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Ano XIII | 233 | Novembro 2014 ISSN 2178-5781 Escola Ambiental do Gongomé Povoado se especializa para transformar realidade local Sem soja, mas com girassóis Comissão de grãos da Faeg se reúne para debater vazio sanitário Ameaças à fruticultura goiana Falta de mão de obra e investimento em pesquisa são apontados como vilões

Ameaças à fruticultura goianasistemafaeg.com.br/images/revista-campo/pdfs/2014-11-novembro.pdf · da planta, a produtividade média mensal é de 70 caixas por hectare. ... Eleandro

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Ano XIII | 233 | Novembro 2014

ISSN

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8-57

81Escola Ambientaldo GongoméPovoado se especializa para transformar realidade local

Sem soja, mas com girassóisComissão de grãos da Faeg se reúne para debater vazio sanitário

Ameaças à fruticultura goiana

Falta de mão de obra e investimento em pesquisa são apontados como vilões

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3.

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3.

PALAVRA DO PRESIDENTE

Nem só de grãos vive a agricultura. Depois de quatro meses licenciado da presidência da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás volto com essa certeza ainda mais latente. Não existem produtores de grãos, frutas ou hortali-ças...existem produtores que precisam estar em constante busca por melhorias e para isso é indispensável o apoio das entidades representativas que brigam por mais investimentos em pesquisas, mão de obra cada vez mais capacitada e qualificada, políticas públicas para fazer jus a quem responde por uma parcela generosa do PIB brasileiro, entre outras coisas.

Para ilustrar a importância desta diversidade de produção, trazemos nesta edição a história de fruticultores como Antônio Leonel, um produtor de ba-nana-maçã do município de Itaguarú, que apesar da dificuldade em conseguir assistência técnica especializada, mostra que é possível viver do campo. Ele cul-tiva 200 hectares da fruta e conta que entre os três primeiros anos de produção da planta, a produtividade média mensal é de 70 caixas por hectare.

Mesmo diante do lado positivo da história de Leonel, nos vem à tona a dimi-nuição do potencial produtivo da fruticultura de Goiás devido as dificuldades do setor. Você poderá conferir nas matéria principal desta edição que a cadeia produtiva carece de mão de obra capacitada, sofre com os gargalos logísticos e de comercialização e padece com o déficit assistência técnica especializada. No mais, há pouco interesse de pesquisadores pelo setor.

São fruticultores como Leonel que colocam Goiás no ranking de produção. Para isso é preciso mais do que vontade. É preciso criatividade, apoio, garra e estratégias para superar o tempo de vacas magras, quando as precárias condi-ções de infraestrutura parecem ser maiores do que as caraterísticas favoráveis do nosso estado. Aqui temos clima e solo favoráveis à fruticultura, amplitude térmica, altitude, terra plana e disponibilidade de água. Temos a consciência de que vai demorar um tempo para que os pesquisadores descubram maneiras de potencializar nossa produção, mas o início destas pesquisas é urgente.

Quanto ao meu retorno à presidência da Faeg, depois de receber mais de 71 mil votos na disputa por uma vaga na Câmara Federal, só tenho a agradecer a cada um que acreditou no projeto que não é meu, e sim de quem vive no cam-po e do campo. De quem tira da terra o sustento da casa e constrói sobre ela os sonhos de uma vida melhor.Ah, para finalizar com gostinho de quero mais, essa edição traz a receita de um delicioso suspiro de limão. É anotar, preparar e lamber os dedos.Boa leitura.

Busca constante por melhoraisA revista Campo é uma publicação da Federação da

Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional

de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela

Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com

distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assina-

dos são de responsabilidade de seus autores.

CAMPO

CONSELHO EDITORIAL

Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto

e Eurípedes Bassamurfo da Costa.

Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)

Reportagem: Catherine Moraes, Michelle Rabelo e

Luiz Fernando Rodrigues (estagiário)

Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho

Revisão: Denise N.Oliveira

Diagramação: Rowan Marketing

Impressão: Gráfica Amazonas Tiragem: 12.500

Comercial: (62) 3096-2123

[email protected]

DIRETORIA FAEGPresidente: Leonardo Ribeiro

Vice-presidente: Antônio Flávio Camilo de Lima.

Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Wanderley Rodrigues de Siqueira.

Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis.

Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo, Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da

Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi.

Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos

Santos, José Carlos de Oliveira.

Suplentes: Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da Silva, Oswaldo Augusto Curado Fleury Filho, Joaquim Saeta

Filho, Henrique Marques de Almeida.

Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio Maróstica.

Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha.

CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR

Presidente: Leonardo Ribeiro

Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.

Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago

de Castro Raynaud de Faria.

Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e Sandra Maria Pereira do Carmo.

Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Marco Antônio do Nascimento Guerra e Sandra Alves Lemes.

Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander, Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior,

José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela Souza.

Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do

Nascimento e Marcelo Borges Amorim.

Superintendente: Eurípedes Bassamurfo Costa

FAEG - SENARRua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300

Goiânia - Goiás

Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222Site: www.sistemafaeg.com.br

E-mail: [email protected]

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E-mail: [email protected]

Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: [email protected].

Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2114 – (62) 3096-2226.

José Mário SchreinerPresidente do Sistema Faeg

Laris

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Caso de Sucesso

PAINEL CENTRALFr

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Fruticultura na terra do pequi Apesar de características favoráveis ao cultivo de frutas, produtores goianos

esbarram na falta de mão de obra e investimento em pesquisa

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Prosa Em meio à discussão do uso intermodal de movimentação de cargas – o diretor de logística do Grupo Caramuru, Antônio Ismael Ballan, é o entrevistado da Revista Campo neste mês de novembro

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34De Luziânia, a história da artesã Ayla Maria, que começou tímida com um curso do Senar Goiás e já planeja abrir seu próprio negócio

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Rebanho saudável, lucro certo Médico veterinário fala sobre a importância do planejamento sanitário

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Mesmo com 23 anos de experiência, produtor de banana-maçã em Itaguarú, Antônio Leonel, afirma que a dificuldades do setor são inúmerasFoto: Fredox Carvalho

Ano XIII | 233 | Novembro 2014

ISSN

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8-57

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Escola Ambientaldo GongoméPovoado se especializa para transformar realidade local

Sem soja, mas com girassóisComissão de grãos da Faeg se reúne para debater vazio sanitário

Ameaças à fruticultura goiana

Falta de mão de obra e investimento em pesquisa são apontados como vilões

Agenda Rural 06

Fique Sabendo 07

Delícias do Campo 33

Campo Aberto 38

Treinamentos e cursos do Senar 36

Com cursos do Senar Goiás, povoado se especializa para transformar realidade local

Escola Ambiental do Gongomé 30

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18Um 12 de outubro mais feliz Faeg e Senar Goiás arrecadam brinquedos e comemoram o Dia das Crianças no Abrigo Sol Nascente

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Permissão e proibição no plantio de soja e girassol Vazio sanitário, pesquisa científica e especificidades do plantio foram debatidos durante reunião

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Novembro / 2014 CAMPO | 5www.senargo.org.br

AGENDA RURAL

17 a 20 de novembro de 2014Vivence Suítes Hotel

Goiânia - GOInformações: (62) 3412-2733

ENCONTRO DOS TÉCNICOSGOIÁS MAIS LEITE

METODOLOGIA BALDE CHEIOSENAR GOIÁS - 2014

12 de novembro 28 de novembro Seminário Regional de Contabilidade Rural

Local: Sindicato Rural de Rio Verde Horário: Das 8h às 17h

Informações: (62) 3412-2750

18ª Rodada Goiana Tecnologia em Manejo de SuínosLocal: Parque Agropecuário Pedro Ludovico Teixeira - Goiânia

Horário: Das 8h às 18hInformações: (62) 3203-1666

6 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

FIQUE SABENDO

Faeg sedia abertura da Semana de Veterinária e Zootecnia

No mês de novembro a sede da

Federação da Agricultura e Pecuária

de Goiás (Faeg) sediou a abertura da

XXVI Semana de Veterinária e V Se-

mana de Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás (UFG). A solenidade

contou com a presença do presidente

Leonardo Ribeiro, do superintendente

do Senar Goiás Eurípedes Bassamur-

fo e do vice-presidente institucional

da Faeg, Bartolomeu Braz, além de

outras autoridades. No total, cerca de

200 estudantes estiveram presentes.

Superintendente do Senar Goiás,

Eurípedes Bassamurfo explicou aos

alunos presentes o trabalho desen-

volvido pelo Senar Goiás, que, ape-

nas em 2013 realizou 4.846 ações

envolvendo, aproximadamente 97

mil pessoas. “Programas como o

Pronatec e o EaD reforçam nossa

missão de educar e aprimorar as

pessoas do meio rural, contribuindo

não só para a qualidade de vida, mas

também para o desenvolvimento

sustentável do país”, finalizou.

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Laris

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Buscando oferecer ao leitor um

conjunto de informações sobre a im-

portância de preservar a produtivi-

dade dos solos agrícolas, a Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(Embrapa) firmou uma parceria com

a Universidade Estadual de Campi-

nas (Unicamp) e lançou o livro “Adu-

bação Verde e Plantas de Cobertura

no Brasil: Fundamentos e Prática”,

em seus volumes 1 e 2. A obra traz,

entre seus temas, a história do uso

da adubação verde no Brasil, a si-

tuação atual e perspectivas futuras

da técnica, os cuidados com as es-

pécies, os exemplos de rotação de

culturas, o melhoramento genético

e os aspectos ecofisiológlcos. Apre-

senta, ainda, informações técnicas e

práticas sobre semeadura e manejo.

Preservando a produtividade dos solos agrícolas

PESQUISA

REGISTRO ARMAZÉM

Pesquisa em defesa da AmazôniaChamar atenção para os danos do fogo e da explora-

ção madeireira sobre a Amazônia. Com esse objetivo, a revista Global Change Biology divulgou um estudo re-sultante da coleta de amostras de plantas e solos em 225 pontos da região. O documento, que é o maior já realiza-do para as florestas tropicais degradadas, aponta a perda de carbono em florestas que passam por perturbações, como extração madeireira e fogo acidental.

