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SUMÁRIO
Apresentação ........................................................................................................................................ 4
Objetivos ................................................................................................................................................ 5
Organização .......................................................................................................................................... 6
Posteres ................................................................................................... Erro! Indicador não definido.
A educação superior privada e sua articulação com o mercado .................................................. 8
A ideologia do estupro na propaganda ........................................................................................... 10
A incidência do método educativo de dom bosco: uma análise tipológica a partir das
biografias de domingos sávio, miguel magone e francisco besucco ......................................... 13
Aprendizagem centrada no aluno .................................................................................................... 15
Assembleia de classe: processos educativos que transformam a educação dentro e fora da
sala de aula ......................................................................................................................................... 19
Boas práticas comunitárias no interior da escola: a força da cultura da colônia tirolesa nos
processos de educação nas comunidades de santana e santa olímpia em piracicaba. ........ 23
Capitalismo cristianizado .................................................................................................................. 27
Descarte e gerenciamento de resíduos químicos: a temática ambiental no currículo do
estado de são paulo........................................................................................................................... 30
Educação e responsabilidade: a pedagogia espirita kardecista na perspectiva da pedagogia
social. ................................................................................................................................................... 33
Educação sociocomunitária diálogos com a ética hacker para o desenvolvimento do
protagonismo e da autonomia. ......................................................................................................... 41
Educação para a ciência e a tecnologia como processos de autonomia do sujeito na
sociedade da informação .................................................................................................................. 46
Educação profissional no centro paula souza e educação popular – (im)possibilidades de
atuação ................................................................................................................................................ 48
Educação popular e saúde: possibilidades para a formação técnica em enfermagem .......... 51
Enade-2012: uma análise comparativa de desempenho em cursos de ies públicas e
privadas à área de administração. .................................................................................................. 54
Exército brasileiro e amazônia: intervenções educativas sociocomunitária, intersubjetividade
e tecnologias sociais no 3º pelotão especial de fronteira – 3º pef, em pacaraima-rr. ............. 57
Fatores inspiradores da prática dos valores salesianos, identificados na obra e no conjunto
biográfico do padre manoel isaú ...................................................................................................... 61
Metodologia de projetos: estudo de caso em uma escola da macrorregião de campinas ..... 64
O escuro dos meus pés é o branco dos seus – histórias de crianças brasileiras e angolanas.
Uma folha de papel, vozes e sensações. ....................................................................................... 67
Os refugiados no brasil e sua contribuição sócio cultural no ensino de língua estrangeira às
comunidades ....................................................................................................................................... 68
Os saberes de experiência consolidados no uso de fitoterápicos no cotidiano de uma
comunidade indígena ........................................................................................................................ 70
O uso do celular em sala de aula em uma perpectiva sociocomunitária .................................. 74
Práticas da educação informal em organizações empresariais da região metropolitana de
campinas ............................................................................................................................................. 77
Reflexos da lei de libras para emancipação e autonomia do surdo: por um viés a partir da
educação sociocomunitária .............................................................................................................. 79
SUS – da intenção ao gesto - práxis da educação popular ........................................................ 82
Um possível diálogo entre são tomás de aquino e paulo freire: dois mestres repensando a
educação. Reescrevendo os rumos e estrutura do projeto político pedagógico ..................... 86
COMUNICAÇÕES ............................................................................................................................. 89
A construção da professoralidade no ofício de professor iniciante ............................................ 90
A contribuição da educação sociocomunitária no ensino superior militar ................................. 93
A educação na guarda mirim de santa barbará d’ oeste (1971–1998): a apropriação da
educação sociocomunitária pela burguesia, aplicada sob os moldes de ensino semelhantes
aos da opera nazionale balila. ......................................................................................................... 97
A libras e a educação do sensível: uma experiência comunitária. ......................................... 102
A produção de subjetividades dos alunos idosos da educação de jovens e adultos ............ 106
A ressignificação do discurso oficial da pastoral da juventude na vivência sócio comunitária
dos seus membros ........................................................................................................................... 111
Concepções de professores sobre avaliação emolduradas em categorias ........................... 115
Dominação (pós)burocrática: discussão da atuação docente frente ao currículo por
competências na perspectiva da street level bureaucracy. ....................................................... 118
Educação não formal e o município educador: algumas experiências sociocomunitárias .. 122
Educação profissional: formação para o trabalho ou qualificação para o emprego?
Reflexões a partir da educação sociocomunitária. ..................................................................... 127
Ensino de história com deficientes intelectuais jovens e adultos: possibilidades na educação
sociocomunitária............................................................................................................................... 131
Escolas radiofônicas e a educação popular: analisando uma experiência: alfabetização via
rádio, educação popular, saberes populares. .............................................................................. 135
Implicações da diáspora negra na américa latina: caminhos para uma pedagogia
descolonizadora ............................................................................................................................... 138
Intercâmbio cultural e identidade juvenil ...................................................................................... 141
Interdisciplinaridade: estudo de caso de um projeto aplicado no curso de análise e
desenvolvimento de sistemas da faculdade de tecnologia de indaiatuba. ............................. 145
Marcas na produção das identidades de professores/as da educação infantil ...................... 150
O que eles estão falando, que nós não estamos entendedo? Educação sociocomunitária e
linguagem simbólica: um despertar de novos sentidos nas relações educador/educando. 153
APRESENTAÇÃO
A partir de referenciais da Educação Sociocomunitária, o VII Seminário tem como tema a
discussão das relações entre cultura, sociedade e ações educativas, compreendidas como
práxis e poiesis, simultaneamente produto e produção socio-histórica, em que os sujeitos,
as comunidades e movimentos sociais desenvolvem-se ao mesmo tempo como criaturas e
criadores.
Assim, o VII Seminário traz debates sobre interações, contradições e complementaridades
entre ações educativas, sociedade e cultura, em uma perspectiva crítica e criadora, tanto
em relação à análise histórica das práticas educativas, como em relação às intervenções
educativas na sociedade contemporânea, com reflexões e diálogos principalmente entre a
Educação Sociocomunitária e seus interlocutores mais próximos, da Educação Social, da
Educação Não Formal e da Educação Popular.
Os Seminários sobre Educação Sociocomunitária legitimam-se pelo fato de serem
promovidos pelo UNISAL, uma instituição para quem a Educação Sociocomunitária – ações
educacionais para além dos muros escolares, ou considerando práticas não formais de
educação dentro de espaços institucionais – sempre foi marcante. Os Seminários iniciaram-
se em 2006, com o nome de Colóquio sobre Educação Sociocomunitária.
O I Colóquio destacou a discussão sobre o alcance do conceito de Educação
Sociocomunitária, o II Colóquio destacou o debate entre as Concepções de Educação
Sociocomunitária e Educação Não formal, o III Colóquio foi Práticas educativas e
comunidade: experiências e reflexões, o IV Colóquio privilegiou a apresentação de
experiências educacionais e de debates teóricos a respeito delas e o V Colóquio abordou o
tema: “Diversidade, inclusão e Educação Sociocomunitária”.
A partir de 2011, o evento passou a se chamar Seminário sobre Educação
Sociocomunitária, tomando novas dimensões.
OBJETIVOS
O VII Seminário sobre Educação Sociocomunitária tem como principais objetivos:
Criar um espaço de discussão e debate sobre o tema central: Educação
Sociocomunitária;
Promover debates, trocas de experiência e o estabelecimento de relações entre
grupos de pesquisa e pesquisadores dedicados ao estudo das práticas, teoria e
história da educação sociocomunitária, educação social, educação não formal,
educação popular, educação comunitária, educação nos movimentos sociais e
educação no “terceiro setor”, das relações entre escola e comunidade, atentando-se
para a reciprocidade das influências entre instituição escolar, família, organizações
comunitárias e instituições sociais de caráter mais amplo enraizadas no cotidiano
comunitário e escolar.
ORGANIZAÇÃO
Comissão Científica:
Prof. Dr. Antonio Carlos Miranda
Profa. Dra. Fabiana Rodrigues Sousa de Sante
Prof. Dr. Francisco Evangelista
Profa. Dra. Lívia Morais Garcia Lima
Profa. Dra. Maria Luísa Amorim Costa Bissoto
Profa. Dra. Renata Sieiro Fernandes
Prof. Dr. Renato Kraide Soffner
Prof. Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa
Profa. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro
Profa. Dra. Valéria Oliveira de Vasconcelos
Comissão Organizadora:
Jessica Aparecida Paulino Freitas
João Francisco Favoreto
Mara Regina Pedrozo de Lima
Profa. Dra. Lívia Morais Garcia Lima
Prof. Dr. Renato Kraide Soffner
Vagner Ferreira
Vaníria Felippe Tozato
EDUCAÇÃO SUPERIOR PRIVADA E SUA ARTICULAÇÃO COM O MERCADO
Apresentação: Pôster
Autor: Rodrigo Tarcha Amaral de Souza1
Palavras-Chaves: Educação Superior Privada, Mercado, Políticas Educacionais
O objetivo desta pesquisa é buscar-se-á compreender as tensões e articulações da
Educação Superior Privada com o Mercado. Com justificativa tem-se que, com a Reforma
Universitária de 1968, houve uma maior abertura para o Ensino Superior privado no Brasil,
uma vez que as modificações introduzidas nas Universidades públicas não foram
suficientes para ampliar suas matrículas para atender à crescente demanda de acesso.
Após a Reforma, o Ensino Superior privado, estruturou-se num molde de empresa
educacional, voltado para a obtenção do lucro econômico e para o rápido atendimento da
demanda de mercado educacional. Em dado momento, o Ensino Superior Privado
empresarial descolou-se das bases de apoio político do regime militar. Passou a defender
os seus interesses junto ao poder público e perante a sociedade civil. Nas últimas décadas,
o Brasil apresentou um forte alinhamento de princípios neoliberais, guiando-se por critérios
de eficácia, produtividade e excelência para legislar o rumo das políticas educacionais
voltadas para o Ensino Superior. (SGUISSARDI, 2009). Neste sentido, este trabalho amplia
o universo de pesquisas realizadas com outras abordagens históricas e de campo. Tem-se
como foco, portanto, a discussão das tensões e articulações do Ensino Superior Privado
com o mercado, uma vez que se trata de um cenário permeado por parâmetros ideológicos
neoliberais e ao mesmo tempo, epistemológico quanto ao sentido e finalidade do Ensino
Superior. Temática que poderá acrescentar reflexões ainda não exploradas no universo da
Educação Superior. Pretende-se, a partir dos elementos mencionados, tornar o objeto de
pesquisa, material de consulta a futuros pesquisadores da área. Os procedimentos
metodológicos previstos para a construção dos dados são: Pesquisa de Bibliografia que
estude a Educação Superior e as Instituições de Ensino Privadas; Pesquisa de Documentos
Regulatórios e Portarias da Educação Superior, portanto a pesquisa é de cunho qualitativo
e do tipo documental e bibliográfica. O referencial teórico se ancora especialmente em
SGUISSARDI (2009) que discorre sobre a Universidade brasileira no século XXI num
cenário de expansão e distinções de finalidades, e SILVA JÚNIOR; SGUISSARDI (2001)
que abordam a mútua subordinação do Estado e da Educação Superior. Procedem à
análise das medidas legais, desde as reformas constitucionais até simples portarias, para
verificar a implantação e incidência das orientações doutrinárias. O tema é relevante nos
aspectos da pesquisa teórica, representando a pertinência da discussão num momento de
1Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP.
Mestre pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo- UNISAL, unidade de Americana, SP. Professor do
Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL, unidade São José/Campinas, SP. E-mail:
substanciais modificações no cenário educacional do Ensino Superior. A pesquisa está em
andamentoe espera-se que, tendo problematizado o estudo sobre os documentos e
referências relacionadas à Educação Superior, haja uma melhor compreensão das tensões
e articulações da Educação Superior com o mercado.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. CHAVES, Vera Lúcia Jacob. Expansão da privatização/mercantilização do ensino superior brasileiro: A formação dos oligopólios. Educ. Soc. Campinas, v. 31, n. 111, p. 481-500, abr-jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v31n111/v31n111a10.pdf. Acesso em: 25-Mai-2016. FÁVERO, Maria de Lourdes de A. SGUISSARDI, Valdemar. Quantidade/Qualidade e educação superior. Revista Educação em Questão, Natal, v. 42, n. 28, p. 61-88, jan./abr. 2012. MARTINS, Carlos Benedito. A Reforma Universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil.Educ. Soc., Campinas, vol. 30, n. 106, p. 15-35, jan./abr. 2009. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 24-junho-2015. SILVA JÚNIOR, João dos Reis; SGUISSARDI, Valdemar. Novas faces da educação superior no Brasil. São Paulo: Cortez; Bragança Paulista, SP: USF-IFAN, 2001. SGUISSARDI, Valdemar. Universidade brasileira no Século XXI. São Paulo: Cortez, 2009.
A ideologia do estupro na propaganda
Palavras-chave: Ideologia, Estupro, Publicidade, Marketing, Educação
sociocomunitária.
Apresentação: Pôster
Autor: João Leopoldo Ferreira Padoveze2
Co-autor: Renata Sieiro Fernandes3
O tema deste pôster são os conteúdos sexistas nas propagandas de mídia
impressa. A justificativa deste estudo exploratório se dá devido ao “capitalismo
selvagem” que faz uso da propaganda para incentivar o consumo e que tem se
utilizado de apelos sexuais para atingir seus objetivos. Somos cercados de anúncios
sexistas com apologia à violência e a discriminação. A publicidade desempenha
uma forte função na construção de papéis de gênero. O papel estereotipado
masculino é ser assertivo, competitivo, independente e corajoso. Ser dominante e
agressivo são traços masculinos considerados adequados e atraentes. Essas
propagandas contribuem para a perpetuação destes estereótipos, na medida em
que continuam a apresentar as normas de comportamentos violentos para os
homens e de submissão para as mulheres. A problemática envolvida refere-se ao
incentivo a objetificação do corpo feminino nas propagandas. O objetivo do estudo é
mostrar e analisar os conteúdos explícitos e implícitos nas propagandas de mídia
impressa e a relação com a ideologia do estupro. Metodologicamente, procedeu-se
da seguinte forma: foram levantadas propagandas de empresas alimentícias (como:
Burger King), moda (como: Puma, Du Loren, Suit Supply, Dolce & Gabbana, Calvin
Klein, Tom Ford, Miu Miu, Hope), beleza (como: Axe), bebidas alcoólicas (como:
Itaipava, Skol), automobilística (como: Ford, BMW), em sua maioria com sede em
países europeus (como: Itália, Holanda, Alemanha) e norte-americanos (com:
Estados Unidos), em mídia impressa, totalizando a amostra de 49 imagens. As
categorias que embasam as análises são: objetificação do corpo feminino,
estereótipo de gênero, sexismo, apologia a violência e discriminação. O referencial
de análise vale-se de Papalia e Olds; Quijano; Kotler e outros. As análises mostram
que é comum encontrarmos em campanhas o uso dos padrões de beleza
considerados atraentes pela sociedade desde a colonização. Quase todas as
2 Publicitário, bacharel em Comunicação Social, aluno do Curso de Pós-Graduação em Educação do Centro
Universitário Salesiano – UNISAL – Americana. E-mail: [email protected] e [email protected]. 3 Pedagoga, mestre, doutora e pós-doutora em Educação – UNICAMP e docente do Programa de Mestrado em
Educação – UNISAL – Americana. E-mail: [email protected]
publicações mostram sempre os mesmos estereótipos de gênero. A imagem da
mulher branca, magra e de olhos claros é usada com frequência, em contrapartida,
a imagem da mulher negra costuma ser apenas quando para anúncios temáticos,
quase sempre relacionados a temas africanos, selva etc. É comum encontrar em
campanhas de produtos de limpeza ou eletrodomésticos, a mulher "domesticada"
que representa a dona de casa, "do lar", responsável pela residência e bem-estar da
família. Essa imagem é usada desde os primórdios da propaganda. Percebem-se
comportamentos coniventes com a banalização do estupro e todas as formas de
assédios que depreciam e desagregam os seres envolvidos. Transformar mulheres
em objetos é o primeiro passo para justificar a violência. Conclui-se que,
contemporaneamente, a sociedade vem aceitando paulatinamente comportamentos
coniventes com a banalização do estupro e todas as formas de assédios que
depreciam e desagregam os seres envolvidos. Apoiar as minorias de diversas
formas, fiscalizar a Publicidade como o CONAR no Brasil, que recebe reclamações
contra propagandas ofensivas e que incitam a violência. Apesar de tudo, estas
providências andam a passos lentos em relação ao aumento da violência contra a
mulher, e, alguns estudiosos falam até em genocídio mundial. Se levarmos em
conta dados de desaparecimento, violência física, sexual, morte, mutilação, tráfico,
exploração de mão de obra, fica evidente tal prática. As redes sociais têm se
revelado de grande serventia na mobilização e conscientização, inclusive cobrando
os meios publicitários a inserir campanhas contra a violência na mídia. O intuito é
usar as mesmas armas publicitárias na reversão da vulgarização da mulher e da
“ideologia do estupro”, afinal, toda sociedade se baseia em exemplos, e precisamos
salientar os bons. Neste sentido, a educação pela via sociocomunitária preocupa-se
com a formação dos sujeitos para não serem capturados ingenuamente pelos
conteúdos midiáticos, assumindo uma responsabilidade ética e o compromisso
moral contra as injustiças e a violência para os dois gêneros.
Referências bibliográficas A INDÚSTRIA DA COMUNICAÇÃO NO BRASIL- ABAP – Associação Brasileira de Agências de Publicidade. São Paulo: ABAP/IBGE, 2010. ALFONS0-GOLDFARB, A. M.; MAIA, C. A. (Coord.) História da ciência: o mapa do conhecimento. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo: EDUSP, 1995. GOMES, Paulo de Tarso. Educação Sócio-comunitária: delimitações e perspectivas.. In: II CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL, 2., 2008, São Paulo. Proceedings online... Faculdade de Educação da Universidade
de São Paulo. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000092008000100013&lng=en&nrm=abn>. Acesso em: 01 Nov. 2016. KOTLER, Philip – Administração de Marketing – 10a Edição, 7a reimpressão – Tradução Bazán Tecnologia e Linguística; revisão tecnica Arão Sapiro. São Paulo: Prentice Hall, 2000. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. O mundo da criança: da infância a adolescência. São Paulo: Markon Books, 1998. QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. setembro 2005. pp. 227-278.
A incidência do método educativo de Dom Bosco: uma análise tipológica a partir das biografias de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco
Apresentação: Pôster
Autor: André Luiz Simões4
Co-autor: Renato Kraide Soffner
O presente trabalho terá como escopo a análise da incidência do método educativo
de Dom Bosco na vida e na formação de três de seus importantes educandos.
O Método Educativo de Dom Bosco tem se mostrado eficaz na formação e na
educação dos jovens, que os vê como centro das ações. Trabalha-se,
principalmente, com as singularidades e as particularidades de cada educando. Um
aspecto importante e original do método é a preventividade, que consiste não
somente em evitar o mal, mas antecipar o bem, conduzindo-o a um ambiente sadio,
cujas características são a familiaridade e a confiança, enconrajando-os à
transformação e a perspectiva de um futuro melhor.
Há importantes aspectos a serem mostrados neste método educativo. A partir da
análise tipológica da vida de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco,
jovens educandos de Dom Bosco, perceber-se-á a incidência da atuação educativa
do padre italiano.
A práxis educativa e essencialmente relação entre educando e educador, marca
fundamental que se imprime no processo educativo. O Sistema Pedagógico de Dom
Bosco e uma experiencia que se prolongou no tempo e no espaço por meio da ação
das comunidades educativas que a atualizam dinamicamente o modus operandi da
preventividade e integralidade intentada pelo sistema salesiano.
Dentre os documentos espirituais e pedagógicos mais importantes de D. Bosco,
estão as biografias de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco.
Apresentam-nos três garotos, diferentes entre si, muito enraizados na cultura do
tempo e simultaneamente significativos pela jovialidade e vivacidade, pela
capacidade de reflexão, pela qualidade de abertura espiritual, pela determinação e
pelo impulso generoso que caracteriza a alma adolescente de sempre.
Estes escritos oferecem os elementos essenciais para compreender o âmago da
mensagem educativa de D. Bosco: a religiosidade como centro unificante e
4 Padre André Luiz Simões, SDB. Mestrando no Programa de Pós Graduação em Educação Sociocomunitária do
UNISAL
revitalizante do caminho formativo; a comunhão de vida paterna e fraterna do
educador com os alunos; a simbiose dinâmica de amor, alegria e compromisso; a
eficácia do envolvimento ativo dos jovens na comunidade; a importância estratégica
dos espaços oferecidos ao seu protagonismo.
São documentos autobiográficos de grande eficácia representativa: permitem-nos
observar D. Bosco educador cristão em ação; introduzem-nos nos seus quadros
mentais e nas suas visões; põem-nos em contato com suas aspirações interiores;
revelam-nos o seu olhar maravilhado, afetuoso e simultaneamente respeitosíssimo,
voltado para os jovens protagonistas.
A vida de Domingos Sávio teve maior sucesso e um importante influxo muito para
além das fronteiras do mundo salesiano, pela eficaz representação da qualidade
moral e espiritual do rapaz, pela associação dinâmica entre a santidade do
protagonista e a condução do Mestre, pela notoriedade na sequência do êxito dos
processos de beatificação e canonização.
Menos conhecido é o perfil de Miguel Magone, se bem que o rapaz nos pareça
simpático talvez de forma mais imediata, por ser mais natural e produto mais
exclusivo da intervenção de D. Bosco.
Quase de todo desconhecida é a vida de Francisco Besucco, o pastorello dele Alpi,
não obstante as reservas sobre a forma literária da primeira parte de sua vida é
considerada um precioso documento construtivo da pedagogia espiritual e moral do
santo educador, enquanto o autor, mais do que em qualquer outro livro congênere,
remonta à teoria e expõe as suas ideias com a intenção expressa de ensinar.
As três biografias não dão conta das turbulentas vicissitudes que então marcam o
ambiente. Nas três Vidas o Oratório aparece como uma ilha de fervor educativo, de
laboriosidade e de tensão espiritual. Há acenos à produção editorial, mas em função
do discurso formativo. Citam-se livros os livros postos nas mãos dos alunos: o
Jovem instruído, a coletânea das Leituras Católicas, a reedição da vida de Luís
Comollo e depois a vida de Domingos e Miguel Magone.
A narrativa põe em relevo personalidades inconfundíveis, esboçadas com traços
essenciais no aspecto exterior, na sensibilidade espiritual, no temperamento e nos
traços psicológicos. Diferente é o seu ponto de partida. Diferente é o modo da sua
relação com os educadores. Diferente é a missão confiada a cada um, embora na
unidade e coerência geral da mensagem proposta aos leitores.
Tais diferenças refletem-se na disposição narrativa. Todavia a arquitetura da
narrativa repete-se quase idêntica nas três biografias. Nela reconhecemos uma
tríplice segmentação, introduzida pelo proêmio e seguida de um epílogo: a vida
familiar, a inserção no Oratório, a doença e a morte. Cada biografia atribui peso
diferente a cada uma destas seções, na base das fontes disponíveis, na
significatividade dos acontecimentos e da mensagem que se querem veicular.
O coração das biografias é constituído pela descrição de uma crise, que toca de
forma diferente os protagonistas e resulta determinante no enredo narrativo. A
narração da sua superação, no colóquio entre educador e educando, proporciona a
ocasião de ilustrar, incarnada na história dos três garotos, a mensagem que o autor
entende oferecer aos leitores.
Em suma, tudo está centrado na pessoa dos protagonistas, no seu empenho, nos
seus progressos, nas descobertas e nos ardores da sua vida espiritual, no calor das
relações amigáveis, nas crises superadas e nas alegrias interiores, na confiança e
abertura colaborante com os educadores, na comoção suscitada pela sua morte.
Referências
BOSCO, João. Vidas de jovens: as biografias de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco. Trad. Basílio Gonçalves. Brasília: Editora Dom Bosco, 2013. BRAIDO, Pietro. Dom Bosco: padre dos jovens no século da liberdade. Vol. 1. Trad. Geraldo Lopes et al. São Paulo: Editora Salesiana, 2008. CÁSTANO, Luigi. Santitá Salesiana: profili dei santi e servi de Dio tríplice famiglia di San Giovanni Bosco. Torino: Società Editrice Internazionale di Torino, 1966.
Aprendizagem Centrada no Aluno
Palavras-chave: Educação; Aprendizagem; Abordagem centrada na pessoa
Apresentação: Pôster
Autor: Clovis Martins Costa5
Resumo do pôster digital: A pesquisa de mestrado em andamento parte da
hipótese de que uma abordagem educacional mais centrada no aluno do que no
professor, que construa seus programas e currículos a partir dos interesses deles e
com a sua participação ativa pode se constituir num diferencial facilitador de
aprendizagem em relação às abordagens tradicionais com suas instituições
impessoais e seus currículos impostos. Busca saber qual a repercussão na vida de
pessoas que tenham frequentado instituições escolares denominadas “alternativas”
ou “de resistencia”, praticantes de propostas educativas mais livres e menos
diretivas sendo, assim, mais voltadas para o aluno. Busca saber se ter frequentado
tais instituições facilitou ou dificultou a continuidade dos estudos em outras
instituições de orientação tradicional bem como se agregou, ou não, algum valor
destacado, positivo, ou negativo, em termos de qualidade de vida. A proposta da
pesquisa se justifica uma vez que o debate sobre ensino/aprendizagem se mantém
em pauta por conta das dificuldades encontradas por autoridades, em diferentes
âmbitos educacionais, em promover uma Educação de qualidade e, ao mesmo
tempo, por professores e estudantes que buscam estratégias que facilitem e tornem
menos pesados e cansativos os fardos dos processos de aprendizagem. O foco tem
sido predominantemente maior no ensino e no professor e menor no aluno.
Entende o pesquisador serem insuficientes as pesquisas científicas existentes no
campo da Educação sobre a proposta da Aprendizagem Centrada no Aluno e que,
portanto, merece uma maior atenção com vistas a investigar o assunto nesta
perspectiva, que acredita na relação professor/aluno como fator preponderante no
processo de aprendizagem, mais que as sofisticadas técnicas. O referencial teórico
principal para esta análise será a Abordagem Centrada na Pessoa, criada,
desenvolvida e sistematizada por Carl R. Rogers, um psicólogo norte americano que
viveu entre 1902 e 1987, por quase todo o século XX. A Abordagem Centrada na
Pessoa tem aplicação nas mais diferentes áreas da atividade humana, incluindo a
Educação. A discussão teórica se dará a partir da vasta obra de Carl Rogers no que
tange à aprendizagem e à Educação e sobretudo em dois livros dedicados
exclusivamente à sua teoria e respectivas experiências práticas pesquisadas sobre
o assunto: Liberdade para aprender e Liberdade de aprender em nossa década.
5 Psicólogo, Pedagogo, Especialista em Gestão Educacional, Professor na Faculdade de Jaguariúna, Mestrando
no Programa de Pós Graduação em Educação Sociocomunitária do UNISAL. [email protected]
Outros autores, como Paulo Freire e Helena Singer serão analisados em estudos
que dialogam ou experiências na ampliação e no enriquecimento da análise. Teses,
dissertações, e livros, produzidos no Brasil, sobre experiências com Educação e
ACP, também serão considerados. Carl Rogers atuou, por 40 anos, como
psicoterapeuta e como professor, tendo sido grande pesquisador e estudioso da
pessoa humana. Dessa longa experiência desenvolveu um conceito de
aprendizagem que passou a chamar de “aprendizagem significativa”. Tal conceito
se apoia no pressuposto da Tendência Atualizante ou Tendência de Realização,
que o próprio autor conceitua “(...) existe em todo organismo, em qualquer nível, um
fluxo subjacente de movimento para uma realização construtiva de suas
possibilidades intrínsecas. Há no homem uma tendência natural para o
desenvolvimento completo. O termo mais frequentemente usado para isso é o de
tendência de realização, que está presente em todos os organismos vivos. Trata-se
do fundamento sobre o qual está construída a abordagem centrada-na-pessoa (...)”
(Rogers, 1989, p.17). A tendência atualizante pode, em alguns momentos da vida
da pessoa, não estar funcionando plenamente, por diversas razões circunstanciais.
Daí a importância, do ponto de vista da Psicologia, do Psicoterapeuta e da
psicoterapia e do ponto de vista da Educação e do professor, ou educador,
constituírem-se em facilitadores. Tanto numa quanto noutra área tais profissionais
devem ser mais dotados de atitudes que de técnicas, e propiciarem um clima de
confiança e segurança, por meio do que Rogers denomina de atitudes facilitadoras:
empatia, consideração positiva incondicional e congruência ou autenticidade. No
caso da Educação cabe ao professor o lugar de facilitador da aprendizagem e ao
aluno ou aprendiz, é que cabe o lugar principal, o do protagonismo no processo da
construção do seu conhecimento. Serão sujeitos da pesquisa pessoas egressas de
escolas chamadas de “Alternativas”, ou “de Resistencia”, que na sua maioria
oferecem Ensino Fundamental e, na minoria, Ensino Médio. A escolha dos sujeitos
e das instituições se justifica por não conhecer o pesquisador uma escola, no Brasil,
assumidamente centrada na pessoa e, por entender que a filosofia norteadora das
práticas das escolas a serem pesquisadas, terem elementos comuns aos da
Abordagem Centrada na Pessoa. A pesquisa é do tipo qualitativa e serão
elaborados questionários como instrumentos de construção de dados com vistas a
responder ao objetivo da pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ASSEMBLEIA DE CLASSE: PROCESSOS EDUCATIVOS QUE TRANSFORMAM
A EDUCAÇÃO DENTRO E FORA DA SALA DE AULA
Palavras-chave: Assembleia. Autonomia. Convivência. Educação Popular
Apresentação: Pôster
Autor: Mariza de Fátima Pavan Stucchi6
Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa7
O tema escolhido para essa pesquisa de mestrado remete-se ao entendimento de duas
questões: reconhecimento da importância da prática educativa utilizada em sala de aula
denominada “Assembleia de Classe”, em uma turma de oitavo ano do Ensino Fundamental,
com idade média de 13 anos, em uma escola na cidade de Americana, interior de São
Paulo e identificar se os saberes de experiência dos participantes desse grupo favorecem a
democracia, a autonomia e o diálogo na convivência coletiva.
O mundo contemporâneo está repleto de avanços científicos e tecnológicos que
modificaram as relações do convívio humano e o acesso aos conhecimentos e informações.
Ao observarmos o cotidiano das escolas, vimos que as relações construídas nesses
espaços de convivência coletiva foram estruturadas a partir das heranças autoritárias, fruto
da nossa história política e que, ao longo das últimas décadas, excluiu a maioria das
pessoas valorizando a elite pretensamente homogênea. Apesar das reformas educacionais
propostas para a sua reorganização, a escola ainda estranha a possibilidade de conviver
com as diferenças étnico-raciais, de gênero, socioeconômicas, de valores e ideias e procura
a qualidade do ensino investindo num currículo que priorize conteúdos e corresponda às
exigências das avaliações externas aplicadas em nosso país. E assim, deixa de se
preocupar com a qualidade na formação dos sujeitos enquanto seres humanos que
precisam aprender e exercitar o viver democraticamente (ARROYO, 2013).
