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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LUCIANO ALVES ESTUDO DE PARÂMETROS PARA PROJETO DE MUROS DE ARRIMO EM ALVENARIA ESTRUTURAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PATO BRANCO 2011

alvenaria estrutural

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princípios básicos

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  • UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN

    COORDENAO DE ENGENHARIA CIVIL

    CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

    LUCIANO ALVES

    ESTUDO DE PARMETROS PARA PROJETO DE MUROS DEARRIMO EM ALVENARIA ESTRUTURAL

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    PATO BRANCO

    2011

  • LUCIANO ALVES

    ESTUDO DE PARMETROS PARA PROJETO DE MUROS DE

    ARRIMO EM ALVENARIA ESTRUTURAL

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Civil, da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Pato Branco.

    Orientador: Prof. Dr. Rogrio Carrazedo

    PATO BRANCO

    2011

  • MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN

    CAMPUS PATO BRANCO

    COECI - Coordenao do Curso de Engenharia Civil

    TERMO DE APROVAO

    ESTUDO DE PARMETROS PARA PROJETO DE MUROS DE ARRIMO EM ALVENARIA ESTRUTURAL

    por

    LUCIANO ALVES

    Aos 25 dias do ms de novembro do ano de 2011, s 13:30 horas, na Sala de Treinamento da

    Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Pato Branco, este trabalho de

    concluso de curso foi julgado e, aps argio pelos membros da Comisso Examinadora

    abaixo identificados, foi aprovado como requisito parcial para a obteno do grau de

    Bacharel em Engenharia Civil da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Pato

    Branco UTFPR-PB, conforme Ata de Defesa Pblica n 006-TCC/2011.

    Orientador: Prof. Dr. ROGRIO CARRAZEDO (COECI / UTFPR-PB)

    Membro 1 da Banca: Prof. Dr. RODOLFO ANDR K. SANCHES (COECI / UTFPR-PB)

    Membro 2 da Banca: Prof. Dr. GUSTAVO LACERDA DIAS (COECI / UTFPR-PB)

    COECI / UTFPR-PB Via do Conhecimento, Km 1 CEP 85503-390 Pato Branco-PR

    Fone +55 (46) 3220-2560

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho minha famlia, e amigos.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo Construtora Sudoeste por acreditar neste trabalho e fornecer

    subsdio para o desenvolvimento da pesquisa.

    Agradeo o meu orientador Prof. Dr. Rogrio Carrazedo, pela confiana e

    conhecimentos depositados neste trabalho.

    Gostaria de registrar tambm, o meu reconhecimento minha famlia, pois o

    apoio deles foi decisivo para vencer esse desafio.

  • RESUMO

    ALVES, Luciano. Estudo de Parmetros Para Projeto De Muros De Arrimo Em Alvenaria Estrutural. 2011. 38 pg. Trabalho de Concluso de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) - Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Pato Branco,

    Neste trabalho apresentado um modelo simplificado para o clculo de muros de arrimo em alvenaria estrutural de blocos cermicos. O modelo se baseia na teoria de placas delgadas, empregando as tabelas de Bares na obteno dos esforos internos. Ademais, para compor uma superfcie de ruptura, foram realizados ensaios para obteno de parmetros relativos resistncia ao cisalhamento, compresso e trao em alvenarias de blocos cermicos estruturais.

    Palavras-chave: Estruturas de conteno. Muros de arrimo. Alvenaria estrutural. Muro de arrimo em alvenaria estrutural. Parmetros de cisalhamento e trao.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .................................................................................................. 8

    1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 9

    1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 9

    1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 9

    1.2.2 Objetivos Especficos ................................................................................... 10

    2 ESTRUTURA DE CONTENO EM ALVENARIA ESTRUTURAL CERMICA 11

    2.1 ALVENARIA ESTRUTURAL .......................................................................... 11

    2.2 ESTRUTURAS DE CONTENO ................................................................. 14

    2.2.1 MUROS DE ARRIMO DE FLEXO ............................................................. 15

    2.3 TEORIA DE RANKINE ................................................................................... 17

    2.3.1 MACIOS COM SUPERFCIE SEM INCLINAO ..................................... 19

    2.3.2 MACIOS COM SUPERFCIE INCLINADA ................................................ 20

    3 MODELO DE CLCULO PROPOSTO ............................................................. 21

    3.1 VERIFICAO FLEXO ............................................................................ 22

    3.2 VERIFICAO AO CISALHAMENTO ........................................................... 25

    4 ENSAIOS REALIZADOS .................................................................................. 26

    4.1 MDULO DE ELASTICIDADE ...................................................................... 26

    4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO ........................................................ 28

    4.2.1 Caracterizao da Argamassa de Assentamento ........................................ 30

    4.3 ENSAIO DE TRAO .................................................................................... 31

    4.4 CRITRIO DE RUPTURA .............................................................................. 33

    5 CONCLUSES ................................................................................................. 34

    REFERNCIAS .................................................................................................... 36

  • 8

    1 INTRODUO

    Desde a antiguidade o homem se depara com problemas relacionados s

    habitaes e suas particularidades. Na tentativa de melhorar os locais de edificao

    fez-se uso de vrias tcnicas de construo, e estas foram evoluindo ao longo do

    tempo (BARROS, 2011).

    Hoje em dia, esses problemas ainda esto presentes, como por exemplo, o

    relevo e o solo. Pode-se destacar nesse contexto as obras de conteno, que visam

    solucionar problemas relacionados, principalmente, estabilizao de encostas.

