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1 DISSERTAÇÃO FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO E TEORES DE CARBOIDRATOS EM LARANJEIRA ‘VALÊNCIA’ COM DIFERENTES CARGAS DE FRUTOS E SUBMETIDAS OU NÃO À IRRIGAÇÃO ANA KARINA DE SOUZA PRADO Campinas, SP 2006

ANA KARINA DE SOUZA PRADO - iac.sp.gov.br · Co-orientador: Camilo Lázaro Medina ... - aos pesquisadores do Centro APTA Citros ‘Sylvio Moreira’: Dr. Marcos Machado, Dra. Rose

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DISSERTAÇÃO

FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO E TEORES

DE CARBOIDRATOS EM LARANJEIRA ‘VALÊNCIA’

COM DIFERENTES CARGAS DE FRUTOS E

SUBMETIDAS OU NÃO À IRRIGAÇÃO

ANA KARINA DE SOUZA PRADO

Campinas, SP

2006

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Ficha elaborada pela bibliotecária do Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico

P896f Prado, Ana Karina de Souza. Florescimento, frutificação e teores de carboidratos em laranjeiras ‘Valência’ com diferentes cargas de frutos e

submetidas ou não à irrigação. / Ana Karina de Souza Prado. Campinas,

2006. 45f.

Orientador: Eduardo Caruso Machado

Co-orientador: Camilo Lázaro Medina

Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Instituto Agronômico 1. Laranjeira 2. Citrus 3. Laranjeira - carboidratos 4. Laranjeira - frutificação 5. Laranjeira - florescimento. I. Machado, Eduardo Caruso II. Medina, Camilo Lázaro III. Título CDD 634.31

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INSTITUTO AGRONÔMICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA

TROPICAL E SUBTROPICAL

FLORESCIMENTO, FRUTIFICAÇÃO E TEORES DE CARBOIDRATOS EM LARANJEIRAS 'VALÊNCIA' COM

DIFERENTES NÍVEIS CARGAS DE FRUTOS E SUBMETIDAS OU NÃO À IRRIGAÇÃO

ANA KARINA DE SOUZA PRADO

Orientador: Eduardo Caruso Machado Co-orientador: Camilo Lázaro Medina

Dissertação submetida como requisito Parcial para obtenção do grau de

Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical

Área de Concentração em Tecnologia de Produção Agrícola

Campinas, SP Fevereiro 2006

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DEDICATÓRIA

A Deus,

A minha mãe Terezinha (in memoriam)

e a minha avó Alice Pereira Prado

DEDICO

A todos os meus melhores amigos

citados nos agradecimentos,

que têm sido a minha família,

sempre e em todos os sentidos

OFEREÇO

AGRADECIMENTOS

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- Aos pesquisadores, amigos e orientadores Dr. Eduardo Caruso

Machado e Dr. Camilo Lázaro Medina pelo apoio, ensinamentos,

paciência e companheirismo durante esse percurso, aos pesquisadores

componentes da Banca examinadora: Dr Eduardo Stuchi, Fernando

Alves de Azevedo pela presença, apoio e sugestões para melhoria do

trabalho e à FAPESP pela Bolsa de Mestrado e financiamento do

projeto;

- aos amigos que auxiliaram na execução dos trabalhos em campo e

laboratório: Handerson e Michel (meus irmãozinhos), Socorro e

Francisco Carvalho, José Rodrigues e Vitor, amigos da faculdade e

grandes companheiros, José e Fernanda Zanetti, Daniela e Ricardo

Machado, amigos e grandes colaboradores no projeto;

- aos pesquisadores e amigos do Instituto Agronômico de Campinas Dr.

Deuber, Dra. Maria do Carmo, Dra. Norma Erismann, Dr. Rafael Ribeiro,

Dr Ondino Bataglia, Dr Pedro Furlani, Dr Flávio Arruda e aos queridos

amigos: a excelente secretária Silvana e ao funcionário Severino, pelo

apoio e amizade;

- aos pesquisadores do Centro APTA Citros ‘Sylvio Moreira’: Dr. Marcos

Machado, Dra. Rose Mary Pio, Dr. José Dagoberto de Negri, Dr. José

Orlando Figueiredo, Dr. Artur Ghillardi, Dra. Mariângela Cristofani e Dra.

Maria Luisa Targon, pelo apoio nos dois anos do trabalho, caronas,

companhia, risadas, conselhos, etc...

- aos funcionários e amigos do Centro APTA Citros ‘Sylvio Moreira’, que

colaboraram muito na execução dos trabalhos práticos: Gomes,

Genésio, Vivian, Nidélci, Fernanda, Izabel, Elizete, Keli, Nadji, Valéria,

Joraci, Noé, Adilson, Eduardo, José Pedro, Antônio, Antônio Alencar,

José Pinto, Sebastião, Pedro, Orlando, Otávio, Antony, Noé, Adilson,

João Franco e aos estagiários do projeto do Greening pelo

companheirismo e amizade;

- aos professores do curso de Tecnologia de Produção Agrícola: pela

amizade, conselhos e atenção durante o curso;

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- aos funcionários da PG-IAC: Adilza, Célia, Beth e Eliete, pelo auxílio e

amizade no decorrer do curso;

- aos amigos da pós-graduação, companheiros pras baladas e irmãos pra

vida: Átila, Rhuanito, Glécio, Marcos, Júlio, Mário, Alceu, Paulinha,

Giuliana, Thais, Aline, Patrícia, Andressa, Rafael Fiorine, Valdinei,

Rafael Previtalli, Núbia e Sarita;

- as meninas de casa (república) Aline, Luciana e Rafaela, não só pela

companhia como por tudo que fizeram por mim, além da amizade e

cumplicidade;

- aos amigos que não fazem parte do cotidiano de trabalho, mas que são

minha família nessa vida: a Isis (minha irmãzinha de sempre), todo o

povo da faculdade que torceu por mim de longe, mas sempre presentes

no coração e todos os grandes amigos e irmãos de Cordeirópolis que eu

amo muito: Patrícia, Débora e Izabela P. Pitoli, Fabiane, Bianca, Joice,

Franciele, Marina, Jocieli, Keli, Marlei, Edilson, Éderson, Emerson e

Adriana Corte, Rodolfo, Marcos Mometti, Paulinho, Ricardo, Fabrício,

Thiago, Caio Peruchi, Felipe Tamiazi, Josué, Erik, Freddy e Flávia,

André, Maria Salete e Edevaldo Calderaro, Mayara, Maria José e Carlos

Hespanhol, Leontina e José Tomazela;

- aos amigos da cidade de Campinas, que juntamente com as meninas de

Cordeiro também ajudaram a segurar as barras que não foram poucas,

saíram pra dar risadas e foram muito companheiros: Edna, Ângela,

Amandinha, Carlos, Andréia, Mauro, Felipe, Tiago, Rodrigo, Amanda,

Marcelo, Ignácio, Klause, Juninho, Vani, Lê, Pedro, Márcia, Maurício,

Rafael e Thiago Estevan;

- a todos os que acreditaram na minha capacidade, incentivaram e

colaboraram para a realização e finalização deste trabalho.

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“Venceu na vida aquele que viveu bem, riu muitas vezes e amou muito; que conquistou o respeito dos homens inteligentes e o amor das crianças; que preencheu um lugar e cumpriu uma missão; que deixou o mundo melhor do que encontrou, seja plantando uma flor, escrevendo um poema ou contribuindo para o salvamento de uma alma; que procurou o melhor nos outros e deu o melhor de si...Mais uma conquista e ainda acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.Apenas a ilusão, de quem se julga dono das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos que amei e que já se foram desta vida, os amigos presentes e os que já se afastaram e todos os dias felizes que vivi."

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS.................................................................................................... vii ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................................... viiiÍNDICE DE ANEXOS...................................................................................................... ix RESUMO.......................................................................................................................... x ABSTRACT...................................................................................................................... xi 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1 2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 2 3 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 11 3.1 Local Clima e Solo...................................................................................................... 11 3.2 Instalação do experimento, irrigação e retirada de frutos........................................... 11 3.3 Primeira etapa (fevereiro de 2004 a outubro de 2005)................................................ 13 3.3.1 Avaliações de florescimento e crescimento Vegetativo........................................... 13 3.4 Segunda etapa (setembro de 2005 até dezembro de 2005)......................................... 13 3.4.1 Avaliações de florescimento e frutificação.............................................................. 14 3.4.2 Avaliação dos teores de carboidratos.................................................................... 14 3.5 Teores de elementos minerais..................................................................................... 15 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 17 4.1 Primeira etapa............................................................................................................. 17 4.1.1 Florescimento e crescimento vegetativo................................................................. 17 4.1.2 Produção de frutos.................................................................................................. 22 4.2 Segunda etapa............................................................................................................ 24 4.2.1. Florescimento e frutificação................................................................................... 24 4.2.2 Teores de carboidratos............................................................................................ 28 4.3 Teores de elementos minerais na folha....................................................................... 33 5 CONCLUSÕES............................................................................................................. 37 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 38 7 ANEXOS....................................................................................................................... 45

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1- Análise de macronutrientes em folhas de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ amostradas em 7 de abril de 2005 nos tratamentos irrigado com fruto (ICF), irrigado e sem fruto (ISF), não irrigado e com fruto (NICF) e não irrigado e sem fruto (NISF). As coletas de folhas foram feitas em ramos com frutos e ramos sem frutos. Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Cordeirópolis, SP...........................................................................

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Tabela 2- Análise de macronutrientes em folhas de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ amostradas em 8 de dezembro de 2005 nos tratamentos irrigado com fruto (ICF), irrigado e sem fruto (ISF), não irrigado e com fruto (NICF) e não irrigado e sem fruto (NISF). As coletas de folhas foram feitas em ramos com frutos e ramos sem frutos. Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Cordeirópolis, SP

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1- Foto das laranjeiras ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ após a retirada dos frutos em fevereiro de 2004.(A) Laranjeira sem e (B) com frutos....

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Figura 2- Temperaturas máximas e mínimas, precipitação e balanço hídrico em 2004 e 2005, em Cordeirópolis – SP........................................................

18

Figura 3- Crescimento de ramos em laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’, nos seguintes tratamentos: laranjeiras desbastadas sem irrigação (NISF) e com irrigação (ISF) e laranjeiras não desbastadas sem irrigação (NICF) e com irrigação (ICF), em novembro de 2004, Cordeirópolis, SP.....................................................................................

19

Figura 4- Tipos de estruturas brotadas a partir gemas (288 gemas por tratamento) em laranjeira “Valência” sobre limoeiro “Cravo” irrigada com (ICF) ou sem fruto (ISF); e não irrigadas e com frutos (NICF) ou sem frutos (NISF). Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados manualmente em fevereiro de 2004.........................................................

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Figura 5- Número de frutos (A); produção de frutos (B) e massa individual de fruto (C) em laranjeira ‘Valência’ não irrigada com e sem fruto (NICF, NISF) e irrigada com e sem fruto (ICF, ISF). Colheita em outubro de 2005..........................................................................................................

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Figura 6- Desenvolvimento do número de flores (A) e de frutos (B) (‘chumbinho’) em laranjeira “Valência” sobre limoeiro “Cravo” nos tratamentos plantas não irrigadas e sem fruto (NISF) ou com fruto (NICF) e plantas irrigadas sem frutos (ISF) ou com frutos (ICF). Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Barras indicam erro padrão............................................................