A pesquisa foi iniciada em 2009, com integrantes da Embrapa, do Museu Paraense Emilio Goeldi e da Universidade de Lancaster (Reino Unido). Ao longo

desses anos foram levantados dados de campo em duas regiões da Amazônia Oriental: os municípios pa-raenses de Belterra e Santarém, oeste, e Paragominas, nordeste do Pará. Nesses locais foram estudadas 87 mil amostras de plantas e 5 mil de solo. A referência para a coleta de amostras tem como base as diretri-zes para inventários nacionais de gases de efeito estu-fa, estabelecidas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que recomenda que as avaliações em áreas florestais devem quantificar cinco reservatórios de carbono.

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Novembro / 2014 CAMPO | 7www.senargo.org.br

Antônio Ismael Ballan é diretor de logística do Grupo Caramuru

PROSA RURALFr

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Não adianta

falarmos em

milhares de Km

de ferrovia ou

de hidrovia se

não definirmos

prioridades

8 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Revista Campo: Na sua opinião,

quais os principais problemas que

o setor brasileiro de transporte en-

frenta na área de infraestrutura?

Falta investimento ou planejamento?

Antônio Ballan: A produção bra-

sileira de grãos tem crescido muito

nos últimos anos. Já chegamos a 190

milhões de toneladas, graças a pro-

dutividade da porteira para dentro,

mais da porteira para fora não somos

eficientes no mesmo ritmo. Se perde

muito dinheiro e o produtor acaba pa-

gando grande parte dessa conta, por

falta de uma infraestrutura adequada

e competitiva. Exemplo disso é a pe-

quena quantidade de rodovias pavi-

mentas, principalmente nas fronteiras

agrícolas, e outras tantas rodovias pa-

vimentadas em situação ruim.

Nossas ferrovias são pouco

abrangentes e focadas em transpor-

te de granéis agrícolas e minério de

ferro. Algumas têm problemas de

conservação da via e falta material

rodante adequados para graneis

agrícolas. Já as hidrovias navegáveis

são ainda hoje pouco aproveitadas

e pouco conservadas, além disso as

vezes não são respeitadas com rela-

ção ao uso múltiplo das água, tudo

por falta de um bom planejamento e

de investimentos.

Revista Campo: A maiorias das

cargas em Goiás, assim como no Bra-

sil, são transportadas pelas rodovias, o

que além de provocar um grande des-

gaste nas estradas, poluição ambiental

Os vários caminhos para o escoamento da produção

Tecnologia para quem te quero”, di-riam os produtores adeptos a um bom trocadilho. No caso da agropecuária

a brincadeira ganha ar de realidade, já que a exclamação ilustra bem a corrida de quem não quer ficar para trás. Porém, mesmo com passos largos e tecnologia de ponta, muitos produtores tem ficado de mãos atadas diante da última etapa da produção: o escoamento.

Quase um perito na área de transportes, o diretor de logística do Grupo Caramuru, Antônio Ismael Ballan, é o entrevistado da Revista Campo neste mês de novem-

bro. Nas páginas a seguir ele fala sobre o impacto causado da porteira para fora – principalmente pela falta de infraestrutu-ra - no transporte de cargas, mesmo com investimentos por parte dos empresários da porteira para dentro.

Integrando o Caramuru, que se destaca pelo uso intermodal de movimentação de produtos e grãos, com fortes investimentos no Porto de Santos e Tubarão, em ferrovias e na Hidrovia Tietê-Paraná, Ballan é defen-sor da utilização de transportes multimodais, o que diminuiria os custos operacionais.

Michelle Rabelo | [email protected]

Novembro / 2014 CAMPO | 9www.senargo.org.br

e uma maior demora na entrega do

produto, é o segmento de maior cus-

to. Qual o motivo de ainda insistirmos

neste modal?

Antônio Ballan: Excessiva de-

mora na implantação de outros mo-

dais de transporte e falta de plane-

jamento em relação à utilização de

outros modos de transporte. Exemplo

disso é a Ferrovia Norte Sul, que está

sendo implantada a quantos anos. Eu

acho que alguns projetos precisam ser

priorizado/definido. Não adianta fa-

larmos em milhares de Km de ferrovia

ou de hidrovia, sabemos que todos

são importantes, se não definirmos

prioridades e executá-las vamos con-

tinuar transportando por rodovias.

Revista Campo: Enquanto isso,

seguimos com ferrovias em estado

precário, aeroportos com peque-

na capacidade para transporte de

cargas e terminais portuários inefi-

cientes. Quais as soluções à curto,

médio e longo prazo?

Antônio Ballan: A questão de

aeroportos parece estar sendo equa-

cionada com a construção de novos

terminais, ampliação dos existentes

e, principalmente, com a privatização

desses serviços. A questão das fer-

rovias é bem mais complicada: uma

solução de curto prazo poderá ser a

implantação da figura dos operado-

res ferroviários independentes. No

médio prazo outra alternativa é re-

negociar os atuais contratos de con-

cessão, antecipando a sua renovação

com o compromisso de expansão

das linhas e adequado atendimento

da demanda existente. Também será

importante o desenvolvimento de

projetos de novas ferrovias empre-

sarialmente viáveis. Isso poderá ser

conseguido, com o Governo dando

mais liberdade para a iniciativa pri-

vada planejar, implantar e operá-las.

Na questão dos Portos, a Lei 12.815

abriu caminho para novas licitações,

agora é colocá-las em prática.

Revista Campo: A falta de in-

vestimento no setor hidroviário foi

debatido na Faeg. Como o senhor

avalia o momento atual pelo qual as

hidrovias estão passando por causa

da estiagem?

Antônio Ballan: A estiagem é um

fenômeno da natureza sob o qual não te-

mos controle, mas podemos disciplinar a

utilização dos recursos hídricos por meio

de Leis já existentes. Respeitar o uso múl-

tiplo das águas é o primeiro passo para

termos uma utilização sensata desse im-

prescindível recurso, que é a água, e tam-

bém precisamos de mais investimentos

para eliminação de gargalos existentes.

Revista Campo: Dados apontam

que o custo do transporte por água é

mais barato e ambientalmente mais

correto. Além disso, os países que

investem no transporte hidroviário

reduzem seu custo logístico. Porque

ainda não existem investimentos de

fato no setor?

Antônio Ballan: Realmente o cus-

to por hidrovia é bem mais competitivo

quando comparado com outros modais,

além disso é o que menos polui e no

qual praticamente não se registra ne-

nhum acidente. O Brasil é privilegiado

com uma bacia hidrografia muito gran-

de, porém pouco utilizado, e isso talvez

seja por falta de planejamento, de foco

e de incentivo por parte do Governo –

que precisa querer realmente desenvol-

ver esse modal.

Revista Campo: Recentemen-

te, foi apresentado o Plano de Me-

lhoramentos da Hidrovia Paraná-

-Tietê. Qual sua impressão sobre o

documento?

Antônio Ballan: Bastante po-

sitivo, necessário para o crescimen-

to e desenvolvimento do modal,

porém precisamos também discu-

tir o cumprimento/respeito do uso

múltiplo das águas.

Respeitar o uso

múltiplo das águas

é o primeiro passo

para termos uma

utilização sensata

desse recurso

A estiagem

é um fenômeno

da natureza sob

o qual não temos

controle, mas

podemos

disciplinar a

utilização dos

recursos

hídricos por meio

de Leis já

existentes

10 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

MERCADO E PRODUTO

O Brasil é um país que

possui ótimas condi-

ções para o desenvol-

vimento da agricultura, aliando

um clima favorável à dispo-

nibilidade de terras e água.

Frente a isso, nos últimos anos

temos visto um grande cresci-

mento e intensificação da nos-

sa produção agrícola, o que

gerou grandes oportunidades,

mas nos remete a importantes

desafios para sua manutenção.

Além dos problemas estru-

turais enfrentados por nossos

produtores “fora da porteira”,

com infraestrutura e legislação

deficitárias no país e que one-

ram nossa produção, os desa-

fios dentro das propriedades na

condução das lavouras também

se agravaram nos últimos anos.

O aparecimento de novas mo-

léstias e a perda de eficiência

no combate de nossos tradicio-

nais problemas fitossanitários,

como por exemplo a ferrugem

asiática, têm exigido ações de

forma ampla e unificada de

todo o setor produtivo.

Em Goiás, a última safra teve

um dos piores desempenhos

em produtividade nos últimos

anos, tendo como grande vilã

junto aos períodos de estia-

gem, o aparecimento precoce

de ferrugem em sua principal

região produtora, o que levou

o estado a rever a instrução

normativa que rege o vazio sa-

nitário da soja aqui no estado.

O principal foco das alterações

foi a implementação de medi-

das que reduzam o número de

inóculos da doença dentro das

regiões produtoras.

Dentre as principais alte-

rações propostas, podemos

destacar a criação de um ca-

lendário de plantio, de 01 de

outubro à 31 de dezembro

de cada, visando finalizar a

prática de plantio de soja em

sucessão no período de safri-

nha, o que evita a ampliação

da “ponte verde” para a sobre-

vivência do fungo e diminui o

uso de defensivos, reduzindo a

chance de perda de eficiência

destes produtos. Também vi-

sando a diminuição da ocor-

rência de plantas hospedeiras

na entressafra, manteve-se o

artigo que define a eliminação

de “tigueras” 30 dias após a

emergência, ampliando o rigor

das penalidades aplicadas aos

descumpridores. Para diminui-

ção deste problema em beiras

de estrada e áreas públicas,

estabeleceu-se também a apli-

cação de multas aos transpor-

tadores que não realizarem o

correto acondicionamento das

cargas de soja, com perdas no

processo de transporte.

Normalmente as empresas

que realizam pesquisa e me-

lhoramento genético recebem

autorização especial para cul-

tivo dentro dos períodos de

vazio sanitário, prática que

tem prejudicado os funda-

mentos de restrição de plan-

tas hospedeiras, causando

prejuízos severos as áreas ad-

jacentes a estes cultivos e au-

mentando o inóculo inicial da

doença dentro das regiões de

produção. Por este motivo, foi

também proposta a definição

de áreas específicas para o

desenvolvimento destas pes-

quisas, em projetos já existen-

tes de irrigação por inundação

no Norte do estado.

