59
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS (CCJE) FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS (FACC) CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E GESTÃO DE UNIDADE DE INFORMAÇÃO (CBG) ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DO BIBLIOTECÁRIO ATRAVÉS DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA Rio de Janeiro 2016

ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ)

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS (CCJE)

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS (FACC)

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E GESTÃO DE UNIDADE DE INFORMAÇÃO (CBG)

ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO

A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DO BIBLIOTECÁRIO ATRAVÉS DA LINGUAGEM

CINEMATOGRÁFICA

Rio de Janeiro

2016

Page 2: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO

A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DO BIBLIOTECÁRIO ATRAVÉS DA

LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Biblioteconomia e Gestão de

Unidades de Informação da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como requisito

parcial à obtenção do título de bacharel em

Biblioteconomia.

Orientador: Prof. M.e Robson Santos Costa

Rio de Janeiro

2016

Page 3: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

Ficha catalográfica

C871c Coutinho, Ana Luísa

A construção da memória do bibliotecário através da

linguagem cinematográfica / Ana Luísa Coutinho - Rio

de Janeiro, 2016.

59 f.

Orientador: Prof. M.e. Robson Santos Costa.

Monografia (Curso de Biblioteconomia e Gestão de

Unidade de Informação) – Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ).

1. Memória. 2. Profissional bibliotecário.

3. Estereótipos. 4. Linguagem cinematográfica. I. Título.

Page 4: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO

A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DO BIBLIOTECÁRIO ATRAVÉS DA LINGUAGEM

CINEMATOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Biblioteconomia e Gestão de

Unidades de Informação da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como requisito

parcial à obtenção do título de bacharel em

Biblioteconomia.

Rio de Janeiro, 09 de Março de 2016.

__________________________________________

Prof. M.e Robson Santos Costa

Orientador

__________________________________________

Profa. Me. Maria José Veloso da Costa Santos

Membro interno

__________________________________________

Profa. Dra. Ana Maria Senna

Membro interno

Page 5: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Maria Angélica e Ozenildo, pelo amor, incentivo е apoio

incondicional. Sem sua luta e garra, nada do que conquistei até hoje seria possível.

À minha irmã, Mariana, que sempre esteve presente, ouvindo e aconselhando nos

momentos de confusão e revolta.

Ao meu namorado, Leonardo. Você me deu confiança quando eu pensava em desistir,

foi forte em meus momentos de fraqueza e comemorou comigo a cada página escrita. Juntos

sempre somos melhores.

Ao meu orientador, Robson, que recebeu minha proposta um pouco crua e

desacreditada com muito carinho e ajudou a transformá-la em um trabalho que me dá orgulho

de ter escrito.

Finalmente, agradeço a todos que, direta e indiretamente, foram responsáveis por essa

conquista tão esperada.

Page 6: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

“Num filme o que importa não é a realidade,

mas o que dela possa extrair a imaginação”

(Charles Chaplin).

Page 7: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

RESUMO

O cinema é uma das linguagens mais relevantes do século XX e continua a exercer

considerável influência na contemporaneidade. As obras cinematográficas possuem uma

capacidade de atingir diferentes públicos, nas mais diversas esferas sociais. Partindo dessa

hipótese, utilizaremos os conceitos adotados pelo filósofo Mikhail Bakhtin acerca de gêneros

do discurso, polifonia e dialogismo. Compreendemos a linguagem cinematográfica como um

gênero discursivo contemporâneo, o que nos leva a entender o cinema como um instrumento

constituidor de memória e de representações sociais. Deste modo, este trabalho tem o objetivo

de verificar como a memória do bibliotecário é construída na diegese narrativa do cinema.

Observaremos a relação dessas representações com a memória construída acerca desse

profissional pelo cinema, focando na observação de constituição ou não de estereótipos na

profissão de bibliotecário, pois compreendemos os estereótipos como construções sociais

deturpadas, mas próximas de como o meio social e o inconsciente coletivo percebem o outro.

Para atingirmos o objetivo proposto selecionamos três obras cinematográficas, onde

utilizaremos como metodologia a análise de conteúdo proposta por Vannoye e Goliot-Lété,

que consiste em decompor elementos do filme com o intuito de observar as construções de

memória e sentidos advindas do enunciado fílmico. Os filmes selecionados foram: Baladas

em NY, Universidade Monstros e A Múmia.

Palavras-chave: Memória. Profissional bibliotecário. Linguagem cinematográfica.

Estereótipos.

Page 8: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

ABSTRACT

Cinema is one of the most important languages of the twentieth century and continues to

exercise considerable influence in the contemporaneity. Cinematographic pieces have an

ability to reach different audiences in different social spheres. Based on this hypothesis, we

will use the concepts adopted by the philosopher Mikhail Bakhtin about discourse genres,

polyphony and dialogism. We comprehend the cinematographic language as a contemporary

discourse genre, which leads us to understand the cinema as an instrument constitutor of

memory and social representations. Thus, this study aims to verify how the memory of

librarians is built into the diegesis of the cinematographic narrative. We observe the

relationship between these representations with the memory built about this professional in

the movies, focusing on the observation of whether or not stereotypes exist in the library

profession, since we understand stereotypes as a misleading social construction, that is

simular to how the social environment and the collective unconscious notice others. To

achieve the proposed objective, three movies were selected.The methodology will consist in

the content analysis proposed by Vannoye and Goliot-lete, by decomposing film elements, in

order to observe the memory constructions and meanings arising from the filmic enunciation.

The selected films were: Party Girl, Monsters University and The Mummy.

Keywords: Memory. Library professional. Cinematographic language. Stereotypes.

Page 9: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 Cartaz Baladas em NY 26

Ilustração 2 Personagem Entediada 27

Ilustração 3 Personagem Indignada 28

Ilustração 4 Personagem Decidida 29

Ilustração 5 Cartaz Universidade Monstros 31

Ilustração 6 Bibliotecária Pede Silêncio 31

Ilustração 7 Bibliotecária Irritada 32

Ilustração 8 Bibliotecária Furiosa 33

Ilustração 9 Cartaz A Múmia 35

Ilustração 10 Bibliotecária Guardando Livros 36

Ilustração 11 Bibliotecária Desastrada 37

Ilustração 12 Bibliotecária Aventureira 38

Page 10: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 04

1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 05

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 06

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 06

1.2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 06

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 08

2.1 MEMÓRIA ........................................................................................................ 08

2.2 BIBLIOTECÁRIO ............................................................................................ 10

2.3 ESTEREÓTIPO ................................................................................................. 12

2.4 CINEMA ........................................................................................................... 13

2.5 GÊNEROS DISCURSIVOS ............................................................................. 15

2.6 CINEMA COMO GÊNERO DISCURSIVO .................................................... 19

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................. 22

4 ANÁLISE FÍLMICA ....................................................................................... 25

4.1 BALADAS EM NY .......................................................................................... 26

4.2 UNIVERSIDADE MONSTROS ....................................................................... 30

4.3 A MÚMIA ......................................................................................................... 35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 40

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 45

Page 11: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

4

1 INTRODUÇÃO

No final do século XIX a sociedade foi surpreendida com uma maneira revolucionária

de fazer arte: o cinema. A capacidade dessa linguagem de reunir em uma tela, imagem em

movimento e posteriormente o som - incluindo músicas, diálogos, ruídos -, nas mais variadas

estéticas, lhe rendeu o título de sétima arte. Para Costa (2005, p. 17) o cinema “[...] marcou o

início de uma era de predominância da imagem”.

Segundo Oliveira (2006, p. 134) “a vivacidade das imagens e sua reprodutibilidade

facilitaram sua aceitação como pura representação da realidade”. No entanto, o cinema

também possibilitou aos seus adeptos se desvencilhar da rotina de suas realidades e conhecer

outras que, até então, só eram possíveis em seu imaginário.

A atração inicial das pessoas com os filmes estava centrada não no fato deles

serem uma cópia fiel da realidade mas exatamente no fato de não o serem.

Eles espantavam muito mais pelo seu detalhamento do que pelo realismo,

muito mais por criar um mundo mágico, um desconhecido dentro do

reconhecível, do que pela capacidade de duplicar o já visto (MENEZES,

1996, p. 94).

O conteúdo dos filmes abrange infinitas temáticas e gêneros. Nesta pesquisa

pretendemos verificar como os personagens bibliotecários são representados nessa linguagem.

Diante disso, pensamos quem são os bibliotecários e como eles são visto pela sociedade.

Partimos do pressuposto de que os sujeitos sociais constroem suas representações sociais,

incluindo de profissionais de diversas áreas, muitas vezes, por meio de linguagens em que

tenham um acesso fácil.

Televisões, filmes, livros e outros veículos de comunicação contribuem para

esse fenômeno de estereótipos, que podem ser caricatos dependendo da

intenção de potencializar as virtudes ou os defeitos, de forma a conseguir

atrair a atenção das pessoas para os aspectos que se deseja ressaltar

(WALTER; BAPTISTA, 2009, p. 30).

Esta pesquisa verificará tais construções representacionais usando um recurso que, por

conta de sua ampla capacidade de ser difundida, acaba influenciando uma quantidade maior

de opiniões ao redor do mundo, a linguagem cinematográfica. Para Franco (2012, p. 11) “é o

filme, como apropriação individual em larga escala, que viabiliza o cinema como negócio,

consumo social e mídia de massa”.

Ao analisarmos os filmes, buscamos compreender como o profissional bibliotecário é

representado através da linguagem cinematográfica, já que de acordo com Franco (2012, p.

12) “o filme favorece mecanismos psicológicos de projeção/identificação e o cinema, como

Page 12: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

5

fenômeno social, favorece mecanismos de pertencimento”. Tal afirmação nos embasa a

verificar como esse processo se relaciona com a construção da memória de profissionais

bibliotecários e se a mesma é permeada por estereótipos, sempre se recordando que

“é essencial que parta dos próprios profissionais em atuação, e dos futuros atuantes, a

valorização da profissão e o combate à ideia errônea de que a função do bibliotecário se

restringe a organizar e emprestar livros em uma biblioteca” (RODRIGUES et al., 2013, p. 93).

Entendendo que é por meio das mais variadas linguagens e narrativas que os homens

constroem sua realidade social, nos perguntamos como o profissional bibliotecário é

representado na linguagem cinematográfica e quais memórias seriam construídas acerca desse

profissional.

O trabalho será composto por duas etapas. Na primeira, faremos uma revisão da

literatura, procurando compreender com mais clareza os conceitos abordados durante a

pesquisa, como memória, estereótipo e a linguagem cinematográfica como um gênero

discursivo. Na segunda fase do trabalho, através da análise de três filmes previamente

selecionados, teremos como objetivo entender como é construída a memória do bibliotecário

através dessa linguagem, identificando também a existência ou não de estereótipos nas

representações cinematográficas do profissional bibliotecário.

1.1 JUSTIFICATIVA

A imagem do bibliotecário é um fator intrigante dessa profissão. É importante

entender que todo profissional se adapta, evolui e muitas vezes se reinventa, adquirindo novas

características que o auxiliarão na execução do seu trabalho. O bibliotecário, por sua vez,

sofreu uma enorme transformação quando passou de um paradigma focado na ideia de

guardião da informação, para um novo paradigma onde uma das maiores preocupações é

disseminar.

No entanto, a memória acerca dessa profissão aparentemente congelou no tempo. Por

isso, é preciso compreender melhor a imagem do bibliotecário. Inclusive, Salgado e Becker

(1998) afirmam que “divulga-se a biblioteca, estuda-se o usuário, dissemina-se a informação.

Isso é fato. Mas não é tão comum [...] estudar-se o bibliotecário, disseminar-se a informação

sobre a profissão”. Uma atualização da imagem não precisa ser construída somente por

gêneros científicos, pelo contrário, pois se partimos de um pressuposto de que somos

construídas pelas mais diversas linguagens, é essencial que tal construção perpasse as mais

variadas linguagens nos mais diversos gêneros. O cinema é uma boa alternativa, já que além

Page 13: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

6

de ser uma das linguagens mais relevantes do século XX, formadora de opiniões e valores, é

uma forma de lazer e diversão, minimizando o fator obrigação e imposição, já que as pessoas,

provavelmente, iriam absorver aos poucos a nova imagem do bibliotecário ao assistir os

filmes.

Picolotto (2015) declara que “Curiosidade, entretenimento, diversão, instrumento de

cultura e formação, meio de comunicação social, uma indústria que fatura milhões, o cinema

é, certamente, uma das forças mais poderosas da mídia mundial”. Compreendemos que os

filmes não se tratam apenas de uma forma de lazer e sim de um poderoso meio de

comunicação e, enquanto tal, com capacidade de influência entre as pessoas. Com isso,

notamos alguns filmes que retratavam a profissão e o profissional bibliotecário e como,

frequentemente, os bibliotecários são associados a uma imagem estereotipada. Devido a isso,

consideramos importante que haja estudos que procurem entender essa relação da memória do

bibliotecário com a imagem do profissional que é exibida no cinema.

A relevância desta pesquisa para a área de Biblioteconomia se pauta no fato de que ela

trabalha com uma temática pouco abordada em trabalhos acadêmicos, mas que é altamente

discutida entre os profissionais, a representação do profissional bibliotecário nas obras

cinematográficas. Assim, podemos contribuir com o enrequecimento do tema.

Idealizamos essa pesquisa com o intuito de compartilhar com os profissionais e futuros

profissionais da área, como a memória acerca de nossa profissão é construída através desse

importante e influente meio de comunicação.

1.2 OBJETIVOS

Apresentamos nesse item nossos objetivos gerais e específicos a serem alcançados ao

longo desta pesquisa.

1.2.1 Objetivo geral

Observar como a memória do profissional bibliotecário é construída na linguagem

cinematográfica e se tal construção é permeada por estereótipos.

1.2.2 Objetivos específicos

Page 14: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

7

Teremos como objetivos específicos:

a) apresentar um breve histórico da linguagem cinematográfica;

b) conceituar cinema, bibliotecário, memória, gêneros do discurso e estereótipos;

c) compreender o cinema como um gênero discursivo contemporâneo;

d) discutir a relação entre gêneros discursivos e memória;

e) observar e analisar nos filmes Baladas em NY, Universidade Monstros e A Múmia, a

representação do bibliotecário.

Page 15: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

8

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção, realizaremos uma revisão dos trabalhos existentes que abordem as

temáticas apresentadas ao longo deste trabalho, procurando fundamentar nosso estudo nesse

conhecimento previamente publicado.

2.1 MEMÓRIA

A memória é um elemento imprescindível para compreendermos como representações

são construídas na mídia, uma vez que de acordo com Le Goff (1990, p. 423):

A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos

em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o

homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele

representa como passadas.

