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 Alvenarias Condições Técnicas de Execução Série MATERIAIS  joão guerra martins Versão provisória (não revista) 

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    Condies Tcnicas de Execuo

    Srie MATERIAIS

    joo guerra martins Verso provisria (no revista)

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    Alvenarias

    Definio

    Apresentam-se duas definies sobre este tema:

    As alvenarias so macios construdos de pedras ou blocos, naturais ou artificiais, ligadas entre s de modo estvel pela combinao de juntas e

    interposio de argamassa ou somente por um desses meios;

    Alvenaria o termo que designa as paredes executadas com pedra, tijolo ou blocos de cimento e que, travados em sobreposio por meio de

    argamassas, servem para a execuo de edifcios.

    Introduo

    Nos ltimos anos os traados das redes internas das instalaes tcnicas

    aumentaram significativamente, bem como a quantidade dos aparelhos de comando ou de

    utilizao no interior das habitaes.

    Das solues tradicionais passmos necessidade de prever instalaes telefnicas

    em todos os compartimentos, vrias tomadas por compartimento, redes de aquecimentos, de

    msica ambiente, iluminao decorativa e aumento do nmero de instalaes sanitrias.

    Estas redes implicam espaos mais amplos nas paredes interiores, sem que o

    sistema tradicional de construo tenha sido adoptado para o efeito.

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    Aps a execuo das alvenarias interiores, habitualmente em tijolo, assiste-se sua

    demolio para a abertura de roos que posteriormente, sero refechados com argamassas

    sujeitas a processos de fissurao.

    1- Finalidade das alvenarias

    9 Diviso, vedaes e proteco;

    9 Estrutural: paredes que recebem esforos verticais (lajes e coberturas em construes no estruturadas) e horizontais (empuxo de terra);

    9 Resistncia mecnica;

    9 Isolamento trmico e;

    9 Isolamento acstico.

    2 Tipos de alvenarias

    2.1 - Alvenarias exteriores

    A espessura das paredes exteriores deve ser definida com muito rigor tendo em

    conta diversos condicionantes, nomeadamente no que diz respeito, estrutura, isolamento

    trmico e s caixas de estore, cujas dimenses variam de caso para caso (figura 1 ).

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    Fig. 1 - Caixa de estore

    Apesar da definio da espessura das paredes depender das condies particulares

    do projecto, no geral, as paredes exteriores so constitudas pelos seguintes elementos:

    Parede dupla, com tijolo 30x20x15cm ou 30x20x11cm a aplicar pelo exterior e

    30x20x11cm no interior, deixando-se uma caixa de ar de 5cm, a qual dever ser preenchida

    com um isolamento trmico (figura 2).

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    Fig. 2 - Parede dupla

    Nas condies referidas a parede ter a espessura final de 35cm no limpo.

    Nas paredes expostas a Norte e decorrente do estudo do comportamento trmico,

    poder ser utilizada uma soluo do tipo indicado na (figura 3).

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    Fig. 3 - Parede dupla exposta a Norte

    Na parte inferior da caixa-de-ar dever ser executado uma caleira para recolha de

    eventuais guas provenientes de infiltraes ou de condensaes, sendo desejvel a

    drenagem das caleiras para o exterior atravs de furos e tubos colocados na alvenaria

    exterior.

    Recentemente foram introduzidas no mercado solues de isolamento da caixa de ar

    atravs da projeco de poliestereno sobre a face interior da alvenaria exterior.

    2.2 - Alvenarias interiores

    Devido necessidade de embeber as redes nas paredes interiores, a espessura das

    paredes separadoras e confinantes dos compartimentos que possuam tubagens de

    instalaes especiais, tais como as cozinhas e as instalaes sanitrias, devero ser

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    estudadas com muito rigor, uma vez que as espessuras habitualmente apresentadas so

    insuficientes. A quantidade de roos em nmero to elevado que obriga quase total

    reconstruo das paredes j executadas (figuras 4 e 5).

    Fig. 4 Parede com roos Fig. 5 Parede com roos

    Dever ser estudada a compatibilizao sistemtica entre os projectos de

    arquitectura e das redes de esgotos, de guas e elctricas, tendo como objectivo garantir

    uma adequada espessura das paredes para comportarem as diferentes tubagens.

    Um dos aspectos relevantes a ter em conta, e que foi agravado pelo acrscimo das

    redes internas, a possibilidade das mesmas serem perfuradas pelos futuros utilizadores das

    habitaes, decorrentes da sua adequao funcional.

    Neste contexto destacam-se como frequentes as perfuraes de tubagens nas

    situaes seguintes:

    9 Instalaes de esquentadores e de caldeiras mural;

    9 Fixao de mveis de cozinha;

    9 Colocao de toalheiros;

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    9 Fixao dos batentes das portas, para evitar o seu encosto nas paredes;

    9 Fixao de candeeiros.

    Devido ao elevado nmero de redes e ao reduzido espao para a sua passagem

    recomendvel a definio de critrios na instalao, tendo em conta o exposto e, a posterior

    comunicao aos utilizadores das fraces.

    semelhana do que se verifica noutros pases da Europa desde h muitos anos, em

    Portugal, tem vindo a ser introduzidos sistemas de divisrias interiores com revestimento a

    placas de gesso, permitindo um compromisso entre as novas exigncias e solues mais

    adequadas.

    A questo que se coloca ainda de custo, quando se compara com sistemas com

    caractersticas acsticas equivalentes ao tijolo, mas, inevitavelmente, tal como j sucede

    com os tectos falsos, tambm as divisrias leves iro ocupar o seu espao, com destaque

    para as obras de reabilitao urbana.

