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 Ambiente economico Global Título : Módulo 1: Uma perspectiva histórica Para que se possa ter uma noção do contexto atual do ambiente econômico, é fundamental que não se perca de vista a perspectiva histórica da questão. Nosso recorte toma como referência os capítulos finais da II Guerra Mundial. 1.1- Bretton Woods Na fase final da II Guerra Mundial, já era evidente que os Estados Unidos da América assumiram com destaque o papel de maior economia do mundo: o país não teve seu território atacado e mantinha seu parque industrial intacto e em rápido crescimento. Porém, com a Europa foi totalmente devastada e sua economia seriamente comprometida, o potencial de escoamento da produção norte americana seria seriamente comprometido. Era necessário tomar medidas que garantissem o fluxo de capital internacional, principalmente por meio do investimento americano na Europa. Assim, em julho de 1944, aconteceram as conferências de Bretton Woods para definir as regras comerciais, monetárias e financeiras que regeriam as relações comerciais internacionais, além da criação de organismos internacionais de controle e assistência: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), tendo os Estados Unidos como principal financiador. Os fundamentos econômicos adotados, que vigoraram entre 1946 a 1973, se baseavam em um esquema de p aridades cambiais ajustáveis baseadas no padrão ouro-dólar: na época, à razão de 34 dólares por onça de ouro. As nações participantes, por sua vez, se comprometiam a manter uma política monetária com taxa de câmbio variando dentro de uma margem mínima (mais ou menos 1%). Acreditava-se que tais medidas garantiriam que o comércio internacional se restabelecesse sem a instabilidade econômica e financeira que paralisaram o capitalismo mundial durante a crise de 1929. A hegemonia econômica dos Estados Unidos permitiu seu estabelecimento como líder de uma economia internacional que se pautava pelo li vre comércio, paz política e o incentivo ao desmonte de barreiras que dificultavam o fluxo internacional de capital, medidas que não apenas consolidavam mas garantiam a posição norte americana nas décadas subsequentes. Com alguns ajustes de trajetória ao longo do tempo, o sistema de Bretton Woods durou até 1973, quando a conjuntura econômica internacional sofreu sensíveis transformações. 1.2- A crise dos anos 1970: os choques do petróleo, o fim do padrão ouro-dólar Diante de um contexto mundial pleno de conflitos militares e com o recrudescimento das relações entre Estados Unidos e União Soviética, que buscavam estender sua influência política o mais rápida e amplamente possível, a partir de agosto de 1971, os norte americanos anunciam unilateralmente que não vão mais honrar o compromisso assumido em 1944 e suspendem o padrão de conversibilidade dólar/ouro. Não houve sucesso nas diversas tentativas em substituir o padrão monetário e a economia internacional volta a enfrentar ameaças a sua estabilidade. A situação torna-se mais grave com os conflitos militares entre Israel (aliado dos Estados Unidos) e os países árabes, produtores de petróleo, de 1973 (a guerra do Yom Kippur). A parte das consequências geo-políticas, o resultado da guerra, favorável a Israel, fez com que os países produtores de petróleo reduzissem sua produção e reajustassem seus preços em mais de 400% em um período de poucos meses. O sistema econômico internacional entra em colapso. Mais de 80 % do petróleo consumido na Europa e 90% no Japão vinham dos países árabes. Lembremos que o petróleo é o combustível utilizado não apenas nos meios de transporte, mas também para o aquecimento de casas e empresas. Assim, europeus e japoneses foram obrigados a racionar combustível, com a proibição parcial de circulação de automóveis e racionamento de energia, com sérias consequências na produção industrial. Embora o alvo principal dos países da OPEP (Organização do Países Produtores e Exportadores de Petróleo) tenha sido os Estados Unidos, o resultado da crise foi de certa forma positivo para a economia norte americana, menos dependente do petróleo importado que japoneses e europeus, seus concorrentes diretos no mercado internacional. As grandes companhias petrolíferas americanas, únicas com condições de bancar os preços no mercado paralelo do petróleo, aumentaram seus lucros em 159% só em 1973. Em contrapartida, Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Líbia, Qatar e Kuwait passaram a fazer

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Título : Módulo 1: Uma perspectiva histórica

Para que se possa ter uma noção do contexto atual do ambiente econômico, é fundamental

que não se perca de vista a perspectiva histórica da questão. Nosso recorte toma comoreferência os capítulos finais da II Guerra Mundial.

1.1- Bretton Woods Na fase final da II Guerra Mundial, já era evidente que os Estados Unidos da Américaassumiram com destaque o papel de maior economia do mundo: o país não teve seu territórioatacado e mantinha seu parque industrial intacto e em rápido crescimento. Porém, com aEuropa foi totalmente devastada e sua economia seriamente comprometida, o potencial deescoamento da produção norte americana seria seriamente comprometido. Era necessáriotomar medidas que garantissem o fluxo de capital internacional, principalmente por meio doinvestimento americano na Europa. Assim, em julho de 1944, aconteceram as conferências deBretton Woods para definir as regras comerciais, monetárias e financeiras que regeriam asrelações comerciais internacionais, além da criação de organismos internacionais de controle e

assistência: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução eDesenvolvimento (BIRD), tendo os Estados Unidos como principal financiador.Os fundamentos econômicos adotados, que vigoraram entre 1946 a 1973, se baseavam emum esquema de paridades cambiais ajustáveis baseadas no padrão ouro-dólar: na época, àrazão de 34 dólares por onça de ouro. As nações participantes, por sua vez, se comprometiama manter uma política monetária com taxa de câmbio variando dentro de uma margem mínima(mais ou menos 1%). Acreditava-se que tais medidas garantiriam que o comércio internacionalse restabelecesse sem a instabilidade econômica e financeira que paralisaram o capitalismomundial durante a crise de 1929.A hegemonia econômica dos Estados Unidos permitiu seu estabelecimento como líder de umaeconomia internacional que se pautava pelo livre comércio, paz política e o incentivo aodesmonte de barreiras que dificultavam o fluxo internacional de capital, medidas que nãoapenas consolidavam mas garantiam a posição norte americana nas décadas subsequentes.

Com alguns ajustes de trajetória ao longo do tempo, o sistema de Bretton Woods durou até1973, quando a conjuntura econômica internacional sofreu sensíveis transformações.

1.2- A crise dos anos 1970: os choques do petróleo, o fim do padrão ouro-dólarDiante de um contexto mundial pleno de conflitos militares e com o recrudescimento dasrelações entre Estados Unidos e União Soviética, que buscavam estender sua influênciapolítica o mais rápida e amplamente possível, a partir de agosto de 1971, os norte americanosanunciam unilateralmente que não vão mais honrar o compromisso assumido em 1944 esuspendem o padrão de conversibilidade dólar/ouro. Não houve sucesso nas diversastentativas em substituir o padrão monetário e a economia internacional volta a enfrentarameaças a sua estabilidade. A situação torna-se mais grave com os conflitos militares entreIsrael (aliado dos Estados Unidos) e os países árabes, produtores de petróleo, de 1973 (a

guerra do Yom Kippur). A parte das consequências geo-políticas, o resultado da guerra,favorável a Israel, fez com que os países produtores de petróleo reduzissem sua produção ereajustassem seus preços em mais de 400% em um período de poucos meses. O sistemaeconômico internacional entra em colapso. Mais de 80 % do petróleo consumido na Europa e90% no Japão vinham dos países árabes. Lembremos que o petróleo é o combustível utilizadonão apenas nos meios de transporte, mas também para o aquecimento de casas e empresas.Assim, europeus e japoneses foram obrigados a racionar combustível, com a proibição parcialde circulação de automóveis e racionamento de energia, com sérias consequências naprodução industrial. Embora o alvo principal dos países da OPEP (Organização do PaísesProdutores e Exportadores de Petróleo) tenha sido os Estados Unidos, o resultado da crise foide certa forma positivo para a economia norte americana, menos dependente do petróleoimportado que japoneses e europeus, seus concorrentes diretos no mercado internacional. Asgrandes companhias petrolíferas americanas, únicas com condições de bancar os preços nomercado paralelo do petróleo, aumentaram seus lucros em 159% só em 1973. Emcontrapartida, Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Líbia, Qatar e Kuwait passaram a fazer

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parte de um conjunto de novos países ricos, cuja renda per-capita anual chegou a 5000dólares.

Questões Resolvidas

1. De acordo com o que você aprendeu até aqui, leia as afirmações e assinale a alternativa

correta:I. Após o fim da Segunda Guerra, já em clima de paz, a Conferência de Bretton Woods criouduas importantes instituições: o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento(Banco Mundial) e o Fundo Monetário Internacional (FMI)II. O fracasso do sistema financeiro criado em Bretton Woods decorreu de seuconservadorismo em adotar uma posição radical a favor crescente fechamento da economiamundial pós-1945III. O acordo de Bretton Woods incluía todos os países aliados da segunda guerra que lutaramcontra os países do eixo (Alemanha, Japão e Italia)

a) somente a afirmação I está corretab) somente a afirmação II está corretac) somente a afirmação III está correta

d) as afirmações I e II estão corretase) as afirmações I e III estão corretas

Resolução: a)Comentário: De fato, tanto o Banco Mundial quanto o FMI foram criados a partir de BrettonWoods, cujos fundamentos visavam a abertura da economia aos fluxos comerciais efinanceiros, de acordo com uma política liberal que admitia a intervenção do Estado paracorreção das distorções mais evidentes. Devemos lembrar que a União Soviética era aliadacontra os países do eixo, mas não participava do acordo por ter uma economia socialista.Assim, apenas a afirmação I está correta.

2. Pode-se afirmar que a crise do petróleo de 1973 resultouI. numa nova ordem econômica mundial em que países subdesenvolvidos passaram a ter um

papel preponderanteII. na consolidação do Japão como potência industrial e principal economia do mundo,suplantando os Estados UnidosIII. na consolidação da economia americana como lider do capitalismo mundial

a) somente a afirmação I está corretab) somente a afirmação II está corretac) somente a afirmação III está corretad) as afirmações I e II estão corretase) as afirmações I e III estão corretas Resolução e)

Comentário: O forte reajuste nos preços do petróleo atingiu em cheio a Europa e o Japão

deixando a economia americana sem uma concorrência direta. Com a alta dos preços eredução do volume de exportação, os dólares conseguidos pelos países exportadores depetróleo resultaram num sensível aumento de sua renda, permitindo a esses países, até entãoconsiderados subdesenvolvidos, um forte investimento de capital na economia internacional: ospetro-dólares. Assim, as afirmações I e III estão corretas.

PARTE II

Título : Módulo 2. O Consenso de Washington e o processo de globalização

Conteúdo :

A crise deflagrada pela alta do petróleo acenava para o esgotamento das políticas quecombinavam liberalismo econômico e o Estado de Bem Estar Social (que, na Europa, significou

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a eleição de vários governos sociais-democratas), e com o esquecimento das lições do períodoentre-guerras e da Depressão. As teorias econômicas keynesianas, a aliança entre o livremercado e os mecanismos de controle do Estado que havia sustentado os anos dourados docapitalismo no século XX, agora já não conseguiriam mais salvar as economias à beira deprocessos inflacionários, desemprego e queda de produção. Tratava-se portanto de buscar umnovo modelo econômico, capaz de fazer frente a esse novo contexto mundial, uma variação do

liberalismo econômico dos séculos XVIII e XIX. Esse neoliberalismo propunha valores quedefendiam ― a menor intromissão do Estado na dinâmica de mercado, devendo o poder públicose voltar para um conjunto limitado de tarefas, tais como a defesa nacional, a regulação jurídicada propriedade e a execução de algumas políticas sociais‖ (BARBOSA, 2006, p. 88). Quaseque em oposição ao Estado do Bem Estar, se propõe o Estado Mínimo: mínima intervenção,mínimas barreiras ao livre-comércio, impostos mínimos, benefícios sociais mínimos.Sobreviverão os países que melhor souberem aproveitar as oportunidades do mercado e asempresas que mais rapidamente encontrarem vantagens competitivas. Sobreviverão os queforem mais capazes, numa clara alusão ao Darwinismo, aplicado à economia.O neoliberalismo, segundo George Soros, "coloca o capital financeiro ao volante" da economia,retomando a clássica metáfora liberal de Adam Smith: a "mão invisível" conduzindo ocapitalismo ao equilíbrio econômico, contando com políticas de controle inflacionário e dodéficit público.