Consequentemente, o currículo escolar é trabalhado como se fosse possível a separação
entre conhecimento/experiência e como se os professores fossem os únicos que tivessem
as informações e os conhecimentos em mãos. O educando é considerado esvaziado de
conteúdo e o educador é o responsável pelo seu preenchimento, conforme Paulo Freire
(1987) critica ao desenvolver o conceito de “educação bancária”.
Freire (2006, p.59) adverte que outro saber necessário à prática educativa é o da autonomia
e destaca que “[...] o respeito à autonomia e à dignidade de cada um e um imperativo etico
e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.” Ou seja, o professor que
ironiza o aluno e que o minimiza, que não o auxilia na construção dos limites à liberdade e
do saber, transgride os princípios éticos de nossa existência e ainda rompe com a decência.
Portanto, nas Assembleias de Classe realizadas semanalmente, em uma escola na cidade
de Americana/SP, procuramos abrir espaços e possibilidades de envolvimento e
participação dos educandos para que possam expressar suas opiniões, experiências e
6 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária/ UNISAL - Campus Maria
Auxiliadora, Americana/SP. E-mail: [email protected] 7 Doutora em Educação. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária / UNISAL.
E-mail: [email protected]
percepções de mundo, a partir das pautas organizadas pelos participantes, pois segundo
Paulo Freire (2006), todos nós possuímos uma concepção da realidade que nos cerca e é a
partir da reflexão dessas leituras de mundo que buscamos transformar a realidade.
José Puig et al. (2000) afirmam que falar em participação na escola significa envolver os
alunos e professores na vida escolar, mediante os projetos desenvolvidos coletivamente no
exercício da palavra e compromisso da ação. Janusz Korczak (1981, 1986) afirma que o
direito da criança ao respeito é fundamental para se obter bons resultados nos trabalhos
com ela e que para isso é necessário muito amor e confiança nas relações que se
constroem, ou seja, transparencia e confiança. Afirma tambem que o “primeiro” direito da
criança é o de expressar livremente as suas próprias ideias.
Como metodologia de pesquisa utilizaremos a pesquisa participante que propõe ao
pesquisador conviver com o outro no seu mundo, falar a mesma língua, de modo que venha
a ser um instrumento de conhecimento da “realidade local”. Segundo Brandão (1984, 2006),
pesquisador e pesquisados identificam o problema, buscam conhecer e aprofundar as
questões a serem coletivamente trabalhadas e definem ações onde os saberes de
experiência possam ser partilhados coletivamente e motivar as pessoas a transformarem
suas próprias vidas e destinos. A metodologia de pesquisa tem o enfoque qualitativo e
como material de análise será empregado o diário de campo para as anotações das
observações e registros de informações que emergem do trabalho de campo.
Esperamos, como resultado deste estudo acadêmico, desvelar saberes de experiência
consolidados por estudantes de uma turma do oitavo ano do Ensino Fundamental
procurando compreender como os processos educativos construídos por esses educandos
podem contribuir para o fortalecimento da convivência e da autonomia dos participantes da
pesquisa.
REFERÊNCIAS:
ARROYO, Miguel G. Currículo: território de disputa. Petrópolis, Ed. Vozes, 2013.
BRANDÃO, Carlos R. (Org.). Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 34-
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PUIG, Josef M.; MARTIN, Xus; ESCARDIBUL, S.; NOVELLA, Anna M. Democracia e
participação escolar: propostas de atividades. São Paulo : Moderna, 2000.
Boas Práticas Comunitárias no Interior da Escola: a força da cultura da
colônia tirolesa nos processos de educação nas comunidades de Santana e
Santa Olímpia em Piracicaba.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Sociocomunitária; Gestão Participativa; Cultura
Tirolesa; Boas Práticas.
Apresentação: Pôster
Autores: Jessica Pereira Gravino8
Laerte Fernando Bertinatto Carvalho9
Maria Isabel Baptista Barbosa de Oliveira10
Co-autor: Antônio Carlos Miranda
Por se tratar de uma nova área de concentração em pesquisa científica, a Educação
Sociocomunitária nasceu da necessidade de envolver a comunidade nas diferentes
esferas ligadas à educação, seja ela formal ou não formal. A educação não se limita
unicamente dentro do contexto escolar, ela ultrapassa os muros da escola e se
encontra com o aluno e seus coeducadores, os pais, no seu ambiente, na sua
história, no seu costume; cidadãos e pessoas, unidos no intento: processo ensino-
aprendizagem. A responsabilidade social da escola é entregar à comunidade,
cidadãos preparados para desenvolver ações sociocomunitárias em todos os níveis
da sociedade. Na presente pesquisa, a escola Dr. Samuel de Castro Neves, situada
no município de Piracicaba, nos bairros de Santana e Santa Olímpia, constrói seus
projetos tendo em vista a comunidade ao seu entorno. Há uma ponte entre a
comunidade e a escola. Um trânsito democrático entre a escola, a comunidade, a
gestão, o aluno, os interesses se fortalecem e seguem um propósito comum. As
duas associações dos bairros: Associação de Moradores de Santa Olímpia e Circolo
Trentino di Piracicaba, de Santana, propõem atividades extracurriculares no campo
da educação não-formal, envolvendo a comunidade escolar. A proposta visa
compreender as ações positivas na escola pública da comunidade rural de Santana
e Santa Olímpia de Piracicaba, no interior do Estado de São Paulo, e verifica,
8 Aluna do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.
[email protected] 9 Aluno do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.
[email protected] 10 Aluna do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.
através das vozes dos professores, alunos e moradores, o quanto a comunidade se
articula em prol da formação de suas crianças e jovens. Diante de relatos de
professores, alunos e moradores da comunidade, coloca-se a prática pedagógica, a
escolar e a comunitária a uma só voz: participação de todos no processo
educacional. Este trabalho desenvolve-se a partir de excertos de entrevistas com
integrantes da comunidade (moradores) e da escola (professores e alunos). A
pesquisa apontou que a escola está aberta à comunidade, há forte senso de
pertença e os alunos mostram um desempenho superior, em comparação aos
índices dos últimos anos de outras escolas públicas estaduais. Embora haja
limitações em todo o processo de gestão participativa, entre a comunidade e a
escola, destaca-se fatores positivos em três esferas: comunitária, escolar e gestão.
Na visão comunitária, a perpetuação da cultura tirolesa, da mesma forma o
fortalecimento do elo entre todos os moradores e influência política dos bairros de
Santana e Santa Olímpia. Sob o ponto de vista escolar, a gestão participativa
promove estratégias educacionais para que o aluno alcance melhoria de
desempenho escolar e, assim, além de se tornar um cidadão, mantém preservado
os valores da comunidade tirolesa. No que diz respeito ao Grêmio, a juventude
gremista, transfere os valores comunitários para a escola, valorizando sobremaneira
as ações escolares. Na esfera de gestão, apesar de todos os problemas que a
escola pública enfrenta atualmente, a pesquisa encontra outra realidade, a escola
está aberta à comunidade, há forte senso de pertença e os alunos mostram um
desempenho superior, em comparação aos índices dos últimos anos de outras
escolas públicas estaduais.
REFERÊNCIAS
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Capitalismo Cristianizado
Palavras Chaves: Religião, Identidade, Sistema Econômico, Educação, Sociocomunitário,
Cultura
Apresentação: Pôster
Autor: Clésio Agostinho Geraldo11
A presente proposta de pesquisa tem o intuito de trabalhar a Educação nas igrejas
neopentecostais da cidade de Americana-SP, perscrutando quais são, se é que existem, os
elementos da ideologia capitalista que são apresentados como se fossem cristãos, ou
melhor, como elementos do cristianismo, para um público contaminado culturalmente por
ideais do capitalismo de mercado, pelo sucesso profissional e financeiro como um evidente
caso de agraciamento divino e hierarquização da condição do mesmo frente a comunidade
institucional.
Haveria um imbricamento do capitalismo e do cristianismo de forma que as duas ideologias
fossem apresentadas como únicas e abraçadas como o mesmo elemento provindo ora da
divindade, ora de uma possível interpretação do texto fundante? Estariam os sacerdotes
ensinando aos fieis a viverem o capitalismo moderno e o ‘vendendo’ como cristianismo puro
e simples?
Se os professores Renato Kraide Soffner, Severino Antonio, Francisco Evangelista iniciam
seu artigo “A Epistemologia e a Práxis da Educação Salesiana de João Bosco [Santo]”,
sobre educação sociocomunitaria, explicitando um caminho de grande valor para o
entendimento daquilo que chamamos vida resignada, não seriam os religiosos dignos de
semelhante postura? Onde se encontra a constituição de um comportamento voltado a
atualidade em uma religião que se propõe seguidora de um livro milenar, mesmo que
considerarmos a vivacidade de suas palavras? Minha pergunta, e não descarto, em
momento algum, que sua resposta pode ser diferente do que infiro ao longo do projeto, é:
tornou-se o capitalismo um condutor do cristianismo no geral, e do neopentecostalismo em
particular?
A pesquisa será realizada, a partir do método etnográfico. Para Malinowski (1978) a
etnografia propicia ao pesquisador a reconstrução e transmissão de experiências de vidas
diversas da dele e, desenvolve, dois conceitos chaves de sua teoria, e de todo o pesquisar
antropológico, a partir de então, que são o trabalho de campo e a observação participante.
Assim, considera que a interação do pesquisador com os indivíduos é fundamental e
indispensável para a apreensão da realidade a ser estudada. Além disso, afirma ainda, que
11 Graduado em Ciencias Sociais (PUC-Campinas). Mestre em Antropologia (USP). E-mail:
a maneira como tais indivíduos elaboram as regras sociais tendem à maximização de seus
próprios interesses, assim, não só o que dizem que fazem, mas o que realmente executam
deve ser alvo de análise e ênfase.
Justifica-se a abordagem do tema pela carência em material sobre o assunto em questão,
mostrando de maneira clara os aspectos do ensino religioso e informal (ou não formal), das
comunidades cristãs neopentecostais da cidade de Americana.
Os resultados esperado encontram-se ainda circunscritos nos proposítos da pesquisa, visto
que a mesma ainda não se concluiu.
O objetivo hipotético primeiro é analisar essa relação sistema/religião e perceber seus
desdobramentos.
Referenciais Teóricos
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DESCARTE E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS: A TEMÁTICA
AMBIENTAL NO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Palavras-chaves: Resíduos. Ambiental. Descarte. Currículo
Apresentação: Pôster
Autor: Sérgio Giacomassi
Co-autor: Antonio Carlos Miranda
OBJETIVO
Esse trabalho em fase inicial de pesquisa, tem como objetivo central, verificar propostas de
descarte e gerenciamento de resíduos químicos resultantes das aulas práticas de química
utilizando como material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo, caderno do
professor e aluno do ensino médio: 1°, 2° e 3° séries, volumes 1 e 2, que se propõem a
favorecer a construção do conhecimento científico de maneira crítica e proporcionar o
desenvolvimento da autonomia do pensar, da argumentação e da configuração cognitiva
para uma forma científica de entender os fenômenos do mundo.
JUSTIFICATIVA
Em 1978, a Proposta Curricular de Química do estado de São Paulo enfatizou a
necessidade do uso do laboratório, além de destacar a importância da compreensão do
processo de produção do conhecimento científico e o cotidiano como um critério para a
seleção de conteúdo (CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2012).
Sua justificativa visa analisar se tal material didático torna possível, de fato, trabalhar os
conhecimentos de Química Ciências da Natureza, com a finalidade de compreender os
processos químicos, em estreita relação com suas aplicações tecnológicas, ambientais e
sociais de modo a poder tomar decisões de maneira responsável e crítica e emitir juízos de
valor em nível individual e coletivo, obter conceitos dos diversos processos químicos de
forma prática, em relação aos contextos ambientais, políticos e econômicos, considerando a
perspectiva do desenvolvimento sustentável.
METODOLOGIA
As metodologias a serem empregadas serão através da investigação qualitativa e
quantitativa no aprofundamento de questões teóricas, análise de documentos oficiais e
pesquisas em acervos bibliográficos.
REFERENCIAIS TEÓRICOS
Na década de 70, a Educação Ambiental foi concebida como uma preocupação dos
movimentos ecológicos com uma prática de conscientização capaz de alertar sobre
um possível fim de tudo e má distribuição no acesso aos recursos naturais,
envolvendo pessoas em ações sociais. No ensino de ciências, nesta época,
originou-se o chamado movimento Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). A partir
de então, inicia-se uma discussão em torno da necessidade de formar o cidadão
consciente e responsável na sociedade e aos poucos, a Educação Ambiental vai se
transformando numa proposta educativa (PEREIRA et al., 2009).
No Brasil, uma ação significativa que reconheceu a importância da questão ambiental foi a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), que passou a considerar a
compreensão do ambiente natural como fundamental para a Educação Básica e a inclusão
da temática ambiental como um dos temas transversais nos Parâmetros Curriculares
Nacionais para a escola básica (PCN,1999).
Desde a promulgação da Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 25 - inciso 6,
define-se como incumbência do Poder Público a promoção da Educação Ambiental em
todos os níveis de ensino, bem como a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente, foi regulamentado pela Lei Federal 9.795 (27/04/99), que instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA), regulamentada pelo Decreto 4.281 (julho/2002),
portanto existe amparo legal para a implementação de programas formativos em Educação
Ambiental, em qualquer nível de ensino.
A educação ambiental é um processo de aprendizagem e ação educativa permanente,
através dos quais os indivíduos e as comunidades adquirem a consciência de que são parte
integrante do meio ambiente, além de conhecimentos, habilidades, experiências, valores e
determinação que os tornam capazes de agir, individual ou coletivamente na busca de
soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros. (UNESCO, 2007).
Torna-se vital importância a Educação Ambiental estar presente, atuante e imprescindível
para as pessoas nas escolas desde seu ingresso no ensino infantil, nas casas e
comunidades em geral em busca da sustentabilidade e com esse questionamento, auxiliar
na conscientização e redução de resíduos químicos de uma forma em geral.
RESULTADOS ESPERADOS
Não existe uma saída fácil para o problema ético da educação ambiental, muito menos uma
saída unilateral ou unidirecional, mas existem caminhos capazes de apontar perspectivas
para pensarmos a dimensão ética da educação ambiental. É justamente sobre a busca de
um horizonte, no qual possamos vir a formular alternativas para a educação ambiental
capazes de superar o “limiar epistemológico” (GRÜM, 1996, p.101).
Espera-se com o resultado dessa pesquisa alertar a necessidade de conscientização dos
alunos, professores, gestores bem como a comunidade em geral sobre o correto descarte e
gerenciamento de resíduos químicos resultantes das aulas práticas de química realizadas
nos laboratórios ou salas de aulas das escolas estaduais de ensino médio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica;
Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio, MEC/SEMTEC: Brasília, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação; Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no
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CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO: Ciências da Natureza e suas tecnologias /
Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; coordenação de área, Luis
Carlos de Menezes. 1. ed. atual. São Paulo: SE, 2012.152 p.
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Papirus, 1996.
MELLO, Soraia Silva de; TRABJER, Rachel [Coord.] Vamos cuidar do Brasil: conceitos e
práticas em educação ambiental na escola. Brasília: Ministério da Educação,
Coordenação Geral de Educação Ambiental: Ministério do Meio Ambiente, Departamento de
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PEREIRA, Jocélia Barbosa et al. Um panorama sobre a abordagem ambiental no
currículo de cursos de formação inicial de professores de química da região sudeste.
Química Nova, São Paulo, v.32, n.2, p.511-517, 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
40422009000200040&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 04 set. 2016.
EDUCAÇÃO E RESPONSABILIDADE: A Pedagogia Espirita Kardecista na
Perspectiva da Pedagogia Social.
Palavras chave: Pedagogia Espírita, Educadores, Educandos e Transformação Social
Pedagogia Social.
Apresentação: Pôster
Autor: Renner Marcos J Santos12
Co-autor: Francisco Evangelista13
INTRODUÇÃO
“Na verdade, a revelação divina está presente em todas as religiões,
épocas, culturas e povos e em meio a esses sempre houve e há enviados
de Deus, para ensinar aos homens as leis da vida, dentre elas as leis da
própria consciencia humana” (KARDEC, 1971:118).
Esse texto é parte integrante da dissertação de Mestrado em Educação
Sociocomunitária onde, a mesma buscará entre as práticas educacionais da Pedagogia
Espírita Kardecista o intuito transformador ao qual se apresenta em sua particularidade na
formação e atuação de seus educadores frente a seus educandos, realizando uma interface
com a Pedagogia Social.
A educação é um fenômeno notório que engloba os processos de ensinar e
aprender, já a Pedagogia busca nos métodos assegurar a adaptação mútua do conteúdo
informativo aos indivíduos que se deseja formar nesse sentido, antes de elevarmos os
conceitos a Educação e a Pedagogia Espírita retornaremos as suas origens, não as de
Allan Kardec o titular codificador da Doutrina Espírita, mas sim as origens de Hippolyte Léon
Denizard Rivail.
Denizard Rivail um jovem dedicado aos estudos que tão logo foi influenciado em
direção iluminismo, justamente por ser aluno de um dos colégios de Pestalozzi, assim
podemos dizer que em base metodológica, Denizard herdou em sua formação acadêmica,
os pensamentos de Sócrates e Platão, Comenius e Rousseau, por meio de Pestalozzi. Por
12 Mestrando em Educação Sociocomunitária pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL, u.e.
de Americana, São Paulo. Possui graduação em Psicologia com ênfase em Psicologia Social pela mesma
instituição. 13 Doutor em Educação pela PUC/SP (2011). Mestrado em Educação pela Puc-Campinas (2002). Especialista
em Filosofia para crianças e jovens pela PUCSP (1997). Graduação em Filosofia pela Puc-Campinas (1990).
Atualmente é professor do Programa de Mestrado em Educação do UNISAL - Centro Universitário Salesiano
de São Paulo no Campus de Maria Auxiliadora /Americana e do Curso de Especialização em Pedagogia Social
no Campus São José/Campinas.
tais influências Denizard já assumiu uma posição de educador, pois antes de se graduar,
auxiliava indivíduos que apresentavam dificuldades no ambiente escolar. Em curso ao
graduar-se em ciências e letras tornou-se professor e lutou por um ensino gratuito e, fez
parte de estudos para desenvolver uma nova forma de educar os indivíduos.
Por Pestalozzi uma herança filosófica foi fortemente enraizada em seus métodos e
práticas pedagógicas, as quais Denizard esteve exposto durante sua formação acadêmica.
Contudo cabe destacar que Pestalozzi por sua espiritualidade, advinda da formação fez
com que o mesmo direciona-se um olhar diferenciado para os processos de educação,
observando os princípios da natureza14 humana. Tal teoria despertou o interesse de outros
educadores bem com do seu próprio discípulo Denizard Rivail que fez uso das mesmas
técnicas enquanto professor.
A educação para Pestalozzi e como: “um processo natural, ancorado na liberdade, bonde e personalidade, ou seja, (...) a educação verdadeira e natural conduz à perfeição, à plenitude das capacidades humanas” (PESTALOZZI, Apud ZANATTA, 2005, p. 169).
Em curso Denizard Rivail foi agraciado pela espiritualidade e, no ano de 1855 após
seu primeiro contato com os fenômenos paranormais, um espírito que se denominava
‘familiar’, revelou a Denizard Rivail que o conhecia, mas de outra vida assim, ao se
aproximar desse espírito Denizard Rivail passou receber instruções e, por inúmeras
psicografias ele inicia a codificação de uma obra designada ao mundo. A Denizard Rivail foi
revelada sua identidade de uma vida passada ao qual fez uso do nome de ‘Allan Kardec’
assim, ele assume o mesmo pseudônimo para disseminar a Doutrina Espírita (DOYLE,
1960).
Allan Kardec publicou o que havia recebido de instrução e, submetendo-a as inteligências comunicantes, foi-lhe dito que os ensinamentos lhe haviam sido dados expressamente para transmiti-los ao mundo que uma missão que lhe fora confiada pela Providência. E lhe disseram que denominasse a obra “O livro dos Espíritos” (IBIDEM, 1960, p.271).
Allan Kardec fundou a primeira sociedade Parisiense de Estudos Espíritas que,
sobreveio a estruturar a Doutrina Espírita por meio dos conhecimentos científicos,
filosóficos, éticos e religiosos, baseando-se em uma investigação voltada à experiência, de
modo a constituir um método que não privilegiasse somente a dimensão espiritual, mas sim
ao cerne dos indivíduos (DOYLE, 1960).
Passou a conceituar os indivíduos em três estados o natural, social e moral, pontos chaves e fundamental para
que visse a desenvolver a Pedagogia do Amor (ZANATTA, 2005).
“Kardec foi um dos pioneiros a propor uma investigação científica, racional e baseada em fatos observáveis, das experiências espirituais. Desenvolveu todo um programa de investigação dessas experiências, ao qual deu o nome de Espiritismo” (IBIDEM, 1960, p.298).
Allan Kardec apresentou a sociedade a Doutrina Espírita sendo essa
evolucionista e reencarnatória, abarcando o conceito de cosmovisão15 que,
elucidava a possibilidade do aperfeiçoamento moral ao longo de várias vidas, ou
seja, uma possível reencarnação. Nesse sentido, uma vida não seria suficiente para
que os indivíduos pudessem educar-se e despertar a consciência para a sabedoria
do espírito (DOYLE, 1960).
Com todas as recriminações16, a missão de Allan Kardec em promulgar a Doutrina
Espírita foi bem sucedida, pois essa ao cruzar o oceano em direção a América do Sul, em
especifico Brasil, conquistou seguidores como: Adolfo Bezerra de Menezes, Francisco
Candido da Silva Xavier, Monteiro Lobato, Eurípedes Barsunulfo, Corina Novelino,
Herculano Pires, Inácio Ferreira, Maria Modesto, Divaldo Franco entre outros, buscaram
elevá-la ao nível de educação, porém não só a uma educação catequista e doutrinária, mas
sim uma educação para um projeto cultural e pedagógico e social, nas bases da ciência,
filosofia e religião (DOYLE, 1960).
A luz de Eurípedes Barsunulfo discorreremos sobre um modelo de educação não
usual no mundo acadêmico, com práxis direcionada a indivíduos de várias idades, com o
intuito de transformar os indivíduos, elevando seu lado espiritual, moral e social, refiro-me a
Educação e Pedagogia Espírita (OLIVEIRA, 2008).
1.1 Da Educação para a Pedagogia
O nome de Eurípedes Barsunulfo surge, segundo a história do espiritismo, como o
percussor da Pedagogia Espirita no Brasil esse, no ano de 1907 veio a instituir o primeiro
Colégio de Allan Kardec17 ao qual já mantinha atividades desde 190218, porém com outro
Promulgada no século IV e V, d.C. por Pelágio Foi um monge britânico, ascético e acusado de herege. Perseguido pela Igreja de Roma após ensinar ideias consideradas heréticas pelos líderes deste, como sua negação mais tarde chamado “dogma do pecado original”, escreveu dois perderam obras longa, "FromNature" e "De livre vontade", que voltou a defender a sua concepção da natureza do pecado. Maiores informações sobre a história do Espiritismo podem ser encontradas no livro de Arthur Conan Doyle intitulado “A História do Espiritismo”. 17“A escola era particular, gratuita e sem fins lucrativos. Iniciou suas atividades com umas 80 crianças de ambos os sexos e pretendia contribuir na valorização da infância, despertar o sentimento do bem e a vontade de conhecer. Desde o início, Eurípedes compreendia que o problema educacional ia além do mero aprender a ler, contar e escrever. Distanciava-se também das ideias coercitivas que vigoravam na educação e procurou substituir práticas pedagógicas tradicionais por um ensino cooperativo, adotando métodos que incentivavam a ação, a liberdade, a investigação. A experiência do colégio Allan Kardec tinha a intenção de negar a escola livresca, autoritária e distante da realidade. Ao contrário, pretendia criar uma nova forma de lidar com os alunos considerando seus
nome. Ao conduzir as atividades do Colégio Allan Kardec apresentou uma proposta
pedagogia com aspectos diferentes19 dos colégios tradicionais da época, entre elas estão: a
não distinção de gêneros em sala de aula; a inserção dos educandos dentro da grade
curricular, por ano / série de forma simultânea; os métodos de avaliação dos educandos
sem provas escritas; relação mútua entre educadores e educandos (NOVELINO, 1987).
Assim a luz de Pestalozzi, por Eurípedes os educandos do Colégio Allan Kardec,
possuíam livre-arbítrio para pensar, agir e executar as atividades educacionais propostas,
por elas o método maiêutico20 auxiliava no despertar da crítica para renovar a forma pensar.
Eurípedes acreditava que essa era uma forma de alcançar a compreensão das diferenças e
posições sociais. A forma de educar advinda do pensar de Eurípedes proporcionava aos
educandos ampliarem seu nível intelectual, tanto que “demostravam-se brilhantes na
formação recebida, especialmente na maneira fluente e elegante com que se expressavam
em cartas e outros tipos de comunicação” (NOVELINO, 1987p.113).
O colégio Allan Kardec passou por um processo de modificação metodológica, após
o falecimento de Eurípedes no ano de 1918.Porém seu discípulo e antecessor Tomás
Novelino21, para além dos muros de Sacramento foi motivado por preconceitos ao
espiritismo, fundou um educandário e passou a abrigar estudantes sendo esses espíritas,
ou não.
Das raízes filosóficas as quais Pestalozzi apresentava, ainda nos ideais de Allan
Kardec e Eurípedes, Tomás elava o estandarte da tolerância frente às diferenças e surge o
Educandário Pestalozzi22 (INCONTRI, 2001).
interesses, necessidades, vivencias, promovendo a educação intelectual, física e moral” (BIGUETO, 2006, p.152). 18 O Colégio Allan Kardec, criado com o nome Liceu Sacramento em 1902, foi uma instituição de
ensino na cidade de Sacramento, Minas Gerais, considerada a primeira instituição de ensino com fundamentos da pedagogia espírita. Forneceu uma primorosa educação gratuita para milhares de pessoas pobres e órfãs. Ainda é tido como exemplo de educação diferenciada e atualmente funciona como um museu, memorial à Eurípedes e centro espírita.
19 Eurípedes em seu cerne acreditava fielmente na união entre os indivíduos e, por esta alcançar o respeito entre ambos, invalidando os tabus das diferenças. Sua perspectiva educativa valorizava os indivíduos bem como a instrução integral, por meio do processo ativo da vivência e experiência, crendo em um movimento dos educandos em direção ao cerne da conquista moral e intelectual. Como todo bom discípulo há um bom mestre, Eurípedes era o próprio exemplo em suas práxis educativas, além de frisar a união entre os indivíduos ele direcionava amor, afeto e amizade na relação, educadores e educandos dentro do colégio (NOVELINO, 1987).
20 Método socrático que consiste na multiplicação de perguntas, induzindo o interlocutor na descoberta de suas próprias verdades e na conceituação geral de um objeto.
21 Órfão de pai e mãe, Novelino foi internado junto com os irmãos e irmãs no asilo Anália Franco em São Paulo (1908). Também foi aluno de Eurípedes, no Colégio Allan Kardec, em Sacramento
22 O educandário Pestalozzi, excepcionalmente peregrinou em passos estreitos quanto à inovação dos métodos pedagógicos, mas por outro lado proporcionou subsídios para projetos educacionais e culturais aos quais, Maria Aparecida esposa de Tomás administrava. O educandário por Tomás se assemelhava tanto nos moldes do instituto Pestalozzi de Yverdon, quanto na aparência, suas atividades promoviam atividades destinadas à primeira infância bem como, aulas de evangelização ao fulgor do espiritismo. Se na época ele já era considerado uma referência para a educação infantil, atualmente é uma respeitada instituição, a Faculdade de Educação, Ciências e Tecnologia.
Tomás comprometido a fazer a diferença apresentou o projeto inicial ao qual o:
“Educandário atuaria por ser livre e fazer homens e mulheres livres, criaturas ciosas de sua liberdade, amantes do bem, do trabalho, da atividade, da evolução, e não seres modorrentos que muito embora consigam às vezes grande cultura, a traga simplesmente acumulada na memória. (…) O educandário porfiará por lapidar em seus alunos intelecto e coração, aprimorando lhes razão e sentimento”. (EDUCANDÁRIO PESTALOZZI, 1943. APUD INCONTRI, 2001, p.238).
Embora o Educandário de Pestalozzi, da cidade de Franca-SP, ao qual já referido
acima, ter promovido o primeiro curso de Pedagogia Espírita, sendo que as iniciativas não
partiram dele, mas sim, do instituto Lins de Vasconcelos que iniciou seus estudos ao
processo de educação para uma Pedagogia Espírita. Após unir todos os elementos
necessários vindo a fundamentá-la, a proposta da Pedagogia Espírita foi apresentada a
Secretaria de Educação do estado do Paraná, que ora mais tarde foi aceita. A partir de
então a Pedagogia Espírita passou a ser divulgada em algumas capitais brasileira, aonde
eram realizados simpósios e congressos, com objetivo de esclarecer e promover seus
métodos (CARNEIRO. V. R., 1996).
Porém, contudo, o não entendimento da verdadeira proposta da Pedagogia Espírita,
foi a deixando de certa forma restrita a própria comunidade espírita, em hipótese justamente
por titular-se como tal. Tão logo, para que a Pedagogia Espírita pudesse provar seus
métodos com sua visão de educação, as escolas teriam que apresentar certa flexibilidade
na questão religiosa, ou seja, serem laicas. Nos anos 50 e 60 em meio ao movimento da
Pedagogia Espírita surge Herculano Pires23 motivado em defesa da laicidade no ambiente
escolar bem como, da escola pública e, liberdade ensino, porém com o objetivo de tirar os
direitos das escolas privadas e confessionais (INCONTRI, 2001).
Para elucidar todo o movimento em direção a Pedagogia Espírita, voltamos a Allan
Kardec que, antes do contato com a espiritualidade foi pedagogo, ou melhor, ao que se
pode observar em sua trajetória na codificação da Doutrina Espírita, nunca deixou de ser.
Ao analisar o contexto histórico da proposta de Allan Kardec ao entendimento da Doutrina
Espirita, é possível perceber que em sua essência essa apresenta é claro uma
espiritualidade, que de certa forma não deixa de ser religiosa, porém em direção a um novo
projeto cultural e pedagógico, frente à nova realidade social. Neste sentido percebe-se que
Dados históricos apontam o Educandário Pestalozzi como sendo o primeiro em promover o curso de Pedagogia Espirita22 (CARNEIRO. V. R., 1996).
23Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1957), jornalista de profissão, foi também
poeta, romancista, sindicalista e professor universitário, tendo lecionado Filosofia da Educação na
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araraquara (1959-1962), uma das instituições de
educação superior que deram origem à Faculdade de Ciências e Letras, campo da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) nessa cidade do interior do estado.
a Pedagogia Espírita é muito mais do que os olhos possam ver, por titular-se ‘espírita’
(INCONTRI, 2001).
A Pedagogia Espírita, não possui em seu cerne a doutrinação e a evangelização,
não pensa na educação apenas como uma arte de socializar, traz em sua essência uma
proposta de renovação educacional usando a leitura do espiritismo como educação,
levando os indivíduos, não apenas para o cultivo de subsídios intelectuais, mas sim ao
contato com a espiritualidade de modo que este encontre seus próprios valores
humanísticos, rompendo os empecilhos da subjetividade humana, transformando-se em
seres por inteiro, ou seja, integrais (AMUI, 2007).
