AMAPÁ EMPREENDEDOR

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR MARIA DO SOCORRO LACERDA PIMENTEL

A EFETIVIDADE DO PROGRAMA AMAP EMPREENDEDOR, COMO POLTICA PBLICA DE TRABALHO NO MUNICPIO DE MACAP

FORTALEZA CEAR 2010

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MARIA DO SOCORRO LACERDA PIMENTEL

A EFETIVIDADE DO PROGRAMA AMAP EMPREENDEDOR, COMO POLTICA PBLICA DE TRABALHO NO MUNICPIO DE MACAP

Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Planejamento e Polticas Pblicas do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Cear, como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Planejamento e Polticas Pblicas. rea de Concentrao: Planejamento e Polticas Pblicas. Orientador: Prof. Dr. Francisco Horcio da Silva Frota.

FORTALEZA CEAR 2010

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P644e

Pimentel, Maria do Socorro Lacerda A efetividade do Programa Amap Empreendedor, como poltica pblica de trabalho no municpio de Macap / Maria do Socorro Lacerda Pimentel . Fortaleza, 2010. 122 p. ; il. Orientador: Prof. Dr. Francisco Horrio da Silva Frota. Dissertao (Mestrado Profissional em Planejamento e Polticas Pblicas) Universidade Estadual do Cear, Centro de Estudos Sociais Aplicados. 1. Polticas Publicas. 2. Programa Amap Empreendedor. 3. Gesto. Universidade Estadual do Cear, Centro de Estudos Sociais Aplicados. CDD: 320.6

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar sade, disposio e perseverana para continuar, mesmo em momentos de desnimo. (rever o espaamento, conforme orientaes da UECE). Aos meus pais, os meus sinceros agradecimentos, pois quando chegamos ao mundo trazemos conosco todos os sonhos por eles almejados, com aparncia da inocncia e da fragilidade, deles recebemos os mapas de conduta para caminhar seguramente para o mundo. De suas mos recebemos tudo que poderia fazer bem ao nosso corpo, alma e mente. Aos meus irmos pelo incentivo na busca do saber. Ao meu marido Ademar Andrade Diniz e filhos Luciana Lacerda Diniz e Gabriel Lacerda Diniz, o meu muito obrigada, por terem me ajudado a alcanar este sonho, pois era apenas um sonho, hoje transformado em realidade. Agradeo a compreenso que tiveram no decorrer desta trajetria. A Secretria Ansia Nunes, pelo incentivo e valorizao da formao profissional do servidor pblico. A todas as pessoas que contriburam para a minha pesquisa, a Secretria de Estado do Trabalho e Empreendedorismo Ansia Nunes, a Coordenadora de Empreendedorismo Regina Duarte, aos Gerentes Alfa Sena, Edivaldo Fernandes, Sonale Queiroz e a Servidora Silvia Moutinho. Aos Empreendedores que deram as informaes para a obteno dos resultados da pesquisa. Ao meu orientador Prof. Dr. Francisco Horcio Frota pelas orientaes neste trabalho. A Prof. Dr. Alandy Patrcia do Socorro Cavalcante Simas pelos conhecimentos repassados que nortearam a construo do saber na rea de metodologia cientfica e normas acadmicas, o qual contribuiu sobremaneira para a elaborao deste trabalho. A Prof. Dr. Irani Gemaque, obrigada pelo incentivo e importante orientao para o desenvolvimento deste trabalho. A todos os Professores que no decorrer desta jornada de ensino no mediram esforos para repassar seus conhecimentos.

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Existe o risco que voc no pode jamais correr, e existe o risco que voc no pode deixar de correr. Peter Druker (2005).

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RESUMO

Esta dissertao de Mestrado objetiva avaliar a atuao da Secretaria de Estado do Trabalho e Empreendedorismo, atravs do Programa Amap Empreendedor, com o propsito de avaliar e propor inovao nas suas atividades, bem como redimensionamento das aes realizadas. Nesse aspecto de observao que se busca alicerar a formulao de uma Poltica Pblica, com resultados necessrios a um padro de funcionamento ajustado para atender de forma qualitativa a demanda de atendimento do Programa Amap Empreendedor, visando uma forma de sistematizar procedimentos, capazes de garantir meios para sua melhor organizao. Palavras-chave: Polticas Pblicas. Programa Amap Empreendedor. Gesto.

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ABSTRACT

This dissertao of objective Mestrado to evaluate the performance of the State secretary of Trabalho and Empreendedorismo, through Enterprising the Amap Program, with the intention to evaluate and to consider innovation in its activities, as well as redimensionamento of the carried through actions. In this aspect of comment it is that one searchs to alicerar the formularization of one Public Politics, with results necessary to a standard of adjusted functioning to take care of of qualitative form the demand of attendance of Enterprising the Amap Program, aiming at a form systemize procedures, capable to guarantee ways for its better organization. Key words: Public politics. Enterprising Amap program. Management.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURAS FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 Localizao da rea de pesquisa (Macap)...................................................... Mapa do Brasil e rea de estudo....................................................................... Tendncia de mercado de trabalho................................................................... 37 46 76

GRFICOS GRFICO 1 GRFICO 2 GRFICO 3 GRFICO 4 GRFICO 5 GRFICO 6 GRFICO 7 GRFICO 8 GRFICO 9 GRFICO 10 GRFICO 11 GRFICO 12 GRFICO 13 GRFICO 14 GRFICO 15 GRFICO 16 Renda Per capita............................................................................................... Empreendedores Financiados no perodo de 2005 2009............................... Valores financiados aos empreendedores no perodo de 2005 a 2009............ Faixa etria por sexo......................................................................................... Percentual por escolaridade.............................................................................. Informaes sobre o Programa Amap Empreendedor.................................... Condio legal do empreendimento.................................................................. Setor econmico................................................................................................ Percentual do setor econmico por sexo........................................................... Motivo do ingresso na atividade empreendedora.............................................. Empregos gerados............................................................................................. Empregos Indiretos............................................................................................ Benefcio do Programa Amap Empreendedor................................................. Situao do financiamento................................................................................. Grau de satisfao............................................................................................. As expectativas quanto ao Programa Amap Empreendedor........................... 37 68 69 82 84 85 88 89 90 91 95 96 97 98 99 100

QUADROS QUADRO 1 QUADRO 2 QUADRO 3 Dados da Populao de Gnero (1996 2007)................................................ Principais informaes do municpio de Macap............................................... Extino de empresas por natureza jurdica..................................................... 28 29 50

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 TABELA 2 TABELA 3 TABELA 4 TABELA 5 TABELA 6 TABELA 7 TABELA 8 TABELA 9 TABELA 10 TABELA 11 TABELA 12 TABELA 13 TABELA 14 TABELA 15 TABELA 16 TABELA 17 TABELA 18 TABELA 19 TABELA 20 TABELA 21 TABELA 22

Perfil do empreendedor por grupo de idade, segundo sexo.............................. Percentual de pessoas entrevistadas por grupo de idade, segundo sexo........ Naturalidade das pessoas entrevistadas........................................................... Escolaridade por sexo....................................................................................... Percentual da escolaridade por sexo................................................................. Como obteve informaes sobre o programa?.................................................. Em que bairro voc montou seu empreendimento?.......................................... Por que escolheu este bairro?........................................................................... Condio legal do empreendimento.................................................................. Setor econmico................................................................................................ Setor econmico por sexo................................................................................. Percentual do setor econmico por sexo........................................................... Tipo de empreendimento................................................................................... Motivo de ingresso na atividade........................................................................ Como comercializa seu produto? ..................................................................... Seu empreendimento gera quantos empregos diretos?.................................... Seu empreendimento gera quantos empregos indiretos?................................. O Programa Amap Empreendedor trouxe benefcio a voc?.......................... Qual o valor do financiamento recebido?.......................................................... Situao do financiamento................................................................................. Grau de satisfao quanto ao seu empreendimento......................................... O programa atendeu suas expectativas?..........................................................

81 81 82 83 84 84 85 87 88 88 89 90 91 93 94 94 95 96 97 98 99 100

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AFAP ALCMS AP CNPJ COFINS CPF CRH CTA FAFICA FAT FUNDAJ FUNDMICRO IBGE ICMS IPEA IPI LSE MTE NAES NAIT NAMPE NAPF NEQP NFCA NPE ONU PEA PIB PIS Planseq Planteg PPA SEBRAE SEPLAN SERASA SETE SIACs SIMEs SINE SIUP SPC SPETR SPSS UPE

Agncia de Fomento do Amap rea de Livre Comrcio de Macap e Santana Administrao Pblica Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social Cadastro de Pessoa Fsica Centro de Recursos Humanos Central do Trabalhador Autnomo Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Caruaru Fundo de Amparo ao Trabalhador Fundao Joaquim Nabuco Fundo de Apoio ao Micro e Pequeno Empreendedor e ao Desenvolvimento do Artesanato Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas Imposto sobre Produtos Industrializados London School of Economics and Political Science Ministrio do Trabalho e Emprego Ncleo de Associativismo e Economia Solidria Ncleo de Atendimento Integrado ao Trabalhador Ncleo de Apoio ao Micro e Pequeno Empreendedor Ncleo de Artesanato e Produo Familiar Ncleo de Educao e Qualificao Profissional Ncleo de Fomento ao Crdito Assistido Ncleo de Programas Especiais Organizao das Naes Unidas Populao Economicamente Ativa Produto Interno Bruto Programa de Integrao Social Plano Setorial de Qualificao Plano Territorial de Qualificao Plano Plurianual Servio Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresas Secretaria de Planejamento Oramento e Tesouro Centralizao dos Servios Bancrios S/A Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo Sistema Integrado de Atendimento ao Cidado Sistema Municipal de Emprego Trabalho e Renda Sistema Nacional de Emprego Servios Industriais de Utilidade Pblica servio de proteo ao crdito Sistema Pblico de Emprego, Trabalho e Renda Statistical Package for the Social e Sciencies Universidade de Pernambuco

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SUMRIO

1 22.1 2.2 2.3

INTRODUO........................................................................ A AVALIAO DE POLTICAS PBLICAS NO BRASIL....

13 16 16 19 20 21 22 22 23 23 25 28 30

ABORDAGEM CONCEITUAL DE POLTICAS PBLICAS.................... MODALIDADES DE POLTICAS PBLICAS......................................... QUANTO AOS IMPACTOS QUE PODEM CAUSAR AOS BENEFICIRIOS, OU AO SEU PAPEL NAS RELAES SOCIAIS..... 2.4 FASES OU CICLOS DAS POLTICAS PBLICAS................................ 2.5 ATORES EM POLTICAS PBLICAS.................................................... 2.6 AS DIMENSES DA POLTICA DE ACORDO COM A CINCIA POLTICA................................................................................................ 2.7 POLTICAS PBLICAS NO BRASIL...................................................... 2.8 HERANA DAS POLTICAS PBLICAS NO BRASIL........................... 2.9 A AVALIAO DE POLTICAS PBLICAS NO BRASIL....................... 2.10 A ATUAO DAS POLTICAS PBLICAS NO MUNICPIO DE MACAP................................................................................................. 2.10.1 A avaliao de polticas pblicas no municpio de Macap.............

