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Amor é vida; é ter constantemente Alma, sentidos, coração abertos, Ao grande, ao belo; é ser capaz de extremos, D`altas virtudes, capaz de crime! Compr`eder o infinito, a imensidade, E a natureza e Deus; gostar dos campos, D`aves, flores, murmúrios solitários; Buscar tristeza, a soledade, o ermo, E ter o coração em riso e festa; E à branda festa, ao riso ao riso da nossa alma.

Amor é vida; é ter constantementecolegiosantarosa-pa.com.br/material_do_professor/adriana_leite/2an… · Gonçalves Dias Almeida Garrett Álvares de Azevedo Camilo Castelo Branco

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Amor é vida; é ter constantemente

Alma, sentidos, coração – abertos,

Ao grande, ao belo; é ser capaz de

extremos,

D`altas virtudes, té capaz de crime!

Compr`eder o infinito, a

imensidade,

E a natureza e Deus; gostar dos

campos,

D`aves, flores, murmúrios

solitários;

Buscar tristeza, a soledade, o

ermo,

E ter o coração em riso e festa;

E à branda festa, ao riso ao riso da

nossa alma.

Romantismo

Origem: Alemanha e Inglaterra (séc. XVIII).

Apesar da origem ser no século XVIII, foi modaliterária no século XIX.

França: país propagador dos ideais românticos,burgueses, iluministas, libertários a partir doséculo XVIII.

Coincide com a solidificação da classeburguesa no poder.

Constitui profunda e vasta revolução cultural aoimprimir o sentimento em detrimento da razão.

Faz ruptura com o padrão renascentista de arte(racionalidade, busca da beleza e verdade,modelo greco-romano)

As Gerações do Romantismo Brasileiro

Dados 1º Geração 2º Geração 3º Geração

Principal

Representante

Gonçalves Dias

Almeida Garrett

Álvares de Azevedo

Camilo Castelo Branco

Castro Alves

Influências Portugal-Medieval

Rosseau e Gouthe

Lord Byron, Musset Victor Hugo

Poeta X

Realidade

Visão Idealista

Pátria

Visão Pessimista

“EU”

Visão Reformista

Causas Sociais

Escravidão/Repúblic

Proposta Nacionalismo, Ufanismo. Egocentrismo,

byronismo

Condoreismo

Crítica, Denuncia.

Ideal Valorização do Brasil e

Criação de Símbolos

Nacionais: Índio e

Natureza.

Viver o Mal do Século:

Tristeza, Pessimismo,

Dor Existencial, Tédio da

Vida, Desejo de Morrer.

Proclamação da

República e Abolição da

Escravatura, Justiça

Social.

MorteGloriosa, Heroísmo

Para o Índio,

Relação com

Sofrimento Saudosista.

Opção de Vida , fuga

da realidade. É

encarada com

sentimentalismo.

Solução Para o Negro

com o Drama da

Escravidão.

AmorNão Realizado

Fisicamente(espiritual )

Causa Sofrimento no

Homem.

Não Apresenta Relação

com Desejo Carnal.

Não Realizado

Fisicamente(Espiritual)

Causa Sofrimento no

Homem.

Relacionado ao Desejo

Carnal.

´´E contraditório:

Desejo X Medo.

É Realizado

Fisicamente (Carnal).

Causa Prazer no

Homem.

MulherIdealizada (Linda, Pura,

Anjo, Inatingível, etc.)

Indiferente aos

Sentimentos do

homem.

Causa Sofrimento.

Idealizada (Linda, pura,

Anjo, Inatingível, etc.)

Indiferente aos

Sentimentos do

Homem.

Causa Sofrimento.

Apresenta

Sensualidade ,

Desperte Desejo.

Idealizada (Sedutora,

Erótica, Carnal).

Corresponde aos

Sentimentos , Desejos

do Homem.

Participa Ativamente

do Ato Amoroso.

Homem

Desiludido em

Relação ao Amor da

Mulher, é Infeliz,

Servil,. É Inferior

(Vassalo)

Expressa a Coita

d`amor.

Infantil.

Ama Platonicamente

a Figura

Feminina.Tenta

Conciliar a

Idealização da Mulher

Como pura, Anjo

com os traços

Sensuais que Atribui

a Mesma. Por Isso

Sofre Muito.Tem um

Comportamento

Adolescente ao

Descobrir a sua

Sexualidade.