A crise do petróleo fez com que diversas economias capitalistas entrassem em decadência, emfunção do elevado endividamentos gerado pela subida dos preços desse fator de produção. Apartir de então, diversos países passaram por crises recorrentes em balanço de pagamentos,principalmente devido à maior quantidade de dólares que eram requeridos para pagamento deimportações de petróleo.A mudança no comportamento do Estado, de interventor para neoliberal, dá-se em função doperíodo de crise vivenciado pelas economias capitalistas dos anos 1980, para alguns a―Década Perdida‖, e do período de elevação do endividamento público. Também concorrepara essa mudança o processo de inflação galopante, a maior característica do período, queatingiu de forma sensível o Brasil.Desta forma, a década dos noventa será o período no qual serão realizadas as reformasnecessárias para responder ao novo contexto econômico: ajuste fiscal, monetário eadministrativo, realizados sem uma participação próxima do Estado. É nesse período que a

economia mundial é atingida por uma onda de privatizações, seguindo a diretriz do Estadomínimo. Somam-se a isso políticas fiscais contracionistas, como a elevação de tributação, adiminuição de despesas e investimentos e as políticas monetárias restritivas, caracterizadaspela elevação das taxas de juros com o interesse de diminuir investimentos produtivos e deaumentar a expansão do crédito favorável ao capital especulativo.Essas diretrizes econômicas que já se delineavam pontualmente foram devidamenteformalizadas pelo o Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1990 sob a forma de um conjuntode dez medidas econômicas voltadas a ajustar a economia de países que mal sobreviviameconomicamente desde a década de 80. Devidamente ratificado pelo Banco Mundial e peloDepartamento do Tesouro dos Estados Unidos, o documento formulado a partir de um texto doeconomista John Williamson foi chamado de Consenso de Washington.Para Willamson, o Consenso de Washington seria "o mínimo denominador comum de recomendações de políticas econômicas que estavam sendo cogitadas pelas instituições 

financeiras baseadas em Washington e que deveriam ser aplicadas nos países da América Latina, tais como eram suas economias em 1989" , resumidas em dez pontos:

- Abertura Comercial: redução de tarifas alfandegárias liberalizando o comércio internacional;- Privatização de Estatais: redução do papel do Estado como agentes ativos e empresáriosnas economias nacionais;- Redução dos Gastos Públicos: com o objetivo de viabilizar um maior superávit primário parao pagamento de dívidas externas;- Disciplina Fiscal: rígido controle sobre os gastos públicos visando o controle inflácionário e oaumento do déficit público na perspectiva de sustentar uma política fiscal expansionista;- Reforma Tributária: redução da cobrança de impostos sobre a produção e a circulação demercadorias e serviços;- Desregulamentação da Economia: afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas a fim

de favorecer a livre iniciativa;- Estímulo aos Investimentos Estrangeiros Diretos: eliminação das restrições para o

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investimento de capitais na instalação de filiais de determinadas empresas fora de seus países-sede, inclusive remessa de lucros;- Juros de Mercado: adoção de taxas flutuantes de acordo com a conjuntura do momento;- Câmbio de Mercado: adequação à necessidade de ajustes nos balanços de pagamentos eintervenções das autoridades monetárias.- Direito à Propriedade Intelectual - proteção a patentes, marcas, desenho industrial,

indicação geográfica de cultivares e recursos minerais.

Numa primeira aproximação, a leitura das diretrizes parece apontar para a convergência entreas políticas neoliberais e o processo de globalização, especialmente no que diz respeito àintegração econômica internacional através da abertura de mercados, facilidades para osinvestimentos externos diretos e privatizações.Como introdução ao tema, que será explorado com mais profundidade no próximo módulo, otermo globalização faz referência a vários e diferentes eventos. Para alguns historiadores,globalização se refere ao período iniciado com o término da Guerra Fria, representadosimbolicamente pela queda do Muro de Berlim e a queda do socialismo diante do capitalismoocidental. Outros preferem situá-la na década de cinqüenta quando, após o término da IIGuerra, os Estados Unidos iniciaram sucessivas intervenções militares na Ásia, na AméricaCentral e no Oriente Médio, todas elas com o objetivo de defender os interesses do capital

ocidental. Outros ainda, preferem se remeter ao século XVI e às grandes navegações e a açãocolonizadora da Europa na América, na África e na Ásia.A liberalização dos mercados preconizada pelo Consenso de Washington, permitindo o fluxode capital dos países mais ricos para os mais pobres, significou também um incentivo aotrânsito de capital especulativo pelos países do terceiro mundo. De acordo com dadosestatísticos da ONU publicados no livro "Flat World, Big Gaps: Economic Liberalization,Globalization and Inequality" (2007), as diretrizes do Consenso de Washington fizeram piorar adistribuição de renda pelo mundo. Essas diretrizes, de fato, fazem prevalecer as vantagenscompetitivas das economias desenvolvidas sobre aquelas dos países em desenvolvimento,resultando em um maior desnivelamento e consequências sociais previsíveis.Tal situação tornou-se evidente aos olhos do mundo na proliferação de diversas manifestaçõesantiglobalização: no dia 30 de novembro de 1999, em protesto contra a reunião daOrganização Mundial do Comércio (OMC) em Seattle (EUA), reuniram-se militantes das mais

variadas correntes ideológicas, desde anarquistas e marxistas, até ecologistas, católicosprogressistas, pacifistas e defensores dos direitos humanos, entre outros grupos, protestandocontra os rumos atuais do processo de globalização.Paralelamente, os Fóruns Sociais Mundiais, que passaram a acontecer a partir de 2001 (oprimeiro foi em Porto Alegre) apontaram no mesmo sentido, mostrando que as reformas eajustes propostos responderam mais às necessidades das grandes corporações transnacionaise do capital que às da sociedade como um todo.A História tem demonstrado que a constituição de uma economia de mercado sólida em umcontexto plenamente democrático e abrangente não é tarefa fácil. Neste período em quevivemos, cuja complexidade e velocidade das mudanças é inédita, torna-se um processo queexige uma compreensão profunda e uma disposição positiva diante dos desafios que seapresentam.

Exercícios Resolvidos

Exercício 1: (ENADE 2010, Serviço Social, p. 10) – O pensamento neoliberal defende umasegmentação entre as esferas do Estado e do mercado. O neoliberalismo entende a existênciae permanência das questões econômicas no âmbito do mercado, enquanto, ao Estado cabemos processos da política formal e, eventualmente, algumas atividades sociais. Desse modo,trata-se de uma concepção do Estado como público e de tudo o que não é estatal comoprivado. Nesse sentido, o modelo de Estado que mais se aproxima ao ideal ao pensamentoneoliberal é aquele que:

a) Centraliza o poder de dirigir os interesses particulares de frações da população, não tomaconhecimento da atuação da sociedade civil e tem como meta a luta contra a tirania da maioria;b) Promove a democracia governada, restringe a participação política ao silencioso ato eleitoral

e assegura a legitimação total da dominação da sociedade;

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c) Amplia suas responsabilidades no tratamento da questão social, prioriza a questãoeconômica como determinante do sistema e se distancia da sociedade;d) Reduz suas intervenções no campo social, apela à solidariedade e se apresenta comoparceiro da sociedade em suas responsabilidades sociais;e) Fornece a estrutura necessária para a livre concorrência do mercado, atua de formadescentralizada e reconhece a universalização dos direitos sociais a todos os cidadãos;

Alternativa correta: D.Comentário: A alternativa A está incorreta, pois vivenciamos atualmente uma descentralizaçãode poderes. A B também está incorreta, pois não há promoção de uma democracia governada,e sim o imperativo das leis de mercado. Isso combina com a alternativa C que também éincoerente pois, conforme o corretamente indicado em D, houve redução de intervenções nocampo social, sem fornecer estrutura adequada à livre concorrência como, de forma incorreta,sugere a alternativa E.

Exercício 2: A razão pela qual se defende a descoberta do Novo Mundo como o primeiropatamar do que viria a ser, no futuro, a globalização, está relacionada:I – Ao fato de que, a partir daí, ter-se-ia criado um sistema econômico de interferência mundial,com importação e exportação de escravos e produtos primários, e transformador da vida das

colônias e dos países compradores e portadores de tecnologia.II – A partir daí, a dicotomia entre os países que detinham novas tecnologias em mãos eaqueles que só consumiam o produto final da modernização foi se reforçando, ao passo emque a onda de internacionalização motivada pela Revolução Industrial foi se alastrando pelomundo.III - Na época, o desenvolvimento da economia dependia muito da expansão geográfica dosfluxos de transporte, criando-se através do comércio marítimo uma rede que permitiatransformar em consumidor qualquer habitante, mesmo que de uma região isolada, o que podeser considerada a gênese do processo de globalização.Pode-se dizer que:a) apenas a afirmativa I está incorretab) apenas a afirmativa II está incorretac) apenas a afirmativa III está incorreta

d) estão corretas I, II e IIIe) estão incorretas I, II e III

Alternativa correta: DComentário: São exatamente esses os aspectos responsáveis pela identificação doimperialismo colonial como o primeiro momento do processo globalizador. Escravos e matériasprimas sendo fornecidas por ―celeiros‖; desenvolvimento e industrialização nos paísesmetrópoles. Em suma, a velha e mesma divisão internacional do trabalho.

Parte III

Título : Módulo 3. As diferentes dimensões globalização: Comercial, Produtiva, Financeira eTecnológica.

3.1. A mundialização do Capital 

No que respeita à interpretação sócio-econômica, o termo ―globalização‖ está relacionado àatuação das empresas multinacionais e à internacionalização da economia mundial. Dessaforma, processos de produção cada vez mais rápidos e dinâmicos, bem como a repartiçãointernacional das etapas da produção entre diferentes países, dariam ao mundo uma novaface: o pós-fordismo[i] seria o responsável pela consolidação de uma economia baseada emprocessos integrados, um único e pulsante mercado global onde o capital, as mercadorias, osrecursos e pessoas circulariam livremente.

