42
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected] Pág 1 de 42 Ata da Reunião da 28ª Reunião Extraordinária do Plenário do Conselho Estadual do Meio Ambiente - Consema de 26 de maio de 1994. Realizou-se, no dia 26 de maio de 1994, às 13:30 horas, na Secretaria do Meio Ambiente, na rua Tabapuã, 81, 1º andar, a 28ª Reunião Extraordinária do Plenário do Conselho Estadual do Meio Ambiente-Consema, à qual compareceram os seguintes conselheiros: Dr. Édis Milaré, Presidente do Conselho, Dalva Christofoletti Paes da Silva, João Affonso Oliveira, Michele Consolmagno, Amauri Daros Carvalho, Roberto Arnt Sant'Ana, Sérgio Henrique Dimitruk, João Roberto Rodrigues, Dalmo José Rosalém, Otaviano Arruda Campos Neto, Eleonora Portella Arrizabalaga, Sílvia Morawski, Jorge Simão Júnior, Adalton Manso, Clélia Maria Toledo Pizza, Mário Orlando de Carvalho, João José Barrico de Souza, Walter Goóoy dos Santos` Daniel Fink, José Alberto Siepierski, Waldir Mantovanni, João Paulo Capcobianco, Condesmar Fernandes de OIiveira, Roberto Saruê, Ricardo Ferraz, Mário Mantovanni, Beloyanis Bueno Monteiro, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, Maria Helena Orth, Lúcia Osório Nogueira. Esta reunião foi secretariada por mim, Germano Seara Filho, Secretário Executivo do Consema. Depois de ler a pauta da reunião, ao submeter à aprovação a Ata da 91ª Reunião Ordinária, o Secretário Executivo solicitou ao Plenário que dispensasse a sua leitura e, como nenhum dos conselheiros se manifestasse contrário a essa solicitação, pediu à Presidência que considerasse a ata aprovada. Antes de o Presidente manifestar-se, porém, o conselheiro João Paulo Capobianco formulou um pedido de retificação da ata, justificando-o no fato de não constar desse documento ter sido indeferido o caráter de urgência da matéria encaminhada por ele na reunião a que se referia a ata. Depois de o Secretário Executivo informar que qualquer pedido de retificação poderia ser encaminhado à Secretaria Executiva no prazo regulamentar de quarenta e oito horas, esse mesmo conselheiro declarou ser sua intenção informar os companheiros 'que a matéria a ser apreciada nessa 28ª plenária é a mesma à qual foi negado o caráter de urgência na 91ª Reunião Ordinária. Depois de o Secretário Executivo reiterar dever esse pedido ser encaminhado por escrito, o conselheiro Mário Mantovani declarou que pretendia encaminhar uma questão de ordem, após o que o Secretário Executivo explicou não ser oportuno esse tipo de encaminhamento naquele momento, uma vez que o procedimento de aprovação da ata ainda não havia sido concluído. Declarou este conselheiro ser seu desejo apenas contribuir para o desenvolvimento dos trabalhos e, com esse objetivo, propunha que se pedisse aos responsáveis pelos "batuqueiros" que cumpram o acordo que eles haviam feito com a polícia de ficarem em silêncio, pois, caso contrário, tornar-se-ia impossível dar continuidade aos trabalhos. O Secretário Executivo declarou ter a Presidência solicitação à Assessoria Militar que coordenasse essa questão e, em seguida, com a finalidade de submeter à apreciação dos conselheiros, iniciou a leitura do trecho da ata da 91ª Reunião Plenária que reproduzia o pedido de inserção encaminhado pelo conselheiro Roberto Santana. O conselheiro João Paulo Capobianco solicitou que, em virtude do baru1ho insuportável que se fazia naquele momento e que não permitia entender-se o que estava sendo dito, se suspendesse a reunião até que o ruído provocado pelos manifestantes diminuísse. Depois de o Secretário Executivo declarar ter constatado que havia cessado o barulho, de reler o texto inserido na ata e de reiterar a solicitação ao Plenário para que se manifestasse a esse respeito e, como nenhum dos conselheiros se pronunciasse, ele informou ter sido o pedido de inserção, portanto, aprovado. O conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira declarou terem sido encaminhadas outras solicitações de inserção nessa mesma ata e o Secretário Executivo informou não terem elas chegado à Secretaria Executiva. Depois, respondendo à pergunta formulada pelo

Ambiente - Consema de 26 de maio de 1994. Dr. Édis Milaré ...Esta reunião foi secretariada por mim, Germano Seara Filho, Secretário Executivo do Consema. Depois de ler a pauta

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 1 de 42

    Ata da Reunião da 28ª Reunião Extraordinária do Plenário do Conselho Estadual do Meio Ambiente - Consema de 26 de maio de 1994.

    Realizou-se, no dia 26 de maio de 1994, às 13:30 horas, na Secretaria do Meio Ambiente, na rua Tabapuã, 81, 1º andar, a 28ª Reunião Extraordinária do Plenário do Conselho Estadual do Meio Ambiente-Consema, à qual compareceram os seguintes conselheiros: Dr. Édis Milaré, Presidente do Conselho, Dalva Christofoletti Paes da Silva, João Affonso Oliveira, Michele Consolmagno, Amauri Daros Carvalho, Roberto Arnt Sant'Ana, Sérgio Henrique Dimitruk, João Roberto Rodrigues, Dalmo José Rosalém, Otaviano Arruda Campos Neto, Eleonora Portella Arrizabalaga, Sílvia Morawski, Jorge Simão Júnior, Adalton Manso, Clélia Maria Toledo Pizza, Mário Orlando de Carvalho, João José Barrico de Souza, Walter Goóoy dos Santos` Daniel Fink, José Alberto Siepierski, Waldir Mantovanni, João Paulo Capcobianco, Condesmar Fernandes de OIiveira, Roberto Saruê, Ricardo Ferraz, Mário Mantovanni, Beloyanis Bueno Monteiro, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, Maria Helena Orth, Lúcia Osório Nogueira. Esta reunião foi secretariada por mim, Germano Seara Filho, Secretário Executivo do Consema. Depois de ler a pauta da reunião, ao submeter à aprovação a Ata da 91ª Reunião Ordinária, o Secretário Executivo solicitou ao Plenário que dispensasse a sua leitura e, como nenhum dos conselheiros se manifestasse contrário a essa solicitação, pediu à Presidência que considerasse a ata aprovada. Antes de o Presidente manifestar-se, porém, o conselheiro João Paulo Capobianco formulou um pedido de retificação da ata, justificando-o no fato de não constar desse documento ter sido indeferido o caráter de urgência da matéria encaminhada por ele na reunião a que se referia a ata. Depois de o Secretário Executivo informar que qualquer pedido de retificação poderia ser encaminhado à Secretaria Executiva no prazo regulamentar de quarenta e oito horas, esse mesmo conselheiro declarou ser sua intenção informar os companheiros 'que a matéria a ser apreciada nessa 28ª plenária é a mesma à qual foi negado o caráter de urgência na 91ª Reunião Ordinária. Depois de o Secretário Executivo reiterar dever esse pedido ser encaminhado por escrito, o conselheiro Mário Mantovani declarou que pretendia encaminhar uma questão de ordem, após o que o Secretário Executivo explicou não ser oportuno esse tipo de encaminhamento naquele momento, uma vez que o procedimento de aprovação da ata ainda não havia sido concluído. Declarou este conselheiro ser seu desejo apenas contribuir para o desenvolvimento dos trabalhos e, com esse objetivo, propunha que se pedisse aos responsáveis pelos "batuqueiros" que cumpram o acordo que eles haviam feito com a polícia de ficarem em silêncio, pois, caso contrário, tornar-se-ia impossível dar continuidade aos trabalhos. O Secretário Executivo declarou ter a Presidência solicitação à Assessoria Militar que coordenasse essa questão e, em seguida, com a finalidade de submeter à apreciação dos conselheiros, iniciou a leitura do trecho da ata da 91ª Reunião Plenária que reproduzia o pedido de inserção encaminhado pelo conselheiro Roberto Santana. O conselheiro João Paulo Capobianco solicitou que, em virtude do baru1ho insuportável que se fazia naquele momento e que não permitia entender-se o que estava sendo dito, se suspendesse a reunião até que o ruído provocado pelos manifestantes diminuísse. Depois de o Secretário Executivo declarar ter constatado que havia cessado o barulho, de reler o texto inserido na ata e de reiterar a solicitação ao Plenário para que se manifestasse a esse respeito e, como nenhum dos conselheiros se pronunciasse, ele informou ter sido o pedido de inserção, portanto, aprovado. O conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira declarou terem sido encaminhadas outras solicitações de inserção nessa mesma ata e o Secretário Executivo informou não terem elas chegado à Secretaria Executiva. Depois, respondendo à pergunta formulada pelo

