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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ECONOMIA ANA PAULA DE SOUZA Custo de adequação da ocupação do solo para fruticultura na bacia do Rio Jundiaí visando o aumento da infiltração hídrica Campinas 2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

ANA PAULA DE SOUZA

Custo de adequação da ocupação do solo para fruticultura na

bacia do Rio Jundiaí visando o aumento

da infiltração hídrica

Campinas

2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

ANA PAULA DE SOUZA

Custo de adequação da ocupação do solo para fruticultura na

bacia do Rio Jundiaí visando o aumento

da infiltração hídrica

Prof. Dr. Ademar Ribeiro Romeiro – orientador

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento

Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título

de Mestra em Desenvolvimento Econômico, na área de Economia Agrícola e do Meio Ambiente.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL

DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA ANA

PAULA DE SOUZA, ORIENTADA PELO PROF. DR.

ADEMAR RIBEIRO ROMEIRO.

Campinas

2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

ANA PAULA DE SOUZA

Custo de adequação da ocupação do solo para fruticultura na

bacia do Rio Jundiai visando o aumento

da infiltração hídrica

Prof. Dr. Ademar Ribeiro Romeiro – orientador

Defendida em 22/02/2019

COMISSÃO JULGADORA

Prof. Dr. Ademar Ribeiro Romeiro - PRESIDENTE

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Prof. Dr. Jener Fernando Leite de Moraes

Instituto Agronômico de Campinas (IAC)

Prof. Dr. Sergio Gomes Tôsto

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Territorial

A Ata de Defesa, assinada pelos

membros da Comissão Examinadora, consta no processo

de vida acadêmica da aluna.

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“Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Mahatma Gandhi

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Dedico este trabalho aos meus pais, José

Fernandes de Souza e Helena Lisboa de Souza

por serem os maiores incentivadores desta

caminhada e pelo amor e dedicação que

sempre tiveram à nossa família. Ao meu

esposo André, que sempre me apoiou com

muito amor e carinho nos dias difíceis. Ao

meu amado filho Tomás, luz na minha jornada

de vida.

Aos meus irmãos, Fernanda e Leandro que

sempre acreditaram em meus sonhos e me

incentivaram a buscá-los. Dedico ainda aos

meus sobrinhos Caio, Lucas e Maria Luzia por

todo carinho e alegria a mim dispendidos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço á Deus, em primeiro lugar, por estar ao meu lado todos os dias desta longa

caminhada e por me dar a força e a inspiração necessária para vencer mais esta etapa de

minha formação acadêmica.

Aos meus pais, Helena e José, por sempre acreditarem em mim e me apoiarem em

todas as minhas decisões, sempre com muito amor e compreensão.

Ao meu Esposo André que com muito amor e carinho, me apoiou, motivou e confiou

em meus objetivos de vida.

Ao meu amado filho Tomás, que chegou durante o desenvolvimento desta dissertação,

despertando em mim o maior amor do mundo.

Aos meus irmãos Fernanda e Leandro parceria de vida e por sempre acreditarem em

mim.

Aos meus sobrinhos Caio, Lucas e Maria Luzia por todo carinho.

Agradeço ao meu orientador prof. Dr. Ademar R. Romeiro por confiar em meu

potencial, por confiar em mim, por discutir comigo os aspectos fundamentais desta

investigação de forma a propiciar que meu trabalho contribua de forma positiva para o

desenvolvimento desse tema. Agradeço ainda o seu estímulo, a compreensão e o grande

interesse para que meu trabalho se desenvolvesse da melhor maneira possível.

Agradeço ao prof. Dr. Jener Fernando Leite de Moraes (Instituto Agronômico de

Campinas), ao prof. Dr. Sergio Gomes Tosto (EMBRAPA), pelo apoio, colaboração e carinho

com que contribuíram de forma decisiva para o entendimento e desenvolvimento das

diferentes etapas deste trabalho.

Ao Afonso Peche do Instituto Agronômico de Campinas, por todo apoio técnico,

principalmente no trabalho com o ArcGIS e no desenvolvimento de uma rede de contatos que

foi fundamental para conhecer melhor a área de trabalho.

Ao pessoal do Departamento de Água e Esgoto de Jundiaí, pela disposição para

conversas e pela disponibilidade de importantes informações.

Ao pessoal da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Turismo de Jundiaí, em

especial o engenheiro agrônomo Sérgio Mesquita, pela disponibilidade de tempo em me

ajudar, pelo acompanhamento em visitas à campo e por permitir a criação de uma rede de

contatos dos produtores rurais da Bacia do Rio Jundiaí-Mirim, fundamental para a realização

das entrevistas.

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Aos produtores rurais da Bacia do Rio Jundiaí-Mirim por permitirem que eu

conhecesse suas propriedades e por participarem de bom grado das entrevistas, fornecendo

importantes informações.

Aos professores e colegas da UNICAMP por todo conhecimento e experiência

partilhados.

Aos amigos da secretaria de pós-graduação do Instituto de Economia da UNICAMP

pela alegria que sempre me receberam e me ajudaram.

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RESUMO

A melhora da infiltração de água no solo através da adequação do seu uso e ocupação tem

sido negligenciada nas políticas de água dos órgãos responsáveis. No entanto, os ganhos na

estocagem de água subterrânea, bem como em termos do aumento da qualidade da água de

escorrimento superficial, podem ser significativos com uma boa infiltração. A Bacia do Rio

Jundiaí, com uma área de aproximadamente 1.114,03 Km² apresenta sérios problemas de

degradação dos recursos hídricos que poderiam ser atenuados significativamente pela

adequação do uso e ocupação do solo. Desta forma, estratégias de conservação ambiental que

tenham como objetivo a conservação dos serviços ecossistêmicos relacionados à provisão de

recursos hídricos tornam-se prioridades. Esta investigação tem como objetivo principal

identificar cenários custo-efetivos de adequação, considerando os impactos ambientais

decorrentes do uso e ocupação atual do solo e a realidade socioeconômica da região. Os

resultados obtidos demonstram que o cenário conservacionista mais custo efetivo inclui,

primeiramente, recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) degradadas;

as APPs foram classificadas em três grupos de prioridades – mínima, média e máxima –,

sendo que para cada uma um processo de recuperação distinto – isolamento, condução e

enriquecimento da regeneração natural e plantio total. Em segundo lugar, vêm as áreas

atualmente ocupadas pela fruticultura; foram calculados os custos de oportunidade da

adequação pelos produtores no caso de substituição de usos e/ou os custos de implementação

de novos manejos - terraceamento ou uso de cobertura vegetal (braquiária). As áreas

amostradas e visitadas têm papel fundamental no gerenciamento da bacia e gestão dos

recursos hídricos, uma vez que, em sua maioria, são portadoras de nascentes e/ou cursos de

água sendo, portanto, vitais para recarga dos mananciais. Constatou-se que há certas

dificuldades em implementar o PSA na região não apenas relacionadas custos da adequação,

mas também relacionadas a irregularidades fundiárias, bem como a conflitos dos produtores

com o Departamento de Água e Esgoto (DAE), que podem interferir negativamente a

implementação de um PSA na região.

Palavras-chave:.Meio Ambiente, Custo ambiental, Pagamento por serviços ambientais.

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ABSTRACT

The improvement of water infiltration in the soil by means of the adequacy of its use and

occupation has been neglected in the water policies of the responsible departments. However,

increase in groundwater storage, as well as, in terms of increasing the quality of surface runoff

water, can be significant with some good infiltration. The Jundiaí River Basin, with an area of

approximately 1,114.03 km² presents serious problems of water resource degradation that

could be significantly attenuated by the adequacy of land use and occupation. Therefore,

environmental conservation strategies that aim to preserve ecosystemic services related to

water resources provision become priorities. The main objective of this research is to identify

cost-effective adaptation scenarios, pondering the environmental impacts resulting from the

current use and occupation of the soil and the socioeconomic reality of the region. The results

obtained show that the most cost-effective conservationist scenario includes, first, recovery of

degraded Permanent Preservation Areas (PPAs); the PPAs were classified into three priority

groups - minimum, average and maximum - for each one, there’s a distinct recovery process -

isolation, conduction and enrichment of natural regeneration and total planting. After that are

areas currently occupied by fruit growing; the adequacy opportunity costs of the by the

producers in case of substitution of uses and / or the costs of implementing new managements

- terracing or use of vegetal cover (brachiaria) were calculated. The areas sampled and visited

have fundamental role in the management of the basin and water resources, since most of

them bare water sources and / or water courses, hence they are vital for the refill of the water

sources. It was noted that there are certain difficulties in implementing PSA in the region, not

only related to costs adequacy, but also related to land irregularities, as well as to conflicts of

producers with the Department of Water and Sewage (DAE), that can negatively stymie the

PSA implementation in the region.

Keywords Environment, Environmental Cost, Payment for Environmental Services

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Bacia rio Jundiaí – os números referem-se às represas do sistema

Cantareira. 1 – Jaguari e Jacareí, 2- Cachoeira, 3- Atibainha. .......................... 47

Figura 2 Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI)

do Estado de São Paulo ..................................................................................... 48

Figura 3 Municípios pertencentes à Bacia do Rio Jundiaí. ............................................. 49

Figura 4 Temperaturas médias a região de Jundiaí (SP). ................................................ 52

Figura 5 Clima bacia do Rio Jundiaí. .............................................................................. 53

Figura 6 Total pluviométrico médio em Jundiaí-SP ....................................................... 53

Figura 7 Número médio mensal de dias com chuva em Jundiaí (SP). ............................ 54

Figura 8 Zona de conservação na Bacia Hidrográfica do Rio Jundiaí ........................... 56

Figura 9 Zoneamento das APAs da Bacia Hidrográfica do Rio Jundiaí. ........................ 57

Figura 10 Mananciais de água superficial para abastecimento público. ........................... 58

Figura 11 Localização dos aquíferos na Bacia do Rio Jundiaí. ......................................... 59

Figura 12 Manejo do solo com cobertura vegetal nas entrelinhas de feijão de porco

(A) e guandu e sorgo (B). ................................................................................. 79

Figura 13 Terraceamento................................................................................................... 81

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 Uso e ocupação da Bacia hidrográfica do Rio Jundiaí. .................................... 64

Mapa 2 Uso e Ocupação do Solo em Áreas de Preservação Permanente para o

Cenário Base. .................................................................................................... 70

Mapa 3 Uso e Ocupação do Solo em Áreas de Preservação Permanente para o

Cenário Conservacionista. ................................................................................ 71

Mapa 4 Mapa de uso de Capacidades do Solo para a Análise de Recuperação das

APPs. ................................................................................................................. 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tipos de serviços ecossistêmicos ...................................................................... 20

Tabela 2 Serviços ecossistêmicos oferecidos pela mata ciliar ......................................... 21

Tabela 3 Valor econômico total dos ecossistemas e da biodiversidade .......................... 24

Tabela 4 Métodos de valoração ambiental ...................................................................... 26

Tabela 5 Técnicas de valoração de cada serviço ambiental ............................................. 29

Tabela 6 Exemplos de acordos auto-organizados e esquemas comerciais de PSA no

mundo. .............................................................................................................. 36

Tabela 7 Iniciativas legais para PSA nas legislações estaduais do Brasil. ...................... 46

Tabela 8 Disponibilidade hídrica superficial para as Bacias PCJ .................................... 59

Tabela 9 Principais demandas consuntivas por sub-bacias. ............................................ 60

Tabela 10 Comparativo do saldo de vazão das Sub-bacias do PCJ, em m3/s .................... 61

Tabela 11 Saldo de Vazão das Sub-bacias da região do PCJ ............................................ 61

Tabela 12 Saldo de Vazão Tendencial para o ano 2020 .................................................... 62

Tabela 13 Valores de Cargas Orgânicas Remanescentes nas Bacias PCJ ......................... 63

Tabela 14 Percentual Uso e ocupação do solo em 2014 .................................................... 65

Tabela 15 Percentual a recuperar de Área Preservação Permanente ................................. 71

Tabela 16 Custos para a recuperação das APPs na Bacia do Rio Jundiaí ......................... 76

Tabela 17 Rendimentos por hectare................................................................................... 83

Tabela 18 Área de uso da Bacia do Rio Jundiai ................................................................ 83

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................... 16

1.1 Introdução, problemática e justificativa para a investigação. ............................. 16

1.2 Hipótese ..................................................................................................................... 17

1.3 Objetivos.................................................................................................................... 17

1.4 Objetivo Geral .......................................................................................................... 17

1.4.1 Objetivos específicos .................................................................................................. 18

2 PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS .............................................. 19

2.1 Serviços Ecossistêmicos e Serviços Ambientais ..................................................... 19

2.2 Valoração dos Serviços Ambientais ........................................................................ 23

2.3 Pagamentos Por Serviços Ambientais - PSA ......................................................... 30

2.4 O Novo Código Florestal sob a ótica do Pagamento por Serviços

Ambientais (PSA) ..................................................................................................... 37

3 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO JUNDIAÍ. ...................................... 47

3.1 Aspectos Geográficos ............................................................................................... 51

3.1.1 Área Territorial ........................................................................................................... 51

3.1.2 Clima .......................................................................................................................... 51

3.1.3 Relevo ......................................................................................................................... 54

3.1.4 Vegetação ................................................................................................................... 55

3.1.5 Recursos hídricos ....................................................................................................... 57

3.1.6 Uso e Ocupação do solo ............................................................................................. 64

4 ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA RECUPERAÇÃO DAS ÁREAS

PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) ............................................................. 67

5 ESTIMATIVA DE CUSTO PARA ADEQUAÇÃO DO SOLO. ......................... 77

6 CUSTOS PRIVADOS PARA OS DIFERENTES CENÁRIOS

CONSERVACIONISTAS ....................................................................................... 87

6.1 Introdução ................................................................................................................. 87

6.2 Metodologia ............................................................................................................... 89

6.3 Resultados ................................................................................................................. 90

7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO ................................. 91

7.1 Recuperação das APPs: ........................................................................................... 92

7.2 Recuperação das Áreas de mananciais ................................................................... 92

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7.3 Programa de Regularização Ambiental e Cadastro Ambiental Rural ................ 92

7.4 A percepção dos Produtores sobre a implementação do PSA .............................. 93

7.5 Ocupações irregulares: ............................................................................................ 93

7.6 Próximas etapas para a implementação do PSA ................................................... 94

8 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 96

ANEXOS ................................................................................................................. 105

ANEXO 1................................................................................................................. 105

ANEXO 2................................................................................................................. 108

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1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 Introdução, problemática e justificativa para a investigação

Nos últimos anos, inúmeros relatórios e estudos foram produzidos pela comunidade

científica internacional, alertando a sociedade sobre os impactos negativos da expansão das

atividades econômicas sobre os ecossistemas naturais, seus recursos e serviços (COSTANZA

et al., 1997; MEA 2003; MEA 2005). De acordo com estes documentos, a expansão das

atividades econômicas, em busca do aumento de produtividade, danifica as estruturas que

formam os ecossistemas naturais e compromete sua capacidade de prover serviços

ecossistêmicos essenciais à manutenção do bem estar de toda a sociedade.

Os serviços ecossistêmicos são serviços providos gratuitamente pelos ecossistemas

naturais quando se encontram com suas estruturas físicas bem preservadas (DAILY 1997a;

DAILY 1997b; COSTANZA et al., 1997; MEA 2005). A manutenção da diversidade de

espécies, a proteção do solo contra a erosão, a provisão de recursos pesqueiros, a regulação do

clima, a regulação do regime hídrico em bacias hidrográficas, o fornecimento de alimentos e

madeira são alguns exemplos de serviços ecossistêmicos.

Fahrig (2003) Considera que a supressão de florestas, a conversão da cobertura do solo

para expansão da atividade agropecuária, a fragmentação dos ecossistemas naturais são

apontados como algumas das principais responsáveis pela perda das estruturas ecológicas que

formam os ecossistemas naturais e, como consequência, da perda da capacidade destes

ecossistemas em prover serviços ecossistêmicos.

É nesse contexto de conservação dos recursos naturais e de seus serviços

ecossistêmicos é que se encaixa a presente dissertação. Analisar quais custos os produtores de

frutas1 teriam para adequar a ocupação do solo na bacia do Rio Jundiaí, com a expectativa de

que, com a nova prática haja aumento de infiltração hídrica no solo e consequentemente,

contribua para o aumento de água armazenada.

Desta forma, a dissertação desenvolve-se na Bacia do Rio Jundiai , área na qual os

recursos ambientais – principalmente os recursos hídricos – sofrem com a pressão de

demanda por água e com a degradação, advinda principalmente pelo modelo do uso da terra.

A partir desse contexto é possível pensar em cenários, de ocupação do solo, mais favoráveis

para o aumento da quantidade de água na bacia (aumentando a infiltração). Para que esses

1 Foram escolhidos produtores de fruticultura por que é uma da atividades que ocupam a Bacia.

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cenários sejam viáveis é necessário valorar quais custos os produtores teriam para realizar a

mudança da ocupação do solo.

Este trabalho está dividido em sete capítulos. No primeiro, há uma apresentação

conceitual das diferenciações entre serviços ecossistêmicos e serviços ambientais que são

importantes para definição de ecossistema. O Pagamento por Serviço Ambiental (PSA)

pautado no novo Código Florestal tem sido umas das formas mais adequadas no que concerne

a recuperação dos mananciais e adequação de manejo do solo. No capitulo dois há a

caracterização da área de estudo a partir do levantamento secundário dos principais aspectos,

que servem para a compreensão da atual situação encontrada na Bacia. O terceiro capítulo

trata da recuperação das Áreas de Preservação Permanente, importante para uma gestão de

bacia hidrográfica, uma vez que as APPs são áreas prioritárias de conservação. No quarto

capítulo há a apresentação de quatro cenários conservacionistas para a recuperação das Área

de Preservação Permanente(APP) para a Bacia do Rio Jundiaí levando em consideração, a

ocupação do solo e a capacidade de uso da terra para a área de estudo. O quinto capítulo

apresenta os custos privados para a implementação do sistema de Terraceamento e o uso da

cobertura vegetal (Braquiária) como alternativa de custo beneficio ao produtor. No capitulo

seis, há uma análise dos cenários propostos considerando os custos efetivos para implantação.

No capitulo sete há discussão sobre a viabilidade para implementar o Pagamento por Serviço

ambiental (PSA)

1.2 Hipótese

Os custos de adequação da ocupação do solo com o intuito de aumentar a produção de

água de qualidade são viáveis se considerado o custo da água na região da Bacia do Rio

Jundiaí.

1.3 Objetivos

1.4 Objetivo Geral

Estabelecer um custo de adequação para a água na bacia do Rio Jundiaí a partir do

levantamento do custo de adequação que os produtores de frutas terão para adequarem o

modo de ocupação do solo para atividades que permitam maior infiltração de água no solo.

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1.4.1 Objetivos específicos

Estimar os custos de adequação da ocupação do solo pelos produtores de

fruticultura com vistas a aumentar a infiltração de água.

Identificar o custo privado para a conservação da cobertura florestal nas Áreas de

Preservação Permanente (APP) .

Identificar cenário de recuperação ambiental para bacia do Rio Jundiaí, cujas

práticas conservacionistas propostas, apresentam a melhor relação entre o custo de

implantação através de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA).

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2 PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS

2.1 Serviços Ecossistêmicos e Serviços Ambientais

A acelerada degradação que os recursos naturais vêm sofrendo, é resultado da

dinâmica do uso e cobertura das terras, manejo inadequado do solo, água e biodiversidade,

tem sido motivo de preocupação mundial nas últimas décadas. A transformação de florestas

em agricultura e pecuária, além do processo de urbanização e industrialização, tem impactado

direta e negativamente os ecossistemas terrestres e aquáticos. Desmatamentos, práticas

agropecuárias inadequadas e uso indiscriminado de agroquímicos, no meio rural, têm

contribuído para aumento da degradação dos solos, poluição das águas, perda da

biodiversidade, entre outras. Esses impactos têm comprometido o funcionamento e a

regulação naturais do meio ambiente e consequentemente a capacidade deste em suprir os

serviços ecossistêmicos (SE) e ambientais (SA).

Para entender serviços ecossistêmicos e serviços ambientais é importante conhecer a

definição de ecossistema. A Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica

(CDB) define ecossistema como um “complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e

de microrganismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade funcional”

(MMA, 2000). Assim, pode ser considerado o local em que ocorrem complexas interações

entre os componentes bióticos (seres vivos) e abióticos (componentes físicos e químicos) por

meio das forças de matéria e energia. Basicamente, existem dois tipos de ecossistemas:

marinhos, como oceanos abertos e costas; e terrestres como florestas, campos, manguezais,

lagos e rios, desertos, áreas de cultivo, tundras, ambientes rochosos e glaciares.

Para Daly; Farley (2004) os processos de interação entre os ecossistemas permitem a

sobrevivência das espécies no planeta, garantindo bens e serviços que atendem as

necessidades humanas direta ou indiretamente. Essas constantes interações existentes entre os

elementos estruturais de um ecossistema, incluindo transferência de energia, ciclagem de

nutrientes, regulação de gás, regulação climática e do ciclo da água podem ser definidas como

funções dos ecossistemas.

As funções ecossistêmicas são de suma importância uma vez que é por meio delas se

dá a geração dos chamados serviços ecossistêmicos, que são os benefícios diretos e indiretos

obtidos pelo homem a partir dos ecossistemas. Dentre eles pode-se citar a provisão de

alimentos, a regulação climática, a formação do solo, entre outros. Segundo Daily (1997) os

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SE são as condições e os processos através dos quais os ecossistemas naturais e das espécies

que compõem, suportam e garantem a vida humana. Os SE mantem a biodiversidade e a

produção de bens ecossistêmicos, e compõem as funções que suportam a vida (limpeza,

reciclagem e renovação, bem como benefícios estéticos e culturais intangíveis); também

reconhece os ciclos naturais complexos, a energia solar e o funcionamento da biosfera; ou

seja, sua definição dá relevância para os processos necessários para assegurar a vida humana.