É importante salientar que

todas as propostas apre-

sentadas foram frutos de

um amplo debate, que mais

do que alinhar as intenções

de todo o setor imbuído no

combate aos problemas que

enfrenta, coloca “às claras”

as responsabilidades de cada

elo. Estas ações sinalizam a

maturidade do setor produti-

vo ao pensar à frente, atuan-

do junto aos órgãos fiscali-

zadores no sentido de educar

e proteger a nossa produção,

utilizando o caráter puniti-

vo com rigor, mas em última

instância, no intuito de de-

fender a produção de nosso

estado e os produtores que

realizam as boas práticas.

Revisão no vazio sanitário da soja em GoiásCristiano Palavro | [email protected]

Cristiano Palavro

é engenheiro agrônomo e

consultor técnico do Senar

Goiás para a área de cereais,

fibras, e oleaginosas

Laris

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Novembro / 2014 CAMPO | 11www.senargo.org.br

AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL

INDIARA

ARAGUAPAZ

INDIARA

O município de Indiara recebeu no dia 21 de junho o Dia de Campo, realizado na fazenda Água Branca. Os proprietários do local, e produtores rurais, Derly Cardoso e Cleide Aparecida Marins, abriram as porteiras da fazenda para alunos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) - campus de Edéia, que puderam conhecer de perto a rotina de uma propriedade rural. Na ocasião 60 estudantes das três turmas do curso de Tecnologia em Agronegócio participaram de palestras e tiraram dúvidas. O presidente do Sindicato Rural de Indiara, Henrique Marques de Almeida, falou sobre a importância da cooperativa e do associativismo no meio rural e enfatizou que os acadêmicos são de suma importância para a economia brasileira, onde o agronegócio gira em torno de 67% do PIB nacional.

O Sindicato Rural de Araguapaz, em parceria com o Senar Goiás, realizou entre os dias 30 de setembro e 04 de outubro o treinamento de Trançados em Couro (FPR), no Assentamento Serra Verde. Com o instrutor, Luiz Rodrigues, os participantes aprenderam a secar e esticar o couro, além de confeccionar pinholas e demais artigos.

O Sindicato Rural de Indiara realizou - em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás e prefeitura - o primeiro Pronatec / Operador de Maquinas Agrícolas. Um total de duas turmas, cada uma com 15 alunos, participaram dos treinamentos. As aulas, com carga horária de 04 horas/aula/dia, aconteceram na sede do Sindicato Rural e na escola municipal Olavo Bilac.

Dia de Campo na Fazenda Água Branca

Trançado em couro

Operando máquinas agrícolas

SANTA HELENA

O Sindicato Rural (SR) de Santa Helena realizou campanha para arrecadar alimentos que foram doados a sete instituições da cidade. A iniciativa, que partiu do presidente do SR, Arcino Braz Vieira, contou com o apoio da diretoria sindical e conseguiu mais de três toneladas de alimentos. A doação foi realizada durante a 20º Exposição Agropecuária de Santa Helena e compuseram a lista de beneficiados as creches Eni Alves e Amiguinhos de Jesus, as Casas do Oleiro, das Crianças e de Recuperação Montesião, o Abrigo Maria Madalena e o Lar dos Idosos São Vicente de Paula.

Entrega de alimentos

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12 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Processamento de peixesCORUMBAÍBA

ITABERAÍ

O município de Corumbaíba recebeu entre os das 6 e 8 de outubro o treinamento de Processamento de Peixes, ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás. O curso, que contou com a parceria do Sindicato Rural (SR) da cidade, abordou informações sobre abate, escamação, evisceração, retirada de peles, filetagem e cortes especiais dos peixes, além da produção de derivados e aproveitamento de resíduos dos animais. Todas essas informações visam estimular os piscicultores da região a fornecer ao mercado produtos de melhor qualidade e com maior valor agregado, garantindo melhor retorno financeiro e consequentemente melhor qualidade de vida à família rural.

Um sonho coletivo e muitas mãos à obra! Foi assim que

o Sindicato Rural de Itaberaí lançou, no início do mês

de outubro, o Curralinho Centro do Equoterapia. Ainda

no papel, o projeto começa a ganhar forma e a lista

de possíveis participantes já existe. Entre os parceiros:

prefeitura, Poder Judiciário, empresariado, voluntários,

produtores rurais e moradores da cidade. Presente em

46 cidades e multiplicado por 49 grupos, o Programa

Equoterapia é desenvolvido pelo Serviço Nacional de

Aprendizagem Rural (Senar) Goiás em parceria com

prefeituras, empresas e a sociedade de forma geral.

A ideia de levar o programa ao município surgiu por meio

do Sindicato Rural da cidade e do Senar Goiás, mas, para

ser colocado em prática, o projeto precisava de cavalos,

um local adequado, mão de obra e uma infinidade de

parceiros. Pouco a pouco eles foram chegando e a busca

continua. Entre as formas de contribuir, doação de 6%

do Imposto de Renda para ser deduzido.

Com doação de um terreno por parte da prefeitura, o

Parque de Exposições começa a ser construído e uma

parte dele será destinada ao Centro de Equoterapia. Até

lá, uma propriedade rural cedida será utilizada para dar

início imediato ao projeto.

A prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde também

foi parceira cedendo os profissionais de saúde para

trabalharem em função do programa. Para minimizar

os gastos, o Senar Goiás vai disponibilizar, por meio de

cursos e treinamentos, mão de obra para cerca do local

e casqueamento dos animais. Apenas nesse quesito, a

economia proporcionada chega à casa dos R$ 40 mil.

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lho

ITABERAÍ

Produtores interessados em reativar a Associação dos Produtores de Uva e Derivados da Região Noroeste do Estado de Goiás (Apuderneg) devem procurar o produtor Danilo Razia, do município de Itaberaí ou informações no Sindicato Rural da cidade. A Associação, que não está em funcionamento, quer voltar a unir forças para garantir produtividade, representatividade e força no mercado.

Fred

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lhoParcerias para Equoterapia

Associação reativada

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Novembro / 2014 CAMPO | 13www.senargo.org.br

COMBATE ÀS PRAGAS

Cultivo do girassol também foi debatido

Michelle Rabelo | [email protected]

Catherine Moraes | [email protected]

Comissão define alterações no vazio da soja

Fred

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Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg e Flávio Faedo, presidente da Comissão coordenaram reunião

www.sistemafaeg.com.br14 | CAMPO Novembro / 2014

Com o objetivo de definir os

critérios para realização do

vazio sanitário da soja em

Goiás, a Comissão de Cereais, Fibras

e Oleaginosas da Federação da Agri-

cultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se

reuniu com toda a cadeia produtiva

no último mês. O principal ponto de

discussão diz respeito à permissão

de plantio para pesquisa científica

e melhoramento genético duran-

te o período de vazio sanitário e a

necessidade de o girassol seguir o

período sem plantio. Isto porque a

prática tem aumentado o número de

inóculo da ferrugem em algumas re-

giões do estado.

Além de diretores e técnicos da

Federação, participaram também do

encontro representantes da Aproso-

ja Goiás, dos Sindicatos Rurais, Ca-

ramuru Alimentos, Agência Goiana

de Defesa Agropecuária (Agrode-

fesa), Monsanto, Monsoy, Nidera

Sementes, Agro Safra, Ouro Bran-

co Agronegócios, Dupont Pioneer,

Secretaria de Estado de Agricul-

tura, Pecuária e Irrigação (Seagro),

Aprosoja Goiás, Empresa Brasileira

de Pesquisa Agropecuária (Embra-

pa), Fundo de Incentivo à Cultura

do Algodão (Fialgo) e Ministério da

Agricultura e Pecuária e Abasteci-

mento (Mapa).

A reunião foi conduzida por Barto-

lomeu Braz, vice-presidente institu-

cional da Faeg e presidente da Apro-

soja Goiás e o produtor rural Flávio

Faedo, presidente da Comissão. A

finalidade maior era encontrar um

consenso em relação às propostas

apresentadas, com a finalidade úni-

ca de eliminar a ferrugem asiática

das plantações e garantir maior se-

gurança aos produtores.

Para Flávio Faedo é preciso pon-

derar todas as necessidades e ele

defende que, neste momento, avan-

çar com cautela pode ser a melhor

opção. “Sabemos da necessidade

de novas variedades, mas o siste-

ma atual tem causado prejuízos.

Precisamos encontrar uma forma

de aliar o desenvolvimento de no-

vas cultivares com a preservação do

vazio sanitário. De que adianta no-

vas variedades se não conseguimos

acabar com a resistência da ferru-

gem”, questiona.

Prejuízos elevados

A ferrugem asiática, mesmo sen-

do uma doença já tradicional nos

cultivos em nosso estado, teve seus

prejuízos agravados nas últimas sa-

fras. Isto se deve principalmente ao

fato de que os produtos químicos

utilizados no controle desta doen-

ça estão perdendo eficiência, o que

exige um manejo cultural da doen-

ça durante todo o ano.

Além do debate sobre as áreas de

pesquisa que estão sendo plantadas

no período de vazio, as alterações na

instrução normativa também abor-

dam importantes pontos que visam

a mitigação dos efeitos negativos da

ferrugem. Entre eles podemos des-

tacar a eliminação de plantas “ti-

gueras”, a proibição de plantio de

soja na safrinha, o controle de “ti-

gueras” em beiras de rodovias e o

transporte de soja após a colheita.

Principais Alterações

Estabelecimento de calendário de plantio de 01 de outubro à 31 de dezembro.

Proibição de plantio de soja no pe-ríodo de safrinha, tanto para grãos como para sementes (excessão para sementes genéticas).

Estabelecimento de penalidades e multas para caminhões que apre-sentarem derramamento de carga nas rodovias.

Deslocamento de áreas de pesquisa e melhoramento genético planta-das dentro do vazio sanitário para áreas dos Projetos de Irrigação no Norte do estado (São Miguel do Araguaia e Flores de Goiás).