    3 - Organizao dos trabalhos

    3.1 - Anlise do projecto e preparao para obra

    O planeamento e a programao da execuo de alvenarias devem obedecer aos

    mesmos princpios aplicados a outras actividades, nomeadamente, (execuo da estrutura,

    acabamentos, instalaes tcnicas, etc.), adaptados, em cada caso, ao volume e

    complexidade da obra.

    Os principais aspectos a considerar no planeamento da execuo das alvenarias so

    os seguintes:

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    9 Quantificao global dos trabalhos;

    9 Programao da sequncia e durao das diversas tarefas (cronograma);

    9 Avaliao dos meios necessrios (mo-de-obra, materiais, acessrios especiais e equipamentos);

    9 Avaliao das exigncias logsticas (aquisio de materiais, armazenamento, transporte e elevao, manuteno de equipamentos, etc.);

    9 Definio de equipas de trabalho e sua qualificao;

    9 Definio dos instrumentos de previso e controlo da produtividade e custos;

    9 Definio de procedimentos de controlo de qualidade.

    3.2 - Influncia da programao da execuo das alvenarias no plano da obra

    Recomenda-se que se retarde o incio das alvenarias e que se aguarde algum tempo

    ate execuo dos revestimentos isto, devido:

    9 deformabilidade das estruturas sob aco das cargas;

    9 retraco das estruturas e das paredes.

    As estruturas em geral e em particular as de beto armado, tm deformaes

    imediatas sob a aco do seu prprio peso e dos elementos construtivos que suportam, alm

    destas deformaes tm tambm, deformaes posteriores a mdio e longo prazo.

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    As alvenarias s devero ser executadas depois de terminada a estrutura e por

    ordem inversa, isto , de cima para baixo. Esta prtica em geral, impossvel,

    recomendando-se em alternativa a construo de piso sim, piso no, ou ainda, comeando

    do 3 para o 1, depois do 6 para o 4 e assim sucessivamente.

    O revestimento s dever ser efectuado no fim da construo integral das

    alvenarias, porque o fecho superior destas no remate viga ou piso superior, por exemplo

    s deve ser feito quando todas as alvenarias estiverem executadas ou pelo menos 50%

    destas, e de preferncia de cima para baixo.

    Recomenda-se ainda que nenhuma alvenaria seja fechada antes de decorridos 14

    dias aps a execuo da ltima fiada.

    Fig. 6 Fig. 7

    X alvenarias a executar depois da estrutura concluda

    Figs. 6 e 7 Exemplos de alternativas execuo das alvenarias a partir do ltimo para o 1

    Piso.

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    3.3 Caractersticas essenciais dos tijolos cermicos para alvenarias

    9 Regularidade na forma e dimenses; 9 Arestas vivas e cantos resistentes; 9 Som "claro" quando percutido; 9 Resistncia suficiente para resistir esforos de compresso 9 Ausncia de fendas e cavidades; 9 Facilidade no corte; 9 Homogeneidade da massa e cor uniforme; 9 Pouca porosidade (baixa absoro).

    3.4 Correcta execuo de alvenaria de tijolos cermicos

    9 Efectuar a "marcao" das paredes com base na planta baixa (arquitectnica) da edificao, executando os cantos e, logo aps, a primeira fiada com argamassa e

    com o auxlio de linha, esquadro, prumo e nvel;

    9 Nas extremidades da parede suspendem-se prumadas de guia, controlando com o prumo e assentando os tijolos alternados.

    9 Executar todas as fiadas, seguindo um fio de nylon nivelado de acordo com as prumadas-guia das extremidades. Uma parede bem executada plana, vertical, sem

    ondulaes e necessita de pouca espessura de argamassa de revestimento

    3.5 Tipos de argamassas mais utilizadas

    9 cimento, cal e areia na proporo 1 : 2 : 9 em volume;

    9 O enchimento da parede tambm pode ser feito com uma argamassa aditivada que, aquando da sua secagem, aumenta o seu volume.

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    3.6 Tipos de blocos e tijolos mais utilizados

    3.6.6.1 - Bloco de beto estrutural

    Aplicao em alvenaria estrutural armada e parcialmente armada. Permite

    que as instalaes elctricas e hidrulicas fiquem embutidas j na fase de levantamento

    da alvenaria.

    3.6.2 - Bloco de beto de vedao

    Para fechamento de vos em prdios estruturados. Devem ser observados os

    vos entre vigas e pilares, de modo a propor vos modulados em funo das dimenses dos

    blocos.

    3.6.3 - Bloco cermico de vedao

    Deve-se procurar a modulao dos vos, apesar de ser mais fcil o corte

    neste tipo de bloco. Dimenses mais encontradas (cm): 9x19x19 e 9x19x29.

    3.6.4 - Tijolo cermico macio

    Empregado geralmente para alvenaria de vedao ou como estrutural para

    casas trreas. Devido s suas dimenses, a produtividade da mo-de-obra na

    execuo dos servios mais baixa. Os tijolos macios tambm so usados em

    alvenaria aparente. Dimenses (cm): 5x10x20 aproximadamente.

    3.6.5 - Bloco silico-calcreo Empregado como bloco estrutural ou de vedao. Mistura de cal e areia

    silicosa, curadas em autoclaves, com vapor e alta presso e temperatura. Tambm

    conhecidos como blocos de beto celular autoclavados.