Para efeito desta disciplina, vamos considerar a globalização como um processo que se dá a

partir da aceleração de intercâmbios e fluxos entre os países do mundo, nos planoseconômicos, políticos e social. Mais: dentre todos os planos sob os quais se apresenta, oeconômico é o que nos interessa, especialmente no que reverbera em outros campos. Assim, a

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produção de mercadorias em determinados países significaria mais do que apenas a produçãolocal, uma vez que os locais de produção escolhidos pelas empresas poderiam ser (ecostumam ser) países diferentes daqueles nos quais está instalada sua sede principal,acarretando o que ficou denominado de mundialização da produção . Também é econômico oplano gerador da abertura nos países subdesenvolvidos que precisam do capital estrangeiropara se desenvolver e da maior participação do capital internacional, advinda de estratégias

financeiras (em especial dos países desenvolvidos). É o plano que põe em xeque estruturas ecostumes construídos e mantidos há muito, sobrepondo-se a eles e algumas vezescomprometendo a identidade cultural de muitos povos. ―Assim, a globalização não significaapenas um processo de expansão dos mercados e de aceleração dos fluxos econômicos entreas fronteiras nacionais. Junto consigo, como um de seus efeitos, surge uma consciência deque valores morais e sociais fundamentais devem ser estendidos para todos os povos‖.(BARBOSA, 2006, p. 12)

Dentro desse contexto, a realidade alheia nunca esteve tão próxima da realidade de qualquercidadão do mundo, se esse tiver acesso aos meios de comunicação através dos quais se dá adisseminação dos acontecimentos mundiais. De fato, as interligações das empresas, dasaplicações financeiras, das exposições da mídia e do fluxo de pessoas nunca afetaram tanto aspessoas, e os reflexos dos resultados da globalização podem ser observados em quaisquer

países. A questão é a desigualdade com que isso se dá, podendo-se dividir nitidamente paísesentre aqueles cuja política interna afeta com mais peso as políticas de outros países, e aquelesque são geralmente mais afetados, fazendo desses últimos dignos da colocação de‗marginalizados‘ da produção intelectual, política e financeira internacional.

3.2. As estratégias de mundialização do Capital  

A análise de várias fontes (estatísticas e históricas) nos revela que, a partir dos anos 1950,intensificou-se o processo de abertura do mercado internacional por países participantes daconjuntura globalizada. Este processo, qual seja, o de crescimento do comércio mundial,acelerou-se particularmente nos anos 1980 e 1990, o que nos leva a concluir que o incrementoda atividade comercial pode caracterizar, senão um fato novo, algo de relevante importância eque explica a interpretação da globalização como sendo particularmente um fenômeno de

características comerciais. Tal leitura está, portanto, irremediavelmente ligada à extinção debarreiras comerciais e práticas protecionistas e ao surgimento de grandes blocos comerciais.

Muito mais visível do que a dinâmica produtiva (e talvez até mesmo mais do que a comercial),a dimensão financeira da globalização é aquela que diz respeito ao processo de integração dosmercados financeiros (mercados de empréstimos, de financiamentos e de títulos).

Desde a Primeira Guerra Mundial, os fluxos de capital começaram a circular entre os países e,com mais evidência e de forma repentina, entre os anos 1950 e 1970 já se estabeleciam regrasinternacionais com relação à circulação de dinheiro global, parte desse fornecido pelo BancoMundial. Em 1971, chegava ao fim o padrão dólar-ouro e aumentavam as oscilações demoeda, estimulando as aplicações especulativas. Desde então, as tais regras pretendemfacilitar as transações de capital pelo mundo, principalmente no que respeita aos fundos de

investimento e de pensão estabelecidos nos anos 1980. Os governos têm procurado elevarsuas taxas de juros com o objetivo de atrair investimentos, e as empresas emitem bônusdiretamente no mercado, fazendo com que o dinheiro circule com mais rentabilidade.

―Como num gigantesco sistema circulatório, o sistema financeiro ‗retira‘ renda de todas asfontes – dos impostos, dos salários e dos lucros das empresas – sugando-a para aplicaçõesconsideradas mais vantajosas‖ (BARBOSA, 2006, p. 66). A novidade é a cada vez menorparticipação efetiva e necessária dos bancos, cujos papéis foram substituídos pelos órgãos defundos de investimento e seguradoras.

Isso faz com que a preocupação de muitas empresas hoje em dia esteja voltada mais para ocapital especulativo, valorizando suas ações, do que na produção em si, que depende daconquista de mercados e da aceitação do consumidor.

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Nesse cassino especulativo, os derivativos são as fichas nas quais os aplicadores financeirosapostam, aplicadores esses que contam com as inovações tecnológicas para melhor acessarinformações que permitam as jogadas certas e mais lucrativas. Além disso, o dinheiro tambémé global: as transações são facilitadas utilizando-se travellers cheques, moedas de referênciaou mesmo moeda comum (como é no caso da União Européia, que adotou o euro).

É o mercado do capital portador de juros que, conservando a forma dinheiro, viveria derendimentos, tornando-se hegemônico. Tal dimensão explicaria, inclusive, a dinâmicaespeculativa do próprio capital, sempre em busca do porto mais seguro ou do terreno mais fértil(leia-se, que proporciona menores restrições na sua movimentação). É o mercado que crescemais do que a economia real, que cresce mais do que o próprio comércio mundial, e que criaverdadeiras bolhas ilusórias de riqueza.

A necessidade de capital para investimento ou para fazer frente aos serviços de dividasexternas por parte dos países em desenvolvimento também cria a ilusão da ―aldeia‖ monetáriaglobal: juros são mantidos em níveis elevados para atrair o capital especulativo, mesmo queesses juros comprometam mais ainda a estrutura do endividamento externo. Não à toa, vimos – ao final do século passado e no início desse – inúmeras crises que se assemelham nasorigens e se diferenciam nos efeitos que provocam: México, Tailândia, Indonésia, Coréia do

Sul, Brasil e Argentina são alguns que podemos citar. Vale a pena lembrar: ―enquanto nãoexistir uma autoridade global encarregada de implementa-la [a regulação dos fluxos financeirosinternacionais] e as crises não afetarem os países mais poderosos, a esfera financeira tende ase expandir ainda mais, gerando instabilidade‖ (BARBOSA, 2006, pág. 73).

3.3 As diferentes dimensões da globalização  

A partir de 1990, a economia mundial ingressa em um novo patamar de internacionalização. Ofim da URSS, em 1991, acabou com a divisão do mundo em dois blocos e as ideias neoliberaisse tornam a tônica. Embora haja uma discussão em andamento a respeito da natureza edimensões da economia global, não há dúvidas sobre a intensidade crescente de fluxos entreas nações. Assim, podemos afirmar que as evidências nos levam, a identificar pelo menosquatro diferentes dimensões do processo de globalização:

- A Globalização Comercial:Desde a década de 1990 aumentou significativamente o volume de comércio internacional.Uma boa medida da globalização comercial é o coeficiente de abertura de um país, essecálculo é feito a partir da participação do comércio exterior (Exportação + Importações) no totalproduzido mundialmente.Em alguns países, os mercados internos continuam importantes, como por exemplo, China,Brasil e Japão. Nesses países em que grande parte da população ainda não conseguiusatisfazer suas necessidades de consumo, o espaço para o crescimento do mercado internoainda é muito significativo.A substituição do que é produzido no mercado nacional pelas importações indica uma maioruniversalização dos padrões de consumo e das tecnologias, mas, existe um perigo nessaconduta econômica que é um possível aumento do desemprego.

Abertura do mercado dos países subdesenvolvidos deu-se de forma unilateral,fundamentalmente por lideranças nacionais que queriam aumentar sua competitividade atravésdas importações de bens de capital, mas não conseguiram sequer aumentar suas exportaçõesna magnitude necessária na década de 1990.Por outro lado os países desenvolvidos continuam a proteger os setores menos competitivosde sua economia, como o agrícola e têxtil, aumentando os subsídios e os mecanismos decontrole de importações. Podemos então afirmar que a globalização atual manteve a mesmadivisão internacional do trabalho, ou seja, países subdesenvolvidos ou em desenvolvimentocontinuam a exportar produtos primários ou produtos de indústrias menos tecnológicas como,por exemplo, aço ou papel e países desenvolvidos continuam a ganhar muito mais naexportação de produtos de tecnologia mais sofisticada.Temos que ter em mente que o mundo atual é muito diferente do mundo dos séculos XIX ouXX que continha dois grandes grupos de países: os centrais e os periféricos. Por exemplo, a

Índia, que ainda hoje é um dos países mais pobres do mundo, com enormes índices demiséria, apresenta por outro lado uma sofisticada indústria na área de informática.

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A globalização comercial afetou de forma diferenciada países desenvolvidos esubdesenvolvidos, não promovendo, pelo menos em uma primeira instância o fim dasdiferenças sócio-econômicas entre países ricos e pobres.

- A Globalização Produtiva:De uma maneira geral as empresas multinacionais costumam fazer investimentos em lugares

onde os fatores de produção têm um custo menor. Os lucros são remetidos ao país de origem.Embora, seja inegável que essas empresas costumam trazer novas tecnologias e empregos.Para atrair empregos o governo de determinados países costumam inclusive oferecer grandesvantagens a essas empresas.Existem diversos tipos de multinacionais: as que se dirigem para países mais pobres em buscade recursos naturais, minerais e energéticos mais baratos, outras tem como objetivo principalfornecer produtos para o mercado interno dos países onde fabricam mercadorias ou prestamserviços, outras ainda que distribuem suas filiais por alguns países em que os fatores deprodução são mais baratos e que servem de montadoras do produto final para o restante domundo.Uma outra forma de investimento direto externo é a implantação de novas filiais dessasempresas fora do país de origem, uma empresa não pode sair de uma localidade de uma horapara outra, pois ela tem capital fixo, compromissos, contratos, etc.

Se as multinacionais têm atuação global, as suas decisões de investimento são tomadaslevando em conta a existência dos blocos comerciais e a cultura local, afinal cada povo temseus costumes e uma campanha de marketing em determinado local pode não ser adequado aoutros locais, a exemplo dos países islâmicos em que as restrições de cunho religioso limitamuma série de imagens e alusões a bebidas alcoólicas, sexo, etc.Com a expansão das multinacionais assistimos a uma crescente concentração de capital.Grandes empresas passam a se fundir, atualmente é mais comum as multinacionaispreferirem, em vez de fazer novos investimentos, comprar empresas já existentes.Entre os principais motivos para fusões e aquisições temos:- Aquisição de uma grande empresa facilita a entrada da empresa em um país, pois atendência é reduzir custos de pesquisa de mercado e de produtos e de marketing.- Vantagens de financiamento, já que esses negócios são intermediados por agentesfinanceiros que querem lucrar com o negócio.

- A Globalização Financeira:Desde 1944 com a mundialização do dólar feito no encontro de Bretton Woods, nos EstadosUnidos, quando o dólar se tornou a moeda chave da economia mundial, em função daconversibilidade dólar-ouro, a esfera financeira passou a ser controlada por regras nacionais einternacionais.Bretton Woods foi responsável pela criação do Banco Mundial e do FMI (Fundo MonetárioInternacional) que fornecia o capital de longo prazo internacional. Em 1971 com o fim dopadrão-ouro dólar, as moedas passam a oscilar, o que estimulava as aplicações especulativas.A partir da década de 1980 leis são alteradas a fim de facilitar a transferência de capital de umpaís para outro, o dinheiro passa a se escoar e a procurar as melhores alternativas financeiras.As empresas passam a valorizar mais as suas ações do que preocupar-se em conquistarmercados, como conseqüência há demissões. Os governos mantêm as taxas de juros altas

para atrair investidores e manter controlada a inflação de seus países.Os lucros financeiros na época superaram os lucros produtivos.

- A Globalização Tecnológica:A partir da década de 1990 assistimos a evolução tecnológica, principalmente no que tange aárea de comunicação de uma forma espetacular. A internet e a telefonia celular encurtaramfisicamente as distâncias. Porém não devemos pensar a tecnologia como um fim em si mesma,mas como um meio de se obter algo.A esfera da tecnologia é em grande medida responsável pela concretização dos processos deglobalização, ela não só encurtou distâncias, mas tem promovido verdadeira revolução social,econômica e cultural.Temos, no entanto, que ter cuidado ao pensar que o mundo inteiro está conectado às novastecnologias, boa parte do planeta ainda não tem acesso, ou tem acesso muito limitado a

internet, telefonia móvel, ou até mesmo telefonia fixa. Isso representa uma enorme exclusão,

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populações que não tem acesso às novas tecnologias estão hoje mais excluídas do que antesdesses avanços, ficando para trás de um processo de evolução econômica inexorável.