25

Figura 7- Laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ com (A) e sem (B) irrigação, mostrando a antecipação do florescimento e brotações em plantas irrigadas. Foto obtida em setembro de 2005...............................

26

Figura 8- Diâmetro de frutos (‘chumbinho’ até pingue-pongue) medidos em 8 de dezembro de 2005 (safra 2005/2006), em laranjeira “Valência” sobre limoeiro “Cravo” nos tratamentos plantas não irrigadas e sem (NISF) ou com frutos (NICF) e plantas irrigadas e sem frutos (ISF) ou com frutos (ICF). Nos tratamentos em frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Barras indicam desvio padrão....................................

29

Figura 9- (A) Teor de carboidratos solúveis totais (glicose + frutose + sacarose), (B) teor de amido e (C) teor de carboidratos metabolizáveis (carboidratos solúveis + amido) em folhas de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ nos tratamentos plantas não irrigadas e sem fruto (NISF) ou com fruto (NICF) e plantas irrigadas sem frutos (ISF) ou com frutos (ICF)..................................................................................

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LISTA DE ANEXOS

Anexo

1-

Comprimento final de ramos em laranjeiras ‘Valência’ sobre limoeiro

‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação. No

tratamento sem fruto os mesmos foram retirados em fevereiro de

2004..........................

45

Anexo

2-

Número de frutos por planta de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro

‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação. No

tratamento sem fruto os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004.

Contagem em novembro de

2005..........................................................................................

45

Anexo

3-

Massa fresca de frutos (por unidade) de laranjeiras ‘Valência’ sobre

limoeiro ‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação.

No tratamento sem fruto os mesmos foram retirados em fevereiro de

2004. Contagem em novembro de

2005...................................................................

46

Anexo

4-

Diâmetro de frutos (mm) em laranjeiras ‘Valência’ sobre limoeiro

‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação. No

tratamento sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de

2004...............................

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PRADO, Ana Karina de Souza. Florescimento, frutificação e teores de carboidratos em laranjeiras ‘Valência’ com diferentes cargas de frutos e submetidas ou não à irrigação. 2006. 46f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Pós-Graduação – IAC.

RESUMO

A presença de frutos num ramo afeta a intensidade de florescimento e

de fixação de frutos na safra seguinte. O efeito inibidor pode ser devido à ação

hormonal dos frutos sobre o florescimento ou devido à competição por

carboidratos. O objetivo do presente estudo foi avaliar como a quantidade de

frutos (carga pendente) em laranjeira ‘Valência’ em um ano afeta o teor de

carboidratos em folhas, o crescimento vegetativo, o florescimento, a frutificação

e a produção de frutos na safra do ano seguinte, em plantas submetidas ou

não à irrigação. O experimento foi conduzido em duas fases. Na primeira fase

do experimento, em metade das laranjeiras irrigadas e não irrigadas foram

retirados todos os frutos. O experimento foi conduzido num delineamento

fatorial 2 x 2 com seis repetições. Analisou-se os resultados por meio de

análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey à 5%. A

presença de frutos afetou o crescimento vegetativo e a intensidade de

florescimento. Na segunda fase de experimento, as mesmas laranjeiras em que

se retiraram os frutos apresentaram maior produção na safra do ano seguinte.

Laranjeiras com maior produção de frutos apresentaram menor intensidade de

florescimento, indicando que o mesmo foi parcialmente inibido por eles. Nossos

resultados não mostraram evidências de que o teor de carboidratos tivesse

limitado o florescimento. Não houve evidências de que a menor intensidade de

florescimento foi devida à competição por carboidratos com os frutos. As baixas

temperaturas do inverno foram suficientes para induzir o florescimento nas

plantas irrigadas. Porém, o florescimento foi mais intenso quando, no período

de indução, também ocorreu deficiência hídrica, nas plantas não irrigadas. O

número fixado de frutos e o crescimento inicial dos frutos são limitados pela

disponibilidade de carboidratos.

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Palavras-chaves: Citrus sinensis L. carboidratos, crescimento vegetativo, crescimento reprodutivo, indução de florescimento.

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PRADO, Ana Karina de Souza. Flowering, fruit set and carbohydrates levels in ‘Valência’ orange trees under different crop load status and with and without irrigation. 2006. 46f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Pós-Graduação – IAC.

ABSTRACT

The presence of fruits at branches has a inhibitory effect on flowering

and fruit set intensity. The inhibitory effect can be due hormonal action or the

carbohydrate competition. The objective of the present study was to evaluate

how the crop load status in orange tree ‘Valência’ throughout a year affects the

carbohydrate content in leaves, the vegetative growth, the flowering, the fruit

set, and the yield in the following season, in plants with and without irrigation.

The experiment was conduced in two steps in field condition. In the first step

(February, 2004) a half of both , irrigated and non irrigated plants, had all the

fruits removed. The experimental design was a 2 x 2 factorial with six

repetitions. The results were subjected to analyses of variance and means

were compared by the Tukey test at 5%. The presence of fruits has affected

the vegetative growth and the flowering intensity. In second step the same

oranges trees that have been defruited presented higher yield in next year.

These plants showed a less intense flowering, indicating that flowering was

partially inhibited by the fruits. Our results did not show any evidence that the

carbohydrates content could have limited flowering intensity due to a

competition with the fruits for carbohydrates. The low winter temperatures were

suitable to induce flowering in the irrigated orange tress. However flowering was

more intense when during the induction phase there has been a water deficit in

non irrigated plants. . The number of bearing fruits and the initial growth of

them are limited by the availability of carbohydrates.

Keys-words: Citrus sinensis L., carbohydrates, vegetative growth,

reproductive growth, flowering induction.

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1 INTRODUÇÃO

Os citros são frutíferas de grande importância, sendo o Brasil seu maior produtor

com 34% da produção mundial. A expansão da citricultura no Brasil nas quatro últimas

décadas foi baseada nas exportações de suco concentrado congelado de laranja, período

em que o crescimento da produção brasileira e, principalmente da paulista baseou-se no

plantio de variedades mais apropriadas à industrialização, especialmente de laranjas

doces (AGRIANUAL, 2003).

Atualmente o agronegócio de frutas e derivados dos citros traz divisas externas

da ordem de US$ 1,5 bilhão por ano. São Paulo é o principal produtor de citros no

Brasil, sendo responsável por aproximadamente 80% da produção nacional

(AGRIANUAL, 2005). O Estado possui 581 mil hectares cultivados com 211,6 milhões

de plantas que em 2004 produziu 331 milhões de caixas de 40,8 quilos. A citricultura

paulista é uma atividade que envolve mais de 17.000 produtores e representa mais de

400 mil empregos diretos (AGRIANUAL, 2005).

Apesar da laranjeira florescer em abundância, isto é, uma árvore pode produzir

até 80.000 flores, o número de frutos finalmente colhidos em geral representa menos

que 2% das flores formadas (MONSELISE, 1986). A massiva abscisão de flores e de

frutos é interpretada como um mecanismo de ajuste do número de frutos à capacidade

de suprimento de carboidratos pela planta (GOLDSCHMIDT & KOCH, 1996). No

hemisfério sul a abscisão dos frutos ocorre entre outubro e dezembro. As causas, porém,

são pouco conhecidas, mas é provável que também estejam relacionadas com

características climáticas sazonais e acúmulo de reservas pela planta (ALBRIGO, 1992;

IGLESIAS et al., 2003; SYVERTSEN & LHOYD, 1994).

A quantidade de frutos presentes em laranjeiras em um ano pode afetar

quantitativamente o florescimento e a frutificação do ano seguinte. Se a produção de

frutos for alta em um ano, no ano seguinte pode ser significativamente menor

(AGUSTÍ, 2000; TONET et al., 2002). A presença de muitos frutos pode inibir

parcialmente o florescimento, provavelmente devido à maior drenagem de carboidratos

pelo fruto em crescimento (GOLDSCHMIDT & KOCH, 1996) ou então devido a

produção de giberelinas pelos mesmos, podendo acarretar um atraso no

desenvolvimento floral (DAVENPORT, 1990). Após um ano de colheita abundante as

laranjeiras ‘Valência’ e ‘Natal’ podem florescer pouco, produzindo, conseqüentemente,

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poucos frutos e dando origem à ‘alternância de safra’ (AGUSTÍ, 2000;

GOLDSCHMIDT, 1999). Sob ´alternância de safra’, num ano de baixa produção o

excesso de fotoassimilados é armazenado, principalmente em raízes. Seguido ao ano de

baixa produção, há a possibilidade de maior produção quando as reservas serão

mobilizadas e utilizadas no processo de frutificação. Os fatores envolvidos nesta

alternância, apesar de estudados, ainda não foram elucidados, sabendo-se, no entanto

que, a presença de frutos nas variedades tardias, o balanço de carboidratos, as alterações

metabólicas, a nutrição nitrogenada, a deficiência hídrica e as alterações no balanço

hormonal estão envolvidos neste fenômeno (AGUSTÍ, 2000). Atribui-se o efeito

inibidor do florescimento bem mais à produção de hormônios inibidores do que à

drenagem de fotoassimilados, uma vez que esta inibição é bem maior no período no

qual o fruto não acumula mais carboidratos (GARCIA-LUIZ et al., 1986). Apesar de

poder ocorrer uma correlação entre os teores de carboidratos e a floração, é possível que

não haja relação causal entre carboidratos e formação de gemas florais, e sim apenas é

necessário como um componente fornecedor de energia para que haja a indução

(GARCIA-LUIZ et al., 1995). Independentemente do papel regulador dos carboidratos

na floração dos citros, sua exigência para o florescimento é alta (BUSTAN &

GOLDSCHMIDT, 1998).

Os objetivos desta pesquisa foram avaliar como a quantidade de frutos (carga

pendente) presente em laranjeira ‘Valência’ em um ano afeta o teor de carboidratos em

folhas, o crescimento vegetativo, o florescimento, a frutificação e a produção de frutos

na safra do ano seguinte, em plantas submetidas ou não à irrigação.

2 REVISÃO DA LITERATURA

A laranjeira é um sistema produtivo composto por órgãos (folhas) que

funcionam como fonte de fotoassimilados (fonte) e por vários órgãos (folhas, raízes,

ramos, flores, frutos) que, pelo menos em uma parte de sua vida, são consumidores de

carboidratos (drenos) produzidos pela fonte. As relações fonte-dreno na planta são

afetadas pelo estádio de desenvolvimento e pelas condições ambientais.

A produtividade de uma comunidade vegetal é o resultado final de complexa

cadeia de eventos que ocorrem durante o desenvolvimento da planta estando

relacionados às variações climáticas, fotossíntese, crescimento de copa, intensidade de

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florescimento e fixação de frutos, massa e número final dos frutos maduros colhidos,

além da eficiência do uso da água e nutrientes (GOLDSCHMIDT, 1999).

A produção em laranjeira é determinada pelo número e tamanho dos frutos

colhidos. Por sua vez, o número e o tamanho dependem de três processos:

florescimento, da quantidade de frutos fixados e do crescimento dos frutos.

(GOLDSCHMIDT, 1999).

O clima como condicionante do cultivo dos citros interfere, de forma decisiva,

em todas as etapas da cultura. Tem influência na adaptação das variedades, na

fenologia, na curva de maturação, na taxa de crescimento, nas características físicas e

químicas da fruta e, principalmente, no potencial de produção (ORTOLANI, 1991).