33.1 3.2 3.3 3.3.1 3.3.2 3.4 3.5 3.6 3.7

A PERCEPO DAS POLTICAS PBLICAS COMO RESPOSTA AO EMPREGO E RENDA.................................TRABALHO X EMPREGO: UMA CONDUO DE IDEIAS CONCEITUAIS....................................................................................... ABORDAGEM TERICA DA REA DE ESTUDO................................. ETIOLOGIA CONCEITUAL SOBRE O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E NO ESTADO DO AMAP..................................................... Compreendendo o empreendedorismo no Brasil............................. Compreendendo o empreendedorismo no Estado do Amap......... ECONOMIA FORMAL........................................................................... A ECONOMIA INFORMAL..................................................................... LEI DO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL............................................... A IMPORTNCIA DO EMPREENDEDORISMO, POR MEIO DO MICROCRDITO..........................................................................................

32 35 37 42 44 46 48 50 52 53

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AVALIAO DAS POLTICAS DE EMPREGO E RENDA, COM ESPECIFICIDADE AO PROGRAMA AMAP EMPREENDEDOR.................................................................PROGRAMA AMAP EMPREENDEDOR.............................................. CRITRIOS DE SELEO DO PROGRAMA AMAP EMPREENDEDOR. EMPREENDEDORES FINANCIADOS AT O INCIO DESTE ESTUDO JUNHO/2008....................................................................... Tipos de negcios financiados........................................................... REA DE ABRANGNCIA DO PROGRAMA AMAP EMPREENDEDOR rea de abrangncia do estudo sobre o Programa Amap Empreendedor....................................................................................... ndice de empreendedores financiados no perodo de 2005 a 2009 POLTICAS DE EMPREGO, TRABALHO E RENDA NO BRASIL.........

4.1 4.2 4.3 4.3.1 4.4 4.4.1 4.4.2 4.5

54 55 63 66 66 67 67 68 70

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4.6

POLTICAS DE EMPREGO E RENDA NO MUNICPIO DE MACAP..

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55.1 5.2 5.3

ANLISE DAS CONDIES DE CAUSA E EFEITO DO PROGRAMA AMAP EMPREENDEDOR.............................CONCEITO DE EFETIVIDADE.............................................................. A IMPORTNCIA DO EMPREENDEDORISMO COMO GERAO DE EMPREGO E RENDA....................................................................... ANLISE DE DADOS.............................................................................

77 78 78 79 101 106 112 118

6 CONSIDERAES FINAIS................................................ REFERNCIAS...................................................................... APNDICES........................................................................... ANEXOS.................................................................................

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1 INTRODUO

A globalizao da informao vem tornando considerveis os espaos nos meios produtivos, e, principalmente, nas instituies que necessitam de frequentes atualizaes. O mesmo ocorre com os sistemas que gerenciam a avaliao de sistemas que integram as polticas pblicas visando obteno de resultados. Dentro deste propsito, enfatiza-se que as estratgias usadas no mbito da gesto de projetos de forma mais eficaz criam um contexto positivo para o compartilhamento dos ativos do conhecimento, gerados pelas pessoas envolvidas no processo, por meio de mtodos e tcnicas especficas para criar uma cultura organizacional positiva em relao ao processo de gesto, gerando vantagem organizacional. A preocupao com o monitoramento do conhecimento organizacional deve-se ao fato dos administradores terem percebido que as organizaes possuem, alm dos tradicionais ativos mensurados pelo velho modelo contbil, os chamados ativos intangveis. Estes ativos representam vantagem comparativa, a partir da habilidade intelectual das pessoas de aprendizagem, criatividade e inovao, desafiadas pelos problemas. E no atual estgio em que se encontram os processos decisrios, com um maior volume de variveis a serem analisadas e a velocidade em que se processam os fatos, existe uma grande preocupao entre os gestores em possurem um timo sistema de mensurao e avaliao de sua administrao como um todo. Um bom incio para que se obtenha xito nesse processo de avaliao se ter em mente que a gesto do conhecimento visa atender necessidades especficas nas fases de planejamento, execuo, controle e tomada de deciso das atividades desenvolvidas. dentro deste contexto que foi idealizado este trabalho, cujo objetivo de avaliar a efetividade do Programa Amap Empreendedor, como poltica pblica de trabalho no Municpio de Macap, a fim de propor inovao nas suas atividades, bem como o redimensionamento das aes realizadas. Sabe-se que mudanas nas prticas s so possveis mediante conhecimento e informaes sobre os resultados j obtidos. Trata-se de uma tarefa rdua, porm necessria, pois o que no inovado e medido no pode ser mensurado. Neste sentido, foram realizadas pesquisas quantitativa e qualitativa por meio de amostragem, utilizando-se para o

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referido estudo questionrios de pesquisa com beneficirios do Programa Amap Empreendedor, formulrios de entrevista com gestor, gerentes e tcnicos que atuam diretamente com o programa, bem como pesquisa documental, literaturas na busca de conceitos para a anlise Institucional, relatrios estatsticos e avaliativos. A partir dessa observao busca-se alicerar a formulao de uma Poltica Pblica, com resultados necessrios a um padro de funcionamento ajustado para atender de forma qualitativa a demanda de atendimento do Programa Amap Empreendedor, visando uma forma de sistematizar procedimentos capazes de garantir meios para sua melhor organizao. No que se refere poltica pblica, conceitua-se a mesma como um conjunto de polticas econmicas, sociais e ambientais implementadas pelo governo (seja em mbito federal, estadual ou municipal), em conjunto ou no com a sociedade civil, para atender demandas especficas de grupos sociais. Assim, como passo inicial para se formular uma poltica pblica, deve-se identificar o problema e suas causas. Em seguida, estabelecer metas, definindo programas e projetos especficos para cada rea de atuao. Sendo importantes nessa conduta a elaborao de atividades e o alocamento de recursos humanos e financeiros para atingir as metas. Geralmente a presso de setores da sociedade sobre o governo, seja de forma organizada ou no, que d origem s polticas pblicas. Nos ltimos anos, observa-se ainda o aumento no nmero de iniciativas que so resultado de uma cooperao entre governo e sociedade. Visveis pela importncia das aes desenvolvidas atravs do Programa Amap Empreendedor, que, neste trabalho, optou-se em desenvolver a pesquisa voltada para a avaliao do respectivo programa, a fim de servir de subsdio tomada de decises na execuo das aes, adequando-a aos processos desde a sua formulao at a gesto. Vale ainda mencionar quanto literatura existente sobre o assunto, que nos ltimos anos tm prevalecido estudos e debates acerca da avaliao de polticas pblicas com um vis normativo e/ou uma priorizao dos aspectos mais tcnicos da pesquisa avaliativa, bem como uma nfase em seu papel de instrumento Gerencial. Com relao a essa gesto de realidade tpica do local em nfase, observa-se que a elaborao e o desenvolvimento da metodologia de avaliao dos

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programas de polticas pblicas dever ser competncia de profissionais especializados. No entanto, o que de fato acontece no condiz com a realidade. At porque alguns profissionais que lidam com essas situaes de risco no possuem qualificao profissional para lidar com as pessoas da sociedade que necessitam desses servios. Dentro deste panorama a avaliao institucional e de polticas pblicas torna-se relevante, pois ir oferecer informaes, no apenas sobre impacto, mas tambm dos resultados ou conseqncias mais amplas e difusas das aes e os seus efeitos. Desta feita, dever abranger o processo de formulao e implementao das aes e resultados. Tornando-se assim, instrumento

fundamental para a tomada de deciso e para o aperfeioamento ou reformulao das aes desenvolvidas, com vistas elaborao de metodologias que busquem a efetividade social de polticas pblicas. Portanto, esse trabalho foi construdo em sees devidamente

organizados da seguinte forma: a seo 1 apresenta-se introduo, na qual traz-se a problemtica, justificativa, relevncia e objetivo do estudo; a seo 2 faz uma abordagem sobre a Avaliao de Polticas Pblicas no Brasil considerando o objetivo central da pesquisa e seus reais problemas devidamente harmonizados com textos cientficos; a seo 3 considera os contextos da Natureza das Polticas Pblicas de Emprego e Renda; a seo 4 elenca a Avaliao das Polticas de Emprego e Renda, com especificidade ao Programa Amap Empreendedor; a seo 5 relata sobre a Anlise da Efetividade do Programa Amap Empreendedor; encerra-se a pesquisa com a seo 6 as consideraes finais referente percepo da pesquisadora quanto ao tema disponibilizado nesse estudo. Por fim acompanha ainda as sees referncias bibliogrficas, apndices e anexos.

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2 A AVALIAO DE POLTICAS PBLICAS NO BRASIL

A avaliao das polticas pblicas um tema intrigante com condies favorveis para remeter a todos a um entendimento nos mbitos da esfera pblica. Sendo assim, cita-se Little (2003 apud SIMAS, 2008) onde todo um balano conceitual avana aos demais atos de gesto como meio alentador dentre os demais, porque se percebe que os pontos de reflexos notveis, ocorreram na dcada de 1990, principalmente no que diz respeito s aes de poltica brasileira, com o interesse pelo desenvolvimento social, econmico e ambiental. E no que se refere s abordagens tericas especficas a respeito das polticas pblicas, considera-se que os comportamentos sociais tendem a mudanas de posturas e novas reflexes na sociedade, que se inserem diante de demandas de aes mais enrgicas para com a populao. Nesse caso preciso antes de qualquer fundamentao a ser feita, analisar as bases conceituais de autores que reflitam e relatam a importncia desse conceito mediante aes de causa e efeito surpreendente, tratadas como referencial e mencionadas nesse pargrafo para melhor continuidade.