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 2 de 42

    conselheiro João Paulo Capobianco, o Secretário Executivo afirmou que a proposta de aprimoramento da ata por ele formulada, desde que encaminhada por escrito à Secretaria Executiva no prazo regulamentar de quarenta e oito horas, seria inserida na ata dessa 28ª Reunião Extraordinária e apresentada ao Plenário na reunião em que for submetida à aprovação. Em seguida fez as seguintes comunicações: ter a Secretaria Executiva recebido uma série de documentos contendo manifestações de apoio e de desagrado à implantação da usina hidrelétrica de Tijuco Alto, cujo EIA/RIMA será apreciado nessa reunião pelo Conselho, e que, como sua grande quantidade impossibilitava a leitura de todos, seriam nomeadas apenas algumas das entidades e instituições que as encaminharam, passando a enunciá-las: Rotary Clube, Associação de Moradores, CNBB Regional Sul de São Paulo, CUT, Movimento dos Ameaçados pelas Barragens, Ordem dos Advogados do Brasil. Nessa oportunidade o conselheiro João Paulo Capobianco perguntou se a manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil era de apoio ou de desagrado e o Secretário Executivo declarou que se tratava de uma manifestação de apoio e que havia sido enviada pela Ordem dos Advogados do Brasil seção de Apiaí. Em seguida colocou a seguinte questão: que, regimentalmente, falam nas reuniões do Conselho apenas os seus membros, mas ter-se tornado uma praxe conceder-se também a palavra, em determinadas ocasiões, a pessoas e representantes de órgãos, entidades e instituições que manifestam possuir algum tipo de interesse pelo empreendimento; que muitas pessoas que se encontravam presentes na reunião possuíam interesse em manifestar-se em relação ao EIA/RIMA do empreendimento objeto de apreciação dessa plenária, entre elas parlamentares, prefeitos, representantes de movimentos da sociedade civil etc.; que, por este motivo, a Mesa propunha a seguinte organização para essa primeira fase dos trabalhos: primeiramente ser feita, como de praxe, a apresentação da matéria pelo empreendedor pela equipe que elaborou o EIA-RIMA, e, a seguir, ocorrerem os pronunciamentos; que essas manifestações poderiam acontecer, se o Plenário assim concordasse, do seguinte modo: conceder-se-iam quinze minutos aos parlamentares, o mesmo tempo aos representantes do Poder Executivo e de entidades da sociedade civil. Manifestou-se, então, o conselheiro João Paulo Capobianco fazendo a seguinte proposição: apesar de ser importante a questão que acabava de ser colocada pelo Secretário Executivo, considerava sua discussão prejudicada, em virtude do pedido de adiamento, que fazia naquele momento em nome das entidades ambientalistas com assento no Conselho, da análise da matéria prevista para ser apreciada naquela reunião, pois, se o pleito que ora formulava fosse aceito, a discussão sobre a organização dos trabalhos poderia ocorrer na reunião que apreciará esse assunto. Em seguida, o Secretário Executivo por duas vezes consecutivas indagou ao conselheiro se ele estava encaminhando uma questão de urgência a ser inserida na pauta e, respondendo, esse conselheiro declarou que não, pois estava encaminhando uma questão regimental que impedia o Consema de deliberar sobre o empreendimento naquele momento e sobre a qual, se lhe fosse permitido, não só poderia argumentar com os conselheiros como também estes poderiam ser esclarecidos pela Assessoria Jurídica; declarou ainda que, na hipótese de os motivos apresentados pelos representantes de entidades ambientalistas demonstrarem-se equivocados, poder-se-ia, então, passar a discutir os critérios de forma e tempo da participação nessa plenária. O Secretário Executivo declarou entender que se tratava de uma questão de ordem, afirmando esse conselheiro discordar dessa interpretação, pois as questões dessa natureza são dirimidas pelo Presidente do Conselho e aquela que ora formulava não podia ser assim conceituada, porque não existiam dúvidas quanto ao fato de ter o Conselho Estadual do Meio Ambiente cometido um erro de encaminhamento. Declarou o Secretário Executivo, por mais duas vezes, que questões sobre erro de encaminhamento implicavam em interpretação do regimento e que,

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 3 de 42

    consequentemente, se configurava como questão de ordem a proposição formulada pelo conselheiro, o que tornava necessária a manifestação do Presidente sobre a correição ou não dessa interpretação. Mais uma vez o conselheiro João Paulo Capobianco declarou pretender que o Plenário se manifestasse sobre sua proposta, após o que, atendendo à solicitação feita pelo Secretário Executivo, o Assessor Jurídico, Dr. Augusto Miranda, ofereceu o seguinte esclarecimento: que o Artigo 35 do Regimento do Consema estabelece que toda dúvida sobre sua interpretação e aplicação, ou relacionada com a discussão da matéria, deve ser considerada questão de ordem; que, em face de clareza do texto, não restava a menor dúvida de que a questão encaminhada pelo ilustre, conselheiro constituía uma questão de ordem, na medida em que ele propunha a apreciação, pelo Plenário da matéria que era objeto daquela reunião. Oferecidos esses esclarecimentos e depois de o Secretário Executivo solicitar ao conselheiro João Paulo Capobianco que formulasse claramente a questão de ordem, este conselheiro fez o seguinte pronunciamento: que todos os conselheiros presentes e todas as pessoas que haviam acompanhado o processo de tramitação do Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto sabiam que, dada a amplitude dos impactos que serão provocados por esse empreendimento e o fato de ele, além de abranger mais de um município em mais de um Estado, atingir um território considerado patrimônio estadual pela Constituição do Estado, como é o Vale do Ribeira e a região lagunar, a Fundação SOS Mata Atlântica encaminhara, de acordo com a Resolução Conama nº 09, de 3 de dezembro de 1987, publicada no Diário Oficial da União em 5 de julho de 1990, uma solicitação de que fosse realizada audiência pública para o empreendimento Tijuco Alto e que igualmente fosse feita, sobre ele, uma reunião na cidade de São Paulo; que se tornava importante esclarecer que esse ofício havia sido protocolado na Secretaria do Estado do Meio Ambiente dois dias após a publicação da Resolução Conama, tornando-se necessário explicar que só com a publicação desse documento, não bastando apenas sua aprovação, esse tipo de proposição obtinha amparo legal; que, portanto, dois dias após essa publicação a entidade Fundação SOS Mata Atlântica pedira a realização de uma audiência pública, justificando esse pedido no que estabelece o artigo 2º dessa resolução, que diz o seguinte: "Sempre que julgar necessário, ou quando solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público ou por cinqüenta ou mais cidadãos, o órgão do meio ambiente promoverá a realização de audiência pública"; que, igualmente, através desse ofício, essa instituição solicitara a realização de audiência pública na cidade de São Paulo; que, além de não ter sido oferecida nenhuma resposta a esse pedido, o qual fora protocolado, este documento foi encaminhado ao Secretário do Meio Ambiente e não ao Conselho Estadual do Meio Ambiente; ter decidido, posteriormente, este Conselho: Deliberação Consema 2O/91, de 28 de junho de 1991 quais os EIA/RIMAs que seriam objeto de audiências públicas e que, entre eles, incluía-se aquele que se referia à Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto; que se garantiu, desse modo, a realização da audiência pública sobre o EIA/RIMA desse empreendimento, apesar de ter sido prejudicado o pedido encaminhado pela Fundação SOS Mata Atlântica de realização de uma audiência pública também na Cidade de São Paulo terem-se seguido a esse diversos outros ofícios, como consta do Memorando 020/94 encaminhado pela Assessoria Jurídica da SMA ao Presidente do Conselho e cuja cópia foi encaminhada aos conselheiros; que essa Assessoria, ao fazer um histórico do processo de solicitação de realização de audiência pública na cidade de São Paulo para esse empreendimento, cometia um erro, e uma impropriedade que prejudicavam o entendimento dessa questão e sua análise pelos conselheiros, pois, .ao citar e listar, na página 2, todos os documentos, mencionava que, na reunião do Conselho de 6 de maio de 1994, o conselheiro João Paulo Capobianco com mais onze membros desse Colegiado solicitaram que entrasse em regime de urgência a apreciação do pedido de

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 4 de 42

    realização de uma audiência pública na cidade de São Paulo, não tendo sido aprovado esse pedido; que o não-atendimento dessas inúmeras solicitações chegava a um impasse quando, nesse documento, a Assessoria Jurídica utilizava-se do artigo 4º, que estabelece que "As audiências públicas de empreendimentos ou atividades sujeitas a EIA/RIMA poderão ser realizadas a qualquer momento do processo de análise e tramitação do Estudo de Impacto Ambiental na Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, antes da apresentação ao Consema do parecer técnico final por ela elaborado", para considerar preclusa a solicitação para realização de novas audiências públicas para o EIA/RIMA desse empreendimento, uma vez que se encontrava esgotada a fase de análise desse documento, em virtude de já terem sido apresentados ao Consema o parecer técnico correspondente e a respectiva súmula, faltando tão somente a esse órgão deliberar sobre a matéria no âmbito de sua competência institucional; que, entretanto, os pedidos enviados ao Plenário para que deliberasse sobre a propriedade ou não da realização/o dessa audiência pública, embora tenham obedecido a forma regimental, por escrito e protocolados pela Secretaria Executiva, não havia sido dado a eles o encaminhamento correto; que a Assessoria Institucional incorria em uma impropriedade na análise que elaborava, na medida em que julgava estar invalidado o encaminhamento ocorrido na última reunião baseando-se no argumento de não ter sido feita anteriormente nenhuma solicitação; que, no afã e no açodamento de elaborar esse parecer, lamentavelmente não haviam sido consultadas as atas deste Conselho, que relatavam dois momentos em que este conselheiro, juntamente com o conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira, haviam feito intervenções nesse sentido; que, apesar de possuir pequena importância, um trecho da ata da 63ª Reunião Plenária Ordinária, na página 10, contém indícios de ter tido este conselheiro a preocupação em discutir essa questão de forma adequada, aberta e transparente, ao relatar que "o conselheiro João Paulo Capobianco solicitou que lhes sejam fornecidas as informações sobre a situação dos EIA/RIMAs dos seguintes empreendimentos: Porto Primavera, Tijuco Alto e Capivarimonos"; que essa solicitação havia sido por ele feita com o objetivo de conhecer o trâmite interno do processo para assim poder discutir, com o Plenário, a questão da audiência pública em São Paulo; que a ata da 82ª Reunião Ordinária do Plenário tornava mais transparente ainda esta preocupação do conselheiro, quando afirma: "Em seguida, o Secretário Executivo leu o pedido para se realizar uma audiência pública na cidade de São Paulo sobre o EIA/RIMA do empreendimento "Obra/s de Aproveitamento Hidrelétrico Tijuco Alto" e leu, imediatamente depois, a resposta oferecida pelo Secretário do Meio Ambiente a um ofício que fazia a mesma solicitação"; que a leitura desse trecho da ata podia. oferecer o entendimento que, ao ter tomado conhecimento do pedido formulado e do parecer oferecido pela Secretaria contrário à realização da audiência pública em São Paulo, o Plenário deliberara pela sua não-realização, mas que esta interpretação cai por terra ao se ler o parágrafo seguinte que afirma: "Interveio, em seguida, o conselheiro João Roberto Rodrigues, solicitando que lhe fosse permitido oferecer um depoimento e, ao ver atendida a sua solicitação, informou que deveria ser feita uma homenagem ao conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira por ter tido comportamento exemplar na audiência pública sobre o EIA/RIMA das "Obras de Aproveitamento Hidroelétrico Tijuco Alto", realizada na cidade de Ribeira. E declarou que, apesar de ter sido alvo de hostilidades por grande número dos presentes nessa audiência pública, esse conselheiro deu uma demonstração de estar à altura das exigências do seu mandato. Em seguida, depois de receber os aplausos do Plenário, o conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira teceu as seguintes observações: apesar de ter sido muito importante a audiência pública realizada em Ribeira, por ter tudo oportunidade de se manifestar a comunidade local, lembro que gostaria de ver cumprida a situação prevista na deliberação sobre audiências