Em condições subtropicais o florescimento mais importante surge no

crescimento da primavera, quando a planta emite ramos vegetativos e reprodutivos. As

flores surgem de gemas axilares de ramos de um ano de idade, formados nos surtos de

primavera anteriores e nos ramos mais novos formados no verão e outono (MEDINA et

al., 2005). Os principais fatores ambientais para o florescimento são temperatura e

umidade.

Nas regiões subtropicais nos meses de inverno as temperaturas do ar e do solo

diminuem e também há queda na intensidade de precipitações. Estas condições

favorecem a diminuição na taxa de crescimento. Sob baixa taxa de crescimento há

mudanças na gema as quais são induzidas ao florescimento na primavera, quando

ocorrem novamente o aumento da temperatura e novas chuvas (ALBRIGO, 1992;

REUTHER, 1977). Os primeiros estímulos para a indução floral começam segundo

LIMA (1990), entre 80 e 120 dias antes do florescimento, através de possíveis

mensageiros químicos provenientes das folhas. Para o hemisfério sul, a indução floral

atinge seu pico ao final de julho e início de agosto, ou seja, no inverno (REUTHER,

1977; VOLPE, 1992).

O florescimento é precedido por um período de transformação de gemas

vegetativas em gemas reprodutivas através de estímulos. Nem todas as gemas de um

ramo produzem flores, permanecendo algumas vegetativas que permitem o crescimento

futuro das plantas (GOLDSCHMIDT & MONSELISE, 1970; LORD & ECKARD,

1985). As modificações morfológicas nos meristemas serão detectadas apenas após o

repouso de inverno (GUARDIOLA, 1981; GUARDIOLA et al., 1982; IWAHORI &

OOHATA, 1981).

A transição da etapa vegetativa para a reprodutiva pode ocorrer de duas

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maneiras: i) as gemas permanecem indeterminadas (reprodutivas/vegetativas) até

imediatamente antes da brotação (HALL et al., 1977) ou ii) entram em repouso no final

do outono já determinadas (reprodutivas/vegetativas) (GOLDSHMIDT &

MONSELISE, 1970). A primeira possibilidade baseia-se no fato de que não se

observam os primórdios florais nas gemas quando elas se encontram em repouso. Os

primeiros sinais da morfogênese são detectados somente ao se iniciar a brotação das

gemas na primavera (GUARDIOLA, 1981; IWAHORI & OOHATA, 1981; LORD &

ECKARD, 1985). Em lima ácida ‘Tahiti’ (Citrus latifolia) as evidências indicam que a

indução sobrevém imediatamente antes da diferenciação floral, pois somente as gemas

que iniciaram o desenvolvimento durante as condições indutivas de déficit hídrico ou de

baixas temperaturas produziram flores (SOUTHWICK & DAVENPORT, 1986).

ABBOTT (1935), um dos primeiros a registrar a influência do déficit hídrico na

floração dos citros, observou que as gemas não se desenvolvem durante o período do

déficit, mas somente após o re-umedecimento. Assim, parece que o déficit hídrico está

diretamente relacionado com a quebra da dormência das gemas (DAVENPORT, 1990).

CASSIN et al. (1968) analisaram informações sobre a ocorrência de chuvas e

florescimento dos citros em diversas regiões tropicais do mundo e confirmaram que a

floração sempre ocorria após períodos de seca seguidos de re-umedecimento por chuva

ou irrigação.

O repouso da planta devido a diminuição do crescimento vegetativo seja por frio

ou seca, resulta no acúmulo de reservas pelas plantas que são consumidas durante a

florada no desenvolvimento das estruturas reprodutivas (VOLPE, 1992). LOVATT et

al. (1988) encontraram indicações de que a intensidade do florescimento é dependente

do conteúdo de carboidratos e de compostos nitrogenados na folha, e que estes

aumentam quando a árvore é submetida a estresse hídrico.

Em plena primavera, após a antese, as etapas iniciais do crescimento do fruto e

da área foliar são favorecidas por radiação solar mais intensa, dias mais longos,

temperaturas mais altas e, de modo geral, dependendo do tipo de solo e do manejo, a

grande maioria dos pomares dispõe de boa condição hídrica (ORTOLANI, 1991).

A maioria das regiões de produção de citros no mundo dispõe de chuvas anuais

entre 1000 a 2000 mm, com sazonalidade, apresentando normalmente uma estação seca.

Esses totais anuais têm pouco significado agroclimático, pois a disponibilidade de água

depende essencialmente do balanço entre a evapotranspiração da cultura e a

precipitação pluvial ao longo do ciclo fenológico dos citros, correspondentes às etapas

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de indução floral ou pré-florescimento, estabelecimento, crescimento e maturação do

fruto e crescimento vegetativo.

Como planta perene, a resposta dos citros à água em um determinado estágio de

desenvolvimento depende da disponibilidade hídrica anterior a esse estágio

(DOORENBOS & KASSAM, 1994). Em condições de deficiência hídrica, as folhas se

curvam, reduzindo a área de transpiração e, dependendo da intensidade da seca, as

folhas e frutos jovens caem. Os frutos maduros desidratam, estabelecendo fluxo inverso

de água e alteração sensível da sua qualidade. Assim os desenvolvimentos vegetativo e

reprodutivo são condicionados à distribuição de água durante o ciclo de

desenvolvimento da planta (SAMPAIO, 1990; STEWART & NIELSEN, 1990). Assim,

condições extremas de déficit hídrico afetam negativamente o florescimento, o

crescimento e a formação de reservas.

Na maior parte do território brasileiro, a irrigação é uma prática suplementar,

isto é, os totais anuais de precipitação pluvial são suficientes para satisfazer as

necessidades hídricas da cultura, todavia, a distribuição irregular das chuvas propicia a

ocorrência de períodos de estresse hídrico às plantas, acarretando quebras de produção.

A irrigação deve ser sistemática, isto é, feita de acordo com critérios bem estabelecidos,

fixados em função das condições de umidade do solo (VIEIRA, 1991). Além disso, com

a irrigação, a umidade do solo é mantida em nível adequado durante o ciclo vegetativo

da planta, proporcionando um melhor funcionamento do aparelho fotossintético e o

fornecimento de substrato para o crescimento e formação de reservas. Dessa forma, o

florescimento e o pegamento são maiores beneficiando a produção final. É muito

importante na irrigação a possibilidade de interromper os períodos dos chamados

veranicos, principalmente aqueles que ocorrem no verão.

A participação do clima noutras etapas do processo de floração é inegável,

especialmente o déficit hídrico nas regiões tropicais e/ou temperaturas baixas nas

subtropicais (SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT, 1996). É possível que esses fatores

atuem na floração mediante mecanismos diferentes (SOUTHWICK & DAVENPORT

1986) mostraram que plantas submetidas a baixas temperaturas, com vistas ao

florescimento, não apresentaram qualquer alteração no potencial hídrico das folhas, uma

indicação da possível independência de ação desses fatores. No entanto, é possível que a

influência promotora do déficit hídrico e da baixa temperatura sobre o florescimento

seja na supressão do crescimento vegetativo (SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT,

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1996). O déficit hídrico parece ser o principal fator promotor da floração das plantas

cítricas nas regiões de clima tropical, onde a temperatura não é suficientemente baixa

para estimulá-la.

A relação entre intensidade e duração do déficit hídrico e a intensidade de

floração é aparentemente quantitativa, semelhante às baixas temperaturas

(SOUTHWICK & DAVENPORT, 1986), mas não há prova de que o déficit hídrico

tenha qualquer efeito direto na etapa de indução (DAVENPORT, 1990). O estímulo ao

florescimento é quantitativo, ou seja, é possível que déficit hídrico e temperatura baixa

possam agir de forma cumulativa (SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT, 1996).

Finalmente, SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT (1996) comentam que baixas

temperaturas e déficit hídrico parecem influenciar a floração dos citros por diferentes

mecanismos e questionam se esses sinais do ambiente devem ser considerados

verdadeiros fatores indutores da floração ou apenas inibidores do crescimento, comum a

ambos e único elemento provavelmente necessário ao engatilhamento da diferenciação

floral dos citros. Em síntese, a redução do crescimento, principalmente do sistema

radicular, levaria à baixa produção de giberelinas e, conseqüentemente, à floração

(MONSELISE, 1985). TAMIN et al. (1997) observaram que tanto o estresse hídrico

quanto a exposição à baixas temperaturas causaram redução nos teores endógenos de

giberelinas. Por outro lado, MONSELISE & HALEVY (1964), observaram que a

presença de giberelina inibe o florescimento.

As temperaturas do ar promotoras do florescimento oscilam entre 13 e 15° C dia

/10 e 13° C noite, sendo que nestas faixas as temperaturas mais baixas são as mais

eficientes (MOSS, 1969). A temperatura máxima limite para promover a floração ainda

não está bem definida, embora se acredite que esteja em torno de 19°C; temperaturas

superiores a 22°C já são ineficientes (DAVENPORT, 1990). ALBRIGO et al. (2002)

observaram na Flórida que o florescimento satisfatório ocorre quando há 800 a 1000

horas de temperaturas abaixo de 20°C sem interrupções no período, por estímulos às

novas brotações, ou seja, a ocorrência de temperaturas máximas acima de 26,6 e

mínimas superiores a 21,1 °C por mais de sete dias seguidos. Essa indução ao

florescimento pode suceder em algumas regiões, como no sul paulista,

independentemente da presença de estresse hídrico.

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Acredita-se que o efeito estimulante das baixas temperaturas no florescimento

seja percebido pelos caules e/ou folhas, mas não pelas raízes, o metabolismo das quais

parece controlar a iniciação do crescimento de brotos novos (HALL et al., 1977).

A relação que existe entre a intensidade e a duração do déficit hídrico e a

intensidade de floração é aparentemente quantitativa, de forma semelhante às baixas

temperaturas (SOUTHWICK & DAVENPORT, 1986). O tema é contraditório, pois

LOVATT et al. (1988) não encontraram diferença no número de flores entre o controle

não-estressado, estresse hídrico severo de curta duração [potencial da água na folha

(ΨL) de antemanhã de -3 MPa, por 30 dias] e déficit hídrico moderado de longa duração

(ΨL de antemanhã de -2 MPa, por 50 dias]. Uma crítica que se pode fazer é que os ΨL

foram severos, mesmo quando se considera o período de 30 dias, que não é pequeno,

podendo assim, ter prejudicado e não favorecido a floração (MEDINA et al., 2005).

Ainda nesta linha KOSHITA & TAKAHARA (2004) observaram que estresses

moderados proporcionam floração abundante enquanto que estresses severos causam

uma forte inibição na formação de gemas florais, devido à grande queda de folhas. A

intensidade de estresse pode ser monitorada por irrigação artificial.

LOVATT et al. (1988), a fim de desenvolver um modelo fenológico de

florescimento utilizando a temperatura, estudaram a influência do ambiente e de fatores

da árvore sobre a fenologia e fisiologia do processo de florescimento. Eles verificaram,

nas inflorescências em ramos sem folhas antecipação da quebra de dormência da gema e

da antese. Em inflorescências em ramos com folhas, foram encontradas flores com

antese atrasada. A inflorescência com folhas apresenta maior possibilidade de se

desenvolver para frutos e atingir maturidade.