Existem diferentes tipos de serviços ecossistêmicos que são divididos, segundo a

Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MEA), em quatro categorias: Serviços de provisão,

Serviços reguladores, Serviços culturais e Serviços de suporte (MEA, 2005) (Tabela 1).

Tabela 1 ― Tipos de serviços ecossistêmicos

Serviços Ecossistêmicos

Serviços de provisão

São aqueles relacionados com a capacidade dos ecossistemas em prover bens, sejam eles

alimentos (frutos, raízes, pescado, caça, mel); matéria-prima para a geração de energia (lenha,

carvão, resíduos, óleos); fibras (madeiras, cordas, têxteis); fitofármacos; recursos genéticos e

bioquímicos; plantas ornamentais e água.

Serviços reguladores

São os benefícios obtidos a partir de processos naturais que regulam as condições ambientais

que sustentam a vida humana, como a purificação do ar, regulação do clima, purificação e

regulação dos ciclos das águas, controle de enchentes e de erosão, tratamento de resíduos,

desintoxicação e controle de pragas e doenças.

Serviços culturais

Estão relacionados com a importância dos ecossistemas em oferecer benefícios recreacionais,

educacionais, estéticos e espirituais.

Serviços de suporte

São os processos naturais necessários para que os outros serviços existam, como a ciclagem

de nutrientes, a produção primária, a formação de solos, a polinização e a dispersão de

sementes.

Fonte: Adaptado de Millennium Ecosystem Assessment (2005).

Groot (2007) considera que a existência do SE, requer condições ecológicas que

precede sua geração, que são as "funções do ecossistema", definidas como aqueles aspectos

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da estrutura e funcionamento dos ecossistemas capazes de gerar serviços para as necessidades

humanas, direta ou indiretamente. Essas funções têm associado benefícios potenciais, que

podem ser real apenas quando demandadas, usadas ou apreciadas pelas pessoas. Isso significa

que no momento em que a sociedade humana dá valores instrumentais, as funções são

reconceitualizadas em SE, ou seja, do ponto de vista antropocêntrico as funções seriam

serviços apenas quando demandadas, usadas ou apreciadas pela sociedade (GÓMEZ-

BAGGETHUN; DE GROOT, 2007).

Como exemplos de serviços ecossistêmicos e suas funções, pode-se destacar aqueles

oferecidos pela mata ciliar, ou ripária, de acordo com Costanza et al., 1997 apud Tôsto et al.,

2012 (Tabela 2)

Tabela 2 ― Serviços ecossistêmicos oferecidos pela mata ciliar

Serviços ecossistêmicos Funções ecossistêmicas

Controle de distúrbio Atenuar flutuações ambientais

Controle de agua Controle dos fluxos hidrológicos

Controle de erosão Retenção do solo em um ecossistema

Formação de solo Processos de formação de solo

Ciclagem de nutrientes Armazenamento, ciclagem interna,

processamento e captação de nutrientes.

Controle biológico Controle da dinâmica trófica das populações.

Produção de alimento Produção primaria de alimentos

Matéria prima Produção primaria extraída como matéria

prima.

Recursos genéticos Fonte de materiais biológicos e produtos

Recreação Oportunidade para atividades recreativas

Cultural Oportunidade para usos não comerciais

Controle do clima Regulação da temperatura e processos

climáticos globais

Fornecimento de água Armazenamento e retenção de água.

Fonte: Constanza et al. (1997) apud Tosto et al. (2012)

Os serviços ambientais podem ser definidos de diversas formas, inclusive, podendo ser

identificado como serviços ecossistêmicos ou serviços ecológicos. Para Rudolf (2002) os

serviços ambientais estariam mais focados nos benefícios percebidos pelo homem, enquanto

os serviços ecossistêmicos estariam mais focados nos processos que os produzem. Assim,

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Serviços Ecossistêmicos são os serviços providos pelos ecossistemas e serviços ambientais

são os serviços providos pelos seres humanos protegendo ou recuperando ecossistemas.

Para Muradian et al., (2010) serviços ambientais (SA) são definidos como os

benefícios ambientais resultantes de intervenções intencionais da sociedade na dinâmica dos

ecossistemas, tais como o manejo conservacionista do solo, da água, restauração florestal,

dentre outros. Embora alguns autores defendam que serviços ecossistêmicos e serviços

ambientais sejam sinônimos, neste trabalho será considerado que os termos têm significados

distintos, o qual se aproxima mais da definição do Projeto de Lei nº 792, de 2007, que dispõe

sobre a definição de serviços ambientais e dá outras providências. De acordo com esse Projeto

de Lei os serviços ambientais são definidos como, “os que se apresentam como fluxos de

matéria, energia e informação de estoque de capital natural que, combinados com serviços do

capital construído e humano, produzem benefícios aos seres humanos” (BRASIL, 2007).

Tosto et al. (2012) considera que a principal diferença entre serviços ambientais e

serviços ecossistêmicos é que , no primeiro , os benefícios gerados estão associados a ações

de interferência humana nos sistemas naturais ou agroecossistemas; já os serviços

ecossistêmicos refletem apenas os benefícios diretos e indiretos providos pelo funcionamento

dos ecossistemas, sem a interferência .

Normalmente, os serviços ambientais são afetados negativamente pelas

externalidades2

provocadas pelas atividades humanas. De acordo com Godecke et al., (2014)

há diferentes instrumentos de políticas ambientais que podem auxiliar na internalização dessas

externalidades. Esses instrumentos podem ser classificados como: (I) instrumentos de

comando e controle (por exemplo, através da criação de leis que estabeleçam níveis máximos

de poluição); (II) instrumentos de comunicação ou voluntários (por exemplo, o

estabelecimento de acordos, de sistemas de informação ambiental, de selos ambientais); e (III)

instrumentos econômicos, (baseados no princípio poluidor-pagador2 e/ou no princípio

protetor-recebedor3).

2 De acordo com Motta (1997), “Quando os custos da degradação ecológica não são pagos por aqueles que a

geram, estes custos são externalidades para o sistema econômico. Ou seja, custos que afetam terceiros sem a

devida compensação. Atividades econômicas são, desse modo, planejadas sem levar em conta essas

externalidades ambientais e, consequentemente, os padrões de consumo das pessoas são forjados sem

nenhuma internalização dos custos ambientais. O resultado é um padrão de apropriação do capital natural onde

os benefícios são providos para alguns usuários de recursos ambientais sem que estes compensem os custos

incorridos por usuários excluídos. Além disso, as gerações futuras serão deixadas com um estoque de capital

natural resultante das decisões das gerações atuais, arcando os custos que estas decisões podem implicar 3

O princípio poluidor-pagador está fundamentado na Lei nº 6.938, de 1981 que dispõe sobre a Política Nacional

do Meio Ambiente - PNMA, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Em

seu artigo 4º inciso VII é estabelecido que a PNMA visará "à imposição, ao poluidor e ao predador, da

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Para Whately; Hercowitz( 2008) os instrumentos econômicos podem ser considerados

mais eficientes do que as políticas instrumento de comando e controle no que concerne fazer

com que os custos de poluição recaiam efetivamente sobre os causadores da poluição. Esses

instrumentos permitem a redução dos custos de cumprimento da legislação; a geração de

incentivos para reduzir a poluição abaixo dos níveis definidos por lei, além de requererem

menos gestão do setor público que as políticas de comando e controle.

2.2 Valoração dos Serviços Ambientais

Um dos grandes desafios atuais é criar estratégias para a valoração de serviços

ambientais. O exercício de valorar os ecossistemas significa, portanto, captar o valor dos

serviços por ele gerados. Existem diversos métodos para estimar o valor econômico de

serviços ambientais. Dependendo do serviço que se queira valorar e do contexto local, deve-se

utilizar um método diferente de valoração ou combinar vários métodos. Assim, é importante

ressaltar que valoração ambiental consiste em conferir valor monetário a bens e serviços

ambientais não reconhecidos nos mercados.

Para Guedes; Seehusen (2012) os valores atribuídos aos serviços ecossistêmicos

podem ser de dois tipos: valor intrínseco e valor econômico total. Os valores intrínsecos são

de difícil mensuração, pois estão associados à contribuição dos ecossistemas na manutenção

da saúde e integridade das espécies, independentes da satisfação humana. Já o valor

econômico total é composto por valores de uso e de não uso.

Os valores de uso podem ser diferenciados entre valores de uso direto, de uso indireto

e de opção. Os de uso direto são aqueles dos quais os agentes se beneficiam diretamente, tais

como dos bens como a madeira, os produtos não madeireiros ou os serviços de beleza cênica

para atividades turísticas e recreacionais. Valores de uso indireto estão relacionados às

funções dos ecossistemas que beneficiam as pessoas indiretamente, por exemplo, a regulação

do clima, o armazenamento de carbono e a manutenção dos ciclos hidrológicos. Valores de

opção estão relacionados ao ato de deixar uma alternativa aberta para ser usada

posteriormente, por exemplo, componentes da biodiversidade que são protegidos para serem

usados com finalidades medicinais no futuro (GUEDES; SEEHUSEN, 2012).

obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de

recursos ambientais com fins econômicos" (BRASIL, 1981). 3 O princípio protetor-recebedor pode ser definido como um instrumento de política ambiental que incentiva

economicamente aquele que protege recursos naturais deixando de utilizá-los, estimulando assim sua

preservação (RIBEIRO, 2009).

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Guedes; Seehusen (2012) argumentam que os valores de não uso são aqueles

atribuídos independentes do agente se beneficiar do seu uso. Eles são divididos em duas

categorias: de existência e de legado. Os valores de existência são aqueles atribuídos a algo

para que exista independente do seu uso direto. Por exemplo, a importância e consequente

disposição de um agente a pagar para que uma espécie, como o urso polar, seja protegida em

seu hábitat natural. O valor de legado é atribuído a algo para ser conservado, permitindo que

próximas gerações dele se beneficiem, seja através do uso ou não uso. A Tabela 3 sistematiza

os componentes do conceito de valor econômico total.

Tabela 3 ― Valor econômico total dos ecossistemas e da biodiversidade

Valor Econômico Total

Valor de Uso Valor de Não Uso

Valores de uso

Direto (VUD)

Valor de Uso

Indireto (VUI) Valor de Opção

Valor de

Legado

Valores de

Existência

Alimento

Madeira

Recreação

Medicamentos

Armazenamento

de Carbono.

Controle contra

Cheias.

Proteção contra o

Vento.

Manutenção dos

ciclos hídricos.

Biodiversidade

Preservação

de Hábitats

Hábitats

Valores culturais

Espécies

ameaçadas

Hábitats

Espécies em

extinção

Biodiversidade

Fonte: PARKER, 2010.

Seroa da Motta (1998) considera que mensurar os valores monetários associados a

benefícios ambientais pode ser muito difícil, uma vez que se trata da mensuração dos

benefícios da biodiversidade. Deve-se considerar, também, que há limitações metodológicas

econômicas em mensurar as funções ecossistêmicas no que concerne a relação com as taxas

de desconto tempo, a agregação dos valores individuais, a internalização de incertezas e a

amplitude das mudanças de equilíbrio geral.

Tosto (2010) argumenta que todo e qualquer gestor ou tomador de decisões (governos,

organizações não governamentais, empresas) irá sempre se deparar com a necessidade de

ordenar opções entre as várias possíveis, tendo que escolher algumas em detrimento de outras.

As decisões organizacionais são tomadas em um contexto, normalmente, de escassez o que

leva aos custos de oportunidade. A análise de custo-benefício é uma extremamente útil, pois

permite comparar o custo de realizar uma opção (gestão, investimento, ação, projeto) com os

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benefícios decorrentes de sua implementação, permitindo tomadas de decisões com base

naquela opção que apresenta a menor relação custo/benefício.

Isso certamente ocorre por que normalmente, o gestor no exercício de sua função,

equaciona o problema de alocação com orçamento financeiro limitado frente a inúmeras

opções de gastos que visam diferentes opções de investimentos ou de consumo, o mesmo

ocorre com os recursos naturais. As alocações devem ser realizadas de forma precisa,

considerando a disposição a pagar dos indivíduos frente aos impactos ambientais, o que torna

um grande desafio aos agentes tomadores de decisões.

Por não existir mercado e transações comerciais de benefícios providos pelos

ecossistemas e pela biodiversidade, torna difícil mensurar e precificar, exceto bens de uso

direto. Dessa forma, para conhecer a contribuição econômica desses serviços ambientais

foram criados métodos de valoração, que possibilita a comparação entre estes serviços

ambientais e outros bens produzidos ou com recursos financeiros, possibilitando o

conhecimento sobre lucros e prejuízos que cada alternativa envolve. Essa escolha é conhecida

como conflitos de escolha (trade-offs) (GUEDES; SEEHUSEN, 2012).

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Tabela 4 ― Métodos de valoração ambiental

Fonte: Maia et al., (2004)

Os métodos de valoração monetária, normalmente, integram métodos que incorporam

os detalhes dos aspectos ecológicos às análises do tipo Custo/Benefício. Segundo Katimura

(2003) os métodos podem ser classificados em Função de Demanda, que incluem o uso de

preços hedônicos, de custo de viagens e a valoração contingencial e Função de Produção,

que considera o uso da produtividade marginal e de mercado de bens substitutos (Custos

evitados, custo de controle, custo de reposição, custo de oportunidade). Faz-se importante

entender a composição:

1. Preços hedônicos: esse método pretende estimar um preço implícito por atributos

ambientais característicos de bens comercializados em mercado, por meio da

observação desses mercados reais nos quais os bens são efetivamente

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comercializados. Os dois principais mercados hedônicos são o mercado imobiliário

e o mercado de trabalho (FERNANDES, 2009).

2. Avaliação Contingente: é um método monetário que tentar avaliar o impacto no

nível de bem-estar, através da percepção dos indivíduos, decorrente de uma

variação quantitativa ou qualitativa dos bens ambientais. Possui dois indicadores

de valor: disposição a pagar, ou seja, quanto os indivíduos estariam dispostos a

pagar para ter uma melhoria de bem-estar; e disposição a aceitar: quanto os

indivíduos estariam dispostos a receber como compensação para uma perda de

bem-estar (MAIA et al., 2004).

3. Custo de viagem: O método de custo de viagem é estimado através do valor de

uso (gastos incorridos) pelos visitantes ao lugar de recreação. É um método de

pesquisa que buscam dados como o lugar de origem do visitante, seus hábitos e

gastos associados à viagem. Desses dados, calculam-se os custos de viagem e os

relacionam (junto com outros fatores) a uma frequência de visitas, de modo que

uma relação de demanda seja estabelecida. Essa função de demanda por visitas ao

lugar de recreação é, então, utilizada para estimar o valor de uso desse lugar

(FERNANDES, 2009).

4. Produtividade Marginal: Esse método irá mensurar o impacto no sistema

produtivo dada uma variação marginal na provisão do bem ou serviço ambiental, e,

a partir dessa variação, estimar o valor econômico de uso do recurso ambiental .

Esse método atribui um valor ao uso da biodiversidade relacionando a quantidade/

qualidade, de um recurso ambiental diretamente à produção de outro produto com

preço definido no mercado. O papel do recurso ambiental no processo produtivo

será representado por uma função dose resposta, que relaciona o nível de provisão

do recurso ambiental ao nível de produção respectivo do produto no mercado.

(MAIA et al., 2004).

5. Custos Evitados: O método estima o valor de um recurso ambiental por meio dos

gastos com atividades defensivas substitutas ou complementares, que podem ser

consideradas uma aproximação monetária sobre as mudanças destes atributos

ambientais. Por exemplo, quando uma pessoa paga para ter acesso à água encanada

ou compra água mineral em supermercados, supõe-se que esteja avaliando todos os

possíveis males da água poluída, e indiretamente valorando sua disposição a pagar

pela água “pura”. (MAIA et al., 2004).

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6. Custos de Controle: Custos de controle representam os gastos necessários para

evitar a variação do bem ambiental e garantir a qualidade dos benefícios gerados à

população. Um exemplo é o tratamento de esgoto para evitar a poluição dos rios e

um sistema de controle de emissão de poluentes de uma indústria para evitar a

contaminação da atmosfera (MAIA et al., 2004).

7. Custos de Reposição: No custo de reposição a estimativa dos benefícios gerados

por um recurso ambiental será dada pelos gastos necessários para reposição ou

reparação após o mesmo ser danificado. Como exemplo, podemos citar o

reflorestamento em áreas desmatadas e da fertilização para manutenção da

produtividade agrícola em áreas onde o solo foi degradado (MAIA et al., 2004). O

custo de reposição ou restauração de um bem danificado e entende esse custo

como uma medida do seu benefício. PEARCE (1993, p.105). O autor ainda afirma

que o método é frequentemente utilizado como uma medida do dano causado. Essa

abordagem é correta nas situações em que é possível argumentar que a reparação

do dano deve acontecer por causa de alguma outra restrição, como por exemplo, de

ordem institucional.

8. Custos de Oportunidade: um termo muito usado pela economia para indicar o

custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até

mesmo social, causado pela renúncia do agente econômico, bem como os

benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada ou,

ainda, a mais alta renda gerada em alguma aplicação alternativa. Assim, o custo de

oportunidade ambiental, é o máximo de valor que pode ser obtido pela

“exploração” de um recurso natural. Por exemplo, o custo de oportunidade de não

desmatar uma reserva de preservação ambiental para a agricultura seria o que se

deixa de ganhar com a atividade renunciada. (SAMUELSON, NORDHAUS,

2005). Os custos de oportunidade são mensurados considerando o consumo de

bens e serviços que foi renunciado, ou seja, custos dos recursos alocados para

investimentos e gastos ambientais. Por exemplo, restrições ao uso da terra em

unidades de conservação impõem perdas de geração de receita, visto que

atividades econômicas são restritas ao local. Ainda segundo o mesmo autor todos

os custos associados aos investimentos, assim como manutenção e operações para

proteção do meio ambiente (gastos de proteção) devem compor os custos de

oportunidade. (SEROA DA MOTTA, 1998)

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Assim, o benefício (ou o custo) é calculado a partir da alteração dos recursos

utilizados e das consequências ambientais dessa para a sociedade. Exemplo: a erosão do solo

pode ser valorada a partir da diminuição da produtividade agrícola resultante da degradação

do solo e das consequências do assoreamento de rios de barragens em termos de tratamento de

água, de navegação e de geração de energia elétrica.

Katimura (2003) ainda argumenta que esses métodos são válidos desde que utilizem

preços privados para a valoração, pois se trata de uma subestimativa, o qual os cálculos dos

custos e benefícios consideram apenas os preços de bens e serviços já reconhecidos pelo

mercado.

Ainda que se tenha problema quanto á mensuração de benefícios, a atribuição de

valores econômicos aos recursos ambientais trará sempre á luz questões socioeconômica que

o critério ecológico ou ambiental isoladamente não é capaz de analisar. Ao mesmo tempo,

uma análise custo-benefício de uma política, programa ou projeto ecológico não é o único

indicador para a tomada de decisão como uma maneira de ordenar opções. (SEROA DA

MOTTA, 1998).

De Groot et al., (2002) fundamentado nos estudos de estimativas de Costanza,

apresenta quais são as técnicas de valoração mais utilizadas para cada serviço ecossistêmicos,

conforme demonstra a tabela 4.

Tabela 5 ― Técnicas de valoração de cada serviço ambiental

Serviços Ecossistêmicos Técnicas mais utilizadas

Serviços de Provisão Preços de Mercado

Alimentos Preços de Mercado

Materiais Preços de Mercado

Recursos Genéticos Preços de Mercado

Recursos ornamentais Preços de Mercado

Oferta de agua Preços de Mercado

Serviços de Regulação

Regulação do gás Custos evitados

Regulação Climática Custos evitados

Regulação de distúrbios Custos evitados

Regulação da Agua Prod. Marginal ( custo/renda)

Regulação do solo Custo evitado

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Serviços Ecossistêmicos Técnicas mais utilizadas

Tratamentos de resíduos Custo de reposição

Controle biológico Custo de reposição

Polinização Custo de reposição

Serviços Culturais

Recreação e (eco) turismo Preço de Mercado e Av.Contingente

Informação Estética Preço hedônico

Informação histórica e espiritual Avaliação Contingente

Serviços de Suporte

Formação de solo Custo evitado

Ciclagem de nutrientes Custo de reposição

Refugio Preços de Mercado

Berçário Preços de Mercado

Fonte: adaptada de De Groot et al., (2002, p. 405-406).

2.3 Pagamentos Por Serviços Ambientais - PSA

Nas últimas décadas o mercado de serviços ambientais tem ganhado relevância em

todo o mundo, sendo apontado como instrumento promissor para a gestão ambiental em

diferentes escalas e complementar aos tradicionais mecanismos de comando e controle,

revertendo benefícios diretos para pessoas ou instituições privadas e governamentais que

proveem esses serviços. Entre as respostas de políticas públicas para garantir a

sustentabilidade dos Serviços Ecossistêmicos, encontram-se as estratégias de Pagamentos por

Serviços Ambientais (PSA), que é um mecanismo baseado no mercado.