Conjuntamente a essa afirmação é importante ressaltarmos que “A construção da

memória passa pela ação das forças sociais em constante luta pelo controle e exercício do

poder, e pela determinação do que se quer passar à posteridade como verdade” (FERREIRA,

1995, p. 50). O que nos remete às constantes mudanças de paradigmas existentes na

sociedade.

Tapscott e Caston (1995, p. 22 apud BLATTMANN; RADOS, 2000, p. 46) sustentam

que “[...] a mudança de paradigma é fundamentalmente uma nova maneira de ver alguma

coisa. A mudança de paradigma é frequentemente exigida em função de novos

desenvolvimentos ocorridos em ciência, tecnologia, arte, ou outras áreas de atuação”. O

bibliotecário é uma das profissões mais antigas do mundo e é possível que a construção de

uma memória que remete à ideia do paradigma de guardião do conhecimento tenha se

conservado até os dias de hoje, onde, na verdade, o grande propósito desse profissional se

revelou através da mudança de paradigmas, sendo o novo focado no bibliotecário como

disseminador da informação.

Os valores estão rompidos e o bibliotecário hoje não é o "almoxarife" de

livros e sim o gerente da informação. Indiferente qual o suporte (formato) da

informação, se em papel, eletrônico ou digitalizado, o que importa é saber

organizar, recuperar e disseminar a informação utilizando a flexibilidade e

velocidade que as novas tecnologias da informação possibilitam. Onde o

usuário da informação receba qualidade e evitando a sobrecarrega de

informação que jamais poderá analisá-las com presteza para a tomada de

decisão (BLATTMANN; RADOS, 2000, p. 45).

Page 16: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

9

Os estudos de Halbwachs (1990) foram responsáveis por inserir a memória no campo

das interações sociais, estabelecendo que os homens constroem suas memórias a partir das

diversas formas de interação que mantêm com outros indivíduos. Araújo e Santos (2007, p.

97) reforçam tal ideia ao fixarem que “A memória é constituída por indivíduos em interação,

por grupos sociais, sendo as lembranças individuais resultado desse processo”, ou seja,

mesmo que o indivíduo acredite que a memória é algo estritamente pessoal, por conta das

situações que só ele se envolveu ou presenciou, de fato ela é coletiva, pois essas situações

vividas e presenciadas por ele foram resultados de interações sociais.

Pollak (1992) também seguiu essa tendência e acredita que os elementos que

constituem a memória são os acontecimentos vividos pessoalmente conjuntamente aos que

são "vividos por tabela", isto é, que foram vivenciados pelo grupo em que o indivíduo sente

pertencer. “São acontecimentos dos quais a pessoa nem sempre participou mas que, no

imaginário, tomaram tamanho relevo que, no fim das contas, é quase impossível que ela

consiga saber se participou ou não” (POLLAK, 1992, p. 2).

Como apontado por Pollak (1992, p. 2), “A priori, a memória parece ser um fenômeno

individual, algo relativamente íntimo, próprio da pessoa. Mas Maurice Halbwachs [...] já

havia sublinhado que a memória deve ser entendida também, ou sobretudo, como um

fenômeno coletivo [...]”.

Conforme Gondar e Dodebei (2005, p. 7) “O conceito de memória social não pode ser

formulado em moldes clássicos, sob uma forma simples, imóvel, unívoca. [...] se trata de um

conceito complexo, inacabado, em permanente processo de construção”.

Sendo a memória um fenômeno coletivo e social, ou melhor, um fenômeno construído

coletivamente e submetido a mudanças constantes, é importante lembrar que, assim como o

profissional bibliotecário teve que se reinventar para acompanhar às demandas sociais e

tecnológicas, a sua memória também pode acompanhar essas mudanças e ser (re)construída

constantemente.

Construir uma imagem do bibliotecário por meio de linguagens específicas e

representações anteriormente construídas “[...] não é reviver, é refazer, reconstruir, repensar,

com imagens e idéias de hoje, as experiências do passado” (BOSI, 1994, p. 55), uma vez que

a construção de memória ocorre sempre no momento presente, mesmo que ela traga vozes do

passado, sua elaboração, seus sentimentos e sentidos se dão no momento atual. Porém, é

necessário enfatizar que conforme Pollak (1992, p. 2), “Se destacamos essa característica

flutuante, mutável, da memória, tanto individual quanto coletiva, devemos lembrar também

que na maioria das memórias existem marcos ou pontos relativamente invariantes, imutáveis”.

Page 17: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

10

Outros estudos de Pollak revelam diferentes perspectivas acerca da construção da

memória, como por exemplo:

É perfeitamente possível que, por meio da socialização política, ou da

socialização histórica, ocorra um fenômeno de projeção ou de identificação

com determinado passado, tão forte que podemos falar numa memória quase

que herdada. [...] podem existir acontecimentos regionais que traumatizaram

tanto, marcaram tanto uma região ou um grupo, que sua memória pode ser

transmitida ao longo dos séculos com altíssimo grau de identificação

(POLLAK, 1992, p. 2).

Dessa forma, podemos observar a complexidade do processo de construção da

memória social, seja de uma memória nacional, política ou de grupos específicos, onde

podemos incluir categorias profissionais como a dos bibliotecários.

2.2 BIBLIOTECÁRIO

Targino (2001, p. 61) sublinha que “[...] a biblioteca é e sempre foi a instituição social

que compete exercer as funções de preservação e disseminação das informações e, por

conseguinte, o bibliotecário, o profissional encarregado da concretização de tais objetivos”.

Há tempos o homem se preocupa em registrar o conhecimento, seja em tábuas de

argila, papiros, papéis ou computadores, para uso privado, público, sendo fortemente

guardado ou altamente difundido. Por conta disso, surgiu uma das profissões mais antigas da

história: o bibliotecário. “Ao pensarmos na história das profissões, acreditamos que a

Biblioteconomia seja uma das mais antigas, na medida em que sempre houve alguém

responsável (geralmente homens) pela guarda e organização de informação” (CHARTIER;

HÉBRARD apud CASTRO, 2000, p. 5).

Ao longo dos anos, as funções do profissional da informação foram mudando,

evoluindo, aperfeiçoando e se reinventando. É possível buscar no dicionário de

Biblioteconomia o significado de bibliotecário. Lá, encontraremos as seguintes definições:

Profissional que tem a seu cargo a direção, conservação, organização e

funcionamento de bibliotecas. 2. Profissional que: a) desempenha funções

técnicas ou administrativas em bibliotecas; b) lida com documentos de todos

os tipos (p.ex.: livros, periódicos, relatórios, materiais não-impressos) com

base na especificação de seu conteúdo temático e a serviço de uma variedade

de usuários, desde crianças até cientistas e pesquisadores [...] (CUNHA;

CAVALCANTI, 2008, p. 53).

Porém, a função do bibliotecário é, ademais, de uma maior amplitude. O seu papel

social exige de sua profissão características que vão além da capacidade de gestão de uma

biblioteca. Esse papel é evidenciado por Mey, et al (2011, p. 1) ao informar que “Cabe ao

Page 18: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

11

bibliotecário manter-se atualizado quanto à cultura, à sociedade de modo geral e à

comunidade em particular, de modo a promover a cidadania, a ética e a cultura da paz”.

Muitas competências profissionais e pessoais são necessárias para que o

profissional da informação atue com eficiência na contemporaneidade. A

criatividade, por exemplo, é um dos atributos indispensáveis ao profissional

da informação, uma vez que o mesmo deverá se alicerçar na originalidade,

criticidade, flexibilidade e sensibilidade, para buscar novas soluções para

enfrentar velhos problemas (TARGINO apud SILVA, M; SILVA, J;

ROCHA, 2013, p. 104).

Com o rápido avanço das tecnologias e, consequentemente, o surgimento de inovações

constantes, o profissional da informação percebeu a necessidade de se atualizar com a mesma

frequência. De acordo com Rodrigues et al (2013, p. 86) “[...] a exigência de profissionais

com características diferenciadas, inovadoras e dinâmicas, capacitados para executar, de

maneira rápida e eficiente, a organização e a disseminação da informação, é cada vez maior”.

Os autores afirmam que as atribuições do profissional bibliotecário são variadas e, além disso,

constantemente atualizadas, o que faz com que os bibliotecários tenham que adequar-se aos

novos tempos, substituindo o paradigma de biblioteca centrada na disponibilidade, utilizando-

se de parâmetros como o tamanho da coleção, por um novo paradigma focado na

acessibilidade em que prevalece a conexão em rede virtual.

Fonseca (1973) se aventurou a escrever uma receita de bibliotecário, tendo como um

de seus ingredientes mais importantes a cultura. O autor parafrasea Vinícius de Moraes, cuja

“Receita de Mulher” se inicia com a seguinte afirmação: "As muito feias que me perdoem,

mas beleza é fundamental". Ao associar essa afirmação com o universo do profissional

bibliotecário, a frase de Fonseca se torna: “Os bibliotecários mais ignorantes que me perdoem,

mas cultura é fundamental”. O autor acredita que a cultura é um fator essecial para exercer a

profissão e pode ser adquirido em qualquer idade, tanto nos cursos regulares como

autodidaticamente.

Finalmente, é importante que o bibliotecário esteja envolvido na realidade em que se

encontra, buscando “[...] por meio da facilitação do acesso à informação, possibilitar que os

sujeitos que buscam a informação emirjam na realidade na qual se encontram como forma de

transformar a realidade ao seu redor” (MORAES; LUCAS, 2012, p. 117). Ou seja, o

profissional que possui aptidão para atividades de cunho social, tem a capacidade de

transformar o cenário em que atua, ao identificar a necessidade de informação e conhecimento

em sua comunidade e disseminá-la, entendendo a importância da biblioteca na construção de

uma sociedade.

Page 19: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

12

2.3 ESTEREÓTIPO

Possivelmente, podemos afirmar que os estereótipos estão inseridos nas mais diversas

sociedades desde tempos longinquos. Santos e Mannes (2009) concatenam essa afirmação

com sua pesquisa, indagando que há muito tempo a humanidade rotula e classifica os

semelhantes. O início desse modus operandi é impreciso, porém, sua existência é percebida

desde que as funções sociais surgiram. Os autores definem os estereótipos como “[...] uma

visão aparentemente deturpada da realidade, mas próxima de como o meio social e o

inconsciente coletivo percebiam o outro” (SANTOS; MANNES, 2009, p. 130), isto é, de

como uma memória sobre o “outro” é construída e permanece no coletivo.

O estereótipo é um conceito relevante para o nosso trabalho, visto que o mesmo está

diretamente relacionado à forma como os sujeitos sociais constroem representações sociais

acerca de profissões, etnias, sexualidades, gêneros, etc. Walter e Baptista (2007, p. 27)

declaram que “Os estereótipos costumam ser associados a conceitos negativos manifestados

quando é emitido julgamento acerca de algum tema, de uma determinada pessoa, de um

grupo, ou mesmo relacionado a ações”.

Sendo uma categoria profissional, o bibliotecário não foge à regra e também possui

construções estereotipadas acerca de seu trabalho e de seu modo de ser.

É muito interessante como o aspecto visual e comportamental dos

bibliotecários realmente permeia o imaginário popular, associando a

profissão a mulheres, em geral idosas e, especialmente, com dois adereços

principais, como uma espécie de marca registrada, que são os indefectíveis

óculos e o famigerado coque nos cabelos, além de uma postura geralmente

antagônica e pouco receptiva para os usuários, provavelmente em gesto que

indique um enfático pedido de silêncio (WALTER; BAPTISTA, 2009, p.

30).

Não existe dúvida de que alguns estereótipos não condizem com a realidade, porém, a

visão de Grogan (2001) nos permite obter uma nova perspectiva desse fenômeno, atribuindo

um pouco da responsabilidade sobre a existência desses julgamentos aos próprios

bibliotecários.

Se, para o público em geral, a bibliotecária é uma ‘velhota rabugenta,

assexuada, míope e reprimida’, para usar as palavras de Penny Cowell,

‘cercada por um rol de avisos que proíbem praticamente qualquer atividade

humana’, não seria insensato supor que, como acontece com muitos desses

estereótipos, essa imagem haja tido um dia um grão de verdade e devesse

sua perpetuação até hoje à memória popular (GROGAN, 2001, p. 12).

Page 20: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

13

O estereótipo é um fenômeno que ganha força à medida que é cada vez mais

difundido, porém, não é definitivo. Nesse contexto, cabe ao bibliotecário mostrar sua

evolução, não só como profissional, se adequando às novas tecnologias e demandas, mas

também como ser humano, individual, que possui suas próprias características baseadas em

sua personalidade e não em sua profissão.

Um dos objetivos desse trabalho é identificar a existência de estereótipos acerca da

imagem do profissional bibliotecário que é difundida através das películas cinematográficas,

que por sua vez, são um veículo de informações onde “A utilização e o poder do estereótipo

são muito mais amplos do que se pode imaginar, sobretudo por sua homogeneidade com os

mitos modernos” (DINIZ, 2000, p. 139). A autora também afirma que o estereótipo é

“[...] empregado pelos diferentes meios de Comunicação de Massa, muitas vezes, numa

enunciação passional revestida por figuras que resgatam antigos valores ou impõem outros, o

estereótipo adquire status de mito e sua utilização revalida valores da cultura (ideologia)”.

2.4 CINEMA

“Pudemos assistir ao nascimento de uma arte porque ela não surgiu sobre um terreno

virgem e sem cultura: assimilou rapidamente elementos provenientes de todo o saber humano.

A grandeza do cinema consiste em ser [...] uma síntese de várias outras artes” (SADOUL,

1963, p. 7).

De fato, antes de conhecermos o cinema como atualmente, já era possível observar

diferentes formas de projetar imagens e encantar multidões.

Os filmes são uma continuação na tradição das projeções de lanterna mágica,

nas quais, já desde o século XVII, um apresentador mostrava ao público

imagens coloridas projetadas numa tela, através do foco de luz gerado pela

chama de querosene, com acompanhamento de vozes, música e efeitos

sonoros (MASCARELLO, 2006, p. 18).

O cinema tem sua criação atribuída a diferentes nomes e datas. Para Machado (2005,

p. 7) “[...] os irmãos Louis e Auguste Lumière fizeram projetar, uma coleção de imagens

fotográficas animadas e essa projeção foi considerada, por grande parte dos historiadores, a

primeira exibição pública de cinema e, por extensão, o marco de nascimento dessa arte”. No

entanto, Machado (2005, p. 7) também lembra que “os irmãos Max e Emile Skladanowsky na

Alemanha e Jean Acme Leroy nos Estados Unidos já promoviam projeções públicas de

cinema (inclusive sessões pagas) muito antes dos primeiros espectadores dos Lumière [...]”.

