Anais da 6ª Mostra Científica da ANPG

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUANDOS

ANAIS DA MOSTRA CIENTÍFICA DO XXIV CONGRESSO NACIONAL DE PÓS-GRADUANDOS

VALORIZAÇÃO DA CIÊNCIA E DOS PESQUISADORES

1ª Edição

Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)

Rio de Janeiro, maio de 2014

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APRESENTAÇÃO

É com muito entusiasmo que publicamos os Anais da Mostra Científica da ANPG, realizada durante o XXIV Congresso Nacional de Pós-Graduandos. Por meio deste trabalho, também, finalizamos a gestão 2012-2014 de forma satisfatória, ressaltando o avanço da ANPG na divulgação científica, fato que podemos visualizar através dos dados a seguir: iniciamos, timidamente, uma Mostra no Rio de Janeiro, em Outubro de 2012, com apenas 25 trabalhos aprovados, logo, seguimos para o nosso Salão Nacional de Divulgação Científica em Recife, em Julho de 2013, com 59 trabalhos aprovados e, nesta última Mostra no Rio de Janeiro, em Maio de 2014, tivemos 114 trabalhos inscritos para o evento. Este é um trabalho coletivo de divulgação e, por este motivo, gostaríamos de agradecer de forma mais que especial aos diretores e amigos que ajudaram na avaliação destes trabalhos. Também desejamos que a entidade em sua nova gestão (2014-2016) tenha êxito em plenitude e que a divulgação científica, em sua forma falada, escrita, através de mesas redondas, painéis, e, claro, Mostras Científicas, continue sendo um braço forte na ANPG. Desejamos ainda que os números apresentados acima continuem crescendo, mostrando a participação cada vez mais intensa dos nossos graduandos e pós-graduandos na entidade, que se faz histórica e democrática.

Rio de Janeiro, 04 de maio de 2014.

Luana Bonone

Presidenta da ANPG

Lenilton Silva da Silveira Júnior Coordenador da Mostra Científica

COMISSÃO ORGANIZADORA DA MOSTRA CIENTÍFICA DO XXIV CONGRESSO NACIONAL DE PÓS-GRADUANDOS - VALORIZAÇÃO DA

CIÊNCIA E DOS PESQUISADORES Coordenador Geral Lenilton Silva da Silveira Júnior Colaboradora Hercília Melo do Nascimento Pareceristas dos trabalhos Anderson Diego Farias da Silva Anderson Nogueira Oliveira Carolina Santos Barroso de Pinho Cristiano Moraes Junta Hercília Melo do Nascimento Juliano Quintella Dantas Rodrigues Livia Gaigher Luana Meneguelli Bonone Pedro Luiz Teixeira de Camargo Roberto Nunes Junior Tamara Naiz da Silva Yuri Natan da Costa Lannes

Avaliadores das apresentações Adriano da Silva Santos Agnis Cristiane de Souza Anderson Nogueira Carina Carvalho Silvestre Ellen da Silva Paula Geni Natália Souza Amorim Humberto Baungartem Stein Igor Magalhães da Veiga Moreira Igor Wanderley Reis Dias Lenine Guevara Oliveira e Salvador Lucas Ruiz Balconi Marco Aurélio Dessimoni Dias Matheus Carvalho Soares de Aguiar Pereira Ruy de Deus e Mello Neto Sara Tufano Sílvio Roberto Fernandes Soares Victor Henrique Grampa Vinícius do Couto Carvalho

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DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUANDOS (GESTÃO 2012-2014)

Presidenta Luana Meneguelli Bonone Vice-Presidente Cristiano Moraes Junta Tesoureira Tamara Naiz da Silva Secretária Geral Jouhanna do Carmo Menegaz Diretora de Ciência, Tecnologia e Inovação Hercília Melo do Nascimento Diretor de Relações Institucionais Anderson Nogueira Oliveira Diretor de Comunicação Roberto Nunes Junior Vice-Presidente Regional Nordeste Anderson Diego Farias da Silva Vice-Presidente Regional Norte Jeniffer Christiane Costa Martins Vice-Presidente Regional São Paulo Marcelo Marigliani Arias Vice-Presidente Regional Sudeste Caio Augusto Souza Lara Vice-Presidente Regional Sul Hyllo Nader 1º Diretor de Relações Institucionais Juliano Quintella Dantas Rodrigues 2º Diretor de Relações Institucionais Manassés Zuliani Jora Diretor de Políticas Educacionais Lucas Machado dos Santos

Diretor Acadêmico-Científico Lenilton Silva da Silveira Júnior

Diretor de Saúde Marcos Vinicius Soares Pedrosa Diretor de Cultura e Eventos Científicos Ana Cristina de Lima Pimentel Diretor de Direitos dos Pós Graduandos Marco Aurélio Dessimoni Dias Diretor de Instituições Estaduais Carolina Santos Barroso de Pinho Diretor de Instituições Públicas Pedro Luiz Teixeira de Camargo Diretor de Instituições Particulares Gabriel Silva Vignoli Muniz Diretor de Lato Sensu David Soeiro Barbosa Diretor de Ensino à Distância Frederiko Luz Silva Diretor de Movimentos Sociais Eduardo Ewerton Sousa Vianna Diretor de Políticas de Emprego Flávio Silveira Diretor de Políticas de Juventude Theófilo Codeço Machado Rodrigues Diretor de Relações Internacionais Maíra Araújo de Oliva Gentil Diretora de Mulheres Francisca Cíntia Eufrásio Diretor de Tecnologias da Informação e da Comunicação Yuri Nathan da Costa Lannes

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4.2.1 Ciências exatas e da terra

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UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS EMENTAS DOS CURSOS DE CÁLCULO DA UNICAMP

Felipo Bacani(1)

(1) Doutorando em Matemática Aplicada, IMECC/Unicamp

E-mail: [email protected] Área: Ciências exatas e da terra

Introdução

Este estudo foi motivado inicialmente por alunos da pós graduação do IMECC/Unicamp que

também cursaram a graduação no mesmo instituto, ao perceberem que a ementa dos cursos

básicos de cálculo são diferentes se comparados à outras universidades. Outros colegas que

tinham interesse no assunto se agregaram, e originaram este trabalho.

Metodologia

Foi realizada uma análise comparativa de currículos e conteúdos dos cursos de cálculo 1, 2 e 3

da Unicamp com os da USP (Universidade de São Paulo). A USP foi escolhida por ser também

uma universidade estadual de São Paulo, e além disso o currículo da USP, por ser mais antigo,

foi utilizado como molde por uma quantidade considerável de universidades estaduais e

federais brasileiras.

Resultados e Discussão

Chegou-se a conclusão que as ementas dos cursos de cálculo da Unicamp são

consideravelmente mais extensas que as da USP. Por exemplo, os cursos semestrais de

Cálculo 1 e 2 correspondem à três cursos semestrais no currículo da USP. Quanto ao curso de

Cálculo 3, este corresponde à duas disciplinas na USP (uma de equações diferenciais

ordinárias e uma sobre equações diferenciais parciais).

Conclusão

A análise mostrou que há nos cursos de cálculo da Unicamp uma quantidade

consideravelmente maior de ementa é coberta em menos tempo, oferecendo portanto menos

tempo de amadurecimento e abstração dos conceitos necessários à formação dos alunos de

graduação em matemática de nível superior, especialmente no caso de disciplinas oferecidas a

alunos de primeiro ano. Um problema que impede de simplesmente criar disciplinas de forma a

melhor alocar esta ementa, tornando-o mais parecido com o currículo da USP, é o problema de

falta de professores no instituto.

Instituição de fomento/apoio: CAPES

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Associação Nacional de Pós-Graduandos. Anais da Mostra Científica do XXIV Congresso Nacional de Pós-Graduandos Valorização da Ciência e dos Pesquisadores. 1ª ed. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, 2014. ISBN: 978-85-61839-16-1

PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DE NÍVEL SUPERIOR, MATEMÁTICA SUPERIOR BÁSICA,

ANÁLISE DE CURRÍCULOS, CÁLCULO

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SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E REATIVIDADE DE METABOLITOS DO ECSTASY

Hélio Lopes Barbosa Barros (1), Paula Cristina de Sério Branco (2)

1- Mestrando em Química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

2- Professora Drª na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

FCT-UNL

E-mail: [email protected]

Área: Química Orgânica

Introdução

O 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) mais conhecido por ecstasy, muito pouco

se sabe sobre os seus efeitos a longo prazo. É uma droga classificada como alucinogénia.

Contudo, não se verifica profundas perturbações no sistema nervoso como é habitual em

outras drogas pertencentes a essa classe, como é o caso de LSD e mescalinas. Pelo contrário,

é caracterizada por despertar emoções, empatia e uma maior aproximação com outras

pessoas, reduzindo a ansiedade. O MDMA tem sido alvo de grande estudo principalmente

devido a controvérsia sobre seu potencial no tratamento terapêutico versus seus possíveis

riscos para causar efeitos neurotóxicos. Existe duas áreas de grande preocupação no que se

refere a toxidade do MDMA. Estas são a toxidade aguda sistemática e a neurotoxidade do

MDMA. A toxidade aguda sistemática refere-se aos casos mais graves, que geralmente levam

à hospitalização ou podendo ser fatais devido a certas reações agudas graves que ocorrem

ocasionalmente. Pensa-se que a neurotoxidade está intimamente relacionada com a formação

de metabolitos do MDMA do que com o próprio MDMA.

O objetivo deste trabalho é sintetizar os metabolitos do MDMA, tais como, o 3,4-

dihidroxianfetamina (HHA) e 3,4-dihidroximetanfetamina (HHMA) e adutos conjugados da α-

MeDA e N-Me-α-MeDA, que serão posteriormente usados no estudo da neurotoxidade do

MDMA.

Metodologia

São vários os métodos descritos na literatura para a síntese de metabolitos do Ecstasy.

Neste trabalho a síntese de metabolitos HHA e HHMA foi efetuada essencialmente com base

no método de Borgman (BORGMAN et al, 1974) and Pizarro (PIZARRO et al, 2002). Este

método consiste na redução de 1-(3,4-dimetoxifenil)-2-nitropropeno. A redução com hidreto de

alumínio lítio e O-desmetilação por ácido bromídrico leva a formação do produto HHA. Por

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redução com cloreto de ferro obtém-se a cetona, que por condensação com metilamina em

meio redutor e O-desmetilação por ácido bromídrico, leva a formação do produto HHMA. Estes

metabolitos (HHA e HHMA) na presença de enzima (tirosinase) são oxidados às respetivas

quinonas, espécies eletrodeficientes e muito reativas, que posteriormente reagem com os

bionucleófilos GSH e NAc para a formação dos adutos conjugados.

A purificação foi efetuada por cromatografia de fase reserva usando metanol/água

50:50 como eluente. A caracterização estrutural dos compostos obtidos foi feita essencialmente

por recurso à espectroscopia de ressonância magnética nuclear de protón.


A preparação do precursor HHA foi conseguida por redução do grupo nitro do trans-1-

(3,4-dimetoxifenil)-2-nitropropeno com hidreto de alumínio lítio (LiAlH4) usando como solvente

o tetrahidreto de furano (THF). Ao analisar o espectro de 1H-RMN do produto da reação

observou-se o aparecimento de um sinal a 3.45 ppm, multipleto, referente a redução do grupo

nitro. A desmetilação de hidrocloreto de (R,S)-1-(3,4-dimetoxifenil)-2-aminopropano usando

HBr concentrado mostrou-se muito eficaz, tendo constatado o desaparecimento do singleto a

3.66 ppm referente aos protóns dos grupos metoxilo.

A formação do metabolito HHMA passa pela formação da cetona, que pela

condensação com metilamina monohidratada seguida da redução de enamina por

cianoborohidreto de sódio e posterior desmetilação por brometo de potássio leva a formação

do HHMA. A cetona é dada pela banda a 1700 cm-1 no IV. A amidação é dada pelo

desaparecimento da banda a 1700 cm-1 corresponde ao grupo cetona no IV e a O-

desmetilação pelo desaparecimento do singleto correspondente ao sinal a 3.87 pmm referentes

aos protóns dos grupos metoxilo.

Os procedimentos para formação dos adutos foram efetuados com base na

visualização das cores ao longo da reação, tendo constatado inicialmente uma solução incolor

que mediante adição da enzima terosinase passou quase instantaneamente a uma solução

vermelha (quinona). Após adição de GSH ou NAc observou-se de seguida a passagem da

solução vermelha para uma solução incolor. A indicação da existência dos adutos é dada pela

análise dos protóns do anel aromático. A análise dos espectros de 1H-RMN e 13C-RMN

mostraram a formação de adutos 3-NAc-α-MeDA, 6-NAc-α-MeDA, 3-GSH-α-MeDA e 3-GSH-N-

Me-α-MeDA.

Conclusão

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Comparativamente com os dados da literatura pode-se concluir que os métodos

utilizados para sintetizar os metabolitos do ecstasy e os adutos da α-MeDA e N-Me-α-MeDA

foram eficazes. Entretanto, os rendimentos obtidos foram baixos a moderados (11-40%). Uma

possível causa dos baixos rendimentos pode ter sido uma conversão menos efetiva à quinona

por parte da enzima ou alguma reação lateral visto que se observou a presença de alguns

produtos secundários. Quanto ao fato de obter apenas produto da adição à posição 6 do anel

aromático para N-acetil-cisteína provavelmente está relacionado com o impedimento

estereoquímico, uma vez que o tamanho da N-acetil-cisteína é significativamente menor do que

o da Glutationa. Em perspectiva futura, pensa-se que seria melhor optar por purificação em

HPLC ou proceder à identificação de algum produto lateral que se tenha formado de modo a

esclarecer que fatores poderão estar a ocorrer e que são responsáveis por este baixo

rendimento.

Apoio: CNPq e FCT-UNL

PALAVRA-CHAVE: ECSTASY; NEUROTOXIDADE; 3,4-DIHIDROXIANFETAMINA (HHA); 3,4-

DIHIDROXIMETANFETAMINA (HHMA).

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VARIAÇÃO SUPERFICIAL DAS GELEIRAS TROPICAIS BOLIVIANAS

Ana Maria Sanches1,4 ; Ulisses Franz Bremer2,4; Luiz Felipe Velho3

1 Doutoranda em Geociências na UFRGS 2 Centro Polar e Climático UFRGS 3 Instituto Federal Rio Grande do Sul 4 INCT da Criosfera


Área: Ciências Exatas e da Terra

Introdução

Estudos sobre elementos e dinâmica da Criosfera são desenvolvidos no Brasil,

sobretudo na Antártica e mais recentemente nos Andes tropicais. O principal interesse está em

verificar e prognosticar a evolução climática da América do Sul e do ciclo hidrológico na bacia

amazônica. Diversas metodologias são aplicadas para a obtenção de dados desde a

verificação de imagens de sensores remotos a partir de plataformas orbitais até a obtenção de

testemunhos de gelo.

Neste estudo demonstramos a obtenção da área coberta por geleiras da

Cordilheira Oriental (14°37’ /17°04’ S - 67°13’ /69°14’ W, Bolívia) a partir de imagens orbitais

pancromáticas e as comparamos com dados topográficos de 1975. A retração das massas de

gelo tropicais foi inequívoca a partir do final da Pequena Idade do Gelo (~ séculos XVI ao XIX)

e, nas últimas décadas do século XX, ocorreu de maneira mais acelerada. A elevação

topográfica das geleiras tropicais e a redução da superfície mínima anual de gelo marinho

ártica são indicadores de mudanças climáticas com implicações ambientais, culturais,

socioeconômicas e geopolíticas.

Metodologia

A partir de imagens da câmara pancromática de alta resolução (HRC) do satélite

CBERS-2B, que operou entre 2007 e 2010, foi possível obter dados comparativos para 8

das 15 cordilheiras do dorsal oriental andina conhecida por Cordilheira Oriental, que

correspondiam, em 1975, a uma superfície de 266,7 km². Estes setores montanhosos são

divisores de águas entre o altiplano andino e a bacia Amazônica, e constituem um setor de

estreitamento da atmosfera com implicações meteorológicas, climatológicas e hidrológicas. A

partir da obtenção de limiares definidos a partir de áreas de interesse aplicou-se um método de

classificação supervisionada, utilizando o método do paralelepípedo, a fim de separar o terreno

coberto por gelo.


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A superfície coberta por geleiras, em 2009, das cordilheiras verificadas foi

26,8% menor do que em 1975. Entretanto, a perda dessas massas de gelo não foi uniforme, a

região Hampaturi-Taquesi, por exemplo, perdeu 78% de sua área glaciada, enquanto que a

região Calzada-Chearoco-Chachacomani perdeu apenas 5,22%. As geleiras pequenas e com

menores altitudes máximas foram as mais afetadas e várias dessas geleiras desapareceram no

período. A retração das frentes glaciais em direção a maiores altitudes ficou evidente ao

comparamos dados temporais e ao observarmos a ocorrências de feições geomorfológicas

resultantes dos processos de glaciação/deglaciação visíveis nas imagens orbitais. A diminuição

da cobertura permanente de gelo tropical pode ser decorrente de distintos fatores que podem

estar incrementando os processos de perda de massa (ablação), tais como a redução da

precipitação, a elevação da temperatura na troposfera, a frequência de eventos não sazonais,

como o El Niño, e variações da distribuição espaço-temporal da nebulosidade. A redução

superficial das geleiras é resultado de um balanço de massa negativo que faz com que a

geleira perca espessura, vide afloramentos rochosos antes encobertos em 1975, e tenha sua

frente retraída em direção a cotas mais elevadas.

Conclusão

A retração das geleiras tropicais observadas está de acordo com estudos realizados

em outras regiões montanhosas do mundo, que indicam um contexto de mudanças climáticas

em curso. Os impactos ambientais já são observados pela população andina: períodos de

cheias amplificados pelo aporte de água dos glaciares, extinção de geleiras, períodos de seca

maiores e mais severos, entre outros. Estes problemas somam-se a outros desafios, como a

obtenção de água para a geração de energia, abastecimento de centros urbanos em

crescimento, irrigação, dessedentação de animais e a redução do interesse turístico.

Apoio: CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Palavras-chave: mudanças climáticas; geleiras tropicais; Bolívia.

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4.2.2 Ciências Biológicas

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ENZIMAS CITOCROMO P450: C17, AROMATASE E NADPH REDUTASE NA MUCOSA

VAGINAL DE Galea spixii AO LONGO DO CICLO ESTRAL

Amilton Cesar dos Santos (1) Diego carvalho Viana (1); Moacir Franco de Oliveira (2); Antônio

Chaves de Assis Neto (3).

(1). Doutorando no Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e

Silvestres. Departamento de Cirurgia, Setor Anatomia da Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo. Av Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, CEP 05508-

270, São Paulo – SP, Brazil; (2). Professor Associado I do Departamento de Ciências Animais,

Universidade Federal Rural do Semi-Árido, km 47, BR 110, CEP 59625-900. Mossoró – RN,

Brazil; (3) Professor Livre Docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade de São Paulo. Av Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, CEP 05508-270, São

Paulo – SP, BrazilE-mail: [email protected]

Área: Ciências Biológicas

Introdução:

Os Galea spixii são roedores pertencentes à família Caviidae e subfamília Caviinae que vivem

na vegetação da Caatinga do Nordeste brasileiro. Estes animais vêm sendo criados em

cativeiro, objetivando sua utilização como fonte alternativa de alimento, preservação da

espécie, que se encontra na lista vermelha de espécies em extinção pela International Union of

Conservation of Nature, além da sua utilização como modelo experimental em pesquisas

relacionadas à biologia da reprodução. A síntese dos hormônios esteroides sexuais é regulada

por diversas enzimas esteroidogênicas. Entre elas, destacamos as enzimas citocromo P450c17

na síntese de hormônios andrógenos e as enzimas citocromo P450 aromatase na síntese dos

hormônios estrógenos, sendo que para tanto, ambas necessitam formar complexo com a

enzima NADPH citocromo P450 redutase. Objetivamos mostrar a imunolocalização das

enzimas citocromo P450c17, aromatase e NADPH redutase de acordo com as mudanças

epiteliais na vagina durante o ciclo estral.

Metodologia:

Utilizamos três fêmeas adultas em cada uma das fases do ciclo estral (diestro, proestro, estro e

metaestro). Para detecção das fases do ciclo estral utilizamos citologia esfoliativa vaginal. Após

a eutanásia dos animais realizamos estudos de imunohistoquímica e Western Blotting para as

enzimas citocromo P450c17, aromatase e NADPH redutase.

Resultados e Discussão:

Demonstramos pela primeira vez que os complexos enzimáticos citocromo P450aromatase +

NADPH redutase e citocromo P450c17 + NADPH redutase estão imunolocalizados em

diferentes regiões do epitélio vaginal nas diferentes fases do ciclo estral.

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Conclusão:

O complexo enzimático citocromo descrito neste trabalho pode propiciar a síntese local de

hormônios andrógenos e estrógenos, os quais são necessários para a proliferação,

cornificação e descamação celular, na vagina ao longo do ciclo estral.

Apoio: Fapesp e Capes

Palavras-chave: andrógenos, ciclo estral, enzimas citocromo P450, epitélio vaginal,

estrógenos.

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DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES AMBIENTAIS DA ÁREA DA CACHEIRA DA

SERRINHA, PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, MARIANA, MG

Pedro Luiz Teixeira de Camargo¹, Arnaldo Freitas de Oliveira Junior², Paulo Fernando Teixeira

de Camargo³

¹ Biólogo, Mestre em Sustentabilidade pela UFOP-MG, ² Engenheiro Agrônomo, Doutor em

Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar e Professor do IFMG,³ Bacharel em Direito e

Técnico Administrativo da UFOP-MG

Área: 4.2.1 Biociências

1- Introdução

A declaração sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU (ECO 92) destacou: “O

ser humano como centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável, tendo direito

a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza”. Sobre isso, define-se

“Desenvolvimento Sustentável” como: aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades

(CMMD, 1988).

Na busca de propostas capazes de fortalecer o conceito de desenvolvimento

sustentável, começaram a surgir diversas metodologias em defesa desta premissa, como, por

exemplo, as de Valoração Ambiental, pode ser definida como a mensuração econômica e

social que os seres humanos podem ter do uso direto e indireto dos recursos naturais

(TAFURI, 2008).

A contribuição ecológica das Unidades de Conservação ajuda justificar porque se tem

quase 1,5 milhões de km², ou 16,6% do território continental brasileiro nestas (MMA, 2011). No

caso deste trabalho, este ocorreu dentro de uma UC: o Parque Estadual do Itacolomi (PEIT) e

se propôs a descrever as funções ambientais presentes no PEIT.

2- Metodologia

A metodologia TEEB é conhecida no Brasil como Economia dos Ecossistemas e da

Biodiversidade. Tal metodologia propõe a valoração dos ecossistemas, reconhecendo nestes

um valor hipotético de mercado.

Os trabalhos com tal metodologia, utilizam a tabela proposta por Robert Constanza,

que estimou o valor de 17 principais "serviços" oferecidos pelo meio ambiente, tais como a

oferta de oxigênio, captura de carbono, oferta de água, de produtos medicinais e alimentos, em

11 grandes ecossistemas no mundo.

Esta técnica perpassa pelo entendimento de que o capital natural é a função base do

ecossistema local, ou seja, pelo uso da energia solar somado a taxa fotossintética, é que

ocorrem todos os ecosserviços e fluxos energéticos dos sistemas naturais (DE GROOT et al.

1992).

Segundo Constanza (1994), o valor que estes recursos naturais podem a ter está

condicionado de maneira direta ao valor anual dos ecosserviços diminuído pela taxa de

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desconto que possa estar presente, pois é através desta equação (serviço ecológico dividido

pela taxa de desconto) que se calcula o valor econômico de um ecossistema. Tal abordagem

não é nova, tendo sido utilizada por este e outros autores em outros trabalhos (CONSTANZA et

al, 1997; BALMFORD et al, 2002).

3- Resultados e Discussões

Utilizou-se neste trabalho a descrição das funções ambientais propostos por Constanza

et al (1997) e De Groot et al (1992).

As funções de regulação são as capazes de manter um local e seus processos de

interação ecológica de maneira equilibrada, garantindo o equilíbrio ecossistêmico (DE GROOT

et al, 1992). observou-se aqui as funções: Regulação do Clima, dos Distúrbios, da Água,

Controle de Erosão, Formação do Solo, Ciclo de Nutrientes, Tratamento de Resíduos,

Polinização, Controle Biológico, Refúgio.

As Funções de Provisão são as que o local oferece como condições adequadas de

uso, por parte da população, sem gerar impactos antrópicos significativos no sistema natural

presente (DE GROOT et al, 1992). Na Serrinha, a única perceptívelfoi o Valor Recreativo.

As Funções de Produção, são os bens naturais presentes que podem ser utilizados de

maneira direta pelo homem (DE GROOT et al, 1992), sendo observados: a Regulação de Gás,

o Abastecimento de Água, a Produção de Comida, de Matéria Prima e os Recursos Genéticos.

Por último, as funções de informação, que consistem nas vantagens psicológicas que o

ativo natural pode favorecer (DE GROOT et al, 1992). O único presente é o Valor Cultural, que

engloba, entre outros, a educação ambiental, o valor científico e a história do local.

4- Conclusões A observação das funções e serviços ecossistêmicos da área da Serrinha, de acordo

com a metodologia de classificação de TEEB (2010), é importante para se notar a quanto esta

Cachoeira pode contribuir com a população local e os visitantes do PEIT, especialmente em

relação ao valor cultural associado às funções de contemplação da paisagem, meditação,

lazer, recreação e entretenimento, que é o principal motivo de procura do local atualmente.

Palavras Chave: Cachoeira da Serrinha, Parque Estadual do Itacolomi, Metodologia

TEEB, Descrição de Funções Ambientais.

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DESCRIÇÃO DAS PRESSÕES ANTRÓPICAS DA ÁREA DA CACHOEIRA DA SERRINHA,

PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, MARIANA, MG

Pedro Luiz Teixeira de Camargo¹, Arnaldo Freitas de Oliveira Junior², Paulo Fernando Teixeira

de Camargo³

¹ Biólogo, Mestre em Sustentabilidade pela UFOP-MG, ² Engenheiro Agrônomo, Doutor em

Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar e Professor do IFMG,³ Bacharel em Direito e

Técnico Administrativo da UFOP-MG

Área: 4.2.1 Biociências

3- Introdução

O Parque Estadual do Itacolomi (PEIT), ocupa uma área de 7.543 hectares e se situa

entre os municípios de Ouro Preto e Mariana, sendo majoritariamente localizado em Mariana

(80%).

O Plano de Manejo do PEIT (IEF, 2013) mostra que 11% da biodiversidade mineira

está presente no local, ou seja, mais de 1000 espécies. Comparando-se este enorme número

com a porcentagem de estudos ecológicos presentes, pode-se concluir que tais trabalhos são

ainda incipientes, ou seja, o número de espécies endêmicas no local é (possivelmente) muito

maior.

O PEIT, apesar de toda a riqueza ambiental e cultural, possui poucos estudos de

Valoração Econômica, ficando restritos basicamente ao trabalho de Tafuri (2008) e aos de

Oliveira Júnior, onde se destaca a descrição dos Serviços Ambientais do PEIT (2011).

Entretanto, ambos realizados no limite sul do Parque (Ouro Preto).

Em seu lado norte, onde se limitam os municípios de Ouro Preto e Mariana, se localiza

a região da Cachoeira da Serrinha, onde nunca se teve um estudo acerca de Serviços

Ambientais, e é a proposta pioneira do trabalho que ora se apresenta. Este local tem sido muito

impactado, segundo relatos, por entradas de transeuntes não autorizadas. Tal situação se

agrava pela proximidade do local com o bairro periférico marianense Cabanas (10 km) e

também com o distrito de Passagem de Mariana (4 km).

Portanto, com base no exposto acima, é que se verificaram os impactos antrópicos da

região do Parque Estadual do Itacolomi conhecido como Cachoeira da Serrinha.

4- Metodologia

A técnica do Valor de Propriedade consiste em relatar como uma determinada

propriedade pode ou não ser influenciada pela qualidade de um ativo natural (DE GROOT,

1992). Entram aqui, por exemplo, a qualidade da água e do ar. Devido a fatores como este, o

valor de uma determinada localidade dentro do mercado financeiro tende a crescer(OLIVEIRA

JUNIOR, 2004). Neste caso, serão descritos os impactos antrópicos que podem influenciar

negativamente o bem ambiental.

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5- Resultados e Discussão

Pressão Antrópica é toda modificação ou alteração ocorrida em um meio natural que

possa, inclusive, causar algum tipo de impacto (IEF-MG, 2013), e isto que se identificará ao

longo deste tópico.

O primeiro dos impactos se deu em cima do grande número de animais domésticos

presentes no local, nadando e defecando próximo a água usada por banhistas. Bois sendo

criados na área do PEIT é um antigo costume dos pequenos empresários locais, hábito cultural

difícil de ser combatido.

Outro tipo de pressão antrópica que merece destaque são as moradias. A falta de

fiscalização no entorno, acaba por permitir ocupações irregulares na parte marianense do

PEIT, especialmente no bairro Cabanas.

Pequenos e recentes incêndios também foram observados nas visitas, e a causa para

isso está relacionada tanto à retirada de lenha como para a extração do Broto de Samambaia

(Pteridium aquilinum) utilizado na culinária local.

Destaca-se também, a falta de segurança na área de captação de água. No local,

encontra-se o duto responsável por conduzir a maior parte da água a ser consumida em

Mariana. Mesmo assim, não possui as mínimas condições de higiene e segurança: as

tubulações estão, em sua maioria, enferrujadas e rompidas, aumentando o risco de

contaminação e desperdício.

6- Conclusões

Para diminuição destes impactos ambientais, sugere-se:

Parceria entre poder público, privado e sociedade civil, em especial ONGs e

Associações de Moradores pela preservação da área: não será somente com investimento

econômico que será possível resolver o problema da Serrinha, é fundamental a união de todos

em prol da preservação do local, com responsabilidade compartilhada entre o poder público e

privado, mas gestão do IEF, que é o órgão responsável pelo PEIT

Melhorar a fiscalização da área: contratação de vigias, cercamento e construção de

Portarias no bairro Cabanas e no distrito de Passagem poderiam facilmente resolver o

problema de incursões clandestinas, furto de espécies endêmicas, incêndios e assaltos a

visitantes. Para tanto, cabe ao atual gestor, IEF, buscar parcerias com a polícia militar, florestal

e comunidade local de maneira a garantir uma gestão compartilhada capaz de levar segurança

aos frequentadores.

O IEF precisa se fazer mais presente na gestão de sua área, seja através de parcerias

público-privadas ou de aumento real do efetivo. Não se justifica um Parque Estadual com

potencial turístico e ecológico ficar abandonado como este se encontra.

Mecanismos de Gestão Ambiental compartilhada: Parcerias geridas pelo IEF em

conjunto com a iniciativa privada de maneira a se criar Programas de Educação Ambiental para

20

a comunidade do entorno, devem ser pensadas, pois esta é uma das principais formas de

conscientização ecológica acerca do uso sustentável dos recursos naturais.

Palavras Chave: Cachoeira da Serrinha, Parque Estadual do Itacolomi, Descrição de

Impactos Antrópicos.

21



A IMPORTÂNCIA DE REMANESCENTES FLORESTAIS PARA O SEUS VISITANTES:

CONTRIBUIÇÕES PARA O SUBSÍDIO DA GESTÃO AMBIENTAL DO PARQUE MÃE

BONIFÁCIA

Regiane Luiza da Costa (1) e Augusto César de Arruda(2)

(1) Mestranda do Programa de Pós Graduação em Recursos Hídricos da Universidade

Federal de Mato Grosso;

(2) Discente em Curso Superior de Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação de

Mato Grosso.

Email: [email protected]


Introdução:

A diversidade de olhares e saberes oportuna estratégias que envolvam os diferentes

pilares da gestão, tornando, distintos recintos e ocasiões, oportunidades de agregar e elucidar

a temática ambiental, social e ecológica instrumentando dessa forma a prática biológica e

sustentável consolidando assim o exercício da cidadania e o envolvimento cultural.

Neste contexto os parques urbanos contribuem com a beleza cênica, geração de

turismo, por possuir as características naturais do ambiente antes da interferência antrópica.

Facilitando assim o conhecimento da população, mitigando dessa forma o distanciamento do

homem com a natureza, sendo isso consequência real da degradação do ambiente.

Sendo plausível que haja o envolvimento da sociedade como um todo, pois os

olhares neste momento são mais atentos ao meio ambiente devido à gravidade de impactos

gerados pela ação antrópica, buscando praticar o princípio da sustentabilidade em preservar o

meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras.

O objetivo desse trabalho é realizar um levantamento sobre a percepção do parque

Mãe Bonifácia – Cuiabá / Mato Grosso, pelos seus visitantes.

Metodologia:

O parque Mãe Bonifácia está localizado em Cuiabá – MT, entre as coordenadas

15º34’44” S e 56º05’016” W, com 77, com 16 hectares de área sendo uma área que abriga

vasta biodiversidade da fauna e da flora dos três biomas: Pantanal, Cerrado e Amazônia. Em

1992 a área do parque foi transformada em área de conservação local e no ano 2000 foi

convertido em Parque Estadual sendo gerenciado a partir de então pela Secretária do Estado

de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA- MT).

Nesse estudo realizado em 2012 no mês de maio, foi utilizado questionário com dez

perguntas abertas e uma fechada para 30 visitantes (15 homens e 15 mulheres), sendo essas

de cunho objetivo referentes à: frequência de utilização do parque pelo visitante, o sexo, faixa

etária, renda per capita e disponibilidade em pagar a entrada no parque. Houve também o

22

interesse de perguntar qual o nível de satisfação do visitante em relação à manutenção do

parque. A coleta de dados foi feita com visitantes dentro do parque, em um sábado e domingo.

Os visitantes entrevistados foram abordados quando estava em recreação ou em prática

esportiva, o que possibilita entender os tipos diferentes de grupos que frequentam o ambiente.


A utilização do parque é feita por visitantes de variadas condições econômicas, onde

50% possuem renda de oito salários mínimos. Dentre os 30 entrevistados, 26 estão estudando

ou concluíram o ensino superior, 19 residem a 3.000 metros do parque, 53% acreditam que a

manutenção do parque Mãe Bonifácia é boa, para a minoria o serviço de manutenção é ruim

(7%). Foi perguntado aos entrevistados se na cidade de Cuiabá é importante criar novos

parques ou fazer a manutenção correta nos parques existentes seria suficiente para aumentar

a frequência dos visitantes, 60% acreditam que seria suficiente realizar a manutenção nos

parques existentes.

Foi perguntando se o visitante teria disposição em pagar para entrar no parque para

melhoria da manutenção e serviços prestados, 73% não concordam e 27% concordaria em

pagar para obter uma melhor manutenção do parque. Os entrevistados tinham a opção de

esclarecer o motivo de sua resposta. Todos os entrevistados que responderam “não”,

concordam que o parque é um espaço público, portanto os impostos servem para gerenciar

sua manutenção integralmente. Enquanto que os entrevistados que responderam “sim”, tinham

a opção de dizer qual valor seria cabível dentro de suas possibilidades e necessidade do

parque, tais valores variaram de R$ 0,50 até R$ 10,00.

Conclusão:

A pesquisa apresentou resultados de estrema relevância, posto que houveram varias

similaridades entre as respostas do questionário, possibilitando perceber que o parque Mãe

Bonifácia é frequentado por pessoas que impõem regularidade a essa prática. Segundo os

entrevistados o parque Mãe Bonifácia é um local de lazer importante dentro da cidade de

Cuiabá, e ficou mostrado na pesquisa que existe a valorização do local por conta da existência

do parque na região. Toda a economia é influenciada, pois, as pessoas utilizam o ambiente

para melhorar a qualidade de vida, de diversas formas, principalmente interagindo com amigos

e família. Pessoas que não residem próximas ao parque também foram entrevistadas nessa

pesquisa, mostrando que o parque Mãe Bonifácia é uma referência para toda a cidade de

Cuiabá.

Considera-se importante também a realização de estudos que ajudem a conhecer as

condições ambientais que possam levar a estados de estresse térmico, mecanismos de

determinação e ações de prevenção e correção que considerem fatores como características

genéticas e aclimatação da população aos rigores dessas condições climáticas.

Palavras-chave: Diagnóstico Ambiental, Sustentabilidade, Sociedade.

23



A INVASÃO DOS CAMPOS SULINOS POR CAPIM ANNONI E A INTENSIDADE DE

DISTÚRBIOS PROVOCADOS POR DIFERENTES FORMAS DE UTILIZAÇÃO DOS

CAMPOS.

Rodrigo Baggio13; Renato Borges de Medeiros2; Sandra C. Müller1; Telmo Focht1.

1Programa de Pós-Graduação em Ecologia, UFRGS – Porto Alegre/Rio Grande do Sul. 2Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, UFRGS – Porto Alegre/Rio Grande do Sul.

[email protected]


Introdução

Os campos sulinos presentes no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são

reconhecidos pela sua elevada biodiversidade e pelos demais serviços e processos

ecossistêmicos que provêm a sociedade. Uma dos fatores responsáveis e/ou também

resultados de sua degradação é a invasão por Capim Annoni (Eragrostis plana). Esta é uma

gramínea invasora não palatável aos animais utilizados para pastejo nos campos do Cone Sul

da América do Sul. Temos identificado a campo a sua ocorrência em maior intensidade em

áreas perturbadas como beira de estrada, caminho dos animais e em áreas com solo revirado.

Como forma de compreender melhor o processo de invasão determinamos neste estudo os

padrões espaciais de cobertura de Capim Annoni em comunidades de plantas submetidas a

diferentes tratamentos de distúrbio.

Material e Métodos

O experimento foi estabelecido em 2004, no município de Dom Pedrito, RS/Brasil, numa

pastagem nativa sem a presença de Capim Annoni. Os tratamentos foram: 1) regimes de

manejo da pastagem: exclusão; sistemas de pastejo rotativo; e contínuo; 2) níveis iniciais de

distúrbio: pastagem alta >10 cm; baixa ±5 cm; e baixa com escarificadação do solo. O

delineamento experimental foi em parcelas subdivididas em blocos completos, com três

repetições, com semeadura de Capim Annoni. Em 2010 fez-se um levantamento da

composição de espécies em 81 quadros de 0,5x0,5 m.

Resultados e discussão

Áreas excluídas distinguem-se dos manejos rotativo e contínuo pela menor proporção de

Capim Annoni, enquanto àquelas escarificadas se distinguem dos demais tratamentos pela

maior cobertura de Capim Annoni. Houve significância na interação entre regime de manejo e

distúrbio inicial (P<0,05). Observou-se que áreas de exclusão e escarificadas tiveram menor

cobertura de Capim Annoni que áreas de pastejo contínuo e rotativo submetidas à

24

escarificação. Detectou-se ainda uma relação linear negativa entre número de espécies por

quadro e cobertura de E. plana (R²= 0.274; y= -0.454x + 0.535), assim como na medida em que

aumenta a cobertura de Capim Annoni diminui a cobertura de outras gramíneas nas

comunidades (R²= 0.365; y= -0.546x + 0.589).

Conclusão A utilização da escarificação do solo para converter áreas para o plantio de espécies exóticas

ou melhoramento de campos, ao mudar abruptamente o equilíbrio das comunidades vegetais,

é um importante vetor para acelerar o processo de invasão por Capim Annoni.

Palavras-chave: Invasões biológicas, Capim Annoni, distúrbio, invasibilidade

Apoio: CNPq

25



4.2.3 Engenharias

26

UMA NOVA ABORDAGEM PARA O CÁLCULO DA TENSÃO DE PASSO NA SUPERFÍCIE

DO SOLO SOBRE UMA MALHA DE ATERRAMENTO ENERGIZADA

Bárbara Pereira Silva(1); Antônio César Baleeiro Alves(2)

(1). Mestranda em Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Goiás; (2). Professor doutor

em Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Goiás

E-mail: [email protected]; [email protected] Área: Engenharias

Introdução:

Em projetos de subestações de energia elétrica, um cálculo essencial consiste do

dimensionamento da malha de aterramento, que irá garantir a segurança dos operadores e o

funcionamento da proteção. O critério de dimensionamento consiste em limitar os níveis

máximos de potenciais elétricos na superfície do solo, reduzindo consequentemente as

tensões de toque e de passo se uma corrente de curto-circuito é injetada nos eletrodos da

malha propagando-se no solo ao redor. Nesses cálculos, os métodos mais indicados

determinam a distribuição de potencial elétrico na superfície do solo acima da malha. Alguns

métodos baseiam-se na obtenção da função potencial elétrico no plano de coordenadas (x,y),

seja numérica ou analítica. Esses utilizam modelagem computacional e implementação digital

que permitem simular diversas configurações de eletrodos até satisfazer o critério.

Tradicionalmente, as tensões de passo são obtidas a partir da diferença de potencial entre dois

pontos da superfície distanciados de um metro. Neste trabalho, esses cálculos são efetuados

com base no conceito do vetor gradiente da função potencial previamente determinada. Os

resultados da metodologia proposta quando comparados com aqueles obtidos com outros

métodos guardam entre si excelente concordância.

Metodologia:

O método de cálculo tem seus fundamentos teóricos nos trabalhos sobre eletricidade e

magnetismo realizados por Maxwell que trata de interação entre eletrodos energizados. A

metodologia utilizada consiste no cálculo dos potenciais na superfície do solo, sendo conhecida

por Método do Potencial Constante (MPC). A principal característica do MPC é considerar a

distribuição desigual da corrente nos eletrodos e admitir constante o potencial sobre os

eletrodos quando são percorridos por correntes elétricas de baixas frequências (correntes de

regime permanente e de curtos-circuitos). A metodologia adotada é dividida nas seguintes

etapas: (i) obter as resistências próprias e mútuas dos segmentos e a resistência da malha; (ii)

determinar a máxima elevação de potencial na superfície do solo sobre a malha (ground

potential rise - GPR) e as correntes distribuídas nos segmentos dos eletrodos; (iii) calcular o

potencial em um ponto (x,y) genérico devido às correntes obtidas na etapa (ii); e (iv) determinar

as tensões de passo a partir do gradiente da função potencial. Nessa pesquisa utiliza-se

modelagem matemática dos efeitos elétricos pertinentes ao fenômeno em análise,

27



programação em computador, refinamento e análise crítica dos resultados comparando-os com

os de outros métodos da literatura.

Resultados e Discussão: A nova proposta de cálculo da tensão de passo foi programada no MATLAB®. Os resultados

foram comparados com aqueles obtidos da literatura e do método simplificado constante na

Recomendação Técnica para Aterramentos de Subestações, a IEEE Std 80 de 2000. Testes

foram realizados para configurações simples e complexas. A seguir são discutidos dois

exemplos: (a) 4 eletrodos em um quadrado 8 por 8 metros; (b) malha 40x30 em metros, com

eletrodos formando quadrados de 10 por 10 metros, em solo com 2 camadas de resistividades

diferentes. Nos testes, a profundidade da malha é a usual, que é de 0,5 metros. A primeira

configuração descrita em (a) foi analisada em solo homogêneo e tem por objetivo validar a

metodologia. Nesse caso, as tensões de passo calculadas pelo método proposto e o da IEEE

Std 80 exibem desvio percentual de 0,2%. Os valores de resistência e de tensões de malha

são praticamente iguais aos da IEEE Std 80. Para a malha (b), que é mais realista que (a), a

tensão de passo foi calculada pelo gradiente do potencial obtido pelo MPC. Como esperado,

não se obteve o mesmo valor da IEEE Std 80, uma vez que esse último método pressupõe

solo com resistividade constante, sem distinção de camadas. No entanto, os resultados do

MPC concordam aqueles obtidos de outras metodologias.

Conclusão:

Neste trabalho é apresentado o estudo, a modelagem e a implementação computacional de um

método de cálculo de potenciais na superfície do solo de até 2 camadas que surge da injeção

de uma corrente de curto-circuito na malha de aterramento. A principal contribuição é a

proposta de um novo método para obtenção da tensão de passo fundamentado no conceito de

campo elétrico e gradiente do potencial. O método mostrou-se adequado para aplicações de

engenharia, uma vez que os resultados são coerentes apresentando desvios pequenos em

relação aos resultados alcançados com outros métodos conhecidos. A comparação dos

resultados do MPC com aqueles da IEEE Std 80 permite concluir que: (a) a maior tensão de

malha obtida no MPC é, de fato, a máxima diferença de potencial entre uma estrutura

conectada à malha e um ponto interno; e (b) as tensões de passo mais elevadas ocorrem nos

vértices e nas bordas da malha e será mais elevada ao se aproximar desses pontos pelo lado

externo do aterramento. A conclusão é que o método baseado no cálculo do gradiente do

potencial elétrico é adequado e pode ser aplicado desde que se conheça a distribuição de

potencial. A pesquisa prossegue estendendo a metodologia a desenhos geométricos da malha

e disposição dos eletrodos de formatos irregulares.

Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

28

Palavras-chave: malhas de aterramento, projeto de subestações de energia elétrica, tensão

de passo.

29



30

ESTUDO DA TEMPERATURA EM BIORREATORES DE BANCADA E SUA INFLUÊNCIA NO

COMPORTAMENTO DE BACTÉRIAS AERÓBIAS TOTAIS

Elaine Patrícia Araújo (1); Kalina Lígia de Souza Duarte (2); Elder Sandro Porto dos Santos (3);

Flaviano de Souza Alves (4); Marcio Camargo de Mélo (5)

(1) Doutoranda em Ciência e Engenharia de Materiais-DEMa/UFCG; (2) Mestre em

Engenharia Civil e Ambiental-DEC/UFCG; (3) Mestre em Engenharia Civil e

Ambiental-DEC/UFCG; (4) Doutorando em Engenharia Civil-COPPE/UFRJ; (5) Doutor

em Ciência e Engenharia de Materiais-DEMa/UFCG.

E-mail: [email protected] Eixo temático: Engenharias.

Introdução:

A temperatura interna e ou externa aos aterros ou reatores biológicos, é um importante

parâmetro ambiental que interfere diretamente na digestão anaeróbia, afetando os processos

biológicos de diversas maneiras, beneficiando ou prejudicando a sobrevivência e o crescimento

dos micro-organismos. Alguns autores relatam que, quanto maior a temperatura, entre 30 a

55°C maior será a atividade bacteriana e, consequentemente, a geração de CH4, porém

sugerem distintas faixas de temperatura para otimização da geração de biogás.

Os micro-organismos aumentam o rendimento quando a temperatura está entre 35 e 45ºC e

quando a temperatura está fora desta faixa pode matar os organismos metanogênicos.

Em países de clima tropical, a velocidade de decomposição dos resíduos pelos micro-

organismos é maior que nos países de clima temperado, existindo também diferenças através

das mudanças sazonais e diurnas.

Esta pesquisa estudou a influência da temperatura no comportamento de bactérias aeróbias

presentes em biorreatores de bancada preenchidos com resíduos orgânicos provenientes de

uma escola de ensino médio do município de Campina Grande-PB.

Metodologia:

O projeto foi desenvolvido na Universidade Federal de Campina Grande-UFCG, no laboratório

de Geotecnia Ambiental, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e a Escola

Estadual de Ensino Médio Severino Cabral, Campina Grande.

Foram confeccionados dois biorreatores de bancada com seção transversal circular em tubos

de PVC, com dimensões de 0,90m de altura e 0,2m de diâmetro interno, com um volume de

0,028m3.

As coletas das amostras para as análises de bactérias aeróbias totais foram realizadas

quinzenalmente, durante o período de setembro de 2013 e fevereiro de 2014. Estas amostras

31



eram pesadas e em seguida espalhas em placas de petri contendo meio Plate Count Ágar.

Após esse processo, as placas eram colocadas em uma estufa a 36,5oC.

O monitoramento da temperatura no interior dos biorreatores eram realizados in situ com o

auxilio de um termômetro conectado a 1 termopar instalado na parte inferior de cada biorreator.

Para medição era utilizado um termômetro digital MT-600 com precisão de leitura de

aproximadamente 0,1% e a ele foi conectado aos termopares, que consistem em um par de

metais de cobre e cromo unidos em uma ponta, que são sensíveis à temperatura.


As temperaturas externas aos biorreatores e internas sofreram grandes variações. Essas

variações são justificadas, pois as leituras ocorriam no período da tarde, geralmente por volta

das 13 horas, horário em que a temperatura da estufa estava mais elevada, chegando a atingir

50°C, que era a temperatura máxima que o termômetro poderia registrar. Outro horário de

monitoramento, era em torno das 17 horas, horário em que a estufa (local de

acondicionamento dos biorreatores) registrava temperaturas amenas, aproximadamente 26°C,

e os resíduos orgânicos possuíam temperaturas mais elevadas, pois havia absorvido calor

durante todo período do dia.

As temperaturas internas dos dois biorreatores, embora tenham apresentados várias

oscilações durante o período de monitoramento, parte dos valores encontravam-se dentro da

faixa de temperatura ideal para o desenvolvimento das bactérias aeróbias totais, pois estes

micro-organismos aumentam o rendimento quando a temperatura está entre 35 e 45ºC.

Verificou-se, que nos primeiros 12 dias de monitoramento, praticamente as temperaturas

permaneceram constantes, situando-se na faixa de 27°C. Essas baixas temperaturas foram

ocasionadas devido à estação do ano, já que se encontrava em meados de setembro, mês que

registra temperaturas ainda baixas.

Conclusão:

As variações das temperaturas (25°C a 45°C) pouco afetaram o desenvolvimento das bactérias

aeróbias totais no interior dos biorreatores, demonstrando assim que esses organismos são

resistentes às mudanças ambientais, fazendo com que não houvesse diferencias significativas

na contagem de suas colônias ao longo do tempo de operação dos biorreatores.

Observou-se o desenvolvimento das bactérias aeróbias totais durante todo o período de

monitoramento da pesquisa.

As temperaturas influenciaram de forma positiva no desenvolvimento das bactérias aeróbias, já

que foi verificada a presença deste grupo durante todo o período de operação dos biorreatores.

Apoio: CAPES, CNPq, UFCG, DEC, DEMa.

32

PALAVRAS-CHAVE: TEMPERATURA, BIORREATORES DE BANCADA, BACTÉRIAS

AERÓBIAS, RESÍDUOS ORGÂNICOS.

4.2.4 Ciências da Saúde

33



EXPOSIÇÃO AOS AGROTÓXICOS: ESTUDO POPULACIONAL COM

TRABALHADORES AGRÍCOLAS DE UMA REGIÃO DO INTERIOR DE SÃO PAULO,

BRASIL

Elizabeth Regina de Melo Cabral1; Herling Gregorio Aguilar Alonzo2; Gustavo Soares Leão1;

Nubia Garcia Vianna Ruivo1; Márcio Cristiano de Melo3; Camila Cristina de Oliveira Rodrigues4

(1) Doutorando(a) da Pós-graduação em Saúde Coletiva - FCM/UNICAMP; Mestre(a) em

Saúde Coletiva

(2) Docente do Departamento de Saúde Coletiva – FCM/UNICAMP; Doutor em Saúde

Coletiva

(3) Mestrando da Pós-graduação em Saúde Coletiva - FCM/UNICAMP; Especialista em

Saúde Coletiva

(4) Mestranda da Pós-graduação em Saúde Coletiva - FCM/UNICAMP; Especialista em

Saúde Mental


Área: Ciências da Saúde

Introdução

No Brasil, na década de 40, os agrotóxicos foram usados em programas de saúde pública, com

vistas ao controle e, até mesmo, erradicação de insetos e vetores causadores de algumas

doenças endêmicas. A utilização intensiva de agrotóxicos iniciou a partir do II Plano Nacional

de Desenvolvimento, que estimulava os agricultores a comprar os produtos através de um

crédito rural, e desta forma era instituída a inclusão de uma cota de agrotóxicos para cada

financiamento. Este estímulo, de compras de agrotóxicos, se mantém até hoje mediante

subsídios jurídicos. No ano de 1987, as vendas dos agrotóxicos não ultrapassavam as 100 mil

toneladas. Comparando com o ano de 2009, estas vendas ultrapassaram mais de 725 mil

toneladas, o que movimentou para o agronegócio um pouco mais de US$ 6,6 bilhões somente

neste ano. E o Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Porém, são

escassos os estudos brasileiros de base populacional sobre as características do uso

ocupacional e sobre as intoxicações por agrotóxicos. O objetivo deste estudo foi determinar as

características da exposição aos agrotóxicos e implicações na saúde dos trabalhadores

agrícolas de uma região de Campinas-SP.

Metodologia Estudo do tipo descritivo transversal realizado numa região do município de Campinas–SP. A

população adstrita no trabalho foram trabalhadores agrícolas com exposição aos agrotóxicos.

34

Realizou-se um arrolamento de todas as propriedades agrícolas da região. Foi utilizado um

questionário semiestruturado, composto por questões abertas e fechadas, dividido em seis

módulos. Antes do trabalho de campo, o questionário foi testado no Ambulatório de Toxicologia

do HC-Unicamp, para serem realizadas as correções, complementações e aprimoramento de

algumas variáveis. Para a dosagem da atividade da colinesterase foi utilizado o kit Lovi-Bond,

que é um método colorimétrico. Um arquivo para a entrada dos dados foi criado no software

Epi-Info(6.0). As inconsistências de dados detectadas na digitação foram corrigidas e revistas

manualmente. Para as análises estatísticas os dados foram exportados e utilizados os

softwares: SPSS V16, Minitab 15 e o Excel Office 2007. Cada variável foi avaliada através de

frequências simples para verificar inconsistências. Os dados deste trabalho têm um nível de

significância de 0,05 e IC 95% de confiança estatística. O Projeto foi aprovado pelo CEP da

FCM-UNICAMP, sob nº 221/2011, e pelo Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde, da

Prefeitura de Campinas-SP.


Participaram do estudo 36 estabelecimentos e 205 trabalhadores agrícolas. O sexo masculino

teve maior predominância (72,7%). A média de idade foi 40 anos (IC 95% 38–42 anos). Há

uma preferência entre os estabelecimentos pela força “braçal” devido às diversas funções

exercidas na agricultura. A escolaridade predominante foi de 4-7 anos (39,5%). Esta baixa

escolaridade limita o entendimento das informações. Mais de 33% são fumantes e 55,1%

fazem uso de algum tipo de bebida alcoólica. As intoxicações por agrotóxicos foram descrita

por 11,7% dos trabalhadores. Destes, 3 trabalhadores já foram intoxicados mais de duas

vezes. Sobre as classes de uso de agrotóxicos que provocaram intoxicações, 45,8% não

souberam informar a qual classe pertencia. Havia uma maior predominância de assalariados

e/ou empregados (66,8%). Apenas 9,8% participaram de cursos, palestras ou treinamentos,

relacionados ao manejo dos agrotóxicos. Quase 80% são expostos diretamente aos

agrotóxicos. Foram citados, 4,1 nomes de agrotóxicos (IC 95% 3,9 - 4,6; dp= 3). Mais de 29%

relataram utilizar EPI. Os sintomas mais prevalentes foram à irritação ocular (38,1%), cefaleia

(37,4%), lacrimejamento (25,2%), cãibras (24,5%). Das amostras de sangue analisadas 7,8%

tinham redução da atividade das colinesterases plasmáticas.

Conclusões

Considerando a análise das informações levantadas, dos escassos dados epidemiológicos

disponíveis, da estruturação da vigilância, da avaliação de risco/vulnerabilidade e poder de

decisão das populações expostas aos agrotóxicos, percebe-se que as repostas do setor saúde,

e outros setores envolvidos, para a proteção da saúde dos trabalhadores e da população geral,

não acompanharam o ritmo acelerado de crescimento do setor agropecuário e o consequente

aumento do consumo de agrotóxicos no país. Este tipo de população deveria estar na pauta de

reuniões e na agenda de trabalho das equipes de saúde, pois é necessário discutir que a

presença de sintomatologia associada à exposição aos agrotóxicos pode acarretar em uma

35



interação complexa entre processos sociais, psicológicos e culturais no trabalhador. O estudo

reforça a necessidade do fortalecimento e intensificação da Vigilância em Saúde Ambiental,

voltada para a população com exposição a agrotóxicos. É fundamental um esforço de

aproximação dos serviços públicos das realidades locais, através de ações que proponham e

viabilizem a mudança de comportamento da população em relação aos agrotóxicos.

Fomento

Bolsa da Coordenação Geral de Acompanhamento e Avaliação (Capes) e auxílio pesquisa do

Fundo de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e Extensão (Faepex)

PALAVRAS-CHAVE: TRABALHADOR AGRÍCOLA; AGROTÓXICOS; EXPOSIÇÃO

3



DIAGNÓSTICO SITUCIONAL DE UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: CONTRIBUIÇÃO

DA ENFERMAGEM

Leila Jussara Berlet1, Ivete Maroso Krauzer2

1-Enfermeira graduada pela Universidade do Estado de Santa Catarian –UDESC,

mestranda em Enfermagem na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.

2-Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina -

UFSC. Docente na Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.


Área: Ciências da Saúde.

INTRODUÇÃO

As frequentes e continuas mudanças que a Enfermagem passa estão relacionadas aos

estudos e novas abordagens realizadas, mas o objetivo principal desta profissão é a

prevenção e a promoção da assistência/cuidado aos indivíduos e a comunidade, a partir das

necessidades biopsiquica e sócio espirituais. No entanto, para executar a assistência o

enfermeiro necessita administrar diretamente os cuidados ao cliente/paciente e o planejamento

e gestão dessa assistência de cuidados. Assim, considera-se que o enfermeiro tem duas

funções básicas: assistir e gerenciar. O presente trabalho teve como objetivo realizar o

Diagnóstico Situacional de uma Unidade Básica de Saúde em uma cidade do Oeste

Catarinense.

METODOLOGIA

Estudo observacional, realizado de 26 de setembro a 31 de outubro de 2011, como

parte da atividade da disciplina “Estagio Curricular Supervisionado II em Unidade Básica de

Saúde”, em um município do Oeste Catarinense. A unidade de saúde possui duas áreas da

Estratégia da Saúde da Família, atendendo aproximadamente 10.000 indivíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados referente à estrutura da unidade, encontra-se em conformidade com

as normas vigentes, mas nem todas as salas não são utilizadas para seus devidos fins. O

dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem na unidade de saúde está com

1

2

4

déficit em relação ao auxiliares de enfermagem que deveriam somar 7,9 e, no entanto são 6. E

os profissionais de nível superior são 3, seria necessário 3,98 enfermeiros. As atividades para

o quadro de funcionários são distribuídas pela enfermeira coordenadora. O atendimento

odontológico é para uma área, mas o profissional atende os clientes da outra área, se for

necessário. A coordenadora elabora uma escala mensal constando o dia, o nome do

funcionário, o horário do treinamento e o tema abordado, quando a SMS realiza algum

treinamento. Durante a realização do estagio observou-se algumas dificuldades enfrentadas

pelos funcionários da unidade, como: usuário que não pertenciam a UBS e exigiam

atendimento nela; usuários que realizaram procedimentos em unidades particulares; outra

dificuldade percebida foi sobre o fluxo interno e externo “comunicação”. Registro de receita

controlada como uma consulta. Notificação incorreta das doenças de notificação compulsórias.

CONCLUSÃO

O estudo proporcionou uma visão da realidade e situação da unidade de Saúde, a

avaliação do desempenho profissional relacionado com o local de trabalho pela manifestação

de aspectos que favorecem ou dificultam a realização deste, mostrando os principais pontos de

vulnerabilidade e, portanto merecedores de maior atenção. Observou-se uma excelente

organização, os funcionários são comprometidos com seu trabalho, fazendo com que o

trabalho seja realizado de forma correta, os mesmos seguem as regras da unidade e possuem

um bom relacionamento com os pacientes. Não existe planejamento perfeito e nem plano

irreprovável, a adição de metodologias de planejamento por gestores e profissionais de saúde

é de grande importância, pois a sistematização do planejamento permite ampliar a análise de

problemas e, consequentemente, tende a qualificar os processos decisórios.

PALAVRAS-CHAVES: GERENCIAMENTO. ENFERMAGEM. UNIDADE DE SAÚDE.

5



ASPECTOS CORPORAIS E PSÍQUICOS NA SUPERAÇÃO DA OBESIDADE MÓRBIDA: UM

ESTUDO DE CASOS

José Luis de Magalhães Martins Junior 1, Fátima Gonçalves Cavalcante2,

(1) Mestre em psicanálise saúde e sociedade pela Universidade Veiga de Almeida, (2) Pós-

Doutora em Saúde Pública pela ESNP/FIOCRUZ.


Área: Ciências da saúde

Introdução:

O crescente número de obesos no mundo reflete as mudanças socioeconômicas e de

condições de vida das populações. Esse aumento tem demonstrado uma inversão no padrão

nutricional com a redução nos níveis de desnutrição e o aumento de obesidade já considerado

um problema de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre

os anos de 1995 e 2000 houve um aumento no número de indivíduos obesos de 200 para 300

milhões, o que representa quase 15% da população mundial.

Desse modo, surgiu a possibilidade de se adotar um novo tipo de tratamento que pode vir a ser

uma intervenção mais eficaz na condução clínica, a cirurgia bariátrica. Essa cirurgia tem se

mostrado uma técnica de grande repercussão e auxilio no tratamento de obesidade mórbida,

embora seja recomendável que esteja associada a um conjunto de abordagens

multidisciplinares.

Metodologia:

Foi realizado um estudo retrospectivo de dois casos clínicos acompanhados com equipe

multidisciplinar (Fisioterapeuta, médico endocrinologia e clínico geral, enfermagem, nutrição,

psicologia e educação física) a qual é designada como grupo de acompanhamento e

tratamento da obesidade (GATO). Todos os participantes assinaram o termo de consentimento

livre e esclarecido.

Realizou-se a coleta dos dados de dois pacientes acompanhados na Clínica A.L.J.L no período

de julho de 2011 a dezembro de 2011. No segundo momento, realizamos uma entrevista semi-

estruturada com nove perguntas a fim de abordar a experiência adquirida em tratamentos

anteriores de obesidade; compreender o que dificultou e o que facilitou a adesão do usuário ao

programa GATO; verificar se o programa ajudou a reeducação alimentar e perda de peso;

verificar se o programa ajudou na reconstrução corporal e subjetiva; por fim, para verificar se e

o Programa ensinou algo e como a pessoa se vê antes e depois desse tratamento.


6

Ambas as pacientes apresentaram progressos nos quadros físicos e psicológicos, tendo em

vista melhora na resistência e fadiga e nos quadros álgicos, melhora no sono, na depressão

devido à socialização promovida pela hidroterapia, pelo contato com outras pessoas obesas e

trocas de experiências.

Conclusão: O grupo G.A.T.O. do município de Armação dos Búzios tem conseguido bons

resultados no processo de reabilitação dos pacientes submetidos ao tratamento, mas ainda

pode melhorar com a presença de mais profissionais que tratem diretamente do caráter

compulsivo da obesidade, que entendam o porque do excesso de comer, que busquem na

fonte, na infância. No discurso dos integrantes da equipe multidisciplinar e dos próprios

pacientes, o mais difícil não é controlar a fome, a vontade de comer, e sim conseguir reeducar

um corpo que não necessita mais de alimento, mas que não consegue parar de ingerir o

alimento.

Apoio:

Palavras-chave: obesidade, cirurgia bariátrica, depressão

7



ALONGAMENTO X FORTALECIMENTO: POSSÍVEIS DIRETRIZES PARA A SÍNDROME DA

DOR PATELOFEMORAL

Fernando Vagner Ribeiro1, Hugo Ubiratã Medeiros Amaral Souza2, Jordan Ribeiro Lobato3,

André Luiz Trindade dos Santos4, José Luis de Magalhães Martins Junior5

(1)Especialista em Terapia Intensiva pela Universidade Estácio de Sá, (2)Graduando em

fisioterapia na Universidade Veiga de Almeida, (3)Graduando em fisioterapia na Universidade

Veiga de Almeida, (4) Mestrando em psicanálise saúde e sociedade pela Universidade Veiga

de Almeida , (5) Mestre em psicanálise saúde e sociedade pela Universidade Veiga de Almeida



Introdução:

A Síndrome da Dor Patelofemoral (SDPF) é um distúrbio que se apresenta através de dor

insidiosa na região retropatelar, sendo agravada por agachamentos, subidas/descidas de

escada e tempo prolongado na posição sentada.

A patela é um osso sesamóide dentro do tendão do quadríceps. Ela articula-se com a fossa

intercondilar da face anterior da porção distal do fêmur. Sua superfície articular é coberta com

cartilagem hialina lisa. A patela fica embebida na porção anterior da cápsula articular e é

conectada á tíbia pelo ligamento patelar.

A principal função da patela é aumentar o braço de movimento de força do músculo quadríceps

em sua função extensora do joelho. Ela também redireciona as forças exercidas pelo

quadríceps e a medida que o joelho flexiona, a patela entra na fossa intercondilar com sua

margem. A compressão patelar é um fator do surgimento da SDPF e o estudo usou

mecanismos que levaram a minimização da sobrecarga patelar.

Metodologia:

Dois grupos de 3 pessoas cada na idade de 18-30 anos, ambos os sexos. Como diagnóstico

da SDPF foi utilizado o Teste de Raspagem: a patela foi movida medial e lateralmente

enquanto fora pressionada. A dor indicou a SDPF. Foi usada uma escala de dor de 0 a 10: 0

ausência de dor e 10 dor intensa, para o paciente definir o seu quadro. Foram excluídos do

processo pacientes que estavam sob efeito de medicamentos que mascararam a dor. Os

pacientes que participaram da pesquisa foram instruídos a evitar atividades físicas intensas. O

tratamento foi baseado em alongamentos passivos do trato iliotibial, quadríceps e isquiotibiais

para o grupo 1 enquanto no grupo 2 fortalecimento de quadríceps. O grupo 1 realizou 3 séries

de 30 segundos de alongamento em cada agrupamento muscular, numa frequência de 3x por

8

semana. No grupo 2 os pacientes a realizaram agachamento com 30º de flexão e uma

isometria de 7 segundos em 3 séries de 7 repetições.


Diante dos estudos realizados o método de alongamento é o que obteve melhor resultado no

tratamento da SDPF.

Todos os pacientes do grupo 1 tiveram uma rápida melhora no quadro álgico, apresentando já

na segunda semana uma redução na escala de dor.

Enquanto que no grupo 2 já no meio da segunda semana de tratamento os pacientes se

queixaram de um aumento do quadro álgico, e esse aumento perdurou até o início da quarta

semana. Nessa fase, todos os pacientes do grupo de fortalecimento apresentaram problemas

em suas atividades da vida diária (AVD’s) e por consenso entre os pesquisadores foi decido

pela interrupção do tratamento do grupo 2.

Conclusão:

Diante dos estudos realizados conclui-se que o alongamento é o que obteve melhor resultado

no tratamento da SDPF. Verificou-se que o tratamento do grupo 2 foi encerrado antes do

tempo, pois as dores dos pacientes se intensificaram.

Apesar da conclusão que o alongamento é o mais eficaz mesmo assim é importante o aumento

dos grupos.

Apoio: Universidade Veiga de Almeida

Palavras-chave: patela, alongamento, fortalecimento.

9



PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE FEMININA POR AGRESSÃO EM PORTO

ALEGRE/RS

Geana Silva dos Santos Hübner (1); Stela Nazareth Meneghel (2)

(1). Mestranda em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS); (2). Professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS).


Área: Ciências da Saúde

Introdução

A violência contra a mulher, ou violência de gênero, pode ser: física, sexual, psicológica

e patrimonial. As violências que acontecem entre parceiros íntimos, aumentam

progressivamente e podem culminar com as formas mais extremas que são o suicídio e o

homicídio. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), e para o Ministério da Saúde (MS), a

causa de uma morte é registrada de acordo com a décima revisão da Classificação

Internacional de Doenças (CID-10), atualmente na sua décima revisão. Dessa forma, homicídio

é categorizado como causa externa de mortalidade incluída nas categorias X85 a Y09, sob o

título de “agressões”. Esse termo significa que a violência foi intencional com intuito de causar

lesões, danos ou morte da vítima. O assassinato de mulheres também é chamado de femicídio.

Tal termo chama a atenção pelo caráter político e social, diferenciando o mesmo dos demais

conceitos de cunho médico-legal como homicídio e assassinato. Em 2010, o Rio Grande do Sul

apresentou uma taxa homicídios de mulheres em torno de 4,1/100.000 habitantes, ocupando a

18° colocação no ranking dos estados brasileiros. O presente estudo teve como objetivo

principal identificar o perfil epidemiológico da mortalidade feminina por agressão no município

de Porto Alegre/RS, no período de 2006 a 2010. Além disso, verificar se as vítimas registraram

ocorrência na Delegacia da Mulher (DM) no período de até dois anos anteriores ao óbito e

comparar os dados pesquisados com os disponíveis no Sistema de Informações de

Mortalidade – SIM/DATASUS.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, em que foram pesquisados homicídios

citados nos Registros de Ocorrência (RO), da Polícia Civil/RS, no Departamento de

Planejamento e Coordenação (DIPLANCO), entre 2006 e 2010, na cidade de Porto Alegre

(POA). Para esse estudo, optou-se em utilizar apenas os casos de homicídio consumado,

10

tendo como vítimas pessoas do sexo feminino, de todas as idades, tendo o delito ocorrido no

período citado. Os dados foram classificados em dois grupos: dados do fato e dados da vítima.

