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ALVENARIA ALVENARIA

1 - Apresentação

A alvenaria estrutural é um processo construtivo em

que as paredes de alvenaria e as lajes enrijecedoras

funcionam estruturalmente em substituição aos pilares e

vigas utilizados nos processos construtivos tradicionais,

sendo dimensionado segundo métodos de cálculos

racionais e de confiabilidade determinável.

Neste processo construtivo, as paredes constituem-

se ao mesmo tempo nos subsistemas estrutura e vedação,

fato que proporciona uma maior simplicidade construtiva e

conseqüentemente um maior nível de racionalização.

A alvenaria estrutural tem ganhado espaço no

cenário mundial da construção devido à vantagens como

flexibilidade construtiva, economia e velocidade de

construção. Mas sua maior notoriedade deve-se ao seu

potencial de racionalização e produtividade, que possibilita

a produção de construções com bom desempenho

tecnológico aliado a altos índices de qualidade e economia.

Muitos trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos

em alvenaria estrutural nos últimos 50 anos, melhorando a

qualidade dos materiais e dos métodos de cálculo deste

processo construtivo, conferindo-lhe progressos que o

colocam como uma opção tecnológica moderna,

econômica e de boa qualidade.

No Brasil, a técnica de cálculo e execução com

a lvenar ia es t ru tu ra l vêm se desenvo lvendo

progressivamente em decorrência da abertura de novas

fábricas de materiais e do surgimento de grupos de

pesquisa sobre o tema.

MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS CERÂMICOS

MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURALCOM BLOCOS CERÂMICOS2

Foto 1

Foto 2

Foto 3

Foto 3: Edifício em alvenaria estrutural de blocos cerâmicos em Amsterdã / Holanda.

Fotos 1 e 2: Canteiro de obras de uma construção em alvenaria estrutural com blocos cerâmicos.

Ilustração 1

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2 - Breve Histórico

A alvenaria, em suas diversas formas, difundiu-se

pelo mundo todo desde os tempos ancestrais até os dias

de hoje, sendo a principal técnica construtiva empregada

até o início do século XX.

A história da humanidade é repleta de exemplos

deste tipo de construção, tais como as Catedrais do século

XII ao XVII, o Coliseu, a Muralha da China, e muitos outros.

Todas as estruturas de alvenaria edificadas até o

início do século XX foram dimensionadas empiricamente,

sendo a concepção estrutural totalmente intuitiva e

baseada na transferência do conhecimento pelas

sucessivas gerações. Neste contexto, muitas estruturas

foram super-dimensionadas, tal qual o edifício Monadnock

em Chicago de 1891. Porém, a partir da metade do século

XX, as pesquisas científicas começaram a trazer os

primeiros parâmetros que iriam substituir o empirismo por

métodos de cálculos racionais. Surgiam os primeiros

edifícios em alvenaria estrutural armada.

O marco inicial da “Moderna Alvenaria Estrutural”

aconteceu em 1951, quando foi edificado na Suíça um

edifício de 13 andares com paredes de 37cm de espessura

em alvenaria estrutural não-armada, evidenciando as

vantagens deste processo construtivo.

A partir daí intensificaram-se as pesquisas, e os

avanços tecnológicos, tanto dos materiais quanto das

técnicas de execução foram sucessivos, disseminando-se

por todo o mundo através de diversos congressos e

conferências internacionais.

No Brasil, a alvenaria estrutural foi introduzida na

década de 60 com a construção de alguns edifícios em São

Paulo. Sua disseminação se deu com a construção dos

conjuntos habitacionais na década de 80 e surgimento das

fábricas de blocos sílico-calcários e cerâmicos.

Nas duas últimas décadas, com o surgimento de

novos centros de pesquisa, a alvenaria estrutural vem se

normalizando e ampliando sua abrangência nos setores

habitacional, comercial e industrial. Atualmente ela é tida

como um processo construtivo eficiente e racional.