Novembro / 2014 CAMPO | 15www.senargo.org.br

Pesquisa e melhoramento genético deverão se adequar O maior impasse entre as novas propostas foi a de deslo-

camento dos programas de melhoramento genético para o

Norte do estado. Os produtores rurais acreditam que esta

medida contribuirá para diminuir os inóculos nas principais

regiões produtoras, mas as empresas de pesquisa alegam

que inviável transferir os projetos para esta região. Isto por-

que toda a estrutura destas empresas já está estabelecida no

Sul do estado e não plantar no vazio sanitário interrompe

o ciclo de cultivo, diminuindo a velocidade de avanço de

gerações de novas cultivares.

“Hoje somos a terceira ou quarta empresa que mais lan-

ça cultivares de soja do Rio Grande do Sul ao Maranhão.

Alguns chegam a aumentar a produtividade em até 50%.

Não queremos, de forma alguma, retirar a empresa de Goi-

ás. Mas não é possível seguir o vazio e assim, não vemos

outra forma”, completou Claudiomir Abatti, da Monsoy.

Cláudio Godoi, gerente de pesquisa da Nidera Sementes e

Ênio Duarte, supervisor de regulação da Dupont Pionner

também concordaram com o posicionamento.

Cultura de Girassol também deverá seguir vazio sanitário Atualmente, grande parte do girassol utilizado para a

produção de óleo no Brasil é importado, principalmente

do Paraguai e da Argentina. Goiás já chegou a ser o maior

estado produtor de girassol no passado, mas atualmente

a cultura é plantada em pequena escala, sendo cultivados

em cerca de 8 mil hectares da cultura na última safra.

A expectativa da Caramuru é de ampliação desta área,

podendo chegar aos 15 mil hectares já em 2015.

O girassol é plantado na segunda

safra do Centro-Oeste brasileiro,

entre os meses de fevereiro e

março, podendo ser uma

ótima alternativa para

cultivo neste período. O

problema é que, como o

girassol é uma cultura

plantada em sucessão a

soja, uma das principais

dificuldades enfrenta-

das pelos produtores é

o controle de plantas ti-

gueras de soja em meio aos

cultivos. Como não existem

herbicidas seletivos para a

eliminação destas plantas

de soja em meio ao gi-

rassol, o controle fica praticamente impossível.

“Na prática, a folha do girassol mata a soja tiguera an-

tes de 40 dias. Não existe no mundo um produto regis-

trado para a folha larga e girassol é plantado sobre a

soja, não tem outra forma. O ideal é mesmo podermos

ter plantio até 30 de junho e respeitarmos o vazio da

soja. Caso contrário, acabaremos com o investimento do

Girassol que é uma ótima opção inclusive para o pro-

dutor de soja”, explicou Alexandre Barros,

da Atlântica Sementes.

Em busca de uma solução para o

problema, foi estudado um mo-

delo de plano de manejo para

implementação na próxima

atualização na normati-

va do vazio sanitário, que

deve ocorrer nas próximas

semanas. “Precisamos de

produtos alternativos para o

plantio em nossa safrinha. O

girassol, além de ser uma exce-

lente alternativa para a rotação

de culturas, também se mostra vi-

ável economicamente e merece maior

atenção de todo o setor”, afirma Bartolo-

meu Braz, vice-presidente institucional da Faeg.

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Claudiomir Abatti, da Monsoy afirma que medida torna pesquisa inviável

16 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

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INDÚSTRIA

Com o objetivo de discutir

os problemas relacionados

à produção de tomates in-

dustriais no estado e a necessidade

de pesquisas na área, a Comissão

de Irrigação da Federação da Agri-

cultura e Pecuária de Goiás (Faeg)

se reuniu no dia 15 de outubro, na

sede da Faeg. Um dos principais tó-

picos da pauta foi a produção de to-

mates, que ainda não foi completa-

mente colhida e pode causar perdas

significativas à cadeia produtiva.

A reunião foi comandada pelo

presidente da Comissão, Eduardo

Veras; pelo gerente de assuntos téc-

nicos e econômicos, Edson Alves

e pela consultora técnica do Senar

Goiás para a área de Irrigação e

Meio Ambiente, Jordana Sara.

Durante o encontro, foi ressalta-

do que antes do plantio do tomate

industrial, as empresas já fecham

contrato com os produtores e pre-

veem o total a ser colhido. Apesar

disso, os produtores alegam que

algumas não conseguiram colher a

expectativa em tempo hábil.

Um dos principais problemas refe-

re-se ao fato do tomate ser perecível

e a alta possibilidade de perda da

produção. “A expectativa de uma

empresa para a qual comercializo

era moer mais de 3.600 toneladas.

O problema é que o tomate deve-

ria ser colhido em 115 dias, já está

em 150 e a empresa colheu apenas

2.600”, afirmou (fonte).

Necessidade de pesquisa

Na ocasião, o presidente do Sin-

dicato Rural de Cristalina, Alécio

Maróstica, falou sobre o cadastro

que foi realizado e custeado por

irrigantes. Ele afirma que o inves-

timento por parte dos produtores

contribui para o crescimento da

produção amparada em dados. “Os

produtores precisam reconhecer a

realidade da própria irrigação, do

município e do Estado. Temos que

formar um grupo e propor um Pla-

no de Ação”, finalizou.

A pauta da reunião contou ainda

com a ideia de realização de um se-

minário para 2015 com o objetivo de

tratar os principais pontos da irri-

gação de forma que os produtores

possam se capacitar ainda mais e

discutir determinados assuntos re-

lacionados à atividade.

Colheita do tomate industrial é tema de reuniãoPossibilidade de perda da produção e necessidade de pesquisa na área também foram pautados na discussão

Luiz Lemes | [email protected]

Catherine Moraes | [email protected]

Presidente da Comissão, Eduardo Veras conduziu a reunião

Novembro / 2014 CAMPO | 17www.senargo.org.br

Faeg e Senar realizam campanha do Dia das Crianças em prol de abrigo infantil

Catherine Moraes | [email protected]

Solidariedade

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AÇÃO SOCIAL

Uma faxina no guarda-roupa, nos sapatos, livros e caixas de brin-quedos. Esta foi a ideia inicial da

Campanha do Dia das Crianças desen-volvida pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás). Os filhos dos fun-cionários das duas casas foram responsá-veis por arrecadar as doações, destinadas ao Condomínio Sol Nascente, que hoje abriga 39 crianças em situação de aban-dono ou disponibilizadas para adoção.

A primeira festinha foi realizada na sede das entidades e o ingresso de en-trada era trocado por doações. No total foram arrecadadas 135 peças de roupas; 208 brinquedos; 130 livros e 22 pares de sapatos. Durante a festa, as crianças se divertiram com o Circo Lahetô e do Grupo de Dança Épicus Cia de Dança. A ação completa o seu terceiro ano e, a cada edição, escolhe uma entidade ou grupo para entrega das arrecadações. Em 2013, o destino foi o Lixão de Aparecida de Goiânia e as famílias que lá residem.

Os olhares do abrigo foram os mais curiosos. As crianças, de 0 a 12 anos, aproveitaram o dia para brincar, ga-nhar presentes, comer bastante doce e compartilhar afeto. Em cada olhar um pedido de colo, de companhei-ros para as brincadeiras e até mes-mo de uma conversa. E assim, teve adulto empurrando balanço, brin-cando no chão e distribuindo ca-chorro quente, sorvete e muito doce!

Jornalista e assessora de comunica-ção do Sistema, Michelle Rabelo afir-

Vanessa Benevides e Linara Ferreira auxiliam crianças em abrigo

multiplicada

18 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

ma que o contato com as crianças que vivem afastadas de sua família, inde-pendente do motivo, faz com que “a gente olhe para o lado, mesmo com a correria, e se comova. Faz com que a gente vista a camisa da luta em prol da causa, incentive amigos a adotarem e, acima de tudo, entenda o papel dessa atitude”. E completa: “todo adulto tinha que ter um Dia das Crianças como esse. Amolece o coração da gente e resga-ta na memória aquela sensação boa de ser pequeno e ter um lar, se sen-tir protegido. No final da tarde todos voltamos no tempo e nos encantamos com o parquinho. Paramos o tempo para nos emocionar com um sorriso todo feito com dentes de leite”, finaliza.

Importância SocialGestora de Recursos Humanos da

Faeg, Vanessa Benevides afirma que ações como estas têm o objetivo de trabalhar o lado solidário dos fun-cionários. “Me emocionei muito ao

ver aquelas crianças arrumadinhas e perfumadas para nos receber. Em cada olhar carência de afeto, aten-ção. Contribuir, ainda que de forma simples, para a vida destas crianças é contribuir com a nossa. É servir, para assim tornar a vida melhor”, finaliza.

Assessora de Gestão de Pessoas do Senar Goiás, Rejane Alves se emocio-na ao falar do evento e diz que ações como estas farão, cada vez mais, parte da instituição. “Foi ma-ravilhoso o empenho de to-dos, na arrecadação e nas festas. Uma menina de 11 anos me disse, en-quanto segurava uma sacola de presentes no abrigo que era o dia mais feliz da vida dela. Engoli seco, perdi a fala e gostaria de ter respondido a mesma frase, mas não conse-gui falar nada”, conclui.

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www.senargo.org.br Novembro / 2014 CAMPO | 19

QUALIDADE

Médico veterinário defende planejamento

Michelle Rabelo | [email protected]

Sanidade: peça chave para o sucesso do curral

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Sanidade: peça chave para o sucesso do curral

Laris

sa M

ello

Desde que o mundo é mundo,

a dupla bom e barato faz su-

cesso. Com o tempo, o bom

ganhou uma alta exigência de qualida-

de e o barato passou a ser baseado na

competitividade do mercado. Na pecu-

ária de corte não é diferente: para ser

bem comercializado, o animal precisa

ter características excelentes e um pre-

ço competitivo. Para o médico veteri-

nário e técnico na Zoetis, Elci Rincon

Ferreira, assim como para um grupo

extenso de profissionais da área, a pri-

meira condição é fundamental para o

sucesso do curral, mesmo quando ele é

um confinamento dos melhores.