2.1 ABORDAGEM CONCEITUAL DE POLTICAS PBLICAS

A transversalidade das polticas pblicas serve para orientar a tomada de decises em assuntos pblicos, polticos ou coletivos. um tema que permite estabelecer um dilogo consciencioso entre as partes Ferreira (1990). Neste sentido, polticas pblicas compreendem um elenco de aes e procedimentos que visam resoluo pacfica de conflitos em torno da alocao de bens e recursos pblicos. preciso compreender que o Estado exerce funo de extrema seriedade enquanto gestor maior na esfera pblica. O mesmo, conforme dados do Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SEBRAE (2008) desempenha na sociedade inmeras transformaes com as mudanas globais. E seu principal objetivo em evidncia a defesa externa quanto aos ataques inimigos. Esse pensar volta-se

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para a auto-afirmao do papel do Estado que est se dissipando cada vez mais e se diversifica com a expanso do saber. O que se pensa mesmo que h necessidade de muitas mudanas em todas as reas das esferas pblicas, onde os governos possam realmente oportunizar a sociedade de ter chance de expor as demandas e assim atend-las tambm. Os dados disponibilizados pelo SEBRAE (2008) relatam ainda que:As polticas pblicas so um conjunto de aes e decises do governo, voltadas para a soluo (ou no) de problemas da sociedade. E dito de outra maneira, as polticas pblicas so a totalidade de aes, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traam para alcanar o bem-estar da sociedade e o interesse pblico.

Quanto a essa postura no h o que se questionar nas relaes voltadas para o grande conceito de polticas pblicas, at porque h uma grande demanda reprimida e que o Estado necessita responder a todas as questes. Por isso que na cincia poltica Frey (1997) menciona como uma maneira de se distinguir esse pensar sob a tica de trs abordagens em consonncia com os problemas de investigao levantados. No primeiro momento, relata sobre o questionamento clssico da cincia poltica que se integra total ao sistema poltico e pela ordem poltica certa ou verdadeira. No segundo, tem-se o questionamento poltico, propriamente dito, que se refere anlise das foras polticas cruciais no processo decisrio. E, por ltimo, o despertar para as investigaes que esto voltadas aos resultados que um dado sistema poltico vem amplamente se produzindo. Nesse caso, o interesse primordial consiste na avaliao das contribuies que certas estratgias escolhidas podem trazer para a soluo de problemas especficos. As indagaes j mencionadas referem-se anlise de campos especficos de polticas pblicas como as polticas econmicas, financeiras, tecnolgicas, sociais ou ambientais. Entretanto, a anlise de polticas pblicas no se restringe simplesmente ao constante crescimento de planos, programas e projetos desenvolvidos e implementados pelas polticas setoriais. O que se percebe que os mesmos consideram como foco na explanao de leis e princpios prprios das polticas especficas. E como abordagem analtica das polticas existentes observa-se a inter-relao entre as instituies polticas, o processo poltico e os contedos de poltica com todo o arcabouo de inquiries convencionais da cincia poltica.

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De acordo com Perez (1998) foi no Brasil que a postura quanto aos estudos sobre polticas pblicas foram realizados aos poucos, e, de maneira tardiamente esses conceitos chegaram com um perfil de planejamento e nesses estudos, ainda espordicos, deu-se nfase anlise das estruturas e instituies como caracterizao dos processos de negociao das polticas setoriais especficas. preciso atentar para o fato de que programas ou polticas setoriais por muitas vezes foram analisados em direo aos contextos atrelados aos seus efeitos, e de como esses estudos se tornaram, antes de tudo, de natureza descritiva com graus de complexidade analtica e metodolgica bastante distinta. Ento nesse raciocnio lgico surgiram predominaes de microabordagens embasadas em referencial mpar, entretanto, dissociadas dos macroprocessos restritos a um nico approach em que ficam limitadas no tempo. Normalmente, tais estudos carecem de um embasamento terico que deve ser considerado um pressuposto para que se possa chegar a um maior grau de generalizao dos resultados adquiridos. Na verdade, a falta de teorizao uma crtica comumente direcionada anlise de polticas pblicas. Porm, a ausncia de explicveis teorias em que se considera o interesse de conhecimento prprio das referidas polticas algo para se repensar. Nesse sentido, preciso considerar o saber emprico dentro do aprendizado na prtica. At porque para o crtico Wollmann (1985, p.74) muitas pessoas at chegam a contestar a cientificidade das polticas pela ausncia de teorizao. E no que diz respeito anlise das polticas pblicas nos pases em desenvolvimento, preciso levar em considerao o fato de que o instrumento analtico-conceitual (deficitrio) foi elaborado nos pases industrializados e, portanto, ajustado s particularidades das democracias mais consolidadas do Ocidente. Assim sendo, defende-se a teoria de que as peculiaridades socioeconmicas e polticas das sociedades em desenvolvimento no podem ser tratadas apenas como fatores especficos de cunho poltico, mas que preciso uma adaptao do conjunto de instrumentos da anlise de polticas pblicas s condies peculiares das sociedades em desenvolvimento. Segundo Schubert (1991) a ordem poltica concreta forma o quadro, dentro do qual se efetiva a poltica material por meio de estratgias polticas de conflito e de consenso. E por certo, quanto prtica comum das polticas em distinguir entre variveis dependentes e independentes, algo que Namacher

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(1991) afirma como um potencial na reduo de complexidade existente na sociedade. Pode-se mesmo at se mostrar embaraosa e inadequada para boa parte dos casos empricos em conjunto com o grau de influncia das estruturas polticas e dos processos de negociao sobre o resultado material concreto. At porque no que concerne a compreenso caracterstica das polticas pblicas se torna sempre uma orientao contnua das mesmas. Considerando que no entender acadmico-cientfico do pressuposto de concatenaes de efeitos lineares, tal conjectura contradiz a experincia emprica da existncia de inter-relaes entre as trs dimenses da poltica, especialmente entre as j existentes. E ainda que seja imaginvel que o arcabouo institucional, condiciona os processos polticos, que possam se manter estveis durante um perodo bastante longo, poder-se-ia concluir uma independncia relativa da varivel de polticas para essa concreta situao emprica. difcil imaginar tal independncia para as dimenses politics' e policy'. As disputas polticas e as relaes das foras de poder sempre deixaro suas marcas nos programas e projetos desenvolvidos e implementados. A suposio de Lowi (1992) de que policies determine politics' pode at ser vlida para um campo especfico de poltica ou um policy issue, sob condies particulares, mas de forma alguma serve como lei global. O exame da vida de certas polticas setoriais, sobretudo as de carter mais dinmico e polmico, no deixa dvidas referentes interdependncia entre os processos e os resultados das polticas. A evoluo histrica da poltica ambiental, por exemplo, mostra de forma ntida como ambas as dimenses tm se influenciado de forma recproca e permanente. As constelaes de atores, as condies de interesse em cada situao e as orientaes valorativas so elementos que podem ser considerados condicionantes do grau de conflito reinante nos processos polticos sofreram modificaes significativas medida que se agravaram os problemas ambientais e se consolidou esse novo campo da poltica.

2.2 MODALIDADES DE POLTICAS PBLICAS

Sabe-se que nas modalidades existentes nas polticas pblicas h convergncia para um trao de bem estar da sociedade e o interesse do pblico, e

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certo que muitas aes despontam como prioridades. Para tanto preciso entender o grau que compete a cada uma:

Quanto natureza ou grau da interveno: a) estrutural busca interferir nas em relaes estruturais como renda, emprego, propriedade etc.; b) conjuntural ou emergencial objetiva amainar uma situao temporria, imediata.

Quanto abrangncia dos possveis benefcios: a) universais para todos os cidados; b) segmentados para um segmento da populao, caracterizado por um fator determinado (idade, condio fsica, gnero etc.); c) fragmentados destinados a grupos sociais dentro de cada segmento.

Portanto, os itens mencionados acima, fazem-nos refletir que so de grande valia para os que convivem conjuntamente com as misses desenvolvidas nas polticas pblicas. evidente que muito do que se constri no cabe aqui mencionar da insatisfao de uma sociedade, mas, principalmente, que essa demanda requer compromisso e comprometimento com a populao na seriedade de dar todo um aparato contextual integrado s aes de gesto pblica. Sendo assim, para Frey (1997) os impactos gerados e ou ocasionados no decorrer dos trmites legais de gesto podem ser mais bem assimilados na sociedade conforme se elenca no subitem a seguir:

2.3 QUANTO AOS IMPACTOS QUE PODEM CAUSAR AOS BENEFICIRIOS, OU AO SEU PAPEL NAS RELAES SOCIAIS

As polticas pblicas quando se voltam s necessidades da populao se diferenciam no contexto de aes de gesto pblica por meio de atos de comum retorno sociedade assim delimitada:

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a) distributivas visam distribuir benefcios individuais; costumam ser instrumentalizadas pelo clientelismo; b) redistributivas visam redistribuir recursos entre grupos sociais, buscam certa equidade, retiram recursos de um grupo para beneficiar outros, o que provoca conflitos; c) regulatria visam definir regras e procedimentos que regulem comportamento dos atores para atender interesses gerais da sociedade.

Nesse sentido observa-se que os tpicos apontam para um retorno social e bem estar da sociedade, e, entre as mesmas estabelecem-se metas e critrios de mudana que, sem dvida alguma, perpassam pelas regras que so pertinentes a todos. At porque as sociedades se expandem e se caracterizam pela sua diversidade nos contextos da cincia, e, assim entender alm do que se espera que o Estado cumpra para com todos.

2.4 FASES OU CICLOS DAS POLTICAS PBLICAS

Como reforo aos passos das polticas pblicas elenca-se abaixo: a) formao da agenda; b) formulao; c) implementao; d) monitoramento; e) avaliao.

Cada item acima est na responsabilidade de adquirir o que legal no ato de gesto pblica quanto s polticas de aes pblicas. Em palavras bem sucintas, na verdade um resultado da amostra que se espera reter diante da construo de inovaes e teorias para com elas. Nesse caminho, de acordo com dados do SEBRAE-MG (2008), no se pode deixar de lado os principais atores sociais de interesse nas esferas pblicas. E para melhor detalhamento menciona-se a seguir o referido assunto.

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2.5 ATORES EM POLTICAS PBLICAS

Esses atores ao atuarem em conjunto, aps o estabelecimento de um projeto a ser desenvolvido onde esto claras as necessidades e obrigaes das partes, chegam a um estgio de harmonia que viabiliza a poltica pblica (FERREIRA, 1990). Com relao aos atores pblicos que assumem as responsabilidades dentro de diversas esferas governamentais tm-se os que so devidamente eleitos tais como os burocratas e tecnocratas. J quanto aos atores do setor de esfera privada tm-se os empresrios e trabalhadores que agem enquanto gestores de mercado nas atuaes de responsabilidades civil.