Os sistemas de PSA têm princípio básico no reconhecimento de que o meio ambiente

fornece gratuitamente uma gama de bens e serviços que são de interesse direto ou indireto do

ser humano, permitindo sua sobrevivência e seu bem-estar. A adoção do PSA é, portanto,

justificável por ser o modelo socioeconômico vigente predominantemente degradante ao meio

ambiente, enfraquecendo o potencial da natureza de oferecer esses serviços (ANA, 2012).

O conceito denominado Pagamento por Serviços Ambientais deve-se partir da

premissa de que serviços realizados em prol do meio ambiente remetem a externalidades

positivas, ao contrário de ações que geram degradação ou poluição ambiental, remetem a

externalidades negativas. As externalidades ocorrem quando uma pessoa age provocando

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efeitos a outras pessoas, sem o consentimento destas, podendo o efeito ser benéfico

(externalidade positiva) ou prejudicial (externalidade negativa). Para Altmann (2010), o

reconhecimento da importância dos serviços ambientais por meio da sua valoração

significaria a internalização das externalidades positivas.

Esquemas de PSA são derivados do Teorema de Coase, criado em 1960, o qual afirma

que por meio de negociações os agentes internalizam as externalidades e atingem eficiência,

independentemente da dotação inicial dos direitos de propriedade e na ausência de custos de

transação (KOSOY et al., 2006).

Nesse sentido, o pagamento por serviços ambientais pode ser entendido como uma

transação entre partes, sendo que uma delas, ao se beneficiar dos serviços prestados pelos

ecossistemas, deve reconhecer o seu valor econômico e pagar pelos mesmos. Por outro lado,

se houver outra parte envolvida, que se dedique a promover a conservação, recomposição,

incremento ou manejo das funções ambientais de determinado ecossistema, de modo a

possibilitar a manutenção desses serviços, ou mesmo se deixar de realizar práticas que possam

provocar degradação ambiental com a cessação desses serviços, de forma voluntária; poderá

fazer jus ao recebimento de remuneração.

Para Wunder (2005) a definição de PSA é aquele praticado num formato voluntário

para incentivar a provisão e a conservação de serviços ambientais no qual aqueles que

propiciem a provisão dos serviços (provedores) sejam pagos e aqueles que se beneficiam

(usuários) paguem. Assim, o usuário pode comprar um serviço ambiental bem definido do

provedor, somente se o provedor continuar fornecendo esse serviço. Desta forma, o PSA é um

mecanismo pelos quais os beneficiários de serviços ambientais promovem compensações aos

prestadores desses serviços.

Peixoto (2014) exemplifica através do uso da água, o formato de pagamento por

serviços ambientais que poderia funcionar através de usuários de água (compradores), na

parte mais baixa do rio pagando aos fazendeiros, donos das cabeceiras (provedores), que

preservam a água. Poderia também, ser uma companhia urbana de suprimento de água cobrar

uma taxa extra pelo uso da água, para ser investida na proteção dos serviços de regulação e

purificação da água provida pela bacia hidrográfica que abastece o rio, a partir do qual é feita

a captação. (FOREST TRENDS et al., 2008 e KOSMUS e CORDEIRO, 2009).

Os objetivos do PSA podem prever a manutenção ou aumento da qualidade dos

serviços ecossistêmicos até níveis superiores aos previamente estabelecidos, que ocorreriam

sem a compensação. As formas de compensação incluem o pagamento em espécie, realização

de infraestrutura, acesso a treinamentos, concessão de direitos de uso da terra, certificação de

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produtos, entre outros. O financiamento às compensações pode ser originário de doações

(voluntariado); fundos, inclusive internacionais; cobrança de impostos e taxas pagas pelos

beneficiários via instrumentos de Comando e Controle, entre outros.

A interação pode ocorrer diretamente entre provedores e consumidores ou com a

interveniência de instituições e governos. Ao mesmo tempo em que representam a

possibilidade de geração de receitas para os produtores, alavancando a economia de

comunidades muitas vezes, carentes e isoladas geograficamente, os métodos de PSA carregam

complexidades de operacionalização, demandando a tutela de instituições preparadas

tecnicamente e com credibilidade entre as partes (PÉREZ, FERNÁNDEZ & SAYER, 2007).

A elaboração de métodos de precificação serve como ferramentas para a formulação

de instrumentos para as políticas em prol da conservação e uso sustentável dos ecossistemas.

Por sua vez, os instrumentos de política ambiental podem ser classificados como: (i)

instrumentos de comando e controle (C&C), a exemplo de legislações estabelecendo níveis

máximos para poluições, padrões de condutas ambientais ou proibições e restrições a

produtos, atividades e tecnologias; (ii) instrumentos de comunicação ou voluntários, como o

estabelecimento de acordos, criação de redes, sistemas de informação ambiental, selos

ambientais ou marketing ambiental; e (iii) instrumentos econômicos (IE), baseados tanto no

Princípio Poluidor-Pagador (PPP) como no Princípio do Protetor (ou provedor) Recebedor

(PPR) (FURLAN, 2008; LUSTOSA, CÁNEPA & YOUNG, 2010)

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, tendo se

reunido no Rio de Janeiro, em junho de 1992, reafirmando a Declaração da Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano adotada em Estocolmo no ano de 1972, e

buscando avançar a partir dela, com o objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria global

mediante a criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chaves da

sociedade e os indivíduos, trabalhando com vistas à conclusão de acordos, foi declarada às

autoridades nacionais a promoção e a internalização dos custos ambientais e o uso de

instrumentos econômicos, de modo que o poluidor arque com o custo da poluição, ou seja, o

PPP consiste no mandamento destinado ao poluidor para que internalize nos seus custos os

valores decorrentes da poluição produzida com sua atividade. Por sua vez, o PPR visa

recompensar os agentes que preservam a natureza, como forma de estimular essas ações e

compensar eventuais perdas financeiras decorrentes da não maximização da utilização

presente dos recursos naturais, de modo a preservá-los para as gerações futuras. Ambos os

princípios visam à proteção do meio ambiente. (ONU, 1992).

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As discussões sobre pagamento por serviços ambientais (PSA) como estratégias de

desenvolvimento ambientalmente sustentável no Brasil estão presentes no novo Código

Florestal. No entanto, desde 2007 existem várias proposições legislativas em tramitação no

Congresso Nacional, cuja análise e deliberação podem contribuir para a construção de um

marco regulatório inovador nas relações entre o Estado, à sociedade e o meio ambiente.

(PEIXOTO, 2011)

Segundo Godecke et al. (2014) casos de implementação de PSA vêm aumentando no

mundo todo. Landell-Mills & Porras (2002) realizaram, nos anos de 2001 e 2002, uma revisão

de dados empíricos sobre o desenvolvimento de mercados de PSA, identificando 287 casos

em todo o mundo, sendo 69 casos, só na América Latina e Caribe, originados pelas políticas

agrícolas em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE) – década de 1980 – e das iniciativas de conservação da floresta, a partir da década de

1990 (FAO, 2007)

Na América Latina, Costa Rica foi o país pioneiro com Pagamento por Serviços

Ambientais, cuja cobrança de uma taxa sobre o consumo de gasolina e de água, repassada aos

proprietários que preservassem as florestas do país, medida que foi eficiente na diminuição do

quadro de desmatamento local. No modelo proposto pela Costa Rica foi criado um Programa

de Pagos por Servicios Ambientales – PPSA, instrumento que possibilitou o pagamento direto

a proprietários em escala nacional, contemplando três modalidades de uso da terra

(conservação de florestas, reflorestamento e agrofloresta). Esse instrumento também levava

em conta quatro tipos de serviços ambientais, tendo a compensação dirigida tanto a serviços

individuais como a serviços coletivos. (WELLER; VILAS BOAS, 2015).

Com relação aos PSA da América Latina relacionados à preservação das bacias

hidrográficas, em 2003, participantes do “III Congreso Latinoamericano de Manejo de

Cuencas Hidrográficas”, ocorrido no Peru, concluíram que, apesar das dificuldades e

limitações, os sistemas de PSA apresentam varias vantagens tais como: (i) servir como

ferramenta para a conscientização dos participantes sobre o valor dos recursos naturais; (ii)

facilitar a resolução de conflitos e a construção de consensos entre as partes interessadas; (iii)

melhorar a eficiência na alocação dos recursos naturais, sociais e econômicos; (iv) gerar

novas fontes de financiamento para a conservação, restauração e valorização dos recursos

naturais; (v) criar indicadores de importância para os recursos naturais; (vi) transferir recursos

para setores economicamente vulneráveis de ofertantes de serviços ambientais (FAO, 2004).

O Brasil, após observar os êxitos do programa proposto pela Costa Rica, passou a

tramitar diversos projetos de lei propondo a instituição de uma política para o pagamento por

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esses serviços. Para ALTMANN (2010), a lógica de se pagar pelos benefícios obtidos dos

ecossistemas foi percebida pioneiramente no Brasil no texto da Política Nacional dos

Recursos Hídricos (Lei federal nº 9.433/97), na instituição da cobrança pelo uso da água4.

Essa política instituiu a figura dos Comitês de Bacias Hidrográficas e Agências de Bacias, aos

quais compete o desafio da implementação de esquemas de PSA, demonstrando que a

proteção e a recuperação de florestas nativas têm importância para assegurar essa missão.

Dessa forma, busca-se garantir que dentro de cada comitê haja recursos para a implantação de

programas permanentes de PSA, em nível de bacia, gerados pela cobrança, por meio da

implantação do princípio do provedor-recebedor (VEIGA NETO, 2008).

No Brasil o destaque é para o Projeto Conservador de Água da cidade de Extrema em

Minas Gerais. Esse projeto é referência nacional e coleciona dezenas de prêmios, além de

menções honrosas, teses acadêmicas, livros e reportagens nacionais e internacionais. A cidade

de Extrema (MG), à beira da rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte (MG),

através da secretaria do meio ambiente disponibiliza uma equipe, conhecida como soldados

verdes, que diariamente percorrem milhares de nascentes da região, cujas águas,

desembocadas no caudaloso rio Jaguari, ajudam a formar o principal veio que alimenta o

Sistema Cantareira, um dos maiores do mundo, o qual sustenta 55% da região metropolitana

de São Paulo. O trabalho destes soldados verdes é o plantio de árvores nativas e fincam cercas

em volta dos mananciais e dos cursos d’água. São Plantadas, em média, 800 mudas por dia

sendo grande parte em propriedades privadas.

Os produtores, por sua vez, ao abrirem mão de uma área que poderia ser explorada

com pastagens ou agricultura, recebem dinheiro da Prefeitura como compensação pelos

serviços ambientais prestados. (BRASIL, 2015). Outro ponto que merece destaque é a escolha

do método custo de oportunidade para chegar ao valor pago por hectare. No caso de Extrema,

a atividade mais comum na área rural para os pequenos proprietários de terra é o arren-

damento do pasto, cuja renda , segundo (PEREIRA et al., 2012) era de 120,00 por

hectare/ano .Entretanto , para fins legais, o valor de referência pago por hectare/ano para o

proprietário rural contratante do Conservador das Águas foi estipulado em 100 Unidades

Fiscais de Extrema (UFEX), que na época correspondia a R$ 141,00. Ou seja, o proprietário

4 Instrumento econômico de gestão das águas previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos. A Cobrança

visa ao reconhecimento da água como um bem ecológico, social e econômico, dando ao usuário uma indicação

de seu real valor. No entanto, não se trata de taxa ou imposto, mas sim de um preço público e visa incentivar

os usuários a utilizarem a água de forma mais racional, garantindo, dessa forma, o seu uso múltiplo para as

atuais e futuras gerações. Objetiva também arrecadar recursos financeiros para o financiamento de programas e

intervenções previstos no Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica, voltados para a melhoria

da quantidade e da qualidade da água (WELLER; VILAS BOAS,2015 p.211)

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receberia um valor superior ao que ganharia caso fosse arrendar o pasto (PEREIRA et al.,

2010).

O Conservador das Águas remunera pela área total da propriedade e não apenas pelas

áreas a serem conservadas. O principal argumento que justifica essa iniciativa é que, no

Conservador das Águas, o que é mais importante é a adequação ambiental da propriedade

como um todo, que inclui aumento da cobertura vegetal, proteção dos mananciais, ações em

saneamento ambiental e ações em conservação do solo.

O fato do Projeto Conservador de Águas possuir um caráter inovador e da Prefeitura

de Extrema demonstrar compromisso e interesse nesse projeto favoreceu a conquista de

diversos parceiros em esferas diferentes. A prefeitura também se preocupou com a

estruturação do arcabouço legal. No dia 21 de dezembro de 2005 foi sancionada a Lei

Municipal n 2.100, que cria o Projeto Conservador das Águas e autoriza o executivo a prestar

apoio financeiro aos proprietários rurais. O projeto contou com a parceria da ANA (nível

Federal) que contribuiu com apoios fundamentais para a sua concretização, do IEF-MG, do

Comitê Federal do PCJ, da SABESP e das ONGs TNC e SOS Mata Atlântica.

Os principais objetivos do programa são: aumentar a cobertura vegetal nas Sub-bacias

hidrográficas e implantar microcorredores ecológicos; reduzir os níveis de poluição difusa

rural decorrente dos processos de sedimentação e eutrofização e de falta de saneamento

ambiental; difundir o conceito de manejo integrado de vegetação, solo e água na bacia

hidrográfica do Rio Jaguari e garantir a sustentabilidade socioeconômica e ambiental dos

manejos e práticas implantadas, por meio de incentivos financeiros aos proprietários rurais

(PEREIRA et al., 2010).

Atualmente, existem diversas iniciativas que incluem mecanismos de PSA direta ou

indiretamente ao redor do mundo. A seguir o quadro 1- menciona alguns exemplos de

serviços, quem são os fornecedores, quem são os pagadores e quais instrumentos de

pagamentos são utilizados.

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Tabela 6 ― Exemplos de acordos auto-organizados e esquemas comerciais de PSA no mundo.

Serviços Prestados

País Fornecedor Comprador Instrumentos

Qualidade da

Água Potável

( França)

Fazendas de vacas

leiteiras localizadas

na parte alta da

bacia e

proprietários de

floresta

Engarrafamento

de água mineral

natural

Pagamentos por parte

do engarrafador aos

proprietários de terras

na parte alta da bacia

para melhorar as

práticas agrícolas e o

reflorestamento de

áreas sensíveis para a

filtração.

Regularidade do

fluxo de água

para a

hidroeletricidade

(Costa Rica)

Proprietários de

terras localizadas na

parte alta da bacia

Usina hidrelétrica

Governo da Costa

Rica e ONG local.

Pagamentos feitos pela

companhia de serviços

públicos através de uma

ONG local aos

proprietários de terra;

pagamentos completados

por fundos

governamentais.

Melhoria da

qualidade da

água.

(Estados

Unidos)

Fontes contaminantes

fixas com descargas

menores que o nível

permitido; fontes não

fixas que reduzem

seus níveis.

Fontes poluidoras

com nível de

descarga maior do

que o permitido.

Negociação da redução

de créditos de nutrientes

comercializáveis entre as

fontes poluidoras

industriais e agrícolas.

Redução da

salinidade da

água

( Austrália)

Florestas Estaduais

em New South Wales

(NSW)

Associação agrícola

de irrigadores.

Créditos de transpiração

da água, obtidos por

Florestas Estaduais, para

reflorestamento, e

vendidos a irrigadores.

Fonte: Adaptado Forest Trends (2008) apud Peixoto (2011, p.8)

Godecke et al. (2014) argumenta que apesar das múltiplas vantagens, a implementação

dos PSA no Brasil é modesta quando comparada ao contexto internacional, além de

insatisfatória frente à necessidade de preservação dos recursos ambientais do país, levando ao

questionamento sobre a adequação da legislação para o fomento destes programas.

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2.4 O Novo Código Florestal sob a ótica do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

Analisando de forma cronológica a legislação ambiental brasileira sob a ótica da

utilização de Instrumento Econômico de política ambiental, um bom ponto de partida é o

decreto 23.793/1934, que instituiu o primeiro Código Florestal brasileiro. Em meio a forte

expansão cafeeira que ocorria principalmente na região sudeste, empurrando as florestas para

longe dos centros urbanos, dificultando o acesso á lenha, o que encareceu o transporte. A

solução foi à criação do Código Florestal de 1934 (Decreto 23.793/34) que obrigou os donos

de terras a manterem 25% da área de seus imóveis com a cobertura de mata original. Ficou

conhecida como a quarta parte. Em seu artigo 12 prevê a hipótese de desapropriação de terras

para fins de proteção ambiental, quando reconhecida esta necessidade ou conveniência por

parte do poder público. Outro instrumento econômico surge no artigo 17, isentando de

qualquer imposto as terras com florestas classificadas como “protetoras” pela lei. Porém, não

havia qualquer orientação sobre em qual parte das terras (margens dos rios ou outras) a

floresta deveria ser preservada, nem importava a espécie ou a variedade de árvores, apenas

visava manter a produção de madeira para atender a demanda por lenha e carvão. No seu

artigo 98 cria um fundo, o Fundo Florestal, constituído de contribuições e doações de

interessados na conservação da floresta, a ser gerido por um Conselho Florestal, instituído no

artigo 101 (Brasil, 1934). A lei de 1934 demonstra um pequeno viés de preservação ambiental

ao criar a figura das florestas protetoras, para garantir a saúde de rios e lagos e áreas de risco

(encostas íngremes e dunas). Mais tarde, esse conceito deu origem às áreas de preservação

permanente (APPs), também localizadas em imóveis rurais. (BRASIL, 2011).

Em 1964 com a Lei 4.504 - O Estatuto da Terra – publicado ainda no primeiro ano do

governo militar, regulava os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais para

fins da reforma agrária e políticas agrícolas. Preocupado em ampliar o uso social das terras,

nos seus artigos 49 e 50 estabeleceu critérios de regressividade sobre o pagamento do Imposto

sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) pela maior utilização da terra na exploração

agrícola, pecuária e florestal: previa a concessão de até 45% de redução do imposto pelo grau

de utilização da terra, medido entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do

imóvel rural. Com isso o governo criou um instrumento econômico via redução tributária para

estímulo à maximização do uso da terra. Neste momento fica claro o interesse “desenvol-

vimentista” vigente à época, onde as áreas com matas naturais eram vistas como

economicamente ineficientes, sujeitando seus proprietários à desapropriação para fins de

reforma agrária, enquadradas como latifúndios (artigo 20) (BRASIL, 1964).

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No ano seguinte, o governo militar revogou o antigo Código Florestal e sancionou a

Lei 4.771/1965, bastante protetora dos recursos naturais, a exemplo de definir como APP as

florestas e demais vegetações presentes nas margens de cursos d’água. Em 1965 com o

surgimento de novos combustíveis e fontes de energia, como as hidrelétricas, a lenha foi

progressivamente deixando de ter importância econômica. Inversamente, crescia a

consciência sobre o papel do meio ambiente e das florestas. Assim, em 1965, o Legislativo se

mobilizou para alterar a lei de 1934 – e a função das florestas em terrenos privados. Assim o

Código Florestal de 1965 (Lei 4.771/65) transformou a “quarta parte” em reserva legal, já

com o objetivo de preservar os diferentes biomas. Na Amazônia, metade dos imóveis rurais

devia ser reservada para essa finalidade e, no restante do país, 20%. Ainda assim, a floresta

podia ser 100% desmatada, desde que fosse replantada, mesmo com espécies estranhas àquele

bioma. Já nesta época, havia uma distancia entre o que lei determinava e o que de fato se

cumpria. A lei, alterada, chegou aos dias de hoje. Assim como os conflitos entre a ocupação

da terra e a preservação ambiental. No tocante aos IE, seus artigos 38 e 39 mantiveram a

isenção de ITR sobre áreas de florestas com regime de preservação permanente, presente na

Lei 4.504/1964, mas este instrumento legal mostrava a mesma preocupação

desenvolvimentista presente naquela lei, ao conceder igual isenção para as florestas plantadas

para fins de exploração madeireira, ao tempo em que limitava a 50% o desconto sobre o ITR

da área tributável quando as áreas fossem de florestas nativas. (GODECKE et al.,2014)

Ainda que pouco respeitada, a Lei 4.771/1965 foi objeto permanente de insatisfação

por parte de ambientalistas e ruralistas, de modo que sofreu diversas alterações ao longo do

tempo. Recentemente, após calorosa discussão no Congresso Nacional, que despertou a

atenção da sociedade brasileira, aquela legislação foi substituída pela Lei 12.651, de 25 de

maio de 2012.

Nos anos de 1980 houve uma forte mudança de concepção da relação homem e meio

ambiente. A constituição de 1988 teve um capitulo dedicado ao meio ambiente, assegurado

como direito de todos os brasileiros, e essencial à qualidade de vida. Houve também, evolução

quanto ao conceito de reserva legal – reserva de sustentação e de uso da propriedade e passou

a ser uma reserva biológica de preservação das espécies vegetais e animais. (BRASIL, 2011).