Resultados obtidos com várias espécies e cultivares, e em diversas regiões

produtoras, indicam que o fotoperíodo, isoladamente, não é o suficiente para induzir a

floração das plantas cítricas, mas que o encurtamento do dia parece tornar as plantas

mais sensíveis à ação das baixas temperaturas (SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT,

1996). A conclusão mais provável, diante das informações disponíveis, é que os citros

são plantas de dia-neutro quanto à indução floral (KRAJEWSKI & RABE, 1995),

embora LENZ (1969) diga que a laranja ‘Bahia’ pode ser descrita como uma planta de

“dia-curto dependente qualitativamente de temperatura”.

Não há evidência da participação direta dos carboidratos no florescimento dos

citros (DAVENPORT, 1990; GARCIA-LUIS et al., 1988, 1995; GOLDSCHMIDT,

1999; KRAJEWISKI & RABE, 1995; SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT, 1996;).

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Não está claro seu papel regulador específico na floração, ou a necessidade de um limiar

energético mínimo desses compostos, para que ocorra a indução floral (SPIEGEL-ROY

& GOLDSCHMIDT, 1996). Remoção de frutos em ‘Satsuma’ Citrus unshiu ou

anelamento de ramos causam acúmulo de carboidratos nas folhas e aumento na

formação de flores (GUARDIOLA et al., 1992).

Sombreamento de folhas, entretanto, causa queda no teor carboidratos nas folhas

e queda na intensidade de florescimento (GARCIA-LUIZ et al., 1995). A relação

positiva entre carboidratos e florescimento indica que a disponibilidade de carboidratos

não estruturais pode ser limitante no florescimento. No entanto, independentemente do

papel regulador dos carboidratos na floração dos citros, sua exigência para o

florescimento é alta. Os citros podem consumir o equivalente entre 10 e 20% dos

carboidratos utilizados para o crescimento dos frutos. Portanto, a demanda diária total

de carboidratos durante a antese pode exceder a sua produção pelas folhas, sendo

necessário à utilização de reservas (BUSTAN & GOLDSCHMIDT, 1998).

Normalmente a porcentagem de flores produzidas e que se desenvolvem em

frutos maduros é pequena, variando entre 0,1 até ao redor de 3%. Somente em árvores

de baixo florescimento e naqueles cultivares que formando um número baixo de flores

tais como a ‘Satsuma’, uma porcentagem maior para fixação é encontrada

(GUARDIOLA et al., 1992).

Após a fecundação, durante o desenvolvimento do fruto, ocorrem três períodos,

considerados de ajustes, em que a abscisão se torna acentuada: imediatamente após a

polinização, durante o crescimento inicial do fruto (“june drop” no hemisfério norte e

queda de frutos de novembro no hemisfério sul) e durante a maturação. A abscisão de

frutos logo após a fecundação parece estar relacionada com fatores hormonais, com a

giberelina tendo um papel central (TALON et al., 1992). Durante a queda de junho, no

hemisfério norte (June drop) a abscisão esta particularmente relacionada com a

competição por fotoassimilados (IGLESIAS et al., 2003; RUIZ et al., 2001). Para o

hemisfério sul é possível que a queda de novembro também esteja relacionada com a

competição por carboidratos, porém não encontramos esta informação.

Geralmente a fixação de frutos após a antese é mais relevante do que o número

de flores como fator limitante da produção. Somente durante os anos de baixa produção

de frutos, em casos de alternância de safra, a produção é determinada pela falta de um

número suficiente de flores (GUARDIOLA et al., 1992). Ou seja, a variação no número

de frutos (carga pendente), de flores e de folhas afeta a frutificação do ano posterior.

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Os citros florescem em ramos com 4 a 18 meses de idade, sendo que as flores

provenientes de ramos de verão ou outono anteriores (ramos mais novos) fixam-se

melhor do que aqueles produzidos na primavera anterior (ramos mais velhos). Contudo,

em todo o crescimento do verão, a árvore depende da disponibilidade de carboidratos

(PRADO et al., 2005).

Há, aparentemente, uma competição entre os frutos em desenvolvimento e as

novas brotações, o que torna relevante avaliar como a intensidade de frutificação

interfere no florescimento seguinte, ou seja, no número e tipo de flores, além da sua

fixação.

As inflorescências com folhas (brotos com folhas e flores) produzem

relativamente mais frutos do que inflorescências sem folhas (ERNER, 1989; RUIZ et

al., 2001). Na inflorescência com folhas, o fruto jovem cresce mais rapidamente e

apresenta maior probabilidade de sobreviver até a colheita, em relação aos frutos de

inflorescência sem folhas (ZUCCONI et al., 1978). O maior crescimento inicial e a

fixação de frutos estão diretamente relacionados (RUIZ et al., 2001; ZUCCONI et al.,

1978). A porcentagem de fixação de frutos está inversamente relacionada ao número de

flores, diminuindo à medida que o número de flores aumenta, de forma que o número de

frutos formados permanece quase constante por uma ampla faixa de florescimento.

Pode-se encontrar correlação entre a abscisão e os teores de carboidratos em

folhas e frutos (RUIZ et al., 2001) já que o número de frutos (GARCIA-LUIS et al.,

1988) ou de folhas (MEHOUACHI et al., 1995) pode alterar a competição por açúcares

na planta.

O amido e os carboidratos solúveis constituem reservas para o crescimento

vegetativo e reprodutivo (GOLDSCHMIDT & GOLOMB, 1982). A abscisão de frutos

em cultivares de laranjeiras doces, em parte, é causada por limitações no suprimento de

carboidratos e pelos níveis de açúcar na casca (IGLESIAS et al., 2003; RUIZ et al.,

2001). IGLESIAS et al. (2003) observaram maior taxa de fixação de frutos, ou menor

abscisão em plantas suplementadas com carboidratos, sugerindo que a fixação de frutos

é limitada pela disponibilidade de carboidratos. Esta aparente relação entre fixação de

frutos e teores de carboidratos talvez esteja relacionada com o fato de que a fixação do

fruto é maior nos ramos onde há inflorescências com folhas do que as sem folhas. As

inflorescências sem folhas antecipam o florescimento e muitas de suas flores

desenvolvem-se até a maturação.

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Nos cultivares de produção alternante, a intensidade de floração nos anos após a

boa produção é inversamente proporcional à carga de frutos anterior e a sua

permanência na planta (GOLDSCHMIDT et al., 1985; GUARDIOLA et al., 1977;

MONSELISE et al., 1983; MOSS, 1971). O fruto exerce efeito inibidor de crescimento

vegetativo e na indução floral. Ambos os componentes do florescimento, o número de

botões disponíveis e a conversão de botões vegetativos em flores são, portanto, afetados

pelo fruto. Dessa maneira freqüentemente é estabelecida uma relação inversa entre o

florescimento e a carga produtiva anterior (GUARDIOLA, 1992).

A abertura das flores coincide com a presença mínima de nutrientes nas folhas e

o “june drop” (queda fisiológica de frutos em junho no hemisfério norte) com uma

transição no decréscimo de carboidratos metabolizados assim como presença de

nutrientes minerais em inflorescências jovens. Ambos os períodos de queda das

estruturas reprodutivas coincidem com o mínimo de reservas acumuladas, assim como

ácidos orgânicos ou minerais, nos órgãos vegetativos da planta e esse fato pode estar

relacionado às causas primárias na queda de frutinhos em desenvolvimento. Se o

pegamento de frutos é determinado pelo suprimento de nutriente isso pode ser viável

para demonstrar que a abscisão dos frutos coincide com seus teores mínimos havendo,

portanto, uma relação direta entre o teor desses nutrientes e a fixação (SANZ et al,

1987).

RUIZ et al. (2001) observaram que durante o crescimento inicial dos frutos o

acúmulo de nitrogênio (N), fósforo (P) e de potássio (K) foi linearmente relacionado

com o acúmulo de matéria seca. Parte dos 3 elementos era mobilizado de folhas mais

velhas para os órgãos em desenvolvimento.

A absorção de nutrientes minerais pelos citros ocorre durante todo o ano, sendo

maior, porém no florescimento e durante a formação de folhas e ramos novos,

respectivamente em setembro a dezembro e em março a abril. A laranjeira é capaz de

absorver N na forma amoniacal, amídica e nitrato. A absorção de N ocorre em mínima

quantidade durante o inverno e em máxima proporção no fim da primavera. Este

nutriente, quando absorvido no outono e início do inverno, fica acumulado até a

primavera. Nesse momento sofre redistribuição e passa a ser usado, em parte, no

florescimento e na frutificação. O P mostra-se menos necessário do que o N e o K para

o desenvolvimento vegetativo e a produtividade das plantas cítricas. O K tem menor

efeito sobre o crescimento do que o N e sua maior absorção é observada na primavera e

no verão. Durante a maturação dos frutos há uma redução de até 60% no teor foliar

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deste nutriente, provavelmente, devido a sua migração das folhas para os frutos. O K

influi positivamente no tamanho dos frutos, na sua cor, espessura da casca, porcentagem

dos ácidos e no teor de vitamina C. Entretanto, reduz a porcentagem de suco e a relação

sólidos solúveis/acidez (CASTRO et al, 2001).

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local, clima e solo

Esta pesquisa iniciou em janeiro de 2004 e foi conduzida em um pomar de

laranjeiras ‘Valência’ enxertadas sobre limoeiro ‘Cravo’ (Citrus Limon Osbeck) com

aproximadamente 12 anos de idade, no espaçamento 8X5 m, no Centro APTA Citros –

‘Sylvio Moreira’ do Instituto Agronômico (IAC), situado no município de

Cordeirópolis.

O clima da região é do tipo Cwa (tropical úmido), segundo a classificação de

Köppen e o solo, latossolo vermelho distrófico e textura médio-argilosa.

Os dados climáticos como temperatura, precipitação, radiação solar e umidade

solar, foram medidos em um posto meteorológico automático situado a 500 m do campo

experimental.

3.2 Instalação do experimento, irrigação e retirada de frutos

O experimento foi conduzido em duas etapas, com duração de 25 meses de

execução e análises.

O experimento foi conduzido em 31 plantas e o delineamento experimental

adotado foi o fatorial 2X2, com quatro tratamentos e 6 repetições, sendo uma planta por

parcela que totalizaram 24 plantas na área útil. Entre os tratamentos houve plantas de

bordadura, que totalizaram 31 plantas. Todas as plantas apresentavam-se uniformes com

a presença de frutos jovens.

Os tratamentos foram aplicados foram: plantas Irrigadas e Com Frutos (ICF);

plantas Irrigadas Sem Frutos (ISF); plantas Não Irrigadas e Com Frutos (NICF);

plantas Não Irrigadas e Sem Frutos (NISF). Nos tratamentos sem frutos, que simulam

de plantas sem produção, todos os frutos foram retirados manualmente em fevereiro de

2004. Foram irrigadas 12 plantas, 6 com e 6 sem frutos e as demais 12 não foram

irrigadas, ou seja, receberam exclusivamente a água proveniente da ocorrência de chuva

natural. Nos tratamentos irrigados, a quantidade de água aplicada foi equivalente a

100% da evapotranspiração potencial (Figura 1).