    Uma das primeiras solues empregadas foi a sobreposio de pedras com

    grandes dimenses e massa valendo-se da gravidade, sendo que este mtodo ainda

    empregado atualmente.

    Com a evoluo dos materiais e mtodos construtivos surgiram outras

    tecnologias que podem ser empregadas na execuo de obras de conteno, como

    por exemplo, os muros de arrimo de flexo e, mais recentemente, os muros de

    arrimo de flexo em alvenaria estrutural.

    Os muros construdos em alvenaria estrutural vm aumentando sua

    participao no mercado brasileiro da construo civil em virtude de melhores

    resultados, em produtividade e rentabilidade, reconhecidos no mtodo da alvenaria

    estrutural (FRANCO, 2010). Isto tambm observado na regio Sudoeste do

    Paran.

    Todavia, o dimensionamento da estrutura formada pelo muro de arrimo em

    alvenaria estrutural ainda foi pouco explorado. Geralmente, so projetados

    empiricamente, sendo resultado de observaes realizadas no cotidiano e atravs

    do conhecimento passado de gerao em gerao.

    O estudo foi desenvolvido em duas partes. A primeira consiste na obteno

    de um modelo matemtico fundamentado em dois parmetros: tenses de trao e

    de cisalhamento. Posteriormente sero executados ensaios em blocos cermicos de

    alvenaria estrutural visando validar o modelo terico.

  • 9

    1.1 JUSTIFICATIVA

    Atualmente poucas bibliografias podem ser obtidas referentes ao tema, em

    especial sobre o comportamento estrutural de muros de arrimo em alvenaria

    estrutural. Desse modo, o dimensionamento muitas vezes realizado de maneira

    emprica, o que pode levar a um sub ou superdimensionamento das estruturas, o

    que contempla a originalidade deste trabalho.

    A importncia do estudo est atrelada ao relevo relativamente acidentado da

    regio do estudo, o Sudoeste do Paran, local em que so inmeras as situaes

    em que se aplicam as estruturas de conteno em virtude do relevo irregular com a

    ocorrncia comum de construes em encostas (TABALIPA, 2008). Dessa maneira,

    este trabalho visa dar suporte tcnico para o dimensionamento de tais estruturas,

    em especial as contenes realizadas em muros de arrimo em alvenaria estrutural

    de blocos cermicos.

    Para tanto, elaborou-se um modelo matemtico que representa, de forma

    simplificada, o comportamento de muros de arrimo construdos em alvenaria

    estrutural e fornece um material simples e de fcil entendimento para os

    profissionais que realizam obras de conteno.

    O estudo foi vivel em virtude da doao dos blocos cermicos pela

    Construtora Sudoeste e do acesso aos laboratrios da Universidade Tecnolgica

    Federal do Paran UTFPR.

    1.2 OBJETIVOS

    Este trabalho tem por objetivo o estudo de um modelo matemtico sobre o

    emprego de alvenaria estrutural cermica como estrutura de conteno.

    1.2.1 Objetivo Geral

    Elaborar um modelo que descreva o comportamento de muros de arrimo em

    alvenaria estrutural.

  • 10

    1.2.2 Objetivos Especficos

    Realizar ensaios em prismas de blocos estruturais cermicos visando

    obter a resistncia trao, compresso e ao cisalhamento;

    Empregar os parmetros obtidos na elaborao de um modelo para

    dimensionamento de muros de arrimo em alvenaria estrutural;

    Elaborar uma envoltria de ruptura a partir das tenses de trao e

    compresso obtidas nos ensaios.

  • 11

    2 ESTRUTURA DE CONTENO EM ALVENARIA ESTRUTURAL CERMICA

    As alvenarias so elementos comumente empregados na construo civil,

    desempenhando diversas funes. Rodrigues (2011) explica que as alvenarias so o

    resultado da unio de blocos, justapostos, podendo ser unidos atravs de

    argamassa (ou no), tendo como objetivo principal o suporte de esforos de

    compresso.

    Para Rodrigues (2011), as funes das alvenarias podem ser resumidas a

    duas formas de emprego: vedao e estrutural. Quando a alvenaria desempenha o

    papel de elemento divisrio ou de delimitao ela pode ser entendida como

    alvenaria de vedao. Porm, quando a alvenaria apresenta desempenho estrutural,

    como, por exemplo, em estruturas de conteno, a alvenaria pode ser nomeada de

    alvenaria estrutural.

    O autor ressalta que para cada funo existe o bloco de alvenaria

    correspondente, ou seja, dependendo do emprego da alvenaria o material e,

    consequentemente o processo construtivo, variam.

    2.1 ALVENARIA ESTRUTURAL

    Segundo Franco (2010) a alvenaria estrutural pode ser definida como um

    processo construtivo caracterizado pela utilizao de paredes como principal

    estrutura resistente da edificao, sendo esta dimensionada atravs do clculo

    racional. Ramalho (2003) complementa explicando que a principal definio

    estrutural do sistema a transmisso dos esforos por meio de tenses de

    compresso. As tenses de trao podem existir em algumas peas, porm estas

    tenses devem restringir-se a pontos especficos e tambm no podem apresentar

    valores elevados.