Ainda na década de 80, a Lei 7.511/86 impediu o desmatamento das áreas nativas, ainda que

houvesse a recuperação da vegetação original. Os limites das APPs nas margens dos rios

também foram aumentados (de 5 metros para 30 metros), como reação do Congresso às

enchentes no rio Itajaí, que deixaram dezenas de mortos em 1983 e 1984. Em 1989 uma nova

Lei 7.803/89 determinou que a reposição das florestas fosse feita prioritariamente com

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espécies nativas. Assim, também houve alteração no tamanho das APPs nas margens dos rios

voltou, com a criação de áreas protegidas ao redor de nascentes, bordas de chapadas ou em

áreas em altitude superior a 1.800 metros. (BRASIL, 2011)

Em 1992, o Rio de janeiro sediou a Conferência Eco-92 realizado pela Organização

das Nações Unidas (ONU), fez com o Brasil, devido á pressão internacional, introduzisse uma

agenda ambiental aumentando a “preocupação” com a proteção das florestas. Segundo dados

do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pouco tempo após esse

comprometimento ambiental, o alto nível de desmatamento da Amazônia atingiu o recorde de

2,9 milhões de hectares, entre agosto de 1994 e agosto de 1995, o que arranhou a imagem do

Brasil. Como medida, em 1996 o governo federal editou uma medida provisória (MP 2.166,

reeditada 67 vezes até 2001 e ainda em vigor) para tentar inibir a derrubada da floresta. O

texto alterou substancialmente o Código Florestal e atribuiu ao proprietário a responsabilidade

pela recuperação ou compensação da área desmatada além do limite legal. Em 1998, foi

promulgada a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), que também modificou o Código

Florestal e previu a aplicação de altas multas pelos órgãos de fiscalização ambiental.

(BRASIL, 2011)

A partir de janeiro de 2001, houve um aumento do percentual da área da reserva legal

em propriedades rurais na Floresta Amazônica, que passou de 50% para 80%, e em áreas de

Cerrado dentro da Amazônia Legal, de 20% para 35%.

O MMA define que as APPs não têm apenas a função de preservar a vegetação e a

biodiversidade, mas tem também, se não a principal, função ambiental de proteger espaços de

maior relevância para a conservação da qualidade ambiental como a estabilidade geológica, a

proteção do solo e assim assegurar o bem-estar da população humana. Ainda, o Código

Florestal prevê faixas e parâmetros diferenciados para as distintas tipologias de APPs, de

acordo com a característica de cada área a ser protegida. As faixas mínimas são consideradas

e devem ser mantidas e preservadas nas margens dos cursos d’água (rio, nascente, vereda,

lago ou lagoa), a norma considera não apenas a conservação da vegetação, mas também a

característica e a largura do curso d’água, independente da região de localização, em área

rural ou urbana. Para as nascentes (perenes ou intermitentes) a lei estabelece um raio mínimo

de 50 metros no seu entorno independentemente da localização, seja no Estado do Amazonas

ou em Santa Catarina, seja pequena ou na grande propriedade, em área rural ou urbana.

Assim, a faixa é o mínimo necessário para garantir a proteção e integridade do local onde

nasce água e para manter a sua quantidade e qualidade. As nascentes, ainda que intermitentes,

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são absolutamente essenciais para a garantia do sistema hídrico e da manutenção de sua

integridade com a proteção conferida pela cobertura vegetal nativa adjacente. (MMA)

Segundo MMA há faixas diferenciadas para os rios de acordo com a sua largura,

iniciando com uma faixa mínima de 30 metros em cada margem para rios com até 10 metros

de largura, ampliando essa faixa à medida que aumenta a largura do rio. O Código Florestal

(art. 2º) também estabelece proteção permanente para as bordas de tabuleiros ou chapadas, os

topos de morro, montes, montanhas e serras e para as encostas com alta declividade, entre

outras áreas de grande relevância ambiental.

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as

florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) Ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em

faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de

18.7.1989).

1. de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de

largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).

2. de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).

3. de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200

(duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).

4. de 200 (duzentos) metros para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a

600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de

18.7.1989)

5. de 500 (quinhentos) metros para os cursos d’água que tenham largura superior a

600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

a) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;

b) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer

que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros

de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).

c) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas,

com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;

d) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

e) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em

faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada

pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).

f) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a

vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos

perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e

aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto

nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e

limites a que se refere este artigo. (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

O Art 3º O Código Florestal considera ainda de preservação permanente, quando

forem assim declaradas por atos do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetações

naturais destinadas a:

a) atenuar a erosão das terras;

b) fixar as dunas;

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c) formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

d) auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;

e) proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;

f) asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

g) manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

h) assegurar condições de bem-estar público.

Além do art. 3º, o Código Florestal em seu art. 14 reforça a possibilidade do Poder

Público Federal ou Estadual prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais:

Art. 14. Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das florestas, o Poder Público

Federal ou Estadual poderá prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais.

A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida,

de acordo com o Código, com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for

necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou

interesse social. A supressão de vegetação em APP somente poderá ser autorizada em caso de

utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizado e motivado em

procedimento administrativo próprio, quando não existir alternativa técnica e de local ao

empreendimento proposto. (BRASIL, 2011)

Desta forma, a definição de APP demonstra categoricamente o grau de importância

para as áreas preservadas, a proteção do solo, da flora, da fauna, da paisagem e da

biodiversidade, culminando com a sua significância para o bem-estar das populações

humanas. A visão sobre as APPs deve ser ampla, pois os recursos naturais existentes devem

ser vistos como um todo e, por assim, preservados de maneira permanente. (BORGES,

et.al,2011).

A cobertura florestal em áreas de APPs constitui-se em elemento de extrema

importância na manutenção da qualidade ambiental, desempenhando diversas funções

socioambientais, entre elas: a dissipação da energia do escoamento superficial, a proteção das

margens dos cursos d’água, a estabilização de encostas, a proteção de nascentes, o

impedimento do assoreamento de corpos d’água e o abastecimento do lençol freático.

(CAVALCANTE, 2013).

Em encostas acentuadas, a vegetação tem o papel é estabilizar o solo devido ao

emaranhado das raízes das plantas, dessa forma, evitam perdas por erosão e protege as partes

mais baixas do terreno, principalmente os cursos d’água. Evita ou estabiliza os processos

erosivos, pois atua como quebra-ventos nas áreas de cultivo e impede o processo de

assoreamento (MACHADO et al., 2009).

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Para Silva (2009) o tipo e a densidade da cobertura vegetal influência diretamente na

vulnerabilidade dos solos para o desenvolvimento de processos erosivos. Em áreas menos

protegidas, como em campos, pastagens e áreas agrícolas, a energia cinética da chuva

aumenta, tornando a erosão superficial laminar mais intensa, proporcionando a remoção e

transporte de sedimentos dos solos.

O processo de erosão da solo causa impactos negativos sobre a produtividade da

atividade exercida, bem como, fora das áreas de produção. Bertoni e Lombardi Neto (1999)

apud Sarcinelli (2014) destacam como principais impactos econômicos e ecológicos da erosão

do solo:

a) perda da camada de matéria orgânica e da fertilidade natural dos solos;

b) carreamento de sedimentos para os rios e córregos;

c) compactação do solo;

d) abertura de sulcos e ravinas nas áreas reduzindo a área disponível;

e) custos associados à reposição de nutrientes.

A água das chuvas, quando cai sobre as encostas de uma bacia hidrográfica

desprotegida de vegetação, escoa superficialmente arrastando sedimentos durante seu

caminho até os rios e córregos, comprometendo a qualidade da água, o tempo de vida útil dos

reservatórios e ampliando significativamente os custos de tratamento da água.

Os autores FAO (1997); Guo et al., (2000); Lima (2008); Boelee (2011) apud

Sarcinelli (2014) pontuam os serviços ecossistêmicos que a cobertura vegetal adequada do

solo realiza contra as forças naturais da erosão:

I. Protege diretamente a superfície do solo contra os impactos das gotas da chuva;

II. Dispersa a água das chuvas, interceptando-a e evaporando-a antes mesmo que

atinja o solo;

III. Amplia consideravelmente a capacidade natural de infiltração da água das

chuvas no solo em função da abertura de pequenos canais pelas raízes das

plantas;

IV. Melhora a estrutura do solo através da adição de material orgânico e aumenta a

sua capacidade de retenção de água;

V. Diminui a velocidade do escoamento superficial da água da chuva e,

consequentemente, das enxurradas decorrentes deste processo.

Os autores Lombardi Neto e Drugowich (1994) apud Sarcinelli (2014) argumentam

que somente com o processo de erosão hídrica, o Estado de São Paulo perde cerca de 190

milhões de toneladas de terras férteis todos os anos, sendo que 40 milhões de toneladas

acabam depositadas no fundo dos rios e córregos. Em termos de água, segundo estes autores,

São Paulo perde 10 bilhões de metros cúbicos por ano, águas que escoam superficialmente

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pelos solos compactados que não conseguem interceptá-las, infiltrá-las e armazená-las para

consumo.

Problemas de erosão hídrica afetam seriamente áreas agrícolas e deixam terras

degradadas em todo o mundo. As consequências potenciais levantam questões importantes,

como a segurança alimentar global e a perda da capacidade dos reservatórios para irrigação e

produção (WCD, 2000; KRASA et al., 2010; JEBARI et al., 2012).

Desta forma, faz-se necessário o entendimento sobre a importância da manutenção de

uma adequada cobertura do solo, os autores FAO (1997); Guo et al., (2000); Lima (2008);

Boelee (2011) apud Sarcinelli (2014) justificam o planejamento conservacionista do uso e

ocupação do solo em bacias hidrográficas como a melhor estratégia para a redução da perda

de solo, manutenção para melhorar as condições de infiltração e armazenamento das águas

das chuvas e, redução dos impactos negativos da erosão sobre os ecossistemas naturais.

Sarcinelli (2014) argumenta que a manutenção de cobertura vegetal adequada sobre os solos

das encostas de uma bacia hidrográfica influência diretamente o seu regime hídrico através da

interferência direta nos três principais processos que formam o ciclo hidrológico: a

interceptação da água das chuvas, o escoamento superficial e a infiltração da água no solo.

Paes et al., (2010) descrevem a importância conjunta da cobertura vegetal, das áreas

de APPs e do manejo do solo para a atenuação dos processos erosivos hídricos decorrentes do

uso do solo para fins agrícolas. Importância deve ser dada ao planejamento do uso da terra,

através da aplicação de práticas conservacionistas.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, no uso das

competências que lhe são conferidas pela lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,

regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto

nas Leis nº 4.771, de 15 de setembro e 1965, nº 9433, de 08 de janeiro de 1997, e o seu

Regimento Interno, e, considerando, nos termos do art. 225, caput, da Constituição Federal, o

dever do Poder Público e da coletividade de proteger o meio ambiente para o presente e as

futuras gerações (MMA, 2009);

De acordo com a Legislação Ambiental a reconstituição das APPs em propriedades

privadas é obrigatória, se o proprietário não assumir o compromisso de recuperá-la, conforme

a lei, o Poder Público poderá fazê-lo. De acordo o art. 18 do Código Florestal de 1965 diz

que, nas propriedades privadas, onde seria necessário o florestamento ou o reflorestamento de

preservação permanente, o Poder Público Federal fará a recuperação, caso o proprietário não

fizer. Ressalta ainda, que se tais áreas estiverem sendo utilizado com alguma cultura, o

proprietário seria indenizado com o referido valor produtivo. (BRASIL, 1965). Borges et al.

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(2011) argumenta que as práticas exercidas no Brasil não condizem com a determinação legal.

Há uma falta de senso comum do Poder Público ao dispor, na Lei, um artigo com tamanha

complexidade e dificuldade de implementação, bem como a falta de infraestrutura e de

pessoas treinadas para fiscalizar as APPs por todo o Brasil. Ainda, há constatação da falta de

recurso para promover o florestamento ou o reflorestamento dessas áreas, menos ainda para

indenizar os proprietários que as utilizam.

Borges et al. (2011) ainda argumenta que nem o proprietário e nem Poder Público têm

de fato assumido a responsabilidade pela recuperação das APPs. Uma questão que deixa isso

bem claro diz respeito à carência de dispositivos legais que proponham alternativas de

recuperação das APPs, como acontece nas RL. Talvez, a exigência da recuperação das APPs

por meio de mecanismos práticos estabelecidos pelo CONAMA( Conselho Nacional do Meio

Ambiente) a serem implementados pelos produtores rurais, pudesse ser mais eficiente do que

a responsabilidade dada ao Poder Público. O CONAMA, por meio da Resolução n.429 de

2011, estabeleceu alguns critérios para recuperação das APP. Este, por sua vez, deve ser

implementado e adaptado segundo condições do local a ser recuperado, que pode ser via

técnicas de plantio com espécies nativas, condução da regeneração natural e, em algumas

situações, permite-se a recuperação com uso de espécies exóticas.

Sob a ótica das perspectivas do PSA, o novo Código Florestal traz aspectos a serem

destacados sob os instrumentos econômicos, a começar pelo seu artigo primeiro, ao prever a

possibilidade do uso de instrumentos econômicos e financeiros para o alcance dos objetivos

da Lei. Entre os princípios elencados no artigo segundo está a “criação e mobilização de

incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e

para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis”. A Lei dedica seus

artigos 41 a 50 para disciplinar este incentivo, no tópico intitulado “Programa de Apoio e

Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente”. Os instrumentos deste Programa

estão especificados no artigo 41, abrangendo: (a) PSA; (b) instrumentos financeiros e

tributários; (c) incentivos à comercialização, inovação e das ações de recuperação,

conservação e uso sustentável das florestas. Destes últimos, a lei relaciona a participação

preferencial nos programas de apoio à comercialização da produção agrícola e a destinação de

recursos para as pesquisas científica e tecnológica relacionadas à melhoria da qualidade

ambiental.

Godecke et al. (2014) quanto aos instrumentos financeiros e tributários (item II), a Lei

prevê: (1) obtenção de crédito agrícola com taxas de juros menores e prazos maiores do que

os praticados no mercado; (2) contratação do seguro agrícola em condições melhores; (3)

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dedução das APP e RL da base de cálculo do ITR; (4) destinação de parte dos recursos

arrecadados com a cobrança pelo uso da água para a preservação florestal das bacias

hidrográficas; (5) linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação voluntária

de vegetação nativa, entre outras; e (6) isenção de impostos para os principais insumos e

equipamentos utilizados no cercamento das reservas.

Godecke et al. (2014) ainda menciona que além dos instrumentos citados acima, há

também a dedução da base de cálculo do Imposto de Renda do proprietário rural, pessoa física

ou jurídica, de parte dos gastos efetuados com a recomposição de RL desmatadas

anteriormente a 22 de julho de 2008 e utilização de fundos públicos para concessão de

créditos reembolsáveis e não reembolsáveis destinados à compensação ou recuperação das

reservas cujo desmatamento seja anterior à data-limite anteriormente citada. Abre, ainda, a

possibilidade de diferenciação tributária para empresas que industrializem ou comercializem

produtos originários de propriedades que cumpram padrões e limites estabelecidos ou que

estejam em processo de cumpri-los (BRASIL, 2012a).

Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 792/2007 e suas emendas, em

especial o Projeto de Lei 5.487/2009, proposto pelo Ministério do Meio Ambiente. Preveem a

criação da Política Nacional de Serviços Ambientais (PNSA) e do Programa Federal de

Pagamento por Serviços Ambientais (PFPSA). O programa proposto visa PSA em

propriedades rurais de até quatro módulos fiscais, por meio da criação do Fundo Federal de

Pagamento por Serviços Ambientais (FFPSA) (BRASIL, 2007; 2009).

Paralelamente ao esforço regulatório do Governo Federal, o PSA é realidade no Brasil,

instituído por legislações estaduais e municipais, bem como por iniciativas resultantes das

forças de mercado.

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Tabela 7 ― Iniciativas legais para PSA nas legislações estaduais do Brasil.

Fonte: Oliveira Junior, 2010 apud Godecke et al., 2014.

Assim como para as outras áreas de interesse social, os mecanismos regulatórios legais

desempenham papel de extrema importância para a sustentabilidade dos recursos florestais do

país, no sentido de atuar para a busca do equilíbrio entre a conservação da natureza e o

desenvolvimento econômico via atividades agrossilvipastoris. Neste sentido, servem como

elementos regulatórios ao artigo 225 da Constituição Federal, atuando na direção do

mandamento constitucional de que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, [...] impondo-se ao Poder Publico e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para presente e futuras gerações” (BRASIL, 1988).

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3 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO JUNDIAÍ.

O Rio Jundiaí nasce na Serra da Mantiqueira, próximo à cidade de São Paulo, e

deságua no rio Tietê, junto à cidade de Salto. A área da bacia é de 1.114 km2 e seus principais

afluentes são o rio Jundiaí-Mirim e o ribeirão Piraí (SÃO PAULO, 2000a).

Figura 1 ― Bacia rio Jundiaí – os números referem-se às represas do sistema Cantareira. 1 –

Jaguari e Jacareí, 2- Cachoeira, 3- Atibainha.

Fonte: São Paulo (2003) apud Neves (2005).

A bacia do rio Jundiaí que juntamente com as bacias hidrográficas dos rios Piracicaba

e Capivari– PCJ, compõem a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI

5),presentes numa das regiões economicamente mais importantes do Brasil, com grande

concentração urbana e industrial apresentando sérios problemas de degradação dos recursos

hídricos e muitos conflitos pelo uso da água. Movimentos populares em defesa do meio

ambiente ocorrem nesta região desde a década de 70, impulsionando a elaboração de um

sistema de gestão. O reconhecimento da água como um recurso limitado conduziu à criação

de novas políticas, à reformulação de legislações e à reestruturação institucional, cuja

principal consequência foi a criação, em 1991, da Política Estadual de Recursos Hídricos do

Estado de São Paulo ( NEVES, et al., 2007).

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Figura 2 ― Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do

Estado de São Paulo

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA-SP)

Esses três rios (PCJ) são afluentes da margem direita do rio Tietê. O Piracicaba

percorre 250 quilômetros, desde as suas nascentes na Serra da Mantiqueira (Minas Gerais) até

o rio Tietê, em São Paulo. O Capivari percorre 180 quilômetros e o Jundiaí, 125 quilômetros,

suas nascentes estão localizadas no Estado de São Paulo; na Serra do Jardim e na Serra da

Pedra Vermelha, respectivamente. As bacias dos três rios ocupam uma área de 15.320 km2.

(LOPES, 2003)

De acordo com os dados dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgoto (SAAE) o

Rio Jundiaí percorre os municípios: Mairiporã, Atibaia, Campo Limpo, Paulista, Jarinu,

Várzea Paulista, Jundiaí, Itupeva, Cabreúva, Itu, Indaiatuba e Salto.

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Figura 3 ― Municípios pertencentes à Bacia do Rio Jundiaí.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apud Mattos (2017)

O Rio jundiai integra a mesma UGRHI dos Rios Piracicaba e Capivari tornando-se

uma única ligação hídrica originada pelas interferências das ações humanas. Os três rios

possuem bacias hidrográficas distintas geograficamente, no entanto, a cidade de Jundiaí, na

bacia do rio de mesmo nome, é abastecida por uma reversão da bacia do rio Atibaia.

As bacias PCJ apresentam, conforme o Plano das Bacias Hidrográficas dos Rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí 2010/2020, uma demanda de 36 m3 /s, sendo 52% para

abastecimento urbano, 29% para o industrial e 18% para o setor rural, sendo que a relação

oferta/demanda já apresenta, em alguns trechos das bacias, a obrigatoriedade do reuso.

A Bacia do Rio Jundiaí é a menor bacia Hidrográfica do estado de São Paulo, no

entanto é também uma das mais industrializadas, contando com indústrias alimentícias,

químicas e metalúrgicas que geram a maior parte dos recursos econômicos da região.

Segundo os dados SÃO PAULO (2003) a bacia abastece 98% da população urbana com água

potável, sendo que mais de 80% desta população tem acesso a rede coletora de esgotos.

Porém, o esgoto coletado raramente é tratado e uma grande carga poluidora é despejada

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diariamente no rio Jundiaí. Ao desaguar no rio Tietê, estes lançamentos contribuem para

piorar a qualidade de um rio já bastante prejudicado pelos lançamentos da Grande São Paulo.

Para Neves et al. (2007) a política urbana municipal fez-se necessário para

implantação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos para que os planos de bacias

estejam articulados com os planos de expansão municipais por meio da previsão das

demandas futuras, da evolução dos lançamentos, dos recursos disponíveis e das ações

necessárias para um crescimento planejado. Embora todos os municípios da bacia do rio

Jundiaí possuam lei orgânica, em alguns municípios (Jundiaí e Salto) ela não trata das

questões ambientais (SÃO PAULO, 2000a e 2004b). Grande parte dos municípios,

aproximadamente 86% possui plano diretor, pouco mais da metade deles, 57% possui código

de obras e atos legais de uso e ocupação do solo, enquanto que apenas 29% possuem atos

legais de proteção e controle ambiental. O que chama atenção e preocupa é que menos da

metade dos municípios (43%) possui cadastros de redes de água e esgotos. A ausência destes

documentos tem dificultado a obtenção de recursos para obras de tratamento de esgotos junto

aos órgãos de fomento como o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO). (NEVES

et.al, 2007)

De acordo com os dados da agência PCJ (2014) o potencial de recursos hídricos

superficiais das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí não estão, em sua totalidade, à

disposição para uso na própria região, pois uma parcela substancial é revertida, através do

Sistema Cantareira, para a bacia do Alto Tietê. Esse sistema é o principal produtor de água

potável da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), sendo responsável pelo

abastecimento de aproximadamente 50% de sua população.

Na área das bacias, o Sistema Cantareira conta com reservatórios de regularizações

nos rios Atibainha e Cachoeira, na sub-bacia do rio Atibaia, e nos rios Jacareí/Jaguari, na sub-

bacia do rio Jaguari. De acordo com a outorga de direito de uso do sistema, esses

reservatórios garantem uma retirada média de até 36 mil litros de água por segundo, sendo 31

mil litros de água por segundo para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e a

descarga para jusante da vazão de 5 mil litros de água por segundo. A retirada desses volumes

é decidida mês a mês pelo Grupo Técnico Cantareira, instituído no âmbito da Câmara Técnica

de Monitoramento Hidrológico (CT-MH) dos Comitês das Bacias dos Rios Piracicaba,

Capivari e Jundiaí, com base nas orientações da ANA5 e do DAEE

6 sobre as possibilidades

de retirada sem o comprometimento do sistema.

