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    * Mestre em Letras: Literatura, Histria e Memria Cultural (rea de concentrao: Literatura

    Brasileira), 2004.

    A OBRA DRAMTICA DE GONALVES DIAS

    Ana Cludia Rla Santos*

    RESUMO:

    Este artigo consiste na leitura das peas teatrais de Gonalves Dias,

    inserindo-as no panorama teatral brasileiro do sculo XIX.

    PALAVRAS-CHAVE: literatura, histria, teatro brasileiro.

    Ao pesquisarmos a histria do teatro brasileiro, deparamo-nos com

    afirmaes que questionam a existncia de um teatro nacional antes do sculo XX.

    Tais afirmaes esto calcadas em comparaes entre o Brasil e algumas naes

    europias, e na viso do teatro como arte independente da literatura que se realiza

    apenas no palco, e como encenao. Porm, o gnero dramtico, como o lrico e o

    pico, foi, at o sculo XIX, considerado uma das partes constituintes da literaturae, o valor do texto literrio, um critrio adotado para o julgamento de peas

    teatrais. Desta forma, a existncia da literatura dramtica brasileira desse perodo

    vem comprovar uma grande produo teatral, que no pode ser ignorada.

    Relembramos dois momentos relevantes do teatro no Brasil: no sculo

    XVI, oteatro jesuta,que deve ser tomado como um marco do teatro brasileiro, e,

    no sculo XIX, principalmente no perodo em que floresceu o Romantismo, como um dos

    gneros preferidos dos escritores romnticos. Para eles, escrever romances era

    facultativo. Escrever peas, praticamente obrigatrio. Nem historiadores como Varnhagen

    e Joaquim Norberto, escaparam regra (Prado, 1996: 188).

    Jos de Anchieta (1534-1597), que se tornou conhecido como o pioneiro do

    gnero dramtico no Brasil, foi quem comps e representou nossos primeiros autos e,

    apesar do objetivo exclusivo de catequizao do gentio, no se pode desmerecer o seu

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    feito. Devido s circunstncias, as representaes jesuticas distanciaram-se

    do modelo europeu de teatro da poca. Utilizavam a lngua tupi e, em muitas

    peas, o contedo baseava-se sempre na dialtica bem x mal, representados por

    anjos e demnios (encarnados, estes ltimos, em chefes indgenas adversrios

    dos jesutas nas lutas locais contra os huguenotes franceses), alm de figuras

    alegricas, como Temor e Amor de Deus (Magaldi, 1999: 4).

    No incio do sculo XIX, quando o Brasil torna-se residncia da

    famlia real portuguesa e precisa assemelhar-se, o mais rpido possvel, aos

    pases da Europa, o Prncipe Regente, D. Joo VI, decreta que se construa no

    Rio de Janeiro o primeiro teatro decente e proporcionado populao e ao

    maior grau de elevao grandeza em que se acha pela minha residncia nela

    (Prado, 1999: 26). O referido teatro fica pronto em 1813 e, posteriormente,

    denominado Teatro Joo Caetano.

    Com o advento do Romantismo, surge a primeira tragdia, Antnio

    Jos ou o Poeta da Inquisio, de autoria de Gonalves de Magalhes (1811-

    1882), em 1839, e a primeira comdia, O Juiz de Paz da Roa, de Martins Pena

    (1815-1847). Ambas sero representadas por Joo Caetano dos Santos (1808-

    1863), considerado, posteriormente, um dos maiores atores do pas. Apesar do

    desejo dos nossos escritores de produzir um teatro autenticamente nacional,

    eles no conseguiam desvencilhar-se das influncias europias, principalmente

    das experincias cnicas francesas, que se impunham como grandes modelos. As

    peas sobre assuntos estritamente nacionais eram raras, mesmo a de Gonalves

    de Magalhes, que no Prefcio declara o seguinte: esta , se me no engano,

    a primeira Tragdia escrita por um Brasileiro e nica de assunto nacional.

