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ANAIS 2016

http://unisal.br/seminarioeducacao/

SUMÁRIO

Apresentação ........................................................................................................................................ 4

Objetivos ................................................................................................................................................ 5

Organização .......................................................................................................................................... 6

Posteres ................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

A educação superior privada e sua articulação com o mercado .................................................. 8

A ideologia do estupro na propaganda ........................................................................................... 10

A incidência do método educativo de dom bosco: uma análise tipológica a partir das

biografias de domingos sávio, miguel magone e francisco besucco ......................................... 13

Aprendizagem centrada no aluno .................................................................................................... 15

Assembleia de classe: processos educativos que transformam a educação dentro e fora da

sala de aula ......................................................................................................................................... 19

Boas práticas comunitárias no interior da escola: a força da cultura da colônia tirolesa nos

processos de educação nas comunidades de santana e santa olímpia em piracicaba. ........ 23

Capitalismo cristianizado .................................................................................................................. 27

Descarte e gerenciamento de resíduos químicos: a temática ambiental no currículo do

estado de são paulo........................................................................................................................... 30

Educação e responsabilidade: a pedagogia espirita kardecista na perspectiva da pedagogia

social. ................................................................................................................................................... 33

Educação sociocomunitária diálogos com a ética hacker para o desenvolvimento do

protagonismo e da autonomia. ......................................................................................................... 41

Educação para a ciência e a tecnologia como processos de autonomia do sujeito na

sociedade da informação .................................................................................................................. 46

Educação profissional no centro paula souza e educação popular – (im)possibilidades de

atuação ................................................................................................................................................ 48

Educação popular e saúde: possibilidades para a formação técnica em enfermagem .......... 51

Enade-2012: uma análise comparativa de desempenho em cursos de ies públicas e

privadas à área de administração. .................................................................................................. 54

Exército brasileiro e amazônia: intervenções educativas sociocomunitária, intersubjetividade

e tecnologias sociais no 3º pelotão especial de fronteira – 3º pef, em pacaraima-rr. ............. 57

Fatores inspiradores da prática dos valores salesianos, identificados na obra e no conjunto

biográfico do padre manoel isaú ...................................................................................................... 61

Metodologia de projetos: estudo de caso em uma escola da macrorregião de campinas ..... 64

O escuro dos meus pés é o branco dos seus – histórias de crianças brasileiras e angolanas.

Uma folha de papel, vozes e sensações. ....................................................................................... 67

Os refugiados no brasil e sua contribuição sócio cultural no ensino de língua estrangeira às

comunidades ....................................................................................................................................... 68

Os saberes de experiência consolidados no uso de fitoterápicos no cotidiano de uma

comunidade indígena ........................................................................................................................ 70

O uso do celular em sala de aula em uma perpectiva sociocomunitária .................................. 74

Práticas da educação informal em organizações empresariais da região metropolitana de

campinas ............................................................................................................................................. 77

Reflexos da lei de libras para emancipação e autonomia do surdo: por um viés a partir da

educação sociocomunitária .............................................................................................................. 79

SUS – da intenção ao gesto - práxis da educação popular ........................................................ 82

Um possível diálogo entre são tomás de aquino e paulo freire: dois mestres repensando a

educação. Reescrevendo os rumos e estrutura do projeto político pedagógico ..................... 86

COMUNICAÇÕES ............................................................................................................................. 89

A construção da professoralidade no ofício de professor iniciante ............................................ 90

A contribuição da educação sociocomunitária no ensino superior militar ................................. 93

A educação na guarda mirim de santa barbará d’ oeste (1971–1998): a apropriação da

educação sociocomunitária pela burguesia, aplicada sob os moldes de ensino semelhantes

aos da opera nazionale balila. ......................................................................................................... 97

A libras e a educação do sensível: uma experiência comunitária. ......................................... 102

A produção de subjetividades dos alunos idosos da educação de jovens e adultos ............ 106

A ressignificação do discurso oficial da pastoral da juventude na vivência sócio comunitária

dos seus membros ........................................................................................................................... 111

Concepções de professores sobre avaliação emolduradas em categorias ........................... 115

Dominação (pós)burocrática: discussão da atuação docente frente ao currículo por

competências na perspectiva da street level bureaucracy. ....................................................... 118

Educação não formal e o município educador: algumas experiências sociocomunitárias .. 122

Educação profissional: formação para o trabalho ou qualificação para o emprego?

Reflexões a partir da educação sociocomunitária. ..................................................................... 127

Ensino de história com deficientes intelectuais jovens e adultos: possibilidades na educação

sociocomunitária............................................................................................................................... 131

Escolas radiofônicas e a educação popular: analisando uma experiência: alfabetização via

rádio, educação popular, saberes populares. .............................................................................. 135

Implicações da diáspora negra na américa latina: caminhos para uma pedagogia

descolonizadora ............................................................................................................................... 138

Intercâmbio cultural e identidade juvenil ...................................................................................... 141

Interdisciplinaridade: estudo de caso de um projeto aplicado no curso de análise e

desenvolvimento de sistemas da faculdade de tecnologia de indaiatuba. ............................. 145

Marcas na produção das identidades de professores/as da educação infantil ...................... 150

O que eles estão falando, que nós não estamos entendedo? Educação sociocomunitária e

linguagem simbólica: um despertar de novos sentidos nas relações educador/educando. 153

APRESENTAÇÃO

A partir de referenciais da Educação Sociocomunitária, o VII Seminário tem como tema a

discussão das relações entre cultura, sociedade e ações educativas, compreendidas como

práxis e poiesis, simultaneamente produto e produção socio-histórica, em que os sujeitos,

as comunidades e movimentos sociais desenvolvem-se ao mesmo tempo como criaturas e

criadores.

Assim, o VII Seminário traz debates sobre interações, contradições e complementaridades

entre ações educativas, sociedade e cultura, em uma perspectiva crítica e criadora, tanto

em relação à análise histórica das práticas educativas, como em relação às intervenções

educativas na sociedade contemporânea, com reflexões e diálogos principalmente entre a

Educação Sociocomunitária e seus interlocutores mais próximos, da Educação Social, da

Educação Não Formal e da Educação Popular.

Os Seminários sobre Educação Sociocomunitária legitimam-se pelo fato de serem

promovidos pelo UNISAL, uma instituição para quem a Educação Sociocomunitária – ações

educacionais para além dos muros escolares, ou considerando práticas não formais de

educação dentro de espaços institucionais – sempre foi marcante. Os Seminários iniciaram-

se em 2006, com o nome de Colóquio sobre Educação Sociocomunitária.

O I Colóquio destacou a discussão sobre o alcance do conceito de Educação

Sociocomunitária, o II Colóquio destacou o debate entre as Concepções de Educação

Sociocomunitária e Educação Não formal, o III Colóquio foi Práticas educativas e

comunidade: experiências e reflexões, o IV Colóquio privilegiou a apresentação de

experiências educacionais e de debates teóricos a respeito delas e o V Colóquio abordou o

tema: “Diversidade, inclusão e Educação Sociocomunitária”.

A partir de 2011, o evento passou a se chamar Seminário sobre Educação

Sociocomunitária, tomando novas dimensões.

OBJETIVOS

O VII Seminário sobre Educação Sociocomunitária tem como principais objetivos:

Criar um espaço de discussão e debate sobre o tema central: Educação

Sociocomunitária;

Promover debates, trocas de experiência e o estabelecimento de relações entre

grupos de pesquisa e pesquisadores dedicados ao estudo das práticas, teoria e

história da educação sociocomunitária, educação social, educação não formal,

educação popular, educação comunitária, educação nos movimentos sociais e

educação no “terceiro setor”, das relações entre escola e comunidade, atentando-se

para a reciprocidade das influências entre instituição escolar, família, organizações

comunitárias e instituições sociais de caráter mais amplo enraizadas no cotidiano

comunitário e escolar.

ORGANIZAÇÃO

Comissão Científica:

Prof. Dr. Antonio Carlos Miranda

Profa. Dra. Fabiana Rodrigues Sousa de Sante

Prof. Dr. Francisco Evangelista

Profa. Dra. Lívia Morais Garcia Lima

Profa. Dra. Maria Luísa Amorim Costa Bissoto

Profa. Dra. Renata Sieiro Fernandes

Prof. Dr. Renato Kraide Soffner

Prof. Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa

Profa. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro

Profa. Dra. Valéria Oliveira de Vasconcelos

Comissão Organizadora:

Jessica Aparecida Paulino Freitas

João Francisco Favoreto

Mara Regina Pedrozo de Lima

Profa. Dra. Lívia Morais Garcia Lima

Prof. Dr. Renato Kraide Soffner

Vagner Ferreira

Vaníria Felippe Tozato

POSTERES

EDUCAÇÃO SUPERIOR PRIVADA E SUA ARTICULAÇÃO COM O MERCADO

Apresentação: Pôster

Autor: Rodrigo Tarcha Amaral de Souza1

Palavras-Chaves: Educação Superior Privada, Mercado, Políticas Educacionais

O objetivo desta pesquisa é buscar-se-á compreender as tensões e articulações da

Educação Superior Privada com o Mercado. Com justificativa tem-se que, com a Reforma

Universitária de 1968, houve uma maior abertura para o Ensino Superior privado no Brasil,

uma vez que as modificações introduzidas nas Universidades públicas não foram

suficientes para ampliar suas matrículas para atender à crescente demanda de acesso.

Após a Reforma, o Ensino Superior privado, estruturou-se num molde de empresa

educacional, voltado para a obtenção do lucro econômico e para o rápido atendimento da

demanda de mercado educacional. Em dado momento, o Ensino Superior Privado

empresarial descolou-se das bases de apoio político do regime militar. Passou a defender

os seus interesses junto ao poder público e perante a sociedade civil. Nas últimas décadas,

o Brasil apresentou um forte alinhamento de princípios neoliberais, guiando-se por critérios

de eficácia, produtividade e excelência para legislar o rumo das políticas educacionais

voltadas para o Ensino Superior. (SGUISSARDI, 2009). Neste sentido, este trabalho amplia

o universo de pesquisas realizadas com outras abordagens históricas e de campo. Tem-se

como foco, portanto, a discussão das tensões e articulações do Ensino Superior Privado

com o mercado, uma vez que se trata de um cenário permeado por parâmetros ideológicos

neoliberais e ao mesmo tempo, epistemológico quanto ao sentido e finalidade do Ensino

Superior. Temática que poderá acrescentar reflexões ainda não exploradas no universo da

Educação Superior. Pretende-se, a partir dos elementos mencionados, tornar o objeto de

pesquisa, material de consulta a futuros pesquisadores da área. Os procedimentos

metodológicos previstos para a construção dos dados são: Pesquisa de Bibliografia que

estude a Educação Superior e as Instituições de Ensino Privadas; Pesquisa de Documentos

Regulatórios e Portarias da Educação Superior, portanto a pesquisa é de cunho qualitativo

e do tipo documental e bibliográfica. O referencial teórico se ancora especialmente em

SGUISSARDI (2009) que discorre sobre a Universidade brasileira no século XXI num

cenário de expansão e distinções de finalidades, e SILVA JÚNIOR; SGUISSARDI (2001)

que abordam a mútua subordinação do Estado e da Educação Superior. Procedem à

análise das medidas legais, desde as reformas constitucionais até simples portarias, para

verificar a implantação e incidência das orientações doutrinárias. O tema é relevante nos

aspectos da pesquisa teórica, representando a pertinência da discussão num momento de

1Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP.

Mestre pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo- UNISAL, unidade de Americana, SP. Professor do

Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL, unidade São José/Campinas, SP. E-mail:

[email protected]

substanciais modificações no cenário educacional do Ensino Superior. A pesquisa está em

andamentoe espera-se que, tendo problematizado o estudo sobre os documentos e

referências relacionadas à Educação Superior, haja uma melhor compreensão das tensões

e articulações da Educação Superior com o mercado.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. CHAVES, Vera Lúcia Jacob. Expansão da privatização/mercantilização do ensino superior brasileiro: A formação dos oligopólios. Educ. Soc. Campinas, v. 31, n. 111, p. 481-500, abr-jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v31n111/v31n111a10.pdf. Acesso em: 25-Mai-2016. FÁVERO, Maria de Lourdes de A. SGUISSARDI, Valdemar. Quantidade/Qualidade e educação superior. Revista Educação em Questão, Natal, v. 42, n. 28, p. 61-88, jan./abr. 2012. MARTINS, Carlos Benedito. A Reforma Universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil.Educ. Soc., Campinas, vol. 30, n. 106, p. 15-35, jan./abr. 2009. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 24-junho-2015. SILVA JÚNIOR, João dos Reis; SGUISSARDI, Valdemar. Novas faces da educação superior no Brasil. São Paulo: Cortez; Bragança Paulista, SP: USF-IFAN, 2001. SGUISSARDI, Valdemar. Universidade brasileira no Século XXI. São Paulo: Cortez, 2009.

A ideologia do estupro na propaganda

Palavras-chave: Ideologia, Estupro, Publicidade, Marketing, Educação

sociocomunitária.

Apresentação: Pôster

Autor: João Leopoldo Ferreira Padoveze2

Co-autor: Renata Sieiro Fernandes3

O tema deste pôster são os conteúdos sexistas nas propagandas de mídia

impressa. A justificativa deste estudo exploratório se dá devido ao “capitalismo

selvagem” que faz uso da propaganda para incentivar o consumo e que tem se

utilizado de apelos sexuais para atingir seus objetivos. Somos cercados de anúncios

sexistas com apologia à violência e a discriminação. A publicidade desempenha

uma forte função na construção de papéis de gênero. O papel estereotipado

masculino é ser assertivo, competitivo, independente e corajoso. Ser dominante e

agressivo são traços masculinos considerados adequados e atraentes. Essas

propagandas contribuem para a perpetuação destes estereótipos, na medida em

que continuam a apresentar as normas de comportamentos violentos para os

homens e de submissão para as mulheres. A problemática envolvida refere-se ao

incentivo a objetificação do corpo feminino nas propagandas. O objetivo do estudo é

mostrar e analisar os conteúdos explícitos e implícitos nas propagandas de mídia

impressa e a relação com a ideologia do estupro. Metodologicamente, procedeu-se

da seguinte forma: foram levantadas propagandas de empresas alimentícias (como:

Burger King), moda (como: Puma, Du Loren, Suit Supply, Dolce & Gabbana, Calvin

Klein, Tom Ford, Miu Miu, Hope), beleza (como: Axe), bebidas alcoólicas (como:

Itaipava, Skol), automobilística (como: Ford, BMW), em sua maioria com sede em

países europeus (como: Itália, Holanda, Alemanha) e norte-americanos (com:

Estados Unidos), em mídia impressa, totalizando a amostra de 49 imagens. As

categorias que embasam as análises são: objetificação do corpo feminino,

estereótipo de gênero, sexismo, apologia a violência e discriminação. O referencial

de análise vale-se de Papalia e Olds; Quijano; Kotler e outros. As análises mostram

que é comum encontrarmos em campanhas o uso dos padrões de beleza

considerados atraentes pela sociedade desde a colonização. Quase todas as

2 Publicitário, bacharel em Comunicação Social, aluno do Curso de Pós-Graduação em Educação do Centro

Universitário Salesiano – UNISAL – Americana. E-mail: [email protected] e [email protected]. 3 Pedagoga, mestre, doutora e pós-doutora em Educação – UNICAMP e docente do Programa de Mestrado em

Educação – UNISAL – Americana. E-mail: [email protected]

publicações mostram sempre os mesmos estereótipos de gênero. A imagem da

mulher branca, magra e de olhos claros é usada com frequência, em contrapartida,

a imagem da mulher negra costuma ser apenas quando para anúncios temáticos,

quase sempre relacionados a temas africanos, selva etc. É comum encontrar em

campanhas de produtos de limpeza ou eletrodomésticos, a mulher "domesticada"

que representa a dona de casa, "do lar", responsável pela residência e bem-estar da

família. Essa imagem é usada desde os primórdios da propaganda. Percebem-se

comportamentos coniventes com a banalização do estupro e todas as formas de

assédios que depreciam e desagregam os seres envolvidos. Transformar mulheres

em objetos é o primeiro passo para justificar a violência. Conclui-se que,

contemporaneamente, a sociedade vem aceitando paulatinamente comportamentos

coniventes com a banalização do estupro e todas as formas de assédios que

depreciam e desagregam os seres envolvidos. Apoiar as minorias de diversas

formas, fiscalizar a Publicidade como o CONAR no Brasil, que recebe reclamações

contra propagandas ofensivas e que incitam a violência. Apesar de tudo, estas

providências andam a passos lentos em relação ao aumento da violência contra a

mulher, e, alguns estudiosos falam até em genocídio mundial. Se levarmos em

conta dados de desaparecimento, violência física, sexual, morte, mutilação, tráfico,

exploração de mão de obra, fica evidente tal prática. As redes sociais têm se

revelado de grande serventia na mobilização e conscientização, inclusive cobrando

os meios publicitários a inserir campanhas contra a violência na mídia. O intuito é

usar as mesmas armas publicitárias na reversão da vulgarização da mulher e da

“ideologia do estupro”, afinal, toda sociedade se baseia em exemplos, e precisamos

salientar os bons. Neste sentido, a educação pela via sociocomunitária preocupa-se

com a formação dos sujeitos para não serem capturados ingenuamente pelos

conteúdos midiáticos, assumindo uma responsabilidade ética e o compromisso

moral contra as injustiças e a violência para os dois gêneros.

Referências bibliográficas A INDÚSTRIA DA COMUNICAÇÃO NO BRASIL- ABAP – Associação Brasileira de Agências de Publicidade. São Paulo: ABAP/IBGE, 2010. ALFONS0-GOLDFARB, A. M.; MAIA, C. A. (Coord.) História da ciência: o mapa do conhecimento. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo: EDUSP, 1995. GOMES, Paulo de Tarso. Educação Sócio-comunitária: delimitações e perspectivas.. In: II CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL, 2., 2008, São Paulo. Proceedings online... Faculdade de Educação da Universidade

de São Paulo. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000092008000100013&lng=en&nrm=abn>. Acesso em: 01 Nov. 2016. KOTLER, Philip – Administração de Marketing – 10a Edição, 7a reimpressão – Tradução Bazán Tecnologia e Linguística; revisão tecnica Arão Sapiro. São Paulo: Prentice Hall, 2000. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. O mundo da criança: da infância a adolescência. São Paulo: Markon Books, 1998. QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. setembro 2005. pp. 227-278.

A incidência do método educativo de Dom Bosco: uma análise tipológica a partir das biografias de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco

Apresentação: Pôster

Autor: André Luiz Simões4

Co-autor: Renato Kraide Soffner

O presente trabalho terá como escopo a análise da incidência do método educativo

de Dom Bosco na vida e na formação de três de seus importantes educandos.

O Método Educativo de Dom Bosco tem se mostrado eficaz na formação e na

educação dos jovens, que os vê como centro das ações. Trabalha-se,

principalmente, com as singularidades e as particularidades de cada educando. Um

aspecto importante e original do método é a preventividade, que consiste não

somente em evitar o mal, mas antecipar o bem, conduzindo-o a um ambiente sadio,

cujas características são a familiaridade e a confiança, enconrajando-os à

transformação e a perspectiva de um futuro melhor.

Há importantes aspectos a serem mostrados neste método educativo. A partir da

análise tipológica da vida de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco,

jovens educandos de Dom Bosco, perceber-se-á a incidência da atuação educativa

do padre italiano.

A práxis educativa e essencialmente relação entre educando e educador, marca

fundamental que se imprime no processo educativo. O Sistema Pedagógico de Dom

Bosco e uma experiencia que se prolongou no tempo e no espaço por meio da ação

das comunidades educativas que a atualizam dinamicamente o modus operandi da

preventividade e integralidade intentada pelo sistema salesiano.

Dentre os documentos espirituais e pedagógicos mais importantes de D. Bosco,

estão as biografias de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco.

Apresentam-nos três garotos, diferentes entre si, muito enraizados na cultura do

tempo e simultaneamente significativos pela jovialidade e vivacidade, pela

capacidade de reflexão, pela qualidade de abertura espiritual, pela determinação e

pelo impulso generoso que caracteriza a alma adolescente de sempre.

Estes escritos oferecem os elementos essenciais para compreender o âmago da

mensagem educativa de D. Bosco: a religiosidade como centro unificante e

4 Padre André Luiz Simões, SDB. Mestrando no Programa de Pós Graduação em Educação Sociocomunitária do

UNISAL

revitalizante do caminho formativo; a comunhão de vida paterna e fraterna do

educador com os alunos; a simbiose dinâmica de amor, alegria e compromisso; a

eficácia do envolvimento ativo dos jovens na comunidade; a importância estratégica

dos espaços oferecidos ao seu protagonismo.

São documentos autobiográficos de grande eficácia representativa: permitem-nos

observar D. Bosco educador cristão em ação; introduzem-nos nos seus quadros

mentais e nas suas visões; põem-nos em contato com suas aspirações interiores;

revelam-nos o seu olhar maravilhado, afetuoso e simultaneamente respeitosíssimo,

voltado para os jovens protagonistas.

A vida de Domingos Sávio teve maior sucesso e um importante influxo muito para

além das fronteiras do mundo salesiano, pela eficaz representação da qualidade

moral e espiritual do rapaz, pela associação dinâmica entre a santidade do

protagonista e a condução do Mestre, pela notoriedade na sequência do êxito dos

processos de beatificação e canonização.

Menos conhecido é o perfil de Miguel Magone, se bem que o rapaz nos pareça

simpático talvez de forma mais imediata, por ser mais natural e produto mais

exclusivo da intervenção de D. Bosco.

Quase de todo desconhecida é a vida de Francisco Besucco, o pastorello dele Alpi,

não obstante as reservas sobre a forma literária da primeira parte de sua vida é

considerada um precioso documento construtivo da pedagogia espiritual e moral do

santo educador, enquanto o autor, mais do que em qualquer outro livro congênere,

remonta à teoria e expõe as suas ideias com a intenção expressa de ensinar.

As três biografias não dão conta das turbulentas vicissitudes que então marcam o

ambiente. Nas três Vidas o Oratório aparece como uma ilha de fervor educativo, de

laboriosidade e de tensão espiritual. Há acenos à produção editorial, mas em função

do discurso formativo. Citam-se livros os livros postos nas mãos dos alunos: o

Jovem instruído, a coletânea das Leituras Católicas, a reedição da vida de Luís

Comollo e depois a vida de Domingos e Miguel Magone.

A narrativa põe em relevo personalidades inconfundíveis, esboçadas com traços

essenciais no aspecto exterior, na sensibilidade espiritual, no temperamento e nos

traços psicológicos. Diferente é o seu ponto de partida. Diferente é o modo da sua

relação com os educadores. Diferente é a missão confiada a cada um, embora na

unidade e coerência geral da mensagem proposta aos leitores.

Tais diferenças refletem-se na disposição narrativa. Todavia a arquitetura da

narrativa repete-se quase idêntica nas três biografias. Nela reconhecemos uma

tríplice segmentação, introduzida pelo proêmio e seguida de um epílogo: a vida

familiar, a inserção no Oratório, a doença e a morte. Cada biografia atribui peso

diferente a cada uma destas seções, na base das fontes disponíveis, na

significatividade dos acontecimentos e da mensagem que se querem veicular.

O coração das biografias é constituído pela descrição de uma crise, que toca de

forma diferente os protagonistas e resulta determinante no enredo narrativo. A

narração da sua superação, no colóquio entre educador e educando, proporciona a

ocasião de ilustrar, incarnada na história dos três garotos, a mensagem que o autor

entende oferecer aos leitores.

Em suma, tudo está centrado na pessoa dos protagonistas, no seu empenho, nos

seus progressos, nas descobertas e nos ardores da sua vida espiritual, no calor das

relações amigáveis, nas crises superadas e nas alegrias interiores, na confiança e

abertura colaborante com os educadores, na comoção suscitada pela sua morte.

Referências

BOSCO, João. Vidas de jovens: as biografias de Domingos Sávio, Miguel Magone e Francisco Besucco. Trad. Basílio Gonçalves. Brasília: Editora Dom Bosco, 2013. BRAIDO, Pietro. Dom Bosco: padre dos jovens no século da liberdade. Vol. 1. Trad. Geraldo Lopes et al. São Paulo: Editora Salesiana, 2008. CÁSTANO, Luigi. Santitá Salesiana: profili dei santi e servi de Dio tríplice famiglia di San Giovanni Bosco. Torino: Società Editrice Internazionale di Torino, 1966.

Aprendizagem Centrada no Aluno

Palavras-chave: Educação; Aprendizagem; Abordagem centrada na pessoa

Apresentação: Pôster

Autor: Clovis Martins Costa5

Resumo do pôster digital: A pesquisa de mestrado em andamento parte da

hipótese de que uma abordagem educacional mais centrada no aluno do que no

professor, que construa seus programas e currículos a partir dos interesses deles e

com a sua participação ativa pode se constituir num diferencial facilitador de

aprendizagem em relação às abordagens tradicionais com suas instituições

impessoais e seus currículos impostos. Busca saber qual a repercussão na vida de

pessoas que tenham frequentado instituições escolares denominadas “alternativas”

ou “de resistencia”, praticantes de propostas educativas mais livres e menos

diretivas sendo, assim, mais voltadas para o aluno. Busca saber se ter frequentado

tais instituições facilitou ou dificultou a continuidade dos estudos em outras

instituições de orientação tradicional bem como se agregou, ou não, algum valor

destacado, positivo, ou negativo, em termos de qualidade de vida. A proposta da

pesquisa se justifica uma vez que o debate sobre ensino/aprendizagem se mantém

em pauta por conta das dificuldades encontradas por autoridades, em diferentes

âmbitos educacionais, em promover uma Educação de qualidade e, ao mesmo

tempo, por professores e estudantes que buscam estratégias que facilitem e tornem

menos pesados e cansativos os fardos dos processos de aprendizagem. O foco tem

sido predominantemente maior no ensino e no professor e menor no aluno.

Entende o pesquisador serem insuficientes as pesquisas científicas existentes no

campo da Educação sobre a proposta da Aprendizagem Centrada no Aluno e que,

portanto, merece uma maior atenção com vistas a investigar o assunto nesta

perspectiva, que acredita na relação professor/aluno como fator preponderante no

processo de aprendizagem, mais que as sofisticadas técnicas. O referencial teórico

principal para esta análise será a Abordagem Centrada na Pessoa, criada,

desenvolvida e sistematizada por Carl R. Rogers, um psicólogo norte americano que

viveu entre 1902 e 1987, por quase todo o século XX. A Abordagem Centrada na

Pessoa tem aplicação nas mais diferentes áreas da atividade humana, incluindo a

Educação. A discussão teórica se dará a partir da vasta obra de Carl Rogers no que

tange à aprendizagem e à Educação e sobretudo em dois livros dedicados

exclusivamente à sua teoria e respectivas experiências práticas pesquisadas sobre

o assunto: Liberdade para aprender e Liberdade de aprender em nossa década.

5 Psicólogo, Pedagogo, Especialista em Gestão Educacional, Professor na Faculdade de Jaguariúna, Mestrando

no Programa de Pós Graduação em Educação Sociocomunitária do UNISAL. [email protected]

Outros autores, como Paulo Freire e Helena Singer serão analisados em estudos

que dialogam ou experiências na ampliação e no enriquecimento da análise. Teses,

dissertações, e livros, produzidos no Brasil, sobre experiências com Educação e

ACP, também serão considerados. Carl Rogers atuou, por 40 anos, como

psicoterapeuta e como professor, tendo sido grande pesquisador e estudioso da

pessoa humana. Dessa longa experiência desenvolveu um conceito de

aprendizagem que passou a chamar de “aprendizagem significativa”. Tal conceito

se apoia no pressuposto da Tendência Atualizante ou Tendência de Realização,

que o próprio autor conceitua “(...) existe em todo organismo, em qualquer nível, um

fluxo subjacente de movimento para uma realização construtiva de suas

possibilidades intrínsecas. Há no homem uma tendência natural para o

desenvolvimento completo. O termo mais frequentemente usado para isso é o de

tendência de realização, que está presente em todos os organismos vivos. Trata-se

do fundamento sobre o qual está construída a abordagem centrada-na-pessoa (...)”

(Rogers, 1989, p.17). A tendência atualizante pode, em alguns momentos da vida

da pessoa, não estar funcionando plenamente, por diversas razões circunstanciais.

Daí a importância, do ponto de vista da Psicologia, do Psicoterapeuta e da

psicoterapia e do ponto de vista da Educação e do professor, ou educador,

constituírem-se em facilitadores. Tanto numa quanto noutra área tais profissionais

devem ser mais dotados de atitudes que de técnicas, e propiciarem um clima de

confiança e segurança, por meio do que Rogers denomina de atitudes facilitadoras:

empatia, consideração positiva incondicional e congruência ou autenticidade. No

caso da Educação cabe ao professor o lugar de facilitador da aprendizagem e ao

aluno ou aprendiz, é que cabe o lugar principal, o do protagonismo no processo da

construção do seu conhecimento. Serão sujeitos da pesquisa pessoas egressas de

escolas chamadas de “Alternativas”, ou “de Resistencia”, que na sua maioria

oferecem Ensino Fundamental e, na minoria, Ensino Médio. A escolha dos sujeitos

e das instituições se justifica por não conhecer o pesquisador uma escola, no Brasil,

assumidamente centrada na pessoa e, por entender que a filosofia norteadora das

práticas das escolas a serem pesquisadas, terem elementos comuns aos da

Abordagem Centrada na Pessoa. A pesquisa é do tipo qualitativa e serão

elaborados questionários como instrumentos de construção de dados com vistas a

responder ao objetivo da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ASSEMBLEIA DE CLASSE: PROCESSOS EDUCATIVOS QUE TRANSFORMAM

A EDUCAÇÃO DENTRO E FORA DA SALA DE AULA

Palavras-chave: Assembleia. Autonomia. Convivência. Educação Popular

Apresentação: Pôster

Autor: Mariza de Fátima Pavan Stucchi6

Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa7

O tema escolhido para essa pesquisa de mestrado remete-se ao entendimento de duas

questões: reconhecimento da importância da prática educativa utilizada em sala de aula

denominada “Assembleia de Classe”, em uma turma de oitavo ano do Ensino Fundamental,

com idade média de 13 anos, em uma escola na cidade de Americana, interior de São

Paulo e identificar se os saberes de experiência dos participantes desse grupo favorecem a

democracia, a autonomia e o diálogo na convivência coletiva.

O mundo contemporâneo está repleto de avanços científicos e tecnológicos que

modificaram as relações do convívio humano e o acesso aos conhecimentos e informações.

Ao observarmos o cotidiano das escolas, vimos que as relações construídas nesses

espaços de convivência coletiva foram estruturadas a partir das heranças autoritárias, fruto

da nossa história política e que, ao longo das últimas décadas, excluiu a maioria das

pessoas valorizando a elite pretensamente homogênea. Apesar das reformas educacionais

propostas para a sua reorganização, a escola ainda estranha a possibilidade de conviver

com as diferenças étnico-raciais, de gênero, socioeconômicas, de valores e ideias e procura

a qualidade do ensino investindo num currículo que priorize conteúdos e corresponda às

exigências das avaliações externas aplicadas em nosso país. E assim, deixa de se

preocupar com a qualidade na formação dos sujeitos enquanto seres humanos que

precisam aprender e exercitar o viver democraticamente (ARROYO, 2013).

Consequentemente, o currículo escolar é trabalhado como se fosse possível a separação

entre conhecimento/experiência e como se os professores fossem os únicos que tivessem

as informações e os conhecimentos em mãos. O educando é considerado esvaziado de

conteúdo e o educador é o responsável pelo seu preenchimento, conforme Paulo Freire

(1987) critica ao desenvolver o conceito de “educação bancária”.

Freire (2006, p.59) adverte que outro saber necessário à prática educativa é o da autonomia

e destaca que “[...] o respeito à autonomia e à dignidade de cada um e um imperativo etico

e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.” Ou seja, o professor que

ironiza o aluno e que o minimiza, que não o auxilia na construção dos limites à liberdade e

do saber, transgride os princípios éticos de nossa existência e ainda rompe com a decência.

Portanto, nas Assembleias de Classe realizadas semanalmente, em uma escola na cidade

de Americana/SP, procuramos abrir espaços e possibilidades de envolvimento e

participação dos educandos para que possam expressar suas opiniões, experiências e

6 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária/ UNISAL - Campus Maria

Auxiliadora, Americana/SP. E-mail: [email protected] 7 Doutora em Educação. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária / UNISAL.