Sem contar o quinetoscópio de Tomas Edison, “uma espécie de cinematógrafo em versão

Page 21: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

14

individual [...] que já existia pelo menos dois anos antes da mitológica primeira sessão

parisiense” (MACHADO, 2005, p. 7)

O cinema pode ser visto como um dispositivo de representação, com seus

mecanismos e sua organização dos espaços e dos papéis. Existem analogias

com o dispositivo de representação da pintura, por um lado, e do teatro, por

outro, mas também com suas características peculiares devidas à dinâmica

de produção da imagem (a câmera, a tela em que é projetada etc.) (COSTA,

2003, p. 26).

O cinema possui características que o torna relevante para nossa pesquisa. Para Costa

(2003, p. 27) “O cinema é uma linguagem com suas regras e suas convenções. É uma

linguagem que tem parentesco com a literatura, possuindo em comum o uso da palavra das

personagens e a finalidade de contar histórias”. Isto é, o cinema possui uma linguagem com

características próprias e também oriundas de diversas outras. Próprias quando consideramos

uma característica em especial que a distingue de qualquer outra: a imagem em movimento

geralmente contando uma narrativa. Diversa, pois tem a capacidade de unir muitas outras

formas de comunicação em uma única tela, como por exemplo, o som – ou até mesmo a falta

dele - a fotografia, a escrita, a pintura, etc. Dessa forma, o cinema é capaz de criar infinitos

diálogos e, com isso, uma comunicação, seja entre os personagens do filme, ou com seus

espectadores.

Para Oliveira e Colombo (2014), “De fato, o cinema é uma linguagem da arte, e ela

nunca aparecerá por si só, mas estará vinculada em todos os sentidos a outros sistemas de

significações, que são culturais, sociais, perceptivos, estilísticos”. Além do que, Costa (2003,

p. 29) afirma que “O cinema é aquilo que se decide que ele seja numa sociedade, num

determinado período histórico, num certo estágio de seu desenvolvimento, numa determinada

conjuntura político-cultural ou num determinado grupo social”. Para nosso estudo, o cinema é

um importante meio de comunicação, com capacidade de influenciar a formar opiniões,

inclusive participar na construção de memória.

O padrão de organização de imagens e sons criados pela linguagem

cinematográfica tem, desde então, influenciado nossas maneiras de conceber

e representar o mundo, nossa subjetividade, nosso modo de vivenciar nossas

experiências, de armazenar conhecimento, e de transmitir informações

(COSTA, 2005, p. 17).

Esse fenômeno ocorre, muito provavelmente, pois o cinema é, ainda hoje, uma arte

acessível. “O cinema impõe-se, com efeito, como a única arte popular numa época em que o

próprio teatro, arte social por excelência, não toca senão uma minoria privilegiada da cultura

ou do dinheiro” (BAZIN, 1991, p. 84).

Page 22: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

15

O cinema possui uma importante característica que o torna único, o distinguindo dos

demais meios de expressão cultural e, mais importante que isso, mantendo-o atrativo. É o

“[...] poder excepcional que lhe advém do facto de a sua linguagem funcionar a partir da

reprodução fotográfica da realidade. Com efeito, com ele, são os próprios seres e as próprias

coisas que aparecem e falam, dirigem-se aos sentidos e falam à imaginação [...]” (MARTIN,

2005, p. 24).

Martin (2005, p. 31) também evidencia que:

O cinema é intensidade, intimidade e ubiquidade: intensidade porque a

imagem fílmica, particularmente, o grande plano, tem uma força quase

mágica porque dá uma visão absolutamente específica do real e porque a

música, pelo seu papel ao mesmo tempo sensorial e lírico, reforça o poder de

penetração da imagem, intimidade porque a imagem (ainda devido ao grande

plano) faz-nos literalmente penetrar nos seres (por intermédio dos rostos,

livros abertos das almas) e nas coisas; ubiquidade porque o cinema

transporta-nos livremente através do tempo e do espaço, porque densifica o

tempo (tudo parece mais longo na tela) e sobretudo porque recria a própria

duração, permitindo ao filme aderir, sem choque, à nossa corrente de

consciência pessoal.

Tais particularidades evidenciam como o cinema continua sendo uma linguagem

relevante, uma vez que possui tantos atributos inerentes ao ser humano e sua forma de se

comunicar, principalmente com aos avanços tecnológicos, que aproximam cada vez mais - de

uma forma quase literal às vezes - o filme e seu expectador.

2.5 GÊNEROS DISCURSIVOS

O gênero discursivo se tornou o objeto de estudo de diferentes autores. Para

Marchuschi (2002, p. 22) é “[...] uma noção propositalmente vaga para referir os textos

materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-

comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição

característica”.

O assunto também se tornou do interesse de Maingueneau (2001, p. 65) que afirma

que “Os gêneros do discurso não podem ser considerados como formas que se encontram à

disposição do locutor a fim de que este molde seu enunciado nessas formas. Trata-se, na

realidade, de atividades sociais que, por isso mesmo, são submetidas a um critério de êxito”.

Os gêneros discursivos podem ser vistos como ferramentas importantes no campo da

relação entre linguagem e sociedade, uma vez que, para estabelecer relações sociais, o ser

humano precisa se comunicar. Entendendo que “[...] o ser humano se constitui

discursivamente e para tal a linguagem é elemento fundamental” e que “[...] é pela linguagem

Page 23: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

16

que os grupos humanos constroem os contextos sociais, estabelecendo relações afetivas,

comerciais, informacionais” (FERREIRA; ORRICO apud COSTA; ORRICO, 2009),

podemos dizer que os gêneros são imprescindíveis para tais construções.

Desde os primórdios a comunicação é uma ferramenta de grande importância para o

ser humano. As formas de se comunicar incluem diferentes modalidades que vão desde a

escrita, passando pelos sinais, até a fala, estilo predominante de interação entre os indivíduos.

Para entendermos o processo discursivo, abordaremos três conceitos importantes:

enunciado, polifonia e dialogismo. Para isso, utilizaremos essencialmente os conceitos

perpetuados pelo filósofo e pensador russo Mikhail Bakhtin.

O autor trabalha com o conceito de esferas para designar as diferentes e variadas

formas de atividade humana, que estão sempre relacionadas com a utilização da língua.

Segundo Bakhtin, compreende-se o enunciado como a unidade da comunicação verbal.

Quando falamos em gênero, podemos dizer que ele é construído através de sequências

estáveis de enunciados, com características orais, escritas e/ou imagéticas específicas. Os

enunciados são concretos, únicos e produzidos por integrantes de diferentes esferas. Bakhtin

“[...] insiste no caráter social dos fatos de linguagem, considera o enunciado como o produto

da interação social, sendo que cada palavra é definida como produto de trocas sociais, em um

dado contexto que constitui as condições de vida de uma dada comunidade linguística”

(DIAS, et al, 2011, p. 145).

Bakhtin compreende o enunciado como a unidade da comunicação verbal

que tem como uma de suas principais características demandar uma atitude

responsiva, ou seja, uma resposta, por parte do sujeito a quem o enunciado

foi dirigido e que “perceberá” seu momento de responder de acordo com o

que Bakhtin denominou de acabamento específico. Além disso, o enunciado

seria dirigido especificamente para determinado sujeito – ou grupo de

sujeitos – com um propósito pré-definido (COSTA, 2007, p. 65)

Bakhtin (1997, p. 279) afirma que “O enunciado reflete as condições específicas e as

finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo

verbal [...] mas também, e sobretudo, por sua construção composicional”.

De acordo com Dias, et al (2011) o conteúdo temático pode ser compreendido como o

objeto do discurso. Já o estilo, nos remete a questões específicas de seleção e opção:

vocabulário, estruturas frasais, preferências gramaticais. Enquanto a construção composicional

está associada à estrutura formal.

Notamos que a memória é importante para o processo de enunciação entre os sujeitos,

estando intrínseco nos diversos diálogos que são proferidos durante a comunicação, o que nos

remete aos conceitos de polifonia e dialogismo.

Page 24: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

17

Para Bakhtin (2005, p. 86) “O pensamento humano só se torna pensamento autêntico

[...] sob as condições de um contato vivo com o pensamento dos outros [...] na consciência

dos outros expressa na palavra”. Ou seja, o enunciado produzido por um indivíduo, possui em

sua constituição o que Bakhtin compreende como “vozes”, algo como a ação da memória no

processo de construção enunciativa. Quer dizer, ao ser proferido, o enunciado estaria

composto dos diversos enunciados anteriormente emitidos, e que por sua vez, conteriam as

vozes de tantos outros produzidos nos mais diversos contextos de interação social. Com isso,

os enunciados que formam o processo discursivo, estarão “[...] repletos de palavras dos

outros, caracterizadas [...] pela alteridade ou pela assimilação, caracterizadas, também em

graus variáveis, por um emprego consciente e decalcado” (BAKHTIN, 1997, p. 314).

Essas diferentes e diversas vozes de outros serão a “base” que o sujeito

utiliza para elaboração de enunciados proferidos no presente. Essas vozes

serão retomadas e reestruturadas de acordo com o contexto do atual processo

comunicativo em consonância às intenções do sujeito enunciador. Essa “base

de vozes” do qual o sujeito dispõe ao produzir um enunciado pode ser

compreendida como sua memória discursiva, seu repositório memorialístico

de discursos proferidos por outros (COSTA, 2007, p. 63).

Bakhtin intitula as vozes presentes nos enunciados de polifonia, entendendo que “[...]

é parte essencial de toda enunciação, já que em um mesmo texto ocorrem diferentes vozes que

se expressam, e que todo discurso é formado por diversos discursos” (PIRES; TAMANINI-

ADAMES, 2010, p. 66).

No entanto, existem conflitos entre essas vozes sociais, elas não rumam a um mesmo

ponto de vista harmonioso. “[...] o objeto está mergulhado em valores, crenças, descrições e

definições, o que faz com que o falante se depare com múltiplos caminhos e vozes, que se

tecem ao redor desse [...] (SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2010, p. 749). Bakhtin

denomina esse diálogo com diversos pontos de vista diferenciados entre as vozes como

dialogismo.

Esses três conceitos definidos por Bakhtin estão intimamente ligados ao conceito de

gêneros discursivos. Observamos como o enunciado é construído e sua importância na

interação social, além de como a polifonia e o dialogismo complementam a sua construção ao

retomar outros enunciados e o confronto entre as vozes que o integram, contando com o papel

importante da memória nessa construção enunciativa.

Bakhtin compreendeu que para determinado enunciado atingir de modo

eficaz o sujeito a quem ele é dirigido seria necessário que todo enunciado

seguisse determinadas “regras”, ou melhor, formatos específicos para que o

processo enunciativo acontecesse de forma satisfatória. Esses diferentes

formatos a que os enunciados pertenceriam e que seriam essenciais para uma

Page 25: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

18

comunicação satisfatória entre os sujeitos seriam os gêneros discursivos

(COSTA, 2007, p. 65).

“A riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual

da atividade humana é inesgotável [...]” (BAKHTIN, 1997, p. 279). As esferas citadas pelo

autor em seus estudos são inúmeras, além de estarem sempre se desenvolvendo e mudando.

O contexto social no qual vivemos seria muito amplo no que concerne à

comunicação verbal presente em seu meio; a sociedade seria dividia por

diferentes esferas sociais que podem ser também divididas em esferas

cotidianas com os mais variados tipos de enunciado científicos, religiosos,

acadêmicos literários, jornalísticos, etc., ou seja, cada esfera demanda um

tipo específico de enunciados para a comunicação satisfatória do grupo que a

compõe (COSTA, 2007, p. 65).

Com isso, percebemos que a formação dos diferentes gêneros discursivos está

relacionada com as inúmeras ações e interações humanas que, ao se enraizarem no cotidiano,

configuram a cada gênero, uma função previamente definida, exercendo uma finalidade

discursiva singular em relação à esfera social que deseja atingir.

Bahktin (1997, p. 281) afirma a existência de diferentes esferas sociais que

proporcionam uma heterogeneidade de gêneros do discurso, o que nos leva a uma “[...]

conseqüente dificuldade quando se trata de definir o caráter genérico do enunciado”.

Culminando em níveis distintos de complexidade nos gêneros discursivos.

Por conta da existência desses diversos níveis de complexidade, Bakhtin determinou

que para uma melhor compreensão dos gêneros, se tornaria necessário seguir uma

classificação, onde cada gênero e suas caracteísticas se encaixassem melhor. Pensando nisso,

os gêneros foram divididos em primários e secundários.

Os gêneros primários são considerados os gêneros simples, que segundo Signor (2009,

p. 4) “[...] aludem a situações comunicativas cotidianas, espontâneas, não elaboradas,

informais, que sugerem uma comunicação imediata”. Podemos citar como alguns exemplos

de gêneros primários: diálogos entre indivíduos, cartas, bilhetes, ou como afirma Bakhtin

(1997, p. 281) “[...] que se constituíram em circunstâncias de uma comunicação verbal

espontânea”.

Em contrapartida, os gêneros secundários são classificados como complexos.

“[...] surgem nas condições da comunicação cultural mais “complexa”, no âmbito das

ideologias formalizadas e especializadas, que, uma vez constituídas, “medeiam” as interações

sociais: na comunicação artística, científica, religiosa, jornalística etc” (RODRIGUES, 2004,

p. 427). Bakhtin cita como exemplos de gêneros discursivos secundários os romances, o

teatro, discursos científicos e ideológicos, que por sua vez, “[...] aparecem em circunstâncias

Page 26: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

19

de uma comunicação cultural, mais complexa e relativamente mais evoluída” (BAKHTIN,

1997, p. 281).

Para Costa (2007, p. 67) “Uma das principais características presentes nos gêneros

secundários do discurso seria o seu caráter de se constituir de gêneros primários no que tange

ao momento de sua concepção”. Unindo-se a um gênero secundário, o gênero primário se

transforma, acarretando, em conseqüência disto, na perda de “[...] sua relação imediata com a

realidade existente e com a realidade dos enunciados alheios [...]” (BAKHTIN, 1997, p. 281).

Dessa forma, o gênero primário passa fazer parte da realidade enunciativa do gênero

secundário.

Esse fenômeno é exemplificado por Signor (2009, p. 5) ao afirmar que “Um diálogo

cotidiano relatado em um romance perde seu caráter imediato e passa a incorporar em sua

forma as características do universo narrativo – complexo – que lhe deu origem”, ou seja, o

diálogo se torna um acontecimento literário, deixando de ser uma situação cotidiana.

