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ANA – Agência Nacional de Águas PROGRAMA INTERAGUAS CONTRATO SC00428/2010 TRPF AS – 668/2010 PO 4500096888 Produto 2 POLÍTICAS SOCIAIS DO PROGRAMA INTERÁGUAS Relatório de Avaliação Social do Programa Marco de Reassentamento Involuntário TOMO I 1 RP1011

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ANA – Agência Nacional de Águas

PROGRAMA INTERAGUAS CONTRATO SC00428/2010

TRPF AS – 668/2010

PO 4500096888

Produto 2

POLÍTICAS SOCIAIS DO PROGRAMA INTERÁGUAS

Relatório de Avaliação Social do Programa

Marco de Reassentamento Involuntário

TOMO I

Consultora Soraya Melgaço

Agosto 2010

1

RP1011

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Apresentação

Este documento apresenta o conjunto de estudos que compõem a Política

Social que deverá adotada e implementada durante a fase de execução do

Interáguas.

Para isto foram analisados os seguintes aspectos: (i) contextualização do

Programa, (ii) substrato de intervenção, (iii) ações a serem implementadas e

(iv) possíveis impactos decorrentes das intervenções propostas.

Desta análise concluiu-se a necessidade de se preparar diretrizes sociais

específicas para as seguintes temáticas:

Marco de Reassentamento Involuntário (MRI)

Marco de Políticas para Povos Indígenas (MPPI)

Marco de Políticas para População Tradicional Não-Indígena – (MPPNI)

O MRI se aplica a todas as categorias de afetados que deverão ser relocados

por ações oriundas do Programa.

O MPPI e o MPPNI são políticas suplementares que se aplicam sempre que

ações oriundas do Programa demandem o envolvimento de população

indígena ou tradicional não-indígena, respectivamente, independente de serem

reassentadas ou não.

O tema – Política Social do Interáguas está organizado em 3 volumes:

Tomo I – Política Social e o Marco de Reassentamento Involuntário – MRI

Tomo II - Marco de Políticas para Povos Indígenas (MPPI)

Tomo III - Marco de Políticas para População Tradicional Não-Indígena –

MPPNI

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Sumário

Apresentação....................................................................................................................2

Introdução........................................................................................................................6

1. Interáguas – O Programa.......................................................................................7

1.1 Objetivos do Programa............................................................................................7

1.2 Descrição dos Componentes sob o enforque da Capacidade de Geração de

Impactos sobre o meio antrópico...................................................................................8

1.3 Áreas de Intervenção do Programa......................................................................10

2. Características Sócio-econômicas das Áreas de Intervenção............................11

2.1 Área Focal do Programa – Região Hidrográfica Tocantins – Araguaia...............12

2.1.1 Dados Gerais......................................................................................................13

2.1.2 Da Ocupação......................................................................................................14

2.1.3 Caracterização Sócio-econômica....................................................................14

2.1.4 Indicadores Sócio-econômicos...........................................................................15

2.1.5 Aspectos Econômicos.........................................................................................16

2.1.6 A Região Hidrográfica.......................................................................................17

2.1.7 Saneamento Ambiental.......................................................................................17

2.1.8 Áreas Protegidas.................................................................................................19

2.1.8.1 Unidades de Conservação................................................................................19

2.1.8.2 Áreas de Relevante Interesse Biológico..........................................................20

2.1.8.3 Terras Indígenas..............................................................................................22

2.1.8.4 Áreas de Remanescentes de Quilombos..........................................................23

2.1.8.5 Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade...............................24

2.1.9 Eventos Críticos..................................................................................................25

2.1.10 Caracterização Política, Legal e Institucional..................................................26

2.1.11 Síntese do Diagnóstico.....................................................................................27

2.1.12 O Plano Estratégico..........................................................................................34

2.2 Área Focal do Programa: Bacia do São Francisco................................................42

2.2.1 Dados Gerais......................................................................................................42

2.2.2 Regiões Hidrográficas........................................................................................45

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2.2.3 Biomas................................................................................................................47

2.2.4 As Riquezas da Região.......................................................................................48

2.2.5 A Socioeconomia................................................................................................48

2.2.6 O Comitê de Bacia..............................................................................................50

2.2.7 Programas e Projetos Governamentais para a Bacia do rio São Francisco........51

2.2.7.1 Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do

Nordeste Setentrional - Transposição do São Francisco..........................................51

2.2.7.2 Programa de Ações Estratégicas para o Gerenciamento Integrado da Bacia do

São Francisco e da sua Zona Costeira - PAE..............................................................59

2.2.7.3 Bases para a Transformação: Ações do Governo Federal na Bacia do Rio São

Francisco e na Área de Influência do Projeto de Integração de Bacias 2009 - 2010. .61

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ANEXOS

Anexo I – Resolução nº. 412, de 22/9/2005 - Certificado de Avaliação da

Sustentabilidade da Obra Hídrica – CERTOH para o “Projeto de Integração do

Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional –

trechos I, II, III, IV, V e Ramal do Agreste Pernambucano”, Ministério da

Integração – MI.

Anexo II – Resolução nº. 411, de 22/9/2005 - Direito de Outorga ao Ministério

da Integração Nacional o direito de uso de recursos hídricos do Rio São

Francisco, para a execução do “Projeto de Integração do Rio São Francisco

com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional” - Ministério da

Integração Nacional – MI.

Anexo III – RESOLUÇÃO 24/2002 - Estabelece sobre a representatividade e

participação dos usuários nos Comitês de Bacias Hidrográficas

Anexo IV – DECRETO - Instituí o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco

Anexo V – RESOLUÇÃO Nº. 5, DE 10 DE ABRIL DE 2000 - Estabelece diretriz

para a formação e funcionamento dos Comitês das Bacias Hidrográficas

Anexo VI – Lei das Águas de 08/01/1997 - Institui a Política Nacional de

Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos

ANEXO VII – Registro da Consulta Pública

ANEXO VIII - PISCA – Plano de Inclusão Social dos Catadores

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Introdução

O Governo do Brasil realiza tramites junto ao Banco Mundial (BIRD) para

efetivar operação de crédito destinada à implantação do Programa

“Interáguas”, que tem por objetivo contribuir para a segurança manejo da água

no Brasil.

A implementação deste Programa não implicará no ocasionamento de

situações de deslocamento de população, aquisição de terras e de interrupção

ou redução de atividades produtivas. Isto se deve ao fato de que o Programa

desenvolverá apenas planos, estudos e projetos no âmbito dos recursos

hídricos.

No entanto, ao se elaborar estes planos, estudos e projetos os mesmos podem

prever / adotar soluções que venham a demandar reassentamento involuntário

de população.

Agregado a esta possibilidade, a de se considerar que o parceiro financeiro do

Governo, o Banco Mundial – BIRD determina que toda operação de crédito

para projetos que promova este tipo de situação (desapropriação de imóveis

(aquisição de terras), deslocamento de população e/ou interrupção de

atividades econômicas) definida como Reassentamento Involuntário deva

contar com um plano específico para tratamento do tema.

Os requisitos estabelecidos pela Política de Salvaguarda do BIRD se aplicam

tanto as intervenções diretamente financiadas pela instituição quanto as que

compõem a contrapartida do Programa.

Logo, este documento, em atendimento a estes requisitos, apresenta o Marco

de Reassentamento Involuntário – MRI, a ser adotado pelo Programa

Interáguas e foi elaborado baseado na Política de Reassentamento Involuntário

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do Banco Mundial (OP 4.12), na legislação ambiental vigente no país e em

experiências de Projetos de mesma natureza.

1. Interáguas – O Programa

1.1 Objetivos do Programa

O Programa tem como objetivos contribuir para a segurança manejo da água

no Brasil através de: (i) a sustentabilidade da água e melhoria da produtividade,

(ii) melhor qualidade dos gastos públicos no setor de água e, (iii) melhoria do

acesso e da eficiência dos serviços de água, (iv) reforço da capacidade

institucional para gerir as questões ambientais e sociais, e, (v) maior integração

do regime federativo e cooperação entre os diferentes níveis de governo.

Ênfase especial será dada à segmentação de áreas onde as questões da

vulnerabilidade dos pobres à água e os riscos são maiores, especialmente no

nordeste e a escassez de água das regiões metropolitanas.

Formato em 5 componentes sendo que cada uma das componentes será

executado por diferente instituição, conforme descrito no quadro a seguir:

COMPONENTE EXECUTOR

1 Gerenciamento de Recursos Hídricos

 MMA - Ministério do Meio Ambiente e ANA – Agência Nacional de Águas

2 Irrigação e Controle de risco de inundação e seca  MI – Ministério da Integração

3 Abastecimento de água e Saneamento  MC – Ministério das Cidades

4 Coordenação Intersetorial e Planejamento Integrado

 Multi setorial sob a coordenação da ANA

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5 Gerenciamento, Monitoramento e Avaliação de Projetos  STP – Secretaria Técnica do Programa

1.2 Descrição dos Componentes sob o enforque da Capacidade de Geração de Impactos sobre o meio antrópico

Componente 1 – Gerenciamento de Recursos Hídricos

Esse componente irá incidir na melhoria da eficácia dos instrumentos de gestão

de recursos hídricos e também, na implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos, o que não o torna um potencial gerador de impacto sobre o

meio antrópico.

Como este componente irá construir o arcabouço técnico de planejamento e

gestão dos Recursos Hídricos, as equipes do MMA e da ANA – agentes

executores estarão atentas a incorporar os aspectos sócio-ambientais previstos

pela legislação vigente e os descritos neste Marco de Reassentamento.

Componente 2 – Irrigação e Controle de risco de Inundação e Seca

Pretende-se proporcionar o fortalecimento institucional das agências de infra-

estrutura de água e elevar o nível do planejamento estratégico e operacional e

aumentar a capacidade da defesa civil para prevenir inundações e secas. Para

isto serão desenvolvidos planos de irrigação, política de segurança de

barragem, planos de emergência e de contingência, avaliação de risco de

inundação e seca sob diferentes cenários de alteração climática, quadro

regulatório, novos arranjos financeiros e modelos de prestação de serviços

para o setor de irrigação. Este componente prevê a elaboração de projetos que

poderão eventualmente acionar a salvaguarda de reassentamento involuntário

do BIRD e à legislação sócio-ambiental brasileira.

Componente 3 – Abastecimento de água e Saneamento

As ações a serem realizadas no âmbito deste componente são as seguintes:

Avaliação e atualização do Plano Nacional de Saneamento, implementação do

Sistema Nacional de Informações de Saneamento - SNIS, desenvolvimento de

planos regionais / locais, elaboração de projetos de saneamento, pesquisa de

satisfação dos clientes, estudo de abordagem inovadora para expansão dos

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serviços em áreas carentes, divulgação de boas praticas e melhorias

tecnológicas, capacitação e treinamento dos prestadores de serviços, dos

planejadores do setor público e dos reguladores, desenvolvimento de modelos

regionais com base no regime de consórcios. Este componente, ao prever a

elaboração de projetos de saneamento, inclusive os que possibilitam à

expansão dos serviços em áreas carentes, torna-se um potencial acionador da

política de reassentamento involuntário do BIRD e da legislação brasileira.

Componente 4 – Coordenação Intersetorial e Planejamento Integrado

Este componente ira focar sua ação nas bacias onde programas setoriais

necessitam de consolidação. Focando sua atuação em áreas de interesse

mútuo, sobreposições e conflitos nos planos setoriais. Apoiará estudos

complementares e melhorias institucionais envolvendo múltiplos setores,

coordenado pela ANA. As bacias do São Francisco e do Araguaia-Tocantins

foram preliminarmente selecionadas. As atividades intersetoriais no âmbito

desta componente serão complementadas por atividades setoriais previstas

nos componentes 1, 2 e 3, logo por decorrência, trata-se de componente com

potencial para ocasionar impacto sobre o meio antrópico - acionando as

salvaguardas de reassentamento e de povos indígenas (em especial a bacia do

Araguaia- Tocantins, que tem forte presença de população indígena) do Banco

Mundial, além da legislação sócio-ambiental brasileira.

Componente 5 – Gerenciamento, Monitoramento e Avaliação de Projetos

O objetivo deste componente é supervisionar os aspectos operacionais do

Projeto. Logo, não é gerador de impacto em meio antrópico – em última

análise!

Em resumo – Ainda que o Interáguas execute apenas, planos, estudos e

projetos os seguintes componentes demonstraram potencial para ocasionar

impacto sobre o meio antrópico, no momento-futuro em que os mesmos forem

implantados (não previsto no âmbito do Interáguas), ocasionando o

acionamento da política de salvaguardas do Banco Mundial e da legislação

sócio-ambiental brasileira.

Os componentes com este potencial de impacto são os seguintes:

COMPONENTE EXECUTOR

2 Irrigação e Controle de risco de inundação e seca MI – Ministério da

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Integração

3 Abastecimento de água e Saneamento MC – Ministério das Cidades

4 Coordenação Intersetorial e Planejamento Integrado Multi setorial sob a coordenação da ANA

1.3 Áreas de Intervenção do Programa

O Interáguas poderá atuar nas 13 Unidades Hidrográficas de Referência (UHR)

definidas pelo PNRH – Plano Nacional de Recursos Hídricos aprovado em

2006. As 13 Unidades ou Regiões Hidrográficas são as seguintes:

1. Amazonas 2. Costeira do Norte 3. Tocantins 4. Costeira do Nordeste Ocidental 5. Parnaíba 6. Costeira do Nordeste Oriental 7. São Francisco 8. Costeira do Leste 9. Costeira do Sudeste 10.Costeira do Sul 11.Uruguai 12.Paraná 13.Paraguai

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Duas destas regiões hidrográficas já foram previamente definidas como áreas

de intervenção do Interáguas a região Tocantins – Araguaia e São Francisco. O

capítulo 5 – deste documento se dedica a caracterizar estas duas bacias.

2. Características Sócio-econômicas das Áreas de Intervenção

Conforme apresentado no item 1.3 – deste documento todas as 13 regiões

hidrográficas brasileiras poderão ser objeto de atuação do Interáguas.

No entanto duas delas já foram previamente definidas (i) Tocantins - Araguaia

e (ii) São Francisco.

Diante disto, este capítulo se dedica a descrever as características sócio-

econômicas destas 2 regiões.

Este mesmo procedimento deverá ser seguido sempre que se for atuar em

outra região hidrográfica.

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Região Hidrográfica Tocantins – Araguaia: Toda a caracterização descrita

no item 5.1 deste documento foi obtida junto ao documento intitulado Plano

Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Tocantins

e Araguaia / Agência Nacional de Águas e que norteará todo o processo

nesta região no âmbito do Interáguas.

Região Hidrográfica São Francisco: Esta região é alvo atualmente de

intervenções governamentais e por isto mesmo existem diversos Programas

ou em execução ou que recentemente foram encerrados. Diante disto, o

Interáguas deverá inicialmente realizar um inventário destas ações de forma

a compatibilizar os planos, estudos e projetos a serem realizados para a

região hidrográfica evitando assim a superposição de esforços e o conflito

de ações. Para este documento foram identificados e considerados os

seguintes programas:

Programas e Projetos Governamentais para a Bacia do rio São Francisco:

1. Projeto de Integração do rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas

do Nordeste Setentrional – “Transposição do São Francisco” – em

execução

2. Programa de Ações Estratégicas para o Gerenciamento Integrado da

Bacia do São Francisco e de sua Zona Costeira – PAE – recentemente

encerrado.

3. Bases para a Transformação: Ações do Governo Federal na Bacia do Rio

São Francisco e na Área de Influência do Projeto de Integração de Bacias

com horizonte de atuação 2009 – 2010.

2.1 Área Focal do Programa – Região Hidrográfica Tocantins – Araguaia1

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos estabeleceu a divisão do território

nacional em 12 regiões hidrográficas, das quais a Região Hidrográfica

Tocantins e Araguaia (RHTA) é a mais extensa em termos da área de

drenagem integralmente situado no território brasileiro. A presença, abundância

1 Texto obtido no documento: A271p Agência Nacional de Águas (Brasil) - Plano estratégico de recursos hídricos da bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Araguaia: relatório síntese / Agência Nacional de Águas. -- Brasília: ANA; SPR, 2009. - 256 p.: Il. - ISBN 978-85-89629-55-3 - 1. Recursos hídricos 2. relatório 3. Tocantins, rio 4. Araguaia, rio I. Agência Nacional de Águas (Brasil) II. Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos. III. Título CDU 556.51(047.32) disponível no “site” http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/pesquisaSimples.asp?criterio=+Tocantins+e+Araguaia&categoria=7&NovaPagina=1&pesquisar=Pesquisar

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e utilização dos recursos naturais conferem à região um relevante papel no

desenvolvimento do país. A região já é palco de um dinâmico processo de

desenvolvimento socioeconômico, que deverá se intensificar nas próximas

décadas e que tem nos recursos hídricos um dos seus eixos.

A localização, a abundância e o potencial de utilização dos recursos naturais,

especialmente da água, conferem à região um relevante papel no

desenvolvimento do país.

Por isso, a região foi definida, pela Agência Nacional de Águas (ANA), como

prioritária para a implementação dos instrumentos da Política Nacional de

Recursos Hídricos (PNRH), que são definidos pela Lei 9.433/97. Essa decisão

culminou com a elaboração do Plano Estratégico de Recursos Hídricos da

Bacia dos Rios Tocantins e Araguaia (PERHTA), seguindo a diretriz do Sistema

Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, que é a de implementar a

PNRH de forma integrada, descentralizada e participativa nas principais bacias

e regiões hidrográficas brasileiras.

Assim, foi elaborado um Plano de Recursos Hídricos com caráter estratégico,

que visa a minimizar e a antecipar conflitos futuros, estabelecendo diretrizes

para a compatibilização da utilização múltipla da água com as demais políticas

setoriais para assegurar o uso sustentável.

A elaboração do Plano foi realizada de forma participativa, tendo sido

realizadas reuniões públicas abertas para apresentação dos resultados aos

Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ao final de cada etapa, num total de

14 apresentações em 5 Unidades da Federação, que contou com a

participação de aproximadamente 135 instituições. Além disso, foi constituído

um Grupo Técnico de Acompanhamento da elaboração do Plano, formado por

representantes dos governos federal e estaduais, da sociedade civil e dos

usuários de água das Unidades da Federação que integram a região. Esse

grupo se reuniu cinco vezes em Brasília com a presença de um total de 47

instituições. O processo de consulta e participação permitiu a construção de

uma visão ampla das questões mais críticas da região, refletindo e integrando

os pontos de vista de diversos atores.

O plano estratégico na sua íntegra está disponível no site da ANA:

http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/pesquisaSimples.asp?

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criterio=+Tocantins+e+Araguaia&categoria=7&NovaPagina=1&pesquisar=Pesq

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2.1.1 Dados Gerais

A Região Hidrográfica do Tocantins e Araguaia é a mais extensa em área de

drenagem (918.822 km2, 11% do país), totalmente contida em território

brasileiro e se estende na direção norte-sul e abrange os estados do Pará

(30% da área da região), Tocantins (30% e o estado situado integralmente na

região), Goiás (21%), Mato Grosso (15%) e Maranhão (4%), além do Distrito

Federal (0,1%), totalizando 409 municípios.

Com população de 7,2 milhões de habitantes (2000) apresenta baixa

densidade demográfica (7,8 hab./km2). Cabe destacar, entretanto, a Região

Metropolitana (RM) de Belém que concentra 25% da população.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – ano 2000 – médio é de 0,725,

valor abaixo da média nacional que é de 0,766.

Em 2025 a população atingirá 10,5 milhões de habitantes e a taxa de

urbanização 91% (74% em 2000).

A precipitação média anual é de 1.744 mm, com totais anuais aumentando de

sul para norte (valores de 1.500 mm em Brasília até 3.000 mm em Belém).

Associada a essa característica, a região apresenta dois importantes biomas: a

Floresta Amazônica, que ocupa a porção norte/noroeste da região (35% da

área total), e o Cerrado (65%). Esses biomas apresentam grande diversidade

de fauna e flora e uma ampla zona de transição (écotono).

2.1.2 Da Ocupação

A RHTA, até a década de 50, era considerada um grande vazio com a maior

parte das cidades situadas nos extremos sul e norte em regiões,

respectivamente, de garimpo e do entorno de Belém, cuja ocupação já havia

sido consolidada no “Primeiro Ciclo da Borracha” (1850-1920). Naquele

período, as sedes municipais no interior da região estavam concentradas ao

longo dos rios Tocantins e Araguaia e eram áreas de influência de Belém. O

acesso à região era feito pelos trechos navegáveis dos principais rios e as

poucas estradas existentes na parte de garimpo goiana.

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A ocupação da região, de forma mais intensa, foi iniciada nas décadas de 60 e

70 com a política de ocupação do interior do país e expansão da fronteira

agropecuária. Essas atividades foram influenciadas pelos eixos rodoviários, em

especial a rodovia Belém–Brasília. Na década de 80, destacam-se a

implantação da exploração mineral na Serra de Carajás (PA) e o

aproveitamento do potencial hidroenergético iniciado com a Usina de Tucuruí

(PA) e o projeto Alunorte/Albrás (1984/1985) em Barcarena. O projeto

hidroagrícola Formoso, no Estado de Goiás (posteriormente Estado do

Tocantins), data também desse período.

A Constituição de 1988 reforçou e consolidou o sistema de incentivos à

descentralização econômica do país, criando os fundos constitucionais de

desenvolvimento e estabelecendo a criação do Estado do Tocantins, que veio a

se efetivar em 1991 e contribuiu para o adensamento municipal e a

implantação de infra-estrutura na região.

Permeando todo esse período, vale registrar a colonização dirigida pelo

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pelos institutos

de terras estaduais, que, desde o fim da década de 1950, empreenderam

ações diretas, através dos projetos públicos de assentamento, e indiretas, por

meio de incentivos como a cessão de terras devolutas, preços baixos e créditos

subsidiados, atraindo contingentes populacionais de nordestinos e de

agricultores dos estados sulistas. Essas ações foram especialmente

concentradas no norte do Estado do Tocantins e em suas adjacências nos

estados do Pará e do Maranhão.

2.1.3 Caracterização Sócio-econômica

A população total da RHTA, considerando o ano de 2000 como referência, é de

7.188.568 habitantes, sendo 74,4% urbana e 25,6% rural. A população total

corresponde a 3,9% do contingente nacional, enquanto sua área é da ordem de

11% do território brasileiro. A densidade demográfica média de 7,82 hab/km2 é

bem inferior à brasileira, de 19,94 hab/km2.

A UP Acará-Guamá destaca-se em termos de população (42% da população

total da RHTA e 32,85 hab/km2), principalmente pela presença da Região

Metropolitana de Belém que, com apenas cinco municípios, possuía, no ano de

2000, 1.795.536 habitantes.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 15

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Por outro lado, as UPs Sono e Pará são as menos populosas e mais rarefeitas,

ressalvando-se que a UP Baixo Mortes não dispunha de dados para análise em

função dos seus municípios terem sido criados após o Censo Demográfico de

2000, este utilizado como base referencial.

Apesar de a rede urbana regional mostrar-se fragmentada, revelada pela

predominância (54,3%) de municípios com até 5.000 habitantes, há cidades

importantes, com grandes contingentes populacionais, como Belém (1.280.614

habitantes), Imperatriz (230.566), Marabá (168.020), Palmas (137.355) e

Araguaína (113.143). A densidade demográfica reflete a influência que a

rodovia Belém–Brasília, de direção norte-sul na bacia do Rio Tocantins,

exerceu sobre a ocupação da região.

2.1.4 Indicadores Sócio-econômicos

De modo geral, os indicadores socioeconômicos da RHTA estão abaixo da

média nacional:

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,725 (Brasil, 0,766);

renda mensal per capita de R$ 188,62 (Brasil, R$ 297,23);

Percentual da população abaixo da linha de pobreza de 47 % (Brasil,

33%);

Mortalidade infantil (até 1 ano) de 33,22 crianças a cada mil nascidos

(Brasil, 29,64);

PIB per capita de R$ 5.160 (Brasil, R$ 6.950).

Os dados mostram estreita vinculação com o desenvolvimento econômico, bem

como os efeitos polarizadores de municípios que ostentam economia mais

sólida. Os valores mais positivos dos indicadores ocorrem nas UPs que

apresentam pecuária e, principalmente, a agricultura (soja como a principal

cultura) mais intensivas, atividades normalmente associadas a alguns

pólos/centros regionais de desenvolvimento. Por isso, a porção sul da RHTA se

destaca e, em especial, as UPs Alto Mortes, Alto Araguaia, Alto e Alto Médio

Tocantins. Na porção norte, os indicadores são positivamente influenciados

pela presença da RM de Belém e de áreas minero-industriais, como é o caso

daquelas presentes nas UP Acará-Guamá e Itacaiúnas. As áreas com piores

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indicadores estão em regiões de predomínio do extrativismo e da pecuária, nas

UPs Paranã, Sono, Médio e Submédio Tocantins, Baixo Araguaia e Pará.

2.1.5 Aspectos Econômicos

Em termos econômicos, atualmente as principais atividades são a agropecuária

e a mineração. Na agricultura de sequeiro existe uma área cultivada de

aproximadamente 4,0 milhões de ha. (2005) com destaque para a soja, milho e

arroz. Na agricultura irrigada, destacam-se as culturas do arroz, milho, feijão,

soja e cana-de-açúcar. A área irrigada é de 124.238 ha., sendo que o potencial

de solos aptos é de 5,4 milhões de hectares.

A pecuária, voltada para a produção de carne bovina, apresenta rebanho de

27,5 milhões de cabeças.

Na mineração, a região produz alumínio, amianto, bauxita, calcário, cobre,

ferro, níquel e ouro, entre outros. Nos garimpos, são relevantes as extrações

de ouro e diamante. Entre as 5 províncias minerais, destacam-se as seguintes:

Carajás (PA), que detém os maiores depósitos de ferro do mundo e que é

conectada ao Porto de Itaqui (MA) pela Ferrovia Carajás; Paragominas (PA)

que tem a produção de alumínio transportada pelo mineroduto até o Porto de

Vila do Conde (PA); e Centro-Norte de Goiás, com destaque para a produção

de níquel e amianto.

O extrativismo vegetal é atividade econômica mais destacada na parte norte da

região. Tem como principais produtos o carvão vegetal, a produção de lenha e

a extração de madeiras, castanha-do-pará, açaí, palmito e pequi. A exploração

madeireira acompanha áreas de colonização, grandes empreendimentos

agropecuários ou áreas de siderurgia.

A pesca artesanal se constitui em atividade essencial para a subsistência de

grande parte da população ribeirinha e indígena, e que a região possui cerca

de 300 espécies de peixes, com destaque para o mapará, jaú, filhote, dourado,

tucunaré, jaraqui e pacu-branco. Além disso, os reservatórios, com área total

de 5.693 km2, apresentam um potencial aquícolas expressivo.

2.1.6 A Região Hidrográfica

Na Região Hidrográfica, a demanda (vazão de retirada) de água é de 95 m3/s,

sendo o principal uso consuntivo a irrigação, que totaliza 57 m3/s (60% do

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total). O segundo uso da água, em termos quantitativos, é para dessedentação

animal, com 16 m3/s, seguido pelo abastecimento humano, com 13 m3/s. A

predominância dos usos para irrigação e pecuária reflete o perfil econômico da

região. Em 2025, a Região Hidrográfica deverá atingir uma demanda de 221

m3/s e a irrigação e pecuária continuarão como os principais usos, seguidos do

abastecimento humano e do uso industrial.

A Região Hidrográfica é a segunda maior do país em potencial hidroenergético

instalado com 11.573 MW (16% do país) e 5 grandes usinas em operação

(11.460 MW), todas no Rio Tocantins. A Usina de Serra da Mesa tem o maior

volume de reservatório do país e a de Tucuruí (8.365 MW), a maior capacidade

de geração de uma usina nacional.

O potencial hidrelétrico da região é de 23.825 MW.

2.1.7 Saneamento Ambiental

Os indicadores de saneamento da RHTA estão abaixo da média nacional,

evidenciando condições ainda muito precárias principalmente no tocante ao

esgotamento sanitário, à coleta e à disposição adequada de resíduos sólidos e

à drenagem urbana – vide tabela apresentada a seguir.

Tabela: Situação de saneamento na área dos municípios por faixa populacional.

Faixa populacional

(hab.)

População urbana (hab.)

N° de muni-cípios

Água Esgoto Resíduos Sólidos

Rede de

água (%)

Déficit (hab.)

Rede de esgotos

(%)

Déficit (hab.)

Coleta (%)

Déficit (hab.)

< 3.000 269.361 169 94,2 15.666 0,8 267.179 78,5 57.838

3.000 a 5.000 277.800 78 87,5 34.774 1,5 273.741 76,3 65.907

5.000 a 10.000 398.506 63 86,3 54.515 1,2 393.582 73,4 105.932

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 18

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10.000 a 20.000 705.865 50 82,3 124.931 8,2 647.967 73,1 190.076

20.000 a 50.000 858.780 29 85,7 122.577 10,9 765.434 73,5 227.812

50.000 a 300.000 1.163.479 12 79,3 241.061 11,2 1.033.726 83,6 190.180

> 300.000 1.664.981 2 85,6 240.154 9,0 1.515.965 82,3 294.470

RHTA 5.346.100 403 84 833.678 8 4.897.594 79 942.139

Brasil _ _ 94,4 _ 50,3 _ 94 _

Os municípios com população urbana inferior a 10.000 hab. mostram melhor

nível de atendimento de água. Apesar do maior índice de coleta de esgotos nos

municípios de maior porte (mais de 50.000 hab).

Com respeito aos resíduos sólidos, os melhores níveis de coleta estão na faixa

intermediária de municípios (população urbana entre 10.000 e 50.000 hab.) e

os déficits populacionais estão bem distribuídos entre os municípios com mais

de 10.000 habitantes.

Os sistemas de abastecimento de água mostram déficit de atendimento de

16% da população urbana total (nacional é de 6%) que corresponde a cerca de

834 mil habitantes. As UPs Alto Mortes, Médio, Submédio e Baixo Araguaia,

Submédio Tocantins, Pará e Acará-Guamá apresentam níveis de cobertura de

rede de abastecimento de água (percentual em relação à população urbana)

menor do que 84%, a média da RHTA.

Em termos de esgotamento sanitário, a cobertura média da rede coletora

alcança o valor de 8% da população urbana (no país é de 50%). O valor

máximo de cobertura é de 25%, na UP Baixo Tocantins, indicando uma

situação preocupante para toda a RHTA.