Além das reversões para a RMSP, ocorre também, na área, envio de água para regiões

internas. São os casos:

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Do rio Atibaia para o rio Jundiaí Mirim (bacia do rio Jundiaí), para abastecimento

do município de Jundiaí;

Da sub-bacia de Atibaia para as bacias do Capivari e Piracicaba, através do sistema

de abastecimento de água de Campinas;

Da sub-bacia do Jaguari para as sub-bacias dos rios Atibaia e Piracicaba.

3.1 Aspectos Geográficos

Segundo dados divulgados pelo departamento de Planejamento Urbano e Meio

Ambiente da cidade de Jundiaí (2017) os aspectos geográficos são:

3.1.1 Área Territorial

Área total: 432 km²

Área urbana: 112 km².

Área rural: 320 km², sendo: 228,6 km² área de cultivo.

91,4 km² área de tombamento da Serra do Japi.

3.1.2 Clima

A temperatura média anual da região é de 21,0 ºC, com valores médios mais baixos

encontrados no mês de julho (10,2 ºC) e mais elevados em fevereiro (30,3 ºC). Na Figura 5 é

apresentada a variação anual das temperaturas médias, máximas e mínimas mensais e os

valores das temperaturas podem ser observados na Figura 5.

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Figura 4 ― Temperaturas médias a região de Jundiaí (SP).

Fonte: Pedro Junior et al. (2016)

Para Neves (2005) a área está localizada em uma região de transição entre os climas

Cfa, Cwa e Cfb (figura 5), onde “c” é atribuída aos climas temperados chuvosos e quentes;

“f” indica clima úmido o ano todo, sem estação de seca; “w” indica que as chuvas são

concentradas no verão e o inverno é seco; “a” simboliza verão quente com temperatura média

do mês mais quente superior a 22°C; e “b” que significa verão moderadamente quente com

temperatura média menor do que 22°C no mês mais quente.

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Figura 5 ― Clima bacia do Rio Jundiaí.

Fonte: Neves (2005) apud adaptado Mattos (2017)

O clima tropical caracteriza-se com um regime pluviométrico médio mensais são

apresentados na Figura 07. Nos meses mais secos (junho, julho e agosto), os totais médios

atingem a faixa de 34 a 55 mm e durante os meses mais chuvosos (dezembro, janeiro e

fevereiro), encontram-se entre 139 e 235 mm mensais.

Figura 6 ― Total pluviométrico médio em Jundiaí-SP

Fonte: Pedro Júnior et al. (2016)

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De acordo com Pedro Junior et al. (2016) para analisar o número de dias com chuva

para cada período, considerou-se o índice pluviométrico igual ou superior a 1 mm para a

ocorrência de precipitação. O total anual médio encontrado para o número de dias com chuva

foi de 67 ocorrências, sendo que o mês mais chuvoso na média histórica possui 16 dias com

chuva (janeiro) e os mais secos, em média, 4 dias (julho e agosto). Os valores médios mensais

do número de dias com chuva são apresentados na Figura 08.

Figura 7 ― Número médio mensal de dias com chuva em Jundiaí (SP).

Fonte: Pedro junior et al. (2016)

3.1.3 Relevo

De acordo com Ross (1996) o Município de Jundiaí encontra-se na compartimentação

geomorfológico Planalto Atlântico, compreendendo as subdivisões Planalto de Jundiaí e

Serranias de São Roque, caracterizadas predominantemente por relevo de morros e morrotes.

A região é próxima à zona de transição para a Depressão Periférica. Este conjunto de

diferenças de nível é que dá ao relevo da cidade um aspecto irregular, repleto de “altos” e

“baixos”.

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3.1.4 Vegetação

De acordo com São Paulo apud Neves (2005) a Bacia do Rio Jundiaí é composta por

vegetação natural e reflorestamento. A vegetação natural é remanescentes da Mata Atlântica,

que de acordo com Neves et al., (2007) deve sua preservação, em grande parte, pela criação

da Área Natural Tombada Serras do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara e das Áreas de Proteção

Ambiental (APAs)5 de Jundiaí e Cabreúva, estas últimas juntas somam 69.300 hectares e

ocupam 40% da bacia. O reflorestamento é composto, em grande parte, por espécies exóticas,

como pinus e eucalipto.

Segundo dados do DAE a região é composta por Mata ciliar uma vegetação presente

nas bordas dos cursos d’água (rios, córregos, lagos, nascentes, represas artificiais etc). A

presença da mata ciliar tem grande importância na preservação dos cursos d’água, pois serve

como barreira à erosão das margens não permitindo que a terra seja levada para dentro do rio

permitindo que esta água da chuva infiltre no solo abastecendo o lençol freático, garantindo

que sempre haja águas nos rios. Há também a Área de Preservação Permanente (APP) cujo

artigo 4º do Código Florestal, considera-se Área de Preservação Permanente as faixas

marginais de qualquer curso d’água natural perene, desde a borda da calha do leito regular,

em largura mínima de 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros

de largura e 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura. Nas áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com

largura mínima de 100 (cem) metros, em zonas rurais e 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

já nas áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou

represamento, a faixa de APP é definida na licença ambiental do empreendimento. (DAE)

5 De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII

da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras

providências, é possível definir Área de Proteção Ambiental (APA) como: “[...] uma área em geral extensa,

com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais

especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como

objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos naturais.” (BRASIL, 2000).

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Figura 8 ― Zona de conservação na Bacia Hidrográfica do Rio Jundiaí

Fonte: NEVES (2005).

Foi realizado um zoneamento para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) da região

que estabelece uma zona de Conservação da Vida Silvestre – destinada à conservação da

mata atlântica, da vegetação rupestre e da biota nativa, para garantir a manutenção e a

reprodução das espécies e a proteção do habitat de espécies raras, endêmicas, em perigo ou

ameaçadas de extinção; duas zonas de Restrição Moderada – destinada à proteção dos

remanescentes de mata nativa e das várzeas não impermeabilizadas; e duas zonas de

Conservação Hídrica – destinada à proteção e conservação da qualidade dos recursos hídricos

superficiais utilizados para abastecimento público6 (SÃO PAULO, 1998)

6 O zoneamento da área é definido pelo Decreto n° 43.284 de 1998 que “regulamenta as Leis nºs 4.023, de 22 de

maio de 1984, e nº 4.095, de 12 de junho de 1984, que declaram áreas de proteção ambiental as regiões

urbanas e rurais dos Municípios de Cabreúva e Jundiaí, respectivamente, e dá providências correlatas”. No

referido decreto o artigo 24 estabelece que, “na zona de conservação hídrica é admissível a execução de

empreendimentos, obras e atividades, desde que:

I - não prejudique a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos a serem utilizados para abastecimento

público;

II - não provoque o assoreamento dos corpos d'água;

III - garanta a infiltração das águas pluviais no solo, através da manutenção de pelo menos 50% (cinqüenta por

cento) de área livre ou de sistema equivalente de absorção de água no solo”.

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Figura 9 ― Zoneamento das APAs da Bacia Hidrográfica do Rio Jundiaí.

Fonte: NEVES (2005) apud Matos (2017)

3.1.5 Recursos hídricos

De acordo com o Plano das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e

Jundiaí (SHS, 2006), nas bacias PCJ foram identificados 25 mananciais de abastecimento

superficial passíveis de se transformarem em Áreas de Proteção e Recuperação dos

Mananciais – APRMs, sendo que 4 deles – Rio Jundiaí, Ribeirão Piraí, Córrego Santa Rita e

Rio Junidiaí-Mirim – estão localizados na Bacia do Rio Jundiaí. (COBRAPE, 2011).

De acordo com a Lei Estadual nº 9.866, de 28 de novembro de 1997, considera-se

Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais - APRM uma ou mais Sub-bacias

hidrográficas dos mananciais de interesse regional para abastecimento público, sendo esse

interesse para populações atuais ou futuras do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 1997).

Grande parte da água superficial utilizada na bacia é destinada ao abastecimento

urbano representa 58%, o uso rural para irrigação representa 24% e o industrial, 17%,

totalizando uma demanda total de 3,86 m3/s (SÃO PAULO, 2004b apud Neves et al. 2007).A

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disponibilidade hídrica superficial de uma bacia é avaliada pelo seu Q7,10 (vazão mínima de

sete dias consecutivos com um período de retorno de dez anos), cujo cálculo que considera a

área da bacia e a pluviometria regional (SÃO PAULO, 1988). O Q7,10 calculado para a bacia

do rio Jundiaí é de 2,32 m3/s.

Figura 10 ― Mananciais de água superficial para abastecimento público.

Fonte: Adaptado de COBRAPE (2011) apud Mattos (2017)

De acordo com os critérios de avaliação da criticidade definidos pela coordenadoria

recursos hídricos de São Paulo (CORHI) a demanda total em uma bacia hidrográfica não

deve exceder 50% do Q7,10 da área total remanescente (SÃO PAULO, 2000a). Com o

consumo de 3,86 m3/s e o Q7,10 de 2,32 m

3/s, a bacia do Jundiaí tem 168% de sua

disponibilidade hídrica mínima comprometida. Com a reversão de água do rio Atibaia,

acrescenta-se 1,0 m3/s ao sistema, mas ainda assim o balanço mostra um consumo de 117% da

disponibilidade hídrica.

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Nesta situação as disponibilidades hídricas superficiais das Sub-bacias e bacias, são

apresentadas na Tabela 5 a seguir:

Tabela 8 ― Disponibilidade hídrica superficial para as Bacias PCJ

Fonte: Adaptado de COBRAPE (2011) apud Mattos (2017)

A Bacia do Rio Jundiaí possui, também, a disponibilidade hídrica subterrânea, que se

encontra á 1.009 km² do Aquífero Cristalino (Figura 12), entretanto, essa formação possui um

potencial de oferta de água subterrânea para demandas localizadas e de baixa expressão.

(COBRAPE, 2011).

Figura 11 ― Localização dos aquíferos na Bacia do Rio Jundiaí.

Fonte: Adaptado de COBRAPE (2011) apud Mattos (2017)

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O uso de água subterrânea na bacia é destinado, predominantemente, ao abastecimento

industrial 39% seguido pelo uso doméstico em condomínios e chácaras 18%. Porcentagens

muito próximas entre 7 e 9% são destinadas ao abastecimento urbano, lazer e irrigação

(NEVES, 2005).

Desta forma, é importante analisar a situação dos recursos hídricos na bacia, através

do saldo de vazão da região, que através dos cálculos realizados através do conhecimento das

demandas consultivas7 na bacia, para estão descritas na tabela 06.

Tabela 9 ― Principais demandas consuntivas por sub-bacias.

Fonte: Adaptado de COBRAPE (2011) apud Matos (2017)

De acordo com o COBRAPE (2011) quando realizado análise sobre o saldo de vazão

na região, verifica-se que tem seguido uma tendência decrescente – deve-se, principalmente,

ao aumento da demanda –, ou seja, menor quantidade de água disponível. Essa tendência pode

ser observada na tabela 7, que apresenta uma comparação dos saldos de vazão entre o período

de 2002 a 2003 e o período de 2004 a 2006.

7 Ocorre uma demanda consuntiva quando parte da água captada é consumida no processo produtivo.

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Tabela 10 ― Comparativo do saldo de vazão das Sub-bacias do PCJ, em m3/s

Fonte: Adaptado de IRRIGART (2007) apud Matos (2017)

Através da Tabela 08 pode-se observar que a Bacia do Rio Jundiaí possui a situação

mais crítica com as captações versus disponibilidades. O saldo de vazão, segundo COBRAPE

(2011) confirma a tendência de diminuição da disponibilidade hídrica na região.

Tabela 11 ― Saldo de Vazão das Sub-bacias da região do PCJ

Sub-bacia Vazões (m

3/s)

Q disponível Captações Lançamentos Saldo

Atibaia 8,54 10,02 5,79 4,30

Camanducaia 3,50 0,85 0,36 3,01

Corumbataí 4,70 2,78 1,18 3,09

Jaguari 7,20 6,11 1,59 2,68

Piracicaba 8,16 6,63 5,24 6,77

Total

Piracicaba 32,10 26,39 14,16 19,85

Capivari 2,38 3,50 2,64 1,52

Jundiaí 3,50 4,94 2,09 0,65

Total PCJ 37,98 34,83 18,89 22,02

Fonte: Adaptado de COBRAPE (2011) apud Mattos (2017)

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De acordo com os dados do COBRAPE (2011) a análise dos resultados apresentados

sobre o saldo de vazão na região, resulta em um cenário critico com tendência a

agravamento, uma vez que a Bacia do Rio jundiai apresentará captações, aproximadamente,

55% maior do que as disponibilidades .

Tabela 12 ― Saldo de Vazão Tendencial para o ano 2020

Sub-bacia Vazões (m

3/s)

Q disponível Captações Lançamentos Saldo

Atibaia 8,54 11,21 7,02 4,35

Camanducaia 3,50 0,95 0,48 3,02

Corumbataí 4,70 3,20 1,27 2,77

Jaguari 7,20 6,87 1,81 2,14

Piracicaba 8,16 7,87 5,90 6,19

Capivari 2,38 3,96 3,06 1,48

Jundiaí 3,50 5,45 2,55 0,59

Total PCJ 37,98 39,51 22,08 20,55

Fonte: Adaptado de COBRAPE (2011).

Não menos importante, mas cabe aqui ressaltar que além do saldo das vazões faz-se

necessário analisar a qualidade dos recursos hídricos da região. Análise, que pode ser

observada através da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Através do levantamento

realizado pelo COBRAPE (2011), a carga orgânica remanescente na bacia (medida através da

DBO58), ou seja, aquela que é efetivamente lançada em corpos d’água após a redução ocorrida

nos sistemas de tratamento, calculada a partir das cargas orgânicas potenciais correspondentes

à quantidade de matéria orgânica gerada e das cargas removidas durante os processos de

tratamento de esgotos.

Para COBRAPE (2011) através dos dados da Tabela 10 , é possível observar que a

Bacia do Rio Jundiaí é a única a apresentar valor para carga orgânica industrial remanescente

maior que a doméstica, além de contribuir com ,aproximadamente , 67% para o total de carga

8 DBO5 - É um parâmetro amplamente utilizado para medir a poluição em recursos hídricos uma vez que

determina indiretamente a concentração de matéria orgânica biodegradável através da quantidade de oxigênio

consumido na degradação dessa matéria orgânica. É um teste padrão, realizado a temperatura e período de

incubação fixos de 20oC e 5 dias respectivamente.

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orgânica industrial remanescente encontrada nas bacias PCJ – atribui-se isso as industrias

observadas no município de Salto .

Tabela 13 ― Valores de Cargas Orgânicas Remanescentes nas Bacias PCJ

Sub-bacia

Carga Orgânica Doméstica

Remanescente (kg

DBO5/dia)

%

Carga Orgânica Industrial

Remanescente (kg

DBO5/dia)

%

Atibaia 22.638 16,3 2.594 8,3

Camanducaia 3.098 2,2 1.473 4,7

Corumbataí 10.141 7,3 2.330 7,4

Jaguari 14.278 10,3 486 1,6

Piracicaba 55.226 39,8 2.837 9,1

Total

Piracicaba 105.381 75,9 9.720 31,1

Capivari 14.612 10,5 729 2,3

Jundiaí 18.872 13,6 20.836 66,6

Total PCJ 138.865 100 31.286 100

Fonte: Adaptado de COBRAPE (2011) apud Mattos (2017)

Através da análise de Demanda Bioquímica de Oxigênio e o Oxigênio Dissolvido

(OD9), COBRAPE (2011) enquadrou os corpos hídricos em classes de qualidade de acordo

com a Resolução CONAMA n° 357/05 (BRASIL, 2005) concluindo que em alguns trechos da

região apresentam um sério problema de qualidade dos recursos hídricos, uma vez que se tem

altas taxas de DBO e baixas concentrações de OD.

9 OD - Oxigênio Dissolvido é um indicador da concentração de oxigênio dissolvido em um determinado líquido,

sendo o oxigênio em corpos hídricos, fundamental para a dinâmica e caracterização dos ecossistemas

aquáticos.

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3.1.6 Uso e Ocupação do solo

Através dos dados disponibilizados pela agência das Bacias PCJ10

e pelo Governo do

Estado de São Paulo11

, somados ao uso de imagens disponíveis através do Google Earth12

, foi

elaborado o mapa de uso e ocupação do solo para a Bacia do Rio Jundiaí (Mapa 1).

Mapa 1 ― Uso e ocupação da Bacia hidrográfica do Rio Jundiaí.

Fonte: Agência de Bacias PCJ e Governo do Estado de São Paulo apud Mattos (2017)

Bem como em Mattos (2017) para elaboração do mapa foram utilizados dados

estabelecidos na ficha técnica13

, respeitando as categorias do arquivo disponibilizado pelo

Governo do Estado de São Paulo. A partir dos dados levantados classificou-se os principais

10

A agência das Bacias PCJ disponibiliza através do link https://sig.agenciapcj.org.br:9083/k2gisapp/map a

delimitação da área da Bacia do Rio Jundiaí em formato shape que possibilita a utilização para elaboração de

mapa. 11

O governo do Estado de São Paulo disponibiliza através do site http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/mapa-de-

uso-e-ocupacao-da-terra-ugrhi-5-pcj/ o arquivo em formato shape do uso e ocupação do solo para a UGRHI 5,

a partir do qual foi possível fazer um recorte para a Bacia do Rio Jundiaí. 12

Sobrepondo o limite da Bacia com os dados de uso e ocupação do solo percebeu-se haviam espaços sem

classificação de uso dentro do limite da Bacia. Para corrigir essa diferença entre os arquivos foram utilizadas

imagens disponibilizadas através do Google Earth para o ano de 2009 (ano de referência do arquivo em shape

do Governo do Estado de São Paulo). 13

Na ficha técnica estão retratados os dados referentes à elaboração do arquivo de uso e ocupação, assim como

as descrições das categorias estabelecidas no mapa. A ficha técnica encontra-se disponível através do link

http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2013/02/Ficha_Tecnica_Mapeamento_UGRHI051.pdf .

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tipos de uso encontrados na Bacia com suas respectivas classificações e porcentagens de

(Tabela 11) mata (formação vegetal natural composta predominantemente por elementos

arbóreos – 30,54%); pastagem (áreas de pasto melhoradas ou cultivadas destinadas ao

pastoreio – 24,85%); área edificada (metrópoles, cidades, vilas e áreas de rodovias, incluindo

áreas residenciais, comerciais e de serviços – 21,5%); campo natural (vegetação natural não

arbórea – 6,25%); silvicultura (formações arbóreas artificiais e homogêneas – 5,24%); cultura

perene (cultura de ciclo longo que permite colheitas sucessivas, sem necessidade de novo

plantio a cada ano – 3,31%), solo exposto para plantio (áreas preparadas para o plantio de

diversas culturas agrícolas – 2,79%) e loteamento (loteamentos em implantação – 1,43%).

Tabela 14 ― Percentual Uso e ocupação do solo em 2014

Uso e Ocupação

Classificação (%) ocupação

Mata (formação Natural) 30,54

Pastagem (Cultivada ou melhorada) 24,85

Área Edificada (construções) 21,5

Campo natural (vegetação natural não arbórea) 6,25

Silvicultura 5,24

Cultura perene 3,3

Solo exposto para plantio 2,79

Loteamento 1,43

Curso hídrico 3,7

Total 100,0%

Fonte: São Paulo (2014) apud Mattos (2017)

De acordo com o Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária

(LUPA) do Estado de São Paulo – (SÃO PAULO, 2007/08) a região é composta de cultura

perene, principalmente a bacia do rio jundiai-mirim, principal sub-bacia do rio Jundiaí. A

produção da cultura perene inclui pêssego, uva rústica, tangerina, uva fina, goiaba, caqui,

ameixa, laranja, limão, banana, palmito, laranja-azeda, macadâmia, acerola, abacate,

maracujá, manga, figo, pupunha, jabuticaba, lichia, nectarina, jaca e noz-peca; e “cultura

temporária” que inclui braquiária, milho, morango, capim-napier, feijão, aveia, chuchu,

brócolis, abóbora, couve-flor, gramas, colonião, alface, capim-gordura, quiabo, mandioca,

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mandioquinha, cogumelo, viveiro de flores e ornamentais, alcachofra, batata-inglesa, trigo,

sorgo, berinjela, tomate envarado, feijão-vagem, pimentão, repolho, jiló, pepino, alfafa,

chicória, milho-doce, capim-jaraguá, ervilha, gengibre, girassol e cebolinha; e a de

“reflorestamento ou silvicultura” inclui pinus e eucalipto. (IBGE, 2013).

A atividade agropecuária, também presente na região, pode ser entendida através dos

dados disponibilizados do LUPA e caracterizada pelas Unidade de Produção Agropecuárias

(UPAs) quais são produtores dos municípios pertencentes a área da Bacia do Rio Jundiaí. Na

região 25% das UPAs tem áreas entre 2 e 5 hectares; 21% com área entre 5 e 10 hectares.