E-mail: [email protected]

percepções de mundo, a partir das pautas organizadas pelos participantes, pois segundo

Paulo Freire (2006), todos nós possuímos uma concepção da realidade que nos cerca e é a

partir da reflexão dessas leituras de mundo que buscamos transformar a realidade.

José Puig et al. (2000) afirmam que falar em participação na escola significa envolver os

alunos e professores na vida escolar, mediante os projetos desenvolvidos coletivamente no

exercício da palavra e compromisso da ação. Janusz Korczak (1981, 1986) afirma que o

direito da criança ao respeito é fundamental para se obter bons resultados nos trabalhos

com ela e que para isso é necessário muito amor e confiança nas relações que se

constroem, ou seja, transparencia e confiança. Afirma tambem que o “primeiro” direito da

criança é o de expressar livremente as suas próprias ideias.

Como metodologia de pesquisa utilizaremos a pesquisa participante que propõe ao

pesquisador conviver com o outro no seu mundo, falar a mesma língua, de modo que venha

a ser um instrumento de conhecimento da “realidade local”. Segundo Brandão (1984, 2006),

pesquisador e pesquisados identificam o problema, buscam conhecer e aprofundar as

questões a serem coletivamente trabalhadas e definem ações onde os saberes de

experiência possam ser partilhados coletivamente e motivar as pessoas a transformarem

suas próprias vidas e destinos. A metodologia de pesquisa tem o enfoque qualitativo e

como material de análise será empregado o diário de campo para as anotações das

observações e registros de informações que emergem do trabalho de campo.

Esperamos, como resultado deste estudo acadêmico, desvelar saberes de experiência

consolidados por estudantes de uma turma do oitavo ano do Ensino Fundamental

procurando compreender como os processos educativos construídos por esses educandos

podem contribuir para o fortalecimento da convivência e da autonomia dos participantes da

pesquisa.

REFERÊNCIAS:

ARROYO, Miguel G. Currículo: território de disputa. Petrópolis, Ed. Vozes, 2013.

BRANDÃO, Carlos R. (Org.). Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 34-

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PUIG, Josef M.; MARTIN, Xus; ESCARDIBUL, S.; NOVELLA, Anna M. Democracia e

participação escolar: propostas de atividades. São Paulo : Moderna, 2000.

Boas Práticas Comunitárias no Interior da Escola: a força da cultura da

colônia tirolesa nos processos de educação nas comunidades de Santana e

Santa Olímpia em Piracicaba.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Sociocomunitária; Gestão Participativa; Cultura

Tirolesa; Boas Práticas.

Apresentação: Pôster

Autores: Jessica Pereira Gravino8

Laerte Fernando Bertinatto Carvalho9

Maria Isabel Baptista Barbosa de Oliveira10

Co-autor: Antônio Carlos Miranda

Por se tratar de uma nova área de concentração em pesquisa científica, a Educação

Sociocomunitária nasceu da necessidade de envolver a comunidade nas diferentes

esferas ligadas à educação, seja ela formal ou não formal. A educação não se limita

unicamente dentro do contexto escolar, ela ultrapassa os muros da escola e se

encontra com o aluno e seus coeducadores, os pais, no seu ambiente, na sua

história, no seu costume; cidadãos e pessoas, unidos no intento: processo ensino-

aprendizagem. A responsabilidade social da escola é entregar à comunidade,

cidadãos preparados para desenvolver ações sociocomunitárias em todos os níveis

da sociedade. Na presente pesquisa, a escola Dr. Samuel de Castro Neves, situada

no município de Piracicaba, nos bairros de Santana e Santa Olímpia, constrói seus

projetos tendo em vista a comunidade ao seu entorno. Há uma ponte entre a

comunidade e a escola. Um trânsito democrático entre a escola, a comunidade, a

gestão, o aluno, os interesses se fortalecem e seguem um propósito comum. As

duas associações dos bairros: Associação de Moradores de Santa Olímpia e Circolo

Trentino di Piracicaba, de Santana, propõem atividades extracurriculares no campo

da educação não-formal, envolvendo a comunidade escolar. A proposta visa

compreender as ações positivas na escola pública da comunidade rural de Santana

e Santa Olímpia de Piracicaba, no interior do Estado de São Paulo, e verifica,

8 Aluna do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.

[email protected] 9 Aluno do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.

[email protected] 10 Aluna do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.

[email protected]

através das vozes dos professores, alunos e moradores, o quanto a comunidade se

articula em prol da formação de suas crianças e jovens. Diante de relatos de

professores, alunos e moradores da comunidade, coloca-se a prática pedagógica, a

escolar e a comunitária a uma só voz: participação de todos no processo

educacional. Este trabalho desenvolve-se a partir de excertos de entrevistas com

integrantes da comunidade (moradores) e da escola (professores e alunos). A

pesquisa apontou que a escola está aberta à comunidade, há forte senso de

pertença e os alunos mostram um desempenho superior, em comparação aos

índices dos últimos anos de outras escolas públicas estaduais. Embora haja

limitações em todo o processo de gestão participativa, entre a comunidade e a

escola, destaca-se fatores positivos em três esferas: comunitária, escolar e gestão.

Na visão comunitária, a perpetuação da cultura tirolesa, da mesma forma o

fortalecimento do elo entre todos os moradores e influência política dos bairros de

Santana e Santa Olímpia. Sob o ponto de vista escolar, a gestão participativa

promove estratégias educacionais para que o aluno alcance melhoria de

desempenho escolar e, assim, além de se tornar um cidadão, mantém preservado

os valores da comunidade tirolesa. No que diz respeito ao Grêmio, a juventude

gremista, transfere os valores comunitários para a escola, valorizando sobremaneira

as ações escolares. Na esfera de gestão, apesar de todos os problemas que a

escola pública enfrenta atualmente, a pesquisa encontra outra realidade, a escola

está aberta à comunidade, há forte senso de pertença e os alunos mostram um

desempenho superior, em comparação aos índices dos últimos anos de outras

escolas públicas estaduais.

REFERÊNCIAS

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Capitalismo Cristianizado

Palavras Chaves: Religião, Identidade, Sistema Econômico, Educação, Sociocomunitário,

Cultura

Apresentação: Pôster

Autor: Clésio Agostinho Geraldo11

A presente proposta de pesquisa tem o intuito de trabalhar a Educação nas igrejas

neopentecostais da cidade de Americana-SP, perscrutando quais são, se é que existem, os

elementos da ideologia capitalista que são apresentados como se fossem cristãos, ou

melhor, como elementos do cristianismo, para um público contaminado culturalmente por

ideais do capitalismo de mercado, pelo sucesso profissional e financeiro como um evidente

caso de agraciamento divino e hierarquização da condição do mesmo frente a comunidade

institucional.

Haveria um imbricamento do capitalismo e do cristianismo de forma que as duas ideologias

fossem apresentadas como únicas e abraçadas como o mesmo elemento provindo ora da

divindade, ora de uma possível interpretação do texto fundante? Estariam os sacerdotes

ensinando aos fieis a viverem o capitalismo moderno e o ‘vendendo’ como cristianismo puro

e simples?

Se os professores Renato Kraide Soffner, Severino Antonio, Francisco Evangelista iniciam

seu artigo “A Epistemologia e a Práxis da Educação Salesiana de João Bosco [Santo]”,

sobre educação sociocomunitaria, explicitando um caminho de grande valor para o

entendimento daquilo que chamamos vida resignada, não seriam os religiosos dignos de

semelhante postura? Onde se encontra a constituição de um comportamento voltado a

atualidade em uma religião que se propõe seguidora de um livro milenar, mesmo que

considerarmos a vivacidade de suas palavras? Minha pergunta, e não descarto, em

momento algum, que sua resposta pode ser diferente do que infiro ao longo do projeto, é:

tornou-se o capitalismo um condutor do cristianismo no geral, e do neopentecostalismo em

particular?

A pesquisa será realizada, a partir do método etnográfico. Para Malinowski (1978) a

etnografia propicia ao pesquisador a reconstrução e transmissão de experiências de vidas

diversas da dele e, desenvolve, dois conceitos chaves de sua teoria, e de todo o pesquisar

antropológico, a partir de então, que são o trabalho de campo e a observação participante.

Assim, considera que a interação do pesquisador com os indivíduos é fundamental e

indispensável para a apreensão da realidade a ser estudada. Além disso, afirma ainda, que

11 Graduado em Ciencias Sociais (PUC-Campinas). Mestre em Antropologia (USP). E-mail:

[email protected]

a maneira como tais indivíduos elaboram as regras sociais tendem à maximização de seus

próprios interesses, assim, não só o que dizem que fazem, mas o que realmente executam

deve ser alvo de análise e ênfase.

Justifica-se a abordagem do tema pela carência em material sobre o assunto em questão,

mostrando de maneira clara os aspectos do ensino religioso e informal (ou não formal), das

comunidades cristãs neopentecostais da cidade de Americana.

Os resultados esperado encontram-se ainda circunscritos nos proposítos da pesquisa, visto

que a mesma ainda não se concluiu.

O objetivo hipotético primeiro é analisar essa relação sistema/religião e perceber seus

desdobramentos.

Referenciais Teóricos

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Sociais. Out, nº 56, São Paulo, Anpocs, 2004.

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DESCARTE E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS: A TEMÁTICA

AMBIENTAL NO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Palavras-chaves: Resíduos. Ambiental. Descarte. Currículo

Apresentação: Pôster

Autor: Sérgio Giacomassi

Co-autor: Antonio Carlos Miranda

OBJETIVO

Esse trabalho em fase inicial de pesquisa, tem como objetivo central, verificar propostas de

descarte e gerenciamento de resíduos químicos resultantes das aulas práticas de química

utilizando como material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo, caderno do

professor e aluno do ensino médio: 1°, 2° e 3° séries, volumes 1 e 2, que se propõem a

favorecer a construção do conhecimento científico de maneira crítica e proporcionar o

desenvolvimento da autonomia do pensar, da argumentação e da configuração cognitiva

para uma forma científica de entender os fenômenos do mundo.

JUSTIFICATIVA

Em 1978, a Proposta Curricular de Química do estado de São Paulo enfatizou a

necessidade do uso do laboratório, além de destacar a importância da compreensão do

processo de produção do conhecimento científico e o cotidiano como um critério para a

seleção de conteúdo (CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2012).

Sua justificativa visa analisar se tal material didático torna possível, de fato, trabalhar os

conhecimentos de Química Ciências da Natureza, com a finalidade de compreender os

processos químicos, em estreita relação com suas aplicações tecnológicas, ambientais e

sociais de modo a poder tomar decisões de maneira responsável e crítica e emitir juízos de

valor em nível individual e coletivo, obter conceitos dos diversos processos químicos de

forma prática, em relação aos contextos ambientais, políticos e econômicos, considerando a

perspectiva do desenvolvimento sustentável.

METODOLOGIA

As metodologias a serem empregadas serão através da investigação qualitativa e

quantitativa no aprofundamento de questões teóricas, análise de documentos oficiais e

pesquisas em acervos bibliográficos.

REFERENCIAIS TEÓRICOS

Na década de 70, a Educação Ambiental foi concebida como uma preocupação dos

movimentos ecológicos com uma prática de conscientização capaz de alertar sobre

um possível fim de tudo e má distribuição no acesso aos recursos naturais,

envolvendo pessoas em ações sociais. No ensino de ciências, nesta época,

originou-se o chamado movimento Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). A partir

de então, inicia-se uma discussão em torno da necessidade de formar o cidadão

consciente e responsável na sociedade e aos poucos, a Educação Ambiental vai se

transformando numa proposta educativa (PEREIRA et al., 2009).

No Brasil, uma ação significativa que reconheceu a importância da questão ambiental foi a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), que passou a considerar a

compreensão do ambiente natural como fundamental para a Educação Básica e a inclusão

da temática ambiental como um dos temas transversais nos Parâmetros Curriculares

Nacionais para a escola básica (PCN,1999).

Desde a promulgação da Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 25 - inciso 6,

define-se como incumbência do Poder Público a promoção da Educação Ambiental em

todos os níveis de ensino, bem como a conscientização pública para a preservação do meio

ambiente, foi regulamentado pela Lei Federal 9.795 (27/04/99), que instituiu a Política

Nacional de Educação Ambiental (PNEA), regulamentada pelo Decreto 4.281 (julho/2002),

portanto existe amparo legal para a implementação de programas formativos em Educação

Ambiental, em qualquer nível de ensino.

A educação ambiental é um processo de aprendizagem e ação educativa permanente,

através dos quais os indivíduos e as comunidades adquirem a consciência de que são parte

integrante do meio ambiente, além de conhecimentos, habilidades, experiências, valores e

determinação que os tornam capazes de agir, individual ou coletivamente na busca de

soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros. (UNESCO, 2007).

Torna-se vital importância a Educação Ambiental estar presente, atuante e imprescindível

para as pessoas nas escolas desde seu ingresso no ensino infantil, nas casas e

comunidades em geral em busca da sustentabilidade e com esse questionamento, auxiliar

na conscientização e redução de resíduos químicos de uma forma em geral.

RESULTADOS ESPERADOS

Não existe uma saída fácil para o problema ético da educação ambiental, muito menos uma

saída unilateral ou unidirecional, mas existem caminhos capazes de apontar perspectivas

para pensarmos a dimensão ética da educação ambiental. É justamente sobre a busca de

um horizonte, no qual possamos vir a formular alternativas para a educação ambiental

capazes de superar o “limiar epistemológico” (GRÜM, 1996, p.101).

Espera-se com o resultado dessa pesquisa alertar a necessidade de conscientização dos

alunos, professores, gestores bem como a comunidade em geral sobre o correto descarte e

gerenciamento de resíduos químicos resultantes das aulas práticas de química realizadas

nos laboratórios ou salas de aulas das escolas estaduais de ensino médio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica;

Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio, MEC/SEMTEC: Brasília, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação; Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no

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Carlos de Menezes. 1. ed. atual. São Paulo: SE, 2012.152 p.

GRÜM, Mauro. Ética e Educação Ambiental: A conexão necessária. 11° ed. Campinas,

Papirus, 1996.

MELLO, Soraia Silva de; TRABJER, Rachel [Coord.] Vamos cuidar do Brasil: conceitos e

práticas em educação ambiental na escola. Brasília: Ministério da Educação,

Coordenação Geral de Educação Ambiental: Ministério do Meio Ambiente, Departamento de

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PEREIRA, Jocélia Barbosa et al. Um panorama sobre a abordagem ambiental no

currículo de cursos de formação inicial de professores de química da região sudeste.

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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

40422009000200040&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 04 set. 2016.

EDUCAÇÃO E RESPONSABILIDADE: A Pedagogia Espirita Kardecista na

Perspectiva da Pedagogia Social.

Palavras chave: Pedagogia Espírita, Educadores, Educandos e Transformação Social

Pedagogia Social.

Apresentação: Pôster

Autor: Renner Marcos J Santos12

Co-autor: Francisco Evangelista13

INTRODUÇÃO

“Na verdade, a revelação divina está presente em todas as religiões,

épocas, culturas e povos e em meio a esses sempre houve e há enviados

de Deus, para ensinar aos homens as leis da vida, dentre elas as leis da

própria consciencia humana” (KARDEC, 1971:118).

Esse texto é parte integrante da dissertação de Mestrado em Educação

Sociocomunitária onde, a mesma buscará entre as práticas educacionais da Pedagogia

Espírita Kardecista o intuito transformador ao qual se apresenta em sua particularidade na

formação e atuação de seus educadores frente a seus educandos, realizando uma interface

com a Pedagogia Social.

A educação é um fenômeno notório que engloba os processos de ensinar e

aprender, já a Pedagogia busca nos métodos assegurar a adaptação mútua do conteúdo

informativo aos indivíduos que se deseja formar nesse sentido, antes de elevarmos os

conceitos a Educação e a Pedagogia Espírita retornaremos as suas origens, não as de

Allan Kardec o titular codificador da Doutrina Espírita, mas sim as origens de Hippolyte Léon

Denizard Rivail.

Denizard Rivail um jovem dedicado aos estudos que tão logo foi influenciado em

direção iluminismo, justamente por ser aluno de um dos colégios de Pestalozzi, assim

podemos dizer que em base metodológica, Denizard herdou em sua formação acadêmica,

os pensamentos de Sócrates e Platão, Comenius e Rousseau, por meio de Pestalozzi. Por

12 Mestrando em Educação Sociocomunitária pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL, u.e.

de Americana, São Paulo. Possui graduação em Psicologia com ênfase em Psicologia Social pela mesma

instituição. 13 Doutor em Educação pela PUC/SP (2011). Mestrado em Educação pela Puc-Campinas (2002). Especialista

em Filosofia para crianças e jovens pela PUCSP (1997). Graduação em Filosofia pela Puc-Campinas (1990).

Atualmente é professor do Programa de Mestrado em Educação do UNISAL - Centro Universitário Salesiano

de São Paulo no Campus de Maria Auxiliadora /Americana e do Curso de Especialização em Pedagogia Social

no Campus São José/Campinas.

tais influências Denizard já assumiu uma posição de educador, pois antes de se graduar,

auxiliava indivíduos que apresentavam dificuldades no ambiente escolar. Em curso ao

graduar-se em ciências e letras tornou-se professor e lutou por um ensino gratuito e, fez

parte de estudos para desenvolver uma nova forma de educar os indivíduos.

Por Pestalozzi uma herança filosófica foi fortemente enraizada em seus métodos e

práticas pedagógicas, as quais Denizard esteve exposto durante sua formação acadêmica.

Contudo cabe destacar que Pestalozzi por sua espiritualidade, advinda da formação fez

com que o mesmo direciona-se um olhar diferenciado para os processos de educação,

observando os princípios da natureza14 humana. Tal teoria despertou o interesse de outros

educadores bem com do seu próprio discípulo Denizard Rivail que fez uso das mesmas

técnicas enquanto professor.

A educação para Pestalozzi e como: “um processo natural, ancorado na liberdade, bonde e personalidade, ou seja, (...) a educação verdadeira e natural conduz à perfeição, à plenitude das capacidades humanas” (PESTALOZZI, Apud ZANATTA, 2005, p. 169).

Em curso Denizard Rivail foi agraciado pela espiritualidade e, no ano de 1855 após

seu primeiro contato com os fenômenos paranormais, um espírito que se denominava

‘familiar’, revelou a Denizard Rivail que o conhecia, mas de outra vida assim, ao se

aproximar desse espírito Denizard Rivail passou receber instruções e, por inúmeras

psicografias ele inicia a codificação de uma obra designada ao mundo. A Denizard Rivail foi

revelada sua identidade de uma vida passada ao qual fez uso do nome de ‘Allan Kardec’

assim, ele assume o mesmo pseudônimo para disseminar a Doutrina Espírita (DOYLE,

1960).

Allan Kardec publicou o que havia recebido de instrução e, submetendo-a as inteligências comunicantes, foi-lhe dito que os ensinamentos lhe haviam sido dados expressamente para transmiti-los ao mundo que uma missão que lhe fora confiada pela Providência. E lhe disseram que denominasse a obra “O livro dos Espíritos” (IBIDEM, 1960, p.271).

Allan Kardec fundou a primeira sociedade Parisiense de Estudos Espíritas que,

sobreveio a estruturar a Doutrina Espírita por meio dos conhecimentos científicos,

filosóficos, éticos e religiosos, baseando-se em uma investigação voltada à experiência, de

modo a constituir um método que não privilegiasse somente a dimensão espiritual, mas sim

ao cerne dos indivíduos (DOYLE, 1960).

Passou a conceituar os indivíduos em três estados o natural, social e moral, pontos chaves e fundamental para

que visse a desenvolver a Pedagogia do Amor (ZANATTA, 2005).

“Kardec foi um dos pioneiros a propor uma investigação científica, racional e baseada em fatos observáveis, das experiências espirituais. Desenvolveu todo um programa de investigação dessas experiências, ao qual deu o nome de Espiritismo” (IBIDEM, 1960, p.298).

Allan Kardec apresentou a sociedade a Doutrina Espírita sendo essa

evolucionista e reencarnatória, abarcando o conceito de cosmovisão15 que,

elucidava a possibilidade do aperfeiçoamento moral ao longo de várias vidas, ou

seja, uma possível reencarnação. Nesse sentido, uma vida não seria suficiente para

que os indivíduos pudessem educar-se e despertar a consciência para a sabedoria

do espírito (DOYLE, 1960).

Com todas as recriminações16, a missão de Allan Kardec em promulgar a Doutrina

Espírita foi bem sucedida, pois essa ao cruzar o oceano em direção a América do Sul, em

especifico Brasil, conquistou seguidores como: Adolfo Bezerra de Menezes, Francisco

Candido da Silva Xavier, Monteiro Lobato, Eurípedes Barsunulfo, Corina Novelino,

Herculano Pires, Inácio Ferreira, Maria Modesto, Divaldo Franco entre outros, buscaram

elevá-la ao nível de educação, porém não só a uma educação catequista e doutrinária, mas

sim uma educação para um projeto cultural e pedagógico e social, nas bases da ciência,

filosofia e religião (DOYLE, 1960).

A luz de Eurípedes Barsunulfo discorreremos sobre um modelo de educação não

usual no mundo acadêmico, com práxis direcionada a indivíduos de várias idades, com o

intuito de transformar os indivíduos, elevando seu lado espiritual, moral e social, refiro-me a

Educação e Pedagogia Espírita (OLIVEIRA, 2008).

1.1 Da Educação para a Pedagogia

O nome de Eurípedes Barsunulfo surge, segundo a história do espiritismo, como o

percussor da Pedagogia Espirita no Brasil esse, no ano de 1907 veio a instituir o primeiro

Colégio de Allan Kardec17 ao qual já mantinha atividades desde 190218, porém com outro

Promulgada no século IV e V, d.C. por Pelágio Foi um monge britânico, ascético e acusado de herege. Perseguido pela Igreja de Roma após ensinar ideias consideradas heréticas pelos líderes deste, como sua negação mais tarde chamado “dogma do pecado original”, escreveu dois perderam obras longa, "FromNature" e "De livre vontade", que voltou a defender a sua concepção da natureza do pecado. Maiores informações sobre a história do Espiritismo podem ser encontradas no livro de Arthur Conan Doyle intitulado “A História do Espiritismo”. 17“A escola era particular, gratuita e sem fins lucrativos. Iniciou suas atividades com umas 80 crianças de ambos os sexos e pretendia contribuir na valorização da infância, despertar o sentimento do bem e a vontade de conhecer. Desde o início, Eurípedes compreendia que o problema educacional ia além do mero aprender a ler, contar e escrever. Distanciava-se também das ideias coercitivas que vigoravam na educação e procurou substituir práticas pedagógicas tradicionais por um ensino cooperativo, adotando métodos que incentivavam a ação, a liberdade, a investigação. A experiência do colégio Allan Kardec tinha a intenção de negar a escola livresca, autoritária e distante da realidade. Ao contrário, pretendia criar uma nova forma de lidar com os alunos considerando seus

nome. Ao conduzir as atividades do Colégio Allan Kardec apresentou uma proposta

pedagogia com aspectos diferentes19 dos colégios tradicionais da época, entre elas estão: a

não distinção de gêneros em sala de aula; a inserção dos educandos dentro da grade

curricular, por ano / série de forma simultânea; os métodos de avaliação dos educandos

sem provas escritas; relação mútua entre educadores e educandos (NOVELINO, 1987).

Assim a luz de Pestalozzi, por Eurípedes os educandos do Colégio Allan Kardec,

possuíam livre-arbítrio para pensar, agir e executar as atividades educacionais propostas,

por elas o método maiêutico20 auxiliava no despertar da crítica para renovar a forma pensar.

Eurípedes acreditava que essa era uma forma de alcançar a compreensão das diferenças e

posições sociais. A forma de educar advinda do pensar de Eurípedes proporcionava aos

educandos ampliarem seu nível intelectual, tanto que “demostravam-se brilhantes na

formação recebida, especialmente na maneira fluente e elegante com que se expressavam

em cartas e outros tipos de comunicação” (NOVELINO, 1987p.113).

O colégio Allan Kardec passou por um processo de modificação metodológica, após

o falecimento de Eurípedes no ano de 1918.Porém seu discípulo e antecessor Tomás

Novelino21, para além dos muros de Sacramento foi motivado por preconceitos ao

espiritismo, fundou um educandário e passou a abrigar estudantes sendo esses espíritas,

ou não.

Das raízes filosóficas as quais Pestalozzi apresentava, ainda nos ideais de Allan

Kardec e Eurípedes, Tomás elava o estandarte da tolerância frente às diferenças e surge o

Educandário Pestalozzi22 (INCONTRI, 2001).

interesses, necessidades, vivencias, promovendo a educação intelectual, física e moral” (BIGUETO, 2006, p.152). 18 O Colégio Allan Kardec, criado com o nome Liceu Sacramento em 1902, foi uma instituição de

ensino na cidade de Sacramento, Minas Gerais, considerada a primeira instituição de ensino com fundamentos da pedagogia espírita. Forneceu uma primorosa educação gratuita para milhares de pessoas pobres e órfãs. Ainda é tido como exemplo de educação diferenciada e atualmente funciona como um museu, memorial à Eurípedes e centro espírita.

19 Eurípedes em seu cerne acreditava fielmente na união entre os indivíduos e, por esta alcançar o respeito entre ambos, invalidando os tabus das diferenças. Sua perspectiva educativa valorizava os indivíduos bem como a instrução integral, por meio do processo ativo da vivência e experiência, crendo em um movimento dos educandos em direção ao cerne da conquista moral e intelectual. Como todo bom discípulo há um bom mestre, Eurípedes era o próprio exemplo em suas práxis educativas, além de frisar a união entre os indivíduos ele direcionava amor, afeto e amizade na relação, educadores e educandos dentro do colégio (NOVELINO, 1987).

20 Método socrático que consiste na multiplicação de perguntas, induzindo o interlocutor na descoberta de suas próprias verdades e na conceituação geral de um objeto.

21 Órfão de pai e mãe, Novelino foi internado junto com os irmãos e irmãs no asilo Anália Franco em São Paulo (1908). Também foi aluno de Eurípedes, no Colégio Allan Kardec, em Sacramento

22 O educandário Pestalozzi, excepcionalmente peregrinou em passos estreitos quanto à inovação dos métodos pedagógicos, mas por outro lado proporcionou subsídios para projetos educacionais e culturais aos quais, Maria Aparecida esposa de Tomás administrava. O educandário por Tomás se assemelhava tanto nos moldes do instituto Pestalozzi de Yverdon, quanto na aparência, suas atividades promoviam atividades destinadas à primeira infância bem como, aulas de evangelização ao fulgor do espiritismo. Se na época ele já era considerado uma referência para a educação infantil, atualmente é uma respeitada instituição, a Faculdade de Educação, Ciências e Tecnologia.

Tomás comprometido a fazer a diferença apresentou o projeto inicial ao qual o:

“Educandário atuaria por ser livre e fazer homens e mulheres livres, criaturas ciosas de sua liberdade, amantes do bem, do trabalho, da atividade, da evolução, e não seres modorrentos que muito embora consigam às vezes grande cultura, a traga simplesmente acumulada na memória. (…) O educandário porfiará por lapidar em seus alunos intelecto e coração, aprimorando lhes razão e sentimento”. (EDUCANDÁRIO PESTALOZZI, 1943. APUD INCONTRI, 2001, p.238).

Embora o Educandário de Pestalozzi, da cidade de Franca-SP, ao qual já referido

acima, ter promovido o primeiro curso de Pedagogia Espírita, sendo que as iniciativas não

partiram dele, mas sim, do instituto Lins de Vasconcelos que iniciou seus estudos ao

processo de educação para uma Pedagogia Espírita. Após unir todos os elementos

necessários vindo a fundamentá-la, a proposta da Pedagogia Espírita foi apresentada a

Secretaria de Educação do estado do Paraná, que ora mais tarde foi aceita. A partir de

então a Pedagogia Espírita passou a ser divulgada em algumas capitais brasileira, aonde

eram realizados simpósios e congressos, com objetivo de esclarecer e promover seus

métodos (CARNEIRO. V. R., 1996).

Porém, contudo, o não entendimento da verdadeira proposta da Pedagogia Espírita,

foi a deixando de certa forma restrita a própria comunidade espírita, em hipótese justamente

por titular-se como tal. Tão logo, para que a Pedagogia Espírita pudesse provar seus

métodos com sua visão de educação, as escolas teriam que apresentar certa flexibilidade

na questão religiosa, ou seja, serem laicas. Nos anos 50 e 60 em meio ao movimento da

Pedagogia Espírita surge Herculano Pires23 motivado em defesa da laicidade no ambiente

escolar bem como, da escola pública e, liberdade ensino, porém com o objetivo de tirar os

direitos das escolas privadas e confessionais (INCONTRI, 2001).

Para elucidar todo o movimento em direção a Pedagogia Espírita, voltamos a Allan

Kardec que, antes do contato com a espiritualidade foi pedagogo, ou melhor, ao que se

pode observar em sua trajetória na codificação da Doutrina Espírita, nunca deixou de ser.

Ao analisar o contexto histórico da proposta de Allan Kardec ao entendimento da Doutrina

Espirita, é possível perceber que em sua essência essa apresenta é claro uma

espiritualidade, que de certa forma não deixa de ser religiosa, porém em direção a um novo

projeto cultural e pedagógico, frente à nova realidade social. Neste sentido percebe-se que

Dados históricos apontam o Educandário Pestalozzi como sendo o primeiro em promover o curso de Pedagogia Espirita22 (CARNEIRO. V. R., 1996).

23Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1957), jornalista de profissão, foi também

poeta, romancista, sindicalista e professor universitário, tendo lecionado Filosofia da Educação na

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araraquara (1959-1962), uma das instituições de

educação superior que deram origem à Faculdade de Ciências e Letras, campo da Universidade

Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) nessa cidade do interior do estado.

a Pedagogia Espírita é muito mais do que os olhos possam ver, por titular-se ‘espírita’

(INCONTRI, 2001).

A Pedagogia Espírita, não possui em seu cerne a doutrinação e a evangelização,

não pensa na educação apenas como uma arte de socializar, traz em sua essência uma

proposta de renovação educacional usando a leitura do espiritismo como educação,

levando os indivíduos, não apenas para o cultivo de subsídios intelectuais, mas sim ao

contato com a espiritualidade de modo que este encontre seus próprios valores

humanísticos, rompendo os empecilhos da subjetividade humana, transformando-se em

seres por inteiro, ou seja, integrais (AMUI, 2007).

Ao pensar no contexto apresentado a Doutrina Espírita é recente, bem como a

promulgação da Pedagogia Espírita ao pensar em seu campo de atuação, a mesma fica

restrita a própria comunidade espírita que abriga em suas casas assistenciais assistidos e

trabalhadores / voluntários em seu ambiente tendo outras bases religiosas. Deste modo

instala-se a problemática no curso da presente pesquisa no sentido de que, esses

indivíduos vindo de outras religiões ao adentrar em uma casa espírita e desenvolver o papel

de educador, absorvem e aplica de fato as raízes históricas da proposta de Allan Kardec em

direção a Educação e Pedagogia Espírita e em suas práticas educacionais e sociais?

Neste sentido o objetivo desse estudo é observar dentro do contexto histórico da

Pedagogia Espírita, a evolução dos indivíduos e o papel que ela exerce na vida dos

indivíduos além de identificar junto aos educadores seu nível de esclarecimento sobre a

proposta da mesma para as práticas pedagógicas, fazendo uma interface com a Pedagogia

Social, propósito e práticas.

Justificando o curso da presente pesquisa, ao me dispor sobre tal temática, fui

surpreendido ao ter conhecimento de que Allan Kardec doutrinador / codificador da Doutrina

Espírita, foi educador e construiu suas bases para tal nas raízes epistemológicas da

filosofia. A partir de então tudo começou a fazer sentido, ao ler sobre a Doutrina Espírita e

entender sua trajetória assim, que o espiritismo prega em direção do melhoramento

espiritual, moral e social dos indivíduos, me vêem em mente, as práticas de Pestalozzi para

uma educação como “um processo natural, ancorado na liberdade, bonde e personalidade,

ou seja, (...) a educação verdadeira e natural conduz à perfeição, à plenitude das

capacidades humanas” (PESTALOZZI, Apud AMUI, 2007, p. 169).

