespodemser compensadas ou superadas.

3. OtrabalhodeensinodeAVD,naetapapré-escolar,deveserdesenvolvidopreferencialmenteatravésdejogos,rotinasejogodepapéis,comafinalidadede motivar a instalação e o estabelecimento de hábitos permanentes na criança.

4. OprogramadeAVDdeveserdesenvolvidoapartirdoníveldeexperiênciaperceptiva,dossignificadosedonívelconceitualdoaluno.

5. OprogramadeensinodeAVDnãodeveserderesponsabilidadeexclusivadoprofessordadisciplina,masdesenvolvidoeminterdisciplinaridadecomoProgramadeOrientaçãoeMobilidade,EducaçãoArtística,EducaçãoFísicae outros.

6. Muitasatividadesserãodesenvolvidaspelafamília,quedeveserorientada,paraqueoalunotenhaplenodomíniodomeioedasatividadescomunitárias.

Page 90: Alunos cegos

��

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

7. As atividadesdevem ter, comopontode referência, não apenas onívelde desempenhodas pessoas que enxergam,mas fundamentalmente aspeculiaridadesdacegueira,aformadiferenciadadeperceberedeserelacionarcom o meio.

8. OprocessometodológicoparaodesenvolvimentodasatividadesdeAVDéodaexperimentaçãoativa,comdiscussãopermanentecomapessoaeogrupo.

9. ÉdefundamentalimportânciaarealeconstantemotivaçãonodesenvolvimentodoprogramadeensinodeAVD,apartirdointeresse,expectativaerealidadesociocultural do aluno.

10.TodasastécnicasdeensinodeAVDsãoimportantesparaqueoaluno,comdeficiência visual, atinja sua independência. Para tanto, nãodevem seroptativas em seus aspectos básicos.

11. OensinodeAVDdeverespeitarosvaloresdecadaaluno,semforçarnempressionar jamais para que se efetivem aprendizagens que firam seusprincípios(comoporexemplo,costumesreligiosos).

12.AsAVD´sdevemser ensinadas levando-seemcontaa realidadede cadaaluno;alémdisso,éconvenientequeseconheçaousodeoutroselementos,aindaqueestesestejamtemporariamenteforadeseualcance.

13.ÉessencialqueasAVD´ssejaminternalizadaspeloalunocomdeficiênciavisual,paraseremreproduzidaseusadaspermanentemente.

Programa básico de ensino de AVD

O programa básico de ensino de AVD deve ter a preocupação de instrumentalizar a pessoacomdeficiênciavisualparabuscararealizaçãodeseusprópriosinteressesepossibilidades,apromoverodesenvolvimentodesuashabilidadeseaconstruirautonomia e independência nas atividades do cotidiano.

É sabido que a visão transmite informações ao indivíduo, com rapidez eprecisão,antecipaecoordenamovimentoseaçõeserespondepor80%darelaçãodoindivíduocomomundo.Portanto,sãomuitasesignificativasasimplicaçõesdadeficiênciavisualparaa integraçãodo indivíduo,vistoquea ausência de visão prejudica sua compreensão domundo e interfere na

Page 91: Alunos cegos

��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

qualidadedetrocacomomeio,causando,muitasvezes,aprivaçãodevivências,alimitaçãodemovimentoseainterferêncianaorientaçãoespacial.

Emvistadetodasessasimplicações,faz-senecessárioqueoprogramadeensinodasAVD´s,quecongregaatividadescomgraudecomplexidadeprogressiva,sejadesenvolvidodeformasistemática,permitindoaoindivíduotercontatocomastécnicase/ouprocedimentosparaaaquisiçãodaspráticas,bemcomofazeroquestionamentodelas,teraoportunidadedecompartilharexperiências,criar,planejar e experimentar.

Oprogramadeveaindafavorecerodesenvolvimentoafetivo,cognitivo,social,lingüístico eperceptivo-motordoaluno, comaperspectivadeproporcionaraodeficientevisualaindependênciaplenaemAVD,queéabasesobreaqualse acumulam todas as demais habilidades necessárias para sua autonomia e independência.

AiniciaçãonasAVD´scomeça,semdúvida,nolar,devendoseraescolaumlocaldecomplementaçãodeseuensinoeprática.Oprofessor,alémdesuasfunçõesespecíficas,terádeorientarafamíliaemcertosaspectos,principalmentepelofatodequeamaioriadesconheceaspossibilidadesdeseusfilhosenemsabetambéma formacorretadeauxiliá-los.Nãobastadarà criançaaorientaçãoverbaladequadaparaarealizaçãodedeterminadatarefa;elanecessitadeajudaparaaexecuçãoearepetiçãodaexperiênciaemconjunto,comsupervisão,paraque possa executar a atividade com segurança e desembaraço.

Oatodevestir-se,porexemplo,constituiumadificuldadedevidoàvariedadedecoreseacessóriosquedeverãosercombinados,exigindoaparticipaçãodeterceiros.Noentanto,oatodedespir-senãoconstituitantoproblema,sebemqueacriançadeveserorientadaparaestaratentaquandotirasuasroupas,poisdevefazê-locomcertaordem,parapoderencontrá-lasmaistarde.

SeasAVD´sforemrealizadasdeacordocomodesenvolvimentofísicoementaldacriança,ter-se-á,nofuturo,umadultoauto-suficienteeadaptadoàrealidadedavida.Deve-se lembrarqueparaodesenvolvimentodasAVD´s,podemserutilizadosmateriais comuns, sendonecessário,no entanto,maior tempodeexecução,concretizaçãoeobjetividadenoensino,doqueorequeridoparaumapessoa vidente.

A independência nas AVD´s serve a duas finalidades: a primeira,naturalmente,visaàsatividadesemsi,poisédesejávelenecessárioquetoda

Page 92: Alunos cegos

�0

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

pessoasaibavestir-se,alimentar-se,etc..Asegunda,visaasmesmasatividades,porémcomomeioparaoeducandooureabilitandocomdeficiênciavisualtornar-secapazdedesempenharseupapeldecidadãodemaneiracompleta,ouseja,naáreadaeducação(estudar,freqüentarcursos,participar),naáreadarecreação(lazer, sociabilidade, crescimento social),na áreado trabalho (qualificar-se,trabalhareproduzir)eprincipalmentenodebatesocialdeidéiasenoprocessodecisório que rege a vida em sociedade.

A prática autônoma de AVD´s deve proporcionar ao deficiente visualindependência física e emocional, que lhepermitaparticipar ativamentedoambiente em que vive.

OmétododeensinodeAVDdevesersempreflexível.Nenhumatécnicadeveserrígida.Assim,sugere-sequeoeducandopasseporumaentrevista,atravésdaqualsepossaverificarsuasnecessidades,definirosobjetivosparaumprogramadeensino,econseqüentementeestabelecerumplanodetrabalho.

Este plano de trabalho poderá ser desenvolvido:• Pelafamília,comorientaçãodoprofessor;• Peloprofessor,emsaladeaula,aproveitandoosrecursosdequeaescola

dispõe.

Aentrevistarealizadacomoalunoecomsuafamíliaconstituiumrecursovaliosoquepossibilitacolhersubsídiosparaumamelhorprogramação,umavezqueeladevesondaroperfildoaluno,mediantequestionamentossobreoquejárealiza,comorealiza,quaisasdificuldadesqueenfrenta,emquenecessitadeorientaçãoequaisasexpectativasquetem,comrelaçãoàaprendizagemdasAVD´s.

Apósoestabelecimentodaprogramação,sugere-sequeaprimeiraatividadedoalunosejaadeexploraçãonaturaleespontâneadoambienteasertrabalhado,bem como a dos elementos nele existentes.

Aetapaseguinteéamanipulaçãodesseselementos,comafinalidadedeco-nhecersuascaracterísticasefunção:comotocarosobjetosecomomanipulá-los.Opassofinaléautilizaçãodesseselementos,queconsisteemtocarosobjetos,manipulá-los,reconhecê-los,saberutilizá-los.

A uti l ização dos elementos é condição primária do processo derelacionamentodoindivíduocomomeio.Éimportantelembrarquetodo

Page 93: Alunos cegos

�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

o trabalhoaserdesenvolvidodeverápartirdasvivênciasreaisdoeducando,associando-asaoutraspráticasdocotidiano.

Emtodosospassosverificar-se-ãoashabilidadesnecessáriasparasuaexecução,tais como: desenvolvimento sensorial, perceptivo,motor, noções espaço-temporais,etc.,umavezqueaqualidadedodesempenhonatarefadependeráde vivências sucessivas nestes aspectos.

Exemplo: Habilidades necessárias para a execução da atividade:Área: Higiene CorporalAtividade: Limpeza e cuidados necessários com o corpo• Conhecimentodaspartesdocorpoesuasfunções;• Conhecimentodosmateriaisdehigienecorporal;• Preensãodosmateriais;• Percepçãotátil-cinestésicadaação;• Percepçãoolfativa;• Planejamentodoatomotor;• Ritmo e agilidade para execução.

É necessário lembrar que essas habilidades são importantes para a aprendizagem e a eficiênciana execuçãodessa tarefa, alémde serem importantespara odesenvolvimento integral do educando.

Aprender a escovar os dentes ou lavar o rosto requer o conhecimento anterior do usodapia(abrirefecharatorneira,colocarpastadentalnaescova,etc..).

TodoprogramadeensinodeA.V.D.,portanto,deveestarbaseadoematividadesprogramadaspassoapasso,notempoenorítmoprópriodecadaaluno,deformaquecadapassosejaimplementadoperfeitamente,atéqueoeducandoapresentedesempenhosadequadosemaiseficazes.

Síntese de um Programa Básico de ensino de AVD1. Higiene pessoal • Higiene bucal • Higiene do rosto • Higiene das mãos • Higienedospés • Higiene dos cabelos • Higiene das unhas • Higiene do ouvido • Higiene do nariz • Higienedosolhos(prótese)

Page 94: Alunos cegos

�2

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Higiene do corpo • Higienesexual(utilizaçãodepreservativo) • Higienemental,etc.

Exemplo:Área: Higiene Corporal / Higiene das mãos e do rostoAtividade: lavar as mãos e o rostoPassos:• abriratorneira;• molharasmãoseorosto;• pegarosabonete;• ensaboarasmãos,envolvendo-as;• escovarasunhas;• ensaboarorosto;• assoaronariz;• enxaguarorostoeasmãos;• fecharatorneira;• pegaratoalha;• secarorostoeasmãos;• pendurar a toalha.

É importante ressaltarque essas seqüênciasnaturais (quequalquer criançaaprendeespontaneamente,pelaobservaçãovisual,eàsvezescomumapequenaajuda)nãoépercebidapelacriançacomdeficiênciavisual.Daíanecessidadedeumensinosistemáticoeplanejado,comaintroduçãodeníveisdiferenciadosdeajuda e sua gradativa retirada.

Higiene de utensílios domésticos

2. Vestuário • Identificaraspeçasdovestuário; • Vestir-se(camisetas,calças,saias,etc.);

Page 95: Alunos cegos

�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Despir-se; • Calçarmeiasesapatos; • Procedimentoparadarlaçoenó; • Procedimentoparaabotoaredesabotoar; • Lavarpeçasdovestuário; • Engomarasroupas; • Reparosderoupas(alinhavar,fazerbainha...); • Dobraduraderoupas; • Organizaçãodasroupas(gavetas,cabides...); • Higienedoscalçados,etc.

Exemplo: Área: Vestuário Conteúdo: Vestir calça Passos: • Localizaracintura(cós); • Voltarapartedetrásdapeçaparaocorpo; • Desabotoarouabrirzíper; • Segurarpelapartedafrentedocós; • Vestirumapernaatéojoelho; • Vestiraoutraatéojoelho; • Puxaratéacintura; • Abotoar,fecharzíperoucolchete.

3. Atividades Domésticas • Explorarereconhecerambientes; • Organizareconservaroambiente; • Limpezaemgeral(varrer,lavar,encerar,aspirarpó); • Arrumaçãodacasa; • Utilização e conservação de eletrodomésticos e demais utensílios

domésticos; • Noçõespreliminaresparapreparodealimentos; • Preparodealimentossimples; • Preparo de alimentos complexos.

Exemplo: Área: Atividades domésticas Conteúdo: Uso do liquidificador Passos: Partes do aparelho:tampa,sobretampa,copodeplástico,fundometálico

(faquinhas),aneldeborrachaparavedaçãoecorpocommotor.

Page 96: Alunos cegos

�4

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Instruções para uso: • Atarraxar o copono fundometálico, tendo entre eles o anel de

borracha; • Encaixarocopo,jámontado,nocorpodoliquidificador,apoiando-o

nasquatrohastesexistentes; • Colocaroalimentoatéametadedocopo,depreferênciafrio; • Ligaropluguenatomadaeemseguida,naprimeiravelocidade; • Nãocolocaroutirarocopocomoaparelhofuncionando; • Adicionaraospoucosassubstânciassólidasouduras; • Desligarlentamente,passandodaterceiravelocidadeparasegundae

desta,paraaprimeira; • Desligar; • Limparocopodoliquidificador,apóscadauso.Bastacolocarumpouco

deáguaesabão,ligandooliquidificadornaprimeiravelocidade,poralgunsmomentos;

• Desligar; • Tirar o copodo corpodo liquidificador, desenroscando o fundo

metálico; • Enxaguarnatorneira; • Enxugarbem; • Guardarmontado; • Nãoligaroliquidificadormolhado; • Nãotocarnoaparelholigado,commãosmolhadas; • Limparo corpodo liquidificadorapenas companoúmido.Nunca

colocá-lonaágua,oquedanificaráomotor.

4. Alimentação e Boas Maneiras à Mesa. • Procedimentoparasentar-seelevantar-se; • Explorarolugaràmesa; • Procedimentoparaocortedosalimentosnoprato; • Procedimentoparaseservirdelíquidos; • Procedimentoparausodacolher; • Procedimentoparaseservirdealimentossólidos; • Procedimentoparacolocaraçúcar,sal,pimentaoucanela; • Procedimentoparacortarpão,bolo; • Procedimentoparapassarmel,margarina,geléia,etc.

Exemplo: Área: Alimentação e Boas Maneiras à Mesa. Conteúdo: cortar pão. Passos: • Localizaracestadepão,opãoeafacadeserra;

Page 97: Alunos cegos

�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Seguraropãocomamãoesquerdadeixando-onoarsobreacestaousobreoprópriopratinho;

• Segurarafacadeserracomamãodireita; • Deslizarafacasobreasuperfíciedecimaedarocorte; • Seprecisar,darumligeirotoquenafatiaqueestásendopartida; • Havendo tábuadepão, cortar opão sobre ela, até a faca tocar a

madeira.

5. Cortesia social: • Saudação; • Despedir; • Agradecimento; • Pedirpermissãoedesculpar; • Dirigirorostoaointerlocutor; • Identificar-seeidentificarointerlocutorpelonome; • Solicitareoferecerajuda,etc.

Exemplo: Área: Cortesia social Conteúdo: Polidez social Passos: • seramávelnocontatocomopúblico; • olharparaaspessoascomquemsefala; • levaremconsideraçãoaopiniãodosoutros; • evitarmudardeassuntoabruptamente; • colocardiscretamentesuasnecessidades; • oferecerorientaçõesdecondutasquandonecessário.

Boas maneiras à mesa

Page 98: Alunos cegos

�6

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

AVALIAÇÃO

Como todoprogramadeensino,deve contar comumprocessodeavaliaçãocontínua,queparaefeitodidático,podeserdivididaemtrêsetapas:• Avaliação Inicial– serveparadeterminaro “pontodepartida”parao

programa.São verificadas as aptidões, habilidades e experiênciasqueoalunojátem,atravésdaexecuçãodatarefa.Nestafase,oconhecimentodoprontuáriodoaluno,cujosdadosforamcoletadosduranteaentrevistainicial,édegrandeimportância.Deve-seestabeleceroprogramadaáreacomoalunoou como seu responsável,priorizandoosobjetivospor ele selecionados.ExplorarasaladeensinodeA.V.D.eseuequipamento,paraqueelepossaorientar-seelocomover-seadequadamente.

• Avaliação durante o processo–Pode serdeterminadapormês,porbimestre, oupor semestre.Consiste emavaliar o desenvolvimentodasatividades,começandosempredaquiloquefazpartedorepertóriodoaluno,paraprogredirporaproximaçõesprogressivas,domaissimplesparaomaiscomplexo,atéchegaràmetadesejada.

• Avaliação Final–medeasmodificaçõesoperadasno comportamentoenashabilidadesdoaluno, identificandoas conquistas e asdificuldadesconstatadas,deformaapoderorientaroprocedimentodemanutençãodoscomportamentos desejáveis adquiridos.

Oprofessordeveestarconscientedeque,desdepequena,acriançadeficientevisual precisa aprender as atividades rotineiras que lhe são importantes para a independênciapessoal.Sabercomer,atenderasuahigienecorporal,pentear-se,cuidardeseusobjetos,dentreoutrashabilidades,constituemumasériedeárduas,masnecessáriasaprendizagens,paraqueelapossaadquirirsentidodevaliapessoal.Somenteadquirindoconfiançaemhabilidadessimples,elapoderáempreenderoutrasmaisdifíceisequeexijammaioresforço.

Essas habilidades deverão ser aprendidas gradualmente. À medida que a criança dominaumaatividade,deveserensinadaeestimuladaabuscaroutras.Ensiná-laéumatarefaqueexigeconhecimentodasestratégias,paciência,compreensão,habilidadeeconstânciaporpartedaprofessoraedafamília,especialmentedapessoaque mais proximamente cuida da criança. O acordo e o entrosamento de trabalho entreolareaescolasãofatoresindispensáveisaosucesso.

2. Intervalo (15 min.)

3. Continuação da atividade de leitura e de simulação (1 h 45 min.)

4. Almoço (2 h)

Page 99: Alunos cegos

��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO04horas

1. E s t u d o d e t e x t o c o m s i m u l a ç ã o d a s a t i v i d a d e s d e Orientação e Mobilidade (2h)Retornandoasatividades,osparticipantesdeverãopassarparaoestudodostextosreferentesàOrientaçãoeMobilidade.

Recomenda-se,novamente,queosparticipantes,àmedidaqueseforlendootexto,procuremreproduzirasatividadesfocalizadas,simulandoacegueiraouabaixavisão.Paratanto,podemutilizarasfaixasusadasnoexercíciodesimulação desenvolvido no encontro.

ASPECTOS CURRICULARES DO PROGRAMA DE ENSINO DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE10

Adeficiênciavisualcongênitaouadquiridaacarretarásérioscomprometimentosrelacionados à capacidade de se orientar e de se locomover com independência esegurança,alémdecomprometer,ainda,aaquisiçãoeodesenvolvimentodeconceitos,esuasinteraçõessociais.

Noqueserefereaoadultoatingidopeladeficiênciavisual,seusefeitosimplicamtambémperdasnoaspecto físico,psíquico, social e econômico, oque exigereorganização e estabelecimento de novos esquemas de interação.

Lowenfeld (1948)eGokmam(1969) consideramqueapessoacega,quenãopode locomover-se independentemente,fica limitadaemconcretizardecisõesespontâneas, emassumir ou concluir várias atividadesde conhecimento esatisfaçãopessoal.Afirmam, ainda, quena área social e na interação comoambiente, aorientaçãoe amobilidade são, semdúvida, essenciais,pois adependênciadapessoadeficientevisualnessaáreapodelevá-laaumestadodeisolamentoededescrédito.

10 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.60-80.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 100: Alunos cegos

��

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

SegundoKepharteSchawatz(1974)eWebster(1976),“alimitaçãonaorientaçãoemobilidade é considerada comoomais grave efeito da cegueira sobre oindivíduo”.

Assimsendo,aeducaçãoeareabilitaçãodepessoascomdeficiênciavisual,comoprocessosparaatenderasuasnecessidadesparticulares,envolvemaaplicaçãodetécnicasespecializadas,alémdasutilizadasnosprocessosgeraisdeeducação.

A orientação decorre do processo de uso dos sentidos remanescentes,principalmente o tato, a audição e o olfato, a fimde estabelecer posição erelacionamentocomosobjetossignificativosdoambiente.OprocessoconjuntodeOrientaçãoeMobilidade(OM)permitequeoeducando,cegooudebaixavisão,adquiraacapacidadedeselocomoveredeseorientarnosdiversosespaços,taiscomo:escola,lar,comunidade,trânsito,etc.Aodominaressesespaçosesentir-seinseridoneles,comindependênciaenaturalidade,oeducandoadquiremaiorconfiançaemsiemaiordomíniopessoal,condiçõesfavoráveisasuaintegraçãosocial.

Suterko (1967) citouqueodesenvolvimentodashabilidadesde orientaçãoemobilidadeéparte essencialdoprocesso educacionaldequalquer criançadeficientevisual.Deveser iniciadopelospais,no lar,desdecedo,seguidonoensinoformalpeloprofessorhabilitadonaeducaçãodedeficientesvisuais.Talprogramadeve ser concluídoporumprofessorespecialista emOrientaçãoeMobilidade,quandosãoensinadasastécnicasmaisavançadas,comvistasamaiscompletaepossívelindependência,favorecendoefetivamentearealintegraçãoda pessoa na sociedade.

CONCEITOS E DEFINIÇõES

Para que uma pessoa realize um movimento com estabilidade e proporção será necessário que haja uma orientação apropriada para o relacionamento com o espaçodesuaação.Somentequandoistoforalcançadoéqueamobilidadepoderáacontecerde formaseguraeeficiente.Conclui-sequenomovimentodeumapessoaatravésdoespaço,aorientaçãovememprimeirolugareamobilidadeem seguida.

Apartirdisso,podemosdefinir “OrientaçãoeMobilidade”parapessoas comdeficiênciavisualcomo:

Orientação –Habilidade do indivíduo para perceber o ambiente que ocerca,estabelecendoasrelaçõescorporais,espaciaise temporaiscomesse

Page 101: Alunos cegos

��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

ambiente, através dos sentidos remanescentes.A orientaçãododeficientevisualéalcançadapelautilizaçãodaaudição,doaparelhovestibular,dotato,daconsciênciacinestésica,doolfatoedavisãoresidual,noscasosdepessoascombaixa visão.

Mobilidade–Capacidadedo indivíduode semover, reagindoa estímulosinternosou externos, emequilíbrio estáticooudinâmico.Amobilidadedodeficientevisualéalcançadapormeiodeumprocessodeensinoeaprendizagem,bemcomodeummétodosistematizadoqueenvolveautilizaçãode recursosmecânicos,ópticos,eletrônicos,animal(cão-guia),emvivênciascontextualizadas,favorecendoodesenvolvimentodashabilidadesedecapacidadesperceptivo-motorasdoindivíduo.

OBJETIVOS

Gerais: Proporcionar à pessoa cega ou combaixa visão independência,autonomiana locomoção,eautoconfiança,comoelementos favorecedoresdesua integração social.

Específicos: • Conhecer,sentir,percebereserelacionarefetivaeeficientementecomoseu

própriocorpo;• Usaromáximopossíveledeformaseguraacapacidadefuncionaldesuavisão

residual(noscasosdepessoascombaixavisão);• Percebereserelacionarefetivaeeficientementecomoespaço,assimcomo

comosobjetos,sonseodoressignificativosdoambiente,atravésdautilizaçãodossentidosremanescentesedomíniodoprópriocorpo;

• Utilizaradequadamenteastécnicascomoguiavidente;• Empregarcomsegurançaeeficiênciaastécnicasdeautoproteção;• Empregaradequadamenteecomeficiênciaastécnicascomabengalalonga;• Estabelecercontatoadequadocomaspessoasemgeral;• Locomover-secomsegurança,eficiênciaeadequaçãoporáreas internase

externas,comcaracterísticasdasmaisdiversas,assimcomoutilizarosmeiosde transportes.

PROGRAMA DE ENSINO DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE

OprogramadeOrientaçãoeMobilidade,porsermuitocomplexo,deveseguircertas etapas para seu desenvolvimento e auxiliar o educando na aquisição da capacidadedeorientar-seelocomover-seindependentemente.

Page 102: Alunos cegos

100

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Poderá ser ministrado individualmente ou para pequenos grupos. O programa completoexigiráde300a320horas-aula,podendoalgunsalunosconcluí-locom maior brevidade.

Oprogramadeveserelaboradoapartirdeumestudodocaso,queconsidereaspectosbiopsicossociais, condições sensório-motoras, experiênciade vida,necessidadeseinteressesdapessoacomdeficiênciavisual.

Portanto,oprogramadeOrientaçãoeMobilidadeémuitomaisqueosimplesensinodastécnicasparausodabengalalonga.DaíanecessidadedeoprofessordeOMestaradequadamentepreparadopara,também,considerarosaspectosbiopsicossociaisecognitivosrelevantes,paraensinarumapessoacomdeficiênciavisual a se locomover independentemente. Por isso, o professor deve serespecializadonaárea, com formaçãometodológicaedidáticaqueo capaciteparaessafunção.

AlémdosaspectosjámencionadoseporrecomendaçãodaprimeiraconferênciasobreOM, realizada emNovaYork, em 1959, o professor dessa áreadevepossuir as seguintes característicasdepersonalidade: otimismo, incentivo,paciência,equilíbrioemocional,segurança,honestidade,alegria,facilidadederelacionamento e prazer pelo trabalho.

Durantetodooprocessodeensino-aprendizagemdaOM,assituaçõesdelocomoçãovãosetornandomaiscomplexas,exigindodapessoacomdeficiênciavisualumapercepçãoaprofundadadoambiente,açõescadavezmaisindependentesetomadasdedecisõesque aumentam em uma seqüência ordenada.

Inicialmente,oalunoaprendeaserconduzidoporumguiavidente,alémdeadquirirainformaçãoaudível,tátil,cinestésica,necessáriasparaumamobilidadesegura,eleganteeeficiente.

Uso da bengala longa no rastreamento de linha guia

Page 103: Alunos cegos

101DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

A locomoção passa por uma seqüência que considera primeiro a vivência e a exploraçãocontroladadoambienteinterno,independentedoguia,usandobraçosemãosparaseproteger.Emseguida,éintroduzidoousodabengalalonga,paraoalunoobtersegurançamaior.Nesseestágio,oalunoprecisaaprendermuitosobreorientação.Ele começaa ter a chancedeplanejar e executar trajetos,quandoandasozinho,e tambémdeacharoutroscaminhosalternativos, semdepender do guia.

Nasáreasexternas,oalunoprecisacontinuar integrandosuashabilidadesdeorientaçãoemobilidadedamesmamaneiraquefezemáreasinternas.Aspistassãodiferentes,masahabilidadedeplanejaredealternartraçadosésemelhante.Amaiordificuldadeprovémdemudançasnoaspectoemocionaldalocomoção,bemcomodanecessidadedeintegraçãodashabilidades,enquantoexperimentanovassituações,comoatravessarruas,calçadas,entreoutras.

Nasáreascomerciais,asmesmashabilidadessãoutilizadas,alémdeconsiderarapresençadepedestres,tantoparaconseguirajuda(quandodesejada)quantoparadispensá-la,quandonãonecessária.

O professor participa como guia do aluno, durante o primeiro estágio dalocomoção,eoajudaamantersuaorientação.Duranteosestágiosiniciaisdoaprendizadodousodabengalalonga,oprofessoradota,freqüentemente,reforçossobreo rendimentodoalunoepermanece junto,dandonovas informações,semprequesefizeremnecessárias.

Masoprofessorprecisa,gradualmente,retirar-sedasituação,afimdepermitirque o aluno se desoriente e aprenda a restabelecer sua localização. Ele pode deixarqueoalunodêbatidas,ocasionalmente,demodoaensinar-lhequeeleprecisaaprenderausarastécnicasadequadamenteenãodependerdoprofessora todo instante.Oalunodeveescolher seupróprio caminho, apartirdeumpontodeterminadoatéoobjetivoeaceitarasconseqüências,quandoocaminhoescolhidoolevaaenfrentarmuitadificuldade.

Todosessesobjetivossãoatingidosgradualmente,eoprofessorprecisaráserextremamente sensível àsnecessidadesde cadaaluno.As experiências,nosespaçosexternos,devemincluir:transportecoletivo,taxi,trens,metrô,escadascomunserolantes,elevadores,portasgiratórias,auditórios,cinemas,restaurantes,bancoscomerciais,instalaçõesdesportivas(comoginásios,piscinas),instalaçõesresidenciais e outros.

Apresentar-se-á, a seguir, oprogramabásicodeOrientação eMobilidade,sendo sua seqüenciação puramente didática. Seu planejamento deve se

Page 104: Alunos cegos

102

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

fundamentarnascaracterísticasdecadaaluno,eemseusinteresses,nomomentoem que este estiver ingressando no programa.

1. Desenvolvimento dos requisitos básicos• Cognitivos–aquisiçãoeconcretizaçãodeconceitos;naturezadosobjetose

ambientes;usoefunçãodosobjetos;pensamentológico;soluçãodeproblemasetomadadedecisão;retençãoetransferência;abstraçãoegeneralização.