    (Prado, 1999: 42) O protagonista, Antnio Jos da Silva (1705-1739), nascido

    no Rio de Janeiro, mas parte para Portugal ainda menino e l obtm toda sua

    formao social.

    No gnero cmico, relevando-se as vrias limitaes, Martins Pena

    ocupa um lugar de destaque pois, sua comdia

    (...) representa de fato o marco inicial da fixao dos costumes brasileiros,

    que so explorados por Joaquim Manoel de Macedo, Jos de Alencar, Frana

    Junior e Artur de Azevedo, os principais cultores do gnero, numa continuidadede trabalhos que vem at o princpio deste sculo. (Magaldi, 1999: 61).

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    Em meados do sculo XIX, surge tambm o drama histrico nacional.

    Com o intuito de contribuir para a formao da nao, os escritores que se

    aventuraram nesta modalidade pretendiam um contedo nacional, nos moldes do

    romantismo social, mas muitas vezes extrapolavam a imaginao, preterindo a

    realidade dos fatos, e buscando apresentar, de alguma forma, o Brasil como

    pas independente. Apesar do esforo dos autores, parecia faltar o elemento

    principal para que o drama histrico pudesse se desenvolver: um fato histrico

    que fosse memorvel e fornecesse subsdios para os escritores lev-lo aos

    palcos. Nesta poca, o nico episdio relevante era a Independncia, mesmo

    assim, D. Pedro I deixou de ser considerado heri nacional ao abdicar e, sob

    a perspectiva histrica, era quase impossvel abordar tal episdio por se

    tratar de um acontecimento muito recente.

    Os primeiros dramas histricos nacionais foramA Fidelidade Paulistana,

    de 1842, eAmador Bueno, de 1847, escritos respectivamente por Joaquim Norberto de

    Sousa e Silva e Francisco Varnhagen. Coincidentemente, os dois historiadores inspiraram-

    se no mesmo fato, de veracidade e inteno nacionalista discutveis, que foi a

    recusa de Amadeu Bueno da Ribeira ao ttulo de rei, oferecido pela populao da

    cidade de So Paulo, em 1642, poca da secesso de Portugal da Espanha.

    A historiografia teatral destaca, como principais representantes dos

    dramas histricos nacionais, Calabar, de Agrrio de Menezes (1834-1863), O Jesuta,

    de Jos de Alencar (1829-1877), Sangue Limpo, de Paulo Eir (1836-1871), e Gonzaga

    ou a Revoluo de Minas, de Antnio de Castro Alves (1847-1871). Apesar de no haver

    provas da influncia de uma sobre a outra, todas pretendem apresentar o Brasil como

    nao nascente e tm o fato da Independncia como pano de fundo.

    Neste panorama emerge, a obra teatral de Antnio Gonalves Dias (1823

    1864), que no lembra em nenhum aspecto a poesia indianista de traos marcadamente

    brasileiros, pela qual o autor destaca-se. Gonalves Dias escreveu quatro dramas:

    Patkulle Beatriz Cenci, em 1843, quando tinha aproximadamente vinte anos de idade

    e morava em Lisboa; Leonor de Mendona,em 1846; e Boabdil,em 1850, no Rio de

    Janeiro1. Os ttulos dessas obras remetem-nos a personagens da histria universal,

    o que de certa forma propiciava autenticidade e veracidade ao espetculo, mas a

    histria, em si, serve apenas para abordar o sentimento amoroso, como a maior

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    justificativa da existncia humana, responsvel por toda ao nas referidas peas.

    As personagens so apresentadas e compreendidas sob o prisma moral e psicolgico.

    O desfecho dos fatos proveniente de uma hesitao, entre o determinismo

    moderno e a antiga fatalidade grega, o fatum latino fado portugus

    indiferente ou mesmo hostil a certas pessoas, a certas famlias, marcadas para

    a desgraa (Prado, 1996: 91), sem atribuir poder Providncia Divina.