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O sistema de irrigação utilizado foi o de gotejamento, composto por duas linhas

de gotejadores de 4 L.h-1, espaçados de 1m um do outro. Os cálculos da

evapotranspiração foram feitos segundo o método de Penman-Monteith e os balanços

hídricos foram feitos utilizando-se a planilha eletrônica desenvolvida por ROLIM et al.

(1998). Foi considerada uma capacidade de água disponível (CAD) de 100 mm.

Figura 1 - Foto das laranjeiras ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ após a retirada dos

frutos em fevereiro de 2004. (A) Laranjeira sem e (B) com frutos.

A B

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3.3 Primeira etapa (fevereiro de 2004 a outubro de 2005)

Na primeira etapa do experimento foram efetuadas as seguintes avaliações no

período compreendido entre fevereiro de 2004 à outubro de 2005.

3.3.1 Avaliações de florescimento e crescimento vegetativo

Em cada tratamento e repetição foram selecionados quatro ramos (pintados com

tinta látex branca) com tamanho inicial variando entre 40 a 50 cm e à partir de fevereiro

de 2004 a janeiro de 2005 (12/01/2005), estimou-se o crescimento vegetativo por meio

de medidas mensais do comprimento dos ramos e suas brotações novas.

Em julho de 2004 selecionou-se 4 ramos brotados no verão de 2003/2004

(chamados ramos jovens) e 4 ramos brotados na primavera 2003 (chamados ramos

velhos), por planta e por tratamento. Nestes ramos, a partir de agosto (09/08/04), que é o

período de indução do florescimento, até o final do processo de abscisão de frutos

(26/11/04, novembro de 2004), contou-se o número de flores (flores solteiras, ou seja,

inflorescência sem folhas e flores com folhas) e de brotações vegetativas, em intervalos

de aproximadamente 15 dias. Considerou-se para estas contagens de inflorescência,

doze gemas por ramo, contadas a partir do ponteiro, totalizando uma amostra de 288

gemas por tratamento por idade de ramo (4ramos/planta) X (12gemas/ramo) X

(6plantas/tratamento) = 288 gemas/tratamento. Os resultados foram apresentados em

porcentagem, isto é, [(órgão considerado/288) x 100]. Em 10 fevereiro de 2005 foram

contados todos os frutos de cada árvore e em 06 de outubro de 2005 procedeu-se a

colheita e pesagem dos mesmos, nas plantas dos tratamentos ICF e NICF. A produção

de frutos foi expressa em kg/laranjeira.

3.4 Segunda etapa (setembro de 2005 até dezembro de 2005)

Na segunda etapa do experimento foram efetuadas as seguintes avaliações no

período compreendido entre setembro de 2005 à dezembro de 2005.

Na segunda etapa utilizaram-se as mesmas plantas, o mesmo delineamento e

estas plantas não sofreram tratamento suplementar e em conseqüência dos tratamentos

de retirada de frutos, aplicados em fevereiro de 2004 e da irrigação em metade das

plantas, a produção de frutos da safra 2004/2005 (colhidos em 06 de outubro de 2005)

foram diferentes, cujos resultados são mostrados à frente (no item resultados e

discussão).

Nesta segunda etapa do experimento avaliaram-se como a produção da safra

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2004/2005 afetou o florescimento e fixação de frutos na safra seguinte (2005/2006). A

continuidade do experimento foi feita, portanto, com as mesmas plantas, repetições e

delineamento experimental da etapa experimental anterior.

3.4.1 Avaliações de florescimento e frutificação

Entre meados de setembro de 2005 (12/09/2005) até meados de dezembro

(08/12/2005), ou seja, entre o florescimento e fixação de frutos, quantificou-se o

número de flores e de frutos, em intervalos de aproximadamente uma semana. Em

outubro, 06/10/2005 foi feita a colheita dos frutos, como descrito anteriormente. As

contagens dos órgãos reprodutivos (flores e frutos) foram efetuadas por amostragem em

dois locais da copa de cada planta, ou seja, num quadrante relativo ao nascente e noutro

relativo ao poente e na altura média da copa (ARAÚJO et al., 1999). Cada quadrante era

limitado por um quadrado com área de amostragem de 1m2, amostrando-se, portanto

2m2 por árvore por data. A contagem dos órgãos reprodutivos prosseguiu até que o

número de frutos permanecesse praticamente constante em duas épocas consecutivas de

contagem.

Em 08 de dezembro de 2005 mediu-se o diâmetro dos 10 frutos por planta em

cada repetição com um paquímetro digital.

3.4.2 Avaliação dos teores de carboidratos

Coincidente com as datas das contagens de flores e frutos foram colhidas sete

folhas maduras (de aproximadamente seis meses de idade) por repetição e por

tratamento para análise do teor de carboidratos. Imediatamente após a coleta as folhas

eram mergulhadas em nitrogênio líquido e armazenadas a -20ºC até a análise. Antes da

elaboração do extrato para análise as folhas foram submetidas à secagem em estufa com

circulação forçada de ar à temperatura de 60ºC por cinco dias, até obtenção de massa

constante. O extrato para análise de açúcares redutores (glicose e frutose) e sacarose foi

obtido a partir da extração alcoólica (100mg de amostra seca moída com 5mL de etanol

80%) durante 4 horas em banho-maria à 50ºC. As determinações dos teores de açúcares

foram feitas por HPLC, em coluna Dionex P1, tendo como solvente NaOH 40 mM com

fluxo de 0,8 mL/min, e detecção em detetor de pulso amperométrico (MAZZAFERA,

2005)∗. A análise de amido foi feita no resíduo do precipitado após banho-maria à 50ºC.

A extração do amido no resíduo precipitado foi feita com 5mL de ácido perclórico a

∗ Comunicação pessoal:Professor Dr Paulo Mazzafera, Depto de Biologia Vegetal – UNICAMP ([email protected])

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30% por três vezes consecutivas à 50ºC por 20min cada. O amido foi determinado pelo

método de determinação do teor de carboidratos não-estruturais totais, com uso de

regente de antrona 0,1% em ácido sulfúrico 95% (YEMM & WILLIS, 1954).

As análises dos teores de amido são relevantes pois subsidiam discussão em

relação as respostas do florescimento e da frutificação.

3.5 Teores de elementos minerais

Mediram-se os teores de nitrogênio, fósforo e potássio nas duas etapas do

experimento, colhendo-se para análise, o terceiro e quarto pares de folhas de ramos com

e sem frutos de aproximadamente seis meses de idade, pertencentes a ramos com e sem

frutos em todos os tratamentos.

As folhas foram coletadas, na primeira etapa em 07 de abril de 2005 e na

segunda etapa em dezembro de 2005, sendo que as análises foram efetuadas no

Laboratório de Análises de Solo e Planta do Instituto Agronômico de Campinas,

segundo método sugerido por BATAGLIA et al. (1983).

O delineamento experimental utilizado foi fatorial 2x2, com 6 repetições,

realizou-se as análises de variância e a comparação das médias foi feita pelo teste de

Tukey a 5%. Para análise dos teores de N, P e K, utilizou-se o delineamento

experimental fatorial 4X2. As análises estatísticas foram efetuadas com o programa

ESTAT – Sistema para análises estatísticas (v.2.0), da Universidade do Estado de São

Paulo – FCAV: Pólo Computacional/Depto de Ciências Exatas e as médias foram

comparadas pelo teste de Tukey aos níveis de 1 e 5%.

A seguir incluímos um organograma da parte experimental.

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30

ORGANOGRAMA EXPERIMENTAL

ANO/MES2004JANFEVMARABRMAIJUNJULAGO

SETOUT

NOV

DEZ2005JANFEVMARABRMAIJUNJULAGO

SETOUT

NOV

DEZ

Em fevereiro criou-se artificialmente plantas com e sem frutos. Foram retirados todos os frutos de 12 plantas, e mantido os frutos deoutras 12 plantas. Metade das plantas foram irrigadas. Assim constituiu-se os tratamentos plantas: Irrigadas e Com Frutos (ICF); Irrigadas e Sem Frutos (ISF); Não Irrigadas e Com Frutos (NICF) e Não Irrigadas e Sem Frutos (NISF).

Em ramos marcados, nas plantas ICF, ISF, NICF e NISF foram contados as flores, e frutos fixados referentes ao florescimento ocorrido após a aplicação dos tratamentos em fevereiro de 2004. Também avaliou- se o tipo de brotação em função da idade do ramos (isto é ramos novos - brotados no verão de 2004 e ramos velhos brotados na primavera de 2003/2004). Analisou-se o teor de macronutrientes em abril de 2005 em folhas provenientes de ramos com e sem frutos.

Medida mensal de crescimento de ramos (entre março e dezembro).

Contagem de frutos fixados provenientes do florescimento ocorridoem outubro de 2004

Colheita de frutos referente à safra 2004/2005 em outubro

Nas mesmas plantas utilizadas na etapa anterior procedeu-se várias medidas, com o objetivo de analisar o efeito das diferentes produções sobre o florescimento, fixação de frutos,teor de carboidratos nas folhas e crescimento inicial dos frutos. Medidas: 1) contagem semanal de flores e de frutos em 2 metros quadrados de copas por árvore; 2) análise semanal do teor de carboidratos; 3) em dezembro de 2005 procedeu-se análise do teor de macronutrientes em folhas provenientes de ramos com e sem frutos.

ORGANOGRAMA DE ATIVIDADES

Medidas efetuadas

ATIVIDADES DA PRIMEIRA ETAPA

ATIVIDADES DA SEGUNDA ETAPA

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A figura 2 mostra as condições do ambiente nos dois anos de experimentação.

Em 2004 a média decendial de temperatura mínima foi menor que em 2005 e que o

déficit hídrico no solo foi pequeno. Em 2005 já ocorreu um período maior e mais

acentuado de déficit hídrico.

4.1 Primeira etapa

4.1.1 Florescimento e crescimento vegetativo

O crescimento de ramos foi significativamente maior, sendo que não houve

interações entre os tratamentos (p<0,05, análises estatísticas apresentadas nos Anexos)

nas plantas (ISF e NISF) cujos frutos foram retirados (Figura 3). Esse crescimento

maior foi observado após a retirada dos frutos (fevereiro de 2004) possivelmente devido

à menor competição por fotoassimilados nas plantas sem frutos. Os frutos constituem-se

nos órgão que exercem maior poder dreno da planta, consumindo ao redor de 80% dos

carboidratos produzidos (BUSTAN & GOLDSCHMIDT, 1998).

No período entre abril e agosto de 2004 o crescimento dos ramos praticamente

cessou e a planta permaneceu aparentemente dormente nestes meses, devido

possivelmente à queda da temperatura (Figura 2). Em geral, em citros o crescimento

diminui com a queda na temperatura e, praticamente cessa por volta de 13oC

(REUTHER, 1977). Depois deste período, com a elevação da temperatura do ar, o

crescimento dos ramos voltou a aumentar mostrando um surto de crescimento na

primavera e manteve-se numa taxa aproximadamente constante também durante o

verão, visto que o ângulo de inclinação da curva entre setembro de 2004 e fevereiro de

2005 permaneceu praticamente constante (Figura 3).