Exercícios Resolvidos 

Exercício 1: A globalização tem algumas características que a diferenciam de fases anteriores.Indique a correta:

a) uma nova ideologia política denominada de neoliberalismo, e expansão internacional docapital financeiro.b) uma nova ideologia política denominada de liberalismo, e extensão internacional do capitalfinanceiro.c) uma nova ideologia política denominada neoliberalismo, e expansão com predomínio docapital comercial e produtivo.d) uma nova ideologia política denominada liberalismo, e expansão com predomínio do capitalcomercial e produtivo.e) uma nova ideologia política denominada neoliberalismo, e expansão com predomínio docapital produtivo das multinacionais.

Alternativa correta: AComentário: A ideologia globalizadora empresta os conceitos liberais do século XVIII e sobuma nova roupagem. Ainda, o neoliberalismo se caracteriza, basicamente, pela expansão docapital financeiro interncional e, em particular, pelo capital especulativo.

Exercício 2: O neoliberalismo do modelo globalizador se caracteriza:

I. Pelo enfraquecimento e refluxo do movimento sindical.II. Pelo aumento da dependência econômica entre países.III. Pelo enfraquecimento ideológico do capital internacional;

Das opções acima:

a) apenas a I está incorretab) apenas a II está incorretac) apenas a III está incorretad) todas estão corretase) todas estão incorretas

Alternativa correta: CComentário: As duas primeiras afirmativas referem-se, e de forma correta, ao modeloneoliberal globalizador. A terceira afirmativa está incorreta já que, ao contrário do que assinala,o globalização diz respeito ao fortalecimento ideológico do capital internacional.

[i] Desenvolvimentos das práticas de produção em escala, inicialmente surgidas na industriaautomobilística americana na década de 30.

PARTE IV

Título : Módulo 4 - A Empresa Multinacional e o Investimento Estrangeiro Direto

4.1 As multinacionais

Segundo Chesnais (1996), não existe um consenso a respeito dos atributos que caracterizam

uma multinacional. Uma primeira tentativa de definição sugeria que empresas multinacionaiseram aquelas com filiais industriais em pelo menos seis países. O número de filiais caiu paraum depois de algum tempo, mas o órgão da ONU responsável pelo acompanhamento dessas

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empresas, a UNCTAD, acompanha as 100 mais transnacionais. Esses grupos possuíam, em1990, um total de ativos de cerca de 3,2 trilhões de dólares.

A multinacional surge como uma empresa nacional de grande porte, como parte de umprocesso de acumulação de capital. Essa estratégia de acumulação tem base nacional, mas épensada no plano global; assim, a ajuda que a empresa tiver do seu Estado origem é

fundamental dentro dessa estratégia.

O atributo referente ao número de filiais é o que mais perdeu importância no que diz respeito àdefinição de o que é uma multinacional. Novas estratégias são, por exemplo, a das ―filiaisintermediárias‖, com as quais as multinacionais investem em empresas de pequeno porte deoutros países para que produzam peças a serem utilizadas na elaboração do produto finaldentro da ―montadora‖ situada no país central. 

As multinacionais são grupos ou cadeias dominadas por uma matriz. Essa matriz encontra-segeralmente no país de origem e seu poder sobre o resto da cadeia se dá pelo controle que temsobre os fluxos de capital – produtivo ou não – enviado para as outras partes.

Para Chesnais (1996), a ―nova multinacional‖ é a multinacional que se relaciona com outras

empresas – nacionais e internacionais –, buscando maximizar as possibilidades de lucro. Essenovo estilo de multinacional busca, através da relação e da aplicação de capital em outrasempresas, aumentar seu próprio valor, pois isso pode alavancar a sua capacidade tecnológica.O valor da empresa deixa de estar vinculado somente à capacidade produtiva e passa a estartambém vinculado à sua ―relação com outras empresas‖: essa relação com outras empresas éobservada por investidores que aplicam nas ações da multinacional.

A multinacional constrói entre a sua matriz e suas filiais o que chama de mercado interno. Amultinacional que assimila uma pequena (ou média) empresa aumenta seu mercado interno, ea grande empresa é levada a assimilar seus parceiros comerciais menores, pois existe umatendência - imposta pelas imperfeições do mercado - de aumento de custo nas transações.

―A participação no capital e na gestão de uma empresa e na repartição de seus resultados

financeiros, sem ‗subscrição de capital‘, que é a característica fundamental das ‗novas formas‘,é mais uma expressão dessa capacidade que o capital concentrado possui, de cresceralimentando-se de um componente rentista. Ao longo dos anos 1975-1990, os paísesindustrializados também assistiram a uma notável ampliação do leque de formas deapropriação e centralização, pela grande empresa, de valores produzidos, fora das ‗fronteirasde companhia‘, por outras empresas menores, ou mais vulneráveis, a este ou aquele titulo‖(CHESNAIS, 1996, p. 82).

É importante ressaltar, também, que as multinacionais operam em um mercado oligopolista, emque um pequeno número de empresas oferece bens e serviços ao mercado, normalmentecontrolando preços e, não raras vezes, estabelecendo estratégias de ―colaboração‖ por meioilícitos (conluios ou cartéis). Essa relação oligopolista pode ou não envolver investimentos em

capital, mas está sempre envolvida com a promoção dos interesses das empresas no mundo.Ainda, é necessário ressaltar que o comportamento oligopolista não é concebido como formadas companhias se defenderem das imperfeições deste mercado, mas, ao contrário, comoforma de criar novas falhas, para se beneficiarem e se protegerem de quaisquercomportamentos predatórios ―inúteis‖. Essa estratégia causa danos aos fornecedores e aosconsumidores e tem, como objetivo, reduzir o número de concorrentes globais, aumentando omercado interno, os ganhos e a proteção às tecnologias dos processos produtivos.

4.2 O Investimento Estrangeiro Direto

O papel dos IED já foi muito subestimado do ponto de vista histórico. Nos anos 1880, o grau deindustrialização chegou a ser aproximadamente igual ao dos anos 1960-70. O volume dosinvestimentos estrangeiros em 1914, por exemplo, principalmente focados nas matérias-primas

básicas, era similar ao observado em 1966.

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Segundo Chesnais (1996, p. 55), conforme a definição adotada pelo FMI em 1977, ―o IEDdesigna um investimento que visa a adquirir um interesse duradouro em uma empresa cujaexploração se dá em outro país que não o do investidor, sendo o objetivo deste último influirefetivamente na gestão da empresa em questão‖, e essa é uma modalidade capitalistapraticada desde o século XIX, quando empresas inglesas e francesas partiram em busca denovos mercados e oportunidades, especialmente no Novo Mundo.

Apesar da importância do IED, poucos foram os pensadores e economistas que se ocuparamcom a questão. Dentre aqueles que teorizaram sobre o capital, Lênin foi um dos procurou fazeruma análise mais trabalhada, incorporando, além da concentração e centralização do capital(monopólios), o movimento do capital monetário (desigual e geralmente direcionado aosbancos) e a exportação do capital (em contraposição à de mercadorias), fator que consideravade maior relevância.

Michalet, por sua vez, definiu três modalidades principais da internacionalização do capital: a)intercâmbio comercial; b) investimento produtivo no exterior; c) fluxos de capital monetário (oucapital financeiro). Essas modalidades teriam origem nos três ciclos definidos por Marx: capitalmercantil, capital produtivo – de valor e de mais-valia -, e capital monetário.

Algumas características fazem do IED algo particular dentre os vários tipos de transaçõesfinanceiras. Eles não têm uma liquidez imediata (não podem simplesmente ser cobrados àvista, não se reduzem a uma transação pontual), fazem parte de uma dimensão intertemporaldos acordos e implicam a transferência de direitos patrimoniais e de poder econômico.

Além disso, envolvem uma estratégia envolvida na natureza duradoura desses investimentos,feito que, ao penetrar um país que não o de origem, o capital tem conseqüências que podemalterar em muito o caráter de apropriação tanto do investidor quanto do país receptor.

Os dados numéricos disponíveis a respeito dos IEDs não são precisos, já que a própriadefinição carece de rigor: assim, não passam de indicadores de nível e de tendência, uma vezque é difícil mensurar ―interesse duradouro‖ ou mesmo ―objetivo de influir na gestão daempresa‖. O que se pode concluir é que, nas últimas décadas, houve um aumento significativo

dos investimentos de carteira, explicados pelas suas rentabilidade imediata e grandevolatilidade.

Questões resolvidas

1. O atual estágio alcançado pelo sistema capitalista definiu uma nova organização do espaçogeográfico mundial, com a ativa participação de empresas multinacionais e transnacionais.Observe as afirmações e assinale a alternativa correta no que diz respeito ao processo deglobalização:

I. Possibilitou uma maior dispersão da atividade econômica nos espaços geográficos mundiais,através das empresas transnacionais, o que possibilitou uma significativa redução das

disparidades econômicas em escala mundial.

II. Contribuiu para o aumento considerável de fluxos de capitais e mercadorias, possibilitandouma homogeneização da capacidade de consumo de todos os países.

III. Acelerou o processo produtivo mundial através do avanço na informatização,automatização e na robotização das atividades produtivas, entretanto, por ser um processoseletivo, ampliou as disparidades entre países e entre segmentos sociais.

a) a afirmação I está correta

b) a afirmação II está correta

c) a afirmação III está correta

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d) todas as afirmações estão corretas

e) nenhuma afirmação está correta

Solução: c)

Comentário: Vimos que a atuação de empresas multi e transnacionais se refere principalmentepela agilidade nos fluxos de capital, produtivo ou não, que correspondem a uma das principaiscaracterísticas da globalização. Este processo, até agora, não tem se mostrado eficaz naredução das disparidades econômicas em escala mundial. Pelo contrário, assistimos, atravésda atuação das multinacionais, uma consolidação das economias desenvolvidas na liderançada economia mundial e um desenvolvimento relativo de alguns países em desenvolvimento.Isto eliminaria a validade da afirmação I. Do mesmo modo, as diferenças sociais de renda econsumo permanecem heterogêneas, com uma diferença bastante sensível em favor dospaíses desenvolvidos, contradizendo a afirmação II. De fato, a globalização tem mostrado umaampliação das diferenças sociais entre países pobres e ricos, de acordo com a afirmativa III.

2. Os capitais financeiros e as chamadas multinacionais condicionam seus empréstimos e seus

investimentos produtivos aos ajustes políticos e institucionais dos Estados nacionais. Assim, osEstados nacionais vêm sendo pressionados a aceitar as exigências da globalização, que sãoessenciais ao desenvolvimento do capitalismo mundial. Destaca-se dentre essas exigências a

a) regulamentação da entrada e saída de capitais dos países.b) regulação das relações de trabalho, proporcionando o pleno emprego, respaldado na

prosperidade econômica e na segurança da renda.c) universalização dos serviços sociais, visando atingir a todos indistintamente, de forma

incondicional.d) aquisição de autonomia por parte dos cidadãos, ou seja, a possibilidade de suprirem suas

necessidades vitais, especiais, culturais, políticas e sociais.e) redução dos gastos públicos, portanto, de serviços públicos.

Solução e)

Comentário: os investimentos estrangeiros buscam condições de maximização de lucros eminimização do tempo de retorno. Desta forma, as condições de investimento dependem deum relaxamento de controles e restrições aos fluxos de capital, de acordo com a perspectivaneoliberal, e da mínima interferência possível de problemas trabalhistas e sociais em suasoperações. É dessa forma que o Estado se vê pressionado a estabelecer as condições ideaisexigidas, tendendo a minimizar seus investimentos em gastos públicos e oferta de serviços.