2.6 AS DIMENSES DA POLTICA DE ACORDO COM A CINCIA POLTICA

O termo polity usado para denominar as instituies polticas: politics para os processos polticos e policy para os contedos da poltica. Frey (1997, p. 216) afirma que a dimenso institucional polity se refere ordem do sistema poltico, delineada pelo sistema jurdico, e estrutura institucional do sistema poltico-administrativo. O referido autor tambm diz que no quadro da dimenso processual politics tem-se em vista o processo poltico, frequentemente de carter conflituoso, no que diz respeito imposio de objetivos, aos contedos e s decises de distribuio, e que a dimenso material policy refere-se aos contedos concretos, isto , configurao dos programas polticos, aos problemas tcnicos e ao contedo material das decises polticas. O termo policy networks pode ser compreendido como as interaes das diferentes instituies e grupos tanto do executivo, do legislativo, como da sociedade na gnese e na implementao de uma determinada policy (HECLEO 1978, p. 102). Trata-se de redes de relaes sociais, que se mostram menos formais e delineadas do que relaes sociais institucionalizadas, nas quais prevista uma distribuio concreta de papis organizacionais. As redes de atores constitudas em torno de poltica setorial so denominadas de issue networks (MILLER, 1994). Segundo Frey (1997, p. 223) as policy networks ou issue networks so de grande importncia, sobretudo enquanto fatores dos processos de conflito e de coalizo

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na vida poltico-administrativa". A concepo da policy arena se refere aos processos de conflito e de consenso dentro das diversas reas de poltica, as quais podem ser distinguidas de acordo com seu carter distributivo, redistributivo, regulatrio ou constitutivo (FREY, 1997, p.223). O policy cycle pode ser compreendido comas vrias fases que correspondem a uma sequncia de elementos do processo poltico-administrativo e podem ser investigadas no que diz respeito s constelaes de poder, s redes polticas e sociais e s prticas poltico-administrativas que se encontram tipicamente em cada fase (FREY, 1997, p.223).

Por isso extremamente importante conhecer as realidades concernentes s dimenses da esfera poltica com a integrao da cincia. Assim sendo, muito se substanciar os conhecimentos devidamente embasados na coerncia de

compreenso das magnitudes de gesto pblica e que envolvem o planejamento de modelos devidamente harmonizados com a realidade local de polticas pblicas.

2.7 POLTICAS PBLICAS NO BRASIL

Polticas Pblicas ou Polticas Sociais um conceito de Poltica

da

Administrao que designa certo tipo de orientao para a tomada de decises em assuntos pblicos, polticos ou coletivos. Embora, poltica pblica seja um conceito oriundo dessas duas reas, vem sendo utilizado nas mais variadas vertentes. Isso porque permite estudar o espao social antes da implementao. Para tanto, torna-se necessrio a montagem de equipe transdiciplinar, pois um projeto de poltica pblica, necessariamente, deve permitir a transversalidade, alm de estabelecer um dilogo consencioso entre as partes (FERREIRA, 1990). Neste sentido, entende-se que Polticas Pblicas sejam um conjunto de aes coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso pblico que visa dar conta de determinada demanda, em diversas reas.

2.8 HERANA DAS POLTICAS PBLICAS NO BRASIL

De acordo com Souza (2006) o perodo dos anos 30 at os dias de hoje foi marcado por inmeras e grandes transformaes. A economia do Brasil era

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agrcola, onde a maioria da populao vivia no campo. Nos anos de 1980 o Brasil passou a evidenciar-se na indstria, tornando-se o oitavo no Produto Interno Bruto PIB industrial, com maior parcela da populao vivendo na cidade. somente a partir da dcada de 50 que o conceito de polticas pblicas passa a constituir uma unidade especfica de anlise, direcionando, em consequncia, o foco para o chamado policy process, bem como para o papel dos diversos atores estatais e no estatais envolvidos, acentuadamente. No perodo de (1920 1980) caracteriza-se o Estado brasileiro, mas no de Bem-Estar Social, pois este se evidencia por ser desenvolvimentista e no transformador das relaes da sociedade. O Estado tinha como funo a promoo da acumulo privada na esfera produtiva. Na verdade o essencial das Polticas Pblicas estava voltado para promover o crescimento econmico, acelerando o processo de industrializao, o que era almejado pelo Estado brasileiro, sem que houvesse a transformao das relaes de propriedade na sociedade brasileira. Hoje o Brasil, devido a sua forma de desenvolvimento, o segundo pas do mundo em concentrao da terra e em desigualdades sociais. importante salientar que as disparidades regionais sempre estiveram na pauta das discusses polticas e econmicas, tendo em vista que a concentrao da renda, o difcil acesso propriedade da terra e as adversidades climticas possibilitaram desde cedo formao de uma estrutura de poder que impediu um melhor desempenho aos indicadores sociais para os pases subdesenvolvidos (ROSSINE, 1999, p.11). A nfase se d nas relaes de troca, diviso do trabalho, nas relaes sociais e nas novas dinmicas originadas na interface rural-urbanas. O que se observa uma crescente heterogeneidade de atividades e opes de emprego e de renda. O desenvolvimento deve elevar as oportunidades sociais, a viabilidade e competitividade da economia local, aumentando a renda e as formas de riqueza, sua internalizao na economia local e o fortalecimento da capacidade de investimento e gastos das instituies pblicas, ao mesmo tempo em que asseguram a conservao dos recursos naturais (BUARQUE, 1999). Nesse sentido, para o supracitado autor, prudente estar ciente das causas e efeitos que envolvem o saber da cincia agregada ao desenvolvimento com responsabilidade de gesto de polticas voltadas para a realidade em comum

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acordo com os atores inseridos nas demandas da sociedade. Por fim, espera-se que todos compreendam que h necessidade de se construir novos cenrios de transio na cincia poltica para que a sociedade venha a ser contemplados com novos horizontes de bem estar na vida.

2.9 A AVALIAO DE POLTICAS PBLICAS NO BRASIL

A anlise de polticas pblicas ainda bastante incipiente no Brasil, que padece de grande fragmentao organizacional e temtica, tendo uma

institucionalizao ainda precria. Porm, se essas caractersticas podem tornar compreensveis determinadas lacunas, a notria ausncia de investimentos mais sistemticos no estudo dos processos de implementao e avaliao parece evidenciar os procedimentos decisrios na cincia poltica do pas. A escassez dos estudos ps-deciso no pas parece explicada no apenas pela frgil institucionalizao da rea no Brasil, que faz com que a anlise de polticas pblicas continue gravitando na rbita das questes analticas mais tradicionalmente valorizadas pela Cincia Poltica, mas tambm pela debilidade no pas do campo de estudos da Administrao Pblica.A avaliao, de um modo geral, tem sido definida como instrumento imprescindvel para o conhecimento da viabilidade de programas e projetos, para o redirecionamento de seus objetivos, quando necessrio, ou mesmo para a reformulao de suas propostas e atividades. Nesse sentido, a avaliao se revela como um importante mecanismo de gesto, uma vez que fornece informaes e subsdios para tomada de deciso dos gestores, formuladores e implementadores de programas, pois possibilita conhecer o que est acontecendo e atuar sobre os fatos de forma a realizar ajustes necessrios, economizando-se dessa forma tempo e recursos, o que eleva a credibilidade das aes pblicas (CAVALCANTI, 2000, p.2).

Na literatura sobre o assunto se verifica que nos ltimos anos, tm prevalecido estudos e debates acerca da avaliao de polticas pblicas com um vis normativo e/ou uma priorizao dos aspectos mais tcnicos da pesquisa avaliativa, bem como uma nfase em seu papel de instrumento gerencial. A elaborao e o desenvolvimento da metodologia de avaliao dos programas de polticas pblicas dever ser competncia de profissionais especializados. Alm dessas questes, a globalizao da informao vem tomando considervel espao nos meios produtivos e, principalmente, nas instituies que necessitam de frequentes atualizaes.

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No atual estgio em que se encontram os processos decisrios, com um maior volume de variveis a serem analisadas e a velocidade em que se processam os fatos econmicos, existe uma grande preocupao entre os gestores em possurem um timo sistema de mensurao e avaliao das Polticas Pblicas. Um bom incio para que se obtenha xito nesse processo se ter em mente que a Gesto Pblica visa atender necessidades especficas nas fases de planejamento, execuo, controle e tomada de deciso das atividades desenvolvidas.Resumir poltica pblica como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ao e/ou analisar essa ao (varivel independente) e, quando necessrio, propor mudanas no rumo ou curso dessas aes (varivel dependente). A formulao de polticas pblicas constitui-se no estgio em que os governos democrticos traduzem seus propsitos e plataformas eleitorais em programas e aes que produziro resultados ou mudanas no mundo real (SOUZA, 2006, p.26).

A avaliao institucional e de Polticas Pblicas mais relevante quando oferece informaes no apenas de impacto, mas sobre resultados ou

consequncias, mais amplas e difusas das aes desenvolvidas. Desta feita, a avaliao deve abranger o processo de formulao e implementao das aes e seus resultados. Sendo instrumento fundamental para a tomada de deciso, assim como para a reformulao ou aperfeioamento das aes desenvolvidas. Segundo Arretche (2003):[...] preciso, em primeiro lugar, saber o que se entende por "medir" a eficincia de uma poltica. Na linguagem de avaliao de polticas, convencionou-se dizer que a eficincia de uma poltica est associada relao entre o esforo para implement-la e os resultados alcanados. H tcnicas estatsticas de avaliao de eficincia que permitem estimar esta relao, sim. claro que so sempre aproximaes e estimativas que dependem em grande parte da confiabilidade das informaes e dados com os quais se conta. A confiabilidade e disponibilidade dos dados, por sua vez, variam muito em funo da poltica pblica em questo. Nas reas de sade e educao, por exemplo, ns temos muito mais informao disponvel do que possibilidade de analis-la. Em outras reas, h uma grande deficincia de informaes, o que obriga o investigador a trabalhar com dados aproximativos. No possvel listar uma fonte ou fontes seguras de dados. A utilidade dos dados disponveis depende muito da poltica e do problema em questo. Mas certo que no Brasil avanamos muitssimo nos ltimos anos no que diz respeito quantidade, qualidade e confiabilidade dos dados disponveis para pesquisas de avaliao.

Uma poltica pblica tem finalidades e cumpre papis quase sempre mais amplos e significativos do que aqueles expressos nos seus objetivos explcitos,

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principalmente em decorrncia de suas inter-relaes com outras polticas e instituies sociais. Desta feita, faz-se necessrio a elaborao de metodologias que possibilitem a avaliao da eficincia, da eficcia e da efetividade social de polticas pblicas ou de instituies. A avaliao institucional tem como objeto instituies ou Polticas Pblicas. Hoffmann (1998) trata a avaliao como uma das mediaes pela qual se encorajaria reorganizao do saber. Ao, movimento, provocao, na tentativa de reciprocidade intelectual entre os elementos da ao educativa. Professor e aluno buscando coordenar seus pontos de vista, trocando ideias, reorganizando-as. Logo, a concepo da avaliao como ttica de soluo de problemas e aperfeioamento das aes elemento comum nos processos de avaliao, seja este institucional ou de polticas de instituio. Segundo Cohen e Franco (1993, p.76): [...] a avaliao foi definida pela ONU como o processo orientado adeterminar a sistemtica e objetivamente a pertinncia, eficincia, eficcia e impacto de todas as atividades luz de seus objetivos. Trata-se de um processo organizativo para melhorar as atividades ainda em marcha e ajudar a administrao no planejamento, programao e futuras tomadas de decises.