Foto 4

Ilustração 2

Foto 5

Foto 5: Central Parque da Lapa (São Paulo) - importante marco da alvenaria estrutural no Brasil.

Foto 4: Coliseu (Roma / Itália)Ilustração 2: Monadnock building (Chicago / USA)

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3 - Vantagens da alvenaria estrutural

A alvenaria estrutural, após passar por adequada etapa de implantação, apresenta várias vantagens

em relação aos processos construtivos tradicionais, sendo as principais:

- Simplificação dos procedimentos de execução, redução do número de etapas e redução da

diversidade de materiais e mão-de-obra, que implicam diretamente na facilidade de controle do processo e

facilidade de treinamento da mão-de-obra;

- Eliminação de interferências através da compatibilização de todos os projetos e facilidade de

integração com outros subsistemas;

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MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURALCOM BLOCOS CERÂMICOS4

Ilustração 3 Ilustração 4 Ilustração 5

-

- O processo produtivo proporciona boa flexibilidade na fase de planejamento, implicando em

grande facilidade de organização;

- A fase de execução também proporciona boa flexibilidade, através da possibilidade de diferentes

níveis de mecanização;

Tais vantagens só serão alcançadas através da elaboração e coordenação de projetos bem

estudados, da utilização de materiais e mão-de-obra qualificados e da correta organização e planejamento

da obra.

A alvenaria estrutural não permite as improvisações que são comumente praticadas nas

construções convencionais (compensações de prumo, alinhamento, esquadro e planicidade, efetuadas na

fase de acabamento), que acabam por encarecer o custo da obra;

- Todas as vantagens acima citadas racionalizam o processo em alvenaria estrutural, tornando-o

mais econômico e mais rápido que os sistemas convencionais em concreto armado.

O partido arquitetônico deverá sempre estar subordinado à concepção estrutural, de maneira a

pensar sempre em arquitetura e estrutura como um todo. Isto permitirá um melhor aproveitamento da

capacidade resistente da alvenaria.

Ilustrações 3 e 4: Escantilhão e régua prumo-nível (simplificação de tarefas executivas e facilidade de controle do processo). Ilustração 5: Batente-verga pré-moldado (facilidade de integração entre subsistemas).

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4 - Racionaliza alvenaria estrutural ção da

“A racionalização construtiva é um processo composto pelo conjunto de todas as ações que tenham

por objetivo aperfeiçoar o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos,

temporais e financeiros disponíveis na construção em todas as suas fases”.

Para atingir o efeito desejado, as medidas de racionalização devem ser adotadas inicialmente na

etapa de projetos. O projeto funcionando como idealizador do empreendimento, apresenta as condições

ideais para a implementação da estratégia construtiva, pois tem o potencial de agregar todos os

condicionantes do processo produtivo.

Foto 6

Ilustração 6 Ilustração 7 Ilustração 8

Para que as vantagens da alvenaria estrutural possam ser maximizadas, é importante que haja uma

coordenação geral dos projetos (fundação, estrutura, arquitetura, instalações e paisagismo). É na fase de

concepção destes projetos que deverão ser indicadas as medidas de racionalização e de controle de

qualidade, que permitirão a execução planejada e eficiente da obra.

A qualificação da mão-de-obra através de treinamentos, o controle dos materiais e a organização da

produção são também importantes medidas racionalizadoras do processo.

A organização do processo produtivo racionalizado implica, entre outras coisas, na eliminação de

interferências, na simplificação das seqüências executivas, no atendimento ao planejamento e na

utilização de equipamentos e componentes que venham a simplificar o trabalho.

Algumas medidas racionalizadoras têm sido freqüentemente utilizadas nas construções em

alvenaria estrutural, podendo-se citar a modulação do projeto, a utilização de soluções de embutimento de

instalações elétricas e hidráulicas que dispensam o “quebra-quebra”, e a utilização de componentes pré-

fabricados para resolução dos demais subsistemas que interagem com a alvenaria.