Ao pensar no contexto apresentado a Doutrina Espírita é recente, bem como a
promulgação da Pedagogia Espírita ao pensar em seu campo de atuação, a mesma fica
restrita a própria comunidade espírita que abriga em suas casas assistenciais assistidos e
trabalhadores / voluntários em seu ambiente tendo outras bases religiosas. Deste modo
instala-se a problemática no curso da presente pesquisa no sentido de que, esses
indivíduos vindo de outras religiões ao adentrar em uma casa espírita e desenvolver o papel
de educador, absorvem e aplica de fato as raízes históricas da proposta de Allan Kardec em
direção a Educação e Pedagogia Espírita e em suas práticas educacionais e sociais?
Neste sentido o objetivo desse estudo é observar dentro do contexto histórico da
Pedagogia Espírita, a evolução dos indivíduos e o papel que ela exerce na vida dos
indivíduos além de identificar junto aos educadores seu nível de esclarecimento sobre a
proposta da mesma para as práticas pedagógicas, fazendo uma interface com a Pedagogia
Social, propósito e práticas.
Justificando o curso da presente pesquisa, ao me dispor sobre tal temática, fui
surpreendido ao ter conhecimento de que Allan Kardec doutrinador / codificador da Doutrina
Espírita, foi educador e construiu suas bases para tal nas raízes epistemológicas da
filosofia. A partir de então tudo começou a fazer sentido, ao ler sobre a Doutrina Espírita e
entender sua trajetória assim, que o espiritismo prega em direção do melhoramento
espiritual, moral e social dos indivíduos, me vêem em mente, as práticas de Pestalozzi para
uma educação como “um processo natural, ancorado na liberdade, bonde e personalidade,
ou seja, (...) a educação verdadeira e natural conduz à perfeição, à plenitude das
capacidades humanas” (PESTALOZZI, Apud AMUI, 2007, p. 169).
Para os processos educativos existe uma responsabilidade, seja para aquele que
educa, bem como para aquele que se dispõe ao educar, sendo assim, a responsabilidade é
mútua. Por esse pensar surgiu a motivação em discorrer sobre essa temática da Pedagogia
Espírita, a qual em seu método atribui a responsabilidade para ambas as posições
educador e educando na obtenção da liberdade e a evolução do pensar. Todo o caminho
trilhado em sua prática nos leva em direção a sociedade, para que venhamos atribuir um
olhar humano e fraterno nas relações sociais, por este ensejo, se faz relevante realizar uma
interfase com a Pedagogia Social.
A curso metodológico a presente pesquisa trilhará em uma linha histórica e filosófica,
advindos da própria literatura da Pedagogia Espirita, bem como do campo ao qual será
realizada a pesquisa. As informações complementares para abarcar a interface entre a
Pedagogia Social serão advindas dos educadores, educandos e trabalhadores /voluntários,
por meio da gravação de áudio, proporcionando o relato de suas práticas. O local escolhido
para desenvolver a pesquisa é uma instituição espírita sem fins lucrativos denominada Casa
Alvorada Cristã, localizada no município de Cosmópolis –SP. Espera-se dos resultados a
serem alcançados, confirmar a perpetuação das raízes filosóficas da Pedagogia Espírita e,
sua proposta educacional bem como, verificar a existência de pontos similares de sua
prática junto a Pedagogia Social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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________________Pelos Caminhos do Entendimento do Espírito. Sacramento-MG:
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Educação Sociocomunitária diálogos com a Ética Hacker para o
desenvolvimento do protagonismo e da autonomia.
Palavras-chave: Ética Hacker; Educação Sociocomunitária; Valores morais.
Apresentação: Pôster
Autor: Karlan Ricomini Alves24
Co-autor: Renato Kraide Soffner25
Toda educação envolve ética, no sentido de desenvolver valores morais nos educandos. É
necessário pensar na educação numa perspectiva para desenvolver indivíduos com um
novo pensar e que possibilite a construção de uma nova sociedade, assim a ação ética tem
o compromisso de formar uma realidade mais justa e equitativa (JOHANN, 2009). Neste
cenário globalizado das comunicações, no meio de tantas ferramentas sociais de trocas de
informações, de perspectivas, de pensamento e realidades, vemos que trabalhar no jovem
um protagonismo e autonomia através da ética é fundamental para construir essa nova
realidade.
Neste trabalho temos o objetivo de discutir as aproximações da concepção educacional
sociocomunitária com a ética hacker apresentada por Himanen, 2001, também utilizando
dos encontros do projeto social Jovem Hacker – Edição Capivari 2015 com base para
reflexão. Esse projeto utilizou dos conceitos da intervenção sociocomunitária para através
de um curso instrumental/treinamento tecnológico alcançar os jovens para desenvolver a
ética hacker, assim fomentando o protagonismo juvenil e a autonomia dos jovens.
Este trabalho justifica-se devido a necessidade de refletir sobre a ética que desenvolvemos
no dia a dia perante os educandos, dedicando especial atenção aos locais educacionais
que intimamente utilizam da concepção educacional sociocomunitária.
Num primeiro momento a pesquisar objetiva, através da revisão bibliográfica, analisar as
possíveis aproximações da educação sociocomunitária com a ética hacker para auxiliar os
jovens no desenvolvimento do protagonismo e da autonomia. Também iremos utilizar da
pesquisa participante que é, definida por Demo (1984), sempre dinâmica, polarizada e
produtiva no relacionamento entre pesquisador/comunidade e a realidade circundante.
Tendo em suas finalidades práticas e sociais, um meio de conhecer questões sociais
trabalhadas de forma participativa (BRANDÃO, BORGES, 2007). Nesta forma de pesquisa
os instrumentos pedagógicos e dialógicos possuem uma vocação educativa e formadora
24 Mestrando no Programa de Mestrado em Educação – UNISAL; Professor especialista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus Capivari; e-mail: [email protected]. 25 Professor Doutor e Coordenador do Programa de Mestrado em Educação – UNISAL; e-mail: [email protected].
política, além de propiciar um ambiente de aprendizado partilhado (BRANDÃO, BORGES,
2007).
Para a coleta dos dados utilizamos como instrumento a observação direta que gera uma
rica oportunidade sobre os comportamentos e condições ambientais, além de possibilitar o
registro por fotografia, áudio ou mesmo vídeo do ambiente estudado, e que através desses
recursos possibilita o registro dos momentos relevantes para a pesquisa (NETO;
BARBOSA; CENDON, 2006).
Para a definição de ética utilizamos dos PCNs em seu sentido pragmático sobre o tema,
onde apresenta que “as pessoas não nascem boas ou ruins; e a sociedade, quer queira,
quer não, que educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de
comunicação e o convívio com outras pessoas tenham influência marcante no
comportamento da criança” (BRASIL, 1997, p. 51).
Toda atitude ética inclui a necessidade de escolher entre vários atos possíveis. Esta escolha deve basear-se, por sua vez, em uma preferência. Escolhemos tomar tal atitude porque ela se apresenta como mais digna, mais elevada moralmente, ou mais valiosa (MONTEIRO, SANTO, BONACINA, 2005).
Assim delimitamos o que concebemos por ética para este trabalho, uma construção pessoal
relacionada as experiências e contextos sociais de cada indivíduo e disso surge em prática
os valores morais que os indivíduos expressam no decorrer de sua vida. Assim podemos
começar a direcionar a ética hacker ligada a valores morais, que Himanen (2001), através
de um estudo a estruturada, tendo a pretensão de ser interpretada e propiciar valores
morais para a sociedade como um todo tanto no mundo virtual quanto no mundo físico.
Para sintetizar o pensamento de Himanen (2001) iremos utilizar a ilustração 1 para
demonstrar os sete pilares da ética hacker e sua divisão dentro da obra do autor.
Ilustração 1 – Pilares da Ética Hacker.
Fonte: Adaptação de Himanen (2001).
Para Himanen, 2001, o trabalho deve ser desenvolvido com paixão e liberdade. Paixão em
realizar coisas significativas e liberdade para definir quando e onde realizá-las, e, não
menos importante, quando parar de realizá-las. Toda a obra de um hacker deve ser aberta
e produzir algum tipo de valor social, não pretendendo apenas realizações financeiras, o
bem causado a sociedade, por uma realização hacker, deve ser o foco de seus esforços. A
atividade tira do hacker a passividade diante da vida e da sociedade, trazendo em si uma
autoria e protagonismo natural. Todo o hacker se preocupa com o outro, e tenta através de
suas ações cuidar e respeitar ao próximo. E, por fim, o hacker deve alcançar a criatividade
perante sua vida e a sociedade.
Neste momento trazemos a contribuição de Lima (2012, p. 124):
Acredita-se que uma educação sociocomunitária seja uma proposta de criação coletiva, local, inusitada, um ensaio, potencializando-se espetáculos tão criativos quanto possam tornar-se os seus atores, autores, protagonistas que se atualizam em cada nova cena, em cada novo cenário, frente a novos enredos e dramas.
Tanto na ética hacker quanto na educação sociocomunitária existe uma perspectiva de
criação coletiva, pois pretende reconhecer as diversidades humanas e permear os diversos
conhecimentos dos sujeitos para a construção significativa de conhecimentos, tanto
instrumentais/técnicos quanto de formação/humano. Indo além, unindo ética e educação,
permitir reflexões do sujeito sobre si e do que nele afeta considerando os contextos que ele
transita, indo do micro ao macro, da comunidade a sociedade, sem omitir as tensões que tal
prática gera.
Ilustração 2 – Pintura do espaço Jovem Hacker.
Fonte: Fonte própria, 2015.
Aprender atraves da transformação e uma característica do Projeto Jovem
Hacker – Edição Capivari/SP 2015. Assim tivemos um requisição dos jovens para
pintar o espaço onde era realizado nossos encontros, como visualiza-se na
ilustração 2. Esta atividade foi idealizada e planejada pelos jovens, sendo que aos
mediadores do projeto só restou a responsabilidade de conseguir os recursos
necessários e a permissão de pintar o espaço. Durante todo o processo vimos
compromisso individual e coletivo, busca por conhecimento de pintura, discussão
entre grupos de como resolver determinados problemas que surgiram durante o
processo, parcerias na execução de tarefas, brincadeiras e por fim uma sala pintada
e com a marca dos jovens hacker.
Nesta perspectiva a educação sociocomunitária em conjunto com a etica hacker
possibilitou aos jovens um protagonismo em assumir a transformação de nosso
espaço, a postura ativa do hacker em comunhão com esta concepção educacional
permite a construção coletiva e isso carrega em si o protagonismo juvenil tão
necessário para a criação de uma comunidade/sociedade melhor. Alem de
posicionar o jovem perante de desafios e problemas, que ajudam a desenvolver sua
autonomia. Assim, percebemos que tambem há, um grande diálogo, da concepção
educacional sociocomunitária com a etica hacker para desenvolver a autonomia dos
jovens, pois apresenta a atividade hacker e tira o jovem da passividade, isso em
ambiente educacional, mas que depois de desenvolvido e interiorizado pode ser
levado para o seu dia a dia.
Referencias Bibliográficas
BISSOTO, Maria Luisa (ORG). MIRANDA, Antonio Carlos (ORG). Educação
Sociocomunitária: tecendo saberes. LIMA, Norma Silvia Trindade. Educação
Sociocomunitária e Psicodrama: A diferença como mote. Campinas-SP: Alínea, 2012. cap.
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Beatriz Valadares. A CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE PESQUISA QUALITATIVA
COM VISTAS À APREENSÃO DA REALIDADE ORGANIZACIONAL BRASILEIRA: estudos
de casos múltiplos para proposição de modelagem conceitual integrativa. Informação &
Sociedade: Estudos. João Pessoa, v.16, n.2, jul./dez. 2006, p.63-78.
Educação para a Ciência e a Tecnologia como Processos de Autonomia do
Sujeito na Sociedade da Informação
PALAVRAS-CHAVE: projeto pedagógico; emancipação; autonomia do sujeito;
Apresentação: Pôster
Autor: Jessica Aparecida Paulino Freitas26
Co-autor: Renato Kraide Soffner27; Cristiano de Jesus28.
Este trabalho, tem como proposta um estudo sobre a emancipação da educação
tecnológica, a fim de gerar fundamento a consciência crítico-dialética dos alunos,
buscando analisar se o Projeto Pedagógico dos cursos de Bacharel em Sistemas de
Informação e Bacharel em Engenharia de Produção, do Centro Universitário
Salesiano de São Paulo, campus Dom Bosco em Americana/SP, é incorporado em
sala de aula, tanto pelo professor quanto pelo aluno. Sendo assim, se faz
necessário analisar se o educador, em sua aula, consegue ensinar não apenas o
uso de uma ferramenta, mas seu conceito, fazendo com que o educando não fique
restrito a uma técnica, mas sim, para que saiba resolver seus conflitos sem precisar
necessariamente do uso de ferramentas, e também, analisar se o educando
consegue abstrair esta proposta de autonomia, sabendo improvisar e solucionar
problemas através de seu conhecimento com uma perspectiva holística e não
apenas com aspectos técnicos.
A metodologia de pesquisa aplicada é de natureza qualitativa e será executada
através do procedimento de Pesquisa Observação Participante, da qual visa
acompanhar os alunos em sala de aula, no decorrer do segundo semestre de 2016,
para análise referente ao objetivo da pesquisa.
Após a análise da pesquisa, será analisado se haverá necessidade de uma releitura
do Projeto Pedagógico do Curso e formação para os professores que lecionam
26 Bacharela em Sistemas de Informação e mestranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected] 27 Professor Doutor e Coordenador do Programa de Mestrado em Educação – UNISAL; e-mail: [email protected]. 28 Bacharel em Análise de Sistemas e Filosofia; Mestre e Doutor em Engenharia de Produção. E-mail: [email protected]
nestes. Espera-se também contribuir assim para com os alunos, com a reflexão a
respeito de sua atuação e prática profissional.
Pois, se o sujeito não tem autonomia e desconhece a razão tecnológica para o seu
processo de emancipação, ele deixa de ser sujeito e passa a sujeitar-se a
tecnologia.
REFERÊNCIAS
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Dimensional Man, de Herbert Marcuse. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Mestrado em Filosofia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,
2010.
JESUS, Cristiano de. A Teoria Crítica como Metodologia de Ensino e
Aprendizagem na Educação Tecnológica. In: VIII Congresso Internacional de
Teoria Crítica: Desafios na Era Digital, 2012, Araraquara. Congresso Internacional
de Teoria Crítica, 2012. p. 117-127.
JESUS, Cristiano de. Tecnologia e Sociedade: Reflexões a partir de Herbert
Marcuse. São Paulo: Lp-books, 2013
MARCUSE, Herbert. O homem unidimensional: estudos da ideologia da
sociedade industrial avançada. São Paulo: EDIPRO, 2015. 248 p. Tradução de
Robespierre de Oliveira, Deborah Christina Antunes e Rafael Cordeiro Silva.
MARCUSE, Herbert. Tecnologia, Guerra e Fascismo: Coletânea de Artigos de
Herbert Marcuse. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1999. 371 p. Editado por
Douglas Kellner.
WIGGERSHAUS, Rolf. A Escola de Frankfurt: História, desenvolvimento teórico,
significação política. Rio de Janeiro: Difel, 2002. 742 p.
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO CENTRO PAULA SOUZA E EDUCAÇÃO
POPULAR – (IM)POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO
Apresentação: Pôster
Autor: Altair de Oliveira Galvão29
Co-autor: Valéria Oliveira de Vasconcelos30
Políticas públicas são as ações desenvolvidas pelo poder público com a finalidade
de efetivar os princípios estabelecidos no texto constitucional e em leis que a ele se
seguiram. No caso do Brasil, os direcionadores da política educacional estão
formulados em várias fontes legais, para este estudo pretende-se utilizar como
aporte as fontes legais que regulamentam a Educação Profissional no Centro de
Educação Profissional Paula Souza, além do aporte da Educação Popular.
Buscaremos discutir como vem se configurando a educação profissional no Centro
Paula Souza, quais suas fragilidades, quais suas principais potencialidades e como
a Educação Popular pode dialogar com a Educação Profissional de forma a
contribuir para uma educação profissional mais humanizada. Nesta ótica
objetivamos identificar convergências e/ou divergências que permitam uma atuação
conjunta entre a educação profissional e Educação Popular, apoiados em Freire
(1970), entre outros.
A metodologia para o desenvolvimento desta investigação será o estudo de caso e
se pautará em pesquisas bibliográficas, seguidas de pesquisa exploratória e
pesquisa de campo quantitativa/qualitativa. Segundo Martins e Lintz (2000) o estudo
de caso é uma técnica de pesquisa que tem como objetivo o estudo de uma unidade
sobre a qual se realiza uma análise profunda, partindo da unidade como forma de
compreender a totalidade. Já a pesquisa exploratória é definida por Gil, (2007, p.
41) como: “pesquisa que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”.
29 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de
São Paulo (UNISAL. E-mail: [email protected] 30 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São
Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]
Partimos neste estudo do pressuposto de que, com a redemocratização do país, a
educação adquiriu novos valores, tornando-se um direito universal dos brasileiros:
direito de todos e dever do Estado e da Família.
Desde a última década do século passado, observa-se que o caminho é de mão
dupla: não só a educação promove a economia, mas também a economia de
mercado promove a busca pela educação; não só a educação pode gerar capital
humano que possibilite aperfeiçoamento do mercado, como o mercado pode
promover a busca pelo aprimoramento, isto é, a busca dos meios e das condições
de sustentação pelo acesso ao conhecimento. O mercado agora possui uma
necessidade imediata de aproximação com o meio científico; as recentes mudanças
ocorridas no mercado produtivo apontam para uma nova relação entre a escola e o
trabalho, entre o conhecimento e o mercado.
Como observa Kuenzer (2000), agora as ações dos sujeitos precisam articular o
conhecimento científico, a capacidade cognitiva e a habilidade para intervenções
críticas diante de situações inesperadas, que exijam soluções rápidas, originais e
fundamentadas. Entretanto, há outros contornos no mundo do trabalho, bem como
outras demandas sociais. Como a escola se situa, epistemologicamente, nesse
novo cenário? O que as políticas públicas que regem o ensino profissional no
Estado de São Paulo propõem para tanto? Como situar o ensino profissional frente
a um novo perfil esperado do aluno e às demandas da comunidade?
Em uma sociedade que se caracteriza por conflitos e interesses de classe, como a
brasileira, as políticas públicas são o resultado do embate de forças, que resultam
em leis, normas, métodos e conteúdos, resultantes da interação de agentes de
pressão que disputam o Estado. Nessa ótica, a modernidade é assim, uma questão
de conflito de interesses sociais. Um deles é a contínua democratização da
existência social das pessoas. Nesse sentido, todo conceito de modernidade é
necessariamente ambíguo e contraditório conforme aponta Quijano, (2005).
Larrosa Bondía (2002, p.71), contrapondo-se à questão dos conflitos de interesses
sociais, nos sugere que exploremos juntos outra possibilidade, “mais existencial
(sem ser existencialista) e mais estética (sem ser esteticista), a saber, pensar a
educação a partir do par experiencia/sentido”. Nesta mesma concepção, o autor
afirma, que para algo nos aconteça é preciso querer parar, romper com este modelo
que se enraizou em nossa sociedade.
[...] requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar;
parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. LARROSA (2002, p.24).
São muitos os esforços no sentido de forçar os sistemas públicos de educação
regular a ajustarem-se frente às mudanças no mundo atual, entretanto, acreditamos
que um dos caminhos para uma educação profissional mais humanizada está no
que nos sugere Delors e buscaremos evidenciar neste estudo.
"[...] é no seio dos sistemas educativos que se forjam as competências e aptidões que farão com que cada um possa continuar a aprender. Longe de se oporem, a educação formal e informal deve fecundar-se mutuamente. Por isso, é necessário que os sistemas educativos se adaptem a estas novas exigências: trata-se, antes de qualquer coisa, de repensar e ligar entre si as diferentes sequências educativas, de ordená-las de maneira diferente, de organizar as transições e de diversificar os percursos educativos. (DELORS, 1998, p. 121)
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC, UNESCO, 1998. FREIRE, Paulo. (1970). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007. KUENZER, A Z. O Ensino Médio agora é para a vida: entre o pretendido, o dito e o feito. Educação & Sociedade, n. 70, abr. 2000. LARROSA-BONDÍA, Jorge. (2002). Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: Revista Brasileira de Educação, n.19, pp. 20-28, jan./abr. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pdf QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). (2005). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro. p.227-278.
Educação Popular e Saúde: possibilidades para a formação técnica em
Enfermagem
Palavras chaves: Educação Popular e Saúde; Formação técnica em Enfermagem;
Enfermagem; Processos Educativos.
Apresentação: Pôster
Autor: Tânia Maria Salgado Tozi31
Co-autor: Valéria Oliveira Vasconcelos32
A enfermagem é considerada uma das mais antigas profissões, podemos dizer que
existe desde o surgimento da humanidade. Antigamente era representada pela
figura masculina, em que os sacerdotes da igreja católica realizavam o papel de
mediadores e intérpretes entre Deus e os homens, pois a humanidade acreditava
que as doenças eram um mal divino. Utilizavam-se de água de fontes,
medicamentos preparados com ervas e plantas, dietas, banhos entre outras para
ajudar na purificação desses indivíduos que buscavam os templos. Essas práticas
permaneceram por muitos séculos, os sacerdotes eram considerados os médicos,
enfermeiros e farmacêuticos da época (GEOVANINI, et al., 2010).
Com o passar dos anos e a evolução da ciência o exercício da enfermagem
começou a reformular-se e passou a ser compreendida também como profissão.
Inicialmente esteve por um período submetida à classe médica porém, com o
crescimento acelerado do número de profissionais, surgiu a necessidade de
regulamentar o exercício profissional, e a área passou a ter seu próprio órgão
regulamentador para fiscalização e normatização (OGUISSO, 2001; GEOVANINI et
al., 2010). A partir do decreto n°50.387/61, ocorreu também a classificação das
categorias da enfermagem (enfermeiros, enfermeiros com especialização em
obstetrícia, auxiliares em enfermagem) e suas respectivas funções (BRASIL, 1967).
A enfermagem, em seu histórico inicial, tinha suas atividades voltadas somente ao
modelo assistencialista: o objetivo era cuidar das doenças e dos transtornos
31 Discente, Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL. Grupo de pesquisa: conhecimento e análise das intervenções na práxis educativa Sociocomunitária - CAIPE; Email: [email protected]. 32 Docente, Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL. Grupo de pesquisa: conhecimento e análise das intervenções na práxis educativa Sociocomunitária - CAIPE – Email: [email protected]
corporais dos pacientes. Com o decorrer da história e a reforma das resoluções que
regulamentaram a profissão, a enfermagem deixou de atuar somente no âmbito
hospitalar e passou a atuar em vários segmentos da sociedade, tendo grande
influência nas atividades educativas. Faz parte do papel educativo do enfermeiro
contribuir para a transformação da sociedade, deixando de exercer somente um
papel assistencialista e ser promotor da saúde. (GASTALDI; HAYASHI, 2002).
Sendo assim a Educação Popular e Saúde vem fortalecer esse papel do enfermeiro
em atuar em outros segmentos e não somente em ambiente hospitalar, pois
segundo Vasconcelos (2003) a educação em saúde “e o campo de prática e
conhecimento do setor saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação
de vínculos entre a ação medica e o pensar e fazer cotidiano da população”.
Educação Popular em Saúde é uma forma de diálogo com a comunidade e/ou
grupo, abordando e identificando seus problemas, respeitando classe social, cultura,
etnia entre outros, tendo como apoio as teorias de Paulo Freire em Educação
Popular no Brasil (AMARAL; PONTES; SILVA, 2014).
Desse modo o objetivo da presente pesquisa será entender quais são as
concepções; inquietações; desejos de alunos de um curso técnico sobre sua
possível atuação profissional. A partir do levantamento desses dados, propor
atividades de formação apoiado na Educação Popular e Saúde e avaliar os
resultados dessa formação.
A importância deste trabalho será apontar aos alunos técnicos em enfermagem que
existem outros métodos como a Educação Popular e Saúde que auxilia suas
práticas profissionais desfocando o modelo hospitalocêntrico.
A metodologia se apoiará na abordagem qualitativa e como instrumentos
metodológicos a observação e a pesquisa participante. Vasconcelos afirma que:
A pesquisa em educação popular, a partir das influências fundantes de Paulo Freire, Marx e Malinowski e da Escola de Frankfurt, foi aos poucos se delineando como uma pesquisa qualitativa, com forte conotação da observação participante da antropologia, engajada na transformação política da sociedade na perspectiva dos interesses dos seus grupos sociais subalternos e onde os sujeitos investigados participam conscientemente do processo de produção do conhecimento (VASCONCELOS, 2003, p. 07).
A abordagem qualitativa não está preocupada em quantificar valores (quantidade
numérica) e sim compreender, interpretar, entender formas de pensar e
determinados comportamentos do grupo pesquisado que se encontra inserido em
uma sociedade ou organização (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009).
E a pesquisa participante, segundo Brandão; Borges (2007) é:
um momento de trabalhos de educação popular realizados junto com e a serviço de comunidades, grupos e movimentos sociais, em geral, populares. É do constante diálogo não doutrinário de parte a parte que um consenso sempre dinâmico e modificável deve ir sendo também construído. Uma verdadeira pesquisa participante cria solidariamente, mas nunca impõe partidariamente conhecimentos e valores (BRANDÃO; BORGES, 2007, p.6).
O referencial teórico a ser utilizado coincidirá com a proposta desta pesquisa, entre
eles: Paulo Freire; Carlos Rodrigues Brandão; Maria Waldenez de Oliveira; Telma
Giovanini; a Legislação que regulamenta a profissão em Enfermagem, entre outros.
Espera-se atingir através dessa pesquisa a compreensão dos alunos e futuros
profissionais da saúde sobre novos métodos de atuação em suas atividades
profissionais utilizando a Educação Popular em Saúde como apoio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, M.C.S; PONTES, A. G. V; SILVA, J.V. O ensino de Educação Popular em Saúde para o SUS: experiência de articulação entre graduandos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde. Comunicação Saúde Educação, v. 18, n 2, p. 1547-1558 mar.2014 BRANDÃO, R; BORGES, M.C. A pesquisa participante: um momento da educação popular. Revista de Educação Popular. v. 6, n. 1, 2007. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto- Lei n°299 de 28 de fevereiro de 1967. Reorganiza o Grupo Ocupacional P-1700 do Anexo I da Lei nº 3.780, de 12 de julho de 1960 e dá outras providências. [citado em 23 jul. 2016]. GASTALDI, A. B.; HAYASHI, A. A. M. Enfermeiros e educadores: Um desafio. Terra e Cultura, ano XVIII, 2002. GEOVANINI, T. et al. História da enfermagem: versões e interpretações. 3°ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. SILVEIRA, D. T; CÓRDOVA, F. P. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. VASCONCELOS, E.M. Educação popular e pesquisa-ação como instrumentos de reorientação da prática médica. In: Edna Gusmão de Góes Brennand. (Org.). O labirinto da Educação Popular. 1ed.João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2003, p. 189-208.
ENADE-2012: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DE DESEMPENHO EM CURSOS
DE IES PÚBLICAS E PRIVADAS À ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO.
Palavras-chave: ENADE, ensino superior, análise comparativa, desempenho,
administração.
Apresentação: Pôster
Autor: Dickson Vasconcelos Santos33
Co-autor: Antonio Carlos Miranda
Este trabalho intenciona a realização de uma análise comparativa, acerca da base
de dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), referente
ao ano de 2012 e, disponibilizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), ao qual restringiu-se ao estudo a área de administração,
objetivando-se estimar indicadores que permitam comparar desempenho e
qualidade a este curso, nas mais diversas instituições de ensino superior, sejam
públicas ou privadas, utilizando recursos estatísticos e técnicas conjuntamente
quantitativas e qualitativas de determinação.
O ENADE, ao qual representa um instrumento de aferição de qualidade, pertence
ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), criado por meio
da Lei no.10.861, de 14 de abril de 2004 (BRASIL, 2004). Sendo aplicado a partir de
2004, portanto, com objetivo de avaliar o rendimento dos concluintes dos cursos de
graduação, aborda dimensões como conteúdos programáticos previstos nas
diretrizes curriculares, desenvolvimento de competências e habilidade necessárias
ao aprofundamento da formação geral e profissional, de tal forma que, aliados às
respostas do Questionário do Estudante, constituem insumos fundamentais para o
cálculo dos indicadores de qualidade da educação superior (INEP, 2016).
A escolha pela análise à esta área de administração deveu-se em função da
avaliação prevista ao ENADE, ao qual cada curso deve ser contemplado em período
não superior a três anos, em que estudantes ingressantes ou situação considerada
irregular (junto às avaliações anteriores) foram dispensados de participação. Em
particular, a opção pelo ano de 2012, ocorreu, tendo em vista a não disponibilização
de resultados subsequentes a esta área, até o momento.
33 Mestrando, UNISAL, [email protected]
Dentre as variáveis elencadas pelo ENADE-2012, algumas se fazem relevantes a
esta proposta de pesquisa, como categoria administrativa da IES, organização
acadêmica, região de funcionamento, bem como ao inscrito em tais instituições,
como idade média, semestre de graduação, se este é concluinte/ingressante,
apresenta alguma deficiência, até fatores referentes à presença, desempenho e
critérios socioeconômicos, como presença nas partes objetiva e discursiva, nota
bruta e acertos na parte objetiva da formação geral e componente específico,
estado civil, raça, situação de trabalho, renda, tipo de escola cursada no ensino
médio, horas dedicadas ao estudo, nível de exigência do curso ou mesmo
contribuição do curso à formação.
Como justificativa principal a este trabalho, propõe-se uma investigação e análise
comparativa, ainda a se realizarem, sobre estas principais variáveis, de modo a
facilitar uma maior compreensão e entendimento, permitindo uma discussão sobre
resultados, influências e reflexos a que uma instituição venha a proporcionar ao
discente, tanto no caráter formativo, quanto condições proporcionadas na
apropriação de saberes e competências, específicas e esperadas a um aluno
ingressante ou concluinte a um curso de graduação em administração.
De acordo com FERREIRA (2007), ao identificar-se angústias, abordagens, reflexos
que movem a individualização e realidade acerca de cada profissional, ampliam-se
as condições de sucesso na adoção de tais instrumentos, uma vez que a
apropriação de tais recursos estará alinhada à maneira como desenvolveu tais
habilidades.
Para tanto, como metodologia prevista ao desenvolvimento deste trabalho, ocorrerá
a análise da base de dados do ENADE, possibilitando maior compreensão e
delimitação das principais variáveis determinantes, de modo a permitir uma
avaliação de fatores que sugira conformidade ou não, no que tange a características
que possam influenciar aspectos relevantes como desenvolvimento, interesse
formativo e desempenho cognitivo, a perfis discentes das mais diversas instituições
de ensino, relativos à área especificada, mediante suporte a uma revisão
bibliográfica pertinente e, que venha a proporcionar subsídios a um aprofundamento
de questões relativas a melhorias, sejam de políticas públicas relacionadas aos
rumo esperados à educação superior, quanto a estes perfis e respectivos cursos
oferecidos.