Finalmente, é possível afirmar que os conceitos de enunciado, polifonia e dialogismo

“[...] são apresentados de uma perspectiva social de onde podemos observar a importância da

memória no processo comunicacional humano, já que, sem ela, não haveria processo de

produção discursiva, visto que falamos somente por intermédio do que já foi dito” (COSTA,

2007, p. 70).

Dessa forma, é possível avançar para a próxima etapa de nosso trabalho onde

entenderemos a linguagem cinematográfica como um gênero discurso a partir da perspectiva

Bakhtiniana.

2.6 CINEMA COMO GÊNERO DISCURSIVO

Segundo Costa (2007) é importante ao trabalharmos com um enunciado, definirmos a

que gênero discursivo e esfera social ele se vincula. Os filmes cinematográficos que serão

trabalhados nessa pesquisa podem ser entendidos como enunciados que contam com uma

atitude responsiva ativa, gerando uma resposta, além de, pela polifonia e o dialogismo,

apresentarem vozes de diversos outros enunciados.

Podemos considerar o cinema como uma arte de grande heterogeneidade expressiva,

por conta da quantidade de combinações possíveis encontradas nas produções.

[...] seja de ordem semântica - aqui levando em consideração a evolução do

cinema e de sua significação no tempo e no espaço-, ou sintática -

relacionando o cinema às suas diversas formas de comunicar, informar e

Page 27: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

20

discutir determinado tema de acordo com a disposição de seus elementos

(GONÇALVES; ROCHA, 2011, p. 2).

Para Gonçalves e Rocha (2011) os diversos modelos cinéticos geram vários gêneros,

escrituras e narrativas que influenciam e são influenciados por um contexto, ou seja, uma

enunciação que está relacionada ao momento da produção, a conjuntura sócio-histórica da

obra, assim como todos os responsáveis por ela, seja quem a está produzindo ou o próprio

espectador. “O gênero cinematográfico, da mesma maneira como antes dele o gênero literário,

também é permeável às tensões históricas e sociais” (STAM, 2003, p. 29).

Dessa forma, a linguagem cinematográfica é considerada como uma das possibilidades

de representação da realidade, de manifestação das noções de universo, das maneiras de

enxergar o mundo e, portanto, uma forma de interação entre indivíduos, um gênero de

representação e de construção de memória.

De acordo com a teoria bakhtiniana de gênero é possível considerar o cinema como

um tipo de discurso, em que diferentes gêneros se relacionam, isto é, podemos considerá-lo

um gênero complexo ou secundário, também formado pela relação de gêneros primários “[...]

que transformam-se e adquirem uma característica particular: perdem sua relação imediata

com a realidade existente e com a realidade dos enunciados alheios” (BAKHTIN, 1997, p.

281).

Para Gonçalves e Rocha (2011, p. 2) “Os sistemas cinéticos que compõem o filme são

mistos de uma variedade de peças discursivas que se unem formando um jogo significante de

representações da realidade”. As autoras afirmam que cada uma dessas peças têm em sua

composição um significado e são produzidas de acordo com as vozes existentes no interior de

seus criadores, reafirmando o pensamento de Bakhtin (1997, p. 340) de que “[...] na obra

literária (como em todas as artes), tudo, até mesmo as coisas mais inertes (correlacionadas

com o homem), é marcado de subjetividade”.

São múltiplas vozes responsáveis por dar aos closes, planos, luzes e sombras

o significado necessário para uma compreensão fílmica. Essa polifonia

existe, nesse caso, não só com relação ao contexto de produção da obra, mas

também no contexto de vida de seu autor, que traz consigo, de forma

involuntária ou intencional, uma avalanche de conceitos, ideais, posturas,

olhares. O filme em si é um objeto produto da criação ideológica de seu

autor, tendo, portanto, subentendido, o contexto histórico, social, cultural;

ele não existe fora da sociedade, com ela e por si só dialoga. Ao se

considerar a obra cinematográfica como fruto da interação de muitas visões

de mundo, de muitos profissionais envolvidos na sua concepção e realização,

podemos entender que há diferentes maneiras dessas vozes se harmonizarem

ou se debaterem (GONÇALVEZ; ROCHA, 2011, p. 2).

Page 28: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

21

Stam (2003) considera a linguagem cinematográfica como o agrupamento das

mensagens cujo material de expressão é composto por cinco canais: a imagem fotográfica em

movimento, os sons fonéticos, ruídos e o som musical gravado e a escrita. O autor vê o

cinema como “[...] uma linguagem, [...] um conjunto de mensagens formuladas com base em

um determinado material de expressão, e ainda como uma linguagem artística, um discurso ou

prática significante caracterizado por codificações e procedimentos ordenatórios específicos”

(STAM, 2003, p. 132).

Considerando a inesgotável variedade virtual da atividade humana citada por Bakhtin

(1997) e a consequente diversidade de gêneros do discurso, podemos considerar o cinema

como um gênero discursivo, por acreditarmos que se encaixa nos diversos requisitos

necessários para tal, como ser uma ferramenta importante na relação entre linguagem e

sociedade, através das representações do cotidiano e com isso, construção de memória social.

O cinema se afirma a cada dia como uma linguagem única, pois vem desenvolvendo, ao longo

de sua existência e evolução, códigos próprios, assim como estilos que caracterizam o

discurso cinematográfico. Também podemos afrmar que o cinema está inserido em esferas da

atividade humana, mais precisamente em uma esfera artística e de entretenimento. Como visto

anteriormente, o cinema é um enunciado estável - com suas vozes e conflitos - que apresenta

uma mistura de som, imagem em movimento, textos, etc, que geram respostas, e assim,

interação social.

Finalmente, entendemos o cinema como um gênero discursivo socialmente construído,

ligado a um processo social, com características únicas – mas não estáticas – e que funcionam

como um instrumento de construção de memória social, possibilitando nossa compreensão da

imagem do profissional bibliotecário e evidenciando a presença de fenômenos como o

estereótipo. Sem os gêneros e a memória de gênero, não poderíamos ser construídos e ao

mesmo tempo construir o mundo que nos envolve.

Page 29: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

22

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta seção é dedicada à apresentação dos procedimentos metodológicos utilizados para

a execução deste estudo.

O trabalho foi construído através de uma pesquisa qualitativa. Minayo (2001, p. 21)

afirma que:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se

preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser

quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais

profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos à operacionalização de variáveis.

Nosso estudo tem caráter qualitativo, pois investiga fenômenos sociais com

características particulares e subjetivas, excluindo a possibilidade de traduzir os resultados em

números quantificáveis. Nosso objetivo é observar como é construída a memória do

bibliotecário através da linguagem cinematográfica e descobrir se essa memória é permeada

por estereótipos.

Para iniciar o trabalho, delineamos nossa população e amostra. Para Gil (2002, p. 98)

“[...] de modo geral, população significa o número total de elementos de uma classe. Isso

significa que uma população não se refere exclusivamente a pessoas, mas a qualquer tipo de

organismos [...]” e amostra é uma parte representativa desse todo que servirá de base para os

nossos estudos. Esse estudo tem como população os filmes que retratam o profissional

bibliotecário e como amostra os três filmes escolhidos para análise.

Os três filmes selecionados, retratam o profissional bibliotecário e suas atribuições, e

são eles: Baladas em NY, Universidade Monstros e A Múmia. Os filmes foram analisados no

intuito de evidenciar a maneira como a memória do bibliotecário é construída através dessa

linguagem contemporânea, o cinema. A análise, por fim, também visa esclarecer se a

representação do bibliotecário nesses filmes foi fundamentada em estereótipos.

Utilizamos dois campos de pesquisa para desenvolver este trabalho. A bibliográfica e

a documental. Para Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é:

[...] desenvolvida com base em material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos. [...] Boa parte dos estudos

exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas

sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas

posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas

quase exclusivamente mediante fontes bibliográficas (GIL, 2002, p. 44).

Page 30: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

23

Realizamos pesquisas em livros, artigos, teses, dissertações, tanto em formato físico

como virtual. Além de tudo, também fizemos pesquisas documentais. A pesquisa documental

é bastante similar à pesquisa bibliográfica, apresentando determinadas diferenças na natureza

das fontes. “A pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos

diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que

não recebem ainda um tratamento analítico” (GIL, 2002, p. 45).

No caso desse trabalho, o material que concedeu um caráter documental, foram os três

filmes que escolhemos e, posteriormente, analisamos. Tais obras foram selecionadas de

acordo com uma única e importante exigência: a presença marcante de personagens que

retratam o profissional bibliotecário.

A técnica de coleta de dados utilizada no trabalho é a de observação sistemática, onde,

conforme Cunha:

O observador conta com recursos de controle, podendo, por conseguinte, dar

estruturação ao processo de observação. Destina-se a comprovar hipóteses

causais, à manipulação de variáveis experimentais, à descrição e explicação

sistemática dos fenômenos, processos e problemas. Pressupõe delimitação

do problema a estudar, assim como a proposição de hipóteses de trabalho e

de variáveis (CUNHA, 1982, p. 13).

Considerando que o objeto de análise são filmes e, por conta disso, é necessário

observar com detalhes cada frame, utilizamos a observação sistemática, onde é possível

controlar a passagem de tempo do filme, efetuar pausas e, é claro, assistir quantas vezes for

necessário.

Já a análise dos dados foi realizada através da análise de conteúdo que, segundo

Chizzotti é:

Uma dentre as diferentes formas de interpretar o conteúdo de um texto que

se desenvolveu, adotando normas sistemáticas de extrair os significados

temáticos ou os significantes lexicais por meio dos elementos mais simples

de um texto. Consiste em relacionar a frequência da citação de alguns temas,

palavras ou ideias em um texto para medir o peso relativo atribuído a um

determinado assunto pelo seu autor (CHIZZOTTI, 2006, p. 114).

Para realizar a análise, separamos os filmes em três subseções – um filme em cada

uma – e dentro dessas subseções, foi inserido o cartaz e a sinopse do filme, seguido pelo

tempo e a imagem correspondente à sequência escolhida, a análise do filme e, por fim, a

explicação sobre a presença, ou não, de estereótipos.

De início, foi necessário definir as sequências. Após assistir o filme, três passagens

foram escolhidas para serem analisadas. Primeiro, apresentamos um panorama geral daquela

Page 31: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

24

cena, explicando brevemente o contexto da situação. Em seguida, pontuamos com mais

detalhes a passagem escolhida para análise. Os detalhes incluem músicas, ruídos, falas, plano

de fundo, posição da câmera, efeitos, gestos, vestimentas, inclusive a própria ação dos

personagens.

Após a realização da análise do filme, concluímos através de fatores como figurino,

falas, interpretação, entre outros quesitos relacionados ao contexto do filme, que contam com

a presença de características que estereotipam a imagem do profissional bibliotecário.

Page 32: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

25

4 ANÁLISE FÍLMICA

Nesta seção faremos a análise dos filmes, procurando entender de que forma a

memória do profissional bibliotecário é construída na linguagem cinematográfica, e sabendo

que “Analisar um filme é também situá-lo num contexto, numa história. E, se considerarmos

o cinema como arte, é situar o filme em uma história das formas fílmicas” (VANOYE;

GOLIOT-LETÉ, 1992, p. 23). O cinema possui diversas correntes e tendências que foram se

desenvolvendo ao longo dos anos e a maneira como os bibliotecários são representados em

cada uma delas, pode nos dizer muito sobre como sua imagem era percebida na sociedade da

época e que resquícios foram deixados na imagem do bibliotecário dos dias atuais. “Um filme

jamais é isolado. Participa de um movimento ou se vincula mais ou menos a uma tradição”

(VANOYE; GOLIOT-LETÉ, 1992, p. 24).

Jules Prown (1982: 3) considera que objetos (imagens) incorporam e

refletem crenças culturais. Isso significa que o processo de análise de uma

imagem orienta-se de forma a compreender como a cultura está expressa ali:

além da obviedade de consistir em uma produção humana, o que basta para

caracterizá-las como produtos culturais, as imagens refletem por si e em si,

naquilo que mostram e não mostram, as articulações sociais, políticas, de

gênero, religiosas, entre outras, da sociedade em que foram produzidas

(REIS, 2010, p. 2).

Carvalho (apud SILVEIRA, 2002) afirma que é possível analisar os filmes atráves de

duas perspectivas distintas. A primeira, na forma de crítico de cinema, produzindo trabalhos

jornalísticos no campo do jornalismo cultural, publicando em diferentes meios de

comunicação. E, segundo, como um acadêmico, “[...] que utilizam as ferramentas da análise

fílmica para estudar uma obra do cinema partindo de determinados pressupostos teórico-

metodológicos” (CARVALHO apud SILVEIRA, 2002). No entanto, é considerada por

Biscalchin, Vitorini e Gaspar (2014, p. 79) “[...] um dos trabalhos mais difíceis de ser

analisados, embora possa não parecer, pois um filme contém muitas linguagens que atuam

simultaneamente como: imagem, som, música, legenda, gestos, cores”.

Para a realização desse trabalho, utilizaremos a abordagem acadêmica a fim de

entender a construção da memória do bibliotecário. Foram escolhidos três filmes em que o

profissional fosse claramente representado. Primeiro, o filme de 1995 “Baladas em NY”,

seguida da animação de 2013 “Universidade Monstros” e por último o filme de 1999 “A

Múmia”.

Segundo Penafria (2009, p. 1) “Analisar um filme é sinônimo de decompor esse

mesmo filme”. Ou seja, ao descrever a sinopse, observar e transcrever os principais

Page 33: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

26

acontecimentos presentes em cada filme poderemos compreender seus elementos e interpretá-

los. Nesse caso, utilizaremos sequências de filmes, pois é “[...] um momento facilmente

isolável da história contada por um fi lme: um seqüenciamento de acontecimentos, em vários

planos, cujo conjunto é fortemente unitário” (AUMONT, 2003, p. 268 apud CORDEIRO;

AMÂNCIO, 2005, p. 93)

Em nossa pesquisa, ao reconhecermos o personagem do bibliotecário e analisarmos

seu contexto, atitudes, diálogos e ações, poderemos identificar de que maneira a memória

acerca desse profissional foi construída nessas obras cinematográficas. Por fim, poderemos

apontar a presença, ou não de estereótipos caracterizando esses profissionais.