E de acordo com a Organizao das Naes Unidas ONU existem dois tipos chaves de avaliao que nos possibilitam a tomada de deciso, a avaliao exante, que nos permite escolher a melhor opo dos programas e projetos nos quais se concretizam as polticas, e a avaliao ex-post de projetos em curso ou j realizados, sendo que a anlise desses dois conceitos facilita a possibilidade de aperfeioar os modelos, visando uma eficincia e melhoria contnua dos projetos que esto em desenvolvimento. E as polticas pblicas, nesse sentido, devem ser compreendidas como as aes que buscam dar executoriedade lei, ou seja, aquelas aes voltadas para a concretizao da ordem social, que visam realizao dos objetivos da Repblica, a partir da existncia de leis decorrentes dos ditames constitucionais (FRISCHEISEN, 2000, p.80). De acordo com Veronese (1999, p.193):Poltica pblica no sinnimo de assistencialismo e, muito menos, de paternalismo, antes conjunto de aes, formando uma rede complexa,

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endereada sobre precisas questes de relevncia social. So aes, enfim, que objetivam a promoo da cidadania.

Uma Poltica Pblica que visa efetividade das aes, busca a garantia de direito, de modo a contribuir para o estabelecimento de justia e dignidade para o cidado. Portanto, as polticas pblicas surgiram de modo a facilitar as formulaes de propostas sociais, econmicas e ambientais com vieses que venham a responder e resolver os reais problemas que surgem. E reunir todos os atores envolvidos seja em qual contexto for , no mnimo, a melhor forma de se conhecer e reconhecer que aes dessa natureza devem estar sempre despontando dentro de esferas de natureza pblica e ou privada. O que se considera mesmo que as responsabilidades sejam divididas e devidamente amparadas por cidados que esto em cada segmento da sociedade como uma fonte de ideias inovadoras para compartilhar com toda a sociedade.

2.10 A ATUAO DAS POLTICAS PBLICAS NO MUNICPIO DE MACAP

O Estado do Amap considerado por diversos pesquisadores como uma referncia na biodiversidade, no econmico, e no social com muita responsabilidade. E nesse conjunto est inserido o municpio de Macap, capital do estado, devidamente localizada no sudeste do estado. Geograficamente o nico municpio brasileiro que cortado pela linha do Equador (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA-IBGE, 2006). Segundo pesquisas do IBGE no censo de 2007 constatou-se os seguintes dados elencados no quadro 1 abaixo:

Populao: Censo Demogrfico IBGE 1996 Masc 108971 1996 Fem 111991 1996 Total 220962 2007 Total 344153 % Variao 55,75%

QUADRO 1 Dados da Populao de Gnero (1996 2007) Fonte: IBGE (2007).

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Observa-se que a populao do sexo feminino ultrapassa o quantitativo de homens. Entretanto essa variao que corresponde acima dos 55% est alm da mdia de um ano para o outro. At porque esse quantitativo tem crescido a cada momento, como explicita o censo do IBGE de 2009, no quadro 2 abaixo com outras informaes quanto cidade de Macap:

Macap / AP Latitude 000 22' 0'' Altitude 16 metros rea 6562,4 km Data da fundao 1943 Populao total: 366.484 Densidade Demogrfica 52,4 hab./km.QUADRO 2 Principais informaes do municpio de Macap Fonte: IBGE (2009)

Longitude 51 03' 59''

Pelos dados expostos, a cidade vem se destacando no apenas pelo seu constante crescimento social (populacional), bem como tem aproveitado essas oportunidades para se prevalecer das aes que o poder pblico pode dispor sociedade civil. Sabe-se ainda que esse crescimento econmico e populacional est bem acima das mdias nacionais. Assim, no municpio de Macap nos ltimos anos, especificamente de 2000 a 2009, o ndice de desemprego caiu significativamente, tendo como destaque ao empreendedorismo (formal e informal) com evidncia na busca pela melhor qualidade de vida. Vale ainda mencionar um pouco da histria de Macap que se prende defesa e fortificao das fronteiras do Brasil Colnia, quando estabelecido um destacamento militar, criado em 1738. Posteriormente, na Praa So Sebastio

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(atual Praa Veiga Cabral), a 4 de fevereiro de 1758 era levantado o Pelourinho, na presena do Capito General do Estado do Gro-Par, Francisco Xavier de Mendona Furtado, fundando a Vila de So Jos de Macap. A partir de ento, foram surgindo edificaes, at hoje preservadas, que constituem verdadeiro patrimnio cultural, como Fortaleza de So Jos do Macap, uma das sete maravilhas brasileiras (AMAP, 2005). Toda essa heterogeneidade contnua de diversas aes com

responsabilidade no apenas pelo Estado, mas principalmente por cada municpio. E como o assunto em foco est voltado s polticas pblicas para esse referido municpio, ento se tornou necessrio dar pequenos breves informes de Macap, a fim de que o leitor possa se posicionar quanto compreenso das aes em polticas pblicas como um passo inicial com uma das singularidades que devem ser incorporadas principalmente a pases de grande extenso territorial. E como exemplo, o Brasil se insere nesse ponto de vista, ao qual so direcionadas as aes de desenvolvimento das polticas pblicas. Considera-se que a eficincia e eficcia das referidas polticas perpassam por um processo contnuo de adequaes com a singularidade de cada regio. Dentro desta conjuntura, o Municpio de Macap atua com polticas pblicas voltadas realidade local, onde se tem evidenciado essas aes direcionadas para a educao, sade, microcrdito, meio ambiente, responsabilidade com as mulheres, incentivo fiscal ao pequeno empreendedor e muitas outras. Percebe-se ainda, que h uma lacuna quanto ao fortalecimento das polticas pblicas no municpio de Macap, isto porque as existentes no atendem a contento sua populao, haja vista que muitas destas foram municipalizadas, e o recurso do municpio deficitrio para atender efetivamente a todos os cidados. 2.10.1 A avaliao de polticas pblicas no municpio de Macap

As Polticas Pblicas no municpio de Macap esto em uma fase ainda embrionria, mas, no entanto, desenvolvendo-se a passos pequenos. E ainda que falte a cultura desse procedimento to determinante para a efetividade das aes de atendimento a um povo que anseia por constantes transformaes, no o bastante para solucionar todas as questes predeterminantes. At porque muitas so as demandas locais para se atender a contento: o que se espera no municpio de

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Macap. Isto posto porque a realidade local ainda necessita de amadurecimento dos gestores de diversos setores para que sejam devidamente integrados s atividades de modo geral. Percebe-se que um dos exemplos para ser citado quanto ao Modelo Gerencial Pr-ativo, com formato de insero das questes ambientais no planejamento do desenvolvimento municipal. E nesse modelo gerencial da Poltica Municipal do Meio Ambiente se enquadra bem essas aes com algumas ressalvas que ainda so mais que necessrias. Entre as mesmas cita-se a falta de implementao dos principais instrumentos da poltica municipal do meio ambiente que mostra a fraqueza de um sistema municipal, que, numa anlise otimista, coopera somente quando recorre s organizaes estaduais mais desenvolvidas. Da a razo de se analisar esse andamento de aes pblicas e ainda avaliar a um entendimento da mesma com valor na colaborao com um sistema adequado, no representando um poder central, tal qual se prope no ordenamento legal do municpio de Macap. Outro ponto a ser posto quanto preocupao constante com a sociedade civil, e em especial com as mulheres que se inserem no mercado de trabalho. Como incentivo dessas polticas pblicas obteve-se diversos fomentos de contribuio ao trabalhador para que o mesmo possa manter a famlia com uma renda mais digna. Sabe-se ainda que no setor econmico, muitas so as interaes quanto economia local e municipal a fim de que se tenha mais reflexo na economia do Estado. E nessa avaliao o microcrdito pode realmente ser ponto forte no processo de avaliao das polticas pblicas em Macap.

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3 A PERCEPO DAS POLTICAS PBLICAS COMO RESPOSTA AO EMPREGO E RENDA

A discusso que envolve com grande urgncia o combate pobreza e todas as suas causas e efeitos, na verdade uma maneira para que se venha a ter novas aes que sejam preventivas, como parte fundamental de um debate que envolva as percepes naturais de polticas pblicas. Na construo do pensamento lgico de Sen (2000) tudo isso se fundamenta em uma resposta que se pode dar a uma sociedade que necessita de melhorias de vida, minimizando assim, a excluso do meio social. Enquanto Simas (2008) afirma que um outro ponto a ser considerado quanto a entender que esse foco deve por certo compreender um debate tambm poltico e acadmico, de modo que em relaes diplomticas desenvolvam respostas favorveis a uma sociedade que necessita que se diminua o elevado grau de desigualdade social. Nesse contexto eis que Ferreira (2004), seguindo certo consenso na literatura internacional sobre as Polticas de Emprego e renda, percebe a mesma como um conjunto de medidas que atua sobre a oferta de trabalho, reduzindo-a ou alterando seu bem-estar. A outra maneira quanto ao nvel de emprego de modo a alterar a demanda de forma direta (criao de empregos pblicos, por exemplo) ou indireta (formao profissional). Dessa forma, percebe-se que ambos os casos atuam sobre o mercado de trabalho e preponderantemente, ainda que no exclusivamente, sobre a populao (oferta de trabalho). Assim, enfatiza-se que nas polticas de gerao de emprego e renda levado em considerao o marco histrico no qual se desenvolveram as condies que propiciaram a sua consolidao como poltica pblica e as reais evidncias sobre suas potencialidades e limitaes. No entender de Barros e Borges (2001, p.2 apud NUNES; PIMENTEL, 2009) na sociedade capitalista que se desenvolve por meio da contradio capital x trabalho. Essa maneira de ver foi muito bem explicada por Marx em sua obra O Capital, precisamente com a apropriao do trabalho pelo capital. Nesse caso as modificaes nas relaes sociais se intensificaram a partir do incio do sculo passado, em consequncia das mudanas que se verificam nos meios de produo e