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 5 de 42

    públicas de serem realizadas audiências em locais que mesmo indiretamente sejam afetados pela obra, possibilidade essa que torna ainda mais democrático esse procedimento, razão pela qual Dr. Édis Milaré apoiou sua inserção na deliberação de forma enfática na época da sua elaboração"; que esse relato retratava a questão mais séria, pois, depois de ter solicitado fosse essa reivindicação das entidades ambientalistas discutida em outra reunido, esse conselheiro solicitara também outros dados e, procedendo assim, reiterara o pedido, formalmente e por escrito, de que esse assunto fosse discutido pelo Plenário; que este conselheiro formulou essa solicitação em 6 de agosto de 1993, vários meses, portanto, antes da conclusão do parecer técnico do DAIA; que o Plenário não teve a oportunidade de discutir a matéria e, com a intenção de impedir e evitar o que ocorria naquele momento, os representantes das entidades ambientalistas encaminharam, na forma regimental, mais uma vez, essa questão através de um pedido, assinado por um terço desse Conselho, de inclusão em pauta de forma extraordinária, o qual não havia sido aprovado; que, por todos esses motivos, os representantes de entidades ambientalistas foram surpreendidos ao receberem a convocação desta reunião com o objetivo de discutir o EIA/RIMA desse empreendimento, sem que antes lhes houvesse sido concedida a oportunidade de apresentar ao Conselho as razões que os levaram a acreditar que seria melhor e mais adequado, para a comunidade local, a de São Paulo e para o empreendedor, que esse Estudo fosse objeto de uma audiência pública nesta Capital. oferecidos esses esclarecimentos, manifestou-se o Presidente do Conselho solicitando que, antes de dirimir essa questão, o Assessor Jurídico, Dr. Augusto Miranda, oferecesse sustentação à posição adotada pela Secretaria do Meio Ambiente, em virtude de ter sido citado o parecer que a continha. Em sua manifestação Dr. Augusto Miranda fez as seguintes afirmações: ser datado de 9 de julho de 1990 o primeiro pedido formulado pela Fundação SOS Mata Atlântica para a realização de uma audiência pública na cidade de São Paulo para o EIA/RIMA do empreendimento Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto; determinar a Deliberação Consema que regulamenta as audiências públicas deverem esses procedimentos ser realizados no município ou área de influência da obra; ser a realização de audiências públicas na capital do Estado de São Paulo uma exceção e uma faculdade a ser deferida quando e se houver necessidade; ter a audiência pública realizada na cidade de Ribeira cumprido estritamente as determinações legais e atendido especificamente a deliberação este Conselho que trata da realização de audiências públicas sempre no local do empreendimento; encontrar-se igualmente relatado, no documento a que o conselheiro João Paulo Capobianco fez referência, o pedido encaminhado pelo conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira de realização de uma audiência pública nesta Capital; ter sido lida nessa oportunidade a resposta oferecida em ofício, calcada em uma manifestação da Assessoria Institucional da SMA, a qual, além de ter sido acolhida pelo Secretário, não foi objeto de qualquer divergência ou discrepância, tendo sido, ao que parece, objeto de consenso, por não ter havido nenhuma manifestação em contrário e também não ter sido a matéria colocada em votação; reiterar que a realização de audiência pública no Vale do Ribeira e em Cerro Azul cumpriu exatamente aquilo que dispõe a regulamentação da matéria; que, se realizasse a audiência pública tão somente na capital do Estado de São Paulo, como pleiteado em 1990 pela Fundação SOS Mata Atlântica, estar-se-ia descumprindo o mandamento regimental que determina seja ela feita no local de maior impacto do empreendimento. Oferecidos esses esclarecimentos interveio o conselheiro João Paulo Capobianco declarando serem incorretas as informações oferecidas, apesar da admoestação feita pelo Secretário Executivo de não serem permitidos apartes à fala do Presidente, quando este dirime uma questão de ordem. O conselheiro João Paulo Capobianco reafirmou sua posição, alegando ser importante a informação que tinha a oferecer para que o Presidente não dirimisse a

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 6 de 42

    questão baseado em um equívoco. Mais uma vez o Secretário Executivo informou ir essa atitude do conselheiro de encontro àquilo que é estabelecido pelo Regimento, tendo esse conselheiro afirmado ser o regimento um instrumento destinado a garantir a democracia na participação dos membros do Conselho, os quais são distinguidos como prestando importantes serviços ao Estado. Interveio o Presidente afirmando sentir-se completamente esclarecido para dirimir a questão de ordem e que qualquer nova informação poderia ser dispensada. Em virtude da nova tentativa de intervenção. feita por este conselheiro e da polêmica que teve lugar entre ele e o Secretário Executivo sobre a oportunidade ou não de manifestações naquela ocasião, o Presidente do Conselho declarou estar a reunião suspensa por cinco minutos. Retomados os trabalhos, o Presidente teceu as seguintes considerações: ser seu principal objetivo dirimir, conforme determinação regimental, a questão de ordem suscitada pelo conselheiro João Paulo Capobianco; reiterar, em primeiro lugar, que, efetivamente, em diversas oportunidades, a começar por aquele pedido protocolado em 1990, ainda na gestão do Secretário Jorge Wilheim, vários pedidos de audiência pública haviam sido formulados; receberem todos, com exceção desse encaminhado em 1990, uma resposta; ser apócrifa a maioria dos requerimentos que aportaram à SMA solicitando audiência pública em São Paulo, os quais, muitas vezes, arrolavam uma série de entidades, entre elas a Fundação SOS Mata Atlântica; por respeitar os nomes referidos nesses documentos, ofereceu a todos uma resposta a despeito de a maioria ter sido encaminhada de forma irregular; não possuir a pretensão de achar que a resposta oferecida foi a melhor que poderia ser dada, mas ter feito questão de responder todos os ofícios exatamente com o objetivo de propiciar a essas entidades a oportunidade de adotarem as medidas pertinentes, caso se sentissem prejudicadas; ter tido a preocupação de pedir, em relação a esse último pedido subscrito por várias entidades capitaneadas pelos conselheiros João Paulo Capobianco e Mário Mantovani e encaminhado na última reunião do dia 6 de junho, à Assessoria Institucional que elaborasse um parecer e o encaminhasse não só aos subscritores daquele pedido mas a todos os conselheiros deste egrégio Colegiado; deixarem claro, tanto a deliberação estadual que cuida da realização das audiências públicas quanto a Resolução Conama nº 9, de 3 de dezembro de 1987, em mais de um passo, a oportunidade de se pleitear audiência pública e que o artigo 5º deste último documento esclarece qual a função desse procedimento ao dizer que "a ata das audiências pública e seus anexos servirão de base, juntamente com o RIMA, para análise e parecer final do licenciador"; ter sido,' portanto, totalmente extemporâneo o pedido encaminhado pelos dois representantes de entidades ambientalistas acima citados na última reunião, pois, caso fosse apontada, nessa oportunidade, alguma irregularidade formal no processo de análise do EIA desse empreendimento, não mais haveria tempo para saná-la; considerar dirimida, desse modo, a questão de ordem formulada pelo conselheiro João Paulo Capobianco, por entender que, legalmente, esse procedimento já foi realizado na cidade de Ribeira, ao qual esteve presente o não menos ilustre conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira; informar encontrarem-se à disposição, na Secretaria Executiva' do Consema, todos os documentos pertinentes para que possam resguardar os seus direitos aquelas entidades que se sentirem prejudicadas. Em seguida, o conselheiro Condesmar, Fernandes de Oliveira interveio encaminhando uma questão de ordem e afirmando que parágrafo 4º do Regimento Interno, ao normatizar a audiências públicas, afirma que "Se a área de influência da obra ou atividade abranger dois ou mais municípios, a Secretaria do Meio Ambiente ou o Consema poderá, através de deliberação, convocar mais de uma audiência pública, podendo ser realizada também na capital do Estado. Depois de obter do conselheiro a resposta que a audiência pública a que ele se referia dizia respeito ao EIA/RIMA do empreendimento Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, o Secretário