    Para Ramalho (2003) e Franco (2010) os pontos positivos e negativos do

    sistema podem ser resumidos na Tabela 1. Ademais, Ramalho (2003) comenta que

    a alvenaria estrutural possui quatro componentes bsicos. So eles: Unidade,

    Argamassa, Graute e Armaduras.

  • 12

    Tabela 1 Pontos positivos e negativos da alvenaria estrutural

    Alvenaria Estrutural

    Pontos Positivos Pontos Negativos

    Tcnica executiva

    simplificada

    Dificuldade de se adaptar

    arquitetura para um novo uso

    Facilidade de controle Interferncia entre projetos de

    arquitetura/estruturas/instalaes

    Menor diversidade de

    materiais e mo-de-obra

    Necessidade de mo-de-obra

    qualificada

    Excelente flexibilidade e

    versatilidade No admite improvisaes

    Economia de frmas Exige projetos e execuo de

    obra bem planejados e

    organizados

    Reduo de

    desperdcios

    Fonte: Adaptado de Ramalho (2003) e Franco (2010)

    Ramalho explica que a unidade, apresentada na Figura 1, pode ser

    entendida como o componente bsico da alvenaria estrutural, o bloco. So estes

    que definem as caractersticas resistentes da estrutura. Podem ser de concreto,

    cermica, slico-calcreas, entre outros.

    J a argamassa possui funo bsica de solidarizar as unidades, transmitir e

    uniformizar as tenses entre as unidades, alm de absorver pequenas deformaes

    e prevenir a entrada de gua e vento.

    O graute pode ser definido como um concreto composto por agregados de

    pequena dimenso sendo relativamente fluido. s vezes utilizado para o

    preenchimento dos vazios das unidades, tendo como funo bsica propiciar o

    aumento da rea da seo transversal dos blocos e/ou promover a solidarizao dos

    mesmos com eventuais armaduras.

    Por fim, as armaduras podem ser entendidas como barras de ao envolvidas

    pelo graute tendo o objetivo de garantir o trabalho conjunto dos elementos da

    alvenaria. A Figura 2 apresenta um exemplo da aplicao de armaduras.

  • 13

    Figura 1 - Exemplo de unidades de concreto

    Fonte: Autoria Prpria

    Figura 2 Exemplo de disposio de armadura

    Fonte: Autoria Prpria

  • 14

    De modo geral, a utilizao de barras de ao resume-se a pontos

    especficos do projeto em que existam tenses de trao e/ou tenses de

    compresso elevadas.

    2.2 ESTRUTURAS DE CONTENO

    As estruturas de conteno ou de arrimo, segundo Barros (2011), so obras

    civis que tm por objetivo prover estabilidade contra a ruptura de macios de rocha

    ou solo. O autor complementa explicando que tais estruturas atuam como agente

    estabilizador dos macios, assim evitando possveis escorregamentos (causados

    pelo peso prprio do macio ou por atuao de carregamentos externos). Exemplos

    comuns de obras de conteno so os muros de arrimo e as cortinas de estacas.

    A escolha do tipo de conteno a ser utilizada, conforme Barros (2011) deve

    levar em considerao trs fatores bsicos: fator fsico, fator geotcnico e fator

    econmico. O fator fsico compreende, de forma resumida, a altura da estrutura de

    conteno e o espao disponvel para a execuo da mesma (BARROS, 2011).

    J o fator geotcnico leva em considerao o tipo de solo a conter e

    capacidade de suporte do solo da base, alm da presena (ou no) de lenol

    fretico (BARROS, 2011).

    Por fim, o fator econmico est relacionado disponibilidade de mo-de-

    obra qualificada e materiais, tempo de execuo e custo final da estrutura

    (BARROS, 2011).

    Moliterno (1980) acrescenta que qualquer obra de conteno ter pouca

    confiabilidade no caso da no observao do comportamento de construes

    similares j executadas e de movimentos lentos da encosta que podem ser

    constatados somente com a inspeo do local da construo.

    Para Gerscovich (2010) o muro pode ser entendido como estruturas corridas

    para conteno apresentando paredes verticais (ou quase verticais) que so

    apoiadas em fundaes profundas ou rasas. A autora explica que os muros podem

    ser construdos com vrios elementos, destacando-se a alvenaria (de pedra ou

    tijolos/blocos) e o concreto (armado ou simples).

    Aliado aos fatores citados anteriormente, o DNER Departamento de

    Estradas de Rodagem (2005) explica que a geometria e os materiais constituintes da

  • 15

    estrutura devem ser apropriados a cada situao, de modo a suportar as solicitaes

    crticas durante a vida til da estrutura garantindo a segurana desejada.

    Segundo Barros (2011), dependendo do material empregado na obra de

    conteno, as estruturas so classificadas em dois tipos bsicos: estruturas rgidas e

    estruturas flexveis. As estruturas rgidas so aquelas constitudas de materiais que

    no aceitam nenhum tipo de deformao, como por exemplo, os muros de concreto

    ciclpico. Por outro lado, as estruturas flexveis so formadas por materiais

    deformveis que, dentro de limites aceitveis, absorvem os esforos devidos s

    movimentaes e acomodaes da estrutura sem perder estabilidade e eficincia.

    A Secretaria de Servios Pblicos de Recife (2004) ressalta que devem ser

    previstos dispositivos de drenagem, que podem ser barbacs ou drenos de areia,

    conforme projeto especfico para que ocorra o alvio das presses da gua na

    estrutura de conteno.