Referenciais bibliográficos adotados e a adotar:
ALMEIDA, M.C.M. Qualidade do ensino superior: análise de uma proposta para melhoria do ensino de graduação. Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1983. ANDRADE, R.M.R. Em busca de um conceito de qualidade de ensino superior. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1994. ANDRADE, D.F., TAVARES, H.R., VALLE, R.C. Teoria da resposta ao item: conceitos e Aplicações. In: 14º SINAPE, 2000, Caxambu. Anais... Caxambu: Associação Brasileira de Estatística, 2000. BOGDAN, R.C. e BIKLEN, S.K. Investigação Qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. BRASIL. Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm>. Acesso em 13/09/2016. DIAS, J.S. Campo e Caminhos da Avaliação: a avaliação da educação superior no Brasil. In: FREITAS, L.C. (Org.), Avaliação: construindo o campo e a crítica. Florianópolis: Editora Insular, 2002. DIAS, J.S. Universidade e Avaliação: entre a ética e o mercado. Florianópolis: Editora Insular, 2002. DIAS, J.S. Avaliação: Políticas Educacionais e Reformas da Educação Superior. São Paulo: Cortez, 2003. FERRÃO. M.E.. Introdução aos modelos de regressão multinível em educação. Campinas, SP: Komedi, 2003. FERREIRA, M.C. Fatores facilitadores e limitantes da inserção no mercado de Trabalho: um estudo comparativo envolvendo profissionais e alunos de graduação de Belo Horizonte. p. 41. Dissertação de Mestrado, FUMEC, Belo Horizonte, 2007. FREIRE, P. Educação e Mudança. 31ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008. INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/enade/>. Acesso em 13/09/2016. MANTOVANI, D.M.N., GOUVEA, M.A. Estatística Aplicada à Administração: um estudo de atitudes versus desempenho do aluno. Revista Ibero-americana de Educação, 2012. MIRANDA, E.C.M. O SAEB-2003 no estado de São Paulo: um estudo multinível – HLM. Campinas, SP:[s.n.], 2006.
EXÉRCITO BRASILEIRO E AMAZÔNIA: intervenções educativas
sociocomunitária, intersubjetividade e tecnologias sociais no 3º Pelotão
Especial de Fronteira – 3º PEF, em Pacaraima-RR.
Palavras-chave: Exército Brasileiro. Amazônia. Educação sociocomunitária.
Tecnologias Sociais. 3º PEF. Pacaraima-RR.
Apresentação: Pôster
Autor: Vagner Ferreira. 34
Co-autor: Renato Kraide Soffner
Em tempos de contemporaneidade, nesses quase vinte anos do novo milênio,
vivemos, inegavelmente, em mundo impregnado de avanços tecnológicos, acesso a
um volume de crescimento exponencial à informação e, sobretudo, em um cotidiano
marcado por constantes e velozes mudanças, impactando sobremaneira nas
relações sociais que permeiam a vida humana, em suas diferentes dimensões.
Integrando essa realidade, a educação é uma dinâmica social que se dá em
diversos locais que, não necessariamente, restritos ao ambiente escolar. Assim,
novas demandas e novas realidades intrínsecas à sociedade globalizada do século
XXI impõem um fazer educação em múltiplos espaços, além do tradicional e
institucional. Nesse contexto, sendo o mundo a composição de vários mundos
idiossincráticos, portanto pluricultural, formado por comunidades, regionalidades,
sociedades, nações, Estados completamente diversificados, então se fazem
presentes, na mesma medida, diferentes ambientes possíveis, incluindo as
Organizações instituídas que desenvolvem ações educativas em proveito de outros.
No caso aqui tratado, consonante com a grandeza físico-espacial brasileira, existem
variadas realidades sociais, econômicas e educativas, cujas especificidades
espelham um modo peculiar de vida regional e as suas vivências culturais. Em
algumas regiões, como por exemplo, na Amazônia, o Exército Brasileiro, Instituição
Nacional Permanente do Estado, contribui secularmente para desenvolvimento
social daquela importante e estratégica região do nosso país, inclusive, em matéria
de educação.
34 Bacharel em Ciências Militares, Licenciado em História, Especialista em Gestão Estratégica e Qualidade.
Professor do Centro UNISAL. e-mail: [email protected]
A ação enunciada é um exemplo de prática associada à ideia de educação
sociocomunitária. Esta, embora não possua um conceito unívoco, mas ainda em
construção, pode significar uma proposta proativa de intervenção que, por meio de
um ou mais projetos, venha fortalecer e contribuir na articulação de sujeitos de uma
comunidade para transformações sociais desejadas. Portanto, entende-se haver e
serão desveladas, neste trabalho, algumas práticas educativas sociocomunitárias
promovidas por pessoas do Exército, em favor de sujeitos de uma comunidade
amazônida, naquela supramencionada macrorregião. Na pesquisa, também, será
estudado o conceito de tecnologias sociais e sua aplicabilidade na educação,
sobretudo, em seu viés sociocomunitário. Entretanto, para melhor delimitar o escopo
do trabalho, na fase de investigação exploratória, o problema foi concentrado para
dar resposta às seguintes perguntas: “Como” o Exercito atua no campo de ações
socioeducativas na Amazônia? “Onde” há um caso concreto de uma ou mais ações
dessa natureza que possa ser estudado? “Por que” a Instituição assim o faz, se não
e essa sua missão principal? “Quem” pratica essas ações? Isto posto, o tema deste
trabalho é Exército Brasileiro e Amazônia: intersubjetividade, intervenções
educativas sociocomunitárias e tecnologias sociais no 3º Pelotão Especial de
Fronteira – 3º PEF, em Pacaraima-RR, no ano de 2016. O objetivo geral desta
pesquisa consiste em investigar as ações socioeducativas praticadas por militares
do Exército, no 3º PEF, em projetos específicos voltados para sujeitos da
comunidade de Pacaraima-RR, identificando, nesse conjunto de intervenções, as
características da educação sociocomunitária, em particular, as noções de
intersubjetividade e de práxis, bem como, produzir reflexões sobre o suporte das
tecnologias sociais para essas ações. Os objetivos específicos são: realizar um
resgate histórico sobre a presença militar na Amazônia; descrever a articulação do
Exército Brasileiro e a sua participação em programas para o desenvolvimento
social da Amazônia, inclusive, no campo da educação; analisar criticamente o
conceito de educação sociocomunitária; explorar o significado de tecnologias sociais
e a sua colaboração em práticas socioeducativas e comprovar o papel desenvolvido
pelo Exército Brasileiro, em Pacaraima-RR, sob a perspectiva sociocomunitária.
Como justificativas deste trabalho, pretende-se, primeiramente, problematizar
acerca da possibilidade de a educação, no caso em pauta, estar sendo praticada
por meio de outras experiências, que não necessariamente em seu caráter formal.
Outro aspecto relevante diz respeito à possibilidade de ouvir, interpretar e trazer,
para o ambiente acadêmico, as vozes dos sujeitos afetados pelas ações
supramencionadas, numa perspectiva sociocomunitária e como tal processo poderá
contribuir para futuras transformações sociais almejadas. Também, pretende-se
refletir sobre um possível modelo suportado em tecnologias sociais que possa
fortalecer ações socioeducativas em outros locais semelhantes. A pesquisa
pretende desvelar o grau da natureza dialógica e a intersubjetividade vivenciadas
durante o encontro entre aqueles que promovem as ações e os que são afetados na
comunidade local. Justifica-se, ainda, conhecer o trabalho de um PEF do Exército,
cuja missão precípua naqueles locais é a vigilância das fronteiras, mas ainda assim,
subsidiariamente, por meio da ação dos seus integrantes, contribui para a educação
das pessoas que ali se encontram vivendo em comunidade. Esse tema é relevante,
por ser pouco conhecido na Academia, notadamente, nos programas de pós-
graduação stricto sensu. Os principais referenciais teóricos são: João Melchior
Bosco, Manoel Isaú e Paulo de Tarso Gomes, em relação a educação
sociocomunitária; Paulo Freire, sobre educação popular e autonomia dos sujeitos;
Pierre Lévy e Maira Baumgarten, em relação a tecnologias sociais. A metodologia
do trabalho é de abordagem qualitativa, mediante um estudo de caso no 3º PEF, em
Pacaraima-RR. Além da pesquisa bibliográfica, os instrumentos de coleta de dados
empregados foram: observação direta, pesquisa em documentos e entrevistas. Os
resultados esperados consistem em comprovar que o 3º PEF está desenvolvendo
um projeto que apresenta características marcantes da educação sociocomunitária,
em proveito de crianças da comunidade de Pacaraima-RR, em 2016, e, ainda,
constatar que há oportunidades para implementação de projetos no campo das
tecnologias sociais que possam fortalecer aquelas ações.
REFERÊNCIAS
BAUMGARTEN, Maíra. Tecnologia. In: CATTANI, Antonio; HOLZMANN, Lorena. Dicionário de trabalho e tecnologia. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. CARO, Sueli Maria Pessagno. Educação Social e Sociocomunitária: novas perspectivas para a educação escolar. In: BISSOTO, Maria Luísa; MIRANDA, Antonio Carlos. (Org.). Educação Sociocomunitária: tecendo saberes. Campinas: Alínea, 2012. p. 37-51. FIORAVANTE, Pedro. AMAZÔNIA: Contribuição do Exército Brasileiro no Desenvolvimento Social e Cultural das Comunidades Brasileiras na Amazônia Ocidental. Revista Da Cultura. Rio de Janeiro: FUNCEB, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FROTA, Guilherme de Andrea. 500 Anos de História do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2000. GOMES, Paulo de Tarso. Educação Sócio-comunitária: delimitações e perspectivas. In: Revista de Ciências da Educação Nº 18. Americana, 2008. p. 43-64. GROPPO, Luis Antonio; MARTINS, Marcos Francisco. Introdução à Pesquisa em Educação. Campinas/Americana, 2006. ISAÚ, Manoel. Da Educação Social à Educação Sociocomunitária e os Salesianos. Revista HISTEDBR On-line. Campinas, n. 26, jun. 2007. JOÃO BOSCO, Santo. Memórias do Oratório de São Francisco de Sales – 1815-1855. Tradução de Fausto Santa Catarina. São Paulo: Editora Salesiana, 2005. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. SILVA, Altiva Barbosa. Geopolítica na fronteira Norte do Brasil: o papel das Forças Armadas nas transformações sócio-espaciais do Estado de Roraima. 2007. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Universidade de São Paulo, Boa Vista/São Paulo, 2007. SOFFNER, Renato Kraide.; CHAVES, Eduardo Oscar de Campos. Avaliação de Tecnologia no Suporte às Práticas Educativas Sociocomunitárias. In: BISSOTO, Maria Luísa; MIRANDA, Antonio Carlos. (Org.). Educação Sociocomunitária: tecendo saberes. Campinas: Alínea, 2012. p. 127-136.
FATORES INSPIRADORES DA PRÁTICA DOS VALORES SALESIANOS,
IDENTIFICADOS NA OBRA E NO CONJUNTO BIOGRÁFICO DO PADRE
MANOEL ISAÚ
Palavras-chave: Educação Salesiana; Valores Salesianos; Sistema Preventivo.
Apresentação: Pôster
Autor: Mara Regina Pedrozo de Lima35
Co-autor: Francisco Evangelista
O objetivo deste trabalho é identificar as particularidades presentes na obra e no estudo
biográfico, que possam ter contribuído para a identificação do Padre Manoel Isaú como
personagem inspirador da prática salesiana. Inspirador de uma prática que se estende
desde a educação de base até o nível da pós-graduação e encontra no Programa de
Mestrado do Unisal de Americana, “o aprofundamento da teoria e “iluminação” da prática na
atualidade ...” (Isau, 2007). A educação sociocomunitária reflete o caminho trilhado
inicialmente por D. Bosco como educador social e conforme nos ensina Evangelista (2016),
encontra-se revestida do “carisma salesiano”.
Mesmo nessa sociedade contemporânea, marcada por contradições e pela massificação é
possível identificar caminhos e pessoas, percebidas por outras, como estimuladores dos
seus processos de formação. E é nesse contexto, tendo como base a Pedagogia/Educação
Salesiana, que foi identificado um padre, pesquisador, formador/educador, o Padre Manoel
Isaú (1930-2007), como personagem que vivenciou e estimulou a prática dos valores
salesianos.
Esses valores, formados pelo tripe, “Razão, Religião e Amorevolezza”, integram o chamado
“Sistema Preventivo” de educação, que tem na figura de D. Bosco, como educador, as
ações que fundamentam os seus propósitos e as suas práticas.
Embora o foco de D. Bosco não tenha sido a teorização dos seus princípios educacionais,
foi atraves do chamado “Sistema Preventivo” de educação, que ele buscou reunir elementos
que considerassem os desafios inerentes à missão de ensinar. A missão de ensinar requer
amplo relacionamento interpessoal fundamentado em atitudes que sejam congruentes às
ações e comportamentos do educador. Isaú (2000), citando o Pe Pedro Ricaldone, aborda
o Sistema Preventivo de D. Bosco como,
“modos de fazer”, de “comportar-se em determinadas circunstâncias”, segundo o mais elementar bom senso, não ligados, necessariamente, a um sistema científico ou filosófico. É antes de tudo, uma descrição de atitudes, de comportamentos, de palavras e de ações... (p. 118)
35 Mestranda em Educação - UNISAL – Americana – SP [email protected]
Esses “modos de fazer” podem a princípio, nos remeter a ações empíricas, desprovidas de
um embasamento teórico necessário à sua articulação, situação que não se aplica à
concepção de D. Bosco sobre o Sistema Preventivo, que embora caracterizado por ações
essencialmente práticas, refletia um planejamento que estabelecia inicialmente as
expectativas quanto ao comportamento esperado pelos alunos.
Isaú (2000), citando escritos de D. Bosco, complementa que a partir do esclarecimento aos
alunos, é possível que os educadores nas Instituições Salesianas, atuem como “guia em
todos os eventos, aconselhem e amorosamente corrijam, o que equivale a dizer: pôr os
alunos na impossibilidade de cometer faltas” (p.110). É praticamente impossível pensar na
ausência de faltas na esfera humana, mas o entendimento das mesmas, a fim de
transformá-las em novas oportunidades de aprendizado é um dos caminhos e talvez o mais
desafiador, em que os envolvidos no processo educativo podem engajar-se.
O Sistema Preventivo na abordagem de D. Bosco, traz em si muito mais das suas
características e dos seus propósitos, do que propriamente inovações quanto à abordagem
teórica. Isaú (2000) ressalta a diferença de D. Bosco quanto ao seu “estilo todo pessoal”
como seu maior diferenciador. E esse estilo, muitas vezes ressaltado pela literatura, retrata
o entusiasmo e as habilidades para diversas atividades demonstradas por D. Bosco na sua
trajetória. Outros autores, como Manacorda (1989), embora apresentem indagações a esse
estilo, nos desafiam a entender as suas práticas através de personagens que a elas se
dedicaram. E a personagem centro deste trabalho, o Padre Manoel Isaú também parecia
assemelhar-se à D. Bosco, no seu “estilo todo pessoal”.
Na sua “Carta Mortuária”, documento elaborado sobre toda a trajetória de um Salesiano,
após o seu falecimento, e possível perceber o padre, o pesquisador e professor, “papeis”
desempenhados por ele com uma característica comum: o entusiasmo.
Os dados e fontes já citadas por si só, em minha concepção, já contribuem para a
caracterização da referida pesquisa como sendo de caráter qualitativo e que utilizará para a
coleta de dados recursos como a análise documental e biográfica, além das entrevistas
narrativas. Reis (2008, apud, Rodrigues e Prado, 2015), reforça a prática da narrativa como
recurso:
“Assim, a narrativa e uma prática discursiva que viabiliza a atribuição de sentido às vivências, uma vez que é, ao mesmo tempo, um objeto de estudo, um método de investigação e uma forma de organização do relatório de investigação” (p. 190).
Um estudo que se dispõe a tratar das “particularidades” quanto às formas de pensar e agir
de alguém, que inserido num contexto educacional com valores já tão difundidos, quanto os
que embasam a educação salesiana, e que entende que as “vozes” daqueles que com ele
conviveram podem contribuir para a continuidade dessa prática educacional, tem nas
narrativas, a meu ver, o caminho mais apropriado para a busca desse objetivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASASANTA, Mario. D. Bosco Educador – Um mestre velho da escola nova. Instituto
Ten. Ferreira. Barbacena, MG. 1934. 139 p.
EVANGELISTA, Francisco. Aulas do Programa do Mestrado em Educação. Disciplina
História da Educação Salesiana e Sociocomunitária. Unisal, Campus Maria Auxiliadora,
2016.
FERREIRA, Pe.Narciso. Carta Mortuária. Arquivo Inspetorial da Inspetoria Salesiana de N.
Sra Auxiliadora. 2012. 29 p.
ISAÚ, Manoel. Da Educação Social à Educação Sociocomunitária e os Salesianos.
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.26, p.2 –24, jun. 2007 - ISSN: 1676-2584.
MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias.
Cortez: Autores Associados, 1989. 382 p.
RODRIGUES, Nara Caetano; PRADO, Guilherme do Val Toledo. Investigação Narrativa:
construindo novos sentidos na pesquisa qualitativa em educação. In: PRADO,
Guilherme do Val Toledo; SERODIO, Liana Arrais; PROENÇA, Heloisa H. Dias Martins;
RODRIGUES, Nara Caetano. (ORG.). Metodologia narrativa de pesquisa em educação:
uma perspectiva baktiniana. São Carlos: Pedro & João Editores, 2015, 213 p.
SANTOS, Manoel Isaú Souza Ponciano dos. Luz e Sombras-Internatos no Brasil. São
Paulo, Ed. Salesiana D. Bosco, 2000. 523 p.
SANTOS, Manoel Isaú Souza Ponciano dos. Lições de Administração Escolar. Ceará,
Faculdade de Filosofia do Crato,1965. 294 p.
Metodologia de projetos: estudo de caso em uma escola da macrorregião de
Campinas
Palavras-chave: Escola Regular, Metodologia de Projetos, Fundação Romi.
Apresentação: Pôster
Autor: Jamile Helena Biaggi36
O presente estudo é uma pesquisa acadêmica em andamento no Programa de
Mestrado em Educação Sociocomunitária do Unisal, como o objetivo de estudar a
metodologia de projetos de trabalho desenvolvido em uma escola da macrorregião
de Campinas. A investigação será realizada com os docentes da instituição através
de grupos focais com dois recortes: desenvolvimento do trabalho docente até 2013
em que os alunos frequentavam no contra turno da escola regular, desenvolvendo
projetos e atividades educativas e trabalho docente nos anos de 2014 e 2015
quando o colégio tornou-se uma escola regular integral, o recorte se justifica pela
natureza dos métodos adotados nos respectivos períodos. Esse tema tem
relevância para a educação escolar, evidenciando o ensino por projetos aplicado
nesta escola de tempo integral, como é esse sistema, e o papel dos docentes nessa
metodologia de ensino. O referido método não é recente e tem como seu precursor
o filósofo norte-americano John Dewey, em 1896, que segundo Ramalho (2003)
transformou uma escola ligada a universidade em que ele lecionava, em escola-
laboratório, trabalhando com experiências, já que ele insistia que a teoria só era
bem trabalhada em conjunto com a prática, indo ao encontro com o método
tradicional. No Brasil, foi através do movimento da Escola Nova que ficou conhecido
a metodologia por projetos mencionada acima, que demonstrava ideias antagônicas
à escola tradicional. Conforme Menezes e Santos (2002), foram Anísio Teixeira e
Lourenço Filho que disseminaram esta proposta pedagógica no Brasil, por volta da
década de 1930, já que o primeiro foi aluno de John Dewey, na Universidade de
Columbia. Desta forma, muitas das suas ideias educacionais eram inspiradas na
teoria do filósofo norte-americano. O objeto de estudo desse trabalho é o NEI –
Núcleo de Educação Integrada situado na Fundação Romi, na cidade de Santa
Bárbara d´Oeste, sendo que, nesta instituição o método referido acima iniciou-se em
1993 com o propósito de influenciar políticas públicas produzindo um programa 36 Mestranda no Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Unisal- e-mail: [email protected]
educacional que garantisse aos alunos, no contra turno da escola regular, um
ensino de qualidade que os estimulasse a uma maior escolarização. Esse programa
de educação integrada segundo Torres e Kam (1997) começou com o propósito de
complementar o Ensino Público na cidade de Santa Bárbara d´Oeste. Esse projeto
foi desenvolvido pela Fundação Romi para privilegiar os estudantes das escolas
públicas, dando a eles a oportunidade de um ensino moderno, para aquela época
na região, e principalmente que fosse voltado para o aluno, dando a oportunidade
de ele competir com os alunos de escola privada no ingresso de grandes
universidades. A pesquisa será um estudo de caso com os professores que
atualmente lecionam na Fundação Romi. Para a resposta do problema de pesquisa,
utilizaremos grupos focais com professores previamente selecionados na instituição.
Para essa escolha, será levado em conta o tempo de casa de cada professor, e a
disponibilidade para participar do grupo focal, para isso serão divididos em dois
grupos, em que no grupo focal 1 participarão os docentes que lecionam desde o
início da primeira fase de 1993 até 2013. No grupo focal 2 com professores
contratados em 2014 e 2015, ou seja, no início do segundo momento dessa
metodologia. Eles participarão de grupos focais diferentes, para que em um
segundo momento possa haver uma comparação entre as fases. Espera-se como
resultado dos estudos teóricos em conjunto com a pesquisa de campo, a verificação
das diferenças e semelhanças dos projetos de trabalhos nas duas fases da
instituição, como eles trabalham os conteúdos, abordando também como que foi
para eles a mudança de se trabalhar sempre em uma escola tradicional, e ingressar
em uma instituição que trabalha por projetos. Enfim, essa metodologia é trabalhada
mais profundamente na referida pesquisa, com as diferenças do que foi estudado na
teoria sobre projetos de trabalhos, como na escolha do tema do desafio, juntamente
com a sua organização, que é preparado em conjunto por professores e
coordenação na prática, enquanto que Portes (2010) evidencia que na teoria essa
escolha é realizada com os alunos, entre outras semelhanças e diferenças. Mas
com o foco na aprendizagem do aluno, transformando-o em protagonista de sua
própria formação.
Referências
MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. "Método dos projetos" (verbete).
Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix
Editora, 2002. Disponível em <
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=426> Acesso em: 12 de Ago.
2016.
PORTES, K. A. C. A Organização Curricular por Projetos de Trabalho. UFRJ, 2010.
RAMALHO, P. John Dewey: Atual a 100 anos. Revista Nova Escola. Edição nº. 159.
Sessão: Grandes Pensadores. São Paulo: Abril, jan/fev. 2003. Disponível em:
http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/159_fev03/html/pensadores Acesso em:
12 Ago. 2016.
TORRES, S, KAM, L F. Projeto Piloto de complementação escolar do ensino oficial,
Gráfica Unimep, Piracicaba, SP, 1ª edição, 1997.
O escuro dos meus pés é o branco dos seus – histórias de crianças brasileiras
e angolanas. Uma folha de papel, vozes e sensações.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Sociocomunitária; Relações étnico raciais; Cartas.
Apresentação: Pôster
Autor: Maria Isabel Baptista Barbosa de Oliveira37
“Há tempos tenho tido uma fixação por notícias, por qualquer coisa que venha de
Angola. Um dia pesquisando sobre uma ilha em Angola, Ilha do Mussulo, me
deparei com uma escola simples cujo nome e: ‘Escolinha Pequena Chama’. Guardei
esse dado em minha memória e quando ingressei no programa de Mestrado em
Educação Sociocomunitária, essa pequena chama se tornou uma grande luz”. O
projeto de pesquisa decorrente dessas inquietações tem como objetivos apresentar
às crianças participantes, distintas realidades escolares de EF1, presentes em uma
cidade do interior de São Paulo e em Luanda/Angola; elaborar uma proposta de
interação entre alunos dessas escolas por meio de troca de cartas; analisar o
conteúdo dessas cartas tendo em vista alguns temas geradores, tais como:
alteridade; cultura; relações sociais; educação; mitos; espiritualidade; entre outros. A
prática investigativa configura-se por meio da análise de cartas entre dois universos
sociais e escolares distintos. A partir desse encontro constrói-se o conhecimento.
Por meio da pesquisa qualitativa e participante, os resultados esperados são o
encontro entre dois universos distintos e, a partir de um estranhamento inicial, o
nascimento/fortalecimento da alteridade.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, C.R. Pesquisa participante. São Paulo: Editora Brasiliense,1981.
OLIVEIRA, M.M. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis: Editora Vozes,2016.
37 Aluna do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.
Os refugiados no Brasil e sua contribuição sócio cultural no ensino de língua
estrangeira às comunidades
Palavras-Chaves: refugiados, língua estrangeira, educação sócio comunitária, barreiras
culturais, Abraço Cultural.
Apresentação: Pôster
Autor: Daniela Cristina Suniga Quaiatti38
Co-autor: Severino Antonio Moreira Barbosa
O projeto de mestrado aborda a troca de experiências, valorização pessoal e cultural
desses refugiados residentes no Brasil e ao mesmo tempo como o ensino da língua
estrangeira possibilita a quebra de barreiras culturais, revela a importância da educação
sócio comunitária e a inserção destas pessoas na comunidade.
A instituição que será objeto de estudo é Abraço Cultural, situada na cidade de São Paulo,
os professores que lá estão, são refugiados oriundos em sua maioria da Síria, Benjim,
Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Cuba, Congo, Haiti e Venezuela.
O Atados (plataforma social que conecta pessoas e organizações, facilitando o
engajamento nas mais diversas possibilidades de voluntariado) e o Instituto de
Reintegração do Refugiado Brasil em parceria com a Abraço Cultural teve a iniciativa de
criar um projeto para ensino de língua estrangeira (inglês, árabe, francês e espanhol) tendo
como professores refugiados residentes no Brasil.
Através de um método e material didático próprio, o intuito do curso é fazer com que o aluno
aprenda com a cultura do professor.
Os idiomas ensinados na instituição são o francês, inglês, espanhol e o árabe.
Os alunos pagam a mensalidade referente ao módulo e a língua escolhidos, onde este valor
é destinado ao pagamento das apostilas, pagamento de aulas aos professores – valor este
acima da média do mercado – e para todo o custeio operacional da instituição.
Os objetivos do Abraço Cultural são promover a troca de experiências, geração de renda,
valorização pessoal e cultural desses refugiados residentes no Brasil e ao mesmo tempo
possibilitar o aprendizado de idiomas, quebra de barreiras culturais e vivência de aspectos
culturais e festivos de outros países aos alunos.
Um ano depois do início do projeto Abraço Cultural, o mesmo já possui unidades em São
Paulo e a recém-inaugurada no Rio de Janeiro.
Serão entrevistados a coordenadora pedagógica do curso de francês, alguns professores e
alunos da instituição.
38 Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Paulista em Campinas, MBA em Marketing pela Escola Superior em Propaganda e Marketing e aluna do mestrado em Educação pela UNISAL em Americana. [email protected]
Em meio a este cenário, surge o papel e a importância da educação sócio comunitária e o
papel da educação não formal neste contexto.
O objetivo desta pesquisa é apontar, descrever, analisar este problema identificado e
reunindo informações, experiências para concluirmos a importância da educação sócio
comunitária na relação refugiados e comunidades.
Como justificativa, vale destacar que fui envolvida com este tema, a partir do momento que
ouvi uma notícia na Rádio CBN falando deste projeto com os refugiados e o ensino de
língua estrangeira para os brasileiros.
O interesse, o gosto por assuntos humanísticos e de voluntariado sempre mexeram comigo
e despertaram minha curiosidade e um olhar mais profundo e com compaixão sobre o tema.
Foram realizadas duas visitas à unidade de São Paulo para conhecer a ONG Atados, a
instituição Abraço Cultural, a dinâmica das aulas, a coordenação pedagógica e os
professores.
Esta fase da pesquisa, a visita na instituição, se caracteriza pela empatia, conhecimento
dos professores e alunos, geração de confiança por parte dos professores, uma vez que, a
história de vida de cada um é pautada por momentos muito difíceis, traumáticos e que
devem ser respeitados.
Muitos não querem falar a respeito de sua história de vida, já outros falam com mais
tranquilidade sobre suas histórias e trajetórias, no entanto, todos são unanimes em falar
sobre a importância da Abraço Cultural como mudança de perspectiva de vida e inserção na
sociedade e o recomeço num novo país.
Pelo caráter inovador e pela iniciativa do projeto e por estar num ambiente acadêmico, onde
a educação sócia comunitária é o tema central do curso de Mestrado em Educação,
acredito ser um tema fecundo para o curso além de ser um assunto que agregará muito
para mim pessoalmente.
Posto isto, percebe-se a importância da educação sócio comunitária, da solidariedade e da
troca de experiências culturais e de vida num processo de aprendizado.
Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Solidariedade. 1ª edição-Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 21ª edição-São Paulo: Paz e Terra, 2014. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.53ª edição- Rio de Janeiro: Paz e Terra,2016. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido.59ª edição- Rio de Janeiro: Paz e Terra,2015. MIRANDA, Antonio Carlos; BISSOTO, Maria Luisa. Educação Sociocomunitária-tecendo saberes. 1ª edição.Alínea,2012.
OS SABERES DE EXPERIÊNCIA CONSOLIDADOS NO USO DE
FITOTERÁPICOS NO COTIDIANO DE UMA COMUNIDADE INDÍGENA
Palavras-chave: Saber de Experiência; Comunidade Indígena; Identidade; Cultura;
Fitoterápicos; Educação Popular.
Apresentação: Pôster
Autor: Claudemar José Trevizam39
Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa 40
Este trabalho busca uma ancoragem na relação sujeito/sujeito por intermédio de
estudo de saberes de experiência ligados à cultura e identidade indígenas no
cuidado com a saúde, mediante o uso de plantas medicinais com o propósito de
aflorar as trocas dos saberes conectados com o bem-estar dessa comunidade e a
sua relação com o ecossistema. O objetivo desta investigação consiste em desvelar
saberes de experiências, no cuidado com a saúde, relatados por uma população
indígena de Cananéia-SP, com intuito de compreender como experiências e
saberes são aprendidos, compartilhados e valorizados de geração para geração.
Historicamente, o uso de plantas medicinais (fitoterápicos) se iniciou com grupos
indígenas e a utilização de recursos naturais está fortemente inserida na cultura
popular, sendo transmitida de geração para geração (GUARIM NETO et al., 2000).
No entanto, esse saber popular nem sempre é valorizado como o saber científico,
sendo esta uma das dimensões onde podemos observar a tensa relação dialética
entre opressores versus oprimidos, de que nos fala Freire (1998) e de como é
fundamental a práxis (ação/reflexão/ação) que possa problematizar essas tensões,
visando a superação dessas contradições.
De acordo com Urquiza (2010), o início da história indígena no Brasil é marcado
pelo antagonismo entre o povoamento dos povos indígenas e pelo despovoamento,
massacres gigantescos vindos do colonizador europeu, que chegou para dominar e
impor a sua cultura, sem esforço para conhecer e reconhecer o outro sujeito que
39 Mestrando do Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (PPGE/UNISAL). E-mail: [email protected] 40 Doutora em Educação. Docente do Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária (UNISAL). E-mail: [email protected]
aqui já estava, protagonizando, assim, o desrespeito com o indígena, detentor de
modos de ser e viver diferentes e altero aos olhos do europeu. Com um outro olhar,
as relações dos povos nativos com os vários segmentos da época colonial não eram
totalmente desalinhadas, mas sim com uma perspectiva de adaptações e mudanças
ancoradas na capacidade dos povos indígenas de ‘tomarem e transformarem para
si’ o que se apresentava como ‘outro’ (POMPA, 2003). No entanto, não podemos
esquecer que o contato inicial entre os povos indígenas com o colonizador europeu
não ocorreu por meio de equilíbrio cultural e sim por manobras de força, opressão e
mortes. O indígena como “o outro” não pode ser considerado objeto, no que se
refere aos aspectos de passividade, mas sim como interlocutor e sujeito ativo, o que
justifica nos dias atuais a permanência da cultura própria de cada comunidade
indígena, apesar das inúmeras tentativas de transformá-las e até mesmo destruí-las
pela contemporaneidade neoliberal.