Deste total, aproximadamente 65% das UPAs são familiares do proprietário que trabalham na

UPA e 61% possuem trabalhadores permanentes. A criação de animais representa quase 25%

das UPAs com a equinocultura e 22% e bovinocultura mista (corte e leite). (Mattos, 2017)

Com menor representatividade e com uma pequena parcela de ocupação, as atividades

minerais existem na bacia do rio Jundiaí desde o século XVII, porém com várias restrições

desde a implantação dos dispositivos legais de proteção ambiental. Neves et al. (2007) destaca

que bens minerais que ainda continuam sendo explorados são: areia e brita para construção

civil, areia para fins industriais, argila para cerâmica vermelha e água mineral. Os

empreendimentos mineiros são constituídos por micro ou pequenas empresas que muitas

vezes atuam sem licença do órgão responsável por tais atividades (Departamento Nacional da

Produção Mineral – DNPM).

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4 ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA RECUPERAÇÃO DAS ÁREAS

PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP)

Conforme descrito na caraterização da Bacia do rio Jundiai, a região é composta entre

outras atividades , por culturas perenes ( objeto da análise). Através de pesquisa de campo

identificou-se que o cultivo de uvas predomina a agricultura da região, embora também haja

cultivo de algumas outras culturas como Tangerina, Caqui, Goiaba, Pêssego, Ameixa e

Bananas. A uva é a principal cultura dentre as demais, ou seja, 100% dos entrevistados14

plantam uvas. As frutas produzidas são conhecidas como frutas de “mesa”, ou seja, são

vendidas para supermercados locais, barracas em feira, CEAGESP (Companhia de

Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e nas propriedades dos produtores.

Os produtores de uvas, predominante na região, têm sua origem na migração italiana e

perdura, em menores proporções, até os dias atuais. Essas propriedades privadas, cerca de

90%, são heranças das famílias italianas que encontraram na região clima e solo adequado

para o desenvolvimento dessas culturas. As propriedades variam de três (03) hectares á

quarenta (40) hectares de terra. Aproximadamente 85% dos produtores têm a família como

principal fonte mão- de-obra responsável pelo plantio, manutenção e colheita das frutas,

contratando mão-de-obra, apenas nos períodos da safra. A contratação de mão de obra é um

grande obstáculo para a fruticultura, segundo relatos dos proprietários, as pessoas não têm

mais interesse em permanecer no campo e estão migrando para centros urbanos, tornando a

contratação um custo alto aos produtores, uma vez que estes precisam disponibilizar moradia,

água, luz e salário, para que a atividade seja capaz reter a mão de obra no campo. O impacto

da escassez de mão de obra leva o produtor a optar pelos métodos e técnicas que por sua vez,

nem sempre são sustentáveis e acabam por degradar o solo.

De acordo com os dados do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) a videira é uma

planta sarmentosa da família Vitaceae, sendo a principal fruteira cultivada no mundo. Pode

ser explorada comercialmente em quase todas as regiões do Estado de São Paulo, com

exceção do litoral, devido às condições de alta umidade e temperatura. As videiras que

predominam a região de Jundiaí são: Uvas rústicas de mesa: frutos muito apreciados para o

consumo ao natural. São chamadas de rústicas pela maior resistência a algumas doenças e

maior facilidade em alguns tratos culturais. Geralmente são de espécies americanas ou

híbridas. Uvas finas de mesa: Seus frutos são muito apreciados para o consumo ao natural.

14

Através da indicação do secretario do Meio Ambiente de jundiai foram entrevistados 30 pequenos produtores (

os mais expressivos em quantidade de produção) de frutas da bacia do jundiai mirim.

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São chamadas de finas pela alta qualidade de seus frutos. São da espécie Vitis vinífera. O tipo

de uva escolhida para o cultivo nesta região é a Niágara rosada.

A região de Jundiaí, que pertence ao Escritório de Desenvolvimento Rural - EDR - de

Campinas, produz principalmente uva Niágara, cuja safra acontece nos meses de dezembro-

janeiro-fevereiro, com uma safra anual. Porém, recentemente os produtores, cerca de 60 %,

adotaram um segundo sistema de produção que possibilita a obtenção de uma "safra de

inverno", alternam-se anos agrícolas com uma "safra de verão" (colheita do final de

Dezembro a fevereiro) e anos agrícolas com duas colheitas, das quais uma com a "safra

temporã" (colheita de maio a julho) e outra com a "safra normal" (dezembro a fevereiro). Esse

sistema de produção não surgiu em razão da obtenção de melhores preços na entressafra,

como poderia se esperar, mas pela falta de liquidez que os produtores enfrentam e pela

redução da disponibilidade de financiamentos e elevados encargos bancários. A pesquisa

também identificou que, aproximadamente 80% dos entrevistados, praticam em suas terras

uma produção diversificada com um “mix de produção” de frutas, ou seja , uva e mais

alguma(s) outra(s) fruta(s) . Cerca de 30% plantam caqui, 10% goiaba, 10% ameixa, 10%

tangerina, 10 % ameixa, 10% pêssego e 2% bananas.

Para a produção de uvas Niágara, há técnicas de plantações especificas para garantir

maior produtividade, qualidade e rentabilidade. A técnica escolhida por 99,9% dos produtores

é o sistema de condução latada, também conhecido como pérgola.Esse sistema de condução

proporciona o desenvolvimento de videiras vigorosas, que podem armazenar boas quantidades

de material de reserva, por isso, bastante utilizada para variedades de mesa e suco. Permite

uma área do dossel extensa, com grande carga de gemas. Isto proporciona elevado número de

cachos e alta produtividade.

Em função de sua produtividade, possui uma boa rentabilidade econômica

especialmente em pequenas propriedades. É de fácil adaptação à topografia de regiões

montanhosas e Serras. Porém, os custos de implantação e de manutenção do sistema de

sustentação são elevados. A posição do dossel e dos frutos situados horizontalmente acima do

trabalhador causa transtornos à execução das práticas culturais. O manejo do dossel de um

vinhedo conduzido em latada pode se tornar relativamente caro e trabalhoso. Há ainda mais

necessidade de realizar-se a poda verde, especialmente a desbrota, a desfolha e a desponta, a

fim de que haja uma melhor distribuição espacial das folhas e uma maior captação da radiação

solar.

Aproximadamente 5% dos produtores entrevistados optaram, concomitantemente, ao

sistema de pérgola utilizar também o sistema de condução manjedoura ou lira, também

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conhecido como “Y”. É um sistema de condução que foi desenvolvido em Bordeaux na

França. Apresenta grande área foliar e superfície de área foliar, o que faz com que a planta

possa realizar bastante fotossíntese se bem exposta ao sol. Propicia boa produtividade, porém

menor que a latada (pérgola). Torna-se fácil posicionar os ramos. A colheita mecânica é fácil

de ser feita. Proporciona uma boa qualidade da uva quando bem manejado, e pode produzir

ótimos vinhos. Pode ser ampliado à medida que for necessário, pois as fileiras são

independentes. Porém as desvantagens são maiores do que as vantagens, o que impede o

produtor de aderir ao método.

Desvantagens do sistema de condução em manjedoura ou lira são: em solos férteis,

especialmente com tipos de uva vigorosa, estimula a produção de folhas e ramos muito acima

do necessário, fazendo com que a planta diminua a produtividade de cachos. Há também um

crescimento exagerado de pequenos ramos laterais, finos e com poucas folhas, o que é

relativamente difícil de controlar, isto altera o microclima, deixando-o, geralmente, mais

úmido, influenciando negativamente na qualidade da uva, facilitando o surgimento de fungos,

além de dificultar a insolação do cacho e ventilação. As desvantagens justificam a baixa

adesão do produtor na região.

Diante das informações obtidas sobre o uso e ocupação do solo na Bacia do Rio

Jundiaí são propostos alguns cenários de recuperação, sendo o primeiro o aumento das Áreas

de Preservação Permanente nas áreas ocupadas pela cultura perene e cultura temporária. Para

a identificação das Áreas de Preservação Permanente (APP) das nascentes d´água foi utilizado

como referência a legislação florestal vigente, Lei 12.651/12, a qual determina a delimitação

de uma faixa destinada à preservação da cobertura florestal de 30 m no entorno dos rios e

córregos com até 10 m de largura e de um raio de 50 m no entorno das nascentes e dos olhos

d´água perene. Para esta análise não foi considerado o tamanho das propriedades rurais.

Utilizando as orientações da legislação florestal, a espacialização das APPs dos corpos d´água

foi realizada utilizando o software ArcGIS 10.2. As informações georreferenciadas sobre o

uso e ocupação do solo na Bacia do Rio jundiai foram cruzadas com as faixas de APP dos

corpos d´água criadas com o software de modo a obter o uso e ocupação do solo dentro da

faixa de APP corpos d´água. Todas as áreas ocupadas com usos diferentes que a classe

“cobertura florestal” foram consideradas inadequadas e passíveis de recuperação14

.

Para a análise da bacia do Rio Jundiaí foi analisada as APPs referentes às faixas

marginais de qualquer curso d’água natural, às áreas no entorno dos lagos e lagoas e as áreas

no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes.

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De acordo com o Novo Código Florestal a definição de valores para as APPs de lagos

e lagoas que variam de acordo com a natureza artificial ou natural, sendo artificial o tamanho

da APP é determinada pelo licenciamento ambiental, se for natural o tamanho da APP

dependerá da localização, se estiver em área urbana o tamanho é de 30 metros, porém se

estiver em área rural a APP varia novamente, se o corpo d’água tiver até 20 hectares de

superfície o valor será de 50 metros, caso seja maior, será de 100 metros. Através dos mapas

disponíveis não é possível delimitar a localização (rural ou urbano) e nem a natureza

(artificial ou natural) dos lagos e das lagoas, portanto foram feitos dois cenários para as APPs,

um cenário “base” (Mapa 4) e outro “conservacionista” (Mapa 5). Aqui, são calculados dois

cenários, o primeiro cenário considera além das APPs de rios e nascentes, analisa também a

APP de 30 metros para os lagos e lagoas, esse cenário tem que ser o mínimo alcançado. Já o

segundo cenário, o conservacionista, faz-se preservar o máximo possível, assim, para as APPs

de lagos e lagoas serão considerados apenas os tamanhos desses corpos d’água, nesse cenário

a ideia é preserve a maior área possível.

Mapa 2 ― Uso e Ocupação do Solo em Áreas de Preservação Permanente para o Cenário

Base.

Fonte: Mattos (2017)

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Mapa 3 ― Uso e Ocupação do Solo em Áreas de Preservação Permanente para o Cenário

Conservacionista.

Fonte: Matos (2017)

A partir das análises dos mapas, as APPs dos dois cenários foram estimadas com suas

porcentagens de ocupação pelos diferentes tipos de uso (Tabela 7). Se retirados os usos

naturais – lagos, afloramento rochoso, área úmida, curso d’água, campo natural e mata – e o

espaço verde urbano, é possível saber quanto das APPs precisa ser recuperado.

Tabela 15 ― Percentual a recuperar de Área Preservação Permanente

USO Área Área APP

(ha) Bacia (%)

APP (%)

Base

APP (%)

Conservador

Afloramento

rochoso 305,4265 24,9895 0,2690 0,1622 0,022

Área de lazer e

desporto 214,4954 34,7641 0,1889 0,2256 0,0306

Área úmida 131,9309 26,7145 0,1162 0,1734 0,0235

Aterro 13,60961 1,7574 0,0120 0,0114 0,0015

Café 68,97148 0,8777 0,0608 0,0057 0,0008

Campo natural 7097,430 1632,290 6,2518 10,5933 1,4378

Cana de açúcar 1349,479 33,5502 1,1887 0,2177 0,0296

Citrus 503,0802 36,7237 0,4431 0,2383 0,0323

Cultura perene 3757,56858 244,2200 3,3099 1,5849 0,2151

Cultura 323,1110 17,4482 0,2846 0,1132 0,0154

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USO Área Área APP

(ha) Bacia (%)

APP (%)

Base

APP (%)

Conservador

temporária

Curso d agua 157,7886 90,5278 0,1390 0,5875 0,0797

Espaço verde

urbano 385,3799 95,8369 0,3395 0,6220 0,0844

Extração

mineral 114,7281 7,3427 0,1011 0,0477 0,0065

Lagos, lagoas,

represas. 553,3898 11,6626 0,4875 0,0757 0,0103

Loteamento 1619,490 130,2110 1,4265 0,8450 0,1147

Mata 34670,54 7231,450 30,5399 46,9309 6,3699

Pasto limpo 26394,78 2492,390 23,2501 16,1752 2,1954

Pasto sujo 1829,217 171,6530 1,6113 1,1140 0,1512

Reflorestamento 5948,764 675,3250 5,2400 4,3827 0,5949

Solo exposto 3168,459 154,0780 2,7910 0,9999 0,1357

Fonte: Adaptado pelo autor apud Matos (2017)

A partir da análise dos dados Percentual a recuperar de Área Preservação Permanente

ocupado pelo do Café, Cultura Perene, Cana de Açúcar e Cultura Temporária Apesar da

porcentagem de ocupação dos diferentes tipos de usos serem muito próximos nos dois

cenários, a maior diferença entre eles está na área total a ser preservada, sendo que no cenário

“base” se tem 15.408,72 hectares de APP, enquanto que o cenário “conservacionista” tem 17.

565,71

O uso indiscriminado das terras, sem levar em consideração suas potencialidades e os

graus de sensibilidade (fragilidade e/ou estabilidade) dos agroecossistemas é uma das

principais causas da degradação dos solos, da erosão e da perda de sua capacidade produtiva

(PEREIRA, 2002).

Em termos de avaliação do potencial das terras, apesar da existência de diversos

sistemas, no Brasil, os mais adotados são: o sistema de avaliação da aptidão agrícola das

terras (RAMALHO-FILHO & BEEK, 1995) e o sistema de capacidade de uso (LEPSCH et

al., 1991). Aqui, optou-se pela adoção da capacidade de uso, não só pelo nível de detalhe das

informações básicas existentes (solo, relevo, uso, clima), mas também pela intenção de fazer

uma melhor abordagem no nível da conservação.

A metodologia de capacidade de uso do solo é uma avaliação do potencial das terras,

cuja obtenção é através dos mapas de solo e de declividade. Este sistema está estruturado em

grupos, classes, subclasses e unidades. Os grupos constituem categorias de nível mais

elevado, estabelecidos com base na maior ou menor intensidade de uso das terras, designada,

em ordem decrescente, pelas letras A, B e C.

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Grupo A: terras passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e/ou

reflorestamento e vida silvestre;

Grupo B: terras impróprias para cultivos intensivos, mas ainda adaptadas para

pastagens e/ou reflorestamento e/ou vida silvestre;

Grupo C: terras não adequadas para cultivos anuais, perenes, pastagens ou

reflorestamento, porém apropriadas para proteção da flora e fauna silvestre, recreação ou

armazenamento de água. As classes de capacidade de uso são oito, convencionalmente

designadas por algarismos romanos, em que a intensidade de uso é decrescente no sentido I-

VIII.

Para Tosto e Pereira (2012) a capacidade de uso do solo é dividida em oito classes,

porém para a área de estudo foram encontradas apenas seis, são elas:

Classe I: terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de

conservação;

Classe II: terras cultiváveis com problemas simples de conservação e/ou de

manutenção de melhoramentos;

Classe III: terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou de

manutenção de melhoramentos;

Classe IV: terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou em extensão limitada, com

sérios problemas de conservação;

Classe V: terras adaptadas – em geral para pastagens, e, em alguns casos, para

reflorestamento, sem necessidade de práticas especiais de conservação –

cultiváveis apenas em casos muito especiais;

Classe VI: terras adaptadas – em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com

problemas simples de conservação – cultiváveis apenas em casos especiais de

algumas culturas permanentes protetoras do solo;

Classe VII: terras adaptadas – em geral somente para pastagens ou reflorestamento

– com problemas complexos de conservação;

Classe VIII: terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, que

podem servir apenas como abrigo e proteção da fauna e flora silvestre, como

ambiente para recreação ou para fins de armazenamento de água.

Através dos dados da Tabela 12 obteve-se os custos de recuperação das Áreas de

Preservação Permanente, que podem variar de acordo com o método escolhido para aplicação,

porém a determinação depende da situação ou classificação da área a ser recuperada. Sendo

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assim, para a tomada de decisão da metodologia implementada na recuperação das APPs da

Bacia do Rio Jundiaí, foram realizadas análises entre os mapas de capacidade de uso do solo

(Mapa 4 e Mapa 5) e de Áreas de Preservação Permanente (para cada cenário), desta forma,

foram criadas estratificações para as APPs relacionadas às prioridades de recuperação,

excluindo das áreas de recuperação aquelas definidas como sendo urbanas.

Mapa 4 ― Mapa de uso de Capacidades do Solo para a Análise de Recuperação das APPs.

Fonte: Fonte: Instituto Agronômico de Campinas (2016) apud Mattos (2017)

A classe I não consta no mapa, pois representam terras cultiváveis, aparentemente sem

problemas especiais de conservação, portanto não aparecem na base de análise, por não

apresentar problemas. Com base nos dados, as áreas que pertencem à classe II, tem prioridade

de recuperação mínima, uma vez que apresentam melhores características ambientais,

portanto, é sugerida apenas a primeira etapa base de qualquer método de recuperação que é o

“isolamento” da área aos fatores de degradação, que tem seus custos representados pela

implantação de cercamento ao redor da área. O valor para o cercamento foi baseado em

Sarcinelli (2015) apud Mattos (2017), que através de entrevistas com técnicos executores de

projetos de restauração florestal na Cantareira chegou ao valor de 1.785 reais por hectare, que

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75

corrigido 15

para o ano de 2018 é de 2.134,89 reais/ha. Para a área de 1.436,09 ha que se

enquadra nessa classe para o cenário “base” o custo com a recuperação das APPs é de

aproximadamente 3.065.894,18 reais, e para o cenário “conservacionista” com área de

1.475,13 ha o custo é de 3.149.240,28 reais.

Para as áreas pertencentes às classes III e IV é possível classificá-las como prioridade

média, desta forma foi escolhido o modelo de recuperação “a condução e o enriquecimento da

regeneração natural”, ou seja, cercamento da área em regeneração, identificação e proteção

dos indivíduos regenerantes e o enriquecimento e diversificação deste processo natural com

plantio de mudas de espécies nativa. Assim, há uma menor necessidade de insumos e

serviços. O custo estimado para o modelo, tendo como base os cálculos de Mattos (2017)

11.006,05 reais/ha/ano que corrigidos para 2018 é de 11.147,37 reais/ha/ano. Considerando o

método para o cenário “base” de 7.604 ha o custo é de 84.764.601,48 /ano e para o cenário

“conservador” o custo é 87.060.959,70

Por fim, para as áreas das classes VI, VII e VIII – que apresentam uma a prioridade

máxima de recuperação, é proposto como método de recuperação o “plantio total” no qual:

[...]são realizadas combinações das espécies em módulos ou grupos de plantio,

visando à implantação de espécies dos estádios finais de sucessão (secundárias

tardias e clímax) conjuntamente com espécies dos estádios iniciais de sucessão

(pioneiras e secundárias iniciais), compondo unidades sucessionais que resultam em

uma gradual substituição de espécies dos diferentes grupos ecológicos no tempo,

caracterizando o processo de sucessão. (NBL, 2013).

De acordo com Sarcinelli (2015) apud Mattos (2017) o plantio total é recomendado

para áreas degradadas que não apresentam proximidade com fragmentos florestais com

capacidade para propagar sementes, portanto, nessas áreas há a necessidade uma intensiva

utilização de serviços e insumos, já que é necessário o preparo do solo, a adubação, a

aquisição de mudas e o plantio com grande diversidade de espécies arbóreas, o que torna o

método mais custoso. Ainda segundo autor, apesar dos grandes custos o plantio total é o

método mais utilizado, uma vez que fornece às empresas que o executam uma maior

segurança em relação à efetividade da recuperação.

Assim como a dissertação de Mattos (2017) o presente trabalho calcula os custos para

a realização da implementação do plantio total destas áreas, utilizando como base os dados

referentes ao programa “Nascentes Jundiaí” que é realizado na Bacia do Rio Jundiaí-Mirim. O

15

Corrigido através da consulta ao Banco Central : Disponível em:

https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrec

aoValores

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programa “Nascentes de Jundiaí” foi criado através da parceria entre Prefeitura, TNC (The

Nature Conservam), Ambev, FEMSA/Coca Cola Brasil e DAE Jundiaí, com o objetivo de

alcançar o pagamento dos custos da recuperação obrigatória exigida pelo Novo Código

Florestal Brasileiro por meio da compensação de passivos ambientais de empreendimentos

privados (JUNDIAÍ, 2016).

De acordo com os dados fornecidos pela secretaria do meio ambiente de Jundiai são

plantadas 1667 mudas por hectare, ou seja, a recuperação custa 33.340 reais por hectare16

.

Considerando a área de 5.208,09 ha do cenário “base” pertencente a essas classes se tem um

custo de recuperação de aproximadamente 173.637,72 reais e para o cenário

“conservacionista”, que possui área igual a 5.349,72 ha, o custo é de 178.359,66 reais.

Através dos custos calculados e estimados, permite-se chegar aos custos totais para a

recuperação das APPs na fruticultura que ocupa à bacia do rio Jundiaí. Para o cenário “base”

da fruticultura o custo total da recuperação é de 88.004.133,38 reais, já para o cenário

“conservacionista” o custo total fica em aproximadamente 90.388.559,64 reais. Através de

projetos ambientais como os “Programas Nascentes”, cujo custo de recuperação das áreas

degradadas é financiado por empresas privadas com passivos ambientais, é possível isentar os

produtores dos ônus da adequação das APPs, o que provavelmente aumentaria a adesão

desses proprietários.