Expressa Paixão e

Desejo Pela Mulher

de Forma que a

Sexualidade é

Evidenciada. O

Comportamento

Masculino Revela a

Superarão da Fase

adolescente no

Amor.

1ª Geração Romântica:

“ Entre palmeiras ondulantes, gorjeia o lirismo de

Gonçalves Dias ”.

Gonçalves dias: (1823-1864)

Isto é o meu Brasil

Ô nossas praias são tão claras

Nossas flores são tão raras

Isto é o Brasil

Ô, nossas fontes, nossas ilhas de e matas

Nossos montes, nossas lindas cascatas

Deus foi quem criou

Ô,ô....

Ô, minha terra brasileira

Ouve esta canção ligeira

Que eu fiz quase louco de saudade

Brasil

Tange as cordas dos seus violões

E canta o teu canto de amor

Que vai fundo nos corações.

Ary Barroso.

Índia.

Índia, seus cabelos nos ombros caídos

Negros como a noite que não tem luar;

Seus lábios de rosa para num sorriso

E a doce meiguice desse seu olhar.

Índia da pele morena,

Sua boca pequena

Eu quero Beijar

Índia sangue Tupi

Tem o cheiro da flor;

Vem, que eu quero lhe dar.

Todo o meu grande amor.

(J.A.Flores / M.O.Guerero / José Fortuna).

Olhos Verdes

São uns olhos verdes, verdes, Exprimem qualquer paixão,

Uns olhos de verde-mar, Tão facilmente se inflamam,

Quando o tempo vai bonança; Tão meigamente derramam

Uns olhos cor de esperança, Fogo e luz no coração;

Uns olhos por que morri; Mas ai de mi!

Que ai de mi! Nem já sei qual fiquei sendo

Neijkkkkkkkkkkkkkkkijkiijjhhhjjjmnj,kkkjl,jjjjkjjkkjk,kkjjjjjjjjjkkjm já sei qual fiquei sendo Depois que os vi!

Depois que os vi!

(......)

São verdes da cor do prado,

Como se lê num espelho,

Pude ler nos olhos seus!

Os olhos mostram a alma,

Que as ondas postas em

calma

Também refretem os céus;

Mas ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!

Dizei vós, ó meus amigos,

Se vos perguntam por mi,

Que eu vivo só da lembrança

De uns olhos cor de esperança,

De uns olhos verdes que vi!

Que ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!

Dizei vós: Triste do bardo!

Deixou-se de amor finar!

Vi uns olhos verdes, verdes,

Uns olhos da cor do mar:

Eram verdes sem esp`rança,

Davam amor sem amar!

Dizei-o vós, meus amigos,

Que ai de mi!

Não pertenço mais à vida.

SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA“Destaca-se no Romantismo um grupo de poetas de

fisionomia bem caracterizada, aparentados por traços de

individualismo, no estilo de vida, na melancolia, no

desespero, no “mal du siècle”, no delírio doloroso e

desesperante, na exacerbação do sentimento e da paixão.

Precocemente amadurecidos, e mortos, a maioria,

prematuramente, tiveram disso como que a presciência,

vivendo uma vida desenfreada de orgias,

incompreendidos na sua morbidez e originalidade. Seus

modelos literários foram Byron e Musset. São poetas,

alguns deles, de grande ressonância popular. Constituem

a fase do individualismo romântico ou do

Utrarromantismo.(1845-1865)

COUTINHO. Afrânio. A Literatura No Brasil/Era Romântica.

7ªed.São Paulo: Global, 2004.

O ULTRARROMANTISMO

O MAL DO SÉCULOTendência marcante na segunda geração, o Mal-do-Século

foi um estado de espírito que contagiou a juventude na

segunda metade do século XIX. Vivê-lo significava ser

mediado pela tristeza, pessimismo, angustiado pela dor de

existir, pelo tédio da vida, pelo desejo de morrer.

Sentimento é condizente à valorização da interioridade

poética. Ao praticante do mal-do-século a realidade vigente

é um caos que não mudará. Por isso esta tendência será

traduzida, no plano literário, por um pessimismo doentio,

valores decadentes como o vício, atração pela noite

(sombrio/mórbido) paisagens tumulares. Além disso, o mal-

do-século também esteve associado a uma doença

incurável, geralmente a tuberculose que ceifou a vida de

jovens poetas deste período.