• Psicomotores–movimentosbásicos fundamentais (locomotores,não-locomotores emanipulativos); capacidades perceptivas (discriminaçãocinestésica,tátil,visual,auditiva,olfativaecoordenações,olho-mão,olho-pé, ouvido-mão,ouvido-pé); capacidades físicas;habilidades edestrezasmotoras.

• Emocionais – atitudes, motivações, valores, auto-imagem eautoconfiança.

2. Utilização dos sentidos remanescentes• Utilizaçãodavisãoresidualparaaspessoascombaixavisão;• Interpretaçãodepistaseestabelecimentodepontosdereferênciacaptados

atravésdossentidoremanescentes;• Relacionamento comoespaçodeaçãoe comosobjetos significativosdo

ambientepelautilizaçãoeficientedossentidosremanescentes.

3. Aquisição e desenvolvimento do sentido de orientação• Pontosdereferência;• Pistas;• Sistemadenumeraçãointerno;• Sistemadenumeraçãoexterno;• Medição;• Orientaçãodirecionadapelospontoscardeais;• Auto-familiarização.

Técnica para localização do assento

Page 105: Alunos cegos

103DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

4. Mobilidade dependenteTécnicas com a utilização do guia vidente:• Técnicabásicaparadeslocamentocomoguiavidente;• Técnicaparamudançadedireção;• Técnicaparatrocadelado;• Técnicaparapassagensestreitas;• Técnicaparapassagensporportas;• Técnicaparasentar-secomaajudadoguiavidente;• Técnicaparasubiredescerescadas;• Técnicaparaaceitar,recusarouadequaraajuda;• Técnicaparaentrarnumcarrodepasseio.

Técnica para deslocamento com guia vidente

Técnica para subir escada com uso da bengala

5. Mobilidade independente em ambientes fechadosTécnicas de autoproteção:• Proteçãoinferior• Proteção superior• Rastreamento com a mão• Enquadramento e tomada de direção

Page 106: Alunos cegos

104

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Métododepesquisa–localizaçãodeobjetos• Métododepesquisa–familiarizaçãocomambientes

Técnica para detectar e localizar linhas guias

Técnica de proteção superior

6. Mobilidade independente Técnicas com o auxílio da bengala longa• TécnicadeHoover;• TécnicadaquebradeHines;• Técnicaemdiagonal;• Técnicapararastreamentocomabengala;• Técnicaparavarreduradosolo;• Técnicaparadetecçãoeexploraçãodeobjetoscomabengala;• Técnicaparasubiredescerescadas;• Técnicadetoqueedeslize;• Técnicaparadetectarelocalizarlinhasgerais;• Técnicaparaacessoaelevadores;• Técnicasparareconhecimentodeáreasresidenciais;• Técnicaparatravessiaderua;• Técnicasparareconhecimentodeáreascomerciais;

Page 107: Alunos cegos

105DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Técnicaparatravessiaderuacomsemáforos;• Técnicaparautilizaçãodeestabelecimentoscomerciais;• Técnicaparamobilidadeemáreascomintensotráfegodepedestres.

7. Vivências especiais• Passagemporautoposto;• Familiarizaçãocomveículos;• Ônibus;• Elevadores;• Escadasrolantes;• Portasgiratórias;• Trens;• Travessiadelinhasférreas;• Feiraslivresemercados;• Hiperesupermercados;• Estaçõesrodoviárias,ferroviárias,portuáriaseaeroviárias;• ShoppingCenters–Grandesmagazines;• Ambientesespecíficos.

AVALIAÇÃO

OsistemadeavaliaçãodoprogramadeOMdeveráserdeobservaçãodireta,sendooresultadoregistradoemfichaderegistrodedesempenhodecadaaluno.

Sugere-seaobservaçãododomíniodeaspectospsicomotor,afetivoecognitivo,comregistroapartirdaentrevistainicialedetestesdeaptidão,paraacompanhamentodasmodificaçõesqueseprocessamnocomportamentodoaluno,possibilitandoretroalimentaçãocontínuaeaevoluçãodoprograma.

Locomoção independente com uso de bengala longa

Page 108: Alunos cegos

106

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Nofinaldecadaetapa,aavaliaçãomostraráatéquepontoosobjetivosforamatingidos,devendodiscutir-secomoalunoseudesempenho,considerando-se,assim,concluídoseuatendimento.

Os conceitos são uma parte extremamente importante no programa de Orientação eMobilidade.Oprofessorprecisaadotarumsistemaquetorneclarososobjetivosdoprograma.Sugerem-se conceitos:Aptoe Inapto.Asatividadesdevemserdesenvolvidasatéqueoalunosejaconsideradoaptoemtodosositensprevistosnoprogramaounositensporeledefinidos.

ORIENTAÇõES PRÁTICAS DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE PARA O PROFESSOR DA CLASSE

COMUM E O ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Alocomoçãoéparaoalunocomdeficiênciavisual–principalmenteparaocego–umadastarefasmaisdifíceis.Paratanto,hánecessidadedequeoalunosejaorientadoemdeterminadosprocedimentosquefacilitarãosuamobilidadeeaconseqüente integração no ambiente escolar.

Aseguir,algumasdasorientaçõesquepoderãosertransmitidaspeloprofessor.

Asprimeirasreferem-seàutilizaçãodeumaoutrapessoacomoguia-vidente.1. Oalunocomdeficiênciavisualdeverá,comobraçoflexionadoa90ºejunto

aocorpo,segurarlevemente,logoacimadocotovelo,obraçodoguia,aquemseguirámantendoumadistânciademeiopassoparatrás.Dessaforma,poderáperceberosmovimentosdoguia(parafrenteeparatrás,direita,esquerda,subidaoudescida),evitandoacidentesdesagradáveis.Éimportantequeoalunosoliciteoauxílio, ao invésdeesperarporele,pois com istoevitarátambémserpuxadoouempurrado.

Técnica de locomoção com guia vidente

Page 109: Alunos cegos

10�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

2. Paratrocardeladoprocederádaseguinteforma: • Comamãolivre,deverásegurarobraçodoguia,ficandoexatamentea

umpassodedistânciaatrásdele; • Comaoutramão,faráorastreamentodascostasdoguiaatéencontraro

outrobraço; • Seguraráentãoessebraço,ficandonovamenteameiopassodoguia.

3. Comrelaçãoàsubidaoudescidadeescadas,comguia-vidente,salientamosdois procedimentos:

• Oguiaestarásempreumdegrauàfrentedoalunoepróximoaocorrimãosehouver;

• Oalunocomdeficiênciavisualdeveráperceberamudançadenívelentreelesesentir,comopé,abordadodegrau.

4. Quandofornecessárioatravessarpassagensestreitas,oguiadeveráestenderobraçoparatrásedeslocá-loatéalinhamédiadocorpo,paraqueoalunodeficientevisualpossacolocar-sebematrásdele.

Técnica de troca de lado

Técnica para subida e descida de escada com guia vidente

Page 110: Alunos cegos

10�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

5. Emumauditório,comooteatrodaescola,porexemplo,oguiadeverá,após

encontrarafileiradebraços,posicionar-seaoladodoalunocomdeficiência

visual,semqueestesolteseubraçoeseguiratéobancodesejado.Éimportante

que,aopassarentreasfileiras,oalunofaçaorastreamentodosencostosdos

bancos.

Asorientaçõesaseguirpossibilitammaior independênciaaoalunodeficiente

visual,poisnãorequeremapresençadoguia.

6. Paraacompanharumasuperfície,tambémchamadalinha-guia,quepoderáser

umaparede,ummóvel,ummuroouqualqueroutra,oalunocomdeficiência

visualdeverá,comobraçonaalturadacintura,encostaramãonasuperfície,

comapalmaparabaixoe, comosdedos levementeflexionados seguir a

linha-guia.Éconvenientequeaofazeresterastreamento,oalunoutilizea

proteçãosuperiore/ouinferior(descritasaseguir)quandoalinha-guiafor

interrompidaporaberturas,comoportas,porexemplo.

Técnica para passagens estreitas

Técnica para entrar em auditórios

Page 111: Alunos cegos

10�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

7. Paraprotegerorostodepossíveischoques,deverálevantarobraçonaalturadoombro,flexioná-loemângulode120ºaproximadamenteecolocarapalmadamãovoltadaparafora.Adistânciaentreobraçoflexionadoeorostodeverásersuficienteparaquetenhatempodereaçãoaocontataroobstáculo.

8. Paraprotegeraregiãoabdominalepélvica,deverácolocarobraçolevementeflexionadonaalturadosquadris,demodoquea extremidadedosdedosultrapassealinhamédiadocorpo.

Técnica de rastreamento

Técnica de proteção inferior

Técnica de proteção superior

Page 112: Alunos cegos

110

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

9. Para determinar uma linha reta de direção a ser guiada e estabelecer uma marcha,deveráalinharumapartedeseucorpoemrelaçãoàlinhadoobjetooudeterminaradireçãodo som,apósoquepoderácaminharatéo localdesejado.Semprequenecessário,utilizaraproteçãosuperiore/ouinferior.

10.Paraoconhecimentodointeriordasaladeaulaedeoutrosambientesdaescola, comopiasdebanheiro, biblioteca, etc. o alunodeverá, partindodeumpontode referência, constante efixo, comoaporta,por exemplo,orientar-sesegundoasdireções:direita,esquerda,frente,atráse,utilizandoorastreamento,localizarosobjetosdoambiente.Quandoforpesquisarumambientedesconhecidoparaele,nãodeveesquecer-sedeutilizaraproteçãosuperiore/ouinferior.

11. Haverácircunstânciasemqueoprofessorprecisaráinformaradistânciaeaposiçãodoalunocomdeficiênciavisualemrelaçãoaumacadeiranaqualestedeverásesentar.Quandoacadeiraestiverdecostasparaoaluno,estedeveráutilizaraproteçãoinferioreseestiverdefrenteoudelado,afastaráapernaatétocá-lalevemente.Aseguir,oalunofaráaexploraçãodacadeiraesentar-se-ámantendoocorpoereto.

Alinhamento do corpo em relação a um objeto

Reconhecimento de ambiente

Page 113: Alunos cegos

111DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

12.Parapesquisarumamesa,oalunodeverádeslizarasmãosnassuasbordas,comapalmavoltadaparadentroeosdedoslevementeflexionadosafimdeverificarsuasdimensões,apósoquedeverárealizaraexploraçãodesuasuperfície,com movimentos leves para não derrubar os objetos encontrados.

13.Naposiçãode“agachar”(seminclinarparaafrente)eutilizandoaproteçãosuperior,oalunopoderáencontrarobjetosque tenhamsidoderrubados,tocandolevementeosolocomosdedosflexionadosemtrêsmovimentosasua escolha:

• Circular concêntrico: iniciar commovimentos circularespequenos, irampliandoatéqueencontreoobjeto(figuraa).

• Horizontal:deverãoserrealizadosmovimentoshorizontais,daesquerdaparaadireitaevice-versa,iniciandopróximoaocorpoeseafastandoatéaextensãototaldobraço(figurab).

• Vertical: os movimentos verticais deverão começar em proximidade do corpoe seafastara extensão totaldobraço, repetindo-seapequenasdistâncias,atécobrirtodaaáreadebusca(figurac).

Técnica para localização de assento

Técnica para exploração de superfícies

Page 114: Alunos cegos

112

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

14.Oalunopoderá,medianterastreamento,percebersuaposiçãoemrelaçãoaumveículo,comoaperuaescolar,porexemplo;aseguir,encontraramaçanetapara abrir a porta e localizar amoldura superior, observandoo espaçodisponívelparaentrar.Apóslocalizarobanco,oalunodeverápesquisá-lo,antes de sentar.

CONCLUSÃO

Orientação eMobilidade é uma áreamuito ampla, rica e fundamental noatendimento à pessoa cega ou com baixa visão. Um programa de orientação e mobilidade,domaissimplesaomaissofisticado,deveráatenderàperspetivaatualdaparticipaçãoefetivaecomprometidadopróprioindivíduo,dafamíliaedosprofissionaisembuscadeumainteraçãosaudável,facilitandoodesenvolvimentodapessoadeficientevisualintegradosnosistemacomumdeensino.

Técnica para localização de objetos

Técnica para entrar em veículos

Page 115: Alunos cegos

113DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

É, portanto, imprescindível o programadeOrientação eMobilidade paraessaspessoas,poisnãohádúvidasdequeodeficientevisualdeveráadquiriracapacidadedeselocomover,orientando-seesabendoparaondevai.Istoincluioconhecimentodacasaemquemora,doslugarespróximose,porfim,dosmaisdistantes.

Atésercapazdeandarsónarua,atravessarumaavenidadetráfegointenso,iraobanco,aocorreio,fazercompras,hámuitooqueaprender.Aotérminodestaaprendizagem,comoauxíliodesuabengala,oalunodeficientevisualdeveráteradquiridoacapacidadedeirevir,dirigir-seelocomover-secomautonomiaetotal independência.

2. Intervalo (15 min.)

3. Continuação da atividade de leitura e de simulação (45 min)

4. Plenária (1 h)Nosúltimos60minutosdodia,findooperíododetrabalhonospequenosgrupos,osparticipantesdeverão retornaràestruturadeplenária,ondeocoordenadordeverásolicitar,detodos,quesemanifestemquantoaoensinodasA.V.D.s,daorientaçãoedamobilidade, fazendoumparaleloentreoque estudaramnestedia e a experiênciaque tiveramno encontro2, desimulaçãodadeficiência.O formadordeveauxiliarogrupoaenfatizarasdificuldadesencontradasparaarealizaçãodasatividadesfocalizadas,bemcomoadiscussão sobreas estratégias eprovidências importantesparaapromoçãodeumalocomoçãoedeumfuncionamentoindependente,seguroe socialmente adequado.

Page 116: Alunos cegos
Page 117: Alunos cegos

115DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

6º ENCONTRO

6. COMPLEMENTAÇÕES CURRICULARES ESPECÍFICAS PARA A EDUCAÇÃO DE ALUNOS CEGOS: ESCRITA CURSIVA E

SOROBAN

TEMPO PREVISTO04horas

FINALIDADE DO ENCONTROFavorecercondiçõesparaquecadaparticipantesefamiliarizecomasprincipaisquestõesrelacionadascomaescritacursiva,ecomousodosoroban.

MATERIAL Texto:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino

Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.81–83.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Material• Cartolina• Barbante• Fios metálicos• Reglete(ondepossível)

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

Page 118: Alunos cegos

116

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

1. Leitura e discussão sobre o texto referente à Escrita Cursiva (30 min.)Aoseiniciaresteencontro,ocoordenadordeverásolicitaraosparticipantesqueseorganizemempequenosgruposparaleitura,estudoediscussãosobreo texto abaixo.

ESCRITA CURSIVA11

Conceito

EscritaCursivaéométodoutilizadopelapessoacegaparaescreverseunomedeprópriopunho (assinatura).Omanuscrito éumrecurso importanteparaapessoa cega e serveparapromover sua comunicação social, autonomia eindependência.

AEscritaCursiva temcomoobjetivopermitirao indivíduocegoescreverseupróprionome,dando-lheindependênciaeauto-afirmaçãonestaáreaetornando-oapto a assinar qualquer documento e dominar os instrumentos da comunicação universal e integração social.

Tem ainda como objetivos:• Adquirirhabilidadespsicomotoras,permitindoqueoalunopercebaecapte

aconfiguraçãodasletras;• Oferecercondiçõesdetirarosdocumentoscomsuaassinatura,evitandoo

usodaimpressãodigitalparaosalunoscegosalfabetizados;• Proporcionar autonomia e privacidade nas comunicações pessoais.

Etapas do Processoa. Preparação inicial: variaremfunçãodascondiçõesdoalunocomdeficiência

visual.Develevaremcontasuamotivação,suaidadecronológica,maturidade,desenvolvimentopsicomotoreosobjetivosdoaluno,emrelaçãoàescrita.

b. Programação de exercícios psicomotores: as atividades serão variadas acritériodoprofessor,baseadasespecialmenteemsuacriatividade, enorepertóriobásicodoaluno.Devemser trabalhadashabilidades corporais,

11 BRASIL.MinistériodaEducação.Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental. Deficiência Visual,volume3.,p.81-83.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 119: Alunos cegos

11�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

taiscomo:posiçãodocorpo,dosbraçosedasmãos,movimentaçãodasmãos

(daguia,edaqueescreve);oespaçamentoentrelinhas,letrasepalavras,a

percepçãodasformaseotamanhodasletras,dentreoutras.

c. Programação de ações para a escrita cursiva: nesta etapa, será

apresentadoaoalunocomdeficiênciavisual:

• os vários modelos de grade ou assinaladores. O aluno deverá ser incentivado

afazerexploraçãodagrade,noquesereferea:materialutilizado,largura,

númerodeespaçosvazados,comocolocaragrade,ondeficaoinícioda

linha,comopassardeumalinhaparaoutra,comocolocarodedoguia,

qualamelhorposiçãodacaneta,etc.;

• preparaçãodoalfabeto edonomedoaluno: em relevo,usando lixa,

barbante,fioursoearameflexível;

• exercíciosparaaassinaturapropriamentedita, segundoasexigências

legais;

• utilização da prancheta para manuscrito em relevo.

Aavaliaçãododesempenhoserácontínuaesistemática,durantetodooprocesso.

Oalunoseráconsideradoapto,quandoconseguirassinarseunome,devendo

essaassinaturaserapreciadaelidacorretamenteporalguém,ouquandotiver

atingido todos os seus objetivos.

Deve-seconsiderarqueatualmentetemaumentadoointeressedealunoscom

deficiênciavisual,integradosemclassesregularesdaescolacomum,pelautilização

domanuscrito.Essadecisãodeveserdoalunoenãosignificanecessariamente

negação da cegueira.

Muitosalunosmostramdesejode,alémdedominaroSistemaBraille,utilizar-se

daescritacomum.Paraalgunsalunos,esseprocessopodeserconcomitantecom

oensinodobraile;outros,preferemaprenderapósdominaroCódigoBraille.

Háalunosqueconsiderammaisfácilusaraletradeforma,oualetrabastão,

enquantoqueoutros, preferema cursiva.Paraque a escrita comum tenha

significadoparaa criança cega, é importanteque seja feita emrelevonuma

pranchetacomtela,utilizandoguiasmetálicosdelinha,guiasplastificados,ou

em cartão.

As“celas”daregletesãotambémusadascomolinhaguiaedeorientaçãoespacial

para a escrita.

Page 120: Alunos cegos

11�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

NaFrançajáexisteumacanetaqueescreveemrelevo.Logo,aescolanãopodeignoraressaalternativacomplementar,paraapromoçãodaindependênciaeaintegração do aluno cego.

2. Atividade Prática (45 min.)Cada grupo deverá representar uma encenação, ambientada em umaseçãodeumserviçopúblico,ondeé solicitadoque seassinedocumentosimportantes.

Osparticipantesdeverãoserevezarnopapeldeumfuncionáriovidente,enodecidadãoscegos,dequemésolicitadaaassinatura,ouopreenchimentodeumaficha,porexemplo.

Após todososparticipantes teremvivenciadoa experiênciada cegueira,nessasituação,deverãodiscutirasdificuldadesencontradas,eassoluçõesencontradasparaaexecuçãodatarefa.

3. Discussão sobre a experiência em plenária (30 min.)

4. Intervalo (15 min.)

5. Trabalho em grupo (1 h)Apósointervalo,osparticipantesdeverãoretomaraorganizaçãoempequenosgrupos,paraleituraediscussãodotextoaseguir.

O SOROBAN12

Aspectos históricos

Osoroban,ouábaco,aparelhodecálculodeprocedênciajaponesa,adaptadoparaousodedeficientesdavisão,vemmerecendocrescenteaceitaçãonoensinoespecializado,emvirtudedarapidezedaeficiêncianarealizaçãodas

12 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos no Ensino Fundamental. Deficiência Visual,Volume3,p.29-38.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 121: Alunos cegos

11�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

operaçõesmatemáticas(adição,subtração,multiplicação,divisão,radiciação,potenciação),deseubaixocustoedesuagrandedurabilidade.

NoJapão,mesmonaeradainformática,aindaseusatradicionalmenteosoroban,depaiparafilhoe,oficialmente,apartirdaterceirasérie.Seuuso,hojecomumparatodotipodecálculonoslares,firmasouescolasregulares,foiimplantadona educação de cegos há mais de cem anos.

Nasúltimasdécadas,osorobanvemsendodifundidocomoumrecursoauxiliarnaeducaçãodepessoascegasemváriospaíses,comoEstadosUnidos,Canadá,Inglaterra,Austrália,ÁfricadoSul,Alemanha,Colômbiaeoutros,alémdoBrasil.

Comoavanço tecnológico, as escolas especiaispara crianças e adultos comdeficiênciasdavisãosubstituíramousotradicionaldocubarítmopelosoroban.AmbossãoaparelhosdestinadosaoensinodaMatemática,sendoqueosoroban,tambémdenominado ábaco japonês, émais eficiente, contribuindopara aindependênciaeintegraçãomaisrápidadodeficientedavisãoàsociedade,poroferecer-lhemaisrapidezesegurança,pelaprecisãoeeficiênciadoaparelho.Porsuavez,ocubarítmotemavantagemdarepresentaçãoespacialdasoperações.

NoBrasil, o soroban foi adaptadoparausode cegos em1949,porJoaquimLimadeMoraes.Hoje,ousodosorobanédevalorreconhecidoporprofessoresespecializadosepessoascegas,eaindarequerumaorientaçãoprecisaeobjetivasobreastécnicasapropriadasparasuautilização.SeuempregonaaprendizagemdaMatemáticafazpartedocurrículodoEnsinoFundamentalparadeficientedavisão,sendoadotadopelosistemaeducacionalemtodoterritórionacional.

Descrição do Instrumento:

Osorobanouábacoéuminstrumentomatemático,manual,quesecompõededuaspartes, separadasporuma réguahorizontal, chamadaparticularmentede “régua de numeração”.Na suaparte inferior apresenta4 contas emcadaeixo.Aréguaapresenta,de3em3eixos,umpontoemrelevo,destinado,principalmente,asepararasclassesdosnúmeros.

Hásorobansqueapresentam13,21ou27eixos,sendoqueomaiscomumentrenóséode21eixos,utilizadopelocego,apartirdo iníciodaalfabetização.Osorobanacompanhaoalunoportodasuavidaescolar,sendoseuusoincorporadoà vida cotidiana.

Page 122: Alunos cegos

120

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Partes que compõem o soroban:

Legenda:1. Molduraassentadasobresuportesdeborracha,naparteinferiordabasedo

soroban,evitandoseudeslizamentodesnecessário.2. Réguadenumeração,quedivideosorobanemduaspartes:partessuperior

eparteinferior.3. Parte superior.4. Parteinferior.5. Eixos,hastesverticaissobreosquaissemovimentamascontas.6. Contas, situadas na parte superior da régua, sendo uma em cada

eixo.7. Contas, situadas na parte inferior da régua, sendo quatro em cada

eixo.8. Pontosemrelevoexistentesaolongodaréguadenumeração,localizandocada

umdetrêsemtrêseixosdividindo-aemseteespaçosiguaisouem7classes,consideradas da direita para a esquerda.

9. Borracha colocadaemcimadabasedamoldurado soroban, impedindoque as contasdeslizem livremente, isto é, semqueooperador as tenhamanipulado.

RECOMENDAÇõES PARA A UTILIZAÇÃO DO SOROBAN

Posição correta

Osorobandevesercolocadosobreamesa,nosentidohorizontal,devendoaparteinferior,ouseja,aquepossuiquatrocontasemcadaeixo,estarvoltadaparaooperador.Deveficarparaleloebememfrenteaooperador,evitando-sequalquer inclinação dos lados.

Page 123: Alunos cegos

121DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Postura adequada do operador

Ooperador, quando sentado, devemanter o tronco na posição ereta.Osantebraçosnãodevemficarapoiadosnamesa,afimdequenãosejadificultadaa movimentação das mãos.

Movimento dos dedos

Paraefetuarregistrodenúmerosecálculosnosoroban,sãoutilizadosdoisdedos:indicador e polegar das duas mãos.

Oindicadorserveparaabaixarelevantarascontasdapartesuperior,bemcomoabaixarascontasdaparteinferior.

Opolegaréutilizadosomenteparalevantarascontasdaparteinferior.

Método de trabalho

Paraoaprendizadodousodosoroban,propõem-seaulasteóricasassociadasàs aulaspráticas, comduraçãoeperiodicidadea serdefinidapeloprofessorespecializado, junto a seu aluno, sendoque a avaliação será sistemática eassistemática,medianteexercíciosdeaprendizagemefixaçãodurante todooprograma.

Escrita de Números

ParaoperaroSoroban,devemoscolocá-losobreamesa,demodoqueoretânguloinferior,omaislargo,fiquepróximodooperador.

Escrita dos números no soroban

Page 124: Alunos cegos

122

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Aescritadenúmeroséfeitapelodeslocamentodascontascomasextremidadesdosdedos,parajuntodarégua.Cadacontadoretânguloinferiorvaleumaunidadedaordemaquecorresponde,enquantoquecadacontadoretângulosuperiorvalecinco unidades da ordem a que corresponde. Quando todas as contas do mesmo eixoestiveremafastadasdarégua,aíestaráescritozero.

Antesdeiniciaraoperação,verifiquesetodasascontasestãoafastadasdaréguademodoquefiqueregistradozeroemtodasuaextensão.

Paraescrever1,2,3,4,desloquesucessivamente,parajuntodarégua,uma,duas,trêsouquatrocontasdoretânguloinferior.

Para escrever 5, desloque para junto da régua, uma conta do retângulosuperior.

Paraescrever6,7,8,9,desloquesobreomesmoeixoacontadoretângulosuperior,juntamentecomuma,duas,trêsouquatrocontasdoretânguloinferior.

Paranumeraisdedoisoumaisalgarismos,utilizetantoseixosquantosforemosalgarismos,observandoqueospontosemrelevofuncionamnaturalmente,comoseparadores de classes.

Aescritadequalquernúmerodeveserfeitaapartirdasuaordemmaiselevada.

Pararepresentarumnúmeroisoladoemqualquerpartedosoroban,escrevaaunidade à esquerda de um dos pontos em relevo.

Leitura de Números

Pararealizaraleituradequalquernúmero,desloqueodedoindicadorsobrearégua,apartirdadireita,procurandolocalizaraordemmaiselevada,contandoospontosseparadoresdasclasses,seforocaso.Apartirdaí,a leituraéfeitanormalmente,iniciando-sepelaordemmaiselevada.

Leitura dos números no soroban

Page 125: Alunos cegos

123DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Orientação Metodológica

1. A aprendizagem da escrita e da leitura de numerais deve ser feitasimultaneamenteporseconstituíremdeprocessosquesecompletam.

2. Maioreficiêncianastécnicasoperatóriasnosorobanpoderáseralcançadadesdequeoaluno sejaorientado,de início,parautilizar ambasasmãosindependentemente,tantonaleituraquantonaescrita.Amãodireitadeveatuarda1ªà4ªclasseeamãoesquerdanasclassesrestantes.

3. Aescritaealeituradenumeraispoderãosermaiseficientesseoalunoutilizaro indicadorparaas contasdo retângulo superior, eopolegarparaasdoretânguloinferior.

4. deslocamentodosdedos,naleituraeamovimentaçãodascontasnaescrita,devemserfeitasdemaneirasuaveeprecisa,evitando-seassimodeslocamentodesnecessário de outras contas.

5. Nosexercíciosde leitura,osnumeraisdevemser escritospeloprofessor,poisaescritafeitapelopróprioalunoprejudicaráoobjetivoprincipaldessaatividade.

6. Aaprendizagemdaescritaedaleituraconsideradastécnicasbásicasparaautilizaçãodo soroban,deve ser consolidadapela realizaçãodemuitosediversificadosexercícios.

7. Osalunosnãodevemutilizarsorobanqueestejamemmalestadodeconservação;cumpreaoprofessorverificaroestadodoaparelho,bemcomoorientarosalunosnosentidodemantê-lossempreemperfeitoestado.

A utilização do soroban por um aluno cego integrado numa classe comum não exigirá,necessariamente,porpartedoprofessor,conhecimentodesuatécnicaoperatória,vistoqueouso,odomínioeoensinodessatécnicaseráatribuiçãodoprofessorespecializado.Entretanto,seoprofessordematemáticaquiseraprender,serámaisumrecursodeconcretizaçãodaaprendizagembenéficaparaaclassetoda.Aconscientizaçãodaescola,nosentidodecompreenderqueosrecursosespecíficospodemtrazerdiversidademetodológica,contribuindoparaamelhoriadoensino-aprendizagemdaescolatoda,édefundamentalimportância.

Oprofessordaclassecomumpoderárealizarobservaçõesquantoàdeficiêncianousodoaparelhoediscuti-lascomoprofessorespecializado:

Page 126: Alunos cegos

124

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Se o aluno utiliza apenas uma das mãos para escrita ou leitura dos números;

• seoalunoutilizaambasasmãos;• seoalunorealizacálculoscomexatidão;• se,naresoluçãodesituações-problema,oalunoanotaosdadosnuméricos

no aparelho.