PARTE V

Título : Módulo 5 - As Instituições internacionais: ONU, FMI, Banco Mundial e OMC

Diante da multiplicidade de interesses e relações que se estabeleceram a partir do final dasegunda guerra mundial, foram criadas diversas organizações internacionais com o objetivo deharmonizar interesses comuns entre os Estados que participam de uma mesma entidade. AsOrganizações Internacionais são entidades detentoras de personalidade jurídica de DireitoInternacional, sendo que existem mais de 500 Organizações Internacionais, cada uma com seurespectivo programa e objeto de ação e finalidade.

Qualquer organismo internacional está sujeito a influências diversas dos Estados membros,proporcionais ao poder econômico e político de cada um.Nesse aspecto, é perfeitamentecompreensível o motivo pelo qual os EUA, por exemplo, ocupam o lugar de membro

permanente do Conselho de Segurança da ONU, órgão que toma as decisões maisimportantes da organização. O problema que daí surge se refere às inevitáveis distorções, uma

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vez que interesses particulares tendem a se sobrepor aos interesses gerais mediante o uso dopoder político.Considerando que os países mais prósperos não desejam perder suahegemonia, pode-se inferir que também não têm interesses no desenvolvimento dos demais.

Constata-se a existência de duas vontades distintas e por vezes opostas: uma que visa o bemcomum, oriunda da Organização, e outra que conjuga somente os interesses individuais de

cada componente. Quando conflitantes, o Estado contrariado, politicamente mais forte, impõeum boicote à norma editada pela organização, conduta levada a efeito essencialmente quandonão há mecanismos capazes de lhe impor uma sanção.

Portanto, embora não se questione que as organizações sejam de grande importância paraaproximar desiguais, sendo esta, em última análise, sua mais nobre função, é imprescindívelque elas se reformulem e lancem mão de novas alternativas para não permaneceremeternamente sob essa situação paradoxal.

5.1 A ONU (Organização das Nações Unidas)

Foi fundada a partir do encontro intitulado Conferência de São Francisco, realizado entre osdias 25 e 26 de abril de 1945, com a finalidade debater acerca da substituição da Liga das

Nações por um organismo mais completo e contar com a participação de todos Estadosindependentes. Criada pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial, tem como objetivo geral―manter a paz e a segurança internacionais‖. A Carta de São Francisco proíbe o uso unilateralda força, prevendo contudo sua utilização individual ou coletiva destinada ao interesse comumda organização.Os principais objetivos da ONU são:

• Manter a paz internacional.

• Garantir os Direitos Humanos.

• Promover o desenvolvimento socioeconômico das nações.

• Incentivar a autonomia das etnias dependentes.

• Tornar mais fortes os laços entre os países soberanos.

Há dois níveis básicos de decisões dentro da ONU: a Assembleia Geral e o Conselho deSegurança. A primeira conta com a participação de todos os membros, uma decisão é tomadacom o aval da maioria, em pelo menos dois terços. O segundo é constituído por quinzemembros, desses, cinco possuem atuação interrupta e dez tem participação rotativa. Osmembros permanentes detêm o poder de veto, são eles: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido,França e China.

Com a fundação da ONU, foram criados, conjuntamente, organismos internacionaisespecializados. Dentre os principais estão: FMI (Fundo Monetário Internacional), BIRD (BancoInternacional de Reconstrução e Desenvolvimento), GATT (Acordo Geral de Tarifas eComércio), OIT (Organização Internacional do Trabalho), FAO (Organização de Alimentação eAgricultura) e UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).A ONU promoveu, no ano 2000, a Cúpula do Milênio, obtendo a participação dos líderes depraticamente todos os países do mundo, nesse evento foi instituída uma declaração, ondeestão estipulados alvos com previsão de serem cumpridos até 2020. Entre as metas está a depromover melhorias na qualidade de vida de pelo menos 1,2 bilhão de pessoas quesobrevivem com uma renda inferior a um dólar por dia.

5.2 FMI (Fundo Monetário Internacional)

O FMI é um organismo com sede na cidade norte-americana de Washington. Criado ao mesmotempo que o Banco Mundial pelos acordos de Bretton Woods em 1944, ambas asorganizações tinham o objetivo de conceder empréstimo de recursos financeiros aos países

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membros. Os recursos, porém, são concedidos sob diferentes critérios em face de cada umadas organizações. O FMI presta auxílio visando reduzir desequilíbrios na balança depagamentos do tomador, propiciando assim maior estabilidade ao sistema monetário.Originalmente seu objetivo é estabelecer a cooperação econômica em escala global visandogarantir a estabilidade financeira, favorecer as relações comerciais internacionais, implantarmedidas para geração de emprego e desenvolvimento sustentável e buscar formas de reduzir

a pobreza.Mas ao longo dos anos, as instituições e as regras de relacionamento internacional criadas emBretton Woods mudaram profundamente, ao ponto de se tornarem certamente irreconhecíveisaos olhos dos participantes originais. Tanto o Fundo Monetário Internacional quanto o BancoMundial, estão longe de receberem a aprovação mundial que se esperaria se as intenções daconferência tivessem sido concretizadas. A contínua instabilidade monetária internacionalainda hoje é causa de preocupação constante. O FMI deixou de ter utilidade para paísesdesenvolvidos e sua atuação em países em desenvolvimento é objeto de crítica cerrada, tantoà esquerda como à direita do espectro político. O mesmo acontece, em muito menor grau,contudo, com o Banco Mundial.De acordo com a proposta original da criação do FMI, cada país possui uma cota departicipação no fundo, estabelecida preliminarmente, sendo que os países desenvolvidos temas maiores cotas, e assim são eles que gerenciam o organismo. Mais recentemente, sobretudo

entre os anos 1970 e 2000, o FMI tornou-se uma espécie de pronto-socorro na concessão deempréstimos aos países com problemas financeiros. A contrapartida é o cumprimento dasmetas estipuladas pelo organismo, a maior parte voltada a ajustes orçamentários, cortes nosgastos públicos, monitoramento da taxa cambial e diminuição salarial. Quando o FMI éacionado por um país em crise, agentes são enviados para analisar a situação financeira e, apartir daí, direcionar as medidas que poderão contribuir para a resolução dos problemas. Oprincipal objetivo desses agentes é evitar que tais problemas se alastrem e tomem proporçõesmaiores, que possam se alastrar e contaminar a economia e os fluxos do mercado financeirointernacional.

5.3 O Banco Mundial

O Banco Mundial (World Bank) ou BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e

Desenvolvimento) é uma agência das Nações Unidas criada em 1° de julho de 1944 com sedeem Washington. Originalmente, foi criado com a finalidade de ajudar os países que foramdestruídos na Segunda Guerra Mundial. Financia projetos de retorno a médio e longo prazo, talcomo refere a própria denominação original da organização(reconstrução e desenvolvimento),diferenciando-se assim do FMI.

Hoje, aproximadamente 150 países membros participam na composição do capital do banco. Ovalor de cota e o direito de voto são determinados a partir do nível de participação no mercadomundial. O principal acionista é os Estados Unidos, fato que lhe concede o poder de veto emtodas as decisões. O Banco Mundial fornece financiamentos para governos, que devem serdestinados, essencialmente, para infraestura de transporte, geração de energia, saneamento,além de contribuir em medidas de desenvolvimento econômico e social. Além de governos,empresas de grande porte podem adquirir empréstimos, porém, é necessário apresentar a

viabilidade da implantação de projetos, além disso, o país de origem da empresa deve garantiro pagamento dos recursos.

5.4 A OMC- Organização Mundial do Comércio

A partir do crescimento de transações comercias em nível mundial e do intenso processo deglobalização de capitais, mercadorias e da própria produção, que são itens ligados diretamenteà dependência dos países, surge a necessidade da criação de organismos internacionais eórgãos financeiros que possam regular as disparidades econômicas e comerciais existentes nomundo. Apesar de todos os mecanismos e acordos, é próprio do sistema capitalista que ospaíses desenvolvidos levem vantagens competitivas. Diante dessa situação torna-se relevantea implantação de uma organização que avalie as relações comerciais e que possa zelar pelointeresse de países que sofrem pressões e que se sintam prejudicados. É nesse contexto que

vem a atuar a OMC, criada em 1995, ao final da Rodada Uruguai, em 1994, sendo formalizadapelo Acordo de Marrakesch. Foi a primeira organização internacional pós-Guerra Fria, de

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vocação universal. Sediada na cidade de Genebra, Suíça, tem com o objetivo principalestabelecer regras e normas de entendimento entre os países e instituições internacionais queatuam no campo econômico.Antes da instauração da OMC existia o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) que foiimplantado a partir de 1947 para estabelecer o livre comércio dentro da situação do pós-guerra.Esse acordo comercial se caracterizava pela multilateralidade e pelo dinamismo em função de

impulsionar a liberalização comercial. Então, as disparidades econômicas entre as nações nãoera um tema relevante e, dessa forma, os critérios para o estabelecimento de tributos e texasde exportação e importação eram equivalentes, desfavorecendo as economias mais fracas. Nocontexto da economia globalizada, na qual a abertura comercial é fator fundamental, a OMCainda encontra dificuldades relacionadas ao protecionismo, especialmente em relação aospaíses desenvolvidos que insistem em que as barreiras alfandegárias sejam retiradas somentepara entrada de seus produtos em outros territórios, sem a necessária reciprocidade.Uma dasfunções da organização é atuar como mediador, no momento em que países entram emconflitos comerciais derivados de medidas protecionistas de um dos lados. Um exemplo clarodesse processo aconteceu em 2001, quando a empresa canadense Bombardier acionou aOMC por se sentir prejudicada, pois segundo ela, a empresa brasileira Embraer estaria sendocusteada ou subsidiada pelo governo brasileiro, de forma que esse procedimento vai contra asregras implantadas na organização. Nesse exemplo, a OMC não aceitou o pedido da empresa

canadense, ou seja, indeferiu o pedido.

Questões resolvidas 1.Na década de 1980 o FMI transformou-se na polícia financeira dos países endividados,devidamente submetidos à influência dos interesses dos credores. De acordo com a forçapolítica e a capacidade de intervenção militar, o sistema internacional contemporâneo pode serdefinido comoa) assimétrico, graças à presença das tropas de paz das Nações Unidas nos conflitosinternacionais.b) assimétrico, devido à existência de uma superpotência, os Estados Unidos, que atuasegundo seus interesses estratégicos.c) simétrico, baseado na correlação de forças entre países árabes e a OTAN, que perdeupoder depois da Guerra no Golfo.

d) assimétrico, por causa da situação da Rússia, que ainda detém milhares de ogivasnucleares dispersas pela Europa.e) simétrico, dado o equilíbrio das forças militares da União Européia e dos Estados Unidos.

Resposta correta: b)

Comentário: A partir da segunda metade da década de 1980 com o desmantelamento da UniãoSoviética, consolida-se o papel dos EUA como única potência econômica mundial. Apesar dainegável força militar dos países da Europa Oriental e Asia (China), a sustentação do sistemaeconômico global passa a depender das iniciativas e interesses dos Estados Unidos e seusaliados na proposta de um sistema econômico global fundamentado nas propostas neo-liberaisgarantidas pela supremacia militar. É a retomada da velha postura Norte Americana, declarada

ainda em 1901 pelo então presidente Theodore Roosevelt a respeito do papel dos EstadosUnidos e sua diplomacia:"fale com suavidade, mas tenha à mão um grande porrete".