Para os processos educativos existe uma responsabilidade, seja para aquele que

educa, bem como para aquele que se dispõe ao educar, sendo assim, a responsabilidade é

mútua. Por esse pensar surgiu a motivação em discorrer sobre essa temática da Pedagogia

Espírita, a qual em seu método atribui a responsabilidade para ambas as posições

educador e educando na obtenção da liberdade e a evolução do pensar. Todo o caminho

trilhado em sua prática nos leva em direção a sociedade, para que venhamos atribuir um

olhar humano e fraterno nas relações sociais, por este ensejo, se faz relevante realizar uma

interfase com a Pedagogia Social.

A curso metodológico a presente pesquisa trilhará em uma linha histórica e filosófica,

advindos da própria literatura da Pedagogia Espirita, bem como do campo ao qual será

realizada a pesquisa. As informações complementares para abarcar a interface entre a

Pedagogia Social serão advindas dos educadores, educandos e trabalhadores /voluntários,

por meio da gravação de áudio, proporcionando o relato de suas práticas. O local escolhido

para desenvolver a pesquisa é uma instituição espírita sem fins lucrativos denominada Casa

Alvorada Cristã, localizada no município de Cosmópolis –SP. Espera-se dos resultados a

serem alcançados, confirmar a perpetuação das raízes filosóficas da Pedagogia Espírita e,

sua proposta educacional bem como, verificar a existência de pontos similares de sua

prática junto a Pedagogia Social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMUI, Alzira B. F. Acordes de Jesus para uma nova Educação. Sacramento-MG: Editora

Esperança e Caridade, 2002.

________________Pelos Caminhos do Entendimento do Espírito. Sacramento-MG:

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INCONTRI, Dora. A educação segundo o Espiritismo. Bragança Paulista: Editora

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______________ O Livro dos Espíritos. Tradução Salvador Gentile, Araras SP: Editora

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XAVIER, F. C. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. 11. ed., Rio de Janeiro,

FEB, 1977.

Educação Sociocomunitária diálogos com a Ética Hacker para o

desenvolvimento do protagonismo e da autonomia.

Palavras-chave: Ética Hacker; Educação Sociocomunitária; Valores morais.

Apresentação: Pôster

Autor: Karlan Ricomini Alves24

Co-autor: Renato Kraide Soffner25

Toda educação envolve ética, no sentido de desenvolver valores morais nos educandos. É

necessário pensar na educação numa perspectiva para desenvolver indivíduos com um

novo pensar e que possibilite a construção de uma nova sociedade, assim a ação ética tem

o compromisso de formar uma realidade mais justa e equitativa (JOHANN, 2009). Neste

cenário globalizado das comunicações, no meio de tantas ferramentas sociais de trocas de

informações, de perspectivas, de pensamento e realidades, vemos que trabalhar no jovem

um protagonismo e autonomia através da ética é fundamental para construir essa nova

realidade.

Neste trabalho temos o objetivo de discutir as aproximações da concepção educacional

sociocomunitária com a ética hacker apresentada por Himanen, 2001, também utilizando

dos encontros do projeto social Jovem Hacker – Edição Capivari 2015 com base para

reflexão. Esse projeto utilizou dos conceitos da intervenção sociocomunitária para através

de um curso instrumental/treinamento tecnológico alcançar os jovens para desenvolver a

ética hacker, assim fomentando o protagonismo juvenil e a autonomia dos jovens.

Este trabalho justifica-se devido a necessidade de refletir sobre a ética que desenvolvemos

no dia a dia perante os educandos, dedicando especial atenção aos locais educacionais

que intimamente utilizam da concepção educacional sociocomunitária.

Num primeiro momento a pesquisar objetiva, através da revisão bibliográfica, analisar as

possíveis aproximações da educação sociocomunitária com a ética hacker para auxiliar os

jovens no desenvolvimento do protagonismo e da autonomia. Também iremos utilizar da

pesquisa participante que é, definida por Demo (1984), sempre dinâmica, polarizada e

produtiva no relacionamento entre pesquisador/comunidade e a realidade circundante.

Tendo em suas finalidades práticas e sociais, um meio de conhecer questões sociais

trabalhadas de forma participativa (BRANDÃO, BORGES, 2007). Nesta forma de pesquisa

os instrumentos pedagógicos e dialógicos possuem uma vocação educativa e formadora

24 Mestrando no Programa de Mestrado em Educação – UNISAL; Professor especialista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus Capivari; e-mail: [email protected]. 25 Professor Doutor e Coordenador do Programa de Mestrado em Educação – UNISAL; e-mail: [email protected].

política, além de propiciar um ambiente de aprendizado partilhado (BRANDÃO, BORGES,

2007).

Para a coleta dos dados utilizamos como instrumento a observação direta que gera uma

rica oportunidade sobre os comportamentos e condições ambientais, além de possibilitar o

registro por fotografia, áudio ou mesmo vídeo do ambiente estudado, e que através desses

recursos possibilita o registro dos momentos relevantes para a pesquisa (NETO;

BARBOSA; CENDON, 2006).

Para a definição de ética utilizamos dos PCNs em seu sentido pragmático sobre o tema,

onde apresenta que “as pessoas não nascem boas ou ruins; e a sociedade, quer queira,

quer não, que educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de

comunicação e o convívio com outras pessoas tenham influência marcante no

comportamento da criança” (BRASIL, 1997, p. 51).

Toda atitude ética inclui a necessidade de escolher entre vários atos possíveis. Esta escolha deve basear-se, por sua vez, em uma preferência. Escolhemos tomar tal atitude porque ela se apresenta como mais digna, mais elevada moralmente, ou mais valiosa (MONTEIRO, SANTO, BONACINA, 2005).

Assim delimitamos o que concebemos por ética para este trabalho, uma construção pessoal

relacionada as experiências e contextos sociais de cada indivíduo e disso surge em prática

os valores morais que os indivíduos expressam no decorrer de sua vida. Assim podemos

começar a direcionar a ética hacker ligada a valores morais, que Himanen (2001), através

de um estudo a estruturada, tendo a pretensão de ser interpretada e propiciar valores

morais para a sociedade como um todo tanto no mundo virtual quanto no mundo físico.

Para sintetizar o pensamento de Himanen (2001) iremos utilizar a ilustração 1 para

demonstrar os sete pilares da ética hacker e sua divisão dentro da obra do autor.

Ilustração 1 – Pilares da Ética Hacker.

Fonte: Adaptação de Himanen (2001).

Para Himanen, 2001, o trabalho deve ser desenvolvido com paixão e liberdade. Paixão em

realizar coisas significativas e liberdade para definir quando e onde realizá-las, e, não

menos importante, quando parar de realizá-las. Toda a obra de um hacker deve ser aberta

e produzir algum tipo de valor social, não pretendendo apenas realizações financeiras, o

bem causado a sociedade, por uma realização hacker, deve ser o foco de seus esforços. A

atividade tira do hacker a passividade diante da vida e da sociedade, trazendo em si uma

autoria e protagonismo natural. Todo o hacker se preocupa com o outro, e tenta através de

suas ações cuidar e respeitar ao próximo. E, por fim, o hacker deve alcançar a criatividade

perante sua vida e a sociedade.

Neste momento trazemos a contribuição de Lima (2012, p. 124):

Acredita-se que uma educação sociocomunitária seja uma proposta de criação coletiva, local, inusitada, um ensaio, potencializando-se espetáculos tão criativos quanto possam tornar-se os seus atores, autores, protagonistas que se atualizam em cada nova cena, em cada novo cenário, frente a novos enredos e dramas.

Tanto na ética hacker quanto na educação sociocomunitária existe uma perspectiva de

criação coletiva, pois pretende reconhecer as diversidades humanas e permear os diversos

conhecimentos dos sujeitos para a construção significativa de conhecimentos, tanto

instrumentais/técnicos quanto de formação/humano. Indo além, unindo ética e educação,

permitir reflexões do sujeito sobre si e do que nele afeta considerando os contextos que ele

transita, indo do micro ao macro, da comunidade a sociedade, sem omitir as tensões que tal

prática gera.

Ilustração 2 – Pintura do espaço Jovem Hacker.

Fonte: Fonte própria, 2015.

Aprender atraves da transformação e uma característica do Projeto Jovem

Hacker – Edição Capivari/SP 2015. Assim tivemos um requisição dos jovens para

pintar o espaço onde era realizado nossos encontros, como visualiza-se na

ilustração 2. Esta atividade foi idealizada e planejada pelos jovens, sendo que aos

mediadores do projeto só restou a responsabilidade de conseguir os recursos

necessários e a permissão de pintar o espaço. Durante todo o processo vimos

compromisso individual e coletivo, busca por conhecimento de pintura, discussão

entre grupos de como resolver determinados problemas que surgiram durante o

processo, parcerias na execução de tarefas, brincadeiras e por fim uma sala pintada

e com a marca dos jovens hacker.

Nesta perspectiva a educação sociocomunitária em conjunto com a etica hacker

possibilitou aos jovens um protagonismo em assumir a transformação de nosso

espaço, a postura ativa do hacker em comunhão com esta concepção educacional

permite a construção coletiva e isso carrega em si o protagonismo juvenil tão

necessário para a criação de uma comunidade/sociedade melhor. Alem de

posicionar o jovem perante de desafios e problemas, que ajudam a desenvolver sua

autonomia. Assim, percebemos que tambem há, um grande diálogo, da concepção

educacional sociocomunitária com a etica hacker para desenvolver a autonomia dos

jovens, pois apresenta a atividade hacker e tira o jovem da passividade, isso em

ambiente educacional, mas que depois de desenvolvido e interiorizado pode ser

levado para o seu dia a dia.

Referencias Bibliográficas

BISSOTO, Maria Luisa (ORG). MIRANDA, Antonio Carlos (ORG). Educação

Sociocomunitária: tecendo saberes. LIMA, Norma Silvia Trindade. Educação

Sociocomunitária e Psicodrama: A diferença como mote. Campinas-SP: Alínea, 2012. cap.

6, p. 109-126.

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momento da educação popular. Revista de Educação Popular. Uberlândia, v. 6. jan./dez.

2007, p.51-62.

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Beatriz Valadares. A CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA DE PESQUISA QUALITATIVA

COM VISTAS À APREENSÃO DA REALIDADE ORGANIZACIONAL BRASILEIRA: estudos

de casos múltiplos para proposição de modelagem conceitual integrativa. Informação &

Sociedade: Estudos. João Pessoa, v.16, n.2, jul./dez. 2006, p.63-78.

Educação para a Ciência e a Tecnologia como Processos de Autonomia do

Sujeito na Sociedade da Informação

PALAVRAS-CHAVE: projeto pedagógico; emancipação; autonomia do sujeito;

Apresentação: Pôster

Autor: Jessica Aparecida Paulino Freitas26

Co-autor: Renato Kraide Soffner27; Cristiano de Jesus28.

Este trabalho, tem como proposta um estudo sobre a emancipação da educação

tecnológica, a fim de gerar fundamento a consciência crítico-dialética dos alunos,

buscando analisar se o Projeto Pedagógico dos cursos de Bacharel em Sistemas de

Informação e Bacharel em Engenharia de Produção, do Centro Universitário

Salesiano de São Paulo, campus Dom Bosco em Americana/SP, é incorporado em

sala de aula, tanto pelo professor quanto pelo aluno. Sendo assim, se faz

necessário analisar se o educador, em sua aula, consegue ensinar não apenas o

uso de uma ferramenta, mas seu conceito, fazendo com que o educando não fique

restrito a uma técnica, mas sim, para que saiba resolver seus conflitos sem precisar

necessariamente do uso de ferramentas, e também, analisar se o educando

consegue abstrair esta proposta de autonomia, sabendo improvisar e solucionar

problemas através de seu conhecimento com uma perspectiva holística e não

apenas com aspectos técnicos.

A metodologia de pesquisa aplicada é de natureza qualitativa e será executada

através do procedimento de Pesquisa Observação Participante, da qual visa

acompanhar os alunos em sala de aula, no decorrer do segundo semestre de 2016,

para análise referente ao objetivo da pesquisa.

Após a análise da pesquisa, será analisado se haverá necessidade de uma releitura

do Projeto Pedagógico do Curso e formação para os professores que lecionam

26 Bacharela em Sistemas de Informação e mestranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected] 27 Professor Doutor e Coordenador do Programa de Mestrado em Educação – UNISAL; e-mail: [email protected]. 28 Bacharel em Análise de Sistemas e Filosofia; Mestre e Doutor em Engenharia de Produção. E-mail: [email protected]

nestes. Espera-se também contribuir assim para com os alunos, com a reflexão a

respeito de sua atuação e prática profissional.

Pois, se o sujeito não tem autonomia e desconhece a razão tecnológica para o seu

processo de emancipação, ele deixa de ser sujeito e passa a sujeitar-se a

tecnologia.

REFERÊNCIAS

JANNARELLI, Vicente Cláudio. As Novas Formas de Controle em One

Dimensional Man, de Herbert Marcuse. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Mestrado em Filosofia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,

2010.

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Teoria Crítica: Desafios na Era Digital, 2012, Araraquara. Congresso Internacional

de Teoria Crítica, 2012. p. 117-127.

JESUS, Cristiano de. Tecnologia e Sociedade: Reflexões a partir de Herbert

Marcuse. São Paulo: Lp-books, 2013

MARCUSE, Herbert. O homem unidimensional: estudos da ideologia da

sociedade industrial avançada. São Paulo: EDIPRO, 2015. 248 p. Tradução de

Robespierre de Oliveira, Deborah Christina Antunes e Rafael Cordeiro Silva.

MARCUSE, Herbert. Tecnologia, Guerra e Fascismo: Coletânea de Artigos de

Herbert Marcuse. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1999. 371 p. Editado por

Douglas Kellner.

WIGGERSHAUS, Rolf. A Escola de Frankfurt: História, desenvolvimento teórico,

significação política. Rio de Janeiro: Difel, 2002. 742 p.

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO CENTRO PAULA SOUZA E EDUCAÇÃO

POPULAR – (IM)POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO

Apresentação: Pôster

Autor: Altair de Oliveira Galvão29

Co-autor: Valéria Oliveira de Vasconcelos30

Políticas públicas são as ações desenvolvidas pelo poder público com a finalidade

de efetivar os princípios estabelecidos no texto constitucional e em leis que a ele se

seguiram. No caso do Brasil, os direcionadores da política educacional estão

formulados em várias fontes legais, para este estudo pretende-se utilizar como

aporte as fontes legais que regulamentam a Educação Profissional no Centro de

Educação Profissional Paula Souza, além do aporte da Educação Popular.

Buscaremos discutir como vem se configurando a educação profissional no Centro

Paula Souza, quais suas fragilidades, quais suas principais potencialidades e como

a Educação Popular pode dialogar com a Educação Profissional de forma a

contribuir para uma educação profissional mais humanizada. Nesta ótica

objetivamos identificar convergências e/ou divergências que permitam uma atuação

conjunta entre a educação profissional e Educação Popular, apoiados em Freire

(1970), entre outros.

A metodologia para o desenvolvimento desta investigação será o estudo de caso e

se pautará em pesquisas bibliográficas, seguidas de pesquisa exploratória e

pesquisa de campo quantitativa/qualitativa. Segundo Martins e Lintz (2000) o estudo

de caso é uma técnica de pesquisa que tem como objetivo o estudo de uma unidade

sobre a qual se realiza uma análise profunda, partindo da unidade como forma de

compreender a totalidade. Já a pesquisa exploratória é definida por Gil, (2007, p.

41) como: “pesquisa que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o

problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”.

29 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de

São Paulo (UNISAL. E-mail: [email protected] 30 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São

Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]

Partimos neste estudo do pressuposto de que, com a redemocratização do país, a

educação adquiriu novos valores, tornando-se um direito universal dos brasileiros:

direito de todos e dever do Estado e da Família.

Desde a última década do século passado, observa-se que o caminho é de mão

dupla: não só a educação promove a economia, mas também a economia de

mercado promove a busca pela educação; não só a educação pode gerar capital

humano que possibilite aperfeiçoamento do mercado, como o mercado pode

promover a busca pelo aprimoramento, isto é, a busca dos meios e das condições

de sustentação pelo acesso ao conhecimento. O mercado agora possui uma

necessidade imediata de aproximação com o meio científico; as recentes mudanças

ocorridas no mercado produtivo apontam para uma nova relação entre a escola e o

trabalho, entre o conhecimento e o mercado.

Como observa Kuenzer (2000), agora as ações dos sujeitos precisam articular o

conhecimento científico, a capacidade cognitiva e a habilidade para intervenções

críticas diante de situações inesperadas, que exijam soluções rápidas, originais e

fundamentadas. Entretanto, há outros contornos no mundo do trabalho, bem como

outras demandas sociais. Como a escola se situa, epistemologicamente, nesse

novo cenário? O que as políticas públicas que regem o ensino profissional no

Estado de São Paulo propõem para tanto? Como situar o ensino profissional frente

a um novo perfil esperado do aluno e às demandas da comunidade?

Em uma sociedade que se caracteriza por conflitos e interesses de classe, como a

brasileira, as políticas públicas são o resultado do embate de forças, que resultam

em leis, normas, métodos e conteúdos, resultantes da interação de agentes de

pressão que disputam o Estado. Nessa ótica, a modernidade é assim, uma questão

de conflito de interesses sociais. Um deles é a contínua democratização da

existência social das pessoas. Nesse sentido, todo conceito de modernidade é

necessariamente ambíguo e contraditório conforme aponta Quijano, (2005).

Larrosa Bondía (2002, p.71), contrapondo-se à questão dos conflitos de interesses

sociais, nos sugere que exploremos juntos outra possibilidade, “mais existencial

(sem ser existencialista) e mais estética (sem ser esteticista), a saber, pensar a

educação a partir do par experiencia/sentido”. Nesta mesma concepção, o autor

afirma, que para algo nos aconteça é preciso querer parar, romper com este modelo

que se enraizou em nossa sociedade.

[...] requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar;

parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. LARROSA (2002, p.24).

São muitos os esforços no sentido de forçar os sistemas públicos de educação

regular a ajustarem-se frente às mudanças no mundo atual, entretanto, acreditamos

que um dos caminhos para uma educação profissional mais humanizada está no

que nos sugere Delors e buscaremos evidenciar neste estudo.

"[...] é no seio dos sistemas educativos que se forjam as competências e aptidões que farão com que cada um possa continuar a aprender. Longe de se oporem, a educação formal e informal deve fecundar-se mutuamente. Por isso, é necessário que os sistemas educativos se adaptem a estas novas exigências: trata-se, antes de qualquer coisa, de repensar e ligar entre si as diferentes sequências educativas, de ordená-las de maneira diferente, de organizar as transições e de diversificar os percursos educativos. (DELORS, 1998, p. 121)

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC, UNESCO, 1998. FREIRE, Paulo. (1970). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007. KUENZER, A Z. O Ensino Médio agora é para a vida: entre o pretendido, o dito e o feito. Educação & Sociedade, n. 70, abr. 2000. LARROSA-BONDÍA, Jorge. (2002). Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: Revista Brasileira de Educação, n.19, pp. 20-28, jan./abr. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pdf QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). (2005). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro. p.227-278.

Educação Popular e Saúde: possibilidades para a formação técnica em

Enfermagem

Palavras chaves: Educação Popular e Saúde; Formação técnica em Enfermagem;

Enfermagem; Processos Educativos.

Apresentação: Pôster

Autor: Tânia Maria Salgado Tozi31

Co-autor: Valéria Oliveira Vasconcelos32

A enfermagem é considerada uma das mais antigas profissões, podemos dizer que

existe desde o surgimento da humanidade. Antigamente era representada pela

figura masculina, em que os sacerdotes da igreja católica realizavam o papel de

mediadores e intérpretes entre Deus e os homens, pois a humanidade acreditava

que as doenças eram um mal divino. Utilizavam-se de água de fontes,

medicamentos preparados com ervas e plantas, dietas, banhos entre outras para

ajudar na purificação desses indivíduos que buscavam os templos. Essas práticas

permaneceram por muitos séculos, os sacerdotes eram considerados os médicos,

enfermeiros e farmacêuticos da época (GEOVANINI, et al., 2010).

Com o passar dos anos e a evolução da ciência o exercício da enfermagem

começou a reformular-se e passou a ser compreendida também como profissão.

Inicialmente esteve por um período submetida à classe médica porém, com o

crescimento acelerado do número de profissionais, surgiu a necessidade de

regulamentar o exercício profissional, e a área passou a ter seu próprio órgão

regulamentador para fiscalização e normatização (OGUISSO, 2001; GEOVANINI et

al., 2010). A partir do decreto n°50.387/61, ocorreu também a classificação das

categorias da enfermagem (enfermeiros, enfermeiros com especialização em

obstetrícia, auxiliares em enfermagem) e suas respectivas funções (BRASIL, 1967).

A enfermagem, em seu histórico inicial, tinha suas atividades voltadas somente ao

modelo assistencialista: o objetivo era cuidar das doenças e dos transtornos

31 Discente, Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL. Grupo de pesquisa: conhecimento e análise das intervenções na práxis educativa Sociocomunitária - CAIPE; Email: [email protected]. 32 Docente, Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL. Grupo de pesquisa: conhecimento e análise das intervenções na práxis educativa Sociocomunitária - CAIPE – Email: [email protected]

corporais dos pacientes. Com o decorrer da história e a reforma das resoluções que

regulamentaram a profissão, a enfermagem deixou de atuar somente no âmbito

hospitalar e passou a atuar em vários segmentos da sociedade, tendo grande

influência nas atividades educativas. Faz parte do papel educativo do enfermeiro

contribuir para a transformação da sociedade, deixando de exercer somente um

papel assistencialista e ser promotor da saúde. (GASTALDI; HAYASHI, 2002).

Sendo assim a Educação Popular e Saúde vem fortalecer esse papel do enfermeiro

em atuar em outros segmentos e não somente em ambiente hospitalar, pois

segundo Vasconcelos (2003) a educação em saúde “e o campo de prática e

conhecimento do setor saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação

de vínculos entre a ação medica e o pensar e fazer cotidiano da população”.

Educação Popular em Saúde é uma forma de diálogo com a comunidade e/ou

grupo, abordando e identificando seus problemas, respeitando classe social, cultura,

etnia entre outros, tendo como apoio as teorias de Paulo Freire em Educação

Popular no Brasil (AMARAL; PONTES; SILVA, 2014).

Desse modo o objetivo da presente pesquisa será entender quais são as

concepções; inquietações; desejos de alunos de um curso técnico sobre sua

possível atuação profissional. A partir do levantamento desses dados, propor

atividades de formação apoiado na Educação Popular e Saúde e avaliar os

resultados dessa formação.

A importância deste trabalho será apontar aos alunos técnicos em enfermagem que

existem outros métodos como a Educação Popular e Saúde que auxilia suas

práticas profissionais desfocando o modelo hospitalocêntrico.

A metodologia se apoiará na abordagem qualitativa e como instrumentos

metodológicos a observação e a pesquisa participante. Vasconcelos afirma que:

A pesquisa em educação popular, a partir das influências fundantes de Paulo Freire, Marx e Malinowski e da Escola de Frankfurt, foi aos poucos se delineando como uma pesquisa qualitativa, com forte conotação da observação participante da antropologia, engajada na transformação política da sociedade na perspectiva dos interesses dos seus grupos sociais subalternos e onde os sujeitos investigados participam conscientemente do processo de produção do conhecimento (VASCONCELOS, 2003, p. 07).

A abordagem qualitativa não está preocupada em quantificar valores (quantidade

numérica) e sim compreender, interpretar, entender formas de pensar e

determinados comportamentos do grupo pesquisado que se encontra inserido em

uma sociedade ou organização (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009).

E a pesquisa participante, segundo Brandão; Borges (2007) é:

um momento de trabalhos de educação popular realizados junto com e a serviço de comunidades, grupos e movimentos sociais, em geral, populares. É do constante diálogo não doutrinário de parte a parte que um consenso sempre dinâmico e modificável deve ir sendo também construído. Uma verdadeira pesquisa participante cria solidariamente, mas nunca impõe partidariamente conhecimentos e valores (BRANDÃO; BORGES, 2007, p.6).

O referencial teórico a ser utilizado coincidirá com a proposta desta pesquisa, entre

eles: Paulo Freire; Carlos Rodrigues Brandão; Maria Waldenez de Oliveira; Telma

Giovanini; a Legislação que regulamenta a profissão em Enfermagem, entre outros.

Espera-se atingir através dessa pesquisa a compreensão dos alunos e futuros

profissionais da saúde sobre novos métodos de atuação em suas atividades

profissionais utilizando a Educação Popular em Saúde como apoio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, M.C.S; PONTES, A. G. V; SILVA, J.V. O ensino de Educação Popular em Saúde para o SUS: experiência de articulação entre graduandos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde. Comunicação Saúde Educação, v. 18, n 2, p. 1547-1558 mar.2014 BRANDÃO, R; BORGES, M.C. A pesquisa participante: um momento da educação popular. Revista de Educação Popular. v. 6, n. 1, 2007. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto- Lei n°299 de 28 de fevereiro de 1967. Reorganiza o Grupo Ocupacional P-1700 do Anexo I da Lei nº 3.780, de 12 de julho de 1960 e dá outras providências. [citado em 23 jul. 2016]. GASTALDI, A. B.; HAYASHI, A. A. M. Enfermeiros e educadores: Um desafio. Terra e Cultura, ano XVIII, 2002. GEOVANINI, T. et al. História da enfermagem: versões e interpretações. 3°ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. SILVEIRA, D. T; CÓRDOVA, F. P. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. VASCONCELOS, E.M. Educação popular e pesquisa-ação como instrumentos de reorientação da prática médica. In: Edna Gusmão de Góes Brennand. (Org.). O labirinto da Educação Popular. 1ed.João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2003, p. 189-208.

ENADE-2012: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DE DESEMPENHO EM CURSOS

DE IES PÚBLICAS E PRIVADAS À ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO.

Palavras-chave: ENADE, ensino superior, análise comparativa, desempenho,

administração.

Apresentação: Pôster

Autor: Dickson Vasconcelos Santos33

Co-autor: Antonio Carlos Miranda

Este trabalho intenciona a realização de uma análise comparativa, acerca da base

de dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), referente

ao ano de 2012 e, disponibilizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP), ao qual restringiu-se ao estudo a área de administração,

objetivando-se estimar indicadores que permitam comparar desempenho e

qualidade a este curso, nas mais diversas instituições de ensino superior, sejam

públicas ou privadas, utilizando recursos estatísticos e técnicas conjuntamente

quantitativas e qualitativas de determinação.

O ENADE, ao qual representa um instrumento de aferição de qualidade, pertence

ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), criado por meio

da Lei no.10.861, de 14 de abril de 2004 (BRASIL, 2004). Sendo aplicado a partir de

2004, portanto, com objetivo de avaliar o rendimento dos concluintes dos cursos de

graduação, aborda dimensões como conteúdos programáticos previstos nas

diretrizes curriculares, desenvolvimento de competências e habilidade necessárias

ao aprofundamento da formação geral e profissional, de tal forma que, aliados às

respostas do Questionário do Estudante, constituem insumos fundamentais para o

cálculo dos indicadores de qualidade da educação superior (INEP, 2016).

A escolha pela análise à esta área de administração deveu-se em função da

avaliação prevista ao ENADE, ao qual cada curso deve ser contemplado em período

não superior a três anos, em que estudantes ingressantes ou situação considerada

irregular (junto às avaliações anteriores) foram dispensados de participação. Em

particular, a opção pelo ano de 2012, ocorreu, tendo em vista a não disponibilização

de resultados subsequentes a esta área, até o momento.

33 Mestrando, UNISAL, [email protected]

Dentre as variáveis elencadas pelo ENADE-2012, algumas se fazem relevantes a

esta proposta de pesquisa, como categoria administrativa da IES, organização

acadêmica, região de funcionamento, bem como ao inscrito em tais instituições,

como idade média, semestre de graduação, se este é concluinte/ingressante,

apresenta alguma deficiência, até fatores referentes à presença, desempenho e

critérios socioeconômicos, como presença nas partes objetiva e discursiva, nota

bruta e acertos na parte objetiva da formação geral e componente específico,

estado civil, raça, situação de trabalho, renda, tipo de escola cursada no ensino

médio, horas dedicadas ao estudo, nível de exigência do curso ou mesmo

contribuição do curso à formação.

Como justificativa principal a este trabalho, propõe-se uma investigação e análise

comparativa, ainda a se realizarem, sobre estas principais variáveis, de modo a

facilitar uma maior compreensão e entendimento, permitindo uma discussão sobre

resultados, influências e reflexos a que uma instituição venha a proporcionar ao

discente, tanto no caráter formativo, quanto condições proporcionadas na

apropriação de saberes e competências, específicas e esperadas a um aluno

ingressante ou concluinte a um curso de graduação em administração.

De acordo com FERREIRA (2007), ao identificar-se angústias, abordagens, reflexos

que movem a individualização e realidade acerca de cada profissional, ampliam-se

as condições de sucesso na adoção de tais instrumentos, uma vez que a

apropriação de tais recursos estará alinhada à maneira como desenvolveu tais

habilidades.

Para tanto, como metodologia prevista ao desenvolvimento deste trabalho, ocorrerá

a análise da base de dados do ENADE, possibilitando maior compreensão e

delimitação das principais variáveis determinantes, de modo a permitir uma

avaliação de fatores que sugira conformidade ou não, no que tange a características

que possam influenciar aspectos relevantes como desenvolvimento, interesse

formativo e desempenho cognitivo, a perfis discentes das mais diversas instituições

de ensino, relativos à área especificada, mediante suporte a uma revisão

bibliográfica pertinente e, que venha a proporcionar subsídios a um aprofundamento

de questões relativas a melhorias, sejam de políticas públicas relacionadas aos

rumo esperados à educação superior, quanto a estes perfis e respectivos cursos

oferecidos.

Referenciais bibliográficos adotados e a adotar:

ALMEIDA, M.C.M. Qualidade do ensino superior: análise de uma proposta para melhoria do ensino de graduação. Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1983. ANDRADE, R.M.R. Em busca de um conceito de qualidade de ensino superior. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1994. ANDRADE, D.F., TAVARES, H.R., VALLE, R.C. Teoria da resposta ao item: conceitos e Aplicações. In: 14º SINAPE, 2000, Caxambu. Anais... Caxambu: Associação Brasileira de Estatística, 2000. BOGDAN, R.C. e BIKLEN, S.K. Investigação Qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. BRASIL. Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm>. Acesso em 13/09/2016. DIAS, J.S. Campo e Caminhos da Avaliação: a avaliação da educação superior no Brasil. In: FREITAS, L.C. (Org.), Avaliação: construindo o campo e a crítica. Florianópolis: Editora Insular, 2002. DIAS, J.S. Universidade e Avaliação: entre a ética e o mercado. Florianópolis: Editora Insular, 2002. DIAS, J.S. Avaliação: Políticas Educacionais e Reformas da Educação Superior. São Paulo: Cortez, 2003. FERRÃO. M.E.. Introdução aos modelos de regressão multinível em educação. Campinas, SP: Komedi, 2003. FERREIRA, M.C. Fatores facilitadores e limitantes da inserção no mercado de Trabalho: um estudo comparativo envolvendo profissionais e alunos de graduação de Belo Horizonte. p. 41. Dissertação de Mestrado, FUMEC, Belo Horizonte, 2007. FREIRE, P. Educação e Mudança. 31ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008. INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/enade/>. Acesso em 13/09/2016. MANTOVANI, D.M.N., GOUVEA, M.A. Estatística Aplicada à Administração: um estudo de atitudes versus desempenho do aluno. Revista Ibero-americana de Educação, 2012. MIRANDA, E.C.M. O SAEB-2003 no estado de São Paulo: um estudo multinível – HLM. Campinas, SP:[s.n.], 2006.

EXÉRCITO BRASILEIRO E AMAZÔNIA: intervenções educativas

sociocomunitária, intersubjetividade e tecnologias sociais no 3º Pelotão

Especial de Fronteira – 3º PEF, em Pacaraima-RR.

Palavras-chave: Exército Brasileiro. Amazônia. Educação sociocomunitária.

Tecnologias Sociais. 3º PEF. Pacaraima-RR.

Apresentação: Pôster

Autor: Vagner Ferreira. 34

Co-autor: Renato Kraide Soffner

Em tempos de contemporaneidade, nesses quase vinte anos do novo milênio,

vivemos, inegavelmente, em mundo impregnado de avanços tecnológicos, acesso a

um volume de crescimento exponencial à informação e, sobretudo, em um cotidiano

marcado por constantes e velozes mudanças, impactando sobremaneira nas

relações sociais que permeiam a vida humana, em suas diferentes dimensões.