Nasoportunidadesemqueestejamsendoefetuadoscálculos,emsala,oprofessordaturmapoderáobservarseoalunoestáutilizando-sedosorobanesolicitaráqueeleexpresseverbalmenteasrespostas,comoqueavaliaráaeficiênciadouso do aparelho.

Quantoaousodosoroban,cumpreesclarecerquesuatécnicaoperatóriadifere,fundamentalmente,dausualemnossasescolas,considerandoque:• osnúmerossãodispostoslinearmente,emboraseparadosporespaço;• emoperaçõescomoaadição,porexemplo,opera-sedaordemmaiselevada

para a ordem mais baixa.

Recomenda-seque,vencidaafasedeconcretizaçãodasoperaçõesdecálculo,oalunodevaaprenderatécnicadecadaoperaçãonosoroban,afimdepoderparticipar normalmente das aulas com os demais alunos.

Emrelaçãoaoprofessorespecializado,sugere-se:• utilizarumacaixamatemáticapróprianacomposiçãodenúmeros;• orientaroalunoparaousocorretodeambasasmãos;• adquirirdomíniodoconteúdoqueestejasendodesenvolvidonasaulas,para

evitarqualquerformadedefasagemnaaprendizagem;• associarousodosorobanaodesenvolvimentodocálculomental,funcionando

oaparelhocomomeiodeanotaçãodosresultadosobtidos;• propiciarvivênciasematividadesesportivas,lúdicaserecreativas.

Cálculo mental

Considerandonãocomoúnicorecurso,mascomoalternativanecessáriaparao uso de umapessoa cega, o cálculomental deve ser estimulado entre osalunos,logoqueestesapresentemcondiçõesderealizá-lo,vencidaafasedeconcretizaçãodasoperaçõesmatemáticas.Nãopoderáserexigidadoaluno,nafaseinicial,arealizaçãodeetapasmaisavançadas,porquesevisaapenasafamiliarizaçãocomosnúmeroseodesenvolvimentodahabilidadedecalcular,recurso de grande valia para a vida prática de uma pessoa cega.

Page 127: Alunos cegos

125DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Afamiliarizaçãocomocálculomentalfacilitará,emetapasmaisavançadas,oestudodaálgebra,paraoqualéexigidocertograudeabstração.

Material didático

Ousodomaterialdidáticoassumedestacadaimportâncianoensinoespecializado,emgeral.Talimportânciaadvémdofatodeacegueira–ououtradeficiênciavisual–constituirsérioobstáculo,queafastaoindivíduodarealidadefísica.

Desta forma, crianças com cegueira congênita ou adquiridaprecocementeapresentam mais restrições de vivência e experiências que as crianças videntes. Esta circunstância, como já foi anteriormente referido, poderá influir norendimentoescolardoaluno,comoderestoemtodasuavida.

Nestaordemdeidéias,oconceitodematerialdidáticoparaoensinoespecializadoémuitomaisamploqueparaoensinocomum,noqualoprofessorutilizarecursosnamedidadasnecessidades.Quandosetratadealunoscegos,aindasãomaioresascarências.Paraeles,omaterialvivenciarásituaçõescorriqueiras,fornecendoinformaçõesqueenriquecerãoseuacervodeconhecimentoscomoeducando.Cadasituaçãovividaemclassesupõeumasériedeconceitos,sobreosquaisoprofessortrabalhará.

No caso de um aluno cego, as lacunas porventura existentes deverão serpreenchidasporsituaçõesfuncionaiscriadasemclasseounasaladerecursoserepassadasalgumasexperiênciassignificativasparavivenciar-seemcasaenacomunidade.

Consideraçõesmaisaprofundadassobreomaterialdidáticoparaalunoscegos,emgeral,dependerãodascircunstâncias,cabenoentantodestacarqueeledeveserfarto,variadoesignificativo.

Farto,paraatenderadiferentessituações;variado,paradespertarointeressedoeducando;esignificativo,paraatenderàsfinalidadesaquesepropõe.

Quantoàorigem,omaterialdidáticopodeser:• mesmousadopelosalunosdevisãonormal:objetosparaformarconjuntos,

Cuisinarepara trabalhar relaçãode tamanhoequantidade,Tangranparapercepçãoerelaçõesgeométricas,raciocínioecriatividade,MaterialDouradoparaosistemamétricoeoperaçõesbásicas;

• especialmente adaptados tais como instrumento de medida com marcação especial;

Page 128: Alunos cegos

126

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• blocos lógicos para classificação e seriação com texturas, baralhoparatrabalharconceitosnuméricos,adiçãoesubtração;

• especialmente elaborado para os alunos cegos.

É importante considerar que o material concreto reduz a abstração nas situações deaprendizagem,reduzindoasexposiçõesverbais,atendendoassimàrealidadepsicológica do aluno.

Aseleção e adaptaçãodematerial éumadasmais importantes atribuiçõesdoprofessorespecializadoporque,dispondode informações sobreosalunosdeficientes e conhecendoaspeculiaridadesdo ensino especializado,poderádesincumbir-se,comvantagem,dessatarefa.

6. Plenária (1 h)Retornandoàconfiguraçãodeplenária,osparticipantesdeverãodiscutireresponder a duas questões:

• Como fazerpara verificar se as operações realizadaspelo aluno comdeficiênciavisual,nosoroban,estãocorretas, seeunãoseicomousá-lo?

• Comoadministraroensinoemumaclasseondeháalunosvidentes,quenãoutilizamosorobanparaefetivarsuasoperações,ealunoscegosqueoutilizam?

Page 129: Alunos cegos

12�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

7º ENCONTRO

7. ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E ENSINO DA MATEMÁTICA

TEMPO PREVISTO06horas

FINALIDADE DO ENCONTRO• DisponibilizaraoprofessorinformaçõessobreautilizaçãodoBrailenoensino

da Língua Portuguesa e no ensino da Matemáticaparaoalunocego(ref.àexpectativa8).

MATERIAL Textos:Adaptação de documentos e textos anteriormente já publicados pelo MEC:BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília:

MEC/SEF,1997.

_____,Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume3,p.7-8.Brasília:MEC/CENESP,1979.

_____. Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume4,p.20-22.Brasília:MEC/CENESP,1979.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO03horas

Page 130: Alunos cegos

12�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

1. Estudo em grupo (1h 30 min.)Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoa seguir.

Apósa leitura,osparticipantesdeverãodiscutir e responderàsquestõesconstantes do Roteiro de Estudo apresentado logo após o texto.

REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA13

ConformeentendidonoensinodaLínguaPortuguesa,“alinguageméumaformadeaçãointerindividualorientadaporumafinalidadeespecífica;umprocessodeinterlocuçãoqueserealizanaspráticassociaisexistentesnosdiferentesgruposdeumasociedade,nosdistintosmomentosdasuahistória.Dessaforma,produz-selinguagemtantonumaconversadebar,entreamigos,quantoaoescreverumalistadecompras,ouaoredigirumacarta–diferentespráticassociaisdasquaissepodeparticipar.Poroutrolado,aconversadebarnaépocaatualdiferencia-sedaqueocorriaháumséculo,porexemplo,tantoemrelaçãoaoassunto,quantoàformadedizer,propriamente–característicasespecíficasdomomentohistórico.Alémdisso,umaconversadebarentreeconomistaspodediferenciar-sedaquelaqueocorreentreprofessoresouoperáriosdeumaconstrução,tantoemfunçãodo registro14edoconhecimentolingüístico,quantoemrelaçãoaoassuntoempauta.

Dessaperspectiva, a língua é um sistemade signoshistórico e social, quepossibilitaaohomemsignificaromundoea realidade.Assim,apreendê-laéaprendernão sóaspalavras,mas tambémseus significados culturais e, com

13Estetextoconstitui-sedeumaadaptaçãodedocumentosetextosanteriormentejápublicadospeloMEC:

BRASIL,SecretariadeEducaçãoFundamental.Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília:MEC/SEF,1997.

_____,MinistériodaEducaçãoeCultura.Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume3,p.7-8.Brasília:MEC/CENESP,1979.

_____.MinistériodaEducaçãoeCultura.Proposta Curricular para Deficientes Visuais.Volume4,p.20-22.Brasília:MEC/CENESP,1979.

14Registrorefere-se,aqui,aosdiferentesusosquesepodefazerdalíngua,dependendodasituaçãocomunicativa.Assim,épossívelqueumamesmapessoaorautilizeagíria,oraumfalartécnico(o“pedagogês”,o“economês”),oraumalinguagemmaispopularecoloquial,oraumjeitomaisformaldedizer,dependendodolugarsocialque ocupa e do grupo no qual a interação verbal ocorrer.

Page 131: Alunos cegos

12�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

eles,osmodospelosquaisaspessoasdoseumeiosocialentendemeinterpretama realidade e a si mesmas.

Alinguagemverbalpossibilitaaohomemrepresentararealidadefísicaesociale,desdeomomentoemqueéaprendida,conservaumvínculomuitoestreitocomo pensamento. Possibilita não só a representação e a regulação do pensamento edaação,própriosealheios,mas,também,comunicaridéias,pensamentoseintençõesdediversasnaturezase,dessemodo,influenciarooutroeestabelecerrelações interpessoais anteriormente inexistentes.

Essasdiferentesdimensõesdalinguagemnãoseexcluem:nãoépossíveldizeralgoaalguém,semteroquedizer.Eteroquedizer,porsuavez,sóépossívelapartirdasrepresentaçõesconstruídassobreomundo.Tambémacomunicaçãocomaspessoaspermiteaconstruçãodenovosmodosdecompreenderomundo,denovas representações sobreele.A linguagem,por realizar-sena interaçãoverbal15dosinterlocutores,nãopodesercompreendidasemqueseconsidereoseuvínculocomasituaçãoconcretadeprodução.Énointeriordofuncionamentodalinguagemqueépossívelcompreenderomododessefuncionamento.Produzindolinguagem,aprende-selinguagem.

Produzir linguagemsignificaproduzirdiscursos.Significadizeralgumacoisaparaalguém,deumadeterminadaforma,numdeterminadocontextohistórico.Issosignificaqueasescolhasfeitasaodizer,aoproduzirumdiscurso,nãosãoaleatórias–aindaquepossamserinconscientes-,masdecorrentesdascondiçõesemqueessediscursoérealizado.

Odiscurso, quandoproduzido,manifesta-se lingüisticamentepormeiodetextos.Assim,pode-seafirmarque textoéoprodutodaatividadediscursivaoralouescrita,queformaumtodosignificativoeacabado,qualquerquesejasua extensão.

Todaeducaçãoverdadeiramentecomprometidacomoexercíciodacidadaniaprecisacriarcondiçõesparaodesenvolvimentodacapacidadedeusoeficazdalinguagem,quesatisfaçanecessidadespessoais–quepodemestarrelacionadasàsaçõesefetivasdocotidiano,àtransmissãoebuscadeinformação,aoexercíciodareflexão.Demodogeral,ostextossãoproduzidos,lidoseouvidosemrazão

15Interaçãoverbal,aqui,éentendidacomotodaequalquercomunicaçãoqueserealizapelalinguagem,tantoasqueacontecemnapresença(física),comonaausênciadointerlocutor.Éinteraçãoverbaltantoaconversação,quantoumaconferênciaouumaproduçãoescrita,poistodassãodirigidasaalguém,aindaqueessealguémseja virtual.

Page 132: Alunos cegos

130

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

definalidadesdessetipo.Semnegaraimportânciadosquerespondemaexigênciaspráticasdavidadiária,sãoostextosquefavorecemareflexãocríticaeimaginativa,oexercíciodeformasdepensamentomaiselaboradaseabstratas,osmaisvitaisparaa plena participação numa sociedade letrada.

Cabe,portanto,àescola,viabilizaroacessodoalunoaouniversodostextosquecirculamsocialmente,ensinaraproduzi-loseainterpretá-los.Issoincluiostextosdasdiferentesdisciplinas,comosquaisoalunosedefrontasistematicamentenocotidianoescolare,mesmoassim,nãoconseguemanejar,poisnãoháumtrabalhoplanejadocomessafinalidade.Umexemplo:nasaulasdeLínguaPortuguesa,nãoseensinaatrabalharcomtextosexpositivoscomoosdasáreasdeHistória,GeografiaeCiênciasNaturais;enessasaulastambémnão,poisconsidera-sequetrabalharcomtextoséumaatividadeespecíficadaáreadeLínguaPortuguesa.Emconseqüência,oalunonãose tornacapazdeutilizar textoscujafinalidadesejacompreenderumconceito,apresentarumainformaçãonova,descreverumproblema,comparardiferentespontosdevista,argumentara favoroucontraumadeterminadahipótese,outeoria.Eessacapacidade,quepermiteoacessoàinformaçãoescritacomautonomia,écondiçãoparaobomaprendizado,poisdeladependeapossibilidadedeaprenderosdiferentesconteúdos.Porisso,todasasdisciplinastêmaresponsabilidadedeensinarautilizarostextosdequefazemuso,maséadeLínguaPortuguesaquedevetomarparasiopapeldefazê-lodemodomaissistemático.”(p.23-31).

Taisconsideraçõesprecisamsermantidascomopontosdereferência,quandose trata do ensino para o aluno cego ou com baixa visão.

Oalunocomdeficiênciavisualpodechegaràescolacomumarestritaexperiênciade linguagem,pornão ter tidoumaatenção sistemáticanocontextoemquevive.

Istodeterminaumatrasoemseudesenvolvimentogeral,oqueexigequeumprimeiroesforçonoestudodalínguasedestineaodesenvolvimentodalinguagemoral.

Considerandoque a linguagemé construídano contexto das relações quepermeiamavidadohomem,cadaalunopoderáapresentarumacervovariávelde vocabulário e de estruturas lógicas. Isto traz, como implicações para aaçãopedagógicadoprofessor,anecessidadedeconhecercomoseconfiguraalinguagemcomqueelechegaàescola,bemcomoanecessidadedeoportunizaraoalunoavivênciadeexperiênciascomovocabulárioecomconteúdosprópriosda idade.

Page 133: Alunos cegos

131DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Assim,tornam-seimportantesoportunidadesparadramatização,relatodefatosesituações,descriçãodeobjetos,defatoseacontecimentos,deouvir,reproduzirecriarhistórias,demanifestaropiniões,julgamentos,enfim,desemanifestarerecebermanifestaçõesdocoletivo,sobamediaçãocríticadoprofessor.

Um programa que se proponha a enriquecer o desenvolvimento da linguagem doalunocegotemqueserflexível,significativoparaarealidadesociocultural,dinâmico,fundamentadoemobjetivosdiversificadoserealistas.

Numprimeiromomento,portanto,háquesegarantir,aoalunocego,umavariedadedeexperiênciascomoexercíciodalinguagem,deformaainstrumentalizá-loparaconhecerarealidade,analisá-lacriticamente,manifestar-seatravésdediferentesformas,einteragirnomeiosocial.

Emseguida,háquesegarantiroensinodaleituraedaescritaembraile,habilidadequedevegradativamentetornar-semaisrápida.Éimportante,àmedidaqueoalunoavance nos anos da escolaridade que este passe a utilizar a leitura como instrumento deaprendizagem,que leiacomcompreensãoconteúdosgradativamentemaiscomplexoseabstratos,queescrevacomrapidezecorreçãopormeiodoSistemaBraille,naregleteeemmáquinasdedatilografar,queutilizeasformasgramaticaiscorretas(nosdiversoscontextosqueconstituemsuavidasocial),queseexpressecriativamente,quecodifiqueedecodifique,corretamente,mensagensapresentadasemdiferentesformasdelinguagem,incluindoaslínguasestrangeirasemestudo,quedemonstrecapacidadedeanáliseedecrítica,equesejacapazdeutilizaraleituraauditiva,atravésdeledorese/oudegravadores.

Assim, cada itemconstantedoplanode ensinodeve constituirumobjetivoretomado seguidamente, em cada ano da escolaridade, com gradativacomplexidadeeaprofundamento.

Istoexigedaescolacoerêncianoplanejamento,respeitandoaverticalidade,noqueserefereaosdiferentesconteúdosaseremtrabalhadosemcadaano,eahorizontalidade,noqueserefereasuagradativacomplexificaçãonocontinuum dos anos de escolaridade.

Exige,também,queoplanodeensinorespeiteatransdisciplinaridade,naqualcadaáreadoconhecimentodêsuacontribuiçãoparaoprocessodeaprendizagem,emcadaconteúdotemático.

Page 134: Alunos cegos

132

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Encontra-seabaixoumarelaçãodeprecauçõesquepodemseradotadaspeloprofessor,nointuitodefavoreceraparticipaçãoeoaproveitamentodoalunocomdeficiênciavisual:• “gravurasdevemserdescritaspeloprofessor,ousubstituídasporumagravação

outextopreviamentepreparado,embraile,peloprofessorespecializado;• quandoforemutilizadosexercíciosdetexto,estesdevemserpreparadosem

braile,comantecedência;• trabalhoseredaçõesserãofeitosembraileetranscritos,peloaluno,nosistema

comum,utilizandoamáquinadeescrever;casoestapossibilidadenãoestejadisponível,oalunopoderá ler,paraoprofessore/ouparaaclasse,oqueproduziuembraile;

• aanálisecríticadaproduçãodoalunodeveserfeitajuntamentecomadosdemaisalunos;

• asavaliaçõesescritasdeverãoserpreparadaserespondidasembraile,sendoposteriormente transcritaspeloprofessor especializado,ouapresentadasoralmente,pelopróprioaluno,aoprofessordasalaregular;

• exercíciosdotipo“lacunas”,ou“numerea2a. coluna de acordo com a 1a.”devemseradaptadosparaumaformaqueoalunopossarealizá-los;

• oalunonãodeve serdispensadodeatividades,buscando-se sempreumaalternativaquepermitasuaparticipação;

• ousodobrailedevesersempreincentivado;• semprequepossível,amáquinadeescrever,ouocomputadordevemser

utilizados,paraevitaradependênciatãocomumemalunoscomdeficiênciavisualquenãoreceberamatençãoeducacionaladequada;

• noensinodelínguaestrangeira,ousodematerialimpressoembraileedegravaçõestambéméessencial;

• é importante que oprofessorda classe regular conte como suportedeprofessorespecializado,paraumensinointegradoeconseqüente.”

Roteiro de Questões

1. Qualaimportânciadalinguagemnaformaçãoedesenvolvimentodoaluno?

2. Noquealinguagemdoalunocegopodesediferenciardadosalunosvidentes?

3. Oquepodeoprofessor fazerparapromoverodesenvolvimentodalinguagemdealunoscegos?Listepelomenos10exemplosdeatividadespedagógicas.

4. Comoadministrarapresençadeumalunocegoqueutilizaaleituraeescritaembrailenasaladeaula?

5. Casonãosedisponhadematerialdidáticoproduzidoembraile,comooprofessorpodefavoreceraoalunocegoalfabetizadooacessoatextos?

Page 135: Alunos cegos

133DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

2. Intervalo (15 min.)

3. Plenária (1 h 15 min.)

Apósointervalo,oformadordeverásolicitaraosparticipantesquevoltemà

organizaçãodeplenária,naqualcadagrupodeveráapresentarasrespostas

que produziram para as questões constantes do Roteiro de Estudo.

Deve-seincentivarquetodosdiscutamasrespostasapresentadas,àluzda

realidadedocontextoemqueatuamprofissionalmente.

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO03horas

1. Estudo em grupo (1 h 30 min.)

Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes se

organizememgruposdeatéquatropessoas,paraaleituraeestudosobreo

texto abaixo.

MATEMÁTICA PARA ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS16

Orientação Geral

Opresentetrabalhovisacomplementareenriquecerocurrículos,noquetangeao

ensinodaMatemática,fornecendosubsídiostantoparaoprofessordeclasseregular,

quantoaoprofessorespecializado,queatuarãocomesseseducandos.

Em qualquer abordagem sobre o ensino da Matemática a alunos cegos ou

a alunos combaixa visão, deve-se considerar, preliminarmente, que esses

educandosapresentamasmesmascondiçõesqueosalunosvidentes,parao

16 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.23–28,38-45.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 136: Alunos cegos

134

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

aprendizadodessadisciplina,ressalvadasasadaptaçõesnecessáriasquantoàsrepresentaçõesgráficaseaosrecursosdidáticos.

Comrelaçãoaos conteúdosprogramáticos, estesdeverão serosmesmosqueosministradosaqualquer tipodeeducando.Nesse sentido, sãoerrôneasasconcepçõesdequeaspossibilidadesdosalunoscegossãolimitadasou,ainda,dequenãoexistemmeiosdelevarestesalunosaaprenderMatemática.Naverdade,deve-seconsiderarque,alémdacondiçãodealunocegooucombaixavisão,oeducandoapresenta,comoosdemais,diferençasindividuaisqueinfluirãodiretaou indiretamente em seu desempenho na escola.

Dessemodo,oprofessordeclassecomumnãodeveráalterarodesenvolvimentodosconteúdosestabelecidospelaescola,nemprecisaráalterarfundamentalmenteseusprocedimentos,pelofatodeterumalunocomdeficiênciavisualentreosdemais.

ÉevidentequeumensinodaMatemáticacalcadoapenasemexposiçõesteóricas,semexperiênciaconcretaesignificativa,emquefalteaparticipaçãodiretadoalunoporinsuficiênciaderecursosdidáticosadequados,tenderáadesenvolver,emqualquereducando,umaatitudedesfavorávelàassimilaçãoeàcompreensãodoconteúdodesenvolvido.

Atarefadoprofessordaclasseregularprecisaráserdesenvolvidaemestreitoentrosamentocomoprofessorespecializado,doqualeleobteráasorientaçõesquejulgarnecessárias,semtransferirparaeste,oencargodeministrarosconteúdosprogramáticos.

Preliminarmente,oprofessorprecisaráobterinformaçõesbásicascomreferênciaaoalunocomdeficiênciavisual,especialmentenoqueserefereaoníveldeestudosdossímbolosmatemáticosusados:• Dispõedelivro-textoadequadooudematerialtranscritonoSistemaBraille?• UtilizaosorobancomorecursonecessárioparaoaprendizadodaMatemática?• Realizacálculomental?• Dispõe-se de recursos pedagógicos adaptados (blocos lógicos,material

dourado,tangram,ábaco,cubaritmo)?

O Aluno

O grau da perda visual que o aluno apresentar determinará os procedimentos especiaisqueoprofessordeverá assumir, bemcomoomaterial quedeverá

Page 137: Alunos cegos

135DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

utilizar.Seoalunopossuirvisãosuficienteparalereescrevernosistemacomum,ousoderecursosópticos,aoladodeprovidênciascomoacolocaçãodoalunobempróximoaoquadro-negro,aescritaemcadernosespeciais,autilizaçãodelivroscomunsoudetiposampliados,garantirãocondiçõesdesejáveisparaobomaproveitamento do aluno.

Dependendodoníveldofuncionamentovisual,osprocedimentosdiferirão,demodoaproporcionartambémosmeiosnecessáriosparaaaprendizagem.Cabeaoprofessorprocederdeformaanãocaracterizarinteresseespecialousuperprotetorpeloaluno,atendendo-oconformesuasnecessidadesespecíficas,paraquetenhaacessoaoconteúdodesenvolvidoemsala.Apropósito,sugere-se,comonorma,os seguintes procedimentos:• expressarverbalmente,semprequepossível,oqueestásendorepresentado

noquadro;• verificarseoalunoacompanhouaproblematizaçãoeefetuouseupróprio

raciocínio;• dar tempo suficienteparaoalunoapresentar suasdúvidas,hipótesesde

resoluçãodoproblemaedemonstraroraciocínioelaborado;• procurarnão isentaroalunodas tarefas escolares, seja emclasseouem

casa;• recorrer aoprofessor especializado,no sentidode valer-sedos recursos

necessários,emtempo,afimdeevitarlacunasnoprocessodeaprendizagemda Matemática.

Nocasodadeficiência ter sido adquirida recentemente, oprofessordeveráatentartambémparaoprocessodeadaptaçãodoalunoaosnovosrecursosdeque se utiliza.

Aidadeemqueocorreuadeficiênciadoalunoéfatordefundamentalimportânciaparaotrabalhodoprofessor,considerando-seque,viaderegra,acriançaquevê,vivenciasituaçõesvariadasecommaisfreqüênciadoqueadeficiente,oquelhedáumabagagemmaiordeinformaçõesquepoderãoinfluirdiretamentenorendimento escolar.

Conceitos espaço-temporais, noções práticas relativas a peso,medidas equantidades e outrashabilidadesutilizadasna vida, comocompra e venda,prepararedartroco,leituradehoras,cálculodedistâncias,etc.sãovivenciados,atodomomento,pelascriançasdevisãonormal.

Umadas formas de compensar essa desvantagempara a criança cega é aatuaçãodosprofessores,orientandoosfamiliaresdoalunoparaquelhesejamproporcionadastaisvivências,indispensáveisnavidaprática.

Page 138: Alunos cegos

136

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Observações realizadas entrealunos cegosdeaprendizagem insuficiente emMatemáticarevelaramfatostaiscomo:1. alunosqueefetuavamcálculoseresolviamproblemasenvolvendoquantias,

comabsolutacorreção,desconheciam,noentanto,ocustodecoisasmuitocomuns,comodoces,balas,sorvetes,etc.,revelandofaltadevivência;

2. alunosquefaziamconversõesecálculoscommedidas,mantinhamnoçõeserradassobrealgumasmedidas,comoometro,demonstrandofaltadecontatocom instrumentos usuais de medição.

O Domínio do Sistema Braille

DominandooSistemaBraille,oalunocegoécapazdeanotaredeexecutarastarefasescolaresquelhesãopassadas.Oconhecimentodossímbolosmatemáticoséde fundamental importânciaporque,diferindoemsua formados símbolosusadosnosistemacomum,seudesconhecimentopoderálevaroalunoacriarumasimbolizaçãoprópria,quenãoatenderáasuasnecessidadeseoimpossibilitarádeutilizar-sedelivrosquejátenhamsidotranscritosembraile.

OssímbolosmatemáticosnoSistemaBrailledeverãoserensinadosporprofessorespecializado,oqualdeveráorientaroalunoeoprofessordaclassequantoàsuaaplicação.Oprofessordevedispordosnúmeros,dossímbolosedomanualembraile,parapoderacompanhareavaliaroprocessodeaprendizagemdoaluno,nomomentodarealizaçãodosexercícios,emclasse.

Paracumprirestatarefa,oprofessordeverámanter-seatualizadoquantoaosnovossímbolosadotados,bemcomoàsalteraçõesintroduzidasnoscódigosdeMatemática.Convém,ainda,dispordemanualparaeventuaisconsultas.

CumprelembrarqueaescritalineardoSistemaBrailleimpõeadaptações,comoousodeparêntesesauxiliares,porexemplo,noscasosemquetermosdeumafraçãosejamumasoma indicada.Taisadaptaçõessupõemumconhecimentoda simbolizaçãomatemática edamatéria,paraque sejamevitadoserrosdeinterpretação da escrita.

O Livro Didático, no ensino da Matemática

OensinomodernodeMatemática, chamadogenericamentedeMatemáticaModerna, impôsumasériedemodificaçõesnaapresentaçãodamatéria, até

Page 139: Alunos cegos

13�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

mesmonoque se refere ao livro-texto.Emvezde textos longos, tais livrospassaramaser ilustradoscomfigurasedesenhos,emsuamaioriacoloridos,visandofundamentar-senarealidadedoaluno,paraobtermaioreficiêncianoprocesso de ensino.

Emconseqüência,atranscriçãodelivrosdeMatemáticaparaoSistemaBrailletornou-semaisdifícil,porqueas ilustrações,aindaquandorepresentadasemrelevo,nãoproporcionamaotatoasmesmasimpressõesqueavisão,associando-seaistoosproblemastécnicosdecorrentesdatranscriçãodireta.

Aadaptaçãodetextosparaseremtranscritos,recursoporvezesusado,nãodeveser feitaporpessoaquedesconheçaamatéria,afimdeseremevitadoserrosprejudiciais ao aluno.

Osignificadotátildeumdesenhoemrelevoéassuntoquemerece,porpartedoprofessorespecializado,umconhecimento tãoprofundoquantopossíveldaspossibilidades desse recurso.

Areproduçãodeobjetostridimensionaisatravésdelinhasemrelevo,emborade fácil identificaçãoparaovidente,nãoofereceao tato idênticapercepção,devendoserutilizadacomreservae,depreferência,cominformaçõesverbaisadicionais.É importante ressaltar,porém,que representações, emrelevo,delinhas,figurasplanas como triângulos,quadriláterosoupolígonos emgeral(figurasbidimensionais),quandodetamanhoadequadoe fácildiscriminaçãotátil,sãodegrandevalornoestudodaGeometria.