Nos dados referentes ao fato foi descrito: bairro, data, dia da semana, hora, tipo de local e

instrumento utilizado. Quanto aos dados da vítima foi incluído: idade, cor da pele, estado civil,

grau de instrução, profissão, naturalidade, registro de ocorrência na Delegacia da Mulher e fato

registrado (até dois anos anteriores ao óbito). Por ultimo, foi consultado o SIM/DATASUS para

comparação entre o coeficiente de mortalidade feminina por agressão e os dados encontrados

na pesquisa, no período de 2006-2010, na cidade de Porto Alegre/RS. O projeto de pesquisa

foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da PUCRS, tendo obtido aprovação para

sua adequada realização.


Foram registrados 203 óbitos de mulheres representando uma média de 40,6

óbitos/ano. O coeficiente de mortalidade médio nesses cinco anos foi de 5,3 homicídios

femininos/100.000 mulheres. A distribuição de óbitos foi maior nos meses de janeiro (11,8%) e

julho (11,3%). Verificou-se maior ocorrência de mortes aos sábados e domingos,

correspondendo a 33,4% dos homicídios, nos turnos da noite e madrugada, somando 56% do

total. A maior freqüência na Via Pública (48%) e na Residência (40%) das vítimas e o objeto

mais utilizado foi arma de fogo (61%).

Observou-se maior concentração do coeficiente de homicídios na população entre 20 e

39 anos. Quanto à cor da pele das vítimas, verificou-se que 66% das vítimas eram brancas e

29% negras. Constatou-se que 69% dos óbitos por homicídios femininos ocorreram entre

solteiras com escolaridade em ensino fundamental (74%). Notou-se que 70% dos registros não

identificaram a profissão das vitimas. Nos 30% restantes destaca-se a proporção de trabalhos

domésticos (10%) e prostitutas (4,4%), ambas profissões vulneráveis.

Descobriu-se que 11% das vítimas haviam registrado queixa na Delegacia da Mulher

nos anos estudados. Sabe-se que muitas mulheres não registram ocorrência, ocultando

situações de violência doméstica.

Identificou-se uma diferença média de 2 óbitos por ano entre os dados da DIPLANCO e

os do SIM/DATASUS, segundo o município de residência da vítima. A aproximação do número

de casos em dois sistemas diferentes de informação atesta a qualidade desses dados.

Conclusão

Ao término desta pesquisa, entendemos que todos os objetivos propostos inicialmente

foram alcançados. O trabalho permitiu definir que as vítimas dos 203 óbitos femininos ocorridos

em Porto Alegre/RS, no período de 2006-2010, eram majoritariamente de cor branca, jovens

(20 e 39 anos), solteiras (69%), com baixa escolaridade (74% com ensino fundamental),

naturais de Porto Alegre (72%). Houve limitações em relação à enumeração da profissão das

11



vítimas, uma vez que 70% dos registros não dispunham tal informação. Contudo, dentre as

profissões citadas, percebeu-se como mais recorrente às referentes ao espaço doméstico.

Quanto às características do homicídio, constatou-se uma proporção maior: no bairro

Rubem Berta (13,8%), espaço de baixa renda localizado na região norte da cidade. Em relação

à temporalidade eles ocorreram nos meses de janeiro (11,8%), julho (11,3%) e novembro

(10,3), aos sábados e domingos (33,4%), durante a noite e madrugada (55%), em via pública

(48%), tendo a arma de fogo (61%) como instrumento mais utilizado.

Ao fim, espera-se que esse estudo tenha contribuído para o conhecimento da

epidemiologia das mortes femininas em Porto Alegre/RS e para a reflexão sobre as

circunstâncias desses fatos. Além disso, possa auxiliar no desenvolvimento de estratégias de

educação para prevenção da violência contra as mulheres do município.

Apoio: Não houve auxilio para execução do presente trabalho.

Palavras-chave: femicídio; violência contra mulher; mortalidade feminina

12

COMPOSIÇÃO CORPORAL E PARÂMETROS ÓSSEOS DE RATOS WISTAR MACHOS

TRATADOS COM RAÇÃO CONTENDO FARINHA DE LINHAÇA DURANTE A LACTAÇÃO

OU NO PERÍODO PÓS DESMAME.

Paula Cristina Alves da Silva(1); Danielle Cavalcante Ribeiro(2); Aline D'Avila Pereira(3); Carlos

Alberto Soares da Costa(4); Gilson Teles Boaventura(5).

(1)Mestranda em Ciências Médicas/ Universidade Federal Flumimense; (2) Mestranda em

Patologia Clínica/ Universidade Federal Flumimense; (3) Pesquisadora/ Universidade Federal

Flumimense; (4) Pós doutorando em Patologia Clínica/ Universidade Federal Flumimense; (5)

Professor Doutor Departamento de Nutrição e Dietética/ Universidade Federal Flumimense.


Área: 4.2.4 Ciências da Saúde

Introdução:

O leite materno é a principal fonte de nutrientes para o recém-nascido. Muitas doenças, como a

osteoporose pode ter suas origens com a alimentação e consumo de lipídios na infância e isto

pode está relacionado com a composição corporal e a saúde óssea. Haja vista que os

adipócitos e os osteoblastos tem a mesma origem embrionária. As recomendações dietéticas

aconselham a reduzir a ingestão de ácidos graxos saturados, manter ou aumentar a ingestão

de ácidos graxos poliinsaturados. Os ácidos graxos poliinsaturados contém ácidos essenciais

tais como ácido linoleico (LA, 18: 2n-6) e ácido alfa linolênico (ALA, 18: 3n-3), por isso a sua

ingestão diária é essencial, porque eles não podem ser sintetizados pelo organismo. Parte do

interesse dos pesquisadores em propor dietas específicas durante a lactação e pós desmame

pode ser atribuído ao fato do crescimento e desenvolvimento físico ser caracterizado por

grandes mudanças, nomeadamente no que diz respeito à composição corporal que se

relaciona intimamente com o estado nutricional e de saúde. Portanto sua avaliação assume

acrescida importância neste período da vida. A linhaça por sua vez fonte vegetal de lipídios, e

principalmente ômega 3 pode favorecer, através da diminuição da relação ômega 6/ ômega 3

um ambiente propício para um bom desenvolvimento físico e ósseo. Portanto o objetivo deste

estudo foi avaliar os efeitos da Farinha de Linhaça sobre a composição corporal e a estrutura

óssea durante a lactação e pós desmame.

Metodologia: O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal/ UFF. Filhotes machos, ratos

wistar foram divididos em grupo Controle/ Linhaça (CL, n=12) cuja as mães receberam ração

controle durante a lactação e após os 21 dias ao desmame passaram a consumir ração

contendo 25% de Farinha de Linhaça e grupo Linhaça/ Controle (LC, n=12) cuja mães foram

13



tratadas com dieta contendo 25% de Farinha de Linhaça durante a lactação e pós desmame

passaram a consumir ração controle. Após 90 dias de experimento, os grupos foram

sacrificados e massa corporal, análises séricas e parâmetros femorais foram avaliados. Os

dados obtidos foram analisados utilizando o software GraphPad Prism 5.0, utilizando Student’s

t test. Todos os resultados foram expressos como média ± erro-padrão da média, considerando

o nível de significância de P < 0.05.


O grupo (CL) demonstrou aumento da massa corporal (+12.3%, P < 0.0019), o comprimento

foi similar nos grupos. O percentual de gordura, massa gorda, massa de gordura do tronco

estavam aumentados no grupo (CL) respectivamente (+22%, P < 0.0024, +38%, P < 0.001 e

28%, P < 0.0215), porém a massa magra foi similar entre os grupos. A densidade mineral

óssea, conteúdo mineral ósseo e área total estavam aumentados significativamente no grupo

(CL), respectivamente (+6%, P < 0.0028, +15%, P < 0.0025, +9% P < 0.0308). Análises séricas

tais como, colesterol (-24%, P < 0.0020) demonstraram níveis diminuídos e HDL-Colesterol

(+18%, P < 0.0053) aumentados significativamente no grupo (CL). O grupo CL tratado com a

Farinha de Linhaça pós desmame apresentou melhores parâmetros ósseos, todavia, quando

avaliamos a composição corporal apesar do grupo CL demonstrar maior massa e acúmulo de

gordura corporal, encontramos um perfil lipídico saudável.

Conclusão:

O presente estudo destaca a importância de um ambiente favorável para o desenvolvimento

ósseo. A partir de nossos resultados neste modelo, concluímos assim que a ingestão da

Farinha de Linhaça na concentração de 25% foi benéfica no desenvolvimento ósseo e perfil

lipídico quando acrescida após o período de lactação. Estes achados, enfatizam a existência

de um relacionamento entre a composição corporal, perfil lipídico e estrutura óssea, porém

mais estudos são necessários para elucidar os mecanismos de ação da Farinha de Linhaça e o

relacionamento entre eles.

Apoio: Agradecemos a FAPERJ, CAPES e CNPq pela concessão de financiamento e bolsas

de estudos referentes a este projeto.

Palavras-chave: Osso, linhaça, ratos, wistar, composição, corporal

14

A CORREÇÃO DA BIOMECÂNICA ARTICULAR E MUSCULAR COMO FATOR DE

INCLUSÃO DE UM IDOSO À PRÁTICA ESPORTIVA DO GOLFE, NO MUNICÍPIO DE

ARMAÇÃO DE BÚZIOS

André Luiz Trindade dos Santos1, Hugo Ubiratã Medeiros Amaral Souza2, Jordan Ribeiro

Lobato3, , José Luis de Magalhães Martins Junior4, Nágila Biazatti Dos Santos Fernandes5 e

Palloma Silva dos Santos6

(1) Mestrando em psicanálise saúde e sociedade pela Universidade Veiga de Almeida, (2)

Graduando em fisioterapia na Universidade Veiga de Almeida, (3) Graduando em fisioterapia

na Universidade Veiga de Almeida, (4) Mestre em psicanálise saúde e sociedade pela

Universidade Veiga de Almeida. (5) Graduando em fisioterapia na Universidade Veiga de

Almeida, (6) Graduando na Universidade Veiga de Almeida



Introdução:

O Envelhecimento se refere ao grupo de alterações do desenvolvimento que ocorrem nos

últimos anos de vida. E por isso, quando esse atleta passa dos 60 anos, uma série de

incapacidades funcionais e de movimento do corpo humano tem que ser levadas em

consideração. Entre elas o encurtamento e o enfraquecimento muscular e as falhas posicionais

das articulações. Embora não seja uma doença ou incapacidade, o envelhecimento está

diretamente ligado ao comprometimento físico e funcional. Todas essas incapacidades

dificultam as atividades de vida diária do idoso, e inclusive, o afastam de qualquer tentativa de

prática esportiva, e com isso se inicia o processo de exclusão social da pessoa idosa.

O processo do envelhecimento é também caracterizado pela diminuição da coordenação

motora; pela redução e lentidão dos movimentos; pela insegurança na marcha; pela perda de

flexibilidade, força, potência, velocidade, destreza e resistência muscular. Essas alterações

provocam dificuldades na realização de várias atividades da vida diária e várias práticas

esportivas.

Para isso a fisioterapia vai contribuir para que o idoso esportista, tenha uma correta

biomecânica articular e muscular para realizar o gestual esportivo, e com isso desenvolver uma

prática perfeita do esporte.

Metodologia:

Esta pesquisa foi realizada com avaliação e tratamento fisioterapêutico de uma paciente idosa

do sexo feminino, com os seguintes procedimentos:

- A avaliação foi realizada, inicialmente, na clínica de fisioterapia Reabilitar Búzios, no

Município de Armação dos Búzios no estado do Rio de janeiro, e posteriormente através da

15



análise biomecânica dos movimentos e do gestual esportivo, no Búzios Golfe Clube, no

Município de Armação dos búzios, no estado do Rio de Janeiro.

- O tratamento com base na biomecânica dos movimentos e no gestual do esporte, que foi

realizado na clínica citada, contou com o uso das técnicas fisioterapêuticas de: Mobilização

Neural; Mobilização articular; Alongamento muscular; Fortalecimento muscular. E foram

realizadas um total de dez sessões, no período entre maio e agosto de 2013.


O resultado obtido foi a diminuição de todas as limitações funcionais que a paciente

apresentava e que restringiam a prática esportiva do golfe, possibilitando à mesma, uma

postura mais próxima da correta ,no gestual esportivo ,e possibilitando a paciente idosa, ser

incluída na prática esportiva.

Conclusão:

Com esse estudo, pode-se concluir que a manutenção dos movimentos articulares, conseguida

através de técnicas manuais fisioterapêuticas, como a mobilização articular, a mobilização

neural, o alongamento muscular e o fortalecimentos dos músculos estabilizadores das

articulações, é possível, mesmo em pacientes idosos. E, neste caso específico, possibilitou à

paciente a prática do golfe, um esporte em que o movimento é o fator mais importante.

Esse estudo ainda vem confirmar a importância da prática esportiva para os idosos, pois a

mesma motivou a paciente a procurar um meio de diminuir suas limitações funcionais,

encontrando na fisioterapia a solução para essas limitações, e por consequência, uma melhor

qualidade de vida.

Apoio: Universidade Veiga de Almeida

Palavras-chave: golfe, idoso, biomecânica, fisioterapia

16

4.2.5 Ciências Agrárias

17



IDENTIFICAÇÃO DOS METABÓLITOS DO ESTUDO DE REMOBILIZAÇÃO DE

RESÍDUOS LIGADOS DE HERBICIDAS EM SOLOS DE CULTIVO DE CANA-DE-AÇÚCAR

COM APLICAÇÃO DE VINHAÇA, PALHA DE CANA E TORTA DE FILTRO

Marcela Lembi Viti(1), Valdemar Luiz Tornisielo(2), María Teresa Martínez Soria(3)

(1). Mestranda em Ciências no Centro de Energia Nuclear na Agricultura – CENA/USP, Brasil;

(2). Professor Doutor no Centro de Energia Nuclear na Agricultura – CENA/USP, Brasil; (3).

Professora Titular do Departamento de Química na Universidade de La Rioja, Espanha.


Área: Ciências agrárias

Introdução:

A maneira como um herbicida se comporta no ambiente depende de suas características, e

também das características do ambiente que se encontra. A degradação de herbicidas refere-

se a mudanças na natureza química da molécula por processos físicos, químicos ou biológicos.

Normalmente o processo de degradação é mediado por microrganismos capazes de converter

estas substâncias químicas em metabólitos, CO2 e H2O. Quando os herbicidas são aplicados

nas culturas, eles podem seguir diferentes rotas, alcançando o solo de forma direta ou

indiretamente. Em contato com o solo eles podem ser absorvidos pelas raízes das plantas,

lixiviados, degradados ou permanecerem fortemente sorvidos ao solo. A transformação desses

herbicidas em seus metabólitos tem um impacto ambiental, e é por isso que a identificação

desses é extremamente importante. Segundo Lavorenti (2002), o destino dos pesticidas

quando aplicado nas culturas pode ser a transformação de produtos de menos toxicidade, ou

raramente de maior toxicidade, ou transportado para outros compartimentos do ambiente, que

não o sistema solo, podendo atingir o lençol freático, ou pode acontecer de o pesticida ser

retido ao sistema solo na forma de resíduo ligado, e permanecer por longos períodos sem

manifestar sua atividade.

Metodologia:

Foi utilizado o equipamento UPLC®-QTOF (cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada a

espectrômetro de massa quadrupole time-of-flight). Os herbicidas foram analisados utilizando

ionização positiva. Foi utilizada uma coluna Acquity UPLC® BEH C-18 (1,7 µm, 2,1 mm d.i. x

100 mm), temperatura de 40 ºC e o seguinte gradiente de eluição: inicialmente 45% (v/v) da

fase A1 (acetonitrila com 0,1% de ácido fórmico) e B1 (solução aquosa contendo 0,1% de ácido

fórmico) com rampa linear até atingir 90% da fase A1 em 8,0 min; retornando a 45% de A1 em

8,5 min até 9,0 min. A vazão da fase móvel foi mantida a 0,3 mL min-1 e o volume de injeção foi

18

de 7,5 µL. Os compostos foram identificados por suas massas, estruturas e características

moleculares, e foi possível a identificação dos metabólitos nas amostras através de pesquisa

na literatura. Foi feita curva de calibração nas concentrações de 0,01; 0,025; 0,05; 0,1; 0,3; 0,6;

0,8 e 1 µg mL-1 para diuron e hexazinone, e 0,025; 0,05; 0,1; 0,3; 0,6 e 0,8 µg mL-1 para

metribuzin. Todas as amostras foram filtradas em filtros de PTFE de 0,22 µm.

Resultados e discussão:

Na amostra do herbicida diuron foi identificado seu metabólito DCPMU (cuja massa molecular é

219,07 g mol-1). Segundo a EPA (2003), o metabólito DCPMU é considerado o principal

produto de degradação do diuron em fotodegradação em solo, metabolismo aeróbico e

anaeróbico em solos, e dissipação em campo terrestre e em água. Sua meia vida no solo varia

de 217 a 1733 dias. Na amostra de hexazinone foi possível identificar o metabólito B. Para a

mistura de diuron + hexazinone foi identificado o metabólito DCPMU (pertencente ao produto

diuron), e também foi possível observar o metabólito B (cuja massa molucular é 238,14 g mol-1)

pertencente ao produto hexazinone. Na amostra de metribuzin foi possível identificar o

metabólito DA (massa molecular de 199,07 g mol-1), o metabólito DADK (massa molecular de

169,18 g mol-1), e o metabólito DK (massa molecular de 184,19 g mol-1). Segundo a EPA

(1998), as principais vias de degradação de metribuzin e seus principais produtos de

degradação (DK e DADK) são o metabolismo microbiano e a degradação fotolítica em solo.

Estes compostos permanecem disponíveis para a lixiviação para as águas subterrâneas e para

o escoamento da superfície da água em muitas condições. Isto é porque metribuzin e os seus

produtos de degradação não são voláteis.

Conclusões:

Através da utilização do equipamento UPLC®-QTOF, foram identificados os metabólitos

formados a partir do estudo de remobilização de herbicidas em solo, comprovando assim a

remobilização e degradação das moléculas estudadas.

Referências bibliográficas:

EPA - United States Environmental Protection Agency. Reregistration Eligibility Decision

(RED) for Metribuzin. List A Case 0181. Washington, D.C. 1998.

EPA - United States Environmental Protection Agency. Reregistration Eligibility Decision

(RED) for Diuron. List A Case 0046. Washington, D.C. 2003.

LAVORENTI, A. Remobilização e transporte de resíduos ligados de pesticidas ao solo. In:

Apostila do Simpósio sobre dinâmica de defensivos agrícolas no solo; aspectos práticos

e ambientais. Piracicaba, 2002. ESALQ/USP, p. 70-78. 2002.

Apoio: FAPESP.

Palavras-chave: Metabólitos, identificação, solo, cromatografia.

19



1.2.6 Ciências Sociais Aplicadas

20

A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL COMO FORMA DE ENFRENTAMENTO DA

POBREZA

(1) Gabriela Perrut Ferreira, estudante de Serviço Social na Universidade Federal do Rio de

Janeiro, integrante do Núcleo de Pesquisas e Estudo sobre Políticas Públicas, Questão Social

e Serviço Social (NUPEQSS).

(2) Nathan Braga Pires, estudante de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio

de Janeiro, integrante do Núcleo de Pesquisas e Estudo sobre Políticas Públicas, Questão

Social e Serviço Social (NUPEQSS)


[email protected]

Área: Ciências Sociais Aplicadas

Introdução

Este trabalho reflete sobre o acirramento do ideário neoliberal, em que se adensa o processo

de reestruturação produtiva, apresentando o aumento do desemprego estrutural e a demanda

por cursos de qualificação profissional como um mecanismo de enfrentamento da pobreza.

Todo processo de produção é, ao mesmo tempo um processo de reprodução, não apenas

material, mas há dentro deste contexto uma (re) produção das relações sociais. De modo que

essa reestruturação influencia todas as esferas da vida (urbana, familiar, educativa, etc.). Há

uma ideologia de que o desemprego é algo particular do indivíduo vinculado à falta de iniciativa

e de qualificação do trabalhador, que, convencido, busca se (re) qualificar. As camadas mais

pobres, cuja aprendizagem precária e uma qualificação beirando a inexistência se fazem

presentes, unilateralmente absorvem essa concepção de inserção profissional. Neste horizonte

de pensamento, o ideário “self made man” clama por uma cultura ao empreendedorismo e

qualificação como forma de superação da pobreza. O Estado munido pelo receituário neoliberal

implementa, conjuntamente com o capital, cursos de qualificação profissional, notadamente

voltados para jovens, baseados na aprendizagem de competências e habilidades. Assim,

objetiva-se debater a qualificação profissional inicial e continuada dos trabalhadores em

contraponto a qualificação limitada ao mercado de trabalho, como mecanismo de controle da

classe trabalhadora em prol da manutenção das taxas de lucro do capitalismo. A relevância

deste trabalho consiste na necessidade de desvelar as novas formas de precarização das

relações laborais e do adensamento das exigências mercantis.

Metodologia

Para a realização deste estudo, recorremos a um resgate bibliográfico, hemerográfico e

documental, baseados no referencial teórico marxiano. Sendo assim, debatemos a educação

sobre a égide capitalista e como este modo de produção influencia na apreensão de

habilidades e competências. Utilizamos como base teórica os seguintes autores : Marilda

Iamamoto (2007), Simone Lessa (2010), Janete Luzia Leite (2013)

21



Discussão

As mutações apresentadas no mundo do trabalho contemporâneo são nascentes das

contratendências da crise dos anos 70, que geraram a demanda por uma nova reestruturação

produtiva. Uma reorganização que incide no mundo do trabalho, flexibilizando as relações

laborais, refletindo na expulsão de mão-de-obra formal e, provocando o crescimento do

desemprego estrutural. O aumento da informalidade, dos contratos temporários e

terceirizações manifesta a precarização dos processos de trabalho e na intensificação do seu

ritmo. No Brasil, o resultado das sequelas do desenvolvimento neoliberal ocorreu de forma

intensa. Há uma exigência do grande capital de uma constante qualificação. Quanto mais

pluriqualificado o trabalhador se mantém, maior será a sua utilidade e validade no mercado.

Nos casos de desemprego ou trabalho informal, existem os programas de qualificação

profissional para (re) inserção. Na ideologia dominante, o acesso aos processos de

qualificação levam à superação da pauperização, individualizando a cerne do desemprego,

uma particular falta de qualificação, já que o mesmo não atende às necessidades do mercado.

Este tipo de capacitação, no entanto, não aparenta ser a carta de alforria da linha de pobreza,

se não apenas uma ferramenta que consolida o status quo social.

Conclusão

Analisando a Lei Geral da Acumulação Capitalista, nota-se, dentre tantos paradoxos, uma

grande contradição, onde em um polo se acumula exorbitantemente riquezas, enquanto no

outro se acumula pobreza e miséria. Esta é uma característica ineliminável do modo de

produção. Deste modo, a formação, dentro dos parâmetros da sociedade capitalista, possui

uma face ideológica com vistas não para a transformação do seu mundo, se não para um

adestramento sob uma lógica produtivista. Há uma estrita relação entre o modo de produção

com suas pendulares demandas e o campo de qualificação. Este modo de qualificação

obscurece qualquer possibilidade de ascensão econômica, visto que tais processos

profissionalizantes não apresentam qualquer grau de escalabilidade tanto econômica quanto

social. O Estado, então, ao criar estes tipos de programas visando atender as demandas de

mercado, mantém a grande disparidade de renda no país. A pobreza é apenas controlada, com

políticas buscam passivizar as chamadas “classes perigosas”. A assistência básica proporciona

políticas de cunho educacional, com âmbito de formação de competências e habilidades,

gerando uma possibilidade de (re) inserção no mercado de trabalho, se definindo como uma

assistencialização do trabalho.

Apoio: CNPq; UFRJ.

Palavras-chave: Trabalho, Precarização do Trabalho, Qualificação Profissional, Enfrentamento

da Pobreza.

22

DESENVOLVIMENTO LOCAL, MERCADO DE TRABALHO E RESPONSABILIDADE

SOCIAL EMPRESARIAL: AS ESTRATÉGIAS MEDIADORAS DO CAPITAL NA

CONTEMPORANEIDADE

Maria Cecília Costa Mansur (1), Márcia da Conceição Silva (2), Altineia Neves (3)

(1) Mestre e Doutoranda em Serviço Social pela UERJ. Pesquisadora do PETRES/UERJ.

(2) Doutora em Serviço Social pela UERJ. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF.

(3) Mestre e Doutoranda em Serviço Social pela UERJ. Pesquisadora do GESTA/UERJ.



Introdução

A presente pesquisa enfoca a relação do desenvolvimento local com os rebatimentos no

mercado de trabalho, imbricado à Responsabilidade Social Empresarial (RSE), enquanto

estratégia de acumulação e hegemonia através da empresa petrolífera nacional, a

PETROBRAS, especialmente em dois municípios do estado do Rio de Janeiro, Itaboraí e

Macaé. Estes sofrem forte e rápida intervenção do governo, estadual e principalmente federal.

Neste estudo, primeiramente, buscamos explicitar teoricamente a categoria trabalho e a

necessidade imperiosa do capital em construir um exército industrial de reserva para controlar

o valor dos salários. Buscamos demarcar, num segundo momento, o novo polo petroquímico

em desenvolvimento em Itaboraí, município do estado do Rio de Janeiro, que impacta outros

municípios vizinhos, como também analisamos a indústria petrolífera em Macaé, também no

estado do Rio de Janeiro, onde já são vislumbrados problemas socioambientais e alterações

no mercado de trabalho da região. Destaca-se a análise do ideário da Responsabilidade Social

Empresarial - RSE como uma das estratégias da empresa PETROBRAS, para assegurar maior

hegemonia perante seus funcionários, comunidade do entorno, Estado e parceiros diversos,

objetivando aumentar a acumulação.

Metodologia

Nosso aporte teórico–metodológico se fundamenta na teoria social marxista. Os dados

estatísticos possuem intrinsecamente conteúdo histórico do processo e tempo histórico que

fazem parte. De forma central considera-se que existe uma interlocução na tríade “reforma do

Estado, reestruturação produtiva e acirramento da questão social” (Iamamoto, 2008, p. 114). A

23



metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica e dados estatísticos dos órgãos e centros

de estudos e pesquisa oficiais, como o Ministério do Trabalho e Emprego, IBGE, IPEA,

DIEESE, Tribunal de contas da União, dentre outros. Buscou-se coletar os dados diretamente

relacionados ao desenvolvimento do Rio de Janeiro e das Regiões Leste e Norte Fluminenses

do Estado do Rio de Janeiro.


O estudo está parcialmente concluído, e alguns resultados vêm revelando algumas

contradições e desafios sobre desenvolvimento local derivado de atividades econômicas de

alto impacto, cuja necessidade implica diretamente na intervenção da maior empresa

petrolífera do Brasil, a PETROBRAS. Avalia-se, no entanto, a presença de uma tendência a

obscurecer esta relação nos municípios supracitados por serem sedes de exploração e forte

impacto ambiental exemplificam a estratégia de acumulação do capital mediante a RSE que

utiliza instrumentos institucionalizados para minimizar o problema social e ambiental, gerado

por suas próprias ações de exploração. Verifica-se o acirramento das diversas expressões de

desigualdade com as quais o trabalhador social lida cotidianamente, ao mesmo tempo em que

se acentua a regressão dos direitos, especialmente os sociais, reflexos da generalização das

relações mercantis que buscam a valorização do capital em detrimento da vida humana, o que

afeta a totalidade da vida social.

Conclusão

Analisando a influência que o aumento do capital em seu processo de acumulação tem sobre a

sorte da classe trabalhadora, Marx (2002) se depara com o movimento contraditório do capital:

ao mesmo tempo em que cria a maior quantidade factível de trabalho, reduz o trabalho

necessário a um mínimo, manifestando-se a tendência de aumentar a população trabalhadora

e colocar parte da mesma como superpopulação. A produção de desempregados é, portanto,

resultado da lógica de funcionamento do sistema capitalista que necessita deste exército de

reserva para manter a oferta da força de trabalho o suficiente para impedir que seu preço

aumente acima do seu valor; ela deve estar disponível para ser explorada de acordo com as

necessidades variáveis da expansão do capital. A partir dos impactos das transformações

recentes no capitalismo contemporâneo, debate-se hoje sobre as necessidades do

desenvolvimento capitalista que, no Brasil, por exemplo, exigiram um contingente significativo

de trabalhadores para sua expansão e reprodução. Este é um elemento vital quando se tenta

compreender temas como desenvolvimento local, mercado de trabalho e responsabilidade

social empresarial.

24

Apoio: FAPERJ e CAPES.

Palavras-chave: Responsabilidade social empresarial, Desenvolvimento

local, Mercado de Trabalho.

25



O ESTADO PATRÃO: UM DEBATE SOBRE A NOVA INTENSIFICAÇÃO/PRECARIZAÇÃO

DO TRABALHO DOS SERVIDORES PÚBLICOS NO RIO DE JANEIRO

Karla Fernanda Valle

Assistente social do Tribunal Regional do Trabalho – RJ, mestre em Serviço Social pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutoranda em Serviço Social pela Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Integrante do Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre Políticas

Públicas, Questão Social e Serviço Social (NUPEQSS).



Introdução:

Este trabalho reflete sobre os impactos da organização do capitalismo financeirizado sobre

instituições públicas (mediadoras de políticas sociais e direitos sociais), que incorporam a

lógica neoprodutivista e gerencial na estruturação de seus processos de trabalho. Objetiva

problematizar os impactos da contrarreforma do Estado sobre a parcela da classe trabalhadora

empregada no próprio aparato estatal, dando ênfase aos instrumentos de captura da

subjetividade da classe trabalhadora, bem como à generalização de uma conjuntura na qual o

hiato entre as condições laborais e de vida do trabalhador produtivo e improdutivo tendem a

diminuir. Neste sentido, este debate se faz relevante ao considerarmos o acirramento da lei

geral de acumulação capitalista sob a égide da financialização, que resulta em um massificante

processo de redefinição da subjetividade do trabalhador condicionado pelo discurso mercantil

que alcança a todas as esferas de sociabilidade, resultando em diversificadas expressões de

adoecimento físico e mental.

Metodologia:

Para a realização deste trabalho, adotamos uma abordagem qualitativa em que recorremos ao

Estudo de Caso do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) por meio de

uma análise documental advinda de dados oriundos de uma pesquisa realizada pela Comissão

Multidisciplinar de Avaliação das Licenças dos Magistrados do próprio TRT-RJ, a qual

abarcava um levantamento das licenças médicas entre janeiro de 2007 e julho de 2012, bem

como entrevistas semiestruturadas com 41 juízes divididos entre desembargadores, juízes

titulares e substitutos (em um universo de 340 profissionais). O referencial teórico desta

investigação é iluminado pela perspectiva marxiana, a qual subsidiou um resgate bibliográfico e

hemerográfico acerca das transformações contemporâneas do mundo do trabalho e da classe

trabalhadora, contemplando autores que debatem neoliberalismo (e seus desdobramentos);

mundo do trabalho (ou do capital, como afirma Dias, 1999); “reforma” do Estado (desde a

instituição do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado – MARE, capitaneado

por Bresser Pereira) e prática gerencial.

26


O setor público vivencia formas esquizoides de trabalho, incorporando acriticamente práticas

gerenciais que se associam aos vícios de sociabilidade brasileiros e a intensa burocratização e

hierarquização dos serviços. Esta realidade resulta em processos de adoecimento social como

o assédio moral e a síndrome de Burnout, além de acirrar o autoestranhamento do homem que

trabalha. O TRT-RJ é uma expressão particular desta realidade visto que se pôde observar por

meio de pesquisa institucional que 83% dos juízes titulares e 69% dos substitutos indicaram

“regular e muito insatisfeito” quando questionados sobre o grau de satisfação com labor. Os

motivos geradores desta insatisfação são, para 63% dos titulares e 56% dos substitutos, os

“prazos e metas”. Para as famílias de 56% dos substitutos e 61% dos titulares, “jornada de

trabalho e qualidade de vida” são fatores negativos à carreira do juiz. Divergem desses dados

os desembargadores, visto que 88% indicam satisfação quanto aos fatores “salário e qualidade

de vida”. Constatou-se que as doenças psiquiátricas, ainda que em menor número que as

ortopédicas, se equivalem a estas em dias de afastamento, demarcando que existem juízes

adoecidos em exercício, sendo importante a diferenciação entre adoecimento e licenças

médicas.

Conclusão:

Na atual dinâmica societária, o trabalho é impelido a uma conciliação geral com o capital, fato

acirrado pelas mudanças tecnológicas e organizacionais que tornaram o labor mais fluido e

flexível. Esta realidade é observada em instituições como o TRT-RJ que se não possuíam

como função gerar lucros diretos ao capital, hoje atuam sob uma perspectiva gerencialesca,

valorizando práticas e discursos que permeiam lugares-comuns de instituições privadas, tais

como: produtividade, metas, celeridade, polivalência (dentre outros aspectos), atualmente

orientados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Assim, a reforma do judiciário vem como

legatária da própria contrarreforma do Estado, gerando uma conjuntura em que a Justiça do

Trabalho sucumbe com a sua incapacidade crônica de fazer valer o seu princípio mestre (o

princípio protetor) para seus próprios funcionários. Neste contexto, fenômenos como

depressão, assédio moral e síndrome de Burnout aparecem (também) como produtos dessa

nova forma de organização do mundo do trabalho, em que os servidores públicos vivenciam

um processo de “dessubjetivação de classe”, materializando-se como uma expressão particular

da precarização/intensificação da força de trabalho em escala mundial.

Apoio:

Comissão de Avaliação das Licenças dos Magistrados – Tribunal Regional do Trabalho/RJ.

Palavras-chave:

Trabalho, Precarização do Trabalho, Intensificação do Trabalho, Serviço Público.

27



O ASSOBERBAMENTO DO PODER JUDICIÁRIO E A FALÊNCIA DA TUTELA COLETIVA

DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: POSSÍVEIS SOLUÇÕES.

João Felipe Calmon Nogueira da Gama (1)

(1) Mestrando em Direito Processual na Universidade Federal do Espírito Santo – UFES.



Introdução:

A obstrução das vias judiciais gerada pelo excessivo acúmulo de demandas constitui-se em

problema grave e de grandes proporções nas sociedades de massa e que, por isso, é tema de

grande interesse dos cientistas do Direito que se dedicam ao estudo do processo

(especialmente do processo civil). Dentro desse tema, a tutela coletiva, destinada a dar

tratamento molecular às lides que dizem respeito a direitos coletivos, exsurge como forma de

conter a litigância de massa, tornando efetivos princípios constitucionais caros ao Direito

Processual Civil, dentre os quais, o acesso à justiça, a isonomia, a duração razoável do

processo e a segurança jurídica. Ocorre que, tal como disciplinada a coisa julgada coletiva e

sua extensão subjetiva nos casos de direitos individuais homogêneos (coisa julgada secundum

eventum litis), a finalidade precípua da tutela coletiva de tais direitos, consistente em evitar o

ajuizamento de ações repetitivas e conferir igual tratamento aos jurisdicionados na mesma

situação fática, resta abalada. O trabalho, nesse viés, constata a falência do processo coletivo

no que toca ao combate à multiplicidade de demandas repetitivas e, de outro lado, busca

soluções para o desafogamento do Poder Judiciário brasileiro naquilo que pertine ao tema

pesquisado.

Metodologia:

Utilizou-se na pesquisa, a fim de defender a hipótese de trabalho, o raciocínio dedutivo. Isso

porque se partiu de premissas gerais – estudo da coisa julgada coletiva e dos sistemas de

vinculação à coisa julgada coletiva, estudo do modelo atual de extensão subjetiva da coisa

julgada coletiva, aprofundamento do tratamento legal e doutrinário dado aos direitos individuais

homogêneos bem como da relação da demanda coletiva destes direitos com as demandas

individuais – a fim de sustentar especificamente a falência do processo coletivo que visa à

tutela dos direitos individuais homogêneos e a necessidade de se adotar solução outra que não

28

a atualmente acolhida pela legislação pátria (Código de Defesa do Consumidor) no que tange à

vinculação à coisa julgada coletiva produzida no âmbito de processos que versem sobre

direitos individuais homogêneos. A pesquisa, por assumir caráter exploratório e bibliográfico,

desenvolveu-se da seguinte maneira: levantamento bibliográfico de livros e artigos de

periódicos; estudo crítico do material colhido e das opiniões divergentes sobre a temática;

análise da legislação pátria (sistema normativo vigente e projeto de novo Código de Processo

Civil) e estrangeira.


Na pesquisa, discutem-se as adaptações necessárias da coisa julgada coletiva em face da

coisa julgada produzida em processos individuais, conferindo-se ênfase aos limites subjetivos

da coisa julgada, os quais são alterados a fim de que aqueles que não foram partes no

processo sejam abrangidos pela sentença e pela coisa julgada que tornará imutável o seu

conteúdo. Contudo, para vincular aqueles que não tiveram a oportunidade de sustentar suas

pretensões no processo coletivo, os ordenamentos jurídicos de diversos países dispõem de

modelos de vinculação à coisa julgada coletiva, quais sejam, os sistemas do opt-in, do opt-out

e de eficácia segundo o resultado da demanda (este último adotado pela legislação brasileira),

que foram esmiuçados e debatidos. Discute-se o ingurgitamento das vias judiciais e o papel

que deveria ser realizado pela tutela coletiva de direitos individuais homogêneos. Abordam-se

as críticas ao sistema atual e as possíveis soluções apresentadas em âmbito doutrinário e de

lege ferenda (direito projetado).

Conclusão:

Conclui-se: a) o atual sistema de vinculação à coisa julgada coletiva (que é adotado também

pela maioria dos países ibero-americanos) é o principal fator para o descumprimento da

finalidade desenhada para a tutela coletiva (especificamente a tutela dos direitos individuais

homogêneos), que consiste no tratamento molecular dos litígios envolvendo direitos coletivos,

evitando-se o congestionamento do Judiciário com múltiplas demandas; b) é preciso, pois,

dotar o sistema vigente de instrumento apto ao alcance dos fins do processo coletivo (acesso à

justiça, economia processual e efetividade do direito material), o que se tentou por intermédio

de modificação legislativa que, contudo, não foi levada adiante; c) o Novo Código de Processo

Civil, ao introduzir o incidente de resolução de demandas repetitivas, inspirado na legislação

tedesca, poderá contribuir para a consecução dos objetivos do processo coletivo; d) a pesquisa

na seara jurídica, especialmente do direito comparado, é de grande importância ao

aperfeiçoamento do ordenamento jurídico pátrio, sobretudo no que tange ao tema do

assoberbamento do Poder Judiciário e as formas de combater tal problema.

Apoio:

29



Palavras-chave: tutela coletiva, direitos individuais homogêneos, obstrução das

vias judiciais, propostas doutrinárias e de lege ferenda.

30

A GENEALOGIA DO SISTEMA EDUCACIONAL NA HISTÓRIA DAS CONSTIUIÇÕES

BRASILEIRAS

Homero Chiaraba Gouveia(1); Carlos Alberto José Barbosa Coutinho(2); Marli Matheus dos

Santos (3); Efson Batista Lima (4);

(1) Mestrando em Direito Público na Universidade Federal da Bahia; (2) Mestrando em Estudos

da Universidade na Universidade Federal da Bahia; (3) Mestranda em Direito Público na

Universidade Federal da Bahia; (4) Mestrando em Direito Público na Universidade Federal da

Bahia


Área: Ciências sociais aplicadas

Introdução: O presente artigo tem como objeto estudar a evolução do que se chama de sistema

educacional brasileiro. A análise histórica comparada entre as constituiçoes brasileiras

possibilita um panorama da História da gênese da chamada Constituição da Educação,

presente da Constituição Federal de 1988, e do sistema educacional possibilitado por ela. O

artigo demonstra assim que os direitos assegurados pela atual carta magna são frutos de um

longo embate histórico entre as classes, e direitos como a gratuidade da educação pública, ou

liberdade de ensino e pesquisa, têm seu fundamento na luta concreta de um povo por sua

determinação histórica.

A análise das constituições e das principais políticas públicas que marcaram época em cada

período do estado brasileiro revele como o embate entre as classes e diversos grupos pela

disputa do poder proporcionaram – para o bem e para o mal – o entendimento disso que hoje

chama-se de direito à educação, e seu sistema de proteção e garantias.

Tal trabalho tem o escopo de demonstrar a historicidade dos direitos humanos,

especificamente o do direito à educação – e que seu caráter utópico decorre dessa própria

característica.

Por fim registra-se os maiores avanços que a atual constituição proporcionou no tocante ao

direito à educação, sua proteção e garantias, refletindo um verdadeiro amadurecimento

democrático do povo brasileiro.

Metodologia:

A metodologia empregada no presente trabalho é a pesquisa histórica, bibliográfica e

documental. O trabalho é realizado a partir de uma revisão de literatura sobre o produzido na

área de história da educação e história das constituições; analiando ainda o texto histórico das

constituilções brasileiras; legislação, decretos e outros dispositivos normativos. Através de tal

documentação busca-se reconstruir através de uma narrativa histórica e crítica a tragetória de

formação do sistema educacional brasileiro, tomado em seu viés legal.

31



Resultado e Discussão:

O Direito da Educação não é algo recente na história do Brasil. Desde a Constituição Imperial,

a educação enquanto instituição integra o Direito brasileiro. No art. 179, inciso XXXII, positiva-

se o direito de acesso à instrução primária gratuita. Já o inciso XXXIII prevê um sistema

imperial superior de ensino.

Na Proclamação da República que a Faculdade Livre de Direito da Bahia é fundada,

oferecendo (por pouco tempo) os cursos de Sciencias Juridicas, Sciencias Sociaes e

Notariado. No fim este último foi extinto e os dois primeiros foram fundidos em um curso só. No

final da primeira república destaca-se na Bahia a figura de Anísio Teixeira – grande defensor

da educação pública e representante das ideias pedagógicas de John Dewey no Brasil – que

vem a ser um dos mais importantes filósofos da educação brasileira ao longo do século XX.

O projeto educacional apresentado pela carta de 1937 não apresentou uma intenção

transformadora ou que proporcionasse uma real chance de mobilidade social. Ao invés,

proporcionou ao trabalhador melhorias nas condições de desenvolvimento enquanto classe

operária, promovendo quase que uma estratificação social baseada na atividade produtiva. O

operário passou a ter o direito de se desenvolver enquanto mão de obra qualificada, mas com

pouca possibilidade de, ao menos através da educação, tornar-se empregador.

É necessário, portanto, compreender o nascimento do Sistema Nacional de Ensino no Brasil

dentro do contexto de outros sistemas sociais, todos relacionados com as políticas de amparo

ao trabalhador. A Consolidação das Leis do Trabalho, surgidas em 1943, trouxeram consigo

uma sub-sistematização precoce não intencional do Direito da Educação, atribuindo princípios

próprios da relação educacional aos dispositivos trabalhistas que tratam do contrato de

aprendizagem, vigentes até os dias atuais.

A queda do Estado Novo em 1946 levou o Brasil à sua primeira experiência efetivamente

democrática. A nova constituição elaborada, neste mesmo ano, trata do Ensino a partir do

artigo 166. Trouxe, em seus dispositivos, algumas das construções anteriores, como a

liberdade de ensino, agora denominada liberdade de cátedra, a possibilidade de coexistência

de instituições privadas e públicas, o ensino e aprendizagem técnico-profissionalizante, a

gratuidade para os alunos de baixa renda. Também declarou como gratuito o primeiro grau do

ensino oficial, contudo, permitindo a cobrança dos graus ulteriores, mesmo em

estabelecimentos oficiais.

Não se pode falar em tutela do Direito à Educação durante o período militar, quando toda sua

intervenção na esfera educacional aconteceu no sentido de garantir interesses hegemônicos

do empresariado, das multinacionais e governos estrangeiros.

Ao discorrer sobre a abordagem constitucional da Educação, Edivaldo Boaventura avalia três

posições ocupadas pela da educação no texto constitucional: normas específicas; a educação

no conjunto constitucional; a educação e as garantias educacionais. As normas específicas de

educação são aquelas que estão no Título VIII, Capítulo III da Constituição, que estabelece

32

regras e competências dos poderes públicos ao organizar a educação. A educação no conjunto

constitucional e nas disposições transitórias dizem respeito aos dispositivos que se referem

diretamente à educação, mas não estão no capítulo específico. Sobre as garantias

constitucionais da educação refere-se aos dispositivos como o Mandado de Segurança, que

não se refere diretamente à relação educacional, mas são invocados para tutelá-la.

A partir desta análise, é possível visualizar o que pode ser definido como a Constituição da

Educação.

Conclusão:

Após a análise da trajetória da Educação ao longo das constituições brasileiras fica

evidenciada a historicidade da noção de um direito à educação. Mas não somente. A análise

dos documentos legais dentro de seus respectivos contextos históricos possibilita compreender

como a postura do Estado perante à educação nunca foi uma posição dirigente, mas ao invés,

uma posição de administração de crises. As respostas ao problema da instrução pública

aparecem sempre em resposta a uma demanda externa, seja do capital, seja do próprio grupo

dirigente no momento.

Também fica evidenciado como a construção do sistema educacional no Brasil está

umbilicalmente ligada ao carater patrimonialista do estado brasileiro. Sobretudo durante a Era

Vargas e durante a Ditadura Militar, o interesse das elites foi o único interesse que regeu o

estabelelcimento do sistema educacional. Com a diferença de que, enquanto no governo

Vargas havia uma clara preocupação para com a instrução popular – ainda que esta não fosse

uma instrução voltada para a democracia – no período militar o sistema educacional fora

instrumentalizado para a des-instrução da população, a fim de garantir uma educação só para

as elites e dificultar ao máximo o acesso das classes oprimidas ao conhecimento. Os reflexos

desta política até hoje são sentidos no estado brasileiro.

Com o advento da Constituição Federal de 1988 os anseios da sociedade brasileira por um

sistema educacional consistente e garantidor de direitos fez-se refletir no que a teoria chama

de Constituição da Educação.

Tal sistema de proteção e garantia do Direito à Educação figura entre um dos mais avançados

do mundo. O caráter utópico, programático e dirigente evidencia o Sistema Constitucional da

Educação, apesar de representar uma conquista sem igual na história do Brasil, resolve

apenas o problema da justificação do Direito à Educação, delegando às gerações presentes e

futuras a luta por sua efetividade.

Palavra-chave: Direito Educacional; Constituição; História do Direito

33



AVANÇOS E RETROCESSOS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM CONTEXTO

NEOLIBERAL E DE CENTRALIDADE DOS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE

RENDA

Vanessa Cristina dos Santos (1)

(1). Mestranda em Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Área: Ciências Sociais Aplicadas.

Introdução:

A política de Assistência Social no decorrer de sua trajetória, vem passando por uma gama de

transformações a depender da conjuntura social que está inserida. Estas podem ser

constatadas, quando esta adquiriu caráter de direito com o advento da Constituição Federal de

1988 (CF/88) e abandonou dessa forma seu foco assistencialista.

Essas transformações que também incidem sobre o Serviço Social, fomentaram a

assistencialização das políticas. O objetivo desta pesquisa é verificar se programas de

transferência de renda são impulsionadores deste processo. O que se evidencia a priori que

tais programas incidem sobre as necessidades mais elementares dos usuários e por isso,

contata-se sua ineficiência em face da estrutural desigualdade social.

Evidencia-se diante disso, que o elo de dependência entre os usuários da política de

Assistência Social e o Estado se reafirma. Sendo que na atual conjuntura de esgarçamento

dos direitos do trabalho, os governantes passam a utilizar os programas como mecanismo de

manipulação de votos em tempos de eleição. Nesse sentido, compreender os novos contornos

que a Política de Assistência Social vem adquirindo neste Estado Neoliberal, assim como a

ação profissional do Serviço Social frente às expressões da questão social se torna relevante.

Metodologia:

Para efetivar esse estudo, foi realizada primeiramente pesquisa bibliográfica e hemerográfica

de fontes primárias e secundárias. Assim como, buscou-se o aprofundamento teórico junto à

autores que já se debruçavam sobre a referida temática, tais como MOTA, A. E., BEHRING, E.

R. dentre outros.

Ressalto também a participação nos eventos direcionados a fomentar a reflexão da política

pública de Assistência Social, a partir das experiências em decurso na cidade do Rio de

Janeiro. Ocorreu em momento posterior inserção nos Conselhos municipal e estadual da

Política de Assistência Social no Rio de Janeiro com o intuito de me aproximar da realidade da

cidade em questão e assim contribuir para com a pesquisa em decurso. Os dados obtidos e

sistematizados, foram posteriormente analisados, oportunizando a elaboração deste estudo.


34

Apesar dos progressos que obteve, a Assistência Social está circunscrita na ordem societária

capitalista, a qual para garantir sua (re) produção utiliza-se de vários mecanismos e medidas,

dentre as quais podemos citar a condução política, econômica e ideológica do Estado nos

moldes neoliberais. No país, a ofensiva neoliberal obteve materialidade na década de 1990

durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC). E isso gera impactos significativos

sobre as políticas públicas brasileiras, haja vista que os direitos Constitucionais passaram a ser

duramente atacados (BOSCHETTI, 2001).

Posteriormente, com a eleição de Luis Inácio Lula da Silva a presidência da República (2003-

2010), este cenário não se modificou. A Assistência Social novamente passa por grandes

transformações, haja vista que conformou um Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e

se regulamentou a Política Nacional de Assistência Social. Apesar disso, a preocupação deste

governo permaneceu sendo as questões econômicas.

Com a eleição de Dilma Roussef em 2011, as questões acirram-se. A política de Assistência

Social continua a ofertar aos usuários serviços e benefícios de baixo impacto na vida dos

usuários. Tudo isso evidencia apenas que se oferta a população uma política pobre aos pobres

(MOTTA, 2010).

Conclusão:

Evidencia-se que a compreensão dos gestores municipais e governantes é que as expressões

da “questão social” podem ser erradicadas unicamente por meio dos programas de

transferência de renda direta; o que pressupõe a retomada de uma visão economicista. Por

outro lado, a desresponsabilização da “questão social”, é evidente e expressa uma estratégia

Neoliberal de desonerar o Estado frente aos serviços socioassistenciais.

A filantropia e o discurso humanitário também são retomados, atrelados a um investimento

financeiro maciço dos governos. Além disso, o que se evidencia é uma estratégia de

massificação de uma ideologia burguesa de individualização das responsabilidades em face

dos sujeitos, no que diz respeito a situação de pobreza enfrentada. Outro fator vinculado a esta

estratégia é fomentar uma ideologia de direitos do consumidor em detrimento dos direitos do

trabalho.

E com a unificação dos programas socioassitencias no governo Lula, a Assistência Social

adquire maior centralidade em face das demais políticas, passando a ser utilizada como

mecanismo de gerenciamento da pobreza, mas também como pacificador da população.

Sendo por isso, que os programas de transferência de renda condicionada se espraiam pelo

país e se transforma em protagonista nos estados e municípios.

Apoio: CAPS.

Palavras-chave: Política de Assistência Social, Transferência de renda e gerenciamento

da população.

35



DESAFIOS DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS DIFERENTES ESPAÇOS

SÓCIO- OCUPACIONAIS DA REGIÃO FLUMINENSE

Lucí Faria Pinheiro (1); Sandra Elena Torres Fonseca (2)

(1) Professora Adjunto da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense –

Niterói, Coordenadora do Laboratório de Serviço Social, Movimentos Sociais e Novos Projetos

Societários na América Latina - LASSAL, Doutora em Antropologia e sociologia política; (2)

Graduanda em Serviço Social na Escola de Serviço Social da Universidade Federal

Fluminense – Niterói e integrante do LASSAL.




Introdução:

Este trabalho constitui-se no resultado de parte das análises da pesquisa realizada pelo

Laboratório de Serviço Social, Movimentos Sociais e Novos Projetos Societários na América

Latina – LASSAL, do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense. A

pesquisa buscou conhecer os limites, dificuldades e desafios frente aos diferentes espaços

sócio-ocupacionais do Serviço Social na Região Fluminense no Estado do Rio de Janeiro.

Buscamos analisar a realidade do profissional de Serviço Social diante da contrarreforma do

Estado, do neoliberalismo e dos impactos advindos da reestruturação produtiva. Com isso, o

objetivo é conhecer as condições de trabalho deste profissional, marcado pela precarização e

diminuição do papel do Estado, o que agrava ainda mais as variadas expressões da “Questão

Social”.

Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico e empírico, através de aplicações de

questionários em um roteiro que abrange diferentes áreas de atuação do serviço social na

esfera pública e privada, visando trazer à luz as condições de empregabilidade em que os

assistentes sociais estão inseridos. Junto a isso, agendamos entrevistas, visitas institucionais,

reuniões e debates que impulsionam nossas análises paralelamente com encontros onde são

socializadas as sugestões, dúvidas e soluções no decorrer da pesquisa. Dentre as perguntas

presentes no questionário estão as que contemplam a verificação de regime de trabalho,

benefícios, desafios, autonomia profissional, formação continuada e participação em

movimentos sociais. Os questionários foram aplicados nos municípios: 36% no Rio de Janeiro

36% em Niterói, 16% em Itaboraí, 7% em São Gonçalo e 5% em Araruama.


36

Através do roteiro da pesquisa, constatamos que a rotina do assistente social é muitas vezes

corrida. Precisamos, muitas vezes, agendar as visitas e retirada dos questionários mais de uma

vez. O ir e vir tornou necessário um planejamento de tempo maior que o suposto. Foi preciso

conhecer os horários, rotinas e burocracia de cada local em diferentes municípios. Em parte da

análise dos dados da nas áreas de atuação da saúde, saúde mental, assistência, educação,

segurança pública, envelhecimento, judiciário, previdência social dentre outras, constatamos

que 15% dos trabalhadores são celetistas, 38% são estatutários e 47% trabalham em regime

de contratos temporários. Nestes últimos encontram-se os que estão em cargos

comissionados, cooperativados, em residência e RPA. Dentre o total pesquisado 77% dos

profissionais têm iniciativas no sentido de lutar pela autonomia no cotidiano e 23% não têm. O

que nos mostra o desafio pela conquista da autonomia e poder de decisão dentro de estruturas

institucionais hierárquicas. Esta é uma condição de existência da profissão e os recursos

públicos são um instrumento permanente de consolidação dos direitos sociais, portanto, de sua

finalidade.

Conclusão:

Pretendemos avançar nas nossas análises, mas observamos que grande parte dos assistentes

sociais luta pela autonomia profissional em suas áreas ocupacionais e que muitos são

submetidos a contratos terceirizados e flexíveis. Os contratos sem vínculo empregatício,

sazonais e instáveis refletem perda de direitos trabalhistas. A precarização da forma de

trabalho sugere uma fragilidade no poder de decisão deste profissional, bem como um desafio

para a luta por conquistas de direitos e na relação teoria e prática no cotidiano profissional. Ter

o trabalho datado para término ou, ainda, ficar a mercê de estratégias e poderio político, não

confere ao profissional uma “proteção” no caminho de decisões nos enfrentamentos que

recomenda o projeto ético-político profissional. Há, portanto, a necessidade de ressaltar sua

condição de trabalhador assalariado num contexto que urge por conquistas e melhoria nos

caminhos, desafios e limites de atuação.

Apoio: FAPERJ e CNPq

Palavras-chave: Serviço Social, Trabalho, Autonomia profissional,

Região Fluminense.

37



MUDANÇA ECONÔMICA APÓS A CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DO CASTANHÃO NA

CIDADE DE NOVA JAGUARIBARA-CE

Carlos Vinícius Damaceno Bessa (1); Sílvio Roberto Fernandes Soares(2); Marcelo Tavares

Gurgel(3); Lucas ramos da Costa(4)

(1).Bacharel em Ciência e Tecnologia - UFERSA; (2). Doutorando em manejo de Solo e Água –

UFERSA; (3). Doutor, Professor Adjunto-UFERSA; (4). Mestrando em Manejo de Solo e Água-

UFERSA



Introdução:

Embora existam muitas vantagens na construção da barragem, o fato de ser erguida sobre

uma sociedade trouxe questionamentos e indagações que até hoje buscam soluções e

explicações, como por exemplo: o abastecimento de água, atividades tectônicas que põe em

risco algumas cidades e o ressarcimento de algumas famílias da antiga cidade.

A barragem do Castanhão foi construída sobre as ruínas da antiga cidade de Jaguaribara,

distante 291 quilômetros da capital Fortaleza, com capacidade de armazenar 6,7 milhões de

metros cúbicos de água, sendo a maior represa do estado do Ceará (DNOCS, 2010).

O deslocamento compulsório da população Jaguaribarense e atividades geológicas decorridas

na execução da obrada barragem refletem questionamentos a ser tratados com mais

minudencies (CAMARÃO, 2001).

Nesse contexto, existe a necessidade que novos estudos sejam realizados na região de

influência da barragem do Castanhão, a fim de buscar respostas para vários questionamentos

dentro dos aspectos econômicos.

Assim, objetivou-se com este trabalho, analisar as questões econômicas ocorridas após a

construção da barragem do Castanhão na cidade de Jaguaribara – CE.

Metodologia:

O estudo foi realizado na cidade de Nova Jaguaribara que pertence à microrregião do vale do

Jaguaribe, no interior do estado do Ceará, localizando-se a uma distância de 291 quilômetros

da capital Fortaleza.

O trabalho iniciou-se no mês de Outubro de 2013 terminando em Fevereiro de 2014. Nesse

período foram realizados, para o andamento da pesquisa, a elaboração e aplicação de

38

questionários possibilitando a abrangência de conhecimento através da comunicação com a

população do entorno da barragem do Castanhão e com técnicos envolvidos com a mesma.

O presente estudo constitui uma pesquisa de campo de natureza e amostra quantitativa, onde

critérios de escolha dos entrevistados foram previamente definidos e os resultados puderam

ser analisados e demonstrados a partir de análise gráfica (CORREA, 2003).


Percebe-se uma divergência na opinião das pessoas. Como visto através dados da entrevista,

em que: 43% afirma que melhorou, 50% piorou; e 7% indiferente, a opinião dos entrevistados é

dividida entre aqueles que acreditam na melhoria do comércio local, e daqueles que creem que

apenas a Piscicultura é a forma de trabalho da região.

A grande divergência de opiniões está ligada com a falta de serviços no setor secundário da

economia, pois, após a construção da nova cidade, indústrias e fábricas não foram construídas,

inviabilizando locais que geram grandes quantidades de empregos. Deste modo, toda a

economia da cidade gira em torno dos empregos municipais e da prática da Piscicultura,

aumentando assim, o descontentamento da população.

De acordo com (SOUZA, 2010), com a estratégia da gestão, a atividade piscícola da ASPBC

(Associação dos Piscicultores da Barragem do Castanhão) permaneceu lucrativa até meados

de 2005, quando começou a apresentar os primeiros problemas com alguns grupos.

É válido lembrar que permaneceu e foi intensificada a prática da Piscicultura na região. Se

antes os moradores dependiam dos leitos do rio Jaguaribe, agora a condição melhora pela

imensidão do açude, porém como Souza (2010) menciona, o crescente número de

trabalhadores no ramo gera problemas de mercado.

Conclusão:

No geral, a construção da barragem do Castanhão alterou alguns fatores da sociedade de

Jaguaribara-CE.

A partir da mudança para a nova cidade houve melhorias significativas nos índice economia.

Há necessidade de novos estudos que tragam informações mais aprofundadas acerca de

outros indicadores sociais.

Palavras chave: Pscicultura, Renda, Jaguaribara.

39



SITUAÇÃO EDUCACIONAL APÓS A CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DO CASTANHÃO NA

CIDADE DE NOVA JAGUARIBARA-CE

Carlos Vinícius Damaceno Bessa (1); Sílvio Roberto Fernandes Soares(2); Marcelo Tavares

Gurgel(3) ; Lucas ramos da Costa(4)

(1).Bacharel em Ciência e Tecnologia - UFERSA; (2). Doutorando em manejo de Solo e Água –

UFERSA; (3). Doutor, Professor Adjunto-UFERSA; (4). Mestrando em Manejo de Solo e Água-

UFERSA



Introdução:

A barragem do Castanhão foi construída sobre as ruínas da antiga cidade de Jaguaribara-CE,

distante 291 quilômetros da capital Fortaleza, com capacidade para armazenar 6,7 milhões de

metros cúbicos de água, sendo a maior represa do estado do Ceará (DNOCS, 2010).

Corresponde a área inundada de mais de 325 Km² e a lâmina de água alcança mais de 48

metros de altura, tendo assim o título de maior açude para multiusos do país (SRH-CE, 2013).

Embora existam muitas vantagens na construção da barragem, o fato de ser erguida sobre

uma cidade trouxe questionamentos e indagações que até hoje buscam soluções e

explicações, como por exemplo: o abastecimento de água, atividades tectônicas que põe em

risco algumas cidades e o ressarcimento de algumas famílias da antiga cidade.

Nesse contexto, existe a necessidade que novos estudos sejam realizados na região de

influência da barragem do Castanhão, a fim de buscar respostas para vários questionamentos

dentro aspectos sociais.

Assim, objetivou-se com este trabalho, analisar indicadores educacionais, alterados após a

construção da barragem do Castanhão na cidade de Jaguaribara – CE.

Metodologia:

O estudo foi realizado na cidade de Nova Jaguaribara que pertence à microrregião do vale do

Jaguaribe, no interior do estado do Ceará, localizando-se a uma distância de 291 quilômetros

da capital Fortaleza.

O trabalho iniciou-se no mês de Outubro de 2013 terminando em Fevereiro de 2014. Nesse

período foram realizados, para o andamento da pesquisa, a elaboração e aplicação de

questionários possibilitando a abrangência de conhecimento através da comunicação com a

população do entorno da barragem do Castanhão e com técnicos envolvidos com a mesma.

40

O presente estudo constitui uma pesquisa de campo de natureza e amostra quantitativa, onde

critérios de escolha dos entrevistados foram previamente definidos e os resultados puderam

ser analisados e demonstrados a partir de análise gráfica (CORREA, 2003).


O indicador da situação da educação da nova cidade, nos mostra, um cenário positivo ao

compararmos com as características e números da velha cidade. Segundo os entrevistados,

todas as crianças e jovens tem acesso a uma educação de melhor qualidade e com melhor

deslocamento de suas casas para a instituição de ensino.

Segundo uma professora entrevistada, as condições de trabalho e o conhecimento adquirido

pelos alunos melhoraram consideravelmente, a ponto de ser quase unânime a opinião de todos

os entrevistados em dizer que a educação evoluiu bastante, dados segundo a entrevista: 93%

disse que melhorou e 7% foi indiferente.

A educação também segue o princípio de ser um dos pilares da sociedade. Percebe-se que

com a inserção da nova cidade, as condições ambientais de estudo e nível de conhecimento

cresceram consideravelmente, haja vista, que aumentaram também os alunos em instituições

de ensino superiores.

Ao analisar as informações do IFDM, percebe-se também, uma crescente nos números

relativos à melhoria na educação municipal, ocorreu um aumento de quase 50% do ano 2000 a

2012 nos números relativos à educação municipal. Esses números mostram um crescimento

moderado, e representam mais uma vez a crescente relatada pelos entrevistados.

Conclusão:

No geral, a construção da barragem do Castanhão alterou alguns fatores da sociedade de

Jaguaribara-CE.

A partir da mudança para a nova cidade houve melhorias significativas nos índice educação.

Palavras chave: Avaliação, escola, juventude.

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O DIREITO À CIDADE E PROJETOS SOCIETÁRIOS ANTAGÔNICOS EM DISPUTA NA

CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Juliana Oliveira de Souza (1)

(1). Mestranda em Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro.



Introdução:

O presente trabalho sintetiza o diálogo desenvolvido entre o conteúdo teórico-metodológico

utilizado e algumas situações observadas na cidade do Rio de Janeiro, especialmente no

contexto de realização dos megaeventos. Verificamos o acirramento das lutas que se

manifestam com maior intensidade com o avanço indiscriminado das intervenções urbanas

para colocar a cidade de acordo com os padrões internacionais de funcionalidade e beleza.

Temos como objetivo analisar os principais pontos de confronto entre a concepção do direito à

cidade sustentada pela perspectiva do capital, predominante na condução da política urbana

em vigor, e orientações que dão suporte às práticas de movimentos sociais que hoje

reivindicam o acesso à cidade. Atribuímos centralidade especial na composição do “feixe de

direitos”, conforme propõe Cavallazi (2004), que integra o direito à cidade, este tomado numa

perspectiva ampla, tal como na formulação de Lefebvre (2001) que sustenta que o efetivo

direito à cidade deve ser garantido democraticamente ao conjunto da população. A relevância

deste estudo decorre da importância em apreender os processos em curso nesta cidade e as

perspectivas dos diversos atores sociais a partir da dicotomia existente entre projetos sociais

antagônicos e em disputa pelo uso da cidade.

Metodologia:

Utilizamos como suporte metodológico o levantamento bibliográfico, tendo como objetivo fazer

um resgate do acúmulo teórico que fundamenta e sustenta a análise proposta neste trabalho;

bem como, realizamos acompanhamento de reuniões e mapeamento de grupos de redes

sociais, blogs, mídias alternativas relacionadas a demandas nas áreas de moradia, transporte,

segurança pública e trabalho.


A partir do mapeamento e analise das demandas publicizadas pelos movimentos sociais nas

recentes mobilizações, nas cidades brasileiras e em outras cidades pelo mundo indicamos a

articulação dos diversos eixos de conflito referentes ao uso da cidade. Em nossa perspectiva,

tais demandas dão visibilidade às diferentes formas de expressão da questão social (NETTO,

2011) e se articulam na medida em que a garantia do efetivo direito à cidade exige a

concretização de um “feixe de direitos”, conforme propõe Cavallazi (2004). No decorrer deste

trabalho buscamos demonstrar como o acesso à moradia se torna elemento essencial à

42

garantia ou restrição do acesso da população a outros bens e serviços produzidos socialmente

e diferentemente distribuídos no território. Neste contexto constatamos ainda, alguns desafios à

formação e à ação do Serviço Social para que sua atuação profissional possa efetivamente

colaborar na garantia dos reais interesses do segmento da população que ele majoritariamente

atende - a classe trabalhadora -, de modo que seja possível favorecer à ultrapassagem dos

limites reais impostos pelo capitalismo a um pleno desenvolvimento da cidadania, dos direitos

sociais, civis e políticos, com vistas à efetiva autonomia e emancipação do ser social.

Conclusão:

Ao final deste trabalho constamos que a cidade contém elementos que contribuem para o

contínuo desenvolvimento do modo de produção capitalista, bem como apresenta meios, que

potencializados, garantem a (re) produção da vida de diversos segmentos sociais propiciando a

permanência destes na cidade. Isto contribui para conformar projetos distintos e antagônicos

que acentuam a disputa pela cidade. No contexto do capitalismo, a sociedade urbana, como

produtos do processo de industrialização, tende a ser orientada predominantemente pelo valor

de troca que a mesma adquire. No entanto, existe um embate que nos coloca diante de

questões que atravessam tanto as concepções quanto as possibilidades de efetivação do

direito à cidade, a partir de sua reivindicação por aqueles que a demandam por seu valor de

uso. O modelo de urbanização que vem sendo construído favorece a um processo de

disparidade no acesso a bens e serviços que são produzidos socialmente e apropriados por

pequena parcela da população, o que estimula a eclosão de movimentos sociais que

reivindicam o maior acesso a direitos. Compreendemos que tais movimentos possuem um

potencial latente no que tange à efetivação do direito à cidade, mesmo que contendo caráter

contra-hegemônico por assentarem-se ainda no contexto do capitalismo.

Apoio: CAPS.

Palavras-chave: Megaeventos, direito à cidade e movimentos sociais.

43



RESPONSABILIDADE CIVIL E REDES SOCIAIS: DIREITO A PRIVACIDADE NO MUNDO

GLOBALIZADO

Área: Ciências Sociais Aplicadas (conforme edital – item 4.2.5)

Anderson Nogueira Oliveira (RELATOR)

Advogado. Professor de Direito da Universidade Nove de Julho e Escola Superior de

Advocacia de São Paulo. Presidente da Comissão de Pós-graduandos e Acadêmicos da OAB-

SP-Pinheiros. Mestrando em Direito: Justiça, Empresa e Sustentabilidade da Universidade

Nove de Julho. Pós-graduado “Lato Sensu” em Direito Empresarial. Diretor de Políticas

Institucionais da Associação Nacional de Pós-graduandos – ANPG 2012-2014. Diretor de Pós-

graduação “Lato Sensu” da Federação Nacional de Pós-Graduandos em Direito – FEPODI

2013-2015. Avaliador de Bancas de graduação, pós-graduação e eventos científicos.