Elci, que defende o planejamento sa-

nitário como investimento na qualidade

do animal, aponta como principais de-

safios do criador de gado corte os cui-

dados com a sanidade, com a nutrição

adequada, com o manejo correto e com

questões genéticas que também podem

influenciar na saúde bovina. O veteriná-

rio destaca as doenças infeccionas dos

sistemas digestivo, locomotor e respira-

tório como as grandes vilãs do curral –

mesmo em um país que se consolidou

na última década como potência na ex-

portação de carne bovina. As doenças

infecciosas - de origem bacteriana, viral

ou parasitária - são, muitas vezes, os

empecilhos para uma boa fecundação,

pois afetam o aparelho reprodutivo de

machos e fêmeas, causando abortos,

repetições de cio e nascimento de ani-

mais com porte inferior à média.

“Precisamos colocar o planejamen-

to sanitário na cultura do pecuarista.

Ele precisa entender que disso depen-

de a saúde do animal e do seu bol-

so”, pontua o veterinário, emendando

um alerta: “Muita gente pensa que

no confinamento o animal está mais

seguro. E não é bem assim. No con-

finamento, devido ao grande número

de bovinos, há uma maior interação

entre os animais e os riscos do apare-

cimento de doenças aumentam”.

Apesar de escoar cerca de 20% da

produção nacional de carne, a expor-

tação é de extrema importância para

o país e com a intenção de aumentar

as cifras resultantes dos bovinos que

deixam o Brasil, profissionais como

Elci apostam fortemente na medicina

veterinária preventiva, que inclui lim-

peza e desinfecção do curral, além de

vacinação, quarentena e manejo cor-

reto dos animais. Tudo feito duran-

te 365 dias no ano, e não só quando

um dos animais apresenta-se doente.

Manejo da

sanidade no

confinamento

Que a rentabilidade do criador

depende diretamente do estado

de saúde dos animais não é se-

gredo para nenhum pecuarista,

mas o fato de os prejuízos po-

derem ser drasticamente redu-

zidos com práticas simples de

manejo, ainda é novidade para

muita gente. O manejo correto

da sanidade tem influência di-

reta e indireta na sanidade das

diversas categorias do rebanho.

Estes procedimentos de manejo

sanitário devem se iniciar antes

mesmo do nascimento, para

garantir um bom desenvolvi-

mento da cria e assegurar uma

adequada vida produtiva e re-

produtiva posterior.

• Treinamento da equipe, que

deve contar com alguns

profissionais especializados;

• Desenho e implementação

de um calendário sanitário

específ ico;

• Realização diária de

ronda sanitária;

• Atenção aos hábitos

dos animais quanto à

alimentação, porte corporal,

respiração e perda/ganho

excessivo de peso;

• Identif icação precoce do

animal doente, que deve ter

sua evolução (melhora/piora)

acompanhada de perto.Elci aposta fortemente na medicina veterinária preventiva

Novembro / 2014 CAMPO | 21www.senargo.org.br

FRUTICULTURA

Ameaça à fruticultura goiana

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Antônio Leonel conta que dificuldade de assistência técnica especializada no setor é latente

Dificuldades do setor preocupam mesmo quem tem tudo para dar certo no ramo

Karina Ribeiro | [email protected]

Especial para Revista Campo

22 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Características climáticas e de

solo favoráveis à fruticultura,

Goiás tem de sobra: ampli-

tude térmica, altitude, terra plana e

disponibilidade de água. Mas esse po-

tencial perde um pouco de cor quan-

do encara as dificuldades do setor. A

cadeia produtiva carece de mão de

obra capacitada, sofre com os garga-

los logísticos e de comercialização e

padece com o déficit assistência téc-

nica especializada. No mais, há pouco

incentivo para pesquisadores do setor.

Mesmo com todos esses desafios,

Goiás ainda consegue despontar na

produção de banana, melancia e la-

ranja. Já alguns pioneiros encaram a

produção de frutas nunca vistas por

essas bandas do País.

O produtor de banana-maçã do mu-

nicípio de Itaguarú, Antônio Leonel,

afirma que a dificuldade de assistência

técnica especializada no setor é latente.

Embora tenha experiência de 23 anos

na bananicultura, afirma que ainda sofre

para combater doenças relacionadas à

cultura, principalmente, o mal-do-Pana-

má. Durante alguns períodos, a doença

pode ser responsável pela perda de até

40% da produção. “Se tivesse acesso a

um técnico especializado em banana po-

deria somar a minha experiência e me-

lhorar a produção”, lamenta. Ele explica

que, eventualmente, recebe visitas de

técnicos, mas afirma que não são espe-

cializados na produção de banana.

Leonel cultiva 200 hectares da fruta.

Entre os três primeiros anos de pro-

dução da planta, a produtividade mé-

dia mensal é de 70 caixas por hectare.

Atualmente, a caixa de 20 quilos é

comercializada a R$ 30. Parte da lu-

cratividade, entretanto, escorre pelas

mãos dos atravessadores. Ele conta

que vende parte do que é colhido para

o Ceasa e outra parte para atravessado-

res que vendem a fruta em

São Paulo e Goiás. Apesar

de reconhecer o problema,

não vislumbra outra forma de

repassar a produção.

Outro gargalo é a falta de

mão de obra qualificada. Ele

conta que precisa de 13 fun-

cionários para o manejo

e colheita da fruta.

Em função da ex-

periência, já pos-

sui essa mão de

obra disponível,

mas admite que

muitos produtores

sofrem com a escassez.

Esses entraves podem

atingir uma quantidade

vultosa de produtores de

banana em Goiás. São

2.085 produtores insta-

lados principalmente nos

municípios de Uruana, Ita-

guarú, Jaraguá e Pirenópo-

lis. Segundo informações do

Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), Goiás é o décimo

maior produtor de banana do País (veja

quadro na próxima página).

Melancia: exportando mão de obra

e perdendo no preço

Já o produtor de melancia de Uruana,

João Neto, conta que não sente

problema de mão de obra capacitada.

Isso porque Uruana contribui, e muito,

para que Goiás seja o segundo maior

produtor da fruta do País. “Na verdade,

a cidade acompanha o ciclo da melancia.

E exportamos mão de obra para o Sul

do País, Tocantins e São Paulo”, diz.

João Neto também afirma que não há

dificuldades com assistência técnica

especializada. Técnicos da Emater, diz,

visitam regularmente a região.

Mas ele conta depois de passar por

um período de preços do quilo da fru-

ta excepcional, a cerca de R$ 0,90, os

produtores da região estão passando

por um período de vacas magras. O

preço do quilo da fruta está a R$ 0,25.

“Abaixo de R$ 0,30 centavos não dá

para ter lucro”, diz.

Ele diz que toda a produção do mu-

nicípio é vendida para atravessadores

e, embora admita que essa forma de

comercialização possa espremer os lu-

cros, não enxerga outra saída. Questio-

nado sobre a possibilidade da criação

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Novembro / 2014 CAMPO | 23www.senargo.org.br

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Wagner defende a criação de uma associação ou cooperativa

Alexandro Alves cita a importância da diversificação da produção

Em Goiás

Fruta % Número de produtores

Total bruto (R$)

3,06% 155 7.193.053,44

1,53% 59 1.614.778,00

0,75% 402 6.977.082,00

0,71% 8 11.601.975,00

0,45% 8 11.508.000,00

Fruta % Número de produtores

Total bruto (R$)

37,14% 2.085 141.232.720,00

23,43% 310 52.279.605,00

16,97% 360 82.962.225,00

11,29% 105 71.593.138,00

3,43% 149 3.953.065,20

24 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

de uma associação ou cooperativa,

João Neto é taxativo. “Já fizemos isso

uma vez e não deu certo. Não tem ou-

tra forma de escoar a produção”, diz.

Associação e organização empresarial

Segundo o presidente da comissão de

fruticultura da Federação da Agricultura

e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg),

Wagner de Barros Filho, a criação de

associação ou cooperativa é o primeiro

passo para fortalecer a classe produtora.

“Tudo o que é feito de maneira isolada

perde força”, resume.

Para ele, precisa haver profissiona-

lização e organização empresarial.

Essa iniciativa permite que ele tenha

uma visão mais ampla e acompanhe

os preços nos mercados regional, na-

cional e internacional.

Wagner admite que, no passado,

muitos produtores foram vítimas de

associações e cooperativas que fracas-

saram e carregam essa má experiência

até hoje. “Estamos trabalhando essa

questão com os produtores”, afirma.

Essa preocupação está relacionada

também à sazonalidade da produção

aliada a um produto altamente perecível

e sensível. “Ele tem que colher e nego-

ciar. Sabendo desse momento de comer-

cialização, entram as mãos pesadas dos

atravessadores”, diz. “O mercado não é

livre como a gente imagina. Há uma for-

te pressão de distribuidores e atacadis-

tas, o produtor acaba assumindo uma

perda de remuneração das atividades,

descapitalizando o produtor”, arremata.

O assessor técnico da Faeg, Alexandro

Alves, explica que a Federação está in-

centivando, mesmo em áreas menores, a

diversificação da produção. “Assim ele

produz o ano todo e não ficam reféns de

oscilações do mercado”, pondera.

Wagner ressalta que há uma carên-

cia de alternativas logísticas e de dis-

tribuição dos produtos. A rota de esco-

amento é a rodoviária, cujas estradas,

principalmente vicinais, geram demora

na viagem e danificam produtos.

Laranja: potencial pode ser mais

explorado

Há 12 anos, o produtor de laranjas de

Palmeiras de Goiás e Pontalina, Almir

Cavalcante Bastos Filho, observa evolu-

ção no setor. “Hoje os produtores estão

mais abertos a investir em consultoria”,

diz. Principalmente após o setor citros so-

frer uma crise de alta produção em 2002.

Com isso, o produtor está mais cons-

ciente em aceitar inovações, monitora-

mento de áreas, tratamento, preventi-

vo e análise de solo. “A qualidade da

fruta melhorou”, diz. Mas ele acredita

que o potencial de Goiás ainda é pou-

co explorado por falta de informação.