    2.2.1 MUROS DE ARRIMO DE FLEXO

    Os muros de arrimo podem ser divididos, basicamente, em muros de

    gravidade (concreto ciclpico, pedras, gabies ou pneus) e muros de flexo (com ou

    sem contrafortes).

    Gerscovich (2010) define os muros de flexo como estruturas esbeltas cuja

    seo transversal no formato de L, sendo que o peso prprio do macio

    responsvel pelo equilbrio da estrutura (atuando sobre a base do L) enquanto os

    empuxos so resistidos pela face da mesma.

    O DNER (2005) salienta que os muros de flexo podem ou no ter

    contrafortes, tendo seo transversal no formato L ou T invertido, sendo

    constitudos de alvenaria estrutural ou concreto armado tendo a possibilidade de

    fundao direta ou profunda, conforme Figura 3. No entanto, o autor ressalta que

    este tipo de muro indicado apenas para pequenas alturas.

    Gerscovich (2010) explica que muros de flexo so antieconmicos para

    alturas superiores a 5 metros. No entanto, pode-se alcanar alturas mais elevadas

    empregando-se contrafortes ou vigas de enrijecimento.

  • 16

    (a) (b)

    Figura 3 Muro de flexo com fundao direta em L (a) e indireta em T invertido (b)

    Fonte: DNER (2005)

    A Secretaria de Servios Pblicos de Recife (2004) comenta que os muros

    de contrafortes so aqueles que possuem elementos verticais de maior porte,

    denominados contrafortes ou gigantes, dispostos com certo espaamento entre si,

    destinados a suportar os esforos de flexo. Os esforos atuantes determinam a

    inclinao dos contrafortes, bem como sua espessura, e as dimenses do

    paramento frontal. A Figura 4 apresenta um exemplo de muro com contrafortes.

    Figura 4 Muro de alvenaria estrutural com contrafortes

    Fonte: Autoria Prpria

    Paramento

    Tardoz

    Drenagem

    Sapata

    Estacas

  • 17

    Patrcio e Teixeira (2006) complementam explicando que um muro de

    concreto armado com contrafortes armado em duas direes. As armaduras

    horizontais possuem a funo de limitar as deformaes alm de fornecerem

    espessuras de muro menores. J as armaduras verticais tm o objetivo de suportar

    os esforos decorrentes dos carregamentos que a estrutura est sujeita.

    2.3 TEORIA DE RANKINE

    Os muros de arrimo tm funo de conter o solo, ento sobre estes h um

    esforo atuante. O empuxo de terra pode ser definido como a ao produzida pelo

    macio sobre as estruturas que esto em contato com o mesmo (CAPUTO, 1987).

    A teoria de Rankine baseia-se na equao de ruptura de Mohr (1) e analisa

    o interior de uma determinada massa de solo. Esta massa considerada um semi-

    espao infinito, sendo apenas limitada pela superfcie do solo e ainda, sem

    sobrecargas. Nesta situao existem duas tenses principais: uma vertical

    e outra horizontal , sendo o valor da tenso principal vertical dado

    pelo peso prprio do solo, conforme Figura 5 (CAPUTO, 1987).

    (1)

    Em que , o ngulo de atrito interno e a coeso do solo.

    Figura 5 Tenses Principais

    Fonte: Adaptado de Cardoso (2010)

  • 18

    Gerscovich (2010) comenta que a teoria de Rankine considera estados

    limites plsticos, a partir do deslocamento de uma parede. Dessa maneira, surgem

    infinitos planos de ruptura e, conseqentemente, ocorre a plastificao de todo o

    macio. Ademais, o autor resume as hipteses assumidas no mtodo de Rankine da

    seguinte maneira:

    Solo em estado de equilbrio plstico;

    Solo isotrpico e homogneo;

    Superfcie do terreno plana;

    Muro perfeitamente liso (no considera o atrito solo-muro);

    A parede da estrutura em contato com o solo vertical;

    A ruptura ocorre simultaneamente em todos os pontos do macio;

    A ruptura ocorre sob o estado plano de deformao.

    A partir da equao (1), e considerando dois casos de deslocamento

    (afastamento da parede e deslocamento da parede de encontro ao macio),

    Gerscovich (2010) explica as condies ativa e passiva do solo. Na hiptese do

    afastamento da parede, ocorrer um decrscimo de , e permanece inalterado.

    No entanto, as tenses verticais e horizontais permanecem sendo as tenses

    principais, mxima e mnima, respectivamente. Quando este processo atinge o

    ponto limite (a no reduz o valor independentemente do deslocamento da

    parede), o solo ter alcanado a condio ativa de equilbrio plstico. Neste dado

    instante a razo entre a tenso efetiva horizontal e a tenso efetiva vertical resulta

    no coeficiente de empuxo ativo ( ).

    J para o deslocamento da parede de encontro ao macio, Gerscovich

    (2010) esclarece que acontecer um acrscimo de , e no sofre alterao.

    Com a sequncia do movimento, a tenso aumentar o seu valor at que a razo

    alcance o limite superior e posteriormente a ruptura. Neste momento o solo

    ter atingido a condio passiva de equilbrio plstico, e a razo

    representada pelo coeficiente de empuxo passivo ( ). A Figura 6 apresenta,

    resumidamente, os comportamentos ativo e passivo do solo.