Palestrante e Autor de obras jurídicas.


Lucimara Aparecida Main

Advogada. Professora da Escola Superior de Advocacia de São Paulo e no Curso de Pós

Graduação da Faculdade de Direito Damásio de Jesus. Palestrante do Departamento de

Eventos e Cultura da Ordem dos Advogados do Brasil Subseção de São Paulo. Mestranda em

Direito e Sustentabilidade pela Universidade Nove de Julho, Especialista em Docência para o

ensino profissionalizante, pela Universidade Nove de Julho, Especialista em Gestão e

Tecnologia em Segurança da Informação pela Faculdade Impacta Tecnologia. Bacharel em

Direito pela Universidade Nove de Julho. Atualmente é tutora convidada dos cursos EAD e

"Direito Digital" e "Aspectos Jurídicos da Segurança da Informação" no SENAC.


Yuri Nathan da Costa Lannes

Advogado. Membro da Câmara de Pós-Graduação e Pesquisa da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo e da Câmara de Educação Continuada da PUC-SP. Diretor da

Associação Nacional de Pós-Graduandos - ANPG 2012-2014. Presidente de Associação de

Pós-Graduandos da PUC/SP 2012-2014. Diretor da Federação Nacional de Pós-Graduandos

44

em Direito - FEPODI 2013-2015. Mestrando em Justiça Empresa e Sustentabilidade pela

Universidade Nove de Julho. Especialista em Direito Tributário pela PUC-SP e em Direito

Público.


Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar a responsabilidade das empresas

administradoras das redes sociais pela intermediação na comunicação entre as pessoas.

Assim, tem como fundamento a Constituição Federal, o Código Civil e o Código de Defesa do

Consumidor. Será realizado uma análise com o método hipotético-dedutivo, com a análise de

livros, artigos publicados sobre o tema, por fim, será realizada uma pesquisa jurisprudencial

com os casos sobre a responsabilidade civil destas empresas. A pesquisa terá como

justificativa o estudo das redes sociais, com base na responsabilidade civil. A hipótese inicial é

a aplicação da responsabilidade objetiva para estas administradoras dos “sites”, com base no

Código de Defesa do Consumidor, tendo em visa a existência de pagamento indireto dos

usuários pela utilização, tendo em vista as propagandas vinculadas nas redes sociais pelas

administradoras.

Palavras-chave: Redes socais; privacidade; responsabilidade civil

Introdução:

Desde o início do convívio social o homem precisou se comunicar e se relacionar para

estabelecer a sociedade, durante estes milhões de anos a forma de comunicação se

transformou. Assim, na atualidade uma das principais formas de comunicação e interação são

as redes sociais.

Entretanto, tendo em vista que estas comunicações entre pessoas são realizadas com um

intermediário (provedor\site administradora da rede social), atualmente, começou-se a

questionar a responsabilidade destas empresas no que tange violações da privacidade dos

seus usuários.

Desta forma, esta pesquisa analisará a responsabilidade civil destas empresas sobre as

diversas formas de violação de direito, tais como: venda de informações pela administradora,

criação de perfil falso, utilização de vírus para apropriar-se de imagens e informações, etc.

Assim, primeiramente será analisada a evolução histórica das redes sócias, sendo algo

recente, mas com diversas formas de concepções de realização. Outrossim, também será

realizada a conceituação de rede social, passando pelas diferentes teorias, em especial, as

mais abrangentes.

Posteriormente, também será analisado o direito à privacidade, com o apontamento da

fundamentação legal, realizado uma análise deste direto, bem como realizando uma

interligação com as redes sociais e a troca de informações.

45



Por fim, analisaremos diversas jurisprudências sobre algumas questões relevantes sobre o

direito à privacidade e as redes sociais, bem como o apontamento das principais teorias que

fundamentam, tais como a responsabilidade objetiva, com base no Código de Defesa do

Consumidor, fundamentado na ideia de pagamento indireto pelo usuário e de intermédio das

redes socais.

Metodologia:

Pelo método hipotético-dedutivo, o presente trabalho vem problematizar as diversas formas de

violações do direito à privacidade e como ficaria a responsabilidade da empresa administradora

nos casos mais frequentes.

Resultados e discussões: Evidentemente, na sociedade quanto maior o avanço tecnológico, mais as pessoas

desenvolvem a capacidade de se comunicar e interagir umas com outras, isto aconteceu com

as cartas, telegramas, telefone e outros.

Porém, com o advento da internet houve uma aceleração neste processo de comunicação, de

modo que novas ferramentas de comunicação sempre tiveram grande destaque e crescimento

na rede mundial de computadores, desde os primeiros meios como o próprio correio eletrônico

(e-mail). Outrossim, com o advento das redes sociais, estas relações entre diferentes pessoas

tornaram-se mais comuns.

Vale ressaltar que existem diversas definições de redes socais, dentre elas a divulgada pelas

pesquisadoras Danah Boyde e Nicole Ellison ”serviços baseados na web que permitem ao

indivíduo construir um perfil público ou semi-público dentro de um sistema pré-formatado, onde

se desenvolve uma lista de conexões com outros usuários, com os quais se compartilham

informações”

Entretanto, sabemos que na atual era da informática o direito à privacidade tornam-se

constantemente ameaçado, frente à quase completa eliminação de barreiras para a

disseminação da informação através das redes sociais.

Desta forma, torna-se necessário garantir ao sujeito o máximo controle sobre quem sabe e

onde foram encaminhados seus dados pessoais de forma a evitar que a malversação desses

dados pela informação incorreta ou inadequada por outras pessoas.

Conclusão:

As redes sociais traduzem as interações da sociedade em forma de integração mediadas pela

“internet”, permitindo a seus usuários alimentar com dados e informações pessoais o seu “perfil

virtual”, dispondo de ferramentas que possibilitam interação com outros usuários, afins ou não

ao perfil publicado.

46

Ao obter os dados pessoais de seus usuários mediante expresso consentimento, não ocorre

propriamente a transferência dos direitos da sua privacidade para a administradora das redes

sociais, pois estes são uma expressão direta da intimidade do usuário e continuam a manter

com ele uma relação direta e inafastável.

Desta forma, ressalta-se que o direito à privacidade é um direito que está protegido pela

Constituição Federal de 1988, no art. 5º, X, tratando-se de uma tutela assegurada a todas as

pessoas para que tenham o direito de impedir a interferência de terceiros em sua esfera íntima

de vida, além de controlar as informações sobre elas divulgadas.

Assim, conforme o entendimento jurisprudencial e legal, com base na responsabilidade

objetiva, pode se afirmar que é dever da rede social reconhecer este caráter dos dados

pessoais e fornecer aos seus usuários instrumentos de controle das informações prestadas ao

“site” administradora da rede, bem como que estas empresas efetivamente realizem o

cancelamento completo dos dados pessoais que lhes foram fornecidos por seus usuários ou

em caso de perfil falso, que a empresa administradora da rede social seja responsabilizada

com indenizações ao prejudicado.

Instituição de Fomento: Universidade Nove de Julho

Levantamento Bibliográfico Preliminar

BOYD, Danahet ELLISON, Nicole. Social network sites: Definition, history, and scholarship.

Califórnia, 2007. Disponível em <http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html>,

Acesso em 04 de junho de 2013

BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Direitos de personalidade e autonomia privada. 2. ed.

São Paulo: Saraiva, 2007

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,

Senado, 1988.

DONEDA, Danilo. Reflexões sobre proteção de dados pessoais em redes sociais. Revista

Internacional de Protección de DatosPersonales. No. 1. Dezembro 2012. Disponível em

<http://habeasdatacolombia.uniandes.edu.co/wp-content/uploads/10_Danilo-

Doneda_FINAL.pdf.pdf>. Acesso em 5 de fevereiro de 2014

FARIA, Caroline. GPS – Sistema de Posicionamento Global. Disponível em:

http://www.infoescola.com/ cartografia/ gps-sistema-de-posicionamento-global/. Acesso em 14

de fevereiro de 2014.

MAIN, LUCIMARA A.; MORO, Maitê . O direito à privacidade do empregado como limitador do

monitoramento pelas empresas. In: III Seminário de Pesquisa em Direito da Uninove, 2013,

São Paulo. III Seminário de Pesquisa em Direito da Uninove. São Paulo: Uninove, 2013. v. 01.

OLIVEIRA, Anderson Nogueira. Empresas Transnacionais e os Direitos Humanos: as

responsabilidades positivas e negativas destas empresas no mundo globalizado. 1. ed.

Florianópolis: FUNJAB, 2013. v. XXII. p. 504-524.

PEREIRA, Marcelo Cardoso. Direito à Intimidade Na Internet. Curitiba: Juruá Editora, 2003.

47



RODOTÀ, Stéfano. A vida na sociedade da vigilância: a privacidade hoje. Trad. Maria Celina

Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p.24. 9GUERRA, Sidney. O direito à

privacidade. In Dimensões Jurídicas da Personalidade na Ordem Constitucional Brasileira.

MENEZES, Joyceane Bezerra (Org.). Florianópolis: Conceito Editorial, 2010

SILVA, Taís Carvalho. O espetaculoso mundo do eu. Uma análise do sentido do paradoxo da

privacidade. Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3150, 15fev.2012 . Disponível em:

<http://jus.com.br/revista/texto/21092>. Acesso em: 22 de janeiro de 2014

TECMUNDO. A história das redes sociais como tudo começou. Disponível em:<http://

www.tecmundo.com.br/redes-sociais/33036-a-historia-das-redes-sociais-como-tudo-

comecou.htm> Acesso em10 abr. 2013

48

HERANÇA DIGITAL: FALECIMENTO E O DIREITO A SUCESSÃO DO ACERVO DIGITAL

Área: Ciências Sociais Aplicadas (conforme edital – item 4.2.5)

Anderson Nogueira Oliveira (RELATOR)

Advogado. Professor de Direito da Universidade Nove de Julho e Escola Superior de

Advocacia de São Paulo. Presidente da Comissão de Pós-graduandos e Acadêmicos da OAB-

SP-Pinheiros. Mestrando em Direito: Justiça, Empresa e Sustentabilidade da Universidade

Nove de Julho. Pós-graduado “Lato Sensu” em Direito Empresarial. Diretor de Políticas

Institucionais da Associação Nacional de Pós-graduandos – ANPG 2012-2014. Diretor de Pós-

graduação “Lato Sensu” da Federação Nacional de Pós-Graduandos em Direito – FEPODI

2013-2015. Avaliador de Bancas de graduação, pós-graduação e eventos científicos.

Palestrante e Autor de obras jurídicas.


Lucimara Aparecida Main

Advogada. Professora da Escola Superior de Advocacia de São Paulo e no Curso de Pós

Graduação da Faculdade de Direito Damásio de Jesus. Palestrante do Departamento de

Eventos e Cultura da Ordem dos Advogados do Brasil Subseção de São Paulo. Mestranda em

Direito e Sustentabilidade pela Universidade Nove de Julho, Especialista em Docência para o

ensino profissionalizante, pela Universidade Nove de Julho, Especialista em Gestão e

Tecnologia em Segurança da Informação pela Faculdade Impacta Tecnologia. Bacharel em

Direito pela Universidade Nove de Julho. Atualmente é tutora convidada dos cursos EAD e

"Direito Digital" e "Aspectos Jurídicos da Segurança da Informação" no SENAC.


Yuri Nathan da Costa Lannes

Advogado. Membro da Câmara de Pós-Graduação e Pesquisa da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo e da Câmara de Educação Continuada da PUC-SP. Diretor da

Associação Nacional de Pós-Graduandos - ANPG 2012-2014. Presidente de Associação de

Pós-Graduandos da PUC/SP 2012-2014. Diretor da Federação Nacional de Pós-Graduandos

em Direito - FEPODI 2013-2015. Mestrando em Justiça Empresa e Sustentabilidade pela

49



Universidade Nove de Julho. Especialista em Direito Tributário pela PUC-SP e em Direito

Público.


Resumo: O presente trabalho utiliza o método hipotético-dedutivo, para problematizar a

questão do direito sucessório no que tange ao acervo virtual. Considera que nem tudo que a

pessoa produz na Internet em vida, pode ser considerado um bem virtual, pois comentários,

opiniões, críticas ou felicitações recebidas ou emitidas, não podem ser consideradas um bem.

Por outro lado, muito deste acervo virtual é sim considerado um bem virtual, como fotos,

músicas e livros adquiridos por sítios específicos. Assim, a pergunta que fica é – quem deve

cuidar de todo este acervo após a morte do seu próprio? O debate está começando suscitar o

mundo acadêmico, tribunais e operadores do direito. Assim como nosso Poder Legislativo com

o Projeto de Lei que tramite na tentativa de trazer uma solução para a questão.

Palavras-chave: Herança-digital; Falecimento; Sucessão

Introdução: Atualmente, todos podem ser produtores de informações, de forma descentralizada e não

hegemônica. Além disso, a internet propicia que a comunicação seja feita em escala planetária,

sem limite de pessoas comunicando-se, em tempo real. Surge um espaço público virtual que

possibilita a troca e compartilhamento de informação, mas também armazenamento destas,

seja por meio de fotos, músicas, mensagens de e-mail, mensagens instantâneas, opiniões em

blog´s, fóruns de discussões, redes sociais, ou seja, um acervo virtual sem limites é formado

por cada um de nós no decorrer da vida.

Porém o que ninguém até o momento começou a pensar, é para aonde vai todo este acervo,

aonde fica tudo isso, depois que o titular falecer? Tanto livros e músicas compradas e

armazenadas de forma eletrônica, quanto as mensagens de e-mail que guardamos de forma

secreta, quanto fotos e lista de amigos que temos em redes sociais de diversas modalidades.

Assim, a sociedade da informação já começa sofrer com o excesso de informação e acervo

digital, pois em alguns casos conhecidos, o familiar do ex usuário em dificuldades em excluir

perfil em rede social, ou acessar o conteúdo armazenado em determinado sítio, as músicas

compradas não pertencem a quem pagou por elas, por este motivo não podem ser

transmitidas.

50

Portanto, a sociedade pós moderna necessita pensar nestas questões e, o que pretende fazer

o relator do Projeto de Lei 4.099/2012, ao incluir no Código Civil a transmissão de bens virtuais

ao sucessor da herança.

Metodologia: Pelo método hipotético-dedutivo, o presente trabalho vem problematizar a

respeito do direito de transmissão do acervo digital que cada um de nós acumula ao longo de

nossa vida. Considerando que após a morte todos os bens de uma pessoa são transmitidos ao

herdeiros, respeitando o direito de sucessão. O presente trabalho tenta responder quem é

titular da herança digital, bem como quem deve cuidar de todo o conteúdo deixado por uma

pessoa na Internet por meio de diversos sites, redes sociais, blog´s, e-mail e demais formas de

armazenamento.

Resultados e discussões:

A sociedade da informação a cada dia utiliza o ciberespaço para desenvolver suas atividades,

mas como fica todo este acervo digital depois que a pessoa morre? Qual o destino das

músicas compradas por meio do iTunes, ou os livros adquiridos pela Amazon? E as fotos

publicadas no Facebook? Ou o conteúdo armazenado nas caixas de e-mail espalhadas mundo

a fora?

O Google já tem um serviço de "Testamento Virtual" que permite deixar de herança suas

contas do Gmail, Google, Picasa e Youtube. O Facebook oferece um serviço de "Solicitação de

Memorial. Entretanto, a legislação brasileira ainda é omissa neste tema, e a maioria dos

serviços digitais não o tratam claramente e acabam orientando o usuário a apenas deixar sua

senha de acesso para outra pessoa.

Contudo, a orientação é contraria a lei, pois, juridicamente, envolveria o crime de falsa

identidade previsto no art. 307 do Código Penal, através do qual alguém se faz passar por você

para ter acesso aos seus bens e identidade digitais.

Apesar das soluções encontradas por pelos provedores, sites e redes sociais, a questão não é

definitivamente resolvida, pois no máximo se consegue é encerrar a conta do ex usuário, mas

não trata sobre eventual permissão de acesso a eventuais arquivos armazenados na rede.

Todavia, como a decisão final fica sempre a critério do provedor, eventualmente pode ser

necessário acionar o Poder Judiciário

Considerando ainda que determinados bens digitais podem envolver a privacidade do de cujus

- mensagens eletrônicas, protegidas por senha antes de sua morte, passam a ser acessíveis

aos herdeiros, após o seu falecimento e, que nem sempre é intenção deste que os herdeiros

tenham acesso a tais conteúdos digitais, é importante que o titular determine por escrito sua

vontade com relação ao acesso e utilização de tais bens, se possível por meio de um

testamento.

No Brasil, tramita atualmente no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 4.099/2012, que visa

alterar o artigo 1.788 do Código Civil para prever que “Serão transmitidos aos herdeiros todos

os conteúdos de contas ou arquivos digitais de titularidade do autor da herança”.

51



Conclusão:

Contudo, mesmo com o Projeto de Lei 4.099/2012 que tenta regulamentar a questão,

será necessário definir no caso quem é o titular para fazer todas estas questões, no caso de

conflito entre os herdeiros.

Portanto, no que prevê o Código Civil se o de cujus deixar testamento, deverá dispor

de metade da herança, a outra metade pertence a legítima. Porém como fazer no caso de

acervo virtual? Como dispor de x fotos para o testamento e a outra metade de x para a

legítima?

Outra questão a ser observada é que, nem todo o conteúdo produzido e armazenado

pelo de cujus pode ser considerado um bem, mas sim um “memorial”, local que o falecido

deixou suas opiniões, recebeu felicitações, ou até mesmo críticas, nestes casos, a quem cabe

o direito de decidir se o conteúdo fica ou é excluído da Internet?

Assim, até que se regulamente especificamente essa questão, os casos específicos

deverão ser solucionados judicialmente com base nas disposições do Código Civil e nas

decisões do Poder Judiciário. Tal análise será objeto central de uma pesquisa no mestrado de

Direito da Universidade Nove de Julho em que os autores pretendem desenvolver com os

dados já mencionados ao longo desse trabalho.

Instituição de Fomento: Universidade Nove de Julho

Levantamento Bibliográfico Preliminar BASTOS. Celso Ribeiro. Hermenêutica e Interpretação Constitucional. São Paulo. Celso

Bastos Editor, 3 ed, 2002.

BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. 4.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1995.

CARVALHO, Luis Paulo Vieira de. Sucessão dos descendentes, sucessão dos cônjuges e

sucessão na união estável. Revista da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro

(EMERJ), Trimestral, Número Especial, 2003.

_______. Direito Civil: Questões Fundamentais e Controvérsias na Parte Geral, no Direito de

Família e no Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007

FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Constitucional à Família. In: Temas Atuais de Direito e

Processo de Família. Cristiano Chaves de Farias (coord.). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.

LEONARDI, M. Tutela e Privacidade na Internet. São Paulo: Saraiva, 2011.

LOBO, Paulo Luiz Netto. in Temas Atuais de Direito e Processo de Família, Cristiano Chaves

de Farias (coord.). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.

52

MAIN, LUCIMARA A. ; MORO, Maitê . O direito à privacidade do empregado como limitador do

monitoramento pelas empresas. In: III Seminário de Pesquisa em Direito da Uninove, 2013,

São Paulo. III Seminário de Pesquisa em Direito da Uninove. São Paulo: Uninove, 2013. v. 01.

OLIVEIRA, Anderson Nogueira. Empresas Transnacionais e os Direitos Humanos: as

responsabilidades positivas e negativas destas empresas no mundo globalizado. 1. ed.

Florianópolis: FUNJAB, 2013. v. XXII. p. 504-524.

SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

SCHÄFER, J. G.; DECARLI, N. A colisão dos direitos à honra, à intimidade, à vida privada e à

imagem versus a liberdade de expressão e informação. Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p.

121-138, 2007.

2

POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE E O SUS - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE VERSUS O “FURA

FILA”

PAULO CEZAR DIAS1 - TEÓFILO MARCELO DE ARÊA LEÃO JÚNIOR 2

1 Mestrando em Teoria do Direito e do Estado do UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de

Marília.


2 Doutor em Direito e Professor da Disciplina Direito do UNIVEM - Centro Universitário

Eurípides de Marília.



Introdução:

A realidade brasileira tem mostrado a superlotação de hospitais e insuficiência de leitos,

geradores da dilação no tempo do agendamento de consultas e retornos, atendimentos de

emergência e da realização de cirurgias. Por conseguinte, a impossibilidade no atendimento

médico-hospitalar a contento traz como consequência prejuízos irreparáveis e riscos a

integridade física e psíquica, à saúde e à vida aos pacientes usuários do Sistema Único de

Saúde – SUS, agravada pela ausência de compromisso das autoridades competentes.

O Sistema Único de Saúde, enquanto política pública ineficaz, ineficiente e não efetiva na área

da saúde, principal foco da pesquisa, pode ser o principal problema aos pacientes, inclusive,

mais recorrente aos usuários de drogas. No entanto, denota-se a existência de suporte legal

nas normas constitucionais, leis federais, infra legais, como decretos e portarias e instrumentos

de diversas naturezas para acolhê-los. O trabalho procurará dar guarida à saúde na busca de

políticas públicas eficazes e planejamentos adequados que tem suporte jurídico diverso,

realizado por pessoas com competência para tal e intensa participação da sociedade, maior

interessada na proposta concretização desse direito e o confronto com as decisões judiciais

concessivas desses direitos a um indivíduo em detrimento do resto da sociedade.

Metodologia: Este trabalho não tem a pretensão de responder todas as perguntas de forma definitiva ou

propor um corpo acabado de princípios ou um método capaz de dar explicações ou de oferecer

prognósticos a este assunto. Aqui caberá desenhar, de forma ainda incipiente, ferramentas de

análise integrativa e sistêmica pelas quais o direito pode ter seus papéis nas políticas públicas

de saúde com algum ganho de clareza e nitidez. Por trás disso está a suposição de que se de

fato é possível observar e compreender os papéis do direito nas políticas públicas de saúde,

seria também possível, em tese, aperfeiçoá-las desde uma perspectiva jurídica. A perspectiva

adotada é, por isso, funcional no sentido específico de que busca estudar e questionar as

3



funções desempenhadas pelo direito, assim, a técnica de pesquisa será bibliográfica e,

subsidiariamente, jurisprudencial. Poder-se-á fazer uso da pesquisa de campo, como

entrevistas, visitas, questionários de acordo com as demandas da investigação. Portanto

desenvolver raciocínio eminentemente crítico do direito positivo vigente numa perspectiva

global, tanto do ponto de vista material, como teleológico, com interpretação dentro de planos

históricos, culturais, temporários e espaciais.


O Sistema Único de Saúde, o SUS, foi criado com a finalidade de proporcionar atendimento

público e gratuito à população. O reconhecimento do direito à saúde possui duas repercussões

práticas, de responsabilidade ética e legal do poder público em assegurar atenção integral à

saúde da população e a possibilidade de o cidadão reivindicar judicialmente o cumprimento

desta obrigação estatal. Tratando-se das internações psiquiátricas, a lei define e trata das

modalidades de internação, tais como: a internação voluntária e a compulsória. Todavia, neste

momento, milhares de famílias não conseguem leitos públicos para internar seus entes

queridos, assim recorrem à Defensoria Pública Estadual, ou então, na falta desta, a Casa do

Advogado local da cidade. A nomeação de advogado conveniado à Assistência Judiciária

estatal, pode ser solicitada, porém o atendimento é difícil devido à enorme demanda para

restabelecer cidadãos dominados pelas drogas. Deste modo, o Poder Judiciário é acionado,

mas deverá ter cautela ao apreciar as demandas que envolvem em seu mérito, a questão de

saúde, mais especificamente, a internação, a fim de se evitar que a instância incorra em abuso

ao denominado ativismo judicial.

Conclusão:

Verifica-se que existem limitações na oferta de serviços de saúde para a população. De um

lado encontram-se os cidadãos que não podem ser penalizados pela falta de uma Política

Pública de Saúde que cumpra os deveres que a Constituição estabelece e demais normas lhe

impõem, do outro lado, estão juízes, procuradores e advogados que emitem juízos sobre quais

são as necessidades de saúde em um caso concreto. Desta maneira, há limitações de

distinguir um dispositivo de racionamento que fere o direito ao acesso de um protocolo que

utilizou o melhor conhecimento disponível para indicar as situações nas quais efetivamente o

recurso tecnológico em questão tem a possibilidade de promover ou recuperar a saúde. A

demanda judicial, atualmente é considerada negativa por parte dos profissionais de saúde e

doutrinadores do direito, já que os obrigar a “furar a fila” dos pacientes para proceder à

internação do autor da ação judicial, por meio de liminares ou antecipações de tutela, ou

decisões finais em desobediência aos critérios médicos de gravidade das patologias relatadas

pelos hospitais e unidades de saúde que deram o primeiro atendimento. A melhor decisão,

portanto, em busca da justiça social deveria ser fundamentada por evidência e orientada pelas

prioridades e políticas públicas coordenadas por pessoas competentes.

Instituição de Fomento:

4

UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília

Palavras-chave: SUS, saúde, direito, política pública, demanda judicial, ativismo judicial

5



AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL – O CASO DO

PROUNI: a necessidade de diálogo entre as políticas educacionais para a real efetivação

do Direito a Educação (da educação básica à pós-graduação)

Victor Henrique Grampa (1)

(1) Mestrando em Direito Político e Econômico na Universidade Presbiteriana Mackenzie



Introdução:

A educação é um direito humano universal, tendo sido positivada pelo direito brasileiro no texto

constitucional como um direito fundamental.

O Programa Universidade para Todos (ProUni) não foi escolhido como objeto deste artigo

arbitrariamente, mas por se constituir em uma política pública federal para o acesso e a

permanência no ensino superior nacional, contando com expressivo número de vagas (algo

inédito na história brasileira).

Cabe se pensar nas modificações das relações de poder, de trabalho, de renda, de saúde,

entre outras que o ensino pode proporcionar. Entretanto, esse mesmo ensino tem servido

tradicionalmente às elites, em diversos momentos históricos, sendo vedado o acesso dessas

minorias à ciência e tecnologia.

Como alterar esse status de dominação em busca de uma maior emancipação cultural? O

ProUni representa uma ferramenta de inversão desse cenário (o saber voltado à dominação),

possibilitando alguma inclusão, todavia por si e só o Programa se basta? Ou seria necessária

uma malha mais comunicativa de políticas educacionais? Como evitar que o ensino superior se

torne um local de dominação através da reprodução de um saber ideologicamente adequado

aos interesses de grupos minoritários? Esse trabalho buscou se refletir sobre como essas com

um olhar transdisciplinar.

Metodologia:

O método utilizado foi principalmente o bibliográfico. Através de uma análise interdisciplinar das

produções acadêmicas sobre o ProUni, especificamente, e áreas conexas como: História da

Educação no Brasil, Filosofia, Pedagogia, Direito Constitucional, Direito Educacional, Políticas

Públicas dentre outras.

O trabalho também se balizou em pesquisas e dados estatísticos para a atualização e análise

dos dados da bibliografia básica.

6

Resultados e Discussões:

O resultado da pesquisa foi uma análise transdisciplinar do ProUni (e seu diálogo - ou não -

com políticas públicas em educação). Buscou-se traçar seu curso evolutivo, abordando desde

sua estrutura jurídica até questões sociais decorrentes de sua implementação – essa pesquisa

surge como temática que derivou de uma pesquisa publicada como capitulo no livro “O Direito

e as Políticas Públicas no Brasil” (Ed. Atlas).

Parte-se da Educação na Constituição de 1988 e a estruturação do Ensino Superior no Brasil,

tratando questões como a meritocrático com critério de acesso ao ensino superior e seu

potencial excludente em face da desigualdade social que permeia essa aparente neutralidade

de seleção. Passaram pela obra como tema transversal, servindo como tessitura da obra, o

binômio inclusão-exclusão dentro da Educação, em especial no ProUni. Tratou-se com ênfase

da constitucionalidade do ProUni (instrumento de efetivação de Direitos Sociais) e das Ações

Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) e seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) e

questões políticas envolvidas nesse contexto. A estruturação do atual modelo do ProUni e suas

principais características e procedimentos (seleção, manutenção, fiscalização). A última parte

do trabalho tratou de uma análise dos dados disponíveis intitulada “O ProUni em Números”.

Conclusões:

O ProUni é a maior política pública para o Ensino Superior, com mais de um milhão de bolsas

concedidas, mas como toda grande política necessita de ajustes para que possa cada vez

atingir melhor seu objetivo. O Programa surge, assim como as demais políticas públicas em

educação, com o objetivo de um dia se extinguir (isso é: alcançar o objetivo que almejava). No

caso do ProUni sua extinção, embora longínqua na velocidade em que as demais políticas

educacionais andam, se dará ao completar-se o acesso ao ensino superior (progressivamente

implementado).

A conclusão desse trabalho, no entanto, apontará para algo que é extrínseco ao ProUni (e até

mesmo à graduação) como um dos pontos centrais para a consecução do objetivo do

Programa. Esse ponto central é o diálogo entre as políticas educacionais. Historicamente a

ausência de diálogo entre essas políticas, geralmente reducionistas e muito específicas, se

mostrou um elemento para a não efetivação do Direito à Educação.

Instituição de Apoio: Universidade Presbiteriana Mackenzie

Palavras-chave: ProUni, Inclusão, Ensino Superior, Ações Afirmativas, Lei

11.096/2005.

7



A DUPLA SUBORDINAÇÃO DO TRABALHADOR NAS CENTRAIS DE

TELEATIVIDADE: OS

EFEITOS DA PRECARIZAÇÃO NA VIDA LABORAL DOS TELEOPERADORES

Ana Soraya Vilasboas Bomfim

[email protected]

[email protected]

Doutoranda na linha de pesquisa Trabalho, Relações Sociais e Serviço Social/PPGSS/UERJ


Resumo

A presente pesquisa é fruto da continuidade a uma trajetória acadêmica, iniciada com a

elaboração da Dissertação de Mestrado intitulada “Entre a voz e o ouvido: o trabalho emocional

e os impactos para a saúde dos trabalhadores do teleatendimento/telemarketing em

Salvador”. O projeto atual tem como objeto de estudo, ainda o trabalho dos teleoperadores,

porém, na pesquisa de doutoramento, busca-se compreender a dupla subordinação a que

esses trabalhadores são submetidos, no decorrer da sua atividade laboral, em relação à

empresa tomadora de serviços (ou empresa cliente) e à empresa interposta (ou empresa

terceira). Como fundamentação teórica, tem-se a previsão de verificar uma breve revisão

histórica sobre as formas do processo de trabalho e processo de valorização do capital. Para a

realização deste estudo, serão utilizados diferentes tipos de pesquisa, tais como: pesquisa

bibliográfica ; será realizada uma pesquisa documental; serão verificados os relatórios, atas de

reunião, boletins e jornais informativos do Sinttel/BA e Sinttel/RJ, das Federações e de

empresas de call center . Posteriormente, será feita uma pesquisa de campo de caráter

qualitativo, em que serão realizadas entrevistas amplas e semiestruturadas cujo roteiro será

centrado em temática selecionada que permita obter informações acerca da dupla

subordinação dos teleoperadores em Salvador e no Rio de Janeiro. Neste contexto teremos

como objetivo central os elementos caracterizadores da dupla subordinação gerencial e seus

efeitos na vida dos trabalhadores de telemarketing, tendo como pano de fundo o debate sobre

as mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir dos anos 1990, bem como processo de

precarização social associado a tais mudanças.

Palavras-chave: Dupla subordinação; Teleoprador; Processo de Trabalho; Precarização.

Introdução

8

A estrutura das centrais de teleatividades representa a sociedade empresarial das

Novas Tecnologias, do século XXI, na qual os teleoperadores continuam a realizar um trabalho

pouco prazeroso e alienante, como o da fábrica, em ambientes insalubres e com sobrecarga

física e mental que se revela na elevada prevalência de doenças osteomusculares, do sistema

nervoso, do aparelho respiratório e de transtornos mentais e comportamentais. (BOMFIM,

2009).

O projeto atual, cujo ponto de partida é o trabalho realizado para o Mestrado, tem como

OBJETO DE ESTUDO, ainda o trabalho dos teleoperadores, porém, na pesquisa de

doutoramento, busca-se compreender a dupla subordinação a que esses trabalhadores são

submetidos, no decorrer da sua atividade laboral, em relação à empresa tomadora de serviços

(ou empresa cliente) e à empresa interposta (ou empresa terceira). Por dupla subordinação

entende-se a gestão/controle da contratante e contratada sobre os teleoperadores. Em outras

palavras, constata-se que a empresa cliente transfere responsabilidades à empresa terceira,

mas mantém o controle do trabalhador, sob vigilância presencial e eletrônica, no espaço da

central, e concentra investimento no seu produto, primado pelas novas tecnologias. De outra

parte, a empresa contratada, a terceira, tem uma gestão orientada para a concorrência e para

a geração de mais valor para a empresa cliente que, por sua vez, requer bons resultados. Na

prática, tal situação tem levado o trabalhador a se submeter tanto à gestão direta da

contratante quanto da contratada. Objetivo geral

1) Analisar os elementos caracterizadores da dupla subordinação gerencial e seus efeitos na

vida dos trabalhadores de telemarketing, tendo como pano de fundo o debate sobre as

mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir dos anos 1990, bem como processo de

precarização social associado a tais mudanças.

2 Objetivos específicos

1) Identificar o perfil dos homens e mulheres que se submetem à vivência de uma dupla

subordinação no trabalho, procurando determinar como ocorre a automotivação e a ascensão

funcional (a passagem do Nível II para o Nível III como operador);

2) verificar como ocorre a relação de trabalho entre contratante e contratada em termos de

contrato social, mapeando se existem, de fato, orientações legais que permitam essa dupla

monitoração gerencial;

3) identificar a existência de estratégias individuais e coletivas de defesas para enfrentar as

relações de poder estabelecidas; e 4) verificar como as entidades de representação desse

segmento de trabalhadores atuam frente às gestões impostas pelas empresas e na assistência

aos trabalhadores.

No conjunto das transformações do mundo do trabalho, o setor de telecomunicações

no Brasil sofreu, nas últimas duas décadas, um processo de reestruturação. Para o sistema, o

avanço está, mais uma vez, na racionalização dos processos de trabalho, na

desregulamentação do setor, com inovações tecnológicas e “novos serviços e produtos”, como

a telemática (BOMFIM, 2009). Dessa forma a relevância desta pesquisa consiste no

aprofundamento do conhecimento sobre esse segmento do setor de serviços, tendo em vista o

9



seu rápido crescimento e a ausência de pesquisas que tenham como objeto de estudo a dupla

subordinação a que os teleoperadores estão submetidos, que se manifesta, fundamentalmente,

no gerenciamento abusivo da força de trabalho pelas empresas contratantes e contratadas.

Metodologia Para a realização deste estudo, primeiramente, será dada continuidade à pesquisa

bibliográfica iniciada para a realização deste projeto. Em seguida, será realizada uma pesquisa

documental, com o intuito de obter dados secundários que nos permitam traçar um panorama

do setor e da empresa em estudo. Ainda como parte da pesquisa documental, serão

verificados os relatórios, atas de reunião, boletins e jornais informativos do Sinttel, das

Federações e empresas.

Posteriormente, será feita uma pesquisa de campo de caráter qualitativo, em que serão

realizadas entrevistas amplas e semiestruturadas cujo roteiro será centrado em temática

selecionada que permita obter informações acerca da dupla subordinação dos teleoperadores

em Salvador e no Rio de Janeiro.

No primeiro momento da pesquisa de campo, pretende-se entrevistar diretores,

coordenadores e supervisores da empresa, em Salvador, visando captar o fenômeno em

estudo a partir do olhar institucional. Já no segundo momento, será realizada a investigação

qualitativa do fenômeno, que priorizará as peculiaridades do “saber fazer” a partir da ótica de

quem o faz, ou seja, do olhar dos trabalhadores, um estudo de caso, nos sites ou centrais,

debruçando-se sobre o labor cotidiano dos trabalhadores e estrutura hierárquica dos

teleoperadores. Serão utilizados como instrumentos de coleta de dados a observação direta e

a aplicação de entrevistas semiestruturadas com os trabalhadores.

Os depoimentos serão gravados, sempre com a devida autorização do entrevistado, e

o material recolhido será analisado através da técnica de análise de conteúdo cujo roteiro terá

por bases temáticas selecionadas: o processo de trabalho e as relações sociais; os níveis de

hierarquias entre os trabalhadores e as empresas bem como de empresa para empresa.

Seguindo os passos de Minayo (2004), procurar-se-á apreender o que se repete no conteúdo

dos textos empíricos, documentais e na teoria.

Ressalta-se, aqui, que o presente estudo não partirá do zero, não só com elação ao

objeto teórico, mas, sobretudo, na produção empírica deste segmento, sendo a pesquisa

realizada para o Mestrado uma fonte de consulta constante que ajudará na composição e

construção desta pesquisa. Todos os requerimentos éticos relativos a pesquisas com seres

humanos serão considerados.

Resultados esperados

O objetivo do trabalho é poder responder, sobretudo quais os elementos que

caracterizam a dupla subordinação gerencial nas centrais de teleatividades, bem como os

principais efeitos dessa dupla subjugação na vida laboral e social dos teleoperadores. Assim,

pretende-se dar visibiidade a situação concreta e junto com a representação desse segmento

10

de trabalhadores, poder intervi com uma politica social que possa realizar fissuras,

minimizando o grau de um trabalho tão opressor.

Apoio/Fomento Fundacentro/MTE e Faperj

Referências

BOMFIM, Ana Soraya Vilasboas. Entre a voz e o ouvido; o trabalho emocional e os impactos

para a saúde dos trabalhadores do teleatendimento/telemarketing em Salvador. Dissertação

(Mestrado em Ciências Sociais) - Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade

Federal da Bahia, Salvador, 2009.

MINAYO, Cecília S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo:

Hucitec, 1986.

11



A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO RESULTANTE DOS

POSTULADOS NEOLIBERAIS DO CONSENSO DE WASHINGTON

Luciana da Costa Freitas

Estudante de Graduação de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro;

integrante do Núcleo de Pesquisas e Estudo sobre Políticas Públicas, “Questão Social” e

Serviço Social (NUPEQUESS)



Introdução:

Este trabalho analisa os impactos das condicionalidades econômicas e sociais elaboradas a

partir do Consenso de Washington e colocadas em prática pelo Banco Mundial (BM) e Fundo

Monetário Internacional (FMI), na educação superior dos países latino-americanos, em especial

o Brasil. Objetiva debater os impactos da lógica neoliberal na mercantilização e privatização do

ensino superior brasileiro, inserido no processo de contrarreforma do Estado. A relevância

deste estudo consiste na explicitação do locus de subalternidade do Brasil frente aos ditames

dos organismos multilaterais, submetendo o ensino superior brasileiro a uma refuncionalização

da sua função social, que passa a ser uma educação voltada para lógica mercantil.

Metodologia:

Para a realização deste estudo, a base de sustentação teórica é a teoria marxista. Assim,

promovemos um resgate bibliográfico que abarcou a análise das crises internacionais e do

contexto em que se insere o Consenso de Washington por meio de uma reflexão política e

econômica dos respectivos períodos históricos, principalmente no que concerne a dominação

estadunidense e seus rebatimentos nas economias latino-americanas, como analisam

Hobsbawn (2013); Coggiola (2010); Corsi (2008), Fiori (1996). A partir da contextualização

internacional, examinamos o papel que as contrarreformas do Estado, exercem sobre a

educação superior brasileira e sua submissão às leis do mercado, conforme os estudos de

Gurgel (2003), Gomes (2003), Leher (2002), Sguissardi (2000).


A política orquestrada pelo BM e FMI, resultado das medidas aprovadas no Consenso de

Washington, cumpre uma tripla função. Ao mesmo tempo em que abranda a preocupação

internacional com as ideias marxistas que circulavam no ensino superior, também transformou

essa modalidade de ensino em um grande e lucrativo mercado. Além disso, isentou o Estado

da função de único financiador da educação, cumprindo duas das recomendações do

Consenso de Washington: a de “de minimização do Estado” e a de fortalecimento da iniciativa

privada. Dentre as condicionalidades “propostas” ao ensino superior podemos destacar a

determinação para que as instituições públicas diversifiquem suas fontes de financiamento, o

fomento de uma maior diferenciação da natureza das instituições de ensino superior, incluindo

12

a ampliação do setor privado; e uma redefinição da função do Estado nesse setor A submissão

do Brasil aos ditames destas Agências, materializada em programas como o ProUni, Reuni e

Ensino a Distância vem implicando em um agravamento do processo de mercantilização das

instituições de ensino superior que agora, sob a égide do capital financeiro, cumprem um

importante papel na divisão internacional do trabalho e na manutenção da ideologia neoliberal.

Conclusão:

Na atual dinâmica política e financeira, a reforma na educação superior exerce um controle

ideológico e político sobre os países periféricos, a fim de garantir a segurança e a constante

influência do capitalismo mundializado. A ideologia presente na contrarreforma do Estado,

baseada na suposta ineficiência administrativa do mesmo, amplia a mercantilização da

educação superior, sob a justificativa da democratização do acesso à universidade. O Estado,

cumprindo as determinações das Agências Multilaterais para o ensino superior, coloca em

prática as condicionalidades propostas, que garantem desde a privatização – por dentro – das

instituições públicas, até uma ampliação do mercado educacional extremamente rentável para

o capital. Um dos rebatimentos mais visíveis deste processo diz respeito à transformação do

alunado em mero cliente, submetendo-o a um ensino acrítico, aligeirado e baseado em

resultados imediatos, isto é, voltado à perpetuação do status quo neoliberal. Outrossim, estas

medidas contribuem para a manutenção da subalternidade do país, uma vez que,nesta lógica,

o ensino superior deverá formar um pequeno número de intelectuais subservientes aos ditames

do centro do capitalismo. O resto... será apenas o resto.

Apoio:

-------------------

Palavras-chave:

Ensino superior; mercantilização; privatização; Organismos internacionais; Brasil.

13



A CONDIÇÃO DA LUTA DE CLASSES FRENTE À SOCIEDADE CAPITALISTA

CONTEMPORÂNEA

Lívia Neves Ávila (i)

(i) Mestranda na Universidade Federal do Rio de Janeiro



Introdução

O tema apresentado refere-se a um estudo da sociedade capitalista contemporânea,

em especial aos processos de alienação e reificação, e da condição da luta de classes frente a

esse contexto. Tem-se como objetivo macro compreender e analisar a relação das

particularidades da sociedade capitalista contemporânea com a condição dos sujeitos sociais

imersos no processo de reificação e desprovidos da sua consciência de classe e ainda,

apreender em que medida a atual conjuntura rebate na luta de classes considerando os

debates acima. Busca-se ademais, elucidar alternativas e perspectivas para a efetivação da

mesma, com vistas à superação da ordem vigente.

Por esta via, entende-se o aspecto relevante do presente trabalho, pois, o que se

percebe defrontando condições contemporâneas, sujeitos sociais e luta de classes, é que, o

caminho que se almeja - a superação da divisão social em classes – não está dado e nem será

conquistado com facilidade, pois será necessário “remar na contracorrente”, desta forma, a luta

deve ser persistente e a pesquisa científica é uma porta para difundir-se a ‘consciência de

classe’ e definirem-se os objetivos e meios para as lutas de classes.

Metodologia

A metodologia foi delimitada de forma a abarcar o objetivo proposto pelo estudo, que

atualmente é objeto de pesquisa para desenvolvimento de dissertação de mestrado. Para

tanto, a sustentação teórico-metodológica dar-se com o materialismo histórico dialético, no

esforço de decifrar o movimento da realidade em seus conflitos e contradições.

Para tanto, é um estudo teórico-bibliográfico, com uma abordagem qualitativa que

segue a estrutura que será descrita em seguida. Inicia-se com um estudo do movimento do

capital e temas centrais desse processo – como alienação e reificação - como uma imposição

para se conseguir um avanço à essência dos fenômenos da sociedade contemporânea de

modo a compreender como esses elementos tem a capacidade de “negar” a consciência de

classe dos sujeitos sociais.

14

Em continuidade, será discutido qual o reflexo do processo de “negação da consciência

de classe dos sujeitos sociais” na luta de classes, no mesmo contexto. Por fim, a partir do

diálogo com autores da área, elucidar-se-á quais são os desafios para a luta de classes frente

às condições proporcionadas pela conjuntura contemporânea e com vistas à emancipação e

superação da ordem vigente, vislumbrar perspectivas de enfrentamento, fortalecimento e

efetivação da luta em favor da classe explorada.


Notou-se diante deste estudo que a negação da consciência dos sujeitos

sociais, em especial da consciência de classe, frente à reificação colocada pelos mecanismos

do processo capitalista contemporâneo, além de impactar no desenvolvimento pleno de sua

práxis, reflete diretamente na luta de classes, uma vez que a consciência de classe é

inseparável das lutas de classes. Ela é condição para a luta revolucionária, que vá para além

da reivindicação pontual, elaborando o conhecimento científico dos fundamentos da sociedade

que pretende transformar. Essa discussão diz respeito à necessidade do conhecimento do

movimento do real, ou seja, o contato com a essência das relações societárias pelos sujeitos

sociais para alcançarem sua consciência de classe e constituírem-se de meios para a luta de

classes.

Deste modo, elencando a polarização das duas classes fundamentais e antagônicas –

trabalhadora e capitalista - o sujeito social é elemento crucial para se pensar a luta de classes

com vistas ao processo revolucionário. Os sujeitos sociais da classe subalterna (proletariado) é

o sujeito protagonista da transformação social. O proletariado precisa combater o capital, nos

seus fundamentos, pois necessita transformar as relações que o oprimem e exploram.

Conclusão

Com efeito, torna-se difícil pensar em tomada de consciência dos sujeitos sociais e

efetivação da luta de classes em tempos de reificação exacerbada. O desafio é gigantesco. Em

virtude disso, ressalta-se a importância da atenção dedicada a um estudo acerca do atual

cenário trajado pelas regras burguesas, da reificação, dos sujeitos sociais e da luta de classes,

visto que, apontar perspectivas exige um esforço de decifrar o movimento societário e

compreender as atuais configurações da atualidade é uma exigência que se coloca a todo

pesquisador interessado em traçar horizontes para a formulação de propostas que façam frente

ao cenário atual.

Ainda que a mercê das alternativas impostas por uma sociedade reificada, impõem-se

vislumbrar possíveis formas de defrontar a situação exposta, pois, a “única luta que se perde, é

a luta que se abandona” e a luta por uma sociedade para além da exploração do homem pelo

homem nunca deve ser abandonada, pois, como Lessa coloca brilhantemente, “só por esta via

15



será possível colocar em primeiro lugar o que sempre deveria ter ficado em primeiro plano: as

necessidades humanas, tanto dos indivíduos como da sociedade como um todo”3.

Apoio: CNPq

Palavras-chave: sociedade capitalista contemporânea, sujeito social, consciência, luta de

classes.

3 Lessa, 2006:p.97.

16

CONSENSOS E DISSENSOS NO CONTROLE SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO DOS

INTERESSES EM DISPUTA NO CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

(CMAS) DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ.

Ketnen Rose Medeiros Barreto

Vínculo do autor: Doutoranda em Serviço Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro-

UERJ



Introdução:

A Lei Orgânica da Assistência Social/LOAS, sob as bases da Constituição Federal de 1988,

estabelece princípios organizativos, dentre eles o da descentralização político-administrativa,

da democratização, da equidade, da complementaridade entre o poder público e a sociedade

civil.

O controle social das ações executadas pelos órgãos públicos de assistência social e pelas

entidades não governamentais que compõe a rede socio-assistencial é de responsabilidade

dos conselhos municipais, estaduais e federal, que exerce seu papel fiscalizador dos recursos

do Fundo Público de Assistência Social.

Os conselhos se apresentam como espaços de interlocução entre o Estado e a sociedade,

com potencial para a publicização de diferentes interesses, de modo que possam ser

confrontados e negociados; são espaços de expressão pública dos conflitos presentes nas

relações sociais e de decisões coletivas vinculadas a uma área de política pública.

O conselho é um espaço complexo, à medida que a própria política de assistência enfrenta

resistências em seu reconhecimento como direito. Um estudo acerca do tema se torna

relevante, pois tais questões e práticas concretas podem ser publicizadas e discutidas,

podendo vir a contribuir para o processo de democratização na área de assistência social.

Metodologia:

A pesquisa busca o Estudo de Caso como estratégia metodológica para se conduzir

uma pesquisa empírica, acreditando poder propiciar uma análise aprofundada de um objeto

contemporâneo dentro de seu contexto da vida real. É salutar a importância da revisão

histórica enquanto, resgate evolutivo do Conselho Municipal de Assistência Social de Campos

dos Goytacazes/RJ, cujo objetivo é recuperar sua trajetória política e social, a partir de um

quadro teórico de referência que explique os fatores determinantes e as principais mudanças e

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suas implicações políticas. Busco traçar o perfil da sociedade civil no CMAS, sua composição,

suas escolhas, interesses e projetos defendidos ao longo da trajetória deste, a fim de identificar

quais as efetivas condições para que o CMAS seja um real espaço de garantias do direito

social.

Além de análise documental busco apreender debates e decisões que revelam (ou

não) a possibilidade de influenciar efetivamente a produção da política pública de assistência

social, não cabendo aqui verificar se essas decisões foram implementadas pelos governos.

Resultados e Discurso:

A pesquisa encontra-se em fase de levantamento e estudos bibliográficos, para então dar

início ao trabalho de campo.

Esta proposta consiste na investigação de algumas hipóteses empiricamente observadas, que

se traduzem em questões de estudo, junto ao Conselho de Assistência Social de Campos dos

Goytacazes\RJ, enquanto espaço de conflitos e interesses heterogêneos: Quais projetos

políticos se colocam em disputa no Conselho de Assistência Social de Campos dos

Goytacazes\RJ? De que forma os consensos e dissensos são gerados entre os representantes

da sociedade civil?

Conclusão:

A natureza democrática dos conselhos revela uma experiência ainda inovadora no Brasil, se

compararmos as décadas de regulação adotada pelo Estado brasileiro na condução das

políticas sociais. Para tanto, pensar na efetiva participação da sociedade civil nas decisões

políticas significa entender os conselhos para além de suas funções de controle social.

O caráter deliberativo e fiscalizador impõem aos conselhos gestores de políticas públicas

um importante papel na construção e consolidação da democracia, através do exercício da

participação, sobretudo na área da Assistência Social, cujo desafio ao longo dos anos 1990, foi

ultrapassar ações improvisadas e isoladas, com vistas a minimizar a miséria, compreendendo

um novo e complexo momento que, exigia planejamento, orçamento, definição prioridades,

estratégias de gestão com objetivo de atender às necessidades sociais.

Apoio: Universidade Federal Fluminense- UFF

Palavras-chave: Controle social, Assistência Social, Políticas públicas

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DESENVOLVIMENTISMO E “GRANDES PROJETOS” NA AMAZÔNIA: UMA ANÁLISE DA

VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Milena Fernandes Barroso (1)

(1) Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social pela Universidade do

Estado do Rio de Janeiro - Uerj.



Introdução: Resultado das primeiras reflexões teóricas de uma pesquisa sobre

desenvolvimento e violência na região Norte do Brasil, a pesquisa propõe-se a analisar a

relação dos grandes projetos de infraestrutura, especificamente das hidrelétricas, com os casos

de violência contra mulheres na região Norte do Brasil. Algumas inquietações levam a

problematizar as determinações existentes entre o modelo de desenvolvimento denominado

por alguns especialistas (CASTELO, 2012; MOTA, 2012; SILVA, 2013) de

neodesenvolvimentista e sua relação com a violência contra mulheres. Em que medida os

grandes projetos de desenvolvimento em curso na região amazônica favorecem para o

aumento da ocorrência da violência contra mulheres nas localidades que abarcam o

empreendimento? De que forma? Quais as contradições presentes nas políticas de Estado,

quando, ao mesmo tempo em que avançam na institucionalização das demandas dos

movimentos de mulheres (através da Lei 11.340, estabelecimento do Pacto Nacional de

Enfrentamento à Violência contra a Mulher), impõem, no campo da política econômica,

alicerçada pelos grandes projetos de infraestrutura, a criação de espaços de reprodução das

desigualdades entre classes, gêneros, raças e etnias? Questiona-se o modelo de

desenvolvimento em curso na Amazônia e seu impacto na vida das mulheres, apontando

algumas possibilidades interpretativas da violência contra mulheres mediante as contradições

fundamentais da sociedade capitalista.

Metodologia: O presente resumo é parte de uma pesquisa doutoral em andamento. A partir da

perspectiva fundada no método dialético de apreensão da história, pretende-se analisar a

violência contra as mulheres e seus nexos com as contradições fundamentais da sociedade

capitalista. Busca-se investigar as possíveis relações entre a violência contra as mulheres e o

modelo de desenvolvimento presente na região amazônica e as múltiplas determinações que

decorrem disso. A abordagem da pesquisa é quanti-qualitativa, uma vez que o problema de

investigação está relacionado à relação dos grandes projetos de desenvolvimento e a

ocorrência da violência contra as mulheres, com foco tanto no discurso das mulheres como nos

dados disponíveis nas instituições oficiais sobre violência contra as mulheres.

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Resultados e discussões: Considerados eldorados econômicos no cenário de

internacionalização do capital, a experiência dos “grandes projetos” já realizados e em curso

não consegue alterar as condições de vida dos povos que habitam a região, além de ser palco

de constante violação dos direitos humanos, com destaque para os casos de violência contra

mulheres. De acordo com Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) “as mulheres são

atingidas de forma particularmente grave e encontram maiores obstáculos para recomposição

de seus meios e modos de vida” (MAB, 2011, p. 5). Entre as principais denúncias das

mulheres, destacam-se: o não reconhecimento do trabalho doméstico e do campo; a ausência

das mulheres nos espaços deliberativos; a não qualificação das mulheres do campo para o

trabalho urbano; a forma autoritária e truculenta com que os funcionários das empresas tratam

e discriminam as mulheres; a ausência de serviços básicos que inviabilizam a mobilização e a

participação das atingidas por barragens; a perda dos vínculos com a comunidade e a quebra

dos laços familiares; e o agravamento da violência sexual e da prostituição. O Mapa da

Violência (2012) aponta que, das dez cidades mais violentas para as mulheres no Brasil, três

estão no estado do Pará: Ananindeua, Paragominas e Tucuruí, sendo as duas últimas palco de

projetos de infraestrutura na região.

Conclusão: Supõe-se que o cenário gestado a partir dos grandes projetos de infraestrutura na

região amazônica apresenta um modus operandi que revela particularidades importantes para

análise da violência contra mulheres. Ao mesmo tempo em que o agravamento desse

fenômeno relaciona-se com o modelo de desenvolvimento em curso no País, demonstra a

ineficácia do Estado, que, pela ausência de políticas públicas para as mulheres na região

dessas obras, as coloca em situação de vulnerabilidade social e econômica, a ponto de muitas

dessas mulheres se encontrarem em situações de tráfico, cárcere privado e prostituição. A

partir dessas linhas de reflexão, o aprofundamento desse debate faz-se urgente e necessário,

dada a invisibilidade e vulnerabilidade das mulheres afetadas pelos “grandes projetos” na

região Norte do País. Tal análise será objeto central de uma pesquisa doutoral que se pretende

desenvolver com os dados já mencionados ao longo desse artigo.

Apoio: Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado do Amazonas – Fapeam.

Palavras-chave: Desenvolvimento, Violência contra mulheres, Amazônia.

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NOVAS CONFIGURAÇÕES DA DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO

Márcia da Conceição Silva (1), Daiana Silva de Souza Paulino (2)

(1) Doutora em Serviço Social pela UERJ. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF.

Professora e pesquisadora da Universidade Veiga de Almeida (UVA).

(2) Graduanda em Serviço Social pela Universidade Veiga de Almeida (UVA). Aluna

do Programa de Iniciação Científica da UVA , PIC UVA.



Introdução

O presente trabalho propõe a discussão sobre as diversas representações sociais que

fortalecem, em nossa sociedade, a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de

trabalho. As mulheres, de forma geral, se percebem subalternizadas perante os padrões

dominantes da sociedade brasileira, construída sobre instituições e valores de cunho patriarcal

onde, durante séculos os homens representaram exclusivamente o poder político e econômico.

Ao longo do processo histórico de nossa sociedade e, principalmente após a segunda guerra

mundial, as mulheres já ocupavam seus espaços públicos, no mercado de trabalho, contudo as

estruturas predominantes de espaço de poder ainda se moldam pelos padrões tradicionais

onde, a discriminação e subordinação de gênero se fazem presentes. Tentaremos mostrar que

as representações sociais que moldam esse comportamento de sentimento de inferioridade

feminino se altera ao longo do tempo e de acordo com momento da acumulação do capital.

Metodologia

A metodologia empregada foi pesquisa bibliográfica de trabalhos já realizados sobre o tema e

dados quantitativos de cunho estatístico de órgãos e centros de estudos oficiais, como

Ministério do Trabalho e Emprego e IBGE, Retiramos os dados da base do RAIS e CAGED, e

PNAD, o que nos propiciou ter um panorama tanto dos empregos formais quanto dos informais.

A tabulação dos dados foi feita mediante a utilização dos grandes setores econômicos do IBGE

(26 setores) e o corte temporal escolhido foi de 2000 até 2010, na cidade do Rio de Janeiro.


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A noção de divisão sexual do trabalho tem sido importante para análise do papel do trabalho

feminino, tanto na reprodução do modo de produção capitalista, quanto na concepção de

exploração desse trabalho. Embora sempre tenha havido a divisão sexual do trabalho, sua

forma é histórica e consequentemente conjuntural, posto que atende a interesses outros e, no

caso de nossa pesquisa, a acumulação do capital. As práticas sociais são fundamentais nesse

ponto para podermos utilizar todo o potencial da mão de obra feminina ( KERGOAT 1996).

A subordinação de gênero, não apenas nas diferenças da divisão dos trabalhos mas

principalmente no que diz respeito a qualificação e diferenças salariais, tem sido a tônica do

último século , em nosso país. Muitas vezes a opção pelo trabalho feminino é devido a

concepção de serem as mulheres mais dóceis, pacientes, menos reivindicativas, além de seus

salários inferiores, significarem, ‘na consciência coletiva popular “ um rendimento

complementar ao orçamento familiar ( GUIRALDELLI, 2012).

Conclusão

Nossa intenção nesse trabalho é apontar fatores que colocam a mulher em posição secundária

na venda de sua força de trabalho, e associar a isto a imagem de gênero que, em uma

estrutura patriarcal, onde o poder central está associado ao homem, a ideia da reprodução

feminina, a mercantilização de sua imagem, são entre outras, mecanismos oriundos da própria

sociedade de classe, que fortalece a ideia de estratificação do mercado de trabalho.

Quando analisamos a dimensão profissional da mulher percebemos que sua inserção se dá de

forma pontual em setores precarizados, segmentados, e onde há trabalho doméstico.

Palavras-chave: Trabalho feminino, Gênero, Mercado de Trabalho.

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TRABALHO E GRANDES PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO

NO LESTE FLUMINENSE DO RIO DE JANEIRO

Altineia Maria Neves (1)




Introdução:

Tendo por preocupação central as possíveis consequências para a classe trabalhadora que

vem se mobilizando para a Região Leste Fluminense do Estado do Rio de Janeiro em torno do

primeiro momento da construção do Complexo Petroquímico do Rio do Janeiro (COMPERJ), a

presente pesquisa toma como objeto de estudo as metamorfoses sofridas por essa classe em

regiões impactadas por grandes projetos de desenvolvimento econômico. A centralidade recai

para os trabalhadores das grandes obras, que atuam na construção, montagem, manutenção,

armação e mobiliário, trabalhadores assalariados qualificados ou não que atuam no primeiro

momento da implantação do COMPERJ; e para as relações e condições de trabalho desse

segmento de classe que migra em busca de trabalho nos grandes projetos de desenvolvimento

capitalista no Brasil, no contexto das relações sociais do capitalismo periférico e sob a órbita do

capital-imperialismo. No contexto deste espaço amostral, analisa-se ainda o crescimento

populacional que vem sendo impulsionado pelo processo migratório desses trabalhadores

atraídos por esta grande obra e as questões que decorrem desse processo o destino dessa

“massa” de trabalhadores após a conclusão dessa “grande obra” de implantação desse polo

petroquímico.

Metodologia

Essa pesquisa busca realizar um estudo de caráter teórico-empírico, documental e histórico

sobre as metamorfoses da classe trabalhadora na atualidade do início do século XXI, tomando

por referência empírica a dinâmica de implantação do Complexo Petroquímico do Rio do

Janeiro (COMPERJ) no Município de Itaboraí, Região Leste Fluminense do Estado do Rio de

Janeiro, que vem sofrendo os maiores impactos decorrentes deste grande projeto de

desenvolvimento. Com esse intuito, consideramos que a análise empírica tornará obrigatório o

aprofundamento dos alicerces teóricos e o esclarecimento de pontos importantes para o trajeto

e compreensão do estudo. A análise será sustentada na teoria social de Marx e na literatura

crítica que se baseia na tradição marxista, discorrendo-se acerca dos fundamentos do trabalho

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no processo capitalista de produção e reprodução das relações sociais e as contradições

sociais presentes na lei (e tendência) específica do modo de produção capitalista.


A conjuntura atual do Leste Fluminense do Rio de Janeiro coloca questões cujo debate se

encontra na ordem do dia, como: especulação imobiliária e questão fundiária, território,

habitação e direito à cidade, redimensionamento das políticas públicas com ênfase nas

políticas sociais de saúde, educação, assistência social, qualificação profissional (que articula

educação e assistência social) e habitação. A questão que atravessa tudo isso, à qual

buscamos salientar no presente estudo é a migração dos trabalhadores, principalmente os

segmentos da construção civil, devido à etapa atual de construção da sede do COMPERJ.

Percebemos, por conseguinte, que os trabalhadores das grandes obras estão em contínuo

movimento em busca de lugares onde o mercado possa comprar sua única mercadoria, a força

de trabalho, encontrando nos grandes projetos de desenvolvimento econômico as condições

favoráveis para que sua força de trabalho seja comprada; que este é um importante campo

para realização do que este projeto investigativo pretende trabalhar, ou seja, dar centralidade

aos sujeitos sociais na cena sócio-histórica contemporânea desta Região, evidenciando os

reflexos gerados a composição populacional na região, relacionados ao grande

empreendimento econômico neste início do século XXI.

Conclusão

Considera-se que, na origem do processo migratório dos diferentes segmentos de

trabalhadores e suas respectivas famílias para a Região Leste Fluminense do Rio de Janeiro,

revela-se a dupla determinação do projeto do capital mundializado e financeirizado em sua fase

contemporânea: ao mesmo tempo em que o COMPERJ caracteriza-se como um dos projetos

de desenvolvimento do Brasil, como um dos investimentos mais importantes do País, com

pretensões de gerar grande desenvolvimento para toda a região de sua influência, encontra-se

também nele a raiz da (re)produção ampliada da questão social nas municipalidades desta

região; frente aos efeitos oriundos da ingerência indireta de um grande projeto nacional sobre a

dinâmica de pequenos municípios, inevitavelmente serão alteradas as demandas dos sujeitos

sociais, os trabalhadores das grandes obras, atuantes neste contexto sócio-histórico. Assim,

partimos do pressuposto de que somente será possível a obtenção de resultados analíticos

para a presente investigação havendo o acompanhamento de pelo menos a finalização do

primeiro momento do processo de implantação do COMPERJ.

Apoio: FAPERJ

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Palavras-chave: Classe Trabalhadora, Grandes Projetos de Desenvolvimento, Região

Leste Fluminense.

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BIOCOMBUSTÍVEL E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NA GUINÉ-BISSAU

Tito Francisco Ianda

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração/UFRGS


Introdução:

O desenvolvimento territorial é um tema cada vez mais recorrente na agenda política dos

países emergentes. Sendo o desenvolvimento um problema de natureza global, em 1975 foi

criada a primeira cúpula denominada G8, formada por 7 países mais rico do mundo mais a

Rússia, para discutir as políticas do desenvolvimento e sustentabilidade global. Já em 1999

nasce um novo grupo envolvendo 19 maiores economias do mundo incluindo o Brasil mais a

União Europeia, com objetivo de discutir anualmente as questões econômicas, políticas,

energéticas, de crescimento e desenvolvimento desses países. Em 2005 foi lançado no Brasil o

Programa de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), como resposta ao protocolo de Kyoto

sobre a preservação do meio ambiente e concepção de alternativas energéticas não poluentes.

O programa foi direcionado ao desenvolvimento territorial e na diversificação da base produtiva

agroindustrial regionalizada, além de promover a melhoria de renda e inclusão social. Neste

sentido, o presente projeto tem como objetivo investigar a possibilidade de introduzir o PNPB

como alternativa para melhoria de renda e desenvolvimento regional da Guiné-Bissau.

Metodologia:

Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho foi realizado um levantamento de dados

secundários, através de pesquisa bibliográfica junto aos sites especializados do Governo do

Brasil e da Guiné-Bissau, Organizações Internacionais e em revistas especializadas.

Resultados Preliminares: Os resultados apontam que, a agricultura representa a maior parcela na economia da Guiné-

Bissau, porém a forma de acesso e exploração da terra ainda apresenta pouca variação e

monitoramento. Carvalho (2010?) afirma que todos os países desenvolvidos passaram em

algum momento, por um processo de transformação com base na agricultura.

Apesar de ser o quarto maior produtor mundial de caju, a Guiné-Bissau carece de programas

de fomento a prática agrícola. Não há integração da cadeia produtiva agroindustrial entre

produção da matéria prima à comercialização, além da desorganização dos produtores rurais.

Fatores que restringem a capacidade produtiva e torna o país a quem do desenvolvimento.

Por outro lado, os produtos exportados são basicamente de origem agrícola e da pesca,

enquanto as importações incluem petróleo, produtos processados e eletrônicos com alto valor

agregado.

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Embora possua relações comerciais com países do primeiro mundo, a Guiné-Bissau está entre

5 países dos países mais pobres do mundo, com um PIB per capita de U$ 1.100 e 65% da

população vivendo abaixo da linha da pobreza, além da acirrada exploração florestal em busca

de fontes de energia e renda.

Conclusão: Sendo o PNPB um programa com elo em agricultura e verificado que a Guiné-Bissau possui

potencial de oleaginosa para produção de Biodiesel o programa se apresenta como alternativa

promissora para promover a melhoria de renda e redução da disparidade social, além do

desenvolvimento regional daquela nação.

Palavras-chave: Desenvolvimento Regional; Biodiesel; Agricultura.

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MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA – DA ANGÚSTIA EXISTENCIAL AO DIÁLOGO REAL

("ABERTURA") ENTRE CULTURAS: UMA REVISÃO CRÍTICA A PARTIR DA “ANGST”

HEIDEGGERIANA E DA HERMENÊUTICA JURÍDICA HETERORREFLEXIVA ACERCA DA

RESPOSTA DADA PELAS TRADICIONAIS ABORDAGENS MULTI E INTERCULTURAIS DOS DIREITOS HUMANOS À PRÁTICA CULTURAL DA EXCISÃO FEMININA

Carolina Grant(1)

(1) Professora substituta da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (FDUFBA).

Mestranda vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal da

Bahia (PPGD/UFBA). Pós-Graduanda em Filosofia e Direitos Humanos pela Universidade

Cândido Mendes (UCAM-AVM). Graduada em Direito pela Universidade Federal da Bahia

(UFBA). Tutora do Curso de Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça promovido pelo

NEIM/UFBA. Coordenadora de Pesquisa junto ao Centro de Direito Internacional (CEDIN).

Pesquisadora nas áreas de Direitos Humanos e Internacional, Propedêutica Jurídica (IED,

Filosofia e Hermenêutica), Bioética e Gênero.


Área: Ciências Sociais Aplicadas (Direito)

Introdução:

O tema desta pesquisa é a revisão jusfilosófica de matriz heideggeriana acerca do

problema do universalismo versus relativismo cultural dos Direitos Humanos a partir do caso da

Mutilação Genital Feminina (MGF). O objetivo geral foi, portanto, verificar as condições de

possibilidade de uma nova abordagem ao problema levantado a partir do estudo de caso da

excisão feminina sob a ótica da “angst” heideggeriana e da hermenêutica jurídica

heterorreflexiva (CARNEIRO, 2011). A resposta que tem sido dada, tradicionalmente, nesses

casos levou à implementação de projetos, programas e ações voltados ao extermínio desta

prática cultural amplamente considerada como machista, violenta e atentatória à dignidade

humana das “mulheres-vítimas”. Não obstante, embora resultados significativos tenham sido

obtidos nesse sentido, muitos países resistem a uma mudança real de postura. Em face desse

contexto, perguntou-se: o discurso humanista atual se sustenta teoricamente em face da

pretensão de levar ao completo extermínio uma prática cultural secular em todos os territórios

nos quais tem sido realizada, mantida e cultuada por diversas gerações?