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 7 de 42

    Executivo declarou já ter sido dirimida essa questão de ordem pelo Presidente. Interveio o conselheiro João Paulo Capobianco encaminhando outra questão de ordem e declarando que ela dizia respeito a um equívoco contido no Memorando AI 02O/94, elaborado pela Assessoria Institucional da SMA e encaminhado ao Dr. Édis Milaré, que, a mão e de próprio punho, nele escrevera: "A Secretaria Executiva do Consema para informar aos interessados", o qual havia sido encaminhado a todos os conselheiros como subsídio para esta reunião. Depois de o Secretário Executivo informar ter o Presidente já declarado que todo o erro existente poderia ser reparado na Justiça, através da postulação de todos aqueles que se sentissem prejudicados, o conselheiro João Paulo Capobianco fez as seguintes observações: constituírem as questões de ordem um recurso para que sejam respeitados os membros deste Conselho, uma vez que elas contribuem para o cumprimento do regimento e para que a verdade dos fatos venha à tona; ser um conselheiro eleito pelas entidades ambientalistas, referendado pelo Governador do Estado, motivo por que não podia admitir que, no exercício do seu mandato, se visse impedido de formular uma questão de ordem necessária para o esclarecimento da verdade; não ter interesse em ir à Justiça contra este Conselho, mas, pelo contrário, contribuir para que ele não incorresse em erros e, portanto, não viesse a ser objeto de interpelações judiciais; considerar-se-ia irresponsável, enquanto conselheiro, se calasse diante das inverdades que estavam sendo ditas, as quais impediriam o Conselho de deliberar com a sobriedade necessária. Em seguida, depois de o Secretário Executivo informar-lhe que deveria encaminhar a questão de ordem, este conselheiro declarou referir-se ela a um documento oficialmente encaminhado pela Secretaria Executiva, assinado pelo maior responsável pela gestão ambiental do Estado, Dr. Édis Milaré, o qual continha um erro em relação ao qual os membros do Plenário deveriam ser esclarecidos; em seguida, passou a ler o trecho do documento que dizia que, "em 3 de janeiro de 1994, a Secretaria Executiva do Consema, através do ofício Consema 1º/94, havia informado ter a Assessoria reafirmado sua posição anterior de que não cabia ao Consema manifestar-se sendo por provocação dos seus membros", omitindo, entretanto, esse documento, já haver um membro desse Conselho promovido essa provocação, fato este que constava de uma ata aprovada em reunião ao relatar o seguinte: "Após a leitura do documento encaminhado pelo Proterra, assinado por diversas entidades, do parecer da assessoria jurídica dizendo que não cabia audiência pública, o conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira solicitou que essa reivindicação das entidades ambientalistas seja discutida em outra reunião". Em seguida, solicitado pelo Presidente, o Assessor Institucional prestou os seguintes esclarecimentos: ter sido retirado do contexto e visto isoladamente o trecho do documento lido pelo conselheiro João Paulo Capobianco, afirmando que, "em 19 de outubro de 1993, a mesma Proterra encaminhou novo ofício ao Consema, acusando recebimento do parecer desta assessoria institucional e reiterando o pedido de audiência pública na capital"; ter a Assessoria Institucional dito, naquela ocasião, não caber ao Consema manifestar-se senão por provocação de seus membros, e terem as entidades ambientalistas pleno direito de requerer a um conselheiro que apresentasse ao Plenário o seu pedido, o que não havia até então ocorrido, pois o ofício do Proterra é de 19 de outubro e a reunião a que se referia o conselheiro Condesmar Fernandes de Oliveira ocorreu em 6 de agosto de 1993. Em seguida o Presidente do Conselho declarou ratificar as informações oferecidas pelo Assessor Institucional e o conselheiro João Paulo Capobianco perguntou se o Plenário, uma vez consciente sobre a necessidade de realização de mais uma audiência pública, não poderia requerê-la mesmo com o parecer já concluído. Solicitado pelo Presidente do Consema, o Assessor Institucional esclareceu ter a audiência pública "stricto sensu" a finalidade de informar ao órgão incumbido do licenciamento ambiental a respeito dos impactos ambientais causados pelo empreendimento, razão

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 8 de 42

    por que, após a conclusão do parecer, ocorre a preclusão, como analogamente aconteceria para a pretensão de se reabrir, na segunda instância, a fase probatória. O Presidente do Conselho ratificou as informações que acabavam de ser oferecidas e solicitou que se deixassem de lado as questões acessórias e periféricas e se passasse a examinar a questão central dessa plenária, declarando ainda que, em virtude dos motivos jurídicos que foram expostos mais de uma vez nessa reunião, não se convocará audiência pública em São Paulo, pelo menos por ordem da Secretaria do Meio Ambiente. Interveio o conselheiro João Paulo Capobianco, encaminhando a seguinte questão de ordem: que, desconhecendo o fato de terem sido encaminhados formalmente pedidos para que fosse realizada uma audiência pública na cidade de São Paulo, fato este que se encontrava registrado em ata, o Presidente apegava-se ao argumento de já ter sido concluído o parecer sobre o EIA/RIMA da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, sem se lembrar que, em épocas mais democráticas, precisamente no dia 10 de novembro de 1989, por ocasião da 46ª Reunião Ordinária, apesar de igualmente a Secretaria do Meio Ambiente ter concluído o parecer técnico sobre o Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório do empreendimento Duplicação da Rodovia dos Imigrantes. este Conselho deliberara que fosse realizada um audiência pública; que este fato pertencia à história do Conselho, cuja publicação havia-se tornado possível em virtude do esforço dispendido por Dr. Édis Milaré; que, por ter participado dessa história, oferecia o testemunho que, mesmo com o regimento. em contrário, convencera-se o Plenário sobre a importância da audiência pública para aquele empreendimento, o que ocorreu de forma democrática e soberana; que, realizada a audiência pública, o empreendimento fora aprovado e os representantes de entidades ambientalistas aceitaram democraticamente este fato, pois as regras do jogo haviam sido respeitadas; que não estava utilizando subterfúgios para impedir a deliberação sobre Tijuco Alto, apesar das centenas de argumentos que possuía contra esse empreendimento, mas que estava lutando pelo seu direito e dever de garantir a democracia neste Colegiado que está a serviço da sociedade e que era, em nome dela, que se justificava sua participação. O Presidente do Conselho manifestou-se, declarando já ter afirmado que, se houvesse algum prejuízo, as portas da instância adequada por certo abrigariam os pleitos, e que, como havia dito muito bem o Assessor Jurídico, existem audiências públicas legalmente obrigatórias para informar o parecer final, mas que é possível realizar-se tantas audiências públicas quantas se queiram. Interveio o conselheiro Antonio Pinheiro Pedro expondo os seguintes pontos de vista: nenhum prejuízo seria causado se o Plenário se pronunciasse acerca dessa questão; ser garantido constitucionalmente o apelo às instâncias judiciais aquele que se sentir prejudicado, mas não competia a esse Colegiado lançar essa questão e, sim, deliberar favorável ou contrariamente sobre esse pleito. Depois de o Secretário Executivo informar já ter o Presidente dirimido essa questão de ordem, o conselheiro João Paulo Capobianco argumentou ser o Plenário soberano e constituir um direito líquido e certo seu, enquanto conselheiro, discutir este tema com o Colegiado. Solicitado pelo Secretário Executivo, o Dr. Augusto Miranda ofereceu as seguintes informações: ser competência do Secretário Executivo decidir de acordo com o regimento; encontrar-se o Plenário igualmente adstrito ao regimento aprovado, a menos que formalmente o modifique e altere, mas que, enquanto isso não ocorrer, ele tem de se submeter aos termos regimentais por ele mesmo aprovados e aplicá-los do modo como se encontram expressos; não existirem disposições que permitam a delegação de uma competência, que é do presidente, a menos que ele o faça e, ao proceder assim, estará agindo anti-regimentalmente, transferindo para o Plenário decisões que lhe são diretamente afetas pelo regimento. Em seguida. depois das ponderações formuladas pelo conselheiro João Paulo Capobianco acerca da sua dificuldade em aceitar que o Secretário do Meio Ambiente, depois de ter assinado

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 9 de 42

    ofícios contrários ao empreendimento, privasse o Plenário de discutir um assunto que fora formalmente encaminhado e em não se constituir sua proposição uma questão de ordem, Dr. Augusto Miranda declarou que reiterava suas afirmações anteriores por não considerar possível o Presidente declinar da sua competência e deferir ao Plenário, a menos que o queira, a decisão acerca dessa questão, pois, nos expressos termos regimentais, a competência para decidir questão de ordem pertence ao Presidente. E, depois de mais uma intervenção do conselheiro João Paulo Capobianco protestando contra a afirmação de constituir uma questão de ordem o encaminhamento que havia feito, Dr. Augusto Miranda fundamentou o seu ponto de vista com os seguintes argumentos: ser a matéria da ordem do dia a apreciação do empreendimento usina hidrelétrica de Tijuco Alto; ficar totalmente prejudicada a inserção de novas matérias, mesmo que digam respeito ao empreendimento, uma vez que o Plenário havia decidido, soberanamente, apreciar, nesta reunião, exclusivamente o EIA/RIMA do empreendimento Usina Hidroelétrica do Tijuco Alto e que, se acatada a proposição do conselheiro, esse objetivo não seria alcançado porque se teria de realizar uma audiência pública. O Presidente do Conselho interveio, reiterando mais uma vez aquilo que o Assessor Jurídico acabara de colocar, ou seja, que o Presidente está sujeito a um regimento e enquanto ele não for modificado igualmente a ele estará sujeito o Plenário. Em seguida, ocorreu uma troca de pontos de vista entre o Secretário Executivo e o conselheiro João Paulo Capobianco em torno do pedido por este formulado para que fosse incluído na pauta da próxima reunião o pedido de realização de audiência pública em São Paulo para a discussão do empreendimento Tijuco Alto. E, em virtude de o Secretário Executivo ter declarado não poder assegurar o atendimento desse pedido, uma vez que a pauta é elaborada por ele juntamente com a presidência, o conselheiro leu o artigo 7º do Regimento Interno que afirma "Seção 2 - Do Secretário Executivo são atribuições do Secretário Executivo convocar, organizar a Ordem do Dia e assessorar as reuniões do Conselho". Interveio, em seguida, o Presidente do Conselho declarando o seguinte: que, embora dispensável, deliberaria mais uma vez, pois, para tudo, segundo a lei, tem um momento adequado; que havia dito mais de uma vez estar concluída a análise do EIA/RIMA desse empreendimento e que, por unanimidade, o Conselho havia convocado esta reunião para exclusivamente discuti-lo; que as questões de ordem pertinentes à audiência pública já haviam sido definitivamente julgadas, que ninguém é obrigado a acertar sempre e que os meios de impugnação existem, só que a seu tempo, a seu modo e na sua forma; e que a questão de ordem se encontrava definitivamente encerrada. O conselheiro João Paulo Capobianco indagou mais uma vez ao Secretário Executivo se o pedido que havia feito de inclusão na pauta da próxima reunião seria ou não atendido e, como este respondeu que as questões de ordem já haviam sido dirimidas, o conselheiro indagou se teria de aceitar tornar-se eterna a cassação que ora lhe era feita. Solicitou, em seguida, que constasse da ata dessa reunião tudo o que até então havia sido discutido, inclusive os esclarecimentos oferecidos para dirimir as questões de ordem, e que lhe fosse enviada cópia da fita com a gravação deste trecho da reunião e, se fosse necessário, se submetesse à apreciação do Plenário esse requerimento. O Presidente do Conselho declarou estar deferido esse pedido não só para o conselheiro que o havia formulado, mas para toda entidade ambientalista legitimamente constituída que quiser ter acesso a esses dados. O Secretário Executivo informou ter sido proposto anteriormente que, depois da apresentação da matéria pelo empreendedor e pela equipe que elaborou o EIA/RIMA, se o Plenário assim permitisse se concederia quinze minutos aos representantes dos três diferentes grupos presentes, ou seja, parlamentares, prefeitos e representantes da sociedade civil. Nessa oportunidade, mais duas propostas foram encaminhadas, uma de autoria dos conselheiros Mário Mantovani e Condesmar Fernandes de Oliveira, que sugeria fossem concedidos igualmente