Aesserespeitodevemoslevaremcontaosseguintesfatos:• as figuras geométricas devem possuir tamanho adequado para o

reconhecimentotátil,tamanhoesteaserverificadocomopróprioaluno;• figurasmuitograndesdeterminamnão sóo reconhecimento lento, como

tambémdificuldadesna estruturaçãodo todo.Valenotarquefigurasdetamanhoreduzidodificultamadiscriminaçãodesuaspartescomponentes.

Porserdesaconselhávelarepresentaçãoemrelevodeobjetostridimensionais,olivro-textodeverásercomplementadocommodelosdessesobjetos,quepoderãosermanuseadospelosalunoscomo,porexemplo,ossólidosgeométricos:prisma,pirâmide, cone, esfera,paralelepípedo, etc.De fundamental importância é apossibilidadedeoalunopoderelaborarerepresentaressasfiguraseobjetosemdiferentestamanhoseescalas,utilizando-sedemateriaisvariadoscomomassa,argila,papelãoematerialdesucata, recursos inestimáveisparaaprendizagemsignificativaeconceitual.

Page 140: Alunos cegos

13�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

OensinodeMatemáticadeve atender, principalmente, àsnecessidadesdoalunonos anos iniciais do ensino fundamental, especialmente na fase dealfabetização.

Levando-seemcontaqueumobjetivopodeseratingidopormeiodediferentessituaçõesdeaprendizagemeque,inversamente,amesmasituaçãopodeatenderaváriosobjetivos,comafinalidadedefacilitarotrabalhodoprofessor,serãorelacionados,adiante,osobjetivosdoestudodaMatemática,quenessafasedaalfabetizaçãoseintegra,maisqueemoutras,àsdemaisatividades.

Valelembrarqueasdiferentessituaçõesdeaprendizagemdevemserencaradasapenas como sugestões de atividades e nunca comomodelos rígidos paraatingirdeterminadoobjetivo.Apartirdessassugestões,oprofessororientaráseutrabalho,modificando-aseadaptando-as,segundoascondiçõesmateriaisdequedispuser,arealidadeeointeressedosalunos.

Osobjetivosreferidosanteriormentesão:• reconhecerosobjetospelotato;• utilizar a noção de grandeza pela percepção do espaço que seu corpo pode

ocupar;• reconheceraigualdadecomorelaçãodeequivalência;• identificarashorasexatasnaconstruçãodanoçãodetempo;• reconhecerobjetospelotatoenomeá-los;• construiroconceitodeuniãodeconjuntos;• identificaropesodosobjetos,associandoasexpressõesverbais;• realizaradições,utilizandoapalavrasomaparaindicaroresultado;• reconhecer,pelotato,asmoedasecédulasdosistemamonetárionacional;• reconhecerasubtraçãocomoumaadiçãosuplementar;• utilizaroconceitodeequivalênciautilizandoosímbolo;• utilizaro conceitode seriação,usandoas expressões:primeiro, segundo,

último,etc.;• identificarrelaçõesdeespaçoentreseucorpoeoutrosobjetos;• deslocar-secomdesembaraçoemambienteconhecido,seguindodireções.

Dandocontinuidadeàescolarização,emespecial,paraosquatroprimeirosanosdoensinofundamental,oprofessorprecisaráatentarparaosseguintespontos:• Osmateriaisescolhidos,alémdeseremdebaixocustoedefácilobtenção,têm

a vantagem de poder ser utilizados tanto por alunos cegos como por alunos videntes.

Page 141: Alunos cegos

13�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Algumas atividades que envolvam o uso do próprio corpo podem ser realizadas porqualqueraluno,comoalternativa,propiciandooportunidadeparamelhorintegração entre os alunos.

• Atividadescomo“deslocar-sedeumpontoaoutro,percorrendocaminhosdeterminadosporcordas,emlinhareta,ziguezagueouemlinhassinuosas;observaradiferençaentreospercursosrealizados”emuitasoutrasfavorecema formação de esquemasmentais, habilidade que tem grande valia namobilidade de uma pessoa cega.

• Oconhecimentodaformadosnumeraisusadosnaescritacomumapresentavantagensparaoalunocego:adepoderutilizá-losemsituaçõespráticaseadecompreenderadistinçãoentrenúmeroenumeral.

• A solução de problemas que envolvam quantias precisa ser associada ao manuseio denotasemoedasdediversosvalores,emsituaçõesdecompraevenda.Essassituaçõesdevemserestimuladasnocasodoalunocegoporque,emgeral,osfamiliaresimpedem-nodefazercomprasdiretamente.

• Asatividadesquecompreendemleituradehoras(relógiobraile)requeremrepetiçõessistemáticasafimdeseremfixadas,pelofatodeacriançaceganãodispordeoportunidadesparaverificarashorasatodoomomento,porexemplo,nosrelógioscomunsdeoutraspessoas,nascasascomerciais,emlugarespúblicos,etc.

• Apráticadeexercíciodeefetuarmedições(metro,litro,quilograma)devebasear-senousodeinstrumentosadaptados.

• Nocasoparticulardoestudodefrações,sugere-seousodefartomaterialconcreto para boa compreensão dos conceitos a serem transmitidos e a compreensãodaformalineardeseuregistro.

Nos anos finais do ensino fundamental, o aluno cego, já deverá dominarmecanismosdeleituraeescritaembraile,ousodosoroban,ocálculomental,que lhe permitirão um desempenho mais independente na classe.

Aoprofessordaclassecomumcompeteapresentarconteúdos,acompanhareverificaraaprendizagemdoalunocego,comoadequalqueroutroaluno.

PONTOS ESSENCIAIS PARA A AÇÃO DO PROFESSOR JUNTO A ALUNOS CEGOS OU AOS ALUNOS COM BAIXA VISÃO INCLUíDOS NAS CLASSES COMUNS.

Ao professor regente da turma cabe:

• Procurarobter todasas informaçõessobrecomooalunopercebeomeio,elaborasuaspercepções,pensaeage.

Page 142: Alunos cegos

140

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Tomaraseucargoatarefadeensinar,acompanhareverificaraaprendizagem,deixandoaoprofessorespecializadoastarefasquedependamdeconhecimentoespecíficooudousoderecursosespeciais.

• Recorreraoprofessorespecializadosemprequenecessitardeorientaçõesespecíficasquenorteiemseutrabalhoemclasse.

• Verbalizar,namedidadopossível,situaçõesquedependemexclusivamentedo uso da visão.

• Procurarnãoisentaroalunodaexecuçãodastarefasescolares.• Fazerasverificaçõesdeaprendizagemdoalunocomdeficiênciavisualno

mesmo momento em que as realiza com os demais alunos.• Utilizar, quando possível,materiais que atendam tanto ao aluno com

deficiênciavisualquantoaosdevisãonormal.• Propiciar oportunidades para que o aluno vivencie certas situações que

interessemaodesenvolvimentodamatéria.

Ao professor especializado cabe:

• ComplementarasinformaçõeosdasaulasdeMatemática,fixandoossímbolos,formasderegistroembraile,utilizandorecursosapropriados.

• Conhecerossímbolosmatemáticosembraileeseuemprego,orientando-seem manual próprio.

• Colaborarnaseleção,adaptaçãoouelaboraçãodematerialdidático.• Conheceratécnicadecálculosnosoroban.

Oensinodamatemáticaparaalunoscomdeficiênciavisualrequerautilizaçãodeváriosrecursosmateriaisespeciaisadaptados,alémdosorobanjácitado.

Omaterial abaixo relacionadoéoferecido como sugestãopara serutilizadoem situações nas quais o material comumente adotado para os alunos de visão normal,nãopodeserusadocomeficiênciaporalunoscegos.Paraesses,torna-seindispensável a utilização de:• soroban;• pequenasbarrasdemadeira,dediferentestamanhos,divididasempartes

iguais;• cordasdeváriasespessuras;• fiosdediferentesespessuras;• botõesdediversostamanhoseformatos;• chapinhas;• discoslisoseásperos;• pequenosquadradosetriânguloslisoseásperos;• metrorígido,emmadeira,commarcaçõesemrelevo;

Page 143: Alunos cegos

141DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• fitamétricaadaptada;• réguas,adaptadas,dediferentestamanhos;• metroarticulado;• tirasdepapelão,comespessurasvariadasde1mma5mm;• quadradosempapelão,dediferentestamanhos;• recipientesemplásticocomcapacidadesde:1litro,1/2litroe1/4delitro;• cubosdemadeira;• pesosemmetalcom:1,10,50,100,250,500e1000gramas;• balançaadaptada;• modelosdefigurasgeométricasplanasrecortadasemcartolina,papelãoe

madeira;• hastesdemetal,dediferentestamanhos,paraformarfigurasgeométricas;• modelosdesólidosgeométricos,emmadeira;• retângulosdeborracha,coladossobremadeira,paraproduzir,comcaneta

esferográficaoupunção,desenhosemrelevo;• transferidoradaptado,apresentandopequenossulcosde10ºem10ºeno

qualsejamfixados,pormeiodeumparafuso,suashastesdemetalcomoosponteirosdeumrelógio;

• pranchacomtelaparadesenhoegráficosemrelevo;• caixadematemática,comtelaoufolhamilimetradapararepresentaçãode

desenhogeométricoougráfico(tipogeomatic,comalfinetedecabeçaeelásticoparademonstração).

ROTEIRO DE ESTUDO

1. Épossívelensinar,paraosalunoscomdeficiênciavisual,osmesmosconteúdosprogramáticostrabalhadoscomosalunosvidentes?

2. Que informaçõessão importantesparaoprofessorpoderplanejarseuensino?

3. Quefatoressãoimportantesdeconsiderar,noqueserefereaoaluno,quandoseplanejaoensinodamatemática?

4. Quematerialdidáticopodeserútilparaoensinodamatemáticaparadeficientesvisuais?

5. Oqueserecomendaparaarelaçãoentreoprofessordaclassecomumeoprofessorespecialista?Quetarefascaberiamacadaum?

2. Intervalo (15 min.)

3. Plenária (1 h 15 min.)Após o intervalo, o formador deverá solicitar aos participantes que

Page 144: Alunos cegos

142

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

voltemàorganizaçãodeplenária,naqual cadagrupodeveráapresentaras respostas que produziram para as questões constantes do Roteiro de Estudo.

Deve-seincentivarquetodosdiscutamasrespostasapresentadas,àluzdarealidadedocontextoemqueatuamprofissionalmente.

Page 145: Alunos cegos

143DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

8º ENCONTRO

8. ENSINO DE ESTUDOS SOCIAIS (GEOGRAFIA E HISTÓRIA) E ENSINO DE CIÊNCIAS

TEMPO PREVISTO06horas

FINALIDADE DO ENCONTRO• Disponibilizar aoprofessor informações sobre autilizaçãodoBraileno

ensino de Estudos Sociais e o ensino de Ciênciasparaoalunocego(ref.àexpectativa8).

MATERIAL Textos17 :1. OensinodeHistóriaedeGeografia2. O ensino de Ciências

Material• Diferentestiposdepapel;• Barbante,fiosdenylon,lã;• Diferentestiposdetecidos,delixas;• Colaplástica,colacomum;• Tesoura;• Massa de modelagem• Pranchadeborrachaecarretilhadecostura;• Prancharevestidadetela(deplástico).

17Textoselaboradosapartirdoconteúdoconstantede:

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais- História/Geografia. Brasília:MEC/SEF,1997.

____. Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume3.Brasília:MEC/CENESP,1979.

Page 146: Alunos cegos

144

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

1. Estudo em grupo (1 h)Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoabaixo.

O ENSINO DE HISTÓRIA E DE GEOGRAFIA

“OensinodeHistóriapossuiobjetivosespecíficos,sendoumdosmaisrelevantesoqueserelacionaàconstituiçãodanoçãodeidentidade.Assim,éprimordialqueoensinodeHistóriaestabeleçarelaçõesentreidentidadesindividuais,sociaisecoletivas,entreasquaisasqueseconstituemcomonacionais.”(p.32).

“Espera-seque, ao longodo ensino fundamental, os alunosgradativamentepossamlerecompreendersuarealidade,posicionar-se, fazerescolhas,eagircriteriosamente.Nessesentido,osalunosdeverãosercapazesde:• Identificaroprópriogrupodeconvívioeasrelaçõesqueestabelecemcom

outrostemposeespaços;• Organizaralgunsrepertórioshistórico-culturais,quelhespermitamlocalizar

acontecimentos numamultiplicidade de tempo, demodo a formularexplicaçõesparaalgumasquestõesdopresenteedopassado;

• Conhecererespeitaromododevidadediferentesgrupossociais,emdiversostemposeespaços,emsuasmanifestaçõesculturais,econômicas,políticasesociais,reconhecendosemelhançasediferençasentreeles;

• Reconhecermudançasepermanênciasnasvivênciashumanas,presentesnasuarealidadeeemoutrascomunidades,próximasoudistantesnotempoenoespaço;

• Questionarsuarealidade,identificandoalgunsdeseusproblemaserefletindosobrealgumasdesuaspossíveissoluções, reconhecendo formasdeatuaçãopolíticainstitucionaiseorganizaçõescoletivasdasociedadecivil;

Page 147: Alunos cegos

145DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Utilizarmétodosdepesquisaedeproduçãodetextosdeconteúdohistórico,aprendendoalerdiferentesregistrosescritos,iconográficos,sonoros;

• Valorizaropatrimôniosocioculturalerespeitaradiversidade,reconhecendo-acomoumdireitodospovoseindivíduosecomoumelementodefortalecimentodademocracia.”(p.41).

Paraoalcancedetaisobjetivos,foramsugeridosconteúdos“apartirdahistóriadocotidianodacriança(oseutempoeoseuespaço),integradaaumcontextomaisamplo,queincluioscontextoshistóricos.Osconteúdosforamescolhidosapartirdotempopresente,noqualexistemmaterialidadesementalidadesquedenunciamapresençadeoutrostempos,outrosmodosdevidasobreviventesdopassado,outroscostumeseoutrasmodalidadesdeorganizaçãosocial,quecontinuam,dealgumaforma,presentesnavidadaspessoasedacoletividade.Osconteúdosforamescolhidos,ainda,apartirdaidéiadequeconhecerasmuitashistórias,deoutrostempos,relacionadasaoespaçoemquevivem,edeoutrosespaços,possibilitaaosalunoscompreenderemasimesmoseavidacoletivadequefazemparte.”(p.43-44).

Já aGeografia, “estuda as relações entre oprocessohistóricoque regula aformaçãodassociedadeshumanaseofuncionamentodanatureza,pormeiodaleituradoespaçogeográficoedapaisagem.”(p.109).Partedopressupostodeque“oespaçogeográficoéhistoricamenteproduzidopelohomemenquantoorganizaeconômicaesocialmentesuasociedade.Apercepçãoespacialdecadaindivíduoousociedadeétambémmarcadaporlaçosafetivosereferênciassocioculturais.Nessaperspectiva, ahistoricidadeenfocaohomemcomosujeito construtordoespaçogeográfico,umhomemsocialecultural,situadoparaalémeatravésdaperspectivaeconômicaepolítica,queimprimeseusvaloresnoprocessodeconstruçãodeseuespaço.Assim,oestudodeumatotalidade,istoé,dapaisagemcomosíntesedemúltiplosespaçosetemposdeveconsideraroespaçotopológico–oespaçovividoeopercebido–eoespaçoproduzidoeconomicamentecomoalgumas das noções de espaço dentre as tantas que povoam o discurso da Geografia.”(p.109-110).

OensinodaHistóriaedaGeografia,paraoalunocego,exigeousodelivrosemateriaisdidáticostranscritosparaoSistemaBraille,adaptadosemrelevo,comdiferentestexturas,bemcomoaintensificaçãodacomunicaçãooral.

Ousodemaquetes, de representaçõesmateriais do sistemaplanetário, deacidentesgeográficos,decartografiacomdistintosmateriais,podeserútil,massempreacompanhadosdeminuciosadescriçãooral,edediscussão.

Page 148: Alunos cegos

146

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Éimportantequeacadaitemdoconteúdoprogramáticooprofessorestimuleapesquisasobreinformações,aanálisecrítica,amanifestaçãoverbaldetodososalunos,inclusivedosqueapresentamdeficiênciavisual.Oprofessortambémnão deve se esquecer de explicitar oralmente tudo o que estiver escrevendo no quadro,bemcomoevitaratividadesdeleiturasilenciosa,jáqueoconteúdoassimtratadomantém-seforadoâmbitoperceptualdessealuno.

Aoalunocombaixavisãofaz-se,poroutrolado,importanteousodosrecursosópticos que lhe favoreçam o acesso à comunicação escrita. O ensino daGeografia,principalmente,implicaráatividadescomplementaresquepoderãoser desenvolvidas em salas de recursos.

Serãoapresentadas,abaixo,sugestõesdeatividadesedemateriaisespecializadosquepodemfavoreceraaprendizagemdeHistóriaedeGeografiadosalunos,demaneirageral,edosquetêmdeficiênciavisual,emparticular.(Brasil,1979).

a) Coleta de reáliasJóias,ornamentos,dinheiro,bonecastípicas,roupas,utensílios, ferramentas,manuscritos (alunoscombaixavisão),documentos, selos, gravaçõesemfita,modelosdetransportesemeiodecomunicação,faqueiros,instrumentosmusicais,objetosdearte,baixelas,amostrasdeprodutos,relógios,armas,revistas,fórmulasdetelegramas,contasdetelefone,deluz,degás,passagensdetransportes,etc.

b) Coleta de plantas arquitetônicas da comunidadePara alunos cegos e, senecessário, para osdebaixa visão, utilizar plantasconfeccionadasemaltorelevo.

c) Organização de um fichário de leituras informativasRecomenda-sequenasfichasde leitura informativasejamobservadoscertoscuidados,taiscomo:• Trechosnãomuitoextensos;• Linguagemacessívelàturma,devendofocalizarespecialmenteaspalavras

novas;• Informaçõesautênticas;• Organização lógica.

d) Seleção de lugares para excursõesAseleçãodos lugaresdeve serdirecionadapelos conteúdosqueestão sendodesenvolvidosemclasse,eaosinteressesdemonstradospelosalunos.Alémdisso,cadaexcursãoexigeumcuidadosoplanejamento,peloprofessor,apresentando:

Page 149: Alunos cegos

14�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Objetivosdeterminados;• Previsãodediaehoraparaaexcursão;• Previsãodaduraçãodaexcursão;• Cálculodasdespesas;• Previsãodetransporteedealimentação;• Solicitação de permissão da direção da unidade escolar e dos responsáveis

peloaluno;• Previsãodeacompanhantes,alémdoprofessor,paraadescriçãodolocaldo

passeio,paraajudanalocomoçãoenaalimentaçãodealunocego;• Explicitação de comportamentos exigidos.

Osalunosdevemparticipardoplanejamento, fazendo sugestões e tomandoconhecimentoprévioacercadoqueseesperaqueobservem,dasinformaçõesquepretendemobter,doprocedimentodecoletadedados.

Émuitoimportanteque,apósaexcursão,sejaavaliadaaatividade,tendoemvistaos itensconstantesdeseuplanejamento.Étambéminteressantequeasinformaçõesobtidas sejamutilizadas emoutras situaçõesdeaprendizagem,tais como,discussões críticas, apresentaçãode relatórios orais ou escritos,dramatizações,etc.

Os alunos cegos que participarem das excursões ou de visitas devem ser informadosminuciosamentepeloprofessor,colegas,ouacompanhantes,detodososfatos,situaçõeseocorrênciasvisuais.

e) EntrevistasConsidera-sevaliosooacessoapessoas-fonte,comomeiodeobterinformaçõessobreacomunidade.Aentrevistatambémrequerumplanejamento,paraoqualse sugere os seguintes itens:• Objetivosdaentrevista;• Relaçãodeperguntasaseremfeitasparaoentrevistado,fundamentadanos

objetivospreviamenteestipulados;• Apessoadoentrevistado;• Oconvite;• Olocalondeserárealizadaaentrevista:naescola,ounolocalondeseencontra

oentrevistado;• Adeterminaçãododiaedahora;• Adeterminaçãodequaisalunosfarãoasperguntasequaisosquegravarão

aentrevista,ouqueanotarãoasrespostas;• O agradecimento à atenção do entrevistado.

Tambémno casode entrevistas, recomenda-seque seja feitaumaavaliaçãoposterior, reportando-se aos itens constantesdoplanejamento.Damesma

Page 150: Alunos cegos

14�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

forma,asinformaçõesadquiridasdevemserutilizadasemoutrasatividadesdeaprendizagem.

f) Utilização dos meios de comunicação de massaOsacontecimentosdaatualidade,enfocadosporjornais,revistas,rádio,televisão,podemserlidos,ouvidosecomentadosemclasse.

Asprimeirasinformaçõespodemsertrazidaspeloprofessoroupelosalunos.Apartirdisso,sugere-sequeosalunosselecionemaquelasqueserãodiscutidasemclasse,servindotambémcomotemaparapesquisas,debates,júrissimulados,dramatizações,etc.

Osalunoscegosdevemserestimuladosasolicitaracolaboraçãodefamiliares,colegaseamigos,paraa leiturade impressoseparaadescriçãode imagensveiculadas pela TV ou cinema.

Sugestões de roteiro para Sistematização de Pesquisa sobre Fatos Sociais ligados à comunidade• Fatosocial;• Épocaemqueofatoaconteceu;• Causas;• Conseqüências;• Acontecimentosrelevantesligadosaofatosocial;• Locaisrelacionados(localizaçãoemmapas,plantas,etc.)OBS:Paraalunoscegos,nãosepodeesquecerqueénecessáriaautilizaçãodemapaseplantas,emaltorelevo;• Personagensprincipaisesuaatuaçãonosacontecimentos;• Situaçãodomunicípio,doestado,dopaís,naépoca,quanto: • aogoverno; • aodesenvolvimentocultural; • àagricultura; • àindústria; • aocomércio; • àpopulação; • aos meios de transporte e comunicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: História, Geografia. Volume5.Brasília:MEC/SEF,1997.

____. Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Vol.4.Brasília:MEC/CENESP,1979.

Page 151: Alunos cegos

14�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

2. Atividade Prática (1 h)

Apósotérminodaleituraediscussãosobreotexto,osparticipantesdecada

grupodeverãoescolherumtópicodoconteúdoprogramáticodaHistóriae

daGeografia,paraapresentarparaalunoscegos.

Ogrupodeveráelaboraroplanodeensinoparaessetópico,contendoobjetivo

geral,objetivosespecíficos,conteúdo,estratégiasmetodológicas,materiais/

atividadesaseremutilizados(incluindoasadaptaçõescriadasparaoacesso

doalunocego),processodeavaliação.

O grupo deverá, também, criar ummaterial adaptado, o qual será

posteriormenteapresentadoemplenária,juntamentecomoplanodeensino

elaborado.

3. Intervalo (15 min.)

4. Plenária (1 h 45 min.)

Devoltaàorganizaçãoemplenária,cadagrupodeveráapresentaroplanode

ensinoqueelaborou,bemcomoomaterialadaptadocriado.

Recomenda-sequeaapresentação incluaacontextualizaçãodo tópicoedo

material,noconjuntomaisamplodoconteúdoprogramáticofocalizado.

Recomenda-se, também,quecadagrupopermitaautilizaçãodomaterial

criado por outros participantes da plenária, previamente vendados,

enriquecendo,assim,adiscussão.

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO04horas

1. Estudo em grupo (1 h 30 min.)

Nestemomento,oformadordevesolicitaraosparticipantesquesereorganizem

emgruposdeatéquatropessoas,paraaleituraeestudosobreotextoaseguir.

Page 152: Alunos cegos

150

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

ENSINO DE CIÊNCIAS

OensinodeCiências implicaráatividades realizadasem laboratórios,ouem

salasderecursos,alémdeatividadesnaprópriasaladeaula.Nocasodenão

contarcomestaspossibilidades,oprofessordeveráusardesuacriatividadepara

implementaromáximodeatividadespráticasquepossaconseguir,nopróprio

contexto da sala.

As recomendações para o ensino do aluno cego continuam sendo as mesmas das

já feitasparaoutrasáreasdoconhecimento:ouso intensivodacomunicação

oral, garantindo-se que seja a ele descrito verbalmente, todo e qualquer

fenômenotratadovisualmente.Paraoalunocombaixavisão,deve-segarantir

disponibilização dos recursos ópticos necessários.

Seguem algumas sugestões metodológicas.

Pressão

• Anoçãodepressãodeveserdadaantesdasdeareágua;

• Nãohánecessidadedeapresentarafórmuladedefiniçãodepressão;

• É importanterepetirasexperiências,usandomateriaisdiferentes,porque

omanuseiodematerialvariadoésempreútilparaoalunocomdeficiência

visual.

Rochas e Solo

• O estudo sobre rochas e solos deve ser relacionado com os conceitos de erosão

edesagregaçãoderochasparaformaçãodesolos.

Os Seres Vivos

• Situaçõeseatividadespráticasdevemfundamentaraabordagemaotópico

classificaçãodeanimais;

• Quandoseestiverabordandonoçõesdeanatomia,defisiologia,recomenda-se

utilizaromáximodeprotótipos/modelosconcretos,comoocorpohumano

desmontável. Eles podem auxiliar na construção do conceito em questão.

Énecessárioque se expliqueaosalunos,por exemplo,queumovopode

representarumacélula,masquesuacascaéproporcionalmentemuitomais

grossadoqueamembranadacélulareal;queagemaémuitomaiorqueo

núcleodacélula;quenãoépossívelrepresentarosvacúolos;queháoutros

detalhesdacélulaquetambémnãopodemserpercebidos.

Page 153: Alunos cegos

151DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

O Corpo Humano

• Este temapodeserdesenvolvidocomohabitualmente,quantoaobjetivos

específicos.Entretanto, comoos alunos cegosnãopodemse apoiarnas

ilustraçõeshabitualmenteencontradasnoslivrosdidáticos,seránecessário

que acompanhem todas as exposições orais manuseando o corpo humano

desmontável e suaspartes (tronco, órgãos internos, órgãosdos sentidos

eaparelhos).Osalunosdebaixavisão deverãorecebercópiasampliadas

das ilustraçõesapresentadasaosdemais,quandoestas foremdepequeno

tamanho.

• A mesma orientação pode ser seguida para os temas relacionados com higiene

esaúde.

Força e Movimento

• Anoçãodeforçasópodeserpercebidadiretamentepeloalunocegoatravés

deseucorpo,seusmúsculos.Portanto,aapresentaçãodessanoçãodeveser

acompanhadaporsituaçõesdeexperiência,emqueoalunoexerçaforçacom

seusprópriosmúsculos.

• Omovimentoéumfenômenodedifícilpercepçãoparaoalunocomdeficiência

visual,pordoismotivos:

• levaoobjetoparalongedoobservador;

• é impossível apalpar um objeto que semove sem alterar-lhe o

movimento.

• Uma solução para dar ao aluno comdeficiência visual a percepção do

movimentoéusarobjetosqueemitemsons,aomesmo tempoemquese

move.

Som

• Osfenômenossonorossãoosdemaisfácilpercepçãoparaoalunocego.Ofato

dequeossonssãoproduzidosporobjetosvibrantesédepercepçãoimediata

pelotato.Portanto,nessetópico,osexperimentoshabitualmenterealizados

comalunosvidentespodemserutilizadossemmodificaçõescomalunoscegos

e alunos com baixa visão.

• É conveniente explorar ao máximo os sons emitidos por instrumentos

musicais,isoladamente,ouemconjunto.

Luz

• Osexperimentosrelacionadoscomfenômenosluminosospodemserrealizados

semalterações, comalunosdebaixavisão.Evidentemente, estão forade

cogitaçãoparaosalunoscegos,resguardandoaquelesquetêmpercepçãode

luz.

Page 154: Alunos cegos

152

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Eletricidade e Magnetismo• Os fenômenoseletrostáticos sãodedifícilpercepçãoparaocego,pois são

evidenciadosporatraçõeserepulsõesdeobjetosmuitoleves,queaoseremtocadossedescarregam,omesmoacontecendocomoobjetoqueosatraiu.

• Acorrenteelétricaemcircuitossimplescostumaserevidenciadapeloseuefeitoluminoso,empequenaslâmpadas,dotipolanternadepilha,nãochegandoaproduziraquecimentosensívelnessaslâmpadas.Portanto,acriançacegapoderámontarcircuitosmasnãopoderáverificarporsimesmaaintensidadedacorrente.Acriançadebaixavisãopoderáfazê-lo,observandoobrilhodaslâmpadasintercaladasnocírculo.

• Dosefeitoseletromagnéticos,omaissimplesequepodeserobservadopelocegoéodeeletroímã,usando-secorrentefornecidaporumapilhacomumdelanterna.Opróprioalunopodeconstruiroseueletroímã.

• Os fenômenosmagnéticosmais simples (atraçãoe repulsãoentre ímãseatraçãodeobjetosde ferro)podemser constatadospela criança cega.Oexperimentocomum,realizadocomlimalhadeferroparaconcretizaranoçãodelinhasdeforçadocampomagnético,estáforadoalcancedoalunocego,maséútilparaoalunocombaixavisão.