Tabela 16 ― Custos para a recuperação das APPs na Bacia do Rio Jundiaí

Tipos de custos Cenário

“base”

Cenário

“conservacionista”

Custos para o isolamento da área

(R$/ano)

3.065.894,18 3.149.240,28

Custo para a implantação do modelo de

condução e o enriquecimento da

regeneração natural (R$/ano)

84.764.601,48 87.060.959,70

Custo para a implementação do plantio

total (R$/ano)

173.637,72 178.359,66

Custo total para a recuperação das APPs 88.004.133,38 90.388.559,64

Fonte: Elaborado pelo autor

16

Para Sérgio Mesquita Pompermaier (2017), engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura, Abastecimento

e Turismo do município de Jundiaí, que acompanha o programa “Nascentes Jundiaí”, estimou-se um custo de

20,00 reais por muda, considerando um tempo médio para o plantio total das áreas, em dois anos.

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5 ESTIMATIVA DE CUSTO PARA ADEQUAÇÃO DO SOLO.

De acordo com dados levantados na pesquisa de campo, identificou-se que os

produtores quando questionados sobre as práticas de conservação do solo, 75% responderam

que utilizam cama de frango 17

como fertilizante orgânico, o que não exclui o uso de

fertilizantes químicos pelos mesmos, e também utilizam com o objetivo para aumentar a

capacidade de armazenamento de água no solo, evitando erosão agressiva. As visitas também

contribuíram para identificar que os produtores das frutas, em sua totalidade, não utilizam da

técnica agrícola conhecida como curva nível18

ou terraceamento.

Esse sistema ajuda a reter elementos solúveis do solo e permite o aumento da

produção. Dependendo do tipo de inclinação do terreno, os degraus podem ser largos ou

estreitos. As curvas de nível ficam ordenadas perpendicularmente à inclinação da encosta e

ajudam a conservar os nutrientes do solo, imprescindíveis para o sucesso da plantação. Além

disso, equilibra a velocidade da água da chuva, evitando que o cultivo perca também os

minerais (EMBRAPA, 2015).

Um dos motivos que tem aumentado à incidência de erosão é a ação humana que, ao

interferir no meio natural de maneira errada, acaba provocando uma aceleração do fenômeno.

Impermeabilização do solo, desmatamentos, queimadas, urbanização, drenagem de estradas e

plantio são alguns dos fatores responsáveis por esse processo.

A crescente degradação dos solos vem preocupando especialistas, de acordo com o

Global Soil Forum, estima-se que houve uma diminuição per capita de 50% da quantidade de

terra agricultável no mundo. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e

Agricultura (FAO) afirmam que aproximadamente 33% das terras têm alto ou médio grau de

degradação.

Segundo a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) os principais motivos de

degradação das terras agricultáveis em todo o mundo são divididos em quatro:

1. Erosão: é a retirada da cobertura vegetal de uma área, perde sua consistência,

assim a agua, que antes era absorvida pelas raízes das arvores e plantas, passam a

filtrar, o que pode causar instabilidade do solo e erosão. Há causa natural, quando

17

Cama de Frango: é adubo orgânico utilizado na preparação do solo. Essa matéria orgânica melhora a

capacidade de armazenamento de agua pelo solo. 18

O plantio em curvas de nível consiste na produção ordenada por meio de linhas com diferentes altitudes do

terreno. Essa técnica é essencial para áreas íngremes. O processo ajuda a conservar o solo contra erosões e

contribui com o escoamento da água da chuva, fazendo com que ela se infiltre mais facilmente na terra e evite

os deslizamentos (EMBRAPA, 2015)

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as chuvas são o principal causador, bem como, quando há intervenção humana no

processo de desmatamento.

2. Compactação: decorre da manipulação intensiva do solo, como uso de maquinas

agrícolas( tratores e colheitadeiras) também pelo pisoteio de animais ( gado),

levando a perda de porosidade pelo adensamento de suas partículas. A

compactação é danosa para a produção agrícola pois influencia negativamente o

crescimento de raízes impactando o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Com o adensamento do solo, a agua não se infiltra, levando o acumulo de liquido

nas camadas superficiais, podendo provocar erosão.

3. Poluição química: O uso de substancias químicas no campo difundiu-se nos anos

60 com o objetivo de aumentar a produção e a qualidade dos produtos, obtendo

boa aceitação no mercado consumidor. O uso de fertilizantes, inseticidas e

herbicidas, contribui para a contaminação dos solos e das águas, uma vez que são

conduzidos pelas aguas das chuvas, uma parte sendo absorvido pelo solo, que

atinge o lençol freático e contamina o aquífero, a outra parte é levada pela

enxurrada até os mananciais , como córregos, rios e lagos que se encontram nas

partes mais baixas do relevo.

É de suma importância destacar a adequação correta de manejo o manejo do solo, para

melhorar as condições físicas do crescimento das raízes, aumentar a aeração e melhorar

infiltração de água reduzindo a resistência do solo à expansão das raízes. O uso de máquinas

agrícolas pode causar compactação e/ou adensamento nas camadas do perfil do solo, devido à

força de tração aplicada à superfície do terreno, quando do deslocamento do trator, o que

produz uma deformação na estrutura do solo. Na literatura brasileira, os tratos culturais

mecânicos na videira são pouco mencionados. Segundo Balastreire (1987), o grau de

compactação do solo depende do tipo de rodado (pneus ou esteiras) da máquina utilizada. O

uso de pneus de maior largura e tratores com tração nas quatro rodas promove uma menor

compactação do solo, no entanto, outros fatores podem influenciar no processo de

degradação, tais como: tipo de solo, teor de umidade no momento de trafegar com as

máquinas, sistema e frequência de irrigação, e massa (peso) das máquinas, entre outros. A

gradagem (grade leve) é outra prática utilizada que tem o objetivo de eliminar as ervas

daninhas ou incorporar restos de material de poda e cobertura vegetal. O recomendável para

os tratos culturais nas entre linhas dos parreirais é a alternância entre ciclos (safras)

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consecutivos, mudando os métodos de mobilização, tais como gradagem, escarificação e

subsolagem entre outros (ANJOS, 2000) apud ANJOS; LEÃO (2004).

Anjos (2000) apud Anjos; Leão (2004) considera que o manejo do solo durante a fase

produtiva compreende os seguintes sistemas:

I.Solo coberto: o solo é mantido coberto pela vegetação natural roçada, com plantio

de leguminosas e gramíneas nas entrelinhas e através de cobertura morta, como diversos tipos

de palhas e bagaço de cana, ou ainda com plástico preto. A vegetação natural deve ser roçada

periodicamente, de acordo com a necessidade, o que varia segundo o sistema de irrigação

utilizado e a ocorrência de chuvas no período. Em sistemas de irrigação cuja área molhada é

próximo a 100%, como a aspersão convencional e micro aspersão (caracteriza-se pela

aplicação da água e de produtos químicos, numa fração do volume de solo explorado pelas

raízes das plantas, de forma circular ou em faixa contínua) há necessidade de roços mais

frequentes, a cada 20 dias aproximadamente. Pela maior praticidade e rendimento

operacional, o roço deve ser mecanizado nas entrelinhas e manual ou semi-mecanizado nas

linhas de plantio. A utilização de leguminosas e gramíneas como adubos verdes nas

entrelinhas é realizada pelo plantio das sementes durante o período de repouso, roçando-se e

mantendo-se a palha como cobertura morta ou incorporando-se o material vegetal de

preferência quando estiverem em floração (Figuras 12A e 12B).

Figura 12 ― Manejo do solo com cobertura vegetal nas entrelinhas de feijão de porco (A) e

guandu e sorgo (B).

Fonte: fotos da Embrapa (2004)

A época de plantio das leguminosas e gramíneas também deve ser planejada de acordo

com o sistema de irrigação utilizado. Sob gotejamento, a semeadura deve ser realizada no

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início do período de chuvas. É comum o plantio de leguminosas e gramíneas em irrigação por

gotejamento nas linhas de plantio, aproveitando-se a faixa molhada e utilizando o material

roçado como cobertura morta. As principais espécies utilizadas são:

a) Leguminosas: calopogônio, crotalária, ervilhaca, feijão de porco, feijão guandu,

mucunã anã, soja perene, labe labe.

b) Gramíneas: milheto , sorgo e Braquiária

c) Compostas: girassol.

II.Solo parcialmente coberto: o solo é mantido coberto nas entrelinhas pela

vegetação natural roçada ou plantio de leguminosas e gramíneas, porém mantendo-se

limpa a linha de plantio, correspondendo a uma faixa de aproximadamente 0,80 cm. O

solo é mantido limpo através de capinas manual ou pelo emprego de

herbicidas. Recomenda-se, que os herbicidas sejam aplicados o mínimo possível, ou

seja, uma vez a cada ciclo durante o período de chuvas, pois o seu emprego constante

e abusivo pode trazer problemas aos trabalhadores rurais, animais domésticos e meio

ambiente. Além dos prejuízos causados pelo ressecamento e permanência de resíduos

no solo, que ao longo do tempo, podem chegar a afetar o sistema radicular da videira.

(ANJOS E LEÃO, 2004)

III.Solo limpo: a manutenção do solo completamente limpo dá-se através de capinas

manuais ou emprego de herbicidas, apesar de favorecer o desenvolvimento das plantas

não é recomendado. Este sistema apresenta-se pouco viável do ponto de vista

econômico pela grande mão de obra exigida e, do ponto de vista, de conservação do

solo, pois favorece a erosão especialmente em solos de topografia acidentada e

sujeitos a enxurradas nos períodos chuvosos. (ANJOS E LEÃO, 2004)

IV.Terraceamento: O terraceamento é uma prática de combate à erosão

fundamentada na construção de terraços com o propósito de disciplinar o volume de

escoamento das águas das chuvas. Essa prática deve ser utilizada concomitantemente

com outras práticas edáficas (são formas de manejo ou tratos ou manipulação do solo),

como por exemplo, a cobertura do solo, calagem e adubação, fertilizante balanceadas,

e com práticas de caráter vegetativo, por exemplo, rotação de culturas com plantas de

cobertura e cultivo em nível ou em contorno. A combinação dessas práticas de

controle da erosão compõe o planejamento conservacionista da lavoura. (EMBRAPA,

2016).

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Figura 13 ― Terraceamento

Fonte: Embrapa Solos, 2012.

O terraceamento consiste na construção de uma estrutura transversal ao sentido do

maior declive do terreno. Apresenta estrutura composta de um dique e um canal e tem a

finalidade de reter e infiltrar, nos terraços em nível, ou escoar lentamente para áreas

adjacentes, nos terraços em desnível ou com gradiente, as águas das chuvas. (EMBRAPA,

2016).

A partir do entendimento da importância da manutenção de uma adequada cobertura

do solo, FAO (1997); Guo et al., (2000); Lima (2008); Boelee (2011) apud Sarcinelli (2015)

justificam o planejamento conservacionista do uso e ocupação do solo em bacias

hidrográficas como a melhor estratégia para a redução das taxas anuais de perda de solo,

manutenção das condições ótimas de infiltração e armazenamento das águas que caem das

chuvas e, redução dos impactos negativos da erosão sobre os ecossistemas naturais. De acordo

com estes autores, a manutenção de cobertura vegetal adequada sobre os solos das encostas de

uma bacia hidrográfica influência diretamente o seu regime hídrico através da interferência

direta nos três principais processos que formam o ciclo hidrológico: a interceptação da água

das chuvas, o escoamento superficial e a infiltração da água no solo.

a) Cenário Conservacionista II - Implantação de terraceamento

O custo de construção e manutenção de um sistema de terraceamento é relativamente

alto, o que requer, antes da adoção dessa tecnologia, um estudo criterioso das condições

locais, como clima, solo, sistema de cultivo, culturas a serem implantadas, relevo do terreno e

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equipamento disponível, para que se tenha segurança e eficiência no controle da erosão. O

rompimento de um terraço pode levar à destruição dos demais que estiverem a jusante,

podendo ocasionar grandes prejuízos à área cultivada. Em linhas gerais, em um terreno de

topografia mais plana o plantio em contorno ou a rotação de culturas é suficiente para o

controle da erosão, porém à medida que vai aumentando a declividade, pode-se necessitar de

faixas de retenção ou de terraços. Em áreas muito acidentadas o reflorestamento ou o uso de

pastagens pode ser o único cultivo recomendado (BERTONI & LOMBARDI NETO, 1990).

Para que a estimativa do custo de implantação de sistema de terraceamento, seja

eficaz, deverá levar em conta não apenas o tipo de terraço, solo e máquina, mas, também, a

seção que este terraço deverá apresentar em função do volume de água coletado. Este trabalho

não contempla tais análises, aqui se limitou ao cálculo “simples” do custo de implantação por

hectare. Mas, podendo futuramente, ser aprofundado em uma tese de doutorado.

Assim como fora descrito, diversos são os benefícios da utilização do sistema

terraceamento, porém, durante a pesquisa de campo, pode-se observar que nenhum produtor

de frutas da região da Bacia do Rio jundiai, possui terraceamento. Quando interrogados sobre

o motivo, a resposta foi unânime sobre o alto custo da retirada da plantação de uvas,

realização da curva de nível e a nova plantação de uva. Os mesmos ainda argumentaram que o

tempo também é um obstáculo para realização, pois uma videira demora entre cinco e seis

anos para começar a dar frutos.

Para os cálculos de custo de adequação de implementar o terraceamento faz-se

necessário, conhecer os rendimentos que os produtores tem em manter a produção de uva.

Maia; Mello (2003) considera que com o sistema latada, a produtividade média, em uma

única safra, programada para os meses de agosto a meados de novembro é de 5.000 caixas de

6 quilos por hectare. Considerando os preços médios cotados no CEAGESP19

, dos meses de

julho a novembro dos anos de 2016 e 2017, corrigidos pelo IGP-M20

para Novembro de 2018,

obteve-se o preço de R$ 13,50 a caixa de 6 quilos, preço este do atacadista para o varejista.

Descontando-se frete, comissão, INSS, carga e descarga, o preço recebido pelo produtor situa-

se em torno de R$ 10,00 a caixa. Com este preço a receita esperada é de R$ 65.000,00 e o

lucro anual para um hectare de uva Niágara Rosada, é estimado em R$ 28.250,00.

19

Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, criada em maio de 1969, pela fusão de 2

empresas mantidas pelo Governo do Estado de São Paulo: o Centro Estadual de Abastecimento (CEASA) e a

Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CAGESP). 20

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP), sendo

calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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Tabela 17 ― Rendimentos por hectare.

Produção em caixa (6

kg) por hectare

Preço médio de

venda em 2016/2017

Produção Total

(R$ /ha/ano)

Receita 5.000 13,00 65.000,00

Custos/Despesas21

36.750,00

Lucro Líquido

28.250,00

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com a proposta da implementação da curva de nível, deve-se considerar os seis anos

de produção com lucro liquido do produtor (R$ 28.250,00/ha) considerando o custo de

adequação em seis anos, os produtores abririam mão de R$ 169.500,00 de lucro/ha22

.

A estimativa do custo de implantação de sistema de terraceamento deverá levar em

conta não apenas o tipo de terraço, solo e máquina, mas, também, a seção que este terraço

deverá apresentar em função do volume de água coletado (Dados que não foram aprofundados

nesta dissertação). Assim, teve-se como referencia o trabalho desenvolvido por Griebeler et

al. (2000) cujo custo do sistema de terraceamento foi realizado utilizando-se valores

apresentados por IAPAR (1978) com média , aproximadamente de R$ 120,40 por hectare.

Tabela 18 ― Área de uso da Bacia do Rio Jundiai

USO AREA Area_App_ha_

Afloramento rochoso 305,4265478 24,9895

Agroindústria 519,8045998 53,0711

Área de lazer e desporto 214,4954017 34,7641

Área edificada 24397,94849 2241,8400

Área úmida 131,9309278 26,7145

Aterro 13,60961765 1,7574

Café 68,97148674 0,8777

Campo natural 7097,430074 1632,2900

21

Para Maia; Mello (2003) os custos de manutenção referem-se aos gastos com insumos, mão-de-obra,

máquinas, comercialização, depreciação do vinhedo e utensílios diversos. Estes custos foram estimados em R$

36.750,00 por ano , assim decompostos: R$ 19.378,01 referentes aos gastos operacionais anuais; R$ 1.152,00

referentes a colheita e embalagem; e R$ .3.392,49 referentes a outros gastos (R$ 3.177,61 equivalente a

depreciação, e R$ 214,88 de energia elétrica). A vida útil considerada para os parreirais e para os

equipamentos foi de de 15 anos, sem considerar valor residual. No entanto, estima-se a estrutura dos vinhedos

pode durar 30 anos ou mais. 22

Passivos de futuras correções monetárias.

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USO AREA Area_App_ha_

Cana de açúcar 1349,479108 33,5502

Citrus 503,0802762 36,7237

Cultura perene 3757,56858 244,2200

Cultura temporária 323,1110305 17,4482

Curso d agua 157,7886574 90,5278

Espaço verde urbano 385,3799762 95,8369

Extração mineral 114,7281432 7,3427

Lagos, lagoas, represas. 553,3898657 11,6626

Loteamento 1619,490527 130,2110

Mata 34670,54133 7231,4500

Pasto limpo 26394,78937 2492,3900

Pasto sujo 1829,217996 171,6530

Reflorestamento 5948,764623 675,3250

Solo exposto 3168,459102 154,0780

Totais 113525,4057 15408,7233

Fonte: Elaborado pelo autor

Para a implementação do Terraceamento a um custo de R$120,40 considerando que a

área ocupada pela fruticultura 3.513,56 hectares tem-se que o custo é de R$ 423.032,62.

Ainda, considerando a mesma área, cujo lucro liquido é R$ 28.250,00 tem-se um valor R$

99.242.250,00 em um ano. Porém, deve-se considerar seis anos, uma vez que é o tempo

necessário para a primeira safra de uva. Desta forma, no primeiro ano o custo de

terraceamento da área é de R$ 423.032,62, não havendo terraceamento para os próximos anos,

exceto manutenção. A partir do segundo ano até o sexto ano (ano de primeira safra) o custo

será de R$ 595.453.500,00. Totalizando o custo de R$ 695.541.815,2423

b) Cenário conservacionista III - Proposta Solo Coberto

Como já mencionado anteriormente, o solo é mantido coberto pela vegetação natural

roçada ou com plantio de leguminosas e gramíneas nas entrelinhas , ou ainda, através de

cobertura morta, como diversos tipos de palhas e bagaço de cana. A vegetação natural deve

ser roçada periodicamente, de acordo com a necessidade, o que varia segundo o sistema de

23

Passivos de atualizações monetária.

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irrigação utilizado e a ocorrência de chuvas no período. A proposta aqui é o uso de Braquiária

nas entrelinhas da plantação de uva. As braquiárias podem ser utilizadas para enriquecimento

da fertilidade do solo, principalmente nas camadas superficiais, pois recuperam os nutrientes

em profundidade. Isso ocorre porque elas acumulam boa quantidade de nutrientes em sua

matéria seca, que, aliado a sua grande produção de fitomassa aérea e radicular, que explora

grande volume do perfil do solo, proporciona a ciclagem desses nutrientes, tornando-os

disponíveis para os cultivos subsequentes. Esse fato se deve ao posterior processo de

decomposição do material vegetal, em que esses nutrientes serão mineralizados e

disponibilizados para o sistema solo-planta. Além de ser benéfico para a reciclagem de

nutrientes, impede que esses elementos fiquem vulneráveis aos processos de perdas no solo,

como volatilização (no caso do nitrogênio), lixiviação (no caso do potássio), fixação (no caso

do fósforo) e erosão (desses e de outros nutrientes). Ainda de acordo Oliveira et al. (2018,

p.339) o uso da Braquiária contribui para:

Aumento da macroporosidade e a aeração do solo.

Aumento da infiltração de água e redução do escorrimento superficial.

Redução da susceptibilidade à erosão.

Os solos com agregados estáveis são menos suscetíveis à erosão.

Além disso, Oliveira et al. (2018) considera que as braquiárias e outras espécies

forrageiras que possuem sistema radicular profundo, volumoso, ramificado e agressivo,

capazes de penetrar as camadas compactadas, ao morrerem e se decomporem, deixam canais

(bioporos) por onde as raízes das culturas subsequentes poderão explorar para aprofundar o

sistema radicular, aumentando a absorção de água e nutrientes. Esses canais também são

importantes para a infiltração de água e para a movimentação de adubos e corretivos

aplicados em superfície.

Aqui, a proposta aos produtores de uva da Região da Bacia do Rio jundiai é a

utilização do solo coberto por vegetação, em especifico Braquiária. Através da Área de uso da

Cultura Perene ( uva) foi possível estimar o custo para utilização da Braquiária nas entrelinhas

das plantações. O preço médio 24

das sementes vezes Área de uso, chega-se ao valor do custo

total para implantação da Braquiária na Bacia do Rio Jundiaí.

24

Preço médio das sementes de braquiária foi extraído do site: Canal Agrícola . Disponivel em:

https://www.canalagricola.com.br/sementes/forrageiras/brachiaria-

decumbens?gclid=EAIaIQobChMI0s2i0tbu3wIVDBGRCh1GPA_3EAAYASAAEgKeZfD_BwE

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Os custos estimados considerou o preço da semente de braquiária 25

de R$172,00

pela área cultivada de 3.513,54 hectares. Desta forma totalizou um custo de

implementação de R$ 604.328,88.

25

Considerando sacas de 5kgs por hectare.

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6 CUSTOS PRIVADOS PARA OS DIFERENTES CENÁRIOS

CONSERVACIONISTAS

6.1 Introdução

De acordo com Pearce e Barret (1993); Costanza et al. (1997); Balmford et al., (2002);

TEEB (2010), apud Sarcinelli (2015) a perda dos serviços ecossistêmicos implica em custos

privados e em custos sociais. Assim, a implantação de ações, práticas, programas e projetos

direcionados a proteção e à conservação dos ecossistemas naturais, seus recursos e serviços

também implica em custos.