“O clima é favorável, a terra é plana e

temos água para irrigar”, diz. Mas a

logística, para ele, é o ponto mais fra-

co. “Antes de planejar é fundamental

que o produtor observe as estradas e

pontos de acesso ao mercado”, diz.

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João Neto não sente problema de mão de obra capacitada

www.senargo.org.br Novembro / 2014 CAMPO | 25

Concorrência e sazonalidade dificultam mão de obra

Pelo menos dois motivos levam produtores rurais sofre-rem com a escassez de mão de obra: a concorrência com outras atividades de trabalho no campo (grãos) e a sazo-nalidade da colheita. Segundo o coordenador dos treina-mentos de Fruticultura do Senar Goiás, Leonnardo Cruvi-nel, ações dos fruticultores podem minimizar essa carência.

Ele afirma que enquanto a mão de obra masculina migra

para outras atividades ru-rais, os fruticulto-

res devem apro-veitar a mão de obra fe-minina. “É um traba-lho que não exige fisica-mente e a

atenção e delicadeza femininas são fundamentais para al-gumas práticas culturais, identificação de pragas e doen-ças e colheita de frutas”, diz. Em 2012, dos 102 treinamen-tos realizados pelo Senar, as mulheres corresponderam a 48% dos participantes.

Leonnardo afirma que em relação ao capital humano, o produtor precisa ofertar trabalho ao empregado o ano todo. Para tanto, o produtor deve fazer uma programação estra-tégica, diversificando a produção e ampliando o calendário produtivo. “Esse calendário depende muito das condições ambientais da região e do mercado demandante”, ressalta.

O Senar Goiás atua em treinamentos de Formação Pro-fissional Rural (FPR) na área de fruticultura desde 2002. Fo-ram 1699 ações realizadas e, deste contingente, os cursos de ‘formação e condução de pomar caseiro’, ‘fruticultura de banana’ e ‘fruticultura de maracujá’ foram os treinamentos mais solicitados. Ao longo dos anos, foram treinadas 17.490 pessoas, sendo 61% homens e 39% mulheres.

Falta de assistência técnica, problemas na energia e comercialização

Segundo o vice-presidente da Associação da Central de Associações de Pequenos Produtores Rurais de Luziâ-nia (Caprul) e da Comissão de Fruticultura da Faeg, Jorge Meireles, aliado a falta de mão de obra está o fator falta de assistência técnica.

Ele aponta como problemas déficit de assistência téc-nica especializada (70%), baixa qualidade da energia elétrica e comercialização. São 130 produtores de ba-nana e citros (maracujá, laranja, limão, tangerina e ace-rola), além do início do plantio de morango e graviola.

Jorge explica que a diversificação é boa e que agora buscam criar polos de produção para ajudar no transporte e logística de escoamento. Mas salienta que a falta de assistência técnica reflete até na comercialização. “Os produtores têm dificuldades em pla-nejamento de produção, sem saber o volume temos problemas para fechar contrato com empresas”, diz.

A região também esbarra na carência de mão de obra especia-lizada, especialmente na colheita de frutas mais exigentes como maracujá e morango. “Um trabalhador mais qualificado pode até perceber se existe alguma doença está entrando na cultura”, diz.

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“A qualidade da fruta melhorou. O clima é favorável, a terra é plana e temos

água para irrigar, mas antes de planejar é fundamental que o produtor observe as

estradas e pontos de acesso ao mercado”, produtor de laranjas, Almir Cavalcante.

Para Jorge Meireles, a falta de assistência técnica reflete até na comercialização

26 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Em meio aos muitos desafios en-

frentados pela fruticultura goia-

na, a falta de investimentos em

pesquisas e a pouca disponibilidade de

assistência técnica atrapalha, de manei-

ra especial, o sono dos produtores. Para

eles, assim como para o setor agrope-

cuário de forma geral, a necessidade da

pesquisa é urgente e a falta dela pode

travar o desenvolvimento da atividade.

Além disso, os passos lentos com os

quais se disponibiliza assistência técnica

em Goiás deve levá-los a seguir com a

atividade de forma amadora e despre-

parada - mesmo com as características

climáticas e solo favoráveis encontradas

na terra da banana e da melancia.

Em contrapartida, empresas de pes-

quisa alegam que o setor precisa se

mobilizar e pensar projetos de forma

organizada. Os responsáveis pela assis-

tência técnica goiana também dividem

a responsabilidade com os produtores,

pontuando a necessidade de um pedido

precoce de acompanhamento/orien-

tação em detrimento

da solicitação emergencial, quando a

plantação já está comprometida.

Falta de projetos robustos

Segundo Alexandre Alves, assessor

técnico da Faeg para área de Fruticultu-

ra, pesquisas voltadas para o setor são

praticamente inexistentes em Goiás.

“Os recursos são voltados

FRUTICULTURA

Recursos são mais voltados para outras culturas

Karina Ribeiro | [email protected]

Michelle Rabelo | [email protected]

Especial para Revista Campo

Falta de pesquisa trava desenvolvimento

Shutt

er

Novembro / 2014 CAMPO | 27

para as culturas agrícolas de maior im-

portância econômica. Percebo que à

fruticultura não é dada a mesma impor-

tância”, acentua..

A presidente da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Ma-

ria Zaira Turchi, afirma que o setor agro-

pecuário tem sido bastante contemplado

nos editais da fundação. Mas em relação à

fruticultura, são pesquisadores individuais,

sobretudo de frutos tipicamente do Cer-

rado. “Mas não recebemos projetos mais

robustos, com ações estratégicas dessa

área. Caso o setor se mobilize e organize,

serão bem acolhidos”, afirma. Ela explica

que desde 2011 foram empregados mais

de R$ 200 milhões em pesquisas e editais

universais (que abrange várias áreas).

Ela admite que nos primeiros anos de

Fundação, foram realizados poucos edi-

tais em função da falta de recursos. Por

isso, houve uma demanda reprimida.

“Mas hoje o cenário está melhor”, diz.

Ela explica que esse continuísmo de in-

vestimentos deve contribuir também para

melhorar as condições de infraestrutura

dos laboratórios de pesquisa no Estado.

Técnicos da Emater são insuficientes

O engenheiro agrônomo da Emater,

Vagner Silva, afirma que são apenas cin-

co técnicos com especialização em fru-

ticultura e admite que este contingente

é insuficiente para atender a demanda

de Goiás. “Estamos aguardando autori-

zação do Governo Federal para realizar

concurso público para contratação de

técnicos, mas a instituição tem promovi-

do cursos de capacitação”, afirma.

Vagner diz que a assistência técnica

prestada pela Emater em fruticultura é

basicamente para agricultores familiares.

Ele explica que, em geral, a maioria pra-

tica atividade de forma amadora. “Eles

conduzem seus pomares até apresenta-

rem algum tipo de dano significativo e

nessa fase eles lembram e recorrem à

assistência técnica, onde muitas vezes já

não há o que fazer”, afirma. Ele orien-

ta produtores a monitorar diariamente

a lavoura para observar algum tipo de

enfermidade ou deficiência.

Experimento em parceria

Depois de analisar todas as dificulda-

des do setor, o produtor e sócio proprie-

tário da empresa Brava, Edson Carlos

da Silva, explica que em parceria com

o consultor em fruticultura, Theodorus

Daamen, resolveu desenvolver um grupo

de estudo para mitigar os problemas da

fruticultura e explorar o potencial do se-

tor no município de Cristalina. Para tan-

to, trabalham em uma área experimental

de 10 hectares, do proprietário Edilson

Daniele. No local, existem pés de pês-

sego, maçã, nectarina, caqui, ameixa,

laranja, limão, abacate, uva e tangerina.

No projeto foram feitas análises do

processo inicial, produção e finali-

zação (comercialização). “Primei-

ro foi o preparo do solo, viabilida-

de econômica e mão de obra”, diz

Edson Carlos. Para sanar a carência

de trabalhadores, o grupo realizou

convênios com escolas técnicas não

só para treinar o profissional, mas

também para descobrir a aptidão

de cada um. Durante o processo de

Fred

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Fred

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lho

Maria Zaira explica que desde 2011 foram empregados mais de R$ 200 milhões em pesquisas e editais universais

Vagner explica que a assistência técnica prestada pela Emater em fruticultura é basicamente para agricultores familiares

28 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Diversificação de produção pode ser viávelPara o assessor técnico da Faeg, Alexandro Alves,

toda essa preocupação e análise são pertinentes. Isso

porque, além do investimento alto, as áreas de produ-

tores de frutas em Goiás costumam ser pequenas. “Ele

fica por muitos anos com a área instalada porque o in-

vestimento é alto e ele precisa tocar o negócio”, diz. Ele

explica que a Federação está incentivando, mesmo em

áreas menores, a diversificação da produção. “Assim

ele produz o ano todo e não ficam reféns de oscilações

do mercado”, pondera.

A iniciativa do grupo de Cristalina deve impedir pro-

blemas futuros entre os produtores da região. Em geral,

Alexandro conta que há uma importação de mão de obra

de Estados do Nordeste que nem sempre é qualificada.

Ele ressalta que essa é uma situação perigosa. “Muitos

aliciadores de mão de obra disponibilizam trabalhado-

res para os fruticultores e depois os levam à justiça”,

afirma. Além disso, esse tipo de profissional pode gerar

perda de produção e qualidade do produto.

Ele explica que a Faeg trabalha para que os produtores

criem associações e cooperativas, além de buscar que

a Lei Estadual 17.041, de incentivo à fruticultura saia

do papel. A matéria visa fomentar a produção, indus-

trialização, comercialização e o consumo de frutas em

Goiás. “O escopo da lei atende perfeitamente o setor,

mas não foi efetivada em Goiás”, lamenta.

Laris

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elo

Laris

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elo

produção, eles primam pela consul-

toria de 40 anos de experiência de

Daamen. Para a comercialização, já

estão construindo um local de clas-

sificação de frutas.

Ele explica que a comercializa-

ção foi a maior discussão do grupo.