Gravitação da matéria• Asnoçõesdepesodoscorpos,aceleraçãodagravidadeeequilíbriopodemser

tentativamente concretizadas para o aluno cego mediante a seguinte situação de experiência:

• Atirarhorizontalmenteumapedracomvelocidadecadavezmaior; • Acadavez,irprocurarondecaiuapedra; • Apalparomodelodatrajetóriadapedraconstruídonaparede,utilizando

umacordaepregos.Convémrelacionarestaatividadecomolançamentodesatélitesartificiais.

Transformações da Matéria• As noções elementares de constituição damatéria são desenvolvidas,

habitualmente,partindodasnoçõesdemistura,soluçãoecombinação.• As transformaçõesdamatériaclassificadascomoreaçõesquímicaspodem

serobservadaspeloalunocombaixavisão,nosexperimentoshabitualmenterealizados. O aluno cego poderá concretizar essa noção observando a reação que ocorre,quandosecolocaumcomprimidoefervescenteemágua.Paramelhorconstatação,elepoderáprovaraáguaantesedepoisdareaçãoecolocarodedodentro do recipiente durante a mesma.

• Anoçãodereaçãoquímicadotipo“combinação”podeserconcretizadaparaoalunocombaixavisão,atravésdaoxidação(enferrujamento)deumpedaçode palha de aço de cozinha.

Page 155: Alunos cegos

153DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Pode-se,também,compararavelocidadedeoxidaçãodapalhadeaço,emdiferentessituações(águafriaegelada,águapuraecomsabão,asecoecomáguapura,comáguapuraeacidificadacomsucodelimão).

CuidAdOs nO lAbORAtÓRiO E nA sAlA dE RECuRsOs (FUNBEC, 1975)

Recomendações para o aluno

Cuidados com o uso de substâncias químicas• Ao aquecer substâncias emum tubode ensaio, dirija a abertura deste

para o lado em que não haja nenhum companheiro do grupo. Peça a seus companheirosquesedesloquemumpouco,emtornodamesa,deformaquefiqueumladolivreparadirigiraaberturadotubodeensaio.

• Nunca coloque o rosto muito próximo de um recipiente onde está ocorrendo umareaçãoquímica.Mantenhaorostoaumadistânciaquepermitaobservarbemofenômeno(alunosvidentesealunoscombaixavisão),semcorreroriscode ser atingido por respingos ou borbulhamento.

• Nunca cheire diretamente qualquer substância. Mantenha o recipiente que a contémafastadodorostoe,commovimentosdamão,dirijaparaoseunarizos vapores desprendidos.

• Somente prove qualquer substância utilizada ou produzida durante os experimentos,comautorizaçãoexpressadoprofessor.

• Nuncaadicioneáguaaumácidoconcentrado,poisareaçãoseráviolenta,comgrande produção de calor e borbulhamento intenso. O ácido poderá atingir o seurosto.Sevocêreceberumácidoconcentradoeprecisardiluí-lo,despejelentamenteoácidosobrebastanteágua.Essatécnicaéimportante,sobretudoparaoácidosulfúrico.

• Peçaaoprofessorparalerosrótulosdosfrascosantesdeusarseusconteúdos.• Nãousequantidadeexageradadesubstâncias;usesempreasquantidades

indicadaspeloprofessor.• Conserveosfrascossempretampados.• Nãotorneacolocarnosfrascossubstânciasquetenhamsidoparcialmente

utilizadas.• Nãomisturesubstânciasaoacaso,massomentedeacordocomasinstruções

doprofessor.

Cuidados com o uso do fogo• Nuncacoloquepertodofogosubstânciasvoláteiseinflamáveis,comoálcool,

gasolina,benzina,queroseneedetergentesdotipoVarsolouFaísca,assimcomo qualquer aerosol.

Page 156: Alunos cegos

154

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Seoálcooldalamparinaseesgotar,váreabastecê-lanamesadoprofessor.Nuncacirculecomumfrascograndedeálcoolentreasmesasdosseuscolegas,onde há lamparinas acesas.

• Se for necessáriomudar de lugar uma lamparina acessa, faça-o comcuidado.

O que fazer em caso de acidente• Qualquer acidente, por menor que seja, deve ser comunicado ao

professor.• Qualquercorte,pormenorqueseja,deveserdesinfetadoecoberto.• Nocasodequeimaduraseintoxicações,oprofessordevedirigir-seaohospital

maispróximoparaorientaçãomédica.• Seosolhos forematingidosporqualquer substância irritante,devemser

lavadoscombastanteáguaoudepreferênciacomcolírio.• Seumasubstânciainflamávelderramar-sesobreamesaepegarfogo,useo

extintor de incêndio ou pegue uma das caixas de areia que devem existir no laboratórioejogueareiasobreofogo.

• Seasvestesdeumcolegapegaremfogo,abafeofogocompanosgrandesoupeçasdevestuário(camisas,agasalhos).Nuncaabaneofogo.

Recomendações para o professor

• Oprofessoréoresponsávelpelasegurançadosalunosnolaboratórioenassalasderecursos.Portanto,deveplanejarasatividadespráticascomomaiorcuidado,afimdereduziraomínimoaprobabilidadedeacidentes.

• Toda aula prática deve ser precedida de recomendações bem claras sobre certosdetalhesdoprocedimento,paraevitarsituaçõesconfusasdurantearealização da experiência.

• Oprofessoréresponsávelpelaexistência,nolaboratório,deumextintordeincêndioembomestadodefuncionamento,ecaixasdeareia,emdiversospontos da sala.

• Semprequeoprofessorde classe tiverde levar, parao laboratório, umalunocegooudebaixavisão,deveráantespedirorientaçãoaoprofessorespecializado.

2. Atividade Prática (1 h)Após o término da leitura e discussão sobre o texto, os participantesde cada grupodeverão escolherum tópicodo conteúdoprogramáticodeCiências,paraapresentarparaalunos cegos (recomenda-sequeos

Page 157: Alunos cegos

155DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

professoresescolhamentreosparticipantesaquelesqueestejamtrabalhando,emsuassalas,nomomento).

Ogrupodeveráelaboraroplanodeensinoparaessetópico,contendoobjetivogeral,objetivosespecíficos,conteúdo,estratégiasmetodológicas,materiais/atividadesaseremutilizados(incluindoasadaptaçõescriadasparaoacessodoalunocegoeparaoalunocombaixavisão),processodeavaliação.

Ogrupodeverá,também,explicitarcomoseráoprocedimentoaserutilizadocomosalunoscomdeficiênciavisual,oqualseráposteriormenteapresentadoemplenária,juntamentecomoplanodeensinoelaborado.

3. Intervalo (15 min.)

4. Plenária (1 h 45 min.)Devoltaàorganizaçãoemplenária,cadagrupodeveráapresentaroplanodeensinoqueelaborou,bemcomoaatividadeadaptadacriada.

Recomenda-sequeaapresentaçãoincluaacontextualizaçãodotópicoedomaterial,noconjuntomaisamplodoconteúdoprogramáticofocalizado.

Recomenda-se, também,quecadagrupopermitaautilizaçãodomaterialcriado por outros participantes da plenária, previamente vendados,enriquecendo,assim,adiscussão.

Page 158: Alunos cegos
Page 159: Alunos cegos

15�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

9º ENCONTRO

9. ENSINO DE ARTE E DE EDUCAÇÃO FÍSICA

TEMPO PREVISTO06horas

FINALIDADE DO ENCONTRO• DisponibilizaraoprofessorinformaçõessobreoensinodeArte e de Educação

Físicaparaoalunocomdeficiênciavisual(ref.àexpectativa8)

MATERIAL Textos:BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Volume6 . Brasília:MEC/SEF,

1997.

Materiais• Diferentestiposdepapel• Argila• Fios de diversos tipos• Fita crepe• Violão• Vendas,emnúmerosuficienteparavendarmetadedosparticipantes• Massa de modelagem• Tesoura

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

Page 160: Alunos cegos

15�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

1. Estudo em grupo (40 min.)Para a realizaçãodeste encontro recomenda-se que os participantes seorganizememgruposdeatéquatropessoas,paraaleituraediscussãosobreo texto abaixo.

2. Atividade prática (1h 30 min.) Terminadaaleitura,oformadordeverávendarmetadedosparticipantesepedirquepassem,agora,atrabalharempares(umvidente,eumvendado).Comosmateriaisdisponíveisnasala,cadaumdeverádesenvolverumaformade expressar o seguinte tema: “ser professor, na realidade”.

Aformadeveráserdiscutidapelospareseoparticipantevidentedeveficarcomoauxiliardoprofessorvendado.

Após1hora,acondiçãodeveseralternada,passandooprofessorvendadoaservidente(tiraavenda)eoprofessorvidenteaserovendado(colocaavenda).

ARTES18

“Aeducaçãoemartepropiciaodesenvolvimentodopensamentoartísticoedapercepçãoestética,que caracterizamummodoprópriodeordenar edarsentidoàexperiênciahumana:oalunodesenvolvesuasensibilidade,percepçãoe imaginaçãoj,tantoaorealizarformasartísticas,quantonaaçãodeapreciareconheceras formasproduzidasporeleepeloscolegas,pelanaturezaenasdiferentesculturas.

Estaáreatambémfavoreceaoalunorelacionar-secriadoramentecomasoutrasdisciplinasdocurrículo.Porexemplo,oalunoqueconheceartepodeestabelecerrelaçõesmaisamplasquandoestudaumdeterminadoperíodohistórico.Umaluno que exercita continuamente sua imaginação estará mais habilitado a construirumtexto,adesenvolverestratégiaspessoaispararesolverumproblemamatemático.

18EstetextosefundamentounotextodosParâmetrosCurricularesNacionaiseemoutrostextosdaliteraturanacional:

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Volume6.Brasília:MEC/SEF,1997.

Page 161: Alunos cegos

15�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Conhecendoaartedeoutrasculturas,oalunopoderácompreenderarelatividadedosvaloresqueestãoenraizadosnosseusmodosdepensareagir,quepodecriarumcampodesentidoparaavalorizaçãodoquelheépróprioefavoreceraberturaàriquezaeàdiversidadedaimaginaçãohumana.Alémdisso,torna-secapazdepercebersuarealidadecotidianamaisvivamente,reconhecendoobjetoseformasqueestãoàsuavolta,noexercíciodeumaobservaçãocríticadoqueexistenasuacultura,podendocriarcondiçõesparaumaqualidadedevidamelhor.

Umafunçãoigualmenteimportantequeoensinodaartetemacumprirdizrespeitoàdimensãosocialdasmanifestaçõesartísticas.Aartedecadaculturarevelaomododeperceber,sentirearticularsignificadosevaloresquegovernamosdiferentestiposderelaçõesentreosindivíduosnasociedade.

Aartetambémestápresentenasociedade,emprofissõesquesãoexercidasnosmaisdiferentesramosdeatividades;oconhecimentoemartesénecessárionomundodotrabalhoefazpartedodesenvolvimentoprofissionaldoscidadãos.

O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão domundonaqualadimensãopoéticaestejapresente:aarteensinaqueépossíveltransformarcontinuamenteaexistência,queéprecisomudarreferênciasacadamomento,serflexível.Issoquerdizerquecriareconhecersãoindissociáveiseaflexibilidadeécondiçãofundamentalparaaprender.”(p.19-21).

De Oliveira (1998) aponta que “mostrar omundo a um cego requer oestabelecimentodocontatoomaisconcretopossível;docontrário,corre-seoriscodequeaspalavras,emsuadimensãodescritiva,sejamreduzidasaoverbalismo,denotandoassim realidadesdesprovidasda compreensãodo seu significadoefetivo.” (p.9).Continuadizendoque “assimcomoaartenão se restringeàvisualidade, tampoucoa faltadavisão inviabilizanecessariamenteoacessoàbelezaartística.”(p.9).

Acomunicaçãoartísticadoalunocomdeficiênciavisualéinfluenciadapelograudeperdavisual,peloperíododainstalaçãodadeficiênciaepelasoportunidadesdecontatoconcretocomarealidade,jávivenciadaspeloaluno.

Acomunicaçãoartísticadoalunocego,maiscomumente,podeserexploradaapartirdousodotato(escultura,tapeçaria,modelagem,porexemplo),dousodaexpressãocorporal(dramaturgia),daaudição(artesmusicais)emaisraramenteatravésdodesenhoedapintura(Amiralian,1998).

Page 162: Alunos cegos

160

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Partindodoprincípiodequesedeveproporcionaraosalunoscomdeficiência

visual recursosdeexpressãoplásticaatravésdepropostas,deprocedimentos

outécnicas,quenãolhestragaminibiçõesdequalquerordem,valeassinalara

necessidadedeevitarosprocessosquelevamàexpressãoplástica,apartirda

compreensãodeimpressõesvisuais-asexperiênciastáteisdocegonãopodem

sertransformadasemimpressõesópticas.

Assimapontamoscomopráticafundamentaldostrabalhosdecriaçãoplástica

dosalunoscomdeficiênciavisual,amodelagememargila,oumassaplástica,

porqueproporcionaaoalunoomelhorrecursoparaoseuauto-conhecimento

eaoprofessor,oaprofundamentodesuasobservaçõesdoaluno,numtrabalho

cujas etapas ele pode controlar. A modelagem se constitui em excelente meio de

expressãodosubjetivoparaessesalunos,queporseuintermédioexecutama

representaçãodassensaçõescorporais,emgeral,edotato,emparticular–nela

acentuando a importância de pormenores de maior valor emocional e omitindo

osaspectosconsideradosporelecomoinsignificantes.

Porseraperspectivaespacialdoalunocegoumaperspectivadevalor(aquelaem

queasformasmaisdistantesnãosãopercebidasemtamanhoreduzido,comona

percepçãovisual,masmantêmsuasdimensõesreais,quandoidentificadaspelo

tato)asuarepresentaçãocorrespondeàatitudesubjetivadoalunocomdeficiência

visual para com o meio que tenta reconhecer. Tendo ainda este tipo de aluno

extremadificuldadedeperceberseutrabalhorealizadocomoumtodo,aumenta

para ele a importância do processo e não o resultado do trabalho. O aluno com

deficiênciavisualcresceenquantorealizaenãoporquerealiza.

Épráticacomumemalgumasescolaseclassesparaalunoscomdeficiênciavisual,

daraelesformas-modeloparaqueascopiemmodelando,sobopretextodeque

issofacilitariaasuacompreensãodaformapercebida.

Alémdamodelagem,indicadaaquicomoprocedimentopreferencialedeapoiona

educaçãoemartesdoalunocomdeficiênciavisual,deveráoprofessorintroduzir

outraspropostasde trabalhoque levemaoaprofundamentodeexperiências

plásticasdeoutrogênero.Nointuitodemotivaroaluno,aspropostasdevem

apresentarordemcrescentededificuldadedeexecução.Assim,porexemplo,

odesenho, tão fundamentalparaa compreensãoe representaçãodomundo

exterior,doalunocombaixavisão,quantoamodelagemparaoalunocego,

poderá ser apresentado como:

Page 163: Alunos cegos

161DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Estudo da linha como elemento estrutural a partir de vários processos: sulcos deestiletesobrecartãogrosso,traçosdepunçãosobrepapeldeescritabraile,desenhoalápiscomumsobrefolhadealumínio(desenhoemrelevo).

• Desenhocommateriaiscomuns(paraalunoscombaixavisão).• Desenhoapartirdefiosdiversos(lãs,linha,barbante)fixadosaosuportepor

meio de cola ou agulha.• Linhasemrelevocomfiospresosapinos (pregosfixadosemsuportesde

tábuasecongêneres)–asformasresultantespodemserlivres,ougeométricas,regulares ou irregulares.

• Linhanoespaçopormeiodeestruturastridimensionaisdearame.

Dessemodo, o trabalho criadorpoderá atingir,nosúltimosanosdo ensinofundamental,oníveldeevoluçãonecessárioparaodomínioartesanal.

Oalunocomdeficiênciavisualpodeparticiparassimdequasetodasasatividadesartísticas,excetuandoasrelacionadascomcoresedomíniodeespaço.

Finalmente,ascaracterísticasespeciaisdecadaambienteescolar,decadaclassee,particularmente,decadaalunocomdeficiênciavisual,nortearãooprofessorna seleção dos meios e na obtenção das soluções mais adequadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMIRALIAN, M.L. Desenho com cegos. Contato. Ano2,no.4,1998.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Artes. Vol.6.Brasília:MEC/SEF,1997.

_____. Proposta Curricular para deficientes visuais. Volume4.Brasília:MEC/CENESP,1979.

DE OLIVEIRA, J.V.G. Arte e visualidade: a questão da cegueira. Tema Arte,ano4,n.10,p.7-10,1998.

BRASIL. Sugestões de atividades para os alunos portadores de deficiência visual – Educação Artística. Textodigitado.Brasília:FEDF/DEE,1994.

3. Intervalo (20 min.)

Page 164: Alunos cegos

162

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

4. Plenária (1h 30 min.)Osparticipantestodosdeverão,então,apresentaràplenáriaasrepresentaçõesque prepararam.

Aplenáriadeveráserencerradacomumareflexãocríticasobreoconteúdotrabalhado.

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO02horas

1. Estudo em grupo (1 h)Paraarealizaçãodesteencontro,recomenda-sequeosparticipantesseorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoabaixo.

ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS AO DEFICIENTE VISUAL19

Este trabalho tem comoobjetivo levantar umperfil básico das defasagensgeralmenteapresentadasnodesenvolvimentogeraldecriançascegascongênitas,antes da primeira intervençãoda educação formal, buscar a apresentaçãoda funçãoda educação física adaptada a essa clientela, referenciando suaoportunidade,propriedadeevalidadecomoelementoimportanteeimprescindívelno processo educacional pelo qual passará a criança cega.

Essa criança pode apresentar desempenhos inferiores na áreamotora, nacognitiva e social-afetiva, nas séries iniciais. A defasagem apresentadanãoé inerenteàcondiçãodecego,massim funçãodeumrelacionamentofamiliarinadequadoe,principalmente,écausadopelaprópriaproblemáticadarealizaçãomotora.Quantomenosacriançacegainteragefisicamenteno

19 Conde, A.J.M.Atividadesfísicasadaptadasaodeficientevisual.Revista Integração.Brasília,SENEB,ano3,n.07,Ed.Especial,p.10-11,1991.

Page 165: Alunos cegos

163DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

ambiente,menoselaexperimentasituaçõesdeaprendizagem,menosoportunidades elatemdeformarconceitosbásicos,menoselaserelacionacomoambienteecomaspessoas,emaiselasefechadentrode“SEUMUNDO”particularerestrito,pelafaltadeinformaçõesvisuaiseespaciais.

Afamília,muitasvezes,criaaoredordacriançacegaumaredomaformadapela superproteção,quepodeserprovocadapelo sentimentodeculpa,peladesestruturaçãoqueonascimentodeuma criançadeficiente causa em suafamília,pelomedoepor faltade informações.Existeumtotalcerceamentoda ação motora dessa criança. Tudo vem a ela sem que ela saiba a origem das coisas,tudoaquiloqueaconteceaseuredorpassa-secomosituaçõesabaixodeseulimiardecaptação,percepçãoeelaboração,fazendocomqueelatenhaatendênciadefechar-secadavezmaisemseumundoexclusivo,nãofazendoa relação de seu EU com os que a cercam e com o ambiente em que vive.

Asdefasagensnodesenvolvimentogeraldacriançacega,queseapresentamcomoestatisticamenterelevantes,sãomaisacentuadasnaáreamotora.Estassedão,nãoporumdéficitanátomo-fisiológicoinerenteàcriançacongenitamentecega,massimpelalimitaçãodeexperiênciasmotorasemdiversosníveis.

Como caracterização do estágio de desenvolvimento motor da criança cega apresentam-se com freqüência as seguintes defasagens: equilíbrio falho,mobilidadeprejudicada, esquemacorporal e cinestésiconão internalizados,locomoçãodependente,posturainadequada,expressãocorporalefacialmuitoraras,coordenaçãomotorabastanteprejudicada,lateralidadeedirecionalidadenãoestabelecidas,inibiçãovoluntárianãocontrolada,faltaderesistênciafísica,tônusmuscularalteradoe faltadeauto-iniciativaedeplanejamentodaaçãomotora.

Como respostas socioafetivas, apresentam-se, freqüentemente, omedode situações e ambientes não conhecidos, insegurança em relação a suaspossibilidadesdeaçãofísica,dependência,apatia,isolamentosocial,desinteressepelaaçãomotora,sentimentodemenosvalia,autoconfiançabastanteprejudicadaedificuldadenoestabelecimentoderelaçõesbásicasdeseu“EU”comaspessoase com o ambiente.

A limitaçãona captaçãode estímulos, assimcomoa faltade relaçãoobjetovisualmente percebido com a palavra, e a falta de experiências práticascausamumadefasagemno sistema cognitivo, que tem como característicabásica a dificuldadena formação e nautilizaçãode conceitos.Ressalve-se

Page 166: Alunos cegos

164

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

que adefasagemcognitiva é uma situação conjuntural enão estrutural nodesenvolvimento da pessoa cega.

Privadodoprincipaldossentidos,acriançaceganãodesenvolvenaturalmenteossentidosintactos,deformacompensatória.Otato,ascinestesias,aaudiçãoeoolfato,semumaadequadaestimulação,nãoatuamdemaneirafidedignanadiminuição,nadefasagemdacaptaçãoeelaboraçãodosestímulosqueacegueiraprovoca.Alémdisso, a impossibilidadeda imitaçãoedoestabelecimentodemodelosrestringe,aindamais,afacilitaçãodeseudesenvolvimento.

A educação física adaptada à criança cega trabalha abrangendo seudesenvolvimento,não sóna áreapsicomotora, como tambémnos aspectoscognitivos,socioafetivosesensoriais.Elautilizaocorpodacriançacegacomoinstrumento, como ferramentamaior.Partindodo conhecimento edomíniodessecorpo,elausaomovimentocontroladocomomeio,orespeitoabsolutoà individualidadedoalunocomoestratégiabásica,oprazerdadescobertadepoder fazer como reforço, tendo comofinso alicerçamentogeral, buscandopropiciarcondiçõesfavoráveisasuatrajetóriaacadêmicae,futuramente,asuaemancipação social.

Acriança cega temabsolutanecessidadededescobrir, conhecer,dominar erelacionarseucorpocomoambienteecomaspessoas.Sóassimelaseidentificarácomoserinédito,formandoseu“EU”,interagindonoambienteeemseugruposocial.Éumaetapade seudesenvolvimento importanteparaa formaçãodaidentidade e da imagem social. Ela buscará inicialmente a própria estimulação dentrodoâmbitocorporalencontrandoaíodesestímuloeamotivaçãoparaaação motora.

O conhecimento do próprio corpo está intimamente vinculado ao desenvolvimento geraldacriançacega.Aolevá-la,comoprimeiropasso,aoconhecimento,controleedomíniodeseucorpo,aeducaçãofísicaadaptadairáembasarefavoreceraevoluçãodessacriança,enfocandotambémaspectoscomoaautoconfiança,osentimentodemaisvalia,osentimentodecooperação,oprazerdepoderfazereasinterfacesdessasvalênciasafetivascomseucotidianonafamília,naescolae na sociedade.

Aeducaçãofísicacumprirásuafunçãodeimportanteelementofacilitadornocaminhardacriançacega,rumoasuaemancipaçãosocial,possibilitando-lhecondiçõesbásicasqueacapacitemfuturamenteasuperarasbarreiras,dediversostipos,nuançaseintensidades,quecertamentelheserãoimpostas.

Page 167: Alunos cegos

165DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

ATIVIDADES EM EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS20

Asatividadesfísicasmaisindicadasparaosalunoscomdeficiênciavisualsãosemelhantes aquelas para alunos videntes. Em qualquer classe existem variações nograudehabilidadedosalunos.Umprofessorquesabeadaptaraauladentrodoslimitessuperioreinferiordascapacidadesdosalunos,serátambémcapazdeintegrarascriançascomdeficiênciasvisuais.Instruçõesindividualizadaseem bases concretas podem ajudar o aluno a vencer seus limites.

Porexemplo,pularcordanãoexigeadaptação:osalunosdeficientesvisuaispodemouvirobarulhodacordabatendonochão.Umafalta(debatida)seriaouvidacomouma interrupçãodo ritmo.Elespodemtambémpular corda, sozinhos,por ser uma atividade intrinsecamente ritmada e que não exige deslocamento. Defato,umaestratégiaútil,quandoseensinacriançasvidentesapularcorda,épedirquefechemosolhosparaseconcentrarnoritmo,semdeixar-sedistrairpelos movimentos da corda.

Sugestões de Materiais, Estratégias e Adaptação Metodológicas para o Ensino da Educação Física aos Alunos com deficiência Visual Organização e constância são elementos essenciais com relação ao equipamento. Porexemplo,antesdeumaauladeEducaçãoFísicaseráprecisoorientarosalunos,comdeficiênciavisual,arespeitodalocomoção,doequipamento,edepoisdissoevitarmudançasdelugarsemavisá-los.

SeguindoestasugestãoemtodasasaulasdeEducaçãoFísica,osalunoscomdeficiênciavisualserãocapazesdesemovimentar,independentementeesemreceio,noginásiodeesportesouquadra.Sehouverumalunocomdeficiênciavisualassistindoaojogo,deveráserdesignadoum“locutor”quefiqueaseuladoe lhe descreva o desenrolar do jogo.

AoensinarEducaçãoFísicaaalunoscomdeficiênciavisual,sigaestaslinhasdeaçãoparamodificarasexperiênciasdeaprendizagem:

20 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.133-142,Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 168: Alunos cegos

166

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

SELECIONAR UMA ATIVIDADE QUE NÃO NECESSITE DE

MODIFICAÇõES

Umapessoa,compoucaounenhumavisão,podeparticipardemuitasatividades

eesportessemmodificações:remoebicicletacomumapessoavidentenobanco

da frente, competiçãode remo com timoneiro vidente, bolicheparapessoa

comvisãodetúnel,bolichesonoroparaoscegos,esquiaquáticousandosinais

sonoros,luta(corpoacorpo).Defato,oslutadorescomdeficiênciasvisuaistêm

umahistóriadevitóriascontraosvidentes(Buell,1966).

Umprofessorcriativoserácapazde incluirparaosdeficientesvisuaisampla

variedadedeatividades,desdequeraciocinedopontodevistadacegueira.

MODIFICAR AS REGRAS DA ATIVIDADE

Muitosesportesforammodificadosemfunçãodosparticipantescomdeficiência

visual.Pequenasmodificações,quenãoalteramanaturezadoesporte,sãomais

aconselháveis. Por exemplo: para compensar asdificuldadesde orientação

emobilidadeno jogode futebol edebeisebolutiliza-seumabola comguizo

ede tamanhomaiordoqueaoficial,queé localizadaeacertadacommaior

facilidade.

Asregrasdepistasecorridastambémpodemsermodificadaspermitindoque

osalunoscomdeficiênciavisualseguiemporumarameoucordacolocadosem

voltadaparteinternadapistaoucorramsegurandonobraço(acimadocotovelo)

deumcolegavidente,combambolês,bastõesouaindaporintermédiodepista

sonora.

MODIFICAR AS TÉCNICAS DAS HABILIDADES

Anataçãoéumexcelenteesporteaeróbicoquenãoexigeavisão.Asbraçadas

sãoaprendidasatravésdefeedbackcinestésicoeauditivo.Asmarcasdasraias

ajudamonadadoraumalinhareta.Contarcomonúmerodebraçadasnecessárias

paraatravessarapiscinacapacitaumnadadorcomdeficiênciavisualadiminuir

avelocidadeantesdealcançaraorla,nonadodecostas,peito,borboletasede

lado.O“crawl”nãoprecisadeadaptaçõesporquenesteestilodenataçãoosbraços

sempre chegam antes da cabeça.

Page 169: Alunos cegos

16�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

MODIFICAR A TÉCNICA DE ENSINO

Talvezamaiormodificaçãonoensinodetécnicassejaainclusãodainstruçãoverbal,damanipulaçãodasdemonstraçõesvisuais.Colocaroalunocomdeficiênciavisualdemodoqueelepossavê-looutocá-loquandonecessário.Paraoalunoquenãoforcegocongênitoseráútilautilizaçõesdeimagensvisuais.Querosalunoscegos,querosdebaixavisão,beneficiam-secomumalinguagemprecisadoprofessor,comoporexemplo:“Araquetedeveficarde10a12cmacimadoombrodireito”,emvezde“seguraaraqueteassim...”.

PesquisasfeitasporDye(1983)mostraramque,paracriançascomdeficiênciasvisuais,ofeedbackcinestésicoépotencialmenteummétododeaprendizagemmais eficiente do que feedback auditivo.Esses resultados sugeremque osprofessoresdeveriamposicionarcorretamenteocorpodacriançaquandoensinamhabilidademotora,afimdeajudaroalunoaaprender,poiselesnãoobservamdiferentesorganizaçõescorporais.