4.1 BALADAS EM NY

Figura 1: Cartaz Baladas em NY

Fonte: Google

Sinopse: Mary é uma jovem animada e inconsequente, que adora aproveitar seu

apartamento em Nova York para dar festas barulhentas e cheias de substâncias ilícitas. Por

conta desse hábito, acaba levada à delegacia. Para sair da prisão, ela conta com a ajuda da

pessoa mais próxima de um parente que ela tem: sua madrinha bibliotecária, que lhe empresta

o dinheiro da fiança e demais despesas. No entanto, precisando pagar a dívida, Mary é

obrigada a fazer algo que odeia: arranjar um emprego. Surpreendentemente, o emprego acaba

mudando sua vida.

Page 34: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

27

Sequência 1: 00:16:43/00:17:48

Figura 2: Personagem Entediada

Fonte: Youtube

No início do filme, Mary, a personagem principal, organiza uma festa em seu

apartamento com muita bebida e substâncias ilícitas, fazendo com que ela acabasse presa.

Sem dinheiro ou algum familiar próximo, ela decide ligar para sua madrinha e pedir ajuda. A

madrinha, que é bibliotecária, a tira da cadeia e ajuda com suas despesas, mas para retribuir a

ajuda, Mary precisa trabalhar na biblioteca.

A sequência 1 acontece dentro da biblioteca, provavelmente em uma sala mais

reservada, como a de processamento técnico e se inicia com o som de batidas que representam

o trabalho repetitivo dos livros sendo carimbados e recebendo baixa.

Na imagem, é possível notar a expressão no rosto da personagem Mary, evidenciando

o tédio que esse processo causa nela. Em determinado momento, a imagem na tela aparece

borrada, e o som de fundo se torna mais sombrio, permitindo que o espectador enxergue a

situação pelos olhos de Mary: fadigados e entediados. A personagem também parece

desinteressada no assunto compartilhado entre as bibliotecárias: empréstimos entre

bibliotecas, aulas e novas tecnologias nas bibliotecas.

Em sua primeira aparição na biblioteca, quando não tinha pretensões de trabalhar,

Mary está vestida com roupas coloridas e descoladas. O que não acontece em seu primeiro dia

no emprego. A personagem parece tentar se adequar ao vestuário das bibliotecárias, utilizando

roupas sem muito glamour, coque, além de um óculos, que até então a personagem não

utilizava.

É possível notar que a nova funcionária tenta se encaixar no padrão de vestimenta de

uma bibliotecária, que na verdade, é um estereótipo. A personagem aparece com uma roupa

Page 35: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

28

que cobre grande parte de seu corpo, coque e óculos, características que, como afirmam

Walter e Baptista (2007), são estereótipos marcantes de um bibliotecário.

Sequência 2: 00:41:45/00:43:12

Figura 3: Personagem Indignada

Fonte: Youtube

A próxima sequência ocorre no momento do filme em que a personagem, antes

insatisfeita com o trabalho na biblioteca, agora parece estar se conformando com as atividades

a serem exercidas, inclusive carimbar livros, algo que antes causava um enorme tédio em

Mary. Ela também passa a valorizar a profissão e as regras da biblioteca.

Na sequência 2, Mary aparece no setor de referência cercada de livros para carimbar,

quando nota um usuário devolvendo o livro que consultou diretamente para a estante. Ela

confronta o usuário de forma intimidante, afirmando que existe um sistema para a colocação

dos livros na estante e que não consiste em repô-los aleatoriamente. Mary se exalta e perde o

controle, deixando o usuário acuado e os demais perplexos com sua reação exagerada.

O único som que podemos ouvir é o do carimbo indo de encontro com os livros. O

momento de indignação da personagem é percebido quando esse único som cessa, o silêncio

paira por alguns segundos e então Mary passa a confrontar o usuário.

O modo da personagem se vestir mostra que ela finalmente se sente confortável de

usar as roupas de acordo com seu gosto e personalidade, mas ao mesmo tempo, deixa evidente

que ela, formalmente, não faz parte do quadro de bibliotecários. Isso porque os bibliotecários

que são representados no filme estão sempre com roupas formais ou recatadas, que não

chamam muita atenção, já a personagem Mary usa roupas e meias coloridas, além de shorts e

saias curtas. Mary também abandona os óculos no momento em que reflete sua verdadeira

personalidade.

Page 36: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

29

O ato da personagem pode ser considerado um estereótipo. Segundo Santos, Gomes e

Farias (2014, p. 79), é atribuída ao bibliotecário a “[...] atitude agressiva e a habilidade de

criar obstáculos e impedimentos aos usuários em razão de regulamentos da biblioteca”. Na

sequência, vemos que Mary se exalta com o usuário, intimidando-o por conta de um livro

posto de volta na estante. Nesse momento, ela demonstra que sua maior preocupação é de fato

a organização da biblioteca, e não o usuário (que ela pode ter perdido após esse

acontecimento).

Sequência 3: 1:22:46/1:29:49

Figura 4: Personagem decidida

Fonte: Youtube

Após passar um tempo trabalhando na biblioteca, Mary é demitida por conta de sua

irresponsabilidade. Ela tenta trabalhar como promotora de eventos, chega a dar uma festa,

mas percebe que algo está faltando em sua vida. Finalmente, a personagem toma a decisão

final em relação a sua carreira e decide ingressar no ramo da Biblioteconomia. Com o intuito

de pedir seu emprego de volta, Mary convida a bibliotecária para uma conversa em sua casa.

No entanto, ela não imaginava que seus amigos haviam organizado uma festa surpresa de

aniversário e a bibliotecária, ao chegar, fica desapontada, pensando que era mais um ato

irresponsável de Mary.

A sequência 3 acontece no apartamento de Mary e mostra a personagem decidida a ser

uma bibliotecária. Ela chega em casa e, ao se deparar com a festa, tenta de todos os jeitos

expulsar os convidados de sua casa antes da chegada da bibliotecária. A câmera percorre toda

a casa atrás da personagem que tenta tirar as decorações e pedir às pessoas que saiam. Quando

a bibliotecária chega e vê a bagunça, exige explicações de Mary, que tenta encontrar uma

maneira de se explicar e, principalmente, pedir seu emprego de volta. A bibliotecária nega

veementemente, até que os amigos de Mary passam a contar suas experiências de favores

Page 37: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

30

realizados por Mary, como a organização de um acervo musical, empréstimos de livros e

pesquisas. Após ouvir o que Mary e seus amigos tinham a dizer, a bibliotecária cede à

comoção e aceita a menina de volta na biblioteca.

Ao entrar em casa, o primeiro comentário que a personagem ouve de seus amigos é

sobre sua aparência. Decidida a se tornar uma bibliotecária, a personagem troca suas roupas

curtas e coloridas por roupas pretas, cobrindo a maior parte de seu corpo. Ao invés dos

cabelos soltos ou com um penteado diferente, ela aparece com um coque na cabeça e,

novamente, os óculos.

Como se trata de uma festa surpresa, todos estão em silêncio e na cena só é possível

ouvirmos o som dos passos de Mary chegando em casa e a porta rangendo ao abrir, fazendo

com que seus amigos gritem “surpresa”. A partir desse momento, a festa tem início e uma

música bem alta toma conta da sequência, fazendo com que os personagens tenham que se

esforçar para ouvirem e serem ouvidos. A música só para quando Mary decide tomar uma

atitude, pois precisa da atenção centrada nela e seu pedido para voltar a trabalhar na

biblioteca. A música só volta a tocar no final, quando Mary e sua madrinha se entendem e

todos decidem aproveitar a festa juntos.

Na sequência três, quando Mary decide ser uma bibliotecária, causa uma reação de

espanto em seus amigos por conta de sua aparência. Segundo Santos, Gomes e Farias (2014,

p. 79), “[...] em relação ao aspecto físico há a presença dos óculos, penteado rígido e o uso de

vestimentas antiquadas e formais”. O filme deixa evidente a transformação de garota

descolada, que veste roupas curtas e coloridas, para uma adulta convicta da decisão de pôr sua

vida em ordem, mas que se apropria de todas essas características citadas pelos autores

somente quando se torna uma aspirante a bibliotecária, reafirmando esse antigo estereótipo de

bibliotecário.

4.2 UNIVERSIDADE MONSTROS

Page 38: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

31

Figura 5: Cartaz Universidade Monstros

Fonte: Google

Sinopse: Mike Wazowski e James Sullivan são amigos inseparáveis em Monstros

S.A., mas nem sempre foi assim. Na universidade, os dois jovens monstros não se entendiam,

com Mike sendo um sujeito estudioso, mas não muito assustador, e Sulley o cara popular e

arrogante, graças ao seu talento herdado para o susto. Após um incidente, os dois são

obrigados a participar da mesma equipe dos Jogos Veteranos de Susto, junto a uma equipe

formada por monstros atrapalhados.

Sequecência 1: 00:47:16/00:47:56

Figura 6: Bibliotecária Pede Silêncio

Fonte: Filme Universidade Monstros

A animação conta a história de dois monstros, Mike e Sulley, que ingressam na

universidade para se formar em “assustar”. Anualmente, os alunos participam de uma

competição chamada “Jogos veteranos de susto”, onde os integrantes das repúblicas precisam

vencer provas para ganhar o trófeu.

Page 39: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

32

Uma das etapas da competição requer que os competidores busquem uma bandeira

dentro da biblioteca, mas com uma condição: não ser pego pela bibliotecária.

A sequência 1 mostra os integrantes da fraternidade de Mike e Sulley entrando na

biblioteca nas pontas dos pés, afim de não fazer nenhum barulho. A trilha sonora da cena nos

remete a uma situação de suspense. A câmera segue os personagens de forma bem lenta,

mostrando que o cuidado ao pisar no chão é tão grande que eles seguem quase em câmera

lenta. Além disso, eles se comunicam por gestos para evitar que as vozes acabem chamando

atenção. Os espectadores do evento demonstram bastante preocupação com a possibilidade

dos competidores serem avistados pela bibliotecária.

Em seguida, a bibliotecária aparece fazendo o famigerado sinal de silêncio, oralizando

o pedido em seguida. A profissional é caracterizada por uma senhora idosa, usando um

vestido cinza, coque e óculos, além de aparentemente ser rabugenta. Ela se encontra sentada

atrás do balcão de referência lendo um livro.

O sinal de silêncio por si só já é considerado um estereótipo, pois segundo Walter e

Baptista (2007, p. 30), os bibliotecários costumam se associados a “[...] uma postura

geralmente antagônica e pouco receptiva para os usuários, provavelmente em gesto que

indique um enfático pedido de silêncio”. Também podemos observar características como

“[...] desinteresse do profissional em atender o público, caracterizado pela morosidade, mau

humor, autoritarismo [...]” (SILVA, 2009, p. 34), que ficam evidentes na feição e voz da

personagem.

Sequência 2: 00:47:57/00:48:20

Figura 7: Bibliotecária Irritada

Fonte: Filme Universidade Monstros

Na sequência 2, enquanto a competição se desenrola, um dos personagens profere o

seguinte comentário: “O que tem de assustador em uma bibliotecária velha?”. Nesse

Page 40: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

33

momento, um usuário da biblioteca pisa em uma tábua solta no chão, gerando um ruido que

desperta a fúria da bibliotecária. A imagem corta rapidamente para ela, onde a câmera filma

através de um ângulo de baixo para cima, criando a ilusão de que a bibliotecária é ainda

maior. Ela sai de trás do balcão se arrastando através de seus tentáculos, repete seu pedido de

silêncio e demonstra sua insatisfação expulsando o usuário da biblioteca.

Assim que a fala do personagem termina, podemos ouvir uma música de suspense que

para repentinamente no momento em que o usuário pisa na tábua solta, e o som predominante

é o do rangido que ecoa pela biblioteca. Em seguida, a câmera corta para a bibliotecária e uma

música assustadora toca no momento em que ela se irrita, fechando com força o livro que

estava em suas mãos (é possível ouvir o barulho do livro se fechando) e levanta da cadeira.

No momento em que ela joga o usuário para fora da biblioteca, podemos ouvir, além de seus

gritos, o barulho da árvore que o amortece e da água quando ele cai em um rio, provocando

risadas nos outros alunos.

Esta sequência ratifica a afirmação de Grogan (2001, p. 12), de que “[...] para o

público em geral, a bibliotecária é uma ‘velhota rabugenta, assexuada, míope e reprimida’,[...]

‘cercada por um rol de avisos que proíbem praticamente qualquer atividade humana’”. Além

de a personagem bibliotecária ser idosa, rabugenta e míope, não permite nem mesmo que os

usuários - sem querer - façam qualquer barulho.

Sequência 3: 00:48:20/00:51:08

Figura 8: Bibliotecária Furiosa

Fonte: Filme Universidade Monstros

A competição está entre a equipe de Mike e Sulley e mais uma. É evidente que a outra

equipe é mais rápida e provavelmente conseguirá pegar a bandeira primeiro. Enquanto isso,

Mike preza pela cautela e continua seguindo de maneira bem lenta. Sulley não concorda e

decide agir sozinho.

Page 41: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

34

Vemos na sequência 3 que Sulley tenta correr o mais sorrateiramente possível, mas

acaba gerando um ruído por conta do chão de madeira. A bibliotecária, observa sem os óculos

e não enxerga nada. Nesse momento, a imagem fica embaçada, mostrando a situação ao

espectador, através dos olhos míopes da bibliotecária. Como ela não enxerga, Sulley continua

subindo a escada, até que alguns parafusos se soltam e ela se quebra. O personagem se

desequilibra e acaba caindo, fazendo muito barulho. A bibliotecária mais uma vez demonstra

estar furiosa por conta do barulho, parando o que está fazendo para perseguir de maneira

irritada os alunos, até que eles sejam expulsos da biblioteca. A imagem segue os movimentos

da bibliotecária até o fim da perseguição, quando finalmente dá um zoom na sua expressão

furiosa tentando alcançar os alunos, deixando a impressão de que ela está cada vez mais perto

dos personagens, até que eles acabam fora da biblioteca.