No processo de (re) construção das identidades, nas relações sociais, estão
presentes a diversidade e a diferença que intercambiam como pontes sintonizadas
nas relações de alteridade, em que o reconhecimento do “outro” como sujeito e
interlocutor na relação constitui-se como premissa fundamental em um processo
dialógico (URQUIZA, 2010). A cultura engloba “representações coletivas: a
linguagem, as categorias, os símbolos, os rituais e as instituições que sustentam o
modo como agem e reagem” (BARTH, 2000, p. 111). Ainda de acordo com Urquiza
(2010), quando se tem uma cultura ocorrem conexões de identificação com os
atributos de um grupo, as quais refletem o agrupamento de essências que
intercambiam, culminando nos limites das mudanças e das transformações
caracterizadas pelo processo de construção social, e no caso dos indígenas,
mudam para permanecer.
Caleffi (2003, p. 34) afirma que “as identidades indígenas tem se mantido porque
justamente suas culturas estão vivas e ressignificam novas realidades, novos
objetos e se adaptam a novas condições de vida”. Desta forma, a valoração da
identidade étnica e da educação que se dá nas inúmeras comunidades indígenas
visa o entendimento dos saberes de experiência consolidados em sua organização
social, nas formas de ocupação da terra e no uso sustentável dos recursos naturais.
Interessa-nos investigar como preservar os saberes e as trocas de experiências
construídos e reconstruídos ao longo das gerações? De acordo com Freire e Shor
(1986), a busca da restauração da intersubjetividade se apresenta como pedagogia
dos homens e mulheres de forma humanista e libertadora que, mediante a práxis
(ação/reflexão/ação) se engajam na busca pela transformação da realidade. Este
questionamento nos leva a outro: os saberes da experiência de uma comunidade
indígena podem contribuir para a construção da memória de um grupo, para a
constituição e valorização de suas identidades, possibilitando sua afirmação
enquanto sujeitos de direitos?
A metodologia desta pesquisa pauta-se no referencial da Educação Popular. Para
responder aos questionamentos levantados buscaremos implementar uma pesquisa
participante, que visa a construção de conhecimento por meio do diálogo entre
pesquisador e participantes da pesquisa. Será feita utilização de materiais teóricos
que abordam os conceitos de cultura, identidade, cuidado com a saúde, Educação
Sociocomunitária, Educação Popular e Saúde. Já foi realizada uma primeira
aproximação à comunidade indígena e aos participantes da pesquisa, em
julho/2016.
Esperamos que essa pesquisa suscite contribuições para efetivação de uma
educação cultural, ao favorecer o desvelamento de saberes de experiência
consolidados no uso de fitoterápicos por uma comunidade indígena, colaborando,
assim, com o processo de afirmação e valorização dos saberes indígenas.
REFERÊNCIAS:
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O USO DO CELULAR EM SALA DE AULA EM UMA PERPECTIVA
SOCIOCOMUNITÁRIA
Apresentação: Pôster
Autor: Waldir Ferreira da Silva Junior
Co-autor: Renata Sieiro Fernandes
A disseminação do uso de celulares na sociedade e no ambiente escolar é notória
cada vez mais. O aparelho que antes era usado somente para fazer e receber
chamadas telefônicas tornou-se como uma extensão do braço dos jovens que estão
conectados a todo o momento na necessidade da interação com o que podemos
chamar de janelas imaginárias e libertadoras da pressão frenética da sociedade. No
cenário escolar, o uso celular tem sido proibido como justificativa de que tira a
atenção do aluno à aula e pode atrapalhar no aprendizado. Em alguns estados do
país, o uso do celular é proibido por lei. Em São Paulo, o Deputado Orlando
Morando é o autor da lei 12.730 de 2007 que proíbe o uso de celulares em sala de
aula. Um dos argumentos de Morando é o número crescente do uso do celular por
jovens. Ele afirma que 15% dos 68 milhões de usuários da internet por celular tem
entre 10 a 17 anos, ou seja, jovens em idade escolar e por esse número ser
crescente, a fiscalização deve ser cada vez mais rígida.. A lei permite que o
professor tome o aparelho do aluno durante a aula e pode até levar o aparelho do
aluno à delegacia de polícia que só o devolverá para os pais ou responsáveis.
Porém o Governo Federal, desde 2014 tem lançado alguns aplicativos educativos
como o Hora Enem que visa preparar o aluno para provas como ENEM, Vestibular e
provas de avaliação anual. Aparentemente a lei se torna contraditória quando o
mesmo órgão de estancia superior cria recursos para o uso de aparelhos que são
proibidos no ambiente escolar. Poderíamos até considerar que os aplicativos foram
criados como extensão de ensino e aprendizado para o aluno fora da escola, mas
ao consideramos na visão sociocomunitária que a maioria dos alunos de baixa
renda financeira não tem acesso à internet em casa, a lei torna-se desnecessária,
pois esse aluno só poderia usar os recursos do governo, burlando uma regra do
próprio governo. A problemática da pesquisa trata do uso do aparelho celular na
sala de aula do Ensino Médio como meio educativo que favorece a formação do
aluno e como recurso pedagógico do professor. O objetivo é entender como os
alunos e professores tem se comportado com o uso do aparelho celular e
compreender os desdobramentos do uso de ferramentas educacionais em
tecnologias mobiles para melhor preparo de jovens para provas do ENEM e
Vestibular. A pesquisa é de cunho qualitativo e do tipo participante. É descritiva e
analítica, bem como bibliográfica e documental e vai analisar os conceitos do
Deputado Orlando Morando do PSDB de São Paulo, autor da lei 12.730 de 2007.
Os dados serão obtidos por meio de questionários com questões abertas e
fechadas e com alunos e professores do 1º ano Integrado ao Ensino Médio com o
Curso Técnico em Informática e 3º ano do Ensino Médio da Escola Técnica de
Hortolândia do Centro Paula Souza. Saccol, Schelmmer e Barbosa, Martín-Barbero
e os pensamentos de Glaser e Strauss, são alguns dos referenciais teóricos que
ancorarão as análises dos dados. Apesar do celular não ser permitido em sala de
aula por lei, essa pesquisa propõe repensar sobre essa proibição e através de
vivencias pedagógicas em que o uso do celular foi positivo, propõe-se entender a
necessidade do aluno em usar o celular e como ela impacta a vida desse
acadêmico no Ensino Médio. O trabalho buscará ferramentas para que o
aprendizado se torne mais significativo com o uso de tecnologias mobiles.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2007/lei-12730-11.10.2007.html.
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em Educação, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO INFORMAL EM ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS
DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS
Apresentação: Pôster
Autor: Leila de Francisco Fernandes
Co-autor: Lívia Morais Garcia Lima
O desenvolvimento educacional bem como as necessidades sociais relacionadas à
formação e aprendizagem do sujeito, ainda são entendidas como algo no qual o âmbito
escolar provisiona. No ambiente de trabalho a aprendizagem acontece de forma, a princípio
não intencional, principalmente no primeiro dia do trabalho desse sujeito. Para Trilla
(1985,p.23) a educação acontece pela diversidade, inclusive pela formação profissional. E
quando os trabalhadores mais experientes são identificados com o potencial necessário
para transformar através da inserção dos novos sujeito a organização, torna-se tudo muito
mais natural, e em se tratando de pessoas, nada mais justo que reconhecer estas
potencialidades e alcançando a estes colaboradores ao quadro dos que detém
qualificações necessárias a multiplicar seus conhecimentos. O objetivo da presente
pesquisa é analisar, através do método qualitativo-quantitativo, dez microempresas da
Região Metropolitana de Campinas. São empresas que não oferecem treinamento para os
funcionários, sendo estes então, introduzidos as funções corporativas, no seu primeiro dia
de trabalho, por agentes transformadores, que ampliam o escopo da educação informal
dentro das organizações. Como são agentes mais antigos, o sujeito ingressante neste
ambiente, passa a caminhar lado a lado com as tradições da organização sendo
incorporado gradativamente às suas funções pela condução informal do outro.
OBJETIVOS
Analisar a educação informal presente nas organizações empresariais na Região
Metropolitana de Campinas.
HIPÓTESE DA PESQUISA
Barreiras enfrentadas quanto as novas tecnologias e inovações apresentadas pelos novos
sujeitos dentro da organização.
REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Está sendo realizado um levantamento bibliográfico sobre educação, educação informal e
sua interface com as organizações empresariais. Será realizada entrevistas com
funcionários de dez empresas, em um total de 50 pessoas, sendo que, em média cinco
pessoas de cada organização serão entrevistadas. A abordagem junto aos entrevistados
terá como foco questões como: No seu primeiro dia de trabalho, na atual função, quem te
orientou? e, Você já orientou algum colega de trabalho no primeiro dia de trabalho dele? A
pretensão é a de elaborar questões que apontem para os caminhos da educação informal
no meio profissional e o quanto esta educação colabora para que as inovações possam
acontecer diante desta confirmação, transformando o sujeito para que o mesmo seja um
agente transformador dentro da sua área de atuação.
RESULTADOS QUE PRETENDE-SE ALCANÇAR
Compreender os processos educacionais informais que acontecem em espaços que são
prioritariamente profissionais, potencializando os sujeitos que são capazes de oferecer o
acolhimento necessário para que os ingressantes à nova função ou cargo, também se
tornem agentes multiplicadores de conhecimento.
REFERENCIAL TEÓRICO
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448p.
Reflexos da Lei de Libras para emancipação e autonomia do Surdo: Por um
viés a partir da Educação Sociocomunitária
Palavras-chave: Língua de Sinais, Surdez, Emancipação, Autonomia
Apresentação: Pôster
Autor: Marcel de Assis Roque41
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida pela legislação brasileira por meio da
Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que a estabelece como meio legal de comunicação e
expressão das comunidades surdas brasileiras. Posteriormente, em dezembro de 2005,
entra em vigor o Decreto nº 5.626, que regulamente a lei 10.436 e define um conjunto de
orientações relacionadas ao “uso e difusão” da Libras, sendo uma das medidas
estabelecidas, a determinação de que a Libras deve ser incluída como disciplina obrigatória
nas grades curriculares dos cursos de fonoaudiologia e licenciaturas de todo o país. O risco,
por outro lado, é considerar que basta uma disciplina com carga horária limitada para
contemplar as necessidades específicas de conhecimento acerca das questões da
educação de surdos.
Nossa proposta de pesquisa é investigar quais os efeitos da lei 10.436/02 e o decreto
5626/05 quanto a real situação dos surdos brasileiro quanto a emancipação e autonomia
deste. Após 15 anos da lei, houve conquistas? Perdas? A lei gerou autonoma? Quais
escolhas didáticas e metodológicas de professores de Libras que atuam no ensino
superior? Consideram o lugar que os aspectos culturais e gramaticais da língua ocupam
nesse ensino? A língua de sinais, assim como qualquer outra língua, carrega consigo
elementos culturais e gramaticais. Pretendemos investigar como os professores consideram
esses elementos culturais da língua no ensino desta para alunos ouvintes dos cursos de
graduação. Quais as estratégias utilizadas por eles no ensino de uma língua cuja estrutura
e gramática estão intrínsecas à forma como a pessoa surda vê e percebe o mundo?
Objetivos:
Investigar se a Lei 10.436/02, após 15 anos de implementação, vem contribuindo ou não
para a educação e a inclusão do sujeito surdo, principalmente em relação à emancipação e
autonomia do Surdo.
Verificar se- e como- a disciplina de Libras no ensino superior dos Institutos Federais, do
Estado de São Paulo, contempla os aspectos didáticos, metodológicos, linguísticos e
culturais do ensino da língua.
41 Graduado em Letras (2009) pela Universidade de Uberaba, Pós-graduado em Libras (2013) pela UNICID, Mestrando
em Educação pela UNISAL. Professor de Libras no IFSP -Instituto Federal de São Paulo. [email protected]
Discutir a relevância de considerar aspectos culturais da comunidade Surda no ensino da
Libras.
Justificativa
O presente projeto de pesquisa se justifica por sua relevância em estruturar um estudo que
observe didáticas e metodologias de ensino da Língua Brasileira de Sinais, considerando a
perspectiva cultural da comunidade surda. Por ser um campo recente de estudos, são
escassas as pesquisas que discutam as melhores formas de ensino da Libras para alunos
ouvintes do ensino superior. A disciplina de Libras pode deixar de ser vista como uma
imposição das leis brasileiras para ser reconhecida como, de fato, relevante para autonomia
do surdo.
Encaminhamentos Metodológicos Previstos
Abordagem de pesquisa qualitativa. Pretende-se analisar se a Lei trouxe ou não benefícios
para a comunidade surda e sua relevância para comunidade em geral. Analisar a atuação
do professor de Libras, tendo como foco a metodologia utilizada no ensino da língua de
sinais e as questões subjacentes à cultura surda. Num primeiro momento, serão analisadas
as ementas das disciplinas, observando a) temas relacionados à cultura surda, b) temas
relacionados à estrutura da língua, c) temas relacionados ao aprendizado do português
pelos surdos. Em seguida, faremos grupo focal com os alunos da disciplina de Libras e
outro grupo focal com os surdos, sobre as possíveis contribuições legais, debater as
estratégias de ensino empreendidas e seus reflexos para a comunidade surda. Num terceiro
momento, buscar-se-á refletir sobre a atuação do professor e suas experiências pessoais,
seu olhar sobre o mundo que o cerca e sobre a educação, possibilitando traçar o perfil do
profissional que ensina Libras, visando proporcionar autonomia aos surdos.
Referenciais Teóricos
A ideia sobre a pessoa surda e sua língua permeou por muito tempo o campo clínico e
patológico. A visão sobre surdez esteve ligada à sua função fisiológica ou auditiva por
muitos anos na filosofia oralista. Ainda hoje ela é vista como um distúrbio que impõe um
limite intelectual e social permanente à pessoa surda. Skliar (1997) afirma que o conceito
sobre surdez é atravessado por concepções antagônicas. Ora clínico, ora
socioantropólogico.
O perfil do professor de Libras deve contemplar as questões culturais e linguísticas
observadas acima. A formação do professor de Libras de acordo com Skliar (2006) deve
estar além do acesso à teoria, a experiência, ética e a alteridade devem englobar essa
formação e consequentemente a atuação.
Resultados esperados
Acredita-se que a pesquisa em questão trará contribuições para análises sobre a melhor
forma de proporcionar autonomia e emancipação dos surdos, discutindo o reconhecimento
da Língua de Sinais como aquela que carrega sentidos culturais da comunidade Surda. E
discutir a contribuição da “Lei de Libras” para tanto. E, ainda, busca contribuir para a
compreensão sobre como a disciplina de Libras vem sendo trabalhada nos Institutos
Federais do Estado de São Paulo.
Referências
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Língua Brasileira de Sinais – Libras. Disponível em:
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STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis, Editora da
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SUS – da intenção ao gesto - práxis da educação popular
Palavras-chave: Ensino. Saúde. Educação popular
Apresentação: Pôster
Autor: Flavio Marcos de Souza42
Co-autor: Valéria Oliveira de Vasconcelos43
OBJETIVOS
O presente estudo tem por finalidade identificar, através das vozes dos usuários do
Sistema Único de Saúde, as lacunas presentes no processo formativo que
interferem no reconhecimento dos tipos de serviços disponibilizados pelo setor
público de saúde.
JUSTIFICATIVA
Não se trata de uma abordagem recente a dificuldade encontrada pela população
na identificação dos tipos de serviços oferecidos pelo estado no que tange à saúde
pública. O trabalho proposto justifica-se por demanda e intenção dos porquês as
pessoas não compreendem os tipos de serviços oferecidos pelo Sistema Público de
Saúde, e qual relação possivelmente estabelecida entre a falta de orientação e a
forma pela qual ocorrem os processos educativos.
METODOLOGIA
O processo que está dando forma á presente pesquisa constitui-se de duas etapas:
a primeira será um levantamento bibliográfico em bases de dados na internet e no
acervo literário do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Campus Maria
Auxiliadora. Posteriormente, na segunda etapa, se iniciará a coleta de dados em
uma unidade de Estratégia de Saúde da Família do bairro Vila Dutra, na cidade de
Bauru/SP. Nesse momento, acontecerá uma entrevista semiestruturada com os 42 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), Fisioterapeuta e docente da Faculdade Anhanguera de Bauru. E-mail: [email protected] 43 Professora doutora, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]
usuários do sistema, estes, escolhidos aleatoriamente e sem critérios de exclusão.
Os participantes da pesquisa terão que assinar um termo de consentimento livre e
esclarecido e dando ciência de sua participação serão direcionadas as seguintes
indagações: Você se utiliza do Sistema Público de Saúde com frequência? Em
situações de doença você costuma procurar por atendimento especializado? Como
você reconheceria os tipos de serviços oferecidos pelo SUS? Como você escolheria
o tipo de serviço específico para sua necessidade? Na sequência, os dados
coletados serão analisados e fará a composição do texto em sua totalidade e
integralidade, resguardando a integridade moral e identidade de cada envolvido.
REFERENCIAL TEÓRICO E RESULTADOS ESPERADOS
A educação em saúde no Brasil surgiu no século XX, por volta da década de 40.
Campanhas sanitárias e a ampliação dos movimentos de medicina preventiva
marcaram a época de uma educação tecnicista e imposta, colocando a população
em estado passivo diante de tais ações (GOMES & MERHY, 2011, p.11).
De acordo com Vasconcelos (2004, p.68), a educação em saúde estabelece relação
direta com a promoção da medicina em conformidade com o pensamento e as
ações populares, e acrescenta,
[...] até a década de 1970, a educação em saúde no Brasil foi basicamente uma iniciativa das elites políticas e econômicas e, portanto, subordinada aos seus interesses. Voltava-se para a imposição de normas e comportamentos por elas considerados adequados.
Em meados dos anos 70 a atenção à saúde era quase integralmente dominada pelo
setor privado, a utilização do sistema era exclusividade de uma pequena parcela da
população, pessoas que possuíam bens e condições de pagar pelo serviço, os
trabalhadores que recolhiam certa quantia aos fundos de previdência e saúde
gozavam de um atendimento curativo e pouco preventivo (VASCONCELOS, 1997).
Não tão distante, as pessoas que não reuniam condições de arcar com custas de
atendimentos, nem tampouco contribuíam com a previdência, eram tratadas como
indigentes, o pouco atendimento que tinham era oferecido por hospitais
filantrópicos.
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) na constituição de 1988, que se
regulamenta através das leis 8.080 e 8.142 de 1990, propiciou importantes
mudanças no cenário de políticas de saúde no Brasil. No desfecho das propostas de
mudança tem início o Programa Saúde da Família (PSF) que posteriormente se
denomina Estratégia de Saúde da Família, definido pelo Ministério da Saúde (MS)
como: uma estratégia que prioriza as ações de promoção, proteção e recuperação
da saúde dos indivíduos e da família (PEREIRA, 2007).
Após 20 anos da implantação e implementação do Sistema Único de Saúde e se
levados em consideração os avanços e ampliação das ofertas de serviços nas
unidades básicas de atendimento, ainda se apresenta pertencente a um quadro
desafiador o acesso aos serviços oferecidos (VIEGAS, et.al., 2015, p.101).
A Educação Popular em saúde (EPS) pode ser entendida na maneira pela qual se
permite a identificação de problemas que afetam diretamente a integridade física e
fisiológica da população, e que determinará o modelo de enfrentamento de tais
agravos com base nas estruturas culturais e de acreditação praticada por seus
povos (AMARAL, et.al., 2014, p. 11).
Segundo Gomes & Merhy (2011, p.11) a EPS propõe uma consciência pautada no
modelo sanitarista com a finalidade de modificar o comportamento da população
acerca das questões de saúde, com isso, permite-se uma ativa participação da
população no âmbito preventivo e curativo.
De acordo com Bornstein (2007), o sujeito está abarcado de conhecimentos pré-
adquiridos nas relações sociais e de face-a-face e que lhe permitem alavancar as
trocas de experiências e aquisição de novos conteúdos através da socialização.
Na perspectiva da EPS, a sistematização da Educação Popular proposta por Freire
atua como eixo orientador na relação estabelecida pela sociedade intelectual e as
classes menos favorecidas. A insatisfação diante das rotinas capitalistas
impregnada nos serviços de saúde atua como agente combustor da transformação
social, na busca pela dignidade e atendimento humanizado (VASCONCELOS, 2004,
p.69).
Na possibilidade de construir uma sociedade esclarecida e bem informada sobre os
serviços públicos de saúde estabelecidos na lei, espera-se com essa pesquisa
revelar através das vozes da população usuária do SUS, os fatores envolvidos no
processo de identificação dos tipos de atendimentos e serviços por ele oferecidos.
REFERÊNCIAS
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Um possível diálogo entre São Tomás de Aquino e Paulo Freire: dois mestres
repensando a educação. Reescrevendo os rumos e estrutura do Projeto
Político Pedagógico
Palavras-chave: educação sociocomunitária, projeto político pedagógico, Paulo Freire, São
Tomás de Aquino, experiência
Apresentação: Pôster
Autor: Mayara da Silva Chenedezi44
O tema proposto traz para discussão questões que ainda são relevantes para a educação
atual como: o papel do professor, o papel do educando, ao que se pretende chegar com o
estudo e qual o sentido da educação. Dentre todas essas questões que se colocam para
discussão está também a da participação de cada integrante da comunidade escolar na
construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) de forma efetiva e democrática.
Tanto São Tomás como Paulo Freire tentam refletir sobre as dificuldades de seu tempo,
muito semelhantes a nossas e encontrar soluções para cada uma delas.
São Tomás publicou uma obra específica sobre a educação intitulada “Sobre o ensino (De
Magistro)” na qual entende a aptidão do homem para educação como um dom divino, e
sendo assim “Não há dúvida que alguém pode, com a luz natural da razão, sem recurso ou
ensino de doutrina exterior, chegar a conhecer muitas coisas que desconhecia como é
evidente no caso de quem adquire a ciencia por invenção” (AQUINO, 1936 p.88). De acordo
com ele, o conhecimento é dado neste caso pela descoberta quando, a razão, por si
mesma, aplica princípios universais e evidentes a determinadas matérias para daí chegar à
conclusões particulares.
Para que um possível diálogo possa acontecer vamos destacar a importância da
experiência enquanto conceito chave tanto para São Tomas quanto para Freire que
ponderaremos abaixo de forma sucinta e que se pretende colocar como elemento chave na
construção do PPP.
Paulo Freire, grande nome da educação em sua obra intitulada “Pedagogia do Oprimido”,
que tem um princípio básico que é a Educação como Prática da Liberdade e é esta
concepção da educação que está impregnada nessa obra.
Para que a educação alcance esse ideal libertador é proposto um método que abarque o
homem, no qual a palavra o ajudaria a tornar-se homem. A linguagem é então cultura.
Decodificando palavras, o alfabetizando vai se descobrindo como homem e sujeito de todo
o processo histórico. Alfabetizar é ensinar o uso da palavra.
Objetivos
44 Mestranda em Educação Sociocomunitária – UNISAL - [email protected]
Geral:
Destacar a relevância do pensamento tomista bem como do pensamento freiriano a
luz de questões atuais e fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem
na elaboração dos Projetos Políticos Pedagógicos das unidades escolares.
Específicos:
- Promover a reflexão entre a comunidade sobre o papel da escola e de cadaum de
seus integrantes na construção de uma educação emancipadora.
-Elaborar através das leituras bibliográficas de Paulo Freire, São Tomás de Aquino e
dos diálogos travados com a comunidade, os pressupostos que orientem a
elaboração do PPP.
Justificativa
E que relevância teria a experiência aplicada ao sistema educacional atual? Parece-
nos que contemplar uma atitude conteudista, não apresenta grandes benefícios,
senão, teríamos um melhor desempenho da nossa educação. Pelo contrário,
encontramos como já dito anteriormente uma educação com grandes déficits e
Projetos Políticos Pedagógicos ineficazes para atender as comunidades que eles
contemplam.
O educando precisa encontrar sentido naquilo que aprende, e isso pode acontecer
pelas semelhanças que ele é capaz de encontrar com suas próprias experiências.
Cabe então a escola e sua comunidade construir de forma coletiva as diretrizes, e aí
o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas
para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele
precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível
o bastante para se adaptar às necessidades de aprendizagem dos alunos.
Metodologia
Para o desenvolvimento deste projeto serão utilizadas estratégias de pesquisa-ação
diagnóstica escolhendo uma escola municipal ou estadual que queira participar da
proposta.
Para se aclarar e diagnosticar a situação em que se encontra o PPP tomaremos de
início o contato com a pedagogia tomista e freiriana através da revisão bibliográfica
respectivamente presente em: De Magistro e Pedagogia do Oprimido e nas obras
de Veiga sobre a construção do Projeto Político Pedagógico, base teórica para
reflexão sobre a práxis pedagógica e a construção normativa do PPP.
Serão realizadas entrevistas com a comunidade onde se buscará identificar as
práticas vigentes e as necessidades que sustentam as metodologias existentes que
permeiam o PPP da mesma. O projeto será desenvolvido, com a comunidade
escolar.
Depois da analise qualitativa das entrevistas com o propósito de efetivar um
trabalho articulado, será elaborado um seminário para a comunidade e a partir dele
serão traçados encontros para sua construção.
Resultados esperados:
Envolvimento da Comunidade escolar na discussão e elaboração do Projeto Político
Pedagógico.
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A CONSTRUÇÃO DA PROFESSORALIDADE NO OFÍCIO DE PROFESSOR
INICIANTE
Palavras-chave: Professor iniciante, professoralidade e educação.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: FREZZARIN, Luiz A.
Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa; Renata Sieiro Fernandes.
RESUMO
O papel do educador é fundamental na contribuição de uma educação de qualidade
no ensino, impulsionado para formação de profissionais qualificados, competentes e
preparados para enfrentar o difícil cenário econômico globalizado. Isto significa a
formação de um profissional crítico e atento à realidade em que se encontra e apto
a encontrar soluções inovadoras que agreguem valores positivos e que transformem
as organizações e a sociedade da qual faz parte. Assim, se faz necessário reafirmar
o papel da educação e sua responsabilidade no processo de formação desses
profissionais e isso nos remete a estudar os desafios da educação na formação de
novos profissionais para o atual mercado de trabalho e contexto sociopolítico e
histórico no Brasil. Os discentes necessitam de uma educação que esteja
fundamentada no compromisso dos docentes em contribuir para que o processo de
ensino-aprendizagem, formação e socialização que crie ambientes favoráveis ao
desenvolvimento de ideias inovadoras e questionadoras no e sobre o meio em que
estão inseridos e de que fazem parte. Neste contexto, como problemática da
pesquisa se dá a formação do professor iniciante, ou seja, como acontece a
construção da professoralidade em ação. E o objetivo dela é investigar a influência
dos saberes advindos do cotidiano (de senso comum) e das experiências
(biográficas e de formação profissional) para a construção das práticas docentes do
professor iniciante. Será que somente o aprendizado que o docente obtém nas
salas de aulas da licenciatura ou graduação são suficientes para uma boa atuação
em sala de aula, ou também o conteúdo subjetivo que carrega de suas vivências,
suas memórias, experiências de infância e de escola etc., irão contribuir para que
seu aprendizado na profissão de docente se constitua? Não se trata de dizer que o
fazer-se professor se dá somente pela vocação. Mas será que vocação é o único
ingrediente na constituição do professor, ou sua história de vida pode contribuir para
a reflexão de uma formação continuada, ou seja, sua professoralidade. Estas são
perguntas que embasam o enfrentamento da problemática. Portanto, a constituição
do professor é um tema de exercício constante e reflexivo dos docentes e dos
indivíduos envolvidos com a educação. A pesquisa qualitativa e participante tem a
construção de dados através de entrevistas individuais, com perguntas
semiestruturadas, gravação em áudio e transcrição e uso de diário de campo. Os
professores a serem entrevistados têm de 1 a 3 anos de experiência, do gênero
masculino e feminino, sem limite de idade, Bacharel ou licenciado, de diversas
áreas da educação, trabalhando em escolas públicas ou particulares, de ensino
médio ou técnico integrado ao médio, e técnico profissionalizante, onde os discentes
são jovens e adultos. Eles compõem a amostra de sujeitos da pesquisa a ser
definida posteriormente a partir de rede de contatos construídas pelos informantes
buscados e indicados. As entrevistas seguiram um roteiro de perguntas abertas que
versem sobre: Do que os professores lançam mão? Por que faz? Como faz? Para
quem faz? O que leva em consideração? Onde faz? O lugar onde estão e o nível de
escolarização implica na forma de dar aula? Que tipo de sujeito pretende formar?
Para que tipo de sociedade? Qual é sua orientação político-pedagógica? O
referencial teórico dialoga com autores como Freire, Alves, Kenski, Pereira, Tardif,
Perrenoud e Nóvoa, para dar suporte à sistematização e análise dos dados de
pesquisa. Assim, entender o que dizem os próprios professores iniciantes é de
fundamental importância para transformar a realidade atual das instituições de
ensino formal. A mudança de atitude dos responsáveis no ambiente escolar,
diretores e coordenadores e, sobretudo dos docentes, se torna necessária para que
se possam obter avanços na qualidade dos processos de educação e, portanto, de
formação de sujeitos para os projetos societários. Assim, a pesquisa espera levantar
pontos importantes para reflexão dos próprios docentes entrevistados, bem como
daqueles que estão enfrentando seus primeiros passos na profissão de docente e
indicar os desafios e as superações. E ajudar a compreender como se dá a
constituição do docente na complexidade do real, a partir do que dizem os próprios
professores iniciantes é de fundamental importância para transformar a realidade
atual das instituições de ensino formal.
REFERÊNCIAS
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A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA NO ENSINO
SUPERIOR MILITAR
Palavras-chave: Ensino militar. Educação Sociocomunitária. Comunidade.
Socialização.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Helaine Cia45
Co-autor: Maria Luísa Amorim Bissoto46
RESUMO
O ensino militar das Forças Armadas no Brasil, a Marinha, o Exército e a
Aeronáutica, possuem o próprio sistema de ensino, formando e preparando
profissionais com habilidades e competências específicas para atuarem nos
momentos de paz ou de guerra, tanto em áreas marítimas, terrestres ou aéreas do
país.
Desse modo, fica sob a responsabilidade do Estado
[...] prover a segurança e a defesa necessárias para que a sociedade possa alcançar os seus objetivos. Cabe ao Estado propiciar e garantir condições para que se possa considerar que o País não corra o risco de uma agressão externa, nem esteja exposto a pressões políticas ou imposições econômicas insuportáveis, e seja capaz de, livremente, dedicar-se ao próprio desenvolvimento e progresso (LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL,2012, p.22).
Quando se refere ao ensino militar, o Artigo nº 83, da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (1996) regula e estabelece “em lei específica, admitida a
equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de
ensino.” As instituições de ensino militar possuem autonomia para desenvolver a
formação e o preparo específico do militar.