MORTE – Tema Central da 2ª Geração

“Ó morte! A que mistério me destinas?

Esse átomo de luz que inda me alenta,

Quando o corpo morrer,

Voltará amanhã aziagas sinas

Na terra numa face macilenta esperar e sofrer?”

Álvarez de Azevedo.

BYRONISMO

► Atitude cultivada pelos poetas da segunda

geração romântica, e relacionada ao poeta Lordy

Byron.

► Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e

uma forma particular de ver o mundo; um estilo de

vida boêmia, noturna, voltada para o vício,

prazeres da bebida, fumo e sexo.

► Concebe o mundo de maneira egocêntrica,

pessimista, angustiada, e por vezes satânica.

GEORGE GORDON BYRON(1788-1824)

Filho de família aristocrata em ruínas,

sua curta vida (morre aos 36 anos) cheia

de sobressaltos, turbulências e

contradições é retida em sua obra, que

vai de um lirismo delicado a um cinismo

mordaz. A obra e a personalidade

romântica de Byron tiveram, no início do

século XIX, grande projeção no

panorama literário europeu e exerceram

enorme influência em seus

contemporâneos, por representarem o

melhor da sensibilidade da época,

conferindo-lhe muito de sedução e

elegância mundana.

EUTANÁSIAEUTANÁSIA

Quando o tempo trouxer, ou cedo ou tarde,

Esse sono sem sonhos para me embalar,

Sobre o meu leito de agonia possa, Olvido!

Tua asa langue levemente tremular.

Sem ter por perto carpidores oficiosos,

Deixai que a terra me cubra silencioso:

Que eu não tire à amizade uma só lágrima,

Que eu não estrague um só momento jubiloso.

(...)

Ah! morrer todavia e ir-se para sempre!

Aonde todos foram já ou devem ir!

Ser o nada que eu era, anteriormente

A nascer para a vida e para a dor curtir!

As alegrias conta que tuas horas viram,

Conta teus dias sem nenhum sofrer:

E sabe, não importa o que haja sido,

É bem melhor não se

MANUEL ANTÔNIO ÁLVAREZ DE AZEVEDO (1831-1852)

“Não chorem... que não morreu

Era um anjinho do céu

Que um outro anjinho chamou”

Essas palavras foram ditas pela

mãe de Álvarez de Azevedo na ocasião

em que este, ainda criança, perdeu um

irmão recém-nascido. Marcaram o menino

que mais tarde se tornaria um poeta

impulsionado pela ideia da morte. Alheio

no pensamento da morte, “só se

preocupava com o lado noturno: as

sombras, o crepúsculo, a noite, os

túmulos”.(Afrânio Coutinho).

A

INFLUÊNCIAS DE ÁLVAREZ DE AZEVEDO

► Álvarez de Azevedo é o mais digno herdeiro de Byron e

Musset em nossas letras. Foi um poeta precoce e

admirável. Sua produção permite-nos abstrair os lampejos

de gênio que, se tivesse uma passagem mais longa por

esse mundo, certamente haveria de se tornar um sol

incandescente. Sua poesia oscila entre uma vertente

sentimental e mórbida, comovedoramente sofrida, e outra,

mais realista e irônica, muitas vezes chegando ao

sarcasmo. Todas as suas obras foram editadas sob os

cuidados de sua mãe, que sobreviveu mais 44 anos após

sua morte. Dedicou-se, até 4o anos, à perpetuação da

memória e da obra de seu filho, e o primeiro livro que fez

publica foi Lira dos Vinte Anos.

Arte Literária – Clenir Bellezi de Oliveira.

Vagabundo

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,

Fumando meu cigarro vaporoso;

Nas noites de verão namoro estrelas;

Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!

Ando roto, sem bolso nem dinheiro;

Mas tenho na viola uma riqueza

Canto à lua de noite serenatas,

E quem vive de amor não tem pobreza.

(....)

Tenho por meus palácios as longas ruas;

Passeio a gosto e durmo sem temores;

Quando bebo sou rei como um poeta,

E o vinho faz sonhar com amores.

O degrau das igrejas é o meu trono,

Minha pátria é o vento que eu respiro,

Minha mãe é a lua macilenta,

E a preguiça a mulher por quem suspirou.

Escrevo nas paredes as minhas rima,

De painéis a carvão adorno a rua;

Como as aves do céu e as flores puras

Abro meu peito ao sol e durmo à lua.