A cena continua com a música assustadora da sequência anterior até o momento em

que a bibliotecária se acalma e volta aos seus afazeres na biblioteca. A equipe de Mike e

Sulley solta alguns gemidos de medo, mas logo volta a caminhar calma e lentamente em

direção à bandeira, acompanhados da mesma música de suspense que tocava no início. Mike

quer que todos andem devagar e com cuidado, mas Sulley está impaciente e segue

resmungando, até que avista a outra equipe subindo as escadas correndo. Nesse momento, a

música fica mais acelerada, acompanhando os passos rápidos dos competidores. Ao ver que

estão ficando pra trás, Sulley decide tomar uma atitude e começa a correr cautelosamente até

a bandeira. A música de fundo volta a tocar acelerada, acompanhando os passos do

personagem, até que ele pisa em algumas tábuas que rangem, chamando a atenção da

bibliotecária. Quando ela tenta ver o que está acontecendo, uma música de tensão inicia e para

a partir do momento que ela não enxerga nada e volta às suas tarefas. Mike suspira aliviado

por seu amigo não ter sido pego, mas logo fica assustado ao vê-lo subindo as escadas. Então,

podemos ouvir o barulho dos parafusos se soltando – através de um som metálico –, a música

de fundo fica cada vez mais agoniante, até que Sulley se desequilibra e cai no chão, gerando

um enorme estrondo. Uma música assustadora se inicia e a bibliotecária irritada segue em

direção ao personagem. A partir desse momento, todos os outros membros da equipe passam

a fazer barulhos diversos, com o intuito de chamar a atenção da bibliotecária e tentar enganá-

la para não serem pegos. A perseguição conta uma trilha animada que só para quando eles

estão fora da biblioteca e o diálogo entre os personagens se inicia.

Essa sequência evidencia o estereótipo do bibliotecário que não se preocupa com seus

usuários. O ocorrido nesta cena demonstra a “[...] falta de comprometimento profissional e

toda sorte de situações que frustram o usuário quanto às expectativas que ele tem de ver

Page 42: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

35

atendidas suas necessidades de informação por meio da mediação da biblioteca [...]” (SILVA,

2009, p. 34). Tal comportando afasta os usuários das bibliotecas, o que não é bom pra eles e,

muito menos, para a biblioteca. Esse estereótipo é ainda mais enfatizado pelo fato da

personagem ser representada por um dos mostros mais assustadores do filme (visto que a

grande maioria possui uma aparência agradável) e ainda, a trilha sonora assustadora que

sempre acompanha suas aparições.

4.3 A MÚMIA

Figura 9: Cartaz A Múmia

Fonte: Google

Sinopse: Há muitos anos, Imhotep, um sacerdote, se apaixona pela esposa do faraó,

Ankh-su-Namun. Ao serem descobertos, Imhotep e sua amada são condenados de forma

brutal: Ankh-su-Namun é morta e Imhotep é enterrado vivo, mas sob uma terrível maldição:

se fosse ressurgido, traria desgraça e morte à humanidade. Em 1926, anos depois, o

aventureiro Rick O'Connell, junto com a bibliotecária Evelyn, seu irmão Jonathan e outros

arqueólogos acabam acidentalmente trazendo o sacerdote à vida, que por sua vez, fará de tudo

para também ressuscitar sua amada Ankh-su-Namun, para viverem juntos pra sempre. Cabe a

esses aventureiros impedir que esta catástrofe atinja a humanidade.

Page 43: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

36

Sequência 1: 00:12:40/00:12:51

Figura 10: Bibliotecária Guardando Livros

Fonte: Filme A Múmia

Evy é uma bibliotecária que trabalha na biblioteca de um museu de antiguidades no

Cairo, Egito. Ela possui verdadeira paixão pela profissão, sendo fluente em egipcio antigo,

sabendo decifrar hieróglifos e hierático.

A sequência 1 mostra a bibliotecária organizando livros nas estantes. A biblioteca

parece mal iluminada, e até o acervo é predominantemente escuro, criando uma atmosfera

sombria. No início da cena, ouvimos a voz da bibliotecária em meio ao acervo e a câmera

percorre as estantes sorrateiramente até ir ao encontro da personagem.

Vemos aqui, novamente, que a bibliotecária utiliza óculos, o cabelo preso por um

coque e veste roupas que cobrem grande parte do seu corpo.

Tudo que podemos ouvir é o barulho dos livros sendo postos na estante e a voz da

bibliotecária conferindo os nomes dos autores.

Na sequência 1, podemos observar que o primeiro estereótipo fica evidente na

presença dos “[...] indefectíveis óculos e o famigerado coque nos cabelos [...]” (WALTER;

BAPTISTA, 2007, p. 31). Moreno e Bastos (2012) também citam essas características,

inclusive as roupas fechadas e recatadas. O segundo, notamos quando a bibliotecária exerce

“[...] uma função que normalmente não é executada pelos bibliotecários, mas sim pelos

auxiliares de bibliotecas” que consiste em repor os ítens na estante.

Page 44: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

37

Sequência 2: 00:12:52/00:13:50

Figura 11: Bibliotecária Desastrada

Fonte: Filme A Múmia

Ao separar os livros por ordem alfabética (provavelmente para tornar a cena mais fácil

de ser compreendida por todos os públicos, já que o correto seria utilizar, por exemplo, a

Classificação Decimal de Dewey), a bibliotecária percebe que um autor com a letra T está

entre os autores de letra S. Como a estante está logo ao lado, ela tenta se equilibrar para

alcançá-la e guardar o livro sem precisar descer as escadas.

A sequência 2 mostra a bibliotecária se esticando ao máximo para tentar alcançar a

estante ao lado. A câmera filma a personagem de um ângulo em que podemos perceber que

existe uma distância considerável entre as duas estantes. Mesmo assim, ela tenta se esticar,

projetando demais o seu corpo, e movendo a escada. Consequentemente, a personagem cai,

empurrando a estante que não é fixa no chão, e fazendo com que todas as estantes caiam uma

a uma, como um efeito dominó. A imagem percorre cada uma das estantes caindo, até chegar

de volta na bibliotecária, que fica incrédula.

Na cena, podemos ouvir a bibliotecária conferindo os nomes dos livros e se

perguntando o que um livro com a letra T faz junto dos livros com letra S. Assim que ela

decide se arriscar tentando alcançar a estante ao lado, ouvimos o ranger da escada onde ela

está apoiada, seguido de um grito de desespero, que marca o momento que ela começa a se

desequilibrar. É possível ouvir a batida da escada contra o chão, evidenciando a tentativa

frustrada da personagem de se equilibrar em cima dela. Até que inicia uma música de

suspense e a bibliotecária cai. As estantes caindo fazem muito barulho, mas ainda assim é

possível ouvir uma música acelerada de fundo. Quando as estantes param de cair, a música

também chega ao seu término, voltando a tocar a trilha de suspense.

Além do que já citamos na sequência anterior, a sequência 2 traz um exemplo de

estereótipo diferente. De acordo com Moreno e Bastos (2012), se a bibliotecária retratada for

idosa, é atríbuída a característica de ranzinza, e se for jovem, de desastrada.

Page 45: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

38

Sequência 3: 01:49:47/01:51:44

Figura 12: Bibliotecária Aventureira

Fonte: Filme A Múmia

Evy tem um irmão que sempre lhe traz artefatos para vender. Dessa vez, ele trouxe

algo que chamou sua atenção: uma espécie de caixa que continha um mapa em seu interior.

Após algumas pesquisas, ela descobre que o mapa leva até Hamunaptra, a cidade dos mortos.

Os mitos contam que a cidade guardaria riquezas protegidas pela maldição de uma múmia. A

bibliotecária acredita fortemente que suas pesquisas estão corretas e a cidade realmente existe,

o que a faz seguir em uma jornada à procura da cidade.

Acompanhada de seu irmão, um aventreiro chamado O’Connell - que já esteve na

suposta cidade - e diversas outras pessoas interessadas nas riquezas prometidas, Evy segue

rumo ao encontro da cidade, passando por diversas situações de aventura e perigo. A maior

delas foi acordar uma múmia com sede de vingança e procurar um livro que continha o

encantamento capaz de destruí-la.

Na sequência 3, vemos os sobreviventes da jornada para a cidade dos mortos tentando

ler o livro de Amon-Ra. Esse livro continha antigos feitiços e encantamentos escritos em

hieróglifos que poderia salvá-los da múmia. A única pessoa capaz de ler os hieróglifos é a

bibliotecária, que após fugir de diversas criaturas, consegue pôr as mãos no livro e ler o

encantamento, invocando uma carruagem fantasma que, ao atropelar a mumia, a torna um ser

mortal.

Evy, enquanto é vista como uma simples bibliotecária, aparece com suas roupas

longas e largas, o coque no cabelo e uma atitude frágil. Em determinado momento, a

personagem abandona suas roupas formais, o coque, o óculos e passa a ser vista como uma

aventureira, capaz de salvar o dia com seus conhecimentos e ousadia.

A música que preenche a cena é de ação e junto dela, podemos ouvir os gemidos,

batidas e socos que representam a luta entre a múmia e o aventureiro O’Connell. As imagens

se alternam entre a bibliotecária que tenta encontrar o encantamento no livro e a luta.

Page 46: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

39

Finalmente, a imagem foca em Evy pronunciando as frases do encantamento, e logo em

seguida, é possível ouvir a chegada da carruagem, o galope e relinche dos cavalos. No

momento que a carruagem atravessa a múmia, vemos um efeito azul e a imortalidade

deixando o corpo da múmia. Além disso, ouvimos um estrondo, seguido de silêncio. Quando

O’Connell percebe que a múmia não está morta, uma música de suspense paira no ar e

ouvimos o som metálico do aventureiro apanhando sua espada. Esse mesmo som é ouvido

quando ele apunhala a múmia, fazendo com que ela caia em uma piscina escura, onde só se

ouve o burburinho das almas puxando a múmia para o fundo e de seu corpo se decompondo.

Agumas representações de bibliotecários fogem dos estereótipos usuais e concedem

novas perspectivas dos profissionais, como enciclopédias vivas. Mesmo reafirmando os

estereótipos comuns dos óculos, coque e roupas no início do filme, na medida em que a trama

se desenrola, o espectador passa a conhecer uma nova perspectiva da personagem, um

estereótipo moderno e poético, como afirma Moreno e Bastos (2012, p. 7), onde vemos “[...]

alguém dotado de grande inteligência, um ser culto e esclarecido [...]”, associado,

principalmente, às bibliotecas monásticas e seus monges eruditos. Evy ainda vai além, ao

fazer uso de seu charme e beleza para confundir seus inimigos. Ela também, definitivamente,

abandona a crença de que bibliotecários possuem “[...] perfil introvertido e que gostam de

conviver solitariamente com a leitura” (SANTOS; GOMES; FARIAS, 2014, p. 79).

Page 47: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicialmente, foi proposta a revisão de alguns conceitos importantes para a realização

dessa pesquisa.

Observamos como a memória é um elemento importante na compreensão das

representações construídas acerca do profissional bibliotecário, visto que “[...] é constituída

por indivíduos em interação, por grupos sociais, sendo as lembranças individuais resultado

desse processo” (ARAÚJO; SANTOS, 2007, p. 97).

Lembramos que a profissão de bibliotecário mesmo passando, ao longo dos anos, por

processos de mudança de paradigmas, a construção da memória que remete à ideia do

paradigma de guardião do conhecimento se conservou até os dias de hoje.

No entanto, lembramos a afirmação de Gondar e Dodebei (2005, p. 7) de que a

memória social é “[...] um conceito complexo, inacabado, em permanente processo de

construção”, que nos remete à possibilidade do profissional bibliotecário de reinventar,

mesmo que lenta e gradativamente, a memória acerca de sua imagem, pensando que “[...] na

maior parte das vezes, lembrar não é reviver, é refazer, reconstruir, repensar, com imagens e

idéias de hoje, as experiências do passado” (BOSI, 1994, p. 55).

Vimos que o “Ao pensarmos na história das profissões, acreditamos que a

Biblioteconomia seja uma das mais antigas, na medida em que sempre houve alguém

responsável (geralmente homens) pela guarda e organização de informação” (CHARTIER;

HÉBRARD apud CASTRO, 2000, p. 5).

Constatamos que com o tempo e, principalmente, a partir das evoluções tecnológicas,

as funções do profissional da informação foram mudando, evoluindo, aperfeiçoando e se

reinventando. Rodrigues et al (2013, p. 86) afirma que “[...] a exigência de profissionais com

características diferenciadas, inovadoras e dinâmicas, capacitados para executar, de maneira

rápida e eficiente, a organização e a disseminação da informação, é cada vez maior”.

Além disso, o profissional que possui aptidão para atividades de cunho social, tem a

capacidade de transformar o cenário em que atua, ao identificar a necessidade de informação e

conhecimento em sua comunidade e disseminá-la, entendendo a importância da biblioteca na

construção de uma sociedade.

Notamos que os estereótipos estão inseridos nas mais diversas sociedades desde

tempos longínquos, exercendo “[...] uma visão aparentemente deturpada da realidade, mas

próxima de como o meio social e o inconsciente coletivo percebiam o outro” (SANTOS;

MANNES, 2009, p. 130). Salientamos a importância desse fenômeno em nosso trabalho,

Page 48: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

41

entendendo que está diretamente relacionado à forma como os sujeitos sociais constroem

representações acerca de profissões, etnias, sexualidades, gêneros, etc.

É importante lembrar que o estereótipo é um fenômeno que ganha força à medida que

é cada vez mais difundido, porém, não é definitivo. Nesse sentido, cabe ao bibliotecário

mostrar sua evolução, não só como profissional, se adequando às novas tecnologias e

demandas, mas também como ser humano, individual, que possui suas próprias características

baseadas em sua personalidade e não em sua profissão.

O cinema é um conceito chave em nossa pesquisa, pois “[...] é uma linguagem com

suas regras e suas convenções. É uma linguagem que tem parentesco com a literatura,

possuindo em comum o uso da palavra das personagens e a finalidade de contar histórias”

(COSTA, 2003, p. 27).

O cinema possui características próprias e diversas. Próprias quando consideramos

uma característica em especial que a distingue de qualquer outra: a imagem em movimento.

Diversa, pois tem a capacidade de unir muitas outras formas de comunicação em uma única

tela, como por exemplo, o som – ou até mesmo a falta dele -, a fotografia, a escrita, etc,

criando infinitos diálogos e, com isso, uma comunicação, seja entre os personagens do filme,

ou com seus espectadores.

Pensando nessa capacidade de dialogar com os espectadores, consideramos o cinema

um importante meio de comunicação, com capacidade de influenciar a formar opiniões,

inclusive participar na construção de memória. As imagens em movimento e sons criados pela

linguagem cinematográfica tem “[...] influenciado nossas maneiras de conceber e representar

o mundo, nossa subjetividade, nosso modo de vivenciar nossas experiências, de armazenar

conhecimento, e de transmitir informações” (COSTA, 2005, p. 17).

Visando a boa compreensão do nosso trabalho, definimos o conceito de gêneros

discursivos a partir dos estudos de Mikhail Bakhtin. O autor cita três conceitos importantes no

entendimento dos gêneros: o enunciado, a polifonia e o dialogismo. Bakhtin afima que a

sociedade é dividida em esferas, que designam as diferentes e variadas formas de atividade

humana. Reconhecemos o enunciado como a unidade da comunicação verbal, que reflete as

“[...] condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas [...]” (BAKHTIN,

1997, p. 279), e tem como característica demandar uma atitude responsiva.