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 10 de 42

    quinze minutos aos representantes da comunidade científica e mais quinze minutos aos representantes da comunidade ambientalista, e outra de autoria da conselheira Eleonora Arrizabalaga, que sugeria fosse acrescentada à proposição da Mesa apenas representantes da comunidade científica. Em seguida, depois de a Mesa abrir mão de sua proposta em favor daquela encaminhada pela conselheira Eleonora Arrizabalaga, foram colocadas em votação as duas proposições: aquela que sugeria fosse concedida a palavra a quatro grupos parlamentares, prefeitos, representantes da sociedade civil e da comunidade científica e a segunda, que incluía, além desses grupos, a comunidade ambientalista. A primeira proposta obteve vinte e um votos favoráveis e a segunda, dez votos. Interveio o conselheiro João Paulo Capobianco apresentando uma questão de ordem sobre o encaminhamento dado à votação, declarando que, por falta de clareza, ele e todos os representantes das entidades ambientalistas haviam votado na proposta vitoriosa, o que contribuiu para a derrota daquela de autoria do próprio grupo. Igualmente o conselheiro Daniel Fink informou não ter sido suficientemente esclarecido sobre 'o processo de votação. Propôs, então, o Assessor Jurídico, Dr. Augusto Miranda, que, como não existia nenhum interesse em excluir quem quer que fosse, que se refizesse a votação e, novamente, a apreciação das duas propostas ,a os e adotar esse procedimento, verificou-se que a proposta de se concederem quinze minutos a cada um dos quatro grupos parlamentares, prefeitos, representantes de entidades da sociedade civil e representantes da comunidade científica obteve dezessete votos e aquela que, além desses grupos, propunha que se concedesse também a oportunidade de se manifestar aos representantes da comunidade ambientalista, onze votos. O conselheiro João Paulo Capobianco solicitou que se registrasse em ata o fato de a segunda proposta ter perdido, na segunda votação, por um menor número de votos que na primeira. Em seguida, o Secretário Executivo concedeu a palavra ao empreendedor, Senhor Antonio Ermírio de Moraes, que, grosso modo, teceu as seguintes considerações: reconhecer, em primeiro lugar, que não é dono da verdade; em segundo lugar, que produzir sem poluir é dever de todos; e, em terceiro lugar, que se encontra na reunião como um homem humilde e que igualmente assim compareceu à audiência pública de Ribeira, que durou cinco horas, e àquela que ocorreu em Cerro Azul, que se estendeu por quatro horas; considerar importante lembrar o que foi dito por Mahatma Gandhi sobre os sete pecados capitais que destruíram a sociedade, dos quais acredita merecerem três uma especial atenção: os que dizem respeito à ciência sem humanidade, ao capital sem trabalho e ao conhecimento sem sabedoria; passar a elencar os motivos que levaram a Companhia Brasileira de Alumínio-CBA a investir nesse empreendimento hidrelétrico; o fato de o Brasil, em matéria de petróleo, encontrar-se mal servido, uma vez que este recurso se encontra no mar por baixo de uma lâmina de água de quinhentos metros, no mínimo, o que o torna um produto caro; acontecer o mesmo em matéria de gás natural. 20% do qual se encontram no Oriente Médio, 35%, na antiga Rússia, e 10%, no continente africano; que, em relação ao carvão mineral, 35% se encontram na antiga Rússia, 30%, nos Estados Unidos, e 1O%, no continente africano; que, em relação ao urânio, 35% estão nos Estados Unidos, 25%, no Canadá, e 10%, na África do Sul; que, desse modo, em matéria de capacidade energética, só resta para o Brasil a parte hídrica, da qual dispõe de 10% da totalidade mundial, que são dois bilhões e cem milhões de kilowatts; produzir o Brasil, por ano. um milhão e cem mil toneladas de alumínio aproximadamente, dos quais a CBA produz 20%, ou seja, duzentas e vinte mil toneladas; 66% desse um milhão e cem mil toneladas de alumínio são produzidos no Estado do Pará com energia subsidiada e a CBA jamais admitiu um kilowatt de energia subsidiada; que, para se produzir uma tonelada de alumínio no Primeiro Mundo, em firmas organizadas e modernas, gastam-se quinze mil kilowatts/hora por tonelada; receber o setor de alumínio do Estado de São Paulo energia da

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 11 de 42

    concessionária Eletropaulo, a 30 mil o kilowatt/hora, enquanto o setor do Nordeste, mais claramente a Albrás, uma empresa 100% da Vale do Rio Doce com os japoneses, recebe o kilowatt/hora a 11 mil; que a Alumar, por sua vez, um consórcio multinacional no qual estão principalmente a Alcoa e Billington, recebe a 17 mil; que a energia recebida no Pará para a indústria de alumínio representa 14 mil por kilowatt/hora e a CBA, em São Paulo, 30 mil por kilowatt/hora; já ter dito nas duas audiências públicas realizadas, e repetirá nessa, reunião, que não pretende pedir empréstimo ao Banco do Estado de São Paulo e, muito menos, ao Banco do Estado do Paraná, pois fará esse empreendimento com recursos próprios; que, se autorizada essa obra de Tijuco Alto, serão necessários, no mínimo, cinco a seis anos para ser implantada, e isso representa um investimento muito pesado; que, como já afirmou em Ribeira e em Cerro Azul, os ambientalistas terão orgulho desse empreendimento; que se encontra nesse setor de hidroeletricidade há quarenta e um anos, produzindo energia elétrica e construindo usinas, sete delas ao longo do Rio Juquiá e uma no Rio Açungui; que, se se sobrevoar a Serra do Paranapiacaba, cinqüenta quilômetros de ponta a ponta, não se encontrará uma árvore derrubada, por ser feita uma fiscalização rigorosa na mata, não sendo permitidos caçadores, medida essa que tem evitado, durante todo esse tempo, a ocorrência de um incêndio naquela mata; admitir terem sido cometidos erros no primeiro EIA/RIMA elaborado, o qual foi refeito, e que esse segundo Estudo envolveu noventa e três pessoas com grau universitário, entre os quais dezesseis engenheiros civis, treze biólogos, onze arquitetos, cinco sociólogos, dois historiadores, dois advogados e assim por diante; que, uma vez concluída a usina e havendo condições de se industrializar Ribeira ou Adrianópolis ou Cerro Azul, a CBA lá estará presente com outras atividades; ser o ideal produzir para o consumo interno, criando riqueza aqui dentro e exportar apenas o suficiente, para que o Brasil tenha um saldo razoável na balança comercial; dever ser dada toda atenção possível ao fato de o urânio oferecer riscos, pois os cientistas, considerando que um belo dia a energia nuclear cairá por terra, produziram em laboratório uma ameaça mundial, causada pelo enriquecimento do urânio; que, além dessa ameaça de contaminação, o plutônio constitui a matéria-prima para a fabricação da bomba atômica; e que, se o Brasil não tiver possibilidade de explorar o seu potencial hídrico, estará condenado à morte, não em decorrência de câncer no pulmão provocado pelos resultados do enriquecimento do urânio, e muito menos da explosão atômica, mas causada pela fome. Concluído esse pronunciamento, o conselheiro João Paulo Capobianco solicitou que, em virtude de um compromisso assumido em Brasília para dali a algumas horas, o cientista Aziz Ab'Saber não mais poderia permanecer na reunião e propunha que, caso o Plenário concordasse, se saísse da organização previamente estabelecida e se concedesse a palavra a esse cientista. Como nenhum conselheiro se manifestasse em contrário, o cientista Aziz Ab'Saber teceu, grosso modo, as seguintes considerações: pertencer a uma comunidade que faz uma espécie de fala híbrida entre cientistas e professores, mas que pretendia ser o mais claro possível e dizer que o que se encontrava em jogo não era um terrorismo ambiental, como havia dito o empreendedor por meio de um discurso completamente fora de propósito em termos da pauta da reunião, com a intenção de fugir da questão que estava sendo apreciada; depender a análise de um projeto da identificação de alguns elementos básicos: dos sistemas que serão impactados, .as condições gerais do espaço ecológico, dos fluxos vivos da natureza e das populações residentes; ser mais importante garantir o capital terra para aqueles que residem na região do que pensar que as populações terão algum trabalho daqui a sete ou oito anos; ser o problema da terra tão importante quanto todos aqueles referidos no discurso do empreendedor, principalmente levando-se em conta o fato de sua posse não ter sido legalizada; ser fácil propor um projeto muito implantação, os quais, aliás, são bem conhecidos na ilha do Maranhão,