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no modo como esta se realiza, tanto com o taylorismo/fordismo (automao linha de montagem mvel e produo em srie), como com o toyotismo (produo flexvel). Assim, o capitalismo monopolista, em seu desenho mais recente de dominao imperialista, recebe, conforme Galeano (1999), a denominao de globalizao.1 Processo este que necessita estar em constante transformao e que todos os envolvidos possam estar devidamente atualizados com as modificaes que o mercado impe a uma sociedade repleta de uma cultura completamente desigual. Outro ponto importante que se observa a premissa conceitual da globalizao em que traz consigo outro processo de segmentao do trabalho, associado s formas de diviso anteriormente existentes e subsistentes. Essa diviso espacial do trabalho, conforme a prpria qualidade do processo diz que tomado em sua execuo e nas atividades desenvolvidas pelos trabalhadores. De tal modo, h de se mencionar que o Brasil tem experimentado vrias trajetrias, dentre elas destacam-se a reforma do papel do Estado, o avano tecnolgico, a integrao em grupos econmicos, a busca da flexibilidade nas relaes de emprego, as quais, entre outras, tm afetado significativamente o mercado de trabalho (POCHMANN, 2002). Vale mencionar que nesse avano de ideias a novas posturas comportamentais dentro de esferas governamentais surge como um assunto mais atualizado e que necessita ser discutido quanto s novas concepes a cerca das posies do neoliberalismo. Nesse caso para Friedman (2005) essa idealizao do neoliberalismo na verdade como um conjunto de ideias polticas e econmicas capitalistas que defende a no participao do estado na economia. At porque conforme os princpios doutrinrios que competem a este pensar, os quais devem estar em total liberdade com o comrcio (livre mercado). E conforme o supracitado autor este princpio garante ainda o crescimento econmico e o desenvolvimento social de um pas.1

A globalizao do capital pode ser compreendida como um prolongamento da etapa imperialista e no como uma nova fase ou um capitalismo de novo tipo, porque, nos dias atuais, a globalizao, mais que conservar, exacerba os traos principais reunidos e sintetizados por Lnin h mais de oitenta anos para descrever o imperialismo: fortalecimento de monoplios, concentrao do poder de dominao em um pequeno nmero de naes ricas e poderosas que submetem um nmero crescente de naes, centralizao do capital internacional em um nmero restrito de grandes corporaes. Desta forma, a globalizao, como regime de acumulao mundializada do capital, pode ser entendida como uma configurao particular do imperialismo, em que o capital financeiro adquire dominncia em relao s outras formas de capital (LIMA FILHO, 2004, p.56).

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J para Musetti (1998):A crise do sistema capitalista de produo uma realidade patente aos olhos daqueles que pensam de forma crtica e no se subordinam a receber o "conhecimento" ardilosamente manipulado, reestruturado e muito bem elaborado pelas elites dominantes, detentoras do poder poltico, econmico e, de certa maneira, cultural da sociedade atual. A no soluo dos problemas sociais, aliada s tenses scio-polticos oriundas da adeso das elites industriais brasileiras ao capitalismo internacional, forou a burguesia a revisar suas fontes tericas adotadas anteriormente, visando criao de uma nova base terica capaz de "justificar" sua dominao e opresso. Muito bem revista, a fonte terica burguesa incorpora o pensamento monetarista, surgindo, assim, o grande filo, o NEOLIBERALISMO, conhecido tambm como "modernidade", "hipercapitalismo" ou "turbocapitalismo".

Evidentemente, tais avaliaes apontam a garantir os privilgios sempre conseguidos por aqueles que detm o poder poltico-econmico na histria planetria, naturalmente, para que estas medidas sejam bem recebidas. Desse modo podem certamente precisar um encontro integrado com a educao j pr-manipulada para os interesses da classe dominante; o que certamente j est ocorrendo. Friedman (2005) detm um pensar assim quanto s novas ideologias de pensar:Foi nos Estados Unidos, que se fortificou com a vitria de Reagan e, nutrido pela receita monetarista de Milton Friedman, demonstrou-se deficiente e ineficaz na resposta crise capitalista. Ento, foi reassumido, porm, com contedo derivado da doutrina do "laissez faire", da tese da intocabilidade do mercado e da insistente ideia da nocividade da interveno estatal na economia. Obviamente, o resultado da aplicao desta falcia na sociedade americana foi catastrfico; sabendo muito bem disto, o renomado economista americano John Kenneth Galbraith, em seu livro intitulado "A cultura dos bem de vida", nos alerta a respeito do efeito neoliberal.

Observa-se mesmo que essa sociedade tem evidenciado no apenas insensibilidades em relao aos sofrimentos dos que esto na pobreza, mas tambm como completa irresponsabilidade em relao ao destino do pas. Insensibilidade moral e despreocupao irresponsvel so as duas conotaes bsicas da postura do americano em situao economicamente favorvel. Reflexo este que j se postula no Brasil como uma viso de comportamentos a serem repensados. At porque a excluso social s no mais explcita aos que, embora tendo olhos, no enxergam, embora tendo ouvidos, no ouvem e, embora tendo corao, no sentem mais alm de seus mesquinhos e solitrios interesses de vida.

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E neste compacto cenrio desponta o Neoliberalismo - todo enfeitado de teoria econmica, que tenta responder, na teoria e na prtica, crise recente do sistema capitalista de produo. Atrs do palco, nos bastidores, est um fortssimo e tentador instrumento de domnio, que incorpora, em si mesmo, um modelo coercitivo de comportamento do homem e da sociedade. E ainda no pensar de Friedman (2005) acerca das teorias neoliberais:[...] os excludos no so um resduo - segmento social que ficou para trs e ainda no foi atingido pelo nvel de desenvolvimento alcanado pelos bem de vida. Esse tipo de formulao procura passar a ideia de que a pobreza desses contingentes da populao constitui uma situao transitria, uma etapa que ser naturalmente superada medida que a riqueza dos bem de vida transbordar para os mais pobres.

Nesse sentido o mercado ter uma funo que se regulamentar conforme as demandas de uma sociedade que necessita de provises que se integre naturalmente a essa camada social. Ao contrrio, ela parte integrante do sistema econmico montado no pas, e sua pobreza serve ao conforto da maioria bem posta na vida. E vale ainda mencionar que foi no Brasil que a ideologia neoliberal invadiu as universidades, atravs da ofensiva ideolgica, a massa, por meio da doutrinao da "mdia", e o pas, pela via das presses das instituies internacionais e dos grandes bancos credores.

3.1 TRABALHO X EMPREGO: UMA CONDUO DE IDEIAS CONCEITUAIS

Para o ser humano o trabalho uma condio de vida dos que tiveram uma oportunidade em um determinado territrio e/ou espao social (SIMAS, 2008). tambm visto como um fator de grande representatividade e de importncia significativa em sua vida, (PIMENTEL, 2009). Para Chossudovsky (1999) esse cenrio repercute exatamente uma sociedade com anseios e desejos desiguais provenientes de uma resposta de condies vida nada boas no que compete ao direito humano. E o produto do trabalho deve, antes de tudo, responder a algumas necessidades humanas. Assim como para Delgado (2000) todas essas aes consistem em respostas aos interesses difusos e coletivos que se conectam de maneira bem til quando os anseios se emparelham sem grandes disparidades.

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Segundo Octavio Ianni2 (1992 apud PIMENTEL, 2009, p.14) em essncia, o capitalismo um sistema de mercantilizao universal e de produo de mais-valia. Ele mercantiliza as relaes, as pessoas e as coisas. E, ao mesmo tempo, tambm a fora de trabalho, a energia humana que produz valor. Por isso mesmo, transforma as prprias pessoas em mercadorias, tomando-as adjetivas de sua fora de trabalho. Como resposta a essa ideia Ianni (1992) assinala que no tem simplesmente um valor de uso. Na verdade no comportam mercadorias que so feitas apenas para serem vendidas no mercado. Essa percepo um ponto de vista da autora de pesquisa, que em partes, analisa este tipo de comportamento como algo um tanto fragmentado de condies e de direito. E em sua maioria so produzidas para serem trocadas. Desse modo cada mercadoria tem um valor de troca, numa relao quantitativa, em que produtos de valor de uso e tipos diferentes so equiparados enquanto valor de troca. Nesse caminho observa-se que h dcadas se estuda, e se analisa aes quanto ao trabalho e o mercado. Pois para Chossudovsky (1999), o trabalho visto como uma forma de ao original e especificamente humana. Ao esta em que o homem age sobre a natureza, transforma a ordem natural em ordem social, cria e desenvolve a estrutura e as funes de seu psiquismo, relaciona-se com outras pessoas, comunica-se, descobre, enfim, produz sua prpria conscincia e todo o conjunto de saberes que lhe possibilitam viver em sociedade em processo constante de transformao. De acordo com o Ferreira (2004), de modo geral o trabalho consiste na aplicao das foras humanas para alcanar determinado fim. tambm entendido como a atividade coordenada, de carter fsico e/ou intelectual, necessria realizao de qualquer tarefa, servio ou empreendimento. Por outro lado o emprego seu sinnimo. A noo de emprego assemelha-se a um conjunto onde o subconjunto o trabalho. a maneira de prover a subsistncia mediante ordenado, salrio ou outra remunerao a que se faz jus pelo trabalho regular em determinado servio.

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IANNI, Octavio. Introduo In: MARX, Karl. Sociologia. So Paulo: tica, 1992.

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3.2 ABORDAGEM TERICA DA REA DE ESTUDO

O Estado do Amap est situado a nordeste da regio Norte (Figura 1). Com os limites de fronteira: Guiana Francesa (N), Suriname (NO), Oceano Atlntico (L) e Par (Se). Ocupa uma rea de 143.453,7km2. A capital Macap. As cidades mais populosas so Macap e Santana. Os principais rios: Amazonas, Jari, Oiapoque, Araguari, Caloene e Marac (AMAP, 2005).

Legenda:Estado do Amap

Macap

Rios

FIGURA 1 Localizao da rea de pesquisa (Macap) Fonte: AMAP (2005) adaptado pela autora.

De acordo com Dell'Aglio et al. (2003) na lngua tupi que o nome "amap" compreende o lugar da chuva que est relacionado com: ama (chuva) e paba (lugar, estncia, morada). Segundo os referidos autores supracitados a tradio, porm, o nome teria vindo do nheengatu lngua geral da Amaznia, uma espcie de dialeto tupi jesutico significando "terra que acaba" ou "ilha". Segundo outros, a palavra "amap" de origem nuaruaque ou aruaque, pertencente mais extensa das famlias lingusticas da Amrica do Sul, dos habitantes da regio norte

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do Brasil ao tempo do seu descobrimento - e identificaria uma rvore da famlia das Apocinceas. A rvore produz um fruto saboroso, em formato de ma, de cor roxa, que parte da farmacopia amaznica. Da casca do tronco dessa rvore, o amap (Hancornia amapa), tpica da regio e cujo desenho est no braso do Estado do Amap, extrado o ltex (chamado leite de amap) usado na medicina popular como fortificante, estimulante do apetite e tambm no tratamento de doenas respiratrias e gastrite. Popularmente conhecida como "amapazeiro", a espcie encontra-se ameaada, dada a sua explorao predatria para extrao da seiva. Em 1943 tornou-se territrio federal batizado como Amap (AMAP, 2005). Medeiros (1944, p.100-101) foi o primeiro a discutir os Territrios Federias no Brasil, afirmando que:O Territrio, ao contrrio dos Estados, no possui autonomia e s lhe foi atribudo certo grau de auto-administrao, por motivo de enfraquecimento natural da linha de subordinao, sendo, portanto, a rigor da tcnica, uma forma centralizada, significando, do ponto de vista externo, um fenmeno de concentrao do poder presidencial, e do ponto de vista interno, um tipo de organizao departamental desconcentrado. Trata-se, portanto, de uma centralizao descentralizada, que obedece todas as etapas do processo centralizador.