Para Bakhtin (2005, p. 86) “o pensamento humano só se torna pensamento autêntico

[...] sob as condições de um contato vivo com o pensamento dos outros [...] na consciência

dos outros expressa na palavra”, ou seja, o enunciado produzido por um indivíduo, possui em

sua constituição o que Bakhtin compreende como “vozes”, algo como a ação da memória no

Page 49: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

42

processo de construção enunciativa. Essas vozes presentes nos enunciados, são denominadas

polifonia. No entanto, existem conflitos entre essas vozes sociais, elas não rumam a um

mesmo ponto de vista harmonioso. Bakhtin denomina esse diálogo com diversos pontos de

vista diferenciados entre as vozes como dialogismo.

Bakhtin afirma que para o enunciado alcançar com eficácia o sujeito a quem ele é

dirigido, é necessário que alguns formatos específicos sejam seguidos, culminando no sucesso

do processo enunciativo. “Esses diferentes formatos a que os enunciados pertenceriam e que

seriam essenciais para uma comunicação satisfatória entre os sujeitos seriam os gêneros

discursivos” (COSTA, 2007, p. 65).

A inesgotável variedade da atividade humana e, consequente, os diversos gêneros do

discurso, fizeram com que o autor os separasse em dois grupos: os primários (ou simples),

que nos remetem a uma situação cotidiana, uma comunicação verbal espontânea e os

secundários (ou complexos), que surgem como uma comunicação mais complexa e

relativamente mais evoluída.

A partir da compreensão de gêneros discursivos, foi possível concluir um dos nossos

objetivos específicos, que consistia em entender o cinema como um gênero discursivo.

Sublinhamos que os filmes cinematográficos são uma ferramenta importante na

relação entre linguagem e sociedade, através de suas representações do cotidiano e com isso,

construção de memória social. O cinema é linguagem única, que desenvolveu, ao longo de sua

existência e evolução, códigos próprios, assim como estilos que caracterizam o discurso

cinematográfico. Afirmamos que o cinema está inserido em esferas da atividade humana,

mais precisamente em uma esfera artística e de entretenimento. E que, principalmente, o

cinema é um enunciado estável - com suas vozes e conflitos - que apresenta uma mistura de

som, imagem em movimento, textos, etc, que geram respostas, e assim, interação social.

De acordo com a teoria bakhtiniana de gênero, consideramos o cinema como um tipo

de discurso, em que diferentes gêneros se relacionam, isto é, podemos considerá-lo um gênero

complexo ou secundário, também formado pela relação de gêneros primários “[...] que

transformam-se e adquirem uma característica particular: perdem sua relação imediata com a

realidade existente e com a realidade dos enunciados alheios” (BAKHTIN, 1997, p. 281).

Entendemos o cinema como um gênero discursivo socialmente construído, ligado a um

processo social, com características únicas – mas não estáticas – e que funcionam como um

instrumento de construção de memória social, possibilitando nossa compreensão da imagem

do profissional bibliotecário e evidenciando a presença de fenômenos como o estereótipo.

Page 50: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

43

Sem os gêneros e a memória de gênero, não poderíamos ser construídos e ao mesmo tempo

construir o mundo que nos envolve.

Nossa pesquisa tem caráter qualitativo, pois investiga fenômenos sociais com

características particulares e subjetivas, excluindo a possibilidade de traduzir os resultados em

números quantificáveis. Após a percepção de todos os conceitos, realizamos a análise fílmica

dos filmes “Baladas em NY”, “Universidade Monstros” e “A Múmia”, e entendemos a

construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica, além de

confirmarmos que essas representações são fundamentadas por estereótipos.

Notamos que em todos os filmes, a representação do bibliotecário é feita por uma

mulher. Moreno e Bastos (2012, p. 3) afirmam que “[...] ainda se pensa na carreira

bibliotecária como algo restritamente feminino”. Também podemos observar que:

“É muito interessante como o aspecto visual e comportamental dos

bibliotecários realmente permeia o imaginário popular, associando a profissão

a mulheres, em geral idosas [...] e, mesmo quando mostram jovens, [...]

apresenta uma função que normalmente não é executada pelos bibliotecários,

mas sim pelos auxiliares de bibliotecas, que é a de recolocação de material nas

estantes” (WALTER; BAPTISTA, 2007, p. 30).

Além da bibliotecária jovem que guarda livros em “A Múmia” e a idosa rabugenta em

“Universidade Monstros”, também observamos outro estereótipo comum dos bibliotecários,

citado por Moreno e Bastos (2012, p. 1), as “[...] mulheres solteironas, solitárias, ranzinzas

[...]”. Em “Baladas em NY”, vemos que nenhuma das bibliotecárias é vista ou comenta sobre

companheiros ou família. A própria personagem principal, que tem pretensão de ser uma

bibliotecária, é uma pessoa solitária.

Observamos, que a imagem do bibliotecário é, muitas vezes, construída através da

memória do profissional do setor de referência, como fica evidente em “Baladas em NY” e

“Universidade Monstros”, onde as personagens estão sempre atrás de uma bancada, às vezes,

até realizando atividades de processamento técnico, mas escondidas atrás do balcão de

referência. Em “A Múmia”, essa característica não é óbvia, mas o fato da personagem

trabalhar sozinha na biblioteca, nos leva a acreditar que ela também exerce essa função.

Além da predominância de mulheres representando o papel de bibliotecária, outros

estereótipos na representação desse profissional também foram unânimes, como o coque, os

óculos e as roupas recatas que cobrem grande parte do corpo, já citadas por Santos, Gomes e

Farias (2014, p. 79), “[...] em relação ao aspecto físico há a presença dos óculos, penteado

rígido e o uso de vestimentas antiquadas e formais”.

Page 51: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

44

Encontramos em três sequências analisadas, a presença de uma representação

exagerada do profissional bibliotecário, onde fica claro o “[...] desinteresse do profissional em

atender o público, caracterizado pela morosidade, mau humor, autoritarismo [...]” (SILVA,

2009, p. 34), além da evidente “[...] habilidade de criar obstáculos e impedimentos aos

usuários em razão de regulamentos da biblioteca” (SANTOS; GOMES; FARIAS, 2014, p.

79). Tais representações constroem uma memória associada a um bibliotecário que tem como

prioridade a organização da biblioteca, e não o usuário.

Na última sequência do filme “A Múmia”, a bibliotecária inicia como qualquer outra

representação estereotipada, fazendo uso dos conhecidos óculos, o coque e seu jeito

desastrado. No entanto, na medida em que a trama se desenrola, o espectador passa a

conhecer uma nova perspectiva da personagem, um estereótipo moderno e poético, como

afirma Moreno e Bastos (2012, p. 7), onde vemos “[...] alguém dotado de grande inteligência,

um ser culto e esclarecido [...]”, associado, principalmente, às bibliotecas monásticas e seus

monges eruditos.

Em suma, podemos concluir que a memória do bibliotecário é construída nos filmes

cinematográficos através de diferentes categorias, como a da velha rabugenta, a jovem

desastrada, o sábio. No entanto, todas essas características são associadas ao profissional da

informação de forma exagerada e caricata, evidenciando a existência de estereótipos em sua

representação. O cinema, como foi visto anteriormente, é um importante meio de

comunicação, formador de opinião e constituidor de valores. Com isso, permite que essas

representações dos bibliotecários permeiem a imaginação dos espectadores, criando em cada

indivíduo uma ideia própria de quem são os bibliotecários, uma memória e os diversos

sentidos que dela podem provir.

Page 52: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

45

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, M. P. N.; SANTOS, M. S. História, memória e esquecimento: implicações

políticas. Revista Crítica de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 1, n. 79, p. 95-111, out.

2007. Disponível em: <https://rccs.revues.org/728?lang=es#quotation>. Acesso em: 15 jan.

2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e

documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 6024: informação e documentação: numeração progressiva das seções de um

documento escrito: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro,

2003.

______. NBR 6028: Informação e documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro,

2003.

______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação.

Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio

de Janeiro, 2011.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

Disponível em:

<http://issuu.com/fernandalima4/docs/bakhtin__m._estetica_da_cria____o_v>. Acesso em: 9

jul. 2015.

______. Questões de Literatura e Estética: A teoria do romance. São Paulo: Hucitec, 2002.

Disponível em: <https://issuu.com/fernandalima4/docs/bakhtin__m.__quest__es_de_literatu>.

Acesso em: 20 out 2015.

______. Problemas da poética de Dostoiévsky. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

BALADAS em NY (Party girl). Diretor: Daisy von Scherler Mayer. Roteiro: Harry

Birckmayer, Harry Birckmayer, Sheila Gaffney, Daisy Von Scherler Mayer. EUA, 1995.

BAZIN, Andre. O Cinema: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1991. Disponível em:

<http://pt.scribd.com/doc/24026260/Bazin-Andre-O-Cinema-Ensaios#scribd>. Acesso em: 2

out. 2015.

BISCALCHIN, R. ; VITORINI, E. F. ; GASPAR, N. R. . O sujeito do discurso em Chaplin:

uma possibilidade de análise fílmica na ciência da informação. In: SOUSA, L. M. A. e;

FUJITA, M. S. L.; GRACIOSO, L. de S. . (Org.). A Imagem em ciência da informação:

reflexões teóricas e experiências práticas. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014, p. 75-92.

Page 53: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

46

BLATTMANN, Ursula; RADOS, Gregório. Bibliotecários na sociedade da informação:

mudanças de rótulos, funções ou habilidades?. Rev. ACB, Santa Catarina, v. 5, n. 5, p. 42-55,

2000. Disponível em: <http://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/344/408>. Acesso em 15

jan. 2016.

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Cia das Letras, 1994.

CARVALHO, Rafael Oliveira. Walter da Silveira: entre a crítica de cinema e a análise

fílmica. Mediação, Belo Horizonte, v. 16, n. 18, p. 77-90, jan./jun. 2014. Disponível em:

<http://www.fumec.br/revistas/mediacao/article/view/2159/pdf_6>. Acesso em: 15 dez. 2015.

CASTRO, César Augusto. Profissional da informação: perfil e atitudes desejadas.

Informação & Sociedade: Estudos, [S.l.], v. 10, n. 1, p. 1-13, 2000. Disponível em:

<http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000001559&dd1=210fe>. Acesso em: 24

maio 2015.

CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Rio de Janeiro:

Vozes, 2006. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/AUDiscurso/pesquisa-qualitativa-

emciencia-antonio-chizzoti>. Acesso em: 1 out. 2015.

CORDEIRO, Rosa Inês de Novais; LA BARRE, Kathryn. Análise de Facetas e Obra Fílmica.

Informação & Informação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 180-201, dez. 2011. Disponível

em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/10562/9289>. Acesso

em: 06 fev. 2016.

CORDEIRO, Rosa Inês de Novais; AMÂNCIO, Tunico. Análise e representação de filmes

em unidades de informação. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 34, n. 1, out. 2005.

Disponível em: <http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/585/531>. Acesso em: 02

fev. 2016.

COSTA, Antônio. Compreender o cinema. São Paulo: Globo, 2003. Disponível em:

<http://elcv.art.br/santoandre/biblioteca/_em_portugues/costa_antonio_compreender_o_cinem

a.pdf.>. Acesso em: 6 out. 2015.

COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro cinema: espetáculo, narração, domesticação. Rio de

Janeiro: Azougue Editorial, 2005. Disponível em:

<http://pt.scribd.com/doc/50730560/CostaFlavia-Cesarino-O-primeiro-cinema-espetaculo-

narracao-domesticacao#scribd>. Acesso em: 1 out. 2015.

COSTA, Robson Santos; ORRICO, Evelyn Goyannes Dill. A construção de sentido na

informação das histórias em quadrinhos. DataGramaZero, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, abr.

2009. Disponível em:

<http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000007755&dd1=92f03>. Acesso em: 2

out. 2015.

COSTA, Robson Santos. Linguagens contemporâneas: discurso e memória nos quadrinhos

de super-heróis. Rio de Janeiro, 2007. 116 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de

PósGraduação em Memória Social, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2007. Disponível em: <

Page 54: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

47

http://www.memoriasocial.pro.br/documentos/Disserta%C3%A7%C3%B5es/Diss214.pdf>.

Acesso em: 13 jan. 2016.

CRIPPA, Giulia. Ordem e desordem nos labirintos da ficção: os bibliotecários e suas

representações em alguns produtos culturais contemporâneos.Transinformação, São Paulo,

v. 21, n. 2, p. 151-161, 2009. Disponível em:

<http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000007556&dd1=08335>. Acesso em: 20

nov. 2015.

CUNHA, Murilo Bastos da. Metodologias para estudo dos usuários de informação científica e

tecnológica. Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, v.10, n.2, p. 5-20, jul./dez.

1982. Disponível em: <http://bogliolo.eci.ufmg.br/downloads/CUNHA_1982.pdf>. Acesso

em: 1 out. 2015.

CUNHA, Murilo Bastos da; CAVALCANTI, Cordélia R.O. Dicionário de biblioteconomia

e arquivologia. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2008. Disponível em:

<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgTdMAI/livro-dicionario-biblioteconomia-

cunhamurilo-bastos-dicionario-biblioteconomia-arquivologia?part=22>. Acesso em: 28 set.

2015.

DIAS, et al. Gêneros textuais e(ou) gêneros discursivos: uma questão de nomenclatura?.

Interacções, Minas Gerais, v. 7, n. 19, p. 142-155, 2011. Disponível em:

<http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/475/429>. Acesso em: 13 jan. 2016.

DINIZ, Maria Lúcia Vissoto Paiva. Estereótipo na mídia: doxa ou ruptura. In: COELHO,

Jonas; GUIMARÃES, Luciano; VICENTE, Maximiliano Martin (Orgs.). O futuro:

continuidade\ruptura: desafios para a Comunicação e para a Sociedade. São Paulo:

Annablume, 2006. Disponível em:

<http://www4.faac.unesp.br/posgraduacao/comunicacao/textos/MDiniz_T001.pdf>. Acesso

em: 02 fev. 2016.

FONSECA, Edson Nery da. Introdução à Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2007.

FERREIRA, Lucia M. A; ORRICO, Evelyn G. D. Prefácio. In: FERREIRA, Lucia M. A;

ORRICO, Evelyn G. D. (Org.). Linguagem, identidade e memória social: novas fronteiras,

novas articulações. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra. A organização de arquivos e a construção da memória.