Em relação aos resíduos sólidos, o cenário é bastante similar, pois a coleta de

lixo atinge 79% da população urbana (média nacional é de 94%) e a disposição

em aterros sanitários contempla apenas 9% da população urbana (média

nacional de 47,1%).

Na RHTA, 44% dos municípios apresentam drenagem urbana pluvial que nem

sempre atende a totalidade do município.

Ainda na questão de esgotamento sanitário, a carga poluidora lançada nos

corpos hídricos da região é da ordem de 174 t/dia de DBO5 ,sendo que 70,7%

do total são produzidas nas UPs Alto, Alto Médio e Médio Tocantins e Acará-

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Guamá, responsáveis ainda por 75,8% da carga orgânica total de chorume de

lixo, que é de 31 t/dia.

Associado ao saneamento, foi verificado que as UPs Acará-Guamá, Alto,

Submédio, Médio e Baixo Tocantins apresentam maior incidência de doenças

de veiculação hídrica (BRASIL, 2007c, dados do de janeiro/2006 a

janeiro/2007). Os casos de disenterias e gastroenterites, típicas de ingestão de

água contaminada, são consistentes com os baixos indicadores sanitários nas

UPs Alto e Médio Tocantins e Acará-Guamá (exceção é o Alto Médio

Tocantins). Cabe registrar que existe preocupação das autoridades sanitárias

sobre os riscos de esquistossomose na região da represa de Serra da Mesa,

especialmente no município de Padre Bernardo (GO) (UP Alto Tocantins),

devido à presença do caramujo hospedeiro em suas águas. Entretanto, não há

registro de internações (BRASIL, 2007c), sobre essa doença no município.

2.1.8 Áreas Protegidas

2.1.8.1 Unidades de Conservação

As unidades de conservação correspondem a territórios constituídos

legalmente pelo poder público com o objetivo de proteção e conservação dos

recursos naturais. Na RHTA, totalizam 82.321 km2, que correspondem a 9% da

área total.

Os estados do Tocantins (47%) e do Pará (23%) são os que apresentam

maiores extensões de áreas protegidas, correspondendo a 70% do total do

território da RHTA. Em seguida aparecem Goiás (18%), Mato Grosso (8%),

Maranhão (2%) e Distrito Federal (2%).

A maior parte das áreas protegidas (70,8%) é de uso sustentável e o restante,

de proteção integral. Com relação à jurisdição, 43,3% são de competência

federal, 56,3% de competência estadual e apenas 0,4% é municipal (Área de

Proteção Ambiental Barreiro das Antas - Pará).

Todas as UPs apresentam pelo menos uma Unidade de Conservação (UC),

embora com variados graus de presença nessas unidades. Quanto ao

percentual de área com alguma proteção, destacam-se a UP Sono (26,7% da

sua área e inclui, entre outras unidades, o Parque Estadual do Jalapão e a APA

do Jalapão), a UP Submédio Araguaia (21,2% da sua área, onde estão

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localizadas a APA da Ilha do Bananal e o Parque Estadual do Cantão), e a UP

Submédio Tocantins (21,1%). Em termos de áreas de proteção integral, as

mais protegidas são as UPs Sono (19,0% da área da UP), Baixo Mortes (6,8%)

e Médio Araguaia (6,6%).

Com relação à pressão antrópica, na maior parte das unidades de proteção

integral, ocorrem indícios de atividade humana, principalmente pela presença

de pastagens. As unidades de proteção integral sem indícios de antropismo

são: Refúgio da Vida Silvestre (RVS) Corixão da Mata Azul (UP Alto Médio

Araguaia); RVS Quelônios do Araguaia (UPs Baixo Mortes e Alto Médio

Araguaia); Reserva Biológica do Tapirapé (UP Itacaiúnas) e Parque Ambiental

de Belém (UP Acará-Guamá).

Os principais pontos de vulnerabilidade das unidades de conservação, na

região, é a inexistência de planos de manejo ou conselho gestor inoperante, os

problemas na regularização fundiária, as queimadas influenciadas pela

proximidade de centros urbanos e rodovias e a falta de envolvimento e

sensibilização dos proprietários do entorno na co-responsabilidade pela gestão

ambiental (MMA, 2006).

2.1.8.2 Áreas de Relevante Interesse Biológico

A região abriga ainda a Reserva da Biosfera, um sítio Ramsar e três corredores

ecológicos que ocupam 34,3% da área da RHTA.

O Corredor Ecológico Araguaia - Bananal ocupa 16% da RHTA e está

distribuído da seguinte forma entre as UPs: Alto Médio Araguaia (27.981 km2),

Alto Médio Tocantins (118 km2), Baixo Mortes (5.041 km2), Médio Araguaia

(65.759 km2) e Submédio Araguaia (49.478 km2). Cerca de 93 % do corredor

está inserido na região que inclui áreas dos estados de Goiás, Tocantins, Mato

Grosso e Pará em 36 municípios da região da Ilha do Bananal e bacia dos rios

Araguaia e Cristalino. O corredor é formado por diversas áreas protegidas e,

por estar situado em área de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado,

apresenta alta diversidade de fauna e flora (IBAMA, 2005).

Dentro desse corredor está situado o Parque Nacional do Araguaia (área de

562.312 ha.), designado, em 1993, um sítio Ramsar, zona úmida de relevante

interesse internacional para a conservação da biodiversidade com importante

função ecológica de regulação do regime hidrológico. O parque, localizado na

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Ilha do Bananal, está situado em área sujeita a inundações periódicas e abriga

enorme diversidade faunística, incluindo espécies endêmicas e ameaçadas de

extinção (peixes, aves aquáticas e mamíferos).

O segundo corredor ecológico é o Jalapão - Mangabeiras, situado na

confluência dos Estados do Tocantins, Piauí e Bahia na região de ecótono

Cerrado - Caatinga. Apresenta grande importância ecológica por conter

nascentes das bacias hidrográficas do Tocantins e Parnaíba (IBAMA, 2005).

Representa 4,6% da RHTA e corresponde a áreas das seguintes UPs: Alto

Médio Tocantins (5.832 km2), Paranã (1.485 km2) e Sono (34.828 km2). Neste

corredor, 49,8% de suas áreas pertencem à RHTA.

O Corredor Ecológico Paranã-Pireneus se estende do Vale do Paranã até a

Serra dos Pirineus, abrangendo assim partes dos estados de Goiás e

Tocantins e do Distrito Federal. Engloba divisores de águas e nascentes de

afluentes dos rios Tocantins e Paranã, destacando-se por ser uma das últimas

áreas do bioma Cerrado em excelente estado de preservação e considerada

prioridade para conservação (IBAMA, 2005). Representa 9,9% da área da

RHTA, distribuídos da seguinte forma entre as UPs: Alto Médio Tocantins

(22.687 km2), Alto Médio Tocantins (5.832 km2), Alto Tocantins (15.405 km2) e

Paranã (52.942 km2). Este corredor está quase que integralmente (91,6 %)

contido na região.

A Reserva da Biosfera representa um espaço territorial reconhecido pela

Unesco em 1971, que visa a fomentar modelos para a proteção da

biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. O Brasil conta com 6 dessas

áreas, entre as quais está o Cerrado, localizado parcialmente na RHTA. A

importância do Cerrado é reforçada ainda pelo conceito hotspot que identifica,

no mundo, as regiões que concentram pelo menos 1.500 espécies endêmicas

de plantas e que tenha perdido mais de 75% de sua vegetação original. Em

2005, a ONG Conservação Internacional incluiu o bioma entre as 34 regiões do

mundo com essas características.

2.1.8.3 Terras Indígenas2

2 O Interaguas dispõe de documento específico para tratar do tema: Marco de Políticas para Povos Indígenas

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Os originais habitantes da região estão dispersos pela região. Alguns povos

foram dizimados ao longo do processo de ocupação, enquanto outros afluíram

de outras áreas para a RHTA. Cabe destacar que, para os indígenas, o rio é

um referencial de ocupação diretamente relacionado com atividades e rituais

específicos, servindo para a obtenção de água para beber, cozinhar, nadar,

navegar, comunicar, pescar e alimentar o mundo mítico.

A região abriga 25 distintas etnias em 53 terras indígenas assim distribuídas: 7

no Estado de Goiás, 16 no Estado Mato Grosso, 8 no Estado de Tocantins, 19

no Estado do Pará, 2 no Estado do Maranhão e 1 entre os estados de

Tocantins e Pará. Totalizam 47.031 km2, ou seja, 5,1% da área total da RHTA,

e estão concentradas nas UPs do Médio Araguaia (41,7%), Médio Tocantins

(12,8%), Itacaiúnas (9,7%), Baixo Mortes (9,3%), Submédio Tocantins (8,1%) e

Alto Mortes (7,3%), que juntas detêm 88,9% das áreas de terras indígenas

A situação das terras indígenas quanto à consolidação jurídica, é a seguinte: 3

“delimitadas ou demarcadas”, 4 “homologadas”, 32 “registradas”, 9 “em

identificação ou estudo”, 4 “a identificar” e “reservada”. A categoria “reservada”

inclui terras que podem ser consideradas garantidas, embora não tenham sido

homologadas.

As interferências observadas nas terras indígenas incluem a construção de

rodovias, linhas de transmissão de energia, usinas hidrelétricas, instalação de

projetos agropecuários, pesquisa e exploração minerais (principalmente

garimpos), e produção madeireira. Observa-se a possibilidade de

desagregação e até de extinção de determinados grupos e a necessidade de

cumprimento da legislação no que diz respeito à preservação de seus

territórios e dos recursos naturais neles existentes. Outros tipos de

interferências identificadas em algumas áreas indígenas foram à introdução de

problemas de saúde (água contaminada e doenças infecto-contagiosas), e

sociais, como a extensão de benefícios sociais, que resultam, muitas vezes,

em situações que contribuem para desagregação e exploração das

comunidades.

2.1.8.4 Áreas de Remanescentes de Quilombos

A Constituição de 1988 garante aos descendentes de quilombos, que

continuam vivendo em áreas antigas, a posse da terra que habitam. Entretanto,

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a identificação de áreas quilombolas encontra-se em processo de construção

no país. Embora o Incra compartilhe com a Fundação Cultural Palmares a

tarefa de reconhecimento das áreas de remanescentes de quilombos, os dados

oficiais disponibilizados são da referida fundação.

As áreas de remanescentes de quilombos reconhecidas oficialmente na RHTA

foram publicadas entre 2004 e 2006. Assim, são protegidas por legislação

específica, 23 áreas localizadas em 21 municípios distribuídas da seguinte

forma: 4 no Estado de Goiás, 4 no Estado do Pará e 15 no Estado de

Tocantins. Não existem remanescentes oficialmente reconhecidos nas porções

dos estados do Maranhão e de Mato Grosso inseridas na região.

O Estado do Tocantins possui mais de 50% de todas as comunidades. Na

RHTA, os municípios de Arraias, Chapada da Natividade, Brejinho do Nazaré e

Porto Alegre do Tocantins abrigam, cada um, mais de uma das referidas áreas.

No Estado de Goiás, a comunidade Kalunga incorpora três municípios e se

destaca por ser a maior comunidade remanescente de quilombos do Brasil.

Ocupa área de 253 mil ha. na região da Chapada dos Veadeiros, norte de

Goiás, região de divisor de águas entre as UPs Paranã e Alto Tocantins.

Cumpre ressaltar que muitas comunidades quilombolas da região ainda sofrem

com problemas de violência dos fazendeiros e de discriminação racial, além de

carecerem de escolas, de tratamento médico, de transporte e de apoio para

sua produção agropecuária.

2.1.8.5 Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade

O Ministério do Meio Ambiente identificou as áreas prioritárias para a

conservação da biodiversidade brasileira, classificadas segundo a sua

importância e prioridade. As principais áreas na RHTA a serem propostas para

a criação de unidades de conservação de proteção integral no bioma

Amazônia, consideradas como de importância e prioridade extremamente alta

ou muito alta, são: a do Rio Capim (PA); a Ponta do Bico de Papagaio, situada

na confluência dos rios Tocantins e Araguaia na transição dos biomas

Amazônia - Cerrado; e a Médio Araguaia, onde ocorre a presença de

remanescentes de floresta ombrófila e a presença de animais raros e

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ameaçados de extinção. Nesta área há interesse de criação de uma Reserva

Particular do Patrimônio Natural e um corredor ecológico.

Para a criação de unidades de uso sustentável merecem destaque, no bioma

Amazônia, as seguintes áreas também classificadas como de importância e

prioridade muito ou extremamente altas: RESEX do Mutum, onde ocorrem

remanescentes florestais, apresenta alta biodiversidade e constitui um refúgio

de primatas e que sofre com a extração desordenada de madeiras e conflitos

sociais (grilagem de terra) e Tocantins–Limoeiro que é uma área em

recuperação do impacto da hidrelétrica de Tucuruí onde há a ocorrência natural

da árvore “muirapuama” de uso fitoterápico e que é muito importante para a

pesca. Além destas, destaca-se o Bico do Papagaio onde é prevista a criação

de unidade de uso sustentável devido à localização em área de alto grau de

insubstituibilidade com remanescentes de florestas (amazônica e de babaçu). É

um berçário natural da ictiofauna e detém a condição de ecótono, sendo que

atualmente apresenta alto grau de pressão antrópica.

No que se refere especificamente ao bioma Cerrado, as principais áreas

prioritárias propostas para a criação de unidades de proteção integral são: a

região de Aurora do Tocantins, face às suas matas secas (semideciduais) e à

presença de espécies ameaçadas, além de sua grande beleza cênica, e a

região de Pirenópolis, no Estado de Goiás, onde existe proposta para a criação

de um geoparque (preservação de monumentos geológicos).

Quanto à criação de unidades de uso sustentável no bioma Cerrado, merece

destaque a região de Cocalinho no Mato Grosso, que apresenta grande

quantidade de campos de murundum e a presença de aldeias de índios

Xavante.

2.1.9 Eventos Críticos

Entre os eventos extremos relacionados aos recursos hídricos, as cheias, com

inundação de extensas áreas, são os eventos naturais mais freqüentes na

RHTA. As áreas inundáveis ou de várzeas na bacia dos rios Tocantins e

Araguaia perfazem o total de 68.100 km2, ou 9% da área da bacia, segundo

dados do Prodiat (MI; OEA, 1982). Deste total, cerca de 70% compreende as

áreas inundáveis na Bacia do Rio Araguaia e aproximadamente 30% na região

do Rio Tocantins.

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Nas regiões planas da Bacia do Rio Araguaia, localizadas principalmente no

seu trecho médio, onde se encontra a Ilha de Bananal, abrangendo parte dos

territórios dos estados de Tocantins e Mato Grosso, as enchentes ocorrem

anualmente durante os meses de fevereiro a abril. Além das áreas do Médio

Araguaia, de acordo com o IBGE (2000b), as UPs Baixo e Submédio

Tocantins, Baixo Araguaia, Acará-Guama, Pará e Itacaiúnas, também

apresentam registros de inundação e enchentes chegando a atingir de 13% a

20% dos municípios dessas regiões. Cumpre destacar ainda a UP Acará-

Guamá, em função do número de ocorrências reportadas, cujos problemas

estão concentrados nos municípios de Ananindeua e Belém (PA) e associados

a problemas de drenagem pluvial urbana.

De acordo com a Defesa Civil dos estados envolvidos na região, o número de

ocorrências desses eventos é bem maior, uma vez que pouquíssimos

municípios reportam adequadamente este problema, salvo em casos de

calamidade pública. As enchentes provocam sérios prejuízos para algumas

cidades. Para exemplificar, a cheia ocorrida no período de fevereiro a abril de

2006 atingiu diversos municípios, principalmente nos estados do Tocantins,

Maranhão e Pará, e incluiu os rios Araguaia, Tocantins, Formoso, Javaés,

Manoel Alves Grande, Manoel Alves Pequeno, Providência, Itacaiúnas e

Lontra. Em abril de 2006, as comportas de Tucuruí tiveram que ser abertas

para liberar o excesso de água e a vazão liberada elevou o nível do Rio

Tocantins, que atingiu a cota de 12 m, cobrindo parte da cidade de Tucuruí,

situada logo a jusante do reservatório.

As grandes secas são fenômenos menos freqüentes e, quando acontecem,

ocorrem entre os meses de agosto e outubro, período menos chuvoso. As

regiões na RHTA mais afetadas são as bacias dos rios Paranã e Tocantinzinho

onde ocorrem os menores índices pluviométricos anuais (inferiores a 1.500

mm) com estiagem de 4 a 6 meses de duração. As vazões desses dois cursos

d’água no período de estiagem chegam a reduzir cerca de 88% se comparadas

com as do período chuvoso.

2.1.10 Caracterização Política, Legal e Institucional

O arcabouço legal e a capacitação institucional das Unidades da Federação

presentes na região foram avaliados segundo estudo da ANA que classificou

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 26

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as Unidades da Federação de todo o país em função do grau de

implementação dos sistemas de gestão de recursos hídricos em 5 grupos: o

Grupo 1 dos estados “avançados superiores”; Grupo 2 dos “avançados”; Grupo

3 dos “intermediários superiores”; Grupo 4 dos chamados “intermediários” e,

por fim, o Grupo 5 dos estados denominados “básicos”.

Na região, os resultados foram os seguintes:

Grupo 5 – Básico - Maranhão e Pará

Grupo 4 – Intermediário - Tocantins, Mato Grosso e Goiás

Grupo 3 – Intermediário Superior - Distrito Federal.

Os resultados indicam, portanto, que o estágio de implantação da gestão de

recursos hídricos é, de forma geral, incipiente e abaixo da média nacional,

necessitando de ações de fortalecimento das instituições.

A análise específica dos instrumentos legais, institucionais e de articulação

com a sociedade revela que todos possuem arcabouços legais instituídos,

contando com Leis Estaduais de Recursos Hídricos bem como um conjunto de

instrumentos legais e formais. Apenas no Distrito Federal estes instrumentos

legais e formais estão razoavelmente desenvolvidos.

Nas Unidades da Federação, o organismo gestor é sempre uma parte de

alguma Secretaria de Estado, com sua Política de Recursos Hídricos numa

etapa preliminar de implementação e pouco difundida na sociedade. Todos

possuem o seu Conselho Estadual de Recursos Hídricos, sendo que há

apenas um comitê de bacia funcionando em Mato Grosso no Ribeirão do Sapé

e Várzea Grande. Não existe nenhuma Agência de Água ou de Bacia. No

estado de Tocantins, apenas as obras hídricas estão sob a responsabilidade da

Secretaria de Recursos Hídricos, enquanto que nos demais estados este setor

está afeto à Secretaria de Infra-estrutura ou de Integração Regional, como é o

caso do Pará.

Em relação aos instrumentos de planejamento, o estado de Goiás não concluiu

seu Plano Estadual de Recursos Hídricos, o Mato Grosso e o Distrito Federal

finalizaram sua elaboração e os estados do Maranhão e do Pará estão em fase

de contratação dos serviços. Somente as bacias dos rios do Lontra e Corda, as

bacias do entorno do lago da UHE Lajeado e Formoso, todos no estado do

Tocantins, possuem planos de bacia. Como resultado do nível de planejamento

existente, instrumentos como o macro balanço hídrico, o balanço hídrico por

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 27

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bacia e o enquadramento de corpos de água não vêm sendo aplicados. Além

disso, os sistemas de informações e as redes de monitoramento, bem como as

bases cartográficas, não foram completamente implantados.

Por fim, os chamados instrumentos operacionais, como a outorga, a

fiscalização e a cobrança, inexistem ou estão em estágio primário. A outorga foi

recentemente implantada no estado do Mato Grosso e as demais Unidades da

Federação já aplicam este instrumento, sendo que, no Pará, apresenta a

denominação de “autorização de utilização da água”. Por outro lado, a

fiscalização é deficitária, funcionando em alguns estados como um braço

auxiliar da outorga.

Não há cadastros de usuários e nem mesmo de infra-estrutura hídrica. À

exceção do Distrito Federal que, com a criação da Adasa/DF, opera uma

espécie de cobrança por água bruta da empresa de saneamento, nenhum

estado a realiza. Dentro desse contexto, cabe colocar que não foram

identificados Fundos Estaduais de Recursos Hídricos funcionando, mesmo nos

estados onde foram previstos em lei.

2.1.11 Síntese do Diagnóstico

Na avaliação integrada da RHTA, foi utilizada a análise SWOT – sigla para

potencialidades (strengths), fragilidades (weaknesses), oportunidades

(opportunities) e ameaças (threats) _ que é empregada no planejamento

estratégico e de gestão. Para tal, foram abordados os aspectos de

sustentabilidade hídrica, socioambiental e econômica, fundamentais para o

desenvolvimento da região. No ambiente interno, foram consideradas as

potencialidades e fragilidades da região, que direcionam as estratégias de

atuação do PERHTA. No ambiente externo, foram tomadas as oportunidades e

ameaças, fatores cujo controle não é determinado na RHTA, mas que podem

potencializar ou representar barreiras ao desenvolvimento regional sustentável.

Para realizar essa análise, as 17 UPs foram agregadas em quatro sub-regiões:

Pará (equivale a UP Pará), Acará-Guamá (UP Acará-Guamá), Tocantins (UPs

do Rio Tocantins, do Sono e Itacaiúnas) e Araguaia (UPs do Rio Araguaia).

Essa agregação, que considerou aspectos hidrológicos, fisiográficos e

socioambientais, permite diferenciar, em linhas gerais, o conjunto de fatores

relevantes que interferem sobre o uso sustentável da água na região.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 28

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PotencialidadesAs potencialidades da região que se configuram como fatores estratégicos são:

Água em abundância: a qualidade e quantidade dos recursos hídricos

superficiais e subterrâneos na região permitem o desenvolvimento de usos

múltiplos;

Geração hidrelétrica: o potencial hidroenergético da região apresenta alto

interesse regional e nacional atual e futuro. Nesse sentido, destaca-se a

sub-região Tocantins que detém 84% do potencial hidroenergético da RHTA

(23.825 MW) e gera 11.345 MW (5 grandes usinas com mais de 100 MW e

outras 2 em construção). A sub-região Araguaia detém 16% do potencial,

mas não possui usinas hidrelétricas em operação;

Mineração: a diversidade dos recursos minerais e o volume das reservas

presentes na RHTA com destaque para as sub-regiões Tocantins (níquel e

amianto na UP Alto Tocantins e ferro, níquel, cobre e ouro na UP

Itacaiúnas) e Acará-Guamá (caulim e bauxita);

Agropecuária: o clima, a extensão de solos agricultáveis e os recursos

hídricos abundantes, aliados a empreendedores experientes de outras

partes do país, proporcionam condições altamente favoráveis para o

desenvolvimento da agropecuária, que resultou em expressivo crescimento

da atividade nos últimos anos acima da média nacional;

Irrigação: o potencial de terras irrigáveis, de 5,4 milhões de hectares, é

expressivo e representa 5,8% da área da região. Considerando que a

irrigação representava em 2006, apenas 124 mil ha., a atividade apresenta

grande possibilidade de expansão;

Pesca e aqüicultura: essas atividades apresentam grande potencialidade

em função da extensão da bacia, grande quantidade de rios e grande

variedade de espécies (mais de 300). A sub-região Tocantins é responsável

pela maior parte da produção pesqueira na região e apresenta um

expressivo potencial, ainda não explorado, para a aqüicultura. A sub-região

do Araguaia, além da produção pesqueira, destaca-se especialmente pelo

desenvolvimento da pesca amadora esportiva;

Transportes: as sub-regiões Pará e Acará-Guamá apresentam como vias

navegáveis principais os rios Pará e Guamá-Capim, além dos portos de Vila

do Conde e de Belém, os mais importantes da RHTA. As sub-regiões

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 29

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Tocantins e Araguaia integram o Corredor Norte-Sul com potencialidade de

integração dos sistemas rodoviários, ferroviários (ferrovias Carajás e Norte-

Sul) e hidroviários (potencial para navegação comercial principalmente nos

rios Tocantins e Araguaia), que atravessam a região longitudinalmente no

sentido sul-norte e são interligados por trechos transversais, configurando

uma notável malha de transportes do Centro-Oeste do país que conecta os

principais pólos produtivos aos portos regionais e aos mercados

internacionais para exportação de produtos agrícolas, pecuários e minerais;

Turismo: os recursos hídricos propiciam uma grande variedade de atrativos

amplamente distribuídos na região. Na sub-região Tocantins, destacam-se

os lagos dos reservatórios e as praias do rio principal e do Sono, enquanto

na sub-região Araguaia, o destaque é o ecoturismo nas praias do rio

homônimo e a pesca esportiva. Na sub-região Acará-Guamá, o potencial

turístico está associado aos rios e ilhas da baía de Guajará;

Biodiversidade: a RHTA está localizada sobre dois importantes biomas, o

Cerrado (65% da área) e Amazônia (35%), que abrigam grande

biodiversidade e que são reconhecidos como relevantes para o planeta (no

caso do Cerrado, uma área de “Reserva da Biosfera”). Além disso, abriga

três Corredores Ecológicos, áreas prioritárias para conservação da

biodiversidade, um sítio Ramsar (Parque Nacional do Araguaia), 23

unidades de conservação de proteção integral e 46 de uso sustentável. As

unidades de conservação estão concentradas principalmente nas sub-

regiões Araguaia e Tocantins. As 53 terras indígenas, distribuídas em 16

das 17 UPs, ocupam cerca de 5% da área da RHTA e também contribuem

para a conservação dos ambientes naturais.

FragilidadesAs fragilidades da RHTA decorrentes dos usos dos recursos hídricos e

indiretamente relacionadas a questões ambientais, sociais e econômicas, são

as seguintes:

Alterações do regime dos rios: o barramento dos cursos d’água para a

formação de reservatórios interfere sobre a migração de espécies, altera o

potencial pesqueiro, restringe a navegabilidade de trechos fluviais e impede

o fluxo natural de sedimentos. Essa questão é especialmente relevante na

sub-região Tocantins, que concentra as usinas hidrelétricas existentes e a

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 30

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maior parte daquelas previstas no futuro, e envolve os seguintes temas:

construção de eclusas que impede a navegação comercial no rio principal;

operação dos reservatórios que afeta o turismo nas praias do Rio Tocantins

e perda da biodiversidade aquática e alteração das rotas migratórias dos

peixes;

Uso excessivo dos recursos hídricos: as sub-regiões Tocantins (UPs Alto

Tocantins e Paranã) e Araguaia (UPs Alto, Alto Médio e Médio Araguaia)

apresentam empreendimentos agrícolas que pressionam os corpos d´água.

Trechos dos rios Paranã (UP Paranã, sub-região Tocantins) e Javaés (UP

Médio Araguaia, sub-região Araguaia) já foram objeto de intervenções da

ANA para solucionar, por meio da outorga, os conflitos pelo uso da água na

irrigação;

Secas e inundações: as condições climáticas da região propiciam a

ocorrência de eventos extremos. A UP Paranã, sub-região Tocantins,

apresenta regiões de precipitação média anual em torno de 1.200 mm e rios

que secam durante a estação seca, provocando problemas de

abastecimento principalmente no meio rural, notadamente na porção sul-

sudeste do estado do Tocantins. Na sub-região Acará-Guamá, por outro

lado, a elevada pluviosidade (média anual próxima a 3.000 mm), associada

aos problemas de drenagem urbana, provoca inundações na RM de Belém;

Navegação: ainda que sejam favoráveis as condições naturais de

navegação, existem restrições para a navegação nos rios Tocantins e

Araguaia e que incluem cachoeiras, pedrais e bancos de areia, além da

inexistência de eclusas nos barramentos de hidrelétricas;

Contaminação dos cursos de água: o baixíssimo nível de tratamento dos

esgotos municipais, o uso de agrotóxicos em áreas agrícolas e o

lançamento de efluentes industriais impactam a região. Em função da

restrita rede de monitoramento qualitativa existente, a extensão exata

dessas questões ainda não é bem definida. O balanço hídrico qualitativo

evidencia que a carga orgânica lançada nos rios da região impacta

principalmente os menores cursos de água que apresentam menor

capacidade de diluição, situação que ocorre ao longo de toda a RHTA;

Processos erosivos e áreas degradadas: as práticas não conservacionistas

e o desmatamento em grandes extensões da região, associadas à

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 31

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existência de solos susceptíveis (neossolos quartzarênicos e nitossolos),

favorecem a erosão e a conseqüente perda de nascentes e assoreamento

dos corpos d´água. Embora o problema esteja amplamente distribuído na

RHTA, em função do padrão de uso do solo, merecem destaque as áreas

de cabeceiras da sub-bacia Tocantins (UP Alto Tocantins) e,

principalmente, do Araguaia (UP Alto Araguaia);

Biodiversidade terrestre: a riqueza dos ecossistemas terrestres vem sendo

ameaçada pelas altas taxas de perda da cobertura vegetal na região. Na

área da Amazônia Legal 199 mil km2 já foram desmatados e, no Cerrado,

as áreas preservadas estão restritas às UPs Médio Araguaia, Paranã e do

Sono. Mesmo as unidades de conservação de proteção integral apresentam

evidências de antropismo. Na sub-região Araguaia, apesar do bom nível de

preservação do Cerrado de Pantanal (região da Ilha do Bananal, UP Médio

Araguaia), os grandes projetos agropecuários têm exercido grande pressão

sobre a vegetação. No bioma Amazônico, a sub-região Pará apresenta

extensa área de floresta preservada, contudo desprotegida por unidades de

conservação, que a coloca em condição de fragilidade similar a sub-região

Acará-Guamá, que já perdeu a maior parte da sua cobertura vegetal. Cabe

destacar que a perda de cobertura vegetal afeta a disponibilidade hídrica

das bacias. Adicionalmente, a captura de espécies animais de valor e o

tráfico de animais silvestres, que inclui espécies ameaçadas, são mais

acentuados na sub-região Araguaia, representando ameaça à

biodiversidade;

Biodiversidade aquática: além dos barramentos para geração de energia, a

coleta ilegal e tráfico internacional de animais também causam pressão

sobre a ictiofauna. Os peixes temporários, observados no Parque Nacional

do Araguaia, se situam entre as espécies mais coloridas e exóticas da

fauna neotropical;

Nível de desenvolvimento social: os indicadores socioeconômicos médios

da região de renda, saúde e escolaridade da população da região estão

abaixo dos valores nacionais. Para exemplificar, apenas a UP Alto Mortes

na subárea Araguaia, área de intensa atividade agrícola, apresenta IDH

superior à média nacional;

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 32

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Saneamento básico: está associado aos indicadores socioeconômicos e

revela que os níveis de atendimento da população urbana estão abaixo da

média nacional: apenas 3,8% têm esgoto tratado e em algumas UPs

inexiste coleta de esgotos; somente 9% têm o lixo disposto em aterro

sanitário e 16% não têm acesso à rede de água. A sub-região Pará possui

pequena população e apresenta os piores níveis de saneamento, enquanto

a sub-região Acará-Guamá, apesar de possuir indicadores relativamente

melhores, exibe uma situação preocupante pelo grande adensamento

populacional na RM de Belém, responsável pela maior ocorrência de

doenças de veiculação hídrica na região. A sub-região Tocantins apresenta

indicadores de relativamente melhores que a Araguaia, mas que também

reforçam a necessidade de investimentos no setor. A pressão sobre a infra-

estrutura de saneamento na RHTA é agravada ainda pela afluência de

população dos grandes projetos de energia e de mineração da região, além

do turismo;

Governança: as dificuldades enfrentadas pelos órgãos estaduais gestores

de recursos hídricos no desenvolvimento de suas atribuições, a ausência de

articulação interinstitucional entre governos federal e estaduais, e as

limitações orçamentárias dos planos e programas existentes dificultam a

gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos;

Nível econômico: apesar do crescimento acima da média nacional nas

últimas décadas, a região apresenta indicadores econômicos abaixo do país

(p.ex., o PIB per capita é cerca de 25% mais baixo), refletindo nos baixos

níveis tecnológicos e de qualificação da força de trabalho, na participação

elevada do setor primário na economia (24%, para 10% na média brasileira)

e no reduzido grau de agregação de valor da indústria local (mineração,

geração de energia elétrica, agroindústria e metalurgia básica). A

exploração dos recursos naturais, em geral, não tem contribuído para um

desenvolvimento regional sustentado; e

Populações tradicionais e remanejadas: grandes projetos atraem grandes

contingentes populacionais que pressionam o meio ambiente e a

organização social local, podendo afetar as populações tradicionais que, na

região, incluem 23 comunidades quilombolas e 53 terras indígenas

distribuídas em 25 etnias. Outro fator de desestruturação das organizações

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 33

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locais é o remanejamento de populações para formação dos reservatórios

das hidrelétricas. Assim, existem condições potenciais para o

estabelecimento de conflitos socioambientais.