Integrando essa realidade, a educação é uma dinâmica social que se dá em

diversos locais que, não necessariamente, restritos ao ambiente escolar. Assim,

novas demandas e novas realidades intrínsecas à sociedade globalizada do século

XXI impõem um fazer educação em múltiplos espaços, além do tradicional e

institucional. Nesse contexto, sendo o mundo a composição de vários mundos

idiossincráticos, portanto pluricultural, formado por comunidades, regionalidades,

sociedades, nações, Estados completamente diversificados, então se fazem

presentes, na mesma medida, diferentes ambientes possíveis, incluindo as

Organizações instituídas que desenvolvem ações educativas em proveito de outros.

No caso aqui tratado, consonante com a grandeza físico-espacial brasileira, existem

variadas realidades sociais, econômicas e educativas, cujas especificidades

espelham um modo peculiar de vida regional e as suas vivências culturais. Em

algumas regiões, como por exemplo, na Amazônia, o Exército Brasileiro, Instituição

Nacional Permanente do Estado, contribui secularmente para desenvolvimento

social daquela importante e estratégica região do nosso país, inclusive, em matéria

de educação.

34 Bacharel em Ciências Militares, Licenciado em História, Especialista em Gestão Estratégica e Qualidade.

Professor do Centro UNISAL. e-mail: [email protected]

A ação enunciada é um exemplo de prática associada à ideia de educação

sociocomunitária. Esta, embora não possua um conceito unívoco, mas ainda em

construção, pode significar uma proposta proativa de intervenção que, por meio de

um ou mais projetos, venha fortalecer e contribuir na articulação de sujeitos de uma

comunidade para transformações sociais desejadas. Portanto, entende-se haver e

serão desveladas, neste trabalho, algumas práticas educativas sociocomunitárias

promovidas por pessoas do Exército, em favor de sujeitos de uma comunidade

amazônida, naquela supramencionada macrorregião. Na pesquisa, também, será

estudado o conceito de tecnologias sociais e sua aplicabilidade na educação,

sobretudo, em seu viés sociocomunitário. Entretanto, para melhor delimitar o escopo

do trabalho, na fase de investigação exploratória, o problema foi concentrado para

dar resposta às seguintes perguntas: “Como” o Exercito atua no campo de ações

socioeducativas na Amazônia? “Onde” há um caso concreto de uma ou mais ações

dessa natureza que possa ser estudado? “Por que” a Instituição assim o faz, se não

e essa sua missão principal? “Quem” pratica essas ações? Isto posto, o tema deste

trabalho é Exército Brasileiro e Amazônia: intersubjetividade, intervenções

educativas sociocomunitárias e tecnologias sociais no 3º Pelotão Especial de

Fronteira – 3º PEF, em Pacaraima-RR, no ano de 2016. O objetivo geral desta

pesquisa consiste em investigar as ações socioeducativas praticadas por militares

do Exército, no 3º PEF, em projetos específicos voltados para sujeitos da

comunidade de Pacaraima-RR, identificando, nesse conjunto de intervenções, as

características da educação sociocomunitária, em particular, as noções de

intersubjetividade e de práxis, bem como, produzir reflexões sobre o suporte das

tecnologias sociais para essas ações. Os objetivos específicos são: realizar um

resgate histórico sobre a presença militar na Amazônia; descrever a articulação do

Exército Brasileiro e a sua participação em programas para o desenvolvimento

social da Amazônia, inclusive, no campo da educação; analisar criticamente o

conceito de educação sociocomunitária; explorar o significado de tecnologias sociais

e a sua colaboração em práticas socioeducativas e comprovar o papel desenvolvido

pelo Exército Brasileiro, em Pacaraima-RR, sob a perspectiva sociocomunitária.

Como justificativas deste trabalho, pretende-se, primeiramente, problematizar

acerca da possibilidade de a educação, no caso em pauta, estar sendo praticada

por meio de outras experiências, que não necessariamente em seu caráter formal.

Outro aspecto relevante diz respeito à possibilidade de ouvir, interpretar e trazer,

para o ambiente acadêmico, as vozes dos sujeitos afetados pelas ações

supramencionadas, numa perspectiva sociocomunitária e como tal processo poderá

contribuir para futuras transformações sociais almejadas. Também, pretende-se

refletir sobre um possível modelo suportado em tecnologias sociais que possa

fortalecer ações socioeducativas em outros locais semelhantes. A pesquisa

pretende desvelar o grau da natureza dialógica e a intersubjetividade vivenciadas

durante o encontro entre aqueles que promovem as ações e os que são afetados na

comunidade local. Justifica-se, ainda, conhecer o trabalho de um PEF do Exército,

cuja missão precípua naqueles locais é a vigilância das fronteiras, mas ainda assim,

subsidiariamente, por meio da ação dos seus integrantes, contribui para a educação

das pessoas que ali se encontram vivendo em comunidade. Esse tema é relevante,

por ser pouco conhecido na Academia, notadamente, nos programas de pós-

graduação stricto sensu. Os principais referenciais teóricos são: João Melchior

Bosco, Manoel Isaú e Paulo de Tarso Gomes, em relação a educação

sociocomunitária; Paulo Freire, sobre educação popular e autonomia dos sujeitos;

Pierre Lévy e Maira Baumgarten, em relação a tecnologias sociais. A metodologia

do trabalho é de abordagem qualitativa, mediante um estudo de caso no 3º PEF, em

Pacaraima-RR. Além da pesquisa bibliográfica, os instrumentos de coleta de dados

empregados foram: observação direta, pesquisa em documentos e entrevistas. Os

resultados esperados consistem em comprovar que o 3º PEF está desenvolvendo

um projeto que apresenta características marcantes da educação sociocomunitária,

em proveito de crianças da comunidade de Pacaraima-RR, em 2016, e, ainda,

constatar que há oportunidades para implementação de projetos no campo das

tecnologias sociais que possam fortalecer aquelas ações.

REFERÊNCIAS

BAUMGARTEN, Maíra. Tecnologia. In: CATTANI, Antonio; HOLZMANN, Lorena. Dicionário de trabalho e tecnologia. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. CARO, Sueli Maria Pessagno. Educação Social e Sociocomunitária: novas perspectivas para a educação escolar. In: BISSOTO, Maria Luísa; MIRANDA, Antonio Carlos. (Org.). Educação Sociocomunitária: tecendo saberes. Campinas: Alínea, 2012. p. 37-51. FIORAVANTE, Pedro. AMAZÔNIA: Contribuição do Exército Brasileiro no Desenvolvimento Social e Cultural das Comunidades Brasileiras na Amazônia Ocidental. Revista Da Cultura. Rio de Janeiro: FUNCEB, 2012.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FROTA, Guilherme de Andrea. 500 Anos de História do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2000. GOMES, Paulo de Tarso. Educação Sócio-comunitária: delimitações e perspectivas. In: Revista de Ciências da Educação Nº 18. Americana, 2008. p. 43-64. GROPPO, Luis Antonio; MARTINS, Marcos Francisco. Introdução à Pesquisa em Educação. Campinas/Americana, 2006. ISAÚ, Manoel. Da Educação Social à Educação Sociocomunitária e os Salesianos. Revista HISTEDBR On-line. Campinas, n. 26, jun. 2007. JOÃO BOSCO, Santo. Memórias do Oratório de São Francisco de Sales – 1815-1855. Tradução de Fausto Santa Catarina. São Paulo: Editora Salesiana, 2005. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. SILVA, Altiva Barbosa. Geopolítica na fronteira Norte do Brasil: o papel das Forças Armadas nas transformações sócio-espaciais do Estado de Roraima. 2007. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Universidade de São Paulo, Boa Vista/São Paulo, 2007. SOFFNER, Renato Kraide.; CHAVES, Eduardo Oscar de Campos. Avaliação de Tecnologia no Suporte às Práticas Educativas Sociocomunitárias. In: BISSOTO, Maria Luísa; MIRANDA, Antonio Carlos. (Org.). Educação Sociocomunitária: tecendo saberes. Campinas: Alínea, 2012. p. 127-136.

FATORES INSPIRADORES DA PRÁTICA DOS VALORES SALESIANOS,

IDENTIFICADOS NA OBRA E NO CONJUNTO BIOGRÁFICO DO PADRE

MANOEL ISAÚ

Palavras-chave: Educação Salesiana; Valores Salesianos; Sistema Preventivo.

Apresentação: Pôster

Autor: Mara Regina Pedrozo de Lima35

Co-autor: Francisco Evangelista

O objetivo deste trabalho é identificar as particularidades presentes na obra e no estudo

biográfico, que possam ter contribuído para a identificação do Padre Manoel Isaú como

personagem inspirador da prática salesiana. Inspirador de uma prática que se estende

desde a educação de base até o nível da pós-graduação e encontra no Programa de

Mestrado do Unisal de Americana, “o aprofundamento da teoria e “iluminação” da prática na

atualidade ...” (Isau, 2007). A educação sociocomunitária reflete o caminho trilhado

inicialmente por D. Bosco como educador social e conforme nos ensina Evangelista (2016),

encontra-se revestida do “carisma salesiano”.

Mesmo nessa sociedade contemporânea, marcada por contradições e pela massificação é

possível identificar caminhos e pessoas, percebidas por outras, como estimuladores dos

seus processos de formação. E é nesse contexto, tendo como base a Pedagogia/Educação

Salesiana, que foi identificado um padre, pesquisador, formador/educador, o Padre Manoel

Isaú (1930-2007), como personagem que vivenciou e estimulou a prática dos valores

salesianos.

Esses valores, formados pelo tripe, “Razão, Religião e Amorevolezza”, integram o chamado

“Sistema Preventivo” de educação, que tem na figura de D. Bosco, como educador, as

ações que fundamentam os seus propósitos e as suas práticas.

Embora o foco de D. Bosco não tenha sido a teorização dos seus princípios educacionais,

foi atraves do chamado “Sistema Preventivo” de educação, que ele buscou reunir elementos

que considerassem os desafios inerentes à missão de ensinar. A missão de ensinar requer

amplo relacionamento interpessoal fundamentado em atitudes que sejam congruentes às

ações e comportamentos do educador. Isaú (2000), citando o Pe Pedro Ricaldone, aborda

o Sistema Preventivo de D. Bosco como,

“modos de fazer”, de “comportar-se em determinadas circunstâncias”, segundo o mais elementar bom senso, não ligados, necessariamente, a um sistema científico ou filosófico. É antes de tudo, uma descrição de atitudes, de comportamentos, de palavras e de ações... (p. 118)

35 Mestranda em Educação - UNISAL – Americana – SP [email protected]

Esses “modos de fazer” podem a princípio, nos remeter a ações empíricas, desprovidas de

um embasamento teórico necessário à sua articulação, situação que não se aplica à

concepção de D. Bosco sobre o Sistema Preventivo, que embora caracterizado por ações

essencialmente práticas, refletia um planejamento que estabelecia inicialmente as

expectativas quanto ao comportamento esperado pelos alunos.

Isaú (2000), citando escritos de D. Bosco, complementa que a partir do esclarecimento aos

alunos, é possível que os educadores nas Instituições Salesianas, atuem como “guia em

todos os eventos, aconselhem e amorosamente corrijam, o que equivale a dizer: pôr os

alunos na impossibilidade de cometer faltas” (p.110). É praticamente impossível pensar na

ausência de faltas na esfera humana, mas o entendimento das mesmas, a fim de

transformá-las em novas oportunidades de aprendizado é um dos caminhos e talvez o mais

desafiador, em que os envolvidos no processo educativo podem engajar-se.

O Sistema Preventivo na abordagem de D. Bosco, traz em si muito mais das suas

características e dos seus propósitos, do que propriamente inovações quanto à abordagem

teórica. Isaú (2000) ressalta a diferença de D. Bosco quanto ao seu “estilo todo pessoal”

como seu maior diferenciador. E esse estilo, muitas vezes ressaltado pela literatura, retrata

o entusiasmo e as habilidades para diversas atividades demonstradas por D. Bosco na sua

trajetória. Outros autores, como Manacorda (1989), embora apresentem indagações a esse

estilo, nos desafiam a entender as suas práticas através de personagens que a elas se

dedicaram. E a personagem centro deste trabalho, o Padre Manoel Isaú também parecia

assemelhar-se à D. Bosco, no seu “estilo todo pessoal”.

Na sua “Carta Mortuária”, documento elaborado sobre toda a trajetória de um Salesiano,

após o seu falecimento, e possível perceber o padre, o pesquisador e professor, “papeis”

desempenhados por ele com uma característica comum: o entusiasmo.

Os dados e fontes já citadas por si só, em minha concepção, já contribuem para a

caracterização da referida pesquisa como sendo de caráter qualitativo e que utilizará para a

coleta de dados recursos como a análise documental e biográfica, além das entrevistas

narrativas. Reis (2008, apud, Rodrigues e Prado, 2015), reforça a prática da narrativa como

recurso:

“Assim, a narrativa e uma prática discursiva que viabiliza a atribuição de sentido às vivências, uma vez que é, ao mesmo tempo, um objeto de estudo, um método de investigação e uma forma de organização do relatório de investigação” (p. 190).

Um estudo que se dispõe a tratar das “particularidades” quanto às formas de pensar e agir

de alguém, que inserido num contexto educacional com valores já tão difundidos, quanto os

que embasam a educação salesiana, e que entende que as “vozes” daqueles que com ele

conviveram podem contribuir para a continuidade dessa prática educacional, tem nas

narrativas, a meu ver, o caminho mais apropriado para a busca desse objetivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASASANTA, Mario. D. Bosco Educador – Um mestre velho da escola nova. Instituto

Ten. Ferreira. Barbacena, MG. 1934. 139 p.

EVANGELISTA, Francisco. Aulas do Programa do Mestrado em Educação. Disciplina

História da Educação Salesiana e Sociocomunitária. Unisal, Campus Maria Auxiliadora,

2016.

FERREIRA, Pe.Narciso. Carta Mortuária. Arquivo Inspetorial da Inspetoria Salesiana de N.

Sra Auxiliadora. 2012. 29 p.

ISAÚ, Manoel. Da Educação Social à Educação Sociocomunitária e os Salesianos.

Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.26, p.2 –24, jun. 2007 - ISSN: 1676-2584.

MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias.

Cortez: Autores Associados, 1989. 382 p.

RODRIGUES, Nara Caetano; PRADO, Guilherme do Val Toledo. Investigação Narrativa:

construindo novos sentidos na pesquisa qualitativa em educação. In: PRADO,

Guilherme do Val Toledo; SERODIO, Liana Arrais; PROENÇA, Heloisa H. Dias Martins;

RODRIGUES, Nara Caetano. (ORG.). Metodologia narrativa de pesquisa em educação:

uma perspectiva baktiniana. São Carlos: Pedro & João Editores, 2015, 213 p.

SANTOS, Manoel Isaú Souza Ponciano dos. Luz e Sombras-Internatos no Brasil. São

Paulo, Ed. Salesiana D. Bosco, 2000. 523 p.

SANTOS, Manoel Isaú Souza Ponciano dos. Lições de Administração Escolar. Ceará,

Faculdade de Filosofia do Crato,1965. 294 p.

Metodologia de projetos: estudo de caso em uma escola da macrorregião de

Campinas

Palavras-chave: Escola Regular, Metodologia de Projetos, Fundação Romi.

Apresentação: Pôster

Autor: Jamile Helena Biaggi36

O presente estudo é uma pesquisa acadêmica em andamento no Programa de

Mestrado em Educação Sociocomunitária do Unisal, como o objetivo de estudar a

metodologia de projetos de trabalho desenvolvido em uma escola da macrorregião

de Campinas. A investigação será realizada com os docentes da instituição através

de grupos focais com dois recortes: desenvolvimento do trabalho docente até 2013

em que os alunos frequentavam no contra turno da escola regular, desenvolvendo

projetos e atividades educativas e trabalho docente nos anos de 2014 e 2015

quando o colégio tornou-se uma escola regular integral, o recorte se justifica pela

natureza dos métodos adotados nos respectivos períodos. Esse tema tem

relevância para a educação escolar, evidenciando o ensino por projetos aplicado

nesta escola de tempo integral, como é esse sistema, e o papel dos docentes nessa

metodologia de ensino. O referido método não é recente e tem como seu precursor

o filósofo norte-americano John Dewey, em 1896, que segundo Ramalho (2003)

transformou uma escola ligada a universidade em que ele lecionava, em escola-

laboratório, trabalhando com experiências, já que ele insistia que a teoria só era

bem trabalhada em conjunto com a prática, indo ao encontro com o método

tradicional. No Brasil, foi através do movimento da Escola Nova que ficou conhecido

a metodologia por projetos mencionada acima, que demonstrava ideias antagônicas

à escola tradicional. Conforme Menezes e Santos (2002), foram Anísio Teixeira e

Lourenço Filho que disseminaram esta proposta pedagógica no Brasil, por volta da

década de 1930, já que o primeiro foi aluno de John Dewey, na Universidade de

Columbia. Desta forma, muitas das suas ideias educacionais eram inspiradas na

teoria do filósofo norte-americano. O objeto de estudo desse trabalho é o NEI –

Núcleo de Educação Integrada situado na Fundação Romi, na cidade de Santa

Bárbara d´Oeste, sendo que, nesta instituição o método referido acima iniciou-se em

1993 com o propósito de influenciar políticas públicas produzindo um programa 36 Mestranda no Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Unisal- e-mail: [email protected]

educacional que garantisse aos alunos, no contra turno da escola regular, um

ensino de qualidade que os estimulasse a uma maior escolarização. Esse programa

de educação integrada segundo Torres e Kam (1997) começou com o propósito de

complementar o Ensino Público na cidade de Santa Bárbara d´Oeste. Esse projeto

foi desenvolvido pela Fundação Romi para privilegiar os estudantes das escolas

públicas, dando a eles a oportunidade de um ensino moderno, para aquela época

na região, e principalmente que fosse voltado para o aluno, dando a oportunidade

de ele competir com os alunos de escola privada no ingresso de grandes

universidades. A pesquisa será um estudo de caso com os professores que

atualmente lecionam na Fundação Romi. Para a resposta do problema de pesquisa,

utilizaremos grupos focais com professores previamente selecionados na instituição.

Para essa escolha, será levado em conta o tempo de casa de cada professor, e a

disponibilidade para participar do grupo focal, para isso serão divididos em dois

grupos, em que no grupo focal 1 participarão os docentes que lecionam desde o

início da primeira fase de 1993 até 2013. No grupo focal 2 com professores

contratados em 2014 e 2015, ou seja, no início do segundo momento dessa

metodologia. Eles participarão de grupos focais diferentes, para que em um

segundo momento possa haver uma comparação entre as fases. Espera-se como

resultado dos estudos teóricos em conjunto com a pesquisa de campo, a verificação

das diferenças e semelhanças dos projetos de trabalhos nas duas fases da

instituição, como eles trabalham os conteúdos, abordando também como que foi

para eles a mudança de se trabalhar sempre em uma escola tradicional, e ingressar

em uma instituição que trabalha por projetos. Enfim, essa metodologia é trabalhada

mais profundamente na referida pesquisa, com as diferenças do que foi estudado na

teoria sobre projetos de trabalhos, como na escolha do tema do desafio, juntamente

com a sua organização, que é preparado em conjunto por professores e

coordenação na prática, enquanto que Portes (2010) evidencia que na teoria essa

escolha é realizada com os alunos, entre outras semelhanças e diferenças. Mas

com o foco na aprendizagem do aluno, transformando-o em protagonista de sua

própria formação.

Referências

MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. "Método dos projetos" (verbete).

Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix

Editora, 2002. Disponível em <

http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=426> Acesso em: 12 de Ago.

2016.

PORTES, K. A. C. A Organização Curricular por Projetos de Trabalho. UFRJ, 2010.

RAMALHO, P. John Dewey: Atual a 100 anos. Revista Nova Escola. Edição nº. 159.

Sessão: Grandes Pensadores. São Paulo: Abril, jan/fev. 2003. Disponível em:

http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/159_fev03/html/pensadores Acesso em:

12 Ago. 2016.

TORRES, S, KAM, L F. Projeto Piloto de complementação escolar do ensino oficial,

Gráfica Unimep, Piracicaba, SP, 1ª edição, 1997.

O escuro dos meus pés é o branco dos seus – histórias de crianças brasileiras

e angolanas. Uma folha de papel, vozes e sensações.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Sociocomunitária; Relações étnico raciais; Cartas.

Apresentação: Pôster

Autor: Maria Isabel Baptista Barbosa de Oliveira37

“Há tempos tenho tido uma fixação por notícias, por qualquer coisa que venha de

Angola. Um dia pesquisando sobre uma ilha em Angola, Ilha do Mussulo, me

deparei com uma escola simples cujo nome e: ‘Escolinha Pequena Chama’. Guardei

esse dado em minha memória e quando ingressei no programa de Mestrado em

Educação Sociocomunitária, essa pequena chama se tornou uma grande luz”. O

projeto de pesquisa decorrente dessas inquietações tem como objetivos apresentar

às crianças participantes, distintas realidades escolares de EF1, presentes em uma

cidade do interior de São Paulo e em Luanda/Angola; elaborar uma proposta de

interação entre alunos dessas escolas por meio de troca de cartas; analisar o

conteúdo dessas cartas tendo em vista alguns temas geradores, tais como:

alteridade; cultura; relações sociais; educação; mitos; espiritualidade; entre outros. A

prática investigativa configura-se por meio da análise de cartas entre dois universos

sociais e escolares distintos. A partir desse encontro constrói-se o conhecimento.

Por meio da pesquisa qualitativa e participante, os resultados esperados são o

encontro entre dois universos distintos e, a partir de um estranhamento inicial, o

nascimento/fortalecimento da alteridade.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, C.R. Pesquisa participante. São Paulo: Editora Brasiliense,1981.

OLIVEIRA, M.M. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis: Editora Vozes,2016.

37 Aluna do CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO/AMERICANA – PROGRAMA DE

PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO-MESTRADO EM EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA.

[email protected]

Os refugiados no Brasil e sua contribuição sócio cultural no ensino de língua

estrangeira às comunidades

Palavras-Chaves: refugiados, língua estrangeira, educação sócio comunitária, barreiras

culturais, Abraço Cultural.

Apresentação: Pôster

Autor: Daniela Cristina Suniga Quaiatti38

Co-autor: Severino Antonio Moreira Barbosa

O projeto de mestrado aborda a troca de experiências, valorização pessoal e cultural

desses refugiados residentes no Brasil e ao mesmo tempo como o ensino da língua

estrangeira possibilita a quebra de barreiras culturais, revela a importância da educação

sócio comunitária e a inserção destas pessoas na comunidade.

A instituição que será objeto de estudo é Abraço Cultural, situada na cidade de São Paulo,

os professores que lá estão, são refugiados oriundos em sua maioria da Síria, Benjim,

Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Cuba, Congo, Haiti e Venezuela.

O Atados (plataforma social que conecta pessoas e organizações, facilitando o

engajamento nas mais diversas possibilidades de voluntariado) e o Instituto de

Reintegração do Refugiado Brasil em parceria com a Abraço Cultural teve a iniciativa de

criar um projeto para ensino de língua estrangeira (inglês, árabe, francês e espanhol) tendo

como professores refugiados residentes no Brasil.

Através de um método e material didático próprio, o intuito do curso é fazer com que o aluno

aprenda com a cultura do professor.

Os idiomas ensinados na instituição são o francês, inglês, espanhol e o árabe.

Os alunos pagam a mensalidade referente ao módulo e a língua escolhidos, onde este valor

é destinado ao pagamento das apostilas, pagamento de aulas aos professores – valor este

acima da média do mercado – e para todo o custeio operacional da instituição.

Os objetivos do Abraço Cultural são promover a troca de experiências, geração de renda,

valorização pessoal e cultural desses refugiados residentes no Brasil e ao mesmo tempo

possibilitar o aprendizado de idiomas, quebra de barreiras culturais e vivência de aspectos

culturais e festivos de outros países aos alunos.

Um ano depois do início do projeto Abraço Cultural, o mesmo já possui unidades em São

Paulo e a recém-inaugurada no Rio de Janeiro.

Serão entrevistados a coordenadora pedagógica do curso de francês, alguns professores e

alunos da instituição.

38 Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Paulista em Campinas, MBA em Marketing pela Escola Superior em Propaganda e Marketing e aluna do mestrado em Educação pela UNISAL em Americana. [email protected]

Em meio a este cenário, surge o papel e a importância da educação sócio comunitária e o

papel da educação não formal neste contexto.

O objetivo desta pesquisa é apontar, descrever, analisar este problema identificado e

reunindo informações, experiências para concluirmos a importância da educação sócio

comunitária na relação refugiados e comunidades.

Como justificativa, vale destacar que fui envolvida com este tema, a partir do momento que

ouvi uma notícia na Rádio CBN falando deste projeto com os refugiados e o ensino de

língua estrangeira para os brasileiros.

O interesse, o gosto por assuntos humanísticos e de voluntariado sempre mexeram comigo

e despertaram minha curiosidade e um olhar mais profundo e com compaixão sobre o tema.

Foram realizadas duas visitas à unidade de São Paulo para conhecer a ONG Atados, a

instituição Abraço Cultural, a dinâmica das aulas, a coordenação pedagógica e os

professores.

Esta fase da pesquisa, a visita na instituição, se caracteriza pela empatia, conhecimento

dos professores e alunos, geração de confiança por parte dos professores, uma vez que, a

história de vida de cada um é pautada por momentos muito difíceis, traumáticos e que

devem ser respeitados.

Muitos não querem falar a respeito de sua história de vida, já outros falam com mais

tranquilidade sobre suas histórias e trajetórias, no entanto, todos são unanimes em falar

sobre a importância da Abraço Cultural como mudança de perspectiva de vida e inserção na

sociedade e o recomeço num novo país.

Pelo caráter inovador e pela iniciativa do projeto e por estar num ambiente acadêmico, onde

a educação sócia comunitária é o tema central do curso de Mestrado em Educação,

acredito ser um tema fecundo para o curso além de ser um assunto que agregará muito

para mim pessoalmente.

Posto isto, percebe-se a importância da educação sócio comunitária, da solidariedade e da

troca de experiências culturais e de vida num processo de aprendizado.

Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Solidariedade. 1ª edição-Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 21ª edição-São Paulo: Paz e Terra, 2014. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.53ª edição- Rio de Janeiro: Paz e Terra,2016. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido.59ª edição- Rio de Janeiro: Paz e Terra,2015. MIRANDA, Antonio Carlos; BISSOTO, Maria Luisa. Educação Sociocomunitária-tecendo saberes. 1ª edição.Alínea,2012.

OS SABERES DE EXPERIÊNCIA CONSOLIDADOS NO USO DE

FITOTERÁPICOS NO COTIDIANO DE UMA COMUNIDADE INDÍGENA

Palavras-chave: Saber de Experiência; Comunidade Indígena; Identidade; Cultura;

Fitoterápicos; Educação Popular.

Apresentação: Pôster

Autor: Claudemar José Trevizam39

Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa 40

Este trabalho busca uma ancoragem na relação sujeito/sujeito por intermédio de

estudo de saberes de experiência ligados à cultura e identidade indígenas no

cuidado com a saúde, mediante o uso de plantas medicinais com o propósito de

aflorar as trocas dos saberes conectados com o bem-estar dessa comunidade e a

sua relação com o ecossistema. O objetivo desta investigação consiste em desvelar

saberes de experiências, no cuidado com a saúde, relatados por uma população

indígena de Cananéia-SP, com intuito de compreender como experiências e

saberes são aprendidos, compartilhados e valorizados de geração para geração.

Historicamente, o uso de plantas medicinais (fitoterápicos) se iniciou com grupos

indígenas e a utilização de recursos naturais está fortemente inserida na cultura

popular, sendo transmitida de geração para geração (GUARIM NETO et al., 2000).

No entanto, esse saber popular nem sempre é valorizado como o saber científico,

sendo esta uma das dimensões onde podemos observar a tensa relação dialética

entre opressores versus oprimidos, de que nos fala Freire (1998) e de como é

fundamental a práxis (ação/reflexão/ação) que possa problematizar essas tensões,

visando a superação dessas contradições.

De acordo com Urquiza (2010), o início da história indígena no Brasil é marcado

pelo antagonismo entre o povoamento dos povos indígenas e pelo despovoamento,

massacres gigantescos vindos do colonizador europeu, que chegou para dominar e

impor a sua cultura, sem esforço para conhecer e reconhecer o outro sujeito que

39 Mestrando do Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (PPGE/UNISAL). E-mail: [email protected] 40 Doutora em Educação. Docente do Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária (UNISAL). E-mail: [email protected]

aqui já estava, protagonizando, assim, o desrespeito com o indígena, detentor de

modos de ser e viver diferentes e altero aos olhos do europeu. Com um outro olhar,

as relações dos povos nativos com os vários segmentos da época colonial não eram

totalmente desalinhadas, mas sim com uma perspectiva de adaptações e mudanças

ancoradas na capacidade dos povos indígenas de ‘tomarem e transformarem para

si’ o que se apresentava como ‘outro’ (POMPA, 2003). No entanto, não podemos

esquecer que o contato inicial entre os povos indígenas com o colonizador europeu

não ocorreu por meio de equilíbrio cultural e sim por manobras de força, opressão e

mortes. O indígena como “o outro” não pode ser considerado objeto, no que se

refere aos aspectos de passividade, mas sim como interlocutor e sujeito ativo, o que

justifica nos dias atuais a permanência da cultura própria de cada comunidade

indígena, apesar das inúmeras tentativas de transformá-las e até mesmo destruí-las

pela contemporaneidade neoliberal.

No processo de (re) construção das identidades, nas relações sociais, estão

presentes a diversidade e a diferença que intercambiam como pontes sintonizadas

nas relações de alteridade, em que o reconhecimento do “outro” como sujeito e

interlocutor na relação constitui-se como premissa fundamental em um processo

dialógico (URQUIZA, 2010). A cultura engloba “representações coletivas: a

linguagem, as categorias, os símbolos, os rituais e as instituições que sustentam o

modo como agem e reagem” (BARTH, 2000, p. 111). Ainda de acordo com Urquiza

(2010), quando se tem uma cultura ocorrem conexões de identificação com os

atributos de um grupo, as quais refletem o agrupamento de essências que

intercambiam, culminando nos limites das mudanças e das transformações

caracterizadas pelo processo de construção social, e no caso dos indígenas,

mudam para permanecer.

Caleffi (2003, p. 34) afirma que “as identidades indígenas tem se mantido porque

justamente suas culturas estão vivas e ressignificam novas realidades, novos

objetos e se adaptam a novas condições de vida”. Desta forma, a valoração da

identidade étnica e da educação que se dá nas inúmeras comunidades indígenas

visa o entendimento dos saberes de experiência consolidados em sua organização

social, nas formas de ocupação da terra e no uso sustentável dos recursos naturais.

Interessa-nos investigar como preservar os saberes e as trocas de experiências

construídos e reconstruídos ao longo das gerações? De acordo com Freire e Shor

(1986), a busca da restauração da intersubjetividade se apresenta como pedagogia

dos homens e mulheres de forma humanista e libertadora que, mediante a práxis

(ação/reflexão/ação) se engajam na busca pela transformação da realidade. Este

questionamento nos leva a outro: os saberes da experiência de uma comunidade

indígena podem contribuir para a construção da memória de um grupo, para a

constituição e valorização de suas identidades, possibilitando sua afirmação

enquanto sujeitos de direitos?

A metodologia desta pesquisa pauta-se no referencial da Educação Popular. Para

responder aos questionamentos levantados buscaremos implementar uma pesquisa

participante, que visa a construção de conhecimento por meio do diálogo entre

pesquisador e participantes da pesquisa. Será feita utilização de materiais teóricos

que abordam os conceitos de cultura, identidade, cuidado com a saúde, Educação

Sociocomunitária, Educação Popular e Saúde. Já foi realizada uma primeira

aproximação à comunidade indígena e aos participantes da pesquisa, em

julho/2016.

Esperamos que essa pesquisa suscite contribuições para efetivação de uma

educação cultural, ao favorecer o desvelamento de saberes de experiência

consolidados no uso de fitoterápicos por uma comunidade indígena, colaborando,

assim, com o processo de afirmação e valorização dos saberes indígenas.

REFERÊNCIAS:

URQUIZA, Antonio A.H. et al. EDC – Seminários e perspectivas da diversidade e cidadania – Vol. I. Ed. Premier, UNICENTRO, 2010, p. 39-76. BARTH, Fredrik. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2000. CALEFFI, Paula. O que é ser índio hoje? A questão indígena na América Latina/Brasil no início do século XXI. Diálogos Latinoamericanos, São Paulo, n. 7, p. 20-42, 2003. FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2012. _____. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1998. FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. GUARIM NETO, Germano; SANTANA, Santina R.; SILVA, Josefa V.B. Notas etnobotânicas de espécies de Sapindadeae Jussieu. Acta Botânica Brasílica, 14(3), p. 327-334, 2000.