Saeculum, João Pessoa, n. 1, v. 1, p. 50-58, jul./dez. 1995. Disponível em:

<http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/srh/article/viewFile/11094/6235>. Acesso em: 14 jan.

2016.

FONSECA, Edson Nery da. Receita do Bibliotecario. Cadernos de Biblioteconomia, Recife,

v. 1, n. 1, p. 3-10, jul. 1973. Disponível em:

<http://brapci.inf.br/article.php?dd0=0000010358&dd90=8724936140>. Acesso em: 26 maio

2015.

FRANCO, Marilia. Hipótese-cinema: múltiplos diálogos. Revista Contemporânea de

Educação, [S.l.], v. 5, n. 9, p. 8-23, jan. 2012. Disponível em:

<http://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/1597/1445>. Acesso em: 24 set. 2015.

Page 55: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

48

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

Disponível em:

<https://professores.faccat.br/moodle/pluginfile.php/13410/mod_resource/content/1/como_ela

borar_projeto_de_pesquisa_-_antonio_carlos_gil.pdf>. Acesso em: 30 set. 2015.

GONÇALVES, Elizabeth Moraes; ROCHA, Rosa e. O mundo discursivo no cinema: a

construção de sentidos. Cine Brasileño. Primera Revista Electrónica en América Latina

Especializada en Comunicación, México, v. 1, n. 76, p. 1-11, maio/jul. 2011. Disponível

em: <http://www.razonypalabra.org.mx/N/N76/monotematico/05_Goncalvez_M76.pdf>.

Acesso em: 05 fev. 2016.

GONDAR, Jô. Quatro Proposições sobre Memória Social. In: GONDAR, Jô; DODEBEI,

Vera. O que é memória social?. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2005.

GROGAN, Denis. A prática do serviço de referência. Brasília: Briquet de Lemos, 2001.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice e Revista dos Tribunais,

1990. Disponível em:

<http://baixardownload.jegueajato.com/Maurice%20Halbwachs/A%20Memoria%20Coletiva

%20(397)/ A%20Memoria%20Coletiva%20-%20Maurice%20Halbwachs.pdf>. Acesso em:

30 maio 2015.

LE GOFF, Jacques. História e memória. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1990.

Disponível em: <http://memorial.trt11.jus.br/wp-content/uploads/Hist%C3%B3ria-

eMem%C3%B3ria.pdf>. Acesso em: 24 maio 2015.

MACHADO, Arlindo. Apresentação. In:_____. O primeiro cinema: espetáculo, narração,

domesticação. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2005. p. 7-13. Disponível em:

<http://pt.scribd.com/doc/50730560/Costa-Flavia-Cesarino-O-primeiro-cinema-

espetaculonarracao-domesticacao#scribd>. Acesso em: 1 out. 2015.

MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2004.

Disponível em:

<https://docs.google.com/file/d/0BxjbCOGJ22JDQUQxWnVxVmJ0OHM/edit>. Acesso em:

2 out. 2015.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. P. et al.

(Org.). Gêneros textuais & ensino, Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 19-36. Disponível em:

<http://pt.scribd.com/doc/61404180/Generos-textuais-definicao-e-funcionalidade-

LuizAntonio-Marcuschi#scribd>. Acesso em: 2 out. 2015.

MARCUZZO, Patrícia. Diálogo inconcluso: os conceitos de dialogismo e polifonia na obra de

mikhail bakhtin. Cadernos do IL, Porto Alegre, v. 1, n. 36, p. 1-10, jun. 2008. Disponível

em: <http://seer.ufrgs.br/cadernosdoil/article/viewFile/18908/11006>. Acesso em: 10 fev.

2016.

MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. São Paulo: Dinalivro, 2005. Disponível

em:

<http://home.fa.utl.pt/~cfig/Anima%E7%E3o%20e%20Cinema/Realiza%E7%E3o%20Cinem

Page 56: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

49

atogr%E1fica/MARTIN,%20Marcel%20-%20A%20linguagem%20cinematogr%E1fica.pdf>.

Acesso em: 31 jan. 2016.

MASCARELLO, Fernando. (Org.). História do cinema mundial. São Paulo: Papirus, 2006.

Disponível em: <http://site.sesc-se.com.br/cinema/historia+do+cinema+mundial.pdf>. Acesso

em: 2 out. 2015.

MENEZES, Paulo Roberto Arruda de. Cinema: imagem e interpretação. Tempo soc., São

Paulo, v. 8, n. 2, p. 83-104, dez.1996. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010320701996000200083&lng=en

&nrm=iso>. Acesso em: 24 set. 2015.

MEY, Eliane Serrão Alves, et al. O que fazem os bibliotecários?. Disponível em:

<http://www.ofaj.com.br/textos_conteudo.php?cod=343>. Acesso em: 28 maio 2015.

MILANESI, Luís. A formação do informador. Inf.Inf., Londrina, v. 7, n. 1, p. 07- 40,

jan./jun. 2002. Disponível em:

<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/1694>. Acesso em: 3 abr.

2015.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.

Petrópolis: Vozes, 2001. Disponível em: <https://cld.pt/dl/download/9ce6538a-bcad-

4766b430-25bfa307cbf4/Livro%20Minayo.pdf>. Acesso em: 20 set. 2015.

MORAES, Marielle Barros; LUCAS, Elaine de Oliveira. A Responsabilidade social na

formação do bibliotecário brasileiro. Em Questão, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 109 - 124,

jan./jun. 2012. Disponível em: <

http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/24107>. Acesso em: 24 fev. 2016.

MORENO, Josyane; BASTOS, Larissa. O estereótipo do bibliotecário no cinema. In:

ENCONTRO REGIONAL DE ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA,

DOCUMENTAÇÃO, CIÊNCIA E GESTÃO DA INFORMAÇÃO, 15., Ceará, 2012. Anais...

Ceará, EREBD, 2012. p. 1-9.

A MÚMIA (The mummy). Diretor: Stephen Sommers. Roteiro: Stephen Sommers, Lloyd

Fonvielle, Kevin Jarre. EUA, 1999.

OLIVEIRA, Bernardo Jefferson de. Cinema e imaginário científico. Hist. cienc. Saúde

Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 13, p. 133-150, out. 2006. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010459702006000500009&lng=en

&nrm=iso>. Acesso em: 24 set. 2015.

OLIVEIRA, Robespierre; COLOMBO, Angélica Antonechen. Cinema e linguagem: as

transformações perspectivas e cognitivas. Discursos fotográficos, Londrina, v.10, n.16, p.13-

34, jan./jun. 2014. Disponível em:

<file:///C:/Documents%20and%20Settings/acoutinho/Meus%20documentos/Downloads/1364

8-78551-1-PB.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2016.

OLIVEIRA, Zita Catarina Prates de. O bibliotecário e sua auto-imagem. São Paulo:

Pioneira, 1983.

Page 57: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

50

PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes: conceitos e metodologia(s). In: CONGRESSO

SOPCOM. 6., 2009, Lisboa. Anais eletrônicos... Lisboa: SOPCOM, 2009. p. 1-10.

Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/bocc-penafria-analise.pdf>. Acesso em: 14 jan.

2016.

PICOLOTTO, Elvis. O jogo da imitação: como o cinema influencia hábitos e

comportamentos. Disponível em: <http://www.upf.br/comarte/?p=8507>. Acesso em: 16 dez.

2015.

PIRES, Vera Lúcia; TAMANINI-ADAMES, Fátima Andréia. Desenvolvimento do conceito

bakhtiniano de polifonia. Estudos Semióticos, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 66-76, nov. 2010.

Disponível em:

<http://www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es/eSSe62/2010esse62_vlpires_fatamanini_adames.pdf

>. Acesso em: 10 fev. 2016.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.

2, n. 3, 1989, p. 3-15. Disponível em:

<http://www.uel.br/cch/cdph/arqtxt/Memoria_esquecimento_silencio.pdf>. Acesso em: 30

maio 2015.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n.

10, p. 1-15, 1992. Disponível em: <http://www.hugoribeiro.com.br/biblioteca-

digital/Pollakmemoria_e_identidade_social.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2015.

REIS, Ana Paola. A análise de imagens como método de pesquisa e recurso didático. In:

Congresso Latinoamericano de Enseñanza del Diseño. 5., 2014, Buenos Aires. Anais

Eletrônicos... Buenos Aires: [s.n], 2014. p. 1-6. Disponível em: <

http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2010/adm>. Acesso em: 18 dez. 2015.

RODRIGUES, Mara Eliane Fonseca et al. A biblioteca e o bibliotecário no imaginário

popular. Biblionline, João Pessoa, v. 9, n. 1, p. 82-95, jan./jun. 2013. Disponível em:

<http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/biblio/article/view/15097/9599>. Acesso em: 29 set.

2015.

RODRIGUES, Rosângela Hammes. Análise de gêneros do discurso na teoria bakhtiniana:

algumas questões teóricas e metodológicas. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 4, n. 2, p.

415-440, jan./jun. 2004. Disponível em:

<http://aplicacoes.unisul.br/ojs/index.php/Linguagem_Discurso/article/viewFile/272/286>.

Acesso em: 12 jan. 2016.

SADOUL, Georges. História do cinema mundial: das origens aos nossos dias. São Paulo:

Martins, 1963. Vol I. Disponível em:

<http://www.academia.edu/7309444/104841663SADOUL-Georges-Historia-do-cinema-

mundial-Volume-I-Das-origens-a-nossos-dias>. Acesso em: 2 out. 2015.

SALETE, Maria. Gênero(s) resumo na perspectiva bakhtiniana. In: ENCONTRO DO

CÍRCULO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS DO SUL. 6., 2004, Florianópolis. Anais…

Florianópolis: Celsul, 2006. p. 1-10. Disponível em:

<http://www.celsul.org.br/Encontros/06/Individuais/84.pdf>. Acesso em: 13 jan. 2016.

Page 58: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

51

SALGADO, Denise Mancera; BECKER, Patrícia. O bibliotecário no olhar do público escolar.

Encontros Bibli, Florianópolis, v. 3, n. 6, p. 1-15, set. 1998. Disponível em:

<https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/18>. Acesso em: 16 dez. 2015.

SANTOS, Jussara Pereira. O perfil do profissional bibliotecário. In: VALENTIM, Marta

Ligia Pomim. (Org.). O profissional da informação: Formação, perfil e atuação profissional.

São Paulo: Polis, 2009. p. 107-116.

SANTOS, Marcus Vinícius Machado dos; MANNES, Cleiton José. O estereótipo e o cientista

da informação: quebras ou fortalecimentos. Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência

da Informação, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 128-137, jul./dez. 2009. Disponível em:

<http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000007422&dd1=f8365>. Acesso em: 30

set. 2015.

SANTOS, D. S. dos; GOMES, Ingrid; FARIAS, Maria Dias de. A representação do

profissional de biblioteconomia: um estudo com textos culturais. Rev. digit. bibliotecon.

cienc. Inf, Campinas, v. 12, n. 3, p.75-95, set/dez. 2014. Disponível em:

<http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/index.php/rbci/article/view/3937/pdf_76>. Acesso em

02 fev. 2016.

SCORSOLINI-COMIN, Fabio. Diálogo e dialogismo em mikhail bakhtin e paulo freire:

constribuições para a educação a distância. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 30, n.

3, p. 245-265, Jul./Set. 2014. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/edur/v30n3/v30n3a11.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2015.

SCORSOLINI-COMIN, Fabio; SANTOS, Manoel Antônio dos. Bakhtin e os processos de

desenvolvimento humano. Rev. bras. de Crescimento e Desenvolvimento humano, São

Paulo, v. 20, n. 3, p. 745-756, 2010. Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0104-12822010000300009&script=sci_arttext>.

Acesso em: 19 dez. 2015.

SIGNOR, Rita. Os gêneros do discurso. Gatilho, Juiz de Fora, v. 7, n. 1, p. 1-6, mar. 2008.

Disponível em: <http://www.ufjf.br/revistagatilho/files/2009/12/RESENHA1.-Os-generos-

dodiscurso.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2015.

SILVA, Alda Lima da. A auto-imagem do profissional bibliotecário na sociedade

contemporânea: um estudo de caso do Município de Salvador. Bahia, 2009. 112 f.

Dissertação (mestrado) - Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia,

Bahia, 2009. Disponível em:

<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/7926/1/Dissertacao_completa%20AldaSilva.pdf>.

Acesso em: 02 fev. 2016.

SILVA, M; SILVA, J; ROCHA, E. O profissional da informação como produtor de

conhecimentos: análise bibliométrica da produção científica de bibliotecários. Liinc em

revista, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, 2013, p. 103-123, maio 2013. Disponível em:

<http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/view/530/403>. Acesso em: 29 set. 2015.

SOARES, Maria de Fátima; FREIRE, Bernardina Maria Juvenal. Imagem Bibliotecária(o):

uma análise em películas cinematográficas. Biblionline, Paraíba, v. 1, n. 1, 2005, p. 1-23,

jan./jun. 2005. Disponível em:

Page 59: ANA LUÍSA DE OLIVEIRA COUTINHO · 2017-07-24 · Ficha catalográfica C871c Coutinho, Ana Luísa A construção da memória do bibliotecário através da linguagem cinematográfica

52

<http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000009288&dd1=a859e>. Acesso em: 12

jan. 2016.

STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. São Paulo: Papirus, 2003. Disponível em:

<https://books.google.com.br/books/about/Introdu%C3%A7%C3%A3o_%C3%80_Teoria_D

o_Cinema.html?hl=pt-BR&id=1Rt6cQY6bOkC>. Acesso em: 31 jan. 2016.

TARGINO, Maria das Graças. Quem é o profissional da informação?. Transinformação,

Campinas. v. 12, n. 2, p. 61-69, jul./dez. 2000. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/tinf/v12n2/05.pdf >. Acesso em: 19 fev. 2016. VANOYE, Francis;

VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. São Paulo:

Papirus, 1994.

UNIVERSIDADE monstros (Monsters university). Diretor: Dan Scanlon. Roteiro: Dan

Scanlon, Daniel Gerson, Robert L. Baird. EUA, 2013.

WALTER, Maria Tereza Machado Teles; BAPTISTA, Sofia Galvão. A força dos estereótipos

na construção da imagem profissional dos bibliotecários. Informação & Sociedade: Estudos,

João Pessoa. v. 17, n. 3, p. 27-38, set./dez. 2007. Disponível em:

<http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000004778&dd1=50a69>. Acesso em: 6

jun. 2015

XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. São Paulo: Paz

e Terra, 2005. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/95425094/XAVIER-Ismail-

Odiscurso-cinematografico-a-opacidade-e-a-transparencia#scribd>. Acesso em: 30 jan. 2016.