OportunidadesAs potencialidades e fragilidades podem ser contrapostas ou reforçadas pelas

forças externas que determinam oportunidades, entre as quais se destacam:

PERHTA: representa uma oportunidade para a articulação entre atores

estratégicos para o desenvolvimento de políticas e iniciativas com foco no

uso sustentável dos recursos hídricos da região;

Mercados comerciais: o crescimento dos mercados brasileiro e

internacionais, notadamente da China, Rússia e Índia, demanda produtos

agropecuários – incluindo combustíveis renováveis como álcool e biodiesel

–, energia e minérios, que encontram, na região, um grande fornecedor com

capacidade de ampliar a produção atual;

Agregação de valor na cadeia produtiva e industrialização: as perspectivas

de crescimento econômico abrem possibilidade de aumentar o valor

agregado dos produtos produzidos na região, contribuindo assim para o

desenvolvimento socioeconômico da população;

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): o planejamento do

governo federal prevê, até 2010, investimentos para a região que incluem a

conclusão de perímetros irrigados e das eclusas de Tucuruí, além da

Ferrovia Norte–Sul, que podem alavancar o seu desenvolvimento; e

Conscientização sobre a importância da sustentabilidade ambiental: a

preocupação quanto à sustentabilidade dos projetos nacionais e

internacionais com maior visibilidade pode vir a se tornar um ponto positivo

na melhor distribuição de recursos para a conservação do meio ambiente, a

preservação das comunidades tradicionais e o uso racional da água e solo.

AmeaçasAs ameaças a que a região está sujeita incluem:

Falta de articulação interinstitucional: predomina nos planejamentos dos

governos federal e estadual uma visão segmentada e setorial sobre o

desenvolvimento da região em temas como energia, navegação, irrigação e

saneamento, entre outros. A falta de integração dessas ações resulta na

sobreposição de iniciativas, no desperdício de recursos públicos, em

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 34

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conflitos intersetoriais que têm reflexos sobre o meio ambiente e o uso

múltiplo das águas; e

Ingresso de empreendimentos: a demanda dos mercados nacional e

internacional pode acarretar uma pressão sobre o meio ambiente e, em

especial, sobre os recursos hídricos da RHTA. Soma-se, nesse sentido, a

questão da implantação de grandes projetos (construção de barragens,

minerações, entre outros) que, sem o adequado planejamento, tende a

sobrecarregar a infra-estrutura urbana e provocar alterações nos costumes

locais e nas comunidades tradicionais como indígenas e quilombolas.

2.1.12 O Plano Estratégico

O Plano propõe um conjunto de ações não estruturais e estruturais baseadas

em critérios de sustentabilidade hídrica e ambiental. Essas ações estão

agrupadas em 3 e requerem investimentos requeridos totalizam R$ 3,8 bilhões

até 2025:

Componente 1 - Fortalecimento Institucional – Requer 5% do total de

investimentos previstos e inclui quatro programas:

Componente 2 – Saneamento Ambiental – Requer 92% do total de

investimentos e inclui três programas.

Componente 3 - Uso Sustentável dos Recursos Hídricos – Tem interfaces com

o uso múltiplo e racional da água, a proteção ambiental e o uso do solo.

Representa 3% do total de investimentos e agrega sete programas.

O detalhamento das ações que compõem cada um dos componentes está

apresentado a seguir.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 35

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Estruturação dos Programas do Componente I - Fortalecimento Institucional.

Programa Justificativa Objetivo Ações Custo Total (R$)

1.1

Fortalecimento da Articulação e Compatibilização

das Ações Governamentais

Na região existem atores governamentais, com

diferentes níveis de atuação, cujas políticas refletem sobre os recursos ambientais e, em especial, a água. A falta de

articulação entre estes setores resulta na

superposição de atividades e no desperdício dos recursos

humanos e financeiros públicos.

Articular os diferentes setores governamentais, de modo a promover a transversalidade das

políticas públicas, otimizando as ações de

gestão de recursos hídricos. Além disso, propõe-se estimular a organização em torno das entidades civis de

recursos hídricos.

Apoiar a articulação entre programas e ações de órgãos federais e estaduais. 500.000

Apoiar a articulação entre os Sistemas de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. 350.000

Apoiar as iniciativas destinadas à viabilização da Hidrovia de Tocantins. 350.000

Articular União, Estados e Municípios para integração das gestões do solo e dos recursos

hídricos nas áreas urbanas de Belém e Palmas.380.000

1.2

Estruturação e Capacitação dos Órgãos Gestores

de Recursos Hídricos

A gestão dos recursos hídricos, considerando as

dimensões da região, depende diretamente da

capacidade institucional dos órgãos gestores estaduais de recursos hídricos e das

empresas de saneamento de atuarem no seu espaço.

Melhorar a capacidade institucional dos órgãos estaduais de recursos

hídricos e das empresas de saneamento para a

melhor gestão dos recursos.

Apoio à estruturação dos órgãos gestores de Recursos Hídricos. 169.234.200

Treinamento e capacitação dos funcionários dos órgãos gestores de Recursos Hídricos. 2.388.000

Apoio à estruturação das empresas de saneamento. 4.288.000

Estruturação dos Programas do Componente I - Fortalecimento Institucional.

36

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1.3

Formatação e Implementação do

Arranjo Institucional para

a Gestão de Recursos Hídricos

As dimensões e os desafios da gestão de recursos

hídricos na região impõem a proposição e o

desenvolvimento de novo modelo de gestão.

Implantar modelo de gestão de recursos

hídricos adequado à problemática e às

dimensões da região.

Implementação do arranjo institucional para gestão dos recursos hídricos. 634.500

1.4

Desenvolvimento e Implementação dos Instrumentos

de Gestão de Recursos Hídricos

O atual estágio de implementação dos

instrumentos de gestão dos recursos hídricos pelos órgãos estaduais exige ações, para garantir a

adequada gestão da água na região.

Dotar os estudos dos instrumentos que são

essenciais para a adequada gestão dos

recursos hídricos e capacitá-los quanto ao

seu emprego. Além disso, a gestão dos

reservatórios, dos usos múltiplos na sua área de influência e a ocupação dos seus entornos são

aspectos que influenciam diretamente a qualidade

das águas.

Apoio à elaboração e revisão dos Planos Estaduais de Recursos Hídricos e de planos de

bacia em regiões críticas.320.000

Operacionalização da proposta de alocação e da outorga de direito de uso da água de forma integrada entre as Unidades da Federação.

180.000

Atualização e ampliação do sistema de informações. 576.000

Implementação da proposta de enquadramento dos corpos d'água. 1.080.000

Ampliação da rede de monitoramento quali-quantitativa. 102.500

Revisão a cada cinco anos do Plano Estratégico. 1.104.000

Implementação de sistema integrado de gestão e uso múltiplo de reservatórios e do seu entorno. 350.000

Estruturação dos Programas do Componente 2 - Saneamento Ambiental.

Programa Justificativa Objetivo Ações e Metas Custo Total (R$)

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 37

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2.1

Implementação de Projetos e Obras

para Ampliação do Abastecimento de

Água

A cobertura da população pelos serviços de água está abaixo da média nacional.

O acesso a água potável deve ser ampliado por sua

importância fundamental para o

bem-estar e a saúde da população urbana e

rural da região.

Nas áreas urbanas, reduzir em 30% o percentual de habitantes sem acesso a sistemas públicos de

abastecimento de água e, nos municípios com mais de 50.000 hab., reduzir em 50%, alcançar um consumo per capita mínimo de 125 l/hab.d.

Reduzir os consumos superiores para no máximo 200 l/hab.d e reduzir as perdas de água nos

sistemas a no máximo 40% até 2025.

1.946.072.691

2.2

Implementação de Projetos e Obras

para Melhoria dos Níveis de Coleta e

Tratamento de Esgotos

O nível de cobertura por rede coletora e de tratamento de esgotos na região é muito

baixo, que se reflete na saúde da população por

meio das doenças de veiculação hídrica e da

poluição dos mananciais.

A expansão do sistema de coleta e tratamento

de esgoto contribui para a melhoria da qualidade de vida da população e reduz a carga poluidora

que atinge as águas superficiais e subterrâneas.

Em municípios menores que 5 mil habitantes, utilizar sistemas individuais, enquanto nos

municípios maiores e aqueles que já possuem coleta de esgotos, implantar as unidades de

coleta e tratamento de esgotos, pelo menos a nível primário, com 60% de remoção de DBO.

940.349.647

2.3

Implementação de Projetos e Obras

para Melhoria dos Níveis de Coleta e Disposição Final

de Resíduos Sólidos

Os resíduos sólidos urbanos são inadequadamente

dispostos na região, o que compromete as condições

sanitárias e provoca a poluição dos corpos hídricos pelo chorume que infiltra no subsolo, atingindo a água

subterrânea e os rios.

A coleta e a destinação adequada dos resíduos

sólidos urbanos são fundamentais para as

condições sanitárias da população e para a

redução da poluição dos mananciais.

Na coleta de resíduos sólidos, reduzir pela metade o percentual de habitantes não atendidos

até 2015 e universalizar até 2025. Na parte de disposição, reduzir pela metade o percentual de resíduos depositados em lixões, transferindo-os

para aterro até 2015. Os lixões devem ser extintos e os resíduos sólidos dispostos integralmente em

aterros.

610.377.384

Estruturação dos Programas do Componente 3 - Uso Sustentável dos Recursos Hídricos

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 38

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Programa Justificativa Objetivo Ações Custo Total

(R$)

3.1

Articulação de Ações para Controle de

Erosão e Assoreamento e Recuperação de

Áreas Degradadas

As áreas de cabeceira apresentam elevada

susceptibilidade à erosão que, associada ao desmatamento e

às práticas agropecuárias, provoca a erosão dos solos. A

geração de sedimentos compromete a qualidade das

águas e promove o assoreamento de reservatórios

e corpos hídricos.

Apoio à doação de práticas agrícolas conservacionistas,

conforme a aptidão dos solos, e a capacitação dos

profissionais, extensionistas e

produtores rurais, para a redução e o controle dos

processos erosivos.

Implementação e monitoramento de projetos de recuperação ambiental e de conservação de

solos. 32.163.120

3.2

Implementação de Ações orientadas

para Regularização de Vazões e Uso

Múltiplo

A identificação de trechos de rios com demandas hídricas

acima da disponibilidade ocorre na irrigação na UP Médio

Araguaia. Esta situação tende a se intensificar no futuro.

Implantação de reservatórios em alguns

pontos, de modo a regularizar vazões e assim

garantir a oferta hídrica para os usos múltiplos da

água.

Implantação de reservatórios para garantia da oferta de água para expansão da irrigação, que

estão previstos no Programa Prodoeste do Governo dos Estados do Tocantins.

464.381.006*

3.3

Desenvolvimento de Ações de

Racionalização do Uso da Água na

Irrigação

O principal consumo da água na região é a irrigação que resulta em áreas localizadas da região

com déficit hídrico.

Otimizar o consumo de água na irrigação se

constitui em alternativa para a manutenção da produtividade agrícola,

aumento da eficiência no uso da água e

conseqüente redução de conflitos.

Uso racional da água na irrigação. 39.153.520

Estruturação dos Programas do Componente 3 - Uso Sustentável dos Recursos Hídricos

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 39

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3.4

Apoio à Implementação de

Ações para Criação e Manutenção das

Unidades de Conservação

As Unidades de Conservação ocorrem em áreas restritas da

região e , apesar de importantes para manutenção

da biodiversidade aquática, mostram que, em sua maior parte, já estão submetidas à

atividade antrópica.

Ampliar o número de Unidades de Conservação,

melhorar o nível de preservação das unidades

de proteção integral e minimizar os impactos

antrópicos observados nas unidades de proteção

sustentável.

Apoio à criação e manutenção de Unidades de Conservação com relevância para recursos

hídricos. 1.390.000

3.5

Apoio à Proteção e à Conservação de

Ecossistemas Aquáticos

A ictiofauna da região vem sendo negativamente

impactada pelo desmatamento da vegetação ciliar, o

assoreamento dos corpos hídricos, a poluição das águas, a construção de reservatórios e a

pesca predatória.

Apoio a ações que minimizem os impactos

antrópicos sobre a biodiversidade aquática na região incentivando o

desenvolvimento sustentável da pesca e da

aqüicultura.

Apoio à pesca e à aqüicultura sustentáveis em rios e reservatórios. 7.590.000

3.6 Educação Ambiental em Recursos Hídricos

O baixo nível de consciência ambiental resulta no

desperdício da água, nas más condições sanitárias da

população e na degradação do meio ambiente e dos recursos

hídricos.

Promover capacitação de profissionais, gestores

públicos e sociedade para atuarem na educação sanitária em recursos

hídricos.

Apoio à capacitação de educadores, produtores rurais, pescadores e agentes para o turismo

sustentável com a elaboração de material didático e pedagógico.

11.793.426

3.7

Elaboração de Estudos para a

Gestão dos Recursos Hídricos

Subterrâneos

Os recursos hídricos subterrâneos são estratégicos em algumas áreas da região,

mas existem lacunas de conhecimento que dificultam

sua gestão.

Aumentar o conhecimento sobre

sistemas aqüíferos, de modo a subsidiar ações

que garantam proteção e conservação dos recursos

hídricos.

Estabelecimento de bases para uso sustentável dos sistemas aqüíferos Barreiras/Pirabas, Urucaia

e da Bacia Sedimentar do Parnaíba. 14.000.000

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 40

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2.2 Área Focal do Programa: Bacia do São Francisco

2.2.1 Dados Gerais3

A bacia do rio São Francisco é a terceira bacia hidrográfica do Brasil e a única

totalmente brasileira. Drena uma área de 640.000km² e ocupa 8% do território

nacional.

Cerca de 83% da bacia encontra-se nos estados de Minas Gerais e Bahia, 16%

em Pernambuco, Sergipe e Alagoas e 1% em Goiás e Distrito Federal. Entre as

cabeceiras , na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e a foz, no oceano

Atlântico, localizada entre os estados de Sergipe e Alagoas, o rio São

Francisco percorre cerca de 2.700km.

Sua calha está situada na depressão são - franciscana, entre os terrenos

cristalinos a leste (serra do Espinhaço, Chapada Diamantina e Planalto

Nordeste) e os planaltos sedimentares do Espigão Mestre a oeste, conferindo

diferenças quanto aos tipos de águas dos afluentes. Os rios da margem direita,

que nascem nos terrenos cristalinos, possuem águas mais claras, enquanto os

da margem esquerda, terrenos sedimentares, são mais barrentos.

O rio São Francisco tem 36 tributários de porte significativo, dos quais apenas

19 são perenes. Os principais contribuintes são os da margem esquerda, rios

Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande, que fornecem cerca de

70% das águas em um percurso de apenas 700km. Na margem direita, os

principais tributários são os rios Paraopeba, das Velhas, Jequitaí e Verde

Grande.

Imagem: Bacia do Rio São Francisco4

3 Dados obtidos junto ao site do Ministério do Meio Ambiente: http://cd.wrs.yahoo.com/_ylt=A0oG75a68_VL0nQAf77b7Qt.;_ylu=X3oDMTBzdTNjcXU5BHNlYwNzcgRwb3MDMTAEY29sbwNhYzIEdnRpZAM-/SIG=12dmvn169/EXP=1274496314/**http%3a//www.pescaweb.com.br/servicos/baciasaofrancisco.php4 Imagem obtida junto ao site do Ministério dos Transportes: http://www.transportes.gov.br/bit/mapas/mapclick/hidro/bcsfran.htm

41

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A bacia do São Francisco é dividida em quatro regiões: Alto São Francisco, das

nascentes até Pirapora-MG; Médio São Francisco, entre Pirapora e Remanso –

BA; Submédio São Francisco, de Remanso até a Cachoeira de Paulo Afonso,

e, Baixo São Francisco, de Paulo Afonso até a foz no oceano Atlântico.

Trecho De / Até Características

2 Alto São Francisco Das nascentes até a cidade de Pirapora (MG)

Área de 100.076 km2, representando 16% da área da Bacia, e 702 km de extensão. Sua população é de 6,247 milhões de habitantes

3 Médio São Francisco De Pirapora (MG) até Remanso (BA)

Área de 402.531 km2, o que representa 53% da área da Bacia, e 1.230 km de extensão. Sua população é de 3,232 milhões de habitantes

4 Submédio São Francisco

De Remanso (BA) até Paulo Afonso (BA)

Área de 110.446 km2, o que representa 17% da área da Bacia, e 440 km de extensão. Sua população é de 1,944 milhões de habitantes

1 Baixo São FranciscoDe Paulo Afonso (BA) até a foz, entre Sergipe e Alagoas

Área de 25.523 km2, ou 4% da área da Bacia, e 214 km de extensão. Sua população é de 1,373 milhões de habitantes

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Desde as nascentes e ao longo de seus rios, a bacia do São Francisco vem

sofrendo degradações com sérios impactos sobre as águas e,

consequentemente, sobre os peixes. A maioria dos povoados não possui

nenhum tratamento de esgotos domésticos e industriais, lançando-os

diretamente nos rios. Os despejos de garimpos, mineradoras e indústrias

aumentam a carga de metais pesados, incluindo o mercúrio, em níveis acima

do permitido. Na cabeceira principal do rio São Francisco, o maior problema é o

desmatamento para produção de carvão vegetal utilizado pela indústria

siderúrgica de Belo Horizonte, o que tem reduzido as matas ciliares a 4% da

área original. O uso intensivo de fertilizantes e defensivos agrícolas também

tem contribuído para a poluição das águas. Além disso, os garimpos, a

irrigação e as barragens hidrelétricas são responsáveis pelo desvio do leito dos

rios, redução da vazão, alteração da intensidade e época das enchentes,

transformação de rios em lagos, etc. com impactos diretos sobre os recursos

pesqueiros.

As barragens hidrelétricas e para irrigação transformaram o rio São Francisco

em alguns de seus tributários. Atualmente, o rio São Francisco possui apenas

dois trechos de águas correntes: 1.100km entre as barragens de Três Marias e

Sobradinho, com vários tributários de grande porte e inúmeras lagoas

marginais; e 280 km da barragem de Sobradinho até a entrada do reservatório

de Itaparica. Daí para baixo, transforma-se em uma cascata de reservatórios

da Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco – CHESF, (Itaparica,

Complexo Moxotó com Paulo Afonso I, II,III,IV e Xingó). Estes dois trechos e os

grandes tributários, onde existem as lagoas marginais, ainda permitem a

existência de espécies de peixes migradores, importantes para as pescarias

comerciais e amadoras. Já foram identificadas 152 espécies de peixes nativos

da bacia.

2.2.2 Regiões Hidrográficas5

Devido à sua extensão e diferentes ambientes percorridos, a Bacia está

dividida em 4 regiões: Alto São Francisco - das nascentes até a cidade de

5 Dados obtidos junto ao site do Comitê de Bacia do São Francisco: http://www.saofrancisco.cbh.gov.br/ 

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 44

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Pirapora (111.804km2 - 17,5% da região); Médio São Francisco - de Pirapora

até Remanso (339.763km2 - 53% da região); Submédio São Francisco - de

Remanso até Paulo Afonso (155.637km2 - 24,4% da região); e o Baixo São

Francisco - de Paulo Afonso até sua foz (32.013km2 - 5,1% da região). Cerca

de 16,14 milhões de pessoas (9,5% da população do país) habitam a bacia

hidrográfica do São Francisco, com maior concentração no Alto (56%) e Médio

São Francisco (24%). A população urbana representa 77% da população total

e a densidade populacional é de 22 hab/km2. Nas demais regiões, observa-se

percentual de população da ordem de 10% no Submédio e no Baixo São

Francisco. Os dados referentes à população urbana e rural, e taxa de

urbanização estão apresentados na tabela abaixo:

Sub-baciaPopulação (hab)

Urbanização (%)Urbana Rural Total

Alto 6.461.510 269.230 6.730.740 96

Médio 2.814.511 2.302.782 5.117.293 55

Submédio 1.375.230 1.080.538 2.455.768 56

Baixo 901.713 938.518 1.840.231 49

Total 11.552.964 4.591.068 16.144.032 77

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 45

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2.2.3 Biomas6

A Bacia do São Francisco contempla fragmentos dos biomas: floresta Atlântica,

cerrado, caatinga, costeiros e insulares. O cerrado cobre, praticamente, metade

da área da bacia - de Minas Gerais ao oeste e sul da Bahia, enquanto a

caatinga predomina no nordeste da Bahia, onde as condições climáticas são

mais severas. Um exemplar da floresta Atlântica, devastada pelo uso agrícola e

pastagens, ocorre no Alto São Francisco, principalmente nas cabeceiras.

Margeando os rios, onde a umidade é mais elevada, observam-se regiões de

Mata Seca.

Em termos quantitativos genéricos, pode-se estimar que a ação antrópica já

atingia, em 1985, 24,8% da área da região. Deste total, as pastagens

ocupavam 16,6%, agricultura 7%; o reflorestamento, 0,9%; e usos diversos,

0,3%.

Localizado em parte da região, o polígono das secas é um território

reconhecido pela legislação como sujeito a períodos críticos de prolongadas

estiagens, com várias zonas geográficas e diferentes índices de aridez. Situa-

6 Dados obtidos junto ao site do Comitê de Bacia do São Francisco: http://www.saofrancisco.cbh.gov.br/ 

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se majoritariamente na região Nordeste, porém estende-se até o norte de

Minas Gerais. A Bacia do São Francisco possui 58% da área do polígono além

de 270 de seus municípios ali inscritos.

2.2.4 As Riquezas da Região7

Do ponto de vista mineral, a região do São Francisco é um riquíssimo depósito,

com jazidas localizadas principalmente no alto rio das Velhas. As reservas

minerais, em relação às reservas nacionais, são de: 100% de agalmatolito e

cádmio; 95% de ardósia, diamante e serpentinito industrial; 75% de enxofre e

zinco; 65% de chumbo; 60% de cristal; 50% de gemas; entre 40 e 20% de

dolomito, quartzo, ouro, granito, cromita, ferro, gnaisse, calcário, mármore e

urânio.

No Alto, Médio e Baixo São Francisco há predominância de solos com aptidão

para a agricultura irrigada (latossolos e podzólicos). O Submédio é a área do

vale com os menores potenciais de solos e reduzidas possibilidades de

irrigação. Cerca de 13% da área total da bacia apresenta perda de solo

superior a 10 t/ha./ano, o que representa o limite de tolerância para a maioria

dos solos tropicais. Boa parte dessas áreas críticas é produtora de alimentos e

fibras, como os casos dos vales dos rios Abaeté, Velhas e Pajeú e de áreas do

Baixo São Francisco.

O rio São Francisco apresenta a maior biomassa e diversidade de peixes da

região, sendo as principais espécies: a sardinha, a pilombeta, as pequenas

piabas, o pacu, a cachorra, o dourado, a tabarana-branca, o matrinchã, o

aragu, o curimatã, a pirambeba e a piranha, além dos sarapós, tubis, bagres,

cascudos, corvinas, barrigudinho e surubins.

2.2.5 A Socioeconomia8

Um panorama da bacia hidrográfica do rio São Francisco pode ser observado a

partir de três indicadores socioeconômicos:

1. A mortalidade infantil na região apresenta variações entre 25,66‰

(MG) e 64,38‰ (AL), em sua maior parte, com valores superiores a

média nacional, que é de 33,55‰;

7 Dados obtidos junto ao site do Comitê de Bacia do São Francisco: http://www.saofrancisco.cbh.gov.br/ 8 Dados obtidos junto ao site do Comitê de Bacia do São Francisco: http://www.saofrancisco.cbh.gov.br/ 

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2. O PIB contempla variações entre R$ 2.275,00 (AL) até R$ 5.239,00

(MG), enquanto a média nacional é de R$ 5.740,00 e

3. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) - que combina

aspectos de renda, saúde e educação - varia entre 0,823 no Alto São

Francisco, onde está localizada a região metropolitana de Belo

Horizonte, a 0,538 nas demais sub-bacias.

Um outro aspecto significativo no cenário social e econômico da região diz

respeito à agricultura. A região possui cerca de 35,5 milhões de hectares

agricultáveis, com maior concentração nas proximidades dos vales e das zonas

urbanas. Ainda dentro do sistema de produção da região, observa-se o

crescimento da agricultura de sequeiro para produção de soja e milho, da

pecuária, com ênfase na bovinocultura e caprinocultura, da pesca e

aqüicultura, da indústria e agroindústria, das atividades minerais, e das

atividades ligadas ao turismo e lazer.

Os indicadores de saneamento básico na bacia do São Francisco podem ser

agrupados em três aspectos principais: i) os percentuais de domicílios urbanos,

com canalização interna, servidos por rede de água são da ordem de 94% no

Alto São Francisco, e de 80 a 94% nas demais regiões; ii) os percentuais de

domicílios urbanos servidos por coleta de esgoto ultrapassam 45% no Alto,

variam de 10 a 45% no Médio e Submédio, e são inferiores a 20% no Baixo

São Francisco; iii) por fim, os percentuais tratados de volumes de esgotos

urbanos que variam, na maior parte, entre 3 e 40%, refletindo a média nacional

de 20,7% (tabela a seguir).

EstadoAbastecimento

de água (% pop.)

Esgotamento Sanitário (% pop.)

Esgoto tratado

(%)

Minas Gerais 94,3 84,2 5,8Goiás 80,1 40,1 10,3Distrito Federal 92,4 89,7 45,9Bahia 81,9 37,9 39,8Pernambuco 83,1 34,9 14,9Alagoas 80,2 11 3,1Sergipe 94,4 21,9 19,5Brasil 89,2 52,5 20,7

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 48

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O rio São Francisco tem, entre rios, riachos, ribeirões, córregos e veredas, 168

afluentes, dos quais 99 são perenes e 69 são intermitentes. Os mais

importantes formadores com regime perene são os rios: Paracatu, Urucuia,

Carinhanha, Corrente e Grande, pela margem esquerda, e das Velhas, Jequitaí

e Verde Grande, pela margem direita. Abaixo do rio Grande (da Bahia), os

afluentes, situados no polígono das secas, são intermitentes, secam nos

períodos de pouca pluviosidade e produzem grandes torrentes na época das

chuvas.

As vazões do rio São Francisco podem ser assim resumidas: Vazão média

anual-máxima de 5.244 m3/s, média de 2.850 m3/s, mínima de 1.768 m3/s,

máxima mensal de 13.743 m3/s (ocorrente em março) e mínima mensal de 644

m3/s (ocorrente em outubro). Quanto às vazões específicas, temos: igual 11,1

l/s/km2 no Alto São Francisco, 5,0 l/s/km2 no Médio, 2,4 l/s/km2 no Submédio e

4,7 l/s/km2 no Baixo, conforme ilustradas na Figura ao lado. A baixa vazão

específica média na região do Submédio é influenciada pela elevada perda por

evaporação na represa de Sobradinho.

2.2.6 O Comitê de Bacia9

O Comitê de Bacia do Rio São Francisco é por implementar a política de

recursos hídricos ao nível da bacia, estabelecer regras de condutas locais,

gerenciamento dos conflitos e dos interesses locais.

9 Dados obtidos junto ao site do Comitê de Bacia do São Francisco: http://www.saofrancisco.cbh.gov.br/ 

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 49

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   O Comitê é composto pelas seguintes Câmaras Técnicas:

Câmara Técnica de Outorga e Cobrança - CTOC

Câmara Técnica de Planos, Programas E Projetos - CTPPP

Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais - CTCT

Câmara Técnica Institucional e Legal - CTILl

Câmara Técnica de Articulação Institucional - CTAI

2.2.7 Programas e Projetos Governamentais para a Bacia do rio São Francisco

2.2.7.1 Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional10 - Transposição do São Francisco

O que é o Projeto?