LARROSA-BONDIA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras. Educ. n.19, p.20-28, 2002. POMPA, Cristina. A religião como tradução. Bauru/SP: EDUSC, 2003.

O USO DO CELULAR EM SALA DE AULA EM UMA PERPECTIVA

SOCIOCOMUNITÁRIA

Apresentação: Pôster

Autor: Waldir Ferreira da Silva Junior

Co-autor: Renata Sieiro Fernandes

A disseminação do uso de celulares na sociedade e no ambiente escolar é notória

cada vez mais. O aparelho que antes era usado somente para fazer e receber

chamadas telefônicas tornou-se como uma extensão do braço dos jovens que estão

conectados a todo o momento na necessidade da interação com o que podemos

chamar de janelas imaginárias e libertadoras da pressão frenética da sociedade. No

cenário escolar, o uso celular tem sido proibido como justificativa de que tira a

atenção do aluno à aula e pode atrapalhar no aprendizado. Em alguns estados do

país, o uso do celular é proibido por lei. Em São Paulo, o Deputado Orlando

Morando é o autor da lei 12.730 de 2007 que proíbe o uso de celulares em sala de

aula. Um dos argumentos de Morando é o número crescente do uso do celular por

jovens. Ele afirma que 15% dos 68 milhões de usuários da internet por celular tem

entre 10 a 17 anos, ou seja, jovens em idade escolar e por esse número ser

crescente, a fiscalização deve ser cada vez mais rígida.. A lei permite que o

professor tome o aparelho do aluno durante a aula e pode até levar o aparelho do

aluno à delegacia de polícia que só o devolverá para os pais ou responsáveis.

Porém o Governo Federal, desde 2014 tem lançado alguns aplicativos educativos

como o Hora Enem que visa preparar o aluno para provas como ENEM, Vestibular e

provas de avaliação anual. Aparentemente a lei se torna contraditória quando o

mesmo órgão de estancia superior cria recursos para o uso de aparelhos que são

proibidos no ambiente escolar. Poderíamos até considerar que os aplicativos foram

criados como extensão de ensino e aprendizado para o aluno fora da escola, mas

ao consideramos na visão sociocomunitária que a maioria dos alunos de baixa

renda financeira não tem acesso à internet em casa, a lei torna-se desnecessária,

pois esse aluno só poderia usar os recursos do governo, burlando uma regra do

próprio governo. A problemática da pesquisa trata do uso do aparelho celular na

sala de aula do Ensino Médio como meio educativo que favorece a formação do

aluno e como recurso pedagógico do professor. O objetivo é entender como os

alunos e professores tem se comportado com o uso do aparelho celular e

compreender os desdobramentos do uso de ferramentas educacionais em

tecnologias mobiles para melhor preparo de jovens para provas do ENEM e

Vestibular. A pesquisa é de cunho qualitativo e do tipo participante. É descritiva e

analítica, bem como bibliográfica e documental e vai analisar os conceitos do

Deputado Orlando Morando do PSDB de São Paulo, autor da lei 12.730 de 2007.

Os dados serão obtidos por meio de questionários com questões abertas e

fechadas e com alunos e professores do 1º ano Integrado ao Ensino Médio com o

Curso Técnico em Informática e 3º ano do Ensino Médio da Escola Técnica de

Hortolândia do Centro Paula Souza. Saccol, Schelmmer e Barbosa, Martín-Barbero

e os pensamentos de Glaser e Strauss, são alguns dos referenciais teóricos que

ancorarão as análises dos dados. Apesar do celular não ser permitido em sala de

aula por lei, essa pesquisa propõe repensar sobre essa proibição e através de

vivencias pedagógicas em que o uso do celular foi positivo, propõe-se entender a

necessidade do aluno em usar o celular e como ela impacta a vida desse

acadêmico no Ensino Médio. O trabalho buscará ferramentas para que o

aprendizado se torne mais significativo com o uso de tecnologias mobiles.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Novembro de 2015.

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2016.

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http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2007/lei-12730-11.10.2007.html.

Acesso em 11 de Setembro de 2016.

AMORIM, Paulo Henrique. O quarto poder – Uma outra História. São Paulo: Hebra.

2016

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Aprendizagem.Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1983.

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Especialização, UCAM, Rio de Janeiro, 2004.

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despercebidas. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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conhecimento. Florianópolis, Endipe, 1996.

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Brasília-DF. UNB, 2014. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação

em Educação, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO INFORMAL EM ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS

DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS

Apresentação: Pôster

Autor: Leila de Francisco Fernandes

Co-autor: Lívia Morais Garcia Lima

O desenvolvimento educacional bem como as necessidades sociais relacionadas à

formação e aprendizagem do sujeito, ainda são entendidas como algo no qual o âmbito

escolar provisiona. No ambiente de trabalho a aprendizagem acontece de forma, a princípio

não intencional, principalmente no primeiro dia do trabalho desse sujeito. Para Trilla

(1985,p.23) a educação acontece pela diversidade, inclusive pela formação profissional. E

quando os trabalhadores mais experientes são identificados com o potencial necessário

para transformar através da inserção dos novos sujeito a organização, torna-se tudo muito

mais natural, e em se tratando de pessoas, nada mais justo que reconhecer estas

potencialidades e alcançando a estes colaboradores ao quadro dos que detém

qualificações necessárias a multiplicar seus conhecimentos. O objetivo da presente

pesquisa é analisar, através do método qualitativo-quantitativo, dez microempresas da

Região Metropolitana de Campinas. São empresas que não oferecem treinamento para os

funcionários, sendo estes então, introduzidos as funções corporativas, no seu primeiro dia

de trabalho, por agentes transformadores, que ampliam o escopo da educação informal

dentro das organizações. Como são agentes mais antigos, o sujeito ingressante neste

ambiente, passa a caminhar lado a lado com as tradições da organização sendo

incorporado gradativamente às suas funções pela condução informal do outro.

OBJETIVOS

Analisar a educação informal presente nas organizações empresariais na Região

Metropolitana de Campinas.

HIPÓTESE DA PESQUISA

Barreiras enfrentadas quanto as novas tecnologias e inovações apresentadas pelos novos

sujeitos dentro da organização.

REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

Está sendo realizado um levantamento bibliográfico sobre educação, educação informal e

sua interface com as organizações empresariais. Será realizada entrevistas com

funcionários de dez empresas, em um total de 50 pessoas, sendo que, em média cinco

pessoas de cada organização serão entrevistadas. A abordagem junto aos entrevistados

terá como foco questões como: No seu primeiro dia de trabalho, na atual função, quem te

orientou? e, Você já orientou algum colega de trabalho no primeiro dia de trabalho dele? A

pretensão é a de elaborar questões que apontem para os caminhos da educação informal

no meio profissional e o quanto esta educação colabora para que as inovações possam

acontecer diante desta confirmação, transformando o sujeito para que o mesmo seja um

agente transformador dentro da sua área de atuação.

RESULTADOS QUE PRETENDE-SE ALCANÇAR

Compreender os processos educacionais informais que acontecem em espaços que são

prioritariamente profissionais, potencializando os sujeitos que são capazes de oferecer o

acolhimento necessário para que os ingressantes à nova função ou cargo, também se

tornem agentes multiplicadores de conhecimento.

REFERENCIAL TEÓRICO

ARANTES, Valéria A. (org.). TRILLA, Jaume e GHANEM, Elie. Educação formal e não

formal: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2008. 167p.

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http://fcis.oise.utoronto.ca/~daniel_schugurensky/assignment1/1970illich.html>. Tradução de

Maria Luisa Bissoto. Unisal, Mestrado em Educação Sociocomunitária, 2016. Apostila não

publicada.

KNOWLES, Malcolm S. Aprendizagem de resultados [recurso eletrônico]: uma

abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Tradução Sabine

Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011

LAVE, Jean. A prática da aprendizagem. In: ILLERIS, Knud (ed). Teorias contemporâneas

da aprendizagem. Porto Alegre: Penso, 2013. Cap.14

TRILLA, J. La educación fuera de la escuela: enseñanza a distancia, por

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Planeta, 1985. 179p.

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percursos e sujeitos. Campinas, SP.: UNICAMP0CMU: Holambra, SP:ed.Setembro, 2005.

448p.

Reflexos da Lei de Libras para emancipação e autonomia do Surdo: Por um

viés a partir da Educação Sociocomunitária

Palavras-chave: Língua de Sinais, Surdez, Emancipação, Autonomia

Apresentação: Pôster

Autor: Marcel de Assis Roque41

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida pela legislação brasileira por meio da

Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que a estabelece como meio legal de comunicação e

expressão das comunidades surdas brasileiras. Posteriormente, em dezembro de 2005,

entra em vigor o Decreto nº 5.626, que regulamente a lei 10.436 e define um conjunto de

orientações relacionadas ao “uso e difusão” da Libras, sendo uma das medidas

estabelecidas, a determinação de que a Libras deve ser incluída como disciplina obrigatória

nas grades curriculares dos cursos de fonoaudiologia e licenciaturas de todo o país. O risco,

por outro lado, é considerar que basta uma disciplina com carga horária limitada para

contemplar as necessidades específicas de conhecimento acerca das questões da

educação de surdos.

Nossa proposta de pesquisa é investigar quais os efeitos da lei 10.436/02 e o decreto

5626/05 quanto a real situação dos surdos brasileiro quanto a emancipação e autonomia

deste. Após 15 anos da lei, houve conquistas? Perdas? A lei gerou autonoma? Quais

escolhas didáticas e metodológicas de professores de Libras que atuam no ensino

superior? Consideram o lugar que os aspectos culturais e gramaticais da língua ocupam

nesse ensino? A língua de sinais, assim como qualquer outra língua, carrega consigo

elementos culturais e gramaticais. Pretendemos investigar como os professores consideram

esses elementos culturais da língua no ensino desta para alunos ouvintes dos cursos de

graduação. Quais as estratégias utilizadas por eles no ensino de uma língua cuja estrutura

e gramática estão intrínsecas à forma como a pessoa surda vê e percebe o mundo?

Objetivos:

Investigar se a Lei 10.436/02, após 15 anos de implementação, vem contribuindo ou não

para a educação e a inclusão do sujeito surdo, principalmente em relação à emancipação e

autonomia do Surdo.

Verificar se- e como- a disciplina de Libras no ensino superior dos Institutos Federais, do

Estado de São Paulo, contempla os aspectos didáticos, metodológicos, linguísticos e

culturais do ensino da língua.

41 Graduado em Letras (2009) pela Universidade de Uberaba, Pós-graduado em Libras (2013) pela UNICID, Mestrando

em Educação pela UNISAL. Professor de Libras no IFSP -Instituto Federal de São Paulo. [email protected]

Discutir a relevância de considerar aspectos culturais da comunidade Surda no ensino da

Libras.

Justificativa

O presente projeto de pesquisa se justifica por sua relevância em estruturar um estudo que

observe didáticas e metodologias de ensino da Língua Brasileira de Sinais, considerando a

perspectiva cultural da comunidade surda. Por ser um campo recente de estudos, são

escassas as pesquisas que discutam as melhores formas de ensino da Libras para alunos

ouvintes do ensino superior. A disciplina de Libras pode deixar de ser vista como uma

imposição das leis brasileiras para ser reconhecida como, de fato, relevante para autonomia

do surdo.

Encaminhamentos Metodológicos Previstos

Abordagem de pesquisa qualitativa. Pretende-se analisar se a Lei trouxe ou não benefícios

para a comunidade surda e sua relevância para comunidade em geral. Analisar a atuação

do professor de Libras, tendo como foco a metodologia utilizada no ensino da língua de

sinais e as questões subjacentes à cultura surda. Num primeiro momento, serão analisadas

as ementas das disciplinas, observando a) temas relacionados à cultura surda, b) temas

relacionados à estrutura da língua, c) temas relacionados ao aprendizado do português

pelos surdos. Em seguida, faremos grupo focal com os alunos da disciplina de Libras e

outro grupo focal com os surdos, sobre as possíveis contribuições legais, debater as

estratégias de ensino empreendidas e seus reflexos para a comunidade surda. Num terceiro

momento, buscar-se-á refletir sobre a atuação do professor e suas experiências pessoais,

seu olhar sobre o mundo que o cerca e sobre a educação, possibilitando traçar o perfil do

profissional que ensina Libras, visando proporcionar autonomia aos surdos.

Referenciais Teóricos

A ideia sobre a pessoa surda e sua língua permeou por muito tempo o campo clínico e

patológico. A visão sobre surdez esteve ligada à sua função fisiológica ou auditiva por

muitos anos na filosofia oralista. Ainda hoje ela é vista como um distúrbio que impõe um

limite intelectual e social permanente à pessoa surda. Skliar (1997) afirma que o conceito

sobre surdez é atravessado por concepções antagônicas. Ora clínico, ora

socioantropólogico.

O perfil do professor de Libras deve contemplar as questões culturais e linguísticas

observadas acima. A formação do professor de Libras de acordo com Skliar (2006) deve

estar além do acesso à teoria, a experiência, ética e a alteridade devem englobar essa

formação e consequentemente a atuação.

Resultados esperados

Acredita-se que a pesquisa em questão trará contribuições para análises sobre a melhor

forma de proporcionar autonomia e emancipação dos surdos, discutindo o reconhecimento

da Língua de Sinais como aquela que carrega sentidos culturais da comunidade Surda. E

discutir a contribuição da “Lei de Libras” para tanto. E, ainda, busca contribuir para a

compreensão sobre como a disciplina de Libras vem sendo trabalhada nos Institutos

Federais do Estado de São Paulo.

Referências

BRASIL, Decreto Federal n 5626/2005. Regulamenta a lei 10.436/2002 que oficializa a

Língua Brasileira de Sinais – Libras. Disponível em:

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Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira

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SKLIAR, Carlos. La educación de los sordos – Uma reconstrución histórica, cognitiva y

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STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis, Editora da

UFSC,200

SUS – da intenção ao gesto - práxis da educação popular

Palavras-chave: Ensino. Saúde. Educação popular

Apresentação: Pôster

Autor: Flavio Marcos de Souza42

Co-autor: Valéria Oliveira de Vasconcelos43

OBJETIVOS

O presente estudo tem por finalidade identificar, através das vozes dos usuários do

Sistema Único de Saúde, as lacunas presentes no processo formativo que

interferem no reconhecimento dos tipos de serviços disponibilizados pelo setor

público de saúde.

JUSTIFICATIVA

Não se trata de uma abordagem recente a dificuldade encontrada pela população

na identificação dos tipos de serviços oferecidos pelo estado no que tange à saúde

pública. O trabalho proposto justifica-se por demanda e intenção dos porquês as

pessoas não compreendem os tipos de serviços oferecidos pelo Sistema Público de

Saúde, e qual relação possivelmente estabelecida entre a falta de orientação e a

forma pela qual ocorrem os processos educativos.

METODOLOGIA

O processo que está dando forma á presente pesquisa constitui-se de duas etapas:

a primeira será um levantamento bibliográfico em bases de dados na internet e no

acervo literário do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Campus Maria

Auxiliadora. Posteriormente, na segunda etapa, se iniciará a coleta de dados em

uma unidade de Estratégia de Saúde da Família do bairro Vila Dutra, na cidade de

Bauru/SP. Nesse momento, acontecerá uma entrevista semiestruturada com os 42 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), Fisioterapeuta e docente da Faculdade Anhanguera de Bauru. E-mail: [email protected] 43 Professora doutora, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]

usuários do sistema, estes, escolhidos aleatoriamente e sem critérios de exclusão.

Os participantes da pesquisa terão que assinar um termo de consentimento livre e

esclarecido e dando ciência de sua participação serão direcionadas as seguintes

indagações: Você se utiliza do Sistema Público de Saúde com frequência? Em

situações de doença você costuma procurar por atendimento especializado? Como

você reconheceria os tipos de serviços oferecidos pelo SUS? Como você escolheria

o tipo de serviço específico para sua necessidade? Na sequência, os dados

coletados serão analisados e fará a composição do texto em sua totalidade e

integralidade, resguardando a integridade moral e identidade de cada envolvido.

REFERENCIAL TEÓRICO E RESULTADOS ESPERADOS

A educação em saúde no Brasil surgiu no século XX, por volta da década de 40.

Campanhas sanitárias e a ampliação dos movimentos de medicina preventiva

marcaram a época de uma educação tecnicista e imposta, colocando a população

em estado passivo diante de tais ações (GOMES & MERHY, 2011, p.11).

De acordo com Vasconcelos (2004, p.68), a educação em saúde estabelece relação

direta com a promoção da medicina em conformidade com o pensamento e as

ações populares, e acrescenta,

[...] até a década de 1970, a educação em saúde no Brasil foi basicamente uma iniciativa das elites políticas e econômicas e, portanto, subordinada aos seus interesses. Voltava-se para a imposição de normas e comportamentos por elas considerados adequados.

Em meados dos anos 70 a atenção à saúde era quase integralmente dominada pelo

setor privado, a utilização do sistema era exclusividade de uma pequena parcela da

população, pessoas que possuíam bens e condições de pagar pelo serviço, os

trabalhadores que recolhiam certa quantia aos fundos de previdência e saúde

gozavam de um atendimento curativo e pouco preventivo (VASCONCELOS, 1997).

Não tão distante, as pessoas que não reuniam condições de arcar com custas de

atendimentos, nem tampouco contribuíam com a previdência, eram tratadas como

indigentes, o pouco atendimento que tinham era oferecido por hospitais

filantrópicos.

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) na constituição de 1988, que se

regulamenta através das leis 8.080 e 8.142 de 1990, propiciou importantes

mudanças no cenário de políticas de saúde no Brasil. No desfecho das propostas de

mudança tem início o Programa Saúde da Família (PSF) que posteriormente se

denomina Estratégia de Saúde da Família, definido pelo Ministério da Saúde (MS)

como: uma estratégia que prioriza as ações de promoção, proteção e recuperação

da saúde dos indivíduos e da família (PEREIRA, 2007).

Após 20 anos da implantação e implementação do Sistema Único de Saúde e se

levados em consideração os avanços e ampliação das ofertas de serviços nas

unidades básicas de atendimento, ainda se apresenta pertencente a um quadro

desafiador o acesso aos serviços oferecidos (VIEGAS, et.al., 2015, p.101).

A Educação Popular em saúde (EPS) pode ser entendida na maneira pela qual se

permite a identificação de problemas que afetam diretamente a integridade física e

fisiológica da população, e que determinará o modelo de enfrentamento de tais

agravos com base nas estruturas culturais e de acreditação praticada por seus

povos (AMARAL, et.al., 2014, p. 11).

Segundo Gomes & Merhy (2011, p.11) a EPS propõe uma consciência pautada no

modelo sanitarista com a finalidade de modificar o comportamento da população

acerca das questões de saúde, com isso, permite-se uma ativa participação da

população no âmbito preventivo e curativo.

De acordo com Bornstein (2007), o sujeito está abarcado de conhecimentos pré-

adquiridos nas relações sociais e de face-a-face e que lhe permitem alavancar as

trocas de experiências e aquisição de novos conteúdos através da socialização.

Na perspectiva da EPS, a sistematização da Educação Popular proposta por Freire

atua como eixo orientador na relação estabelecida pela sociedade intelectual e as

classes menos favorecidas. A insatisfação diante das rotinas capitalistas

impregnada nos serviços de saúde atua como agente combustor da transformação

social, na busca pela dignidade e atendimento humanizado (VASCONCELOS, 2004,

p.69).

Na possibilidade de construir uma sociedade esclarecida e bem informada sobre os

serviços públicos de saúde estabelecidos na lei, espera-se com essa pesquisa

revelar através das vozes da população usuária do SUS, os fatores envolvidos no

processo de identificação dos tipos de atendimentos e serviços por ele oferecidos.

REFERÊNCIAS

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Um possível diálogo entre São Tomás de Aquino e Paulo Freire: dois mestres

repensando a educação. Reescrevendo os rumos e estrutura do Projeto

Político Pedagógico

Palavras-chave: educação sociocomunitária, projeto político pedagógico, Paulo Freire, São

Tomás de Aquino, experiência

Apresentação: Pôster

Autor: Mayara da Silva Chenedezi44

O tema proposto traz para discussão questões que ainda são relevantes para a educação

atual como: o papel do professor, o papel do educando, ao que se pretende chegar com o

estudo e qual o sentido da educação. Dentre todas essas questões que se colocam para

discussão está também a da participação de cada integrante da comunidade escolar na

construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) de forma efetiva e democrática.

Tanto São Tomás como Paulo Freire tentam refletir sobre as dificuldades de seu tempo,

muito semelhantes a nossas e encontrar soluções para cada uma delas.

São Tomás publicou uma obra específica sobre a educação intitulada “Sobre o ensino (De

Magistro)” na qual entende a aptidão do homem para educação como um dom divino, e

sendo assim “Não há dúvida que alguém pode, com a luz natural da razão, sem recurso ou

ensino de doutrina exterior, chegar a conhecer muitas coisas que desconhecia como é

evidente no caso de quem adquire a ciencia por invenção” (AQUINO, 1936 p.88). De acordo

com ele, o conhecimento é dado neste caso pela descoberta quando, a razão, por si

mesma, aplica princípios universais e evidentes a determinadas matérias para daí chegar à

conclusões particulares.

Para que um possível diálogo possa acontecer vamos destacar a importância da

experiência enquanto conceito chave tanto para São Tomas quanto para Freire que

ponderaremos abaixo de forma sucinta e que se pretende colocar como elemento chave na

construção do PPP.

Paulo Freire, grande nome da educação em sua obra intitulada “Pedagogia do Oprimido”,

que tem um princípio básico que é a Educação como Prática da Liberdade e é esta

concepção da educação que está impregnada nessa obra.

Para que a educação alcance esse ideal libertador é proposto um método que abarque o

homem, no qual a palavra o ajudaria a tornar-se homem. A linguagem é então cultura.

Decodificando palavras, o alfabetizando vai se descobrindo como homem e sujeito de todo

o processo histórico. Alfabetizar é ensinar o uso da palavra.

Objetivos

44 Mestranda em Educação Sociocomunitária – UNISAL - [email protected]

Geral:

Destacar a relevância do pensamento tomista bem como do pensamento freiriano a

luz de questões atuais e fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem

na elaboração dos Projetos Políticos Pedagógicos das unidades escolares.

Específicos:

- Promover a reflexão entre a comunidade sobre o papel da escola e de cadaum de

seus integrantes na construção de uma educação emancipadora.

-Elaborar através das leituras bibliográficas de Paulo Freire, São Tomás de Aquino e

dos diálogos travados com a comunidade, os pressupostos que orientem a

elaboração do PPP.

Justificativa

E que relevância teria a experiência aplicada ao sistema educacional atual? Parece-

nos que contemplar uma atitude conteudista, não apresenta grandes benefícios,

senão, teríamos um melhor desempenho da nossa educação. Pelo contrário,

encontramos como já dito anteriormente uma educação com grandes déficits e

Projetos Políticos Pedagógicos ineficazes para atender as comunidades que eles

contemplam.

O educando precisa encontrar sentido naquilo que aprende, e isso pode acontecer

pelas semelhanças que ele é capaz de encontrar com suas próprias experiências.

Cabe então a escola e sua comunidade construir de forma coletiva as diretrizes, e aí

o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas

para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele

precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível

o bastante para se adaptar às necessidades de aprendizagem dos alunos.

Metodologia

Para o desenvolvimento deste projeto serão utilizadas estratégias de pesquisa-ação

diagnóstica escolhendo uma escola municipal ou estadual que queira participar da

proposta.

Para se aclarar e diagnosticar a situação em que se encontra o PPP tomaremos de

início o contato com a pedagogia tomista e freiriana através da revisão bibliográfica

respectivamente presente em: De Magistro e Pedagogia do Oprimido e nas obras

de Veiga sobre a construção do Projeto Político Pedagógico, base teórica para

reflexão sobre a práxis pedagógica e a construção normativa do PPP.

Serão realizadas entrevistas com a comunidade onde se buscará identificar as

práticas vigentes e as necessidades que sustentam as metodologias existentes que

permeiam o PPP da mesma. O projeto será desenvolvido, com a comunidade

escolar.

Depois da analise qualitativa das entrevistas com o propósito de efetivar um

trabalho articulado, será elaborado um seminário para a comunidade e a partir dele

serão traçados encontros para sua construção.

Resultados esperados:

Envolvimento da Comunidade escolar na discussão e elaboração do Projeto Político

Pedagógico.

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COMUNICAÇÕES

A CONSTRUÇÃO DA PROFESSORALIDADE NO OFÍCIO DE PROFESSOR

INICIANTE

Palavras-chave: Professor iniciante, professoralidade e educação.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: FREZZARIN, Luiz A.

Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa; Renata Sieiro Fernandes.

RESUMO

O papel do educador é fundamental na contribuição de uma educação de qualidade

no ensino, impulsionado para formação de profissionais qualificados, competentes e

preparados para enfrentar o difícil cenário econômico globalizado. Isto significa a

formação de um profissional crítico e atento à realidade em que se encontra e apto

a encontrar soluções inovadoras que agreguem valores positivos e que transformem

as organizações e a sociedade da qual faz parte. Assim, se faz necessário reafirmar

o papel da educação e sua responsabilidade no processo de formação desses

profissionais e isso nos remete a estudar os desafios da educação na formação de

novos profissionais para o atual mercado de trabalho e contexto sociopolítico e

histórico no Brasil. Os discentes necessitam de uma educação que esteja

fundamentada no compromisso dos docentes em contribuir para que o processo de

ensino-aprendizagem, formação e socialização que crie ambientes favoráveis ao

desenvolvimento de ideias inovadoras e questionadoras no e sobre o meio em que

estão inseridos e de que fazem parte. Neste contexto, como problemática da

pesquisa se dá a formação do professor iniciante, ou seja, como acontece a

construção da professoralidade em ação. E o objetivo dela é investigar a influência

dos saberes advindos do cotidiano (de senso comum) e das experiências

(biográficas e de formação profissional) para a construção das práticas docentes do

professor iniciante. Será que somente o aprendizado que o docente obtém nas

salas de aulas da licenciatura ou graduação são suficientes para uma boa atuação

em sala de aula, ou também o conteúdo subjetivo que carrega de suas vivências,

suas memórias, experiências de infância e de escola etc., irão contribuir para que

seu aprendizado na profissão de docente se constitua? Não se trata de dizer que o

fazer-se professor se dá somente pela vocação. Mas será que vocação é o único

ingrediente na constituição do professor, ou sua história de vida pode contribuir para

a reflexão de uma formação continuada, ou seja, sua professoralidade. Estas são

perguntas que embasam o enfrentamento da problemática. Portanto, a constituição

do professor é um tema de exercício constante e reflexivo dos docentes e dos

indivíduos envolvidos com a educação. A pesquisa qualitativa e participante tem a

construção de dados através de entrevistas individuais, com perguntas

semiestruturadas, gravação em áudio e transcrição e uso de diário de campo. Os

professores a serem entrevistados têm de 1 a 3 anos de experiência, do gênero

masculino e feminino, sem limite de idade, Bacharel ou licenciado, de diversas

áreas da educação, trabalhando em escolas públicas ou particulares, de ensino

médio ou técnico integrado ao médio, e técnico profissionalizante, onde os discentes

são jovens e adultos. Eles compõem a amostra de sujeitos da pesquisa a ser

definida posteriormente a partir de rede de contatos construídas pelos informantes

buscados e indicados. As entrevistas seguiram um roteiro de perguntas abertas que

versem sobre: Do que os professores lançam mão? Por que faz? Como faz? Para

quem faz? O que leva em consideração? Onde faz? O lugar onde estão e o nível de

escolarização implica na forma de dar aula? Que tipo de sujeito pretende formar?

Para que tipo de sociedade? Qual é sua orientação político-pedagógica? O

referencial teórico dialoga com autores como Freire, Alves, Kenski, Pereira, Tardif,

Perrenoud e Nóvoa, para dar suporte à sistematização e análise dos dados de

pesquisa. Assim, entender o que dizem os próprios professores iniciantes é de

fundamental importância para transformar a realidade atual das instituições de

ensino formal. A mudança de atitude dos responsáveis no ambiente escolar,

diretores e coordenadores e, sobretudo dos docentes, se torna necessária para que

se possam obter avanços na qualidade dos processos de educação e, portanto, de

formação de sujeitos para os projetos societários. Assim, a pesquisa espera levantar

pontos importantes para reflexão dos próprios docentes entrevistados, bem como

daqueles que estão enfrentando seus primeiros passos na profissão de docente e

indicar os desafios e as superações. E ajudar a compreender como se dá a

constituição do docente na complexidade do real, a partir do que dizem os próprios

professores iniciantes é de fundamental importância para transformar a realidade

atual das instituições de ensino formal.

REFERÊNCIAS

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A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA NO ENSINO

SUPERIOR MILITAR

Palavras-chave: Ensino militar. Educação Sociocomunitária. Comunidade.

Socialização.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Helaine Cia45

Co-autor: Maria Luísa Amorim Bissoto46

RESUMO

O ensino militar das Forças Armadas no Brasil, a Marinha, o Exército e a

Aeronáutica, possuem o próprio sistema de ensino, formando e preparando

profissionais com habilidades e competências específicas para atuarem nos

momentos de paz ou de guerra, tanto em áreas marítimas, terrestres ou aéreas do

país.

Desse modo, fica sob a responsabilidade do Estado

[...] prover a segurança e a defesa necessárias para que a sociedade possa alcançar os seus objetivos. Cabe ao Estado propiciar e garantir condições para que se possa considerar que o País não corra o risco de uma agressão externa, nem esteja exposto a pressões políticas ou imposições econômicas insuportáveis, e seja capaz de, livremente, dedicar-se ao próprio desenvolvimento e progresso (LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL,2012, p.22).

Quando se refere ao ensino militar, o Artigo nº 83, da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (1996) regula e estabelece “em lei específica, admitida a

equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de

ensino.” As instituições de ensino militar possuem autonomia para desenvolver a

formação e o preparo específico do militar.

45 Pedagoga e aluna regular no Mestrado em Educação Sociocomunitária-UNISAL de Americana- e-mail: [email protected]

46 Professora e Orientadora no Mestrado em Educação Sociocomunitária-UNISAL de Americana.

De acordo com a Lei 6880, de 9 de dezembro de 1980, que dispõe sobre o Estatuto

dos Militares, a hierarquia e a disciplina são valorizados e institucionalizados nas

Forças Armadas. Conforme o artigo 14, no item 1, define a hierarquia como a

[...] ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade (LEI 6880, DE 9 DEZ. DE 1980).

No item 2, do artigo 14, a disciplina é considerada como a

a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo (LEI 6880, DE 9 DEZ. DE 1980).

Desde o ingresso à carreira militar, já no Estágio de Adaptação Militar, o aluno

aprenderá a valorizar os conceitos de hierarquia e disciplina, que farão parte de sua

carreira profissional. Além disso, aprenderá as regras, os valores, os símbolos, os

cantos militares, gritos de guerra, a maneira de se vestir, de falar, de se apresentar

a um superior hierárquico, e outros. Maneiras de comportamentos que são

valorizados na rotina e entre os membros que compõe a instituição militar.

O estágio de adaptação tem como finalidade ensinar aos novos integrantes a

“civilizar os seus atos” e a “controlar as emoções”, tornando-se membros de uma

comunidade diferenciada, aquela militar (ELIAS, 2011). Uma aprendizagem que

valoriza a disciplina e a hierarquia, por meio da qual o aluno aprenderá a liderar e

tomar decisões diante a sua tropa de subordinados.

Para Castro (1990), o aluno passa por um

[...] processo de socialização profissional durante o qual deve aprender os valores, atitudes e comportamentos apropriados à vida militar. [...] Através dos manuais e apostilas o cadete adquire conhecimentos sem dúvida indispensáveis ao exercício da profissão, mas é na interação cotidiana com outros cadetes e com oficiais que ele aprende como é ser militar (CASTRO, 1990, p.15, grifo do autor).

Durante o estágio existem treinamentos táticos e de preparo físico, valorizando os

costumes e os atributos da vida do militar. Formam laços de amizades e laços de

interdependências entre a turma de formação.