Metodologia:

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Ao se considerar as informações sobre a significativa dificuldade encontrada em abolir-

se a prática cultural da excisão feminina dos países africanos de maioria muçulmana, apesar

da ampla adoção da premissa teórica do diálogo multi e intercultural em prol da efetivação dos

direitos humanos das mulheres-vítimas, defendeu-se, aqui, uma nova abordagem do problema

a partir da matriz filosófica heideggeriana e da hermenêutica jurídica heterorreflexiva, a fim de

que o diálogo (a “abertura”) entre culturas se desse de forma efetiva e não como mero artifício

retórico a legitimar uma atuação interventiva severa inter-culturas, bem como se pudesse testar

formas menos agressivas de consenso, tais como o recurso ao consentimento livre e informado

não-válido para crianças (vítimas em potencial e vulneráveis).


O trabalho que serviu de base à revisão do paradigma atual dos Direitos Humanos,

bem como da resposta que este tem dado à questão da MGF foi a dissertação da

pesquisadora catarinense Dulce de Queiroz Piacentini: “Direitos Humanos e Interculturalismo:

análise prática da mutilação genital feminina” (PIACENTINI, 2008), que desenvolve a ideia da

adoção de perspectivas multi ou interculturais que permitam a superação do risco da

compreensão imperialista dos Direitos Humanos por parte dos povos orientais.

A grande questão motivadora do presente projeto, contudo, foi o que se encontrava por

trás do discurso humanista construído nos moldes acima indicados; isto é, até que ponto não

seria o diálogo intercultural proposto uma estratégia discursiva orientada à consecução de um

claro e inequívoco propósito: a erradicação da MGF. Ora, o que propomos no trabalho é o

resgate do conceito de “angst” do filósofo alemão Martin Heidegger, justamente para, ao

“jogarmo-nos no nada”, tentarmos estabelecer um diálogo real, desprovidos, na medida do

possível, de pre-compreensões condicionantes que impossibilitem a reflexão. Não seremos

“neutros”, jamais, mas podemos estar o mais abertos possível para este diálogo intercultural.

Conclusão:

Nos valemos do modelo da hermenêutica jurídica heterorreflexiva elaborado por

Wálber Carneiro, que reforça justamente o diálogo real, a abertura efetiva, para alcançar uma

compreensão/interpretação e, por conseguinte, aplicação da norma jurídica. Através destas

concepções, portanto, foram resgatadas as noções de multiculturalismo e interculturalismo,

inclusive a compreensão cultural do fenômeno da globalização de Boaventura de Sousa

Santos e a sua proposta de uma hermenêutica diatópica, para, no que fosse possível

compatibilizar com o nosso marco teórico (HEIDEGGER 2007, s/d A, B e C; CARNEIRO,

2001), analisar a viabilidade de um diálogo real, a partir de uma compreensão crítica (FLORES,

2009) e heideggeriana de Direitos Humanos (DOUZINAS, 2009), bem como outras formas de

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lidar com a MGF, menos agressivas, interventivas, unilaterais e severas, tais como o recurso

ao consentimento livre e informado não-válido para crianças.

PALAVRAS-CHAVE: mutilação genital feminina; direitos humanos; interculturalismo;

hermenêutica heterorreflexiva.

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TENDÊNCIAS NEOCONSERVADORAS E NEODESENVOLVIMENTISTAS NAS POLÍTICAS

DO SERVIÇO SOCIAL EM EMPRESAS

Altineia Neves (1), Márcia Botão (2), Lúcia Freire (3)


(2) Mestre pela UFRJ e Doutoranda em Serviço Social pela UERJ. Pesquisadora do

GESTA/UERJ.

(3) Professora adjunta aposentada e integrante do corpo de docentes permanentes do

Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro. Doutora em Serviço Social pela PUC/SP. Pesquisadora Coordenadora do

GESTA/UERJ.


Introdução

Este trabalho busca analisar alguns sinais de retrocesso no Serviço Social em empresas. Ele

tem por base os resultados parciais de uma das frentes de pesquisa realizada pelo Grupo de

Estudos em Serviço Social, Trabalho e Meio Ambiente (GESTA), que tem observado esses

sinais em novos programas de Serviço Social considerados de vanguarda – como os de

ouvidoria, consultoria-assessoria, contingência (no acompanhamento das ocorrências de

acidentes) e responsabilidade sócio-ambiental –, com priorização do trabalho junto aos

gerentes ou comunidades, afastando-se da ação direta com o trabalhador. Essa política

associa-se ao retrocesso do atendimento direto, muitas vezes delegado a outros profissionais

de posição menos valorizada nas empresas. Em muitos casos, eles são reduzidos a rotinas

assistencialistas, em padrões ditados por empresas multinacionais, especializadas no que

denominam de “consultorias”, apropriando-se desta expressão em um processo inverso ao seu

sentido original, que estamos denominando “contraconsultoria”. Esta estratégia tem mascarado

processos de subcontratação, resultantes do aprofundamento do que tem sido denominado

neodesenvolvimentismo no Brasil, que tem priorizado as empresas no enfrentamento da crise

do capital, junto com uma assistência restrita.

Metodologia

A presente pesquisa realiza análise comparativa tomando por base os estudos da tese de

Freire (1998; 2010), que apresenta as tendências nas políticas do Serviço Social em empresas

ocorridas no final dos anos 1990, afetadas pela reestruturação produtiva. Busca capturar as

tendências deste início do século XXI, no contexto do denominado neodesenvolvimentismo,

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que vem indicando, segundo seus intelectuais orgânicos, a pretensão de conciliar o

desenvolvimento capitalista com justiça social, atendendo à manutenção de taxas de

crescimento econômico com a melhoria de indicadores sociais. A metodologia apresenta

triangulação de técnicas, que compreendem as seguintes atividades principais, delimitadas nas

metas que seguem os objetivos: 1) análise bibliográfica sobre o tema central e temas afins do

trabalho em empresas sobre o movimento de suas relações, gestão e trabalho, com destaque

ao Brasil; 2) análise documental; 3) entrevistas individuais e/ou coletivas com: gestores de

áreas onde trabalham assistentes sociais; assistentes sociais que trabalham em empresas de

grande porte no Rio de Janeiro; assistentes sociais que trabalham em empresas de

consultoria-assessoria; trabalhadores lotados em áreas estratégicas ou críticas em empresas.


Os resultados parcialmente encontrados sugerem que algumas transformações verificadas em

relatos sobre empresas de diversos portes e vínculos com o Estado, relacionadas ao contexto

do neodesenvolvimentismo no Brasil, apresentam a intensificação da tendência

neoconservadora no trabalho de assistentes sociais, verificada na priorização do trabalho junto

aos gerentes ou comunidades, afastando-se da ação direta com o trabalhador. Se, na pesquisa

realizada nos anos 1990 por Freire, identificava-se o neoconservadorismo como uma das

tendências, tendo como uma das suas principais características a aceitação e adaptação à

realidade contraditória e ao discurso dominante que a naturaliza, os estudos de Gomes (2010)

apontam os retrocessos nos atendimentos diretos, prestados a partir de 2005, muitas vezes

delegados a outros profissionais subcontratados nas empresas ou por serviços externos

estereotipados em rotinas simplificadas, ditadas por multinacionais. Essa estratégia das falsas

consultorias, ou “contraconsultorias”, tem mascarado processos de terceirização e

quarteirização, resultantes do aprofundamento do neodesenvolvimentismo, que tem priorizado

as empresas no enfrentamento da crise do capital, junto com uma assistência pontual restrita,

que retrocede ao conservadorismo tradicional.

Conclusão

Em linhas gerais, nessa pesquisa, ainda em andamento, evidencia-se o retrocesso nas

políticas do Serviço Social de empresa neste início do século XXI em relação às tendências

identificadas nos anos 1990, incluindo a de ruptura com o conservadorismo. Este processo,

segundo Gomes (2010), caminhou paralelamente à valorização e ampliação de programas de

objetivos consensuais como os de “qualidade de vida”, voltados para as necessidades

imediatas dos trabalhadores e do ambiente organizacional. Eles foram disseminados após os

32

de “qualidade total”, analisados na pesquisa de Freire (1998; 2010) e de Amaral (1996), que

destaca “a capacidade do discurso em obscurecer os significados do seu conteúdo e ‘apagar a

memória’ dos trabalhadores (o sentido de classe)” (ibid., p.21). Com a junção dos dois

extremos das formas conservadoras nas empresas nos anos 2000, o conservadorismo

demonstra toda a sua pujança, associada ao capital, reproduzindo seus padrões no Estado

brasileiro, enveredado na via neodesenvolvimentista. Nas empresas, como no País, ela se

revela na meta maior do desenvolvimento a qualquer custo, neste incluído o desgaste humano,

com repercussões na saúde dos trabalhadores.

Apoio/Fomento: FAPERJ e CAPES.

Palavras-chave: Neoconservadorismo, neodesenvolvimentismo, Serviço Social em

Empresas.

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O VOLUNTARIADO COMO ESTRATÉGIA DE HEGEMONIA E ACUMULAÇÃO DAS

EMPRESAS

Maria Cecília Costa Mansur (1)

(1) Mestre e Doutoranda em Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço

Social/ UERJ. Integrante do PETRES/UERJ e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas

sobre Trabalho, Política, Movimentos Sociais e Serviço Social da Escola de Serviço Social da

UFF- Niterói.



Introdução:

Este trabalho socializa parte da pesquisa de nossa dissertação de mestrado e reflexões da

tese de doutorado em curso. Objetiva-se problematizar as ações sociais e/ou socioambientais

realizadas por fundações e institutos de origem empresarial, concernentes às ações de

fomento à prática do voluntariado dos funcionários da “empresa mãe”. Diante do conjunto das

transformações societárias originadas a partir da crise da década de 1970, urge a necessidade

de criar novas estratégias pelo capital para conter a crise e aumentar a acumulação, dentre

elas o apelo ao “novo” voluntariado, como uma forma de materialização da mercantilização da

solidariedade na contemporaneidade, mediante a captura da mão de obra gratuita dos

funcionários das empresas, gerando um novo tipo de sociabilidade. Tais práticas estão

imbricadas ao falacioso discurso da chamada Responsabilidade Social e/ou Socioambiental

que emerge como estratégia para conquistar maior hegemonia perante os funcionários e a

sociedade como um todo, objetivando potencializar o processo acumulativo de produção.

Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de campo e de natureza exploratória, bem como

descritivo-analítica, utilizando o questionário semi-estruturado como técnica para a coleta de

dados e tendo como base de análise a teoria e o método marxista. O universo da investigação

foi definido a partir de empresas de grande porte, de cunho nacional e multinacional, presentes

no cadastro de fundações e institutos empresariais do Estado do Rio de Janeiro associadas ao

Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE); como também ao Instituto Ethos de

Responsabilidade Social; e a Federação das Fundações Privadas do Rio de Janeiro

(FUNPERJ). As instituições em estudo surgiram majoritariamente na última década do século

XX, tendo como concepção norteadora o ideário da Responsabilidade Social/Socioambiental,

diferentemente das instituições fundadas no período fordista, criadas para atender as

demandas dos funcionários e suas famílias, com parcas atuações filantrópicas nas

comunidades em proximidade com as empresas.


34

O movimento da Responsabilidade Social/Socioambiental vem propiciando o crescimento do

voluntariado dentro e fora da corporação, de forma a fortalecer a imagem da empresa. Esta

ideologia está imbricada com os conceitos de “capital social”, “capital humano” e “cultura

cívica”, advinda de teorias orquestradas por agentes do grande capital como a ONU,

cumprindo o papel ideológico de estimular um ambiente mais harmonioso entre os funcionários

e a instituição. Tal estratégia possibilita a cooptação dos funcionários, o que vem interferindo

no processo de produção e consequente aumento da acumulação dos empresários. Tal

ideologia implica em criar um ambiente societário que inverte a responsabilidade da “questão

social” outrora do Estado interventor, para instituições do chamado terceiro setor e empresas

“socialmente responsáveis” e em parceria com o Estado, contando com a imprescindível

participação dos voluntários. Vale ressaltar que esta nova configuração entre o público e o

privado, está intrinsecamente relacionada com o desmantelamento dos direitos sociais,

mediante as contrarreformas do Estado, que privatizou as políticas sociais, tornando-as

minimalistas e seletivas.

Conclusão:

Mediante a análise da pesquisa de campo e da pesquisa bibliográfica, observa-se que a

aderência à prática do voluntariado pelos funcionários tem contribuído para potencializar o

processo acumulativo das empresas. A partir de tal pressuposto, podemos inferir que o

voluntariado vem sendo utilizado como uma ferramenta de manipulação pelas corporações,

propiciando um sentimento de orgulho e pertencimento aos funcionários, que passam a

sentirem-se “membros colaboradores ou parceiros” da empresa, influenciando na

potencialização da acumulação capitalista. A pesquisa também apontou para mercantilização

das relações sociais, na medida em que a prática voluntária tornou-se um fator preponderante

para a inserção no mercado de trabalho, pois vem interferindo na imagem do trabalhador, o

que denota ser um funcionário com “senso de responsabilidade social” e proativo, sugerindo a

presença de um profissional que possui um maior potencial de produtividade.

Apoio: FAPERJ e CAPES

Palavras-chave: Voluntariado, Hegemonia, Acumulação, Fundações e Institutos de origem

empresarial, Responsabilidade Social/Socioambiental

35



A ATUAÇÃO DOS CONSELHEIROS DA SOCIEDADE CIVIL NO CONSELHO MUNICIPAL

DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DO RIO DE JANEIRO NA GESTÃO 2009-2011

1. Henrique Mendes dos Santos

1. Mestre em Serviço Social pela PUC-RJ. Professor Auxiliar da Universidade Castelo Branco.

Assistente Social da Prefeitura de Angra dos Reis


Área: Ciências sociais aplicadas

Introdução

Esta pesquisa possuiu como objetivo geral analisar a atuação dos conselheiros eleitos

pela sociedade civil no CMAS-RJ4 na gestão 2009-2011 e, além disso, possui como objetivos

específicos: verificar como tem ocorrido a participação da população neste espaço, como

acontece o retorno às bases que elegeram os conselheiros e a relação que estes possuem

com o poder público. Este estudo torna-se relevante para o debate profissional no campo do

Serviço Social, visto que tivemos a entrada de um número significativo de profissionais nestes

espaços, atuando enquanto conselheiros, funcionários da esfera técnica-administrativa ou

como observadores, fato que contribuiu e muito para o enriquecimento dos debates travados

nestes locais. Além do debate no campo profissional, é função da universidade contribuir para

uma reflexão sobre este tema, uma vez que a deliberação e o acompanhamento de políticas

públicas apesar de ter recebido trato teórico substancial nestes últimos anos é tema que não se

esgota, necessitando portanto de constante atualização.

Metodologia

Para o alcance dos objetivos propostos, foram realizadas entrevistas de caráter semi-

estruturado junto a 10 conselheiros representantes da sociedade civil, entre os meses de

dezembro de 2011 e janeiro de 2012.


Com o intuito de responder aos objetivos desta pesquisa além da metodologia

proposta, foram apreciados três eixos de análise: A participação da população neste espaço, a

devolutiva às bases eleitorais e a relação dos conselheiros com o poder público..

No que diz respeito ao primeiro eixo, podemos inferir que existe pouca participação no

interior do CMAS-RJ, sendo esta restrita às instituições que são financiadas pelo poder público

e que prestam serviços na área da Assistência Social

Em relação ao segundo eixo, a partir das entrevistas realizadas, concluímos que não

há retorno às bases que elegeram os conselheiros, mostrando, de alguma maneira, que a

sociedade civil não tem conseguido articular-se em torno de pautas e estratégias comuns.

4 Conselho Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro.

36

Desta forma os mandatos dos conselheiros acabam primando por uma “autonomia” frente

aqueles que os elegeram representantes da população.

No que diz respeito ao terceiro eixo, os entrevistados entendem que a relação entre

conselheiros e poder público é mediada por interesses corporativos, luta-se, por conseguinte,

pela partilha de recursos advindos do fundo público, o que limita o caráter primordial da

atuação na deliberação e fiscalização da política de Assistência Social.

Conclusão

As entrevistas sinalizam que não basta que o espaço do conselho municipal exista ou

esteja proposto por lei. Apesar de dispositivos que garantam a participação da população em

processos decisórios, os marcos regulatórios não tem sido suficientes para uma agenda

comprometida com uma sociedade de fato democrática, pautada inclusive em órgãos como os

conselhos.

É preciso também evitar cair na armadilha de analisar este espaço como algo deslocado

da sociedade. A fala dos conselheiros sinaliza para questões que transcendem este espaço,

como os projetos em disputa, a relação entre Estado e sociedade civil e a cultura da baixa

participação política vigente na atualidade.

Esperamos que esta pesquisa possa ter contribuído para compreender não só a

atuação dos conselheiros da sociedade civil, mas também repensar o conselho municipal de

Assistência Social do Rio de Janeiro, levando ao aperfeiçoamento do processo que está ainda

em curso através do levantamento de seus limites e possibilidades.

Apoio : CNPQ, PUC-RJ.

Palavras-chave: Estado; Sociedade civil; Participação; Conselhos.

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REVERSIBILIDADE DO ATO JURÍDICO DA APOSENTADORIA

Alinny Alves de Paiva ¹; Anderson Diego Farias da Silva ².

(1). Bacharel em Direito e especialista em Penal e Processo Penal pela Faculdade Escritor

Osman da Costa Lins (FACOL)


(2). Mestrando em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco



Introdução:

Este estudo tem por objetivo compreender a desaposentação e os vários posicionamentos

doutrinários e jurisprudenciais, buscando analisar a sua aplicação frente ao ordenamento

jurídico brasileiro, diante da possibilidade de renúncia à aposentadoria, que apesar de não

possuir previsão legal, não encontra impedimento para que o beneficiário a renuncie e receba

benefício mais vantajoso tendo em vista às novas contribuições. Dessa forma, essa pesquisa

tem como intuito, investigar de forma crítica as divergentes posições dos Tribunais e da

doutrina, acerca da possibilidade de aplicação deste instituto. A contribuição dessa pesquisa

para o direito consiste em verificar a necessidade ou não da devolução do benefício recebido

enquanto aposentado.

Metodologia: O presente estudo é de natureza qualitativa, por considerar ser mais apropriado identificar

como ocorre o fenômeno da reversibilidade do ato jurídico da aposentadoria. Para tanto, foi

utilizada uma pesquisa bibliográfica, através de doutrinas, leis e jurisprudências, o que permitiu

uma melhor compreensão acerca da desaposentação, fenômeno jurídico adverso à

aposentação, que corresponde ao mecanismo pelo qual o trabalhador cancela sua atual

aposentadoria com o intuito de conseguir uma mais vantajosa. Para análise dos dados

coletados, foi aplicada a análise de conteúdo, com base na fundamentação teórica levantada.


Qualquer trabalhador que contribui com a previdência social adquire o direito da aposentadoria,

bem como qualquer que cumpra os requisitos exigidos pela legislação está diante do ato

38

jurídico perfeito da aposentadoria. A desaposentação surge como um novo instituto que

objetiva o melhoramento da qualidade econômica do segurado, cujo ato voluntario e

personalíssimo consiste na possibilidade de cancelar sua aposentadoria e pleitear um benefício

bem mais vantajoso. Nesse sentido, o período em que o contribuinte exerceu suas atividades

contribuindo com a Previdência Social, é direito líquido e certo, portanto, tem o segurado a

faculdade de utilizá-lo, não podendo lhe ser negado tal direito quando tem a pretensão de

exercê-lo. Duas correntes surgiram defendendo a possibilidade de reversão do ato jurídico da

aposentadoria, divergindo, entretanto, no que diz respeito a restituição dos valores recebidos.

Entende-se que o ato de renunciar à aposentadoria não gera o dever de devolução dos

valores, pois enquanto perdurou a aposentadoria, os pagamentos de natureza alimentar eram

devidos.

Conclusão:

Por meio das observações constatadas, evidenciou-se o quanto o instituto da desaposentação

proporciona a melhoria da qualidade financeira do segurado. Além disso, a despeito de não

existir previsão em Lei, a reversibilidade da aposentadoria não viola a Carta Magna, pois, tem

como objetivo primordial a proteção dos direitos individuais e coletivos, o que não admite

imposição de desvantagem ao trabalhador. No que tange a divergência existente nos Tribunais

Regionais quanto a possibilidade de aplicação da desaposentação e da devolução dos valores

recebidos com a aposentadoria renunciada, o STJ é pacífico em admitir esse instituto, sem a

necessidade da devolução dos valores, reconhecendo a aposentadoria como um direito

disponível do aposentado, o que exclui a devolução dos valores já percebidos, tendo em vista

que enquanto durou a aposentadoria, os pagamentos eram de natureza alimentar e devidos

sem qualquer discussão. O STF ainda não possui uma conclusão acerca do assunto. É valido

mencionar que a reversibilidade da aposentadoria não fere o equilíbrio atuarial, uma vez que o

segurado contribuiu devidamente para a previdência, assim como, a imposição da restituição

dos valores ofende a natureza alimentar dos benefícios e a dignidade da pessoa humana.

Apoio: FACEPE.

Palavras-chave: Aposentadoria, Benefício Previdenciário, Desaposentação.

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O INSTITUTO DA ARBITRAGEM VERSUS O CÓDICO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: A

NECESSIDADE DE SOLUÇÕES MAIS CÉLERES PARA OS CONFLITOS NAS RELAÇÕES

CONSUMERISTAS

Alinny Alves de Paiva¹; Anderson Diego Farias da Silva².

(1). Bacharel em Ciências Jurídicas e especialista em Penal e Processo Penal pela Faculdade

Escritor Osman da Costa Lins (FACOL)


(2). Mestrando em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE/PROPAD)



Introdução:

O presente estudo busca investigar o instituto da arbitragem como agente simplificador dos

conflitos de consumo. Levando-se em consideração que o processo judicial é o instrumento

ordinário existente no ordenamento jurídico brasileiro para solucionar os conflitos existentes na

sociedade. Todavia, em decorrência das dificuldades provenientes do abarrotamento do poder

judiciário, como a ineficácia e a lentidão na prestação de serviços por esse poder, o Estado

vem estimulando o uso de mecanismos extrajudiciais, nos quais se inclui a arbitragem, foco

desta pesquisa. Em 1996, foi publicada a Lei de Arbitragem, conhecida como “Lei Marco

Maciel”, que proporcionou um tratamento especial a este instituto. Esse estudo analisa de

forma crítica a Lei de Arbitragem (nº. 9307/1996) e o código de defesa do consumidor,

explanando ainda o entendimento de doutrinadores. A contribuição dessa pesquisa para o

direito consiste em verificar qual desses institutos é mais benéfico para a sociedade, em

relação ao custo benefício. Ou seja, tem a pretensão de analisar quais as reais vantagens que

esse célere instituto pode trazer aos consumidores que almejam agilidade e eficiência na

resolução de seus conflitos consumerísticos.

Metodologia:

Na tentativa de compreender a dinâmica de cada um destes elementos destacados

anteriormente e as relações estabelecidas entre eles junto ao conhecimento, surge a

organização das ideias e interpretação dos elementos via abordagem qualitativa. Dessa forma,

para construção do presente estudo e coleta dos dados, aplicou-se uma pesquisa bibliográfica,

que permitiu um melhor entendimento acerca da arbitragem, um mecanismo que trás muitos

40

benefícios à resolução das controvérsias, simplificando um procedimento que com toda a

tramitação jurídica de que necessita, seria apenas mais um processo levado ao judiciário que

na atualidade encontra-se lento e comprometido, que por diversas vezes não efetiva a proteção

jurisdicional ou, a efetivando, é tardia e falha. Diante dos dados coletados foi realizada uma

análise de conteúdo, por meio de pesquisas em livros, leis e doutrinas analisadas junto ao

corpo teórico constituído.


Para apressar a tutela jurisdicional, diversos diplomas legais têm surgido, dentre eles a Lei de

Arbitragem brasileira – Lei nº. 9.307/96 – que, em se tratando de direitos patrimoniais

disponíveis, permite às partes que abram mão da utilização do Poder Judiciário e possam

assim submeter os conflitos a uma solução extrajudicial, através de um terceiro denominado

árbitro, priorizando o princípio da autonomia da vontade das partes. O que fica claro, é que

absolutamente ninguém está obrigado a fazer uso da arbitragem, pelo contrário, utilizando-a

quem assim deseja. No entanto, cada dia que passa o instituto da arbitragem vai ganhando um

novo olhar dentro do contexto social e assumindo uma nova roupagem. Entretanto, alguns

autores (AMARAL, 2004) afirmam que a opção por esse mecanismo aumentaria

consideravelmente os custos para o autor. Diante do exposto, fica evidente que os custos

variam, e, portanto, poderão ser maiores, ou não, que os verificados no processo comum.

Conclusão: No processo de elaboração do presente estudo, ficou claro que o instituto da arbitragem vem

trazendo mais celeridade com relação ao direito consumerista, embora esta celeridade ainda

não possa ser amplamente visualizada, já que, há questões em que a arbitragem não é

permitida. Sem dúvida a arbitragem representa um avanço para o ordenamento jurídico

brasileiro, e não uma afronta aos dispositivos legais, como alguns doutrinadores acreditam,

haja vista que a utilização deste instituto faz com que as partes vejam suas lides sendo

resolvidas de forma mais ágil, por não precisarem iniciar um processo judicial para solucionar

questões com interesses conflitantes. É válido mencionar que em relação ao custo benefício

acerca da utilização da arbitragem ou do processo judicial comum, a primeira hipótese, mesmo

com todas as polêmicas doutrinárias, ainda se destaca, pois contribui para uma solução rápida

acerca da lide apresentada. Assim, é importante que os operadores do direito conheçam ainda

mais e de forma detalhada, os benefícios que a mesma traz, incentivando as partes, se assim o

desejarem, a fazer uso da arbitragem, ao invés de se submeterem a infindáveis processos

judiciais que além de serem mais demorados, requer um maior investimento (custo).

Apoio: FACEPE.

Palavras-chave: Lei de Arbitragem (nº 9307/1996), Soluções Céleres, Relação de Consumo.

41



42

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: estudo de caso na empresa A R Enxovais

Ana Cristina Mateus da Silva ¹;

Especialista em Gestão de Pessoas

Maria Aparecida Vaz Evangelista²,

Professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Mestre

Maria Bernadete Serravale Ruguê Bernardo³,

Professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Mestre

(1) Autor; (2) Autor;(3) Co-autor



Resumo

Este artigo vai agregar conhecimentos sobre os fatores que levam a motivação dos

colaboradores em uma organização, descrevendo a influência no ambiente de trabalho em

relação ao salário, a carga horária e, se poderá ser o fator motivador das pessoas. O objetivo

deste estudo é compreender se os fatores motivacionais retêm funcionários nas empresas, é

obter informações sobre a satisfação dos colaboradores referente ao salário, além de verificar

o grau de satisfação e analisando também o espaço físico da empresa. Concluiu-se que as

pessoas se sentem mais motivadas quando são bem tratadas pelos superiores e quando estão

motivadas é quando o ambiente de trabalho é bom, e a oportunidade de estimular cada

colaborador a trabalhar com mais motivação utilizando de programa adequado de Qualidade

de Vida no Trabalho, visando oferecer um melhor ambiente organizacional, foi desenvolvida

esta pesquisa na empresa A R Enxovais, com a finalidade de sugerir melhores condições na

aplicação de QVT. Foram utilizados os métodos de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo

e pesquisa quantitativa para o desenvolvimento deste trabalho.

O Relatório monográfico foi divido em três etapas, sendo a primeira etapa, desenvolvimento da

pesquisa, a segunda etapa foi aplicação do questionário com os colaboradores e a terceira

etapa que foi análise do questionário.

O questionário contém 10 questões, e os dados foram obtidos através da análise estatística

quantitativa o que permitiu verificar o perfil dos colaboradores onde percebe- se que os

colaboradores são do gênero feminino, e que tem apenas o ensino médio completo.

Com a análise da pesquisa percebe-se que os colaboradores têm mais de 01 ano de empresa

e estão satisfeito com sua remuneração, gostam muito do jeito que são tratados pelos seus

43



superiores e concorda que tem bons benefícios e que os superiores incentivam seu

crescimento dentro da empresa.

Para realização deste relatório monográfico foi utilizado à teoria das necessidades de Maslow.

Foram sugeridas algumas mudanças para melhoria no espaço físico da empresa e melhorias

também para a jornada de trabalho.

Palavras chave: Motivação, Satisfação e Qualidade de Vida.

Introdução

A Qualidade de Vida atual no Trabalho também denominada de Q.V.T é muito importante

dentro das organizações da empresa, sendo um tema com relevância a ser implementado

neste artigo. As empresa que adotam a Q.V.T percebem uma grande melhoria em fidelização

e permanência dos clientes. Os colaboradores tem mais agilidade e são estimulados a

trabalhar mais satisfeitos, gerando lucros e benefícios para a empresa.

A preocupação com o bem estar dos profissionais tanto no aspecto físico, ambiental como nos

psicológicos refletem no reconhecimento do empregador com sua vida pessoal e de seus

funcionários. Pode afirmar que o sucesso da empresa depende de seus colaboradores, para

alcançar estes objetivos é fundamental que a empresa se preocupe com condições de

trabalhos. A produção deste artigo com um breve histórico do que é a Q.V.T, qual sua

importância e suas vantagens para as empresa e para os funcionários. Este movimento de Q.V.T, tem sido aplicada nas organizações para resgatar a valorização do

ser humano gerando um engrandecimento do ambiente de trabalho. A conclusão apresentada

tem como base o levantamento individual da opinião de cada colaborador, por meio de

questionário com perguntas fechadas e diferenciadas, para o desenvolvimento da realidade da

empresa. Com o objetivo de identificar o grau de motivação e da qualidade de vida dos colaboradores da

empresa A R Enxovais e dessa forma obter informações sobre a satisfação dos colaboradores

referente ao salário, além de verificar o grau de satisfação, analisar também o espaço físico da

empresa. É possível a uma comparação entre a Q.V.T nas organizações e de modo específico

na empresa A R Enxovais. As nessidades humanas são relacionadas por niveis de hierarquia:

1 – Necessidade fisiológica

São necessidade vitais (alimentação, descanso, proteção, necessidade sexuais, entre outros)

2 – Necessidades de Segurança

São necessidades vitais contra o perigo (casa própria, emprego estavel, etc)

3 – Necessidades Sociais

São Necessidades sociais (aceitação de amigos, novas amizades, novo amor, etc)

4 – Necessidades de Auto estima

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São necessidades de respeito (autoconfiança, boa reputação, etc)

5 – Necessidade de Auto realização

São as necessidades para dar vazão às próprias potencilidades. Está no topo das

necessidades (auto desenvolvimento, etc).

Metodologia Segundo Lakatos, 2001, p. 83 “O Método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais

que permite alcançar o objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e

auxiliando as decisões do cientista.”

Nesta pesquisa aborda-se sobre os métodos utilizados para á realização do trabalho, que

foram à pesquisa bibliográfica, pesquisa quantitativa e estudo de campo.

A pesquisa bibliográfica é o primeiro passo para a construção de um trabalho, pois a partir do

momento que se escolhe o tema deve começar a ler sobre o assunto, vários autores que

expressão sua opinião sobre o tema abordado. Durante a realização da pesquisa bibliográfica,

a leitura de vários livros de diferentes autores que abordam o assunto.

Segundo Gil 1999, A pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante material já elaborado,

principalmente livros, artigos científicos. Apesar de praticamente todos os outros tipos de

estudo surgirem trabalho dessa natureza, há pesquisa exclusivamente desenvolvidas por meio

de fontes bibliográficas.

A pesquisa bibliográfica tem como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo

que foi escrito sobre o determinado assunto, levantando assim várias informações. A Pesquisa

Bibliográfica é suporte para todas as fases de qualquer pesquisa, é auxiliar na definição do

tema, na determinação dos objetivos e por fim na construção de hipóteses.

As pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e

conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados. São utilizados quando

se sabe exatamente o que deve ser perguntado para atingir os objetivos da pesquisa.

Permitem que se realizem projeções para a população representada. Elas testam, de forma

precisa, as hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser

comparados com outros. Segundo Richardson, 1989; ”No planejamento deste tipo de estudo, o

primeiro passo a ser dado é no sentido de identificar as variáveis específicas que possam ser

importantes, para assim poder explicar as complexas características de um problema.”

A Pesquisa Quantitativa exige um número maior de entrevistados para garantir maior precisão

nos resultados, que serão projetados para a população representada, as informações são

colhidas por meio de um questionário estruturado com perguntas claras e objetivas. Isto

garante a uniformidade de entendimento dos entrevistados. O entrevistador identifica as

pessoas a serem entrevistados por meio de critérios previamente definidos: por sexo, por

idade, por ramo de atividade, por localização geográfica.

No Estudo de Campo a observação de fatos e fenômenos que ocorrem num determinado local,

com a coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses

dados pesquisados. O Estudo de Campo para ser realizado precisa de um bom questionário,

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uma boa análise dos dados coletados, o pesquisador dever observar bastante o local onde

será realizado o estudo de campo ouvir e ver tudo que acontece ao seu redor.

É necessário ter cautela na forma como se fórmula as questões, bem como na apresentação

do questionário. Foi utilizado o questionário com perguntas fechadas. O mesmo é um meio de

investigação composta por perguntas que é levado ao local de pesquisa para ser respondido

por pessoas da empresa para levantar os dados necessários para avaliar as condições.

A Qualidade de Vida no Trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua

existência com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer

satisfação e bem estar ao trabalhador na execução de sua tarefa.

A partir dos anos 80, deu início a cultura empresarial com os indivíduos trabalhando mais horas

e dedicando mais de si para atingir sucesso pessoal e conseguir recompensas materiais A

Q.V.T no Brasil se encontra muito influenciado pelos modelos estrangeiros que inclui o manejo

dos fatores aplicados numa diversidade de mudanças proposta as organizações de trabalho. Por ser uma gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sócio

psicológicos, que afetam a cultura e renovam o clima organizacional. Observa-se que a Q.V.T

é vista por alguns autores como uma ferramenta que visa facilitar o bem estar do indivíduo em

sua função. É conjunto de ações da organização, em que insere melhorias e inovações a

estrutura do ambiente de trabalho provoca sua alta realização profissional tornando mais

prazeroso o seu labor. De acordo com Fernandes 1996. P.38, 40; Qualidade de vida no trabalho é ouvir as pessoas e utilizar, a ao Máximo sua potencialidade de ouvir é procurar saber o que as pessoas sentem, o que as pessoas querem, o que as pessoas pensam, e utilizar ao máximo sua potencialidade e desenvolver as pessoas, e procurar criar condições para que as pessoas, em se desenvolver a empresa. Quanto à expressão Qualidade de Vida no Trabalho, (...) não se pode atribuir uma definição consensual. O conceito engloba, além doa atos legislativos que protegem o trabalhador, o atendimento a necessidade e aspirações humanas, calado na ideia de humanização do trabalho e a responsabilidade social da empresa.

Para Chiavenato (1999,p.391) há vários fatores que envolvem a Qualidade de Vida no

Trabalho, sendo alguns deles; reconhecimento dentro da empresa, o relacionamento com os

colegas de serviço o bom salário e os benefícios dentre outros. Estes fatores são essenciais

para um bom desenvolvimento de suas atividades na empresa, onde envolve os aspectos

intrínsecos (conteúdo) e extrínsecos ( contexto) do cargo e afeta atitudes pessoais e

comportamentos relevantes para a produtividade do indivíduo e grupal. Segundo Chiavenato

1999, p. 391;

A QVT representa em que grau os membros da organização são capazes de satisfazer suas necessidades pessoais através do seu trabalho na organização. A QVT envolve uma constelação de fatores: A satisfação como trabalho executado; As possibilidades de futuro na organização; o reconhecimento pelos resultados alcançados; O

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salário percebido; Os benefícios auferidos; O relacionamento humano dentro do grupo e da organização; O ambiente psicológicos e físicos de trabalho; A liberdade e responsabilidade de decidir e as possibilidades de participar.

A empresa que se preocupa com o bem estar de seus colaboradores percebe que eles são

mais motivados, além disso, é um diferencial para a organização. Segundo Maximiano

(1995,p.318) “Motivação, é o conjunto de razões ou motivos que explicam, induzem,

incentivam, estimulam ou provocam algum tipo de ação de comportamento” Percebe-se que o

mercado está voltado para obter uma maior eficiência em produzir mais e melhor e em menos

tempo com qualidade. Segundo Lima (1998, p.11) “Um programa de qualidade de vida representa custos no entanto,

vale a pena se a empresa tem a intenção de melhorar a sua produtividade, sua imagem, ter

funcionários contentes convivendo em um ambiente saudável”.

Os Modelos de Q.V.T.

Através dos vários modelos de Qualidade de Vida no Trabalho, podemos perceber a

importância da empresa valorizar os trabalhadores, enfatizando as condições físicas e

psicológicas dos mesmos, possibilitando oportunidades para estarem em sintonia com os

objetivos da instituição. Segundo Chiavenato 1999, p. 392; Se a qualidade do trabalho for pobre, conduzirá à alienação do empregado e à insatisfação, à má vontade, ao declínio da produtividade, a comportamentos contra producentes (como absenteísmo, rotatividade, roubo, sabotagem, militância sindical etc). Se a qualidade do trabalho for boa, conduzirá a um clima de confiança e respeito mútuo, no qual o indivíduo tenderá a aumentar suas contribuições e elevar suas oportunidades de êxito psicológico e a administração tenderá a reduzir mecanismos rígidos de controle social.

Percebe-se que, tanto as características individuais quanto as organizacionais são

determinantes para a qualidade de vida no trabalho. São três os modelos estudados a que se

refere sobre o bem-estar dos funcionários em uma organização, são os de Nadler e Lawler

(1983) de Hackman e Oldhan (1983) e o de Walton (1973).

No estudo de caso foi aplicado o modelo de Walton para avaliação da Qualidade de Vida no

Trabalho na empresa A R Enxovais.

Modelo de Walton

Já o modelo de Walton, estabelece oito fatores que afetam a Qualidade de vida no trabalho,

como apresenta no quadro 1 abaixo .

Quadro1: Modelo de Walton para avaliação da Q.V.T

CRITÉRIOS INDICADORES DE QVT 1 – Compensação justa e adequada

• Salário adequado ao trabalhador. • Equidade ou compatibilidade interna.

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• Equidade e compatibilidade externa 2 – Condições de segurança e saúde no trabalho

• Jornada de trabalho. • Ambiente físico (seguro e saudável).

3 – Utilização e desenvolvimento de capacidades

• Autonomia. • Significado da tarefa. • Identidade da tarefa. • Variedade de habilidades. • Retroação e retro informação.

4- Oportunidades de crescimento contínuo e segurança

• Possibilidade de carreira. • Crescimento profissional. • Segurança do emprego.

5 – Integração social na organização • Igualdade de oportunidades. • Relacionamentos interpessoais e grupais. • Senso comunitário.

6 – Garantias constitucionais

• Respeito às leis e direitos trabalhistas. • Privacidade pessoal. • Liberdade de expressão. • Normas e rotinas claras da organização.

7 – Trabalho e espaço total de vida • Papel balanceado do trabalho na vida pessoal 8 – Relevância social da vida no trabalho

• Imagem da empresa. • Responsabilidade social pelos produtos/serviços. Responsabilidade social pelos empregados.

Analisado o modelo de Walton apresenta que quando o colaborador está satisfeito com o seu

salário ele se desempenha mais nas suas atividades, percebe-se também que uma jornada de

trabalho quando em excesso desgasta muito o colaborador. O ambiente físico da empresa

quando é adequado e seguro toma-se um ambiente saudável para os colaboradores. Todo

colaborador necessita sentir segurança no emprego, possibilidade de ascensão e com

oportunidades de carreira.

Segundo Milkovich e Boudreau apud Chavienato(1999,p 393 )salientam que a Q.V.T parte do

reconhecimento de que um empregado bem treinado e bem posicionado na empresa está em

melhor condição para identificar problemas dificilmente localizáveis com relação à qualidade do

produto ou de como o trabalho deve ser feito.

Análise SWOT

A análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer o diagnóstico da empresa, buscando

assim os pontos francos, os pontos fortes, as ameaças e oportunidade da empresa vem

servindo também para ajudar a realização do planejamento estratégico. O significado do termo

SWOT é Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities ( Oportunidades) e

Threats ( Ameaças). A técnica de análises SWOT foi elaborada pelo norte americano Albert Humphrey, durante o

desenvolvimento de um projeto de pesquisa na Universidade de Stanford entre as décadas de

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1960 e 1970, usando dados da Fortune 500, uma revista que compõe um ranking das maiores

empresas americanas.

Ao realizar a análise de SWOT na empresa, precisa identificar alguns fatores; primeiro

descobrir os fatores críticos de sucesso, isso significa identificar os serviços que ela tem que

ser excelente e com precisão suas variáveis de serviços ou produtos. Identificar as

competências da sua empresa, para isso precisa saber como são avaliados juntos aos seus

clientes para tomar a decisão correta.


A pesquisa de estudo de campo foi realizada dentro da empresa A R Enxovais, e os dados

coletados foram analisados a partir de informações passada pelos funcionários. Segundo

Lakatos; Marconi 2001, p.155,” A pesquisa é um procedimento formal, com método de

pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para

conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.”

Como já tinha descrito Lakatos e Marconi relatam que a pesquisa de campo é aquela utilizada

com o objetivo de conseguir e/ou conhecimento acerca de um problema apresentado, para

qual se procura uma resposta. Foi utilizado um questionário de perguntas fechadas com 10 números de questões. O

questionário foi o instrumento de coleta de dados, entregue aos funcionários para

responderem, pois é um meio eficaz para obter informações. A determinação da pesquisa é

composta por perguntas de múltipla escolha, com base no percentual de cada resposta,

analisar o que deve ser melhorado dentro da empresa.

A empresa possui apenas 3 funcionárias, fica situada na Avenida Bernardo Sayão, que foi

inaugurada no ano de 2008, trabalha no ramo de enxovais para recém nascidos. No início da

empresa trabalhava apenas os proprietários e com o passar do tempo foram contratando as

vendedoras. As questões aplicadas na maioria das vezes fornecem uma escala de alternativas

que variam entre: satisfeito, muito satisfeito, pouco satisfeito. No entanto conforme cada

questão aplicada aos colaboradores podem perceber os resultados apresentados as 10 (dez)

questões a seguir:

1- Na questão sobre o tempo de trabalho na empresa, percebe-se que a maioria da equipe

está na empresa há mais de dois anos.

2- Quanto à escolaridade: pode-se verificar que a escolaridade tem um percentual de maior

colaborador com apenas com o nível médio.

3- De acordo com o gênero é possível verificar que os colaboradores são do sexo feminino,

pois devido às atividades, de enxoval para bebê, o sexo feminino tem mais perfil.

4- Quanto ao ambiente de trabalho percebe-se que alguns dos colaboradores acham o

ambiente físico da empresa ruim, pois deveria ser mais arejado.

5- Quanto à carga horária da empresa verifica que não agrada muito os colaboradores, pois é

muito extensa, mesmo pagando horas extras os colaboradores ainda não estão satisfeitos com

sua jornada de trabalho.

49



6- De acordo com o relacionamento com os superiores nota-se que os colaboradores estão

muito satisfeitos, tendo em vista que são bem tratados, respeitados pelos superiores, isto conta

muito dentro de uma empresa para que nada venha atrapalhar sua rotina.

7-De acordo com a realização profissional observa-se que os funcionários estão satisfeitos com

á função que desempenha dentro da empresa, e por isso não tem nada a questionar sobre

suas atividades.

8- Quanto à valorização percebe-se que os funcionários acham que seus superiores valorizam

seus serviços prestados para empresa, nota-se também que os funcionários gostam muito da

forma que são tratados pelos superiores.

9- Quanto a Remuneração nota-se que todos os colaboradores estão satisfeito com sua

remuneração, pois se comparar com outras lojas, o salário é bem melhor, isto deixa os

colaboradores motivados para executar suas atividades.

10- No quesito: motivação nota-se que os funcionários são motivados para trabalhar na

empresa, neste caso, observa-se que os superiores sempre tratam bem os colaboradores

gerando assim motivação.

Quadro 1: Análise SWOT da Empresa.

Pontos Fortes Pontos Fracos Oferece planos de Saúde para os

colaboradores. Mais de 10 horas de jornada de trabalho.

Média Salarial boa Falta espaço físico para trabalhar adequado Oportunidades Ameaças Ascensão Profissional Novos concorrentes

Preço alto em relação aos concorrentes informais que não pagam impostos.

Fonte: pesquisa dentro da empresa A R Enxovais

Analisando o mesmo percebe-se que a empresa em questão deve trabalhar mais os pontos

fracos e ameaças, para não perder cliente e para manter seus colaboradores mais motivados,

para isso deve diminuir a jornada de trabalho para 8 horas diárias, tentar abaixar os valores

dos produtos ou criar alguma bonificação como forma de atrair clientes para a loja.

Proposta de Melhoria

Percebe-se que os pontos negativos da empresa é a jornada de trabalho que é muito grande e

falta espaço físico na loja. Para análise dos resultados, será por meio do método 5w2h para

definir a proposta de intervenção que será aplicada na empresa.

O método 5w2h é um tipo de checklist utilizado para garantir que a operação seja conduzida

sem nenhuma dúvida por parte das chefias e subordinados. Os 5W correspondem ás seguintes

palavras do inglês: what ( o que); who (quem); where (onde); when (quando) e why (por que).

Os 2H são: How (como) e How Much ( quanto custa).

50

Quadro 2- com o Plano de Ação

O quê ? (What)

Por quê? ( Why)

Onde? Where

Quem ? ( Who)

Quando? (When)

Como? (How)

Quanto Custa? (How Much)

Jornada de trabalho

Excede a legislação trabalhista

Departamento de Vendas

Proprietário

01/2014 Intercalando o horário dos funcionários

R$ 0

Espaço Físico

Apertado Departamento de Vendas

Proprietário

01/2014 Tirar objetos desnecessários de dentro da loja

R$ 0

Instalação de ar condicionado e cortinas de ar na porta

Para deixar o ambiente mais arejado

Departamento de Vendas

Proprietário

01/2014 Instalando 2 ar condicionado Split de 12.000 btus. e 2 cortina de ar de 1,50 cm

R$ 4.438,00 reais

Fonte: pesquisa dentro da empresa A R Enxovais

Conclusão Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de analisar o grau de Qualidade de Vida no

Trabalho dos colaboradores da empresa A R Enxovais. Foi aplicado questionário com 10

perguntas voltadas aos colaboradores, com isso todas as questões são fechadas, onde as

mesmas foram analisadas e tabuladas conforme apresentado nos resultados da pesquisa.

Nota-se também que a empresa possui muitos pontos positivos, isso ajuda muito para manter

os colaboradores satisfeitos e motivados.

Conforme os resultados, podemos propor ao proprietário da loja uma melhoria nos pontos

negativos da mesma para permitir que seus colaboradores sejam mais empenhados dentro da

empresa.

Nota-se que a empresa proporciona uma ótima remuneração salarial aos seus funcionários,

que trata bem os mesmos, porém deixa a desejar em alguns pontos, onde já foi apresentada

algumas proposta de mudanças para melhorias.

A receptividade dos colaboradores da empresa foi bem aceita, não houve problemas, nem os

proprietários, os mesmos acharam muito bom fazer um relatório monográfico dentro da

empresa, assim esperamos que as propostas feitas sejam implementadas dentro da empresa

para a melhoria da mesma.

Apoio

A R Enxovais

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Coordenação de Pós-Graduação da PUC Goiás.

51



O PAPEL SOCIAL DA PESSOA IDOSA NA CONTEMPORANEIDADE: A

VULNERABILIDADE SOCIAL DO IDOSO FRENTE ÀS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS

Francyellen da Mota Soriano (1); Sandra Elena Torres Fonseca (2)

(1) Graduanda em Serviço Social na Escola de Serviço Social da Universidade Federal

Fluminense – Niterói e integrante do Núcleo de Pesquisa e Extensão Sobre Políticas Públicas,

Espaços Públicos e Serviço Social – NUPPESS.

(2) Graduanda em Serviço Social na Escola de Serviço Social da Universidade Federal

Fluminense – Niterói e integrante do Laboratório de Serviço Social, Movimentos Sociais e

Novos Projetos Societários na América Latina - LASSAL.


Área: 4.2.6 Ciências Sociais Aplicadas

Introdução:

A população mundial tem experimentado, nas últimas décadas, a elevação de sua

expectativa de vida. Esse fenômeno tem aumentado significativamente o contingente de

pessoas idosas no mundo, desencadeando diversas transformações no seu papel social. Na

sociedade brasileira, essa realidade tem gerado diferentes implicações tanto no que diz

respeito ao papel social do idoso como também às situações de vulnerabilidade a que são

expostos em decorrência destas transformações.

O processo de envelhecimento populacional demanda novas respostas por parte do

Estado para elaborar e implementar políticas públicas que assegurem o desenvolvimento

econômico, social e político desse segmento, além da garantia de direitos, inclusão e igualdade

na divisão de recursos para investimentos em relação aos demais grupos etários.

Esta pesquisa tem por objetivo, portanto, estudar e investigar as diferentes

transformações ocorridas no papel social do idoso, assim como as diversas situações de

vulnerabilidade a que é exposto, analisando o processo de envelhecimento na sociedade

brasileira, o papel histórico e contemporâneo do idoso na dinâmica familiar e as políticas

públicas que colaborem para o reconhecimento destes enquanto cidadãos.

Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa do tipo quanti-qualitativa, de caráter explicativo, cuja

preocupação central é identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a

ocorrência dos fenômenos estudados. Consiste em uma análise crítica com pesquisa

bibliográfica desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos. O procedimento metodológico utilizado foi o histórico, partindo do

princípio de que as formas de vida contemporânea e de agir na vida social, as instituições e os

52

costumes têm origem no passado, sendo de suma importância compreender sua natureza e

papel.

A técnica para coleta de dados foi secundária, através de dados que já se

encontram disponíveis e que já foram objeto de estudo e análise, sendo as seguintes: leitura

de textos, livros, artigos, legislações; leituras específicas sobre o tema da pesquisa, através

de livros, produção científica em monografias, dissertações de mestrado e/ou teses de

doutorado, matérias jornalísticas, reportagens ou entrevistas na mídia; além das análises

teóricas que apontassem alguma referência ou que houvesse relação com o tema

investigado pela pesquisa.

Resultados e discussões: No decorrer da pesquisa bibliográfica e das nossas experiências, observamos que os

processos relativos ao envelhecimento precisam ser considerados em diferentes aspectos. A

velhice embora seja um processo natural da vida, apresenta diferenças provenientes de

questões relacionadas aos aspectos regionais, culturais, sociais e demográficos. Dentre os

desafios a serem enfrentados no trabalho na área do envelhecimento estão as desigualdades

sociais, no que se refere ao acesso à saúde, socialização e cidadania.

Fica evidente que em nossa sociedade, regida sob a lógica capitalista, tem-se a

intenção de transformar os indivíduos em mercadorias. Nestes casos, os idosos são

compreendidos como mercadorias descartáveis depois de esgotada sua força de trabalho,

dando uma conotação de inutilidade à velhice e expondo-os a uma vulnerabilidade social,

muitas vezes decorrente de questões sociais, culturais e econômicas.

Atualmente, o idoso deixou de ser modelo de experiência familiar e comunitária tendo

uma imagem cada vez mais negativa na sociedade contemporânea. Deste modo, estão

exortadas as estratégias de combate à deteriorização e decadência, tornando a velhice um

estágio que põe em jogo assuntos como degeneração, decadência, desequilíbrio demográfico

e custos das políticas sociais.

Conclusão:

O fenômeno do envelhecimento sugere-nos analisar, sistematicamente, as várias faces

desse envelhecer, vinculado a uma questão biopsicossocial.

Tendo por fundamento a breve discussão apresentada acima, trazendo-a para a ótica

do Serviço Social e o compromisso ético-político da profissão, esta temática é fundamental

para a prática teórica-política dos Assistentes Sociais, um dos principais atores no processo de

implantação e implementação de políticas públicas, dentre elas as que abrangem a atenção e

proteção a pessoa idosa.

O Serviço Social, ao lidar com as mais diferentes contradições inerentes às relações

sociais, tem como desafio, diante das questões decorrentes do processo de envelhecimento, a

conscientização social do idoso enquanto ser social e sua valorização enquanto sujeito de

53



direito. Assim, o assistente social deve buscar, através de ações interventivas, atuar na

realidade social do idoso, visando modificá-la e transformá-la, identificando-o como sujeito de

direitos; trabalhando de forma educativa e política os direitos sociais de acordo com as

particularidades e singularidades da pessoa idosa, levando em consideração sua inserção em

uma totalidade social complexa e contraditória.

Apoio:

Universidade Federal Fluminense – Escola de Serviço Social

Palavras-chave: envelhecimento, papel social, vulnerabilidade, Serviço Social

54

55



A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE:

REFLEXÕES INICIAIS PARA PENSAR O ENFRENTAMENTO DAS EXPRESSÕES DA

“QUESTÃO SOCIAL” PELO ESTADO CAPITALISTA CONTEMPORÂNEO

Rodrigo Silva de Oliveira

Mestrando em Serviço Social e Desenvolvimento Regional na Universidade Federal

Fluminense



Introdução: Este trabalho tem como objetivo compreender o processo de judicialização da saúde e o

enfrentamento das expressões da “questão social” pelo Estado capitalista contemporâneo,

buscando o entendimento de quais são os fundamentos que levam a expansão do Poder

Judiciário em tempos de neoliberalismo. A intensa participação do Poder Judiciário na área da

saúde no Brasil acabou trazendo a “judicialização da saúde” como uma espécie de fenômeno

devido à ineficácia e/ou omissão do Estado, seja pela ausência de medicamentos para a

população demandante da rede pública de saúde, seja pelos custos dos tratamentos de alta

complexidade. Sendo assim, é necessário, e de extrema relevância um estudo aprofundado

teórico e analítico sobre este processo. No entanto a complexidade desta temática exige

estudos detalhados visando proporcionar uma contribuição qualificada ao debate ainda em

fase inicial.

Metodologia:

A metodologia utilizada foi um levantamento bibliográfico dos autores brasileiros que discutem

o tema da judicialização e uma pesquisa sobre notícias de jornais de grande circulação e sítios

da internet, na tentativa de ilustrar como está se dando esse processo nos dias atuais.


Verificou-se que a busca pelo direito à saúde é uma das situações que mais levam os cidadãos

a recorrerem ao Poder Judiciário em busca da efetivação do acesso a serviços do SUS. Os

vínculos entre Direito e Saúde ganharam intensidade nessas últimas décadas, com a

consolidação de intervenções do Judiciário na gestão da saúde. Ventura et al (2010) afirma

que o processo judicial, individual e coletivo, contra o Estado, teve início na década de 1990,

principalmente com as reivindicações dos portadores do HIV/Aids, para obtenção de

medicamentos e demais procedimentos médicos; outro resultado importante foi que a maioria

56

das demandas são levadas de forma individual ao Poder Judiciário, diante das dificuldades de

acesso da população aos medicamentos necessários à assistência integral à saúde. “No Brasil,

estimou-se que, em 2000, 70 milhões de pessoas não tinham acesso a medicamentos, o que

correspondia a aproximadamente 41% da população brasileira.” (VIEIRA; ZUCCHI, 2007 apud

VENTURA et al., 2010, p.79). Geralmente esses pedidos se respaldam em uma prescrição

médica, na urgência para a obtenção do insumo, ou até mesmo na urgência em realizar algum

tipo de exame diagnóstico ou procedimento que sejam capazes de solucionar a necessidade

do usuário.

Conclusão:

Na revisão bibliográfica sobre a judicialização, observamos a expansão do Judiciário e o seu

papel cada vez mais ativo na tentativa de garantia dos direitos sociais postos na Constituição

Federal de 1988. Entretanto, identificamos que o mesmo concomitantemente vem servindo

como uma instituição de controle das expressões da “questão social”. E estas primeiras

aproximações com o objeto nos mostraram que é palmar o significativo aumento das ações em

recorrência ao Poder Judiciário a fim de obter, principalmente, medicamentos e tratamentos.

Os pedidos de medicamentos pela via judicial, geralmente ocorrem pela incorporação do

medicamento no SUS ou pela ausência da prestação do mesmo pelo poder público. Entretanto,

“[...] A resposta judicial, em geral, tem-se limitado a determinar o cumprimento pelos gestores

de saúde da prestação requerida pelos reivindicantes, respaldados por uma prescrição médica

individual.” (VENTURA et al., 2010, p.85). Isso gera uma discussão que envolve vários

aspectos, a exemplo do impacto do custo das ações judiciais sobre o SUS, no qual esse custo

para o Estado é uma das maiores reclamações dos gestores estatais e de parte da mídia, com

a alegação que este processo teria grande influência na gestão orçamental.

Apoio: FAPERJ

Palavras-chave: judicialização, saúde, Estado, questão social

57



4.2.7 Ciências Humanas

58

AS REPRESENTAÇÕES SOBRE SANTOS DUMONT E O DESENVOLVIMENTO DA

AVIAÇÃO NO GOVERNO VARGAS

André Barbosa Fraga

Doutorando em História na Universidade Federal Fluminense


Área: Ciências Humanas

Introdução

Partimos do resultado do programa “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”, que foi

ao ar, em 2012, na rede de televisão SBT, e que mobilizou um debate nacional para eleger o

personagem que mais se destacou pelo seu legado à sociedade. Nesse programa, por decisão

do público, das 12 figuras mais votadas, apenas três chegaram à grande final, dentre as quais

Santos Dumont. A presente pesquisa tem como tema o processo de heroificação justamente

dessa figura histórica. O nosso intuito é o de refletir sobre a força que uma representação

positiva do personagem ganhou na sociedade, responsável pela boa colocação alcançada no

programa do SBT. Tal representação é resultado de uma herança histórica de representações,

que ganhou contornos identitários importantes nos anos 1940.

Objetivou-se analisar o período da nossa história no qual houve um dos maiores

investimentos em torno da figura de Santos Dumont: o primeiro governo Vargas (1930-1945).

Procurando inserir definitivamente o inventor brasileiro no panteão dos heróis nacionais, uma

quantidade substancial de políticas culturais foi desenvolvida. Tais ações, empregadas na

década de 1940, principalmente por causa da importância que a aviação passou a

desempenhar durante a Segunda Guerra Mundial, deixaram marcas que podem ser sentidas

até hoje.

Metodologia

O presente trabalho foi realizado com base na leitura de bibliografia pertinente e na

utilização de documentação primária encontrada em três arquivos localizados na cidade do Rio

de Janeiro. Consultou-se livros, dissertações, teses e artigos acadêmicos relacionados ao

governo Vargas, à História militar e à Aeronáutica.

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Reunimos em nossa análise um corpus documental obtido por meio de pesquisa

realizada no setor de periódicos da Biblioteca Nacional (BN) e nos arquivos pertencentes a

duas instituições, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e Centro de Pesquisa e

Documentação de História Contemporânea, da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC). Na

Biblioteca Nacional, consultamos algumas matérias dos anos de 1941, 1942 e 1944 presentes

no Jornal A Manhã, produzido no Rio de Janeiro.

Já no CPDOC, os documentos relevantes para a pesquisa foram obtidos nos arquivos

privados de Getúlio Vargas, Gustavo Capanema, Oswaldo Aranha e Valdemar Falcão. Por sua

vez, no IHGB, foram consultados e reproduzidos artigos presentes na Revista do Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro; e muitos documentos elaborados nas décadas de 1930 e

1940 referentes à figura de Santos Dumont, depositados principalmente nos arquivos Paulo de

Frontin e Roberto Macedo.


A análise do processo de construção de representações sobre a figura de Santos

Dumont mostrou que apesar de o reconhecimento da sociedade brasileira por esse

personagem ter surgido desde a primeira década do século XX, quando passou a ganhar

projeção internacional, podemos dizer que um culto à sua figura teve início após a sua morte,

em 1932. A pesquisa mostrou ser possível dividir as ações em torno das representações de

Santos Dumont no governo Vargas em duas fases. Na primeira, que compreende a década de

1930, as representações sobre o personagem histórico tiveram pouca participação do governo.

Nesse momento, o destaque foi dado ao caráter brilhante do personagem, entendido como um

ser excepcional. Dessa maneira, suas invenções deveriam ser reconhecidas não como obras

de um homem comum, mas de um gênio.

No entanto, as novas conjunturas da década de 1940 possibilitaram a alteração desse

quadro e a entrada em uma segunda fase. O impacto da II Guerra Mundial e o

desenvolvimento da aviação vão pesar a favor da figura do inventor brasileiro. A representação

dele principalmente como um gênio já não era suficiente, era preciso intensificar sua imagem

como herói. De 1941 a 1945, o Estado vai procurar de forma hegemônica ser o “gestor da

memória” sobre Santos Dumont.

Conclusão

60

A pesquisa demonstrou que três fatores ajudam a explicar esse interesse e

investimento substancial na figura de Santos Dumont durante os anos 1940, como nunca tinha

acontecido até então: a deflagração da Segunda Guerra Mundial, a criação do Ministério da

Aeronáutica e a entrada do Brasil no conflito. Podemos dizer que o investimento necessário

para tanto ficou a cargo principalmente de três ministérios do Estado Novo, a saber, o da

Aeronáutica, o das Relações Exteriores e o da Educação e Saúde.

A tática utilizada para transformar Santos Dumont em herói, elevando sua posição no

panteão nacional brasileiro, foi a de aproximá-lo dos jovens, seja por meio de práticas político-

culturais de valorização daquela figura, inseridas no interior das salas de aula, seja em outros

espaços físicos que excediam o âmbito escolar. Na verdade, a juventude foi o grupo com o

qual o governo Vargas mais se preocupou em seu projeto de modernização da sociedade e de

constituição de um “homem novo”, dotado de valores e características tais como exaltação do

trabalho, nacionalismo, índole pacífica, valorização da disciplina e afirmação pelo sentimento

coletivo em detrimento ao individual.

Apoio/Fomento CAPES.

Palavras-chave: Santos Dumont; Governo Vargas; Herói.

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UMA ANÁLISE ACERCA DA NECESSIDADE DE AMPARO LEGAL ÀS FAMÍLIAS

BASEADAS NO POLIAMOR NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Silvana Vieira da Silva

Pós-Graduanda em Advocacia Trabalhista na Universidade Anhanguera – UNIDERP de

Campo Grande/MS



Introdução:

O presente trabalho objetiva analisar as famílias construídas a partir do poliamor, a aceitação

social de tais relações, bem como a sua repercussão em nosso ordenamento jurídico.

Tendo em vista que a família ocidental tem sua origem baseada no conservadorismo cristão, o

Brasil adotou a monogamia como pressuposto para composição de tal entidade, de modo que

quaisquer relações que divergem de tal requisito, são marginalizadas e rotuladas como imorais.

Porém, é inegável que a família evoluiu junto com a sociedade, e em meados da década de

oitenta surgiu o poliamor, um movimento que quebra os paradigmas do amor romântico

revestido da monogamia, e coloca em pauta um novo modelo de família, onde é aceitável uma

simultaneidade de cônjuges de ambas as partes.

A família contemporânea tem em seu escopo a felicidade de seus integrantes, de modo que a

sua estrutura é delimitada para realizar as necessidades de quem a compõe. Partindo de tal

premissa, se faz necessário uma discussão acerca da aceitação da família poliamorista em

nosso ordenamento jurídico.

Metodologia:

Quanto à metodologia, a pesquisa tem cunho bibliográfico, sendo sua natureza teórica, com

foco no exame da literatura científica. O estudo sistematizado foi desenvolvido com base em

material publicado em livros, redes eletrônicas, revistas científicas, leis e decisões

jurisprudenciais.

De modo que, o trabalho em tela, cria uma discussão em torno das famílias simultâneas no que

tange a seara da conjugalidade, de modo que viabilize a legitimidade do poliamor, já que as

famílias poliamiristas são consideradas ilegítimas perante nosso ordenamento jurídico, sendo

assim são marginalizadas, não tendo respaldo na legislação e existindo alguns casos pontuais

na jurisprudência que tornam legitimas tais relações.


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Na legislação brasileira não existe um conceito de família, e na doutrina não é pacificado,

existindo algumas vertentes e múltiplos conceitos sobre a citada entidade. Compreendemos

então, que família é um fenômeno humano, em que alguns indivíduos se relacionam de forma

afetuosa, podendo compor um ou mais núcleos.

No passado, a composição familiar se dava através de interesses patrimoniais, em sua grande

maioria com casamentos arranjados, visando o acumulo de riquezas entre as famílias,

influenciada fortemente pelos dogmas da Igreja.

A família evoluiu ao passo que a sociedade mudou, não sendo mais constituída apenas de pai,

mãe e filhos, existindo vários modelos possíveis de ser composta.

Atualmente, o amor tornou-se o elo propulsor da família, sendo o afeto o vínculo mais

importante no seio familiar. Na composição da família poliamorista é o Princípio da Afetividade

que vai explicar tal relação, pois só através de um olhar afetuoso é possível a compreensão da

possibilidade de se amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo na seara da conjugalidade.

Fechar os olhos diante das novas composições familiares, é marginalizar aqueles que optam

por viver de maneira diferente da que a maioria da sociedade está acostumada, é agir de forma

parcial e preconceituosa.

Conclusão:

Concluímos assim, que a aceitação do poliamor em nosso ordenamento jurídico se faz

necessário, mesmo que parte da sociedade tente vendar os olhos para não admitir que esse

tipo de relação existe, não impede que esta situação de fato se configure. Não é de hoje que

esse modelo de família está inserido na sociedade, e a inércia do Direito em regular esta

entidade só viabiliza sua marginalização, deixando os que a integram a toda sorte de

julgamentos envoltos de preconceitos, sendo-lhes tolhidos os direitos que de fato lhes são

pertinentes.

A não legitimação dessas relações infringe os princípios da dignidade da pessoa humana e o

da liberdade, ambos amparados legalmente pela Constituição Federal, bem como, o da mínima

intervenção do Estado sobre a família.

A função do Estado não é de impor regras de convivência sobre a família, mas sim a de

proteger as diversas formatações que ela pode se apresentar, cabendo ao legislador e ao

judiciário a tarefa de minimizarem as muitas injustiças que a não legitimação do poliamor já

causou e ainda causará as famílias que optaram por esse modelo.

Apoio: Faculdade do Vale do Ipojuca – FAVIP/DEVRY

Palavras-chave: Família, Poliamor, Princípios Constitucionais

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA

DOS IMPACTOS DO PAA E DO PNPB PARA A PRODUÇÃO FAMILIAR CAMPONESA NO

MUNICÍPIO DE IPAMERI-GO

Ângela Maria Martins Peixoto (1) ; Adriano Rodrigues de Oliveira(2)

(1). Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos

Socioambientais da Universidade Federal de Goiás – IESA/UFG. (2). Professor Doutor dos

Cursos de Graduação e Pós-Graduação do Instituto de Estudos Socioambientais da

Universidade Federal de Goiás – IESA/UFG

E-mail: [email protected]; [email protected]


Introdução

As políticas públicas de desenvolvimento rural se constituem como um dos aspectos que

permeiam a questão agrária brasileira e contribuem para discutir os elementos que

fundamentam a dinâmica produtiva do país, uma vez que resultam do intervencionismo estatal

no espaço agrário. Nesta análise, a compreensão detalhada de tais aspectos será pautada em

dois programas criados no início do século XXI: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e

o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). O objetivo da pesquisa consiste

em analisar as políticas públicas implementadas no município de Ipameri, situado na

Microrregião de Catalão, e seus desdobramentos para o desenvolvimento rural da agricultura

camponesa. Para isso, os objetivos específicos são: averiguar o papel do PAA no âmbito da

(re)produção socioeconômica; discutir a atuação do PNPB e suas implicações para os

camponeses e analisar o caráter das políticas públicas no município. Nesse sentido, vale

salientar a ausência de estudos agrários no que tange ao recorte empírico em relação à

temática, evidenciando a relevância da pesquisa para compreender essa realidade e investigar

as particularidades das políticas públicas de desenvolvimento rural para pensar e propor

alternativas de reprodução socioeconômica aos camponeses.

Metodologia

Os procedimentos metodológicos adotados para atingir os objetivos propostos na pesquisa

foram: revisão bibliográfica para compreender o processo de incorporação produtiva das áreas

de Cerrado, definição de política pública do ponto de vista conceitual e averiguar a constituição

das políticas públicas de desenvolvimento rural; levantamento de dados de fonte secundária

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junto aos censos agropecuários, demográficos e produção agrícola municipal do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informações da Secretaria do Estado de Gestão e

Planejamento (SEGPLAN), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Agência Nacional de

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Companhia Nacional de Abastecimento

(CONAB), dentre outros. Além disso, foi realizada coleta de dados de fonte primária com

representantes do poder público local, da empresa Caramuru Alimentos/SA e representantes

da Associação Camponesa Regional de Agricultura Familiar (ASCRAF) e a Associação dos

Pequenos Produtores do Assentamento Olga Benário (ASPRAOB) para entender as formas de

organização das propriedades rurais, o funcionamento da empresa e os resultados da

implementação das políticas públicas.