O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do

Nordeste Setentrional é um empreendimento do Governo Federal, sob a

responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, destinado a assegurar a

oferta de água, em 2025, a cerca de 12 milhões de habitantes de pequenas,

10 Texto obtido junto ao site oficial do Ministério da Integração: http://www.mi.gov.br/saofrancisco/rio/numeros.asp

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 50

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médias e grandes cidades da região semi-árida dos estados de Pernambuco,

Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A integração do rio São Francisco às bacias dos rios temporários do Semi-árido

será possível com a retirada contínua de 26,4 m³/s de água, o equivalente a

1,4% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho (1850 m³/s) no trecho

do rio onde se dará a captação. Este montante hídrico será destinado ao

consumo da população urbana de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos

quatro estados do Nordeste Setentrional. Nos anos em que o reservatório de

Sobradinho estiver vertendo, o volume captado poderá ser ampliado para até

127 m³/s, contribuindo para o aumento da garantia da oferta de água para

múltiplos usos.

Bacias da integração

A Região Nordeste que possui apenas 3% da disponibilidade de água e 28%

da população brasileira, apresenta internamente uma grande irregularidade na

distribuição dos seus recursos hídricos, uma vez que o rio São Francisco

representa 70% de toda a oferta regional.

Esta irregularidade na distribuição interna dos recursos hídricos, associada a

uma discrepância nas densidades demográficas (cerca de 10 hab/km2 na

maior parte da bacia do rio São Francisco e aproximadamente 50 hab/km2 no

Nordeste Setentrional) faz com que, do ponto de vista da sua oferta hídrica, o

Semi-árido Brasileiro seja dividido em dois: o Semi-árido da Bacia do São

Francisco, com 2.000 a 10.000 m3/hab/ano de água disponível em rio

permanente, e o Semi-árido do Nordeste Setentrional, compreendendo parte

do estado de Pernambuco e os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e

Ceará, com pouco mais de 400m3/hab/ano disponibilizados através de açudes

construídos em rios intermitentes e em aqüíferos com limitações quanto à

qualidade e/ou quanto à quantidade de suas águas.

Diante desta realidade, tendo por base a disponibilidade hídrica de 1500

m3/hab/ano, estabelecida pela ONU como sendo a mínima necessária para

garantir a uma sociedade o suprimento de água para os seus diversos usos, o

Projeto de Integração estabelece a interligação da bacia hidrográfica do rio São

Francisco, que apresenta relativa abundância de água (1850 m³/s de vazão

garantida pelo reservatório de Sobradinho), com bacias inseridas no Nordeste

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 51

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Setentrional com quantidades de água disponível que estabelecem limitações

ao desenvolvimento sócio-econômico da região.

As bacias que receberão a água do rio São Francisco são: Brígida, Terra Nova,

Pajeú, Moxotó e Bacias do Agreste em Pernambuco; Jaguaribe e

Metropolitanas no Ceará; Apodi e Piranhas-Açu no Rio Grande do Norte;

Paraíba e Piranhas na Paraíba.

Eixos do Projeto

O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas

do Nordeste Setentrional  prevê a construção de dois canais:

- Eixo Norte que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará,

Paraíba e Rio Grande do Norte

- Eixo Leste que beneficiará parte do sertão e as regiões agreste de

Pernambuco e da Paraíba.

Infográfico: Eixos do Projeto de Integração da bacia do rio São Francisco

com as bacias do Nordeste Setentrional

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 52

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Benefícios

O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do

Nordeste Setentrional é a mais importante ação estruturante, no âmbito da

política nacional de recursos hídricos, tendo por objetivo a garantia de água

para o desenvolvimento sócio-econômico dos estados mais vulneráveis às

secas (Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco). Neste sentido, ao

mesmo tempo em que garante o abastecimento por longo prazo de grandes

centros urbanos da região (Fortaleza, Juazeiro do Norte, Crato, Mossoró,

Campina Grande, Caruaru, João Pessoa) e de centenas de pequenas e médias

cidades inseridas no Semi-árido, o projeto beneficia áreas do interior do

Nordeste com razoável potencial econômico, estratégicas no âmbito de uma

política de desconcentração do desenvolvimento, polarizado até hoje, quase

exclusivamente, pelas capitais dos estados.

Ao interligar os açudes estratégicos do Nordeste Setentrional com o rio São

Francisco, o projeto irá permitir:

No Estado do Ceará; o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada pelos maiores

reservatórios estaduais (Castanhão, Orós e Banabuiú) que operados de

forma integrada com os açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião

fornecem água para os diversos usos da maior parte da população das

bacias do Jaguaribe e Metropolitanas (5 milhões de habitantes de 56

municípios, em 2025);

a redução do conflito existente entre a bacia do Jaguaribe e as bacias

Metropolitanas, em função do progressivo aumento das transferências

de água para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza

que possui uma disponibilidade hídrica per capita de apenas 90

m3/hab/ano;

uma melhor e mais justa distribuição espacial da água ofertada pelos

açudes Orós e Banabuiú, beneficiando populações do Sertão Cearense,

uma vez que com o Projeto de Integração do São Francisco estes

reservatórios estariam aliviados do atendimento de parte das demandas

do Médio e Baixo Jaguaribe e da Região Metropolitana de Fortaleza;

54

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a perenização do rio Salgado, estabelecendo uma fonte hídrica

permanente para o abastecimento da segunda região mais povoada do

Estado, o Cariri Cearense (cerca de 500 mil habitantes).

   No Estado do Rio Grande do Norte; o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada pelos dois

maiores reservatórios estaduais (Santa Cruz e Armando Ribeiro

Gonçalves) responsáveis pelo suprimento de água para os diversos

usos da maior parte da população das bacias do Apodi, Piranhas-Açu,

Ceará - Mirim e Faixa Litorânea Norte;

a redução dos conflitos existentes na Bacia do Piranhas-Açu, entre

usuários de água deste estado e do estado da Paraíba e entre os usos

internos do próprio estado;

a perenização dos maiores trechos dos rios Apodi e Piranhas-Açu,

situados a montante dos açudes Santa Cruz e Armando Ribeiro

Gonçalves, estabelecendo uma fonte hídrica permanente para as

populações de mais de 60 municípios localizados nestas duas bacias

hidrográficas;

o abastecimento seguro para 95 municípios (1,2 milhões de habitantes

em 2025), através do aumento da garantia da oferta de água dos açudes

Santa Cruz e Armando Ribeiro Gonçalves, da perenização permanente

de todos os trechos dos rios Apodi e Piranhas-Açu, em associação com

uma rede de adutoras que vem sendo implantada há alguns anos (mais

de 1000 km implantados).  

No Estado da Paraíba 

o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada pelos maiores

reservatórios estaduais (Epitácio Pessoa, Acauã, Egº Ávidos, Coremas e

Mãe D’água) responsáveis pelo suprimento de água para os diversos

usos da maior parte da população das bacias do Paraíba e Piranhas;

a redução dos conflitos existentes na Bacia do Piranhas-Açu, entre

usuários de água deste estado e do estado do Rio Grande do Norte e

entre os usos internos do próprio estado;

 a redução dos conflitos existentes na Bacia do Paraíba,

fundamentalmente sobre as águas do Açude Epitácio Pessoa,

insuficientes para os seus diversos usos e tendo como umas das

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conseqüências o estrangulamento do desenvolvimento sócio-ecnômico

de Campina Grande, um dos maiores centros urbanos do interior do

Nordeste (cerca de 400 mil habitantes);

uma melhor e mais justa distribuição espacial da água ofertada pelos

açudes Coremas e Mãe D’Água, beneficiando populações da região do

Piancó, uma vez que com o Projeto de Integração do São Francisco

estes reservatórios estariam aliviados do atendimento de demandas dos

trechos do rio  Piranhas, situados a jusante destes reservatórios;

o abastecimento seguro para 127 municípios (2,5 milhões de pessoas

em 2025), através do aumento da garantia da oferta de água dos açudes

Epitácio Pessoa, Acauã, Egº Ávidos, Coremas e Mãe D’água, da

perenização permanente de todos os trechos dos rios Paraíba e

Piranhas, em associação com uma rede de adutoras que vem sendo

implantada há alguns anos (mais de 600 km implantados).

No Estado de Pernambuco uma melhor distribuição espacial dos seus recursos hídricos, pois além

da disponibilidade de água do rio São Francisco em cerca de metade da

sua fronteira sul, o Estado contará com dois grandes canais (Eixo Norte

e Eixo Leste), cortando transversalmente o seu território, a partir dos

quais uma rede de adutoras e/ou canais irá, de forma sustentável,

garantir o abastecimento das regiões do Agreste e do Sertão, situadas

em cotas elevadas e distantes daquele rio;

a divisão, com os estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, de

parte dos custos de oferta hídrica para as regiões do Agreste e do

Sertão, tornando a água, distribuída a partir dos canais do Projeto de

Integração, mais barata do que aquela captada diretamente do rio São

Francisco por meio de adutoras isoladas (os custos de operação e

manutenção da infra-estrutura dos Eixos Norte e Leste serão rateados

entre os estados beneficiados, gerando uma economia de escala);

o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada por dois dos

maiores reservatórios do Estado (Entre Montes e Poço da Cruz),

estrategicamente situados para permitir o atendimento de demandas

atuais e futuras das bacias dos rios Brígida e Moxotó;

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 56

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o abastecimento seguro para 113 municípios (2,9 milhões de pessoas

em 2025) do Sertão (bacias do Brígida, Terra Nova, Pajeú e Moxotó) e

do Agreste, através da disponibilidade hídrica proporcionada

diretamente pelos Eixos Norte e Leste, pelos seus ramais (Ramal de

Entre Montes e Ramal do Agreste), pelos Açudes Entre Montes e Poço

da Cruz, pelos leitos de rios perenizados, em associação com uma rede

de adutoras que poderá ser conectada aos canais do Projeto de

Integração.      

O Projeto de Integração, também, terá um grande alcance no abastecimento da

população rural, quer seja através de centenas de quilômetros de canais e de

leitos de rios perenizados, quer seja por intermédio de adutoras para o

atendimento de um conjunto de localidades.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 57

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2.2.7.2 Programa de Ações Estratégicas para o Gerenciamento Integrado da Bacia do São Francisco e da sua Zona Costeira - PAE

Objetivo do PAE

É o de propor um Programa de ação de curto prazo (aproximadamente 4 anos)

voltado para a solução de conflitos e para a revitalização da bacia hidrográfica

e da zona costeira do rio São Francisco.

O PAE, como segunda etapa do Projeto de Gerenciamento Integrado das

Atividades Desenvolvidas em Terra na Bacia do São Francisco, aprovado pelo

Fundo para o Meio Ambiente Mundial – GEF em 1998 e conhecido como

Projeto GEF São Francisco, foi elaborado no período de julho a novembro de

2003. É resultado de um diagnóstico preparado na primeira fase do Projeto e

dos debates ocorridos com ampla participação pública e com o Comitê de

Bacia Hidrográfica do rio São Francisco – CBHSF, dos quais, participaram mais

de 12 mil pessoas e 404 instituições atuantes na Bacia.

Na reunião plenária do CBHSF, realizada no período de 1 a 3 de outubro de

2003, após a análise detalhada por parte do Grupo de Trabalho de Planos e

Programas (GTCBHSF) de todas as ações estratégicas propostas, esse

Comitê deliberou por unanimidade legitimar a continuidade do processo de

elaboração e negociação do PAE e o apoio técnico e político à sua

consolidação.

O PAE reflete, portanto, resultados da participação consultiva, como

contribuição ao aperfeiçoamento do processo de melhoria ambiental da Bacia e

de sua zona costeira, permitindo que seja concebido e implantado um modelo

de gerenciamento integrado, especialmente ajustado ao contexto da Bacia.

Principais Problemas relacionados a recursos hídricos e interações

ambientais são por região fisiográfica:

Alto:• erosão, incluindo a oriunda de estradas rurais, resultando em carga de

sedimentos que atinge os corpos de água acarretando problemas de

qualidade e assoreamento da calha fluvial;

• concentração urbana, industrial e atividade mineradora, com a geração de

resíduos, lançamento de esgotos e poluição que comprometem a qualidade

da água dos corpos receptores.

Médio:

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 58

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• poluição difusa em razão da agricultura e de esgotos, comprometendo a

qualidade das águas superficiais e subterrâneas;

• uso intensivo de água superficial e subterrânea na agricultura irrigada.

Submédio:• poluição difusa em razão da agricultura e de esgotos lançados inclusive

em corpos d’água intermitentes;

• resíduos sólidos sem controle e com destinação final inadequada;

• escassez de água em razão da intermitência dos tributários.

Baixo e sua zona costeira:• impactos dos reservatórios de montante na ictiofauna e perda de

biodiversidade em razão da redução de nutrientes e do controle de cheias

que permitam a ocorrência da piracema;

• erosão das margens e do leito do rio São Francisco;

• quebra do equilíbrio sedimentológico e de cheias na foz.

Ações Estratégicas e Atividades Selecionadas

Componente 1:

1.1 Fortalecimento da Articulação Institucional

1.2 Implementação dos Instrumentos Institucionais do SIGRHI e

dos mecanismos de capacitação e participação pública

1.3 Desenvolvimento de Instrumentos técnicos do SIGRHI

1.4 Mobilização social e educação ambiental

Componente 2:

2.1 Promoção de usos múltiplos da água

2.2 Conservação da água, do solo, e da biodiversidade

2.3 Acesso ao saneamento ambiental e medidas a tomar em

casos de cheias e estiagens

2.4 Utilização sustentável e proteção de águas subterrâneas

Implementação do PAE

O PAE foi implementado está encerrado!

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 59

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2.2.7.3 Bases para a Transformação: Ações do Governo Federal na Bacia do Rio São Francisco e na Área de Influência do Projeto de Integração de Bacias 2009 - 2010

Apresentação

O Governo Federal apresenta à sociedade civil um conjunto de ações que

estão em desenvolvimento em áreas na Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco e na Área de Influência do Projeto de Integração11.

O elenco de ações compõe um conjunto diversificado que inclui tanto

abordagens locais quanto sistêmicas de desenvolvimento e abarcam diversas

preocupações da sociedade.

O objetivo é então o estabelecimento de um marco comum sobre o que tem

sido realizado para promover a discussão social sobre priorizações, acertos e

desacertos. A visualização geral do que o Governo Federal tem executado e

coordenado permite avaliar estratégias, pensar formas de melhorá-las e, em

especial, chamar a sociedade civil e outros níveis de governo para a

construção dos caminhos da transformação – na área foco.

11 Documento publicado pelo Governo do Brasil intitulado Bases para a Transformação: Ações do Governo Federal na Bacia do

Rio São Francisco e na Área de Influência do Projeto de Integração de Bacias 2009 - 2010

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 60

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A implementação de obras de infra-estrutura também faz parte da estratégia do

Governo de romper com limitações ao desenvolvimento auto-sustentado. No

caso do Projeto de Integração do rio São Francisco com Bacias Hidrográficas

do Nordeste Setentrional (PISF) – ver item 5.2.7.1 – deste documento, a

segurança hídrica é condição necessária para o desenvolvimento dos Estados

da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. O histórico de

estudos, planos e discussões sobre melhoria das condições de vida no Semi-

Árido sempre apontou para a importância da segurança hídrica como elemento

fundamental para o desenvolvimento.

Além da garantia de segurança hídrica, a integração logística também é um

dos alvos das ações do Governo dentro do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC). Da mesma forma, o PAC contempla uma carteira de

intervenções estruturais voltadas a garantir condições adequadas de

saneamento à população, numa ótica de sustentabilidade ambiental.

Essas ações estruturantes estão acopladas a iniciativas governamentais

transformadoras para a geração de emprego e renda, a preservação e

recuperação ambiental, a melhora da situação fundiária e agrária, a garantia de

acesso digno à água e aos serviços públicos essenciais, a assistência social e

a valorização dos investimentos públicos já feitos em épocas passadas.

Cumpre realçar a importância do Programa Bolsa-Família para a área. As

condições socioeconômicas precárias na região conferem importância ao

programa de transferência de renda que aumenta os recursos para

atendimento das necessidades básicas dos beneficiários. Além da renda, o

Programa propicia outros ganhos sociais além da renda ao condicionar o

recebimento dos recursos à realização do pré-natal e à freqüência escolar,

dentre outras. Adicionalmente, projetos complementares de inclusão sócio

produtiva estão sendo implantados para permitir a estabilidade no acesso à

renda e emancipação dos beneficiários.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)

O PAC é um dos principais programas do Governo Federal e objetiva a

superação de gargalos de infra-estrutura que dificultam o desenvolvimento do

País e de suas regiões.

O conjunto de ações do PAC está organizado em três eixos: energético,

logístico e social-urbano. Na carteira de projetos, há obras de infra-estrutura

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 61

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essenciais para a integração nacional e para superação de desequilíbrios

regionais. São empreendimentos hídricos, ferroviários, rodoviários e

energéticos que permitem criar as bases para o desenvolvimento. O Programa

recebe monitoramento constante e exige articulação e comprometimento dos

diversos níveis de governo.

Constituem uma estratégia clara de propiciar ao Semi-Árido e aos municípios

da bacia hidrográfica do rio São Francisco as condições para superar a

exclusão social e desatar os nós que atrapalham o desenvolvimento endógeno.

Os investimentos do PAC na Área-Foco totalizam mais de R$ 27 bilhões e

incluem o Projeto de Integração de Bacias, a implantação da Ferrovia

Transnordestina, a melhoria da malha rodoviária e o Programa de

Revitalização da bacia do rio São Francisco.

O Programa Territórios da Cidadania

O Programa Territórios da Cidadania é uma estratégia de desenvolvimento

territorial sustentável voltada às regiões do país que mais precisam. Cada

Território é formado por um conjunto de municípios cujas características

econômicas e ambientais se assemelham, além de serem dotados de

identidade e coesão social, cultural e geográfica.

O Programa tem como objetivos promover o desenvolvimento econômico e

universalizar programas básicos de cidadania. A participação social e a

integração de ações entre os governos Federal, estaduais e municipais são

fundamentais para a construção dessa estratégia.

Cada Território da Cidadania é coordenado por um Colegiado Territorial

composto paritariamente por representantes governamentais e da sociedade

civil organizada. O Colegiado discute, planeja e propõe aos governos a

execução de ações para o desenvolvimento do Território.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 62

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A leitura deste documento deve ser realizada considerando a relevância do

Programa Territórios da Cidadania na discussão e implementação das metas

definidas para 2009 e 2010. O Programa é central na articulação das ações do

Governo Federal com as ações das outras esferas de governo e demandas

sociais locais.

Chama-se a atenção para o fato de que diversos programas e ações que serão

apresentados estão inseridos na matriz de ações apresentada anualmente aos

Territórios.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 63

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A Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR)

A PNDR instituída pelo Decreto 6.047, de 22 de fevereiro de 2007, é parte

indissociável da estratégia de desenvolvimento do país e expressão da

prioridade que é dada ao tema na agenda nacional de desenvolvimento.

Ela busca a redução das profundas desigualdades de nível de vida e de

oportunidades de desenvolvimento entre regiões do País utilizando-se do

imenso potencial de desenvolvimento contido na diversidade econômica,

social, cultural e ambiental que caracteriza o Brasil. Sua estratégia associa

crescimento econômico à mobilização cívica, à cooperação, à valorização das

identidades locais e regionais e à inclusão participativa de amplos setores da

sociedade.

A PNDR prevê a definição de Planos Estratégicos de Desenvolvimento nas

escalas macrorregional, e de Programas em Mesorregiões Diferenciadas na

escala sub-regional. O Semi-Árido, a Faixa de Fronteira e as Regiões

Integradas de Desenvolvimento (RIDE) são espaços de tratamento prioritário

da PNDR, bem como outras áreas que recebem impactos de investimentos

estruturantes.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 64

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O Documento - Bases para a Transformação: Ações do Governo Federal na

Bacia do Rio São Francisco e na Área de Influência do Projeto de

Integração de Bacias 2009 – 201012

O documento consiste em levantamento de ações do Governo Federal, sem

esgotar o universo de políticas e programas federais na Área-Foco (Bacia do

Rio Francisco e na Área de Influência do Projeto de Integração de Bacias 2009

– 2010), assim como não são incluídas as ações dos outros níveis de governo

e da sociedade civil. Dessa forma, pode-se dizer que os esforços, inclusive os

do Governo Federal, para o desenvolvimento da área não se restringem aos

tratados neste documento.

Todavia, considerando apenas o conjunto das ações informadas neste texto, a

articulação e a coordenação da execução com outros níveis de governo e

sociedade civil já constituem um efetivo caminho de mudança para a região.

Por exemplo, a implementação de algumas ações em educação depende da

elaboração do Plano de Ações Articuladas (PAR) pelos municípios. A atividade

de construção de cisternas, por sua vez, depende da mobilização

e conhecimento social propiciados pela atuação de organizações não-

governamentais junto às comunidades.

Essas são apenas duas referências que objetivam ilustrar que a ação do

Governo Federal não ocorre de forma desarticulada. Governos Estaduais,

Municipais e Sociedade-Civil também são co-autores e co-participes dos

esforços para transformação na Área-Foco.

Por sua vez a Área-Foco ou área de abrangência das ações aqui apresentadas

possui uma significação simbólica forte. Os municípios selecionados são os de

pequeno e médio porte na bacia hidrográfica do rio São Francisco e na área de 12 Documento publicado pelo Governo do Brasil intitulado Bases para a Transformação: Ações do Governo Federal na Bacia do

Rio São Francisco e na Área de Influência do Projeto de Integração de Bacias 2009 - 2010

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 65

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influência do Projeto de Integração de bacias. Os dois conjuntos representam

realidades e desafios diversos para os quais o Governo Federal tem

empreendido ações variadas, contando com a atuação parceira dos governos

estaduais, municipais e da sociedade civil.

Dessa forma, objetiva-se mostrar com o documento que toda a Área-Foco é

prioritária para a atuação do Governo Federal, e que, assim a execução de

grandes obras de infra-estrutura não suprime outras linhas de ação

governamental geradoras de renda, mesmo que inseridas em outros esquemas

de desenvolvimento.

O levantamento das ações englobou as seguintes instituições:

• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (por meio da Embrapa);

• Ministério da Educação;

• Ministério da Integração Nacional;

• Ministério da Saúde;

• Ministério das Cidades;

• Ministério de Minas e Energia;

• Ministério do Desenvolvimento Agrário;

• Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

• Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

• Ministério do Meio Ambiente;

• Ministério do Planejamento

• Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca;

• Agência Nacional de Águas;

• Banco do Brasil;

• Banco do Nordeste do Brasil;

• Codevasf;

• DNOCS;

• Funasa;

• Ibama;

• ICMBio;

• Incra;

• Sebrae;

• Sudene.

14

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 66

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A Região Nordeste possui apenas 3% da água disponível e, de forma

contrastante, 28% da população do País. Em seu interior, a distribuição de

seus recursos hídricos também é desigual, uma vez que 70% de toda a oferta

hídrica superficial está no o rio São Francisco.

Essa configuração da distribuição dos recursos hídricos, associada a diferentes

densidades demográficas (cerca de 10 habitantes/km2 na maior parte da bacia

do rio São Francisco e aproximadamente 50 habitantes/km2 nas bacias

receptoras), faz com que o Semi-Árido Brasileiro seja dividido em duas

realidades.

Uma delas é o Semi-Árido da bacia hidrográfica do rio São Francisco, que

conta com oferta hídrica de 2.000 a 10.000 m3/habitantes/ano de água

disponível em forma de rio permanente. A outra é o Semi-Árido do Nordeste

Setentrional – compreendendo parte dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio

Grande do Norte e Ceará – para o qual a oferta de água é de pouco mais de

400 m3/habitantes/ano. Nessa região, a oferta é proporcionada por açudes

construídos em rios intermitentes e por aqüíferos. A título de comparação, a

ONU estabeleceu a disponibilidade hídrica de 1.500 m3/habitantes/ano como

sendo a mínima necessária para garantir a uma sociedade o suprimento de

água para os seus diversos usos.

Programa de Revitalização do Rio São Francisco

O Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRSF) é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Ministério da Integração Nacional. Com prazo de execução de 20 anos, suas ações estão inseridas no Programa de revitalização de bacias hidrográficas com vulnerabilidade ambiental do Plano Plurianual e é complementado por outras ações previstas em vários programas federais.As ações de revitalização são executadas de acordo com a Política Nacional de Meio Ambiente, com a Política Nacional de Recursos Hídricos e com a Política Nacional de Saneamento.Divide-se em 5 linhas de ações:• Gestão e Monitoramento;• Agenda Socioambiental;

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 67

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• Proteção e uso sustentável de recursos naturais;• Qualidade de saneamento ambiental e• Economias Sustentáveis.No período de 2004-2006, o Programa executou ações cujo montante de recursos atingiu R$ 194.692.520,00.Dentre elas, foram realizadas obras de revitalização e recuperação do rio São Francisco; monitoramento da qualidade da água; reflorestamento de nascentes, margens e áreas degradadas; e controle de processos erosivos para conservação de água e do solo, nos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais.

Desde 2007, o PRSF tem recursos do PAC da ordem de R$ 1,5 bilhões. As

ações previstas consistem em obras de saneamento ambiental, contenção de

barrancos e de controle de processos erosivos, melhoria da navegabilidade e

recuperação de matas ciliares.

O Programa representa um esforço comum de articulação e integração entre

os vários órgãos de governos em todas as esferas e da sociedade civil. Tem o

propósito de promover a revitalização da bacia e o seu desenvolvimento, além

de alcançar uma gestão eqüitativa, eficiente e sustentável dos recursos

naturais.

Ações Governamentais em implantação na Bacia do São Francisco

A seguir apresenta-se a relação das ações desenvolvidas pelo Governo

Federal no âmbito da Bacia do Rio São Francisco.

GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA.

Apoio às Atividades Produtivas

Arranjos Produtivos Locais

Apoio a Pequenos e Médios Negócios

Aqüicultura e Pesca

Agricultura em Base Agroecológica

Financiamento, Crédito e Incentivos

MEIO AMBIENTE

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 68

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Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco

Esgotamento Sanitário

Coleta e Tratamento de Resíduos Sólidos

Combate a Processos Erosivos

Outras Ações de Recuperação ou Manejo do Meio

Ambiente

Parques e Unidades de Conservação

Combate à Desertificação

Fiscalização Ambiental

Capacitação Institucional

Monitoramento e Planejamento

Os Programas Básicos Ambientais do Projeto de Integração de

Bacias

Fontes Alternativas de Energia

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E REFORMA AGRÁRIA

Regularização Fundiária

Crédito Fundiário

Cadastro de Terras – Apoio aos Estados

Geocadastro e Regularização Fundiária de Imóveis Rurais

Reforma Agrária

AGRICULTURA IRRIGADA EM PERÍMETROS PÚBLICOS

Melhoria de Gestão

Apoio à Gestão em Perímetros Irrigados

Capacitação de agricultores assentados em agricultura

irrigada

Recuperação da Infra-Estrutura

Revitalização de Infra-Estrutura dos Perímetros de

Irrigação

Irrigação e Drenagem nos Perímetros de Irrigação

Transferência de Tecnologia

Na Fruticultura Irrigada

Pesquisa com Variedades de mandioca de mesa

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 69

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ACESSO À ÁGUA

Obras Estruturantes de Âmbito Regional

Proágua

Abastecimento de Cidades de Médio Porte

Obras complementares ao Projeto de Integração

Acesso à Água em Comunidades Dispersas

Água para Todos

Cisterna Familiar

Segunda Água / Produção de Alimentos

Saneamento em Escolas Públicas Rurais

Diagnóstico Participativo da Qualidade da Água

Aumento da Oferta de Água em Agroecossistemas do

Semi-Árido

Programa Água Doce . Implantação e Recuperação

Perenização do Acesso à Água: Poços e Barragens

Subterrâneas

AGENDA SOCIAL

Programa Bolsa Família

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

Programa de Atenção Integral à Família

Ações de Saúde

Controle da Doença de Chagas

Programa Farmácia Popular

Programa Saúde da Família

Atenção à Pessoa com Deficiência

Programa Saúde da Criança e Aleitamento Materno

Programa Saúde da Mulher

Ações Estruturantes em Saúde

Implantação de Melhorias Sanitárias Domiciliares para

Prevenção e Controle de Agravos

Saúde Indígena

Ações em Educação Básica

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 70

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Plano de Ações Articuladas

Proinfância

Sala de Recursos Multifuncionais

Escola Ativa

Dinheiro na Escola

Caminho da Escola

Expansão e Melhoria de Infra-Estrutura de Educação

Proinfo

Laboratórios de Informática

Expansão da Educação Profissional e Tecnológica

Expansão da Educação Superior

Alfabetização e Educação Continuada

Pescando Letras

Programa Brasil Alfabetizado

Programa Luz para Todos

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 71

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Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 72

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TOMO I

MARCO DE REASSENTAMENTO

INVOLUNTÁRIO – MRI

Sumário

TOMO I – Marco de Reassentamento Involuntário – MRI

1. Marco de Reassentamento Involuntário – Justificativa......................................76

1.1 Por que a opção pelo Marco de Reassentamento Involuntário - MRI?.................76

1.2 Objetivos do MRI – Marco de Reassentamento Involuntário...............................76

1.3 Questões a serem enfrentadas................................................................................77

2. Fundamentos da Política de Reassentamento Involuntário...............................78

2.1 Conceitos e Princípios do MRI.............................................................................78

2.2 Quando se aplica?.................................................................................................79

2.3 Boas Praticas – A serem adotadas.........................................................................80

3. Marco Legal...........................................................................................................82

3.1 Legislação Brasileira Vigente – a ser observada................................................82

3.2 Política de Salvaguarda do BIRD-a ser observada...............................................86

4. Situação de Afetação e Categoria de Afetados....................................................87

5. Avaliação Sócio-econômica...................................................................................90

5.1 Objetivos................................................................................................................90

A avaliação social buscará identificar a dinâmica social das comunidades afetadas..................................................................................................................................90

5.2 Base de Dados.......................................................................................................90

6. Participação Comunitária.....................................................................................91

6.1 Mecanismos de Participação Comunitária............................................................91

6.2 Mecanismos de Consulta.......................................................................................92

6.3 Mecanismos de Reclamos.....................................................................................92

6.4 Plano de Comunicação Social - PCS.....................................................................93

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 73

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7. Política de Atendimento........................................................................................95

7.1 Identificação de Perdas – Matriz de Impacto........................................................95

7.1.1 Tipos de Perdas...................................................................................................96

7.2 Identificação do Grau de Afetação e da Categoria de Afetados............................97

7.2.1 Categoria de Afetados........................................................................................98

7.3 Cadastro Censitário Sócio-econômico e Imobiliário.............................................98

7.4 Política de Atendimento........................................................................................98

7.5 Ações Complementares.......................................................................................100

7.6 Critério de Elegibilidade......................................................................................101

7.6.1 Quadro - Critério de Elegibilidade...................................................................101

8. Monitoramento e Avaliação do Processo de Reassentamento.........................104

9. Plano de ação........................................................................................................106

10. PRI – Plano de Reassentamento Involuntário - Procedimentos para

Elaboração....................................................................................................................107

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 74

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1. Marco de Reassentamento Involuntário – Justificativa

1.1 Por que a opção pelo Marco de Reassentamento Involuntário - MRI?

A opção por elaborar o Marco Conceitual da Política de Reassentamento

Involuntário está relacionada intrinsecamente relacionada ao desenho do

Programa (objetivo, estratégia e linhas programáticas).