Para Elias e Scotson (2000), os laços de interdependências constituem a formação

e a união de um grupo, tornando-se pertencentes e dependentes uns aos outros,

buscando os mesmos valores e interesses que sustentam os membros no interior

da caserna.

A justificativa para realizar a pesquisa no ensino militar se deu a partir de observar o

ingresso de alunos na instituição de ensino, o que despertou o interesse de

compreender como ocorre a formação inicial do aluno na “comunidade militar” e, por

consequência, as causas de solicitações de desligamentos durante o curso, mais

especificamente, no Estágio de Adaptação Militar.

Desde o ingresso numa comunidade, o indivíduo estará sujeito a receber influências

e “intervenção modeladora” daquelas pessoas que são consideradas civilizadas, um

padrão que deverá ser alcançado (ELIAS, 2011, p.15).

A dissertação, que está em fase de desenvolvimento, tem como objetivo

compreender como ocorre a aprendizagem social da formação inicial do cadete,

tendo como sujeitos alunos que ingressam no primeiro ano do curso de uma

determinada instituição de ensino superior militar.

Para ingressar e tornar-se pertencente ao ambiente de militares é necessário

realizar um estágio de socialização e adaptação no início do curso. Esse estágio é

obrigatório para verificar a aptidão e dedicação à profissão, porque “Ao ingressar

nas Forças Armadas, o militar tem de obedecer a severas normas disciplinares e a

estritos princípios hierárquicos, que condicionam toda a sua vida pessoal e

profissional” (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2016).

A pesquisa tem como problema, compreender os fatores que favorecem a

desistência de alunos durante o estágio, e se é possível nesse intervir para a

melhoria dessa formação. A hipótese é a de que essa formação inicial pode ser

considerada um tipo específico de processo civilizador, e, dessa maneira, impactar

na constituição da subjetividade e da identidade desses sujeitos, muitas vezes

inviabilizando sua permanência na instituição.

A metodologia utilizada será a pesquisa qualitativa, na modalidade de observação

participante, no estágio que é realizado no início do ano. O principal referencial

teórico se fundamenta na obra do sociólogo Norbert Elias (2011), “O processo

civilizador: uma história dos costumes”. Serão analisados tambem os questionários

de alunos que solicitaram o desligamento entre os anos de 2013, 2014 e 2015 e

serão realizadas entrevistas com militares que participaram do processo de

formação inicial.

Como resultados espera-se construir referenciais, que pautados naqueles da

Educação Sociocomunitária, possa embasar melhorias na área de ensino militar, em

especial o próprio processo de adaptação institucional.

REFERÊNCIAS

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A EDUCAÇÃO NA GUARDA MIRIM DE SANTA BARBARÁ D’ OESTE (1971–

1998): A apropriação da educação sociocomunitária pela burguesia, aplicada

sob os moldes de ensino semelhantes aos da Opera Nazionale Balila.

Palavras-chaves: Guarda Mirim. Educação Sociocomunitária. Ópera Nazionale

Balila. Dialética Sociocomunitária. Educação Profissionalizante.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Lucas Henrique Salveti47

A presente pesquisa tem como foco principal o estudo da educação

sociocomunitária na Guarda Mirim de Santa Barbara d’ Oeste fazendo um recorte

histórico do ano de 1971 até 1998. Será trabalhada a ideia da educação

sociocomunitária apropriada pela burguesia, compreende-se burguesia, como

aqueles que são os detentores dos meios de produção (MARX, 2014). Essa

educação sociocomunitária que deveria ser libertadora acaba por servir os

interesses da classe dominante, que no caso da pesquisa que se apresenta, é a

burguesia. Dentro do escopo da objetivação da pesquisa, será desenvolvida uma

linha histórica da instituição no período pesquisado, dividindo-se em duas partes, a

primeira de 1971 até meados de 1992, e a segunda de 1992 até 1998, com duas

divisões fundamentais no que diz respeito à educação, sendo o primeiro período

pesquisado um modelo educacional baseado único e exclusivamente na

doutrinação moral do jovem, já o segundo período se preocupa além da doutrinação

moral do jovem, também com a sua educação profissionalizante. O trabalho

também realiza uma introdução dos principais conceitos que auxiliam na

compreensão das análises desenvolvidas durante a pesquisa, conceitos como

dialética, origens da educação profissionalizante, as raízes teorias que auxiliam na

construção do conceito de educação sociocomunitária e como a burguesia se

apropriou dessa educação, modulando um conceito ainda pouco trabalhado no

programa de Mestrado em Educação do Unisal, que é a dialética sociocomunitária.

Quando estudado a instituição, foi percebida uma incrível semelhança que ela

guarda com a escola Opera Nazionale Balila, que foi criada e desenvolvida durante

o regime fascista de Benito Mussolini. A abordagem é mista, qualitativa e

quantitativa (quali-quanti), com maior enfoque na qualitativa, quanto o procedimento

47 Mestrando em educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Possui graduação em direito pela

mesma instituição. E Mail – [email protected].

utilizado será a análise documental, além disso, será utilizada uma ferramenta para

coleta de dados que é a entrevista. A contribuição da dissertação é a apresentação

de dados históricos que até então estavam ocultados ou dispersos, desmitificando

muitas crenças que sempre acompanharam a instituição, ou fatos pouco

esclarecidos pelos mais variados motivos.

Metodologia

Quando nos predispomos a pesquisar, passamos pela delimitação do tema,

destacamos o objeto e os sujeitos da pesquisa, e por fim elencamos o problema,

deve se ter em mente a perspectiva de que a estrutura funda funcione como uma

espécie de aparato pré-estabelecido para novas descobertas e investigações, como

se trata de uma pesquisa histórica, o objetivo é a aproximação da realidade vivida

dos períodos pesquisados.

Foi escolhido como abordagem da pesquisa, uma pesquisa estruturada qualitativa e

quantitativa (quali-quanti), os temas serão quantitativamente aprofundados, sendo

que, em um determinado momento, para fins de análise específica de alguns dados,

em três momentos serão expostas estáticas numéricas que quantificaram alguns

dados introduzidos ao projeto.

O procedimento utilizado no trabalho é a análise documental, esse procedimento via

de regra buscará analisar documentos até então não analisado, e dele extrair as

percepções e conclusões ou não, do pesquisador. Foi esse o principal procedimento

utilizado na pesquisa.

Os instrumentos de coleta e analise de dados foram três: a utilização de entrevistas

não estruturadas, rodas de conversas com funcionários, entrevistas anônimas, visto

que, por motivos pessoais e profissionais, a pessoa preferiu não se identificar. Essa

pessoa que preferiu não se identificar foi um ex-funcionário da instituição, que

trabalhou por alguns anos nela.

Justificativa

Justifica-se a abordagem do tema pela proximidade do pesquisador com o objeto da

pesquisa e análise, os fatos históricos que sempre foram difundidos pela sociedade

barbarense no que se refere à trajetória da instituição sempre se mostraram

fascinantes e intrigantes, curiosidade essa que foi trabalhada na tentativa de ser o

mais claro e objetivo na medida do possível.

Isso sem contar da carência de informações e pesquisas sobre a entidade, esse fato

atuou como combustível para a busca de informações que pudessem contribuir com

a formação do senso por aqueles que querem se desprender em conhecer as

informações apresentadas.

Objetivos

O objetivo primeiro da dissertação é demonstrar como ocorre a educação

sociocomunitária na Guarda Mirim de Santa Barbara d’ Oeste, e a partir dos dados

levantados na pesquisa e com as impressões e levantamentos apresentados, a

burguesia barbarense no período pesquisado teve seu controle para a satisfação de

seus próprios interesses.

Segundo traçar a história da instituição, que hoje é sinônimo de educação e ensino

profissionalizante, demonstrando que nem sempre foi assim.

Também, demonstrar como a educação sociocomunitária é dialética, apontando as

sínteses, antíteses e tentando chegar a uma possível tese.

Resultados esperados

Os resultados esperados são primeiramente as respostas dos objetivos, ora

levantados, visto que, a pesquisa ainda não foi concluída. Mas, o objetivo foi buscar

um resultado de que a burguesia controla a educação sociocomunitária e tal

controle reflete-se em todos os seus atos.

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A LIBRAS E A EDUCAÇÃO DO SENSÍVEL: uma experiência comunitária.

Palavras-chave: Educação, Diálogo, Libras, Linguagem, Formação de Professores.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Maria Aparecida Corrêa da Rocha Ferreira de Assis Moura*48

Não há limite semântico para as possibilidades de diálogo.

Severino Antônio

Quando se tratam das relações de tipo comunitário na educação, no que se refere ao curso da vida individual, temos que o sujeito está sendo formado em sua identidade original, tendo oferecido os valores fundamentais dos grupos de que faz parte, afora o fato de estar sendo cuidado, colocado em situação de segurança e, enfim, sendo socializado, fazendo-se pertencer a determinados grupos sociais.

Luís Antonio Groppo

Na linguagem, processos semânticos e simbólicos perfazem a existência do

homem.

A linguagem como prática específica do homem incita o desejo, faz e é cultura e

história.

Considerando que somos seres de linguagem (ANTONIO), 2015), em dimensão

simbólica e semântica trazemos a importância de se compreender também uma

outra linguagem, a língua de sinais, para nós brasileiros a LIBRAS, como palco de

criação; além de comunicação, relações com os outros, relações de significação

com o outro e com o mundo. Nessa fonte de criação, em tempo de formação de

professores um olhar de vital importância. O presente trabalho propõe

apresentar experiência vivida por esta docente com educandos, futuros professores

em Curso de Pedagogia49, em proposta cuja perspectiva interdisciplinar, por meio

de projeto construído e executado coletivamente, desperta alunos e professores

para uma vivência dialógica. Originou-se da articulação das discussões realizadas

nas disciplinas Fundamentos Teóricos e Metodológicos no Ensino Fundamental:

História, Fundamentos Teóricos e Metodológicos no Ensino Fundamental: Geografia

48 Mestre em Educação pelo UNISAL. Professora de Libras e Educação Especial no curso de Pedagogia de

Conchas/SP e da disciplina Homem, Cultura e Sociedade na Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara.

[email protected]. 49 Curso de Pedagogia da Faculdade de Conchas - FACON

e LIBRAS, esta sob responsabilidade desta pesquisadora, tendo sido desenvolvido

durante o primeiro semestre do ano corrente, com os estudantes do 5º. Semestre.

Destacamos a necessidade de resgatar durante o tempo de formação dos

professores, o sentido das relações humanas conduzindo-os para um novo

momento: aquele que reconhece, aceita, respeita diferenças e diversidade; aquele

que crê no aprendizado cooperativo; aquele que permite descobertas que implicarão

em mudanças desde a mentalidade até aquelas que implicam em comportamento e

atitudes, prosaicas e/ou poéticas.

Pensando a importância da e na vivência da interdisciplinaridade para a formação

de professores e as questões e possíveis respostas que permearam as disciplinas

optou-se para um Estudo do Meio, tendo como diferencial o convite feito aos jovens

da comunidade surda da cidade - em número de seis ( cinco garotas entre 17 e 18

anos e um rapaz de 28) - para comporem o quadro de sujeitos investigadores junto

aos alunos do 5º. semestre, numa experiência de relações interpessoais a partir da

Libras, como forma de enfatizar a voz daqueles que também participam de toda

construção , mas que por razões históricas, não raro, são silenciados.

De modo que, nosso objetivo é trazer a partir da Libras, disciplina obrigatória na

formação dos professores, o meio de abordar, pela linguagem, uma práxis que, na

aproximação de comunidade surda e ouvinte, resulta em conhecimento,

reconhecimento, e uma ação poiética.

No eixo da temática os futuros docentes puderam questionar a realidade numa

perspectiva interdisciplinar e compreender, mais especificamente, que são as

relações entre os sujeitos sócio históricos, incluídos os surdos, que dão sentido e

significação às relações de ser, pertencer e fazer. Apoiados em referencial teórico

composto de nomes como DIZEU &CAPORALI(2005), KUBASKI E MORAES(2009),

LACERDA, C., LOPES E PONTUSCHKA ,(2009), PACHECO (2009), SKLIAR

(2010), no seio mesmo de sua proposta e desenvolvimento estiveram em processo

avaliativo nas socializações , nas discussões e reflexões de cada descoberta, de

cada relação estabelecida entre a realidade investigada e as referências estudadas.

O presente trabalho foi vivenciado com três grandes participações da comunidade

surda junto aos educandos e futuros professores. O primeiro encontro, cria um

vínculo e elucida à comunidade surda - que comparece com a professora-

intérprete50 - o motivo do convite, que é aceito de pronto e proporciona a

50 A professora intérprete acompanhou os jovens da comunidade surda em todas as atividades vivenciadas.

possibilidade de uma futura interação entre surdos e ouvintes com o propósito de

convivência e aprendizado recíprocos. O segundo momento, em visita de campo à

estação férrea da cidade, as comunidades surda e ouvinte questionavam: esta visita

seria seu ponto de chegada ou ponto de partida? Nesse encontro algumas

ausências de jovens surdos trouxeram a baila novos dados de pesquisa sobre a

dificuldade da convivência de algumas pessoas da comunidade surda de

conviverem com a comunidade ouvinte. O terceiro momento culminou o projeto com

a apresentação dos resultados e impressões de todos os participantes à

comunidade interna e externa que foi palco de manifestações de alguns jovens

surdos.

Como resultado, o desafio de construir relações interpessoais entre nós, ouvintes e

a comunidade surda da cidade reiterou a construção de conhecimentos com ênfase

na diferença, na empatia, na cidadania, que sabemos indispensáveis à formação do

futuro docente da educação básica.

O trabalho realizado traz em seu bojo evocações escritas pelos alunos e, pelo

menos, um deles registrou suas impressões sob a forma de poema, o que nos leva

a refletir sobre o resgate do sensível que demonstra o fazer poético como também

fruto da interrogação do mundo, do diálogo com a razão (ANTÔNIO, 2015),

percepções registradas de maneira criadora capaz de leitura da realidade e prática

da existência. Práxis e poiesis.

Ao mesmo tempo, ponto de chegada e ponto de partida. Os alunos chegam onde

nunca estiveram: juntos com pessoas deficientes auditivas numa mesma atividade,

conhecendo-se e percebendo que o conhecimento sobre elas possibilitou toda a

pesquisa que fica rica de afeto. E partem para a continuidade dessa experiência, um

momento histórico que agora se inicia e fará parte de seu que-fazer quando

reunirem surdos e ouvintes para a construção do conhecimento.

Nessa tessitura, além do aprendizado dos alunos ouvintes, a Libras abre as portas

das relações interpessoais e a diferença veio somar reflexões em ambos, ouvintes e

surdos. Seu ponto alto e qualitativo é o destaque que damos para algumas dessas

jovens surdas por terem manifestado o desejo de cursar Pedagogia e galgar a

carreira de educadores de crianças surdas. Ouvintes e surdos: ambos aprendem,

ambos ensinam. Diálogo.

REFERÊNCIAS

ANTÔNIO, S. A Utopia da Palavra- Educação, Linguagem e Poesia: Algumas

travessias; nova edição ampliada, Americana/SP: Adonis, 2015

DIZEU, L. C. T. B.; CAPORALI, S. A. A língua de sinais constituindo o surdo

como sujeito. In Educ. Soc., vol. 26, n. 91, p. 583-597, 2005.

KUBASKI, C.; MORAES, V. P. O bilinguismo como proposta educacional para

crianças surdas. In: IX Encontro Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro

Sul Brasileiro de Psicopedagogia, PUCPR, 2009. Disponível em

http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3115_1541.pdf, acesso

em 28/07/2016.

LACERDA, C. B. F., Um pouco da história das diferentes abordagens na

educação dos surdos. Caderno Cedes, v. 19, no. 46, Campinas, Set. 1998, versão

on line . ISSN 1678-7110

LOPES, C. S.; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do meio: teoria e prática. Geografia

(Londrina) v. 18, n. 2, p. 173-191, 2009.

PACHECO, R. A. O ensino de história com base na Educação Patrimonial e no

Estudo do Meio. Cadernos do CEOM (Unochapecó), v. 31, p. 145-155, 2009.

SKLIAR, C.(Org.) A Surdez: um olhar sobre a diferença. Porto Alegre: Mediação,

2010

A PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES DOS ALUNOS IDOSOS DA EDUCAÇÃO

DE JOVENS E ADULTOS

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Idosos. Identidades.

Subjetividades. Contemporaneidade.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Jane Gerodo Garcia51

Co-autor: Lívia Morais Garcia Lima

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil tem sua história marcada por avanços,

retrocessos e impasses. Sua trajetória é bastante vinculada à educação popular e

aos movimentos sociais, principalmente a partir dos anos 1960.

Durante os anos de 1960, a pedagogia de Paulo Freire inspirou os programas de

alfabetização e educação popular, e o analfabetismo, que antes era apontado como

causa da pobreza e da marginalização, passou a ser interpretado como efeito da

situação de pobreza gerada pela estrutura social.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996,

a Educação de Jovens e Adultos passou a ser um modalidade da Educação Básica

e em 2007, passou a usufruir de recursos do Fundo de Desenvolvimento e

Manutenção da Educação Básica (FUNDEB). Nesse momento, a EJA passou a ter

financiamento no mesmo nível das outras modalidades da Educação Básica.

A EJA é um direito do cidadão brasileiro, dever do Estado. Os documentos e os

estudos elaborados pelos que se dedicam a essa área da educação reafirmam

sempre que esse direito/ dever tem que ser efetivado para que as sociedades

avancem em processos de garantia do respeito aos direitos humanos e qualidade

de vida das pessoas.

Em Campinas – SP, a fundação Municipal para a Educação Municipal (FUMEC) foi

criada nos anos de 1980 e assumiu o trabalho com a EJA – 1º segmento,

51 Pedagoga e Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela Faculdade de Educação da UNICAMP.

Coordenadora Pedagógica, atuando na Coordenadoria Setorial de Formação, na Secretaria Municipal de

Educação da Prefeitura Municipal de Campinas. Professora de EJA na Fundação Municipal para Educação

Comunitária (FUMEC) E-mail: [email protected]

equivalente aos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental, após a extinção do

MOBRAL e da Fundação Educar.

A fundação comunitária se originou da demanda da população, com uma proposta

de educação transformadora, com princípios de respeito à identidade do aluno. Ao

longo do processo pelo qual tem passado a EJA, seus sujeitos foram vistos de

diferentes formas, por si mesmos e pela sociedade. Neste contexto, os professores

desenvolvem diversas metodologias para atender as especificidades de cada turma,

que incluem desde adolescentes52 até idosos. Uma parte desse alunado é

constituída por pessoas com mais de 60 anos, que frequentou pouco a escola na

infância, ou nem essa possibilidade teve.

Os questionamentos quanto às motivações desses alunos para permanecer na

escola podem encontrar algumas respostas quando deixamos de lado a visão de

educação escolar somente como instrumentalização das pessoas. Um dos

possíveis caminhos teóricos nos é apontado por Stuart Hall (2000) que nos mostra

como a trajetória do conceito de sujeito sofreu um deslocamento ao longo da

história. O autor organiza essa trajetória em alguns estágios, rejeitando a ideia de

que as identidades eram unificadas e que atualmente se tornaram deslocadas.

Em uma ruptura como o passado, no período da modernidade, o indivíduo foi liberto

de apoios estáveis como as tradições e estruturas. Nas práticas da idade moderna,

a concepção era de um sujeito racional, pensante e consciente, uma concepção de

sujeito situado no centro do conhecimento.

Nesse processo, que não foi tranquilo, esse sujeito foi sendo “deslocado” desse

centro e na modernidade tardia, segundo o autor, esse sujeito individual passou a

ser visto como pertencente a um grupo social por conta da complexidade das

relações, ou seja, um sujeito social. Hoje, as identidades do sujeito pós-moderno

são vistas como abertas, contraditórias, inacabadas e fragmentadas.

Partindo desse pressuposto, podemos afirmar que a tentativa de encaixar esse

aluno idoso num modelo único de identidade se torna inócuo, as tentativas de

classificação escapam a todo instante, cada um construiu sua identidade ao longo

de suas vivências e das subjetividades produzidas no contexto social no qual está

inserido.

Podemos considerar também os textos de Tomaz Tadeu da Silva (2000), que afirma

que os conceitos de identidade e diferença são inseparáveis: a identidade é a

52 O ECA considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescente, entre 12 e 18 anos.

referência, é o ponto original relativamente ao qual se define a diferença, elas são

mutuamente determinadas. Entretanto, ele afirma, numa visão mais radical, seria

possível que é a diferença que vem em primeiro lugar, em se considerando a

diferença não como resultado de um processo, mas como sendo o processo mesmo

pelo qual tanto a identidade como a diferença, compreendidas como processo, são

produzidas.

Entre outros autores que criaram conceitos que podem vir ao encontro da indagação

deste trabalho está Félix Guattari (2005), que produziu conhecimento sobre a

produção de subjetividades.

Entretanto, mesmo com a potência da maquinaria de produção de subjetividades,

há sujeitos que resistem e ressignificam suas subjetividades, esse é o foco deste

trabalho.

Os alunos idosos que atualmente frequentam as salas de Educação de Jovens e

Adultos (EJA) da Fundação Municipal para Educação Comunitária em Campinas

(FUMEC) tiveram suas vidas atravessadas pela produção de subjetividades do

mundo contemporâneo e do processo de escolarização da EJA. Essa produção, de

acordo com o discurso hegemônico, aponta como caminho para o idoso a

passividade, a acomodação e o consequente afastamento das questões do

conhecimento e da escolarização. Pela minha prática como professora de EJA, na

FUMEC e também pelo meu olhar acadêmico sobre essa, atualmente, modalidade

da Educação Básica – considerei a necessidade de entender melhor a produção de

subjetividades dos alunos idosos na EJA e como isso afeta sua identidade,

possivelmente contribuindo para a construção de um novo discurso pedagógico em

relação a esse alunado. A EJA é um direito do cidadão brasileiro vinculado à

garantia do respeito aos direitos humanos e a qualidade de vida das pessoas e

caracteriza-se pelo reconhecimento tardio do direito à escolarização em idade

apropriada, negada ao cidadão, sendo a trajetória da EJA no Brasil vinculada à

educação popular e aos movimentos sociais, atende a uma classe social específica,

aqueles que não tiveram acesso à escola na infância ou, por motivos diversos,

foram dela excluídos.

Através do uso da metodologia qualitativa da história oral, a pesquisa tem por

objetivo levantar elementos para compreender como o processo de produção de

subjetividades tem afetado as identidades de alguns alunos idosos da EJA na

contemporaneidade, os levando a, possivelmente, romper com o discurso

hegemônico sobre o lugar do idoso na sociedade contemporânea. Nesse sentido,

busca-se apurar, também, em que medida a escola, como um dos locais sociais

possíveis, pode ser considerado um espaço legítimo de educação para idosos e

como se pode propor uma pedagogia voltada para esse alunado.

Ao desenvolver esta pesquisa com base na metodologia da história oral, através de

entrevistas semi-estruturadas, que serão gravadas em vídeo, pretende-se

proporcionar momentos para que alguns alunos idosos que frequentam as salas de

EJA da FUMEC possam falar de suas experiências e expectativas em relação à

escola, trazendo desta forma elementos para contribuir no processo de

compreensão das necessidades dos alunos idosos na EJA.

REFERÊNCIAS

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Pesquisa, n°113, p. 51-64, julho, 2001.

BRASIL Lei n. 9394/96 – 20 dz. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional. Brasília, DF: Imprensa Oficial, 1996.

________ Proposta Curricular para o Primeiro Segmento do Ensino Fundamental -

Educação de Jovens e Adultos. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:

1997.

CAMPINAS. Pulsação da Rede. Campinas, SP: SME, Ano I nº 03, 1996.

GUATTARI, F.; ROLNIK, S. Micropolítica: Cartografias do desejo. Petrópolis: RJ:

Vozes, 2010.

HALL, S. Nascimento e morte do sujeito moderno. In ___ identidade cultural na pós-

modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, p. 23-46, 2000.

LEAL, Elisabeth J. M. Um desafio para o pesquisador: a formulação do problema de

pesquisa. Contrapontos, ano 2, n° 5, p. 227-235, Itajaí, maio-ago, 2002.

LUDKE, Menga e ANDRÉ, Marli M. Evolução da pesquisa em Educação (Cap. 1), in

Menga e André, Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas, SP: ed. EPU,

1986, p.1-10.

MEDEIROS, M. N. A educação de jovens e adultos como expressão da educação

popular: a contribuição do pensamento de Paulo Freire. IN: V Colóquio internacional

Paulo Freire – Recife, 19 a 22 setembro 2005.

MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n.

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PAIVA, V. Educação popular e educação de adultos. 5ª Ed.São Paulo: Loyola, 1987

PELUSO, T. C. L. A Educação de adultos: refletindo sobre a natureza de sua

especificidade. IN: Escolarização, profissionalização e saúde: faces da cidadania.

Ministério da Saúde, 2001.

QUEIROZ, Maria I. P. de. O pesquisador, o problema da pesquisa, a escolha das

técnicas: algumas reflexões, p. 15-34.

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p. 101 – 117.

SANTOS, B.S. Introdução. In ___Epistemologias do sul. Portugal: Edições

Almedina, 2010.

SANTOS, B.S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia

dos saberes In___(org.) Epistemologias do sul. Portugal: Edições Almedina, 2010.

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diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: RJ: Vozes P. 73-102,

2000.

A RESSIGNIFICAÇÃO DO DISCURSO OFICIAL DA PASTORAL DA JUVENTUDE

NA VIVÊNCIA SÓCIO COMUNITÁRIA DOS SEUS MEMBROS

Palavras-chave: A Pessoa. Pastoral da Juventude. Discurso. Ressignificação.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Anderson Bizarria da Costa53

Co-autor: Maria Luisa Amorim Costa Bissoto54

A sociedade contemporânea assiste à acentuação de contextos de

instrumentalização da pessoa humana. O Personalismo de Emmanuel Mounier

ocupa-se do primado da pessoa frente a qualquer realidade. A Pastoral da

Juventude sempre carregou a bandeira da crítica a desigualdade social e a qualquer

tipo de sanção a liberdade. O debate entre tais perspectivas pode contribuir para a

preservação dos mecanismos de valorização do processo de humanização da

humanidade hodierna.

A partir do Personalismo de Mounieriano pretende-se problematizar a experiência

sócio comunitária e de formação de consciência e assimilação ético-moral dos

membros da Pastoral da Juventude e evidenciar a interpretação feita por seus

membros do chamado discurso oficial, estabelecido por orientações da CNBB,

Encíclicas e Constituições Dogmáticas e Pastorais oriundas do Vaticano II, bem

como das Conclusões CELAM e, como carta magna, o próprio Evangelho.

O trabalho possui uma estrutura tripartida. A primeira apresenta os fundamentos

teóricos extraídos da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e as categorias de

análise dos sujeitos. A segunda apresenta um panorama sobre conceituação de

juventude, a história da Pastoral da Juventude no Brasil e suas bases teóricas. Por

fim, a terceira apresenta o confronto entre a fundamentação teórica, as bases

documentais da PJ e os dados levantados em pesquisa de caráter exploratório.

Para o levantamento de dados da pesquisa, de caráter qualitativo, optou-se pela a

elaboração e aplicação de um questionário eletrônico (google docs) para os jovens

membros da PJ, “disparados” pelas redes sociais, alcançando membros da PJ

53 Mestrando em Educação pelo Programa de Pós Graduação Stricto Sensu do Unisal. Especialista em

Counseling. Graduado em Filosofia e Teologia. E-mail: [email protected] 54 Doutora, professora do Programa de Pós graduação Stricto Sensu em Educação do Unisal. E-mail:

[email protected]

espalhados por todo o território brasileiro. E ainda quatro entrevistas com

personagens considerados importantes para a história da PJ no Brasil.

O Personalismo de Emmanuel Mounier desenvolve sua reflexão visando a

valorização do ser humano reconhecido como pessoa e da expressão de seu

primado nas relações interpessoais e com os objetos em geral.

Mesmo frente a instituições e categorizações sociais reconhecidamente

fundamentais como: família, Estado, nação, classe, política, economia, humanidade

etc., a pessoa conserva seu valor absoluto. Elas não podem promover-se em

detrimento da pessoa (MOUNIER, 1967, p.85).

Considerando o caráter filosófico que procura respostas à busca incessante do

homem em dar sentido à sua existência, vê-se no personalismo de Mounier, uma

reflexão que visa esclarecer o destino do homem e também sua situação real, com

o fim de orientá-lo para novas perspectivas e juízos normativos, caracterizando-se

assim, como pensamento filosófico (SEVERINO, 1974), porém sem tornar tais

orientações, perspectivas e juízos normativos rígidos e importantes por si mesmos.

Para evidenciação e vivência do estado de pessoa Mounier postula como critério a

integração entre discurso, qualidade de homem e ação, uma vez que a pessoa é um

ser uno, não disperso, integro. Para tanto, um fator, mais ligado a ação, que

evidencia essa integração é o engajamento sócio-político da pessoa.

A Pastoral da Juventude é um movimento que desde os anos 1970 apresenta-se

como uma proposta de realização do jovem cristão. Também se caracteriza por seu

engajamento social, político e comunitário. Sua própria história e a diversidade de

contextos de sua atuação problematizaram-na ao longo dessas décadas.

No esforço do conhecimento de seu objeto, o Personalismo entende realizar um

processo de humanização da humanidade. Sem estabelecer uma contradição, mas

visando observar o que mais imediatamente se manifesta no ser humano, busca-se

apreender o ser humano em suas atividades globais, a saber: econômicas, políticas,

biológicas, espirituais, valorativas, educacionais, etc. (MOUNIER, 2004).

A história da Pastoral da Juventude começa nos anos 1970, com a Ação Católica

Especializada, a saber; JAC, JEC, JIC, JOC, JUC, respectivamente, juventude

agrária, estudantil, independente, operária e universitária à luz das reflexões da

Teologia da Libertação e da Pedagogia do Oprimido.

Medellin e Puebla, como são conhecidas duas importantes Conferências Gerais do

Episcopado Latino Americano, de 1968 e 1979, forjam novas prioridades para a

ação pastoral da Igreja nessa porção específica do povo de Deus. A luta em favor

dos pobres e da juventude. Tal opção apresenta-se como propulsora dos

movimentos juvenis em fomento nesse período histórico.

A Pastoral da Juventude visa contribuir para o estabelecimento de uma sociedade

que tenha como prioridade a pessoa humana (o ser), um projeto social claro, com

condições e oportunidade para todos, sem preconceitos, com a vivência e

testemunho dos valores evangélicos, valorizando a diversidade e riquezas da

pessoa e da juventude (SILVA, 2009).

Do encontro entre tais perspectivas, uma filosófica e outra teológico-pastoral, pode

surgir uma síntese sobre a experiência de um tipo de agregação de seres humano

que constantemente, por seus empenhos, visa forjar a integração de seu próprio ser

e a aquisição do estado de pessoa, conscientemente ou não.

REFERÊNCIAS

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em Educação. Porto

Alegre: Porto Editora, 1994.

CONSTITUIÇÃO Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje. In: Concílio

Vaticano II. 1962-1965. Mensagens, discursos, documentos. São Paulo: Paulinas,

2007.

CONSTITUIÇÃO Lumen Gentium. Sobre a Igreja. In: CONCÍLIO VATICANO II.

1962-1965. Vaticano II: mensagens, discursos, documentos. São Paulo: Paulinas,

2007.

COQ, Guy. Mounier: o engajamento político. Aparecida, SP: Idéias e Letras, 2012.

DOCUMENTOS DE PUEBLA, SANTO DOMINGO. Documentos do CELAM. São

Paulo: Paulus, 2005.

GROPPO, Luis Antônio. Juventude. Ensaios sobre Sociologia e História das

juventudes modernas. Rio de Janeiro: Difel, 2000.

LORENZON, Alino. Atualidade do pensamento de Emmanuel Mounier. 2 ed. Ijuí:

Unijuí, 1996.

MONTANI, Mario. Il menssaggio personalista di Emmanuel Mounier. Milano:

Comunita, 1959.

MOIX, Candide. O Pensamento de Emmanuel Mounier. Rio de Janeiro: Editora Paz

e Terra LTDA, 1968.

MOUNIER, Emmanuel. Manifesto ao serviço do personalismo. Trad.: Antônio

Ramos Rosa. Lisboa: Editora Livraria Morais, 1967

________________. O personalismo. Trad.: Vinícius Eduardo Alves. São Paulo:

Centauro, 2004.

SEVERINO, Antônio Joaquim. A antropologia personalista de Emmanuel Mounier.