Os programas destinados à conservação ambiental estabelecidos em terras públicas

predominam as intervenções de caráter restritivo ao acesso e uso da terra. Particularmente no

Brasil, país signatário da Convenção da Diversidade Biológica (CDB Art.º 8, UN 1992), as

estratégias de conservação ambiental em terras públicas estão fortemente apoiadas na criação

de Unidades de Conservação e no estabelecimento de instrumentos de comando e controle

direcionados a regular o acesso aos ecossistemas naturais, seus recursos e serviços.

Porém, intervenções na conservação ambiental em áreas particulares atinge

diretamente a renda dos proprietários rurais e acarreta em custos privados de oportunidade,

devido aos custos da mudança no uso do solo e os custos de adoção das práticas de

conservação ou de limitação ao acesso a áreas que antes eram produtivas, são

fundamentalmente custos privados, uma vez que podem ampliar os custos de produção, ou

mesmo reduzir a quantidade de terras disponíveis para as atividades agrícolas.

(SARCINELLI, 2015).

Os custos privados da conservação ambiental podem ser avaliados de três maneiras,

segundo Barton et al. (2013) apud Sarcinelli (2015): 1) através da variação no preço da terra

ao longo de uma região; 2) utilizando critérios como a capacidade de uso do solo; e 3)

comparando a rentabilidade líquida do uso atual do solo com a da rentabilidade líquida do uso

do solo em cenários conservacionistas.

Para Nadoo et al. (2006a) apud Sarcinelli (2015) os diversos custos das intervenções

conservacionistas afetam os agentes econômicos. Assim, o planejamento de estratégias

conservacionistas é, de fato, um problema econômico, na medida em que se destina atingir um

determinado objetivo conservacionista ao menor custo possível. Adams et al. ( 2009) defende

e complementa esta análise, afirmando que o método do custo de oportunidade apresenta-se

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como metodologia mais apropriada quando se pretende realizar uma avaliação dos custos de

intervenções conservacionistas em terras privadas. Isto significa que, diante da decisão de se

ampliar praticas conservacionistas em uma determinada propriedade rural ou região, é preciso

que a intervenção considere a perda de oportunidades que incorre sobre os proprietários rurais

uma vez que não poderão mais investir na atividade rural mais lucrativa para a região onde

estão inseridos.

Fao (2004) considera que o custo de oportunidade se refere às rendas que o provedor

de serviços ambientais pode receber através das atividades produtivas que se pretendem evitar

ou transformar, e sua estimação é comumente utilizada em estudos de valoração para a

implantação de sistemas de Pagamento por Serviços Ambientais. Este valor dá uma ideia do

montante necessário da compensação ambiental para que se alcance um incentivo econômico

eficaz para atingir a desejada mudança ou a manutenção do uso do solo.

Neste contexto, o custo de adequação é elemento importante para instrumento de

apoio ao processo decisório. A utilização do método do custo de oportunidade estabelece

parâmetros de comparação entre diferentes opções para investimento, expõe os custos

privados da conservação ambiental e, ao mesmo tempo, cria bases para a elaboração de

incentivos econômicos direcionados a conservação dos recursos e serviços ecossistêmicos

dentro da região em análise, segundo Pereira et al. (1990) Beuren (1993) Rezzadori e Beuren

(2004). Esse método é comumente utilizado para determinar a renda renunciada em termos de

atividades econômicas limitadas pelas atividades de proteção ambiental (MOTTA, 1997).

Smith et al. (2006) apud Mattos (2017) defende que o preço que os provedores de

serviços ambientais estariam dispostos aceitar deve ser aquele que cubra os custos adicionais

que os proprietários enfrentariam para aumentar a provisão do serviço ou a renda a qual eles

deveriam renunciar – o custo de oportunidade – caso decidam livrar-se de práticas de gestão

ou mudanças no uso da terra que degradam os serviços das bacias hidrográficas. Para

beneficiários a jusante de um rio, o preço que eles estariam dispostos a pagar, se medirá em

comparação com o custo agregado que se poderia ter em uma mudança que piore os serviços

que são providos nas bacias hidrográficas. Este é o custo marginal a jusante da degradação da

bacia hidrográfica – devido a perda de benefícios ou do custo de substituir benefícios – e não

valerá a pena que os beneficiários paguem um preço que seja superior à este custo pelos

serviços das bacias.

SMITH et al. (2006) considera ainda que, em um plano de Pagamento por Serviços

Ambientais, os vendedores dos serviços ambientais não deveriam aceitar valor abaixo do

custo de oportunidade. Os autores ainda levantam uma lista de verificação para projetos de

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planos de pagamentos, que inclui, dentre outros pontos, “entender a vontade de pagamento e

os custos de oportunidade”, no qual se deve: utilizar dados de valorações e análises

econômicos para comparar a vontade de pagar por parte dos compradores de serviços e os

custos de oportunidade dos vendedores; tomar em conta os custos de alternativas a planos de

pagamento, tais como investimento em infraestrutura; e verificar se há uma coincidência

parcial entre os requerimentos de partes interessadas rio abaixo e rio acima que abra espaço

para negociar.

Para as ações de proteção ambiental deve-se considerar os custos referentes aos

investimentos, manutenção e operação – que são os gastos da proteção – que devem ser

adicionado aos custos de oportunidade, uma vez que requerem recursos que poderiam ser

empregados em outras atividades. (MOTTA, 1997)

Fundamentados nestes conceitos, o intuito aqui é dar base para tomadas de decisão

referentes aos recursos hídricos da Bacia do Rio Jundiaí, este capítulo tem como proposta

calcular, através do método de custo de oportunidade, os custos privados que os proprietários

da bacia teriam para a implementação dos quatro cenários conservacionistas criados no

capítulo anterior. Espera-se que os resultados obtidos nesse capítulo sirvam como orientação

para programas de Pagamento por Serviços Ambientais na área.

6.2 Metodologia

O procedimento metodológico adotado para o cálculo do custo privado para a

implementação dos cenários conservacionistas na Bacia do Rio Jundiaí apoiou-se na coleta de

dados em campo e na avaliação da rentabilidade líquida dos proprietários das áreas de

fruticultura. Para isso foi utilizado um roteiro de entrevista adaptado de Sarcinelli (2015)

(Anexo 1), bem como, nos espaços extras deixados para os entrevistados acrescentassem o

que desejassem.

O professor e pesquisador Afonso Peche Filho do Instituto Agronômico de Campinas

direcionou a pesquisa sugerindo a utilização da Sub-bacia do Rio Jundiaí-Mirim , que é

representativa da Bacia do Rio Jundiaí, devido à falta de recursos e a praticidade, as

entrevistas foram realizadas com proprietários da Sub-bacia do Rio Jundiaí-Mirim, sem

comprometer a confiabilidade dos dados levantados.

Para o desenvolvimento deste trabalho foram entrevistados, aproximadamente 30

produtores de frutas na Bacia do Rio Jundiaí-Mirim, no período entre Janeiro e Março de

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2017. Os entrevistados foram selecionados pela Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente da

cidade de Jundiaí, como principais produtores. Por meio de conversas com especialistas

conhecedores da área, foi percebido que não seria possível realizar uma tipologia prévia dos

produtores rurais para que fosse estabelecida a amostra para as entrevistas, porém, foi

levantado que, apesar da área ser em sua maioria ocupada por pequenos proprietários, ela é

dominada por poucas famílias. A partir disso foram listadas as principais famílias da região

que possuem plantação de frutas em suas áreas e então realizadas as entrevistas. Além das

entrevistas foram realizadas visitas às propriedades dos produtores, que, a partir da

demarcação de pontos georreferenciados e com o auxílio do software ArcGIS 10.1, foram

espacializadas na área abrangendo algumas Sub-bacias da Bacia do Rio Jundiaí-Mirim.

As informações levantadas nas entrevistas sobre o manejo nas atividades do cultivo de

frutas, as despesas e os valores de venda dos produtos foram organizadas em planilhas

eletrônicas do Microsoft Excel 2010, a partir das quais foram levantadas as rentabilidades

líquidas para cada produtor. A partir dessas rentabilidades foi realizada uma média para o

tipo de uso, resultando no valor do custo privado da conservação ambiental.

6.3 Resultados

Para o cálculo dos custos dos cenários conservacionistas, nas áreas em que se propôs a

recuperação da vegetação nativa foram estabelecidos os mesmos três métodos de recuperação

propostos para as Áreas de Preservação Permanente, divididas de acordo com a prioridade:

em áreas de prioridade muito alta é proposto o método “Plantio Total”; em áreas de

prioridades alta e média é proposta a “condução e o enriquecimento da regeneração natural”;

e em áreas de prioridade baixa é proposto “cercamento”. Neste Cenário o custo estimado é de

90.388.559,64

Para implementação do Terraceamento (Cenário Conservacionista II) o custo é R$

695.541.815,24 considerando o tempo para nova safra (6 anos após o novo plantio).

Apresentando um custo alto, os produtores só demonstraram interesse se houver subsidio para

tal implantação, caso contrário nenhum produtor demonstrou interesse. Para o Cenário

conservacionista III (Braquiária) o custo de adequação estimado é de R$ 604.328,88. Com um

custo relativamente baixo, torna-se o cenário com a maior adesão e interesse por parte dos

entrevistados.

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7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO

A investigação encontrou evidências de que a ocupação e o manejo atual do solo na

área da Bacia do Rio Jundiai não contribui de forma adequada para a conservação dos

serviços ecossistêmicos relacionados à provisão de recursos hídricos. Os indícios que

subsidiam esta afirmação foram obtidos através da análise dos impactos ambientais

diretamente decorrentes da ocupação do solo nesta região.

A conservação dos serviços ecossistêmicos depende essencialmente da conservação

das estruturas físicas que formam os ecossistemas que provêm estes serviços. Desta forma, a

conservação dos serviços ecossistêmicos relacionados à provisão de recursos hídricos

depende diretamente da forma como o solo é ocupado e do manejo conservacionista de sua

cobertura vegetal. (COSTANZA et al., 1997; DAILY 1997b; MEA 2005). Arend (1942)

considera que em áreas ocupadas com cobertura florestal apresentam uma taxa média de

infiltração de água no solo de 40% maior que em áreas degradadas.

A rentabilidade dos proprietários foi calculado através das receitas e custos

operacionais para manter a produção de fruticultura. Através média aritmética estipulou-se

um valor médio por propriedade, porém, é válido destacar que há variabilidade de renda entre

as propriedades, levando em consideração o tamanho das propriedades e, sobretudo pela

diversificação das frutas, conforme visto ao longo da dissertação, alguns produtores

concentram em plantação de uva, outros, porém plantam também,goiaba, tangerina, banana e

caqui. Essa fragilidade talvez pudesse ser minimizada com a realização de mais entrevistas,

que poderiam fornecer informações mais precisas para distinção dos produtores, capturando

assim a variabilidade. Essa amplitude, contudo, não invalida os resultados obtidos nem a

importância da pesquisa, pois o uso da média compensa as discrepâncias.

Outro ponto importante é que, como a pesquisa é baseada na conversa com produtores,

os resultados dependem exclusivamente dos dados cedidos. Observou-se que alguns não se

sentiram confortáveis em revelar sua verdadeira rentabilidade, ou não sabiam responder com

exatidão à todas as perguntas do questionário, logo, não é possível obter o controle exato dos

valores.

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7.1 Recuperação das APPs:

A Região da Bacia do Rio Jundiai- mirim é composta, em grande parte, por pequenas

propriedades, que ocupam, no máximo 40 hectares, ou 4 módulos fiscais , uma vez que em

Jundiaí cada módulo fiscal representa 10 hectares , ou seja, de acordo com o Novo Código

Florestal, o produtor tem a possibilidade de realizar plantio de culturas temporárias e sazonais

de vazante de ciclo curto nas APPs. Isso indica que a maior parte dos proprietários poderia de

alguma forma utilizar as APPs, a não utilização dessas áreas pode acarretar aos produtores,

prejuízos. Desta forma, é interessante estudar alternativas especificas para a recuperação das

APPs que não seja apenas através da recuperação ambiental, bem como projetos que isentem

os proprietários dos custos de recuperação ou até mesmo projetos de PSA.

7.2 Recuperação das Áreas de mananciais

Através das visitas realizadas nas propriedades rurais da região da Bacia do rio

Jundiaí- mirim, observou-se que a maioria das propriedades tem nascentes e todos obtêm

cursos de água, portanto são vitais para recarga dos mananciais. Sendo assim, é importante

uma gestão eficaz dessas áreas junto aos produtores rurais, para tentar garantir a manutenção

da quantidade e da qualidade da água que abastecem os municípios usufruidores dos serviços

ambientais.

7.3 Programa de Regularização Ambiental e Cadastro Ambiental Rural

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um instrumento fundamental para auxiliar no

processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais. Consiste no

levantamento de informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das Áreas de

Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescente de vegetação nativa, área

rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de traçar um

mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental.

O Programa de Regularização Ambiental (PRA) e Cadastro Ambiental Rural (CAR)

de acordo com o Decreto n.º 7.830, de 17 de outubro de 2012, artigo 2°, inciso II, o CAR é

um:

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(...) registro eletrônico de abrangência nacional junto ao órgão ambiental

competente, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente –

SINIMA, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as

informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados

para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao

desmatamento.

Ainda, conforme o mesmo decreto, artigo 9°, o PRA trata-se “do conjunto de ações ou

iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo de

adequar e promover a regularização ambiental”.

Através das entrevistas identificou-se que grande parte dos produtores possui o CAR,

porém apresentam dificuldades de compreensão sobre a importância do cadastro e, além

disso, a maioria desconhece o PRA. Para reverter esse cenário é fundamental que haja maior

sensibilização dos produtores para que possam participar de forma consciente e responsável

dos programas ambientais propostos.

7.4 A percepção dos Produtores sobre a implementação do PSA

As visitas contribuíram para a formação de um cenário de muito potencial de

implementação do PSA, pois produtores relataram ter problemas em se manter devido à

rentabilidade baixa, falta de mão-de-obra disponível, falta de interesse dos herdeiros em

manter a terra, dentre outros fatores. Entretanto, as entrevistas revelaram que os produtores

“vivem” em conflitos com o Departamento de Água e Esgoto (DAE), estes acreditam que o

órgão é demasiadamente exigente e não atende às suas queixas. Essa falta de consenso

atrapalha a implementação do projeto, uma vez que depende de apoio governamental e

aceitação dos produtores. Ademais, alguns poucos produtores ressaltaram que não estariam

dispostos a participar do PSA, pois prezam pela relação que têm com a terra, alegando que

seu principal objetivo não é otimizar, e sim manter a tradição do cultivo da uva.

7.5 Ocupações irregulares:

Outro item importante apontado pelos proprietários é a restrição de utilização das

terras causada por fatores imobiliários. O último plano diretor da cidade, tornou algumas das

áreas consideradas urbanas em áreas rurais, dessa forma, a medida limita a quantidade e o tipo

de construções e alterações que podem ser feitas nas propriedades. Assim, uma opção viável

seria a venda direta de suas propriedades, porém, essa alternativa também cria conflitos. O

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município exige uma área mínima de terra para que alguém possa usufruí-la. Por sua vez,

muitos compradores de terras as revendem para diversas famílias de modo a rebater a

determinação municipal, dividindo em áreas inferiores ao limite estabelecido e gerando um

montante de pequenas propriedades com ocupação irregular, capazes de prejudicar os

mananciais e a qualidade da água.

Ainda destacam a ineficácia do DAE em conciliar as partes, pois são muito exigentes

nas cobranças com os produtores e de contrapartida não realizam medidas para impedir o

avanço dessas irregularidades. Este problema pode impactar diretamente a implementação de

programas de PSA:

1º) a implementação de PSA pode fazer com que os produtores não tenham mais

interesse vender as propriedades, uma vez que podem ter retorno financeiro; e

2º) esse cenário pode tornar o PSA menos relevante já que os efeitos poderão não

ser os melhores possíveis pois os recursos hídricos ainda estariam sofrendo

grandes pressões nas áreas rurais.

7.6 Próximas etapas para a implementação do PSA

Para obter êxito na implementação do PSA, é importante um levantamento de dados

de cada sub-bacia, para que a aplicação do sistema obtivesse o diagnóstico específico daquela

região, mas para isso , deve-se contar com o suporte mútuo dos municípios pertencentes a

bacia. Outro ponto importante é que haja informatização dados e sensibilização dos

produtores sobre o PSA e dos demais programas a serem implementados na bacia (uma vez

que foi identificado a falta de conhecimento dos produtores sobre a importância e os

benefícios da adesão aos programas).

A partir dos resultados apresentados, os responsáveis podem buscar formas de

financiamento para a implementação do PSA com base nos valores estimados aos produtores,

como no caso de Extrema- MG. Um modo amplamente utilizado em esquemas de PSA é a

implementação da DAP – Disposição a Pagar – que, através de pesquisas, analisa quanto á

população estaria disposta a investir ( pagar impostos em conta de água) para contribuir com

aumento na qualidade e quantidade de água da bacia.

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8 CONCLUSÕES

Espera-se que os resultados encontrados por esta investigação contribuam de forma

positiva para o planejamento e a gestão dos recursos hídricos na Bacia do Rio Jundiaí.

Acredita-se que há espaço para melhorias na capacidade de provisão de água e que estas

melhorias podem ser alcançadas através do incentivo ao manejo conservacionista do solo na

região. Contribuições ao conhecimento em termos metodológicos e de políticas públicas

também podem ser atribuídos a esta investigação.

Em termos metodológicos, as contribuições da investigação estão no fato de realizar

um esforço para combinar os pressupostos ambientais com as ferramentas de análise da

ecologia de paisagens e da engenharia agronômica. Esta combinação multidisciplinar

possibilitou à investigação incorporar dados fundamentais ás análises de custos de adequação

da ocupação do solo.

Ainda dentro das contribuições de ordem metodológica, os métodos utilizados por esta

investigação apresentaram-se consistentes e replicáveis para outras bacias hidrográficas. Estes

métodos podem ainda ser aprimorados e enriquecidos com outros indicadores ambientais

capazes de expressar mais adequadamente a resiliência ecológica dos ecossistemas.

Por fim, esta investigação contribui positivamente para o planejamento de políticas

direcionadas à conservação dos serviços ecossistêmicos relacionados à provisão de água na

região da Bacia do Rio jundiai.

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105

ANEXOS

ANEXO 1

Questionário utilizado nas entrevistas com proprietários rurais para obtenção das

características socioeconômicas dos Sistemas Produtivos.

A. Conhecendo a propriedade

1. Nome da propriedade rural: _______________________________________________

2. Nome do proprietário rural: _______________________________________________

3. Qual o tamanho aproximado da propriedade: ________________ hectares

4. Há quanto tempo tem posse desta propriedade? ______________ anos

5. O senhor (a) possui algum tipo de documento da terra? [ ] Sim [ ] Não

Se Sim, qual documento? [ ] Escritura [ ] Matricula

6. Quantas pessoas da família trabalham na propriedade?___________________________

Insumos Produção

Agropecuária/Florestal

Venda

Atividade 1 (principal ocupação do solo na propriedade) ________________________________

Área:___________ hectares

1. Trabalho

Quantas pessoas são contratadas?

Quantidade (unidade) vendida em 2016?

Custo da diária (R$)?

Tempo dedicado a esta atividade (dias por

ano)?

Preço (R$) de venda no sitio?

2. Insumos

Quantas vezes adubaram a plantação em 2016 e o custo?

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Onde vende (local)?

Defensivos (Quantidade utilizada nesta atividade em 2016 e o custo)?

Sementes/mudas (Quantidade utilizada nesta atividade em 2011 e o custo)?

Periodicidade da venda em 2016 (diária / mensal / anual)?

3. Serviços

Quantas pessoas foram utilizadas para o plantio desta atividade em 2016?

Assistência técnica (R$/mês)

Observações:

Quantas pessoas foram utilizadas para a colheita desta atividade em 2016?

Quantas pessoas foram usadas na capina e roçada da área?

4. Máquina

Utilizou trator em 2016 (R$/hora)?

5. Manejo

Tipo de manejo (como fez a condução da cultura em 2016)?

6. Outros gastos na atividade (R$/ano)

Assistência técnica (R$/mês)

Observações:

Quantas pessoas foram utilizadas para a colheita desta atividade em 2016?

7. O senhor (a) estaria disposto a implementar praticas de conservação do solo [explicar o que são

estas práticas e dar exemplos ao entrevistado – terraceamento e/ou cobertura vegetal para redução

da erosão nas suas áreas de produção da fruticultura?

[ ] sim [ ] não

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E, que houvesse custos adicionais?

[ ] sim [ ] não

Se os custos adicionais fossem subsidiados pelo Município/Governo?

[ ] sim [ ] não

8. Essa propriedade contém:

[ ] Mata original [ ] Mata plantada [ ] Nascente [ ] Riachos [ ] Lagos [ ] Beira a represa [ ]

Outra:___________________________

9. Se existe mata, por que você a mantém?

[ ] Cumprimento da lei [ ] Área não serve para outro uso

[ ] Proteção do solo e da água [ ]apreciação da beleza

Outra:______________________________________________

10. Você utiliza recursos da mata ou dos cursos d’água? (Por exemplo: cabo de enxada, mourão,

apicultura, lenha, madeira, carne de caça, outros)

[ ] sim [ ] não

Se sim, quais?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

__________________________________________________________

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ANEXO 2

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