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    3.7 Recepo e armazenamento dos materiais em obra

    A recepo dos materiais em obra destina-se a garantir e verificar se estes

    corresponde s exigncias de projecto, se apresentam a uniformidade desejada e se no

    sofreram qualquer deteriorao durante o transporte.

    O controlo em obra sobretudo visual e diz respeito s principais caractersticas dos

    materiais.

    Em obras especiais ou de maior envergadura podem estabelecer-se procedimentos

    laborais.

    Os limites de aceitao devem corresponder aos que estiverem definidos na

    normalizao aplicvel e s exigncias estabelecidas no caderno de encargos do projecto.

    3.7.1 - Procedimentos da recepo dos materiais em obra por parte da

    fiscalizao

    Os procedimentos normais por parte da fiscalizao, no que diz respeito qualidade

    e condies em que se encontra os materiais, necessrios execuo de determinada obra,

    so os seguintes:

    9 Verificao da integridade dos sacos de cimento (e outros ligantes) e de eventuais sinais de humidade que possam constituir indcios de que se deu o incio da hidratao;

    9 Verificao da presena de ramos, folhas ou outros materiais indesejveis (como por exemplo, argilas) nas areias, procedendo sempre que possvel a uma anlise

    granulomtrica das mesmas (como se refere no pargrafo referente ao fabrico das

    argamassas);

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    9 Verificao do aspecto do tijolo e de eventuais defeitos aparentes, confirmando ainda que a produo dispe da necessria certificao;

    9 Verificao do prazo de validade e da documentao tcnica de produtos deteriorveis (adjuvantes, etc.) bem como a integridade das suas embalagens.

    Fig. 8 - Embalagem de tijolo em obra, protegido com filme plstico,

    apenas nas faces laterais

    4 - Fabrico das argamassas de assentamento

    As argamassas de assentamento tm como principais funes, a capacidade de unir

    os vrios blocos ou tijolos, a distribuio uniforme das cargas verticais, a absoro de

    deformaes, a resistncia a esforos laterais e a selagem das juntas contra a entrada de

    guas.

    Para garantir estes desempenhos, temos que efectuar um estudo s argamassas

    quanto:

    9 sua capacidade de resistncia flexo e compresso;

    9 Ao seu mdulo de elasticidade;

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    9 As possveis retraces;

    9 sua aderncia;

    9 sua capacidade de reteno de gua;

    9 trabalhabilidade;

    Depois de efectuados os testes, aos desempenhos das argamassas nos critrios acima

    referidos, estas devem cumprir tambm as seguintes condies:

    9 As argamassas de assentamento das alvenarias sero realizadas com Cimento Portland Normal (CPN) e areia, ao trao 1:5, ou ao trao 1 :5:5 de CPN, cal e areia.

    9 A sua aplicao deve respeitar sempre as indicaes do fabricante e devero estar adequadas aos diferentes tipos de trabalho.

    9 A espessura dos leitos e juntas no dever ser superior a 0.01 m.

    9 A espessura das massas de assentamento, de alvenarias de pedra, tijolo ou beto estrutural, so variveis de acordo com as peas mas nunca inferiores a 0.02m e

    superiores a 0.04m.

    Dever existir um especial cuidado no aprovisionamento das matrias-primas. No

    caso de duas areias diferentes, estas devero estar convenientemente separadas e deve

    evitar-se qualquer tipo de contaminao.

    Dever tambm existir um cuidado especial no aprovisionamento dos ligantes

    hidrulicos. Se o fornecimento destes for em sacos, estes devero ser armazenados num

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    espao fechado, assentes sobre um estrado com boa ventilao. Deve garantir-se que a

    presso exercida sobre os sacos que ficarem debaixo no seja excessiva.

    Dever igualmente garantir-se que os adjuvantes se mantenham nos recipientes

    vindos de fbrica, para que no haja qualquer contaminao destes produtos.

    Os trabalhos de assentamento tm baixos consumos de argamassa (cerca de 10 a 15

    litros de argamassa por m2 de alvenaria), pelo que se deve considerar pequenos volumes.

    de ter em ateno que na evoluo de uma argamassa, aps o seu fabrico, temos um perodo

    dormente, um perodo de presa, com o respectivo incio e fim, e um posterior perodo de

    endurecimento.

    As argamassas devem ser utilizadas antes do incio de presa.

    4.1 - Verificao e controlo das argamassas

    4.1.1 - Estado fresco

    O estado fresco de uma argamassa define-se pela sua trabalhabilidade, sendo esta a

    primeira caracterstica e a introdutora de todas as outras. Uma argamassa que no possua

    boa trabalhabilidade, ser difcil de aplicar e tornar-se mais porosa do que o desejvel.

    Existe um aparelho de laboratrio, a chamada mesa de espalhamento, que nos

    permite uma boa avaliao da trabalhabilidade de uma determinada argamassa, (flow-test).