    Vejamos rapidamente cada uma delas.

    A pea Patkullsitua-se no ano de 1707, estende-se de Mecklenburgo

    a Dresde, e vai at Casimir na Polnia. Patkull, o heri, um guerreiro

    destemido, nativo da Livnia, local dominado, sucessivamente, por Carlos XII,

    da Sucia, por Pedro, o Grande, da Rssia, e por Augusto II, eleito rei da

    Polnia e posteriormente destronado. Em defesa de sua terra, Patkull vai para

    os campos de batalha deixando a noiva, Namry Romhor. O anti-heri, Paikel,

    suposto amigo de Patkull, e antigo namorado de Namry Romhor, com a ausncia do

    guerreiro tenta recuperar o amor da herona. Embora Namry mantenha o compromisso

    de honra com Patkull, Paikel faz com que parea que Namry traiu o noivo,

    desencadeando uma srie de acontecimentos que culmina com a morte do heri.

    A pea Beatriz Cenci passa-se na Itlia de 1598, e retrata um

    intrigante episdio histrico: a atrao de Francisco Cenci por sua filha

    Beatriz. A protagonista, Beatriz, a princpio tinha uma viso de mundo

    limitada tica do pai, pois passou a infncia excluda do convvio social,

    encerrada em um quarto do palcio, e tendo D. Francisco Cenci como seu nico

    elo de ligao com a sociedade. A relao de D. Francisco com Beatriz de

    proprietrio/mercadoria, criador/criao. E ele quem decide a vida que a

    protagonista deve ter, pois, de acordo com seus padres, foi ele quem a

    preparou para a vida. D. Francisco cria a mulher perfeita dentro das suas

    concepes: a que confia e respeita e, sobretudo, no distingue amor paternal

    de amor marital. Cenci tem um plano de seduo to bem elaborado que em

    hiptese alguma pode p-lo a perder. No deixa que suas intenes transpaream,

    cerca Beatriz de armadilhas dissimuladas, desarmando-a totalmente e evitando

    sempre um suposto contra-ataque. A estratgia do pai parecia perfeita; tem aconfiana e a admirao da filha, e apenas espera uma oportunidade para

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    atacar, quando ocorre um imprevisto: Beatriz se apaixona por Mrcio, um

    cavaleiro que a cortejava s escondidas. Mesmo assim, o incesto, consumao da

    seduo, realiza-se.

    No decorrer da pea, a madrasta de Beatriz, Lucrcia, quem

    desperta o leitor para as verdadeiras intenes de D. Francisco, e tambm quem

    o acusa de estar seduzindo a prpria filha. Apesar da aparente posio de

    igualdade com o marido, D. Lucrcia lhe submissa. Obrigada por ele, comparece

    a um sarau, que no passava de uma cilada para consumar-se o incesto.

    Francisco Cenci ainda faz com que Beatriz confesse a Mrcio, no momento em que

    este vem pedir-lhe a mo em casamento, que no mais pura e digna dele.Beatriz aproveita a ocasio para mostrar as artimanhas usadas pelo pai para

    seduzi-la, as quais s percebeu depois do fato consumado, o que faz com que

    Mrcio tencione vingar-se do velho Cenci em honra de sua amada. Esse episdio

    o marco da mudana de postura da protagonista que, a princpio, hesita em

    vingar-se do pai, mas admite ser este sentimento mais forte do que ela.

    Lucrcia aproveita-se da sede de vingana de Beatriz e Mrcio para exteriorizar

    o dio que sente por D. Francisco, e os trs tramam o assassinato do Cenci.Beatriz finge ceder aos encantos do pai e coloca, orientada pela madrasta, um

    sonfero que, na realidade, um veneno, no vinho, a fim de adormec-lo para

    que Mrcio possa mat-lo. Porm D. Francisco descobre a trama, e manda matar

    Mrcio; sem desconfiar que Lucrcia estivesse envolvida no plano. No final,

    ela se declara cmplice, e ele, apesar de moribundo, consegue mat-la.