MODIFICAR O AMBIENTE, INCLUINDO ESPAÇO, FACILIDADE E EQUIPAMENTO

Bolasdecoresfortes,marcadoresdecampoegoalsquecontrastamcomofundopossibilitamaosalunoscomdeficiênciasvisuaisautilizaçãodavisãoresidual.Pelofatodeanaturezadaslimitaçõesvisuaisvariarmuito,éimportantefalarcomoalunoparasaberquaismodificaçõespoderãoajudarmais.Háalunosqueenxergam,melhor,objetosluminososmulticoloridossobluzesfortes,enquantooutros precisam de objetos coloridos sólidos sob luzes moderadas que não produzem brilho.

Novôlei,autilizaçãodeumaboladepraiafacilitaoseguimentovisualetornamais lento o ritmo da partida. Ao selecionar as atividades para os alunos com deficiênciasvisuais,aprioridadedeveriaserdadaaosesportesquepodemserpraticadosao longodavida, comoboliche, ciclismo, remo,natação, futebol,basquete,vela,dançaaeróbica,yoga,judô,corrida(jogging),dançadesalãoedançasfolclóricas.

Sugestões de Esportes e Atividades para Deficientes Visuais• Natação;• Atletismo;• Musculação;• Ginásticaescolar;

Page 170: Alunos cegos

16�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Judô;• Gool-balleTorball;• GinásticaPosturaleCorretiva;• Futeboldesalão;• Basquete;• Ciclismo;• CorridadeOrientação;• Xadrez.

Sugestões do professor da sala de aula para trabalhar com o professor de Educação Física

Oprofessor,decriançascomdeficiênciavisual,podeajudarosprofessoresdeEducaçãoFísicadeváriasmaneiras:• Fornecendo a descriçãodo aluno: qual a visãoútil, quais os exercícios

contra-indicadosnocasodeperigodedeslocamentoderetinaeglaucoma,informaçõesdooftalmologista,etc.;

• Explicandoaquiloqueoalunopodeenãopodever.Istoserádemuitoauxílio,seoalunoconseguirexplicar-seporsipróprio;

• Discutirem juntos (osprofessores) aspossíveismodificações, inclusive anecessidadedeóculosdeproteção;

• Sugerirqueoprofessordeeducaçãofísicaavalieindividualmenteoalunocomdeficiênciasvisuais,quantoaseuatualníveldedesenvolvimentomotor,antesdecolocá-lonumaclassedeEducaçãoFísica;

• Umavezqueoalunodeficientevisualtenhasidoincluídonumaclasse,entrarfreqüentementeemcontatocomoprofessorparaacompanhamentoeavaliação.Umapoiocontínuoesugestõessãoimportantes;

• Oferecer-separatranscreveromaterialsobreEducaçãoFísicaparaobraile,tiposampliadosoufitasgravadas.

Pode acontecer que uma criança cega seja colocada numa classe de Educação Físicacomumprofessorquenãosesintaàvontadecomsuapresença.Tentedeterminara razãodestarelutância.Se fornecessáriaumapreparaçãoextra,trabalhecomoprincípiodededicarmaistempoaoprofessor.Procurefazercomqueoprofessorvisiteouconheçaumprogramadeeducaçãofísica,noqualalunoscomdeficiênciavisualestejamsatisfatoriamenteintegrados.

A contribuição da educação física à saúde e ao bem estar dos indivíduoscom deficiência visual pode ser significativa. A Educação Física podediminuiradistâncianashabilidadesmotorasexistentesentreosdeficientesvisuais e seuspares videntes.Estesúltimos têmmaiores oportunidadesde

Page 171: Alunos cegos

16�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

aprendizagem incidental para aumentar ashabilidadesmotoras e refinarosentidocinestésico.

Atividadesquedesenvolvamaaptidãofísica,equilíbrio,habilidadesmotoras,imagemcorporalealinhamentodocorpo(posturaadequada)podemserindicadasjuntamente com esportes que promovam a integração com amigos videntes e a família.

Osaspectosmais fáceisdesermudadossãoosequipamentoseasregras.Osaspectosmaisdifíceisparamudarsãoasatitudessegundoasquaispelofatodeumapessoanãotervisão,nãotertambémacapacidadedeparticiparplenamentedosesportes(Sherrill,1976).Acontribuiçãomaissignificativa,doprofessordealunoscomdeficiênciavisual,podeseradetrabalharosoutrosafimdeeliminarestas atitudes negativas.

Propostas de Adequação Curricular para Programas de Educação Física de Alunos com Deficiência Visual• Reconhecimento (conceituaçãoemapamental)dasáreas, implementose

materiaisa seremutilizadosnasaulasdeEducaçãoFísica.Aoalunocegodeve ser dado o tempo necessário ao completo reconhecimento do ambiente de aula.

• Usodepistasambientais:oventoentrandoporumaportaoujanela,umafontesonora localizadaemumpontoconstante,umodorcaracterístico,aposiçãodosol,atexturadesoloseparedes.Aoalunovidente,indicaçõessemamenorimportância,aoalunocego,pistasessenciaisasuaorientaçãoelocomoçãoeaformaçãodomapamentaldoambientefísico.

• Éabsolutamentenecessárioqueoprofessorsaibaonomedeseusalunoscomdeficiênciavisual.Essanecessidade,alémdaquestãoafetiva,assumeumpapelimportantíssimonasegurançadoaluno.Elesnãoresponderãoaexpressõescomumenteacompanhadasdagesticulação“Ei!,Vocêaí!,Pare!,Vemaqui”!.

• Tratando-sedeuma instituição especializadana formaçãode turmasdeEducaçãoFísica é altamente indicadoamesclagementre alunos cegos edebaixavisão, tendoemvistaoaumentoconsideráveldaspossibilidadesdeexercíciosemduplasougrupos,altamenteeficazeseindicados,mesmoem turmas regulares em que se tenha somente um ou poucos alunos com deficiênciavisual.

• Aformaçãoemroda,demãosdadasoucomautilizaçãodeumacordacircularémuitoadequadaefácildeseralcançada.

• Averbalizaçãoéaprincipalarmadoprofessordecegos.Umavozdecomandoclaraetranqüilafacilitaemmuitoapercepçãodocomandosolicitado.

Page 172: Alunos cegos

1�0

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Existindoumalimitaçãoóbviaàdemonstração,oprofessor,alémdavozde

comando,poderáutilizaraajudafísicaeapercepçãotátil-cinestésica,tocando

em seu aluno e deixando que ele o toque.

• Procureevitarambientesprofundamentericosemestímulossonoros,que

podemdesorientaroaluno.Lembre-sedaimportânciadaspistassonorase

da voz de comando.

• Não tenha melindres de alertar seu aluno cego sobre qualquer impropriedade

no vestuário.

• Enfatizeahigienepessoal.Alémdaimportânciafundamentalparaasaúde,

asboascondiçõesdehigienesãoimportantíssimasnoconvíviosocial.

• Não saiadeumaconversa comseualuno cego semavisarde sua saída,

tampoucochegueaumgrupodealunoscegossemidentificar-se.

• Não julgue que seu aluno cego conte passos para localizar objetos ou portas.

Eleutiliza amemória cinestésicaque todosnós temos e eledesenvolve

muitomais.Naetapapré-escolaresériesiniciaiselepodelançarmãodesse

recurso.

• Conduza seu aluno cegooferecendo-lheobraço.Ele segurará acimado

cotoveloecaminharámeiopassoatrásdevocê.Seoalunoforpequeno,ele

tomará seu pulso.

• Nunca prejulgue seu aluno cego ou de baixa visão como incapaz de realizar

umexercícioouatividade,lembrequeavidadeleseráumcontínuosuperar

obstáculos.Tentee,principalmente,useobomsenso.

• Não demonstre superproteção a seu aluno cego ou de baixa visão inserido

emumaturmadenãodeficientes.Lembre-sesemprequeele,antesdemais

nada,quersertratadocomigualdade.

• Nãogeneralizepredicadosoudefeitosdeumdeficientevisualatodososoutros.

Lembre-sequeasdiferençasindividuaisconstituemparâmetrosbásicosdo

processo educacional e as generalizações são componentes do preconceito.

• Toda a criança gosta de brincar. A brincadeira desempenha um papel

importanteemseudesenvolvimento.Acriançacegaoudebaixavisãonãoé

diferente.Elagostaetemnecessidadedebrincar,correr,pular,dançar.

• Emborapossamacontecerdefasagenspsicomotoras,acriançacega,quantoao

interesse por atividades recreativas tem seu desenvolvimento em consonância

comacriançadevisãonormaldamesmafaixaetária.

• É uma tendência natural do ser humano o temor do desconhecido.

A criança cega enquanto não forma o conceito desconhece.Omedo

de situações novas não lhe é inerente, contudo, se for demonstrado,

Page 173: Alunos cegos

1�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

empregueestratégiasquepropiciemaelaexperimentaçãofísicaeaformaçãodo conceito ambiental.

• Oalunodebaixavisão,compatologiadedescolamentoderetina,nãodeverásersubmetidoaexercíciosnosquaishajapossibilidadedetraumatismonacabeça.

• Háumagrandeincidênciadeproblemasneurológicos,comcrisesconvulsivas,emalunos comdeficiência visual.Nanatação, é importantíssimoqueoprofessortenhaessainformaçãoeatenteparaosaspectosdesegurançanessescasos.

• Osentidorítmicoéinerenteatodoserhumano.Àcriançacegadeveserdadaapossibilidadede,inicialmente,exteriorizarlivrementeatravésdomovimentoseuritmopróprio.Elanãotem,naturalmente,padrõesdeexpressõesrítmicascorporais.Essespadrões,seinseridospeloprofessor,poderiamdemonstrar-secontraproducenteseinibidoresnapré-escolaounosprimeirosanosdoensinofundamental.Nessa fase,omais importanteéqueomovimentocorporalaconteça,suaperformance,aínãodeveserenfatizada.

• Napré-escolaeatéaproximadamenteaosoitoanosdeidade,acriançaceganãotemapossibilidadedeabstrair-sedomodeloparaoreal.Suaaprendizagemdeve ser amais concreta possível.Depois dessa idade o professor deEducaçãoFísicapoderáutilizar-sedemaquetaseplantasbaixasemrelevopara apresentar aos alunos modelos de quadras desportivas e instalações de educaçãofísica.

• Oprofessordeeducaçãofísicadevebuscarinformaçõesrelativasàanamnesemédica, social, familiar, psicológica e acadêmicade seualunodeficientevisual.Essasinformaçõescertamentelhedarãoparâmetrosbásicosparasuaintervenção,contudonãopoderálimitar-lhepelaformaçãodeumprognósticofinal.

• Aosprofessoresdeeducação físicadealunoscomdeficiênciavisualcaberábuscara integração,queé fundamentalepropiciaráa significatividade,asgeneralizações e as aplicações da aprendizagem proposta.

• Oalunocomdeficiênciavisualéumser lúdico,comotodooserhumano.Emalgumas ocasiões ele temnecessidadede ser despertadopara isso,principalmentenoscasosdecegueiraadquirida.OprofessordeEducaçãoFísicaterátambémafunçãodeincitar-lheparaolúdicoeparaoprazeroso,buscando ampliar suas possibilidades de opção de lazer.

2. Plenária (1 h)Apósaleituraeadiscussãosobreotexto,osparticipantesdeverãovoltarparaa condição de plenária.

Page 174: Alunos cegos

1�2

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Oformadordeveráfazer,juntamentecomosprofessores,umlevantamentodosmateriaiseequipamentosadaptados,disponíveisnasdiferentesunidadesescolares.

Apartirdasinformaçõesobtidasjuntoaosparticipantes,oformadordeveauxiliarogrupoaidentificarpossibilidadesdeimplementaratividadesedecriarmateriaisadaptados,levandoemcontaascaracterísticasdesuarealidadelocal.

Page 175: Alunos cegos

1�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

10º ENCONTRO

10. CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA EDUCACIO-NAL ACOLHEDOR PARA ALUNOS CEGOS E

PARA ALUNOS COM BAIXA VISÃO: ADEqUA-ÇÕES CURRICULARES

TEMPO PREVISTO04horas

FINALIDADE DESTE ENCONTRO• DisponibilizaraoprofessorinformaçõessobreasAdequaçõesCurriculares

de Grande e de Pequeno Porte mais comumente necessárias para atender a necessidades educacionais de alunos comdeficiência visual. (ref. àexpectativa9)

MATERIAL Textos:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino

Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.70–74,120–130.(Textoadaptado).Brasília:MEC/SEESP,2001.

_____. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.75-90.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Material:• Livrosescolaresvelhos;• Cadernos;• Gizdecera;• Material de sucata, que possa ser utilizado para a criação de recursos

didáticos.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

Page 176: Alunos cegos

1�4

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

1. Estudo em grupo (1h e 45 min.)Iniciandoesteencontro,oformadordeverásolicitaraosparticipantesquesedividamemgruposdeatéquatropessoas,paraleitura,estudoediscussãosobreostextosaseguir.Osparticipantesqueopreferirempoderãousar,comosuporte,oroteiro de estudos abaixo.

ROTEIRO DE ESTUDOS

1. Qualoconceitodecurrículoaquiadotado?2. Recordando,oquesãoadequaçõescurriculares?3. Quais as adequações curricularesmais freqüentementeúteis para

atenderanecessidadeseducacionaisespecíficaseespeciaisdealunoscegos/combaixavisão?

Natureza De pequeno porte De grande porte

Providências que o Providências de

professor pode competência

Categoria tomar por conta técnico-

própria administrativa

Organizativas

De objetivos

De conteúdo

De método de ensino

De avaliação

De temporalidade

PROMOVENDO ADEqUAÇÕES CURRICULARES qUE PERMITAM O ACOLHIMENTO DE ALUNOS COM

DEFICIÊNCIA VISUAL21

Entendendo-seporcurrículooconjuntodefatoresqueincluidesdequestõesfilosóficas e sociopolíticasda educação, até osmarcos teóricos, referenciaistécnicos e tecnológicos que a concretizamna sala de aula (Brasil, 1999),

21 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.70-74,120-130.(Textoadaptado).Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 177: Alunos cegos

1�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

entende-seporadequaçõescurriculares,oconjuntodeajustesquefavoreçamoacessodetodososalunos(inclusivedoalunocego)àpropostacurriculardoEnsino Regular.

Asadequaçõescurricularespodemseconstituirdegrandesedepequenosajustes,sejanosobjetivoseducacionais,noconteúdoprogramático,nosprocedimentoseestratégiasdeensinoadotados,noprocessodeavaliaçãoenatemporalidade.

Assim,tem-secomoadequaçõesquefavorecemoacessoaocurrículoaoalunocego e/ou ao aluno com baixa visão:• propiciarrecursosfísicos,ambientaisemateriaisaoalunonaunidadeescolar

deatendimento;• possibilitarosmelhoresníveisdecomunicaçãoeinteraçãocomosprofissionais

epessoasqueconvivemnacomunidadeescolar,reconhecendoeadotandosistemas adaptados de comunicação escrita: braile, tipos ampliados,computador;

• realizarajustesquegarantamaparticipaçãodoalunonasdiferentesatividadesescolares.

SUGESTõESDEADEQUAÇõESPARAACESSOAOCURRíCULOESCOLAR,PARAALUNOSCOMDEFICIêNCIAVISUAL

• Proveraescoladesistemadecomunicação,adaptadoàspossibilidadesdoalunoemquestão:SistemaBraille,tipoampliado,recursostecnológicos;

• Proveraescolaouoalunocegodemáquinabraile,reglete,punção,soroban,bengalalonga,livrofalado,materialadaptadoemrelevo,etc...

• Provera escolaouoalunodebaixavisãode: lápis6B, canetasdepontaporosadecorescontrastantes,papelpautadupla,recursoópticonecessário,luminária,lupa,etc..

• Proveradequaçãodemateriaisescritosdeusocomum:tamanhodasletras,relevocomtexturas,softwareseducativosemtipoampliado,etc.

• Prover a escola ou o aluno de materiais adaptados: pranchas ou presilhas para nãodeslizaropapel,lupas,computadorcomsintetizadordevozeperiféricosadaptados,etc.

• Providenciar softwareseducativosespecíficoserecursosópticos;• Propiciar acomodação, para aluno de baixa visão, com iluminação

adequada;• Posicionaroalunonasaladeaulademodoafavorecersuapossibilidadede

ouviroprofessor;

Page 178: Alunos cegos

1�6

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Promoverorganizaçãoespacialparafacilitaramobilidadeeevitaracidentes:colocarextintoresdeincêndioemposiçãomaisalta,pistastáteis,auditivaseolfativasparaorientarnalocalizaçãodeambientes,espaçoentreascarteirasparafacilitarodeslocamento,corrimãonasescadas,etc.;

• Providenciarmateriaisdesportivosadaptados:boladeguizo,xadrez,dominó,dama,baralhoeoutros;

• Promoveroensinodobraileparaalunos,professoresepaisvidentesquedesejaremconheceressesistema;

• Divulgar informações sobreamelhormaneiradeguiar, informaroudarreferênciasdelocaisaoalunocomdeficiênciavisual;

• Apoiaralocomoçãodosalunosnoacessoàdiretoria,salasdeaula,banheirosedemaisdependênciadaescola;

• Possibilitarasalternativasnaformaderealizaçãodasprovas:lida,transcritaembraile,gravadaemfitacasseteouampliadaparaoalunocombaixavisão,bem como uso de recursos tecnológicos.

• Permitir a realizaçãode provas orais, casonecessário, recorrendo-se aassessoriaslegais,emprovasdelongostextos.

A construção de um sistema educacional acolhedor para os alunos que têm deficiência visual exige, alémdas acima expostas emais freqüentemente,adaptaçõesdeobjetivos(comasconseqüentesmudançasnoconteúdoenoprocessodeavaliação)eadaptaçõesnométododeensino(didático-pedagógicas).

Adequações de objetivos e de conteúdo

• Adequar/enfatizarobjetivos, conteúdose critériosdeavaliação, tendoemvistapeculiaridadesindividuaisdoaluno;

• Variar a temporalidadedosobjetivos, conteúdose critériosdeavaliação,quandonecessário,levandoemcontaqueoalunocomdeficiênciavisualpodeatingirosobjetivoscomunsdogrupo,emumperíodomaislongodetempo.

• Introduzir conteúdos,objetivos e critériosdeavaliação, indispensáveis àeducaçãodoalunocomdeficiênciavisual,taiscomo:ensinodeatividadesdavidadiária,orientaçãoemobilidade,escritacursivaeexercícioscomosoroban.

• Eliminarconteúdos,objetivosecritériosdeavaliaçãoquedificultemoalcancedosobjetivoseducacionaispostosparaseugrupodereferência,emfunçãodadeficiênciaqueapresentam.Cabe,entretanto,enfatizar,queessasupressãonão deve comprometer sua escolarização e sua promoção acadêmica.

Page 179: Alunos cegos

1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Adequações didático-pedagógicas

Nosegundogrupodeadequaçõestem-se:oreagrupamentodealunos,osmétodosdeensinoadotados,oprocessoeasestratégiasdeavaliação.Seguemexemplosde adaptações dessa categoria: • Promover o trabalho emparceria, lembrando que diversas teorias de

aprendizagem indicam que o aprendiz pode ser beneficiado, quandotrabalhandocomalguémquesabeumpoucomaisdoqueele.Damesmaforma,éimportantequeoalunosejaagrupadocomcolegascomquemelemelhorseidentifique.

• Usodemétodosetécnicasespecíficosparaoensinodepessoasquetêmalimitaçãovisualparaacompreensãoeacessoàrealidade;

• Usodeprocedimentos, técnicas e instrumentosdeavaliaçãodistintosdaclasse,quandonecessário, semprivilegiaroalunocomdeficiênciavisual,nemprejudicá-loquanto ao alcancedosobjetivos educacionaispara eleestabelecidos;

• Disponibilizarsuportesfísico,verbal,visual(aosportadoresdebaixavisão)eoutrosquesemostremnecessários,demodoa facilitararealizaçãodasatividadesescolaresedoprocessoavaliativo.Osuportepodeseroferecidopeloprofessor regente,peloprofessorde salade recursos,peloprofessoritineranteoupelospróprioscolegas;

• Introduzir atividades complementares individuais que permitam ao aluno alcançar os objetivos comuns aos demais colegas. Essas atividades podem realizar-senaprópriasaladeaula,nasaladerecursosoupormeiodeatençãodeumprofessoritinerante,devendoserimplementadasdeformaconjuntacomosprofessoresregentesdasdiversasáreas,comafamíliae/oucomoscolegas;

• Introduziratividadescomplementaresespecíficasparaoaluno,emgrupoou individualmente.Essasatividadespodemsermediadaspeloprofessorespecializadonassalasderecursose/oupormeiodoatendimentoitinerante;

• Eliminaratividadesquenãobeneficiemoaluno,ouque lhe restrinjamaparticipação ativa e real no processo de ensino e aprendizagem

• Eliminaratividadesqueoalunoestejaimpossibilitadodeexecutar;• Suprimirobjetivoseconteúdoscurricularesquenãopossamseralcançados

pelo aluno em razãode suadeficiência, substituindo-ospor objetivos econteúdosacessíveis,significativosebásicos,paraoaluno.

• Complementarostextosescritoscomoutroselementos(ilustraçõestáteis)paramelhoraracompreensão;

• Explicarverbalmentetodoomaterial,informaçõesedispositivosapresentadosemaulademaneiravisual;

• Encorajaroalunoadeslocar-senasaladeaulaedependênciasexternasparaobtermateriaiseinformações;

Page 180: Alunos cegos

1��

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Dar apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e amobilidade,visandoàlocomoçãoindependentedoaluno;

• Dizer o nomedo aluno comdeficiência visual, semprequedesejar suaparticipação;

• Identificar-sesemprequecomeçaraconversarcomumalunocomdeficiênciavisual;

• Informá-loquandoforausentar-sedaclassee,quandoforembora,despedir-sedele;

• Ensinaraboapostura,evitandoos“maneirismos”comumenteexibidospelosalunos;

• Agruparosalunosdeumamaneiraquefavoreçaarealizaçãodeatividadesemgrupoeincentivaracomunicaçãoeasrelaçõesinterpessoais;

• Encorajar,estimularereforçaracomunicação,aparticipação,osucesso,ainiciativaeodesempenhodoaluno;

• Fazer-lheperguntas,pedir-lheparabuscaralgo,falarcomoutrosprofessores,solicitarsuaopinião,paraquepossasentir-semembroativoeparticipantedasaladeaula;

• Dar-lheaoportunidadede ler, comoosdemaiscolegas, integrando-onasatividadesextra-classecomoutrosalunos;

• Daroportunidadeparaquetodaaturmaseapresenteaoalunocomdeficiênciavisual,nominalmenteeemvozalta,paraelepossaconhecertodososcolegas,equeseuscolegaspróximospossamservir-lhedeapoio;

• Estimulá-loaexpressar-seoralmenteeporescrito,cumprimentando-opelossucessosalcançados;

• Substituir gráficos,fluxogramas, tabelas emapaspor textosquando suaadaptaçãoemrelevonãoforcompreensível;

• Ampliarotempodisponívelparaarealizaçãodasprovas;• Conceder tempo de descanso visual para alunos com baixa visão.• Aoescrever,leredarmaistempoparaqueoalunocomdeficiênciavisual

possatomarnotaseacompanharoraciocínio;• Semprequedispuserdemodelos,objetos,mapasemrelevo,figurasemtrês

dimensões,etc.,fazê-loobservarpelotato;• Não se esquecer de que a leitura e a escrita do braile exigem mais tempo que

aescritacomum;• Quandooalunoapresentarbaixavisão,colocá-lonasprimeirasfilas,semque

recebaluzdefrente;• Quandosetratardecego,colocá-lonumacarteiradasprimeirasfilas,demodo

quefiquebemasuafrenteparaouvir-lhe;• Alguns alunos de baixa visão recorrem à lupa e necessitam de ampliações que

podemser feitasamão,usandomaiorespaçoentreaspalavraseas linhaseseremescritascomcaneta futura,oupincelpretosobrepapelbrancooupalha;

Page 181: Alunos cegos

1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Adequar,semprequenecessário,oscomandos,asinstruções,asquestões(enãosomentenahoradasavaliações);

• Prestaratençãoaoutilizarmaterialconcreto,figurasegestos,porqueseránecessárioexplicar-lheosignificado;

• Oferecer-lheajudasemprequeparecernecessitar,sementretantoajudá-losemqueeleconcorde.Aoprestarajuda,pergunteantescomoagir,esevocênãosouberemque,ecomoajudar,peçaexplicaçõesdecomofazê-lo;

• Nuncalhedizer“ali”,“aqui”,masindicar,comprecisãoolugarexato,usandotermoscomo:asuafrente,atrásdevocê,emcima,etc.;

• Àhorada refeiçãodizer-lheoquevai comer.Se solicitado, ajudá-loa seservir.Nãoencher,demasiadamente,oprato,axícaraouocopoquevaiserutilizado;

• Organizarjogos(cabra-cegaeoutros),vivênciadesimulaçõesdalimitaçãovisual,demodoqueosoutrosalunospossamperceberasdificuldadesdoscolegascomdeficiênciavisual;

• Contatar,sistematicamente,ospaiseosprofessoresdaEducaçãoEspecial,oitineranteeodasaladerecursos;

• Enviar,comantecedência,paraoprofessordesaladerecursos/itinerante,todooconteúdoaserdesenvolvidonasemanaseguinte,possibilitando,assim,suaadaptaçãoparaobraileoutipoampliado;

• Solicitar a presençadoprofessor itinerante ouda sala de recursosnosConselhosdeClasseenomomentodaavaliação,sejulgaroportuno.

ADEQUAÇõES NA SALA DE AULA PARA ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Para se acolher o aluno com baixa visão na classe regular de ensino são necessárias adequaçõesquefavoreçamcondiçõesdeparticipaçãoedeaprendizagem.

Os principais aspectos a serem considerados são:• Posicionamento do aluno em sala de aula e • Adequação de materiais.

POSICIONAMENTO DO ALUNO EM SALA DE AULA

Leitura na Lousa

Geralmente,amelhorposiçãoparaoalunocombaixavisão,ésentar-seemfrenteàlousa,nocentrodasala,anãoserqueenxerguemenoscomumdos

Page 182: Alunos cegos

1�0

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

olhos.Nessecaso,talveznecessitesentar-seumpoucomaisparaaesquerdaouparaadireita,dependendodoolhoafetado.

Seoalunousaralgumsistematelescópico,paralonge,deverásentar-seaumadistânciafixada lousa (cercade2metros), conforme indicaçãodaavaliaçãofuncionaldavisão.Senãousar,oprofessordeverápermitirqueoalunoselevanteeseaproximedalousa,semprequesefizernecessário.

Leitura de Perto e Escrita

Cadaalunotemsuaprópriadistânciafocal,dependendodoníveldeacuidadevisualedotipodeauxílioópticoutilizado.Devemoslembrarque,nessescasos,aaproximaçãodomaterialdeleituradosolhosnãoprejudicaavisão–apenaspropiciaumaumentodotamanhodaimagem.Aaproximaçãoéumrecursoparaa ampliação do objeto.

Quantomaioramagnificaçãodalente,menoradistânciafocal,istoé,quantomaisfortesosóculosutilizados,maispróximadeveráseradistânciadeleitura.Existemsuportesdeleitura(tipopranchetas)queelevamomaterialàdistânciaeàposiçãoadequadas,permitindoboaposturanaleituraeescrita.

ADEQUAÇÃO DE MATERIAIS

Iluminação

Nas escolas, é importanteoprofessor estar atento à iluminaçãoambiental,pois esta, quando insuficiente, pode ocasionardificuldadesnoprocessodeaprendizagemeno bem-estar da criança.Recomenda-se usar sistemasdeiluminaçãovariáveis,conformeasnecessidadesdecadacriança22 .

Emrelaçãoàiluminaçãoambiental,deve-secuidarparaqueoslocaissejamuniformemente iluminados, evitando-se áreas escuras, principalmentenas salas de aulas, escadas, entradas e corredores. Para a execução dastarefasvisuais,éútillocalizaroalunosemprepróximoaumajanela,poisailuminaçãonaturalésemprepreferível.Casonãosejasuficiente,pode-seutilizarumalumináriaportátil,próximaàcarteiradoaluno,provendo-odeluzfocal.Nocasodeoalunoapresentarfotofobia(sensibilidadeàluz),deve-

22 No caso do atendimento individualizado.

Page 183: Alunos cegos

1�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

se utilizar uma cortina leve. O sol que incide diretamente nas áreas de trabalho e emsuperfíciesbrilhantesdeveserevitado,paranãohaverofuscamento.

Emrelaçãoàposiçãodaluz,estadeveestarnumângulodecercade45º,vindodepreferênciadaesquerda,nocasodosdestros,paranãosombrearaescrita.

Contraste

Ousodocontrasteadequadomelhoraafunçãovisual.Nocasodealunoscombaixavisão,a lousadeveserescurao suficienteparapermitirbomcontrastecomogiz,sendooidealoquadronegrocomgizbrancoouamarelo,evitando-seogizverdeouvermelho,poissãocoresmenoscontrastantesemaisdifíceisdeseremvistas,principalmentepelosalunoscomdeficiênciascongênitasdavisãodecores.Alousadecorverdefoscopodefavorecermelhoradaptação,evitando-seoreflexoeobrilhodalousanegra.