Em teoria, um Programa que tem por objetivo elaborar planos, estudos e

projetos não contêm em seu arcabouço atividades geradoras de impacto em

meio antrópico.

Logo, pode-se considerar que não haverá impacto direto sobre o meio

antrópico resultante da intervenção direta e imediata do Interáguas.

Mas, os planos, estudos e projetos a serem elaborados poderão sim ocasionar

impactos sociais, em especial o que se refere à categoria do reassentamento

involuntário de população, no momento em que forem ser implementados (não

previsto para o âmbito do Programa).

Diante deste contexto, urge a necessidade de incorporar temas transversais e

correlatos, como a questão sócio-ambiental.

Para isto, o Interáguas decidiu elaborar, ainda na fase de preparação do

Programa, instrumentos que contemplem os aspectos sócio-ambientais

previstos na legislação vigente no país e na política de salvaguarda do Banco

Mundial – que é agente financiador do Programa.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 75

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Um desses documentos é o MRI – Marco de Reassentamento Involuntário, que

se constitui no instrumento definidor da política de reassentamento involuntário

de população a ser adotada / praticada no âmbito do Programa.

1.2 Objetivos do MRI – Marco de Reassentamento Involuntário

O MRI também tem por objetivo orientar a elaboração dos futuros PRI – Planos

de Reassentamento Involuntário, que deverão ser elaborados sempre que um

projeto demande (i) desapropriação de imóveis (aquisição de terras), (ii)

deslocamento de população e/ou (iii) interrupção de atividades econômicas.

Vale destacar, que este MRI, ora apresentado pelo Governo do Brasil, regula

todo o processo de reassentamento involuntário a ser executado no âmbito do

Programa Interáguas independente se oriundo de ações executadas com

recursos de financiamento do BIRD ou se são atividades admitidas como

contrapartida, no âmbito do Programa.

1.3 Questões a serem enfrentadas

O MRI que ora apresenta tem caráter de instruir a política de reassentamento

involuntário do Programa Interáguas definindo de forma ampla e abrangente as

diretrizes sociais.

Isto se deve aos seguintes fatores:

a. Não definição territorial de atuação do Programa , com possibilidade de

atuação em qualquer bacia hidrográfica do território brasileiro.

b. Diversidade sócio-cultural , em decorrência do item anterior.

c. Questão dos múltiplos usos . O conflito de interesses sobre a questão da

água que é inclusive um dos grandes temas a ser desenvolvido pelo

Interáguas repercute sobre diretamente sobre o tema social.

d. Marco Legal . A política de reassentamento deve ser em todas as regiões de

atuação do Programa, considerando as orientações sócio-ambientais

específicas para determinados biomas.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 76

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e. Ausência de Marco Legal que oriente a avaliação dos Impactos no meio

antrópico – A avaliação social no Brasil não possui legislação própria e a

mesma tem sido realizada a partir da acuidade do analista.

2. Fundamentos da Política de Reassentamento Involuntário

2.1 Conceitos e Princípios do MRI

A Política de Reassentamento Involuntário proposta é constituída por diretrizes

e procedimentos que devem ser seguidos de forma que o processo de

reassentamento a ser desenvolvido seja o mais adequado possível, buscando

reduzir, ao máximo os possíveis transtornos gerados à vida das pessoas

afetadas.

Buscar a recomposição da qualidade de vida das famílias afetadas nos seus

vários aspectos: físico (perda de moradia, de bens), financeiro (interrupção de

atividades produtivas, com conseqüente empobrecimento), sócio-familiar

(quebra da rede de apoio social, das relações de vizinhança, memória, etc.) é a

meta da Política de Reassentamento Involuntário a ser executada / praticada

pelos agentes executores do Interáguas.

É importante frisar que este documento, Marco de reassentamento Involuntário

– MRI tem por meta a apresentar as diretrizes, conceitos, e procedimentos para

tratamento do tema e por isto mesmo possui caráter de amplitude e de

fundamento.

Assim, cada situação a ser tratada (no nível dos planos, estudos e projetos)

deverá ser analisada de forma particular, o que faz surgir necessidade de

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 77

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elaboração de planos específicos de reassentamento para as diferentes

intervenções, desde que tomando como referência as diretrizes constantes

neste documento.

As diretrizes de reassentamento do Interáguas estão norteadas pelos seguintes

princípios e diretrizes:

Minimização do número de desapropriações : Os projetos de engenharia a

serem desenvolvidos serão orientados a buscar sempre soluções que

concomitantemente viabilizem a implantação dos serviços e da infra-

estrutura e que minimizem o número de relocações.

Participação dos atores locais : deve ser garantida em todas as fases do

processo de reassentamento.

Oferta de diferentes opções de atendimento e garantia de liberdade de

escolha pela população afetada: Para cada categoria de afetado deverão

ser oferecidas diferentes opções soluções. O Programa deverá prever

diferentes formas de atendimento e os afetados deverão ter total liberdade

de escolha dentre as opções ofertadas.

Garantia da melhoria ou da manutenção das condições de moradia :

manutenção, no mínimo, do status quo anterior àquele existente após a

execução do empreendimento. Atentar, para a busca da melhoria das

condições anteriores. As moradias oferecidas para o reassentamento

deverão ser dotadas de serviços de infra-estrutura básica (saneamento,

iluminação, comunicação, atendimento educacional, de saúde, transporte e

serviços sociais diversos), e atender aos critérios de habitabilidade,

adotando o emprego de partidos arquitetônicos e materiais compatíveis com

a cultura e os hábitos da população afetada.

Garantia da possibilidade de manutenção da renda . As famílias que tiverem

suas atividades produtivas interrompidas ou reduzidas em função da

alteração do “status quo” existente anterior à obra deverão ser

compensadas por estas perdas, de forma a permitir-lhes que possam

reconstruir suas vidas em menor tempo possível.

Garantia do pagamento das indenizações pelo valor de reposição do imóvel

ou de mercado (o que se mostrar mais adequado à recomposição da

qualidade de vida), incluindo todas as benfeitorias realizadas. Os laudos de

avaliação a serem elaborados contemplarão o levantamento de todos os

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 78

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imóveis afetados, incluindo as benfeitorias realizadas, que,

independentemente de sua natureza. O pagamento deve ser antecipado ou

no mínimo concomitante à desocupação do imóvel.

2.2 Quando se aplica?

O MRI é o documento que estabelece a política de mitigação / compensação e

deve ser aplicado nos projetos que ocasionem as seguintes situações:

(i) Aquisição de território (desapropriação de terras com ou sem

benfeitorias)

(ii) Deslocamento involuntário de população

(iii) Interrupção de atividades produtivas

Importante - Os requisitos estabelecidos pela Política de Salvaguarda do BIRD

serão sempre aplicados – independente se a Política for acionada pelas

intervenções diretamente financiadas pela instituição ou pelas que compõem a

contrapartida do Programa.

Em resumo: O Interáguas adotará soluções que possibilitam à recomposição

de vida da população afetada, no mínimo, no nível existente do cenário anterior

ao projeto, sendo que o desejável, é que haja uma melhoria neste padrão. Os

PRI´s – Planos de Reassentamento Involuntário a serem elaborados estarão

fundamentados nestes princípios!

2.3 Boas Praticas – A serem adotadas

Além dos princípios e diretrizes acima citados, destacam-se, ainda, outras

condutas e boas práticas a serem adotadas quando da execução do processo

de reassentamento e que estarão previstas nos PRI´s:

Realização das negociações com a população apenas após a

disponibilização de todas as opções de atendimento cabíveis.

As obras só se iniciarão após a relocação de todas as famílias afetadas e

diretamente envolvidas naquela etapa de obra.

Reconhecimento das reivindicações das comunidades envolvidas pelo

projeto.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 79

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Não imposição das condições de negociações que impeçam as famílias à

recomposição de suas vidas.

Suporte jurídico e social, a ser concedido sem ônus, bem como

estruturação de um mecanismo de reclamos e de recursos administrativos a

serem postos à disposição da população afetada pelo Projeto.

Desenvolvimento de programas estratégicos e complementares de

fortalecimento da identidade social e de qualificação para o mercado de

trabalho.

Estes aspectos nortearão as ações presentes e futuras dos agentes executores

no que diz respeito à promoção de reassentamentos involuntários no âmbito do

Interáguas.

Assim, sua observância é pré-requisito para a elaboração de Planos de

Reassentamento Involuntário – PRI´s, referenciado as particularidades de cada

uma das intervenções propostas.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 80

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3. Marco Legal

3.1 Legislação Brasileira Vigente – a ser observada

A elaboração dos estudos sócio-ambientais, o que inclui este Marco de

Reassentamento e os Planos de Reassentamento Involuntário estarão

fundamentados na observância da legislação vigente.

No entanto, é importante ressaltar, que o marco ambiental no Brasil é muito

mais avançado tanto em termos de conceitos quanto na definição de

procedimentos em relação ao marco social.

Considerando que a avaliação de impacto social faz parte da avaliação

ambiental, logo, há de se considerar que neste arcabouço existem algumas

determinações a serem observadas, embora não se configure numa política

para o tema.

Vale ressaltar, que a Constituição Federal de 1988 – que estabelece que toda

propriedade rural deva cumprir função social e também assegura o meio

ambiente ecologicamente equilibrado como um dos bens comuns da sociedade

e do ser humano, essencial à sua qualidade de vida como cidadão,

A seguir, apresenta-se a relação de leis e resoluções que de uma forma ou de

outra trás alguma recomendação no trato dos aspectos sociais e por isto

mesmo estão consideradas neste MRI e serão observadas pelos PRI´s a

serem elaborados no âmbito do Interáguas.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 81

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Item Documento Categoria Órgão Número

1 "Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências". LEI FEDERAL 6.938/1981

2 Lei dos Crimes Ambientais - "Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências". LEI FEDERAL 9.605/1998

3 Lei que estabelece diretrizes gerais da Política Urbana LEI FEDERAL 10.257/2001

4 Código Florestal DECRETO LEI FEDERAL 4.135 / 1942

5 Institui princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade DECRETO CASA CIVIL 4.339/2002

6 "Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA" - RESOLUÇÃO CONAMA 01/1986

7 "Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras do setor de geração de energia elétrica" - RESOLUÇÃO CONAMA 06/1987

8 "Dispõe sobre a questão de audiências Públicas" RESOLUÇÃO CONAMA 09/1987

9 "Dispõe sobre o ressarcimento de danos ambientais causados por obras de grande porte" RESOLUÇÃO CONAMA 010/1987

10 "Dispõe sobre a proibição de qualquer atividade que possa pôr em risco a integridade dos ecossistemas e a harmonia da paisagem das ARIEs" RESOLUÇÃO CONAMA 002/1988

11 "Dispõe sobre o licenciamento de obras de saneamento básico" RESOLUÇÃO CONAMA 005/1988

12 "Dispõe sobre a regulamentação das APAs" RESOLUÇÃO CONAMA 010/1988

13 "Dispõe sobre a Composição das Câmaras Técnicas". RESOLUÇÃO CONAMA 07/1990

14 "Dispõe sobre a área circundante, num raio de 10 (dez) quilômetros, das Unidades de Conservação" RESOLUÇÃO CONAMA 013/1990

15 "Dispõe sobre a criação da Câmara Técnica de proteção ao patrimônio dos povos da floresta". RESOLUÇÃO CONAMA 014/1990

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16 "Cria dez Câmaras Técnicas Permanentes para assessorar o Plenário do CONAMA e estabelece competências" - RESOLUÇÃO CONAMA 05/1995

17 Lei das Águas – Anexo VI – deste documento LEI FEDERAL 01/1997

18 "Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente" - RESOLUÇÃO CONAMA 237/1997

19 "Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental" - RESOLUÇÃO CONAMA 279/2001

20 "Dispõe sobre o licenciamento de empreendimentos de irrigação" RESOLUÇÃO CONAMA 284/2001

21 Estabelecimento de parâmetros, definições, e limites para as Áreas de Preservação Permanente de reservatório artificial e a instituição da elaboração obrigatória de plano ambiental de conservação e uso do seu entorno. RESOLUÇÃO CONAMA 302/2002

22 "Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente”. RESOLUÇÃO CONAMA 303/2002

23 "Licenciamento Ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte." RESOLUÇÃO CONAMA 308/2002

24 "Institui a Câmara Técnica de Atividades Minerárias, Energéticas e de Infra-Estrutura" - RESOLUÇÃO CONAMA 325/2003

25 "Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente - APP”. RESOLUÇÃO CONAMA 369/2006

26 "Define os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional para fins do disposto no inciso III, § 1o, art. 19 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, e dá outras providências”. RESOLUÇÃO CONAMA 378/2006

27 "Estabelece procedimentos para o Licenciamento Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, e dá outras providências"-. RESOLUÇÃO CONAMA 387/2006

28 "Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção de habitações de Interesse Social." – Anexo I – deste documento. RESOLUÇÃO CONAMA 412/2009

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Além da legislação citada há de se considerar, também, as resoluções

estabelecidas no âmbito da ANA – Agência Nacional de águas e do CNRH –

Conselho Nacional de Recursos Hídricos, conforme apresentado no quadro a

seguir:

Natureza do Instrumento Número Data Origem Conteúdo

Número do Anexo

Resolução 412 22/9/2005 ANA

Certificado de Avaliação da Sustentabilidade da Obra Hídrica – CERTOH para o “Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – trechos I, II, III, IV, V e Ramal do Agreste Pernambucano”, Ministério da Integração – MI.

I

Resolução 411 22/9/2005 ANA

Direito de Outorga ao Ministério da Integração Nacional o direito de uso de recursos hídricos do Rio São Francisco, para a execução do “Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional” - Ministério da Integração Nacional – MI.

II

Resolução 24 2002 CNRH

Estabelece sobre a representatividade e participação dos usuários nos Comitês de Bacias Hidrográficas

III

Decreto 0-003 05/06/2001  Presidencial Instituí o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

IV

Resolução 5 10/4/2000 CNRH

Estabelece diretriz para a formação e funcionamento dos Comitês das Bacias Hidrográficas

V

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3.2 Política de Salvaguarda do BIRD13-a ser observada

O Banco Mundial desenvolveu uma série de políticas de salvaguardas que

visam promover abordagens de desenvolvimento sustentável em termos

ambientais e sociais.

Estas políticas abordam os seguintes temas: avaliação ambiental, bens

culturais, áreas disputadas, matas e florestas, povos indígenas, águas

internacionais, reassentamento involuntário de população, habitats naturais,

manejo de pragas e segurança de barragens.

O BIRD realiza para cada proposta de empréstimos para investimento uma

avaliação ambiental, a fim de determinar a extensão e a natureza do potencial

de impacto a ser ocasionado pelo projeto. E a partir daí é feita a classificação

do projeto em categorias (A, B, C e FI), por tipo, localização, sensibilidade e

escala do projeto, bem como a natureza e a extensão do seu potencial de

impacto sobre o meio ambiente.

Esta análise foi realizada para o Interáguas – vide o documento ISDS, o

Programa foi classificado como categoria B e a aplicação das seguintes

políticas de salvaguardas foram recomendadas:

Políticas de Salvaguardas Acionadas SIM NAO TBD

Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01) X

Habitat Natural (OP/BP 4.04) X

Florestas (OP/BP 4.36) X

Manejo Integrado de Pragas (OP 4.09) X

Patrimônio Físico-Cultural (OP/BP 4.11) X

Povos Indígenas (OP/BP 4.10) X

Reassentamento Involuntário (OP/BP 4.12) X

Segurança de Barragens (OP/BP 4.37) X

Projetos em vias navegáveis internacionais (OP/BP 7.50) X

Projetos em áreas disputadas (OP/BP 7.60) X

Este MRI visa atender a salvaguarda de cunho social: (i) Reassentamento

Involuntário (OP/BP 4.12). OP 4.12 está apresentada no anexo IX – deste

documento.

13 Informações obtidas no site do Banco Mundial: http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/BANCOMUNDIAL/EXTTEMAS/EXTCSOSPANISH/0,,contentMDK:20624768~menuPK:1614028~pagePK:220503~piPK:220476~theSitePK:1490924,00.html

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 85

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4. Situação de Afetação e Categoria de Afetados

A definição da Situação de Afetação é fundamental para a elaboração de um

Plano de Reassentamento Involuntário, pois envolve o dimensionamento

quantitativo (número de famílias atingidas) e qualitativo (forma e grau de

afetação) dos impactos geradores de relocação e que por via de conseqüência,

se tornam condicionantes da formulação da política de compensação e/ou

mitigação a ser adotada pelo Programa.

A Situação de Afetação depende, certamente, do tipo e das proporções

assumidas pelas intervenções, bem como das particularidades das soluções de

engenharia propostas para a sua execução, cuja ciência se dá por ocasião do

desenvolvimento dos projetos básicos e/ou executivos.

No entanto, um Programa, como o Interáguas, que tem por objetivo elaborar

planos, estudos e projetos não contêm em seu arcabouço atividades geradoras

de impacto sobre o meio antrópico.

Mas, os planos, estudos e projetos a serem elaborados poderão sim ocasionar

impactos sociais, no momento em que forem ser implementados, ainda que

não esteja previsto no âmbito do Interáguas.

Assim sendo, e para balizar a elaboração futura dos PRI – Planos de

Reassentamento Involuntário, apresenta-se a seguir, as possíveis situações de

afetação a serem encontradas e que serão observadas pelos gestores do

Programa:

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 86

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Quadro – Situações de Afetação dos Imóveis

Oriundas

Execução de Obra

Da implantação / reparo / modernização / manutenção de obras

Adequação Ambiental

Do atendimento e observância do Marco Ambiental vigente no país

Do Grau

Total Ocorre quando é necessária a remoção total do imóvel

Parcial

Ocorre quando é necessária a remoção parcial do imóvel, devendo ser avaliada a possibilidade de o relocado permanecer na área remanescente - desde que observada as condições de habitabilidade e de geração de renda - se for o caso.

Temporal

PermanenteOcorre quando as pessoas e/ou a área atingida pela obra o são de forma permanente e irreversível

Temporária

Ocorre quando as pessoas e/ou a área atingida pela obra o são de forma temporária, podendo o cenário ser revertido à condição anterior.

Da Forma

Direta Ocorre quando as pessoas e/ou área são atingidas diretamente pela obra

Indireta

Ocorre quando as pessoas e/ou área são atingidas por ações resultantes da implementação da obra, mas não pela obra em si.

Importante –

1. Estas situações descritas se aplicam indistintamente tanto no meio rural

quanto urbano e, também, a todos os usos dos imóveis (residenciais,

comerciais, industriais, agrícolas, mistos, etc).

2. Estas situações se aplicam a todas as atividades do Projeto

independente se financiadas pelo BIRD ou ações de contrapartida.

3. As afetações também se referem à interrupção de atividades produtivas.

Neste caso as afetações parciais deverão observar o previsto na nota de

rodapé número 25 da OP 4.12 do BIRD que diz “Os impactos são

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 87

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considerados “menores” se as pessoas afetadas não forem fisicamente

deslocadas e só tiverem perdido menos de 10% do seu patrimônio

produtivo”.

O PRI deverá prever atendimento a categoria de afetados.

População Afetada: são todas as pessoas que usam o imóvel atingido por uma

ação do Programa (urbano ou rural) com fins residenciais ou produtivos, ou

ambos, independente de sua condição legal (proprietário ou posseiro).

Os ocupantes destes imóveis podem apresentar as seguintes condições:

- Proprietário residente

- Proprietário não residente

- Posseiro residente

- Posseiro não residente

- Inquilino / arrendatário

- Meeiro

- Cedente / Cessionário

Conclusões – Do cruzamento da Situação de Afetação e da Condição de

Ocupação origina-se, o que se denomina Categoria de Afetados.

Todas as Categorias de Afetados estarão contempladas pela Política de

Atendimento do MRI / PRI do Interáguas e devidamente previstas pelos

Critérios de Elegibilidade a serem adotados.

No caso específico de Catadores de Lixão o Interáguas adotará como

documento norteador de suas ações o PISCA – Plano de Inclusão Social de

Catadores estabelecido pela CAIXA e o BIRD – ver anexo VIII – deste

documento.

5. Avaliação Sócio-econômica

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 88

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5.1 Objetivos

A avaliação sócio-econômica tem por objetivo:

1. Avaliar os efeitos da intervenção sobre as pessoas da região de

influência do empreendimento

2. Identificar as possibilidades de desenvolvimento social proporcionado

pela intervenção

3. Identificar as necessidades e preferências da população afetada

4. Identificar a dinâmica social da comunidade afetada (formas associação

formais e informais, grupos religiosos, aspectos culturais)

Com base nesta avaliação e na avaliação sócio-econômica, na avaliação da

situação de afetação descrita no capítulo 6 – deste documento, o PRI – Plano

de Reassentamento Involuntário construirá sua política de atendimento,

também denominada de mitigação / compensação, a serem adotadas /

implementadas pelos agentes executores do Interáguas, e que deverá estar em

conformidade com as diretrizes do MRI – Marco de Reassentamento.

A política de atendimento adotada oferecerá soluções a todos os afetados,

dando especial atenção aos grupos de maior vulnerabilidade e risco social. Por

grupos vulneráveis, tradicionalmente, em programas semelhantes,

compreende-se: pessoas com deficiência; crianças e idosos exercendo

atividade produtiva; famílias chefiadas por mulheres e/ou idoso, provedor único,

com demais membros com idade inferior a 16 anos.

A avaliação social buscará identificar a dinâmica social das comunidades

afetadas.

5.2 Base de Dados

A avaliação social deverá ser realizada a partir dos dados secundários

disponíveis, dos dados do cadastro censitário de propriedades e ocupantes e

de entrevistas com informantes – chaves (autoridades locais, agentes de

extensão, líderes formais e informais, agentes de saúde), para obter

informações qualitativas sobre a dinâmica social da Comunidade.

6. Participação Comunitária

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 89

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6.1 Mecanismos de Participação Comunitária

O Governo do Brasil adotará ao longo do processo de reassentamento diversos

mecanismos que visam possibilitar a participação das comunidades afetadas e

de seus representantes no processo.

Este procedimento já está sendo adotado pelos órgãos executores do

Programa – vide Anexo VII – deste documento, Registro da Consulta Pública.

A idéia principal é manter permanentemente aberto canal de comunicação

entre os diversos atores do processo possibilitando que a interlocução entre as

partes aconteça de forma clara, transparente e objetiva evitando que notícias

sem fundamentos circulem e gerem angústia e intranqüilidade junto às famílias.

Para isto o Governo adotará os seguintes procedimentos:

Realizará contatos / reuniões sempre que se iniciar uma nova etapa de

trabalho, e também sempre quando necessário e/ou a pedido da

comunidade para prestar esclarecimento;

Designará um técnico social para ser o contato com a população;

Realizará consultas, nas reuniões, sobre as alternativas de atendimento;

Realizará o cadastro sócio-econômico através de visita a todos os

domicílios afetados de forma censitária;

Divulgará o cadastro das famílias afetadas pelo Projeto, em locais de fácil

acesso à população, determinando uma data de encerramento do mesmo –

Linha de Base;

Assegurará que os grupos mais vulneráveis (velhos, famílias chefiadas por

mulheres, viúvos (as), famílias chefiadas por muito jovens, etc.) sejam

ouvidos a fim de garantir seus direitos;

Sempre que houver necessidade será implantado um escritório técnico no local

da intervenção para atendimento da população.

6.2 Mecanismos de Consulta

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 90

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Ainda que estejam assegurados os mecanismos de participação descritos no

item anterior o Governo adotará no mínimo a seguinte agenda de consulta à

população:

Realizar reunião para informar a população sobre o empreendimento

Realização de reunião para discussão à realização do cadastro sócio-

econômico e imobiliário;

Realização de reunião para discussão dos critérios de escolha da área

de reassentamento;

Realização de reunião para definição do modelo de parcelamento e de

moradia a serem adotados;

Realização de reunião para discussão da política de atendimento e dos

critérios de elegibilidade a serem adotados pelo PRI;

Quando do início do processo de negociação;

As reuniões acontecerão na área do projeto, serão registradas por meio de

fotos e terão suas atas devidamente redigidas e assinadas pelos presentes.

6.3 Mecanismos de Reclamos

Caso ocorra durante a implantação do processo de reassentamento um

número significativo de reclamações ou de processos sendo negociados pela

via judicial a UGP do Programa implantará uma ouvidoria específica para o

Programa composta por técnicos de diferentes formações (sociólogos,

assistentes sociais, engenheiros, avaliadores, etc.) a fim de dirimir os conflitos.

Esta ouvidoria estará preparada para não só captar as reclamações, mas,

sobretudo para encaminhá-las aos setores pertinentes buscando obter

soluções. As respostas obtidas serão comunicadas aos reclamantes de forma

concisa, clara, bem fundamentada e em linguagem adequada.

Dar respostas é o objetivo principal do processo de reclamos. Por experiência,

sabe-se que uma das maiores queixas da população é a dificuldade de acessar

o processo institucional / burocrático das entidades envolvidas, e por isto

mesmo sentem se perdidas e lesadas.

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 91

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Dar respostas de forma concisa, clara, bem fundamentadas e em uma

linguagem adequada será a função do grupo responsável pelo atendimento aos

reclamos.

6.4 Plano de Comunicação Social - PCS

Todo o trabalho de envolvimento das comunidades estará fundamentado no

PCS que deverá ser o instrumento facilitador da interlocução entre os diversos

atores envolvidos no processo de reassentamento. O objetivo do PCS é manter

um canal de comunicação permanentemente aberto, com linguagem

adequada, e de via dupla – ou seja, as famílias afetadas terão voz e serão

devidamente ouvidas.

O PCS adotará uma linguagem adequada e acessível a comunidade afetada e

as “mídias” a serem utilizadas serão, por exemplo, rádios locais, folhetos,

cartilhas, etc.

O processo deverá contar com a orientação de um profissional em

comunicação social, e deve ser implementado ao longo de todo o processo de

Reassentamento, haja vista, ser uma atividade do PRI.

6.5 Sociedade Civil e Organizações Não Governamentais Atuantes na Bacia do

Rio São Francisco

A relação apresentada está disponível no site do Comitê de Bacia do São

Francisco14

14Informação obtida no site oficial do Comitê da Bacia do Rio São Francisco: http://www.saofrancisco.cbh.gov.br/

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 92

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SOCIEDADE CIVIL E ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS - Atuantes na Bacia do São Francisco

Estado Entidade Contato

MG

Centro de Ecologia Integral de Pirapora Rua Argemiro Peixoto, 661, Pirapora-MG CEP: 39270-000 Tel. (38)3741-7557  3741-8239     [email protected], [email protected] 

Instituto Tabuas da Bacia do Verde Grande Rua Flavio Mauricio, 48, Montes Claro-MG Cep: 39401-040 tel. (38)3222-5037

Instituto Guaicuy - SOS Rio das Velhas Avenida Alfredo Balena 190 1º andar Santa Efigênia  CEP -30130-100 Belo Horizonte -MG  (31 )3248-9818  9992-8453 [email protected]

Conselho Comunitário Rio das Pedras Comunidade Rio das Pedras  Glaucilândia -MG CEP:29592-000

Associação dos Municípios da Microrregião do Alto São Francisco - AMASF AvenidaJose Bernardes Maciel Centro Lagoa da Prata - MG CEP 35.590-000 telefone  ( 37) 3421-3277 3261-1637 9967-4310 3261- [email protected]

Movimento Verde de Paracatu - MOVER Rua Manoel Caetano, 323, Paracatu- MG CEP: 38600-000  (38)3672-1775  3672-1169 [email protected]   38 - 8828-0345

Associação dos Trabalhadores sem terra de Francisco Sá Fazenda Serrada, BR 251, S/N Francisco Sá-MG  CEP: 39580-000 (31) 3233-1294  9969-5842

Associação dos proprietários das Chácaras da Rua Nossa Senhora da Piedade

Rodovia MG, 435, KM 02,Chácara 81, CX Postal 38 Caeté-/MGCEP: 34800-000   (31 )9113-7064 [email protected]

BA

Cáritas Diocesana - Barreiras R. Princesa Isabel, 24,  CX.Postal  20 Barreiras - BA, CEP. 47800-000, Tel. (77) 3613-6620   77-  9971- 0769    [email protected]              

Instituto Velho Chico Rua Cícero Feitosa,164 1º andar Alagadiço -Juazeiro - BA CEP 48904-350 TEL 74- 3 3611-0711 74- 8802-7457 [email protected]

PECentral das Associações Rurais e Urbanas de Serra Talhada Rua Deputado Afrânio Godoy, 615 - 1 andar - CEP 56903-390 - N Sra. da Penha - Serra Talhada - PE-Tel

(87) 9925-7012, 3831-2177 / 3831-3661  3831-1893  [email protected], [email protected]

Associação Desenvolvimento Comunitário Virgem dos Pobres de Paranatama Rua Tancredo Neves 13- Centro -Paranatama-PE CEP55355-000  (87) 3787-1161  3787-1100   9993-0042

93

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AL

FETAG Rua Barão de Jaraguá, 488,Jaraguá, Maceió/AL CEP.57025-140  (82) 9603-3377    82  -3326-7374 

Fórum de Defesa Ambiental - FDA R. Machado de Assis, Quadra E, Guaxuma, Maceió- AL  CEP 57038-731  ( 82) 3315-3904 3315-2680  9981-7982 [email protected], [email protected]    

Centro Federal  de Educação Tecnológica de Sergipe - CEFET Rua Dr. Aluisio Braga, 131, Bloco - E Apto 404, Bairro Índio Palentim               CEP: 49.050-050  Aracaju - SE (79) 3324-5861 / 9982-7470  cmarquesan@gmail

Produto 2 – Marco de Reassentamento Involuntário Vol.1/2 Maio 2010 94

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7. Política de Atendimento

Neste capítulo, apresentam-se o conceito e a política de atendimento que serão

adotados pelo Governo do Brasil quando da elaboração dos PRI – Planos de

Reassentamentos Involuntários para as áreas de intervenção, que requeiram

deslocamento de população, interrupção ou redução da atividade produtiva, aquisição

de áreas, do Programa Interáguas.