O projeto racionalizado deve estabelecer uma visão global do empreendimento, onde todas as

soluções construtivas dos diversos subsistemas estejam integradas, permitindo a compatibilização entre

as diversas interfaces que compõem o projeto.

A boa construtibilidade aliada ao bom planejamento permitirão o alcance de bons índices de custo e

qualidade.

Ilustração 6: Bisnaga para aplicação de argamassa (simplificação do processo) / Ilustração 7: Projeto modularIlustração 8: Blocos especiais para instalações elétricas (dispensam o “quebra-quebra”).

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5 - Princípios básicos da alvenaria estrutural

Na alvenaria estrutural as paredes funcionam como os elementos estruturais da edificação. A

estabilidade do conjunto dependerá do correto arranjo espacial das paredes, que deverão resistir às cargas

verticais (peso próprio e cargas de ocupação) e às cargas laterais (ação do vento, empuxo da terra, etc.),

sendo que as laterais deverão ser absorvidas pelas lajes e transmitidas às paredes estruturais paralelas à

direção do esforço lateral.

Uma parede de alvenaria pode suportar pesadas cargas verticais e horizontais paralela ao seu

plano, mas é comparativamente fraca às cargas horizontais que atuam pependicularmente ao seu plano. O

grande desafio do projetista é, portanto, minimizar as tensões de tração que possam vir a aparecer. Com

este propósito, podem ser adotados os seguintes procedimentos:

- Troca da forma das paredes;

- Arranjo apropriado (distribuição uniforme) das paredes, buscando uma distribuição homogênea

das cargas verticais;

- O arranjo deve ser pensado de maneira que as paredes sejam dispostas sempre em duas direções,

para que se estabilizem e se enrijeçam mutuamente, anulando os esforços horizontais;

- Utilização das lajes para aplicação das cargas verticais nas paredes, amarração da estrutura e

distribuição das cargas horizontais (a laje deve funcionar como um diafragma rígido);

- Utilização de escadas, poços de elevadores e de condução de dutos para obtenção de rigidez

lateral;

- Utilização de plantas simétricas, com peças de dimensões não muito grandes;

- Repetição do mesmo arranjo arquitetônico em todos pavimentos, sobrepondo elementos sujeitos à

compressão.

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Ilustração 9Ilustração 10

Arranjo celular Arranjo cruzado simples Arranjo cruzado duplo Arranjo complexo

Ilustração 9: Geometrias de paredes com maior resistência (paredes mais grossas, paredes duplas, paredes aletadas e paredes enrijecidas).Ilustração 10: Arranjos apropriados (Arranjo celular: carregamento nas paredes externas e internas e resistência às cargas laterais obtida nos dois eixos / Arranjo cruzado simples: as paredes carregadas formam ângulos retos com o eixo longitudinal da construção. As lajes são apoiadas nas paredes transversais e a estabilidade longitudinal obtida através das paredes do corredor / Arranjo cruzado duplo: contém paredes resistentes paralelas aos dois eixos da construção / Arranjo complexo: estabilidade lateral do conjunto é obtida através da centralização das paredes estruturais.

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6- Materiais constituintes da alvenaria estrutural com blocos cerâmicos

BLOCOS CERÂMICOS:

O bloco cerâmico, segundo a NBR 7171/83 é definido como sendo um componente de alvenaria que

possui furos prismáticos e/ou cilíndricos perpendiculares às faces que os contêm. Define também que

blocos portantes são unidades vazadas com furos na vertical, perpendiculares à face de assentamento, e

são classificados de acordo com sua resistência à compressão.

A qualidade das unidades cerâmicas está intimamente relacionada à qualidade das argilas

empregadas na fabricação e também ao processo de produção. Podem-se obter unidades de baixíssima

resistência (0,1MPa) até de alta resistência (70MPa). Devido a isto, torna-se imprescindível a realização de

ensaios de caracterização das unidades.