    4.1.2 - Estado endurecido

    Dever proceder-se a uma recolha, para fazer uma escolha racional dos produtos

    mais adequados, nomeadamente no que diz respeito :

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    9 Resistncia flexo;

    9 Resistncia compresso;

    9 Retraco;

    9 Arranque (pull-off);

    9 Determinao do mdulo de elasticidade (dinmico).

    5 - Assentamento de tijolos

    5.1 - Tarefas preliminares

    Antes de se iniciar a execuo das paredes de alvenaria, cujas tarefas e etapas so descritas nas alneas seguinte, necessrio realizar diversas verificaes preliminares. 9 Verificar o estado da estrutura (geometria, desempeno e alinhamentos);

    9 Verificar a necessidade de uma reparao pontual da estrutura, e se decorreram 3 dias aps a eventual reparao;

    9 Verificar a limpeza e nivelamento dos pavimentos;

    9 Verificar se as peas de beto armado foram chapiscadas e se decorreram pelo menos 3 dias aps essa operao;

    9 Verificar se existem ferros de espera na estrutura para ligao das alvenarias (se estiverem previstos em projecto);

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    9 Verificar se esto implementadas as medidas de segurana colectivas necessrias execuo das alvenarias;

    9 Verificar se foram executadas todas as tarefas antecedentes previstas no plano de obra.

    Depois de se ter efectuado todas as verificaes descritas anteriormente, entramos

    na fase de execuo da alvenaria, propriamente dita.

    A execuo de alvenarias tem trs etapas principais:

    9 A marcao da primeira fiada;

    9 A elevao da parede;

    9 Fecho (ou fixao).

    Estas tarefas devem ser intercaladas com diversos procedimentos de verificao e

    controlo.

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    5.2 - Tipos de tijolos mais usados nas construes em Portugal

    Fig. 9 Formas e medidas dos tijolos mais usados em alvenarias

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    5.3 - Levantamento de paredes em zona corrente

    5.3.1 - Conceitos Gerais

    A espessura da alvenaria definida pela dimenso do tijolo, medida

    perpendicularmente ao paramento vertical da parede. Assim, em funo deste

    posicionamento, as paredes podem designar-se, no que se refere espessura em, paredes a

    um quarto de vez, a meia vez e a uma vez, no caso do tijolo ser assente com a sua menor

    dimenso, (largura ou comprimento), perpendicularmente face da parede.

    A combinao do posicionamento de dois tijolos, na mesma fiada, conduz a

    paredes de uma vez e meia, duas vezes, etc.

    5.3.1.1 - Marcao e 1 fiada

    Depois de se ter verificado (ou corrigido) o nivelamento do pavimento (trreo ou

    elevado), com uma rgua de 2 metros, marca-se as paredes de acordo com o projecto de

    execuo (plantas, alados e cortes).

    Na realizao desta marcao (em planta), aplica-se uma fina camada de argamassa

    de cimento e areia (com largura compatvel com a espessura da parede a marcar), na qual

    implantada em primeiro lugar os ngulos (geralmente esquadrias), e de seguida os

    alinhamentos rectos (ou curvos) e a localizao das aberturas (estas tm uma tolerncia de

    + 5 mm).

    Os ngulos so geralmente marcados com o assentamento de 2 tijolos, a partir dos

    quais so traados os restantes alinhamentos no pavimento, quer este seja efectuado por

    "batimento" de um fio pigmentado bem esticado, quer por utilizao de uma rgua ou por

    um riscador de ao.

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    A ortogonalidade das paredes pode ser verificada com um esquadro rgido, e no

    deve apresentar desvios superiores a 2 mm/m.

    Fig.10 - Marcao e 1 fiada de paredes simples no interior

    5.3.1.2 - Marcao em altura e nivelamento

    Realizada a 1 fiada, torna-se necessria a marcao em altura da parede de modo a

    garantir a horizontalidade das fiadas e a verticalidade do paramento. Para tal, recorre-se ao

    uso das fasquias nas quais so marcadas as fiadas de tijolo a realizar. Esta diviso em

    altura, que tambm visa minimizar o nmero de fiadas a realizar com tijolos cortados,

    realizada por tentativas sucessivas com a fita ou com o compasso, sendo esta condicionada

    pela altura dos peitoris das janelas, padieira dos vos e pelo p-direito da parede.

    O cordel esticado entre fasquias permite uma constante verificao do

    nivelamento pretendido das juntas horizontais, e com o auxlio do fio-de-prumo, a

    sistemtica verificao da verticalidade do pano da parede. Este procedimento facilita e

    melhora os tempos de execuo, (no dispensa o uso do nvel e do fio de prumo) e garante

    ainda a correcta interligao das fiadas na juno de duas paredes.

    Face ao peso prprio da alvenaria e ao ritmo de presa da argamassa, num dia de

    trabalho no deve ser executada uma altura superior a 1,60 m de parede, o que corresponde

    a cerca de 4 fiadas por perodo de trabalho (meio dia).

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    Fig.11. Verificao de aprumo a alinhamento de uma parede. 5.3.1.3 - Elevao da parede

    5.3.1.3.1 - Molhagem previa

    Os tijolos, antes de serem assentes, devem ser molhados. Quando no efectuada

    uma molhagem previa aos tijolos, estes absorvem parte da gua da amassadura da

    argamassa. Esta por sua vez, sem a gua necessria, em vez de adquirir a dureza necessria,

    torna-se desagregvel.

    A melhor aderncia entre os tijolos e a argamassa obtm-se com teores mdios,

    sendo recomendado o uso de retentores de gua nas argamassas de assentamento.

    A porosidade excessiva, como se referiu, tambm prejudicial, porque pode retirar

    gua em excesso da argamassa, que seria necessria para as reaces de hidratao.

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    Fig.12 - Aspecto da capacidade de absoro do tijolo que, em geral,

    obriga molhagem prvia

    5.3.1.3.2 - Juntas e aparelho

    O assentamento de tijolos, para qualquer espessura de parede, deve ser realizado de

    modo que as juntas verticais e horizontais (no caso de paredes com espessura superior a

    uma vez) fiquem desencontradas a pelo menos 1/3 do comprimento do tijolo (matar a

    junta).