O município de Ipameri é marcado historicamente por uma tradição agropecuária, sendo que o

processo de modernização da agricultura – conhecido a partir da década de 1970 como

Revolução Verde, promoveu uma acentuada ocupação das áreas de Cerrado com a expansão

da fronteira agrícola por meio de incentivos estatais, intensificando-se a produção de

commodities, como a soja. Porém, cabe salientar o caráter excludente da modernização

agrícola, circunscrita à base técnica e apoiada em políticas públicas de caráter setorial e

produtivista, direcionada aos grandes produtores rurais. Assim, com a pressão dos movimentos

sociais buscou-se incorporar a abordagem territorial para o desenvolvimento rural. Nesse caso,

destacam-se o PAA, criado em 2003 com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e

combater a insegurança alimentar, e o PNPB em 2004, como uma política de inclusão social da

agricultura familiar, responsável por produzir a matéria-prima do biodiesel. Os dois programas

foram implantados em Ipameri em 2010. Enquanto o primeiro tem promovido a inserção

comercial dos camponeses, garantindo a sua renda familiar, o segundo é questionado quanto a

sua eficiência para garantir a reprodução socioeconômica do camponês, devido a sua

subordinação ao capital agroindustrial.

Conclusão

No presente trabalho buscou-se uma análise comparativa da implementação do PAA e do

PNPB no município de Ipameri. Nesse sentido, pode-se afirmar que o PAA tem apresentado

resultados positivos para os camponeses da ASCRAF e ASPRAOB. Embora haja reclamações

quanto aos trâmites burocráticos na negociação com a CONAB, o programa garante a renda e,

sobretudo, a permanência dos camponeses no espaço rural, destacando-se a construção de

uma padaria rural no município. No que tange ao PNPB, questiona-se os vultuosos benefícios

direcionados para as indústrias de biodiesel por meio do Selo Combustível Social,

assegurando, por exemplo, participação nos leilões de combustível da ANP e isenção de

impostos para empresas que obtém matéria-prima de origem familiar, sendo que em Ipameri o

65



selo não foi renovado em 2013. Com efeito, o estudo evidencia as especificidades de tais

políticas no âmbito da sua aplicação e quanto ao real cumprimento de seus objetivos,

subsidiando melhorias para desenvolvimento territorial rural. Portanto, enfatiza-se aqui o papel

da avaliação das políticas públicas como uma forma de averiguar os seus resultados e, de fato,

as transformações do ponto de vista econômico, social, político e cultural para os camponeses.

Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES

Palavras-chave: políticas públicas, desenvolvimento rural, camponeses, reprodução

socioeconômica.

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IMPACTOS DA MIGRAÇÃO SOBRE A TRANSIÇÃO PARA VIDA DOS JOVENS

ESTUDANTES HAITIANOS

Chandeline Jean Baptiste: Mestranda do programa de pós graduação em Demografia -

UNICAMP

Email: [email protected]; [email protected]


Introdução

Segundo Galland (1995), entrar na vida adulta significa passar por certo status como a

obtenção de um emprego, estar em um domicílio independente dos seus pais, ter um cônjuge e

criar uma família. Neste sentido, depende da sociedade, após completar 18 anos, os jovens

têm a possibilidade de ser independentes dos pais. Segundo Clark (2007) a transição à idade

adulta é percebida como um período onde os jovens tomam todos os tipos de decisões como

onde eles vão morar e com quem; como eles prosseguiram seus estudos, qual será o tipo de

trabalho e seus interesses, se estes pretendem ou não estabelecer uniões e sobre a decisão

de ter filhos.

Estudos sobre a temática em questão foram desenvolvidos a partir dos anos 1970 nos

Estados Unidos e posteriormente na Europa. Os países em desenvolvimentos, por sua vez,

apresentaram interesse pelo debate somente a partir dos anos 2000. Os estudos consagrados

a este fenômeno aplicaram a proposição lançada em 1976 por John Modell, Frank Fustenberg

e Theodore Hersberg no estudo da passagem para a vida adulta analisando o “timing” em

cinco etapas: 1. Saída da escola; 2. Entrada no mercado de trabalho, 3. Saída do núcleo

familiar de origem, 4. Casamento e, por fim 5. Constituição de uma nova família e, nascimento

do primeiro filho (CHICCHELLI et al, 2007). Distintos autores também teorizaram sobre este

período de transição, Garrido e Requena (1996) apud Vieira (2009) o definem como um

segundo nascimento. Enquanto que, segundo Vieira (2009), o período representa um

momento crítico do ciclo de vida dos sujeitos e se caracteriza por várias mudanças de status.

As condições e o tempo no qual a transição ocorre podem favorecer ou dificultar o

desenvolvimento do indivíduo na fase adulta (Vieira, 2009). Em todas as sociedades,

independentemente do grau de desenvolvimento econômico, essa fase de vida é intimamente

correlacionada a algumas características sociodemográficas, tais como: a escolaridade, a

camada de renda, o lugar de residência, a cultura, o grau de afluência da sociedade até

mesmo á posição social do

70

Posteriormente ao terremoto de ocorrido em Janeiro de 2010, a migração se apresentou

para vários jovens haitianos como alternativa única. Schwartz (2010 apud Heckert 2010) afirma

que, no Haiti, a migração foi sempre um aspecto importante na transição para a vida adulta e a

partir de pesquisa empírica realizada com jovens haitianos, Heckert (2010) afirma que a

migração foi uma parte das suas transições, pois a experiência migratória ajuda os jovens a se

tornarem mais autônomos, mas independentes. René Lévy (2005) no seu artigo Why look at

life courses in a interdisciplinary perspective, aborda os conceitos Turning point e Disturbing

event tentando explicar como um evento pode mudar a trajetória de vida dos indivíduos.

Pensando que a migração pode ser vista como um turning point na vida destes estudantes, o

objetivo deste trabalho é a descrição da experiência migratória de jovens estudantes haitianos

distribuídos em países da América Latina (Brasil) e Europa mostrando os impactos deste

evento sobre a passagem para a vida adulta deles.

Metodologia

Para o desenvolvimento deste trabalho usamos nossa própria rede de contatos. Com um

total de 26 participantes, foram realizadas 13 entrevistas face a face, 3 questionários foram

enviados por e-mail e respondidos por haitianos residindo no Brasil. 8 questionários foram

enviados em três universidades de países europeus (França, Polônia, Espanha). Com o intuito

de procurar respostas claras e precisas, o entrevistado era livre para responder na língua

desejada (crioulo ou francês, as duas línguas oficiais da República Haitiana). Para aqueles que

estão na Europa, entramos em contato via skype com sete deles e um oitavo haitiano residindo

na Europa participou da pesquisa por indicação de outro participante. Tanto as entrevistas face

a face quanto o questionário aplicados contavam com 39 perguntas abordando os seguintes

temas: infância e adolescência, estudos clássicos e universitários, status marital, sonhos antes

e depois do terremoto, mudanças ocorridas depois desta catástrofe, idéia de migrar, melhores

e piores experiências nos países de destino, sonhos para daqui 5 anos, significado da idade

adulta.

Resultados

Apesar das diferenças culturais e climáticas nota-se certa similaridade nas experiências

migratórias dos estudantes haitianos tanto no Brasil quanto na Europa. Embora seja recorrente

o relato de dificuldades de adaptação aos países de destino, episódios de racismo e outras

experiências negativas, tanto na Europa quanto no Brasil, os jovens haitianos avaliam que essa

experiência migratória modificou positivamente suas vidas em diversos aspectos, sobretudo do

ponto de vista intelectual e cultural. Após a migração, eles se tornam mais “maduros”, mais

“responsáveis” do que antes. Eles têm outra visão do mundo, o acesso à biblioteca, ao material

didático, aos livros que eles têm nas universidades lhes permite se sentirem mais próximos da

esfera intelectual. Essa experiência tem aumentado suas capacidades de pesquisa. Eles

acabam por crescer muito mais em termos de formações recebidas. Mudanças foram feitas

também em termos de comportamento e de relação humana. A maioria não queria criar uma

71



família no momento da pesquisa, eles preferem aproveitar a juventude e ter uma vida mais

segura economicamente antes de casar e formar família. Neste sentido, podemos assumir que

a migração levou ao adiamento das transições ligadas à vida familiar destes jovens. Portanto,

não existe transição neste momento. Dependendo do contexto a migração pode ajudar na

realização da transição para a vida adulta, pode também adiar esta fase de vida dos sujeitos.

Conclusão

Dependendo do lugar escolhido para migrar e do motivo da migração, a transição para a

vida adulta pode acelerar ou estagnar, isto vai depender das possibilidades oferecidas ao

migrante como condições materiais para sobreviver. A migração para um país estrangeiro pode

ajudar um jovem á assumir rapidamente suas responsabilidades, pois longe dos pais, deve-se

aprender a organizar seus planos e projetos de vida. Ela pode permitir a um jovem se tornar

mais maduro tanto pelas experiências da vida quotidiana quanto pelas informações recebidas.

Este jovem pode ser mais autônomo, mais independente, mais responsável, o que pode

contribuir para a realização de projetos futuros. Em contraponto, a migração pode adiar outras

transições da vida de um jovem tais como: entrada no mercado de trabalho, entrada na vida

familiar, casamento e nascimento do primeiro filho.

Instituição de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior.

PALAVRAS CHAVE: TRANSIÇÃO PARA VIDA ADULTA. EXPERIÊNCIAS

MIGRATÓRIAS. JOVENS HAITIANOS. TURNING POINT. JUVENTUDE HAITIANA.

72

A IMPORTÂNCIA DO AUXILIO ACADÊMICO NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Cyntia Mirella da Costa Farias1; Maria Élia da Costa Farias2; Laryssa Karla da Costa Farias

Rolim3; Elisaide Trevisam4

(1) Doutoranda em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

PUC-SP. Mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza, UNIFOR.

Advogada;

(2) Mestranda em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza, UNIFOR.

Especialista em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza, UNIFOR;

(3) Advogada. Servidora Pública do Estado de Pernambuco;

(4) Doutoranda em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

PUC-SP. Mestre em Direitos Humanos. Especialista em Direito do Trabalho e Processo

do Trabalho. Professora Universitária. Advogada.



Introdução:

Desde a colonização brasileira o processo de escolaridade é elitista cabendo aos não-

escolhidos ficar à margem dos debates políticos, ou, àqueles que nele conseguem levantar a

voz, ter o ônus de provar uma sabedoria maior do que é pedida aos que tiveram a chance de

estudar. A construção da cidadania dá-se mediante o gozo de direitos e deveres civis e

políticos, mas também ao íntimo subjetivo humano de sentir-se parte de um todo. A

conscientização de um povo a respeito de seus direitos e deveres retrata os caminhos que ele

pode vislumbrar seguir. Esta construção deve iniciar-se ainda nas escolas, públicas e

particulares, para que ao atingir a maioridade, parcial e total, o individuo tenha todas as

condições de lutar por o seu presente e o seu futuro. Desta forma, objetiva-se a

conscientização dos membros da academia para que unidos possamos incluir, através do

conhecimento, aqueles que por outras vertentes já sofrem exclusão.

Metodologia:

O presente estudo teve como objetivo analisar e discutir os meios da construção da cidadania

à luz do direito brasileiro e da filosofia, atentando-se para a necessidade de debates

acadêmicos para que possamos chegar aos possíveis meios de concretização do repasse de

conhecimentos àqueles que encontram-se excluídos do todo, quer seja por ausência de

recursos econômicos, quer seja por outra razão de discriminação. Assim, utiliza-se de pesquisa

bibliográfica por meio de artigos científicos que retratam as mazelas de diversos brasileiros que

batem à porta de uma oportunidade.

Resultados e Discussão: A dignidade da pessoa humana é fundamento da Constituição de

1988, definida no art. 1º e no art. 3º, cujos principais objetivos são a construção de uma

sociedade justa e solidária, a erradicação da pobreza, a eliminação das desigualdades sociais

e a garantia do desenvolvimento nacional. Quanto a este, embora o Brasil esteja entre as

73



maiores economias do mundo, apresenta-se bastante carente em relação ao desenvolvimento

humano e ao bem-estar do cidadão. Um estudo recente, junho de 2013, desenvolvido pelo

Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – CEBRAP, com o apoio da Fundação Victor

Civita, através do relatório final sobre “O QUE PENSAM OS JOVENS DE BAIXA RENDA

SOBRE A ESCOLA” analisou de modo sistemático a realidade de jovens de alguns estados

brasileiros a fim de efetivar um comparativo de aplicação e efetividade dos estudos frente às

realidades locais e aos planejamentos destes jovens sobre seu futuro. Buscou-se a perspectiva

dos jovens a respeito da importância da escola e o resultado é de que a maior parte dos alunos

entende que os conteúdos escolares são úteis para o futuro.

Conclusão:

Conclui-se que os séculos percorridos pela nação brasileira não foram suficientes para albergar

a solidariedade no âmbito do conhecimento que permanece protegido por muros econômicos

e, ou, de oportunidades cuja discriminação se apodera. Resta-nos, como acadêmicos e

fazedores do presente e colaboradores do futuro, discutir os meios de tornar o conhecimento

acessível a todos, a fim de que brasileirinhos e brasileirinhas possam desfrutar das escolhas

que a vida cidadã, com o apoderamento de seus direitos e deveres civis e políticos, bem como

da cidadania filosófica do “fazer-se parte de um todo” tenham sentido real e não abstrato.

Precisa-se discutir como fazê-los ter sua dignidade humana respeitada. Precisa-se chegar a

um senso de como nós, acadêmicos, podemos contribuir para a construção da cidadania dos

jovens brasileiros que, conforme pesquisa, depositam nas escolas a credibilidade de auxiliar

em um futuro melhor.

Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Palavras-chave: Cidadania; Direito; Escola.

74

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE ADOLESCÊNCIA

Elaine da S. Ferretti Barbiéri (1); Maria Laura Puglisi Barbosa Franco(2);

Marina Ralston Cerquinho Malta Farina(3)

(1). Mestranda em Psicologia Educacional no Centro Universitário FIEO; (2). Professora Livre

Docente pela UNICAMP; (3). Mestranda em Psicologia Educacional no Centro Universitário

FIEO



Introdução

Sabendo que as representações sociais orientam as ações, pesquisar o que pensam os

adolescentes, torna-se importante para inferir seus comportamentos e atitudes. Este estudo

tem por objetivo, a partir de depoimentos de adolescentes estudantes, compreender e analisar

as representações sociais que estes elaboram e expressam sobre o que é ser adolescente.

Para aprofundar o assunto, realizamos uma pesquisa com 20 participantes da cidade de

Jandira, município localizado na região metropolitana de São Paulo. Escolheu-se como aporte

teórico a Teoria das Representações Sociais, por ser a representação influenciadora da ação e

capaz de descrever e possivelmente explicar fenômenos específicos de modo adequado.

Metodologia

Para captar as representações sociais dos adolescentes participantes, foi proposto aos

estudantes de uma instituição particular e confessional, de período integral, que escrevessem

individualmente um texto de opinião, com o seguinte tema: O que é ser adolescente?

Participaram desta pesquisa 20 estudantes, matriculados no 9º ano do Ensino FundamentaI,

sendo dez do sexo feminino e dez do sexo masculino.

Foi realizada uma leitura flutuante, isto é, com idas e vindas do material para que fosse

possível abrir categorias. Assim, os dados provenientes a partir dos textos foram submetidos à

Análise de Conteúdo, sendo esta uma ferramenta que se trata de entender melhor um

discurso, de fazer inferências a partir das mensagens.


As representações sociais dos adolescentes foram discutidas a partir de categorias teóricas,

levando em consideração que as porcentagens foram calculadas de acordo com o número de

respostas obtidas e não ao número de participantes.

75



A categoria “Autonomia” (70%) tem o maior indicativo de representatividade, nela encontramos

os indicativos: Responsabilidade; Independência; Opinião própria; Pensamentos diversos; Ser

único; Definir a identidade.

Com 50% tem-se a categoria “Perspectiva de Futuro” com os indicativos: Fase de estudar; Se

preparar para o futuro; Início da vida profissional.

A categoria “Diversão” com os indicativos: Tempo de se divertir; Passear com os amigos

apresentou 40% das respostas.

Com 35% encontramos a categoria “Comportamento” com os indicativos: Ser mal criado;

Preguiçoso; Ter atitudes infantis; Linguagem própria entre os amigos; Uso das redes sociais. E

com 30% a categoria “Namoro”, com os indicativos: Namorar, Ficar; Primeiro amor e Paixão

não correspondida.

O percentual de 25% recaiu sobre as categorias “Transformação Corporal” com os indicativos:

Espinhas; Modificação/Conhecimento do corpo, e “Relacionamento com Adultos” com os

indicativos: Ensinar os mais velhos; Briga com os pais; Não aceitar regras impostas.

A “Solidão” é apontada por 15% dos participantes.

Conclusão

Ao analisar as representações sociais sobre a adolescência por parte dos próprios

adolescentes, sob a orientação da Teoria das Representações Sociais, constatamos que

contraditoriamente ao senso comum, os adolescentes se apresentam como aqueles que têm

responsabilidade e autonomia para tomar suas próprias decisões.

A análise também permite observar que os participantes se preocupam com o futuro,

depositando em si próprios as expectativas da realização de seus sonhos, afirmando a

necessidade de estudar nesta fase da vida, sendo este o meio seguro para poder entrar em

uma universidade de qualidade e consequentemente obterem uma boa formação profissional,

assim fica evidenciada a cristalização de que os estudos proporcionam uma ascensão social.

Outro fator percebido é que a diversão é entendida por momentos de lazer em companhia com

os amigos, e que a adolescência é uma fase de transição, onde muitas vezes é possível

manter as atitudes infantis, mas também o período ideal para namorar, descobrir-se e de expor

suas próprias opiniões, o que muitas vezes geram discussões com os pais ou responsáveis.

Assim, a partir destas representações sociais apresentadas pelos participantes, esperamos

contribuir para discussões que envolvam os adolescentes.

Apoio: (1) Bolsista CAPES

76

PALAVRAS-CHAVE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS; ADOLESCENTES;

ESTUDANTES

77



O PODER DA LITERATURA NA ALFABETIZAÇÃO

Elaine da S. Ferretti Barbiéri (1); Leda Maria Codeço Barone (2);

Michele S. de Barros Gavasso (3); Silvia Maria Pereira (4)

(1). Mestranda em Psicologia Educacional no Centro Universitário FIEO; (2). Dra. em

Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo; (3). Mestranda

em Psicologia Educacional no Centro Universitário FIEO; (4). Mestranda em Psicologia

Educacional no Centro Universitário FIEO.



Introdução

O presente estudo visa o uso da leitura e da escrita desde o início do processo de

alfabetização, numa articulação com a literatura infantil, a fim de discutir como a literatura pode

contribuir para desenvolver a aquisição da leitura e escrita nas séries iniciais do ensino

fundamental.

O foco da investigação foi a experiência pessoal de uma professora em uma classe de 28

alunos, sendo eles estudantes do primeiro ano, em uma escola da rede pública do Estado de

São Paulo, no município de Carapicuíba.

A valorização da leitura como um dos instrumentos para alfabetização é de extrema

importância. É indispensável para o desenvolvimento e formação da criança o contato com a

leitura, dessa forma sua possibilidade de vir a ser um bom leitor e diversificar seu vocabulário é

ampliada.

A experiência aconteceu durante o ano letivo de 2013, em que por meio da leitura de um

adulto, no caso, da professora, os alunos foram envolvidos em uma atividade prazerosa, com

uma rica fonte para a imaginação desses mesmos alunos.

A partir dessa vivência, constatou-se que a literatura, presente diariamente no cotidiano

escolar, propiciou aos alunos uma forma de sensação de deleite e instigante para aprender a

ler e escrever, além de confirmar que os alunos gostam de imitar as atitudes de leitores.

Metodologia

78

Grupo constituído por crianças, sendo que, 17 são meninos e 11 meninas, idade entre 6 e 7

anos. As crianças são oriundas de bairros carentes da zona oeste da região metropolitana de

São Paulo.

Esta pesquisa foi realizada durante o ano letivo de 2013, tendo seu início em fevereiro de 2013,

com estudantes do período matutino, e término em dezembro do mesmo ano.

Estas crianças foram expostas as leituras no início da aula, de segunda a sexta- feira. Este

período que dura em média de 30 minutos, foi nomeado como a Hora da História.

Os textos eram escolhidos pelas próprias crianças e/ou pela professora, a partir das literaturas

ofertadas pela biblioteca da instituição de ensino.

Após a leitura, as crianças, eram convidadas a discutir e avaliar as histórias. A avaliação

ocorria na forma de figuras que ilustravam expressões faciais: um grande sorriso demonstra

que a história foi muito agradável, um sorriso normal demonstra que a história foi agradável, e

a expressão de descontentamento demonstrava que a história não foi agradável.

Cada criança, dupla ou grupo era questionado quanto a suas impressões dos textos, e atribuía

à figura respectiva a sua escolha. Ao final deste processo, a professora contabilizava as figuras

e atribui ao texto uma avaliação coletiva.


Neste estudo, baseado nos estudos de Emília Ferreira, dos 28 alunos, 24 alunos no início do

quarto bimestre já produziam textos. Apenas dois alunos permaneceram no nível de escrita

pré-silábico, porém ressaltamos que um dos alunos possuiu número excessivo de faltas e a

família não compareceu nas reuniões e convocações realizadas pela escola. A segunda aluna

foi transferida para a escola na segunda quinzena de agosto, a princípio ela conhecia apenas a

letra A, para as demais letras realizava apenas rabisco, em pouco tempo passou a conhecer o

alfabeto e reconhecer que para escrever é necessário utilizar diversas letras. Os outros dois

alunos se encontram no nível de escrita silábico com valor sonoro, já em transição para o nível

silábico-alfabético.

A alfabetização destes alunos ocorreu incorporando o trabalho com texto literário às práticas

cotidianas da sala de aula. Assim, foram apresentados aos alunos muitos textos orais, ora os

alunos apenas ouviam, ora eles próprios produziam, tendo a professora como escriba, neste

processo aos poucos os alunos já começaram a escrever sozinhos seus textos, confirmando o

poder, ou seja, a influência da literatura no processo de alfabetização.

Conclusão

O estudo deixa claro que a alfabetização e a literatura caminham juntas, pois dificilmente

encontramos crianças que não gostem de ouvir histórias, frequentemente elas se encantam

com este mundo de magia. Assim, podemos concluir que o processo de alfabetização é

desenvolvido com mais qualidade, pois ao aderir à literatura como parceira, o professor permite

79



um ensino energético e motivador, possibilitando a criança a interagir com o conhecimento a

ela apresentado.

Então, sabendo-se que as crianças se encantam com histórias infantis, trabalhos realizados a

partir da literatura são importantes para atrair o hábito de leitura. Observando a rotina desta

turma de alunos, entendemos que ao desenvolver um trabalho com os alunos, não devemos

realizá-lo de uma forma fragmentada, pois os alunos não aprendem somente com “pedaços

soltos”, mas sim aprendem fazendo relações e observando as pessoas ao seu redor. Portanto,

a alfabetização dos alunos deu-se mediante a um conjunto de situações e ações: ouvindo,

observando, lendo e escrevendo.

Apoio: (1) Bolsista CAPES

PALAVRAS-CHAVE: INFLUÊNCIA DA LEITURA; ALFABETIZAÇÃO; OUVIR

HISTÓRIAS.

80

IMAGENS MIMÉTICAS E IMAGENS DIVINATÓRIAS NA EDUCAÇÃO PLATÔNICA

Daniel Figueiras Alves(1)

(1). Doutorando em Educação na Universidade Estadual de Campinas



Introdução:

Este trabalho, o qual pretende expor o uso das imagens no modelo educativo platônico, é parte

de uma pesquisa de doutorado intitulada: Educação imagética em Platão, realizada na

Faculdade de Educação da Unicamp e financiada pela Fapesp. A referida pesquisa investiga,

dentro dos textos platônicos, a potência educativa e o caráter epistemológico das imagens.

Para Platão, a finalidade da educação é a vida filosófica. Vida permeada pela beleza estética e

pela boa moralidade, cuja orientação é a investigação das Ideias. As imagens, segundo nossa

interpretação, estabelecem uma funcionalidade pedagógica de duplo caráter: mimética e

divinatória. As imagens miméticas são representações sensíveis e imperfeitas de uma

realidade ideal, ao passo que as imagens divinatórias são discursos revestidos de uma

verdade revelada pelo demiurgo.

Metodologia:

O tipo de metodologia utilizada para esta investigação é a pesquisa bibliográfica, a qual

consiste no recorte e na seleção do tema dentro do corpo dos textos platônicos. Realizamos

uma interpretação hermenêutica dos textos e passagens dos diálogos platônicos: A República,

O Mênon e O Fedro. Ademais, utilizamos comentadores e dicionários especializados como

suporte e referência ao que já foi discutido acerca do assunto.

Resultados e Discussão: Podemos estabelecer uma hierarquia epistemológica e pedagógica entre esses dois conjuntos

imagéticos: a representação mimética situa-se três níveis abaixo discurso divinatório. Enquanto

a primeira é da ordem da doxa e do mundo sensível, o segundo permanece como a própria

manifestação da Ideia. A mimética visa à infusão de bons valores na alma comportando-se

como um tipo de educação moral e propedêutica. Por meio da adivinhação, a verdade revelada

impõe-se, mesmo ao Sócrates platônico, como paradigma argumentativo e guia da narrativa

nos diálogos. A palavra do demiurgo não é apenas moralizadora, como a mimética, mas

também normativa e explicativa, conduzindo e validando os rumos da vida filosófica.

Conclusão:

81



Por fim, é por meio das imagens que a alma é capaz de rememorar aquilo que havia esquecido

na ocasião de seu encarceramento no corpo. Para Platão, a educação não se dá por

ensinamentos externos, mas pela recordação de conhecimentos, valores e ideias pré-dispostos

no interior do indivíduo. Nesse sentido, as imagens atuam como uma espécie de dispositivos

mnemônicos da alma de caráter essencialmente educativo.

Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO, IDEIA, IMAGEM, MORAL, PLATÃO.

82

ANÁLISE COMPARATIVA DOS MEIOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ENTRE EUA E

BRASIL

Luis Marçal Roriz Dias

Mestrando do curso de Direito Político Econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie –

São Paulo


Área: Ciências Humanas - Direito

Introdução

O sistema jurídico norte-americano ou American Common Law, originário do modelo anglo-

saxão, já distante do sistema dos países do Reino Unido, possui uma forma que, de maneira

geral, reflete uma tendência a um direito consuetudinário, ainda que cada vez mais se notem

intervenções positivistas, através do Statutory Law. Ao contrário da grande maioria dos países

ocidentais, de aspecto positivista, derivado das tradições jurídico-estatais da Europa

continental, que possuem como base o direito romano (ainda que discutível), e a tradição do

codex de Napoleão (essa, sim, indiscutível). Com isso, poder-se-ia ter a falsa impressão de

distância quando o comparamos com o nosso sistema jurídico.

O objetivo deste trabalho é apresentar o sistema de Torts, utilizado nos EUA em oposição à

nossa sistemática jurídica na reparação de danos. Posteriormente, enveredaremos na análise

e comparação dos sistemas sob uma perspectiva da Teoria Geral do Direito, enquadrando nos

arquétipos de aplicação do Direito, conforme o autor Robert A. Kagan.

Neste sentido, o trabalho não se propõe a esgotar a análise da temática proposta. Pelo

contrário, tem-se como escopo apenas a introdução dessa temática de maneira generalista

para que haja futuras discussões e aprofundamentos nesta seara.

Metodologia:

Trata-se de trabalho com caráter eminentemente teórico-investigativo, pautado, porém, na

pragmática de nossa socialização, de modo que os dados teóricos que lhe darão viabilidade

83



serão extraídos via análise bibliográfica das obras de teóricos americanos da área de Teoria

Geral do Direito.

A pesquisa é de natureza qualitativa, objetivando construir uma análise compreensiva do

tratamento dado pelo autor ao tema do trabalho.

Assim, em termos gerais, será apresentada a maneira como são geridas as resoluções de

conflitos nos EUA, especificamente no que se diz respeito ao Tort System (Reparação de

danos no sistema norte-americano), prosseguindo-se para uma análise crítico-comparativa do

sistema jurídico brasileiro, representado principalmente pelo ramo do Direito Civil e seu

procedimento ordinário.

Nessa análise serão abrangidas as semelhanças e diferenças entre os dois sistemas jurídicos,

tecendo-se críticas e observações nas áreas confluentes dos objetos aqui analisados. Do ponto

de vista micro, veremos os tipos diversos de torts e como são classificados; do ponto de vista

macro, observaremos como os estados administram as resoluções de conflitos, e as diversas

maneiras de gestão divididas categoricamente pelos autores.


Comparando com nosso direito, pode-se dizer que tort seria o nosso ato ilícito civil. Esse termo

pode ser empregado para indicar o ato ilícito em si ou a ação de reparação proveniente do ato.

O sistema americano criou uma legislação própria para esse tipo de ação. Diferentemente do

Brasil, os processos civis americanos são divididos em dois grupos. Um se incumbe de tratar

lides referentes a contratos e o outro a reparações de danos. Cada grupo possui legislação e

ritos próprios.

Existem três tipos de torts: Intencionais, Negligenciais e Responsabilidade Objetiva.

O sistema jurídico norte-americano é nomeado por muitos autores, entre eles Robert A. Kagan,

como Adversarial Legalism, pelas características combativas do sistema americano. Configura-

se uma estrutura processual triangular. Nesse tipo de sistema, o juiz está mais para um árbitro

de um jogo, limitando-se a cuidar que as partes ajam de maneira aceitável e impedindo

qualquer ato ilícito.

Em contraposição a esse sistema, Kagan cita o Bureaucratic Legalism. Nesse preceito, a

participação das partes não é tanto forte como no modelo citado previamente, com a presença

de uma maior formalidade legal. O juiz passa a ser mais atuante e inquisitivo, podendo

84

determinar a produção de provas. Enfatiza-se uma aplicação uniforme das regras, uma relação

mais verticalizada e a responsabilidade oficial do juiz para encontrar os fatos verídicos da lide.

Conclusão

Analisando os dois sistemas de resolução de conflitos, observa-se que ambos são dotados de

um caráter individualista, formal, processualístico, moroso, dispendioso. Assim, grande parte

dos recursos, que deveriam ser direcionado às vítimas, é desviada em custas processuais e

honorários advocatícios.

Também, como nos EUA o juiz possui uma postura mais inerte, o poder aquisitivo tem um peso

extra em comparação ao nosso sistema. A parte que gastar uma quantia maior em seus

procuradores estará em posição de extrema vantagem. Isso contribui para que muitas pessoas

nem cheguem a pleitear seus direitos perante o Estado, um claro apartheid socioeconômico.

Por outro lado, ambos os sistemas permitem discussões e decisões específicas para os

conflitos, admitindo uma maior flexibilidade na abordagem das lides. Se isso pode servir como

um instrumento ativo de justiça social, por outro lado observa-se que, nos EUA, por se ter um

tribunal de leigos jurídicos (júri), pode haver diferenças substanciais entre as indenizações

concedidas entre casos análogos.

Quando uma sociedade apresenta um animus litigandi exacerbado, notamos uma sobrecarga

no judiciário, uma perda nos parâmetros sobre o que é relevante socialmente ou não.

Cada sociedade apresenta cultura própria e um sistema jurídico que tenta se adequar às suas

necessidades, assim importa para nós, juristas, analisando outros sistemas, apre(e)nder as

peculiaridades dos outros sistemas, para renovarmos práticas que favoreçam nosso sistema

jurídico, alertas às falhas que estão presentes de igual maneira em nosso sistema, para uma

justiça social mais eficiente.

Palavras-chave: responsabilidade civil, direito comparado, tort system, teoria geral do direito.

85



O LOUCO QUE EU LEIO – O HOSPITAL PSIQUIÁTRICO ADAUTO BOTELHO NAS

PÁGINAS DO JORNAL O POPULAR

Bruna Vanessa Dantas Ribeiro(1)

(1) Mestranda da FIC-UFG, Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal

de Goiás, na linha de mídia e cidadania.



Introdução:

Neste trabalho busca-se entender a representação midiática da reforma psiquiátrica em Goiás

através da figura do Hospital Psiquiátrico Professor Adauto Botelho, situado em Goiânia, pelas

páginas do jornal impresso O popular. O hospital pioneiro no tratamento público de saúde

mental foi fundado em 1954 e cessou seu funcionamento em 1995, e foi escolhido como fonte

de estudo, pois as datas de abertura e fechamento do hospital se tornaram marcos e retratos

da psiquiatria e da loucura em Goiás. Com a abertura do Adauto começou a era de tratamento

por internação em Goiás e com seu fechamento teve fim esta mesma era, que deu início a uma

nova forma de tratamento das doenças mentais no estado. Com ele nasceram e morreram não

só formas de tratamento médico das doenças mentais, mas também formas de se ver e

entender a loucura e isso não passou batido aos jornais. Eles estavam ali todo o tempo seja

noticiando, construindo conhecimento e/ou reforçando estigmas, mas acima de tudo refletindo

e ao mesmo tempo dando forma ao pensamento goiano sobre a loucura e a institucionalização

de seu tratamento através do Adauto Botelho. São estes dados que serão levantados,

interpretados e localizados no campo da comunicação.

Metodologia:

Este trabalho guia-se pelo pressuposto da hipótese do agendamento, ou agenda-setting.

Segundo essa base teórica, o pautamento midiático da discussão pública estabelece os

veículos midiáticos como fortes influenciadores da opinião pública e auxiliadores na construção

86

da realidade social. Partindo dessa perspectiva teórica, foi realizada uma pesquisa utilizando a

metodologia de análise de conteúdo, que levantou material jornalístico do Jornal O Popular

sobre o tema, no período que compreende de 1993 a 2008, disponível no acervo digital do

próprio veículo, portanto sujeito a falhas de catalogação da própria instituição. As 48 matérias

encontradas foram classificadas segundo 7 categorias: destinação do prédio, reforma do

hospital, descaso com os pacientes, fechamento do hospital, judiciário, estrutura

governamental de saúde e ressocialização. Todas as matérias se encontram dentro do gênero

informativo, dividindo-se em reportagens e notícias, assim não havendo necessidade de

classifica-las segundo tipo de texto.


A análise de conteúdo sobre a cobertura midiática do fechamento do Hospital Adauto Botelho

proporcionou duas conclusões fundamentais. Primeiramente, grande parte das matérias

dedicou-se a discutir questões político-econômicas do fechamento do hospital, as

classificações “venda do prédio” e “reforma do hospital” somaram metade das publicações. A

preocupação com questões burocráticas se sobrepôs a uma possível discussão pública da

reforma psiquiátrica como uma questão não social.

Uma segunda conclusão decorre sobre a questão dos direitos humanos e da cidadania dos

pacientes psiquiátricos. A partir da cobertura do Jornal O Popular sobre a volta desses

indivíduos ao convívio social é possível enxergar reflexos de um posicionamento positivista

sobre cidadania (que tem como cidadão pleno o indivíduo que cumpre seus deveres e, portanto

tem seus direitos garantidos), já que grande parte das notícias ou reportagens apesar de não

discutir a questão da liberdade, portanto falham quando se trata de discutir os direitos humanos

dos pacientes psiquiátricos, tratam dos direitos dos pacientes quanto ao acesso a saúde e

alimentação digna e, principalmente, de não ser torturado ou mal tratado.

Conclusão:

A presente pesquisa mostra que é possível utilizar os processos noticiosos para buscar a

cidadania de grupos minoritários e estigmatizados. O jornalismo foi de extrema importância

dentro do processo de reforma psiquiátrica no Brasil (como exemplo temos sua intensa

participação no Fechamento do Hospital Colônia, de Barbacena), mas a Cobertura do jornal

O Popular sobre o fechamento do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho não mostrou esse

posicionamento, levando ao reforço de estigmas. Uma grande maioria de matérias sobre

questões políticas sobre o fechamento do hospital, em detrimento de uma minoria sobre a

restituição da cidadania do doente mental, mostra que o assunto ainda é discutindo sob o viés

da loucura imobilizante e socialmente inviável.

Algumas mudanças na forma dos veículos midiáticos verem o tema podem possibilitar uma

cobertura mais humana, e consequentemente mais cidadã: buscar entender a problemática da

87



doença mental mais a fundo redirecionando o discurso da doença mental transferindo a

imagem desses indivíduos para um quadro de autonomia.

Palavras-chave: Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho; Reforma Psiquiátrica; estigma;

hipótese do agendamento.

88

IMPACTOS AMBIENTAIS, QUALIDADE DE VIDA URBANA E SEGREGAÇÃO

SOCIOESPACIAL EM GOIÂNIA (GO): O CASO DA REGIÃO NOROESTE

Renatha Cândida da Cruz(1)

João Batista de Deus (2)

(1) Mestranda em Geografia na Universidade Federal de Goiás

(2) Professor Doutor da Universidade Federal de Goiás

E-mail: [email protected], [email protected]


Introdução

Esse artigo tem como objetivo contribuir para a discussão da segregação socioespacial

e os impactos ambientais na Região Noroeste de Goiânia no Estado de Goiás. O artigo

discorre sobre o processo de exclusão do homem do campo e como essas pessoas foram se

aglomerando na cidade de Goiânia. A ausência de moradia tornou-se insustentável até que

houve invasões de terras, sobretudo no final da década de 1970, surgindo os bairros da

conhecida região periférica da cidade. A região possui importantes cursos d’água e vegetação

remanescente, mas sua população tem se deparado com ínfimos serviços básicos, tais como

coleta regular de lixo, esgoto sanitário e limpeza urbana que podem causar impactos

ambientais negativos ainda não dimensionados.

Metodologia

O trabalho está em fase inicial de análise de dados obtidos mediante a pesquisa

documental. Na primeira etapa buscamos literatura acerca da segregação socioespacial, a vida

nas cidades brasileiras e o surgimento da Região Noroeste de Goiânia. Na segunda etapa foi

elaborado um questionário acerca da Qualidade de Vida Urbana. Na etapa seguinte foram

analisados os dados e gerados índices. Na etapa final foi elaborado o relatório final submetido

à disciplina do Cerrado na Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás.


Há diferentes maneiras de dimensionar aspectos da vida urbana, uma delas é o Índice

de Qualidade de Vida Urbana, esse índice mensura aspectos relacionados ao desenvolvimento

humano e à qualidade do meio urbano que o cerca. Para tal cálculo é necessário identificar

valores extremos e substituí-los por valores correspondentes. Em análise preliminar foi possível

89



perceber que a Região Noroeste de Goiânia encontra-se no nível baixo (entre 0 e 0,42)

alcançando o valor médio de 0,34 no que tange à Qualidade de Vida Urbana de acordo com as

categorias analisadas (educação, habitação, infraestrutura urbana, renda e serviços urbanos).

Quando triangulamos os dados com o meio ambiente, o valor de referência aumenta

consideravelmente. O problema é que a maioria dessas áreas verdes não possui nenhum tipo

de infraestrutura que atenda a comunidade, associada à ausência de manutenção por parte do

poder público tem sido o destino final de diferentes dejetos.

Conclusão

No que tange aos impactos sobre as águas urbanas apresenta como principais

problemas a falta de tratamento de esgoto, a ocupação do leito de inundação ribeirinha,

impermeabilização e canalização dos rios urbanos, deterioração da qualidade da água por falta

de tratamento dos afluentes. Soma-se a isso a falta de conhecimento da população e de

profissionais da área, a visão setorizada do planejamento urbano e a falta de capacidade

gerencial como pontos importantes que podem impactar a água urbana. No decorrer de nossa

investigação percebemos que a Região Noroeste de Goiânia conta com serviços urbanos

precarizados. Esse fato é agravado pela ação dos moradores em depositar seus dejetos em

áreas públicas, sobretudo, em áreas verdes destinadas aos parques e bosques, podem

impactar os cursos d’água, o solo e a vegetação. É importante ressaltar que essa Região trata-

se de uma das áreas de maior concentração de vegetação remanescente e de importantes

cursos d’água para o abastecimento da cidade de Goiânia.

Apoio: CAPES – UFG – Bolsa de Mestrado desde outubro/2013

PALAVRAS-CHAVE: SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL, IMPACTOS AMBIENTAIS,

GOIÂNIA.

90

DINÂMICA POPULACIONAL E SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL: CAMINHOS PARA

PENSAR REGIÃO NOROESTE DE GOIÂNIA - GOIÁS

Renatha Cândida da Cruz(1)

João Batista de Deus (2)

(1) Mestranda em Geografia na Universidade Federal de Goiás

(2) Professor Doutor da Universidade Federal de Goiás

E-mail: [email protected], [email protected]


Introdução

As contradições impostas pelo sistema capitalista ampliaram as desigualdades nas

cidades e colaboraram para segregação de grupos que tem pouco acesso ao trabalho e aos

direitos que constituem a sobrevivência humana. Na década de 1970 a população goiana

passa a ser em sua maioria urbana e no mesmo período a situação habitacional de Goiânia

torna-se insustentável. Para tanto, esse artigo tem como objetivo entender como dinâmicas

contemporâneas da cidade de Goiânia podem ser entendidas como resultado de processos

históricos da repercussão diferencial das redes no território goiano. Buscaremos compreender

como ocorreu o processo de segregação socioespacial da Região Noroeste da capital

mediante a dinâmica populacional estimulada pela modernização do território do Estado de

Goiás.

Metodologia

O trabalho está em fase inicial de análise de dados obtidos mediante a pesquisa

documental. Na primeira etapa buscamos literatura acerca da segregação socioespacial, a vida

nas cidades brasileiras e o surgimento da Região Noroeste de Goiânia. Na segunda etapa

foram analisados jornais e boletins que remontam a época das luta pela terra na área urbana

de Goiânia. A etapa atual refere-se à análise dos dados do IBGE por áreas de ponderação

(2010) e organização dos dados de 2000 para propiciar uma análise comparativa.


Na contemporaneidade da economia goiana há o destaque para os diferentes modais

no que tange aos transportes que permitem a circulação de pessoas e mercadorias. O fato é

que essas e tantas outras ações que proporcionaram a incorporação do Estado de Goiás no

cenário produtivo proporcionaram, também, uma nova configuração espacial e, sobretudo nos

fazem refletir sobre a ação dos atores hegemônicos na produção do território. Em 2010, de

91



acordo com os dados do IBGE (2010) é possível perceber a população chegava a 164.385

habitantes, destes 91.705 são naturais do município (56%) e 72.680 pessoas não naturais

(44%). Destes habitantes 48.873 não tinham acesso à creche ou escola. Mas, 18.377 desses

moradores nunca tiveram acesso à creche ou escola. Quanto à renda, 46% dessa população

recebiam até 2010 no máximo dois salários mínimos (75.452 habitantes). O que nos leva a

discutir a segregação em Goiânia não tange apenas dados, mas uma realidade que foi

construída socialmente, mediante a luta pela terra, e atualmente, à luta por melhores condições

de vida, e em alguns casos, de luta pelo reconhecimento do direito do solo urbano. Então, a

Região Noroeste ainda é um exemplo de distância física do centro, mas, também, de uma

distância social.

Conclusão

Neste trabalho buscamos compreender como a apropriação das terras goianas no

cenário produtivo intensificou o processo migratório para outros centros urbanos, tal como

Goiânia, e como essa gama de migrantes continuou e sentir o processo de segregação na

capital, reproduzindo o processo iniciado no campo. A Região Noroeste de Goiânia é descrita

por Moyses (2004), como expressão máxima da segregação na capital. Em pesquisa recente

foi identificado que o processo de segregação ainda é perceptível. O que se pode inferir é que

a influência dos atores hegemônicos, tendo como referência Santos (2006), influenciaram na

distribuição das redes urbanas, e nesse sentido, a população de baixa renda continua a ser

margeada, marginalizada, segregada.

Apoio: CAPES – UFG – Bolsa de Mestrado desde outubro/2013

PALAVRAS-CHAVE: SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL, REDES, GOIÂNIA

92

A DIMENSÃO ESTÉTICA DAS OBRAS DO ARTISTA AMAPAENSE RONNE DIAS

Marcos de Morais (1)

(1). Especializando em Metodologia do Ensino da Arte pela Faculdade Internacional de Curitiba

- FACINTER, do estado do Amapá.


Área: Ciências Humanas.

Introdução

Este estudo buscou compreender a dimensão estética das obras do artista plástico amapaense

Ronne Dias, através de um levantamento histórico e bibliográfico, que visou suscitar algumas

inquietações a respeito das relações existentes entre o mundo da arte e o mundo da política,

verificou-se como se constituiu historicamente a relação entre a arte e a política, qual a relação

das obras do artista com a filosofia Marxista e quais os elementos políticos inerentes a

produção do artista plástico Ronne Dias.

O diferencial neste caso é a visão geral, totalizadora feita através de uma analise estética

quase sempre realizada de forma fragmentada, que não é o foco deste estudo, pois um olhar

que contesta as formas positivistas encontra no materialismo os elementos capazes de

estabelecer essa conexão entre as obras do artista Ronne Dias e a filosofia.

Metodologia

Este estudo foi desenvolvido inicialmente como pesquisa bibliografia, após uma ampla analise

da literatura existente a respeito do tema. Passamos para a etapa de estudo de campo, nesse

momento realizamos um amplo levantamento de dados a respeito da vida e da produção do

artista amapaense Ronne Dias; com a aplicação de questionários e entrevistas.

Vencida essa segunda etapa, passamos para a sistematização dos dados coletados durante o

levantamento bibliográfico e o estudo de campo, após essas etapas preliminares concluídas

realizamos uma análise interpretativa dos dados coletados e a conclusão do trabalho escrito.


Ao sistematizamos sua produção do Artista Ronne Dias em “fase de formação”, “fase

acadêmica” e “fase contemporânea”, chegamos à conclusão primeira da riqueza qualitativa e

quantitativa da produção do artista. E essa fase de formação, é determinante para definir o

recorte visual que o artista realiza em suas produções atuais, e seu compromisso com as

questões vinculadas a uma concepção materialista.

93



Descobrimos que essa arte mais verdadeira e mais humana, não é uma arte que se volta pra

ela mesma, é uma arte que dialoga com o outro, e esse outro, estabelece uma relação direta

com sociedade, e assim chagamos a um porto central, arte para que? Sem a capacidade

provocativa, que se volte para os temas elitizados, técnicas puras e suportes tradicionais, para

quem? Para manter o status quo vigente.

Acreditamos que a arte atual, a do Ronne e a de tantos outros, é a forma de conhecimento

mais elevada, e tem a capacidade de se manter em fluxo, em movimento, e criando novos

padrões resultantes da práxis, da matéria e do conceito.

Conclusão

A arte engajada socialmente, com características humanizantes, rompe a barreira do objeto em

si, e no caso do Ronne passa a dialogar por uma série de motivos, com o Materialismo. São

obras de arte que ajustam seu enquadramento, justamente no que estava velado, nas relações

de trabalha, nas questões de classe social e no consumismo desenfreado, ou seja, ser

humano.

A arte política de Ronne Dias é uma tentativa de um grito de liberdade em uma sociedade

padronizada, onde todos devem gozar das mesmas coisas, onde todos devem caminhar na

mesma direção, o artista contemporâneo em diálogo constante com o seu meio, é uma síntese,

da consciência mais elevada da humanidade, e atua revelando estruturas invisibilizadas pelo

sistema.

Apoio: Universidade do Estado do Amapá - UEAP

Palavras-chave: Arte Amapaense, Estética Marxista, Política.

94

NOVAS CONFIGURAÇÕES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMAZÔNIA E SUAS REDES

DIGITAIS DE MOBILIZAÇÃO

Lucas Milhomens (1)

(1). Doutorando em Educação na Universidade Estadual de Campinas - Unicamp



Introdução:

O presente resumo é parte de uma pesquisa doutoral em andamento que visa analisar um

fenômeno recente na maior região do Brasil: a utilização que os movimentos sociais da

Amazônia estão fazendo das redes digitais de mobilização, com o intuito de ampliar sua

militância e resistência política, com foco na educação e em seus processos de resistência e

visibilidade. Ou seja, como se da à apropriação e uso da Internet e das Novas Tecnologias de

Informação e Comunicação (NTICs) – também chamadas redes digitais –, por parte de dois

movimentos sociais localizados em polos distintos da Amazônia brasileira. O Movimento dos

Atingidos por Barragens (MAB), na cidade de Altamira (PA) onde está localizada a Usina

Hidrelétrica de Belo Monte, e a Federação dos Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), no

município de São Gabriel da Cachoeira (AM). O trabalho faz uma análise de como estes dois

movimentos se organizam e potencializam os novos recursos e repertórios digitais para ampliar

suas pautas e resistências, principalmente com relação à educação intercultural e não formal,

além de suas articulações comunicacionais através da Internet. No conjunto desta pesquisa

elencamos também as contradições, desafios e dificuldades para a realização desses novos

processos de mobilização feitos por esses atores.

Metodologia:

O caminho metodológico que adotamos para esta pesquisa “working in progress” foi inspirado

na perspectiva qualitativa e no método materialista-dialético dos objetos e fenômenos históricos

e sociais ora citados. O lócus desse trabalho, já mencionado anteriormente, será o estudo da

práxis militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Federação dos

Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), ambos localizados geopoliticamente em dois lugares

estratégicos para o contexto amazônico (um na construção da maior hidrelétrica do País e o

outro em uma região indígena de tríplice fronteira). Compreendemos que para entendermos tal

objeto de estudo e o fenômeno de suas relações com as redes de mobilização (virtuais e

presenciais) faz-se necessária uma ampla garimpagem bibliográfica (de obras já existentes

sobre movimentos sociais e suas relações com a Internet, Educação, Comunicação e

Amazônia), além de uma extensa coleta documental e pesquisa de campo nas regiões onde

atuam os respectivos movimentos – mais especificamente em Altamira (PA) e São Gabriel da

Cachoeira (AM) –. Já foram realizadas algumas entrevistas com os principais representantes

95



dessas entidades e pretendemos, no decorrer da pesquisa, aplicar outras atividades

semelhantes para ampliar e fundamentar nossa tese.

Resultados e Discussão: Como a pesquisa esta em fase inicial, vários outros elementos serão incorporados ao trabalho

no decorrer de nossas análises, mas, de antemão podemos afirmar que na Amazônia há uma

série de fenômenos recentes que precisam ser investigados, como a atuação dos movimentos

sociais da região que, mesmo levantando bandeiras históricas de luta – em voga há pelo

menos três décadas –, como a oposição (por parte do MAB) à construção de grandes projetos

de infraestrutura como a Hidrelétrica de Belo Monte em favor das poluções atingidas por

barragens, da preservação da natureza e de seus recursos naturais e, em outra perspectiva

social, do fortalecimento das culturas tradicionais e da ampliação de um processo intercultural

e autônomo de educação (como o projeto empreendido pela Foirn). Nosso principal resultado

preliminar para esse trabalho é de que neste início de século XXI esses dois movimentos

sociais radicados na Amazônia apresentam um novo formato de interlocução e visibilidade,

fazendo uso de novas plataformas de mobilização e articulação em rede, tais como sites,

blogs, redes sociais online e uma infinidade de outras ferramentas digitais e práticas

colaborativas.

Conclusão: A aproximação com os sujeitos da pesquisa e a busca por compreensão do fenômeno das

redes digitais de mobilização na Amazônia está em fase preliminar, mas já é possível ponderar

algumas observações que consideramos relevantes. Por consequência de nosso interesse pelo

tema e pelas atividades desenvolvidas na docência e agora iniciadas na pós-graduação

(doutorado), estamos há pelo menos dois anos produzindo reflexões sobre a questão. Desse

modo, nossa principal hipótese é de que a práxis dos movimentos sociais amazônicos são

legitimadas não por um aparato de ferramentas tecnológicas que possibilitam a comunicação

global, mas, sobretudo, porque esses dispositivos digitais ampliam e reverberam uma demanda

que está a priori: a necessidade dialógica de tornar comum suas pautas, propostas e

reivindicações agora sob a égide de um formato reticular.

Apoio: Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado do Amazonas - Fapeam

PALAVRAS-CHAVE: MOVIMENTOS SOCIAIS, REDES DIGITAIS DE MOBILIZAÇÃO,

AMAZÔNIA

96

A EDUCAÇÃO E A REVISTA ILLUSTRADA NOS PRIMEIROS 20 ANOS DA REPÚBLICA

Rosa Alicia Nonone Casella5, Thiago Vasconcellos Modenesi6,



INTRODUÇÃO

O artigo em questão tem como principal objetivo estudar as estratégias e mecanismos

de educar nos primeiros anos da República do Brasil, a partir da ascensão do Partido

Conservador e do fim do Império e do regime escravagista em nosso país, para fazê-lo nos

propomos a analisar as mudanças que ocorreram na época apoiados no que se publicou na

Revista Illustrada.

Aqui buscamos estabelecer a relação da educação e das propostas educacionais

contidas em alguns materiais no novo contexto da República a partir que era publicado na

Revista Illustrada em algumas de suas capas, textos internos e ilustrações.

Assim lançamos o seguinte problema de pesquisa: “A Revista Illustrada foi parte do

processo educacional inaugurado nos primeiros anos da República do Brasil, colaborando na

divulgação e consolidação dos novos hábitos e costumes que chegaram junto com o novo

regime?”.

Buscamos comprovar que o publicado na Revista Illustrada, em forma de texto e

ilustrações, possuía caráter educacional divulgando novos parâmetros para a higiene da

época, analisando reformas educacionais propostas, valorizando o surgimento de novas

escolas, como por exemplo, a de engenharia, e destacando as figuras heroicas da República.

Com a República muda o referencial de civilizado e de educado, passa a se construir

um novo paradigma que se apoia no sentimento de mudança e de novo, que vem naturalmente

junto com a instauração de um regime diferente.

METODOLOGIA

A análise da mudança dos hábitos e dos referenciais de higiene corporal, de boa

escola e de civilizado nesse período histórico será analisada tendo como referencial teórico os

escritos de Norbert Elias sobre o assunto.

Aqui vamos analisar a relevância da Revista Illustrada como instrumento educacional

não convencional que foi parte da consolidação de novos hábitos, costumes e da introjeção do

referencial de civilizado.

5 Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

6 Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

97



Além disso, mapeamos todas as ilustrações e textos que de alguma maneira

divulgavam ou tratavam de educação, seja analisando a escola na república, ou divulgando

novos hábitos e costumes que chegam com o novo regime.

Após o mapeamento realizamos a comparação das ilustrações publicadas na Revista

Illustrada com as de outras publicações relevantes da capital federal no período buscando

estabelecer similaridades e diferenças na maneira de analisar a educação à época.

Para realizar o proposto em nosso artigo pesquisamos em arquivo microfilmado da

Universidade de Campinas – UNICAMP do conjunto do publicado na Revista Illustrada que nos

foi gentilmente disponibilizado em CD por aquela instituição.

A análise que fazemos é na perspectiva da leitura do que está retratado nas ilustrações

e de seu conteúdo subjetivo, apoiados nas teorias de Boris Kossoy sobre imagem, fotografia

eseu papel histórico.

Por fim, nos propomos a dissecar as imagens e textos, analisar seus detalhes e buscar

extrair as minúcias do novo que se construía e do que se buscava ensinar nesse novo contexto

que ia se formando.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tantas mudanças, na Revista e no contexto, mostram um novo momento que vive o

país e tudo que isso acarreta, historicamente ocorre uma ruptura com o Império e as forças que

este representava.

É no período republicano que a Revista passou a ter um comportamento de panfleto

pró-regime, há uma sequência de publicações de personagens por suas páginas que se torna

uma regra, começando por Deodoro da Fonseca que era desenhado jovem e vigoroso

enfrentando os inimigos do regime, que aqui sempre eram confundidos com os inimigos da

pátria.

A Revista Illustrada também apoiaria o golpe de 1891, onde Deodoro fechou o

congresso, e seria contrária ao voto feminino, mostrando-se ligada ao conservadorismo no

terreno dos costumes. A partir do novo contexto surge a necessidade de se educar, de se

construir uma nova escola e uma nova referência dentro da retratação dos personagens

históricos e da maneira de encarar o passado recente do país.

Aqui é onde entendemos que a Revista Illustrada pode estar a serviço de educar e

oferecer caminhos para a exaltação da pátria, de seus heróis, hábitos e costumes do novo

regime como o justo, correto e democrático.

Mas tal nova sociedade ainda precisa ganhar o coração e a mente da população, para

isso é preciso construir uma escola vinculada ao novo regime e, principalmente, nova formas

98

de divulgar as mudanças pelas quais o país passou acompanhado dos novos parâmetros de

civilizado, visto que as mesmas levaram anos e anos para atingir o conjunto do país. A Revista

Illustrada será parte disso.

CONCLUSÃO

O primeiro contato com nossa fonte principal se deu na pesquisa de mestrado

desenvolvida em 2009 e 2010. Este trabalho tinha como centro a discussão da utilização de

charges e histórias em quadrinhos publicados por Agostini na Revista Illustrada como

instrumento educacional não formal que colaborou no espraiamento do ideário abolicionista

para além da Corte do Império, galvanizando setores do povo menos letrado.

Foi nessa primeira pesquisa que tivemos a convicção que era possível ir além, que a

Revista e seu conteúdo poderiam nos oferecer mais e poderiam seguir tendo relação com a

educação, como verificamos nas ilustrações do período imperial.

Concluímos que a Revista Illustrada continuou sendo parte do processo de mudanças

que ocorria no Brasil, antes como um instrumento contra o Império e suas práticas, agora como

uma publicação que ajuda a divulgar e consolidar a República.

Esta função com ênfase educacional é clara ao analisarmos as histórias em quadrinhos

e charges publicadas. A divulgação da nova educação e dos novos hábitos e costumes

passam a ser parte do cotidiano da publicação levando ao enraizamento do novo na sociedade

que se criava nos primeiros momentos da república brasileira.

Palavras-chave: Educação, República, Histórias em Quadrinhos.

99



O CORPO COMO ORIGEM POÉTICA EM SOPHIA DE MELLO BREYNER

ANDRESEN

Victor Andrade da Silva Rosa7


Área: Ciências Humanas, Letras e Artes (poesia brasileira)

Introdução

Ora sexo, ora culpa, ora desejo; agora substância. A função e a maneira como é

representado o corpo na tradição literária se revelam de maneira complexa e

fundamentalmente diferentes em épocas, escolas e formações dos artistas. No campo

especificamente da poesia do século XX, é possível observar que o corpo, matéria genética, da

produção de Sophia de Mello Breyner Andresen se apresenta muitas vezes como ponto de

partida do próprio pensar poético. O vigor e intensidade estabelecidos pelo eu-lírico de Sophia

deixam claros indícios de que o impulso e gêneses da poesia acontece quase sempre a partir

de uma apurada atenção e disposição corporal.

Sophia de Mello Breyner Andresen, poeta portuguesa ainda pouco estudada no Brasil

mas de grande relevância e fundamental para estudos de poesia do século XX em Portugal,

recebe atenção nesse trabalho. Nosso objetivo parte da necessidade de uma pesquisa

investigativa em sua obra para a verificação de como o corpo se manifesta e como ele é

representado dentro do espaço poético. Nesse sentido, acreditamos não preencher por

completo a lacuna deixada pela falta de estudos no Brasil, mas contribuir de alguma forma para

um reflexão a cerca de uma obra rica e complexa como é o caso de Sophia.

Metodologia

Norteado pelas Artes Poéticas – textos que refletem sobre o seu processo de

concepção da poesia – escritas pela própria poeta foi estabelecido um critério investigativo e,

dessa maneira, foi feito um levantamento de praticamente toda a sua produção poética. Este

7 Mestrando em Poesia Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

100

corpus é composto, portanto, de um percurso que inclui Poesia livro publicado no ano de 1944

até Búzio de Cós e outros poemas publicado em 1997, totalizando 14 livros.

Para tal empresa, utilizamos como bibliografia de apoio a obra Tatuagem &

Palimpsesto, da poesia em alguns poetas e poemas do crítico e poeta português Manuel

Gusmão que, além de investigar com propriedade a poesia produzida em um período

contemporâneo à Sophia, dedica uma seção especificamente ao processo poético da poeta.

Além disso, contamos também com o livro “O nu na antiguidade clássica” de autoria da própria

poeta, que mostra o surgimento da representação do corpo nu na arte clássica. Ainda dentro

da produção de Sophia, lançamos mão das Artes Poéticas como amparo e solidez à nossa

pesquisa.

Resultado e Discussão

Encontramos um número significativo de poemas que tem como ponto de partida a

relação do corpo com o espaço, bem como a relação com o corpo atento para que a poesia se

mostre. Como exemplo dos resultados, apresentamos o primeiro poema do livro de estreia

Poesia (1944) “Apesar das ruínas e da morte...” que já aponta para essa tendência poética. A

partir de uma série de imagens abstratas e pouco palpáveis os últimos versos substancializam

todos os elementos anteriores: “Que de tudo renasce a exaltação/ e nunca minhas mãos ficam

vazias.” Nessas mãos encontramos de maneira incipiente e sutil a interferência do corpo.

Ao longo da pesquisa e, concomitantemente, da evolução e amadurecimento da poeta,

outros poemas passam a definir essa característica não mais como tendência, mas sim como

projeto poético, em alguma medida. No poema Partida (Dia do Mar, 1947), alguns versos

demonstram bem a importância do corpo para a construção poética como vemos em: “Como

flor incerta entre os teus dedos”, “Nas tuas mãos trazias o meu mundo”, “E nos teus olhos os

mitos principiam”, “juntos penetrávamos nos segredos”, etc. Em Arte poética (Búzio de Cós e

outros poemas, 1997) os versos resumem bem seu projeto para a criação poética: “Olha fita

escuta/ Atenta para a caçada no quarto penumbroso”.

Conclusão

Conforme pudemos observar ao longo de todo o processo da pesquisa, houve,

gradativamente, uma evolução no que diz respeito a essa vocação poética. Se em um primeiro

momento o eu–lírico se mantém tímido e o corpo interfere de maneira sutil na matéria poética,

a partir de um amadurecimento esse processo se torna bastante recorrente. É perceptível

como algumas construções se repetem entre livros e poemas constituindo uma espécie de

repertório constante como é o caso da estrutura “medido(a) nos ombros” – e variações –

101



encontrado em poemas de diferentes livros como Quadrado (Geografia, 1967), As estátuas

(No tempo dividido, 1954), Paisagens (Poesia, 1944).

Dessa maneira, acreditamos ter compreendido que esse movimento é fundamental

para que o processo poético de Sophia de Mello Breyner aconteça. O corpo, representado no

poema Arte Poética, é um objetivo que a todo o instante o eu-lírico tenta chegar, ou seja, é

preciso que o corpo esteja atento, e, sobretudo, mantenha os sentidos aguçados para que a

partir desse ponto de tensão o real poético possa se apresentar.

Apoio: CAPES

Palavras-chave: Corpo, poesia, Sophia de Mello Breyer.

102

VIGIAR E PUNIR: UM OLHAR SOBRE OS MECANISMOS DE VIGILÂNCIA E PUNIÇÃO QUE

ESTÃO PRESENTES NO AMBIENTE ESCOLAR

Vinicius Viana de Araujo Silva(¹); José Luís Simões(²); Ana Paula Rodrigues Figueirôa(³)

(1). Mestrando em educação na Universidade Federal de Pernambuco; (2). Doutorado em

educação na Universidade Metodista de Piracicaba; (3). Doutoranda em educação na

Universidade Federal de Pernambuco.



Introdução

Uma das temáticas contempladas por Michel Foucault em sua obra Vigiar e Punir (1987) são

os mecanismos de vigilância e punição. Ele explica em sua obra, como estes mecanismos

operam dentro das instituições militares, hospitalares e educacionais. Nosso trabalho tem como

objetivo discutir a respeito dos mecanismos de vigilância e punição presentes no ambiente

escolar. Sabemos que os mecanismos de vigilância e punição que a escola dispõe, servem

para coibir atitudes que não se enquadram nos padrões estabelecidos no ambiente escolar.

Para manter a ordem dentro do ambiente escolar, os agentes do sistema de ensino

(Professores, gestores e funcionários da escola) utilizam o poder disciplinar como instrumento

de controle. Foucault (1987) explica que o êxito do poder disciplinar é creditado ao uso de

instrumentos simples: olhar hierárquico, a sanção normalizadora e a sua combinação em um

processo que lhe é característico, o exame. A relevância deste trabalho se faz presente, pois

percebemos que a temática da obra de Foucault, apesar de ser muito atual em nosso

cotidiano, ainda é pouco discutida. Assim, julgamos importante estabelecer uma discussão que

vise ampliar o debate sobre a presente temática.

Metodologia

Considerando que a temática do nosso trabalho é bastante pontual, buscamos diretamente na

obra Vigiar e Punir (1987) de Michel Foucault a fundamentação necessária ao nosso estudo.

Buscamos localizar na obra, os elementos que autor utilizou para discutir os mecanismos de

vigilância e punição no ambiente escolar.

O autor faz referencia ao poder disciplinar que se apresenta através da vigilância hierárquica

ou olhar hierárquico, da sanção normalizadora e do exame. Desta forma, decidimos que vamos

abordar estes instrumentos descritos por Foucault no presente trabalho e relacioná-los com o

ambiente escolar.

103




Para que o sistema de vigilância e punição funcione adequadamente, é necessário que exista

uma condição: O poder disciplinar. Foucault (1987) defende que o poder disciplinar tem o

objetivo de “adestrar” o indivíduo.

Considerando o olhar hierárquico ou vigilância hierárquica, sabemos que a intenção deste

instrumento é inculcar a ideia de que o indivíduo está sendo constantemente observado e

vigiado por uma autoridade. O segundo instrumento citado por Foucault é a sanção

normalizadora. Fica explicito que o objetivo da sanção é estabelecer penas para os alunos que

cometem infrações. Estas penas irão servir de exemplo para os outros alunos. Verificamos

dentro da escola, um sistema que premia os que têm o comportamento desejado pelo sistema

e pune aqueles que vão de encontro com as normas estabelecidas. O terceiro e último

instrumento citado por Foucault é o exame. Foucault (1987) explica que o exame é

caracterizado por combinar as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza.

A intenção do exame é manter os alunos sempre em estado de alerta. Estes alunos ficarão

com a sensação de que a qualquer momento serão examinados, questionados e avaliados.

Estes instrumentos ainda estão muito presentes na realidade das escolas.

Conclusão

Nestas considerações finais, avaliamos que os instrumentos de vigilância e punição descritos

por Foucault em sua obra Vigiar e punir (1987), ainda estão intrinsecamente relacionados com

o ambiente escolar. Percebemos a vigilância hierárquica, quando verificamos a grande

quantidade de profissionais contratados para fiscalizar os espaços físicos das escolas,

porteiros, seguranças e no caso de algumas escolas até a presença de policiais.

A Sanção normalizadora se apresenta através dos quadros de mérito, onde figuram o nome

dos alunos com melhores notas, na distribuição de pontos extras para os alunos que

participarem de todas as atividades escolares do semestre, nas suspensões para os alunos

infratores, além dos recados para os pais.

O exame aparece na inspeção do fardamento, nas avaliações surpresas, ao ser questionado

pelos professores e gestores. Desta forma podemos afirmar que estes mecanismos atuam no

sistema de ensino tanto positivamente, quanto negativamente. É válido dialogar com a

comunidade escolar, a respeito de quando estes procedimentos são abusivos e quando

contribuem para o bom funcionamento do ambiente escolar.

Apoio: CAPES

104

Palavras-chave: Vigiar e Punir, Ambiente Escolar, Poder disciplinar.

105



A PERCEPÇÃO DE EDUCANDOS SOBRE A DISCIPLINA DE CURRÍCULO EM UM CURSO

DE PEDAGOGIA: CURRÍCULO PARA QUE?

Márden de Pádua Ribeiro (1)

(1). Mestrando em Educação do Departamento de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais.


Área: Ciências Humanas.

Introdução:

O presente trabalho tem por objetivo compreender a percepção dos educandos acerca do

papel da disciplina de Currículo em um curso de Pedagogia.

As percepções dos educandos foram coletadas em uma Instituição de Ensino Superior privada,

que oferece o curso de licenciatura em Pedagogia, e que apresenta a disciplina de Currículo

em sua estrutura curricular. Os educandos participantes da pesquisa cursavam a disciplina em

questão. A instituição é situada em Belo Horizonte, Minas Gerais.

A discussão gerou em torno do seguinte aspecto: “Como vocês percebem a disciplina de

Currículo vivenciada em sala de aula?”. Entendemos que a disciplina de Currículo deveria

constituir um espaço dialógico permeado por discussões acerca da prática pedagógica em seu

conjunto, explorando a realidade, com todo seu complexo contexto cultural, histórico e social,

provocando nos educandos a constante reflexão acerca de como o Currículo se desenvolve no

universo escolar, e, sobretudo, que relações de poder e subjetividade ali se estabelecem.