Enquanto Territrio Federal foram criadas estruturas polticas, econmicas, sociais e administrativas internas que contriburam para a sua estadualizao. A nova Constituio, promulgada em 05 de outubro de 1988, elevou o Territrio do Amap categoria de Estado da Federao, passando o mesmo a adquirir autonomia e capacidade de se auto-organizar; elaborar sua prpria constituio, e de se autogovernar atravs da escolha de seus representantes dos poderes executivo e legislativo estadual e federal. Assim o Estado vem exercer uma funo de extrema importncia enquanto gestor maior na esfera pblica, pois visa retorno social e bem estar sociedade, estabelecendo-se metas e critrios de mudana que, sem dvida alguma, perpassam pelas regras que pertinente a todos. De acordo com o relatrio do Setor de Informao e Estatstica da Secretaria de Planejamento Oramento e Tesouro SEPLAN (2010), o Estado do Amap economicamente est entre os cinco menores estados da federao brasileira. No entanto, no perodo de anlise de 2003 a 2006 (Grfico 1) desponta entre os dez estados que mais crescem no pas em valores absolutos, o PIB do

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Amap foi de R$ 5.260 bilhes contra R$ 4.361 bilhes em 2005, passando a ter uma participao no PIB do Brasil de 0,22%. Nessa trajetria destaca-se ainda o excelente desempenho atribudo a uma srie de investimentos do atual governo, dentre os quais se encontram o de infra-estrutura bsica priorizado no Plano Plurianual PPA 2003 - 2007. Assim o grau de responsabilidade tcnico-poltico do governo avana para melhoria na estrutura econmica em todos os setores.

25 20 15 13,4% 10 5 4,3 0 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 11,9%

20,6%

GRFICO 1 Renda per capita Fonte: AMAP. SEPLAN (2010).

Assim sendo, a estratgia do governo possibilitou em 2006 um crescimento real de 5,8%, taxa que segundo os economistas seria o ritmo aceitvel para o desenvolvimento sustentvel de uma economia, pois estaria acima do crescimento da populao e um pouco abaixo da taxa de desemprego. Neste caso o Amap encontra-se entre as dez maiores economias ocupando o 7 lugar no ranking nacional. Os estados que esto frente do Amap so: Cear 8%, Esprito Santo 7,7%, Par 7,15%, Paraba 6,7%, Roraima 6,3% e Piau 6,1%. Quanto ao PIB nominal acumulado este foi de 53,17% de 2003 a 2006 e com relao a 2005/2006 (Grfico 1) o crescimento foi na ordem de 20,61%. Segundo o resultado divulgado pelo IBGE/SEPLAN, o Estado desponta como a primeira economia do pas em crescimento nominal, seguido de Paraba 18,29%;

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Amazonas 17,43% e Roraima 15,12%. Em relao ao ritmo da economia nos quatro anos de anlise, apresentou um crescimento nominal ano a ano de 2002 a 2006 de 4,3%; 11,9%; 13,4% e 20,6%, respectivamente. O ltimo resultado mais que triplicou em relao a 2002. Se a economia continuar neste ritmo, em mdio prazo j ser uma economia destacada dentro da regio Norte, passando a ser considerada uma economia auto-sustentada. Com relao ao PIB per capita, em 2006 seu valor ficou na ordem de R$ 8.543 mil contra R$ 7.335 mil em 2005, subindo uma posio no ranking nacional, situando-se no 14 lugar. Este acrscimo de renda representou 37% em relao ao ano anterior, o que faz mais uma vez o Amap apresentar maior crescimento em relao a outras economias estaduais. Trazendo a anlise do PIB para o setor de atividade, num contexto geral, os trs setores apresentaram um excelente desempenho. O setor de maior crescimento em relao ao ano anterior foi a agropecuria 9,3%, seguido pelo tercirio 6 % e a indstria 1,6%. Em se tratando da agropecuria com 3,7% do PIB, cujo crescimento se deu em funo da contribuio dos resultados da pecuria (14%) e da agricultura (7%), impulsionada pela cana de acar (26%) e pelos outros da lavoura temporria (10%), inclui-se aqui o aumento da produo da mandioca (7%). E com relao indstria responde por 9,4% da economia estadual e apresentou um crescimento refletido pelo desempenho da construo civil 3%, extrativa mineral 0,5% e os Servios Industriais de Utilidade Pblica SIUP 1%, com esses resultados a indstria de transformao manteve-se estvel. Quanto aos servios com volume de crescimento de 6% em relao ao ano anterior, responsvel por 86,8% do PIB. Os setores que mais contriburam para esse desempenho foram: comrcio 10%, alojamento 12% e financeiro 12%. Referindo-se ao clima do Estado quente e mido, com uma cobertura vegetal bastante diversificada, apresentando florestas classificadas em Floresta de Vrzea, Floresta de Terra Firme, alm de campos e cerrados. Nas reas prximas ao litoral a vegetao encontrada o mangue ou manguezal. Aproximadamente 73% da rea estadual coberta pela Floresta Amaznica (SIMAS, 2003). E em sua totalidade, influenciado pelo clima equatorial supermido, isso significa que ocorre

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uma grande quantidade de calor e umidade que favorece a propagao da biodiversidade. Tema este que vem sendo um grande foco de debate com estudiosos da cincia natural, em muitas pesquisas que se iniciaram em parceria com diversas organizaes governamentais e no governamentais. Cada ao voltada para um conhecimento cientfico do que se possui em todos os espaos e sua territorialidade local. De acordo com IBGE (2009) a populao do Estado tem crescido bastante, e atualmente est em torno de aproximadamente 632.000 habitantes, dividido em 16 municpios. Entretanto, mais de 70% desses habitantes concentramse em dois municpios: Macap e Santana. Nesse cenrio de crescimento e desenvolvimento local de relaes diplomticas entre pases fronteirios (OiapoqueBrasil/Saint George-Frana), inicia-se a construo da ponte binacional sobre o Rio Oiapoque. Territrio este que integrar pases e pessoas a uma relao mais harmoniosa e tambm com conflitos sociais (SIMAS, 2010). Com relao a fonte econmica no Estado se destaca por causa do endosso dos salrios dos servidores pblicos Federais, Estaduais e Municipais, que fazem com que haja um maior movimento na economia local. E nos ltimos sete anos o foco para a cultura empreendedora no Estado do Amap tem se evidenciado com a implementao da Zona de Livre Comrcio, Incentivos Fiscais e Programas de Empreendedorismo, realizados pelo Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas e pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo SETE. Seguindo essa linha, Lobato (2009) afirma que a Zona Franca dos Municpios de Macap e Santana, ou seja, a rea de Livre Comrcio de Macap e Santana ALCMS um modelo de desenvolvimento econmico implantado pelo governo brasileiro, objetivando viabilizar uma base econmica para o Estado do Amap, a fim de promover a melhor integrao produtiva e social dessa regio ao pas, garantindo a soberania nacional sobre suas fronteiras. Da ser vistas como um passo para a instituio aduaneira. Enquanto Porto (2003) diz acerca de percepes na economia que:

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Considerando a distncia aos centros da economia mundial, pode-se dizer que tem posio geogrfica privilegiada, pois est prximo dos EUA, da Unio Europia, do Japo, China e Sudeste Asitico, sendo que esses trs ltimos so mencionados em funo do Canal do Panam. Esta posio, alm de permitir rpida acessibilidade aos grandes centros fornecedores de bens de consumo estrangeiros, com preos competitivos, encontra-se na rota dos transatlnticos tursticos e comerciais, o que permite criar condies para aperfeioar as infraestruturas do Estado, tanto para atender a atividade turstica como para o comrcio nacional e internacional.

Conforme Bitencourt (2000 apud LOBATO, 2009) a criao da ALCMS ocorreu atravs do Decreto Lei n. 8. 387, de 30/12/1991, e foi regulamentada pelo Decreto lei n. 517, de 08/05/1992. O modelo desenvolvido voltado para comercializao, sendo o mais vivel a instalao de indstrias de beneficiamento de matrias primas da regio. As reas de Livre Comrcio foram criadas para gerar o desenvolvimento das cidades de fronteiras internacionais localizadas na Amaznia Ocidental e em Macap/Santana, com a finalidade de integr-las ao restante do pas, proporcionando benefcios fiscais, com incentivos do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e do Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios ICMS, a fim de melhorar a fiscalizao de entrada e sada de mercadorias, fortalecimento o setor comercial, a abertura de novas empresas e a gerao de empregos (LOBATO, 2009). A partir da foram iniciados vrios empreendimentos de produtos importados na rea comercial de Macap e Santana, como: brinquedos, perfumaria, roupas, sapatos, carros, relgios, bijuterias, dentre outros.

3.3 ETIOLOGIA CONCEITUAL SOBRE O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E NO ESTADO DO AMAP

A palavra empreendedor (entrepreneur) surgiu na Frana por volta dos sculos XVII e XVIII, com o objetivo de designar aquelas pessoas ousadas que estimulavam o progresso econmico, mediante novas e melhores formas de agir (CHIAVENATO, 2007). Assim todas essas aes implicam nos sinnimos: administrar, planejar, organizar, dirigir e controlar todas as atividades devidamente corelacionadas de maneira direta ou indiretamente com o negcio. Nesse aspecto h de se mencionar que o comportamento empreendedor acaba envolvendo sentimentos com particularidades especiais que levam a tomada

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de decises. Entretanto, na percepo do supracitado autor, nessas tomadas de decises deve tambm reservar um amplo espao para a racionalidade. De acordo com Menezes (2007) professor de Empreendedorismo da Universidade Federal de Campina Grande UFCG a palavra "Empreendedorismo vista como um aprendizado pessoal, que impulsionado pela motivao, criatividade e iniciativa, busca a descoberta vocacional, a percepo de oportunidades e a construo de um projeto de vida ideal." Portanto, empreendedor o termo utilizado para qualificar ou especificar aquele indivduo que detm uma forma especial e inovadora de se dedicar s atividades de organizao, administrao e execuo. Para Longenecker, Moore e Petty (1998) o empreendedor:[...] a pessoa que inicia e/ou opera um negcio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente. Essa definio envolve no apenas os fundadores de empresas, mas os membros da segunda ou terceira gerao de empresas familiares e os gerentes-proprietrios, que compram empresas j existentes de seus fundadores.