  • 19

    Figura 6 Caso ativo e passivo do solo

    Fonte: Marinho (2009)

    2.3.1 MACIOS COM SUPERFCIE SEM INCLINAO

    O empuxo ativo ( ) para situaes em que o macio no apresente

    inclinao, admitindo-se um solo homogneo, seco e sem coeso pode ser

    calculado atravs da Equao 2 (GERSCOVICH, 2010).

    (2)

    O empuxo passivo ( ) pode ser representado pela Equao (3). Porm,

    para os dois casos (empuxo ativo e passivo), o carregamento do empuxo deve ser

    aplicado em uma profundidade de dois teros da altura.

    (3)

    Os coeficientes de empuxo ( e ) so calculados por meio das Equaes

    4 e 5, em que o ngulo de atrito interno do solo:

    (4)

  • 20

    (5)

    2.3.2 MACIOS COM SUPERFCIE INCLINADA

    Admitindo-se que a superfcie do macio possua uma inclinao em relao

    horizontal, representada por um ngulo , as tenses atuantes no so as tenses

    principais. Dessa maneira, necessrio reescrever as equaes dos coeficientes de

    empuxo ( e ) e as equaes de empuxo ( e ). As Equaes 6, e 7

    apresentam o equacionamento para o estado ativo (GERSCOVICH, 2010).

    (6)

    (7)

    Para o caso passivo, o equacionamento exposto nas Equaes 8 e 9.

    (8)

    (9)

    Dessa maneira, possvel estimar o carregamento ao qual a estrutura de

    conteno est submetida e ento efetuar o seu dimensionamento.

  • 21

    3 MODELO DE CLCULO PROPOSTO

    Este estudo apresenta uma metodologia de clculo simples baseada na

    teoria de placas. O clculo dos esforos solicitantes obtido atravs da teoria

    clssica de placas delgadas, considerando o material homogneo, istropo, elstico

    e linear e a fundao do muro sendo uma base rgida. Como ferramenta auxiliar, o

    modelo adotado utiliza as tabelas de Bares (1972), admitindo-se coeficiente de

    Poisson igual a 0,15, para obteno de momentos fletores e reaes de apoio

    (PINHEIRO, 2007).

    So realizadas duas verificaes, a resistncia ao cisalhamento na interface

    bloco/fundao e bloco/contraforte, e a resistncia flexo da parede. Para tal,

    admitiu-se que as paredes possuem rigidez equivalente de uma parede de um

    metro quadrado. Desse modo, os esforos so dados para cada metro de parede do

    muro e consequentemente o seu dimensionamento dado por metro linear. A Figura

    7 apresenta as regies da parede do muro em que os parmetros foram analisados.

    Figura 7: Regies de anlise

    Fonte: Autoria Prpria

    A verificao do contraforte no ser efetuada neste trabalho. No entanto

    pode ser feita adotando o modelo estrutural de uma viga / pilar engastado na base

    (fundao).

  • 22

    O carregamento obtido utilizando a teoria de Rankine, conforme

    apresentado no captulo anterior. Foram considerados o ngulo de inclinao do

    macio igual a zero graus, solo no coesivo com peso especfico saturado igual a

    16,98 kN/m e ngulo de atrito interno de 21,60, e desconsiderados o empuxo

    passivo, o peso prprio do muro e o atrito solo/muro.

    Isto leva a um coeficiente de empuxo ativo ( ) de 0,462. Os valores

    adotados correspondem a valores encontrados para o solo da regio Sudoeste do

    Paran, especificamente Pato Branco. A coeso do solo foi desconsiderada em

    razo da fissurao do solo que, consequentemente, ir reter gua nas aberturas

    causando um aumento de carregamento e com o passar do tempo este solo,

    possivelmente, acabar repousando sobre o muro.

    Dessa maneira, o carregamento pode ser escrito, de forma simplificada, em

    funo da altura do muro e do peso especfico do solo, o que resulta em um

    carregamento triangular vertical ao longo da parede.

    Como forma de estudo foi realizada uma anlise de uma parede variando o

    espaamento entre contrafortes conforme a modulao de um bloco cermico de 14

    x 19 x 29 cm com resistncia compresso de 6,0 MPa. Assim, a distncia entre

    contrafortes cresce de 30 em 30 cm e a altura da parede de 20 em 20 cm

    (considerando um centmetro de junta da argamassa).

    3.1 VERIFICAO FLEXO

    De posse do carregamento atuante na parede, foram calculados os

    momentos fletores no centro e no bordo superior da parede do muro por meio das

    tabelas de Bares (1972) para carregamento distribudo triangular em uma laje com

    trs lados apoiados e um lado livre.

    O processo de clculo foi iniciado a partir da razo entre a altura da parede

    (La) e a distncia entre contrafortes (Lb). De posse desse valor foram encontrados

    os coeficientes () das tabelas de Bares. Posteriormente, foram calculados os

    momentos fletores atuantes na parede por meio da Equao (10):

    (kN.m/m) (10)

  • 23

    Em que o carregamento e o menor valor entre a altura da parede e a

    distancia entre contrafortes.

    Com a intensidade dos esforos obtidos foi efetuado o clculo das tenses

    referentes a cada parcela de esforo (momento fletor no centro e no bordo livre da

    parede). Para o clculo das tenses foi admitido que os esforos obtidos possuem

    atuao em uma faixa de parede de 1 m com inrcia equivalente de 1,03x10- m4/m.

    Figura 8 mostra a regio do bloco considerada (em vermelho) para o clculo da

    inrcia da parede (com comprimento de 1m).