2. A criação do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) em 1947 visava estabelecer asdiretrizes para o livre comércio dentro da situação do pós-guerra. Esse acordo comercial secaracterizava pela multilateralidade e pelo dinamismo em função de impulsionar a liberalizaçãocomercial. Neste sentido pode-se afirmar queI) as disparidades econômicas entre as nações estavam plenamente consideradas peloorganismo, resultando no pleno desenvolvimento dos países da América Latina no período pósguerraII) o contexto econômico mundial era propício para o reatamento de relações comerciais comos países da Europa OrientalIII) os critérios utilizados para o estabelecimento de tributos e taxas de exportação e

importação desfavoreciam as economias mais fracas

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Resposta: apenas a afirmação III está correta

Comentário:Na economia do pós-guerra, era imperscindível garantir o livre comércio como forma deconsolidaçnao de novos mercados e manutenção do ritmo de produção econômica atingidopelos países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos. Os acordos de Bretton Woods

apontaram nesse sentido, deixando em segundo plano os interesses dos países menosdesenvolvidos.

PARTE VI

Título : Módulo 6 - Blocos econômicos e modalidades de integração

1. Introdução

A partir do final da Segunda Guerra Mundial, aparecem as primeiras iniciativas paraformação de blocos econômicos. Os severos danos sofridos pela Europa marcou o fimda hegemonia política e econômica do continente, com sua economia totalmentedesorganizada e em processo de reconstrução. Nesse contexto, a Europa viu-se

obrigada a acolher a nova ordem mundial, cuja liderança seria disputada pelas potênciasde fato vitoriosas: os Estados Unidos e a União Soviética.

O período pós-guerra consolidou a divisão do mundo em dois grandes blocos: ocapitalista, comandado pelos Estados Unidos; o outro socialista, sob domínio da UniãoSoviética. Configurava-se assim o período denominado guerra fria, sob a sombra de umacorrida armamentista entre as duas grandes potências mundiais.

A formação de blocos econômicos regionais teve sua iniciativa pioneira ainda ao final dasegunda guerra, com a criação do Benelux que unia Bélgica, Holanda e Luxemburgo,inaugurando a idéia de integração econômica baseada em uma economia supranacional.

Diante da perspectiva de concorrer com os Estados Unidos, fazer frente ao crescimentoda União Soviética e reduzir o risco de os nacionalismos provocarem novos conflitos, ospaíses europeus firmaram uma série de acordos com o objetivo de unir o continente,

reestruturar, fortalecer e garantir a competitividade de suas economias.Paralelamente, o desenvolvimento tecnológico acelerado passa a revelar novosprotagonistas da economia mundial que progressivamente conquistavam fatiasexpressivas no mercado internacional, entre eles, justamente os dois grandesderrotados na Segunda Guerra Mundial: o Japão e a ex - Alemanha Ocidental.

Mas é a partir da década de 1980, que começam de fato a se consolidar de maneira maisclara diversos blocos econômicos. O aprofundamento das relações internacionais e odesenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação permitiam a ampliaçãodo mercado externo aos países que haviam atingido um certo grau de desenvolvimentoeconômico. Com a economia mundial globalizada, a tendência comercial é a formaçãode blocos econômicos. Estes são criados com a finalidade de facilitar o comércio entreos países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias

e buscam soluções em comum para problemas comerciais.Em tese, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico aumenta egera crescimento econômico para os países. Geralmente estes blocos são formados porpaíses vizinhos ou que possuam afinidades culturais ou comerciais.

Os blocos econômicos existentes no mundo são classificados a partir dos acordosestabelecidos entre eles.

2. Tipos de Integração Econômica:

a- Zona de Livre Comércio  – Quando são abolidas as restrições tarifárias e nãotarifárias entre os países, mas cada um mantêm suas próprias políticascomerciais.

b-União Aduaneira  – Vai além da zona de livre comércio, além de suprimirrestrições quanto ao fluxo de mercadorias entre os países membros, estabelece

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uma política comum de discriminação desse fluxo com países não membros,estabelecendo, por exemplo, uma tarifa externa comum.

c- Mercado Comum – Não apenas as restrições quanto ao fluxo de mercadoria quesão eliminadas, mas também as discriminações contra o fluxo de fatoresprodutivos, isto é, elimina-se os empecilhos quanto à circulação de capital e mãode obra.

d- União Econômica  – Associa à suspensão das restrições sobre os fluxos demercadoria e fatores produtivos entre os países e certa harmonização de políticaseconômicas nacionais.

e- Integração Econômica Completa  – Unificação completa das políticaseconômicas dos países membros, com a instalação de uma autoridade econômicasupranacional.

Segue uma sinopse sobre os principais blocos econômicos da atualidade e suascaracterísticas.

3. Blocos Econômicos

- UNIÃO EUROPÉIA

A UE (União Européia) é um bloco econômico, político e social de 27 países europeusque participam de um projeto de integração política e econômica. Os países integrantessão: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária. Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia,Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia,Luxemburgo, Malta, Países Baixos (Holanda), Polônia, Portugal, Reino Unido, Romênia eSuécia. Macedônia, Croácia e Turquia encontram-se em fase de negociação. Estespaíses são politicamente democráticos, com um Estado de direito em vigor.

A União Européia (UE) foi oficializada no ano de 1992, através do Tratado de Maastricht.Este bloco possui uma moeda única que é o EURO, um sistema financeiro e bancáriocomum. Os cidadãos dos países membros são também cidadãos da União Européia e,portanto, podem circular e estabelecer residência livremente pelos países da UniãoEuropéia.

A União Européia também possui políticas trabalhistas, de defesa, de combate ao crimee de imigração em comum. A UE possui os seguintes órgãos: Comissão Européia,Parlamento Europeu e Conselho de Ministros.

- NAFTAFazem parte do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) os seguintespaíses : Estados Unidos, México e Canadá. Começou a funcionar no início de 1994 eoferece aos países membros vantagens no acesso aos mercados dos países.Estabeleceu o fim das barreiras alfandegárias, regras comerciais em comum, proteçãocomercial e padrões e leis financeiras. Não é uma zona livre de comércio, porém reduziutarifas de aproximadamente 20 mil produtos.

- TIGRES ASIÁTICOS

Embora não se apresente como um bloco devidamente formalizado, fazem parte Japão,China, Formosa, Cingapura, Hong kong e Coréia do Sul, tendo um PIB de 4,25 trilhões dedólares, e um mercado consumidor de 1.295 bilhão de pessoas.

Este bloco asiático, tem sua origem na economia japonesa que, a partir da década de1970, desenvolve uma indústria eletrônica para a exportação de produtos baratos e trazprosperidade econômica crescente e rápida para alguns países da Ásia. Coréia do Sul,Formosa (Taiwan), Hong Kong e Cingapura são os primeiros destaques. Dez anosdepois, Malásia, Tailândia e Indonésia integram o grupo de países chamados TigresAsiáticos.

As indústrias e exportações concentram-se em produtos têxteis e eletrônicos. Os Tigresbeneficiam-se da transferência de tecnologia obtida através de investimentosestrangeiros associados a grupos nacionais. Os Estados Unidos e o Japão são os

principais parceiros econômicos e investidores. Com exceção de Cingapura, aseconomias dos Tigres Asiáticos dispõem de mão-de-obra barata: as organizações

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sindicais são incipientes e as legislações trabalhistas forçam a submissão dostrabalhadores. Tal situação só é possível porque é sustentada por uma culturaconformista, que valoriza a disciplina e a ordem, e admite a intervenção do Estado emdiversos setores econômicos. O planejamento estatal é posto em prática em largaescala, seguindo de perto o modelo japonês.

Os regimes fortes e centralizadores da Indonésia, Cingapura e Malásia, garantem a

estabilidade política necessária para sustentar o desenvolvimento industrial e atrairinvestimentos estrangeiros.

- MERCOSUL

O Mercosul (Mercado Comum do Sul) foi oficialmente estabelecido em março de 1991. Éformado pelos seguintes países da América do Sul : Brasil, Paraguai, Uruguai eArgentina e Venezuela. Futuramente, estuda-se a entrada de novos membros, como oChile e a Bolívia. O objetivo principal do Mercosul é eliminar as barreiras comerciaisentre os países, aumentando o comércio entre eles. Outro objetivo é estabelecer tarifazero entre os países e num futuro próximo, uma moeda única.

Foi assinado o Tratado de Assunção em março de 1991, Brasil, Argentina, Paraguai e

Uruguai votaram pela eliminação das tarifas e outras restrições não tarifárias aocomércio.

Em janeiro de 1995 os países do Mercosul formaram uma União Aduaneira com certasrestrições ainda existem cláusulas de exceções. Antes em 1960 foi firmado um acordode livre comércio - Associação Latino Americana de Livre Comércio  – ALALC , mas oprojeto era demais ambicioso pois nessa época os países da América Latina estavampresos ao modelo de industrialização por Substituição de importação que impõebarreiras protecionistas.

Em 1980 a Associação Latino Americana de Integração  – ALADI , pretendia estabelecerno futuro o livre comércio entre países, alguns acordos bilaterais foram feitos, porexemplo, em 1988 acordo entre Brasil e Argentina.

A implantação do Mercosul se deu em 4 fases:

1ª fase - Tratado de Assunção em 1991  – abertura comercial com redução de 47% dastarifas entre países do Mercosul.

2ª fase  – 1992  – cronograma de Las Leñas - debates sobre o cumprimento das metas -criação da TEC - Tarifa Externa Comum.

3ª fase – 1994 – Reunião de Colônia – preocupação técnica de implementação.

4ª fase –1995 – Mercosul – implementação das políticas.

Instituições que possibilitam o funcionamento do Mercosul:

a- Conselho do Mercado Comum – Composto pelos ministros das relações exteriores eda fazenda – estabelece as linhas gerais do processo de integração  – órgão Superior doMercosul – Não é um órgão supranacional.

b- Grupo Mercado Comum  – Responsável por planejar, implementar e supervisionar o

cumprimento das regras estabelecidas – órgão executivo do Mercosul.c- Comissão de Comércio  – Órgão técnico para implementação e supervisão daspolíticas comerciais.

d- Comissão Parlamentar Conjunta – Busca aproximação das legislações dos países.

e- Foro Executivo econômico e Social – Fazem parte representantes dos vários setoresda sociedade, empresários, sindicatos, etc.

- PACTO ANDINO:Outro bloco econômico da América do Sul é formado por: Bolívia, Colômbia, Equador,Peru e Venezuela. Foi criado no ano de 1969 para integrar economicamente os paísesmembros. As relações comerciais entre os países membros chegam a valoresimportantes, embora os Estados Unidos sejam o principal parceiro econômico do bloco.

- APECA APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) foi criada em 1993 na

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Conferência de Seattle (Estados Unidos da América). Integram este bloco econômicos osseguintes países: EUA, Japão, China, Formosa (também conhecida como Taiwan),Coréia do Sul, Hong Kong (região administrativa especial da China), Cingapura, Malásia,Tailândia, Indonésia, Brunei, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné,Canadá, México e Chile. Somadas a produção industrial de todos os países, chega-se ametade de toda produção mundial. Quando estiver em pleno funcionamento, será o

maior bloco econômico do mundo.

Com o avanço do processo de globalização, novos blocos aparecem como resposta aosdesafios impostos, sobretudo no que diz respeito às negociações multilaterais decaráter comercial. Dois deles merecem atenção especial: o G-8 e o BRIC.