    As juntas, com espessura final de cerca de 10 mm, devem ser realizadas com argamassas pouco consistentes, de modo a preencher completamente o intervalo entre os tijolos.

    1 cm

    1,5cm

    Fig. 13 Juntas de argamassa

    5.3.1.3.3 Assentamento

    O assentamento de tijolos deve verificar as seguintes condies: 9 Cada tijolo deve ser assente sobre o leito de argamassa colocada na fia inferior (junta

    horizontal) levando no seu topo uma chapada de argamassa distribuda colher (junta

    vertical).

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    9 O tijolo deve ser ligeiramente carregado, esfregado e percutido pelo mao (ou cabo da colher) de modo a que a argamassa possa refluir pelas juntas. Esta argamassa excedente

    imediatamente retirada da face do tijolo (raspada com a colher) e aproveitada para o

    assentamento do tijolo seguinte.

    9 Durante o assentamento, deve ser permanentemente controlado o acabamento das juntas na face oposta face de trabalho do operrio, de modo a recolher a argamassa em

    excesso que reflui das juntas, garantindo, deste modo, o desempeno dessa superfcie.

    9 O espalhamento da argamassa na junta horizontal, criando o leito de assentamento. Pode abranger, de cada vez, o comprimento de um ou mais tijolos, dependendo do

    ritmo de aplicao e das condies climatricas.

    9 Com o tempo seco severo prefervel a aplicao da argamassa tijolo a tijolo, para evitar a sua dessecao precoce e a diminuio de trabalhabilidade.

    9 O fecho superior das paredes contra a laje ou viga deve ser feito alguns dias depois (como j referido).

    9 Aps cada dia de trabalho as paredes devem ser protegidas com filme plstico para evitar uma secagem demasiado rpida ou para as resguardar da chuva.

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    5.3.1.3.4 Processos de assentamento de tijolos macios

    Argamassa rebatidacom a colher

    1 mtodo

    Argamassaabundante

    Argamassaaplicada no tijolocom a colher

    2 mtodo Fig. 14 Mtodos para assentamento de tijolos macios

    5.3.1.3.4.1 Assentamentos tradicionais e especiais de tijolos macios

    a chato 1/2 vez

    Ajustea chato 1 vez

    Fileira mpar em planta

    Fileira par em planta Ajuste

    Para paredes de 22 a25 cm de espessura

    Fig.15 Ajuste normal de tijolos macios

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    Fileira mpar em planta

    Fileira par em plantaAjuste ingls ou gtico

    Para paredes de 22 a

    25 cm de espessura

    Fig. 16 Ajuste ingls ou gtico de tijolos macios

    Fileira mpar emplanta

    Fileira par em plantaAjuste francs

    Para paredes de 34 a38 cm de espessura

    Fig.17 Ajuste francs de tijolos macios

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    Fileira mpar em planta

    Fileira par em plantaAjuste ingls ou gtico

    Para paredes de 34 a38 cm de espessura

    Fig. 18 Ajuste ingls ou gtico de tijolos macios

    Ajuste de pilares de tijolos macios

    Para pilares de 25x25 cmFiada par Fiada mpar

    Fiada par Fiada mparPara pilares de 38x38 cm

    Fiada par Fiada mparPara pilares de 50x50 cm

    Fig. 19 Ajuste em pilares para tijolos macios

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    5.3.1.3.4.2 Tipos de amarraes em tijolos

    Consideram-se alvenarias amarradas as que apresentam juntas verticais

    descontnuas. A seguir, nas figuras, so mostrados os tipos de amarraes mais comuns

    para tijolos macios ou de dois furos.

    Os esquemas tambm so vlidos para outros tipos de tijolos cermicos ou blocos

    de concreto.

    1 fiada 2 fiada

    Em T - parede de 1/2 vez

    1 fiada 2 fiada

    Cruzamento - parede de 1/2 vez

    1 fiada 2 fiadaParede de meia vez em paredes de uma vez

    Fig. 20 Tipos de amarraes

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    1 fiada 2 fiadaParede de meia vez

    1 fiada 2 fiadaParede de uma vez

    1 fiada 2 fiadaCanto em parede

    de meia vez

    1 fiada 2 fiadaCanto em parede

    de uma vez

    Fig. 21 Amarraes em cantos

    Parede de espelho (cutelo) Parede de meio tijolo

    Parede de um tijolo Parede de um tijolo e meio

    Fig. 22 Tipos de paredes

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    5.3.1.3.5 - Correco do posicionamento

    Qualquer erro no posicionamento inicial do tijolo que no possa ser corrigido com

    ligeira percusso, deve ser corrigido mediante o levantamento do tijolo, retirando

    completamente a argamassa das juntas e tornando a executar a operao com argamassa

    fresca.

    A tentativa de bascular o tijolo em torno do seu eixo longitudinal, para obter a

    verticalidade, ou eventual percusso acidental depois do assentamento, conduzem com

    frequncia ao abaulamento transversal da junta da argamassa, reduzindo o desempenho da

    junta (resistncia, isolamento trmico e acstico, resistncia passagem da gua, etc.).

    5.3.1.3.6 - Cunhais

    Nos cunhais e ngulos das paredes dever existir um cuidado especial de modo que

    os tijolos fiquem bem travados entre si, usando-se para tal meio tijolo ou trs quartos de

    tijolo para se conseguir o desencontro vertical das juntas.