São Paulo: Saraiva, 1974.

SADÍN Esteban, Maria Paz. Pesquisa qualitativa em educação: fundamentos e

tradições. Tradução Miguel Cabrera. Porto Alegre: AMGH, 2010.

SOUZA, Ney. Contexto e desenvolvimento histórico do Concílio Vaticano II. In:

GONÇALVES, Paulo Sérgio. Concílio Vaticano II. Análise e prospectivas. São

Paulo: Paulinas, 2004.

CONCEPÇÕES DE PROFESSORES SOBRE AVALIAÇÃO EMOLDURADAS EM

CATEGORIAS

Palavras-chave: Educação militar. Concepção de professores. Avaliação. Ensino por

competências.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Nadir Gonçalves de Lima Kneipp55

Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa56

O presente trabalho busca identificar as concepções de professores sobre avaliação

em uma escola militar do Exército Brasileiro, frente ao processo de mudança de um

currículo por objetivos para um currículo por competências. O ensino por objetivo

tem seus pressupostos na pedagogia tecnicista, abordada na pesquisa como

produto dos Acordos MEC-USAID entre o Brasil e os Estados Unidos, nas décadas

de 60 e 70. Relacionamos o modelo de ensino por competências adotado pela

Instituição com a pedagogia das competências de Ramos (2006), descrevendo as

abordagens metodológicas para seu desenvolvimento, apresentadas por Mertens

(1996), que diferenciam-se pelo conceito de competência utilizado, pela maneira

como são identificadas as competências e pelos referenciais e metodologias que

são adotados. São elas: o condutivismo ou behaviorismo, a abordagem funcional e

o construtivismo. Traçamos similitudes do processo de transição do ensino militar

com a transitividade da consciência de Paulo Freire (1967). No nosso

entendimento, a intencionalidade do ensino por objetivos não ultrapassa a

concepção de consciência transitiva ingênua de que nos fala Paulo Freire, dada sua

superficialidade na relação educador/educando e sua fragilidade do diálogo. Ainda

discutimos sobre as modalidades de avaliação, suas funções no processo ensino-

aprendizagem, bem como a descrição de suas normas e regulamentações.

O Exército Brasileiro ciente das transformações econômicas, políticas e sociais da

contemporaneidade percebeu a necessidade de adequação do seu sistema de

ensino e adotou o ensino por competências, voltado para um currículo por

competências profissionais, no entanto, sua avaliação permanece sendo

55 Mestra em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação (UNISAL) - [email protected] 56 Doutora em Educação. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária (UNISAL) –

[email protected]

classificatória, meritocrática e hierárquica. Com a intenção de promover reflexão

sobre o tema e encontrar uma melhor solução para esse impasse, buscamos

identificar nas falas dos professores da Instituição, os limites e possibilidades nessa

transição.

O estudo está pautado na abordagem qualitativa de pesquisa, que para Uwe Flick

(2009) é a mais adequada para as aplicações nas ciências sociais, como a

Educação, com vistas à descrição dos processos na produção de situações e de

ambientes, bem como a ordem social existente, configurando-se, portanto, como

abordagem pertinente em investigações que visam a identificar a concepção dos

professores sobre avaliação. Realizamos entrevista semiestruturada com cinco

professores da Instituição, que possui um quadro de profissionais bastante

diversificado, com professores civis e professores militares de diferentes escolas de

formação, entrevistamos um professor de cada quadro para contemplar a

representatividade do grupo. Após a análise e interpretação fizemos a devolutiva

para os participantes da pesquisa, a fim de refletir com eles sobre as nossas

interpretações tecidas no processo de análise de dados.

Da análise e interpretação, emergiram cinco categorias: pertencimento e não

pertencimento ao grupo de professores da EsPCEx; medo de cometer injustiça; as

amarras das normas; as especificidades do ensino militar e função da avaliação:

processo e produto. Após a análise e interpretação fizemos a devolutiva para os

sujeitos da pesquisa. Os professores, que pertencem a vários grupos sendo do

Exército Brasileiro até das próprias disciplinas procuram minimizar a sua

subjetividade nos processos avaliativos, buscando dar condições iguais para os

alunos com receio de comprometer sua carreira, porque reconhecem a influência da

classificação na vida do militar e compreendem que classificação é institucional, que

padroniza os procedimentos avaliativos. Demonstram abertura em aliar a

necessidade institucional de uma avaliação somativa com a prática de uma

avaliação formativa. Sugerem práticas avaliativas processuais e coletivas como

forma de diminuir o receio no momento de avaliar e comentam estratégias para

avaliar o processo ensino aprendizagem, além de repensarem as normas da

avaliação com o objetivo de romper com algumas de suas amarras.

REFERÊNCIAS

ALVES, Márcio Moreira. Be-a-bá dos MEC-USAID. Rio de Janeiro. Editora

Gernasa, 1968. Disponível em:

http://www.marciomoreiraalves.com/livro.1968beaba.htm. Acesso: 10 fev. 15.

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DOMINAÇÃO (PÓS)BUROCRÁTICA: discussão da atuação docente frente ao

currículo por competências na perspectiva da street level bureaucracy.

Palavras-chave: Dominação burocrática. Currículo por competências. Street level

bureaucracy. Educação sociocomunitária.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Wellington Aires da Cruz Pereira57

Co-autor: Maria Luísa Amorim Costa Bissoto58

OBJETIVOS

Discutir os processos de dominação (pós)burocrática que, advindos das teorias de

administração científica, passaram a ser paradigma, também, para a gestão escolar

e para as políticas curriculares da Educação Profissional, bem como estudar o papel

do professor de Inglês Instrumental diante dos processos de dominação, com base

nas teorizações de Lipsky sobre burocracia do nível da rua (street level

bureaucracy).

JUSTIFICATIVA

Consideramos que, da mesma forma como ocorre em outras disciplinas da

Educação Profissional técnica do Centro Paula Souza, em Inglês Instrumental as

normatizações curriculares parecem não contemplar nem a heterogeneidade

cognitiva e cultural e nem o contexto socioeconômico da, e na qual, a comunidade

escolar está inserida. Acompanhando as teorizações propostas por Ciavatta e

Rummert ([s.d.], p.4), consideramos que o currículo não se organiza de maneira

ideologicamente neutra, mas, sim, com base em “projetos políticos construídos no

âmbito geral da sociedade”. Na perspectiva da educação sociocomunitária, é

importante que se discutam esses processos, no sentido de promover o processo

de transformação das práticas e empoderamento de professores de Inglês

Instrumental que precisam, a partir de uma perspectiva de comunidade, enfrentar as

57 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo

(UNISAL). Licenciada em Letras e Pedagogia e docente no Centro Paula Souza e na Faculdade Anhanguera de

Santa Bárbara d’Oeste. E-mail: [email protected] 58 Professora doutora, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano

de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]

imposições burocráticas não só a partir de um viés individual, mas percebendo a

força do coletivo na busca de emancipação.

METODOLOGIA

Trata-se de pesquisa qualitativa, na modalidade participante. Os instrumentos de

coleta de dados são a análise de documentos oficiais, tais como Planos de Curso e

Planos de Trabalho Docente, observação de aulas e grupo focal com professores de

Inglês Instrumental de cursos técnicos modulares.

REFERENCIAIS TEÓRICOS E RESULTADOS ESPERADOS

O modelo burocrático-profissional de gestão escolar, baseado nos preceitos da

administração científica, dominou o cenário educacional por boa parte do século XX.

Centralização, regulação a priori, rígido controle de processos e outras medidas

burocráticas buscavam potencializar a eficiência do sistema de ensino.

Para Weber (2003), a dominação legal, manifesta de maneira mais pura na

dominação burocrática, preconizava o afastamento de subjetivismos, paixões,

variáveis ligadas ao amor e ao ódio. O estatuto, abstrato e impessoal, apresenta-se

como o ente que regula as relações, as promoções, as sanções e os

procedimentos. A partir da década de 1980, esse modelo, devido às novas

demandas econômicas e à reorganização do sistema produtivo, o sistema

burocrático passa a ser visto como ineficiente e cresce a desconfiança em relação à

sua manutenção (BARROSO, 2005). Vários autores apontam as fragilidades da

teorização de Weber, porque este teria desconsiderado a individualidade do ser

humano e a sua maneira de resistir a mecanismos de dominação. Seria, nessa

perspectiva, impossível que o modelo burocrático não sofresse, em sua

implementação, influência dos indivíduos responsáveis por seu funcionamento

(OLIVEIRA, 2012). Como consequência, ganha força o modelo pós-burocrático de

gestão. Descentralização, autonomia, regulação a posteriori e outros elementos

tidos como desburocratizadores entram na ordem do dia.

O currículo por competências, aqui assumido como estratégia de dominação pós-

burocrática, de acordo com Lopes (2016), associa-se a uma perspectiva não-crítica

de educação, na direção de atender processos de inserção social e controle de

conteúdos a serem ensinados. Com uma roupagem mais humanista, em essência,

permanece no contexto do eficientismo social. A esse respeito, Deluiz (2016) afirma

que o modelo de competências expressa, como objetivos, a ressocialização e a

aculturação pela conformação da subjetividade do trabalhador. Ainda para Lopes

(2016), a organização do currículo por competências constitui mais um instrumento

de controle das atividades de professores e alunos, uma vez que, por meio de sua

concepção comportamentalista, fragmenta as atividades humanas em habilidades.

As políticas públicas para a educação, na contemporaneidade, apontam para a

centralização de poder, ainda que mascarada, e para o uso da avaliação como

instrumento de controle (LIMA, 2011).

À baila das discussões sobre a fragilidade do modelo de dominação burocrática

weberiano, pesquisadores passam a estudar o papel dos burocratas do nível de rua,

ou seja, aqueles em contato direto com a população. Para avaliar a atuação dos

agentes públicos em contato direto com o “cliente”, Lipsky (1980) realizou estudo

sobre os burocratas do nível de rua. Para o autor, são os burocratas do nível de rua

que efetivam as políticas públicas e teriam, em relação a elas, poder discricionário.

Ponderações iniciais apontam para os professores de Inglês Instrumental como

profissionais que, diante de um currículo de difícil aplicabilidade, procuram caminhos

diversos, diferentes daqueles estabelecidos pelo currículo. Percebe-se que diante

da diversidade dos alunos, em sua maioria oriundos de escolas públicas e sem

domínio da língua inglesa, os professores tendem a modificar o currículo, retomando

aspectos que não seriam contemplados na formação profissional e até mesmo

eliminando de suas aulas conteúdos que julgam não serem adequados ao público.

REFERÊNCIAS

BARROSO, J. O Estado, a Educação e a regulação das políticas públicas.

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WEBER, M. Weber: Sociologia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003.

EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E O MUNICÍPIO EDUCADOR: ALGUMAS

EXPERIÊNCIAS SOCIOCOMUNITÁRIAS

Palavras-chave: Educação não formal. Município educador. Práticas

sociocomunitárias.

Apresentação: Comunicação oral.

Autoras: Renata Sieiro Fernandes59; Lívia Morais Garcia Lima60

Resumo da comunicação: A comunicação objetiva refletir sobre os espaços da

cidade entendidos como lugares de educação não formal, em que ocorrem

experiências ou práticas sociocomunitárias. A justificativa parte da urgência em se

pensar a cidade ou o município como lugar potencial para a formação e a

socialização dos grupos humanos a fim de defender o direito à cidade, segundo

propunha Lefebvre (1991), o direito de fazer-se cidadão. A cidade e o campo são

lugares de educação que se apresentam sob a forma de patrimônio histórico,

cultural, artístico, arquitetônico, econômico, social, natural ou de patrimônio total. O

Patrimônio é o legado que recebemos do passado, vivenciamos no presente e

transmitimos ao futuro pelas novas gerações. O patrimônio cultural e natural é fonte

insubstituível de vida e inspiração, a pedra de toque, o ponto de referência, a

identidade. Constitui o testemunho da história e permite conhecer a relação entre

esses bens e a sociedade. Por meio do patrimônio os grupos humanos constroem a

memória social e a identidade. O Patrimônio Histórico Cultural é composto pelo

conjunto de bens materiais (tangíveis) e imateriais (intangíveis). Trilla (2009) propõe

que se pense uma sociedade educativa ou uma cidade educativa (como fator de

educação) ou educadora (como agente de educação) como ideia-força a ser

explorada e desenvolvida como educação não formal. Entretanto, esse termo não

abarca as experiências no campo. Para tanto, o termo adotado será o de município

educador, de acordo com Graziano (2016), pois este engloba os dois lugares que

nos interessam tratar. Ambos os lugares apresentam e disponibilizam equipamentos

59 Pedagoga, mestre, doutora e pós-doutora em Educação pela Faculdade de Educação – UNICAMP e docente

do Curso de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano – UNISAL – Americana. E-mail:

[email protected] e [email protected] 60 Bacharel em Turismo pela UNESP, mestre em Gerontologia – UNICAMP, doutora em Educação –

UNICAMP e pós-doutoranda pela UNESP. Docente do Curso de Pós-Graduação em Educação do Centro

Universitário Salesiano – UNISAL – Americana. E-mail: [email protected]

e instituições organizadas e estruturadas com meios para diferentes fins que

funcionam e exigem normas, parâmetros e condutas diferenciadas para os variados

públicos. Também implicam em formas variadas de inter-relação e interação entre

os sujeitos, promoção de sociabilidades e socializações; entre o que está

disponibilizado para consumo e para fruição; entre o que exige participação e

produção mais ou menos ativa e dinâmica, em uma infinidade de estímulos e

motivações. Os espaços da cidade e do campo são locais de: ações sociais,

políticas, poéticas, culturais, procedimentos de resistência e de criatividade, relação

entre espaços de circulação, de encontro, de vivência, fruição. E proporcionam:

diferentes formas de pensar, sentir, agir variadas formas de os grupos sociais se

colocarem em virtude de seus repertórios e contextos culturais. Os espaços

potencialmente cheios e vazios, convidam a serem preenchidos, re-ocupados, re-

significados, re-descobertos, com o lúdico, o poético, o político, com a imaginação,

com transgressão e também com tradição. Metodologicamente, parte-se de

experiências sociais e comunitárias postas em ação em 3 fazendas históricas do

interior paulista e de um rol de ações desenvolvidas em centros urbanos que

evocam apreciação estética e exercício de ações políticas, artísticas, simbólicas e

poéticas, por meio de intervenções no espaço público. Nestas experiências os

grupos humanos tomam parte, interagem e se relacionam com diferentes agentes,

fazendo uso de linguagens e meios de expressão, comunicação e manifestação,

como exercícios de microações políticas no cotidiano. A História oral e o uso de

depoimentos é a metodologia qualitativa da pesquisa e a técnica de construção de

dados. As categorias de análise se embasem em Trilla (2009), para quem os

espaços educam em 3 dimensões: na cidade/campo: por instituições

especificamente educativas, dos tipos formais e não formais, por equipamentos e

recursos, meios e instituições não especificamente educativas, por acontecimentos

educativos efêmeros ou ocasionais e por uma ampla gama de espaços, encontros e

vivências educativas não planejadas pedagogicamente; da cidade/campo: naquilo

que as cidades ensinam diretamente a seus habitantes, ou seja: elementos de

cultura, formas de vida, normas e atitudes sociais, valores e contra-valores,

tradições, costumes, expectativas etc.; a cidade/campo: se refere às formas como a

cidade se apresenta, por exemplo: superficial, parcial, desordenada, estática etc. Os

resultados a partir das análises permitem afirmar que os conceitos de lugar e de

identidade são determinantes nessas ações sociais e comunitárias, Tanto o urbano

quanto o rural são lugares objetivos e subjetivos. Com as vivências e as

experiências no cotidiano urbano e rural atribuímos significado e criamos sentidos

para aquilo que damos o nome de lugar em que vivemos e habitamos. Para Yu Fu

Tuan (1983), “o espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e

significado”. O que começa como um espaço indiferenciado, transforma-se em lugar

à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. Lugar é por sua vez

definido por e a partir de apropriações afetivas que decorrem com os anos de

vivência e as experiências atribuídas às relações humanas. Para Larrosa (2014),

identidade é o que se produz a partir de processos de subjetivação, ou seja, os

sujeitos se inventam constantemente, a partir de relação de poder, de construções

de discursos, das experiências passadas. Participar efetivamente dos espaços da

cidade e do campo, configurando-os como lugares de experiência, é uma forma de

reconhecer-se e fazer-se sujeito histórico, produtor de cultura e é também meio de

comunicação e de expressão de linguagens simbólicas e poéticas. Isso faz parte da

construção da identidade por meio de processos de subjetivação dos sujeitos e dos

grupos humanos, nos lugares significativos e é possibilitado por situações e

momentos educativos no cotidiano da vida singular.

REFERÊNCIAS

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2009.

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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: Formação para o trabalho ou qualificação para o

emprego? reflexões a partir da educação sociocomunitária.

Palavras-chave: Educação Profissional. Pedagogia Crítica. Trabalho e emprego. Formação

de Professores. Educação Sociocomunitária. Autonomia.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Isabel Cristina das Chagas Oliveira61

Co-autor: Maria Luísa Amorim Costa Bissoto 62

Objetivos

O objetivo central da pesquisa é investigar os contornos epistemológicos da

educação profissional, nos cursos técnicos integrados ao ensino médio, discutindo

sua natureza de formação para o trabalho ou de qualificação para o emprego.

Partimos do princípio de que a educação profissional deve contribuir com a

formação para o trabalho, de maneira que leve o educando a se desenvolver como

cidadão crítico e consciente do mundo em que vive, agindo como sujeito capaz de

transformar sua realidade, de forma autônoma e emancipatória.

Justificativa

A educação profissional é uma modalidade de educação com características

próprias, que ainda hoje não é compreendida em sua complexidade. Não há ainda,

assim, uma clareza se a educação profissional pode ser considerada uma

qualificação para o emprego ou uma educação para o trabalho. Debruçar-se sobre

essa diferenciação é importante para pensar sobre as práticas pedagógicas e

questionar se a formação dos sujeitos propõe uma formação para a alienação ou

para a emancipação

Encaminhamento metodológico em curso

A metodologia é a de investigação qualitativa, na modalidade pesquisa-ação, e a

coleta de dados se deu mediante encontros de grupo focal, no ambiente escolar,

com professores que atuam na Educação Profissional Técnica de Nível Médio

nos cursos Integrados de um Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia,

sobre questões que envolvem esta modalidade de educação. A primeira parte do

61 Mestranda em educação - UNISAL- [email protected]

18 Doutora- UNISAL- [email protected]

trabalho trata do levantamento conceitual em relação à educação profissional e

os pressupostos da pedagogia crítica. Em seguida, traça-se um panorama do

histórico da Educação Profissional no Brasil, para tentar compreender a que se

deve a forma como essa é atualmente concebida, em especial quanto às tensões

entre a educação para o trabalho e/ou a preparação para o emprego.

Na segunda parte, discorremos sobre a formação de professores no Brasil,

destacando a problemática que isso vem representando na Educação

Profissional, analisamos a legislação sobre a Educação Profissional no Brasil, e,

no esteio dessa a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia, os princípios que justificaram sua fundação, o perfil esperado para a

ação docente, para a formação do alunado e para a ação com/na sociedade. E,

ao final, levantamos uma reflexão sobre o perfil do professor para atuar na

Educação Profissional, que, em nosso entender, deve pautar-se na pedagogia

crítica e nos princípios de uma educação sociocomunitária. Na terceira e última

parte tratamos dos procedimentos da pesquisa propriamente dita, do percurso

metodológico, e da coleta e análise dos dados.

Referenciais teóricos

Partimos do princípio de que a educação profissional deve contribuir com a

formação para o trabalho, de maneira que leve o educando a se desenvolver como

cidadão crítico e consciente do mundo em que vive, agindo como sujeito capaz de

transformar sua realidade de forma autônoma. E não para o emprego, ao menos

quando isso for considerado como alienação, ou quando se transformam os sujeitos

em “ferramentas” para a execução de determinadas tarefas, reduzindo-se às

capacidades humanas a uma instrumentalidade vazia (MERÇON, 2012).

Compreendendo o histórico da educação profissional, que desde sua existência veio

para atender às necessidades de mão de obra, vinculadas às características dos

modos de produção de cada época, entende-se melhor a ausência de identidade

que ainda existe nesta modalidade de educação. Na perspectiva da pedagogia

crítica, acreditamos que a educação profissional pode ser um espaço de resistência

e luta no que se refere à condição de uma educação transformadora. Que possibilite

a todos os envolvidos serem agentes críticos, reflexivos, e que assumam uma

postura ativa para transformar a escola e, consequentemente, a sociedade

contemporânea. Pensando na juventude em sua amplitude, não há como não refletir

na questão da formação profissional e do trabalho, que são uns dos pontos

principais de preocupação desse grupo. O artigo 14 do Estatuto da Juventude

(2013) afirma que “O jovem tem direito à profissionalização, ao trabalho e à renda,

exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, adequadamente

remunerado e com proteção social”. Por isso a nossa preocupação com a formação

e com a prática do professor da educação profissional, que pode ser um fator de

mudança de paradigmas, ou o mantenedor de uma cultura do pensar desvinculado

do fazer. É preciso que se trabalhe com um novo perfil de professor, que vai muito

além de ser bem qualificado no que se refere a sua área de atuação. E investir em

sua formação humana e no preparo para atender às especificidades que a

Educação Profissional exige, frente ao cenário contemporâneo do trabalho.

Resultados esperados

Esperamos, como resultado, colaborar para a discussão da educação

profissional, recolocando algumas de suas tensões, e levantando as

contribuições que podem advir, para essa discussão, dos pressupostos da

pedagogia crítica e da educação sociocomunitária.

REFERÊNCIAS

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MERÇON, P. Relação de emprego: o mesmo e novo conceito. Rev. Trib. Reg.

Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.56, n.86, p.141-162. 2012.

Disponívelem:

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no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação v. 14 n. 40. 2009.

ENSINO DE HISTÓRIA COM DEFICIENTES INTELECTUAIS JOVENS E

ADULTOS: POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA

Palavras-chave: Deficientes Intelectuais Jovens e Adultos. Educação

Sociocomunitária. Ensino de História.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Anamelia Freire D’ Alkmin Neves63

Co-autor: Maria Luisa Amorim Costa Bissoto64

Objetivos

Investigar as possibilidades de desenvolver-se uma metodologia crítica para

o ensino de História, com jovens e adultos com deficiência intelectual, que favoreça,

além da apropriação dos conteúdos acadêmicos, a autonomia e a emancipação

cidadã, a partir de referenciais da Educação Sociocomunitária.

A hipótese é a de que essa metodologia pode ser criada com o auxílio de um

recurso comunicacional diferenciado, o sistema simbólico Widgit, pois esse, ao

facilitar a apropriação de significados pelos sujeitos com deficiência intelectual,

favoreceria a atribuição de sentidos aos conhecimentos. Propõe-se, então, que com

o uso desse sistema linguístico, e de outros recursos didático-pedagógicos, se

problematize o que é História e seus significados para a vida cotidiana dos sujeitos,

fomentando a discussão e a reflexão sobre o ensino de História numa vertente

crítica e emancipatória, em que indivíduo e comunidade desenvolvam perspectivas

para seu empoderamento.

Justificativa

63 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Licenciada em História e docente na Rede Pública Estadual. E-mail: [email protected] 64 Professora doutora, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). E-mail: [email protected]

Baseado no direito de todos à educação de qualidade, e nas recomendações

internacionais que estabelecem diversos objetivos, que devem ser alcançados no

âmbito da Educação de Jovens e Adultos (EJA), dentre eles a consciência crítica e

cidadã, e considerando-se a potencialidade da disciplina de História para tanto,

argumenta-se quanto à necessidade e à relevância de desenvolver-se um ensino de

História com um enfoque crítico, contemplando-se a dimensão emancipatória dos

indivíduos. Isso se faz ainda mais urgente na aprendizagem dos deficientes

intelectuais, pois as metodologias de ensino voltadas a esses se pautam,

tradicionalmente, na superficialização e memorização mecânica de conteúdos. A

discussão de novas abordagens didático-metodológicas e o estudo de práticas

educativas que favoreçam outra lógica do ensino de História para os deficientes

intelectuais, investindo no desenvolvimento de sua consciência crítica e cidadã, é

importante se pretendemos que a educação do deficiente intelectual seja voltada

para a autonomia. Como efetivar tais concepções no que se refere à inclusão na

EJA?

Percebe-se, a carência de pesquisas sobre a temática e, seguindo Arroyo

(2006), devemos ser capazes de inventar uma pedagogia da educação de adultos,

que vá além daquele reprodutor das práticas empregadas nos anos iniciais do

Ensino Fundamental.

Encaminhamento Metodológico em Curso

O trabalho, de natureza qualitativa e participante, está sendo realizado com

alunos da EJA, do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, no período noturno,

em uma escola da rede pública estadual de ensino, numa cidade localizada na

macrorregião de Campinas.

Como recursos didático-pedagógicos a fundamentar a elaboração da

metodologia didática proposta empregamos atividades pautadas no uso do sistema

de comunicação alternativa denominado Widgit, bem como de outros enfoques

didáticos, pautados na perspectiva crítica do ensino de História (FONSECA, 2003).

O Widgit constitui-se em uma linguagem pictográfica, que vem sendo desenvolvida

nos últimos 30 anos, no Reino Unido, favorecendo a expressão e a interpretação de

saberes e ideias, por parte daqueles sujeitos que encontram dificuldades em

apropriar-se, com proficiência, da linguagem escrita. As atividades estão sendo

realizadas na própria escola e foram iniciadas em maio de 2016.

Referenciais Teóricos e Resultados Esperados

De acordo com as recomendações presentes na CONFITEA/Declaração de

Hamburgo e na Declaração de Salamanca, dentre outros documentos nacionais e

internacionais, que defendem a educação inclusiva, e apoiando-nos nos princípios

defendidos por Martha Nussbaum para o desenvolvimento das capacidades

humanas, fundamentadas na ideia de liberdade e de dignidade, e também na

vertente do ensino crítico de História, é que estamos buscando criar uma

metodologia diferenciada para o ensino dessa disciplina escolar, para deficientes

intelectuais jovens e adultos. Nesse processo, discutimos criticamente teorias e

práticas educacionais correntes na EJA, e nos valemos de recursos didáticos

tecnológicos educacionais, como o Widgit, que propondo um sistema comunicativo

alternativo, favorece a construção, expressão e a interpretação de saberes, ideias e

concepções daqueles sujeitos que encontram dificuldade por não terem suficiente

proficiência na linguagem escrita tradicional.

Defendemos que práticas educacionais inclusivas em sala de aula, na EJA,

segundo a metodologia que vem sendo pensada, podem proporcionar condições

para uma aprendizagem autônoma e emancipatória. Nussbaum (2010, 2012) aponta

para a gravidade da chamada “crise silenciosa”, que vem ocorrendo na educação,

ao se privilegiar a formação de “máquinas funcionais”, ao inves de cidadãos

capazes de pensar por si próprios.

Neste sentido, a pesquisa ora desenvolvida também se coaduna com os

Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) para o ensino de História, os quais

apontam que o ensino deve favorecer a formação do estudante para participação

social, política e crítica, aprendendo a discernir limites e possibilidades de sua

atuação, na permanência ou na transformação da realidade histórica na qual se

insere.

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel. Formar educadoras e educadores de jovens e adultos. In:

SOARES, L.(Org). Formação de educadores de jovens e adultos. Belo Horizonte:

Autêntica/SECAD-MEC/UNESCO, 2006.p. 17-32.

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pedagógico.

NUSSBAUM, M. C. Crear capacidades: Propuesta para el desarrollo humano.

Barcelona: Ediciones Paidós, 2012.

NUSSBAUM, M. C. Sin fines de lucro: Por qué la democracia necesita de las

humanidades. Tradução: María Victoria Rodil. Buenos Aires/Madrid: Katz Editores,

2010.

ESCOLAS RADIOFÔNICAS E A EDUCAÇÃO POPULAR: ANALISANDO UMA

EXPERIÊNCIA: Alfabetização Via Rádio, Educação Popular, Saberes

Populares.

Palavras-chave: Escolas radiofônicas; EJA via rádio; Educação Popular.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Maria das Graças Sousa Moreira Moura 65 .

Co-autor: Valéria Oliveira Vasconcelos 66 .

A presente investigação vem se debruçando sobre a análise de uma proposta

de alfabetização multimeios via rádio de jovens, adultos e idosos realizada na região

Baixo Parnaíba maranhense em 2008, tendo o Rádio como um dos principais

instrumentos de alfabetização. A proposta de estudar esse tema deu-se a partir da

experiência pessoal da pesquisadora, como uma das coordenadoras do projeto.

Pauta-se numa pesquisa qualitativa e teve como instrumentos de coleta de

dados: levantamento bibliográfico em indexadores científicos, pesquisa de

documentos, entrevistas, questionários e rodas de conversa. O levantamento

bibliográfico para construção do referencial teórico foi realizado em sites de

pesquisas, como Google acadêmico, Scielo, levantamento em banco de teses da

CAPES, literatura especializada e levantamento em documentos específicos. O

referencial teórico se baseou nas contribuições de Paulo Freire, Carlos Rodrigues

Brandão, José Peixoto Filho, Osmar Fávero, entre outros.

A experiência das escolas radiofônicas representa um importante meio de

educação para as pessoas das classes populares, principalmente aquelas que

vivem no campo e/ou em regiões isoladas. Segundo Peixoto Filho:

A Educação é uma prática social e como tal deve ser vista como mediadora das demais práticas sociais. Se a vemos como um processo que busca, através da reflexão consciente sobre a realidade, a elaboração de soluções para os

65 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo

(UNISAL). E-mail: [email protected] 66 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo

(UNISAL). E-mail: [email protected]

problemas que o homem enfrenta, quer seja no seu cotidiano (e aí ela assume também uma função prática imediata), quer seja enquanto momento e espaços onde se permite pensar projetos mais amplos, contribuindo assim para reflexão da prática social. (PEIXOTO FILHO, 2003, p. 20)

O objetivo principal das escolas radiofônicas era o de alfabetizar os

camponeses, jovens e adultos, que tiveram seus direitos de acesso à escola

negados pelo sistema excludente, além de contribuir para a libertação do

pensamento das pessoas do campo, a partir dos temas e conteúdos trabalhados.

As primeiras sementes das escolas radiofônicas no Brasil foram plantadas

em Natal/Rio Grande do Norte, pela igreja católica, em setembro de 1958, tendo

como idealizador o arcebispo da arquidiocese de Natal D. Eugênio de Araújo Sales,

a partir da experiência vivenciada na Rádio Sutanteza (Colômbia). Vale ressaltar

que antes das escolas Rádiofônicas já existiam movimentos coordenados pela

igreja católica em Natal com objetivo de trabalhar a educação nas comunidades

rurais onde havia um número exacerbado de jovens e adultos analfabetos.

No Rio Grande do Norte vários movimentos populares existiram a partir de

meados do séc. XX, dentre esses o Serviço de Assistência Rural (SAR) que era

uma ação educativa da Igreja Católica, com a finalidade de prestar assistência às

comunidades do interior do Estado, utilizando-se de modernas técnicas, que

incluíam assistência jurídica, educativa e religiosa. O Movimento de Educação de

Base (MEB) também merece destaque nesse período.

Para Fávero (2004) o MEB nasceu a partir das escolas radiofônicas, em um

novo cenário, agora reconhecido e institucionalizado pelo Ministério da Educação,

cuja demanda administrativa e pedagógica se encontrava vinculada à igreja católica

por meio da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Muitas das

atividades educativas promovidas pelo governo federal, referidas anteriormente,

eram realizadas em convênio com as dioceses católicas. O MEB tinha como uma de

suas premissas, valorizar a consciência histórica das populações oprimidas.

Num esforço de explicitar o que era entendido como fundamento dessa ideia de consciência histórica, Padre Henrique Vaz partia da compreensão de que o campo real da ação humana é a História. ―A iniciativa humana que transforma o mundo, natural em um mundo humanizado, é uma ação criadora na História. Na medida em que o Homem é criador dessa ação cultural, é ele quem faz sua História‖. (MEB, 1965, p. 4).

As pessoas que eram alvo das ações do MEB viviam totalmente alijadas das

políticas públicas, sofrendo os mais diferentes tipos de mazelas sociais, faltando-

lhes quase tudo: educação escolarizada, alimentação, assistência social,

assistência de saúde, além de enfrentarem a seca que ano após ano assolava seu

território.