A irrigação não apresentou efeito em relação ao desenvolvimento vegetativo,

porque neste período do experimento (2004), não houve escassez importante de água e o

crescimento contínuo ocorreu sob condições favoráveis de temperatura e umidade do

solo. Além disso, o fator em questão está relacionado também ao processo de floração e

frutificação, principalmente no que se refere à estrutura da planta e sua capacidade

fotossintética (AGUSTÍ & ALMELA, 1992). Em laranjeiras períodos de baixas

temperaturas e/ou de deficiência hídrica são favoráveis à indução de modificações

internas nas gemas as quais, em condições favoráveis, florescem na primavera, em

resposta ao aumento da temperatura e ocorrência de chuvas (Figuras 2 e 4). Neste

período também ocorre a retomada do crescimento vegetativo (REUTHER, 1977)

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(Figuras 3 ). Em 2004 o déficit hídrico não foi intenso em Cordeirópolis, portanto não

houve diferenças significativas entre os tratamentos, sendo que esses dados de

crescimento referem-se à somatória dos dados coletados em todas as medições

realizadas no período.

Figura 2 - Temperaturas máximas e mínimas, precipitação e balanço hídrico em 2004 e 2005, em Cordeirópolis – SP.

9

12

15

18

21

24

27

30

33

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai Jun

Jul

Ago Se

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utN

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0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

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Jan

Fev

Mar

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Mai Jun

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0

20

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100

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140

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(m

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Mes

2005

9

12

15

18

21

24

27

30

33

Temperatura ( oC)

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Jan

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Mar

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Mai Jun

Jul

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0

20

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160

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Jan

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Mai Jun Jul

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2004

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10/2/

2004

10/4/

2004

10/6/

2004

10/8/

2004

10/10

/2004

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2005

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100

120

140

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prim

ento

de

ram

o (c

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Data

NISF NICF ISF ICF

Figura 3 - Crescimento de ramos em laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’, nos seguintes tratamentos: laranjeiras desbastadas sem irrigação (NISF) e com irrigação (ISF) e laranjeiras não desbastadas sem irrigação (NICF) e com irrigação (ICF), em novembro de 2004, Cordeirópolis –SP.

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Figura 4 - Tipos de estruturas brotadas a partir gemas (288 gemas por tratamento) em laranjeira “Valência” sobre limoeiro “Cravo” irrigada com (ICF) ou sem fruto (ISF); e não irrigadas e com frutos (NICF) ou sem frutos (NISF). Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados manualmente em fevereiro de 2004.

0

10

20

30

40

50

0

10

20

30

40

50

0

10

20

30

40

50

23/07/0420/08/04

17/09/0415/10/04

12/11/0410/12/04

0

10

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0

10

20

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23/07/0420/08/04

17/09/0415/10/04

12/11/0410/12/04

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10

20

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NISF

Flor sem folhas; Flor+folha; Vegetativa; ChumbinhoRamos jovens

NICF

Tipo

de e

strut

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(%)

ICF

Data

ISF

NISF Ramos velhos

NICF

ICF

ISF

Data

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tenha sido devido principalmente às baixas temperaturas do inverno (RIBEIRO et al.,

2006). Observou-se que entre maio e julho, a temperaturas máximas não ultrapassaram

a 27 °C e as mínimas chegaram a ficar abaixo de 15 °C, e portanto, favoráveis à indução

floral (ALBRIGO et al., 2002). Este ano, no entanto, o florescimento foi considerado

pouco intenso.

A figura 4 mostra a dinâmica do desenvolvimento e os tipos de estruturas

vegetativas ou reprodutivas provenientes das gemas em ramos jovens e velhos

selecionados. Em ambos os tipos de ramos, jovens ou velhos, houve brotação de ramos

vegetativos, principalmente após outubro. O desenvolvimento vegetativo ou reprodutivo

das gemas depende das condições fisiológicas e ambientais (REUTHER, 1977).

Observou-se que prioritariamente as gemas pertencentes a ramos jovens, ou seja,

daqueles brotados no verão de 2004, deram origens a flores com folhas, principalmente.

MOSS, 1970, observaram que a terça parte das inflorescências de uma planta apresenta

folhas. As inflorescências que apresentam folhas são as que têm maior capacidade de

‘pegamento’ do fruto (AGUSTÍ et al. 1992; LENZ, 1966; SAUER, 1951), e de acordo

com GOLDSCHMIDT et al. (1985), o desbaste ou retirada dos frutos da planta, nos

seus primeiros estágios de desenvolvimento, aumenta o acúmulo de reservas e leva a um

aumento na floração seguinte.

Nas plantas com frutos (NICF e ICF) houve predominantemente a presença de

brotações vegetativas no período do verão. É conhecido que a quantidade de frutos da

colheita precedente afeta a brotação e a floração, o que evidencia a concorrência por

substratos para o surgimento de novas flores e sua manutenção até a formação de novos

frutos. Além dos frutos competirem por fotoassimilados para seu crescimento

(GOLDSCHMIDT & KOCH, 1996), também suas sementes produzem giberelinas, que

podem inibir o florescimento (CASTRO et al., 1997; DAVENPORT, 1990). As plantas

cujos frutos não foram retirados em 02/2004, produziram na média 3,5 caixas planta-1, o

que significa uma produção relativamente alta.

Outro fato que pode explicar a maior intensidade de florescimento nos

tratamentos NISF e ISF (Figura 4) foi o maior crescimento vegetativo de verão

(Figura3) que induziu a formação de ramos aptos a florescerem na primavera seguinte

(MEDINA et al. 2005). Destaca-se que os ramos brotados no verão normalmente são

mais externos à copa e expostos a radiação solar onde há maior disponibilidade de

energia fotossíntese, transpiração e acúmulo de nutrientes, que podem favorecer o maior

florescimento ou maior fixação de frutos. Na figura 4 pode ser observado que há maior

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número de estruturas reprodutivas nos ramos de verão que naqueles mais velhos,

gerados na primavera anterior.

4.1.2 Produção de frutos

A produção de frutos foi significativamente (p>0,05) maior nos tratamentos

desbastados e o desenvolvimento mais importante ocorreu na primavera (Figuras 4 e

5B), principalmente nas laranjeiras pertencentes aos tratamentos que tiveram os frutos

retirados em fevereiro de 2004 (NISF e ISF) (alta produção na safra 2004/2005) em

relação aos tratamentos NICF e ICF (baixa produção na safra 2004/2005).

A dinâmica de surgimento de flores e de frutos no ano de 2004 foi semelhante

nos tratamentos NISF e ISF independente, portanto do fornecimento suplementar de

água por meio de irrigações. Certamente os breves períodos em que ocorreram déficits

hídricos, de acordo com a figura 2 não foram suficientes para afetar positivamente mais

ao florescimento. A irrigação não apresentou efeito detectável estatisticamente. Neste

caso, ficou evidente que a maior produção de frutos foi relacionado com a produção de

flores (Figura 4) e com o número de frutos fixados (Figura 5A) nos tratamentos NISF e

ISF.

Como esperado a massa individual de fruto foi significativamente maior

(p<0,05) nas plantas com menor número de frutos, ou seja, as referentes aos tratamentos

NICF e ICF, em função da competição entre frutos pelo substrato disponível (BUSTAN

& GOLDSCHMIDT, 1998). Os frutos são drenos eficientes de fotoassimilados,

consumindo ao redor de 80% de todo assimilado produzido pela planta (BUSTAN &

GOLDSCHMIDT, 1998). GARCIA-LUIS et al. (1995) também observaram um maior

intensidade de florescimento e de formação de ramos em plantas cujos frutos foram

retirados. Após novembro e durante dezembro, isto é aproximando-se do verão, ocorreu

um aumento nas brotações do tipo vegetativa em todos os tratamentos (Figura 4).

A produção de frutos foi significativamente (p>0,05) maior nos tratamentos em

que se fez a retirada artificial dos frutos em fevereiro de 2004, ou seja, nos tratamentos

NISF e ISF (alta produção) em relação aos tratamentos NICF e ICF (baixa produção). A

irrigação não apresentou efeito detectável estatisticamente na produção de frutos (Figura

5B). Neste caso, ficou evidente que a maior produção de frutos foi relacionado com a

produção maior de flores (Figura 4) e com o número de frutos fixados (Figura 5A) nos

tratamentos ISF e NISF. Como esperado a massa individual de fruto foi maior nas

plantas com menor número de frutos, ou seja, as referentes aos tratamentos NICF e ICF,

em função da competição entre frutos pelo substrato disponível (BUSTAN &

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GOLDSCHMIDT, 1998). TONET et al. (2002) também observaram que a eliminação

de frutos num ano acarretou em maior produção em função da ausência de competição.

Figura 5 - Número de frutos (A); produção de frutos (B) e massa individual de fruto (C)

em laranjeira ‘Valência’ não irrigada com e sem fruto (NICF, NISF) e irrigada com e

sem fruto (ICF, ISF). Colheita em outubro de 2005.

NISF NICF ICF ISF0

40

80

120

160

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B

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NISF NICF ICF ISF0

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NISF NICF ICF ISF0

200

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Também estes autores sugeriram a possibilidade destas plantas entrarem em uma

seqüência de alternância de safra.

4.2 Segunda etapa

4.2.1. Florescimento e frutificação

Segundo AGUSTÍ (2000) a quantidade de frutos colhidos numa safra afeta a

brotação e crescimento vegetativo e, conseqüentemente, a floração da safra seguinte.

Nas laranjeiras com diferentes produções avaliou-se o efeito da carga pendente na safra

de 2005 e da irrigação na dinâmica do florescimento e da fixação de frutos da safra

seguinte, isto em 2005/06. Pela figura 6 observa-se a dinâmica do aparecimento de

flores e de frutos no período entre início de setembro até meados de dezembro de 2005.

Independente do tratamento em que as plantas foram submetidas o padrão de

florescimento foi semelhante, ou seja, aumentou até um máximo e depois diminuiu até

que todas as flores ou caíram ou foram fecundadas dando origem a frutos.

O número máximo de flores das plantas irrigadas (ISF e ICF) ocorreu ao redor

de 17 de setembro de 2005, ou seja, aproximadamente 15 dias antes do que as plantas

não irrigadas (NICF e NISF), que ocorreu ao redor de 1 de outubro de 2005 (Figura 6 e

7). Assim, mesmo sem déficit hídrico o florescimento ocorreu nas plantas irrigadas,

possivelmente porque o período de baixa temperatura foi o suficiente para induzir o

florescimento e também devido às chuvas ocorridas em setembro desse ano. O período

de indução pelo frio deve ter ocorrido entre junho e agosto de 2005 (Figura 2), quando a

temperatura do ar abaixou significativamente. Nota-se que no tratamento irrigado (ISF e

ICF) a maior quantidade de flores abertas (antese) no período de máximo florescimento

ocorreu nas plantas ICF. Vale aqui ressaltar novamente que as plantas ISF foram as que

apresentaram maior produção de frutos em 2005 (Figura 5).

A menor quantidade de flores apresentada no tratamento ISF pode estar

relacionada a três fatos: 1º) devido à competição por reservas entre os frutos em

maturação e as flores, e/ou 2º) ainda ao efeito inibitório devido produção de giberelina

pelas sementes, que poderiam causar uma inibição parcial no florescimento, em relação

às plantas ICF que produziram menos em 2005 (Figura 5 e 6), 3º) relacionado ao maior

crescimento vegetativo de verão e outono anteriores, formando maior número de ramos

aptos a florescerem na primavera seguinte (Figura 3 e 4) à semelhança que houve no

ano de 2004. O número máximo de flores nos tratamentos não irrigados (NICF e NISF)

foi maior que o das plantas irrigadas (ISF e ICF). O florescimento mais intenso

possivelmente está relacionado com o efeito suplementar da deficiência hídrica em

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Figura 6 - Desenvolvimento do número de flores (A) e de frutos (B) (‘chumbinho’) em laranjeira “Valência” sobre limoeiro “Cravo” nos tratamentos plantas não irrigadas e sem fruto (NISF) ou com fruto (NICF) e plantas irrigadas sem frutos (ISF) ou com frutos (ICF). Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Barras indicam erro padrão.