Osmateriaisescolares,comocadernos,devemteraspautasbempretasouverdes,eatémesmoampliadassenecessário,istoé,riscadasmanualmentecomtraçosmaisescuros,conformeanecessidadevisualdoaluno.Oidealéusartintapreta,empapelbrancooupalha,oulápispreton.º1oun.º6B,cujografiteémaismoleeportantomaiscontrastante.

Paragráficose cartazes,usar cores comooamareloem fundopreto,azulouverdeemfundobranco,coresescurasemfundoluminoso,coresfluorescentesbem contrastantes. As canetas de ponta porosa são muito utilizadas. No caso de materialmimeografadopodesernecessárioreforçaraslinhascomtintapretapara melhorar a nitidez.

Ampliação

Algunsalunosconseguemler,semdificuldade,otamanhodetiposdeletrasdoslivrosescolaresseestasapresentarembomcontraste,principalmentenassériesiniciaisdoensinofundamental.Casosejanecessárioousodetiposampliados,pode-sefazerampliaçãomanual,cópiasxeroxampliadasouampliaçãonocomputador,cuidandosempredeseconseguirbomcontraste.Altosníveisdeiluminaçãosãonecessáriosno caso de uso de material duplicado.

Os sistemasdevídeo-magnificaçãoda imagem, tambémchamados circuitosfechadosdetelevisão,sãomuitoutilizadosemoutrospaíses.

Page 184: Alunos cegos

1�2

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Aaproximaçãodomaterial,aosolhos,éoutrorecursodeampliaçãodaimagem

amplamente utilizado pelas próprias crianças, que neste caso utilizam a

acomodação,para focara imagem.Pode serpermitido,desdequeo cansaço

produzido pelo uso deste sistema não seja excessivo.

Algumas considerações são indispensáveisparaa efetivaçãodasadequações

curricularesnoprocessoeducacionaldealunoscomdeficiênciavisual:

• Devem ser precedidas de rigorosa avaliação do aluno nos seguintes aspectos:

competênciaacadêmica,aspectosdodesenvolvimento(biológico,intelectual,

motor,lingüístico,emocionalecompetênciasocial/interpessoal),motivação

para os estudos

• É imprescindívelque se leveemconsideraçãopeculiaridadesdocontexto

escolarefamiliardoaluno,paraaelaboraçãodoplanejamentodasadaptações

curriculares;

• As avaliações relativas às condições do aluno e de seu contexto escolar e

familiardevemserfeitaspelaequipedocenteetécnicadaunidadeescolar,

com a orientação do corpo dirigente e o apoio da Secretaria de Educação

(dirigentedaEducaçãoEspecial)local,senecessário;

• As adequações curricularesdevemestarregistradasejustificadastécnicae

formalmente,emdocumentosquepassamaintegrarodossiêdoaluno;

• Asprogramações individuaisdoalunodevemserdefinidas,organizadase

realizadasdemodoanãoprejudicarsuaescolarização,seusucessoepromoção

escolar,bemcomosuasocialização;

As adequações curriculares permitem as seguintes modalidades de apoio à

educaçãodosdeficientesvisuais,aseremprestadospelasunidadesescolaresepor

meio de encaminhamentos para os atendimentos e recursos da comunidade:

• Assalasderecursos;

• Oatendimentoitinerante;

• Aaçãocombinadaentresalasderecursos/atendimentoitinerante;

• Oatendimentopsicopedagógico,quandonecessário;

• Os atendimentos na área de saúde, oferecidos pela rede pública ou

particular.

As adequações paraalunos cegosedebaixavisãoqueafetemocurrículode

determinadas disciplinas comoEducaçãoArtística,Química,Matemática,

Geografia,Desenho, etc. devem ser realizadas pelos professores das áreas

referidas,emconjuntocomosprofessoresitinerantes,professoresdesalasde

recursosemembrosdaequipetécnicaescolar.

Page 185: Alunos cegos

1�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

INDICAÇõES CURRICULARES PARA OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Noque se refereàprogramação curricularparaa educaçãodosalunos comdeficiência visual, faz-se imprescindível o acréscimodasComplementaçõesCurricularesEspecíficasemquesãopropostososseguintesconteúdos:• OrientaçãoeMobilidade,• AtividadedaVidaDiária,• EscritaCursiva,• Soroban.

Adefiniçãodasmodalidadesdeapoiodestinadasàeducaçãodosalunoscomdeficiênciavisualconsideraosseguintesaspectos:• A(s)área(s)emqueoapoiosefaznecessário;• O(s)tipo(s)deapoiocondizente(s);• A(s)formas(s)deministraroapoio:individualmenteouemgrupo,dentroou

foradasaladeaula,emgruposmistosouconstituídosapenasdeportadoresdecegueiraoudebaixavisão;

• Osprofissionaisenvolvidosesuasformasdeatuação;• Operíododeduraçãodoapoioindicado.

As seguintespremissasdevemserobservadas, ao seplanejar as adaptaçõescurriculares e os tipos de suporte a serem disponibilizados ao aluno:• Partir sempredeumestudodecaso interdisciplinar,queconsidere todos

os aspectos relevantes da vida do aluno, identifique suasnecessidadeseducacionais especiais e indique as adaptações importantes para seu atendimento;

• Buscar,aomáximo,umprocessoeducativopautadonocurrículoregular;• Evitarafastamentodoalunodassituaçõesnormaisdaaçãoeducativaedeseu

grupodecolegas,assegurandosuaparticipaçãonocontextosocioculturaldesuasaladeaulaedesuaescola;

• Criarambientefavorávelàaprendizagemdoaluno,àsuaintegraçãosocialeautonomia moral e intelectual.

NocasoespecíficodoalunodaEducaçãoInfantil,apropostapedagógicaparaa criança comdeficiência visual promoverá osmesmosobjetivos gerais daeducaçãopré-escolar:desenvolvimentofísico,psicológico,intelectualesocial,medianteapráticasociointeracionista,complementandoaaçãodafamíliaedacomunidade.

Oconteúdo curricular será idêntico aodosdemais alunos, requerendo,noentanto,algumasadaptações,complementosouajustes,deformaagarantir

Page 186: Alunos cegos

1�4

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

àcriançacegaeácriançacomcegueiraoucombaixavisão,umaaprendizagemcontextualizadaesignificativa.

Asadequaçõescurricularesdeverãosefundamentarnapropostapedagógicadecadaescola,dotrabalhopedagógicodesenvolvidonocotidiano,dasdiretrizesmetodológicas,dosrecursosedasatividadescontempladas.

Há escolas que adotam como eixo organizador do trabalho pedagógico as áreas do desenvolvimento,osjogoseasbrincadeiras.Outraspartemdaseleçãodetemastrazidospelosalunos,organizandoatividadese seleçãodemateriais apartirdos dados elaborados na intervenção. Incentivam a participação de atividades culturaiscomoteatro,cinema,vídeo,brinquedoteca,museusebibliotecas.

Noentanto,háescolasquenãodispõemdeestruturafísica,recursosemateriaisdisponíveisparaumaaprendizagemsignificativaeconceitual.

Emambosos casos, a propostapedagógica, bemcomoas adequações e ascomplementações curriculares serão elaboradas com todas as pessoas envolvidas noprocessodedesenvolvimento,aprendizagemeintegraçãoescolardoaluno.

O atendimento às necessidades educacionais especiais do aluno é deresponsabilidadedetodos:Direçãoescolar,Coordenaçãotécnica,professordoensinoregular,professorespecialista,ouprofessordeapoioe,principalmente,dafamília,comoparceiraeficienteparaexplicitaressasnecessidades.

A adequação e a complementação curricular para a educação do aluno com deficiência visual requerem,muitas vezes, umconjuntode experiênciasdeavaliaçãodoseudesenvolvimentointegral,doseuprocessodeaprendizagem,dametodologiautilizadaedos recursosmateriaisdisponíveis, ouaindanãodisponíveisnosistemaescolar.

DaíafunçãodaInstituiçãoEscolar,debuscaraarticulaçãonasdiferentesesferasdoensinopúblicoeaparceriacomserviçoseinstituiçõesnãogovernamentaisdacomunidadequepossamdarsuporte,apoioeorientaçãoparaadaptaçãoecomplementação curricular.

Aarticulaçãoou integraçãoentreEscola–Família–Comunidadegarantiráamelhoriadaqualidadedevidaedaeducaçãodas crianças comdeficiênciavisual.

Page 187: Alunos cegos

1�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Asadequaçõescurricularesparaosdeficientesvisuaisbaseiam-senapropostacurriculardoEnsinoRegular.Noentanto,énecessárioquesejamfeitasalgumasmodificações,ajustesoualternativasqueatendamàsnecessidadeseducativasdo aluno.

Aoseremfeitasessasadequações,devemserlevadostambémemcontaalgunsaspectos:• Anecessidadedeajustamentoscompatíveiscomodesenvolvimentointegral

eoprocessoensino-aprendizagemaodeficientevisual.• Acondiçãododesempenhocurriculardoaluno, tendocomoreferênciao

currículooficialdosistema.• Aadequaçãoconstantedoprocessodeadequaçãoparaosalunos,demodoa

permitir alterações e tomadas de decisão.

REGISTRO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE ADEQUAÇõES CURRICULARES –

SUGESTÃO PARA DOCUMENTAÇÃO

Após a realização de estudo de caso e de análise dos problemas no processo de ensinoeaprendizagem,aidentificaçãodasadequaçõescurricularesdegrandeepequenoporteaserempromovidas,énecessárioqueistosejaformalmentedocumentadonoprontuáriodoaluno.Este,deveserumdocumentoindividual,umavezqueasnecessidadesespeciaisdecadaalunosãodiferenciadas.Deve-seelaboraroRelatórioIndividualdeAdequaçõesCurriculares,comasseguintesinformações:

1. identificação do aluno: • Nome • Data do Nascimento • Filiação • Endereço • Telefone

2. Informações sobre a Escolarização: • Estabelecimento de ensino atualmente matriculado • SérieeNível • Dadosanterioressobreaescolarização(“vidaescolar”) • Tipo de apoio especializado ou não especializado atual e anterior para a

escolarização • Informaçõessobreatendimentosoutratamentosrecebidosatualmentee

no passado.

Page 188: Alunos cegos

1�6

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Indicação das adequações curriculares anteriores. • Necessidadeseducacionaisespeciaisatuais(deadequaçãocurriculare/ou

deacessoaocurrículo). • Períodoindicadoparaasadequações, • Duraçãoprevistaparaocursoenível. • Modalidadesdeapoio (atendimento itinerante, salade recursosetc.),

recursos da comunidade. • Critériosdeavaliaçãoadotados. • Fontesdocumentaisutilizadas–pareceres,laudos,relatórios,histórico

escolar, entreoutros,podemseranexadosaoRelatório IndividualdeAdaptação Curricular.

• Equiperesponsávelpelaindicaçãodasadequações–registrarosnomesdosintegrantesdogrupoproponentedasadequaçõeseasfunçõesexercidasnaInstituição.Identificarprofissionaisenvolvidos,sehouver,suasprofissõese o tipo de atuação com o aluno.

Esteprontuáriodeveacompanharoalunoinclusivenocasodetransferência,devendosermantidoacessívelparaosseusprofessores,familiareseórgãosdeinspeção escolar.

Odocumentolevaráaassinaturadaequipeenvolvidanasdecisões,dodiretordoestabelecimento de ensino e do aluno ou de seu responsável.

2. Intervalo (15 min.)

3. Continuação da atividade de estudo em grupo (1 h)

4. Plenária (1 h)Aofinaldaatividadedeestudodirigido,oformadorpoderáutilizarasquestõesconstantesdo roteirode estudos, paradirecionarodebate emplenária.Nesta,osparticipantesdeverãocompartilharoconteúdoque foidebatidonospequenosgrupos,discutirsuasdúvidasebuscarsoluçõesparaproblemaspresentes.

Page 189: Alunos cegos

1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

11º ENCONTRO

11. AVALIAÇÃO COMPREENSIVA

TEMPO PREVISTO07horas

FINALIDADE DO ENCONTRO• Promoverareflexãocríticadoprofessoracercadoprocessodeavaliação(ref.

àexpectativa10)• Desenvolver atividade prática de avaliação e de planejamento de ensino para

oalunocomnecessidadesespeciais(ref.àsexpectativas11,13,14)

MATERIAL Textos:Aranha, M.S.F. Reflexões sobre a Avaliação. Textodigitado.Bauru:UNESP-

Bauru,2000.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO04horas

1. Estudo em grupo (2 h)Para a realizaçãodeste encontro recomenda-se que os participantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoabaixo.

Durantea leitura, osparticipantesdeverãodiscutir e responderàsquestõesconstantes do Roteiro de Estudo apresentado logo após o texto.

Page 190: Alunos cegos

1��

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃOMaria Salete Fábio Aranha

A avaliação assume natureza e características diferentes, em função dasdiferentesleiturasfilosófico-teóricasqueseassumenoqueserefereaoprocessoeducacional.

Nestetexto,parte-sedopressupostoqueensinoeaprendizagemsãoumprocessocomplexo,denaturezabidirecionalprópriaepeculiar,diferentedoselementos(ensino e aprendizagem)queo constituem. Isto significaqueoprocessodeensino e aprendizagemproduzidoporumadeterminada relaçãoprofessor-alunoserásemprepeculiarecomplexo,diferentedascaracterísticasexclusivasdoensinaroudoaprenderdoprofessorealunoenvolvidos.Assim,oensinarsópodesercompreendido,quandoanalisadoàluzdaaprendizagem,enquantoqueesta,damesmaforma,somentepoderáserentendidaquandoanalisadaemsuasmúltiplasdeterminações,sendoumadelas,oensinaraoqualoaprendizencontra-sesubmetido.

Em função de tal pressuposto é que se toma a avaliação como processocompreensivo,nãoclassificatório,norteadoressencialdapráticapedagógica.

Para contextualizar e fundamentar tal posicionamento, entretanto, faz-senecessáriodetalharalgumasidéiasqueconstituemomeioepistemológicoemqueelesedefineedesenvolve.

Pensando a Educação

Entende-seporEducaçãooprocessoformaldefavorecimento,aoaluno,doacessoeapreensãodosaberhistoricamenteconstruídoesistematizado.

NodecorrerdaHistóriadaHumanidadeohomemolhouparaosdiferentesaspectos da realidade e investigou, buscando identificar seus elementosconstituintes e como se dão as relações entre eles. Ao fazer isso, foiexplicitando e sistematizando os princípios e as leis que as regem. Aorganizaçãosistemáticadessasinformaçõesfoiconstituindoasdiversasáreasdoconhecimento,chamadasciências,edifíciosqueconfiguramverdadeiraslinguagens.Assim,cadarecorteda realidadepodehoje ser lidopormeiodalinguagemdafísica,dalinguagemdaquímica,dabiologia,damatemática,da psicologia, dentre outras, cada uma focalizando aspectos específicos ediferenciadosdanaturezadecadafenômeno.

Page 191: Alunos cegos

1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Retomando,então,aquestãodaEducação, tem-sequeestadetém,comoseuprincipal objetivo, favorecer a todosos cidadãoso acessoa esses conjuntosdeconhecimento,bemcomoodomíniodeles,deformaafavoreceramelhorcompreensãodoqueestápostonarealidadeeemdaípartindo,permitirqueseavancetantonasuautilizaçãoparaamelhoriadaqualidadedevidadoscidadãos,como avançar na produção de novos conhecimentos.

Aescolaéoespaçoinstitucionalquetemcomofunçãosocialpromoveraaquisição,atransmissãoeaampliaçãodessesaberhistoricamenteacumulado,visandoaformaçãodoindivíduoparaainterpretaçãofundamentadaecríticadomundoedasociedade,ouseja,paraainstrumentalizaçãodeseuagirepensarnaqualificaçãodas relações sociais e do homem.

Emboranão se dê exclusivamentena sala de aula, o processode ensino eaprendizagem,objetodotrabalhoescolar,sequalificaediferenciadoensinonocotidiano,pelascaracterísticas,objetivosemétodospróprios,bemcomopelacategoriadesaberqueelasocializa.(Laranjeira,1995).

Enquantoqueaaprendizagemquesedánatrivialidadedocotidianoéassistemáticaeprodutodo compartilharnãoplanejadode conteúdos e significados entreparceirossociais,aqueseesperafavoreceremsaladeauladeveriaserplanejadaederesponsabilidadedoprofessor,tantonaprovocaçãodacuriosidadedoaluno,como na mediação e acompanhamento do processo do aprender.

Aaulaé,enfim,umespaçoondeocorreumadadarelaçãoensino/aprendizagem,aquela na qual o professor temo papel de autoridade, por competência eresponsabilidadeprofissional.Cabeaelebuscaroconhecimentosobreoprocessodoaprenderdoaluno,organizaroensinoemfunçãodesseconhecimento,reajustarsuasaçõespedagógicasemfunçãodeseusefeitossobreaaprendizagemdoaluno,enfim,coordenaroensino,mediandooprocessodeaprendizagemdaquelequeseencontrasobsuaresponsabilidadeprofissional.

Taisconsideraçõesrequeremqueseaborde,aseguir,aquestãodarelaçãoensino-aprendizagem,bemcomoopapeldoprofessorcomomediadordesseprocesso.

Pensando sobre o processo de ensinar e aprender

Fundamentadosna leitura socioconstrutivistadedesenvolvimentohumano,considera-sequecada indivíduoapresenta, a cada recortede suahistóriade

Page 192: Alunos cegos

1�0

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

desenvolvimento,umdesenvolvimentoreal,detectávelapartirdasoperaçõesquedesenvolvecomautonomia(semajuda).Aconstruçãoefetivadoconhecimentosóépossívelnoespaçointerpessoal,situaçãoemqueoprofessor,verificandooqueoalunoconsegueproduzirsozinho,leva-o,atravésdesuainstigaçãoemediação,aumpassoalémnoprocessodeconstruçãodoconhecimento.

“AposiçãoqueVygotskyassumesobrearelaçãodesenvolvimento/aprendizagemestádeclaradanoseuconceitodezonadedesenvolvimentoproximal,atravésdoqual,nosoferececommagistralclareza,oquetemoschamadode“desenhodaaula”,umavezquenosapontaoslimitesepossibilidadesnosquaisdevemosapoiarnossatarefadearticulação/mediação.

Situaocampodaposturadosocialparacomosujeito,considerandoumaesferadedesenvolvimentoreal-aquecomportaoqueosujeitopodefazersozinho-comopontodereferênciaparaaesferadedesenvolvimentopotencial-aquedelimitasuapossibilidadedeatuarcomajuda-e,considera,então,oespaçocompreendidoentreasduasesferas,azonadedesenvolvimentoproximal.Comissopermiteque,nósprofessores,apreendamostambémoquenãoéaula,ousejanãoestaremoscumprindonossopapelcomrelaçãoaoaluno,nemseestivermostrabalhandono interiordaprimeiraesfera (porexemplo,quandoutilizarmosaaulaparafazê-loretornaraoconcretopalpável,emrealidadesquejálhesãoconhecidas),nemsequerseofizermosnoexteriordasegundaesfera(porexemplo,quandopropormosqueapliquemtesesgeraisacasosespecíficos,emsituaçõesnasquaisaconstruçãodeconceitosaindanãoestágarantida).Contudo,aaulaestarábempostaquandoaalocarmosentreambas,ouseja,senãoestivermosasubestimar,nemasuperestimaracapacidaderealdosujeito”.(Laranjeira.1995).

Caberiaaoprofessor,assim,planejarereajustarsuasaçõespedagógicasemfunçãode parâmetros estabelecidos pelo ponto de partida do aluno e pelas peculiaridades que apresenta em seu processo de apreensão e construção do conhecimento.

Para tanto,o educadorprecisa terodomíniodo conhecimentoque lhe cabesocializar, tero conhecimento eodomíniodaDidática, ter conhecimento edomíniosobrecomosedáaaprendizagemesaberutilizartaisconhecimentosna investigação e análise das necessidades de cada um de seus alunos.

Oidealseráquetodoeducadortenhaformaçãoeinstrumentalizaçãonecessáriapararealizartaltarefa,sejaqualforamodalidadeestruturaldeEducaçãoemqueestiver inserido,mesmoporquesomenteentãopoderáserrealmenteumeducador.Paratanto,necessitadeapoioesuportetécnico-científicoparaquepossacumprircomseupapel,interrompendoaavalanchedeencaminhamentosequivocados e desnecessários para as classes especiais

Page 193: Alunos cegos

1�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Pensando sobre o fracasso escolar

Denaturezacomplexa,irredutívelaumacausaúnica,ofracassoescolarguardaemsuamultideterminaçãoadificuldadedeseuenfrentamento.

AsdificuldadesdaSaúdePública emgarantir atenção integral àpopulaçãoinfantil,necessáriaeprioritáriaparaqualquersistemacomprometidocomseuprópriofuturo,contribuemcomamanutençãodealtosíndicesdemortalidadeinfantil,mantendoemcondiçõesderiscoascriançasquesobrevivem(precáriascondiçõesdenutriçãoesaúde).

Asdificuldadeseconômicasedeinserçãonomercadodetrabalhodeterminamaexistênciadeumasignificativaparceladapopulação,quebuscaasobrevivênciaemcondiçõesdebaixopoderaquisitivo,produtoegeradordeinúmerosproblemassociais(precáriascondiçõesdehabitação,lazer,educação,trabalhoinfantil,etc.).Assim,muitasvezes,asituaçãosocioeconômicaprovocaaentradaprematuraemesmoilegaldacriançanomercadodetrabalho,movidapelanecessidadedecompletaroorçamentofamiliar.Nestascondições,freqüentementeficadifícilparaacriançaconciliarestudoetrabalhoequandoofaz,diferencia-sedeoutrosquenãoenfrentamamesmarealidadedevida.

Tem-se,também,aprópriaorganizaçãodosistemaeducacionalpúblicoque,atítulodedisponibilizaraeducaçãoparatodos,permiteaformaçãodeclassescomaltonúmerodealunos(maisde50,àsvezes),salasmultisseriadas(encontrando-se,inclusive,classescujosprofessorescursaramaté2ªsérie,ministrandoaulaspara 1ªa4ªséries,comoaconteceamiúde,emalgumasregiõesdopaís),oque,naverdade,podeprejudicaroumesmo inviabilizarqualquerparticularizaçãodo ensino.

A utilização de livros didáticos que privilegiam um pequeno recorte da realidadesociocultural,tomandoosvaloresealeituradaclassedominantecomo a representaçãodo “real”,do correto edoadequado, fazdo conteúdoabordado,muitasvezes,conjuntos totalmentedestituídosdesignificadoparaamaioriadascriançasquefreqüentamaescolapública.Oensinoaserviçodospadrõesculturaisdeclassessocioeconômicasprivilegiadas,emdetrimentodacriança de classe popular pode conduzir a sua segregação e exclusão do sistema educacional, pormeiodasdificuldadesque impõe à apreensãopeculiardoconhecimento que caracteriza o processo de aprendizagem.

Oprópriodesconhecimentodosprofessoressobreoprocessodeconstruçãodoconhecimento e seu despreparo para o atendimento das peculiaridades individuais noreferidoprocessoconstitui-setambémfatordeterminantedessefenômeno.

Page 194: Alunos cegos

1�2

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Acriança carentenãodiferedasdemais emhabilidades cognitivasbásicas,nememtermos funcionais (processodeaprendizagem),masdifere, sim,nospadrõesculturais,deaprendizagemedemotivação,bemcomonarelaçãocomaculturadominante.Aosedefinirpelareproduçãodessacultura,aescolaignora,desrespeitaepenalizaoscidadãosdecamadasmenosfavorecidas,constituindo-se, assim,maisum fatorde explicaçãoparamuitos casosdebaixoníveldeaquisição e de desempenho da criança em sala de aula.

Poroutro lado, a vida emambienteque restringe a exposiçãoda criança àdiversidadeeàcomplexidadede informaçõeseoportunidadesdisponíveisàscriançasdaclassedominante,limitaeimpedeseuconhecimentoecompreensãocríticada realidadeedas relações sociaisquea constituem,diferenciando-adesvantajosamente de seus demais parceiros sociais.

Como já se discutiu anteriormente, a escola temumpapel fundamental,masquandoo ensinooferecido encontra-sedistantedos reaisproblemas enecessidadesdas criançasede suas famílias, seuefeitopode sero crescentedesinteressedacriança,afastando-adaescola,oudeterminandoofracassoescolare sua gradativa exclusão.

Tais fatores podem, por um lado, acarretar atrasos e comprometimentosnodesenvolvimentoglobalda criança.Poroutro,podem indicarumensinomuitasvezesdeficitário, acrítico,despersonalizado,massificado,queemboraaparentementedemocráticoedisponívelpara todos,nãogarantea igualdadede condições, fator essencial paraque as oportunidadespostaspossam ser“igualmente”acessadas.

O conjunto de tais variáveis, aliado a outras aqui nãomencionadas,focalizaassimacriançaque,narelaçãocomarealidadesociocultural,égradativamenteexcluídadasdiversasinstânciasdosistemasocial,incluindooeducacional.

Istoposto,considera-seimportanteque,aoseconsideraraquestãodofracassoescolar,nãoseignoreascondiçõesdesaúdefísicaementaldacriança,produzidaspelascarênciassociaiseculturais,bemosdiferentesdeterminantessituacionais,escolareseextra-escolares,quepossamestarconvergindoemsuaprodução.

Emborajásesaibahoje,entretanto,queasprincipaiscausasdofracassoescolarnãoseencontramnecessáriaeexclusivamentenacriança,massim,sãoproduzidasnocontextorelacionaldesuasvidascotidianas(econômicas,sociais,escolares,familiares,etc.),aindaseadota,comfreqüência,avaliaçõesescolaresnelaexclusivamentefocalizada,culpabilizando-apelofracassoescolar.

Page 195: Alunos cegos

1�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Pensando, então, a Avaliação

Primeiramente faz-se importante explicar que, ao se falar sobreAvaliação,reporta-seaoprocessoque temcomo funçãoprimordial verificar se equaisobjetivospedagógicosestãosendoalcançados,identificarpossíveisproblemasnarelaçãoensino-aprendizagemedetectaraspectosdessarelaçãoquenecessitamredirecionamento.

Alémdeprocesso,oque implicaemseudesenvolvimentoao longo tempo,éessencialquesejacontínuo.Decarátercompreensivoenãoclassificatório,exigeaanálisebidirecionaldaproduçãodadíadeprofessor-aluno,ouseja,decomoumafetaooutro,contextualizadosnoconteúdo-alvo,nasaladeaula(políade),na instituiçãoescolar (comsuaspeculiaridades físicas,econômicas,políticas,administrativas,pessoais)enoprópriosistemaeducacionalmaisamplo.

Talprocessofavoreceaoprofessor,quedetémaresponsabilidadedoensinar,aidentificaçãodasnecessidadesdoalunoedasdireçõesàsquaisdeveencaminharas mudanças de sua ação pedagógica.

Éatribuiçãodoprofessorpensarsobreopensardoaluno,ouseja,desenvolversuasaçõespedagógicasconstantementeatentoaosseusefeitosnoaluno,peculiarem sua subjetividade e em seu processo de construção do conhecimento.

Étambémsuaatribuiçãoensinarpesquisando,ouseja,redirecionarsuapráticaemfunçãodosdadosconstatadossobreofuncionamentodoaluno.

Não é entretanto esta, a práticade avaliação rotineira emnossa realidadeeducacional.Demaneirageral,asavaliaçõesrealizadasemsaladeaulatêmcomoobjetivoidentificarerroseacertosdoaluno,servindoafunçõesclassificatóriasque penalizam exatamente aquelas crianças que mais necessitam de ajustes e redirecionamentosnarelaçãoensino-aprendizagem.

Criançascujodesempenho,nesteraciocínioquantitativoeclassificatório,mostra-seinsuficiente,aonãoserematendidasemsuasnecessidadeserespeitadasemsuasparticularidades, tendema sedistanciar cadavezmaisdodesempenho“esperado”peloprofessor,sendoconcretamentelevadaaumgradativoprocessode exclusão.

Opróximopasso,conseqüêncianaturaldesta leituraequivocadadoprocessoeducacional e dopapel doprofessor, é o encaminhamentoda criançaparaavaliaçõespsicológicasexternas,providênciafundamentadanaidéiadequeelaéaúnicadepositáriadeseusprópriosproblemas.

Page 196: Alunos cegos

1�4

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Aliteraturatemdemonstradojáhálongotempo,ainoperânciadessasavaliações,rotineirasemnosso sistemadeensino,oque se tornamaisgravequandoseconstataqueseusresultadospassamafuncionarcomoprincipalnorteadordoespaço de escolaridade que vai determinar o resto da vida escolar e social do aluno.