“Procuramos saber se existia merca-

do consumidor e assumimos parte

da comercialização. Tudo decidido

em grupo”, afirma. O foco é vender

a produção em Brasília.

As perspectivas são favoráveis.

Tanto que Edson já investiu em uma

área própria de 15 hectares – com

o plantio direto de atemóia, goiaba

e pêssego. Em breve, com a conso-

lidação das chuvas, inicia o plantio

de uva e maçã. Edson admite que o

investimento inicial é alto, entre R$

20 mil e R$ 25 mil por hectare. O

retorno começa após três anos. “O

retorno de um hectare de fruta equi-

vale a 30 hectares de soja”, calcula.

Edson Carlos desenvolveu um grupo de estudo para mitigar os problemas da fruticultura

Novembro / 2014 CAMPO | 29www.senargo.org.br

CAPACITAÇÃO RURAL

Na época em que as salas de aula ainda misturavam alunos de diversas idades, e que o mo-

bral ainda estudava à luz de lamparina, começava a se formar o povoado Gon-gomé. No início, com uma igreja e uma escola rural, o local era visto apenas como moradia para trabalhadores das propriedades vizinhas. Hoje, o Gon-gomé é um lar. São dez famílias que vivem da agricultura de subsistência e cultivam um sonho, amparado pelo Se-nar Goiás: criar uma Escola Ambiental.

Antes de 1950, quando os produtores deixaram de abrigar os trabalhadores dentro de suas propriedades, um dos fa-zendeiros doou parte das terras para que, no local, fosse formada uma comunidade. A data de início é incerta, mas a escritura foi assinada em 1948. A primeira constru-ção foi a igreja de São João Batista, que ainda permanece de pé e é usada não só para os pedidos, mas para os agradeci-mentos de graças recebidas.

Filha de uma das primeiras profes-soras, Anésia Rodrigues de Carvalho hoje com 44 anos, dá continuidade ao projeto da família. “Minha mãe era merendeira de uma escola e morava no povoado de Santa Rita aqui ao lado. Em 1967 ela passou em um concurso e começou a trabalhar como professora do Grupo Escolar do Gongomé. A lista de chamada tinha mais de 30 pessoas e a faixa etária variava entre pré-alfabeti-zação e quarta-série, todos na mesma sala. À noite era hora do mobral para os adultos da comunidade. Ela lecionou até 1985, à luz de lampião quando tinha gás e lamparina quando não tinha”, afirma.

Os filhos do GongoméComunidade rural de Itaberaí sobrevive de produção local e almeja criar Escola Ambiental

Catherine Moraes | [email protected]

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www.sistemafaeg.com.br30 | CAMPO Novembro / 2014

Anésia, a mais nova de cinco irmãos, lembra que a merenda, nesta época, já era plantada pela comunidade. Isto porque, segundo ela, o Gongomé ficava isolado e se o alimento viesse de outro municí-pio chegava estragado. “Eu me lembro que meu pai plantava arroz na lavoura do Estado e muitos alunos vinham de longe para almoçar com a gente”, se emociona.

O tempo passou e o grupo escolar foi desativado. O pai de Anésia faleceu, a mãe se aposentou e mudou-se para a

cidade. Os irmãos já estudavam, tinham casa e voltavam para o Gongomé no fi-nal de semana. Apesar disso, Anésia e o irmão Salomão Wenceslau tinham outros planos. Eles queriam ajudar a comunida-de local e tiveram a ideia de fundar uma Escola Ambiental. Com isso, além de garantir mais qualidade de vida à popu-lação, escolas de municípios vizinhos po-derão visitar as propriedades e conhecer a vida do campo.

Mão na terraEm 2008 o terreno foi preparado e a

correção do solo feita. Coroamento, adu-bação e aplicação de inseticida vieram depois. No total, mais de 4 mil mudas de 42 espécies de frutas foram plantadas. Entre os cultivos: abacate, sidra, laranja, limão, araçá, murici, cajá, ingá, jabutica-ba, pitanga, pequi, jaca e caju.

Adriano da Silva, de 57 anos, conta que nasceu e foi criado no Gongomé. As mu-

das de árvores nativas, ele mesmo ajudou a plantar há mais de 20 anos e, com orgu-lho, mostra as árvores de ipê, cedro, jato-bá, mogno. “Tem até a madeira Teca, usa-da para fazer navios e a pata-de-vaca, que ajuda no tratamento da Diabetes”, sorri.

A perda de um irmãoJornalista, Salomão Wenceslau cons-

truiu carreira em Tocantins, mas não aban-donou o povoado do Gongomé. Ajudava financeiramente e lutava pelo projeto da

Escola Ambiental. Em setembro passado (2013), a irmã Anésia decidiu fazer uma grande festa e reunir amigos de infância, familiares e possíveis parceiros do progra-ma para o lançamento oficial do local. As obras ainda estão no início, mas o objetivo era mostrar o que ainda será feito.

A data foi marcada, os convites entre-gues, e em 20 de setembro de 2013 mais de 200 pessoas se reuniram no Gongo-mé. “A data era uma forma de fazê-lo comemorar o aniversário em Goiás. Sa-lomão morava em Tocantins desde 1989. Vieram até repórteres”, conta Anésia.

A notícia triste, entretanto, veio em seguida. Salomão passou o dia 20 com os amigos e no dia seguinte passou em Goiânia para fazer uns exames. Ele vol-tou para o Tocantins e morreu no dia 25, aos 54 anos, após um enfarte. “No mesmo ano fomos ao Tocantins para o Prêmio de Jornalismo da Federação de Agricultura e Pecuária que teve o nome

dele. A própria senadora Kátia Abreu o elogiou e pediu que a gente procuras-se o Senar Goiás. E foi aí que eu tive a certeza: não ia deixar esse projeto acabar”, Conta Anésia, emocionada ao lembrar do irmão.

Morador da comunidade há 11 anos, Juarez Bastos, 79, afirma que ficou com dó de Salomão e que o jornalista era amado e respeitado na comunidade. “Fi-quei 33 anos em uma fazenda e a idade não permitia mais. Aqui, fui acolhido”.

Fred

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Mulheres moradoras do Gongomé participaram de curso de produção de doces

Juarez e Adriano, moradores do povoado, se orgulham de árvores plantadas Fr

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Car

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Novembro / 2014 CAMPO | 31www.senargo.org.br

Senar Goiás e a capacitação Depois da morte do irmão, Anésia que já mora na

capital decidiu procurar o Sindicato Rural de Itaberaí para conhecer um pouco mais sobre o trabalho do Ser-viço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás). “O Senar, a Faeg e a CNA são uma família. Eu não conhecia o Senar ou o Sindicato Rural, achava que eles eram somente para os grandes produtores. Eu fui ao Sindicato e a mobilizadora Liliane nos recebeu de braços abertos”, diz.

O primeiro curso realizado foi o de Administra-ção Rural em regime de economia familiar. O segun-do, doces, incluindo compotas e cristalizados. “Na comunidade tem muita gente com algumas vaqui-nhas, produzem leite, vão se virando com o susten-

to e muitos dependem do Bolsa Família e não que-rem permanecer assim pra sempre”, afirma Anésia.

Uma das participantes, Marta Alves Braz, de 50 anos, afirma que o aprendizado foi muito valioso e vai ajudá--la a alimentar a família. “Na minha casa hoje produ-zimos diversas coisas. Tiramos uma média de 50 litros de leite por dia, fazemos doce, queijo e eu também faço crochê. Tenho câncer e não tenho mais intestino. O uso da bolsa dificultou o trabalho e eu sempre vendia na fei-ra. Agora tive que pensar em outra forma de me manter. Crio frango caipira melhorado, e com o curso de doces, vejo uma nova opção de renda”, completa.

O próximo curso será o de processamento de peixes e os moradores já esperam ansiosos por mais conhecimento.

Anésia fala, com carinho, sobre a comunidade

Marta afirma que cursos possibilitam renda

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32 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

DELÍCIAS DO CAMPO

INGREDIENTES:

1 copo de claras de ovos500 gramas de açúcar1 colher de sopa de caldo de limão

Suspiros Caseiros

Dica: O segredo é retirar da forma quando estiver firme.

* Receita elaborada instrutora de Produção de Doces, Eva Machado.

Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200

PREPARO:

Leve em banho-maria sem parar de misturar a clara com o açúcar, deixe derreter até virar um caldo mole. (Cuidado para não cozinhar as claras). Bata as claras até que dobrem de volume (neve) e depois adicione o caldo do limão coa-do. Deixe bater bem.

Unte uma forma com óleo, coloque o suspiro em um saco de confeitar e faça pitangas na forma untada. Asse em forno médio (150ºC) por uns 5 minutos para dourar levemente.

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CASO DE SUCESSO Fr

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Artesã se profissionaliza em técnica e administraçãoCatherine Moraes | [email protected]

Transformação que passa de mãe para filho

“Quando alguém acredita no seu sucesso, te dá um voto de confiança e você se esforça, você vence. Eu já fazia artesanato, mas não era como hoje, tão real. De-pois do Senar mudou muito. Eu sabia que tinha talento, mas alguém precisava con-fiar em mim. Deus nos dá o apoio, mas ele usa alguém. O Senar fez isso comigo, ou-viu a voz de Deus”.

Ayla Maria de Carvalho

Agora, Ayla Maria pretende abrir uma loja

www.sistemafaeg.com.br34 | CAMPO Novembro / 2014

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Ayla Maria era artesã, trabalhava em casa, não sabia quais crité-rios usar para dar preço aos seus

produtos e faltava-lhe um pouquinho de técnica. Por meio do Sindicato Rural e da prefeitura de Luziânia ela soube dos cur-sos realizados em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás e a vida foi se transformando, pou-co a pouco. O primeiro deles envolvia a fabricação de flores com palhas de milho, depois palhas de bananeira e os materiais utilizados foram se multiplicando: isopor, tecido, papel, materiais recicláveis... Hoje, com pretensão de abrir uma loja, ela do-mina administração e vira madrugadas para conseguir entregar as encomendas.