3/9/2005

17/9/2005

1/10/2005

15/10/2005

29/10/2005

12/11/2005

26/11/2005

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0

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1200

1500

3/9/2005

17/9/2005

1/10/2005

15/10/2005

29/10/2005

12/11/2005

26/11/2005

10/12/2005

0

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600

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1020

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506070

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Núm

ero

de f

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Núm

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NISF; NICF; ICF; ISF

A

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Núm

ero

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(2m

2 )-1

Data

B

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Figura 7 – Laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ com (A) e sem (B) irrigação,

mostrando a antecipação do florescimento e brotações em plantas irrigadas. Foto obtida

em setembro de 2005.

A

B

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41

acúmulo ao efeito da baixa temperatura na indução do florescimento. A intensidade e

distribuição do florescimento estão relacionadas geralmente à intensidade e duração do

estresse quando a planta entra em dormência e o crescimento é retomado ao retornar as

condições ambientais adequadas (RIBEIRO et al., 2006; VOLPE, 1992).

Comparativamente, nas plantas sem irrigação, o número máximo de flores ocorreu no

tratamento que teve a menor produção de frutos em 2005, o NICF. As razões possíveis

são as mesmas discutidas em relação a plantas irrigadas, ou seja, competição por

substrato e efeito inibitório parcial dos frutos sobre o florescimento (AGUSTÍ, 2000;

CASTRO et al., 2001; DAVENPORT, 1990; REUTHER, 1977).

Na figura 6B observa-se o curso no tempo do número de frutos fixados. O

número de frutos, em cada período é dado pelo balanço entre os frutos fixados e os

frutos que sofrem abscisão. Em todos os tratamentos, após a antese e fecundação, há um

crescente aparecimento de frutos até atingir um valor máximo. O número máximo de

frutos ocorreu primeiramente, como esperado nas plantas irrigadas, para depois ocorrer

nas plantas não irrigadas. Em relação ao pico no número de frutos, houve um padrão

semelhante ao das flores, ou seja, foi mais precoce nas plantas irrigadas e com maior

número nas plantas não irrigadas. Em todos os tratamentos, após o período de grande

abscisão, o número de frutos realmente fixados foi somente uma pequena fração em

relação ao número de flores, confirmando outros trabalhos (AGUSTÍ, 2000; CASTRO

et al., 2001). No entanto, o número final de frutos fixados até a última contagem em 8

de dezembro, foi estatisticamente maior (p<0,05) nas plantas cujo tratamento inicial em

fevereiro de 2004 se mantiveram os frutos (NICF e ICF), ou seja, naquelas em que a

produção de frutos em 2005 foi menor (Figura 5). Este resultado sugere que a

competição por fotoassimilados pode afetar o pegamento de frutos da safra seguinte.

O fato de o número de frutos dos tratamentos irrigados apresentarem-se

inferiores pode ter sido devido às plantas irrigadas não terem sofrido suficiente estresse

por falta d’água durante o período das análises, estimulando e compensando sua

produção, devido ao fato do florescimento geralmente ocorrer após a quebra de

dormência induzida por um período apreciável de baixas temperaturas ou seca

(DAVENPORT, 1990). Dessa forma, o período de frio também contribuiu para o

desenvolvimento das plantas, resultando em uma alta produção de flores e frutos

(Figura 6A). LOVATT et al. (1988) sugerem que a intensidade de distribuição da

floração está relacionada geralmente à intensidade e duração do estresse quando a planta

entra em repouso, o que resulta num acúmulo de reservas, que são rapidamente

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consumidas durante a florada, no desenvolvimento vegetativo e de estruturas

reprodutivas, quando há o restabelecimento das condições climáticas ideais (ABBOT,

1935). Estes resultados sugerem que a disponibilidade de carboidratos pode afetar o

pegamento de frutos.

4.2.2 Teores de carboidratos

Em 8 de dezembro de 2005, quando o número de frutos estabilizou-se foram

medidos os diâmetros dos frutos que permaneceram nas plantas, como uma estimativa

do tamanho inicial destes frutos. Neste caso a irrigação apresentou um efeito

significativo, pois os frutos das plantas irrigadas apresentaram crescimento inicial maior

(Figura 8). Em 2005, no período de crescimento inicial dos frutos, até dezembro houve

déficit hídrico pequeno (Figuras 2), que parece que contribuiu significativamente para

diminuir o crescimento dos frutos das plantas não irrigadas, provavelmente devido a

possível queda na taxa de fotossíntese. Também devido ao maior crescimento dos frutos

veremos à frente (Figura 9) que o teor de carboidratos metabolizáveis (carboidratos

solúveis + amido) nas folhas foi menor nas plantas irrigadas.

Na figura 9 observa-se o teor de carboidratos nas folhas desde a indução floral

(agosto) até após o período em que a queda de frutos é irrisória, ou seja, até o período

em que o número de frutos praticamente se estabilizou (8 de dezembro). Na primeira

coleta de folhas, em 8/8/2005, os teores de carboidratos solúveis totais (glicose + frutose

+ sacarose, Figura 9A) referentes aos tratamentos irrigados (ICF e ISF) foram

significativamente menor (p<0,05) que dos tratamentos não irrigados (NISF e NICF).

Em agosto houve condições para indução floral (baixa temperatura, Figura 2) e

nas plantas irrigadas o florescimento ocorreu mais cedo em relação às não irrigadas,

devido possivelmente às condições favoráveis de umidade neste tratamento. Após

agosto os teores de carboidratos solúveis totais das plantas irrigadas tenderam a

aumentar enquanto que os das plantas não irrigadas diminuíram. Tal fato pode estar

relacionado com a indução do florescimento e com o florescimento que também

ocorreram em períodos subseqüentes (Figura 6). Nas plantas não irrigadas (NISF e

NICF) o déficit hídrico manteve as plantas em dormência, portanto ainda num processo

de indução de florescimento. Nas plantas não irrigadas ocorreu queda no teor de

carboidratos solúveis totais entre meados de agosto e 15 de outubro, sugerindo a

ocorrência de um de fluxo de carboidratos para as flores. Já se discutiu que o maior

florescimento nas plantas não irrigadas deve estar relacionado com o maior período de

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Figura 8 - Diâmetro de frutos (‘chumbinho’ até ‘ping-pong’) medidos em 8 de dezembro de 2005 (safra 2005/2006), em laranjeira “Valência” sobre limoeiro “Cravo” nos tratamentos plantas não irrigadas e sem (NISF) ou com frutos (NICF) e plantas irrigadas e sem frutos (ISF) ou com frutos (ICF). Nos tratamentos em frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Barras indicam desvio padrão.

NISF NICF ICF ISF --0

5

10

15

20

25

30

35

40D

iâm

etro

de

frut

o (m

m)

Tratamento

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indução em função do déficit hídrico e ser indicação que a indução floral depende da

ocorrência de fatores climáticos indutivos e podem permanecer indeterminadas

imediatamente antes da brotação, ou seja, vegetativa ou reprodutiva antes da quebra de

dormência (HALL et al. 1977) (Figura 6). A quebra da dormência nas plantas não

irrigadas ocorreu com o estímulo do re-início das chuvas (Figura 2) e conseqüente

ocorrência do florescimento (Figura 6). GARCÍA-LUIS et al. (1995) também

observaram uma queda no teor de açucares solúveis por ocasião da indução floral.

No florescimento máximo tanto das plantas irrigadas como das não irrigadas os

teores de carboidratos solúveis e metabolizáveis (Figura 9A e 9C) (metabolizáveis =

carboidratos solúveis + amido) foram semelhantes e não variaram, sugerindo que o

florescimento em si não afetou o consumo de carboidratos. Ou seja, a despeito das

diferenças na intensidade de florescimento os teores de carboidratos apresentaram

diferenças relativamente pequenas, à semelhança do que também verificaram GARCIA-

LUIZ et al. (1995). Ou seja, não observamos uma diferença evidente no teor de

carboidratos com o florescimento máximo.

As plantas que apresentaram maior produção de frutos na safra 2004/2005 (ISF e

NISF, Figura 5) também apresentaram menor quantidade de flores em 2005 (Figura 6).

No entanto, isto não implicou em maior consumo de reservas ou de carboidratos em

geral, em relação a laranjeiras que floresceram menos (Figura 6 e 9). Tal resultado

indica que a maior produção de frutos nestas plantas inibiu o florescimento por outras

causas que não a competição por fotoassimilados. Outros autores também não

obtiveram evidências diretas da inibição do florescimento devido a competição por

carboidratos (GARCIA-LUIZ et al., 1986, 1995; RUIZ et al., 2001). As laranjeiras que

apresentaram maior florescimento também produziram menos frutos (Figura 4 e 5), de

forma que o consumo final de carboidratos não diferiu entre os tratamentos nesta etapa

de desenvolvimento.

Até o início de agosto os teores de amido eram relativamente baixos (Figura

9B), porém ocorreu aumento significativo até meados de setembro. Apesar da taxa de

fotossíntese diminuir significativamente no inverno (MACHADO et al., 2002), também

há queda acentuada na taxa de crescimento dos frutos e de demais órgãos durante o

inverno (BEVINGTON & CASTLE, 1985), podendo acarretar aumento nas reservas de

amido.

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Figura 9 - (A) Teor de carboidratos solúveis totais (glicose+frutose+sacarose), (B) teor de amido e (C) teor de carboidratos metabolizáveis (carboidratos solúveis + amido) em folhas de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ nos tratamentos plantas não irrigadas e sem fruto (NISF) ou com fruto (NICF) e plantas irrigadas sem frutos (ISF) ou com frutos (ICF).

020406080

100120140

020406080

100120140

23/7/2005

20/8/2005

17/9/2005

15/10/2005

12/11/2005

10/12/200540

80

120

160

200

240C

B a

Am

ido

(mg

g-1)

Car

boid

rato

s sol

úvei

s (m

g g-1

)

NISF NICF ISF ICF

Aa

b

a

a

Frnib

b

Car

b. m

etab

oliz

ável

(mg

g-1)

Data

b

Fir Fni

Fri

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O número de frutos atingiu um valor máximo para depois que decair

acentuadamente (Figura 6). O número final de frutos fixados até a última contagem em

8 de dezembro, foi maior (p<0,05) nas plantas cujos tratamentos iniciais os frutos foram

mantidos (NICF e ICF), ou seja, naquelas plantas em que a produção de frutos em 2005

foi pequena.

Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004.

Setas com siglas Fir e Fni, indicam datas de florescimento máximo em plantas irrigadas

e não irrigadas, respectivamente; setas Fri e Frni, datas de frutificação máxima em

plantas irrigadas e não irrigadas, respectivamente (Figura 9). Este resultado sugere que a

competição por fotoassimilados pode afetar o pegamento de frutos. De fato, analisando

as figuras 6 e 9 conjuntamente se verifica que o aumento da abscisão está relacionado

com a queda acentuada no teor de amido e de carboidratos metabolizáveis (Figuras 9B e

9C), demonstrando uma limitação no suprimento de carboidratos devido a competição

entre os frutos novos em desenvolvimento. RUIZ et al. (2001) também relataram queda

no teor de carboidratos, durante o período final de abscisão de frutos sugerindo também

uma limitação no suprimento de carboidratos devido a competição entre os frutos em

desenvolvimento.