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 12 de 42

    na Amazônia e em outros lugares; encontrar-se em discussão a identificação dos fatores que causarão impactos e dos sistemas que serão impactados, inclusive aquele que é o mais fundamental de todos, a sociedade humana; ser fundamental para a história do país a história de uma empresa, e a história do grupo que pertence ao Dr. Antonio Ermírio de Moraes possui uma tradição importante, pois foram fazendeiros e se utilizaram de um ponto "fall line" ou seja, de uma linha de queda do Estado de São Paulo' no momento em que os rios saem dos terrenos cristalinas e cristalofianos e entram para a depressão periférica;- ter este grupo recebido, quando da passagem da Light para o Brasil, por aquisição e sem conhecimento da sociedade, uma serra cristalina, um canyon, um mini-refúgio de flora de clima seco, cactáceas e bromélias ilhadas no meio de matas lá no alto da serra; possuir sérias dúvidas sobre democracia deste Conselho e discordar do fato de o RIMA de uma hidrelétrica, que é importante para instalação de uma empresa e, consequentemente, para a economia nacional avaliado em termos das comunidades residentes a ser metodologia de previsão de impactos; discordar também realização de audiência pública para esse empreendimento em apenas uma pequena cidade, pois, se continuar assim, um dia se determinará que a instalação de uma grande hidrelétrica da Amazônia seja discutida em Gurupá e em obtidos com as prefeituras que lá existem; protestar, enquanto Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e como homem de bom senso que veio a este Conselho discutir problemas muito importantes para o seu Estado, para o Vale do Ribeira e para o país, contra a atuação deste Conselho; ter discordado violentamente do Senhor Jorge Wilheim na Assembléia Legislativa e voltar a discordar agora da prática imposta a este Conselho. Foi concedida a palavra, em seguida, ao Dr. Armando Gallo, membro da equipe que elaborou o EIA RIMA, para que, juntamente com o Dr. Carlos Américo, comentassem os detalhes técnicos do projeto. Ambos teceram, grosso modo, as seguintes considerações: que já na década de 50, a antiga Light, através da Cobast, realizou estudos visando o suprimento da futura necessidade energética da Grande São Paulo e terem esses estudos abrangido trechos do Ribeira; que já nessa década Tijuco aparecia como um dos empreendimentos de cascata; ter-se constituído um consórcio, na década de 60, entre empresas norte-americanas, canadenses e brasileiras para realizar o inventário hidroenergético de todo o Brasil, inclusive da região Leste e Sul, contemplando a Bacia do Ribeira; ter esse inventário da Canambra confirmado a proposição da Light, com exceção do último levantamento de Registro que foi descartado, e ter-se constituído a cascata apresentada por Eldorado, Descalvado, Tijuco e Mato Preto com uma área inundável de quinhentos quilômetros quadrados nesses quatro aproveitamentos; enquanto essa proposição ficou engavetada outros aproveitamentos mais atraentes propostos pela Canambra foram desenvolvidos e o Ribeira ficou aguardando sua vez; a visão da Cobast, da Light e da própria Canambra tiveram como finalidade exclusivamente maximizar o potencial energético do trecho do Ribeira; na década de 80, com a criação do Ceiguape, e já tendo os movimentos ambientalistas ganhado expressão no território nacional, a CESP considerou por bem reestudar o Ribeira, a partir de uma filosofia ambientalista e da concepção do uso múltiplo dos recursos hídricos do Ribeira; a partir dessa perspectiva, surgiram as novas barragens, com áreas de inundação reduzidas em torno de 50%, contemplando três alternativas: cinco, quatro e três barramentos; não constituir Tijuco Alto uma invenção do empreendedor, mas uma obra já consagrada pela engenharia internacional, na época da Light, e pela nacional, pois todas as alternativas de divisão de queda do Ribeira se articulam em Tijuco, ponto obrigatório e atraente para o empreendimento hidrelétrico; além de ser interessante para o empreendedor do ponto de vista da produção energética, Tijuco Alto contemplará a aspiração do Vale, o uso múltiplo desse recurso e, particularmente, o controle de enchentes, uma aspiração da população dessa região; como a Bacia do Ribeira é aberta e

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 13 de 42

    descontrolada, ela possui, por este motivo, limitações e méritos no controle das enchentes; além de proporcionar o controle de enchentes, Tijuco é o local ideal para a regularização de vazões do rio, o que viabilizará as obras de jusante da CESP, que preservarão o meio ambiente por serem barragens baixas; não possuir essa obra a finalidade única de fornecer energia para um empreendimento industrial, pois essa energia será também injetada na linha conectada ao sistema interligado da Eletrobrás, trabalhando com as regras operativas dessa empresas como se fosse uma usina de Furnas, da CESP ou da CEMIG; ser objetivo do EIA atender à legislação ambiental, possibilitar um entendimento melhor sobre a região do Alto do Ribeira e propiciar, com isso, um planejamento que' mitigue e atenue impactos negativos e potencialize os positivos; ter-se dado em duas etapas a elaboração do EIA: a primeira entregue à Secretaria do Meio Ambiente em 1989, cuja análise sugeriu uma série de complementações, as quais foram entregues durante todo o ano de 1991; a segunda etapa configurou-se pela entrega, à Secretaria do Meio Ambiente, de mais uma série de complementações pedidas durante os anos de 1992 e 1993; que essas complementações, constituíram conjuntos densos de levantamento de campo sobre a região do Tijuco Alto e a área de influência do empreendimento, ou seja, um verdadeiro inventário do ponto de vista do conhecimento, de diagnóstico da região, algo inexistente até então e só comparável com alguns trabalhos que o Ipats fez há mais de quinze anos sobre a região do Alto do Ribeira com a preocupação de combater à pobreza; conter este Estudo uma introdução, a caracterização do empreendimento, uma discussão das alternativas tecnológicas e locacionais, os planos e programas governamentais; ser a parte essencial do estudo o diagnóstico da região, a análise de impactos ambientais e, particularmente, o plano de manejo ambiental; ter o diagnóstico constatado possuir essa região características bastante distintas daquelas que tradicionalmente constituíam a sua imagem e também daquela que constitui o Baixo Ribeira; ser o grande bem natural dessa região seu patrimônio espeleológico, e não sua cobertura vegetal; encontrar-se a maior parte desse patrimônio localizada na região chamada Ribeirão do Rocha, na parte mais alta e, portanto, fora da área de inundação; ter sido esse patrimônio cadastrado, durante a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, e registrado na Sociedade Brasileira de Espeleologia; que como o grosso da ocupação do Ribeira nesse trecho se encontra próximo às margens do rio, se fizer um barramento na cota trezentos, ou se fizerem dois barramentos, um de altura menor e outro de divisa numa outra cota, os efeitos e as conseqüências, sobretudo para as populações ribeirinhas, serão muito similares, dada à condição de vale encaixado; ter sido produzida, através de uma metodologia de matrizes de impacto, uma avaliação de todos aqueles que serão ocasionados nas diversas etapas do empreendimento, a partir da qual foi produzido um plano de manejo ambiental, que se compõe de uma série de recomendações de caráter preventivo e construtivo e cuja essência são os programas ambientais e o plano de monitoramento para o enchimento e controle de eventuais acidentes; serem os principais impactos provocados sobre a qualidade da água; serem os impactos causados sobre a estrutura fundiária e o deslocamento da população resultado da extinção de seiscentos e trinta e nove estabelecimentos rurais na área do, reservatório, com deslocamento de mais ou menos duas mil e quinhentas pessoas, ou quinhentos e noventa domicílios; que o deslocamento da população será realizado antes do enchimento da área do lago; que o afluxo de população provocará também impacto nas cidades de Ribeira e Adrianópolis, o que modificará a qualidade de vida, e que, para mitigá-los, estão sendo propostos programas ambientais que contemplam, inclusive, a geração de emprego. Fornecidos esses esclarecimentos, o Secretário Executivo informou que passaria a conceder a palavra aos parlamentares presentes, os Deputados Estaduais Ivan Valente, Ricardo Trípoli, Antenor Chicarino, Kilsen Crisóstomo e os vereadores

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 14 de 42

    Gilberto da Veiga, José Benedito Dória e Odilon Guedes. o primeiro expôs os seguintes pontos de vista: ter esperanças em que o poder econômico não será indutor da decisão do Conselho; não ser legítima a defesa de que as audiências públicas ocorram apenas nos locais do empreendimento, pois há precedentes sobre a realização de novas audiências públicas depois de concluída a análise do EIA/RIMA do empreendimento; ser política a polêmica existente em torno desse empreendimento, uma vez que sua implantação causará danos irreversíveis à maioria população que vive na região; não Ter o Governo definido ainda o projeto energético para o Estado, ou seja, se termelétrico, hidroelétrico ou formado por mini-usinas nucleares; não se terem notícias de que as sete barragens construídas no Rio Juquiá pelo Dr. Antonio Ermírio de Moraes tenham acarretado o progresso para essa região, pois ela continua sendo uma das mais pobres do Estado de São Paulo; e ter este ilustre empresário declarado recentemente, em uma manifestação na FIESP, ser favorável a mini-usinas hidrelétricas de 10 megawatts, por não precisarem, para sua implantação, de EIA/RIMA, porque este instrumento atrapalha o progresso, e que discorda desse ponto de vista, por representar esse Estudo uma relevante conquista da modernidade e da Constituição brasileira. O Deputado Ricardo Trípoli fez o seguinte pronunciamento: que possui uma especial preocupação com as prefeituras do Vale do Ribeira, pois todos os projetos por ela realizados e que são voltados para a questão ambiental encontram-se "represados" na Assembléia Legislativa, como, por exemplo, projetos sobre recursos hídricos, sobre as multas aplicadas pela Cetesb, sobre gerenciamento costeiro, acerca da política estadual do meio ambiente, o qual estabelece regras para a questão ambiental em todo o Estado de São Paulo; que se revolta em constatar que o governo do Estado mantém ainda o esquema do clientelismo, obrigando os prefeitos a correrem atrás dos empresários para conseguir recursos para instalação de creches e postos de saúde e para a aquisição de viaturas; que a maioria dos prefeitos que se encontram nesta reunião esteve na Assembléia Legislativa para a aprovação do projeto da cota-parte do ICMS de 5%, através do qual o Governo destinava 5% aos municípios agricultáveis e ao qual foi proposta uma emenda para que fossem dados 2% aos municípios que detêm restrição ambiental, tendo o Governo reduzido essa alíquota para 0.5%. O Deputado Estadual Antenor Chicarino fez o seguinte pronunciamento: ser incompreensível que o Estado não tenha cumprido com a sua parte antes de deliberar ou dar apoio a qualquer projeto para o Vale do Ribeira, pois seria necessário, antes de adotar qualquer medida, implantar o macrozoneamento desta região; existirem projetos de lei sobre essa questão, aos quais, como foi dito pelo deputado Ricardo Tripoli, não é dado andamento; existirem, aproximadamente, dezoito usinas cujas construções foram iniciadas e, depois, interrompidas, e que talvez fosse mais adequado incorporá-las ao "pool. energético, ao invés de se construir uma outra e provocar todo o impacto ambiental aqui descrito; não ter o EIA/RIMA sobre esse empreendimento oferecido respostas para o problema do depósito dos metais pesados, das várias espécies que serão destruídas e do desequilíbrio de toda uma cadeia alimentar de cuja' sobrevivência depende a espécie humana. Manifestou-se, em seguida, o Deputado pelo Estado do Paraná, Kilsen Crisóstomo, expondo os seguintes pontos de vista: acreditar que os parlamentares que o antecederam não tenham conhecimento sobre a região com a mesma profundidade que têm os filhos do Vale do Ribeira; ter discutido esse projeto com os políticos da região, com as entidades não governamentais, e terem concluído que, do vale que será inundado pela represa de Tijuco Alto, nada mais restam senão morros, escarpas e áreas desmatadas; que fala em nome de todos os prefeitos do Vale do Ribeira dos dois Estados, do Paraná e de São Paulo, que aqui se encontram presentes; que o Governo do Estado do Paraná criou uma lei garantindo quarenta e cinco milhões de dólares pela venda das ações da Copel para a pavimentação dos trechos Bocaiúva até o Sul de Adrianópolis e Rio Branco do