Mas segundo Gartner (1990), o esprito empreendedor est tambm presente em todas as pessoas e que ainda que no tenham sido as fundadoras de uma empresa, o que importa mesmo a determinao de compreenso de iniciar seu negcio prprio bem como ainda esto preocupadas e focalizadas em assumir riscos e inovar continuamente. Por fim, Chiavenato (2007, p. 18) afirma que:Os empreendedores so heris populares do mundo dos negcios. Fornecem empregos, introduzem inovaes e incentivam o crescimento econmico. No so simplesmente provedores de mercadorias ou de servios, mas fontes de energia que assumem riscos em uma economia em mudana, transformao e crescimento. Continuamente, milhares de pessoas com esse perfil desde jovens a pessoas adultas e de todas as classes sociais inauguram novos negcios por conta prpria e agregam a liderana dinmica que conduz ao desenvolvimento econmico e ao progresso das naes. essa fora vital que faz pulsar o corao da economia.

Esto, portanto, devidamente conceituados nas premissas etiolgicas que se emparedam dentro da razo, em partes, e em especial, com maior motivao pela emoo e mago da paixo pelos negcios de investimentos. Todos

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movidos por um objetivo que melhorar a economia dentro do ambiente familiar e obter mais qualidade de vida de maneira contnua. Nesse caminho de compreenso preciso mesmo elaborar uma breve abordagem do conhecimento quanto ao empreendedorismo em duas fases: Brasil e no Estado do Amap dispostos a seguir.

3.3.1 Compreendendo o empreendedorismo no Brasil

De acordo com Silveira et al. (2008) somente no incio do sculo XX que emergiu a palavra empreendedorismo. Dornelas (2001) que fez constantes buscas conceituais sobre o empreendedorismo, faz um resgate histrico identificando a primeira definio de empreendedorismo. Essa ideia um fator pontual destinada e creditado a Marco Polo, sendo o empreendedor aquele que se arrisca fsica e emocionalmente de forma ativa, enquanto o capitalista assume os riscos de forma passiva. Vale mencionar que foi justamente no perodo da Idade Mdia que o empreendedor deixa de assumir riscos e passa a gerenciar grandes projetos, que podem ser prprios e ou de investimentos governamentais. Conforme Silveira et al. (2008):[...] foi no sculo XVII que emergiu a relao entre assumir riscos e o empreendedorismo, bem como a criao do prprio termo empreendedorismo que diferencia o fornecedor do capital, capitalista, daquele que assume riscos, empreendedor. Mas somente no sculo XVIII, que capitalista e empreendedor foram completamente diferenciados, certamente em funo do incio da industrializao.

E essas mudanas histricas acabaram dando reflexos de tamanha importncia que gerou novos conceitos, que se tornaram definies sob outros ngulos de viso sobre o mesmo tema. Assim, Britto e Wever (2004) reforam que uma das primeiras definies do vocbulo empreendedor foi elaborada no incio do sculo XIX pelo economista francs Jean Baptiste Say. Este relata que empreendedor todo aquele que transfere recursos econmicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade

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mais elevada e de maior rendimento. J no sculo XX, tem-se a definio do economista moderno, Joseph Schumpeter citado de maneira bem resumida: o empreendedor aquele que destri a ordem econmica existente pela introduo de novos produtos e servios, pela criao de novas formas de organizao ou pela explorao de novos recursos e materiais (SCHUMPETER, 1949 apud DORNELAS, 2001, p.37). Diante de todas as definies conceituais surge uma definio sobre empreendedor que se encaixa nas abordagens atuais que se atrela s ideias de Dornelas (2001). Para o referido autor essas diversas definies so compreendidas assim: o empreendedor aquele que detecta uma oportunidade e cria um negcio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados (DORNELAS, 2001, p.37). Assim se denomina como uma ao empreendedora em todas as suas etapas, de maneira a originar algo novo. E nesta identificao de oportunidade, dedicao e persistncia que se forma novas propostas para que se possam alcanar os objetivos reais que so pretendidos com ousadia para assumir todos os riscos que devero ser calculados em qualquer situao que acontea. A compreenso conceitual sobre o empreendedorismo no Brasil emergiu na dcada de 1990, onde comeou a ganhar peso durante a abertura da economia. A liberao da comercializao de produtos importados ajudou a conter os preos, o que fora uma condio importante para o pas voltar a crescer, cuja estratgia trouxe problemas para alguns setores que no conseguiam concorrer com os importados. Ento, para ajustar o passo com o resto do mundo, o pas precisou mudar. Empresas de todos os tamanhos e setores tiveram que se modernizar para poder competir e voltar a crescer. O governo fortaleceu o empreendedorismo, e deu incio a uma srie de reformas, controlando a inflao e ajustando a economia, Desta feita em poucos anos o Pas ganhou estabilidade. A economia voltou a crescer. E a partir do ano de 2000, surgiu um milho de novos postos de trabalho. Investidores de outros pases voltaram a aplicar dinheiro no Brasil e as exportaes aumentaram. Como se pode observar no Mapa do Brasil (Figura 3), o Estado do Amap tem uma localizao estratgica com a Guiana Francesa, e demais pases, onde o processo de exportao de produtos nacionais e internacionais tem se consolidado

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no comrcio local e internacional, fortalecendo desta feita a rea de livre comrcio, aumentando consideravelmente o nmero de empreendedores que tm investido nesse tipo de negcio.

Legenda: rea de Estudo

Bioma Amaznia

Bioma Pantanal Bioma Mata ntica

Bioma Pampa Bioma Cerrado Bioma Caatinga

FIGURA 2 Mapa do Brasil e rea de estudo Fonte: Simas (2010).

Assim, torna-se mais tranquilo compreender as bases conceituais como se formalizaram no espao territorial e regional. Em especial no estado do Amap que a rea de estudo desta pesquisa. Vale ainda destacar que justamente no Amap as polticas pblicas tm se ampliado e difundido no mercado e sociedade.

3.3.2 Compreendendo o empreendedorismo no Estado do Amap

O cenrio local no foge a realidade do pas diante da crescente urbanizao da sociedade brasileira e da incapacidade de absoro da busca de trabalho disponveis nas grandes cidades. Neste sentido, fez-se necessrio alicerar a formulao de uma Poltica Pblica de Trabalho e Renda, com resultados necessrios a um padro de funcionamento ajustado para atender de forma qualitativa a demanda de oferta de empregos que incorporam o mundo do trabalho,

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visando uma forma de sistematizar procedimentos capazes de garantir meios para sua melhor organizao. Para tanto, foi implementado, atravs do governo do Estado, o Programa de Microcrdito Amap Empreendedor, que visa possibilitar o acesso ao crdito para financiamento de empreendimentos e arranjos produtivos locais. O

microcrdito vem sendo utilizado como um instrumento importante na mudana do cenrio scio-econmico. Atravs da insero direta em seu pblico-alvo e da concesso de crdito a microempreendedores formais e informais (a grande maioria), o setor de micro finanas j representa percentuais acentuados no Produto Interno Bruto PIB de alguns pases. O Brasil h anos vem provando que o desenvolvimento social tambm possvel atravs do microcrdito. Tm-se muitos modelos de sucesso que atuam no pas, dentre os quais se destacam: os programas Crediamigo, Porto Sol, Banco do Povo, Fundo de Apoio ao Micro e Pequeno Empreendedor e ao Desenvolvimento do Artesanato FUNDMICRO (Estado do Amap) entre outros. Na maioria destes programas, a viabilidade do crdito ao cliente estudada caso a caso por meio de um agente de crdito e, na falta de garantias reais, se aceita o aval solidrio. Os emprstimos so individuais com anlise do negcio do cliente, que deve comprovar a viabilidade econmica do empreendimento desejado. Os governos nas esferas estadual, federal e municipal tm buscado alternativas de gerao de emprego e renda para os cidados, havendo assim a relao basilar entre sociedade e Estado. Segundo Caldas (1997), a palavra crdito origina-se do latin credere, que significa acreditar nela. Conceder crdito a alguma pessoa , na essncia, acreditar nela. Confiar em seu potencial de transformar o dinheiro emprestado em mais renda para sua famlia e, consequentemente, na melhoria da sua qualidade de vida. Para Manzoni (2008), conceitualmente a confirmao do significado do microcrdito na perspectiva levantada por Caldas [...] distingue-se dos demais tipos de emprstimo essencialmente pela metodologia utilizada, bem diferente das operaes de crdito tradicionais [...]. comumente entendida como principal

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atividade do setor de microfinanas, pela importncia que tem nas polticas pblicas de reduo de misria e gerao de renda. Segundo Batista (2005, grifo nosso):Todo empreendedor precisa ser um bom administrador para poder tomar as decises adequadas. Por outro lado, nem todo administrador possui as habilidades e os anseios dos empreendedores, por mais eficaz que seja o administrador em realizar o seu trabalho. O empreendedor vai alm das tarefas normalmente relacionadas aos administradores, tem uma viso mais abrangente e no se contenta em apenas fazer o que deve ser feito. O empreendedor corporativo (intraempreendedor ou empreendedor interno), o empreendedor start-up (que cria novos negcios/empresas) e o empreendedor social (que cria empreendimentos com misso social), so pessoas que se destacam onde quer que trabalhem.

As denominaes dadas palavra empreendedor so vrias, assim como seus significados e definies, mas pode-se dizer que aquele que corre riscos calculados. Para Batista (2005), o processo de empreendedorismo social exige principalmente o redesenho de relaes entre comunidade, governo e setor privado, com base no modelo de parcerias. O resultado final desejado a promoo da qualidade de vida social, cultural, econmica e ambiental sob a tica da sustentabilidade, apesar dos investimentos governamentais, em vrias esferas de governo local, onde o indice de desenvolvimento e crescimento dos indivduos que se inserem no mercado da informalidade ser alto.

3.4 ECONOMIA FORMAL

O crescimento econmico vem se arrolando na dcada de 1980 com certa reduo de ritmo. Esse posicionamento se manifesta em detrimento de vrios fatores tais como: o crescimento da economia, o qual acaba por agravar os nveis de desemprego, acredita-se ainda que os pequenos negcios, a partir de ento, foram considerados uma alternativa de mo-de-obra excedente. E desponta na dcada de 1980 onde comeam as iniciativas bem incipientes quanto ao apoio de fomento para a abertura de micro e pequenas empresas no mercado. Vale mencionar que esse posicionamento refletiu em um crescimento substancial dos pequenos negcios na eco