    Nos cunhais das paredes de fachada, ombreiras e outras extremidades de parede em

    contacto com o exterior, fundamental que o tijolo no fique com furos voltados para o

    exterior.

    Na ausncia de tijolos de formato especial para estas situaes, pode usar-se o tijolo

    furado corrente, ao alto (furao na vertical) cortado para as dimenses convenientes, mas

    sempre devidamente travado.

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    Fig. 23 - Cunhal mal executado e esquema do princpio para uma correcta execuo.

    Nos cunhais, como nos resultantes cruzamentos de paredes muito vantajoso que as

    fiadas das duas direces estejam niveladas, para permitir um adequado travamento.

    Quando se pretender uma maior rigidez da ligao, podem aplicar-se grampos

    metlicos na junta horizontal por forma a ligar as duas paredes.

    5.3.1.3.7 - Verificao do levantamento de paredes

    Terminada a execuo de cada pano de parede necessrio proceder s seguintes

    verificaes:

    9 Alinhamento da parede com as paredes confinantes do mesmo piso e com a estrutura;

    9 Alinhamento com as paredes dos outros pisos, em particular nas fachadas;

    9 Aspecto geral das juntas (sem rebarbas, sem irregularidades e com espaamento regular);

    9 Dimenso das juntas horizontais (tolerncia da ordem de 3mm);

    9 Completo preenchimento das juntas verticais de ligao estrutura de beto armado;

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    9 Confirmao das caractersticas necessrias aplicao do revestimento previsto (porosidade, rugosidade, aprumo).

    5.3.1.4 Paredes duplas

    Devem ser adoptadas as mesmas medidas e precaues descritas para as paredes

    simples, com as seguintes particularidades:

    9 A primeira operao corresponde marcao dos 2 panos de alvenaria a que se segue a execuo da 18 fiada interior;

    9 A seguir executa-se a meia cana ou caleira que remata o fundo da caixa-de-ar e assenta-se a 18 fiada exterior, com aplicao de tubos de drenagem (em plstico) salientes para

    o exterior (espaados em cerca de 2 metros);

    9 Os tubos de drenagem devem recolher as guas do fundo da caleira, que deve ter a inclinao e impermeabilizao adequadas, e conduzi-las ao exterior, com uma

    salincia em relao ao revestimento final no inferior a 15mm. Face eventual

    incerteza relativa espessura dos revestimentos, os tubos devem ficar mais compridos,

    para posterior alinhamento por corte.

    A execuo das paredes duplas devem ter em conta os seguintes aspectos, para se

    poder proceder limpeza:

    9 Proteco da caldeira com forra de papel, a retirar posteriormente por aberturas provisrias na 1 ou 2 fiada exteriores;

    9 Utilizao de uma rgua horizontal, com a largura da caixa-de-ar, suspensa, que vai recolher os restos de argamassa que caem na caixa-de-ar, sem que estes atinjam a

    caldeira;

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    9 Execuo da parede interior, depois de executada a parede exterior e limpa a caixa-de-ar, de encontro ao isolante trmico rgido contnuo que protege a caixa-de-ar.

    9 No caso de paredes duplas envolventes dever sempre recordar-se o facto de que a face da parede resultante mais cuidada do lado que o operrio est a trabalhar, ficando

    bem aprumada deste lado e com algumas irregularidades do outro.

    Fig. 24 - Parede dupla com placas isolantes encostadas ao pano interior

    Fig. 25 Caixa-de-ar com isolante, obstrudas e com isolante mal

    posicionado (situaes no recomendadas)

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    Fig. 26 Fig. 27

    Figs.26 e 27 - Tubos de drenagem da caixa de ar

    Fig. 28 - Caldeira do fundo da caixa-de-ar

    5.3.1.5 - Paredes em pavimento trreo ou em contacto com o terreno

    As paredes de alvenaria devem ser assentes sobre base rgida e indeformvel no

    tempo, razo pela qual necessrio a criao de lintis ou sapatas contnuas, quando

    construdas sobre o terreno, e de eventuais lintis de reforo quando executadas sobre

    pavimento trreo;

    As paredes em contacto com o terreno ou com sapatas, ou outros elementos do

    beto armado, que contactem com o terreno, devem ser objecto da colocao de uma

    barreira contra a humidade ascensional. Esta barreira deve ser colocada numa das primeiras

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    fiadas acima do terreno, em particular quando o nvel fretico elevado ou existem

    condies favorveis infiltrao no solo junto s paredes;

    As paredes enterradas, devem ser impermeabilizadas em todas as superfcies em

    contacto com o terreno.

    5.3.1.6 - Vos e corte de tijolo

    O corte de tijolo pode ser feito manualmente com pequenos golpes de martelo ou

    por meios mecnicos (serra circular com arrefecimento a gua), mais rentveis e com

    menor desperdcio de material, permitindo o total desempeno da face de corte.

    Quer na ligao s estruturas de beto armado, quer nos vos, o topo cortado deve

    ficar voltado para o interior da parede, isto , deve constituir a ltima junta vertical interior

    e no a ligao ou extremidade.

    Na execuo de vos devem usar-se moldes ou pr-aros indeformveis que

    permitam a execuo da parede nas dimenses exactas, evitando posteriores demolies ou

    enchimentos.

    5.3.1.7 - Roos para alojamento de cabos e tubagens

    9 As tubagens embutidas nas paredes s devero ser executadas aquelas que esto previstas no projecto, incluindo as zonas de cruzamento e atravessamento.