Umagrandecríticaaoprocessodeavaliaçãoexterna,talcomotemseconfiguradoeminúmeroscasosdenossarealidadeequevemsesomaràcriticaanteriormentefeita àprática atualde avaliação emsalade aula, refere-se ao fatodesta sefundamentarprincipalmentenaaplicaçãodetestespsicométricos,geralmentedesenvolvidosemoutrospaíses,quetomamcomoparâmetrospopulaçõesquevivememcontextos socioculturais absolutamentediferentesdonosso, sempadronização para a população brasileira. Resultados obtidos por instrumentos destanatureza,naverdadesómostramqualaposiçãopercentualemqueumdeterminadoalunobrasileiroseencontra,quandocomparadocomcidadãosdeoutropaís.Parailustrarestacrítica,acredita-seserinteressantedissertarumpouco sobre esses testes.

Em geral, são constituídos por diferentes provas, que solicitam umdeterminadodesempenhodoaluno.Cadatestetemumgabarito,queexplicaqual seria a resposta considerada correta. Após o aluno ter respondido ao solicitadono teste, o avaliadormarca as respostas corretas e as erradas,norteadopelogabarito.Emseguida,tabula-seonúmeroderespostascorretasereporta-seàtabeladepercentis,buscandoaidentificaçãodopatamarnoqualoalunoemquestãoseencontra,apartirdonúmeroderespostascorretasqueapresentou.Deve-seatentarparaofatodequeeapopulaçãocomaqualoalunoé comparado, é constituídaporumgrupo -parâmetrode sujeitos, emgeralamericanos,queviviaemumdeterminadoestadonosEstadosUnidos,noanoemqueotestefoiconstruídoeapartirdoqualelefoipadronizado.Oresultadofinalindica,narealidade,quequandocomparadoaogrupodealunosdasériex,escolay,estadom,estealunobrasileiroseencontranaposiçãok,quecorrespondeao quociente de inteligência z.Ora, sabe-se que realidades socioculturaisdiferentesfavorecemaconstruçãodeconhecimentosdiferenciados!Esabe-setambém,queterconhecimentosdiferenciadosnãosignificanecessariamenteumfuncionamentomentaldeficitário.

Parailustrar,pode-secriarumexemploqueseriaengraçado,senãofossetãodramáticoemseuefeito.Aopassarporumadessasavaliações,umalunodeparou-secomaquestão“Oqueéaesmeralda?”Oaluno,cujaúnicaEsmeraldaqueconheciaerasuamãe,assimorespondeu,tendoobtidoumX(errado)parasua

Page 197: Alunos cegos

1�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

resposta.Asomatóriadeerrosdestetipoéquepodeestarlevandoàidentificaçãotão freqüentededeficiênciasnoaluno, justificandode formaequivocada seuencaminhamento(muitasvezesdesnecessário)paraumaclasseespecial!

Taiscríticas,entretanto,seriamabsolutamente inócuas, senão levassemaumrepensardoprocessodeavaliação,contextualizadonoespaçoeducacional.Eénestadireçãoquesepretende,agora,encaminharestareflexão.

Aavaliaçãodaaprendizageméparteintegrantedetodocurrículocujoconceitomanifesta,implicitamente,umaconcepçãodeEducação.Todoprojetopedagógicasedireciona,aindaqueimplicitamente,paraaformaçãodeumtipodecidadãoe de um tipo de sociedade.

Aescolhadecritériosedeinstrumentosquefundamentaaavaliaçãodeumalunoreflete,emúltimainstância,ohomemquesepretendeformar.

Aavaliaçãotradicional,classificatória,configuradaemprovaseexames,serveprincipalmentea funçõesclassificatórias,práticaqueveladamente favoreceaconstruçãodacrençadequeexistemcidadãosmelhoresepiores, emnível enatureza.Estaéamaiorperversidadedeumsistemaquetornacorriqueiraegeneralizadaumapráticaqueafetaaconstruçãoda leituradarealidade,peloaluno,nadireçãode ter como“natural” a classificação, ahierarquizaçãoeaexclusão de cidadãos.

Emgeral,aspessoasnãotêmclarezadeque,aotomardeterminadasatitudesavaliatórias,estãocontribuindoparaaformaçãodepessoaspassivas,conformistaseacríticas,conservando,assim,asformasdedominaçãosocial.Naverdade,taismicropoderes,nãodesvelados,sãomaiseficientesqueoutros,explicitamentecolocadossocialmente.Daíaimportânciadeseterumavisãocríticasobreaqueseprestaaavaliaçãoedeseconheceranaturezaepistemológicadométododeavaliação empregado.

Ora, se a Educação tem como objeto a socialização dos conhecimentoshistoricamente construídos e sistematizados, bem como a formação decidadãosconscientes,ativoseparticipativos,talsistemaperdeasignificação.Oquestionamento do modelo mecanicista e a visão da avaliação da aprendizagem comoumproblemaeminentemente técnico, tememKliebardumexcelenteargumentador. Ele aponta para o reducionismo da noção simplista de avaliação comosinônimodemedida,emquesecorreoriscodeavaliaronãorelevanteedeixardeladoaspectossignificativosquelheescapamaocrivo.Apontatambém

Page 198: Alunos cegos

1�6

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

queumaavaliaçãoquenãosómeça,atribuanotaepredigaosucessoouofracasso,masqueconsidereosdiferentesdeterminantesdodesempenhodoprofessoredoaluno,mostra-setransformadoraeemancipadora.

Nesta, troca-se dados exclusivamente quantitativos por outros demaiorsignificação,quaissejamosquedesvelamacaracterizaçãocontextualizadadoalunoemseuprocessodeaprendizagem, situando-opedagogicamente comosujeito interativo de um processo de aquisição e de produção do conhecimento e da cultura.

Nãose trata,nesteposicionamento,de seabrirmãodo rigoraoavaliar.Naverdade,esteprocessorequerumrigormaior,tantoquantoclarezanasintençõesenomododeavaliar.Requeraverificaçãodoquefoiapreendidopeloaluno,decomosedáoseupensar,dequaisrelaçõesestabeleceentreeventos,decomoestabelecetaisrelações,bemcomorequeraidentificaçãode“oque”e“como”oprofessorestáensinando,quaisintervençõese/oumudançasdevemocorrernasestratégiaspedagógicasadotadas.Nesteprocesso,torna-seessencialOUVIRoaluno,nabuscadecompreensãosobreoqueelepensaesobrequehipóteseseleformulaacercadeseusacertoseerros.ÉessencialBUSCARCONHECERqualéoseuníveldedesenvolvimentoededomíniodepré-requisitosreferentesacadaconteúdotrabalhado.ÉessencialqueoprofessorPENSEarespeitodessacaracterização do aluno e de como a considera no planejamento e na execução de suas ações pedagógicas.

Aanáliseacercadoserroseacertostantodoalunoquantodasestratégiasadotadaspeloprofessorpermitedesvelaroprocessodeconstruçãodeconhecimento.Nãofaz sentido,portanto, serumapráticaunilateral.Professorealunoprecisamestar juntosnessaanálise, ondenão se trocaráapretensaobjetividadepelasubjetividade,mas sim,buscar-se-á a compreensão críticade comouma serelacionacomaoutra.Analisarcriticamenteaqualidadedaavaliaçãosignificarefletirinterativamentesobreaobjetividadeeasubjetividadenelacontidas.

Nestaperspectiva, a avaliação só toma sentidoquandodeixade sermedidalinear,estáticaeadquireaperspectivadabuscadecompreensãodoindivíduoqueaprendeesedesenvolve,edopróprioprocessodeaquisição,construçãodoconhecimento,deformacontextualizada.

Aavaliaçãocompreensiva,enfim,éprocessual,oqueimplicaemdesenvolvimentoaolongodotempoeécontínua.Exigeaanálisebidirecionaldarelaçãoprofessor-aluno,nabuscadacompreensãodecomoumagecomoutro,decomoéqueum

Page 199: Alunos cegos

1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

afetaooutro,dentro,deumcontextodasaladeaula,daescolaedarealidadesócio-culturaldessesagentes.

Éatribuiçãodoprofessorpensarsobreopensardoaluno,ouseja,desenvolversuasaçõespedagógicasconstantementeatentoaosseusefeitosnoprocessodeaprendizagemdoaluno,peculiar emsua subjetividadeeemseuprocessodeconstrução do conhecimento.

Étambémsuaatribuiçãoensinarpesquisando:aoatuar,analisarosefeitosdesuaatuaçãonoprocessodeaprendizagemdoaluno,redirecionandosuaprática,emfunçãodosdadosentãoconstatados.

Somenteassimsepoderedirecionaraavaliação,nosentidodefazerdelaumprocesso efetivodediagnósticopedagógico, compreensivo e sinalizadordosnecessários ajustes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Coll, C, Palácios, J. e Marchesi, A. Necessidades Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar. Desenvolvimento Psicológico e Educação. Volume3.PortoAlegre:ArtesMédicas,1995.

Laranjeira, M.I. Da Arte de Aprender ao Ofício de Ensinar. Dissertação deMestrado.Marília:UNESP,1995.

Vygotsky, L.S. A Formação Social da Mente.SãoPaulo:LivrariaMartinsFontes,1984.

____. Pensamento e Linguagem. SãoPaulo:LivrariaMartinsFontes,1987.

Page 200: Alunos cegos

1��

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

ROTEIRO DE QUESTõES

1. O que diferencia uma avaliação classificatória de uma avaliaçãocompreensiva?

2. Quais determinantes o grupo poderia citar como importantes para seremconsideradosnoprocessodeavaliaçãodeumalunocego,edeumalunocombaixavisão?

2. Intervalo (15 min.)

3. Plenária (2 h)Apósointervalo,oformadordeverásolicitardosparticipantesquevoltemàorganizaçãodeplenária,naqualcadagrupodeveráapresentarasrespostasque produziram para as questões constantes do Roteiro de Estudo.

Deve-se incentivar que todosdiscutamas respostas apresentadas, à luzdarealidadedocontextoemqueatuamprofissionalmente.

PERÍODO DA TARDE

TEMPO PREVISTO02horas

1. Estudo em grupo (1 h)O formadordeve solicitarquealguémdaplenária (pode serumoumaisprofessores)que já tenhatido,ouestejavivendoaexperiênciadeensinarparaumaluno cego, ouparaumaluno combaixa visão, numa sala doensinoregular,descrevaumadificuldadedetectadanoprocessodeensinoeaprendizagem,emsuarelaçãocomessealuno.Ogrupodevefazeromáximodeperguntas,deformaapoderconstruirumcenárioclaroeobjetivosobreocaso,ouoscasosescolhidos.

Page 201: Alunos cegos

1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

Sugere-sequeahistóriado(s)caso(s)sejaescritanalousa,deformaatornar-seacessívelatodos.

Emseguida, o formadordeve solicitar aosparticipantesque se reúnamemgruposdeatéquatropessoas,para, apartirdahistória construída, elaborarumplanejamentode ação, pormeiodopreenchimentodaplanilha abaixoapresentada

2. Plenária (1h)Apósotrabalhoemgrupo,osparticipantesdeverãoretornaràcondiçãodeplenária,naqualcadagrupodeveráapresentarediscutiroplanejamentorealizado.

Problema de Determinantes Necessidades Adequações de Adequações de

ensinoede identificados Educacionais GrandePorte, PequenoPorte,

aprendizagem Especiaisdo quesefazem quesefazem

aluno necessárias necessárias

Page 202: Alunos cegos
Page 203: Alunos cegos

201DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

12º ENCONTRO

12. A INTERAÇÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DE RELAÇÕES SOCIAIS ESTÁVEIS

TEMPO PREVISTO03horas

FINALIDADE DO ENCONTRO• Promover,noprofessor, a reflexão crítica sobreas interações sociais eo

processodedesenvolvimentoderelaçõesestáveis(ref.àexpectativa14)

MATERIAL Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental

– Deficiência Visual. VoIIIp.143-151.Brasília:MEC/SEESP,2001.

SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva

PERÍODO DA MANHÃ

TEMPO PREVISTO2 horas

1. Estudo em grupo (1 h)Oformadordeverásolicitardosparticipantesquesedividamemsub-gruposdeaté4pessoas,paraleituradotextoeparaopreparodeumarepresentaçãodramáticasobrequaisquerdostópicosneleabordados.Sugere-seque,emcadaapresentação,ogruporepresenteaçõesinadequadaseaçõesquefavorecemodesenvolvimentodainteraçãoederelaçõesinterpessoaiscomoalunocego,e/ou com o aluno com baixa visão.

Page 204: Alunos cegos

202

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

A INTERAÇÃO SOCIAL COM A PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA VISUAL23

Avisãoéomaisimportantecanalderelacionamentodoindivíduocomomundoexterior.Acegueirasensorialfoisempretratada,atravésdosséculos,commedo,superstiçãoeignorância.NaIdadeMédia,chegava-seaconsideraracegueiracomoumcastigodoscéus.

Hellen Keller abriu os olhos do mundo para a imensa capacidade e disponibilidade queodeficientevisualtemdeserútilàsociedadeeinteragircomomeio.

Cabeàsociedadecooperaredaroportunidadeparaqueessesindivíduos,quetêmlimitaçãoemseurelacionamentocomomundo,possamdesenvolvereusufruirdetodaasuacapacidadefísicaemental.

Pretendemos,comestasinformações,esclareceraoseducadores,aosfamiliareseàsociedadeemgeralalgunstópicossobredeficiênciavisual,suascapacidadeselimitações,ampliandonossoshorizontesnorelacionamentohumano.

1. Considerações Gerais

• Nãoserefiraàcegueiracomouminfortúnio.Elapodeserassimencaradalogoapósaperdadavisão,masaorientaçãoadequada,aeducaçãoespecial,areabilitaçãoeaprofissionalizaçãoconseguemminimizarosseusefeitos.

• A cegueiranão é contagiosa, razãopela qual cumprimente seu vizinho,conhecidoouamigocego,identificando-se,poiselenãooenxerga.

• A cegueira não restringe o relacionamento com as pessoas nem com o meio ambiente,desdequeaspessoascomasquaisocegoconvivanãolheomitamouencubramfatoseacontecimentos,oquelhetrarámuitainsegurançaaoconstatarquefoienganado.

• Ocegonãoenxergaaexpressãofisionômicaeosgestosdaspessoas.Porestemotivofalesobreseussentimentoseemoções,paraquehajaumbomrelacionamento.

23 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental - Def. Visual.Vol2,p.143-151.Brasília:MEC/SEESP,2001.

Page 205: Alunos cegos

203DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Não trateapessoacomoumserdiferenteporqueelanãopodeenxergar.Saibaqueelaestásempreinteressadanosacontecimentos,nasnotícias,nasnovidades,navida.

• OcegonãotemavisãodasimagensquesesucedemnaTV,nocinema,noteatro.Quandoeleperguntar,descrevaacena,aaçãoenãoosruídosediálogospois estes ele escuta muito bem.

• Ocegoorganizaseudinheirocomoauxíliodealguémdesuaconfiança,queenxerga.

• Aquelesqueaproximamodinheirodorostoparaidentificá-losãopessoascom baixa visão.

• Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você conheça,estendendo-osaoutroscegos.Nãoseesqueçadequeanaturezadotouatodososseresdediferençasindividuaismaisoumenosacentuadas.Oqueoscegostêmemcomuméacegueira,porquecadaumtemsuaprópriamaneira de ser.

• Procurenãolimitaraspessoascegasmaisdoqueaprópriacegueiraofaz,impedindo-asderealizaroqueelassabem,edevemfazersozinhas.

• Aosedirigiraumapessoacegachame-apeloseunome.Chamá-ladecegoouceguinhoédesrespeitoso.

• Apessoaceganãonecessitadepiedadeesimdecompreensão,oportunidade,valorização e respeito como qualquer pessoa.Mostrar-lhe exageradasolidariedade não a ajuda em nada.

• Nãofalecomapessoacegacomoseelafossesurda.Aoprocurarsaberoqueeladeseja,pergunteaelaenãoaseuacompanhante.

• Ocegotemcondiçõesdeconsultarorelógio(adaptado),discarotelefoneouassinaronome,nãohavendomotivoparaqueseexclame“maravilhoso”,“extraordinário”.

• Apessoa ceganãodispõede “sexto sentido”, nemde “compensaçãodanatureza”.Istosãoconceitoserrôneos.Oquehánapessoacegaésimplesdesenvolvimento de recursos latentes que existe em todas as pessoas.

• Conversandosobrea cegueira comquemnãovê,useapalavra cego semrodeios.

• Aoajudarapessoacegaasentar-se,bastapôr-lheamãonoespaldarounobraçodacadeira,queistoindicarásuaposição,semnecessidadedesegurá-lopelosbraçosourodarcomeleoupuxá-loparaacadeira.

• Cuide para não deixar nada no caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.

• Aoentrarnorecintooudelesair,ondehajaumapessoacega,faleparaanunciarsuapresençaeidentifique-se.

• Quandoestiver conversandocomumapessoacega,necessitandoafastar-se,comunique-o.Comissovocêevitaráadesagradávelsituaçãodedeixá-lafalandosozinha,chamandoaatençãodosoutrossobresi.

Page 206: Alunos cegos

204

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Aoencontrar-secomumapessoacega,oudespedir-sedela,aperte-lheamão.O aperto de mão cordial substitui para ela o sorriso amável.

• Ao encontrar um cego que você conhece, vá logo dizendo-lhe quem é,cumprimentando-o.Colocaçõescomo“Sabequemsoueu?”...“Vejaseadivinhaquemestáaqui...”“Nãovádizerquenãoestámeconhecendo...”Sóofaçasetiver realmente muita intimidade com ele.

• Apresente seu visitante cego a todas as pessoas presentes. Assim procedendo vocêfacilitaráaintegraçãodeleaogrupo.

• Aonotarqualquerincorreçãonovestuáriodeumapessoacegacomunique-lhe.

• Muitoscegostêmohábitodeligaraluz,emcasaounoescritório.Issolhepermiteacenderaluzparaosoutrose,nãoraro,elaprópriapreferetrabalharcomluz.Osqueenxergampouco(baixavisão)beneficiam-secomousodaluz.

• Aodirigir-seaocegoparaorientá-loquantoaoambiente,diga-lhe:a suadireita,asuaesquerda,paratrás,parafrenteparacimaouparabaixo.Termoscomoaquioualinãolheservemdereferência.

• Encaminhebebês,crianças,adolescentesouadultoscomdeficiênciavisual,quenão receberamatendimentoespecializado, aos serviçosdeEducaçãoEspecial.

• Ousodeóculosescuroparaoscegostemduasfinalidades:deproteçãodoglobooculareestéticaquandoeleprópriopreferir.

• Quandosedispuseralerparaumapessoacega,jornal,revista,etc.,perguntea ela o que deseja ser lido.

2. Na Residência

• Mudanças de móveis constantes prejudicam a orientação e locomoção do cego.Aonecessitarfazê-lo,comunique-oparaqueelesereorganize.

• Pequenoscuidadosfacilitarãoavidadodeficientevisual.Assim,asportasdeverãoficarfechadasoutotalmenteabertas.Portasentreabertasfavorecemqueomesmo sebata.Portinhasde armários aéreosbemcomogavetasdeverãoestarsemprefechadas;cadeirasforadolugarepisosengorduradose escorregadios são perigosos.

• Osobjetosdeusocomumdeverãoficarsemprenomesmolugar,evitandoassimcadavezqueocegonecessitedeumobjeto,(tesoura,pente,lixeira,etc.),tenhaqueperguntarondeseencontram.

• Osobjetospessoaisdocegodevemsermantidosondeeleoscolocou,poisassimsaberáencontrá-los.

• Narefeição,digaaocegooquetemparacomerequandohouverváriaspessoasàmesapergunteaele,peloseunome,oqueeledeseja.

Page 207: Alunos cegos

205DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Opratopodeserpensadocomosefosseumrelógioeacomidadistribuídasegundoashoras.Assim,nas12:00horas,queficaparaocentrodamesa,serácolocado,porexemplo,ofeijão.Nas3:00horas,àdireitadoprato,oarroz,nas6:00horas,próximoaopeitodocego,acarne,facilitandoassimsercortadaporele,eàs09:OOhoras,àesquerdadoprato,asalada.Pratocheio complica a vida de qualquer pessoa.

• Ocegotemcondiçõesdeusargarfoefaca,bemcomopratosraso,podendosozinhocortaracarneemseuprato,firmandoacarnecomogarfoesituando,comafaca,otamanhodacarneeopedaçoasercortado.

• Ao servir qualquer bebida não encha emdemasia o copo ou a xícara,alcançando-osnamãodocegoparaqueelepossa situar-sequantoa sualocalização.

• Nãofiquepreocupadoemorientara colherougarfodapessoacegaparaapanharacomidanoprato.Elapodefalharalgumasvezes,masacabaráporconcluirsuarefeição.

• Pequenasmarcaçõesemobjetosdeutilizaçãodocegopoderãoajudá-loaidentificar,porexemplo,suaescovadedentes,suatoalhadebanho,ascoresdaslatinhasdepastadesapatos,corderoupas,aslatasdemantimentos,etc.Estaspoderãoserfeitasembraile,comesparadrapo,botão,cordão,pontosde costura ou outros.

• Objetosquebráveis(copos,garrafastérmicas,vasosdeflores,etc.)deixadosnabeiradademesas,pias,móveisoupelochãoconstituemperigoparaqualquerpessoa e obviamente perigo maior para o cego.

• Mostreaseuhóspedecegoasprincipaisdependênciasdesuacasa,afimdequeeleaprendadetalhessignificativoseaposiçãorelativadoscômodos,podendo,assim, locomover-se sozinho.Para realizaresta tarefa,devemoscolocarocegodecostasparaaportadeentradaedali,comauxílio,elemesmofaráoreconhecimentoàdireitaàesquerda,comoécadapeçaequaléadistribuiçãodos móveis.

3. Na Rua

• Aoencontrarumapessoaceganarua,pergunteseelanecessitadeajuda,talcomo:atravessararua,apanhartáxiouônibus, localizareentraremumaloja,etc.

• Ofereçaauxilioàpessoacegaqueestejaquerendoatravessararuaoutomarcondução.Emboraseuoferecimentopossaserrecusado,oumalrecebido,poralgumasdelas,estejacertodequeamaiorialheagradeceráogesto.

• Opedestrecegoémuitomaisobservador.Eletemmeiosemodosdesaberondeestáeparaondevai,semprecisarestarcontandoospassos.Antes

Page 208: Alunos cegos

206

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

desairdecasaelefazoquetodapessoadeveriafazer:procurasaberbemocaminho a seguir para chegar a seu destino. Na primeira caminhada poderá errarumpouco,masdepoisraramenteseenganará.Saliências,depressões,quaisquer ruídos eodores característicos, tudoeleobservapara suaboaorientação.Nadaésobrenatural.

• Em locaisdesconhecidos, apessoa ceganecessita sempredeorientação,sobretudo para localizar a porta por onde deseja entrar.

• Não tenha constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ouaceitar gentilezas por parte de uma pessoa cega. Tenha sempre em mente quesolidariedadehumanadeveserpraticadaportodosequeninguémétãoincapaz que não tenha algo para dar.

• Aoguiarapessoacegabastadeixá-lasegurarseubraçoqueomovimentodeseucorpolhedaráaorientaçãodequeelaprecisa.Naspassagensestreitas,tomeafrenteedeixe-aseguí-lo,comamãoemseuombro.Nosônibuseescadasbastapôr-lheamãonocorrimão.

• Quando passear com um cego que já estiver acompanhado não o pegue pelo outrobraço,nemlhefiquedandoavisos.Deixe-oserorientadosóporquemo estiver guiando.

• AoatravessarumcruzamentoguieapessoacegaemL,queserádemaiorsegurançaparavocêeparaela.Cruzamentoemdiagonalpodefazê-laperdera orientação.

• Paraindicaraentradaemumcarrofaçaapessoacegatocarcomamãonaportaabertadocarroecomaoutramãonobatentesuperiordaporta.Avise-osetemassentonadianteira,emcasodetáxi.

• Aobateraportadoautomóvel,ondehajaumapessoacega, certifique-seprimeirodequenãovaiprender-lheosdedos.Estessãosuamaiorriqueza.

• Sevocêencontrarumapessoacegatentandofazercomprassozinhaemumalojaousupermercado,ofereça-separaajudá-la.Paraelaémuitodifícilsaberaexatalocalizaçãodosprodutos,assimcomoescolhermarcasepreços.

• Não “siga” apessoa comdeficiência visual,pois elepoderáperceber suapresença, perturbando-se e desorientando-se.Oriente sempre que fornecessário.

• Odeficiente visual, geralmente, sabe onde é o terminal de seu ônibus.Quandoperguntarpordeterminadalinhaéparacertificar-se.Emumpontodeônibusondepassamvárias linhasodeficientevisualnecessitadeseuauxílioparaidentificaroônibusquedesejaapanhar.Sepassarseuônibus,ondepassasóumalinha,odeficientevisualo identificarápeloruídodomotor, aberturadeportas,movimentodepessoas subindo e descendo,necessitando suaajudaapenaspara localizaraporta.Em trajetos retos,semmudançadosolo,ocegonãopodeadivinharopontoondeirádescereprecisarádesuacolaboração.Emtrajetossinuososouquemodificamo

Page 209: Alunos cegos

20�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

soloelefazseuesquemamentaledesceemseuponto,semprecisardeauxílio.Quandovocê fordescerdeumônibuseperceberqueumapessoacegavaidescernomesmopontoofereçasuaajuda.Elanecessitarádesuaajudaparaatravessararuaouinformaçõessobrealgumpontodereferência.

• Ajudeapessoacegaquepretendesubiremumônibuscolocandosuamãonaalçaexternaverticaleelasubirásozinha,semnecessidadedeserempurradaou levantada.

• Dentrodoônibusnãoobrigueasentar-se,deixandoàsuaescolha.Apenasinforme-oondehálugarcolocandosuamãonoassentoounoencostocasoeledesejesentar-se.

• Constituemgrandeperigoparaosdeficientesvisuaisosobstáculosexistentesnascalçadastaiscomolixeiras,carros,motos,andaimes,venezianasabertasparafora,jardineiras,árvorescujostroncosatravessamacalçada,tampasdeesgotosabertas,buracos,escadas,andaimes,etc.

4. No Trabalho

• Emfunçãoadequadaecompatível,odeficientevisualproduziráigualoumaisqueaspessoasdevisãonormal,poisseupotencialdeconcentraçãoémaisbem utilizado.

• Aoingressarnaempresaodeficientevisual,comoqualqueroutrofuncionáriodeve ser apresentadoa todososdemais colegas, chefias e ser orientadoquantoàáreafísica(distribuiçãodassalas,máquinas,santirário,refeitório,outros).

• Todoo cidadão temdireitos e deveres iguais frente à sociedade.Dessaformaodeficientevisualdevedesempenhar,naíntegra,seupapelenquantotrabalhadorcumprindoseusdeveres,quantoàpontualidade,assiduidade,responsabilidade,relaçõeshumanas,etc.

• Seodeficientevisualnãocorresponderaoqueaempresaesperadele,nãogeneralizeosaspectosnegativosatodososdeficientesvisuais;lembre-sequecadapessoatemcaracterísticaspróprias.

• Pelofatodeter-setornadodeficientevisualotrabalhadoroufuncionárionãodeveserestimuladoabuscarsuaaposentadoria,masareabilitar-se,podendocontinuarnaempresaouhabilitar-seemoutrasfunçõeseoutroscargos.

5. Na Escola

• Criançacomolhosirritadosqueesfregaasmãosneles,aproximamuitoparalerouescrever,manifestadoresdecabeça,tonturas,sensibilidadeexcessivaàluz,visãoconfusa,deveserencaminhadaaumoftalmologista.

Page 210: Alunos cegos

20�

DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

• Tododeficientevisual,poramparo legal,pode freqüentar escolada rederegulardeensino(públicoouparticular).

• Seacriançaenxergapoucodeveráestarnaprimeirafila,nomeiodasalaoucomdistânciasuficienteparaleroqueestáescritonoquadro.

• Aincidênciadereflexosolare/ouluzartificialnoquadronegrodevemserevitadas.

• Trateacriançadeficientevisualnormalmente,semdemonstrarsentimentosderejeição,subestimaçãoousuperproteção.

• TodospodemparticipardeaulasdeEducaçãoFísicaeEducaçãoArtística.Useoprópriocorpododeficientevisualparaorientá-lo.

• Trabalhosdepesquisaem livros impressosem tintapodemser feitosemconjunto com colegas de visão normal.

Conclusão

Por faltadeconhecimentos,muitos têmdificuldadesno relacionamentocompessoascegas.Desejamajudar,masnãosabemcomofazê-lo.Bemintencionados,muitosqueremajudardemaisecomistocriamdificuldadesesériosembaraçosaoscegos.Esperamosqueassugestõesou“dicas”propostasanteriormentepossamorientarorelacionamentocomapessoadeficientevisual.

2. Plenária (1 h)Novamentenaconfiguraçãodeplenária,cadasub-grupodeveráapresentarsuadramatização,contextualizando-aemediandoadiscussãosobreela,como conjunto de participantes.