As escolas radiofônicas se espalharam por todas as regiões brasileiras tendo

como uma de suas características principais a possibilidade de alcançar populações

isoladas dos grandes centros urbanos.

Como o exposto, a presente pesquisa vem investigando uma iniciativa de

alfabetização via rádio realizada na região Baixo Parnaíba maranhense em 2008.

Esperamos que os resultados contribuam para um aprofundamento sobre como se

deu o processo histórico das escolas radiofônicas no país. Além disso, com a

sistematização do projeto EJA Alfabetização de multimeios de jovens adultos e

idosos via rádio, pretendemos conhecer a percepção que os participantes tiveram

dessa experiência e o que têm a nos ensinar com suas memórias educativas. Por

fim, essa proposta pode auxiliar na valorização das escolas radiofônicas como

políticas públicas.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação popular. Editora Brasiliense, 1984.

FÁVERO, Osmar. Uma pedagogia da participação popular: análise da prática

pedagógica do MEB Movimento de Educação de Base, 1961-1966. Campinas:

Autores Associados, 2006.

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São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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Cadernos da PUC (10), Rio de Janeiro: PUC, 1972

PEIXOTO FILHO, José Pereira. A travessia do Popular na contradança da

educação. Goiânia: Ed da UCG, 2003.

IMPLICAÇÕES DA DIÁSPORA NEGRA NA AMÉRICA LATINA: CAMINHOS

PARA UMA PEDAGOGIA DESCOLONIZADORA

Palavras-chaves: Cultura Africana. América Latina. Educação Popular.

Apresentação: Comunicação oral.

Autores: Emílio Rodrigues Júnior67; Altair de Oliveira Galvão68; Maria das Graças

Sousa Moreira Moura69.

Co-autor: Valéria Oliveira de Vasconcelos70.

Os países da América Latina tiveram boa parte de suas histórias marcadas pela

colonização baseada no regime escravocrata, que se fez presente por mais de 300

anos. Essa conjuntura deixou uma herança para a sociedade: o racismo. Este fez

com que a população negra se tornasse quase “invisível”, deixada à margem da

sociedade, o que contribuiu para o desenvolvimento de sentimentos e pensamentos

de inferioridade e de negação da sua cor por parte das pessoas negras,

influenciando diretamente na formação de sua identidade. O objetivo desta pesquisa

foi analisar quais os saberes africanos gerados a partir do contexto colonial para

alunos de instituições de diferentes graus de ensino e verificar as possibilidades de

criação de um modelo de pedagogia descolonizadora com a ressiginificação da

história e cultura africana e afro-brasileira. Esta pesquisa traz em seu cerne estudos

da diáspora Africana na América Latina, bem como analisa os impactos culturais

gerados a partir do regime escravocrata. No decorrer deste artigo apresentamos

uma metodologia dialógica utilizada por Paulo Freire (2000), com o intuito de buscar

a ressignificação da história e cultura africanas, a partir de uma roda de conversa.

Objetivamos mostrar que é possível utilizar da Educação Popular nos ambientes

67 Mestre em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP. 68 Aluno do Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP. 69 Aluna do Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP. 70 Docente do Programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário salesiano de São Paulo – UNISAL Americana – SP.

formais de ensino. A metodologia utilizada foi baseada na Pesquisa Social, pois

visou fornecer respostas tanto a problemas de interesse intelectual quanto empírico.

A caracterização desta pesquisa é qualitativa do tipo descritiva, pois tem o objetivo

de estudar características, levantar opiniões, atitudes e crenças da população

pesquisada (GIL, 1989). A pesquisa ocorreu em três instituições de ensino no

estado de São Paulo, sendo duas instituições de ensino superior e uma de

educação técnica de nível médio. A população pesquisada foi de 74 estudantes,

com idades de 16 a 50 anos, sendo 48 alunos de cursos técnicos de nível médio e

31 acadêmicos de cursos de graduação. Utilizamos como instrumento de pesquisa

um questionário aberto com uma única pergunta: “O que sabe sobre a África e seu

povo”. Em duas das instituições pesquisadas, deixamos os alunos à vontade para

falar o que pensavam desse tema. Em outra instituição, orientamos aos alunos a

citarem três frases que vinham à cabeça quando se falava em África. A proposta

dialógica nessa pesquisa iniciou com um tema gerador, que neste caso foi “África”.

Segundo Freire (2004), essa proposta parte da realidade (fala dos alunos) e a

organização dos dados (fala do educador). O resultado dessa pesquisa mostra que

ainda há resquícios da era colonial, pois o que pudemos observar foi uma

construção de pensamento negativa sobre os povos da África na maioria das

respostas dos participantes. Foram registradas 275 palavras diferentes.

Aproximadamente 62% dessas palavras traziam concepções negativas quando se

trata de África. O que pudemos observar com os resultados dessa pesquisa, no que

se refere à educação, mesmo com os avanços decorrentes das leis 10.639/03 e

11.645/08 e suas respectivas diretrizes curriculares nacionais que orientam a

construção da educação das relações étnico-raciais, o sistema de ensino brasileiro

ainda não se desprendeu das amarras de um currículo homogeneizante,

eurocêntrico e monocultural que não atende às demandas e aos interesses dos

diferentes grupos étnico-raciais e culturais que frequentam distintos níveis e

modalidade de ensino. Ficou evidente que atributos como “tristeza, fome e miseria”

imperam nas respostas dos entrevistados, indicadas em 62% das palavras

registradas. Para Freire (2004) as salas de aula necessitam transformara-se em

fóruns de debate, denominados "Círculos de Cultura"; é preciso dialogar com os

alunos, buscar temas geradores que possam enriquecer a discussão. Para o autor a

relação pedagógica necessita ser, acima de tudo, uma relação dialógica, ou seja,

buscar a decodificação desses temas geradores procurando o seu significado

social. A ideia da educação para relações afro-brasileiras e cultura africana visa

promover um estudo amplo sobre o preconceito, as lutas existentes, principalmente

as antiraciais, pertencimento racial e a valorização do percurso histórico do negro no

Brasil. Para uma pedagogia descolonizadora é preciso um amplo engajamento dos

professores e gestores educacionais, para que os alunos possam sentir-se

empoderados e humanizados para este assunto. Na perspectiva da Educação

Popular (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2009) é no âmbito da construção de uma

sociedade mais justa, humana e respeitosa frente à diferença étnico-cultural, que os

processos educacionais, formativos e acadêmicos podem contribuir para minimizar

um racismo intrínseco à sociedade brasileira.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros

escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 38º Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

2004.

GIL. Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 2º Ed. São Paulo:

Editora Atlas, 1989.

VASCONCELOS, Valéria Oliveira de; OLIVEIRA, Maria Waldenez de. Educação

Popular: uma história, um quefazer. Revista Educação Unisinos. São Paulo,

13(2):135-146, maio/agosto 2009.

INTERCÂMBIO CULTURAL E IDENTIDADE JUVENIL

Palavras-chave: Intercâmbio cultural. Identidade. Língua inglesa.

Interculturalidade. Educação sociocomunitária.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Sylvia Cristina de Azevedo Vitti71

Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa72

Este trabalho investiga e estuda as relações entre a experiência de intercâmbio

cultural no exterior e as repercussões disso nas identidades de jovens graduandos.

Nas últimas décadas os jovens brasileiros vêm cada vez mais procurando

experiências de intercâmbio cultural e cursos de imersão em países de língua

inglesa, como meio de melhor se prepararem para sua inserção numa sociedade

globalizada e altamente competitiva. A experiência de intercâmbio cultural

sabidamente estimula a abertura para o diálogo e negociação com culturas

diferentes, o reconhecimento e valorização do “diferente” e do “outro”, das

diferenças culturais e sociais, colocando os jovens em contato com novos costumes,

crenças e valores, alargando o seu horizonte de compreensão da realidade.

A vivência no exterior é um fator que favorece transformações pessoais, grupais e

sociais, mediante o desenvolvimento da capacidade pessoal de reflexão, de crítica,

de autonomia e de emancipação dos estudantes. A presente pesquisa teve como

objetivos compreender como as repercussões da aprendizagem de uma nova língua

e a assimilação de aspectos culturais da mesma e do seu povo podem afetar o

processo de “construção/desconstrução” das identidades de jovens que vivem a

experiência de imersão em países anglófonos.

Partimos do pressuposto de que o ser humano, como ser cultural e social, constitui

a linguagem e é constituído pela mesma; analisamos a importância, as articulações

e a interdependência da cultura, linguagem e relações sociais na formação das

identidades dos seres humanos. Fizemos uma revisão das obras de teóricos

contemporâneos que tratam da identidade humana, como Hall (2000; 2006),

71 Mestre em Educação (PPGE/UNISAL – Americana – SP) / [email protected] 72 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Sociocomunitária (UNISAL)

Woodward (2000; 2002), Silva (2000) e Bauman (2005). Analisamos as articulações

entre educação, educação intercultural, educação sociocomunitária e possíveis

transformações sociais decorrentes do processo de interculturalidade com base em

alguns escritos de Candau (2008; 2012) e Fleuri (2001; 2003).

A presente pesquisa enquadra-se no quesito de uma pesquisa qualitativa, uma vez

que estuda o ser humano e considera seu caráter ativo como sujeito que interpreta

o mundo continuamente e produz significados (MARCONI; LAKATOS, 2002).

Este estudo nos revela os sentidos que os jovens atribuem à prática do intercâmbio,

assim como as experiências que os marcaram em sua estadia em outro país e outra

cultura (Estados Unidos da América do Norte e Inglaterra), mediadas pela

aprendizagem da língua inglesa, assim como as repercussões dessa vivência nas

suas identidades. Participaram da pesquisa dezessete (17) estudantes, de ambos

os sexos, que foram contemplados com bolsas de estudo para intercâmbio cultural

em países de língua inglesa.

Buscamos compreender se e como as suas identidades foram afetadas pela

experiência. As bolsas de intercâmbio cultural foram concedidas pela instituição em

que estudavam, ou seja, duas unidades de uma Faculdade de Tecnologia, do

governo do estado de São Paulo, situadas nas cidades de Piracicaba e Americana,

interior do estado, assim como pelo programa Ciência Sem Fronteiras, do governo

federal. Os jovens, provenientes das duas unidades da referida faculdade, foram

entrevistados e sua fala foi registrada e analisada. Os resultados obtidos são

apresentados, analisados e discutidos à luz dos pressupostos teóricos adotados

para a fundamentação da pesquisa no tocante à compreensão da construção da

identidade humana.

Constatamos que o valor do intercâmbio extrapolou a mera aquisição de habilidades

linguísticas e aperfeiçoamento em inglês, incialmente buscados como meio de

melhor se posicionarem no mercado de trabalho e no mundo globalizado. A

experiência de intercâmbio revela-se como prática social para o desenvolvimento da

interculturalidade e da educação intercultural, que no dizer de Candau (2012)

fortalece a construção de identidades dinâmicas, abertas e plurais, contribuindo e

estimulando o desenvolvimento da autoestima e autonomia dos sujeitos e de

sociedades mais igualitárias. Os depoimentos fornecidos pelos intercambistas que

tomaram parte na pesquisa ratificam as observações de Candau sobre a

importância e valor da educação intercultural e mostram como a experiência de

intercâmbio repercutiu no processo de reconstrução de suas identidades. A maioria

deles expressou o quão significativa foi a oportunidade de entrarem em contato com

outra cultura e como essa experiência, em suas próprias palavras, foi

“transformadora e única”, “abriu-lhes a mente”, gerando “nova visão de mundo”,

ajudando-os no desenvolvimento de sua autonomia e autoestima e a superar

preconceitos e a tornarem-se mais críticos e reflexivos.

De acordo com a análise dos relatos dos sujeitos entrevistados, observamos que a

experiência adquirida favoreceu mudanças no seu modo de pensar e

agir.Verificamos que tal experiência proporcionou aos jovens desenvolvimento

cultural, pessoal e profissional, o desenvolvimento da autoconfiança, e crescimento

em maturidade; proporcionou também o desenvolvimento do respeito pela diferença

e pela diversidade cultural, assim como consciência global. A análise também

evidencia o movimento, a fluidez e a dinâmica do processo de formação da

identidade humana. Os resultados obtidos evidenciam que os intercambistas

retornaram diferentes de quando partiram e plenamente conscientes dessas

mudanças. Esses jovens intercambistas podem ser considerados embaixadores de

sua própria cultura e agentes de futuras transformações sociais no sentido de uma

sociedade e de um mundo mais aberto ao diálogo, que têm no horizonte a

construção de um mundo melhor.

REFERÊNCIAS

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Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.

CANDAU, Vera Maria Ferrão. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as

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Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Petrópolis: Vozes, 2000.

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_________. Understanding identity. London: Arnold, 2002.

INTERDISCIPLINARIDADE: estudo de caso de um projeto aplicado no curso de

análise e desenvolvimento de sistemas da faculdade de tecnologia de

Indaiatuba.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Projeto Interdisciplinar. Práticas

interdisciplinares

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Sergio Donisete Clauss

Co-autor: Sueli Maria Pessagno Caro

INTRODUÇÃO

É inegável que existe, na atualidade, uma complexidade maior. Não é possível mais

pensar em um mundo organizado linearmente. Se, por um lado, as inovações

tecnológicas, as novas possibilidades de comunicação permitiram a construção de

conexões estabelecidas em diversas direções, por outro lado, pode-se afirmar que

há também uma demanda pela resolução de problemas gerados por essa

transformação.

Essas mudanças influenciam diretamente nas relações ligadas à Educação e

colocam em questão o que e como ensinar. Observa-se, então, que, sejam de

bacharelado, licenciatura ou de tecnologia, há uma necessidade de novos e

específicos cursos de graduação para atender a essas demandas.

Nesse trabalho, tem-se como foco de estudo a graduação em tecnologia. Atribui-se

à educação profissional e tecnológica a responsabilidade de formar profissionais

com habilidade de utilizar os conhecimentos de forma inovadora ao aplicá-los e

difundi-los no mundo do trabalho.

A perspectiva de um curso de educação tecnológica é a formação de um

profissional especializado em áreas específicas. Entretanto, a inovação também

proposta por esse curso, necessariamente, obriga-o a se relacionar com a solução

de problemas complexos do mundo contemporâneo.

Tal necessidade exige a integração de saberes provenientes diferentes áreas do

conhecimento e/ou de diferentes disciplinas e, portanto, relaciona-se à prática

interdisciplinar. Isso porque a solução de problemas complexos do mundo

contemporâneo exige a integração de saberes provenientes de diferentes áreas do

conhecimento e/ou de diferentes disciplinas.

Dessa forma, levanta-se a questão do como ensinar e, na busca de novas e mais

eficientes metodologias de ensino, surge a discussão sobre a interdisciplinaridade.

Tal discussão não é recente. Porém, continua fomentando debates e se tornou

objeto de reflexão nos vários níveis de ensino: fundamental, médio, graduação e

pós-graduação. Embora muito discutida e, quase que consensualmente, aceita

como necessária e positiva para os processos de ensino e pesquisa, a prática

interdisciplinar ainda apresenta muitos desafios, tanto no aspecto teórico-conceitual

quanto metodológico.

Apesar de o senso comum trazer a ideia de que todo e qualquer trabalho que se

proponha a envolver mais de uma disciplina se caracteriza como interdisciplinar,

isso é um equívoco, pois, para que ocorra a interdisciplinaridade, é necessário rigor

teórico e metodológico.

É nesse contexto que esse trabalho se propõe a pesquisar a prática interdisciplinar

proposta pelo curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de

Tecnologia de Indaiatuba. Para isso, buscará responder às seguintes questões:

Qual a compreensão que os docentes têm do conceito de interdisciplinaridade?

Como é desenvolvido e aplicado o Projeto Interdisciplinar no curso de Análise e

Desenvolvimento de Sistemas? A forma como hoje está sendo desenvolvido permite

considerá-lo um projeto interdisciplinar? Que contribuições ele oferece para o

processo de aprendizagem e para a formação dos discentes?

Ao responder a essas questões, o trabalho se propõe alcançar os seguintes

objetivos:

Conceituar interdisciplinaridade.

Verificar, na realização do Projeto Interdisciplinar, qual a compreensão

do docente da prática interdisciplinar.

Identificar, sob a perspectiva dos discentes, ao finalizar o projeto, quais

as contribuições que as práticas adotadas no projeto tiveram para a

realização da tarefa proposta.

Avaliar se os alunos, ao realizar o trabalho, estabeleceram uma

integração entre as disciplinas, analisando a sua percepção no início e

no final do processo.

Avaliar se os objetivos e a realização do trabalho proposto

possibilitaram construir um trabalho Interdisciplinar.

As observações assistemáticas de fatos do dia a dia da aplicação do PI, por parte

do pesquisador, levaram à elaboração da hipótese de que, ainda que não

teoricamente fundamentada, essa prática pode ser considerada interdisciplinar.

Considerando que a interdisciplinaridade possibilita a desfragmentação do

conhecimento e sua contextualização, espera-se que a aplicação do projeto

contribua positivamente para o processo de aprendizagem dos alunos e para o

aprimoramento das práticas docentes.

A realização da pesquisa se justifica por permitir uma compreensão mais

aprofundada da prática interdisciplinar no âmbito de um curso de tecnologia. Tal

compreensão pode levar a um processo de ensino-aprendizagem mais significativo,

pois possibilita a transformação do conhecimento científico em conhecimento

tecnológico. Além disso, a análise da prática interdisciplinar em estudo, feita de uma

perspectiva mais distanciada, permite descrever e avaliar o processo de uma forma

mais criteriosa, o que pode contribuir para, se necessário, reestruturar, aprimorar ou

validar estratégias do Projeto Interdisciplinar do Curso de Análise de

Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba.

Para o pesquisador, como professor da instituição e participante do projeto, o

resultado da pesquisa será de grande valia para sua prática docente, pois

oportunizará a construção e um olhar acadêmico sobre os projetos interdisciplinares

aplicados na instituição de ensino. Isso leva a uma reflexão sobre a própria prática

docente.

Na busca de atingir os objetivos, será adotado como delineamento de pesquisa o

Estudo de Caso. Essa escolha se deve ao fato de que tal delineamento permite um

estudo aprofundado de um determinado tema. Inicialmente será realizada uma

pesquisa bibliográfica com o objetivo de compreender, com mais profundidade, o

conceito de interdisciplinaridade e procedimentos didáticos ligados à prática

interdisciplinar. Também será realizada uma pesquisa de campo envolvendo como

sujeitos de pesquisa, o coordenador do curso, os professores participantes do

Projeto Interdisciplinar e os alunos. Como técnicas de coleta de dados, serão

realizadas entrevistas e aplicados questionários aos envolvidos no processo. Além

disso, serão analisados documentos de regulamentação do curso e do Projeto

Interdisciplinar. A análise dos dados será feita de modo quantitativo e qualitativo.

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In: PHILLIPPI Jr, Arlindo; FERNANDES, Valdir. Práticas da Interdisciplinaridade

no ensino e pesquisa. São Paulo: Manole, 2015.

MARCAS NA PRODUÇÃO DAS IDENTIDADES DE PROFESSORES/AS DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Palavras-Chave: Educação infantil. Professores. Identidades. Subjetividades.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Giselle Alessandra Marchi73

Co-autor: Fabiana Rodrigues de Sousa74

Pretendemos neste trabalho de pesquisa, apresentar um breve histórico da

Educação Infantil no Brasil e na cidade de Campinas, a partir dos marcos legais e

dos documentos das diretrizes municipais, mostrando que a construção histórica da

Educação Infantil e das identidades do/a professor/a desta etapa da educação

básica é recente, porém foi e é marcada pela produção de subjetividades do mundo

contemporâneo. As diretrizes curriculares para Educação Infantil em Campinas

estão sempre em movimento, pois é uma característica desse documento estar em

construção e tendo sempre a participação dos profissionais da Educação Infantil, o

que faz muita diferença.

Apoiando-nos nas produções de autores como Felix Guattari, Sueli Rolnik, Tomaz

Tadeu Silva, Boaventura de Sousa Santos, Jorge Larrosa-Bondía e Stuart Hall,

dentre outros, pretendemos suscitar uma reflexão sobre como a produção de

subjetividades tem afetado a construção e a produção das identidades do/a

professor/a de Educação Infantil na contemporaneidade, com intuito de refletir sobre

como a formação continuada de professores nesta etapa da educação básica, as

marcas de suas identidades, suas posturas e suas práticas podem colaborar para o

enfrentamento aos desafios da construção de uma sociedade inclusiva.

As marcas, a que nos referimos, são segundo Rolnik (1993) aquelas que estão nas

memórias guardadas em nosso corpo, um corpo que traz encarnada, em conceitos,

73Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade São Luis e em Educação de Jovens e Adultos pela Faculdade de Educação da UNICAMP. Coordenadora Pedagógica, atuando como Coordenadora Setorial de Formação, na Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Campinas. E-mail: [email protected] 74 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação (UNISAL). [email protected]

uma série de marcas que ao nos afetarem podem provocar em nós – educadores/as

- o aparecimento de uma ou várias marcas inusitadas ou também reavivar alguma

marca que já estava ali a nos desassossegar, sem que pudéssemos ouvi-la e/ou

responder à sua exigência. A marca é assim criada ou reatualizada.

A metodologia adotada nesta pesquisa de mestrado nos levou a refletir sobre as

possibilidades pensadas e experimentadas para ouvirmos os/as professores/as

acerca dessas marcas pelas quais vão construindo suas identidades. Inicialmente

propusemos um grupo de estudos que é uma das categorias de ação formativa da

Coordenadoria Setorial da Secretaria Municipal de Educação de Campinas. A

proposta era refletir, utilizando textos de alguns teóricos pós-estruturalistas e as

narrativas dos/as professores/as, sobre como a formação continuada e as marcas

das subjetividades têm contribuído para a construção da identidade de

professores/as de Educação Infantil. O público alvo seria composto por

professores/as da Educação Infantil que atuam ou já atuaram nesta modalidade. A

carga horária total seria de 80 horas com vagas para 25 professores/as. O grupo

teve 4 inscritos, fato que inviabilizou a proposta.

Logo em seguida, optamos por enviar um questionário aos professores/as com

perguntas abertas e fechadas. O questionário foi enviado para todos os e-mails que

nos foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação. Apenas 15

professores/as responderam de um universo de mais ou menos 1200, porém

eles/elas foram muito dedicados e se dispuseram a participar das rodas de

conversas que estão sendo organizadas, onde pretendemos

ouvir os/as professores/as e suas memórias.

A presente pesquisa encontra-se em desenvolvimento. Até o presente momento, a

revisão da literatura, aliada a experiência e convívio com educadores da Educação

Infantil, permite-nos concluir que há um conjunto de fatores e forças que tentam fixar

a identidade dos/as professores/as, mas que também podem favorecer o

surgimento de identidades específicas do/a educador/a da Educação Infantil, as

quais estão em constantes mudanças, pois são afetadas pelas culturas e pelos

reflexos da globalização. Esperamos que os resultados desta pesquisa favoreçam a

reconstrução ou desconstrução de algumas marcas de suas identidades como

professores/as que atuam com crianças vivas inseridas num mundo vivo e afetado

por inúmeras forças.

REFERÊNCIAS

GUATTARI, F.; ROLNIK, S. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: RJ: Vozes, 2010. HALL, S. Nascimento e morte do sujeito moderno. In _____A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, p. 23-46, 2000. LARROSA-BONDÍA, J. Tecnologias do eu e educação. In SILVA, T. T. da (org.). O sujeito da educação: estudos foucaltianos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999, p.36-84 ROLNIK, Sueli. Pensamento, corpo e devir Uma perspectiva ético/estético/política no trabalho acadêmico, Palestra proferida no concurso para o cargo de Professor Titular da PUC/SP, realizado em 23/06/93, publicada nos Cadernos de Subjetividade, v.1 n.2: 241-251. Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade, Programa de Estudos Pós Graduados de Psicologia Clínica, PUC/SP. São Paulo, set./fev. 1993. SANTOS, B. de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In SANTOS, B.S.; MENESES, M. P.(orgs). Epistemologias do sul. Portugal: Edições Almedina, p. 23-72, 2010. SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, T. T. (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 73-102.

O QUE ELES ESTÃO FALANDO, QUE NÓS NÃO ESTAMOS ENTENDEDO?

EDUCAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA E LINGUAGEM SIMBÓLICA: um despertar

de novos sentidos nas relações educador/educando.

Palavras-Chave: Educação Sociocomunitária. Linguagem Simbólica. Adolescência e

Juventude. Despertar de Sentidos.

Apresentação: Comunicação oral.

Autor: Silvana Gracioli Pedroso³¹.

Co-autor: Severino Antônio Moreira Barbosa.

O objetivo de nossa pesquisa é refletir sobre a presença da linguagem simbólica

como mediadora na construção do diálogo nas relações entre educador e

educando. Os sujeitos da nossa pesquisa são adolescentes e jovens, de uma

escola particular da Rede Salesiana, na cidade de Campinas. Para nossas reflexões

sobre a linguagem simbólica escolhemos os estudiosos Fromm (1969), Jung (2008),

Campbell (2014), Durand (2001). Sobre educação e educação sociocomunitária,

juntamente com as bases da educação Salesiana optamos por Freire (2014 a, b),

Santos (2004) e Antônio (2013). Percorremos os caminhos da pesquisa de campo

com análise e interpretação de desenhos simbólicos criados pelos alunos, bem

como de suas narrativas sobre suas obras e vivências. Acreditamos que a educação

sociocomunitária é esse processo de ir e vir das vivências do sujeito, da

comunidade, da sociedade, em via de mão dupla.

Consideramos que as produções dos alunos-autores expressam sentimentos de

seus criadores e também apresentam o próprio contexto social e as características

de nosso tempo, o que também nos possibilita entrar em contato com sentimentos e

símbolos universais. Entendemos que nossa pesquisa de campo é uma contribuição

para essa construção diária de novos sentidos na vivência do educando e do

educador, e o uso da linguagem simbólica é uma mediação possível do partejar vida

em nossas vidas. E pode favorecer a construção de relações dialógicas e de uma

sociedade mais democrática e mais humana.

_____________________

³¹ Pedagoga, Mestra em Educação Sociocomunitária pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL – Campus Maria Auxiliadora, Americana. Especialista em Ensino Religioso e Educação Sexual pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL – Campus Pio XI. E-mail: [email protected]

Nossa Dissertação reflete sobre a educação sociocomunitária, a importância da

pessoa como sujeito, na comunidade e na sociedade. Enfatiza a autonomia, a

emancipação, a democracia, a ética. A educação para humanizar e os espaços para

a reflexão a partir do sistema salesiano e a presença educativa; a educação

problematizadora de Freire; a educação de sensibilidade proposta por Marcos

Ferreira Santos; a concepção de poetizar o pedagógico e o educar a sensibilidade,

na visão de Severino Antônio.

Partimos da intrigante questão: “o que eles estão falando, que nós não estamos

entendendo?” Em nossa primeira percepção e análise “eles”, refere-se aos

educandos. E “nós”, refere-se aos educadores. O nosso objetivo com essa pesquisa

é refletir a presença da linguagem simbólica como mediadora na construção do

diálogo nas relações do educador com o educando, em uma via de mão dupla e em

movimento de reciprocidade. A pesquisa busca favorecer o espaço de construção

da escuta nas relações educativas.

Conjuntamente com a pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, apresentamos

a pesquisa de campo dialogando com autores que subsidiam nossa concepção de

Linguagem Simbólica e de Educação. Os três capítulos que compõem a

Dissertação, favorecem o diálogo da teoria com a prática, relatando as dinâmicas e

atividades realizadas pelos sujeitos da pesquisa, os alunos do 3º ano do ensino

médio nas aulas de ensino religioso dentro do Projeto Pessoal de Vida, restrito à

análise da pesquisa de fevereiro de 2015 até novembro de 2015. A metodologia

possibilita o entendimento e a interpretação da práxis vivenciada. Realizamos o

trabalho por meio da pesquisa qualitativa, dentro de um processo dinâmico de ação

pessoal e comunitária, buscando a interação dialógica de acordo com a realidade do

grupo de educandos, com o papel de interlocutor e intérprete em relação recíproca e

com alternância de vozes, na convivência entre o educador-pesquisador e os

educandos participantes das atividades.

Em nossas Considerações Finais entendemos que a educação sociocomunitária é

um processo de ir e vir das vivências do sujeito, da comunidade, da sociedade e

também ocorre em movimento inverso, com as influências da sociedade,

repercutindo nos grupos sociais e comunidades, e em cada sujeito. Escolhermos

três autores brasileiros (FREIRE, 2014; SANTOS, 2004; ANTÔNIO, 2013) e suas

contribuições para refletirmos sobre a educação de sujeitos protagonistas e

autônomos, na busca de exercícios comunitários que podem estimular ações de

emancipação e trazer possibilidades de construção de uma sociedade mais

democrática e humanizada.

Consideramos o espaço da linguagem simbólica nas artes em geral, como uma

possibilidade de expressão dos sujeitos envolvidos e suas produções.

Entendimentos, interlocuções e diálogos, exercício comunitário são possibilidades a

serem exercitadas e construídas no cotidiano educativo.

Entendemos a partir da pesquisa que podemos utilizar um espaço das aulas para

um exercício de “silencio”, ao observarmos que ao favorecer o relaxamento durante

as dinâmicas propostas, pudemos interromper com a correria e as ações do mundo

de fora de nós, que é acelerado e parece tão corrido, por causa de tantas estruturas

sociais, culturais, históricas da atualidade, possibilitamos a vivência da quietude

aprovada pelos educandos envolvidos. E em nossa pesquisa ainda encontramos

vários outros autores que se referem ao silêncio como possibilidade de entrar em

contato mais íntimo consigo, e também como possibilidade de despertar ideias

criadoras.

Nessa direção entendemos que nossa pesquisa de campo é uma contribuição para

essa construção diária do educando e do educador, e o uso da expressão por meio

da linguagem simbólica, é um facilitador do partejar vida em nossas vidas. E pode

favorecer a construção de relações dialógicas e uma sociedade mais democrática.

Acreditamos que a linguagem simbólica é como fios que nos ligam e interligam, e

em nossos encontros e vivências, pode nos ajudar a tecer novos tempos e novas

relações mais humanas e uma sociedade mais democrática.

REFERÊNCIAS

ANTÔNIO, Severino. Poetizar o pedagógico, alguns ensaios de modo constelar. Piracicaba, São Paulo: Biscalchin Editor, 2013 – (Práxis & Poiesis). CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athena, 30ª edição. 2014. DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário: introdução à arquetipologia geral. São Paulo: Martins Fontes, 2ª edição, 2001. ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm Acesso em: 20/12/15.

FERREIRA SANTOS, Marcos. Espaços crepusculares: poesia, mitohermenêutica e educação de sensibilidade. Revista @mbienteeducação, volume 1, número 1, Jan/Julho 2008. Disponível em: http://www.cidadesp.edu.br/old/revista_educacao/index.html. Acesso em: 07/09/15. FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. ________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 48ª edição, 2014 a. ________. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 57ª edição. 2014 b. FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Prefácio: o sonho do professor sobre a educação libertadora. In. _____. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. FROMM, Erich. A Linguagem Esquecida. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 4ª edição. 1969. GOMES, Paulo de Tarso. Educação Sociocomunitária: delimitações e perspectivas. Congresso Internacional Pedagogia Social. São Paulo. Março de 2009. ISAÚ, Manuel. Da Educação Social à Educação Sociocomunitária e os Salesianos. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, número 26, p.2 – 24, jun/2007 - ISSN: 1676-2584 4. Acesso em: 17/10/15. JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Terceira edição revista e ampliada, Jorge Zahar Editor. Disponível em: <http://dutracarlito.com/dicionario_de_filosofia_japiassu.pdf>. Acesso em: 30 maio 2016. JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2ª edição, 2008. NANNI, Carlo. O sistema preventivo de Dom Bosco, hoje. Brasília: Rede Salesiana de Escolas, 2014. PAULA, Antônio Pacheco de. Salesianidade – Manual do Colaborador Salesiano. Brasília: Cisbrasil - CIB, 2008. PETITCLERC, Jean-Marie. Os valores mais significativos do Sistema Preventivo. Congresso Internacional sobre Sistema Preventivo e Direitos Humanos. Roma 2-6 de janeiro de 2009. SANTOS, Marcos Ferreira. Crepusculário: conferências sobre mithohermenêutica e educação em Euskadi. São Paulo: Zouk, 1ª edição, 2004. SILVA, Eduardo Pinheiro da. Projeto Pessoal de Vida. Brasília: Cisbrasil - CIB, 2008.