    A peaBoabdilpassa-se durante o fim do domnio mouro em Granada,

    cidade cercada pelos cristos. Alm do conflito entre rabes e cristos, h adisputa pelo poder entre as famlias Zegis, Gomeles e Abencerrages. Boabdil, ltimo

    rei mouro de Granada, casado com Zoraima, que ama Aben-Hamet, um antigo namorado

    que se torna amigo do rei. O enredo muito parecido com o de Patkull, uma vez que

    apresenta o amor entre dois jovens, que interrompido por um acordo feito pelo pai

    que promete a filha em casamento a um outro homem. Posteriormente, ocorre o

    reaparecimento do antigo namorado na condio de amigo do protagonista, alm da

    coexistncia do drama ntimo e do drama poltico, este apenas como pano de fundo.Boabdill desconfia da infidelidade da esposa e sabe que o responsvel pela

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    traio um Abencerrage. Manda matar todos os integrantes desta famlia,

    poupando, sem saber, o culpado, pois o nome verdadeiro do seu amigo Aben-

    Hamet, a quem destina a guarda da esposa, era Ibrahim Abencerrage.

    Boabdill no desempenha bem a sua funo de rei. Nas questes polticas

    parece no saber, ou no querer defender Granada, preocupando-se mais com as

    questes amorosas, caracterizadas pelo dio e pela vingana, que substituram o

    amor que sentira antes por Zoraima. O amor de Aben-Hamet e Zorama o grande

    responsvel pela traio da confiana que Boabdill depositou no casal, pois

    ambos lutam com todas as suas foras contra este sentimento, mas nesta pea

    parece que o destino subjugou os atos humanos.

    J a peaLeonor de Mendonaocorre em Portugal, no ano de 1512, e

    trata de um suposto caso de adultrio da Duquesa de Bragana, Leonor de

    Mendona. Escrita em 1846, entre Patkull e Boabdill, pode ser considerada uma

    obra prima dramtica no s de Gonalves Dias mas tambm do teatro nacional.

    O enredo passa-se em Vila Viosa, residncia campal da nobre famlia Bragana,

    local em que ocorreu o assassinato da Duquesa Leonor de Mendona, acusada de

    adultrio por seu marido, D. Jaime, quarto Duque da Casa de Bragana, sem quefosse provada sua culpa. O piv das suspeitas do Duque um jovem cavaleiro,

    Antnio Alcoforado, que nutre um misto de amor e venerao pela Duquesa.

    Leonor de Mendona, alm de ser a nica pea editada em vida por

    Gonalves Dias, destaca-se ainda por um belssimo Prlogo, em que o autor trata de

    questes tericas acerca da esttica romntica, e deixa transparecer a maturidade

    e seu gnio ao no limit-la ao local e tempo da criao.

    Todas as peas de Gonalves Dias so, portanto, inspiradas em fatos

    histricos e tm o desenlace sangrento como ponto comum: em Patkul, o heri morre

    ao ser incitado por Paikel a lutar nas disputas territoriais; em Beatriz Cenci, o

    viloFrancisco Cenci envenenado, mas antes de morrer mata Lucrcia, madrasta e

    confidente de Beatriz; em Leonor de Mendona,a protagonista acusada de adultrio

    e, apesar de inocente, assassinada pelo marido; e, em Boabdil,o amor deZoraima

    e Aben-Hamet descoberto, e o casal condenado morte. Alm disso, as peas

    apresentam, de alguma forma, personagens femininas sujeitas ao domnio do pai e do

    marido. Namry Romhor abdica do amor a Paikel em respeito ao pai que a prometeu

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    a Patkull; Beatriz deixa-se seduzir pelo pai; Zoraima casa-se com Boabdill por

    imposio paterna, e Leonor de Mendona castigada pelo marido, por um crime que

    no cometeu.