    Figura 8: Bloco estrutural Paredes e suas respectivas dimenses (em mm)

    Fonte: Adaptado da NBR 15270 2.

    As tenses so calculadas por meio de:

    (kN/m /m) (11)

    Em que o momento fletor atuante, distncia da linha neutra at a

    borda do bloco e a inrcia equivalente.

    Desse modo, foi possvel estimar as tenses atuantes nas direes x e y,

    assim como no bordo livre. Como exemplo de processo de clculo apresentada a

    Tabela 2.

  • 24

    Tabela 2: Exemplo de dimensionamento

    P (kN/m) Carregamento aplicado 7,84 9,41

    La (m) Altura da parede 1,00 1,20

    Lb (m) Distncia entre contrafortes 1,00 1,00

    Relao La/Lb 1,00 1,20

    Momento de centro direo x 0,14 0,17

    Momento de centro direo y 0,24 0,35

    Momento de bordo direo y 0,26 0,31

    (m4) Momento de Inrcia Equiv. direo y 0,00010 0,00010

    (m4) Momento de Inrcia Equiv. direo x 0,00010 0,00010

    y (m) Distncia da linha neutra 0,07 0,07

    (kN/m) Tenso na Direo x ( ) 165,87 237,57

    (kN/m) Tenso na Direo y ( ) 94,17 114,93

    (kN/m) Tenso na Direo x no bordo ( ) 174,97 214,46

    Fonte: Autoria Prpria

    Aps a obteno das tenses foi verificado se a mesma atende a envoltria

    de ruptura (critrio de resistncia), considerada mais a frente.

    Como pode ser constatado, no esto sendo empregados coeficientes de

    segurana nos clculos, pois o trabalho restringe-se as tenses reais de ruptura.

    Porm no processo de dimensionamento do muro devem ser considerados tais

    coeficientes.

    As paredes com distncias entre contrafortes inferiores a um metro e a

    relao altura/largura superior a dois foram calculadas adotando-se o modelo de

    uma casca cilndrica, pois existem limitaes nas tabelas de Bares. As tenses de

    flexo foram calculadas em duas regies da parede: no centro e na interface

    parede/fundao.

  • 25

    3.2 VERIFICAO AO CISALHAMENTO

    Os carregamentos foram obtidos de maneira anloga verificao flexo.

    Os esforos cisalhantes foram calculados por meio das tabelas de Bares (1972) para

    reaes de apoio com carregamento distribudo triangular em uma laje com trs

    lados apoiados e um lado livre (ROCHA, 1984).

    Novamente foi calculada a razo entre a altura da parede (La) e a distncia

    entre contrafortes (Lb). Encontrados os coeficientes () das tabelas de Bares, foram

    calculados os esforos cisalhantes nas interfaces parede/contraforte e

    parede/fundao com auxilio da Equao (12).

    (kN) (12)

    Em que o carregamento e o valor da altura da parede ou da distncia

    entre contrafortes (depende do plano analisado).

    A tenso de cisalhamento calculada a tenso mdia, sendo esta expressa

    pela Equao (13) para seo retangular,

    (kN/m) (13)

    Em que o esforo cisalhante atuante e a rea cisalhada (regio

    preenchida pela argamassa de assentamento, que neste caso foi considerada a

    rea de dois filetes de argamassa com 2,5cm de espessura cada, como mostra a

    Figura 9).

    Figura 9: Argamassa na ligao parede/contraforte

    Fonte: Autoria Prpria

    Aps a obteno das tenses de cisalhamento, foi verificado se a tenso

    calculada superior resistncia nominal da ligao.

  • 26

    4 ENSAIOS REALIZADOS

    Com o intuito de obter os parmetros relativos ruptura de uma parede de

    alvenaria estrutural em blocos cermicos, foram realizados ensaios para determinar

    a resistncia dos blocos e da argamassa.

    A metodologia foi dividida em trs etapas. A primeira foi a obteno do

    mdulo de elasticidade e resistncia compresso do bloco, a segunda foi a

    formao de prismas para adquirir as tenses de cisalhamento na interface

    bloco/argamassa e a resistncia compresso da argamassa de assentamento, e

    por fim a resistncia trao do conjunto bloco/argamassa.

    4.1 MDULO DE ELASTICIDADE

    Segundo a NBR 15270 (2005) o ensaio para determinao do mdulo de

    elasticidade de blocos cermicos deve respeitar a NBR 8522 (2003). Para a NBR

    8522 (2003), a medio dos deslocamentos deve ser efetuada dentro de um

    intervalo de carregamento efetuando variaes cclicas na aplicao da carga com

    durao de 60 segundos, sendo que o intervalo de carregamento varia de 30 a 50%

    do valor da resistncia a compresso do bloco.

    Porm, por limitaes de laboratrio o mdulo de elasticidade foi retirado da

    curva tenso/deformao obtida de trs ensaios de compresso direta do bloco. A

    Figura 10 apresentada a instrumentao empregada.

    Figura 10 Ensaio para determinao do Mdulo de Elasticidade.

    Fonte: Autoria Prpria

  • 27

    Como pode ser observado na Figura 10, o bloco foi instrumentado com

    transdutores de deslocamento que mediam os deslocamentos nos dois lados do

    bloco. Assim, com a distncia entre os pontos de fixao foi possvel calcular os

    percentuais de alongamento e a partir dos deslocamentos obtidos foi efetuado o

    clculo do mdulo de elasticidade.