A Política de Atendimento ou de Compensação aqui apresentada está

fundamentada, na recomposição da qualidade de vida das pessoas, buscando obter

um padrão pós reassentamento superior ao que se tinha antes do Programa.

A política proposta está respaldada pela Constituição Federal, Estatuto das

Cidades - que estabelece diretrizes gerais da política urbana, pelo arcabouço ambiental

composto pela legislação federal, estadual e Resoluções do CONAMA e pelas as

diretrizes estabelecidas na OP 4.12 (vide Anexo IX – deste documento) do Banco

Mundial e seus anexos.

Para gestão do tema reassentamento involuntário o Governo do Brasil15 irá dispor de

equipe interdisciplinar composta por profissionais nas seguintes áreas: ciências sociais,

engenharia civil e ambiental, arquitetura e urbanismo, direito fundiário e urbano, ou

seja, a composição das equipes para gestão do tema de reassentamento deve refletir a

natureza e o escopo dos impactos.

7.1 Identificação de Perdas – Matriz de Impacto

Um grande desafio, a ser enfrentado na formulação da política de atendimento, é o de

identificar todas as possíveis perdas geradas pela implantação do projeto.

Este é o primeiro passo a ser dado para a elaboração de um PRI – fazer a identificação

das perdas ocasionadas pelo processo de deslocamento de população / interrupção ou

redução de atividades produtivas / aquisição de áreas.

Esta atividade será realizada por uma equipe composta por técnicos sociais,

engenheiros (civis e ambientais) e por advogados, pois só assim com uma análise

ampla sobre o projeto e o substrato de atuação (área de intervenção) pode-se de fato

15 Para cada projeto que acionar a OP4.12 será constituída uma equipe que se dedicará ao tema e esta equipe estará alocada no âmbito da instituição executora do Projeto.

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identificar os impactos a serem ocasionados pelo projeto, produzindo a Matriz de

Impacto.

Importante considerar que a análise se estenderá a todo o conjunto de obras / ações

propostas e não a apenas a obra principal – o que provavelmente gerará diversas

linhas de off-set (linha demarcatória da área de intervenção da obra).

7.1.1 Tipos de Perdas

As perdas ocasionadas são de natureza diversa.

Portanto, a equipe responsável pela elaboração do PRI estará atenta a identificar as

perdas relacionadas não só as físicas (afetação de bens imóveis e móveis), mas

também aquelas relacionadas à interrupção das atividades produtivas e as de natureza

intangível - quebras das relações familiares e sociais, quebra da rede de apoio social.

Perdas Físicas - As perdas de bens materiais serão apuradas através do seguinte

processo de abordagem censitária: selagem / cadastro sócio-econômico e imobiliário /

laudos de avaliação.

Todos os imóveis afetados terão seu laudo de avaliação imobiliária elaborado, pois

este é um dado fundamental não só para a realização do PRI, mas também para

fundamentar as opções de atendimento e, sobretudo para garantir direitos.

Os laudos de avaliação de imóveis adotarão a metodologia “Reprodução do Bem”, pois

desta forma busca-se garantir ao afetado condições de repor o bem atual – sem a

devida aplicação dos coeficientes de depreciação do estado de conservação.

Perdas por Interrupção ou Redução de Atividades Produtivas – Gerar perda ou redução

de renda significa ocasionar risco de empobrecimento às famílias afetadas. Esta

questão se torna mais sensível quando a população exposta a este risco apresenta

baixos indicadores sócio-econômicos.

A maioria destas atividades é exercida de forma informal, o que torna o desafio ainda

maior!

Diante disto, ao se elaborar o PRI os agentes executores dedicarão especial atenção

na proposição de estratégias de recomposição destas atividades.

Para as atividades produtivas informais será adotada metodologia própria de apuração

de valores, que levará em conta critérios técnicos devidamente adaptados à realidade

local, tomando por base os cadastros e levantamento destas atividades.

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As atividades produtivas formais: terão seus valores apurados de acordo com o

previsto pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Atividades que não serão compensadas são as atividades produtivas classificadas

como irregulares. Por atividades irregulares entendem-se aquelas consideradas ilícitas

e contravenções.

Perdas por Quebra da Rede de Apoio Social – Estas perdas representam o patrimônio

intangível e são de difícil mensuração e compensação, sendo que em muitas situações

passam despercebidas.

Dentre elas pode-se citar o rompimento dos laços de vizinhança, familiares, da rede de

apoio social, da afetividade, da tradição estabelecida entre o local de moradia e os

seus ocupantes, quase sempre ao longo de várias gerações. Estas perdas não podem

ser apropriadas pelos métodos de avaliação previstos para os bens imóveis.

O que significa dizer que, apenas a adoção de um bom método de avaliação não é

suficiente para se apurar todas as perdas ocasionadas por um processo de

reassentamento involuntário.

Diante destes pressupostos, os grupos de reassentamento dos agentes executores

estarão atentos à ocorrência de perdas não mensuráveis e estabelecerão

procedimentos compensatórios para as mesmas.

7.2 Identificação do Grau de Afetação e da Categoria de Afetados

Reitera-se o fato de que os projetos de engenharia estão orientados a evitar ou no

mínimo reduzir a demanda por reassentamento. Mas, em sendo necessário, é preciso

identificar a situação de afetação, ou seja, o seu dimensionamento – quantitativo

(número de famílias atingidas) e qualitativo (forma e grau de afetação dos imóveis,

elementos determinantes para a formulação da política de atendimento do PRI).

A situação de afetação depende, certamente, do tipo e das proporções assumidas

pelas intervenções, bem como das particularidades das soluções de engenharia

propostas para a execução, cuja ciência se dá por ocasião do desenvolvimento dos

projetos básicos e/ou executivos.

O Capítulo 6 – deste documento – Situação de Afetação apresenta as possíveis

tipologias de afetação – para cada uma, que for identificada no Programa, há de se

desenhar uma solução de mitigação – quando da elaboração do PRI.

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Importante ressaltar, as afetações não se restringem somente a aspectos relacionados

à estrutura física dos imóveis, ocorrem também por ocasião da interrupção de

atividades produtivas, pelo rompimento dos vínculos sociais e familiares, etc.

Logo, no momento de identificação a equipe estará atenta à variedade de situações

possíveis, que demandarão, certamente, um leque correspondente de ações, no

contexto das políticas de atendimento previstas para mitigar / compensar os impactos

ocasionados.

7.2.1 Categoria de Afetados

Uma vez conhecida à situação e o grau de afetação é possível construir a lista de

categoria de afetados a serem atendidos pelo projeto.

Identificar a categoria dos afetados (de toda natureza) é imprescindível, pois a política

de atendimento do PRI deve contemplar medidas que mitiguem e compensem todas as

categorias.

7.3 Cadastro Censitário Sócio-econômico e Imobiliário

A Política de Atendimento é baseada no cadastro censitário de todas as edificações e

seus respectivos proprietários / posseiros / ocupantes localizados no território requerido

pela intervenção.

O cadastro é o instrumento garantidor de direitos, por isto mesmo a execução desta etapa

de trabalho será bem planejada e executada com rigor para que se possa contemplar

todos e apenas todos os que tenham direito as ações de mitigação e compensação

previstas no PRI.

Após a execução do cadastro e sua tabulação será realizada a publicidade do resultado

do cadastro em locais públicos e fácil acesso da Comunidade e dos afetados para

manifestação. Após o período de manifestação e a extinção das possíveis dúvidas será

encerrado o processo de cadastramento, configurando assim a construção da linha de

base do PRI.

7.4 Política de Atendimento

O PRI deverá prever diferentes modalidades de atendimento para cada categoria de

afetados identificada.

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As alternativas previstas a serem adotadas para o caso de perda física (bens

patrimoniais) são:

a. Reassentamento em unidades habitacionais em novas áreas (rurais ou urbanas)

b. Reassentamento nas áreas remanescentes

c. Auto-reassentamento monitorado

d. Indenização

Para o caso de interrupção ou redução de atividades produtivas, são:

e. Indenização e pagamento de lucro cessante quando se aplicar.

Reassentamento em unidades habitacionais em novas áreas (rurais ou urbanas) –

Para as famílias que escolherem esta opção o PRI identificará locais adequados para a

instalação dos lotes agrícolas ou urbanos – dependendo da natureza do projeto. Os

lotes deverão a atender aos critérios de parcelamento e as habitações o atendimento

ao código de obra e a Legislação de Uso e Ocupação do Solo. No caso de

reassentamento rural deverá ser considerada a qualidade do solo para a pratica

agrícola ou pecuária. O novo reassentamento deverá ser dotado de infra-estrutura

(abastecimento de água potável, solução de esgotamento sanitário e resíduos sólidos,

energia elétrica).

Reassentamento em áreas remanescentes – Adoção desta opção requer uma análise

individualizada de cada caso para verificação se a área remanescente é suficiente para

a manutenção de no mínimo o mesmo nível de produção anterior ao projeto. Para a

área afetada é efetuada a indenização (valor apurado pelo laudo de avaliação).

Auto – reassentamento monitorado - A família afetada buscará no mercado imobiliário

sua solução habitacional. O valor de referência para aquisição desta moradia será no

mínimo igual ao valor da produção habitacional em conjunto habitacional (área urbana)

ou de um lote com moradia (área rural). Esta opção apresenta forte subsídio para

aqueles cujas moradias são precárias. No entanto, para fazer jus ao subsídio a família

deverá comprovar a aquisição da moradia e esta deverá ter um parecer da engenharia

do Programa sobre sua condição de habitabilidade. Esta solução será adotada tanto

para reassentamentos em áreas rurais como urbanas. O detalhamento desta opção

será objeto de cada PRI, pois é preciso considerar os valores do mercado local.

Indenização - Compreende o pagamento dos créditos indenizatórios referentes ao valor

apurado pelo laudo de avaliação, ou seja, no valor de mercado / reprodução do bem –

o que se mostrar mais adequado à recomposição de vida do afetado. Esta opção só é

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recomendável para os que tenham bens de valores elevados – fora do padrão de

reposição governamental. O pagamento deverá ser prévio e em espécie conforme

previsto pela Constituição Brasileira de 1988.

Interrupção ou Redução de Atividades Produtivas - Indenização e pagamento de lucro

cessante quando se aplicar - As Atividades Produtivas Formais: terão seus valores

apurados de acordo com o previsto pela ABNT – Associação Brasileira de Normas

Técnicas.

As Atividades Produtivas Informais submeter-se–ão à adoção de metodologia

própria de apuração de valores, que levará em conta critérios técnicos

devidamente adaptados à realidade local, tomando por base os cadastros e

levantamento destas atividades.

As Atividades Produtivas Irregulares não serão objeto de compensação. Por

atividades irregulares entendem-se aquelas consideradas ilícitas e

contravenções.

Além disto, todas as famílias atingidas independente de sua opção de atendimento

poderão, se assim o desejarem:

Retirar, no todo ou em parte o material das moradias a serem demolidas;

Ter suas mudanças realizadas ou pagas pelo Programa.

Por fim, no momento da elaboração do PRI outras soluções poderão ser adotadas pelo

Governo e por seus agentes executores se demonstrarem factibilidade e observância

dos fundamentos descritos neste Marco de Reassentamento Involuntário - MRI.

7.5 Ações Complementares

Apoio Jurídico - O Governo e os agentes executores disponibilizarão apoio jurídico,

sem ônus as famílias afetadas, para que essas possam equacionar problemas relativos

à obtenção de documentação pessoal necessária ao processo de desapropriação.

Outras ações sociais já vêm sendo implantadas pelo Governo e estão descritas no

capítulo 5 – deste documento.

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7.6 Critério de Elegibilidade

Os critérios de elegibilidade irão apontar, em última análise e por ocasião da

elaboração do PRI, a modalidade de atendimento que se aplica a cada uma das

diferentes categorias de afetado (proprietários/ posseiros/ inquilinos/ arrendatários/

cedidos, etc).

É importante dizer que o critério de elegibilidade será aplicado ao universo das famílias

atingidas e devidamente cadastradas pelo Programa, à época do desenvolvimento dos

projetos de engenharia.

7.6.1 Quadro - Critério de Elegibilidade

Definida a Política de Atendimento, resta estabelecer os critérios de elegibilidade para

sua aplicação.

É condição de habilitação estar cadastrado pelo Programa Interáguas e o respectivo

imóvel selado.

A seguir apresenta-se um quadro (sugestão) onde são apresentados critérios de

elegibilidade para cada categoria de afetados.

Ressalta-se que, quando da elaboração do Plano é imprescindível adequação destes

critérios.

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Item Situação Atual Situação de Afetação Política de Atendimento

1.0 AQUISIÇÃO DE TERRITÓRIO - RURAL OU URBANO - DESOCUPADO

1.1 Proprietários / Posseiros

Afetados Totalmente Diretamente Opção 1 - Indenização

1.2 Proprietários / Posseiros

Afetados

ParcialmenteDiretamente

Opção 1 - Indenização pela parte afetada e permanece com a parte remanescente Opção 2 - Indenização total da área se a parte remanescente não se mostrar viável para a manutenção das atividades produtivas (inviabilização do ativo)

2.0 MORADIAS - USO RESIDENCIAL

2.1

Proprietários e/ou Posseiros

Afetados Totalmente Diretamente

Opção1 - Reassentamento em moradia ou lote agrícola (função da natureza do projeto), sem ônus para a família + Ajuda de Mudança Opção 2 - Auto-reassentamento monitorado + ajuda de mudança Opção 3 - Indenização + ajuda de mudança.

2.1

Proprietários e/ou Posseiros

Afetados

ParcialmenteDiretamente

Opção1 - Indenização pela parte afetada + permanecer na área remanescente Opção 2 - Reassentamento em moradia urbana ou lote agrícola (função da natureza da afetação) ou auto-reassentamento + ajuda de mudança (com perda da área remanescente) Opção 3 - Indenização por todo o imóvel se a área remanescente não demonstrar viabilidade de manutenção do uso + ajuda de mudança (com perda da área remanescente)

2.2

Inquilinos / Cedidos

Afetados Totalmente Diretamente Opção 1 - Reassentamento em moradia ou lote agrícola - em função da natureza da

afetação, sem ônus para a família + Ajuda de Mudança.

3.0 IMÓVEIS - MISTO / COMERCIAL / INDUSTRIAL 

3.1

Proprietários e/ou Posseiros

Afetados

TotalmenteDiretamente

Opção 1 - Para a parte residencial aplicam-se as opções previstas para esta modalidade + indenização (desmembrar o valor do laudo de avaliação) pela parte comercial+ ajuda de mudança Opção 2 - Indenização + ajuda de mudança

3.2

Inquilinos / Cedidos

Afetados Totalmente Diretamente Opção 1 - Para a parte residencial aplica-se as opções previstas para esta modalidade +

Para a parte comercial pagamento de Lucro Cessante + Ajuda de Mudança

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8. Monitoramento e Avaliação do Processo de Reassentamento

O monitoramento é uma atividade independente e que será desenvolvida num

processo paralelo à fase de execução do reassentamento, pois o

monitoramento visa avaliar se os fundamentos e os objetivos do PRI - Plano de

Reassentamento Involuntário estão sendo alcançados e caso verifique que isto

não esteja ocorrendo, deverá sugerir correções / adequações / ajustes.

Cada unidade executora do Programa executará o monitoramento, dos seus

empreendimentos, visando alcançar os seguintes objetivos:

Verificar se ações propostas, pelo PRI - Plano de Reassentamento

Involuntário, estão sendo desenvolvidas como previsto. Caso se

identifique distorção, deverá indicar medidas corretivas;

Identificar dificuldades, entraves e oportunidades para implantação das

ações, indicando em tempo hábil, o encaminhamento para superação

das primeiras e otimização das segundas;

Avaliar os efeitos do programa sobre a população afetada,

considerando, para isto, os momentos antes, durante e depois do

projeto;

Formar um banco de dados, para que esta experiência venha servir de

referência para projetos futuros.

O monitoramento será realizado em 3 momentos, o primeiro logo após a

realização do cadastramento, quando deve ser selecionado um grupo de

famílias afetadas que deverão ser acompanhadas ao longo do processo, ou

seja, deve ser estabelecido um painel de monitoramento.

O segundo momento ocorre logo após o processo de negociação, ou seja, em

ato contínuo a entrega da moradia ou ao pagamento e o terceiro e último

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momento deve ocorrer num prazo mínimo de 6 meses pós-reassentamento e

máximo de 18 meses, sendo o desejável entorno de 12 meses.

Exatamente porque esta atividade acontece em 3 etapas é necessário que se

eleja um grupo de famílias, para serem acompanhadas. Este grupo de famílias

deve ter representante de todo o perfil social das famílias afetadas e na mesma

proporcionalidade, ou seja, deve-se ter desde as famílias mais vulneráveis até

as famílias mais estruturadas sócio e financeiramente.

A metodologia a ser utilizada possibilitará a comparação entre as 3 fases do

projeto de monitoramento, ou seja, que a análise captar a evolução ou

involução do processo.

Por fim, o monitoramento será realizado por uma equipe interdisciplinar com

experiência em trabalhos de mesma natureza para que possam avaliá–lo.

Vale ressaltar, que como o monitoramento só ocorre durante a execução do

processo de reassentamento o mesmo não será realizado no âmbito do

Interáguas, mas deverá estar previsto nos PRI´s a serem elaborados e que

deverão seguir as recomendações sobre o tema descritas no MRI.

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9. Plano de ação

Uma vez definida e estabelecida à política de compensação a ser

implementada pelo PRI - Plano de Reassentamento Involuntário será

preparado o Plano de Ação.

O Plano de Ação tem caráter operativo e seu objetivo é possibilitar o

ordenamento e o gerenciamento das atividades a serem implementadas

dando-lhes cronologia, definindo as fontes e o volume dos recursos

necessários para sua realização bem como o papel de cada agente envolvido.

O Plano de Ação a ser elaborado deverá ser constituído no mínimo pela

apresentação dos seguintes instrumentos de planejamento:

Matriz Institucional – Apresentação das instituições / órgãos/ entidades

envolvidas na elaboração e implantação do plano bem como a definição da

competência de cada um dentro do processo de relocação.

Cronograma de atividades - Importante instrumento de controle para um projeto

de múltiplas tarefas, com relativa complexidade e no qual a questão do tempo é

fator vital para a sua realização com sucesso. Realizar a tarefas dentro do

prazo desejável é o principal fator de redução dos impactos gerados. A não

realização das atividades dentro do prazo previsto acarreta atraso na obra e

por via de conseqüência insegurança às famílias afetadas. Portanto, o Governo

se propõe a manter um extremo controle do cronograma de atividades.

Orçamento – Instrumento que possibilita controlar a quantidade de recursos

necessários à implantação do projeto. Orçamento e cronograma juntos

garantem disponibilidade em quantidade e no tempo necessário.

Fonte de Recursos – Quadro onde se apresenta a relação atividades a serem

executadas e os agentes financiadores, com seus respectivos % de

participação.

Os PRI a serem preparados conterão em seu escopo a apresentação do Plano

de Ação acima descrito.

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10. PRI – Plano de Reassentamento Involuntário - Procedimentos para Elaboração

A seguir apresenta-se o roteiro de procedimentos que os agentes executores

adotarão para a elaboração do Plano de Reassentamento Involuntário.

No entanto, vale ressaltar, que quando os impactos sofridos pela totalidade da

população deslocada forem menores16 e quando a população afetada for

inferior a 200 pessoas pode-se se apresentar um Plano de Reassentamento

Resumido (PRR). O escopo deste Plano está definido no Anexo A – da OP

4.12 – Parágrafo 22.

No caso que alguma atividade do projeto possa envolver restrição involuntária

de acesso a parques ou áreas de conservação localmente demarcados por lei,

causando impactos adversos aos meios de subsistência de pessoas

deslocadas de acesso, é preciso preparar um Sistema Processual o qual indica

as ações necessárias para ajudar as pessoas deslocadas (vide OP4.12 –

Anexo A – Parágrafos 26-27)

A preparação de um PRI - Plano de Reassentamento Involuntário é marcada

por 3 etapas distintas.

Etapa 1 - Coleta de Dados,

Etapa 2 - Planejamento e Elaboração da Política de Atendimento e,

Etapa 3 - Plano de Ação.

Da composição destas 3 etapas resulta o PRI - Plano de Reassentamento

Involuntário.

Importante, o envolvimento da comunidade e de suas lideranças, formais ou

não, permearão todo o processo de elaboração do Plano de Reassentamento

Involuntário.

Roteiro para elaboração de Plano de Reassentamento Involuntário:

Etapa 1 – Coleta de Dados a. Estudo do Projeto de Intervenção / Definição da Poligonal

Afetação

b. Decreto de Utilidade Pública16 Os impactos são considerados “menores” se as pessoas afetadas não forem fisicamente deslocadas e só tiverem perdido menos de 10% do seu patrimônio produtivo.

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c. Cadastramento censitário das Famílias e Imóveis Afetados

(incluindo a selagem dos imóveis)

d. Notificação

e. Pesquisa sobre o Perfil Sócio-econômico das Famílias Afetadas

f. Cadastro Imobiliário

g. Estudo Domínio da Terra

h. Estudo Documentação Pessoal

i. Banco de Terras / Definição Modelo Parcelamento e Habitacional

Etapa 2 – Elaboração do Plano

j. Análise do Perfil Sócio-econômico das Famílias Afetadas

k. Laudos de Avaliação e Análise da Avaliação dos Bens Afetados

l. Definição do Grau de Afetação – Quantitativa e Qualitativa

m. Definição da Política de Atendimento

n. Definição dos Critérios de Elegibilidade

o. Mecanismos de participação comunitária;

p. Mecanismos de Reclamos;

q. Monitoramento e avaliação;

r. Apoio social e jurídico (se for o caso);

Etapa 3 – Plano de Açãos. Matriz Institucional

t. Cronograma

u. Orçamento;

v. Fonte de Recursos

A seguir apresenta-se o escopo mínimo (sumário) do Plano de

Reassentamento Involuntário a ser utilizado pelo Governo quando da sua

elaboração:

Escopo (Sumário) – Plano de Reassentamento Involuntário

1. Apresentação

2. O Empreendimento e seu Contexto

3. Perfil da População Afetada

4. Situação de Afetação

4.1 Resultado do Cadastro por Categoria de Afetado

4.2 Número de Soluções Demandadas

5. Política de Atendimento / Compensação

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6. Reassentamento – Conjuntos Habitacionais

7. Critérios de elegibilidade

8. Plano de Ação

8.1 Orçamento

8.2 Fonte de Recursos

8.3 Cronograma

8.4 Organograma

9. Monitoramento e Avaliação Ex-post

10.Caminhos Críticos e Recomendações

Após a elaboração, o Plano será devidamente encaminhado ao BIRD para a

devida aprovação, pelo Governo.

Anexo I – Resolução nº. 412, de 22/9/2005 - Certificado de Avaliação da

Sustentabilidade da Obra Hídrica – CERTOH para o “Projeto de Integração do

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Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional –

trechos I, II, III, IV, V e Ramal do Agreste Pernambucano”, Ministério da

Integração - MI

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS –ANA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 16, inciso XVII, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução nº. 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA COLEGIADA, em sua 10ª Reunião Extraordinária, realizada em 22 de setembro de 2005, com fundamentos no art. 12, inciso II, da Lei nº. 9.984, de 17 de julho de 2000, no art. 2º do Decreto nº. 4.024, de 21 de novembro de 2001, e na Resolução nº. 194, de 16 de setembro de 2002, e com base nos elementos constantes no Processo nº. 02501.001144/2005-81, resolveu:

Art. 1º Emitir, em favor do Ministério da Integração Nacional, CNPJnº. 03.353.358/0001-96, Certificado de Avaliação da Sustentabilidade da Obra Hídrica –CERTOH para o “Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – trechos I, II, III, IV, V e Ramal do Agreste Pernambucano”, localizado nos Estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, com a finalidade de abastecimento público e usos múltiplos nas bacias dos rios Jaguaribe, Apodi, Piranhas-Açu, Paraíba, Terra Nova, Pajeú e Moxotó, tendo o empreendimento as seguintes características:a) vazão de adução firme: 26,4 m3/s;b) Eixo Norte:i. Coordenadas do ponto de captação no Rio São Francisco: 08º 32’43,22” de Latitude Sul e 39º 27’19,86” de Longitude Oeste;ii. Trechos a serem implantados: trechos I, II, III e IV;iii. demais elementos técnicos conforme Projeto Básico apresentado peloMinistério da Integração Nacional, constante do Processonº. 02501.001144/2005-81;c) Eixo Leste:i. Coordenadas do ponto de captação no Rio São Francisco: 08º 48’34,72” de Latitude Sul e 38º 24’ 23,62” de Longitude Oeste;ii. Trechos a serem implantados: trecho V e Ramal do AgrestePernambucano;iii. demais elementos técnicos conforme Projeto Básico apresentado peloMinistério da Integração Nacional, constante do Processonº. 02501.001144/2005-81.Parágrafo único. O Ministério da Integração Nacional deverá comunicar à ANA otérmino da construção e o início da operação do empreendimento certificado.

Art. 2o A ANA, a seu critério e por meio de seus agentes ou prepostos, poderáproceder à fiscalização da obra respectiva, para verificar se as medidas destinadas à garantia hídrica e operacional da sustentabilidade estão sendo adotadas em conformidade com as informações fornecidas e com o CERTOH.Parágrafo único. A constatação de não conformidade da obra ensejará a adoção,

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pela ANA, das medidas legais cabíveis, inclusive junto a outros órgãos ou entidades públicos.Art. 3o Esta Resolução não exime o empreendedor do cumprimento da legislaçãoambiental e de recursos hídricos, ou de quaisquer outras exigências de outros órgãos ouentidades públicas.Art. 4o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ MACHADO

Anexo II – Resolução nº. 411, de 22/9/2005 - Direito de Outorga ao Ministério

da Integração Nacional o direito de uso de recursos hídricos do Rio São

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Francisco, para a execução do “Projeto de Integração do Rio São Francisco

com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional” - Ministério da

Integração Nacional - MI

Resolução nº 411, de 22/9/2005 - Direito de Outorga - Ministério da Integração Nacional - MI

RESOLUÇÃO No 411, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA, no usoda atribuição que lhe confere o art. 16, inciso XVII, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução no 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA COLEGIADA, em sua 10ª Reunião Extraordinária, realizada em 22 de setembro de 2005, com fundamento no art. 12, inciso V, da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000, e tendo em vista o que consta no processo no 02501.000006/2001-51, resolveu:

Art. 1o Outorgar ao Ministério da Integração Nacional o direito de uso de recursoshídricos do Rio São Francisco, para a execução do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, nas seguintes condições:

I – coordenadas geográficas do ponto de captação do eixo norte: 8º 32’ 43,32” delatitude sul e 39º 27´ 19,86” de longitude oeste;II – coordenadas geográficas do ponto de captação do eixo leste: 8º 48’ 34,72” delatitude sul e 38º 24´ 23,62” de longitude oeste;III – vazão firme disponível para bombeamento, nos dois eixos, a qualquer tempo, de26,4 m³/s, correspondente à demanda projetada para o ano de 2025 para consumo humano edessedentação animal na região; eIV – excepcionalmente, será permitida a captação da vazão máxima diária de 114,3 m3/se instantânea de 127 m3/s, quando o nível de água do Reservatório de Sobradinho estiver acima domenor valor entre:a) nível correspondente ao armazenamento de 94% do volume útil; eb) nível correspondente ao volume de espera para controle de cheias.Parágrafo único. Enquanto a demanda real for inferior a 26,4 m3/s, o empreendimentopoderá atender, com essa vazão, o uso múltiplo dos recursos hídricos na região receptora.Art. 2o A repartição das vazões bombeadas do Rio São Francisco entre os setoresusuários e os Estados beneficiados e as tarifas de cobrança pelo serviço de adução de água bruta serãodefinidas no Plano de Gestão Anual, que será elaborado pelo Conselho Gestor, por meio da Entidade Operadora Federal.Parágrafo único. Para a sua eficácia, o Plano de Gestão Anual deverá ser aprovado pelaANA.Art. 3o Esta outorga tem prazo de validade de vinte anos, contado a partir da data depublicação desta Resolução, podendo ser renovada, por igual período, mediante solicitação do Ministério da Integração Nacional.Art. 4o Esta outorga poderá ser suspensa, parcial ou totalmente, em definitivo ou portempo determinado, no caso de incidência nos arts. 15 e 49 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997 ou por descumprimento das seguintes condicionantes:

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I – instituição, de acordo com o Termo de Compromisso assinado pelo Governo Federale Estados receptores, do Sistema de Gestão do Projeto de Integração de Bacias, até 31 de dezembro de 2006;II – início da implantação física do empreendimento em até dois anos, contados da datade publicação desta Resolução;III – início da operação da primeira fase do empreendimento em até seis anos, contadosda data de publicação desta Resolução; eIV – implantação, até o início da operação da primeira fase do empreendimento, dacobrança pelo serviço de adução de água bruta, no âmbito da União e dos Estados beneficiados, com valores que cubram os custos de operação e manutenção do empreendimento.Art. 5o O Outorgado deverá implantar e manter em funcionamento equipamentos demonitoramento de níveis e vazões, conforme disposto a seguir:I – estruturas e equipamentos para monitoramento contínuo de vazões nos seguintespontos de divisa de Estados:a) Eixo Leste, na divisa entre Pernambuco e Paraíba;b) Eixo Norte, na divisa entre Pernambuco e Ceará;c) Eixo Norte, nas divisas entre Ceará e Paraíba; ed) Eixo Norte, na divisa entre Paraíba e Rio Grande do Norte;II – estruturas e equipamentos para monitoramento contínuo de vazões nos nove portaisprevistos no Eixo Norte e nos quatro portais previstos no Eixo Leste, identificados no quadro abaixo:

DESCRIÇÃO DOS PORTAISEixo NortePE01N Terra Nova, PEPE02N Trecho VI, PEPE03N Salgueiro, PECE01 Rio dos Porcos, CEPB01N Rio Piranhas, PBRN01 Rio Piranhas, RNPB02N Peixe, PBRN02 Rio Apodi, RNCE02 Rio Jaguaribe, CEEixo LestePE01L Barra do Juá, PEPE02L Açude Poço da Cruz, PEPE03L Rio Ipojuca – Recife, PEPB01L Rio Paraíba, PB

III – equipamentos para monitoramento diário dos níveis de todos os reservatóriospertencentes ou alimentados pelas águas advindas dos sistemas de bombeamento;IV – equipamentos para monitoramento contínuo da vazão captada pelas duas estaçõesde bombeamento a serem implementadas para o abastecimento do Eixo Norte e do Eixo Leste; eV – estruturas e equipamentos para monitoramento diário dos níveis do Reservatório deSobradinho, localizado no Rio São Francisco.Art. 6o A Entidade Operadora Federal do sistema deverá coordenar o monitoramento eencaminhar à ANA, mensalmente, até o dia 15 do mês subseqüente ao de exercício, as informações referentes ao monitoramento previsto no inciso IV do artigo 5º, por meio de Declaração Mensal de Usode Recursos Hídricos, informando a relação das vazões, volumes e períodos diários de captação, correlacionados com os percentuais de volumes úteis de Sobradinho.Art. 7o Todas as informações de monitoramento deverão ser incorporadas ao Sistema

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Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH.Art. 8o Esta outorga poderá ser revista:I - quando os estudos de planejamento regional de utilização dos recursos hídricos assimo indicarem; eII - quando for necessária a adequação aos planos de recursos hídricos e à execução deações para garantir a prioridade de uso dos recursos hídricos neles previstas.Art. 9o Esta outorga não dispensa, nem substitui a obtenção, pelo Outorgado, decertidões, alvarás ou licenças de qualquer natureza, exigidos pela legislação federal, estadual ou municipal.Art. 10. O direito de uso de recursos hídricos oriundo desta outorga estará sujeito àcobrança, nos termos da legislação pertinente.Art. 11. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ MACHADO

Anexo III – RESOLUÇÃO 24/2002

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Estabelece sobre a representatividade e participação dos usuários nos Comitês

de Bacias Hidrográficas

O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS - CNRH, no uso de

suas atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei n° 9.433, de 8

de janeiro de 1997, pela Lei n° 9.984, de 17 de julho de 2000, pelo Decreto n°

2.612, de 3 de junho de 1998, alterado pelo Decreto nº. 3.978, de 22 de

outubro de 2001, e pelo Decreto nº. 4.174, de 25 de março de 2002, conforme

disposto no Regimento Interno, e:

Considerando a necessidade de garantir maior representatividade e

participação dos usuários;

Considerando o estágio atual de implementação dos instrumentos de gestão

dos recursos hídricos;

e Considerando os requisitos legais e institucionais necessários para a emissão

de outorga, resolve:

Art. 1º O art. 8º da Resolução CNRH nº. 5, de 10 de abril de 2000, passa a ter

a seguinte redação:

“Art. 8º Deverá constar nos regimentos dos Comitês de Bacias Hidrográficas, o

seguinte:

I - número de representantes dos poderes executivos da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios, cujos territórios se situem, ainda que

parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação, obedecido o limite de

quarenta por cento do total de votos;

II - número de representantes de entidades civis, proporcional à população

residente no território de cada Estado e do Distrito Federal, cujos territórios se

situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação, com

pelo menos, vinte por cento do total de votos, garantida a participação de pelo

menos um representante por Estado e do Distrito Federal;

III – número de representantes dos usuários dos recursos hídricos, obedecido

quarenta por cento do total de votos;

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IV - o mandato dos representantes e critérios de renovação ou substituição.