Portanto, é relevante indagar se a disciplina em questão tem contribuído para provocar nos

educandos uma concepção que abarque esta complexidade, possibilitando-lhes uma

compreensão da amplitude do Currículo no universo educacional.

Metodologia:

A metodologia usada submeteu os educandos à técnica do grupo focal, que consiste em um

levantamento de dados que se produz a partir da interação de um grupo de pessoas com um

pesquisador. Trata-se de um conjunto de pessoas reunidas livremente para discutir e comentar

um tema, que é objeto de pesquisa, a partir de suas experiências pessoais. O objetivo central

106

do grupo focal é identificar percepções, sentimentos, atitudes e idéias dos participantes a

respeito de um determinado assunto.

Os encontros foram feitos em grupos de quatro a oito alunos, respeitando seus respectivos

horários acadêmicos, com a autorização devida da direção da Instituição, coordenação do

curso de Pedagogia, docente da disciplina em questão e dos educandos. Deram-se no

decorrer do semestre, com a disciplina de Currículo já em andamento, totalizando dois meses.

Consideramos fundamental perceber suas visões em relação ao Currículo, já influenciados

pelas aulas do docente.

Todo processo de interlocução foi coordenado e os dados foram registrados e gravados.

Deixou-se claro aos educandos que as reflexões ali produzidas seriam confidenciais e que a

ampla liberdade de expressão estava assegurada, bem como a autonomia do pesquisador em

relação ao docente da disciplina e à coordenação do curso de Pedagogia.


Através dos encontros, pôde-se perceber com clareza que a ampla maioria dos educandos

construiu uma concepção do Currículo dentro identificada por um viés tecnicista e

pretensamente neutra. Também foi percebida uma confusão conceitual a respeito do papel do

Currículo e da Didática no que tange ao contexto educacional. Mesmo diante da confusão, a

noção instrumental permaneceu sólida nos educandos, sintetizada aqui por (F.R): ``Currículo é

decorar regrinhas para tornar o ensino mais agradável para os alunos``.

Muitos educandos demonstraram um olhar acerca do Currículo como algo ``esvaziado´´ , em

que a crítica e a reflexão parece não ter lugar, e sim uma pretensa neutralidade, que precisa

ser buscada pelo professor. Como nos mostra (P.H): `` quando traçar os conteúdos para serem

ensinados é preciso que isso seja de forma mais neutra possível para não acabar influenciando

os alunos´´.

Diante desse cenário, partindo de uma concepção crítica do Currículo, apoiados em autores

como M. Apple, H. Giroux e P. Freire, propomos a seguinte inquietação: a disciplina de

Currículo tem contribuído para que futuros profissionais da educação saiam com uma reflexão

crítica sobre a sociedade que os cerca, a respeito das escolas em que muitos irão trabalhar e a

importância do Currículo neste cenário?

Conclusão:

Através das percepções dos educandos, identificamos a predominância praticamente absoluta

de uma concepção tecnicista da teoria curricular, busca pela neutralidade, certa confusão

107



conceitual entre Currículo e Didática, ausência de uma noção crítica acerca da dimensão do

Currículo no campo educacional.

Secundariamente ao objetivo central, foi possível constatar ainda muitas queixas em relação à

metodologia do seminário, utilizada nas aulas, e percebidas pelos educandos como

fragmentadas, sem relação com a realidade. Nesse sentido, vale refletir: como buscar

concepções críticas dos educandos, se não lhes é ofertado um tipo de aula que apresente tais

características? Este descaminho pode ter sido crucial para a absorção do Currículo como algo

esvaziado de elementos mais complexos e críticos.

Entendemos que a formação de professores é fundamental na tentativa de encontrar soluções

para os problemas complexos e históricos existentes no processo educacional do Brasil. A

disciplina de Currículo tem muito a acrescentar na formação de professores críticos,

problematizadores, comprometidos com a transformação social. Portanto, nos cabe refletir os

motivos pelos quais ainda se encontra concepções de Currículo que não dialogam com este

perfil de profissional por nós defendidos.

Apoio: não houve.

Palavras-chave: Currículo, Formação de Professores, Licenciatura, Tecnicismo, Criticidade.

108

SOCIOLOGIA E ENSINO MÉDIO: REFLEXÕES SOBRE O VESTIBULAR DA

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO E O LIVRO DIDÁTICO

Wallace de Melo Gonçalves Barbosa ¹

(1) Especialista em Ciência Política; Mestrando do Curso de Ciências Sociais Para o Ensino

Médio pela Fundação Joaquim Nabuco – FUNDAJ;

E- mail: [email protected]


Introdução:

A inserção da disciplina de sociologia no ensino médio se constitui um avanço na

profissionalização e no campo de atuação do sociólogo. No entanto, ainda é notado que a

construção do currículo e do livro didático são desafios para professores e pesquisadores da

área. Diante disso, o trabalho parte de análises sobre as provas de sociologia do Sistema

Seriado de Avaliação da Universidade de Pernambuco de 2009 à 2012 junto aos livros

didáticos adotados pelo sistema estadual de educação, com o intuito de fazer uma reflexão

sobre os possíveis distanciamentos entre o que se é exigido no vestibular e o que é oferecido

enquanto conteúdo didático na rede estadual.

Nesse contexto, tem-se por objetivo analisar os conteúdos programáticos cobrados nas prova

de sociologia nos processos seletivos realizados pela Universidade de Pernambuco e como

eles estão presentes nos livros didáticos utilizados pela rede estadual, apresentando assim

uma discussão acerca dos problemas que podem estar presentes no processo de preparação

dos estudantes para o acesso à universidade.

Metodologia:

Como referencial teórico-metodológico a pesquisa trabalhou a partir de análises sobre as

Orientações Curriculares para o Ensino Médio (MEC), Guia de Livros Didáticos PNDL (MEC),

além de textos e pesquisas sobre o ensino da sociologia no nível médio, destacando nomes

como Florestan Fernandes, Simone Meucci, Ileizi Fiorelli Silva etc. Inicialmente foi pensado em

se procurar entender o que seria a proposta do Sistema Seriado de Avaliação, proposto como

forma de ingresso à Universidade de Pernambuco, além de sistematizar uma breve discussão

sobre a institucionalização do ensino da sociologia nas escolas brasileiras.

Feitas essas análises, a pesquisa passou a focar maior atenção sobre as questões

relacionadas ao acesso à universidade, tendo em vista a seguinte problematização: O que a

sociologia tem haver com o vestibular? Dentro desse cenário, considerando que o vestibular,

de fato é uma temática destacada no cotidiano de estudantes e professores do ensino médio,

passamos a avaliar como a sociologia está presente nos exames vestibulares e nos livros

didáticos utilizados nas escolas estaduais de Pernambuco.

109




Dentro do cenário do ensino da sociologia no ensino médio em Pernambuco vivenciamos que a

partir da inserção de tal disciplina nas provas dos vestibulares da Universidade de Pernambuco

(UPE), o acesso á universidade tornou-se um dos temas relevantes para os professores.

Contudo, quando partimos para a análise sobre o livro didático adotado pela rede estadual e

suas relações com o vestibular Seriado da UPE, observamos que, por ser um dos

instrumentos mais importantes no processo ensino-aprendizagem, o livro didático de

sociologia, no contexto das escolas públicas em Pernambuco, muitas vezes é um único meio

escrito pelo qual o educando toma contato com o saber científico, assim como também é,

muitas vezes, o único instrumento que o professor possui para organizar conteúdos,

avaliações, objetivos, enfim, grande parte da dinâmica do ensino.

Essa importância dada ao livro didático, choca-se com o fato de que apenas duas obras foram

aprovadas - com ressalvas, pelo MEC no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). E ao

relacionar os conteúdos cobrados no Vestibular da UPE com essas duas obras aprovadas no

PNLD e adotada pela rede estadual de Pernambuco percebe-se que a lista destes conteúdos

não é inteiramente contemplada nestas obras.

Conclusão:

Diante do exposto pode-se analisar que os desafios de consolidar a disciplina de sociologia no

ensino médio ainda não se esgotou e o que está posto para os professores e pesquisadores é

uma pluralidade de problemas que são de singular relevância para que o ensino de tal

componente curricular possa ser estratégico para a formação educacional dos estudantes da

educação básica.

Como foi exposto, o livro didático se configura como uma importante ferramenta para o

conjunto de professores de sociologia, no entanto as lacunas existentes nesses materiais

fazem com que a prática pedagógica não se efetive de maneira satisfatória e a questão se

agrava quando avaliamos que a maioria dos professores de sociologia da rede pública de

ensino não são graduados em ciências sociais. Dessa maneira o livro didático, ao ser

considerado a principal fonte de informação para o planejamento didáticos, rever suas

abordagens, métodos e conteúdos é de grande vaila para que haja um maior aproveitamento e

aprendizado.

Perceber as distâncias entre os conteúdos de sala e, àqueles exigidos pelo Sistema Seriado de

Avaliação proposto pela Universidade de Pernambuco demonstra como se configura a

comunicação entre escola e universidade. E esse aspecto é muito caro para o ensino da

sociologia no ensino médio.

Apoio: Fundação Joaquim Nabuco – FUNDAJ

Palavras-chaves: Ensino de Sociologia, Livro Didático, Acesso à Universidade.

110

111



O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA TERRA INDÍGENA DE

DOURADOS: ESPAÇO DE TRADUÇÃO CULTURAL?

João Henrique da Silva

Doutorando em Educação Especial – UFSCar. Mestre em Educação – UFGD.


Área: Ciências Humanas – Educação

1. Introdução

A interface entre as modalidades de Educação Especial e de Educação Escolar

Indígena está em processo de construção. A menção dela foi feita, pela primeira vez, pela

Política Nacional da Educação Especial (PNEE, 2008). Contudo, esse documento não

apresenta orientações efetivas e condizentes à realidade indígena.

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na

Educação Básica (Res. nº. 5/2012) garantem o Atendimento Educacional Especializado (AEE)

para as escolas indígenas, mas na forma de reprodução do modelo não-indígena. Ao mesmo

tempo, afirmam que o MEC irá elaborar uma política nacional de atendimento aos estudantes

indígenas que necessitem do AEE.

Na Terra Indígena de Dourados (TID), no município de Dourados/MS, há quatro

professores que atuam no AEE com crianças e adolescentes de diferentes etnias, deficiências

e limitações. Entretanto, será que o AEE está sendo articulado com as características da

escolarização indígena, considerando as identidades e as culturas dos grupos étnicos que ali

convivem? Por isso, este artigo discute a organização e funcionamento do AEE em escolas

indígenas da TID. Busca investigar as possibilidades e os desafios da interface entre

Educação Especial e Educação Escolar Indígena.

2. Metodologia

O presente estudo desenvolveu, em conjunto com os professores que atuam no AEE

das escolas indígenas de Dourados, MS, um Programa de Formação Continuada para

investigar as ações pedagógicas nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs), bem como

analisar os impasses, os obstáculos e os desafios para a inclusão escolar.

O delineamento teórico do estudo se fundamentou na área da sócio-antropologia, com

ênfase nos Estudos Culturais. Quanto ao delineamento metodológico, trata-se de uma

pesquisa colaborativa, de abordagem qualitativa e com observação participante. Ela foi

112

organizada em duas etapas. A primeira partiu da revisão bibliográfica, do estudo documental e

dos contatos iniciais com as escolas e a comunidade. A segunda etapa caracterizou-se pela

pesquisa de campo, registros dos dados no Diário de Campo e a entrevista coletiva no decorrer

do ciclo de formação. Este ciclo foi composto por quatorze encontros, onde discutimos as

demandas das professoras. Os dados foram analisados pelo recurso da triangulação, tendo por

objetivo analisar, comparar e contradizer as informações obtidas pelas diferentes técnicas.

3. Resultados e Discussão

As quatro escolas indígenas atendem 45 alunos indígenas com deficiência ou com

limitações e disfunções. As maiores incidências de deficiência são: surdez, paralisia cerebral e

deficiência intelectual. Cada sala de recurso tem suas peculiaridades de atendimentos por tipo

de deficiência, tempo de atendimento e práticas pedagógicas. As professoram relataram que a

maioria dos alunos atendidos não têm laudos ou aguardam a consulta médica. No que tange a

escolarização, poucos alunos estão alfabetizados e muitos em defasagem de série. Essas

dificuldades requerem repensar a escolarização dessas crianças, com vistas a qualidade do

ensino.

Um dos encontros, as professoras refletiram sobre como deve ser o AEE no contexto

das escolas indígenas, de forma que preze por uma educação diferenciada, específica,

bi/multilíngue, intercultural e inclusiva. A partir do diálogo entre elas, entendo que a

ressignificação do AEE para as escolas indígenas requer: a) conhecer e respeitar as

especificidades culturais do povo guarani-kaiowá; b) contemplar as expectativas das famílias e

da comunidade em relação à escola; c) garantir a autonomia da gestão educacional e do

professor do AEE; d) assegurar o uso da língua materna indígena na SRMs e contar com um

mediador na comunicação entre professor do AEE não falante da língua e o aluno; e) criar

espaço físico adequado, de acordo com as necessidades educacionais e físicas dos

estudantes.

4. Conclusão

O AEE nas escolas indígenas de Dourados enfrentam diversos obstáculos. Um deles

surge porque a política educacional não contempla as demandas específicas do povo indígena

guarani-kaiowá. Isto envolve a parte infra estrutural das escolas, a formação acadêmica dos

professores da classe comum e do AEE, os recursos didático-pedagógicos, a acessibilidade

arquitetônica e entre outros serviços e recursos. Também não há uma língua de sinais para os

alunos indígenas surdos, nem tecnologias assistivas em consonância com a língua guarani e a

realidade vivenciada por eles.

A partir da perspectiva nos Estudos Culturais, analiso que o AEE nas escolas indígenas

instiga um trabalho de tradução entre os campos dos conhecimentos e as práticas da

Educação Especial e da Educação Escolar Indígena. Trata-se de construir o AEE com novos

113



saberes e práticas, em direção a sua consolidação, de forma diferenciada, específica,

bi/multilíngue, comunitária, intercultural e inclusiva.

Apoio: Bolsa PROESP/CAPES

Palavras-chave: Atendimento Educacional Especializado, Educação Escolar Indígena,

Educação Especial, Estudos Culturais, Guarani-Kaiowá.

114

ETNOGRAFANDO O GOSPEL: PERFORMANCE E NARRATIVIDADE NO UNIVERSO DA

MÚSICA EVANGÉLICA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE.

Esdras Gusmão de Holanda Peixoto (1)

(1) Mestrando em Antropologia Social pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.


Área: 4.2.7 Ciências Humanas

Introdução:

Este artigo procura cumprir uma importante tarefa. Trata-se de uma reflexão que visa

incorporar explorar etnograficamente o universo da música gospel. Acredito que esta

importante faceta dos evangélicos tem sido subestimada pelos pesquisadores interessados em

compreender o fenômeno religioso no Brasil, principalmente por aqueles que se dedicam a

trabalhar temas ligados aos evangélicos. Neste trabalho alio contribuições advindas das

leituras de textos de Antropologia da Religião com os meus registros das primeiras incursões

no campo.

Metodologia:

Trata-se de um trabalho etnográfico. A metodologia foi basicamente a utilização da observação

participante, com o emprego de técnicas, como a entrevista semiestruturada. Lançou-se mão

de registros áudiovisuais. Diversos cantores e cantoras foram contatados e forneceram

informações para a elaboração deste escrito. Dados estatísticos dos últimos censos são

utilizados para melhor situar nosso objeto. Posteriormente, para a melhor compreensão do

fenômeno estudado, buscou-se analisar os dados coletados confrontando-os com os conceitos

de liminaridade e performance.


Utiliza-se na pesquisa os conceitos de liminaridade/liminóide (Victor Turner) e performance

(Richard Schechner). O mundo da música gospel e seus agentes se caracteriza por uma

infinidade de traços performáticos. Essa performatividade pode ser encontrada voltando-se o

olhar para o palco ou para a plateia. As apresentações são ao mesmo tempo artísticas e

religiosas. Os shows estão carregados de aspectos simbólicos que apontam na direção dos

fenômenos liminóides, observáveis em profusão nas sociedades industrializadas e urbanas, ou

simplesmente complexas. Entretanto, como se verificou na contrição da plateia e nas

exclamações do tipo “amém, Senhor!”, “glória a Jesus!” e também nas falas de algumas

pessoas com os quais conversamos os aspectos que configuram a coesão social, da ordem

como se sabe, da limiaridade, estão muito vivos, passam bem, e mandam lembranças dos

tempos imemoriais da religião. Observou-se também, ainda que de maneira inicial, que nesses

eventos ordinariamente se dá a performance de transporte no qual o sujeito é projetado de seu

115



cotidiano e vivencia uma experiência distinta do seu dia a dia, uma experiência intensa, ainda

que momentânea, diga-se de passagem. Extraordinariamente, poderá se dar algo da ordem da

performance de transformação. Também pude constatar que os musicais gospel combinam

características do ritual com ênfase na eficácia, com o proposito de alteração na vida das

pessoas, mas que também funcionam e operam numa lógica de entretenimento. Neste campo,

aparecem com certo destaque categorias nativas como promessa que precisaram ser

aprofundadas para a melhor compreensão do campo.

Conclusão:

As conclusões preliminares caminham no sentido de indicar a pertinência do estudo da música

gospel como um caminho privilegiado para a compreensão da ação e da mentalidade dos

evangélicos brasileiros de hoje. Redes sociais, indústria fonográfica e a presença cada vez

mais acentuada dos evangélicos na mídia, além de outros fatores como o apoio de políticos

para os artistas, como o caso de Pernambuco demonstra, seriam algumas das causas que

viabilizam e potencializam o fenômeno.

Palavras-chaves: Antropologia da Religião; Liminaridade; Performance; Evangélicos;

Gospel.

116

DISCIPLINANDO SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS EM CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO

SERTÃO PERNAMBUCANO: RELIGIÃO, SACRIFÍCIO E CONTROVÉRSIA.

Esdras Gusmão de Holanda Peixoto (1)

(1) Mestrando em Antropologia Social pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.


Área: 4.2.7 Ciências Humanas

Introdução:

O artigo realiza a etnografia da controvérsia estabelecida em Petrolina-PE, em relação ao

sacrifício de animais em cerimônias religiosas afro-brasileiras, no qual tomaram parte diversos

agentes religiosos, autoridades públicas, acadêmicos e representantes da sociedade civil. Para

a melhor compreensão da controvérsia que se estabeleceu fez-se necessário historiar os

acontecimentos da dinâmica local que estabelecem vínculos entre a vida política e a religião.

Metodologia:

Trata-se de um trabalho etnográfico. A metodologia foi basicamente a utilização da observação

participante, com o emprego de técnicas, como a entrevista semiestruturada. Posteriormente,

para a melhor compreensão do fenômeno estudado, buscou-se analisar os documentos

constantes dos autos da audiência pública que tratou do tema, consulta a jornais e sites que

repercutiram o acontecido.


Como foi formado um grupo de trabalho para continuar tratando da questão, os resultados são

parciais, pois a pesquisa prossegue. O que pode ser preliminarmente inferido é que o campo

religioso brasileiro tende a reproduzir seus conflitos também em cidades de menor porte,

podendo ser constatado o avanço do preconceito religioso e racial na medida em que se

acentua a disputa e as fricções entre os grupos religiosos. Os Emprega-se para dar conta do

objeto de estudo as propostas das teorias de reconhecimento, tanto de Axel Honneth quanto

de Nancy Fraser.

Conclusão:

As conclusões preliminares caminham no sentido de indicar haver um evidente conflito de

mentalidades, uma racional, por assim dizer e outra de perspectiva mágica, disputando

pertinência e primazia no espaço público, havendo uma flagrante desvantagem para os

praticantes de cultos afro-brasileiros.

Palavras-chaves:

117



Antropologia Jurídica; Reconhecimento; Sacrifício; Controvérsia; Intolerância religiosa.

118

A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM

EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

Carolina Santos Barroso de Pinho/UNICAMP/Brasil (1)

Silvio Ancizar Sanches Gamboa/UNICAMP/Brasil (2)

(1) Doutoranda Faculdade de Educação/UNICAMP (2) Professor Titular Faculdade de

Educação UNINCAMP



1. INTRODUÇÃO

Este estudo trata-se de uma pesquisa, em andamento, em nível de doutorado. Nos

propomos a desenvolver com maior profundidade teórica uma das temáticas predominantes no

universo de fontes a serem tratadas na pesquisa do grupo PAIDEIA: a formação profissional

em Educação Física. Neste sentido, questionamos quais são as características das

dissertações e teses que abordam a temática “Formação Profissional em Educação Física”.

Nossa análise busca, a partir dos elementos apontados na produção científica sobre o tema,

considerando o contexto no qual foi produzida, apontar as principais contribuições na

compreensão e superação dos conflitos – tanto de ordem epistemológica como políticos - da

problemática da definição das Diretrizes Curriculares da Educação Física.

Como objetivo geral do trabalho pretendemos analisar as possibilidades que vêm sendo

desenvolvidas, no que diz respeito à temática “Formação Profissional em Educação Física”,

abordadas em teses e dissertações produzidas no Brasil, visando identificar as formas de

tratamento teórico-metodológicas, as tendências epistemológicas, as propostas pedagógicas,

sociais e políticas superadoras dos conflitos – tanto de ordem epistemológica como políticos -

da problemática da definição das Diretrizes Curriculares da Educação Física.

2. METODOLOGIA

Deveremos utilizar como principais técnicas de coleta de dados o levantamento bibliográfico-

documental, utilizando como base para o levantamento das pesquisas o banco de dados da

CAPES. Segundo o banco de teses da CAPES, em consulta realizada em outubro de 2012,

considerando a temática “formação profissional em educação física”, sabemos que há

119



disponíveis 18 teses e 65 dissertações, produzidas em diversos programas stricto senso. Já

considerando a temática “formação de professores de educação física” estão disponíveis 90

dissertações e 20 teses.

A delimitação do termo “formação profissional” ou “formação de professores” perpassa pelo

conflito que foi configurado durante o processo de discussão da formação na área da

educação física. A partir de trabalhos anteriores, pudemos concluir que a formação de

professores está compreendida no campo de formação profissional, ainda que nas diretrizes

curriculares nacionais da educação física delimitem duas formações diferentes – graduado e

licenciado -, há uma unidade construída historicamente na identidade profissional na área

(PINHO, 2011). Neste trabalho, trataremos os dados a partir dos dois assuntos, pretendendo

fazer a delimitação das diferenças durante a análise dos dados.

3. Resultados

Como se trata de um estudo em andamento, apontamos os resultados que são esperados

desta pesquisa. No mais geral, esperamos que os resultados deste estudo contribuam

para que nas pesquisas em Educação Física possamos dar saltos qualitativos em relação ao

que está acumulado com a socialização de informações importantes para o desenvolvimento

das lutas por educação pública de qualidade socialmente referenciada no país. Pretendemos

apontar indicadores sobre o desenvolvimento do campo científico da Educação Física,

particularmente sobre a problemática da formação profissional e subsídios para discutir o

campo profissional com base na produção acadêmica e científica já elaborada, contribuindo

para o avanço das discussões sobre a temática deste projeto.

4. Conclusão

Compreendendo que a análise epistemológica está assentada na concepção de que para o

avanço da ciência é necessário avaliar o que já foi produzido, buscando identificar novas

necessidades e possibilidades e considerando que a realização de estudos sobre as pesquisas

em Educação Física tem sido fundamental para o avanço e consolidação de um

estatuto epistemológico para a Educação Física, defendemos que uma análise

epistemológica das produções científicas que abordam a temática “Formação Profissional em

Educação Física” deve ser fundamental para compreender o que já foi produzido, quais as

perspectivas teórico- metodológicas que orientam os trabalhos e os principais desdobramentos

relacionados a este tema para traçar novas possibilidades no campo de formação de

professores de Educação Física.

120

Instituição de fomento/apoio: FAPESP

Palavras-chave: Formação de professores, Educação Física, Epistemologia

121



RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS: UMA ESTRATÉGIA INOVADORA NA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS

Marcia Aurelia Nazário (1); Shirley Cristina Lacerda Malta (2)

(1) Mestranda em Educação – UFPE; (2) Gerente de políticas educacionais de educação

infantil e ensino fundamental do Estado de Pernambuco – Mestre em Psicologia

Cognitiva - UFPE

Email: [email protected]; [email protected]


Introdução

O referido trabalho é fruto de uma pesquisa de campo e busca discutir sobre a importância do

trabalho na educação matemática com resoluções de problemas com situações concretas na

EJA e, sua contribuição para aprendizagem matemática nesta modalidade educativa, para

fundamentar tal pesquisa entrevistamos alunos jovens e adultos de duas turmas da 3ª fase da

EJA da rede municipal de Glória do Goitá – PE. O trabalho com matemática na Educação de

Jovens e Adultos (EJA) inicialmente parece muito fácil, muitos acreditam que por serem

pessoas que já vêm para sala de aula compreendendo e reconhecendo os números e de certa

forma sabendo utilizá-los em situações cotidianas, os transformam em pessoas que já

dominam todos os processos de construção e de apropriação matemática. O objetivo deste

estudo foi analisar as habilidades exigidas nas atividades de resolução de problemas

matemáticos nas salas de aula da EJA, contrapondo com as habilidades que os alunos já

possuem por meios da utilização da matemática em situações concretas. A relevância desse

estudo é tornar visível o quão é importante trabalhar de forma contextualizada com estudantes

da EJA, tendo em vista que esses possuem conhecimentos advindos de suas práticas

cotidianas.

Metodologia

Para atingirmos o objetivo mencionado, foi desenvolvido um estudo de abordagem quantitativa

e qualitativa, sendo a segunda focalizada com mais precisão. Para obter resultados desta

pesquisa qualitativa foram elaborados questionários dentro de uma estratégia semiestruturados

e estruturados, os questionários foram aplicados com estudantes de duas turmas da 3ª fase da

EJA de uma escola da rede municipal de Glória do Goitá - PE, usando estratégias

diferenciadas, o primeiro utilizou-se de questões de múltipla escolha e, o segundo utilizou

questões contextualizadas fazendo uso de situações problemas.

122

Resultados e Discussões

Com base na coleta de dados desta pesquisa algo se mostra bastante interessante para esta

discussão, no primeiro questionário (com questões de múltipla escolha), vimos bastante

dificuldade, erros de sinais, dificuldade de entender o enunciado, como se as questões

apresentadas nunca tivessem sido propostas para aquela turma antes. Os alunos tiveram

inúmeras dificuldades, uma delas e talvez a mais expressiva, foi à compreensão do que se

pedia a questão, não conseguiam fazer a transposição do que já haviam apreendido.

Por outro lado, ao aplicarmos o segundo questionário, vimos melhor desempenho na turma que

se tratava de alunos da mesma fase, estes conseguiram fazer a ponte do que já compreendiam

e, não se mostrando com grandes dificuldades de compreensão tampouco na hora da

resolução. Foi nessa ótica que percebemos o melhor desempenho dos alunos, a partir do

momento em que melhoramos as questões e as tornamos mais acessível ao contingente

desses estudantes, seu desempenho melhorou, sua vontade de fazer melhorou, pois percebeu

que era capaz de fazer, que tinha conhecimento prévio e, que aquelas resoluções eram

possíveis de ser feita.

Conclusão

O Brasil tem muitos desafios que caracterizamos como dois: um político, por tratar a EJA sem

muita preocupação e cuidado, oferecendo cursos sem certificação e campanhas de

alfabetização sem preocupação com a continuidade dos alunos. O respaldo que ainda

esperamos é que a EJA não seja um fim em si mesmo, mas que os alunos possam dar

continuidade aos estudos, podendo concluir sua escolarização e inserindo-se em outros níveis

de ensino. E, o de cunho pedagógico que corresponde ao ensino-aprendizagem, que muitas

vezes é distante do universo pessoal do aluno, fazendo-o desestimular em relação à busca do

conhecimento, é o que vemos na aprendizagem matemática, onde os conhecimentos prévios

dos alunos são invalidados, trazendo conhecimentos pré-definidos sem muita abertura para se

construir juntos aprendizagem com esses estudantes da EJA.

Palavras- chave: EJA. Resolução de problemas matemáticos. Aprendizagem Matemática.

123



HUME SOBRE A NECESSIDADE E A PROBABILIDADE DAS CAUSAS

Cristiano Junta(1)

(1) Doutorando em Filosofia da UFRGS



Introdução

Hume no Tratado da Natureza Humana disserta sobre o tema da “probabilidade de causas”

algo que contemporaneamente podemos nos referir como acaso. O interesse filosófico a época

de Hume sobre acontecimentos “casuais” deve-se justamente pelo fato deles aparentemente

confrontarem a ideia de que todos os eventos só podem emergir a partir de uma sequência

causal. Tal sequência se não é de fato conhecida pode, pelo menos em princípio, ser

racionalmente suposta como existente. Dessa forma, todos os eventos casuais são na verdade

causais sendo a ideia de acaso meramente uma espécie de expressão psicológica da nossa

limitação epistêmica em fornecer a histórica causal completa desses eventos.

Metodologia

Discutimos a seção “Da probabilidade das causas” do Tratado, de Hume, comparando com sua

discussão sobre a natureza da causalidade nessa mesma obra e em seu Investigações sobre o

Entendimento Humano. Posteriormente, comparamos essas afirmações de Hume com sua

ideia de uma “necessidade cega” como produtora da ordenação aparente do universo nos

Diálogos sobre a Religião Natural. Por fim, realizamos a análise da estrutura lógica da

argumentação de Hume a partir da discussão de nossa compreensão epistêmica de eventos,

assumidos classicamente como casuais, como o resultado de uma série de lançamentos de

uma moeda, ou, o resultado de um jogo de dados.


Dessa maneira podemos perceber que é problemático considerar a sequência ordenada ABAB

(dado uma sequencia de quatro lances consecutivos de uma moeda, onde A é coroa e B é

cara) como uma consequência necessária de uma situação. Nós não conseguimos fornecer

uma descrição precisa da história causal da qual ela é o produto necessário, embora possamos

assumir que tal história exista. Pois, quando jogamos a moeda ao ar não sabemos exatamente

o que devemos fazer para que uma dessas duas possibilidades de resultados aconteça

(assumindo que esta não é uma moeda viciada). Portanto, o sentido em que a “ordem” é um

aspecto necessário nesse sistema é ambíguo. Por um lado, nós vemos essa sequência

ordenada como um produto necessário de certa sequência causal que desconhecemos.

124

Por outro lado, a situação não nos permite determinar em que sentido a sequência ABAB é

necessária. Pois, nós sabemos, a partir da nossa experiência, que há uma igual probabilidade

de ocorrer essa sequência ou qualquer outra possível em seu lugar. Ou seja, sequências não

ordenadas poderiam igualmente ocorrer. Por isso, nos sentimos compelidos a qualificar essa

necessidade como “cega”. Ela instancia meramente a possibilidade de existência de uma

relação necessária, que nós de nenhuma maneira conseguimos descrever.

Conclusão

Dessa perspectiva, se a “ordem” é o produto de uma sequência necessariamente determinada,

o sentido em que ABAB é uma sequência ordenada deve-se meramente ao fato dela ser uma

hipótese arbitrária. Pois, a determinação dessa história causal esta para além de uma “questão

de fato” que nós estamos em posição de conhecer. Dada essa discussão, podemos falar que,

para Hume, a percepção de ordem em um sistema determinado é tributário mais a uma

espécie de reação psicológica em relação a esse estado de coisas do que alguma espécie de

expressão de conhecimento. De fato, atribuir um evento ao “acaso” é meramente uma outra

maneira de expressar nossa limitação epistêmica em fornecer uma descrição da história causal

da qual ele é o produto.

Palavras-Chave: Hume; causalidade; acaso.

125



126

PROGRAMA DE BOLSAS REUNI DE ASSISTÊNCIA AO ENSINO:

AVALIANDO UMA EXPERIÊNCIA

Adalgisa Leão Ferreira (1)

(1) Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Educação PPGE/UFPE



Introdução:

O presente texto busca refletir acerca da experiência de ter sido bolsista do

Programa de Bolsas REUNI de Assistência ao Ensino. Nesse sentido, as atividades propostas

buscavam efetivar o objetivo principal do edital: articular pós-graduação e graduação. Para

isso, nos organizamos sob o ponto de vista que o campo da educação não-formal no Brasil

pode se configurar com uma alternativa para se pensar práticas educativas não-hegemônicas.

Assim, nos vinculamos aos objetivos da disciplina "Políticas de Educação Não-formal no

Brasil", do Departamento de Administração Escolar e Planejamento Educacional, a fim de

desenvolver um estudo que pudesse refletir acerca da questão do reconhecimento político e

pedagógico dos sujeitos moradores de espaços periféricos, e problematizar as políticas de

educação não-formal como produtoras de imagens emancipatórias relativas às relações e

experiências vividas por esses sujeitos. Era preciso tentar, a partir dessas experiências e do

contexto educacional, redimensionar o que entendemos por política, sociedade civil, educação

popular, cidadania e etc. O gesto era duplo: tentar superar uma visão comum da relação

estado–sociedade-civil e problematizar a questão da reinvenção do espaço público.

Metodologia:

O conteúdo aqui exposto pode ser caracterizado como um relato de experiência. Tem por

objetivo contribuir para o grande quadro da pós-graduação no Brasil, bem como das instâncias

de financiamento, avaliando os meandros do desenvolvimento de atividades vinculadas ao

Programa de Bolsas REUNI (sob responsabilidade da CAPES). A importância do relato se

justifica na medida em que pode, a partir de experiências locais e singulares, demonstrar a

necessidade do desenvolvimento e efetivação de práticas que aliem os cursos de pós-

graduação e graduação. É preciso enfatizar a continuidade entre as duas instâncias, de que é

possível aos alunos dos cursos atendidos pelo REUNI que, uma vez alunos da pós-graduação,

têm a oportunidade de continuar investindo na formação de futuros pós-graduandos. No

entanto, é preciso esclarecer que, para que tal vinculação se efetive, as atividades propostas

não necessariamente devem estar presentes na construção do texto final do pós-graduando

(dissertação/tese). Acredito, como foi o meu caso, que as intervenções no curso de graduação

podem ocorrer de forma paralela, porém atrelada, à construção e ao desenvolvimento do tema

trabalhado no curso de pós-graduação.

127




A intervenção no curso de graduação foi a mais profícua possível. Como se tratava de uma

intervenção conjunta, as instâncias da graduação e da pós-graduação puderam se alinhar. É

possível afirmar que a seção de seminários temáticos que foi realizada e os debates que

ocorreram após as apresentações, foram o ponto alto da disciplina. Por se tratarem de temas

pouco usuais no tratamento das políticas públicas para a educação (o Dom, a Amizade e a

Hospitalidade) os alunos se mobilizaram entusiasmadamente nos debates. Tratando de temas

que estão às margens do pensamento educacional brasileiro, o seminário que ficou sob minha

responsabilidade teve como tema a Amizade e a problemática foi a seguinte: “Em quê medida

a questão da Amizade é uma questão permeada pela política e, mais ainda, pela política

educacional?”. Esse processo de intervenção no curso de graduação foi decisivo para o

amadurecimento do processo de construção e finalização da dissertação, mas também

proporcionou à disciplina, uma reorganização em torno nos temas comumente trabalhados.

Isso porque, de acordo com o professor responsável por ela, a partir do semestre letivo 2013.1

a disciplina de “Políticas de Educação Não-formal” passaria a integrar definitivamente os temas

que foram experimentados naquele semestre.

Conclusão:

Todo esse panorama pode ser considerado de grande valia tanto para o curso quanto para os

alunos que tiveram a oportunidade de entrar em contato com temas marginais no cenário

político educacional brasileiro, contribuindo para uma formação que busca contemplar diversos

aspectos do significado do educar. Reiterando que partíamos da perspectiva da educação em

espaços não-formais como política pública, pretendíamos construir uma abertura

conceitual/teórica que pudesse contribuir para uma reinvenção do conceito de espaço público a

partir de um olhar educacional. Por outro lado, esperava-se com isso, uma mudança de foco

acerca dos processos educacionais existentes na sociedade civil, uma vez que acreditamos

que estes não se limitavam às perspectivas dominantes, podendo romper com a ideia

hegemônica da luta de classes e dos direitos civis. Por fim, estamos satisfeitos com os

resultados obtidos e com o impacto no curso de graduação em Pedagogia, por julgarmos que

os objetivos foram plenamente alcançados: fazer uma intervenção em um curso de graduação

atendido pelo programa REUNI, mas sobretudo, o apoio ao desenvolvimento de práticas

pedagógicas inovadoras, que se efetivaram na reorganização estrutural/temática da disciplina

de “Políticas de Educação Não-formal no Brasil”.

Apoio: CAPES/REUNI.

Palavras-chave: graduação; pós-graduação; REUNI; financiamento.

128

O PARTIDO COMUNISTA DE CUBA E A CONSTRUÇÃO DA HEGEMONIA

Leon Karlos Ferreira Nunes¹

¹Mestrando em Ciências Sociais na UFRN



Introdução

Tendo sido criado nos primeiros anos após a conquista do poder político por meio de

um processo revolucionário, o Partido Comunista de Cuba ainda se mantém como força

dirigente. Entendendo o exercício dessa direção como hegemonia e partindo da ideia de que

apenas o uso da coerção estatal é insuficiente para sustentar a condição de supremacia,

elencamos o PCC como nosso objeto, e como objetivo geral conhecer os instrumentos por

intermédio dos quais o Partido Comunista em questão constrói o consenso que o legitima no

poder. Como objetivos específicos, destacamos a necessidade de entender o grau de

desenvolvimento da sociedade civil a partir de uma análise de seus aparelhos privados de

hegemonia e compreender o papel do Partido como intelectual orgânico coletivo, cabendo-lhe

a tarefa de formular perspectivas e avaliações acerca da experiência cubana. Deve-se ressaltar

que o partido, sendo um instrumento da classe, precisa ter averiguado também os seus

vínculos com a classe da qual extrai sua razão de existir. Para além dos objetivos expostos,

ainda destacamos a importância de compreender como se situa Cuba na complexa articulação

geopolítica da região, situando a relevância desse trabalho na necessidade de

compreendermos as vicissitudes por que tem passado a América Latina atualmente.

Metodologia

O estudo da realidade cubana e dos tópicos teóricos que nos permitirão alcançar os

objetivos apresentados terão início a partir de uma revisão crítica de autores que se

proponham a discutir a questão do partido (e aqui Antonio Gramsci e Lênin ocupam papel de

destaque), da sociedade civil e seus atores (assumindo essencialmente o conceito gramsciano,

além de outros debatedores, como Coutinho e Portelli) e, tomando como recorte histórico o

período a partir do VI Congresso do PCC, realizado em 2011, consideramos por bem, examinar

o paradigma geopolítico contemporâneo, que David Harvey chama de “novo imperialismo”.

Para além da pesquisa bibliográfica, uma análise mais aprofundada da sociedade civil cubana

exige um trabalho de campo para que se possa proceder numa avaliação crítica do grau de

129



desenvolvimento em que se encontra a sociedade civil deste país, acompanhando-se a

pesquisa, nesta ocasião, de consulta de dados acerca da atual realidade sociopolítica e

econômica cubana que dê suporte à expectativa pretendida, além de uma análise a

documentos do PCC, tais como estatutos, atas congressuais, etc. Em se tratando de um

estudo em curso, esta etapa do trabalho ainda está em vias de ser efetivada, o que nos

permitirá potencializar as visões já absorvidas com o estudo bibliográfico.


A Revolução Cubana, tendo mudado completamente a feição do país, tratou de criar

mecanismos de contato entre o governo e as massas que se adequassem às novas relações

sociais pós-revolução. É aí que se situam não somente a fundação do PCC, mas a criação de

diversos aparelhos privados de hegemonia vinculados a diversos segmentos sociais, como

estudantes, mulheres e agricultores, além de outros já existentes, como Igreja e sindicatos.

Pode-se inferir a partir da atuação autônoma dessas organizações e do poder político que elas

assumem – tendo, inclusive, acesso a postos institucionais –, que uma análise da sociedade

cubana deve partir do Estado no que Coutinho chama de sentido “amplo”. No universo dessa

sociedade, o PCC assume papel primordial, pois ascende como representante da classe

trabalhadora e como intelectual orgânico primordial de sua base. Ao deter o controle de outros

aparelhos privados, como organizações juvenis e midiáticas, o PCC formula e produz

consenso. As mudanças aprovadas no último congresso apontam a intenção do Partido de

atualizar seu programa e enfrentar os problemas decorrentes do risco cada vez maior de

isolamento e agressão advindos do exterior, em especial dos Estados Unidos.

Conclusão

O Estado cubano detém forte lastro social, e instituições fortemente consolidadas,

ressalvando-se as particularidades de um país pequeno do Caribe. Ainda assim, informações

mais precisas, a serem obtidas no decorrer de nossa pesquisa, poderão oferecer novos

elementos para a análise dessa realidade. Por ora, pensamos que, sob o olhar que Perry

Anderson (1986) analisa o Estado no Ocidente, é possível admitir que Cuba provavelmente se

insere numa transição entre o Estado que é idêntico à sociedade civil e o Estado que a

engloba. Por essa análise, é improvável que Cuba viva, por exemplo, uma revolução nos

moldes da “guerra de movimento” liderada por Fidel Castro nos anos 1960, exceto se houver

estímulo de força advinda do exterior, o que mudaria profundamente o quadro social cubano e

poria em risco toda sua estabilidade.

130

Palavras-Chave: Partido, Hegemonia, Novo Imperialismo

131



AVALIAÇÃO DO PERFIL DO CONSUMIDOR QUE ESCOLHE PRODUTOS DE BELEZA POR

MEIO DAS REDES SOCIAIS

Juliana da Cunha Ferreira(1), Alexandre Ferreira de Pinho(2)

(1)Mestranda do Programa de Pós-‐Graduação (PPG) em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade

(DTecS) da Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI;

(2) Orientador.

E-‐mail: [email protected]


Introdução:

Diante da expansão de ferramentas tecnológicas como as mídias sociais, as empresas estão

atentas ao desenvolvimento e poder de penetração dessas tecnologias de comunicação. Tal

desenvolvimento tem chamado a atenção e convidado empresas de todos os ramos comerciais

a estreitar laços e conhecer o perfil de uma parcela da população (internautas) que é

intimamente influenciada por opiniões e atraída pelo dinamismo que as plataformas

tecnológicas oferecem. Assim, por meio das mídias sociais, os internautas podem influenciar

decisões de compra, no melhor estilo “boca-a-boca” virtual – com força e um alto nível de

credibilidade. Diante de tal realidade, é evidente a importância de delimitar o perfil desse novo

consumidor e questionar qual o papel dos mesmos na formação de novas estratégias de

marketing que, empresas dispostas a manter a competitividade no mercado, terão que

desenvolver no cenário da Web. Faz-se legítimo indagar se as mudanças de comportamento

advindas das tecnologias têm estimulado uma alteração na forma como as empresas e

organizações se relacionam com o cliente. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é

identificar o perfil dos internautas que utilizam das mídias sociais, especialmente os Blogs,

como ferramenta indispensável na aquisição de produtos.

Metodologia: A metodologia utilizada foi estudo de caso aliado a análise etnográfica digital. Para se atingir os

objetivos esperados foram realizadas entrevistas com blogueiras por meio de entrevista

semiestruturada. No mesmo período, aplicou-se um questionário estruturado aos seguidores

de blogs do segmento de beleza, maquiagem e cosmética. Primeiramente realizou-se um teste

piloto: três blogueiras foram entrevistadas e 35 questionários foram apreendidos. Após a

132

validação dos mesmos, durante o período de um mês, foram realizadas 12 entrevistas com

blogueiras e captados 1.114 respostas do questionário aplicado aos seguidores de Blogs. As

entrevistas com as blogueiras foram realizadas por e-mail, já que cada uma residia em uma

região distinta do Brasil. Já o questionário foi inserido no Google Drive e teve a colaboração de

diversas blogueiras na divulgação do mesmo. Das blogueiras entrevistas, foram escolhidas

como objeto de estudo deste as três que possuíram maior quantidade de seguidores. Após a

assimilação dos dados, a análise foi realizada sob a ótica etnografia digital, uma das maneiras

de se observar, de maneira crítica o universo virtual. Assim, por meio da observação

participante foi possível compreender as mudanças de hábito provindas da utilização da Web.


Após a aplicação dos questionários aos seguidores de Blogs de beleza, maquiagem e

cosmética e a realização de entrevistas com blogueiras foi possível constatar a expansão dos

Blogs de beleza dentro da Web. Dentre os resultados obtidos é possível destacar como a

opinião das blogueiras é de extrema relevância na decisão final de compra do

consumidor/seguidor de Blog frente a outras mídias convencionais como televisão e impressos

em geral. Além disso, é proeminente como diversas empresas têm tentando se comunicar com

seus clientes por meio dessa mídia e como é exponencial o crescimento dessas ferramentas

dentro do ciberespaço. Tais plataformas têm se expandido na rede por serem fontes rentáveis

para as blogueiras devido à relação com as empresas. Ademais, foi possível constatar a

mudança comportamental do consumidor de produtos de beleza, já que por serem mulheres

com um nível de escolaridade maior, são mais criticas e em constante busca por informações a

respeito de seus interesses. Tal fato que tem alterado o comportamento de compra dessas

consumidoras. Diante desses resultados é perceptível como a tecnologia tem se tornado

instrumento de marketing para as empresas, lócus rentável de trabalho para as blogueiras e

espaço indispensável para as consumidoras.

Conclusão:

Esta pesquisa evidencia que muito além de um simples espaço virtual de compartilhamento de

informações e interatividade, a Internet, por meio das mídias sociais, tem tornado o

ciberespaço um ambiente com potencialidades, possibilidades, abertura de mercados e novos

negócios. Nesse viés é que se destacam as opiniões emitidas em toda a Web e a influência de

consumo nela disseminada. Ao responder aos objetivos propostos a pesquisa desenvolvida é

de extremo valor para a comunidade acadêmica, pesquisadores, empresários, blogueiros e

seguidores. Além disso, há ainda muito a ser explorado a respeito do objeto de estudo

proposto (Blog), ante seu crescimento exponencial e as possibilidades que tais mídias poderão

oferecer para o futuro das empresas. Enfim, as mídias sociais estão transformando todo o

domínio das relações humanas e se estendido aos ambientes empresariais e corporativos.

Dessa forma, a pesquisa desenvolvida poderá sanar necessidades sociais, comerciais e

acadêmicas a respeito do tema e ainda ressalta o importante papel desempenhado pelas

mídias sociais no fortalecimento da identidade das empresas.

133




Palavras-chave: Comportamento do consumidor, Boca-a-boca eletrônico, Opiniões online.

134

OS MOVIMENTOS DE JUNHO DE 2013 E A LUTA DE CLASSES NO BRASIL

Angelo Girotto Neto

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte



Introdução:

Os Movimentos de Junho de 2013 inauguraram no Brasil uma nova etapa da vida política

nacional e e foram objeto da análise dos mais variados pensadores brasileiros, num amplo

debate que ainda envolve não apenas a academia e os meios políticos e intelectuais, como

toda a sociedade. Neste artigo, pretende-se identificar os atores sociais - as classes e suas

frações - que concorreram para sua direção e cujos projetos políticos e ideologias se fizeram

notar ao longo dos protestos.

Metodologia:

Para os efeitos pretendidos, procede-se à revisão bibliográfica de autores fundamentais para a

compreensão da dinâmica de classes do Brasil contemporâneo, a exemplo de André Singer,

Ruy Braga, Francisco de Oliveira e Fernando Henrique Cardoso.


Os Movimentos de Junho de 2013 no Brasil são debatidos nos marcos das disputas

hegemônicas do Brasil contemporâneo. As três interpretações do lulismo estudadas também

são expressão dos projetos e das ideologias que disputaram a direção intelectual e moral dos

protestos. De um lado, os que propõem o combate ao lulismo, e que tem em comum a

identificação deste com um transformismo dirigente do PT, um defendendo que o atual bloco

no poder representa um retrocesso populista, o outro que ele implica no arrefecimento da luta

de classes em prejuízo da classe trabalhadora; aquele expresso por Cardoso; este por Oliveira

e Braga. Ambos com lastro social na classe média. De outro lado, as classes e frações que dão

sustentação ao lulismo, o subproletariado - força social essencial, e o proletariado, em aliança.

Essa é a proposta de Singer.

135



Conclusão:

Conclui-se que durante o processo de disputa pela direção intelectual e moral das mobilizações

de junho de 2013, houve a emergência em cena de determinada ideologia conservadora, com

base social na classe média - esforço que teve como principal agente os veículos da mídia

hegemônica que atuaram no sentido de um partido político, constituindo-se em aparelhos

privados de hegemonia de uma classe e suas frações.

Palavras-chave: Movimentos de Junho, lulismo, classes sociais.

136

AVALIAÇÃO DA FORMA DE UTILIZAÇÃO DOS

SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO POR PARTE DOS GESTORES:

UM ESTUDO DE CASO

Carlos Alberto do Nascimento(1), Alexandre Ferreira de Pinho(2)

(1)Mestrando do Programa de Pós-‐Graduação (PPG) em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade


(2) Orientador.



Introdução: O mundo corporativo vem nos últimos anos passando por extremas

transformações, situação que começou a ocorrer mediante a uma crescente necessidade de

modernização, melhoria e agilidade nos processos, tanto administrativos quanto de produção.

O processo de tomada de decisão, uma das principais atividades exercidas pelos executivos

torna-se cada dia mais complexo devido à grande quantidade de informações vindas das mais

variadas fontes, disponibilizadas a estes profissionais, resultado da informatização cada vez

maior das empresas, fazendo com que a tomada de decisão se torne uma tarefa demorada e

exaustiva. Os sistemas de apoio à decisão (SAD) vieram para atuar como ferramenta de

auxílio, buscando melhorar e agilizar a análise das informações. O SAD é um conjunto de

ferramentas inter-relacionadas (bancos de dados, softwares para mineração de dados,

modelos e aplicativos para comunicação com os usuários) que difere dos tradicionais sistemas

de gestão utilizados nos empresas. Para se utilizar um SAD, é necessário que ocorra máxima

interação por parte dos usuários com o sistema e rigor na montagem de ambientes para a

realização de simulações e coleta de dados. A demanda por resultados imediatos por parte das

empresas tem obrigado os gestores a andarem num ritmo acelerado de trabalho e por

consequência os processos de análises e simulações realizados pelos SADs, que demandam

tempo e dedicação acabam não ocorrendo como esperado. O presente trabalho tem como

objetivo avaliar a forma como os gestores utilizam os SADs no processo de tomada de decisão,

ou seja, verificar se os responsáveis por lidar com estes sistemas entendem seu

funcionamento e se conseguem interagir de forma clara e objetiva para aproveitar todos os

seus recursos e ainda identificar mediante esta avaliação as dificuldades e necessidades

destes profissionais, contribuindo por apontar caminhos e levantar sugestões que possam ser

137



de grande valia para as empresas buscarem cada vez mais a eficiência e eficácia em seus

produtos ou serviços.

Metodologia: A metodologia utilizada foi o estudo de caso múltiplo. Participaram da pesquisa

duas (2) empresas, ambas de grande porte e uma instituição educacional de nível superior. As

empresas pertencem a segmentos distintos: a primeira no setor químico e, a segunda no setor

ferroviário. Procurou-se sempre por buscar empresas ou instituições que utilizam algum tipo de

sistema de informação e que o mesmo disponibilize para os executivos ou gestores, recursos

que possam auxiliá-los no processo de tomada de decisão. Para se atingir os objetivos, foram

realizadas num primeiro momento entrevistas com os gestores que atuam diretamente na área

estratégica das empresas. O número de gestores entrevistados variou de empresa para

empresa, sempre numa proporção de três a quatro profissionais. O objetivo da entrevista foi

traçar um perfil destes profissionais, levantar informações relativas sobre: as atividades

desempenhadas no dia a dia de trabalho, identificar as necessidades e dificuldades

encontradas no manuseio do SAD (sistema de apoio à decisão) disponibilizado pela empresa.

E ainda, verificar também o nível de conhecimento que cada entrevistado possui com relação

ao uso do sistema e se o mesmo tem uma clara definição sobre diferenciar os métodos de

trabalho de um sistema de informação tradicional, como um ERP (sistema de gestão) por

exemplo de um sistema de apoio à decisão. Num segundo momento, aplicou-se um

questionário com perguntas fechadas direcionados os profissionais da área de T.I. (tecnologia

da informação). Obter informações destas duas frentes permite expor duas realidades, a

maneira sobre como o SAD deve ser utilizado pelos seus usuários e a forma real de como os

gestores estão interagindo e operando o sistema. Um teste piloto foi realizado com um gestor e

um profissional da área de T.I. Após a validação dos questionários as entrevistas passaram a

ser realizadas pessoalmente em visitas agendadas as empresas dos segmentos já citados

anteriormente. Até o presente momento dois gestores da instituição de ensino, quatro gestores

da empresa do setor químico, quatro gestores da empresa do setor ferroviário responderam os

questionários abertos, um (1) profissional de setor de T.I. de cada uma das empresas

respondeu o questionário fechado. Após a compilação dos dados, foi adotada uma análise que

permite a construção da explanação, esta ótica favorece descrever e esclarecer os fatos

ocorridos durante o estudo do caso. As observações diretas também se fizeram necessárias,

pois contribuíram para fornecer novos indícios sobre a realidade dos profissionais da área

estratégica das empresas pesquisadas.

Resultados e Discussão: Após a aplicação dos questionários e visitas extras realizadas nas

empresas, pode-se levantar questões impactantes: os gestores possuem dificuldades em

realmente definir o que seja um sistema de apoio à decisão, alguns dos entrevistados

consideram que o sistema de gestão adotado pela empresa é o único recurso disponível para

auxílio a tomada de decisão. Em outra situação identificou gestores que utilizam os chamados

138

módulos de B.I. (Business Intelligence) incorporados aos sistemas de gestão empresarial,

porém mesmo estes módulos exercerem as funções de auxílio à tomada de decisão, os

profissionais ainda olham para estes sistemas com certa ressalva e desconfiança, pois

indicaram que não se sentem totalmente seguros quanto a sua utilização. Outra informação

mais agravante: alguns entrevistados do setor de T.I. das empresas destacam as dificuldades

em implantar e difundir novos recursos e tecnologias. O setor de T.I. é visto pelos executivos e

diretores das corporações como um departamento que gera mais despesa do que lucro. Por

fim, os problemas de comunicação existentes entre os profissionais da área técnica e os

profissionais da área administrativa. As informações acima descritas foram levantadas até o

presente momento e, executivos de outras empresas estão com entrevistas agendadas.

Conclusão: Esta pesquisa esta permitindo vivenciar uma realidade que ainda se faz muito

presente em diversas empresas nos diversos segmentos: as dificuldades dos gestores em se

adaptar e utilizar a tecnologia a seu favor, a resistência por parte de alguns executivos em

alterar ou mesmo experimentar novos métodos de trabalho e ainda a desconfiança dos

profissionais com relação as informações disponibilizadas pelos sistemas de informação das

empresas pesquisadas. Pode-se concluir até o momento que a interação entre gestores e

sistemas de informação ocorre de maneira “tímida”, a tecnologia não esta sendo vista como

uma aliada, mas sim como uma concorrente. Este trabalho vem destacar o alerta para que as

empresas procurem formas e mecanismos para promover e buscar cada vez mais a

aproximação e integração entre seus gestores e a tecnologia.

Instituição de fomento/apoio: não possui.

Palavras-chave: Avaliação, Sistemas de informação, Usuários, Decisão, Interação.

1



TERCEIRO SETOR E PARCERIAS NA ÁREA DE SAÚDE: A SAÚDE É UMA COMMODITY?

Daniela Juliano Silva(1)

(1) Mestranda do Programa de Pós Graduação em Sociologia e Direito – PPGSD, da

Universidade Federal Fluminense. [email protected]


2. INTRODUÇÃO

Nos movimentos de junho de 2013 que mobilizaram as ruas pelo Brasil, o direito à saúde

esteve na principal lista de reivindicações, lado a lado com outros direitos de estirpe, como a

educação, o transporte público de qualidade e a busca por uma administração pública mais

transparente. Mesmo antes do recentíssimo programa “Mais Médicos”, instituído pela Medida

Provisória 621/2013, de 08 de julho de 2013, que abre a possibilidade de contratação de

médicos estrangeiros para atuação nas regiões mais remotas e áreas periféricas do Brasil,

outros arranjos eram arregimentados para a consecução dos fins e desafios constitucionais

impostos pelo Direito à Saúde. Uma vez reconhecida a incapacidade do Poder Público de dar

vazão a suas competências nessa área, de forma exclusiva, insurge um modelo que promove a

parceria entre instituições privadas pertencentes ao denominado Terceiro Setor e o poder

público (reconhecido como Primeiro Setor) para a prestação de serviços de saúde. O presente

estudo pretende uma reflexão sobre a Saúde, em todas as suas possibilidades e,

especialmente apontando para uma reflexão na qual a mesma se apresenta como verdadeira

mercadoria (bem), objeto de novos arranjos, barganha e lucro.

3. METODOLOGIA

O estudo empreendido se viabiliza pela pesquisa bibliográfica de caráter investigativo e

crítico, tendo por marcos teóricos principais, as reflexões de Michael Grossman e Gary Becker,

no que diz respeito especialmente à diferença entre capital-saúde e as demais formas de

2

capital humano. Daí surgirá a construção da percepção de tratar-se (ou não) a saúde como

uma commodity (bem, mercadoria). Debruçamos ainda, mais especificamente, sobre o

histórico de desenvolvimento de modelos de gestão que privilegiam a gestão da saúde por

instituições privadas sem fins lucrativos (o denominado “Terceiro Setor”), no que contamos em

tal empreitada com a doutrina de peso de Gustavo Justino de Oliveira. Desenvolve-se também,

em paralelo, estudo exploratório, tendo por base a legislação e jornais de grande circulação no

Estado do Rio de Janeiro, no sentido de se verificar qual a realidade dos arranjos e parcerias

que estão sendo realizadas na gestão de sua saúde.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo pretende uma reflexão sobre a importância do direito à saúde e sobre

os arranjos firmados para sua efetivação. Pretendeu-se ainda, uma abordagem crítica da

matéria, especialmente sobre as parcerias arrimadas entre instituições privadas sem fins

lucrativos (o dito “Terceiro Setor”) e o ente público (“Primeiro Setor”). O dito “Terceiro Setor”, de

forma quase que onipresente, se perpetua como um instrumento de efetiva cooperação na

busca pela concretização do bem estar comum. Tendo por trunfo o estigma da implementação

de uma gestão mais célere (no fundo, um discurso equivocado), seu posicionamento fora da

Administração direta e mesmo da Administração indireta, lhe garantiria uma maior capacidade

gerencial, com a implementação de técnicas organizacionais típicas do setor privado. Desta

feita, pretendemos nos debruçar sobre o histórico de desenvolvimento deste modelo e seu

despertar no cenário brasileiro à frente da gestão de direitos sociais (saúde, educação, cultura,

meio ambiente) de relevância. No mais, algumas notícias divulgadas em jornais de grande

divulgação e portais de notícia são instrumento de grande valia a fim de pontuar o discurso

ideológico que envolve o tema. É preciso enfrentar tanto o discurso ideológico equivocado

quanto os discursos que insistem em tratar as parcerias com o Terceiro Setor como uma

resposta para todos os problemas.

5. CONCLUSÃO

O presente estudo pretendeu um olhar sobre o Direito à Saúde, como objeto recorrente

de insatisfação de uma população que espera por sua plena realização, em bases universais.

A urgência com que as demandas por saúde exigem eficiente resposta acaba por nos levar à

reflexão de se a saúde tem sido tratada como verdadeira mercadoria, negociada de qualquer

forma, livremente, para instituições privadas. Outra proposta deste estudo diz respeito a uma

análise dos arranjos que há tempos já têm sido firmados com o denominado “Terceiro Setor”

que se encontra quase que onipresente na gerência e efetivação de direitos sociais de

3



relevância. O questionamento posto no título deste estudo merece aprofundamento. É certo

que as parcerias firmadas com entes privados sem fins lucrativos não geram lucro, mas geram

dependência. É certo também que a legislação facilita as parcerias a serem firmadas,

dispensando a licitação. Desta feita, concluímos pela necessidade de constante

acompanhamento e reflexão destes modelos de realização do fim público, para que não se

perca de vista o real interesse destes acordos que deve dar à população brasileira a real

proporção de concretização de tal direito e que não seja a qualquer preço.

APOIO: CAPES

Palavras-chave: Parcerias na Saúde, Terceiro Setor, Commodity.

4

A PSICODINÂMICA DO TRABALHO DOS MÚSICOS DE UMA BANDA DE MÚSICA DO

ESTADO DE GOIÁS

Kátia Barbosa Macêdo (1); Daniela Tavares Ferreira de Assis (2)

(1) Doutora, Professora titular da PUC-Go, (2) Doutoranda em Psicologia

Social da PUC-Go



Introdução:

O trabalho apresenta dados de pesquisa que abordou as vivências de prazer-sofrimento de

componentes de uma banda de blues. A presente pesquisa objetivou investigar a organização

e condições de trabalho, as vivências de prazer e sofrimento, as estratégias de enfrentamento,

a identidade profissional e os sentidos do trabalho. Trata-se de um estudo de caso de caráter

descritivo e exploratório, cujos instrumentos de pesquisa foram entrevistas semi estruturadas e

observação de ensaios e shows da banda. O estudo aborda as vivências de trabalhadores que

têm como trabalho a arte. Foram realizados outros estudos por pesquisadores do grupo de

estudos em psicodinâmica do trabalho. São estudos de caso de caráter descritivo e

exploratório, que adotaram a abordagem da psicodinâmica do trabalho de Dejours. As pessoas

no senso comum imaginam que o trabalho do artista é permeado por apenas vivências de

prazer, “como se fossem isentos de sofrimento”, algumas expressões como “levar a vida na

flauta” ou “vida boa de artista”, indicam isso. No entanto, dados empíricos indicam que as

vivências de prazer e sofrimento são complementares e interdependentes, inclusive no trabalho

dos artistas

Metodologia:

O delineamento privilegiou os preceitos dejourianos como perspectiva da psicodinâmica do

trabalho. Os dados coletados foram analisados por meio da análise gráfica do discurso de Lane

(1985). As análises indicam condições precárias de trabalho às quais eles estão submetidos.

Utilizou-se entrevistas individuais e coletivas, análise documental e discursiva. O objetivo foi

analisar como os artistas vivenciam o seu trabalho na arte, onde os mesmos criam suas

músicas no gênero blues,

administram suas agendas de shows, e possuem dupla jornada de trabalho.


Como resultados, emergiram categorias relacionadas à sua percepção relativas às condições,

relações de trabalho e organização do trabalho, vivências de prazer e sofrimento no trabalho e

as estratégias de enfrentamento. Os resultados ainda indicam que o trabalho de artista é, antes

5



de tudo, trabalho digno de ser reconhecido pela sociedade e ser justamente remunerado e

respeitado.

Conclusão: As vivências de prazer-sofrimento são mobilizadas subjetivamente a partir de aspectos

relativos à organização, condições e relações de trabalho, e outros que são específicos da arte:

o sofrimento causado pela busca por patrocínios e apoio financeiro; a pressão para criar obras

artísticas com prazos estipulados, além da constante busca por aperfeiçoamento técnico, que

exige extenuantes horas de ensaios, que podem levar à exaustão. Há relatos indicando que

trabalhar com arte é apaixonante porque há a possibilidade de criar, de se reconhecer no que

faz, e de receber o reconhecimento do público quando apresentam a obra artística, que

possibilita a vivência prazerosa de “uma coisa que não posso expressar em palavras, de tão

bom que é”.

Palavras-chave: psicodinâmica, música, arte e trabalho

6

PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO

Glayce Rejane Felipe da Silva Lavnchicha¹; Hélcia Daniel da Silva²; Kátia Barbosa Macêdo³

1. Mestranda em Psicologia na Pontífice Universidade Católica de Goiás; 2. Doutoranda em

Psicologia na Pontífice Universidade Católica de Goiás; 3. Professora Doutora no Curso de

Psicologia na Pontífice Universidade Católica de Goiás.



Introdução:

No contexto contemporâneo, pode-se afirmar que houve algumas melhorias na

organização do trabalho como redução da jornada de trabalho, legislação de saúde e

segurança no trabalho, salário mínimo, etc. Mas, também houve retrocessos como

intensificação do trabalho, competitividade acirrada, exigência por alto grau de qualificação,

ambientes de trabalho insalubres, aumento dos casos de assédios moral e suicídios no

trabalho, etc. O trabalhador está inserido em um contexto social mais amplo. A representação

que esse trabalho tem socialmente causa impacto na vida e no bem-estar desse trabalhador,

podendo levar a situações de maior ou menor desgaste, afetando a saúde do trabalhador.

Então, pode-se afirmar que as condições laborais interferem na saúde do trabalhador, podendo

causar doenças e dificultar a vida, podendo ocasionar inclusive a morte de trabalhadores.

Nesta conjuntura, muitos trabalhadores recebem ameaças do contexto de trabalho contra sua

saúde e seu bem-estar físico, social e emocional, levando-os a estados de adoecimento e até

de suicídios. Para entender como os trabalhadores reagem a estas pressões e para identificar

as principais consequências para a saúde destes, a abordagem teórica adotada neste estudo

foi a psicodinâmica do trabalho. A pesquisa em psicodinâmica do trabalho pode desvelar

aspectos invisíveis do trabalho, relatando particularidades da organização do trabalho, as

vivências de prazer-sofrimento, estratégias de mediação do sofrimento e identificando

possíveis riscos e danos à saúde mental dos trabalhadores. Nesse sentido, buscou-se

responder a seguinte problemática: qual o impacto do trabalho na saúde dos trabalhadores de

uma instituição de pesquisa a partir das vivências de prazer e sofrimento? Para tanto, elegeu-

se como objetivo geral: investigar as vivências de prazer e sofrimento dos pesquisadores de

uma empresa de pesquisa. A motivação para o desenvolvimento desta pesquisa surgiu a partir

da experiência profissional da pesquisadora com as questões de qualidade de vida no trabalho

e saúde do trabalhador em uma organização de pesquisa, assim como os inúmeros

questionamentos sobre os fatores geradores de saúde e adoecimento no trabalho. Por que

alguns trabalhadores aparentemente ficam mais doentes que outros? Qual o sentido do

7



trabalho para os pesquisadores? E impacto do trabalho para a saúde dos trabalhadores? O

que há no contexto de trabalho que ocasiona desgaste e sofrimento ao trabalhador? Estudos

sobre a relação saúde-trabalho tem demonstrado que o aparecimento de diversas doenças,

como as gastrointestinais, dislipidemias, alterações de pressão arterial, doenças

cardiovasculares, doenças osteomusculares e doenças mentais, está relacionado com o grau

de controle do trabalhador sobre o trabalho. Algumas destas patologias são recorrentes em

determinados trabalhadores da organização pesquisada. Portanto, investigar o impacto do

trabalho a partir das vivências de prazer e sofrimento dos trabalhadores pode representar

ganhos para a saúde destes, desvelando o real do trabalho que tanto gera prazer quanto

sofrimento e, por conseguinte, saúde e adoecimento. Pretende-se, dessa forma, contribuir para

o debate teórico e prático sobre as relações de trabalho em organizações de pesquisa. Optou-

se ainda por desenvolver o estudo de caso em uma organização de pesquisa porque

organizações como estas geram impactos em dimensões econômicas, sociais e ambientais. E

no caso particular desta organização que tem como missão desenvolver tecnologias para o

agronegócio, pode, em última análise, trazer contribuições para o avanço das pesquisas

naquela área porque a saúde do trabalhador é fundamental para o desenvolvimento do

trabalho com qualidade.

Metodologia:

Esta pesquisa é um estudo de caso de caráter descritivo e exploratório, que utilizou

como instrumento para coleta de dados a análise documental e entrevistas coletivas com os

trabalhadores ocupantes do cargo de pesquisador em uma empresa pública de pesquisa no

ramo da agropecuária localizada na região norte do país. A empresa é voltada para o

desenvolvimento de tecnologias e soluções para o agronegócio da região. Conta atualmente

com quinhentos (500) empregados ocupando quatro cargos: pesquisadores (100), analistas

(93), técnicos (91) e assistentes (216). Para o levantamento de dados, foi feito análise nos

seguintes documentos institucionais: Plano de Desenvolvimento da Unidade (PDU) que traz a

missão, valores, objetivos, finalidade, diretrizes por área e o negócio da organização; normas

referentes aos processos de trabalhos (comparecimento ao trabalho, procedimentos

operacionais padrão - POP, etc.) que permitiu caracterizar a organização e o contexto de

trabalho a partir do olhar institucional. Foi feito ainda análise documental nos relatórios do

Setor de Recursos Humanos que é o setor responsável pelo Programa de Controle Médico de

Saúde Ocupacional, pelo Serviço Especializado em Segurança e Medicina no Trabalho e, pelo

Programa de Qualidade de Vida no Trabalho. A análise nos documentos desse setor

possibilitou identificar as principais patologias e sintomatologias que afetavam os

trabalhadores dessa organização, possibilitou, inclusive, a identificação dos participantes para

pesquisa. Na segunda etapa do levantamento de dados, foi necessário a realização de três

8

sessões de entrevistas coletivas (semi-estruturadas), todas gravadas e filmadas, que

ocorreram na própria organização, no horário de expediente, com a anuência da Chefia da

empresa e participação voluntária dos sujeitos da pesquisa, cada sessão com duração de

aproximadamente 3 horas. Optou-se pelas entrevistas coletivas porque, de acordo com a

psicodinâmica do trabalho, o sofrimento não deve ser negligenciado e relegado ao silêncio,

mas deve ser falado, escutado, interpretado, elaborado e perlaborado num espaço coletivo. As

discussões coletivas representam a possibilidade de demonstrar mais claramente quando os

trabalhadores elaboram ideias que antes não estavam organizadas consciente e nitidamente.