As características dos blocos cerâmicos determinam importantes aspectos da produção:

- Peso e dimensões - influenciam a produtividade;

- Formato - influencia a técnica de execução;

- Precisão dimensional - influencia os revestimentos e demais componentes.

Os blocos determinam também importantes características do projeto, sendo estas a modulação, a

coordenação dimensional e a passagem de tubulações.

As principais características funcionais dos componentes cerâmicos a serem respeitadas são

resistência mecânica, absorção total e inicial, dimensões reais e nominais, área líquida, peso unitário,

estabilidade dimensional, isolamento termo-acústico e durabilidade.

Os blocos cerâmicos são 40% mais leve do que blocos de concreto, facilitando o manuseio e o

transporte. Além disso, apresentam maior flexibilidade para a criação de peças especiais.

Foto 6

Ilustração 11

Ilustração 12

Ilustração 11: Exemplo de pesos e dimensões de uma família de blocos cerâmicos (bloco inteiro, meio bloco, bloco e meio, bloco J e bloco canaleta).Ilustração 12: Flexibilidade para a criação de peças especiais.

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6 - Materiais constituintes da alvenaria estrutural com blocos cerâmicos

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Foto 6

F o t o 6 : A r g a m a s s a p a r a assentamento dos blocos.Foto 7: Grauteamento em zona de concentração de tensões.Ilustração 13: Grauteamento.

GRAUTE:

O Graute é usado para preencher os

vazios dos blocos quando se deseja aumentar a

resistência à compressão da alvenaria sem

aumentar a resistência do bloco. Pode ser usado

como material de enchimento em reforços

estruturais nas zonas de concentração de

tensões e quando se necessita armar as

estruturas.

O graute é composto dos mesmos

materiais usados para produzir concreto

convencional. As diferenças estão no tamanho

do agregado graúdo e na relação água/cimento.

A consistência do graute deve ser coesa e

apresentar f lu idez adequada para o

preenchimento de todos os vazios. A retração

não deve proporcionar a separação entre o

graute e as paredes internas dos blocos. A

resistência à compressão do graute, combinada

com as propriedades mecânicas de blocos e

argamassas definirão a resistência à

compressão da alvenaria.

ARGAMASSAS:

As argamassas na Alvenaria Estrutural têm a função unir

solidamente os blocos, distribuindo tensões uniformemente entre

estes, além de acomodar as pequenas deformações destes

componentes.

As propriedades desejáveis das argamassas são

trabalhabilidade, capacidade de retenção de água, capacidade de

sustentação dos blocos, resistência inicial adequada e capacidade

potencial de aderência.

As propriedades desejáveis das juntas de argamassa são

resistência mecânica adequada, capacidade de absorção de

deformações e durabilidade.

Foto 7

Ilustração 13

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6- Materiais constituintes da alvenaria estrutural com blocos cerâmicos

PRÉ-MOLDADOS:

Algumas peças pré-moldadas podem auxiliar na execução

das obras em alvenaria estrutural. Dentre as mais utilizadas estão

os marcos em argamassa armada e as escadas pré-moldadas.

Os marcos em argamassa armada possibilitam que a

parede seja executada mais rapidamente, dispensando a

utilização de madeira para apoio das vergas com canaletas. Além

disto, os marcos propiciam o acabamento final dos vãos das

aberturas. O revestimento interno e externo encosta nos marcos

sem a necessidade de se realizar requadros.

As escadas pré-moldadas estão disponíveis em dois

modelos principais, as escadas jacaré e as escadas maciças.

Ambas são de fácil utilização e agilizam consideravelmente sua

execução em obra. As escadas jacaré possuem um número

maior de peças a serem montadas, porém dispensam utilização

de guincho e são mais leves.

Além destas outras podem surgir da união de

subsistemas, tais qual a janela-verga, que uni o quadro pré-

moldado da janela com a verga.