Moradora de Luziânia, Ayla é casa-da e mãe de dois filhos: Queren Ha-puque, 9 anos e Ezequiel, 11 anos, para quem repassa o aprendizado adquirido por meio dos cursos do Se-nar. Além de ajudar na fabricação das encomendas, os dois almejam ganhar o próprio dinheiro e surpreendem a mãe. “Outro dia Ezequiel me disse que tinha pegado uma encomenda e que ele mesmo ia fazer. No último dia das mães meu filho fez uma caixinha usando papel e tecido. Ele mesmo criou. Se eu tivesse ganhado um car-ro não tinha ficado tão feliz, não teria tanto valor”, sorri a mãe orgulhosa.

“Fazer o curso do Senar Goiás foi mui-to especial porque eu nunca tinha tido

uma oportunidade assim e abracei com todas as forças. Eu subi um degrau na minha vida e hoje tenho meu sustento. O primeiro curso foi de artesanato com palha de milho, mas agora faço também sobre empreendedorismo, para dar preço aos meus produtos”, completa.

As mãos que se uniram Miriam Carvalho é funcionária da

prefeitura, atua como coordenadora do Pronatec em Luziânia, mas o trabalho realizado por ela ultrapassa as fron-teiras do cargo. Querida na cidade, ela informa aos moradores sobre as possibilidades quando o assunto é a cartela de cursos ofertada pelo Senar Goiás em parceria com o Sindicato. “Sou funcionária da prefeitura, mas apaixonada pelo Senar. A Ayla foi uma dessas conquistas e dá orgulho vê-la trabalhando e testemunhando seu sucesso”, pontua.

Depois de convencida a participar do curso foi a hora de conhecer Mar-cilene de Souza Suriano, instrutora do Senar Goiás na área de artesanato. “Eu sou uma história de sucesso do Senar Goiás. Eu era assentada e um mobilizador ‘chato’ insistiu para que eu participasse de um curso de ar-tesanato. Eu andava todos os dias 30 km a pé para fazer o curso e há seis anos sou instrutora, tenho um empre-go e multiplico sucesso”, se alegra.

Marcilene também se emocio-na ao falar de Ayla e afirma que “ela despertou para o artesanato e aper-feiçoou o que ela já sabia. Tem mui-to degrau ainda para subir”, finaliza.

Próximo passo: a loja A artesã conta que às vezes chega a

ser parada na rua para receber encomen-das. As ocasiões, diversas, incluem casa-mento, aniversários de 15 anos, batiza-dos, chás de panela e o que mais houver demanda. Satisfeita e de peito cheio ela afirma que abraçou a oportunidade e que teve o prazer de conhecer o Sindicato Ru-ral e a Miriam Carvalho, servidora muni-cipal que fez com que o elo acontecesse.

“Hoje eu tenho muitas ideias, plane-jo montar minha lojinha. Meu esposo também me apoia e agora consigo aju-dar em casa. A capacitação é preciso sempre. Não quero deixar a oportuni-dade passar. Não desista dos seus so-nhos. Eu tive coragem de dizer que eu era capaz, que posso vencer e ter suces-so. Abrace com garra as oportunidades que a vida te dá. Se você não começou, dê o primeiro passo!”, finaliza Ayla.

Os interessados em treinamen-tos e cursos do Senar, em Goiás, no município de Luziânia devem entrar em contato com o Sindicato Rural pelo telefone: (61) 3621-1060.

Novembro / 2014 CAMPO | 35www.senargo.org.br

EM OUTUBRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU

CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*

4.353 PRODUTORES E

TRABALHADORES

RURAIS

CAPACITADOS

42 139 07 00 11 14 111 31 27 11 02 09 32 0

Na área de

agricultura

Em atividade

de apoio

agrossilvipastoril

Na área de

silvicultura

Na área de

extrativismo

Em

agroindústria

na área de

aquicultura

na área de

pecuária

Em

atividades

relativas à

prestação

de serviços

Alimentação

e nutrição

Organização

comunitária

Saúde e

alimentação

Prevenção de

acidentes

Artesanato Educação para

consumo

FRUTICULTURASh

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Luiz Fernando Rodrigues | [email protected]

Fruticultura do Cerrado: opção de trabalho e renda

EM OUTUBRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU

CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*

4.353 PRODUTORES E

TRABALHADORES

RURAIS

CAPACITADOS

42 139 07 00 11 14 111 31 27 11 02 09 32 0

Na área de

agricultura

Em atividade

de apoio

agrossilvipastoril

Na área de

silvicultura

Na área de

extrativismo

Em

agroindústria

na área de

aquicultura

na área de

pecuária

Em

atividades

relativas à

prestação

de serviços

Alimentação

e nutrição

Organização

comunitária

Saúde e

alimentação

Prevenção de

acidentes

Artesanato Educação para

consumo

Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo

Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site

www.senargo.org.br

A produção de frutos no Brasil tem se tornado cada vez mais importante sob os aspectos

econômicos e sociais, principalmente por representar uma riquíssima fonte de nutrientes para os consumidores. Para desenvolver ainda mais o setor, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás disponibiliza para produtores, trabalhadores rurais e de-mais interessados o treinamento de Formação Profissional Rural de Fruti-cultura do Cerrado. Criado em 2010, o curso incentiva o reflorestamento e a utilização do extrativismo susten-tável, além de proporcionar o cultivo de produtos variados na propriedade, diminuindo a dependência de apenas um setor produtivo.

Durante o treinamento, os interes-sados devem adquirir conhecimen-tos referentes ao cultivo, semeadura, tratos culturais, manejo de pragas e doenças, colheita, embalagem, ar-

mazenagem e a comercialização das frutas. Além disso, o treinamento proporciona a realização de um pla-nejamento para o cultivo das fru-teiras do Cerrado mais produtivas e comerciais e como poderá ser feita a formação e a aquisição de mudas.

Segundo o coordenador do cur-so, Leonnardo Cruvinel, mais de 900 pessoas já part iciparam do t reinamento e 53% desse total são do sexo feminino. “Isso de-monstra o interesse das mulheres do campo no cult ivo de frutas do bioma Cerrado, promovendo maior opção de t rabalho e renda pra fa-mília rural”, comenta.

Os eventos possuem cargas ho-rárias de 24 horas e tem o máximo de 16 vagas por curso. Os t reina-mentos são cert if icados e, para isso, o aluno deve ter, no mínimo, 80% de frequência e apresentar uma média satisfatória.

*Cursos promovidos entre os dias 26 de setembro a 25 de outubro

Sanidade animal: área da Medicina Veterinária que cuida da saúde do rebanho

CAMPO ABERTO

O Brasil é um país com proporções con-

tinentais. Nosso rebanho já ultrapassa

a marca de 200 milhões de cabeças, o

maior rebanho comercial de bovinos do mun-

do. Somos líderes nas exportações e vendas em

mais de 180 países. Agora, o objetivo da pe-

cuária brasileira está sendo trabalhar por uma

melhor qualidade de nosso produto ofertado.

Tamanha globalização atual disponibiliza

cada vez mais conhecimento para a sociedade

que, consequentemente, exigem produtos com

padrões superiores qualidade. Vivenciamos in-

cessantes embargos sobre o produto brasileiro,

hora por questões sanitárias, hora por resíduos

de medicamentos. Muito se perde financeira-

mente para contornar cada evento deste.

No entanto, alguns embargos poderiam ser

evitados se o produtor brasileiro atentasse mais

à Sanidade Animal. Existem normas e regras

que estabelecem a adoção de medidas preven-

tivas no sistema produtivo. Estas foram estabe-

lecidas após exaustivos trabalhos de pesquisa

científica. O Programa Nacional de Controle e

Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCE-

BT), Programa Nacional de Controle da Raiva

dos Herbívoros (PNCRH) e o Programa Nacio-

nal de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) são

exemplos disso.

Foi utilizando-se ferramentas semelhantes a

estas que conseguimos erradicar a peste bovina

no globo terrestre. Portugal erradicou a raiva, os

Estados Unidos da América erradicou o carrapa-

to do bovino e o mesmo pode ser dito com re-

lação à brucelose na Grã-Bretanha, Dinamarca,

Finlândia, Suécia, Noruega, Áustria, Alemanha,

Holanda e Luxemburgo entre outros.

Contudo, além de programas governamentais

que orientam o sistema de produção, também há

formação profissional voltada à prática da Medicina

Veterinária Preventiva. Estes profissionais podem

orientar produtores a reduzirem o prejuízo econô-

mico causado por enfermidades como cisticercose,

brucelose, tuberculose, leptospirose, ectoparasitos,

raiva, diarreia dos bezerros, helmintoses, tristeza

parasitária bovina e outras ainda hoje existentes

em grande parte dos rebanhos, onde mesmo após

realizar tratamento medicamentoso, a enfermidade

se mantém prevalente por falta da adoção de me-

didas preventivas.

Por fim, a Organização Mundial de Sanidade

Animal (OIE) promoveu em 2011, juntamente

com outras organizações internacionais (FAO,

OMS e Unesco) a campanha “Um mundo, uma

saúde”, que leva seguinte mensagem: Para as

doenças, não há separação entre o homem, os

animais e o meio ambiente. Desta forma, re-

alizar investimentos em Medicina Veterinária

Preventiva para os nossos animais, não visa

apenas beneficiá-los com melhores condições.

Tal atitude reflete em nossa própria saúde, pois

dividimos o mesmo espaço, compartilhamos os

mesmos recursos e vivemos no mesmo planeta.

Thiago Souza

é médico veterinário,

instrutor do Senar

Goiás para turmas

do Pronatec e

Inseminação Artificial,

mestre em Sanidade

Animal, Higiene

e Tecnologia de

Alimentos e possui

especialista em

Sanidade Animal

pela UFG.

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Thiago Souza | [email protected]

38 | CAMPO Novembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Sanidade animal: área da Medicina Veterinária que cuida da saúde do rebanho

LAY 2604 FAEG REVISTA CAMPO JULHO CAN 08 2014_am.indd 21 18/08/2014 14:32:14LAY 2637 FAEG REVISTA CAMPO AGOSTO CAN 08 2014-am .indd 39 09/09/2014 21:16:07