45 Pedagoga e aluna regular no Mestrado em Educação Sociocomunitária-UNISAL de Americana- e-mail: [email protected]
46 Professora e Orientadora no Mestrado em Educação Sociocomunitária-UNISAL de Americana.
De acordo com a Lei 6880, de 9 de dezembro de 1980, que dispõe sobre o Estatuto
dos Militares, a hierarquia e a disciplina são valorizados e institucionalizados nas
Forças Armadas. Conforme o artigo 14, no item 1, define a hierarquia como a
[...] ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade (LEI 6880, DE 9 DEZ. DE 1980).
No item 2, do artigo 14, a disciplina é considerada como a
a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo (LEI 6880, DE 9 DEZ. DE 1980).
Desde o ingresso à carreira militar, já no Estágio de Adaptação Militar, o aluno
aprenderá a valorizar os conceitos de hierarquia e disciplina, que farão parte de sua
carreira profissional. Além disso, aprenderá as regras, os valores, os símbolos, os
cantos militares, gritos de guerra, a maneira de se vestir, de falar, de se apresentar
a um superior hierárquico, e outros. Maneiras de comportamentos que são
valorizados na rotina e entre os membros que compõe a instituição militar.
O estágio de adaptação tem como finalidade ensinar aos novos integrantes a
“civilizar os seus atos” e a “controlar as emoções”, tornando-se membros de uma
comunidade diferenciada, aquela militar (ELIAS, 2011). Uma aprendizagem que
valoriza a disciplina e a hierarquia, por meio da qual o aluno aprenderá a liderar e
tomar decisões diante a sua tropa de subordinados.
Para Castro (1990), o aluno passa por um
[...] processo de socialização profissional durante o qual deve aprender os valores, atitudes e comportamentos apropriados à vida militar. [...] Através dos manuais e apostilas o cadete adquire conhecimentos sem dúvida indispensáveis ao exercício da profissão, mas é na interação cotidiana com outros cadetes e com oficiais que ele aprende como é ser militar (CASTRO, 1990, p.15, grifo do autor).
Durante o estágio existem treinamentos táticos e de preparo físico, valorizando os
costumes e os atributos da vida do militar. Formam laços de amizades e laços de
interdependências entre a turma de formação.
Para Elias e Scotson (2000), os laços de interdependências constituem a formação
e a união de um grupo, tornando-se pertencentes e dependentes uns aos outros,
buscando os mesmos valores e interesses que sustentam os membros no interior
da caserna.
A justificativa para realizar a pesquisa no ensino militar se deu a partir de observar o
ingresso de alunos na instituição de ensino, o que despertou o interesse de
compreender como ocorre a formação inicial do aluno na “comunidade militar” e, por
consequência, as causas de solicitações de desligamentos durante o curso, mais
especificamente, no Estágio de Adaptação Militar.
Desde o ingresso numa comunidade, o indivíduo estará sujeito a receber influências
e “intervenção modeladora” daquelas pessoas que são consideradas civilizadas, um
padrão que deverá ser alcançado (ELIAS, 2011, p.15).
A dissertação, que está em fase de desenvolvimento, tem como objetivo
compreender como ocorre a aprendizagem social da formação inicial do cadete,
tendo como sujeitos alunos que ingressam no primeiro ano do curso de uma
determinada instituição de ensino superior militar.
Para ingressar e tornar-se pertencente ao ambiente de militares é necessário
realizar um estágio de socialização e adaptação no início do curso. Esse estágio é
obrigatório para verificar a aptidão e dedicação à profissão, porque “Ao ingressar
nas Forças Armadas, o militar tem de obedecer a severas normas disciplinares e a
estritos princípios hierárquicos, que condicionam toda a sua vida pessoal e
profissional” (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2016).
A pesquisa tem como problema, compreender os fatores que favorecem a
desistência de alunos durante o estágio, e se é possível nesse intervir para a
melhoria dessa formação. A hipótese é a de que essa formação inicial pode ser
considerada um tipo específico de processo civilizador, e, dessa maneira, impactar
na constituição da subjetividade e da identidade desses sujeitos, muitas vezes
inviabilizando sua permanência na instituição.
A metodologia utilizada será a pesquisa qualitativa, na modalidade de observação
participante, no estágio que é realizado no início do ano. O principal referencial
teórico se fundamenta na obra do sociólogo Norbert Elias (2011), “O processo
civilizador: uma história dos costumes”. Serão analisados tambem os questionários
de alunos que solicitaram o desligamento entre os anos de 2013, 2014 e 2015 e
serão realizadas entrevistas com militares que participaram do processo de
formação inicial.
Como resultados espera-se construir referenciais, que pautados naqueles da
Educação Sociocomunitária, possa embasar melhorias na área de ensino militar, em
especial o próprio processo de adaptação institucional.
REFERÊNCIAS
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A EDUCAÇÃO NA GUARDA MIRIM DE SANTA BARBARÁ D’ OESTE (1971–
1998): A apropriação da educação sociocomunitária pela burguesia, aplicada
sob os moldes de ensino semelhantes aos da Opera Nazionale Balila.
Palavras-chaves: Guarda Mirim. Educação Sociocomunitária. Ópera Nazionale
Balila. Dialética Sociocomunitária. Educação Profissionalizante.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Lucas Henrique Salveti47
A presente pesquisa tem como foco principal o estudo da educação
sociocomunitária na Guarda Mirim de Santa Barbara d’ Oeste fazendo um recorte
histórico do ano de 1971 até 1998. Será trabalhada a ideia da educação
sociocomunitária apropriada pela burguesia, compreende-se burguesia, como
aqueles que são os detentores dos meios de produção (MARX, 2014). Essa
educação sociocomunitária que deveria ser libertadora acaba por servir os
interesses da classe dominante, que no caso da pesquisa que se apresenta, é a
burguesia. Dentro do escopo da objetivação da pesquisa, será desenvolvida uma
linha histórica da instituição no período pesquisado, dividindo-se em duas partes, a
primeira de 1971 até meados de 1992, e a segunda de 1992 até 1998, com duas
divisões fundamentais no que diz respeito à educação, sendo o primeiro período
pesquisado um modelo educacional baseado único e exclusivamente na
doutrinação moral do jovem, já o segundo período se preocupa além da doutrinação
moral do jovem, também com a sua educação profissionalizante. O trabalho
também realiza uma introdução dos principais conceitos que auxiliam na
compreensão das análises desenvolvidas durante a pesquisa, conceitos como
dialética, origens da educação profissionalizante, as raízes teorias que auxiliam na
construção do conceito de educação sociocomunitária e como a burguesia se
apropriou dessa educação, modulando um conceito ainda pouco trabalhado no
programa de Mestrado em Educação do Unisal, que é a dialética sociocomunitária.
Quando estudado a instituição, foi percebida uma incrível semelhança que ela
guarda com a escola Opera Nazionale Balila, que foi criada e desenvolvida durante
o regime fascista de Benito Mussolini. A abordagem é mista, qualitativa e
quantitativa (quali-quanti), com maior enfoque na qualitativa, quanto o procedimento
47 Mestrando em educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Possui graduação em direito pela
mesma instituição. E Mail – [email protected].
utilizado será a análise documental, além disso, será utilizada uma ferramenta para
coleta de dados que é a entrevista. A contribuição da dissertação é a apresentação
de dados históricos que até então estavam ocultados ou dispersos, desmitificando
muitas crenças que sempre acompanharam a instituição, ou fatos pouco
esclarecidos pelos mais variados motivos.
Metodologia
Quando nos predispomos a pesquisar, passamos pela delimitação do tema,
destacamos o objeto e os sujeitos da pesquisa, e por fim elencamos o problema,
deve se ter em mente a perspectiva de que a estrutura funda funcione como uma
espécie de aparato pré-estabelecido para novas descobertas e investigações, como
se trata de uma pesquisa histórica, o objetivo é a aproximação da realidade vivida
dos períodos pesquisados.
Foi escolhido como abordagem da pesquisa, uma pesquisa estruturada qualitativa e
quantitativa (quali-quanti), os temas serão quantitativamente aprofundados, sendo
que, em um determinado momento, para fins de análise específica de alguns dados,
em três momentos serão expostas estáticas numéricas que quantificaram alguns
dados introduzidos ao projeto.
O procedimento utilizado no trabalho é a análise documental, esse procedimento via
de regra buscará analisar documentos até então não analisado, e dele extrair as
percepções e conclusões ou não, do pesquisador. Foi esse o principal procedimento
utilizado na pesquisa.
Os instrumentos de coleta e analise de dados foram três: a utilização de entrevistas
não estruturadas, rodas de conversas com funcionários, entrevistas anônimas, visto
que, por motivos pessoais e profissionais, a pessoa preferiu não se identificar. Essa
pessoa que preferiu não se identificar foi um ex-funcionário da instituição, que
trabalhou por alguns anos nela.
Justificativa
Justifica-se a abordagem do tema pela proximidade do pesquisador com o objeto da
pesquisa e análise, os fatos históricos que sempre foram difundidos pela sociedade
barbarense no que se refere à trajetória da instituição sempre se mostraram
fascinantes e intrigantes, curiosidade essa que foi trabalhada na tentativa de ser o
mais claro e objetivo na medida do possível.
Isso sem contar da carência de informações e pesquisas sobre a entidade, esse fato
atuou como combustível para a busca de informações que pudessem contribuir com
a formação do senso por aqueles que querem se desprender em conhecer as
informações apresentadas.
Objetivos
O objetivo primeiro da dissertação é demonstrar como ocorre a educação
sociocomunitária na Guarda Mirim de Santa Barbara d’ Oeste, e a partir dos dados
levantados na pesquisa e com as impressões e levantamentos apresentados, a
burguesia barbarense no período pesquisado teve seu controle para a satisfação de
seus próprios interesses.
Segundo traçar a história da instituição, que hoje é sinônimo de educação e ensino
profissionalizante, demonstrando que nem sempre foi assim.
Também, demonstrar como a educação sociocomunitária é dialética, apontando as
sínteses, antíteses e tentando chegar a uma possível tese.
Resultados esperados
Os resultados esperados são primeiramente as respostas dos objetivos, ora
levantados, visto que, a pesquisa ainda não foi concluída. Mas, o objetivo foi buscar
um resultado de que a burguesia controla a educação sociocomunitária e tal
controle reflete-se em todos os seus atos.
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Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Maria Aparecida Corrêa da Rocha Ferreira de Assis Moura*48
Não há limite semântico para as possibilidades de diálogo.
Severino Antônio
Quando se tratam das relações de tipo comunitário na educação, no que se refere ao curso da vida individual, temos que o sujeito está sendo formado em sua identidade original, tendo oferecido os valores fundamentais dos grupos de que faz parte, afora o fato de estar sendo cuidado, colocado em situação de segurança e, enfim, sendo socializado, fazendo-se pertencer a determinados grupos sociais.
Luís Antonio Groppo
Na linguagem, processos semânticos e simbólicos perfazem a existência do
homem.
A linguagem como prática específica do homem incita o desejo, faz e é cultura e
história.
Considerando que somos seres de linguagem (ANTONIO), 2015), em dimensão
simbólica e semântica trazemos a importância de se compreender também uma
outra linguagem, a língua de sinais, para nós brasileiros a LIBRAS, como palco de
criação; além de comunicação, relações com os outros, relações de significação
com o outro e com o mundo. Nessa fonte de criação, em tempo de formação de
professores um olhar de vital importância. O presente trabalho propõe
apresentar experiência vivida por esta docente com educandos, futuros professores
em Curso de Pedagogia49, em proposta cuja perspectiva interdisciplinar, por meio
de projeto construído e executado coletivamente, desperta alunos e professores
para uma vivência dialógica. Originou-se da articulação das discussões realizadas
nas disciplinas Fundamentos Teóricos e Metodológicos no Ensino Fundamental:
História, Fundamentos Teóricos e Metodológicos no Ensino Fundamental: Geografia
48 Mestre em Educação pelo UNISAL. Professora de Libras e Educação Especial no curso de Pedagogia de
Conchas/SP e da disciplina Homem, Cultura e Sociedade na Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara.
[email protected]. 49 Curso de Pedagogia da Faculdade de Conchas - FACON
e LIBRAS, esta sob responsabilidade desta pesquisadora, tendo sido desenvolvido
durante o primeiro semestre do ano corrente, com os estudantes do 5º. Semestre.
Destacamos a necessidade de resgatar durante o tempo de formação dos
professores, o sentido das relações humanas conduzindo-os para um novo
momento: aquele que reconhece, aceita, respeita diferenças e diversidade; aquele
que crê no aprendizado cooperativo; aquele que permite descobertas que implicarão
em mudanças desde a mentalidade até aquelas que implicam em comportamento e
atitudes, prosaicas e/ou poéticas.
Pensando a importância da e na vivência da interdisciplinaridade para a formação
de professores e as questões e possíveis respostas que permearam as disciplinas
optou-se para um Estudo do Meio, tendo como diferencial o convite feito aos jovens
da comunidade surda da cidade - em número de seis ( cinco garotas entre 17 e 18
anos e um rapaz de 28) - para comporem o quadro de sujeitos investigadores junto
aos alunos do 5º. semestre, numa experiência de relações interpessoais a partir da
Libras, como forma de enfatizar a voz daqueles que também participam de toda
construção , mas que por razões históricas, não raro, são silenciados.
De modo que, nosso objetivo é trazer a partir da Libras, disciplina obrigatória na
formação dos professores, o meio de abordar, pela linguagem, uma práxis que, na
aproximação de comunidade surda e ouvinte, resulta em conhecimento,
reconhecimento, e uma ação poiética.
No eixo da temática os futuros docentes puderam questionar a realidade numa
perspectiva interdisciplinar e compreender, mais especificamente, que são as
relações entre os sujeitos sócio históricos, incluídos os surdos, que dão sentido e
significação às relações de ser, pertencer e fazer. Apoiados em referencial teórico
composto de nomes como DIZEU &CAPORALI(2005), KUBASKI E MORAES(2009),
LACERDA, C., LOPES E PONTUSCHKA ,(2009), PACHECO (2009), SKLIAR
(2010), no seio mesmo de sua proposta e desenvolvimento estiveram em processo
avaliativo nas socializações , nas discussões e reflexões de cada descoberta, de
cada relação estabelecida entre a realidade investigada e as referências estudadas.
O presente trabalho foi vivenciado com três grandes participações da comunidade
surda junto aos educandos e futuros professores. O primeiro encontro, cria um
vínculo e elucida à comunidade surda - que comparece com a professora-
intérprete50 - o motivo do convite, que é aceito de pronto e proporciona a
50 A professora intérprete acompanhou os jovens da comunidade surda em todas as atividades vivenciadas.
possibilidade de uma futura interação entre surdos e ouvintes com o propósito de
convivência e aprendizado recíprocos. O segundo momento, em visita de campo à
estação férrea da cidade, as comunidades surda e ouvinte questionavam: esta visita
seria seu ponto de chegada ou ponto de partida? Nesse encontro algumas
ausências de jovens surdos trouxeram a baila novos dados de pesquisa sobre a
dificuldade da convivência de algumas pessoas da comunidade surda de
conviverem com a comunidade ouvinte. O terceiro momento culminou o projeto com
a apresentação dos resultados e impressões de todos os participantes à
comunidade interna e externa que foi palco de manifestações de alguns jovens
surdos.
Como resultado, o desafio de construir relações interpessoais entre nós, ouvintes e
a comunidade surda da cidade reiterou a construção de conhecimentos com ênfase
na diferença, na empatia, na cidadania, que sabemos indispensáveis à formação do
futuro docente da educação básica.
O trabalho realizado traz em seu bojo evocações escritas pelos alunos e, pelo
menos, um deles registrou suas impressões sob a forma de poema, o que nos leva
a refletir sobre o resgate do sensível que demonstra o fazer poético como também
fruto da interrogação do mundo, do diálogo com a razão (ANTÔNIO, 2015),
percepções registradas de maneira criadora capaz de leitura da realidade e prática
da existência. Práxis e poiesis.
Ao mesmo tempo, ponto de chegada e ponto de partida. Os alunos chegam onde
nunca estiveram: juntos com pessoas deficientes auditivas numa mesma atividade,
conhecendo-se e percebendo que o conhecimento sobre elas possibilitou toda a
pesquisa que fica rica de afeto. E partem para a continuidade dessa experiência, um
momento histórico que agora se inicia e fará parte de seu que-fazer quando
reunirem surdos e ouvintes para a construção do conhecimento.
Nessa tessitura, além do aprendizado dos alunos ouvintes, a Libras abre as portas
das relações interpessoais e a diferença veio somar reflexões em ambos, ouvintes e
surdos. Seu ponto alto e qualitativo é o destaque que damos para algumas dessas
jovens surdas por terem manifestado o desejo de cursar Pedagogia e galgar a
carreira de educadores de crianças surdas. Ouvintes e surdos: ambos aprendem,
ambos ensinam. Diálogo.
REFERÊNCIAS
ANTÔNIO, S. A Utopia da Palavra- Educação, Linguagem e Poesia: Algumas
travessias; nova edição ampliada, Americana/SP: Adonis, 2015
DIZEU, L. C. T. B.; CAPORALI, S. A. A língua de sinais constituindo o surdo
como sujeito. In Educ. Soc., vol. 26, n. 91, p. 583-597, 2005.
KUBASKI, C.; MORAES, V. P. O bilinguismo como proposta educacional para
crianças surdas. In: IX Encontro Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro
Sul Brasileiro de Psicopedagogia, PUCPR, 2009. Disponível em
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3115_1541.pdf, acesso
em 28/07/2016.
LACERDA, C. B. F., Um pouco da história das diferentes abordagens na
educação dos surdos. Caderno Cedes, v. 19, no. 46, Campinas, Set. 1998, versão
on line . ISSN 1678-7110
LOPES, C. S.; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do meio: teoria e prática. Geografia
(Londrina) v. 18, n. 2, p. 173-191, 2009.
PACHECO, R. A. O ensino de história com base na Educação Patrimonial e no
Estudo do Meio. Cadernos do CEOM (Unochapecó), v. 31, p. 145-155, 2009.
SKLIAR, C.(Org.) A Surdez: um olhar sobre a diferença. Porto Alegre: Mediação,
2010
A PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES DOS ALUNOS IDOSOS DA EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Idosos. Identidades.
Subjetividades. Contemporaneidade.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Jane Gerodo Garcia51
Co-autor: Lívia Morais Garcia Lima
A Educação de Jovens e Adultos no Brasil tem sua história marcada por avanços,
retrocessos e impasses. Sua trajetória é bastante vinculada à educação popular e
aos movimentos sociais, principalmente a partir dos anos 1960.
Durante os anos de 1960, a pedagogia de Paulo Freire inspirou os programas de
alfabetização e educação popular, e o analfabetismo, que antes era apontado como
causa da pobreza e da marginalização, passou a ser interpretado como efeito da
situação de pobreza gerada pela estrutura social.
Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996,
a Educação de Jovens e Adultos passou a ser um modalidade da Educação Básica
e em 2007, passou a usufruir de recursos do Fundo de Desenvolvimento e
Manutenção da Educação Básica (FUNDEB). Nesse momento, a EJA passou a ter
financiamento no mesmo nível das outras modalidades da Educação Básica.
A EJA é um direito do cidadão brasileiro, dever do Estado. Os documentos e os
estudos elaborados pelos que se dedicam a essa área da educação reafirmam
sempre que esse direito/ dever tem que ser efetivado para que as sociedades
avancem em processos de garantia do respeito aos direitos humanos e qualidade
de vida das pessoas.
Em Campinas – SP, a fundação Municipal para a Educação Municipal (FUMEC) foi
criada nos anos de 1980 e assumiu o trabalho com a EJA – 1º segmento,
51 Pedagoga e Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela Faculdade de Educação da UNICAMP.
Coordenadora Pedagógica, atuando na Coordenadoria Setorial de Formação, na Secretaria Municipal de
Educação da Prefeitura Municipal de Campinas. Professora de EJA na Fundação Municipal para Educação
Comunitária (FUMEC) E-mail: [email protected]
equivalente aos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental, após a extinção do
MOBRAL e da Fundação Educar.
A fundação comunitária se originou da demanda da população, com uma proposta
de educação transformadora, com princípios de respeito à identidade do aluno. Ao
longo do processo pelo qual tem passado a EJA, seus sujeitos foram vistos de
diferentes formas, por si mesmos e pela sociedade. Neste contexto, os professores
desenvolvem diversas metodologias para atender as especificidades de cada turma,
que incluem desde adolescentes52 até idosos. Uma parte desse alunado é
constituída por pessoas com mais de 60 anos, que frequentou pouco a escola na
infância, ou nem essa possibilidade teve.
Os questionamentos quanto às motivações desses alunos para permanecer na
escola podem encontrar algumas respostas quando deixamos de lado a visão de
educação escolar somente como instrumentalização das pessoas. Um dos
possíveis caminhos teóricos nos é apontado por Stuart Hall (2000) que nos mostra
como a trajetória do conceito de sujeito sofreu um deslocamento ao longo da
história. O autor organiza essa trajetória em alguns estágios, rejeitando a ideia de
que as identidades eram unificadas e que atualmente se tornaram deslocadas.
Em uma ruptura como o passado, no período da modernidade, o indivíduo foi liberto
de apoios estáveis como as tradições e estruturas. Nas práticas da idade moderna,
a concepção era de um sujeito racional, pensante e consciente, uma concepção de
sujeito situado no centro do conhecimento.
Nesse processo, que não foi tranquilo, esse sujeito foi sendo “deslocado” desse
centro e na modernidade tardia, segundo o autor, esse sujeito individual passou a
ser visto como pertencente a um grupo social por conta da complexidade das
relações, ou seja, um sujeito social. Hoje, as identidades do sujeito pós-moderno
são vistas como abertas, contraditórias, inacabadas e fragmentadas.
Partindo desse pressuposto, podemos afirmar que a tentativa de encaixar esse
aluno idoso num modelo único de identidade se torna inócuo, as tentativas de
classificação escapam a todo instante, cada um construiu sua identidade ao longo
de suas vivências e das subjetividades produzidas no contexto social no qual está
inserido.
Podemos considerar também os textos de Tomaz Tadeu da Silva (2000), que afirma
que os conceitos de identidade e diferença são inseparáveis: a identidade é a
52 O ECA considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescente, entre 12 e 18 anos.
referência, é o ponto original relativamente ao qual se define a diferença, elas são
mutuamente determinadas. Entretanto, ele afirma, numa visão mais radical, seria
possível que é a diferença que vem em primeiro lugar, em se considerando a
diferença não como resultado de um processo, mas como sendo o processo mesmo
pelo qual tanto a identidade como a diferença, compreendidas como processo, são
produzidas.
Entre outros autores que criaram conceitos que podem vir ao encontro da indagação
deste trabalho está Félix Guattari (2005), que produziu conhecimento sobre a
produção de subjetividades.
Entretanto, mesmo com a potência da maquinaria de produção de subjetividades,
há sujeitos que resistem e ressignificam suas subjetividades, esse é o foco deste
trabalho.
Os alunos idosos que atualmente frequentam as salas de Educação de Jovens e
Adultos (EJA) da Fundação Municipal para Educação Comunitária em Campinas
(FUMEC) tiveram suas vidas atravessadas pela produção de subjetividades do
mundo contemporâneo e do processo de escolarização da EJA. Essa produção, de
acordo com o discurso hegemônico, aponta como caminho para o idoso a
passividade, a acomodação e o consequente afastamento das questões do
conhecimento e da escolarização. Pela minha prática como professora de EJA, na
FUMEC e também pelo meu olhar acadêmico sobre essa, atualmente, modalidade
da Educação Básica – considerei a necessidade de entender melhor a produção de
subjetividades dos alunos idosos na EJA e como isso afeta sua identidade,
possivelmente contribuindo para a construção de um novo discurso pedagógico em
relação a esse alunado. A EJA é um direito do cidadão brasileiro vinculado à
garantia do respeito aos direitos humanos e a qualidade de vida das pessoas e
caracteriza-se pelo reconhecimento tardio do direito à escolarização em idade
apropriada, negada ao cidadão, sendo a trajetória da EJA no Brasil vinculada à
educação popular e aos movimentos sociais, atende a uma classe social específica,
aqueles que não tiveram acesso à escola na infância ou, por motivos diversos,
foram dela excluídos.
Através do uso da metodologia qualitativa da história oral, a pesquisa tem por
objetivo levantar elementos para compreender como o processo de produção de
subjetividades tem afetado as identidades de alguns alunos idosos da EJA na
contemporaneidade, os levando a, possivelmente, romper com o discurso
hegemônico sobre o lugar do idoso na sociedade contemporânea. Nesse sentido,
busca-se apurar, também, em que medida a escola, como um dos locais sociais
possíveis, pode ser considerado um espaço legítimo de educação para idosos e
como se pode propor uma pedagogia voltada para esse alunado.
Ao desenvolver esta pesquisa com base na metodologia da história oral, através de
entrevistas semi-estruturadas, que serão gravadas em vídeo, pretende-se
proporcionar momentos para que alguns alunos idosos que frequentam as salas de
EJA da FUMEC possam falar de suas experiências e expectativas em relação à
escola, trazendo desta forma elementos para contribuir no processo de
compreensão das necessidades dos alunos idosos na EJA.
REFERÊNCIAS
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QUEIROZ, Maria I. P. de. O pesquisador, o problema da pesquisa, a escolha das
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2000.
A RESSIGNIFICAÇÃO DO DISCURSO OFICIAL DA PASTORAL DA JUVENTUDE
NA VIVÊNCIA SÓCIO COMUNITÁRIA DOS SEUS MEMBROS
Palavras-chave: A Pessoa. Pastoral da Juventude. Discurso. Ressignificação.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Anderson Bizarria da Costa53
Co-autor: Maria Luisa Amorim Costa Bissoto54
A sociedade contemporânea assiste à acentuação de contextos de
instrumentalização da pessoa humana. O Personalismo de Emmanuel Mounier
ocupa-se do primado da pessoa frente a qualquer realidade. A Pastoral da
Juventude sempre carregou a bandeira da crítica a desigualdade social e a qualquer
tipo de sanção a liberdade. O debate entre tais perspectivas pode contribuir para a
preservação dos mecanismos de valorização do processo de humanização da
humanidade hodierna.
A partir do Personalismo de Mounieriano pretende-se problematizar a experiência
sócio comunitária e de formação de consciência e assimilação ético-moral dos
membros da Pastoral da Juventude e evidenciar a interpretação feita por seus
membros do chamado discurso oficial, estabelecido por orientações da CNBB,
Encíclicas e Constituições Dogmáticas e Pastorais oriundas do Vaticano II, bem
como das Conclusões CELAM e, como carta magna, o próprio Evangelho.
O trabalho possui uma estrutura tripartida. A primeira apresenta os fundamentos
teóricos extraídos da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e as categorias de
análise dos sujeitos. A segunda apresenta um panorama sobre conceituação de
juventude, a história da Pastoral da Juventude no Brasil e suas bases teóricas. Por
fim, a terceira apresenta o confronto entre a fundamentação teórica, as bases
documentais da PJ e os dados levantados em pesquisa de caráter exploratório.
Para o levantamento de dados da pesquisa, de caráter qualitativo, optou-se pela a
elaboração e aplicação de um questionário eletrônico (google docs) para os jovens
membros da PJ, “disparados” pelas redes sociais, alcançando membros da PJ
53 Mestrando em Educação pelo Programa de Pós Graduação Stricto Sensu do Unisal. Especialista em
Counseling. Graduado em Filosofia e Teologia. E-mail: [email protected] 54 Doutora, professora do Programa de Pós graduação Stricto Sensu em Educação do Unisal. E-mail:
espalhados por todo o território brasileiro. E ainda quatro entrevistas com
personagens considerados importantes para a história da PJ no Brasil.
O Personalismo de Emmanuel Mounier desenvolve sua reflexão visando a
valorização do ser humano reconhecido como pessoa e da expressão de seu
primado nas relações interpessoais e com os objetos em geral.
Mesmo frente a instituições e categorizações sociais reconhecidamente
fundamentais como: família, Estado, nação, classe, política, economia, humanidade
etc., a pessoa conserva seu valor absoluto. Elas não podem promover-se em
detrimento da pessoa (MOUNIER, 1967, p.85).
Considerando o caráter filosófico que procura respostas à busca incessante do
homem em dar sentido à sua existência, vê-se no personalismo de Mounier, uma
reflexão que visa esclarecer o destino do homem e também sua situação real, com
o fim de orientá-lo para novas perspectivas e juízos normativos, caracterizando-se
assim, como pensamento filosófico (SEVERINO, 1974), porém sem tornar tais
orientações, perspectivas e juízos normativos rígidos e importantes por si mesmos.
Para evidenciação e vivência do estado de pessoa Mounier postula como critério a
integração entre discurso, qualidade de homem e ação, uma vez que a pessoa é um
ser uno, não disperso, integro. Para tanto, um fator, mais ligado a ação, que
evidencia essa integração é o engajamento sócio-político da pessoa.
A Pastoral da Juventude é um movimento que desde os anos 1970 apresenta-se
como uma proposta de realização do jovem cristão. Também se caracteriza por seu
engajamento social, político e comunitário. Sua própria história e a diversidade de
contextos de sua atuação problematizaram-na ao longo dessas décadas.
No esforço do conhecimento de seu objeto, o Personalismo entende realizar um
processo de humanização da humanidade. Sem estabelecer uma contradição, mas
visando observar o que mais imediatamente se manifesta no ser humano, busca-se
apreender o ser humano em suas atividades globais, a saber: econômicas, políticas,
biológicas, espirituais, valorativas, educacionais, etc. (MOUNIER, 2004).
A história da Pastoral da Juventude começa nos anos 1970, com a Ação Católica
Especializada, a saber; JAC, JEC, JIC, JOC, JUC, respectivamente, juventude
agrária, estudantil, independente, operária e universitária à luz das reflexões da
Teologia da Libertação e da Pedagogia do Oprimido.
Medellin e Puebla, como são conhecidas duas importantes Conferências Gerais do
Episcopado Latino Americano, de 1968 e 1979, forjam novas prioridades para a
ação pastoral da Igreja nessa porção específica do povo de Deus. A luta em favor
dos pobres e da juventude. Tal opção apresenta-se como propulsora dos
movimentos juvenis em fomento nesse período histórico.
A Pastoral da Juventude visa contribuir para o estabelecimento de uma sociedade
que tenha como prioridade a pessoa humana (o ser), um projeto social claro, com
condições e oportunidade para todos, sem preconceitos, com a vivência e
testemunho dos valores evangélicos, valorizando a diversidade e riquezas da
pessoa e da juventude (SILVA, 2009).
Do encontro entre tais perspectivas, uma filosófica e outra teológico-pastoral, pode
surgir uma síntese sobre a experiência de um tipo de agregação de seres humano
que constantemente, por seus empenhos, visa forjar a integração de seu próprio ser
e a aquisição do estado de pessoa, conscientemente ou não.
REFERÊNCIAS
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Alegre: Porto Editora, 1994.
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CONSTITUIÇÃO Lumen Gentium. Sobre a Igreja. In: CONCÍLIO VATICANO II.
1962-1965. Vaticano II: mensagens, discursos, documentos. São Paulo: Paulinas,
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COQ, Guy. Mounier: o engajamento político. Aparecida, SP: Idéias e Letras, 2012.