- G-8

A sigla G-8 corresponde ao grupo dos 8 países mais ricos e influentes do mundo:Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, França, Itália, Reino Unido e Rússia. Anteschamada de G-7, a sigla alterou-se com a inserção da Rússia, que ingressou no grupoem 1998.Cabe ao G-8 estabelecer as diretrizes de relações internacionais no âmbito político eeconômico, uma vez que sua força econômica e influência política são decisivas nas

decisões dos organismos mundiais como a ONU, FMI e OMC. Formalmente, asdiscussões propostas nas reuniões do grupo têm por finalidade diminuir asdisparidades entre as economias dos países subdesenvolvidos. Na prática, o que seassiste de fato é que as decisões tomadas servem em primeiro lugar para atender osinteresses internos dos componentes do grupo, como por exemplo a questão ambiental,com a qual boa parte não se compromete. Apesar do discurso homogêneo dos paísesmembros, fica evidente que o cenário principal se refere à discussão sobre as posiçõesprotecionistas de cada participante, inclusive com relação aos chamados paísesemergentes.O embrião do G-8 foi gerado em 1975, na França, onde os líderes EUA, Reino Unido,França, Alemanha, Japão e Itália se reuniram para discussões sobre os problemasregionais e internacionais. Em 1976, houve a inserção do Canadá no grupo, totalizando 7países, que deu origem à sigla G-7. Essa configuração permaneceu até 1998, quando aRússia integrou o grupo, formando o atual G-8.Nos últimos anos temos assistido uma série de manifestações contra o aumento dadesigualdade social e econômica resultantes do processo de globalização queacontecem paralelamente às reuniões anuais do grupo.

BRICSA idéia dos BRICS foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O´Neil,em estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Fixou -se comocategoria da análise nos meios econômico-financeiros, empresariais, acadêmicos e decomunicação. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento, propriamente dito,incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião daIII Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a siglaBRICS.

O peso econômico dos BRICS é certamente considerável. Entre 2003 e 2007, ocrescimento dos quatro países representou 65% da expansão do PIB mundial. Emparidade de poder de compra, o PIB dos BRICS já supera hoje o dos EUA ou o da UniãoEuropéia. Para dar uma idéia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os BRICsrespondiam por 9% do PIB mundial, e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010,o PIB conjunto dos cinco países (incluindo a África do Sul), totalizou US$ 11 trilhões, ou18% da economia mundial. Considerando o PIB pela paridade de poder de compra, esseíndice é ainda maior: US$ 19 trilhões, ou 25%.

Até 2006, os BRICs não estavam reunidos em mecanismo que permitisse a articulaçãoentre eles. O conceito expressava a existência de quatro países que individualmentetinham características que lhes permitiam ser considerados em conjunto, mas não comoum mecanismo. Isso mudou a partir da Reunião de Chanceleres dos quatro países

organizada à margem da 61ª. Assembléia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembrode 2006. Este constituiu o primeiro passo para que Brasil, Rússia, Índia e Chinacomeçassem a trabalhar coletivamente. Pode-se dizer que, então, em paralelo ao

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conceito “BRICs” passou a existir um grupo que passava a atuar no cenáriointernacional, o BRIC. Em 2011, após o ingresso da África do Sul, o mecanismo tornou-se o BRICS (com "s" maiúsculo ao final).

Como agrupamento, o BRICS tem um caráter informal. Não tem um documentoconstitutivo, não funciona com um secretariado fixo nem tem fundos destinados afinanciar qualquer de suas atividades. Em última análise, o que sustenta o mecanismo é

a vontade política de seus membros. Ainda assim, o BRICS tem um grau deinstitucionalização que se vai definindo, à medida que os cinco países intensificam suainteração.

Uma etapa importante para aprofundar a institucionalização vertical do BRICS foi aelevação do nível de interação política que, desde junho 2009, com a Cúpula deEcaterimburgo, alcançou o nível de Chefes de Estado/Governo. A II Cúpula, realizada emBrasília, em 15 de abril de 2010, levou adiante esse processo. A III Cúpula ocorreu emSanya, na China, em 14 de abril de 2011, e demonstrou que a vontade política de darseguimento à interlocução dos países continua presente até o nível decisório mais alto.A III Cúpula ampliou a voz dos cinco países sobre temas da agenda global, em particularos econômico-financeiros, e deu impulso político para a identificação e odesenvolvimento de projetos conjuntos específicos, em setores estratégicos como o

agrícola, o de energia e o científico-tecnológico.

Bibliografia:

GONÇALVES, Reinaldo. Economia política internacional: fundamentos teóricos e asrelações internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

BRICS - Agrupamento Brasil-Rússia-Índia-China-África do Sul. disponível em<http://www.itamaraty.gov.br/temas/mecanismos-inter-regionais/agrupamento-brics>.Acesso em 10/09/2011

PARTE VII 

Título : Módulo 7 - Democracia e Globalização: parâmetros e índices (GINI, IDH)

Introdução 

Apenas acordos comerciais mais justos não resolvem todos os efeitos negativos causados pelaglobalização: problemas infra-estruturais como o transporte e a adequação aos padrões dosmercados externos são grandes impedimentos ao desenvolvimento dos países pobres.

A abertura unilateral dos países desenvolvidos também não soluciona os problemas causadospela instabilidade advinda da globalização, já que os trabalhadores dos países emdesenvolvimento não têm as mesmas facilidades que os dos países desenvolvidos como, por

exemplo, indenizações que facilitem a passagem de um emprego para o outro, ouoportunidades profissionais abertas por um sistema educacional eficiente.

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O modelo globalizador implica na existência de perdedores e entende que o livre comércio,embora traga riquezas para o país como um todo, acaba por parar na mão de poucos, criandoeconomias ricas habitadas por povos pobres.

Sabemos que a dinâmica do processo de globalização é caracterizada pela desigualdade dosatores envolvidos, sendo evidente a influência dos governos dos países desenvolvidos e dos

interesses das empresas transnacionais nos rumos e diretrizes que determinam as relaçõespolíticas e econômicas no mundo.

A própria evolução das instituições multilaterais de caráter mundial, que vêm acompanhandoeste processo, não é imune aos interesses específicos que acabam por gerar controvérsiassobre governabilidade global, mostrando a necessidade de discussão sobre a nova ordeminternacional, especialmente no que se refere às dimensões sociais e culturais envolvidas noprocesso de globalização.

Assim, aparece a necessidade de que se leve em conta as experiências que fundamentam nahistória de cada nação, assim como as implicações de oportunidades e riscos acarretados porsua inserção no processo de globalização.Torna-se evidente que a compreensão do

desenvolvimento econômico vai além da interpretação de dados e estatísticas exclusivamenteeconômicas, devendo necessariamente considerar as dimensões humanas diretamenteenvolvidas.

―As capacidades mais elementares para o desenvolvimento humano são: ter uma vida longa esaudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários para um nível de vida digno e sercapaz de participar da vida da comunidade. Sem estas, muitas outras escolhas simplesmentenão estão disponíveis e muitas oportunidades na vida mantêm- se inacessíveis‖ (PNUD, 2001).

A consolidação em escala mundial dessa nova concepção do desenvolvimento vem ocorrendodesde 1991, quando as Nações Unidas publicaram o primeiro Relatório do DesenvolvimentoHumano, que classificava os países segundo valores do Índice de Desenvolvimento Humano(IDH).

Desde então, são publicados anualmente relatórios que atualizam o indice e tornam públicosoutros indicadores e estudos enfocando diversos aspectos da problemática dodesenvolvimento, inclusive as questões desigualdade, infra-estrutura, direitos humanos eoutros indicadores da vida financeira, econômica e social das nações.

Neste sentido, o desenvolvimento humano está diretamente relacionado à ― … criação de umambiente no qual as pessoas possam desenvolver o seu pleno potencial e levar vidasprodutivas e criativas de acordo com suas necessidades e interesses. As pessoas são averdadeira riqueza das nações. O desenvolvimento tem a ver, portanto, com o alargamento dasescolhas que as pessoas têm para levar uma vida a que dêem valor. E tem a ver com muitomais de que o crescimento econômico, que é apenas um meio — ainda que muito importante

— de alargar as escolhas das pessoas‖ (PNUD, 2001). 

7.1 O IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um contraponto aum outro indicador, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensãoeconômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economistaindiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende seruma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos dedesenvolvimento nem é uma representação da "felicidade" das pessoas, ou indica "o melhorlugar no mundo para se viver".

O IDH considera o PIB per capita corrigido pela relação com o poder de compra da moeda decada país. Também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação.Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item

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educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveisde ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do poder decompra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três dimensõestêm a mesma importância no índice, que varia de zero a um.

Até 2009, o IDH usava os três índices seguintes como critério de avaliação:

• Índice de educação: Para avaliar a dimensão da educação o cálculo do IDH consideradois indicadores. O primeiro, com peso dois, é a taxa de alfabetização de pessoas com 15anos ou mais de idade — na maioria dos países, uma criança já concluiu o primeiro ciclo deestudos (no Brasil, o Ensino Fundamental) antes dessa idade. Por isso a medição doanalfabetismo se dá, tradicionalmente a partir dos 15 anos. O segundo indicador é a taxa deescolarização: somatório das pessoas, independentemente da idade, matriculadas em algumcurso, seja ele fundamental, médio ou superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22anos da localidade.

• Longevidade: O item longevidade é avaliado considerando a expectativa de vida aonascer. Esse indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma

localidade, em um ano de referência, deve viver. Reflete as condições de saúde e desalubridade no local, já que o cálculo da expectativa de vida é fortemente influenciado pelonúmero de mortes precoces.

• Renda: A renda é calculada tendo como base o PIB per capita (por pessoa) do país.Como existem diferenças entre o custo de vida de um país para o outro, a renda medida peloIDH é em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenças.

A partir do relatório de 2010, o IDH combina três dimensões:

• Uma vida longa e saudável: Expectativa de vida ao nascer  

• O acesso ao conhecimento: Anos Médios de Estudo e Anos Esperados deEscolaridade

• Um padrão de vida decente: PIB (PPC) per capita

O Brasil subiu quatro posições de 2009 para 2010 e ficou em 73º no ranking de 169 nações eterritórios da nova versão do IDH. O índice brasileiro, de 0,699, situa o país entre os de altodesenvolvimento humano, é maior que a média mundial (0,624) e parecido com o do conjuntodos países da América Latina e Caribe (0,704), de acordo com o Relatório de DesenvolvimentoHumano. Em razão da mudança de metodologia, não se pode comparar o novo IDH com osíndices divulgados em relatórios anteriores. Mas seguindo a nova metodologia, emcomparação com os dados recalculados para 2009, o IDH do Brasil mostra uma evolução dequatro posições.

Dos três subíndices que compõem o IDH, apenas o de longevidade não passou por alterações:continua sendo medido pela expectativa de vida ao nascer. No subíndice de renda, o PIB(Produto Interno Bruto) per capita foi substituído pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita,que contabiliza a renda conquistada pelos residentes de um país, incluindo fluxosinternacionais, como remessas vindas do exterior e ajuda internacional, e excluindo a rendagerada no país, mas repatriada ao exterior. Ou seja, a RNB traz um retrato mais preciso dobem-estar econômico das pessoas de um país. No subíndice de educação, houve mudançasnos dois indicadores. Sai a taxa de analfabetismo, entra a média de anos de estudo dapopulação adulta; para averiguar as condições da população em idade escolar, em vez da taxabruta de matrícula passa a ser usado o número esperado de anos de estudos.