Ora, se por ai alguma bela

Bem doirada e amante da preguiça

Quiser a nívea mão se unir à minha,

Há de achar-me na Sé, domingo. à missa.

A lembrança de morrer

Quando em meu peito rebentar-se a fibra.

Que o espírito enlaça o à dor vivente.

Não derramem por mim nenhuma lágrima.

Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura

A flor do vale que adormece ao vento:

Não quero que uma nota de alegria

Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio

Do deserto, o poento caminheiro

- Como as horas de um longo pesadelo

Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Soneto

Pálida, à luz da lâmpada sombria,

Sobre o leito de flores reclinadas,

Como a lua por noite

embalsamada,

Entre as nuvens do amor ela

dormia!

Era a virgem do mar! Na escuma

fria

Pela maré das águas embala!

Era uma anjo entre as nuvens

d´alvorada

Que em sonhos se banhava e se

esquecia!

Era mais bela ! O seio palpitando...

Negros olhos as pálpebras abrindo...

Formas nuas no leito resvalando.

Não te rias de mim, meu anjo lindo!

Por ti – as noites eu velei chorando,

Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo.

FACE ARIEL E CALIBAN NA POESIA DE

ÁLVAREZ DE AZEVEDO

Ariel e Caliban são personagens

da peça A tempestade de

Shakespeare. Simbolizam

Espíritos que servem a um

mesmo senhor, mas de

posturas opostas. Ariel é

cordato e ainda que às vezes

conteste as ordens recebidas, é

obediente. Caliban é violento,

tempestuoso mas embora

eventualmente obedeça, não o

faz sem protestar.

Com a expressão Ariel e Caliban,

Álvarez de Azevedo se refere ao

contraste entre essas duas

naturezas no prefácio da “Lira dos

Vinte Anos: “A razão é simples. É

que a unidade deste livro funda-se

numa binômia: - duas almas que

moram nas cavernas de um

cérebro pouco mais ou menos de

poeta escreveram este livro,

verdadeira medalha de duas

faces.” Ele reconhece, assim sua

capacidade de apaixonar-se

perdidamente, mas também de rir

do próprio arrebatamento.

Maria Luiza B. Abaurre.

3ª Geração Romântica:

“ A poesia tira a casaca, freqüenta os

porões imundos, solta um grito

agoniado e contagia as massas “.

Castro Alves

(1847-1871)

Era um sonho dantesco... O

tombadilho

Que das luzernas avermelha o

brilho,

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros .... Estalar de

açoite...

Legiões de homens negros

como a noite,

Horrendos a dançar

Negras mulheres, suspendendo

as tetas

Magras crianças, cujas bocas

pretas

Rega o sangue das mães:

Senhor Deus dos

desgraçados!

Dize´-me vos, Senhor Deus!

Se é loucura... Se é verdade

Tanto horror perante os céus...

Ó mar! Porque não apagas

Co`a esponja de tuas vagas

De teu manto esse borrão? ...

Astros! Noite! Tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares tufão!...

(...)

São filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus...

São guerreiros ousados

(....)

Ontem a plena liberdade,

A vontade de poder...

Hoje... Cum`lo de maldade

Nem são livres para morrer.

O Adeus de Teresa

A vez primeira que eu fitei Tereza,

Como as plantas que arrastam a correnteza,

A valsa nos levou nos giros seus...

E amamos juntos... E depois na sala...

Adeus! – lhe disse a tremer com a fala

E ela, corando, murmurou-me: “ Adeus “.

Uma noite...entreabriu-se um reposteiro...

E da alcova saia um cavaleiro

Inda beijando uma mulher sem véus...

Era eu... Era a pálida Teresa!

- Adeus! – lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: “ Adeus “!

Passaram-se tempos... Séculos de delírio,

Prazeres divinais... gozos de empíreo ...

... Mas um dia volvi aos lares meus.

Partindo eu disse: - Voltarei! ... Descansa! ...

Ela, chora mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me : “ Adeus”!

Quando voltei era o palácio em festa!...

E a voz d`Ela e de um homem lá na orquestra

Preenchiam de amor o azul dos céus.

Entrei! ... Ela me olhou branca... Surpresa!

Foi a última vez que eu vi Tereza!...

E ela arquejando murmurou-me : “ Adeus “!.