    9 O planeamento dos traados e a sua marcao devem ser rigorosos e a abertura limitada ao mnimo indispensvel, sem deteriorar os tijolos e juntas confinantes.

    9 Em paredes de espessura reduzida deve evitar-se a execuo de roos, em particular se no forem verticais.

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    9 Em qualquer parede, os roos no devem afectar, se possvel, mais do que um alvolo do tijolo, tendo o cuidado, todavia, de recobrir convenientemente as tubagens para

    evitar a fissurao do revestimento posterior.

    9 Quando necessrio abrir roos de maior dimenso, pode ser til preencher o roo com argamassa e pequenos fragmentos de tijolo, reduzindo a quantidade da primeira e,

    consequentemente, os riscos de fissurao por retraco.

    Fig. 29 Fig. 30 Fig. 31

    Figs. 29, 30 e 31 - Abertura de roos com diferentes graus de danos.

    5.4 - Colocao de materiais de isolamento trmico

    5.4.1 - Isolamento trmico na caixa-de-ar

    5.4.1.1 - Materiais rgidos

    A colocao deste tipo de placas na caixa-de-ar de uma parede dupla deve obedecer

    s seguintes exigncias gerais:

    9 O material deve ser imputrescvel e indeformvel (nas condies de aplicao e de servio) e apresentar, de preferncia, uma reduzida absoro de humidade (uma vez que

    em geral no est garantida a total estanquidade da parede exterior, que os fluxos de

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    vapor de gua que atravessam a parede podem ser significativos e que a resistncia

    trmica diminui com o aumento do teor de humidade).

    9 As placas de isolamento trmico devem estar aprumadas, encostadas parede interior (com uma caixa de ar livre remanescente de 2 a 7 cm) e cobrir toda a sua superfcie;

    9 As placas devem constituir uma barreira contnua sem juntas verticais ou horizontais abertas entre elas, de modo a impedir fenmenos de conservao entre as suas duas

    faces.

    9 A colocao das placas rgidas do isolamento deve ser coordenadas com sequncia de operaes da execuo das alvenarias, uma vez que inviabiliza, por exemplo, o

    levantamento simultneo dos 2 panos de parede (exterior e interior). Em geral a

    marcao da 2 fiada dos 2 planos de parede e execuo da caldeira de drenagem,

    qual se segue a elevao do plano exterior.

    Para manter as placas de isolamento trmico afastadas da parede exterior ter de se

    utilizar um dos seguintes processos:

    9 Atravessamento do isolamento pelos grampos de ligao das duas paredes, previamente fixados nas juntas da parede exterior e que sero posteriormente inseridos nas juntas

    horizontais a construir depois da colocao do isolante.

    9 Utilizao de espaadores metlicos ou de plstico, ligados ou no parede exterior, com um batente (anilha) de posicionamento do isolante, com eventual ajuste atravs de

    rosca;

    9 Utilizao de calos fabricados no local (eventualmente a partir de tiras de isolante excedente) colocados placa pela face exterior.

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    As placas de material isolante no hidrfilo podem ser aplicadas entre os dois panos

    de parede sem caixa-de-ar.

    Verifica-se todavia que a contribuio da caixa-de-ar remanesce (com largura

    mnima livre de 2cm) traz significativas vantagens do ponto de vista da preveno de

    problemas ligados humidade, quer no que respeita s infiltraes exteriores, quer s

    eventuais condensaes devidas difuso do vapor de gua proveniente do interior do

    edifcio.

    Fig. 32 Fig. 33 Fig. 34 Fig. 35

    Figs. 32, 33, 34 e 35 - Exemplos da utilizao de placas de isolamento trmico na caixa de ar

    5.4.1.2. Materiais flexveis

    Condicionantes de fixao em zona corrente:

    9 Os materiais flexveis devem ser fixados por pontos parede interior, com densidade compatvel com a sua flexibilidade e resistncia mecnica;

    9 Para uma correcta colocao e garantia do cumprimento das diversas exigncias j definidas para os isolamentos em placas, devem ser aplicados depois de construda a

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    Alvenarias 39

    parede interior, o que obriga a inverter a ordem do processo de construo, isto ,

    obriga construo da parede exterior em ltimo lugar, a partir de andaimes exteriores

    e com maiores dificuldades na limpeza final da caldeira da caixa de ar;

    9 A utilizao de materiais de isolamento trmico flexveis sem caixa de ar, fixados ao pano exterior da parede, poderia permitir a construo posterior da parede interior, mas

    est limitada, em geral, pela elevada capacidade da absoro de gua destas mantas e

    pela fragilizao da parede exterior nos pontos de fixao, que podero constituir zonas

    preferncias para a entrada de gua.

    5.4.1.3. Materiais a granel

    9 necessrio garantir o total preenchimento da caixa-de-ar, sem vazios ou zonas de diferente compacidade (o que particularmente difcil em paredes com aberturas ou

    outros elementos singulares).

    9 igualmente necessrio garantir que o material no sofre qualquer compactao ou adensamento natural com o tempo, que provoque a diminuio do volume que ocupa na

    caixa-de-ar;

    9 O material deve ser imputrescvel, no absorvente e insensvel gua;

    9 A face exterior do pano exterior deve ser impermevel gua mas permevel ao vapor de gua;

    9 Deve ser garantida a drenagem do fundo da caixa-de-ar, apesar de totalmente preenchida com material granular, mas impedindo que os grnulos de isolante saiam ou

    obstruam os tubos de drenagem.