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 15 de 42

    Sul até o município de Cerro Azul; e que a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Paraná ofereceu um parecer favorável a esse relatório há um ano atrás, precisamente em 20 de maio de 1993. Em seguida, o vereador do município de Registro, Gilberto da Veiga, fez o seguinte pronunciamento: enquanto Presidente da União dos Vereadores, que congrega dezesseis câmaras municipais de toda a região do Vale do Ribeira, declara o apoio amplo e irrestrito de todos esses vereadores a este projeto, por objetivar a melhoria das condições de vida da população ribeirinha; que as pessoas que se manifestam aqui contrariamente à sua implantação moram na capital e desconhecem totalmente o que acontece na região, a realidade local, a condição de miserabilidade do povo e são contra o emprego e a criação de melhores condições de vida; que, se este projeto for implementado em conjunto com os de Itaoca e Funil, principalmente naquela camada do Baixo Ribeira, que atinge Iporanga, Eldorado, Registro, Sete Barras e até Iguape, poderá ocorrer um controle completo das enchentes; que, se esses projetos forem aprovados, poderá ocorrer o aproveitamento agrícola das várzeas do Baixo Ribeira, e esta região poderá vir a se tornar, no futuro, um celeiro agrícola para abastecer a Grande São Paulo; que hoje não existem condições para a agricultura, porque as enchentes anuais e as grandes enchentes decenais destrõem tudo; que esta obra é de interesse da classe política, dos vereadores, è não de meia dúzia de ecologistas de gabinete que sobrevivem de recursos externos e que hoje se manifestam contrários a que sejam criadas melhores condições de vida naquela região. Interveio, nesse momento, o Presidente do Conselho, declarando que, por se tratar de um Conselho de Estado, tem voz apenas os conselheiros, e que, entretanto, com o objetivo de se ser transparente, de se poder discutir à exaustão este projeto, foi propiciada a oportunidade a vários segmentos de se manifestarem, mas ser lamentável que dos pronunciamentos partam agressões a quem quer que seja; que esta postura não convém a ninguém como também não convém a um debate elevado. Concluído esse pronunciamento, o Secretário Executivo concedeu a palavra ao Vereador pelo município de Ribeira, José Benedito Dória, que, em linhas gerais, teceu os seguintes comentários: que convive com a juventude dos dois municípios onde vai ser construída a barragem; que essa população não mais agüenta ficar abandonada, e que, quando alguém quer investir na região para matar a fome daqueles que vão pedir comida, os que desaprovam essa atitude têm de conhecer a realidade; que, em Ribeira, não há mais postos de gasolina, não há mais bancos, tudo está fechado e só existem casas abandonadas; ser este o depoimento de um professor com vinte e seis anos de carreira no magistério e que trabalhou a vida inteira dentro dos municípios de Ribeira e Adrianópolis. Manifestou-se, em seguida, o Vereador Odilon Guedes, que, grosso modo, expôs os seguintes pontos de vista: que triste é o país que depende de políticos que vinculam o desenvolvimento de uma região ao investimento de um empresário; que o Vale do Ribeira não se desenvolveu até hoje porque o Governo do Estado não investiu nessa região não resolveu os problemas lá existentes; que os pontos de vista de Dr. Antonio Ermírio de Moraes alicerçam-se em uma equação matemática orientada por rendimentos e lucros, mas que considera constituir a questão principal saber se a construção de uma usina vai resolver, efetivamente, os problemas do Vale do Ribeira; enquanto professor de economia brasileira e de história constata que o Estado sempre se dobra aos interesses do grande capital, e ser esta a questão que se encontra por trás dessa celeuma; que o Estado deve abandonar essa postura, pois não será uma usina que resolverá os problemas existentes naquela região. Concluído esse pronunciamento, o Secretário Executivo informou que passaria a conceder a palavra aos Senhores Prefeitos Nivaldo Enio Costa, do Município de Cerro Azul, Luís Antonio Dias de Oliveira, do Município de Ribeira, Osmilton Alan Leme, do Município de Barra do Chapéu, e José Mendes, do Município de Registro. Em seu pronunciamento, Dr. Nivaldo Enio Costa teceu as seguintes

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 16 de 42

    considerações: ter vindo de sua cidade Cerro Azul, que o Ribeira banha, a flor da laranjeira perfuma e que Nossa Senhora da Guia abençoa, impulsionado pelo seu povo, que deseja uma decisão para a sua região, e veio até o Conselho em busca de soluções, informações e, acima de tudo, de um consenso; e que, se os nobres conselheiros decidirem pela represa, seu povo saberá conviver com ela, por 'ser um povo valente, que sabe enfrentar situações, resolver problemas, sem agressões, sem hostilidades, com os braços fraternos abertos e, acima de tudo, com a mente altaneira. Em seguida, o prefeito do Município de Ribeira ofereceu o seguinte depoimento: que desde 1977 se vive em torno da polêmica sobre a construção da hidrelétrica de Tijuco Alto, em relação à qual, por muito tempo, ficou apreensivo, pois desconhecia que repercussões e impactos ela provocaria; que, depois de conhecer o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório do Meio Ambiente, entendeu ser prevista a correção de diversos impactos, cuja grande maioria é mitigável, por se encontrar o Rio Ribeira encaixado entre montanhas, o que contribui, inclusive, para ser mínima a extensão que será alagada; que conhece a população há cinqüenta e dois anos, conhece todas as casas e casebres e sabe que se trata de um povo que há muito tempo espera os investimentos estatais que nunca vê que se vive um momento de recessão mundial e não se pode ser indiferente ao interesse de uma empresa privada em construir um empreendimento que vai gerar, aproximadamente, dois mil empregos diretos e indiretos; que, apesar de alguns empregos serem temporários, será resolvida parte dos problemas, pois a população está hoje morrendo de fome, de doenças e de verminose; que essa construção formará um lago de 52,8 quilômetros quadrados, o qual se constituirá em um grande pólo turístico, o qual gerará empregos permanentes; que apela para o sentimento humanitário e cristão dos conselheiros, para que dêem alegria a essa população, aprovando a hidrelétrica Tijuco Alto, que, no mínimo, amenizará a desgraça, a fome e a miséria. Em seguida, o Prefeito do Município de Barra do Chapéu, Sr. Osmilton Alan Leme, fez o seguinte pronunciamento: que, há quatro anos, mora no município de Barra do Chapéu, um município recém criado, e que sempre ouviu falar que o Governo nada fez para a região, mas nunca ouviu alguém comentar um fenômeno chamado recessão , cuja receita para combatê-lo chama-se ação privada; que Tijuco Alto não se constituirá na solução de todos os problemas, mas é o caminho, o começo, porque nada chega ao fim sem um começo; que o único impacto que existe na região chama-se fome, que dói muito, principalmente quando se é administrador de um município e se vê a população passar fome por falta de trabalho; que, por esses motivos, pede ao Conselho que ajude o seu povo a mitigar a fome e a miséria aprovando esse empreendimento. Em seguida foi concedida a palavra ao Prefeito do Município de Registro, Sr. José Mendes, que, grosso modo, teceu as seguintes considerações: que não lhe interessa se a CBA vai duplicar a produção de alumínio, mesmo que isso signifique maiores divisas para o país e mais empregos, pois o que lhe interessa de fato é a regularização das enchentes no Baixo Ribeira; que todo ano essa região vive o trágico problema das enchentes assolando as lavouras, invadindo as residências dos caiçaras, fazendo com que percam aquele pouco que tinham para sobreviver com um mínimo de dignidade; ter sido distribuído um folheto declarando que o empreendimento gerará prostituição, mas que esse mal já existe em Registro pela falta do trabalho; que esse empreendimento, além de gerar empregos, formará um parque que, com o turismo, gerará "royalties", assim como as usinas do Juquiá geram-no para as cidades que fazem parte daquela bacia; que o Baixo Ribeira está solidário com esse empreendimento, tendo conhecimento de que os cuidados com a parte ambiental serão tomados, razão por que faz um apelo aos senhores conselheiros que votem favoravelmente à implantação dessa obra. Passou-se, então, à etapa em que se manifestariam os representantes da sociedade civil. Inicialmente, foi concedida a palavra a Padre