Participaram da pesquisa 10 (dez) pesquisadores que apresentavam algum tipo de

sintomatologia ou doença (hipertensão, insônia, dislipidemias, nível significativo de estresse)

que os afetam em termos de qualidade de vida e saúde. Para análise dos dados, utilizou-se a

Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Como muitos pesquisadores atuam como

docentes de nível superior, destaca-se a importância dessa classe de trabalhadores na

formação da mão de obra de vários estudantes em áreas de pesquisa agropecuária nas

Instituições de Ensino Superior na região. A escolha dessa categoria de empregados também

se justifica pela posição que os pesquisadores ocupam no mercado de trabalho como

criadores de tecnologias agropecuárias, de soluções para agricultura familiar e para o

agronegócio da região norte, possibilitando, assim, melhoria na qualidade de vida de algumas

populações da Amazônia e avanços para a economia agropecuária do Brasil.


Os resultados sinalizam tanto as vivências de prazer quanto de sofrimento do

trabalhador, assim como os mecanismos de enfrentamento para lidar com as adversidades no

ambiente de trabalho quer sejam elas de cunho físico, emocional ou social. Quanto às

vivências de sofrimento, identificou-se como causa de sofrimento no trabalho a grande

dificuldade para entender a burocracia e os trâmites administrativos da empresa. Criticam e

combatem o excesso de normas, processos, burocracia e morosidade do serviço público. A

falta de recursos (R$) destinados à pesquisa (que é atividade fim da empresa) é ponto

recorrente nas falas de todos os participantes do estudo e motivo de aborrecimento para

alguns pesquisados. As relações sócio-profissionais na empresa aparecem fragilizadas.

Identificou-se relativo ressentimento pela possível falta de apoio dos setores internos da

organização. Evidenciou-se a necessidade de comunicação interna mais eficiente com a Chefia

e com os setores da organização. A sobrecarga de trabalho é ponto de consenso entre os

participantes. Habitualmente, extrapolam a jornada diária de trabalho e atuam em outros

segmentos da empresa para facilitar andamento de suas pesquisas. Alegam falta de

direcionamento sobre o futuro da pesquisa. Sentem-se “soltos”, em alguns casos, sem rumo

para direcionar algumas de suas pesquisas. Consideram-se “poucos preparados” para tratar de

processos administrativos e burocráticos. Dificilmente trabalham em equipe, exceto quando há

determinação da Chefia, e são centralizadores. As patologias mais evidenciadas entre os

9



participantes: Estresse e irritabilidade, dislipidemias, dores lombares e insônia. Mas, o trabalho

também é fonte de prazer, pois afirmam que pesquisar é um trabalho intelectual que transforma

sonho em realidade. É criação e inovação que traz a satisfação e realização do ser enquanto

profissional e também em quanto pessoa. Gostam de fazer pesquisa, da liberdade para inovar

e para apresentar soluções. Realizam-se ao levar condições de melhoria a outras

pessoas/comunidades. Sentem e se valorizam com o reconhecimento externo, dos pares e da

chefia. Apresentam como mecanismo de resistência às dificuldades do trabalho para não

sucumbirem ao sofrimento e, por conseguinte, ao adoecimento, o emprego da inteligência para

criar e inovar soluções para determinados problemas. Buscam alternativas individuais para as

dificuldades organizacionais. Acreditam em seus potenciais individuais para ajudar a

organização a crescer, captar recursos e para resistirem a qualquer dificuldade que possa

aparecer. Raramente pedem ajuda, mas quando o fazem, eles exigem apoio. O trabalho do

pesquisador é caracterizado pela rigidez da burocracia típica em empresas públicas, o que

ocasiona desgaste pessoal, levando por vezes as vivências de sofrimento. Os pesquisadores

fazem jus à inteligência para criar e inovar diante das dificuldades. Os pesquisadores utilizam

como estratégia de defesa a ocultação do sofrimento através de demonstrações de sua

capacidade de criar e inovar.

Conclusão:

Os resultados apontam que há um movimento para tentar esconder ou silenciar o

sofrimento vivenciado e uma cultura organizacional que possibilita, por diversas facetas, a

promoção do adoecimento. Neste sentido, a criação de espaço de discussão coletiva na

própria empresa se apresenta como alternativa para o coletivo de trabalho lidar com as

dificuldades enfrentadas pelo grupo e encontrar possíveis soluções para alguns problemas

recorrentes no trabalho. Mas, por outro lado, pode-se destacar que, em alguns casos, se notou

certa resistência ao processo de adoecimento, constituindo, assim, um movimento do anti-

adoecimento. Constatou-se ainda que fatores que causam, sobretudo, sofrimento e falta de

reconhecimento se encontram em níveis críticos e que espaços como estes são propícios à

prática do assédio moral.

Palavras-chave: prazer, sofrimento, psicodinâmica do trabalho.

10

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ANÁLISE DISCURSIVA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE IDOSOS EM RELAÇÃO A

SUA VIDA

Janaína da Silva Gonçalves Fernandes (1); José Maria Montiel (2); Márcia Siqueira de Andrade

(2); Daniel Bartholomeu (2); Dilmar Rosa dos Santos (1) Aline Paz Freitas Gonçalves (1).

(1). Mestranda em Psicologia Educacional do Centro Universitário UNIFIEO- FIEO; (2).

Programa de pós-graduação do Centro Universitário UNIFIEO-FIEO



Introdução

Com o aumento na população de idosos nos últimos tempos (IBGE, 2013), se amplia a

possibilidade de impactos complexos com os objetos ou soluções desconhecidas, que é o caso

do fenômeno do envelhecimento. Esse fenômeno preocupa os indivíduos sociais que buscam

se preparar para a compreensão do envelhecimento humano nas sociedades atuais. Brandão

(1998) explica que ao se buscar compreender o fenômeno atual ou do tempo presente, se

percebe contradições quando se trata do indivíduo idoso, uma vez que o tempo deles é o

tempo antigo. Antes de a sociedade os julgar como velhos, o passado é que identifica as suas

relações com as pessoas e com o mundo, bem como a complexa integração com a sociedade

contemporânea.

Conforme os apontamentos anteriores este estudo teve como objetivo identificar e

analisar as representações sociais de idosos sobre as suas trajetórias de vida, por meio da

narrativa oral. Possibilitando dessa maneira a compreensão dos modos compartilhados de

pensar e de atuar dos idosos em relação ao seu processo de envelhecimento, ao identificar os

conhecimentos, por meio da intersecção dinâmica do senso comum dos idosos e o saber

científico contemporâneo (Moscovici, 2012).

12

Metodologia

Foram entrevistados sete idosos com idades variando entre 65 e 86 anos, que

participam de grupos de ensino formal. Utilizou-se como procedimento metodológico a História

Oral (Alberti, 2005) sob a perspectiva trajetória de vida.

Com o objetivo de se extrair os conteúdos orais que indicasse as representações

sociais do idoso sobre as suas trajetórias de vida foi utilizado um roteiro de entrevista semi

estruturado em situação individual. As sessões foram gravadas em áudio e vídeo, com o auxílio

de notebook e câmera digital, procedimento este realizado pela própria pesquisadora, com

prévia autorização dos entrevistados.

Quatro questões foram propostas a cada participante, na seguinte ordem: Quais as

suas lembranças da infância e das demais fases da sua vida? Conte com suas palavras algo

que considera que foi marcante na sua vida. Tem alguma coisa que você teria mudado ou teria

feito diferente ao longo da sua vida? O que orientou as suas escolhas na sua trajetória de vida?

Essas questões contemplam como os idosos lidaram com as perdas e os ganhos vividos no

decorrer de suas vidas. As entrevistas foram analisadas com o apoio de um software de

análise quantitativa de dados textuais (IRAMUTEQ).


O corpus analisado da pesquisa é composto de sete unidades de contexto iniciais

(UCI) ou entrevistas, que o programa repartiu em 97 segmentos de unidades de contexto

elementares (UCE), que continham 809 palavras ou formas distintas que ocorreram 3379

vezes, com uma frequência média de ocorrência de 4,17% por palavra ou forma distinta e uma

frequência média de 34,84% de ocorrência por seguimento.

A análise hierárquica reteve 22 unidades de contexto elementar das 97 presentes no

corpus, ou seja, foram consideradas 77,32% das UCE (n=75). Após a redução dos vocábulos

às suas raízes se obteve 590 lematizações, que resultou em 469 palavras ou formas ativas

analisáveis e 93 formas suplementares.

No primeiro momento o corpus foi dividido em dois subcorpos, estabelecendo cinco

classes diferentes. Em um segundo momento um subcorpo foi dividido em dois obtendo-se as

classes 2 e 4. Em um terceiro momento houve outras divisões que originaram de um lado as

classes 1 e 3 e do outro lado as classes 2 e 4.

13



Os resultados apontam para cinco tipos de representações: o princípio da

aprendizagem dos idosos, o respeito pelo idoso nos dias atuais, idosos formadores de opiniões

em tempos de mudanças, a importância da família na construção da trajetória de vida e

acontecimentos que marcam a vida do idoso.

Conclusão

As cinco classes de representações sociais sobre a trajetória de vidas dos idosos que

emergiram, podem auxiliar na reflexão sobre as condições que vêm marcando a experiência de

envelhecer na contemporaneidade. Estes idosos demonstraram que possuem forças para

sonhar e acreditar no aprendizado ininterrupto ao longo da vida, mesmo que as sociedades

contemporâneas não respeitem a formação de valores que estes idosos apreenderam dos

acontecimentos significantes vivenciados durante as suas trajetórias de vida. No entanto,

somente estudos posteriores poderão confirmar a compreensão do sentido de aprendizagem

ao longo da vida, uma vez que a representação de experiência é associada pela sociedade à

figura do idoso, sendo complexa a compreensão que além de experiente o idoso continua em

um processo contínuo e ininterrupto de aprendizagem. Ainda seriam interessantes maiores

investimentos em pesquisas, discussões e estudos que proponham intervenções que auxiliem

os idosos na aquisição de novos conhecimentos.

Apoio: Bolsista em tempo integral da CAPES.

Palavras-chave: Representações sociais; envelhecimento; trajetória de vida; narrativas;

IRAMUTEQ.

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ATENDIMENTO TERAPÊUTICO DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL E PROFISSIONAL EM

GRUPO DE ADOLESCENTES

Janaína da Silva Gonçalves Fernandes (1); José Maria Montiel (2); Márcia Siqueira de Andrade

(2); Thainá Scaravelli (1); Karina da Costa (1); Aline Paz Freitas Gonçalves (1).





Introdução

A trajetória histórica da humanidade possui a marca de várias transformações no

âmbito social e econômico, atingindo os indivíduos nos valores que influenciam no

desenvolvimento da satisfação nos seres humanos, que é o trabalho. O trabalho torna o

homem poderoso, ao exaltar as suas virtudes dignas de méritos, construindo a sua identidade

e sua autoconfiança. Só que isto acontece, se o desempenho de suas produções for bem

executado. Para que o indivíduo desenvolva atividades com satisfação se faz necessário à

identificação de sua vocação que se constrói continuamente ao longo da sua vida, por ser

produto das complexas interações com os outros e os variados contextos vivenciados, como

por exemplo, a família e a escola (Faria, 2013).

Portanto o estudo teve como propósito de identificar quais os sentidos construídos por

adolescentes em relação a sua escolha vocacional e profissional. Visando simultaneamente

instrumentá-los das possíveis adversidades que possam se deparar no ingresso ou percurso

do caminho profissional a ser trilhado.

Metodologia

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Os atendimentos de Orientação Vocacional e Profissional seguiram a Pesquisa

Intervenção e a metodologia proposta por Levenfus, Soares & Cols (2002) que oferece uma

proposta pedagógica de trabalho que facilita o atendimento em grupos. Três eixos foram

desenvolvidos no decorrer: das dinâmicas realizadas com os adolescentes: autopercepção

dinâmica, percepção dinâmica do mundo, visão prospectiva.

A formação dos grupos composta por 20 adolescentes estudantes do ensino médio e

fundamental com idades variando de 14 a 17 anos obedeceu à demanda de atendimento de

uma organização não governamental localizada na grande São Paulo. Foram realizadas 8

sessões, em direção à escolha vocacional e profissional com um encontro semanal com

duração de uma hora, durante o período de 2 meses. Os materiais utilizados ficaram a cargo

da instituição onde foi realizada a pesquisa com o fornecimento da sala com cadeiras quadro e

pincel atômico. Os demais materiais ficaram a cargo da pesquisadora que orientou as

atividades, empregando instrumentos que visava auxiliar na orientação, incluindo cópias de

textos, folhas sulfite, canetinhas, revistas, questionário de autoavaliação, lápis preto e de cor.

Os dados que emergiram dos encontros foram analisados por meio da técnica de análise de

conteúdo (Franco, 2012).


Nas sessões designadas como autopercepção dinâmica foram apresentadas a

proposta do projeto aos adolescentes, com a aplicação de dinâmicas grupais e individuais com

finalidades de apresentação, integração, levantamento do conhecimento no processo de

escolha e na tomada de decisões, possibilitando assim um olhar para dentro de si mesmo.

As sessões seguintes foram nomeadas como a percepção dinâmica do mundo em que

as atividades e dinâmicas aplicadas, tiveram o intuito de provocar a capacidade dos

adolescentes de um olhar para fora de si, seguido de um olhar para dentro de si percebendo-se

dentro da sociedade, induzindo-os a novamente olharem para fora e para a percepção das

ocupações e profissões existentes na sociedade.

Nas últimas sessões se buscou incitar os jovens a um novo olhar para dentro de si,

porém procurando a transformação das inseguranças e medos do adolescente para um salto

qualitativo da escolha consciente, com uma visão prospectiva do futuro.

Logo, os dados consideraram o movimento do grupo ao longo das atividades de

orientação profissional e vocacional oferecidas, sendo apresentados e discutidos a partir de

quatro categorias a posteriores: os cursos, a satisfação de ser adolescente, fase de

descobertas e o contexto familiar.

16

Conclusões

Vários fatores podem influenciar o adolescente no momento da escolha da profissão

como: o sucesso financeiro, o status ou prestígio em que vale é a projeção pessoal; o mercado

de trabalho que impressiona com as profissões que estão em alta; a necessidade de agradar

aos pais atendendo as suas expectativas; a estrutura familiar. Cada família singular possui uma

influencia primordial no desenvolvimento do indivíduo resultando em produções de sentidos

que refletem as dúvidas que são construídas pelas diferentes interações sociais.

Visto que os adolescentes possuem uma insegurança natural diante de escolhas, por

enfrentarem um período de mudanças biopsicossociais inerentes ao desenvolvimento do ser

humano, quando se trata da questão profissional esse quadro de dúvidas se agrava. Destarte,

para que ocorra a aprendizagem é necessário que o indivíduo tenha o conhecimento de si

próprio, de sua história de vida que está registrada em sua memória, inclusive aceitando-a

como realmente é sem esquecê-la ou mesmo negá-la, para que possa alcançar o seu pleno

desenvolvimento. Sugerem-se estudos que desenvolva respostas a essa demanda de

adolescentes em processo de tomadas de decisões, pois a orientação vocacional e profissional

se faz necessária nesse e em outros contextos.

Apoio: Bolsista em tempo integral CAPES.

Palavras chave: Adolescentes; Análise de conteúdo; Dinâmicas; Escolha da profissão;

Pesquisa intervenção.

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A VALORIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NA GUINÉ-BISSAU: A UNIVERSIDADE

PÚBLICA.

Frederico Matos Alves Cabral(1)

(1) Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia/UFRGS



Introdução:

A qualidade e a quantidade da educação alcançada por uma população são indicadores do

compromisso de uma sociedade como seu próprio bem estar, presente e futuro. Assim, a

sociedade como um todo deve assumir, através do Estado, a responsabilidade da oferta da

Educação em todos os níveis, tendo como objetivo primordial a tomada de consciência de seus

direitos e deveres e o desenvolvimento de sua capacidade produtiva para apropriação e

transformação da natureza em beneficio de toda a população. Neste contexto, a Universidade

possui uma funcionalidade em gerar o conhecimento e o saber (Belloni, 1992), por meio da

educação. Tema de maior interesse e prioridade, pois não é possível pensar na formação dos

cidadãos que uma nação necessita ou a economia e o desenvolvimento social que ela requer

sem levá-la em consideração, independentemente do modelo que se tenha proposto como

paradigma (López, 2011). É através do seguinte pressuposto que o trabalho procurou analisar

o Ensino Superior na Guiné-Bissau, tendo como foco: a ausência de uma universidade pública

e as estratégias ou políticas de mobilidade que o Estado Nacional vem adotando para o acesso

dos jovens a este setor.

Metodologia:

O procedimento metodológico utilizado para este trabalho consistiu no levantamento

bibliográfico e na análise de documentos e dados estatísticos, junto aos sites dos órgãos

guineenses que fomentam o ensino superior, assim como pesquisa nos sites dos principais

países aliados da Guiné-Bissau para mobilidade dos seus estudantes (Brasil e Portugal).

Resultados:

18

Os resultados obtidos durante a pesquisa mostram que, apesar de existir um grande esforço

para a melhoria de qualidade da educação em Guiné Bissau, desde o período da luta pela

independência o setor da educação ainda se encontra muito precário e apresenta dificuldades

em atingir patamares de desenvolvimento humano e social em contexto internacional, devido

as grandes instabilidades políticas e militares, e também aos meios financeiros de sustentar

uma universidade com todas as suas características de qualidade padronizadas mundialmente.

Além do mais, de acordo com as dificuldades mencionadas para concretização da

Universidade Pública, o Estado da Guiné-Bissau vem adotando as políticas de mobilidade para

envio dos seus estudantes aos países estrangeiros a fim de cursarem graduação. É nessa

ótica que o Brasil, assim como os outros países parceiros, se destaca contribuindo na

construção dos quadros intelectuais para esta sociedade. No caso brasileiro, o maior fluxo dos

estudantes guineenses para o país deu-se nos anos 2000-2009 por onde vieram um total de

1085 estudantes (657 homens e 428 mulheres) (Cá,2009).

Conclusão:

O Estado guineense precisa apostar no setor da educação, principalmente no seu nível

Superior, como uma das prioridades estratégicas para a promoção do Desenvolvimento,

construindo assim, uma Universidade Pública gratuita e de qualidade. Perante o novo cenário

de internacionalização do conhecimento, o mundo de hoje através das suas características no

panorama econômico e social que o caracteriza com seus grandes conflitos e desigualdades,

tanto de origem natural como de caráter político e social, tem repercussões direta na missão e

nas funções que a educação deve cumprir em qualquer parte do mundo, onde só a força dos

povos e a vontade política de quem os dirige fará que seja possível sua realização (Lopéz,

2011).

Instituição de Fomento: CAPES.

Palavras-chave: Guiné-Bissau; Educação Superior; desenvolvimento.

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20

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE GRADUANDOS SOBRE O CURSO DE

PSICOPEDAGOGIA

Aline Paz Freitas Gonçalves (1); Fernando Fabiano Gonçalves de Lima (1); Janaína da Silva

Gonçalves Fernandes (1); Marina Ralston Cerquinho Malta Farina (1); Maria Laura Puglishi

Barbosa Franco (2); Márcia Siqueira de Andrade (2).




Área Temática: Ciências Humanas

Introdução

A psicopedagogia é extremamente importante para a sociedade, é o elo que liga a

psicologia e a pedagogia. Tendo como objeto de estudo a aprendizagem, a psicopedagogia

está para analisar a interação aluno, sociedade e instituição em seus diferentes contextos.

Identifica-se no ambiente escolar o primeiro espaço formal para o desenvolvimento do

aprender. O psicopedagogo surge para identificar as dificuldades e os transtornos que

impedem o estudante de assimilar o conteúdo em sala de aula. Em seu âmbito profissional, a

psicopedagogia abrange sua atuação nos espaços institucionais, hospitalares e empresariais.

Visto que mesmo requisitado por pais, escolas e profissionais da educação, sua

regulamentação profissional está sofrendo empasses importantes no País, desde seus anos de

atuação. Reconhecendo a importância deste profissional, surge a seguinte indagação: Quais

seriam as motivações dos alunos em estudar Psicopedagogia? Diante da longa espera na

regulamentação em contrapartida da emergência em se ter um Psicopedagogo nas

instituições, o que pensam sobre o papel do Psicopedagogo? Nesta perspectiva, a pesquisa

tem o objetivo de identificar, analisar e interpretar as representações sociais que graduandos

tem sobre o curso de Psicopedagogia.

Metodologia

Com base na Teoria de Representações Sociais de Moscovici (2011), a pesquisa

contou com a participação de 12 graduandos do curso em Psicopedagogia, do sexo feminino e

masculino, todos pertencentes aos municípios da Grande São Paulo.

21



Utilizou-se como instrumento para coletar os dados, um questionário reflexivo contendo

questões fechadas, que objetiva conhecer o perfil dos universitários; questões abertas, para

obter as representações sociais dos graduandos participantes; e um teste de associação livre

de palavras contendo as palavras “Educação” e “Aprendizagem”. As respostas obtidas às

questões fechadas foram submetidas a uma análise percentual e as questões abertas e o teste

de associação livre, à Análise de Conteúdo (Franco, 2012).

A partir de uma pré - análise dos dados fornecidos e de uma leitura flutuante que

implicam idas e vindas ao material de análise foi criada categorias não definidas, ou seja, que

surgiram das respostas dos participantes. Com caráter de respostas diversificadas, os dados

contribuíram para a criação de diversas categorias, levando em conta a similaridade ou

heterogeneidade dos conteúdos implícitos nas respostas. Os dados foram analisados pela

quantidade de indicadores, ao invés da quantidade de participantes.


Primeiramente, foi realizada a caracterização dos participantes. São alunos do curso de

Psicopedagogia, onde é possível considerar uma prevalência feminina correspondendo a

86,67% de apenas 13,33% presença masculina. Deste cenário, 46,67% possuem idades entre

20 a 25 anos, 33,33% de 25 a 30 anos, 6,67% de 30 a 35 anos, 6,67% de 35 a 40 anos e

6,67% acima de 40 anos. Sendo, 66,67% solteiros, 26,67% são casados e 6,67% está em

união estável, porém 80% não possui filhos a 20% que possui. Ressalta-se que todos possuem

campo de atuação profissional na área de humanas.

No segundo momento, os participantes foram submetidos as questões abertas: “Quais

os motivos que o (a) levaram a escolher o curso de Psicopedagogia?” e “O curso atende as

suas expectativas? Justifique”. Na primeira questão foram identificadas as categorias:

Expectativas na Profissão com 46,67% das respostas, 80% Objetivos Pessoais, e 26,66% em

Objetivos Sociais. Com isso, 86,67% responderam “Sim” sobre as expectativas atendidas pelo

curso, com 40% Satisfação Pessoal e 60% Aproveitamento Curricular. Enquanto, 13,33%

corresponde a categoria ”Não”.

Por último, no teste de associação livre de palavras as mais evidentes foram,

“Educação”: Escola, Aluno, Professor; “Aprendizagem”: Processo, Dificuldades, Conhecimento.

Conclusão

Com base na análise é possível considerar que há prevalência do público feminino no

curso de graduação em Psicopedagogia. Também prevalecem os que estão entre 20 aos 25

anos de idade. Há uma prioridade primária que está na formação profissional, do que a

constituição familiar, por exemplo, que na pesquisa caracteriza-se a minoria que já possui filhos

e o estado civil.

22

Pelas categorias 80% dos participantes atribuem a objetivos pessoais as motivações

que os levaram a escolher o curso de Psicopedagogia. Uma vez que, as categorias

expectativas profissionais e objetivos sociais vem subsequentes. Consequentemente,

composto de mais da metade deles, 86,67%, acreditam que o curso atende as expectativas.

Desse montante, 60% considera essa satisfação pelo aproveitamento da grade curricular

elaborada com as disciplinas e atividades durante a ministração do curso. Outros 40%

relacionam a suas satisfações em experiências pessoais.

Portanto, é possível considerar a uma maior identificação dos participantes em

Psicopedagogia, suas expectativas iniciais ao longo do curso estão sendo atendidas, e

principalmente, que os dados levantados sobre a expansão de atendimento do curso para eles,

correspondem e se relacionam positivamente ao que atribuíram as suas motivações de escolha

por Psicopedagogia.

Apoio: Bolsista CAPES

Palavras chaves: Análise de conteúdo; Dificuldade de aprendizagem; Graduação em

psicopedagogia; Papel do psicopedagogo; Regulamentação.

23



PSICOPEDAGOGIA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE GRADUANDOS SOBRE A

PROFISSÃO

Aline Paz Freitas Gonçalves (1); Fernando Fabiano Gonçalves de Lima (1); Janaína da Silva

Gonçalves Fernandes (1); Marina Ralston Cerquinho Malta Farina (1); Maria Laura Puglishi

Barbosa Franco (2); Márcia Siqueira de Andrade (2).




Área Temática: Ciências Humanas

Introdução

O Conselho Federal de Psicologia, não aceita a regulamentação da carreira de

psicopedagogo, porém a mesma dificuldade ocorreu com o reconhecimento da carreira de

psicólogo, somente aprovada em 1962, por interesse do capital e não propriamente cientifico,

pois já existia desde o final século XIX. A própria pedagogia não tem sua profissão

regulamentada, mas é aceita pela academia. “Mas a pedagogia não se constituiu como ciência

unitária, posto que falta a ela a formulação básica de objetos de estudo, bem como se tornou

suscetível a toda sorte de influências conjunturais, emanadas das ciências que, a cada

momento, estão em evidência” (SASS, 2003).

Perante a situação educacional vigente, são necessários esforços conjugados de

investigações e intervenções das distintas disciplinas auxiliares da educação. A superação dos

abismos existentes entre a psicologia e a pedagogia é uma meta a ser conquistada, por todos

os profissionais, sindicatos, universidade, na resolução dos problemas que causam o

sofrimento psíquico de tantas crianças, jovens, pais e professores.

No primeiro semestre de 2014 foi regulamentado o exercício da atividade

psicopedagógica. Cabe a seguinte indagação: Quais seriam as representações sociais que os

graduandos detêm de sua futura profissão?

Metodologia

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A pesquisa contou com a participação de 12 graduandos do curso em Psicopedagogia.

São participantes de ambos os sexos que pertencem aos municípios da Grande São Paulo.

Baseando-se da Teoria de Representações Sociais de Moscovici (2012), para coletar

dos dados dos participantes, foi utilizado como instrumento, um questionário composto de

questões fechadas, que objetiva identificar o perfil dos participantes; com questões abertas,

que objetiva obter as representações sociais dos graduandos; e a aplicação de um teste de

associação livre de palavras, contendo as seguintes palavras “Psicopedagogia” e “Profissão”.

As respostas obtidas às questões fechadas foram submetidas a uma análise percentual e as

questões abertas e o teste de associação livre, à Análise de Conteúdo (Franco, 2012).

A partir de uma pré-análise dos dados fornecidos e de uma leitura flutuante, foram

criadas categorias não definidas, ou seja, que surgiram das respostas dos participantes. Com

caráter de respostas diversificadas, os dados contribuíram para a criação de diversas

categorias, levando em conta a similaridade ou heterogeneidade dos conteúdos implícitos nas

respostas. Os dados foram analisados pela quantidade de indicadores, ao invés da quantidade

de participantes.


Foi realizada a caracterização dos participantes. Entre eles, 86,67% são mulheres e

13,33% são homens. As faixas etárias são: 46,67% de 20 a 25 anos, 33,33% de 25 a 30 anos,

6,67% de 30 a 35 anos, 6,67% de 35 a 40 anos e 6,67% acima de 40 anos. Referente ao

estado civil, 66,67 % são solteiros, 26,67 % casados e 6,67 % considera estar em uma união

estável. Dentre eles, 80 % possuem filhos e 20% não possuem. Todos os participantes,

correspondendo a 100% estão atuando profissionalmente na área de humanas.

Quanto às questões abertas, as perguntas foram: “O que você pensa sobre a

Psicopedagogia como profissão regulamentada?” e “Qual o papel o Psicopedagogo pode

desempenhar?”. Foram as seguintes categorias na primeira questão: Valorização da profissão

com 100%, Oportunidade de aprendizagem em crianças e adolescentes 53,33% e

Desenvolvimento futuro 53,33%. A segunda questão foram as seguintes categorias: Auxiliar o

Professor 53,33%, Prevenir problemas futuros 46,67%, Importância do psicopedagogo na

educação informal 26,67%, Ajudar em situações diversas 73,33%.

No teste de associação livre de palavras, foram submetidos as palavras

“Psicopedagogia”, sequenciado por Aprendizagem, Ensinar, Intervenção; e “Profissão” tendo

como sequência as palavras, Realização, Trabalho e Psicopedagogia.

Conclusão

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A partir da análise das categorias, é possível considerar que todos os participantes

apontam uma maior valorização do profissional psicopedagogo diante das necessidades

educacionais, institucionais e sociais que rodeiam a aprendizagem, seu desenvolvimento e

dificuldades. Os participantes acreditam que com a profissão regulamentada abre-se

possibilidades do profissional atuar em nível multidisciplinar com outros profissionais no auxílio

da aprendizagem em crianças e adolescentes, e principalmente, no trabalho da prevenção dos

problemas e dificuldades de aprendizagem.

Contudo, ao questionados sobre o papel do psicopedagogo frente a está realidade, de

ajudar em diversas situações, junto aos professores e suas atividades, destacam também a

importância do psicopedagogo na educação informal e novamente na prevenção de problemas

futuros.

Sendo assim, os graduandos em psicopedagogia representam positivamente a

regulamentação do exercício da atividade em psicopedagogia, pois esta vitória profissional

contribui para elevar o atendimento psicopedagógico nos problemas e dificuldades na

aprendizagem nos diversos âmbitos, com o aumento da visibilidade do profissional e das

possíveis soluções aos casos, junto do reconhecimento de outros profissionais.

Apoio: Bolsista CAPES.

Palavras chaves: Análise de conteúdo; Dificuldade de aprendizagem; Psicopedagogo;

Reconhecimento; Regulamentação.

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4.2.8 Linguística, Letras e Artes

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A LITERATURA PORTUGUESA E O MEDO: O CASO DE AL BERTO

Leonardo de Barros Sasaki (¹)

(¹) Doutorando em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo

e-mail: [email protected]

Área: Linguística, Letras e Artes

Introdução:

O medo tem um longo percurso dentro da tradição literária portuguesa – desde, por exemplo, o

contraponto da bravura épica no século XVI até a constituição mesma de uma mundividência

baseada no medo nos fins do século XIX, que se prolonga, de certo modo, até a

contemporaneidade. O caso exemplar do poeta contemporâneo Al Berto (1948 – 1997) ajuda a

colocar essa tradição em perspectiva. Assim, a partir do título de sua obra completa, O Medo, e

da sua constante tematização, interroga-se quanto à centralidade do medo na obra de Al Berto.

Tal sentimento está diretamente ligado à constituição de um sujeito poético “neodecadente”,

isto é, fragilizado, melancólico e hipersensibilizado, cuja voz estabelece-se como declaração

íntima em que se manifestam os dramas da contemporaneidade. Busca-se, dessa maneira,

observar e discutir as relações entre o medo e a literatura na figuração da persona albertiana:

seja pela perspectiva metalinguística do ato criativo (e os paralelos entre as operações de

simbolização fóbicas e artísticas), seja pela sua tematização, em que se articulam as opções

formais no campo literário e o contexto histórico da sociedade contemporânea (o medo do

eterno devir e da fragmentação identitária; da solidão e dos laços afetivos frágeis; e, o último

deles, da morte).

Metodologia:

O corpus da pesquisa compreende todo o trabalho poético de Al Berto reunido na mais recente

edição de O Medo (de 2005, aumentada e revista). Já não bastasse o título que diretamente

sugere um olhar do conjunto para o tema, o medo é citado do primeiro ao último livro coligido –

na abertura de À procura do vento num jardim d’agosto (1975), lê-se: “perscruto o eco de meu

corpo, o silente medo de continuar vivo”. E, em Poeira de lume (de 1997, juntado

postumamente às obras completas), registra: “os tentáculos / de um polvo aprisionam a cabeça

daquele / que se esconde no temor perene das mãos”.

Se a pesquisa concentra-se, a priori, na obra O Medo, isso não significa que demais volumes

não são chamados complementarmente. Isso porque o medo está disseminado na quase

totalidade das publicações – para exemplificar, anota-se a recente publicação dos Diários

(2012) que trouxe novos subsídios para a reflexão: “o corpo da treva é o meu corpo. o corpo do

medo está em mim”; “o medo tolhia-me. o medo cobria o mundo que avistava pelas janelas”.

Os textos são analisados com o suporte de uma bibliografia cuja base teórica poderia ser

dividida em dois grandes grupos: a) sobre poesia portuguesa contemporânea (Rosa Maria

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Martelo, João Barrento) e sobre Al Berto (Fernando Pinto do Amaral, Emerson Inácio); e b)

sobre o medo e a contemporaneidade (Zygmunt Bauman, Paul Virilio).

Resultado e Discussão: A pesquisa encontra-se ainda em andamento e constituirá a base de nossa tese de

doutoramento. A análise realizada até o presente momento já permite perceber que, ao se

eleger o tema do medo nessa poesia, encontra-se uma profunda reflexão sobre a

contemporaneidade por meio de um indivíduo que, frente ao seu tempo, se configura como

autoafirmação da subjetividade e como resistência à banalização e/ou esterilização da

experiência.

Quando posto em diálogo com outros autores dentro dessa “tradição do medo”, evidencia-se

como tal sentimento, em Al Berto, tem alcance mais profundo e, para além do meramente

temático, é estruturante em sua obra: a grande maioria dos temas fulcrais de sua lírica (a

vivência noturna da cidade, a solidão, a melancolia, a doença, a ruína, a morte) irradia desse

“centro sísmico” – para aproveitar metáfora cara ao poeta. As próprias escolhas formais –

como, por exemplo, a hibridização/simulação dos gêneros autobiográficos – coadunam-se com

essa poética centrada na experiência e na análise íntima da vivência do medo.

Conclusão:

Por se tratar de um work in progress, apresentam-se as considerações que já se afiguram

assentadas – sobretudo no que tange às mudanças na valoração cultural do medo, da qual a

obra é expressão.

Assumir a incerteza do medo significa negar-se uma (falsa) zona de conforto, o que não é,

portanto, sinônimo de covardia. Quando traz para o seio de sua poética o medo e sua

contingência, se sujeita aos riscos e se apropria deles como forma de reflexão e conhecimento,

Al Berto está na contramão de uma cultura que direciona suas preocupações para questões

muitas vezes superficiais e ditadas por um uso político do medo.

Se a fuga é uma das típicas reações do medo, a de Al Berto nada tem de ver com o

automatismo do instinto de sobrevivência, que se prolonga em cautela, regramento e ausência

de confronto. Para falar em instinto de “sobre-vivência” é preciso desdobrar seu étimo: não é

mera garantia de continuidade mecânica das funções biológicas, tampouco é a obra que

perdura no tempo; é vida que se quer além, em excesso, como gesto de alerta quando os

modelos vigentes, afinal, estão aquém ou acossados pela permanente possibilidade da

banalização ou rebaixamento do humano. Talvez essa seja a lição do medo, do medo

assumido e experimentado de frente: o testemunho humano da coragem de ser frágil.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA PORTUGUESA; AL BERTO; MEDO

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ENSAIO SOBRE MÚSICA E CIDADANIA: CONTRIBUIÇÕES DAS PRÁTICAS DO ENSINO

COLETIVO DA LINGUAGEM MUSICAL NA FORMAÇÃO DO HUMANO

Roberto Kittel Pohlmann(1); José Estevam Gava (2);

(1) Mestrando em Educação pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC); Licenciado

em Música pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

(2) Doutor em História, Mestre em Artes e Bacharel em Música pela Universidade Estadual

Paulista (UNESP).

E-mail: [email protected]; [email protected].

Área: Linguística, Letras e Artes;

Introdução

O documentário Pro dia nascer feliz, do cineasta João Jardim, foi o ponto de partida

para pensar a música na formação da cidadania do humano. Nesta obra são apresentadas

realidades distintas de algumas escolas brasileiras. A música se faz presente numa escola de

periferia por meio de um projeto de educação continuada: tambores e canto se unem e fazem

com que a comunidade Olavo Bilac compartilhe o sentimento de povo.

Segundo Pequeno, “a cidadania é a condição social que confere a uma pessoa o

usufruto de direitos que lhe permitem participar da vida política e social da comunidade no

interior da qual está inserida” (s/d, p.4). Neste sentido, entendo o grupo musical como uma

extensão da comunidade, na medida em que é possível promover a consciência dos cidadãos

em espaços coletivos voltados ao ensino da linguagem musical.

Neste relato, compartilho minha experiência junto a um grupo musical caracterizado

como big band, com o propósito de discutir as contribuições dessa prática no processo de

formação da consciência de cidadão dos participantes. Será evidenciado como o sentido de

coletividade pôde ser criado no contexto desse grupo musical e como esse sentido, esse

“modelo” comportamental e de consciência conseguiu ser estendido para os demais níveis de

relacionamento humano.

Metodologia

A metodologia de pesquisa abordada é a pesquisa-ação, modalidade na qual me

inseri como pesquisador no contexto da pesquisa, intervindo no objeto pesquisado, mais

especificamente regendo a big band em aulas de prática de conjunto e propondo inicialmente

alguns temas musicais.

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A definição por esse método de trabalho não ocorreu a priori, mas no decorrer do

projeto, em virtude do documentário Pro dia nascer feliz. Depois de assisti-lo, refleti acerca do

conjunto musical em questão e adotei o método. Ao perceber que poderia levar os alunos a

reconhecerem conscientemente a importância do trabalho em grupo, cooperativo, como esse

no qual estavam engajados, vislumbrei o potencial que ele teria como modelo de processo de

construção da cidadania. Assim, resolvi intervir e refletir conjuntamente com os músicos.

Relato, agora, essa prática que julgo importantíssima na construção do humano.


Para realizar esta pesquisa me baseei em preceitos de Hans Koellreutter (1997),

especialmente ao conjugar trabalho, recreação, disciplina e liberdade nos processos de

aprendizagem musical. A partir disso, procurei construir um ambiente que tornasse o ensino e

a prática musical experiências ricas, interessantes e educativas no sentido mais amplo do

termo. Nas palavras de Koellreutter, “ao lado de ambiente de trabalho intenso e disciplinado,

sadio e realista, encontrar-se-á o da liberdade absoluta e do necessário recreio, ambiente de

camaradagem e de mútua compreensão, entre professores e alunos” (1997, p. 26).

Ao longo das práticas de ensino compus arranjos que envolvessem todos os

estudantes num mesmo nível, sem solistas ou hierarquizações. Assim, cada aluno pôde

contribuir com um trecho, o que permitiu a montagem de uma espécie de mosaico, com todas

as partes interligadas e interdependentes. Minha intenção foi que cada um compreendesse sua

importância como parte de um todo maior e que mesmo o músico menos habilidoso sentisse a

relevância de sua participação no contexto da obra. Como resultado, o clima reinante foi

sempre amistoso e colaborativo, fruto da compreensão e respeito ao próximo, da consciência

de como pode ser engrandecedor o trabalho em equipe.

Conclusão:

A atividade musical dirigida, aqui relatada, partiu da intenção de fazer com que, por

intermédio de um trabalho musical, cada indivíduo se tornasse consciente de sua relevância no

contexto. Quis deixar claro que uma atividade coletiva, qualquer que seja, só funciona quando

cada um desempenha o sua função, respeitando as diferenças e os papéis dos outros. Essa

experiência pode contribuir para a exportação desse modelo de ação para outras esferas da

vida social.

Sendo assim, a atividade musical com objetivo formador, educativo, é mais efetiva

quando se dá a partir de práticas coletivas, que podem também ser desenvolvidas quando se

ministra técnica instrumental, leitura e audição. A apreciação musical em grupo, dirigida e

discutida por todos, é primordial para superar eventuais preconceitos, permitindo a que cada

um amplie sua escuta ao máximo, fazendo aguçar a curiosidade, espírito de pesquisa e senso

crítico. Deve-se, portanto, considerar o trabalho coletivo ao se preparar os currículos escolares

das disciplinas correlatas à música, seja em nível de projetos de educação continuada, seja no

contexto escolar regular.

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Apoio: FAPERGS/CAPES

Palavras-chave: música, educação, cidadania, cooperação.

Referências:

PEQUENO, Marconi. Ética, educação e cidadania. S/d. Disponível em

http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/edh/redh/01/04_marconi_pequeno_etica_educac

ao_cidadania.pdf, acesso em: 30 abr. 2014.

KOELLREUTTER, Hans Joachim. 1º Curso Internacional de férias. In: KATTER, Carlos(Org.).

Belo Horizonte: UFMG, 1997.

SWANWICH, Keith. Ensino instrumental enquanto ensino de música. Cadernos de estudo:

educação musical. São Paulo, Através, nº 4/5, p. 7 – 14, 1994.

.

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O NÍTIDO OBSCURO UNIVERSO MUSICAL DE GUINGA

João Carlos Rocha

Mestrando em Regência Orquestral no programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual

de Campinas (UNICAMP)


Área: 4.2.8 Linguística, Letras e Artes

Introdução:

O projeto teve como objetivo a análise e consequente releitura de seis obras do

cancioneiro do compositor Carlos Althier de Souza (Guinga) compostas em parceria com

diversos letristas. Ao longo de todo o processo, além da abordagem musicológica das canções,

foram também trabalhados os aspectos referentes à performance camerística, o

aprofundamento no campo de diversos elementos relacionados à composição (harmonia,

orquestração etc), assim como a abordagem cancional propriamente dita. A partir do material

analisado foram feitas releituras das canções utilizando-se de um quarteto composto pelos

seguintes instrumentos: Voz, Violão/Viola Caipira, Violino e Violoncelo nas mais variadas

combinações buscando identificar e salientar traços do hibridismo erudito-popular contido em

tais obras. O projeto "Ramos de Delírios" comprovou se tratar de uma experiência que

relaciona a performance per se a um procedimento analítico que por unir ferramentas de

análise tradicionais à outras desenvolvidas recentemente, como a Semiótica da Canção por

exemplo, favoreceu o aperfeiçoamento de técnicas de interpretação.

Metodologia:

A fase inicial do projeto se caracterizou pela coleta de dados. Tal processo deu-se pela

escolha das canções, coleta de elementos extramusicais que levaram à composição de

algumas das obras - estes recolhidos em fontes como depoimentos, entrevistas e textos

publicados - assim como a confecção de releituras criadas tendo como base as análises

realizadas. Para a análise das canções que compõem esse estudo, fez-se necessário a

utilização de algumas ferramentas que fornecessem o necessário embasamento técnico-

teórico e que permitissem a verificação das diversas características que justificariam a hipótese

de um grau de hibridismo erudito-popular presente nas mesmas, de modo que apenas o

simples juízo de valor ou mera adjetivação pudessem ser superados.

Assim sendo, foi com o auxílio de alguns fundamentos da Teoria Semiótica da Canção

aliada aos conhecimentos desenvolvidos ao longo do curso de graduação do aluno

pesquisador - conhecimentos estes relacionados à harmonia, orquestração, práticas e técnicas

de música de câmara etc. - que o escopo do presente trabalho está formado.


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Três categorias de pesquisa ofereceram maiores fundamentos para assegurar a

hipótese de que a produção "guinguiniana" possui de fato elementos híbridos em sua

constituição.

1. O PAPEL DO CANTO: foram feitas observações no sentido de verificar o papel da voz e

demais instrumentos no engendramento total ou parcial de uma textura na qual a melodia

principal não estivesse, única e exclusivamente, apoiada sobre uma massa harmônica formada

por instrumentos acompanhadores ao longo de todas as canções.

2. AS TONALIDADES: há casos nos quais torna-se inviável realizar transposições e/ou

alterações sem que ocorram perdas, seja na execução, seja no caráter imaginado/projetado

pelo compositor para a Música. A partir de tais asserções, pôde-se estabelecer mais um

aspecto que relaciona a obra de Guinga à produção erudita.

3. A ESCRITA: A produção "guinguiniana" supõe instâncias de representação do original, no

sentido pleno da música erudita, pois todas as notas e intenções musicais destas composições

estão definidas com grande rigor e precisão, num processo composicional repleto de minúcias,

característico da chamada música clássica.

Com base nas três categorias de análise listadas anteriormente foram estruturadas as

análises.

Conclusão:

Concluiu-se que, através do processo de análise do presente projeto as categorias de

análise pré-determinadas para a consecução da pesquisa comprovaram-se válidas e serviram

como parâmetro para a fundamentação da hipótese de que há índices variados de hibridismo

erudito-popular na obra do compositor Carlos Althier de Souza, o Guinga.

Apoio: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

PALAVRAS-CHAVE: GUINGA; CANÇÃO; HIBRIDISMO; POPULAR; ERUDITO

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METÁFORA AMPLA: IMAGEM E IMAGINÁRIOS EM LA FRONTERA DE CRISTAL, DE

CARLOS FUENTES

Luciano Prado da Silva

Doutorando em Letras Neolatinas, Área de Estudos Literários Neolatinos (Opção Literaturas

Hispânicas), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Área: Linguística, Letras e Artes.

Introdução:

Parte integrante do projeto de tese intitulado “Literariedade, imagem e imaginários em ...y no se

lo tragó la tierra, de Tomás Rivera, e La frontera de cristal, de Carlos Fuentes”, este trabalho

visa apresentar a categoria metáfora ampla como artifício literário que contribui para que a

mostra em epígrafe componha com imaginários sobre as conflituosas relações de alteridade

entre mexicanos, chicanos e estadunidenses, na representação do romance em tela. São

objetivos da pesquisa de doutoramento a qual se alinha esta comunicação, a demonstração, a

partir da análise atenta dos corpora, de que a literatura ainda tem poder de ação junto a

imaginários acerca do real vivido, além da determinação das estratégias literárias utilizadas no

alcance de tal justaposição. No tocante a La frontera de cristal, destaca-se a proposição

narrativa de fazer com que capítulos inteiros da obra sejam grandes metáforas do temário de

fraturas sobre o qual se ancora o enredo. A metáfora ampla, tecida em grandes imagens

suscitadas pela palavra literária, passa, pois, a servir de caminho que pode enlevar o leitor para

um imaginarium de entrecruzamentos culturais. Assim, essa categoria agrega valor a uma

pesquisa cuja relevância está, ainda, em problematizar a questão contemporânea dos sujeitos

migratórios.

Metodologia:

A investigação científica em questão se caracteriza por ser uma análise qualitativa, documental

e de caráter bibliográfico e comparativista. No que toca a este aspecto comparatista, somou-se

à metodologia eventual pesquisa de campo, advinda da participação deste doutorando nos

XVII e XVII Congreso de Literatura Mexicana Contemporánea em The University of Texas at El

Paso (EUA), realizados em março de 2012 e 2013, respectivamente, entre as cidades que

formam o espaço privilegiado nos romances estudados: El Paso (EUA) e Juárez (México). A

partir de então, revelou-se necessidade e acerto em acrescentar à pesquisa a investigação in

loco.

A coleta, contraste e comparação de dados in loco passou, assim, a ser outro aspecto

metodológico de relevância para o avanço da investigação científica. Textos foram produzidos

para apreciação na Revista de Literatura Mexicana Contemporánea (RLMC) de UTEP. Tais

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textos viriam a ajudar a compor seção que da tese que trata da análise e comparação das

obras trabalhadas, voltada mais especificamente para sua capacidade de projetar imaginários

que interagem junto ao real vivido ou, antes, apreendido.

Por fim, há que se ressaltar que esse aspecto da metodologia proporciona acesso quase direto

a obras importantes para a revisão bibliográfica.


No que toca ao romance de Carlos Fuentes, foco da presente comunicação, os resultados até

aqui obtidos apontam para o uso da metáfora ampla como estratégia literária, produto final do

trato de imagens prévias, históricas, representadas em personagens que muitas vezes

rememoram (ou mesmo reafirmam) visões estereotipadas (e também metonímicas, porque

tomam a parte/personagem como um todo/uma coletividade do real vivido) dos sujeitos

envolvidos nas relações fronteiriças em realce. Tal tratamento literário terá, ainda (dado às

artimanhas narrativas de enlevo empregadas, dado – através da escolha de um narrador que

se adapta a cada tópico ao qual se imiscui em tratar – o poder de fixação da imagem proposta),

papel preponderante sobre outro aspecto do imaginário: seu aspecto de irrupção, sua

característica difusa de surgimento. O artifício da metáfora ampla vai, assim, ao encontro do

caráter de permanência de alguns imaginários, até seu desnudamento (ou não) pelo

leitor/receptor.

Para o alcance dos resultados parciais acima expostos, buscou-se estabelecer diálogo

entretecido com os trabalhos teóricos de Luis Costa Lima (2010, 2011), Wolfgang Iser (2002),

Serge Gruzinski (1988, 2006) e Gilbert Durand (1988).

Conclusão:

Com base nos resultados parciais alcançados, aponta-se que a literatura, criadora também de

imagens, pode, sim, coadunar-se a imaginários já existentes sobre as conflituosas relações

entre mexicanos, chicanos e anglo-americanos e, ainda, servir para a perpetuação, renovação

e recriação destes mesmos imaginários sociais. Mais que isso, a partir da possibilidade de

correspondência para com o real vivido acerca dessa situação de embate, a literatura (nas

observações levantadas da interpretação atenta dos corpora) estabelece também seu lugar de

importância na renovação dos imaginários de conflitos de alteridade ora discutidos. Assim,

observa-se que a literatura segue, passado muito tempo desde o auge de seu poder de ação

sobre os imaginários nacionais (operando por intermédio de estratégias estético-estilísticas,

conforme observado no estudo dos romances em destaque), com poder para agir junto com e

junto ao real sobre o qual ancora sua apreensão e representação, agregando-se à criação de

imaginários com força metonímica de “realidade”. No tangente em específico ao romance La

frontera de cristal, de Carlos Fuentes, será desse modo, tomando a metáfora ampla (imagem)

como caminho que propicia a “metonimização” de seus personagens, que o autor comporá

com imaginários.

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Apoio:

CAPES.

Palavras-chave: Carlos Fuentes, México, Estados Unidos, Metáfora ampla, Imaginários.

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CISNE NEGRO E O LAGO DOS CISNES: REFLEXÕES ACERCA DA TRADUÇÃO DE UMA

OBRA CANÔNICA PARA O CINEMA

Priscilla Cordolino Sobral

Mestranda em Letras na Universidade Federal da Bahia

[email protected]

Área: Letras

Introdução:

A presente comunicação propõe uma reflexão acerca da tradução da peça de balé O lago dos

Cisnes (1875-1876) de Tchaikovsky para o filme Cisne Negro (2010) do diretor Darren

Aronofsky. Partindo da problematização da idéia de tradução como mera reprodução de

sentidos fixos, fadada, portanto, a ser infiel e inferior, o artigo volta-se para uma concepção

pós-estruturalista e desconstrutivista da tradução ressaltando seu potencial transformador,

transgressor e propulsor de novas leituraspossibilitadas pela perspectiva intertextual. É no

contexto histórico e sociocultural do século XXI que o filme Cisne Negro traduz e ressignifica a

peça de balé O lago dos Cisnes reinterpretando-a e atualizando-a. Numa outra arte – o cinema

– outro cenário é apresentado trazendo uma nova temática: o drama interno da busca pela

excelência artística. Observa-se que o filme Cisne Negro, por se tratar de uma tradução

intersemiótica, traz as marcas da anterioridade, possibilitando que a narrativa canônica

mantenha-se viva no tempo, podendo dar-se a conhecer atualmente e alcançar novos

públicos por meio das traduções.

Metodologia:

Sendo o cinema uma arte que se constrói sobre a reprodução de imagens em movimento,

traduzindo uma dada visão de mundo, tal representação pode ser analisada pelo viés de duas

vertentes: a concepção platônica da representação; e aquela que afirma o potencial do

simulacro. A comunicação proposta irá refletir sobre o cinema como tradução, abordando a

discussão sobre leituras de ambas as vertentes que se baseiam em princípios distintos. Pelo

viés platônico, a tradução cinematográfica de obras literárias é considerada como arte “menor”

e secundária, em posição de simulacro, que reproduz um original já existente, sendo, portanto,

desprestigiada. A perspectiva, que afirma o simulacro como potencial transformador e produtor

de diferenças, reverte o platonismo, e é proposta por Gilles Deleuze, cujo pensamento está

intimamente relacionado à perspectiva pós-estruturalista. Propõe a revalorização da tradução

como produtora de sentido e considera o cinema como tradução, um simulacro em potência, ao

proporcionar a acessibilidade de uma obra canônica ao público de massa e a sua permanência

no tempo e no espaço.

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Resultado e discussão:

Sob a perspectiva pós-estruturalista e desconstrutivista, a tradução intersemiótica

constitui simulacro em potência, que não desfaz o prestígio aural da anterioridade, nem a

desqualifica. Estabelece uma relação de mútua invaginação entre as duas obras. Desta forma,

o “original” torna-se prestigiado através da “cópia”, sem a qual a própria ideia de original perde

sentido, e esta por sua vez, serve de modelo “original” para “cópias” subsequentes: “O original

sempre se revela parcialmente copiado de algo anterior” (STAM. 2007: 22). A tradução, assim

compreendida, torna-se uma experiência de leitura e interpretação, única e autêntica, vinculada

à individualidade do sujeito tradutor, no tempo e no espaço em que é processada. Seguindo

este pressuposto, não existe nada além de interpretações, e todas contribuem para o

enriquecimento das obras de arte, com novos significados, sob uma diversidade de pontos de

vistas. O simulacro reafirma, pois, o caráter de fissura, afastando-se da perspectiva clássica

da unicidade e da verdade.

Conclusão:

Dentro desse raciocínio, Piotr Ilich Tchaikovsky e sua célebre peça de balé O lago dos

cisnes revitalizam-se através do filme Cisne Negro, junto a um novo público. Sem retirar o

prestígio aural de Tchaikovsky, Darren Aronofsky, diretor do filme, traduz a obra

anterior, veiculando-a como resultado de uma nova leitura. Afirmando seu potencial de

simulacro, o filme não reproduz a peça pelo viés da similitude, nem busca “fidelidade” à obra e

ao contexto de partida, mas encarna a dissimilitude, deslocando a anterioridade para um novo

contexto, substituindo a magia feérica presente no balé, por questões de ordem psicanalítica,

abordando o conflito interno de uma bailarina na busca pela perfeição artística. É sob um

processo recriativo que o filme traz uma nova roupagem do balé, propondo deslocamentos de

sentidos, comprovadamente não estáveis.

Apoio: Ausente

Palavras-chave: Simulacro, Cinema, Tradução Intersemiótica

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DIÁLOGO ENTRE CISNES: DA ORALIDADE ÀS SUAS TRADUÇÕES

Priscilla Cordolino Sobral

Mestranda em Letras na Universidade Federal da Bahia

[email protected]

Área: Letras

Introdução:

Ao propor um diálogo entre o conto de fada O véu Roubado (1782-1786) do escritor

alemão Johann Musaeus e o balé O Lago dos Cisnes (1875-1876) de Tchaikovsky, o presente

trabalho tem por objetivo refletir sobre a tradução intersemiótica observando os vínculos

mantidos com a anterioridade no que concerne à estrutura do conto de fada e as

transformações e atualizações ocorridas. Buscando refletir sobre o processo

de transcriação das narrativas orais como estética literária, a apresentação proposta parte da

compreensão dos contos de fadas como relevante manifestação literária da cultura popular,

para refletir sobre o processo tradutório pela perspectiva pós-estruturalista. Observa-se que a

cultura oral não somente se manteve presente no espaço e no tempo por meio das

traduções dos rastros, tais como os ritos iniciatórios e a estrutura fadesca, como também é

enriquecida com diálogo estabelecido entre textos e a produção de novas leituras.

Metodologia:

O trabalho proposto utiliza o método comparativo e parte da estrutura dos contos de fadas e

dos ritos iniciatórios na análise das obras. A partir da análise dos textos, busca-se refletir sobre

as transformações operadas no ato de tradução da oralidade - o conto de fada – para o libreto

do balé O lago dos Cisnes, narrativa imbuída dos ideais românticos.


A primeira observação a ser feita com relação à tradução do conto de fada refere-se

à transformação do texto oral para o texto escrito. Assim, vemos que a tradição literária oral

popular, quando transformada em produção escrita, sofre suas primeiras mudanças, com a

linguagem, que se apresenta mais lapidada, com novos intertextos, destinada a novos

públicos. Observa-se, então, uma cadeia de transformações: a narrativa da tradição oral

se desloca para o conto de fada escrito, que por meio do ato tradutório intersemiótico desloca-

se para a peça de balé erudito, sob a assinatura de Piotr Lich Tchaikovsky. Pertencentes a

culturas distintas – a alemã e a russa – conto e música se completam com a tradução,

destinados a públicos distintos, em diferentes épocas. Mergulhado nos ideais românticos do

século XIX, o conto de fada se desloca no tempo transformado em uma arte clássica, o balé,

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para ser apresentado à nobreza. A obra de partida é suplementada pela transformação da

linguagem, enriquecida pela música, pelas danças e pelo próprio ideal romântico, que

concedem ao conto um novo semblante, tornando a história conhecida internacionalmente,

suscitando inúmeras traduções em uma diversidade de linguagens.

Conclusão:

Seja o texto pertencente à cultura popular oral, ou ao cânone, todos se constroem a partir de

muitas vozes, de muitos textos. Por este viés, ao conceber a tradução como reconstrução,

transformação, recriação do texto anterior ou de suas anterioridades, observa-se que não

existe “o original”, pois todos os textos o são. A perspectiva pós-estruturalista desconsidera a

hierarquia entre as artes, valoriza o simulacro e nega toda e qualquer postura essencialista,

mantendo sob questionamento teorias centralizantes e totalizadoras. Observando o balé pelo

viés do conceito de suplemento, constatamos, mais uma vez, que a obra de partida jamais se

esgota na tradução, e se revela como resultado da necessidade de seu movimento contínuo e

ininterrupto, imposto pelo tempo, pelas diferenças culturais, geográficas, pela singularidade do

tradutor, fatores que exigem transformações na narrativa, uma vez que o público anseia por

novas releituras na busca de representações mais próximas do seu contexto.

Apoio: Ausente

Palavras-chave: Tradução intersemiótica, Contos de Fadas, Oralidade, Balé

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VINICIUS DE MORAES, POETA ELEGÍACO

Rafael da Silva Mendes

Mestrando em Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)


Área: Literatura Brasileira

Introdução

Vinicius de Moraes, nome importante para a cultura musical brasileira como partícipe

do movimento que foi a Bossa Nova, segue como um dos mais afamados compositores do

país, e até como vultuoso sonetista nacional. Entretanto, sua produção poética jamais gozou

de muita popularidade, sobretudo no que se refere a estudos acadêmicos, pois são ainda

escassos os que se debruçaram sobre sua obra – fato que se deve, aliás, justamente à sua

postura irreverente, aproximando-o, ao longo dos anos, da cultura popular e afastando-o dos

padrões inspirados e esperados pela academia. Procuramos, então, por meio deste trabalho,

contribuir para a reparação de uma injustiça histórica.

De O caminho para a distância, seu primeiro livro publicado, a Para viver um grande

amor, o último, perpassando todas as suas coletâneas de poemas inéditos, percebemos que

Vinicius, em ambas as fases em que divide sua obra – a primeira, mística e transcendental, e a

segunda, física e material, e até social –, mantém em sua expressão uma constante: uma

dicção lamentosa, um tom que chamaremos elegíaco, e que será o fio condutor desta leitura de

sua produção poética.

Metodologia

Para investigarmos a presença do tom elegíaco na poesia viniciana, estabelecemos

como método de leitura a observação de determinados “motes elegíacos”, que seriam os

diversos elementos geradores do fator elegíaco, variantes em cada fase do poeta. A tristeza,

portanto, enquanto uma constante ao longo da obra de Vinicius, apresenta porém nuances

várias ao longo de toda a obra, de modo a corresponderem aos motes que para esta leitura

estabelecemos.


Para além dos motes elegíacos explanados em nossa pesquisa, deparamo-nos com

um momento central na obra de suspensão dos mesmos, porque constitui um instante

simbólico de síntese de tudo que fora, era e viria a ser viniciano: trata-se da obra Cinco elegias,

que reflete em suas longas composições estruturas das mais variadas e experimentais formas,

poemas que fundem ou alternam em si características de ambas as fases da obra do poeta,

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das quais este livro é considerado justamente o marco de transição. Metonimicamente,

portanto, através destas Cinco elegias, é possível ratificar a validade de nossa leitura da obra

através dos motes elegíacos estabelecidos – de modo a não perder de vista, inclusive, a

presença da elegia desde o título do livro em questão.

Conclusão

Ao fim de nosso estudo, percebemos que os motes elegíacos que verificamos na obra

viniciana, representações de tristeza e lamento nesta poesia, poderiam todos ser resumidos

em um mote elegíaco fundamental. Assim, consideramos a “solidão” o fator essencial de toda a

produção poética de Vinicius de Moraes, em todas as suas manifestações diversas no decorrer

dos anos e dos livros.

Apoio: FAPERJ

PALAVRAS-CHAVE: VINICIUS DE MORAES, POESIA, LAMENTAÇÃO, ELEGIA

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A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO ENSINO DE ARTES NO BRASIL

Marcos de Morais (1)

(1). Especializando em Metodologia do Ensino da Arte pela Faculdade Internacional de Curitiba

- FACINTER, do estado do Amapá.


Área: Lingüística, Letras e Artes.

Introdução

Esse estudo que aqui denominamos de “A Evolução da Legislação do

Ensino de Artes no Brasil” em nenhum momento pretende esgotar o debate sobre a legislação

educacional do ensino de artes, e sim deslocar para o primeiro plano, questões como a

importação de modelos educacionais que permeiam toda a história da educação Brasileira e

atinge também o ensino de arte.

Os tópicos foram divididos metodologicamente para facilitar a compreensão

a respeito das questões centrais, tendo em vista, que o primeiro versará a respeito das

legislações que normatizaram as primeiras experiências sobre o ensino de arte no Brasil, o

segundo abordará os problemas enfrentados pela arte educação, pela falta de democracia

durante boa parte do século XX, e a última parte, buscou compreender melhor o período

posterior a redemocratização do País, onde a legislação do ensino de arte passa a pauta a sua

obrigatoriedade, e rompendo com equívocos históricos a respeito da disciplina.

Metodologia E estudo foi desenvolvido como uma pesquisa bibliográfica, com foco em livros publicados a

respeito do assunto e o próprio texto das leis, e em seguida os dados foram submetidos a uma

analise interpretativo, tendo em vista as transformações das questões que determinam esse

objeto de estudo, que está em constante transformação.


A história da legislação educacional do ensino de arte no Brasil teve seu embrião plantado por

um decreto de D. João VI em 1816 ainda no período Imperial. Esse período embrionário trouxe

para cena o debate a concepção francesa (aristocrata) e a inglesa (republicana), a primeira

elitista e a segunda de cunho mais popular, resultado de nossa política histórica de

importarmos modelos educacionais, que também teve seus reflexos no ensino de arte.

Em um segundo momento o debate sobre a introdução do ensino de arte no currículo das

escolas brasileiras, encontra uma série de resistência, primeiro durante os governos

republicanos, que temiam o retorno do império, e logo em seguida, o ensino de arte sofre um

duro golpe por parte da ditadura militar, que descaracterizou toda a experiência artística já

realizada em solo brasileiro.

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A partir de 1996 inicia timidamente as medidas para estruturar e resolver os equívocos da

legislação educacional do ensino de arte no Brasil, em 2008 e 2010 por decretos presidenciais

passar-se a ter o entendimento da necessidade de professores com formação especifica para

cada linguagem (Artes Visuais, Teatro, Dança e Música) e ser resolve considerar as

expressões regionais como conteúdo da disciplina.

Conclusão Este Estudo sobre a legislação educacional do ensino de arte no Brasil analisou os marcos

legais que normatizaram o ensino das linguagens artísticas ao longo da história da educação

brasileira. Essa abordagem metodológica segundo os dados analisados apresenta como

centralidade para o atual cenário da legislação sobre o ensino de arte no Brasil, a política

histórica brasileira de importação de modelos educacionais que também foi muito presente no

ensino de artes, que buscou forjar uma educação de cunho mais popular, nesse contexto, da

construção da legislação do ensino de arte, o Estado por mais 50 anos durante o século XX

buscou incessantemente controlar as estruturas artísticas e o ensino de arte, negando a

capacidade crítica da produção artística para manter seus “status quo”, com a

redemocratização do País, finalmente ocorre à consolidação da legislação do ensino de artes

no Brasil.

Apoio: Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER;

Palavras-chave: Arte, Legislação, Educação.

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A TRADUÇÃO DO CONTO BLISS DE KATHERINE MANSFIELD POR ANA

CRISTINA CESAR: UM EXERCÍCIO DE CRÍTICA E INVENÇÃO

Deliane Leite Teixeira

Mestranda do PPG de Literatura e Crítica Literária da PUC-GO.


Área: Linguística, Letras, Artes

Introdução:

A presente pesquisa tem por objetivo estudar de que forma a tradução do conto Bliss

de Katherine Mansfield realizada pela poeta carioca Ana Cristina Cesar, pode ser interpretada

como crítica e invenção. O conto Bliss possui várias traduções para o português, sendo a mais

conhecida delas a versão do escritor Érico Veríssimo. Esta versão foi responsável pela difusão

da obra de Katherine Mansfield no Brasil e nos interessa também neste estudo.

Metodologia:

Partindo da ideia de Octávio Paz de que toda tradução é uma espécie criação, esta

pesquisa quer verificar de que forma o exercício crítico realizado por Ana Cristina César na

tradução do conto Bliss, pode ser encarado como invenção literária. Por meio de uma pesquisa

exploratória, pretende-se realizar uma pesquisa que analise uma leitura intertextual entre a

versão concebida por Ana Cristina Cesar e por Érico Veríssimo; o grau de literalidade que

ambas as traduções apresentam e de que forma Ana Cristina Cesar, na tradução de Bliss,

concebe o viés crítico na forma da invenção/decifração literária. A pesquisa contará com

embasamento teórico-bibliográfico quanto às proposições sobre tradução, com os estudos de

Haroldo de Campos, Rosemary Arroyo e Paulo Henriques Brito. Quanto à crítica literária e

invenção, serão utilizados os estudos de João Alexandre Barbosa, Júlio Cortázar, Humberto

Eco, Northrop Frye, Roland Barthes e Walter Benjamin.

Resultados e Discussões:

Por meio do estudo das duas versões do conto Bliss de Katherine Mansfield realizadas por Ana

Cristina Cesar e Érico Veríssimo, esperamos abrir mais uma possibilidade interpretativa de

tradução enquanto exercício inventivo. Por meio do estudo das duas versões do conto Bliss de

Katherine Mansfield realizadas por Ana Cristina Cesar e Érico Veríssimo, esperamos abrir mais

uma possibilidade interpretativa de tradução enquanto exercício leitura, crítica e linguagem,

dentro do status da modernidade. Publicar o material em revistas literárias especializadas; a

fim de contribuir com futuros estudos de tradução e crítica literária.

Conclusão

Traduzir para João Alexandre Barbosa não significa somente recuperar os veios de uma língua

diversa, mas, sobretudo, criar o espaço para uma leitura convergente dos, tempos da

linguagem (...). O papel do crítico revela-se nesse sentido, como aquele que deseja a própria

linguagem, pelo poder conotativo do signo linguístico e sua polissemia . Ana Cristina Cesar

evidencia em seu exercício tradutório, a apreensão da polissemia do signo linguístico, fazendo

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do mesmo não a representação “fiel” do objeto estável, mas uma máquina de significados em

potencial, como bem afirma Rosemary Arroyo. O artigo pretende ponderar de forma a escritora

exerce o inventio no exercício da tradução que realiza.

Instituição de Fomento e Apoio Sem fomento público.

Palavras-chave: Tradução, Invenção, Ana Cristina César, Katherine Mansfield, Modernidade.