7.2 O indice de Gini

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 Mas a necessidade de aferir as correspondências entre indicadores econômicos e humanosprovocou o desenvolvimento de outros instrumentos. A questão da distribuição de renda foicontemplada pela adoção do índice de Gini. O matemático italiano Corrado Gini desenvolveu ocoeficiente, que leva seu nome e foi adotado pela ONU, para medir a igualdade oudesigualdade dos países na distribuição de renda da população. O cálculo leva em

consideração variáveis econômicas para verificar o grau de espalhamento da renda, em escalade zero a 1. Quanto mais próximo de zero estiver o país, mais igualitária é a sociedade. Quantomais se aproximar de um, maior é a concentração de riqueza. O Gini não mede riqueza oupobreza de um país, mas se a homogeneidade econômica e social de seu povo.O Índice de Gini, proposto, em 1914, tem direta associação com a Curva de Lorenz, que podeser entendida como um gráfico de freqüência relativa acumulada que compara a distribuiçãoempírica de uma variável com a distribuição uniforme, representada por uma reta com ângulode 45º. Quanto mais próxima for a curva de freqüência relativa acumulada de uma variável emrelação à reta diagonal, menor será o coeficiente de Gini; da mesma forma, quanto maior for adiscrepância entre a curva empírica e a reta de igualdade, maior será o coeficiente de Gini, e,portanto, maior será a concentração dessa variável.O intervalo de resultados possíveis para o Índice de Gini varia de zero a um. O Índice de Giniigual a zero representa o grau máximo de igualdade e só ocorrerá se todas as unidades

apresentarem o mesmo valor para a variável. Por outro lado, quando o Índice for igual a um,ele representará o grau máximo de desigualdade e só ocorrerá quando apenas uma unidadefor responsável pela totalidade dos recursos, sendo as demais unidades representadas pelovalor zero.

Mas todas as variáveis envolvidas no cálculo carecem de uma definição clara, considerado ocontexto em que comparecem. Assim, por exemplo, as diferenças entre os níveis de renda dosindivíduos pode ser explicada por uma série de fatores ligados ao próprio indivíduo, que vãodesde atributos pessoais, como sexo e idade, até atributos adquiridos, como escolaridade,tempo de serviço, etc. Conseguir explicar os fatores que mais afetam os níveis de renda e,portanto, a distribuição de renda tem sido preocupação constante de alguns pesquisadores.

Em seu primeiro relatório sobre desenvolvimento humano para a América Latina e Caribe(―Atuar sobre o futuro: romper a transmissão intergeneracional da desigualdade‖) em queaborda especificamente a distribuição de renda, o Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento (Pnud) constatou que a região continua sendo a mais desigual do planeta.Dos 15 países do mundo nos quais a distância entre ricos e pobres é maior, 10 estão naAmérica Latina e Caribe. O Brasil tem o terceiro pior Índice de Gini do mundo, com 0,56,empatando nessa posição com o Equador. Concentração de renda pior só é encontrada emBolívia, Camarões e Madagascar, com 0,60; seguidos de África do Sul, Haiti e Tailândia, com0,59. Entretanto, no caso do Brasil a desigualdade de renda caiu: em 2008, o Índice de Giniestava em 0,515.O relatório mostra que a concentração de renda na região é influenciada pela falta de acessoaos serviços básicos e de infraestrutura, baixa renda, além da estrutura fiscal injusta e da faltade mobilidade educacional entre as gerações.

O estudo também mostra que ser mulher indígena ou negra na região é, em geral, sinônimo demaior privação. As mulheres recebem menor salário que os homens pelo mesmo tipo detrabalho, têm maior presença na economia informal e trabalham mais horas que os homens.Em média, o número de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia é duas vezes maiorentre a população indígena e negra, em comparação com a população branca. Ainda segundo o relatório, a desigualdade na região é historicamente ―alta, persistente e sereproduz num contexto de baixa mobilidade social‖. No entanto, para a entidade, é possívelromper esse círculo vicioso — não com meras intervenções para reduzir a pobreza, mas com aimplementação de políticas públicas de redução da desigualdade, como o desenvolvimento demecanismos de transferência de renda.

PARTE VIII

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Título : Módulo 8 - Desafios da globalização

8.1. Reconhecendo as dificuldades 

Vimos, ao longo de todo o texto, as origens, dinâmicas e conseqüências da globalização,modelo integrador mas injusto, e que vem provocando desigualdades, tanto entre países como

dentro das próprias economias nacionais. O século XX ―foi o século dos paradoxos. (...) Mas adesigualdade não diminuiu. Ao contrário, mantém-se e há, inclusive, indicadores de que tenhaaumentado nas últimas décadas‖ (Paiva, 2002, p. 2). 

O modelo globalizador é alvo de críticas: países centrais ou periféricos, políticos, acadêmicos,representantes de importantes segmentos da sociedade, todos são unânimes em apontar osproblemas de um processo que só vem criando desigualdade e injustiça. Segundo Stiglitz(2007, p. 411),

―supunha-se que a globalização traria benefícios sem precedentes para todos. Contudo,curiosamente, ela passou a ser vilipendiada tanto no mundo em desenvolvimento como nodesenvolvido. Os Estados Unidos e a Europa vêem a ameaça da terceirização; os países em

desenvolvimentos vêem os países industriais avançados inclinando o regime mundial contraeles. Os dois lados vêem os interesses das grandes empresas serem promovidos à custa deoutros valores‖. 

Não apenas os países ricos ficaram mais ricos e os países pobres ficaram mais pobres. Dentrode cada nação, os que eram ricos continuaram ricos e concentrando a maior parte da riqueza;em contrapartida, os pobres continuaram excluídos e, na verdade, dada a face tecnológica einovadora da revolução globalizadora, a exclusão tornou-se maior ainda.

Em resumo, podemos dizer que as possibilidades de mudança tornaram-se mais improváveis,e a mobilidade social mais complexa. Sachs (1994, p. 9) já anunciava que, ―de acordo com asestimativas do UNDP, entre 1975 e o ano 2000 a produção global da economia no mundo maisque (...) [duplicaria], enquanto que o total de empregos (...) [aumentaria] em menos de 50%‖.

Portanto, não se trata apenas de estabelecer regras justas nas relações entre países, mas dedefender modelos econômicos que permitam a geração de empregos e a adoção de políticassociais agressivas que possam fazer contrapartida aos efeitos maléficos do receituárioneoliberal. Qualquer política econômica deve, assim, partir do princípio que desenvolvimentorequer, acima de tudo, bem estar social.

O Brasil não escapou dos efeitos da globalização, tanto positivos quanto negativos. Desde ogoverno Collor, as políticas nacionais vêm se pautando pela abertura comercial e pela adoçãodas políticas preconizadas pelo capital internacional. Assim, se por um lado o país percebeuum incremento significativo no aumento quantitativo da produção e na posse de benstecnológicos, aumentou também, e de forma inequívoca, a desigualdade social. SegundoSachs (1994, p. 8),

―os três grupos de países — do Sul, do Leste e do Norte, em resumo — vivem hoje, sob formase intensidades diferentes, o problema do desemprego estrutural e do subemprego, bem como oconseqüente fenômeno de marginalização social, exclusão e segregação. Além disso, essespaíses têm pago um alto preço ambiental por seu inédito crescimento econômico na segundametade deste século‖. 

8.2. Construindo o futuro

Pensar na democratização da globalização requer, portanto, que sejam repensadas asestratégias de crescimento e desenvolvimento, e não somente no que diz respeito à geraçãodo presente, mas, especialmente, das gerações futuras. Os críticos da globalização resumem aquestão da seguinte forma: é necessário, mais do que nunca, rever as políticas preconizadas

pelo Consenso de Washington. Segundo Sachs (1994, p. 9),

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―Qual será, neste contexto, o efeito de uma abertura indiscriminada das economias, prescritaigualmente ao Sul e ao Leste, pelo chamado consenso de Washington? Que critérios devemser usados para distinguir a competitividade genuína da espúria? Enquanto até paísesindustrializados mais avançados acham difícil manter a atual velocidade de mudançatecnológica, de que forma evitar que a destrutividade criativa, postulada por Schumpeter, setransforme em destrutividade tout court? Que lugar deveria ser reservado, nas estratégias de

desenvolvimento, para a abertura do mercado interno e para os não-comercializáveis?‖. 

Democratizar a globalização significa desenvolvimento sustentável com justiça social. SegundoPaiva (2002, p. 5),

―Um dos principais desafios nos nossos dias é o de encontrar o caminho do desenvolvimentoeconômico sustentável que simultaneamente resulte em ganhos de produtividade, de renda percapita e de justiça social. Se para crescer a economia tem que buscar cada vez maioreficiência e buscar a melhor alocação dos recursos escassos, isto não pode resultar emexclusão de segmentos crescentes da população. Da mesma maneira, o desenvolvimentodeve ser sustentável na sua dimensão temporal, vale dizer, manter-se ao longo dos anos semcomprometer os recursos que deveriam estar disponíveis às gerações futuras. Assim, osdesafios da busca da eqüidade tem duas dimensões: sua relação com a eficiência e suarelação com o meio-ambiente e com o equilíbrio fiscal permanente‖. 

Para que isso aconteça é necessário, portanto, que os empréstimos feitos a nações emdesenvolvimento não funcionem como verdadeiras camisas-de-força, o que significa dizer queos países não devem abrir mão de seus projetos nacionais de desenvolvimento para pagar osserviços das dívidas externas. Pelo contrário, para Sachs (1994, p. 18), ―o financiamento dadívida, dentro de limites razoáveis, deveria ser condicionado ao incentivo do trabalho gerido pormétodos altamente intensivos de mão-de-obra, uma vez que a reserva de bens salariais éelástica‖. Da mesma forma, governos não devem ser obrigados a declinar das políticas sociais,como se essas fossem possíveis apenas para os países ricos. O mesmo autor acrescenta: ―aoinvés de tratar os Welfare States como um luxo acessível apenas aos países ricos, os paísesem desenvolvimento poderiam inverter a seqüência histórica seguida pelos industrializados.

Naqueles países onde grassam a pobreza, a exclusão e o desemprego, o Welfare State énecessidade imediata‖ (SACHS, 1994, p. 18).

Democratizar a globalização significa criar instituições internacionais eficazes e imparciais.Segundo Stiglitz (2007, p. 421),

―os repetidos fracassos do FMI na gestão de crises da década passada foram o coup de grace,após anos de insatisfação com seus programas na África e em outros lugares, inclusiva aausteridade abusiva que impôs a essas nações. O fracasso dos países que seguiram asdiretrizes ideológicas do Consenso de Washington propostas pelo FMI e o Banco Mundial e ocontraste com o sucesso em andamento dos países do Leste Asiático (...) não ajudaram arestaurar a confiança nessas instituições‖. 

Democratizar a globalização significa diminuir o déficit democrático na gestão das questõeseconômicas mundiais. Segundo Stiglitz (2007, p. 441), ―as coisas não devem ser assim.Podemos fazer a globalização funcionar, não apenas para os ricos e poderosos, mas paratodos, inclusive aqueles que vivem nos países mais pobres. A tarefa será longa e árdua. Jáesperamos demais.

8.3. Exercícios Resolvidos 

Exercício 1: Quais medidas podem ser tomadas para que se incorpore a ética nos processosglobalizadores?Resposta: As sugestões para um desenvolvimento que incorpore ética devem envolver:

a) políticas de sustentabilidade, que considerem premente a necessidade de um uso maisracional dos recursos naturais;b) fortalecimento das instituições e órgãos internacionais responsáveis pela vigilância da paz e

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da justiça;c) inclusão social e tecnológica das nações menos favorecidas e, dentro de todas as nações,inclusão social e tecnológica dos grupos sociais marginalizados;d) a proteção às políticas sociais, colocando sua existência como condição na concessão deempréstimos e financiamentos para nações em desenvolvimento;e) apoio aos pequenos e médios negócios, em todos os países;

f) apoio às técnicas de uso intensivo de mão-de-obra, especialmente nos projetos financiadoscom recursos internacionais;

Exercício 2: Porque é importante o apoio aos pequenos e médios negócios, se quisermosincluir a ética nos processos globalizadores?Resposta: Porque esse apoio pode servir de contraponto à tendência de concentração dosnegócios sob a forma de grandes grupos monopolistas e oligopolistas.