Foto 8

Foto 9

Foto 10

Foto 11

Fotos 8 e 9: Marco de argamassa armada.Fotos 10 e 11: Escada jacaré e escada maciça.Ilustração 15: Janela-verga.

Ilustração 14

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7 - Projeto e Modulação

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MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURALCOM BLOCOS CERÂMICOS10

Ilustração 15: Dimensão modular.I l u s t r a ç ã o 1 6 : P r o j e t o modulado em um retículo espacial de referência.

Importantes diretrizes devem ser estabelecidas já no anteprojeto

a fim de se potencializar as vantagens da alvenaria estrutural. Além das

definições de paredes estruturais e paredes de vedação, devem ser

definidos os tipos de blocos a serem utilizados, sendo esta escolha

muito importante para a definição da coordenação modular do projeto.

A coordenação modular é a técnica que permite relacionar as

medidas de projeto com as medidas dos componentes através de um

reticulado espacial de referência, sendo essencial para a obtenção da

racionalização.

A dimensão modular na alvenaria estrutural é a soma da

dimensão real do bloco e da dimensão da junta de argamassa. A

multiplicação do módulo por um fator numérico inteiro determina as

medidas de projeto a serem utilizadas.

Ilustração 15

Ilustração 16

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MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS CERÂMICOS

O anteprojeto modulado com todas as

informações relevantes é o ponto de partida para a

confecção dos projetos complementares

(hidráulico, elétrico, etc.). Todos os projetos devem

ser coordenados por um único responsável pelo

projeto global, a fim de se evitar possíveis

interferências.

Dispondo-se de todos os projetos

complementares, deve-se preparar o projeto

executivo com todos os detalhamentos necessários.

Para permitir o planejamento e a descrição da

execução da alvenaria, deve-se realizar a

paginação das paredes, descrevendo-as

graficamente uma a uma com as representações de

blocos utilizados, aberturas, instalações e soluções

construtivas.

No processo de modulação da alvenaria

estrutural trabalha-se com as famílias modulares de

blocos. As principais famílias utilizadas são a família

39 (módulo de 20 cm) e a família 29 cm (módulo de

15 cm).

Na família de 39 o módulo básico

considerado para a elaboração de projetos é de 20

cm, ou seja, o comprimento das paredes, aberturas

e vãos deverão ser múltiplos desta medida.

O elemento utilizado em maior escala nesta

modulação é o bloco de 39x19x14, que apresenta

uma largura não modular, ocasionando a

necessidade de haver um elemento a mais para

solucionar problemas modulares no encontro de

paredes. É o caso do bloco de 34x19x14 cm.

Existem modulações que utilizam blocos com

largura de 19 cm e comprimento de 39 cm (bloco de

39x19x19), racionalizando a modulação no

encontro de paredes. Entretanto, estes elementos

possuem custo elevado, sendo utilizados somente

para atender necessidades estruturais.

Ilustração 17

Ilustração 18

Ilustração 17: Paginação de uma parede.Ilustração 18: Família 39 (módulo de 20 cm).

7 - Projeto e Modulação

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8 - A interação entre os subsistemas na a alvenaria estrutural

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Foto 12: Fundação do tipo radier.Foto 13: Arrimo em alvenaria armada.Foto 14 e Ilustração 19: Shaft.

FUNDAÇÕES E ARRIMOS:

As fundações destinadas às construções em alvenaria estrutural devem estar preparadas para

acomodar cargas distribuídas linearmente. Neste contexto enquadram-se as sapatas corridas, radiers e

estacas alinhadas ao longo da parede. A viga baldrame apoiada sobre sapatas isoladas deverá ser evitada,

uma vez que esta é mais recomendada para a acomodação de cargas pontuais.

Os muros de arrimo usualmente empregados na alvenaria estrutural são os confeccionados em

alvenaria armada e em alvenaria protendida.