    Para o clculo do mdulo de elasticidade foram traados trs retas

    relacionando a tenso de compresso sobre a rea bruta e a deformao de cada

    bloco. Figura 11 apresenta o resultado obtido.

    Figura 11: Mdulo de elasticidade

    Fonte: Autoria Prpria

    A partir dos trs ensaios foi elaborada uma reta que corresponde mdia

    dos valores encontrados, sendo obtido mdulo de elasticidade de aproximadamente

    1,3GPa. Ademais, analisando a Figura 11 pode-se verificar uma variao no

    resultado do Bloco 1. Este fato pode ter sido provocado por falha na captao dos

    deslocamentos ou por uma acomodao da base do bloco devido ao

    desalinhamento do bloco em relao ao prato de aplicao de carga.

    Outro fato relevante ao resultado a ruptura antes do esperado. Como pode

    ser visto na Figura 11, a tenso de ruptura atingiu mximo de 3,5 MPa, abaixo da

    tenso nominal do bloco (6 MPa). Para elucidar a questo, ensaios de compresso

    foram realizados pelo laboratrio da empresa fornecedora dos blocos, que

    apresentaram resultados condizentes ao esperado. Assim, aps anlise criteriosa,

    foi observado que o sistema de aplicao de carga nos ensaios realizados por este

  • 28

    trabalho pode ter imposto esforos de flexo ao bloco, promovendo ruptura antes do

    esperado.

    4.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO

    O ensaio de cisalhamento direto foi executado empregando prismas com

    trs blocos cermicos unidos por duas juntas de ligao. A Figura 12 apresenta um

    exemplo dos prismas utilizados.

    Figura 12: Prisma utilizado no ensaio de cisalhamento

    Fonte: Autoria Prpria

    Por limitaes nos equipamentos os prismas no foram ensaiados com a

    aplicao de carga de pr-compresso, como pode ser visto na Figura 13. Ademais

    foram utilizados apoios de madeira entre os prismas e o ponto de aplicao da carga

    para distribuir os esforos de maneira mais uniforme.

    Os prismas foram instrumentados com quatro transdutores de deslocamento

    sendo possvel acompanhar os deslocamentos e possveis efeitos de rotao nos

    blocos.

  • 29

    Figura 13: Esquema de aplicao de carregamento

    Autoria Prpria

    Foram ensaiados quatro prismas, com rea de 0,038 m/m correspondente

    aos filetes de argamassa (vide Figura 9), e os resultados so apresentados na

    Tabela 3.

    Tabela 3: Resultados ensaios de cisalhamento

    Carga (kN)

    Tenso (Mpa)

    Mdia (MPa)

    Desvio Padro (Mpa)

    Variao (%)

    CP1 7,26 0,19

    0,18 0,05 25,95 CP2 5,59 0,15

    CP3 5,21 0,14

    CP4 9,06 0,24

    Fonte: Autoria Prpria

    Analisando a Tabela 3 pode-se constatar que houve uma variao nos

    resultados, principalmente no CP4. Esta variao pode ter ocorrido em virtude da

    metodologia de ensaio aplicada, que no teve aplicada pr-compresso.

  • 30

    4.2.1 Caracterizao da Argamassa de Assentamento

    Para caracterizar a argamassa de assentamento foram realizados dois

    ensaios: compresso direta de corpos de prova cilndricos (5 x 10cm), com volume

    de 196,35 cm, e de determinao da densidade (estado freso e endurecido), sendo

    que foram confeccionados seis corpos de prova (da mesma betonada) para os dois

    ensaios. O trao, em massa, da argamassa foi de 1:0,5:4,5 (cimento, cal e areia) e

    relao gua/cimento igual a um (trao obtido por meio de ensaios de Garcia e

    Ramalho, 2007).

    O procedimento de ensaio de compresso direta seguiu o apresentado na

    NBR 5739/1994 e foi efetuado aps 21 dias de cura da argamassa em tanque de

    gua com temperatura constante. Os resultados so apresentados na Tabela 4.

    Tabela 4: Resistncia compresso da argamassa

    Carga (kN)

    rea (mm)

    Tenso (Mpa)

    Mdia (MPa)

    Desvio Padro (MPa)

    Variao (%)

    CP1 8,57 1973,33 4,34

    3,89 0,81

    CP2 4,91 1982,39 2,47

    CP3 8,14 1974,51 4,12 20,90

    CP4 6,66 1975,29 3,37

    CP5 8,99 1966,25 4,57

    Fonte: Autoria Prpria

    Como pode ser visto na Tabela 4, a resistncia compresso da argamassa

    inferior resistncia nominal do bloco, conforme esperado.

    Com relao densidade da argamassa, foram efetuadas duas medies,

    uma no estado fresco e outra no estado seco. Os procedimentos seguiram o

    apresentado na NBR 13278/2005. A medio no estado fresco foi efetuada logo

    aps a moldagem dos corpos de prova. Seu resultado apresentado na Tabela 5.

  • 31

    Tabela 5: Densidade no estado fresco

    Massa (g) Densidade

    (g/cm) Mdia (g/cm)

    Desvio Padro (g/cm)

    Variao (%)

    CP1 414,45 2,11

    2,10 0,02 0,81

    CP2 414,25 2,11

    CP3 413,43 2,11

    CP4 411,48 2,10

    CP5 406,72 2,07

    Fonte: Autoria Prpria

    J a medio no estado endurecido foi efetuada antes da imerso dos

    corpos de prova em gua. O resultado apresentado na Tabela 6.