§1º Os mandatos do Presidente e do Secretário serão coincidentes, escolhidos

pelo voto dos membros integrantes do respectivo Comitê de Bacia, podendo

ser reeleitos uma única vez.

§ 2º As reuniões e votações dos Comitês serão públicas, dando-se à sua

convocação ampla divulgação, com encaminhamento simultâneo, aos

representantes, da documentação completa sobre os assuntos a serem objeto

de deliberação.

§ 3º As alterações dos regimentos dos Comitês somente poderão ser votadas

em reunião extraordinária, convocada especialmente para esse fim, com

antecedência mínima de trinta dias, e deverão ser aprovadas pelo voto de dois

terços de seus membros.”

Art. 2º O art. 14 da Resolução CNRH nº. 5 passa a ter a seguinte redação:

“Art. 14 Os usos sujeitos à outorga serão classificados pelo Conselho Nacional

de Recursos Hídricos, em conformidade com a vocação da bacia hidrográfica,

entre os seguintes setores

usuários: ..........................................................................”

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ CARLOS CARVALHO

Presidente do Conselho

RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO

Secretário Executivo

Anexo IV – DECRETO

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Instituí o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

Senado FederalSubsecretaria de Informações

  

 

DECRETO DE 5 DE JUNHO DE 2001

Dispõe sobre o Projeto de Conservação e Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997,

DECRETA:

Art. 1º Fica criado o Projeto de Conservação e Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, constituído de ações concebidas e executadas, de forma participativa e integrada, pelos governos federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal e sociedade civil organizada.

Parágrafo único. O Projeto mencionado no caput deste artigo tem por finalidade promover a melhoria das condições de oferta de água da Bacia, segundo os seus usos prioritários, mediante a consolidação de objetivos definidos pelo Comitê Gestor, de que trata o art. 2º deste Decreto, de conformidade com os princípios estabelecidos pela Política Nacional de Recursos Hídricos.

Art. 2º Fica criado o Comitê Gestor do Projeto de Conservação e Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, responsável pelo planejamento, a coordenação e o controle das ações a serem desenvolvidas no âmbito de suas atribuições e especialmente as de natureza ambiental, no Rio São Francisco.

Parágrafo único. O Comitê será coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, por intermédio de sua Secretaria Executiva, com a participação de sua Secretaria de Recursos Hídricos, da Secretaria de Infra-estrutura Hídrica, do Ministério da Integração Nacional, da Agência Nacional de Águas, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e, ainda, das representações dos demais entes federados que integram a Bacia.

Art. 3º O Projeto de que trata este Decreto compreenderá os seguintes componentes de:

I despoluição: apoio a ações de tratamento de esgoto, controle e uso racional de agrotóxicos, em municípios que compõem a Bacia, cabendo à Agência Nacional de Águas propor as ações e atividades necessárias para viabilizar a participação desses municípios no Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas, objeto da Resolução nº. 6, de 20 de março de 2001, da Agência Nacional de Águas;

 

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II conservação de solos: apoio a ações voltadas à conservação de solos envolvendo o controle de erosão, o estabelecimento de critérios de gestão de microbacias e de sistemas de reutilização de água e o apoio a projetos de conservação de nascentes;

III convivência com a seca: apoio a ações direcionadas à garantia do abastecimento de água das populações urbanas e rurais dispersas, incluindo a implementação de cisternas rurais, barragens subterrâneas e sistemas simplificados de abastecimento de pequenas comunidades municipais, sendo que a execução de projetos de abastecimento da população rural dispersa ficará a critério do Comitê Gestor, de que trata o art. 2º deste Decreto, em articulação com as instituições não-governamentais existentes na Bacia;

IV reflorestamento e recomposição de matas ciliares: apoio a projetos que visem conservar o uso dos recursos florestais da Bacia, estimulando ações voltadas para o manejo florestal, implantação de matas ciliares, floresta de topo e a recuperação de áreas de recarga dos lençóis freáticos, proteção de nascentes, implantação de unidades de produção de mudas e recuperação de áreas degradadas;

V gestão e monitoramento: apoio a ações voltadas ao fortalecimento da gestão ambiental e do monitoramento de recursos hídricos na Bacia do Rio São Francisco, por meio de planos de estruturação da gestão, efetivado com a participação de organizações não governamentais;

VI gestão integrada dos resíduos sólidos: apoio a ações voltadas para a implementação dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos na Bacia, compreendendo o monitoramento, o controle, a coleta seletiva e a instalação de aterro sanitário e da usina de reciclagem e compostagem;

VII educação ambiental: apoio a ações de sensibilização e de mobilização social integradas para o desenvolvimento de projetos e gestões ambientais da Bacia, a implementação de núcleos de educação ambiental e a capacitação de agentes multiplicadores;

VIII unidades de conservação e preservação da biodiversidade: apoio a projetos visando a criação, a conservação e o manejo sustentável dos parques e das áreas de proteção ambiental da Bacia e de seus entornos, bem como a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e dos recursos genéticos.

Art. 4º Os componentes de que trata o artigo anterior devem orientar o detalhamento das ações nos Estados que integram a Bacia, parcialmente ou em sua totalidade.

Art. 5º O Projeto gerido com crédito orçamentário alocado ao Ministério do Meio Ambiente, para atender às despesas decorrentes de sua execução, será coordenado por sua Secretaria Executiva, e administrado segundo critérios técnicos, orientados pelos indicadores Socioambientais da Bacia.

Parágrafo único. Consideram-se critérios para o estabelecimento de prioridades, as propostas que valorizem a geração de emprego ou renda, reforcem a capacidade institucional e operacional das entidades com atuação na Bacia e resultem em redução de gastos públicos com internações hospitalares decorrentes de doenças de veiculação hídrica.

Art. 6º Caberá ao Ministério do Meio Ambiente, com a participação do Ministério da Integração Nacional e com a colaboração do Comitê Gestor, de que trata o art. 2º deste Decreto, promover a articulação institucional, visando o detalhamento e a implementação das atividades que integram o Projeto.

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Parágrafo único. O Ministério do Meio Ambiente poderá acolher sugestões dos Estados integrantes da Bacia do Rio São Francisco para definir o alcance, as metas, as prioridades, os meios e os mecanismos institucionais e comunitários do Projeto.

Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 5 de junho de 2001; 180º da Independência e 113º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

José Sarney Filho

 

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Anexo V – RESOLUÇÃO Nº. 5, DE 10 DE ABRIL DE 2000

Estabelece diretriz para a formação e funcionamento dos Comitês das Bacias

Hidrográficas

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no uso de suas atribuições, tendo em vista o disposto na Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e no Decreto nº. 2.612, de 3 de junho de 1998, e

Considerando a necessidade de estabelecer diretrizes para a formação e funcionamento dos Comitês de Bacias Hidrográficas, de forma a implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, conforme estabelecido pela Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997, resolve:

Art. 1º Os Comitês de Bacias Hidrográficas, integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, serão instituídos, organizados e terão seu funcionamento em conformidade com disposto nos art. 37 a 40, da Lei nº. 9433, de 1997, observados os critérios gerais estabelecidos nesta Resolução; § 1º Os Comitês de Bacia Hidrográfica são órgãos colegiados com atribuições normativas, deliberativas e consultivas a serem exercidas na bacia hidrográfica de sua jurisdição.

§ 2º Os Comitês de Bacia Hidrográfica, cujo curso de água principal seja de domínio da União, serão vinculados ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

§ 3º Os Comitês de Bacias Hidrográficas, deverão adequar a gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais de sua área de abrangência.

Art. 2º As entidades mencionadas no art. 51 da Lei nº. 9.433, de 1997, deverão, necessariamente, alterar seus estatutos visando sua adequação ao disposto na Lei nº. 9.433, de 1997, nesta Resolução e nas normas complementares supervenientes.

Art.3º As ações dos Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio dos Estados, afluentes a rios de domínio da União, serão desenvolvidas mediante articulação da União com os Estados, observados os critérios e as normas estabelecidos pelo Conselho Nacional, Estaduais e Distrital de Recursos Hídricos.

Art.4º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos só deverá intervir em Comitê da Bacia Hidrográfica,quando houver manifesta transgressão ao disposto na Lei nº. 9.433, de 1997, e nesta Resolução.

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Parágrafo único. Será assegurada ampla defesa ao Comitê de Bacia Hidrográfica objeto da intervenção de que trata este artigo.

Art. 5º A área de atuação de cada Comitê de Bacia será estabelecida no decreto de sua instituição, com base no disposto na Lei nº. 9.433, de 1997, nesta Resolução e na Divisão Hidrográfica Nacional, a ser incluída no Plano Nacional de Recursos Hídricos, onde deve constar a caracterização das bacias hidrográficas brasileiras, seus níveis e vinculações. Parágrafo único. Enquanto não for aprovado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, a Secretaria de Recursos Hídricos elaborará a Divisão Hidrográfica Nacional Preliminar, a ser aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, tendo em vista a definição que trata o caput deste artigo.

Art.6º Os planos de recursos hídricos e as decisões tomadas por Comitês de Bacias Hidrográficas de sub-bacias deverão ser compatibilizadas com os planos e decisões referentes à respectiva bacia hidrográfica.

Parágrafo único. A compatibilização a que se refere o caput, deste artigo, diz respeito às definições sobre o regime das águas e os parâmetros quantitativos e qualitativos estabelecidos para o exutório da sub-bacia.

Art. 7º Cabe aos Comitês de Bacias Hidrográficas, além do disposto no art. 38, da Lei nº. 9.433, de 1997, no âmbito de sua área de atuação, observadas as deliberações emanadas, de acordo com as respectivas competências do Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou dos Conselhos Estaduais, ou do Distrito Federal:

I - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos, inclusive os relativos aos Comitês de Bacias de cursos de água tributários;

II - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia, respeitando as respectivas diretrizes:

a) do Comitê de Bacia de curso de água do qual é tributário, quando existente, para efeito do disposto no art. 6º desta Resolução ou ;

b) do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, ou do Distrito Federal, ou ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, conforme o colegiado que o instituir;

III - aprovar as propostas da Agência de Água, que lhe forem submetidas;

IV - compatibilizar os planos de bacias hidrográficas de cursos de água de tributários, com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica de sua jurisdição;

V - submeter, obrigatoriamente, os planos de recursos hídricos da bacia hidrográfica à audiência pública;

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VI - desenvolver e apoiar iniciativas em educação ambiental em consonância com a Lei nº. 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental; e

VII - aprovar seu regimento interno, considerado o disposto nesta Resolução.

Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso aos Conselhos Nacional, Estaduais ou Distrito Federal de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência.

Art. 8º Deverá constar nos regimentos dos Comitês de Bacias Hidrográficas, o seguinte:

I - número de votos dos representantes dos poderes executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecido o limite de quarenta por cento do total de votos;

II - número de representantes de entidades civis, proporcional à população residente no território de cada Estado e do Distrito Federal, com pelo menos, vinte por cento do total de votos;

III - número de representantes dos usuários dos recursos hídricos, cujos usos dependem de outorga, obedecido quarenta por cento do total de votos; a) o usuário somente terá direito a voto se sua outorga estiver plenamente vigente.

b) participação dos usuários será habilitada, a medida que sejam expedidas outorgas pelos poderes públicos competentes, considerando os critérios de renovação a serem definidos pelo Comitê;

§ 1º- os mandatos do Presidente e do Secretário serão coincidentes, escolhidos pelo voto dos membros integrantes do respectivo Comitê de Bacia, podendo ser reeleitos uma única vez;

§ 2º- o mandato dos representantes e critérios de renovação ou substituição;

§ 3º- as reuniões e votações dos Comitês serão públicas, dando-se à sua convocação ampla divulgação, com encaminhamento simultâneo, aos representantes, da documentação completa sobre os assuntos a serem objeto de deliberação;

§ 4º- as alterações dos regimentos dos Comitês somente poderão ser votadas em reunião extraordinária, convocada especialmente para esse fim, com antecedência mínima de trinta dias, e quorum mínimo de dois terços da totalidade dos votos;

Art. 9º A proposta de instituição do Comitê de Bacia Hidrográfica, cujo rio principal é de domínio da União, poderá ser encaminhada ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos se subscrita por pelo menos três das seguintes categorias:

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I - Secretários de Estado responsáveis pelo gerenciamento de recursos hídricos de, pelo menos, dois terços dos Estados contidos na bacia hidrográfica respectiva considerado, quando for o caso, o Distrito Federal;

II- Prefeitos Municipais cujos municípios tenham território na bacia hidrográfica no percentual de pelo menos quarenta por cento;

III- entidades representativas de usuários, legalmente constituídas, de pelo menos três dos usos indicados nas letras "a" a "f ", do art. 14º desta Resolução com no mínimo cinco entidades; e

IV- entidades civis de recursos hídricos, com atuação comprovada na bacia, que poderão ser qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, legalmente constituídas, com no mínimo dez entidades, podendo este número ser reduzido, à critério do Conselho, em função das características locais e justificativas elaboradas por pelo menos três entidades civis.

Art. 10 Constará, obrigatoriamente da proposta a ser encaminhada ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, de que trata o artigo anterior, a seguinte documentação:

I - justificativa circunstanciada da necessidade e oportunidade de criação do Comitê, com diagnóstico da situação dos recursos hídricos na bacia hidrográfica, e quando couber identificação dos conflitos entre usos e usuários, dos riscos de racionamento dos recursos hídricos ou de sua poluição e de degradação ambiental em razão da má utilização desses recursos;

II - caracterização da bacia hidrográfica que permita propor a composição do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e identificação dos setores usuários de recursos hídricos, tendo em vista o que estabelece o art. 14 desta Resolução;

III- indicação da Diretoria Provisória; e

IV - a proposta de que trata o art.9 o, desta resolução;

Art.11 A proposta de instituição do Comitê será submetida ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos e, se aprovada, será efetivada mediante decreto do Presidente da Republica;

§ 1º Após a instituição do Comitê, caberá ao Secretário-Executivo do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no prazo de trinta dias, dar posse aos respectivos Presidente e Secretario Interinos, com mandato de até seis meses, com incumbência exclusiva de coordenar a organização e instalação do Comitê;

§ 2º Em até cinco meses, contados a partir da data de sua nomeação, o Presidente Interino deverá realizar:

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I - a articulação com os Poderes Públicos Federal, Estaduais e, quando for o caso, do Distrito Federal, a que se refere o inciso I e II, do art. 39, da Lei nº 9.433, de 1997, para indicação de seus respectivos representantes;

II - a escolha, por seus pares, dos representantes dos Municípios, a que se refere o inciso III, do art.39, da Lei nº. 9.433, de 1997;

III - a escolha, por seus pares, dos representantes das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia, a que se refere o inciso V do art. 39, da Lei nº. 9.433, de 1997, podendo as entidades civis referenciadas, a serem qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público; e

IV - o credenciamento dos representantes dos usuários de recursos hídricos, a que se referem o art.14 desta Resolução e inciso IV, do art.39, da Lei nº 9.433, de 1997;

§ 3º O processo de escolha e credenciamento dos representantes, a que se refere o parágrafo anterior deste artigo, será público, com ampla e prévia divulgação;

Art.12 Em até seis meses, contados a partir da data de sua nomeação, o Presidente Interino deverá realizar:

I - aprovação do regimento do Comitê; e

II - eleição e posse do Presidente e do Secretário do Comitê.

Art.13 O Presidente eleito do Comitê de Bacia deve registrar seu regimento no prazo máximo de sessenta dias, contados à partir de sua aprovação.

Art.14 Os usos sujeitos à outorga, mencionados no inciso III do art. 8º desta Resolução, serão classificados pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em conformidade com a vocação da bacia hidrográfica, entre os seguintes setores usuários:

a) abastecimento urbano, inclusive diluição de efluentes urbanos;

b) indústria, captação e diluição de efluentes industriais;

c) irrigação e uso agropecuário;

d) hidroeletricidade;

e) hidroviário;

f) pesca, turismo, lazer e outros usos não consuntivos.

I - cada usuário da água será classificado em um dos setores relacionados nas alíneas "a" a "f", deste artigo;

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II - a representação dos usuários nos Comitês será estabelecida em processo de negociação entre estes agentes, levando em consideração:

a) vazão outorgada;

b) critério de cobrança pelo direito de usos das águas que vier a ser estabelecido e os encargos decorrentes aos setores e a cada usuário;

c) a participação de, no mínimo, três dos setores usuários mencionados nas "a" a "f" do caput desse artigo, e d) outros critérios que vierem a ser consensados entre os próprios usuários, devidamente documentados e justificados ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Parágrafo único. O somatório de votos dos usuários, pertencentes a um determinado setor, considerado relevante, na bacia hidrográfica conforme alíneas "a" a "f", deste artigo, não poderá ser inferior a quatro por cento e superior a vinte por cento. Art.15 Os usuários das águas que demandam vazões ou volumes de água considerados insignificantes, desde que integrem associações regionais, locais ou setoriais de usuários, em conformidade com o inciso II, do art. 47, da Lei nº. 9.433, de 1997, serão representados no segmento previsto no inciso II, do art. 8º desta Resolução;

Art. 16 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ SARNEY FILHOPresidente do Conselho

RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO

Secretário Executivo

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Anexo VI – Lei das Águas de 08/01/1997

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei nº. 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº. 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

O P R E S I D E N T E D A R E P Ú B L I C A

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

CAPÍTULO IDOS FUNDAMENTOS

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. CAPÍTULO IIDOS OBJETIVOS

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

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I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

CAPÍTULO IIIDAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO

Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;

II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional,estadual e nacional;

V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.

Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.

CAPÍTULO IVDOS INSTRUMENTOS

Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - os Planos de Recursos Hídricos;

II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;

III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

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V - a compensação a municípios;

VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

SEÇÃO IDOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos.

Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo:

I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;

II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;

IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;

V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas previstas;

VI - (VETADO)

VII - (VETADO)

VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;

IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;

X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos.Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País.

SEÇÃO IIDO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA

Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa a:

I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que

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forem destinadas;

II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.

Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental.

SEÇÃO IIIDA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:

I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;

III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.

§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:

I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;

II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;

III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial específica.

Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas

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nos Planos de Recursos Hídricos e respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.

Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes.Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.

§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

§ 2º (VETADO)

Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:

I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água.

Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável.

Art. 17. (VETADO)

Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.

SEÇÃO IVDA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:

I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;

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II - incentivar a racionalização do uso da água;

III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12 desta Lei.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros:

I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação;

II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.

Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:

I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado.

§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água.

§ 3º (VETADO)

Art. 23. (VETADO)

SEÇÃO VDA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS

Art. 24. (VETADO)

SEÇÃO VIDO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS

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Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.

Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos:

I-descentralização da obtenção e produção de dados e informações;

II - coordenação unificada do sistema;

III acesso aos dados e informações garantido a toda a sociedade.

Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:

I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil;

II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional;

III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.

CAPÍTULO VDO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE INTERESSE COMUM OU COLETIVO

Art. 28. (VETADO)

CAPÍTULO VIDA AÇÃO DO PODER PÚBLICO

Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao Poder Executivo Federal:

I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência;

III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional;

IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão

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ambiental.

Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União.

Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal na sua esfera de competência:

I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos;

II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;

III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal;

IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.

Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.

TÍTULO IIDO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

CAPÍTULO IDOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO

Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:

I - coordenar a gestão integrada das águas;

II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;

III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;

IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos;

V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

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I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais, cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;

V - as Agências de Água.

CAPÍTULO IIDO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por:

I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;

II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

III representantes dos usuários dos recursos hídricos;

IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos.

Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos:

I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários;

II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados;

IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;

V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos;

VI - estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

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VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos;

VIII - (VETADO)

IX - acompanhar a execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

X - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso.

Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido por:

I - um Presidente, que será o Ministro titular do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal;

II - um Secretário Executivo, que será o titular do órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia a Legal responsável pela gestão dos recursos hídricos.

CAPÍTULO IIIDOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA

Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação:

I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;

II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; ouIII - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.

Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União será efetivada por ato do Presidente da República.

Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação:

I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes;

II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;

III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;

IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca

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expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes;

VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;

VII - (VETADO)

VIII - (VETADO)

IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência.

Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes:I - da União;

II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;

III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação;

IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;

V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

§ 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade do total de membros.

§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um representante do Ministério das Relações Exteriores.

§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes:

I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União;

II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.

§ 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos.

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Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um Secretário, eleitos dentre seus membros.

CAPÍTULO IVDAS AGÊNCIAS DE ÁGUA

Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica.

Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.

Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.

Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos:

I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;

II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.Art. 44. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área de atuação:

I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação;II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;

III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos;

V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação;

VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação;

VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências;

VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;

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IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação;

X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;

XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:

a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes;

b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;

c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos;d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

CAPÍTULO VDA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 45. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal responsável pela gestão dos recursos hídricos.

Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos:

I - prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II - coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e encaminhá-lo à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

III - instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - coordenar o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos;

V - elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e submetê-los à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

CAPÍTULO VIDAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos hídricos:

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I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;

II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;

III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos;

IV - organizações não-govemamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade;

V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos.

Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas.

TÍTULO IIIDAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos:

I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes;

III - (VETADO)

IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;

V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;

VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;

VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;

VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções.

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Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração:

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;

II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1O.OOO,OO (dez mil reais);

III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;

IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea.

§ 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato.

§ 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de muita, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tomar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa.

§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento.

§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.

TÍTULO IVDAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art 51. Os consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas mencionados no art. 47 poderão receber delegação do Conselho Nacional ou dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, por prazo determinado, para o exercício de funções de competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos.

Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regulamentado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, a utilização dos potenciais hidráulicos para fins de geração de energia elétrica continuará subordinada à disciplina da legislação setorial

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específica.

Art 53. O Poder Executivo, no prazo de cento e vinte dias a partir da publicação desta Lei, encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei dispondo sobre a criação das Agências de Água.Art. 54. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. Iº .............................................. .......................................................III - quatro inteiros e quatro décimos por cento à Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal;IV - três inteiros e seis décimos por cento ao Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE, do Ministério de Minas e Energia;

V - dois por cento ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

§ 4º A cota destinada à Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal será empregada na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e na gestão da rede hidrometeorológica nacional.

§ 5º A cota destinada ao DNAEE será empregada na operação e expansão de sua rede hidrometeorológica, no estudo dos recursos hídricos e em serviços relacionados ao aproveitamento da energia hidráulica."Parágrafo único. Os novos percentuais definidos no caput deste artigo entrarão em vigor no prazo de cento e oitenta dias contados a partir da data de publicação desta Lei.

Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamentará esta Lei no prazo de cento e oitenta dias, contados da data de sua publicação.

Art. 56. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 8 de janeiro de 1997, 176º da Independência e 109º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Gustavo Krause

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Anexo VII – Registro da Consulta Pública

A consulta pública foi preparada pela UPP - Unidade de Preparação do

Programa.

A divulgação da Consulta Pública e a exposição deste documento foi realizada

pelas instituições executoras, por meio do site dos respectivos ministérios

(MMA, MI, MCid) desde o início do mês de agosto.

Para a consulta pública foram convidadas formalmente diversas instituições

governamentais e organizações da sociedade civil envolvidas com o tema.

Na consulta pública realizada no dia 27 de agosto no Auditório da Agência

Nacional de Águas – ANA, compareceram representantes das seguintes

instituições e organizações da sociedade civil, cerca de 120 representantes –

vide lista de presença.

A consulta contou com intensa participação das instituições presentes e as

principais questões abordadas se referiram principalmente a aspectos da

concepção e operacionalização do Programa.

A UPP informou aos participantes que o Programa continua aberto à

recomendações e sugestões que podem ser realizadas diretamente às

instituições executoras ou por meio do site do programa:

www.interaguas.ana.gov.br

As peças, o convite, lista de presença e ata – são arquivos digitais anexos a

este documento.

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ANEXO VIII - PISCA – Plano de Inclusão Social dos Catadores17

Plano de Inclusão Social de Catadores – PISCAIntroduçãoEste documento busca orientar as equipes sociais do proponente a preparar o

plano de mitigação de impactos devido à interrupção de atividades produtivas

dos catadores de materiais recicláveis, doravante denominados “catadores”, na

cadeia de resíduos sólidos, em projetos de resíduos sólidos urbanos - RSU

financiados pela CAIXA, e oferece um conjunto de princípios orientadores,

ferramentas e modelos a serem utilizados, quando necessário, a situações

específicas e está formatado em duas partes:

Parte 1 - Objetivos, Diretrizes e Marco Legal

Parte 2 - Roteiro para Elaboração.

O gráfico apresentado abaixo ilustra situações que poderão ser encontradas

nas localidades e que serão identificadas por ocasião da elaboração do

diagnóstico.

O Plano de Inclusão Social de Catadores - PISCA deverá ser implementado

nas seguintes situações:

a - Onde haja catadores trabalhando na coleta de materiais recicláveis no lixão,

e que tenham moradia localizada fora da área do lixão

b - Onde haja catadores trabalhando e morando no lixão

17 Texto extraído do site oficial da CAIXA: http://www1.caixa.gov.br/Download/asp/pesquisa_od.asp

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PARTE 1. OBJETIVOS, DIRETRIZES E MARCO LEGAL1. Objetivos- Compensar ou no mínimo mitigar os possíveis impactos gerados pela nova

solução de gestão dos resíduos sólidos à população de catadores afetada pelo

projeto;

- Promover a inserção, de forma sustentável, da população mais vulnerável da

cadeia de resíduos sólidos na nova solução de gestão, construída a partir deste

marco social, através da participação ativa dos catadores e outros atores-

chaves, contemplando um leque de opções:

organização da comunidade para fins produtivos;

melhoria das condições de vida, trabalho e renda; e

promoção do desenvolvimento social das famílias dos catadores.

2. DiretrizesDe acordo com o conhecimento acumulado pela experiência brasileira neste

segmento, o êxito das ações se dá quando são considerados na fase de

planejamento determinados aspectos relevantes. Assim, o projeto deverá

contemplar as seguintes diretrizes:

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2a. Participação ComunitáriaNa elaboração e implementação do PISCA, a participação comunitária deverá

permear todo o processo, possibilitando a atuação dos atores envolvidos. É

fundamental o engajamento dos catadores como participantes ativos na

construção da nova solução.

Nas intervenções físicas relacionadas à atuação dos catadores, os mesmos

deverão acompanhar a implementação das obras/serviços, bem como zelar

pela manutenção do patrimônio gerado pelos investimentos.

O proponente deve apresentar os mecanismos de participação que serão

utilizados, de forma a possibilitar a gestão compartilhada do PISCA.

2b. Fortalecimento e Organização ComunitáriaFomentar a criação e/ou o fortalecimento de organizações comunitárias

vinculadas à atividade do catador. É necessário avaliar a sua capacidade e

identificar demandas a serem supridas, através do fornecimento de suporte

técnico, material e financeiro, além de atividades de capacitação, formação de

redes e compartilhamento de conhecimentos.