Foto 12 Foto 13

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS:

Na execução das instalações do edifício deve-se evitar o rasgo

de paredes estruturais para o embutimento das instalações. Além da

insegurança sob o ponto de vista estrutural, rasgos de paredes

significam retrabalho, desperdício e maior consumo de material e

mão-de-obra. Para evitar este problema podem-se utilizar as

seguintes alternativas:

- Utilização de paredes não estruturais para o embutimento das

tubulações nos septos dos blocos;

- Aberturas de passagens tipo “shafts” para a passagem das

tubulações;

- Utilização de blocos especiais (blocos hidráulicos);

- Emprego de tubulações aparentes, podendo-se escondelas

opcionalmente com a utilização de carenagens;

- Utilização de forros falsos.

Foto 14

Ilustração 19

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A melhor alternativa sob o ponto de vista estrutural e construtivo é o uso de shafts. O interessante é

que o mesmo seja visitável, facilitando a execução de eventuais manutenções.

A precisão dimensional com que as obras em alvenaria estrutural são executadas possibilita a

utilização de Kits hidráulicos. Este recurso aumenta a produtividade da equipe de instalação, permite que as

tubulações sejam testadas antes do fechamento da parede e que os custos inerentes a essa etapa da obra

sejam postergados. Em paredes estruturais, os cortes horizontais devem ser evitados. Todo o trecho

horizontal da instalação deverá ser projetado para passar entre a laje do teto e o forro.

Quando o projeto arquitetônico permitir que se utilize uma parede comum nas áreas com instalações

hidráulicas, pode-se executar um shaft visitável para os dois lados.

MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURALCOM BLOCOS CERÂMICOS 13

MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS CERÂMICOS

Ilustração 20

Foto 15

8 - A interação entre os subsistemas na a alvenaria estrutural

Ilustração 20: Bloco hidráulico.Ilustração 21: Bloco elétrico.Foto 15: Carenagem.Foto 16: Eletrodutos embutidos.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS:

A colocação de eletrodutos para as instalações elétricas ocorre

simultaneamente à elevação das paredes. Estes condutores deverão

passar verticalmente dentro dos furos dos blocos. Na horizontal

devem ser embutidos nas lajes ou passar pelos forros.

A posição e dimensão dos quadros de distribuição de energia,

caixas de interruptores e tomadas nos diversos pavimentos deverão

ser previamente definidas e especificadas no projeto executivo.

As caixas para quadros de distribuição e caixa de passagem

devem ser projetadas em dimensões que evitem cortes nas alvenarias

para sua perfeita acomodação. Sempre que necessário, são

realizados reforços para que as aberturas não prejudiquem a

estabilidade estrutural da parede.

As caixas de tomadas podem ser previamente chumbadas nos

blocos. Outra alternativa é a utilização de blocos especiais (blocos

elétricos), que possuem previsões para a instalação destas caixas.

Ilustração 21 Foto 16

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ALVENARIA ALVENARIA

8 - A interação entre os subsistemas na a alvenaria estrutural

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Ilustração 22: Verga e contra-verga moldadas in loco com blocos canaletas.Ilustração 23: Verga pré-moldada e marco de argamassa armada.Foto 15: Revestimentos de pequena espessura.

ESQUADRIAS:

Pode-se compatibilizar as esquadrias de portas e janelas oferecidas comercialmente com as

aberturas possíveis na modulação das famílias de blocos para alvenaria estrutural, ou então providenciar

aberturas especialmente designadas para a modulação utilizada. Diversas técnicas racionalizadoras

podem ser utilizadas para a confecção das esquadrias na alvenaria estrutural. Dentre estas as mais usuais

estão:

- Vergas e contra-vergas moldadas in loco;

- Vergas e contra-vergas pré-moldadas;

- Batentes envolventes;

- Marco de argamassa armada;

- Marco montado in loco;

Ilustração 22

Ilustração 23

REVESTIMENTOS:

Umas das principais vantagens da alvenaria estrutural é que a

manutenção de seu prumo, devido a fatores estruturais, possibilita a execução

de revestimentos com espessuras reduzidas.