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MOUNIER, Emmanuel. Manifesto ao serviço do personalismo. Trad.: Antônio
Ramos Rosa. Lisboa: Editora Livraria Morais, 1967
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Centauro, 2004.
SEVERINO, Antônio Joaquim. A antropologia personalista de Emmanuel Mounier.
São Paulo: Saraiva, 1974.
SADÍN Esteban, Maria Paz. Pesquisa qualitativa em educação: fundamentos e
tradições. Tradução Miguel Cabrera. Porto Alegre: AMGH, 2010.
SOUZA, Ney. Contexto e desenvolvimento histórico do Concílio Vaticano II. In:
GONÇALVES, Paulo Sérgio. Concílio Vaticano II. Análise e prospectivas. São
Paulo: Paulinas, 2004.
CONCEPÇÕES DE PROFESSORES SOBRE AVALIAÇÃO EMOLDURADAS EM
CATEGORIAS
Palavras-chave: Educação militar. Concepção de professores. Avaliação. Ensino por
competências.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Nadir Gonçalves de Lima Kneipp55
Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa56
O presente trabalho busca identificar as concepções de professores sobre avaliação
em uma escola militar do Exército Brasileiro, frente ao processo de mudança de um
currículo por objetivos para um currículo por competências. O ensino por objetivo
tem seus pressupostos na pedagogia tecnicista, abordada na pesquisa como
produto dos Acordos MEC-USAID entre o Brasil e os Estados Unidos, nas décadas
de 60 e 70. Relacionamos o modelo de ensino por competências adotado pela
Instituição com a pedagogia das competências de Ramos (2006), descrevendo as
abordagens metodológicas para seu desenvolvimento, apresentadas por Mertens
(1996), que diferenciam-se pelo conceito de competência utilizado, pela maneira
como são identificadas as competências e pelos referenciais e metodologias que
são adotados. São elas: o condutivismo ou behaviorismo, a abordagem funcional e
o construtivismo. Traçamos similitudes do processo de transição do ensino militar
com a transitividade da consciência de Paulo Freire (1967). No nosso
entendimento, a intencionalidade do ensino por objetivos não ultrapassa a
concepção de consciência transitiva ingênua de que nos fala Paulo Freire, dada sua
superficialidade na relação educador/educando e sua fragilidade do diálogo. Ainda
discutimos sobre as modalidades de avaliação, suas funções no processo ensino-
aprendizagem, bem como a descrição de suas normas e regulamentações.
O Exército Brasileiro ciente das transformações econômicas, políticas e sociais da
contemporaneidade percebeu a necessidade de adequação do seu sistema de
ensino e adotou o ensino por competências, voltado para um currículo por
competências profissionais, no entanto, sua avaliação permanece sendo
55 Mestra em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação (UNISAL) - [email protected] 56 Doutora em Educação. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária (UNISAL) –
classificatória, meritocrática e hierárquica. Com a intenção de promover reflexão
sobre o tema e encontrar uma melhor solução para esse impasse, buscamos
identificar nas falas dos professores da Instituição, os limites e possibilidades nessa
transição.
O estudo está pautado na abordagem qualitativa de pesquisa, que para Uwe Flick
(2009) é a mais adequada para as aplicações nas ciências sociais, como a
Educação, com vistas à descrição dos processos na produção de situações e de
ambientes, bem como a ordem social existente, configurando-se, portanto, como
abordagem pertinente em investigações que visam a identificar a concepção dos
professores sobre avaliação. Realizamos entrevista semiestruturada com cinco
professores da Instituição, que possui um quadro de profissionais bastante
diversificado, com professores civis e professores militares de diferentes escolas de
formação, entrevistamos um professor de cada quadro para contemplar a
representatividade do grupo. Após a análise e interpretação fizemos a devolutiva
para os participantes da pesquisa, a fim de refletir com eles sobre as nossas
interpretações tecidas no processo de análise de dados.
Da análise e interpretação, emergiram cinco categorias: pertencimento e não
pertencimento ao grupo de professores da EsPCEx; medo de cometer injustiça; as
amarras das normas; as especificidades do ensino militar e função da avaliação:
processo e produto. Após a análise e interpretação fizemos a devolutiva para os
sujeitos da pesquisa. Os professores, que pertencem a vários grupos sendo do
Exército Brasileiro até das próprias disciplinas procuram minimizar a sua
subjetividade nos processos avaliativos, buscando dar condições iguais para os
alunos com receio de comprometer sua carreira, porque reconhecem a influência da
classificação na vida do militar e compreendem que classificação é institucional, que
padroniza os procedimentos avaliativos. Demonstram abertura em aliar a
necessidade institucional de uma avaliação somativa com a prática de uma
avaliação formativa. Sugerem práticas avaliativas processuais e coletivas como
forma de diminuir o receio no momento de avaliar e comentam estratégias para
avaliar o processo ensino aprendizagem, além de repensarem as normas da
avaliação com o objetivo de romper com algumas de suas amarras.
REFERÊNCIAS
ALVES, Márcio Moreira. Be-a-bá dos MEC-USAID. Rio de Janeiro. Editora
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Vargas. Rio de Janeiro, 1979.
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RAMOS, Marise Nogueira. A Pedagogia das competências: autonomia ou
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DOMINAÇÃO (PÓS)BUROCRÁTICA: discussão da atuação docente frente ao
currículo por competências na perspectiva da street level bureaucracy.
Palavras-chave: Dominação burocrática. Currículo por competências. Street level
bureaucracy. Educação sociocomunitária.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Wellington Aires da Cruz Pereira57
Co-autor: Maria Luísa Amorim Costa Bissoto58
OBJETIVOS
Discutir os processos de dominação (pós)burocrática que, advindos das teorias de
administração científica, passaram a ser paradigma, também, para a gestão escolar
e para as políticas curriculares da Educação Profissional, bem como estudar o papel
do professor de Inglês Instrumental diante dos processos de dominação, com base
nas teorizações de Lipsky sobre burocracia do nível da rua (street level
bureaucracy).
JUSTIFICATIVA
Consideramos que, da mesma forma como ocorre em outras disciplinas da
Educação Profissional técnica do Centro Paula Souza, em Inglês Instrumental as
normatizações curriculares parecem não contemplar nem a heterogeneidade
cognitiva e cultural e nem o contexto socioeconômico da, e na qual, a comunidade
escolar está inserida. Acompanhando as teorizações propostas por Ciavatta e
Rummert ([s.d.], p.4), consideramos que o currículo não se organiza de maneira
ideologicamente neutra, mas, sim, com base em “projetos políticos construídos no
âmbito geral da sociedade”. Na perspectiva da educação sociocomunitária, é
importante que se discutam esses processos, no sentido de promover o processo
de transformação das práticas e empoderamento de professores de Inglês
Instrumental que precisam, a partir de uma perspectiva de comunidade, enfrentar as
57 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo
(UNISAL). Licenciada em Letras e Pedagogia e docente no Centro Paula Souza e na Faculdade Anhanguera de
Santa Bárbara d’Oeste. E-mail: [email protected] 58 Professora doutora, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano
de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]
imposições burocráticas não só a partir de um viés individual, mas percebendo a
força do coletivo na busca de emancipação.
METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa qualitativa, na modalidade participante. Os instrumentos de
coleta de dados são a análise de documentos oficiais, tais como Planos de Curso e
Planos de Trabalho Docente, observação de aulas e grupo focal com professores de
Inglês Instrumental de cursos técnicos modulares.
REFERENCIAIS TEÓRICOS E RESULTADOS ESPERADOS
O modelo burocrático-profissional de gestão escolar, baseado nos preceitos da
administração científica, dominou o cenário educacional por boa parte do século XX.
Centralização, regulação a priori, rígido controle de processos e outras medidas
burocráticas buscavam potencializar a eficiência do sistema de ensino.
Para Weber (2003), a dominação legal, manifesta de maneira mais pura na
dominação burocrática, preconizava o afastamento de subjetivismos, paixões,
variáveis ligadas ao amor e ao ódio. O estatuto, abstrato e impessoal, apresenta-se
como o ente que regula as relações, as promoções, as sanções e os
procedimentos. A partir da década de 1980, esse modelo, devido às novas
demandas econômicas e à reorganização do sistema produtivo, o sistema
burocrático passa a ser visto como ineficiente e cresce a desconfiança em relação à
sua manutenção (BARROSO, 2005). Vários autores apontam as fragilidades da
teorização de Weber, porque este teria desconsiderado a individualidade do ser
humano e a sua maneira de resistir a mecanismos de dominação. Seria, nessa
perspectiva, impossível que o modelo burocrático não sofresse, em sua
implementação, influência dos indivíduos responsáveis por seu funcionamento
(OLIVEIRA, 2012). Como consequência, ganha força o modelo pós-burocrático de
gestão. Descentralização, autonomia, regulação a posteriori e outros elementos
tidos como desburocratizadores entram na ordem do dia.
O currículo por competências, aqui assumido como estratégia de dominação pós-
burocrática, de acordo com Lopes (2016), associa-se a uma perspectiva não-crítica
de educação, na direção de atender processos de inserção social e controle de
conteúdos a serem ensinados. Com uma roupagem mais humanista, em essência,
permanece no contexto do eficientismo social. A esse respeito, Deluiz (2016) afirma
que o modelo de competências expressa, como objetivos, a ressocialização e a
aculturação pela conformação da subjetividade do trabalhador. Ainda para Lopes
(2016), a organização do currículo por competências constitui mais um instrumento
de controle das atividades de professores e alunos, uma vez que, por meio de sua
concepção comportamentalista, fragmenta as atividades humanas em habilidades.
As políticas públicas para a educação, na contemporaneidade, apontam para a
centralização de poder, ainda que mascarada, e para o uso da avaliação como
instrumento de controle (LIMA, 2011).
À baila das discussões sobre a fragilidade do modelo de dominação burocrática
weberiano, pesquisadores passam a estudar o papel dos burocratas do nível de rua,
ou seja, aqueles em contato direto com a população. Para avaliar a atuação dos
agentes públicos em contato direto com o “cliente”, Lipsky (1980) realizou estudo
sobre os burocratas do nível de rua. Para o autor, são os burocratas do nível de rua
que efetivam as políticas públicas e teriam, em relação a elas, poder discricionário.
Ponderações iniciais apontam para os professores de Inglês Instrumental como
profissionais que, diante de um currículo de difícil aplicabilidade, procuram caminhos
diversos, diferentes daqueles estabelecidos pelo currículo. Percebe-se que diante
da diversidade dos alunos, em sua maioria oriundos de escolas públicas e sem
domínio da língua inglesa, os professores tendem a modificar o currículo, retomando
aspectos que não seriam contemplados na formação profissional e até mesmo
eliminando de suas aulas conteúdos que julgam não serem adequados ao público.
REFERÊNCIAS
BARROSO, J. O Estado, a Educação e a regulação das políticas públicas.
Educação & Sociedade, v. 26, n. 92, p. 725–751, 2005.
CIAVATTA, M.; RUMMERT, S. M. As implicações políticas e pedagógicas do
currículo na Educação de Jovens e Adultos integrada à formação profissional.
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DELUIZ, N. O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e
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LOPES, A. C. Competências na organização curricular da reforma do ensino
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OLIVEIRA, B. R. DE. Street Level Bureaucracy e implementação de políticas
públicas: uma revisão da literatura aplicada ao Programa Bolsa-Família em Belo
Horizonte (MG). IX Congresso Virtual Brasileiro - Administração. Anais,
2012Disponível em: <http://www.convibra.com.br/artigo.asp?ev=25&id=2252>
WEBER, M. Weber: Sociologia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003.
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E O MUNICÍPIO EDUCADOR: ALGUMAS
EXPERIÊNCIAS SOCIOCOMUNITÁRIAS
Palavras-chave: Educação não formal. Município educador. Práticas
sociocomunitárias.
Apresentação: Comunicação oral.
Autoras: Renata Sieiro Fernandes59; Lívia Morais Garcia Lima60
Resumo da comunicação: A comunicação objetiva refletir sobre os espaços da
cidade entendidos como lugares de educação não formal, em que ocorrem
experiências ou práticas sociocomunitárias. A justificativa parte da urgência em se
pensar a cidade ou o município como lugar potencial para a formação e a
socialização dos grupos humanos a fim de defender o direito à cidade, segundo
propunha Lefebvre (1991), o direito de fazer-se cidadão. A cidade e o campo são
lugares de educação que se apresentam sob a forma de patrimônio histórico,
cultural, artístico, arquitetônico, econômico, social, natural ou de patrimônio total. O
Patrimônio é o legado que recebemos do passado, vivenciamos no presente e
transmitimos ao futuro pelas novas gerações. O patrimônio cultural e natural é fonte
insubstituível de vida e inspiração, a pedra de toque, o ponto de referência, a
identidade. Constitui o testemunho da história e permite conhecer a relação entre
esses bens e a sociedade. Por meio do patrimônio os grupos humanos constroem a
memória social e a identidade. O Patrimônio Histórico Cultural é composto pelo
conjunto de bens materiais (tangíveis) e imateriais (intangíveis). Trilla (2009) propõe
que se pense uma sociedade educativa ou uma cidade educativa (como fator de
educação) ou educadora (como agente de educação) como ideia-força a ser
explorada e desenvolvida como educação não formal. Entretanto, esse termo não
abarca as experiências no campo. Para tanto, o termo adotado será o de município
educador, de acordo com Graziano (2016), pois este engloba os dois lugares que
nos interessam tratar. Ambos os lugares apresentam e disponibilizam equipamentos
59 Pedagoga, mestre, doutora e pós-doutora em Educação pela Faculdade de Educação – UNICAMP e docente
do Curso de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano – UNISAL – Americana. E-mail:
[email protected] e [email protected] 60 Bacharel em Turismo pela UNESP, mestre em Gerontologia – UNICAMP, doutora em Educação –
UNICAMP e pós-doutoranda pela UNESP. Docente do Curso de Pós-Graduação em Educação do Centro
Universitário Salesiano – UNISAL – Americana. E-mail: [email protected]
e instituições organizadas e estruturadas com meios para diferentes fins que
funcionam e exigem normas, parâmetros e condutas diferenciadas para os variados
públicos. Também implicam em formas variadas de inter-relação e interação entre
os sujeitos, promoção de sociabilidades e socializações; entre o que está
disponibilizado para consumo e para fruição; entre o que exige participação e
produção mais ou menos ativa e dinâmica, em uma infinidade de estímulos e
motivações. Os espaços da cidade e do campo são locais de: ações sociais,
políticas, poéticas, culturais, procedimentos de resistência e de criatividade, relação
entre espaços de circulação, de encontro, de vivência, fruição. E proporcionam:
diferentes formas de pensar, sentir, agir variadas formas de os grupos sociais se
colocarem em virtude de seus repertórios e contextos culturais. Os espaços
potencialmente cheios e vazios, convidam a serem preenchidos, re-ocupados, re-
significados, re-descobertos, com o lúdico, o poético, o político, com a imaginação,
com transgressão e também com tradição. Metodologicamente, parte-se de
experiências sociais e comunitárias postas em ação em 3 fazendas históricas do
interior paulista e de um rol de ações desenvolvidas em centros urbanos que
evocam apreciação estética e exercício de ações políticas, artísticas, simbólicas e
poéticas, por meio de intervenções no espaço público. Nestas experiências os
grupos humanos tomam parte, interagem e se relacionam com diferentes agentes,
fazendo uso de linguagens e meios de expressão, comunicação e manifestação,
como exercícios de microações políticas no cotidiano. A História oral e o uso de
depoimentos é a metodologia qualitativa da pesquisa e a técnica de construção de
dados. As categorias de análise se embasem em Trilla (2009), para quem os
espaços educam em 3 dimensões: na cidade/campo: por instituições
especificamente educativas, dos tipos formais e não formais, por equipamentos e
recursos, meios e instituições não especificamente educativas, por acontecimentos
educativos efêmeros ou ocasionais e por uma ampla gama de espaços, encontros e
vivências educativas não planejadas pedagogicamente; da cidade/campo: naquilo
que as cidades ensinam diretamente a seus habitantes, ou seja: elementos de
cultura, formas de vida, normas e atitudes sociais, valores e contra-valores,
tradições, costumes, expectativas etc.; a cidade/campo: se refere às formas como a
cidade se apresenta, por exemplo: superficial, parcial, desordenada, estática etc. Os
resultados a partir das análises permitem afirmar que os conceitos de lugar e de
identidade são determinantes nessas ações sociais e comunitárias, Tanto o urbano
quanto o rural são lugares objetivos e subjetivos. Com as vivências e as
experiências no cotidiano urbano e rural atribuímos significado e criamos sentidos
para aquilo que damos o nome de lugar em que vivemos e habitamos. Para Yu Fu
Tuan (1983), “o espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e
significado”. O que começa como um espaço indiferenciado, transforma-se em lugar
à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. Lugar é por sua vez
definido por e a partir de apropriações afetivas que decorrem com os anos de
vivência e as experiências atribuídas às relações humanas. Para Larrosa (2014),
identidade é o que se produz a partir de processos de subjetivação, ou seja, os
sujeitos se inventam constantemente, a partir de relação de poder, de construções
de discursos, das experiências passadas. Participar efetivamente dos espaços da
cidade e do campo, configurando-os como lugares de experiência, é uma forma de
reconhecer-se e fazer-se sujeito histórico, produtor de cultura e é também meio de
comunicação e de expressão de linguagens simbólicas e poéticas. Isso faz parte da
construção da identidade por meio de processos de subjetivação dos sujeitos e dos
grupos humanos, nos lugares significativos e é possibilitado por situações e
momentos educativos no cotidiano da vida singular.
REFERÊNCIAS
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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: Formação para o trabalho ou qualificação para o
emprego? reflexões a partir da educação sociocomunitária.
Palavras-chave: Educação Profissional. Pedagogia Crítica. Trabalho e emprego. Formação
de Professores. Educação Sociocomunitária. Autonomia.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Isabel Cristina das Chagas Oliveira61
Co-autor: Maria Luísa Amorim Costa Bissoto 62
Objetivos
O objetivo central da pesquisa é investigar os contornos epistemológicos da
educação profissional, nos cursos técnicos integrados ao ensino médio, discutindo
sua natureza de formação para o trabalho ou de qualificação para o emprego.
Partimos do princípio de que a educação profissional deve contribuir com a
formação para o trabalho, de maneira que leve o educando a se desenvolver como
cidadão crítico e consciente do mundo em que vive, agindo como sujeito capaz de
transformar sua realidade, de forma autônoma e emancipatória.
Justificativa
A educação profissional é uma modalidade de educação com características
próprias, que ainda hoje não é compreendida em sua complexidade. Não há ainda,
assim, uma clareza se a educação profissional pode ser considerada uma
qualificação para o emprego ou uma educação para o trabalho. Debruçar-se sobre
essa diferenciação é importante para pensar sobre as práticas pedagógicas e
questionar se a formação dos sujeitos propõe uma formação para a alienação ou
para a emancipação
Encaminhamento metodológico em curso
A metodologia é a de investigação qualitativa, na modalidade pesquisa-ação, e a
coleta de dados se deu mediante encontros de grupo focal, no ambiente escolar,
com professores que atuam na Educação Profissional Técnica de Nível Médio
nos cursos Integrados de um Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia,
sobre questões que envolvem esta modalidade de educação. A primeira parte do
61 Mestranda em educação - UNISAL- [email protected]
18 Doutora- UNISAL- [email protected]
trabalho trata do levantamento conceitual em relação à educação profissional e
os pressupostos da pedagogia crítica. Em seguida, traça-se um panorama do
histórico da Educação Profissional no Brasil, para tentar compreender a que se
deve a forma como essa é atualmente concebida, em especial quanto às tensões
entre a educação para o trabalho e/ou a preparação para o emprego.
Na segunda parte, discorremos sobre a formação de professores no Brasil,
destacando a problemática que isso vem representando na Educação
Profissional, analisamos a legislação sobre a Educação Profissional no Brasil, e,
no esteio dessa a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia, os princípios que justificaram sua fundação, o perfil esperado para a
ação docente, para a formação do alunado e para a ação com/na sociedade. E,
ao final, levantamos uma reflexão sobre o perfil do professor para atuar na
Educação Profissional, que, em nosso entender, deve pautar-se na pedagogia
crítica e nos princípios de uma educação sociocomunitária. Na terceira e última
parte tratamos dos procedimentos da pesquisa propriamente dita, do percurso
metodológico, e da coleta e análise dos dados.
Referenciais teóricos
Partimos do princípio de que a educação profissional deve contribuir com a
formação para o trabalho, de maneira que leve o educando a se desenvolver como
cidadão crítico e consciente do mundo em que vive, agindo como sujeito capaz de
transformar sua realidade de forma autônoma. E não para o emprego, ao menos
quando isso for considerado como alienação, ou quando se transformam os sujeitos
em “ferramentas” para a execução de determinadas tarefas, reduzindo-se às
capacidades humanas a uma instrumentalidade vazia (MERÇON, 2012).
Compreendendo o histórico da educação profissional, que desde sua existência veio
para atender às necessidades de mão de obra, vinculadas às características dos
modos de produção de cada época, entende-se melhor a ausência de identidade
que ainda existe nesta modalidade de educação. Na perspectiva da pedagogia
crítica, acreditamos que a educação profissional pode ser um espaço de resistência
e luta no que se refere à condição de uma educação transformadora. Que possibilite
a todos os envolvidos serem agentes críticos, reflexivos, e que assumam uma
postura ativa para transformar a escola e, consequentemente, a sociedade
contemporânea. Pensando na juventude em sua amplitude, não há como não refletir
na questão da formação profissional e do trabalho, que são uns dos pontos
principais de preocupação desse grupo. O artigo 14 do Estatuto da Juventude
(2013) afirma que “O jovem tem direito à profissionalização, ao trabalho e à renda,
exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, adequadamente
remunerado e com proteção social”. Por isso a nossa preocupação com a formação
e com a prática do professor da educação profissional, que pode ser um fator de
mudança de paradigmas, ou o mantenedor de uma cultura do pensar desvinculado
do fazer. É preciso que se trabalhe com um novo perfil de professor, que vai muito
além de ser bem qualificado no que se refere a sua área de atuação. E investir em
sua formação humana e no preparo para atender às especificidades que a
Educação Profissional exige, frente ao cenário contemporâneo do trabalho.
Resultados esperados
Esperamos, como resultado, colaborar para a discussão da educação
profissional, recolocando algumas de suas tensões, e levantando as
contribuições que podem advir, para essa discussão, dos pressupostos da
pedagogia crítica e da educação sociocomunitária.
REFERÊNCIAS
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antropológica e sociocomunitária do desenvolvimento humano. Congresso
Mundial da Educação Profissional e Tecnológica Brasília, 24 de Novembro de 2009.
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Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e Trabalho: bases para debater a Educação
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MERÇON, P. Relação de emprego: o mesmo e novo conceito. Rev. Trib. Reg.
Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.56, n.86, p.141-162. 2012.
Disponívelem:
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REHEM, C. M. Perfil e formação do professor de educação profissional
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SAVIANI, D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema
no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação v. 14 n. 40. 2009.
ENSINO DE HISTÓRIA COM DEFICIENTES INTELECTUAIS JOVENS E
ADULTOS: POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA
Palavras-chave: Deficientes Intelectuais Jovens e Adultos. Educação
Sociocomunitária. Ensino de História.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Anamelia Freire D’ Alkmin Neves63
Co-autor: Maria Luisa Amorim Costa Bissoto64
Objetivos
Investigar as possibilidades de desenvolver-se uma metodologia crítica para
o ensino de História, com jovens e adultos com deficiência intelectual, que favoreça,
além da apropriação dos conteúdos acadêmicos, a autonomia e a emancipação
cidadã, a partir de referenciais da Educação Sociocomunitária.
A hipótese é a de que essa metodologia pode ser criada com o auxílio de um
recurso comunicacional diferenciado, o sistema simbólico Widgit, pois esse, ao
facilitar a apropriação de significados pelos sujeitos com deficiência intelectual,
favoreceria a atribuição de sentidos aos conhecimentos. Propõe-se, então, que com
o uso desse sistema linguístico, e de outros recursos didático-pedagógicos, se
problematize o que é História e seus significados para a vida cotidiana dos sujeitos,
fomentando a discussão e a reflexão sobre o ensino de História numa vertente
crítica e emancipatória, em que indivíduo e comunidade desenvolvam perspectivas
para seu empoderamento.
Justificativa
63 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Licenciada em História e docente na Rede Pública Estadual. E-mail: [email protected] 64 Professora doutora, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]
Baseado no direito de todos à educação de qualidade, e nas recomendações
internacionais que estabelecem diversos objetivos, que devem ser alcançados no
âmbito da Educação de Jovens e Adultos (EJA), dentre eles a consciência crítica e
cidadã, e considerando-se a potencialidade da disciplina de História para tanto,
argumenta-se quanto à necessidade e à relevância de desenvolver-se um ensino de
História com um enfoque crítico, contemplando-se a dimensão emancipatória dos
indivíduos. Isso se faz ainda mais urgente na aprendizagem dos deficientes
intelectuais, pois as metodologias de ensino voltadas a esses se pautam,
tradicionalmente, na superficialização e memorização mecânica de conteúdos. A
discussão de novas abordagens didático-metodológicas e o estudo de práticas
educativas que favoreçam outra lógica do ensino de História para os deficientes
intelectuais, investindo no desenvolvimento de sua consciência crítica e cidadã, é
importante se pretendemos que a educação do deficiente intelectual seja voltada
para a autonomia. Como efetivar tais concepções no que se refere à inclusão na
EJA?
Percebe-se, a carência de pesquisas sobre a temática e, seguindo Arroyo
(2006), devemos ser capazes de inventar uma pedagogia da educação de adultos,
que vá além daquele reprodutor das práticas empregadas nos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
Encaminhamento Metodológico em Curso
O trabalho, de natureza qualitativa e participante, está sendo realizado com
alunos da EJA, do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, no período noturno,
em uma escola da rede pública estadual de ensino, numa cidade localizada na
macrorregião de Campinas.
Como recursos didático-pedagógicos a fundamentar a elaboração da
metodologia didática proposta empregamos atividades pautadas no uso do sistema
de comunicação alternativa denominado Widgit, bem como de outros enfoques
didáticos, pautados na perspectiva crítica do ensino de História (FONSECA, 2003).
O Widgit constitui-se em uma linguagem pictográfica, que vem sendo desenvolvida
nos últimos 30 anos, no Reino Unido, favorecendo a expressão e a interpretação de
saberes e ideias, por parte daqueles sujeitos que encontram dificuldades em
apropriar-se, com proficiência, da linguagem escrita. As atividades estão sendo
realizadas na própria escola e foram iniciadas em maio de 2016.
Referenciais Teóricos e Resultados Esperados
De acordo com as recomendações presentes na CONFITEA/Declaração de
Hamburgo e na Declaração de Salamanca, dentre outros documentos nacionais e
internacionais, que defendem a educação inclusiva, e apoiando-nos nos princípios
defendidos por Martha Nussbaum para o desenvolvimento das capacidades
humanas, fundamentadas na ideia de liberdade e de dignidade, e também na
vertente do ensino crítico de História, é que estamos buscando criar uma
metodologia diferenciada para o ensino dessa disciplina escolar, para deficientes
intelectuais jovens e adultos. Nesse processo, discutimos criticamente teorias e
práticas educacionais correntes na EJA, e nos valemos de recursos didáticos
tecnológicos educacionais, como o Widgit, que propondo um sistema comunicativo
alternativo, favorece a construção, expressão e a interpretação de saberes, ideias e
concepções daqueles sujeitos que encontram dificuldade por não terem suficiente
proficiência na linguagem escrita tradicional.
Defendemos que práticas educacionais inclusivas em sala de aula, na EJA,
segundo a metodologia que vem sendo pensada, podem proporcionar condições
para uma aprendizagem autônoma e emancipatória. Nussbaum (2010, 2012) aponta
para a gravidade da chamada “crise silenciosa”, que vem ocorrendo na educação,
ao se privilegiar a formação de “máquinas funcionais”, ao inves de cidadãos
capazes de pensar por si próprios.
Neste sentido, a pesquisa ora desenvolvida também se coaduna com os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) para o ensino de História, os quais
apontam que o ensino deve favorecer a formação do estudante para participação
social, política e crítica, aprendendo a discernir limites e possibilidades de sua
atuação, na permanência ou na transformação da realidade histórica na qual se
insere.
REFERÊNCIAS
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humanidades. Tradução: María Victoria Rodil. Buenos Aires/Madrid: Katz Editores,
2010.
ESCOLAS RADIOFÔNICAS E A EDUCAÇÃO POPULAR: ANALISANDO UMA
EXPERIÊNCIA: Alfabetização Via Rádio, Educação Popular, Saberes
Populares.
Palavras-chave: Escolas radiofônicas; EJA via rádio; Educação Popular.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Maria das Graças Sousa Moreira Moura 65 .
Co-autor: Valéria Oliveira Vasconcelos 66 .
A presente investigação vem se debruçando sobre a análise de uma proposta
de alfabetização multimeios via rádio de jovens, adultos e idosos realizada na região
Baixo Parnaíba maranhense em 2008, tendo o Rádio como um dos principais
instrumentos de alfabetização. A proposta de estudar esse tema deu-se a partir da
experiência pessoal da pesquisadora, como uma das coordenadoras do projeto.
Pauta-se numa pesquisa qualitativa e teve como instrumentos de coleta de
dados: levantamento bibliográfico em indexadores científicos, pesquisa de
documentos, entrevistas, questionários e rodas de conversa. O levantamento
bibliográfico para construção do referencial teórico foi realizado em sites de
pesquisas, como Google acadêmico, Scielo, levantamento em banco de teses da
CAPES, literatura especializada e levantamento em documentos específicos. O
referencial teórico se baseou nas contribuições de Paulo Freire, Carlos Rodrigues
Brandão, José Peixoto Filho, Osmar Fávero, entre outros.
A experiência das escolas radiofônicas representa um importante meio de
educação para as pessoas das classes populares, principalmente aquelas que
vivem no campo e/ou em regiões isoladas. Segundo Peixoto Filho:
A Educação é uma prática social e como tal deve ser vista como mediadora das demais práticas sociais. Se a vemos como um processo que busca, através da reflexão consciente sobre a realidade, a elaboração de soluções para os
65 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo
(UNISAL). E-mail: [email protected] 66 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo
(UNISAL). E-mail: [email protected]
problemas que o homem enfrenta, quer seja no seu cotidiano (e aí ela assume também uma função prática imediata), quer seja enquanto momento e espaços onde se permite pensar projetos mais amplos, contribuindo assim para reflexão da prática social. (PEIXOTO FILHO, 2003, p. 20)
O objetivo principal das escolas radiofônicas era o de alfabetizar os
camponeses, jovens e adultos, que tiveram seus direitos de acesso à escola
negados pelo sistema excludente, além de contribuir para a libertação do
pensamento das pessoas do campo, a partir dos temas e conteúdos trabalhados.
As primeiras sementes das escolas radiofônicas no Brasil foram plantadas
em Natal/Rio Grande do Norte, pela igreja católica, em setembro de 1958, tendo
como idealizador o arcebispo da arquidiocese de Natal D. Eugênio de Araújo Sales,
a partir da experiência vivenciada na Rádio Sutanteza (Colômbia). Vale ressaltar
que antes das escolas Rádiofônicas já existiam movimentos coordenados pela
igreja católica em Natal com objetivo de trabalhar a educação nas comunidades
rurais onde havia um número exacerbado de jovens e adultos analfabetos.