IGLESIAS et al. (2003) observaram que o aumento do fornecimento de

carboidratos no período de fixação de frutos aumentou a porcentagem de fixação. O

aumento na disponibilidade de carboidratos para os frutinhos em crescimento foi

associado com o decréscimo da taxa de abscisão durante o período de fixação dos

frutos. Vários estudos das relações fonte-dreno em citros, utilizando-se técnicas de

anelamento de ramos, fornecimento artificial de sacarose, desfolhamento parcial,

sugerem também que a competição por fotoassimilados entre os frutinhos regula a

abscisão dos mesmos (GOLDSCHMIDT & KOCH, 1996; IGLESIAS et al., 2003).

Depois do período de competição no início do crescimento dos frutos causando

queda acentuada no teor de carboidratos, parece que se restabeleceu o equilíbrio entre

fornecimento de carboidratos e consumo pelos frutos remanescentes e as reservas de

amido aumentaram novamente (Figura 9B). Porém, as reservas de amido atingiram um

patamar maior nas plantas não irrigadas. Talvez o menor patamar atingido pelas plantas

irrigadas esteja relacionado ao maior consumo de carboidratos pelos frutos

remanescentes, visto que o crescimento destes frutos foi significativamente maior nas

plantas irrigadas (Figura 8). GONZÁLEZ-FERRER et al. (1984) afirmam que a queda

no teor dos carboidratos nas folhas se dá devido ao transportes para os frutos, embora

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eles representem somente uma pequena parte das reservas das plantas. Durante a

abscisão tardia, o teor de carboidratos solúveis (substitui sacarose) nas folhas cai

demonstrando uma limitação de no suprimento de carboidratos devido à competição

entre os frutinhos em desenvolvimento (Figuras 6 e 9) e tanto o amido, como os sólidos

solúveis acumulam-se nas folhas até o início do período de queda desses frutos novos

(SANZ et al., 1987). Os teores de carboidratos em inflorescências com folhas estão

intimamente relacionadas com a taxa de crescimento do fruto. A remoção dos frutos de

um ramo afeta além do teor de amido, os conteúdos de açúcares solúveis nas folhas

mais velhas e eles se acumulam também em folhas mais jovens até o início da queda

dos frutos novos (SANZ et al., 1987).

4.3 Teores de elementos minerais na folha A seguir são apresentadas as tabelas com os resultados das análises de teores de

macronutrientes realizadas em abril de 2005 e dezembro de 2005 e as análises

estatísticas desses resultados encontram-se em anexo.

Na tabela 1 estão apresentados os resultados da análise foliar realizada em abril

de 2005, quatorze meses após o desbaste para início do experimento, período em que as

plantas de todos os tratamentos já haviam se desenvolvido e, dessa forma, possuíam

frutos verdes. Foram colhidas amostras em ramos com e sem frutos em todos os

tratamentos. Os resultados demonstraram que as quantidades de N e K foram afetadas

pela presença dos frutos. Nas amostras coletadas em ramos sem frutos (NISF, NICF,

ICF e ISF), os valores de N e K foram superiores em relação às encontradas em ramos

dos mesmos tratamentos, porém com a presença de frutos (NISF+F, NICF+F, ICF+F e

ISF+F), indicando que os frutos consomem N e K mobilizado das folhas.

De acordo com a tabela 2, os nutrientes N, P e K também tiveram os teores

foliares inferiores nos ramos com frutos presentes. Como no caso anterior, isso

provavelmente aconteceu devido à transferência/mobilização de nutrientes das folhas

para os frutos. Note-se que em ambos os períodos de coleta, ou seja, em abril de 2005

(referente à safra de 2004/2005) com frutos em estádio mais avançado que em

dezembro 2005 (safra 2005/2006), os teores desses elementos nutrientes nas folhas com

frutos foram inferiores. Assim, a mobilização de nutrientes é um fator importante no

desenvolvimento dos frutos. GARCIA-LUIS et al. (1995), também encontraram altas

taxas de transferência de N, P e K nas folhas dos ramos com a presença de frutos.

SANZ et al. (1987), observaram que a remoção de frutos durante o período de queda

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(’june drop’) resulta num rápido acúmulo de N e K nas folhas. RUIZ & GUARDIOLA

(1994) citam que a concentração de N, P e K nas folhas decresce de acordo com o

tempo de desenvolvimento do fruto e com seu tamanho e se apresentam maiores nos

frutos fixados do que naqueles que sofrem abscisão.

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Tabela 1. Análise de macronutrientes em folhas de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ amostradas em 7 de abril de 2005 nos tratamentos irrigado com fruto (ICF), irrigado e sem fruto (ISF), não irrigado e com fruto (NICF) e não irrigado e sem fruto (NISF). As coletas de folhas foram feitas em ramos com frutos e ramos sem frutos. Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Cordeirópolis – SP.

*+F significa que a coleta foi realizada em ramos com frutos -F significa que a coleta foi realizada em ramos sem frutos

Tabela 2. Análise de macronutrientes em folhas de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ amostradas em 8 de dezembro de 2005 nos tratamentos irrigado com fruto (ICF), irrigado e sem fruto (ISF), não irrigado e com fruto (NICF) e não irrigado e sem fruto (NISF). As coletas de folhas foram feitas em ramos com frutos e ramos sem frutos. Nos tratamentos sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Cordeirópolis – SP.

*+F significa que a coleta foi realizada em ramos com frutos -F significa que a coleta foi realizada em ramos sem frutos

N (g kg-1) P (g kg-1) K (g kg-1) Tratamentos Irrigado Não irrigado Média Irrigado Não irrigado média Irrigado Não irrigado média

Com fruto + F* 22,75 22,83 22,80B 1,32 2,05 1,68A 6,10 5,60 5,85B Com fruto – F 26,18 25,85 26,02A 1,32 0,93 1,13B 11,207 10,67 10,93A Sem fruto + F 22,98 25,45 24,22B 1,0667 1,3000 1,18AB 6,27 7,267 6,77B Sem fruto – F 26,37 28,25 27,31A 1,5167 1,3167 1,42AB 10,32 10,18 10,25A Média 24,57B 25,60 A 1,30A 1,40A 8,47A 8,44ª

N (g kg-1) P (g kg-1) K (g kg-1) Tratamentos Irrigado Não irrigado Média Irrigado Não irrigado média Irrigado Não irrigado média

Com fruto + F* 21,3 22,00 21,63 B 0,93 0,80 0,87B 7,05 6,48 6,77B Com fruto – F 25,7 24,97 25,32 A 1,15 1,00 1,08A 10,28 8,63 9,46A Sem fruto + F 21,40 22,33 21,87B 0,88 0,83 0,85B 6,83 7,45 7,14B Sem fruto – F 23,30 24,58 23,94 A 1,18 1,05 1,11A 9,85 10,43 10,14A Média 22,91ª 23,47A 1,04A 0,92B 8,50A 8,25ª

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5 CONCLUSÕES

1) Na primeira etapa, a somatória dos dados de crescimento vegetativo e a

produção de ramos de verão aptos para florescer na primavera seguinte são maiores em

plantas sem frutos;

2) a carga pendente de frutos diminui a intensidade do florescimento;

3) as baixas temperaturas do inverno em Cordeirópolis são suficientes para

induzir o florescimento. Porém o florescimento é mais intenso quando, no período de

indução, também ocorre deficiência hídrica;

4) plantas irrigadas apresentam antecipação do florescimento e crescimento

vegetativo em relação às não irrigadas. Além disto, o florescimento concentrou-se num

período menor.

5) A irrigação proporcionou um maior crescimento inicial dos frutos.

6) O número de frutos fixados e o crescimento inicial dos frutos são limitados

pela disponibilidade de carboidratos.

7) Os teores de nitrogênio, fósforo e potássio em folhas pertencentes a ramos

com frutos são mais baixos, devido a mobilização destes para os frutos.

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ANEXOS

Anexo1. Comprimento final de ramos em laranjeiras ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação. No tratamento sem frutos, os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004.

ANOVA

FATOR GL SQ QM F P A 1 38,281250 38,281250 0,10637 0,74674 B 1 4027,53125 4027,53125 11,19133 0,00235 A*B 1 132,031250 132,031250 0,36688 0,54959 Erro 20 10076,6250 359,879464

Irrigada Não irrigada Média Tratamento

cm Com frutos 69,3 75,4 72,5 B Sem frutos1 95,0 93,8 94,9 A Média 82,6 84,8

Letras distintas indicam diferença significativa entre as médias a 5% pelo Teste de Tukey 1 Os tratamentos sem frutos, esses foram retirados em fevereiro de 2004.

Anexo 2 - Número de frutos por planta de laranjeira ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação. No tratamento sem fruto os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Contagem em novembro de 2005.

ANOVA

Letras distintas indicam diferença significativa entre as médias a 5% pelo Teste de Tukey 1 Os tratamentos sem frutos, esses foram retirados em fevereiro de 2004.

FATOR GL SQ QM F P A 1 37,500000 37,5000000 0,66509 0,42438 B 1 600,000000 600,000000 10,64144 0,00390 A*B 1 0,666666667 0,666666667 0,01182 0,91449 Erro 20 1127,66667 56,3833333

Irrigado Não irrigado Média Tratamento Número frutos planta-1

Com frutos 194 399 296 B Sem frutos1 922 855 888 A Média 524 660

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Anexo 3 - Massa fresca de frutos (por unidade) de laranjeiras ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação. No tratamento sem fruto os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. Contagem em novembro de 2005.

ANOVA

Letras distintas indicam diferença significativa entre as médias a 5% pelo Teste de Tukey. 1 Os tratamentos sem frutos, esses foram retirados em fevereiro de 2004. Anexo 4 – Diâmetro de frutos (mm) em laranjeiras ‘Valência’ sobre limoeiro ‘Cravo’ em plantas com e sem frutos e com e sem irrigação. No tratamento sem frutos os mesmos foram retirados em fevereiro de 2004. ANOVA

FATOR GL SQ QM F P A 1 1180,20375 1180,20375 192,69419 0,00000 B 1 9,25041667 9,25041667 1,51033 0,23335 A*B 1 14,2604167 14,2604167 2,32833 0,14270 Erro 20 122,495000 6,12475000

Letras distintas indicam diferença significativa entre as médias a 5% pelo Teste de Tukey.

1Os tratamentos sem frutos, esses foram retirados em fevereiro de 2004.

FATOR GL SQ QM F P A 1 2566,80167 2566,80167 11,11191 0,00331 B 1 3489,68167 3489,68167 15,10714 0,00092 A*B 1 864,000000 864,000000 3,74033 0,06739 Erro 20 4619,91000 230,995500

Tratamentos Irrigado Não irrigado Média g.fruto-1 Com frutos 177 144 161B Sem frutos 141 132 137A Média 159A 138B

Tratamentos Irrigado Não irrigado Média (mm) Com frutos 35,0 22,5 27,5A Sem frutos1 35,4 19,7 28,7A Média 35,1A 21,1B