É totalmente viável a realização de revestimentos internos com 5 mm de

espessura, diminuindo o consumo de material e a redução do tempo dispensado

com mão de obra No revestimento externo o procedimento é semelhante.

Porém, é necessário efetuar o chapisco prévio da alvenaria. A espessura de

revestimento normalmente recomendada para fachada é de 2 cm de espessura,

segundo testes realizados em laboratório.

O ganho proporcionado com a redução no consumo de material e mão-

de-obra utilizada para a execução dos revestimentos em obras de alvenaria

estrutural é um dos fatores que agregam substancial economia a este sistema

construtivo.Foto 17

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8 - A interação entre os subsistemas na a alvenaria estrutural

ESCADAS:

As escadas utilizadas juntamente com a alvenaria estrutural podem ser moldadas in loco ou pré-

moldadas. As pré-moldadas estão disponíveis em dois modelos principais, as escadas jacaré e as escadas

maciças. Ambas são de fácil utilização e agilizam consideravelmente sua execução em obra. As escadas

jacaré possuem um número maior de peças a serem montadas, porém dispensam utilização de guincho e

são mais leves.

Foto 18 Foto 19 Ilustração 24

LAJES:

Neste sistema construtivo pode-se

utilizar lajes moldadas in loco ou pré-

moldadas. Dentre as pré-moldadas mais

utilizadas estão:

- Laje mista (vigota e lajota);

- Laje pré-moldada em painéis;

- Laje pré-moldada alveolar;

A escolha da melhor opção vai

depender de uma analise da obra em

questão.

Independente da escolha efetuada é

fundamental que a laje tenha seu

escoramento nivelado, possibilitando que os

revestimentos de teto sejam executados com

espessuras finas.

Fotos 18 e 19: Escada pré-moldada maciça.Ilustração 24: Escada pré-moldada jacaré.Foto 20: Laje pré-moldada em painéis.

Foto 20

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9 - A execução da alvenaria estrutural

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Foto 21: Lay out do canteiro-de-obras.Foto 22: Exemplo de transporte de materiais dentro do canteiro-de-obras que deverá ser previsto no projeto.

COMUNICAÇÃO PROJETO / OBRA:

É fundamental que o projeto seja claramente interpretado na obra. Uma interpretação errada, bem

como a falta de detalhes podem ocasionar atrasos nos prazos, retrabalho e diminuição da produtividade.

Para que haja melhor comunicação entre o projeto e a obra, deverão ser fornecidas todas as informações

necessárias, disponibilizando projetos e detalhes construtivos em locais de fácil acesso e utilização. Além

disto, as alterações realizadas durante a execução da obra deverão ser comunicadas imediatamente ao

escritório. Caso a alteração aconteça no escritório, o projetista deve informar as mudanças realizadas nos

projetos e carimbar os mesmos depois de alterados;

Foto 21

SEQUÊNCIA EXECUTIVA E INTERDEPENDÊNCIA ENTRE ATIVIDADES:

A seqüência executiva e a interdependência entre atividades são também considerados fatores

determinantes da construtibilidade e por esta razão devem ser analisadas e melhoradas.

A acessibilidade e espaços adequados para o trabalho são fatores muito importantes para a

construtibilidade. Se este item não receber a devida atenção, pode haver atraso no andamento da obra,

redução da produtividade e aumento da necessidade de retrabalho.

LAY OUT DA OBRA:

Para se obter um nível mais elevado de racionalização e produtividade na execução dos serviços,

deve-se instalar no canteiro de obras uma infra-estrutura eficiente para a execução das tarefas de produção

do edifício.