No Rio Grande do Norte vários movimentos populares existiram a partir de
meados do séc. XX, dentre esses o Serviço de Assistência Rural (SAR) que era
uma ação educativa da Igreja Católica, com a finalidade de prestar assistência às
comunidades do interior do Estado, utilizando-se de modernas técnicas, que
incluíam assistência jurídica, educativa e religiosa. O Movimento de Educação de
Base (MEB) também merece destaque nesse período.
Para Fávero (2004) o MEB nasceu a partir das escolas radiofônicas, em um
novo cenário, agora reconhecido e institucionalizado pelo Ministério da Educação,
cuja demanda administrativa e pedagógica se encontrava vinculada à igreja católica
por meio da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Muitas das
atividades educativas promovidas pelo governo federal, referidas anteriormente,
eram realizadas em convênio com as dioceses católicas. O MEB tinha como uma de
suas premissas, valorizar a consciência histórica das populações oprimidas.
Num esforço de explicitar o que era entendido como fundamento dessa ideia de consciência histórica, Padre Henrique Vaz partia da compreensão de que o campo real da ação humana é a História. ―A iniciativa humana que transforma o mundo, natural em um mundo humanizado, é uma ação criadora na História. Na medida em que o Homem é criador dessa ação cultural, é ele quem faz sua História‖. (MEB, 1965, p. 4).
As pessoas que eram alvo das ações do MEB viviam totalmente alijadas das
políticas públicas, sofrendo os mais diferentes tipos de mazelas sociais, faltando-
lhes quase tudo: educação escolarizada, alimentação, assistência social,
assistência de saúde, além de enfrentarem a seca que ano após ano assolava seu
território.
As escolas radiofônicas se espalharam por todas as regiões brasileiras tendo
como uma de suas características principais a possibilidade de alcançar populações
isoladas dos grandes centros urbanos.
Como o exposto, a presente pesquisa vem investigando uma iniciativa de
alfabetização via rádio realizada na região Baixo Parnaíba maranhense em 2008.
Esperamos que os resultados contribuam para um aprofundamento sobre como se
deu o processo histórico das escolas radiofônicas no país. Além disso, com a
sistematização do projeto EJA Alfabetização de multimeios de jovens adultos e
idosos via rádio, pretendemos conhecer a percepção que os participantes tiveram
dessa experiência e o que têm a nos ensinar com suas memórias educativas. Por
fim, essa proposta pode auxiliar na valorização das escolas radiofônicas como
políticas públicas.
REFERÊNCIAS
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educação. Goiânia: Ed da UCG, 2003.
IMPLICAÇÕES DA DIÁSPORA NEGRA NA AMÉRICA LATINA: CAMINHOS
PARA UMA PEDAGOGIA DESCOLONIZADORA
Palavras-chaves: Cultura Africana. América Latina. Educação Popular.
Apresentação: Comunicação oral.
Autores: Emílio Rodrigues Júnior67; Altair de Oliveira Galvão68; Maria das Graças
Sousa Moreira Moura69.
Co-autor: Valéria Oliveira de Vasconcelos70.
Os países da América Latina tiveram boa parte de suas histórias marcadas pela
colonização baseada no regime escravocrata, que se fez presente por mais de 300
anos. Essa conjuntura deixou uma herança para a sociedade: o racismo. Este fez
com que a população negra se tornasse quase “invisível”, deixada à margem da
sociedade, o que contribuiu para o desenvolvimento de sentimentos e pensamentos
de inferioridade e de negação da sua cor por parte das pessoas negras,
influenciando diretamente na formação de sua identidade. O objetivo desta pesquisa
foi analisar quais os saberes africanos gerados a partir do contexto colonial para
alunos de instituições de diferentes graus de ensino e verificar as possibilidades de
criação de um modelo de pedagogia descolonizadora com a ressiginificação da
história e cultura africana e afro-brasileira. Esta pesquisa traz em seu cerne estudos
da diáspora Africana na América Latina, bem como analisa os impactos culturais
gerados a partir do regime escravocrata. No decorrer deste artigo apresentamos
uma metodologia dialógica utilizada por Paulo Freire (2000), com o intuito de buscar
a ressignificação da história e cultura africanas, a partir de uma roda de conversa.
Objetivamos mostrar que é possível utilizar da Educação Popular nos ambientes
67 Mestre em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP. 68 Aluno do Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP. 69 Aluna do Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP. 70 Docente do Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP.
formais de ensino. A metodologia utilizada foi baseada na Pesquisa Social, pois
visou fornecer respostas tanto a problemas de interesse intelectual quanto empírico.
A caracterização desta pesquisa é qualitativa do tipo descritiva, pois tem o objetivo
de estudar características, levantar opiniões, atitudes e crenças da população
pesquisada (GIL, 1989). A pesquisa ocorreu em três instituições de ensino no
estado de São Paulo, sendo duas instituições de ensino superior e uma de
educação técnica de nível médio. A população pesquisada foi de 74 estudantes,
com idades de 16 a 50 anos, sendo 48 alunos de cursos técnicos de nível médio e
31 acadêmicos de cursos de graduação. Utilizamos como instrumento de pesquisa
um questionário aberto com uma única pergunta: “O que sabe sobre a África e seu
povo”. Em duas das instituições pesquisadas, deixamos os alunos à vontade para
falar o que pensavam desse tema. Em outra instituição, orientamos aos alunos a
citarem três frases que vinham à cabeça quando se falava em África. A proposta
dialógica nessa pesquisa iniciou com um tema gerador, que neste caso foi “África”.
Segundo Freire (2004), essa proposta parte da realidade (fala dos alunos) e a
organização dos dados (fala do educador). O resultado dessa pesquisa mostra que
ainda há resquícios da era colonial, pois o que pudemos observar foi uma
construção de pensamento negativa sobre os povos da África na maioria das
respostas dos participantes. Foram registradas 275 palavras diferentes.
Aproximadamente 62% dessas palavras traziam concepções negativas quando se
trata de África. O que pudemos observar com os resultados dessa pesquisa, no que
se refere à educação, mesmo com os avanços decorrentes das leis 10.639/03 e
11.645/08 e suas respectivas diretrizes curriculares nacionais que orientam a
construção da educação das relações étnico-raciais, o sistema de ensino brasileiro
ainda não se desprendeu das amarras de um currículo homogeneizante,
eurocêntrico e monocultural que não atende às demandas e aos interesses dos
diferentes grupos étnico-raciais e culturais que frequentam distintos níveis e
modalidade de ensino. Ficou evidente que atributos como “tristeza, fome e miseria”
imperam nas respostas dos entrevistados, indicadas em 62% das palavras
registradas. Para Freire (2004) as salas de aula necessitam transformara-se em
fóruns de debate, denominados "Círculos de Cultura"; é preciso dialogar com os
alunos, buscar temas geradores que possam enriquecer a discussão. Para o autor a
relação pedagógica necessita ser, acima de tudo, uma relação dialógica, ou seja,
buscar a decodificação desses temas geradores procurando o seu significado
social. A ideia da educação para relações afro-brasileiras e cultura africana visa
promover um estudo amplo sobre o preconceito, as lutas existentes, principalmente
as antiraciais, pertencimento racial e a valorização do percurso histórico do negro no
Brasil. Para uma pedagogia descolonizadora é preciso um amplo engajamento dos
professores e gestores educacionais, para que os alunos possam sentir-se
empoderados e humanizados para este assunto. Na perspectiva da Educação
Popular (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2009) é no âmbito da construção de uma
sociedade mais justa, humana e respeitosa frente à diferença étnico-cultural, que os
processos educacionais, formativos e acadêmicos podem contribuir para minimizar
um racismo intrínseco à sociedade brasileira.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 38º Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2004.
GIL. Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 2º Ed. São Paulo:
Editora Atlas, 1989.
VASCONCELOS, Valéria Oliveira de; OLIVEIRA, Maria Waldenez de. Educação
Popular: uma história, um quefazer. Revista Educação Unisinos. São Paulo,
13(2):135-146, maio/agosto 2009.
INTERCÂMBIO CULTURAL E IDENTIDADE JUVENIL
Palavras-chave: Intercâmbio cultural. Identidade. Língua inglesa.
Interculturalidade. Educação sociocomunitária.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Sylvia Cristina de Azevedo Vitti71
Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa72
Este trabalho investiga e estuda as relações entre a experiência de intercâmbio
cultural no exterior e as repercussões disso nas identidades de jovens graduandos.
Nas últimas décadas os jovens brasileiros vêm cada vez mais procurando
experiências de intercâmbio cultural e cursos de imersão em países de língua
inglesa, como meio de melhor se prepararem para sua inserção numa sociedade
globalizada e altamente competitiva. A experiência de intercâmbio cultural
sabidamente estimula a abertura para o diálogo e negociação com culturas
diferentes, o reconhecimento e valorização do “diferente” e do “outro”, das
diferenças culturais e sociais, colocando os jovens em contato com novos costumes,
crenças e valores, alargando o seu horizonte de compreensão da realidade.
A vivência no exterior é um fator que favorece transformações pessoais, grupais e
sociais, mediante o desenvolvimento da capacidade pessoal de reflexão, de crítica,
de autonomia e de emancipação dos estudantes. A presente pesquisa teve como
objetivos compreender como as repercussões da aprendizagem de uma nova língua
e a assimilação de aspectos culturais da mesma e do seu povo podem afetar o
processo de “construção/desconstrução” das identidades de jovens que vivem a
experiência de imersão em países anglófonos.
Partimos do pressuposto de que o ser humano, como ser cultural e social, constitui
a linguagem e é constituído pela mesma; analisamos a importância, as articulações
e a interdependência da cultura, linguagem e relações sociais na formação das
identidades dos seres humanos. Fizemos uma revisão das obras de teóricos
contemporâneos que tratam da identidade humana, como Hall (2000; 2006),
71 Mestre em Educação (PPGE/UNISAL – Americana – SP) / [email protected] 72 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária (UNISAL)
Woodward (2000; 2002), Silva (2000) e Bauman (2005). Analisamos as articulações
entre educação, educação intercultural, educação sociocomunitária e possíveis
transformações sociais decorrentes do processo de interculturalidade com base em
alguns escritos de Candau (2008; 2012) e Fleuri (2001; 2003).
A presente pesquisa enquadra-se no quesito de uma pesquisa qualitativa, uma vez
que estuda o ser humano e considera seu caráter ativo como sujeito que interpreta
o mundo continuamente e produz significados (MARCONI; LAKATOS, 2002).
Este estudo nos revela os sentidos que os jovens atribuem à prática do intercâmbio,
assim como as experiências que os marcaram em sua estadia em outro país e outra
cultura (Estados Unidos da América do Norte e Inglaterra), mediadas pela
aprendizagem da língua inglesa, assim como as repercussões dessa vivência nas
suas identidades. Participaram da pesquisa dezessete (17) estudantes, de ambos
os sexos, que foram contemplados com bolsas de estudo para intercâmbio cultural
em países de língua inglesa.
Buscamos compreender se e como as suas identidades foram afetadas pela
experiência. As bolsas de intercâmbio cultural foram concedidas pela instituição em
que estudavam, ou seja, duas unidades de uma Faculdade de Tecnologia, do
governo do estado de São Paulo, situadas nas cidades de Piracicaba e Americana,
interior do estado, assim como pelo programa Ciência Sem Fronteiras, do governo
federal. Os jovens, provenientes das duas unidades da referida faculdade, foram
entrevistados e sua fala foi registrada e analisada. Os resultados obtidos são
apresentados, analisados e discutidos à luz dos pressupostos teóricos adotados
para a fundamentação da pesquisa no tocante à compreensão da construção da
identidade humana.
Constatamos que o valor do intercâmbio extrapolou a mera aquisição de habilidades
linguísticas e aperfeiçoamento em inglês, incialmente buscados como meio de
melhor se posicionarem no mercado de trabalho e no mundo globalizado. A
experiência de intercâmbio revela-se como prática social para o desenvolvimento da
interculturalidade e da educação intercultural, que no dizer de Candau (2012)
fortalece a construção de identidades dinâmicas, abertas e plurais, contribuindo e
estimulando o desenvolvimento da autoestima e autonomia dos sujeitos e de
sociedades mais igualitárias. Os depoimentos fornecidos pelos intercambistas que
tomaram parte na pesquisa ratificam as observações de Candau sobre a
importância e valor da educação intercultural e mostram como a experiência de
intercâmbio repercutiu no processo de reconstrução de suas identidades. A maioria
deles expressou o quão significativa foi a oportunidade de entrarem em contato com
outra cultura e como essa experiência, em suas próprias palavras, foi
“transformadora e única”, “abriu-lhes a mente”, gerando “nova visão de mundo”,
ajudando-os no desenvolvimento de sua autonomia e autoestima e a superar
preconceitos e a tornarem-se mais críticos e reflexivos.
De acordo com a análise dos relatos dos sujeitos entrevistados, observamos que a
experiência adquirida favoreceu mudanças no seu modo de pensar e
agir.Verificamos que tal experiência proporcionou aos jovens desenvolvimento
cultural, pessoal e profissional, o desenvolvimento da autoconfiança, e crescimento
em maturidade; proporcionou também o desenvolvimento do respeito pela diferença
e pela diversidade cultural, assim como consciência global. A análise também
evidencia o movimento, a fluidez e a dinâmica do processo de formação da
identidade humana. Os resultados obtidos evidenciam que os intercambistas
retornaram diferentes de quando partiram e plenamente conscientes dessas
mudanças. Esses jovens intercambistas podem ser considerados embaixadores de
sua própria cultura e agentes de futuras transformações sociais no sentido de uma
sociedade e de um mundo mais aberto ao diálogo, que têm no horizonte a
construção de um mundo melhor.
REFERÊNCIAS
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INTERDISCIPLINARIDADE: estudo de caso de um projeto aplicado no curso de
análise e desenvolvimento de sistemas da faculdade de tecnologia de
Indaiatuba.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Projeto Interdisciplinar. Práticas
interdisciplinares
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Sergio Donisete Clauss
Co-autor: Sueli Maria Pessagno Caro
INTRODUÇÃO
É inegável que existe, na atualidade, uma complexidade maior. Não é possível mais
pensar em um mundo organizado linearmente. Se, por um lado, as inovações
tecnológicas, as novas possibilidades de comunicação permitiram a construção de
conexões estabelecidas em diversas direções, por outro lado, pode-se afirmar que
há também uma demanda pela resolução de problemas gerados por essa
transformação.
Essas mudanças influenciam diretamente nas relações ligadas à Educação e
colocam em questão o que e como ensinar. Observa-se, então, que, sejam de
bacharelado, licenciatura ou de tecnologia, há uma necessidade de novos e
específicos cursos de graduação para atender a essas demandas.
Nesse trabalho, tem-se como foco de estudo a graduação em tecnologia. Atribui-se
à educação profissional e tecnológica a responsabilidade de formar profissionais
com habilidade de utilizar os conhecimentos de forma inovadora ao aplicá-los e
difundi-los no mundo do trabalho.
A perspectiva de um curso de educação tecnológica é a formação de um
profissional especializado em áreas específicas. Entretanto, a inovação também
proposta por esse curso, necessariamente, obriga-o a se relacionar com a solução
de problemas complexos do mundo contemporâneo.
Tal necessidade exige a integração de saberes provenientes diferentes áreas do
conhecimento e/ou de diferentes disciplinas e, portanto, relaciona-se à prática
interdisciplinar. Isso porque a solução de problemas complexos do mundo
contemporâneo exige a integração de saberes provenientes de diferentes áreas do
conhecimento e/ou de diferentes disciplinas.
Dessa forma, levanta-se a questão do como ensinar e, na busca de novas e mais
eficientes metodologias de ensino, surge a discussão sobre a interdisciplinaridade.
Tal discussão não é recente. Porém, continua fomentando debates e se tornou
objeto de reflexão nos vários níveis de ensino: fundamental, médio, graduação e
pós-graduação. Embora muito discutida e, quase que consensualmente, aceita
como necessária e positiva para os processos de ensino e pesquisa, a prática
interdisciplinar ainda apresenta muitos desafios, tanto no aspecto teórico-conceitual
quanto metodológico.
Apesar de o senso comum trazer a ideia de que todo e qualquer trabalho que se
proponha a envolver mais de uma disciplina se caracteriza como interdisciplinar,
isso é um equívoco, pois, para que ocorra a interdisciplinaridade, é necessário rigor
teórico e metodológico.
É nesse contexto que esse trabalho se propõe a pesquisar a prática interdisciplinar
proposta pelo curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de
Tecnologia de Indaiatuba. Para isso, buscará responder às seguintes questões:
Qual a compreensão que os docentes têm do conceito de interdisciplinaridade?
Como é desenvolvido e aplicado o Projeto Interdisciplinar no curso de Análise e
Desenvolvimento de Sistemas? A forma como hoje está sendo desenvolvido permite
considerá-lo um projeto interdisciplinar? Que contribuições ele oferece para o
processo de aprendizagem e para a formação dos discentes?
Ao responder a essas questões, o trabalho se propõe alcançar os seguintes
objetivos:
Conceituar interdisciplinaridade.
Verificar, na realização do Projeto Interdisciplinar, qual a compreensão
do docente da prática interdisciplinar.
Identificar, sob a perspectiva dos discentes, ao finalizar o projeto, quais
as contribuições que as práticas adotadas no projeto tiveram para a
realização da tarefa proposta.
Avaliar se os alunos, ao realizar o trabalho, estabeleceram uma
integração entre as disciplinas, analisando a sua percepção no início e
no final do processo.
Avaliar se os objetivos e a realização do trabalho proposto
possibilitaram construir um trabalho Interdisciplinar.
As observações assistemáticas de fatos do dia a dia da aplicação do PI, por parte
do pesquisador, levaram à elaboração da hipótese de que, ainda que não
teoricamente fundamentada, essa prática pode ser considerada interdisciplinar.
Considerando que a interdisciplinaridade possibilita a desfragmentação do
conhecimento e sua contextualização, espera-se que a aplicação do projeto
contribua positivamente para o processo de aprendizagem dos alunos e para o
aprimoramento das práticas docentes.
A realização da pesquisa se justifica por permitir uma compreensão mais
aprofundada da prática interdisciplinar no âmbito de um curso de tecnologia. Tal
compreensão pode levar a um processo de ensino-aprendizagem mais significativo,
pois possibilita a transformação do conhecimento científico em conhecimento
tecnológico. Além disso, a análise da prática interdisciplinar em estudo, feita de uma
perspectiva mais distanciada, permite descrever e avaliar o processo de uma forma
mais criteriosa, o que pode contribuir para, se necessário, reestruturar, aprimorar ou
validar estratégias do Projeto Interdisciplinar do Curso de Análise de
Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba.
Para o pesquisador, como professor da instituição e participante do projeto, o
resultado da pesquisa será de grande valia para sua prática docente, pois
oportunizará a construção e um olhar acadêmico sobre os projetos interdisciplinares
aplicados na instituição de ensino. Isso leva a uma reflexão sobre a própria prática
docente.
Na busca de atingir os objetivos, será adotado como delineamento de pesquisa o
Estudo de Caso. Essa escolha se deve ao fato de que tal delineamento permite um
estudo aprofundado de um determinado tema. Inicialmente será realizada uma
pesquisa bibliográfica com o objetivo de compreender, com mais profundidade, o
conceito de interdisciplinaridade e procedimentos didáticos ligados à prática
interdisciplinar. Também será realizada uma pesquisa de campo envolvendo como
sujeitos de pesquisa, o coordenador do curso, os professores participantes do
Projeto Interdisciplinar e os alunos. Como técnicas de coleta de dados, serão
realizadas entrevistas e aplicados questionários aos envolvidos no processo. Além
disso, serão analisados documentos de regulamentação do curso e do Projeto
Interdisciplinar. A análise dos dados será feita de modo quantitativo e qualitativo.
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MARCAS NA PRODUÇÃO DAS IDENTIDADES DE PROFESSORES/AS DA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Palavras-Chave: Educação infantil. Professores. Identidades. Subjetividades.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Giselle Alessandra Marchi73
Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa74
Pretendemos neste trabalho de pesquisa, apresentar um breve histórico da
Educação Infantil no Brasil e na cidade de Campinas, a partir dos marcos legais e
dos documentos das diretrizes municipais, mostrando que a construção histórica da
Educação Infantil e das identidades do/a professor/a desta etapa da educação
básica é recente, porém foi e é marcada pela produção de subjetividades do mundo
contemporâneo. As diretrizes curriculares para Educação Infantil em Campinas
estão sempre em movimento, pois é uma característica desse documento estar em
construção e tendo sempre a participação dos profissionais da Educação Infantil, o
que faz muita diferença.
Apoiando-nos nas produções de autores como Felix Guattari, Sueli Rolnik, Tomaz
Tadeu Silva, Boaventura de Sousa Santos, Jorge Larrosa-Bondía e Stuart Hall,
dentre outros, pretendemos suscitar uma reflexão sobre como a produção de
subjetividades tem afetado a construção e a produção das identidades do/a
professor/a de Educação Infantil na contemporaneidade, com intuito de refletir sobre
como a formação continuada de professores nesta etapa da educação básica, as
marcas de suas identidades, suas posturas e suas práticas podem colaborar para o
enfrentamento aos desafios da construção de uma sociedade inclusiva.
As marcas, a que nos referimos, são segundo Rolnik (1993) aquelas que estão nas
memórias guardadas em nosso corpo, um corpo que traz encarnada, em conceitos,
73Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade São Luis e em Educação de Jovens e Adultos pela Faculdade de Educação da UNICAMP. Coordenadora Pedagógica, atuando como Coordenadora Setorial de Formação, na Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Campinas. E-mail: [email protected] 74 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação (UNISAL). [email protected]
uma série de marcas que ao nos afetarem podem provocar em nós – educadores/as
- o aparecimento de uma ou várias marcas inusitadas ou também reavivar alguma
marca que já estava ali a nos desassossegar, sem que pudéssemos ouvi-la e/ou
responder à sua exigência. A marca é assim criada ou reatualizada.
A metodologia adotada nesta pesquisa de mestrado nos levou a refletir sobre as
possibilidades pensadas e experimentadas para ouvirmos os/as professores/as
acerca dessas marcas pelas quais vão construindo suas identidades. Inicialmente
propusemos um grupo de estudos que é uma das categorias de ação formativa da
Coordenadoria Setorial da Secretaria Municipal de Educação de Campinas. A
proposta era refletir, utilizando textos de alguns teóricos pós-estruturalistas e as
narrativas dos/as professores/as, sobre como a formação continuada e as marcas
das subjetividades têm contribuído para a construção da identidade de
professores/as de Educação Infantil. O público alvo seria composto por
professores/as da Educação Infantil que atuam ou já atuaram nesta modalidade. A
carga horária total seria de 80 horas com vagas para 25 professores/as. O grupo
teve 4 inscritos, fato que inviabilizou a proposta.
Logo em seguida, optamos por enviar um questionário aos professores/as com
perguntas abertas e fechadas. O questionário foi enviado para todos os e-mails que
nos foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação. Apenas 15
professores/as responderam de um universo de mais ou menos 1200, porém
eles/elas foram muito dedicados e se dispuseram a participar das rodas de
conversas que estão sendo organizadas, onde pretendemos
ouvir os/as professores/as e suas memórias.
A presente pesquisa encontra-se em desenvolvimento. Até o presente momento, a
revisão da literatura, aliada a experiência e convívio com educadores da Educação
Infantil, permite-nos concluir que há um conjunto de fatores e forças que tentam fixar
a identidade dos/as professores/as, mas que também podem favorecer o
surgimento de identidades específicas do/a educador/a da Educação Infantil, as
quais estão em constantes mudanças, pois são afetadas pelas culturas e pelos
reflexos da globalização. Esperamos que os resultados desta pesquisa favoreçam a
reconstrução ou desconstrução de algumas marcas de suas identidades como
professores/as que atuam com crianças vivas inseridas num mundo vivo e afetado
por inúmeras forças.
REFERÊNCIAS
GUATTARI, F.; ROLNIK, S. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: RJ: Vozes, 2010. HALL, S. Nascimento e morte do sujeito moderno. In _____A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, p. 23-46, 2000. LARROSA-BONDÍA, J. Tecnologias do eu e educação. In SILVA, T. T. da (org.). O sujeito da educação: estudos foucaltianos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999, p.36-84 ROLNIK, Sueli. Pensamento, corpo e devir Uma perspectiva ético/estético/política no trabalho acadêmico, Palestra proferida no concurso para o cargo de Professor Titular da PUC/SP, realizado em 23/06/93, publicada nos Cadernos de Subjetividade, v.1 n.2: 241-251. Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade, Programa de Estudos Pós Graduados de Psicologia Clínica, PUC/SP. São Paulo, set./fev. 1993. SANTOS, B. de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In SANTOS, B.S.; MENESES, M. P.(orgs). Epistemologias do sul. Portugal: Edições Almedina, p. 23-72, 2010. SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, T. T. (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 73-102.
O QUE ELES ESTÃO FALANDO, QUE NÓS NÃO ESTAMOS ENTENDEDO?
EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA E LINGUAGEM SIMBÓLICA: um despertar
de novos sentidos nas relações educador/educando.
Palavras-Chave: Educação Sociocomunitária. Linguagem Simbólica. Adolescência e
Juventude. Despertar de Sentidos.
Apresentação: Comunicação oral.
Autor: Silvana Gracioli Pedroso³¹.
Co-autor: Severino Antônio Moreira Barbosa.
O objetivo de nossa pesquisa é refletir sobre a presença da linguagem simbólica
como mediadora na construção do diálogo nas relações entre educador e
educando. Os sujeitos da nossa pesquisa são adolescentes e jovens, de uma
escola particular da Rede Salesiana, na cidade de Campinas. Para nossas reflexões
sobre a linguagem simbólica escolhemos os estudiosos Fromm (1969), Jung (2008),
Campbell (2014), Durand (2001). Sobre educação e educação sociocomunitária,
juntamente com as bases da educação Salesiana optamos por Freire (2014 a, b),
Santos (2004) e Antônio (2013). Percorremos os caminhos da pesquisa de campo
com análise e interpretação de desenhos simbólicos criados pelos alunos, bem
como de suas narrativas sobre suas obras e vivências. Acreditamos que a educação
sociocomunitária é esse processo de ir e vir das vivências do sujeito, da
comunidade, da sociedade, em via de mão dupla.
Consideramos que as produções dos alunos-autores expressam sentimentos de
seus criadores e também apresentam o próprio contexto social e as características
de nosso tempo, o que também nos possibilita entrar em contato com sentimentos e
símbolos universais. Entendemos que nossa pesquisa de campo é uma contribuição
para essa construção diária de novos sentidos na vivência do educando e do
educador, e o uso da linguagem simbólica é uma mediação possível do partejar vida
em nossas vidas. E pode favorecer a construção de relações dialógicas e de uma
sociedade mais democrática e mais humana.
_____________________
³¹ Pedagoga, Mestra em Educação Sociocomunitária pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL – Campus Maria Auxiliadora, Americana. Especialista em Ensino Religioso e Educação Sexual pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL – Campus Pio XI. E-mail: [email protected]
Nossa Dissertação reflete sobre a educação sociocomunitária, a importância da
pessoa como sujeito, na comunidade e na sociedade. Enfatiza a autonomia, a
emancipação, a democracia, a ética. A educação para humanizar e os espaços para
a reflexão a partir do sistema salesiano e a presença educativa; a educação
problematizadora de Freire; a educação de sensibilidade proposta por Marcos
Ferreira Santos; a concepção de poetizar o pedagógico e o educar a sensibilidade,
na visão de Severino Antônio.
Partimos da intrigante questão: “o que eles estão falando, que nós não estamos
entendendo?” Em nossa primeira percepção e análise “eles”, refere-se aos
educandos. E “nós”, refere-se aos educadores. O nosso objetivo com essa pesquisa
é refletir a presença da linguagem simbólica como mediadora na construção do
diálogo nas relações do educador com o educando, em uma via de mão dupla e em
movimento de reciprocidade. A pesquisa busca favorecer o espaço de construção
da escuta nas relações educativas.
Conjuntamente com a pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, apresentamos
a pesquisa de campo dialogando com autores que subsidiam nossa concepção de
Linguagem Simbólica e de Educação. Os três capítulos que compõem a
Dissertação, favorecem o diálogo da teoria com a prática, relatando as dinâmicas e
atividades realizadas pelos sujeitos da pesquisa, os alunos do 3º ano do ensino
médio nas aulas de ensino religioso dentro do Projeto Pessoal de Vida, restrito à
análise da pesquisa de fevereiro de 2015 até novembro de 2015. A metodologia
possibilita o entendimento e a interpretação da práxis vivenciada. Realizamos o
trabalho por meio da pesquisa qualitativa, dentro de um processo dinâmico de ação
pessoal e comunitária, buscando a interação dialógica de acordo com a realidade do
grupo de educandos, com o papel de interlocutor e intérprete em relação recíproca e
com alternância de vozes, na convivência entre o educador-pesquisador e os
educandos participantes das atividades.
Em nossas Considerações Finais entendemos que a educação sociocomunitária é
um processo de ir e vir das vivências do sujeito, da comunidade, da sociedade e
também ocorre em movimento inverso, com as influências da sociedade,
repercutindo nos grupos sociais e comunidades, e em cada sujeito. Escolhermos
três autores brasileiros (FREIRE, 2014; SANTOS, 2004; ANTÔNIO, 2013) e suas
contribuições para refletirmos sobre a educação de sujeitos protagonistas e
autônomos, na busca de exercícios comunitários que podem estimular ações de
emancipação e trazer possibilidades de construção de uma sociedade mais
democrática e humanizada.
Consideramos o espaço da linguagem simbólica nas artes em geral, como uma
possibilidade de expressão dos sujeitos envolvidos e suas produções.
Entendimentos, interlocuções e diálogos, exercício comunitário são possibilidades a
serem exercitadas e construídas no cotidiano educativo.
Entendemos a partir da pesquisa que podemos utilizar um espaço das aulas para
um exercício de “silencio”, ao observarmos que ao favorecer o relaxamento durante
as dinâmicas propostas, pudemos interromper com a correria e as ações do mundo
de fora de nós, que é acelerado e parece tão corrido, por causa de tantas estruturas
sociais, culturais, históricas da atualidade, possibilitamos a vivência da quietude
aprovada pelos educandos envolvidos. E em nossa pesquisa ainda encontramos
vários outros autores que se referem ao silêncio como possibilidade de entrar em
contato mais íntimo consigo, e também como possibilidade de despertar ideias
criadoras.
Nessa direção entendemos que nossa pesquisa de campo é uma contribuição para
essa construção diária do educando e do educador, e o uso da expressão por meio
da linguagem simbólica, é um facilitador do partejar vida em nossas vidas. E pode
favorecer a construção de relações dialógicas e uma sociedade mais democrática.
Acreditamos que a linguagem simbólica é como fios que nos ligam e interligam, e
em nossos encontros e vivências, pode nos ajudar a tecer novos tempos e novas
relações mais humanas e uma sociedade mais democrática.
REFERÊNCIAS
ANTÔNIO, Severino. Poetizar o pedagógico, alguns ensaios de modo constelar. Piracicaba, São Paulo: Biscalchin Editor, 2013 – (Práxis & Poiesis). CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athena, 30ª edição. 2014. DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário: introdução à arquetipologia geral. São Paulo: Martins Fontes, 2ª edição, 2001. ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm Acesso em: 20/12/15.
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