    Tabela 6: Densidade no estado endurecido

    Massa (g) Densidade

    (g/cm) Mdia (g/cm)

    Desvio Padro (g/cm)

    Variao (%)

    CP1 410,3 2,09

    2,07 0,02 0,99

    CP2 404,57 2,06

    CP3 409,79 2,09

    CP4 400,2 2,04

    CP5 410,27 2,09

    Fonte: Autoria Prpria

    Analisando os dados das Tabelas 5 e 6 verifica-se uma pequena variao

    nos resultados e que o valor mdio da densidade da argamassa de assentamento

    de aproximadamente 2,09 g/cm.

    4.3 ENSAIO DE TRAO

    Para o ensaio de trao foram confeccionados prismas formados por dois

    blocos cermicos ligados por argamassa com rea de ligao 0,019 m/m

    correspondente ao filete de argamassa (vide Figura 8). A Figura 14 apresenta um

    exemplo da preparao dos prismas para a aplicao do carregamento.

  • 32

    Figura 14: Esquema de aplicao do carregamento

    Fonte: Autoria Prpria

    Os resultados dos ensaios so expostos na Tabela 7. Como pode ser

    observado a tenso resistente trao muito pequena se comparada a tenso de

    compresso. Dessa maneira, possivelmente, os prismas apresentam baixa

    resistncia flexo.

    Tabela 7: Resistncia trao

    CP Carga (kN) Tenso (MPa)

    Mdia (MPa)

    Desvio Padro (MPa)

    Variao (%)

    1 1,855 0,098

    0,101 0,003 3,15 2 1,918 0,101

    3 1,976 0,104

    Fonte: Autoria Prpria

  • 33

    4.4 CRITRIO DE RUPTURA

    O critrio de resistncia tem por finalidade averiguar o eventual perigo de

    ruptura de determinado material quando este est submetido a solicitaes

    combinadas (MELGES, 2011). Para tal, so executados ensaios de trao,

    compresso e cisalhamento para encontrar o real mecanismo de ruptura do material.

    Para um estado plano de tenso pode-se construir um grfico que

    represente a regio de segurana por meio das tenses de compresso e trao

    obtidas em ensaios.

    Assim, para facilitar a visualizao dos pontos que podem promover a

    ruptura, foi elaborada a Figura 15 que representa uma envoltria de ruptura de

    Mohr-Coulomb para os blocos estudados.

    Figura 15: Critrio de ruptura de Mohr-Coulomb

    Fonte: Autoria Prpria

    Como pode ser constatado na Figura 15, as tenses de trao so muito

    pequenas se comparadas as tenses de compresso. Desse modo, a regio de

    segurana fica limitada, quase que em sua totalidade, s tenses de compresso.

  • 34

    5 CONCLUSES

    Com a realizao dos ensaios apresentados no captulo anterior, aliado ao

    referencial terico, buscou-se fomentar os estudos referentes s estruturas de

    conteno em alvenaria estrutural. Apesar de o trabalho apresentar limitaes

    quanto preciso dos resultados, em virtude das consideraes impostas no

    modelo matemtico, o mesmo fornece base para estudos futuros sobre o tema. O

    modelo proposto apresenta dados para o dimensionamento de muros de arrimo em

    alvenaria estrutural, porm de maneira limitada.

    Em relao aos ensaios realizados nos blocos estruturais cermicos, pode-se

    determinar a tenso resistente trao e a tenso resistente ao cisalhamento dos

    prismas estudados. Todavia, recomenda-se a execuo de ensaios de paredes para

    a confrontao dos valores das tenses.

    Assim, com base nas tenses determinadas nos experimentos e na

    modelagem de clculo apresentada, pode-se construir a Figura 16.

    Figura 16: Dimenses limites para a ruptura da parede

    Fonte: Autoria Prpria

    Como pode ser observado na Figura 16, as tenses de trao so o principal

    limitante da altura da parede. Da forma considerada, para uma distncia entre

  • 35

    contrafortes de apenas 60 cm, obteve-se altura de no mximo 1m, reduzindo de

    forma considervel para distncia entre contrafortes ainda maiores.

    Todavia, ressalta-se que estas dimenses so alcanadas somente

    considerando a resistncia da argamassa como elo entre a parede e o contraforte.

    Caso sejam executadas amarraes entre a parede e o contraforte, a parede ir

    resistir uma quantidade superior de esforos, visto que as condies de contorno

    sero alteradas, reduzindo o momento.

    Ainda analisando a Figura 16, constata-se que as tenses de cisalhamento

    limitam a parede em pequenas alturas, cerca de 1,6m. No entanto, essas dimenses

    so alcanadas considerando apenas a ligao de argamassa entre parede e

    contraforte, ou seja, novamente sem amarrao.

    Desta forma sugere-se que sejam efetuadas amarraes entre o contraforte e

    a parede, possibilitando maiores panos de alvenaria. Pode-se ainda executar vigas

    intermedirias entre os contrafortes. Porm ressalta-se que de fundamental

    importncia para o clculo das tenses de flexo o atrito solo/parede assim como o

    peso prprio da parede, uma vez que estes produzem um esforo normal parede

    que altera o estado de tenses a que a parede est submetida.

  • 36

    REFERNCIAS

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