A organização do canteiro de obras deve ser feita através de um projeto cuidadosamente elaborado,

envolvendo a execução do empreendimento como um todo, prevendo as necessidades e os condicionantes

das diversas fases da obra. Devem ser previstas, por exemplo, facilidades para as diversas linhas de

preparação de materiais e equipamentos. Também devem ser propiciadas condições favoráveis e humanas

para o trabalhador desempenhar sua atividade.

Foto 22

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9 - A execução da alvenaria estrutural

TREINAMENTO DE MÃO-DE-OBRA:

Para a implantação da alvenaria estrutural, o treinamento de mão-de-obra torna-se uma

necessidade, já que nem o processo construtivo e nem os projetos são convencionais. A importância de tal

treinamento aumenta em relação aos outros processos construtivos, uma vez que para paredes estruturais,

é muito importante a manutenção do prumo, nivelamento e alinhamento.

No treinamento devem estar presentes também preocupações com a ergonomia das atividades,

orientando para posturas corretas e manuseio dos materiais e equipamentos, principalmente no

carregamento e transporte dos blocos, devido ao seu elevado peso.

Foto 23 Foto 24

Foto 23: Transporte e rgonômico de materiais.Foto 24: Sala de aula improvisada em canteiro-de-obra para treino de mão-de-obra.

10 - Equipamentos e ferramentas para a alvenaria estrutural

Alguns equipamentos/ferramentas foram criados ou adaptados

no intuito de aprimorar e agilizar as várias atividades envolvidas neste

processo construtivo. As funções destes equipamentos são descritas a

seguir:

Escantilhão - equipamento que permite, simultaneamente, a

consecução de prumo, alinhamento e nivelamento das sucessivas

fiadas que irão compor uma alvenaria.

Régua prumo-nível - instrumento utilizável para verificação de

alinhamento, nivelamento e prumo de componentes, individualmente

ou relativamente.

Ilustração 25: Escantilhão.Foto 25: Régua prumo-nível.

Ilustração 25

Foto 25

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10 - Equipamentos e ferramentas para alvenaria estrutural

MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS CERÂMICOS

MANUAL DE ALVENARIA ESTRUTURALCOM BLOCOS CERÂMICOS18

Nível alemão - utilizado para localização do ponto mais alto da

laje para assentamento da camada de regularização da primeira

fiada.

Bisnaga - ferramenta utilizada para aplicação de argamassas

no assentamento de blocos ou enchimento de vãos.

Canaleta - dispositivo de PVC com empunhadura utilizado para

espalhar argamassa de assentamento.

Palheta - régua larga de madeira com empunhadura utilizada

para espalhar argamassa de assentamento.

Carrinho para transporte de blocos - este carrinho, como

próprio nome indica, é utilizado para se fazer o transporte dos blocos

desde seu estoque na obra até o ambiente onde se está executando a

alvenaria. A sua vantagem é que os blocos são carregados

diretamente dos pallets, para os carrinhos, e descarregado da mesma

forma.

Carrinho para transporte de pallets - carrinhos com macaco

hidráulico que torna possível o transporte dos pallets por inteiro.

Carro plataforma - carro de estrado horizontal com pneus de

borracha, utilizados para agilizar o transporte de materiais como

sacos de cimento e tijolos.

Carrinhos dosadores - carrinhos com volumes definidos,

diferenciados por cores, para dosagem dos materiais componentes

dos traços.

Argamasseiras, suportes e carrinhos - argamasseiras feitas de

material leve que não absorva água da argamassa; suportes e

carrinhos de perfeito encaixe, para facilitar o transporte destas

argamasseiras.

Cavaletes, andaimes, plataformas metálicas - andaimes

desmontáveis, de material durável, leves e de fácil montagem.

Ilustração 26

Foto 26

Ilustração 27

Foto 27

Ilustração 26: Bisnaga.Foto 26: CanaletaIlustração 27: Nível alemão.Foto 27: Argamasseira.