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    5.5 Patologias em alvenarias

    5.5.1 Possveis patologias

    As patologias mais frequentes relacionam-se com a humidade que pode ser

    proveniente:

    a) Do solo (eflorescncias junto ao cho);

    b) Por infiltrao (manchas de gua);

    c) Por condensao (fungos ou bolores);

    d) Tambm frequente em alvenarias verificar-se o aparecimento de fissuras. Estas podem

    ter diversas designaes em funo da sua abertura, podendo identificar-se como:

    Microfissuras: quando a largura inferior a 0,2mm;

    Fissuras: quando a fissura varia entre 0,2 e 2mm;

    Fendas ou gretas: quando a largura superior a 2mm.

    As fissuras podem ainda ser superficiais - quando s afectam o revestimento ou

    profundas quando a sua extenso atinge os elementos estruturais.

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    Fig. 36 Alvenaria com manchas de gua

    5.5.2 Causas para as patologias

    As causas para as patologias referidas anteriormente so as seguintes:

    a) Nas paredes em contacto com o solo a gua sobe arrastando sais que se depositam

    superfcie.

    b) Devido rotura nas impermeabilizaes, das canalizaes de guas e esgotos ou do

    entupimento das tubagens.

    c) Deficiente isolamento trmico das paredes.

    d) Retraco devido secagem rpida dos materiais, execuo defeituosa, aco trmica,

    ou deficincias estruturais do edifcio.

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    Fig. 37 Alvenaria exterior sem caixa-de-ar, (no evita

    infiltraes de gua)

    5.5.3 Solues para as possveis patologias

    Para encontrar a soluo adequada necessrio em primeiro lugar identificar a

    causa. No que diz respeito as causas referidas anteriormente, as solues encontradas so as

    seguintes:

    a) Drenar a gua junto parede e impregnar a parede com produtos impermeabilizantes.

    b) Reparar a rotura, desobstruindo entupimentos ou executar paredes duplas.

    c) Ventilao dos locais assim como prever um bom isolamento trmico na envolvente

    exterior dos edifcios.

    d) Nos casos mais simples motivados por exemplo, por retraco, a soluo passa pela

    limpeza da fissura e aplicao de produtos adequados disponveis no mercado. Nos

    casos mais graves pode ser necessrio proceder ao reforo da estrutura.

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    Alvenarias 43

    Fig. 38 Fenda numa alvenaria

    5.6 - Medidas de segurana na execuo de alvenarias.

    5.6.1 - Enquadramento geral

    necessrio levar a cabo um conjunto de aces destinadas preveno e proteco

    dos trabalhadores, atravs da diminuio da probabilidade de ocorrncia e da atenuao dos

    efeitos dos acidentes que possam vir a ocorrer.

    As aces a em prender para a preveno de riscos compreendem a preparao de

    um conjunto de planos a nvel do empreendimento: o plano de preveno de riscos, plano

    de inspeces e o plano de registo de acidentes e ndices de sinistralidade. Estes diversos

    planos devem fazer parte de um documento que rene todas as informaes e indicaes

    relevantes em matria de segurana e sade (Plano de Segurana e Sade do

    Empreendimento).

    5.6.2 - Riscos e correspondentes aces de preveno

    Aps a realizao da estrutura, deve proceder-se ao fecho vertical do edifcio por

    intermdio das paredes assentes sobre as lajes que constituem a envolvente exterior.

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    Alvenarias 44

    A execuo destas paredes aumenta as condies de comodidade e segurana e

    constitui, ela prpria, uma medida de proteco colectiva contra os riscos de queda em

    altura e queda de objectos, dispensando a utilizao de guarda-corpos e rodaps.

    5.6.3 - Riscos relativos s condies de trabalho

    So obrigatrios os equipamentos de proteco individual e devem ser utilizados em

    todas as circunstncias.

    Riscos Medidas de proteco

    Colectivas Individuais

    Queda

    em

    altura

    9 Utilizao de guarda-corpos, nas bordaduras das lajes dos pisos e

    aberturas neles existentes (vos,

    caixas de elevadores, courettes);

    9 Montagem de redes de grande extenso;

    9 Execuo adequada de andaimes e plataformas de

    trabalho;

    9 Correcta utilizao da escada de mo.

    9 Utilizao de cinto de segurana

    Queda

    ao

    mesmo

    nvel

    9 Limpeza do estaleiro e arrumao dos materiais e

    equipamentos;

    9 Delimitao das zonas de circulao.

    9 Calado de sola anti-derrapante.

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    Queda

    de

    objectos

    9 Execuo de rodap nos guada-corpos;

    9 Colocao de uma rede de proteco na periferia do

    edifcio;

    9 Execuo de passadeiras com cobertura de proteco.

    9 Utilizao de capacete de proteco (EPO)*;

    9 Utilizao de botas de palmilha e biqueira de

    ao(EPO).

    Derrube da

    parede por

    perda de

    estabilidade

    9 Colocao de escoras ou cunhas de madeira at fixao

    definitiva, (por exemplo

    padieiras);

    9 Faseamento da execuo em altura para elementos de grande

    dimenso.

    Intempries

    e

    Insolao

    9 Execuo de coberturas proteco;

    9 Suspenso dos trabalhos em condies climatricas

    desfavorveis (chuva, vento

    forte).

    9 Utilizao de equipamento de proteco adequado

    (vesturio).

    * EPO (Equipamento de proteco obrigatrio)

    Quadro 1 - Riscos associados s condies gerais de trabalho na execuo de alvenarias e

    consequentes medidas de proteco aplicveis.