2c. Formação de Comissão RepresentativaQuando aplicável, em função do porte e/ou complexidade do empreendimento,

deverá ser instituída Comissão de Acompanhamento do Processo de Inclusão

Social - CAIS, formada por representantes dos catadores beneficiários,

representante da empresa responsável pela obra e pelo responsável técnico do

trabalho social, representantes de áreas técnicas da Prefeitura e parceiros

envolvidos com a temática.

2d. Mecanismos de Atendimento a ReclamaçõesPrever canais de interlocução entre a população afetada e os responsáveis

pela gestão do PISCA, bem como estrutura para atendimento aos interessados

(tais como plantão social, linha telefônica específica, página na Internet e

endereço eletrônico).

2e. Dispositivos LegaisPromover a integração dos catadores com o setor formal, por meio do

estabelecimento de contratos, acordos, convênios e outros, entre o governo

local, setor privado, organizações não governamentais - ONG e as

organizações de catadores.

2f. Matriz Institucional

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Deve-se apresentar uma Matriz nominando as instituições parceiras, e demais

partes envolvidas no processo e suas respectivas responsabilidades e

atribuições. É imperiosa a divulgação da Matriz Institucional junto ao grupo de

afetados, formalizada mediante termos de acordo entre o proponente e demais

parceiros.

2g. Políticas PúblicasPromover a integração com outros órgãos e setores da administração pública,

de forma a possibilitar a inserção da população alvo nos programas sociais

como o Bolsa Família1 e o PETI2, desde que atendam a seus requisitos,

otimizando o alcance dos resultados e conseqüentemente possibilitando a

promoção social das famílias dos catadores. Buscar a integração do trabalho

articulado com os CRAS3, ou similares.

2h. Trabalho e RendaDesenvolver soluções que sejam sustentáveis, a longo prazo. Devem ser

apresentadas soluções que garantam no mínimo a manutenção da renda e a

melhoria das condições de vida e trabalho dos catadores envolvidos.

Os catadores são empreendedores autônomos informais do setor privado,

cujas atividades desenvolvidas em lixões estão relacionadas não apenas a um

passivo socioambiental, mas também trazem uma variedade de benefícios para

a sociedade.

Portanto, suas atividades devem ser melhoradas, observadas as diversas

possibilidades de participação no Sistema de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos Urbanos, a exemplo de: serviço formal de coleta convencional e

seletiva; varrição; capina; transporte; compostagem; operacional nos aterros;

galpões de triagem; estações de transbordo - desde atenda às exigências de

qualificação profissional, com remuneração do serviço prestado.

1 O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda com

condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza (com renda

mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$ 120,00) e extrema pobreza (com renda

mensal por pessoa de até R$ 60,00), de acordo com a Lei 10.836, de

09/01/2004, e o Decreto nº. 5.209, de 17/09/2004. Este Programa é parte da

estratégia FOME ZERO.

2 Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - compõe o Sistema Único de

Assistência Social (SUAS) com duas ações articuladas – o Serviço

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Socioeducativo, ofertado para as crianças e adolescentes afastadas do

trabalho precoce e a Transferência de Renda para suas famílias. Também

prevê ações socioassistenciais com foco na família, potencializando sua função

protetiva e os vínculos familiares e comunitários.

3 Centros de Referência de Assistência Social – são unidades públicas da

política de assistência social, de base municipal, integrante do SUAS,

localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social,

destinado à prestação de serviços e programas socioassistenciais de proteção

social básica às famílias e indivíduos, e à articulação destes serviços no seu

território de abrangência, e uma atuação intersetorial na perspectiva de

potencializar a proteção social.

O PISCA deve contemplar a oferta de alternativas ao grupo de catadores, que

deverão ter no mínino três opções, sendo uma delas a inserção na coleta

seletiva/cadeia de reciclagem. Sempre que possível, deve ser incentivada a

evolução dos catadores na cadeia produtiva, agregando novas atividades no

setor da reciclagem.

2i. Capacitação_ Capacitar os catadores para o exercício da função específica, a coletivização

do trabalho, a atuação em linha de produção, a gestão administrativa,

financeira e contábil do processo, requisitos de segurança do trabalho e

primeiros socorros.

_ Estimular a discussão entre os catadores das vantagens da comercialização

em rede e da venda direta para o comprador final. Estimular a melhoria do nível

de escolaridade do grupo.

2j. Experimentação de novas abordagens de inclusãoLevando em conta as diferentes realidades e potencialidades locais, bem como

as diversas possibilidades de intervenção social, devem ser consideradas

propostas de soluções inovadoras que contribuam para a inclusão social dos

catadores.

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3. Marco Legal de suporte à integração de catadores na gestão de resíduos sólidosA discussão acerca da situação dos catadores inicia-se no final da década de

90, em Belo Horizonte, que teve como ponto alto o primeiro Encontro Nacional

de Catadores de Papel, fortalecido com a criação do Movimento Nacional de

Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR18, em 2001, no Primeiro

Congresso Nacional de Catadores de Materiais recicláveis, realizado em

Brasília, DF, reunindo mais de 1.600 catadores/catadoras. Nesse Congresso,

foi lançado um documento intitulado “Carta de Brasília”, que expressa as

necessidades dos que sobrevivem da coleta de materiais recicláveis.

A organização dos catadores possibilitou que a problemática fosse discutida

em diversos espaços governamentais e não governamentais, e resultou em

avanços nas políticas públicas.

Na esfera federal, a inclusão de catadores na gestão de resíduos sólidos está

respaldada pela Política Nacional de Saneamento. Nos âmbitos estadual e

municipal, diversos instrumentos legais vêm sendo propostos. Abaixo,

encontra-se sumarizado o arcabouço legal hoje disponível.

A Constituição brasileira, em seu Art. 30, cláusula V, estipula que “compete aos

municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou

permissão, os serviços públicos de interesse local”, dentre os quais estão

incluídos os serviços de resíduos sólidos.

O marco de inclusão social dos catadores está em consonância com os

avanços recentes nos dispositivos legais relativos ao setor de saneamento, já

em vigor, que têm incidência sobre a dimensão do lixo e da cidadania. Como

exemplos, podem ser citados:

Reconhecimento da ocupação de catador de material reciclável, em

2001, com a inclusão da mesma na CBO - Classificação Brasileira de

Ocupações;

Criação do Comitê Interministerial de Inclusão Social dos Catadores de

Materiais Recicláveis, por Decreto Presidencial em 11/09/2003,

coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome - MDS, por meio da Secretaria de Articulação Institucional de

18 Fonte de Consulta – site www.movimentodoscatadores.org.br

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Parcerias - SAIP, e pelo Ministério das Cidades, na Secretaria Nacional

de Saneamento - SNSA;

A gestão associada de serviços públicos, prevista pela Lei nº. 11.107/

2005, a qual contém dispositivo que apresenta possibilidades de

celebração de convênios com cooperativas de catadores;

Decreto nº. 5.940, de 25/10/2006, que institui a separação dos resíduos

recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração

pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às

associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, e dá

outras providências;

A Lei nº. 11.445, de 05/01/2007, que estabelece as diretrizes nacionais

para o saneamento básico, instituindo inclusive no Capítulo 10, Art. 57,

alteração na Lei nº. 8.666/93, que possibilita a contratação direta de

associações e cooperativas de catadores para a coleta de RSU

recicláveis.

No contexto do marco legal existente, os mecanismos jurídicos que podem ser

utilizados para regular as relações de parceria entre as municipalidades, ou

concessionários, ou operadores privados e as organizações de catadores, são:

Convênios de parceria estabelecidos entre as partes;

Contratos de prestação de serviços;

Inclusão na lei orgânica municipal de preferência de realização de

programas de coleta seletiva municipal em parceria com catadores e/ou

nos regulamentos de limpeza urbana (RLU); e

Criação de decretos municipais beneficiando os catadores com

remuneração dos serviços de coleta prestados.

PARTE 2 - ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PISCA - CONTEÚDO E PROCEDIMENTOS

Sempre que, na área do projeto, for identificada a presença de catadores,

deverão ser adotados os seguintes procedimentos:

avaliar a sua situação social e econômica;

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identificar e medir os potenciais impactos do projeto sobre sua atividade,

no aspecto produtivo; e

desenvolver – com participação ativa dos catadores – um plano de

inclusão social que seja específico para o projeto, de forma a mitigar

e/ou compensar

quaisquer impactos negativos sobre as suas atividades profissionais.

O que se busca é o compartilhamento dos benefícios advindos da intervenção,

sobretudo a integração dos catadores ao Sistema de Gestão Integrada de

Resíduos

Sólidos Urbanos.

Na elaboração do PISCA, é fundamental que as especificidades locais sejam

consideradas e devidamente avaliadas. O proponente deve fundamentar suas

análises nas condições sócio-econômicas dos catadores, nos interesses dos

diferentes atores envolvidos e nas estratégias organizacionais dos catadores

para cada situação de intervenção. Deve observar também:

Características da área de intervenção e seu entorno identificação da área de intervenção e seu entorno, com referência às

suas características físicas e urbanísticas, os serviços públicos

existentes, equipamentos públicos e comunitários, definido seu raio de

abrangência e sua capacidade de atendimento à demanda

diagnóstico ambiental da área de intervenção com suas características

em relação ao entorno

documentação fotográfica retratando a área do projeto e o entorno,

registrando e elucidando as características e aspectos fundamentais

necessários

um breve estudo histórico da área (inclusive a experiência anterior com

projetos de infra-estrutura, participação popular, etc.)

histórico das conquistas sociais da comunidade

perfil das lideranças

mapeamento dos valores culturais presentes na área

Sistema formal e informal de gestão de resíduos sólidos

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mapeamento do sistema formal (políticas publicas, configuração

institucional, participação privado, economia solidária, etc.)

mapeamento do sistema informal (presença de catadores,

intermediários, preços de materiais no mercado, nível de organização

dos catadores, etc.)

Característica da área de Reassentamento, quando for o caso a área de intervenção destinada a urbanização e/ou reassentamento, a

ocupação existente, a infra-estrutura, equipamentos comunitários e

serviços públicos existentes, definindo seu raio de atendimento

indicação da necessidade de remoção das famílias que estejam

ocupando Unidades de Conservação, tais como parques, estações

ecológicas, reservas biológicas ou faixas de servidão de linhas de alta

tensão, gasodutos, oleodutos, ferrovias e rodovias

Na ausência de catadores no lixão e, quando for prevista a construção

de centro de triagem, vinculado ou não a estação de transbordo,

observadas as condições técnicas e operacionais, incluindo EPI,

deverão ser priorizados para o trabalho nessas unidades os catadores

de rua e os vinculados a cooperativas ou associações.

Estabelecida à política de atendimento, deve-se definir a composição da

equipe técnica social, considerando aspectos quantitativos e qualitativos

em função do porte e tipo de intervenção, conforme disposto no item 3g

da etapa 3.

O PISCA é composto por três etapas:

ETAPA 1 – Coleta de Dados e Diagnóstico

ETAPA 2 – Elaboração do Plano de Intervenção

ETAPA 3 – Execução do Plano de Intervenção

A seguir, é apresentado o conteúdo mínimo de cada etapa.

ETAPA 1 - Coleta de dados e diagnóstico1a. Estudo do projeto de intervenção/ entendimento do grau de afetaçãoocasionadoNesta atividade, a equipe técnica social do proponente deverá interagir com os

demais profissionais envolvidos no projeto, a fim de ter conhecimento das

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soluções a serem adotadas e as repercussões e impactos ocasionados pelas

mesmas.

A partir daí, avaliar qualitativamente a magnitude dos impactos, identificando

neste momento a existência de catadores na área de intervenção.

1b. Cadastro censitário de todos os indivíduos e famílias afetadasO cadastro (Anexo 2b do Marco de Reassentamento) conterá no mínimo as

seguintes informações:

Quantos e quem são os ocupantes do imóvel;

_ Qual o vínculo familiar e/ou social entre eles;

_ Regime de ocupação do imóvel (próprio, alugado, cedido, invadido);

_ Tipo de utilização;

_ Se há mais de uma família sob o mesmo teto;

_ Tempo de residência no imóvel;

_ Renda familiar;

_ Renda oriunda de catação;

_ Número de participantes na renda familiar;

_ Sexo do chefe da família;

_ Escolaridade dos ocupantes, com destaque para os participantes na

renda familiar;

_ Atividade ocupacional;

_ Número de crianças, idosos, gestantes e deficientes;

_ Tipo de combustível utilizado para o preparo de alimentos;

_ Participação em organização social.

1c. Identificação do perfil sócio-econômico das famílias e catadores afetadosA partir da realização do cadastro e outros dados secundários a serem

coletados junto ao IBGE, Prefeitura, ONG, etc. deverá ser identificado o perfil

sócio-econômico das famílias e catadores afetados.

O cadastro deverá identificar as atividades produtivas, com a finalidade de

apurar os ganhos oriundos da atividade de catação.

11

1d. Identificação da dinâmica produtiva e da organização vigenteNesta fase, deverá ser identificado o grau de organização, mobilização e

interação, no que se refere à rede de apoio social para o desenvolvimento da

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atividade produtiva. Deve-se procurar identificar e desenhar os elos da cadeia

de comercialização dos produtos, para cada tipo de material coletado.

1e. Levantamento da documentação pessoal dos afetadosDeve ser realizado estudo sobre a documentação pessoal dos afetados,

necessária à efetivação do processo de inclusão social.

1f. Elaboração do Diagnóstico Social Integrado1. O diagnóstico social dos catadores deverá ser realizado com base no

cadastro censitário. Deverá definir o perfil do grupo sob os seguintes aspectos:

sexo, faixa etária, escolaridade, renda, composição familiar, condições de

moradia, dentre outros, verificando, inclusive, se há coincidência entre local de

moradia e da atividade produtiva.

2. Estudar as condições sócio-econômicas, a composição demográfica e o

modo de operação e organização social do trabalho dos catadores do local;

3. Identificar formas e graus de organização e mobilização;

4. Estudar a inter-relação com outros parceiros (ONG, grupos religiosos,

partidos políticos, etc.) e com o governo local;

5. Estudar a cadeia comercial da catação, verificar a presença de

intermediários, ou outras formas de concorrência ou cooperação do setor

privado;

6. Identificar as expectativas e opiniões dos catadores com relação à

intervenção;

7. Estudar a estrutura técnica e organizacional do sistema local de manejo de

resíduos sólidos;

8. Verificar a capacidade e o grau de envolvimento do governo local, dos

órgãos de implementação e dos operadores do sistema para o trabalho com os

catadores;

9. Estudar as estruturas de incentivos públicos/ privados existentes e potenciais

que possam contribuir para o fortalecimento e sustentabilidade do projeto;

10. Verificar a viabilidade financeira e a sustentabilidade de longo prazo de

quaisquer alternativas e soluções propostas.

ETAPA 2 - Elaboração do Plano de Intervenção2a. Construção da Linha de Base/ Relação dos afetadosApós a elaboração do diagnóstico social, deverá ser publicada uma lista

contendo a relação das pessoas afetadas.

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Deverá ser acordado com os atores envolvidos, e/ou seus representantes, o

prazo de publicação e de aceitação de possíveis reclamações, para

averiguação.

Concluída a lista, fica estabelecida a linha de base do Processo, que é formada

não só pela relação dos afetados, mas também por todos os dados que

possibilitarão avaliar os resultados do Projeto, definidos na planilha de

indicadores, que está apresentada no Anexo 2c do Marco de Reassentamento

Involuntário.

2b. Definição da Política de AtendimentoA política de atendimento ou compensação do PISCA deve possibilitar a

restauração das fontes de renda, da capacidade produtiva, a reconstrução dos

laços comunitários, a melhoria da qualidade de vida, compensando ao máximo

todas as perdas possíveis.

No caso de haver necessidade de relocação do catador, os procedimentos a

serem adotados estão descritos no Marco de Reassentamento Involuntário.

A política de compensação a ser adotada deverá identificar as habilidades dos

catadores, de forma a inseri-los de maneira adequada nas novas funções

relacionadas ao Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos.

Caso o catador afetado não demonstre interesse em continuar no ramo, a

Política de Atendimento deve oferecer novas possibilidades de atuação,

encaminhando-o para outra formação.

Em ambos os casos, as soluções oferecidas devem atender aos critérios de

sustentabilidade e promover a integração com as políticas públicas em

vigência.

A política de atendimento deverá oferecer soluções a todos os catadores

afetados, dando especial atenção aos grupos de maior vulnerabilidade e risco

social. Por grupos vulneráveis, tradicionalmente, em programas semelhantes,

compreende-se: pessoas com deficiência; crianças e idosos exercendo

atividade produtiva; famílias chefiadas por mulheres e/ou idoso, provedor único,

com demais membros com idade inferior a 16 anos.

Por fim, é imperioso a apresentar soluções adequadas às necessidades dos

catadores afetados, pois ainda que estejam inseridos numa mesma realidade,

requerem soluções diferentes.

2c. Definição dos critérios de enquadramento

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Definida a Política de Atendimento, resta estabelecer os critérios de

enquadramento para sua aplicação. O critério de enquadramento está

relacionado ao cruzamento das soluções previstas pela Política de

Atendimento e a categoria de afetados.

A categorização dos afetados vai ser resultado do entendimento da dinâmica

local – neste aspecto, a presença dos grupos de vulnerabilidade deve merecer

especial atenção.

Com vistas ao aproveitamento do potencial e habilidades específicas dos

catadores, a categorização deve também considerar: a experiência na

atividade; se há especificidade de catação de determinado material e as

expectativas dos afetados.

Considerando o contexto local, cada projeto exigirá que sejam devidamente

considerados outros critérios de enquadramento. Portanto, quando da

realização do PISCA, o proponente deverá estudar e propor as categorias de

enquadramento do projeto.

Constatada a existência de catadores no ”lixão” a ser desativado, o PISCA

deverá definir e adotar estratégias que evitem o aumento do número de

catadores na área.

2d. Trabalho Técnico SocialA intervenção técnico-social é norteada pelos seguintes eixos básicos: ações

informativas, mobilização e organização comunitária, educação sanitária/

ambiental/ patrimonial, capacitação profissional / geração de trabalho e renda e

trabalho socioambiental.

O Projeto de Trabalho Técnico Social - PTTS deve prever ações que propiciem

o desenvolvimento social das famílias afetadas e as capacitem para a inserção

nas soluções propostas.

2e. Monitoramento e avaliação pós-intervençãoO monitoramento é uma atividade que deverá ser desenvolvida de forma

independente e num processo paralelo à implementação do projeto de

intervenção, uma vez que visa avaliar se os objetivos do PISCA estão sendo

alcançados, possibilitando correções, adequações e ajustes, caso necessário.

O monitoramento objetiva:

· Verificar se ações propostas pelo PISCA serão desenvolvidas como previsto.

Caso seja identificada distorção, deverá indicar medidas corretivas;

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· Identificar dificuldades, entraves e oportunidades para implantação das ações,

indicando, em tempo hábil, o encaminhamento para superação das primeiras e

otimização das segundas;

· Avaliar os efeitos do projeto sobre a população afetada, considerando, para

isto, os momentos antes, durante e depois do projeto;

· Formar um banco de dados, para que esta experiência venha servir de

referência para projetos futuros.

O monitoramento deverá ser contínuo, possibilitando os ajustes necessários

e/ou redirecionamento das ações, quando couber, e registrado em três

momentos:

1º momento: ocorrerá logo após a realização do cadastramento, quando

deverá ser selecionado um grupo de famílias afetadas que deverão ser

acompanhadas ao longo do processo. Para o acompanhamento, deverá ser

estabelecido um painel de monitoramento;

2º momento: deverá ocorrer logo após a inserção dos catadores afetados nas

soluções adotadas. Em projetos com mais de cem catadores, o segundo

momento deverá ocorrer após o cumprimento de 20% da meta de inserção;

3º momento: deverá ocorrer no período entre o 6º e o 18º mês pós-intervenção,

preferencialmente em torno do 12º mês.

A metodologia a ser utilizada deverá possibilitar a comparação entre as três

fases do projeto de monitoramento, identificando a evolução ou involução do

processo.

Os indicadores de resultados a serem adotados estão apresentados no Anexo

2c do

Marco de Reassentamento Involuntário.

O monitoramento será realizado por uma equipe externa ao projeto,

interdisciplinar, com experiência em trabalhos da mesma natureza.

ETAPA 3 - Execução do Projeto de Intervenção3a. Macro-AtividadesCom caráter ilustrativo e didático, a seguir apresentamos um menu básico de

macro-atividades que poderão ser desenvolvidas, consideradas as

particularidades e especificidades de cada projeto.

Macro-Atividade 1 – Escritório Local de Gestão Participativa

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Nos projetos que envolverem um significativo número de catadores, sugere-se

a instalação e operação do escritório local de gestão participativa. Nos casos

em que sua instalação não seja viável, sugere-se a definição de outro local que

permita a comunicação entre a equipe técnica e os afetados.

- Identificação do imóvel/estabelecimento do contrato de locação ou outro

mecanismo

- Instalação do escritório (mobiliários e equipamentos técnicos)

- Capacitação e nivelamento da equipe

- Elaboração do plano de trabalho

Macro-Atividade 2 – Execução do cadastro sócio-econômico

- Definição da estratégia de cadastramento

- Definição dos Instrumentos e metodologia (Anexo 3.b do Marco de

Reassentamento)

- Aplicação do cadastro (capacitação para aplicação e tabulação)

- Publicação da lista de nomes das famílias cadastradas

- Relação dos afetados

- Estabelecimento de estratégia de controle de área

Macro-Atividade 3 – Formação da CAIS – Comissão de Acompanhamento do

Processo de Inclusão Social

Nos projetos que envolverem um significativo número de catadores, sugere-se

para a equipe técnica a criação da CAIS, e naqueles com reduzido número de

catadores, sugere-se a participação direta dos afetados nas atividades

relacionadas ao projeto de intervenção.

A formação e atuação da CAIS no processo de Inclusão Social não eximem o

Proponente/Tomador de suas atribuições e responsabilidades quanto à obra,

reassentamento das famílias e ações/atividades do Projeto de Trabalho

Técnico Social.

Para a formação da CAIS propõe-se:

Promoção de reuniões com o grupo de famílias afetadas e demais

envolvidos no

Processo

Apresentação do projeto (intervenção física, social e ambiental) para os

catadores afetados

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Apresentação, definição e formalização das competências da Comissão

Identificação dos Interessados a participarem da CAIS – Integração com

os diversos parceiros

Eleição dos membros e seus suplentes em Assembléia, devidamente

registrada em Ata.

Formação e formalização da CAIS

Capacitação da CAIS sobre os objetivos e as diretrizes do projeto (seus

componentes, sua relevância social e ambiental etc).

Compete a CAIS as seguintes atribuições: Representar os demais beneficiários do Programa, no que se refere às

atribuições da comissão;

Acompanhar a execução da intervenção física e do Projeto Técnico

Social;

Repassar informações sobre o processo de inclusão social e sobre o

andamento da obra aos demais beneficiários;

Apresentar e encaminhar pleitos junto ao Poder Público local, quando for

o caso;

Registrar as visitas e reuniões realizadas;

Fortalecer as lideranças existentes na área de intervenção;

Democratizar as informações por meio de constituição de canais de

Comunicação no período da obra e pós-obra.

A CAIS pode formar subgrupos temáticos conforme quadro demonstrativo a

seguir:

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TÉCNICO-OPERACIONAL INCLUSÃO SOCIAL COMUNICAÇÃO E

MOBILIZAÇÃO SOCIAL

1. Coleta Seletiva1. Acompanhar a elaboração do projeto social (que inclui diagnóstico social dos catadores e proposições)

1. Elaborar plano decomunicação e mobilização socialcom atividades (palestras,oficinas, passeatas, mostras,atividades lúdicas e artísticas) emúltiplos segmentos (escolas,empresas, grupos comunitáriosetc);1.1 Participar na

elaboração do diagnóstico para implantação de coleta seletiva

2. Contribuir para a viabilização de programas de complementação de renda e/ou inclusão das crianças em escolas e outros projetos sociais.

3. Contribuir na discussão dos aspectos legais e organizativos das organizações de catadores (registro de estatutos, regimento interno etc);

2. Contribuir no planejamentode ações específicas demobilização envolvendocatadores;4. Orientar e acompanhar elaboração

de convênio (ou contrato) com Prefeitura e outros parceiros;

1.2 Discussão de tecnologias apropriadas para a coleta seletiva de lixo;

5. Acompanhar capacitação do grupo de catadores para a gestão operacional (coleta, triagem, processamento), econômica e financeira (comercialização e distribuição dos recursos provenientes da venda dos recicláveis, composição de capital de giro) do empreendimento.

3. Contribuir no planejamentode ações contínuas a serematualizadas e incrementadasperiodicamente.

1.3 Discussão sobre infraestrutura e logística do sistema de coleta seletiva;

1.4 Participar do acompanhamento, planejamento e implementação;

6. Participar na proposta e implementação de outras alternativas de GTR

 1.5. Discussão sobre aspectos legais, organizativos e financeiros    

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Macro-Atividade 4 – Arcabouço Legal

Ao elaborar o PISCA, verificar se o arcabouço legal existente é adequado e

suficiente

Caso isto não se configure, incluir no PISCA a minuta dos instrumentos

necessários a disciplinar os procedimentos, tais como: convênio, portaria,

decretos, contratos, etc.

Macro-Atividade 5 – Consolidação da escolha e formalização do ato de opção.

Viabilizar o processo de escolha pelos catadores afetados da solução mais

adequada às suas necessidades por meio de reuniões, realizadas pela equipe

técnica social e de acordo com o seguinte roteiro:

- Reunião para discussão sobre os critérios de enquadramento com a CAIS ou

com os afetados;

- Divulgação dos critérios para os catadores afetados;

- Agendamento de reuniões com as famílias;

- Visitas domiciliares;

- Reuniões individualizadas;

- Formalização da escolha configurada no termo de adesão ao processo

assinado

pelo representante das famílias afetadas

Macro-Atividade 6 – Acompanhamento da implantação do espaço destinado à

seleção / armazenamento dos materiais a serem reciclados e instalação dos

equipamentos

- Escolha da área de implantação, com participação da CAIS ou dos afetados

- Apresentação e discussão do projeto arquitetônico e complementares com a

CAIS ou com os afetados

- Apresentação, discussão e validação do projeto do espaço (galpão) com os

catadores

- Acompanhamento da obra pela CAIS ou com os afetados

- Acompanhamento da Instalação dos equipamentos

Macro-Atividade 7 – Elaboração e implantação do Plano de Gestão do Galpão

- Elaboração do Plano de Gestão em parceria com a CAIS ou com os afetados

- Apresentação, discussão e validação do plano de gestão com os catadores -

Seleção e capacitação dos catadores para atividades de triagem

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- Inserção das famílias no processo de triagem e armazenamento dos materiais

a serem reciclados

- Implantação do Plano de Gestão do galpão, com acompanhamento da CAIS

ou representante do proponente, por período suficiente para o que o grupo

adquira autonomia visando a sustentabilidade do empreendimento

Macro-Atividade 8 – Controle da ocupação da área do lixão

- Estabelecer com a CAIS ou com os afetados um acordo de que o cadastro

determinará a Linha de Base do Projeto, ou o grupo de beneficiados, e que a

partir desta data deverá ser mantida vigilância permanente na área do lixão,

evitando novas invasões.

Macro-Atividade 9 – Projeto de Trabalho Técnico Social - PTTS

Considerando a especificidade de cada projeto, deverão ser observadas as

orientações do Caderno de Orientação Técnico Social – COTS, disponível no

seguinte endereço: www.caixa.gov.br/download/ Trabalho Técnico Social/

Manuais de Orientação Técnica.

Todas as ações previstas na intervenção relativas ao PISCA, Plano de

Reassentamento Involuntário - PRI e Trabalho Socioambiental deverão ser

registradas no Anexo III do COTS.

Macro-Atividade 10 – Monitoramento e Avaliação Pós-intervenção

- Elaboração de Termos de Referência para contratação da equipe responsável

pelo monitoramento e avaliação, conforme disposto no item 2e da Etapa 2,

- Planejamento e execução da licitação

- Implementação do monitoramento e avaliação

- Apresentação dos resultados aos envolvidos no projeto

3b. Cronograma de AtividadesO cronograma de atividades é um importante instrumento de controle para um

projeto de múltiplas tarefas, com relativa complexidade e no qual a questão do

tempo é fator vital para a sua realização com sucesso.

O proponente deverá estar atento a alguns requisitos para a elaboração do

Cronograma, quais sejam:

· O cronograma deve tomar como referência as macro-atividades e detalhar as

ações que as compõem;

· Observar que o conjunto das macro-atividades não possui execução linear. A

interdependência existente entre as diversas atividades deve ser considerada. ·

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O Cronograma do PISCA deve estar compatibilizado com as demais ações do

projeto – principalmente no que diz respeito à data de interrupção das

atividades – fechamento do lixão.

3c. Matriz InstitucionalTendo como base a Matriz Institucional estabelecida, o Cronograma de

Atividades apresenta as diversas atividades e seus responsáveis, incluindo

aquelas das instituições parceiras e demais partes envolvidas no processo. É

importante também descrever a participação das ONG, empresas privadas,

fundações, OSCIP5, a fim de potencializar o processo de inclusão social dos

catadores.

3d. OrçamentoApresentar um orçamento detalhado para cada ação prevista no cronograma,

em função da disponibilidade de recursos financeiros. Prever também as

despesas de custeio, tais como escritório – quando houver, equipe, apoio

logístico e suporte.

3e. Fonte de recursosDefinido o orçamento, elaborar um quadro indicando a fonte dos recursos

financeiros.

3f. Cronograma de desembolsoElaborar cronograma de desembolso para a implantação do PISCA, que

deverá estar de acordo com o cronograma de atividades.

3g. Equipe TécnicaNeste item, apresentam-se os requisitos para a equipe de elaboração do

PISCA.

1. A elaboração e implantação do PISCA deve ser realizado por uma equipe

interdisciplinar, sob coordenação ou responsabilidade técnica de profissional

com formação em: psicologia, pedagogia, sociologia, serviço social.

2. A equipe de implementação deverá contar preferencialmente com

profissional com experiência no segmento de atuação dos catadores e na

participação comunitária, para desenvolvimento e implementação do projeto;

3. O processo de monitoramento e de avaliação deve ser realizado

preferencialmente por equipe contratada pelo proponente e deve atuar de

forma independente.

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