    Ao analisarmos as peas de Gonalves Dias sob uma linha cronolgica,

    observamos que as duas primeiras, Patkulle Beatriz Cenci, frutos de um esprito

    jovem, apresentam alguns problemas na estruturao e no entendimento do enredo. Em

    Patkull, drama composto por cinco atos, o protagonista desaparece no final do

    ato I e reaparece em cena nos dois ltimos atos, quando j est sendo julgado

    e condenado morte. Neste entremeio, o tringulo Patkull Namry Paikel

    substitudo por Namry Paikel Berta, esta ltima, dama de companhia deNamry, que havia sido seduzida e abandonada, por Paikel, no passado. Os trs

    habitam a mesma casa na ausncia de Patkull, e vivem se acusando uns aos

    outros. Desta forma, o leitor no tem acesso a um fato muito importante, de

    perspectiva poltica, que seria o perodo de ausncia de Patkull enquanto

    lutava em defesa da Livnia. Alm de no ter relatado os fatos histricos

    ocorridos no perodo, o autor usa, para preencher a lacuna, um segundo

    tringulo amoroso de baixo valor dramtico. Outro problema da pea, queprejudica o entendimento do leitor, a forma como Gonalves Dias refere-se a

    Namry Romhor, ora tratando-a pelo nome e ora pelo sobrenome, como se fosse uma

    outra personagem.

    Em Beatriz Cenci,o enredo, o tema e as personagens so dignos de um

    drama original e estruturado, mas o autor peca por apresentar tudo muito rpido. O

    incesto seguido de parricdio e, assim que o crime ocorre, finda-se o drama. O

    texto produto de uma mente jovem, em que vrias idias coexistem e desencadeiamfatos atropelados, sem refletir sobre o efeito que causar tal exposio de idias,

    principalmente por ter colocado, abertamente, a consumao de um incesto, assunto

    at ento tratado de forma indireta.

    Com relao aos ltimos dramas, Leonor de Mendona e Boabdill, do

    primeiro h mais que enaltecer do que depreciar. Gonalves Dias trabalhou o material

    do qual dispunha de forma lcida, conseguiu suprir a falta de domnio cnico,

    observada nas peas anteriores. Leonor de Mendona , sem dvida, o ponto culminante

    da carreira dramtica deste autor.

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    Em Boabdill, alm de no apresentar nenhum aspecto que mostre a

    evoluo no gnero dramtico e/ou um aprimoramento do escritor, retoma problemas

    observados na sua primeira pea, caracterizados pela inexperincia no exerccio

    desta modalidade literria. Dentre os problemas observados, destacamos,

    principalmente, a caracterizao das famlias Zegris, Gomeles e Abecenrrages,

    que no so mostradas como grupos, mas a partir de aes individuais. Com

    relao ao enredo, embora inspirado em um fato histrico, guarda muita

    semelhana com Patkull e com o gnero folhetinesco, pois o propulso trgica

    estrutura-se praticamente no conflito interno de Zoraima que ama, Aben-Hamet,

    contra seu desejo.

    Essa leitura cronolgica da produo teatral de Gonalves Dias no

    serve apenas para observarmos os defeitos e as qualidades de sua obra, mas,

    antes, para mostrar o amadurecimento que o autor alcana na pea Leonor de

    Mendona.

    NOTA

    1. Leonor de Mendonafoi a nica experincia editorial do poeta, as demais peas forampublicadas apenas em um volume de obras pstumas, por Antnio Henriques Leal, naprimeira dcada do sculo XX.

    ABSTRACT:

    This paper consists in a reading of the Gonalves Dias

    plays, inserting them in the brazilian theatrical sceneof the 19thcentury.

    KEY WORDS: literature, history, brazilian theatre.

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