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 17 de 42

    Efrahim, que, em linhas gerais, teceu as seguintes considerações: que o empreendimento do Sr. Antonio Ermírio, como as barragens da CESP, Itaoca, Funil e Batatal, `não traz para o Vale, o desenvolvimento que se espera, pois a região tem de ser desenvolvida para os pequenos proprietários; que barragens não resolverão os problemas de saúde, de educação e de saneamento básico existentes nessa região; que não existe nenhum projeto de desenvolvimento elaborado pelas Prefeituras e pelas Secretarias, como o macrozoneamento por exemplo, que resolva a questão fundiária, o que constituiria o começo de um efetivo desenvolvimento para o Vale do Ribeira; que as barragens serão interligadas e que, portanto, aprovar Tijuco significará aprovar também as outras barragens que inundarão a região onde atualmente mora a sua comunidade; que se tem o direito à terra garantido pela Constituição, no artigo 68, razão por que são ilegítimas as ameaças de desapropriação; que moradores da região vieram em quatro ônibus trazendo crianças que estão com fome, frio e sono, pois dormiram no pátio desta Secretaria que nem a porta abriu para abrigá-los. Em seguida manifestou-se o Sr. Antonio Tocha, que, grosso modo, fez os seguintes comentários: que há quarenta e oito anos vê miséria e fome e observa chegarem à região ambientalistas apresentando uma receita para ela; que reconhece ser importante o papel dessas pessoas na sociedade, mas gostaria que elas compreendessem o direito dos habitantes da região ao desenvolvimento; que, em um seminário do qual participou há pouco tempo, foi dito, por especialistas no assunto, que, se a indústria brasileira aumentar a produção em apenas 3,7, não haverá energia suficiente para o parque industrial; que, quando um empreendedor particular resolve colocar o seu dinheiro numa região carente, numa região necessitada, algumas pessoas se arvoram o direito de deduzir não ser adequado esse tipo de desenvolvimento para a região, mas entende que são os que nela habitam que devem saber o tipo de progresso que lhes serve; ser injusto que os habitantes do Vale do Ribeira continuem testemunhando o desenvolvimento do Estado de São Paulo, com exceção da sua região que vive à margem desse processo; que os prefeitos dessa região recebem diariamente, em suas casas, chefes de família chorando, perdendo a dignidade que têm, por um pão ou por um prato de comida; que, em nome dos habitantes dessa região pede, com toda humildade, que aprovem esse sonho, pois todo povo tem o soberano direito de ser feliz e ninguém tem o de destruí-lo. Em seguida, ocorreu a manifestação do Sr. Noel Castelo, representante do Movimento Nacional de Atingidos por Barragem e coordenador representante da região Sudeste, que, em linhas gerais, fez o seguinte pronunciamento: que, como morador do Vale do Ribeira, gostaria de frisar não ser contra o desenvolvimento, apenas entender que um verdadeiro desenvolvimento integra projetos discutidos com a comunidade, e não projetos de gabinetes de Secretarias, que a ela são impostos; ter conhecimento de pareceres elaborados pela Cetesb e por outros órgãos competentes demonstrando a inviabilidade desse projeto; que concorda com o ponto de vista emitido nessa reunião de ter sido o Governo Collor responsável pelo achatamento da renda e pelo alto nível de desemprego no país, entretanto te certeza de não terem sido os pequenos trabalhadores e agricultores que o elegeram, e, sim, setores do empresariado; que um dos argumentos utilizados em defesa do empreendimento baseia-se na premissa de que ele gerará empregos. e que o seu posicionamento contrário a ele igualmente se baseia na defesa do "ganha pão" daqueles que vivem da pesca e que serão prejudicados com a sua implantação; que se utiliza de um dos argumentos usados por Dr. Édis Milaré em um artigo que publicou na "Revista dos Advogados", o de que "a natureza morta não serve para o ser humano". Em seguida, o Secretário Executivo concedeu a palavra ao Sr. Antonio Lisboa, que, em linhas gerais, expôs os seguintes pontos de vista: pretender referir-se especificamente à área correspondente a Tijuco Alto, região muito íngreme, com montanhas enormes, impraticável para agricultura e para a pecuária; ser a indústria de cimento a

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 18 de 42

    produção possível de aí se viabilizar, a qual igualmente afetaria o meio ambiente; inexistirem propostas de instalação de indústrias, a não ser Tijuco Alto, razão por que mais de 90% da população defende a sua implantação; valer mais a vontade de quem mora no local, onde será implantado o projeto, do que a daqueles que sequer conhecem a região; ser necessário também declarar que a população do Vale do Ribeira sabe preservar, pois não só conserva o PETAR, como o Parque Jacupiranga e a área do litoral. Em seguida, ocorreu o pronunciamento da Senhora Priscila Siqueira, que, grosso modo, teceu os seguintes comentários: que, pela primeira vez, chega ao Conselho um EIA/RIMA sem uma precisa definição por parte do DAIA; que, entre os aspectos que não foram analisados e sobre os quais não existem análises definitivas, encontram-se a contaminação da água, a segurança da caverna calcária que será inundada e a possibilidade de representar esse empreendimento uma porta aberta para as novas represas da CESP que, há um tempo, o grupo que ora se posiciona contra o empreendimento era chamado de revolucionário e comunista e que hoje ele recebe a alcunha de reacionário por ser contra essa obra por razões semelhantes àquelas que o leva a ser contra o pólo petroquímico de Cubatão, que, apesar de ser o município mais desenvolvido e com a maior renda per capita da América Latina, suas crianças nascem sem cérebro e os homens que aí moram não se aposentam, porque morrem antes de completar trinta anos de trabalho. Depois de uma troca de pontos de vista entre os conselheiros João Paulo Capobianco e Dalva Christofoletti sobre a legitimidade ou não, em base de um acordo estabelecido no início da reunião, de ser o tempo concedido a Sra. Priscila Siqueira utilizado por outra pessoa, acordou-se em se fazer essa concessão, fazendo uso dela o representante do Sindicato da Água, Esgoto e Meio Ambiente, José Ângelo Patrizi Jorge, que, grosso modo, teceu os seguintes comentários: que se ateria a um único ponto, o episódio do laudo fornecido pela Cetesb, sobre o qual várias matérias haviam sido publicadas no jornal do sindicato de cuja diretoria participa; que essas matérias comentaram a interferência do empresário Antonio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, nesse órgão, com vistas a pressionar os técnicos que elaboraram esse laudo, o qual havia sido solicitado pela Secretaria do Meio Ambiente para avaliar o impacto ambiental que será provocado por esse empreendimento; terem esses estudos concluído que a construção dos reservatórios acarretaria, entre outros danos, o aumento da contaminação por metais pesados; ter esse empresário não só discordado desse parecer como também declarado .ter sido esse laudo oficioso elaborado pelo terceiro escalão da Cetesb"; que, ao se apresentar aqui diante do Conselho, esse empresário falou sobre humildade, embora não tenha sido essa sua postura quando pressionou o Presidente da Cetesb para que fosse elaborado um outro laudo, um laudo "fajuto". Em seguida, passou-se à etapa na qual se manifestariam os representantes da comunidade científica, pronunciando-se, em primeiro lugar, o Professor Célio Bergman, que, inicialmente, respondendo uma pergunta formulada pelo conselheiro Daniel Fink, afirmou que se manifestaria na condição de assessor do Movimento dos Ameaçados pelas Barragens do Rio Ribeira. Em seguida` fez as seguintes afirmações: que, no parecer por ele elaborado, pede a reprovação do EIA/RIMA desse empreendimento, baseando-se nos seguintes aspectos: na fragilidade da argumentação, na falta de consistência das conclusões e recomendações e na não-satisfação da exigência formulada pelo artigo 9º, parágrafo único, da Resolução Conama nº 1, de 1986, de dever o Relatório de Impacto Ambiental ser elaborado em linguagem acessível a toda a comunidade; que solicita sejam apreciados pelo Conselho os seguintes aspectos: o fato de ser dito nesse documento que o empreendimento efetuará o controle de cheias através de quatrocentos e oitenta milhões de metros cúbicos, que seriam reservados entre as cotas duzentos e noventa e trezentos; o fato de igualmente ser afirmado, às páginas quatorze, que o controle efetivo das cheias do Rio Ribeira de

    mailto:[email protected]

  • GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

    CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

    Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3133-3622 Fax.: (0xx11) 3133-3621 E-mail: [email protected]

    Pág 19 de 42

    Iguape, em Eldorado, somente poderá ser conseguido através de parcelas adicionais de volume de espera em reservatórios acima de Tijuco Alto e em afluentes do rio no trecho considerado e de não existir nenhuma indicação desse tipo de obras nas cabeceiras do Rio Ribeira; estar sendo igualmente submetido à apreciação da SMA um outro documento, o relatório da usina hidrelétrica de Funil, prevendo a impossibilidade de um controle efetivo de cheias; que todos esses dados são indícios de que o problema das enchentes persistirá, tanto é que esse último documento indica a necessidade de se acordar, definitivamente, com o DAEE, órgão responsável pelo controle de cheias na bacia, uma rede e um programa de alerta em harmonia com a operação do reservatório, visando evitarem-se surpresas com possíveis danos para as comunidades locais a jusante; apontarem esses posicionamentos para a necessidade de um plano de defesa civil para as populações localizadas a jusante; existir problema de assoreamento, fenômeno este que será mais' efetivo nos tributários, ou seja, os rios Rocha, Tapirapuã Sete Quedas, Mato Preto, Ponta Grossa, Lageado e Bomba, que podem vir a se transformar em pequenos lagos e, inclusive, tornar inviável o curso natural da água no reservatório; que o problema do assoreamento pode provocar a redução da barragem impedirá o fluxo natural de alguns nutrientes, que, como o fosfato, hoje servem de alimento para a produção da manjuba; ser uma outra questão os sismos induzidos, o que torna necessário que o RIMA apresente um estudo de avaliação de riscos, incorporando, inclusive, alternativas locacionais em função da localização do eixo; dever o RIMA também fazer referência à legislação que prevê o pagamento de royalties às prefeituras e ao Estado; e, por último, que a energia elétrica de oitocentos mil megawatts/hora gerados anualmente para uso exclusivo na produção de alumínio excluirá a possibilidade de essa mesma energia ser oferecida a trezentos e cinqüenta mil famílias, na perspectiva de uma retomada do desenvolvimento. Depois foi concedida a palavra ao Professor Carlos Diegues, que inicialmente declarou não estar representando a Universidade de São Paulo, e, sim, o Centro de Estudos sobre Populações de Áreas Inundáveis, do qual é diretor, tecendo, a seguir, as considerações aqui elencadas: sobre a necessidade de se conceder às populações locais o direito à assessoria de especialistas, por representar esta uma possibilidade de essas populações, que serão impactadas por grandes projetos, terem, à sua disposição, cientistas e pesquisadores, principalmente levando-se em conta o fato de não ser a ciência uma atividade neutra; que se encontra a área do empreendimento no domínio da Mata Atlântica e não serem admissíveis as diferenças aqui postuladas entre o Alto e o Baixo Ribeira; ser o Baixo Ribeira igualmente uma área de extrema importância em termos de sobrevivência das espécies, da biodiversidade e das populações locais, o que comprova a criação, por parte do Estado, de inúmeras estações ecológicas e áreas de proteção ambiental; ser contraditório entre si a criação desses parques e a proibição de a população local tradicional exercer seu modo de vida secular, sem nada destruir; ser incoerente entre si também a implantação de uma obra de grande impacto e a política do Estado de preservação da região; ser inadmissível também estar-se analisando uma única barragem, quando se sabe que outras estão previstas para a região e que os efeitos serão cumulativos; dever ser considerada também a ecologia humana; dever ser proposto para a região um estilo de desenvolvimento mais adaptado às populações locais, que têm na floresta e no meio ambiente seu "ganha pão"; que, além da conservação do modo de vida dos seus moradores e da diversidade biológica, o Vale precisa de um outro tipo de utilização dos recursos, naturais, na perspectiva do que estabelece o atual conceito de conservacionismo, que leva em consideração o aproveitamento `da biodiversidade. Em seguida, o Secretário Executivo informou que se passaria fase de discussão da matéria pelos conselheiros oportunidade em que podem solicitar, seja ao empreendedor, seja à equipe consultora