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O PERSONAGEM COMO METÁFORA E O DIÁLOGO INTERTEXTUAL NOS ROMANCES DE

AUTRAN DOURADO

Thaís Seabra Leite (1)

(1) Doutoranda em Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

[email protected]

Área: Ciências humanas, letras e artes

Introdução

Em Uma poética de romance: matéria de carpintaria (1976), Autran Dourado reflete

criticamente sobre o fazer literário e explicita o planejamento narrativo que precede a

construção de algumas de suas principais obras. Dentre as diversas questões levantadas

sobre o romance, merece especial atenção a formulação do personagem como metáfora. Para

escritor mineiro, é a partir das metáforas que o imaginário ganha forma, apresentando-se ao

leitor por meio de imagens. O personagem como metáfora corresponde, portanto, à carnadura

concreta, imagem que materializa ideias e sentimentos, de uma possibilidade existencial

humana e compreende duas acepções fundamentais: metáfora textual, quando um

personagem é metáfora de outros personagens da mesma trama, e metáfora intertextual, caso

em que o personagem encarna personagens de obras literárias diversas.

Partindo de duas obras de Autran Dourado, Ópera dos mortos (1967) e Os sinos da

agonia (1974), o presente trabalho dedica-se à investigação do personagem como metáfora

intertextual. A fim de executar tal tarefa, serão explicitadas as relações entre os romances

autranianos e obras magnas da literatura ocidental, como o Hipólito, de Eurípides, Macbeth, de

Shakespeare, e O engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes.

Metodologia

A fim de compreender a função significativa do conceito de personagem como

metáfora na obra de Autran Dourado, foram escolhidos os romances Os sinos da agonia e

Ópera dos mortos. O presente estudo aspira à elaboração de uma interpretação

correspondente ao vigor criativo que rege os princípios estruturais de cada romance e, por

isso, para compreender a metáfora, fundamenta-se nos estudos de Gaston Bachelard sobre a

imaginação material e dinâmica.

Para além de uma leitura interpretativa em constante reflexão sobre as regras de

composição do escritor mineiro, este trabalho utiliza um método comparativista de formulação

do conhecimento. Ao pretender desvendar de que metáforas intertextuais Autran Dourado se

vale na composição dos romances, admite-se aqui, portanto, a necessidade de compreender

uma obra de arte a partir de uma abordagem que privilegie a intertextualidade, reconhecendo

que um texto compõem-se de muitos outros textos.


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Compreendendo que a metáfora, enquanto imagem, precisa de substância e forma,

Autran Dourado afina-se com estudos bachelardianos sobre a imaginação material e dinâmica

e concebe o personagem como materialização de idéias, intuições e sonhos. Ao compor um

personagem-metáfora e desdobrá-lo em metáforas de metáforas, o autor elege as imagens

metafóricas não mais como simples ilustrações sem intenção significativa, mas como potências

que buscam, através da matéria, a intimidade do ser e a singularidade inventiva de cada

imagem, enriquecendo o sentido da obra para muito além de descrições fixas e

caracterizações tradicionais.

Malvina, de Os sinos da agonia, encarna Fedra, e traz à luz o drama de uma mulher

apaixonada pelo filho do próprio marido. Rosalina, em Ópera dos mortos, é Antígona: sacrifica

a existência para honrar a linhagem ressentida dos Honório Cota. Pensar a intertextualidade

no universo ficcional de Autran Dourado leva à conclusão de que não apenas um personagem

é metáfora de outro, mas um texto é também metáfora de outros textos.

Conclusão

A obra de Autran Dourado apresenta-se, portanto, imaginativamente rica

porque concebe o personagem não como tipo social, mas como possibilidade existencial

humana: é pela constituição metafórica que os caracteres romanescos ganham vida em

imagens. Os romances autranianos não se limitam ao tempo e ao espaço em que as

narrativas se passam, mas revisitam obras escritas em épocas e países diversos do Ocidente.

Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

Palavras-chave: Autran Dourado; Intertextualidade; Personagem como metáfora

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SIMETRIA EM VILLA-LOBOS E SUAS RELAÇÕES COM BÉLA BARTÓK

Allan Medeiros Falqueiro(1)

(1) Doutorando em Música na Universidade de São Paulo


Área: Linguística, Letras e Artes.

Introdução:

Este trabalho tratará do projeto de pesquisa em andamento no Doutorado em Música, na

Universidade de São Paulo, na linha de pesquisa Teoria e Análise Musical. O objeto de estudo

é a música de Heitor Villa-Lobos, com foco principal nas obras compostas entre 1945 e 1950.

Este escopo foi escolhido devido à linguagem composicional das obras e também por ser um

período em que Villa-Lobos viajou frequentemente aos EUA, onde o compositor pode ter

entrado em contato com a música de Béla Bartók por meio de Serge Koussevitzky, principal

contato de Villa-Lobos no país. O projeto propõe também um diálogo entre a linguagem

musical de Villa-Lobos e Bartók, tendo como ponto de partida a simetria e a utilização de fontes

tradicionais. Bartók, muito conhecido por sua dedicação ao estudo e coleta de canções

camponesas do Leste Europeu – inclusive utilizando-as em suas obras – encontrou na

Simetria Inversional uma possível síntese entre a música tradicional e a moderna, que

representam o Leste e o Oeste, respectivamente. Villa-Lobos também pesquisou e utilizou

canções tradicionais, justificando, assim, esta pesquisa. Dentre as obras escolhidas para

análise, constam cinco quartetos de cordas, um trio e um duo para cordas, duas sinfonias, um

poema sinfônico e um concerto.

Metodologia:

O projeto iniciará com pesquisa bibliográfica a partir de autores que versam a respeito da vida

e obra de Villa-Lobos. Seguirei com uma análise das obras, tendo como materiais aquelas

compostas por Villa-Lobos entre 1945 e 1950. Será utilizada uma metodologia analítica –

Simetria Inversional – próxima à desenvolvida em minha dissertação de mestrado para a

análise de eixos simétricos na música de Béla Bartók (Falqueiro, 2012), tendo como

fundamentação principal a teoria desenvolvida por George Perle (1972; 1977) e Elliott

Antokoletz (1989). Diversos elementos presentes na Teoria dos Conjuntos, desenvolvida por

Milton Babbitt (1961) e Allen Forte (1973), serão empregados para a exemplificação das

simetrias, visto que as hierarquias tonais não são características fundamentais em uma

atmosfera pós-tonal. A metodologia a ser utilizada também propõe uma nova notação, voltada

diretamente para a visualização das simetrias, eliminando, novamente, as hierarquias

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presentes na notação musical tonal. Após estes estudos, serão realizadas comparações entre

as obras, procurando compreender de forma mais ampla as maneiras como Villa-Lobos

utilizava a Simetria Inversional.


Por se tratar de uma pesquisa em andamento, não possui resultados significativos. A pesquisa

parte da hipótese de que realmente existem eixos simétricos nas obras e de que a análise

destas simetrias pode ser útil para a compreensão da linguagem musical de Villa-Lobos.

Corroboram para esta hipótese pesquisas recentes a respeito do uso de simetrias na música

de Villa-Lobos, como as de Paulo de Tarso Salles (Salles, 2009, 2010a, 2010b; Visconti;

Salles, 2012; Albuquerque; Salles, 2012a, 2012b), o artigo de Rodolfo Coelho de Souza (2010)

e as análises das obras Ondulando (Falqueiro, 2011), Caixinha de música quebrada (Kimizuka,

2012) e Choros Nº 4 e Nº 7 (Albuquerque, 2012).

Conclusão:

Por se tratar de uma pesquisa em andamento, não possui conclusões. Porém, a pesquisa

poderá contribuir para a área da análise musical e aos futuros estudos sobre Villa-Lobos e

outros compositores brasileiros, pois proporcionará informações a respeito de várias obras de

câmara, como as para cordas, e também de obras de caráter sinfônico. A análise destas obras

com um olhar atualizado se torna necessária devido ao fato de que estudos a respeito dos

quartetos de Villa-Lobos datam apenas da década de 1970, com o livro de Arnaldo Estrella

(1970).

Palavras-chave: análise musical; teoria dos conjuntos;Villa-Lobos; Béla Bartók;quarteto de

cordas.

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DESLIZAMENTOS SEMÂNTICOS E APAGAMENTO DOS CONFLITOS NOS DISCURSOS

INSTITUCIONAIS: O CASO DA FÓRMULA DISCURSIVA “CULTURA DE PAZ”

Helena Maria Boschi da Silva1

(1). Mestranda em Linguística na Universidade Federal de São Carlos


Área: Linguística

Introdução:

Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de mestrado, que tem como objetivo

verificar a constituição e a produção de sentidos da fórmula discursiva “cultura de paz” no

espaço público brasileiro. Essa expressão surgiu em 1989 na Conferência Internacional sobre

Paz na Mente dos Homens, realizada pela UNESCO em Yamoussoukro, na Costa do Marfim.

Desde então, ela vem sendo mobilizada em fóruns nacionais e internacionais sob as mais

diferentes perspectivas, produzindo inclusive regulações e políticas baseadas na construção

semântica dada por esses encontros de caráter institucionalizante.

O interesse no estudo dessa fórmula se soma ao fato de que, segundo o último

relatório sobre a “Década Internacional para uma Cultura de Paz e Não Violência para as

Crianças do Mundo (2001-2010)” (ADAMS et al, 2011), o Brasil é o país da América Latina com

maior número de entidades que promovem atividades em nome da supostamente definida

“cultura de paz”, e ainda não é possível encontrar estudos acadêmicos sobre o assunto que

tratem da questão para além da abordagem laudatória. É visando colaborar para o

preenchimento dessa lacuna que realizamos esta pesquisa.

Metodologia:

Tomamos como ponto de partida um levantamento de ocorrências da fórmula em três

jornais de abrangência nacional a fim de verificar como esses dispositivos midiáticos fizeram

(ou não) o sintagma circular: Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e Brasil de Fato. Além

disso, contamos também com o auxílio de relatórios que sintetizam as principais ações

desenvolvidas durante a Década para a Cultura de Paz (DISKIN; NOLETO, 2010; ADAMS,

2007; ADAMS et al., 2011), livros sobre “cultura de paz” e com uma vasta pesquisa realizada

em buscadores, dentre os quais, destacadamente, o Google Search.

Seguindo a proposta teórico-metodológica de Krieg-Planque (2010) acerca do conceito

“fórmula discursiva” e considerações mais recentes acerca dos discursos institucionais (KRIEG-

PLANQUE; OGER, 2010; CUSSO; GOBIN, 2008; RIST, 2002; DUCHENE, 2004), analisamos

as diferentes interpretações que caracterizam os discursos de atores sociais que mobilizaram a

expressão “cultura de paz”, procurando verificar a circulação dessa expressão, mais

precisamente, as práticas que a cristalizam e que são, ao mesmo tempo, por ela instituídas,

num paradoxo constitutivo.

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A análise das ocorrências de nosso córpus mostrou que a fórmula “cultura de paz”,

assim como outras fórmulas discursivas, atua como agente de apagamento da conflitualidade

nos discursos institucionais, notadamente por meio de seu funcionamento como referente

social no espaço público e, como consequência, argumento legitimador de práticas

institucionais diversas. No Brasil, temos universidades, ONGs, prefeituras e secretarias

municipais que promovem atividades várias sob a unicidade dessa “etiqueta”, e até mesmo

projetos de lei adotam essa expressão em seus textos.

As diversas interpretações se materializam nos campos discursivos de formas

variadas, que evidenciam os deslizamentos de sentido e a heterogeneidade presentes sob a

superfície linguística estável da fórmula: ela é mobilizada em programas de “desenvolvimento

social” e de “segurança” (local e internacional, militarizada ou não), em instituições que lutam

pelos “direitos humanos”, em discursos sobre “sustentabilidade”, em textos de entidades que

lutam pelos direitos animais, em discursos de autoajuda e em horóscopos, em eventos e

instituições que pregam a tolerância religiosa e até mesmo mesmo em textos sobre a relação

entre parceiros sexuais (“sexo seguro” / “cultura da paz e do amor”).

Conclusão:

O uso de fórmulas discursivas em propostas de intervenções sociais, estatutos de

entidades, projetos de lei e demais documentos institucionais evidenciam a necessidade de

produzir o consenso – onde inextricavelmente existem conflitos – em nome de um

universalismo que permita o máximo possível de adesão ao discurso da instituição.

Essa “ideologia de objetividade” é característica dos discursos institucionais na medida

em que eles se situam no domínio do “mundo estabelecido”: tendo como locutores atores

sociais os mais diversos e ocupando um lugar de destaque no espaço público, esses discursos

têm como estratégia produzir um “efeito de transparência” (oposto à concepção da língua

enquanto constitutivamente opaca e polissêmica) e de familiaridade que facilitem sua

aceitação, circulação e legitimação no seio da sociedade.

É nessa conjuntura que consideramos importante pensar não só a circulação do termo

“cultura de paz” no espaço público brasileiro, mas também o de várias outras fórmulas que

opacificam o discurso, tais como, por exemplo, “desenvolvimento sustentável”, “segurança

pública”, “liberdade de expressão”, etc.

Apoio: Processo nº 2011/16827-6, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP)

(As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de

responsabilidade da autora e não necessariamente refletem a visão da FAPESP).

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Palavras-chave: análise do discurso, fórmula discursiva, cultura de paz, discursos

institucionais

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A DESCONSTRUÇÃO DA LÍRICA CLÁSSICA E A CONSTRUÇÃO DA POÉTICA DE

MANOEL DE BARROS VIA ARQUISSEMAS E O CAMINHO DA TEOPOÉTICA EM ARTHUR

BISPO DO ROSÁRIO

Janice Ap. F. de Azevedo8

ÁREA: Linguística, Letras e Artes

INTRODUÇÃO

A irracionalidade e irreverência no uso da linguagem poética permeiam a poesia de Manoel de

Barros, de maneira única, desconstruída e desarticulada dos modelos de mundo e de homem

que nos legou a tradição literária. É o não ser, o não lugar, é a poesia para além da convenção

semântica e sígnica, é a surrealidade da linguagem.

Construir o fazer artístico a partir de inutilidades como motivos ou objetos em desuso, matéria

básica da poesia de Manoel de Barros e da obra de Arthur Bispo do Rosário, chega a ser um

ato de ousadia frente ao mundo pragmático, pois trata-se de uma poesia, no primeiro, que

anda para trás, para o sentido primário do significante linguístico e de um significado esvaziado

de valores semânticos. Tal ousadia é tarefa para quem pensa o mundo a partir do viés da

essência, perscrutando-o nos mínimos gestos, falas, entre perdidos por ele achado.

Em Manoel de Barros, o percurso se dará por meio do que o autor nominou de Arquissemas

como unidades da construção poética e em Arthur Bispo do Rosário, o trâmite se fará pela

convenção ainda um tanto nova na história literária e artística que é a Teopoética. Por esse

viés, buscar-se-á no autor o “teoautor”, ou o encontro desse com o elemento sagrado,

designado por ele como a reconstrução do mundo, segundo a vontade de Deus.

OBJETIVOS

Contactar os caminhos percorridos pelos dois artistas, caminhos desconvencionais e que

merecem um olhar não só para as obras em questão, mas também para tais obras como

expressão de um tempo destituído de certezas e de seguranças estéticas, um tempo de

liquidez poética que assistiu ao fenecimento da arte clássica e tem construído seus próprios

caminhos. Tais caminhos podem percorrer desde o desejo de desconstruir quanto a subversão

da lógica da normalidade estabelecida pela convenção ocidental.

8 Mestranda em Crítica Literária pela PUC -‐ Pontifície Universidade Católica de Goiás, Bolsista FAPEG.

[email protected].

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METODOLOGIA

A pesquisa que se pretende empreender sobre a poética da inutilidade de Manoel de Barros

será de natureza bibliográfica, exploratória e descritiva. O corpus em Manoel de Barros é O

livro das ignorãças e Retrato do artista quando coisa. Em Arthur Bispo do Rosário, a análise

será de natureza exploratória e bibliográfica, com visita à obra do artista.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos até então vislumbram a criação de uma didática da ilegalidade pelos dois

artistas. Também apontam para o delírio e para um gorjeio defeituoso da lírica. Por esse

descaminho, tem-se procurado compreender a lógica dentro de uma perspectiva deslogicizada

para se chegar a uma surrealidade da linguagem em sua condição de essência, como bem o

chamou o poeta Manoel de Barros “No descomeço era o verbo”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por se compreender a necessidade da expressão subjetiva por meio da arte e por vislumbrar

em Manoel de Barros o retorno ao cosmos da linguagem essencial é que o TCC em Literatura

e Crítica Literária terá como corpus a obra O livro das ignorãças e Retrato do artista quando

coisa. A busca por uma referência humana não reificada permeia a obra do poeta pantaneiro

por meio da linguagem e seu eterno retorno à infância, em busca de revisitar lugares poéticos.

Em Arthur a busca pela reconstrução do mundo, sustenta seu caos artístico.

A aparente ilogicidade na obra dos dois autores instauram uma lógica artística marcada pela

surrealidade, pelo corpo impossível, pela imaterialidade da palavra e do objeto artístico, o que

é, em primeiro momento, convalidado por uma didática da ilegalidade.

Apoio: FAPEG: Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Goiás.

REFERÊNCIAS

BARROS, Manoel. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 1993;

FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna. São Paulo: Duas cidades, 1978.

ROCHA, Alessandro; YUNES, Eliana; CARVALHO, Gilda (orgs.). Teologias e Literaturas. São

Paulo, Fonte Editorial, 2011.

SOUZA, Elton Luiz Leite. MANOEL DE BARROS a poética do deslimite. Rio de Janeiro:

7letras,2010.

Palavras-chave: Poética, Teopoética, Surrealidade, Ilogicidade.

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QORPO-SANTO E A CENA TEATRAL BRASILEIRA DO SÉCULO XIX

Maria Clara Gonçalves (1)

(1) Doutoranda do programa de pós-graduação em “Teoria e História Literária”, da Unicamp.

E-mail: [email protected] Área: Linguística, Letras e Artes

Introdução:

O trabalho propõe uma investigação da dramaturgia de José Joaquim de Campos Leão,

cognominado Qorpo-Santo (1829-1883), com ênfase em seus vínculos com o teatro

oitocentista brasileiro, especialmente em relação aos gêneros dramáticos populares. Parte-se

da hipótese de que a sua singularidade, sancionada por diversos críticos, deve-se não a um

afastamento radical em relação às tendências estéticas de seu tempo e sim a circunstâncias

que inviabilizaram a difusão de sua obra junto a seus contemporâneos. Desse modo, será

realizado um estudo histórico da constituição do teatro completo de Qorpo-Santo –

considerando-se suas dezessete comédias –, mediante a investigação documental da sua

Ensiqlopédia e de periódicos nela mencionados. Assim, será necessária uma perspectiva

particular sobre a história literária, em que se considerem os modos de produção da obra e sua

circulação (ou não) e a importância da cultura na decifração dos textos (CHARTIER, 1990),

pressupostos trabalhados pelo projeto “Circulação Transatlântica dos Impressos – a

globalização da cultura no século XIX (1789-1914)”, ao qual a pesquisa se vincula.

Metodologia:

Em atendimento à proposta de investigação da configuração da dramaturgia de Qorpo-

Santo, a partir da recuperação do contexto em que se insere sua obra e considerando-se os

influxos da vida cultural gaúcha do período entre em 1855 e 1877, o trabalho se dedicará a

reconstrução do ambiente cultural e das ideias acerca do teatro, tendências estéticas e gostos

que encontraram relevo no período. Desse modo, dedicar-se-á ao levantamento e análise

documental, tomando como corpus a leitura da obra máxima do autor a Ensiqlopédia ou Seis

Mezes de Huma Enfermidade e os periódicos nela citados.

A análise da Ensiqlopédia será guiada pelo intuito de depreender o seu plano estético-

ideológico com possíveis ressonâncias nas comédias de Qorpo-Santo, ou seja, buscar-se-á

traçar relações entre as ideias desenvolvidas nos outros textos presentes na obra e o teatro

qorpo-santense. Já a consideração dos periódicos visará o levantamento de notas sobre

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espetáculos teatrais e sua recepção crítica junto à imprensa, bem como a circulação de ideias

sobre arte, literatura e entretenimento nos meios letrados contemporâneos a Qorpo-Santo.


Ao comparar o teatro qorpo-santense com as estéticas da vanguarda do século XX,

alguns contrastes vêm à tona. Os paradigmas fornecidos pelo teatro do Absurdo e pelo

Surrealismo denotam que a renovação estilística, normalmente, harmoniza-se com a

renovação social e a rebeldia frente ao status quo. A dramaturgia de Qorpo-Santo, por seu

turno, não está em consonância com tais referências, visto que em suas peças há uma

convivência aparentemente contraditória entre singularidade estética (sobretudo no que

concerne aos expedientes ligados ao riso) e ideal fieis à tradição dos costumes instituídos.

Considerando-se o caráter exemplar e moralizante que Qorpo-Santo buscou dar ao seu

teatro, notam-se ligações entre suas reflexões a cerca da ordem e moral e sua obra dramática.

Dessa maneira, entende-se que o vínculo com o modelo moral da época sugere que suas

pretensões estéticas não estiveram de todo apartadas do referencial oferecido pelo meio.

Portanto, se as ideias em circulação no contexto de Qorpo-Santo deixaram marcas nos temas

abordados em sua dramaturgia, possivelmente, as particularidades de sua linguagem cômica

também foram sensíveis ao contexto em que foram produzidas. Logo, faz-se necessária a

investigação do ambiente sócio-histórico e das circunstâncias em que sua obra foi produzida, a

fim de se estabelecer um mirante que favoreça uma visualização mais precisa de seu lugar no

teatro brasileiro.

Conclusão:

O trabalho proposto orienta-se pela hipótese de que as referências oferecidas pelo

contexto permitem avaliar, com maior precisão, o grau de aderência e de inovação de seu

teatro em relação à dramaturgia brasileira oitocentista. A confirmação de tal pressuposto pede

uma investigação das referências de gosto e tendências estéticas que podem ter influído sobre

o seu teatro; elementos esses que poderiam ser encontrados no itinerário de suas leituras, nas

notas sobre os espetáculos teatrais e ideias estéticas em circulação na época.

Para que se possa reavaliar o lugar do teatro do Qorpo-Santo dentro da história

literária, é necessário considerar uma nova perspectiva em que se analise o modo de produção

e circulação das obras, analisando-as em consonância com a cultura da época e entendendo a

importância de dialogá-la com os ideais estéticos no momento de sua realização. O estudo

documental a ser realizado visa averiguar as circunstâncias histórico-sociais de produção de

Qorpo-Santo, com atenção às ideias em circulação na imprensa e as tendências artísticas que

ganharam os palcos, o que torna necessária uma investigação das características do público

local de teatro, de seus gostos, dos gêneros afins à sua sensibilidade e da divulgação de

espetáculos.

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Palavras-chave: Qorpo-Santo, teatro brasileiro do século XIX, contexto cultural.

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ESTILHAÇOS, RETALHOS E FENDAS NOS MANUSCRITOS INÉDITOS DE CAROLINA

MARIA DE JESUS

Raffaella Andréa Fernandez (1)

(1) Doutoranda em Teoria e História da Literatura na Universidade Estadual de Campinas.

Email : [email protected]


Introdução:

Este ano celebramos o centenário de Carolina Maria de Jesus (1914-1977) trazendo ao público

sua história de vida e discussões sobre sua obra. Tendo em vista que sua escrita está centrada

no discurso autobiográfico e memorialístico, é mister observar o papel do vivido no ato da

produção de seus textos, sobretudo, nos originais e inéditos. Tal repetição instiga um

questionamento não só de seu significado, mas também de seu efeito ficcional,

desencadeando reflexões acerca de sua criatividade. Contrariamente aos pressupostos da

modernização brasileira, Carolina testemunha os fragmentos, as ruínas de uma vida

paupérrima, imersa em discursos, artefatos, desarranjados insólitos, enigmáticos na construção

de sua poética de resíduos, àquela que gerou em seus textos ruptura e colisão com os

sistemas linguísticos e literários. Compreende-se que a dimensão alcançada por seus escritos

diarísticos tenha ofuscado o restante de sua produção, cuja repercussão tem sido mínima ou

inexistente. De modo que há uma lacuna no que se refere à organização arquivística de sua

obra que vem dificultando a expansão das pesquisas envolvendo as peças inexploradas de sua

obra, no entanto, a realização da transcrição torna acessível ao público esse arquivo, de

maneira organizada, preservando esses escritos.

Metodologia:

Esse trabalho enfrenta os desafios e as soluções propostas com a elaboração de um inventário

do “arquivo” de Carolina Maria de Jesus. Reitera-se que está sendo realizado à luz dos

procedimentos teóricos e metodológicos da Crítica Genética (Viollet), inseridos no contexto dos

estudos que reconstituem a gênese dessa escrita relacionada ao caráter autobiográfico da obra

(Lejeune). Temos como parâmetro o fio condutor da poética de resíduos por ela elaborada, um

conjunto de influências que provocam os mecanismos que sustentam sua criação a partir de

dados obtidos na “miscelânea” que inclui poesias, textos, provérbios, recortes de jornais,

documentos diversos e fotografias. O “princípio gerador que dá vida, forma e ordem ao

conjunto” (Tadié) das obras de Carolina são resíduos discursivos hibridizados que migram de

gênero para gênero gerando formas literárias inauditas. A investigação da gênese de produção

das obras da autora nos permite conhecer as imbricações do universo mental da escritora na

observação dos originais de seus textos, de seus rascunhos, esboços e as diversas anotações

que preparam a obra para o público. De modo que, nossa maior contribuição é trazer a luz a

engrenagem imaginativa que possibilitou a existência dessa literatura que emerge às margens.


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Além de contribuir para uma maior valorização e desvendamento de nossa história cultural,

este trabalho sacia a gama de leitores que cresce juntamente com o grande número de

escritores que estão se revelando atualmente nas periferias do Brasil. Carolina contribuiu com

a criação, ao dialogar com categorias não literárias, como a apropriação dos resíduos,

conferindo a sua obra um caráter original, principalmente depois da abertura política e do

aumento extraordinário dos conflitos sociais resultantes da pobreza urbana da década de 1980.

Podemos destacar como exemplos desse tipo de produção literária Capão Pecado, de Ferréz

(2000) ou Allan da Rosa e sua voz firme no livro de poemas Vão (2005), algumas das

manifestações literárias presentes no “Sarau do Cooperifa” em São Paulo. Notável também é a

poesia que comparece nas letras do rap, cujo discurso denuncia o universo degradado da

favela e da miséria urbana, tal como fez Carolina, mostrando o quanto a situação tornou-se

complexa desde o diário da escritora “vira-lata” que virou best seller. São artistas que criam em

meio à condições de subexistência, reconstituem pedaços de seus cotidianos, inventando

outros sentidos para suas histórias ao colocar em funcionamento formas desterritorializadas do

“povo que faltava” (Deleuze).

Conclusão: Contrariamente aos pressupostos de integração e completude como dádivas do

capitalismo, a artista testemunha os fragmentos, os dejetos e as ruínas de uma vida de

exclusão, estigmas, solidão e pauperismo, imersos em discursos, artefatos desarranjados,

insólitos produtos. Esta prismática escritora, expressa procedimentos artísticos criativos e de

igual potência dos movimentos artísticos modernos e pós-modernos, ou seja, suas criações

assumem o rompimento e colisão com os sistemas lingüísticos e visuais ao incorporar a arte ao

lixo, ao descartável, a sucata fútil e ao desprezível. Suas criações revelam o sentimento de

homens desvislumbrados com a dita modernidade, seres desfacelados, partidos, líquidos

(Bauman). Carolina é uma escritora trapeira que tece rastros contaminados pela prosa

cotidiana, inventada de uma maneira quase orgânica, sem a funcionalidade estética do gosto-

artístico socialmente aceito, mas que, no entanto, nos dias de hoje ganha visibilidade com o

desenvolvimento da percepção sobre arte, sendo possível aproximá-la das vanguardas

artísticas e inseri-la nos debates das artes como percussora de autenticas obras

dessacralizadoras.

Apoio: CNPq.

Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus, Manuscritos inéditos, Crítica Genética, Poética de

resíduos e Hibridismo literário.

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AS CONTRIBUIÇÕES DO JOGO TEATRAL NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM DA VOZ CANTADA

Camila Costa Zanetta (1)

(1) Mestranda em Música na Universidade de São Paulo



Introdução: Este trabalho pretende refletir sobre o processo pedagógico do canto permeado pelos jogos

teatrais. Desta maneira, pretendo apontar as contribuições de um trabalho lúdico e

interdisciplinar no ensino e aprendizagem da voz cantada, pensando o jogo teatral enquanto

espaço para desenvolvimento de práticas vocais. Com tais objetivos, apresentarei os

resultados da pesquisa-ação realizada em meu trabalho de conclusão de curso, intitulado

“Jogos teatrais como colaboradores no processo pedagógico do canto”. A prática desta

pesquisa envolveu alunos do curso de Licenciatura em Música da Universidade do Estado de

Santa Catarina – UDESC. Por meio dos relatos dos estudantes, de seus protocolos e das

opiniões expressas durante as aulas, pode-se versar sobre a importância de uma abordagem

pedagógica do canto que abranja o trabalho do corpo, da voz e da emoção de maneira

integrada. Deste modo, aponto a relevância da pesquisa, que trata da necessidade do ensino e

aprendizagem do canto abarcar tanto questões técnicas de treinamento muscular, respiratório,

afinação, dentre outras, quanto questões cênicas de representação, lidando, por conseguinte,

com as atitudes do cantor em palco, com sua exposição ao público, e com o possível

nervosismo, timidez ou medo decorrente de se estar em cena.

Metodologia:

Visando não apenas um aprofundamento textual na temática exposta, mas também a prática

de jogos teatrais com alunos de canto do ensino superior, a pesquisa-ação foi o método

escolhido para o desenvolvimento do trabalho. Primeiramente, iniciou-se um estudo e

levantamento teórico sobre os principais tópicos que seriam abordados no TCC, dentre estes: o

canto e a técnica vocal; o ensino e aprendizagem da voz cantada; o jogo enquanto contexto

lúdico na educação – e, especificamente, na educação musical; a interdisciplinaridade entre

música e teatro e suas contribuições ao estudante de canto; os jogos teatrais enquanto espaço

para práticas vocais. Após, quatro jogos teatrais foram separados (dois criados no decorrer da

pesquisa e dois já existentes) para serem desenvolvidos com alunos de canto do ensino

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superior. A prática da pesquisa-ação foi então realizada com estudantes da disciplina “Grupos

Musicais II – Expressão Vocal” do curso de Licenciatura em Música da UDESC, no ano de

2012. As aulas nesta turma ocorriam semanalmente, nas quintas-feiras, entre 10h20min e 12h.

A pesquisa ocupou dois encontros e contou com a participação de nove estudantes. A coleta

de dados se deu a partir da filmagem das aulas, entrevistas semiestruturadas e protocolos

individuais feitos pelos alunos.


As opiniões expressas pelos estudantes permitiram análises e reflexões sobre a importância

dos jogos teatrais nas aulas de canto. Durante a prática da pesquisa-ação, o ambiente lúdico

do jogo gerou descontração, relaxamento, espontaneidade e desinibição entre os alunos.

Segundo comentários e registros feitos por eles próprios, os jogos teatrais proporcionaram um

ambiente mais “leve”, “tranquilo” e “relaxado” para a aprendizagem. Consideraram que o jogo

propiciou aulas “dinâmicas” e “divertidas”, além de relatarem sobre o prazer de se “aprender

brincando”. Discorreram sobre, em jogo, não haver um “compromisso com o acerto”,

possibilitando “um melhor aproveitamento” no estudo do canto. O fato de “poderem errar” gerou

maior liberdade aos estudantes e maior tranquilidade para experimentações. Segundo eles, os

jogos permitiram que “se soltassem”, trabalhando a desinibição. Um estudante relatou que

apesar de ter “muita vergonha”, conseguiu “se soltar e fazer as atividades propostas”. Os mais

diversos relatos apontam as contribuições dos jogos teatrais para o ensino e aprendizagem do

canto. Os alunos expuseram que esta vivência lidou com questões pessoais e emocionais,

além de ter possibilitado reflexões a respeito do trabalho profissional que desenvolviam

enquanto educadores musicais.

Conclusão:

A partir do levantamento teórico realizado e das ideias expostas pelos alunos participantes da

pesquisa-ação, o jogo teatral pôde ser compreendido enquanto significativa ferramenta no

ensino e aprendizagem da voz cantada. O contexto interdisciplinar e lúdico dos jogos teatrais

gerou, segundo os próprios estudantes, um ambiente propício para “se soltarem” durante as

aulas e obterem um melhor aproveitamento em seus estudos. Deste modo, a proposta de um

processo pedagógico que abarque não apenas aspectos de treinamento técnico-vocal, mas

que lide também com o emocional do cantor, demonstrou-se eficaz. Ao refletirem sobre as

experiências vivenciadas, os alunos relataram o modo como os jogos teatrais influenciaram no

processo de aprendizagem, inquietando-os em questões pessoais, emocionais e profissionais.

Enquanto universitários, apontaram a importância de a pesquisa ter sido desenvolvida durante

a Licenciatura, visto que puderam repensar suas práticas pedagógicas, refletir sobre o lúdico

na educação musical e ter referências de jogos que poderiam também aplicar em aulas que

coordenam, adaptando ou criando novos modelos. Concluiu-se, portanto, acerca das

contribuições dos jogos teatrais não apenas para o aluno de canto, mas para a formação do

educador musical.

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Palavras-chave: voz cantada; processo pedagógico do canto; jogos teatrais; pesquisa-ação.

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A HORA E A VEZ DA PERIFERIA: PODE O OPRIMIDO VERSAR?

Mariana Santos de Assis

Mestranda em Linguística Aplicada na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp



Introdução:

Abordaremos outro tipo a literatura produzida nas periferias de São Paulo, a despeito

do descaso das grandes mídias, do pouco ou nenhum reconhecimento das instituições

escolares e acadêmicas e da indiferença da crítica, a periferia segue fazendo arte e agora

brinca com a sagrada arte da palavra, as belas letras. A literatura tem sido mais um

combustível para as lutas da periferia por seu espaço no centro.

Os eventos de letramentos que ocorrem nos encontros poéticos são nosso ponto de

partida, mas, ao nos aprofundarmos na diversidade dessa proposta político-cultural, vemos que

não se trata apenas de linguagem escrita ou oral, mas de uma profusão de linguagens e

semioses que se (con)fundem, formando novos sentidos a cada declamação de um texto.

Essa multiplicidade de linguagens, aliada a um compromisso político-ideológico, é o

que torna esse movimento um espaço riquíssimo para se pensar os estudos do letramento e

multiletramentos, além de nos obrigarem a rever nossos (pré)conceitos sobre literatura,

qualidade estético-literária, cânone e outras categorias e rótulos que nos ajudam a definir

lugares para artistas, de acordo com conceitos ultrapassados e interesses político-ideológicos.

Pesando nisso, propomo-nos a realizar uma pesquisa de base observacional, tanto para o

ampo quanto para a geração de dados, feita a partir de observações, notas de campo,

filmagens dos saraus, entrevistas com os organizadores, materiais de oficinas e atividades

anteriores e material pesquisado na internet.

Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa qualitativa observacional, uma vez que pressupõe a

participação nos espaços dos saraus. Desse modo, esperamos descrever os saraus literários

como espaços de questionamento, construção de saberes, sentidos e contradições no trabalho

com os letramentos e multiletramentos, agregando e dialogando com as diversas vozes sociais

que compõem seus enunciados concretos (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1986[1929]).

Adotamos, pois, uma perspectiva dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2003[1979]) e

damos ênfase, em nosso trabalho de campo, assim como na geração e análise de dados, a

uma postura baseada na ideia de que a compreensão dos dados e dos discursos presentes

nos espaços observados. Nesse contexto, o trabalho de campo observacional, participativo e

interpretativo surge como parte fundamental do projeto.

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A geração de dados para compor o corpus da pesquisa baseou-se em coleta de dados

no trabalho de campo, ou seja, a participação e observação dos encontros poéticos, notas de

campo, entrevistas semiestruturadas e conversas com os participantes e organizadores. Ao

longo desse processo, procuramos nos ambientar melhor nos espaços, para compreender os

objetivos e ideologias que embasam a atuação desses artistas-militantes. Mas também

buscamos nos inserir de fato no movimento, trocando experiências e colocando a pesquisa a

serviço do compromisso político-ideológico dos envolvidos no movimento.


Já nas primeiras observações de campo, percebemos que pensar apenas os

letramentos e as possíveis relações entre língua escrita, oralidade e as variedades linguísticas

desses espaços, não seria suficiente para dar conta de tamanha diversidade. Portanto, em

nossas análises nos baseamos nas contribuições do Círculo de Bakhtin, sobretudo para

pensarmos os gêneros discursivos presentes nos saraus e na produção literária da periferia.

Os novos estudos do letramento no deram a perspectiva da língua escrita como uma

prática social de linguagem. A partir dessas perspectivas podemos pensar alternativas para o

ensino de língua e linguagem e também em diferentes agências de letramento.

A Teoria dos Multiletramentos ofereceu o material necessário para analisar a produção

literária da periferia de maneira mais ampla e completa. Isso porque tal teoria abrange tanto o

caráter multissemiótico e multimodal das produções das periferias e, sobretudo dos saraus,

quanto seu aspecto multicultural, político e ideológico. Ou seja, a um só tempo podemos

analisar as características linguísticas e ideológicas, assim como na teoria bakhtiniana, porém

aqui, temos contemplada a multissemiose imposta pela grande evolução tecnológica atual,

dentre outros fatores, como a influência de estilos musicais como o samba, o funk, o rap;

movimentos estético-políticos multimodais como o movimento cultural hip hop e o massivo

processo de democratização do ensino formal o que aumentou a influência do uso da escrita

formal.

Conclusão:

Como vimos, a escola permanece sendo a principal agência de letramento e, apesar

das limitações, vem tentando cumprir esse papel da melhor forma. Também tentamos

demonstrar a importância de uma boa formação escolar para mudanças sociais e culturais,

sobretudo nas grandes cidades, foco principal de nossas observações. Porém a complexidade

de lidar com uma imensa diversidade cultural, social, racial e de gênero, vem sendo o maior

desafio a ser superado por esse importante formador de opiniões.

Lidar com a diversidade é um desafio da contemporaneidade, o que tentamos

demonstrar aqui é que a escola é apenas mais uma instituição que tenta adaptar-se a um

momento de grandes mudanças, acesso fácil à informação e um alunado que já ingressa na

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escola com práticas letradas cada vez mais desenvolvidas. Nesse contexto, nos deparamos

com professores despreparados para lidar com as novas tecnologias e as práticas letradas que

seus alunos trazem de sua vivências em outras agências de letramento – como a rua, os

grupos de movimentos sociais, as associações de moradores, etc – e tantos outros contextos

sociais que vão influenciar sua formação social e linguística das mais diversas formas – família,

igreja, escola, mídias, etc.

Apoio: Capes

Palavras-chave: Letramentos, Multiletramentos, Saraus, Literatura Marginal

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METAMORFOSES DE JORGE DE SENA

Marco Antonio Saraiva(1)

(1) Marco Antonio saraiva é doutorando do curso Letras (Letras Vernáculas) da Universidade

Federal do Rio de Janeiro.



Introdução:

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a obra do poeta português

Jorge de Sena intitulada Metamorfoses, buscando depreender as relações de sua poética com

as raízes antropológicas e artísticas da formação do Ocidente, desde sua gênese mitológica

até as sociedades que emergem desses primórdios e atingem a contemporaneidade. O que

torna esse estudo relevante é o esforço de compreensão da visão primordial da humanidade,

através de sua arte, que, mesmo anterior a criação da filosofia, foi capaz de influenciar o

pensamento atual, o que a própria obra de Jorge de Sena é uma prova, em detrimento do puro

racionalismo como cânone dos dias de hoje, que se extraviara do berço original, em vez de

eclodir de uma metamorfose do processo evolutivo, restringe-se ao seu olhar platônico, a

lógica aristotélica e a visão metafísica. O universo poético abarca objetos de arte desde os

séculos VII a.C. até meados do século passado, dos quais os poemas de Metamorfoses se

tornam outros signos de arte. Surgem como ressonância de Ovídio, das quatro idades míticas,

ouro, prata, bronze e ferro, ou seja, dando conta na realidade das metamorfoses que a pedra e

as matérias-primas sofrem do paleolítico à contemporaneidade.

Metodologia:

O primeiro momento do estudo demandou releituras do livro Metamorfoses de Jorge de

Sena, para apreender que os seus poemas transcendiam o conceito de arte pela arte, pois

versam sobre o tema dos objetos artísticos. A partir desse ponto pude compreender que o

autor lançava mão do recurso da metalinguagem, em conjunto com o efeito estético, para

estabelecer conexões com o passado da formação cultural do Ocidente e com a sua

contemporaneidade, entre as significações de suas mensagens. Para tal empreendimento

lancei mão, da mesma forma que o autor na composição de Metamorfoses, de uma análise

intertextual, com a Metamorfoses de Ovídio, pelos motivos já citados acima, com a História

Social da Literatura e da Arte de A. Hauser, Literatura Europeia e Idade Media de E. R. Curtius,

Estética de David Strada Herrera, História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva,

Portugal A Terra e o Homem de Vitorino Nemésio, que deram subsídios para corroborar as

hipóteses. E por fim a sequência que vai se formando, legitima com isso o próprio fenômeno

que nomeia o livro, o encadeamento sugere as metamorfoses de um assunto para o que

eclode em seguida, num périplo histórico e artístico de transformações.

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Na criação de sua obra Metamorfoses Jorge de Sena revela que uma determinada

produção artística do homem, num período histórico relativo a uma sociedade, criando uma

sequência cronológica desde o paleolítico até a modernidade. Possibilitando a compreensão

que a arte se faz numa condensação dos aspectos da vida social, que sutilmente na superfície

dos objetos artísticos está a profundidade da cultura, a sua própria história e modo de pensar,

ou seja, na forma está o fundo, a própria mensagem e o seu conteúdo humano. Levantando a

questão de que os poemas ao se tornarem signos de outros signos artísticos, os quais às

vezes ficam ocultos sob o pensamento lógico e racionalista, é possível inquirir, dessa forma,

pela arte das palavras, as versões históricas oficias e os cânones que definem o que é a arte e

toda a pluralidade da criação humana, e de sua existência no decorrer do tempo. Exuma um

mundo antigo, rotulado de primitivo, encoberto pela patina da racionalidade, até alcançar a

civilização atual. Nos fazendo confrontar o homem através do seu fazer artístico, quando ainda

era inteiro e não fragmentado pela modernidade, com a razão pura e a metafísica.

Conclusão:

Podemos pensar numa viagem pelos estilos de época, que regem os temas dos

poemas, não a linguagem de Jorge de Sena, desde os primórdios da civilização, e por fim o

Modernismo, onde Apolo e Dionísio alternam-se em suas influências entre as razão e emoção,

sobrepondo-se ao processo evolutivo da sociedade guiada pelas artes, e historicamente pelos

personagens escolhidos, e estes já como signos postos dos diveros tipos de artes. As pedras

de toques de Metamorfoses, que alicerçam sua cronografia poética, são extraídas da matéria

bruta mineral até que ela se transmute em vida orgânica, tudo, porém, rocha ou carne,

transformadas duplamente em arte, pois as esculturas, múmia, arquiteturas são signos bases

de outros que se tornam em poemas, regidas, portanto, pela sensibilidade e a inteligência

humana; e a partir da parte material que forma os homens Jorge de Sena atinge o cosmo, na

última composição que se refere ao Sputnik. Metamorfoses é uma leitura ao mesmo tempo

mítica e social da realidade, observamos que retorna para o espaço do nosso sistema solar,

onde habita o deus Urano, que rege o espaço, diuturnamente.

Apoio: CAPES

Palavras-chave: Poesia, Metamorfoses, Jorge de Sena

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IMPROVISAÇÃO MUSICAL “EM JOGO”: PRÁTICAS LÚDICAS DE CRIAÇÃO MUSICAL

COM AS CRIANÇAS

Camila Costa Zanetta (1); Maria Teresa Alencar de Brito (2)

(1)Mestranda em Música na Universidade de São Paulo

(2)Doutora em Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

E-mail: [email protected] Área: Linguística, Letras e Artes

Introdução:

Este trabalho descreverá o projeto de pesquisa intitulado “Espaços para a criação:

a improvisação em jogos cênico-musicais”, em andamento no Mestrado em Música na

Universidade de São Paulo. Tal projeto discorre a respeito das práticas criativas na educação

musical, focando, mais especificamente, as práticas de improvisação com crianças. Dialogando

com as ideias de jogo e interdisciplinaridade na educação, propomos investigar as

contribuições das experiências de improvisação musical em jogos cênico-musicais para a

formação integral das crianças. A partir das proposições de Hans-Joachim Koellreutter (1997) e

Teca Alencar de Brito (2001), refletiremos sobre o processo pedagógico da música enquanto

meio que permite não apenas uma formação musical, mas o desenvolvimento das capacidades

humanas. Sendo assim, a pesquisa se torna relevante ao (re)pensar o ensino e aprendizagem

da música (valendo-se da improvisação, do jogo e da interdisciplinaridade), visando espaços

educacionais mais significativos às crianças, além de voltados para a formação integral das

mesmas. Salienta-se também que a pesquisa contará com a perspectiva das próprias crianças,

partindo de suas opiniões, falas e registros para fundamentar a importância das práticas de

improvisação em jogos cênico-musicais.

Metodologia: O projeto consiste em uma pesquisa-ação, unindo reflexões teóricas a uma parte prática da

pesquisa. Iniciamos com um maior aprofundamento textual em temáticas como: a improvisação

na educação musical; o jogo como espaço lúdico e enquanto recurso pedagógico; e a

interdisciplinaridade. Após, visando recursos pedagógicos para a prática de nossa pesquisa,

diversos jogos de improvisação cênico-musicais foram criados (jogos elaborados para serem

desenvolvidos em aulas de música com crianças). Tratando-se de uma pesquisa-ação,

prosseguimos instaurando uma Oficina de Música para um público-alvo de 12 crianças, entre 7

e 10 anos, da Escola de Aplicação da USP. Esta Oficina iniciou em 15 de abril deste ano, nas

dependências da própria escola, e seguirá até junho de 2014 com aulas semanais de uma hora

de duração. A coleta de dados vem sendo realizada por meio de registros audiovisuais das

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aulas, entrevistas semiestruturadas com as crianças e protocolos feitos pelas mesmas.

Analisaremos os dados coletados na perspectiva de uma abordagem qualitativa, voltando

nossa atenção às ideias expostas pelas crianças, buscando-se compreender sob o ponto de

vista delas próprias a possível contribuição das experiências de improvisação musical em meio

aos jogos cênico-musicais.


Por tratar-se de uma pesquisa em andamento, ainda não obtivemos resultados conclusivos.

Porém, através do aprofundamento teórico realizado na primeira etapa do trabalho, podemos

perceber que a área da educação musical vem recebendo contribuições de diferentes

pesquisadores e profissionais do ramo. Por meio de muito destes, o ensino e a aprendizagem

da música tem sido repensados, apontando-se a importância da improvisação e das práticas

criativas em sala de aula. Observamos também que a inserção do jogo enquanto ambiente

lúdico no processo pedagógico consiste em tema recorrente nas pesquisas de pedagogos e

profissionais das artes-cênicas. Em meio às pesquisas em educação musical, todavia, notamos

que são poucos os profissionais a pensar a aula de música amparada pelo jogo. Métodos

voltados à formação de instrumentistas virtuoses imperam até mesmo nas aulas de música

para crianças, desconsiderando-se, muitas vezes, a importância de espaços onde as crianças

possam aprender brincando. Contudo, percebemos que em pesquisas mais recentes no Brasil

alguns trabalhos – ainda uma minoria – vem tratando o jogo enquanto espaço para

desenvolvimento de práticas musicais.

Conclusão:

A partir dos resultados até então obtidos e considerando nosso parecer sobre as pesquisas na

área da educação musical, visamos contribuir ao pensar a improvisação enquanto ferramenta

pedagógica para o ensino da música e, o jogo, enquanto espaço lúdico para desenvolvimento

das práticas de improvisação. Também pretendemos abarcar a possibilidade de relação entre a

música e outras áreas, apontando para a interdisciplinaridade, assim como para uma

ramificação dos saberes. Acreditamos, portanto, em um processo de ensino e aprendizagem

que não se limita ou se fecha, mas encontra-se aberto para permanecer em “contato” com

outras áreas, visto que há uma relação intrínseca entre as várias áreas do saber. Assim sendo,

o teatro foi pensando para esta pesquisa-ação, unindo-se a improvisação musical ao ambiente

do jogo cênico-musical. Tal proposta, por sua vez, objetiva a formação integral das crianças:

uma formação musical e humana. Deste modo, esperamos que ao término da pesquisa

possamos apontar as possíveis contribuições das experiências de improvisação em jogos

cênico-musicais vivenciadas pelas crianças no decorrer da Oficina, abarcando os aspectos

relacionados à formação integral das mesmas.

82

Apoio: FAPESP

Palavras-chave: educação musical; improvisação; jogos cênico-musicais; pesquisa-ação.

83



O PAPEL DO NARRADOR NA ARQUITETURA TEXTUAL DE DAVID MOURÃO-FERREIRA

Aline de Almeida Rodrigues(1)

(1)Mestranda em Literatura Portuguesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro



Introdução

A obra literária de David Mourão-Ferreira (1927- 1996) destaca-se dentro da literatura

portuguesa por seguir uma linha de escritores modernos cuja obra ficcional está agregada a

uma complexa construção narrativa que não adota uma única perspectiva discursiva. No texto

“Para o Dossier deste livro”, que compõe a quarta edição de Os Amantes e Outros Contos, o

autor demonstra partilhar do papel de escritor-teórico assim como Edgar Alan Poe e Henry

James. Ao pensar o fazer literário, David Mourão postula os dez mandamentos que nortearam

a construção do livro de contos através dos quais se ilustra a autoconsciência de uma poética

narrativa. A fim de aprofundar a pesquisa sobre a ficção davidiana, consideramos a importância

do papel do decálogo enquanto método de trabalho do escritor e também como documento de

teoria sobre o conto.

A intenção do presente trabalho reside em investigar os processos narrativos que

constituem a narrativa davidiana nas obras narrativas do autor elegendo como objeto de estudo

a ótica do narrador enquanto instância ficcional multifacetada. Inspirado nas formulações

labordagem literária que não deixa de considerar as questões suscitadas pela metapoética da

obra para se definir.

Metodologia

Em acordo com a perspectiva bachelardiana, uma metodologia faz-se verdadeiramente

eficaz na medida em que se arquiteta com o objeto artístico a ser estudado. Neste sentido, a

definição do recurso metodológico adequado à interpretação de uma obra só deve ser

realizada a partir da excentricidade inventiva apresentada por cada discurso artístico analisado.

A fim de compreender o papel do narrador na construção ficcional da obra de David

Mourão-Ferreira, foram escolhidas as obras Gaivotas em Terra e Os Amantes e Outros Contos.

O presente projeto aspira à elaboração de uma interpretação que dialogue com a força criativa

regente dos princípios estruturais narrativos de cada obra.

O presente estudo do recorte da obra de Mourão-Ferreira propõe-se adotar o método

exegético concriativo – proposto por Bachelard como um dos postulados do Novo Espírito

Literário. Na medida em que a verdadeira obra literária não permite delimitações preconcebidas

de interpretação, há de se perceber as próprias categorias de interpretação e composição

ditadas pela obra. A leitura das obras tornar-se-á, então, obrigatoriamente, um exercício de

reflexão.


84

Na prosa de Mourão-Ferreira, verificou-se a existência de um continuum por meio do qual é

possível compreender a mudança das técnicas narrativas de Gaivotas em Terra (1959) para as

de Os Amantes e Outros Contos (1974). Enquanto o livro de novelas apresenta um narrador

mais conservador, o narrador-contista apresenta uma rica formulação original. A tônica

marcante no livro de contos é o de dar poderes à imaginação, os sujeitos narrativos adquirem

um aspecto camaleônico: desdobrando-se, multiplicando-se e fingindo.

Em Gaivotas em Terra, apresenta-nos uma obra tradicional haja vista as extensas

descrições de algumas novelas que lhes dão um tom oitocentista com lampejos de

modernidade. Já se verifica a adoção de uma perspectiva múltipla por um narrador que não se

contenta a uma simples omnisciência, mas que se despersonaliza – ainda que em poucos

instantes – para emprestar a voz aos personagens.

É, porém, na prosa de “Os Amantes e outros contos” que, indubitavelmente, reverbera

a maior multiplicidade dos narradores davidianos. Observa-se o refinamento da construção de

um narrador-personagem que se desdobra em eu-narrado e eu-narrante no conto que dá título

ao livro. O escritor apresenta-nos a construção eco de uma trama que se forma e se deforma

em frente ao leitor.

Conclusão

A contribuição do presente estudo está, primordialmente, direcionada à investigação do papel

do narrador davidiano como uma importante figura na sintaxe narrativa da prosa de Mourão-

Ferreira. Estabeleceu-se a diferença entre a caracterização tradicional de narrador, que admite

apenas duas possibilidades de narração, uma em primeira e outra em terceira pessoa, e a

concepção de narrador adotada por David Mourão-Ferreira.

Considerou-se a elaboração davidiana de um decálogo, documentação de uma

metapoética do autor, como um meio de elucidação do processo de composição da prosa

ficcional do autor. Diferenciou-se a construção narrativa tradicional dos narradores de Gaivotas

em Terra das diferentes variações estruturais presentes em Os Amantes e Outros Contos.

Finalmente, verificamos a existência de um continuum narrativo na prosa ficcional do autor

na medida em que, em Gaivotas em Terra, há indícios das técnicas narrativas que seriam

consolidadas em Os Amantes e Outros Contos.

Apoio: CNPq

Palavras-chave: Narrador, metapoética, multiperspectivismo, literatura, ficção

85



4.2.9 Multidisciplinar

86

A CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO DE CASO PARA O DESENVOLVIMENTO DE

PESQUISAS SOBRE ARRANJOS PRODUTIVOS DE TIC: O CASO DO PORTO DIGITAL

Anderson Diego Farias da Silva¹; Fernando Gomes de Paiva Júnior².



(2). Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Professor

do Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPAD/UFPE)


Área: Multidisciplinar

Introdução: Constituído por um cenário amplo e divergente em termos conceituais, o Estudo de Caso é

uma abordagem bastante utilizada nos estudos organizacionais. Nesse sentido, este ensaio se

propõe a compreender de que maneira o estudo de caso corrobora para o desenvolvimento de

pesquisas sobre os Arranjos Produtivos de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Para tanto, buscaremos apresentar algumas das principais perspectivas relacionadas ao

conceito de Estudo de Caso e demonstrar uma análise do Arranjo Produtivo de TIC

pernambucano, baseado no método de Estudo de Caso desenvolvido e compartilhado por

Robert Stake (2000). Esclarecemos que a opção pelo método de Stake parte de uma

necessidade em se trabalhar, nos estudos interpretativos, a utilização de um método de Estudo

de Caso mais apropriado, embora não se descarte as contribuições de Yin (2005) e Eisenhardt

(1989). Os resultados apontam que os estudos organizacionais poderão aprimorar os seus

conhecimentos a partir do uso dos estudos de caso naturalistas, além de amplificarem suas

compreensões sobre os fenômenos nas mais variadas áreas, neste caso, pesquisas

relacionadas aos Arranjos Produtivos de TIC.

Metodologia:

Nos estudos de caso de natureza qualitativa, especialmente, os estudos naturalistas, o foco se

estabelece no caso em questão, buscando fornecer detalhes plausíveis para que o leitor possa

tecer suas próprias conclusões e comparações (STAKE, 2000; 2005). Nesses estudos não

existe um processo padrão de estabelecimento da estrutura do relatório, porém, geralmente os

textos apresentam as seguintes características: uma descrição clara contextualizando o caso; a

problemática da pesquisa; as conclusões a que o estudo alcançou; e a descrição do caso em

si.

Na presente pesquisa, focou-se em uma modalidade do método de pesquisa: o estudo de caso

naturalista. Inspirado nesse método buscou-se desenvolver uma análise do Arranjo Produtivo

87



Local (APL) de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), intitulado por Porto Digital,

localizado em Recife, Pernambuco.

A partir da definição clara do relatório de pesquisa e com as devidas exigências devidamente

organizadas, foi definido o tipo de narrativa a ser empregada, onde, destacamos as três opções

mais recorrentes: o realista, que trata o caso de forma cronológica e biográfica; o confessional,

que enfatiza a visão do pesquisador sobre os fatos estudados; e o impressionista, que

descreve os fatos que compõem um determinado caso (STAKE, 1995).


Os debates que permeiam o rigor científico e as características peculiares da pesquisa

qualitativa nos estudos organizacionais tem despertado o surgimento de estudos de natureza

crítica, que tem buscado tratar acerca dessa fragilidade metodológica-epistemológica

encontrada em estudos de cunho qualitativo (PAIVA JR. et al., 2011). Portanto, o

aprimoramento dos métodos qualitativos utilizados nas pesquisas organizacionais soma-se a

uma discussão da cientificidade na pesquisa qualitativa. Entre as modalidades de pesquisa

utilizadas no campo organizacional, destaca-se o estudo de caso, caracterizado pelos

especialistas na utilização dessa modalidade como um “tipo de questão [...] cujo foco de

interesse está no individual, no especifico” (GODOI et al., 2010, p. 119). Visão esta

compartilhada por Stake (1988; 2000; 2005), Yin (2005) e Merriam (1988; 1998).

Com relação a análise da experiência pernambucana no Arranjo Produtivo de TIC, inspirada no

estudo de caso naturalista, possibilitou alguns importantes achados, entre os quais um

entendimento melhor de como se constituiu o APL de TIC pernambucano, do que ocorre em

seu cotidiano, às relações e articulações que se estabelecem entre as redes que se estão

inseridas e as consequências delas.

Conclusão:

Os estudos de caso qualitativo poderão auxiliar os pesquisadores no desenvolvimento de suas

respectivas pesquisas. Entretanto, verificamos ao longo do estudo, que diversos cuidados

deverão ser tomados para que essas pesquisas possam ter critérios de qualidade e

confiabilidade bem articulados. Em relação ao estudo de caso naturalista o que pode ser

apreendido, é que este método de pesquisa buscar fornecer informações para que o seu leitor

possa apreender a partir de suas reflexões sobre o caso apresentado. Ressaltando que o

aprendizado de um determinado caso dependerá do conhecimento de outro caso semelhante

que o leitor venha a conhecer.

Um dos principais resultados observados na análise está relacionado ao fato do Porto Digital

ser considerado um dos principais APL do Brasil, entretanto, o fato de possuir uma complexa

rede, laços fracos poderão ser encontrados, o que dificulta o seu pleno desenvolvimento.

Esses laços fracos estão relacionados à questão da formação e certificação dos profissionais,

88

bem como a ampliação dos investimentos relacionados ao desenvolvimento de pesquisas em

seu escopo.

Apoio: FACEPE, LÓCUS DE INVESTIGAÇÃO EM ECONOMIA CRIATIVA, UFPE.

Palavras-chave: Métodos Qualitativos; Estudo de Caso; Porto Digital.

89



MAPEAMENTO DAS ATIVIDADES CAUSADORAS DE INEFICIÊNCIA NAS COMPRAS

PÚBLICAS ELETRÔNICAS EM UMA IFES

Leandro Lopes Trindade(1), Alexandre Ferreira de Pinho(2)

(1)Mestrando do Programa de Pós-‐Graduação (PPG) em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade


(2)Orientador.



Introdução: Frente aos inúmeros apontamentos de morosidade nos processos públicos a

pesquisa objetiva analisar a seguinte questão: quais são as atividades causadoras de

ineficiência nos processos de compras públicas eletrônicas? Por meio da fundamentação

teórica foi possível ratificar a proposta do problema, essa aponta para o fato de que o grande

desperdício de dinheiro oriundo de compras públicas faz com que a administração pública seja

considerada ineficiente. A contratação de bens e serviços é usualmente classificada como

burocrática, morosa, improdutiva e com alto índice de erros. A metodologia proposta é o estudo

de caso, e este se processará por análise, comparação e interpretação dos resultados da

coleta de dados. Com a utilização do mapeamento de processos, proposto no projeto, será

possível identificar as atividades causadoras das prováveis morosidades processuais que

consequentemente acarretam a ineficiência e ineficácia das técnicas de compras públicas

eletrônicas. Ao final dos trabalhos espera-se trazer resultados que sejam capazes de auxiliar

os gestores públicos no desenvolvimento de rotinas, capazes de melhorar os procedimentos e

a qualidade dos produtos e serviços adquiridos.

Metodologia: A pesquisa está assentada no estudo de caso que apoiado no mapeamento de

processos, com a utilização do método de SIPOC e fluxograma propiciou a obtenção

resultados que identificam as possíveis atividades com gargalos causadores de morosidade

nos processos de compras públicas. Para identificação das variáveis e dados que

contemplaram as entradas, saídas, processos, seus clientes e fornecedores, optou-se pela

utilização de as entrevistas com stakeholders. Foram feitos ainda levantamentos junto aos

órgãos da universidade que arquivavam os processos dos últimos 5 (cinco) anos. Desta forma

após coleta de dados, teste piloto, foi possível uma validação dos documentos e informações.

Mediante a validação deu-se início a formatação da tabela SIPOC e respectivos fluxogramas.

Após sua elaboração, e resultados iniciais, foi preciso uma nova pesquisa de campos para

verificação específica dos pontos de gargalo.

Resultados e Discussão: Foram obtidos após elaboração do SIPOC, 5 (cinco) níveis de

processos distintos. O fluxograma elaborado trouxe resultados que após a primeira análise

90

apontou atividades possuidoras de gargalos distintos, sendo uns de procedimento inadequados

e outros por falta de comprometimentos de stakeholders externos (empresas licitantes).

Destacam-se 03 (três) pontos relevantes como resultados da segunda análise, realizada após

pesquisa específica dos pontos de gargalos, sendo eles: 1) O não interesse das empresas em

apresentar cotação para elaboração prévia dos preços de mercado; 2) Falta de planejamento

para aquisições de itens do mesmo grupo de produtos; 3) Falta de um sistema de informação

integrado da universidade e que faça migração para o comprasnet;

Conclusão: Esta pesquisa obteve resultados que evidencia a existência de atividades

causadoras de morosidade nas compras públicas eletrônicas da IFES, objeto de estudo.

Destacam se ainda as opiniões dos stakeholders internos a instituições que relataram sua

insatisfação quanto ao tempo que se espera para receber os produtos demandados no início

de cada ano. A pesquisa veio corroborar o estado da Arte, que apontam um universo de

ineficiências nos processos públicos, e dentre eles os de compras eletrônicas. Os objetivos

propostos se ratificaram pela pesquisa desenvolvida, sendo possível afirmar que os resultados

são importantes para os administradores públicos, aos stakeholders internos e externos e

ainda a academia, sendo que para esta última verificam-se as infinitas possibilidades a serem

exploradas a respeito do tema. Mediante ao estudo de caso apresentado e seus resultados

será possível que outros estudos sejam realizados com fulcro nas inúmeras soluções para os

fatores causadores de ineficiência nas atividades inerentes aos processos de compras públicas

eletrônicas.


Palavras-chave: e-procurement, accountability, administração pública, mapeamento

de processos.

91



92

ANÁLISE DO SISTEMA DE AUTOAVALIAÇÃO DA COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO

(CPA) DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Patrícia Faria Martins Pereira(1), Alexandre Ferreira de Pinho(2)

(1) Mestranda do Programa de Pós-‐Graduação (PPG) em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade


(2)Orientador.



Introdução: Percebe-se a importância da avaliação do ensino superior para a qualidade do

ensino, pois as universidades formarão os futuros profissionais que atuarão no mercado de

trabalho e formarão cidadãos que atuarão no desenvolvimento da sociedade. Há dois modos

de se avaliar o ensino superior no Brasil; através da avaliação institucional e da avaliação

institucional interna (ou autoavaliação). Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar o

sistema de autoavaliação coordenado pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) em um curso

de graduação (o curso de Administração) da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Através

desta análise pretende-se identificar pontos positivos e negativos da avaliação existente e

também do instrumento de coleta de dados, analisar como é realizada a distribuição dos

resultados da avaliação para os docentes e discentes, compreender o motivo da baixa adesão

dos estudantes em responder e por fim compreender o perfil dos alunos que respondem esta

autoavaliação. Acredita-se que a importância da autoavaliação se deve ao fato de propiciar

uma melhoria no desempenho e na qualidade do curso e da instituição, sendo assim, a

autoavaliação contribui com mudanças e está ligada a vários elementos como gestão,

pesquisa, responsabilidade social e sociedade.

Metodologia: A metodologia utilizada foi o estudo de caso. Para se atingir os objetivos

esperados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os professores do curso de

Administração e o coordenador do curso, com os representantes de todas as turmas do curso,

com o representante do Centro Acadêmico de Administração (CAADM) e com os membros da

CPA da Unifei. No mesmo período, aplicou-se um questionário estruturado aos alunos do curso

de Administração da Unifei. Primeiramente realizou-se um teste piloto: dois ex-coordenadores,

dois professores, uma representante de turma, um membro da CPA foram entrevistados e

trinta questionários foram apreendidos. Após a validação dos mesmos, foram realizadas

entrevistas com quinze professores do curso, um coordenador, quatro representantes de

turma, um representante do CAADM e quatro membros da CPA. E foram captados cento e dez

respostas do questionário aplicado aos estudantes de Administração. As entrevistas e os

questionários foram realizados pessoalmente na Unifei. Após a assimilação dos dados, a

análise está sendo realizada através da análise de dados tradicional.

93



Resultados e Discussão: Este trabalho ainda está em andamento, deste modo a análise dos

dados está sendo realizada neste momento. Mas já pode-se considerar através da análise

bibliográfica e da coleta de dados a importância em se avaliar o ensino superior. Tanto os

discentes, docentes e membros da CPA concordam em afirmar que a avaliação do ensino

superior está relacionada com a qualidade do curso. Acredita-se então que os problemas

relatados através da coleta de dados no sistema de autoavaliação da CPA prejudicam a

eficácia deste sistema. São problemas relacionados ao instrumento de avaliação e

relacionados a cada fase do sistema de avaliação como por exemplo a não divulgação da

autoavaliação, o fato de não ter o feedback necessário e não haver a divulgação deste

feeedback, o fato de não ter um plano de ação e os alunos não perceberem as mudanças.

Percebeu-se que falta uma sinergia entre docentes, discentes e membros da CPA para o

resultado eficaz desta autoavaliação.

Conclusão: Esta pesquisa evidencia que, através da fundamentação teórica e da coleta de

dados há uma importância considerável na utilização da avaliação do ensino superior para

medir a qualidade de um curso. Com relação à autoavaliação da CPA realizada no curso de

Administração da Unifei percebe-se que os envolvidos com a avaliação destacam sua

relevância para identificar pontos a melhorar e evidenciar pontos positivos. Mas para seu

resultado ser eficaz acredita-se na necessidade de modificações nas fases do sistema, ou seja,

modificações na divulgação da autoavaliação, no instrumento de coleta de dados e na

divulgação dos resultados. Deste modo, ao responder aos objetivos propostos, a pesquisa

desenvolvida será de extremo valor para os discentes que terão um ensino de mais qualidade,

os docentes compreenderão seus pontos fracos e fortes e os membros da CPA poderão fazer

melhorias ao sistema de autoavaliação. E consequentemente a pesquisa será relevante para a

própria universidade. Enfim, esta pesquisa destaca o importante papel da avaliação do ensino

superior. E a pesquisa poderá auxiliar o processo de autoavaliação da CPA e contribuir para

uma melhoria contínua que poderia ser realizada não somente no curso de Administração mas

também nos outros cursos da universidade estudada.


Palavras-chave: Ensino superior, Qualidade, Avaliação institucional, Autoavaliação.

94

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA ANÁLISE DE PERCURSO

DO CONSENSO ENTRE ESTADO E SOCIEDADE CIVIL

Juliana de Conti Macedo

Mestranda em Educação na Universidade Federal de Ouro Preto



Introdução:

A pesquisa tem como objetivo analisar as políticas educacionais através da promulgação

jurídica na legislação educacional brasileira e o percurso da regulamentação da

obrigatoriedade da Educação no e do campo. Em contraposição, são investigados os

interesses do Estado brasileiro pautados no agronegócio como meta política de

desenvolvimento agrário no âmbito de uma estrutura latifundiária monopolista. Assim, algumas

questões foram suscitadas: como políticas tão antagônicas podem estar em consonância na

prática da educação? Como está sendo o processo de interação entre os interesses contra-

hegemônicos dos movimentos sociais e o hegemônico do Estado e das e agendas

internacionais? Para uma maior compreensão do processo de construção do movimento pela

educação do campo é necessário especificar o conceito utilizado antes de 1997, quando se

referia à educação rural para designar a escola destinada dentro do espaço rural, mas,

contudo, reproduzia o sistema educacional liberal e o escolacentrismo. O novo conceito de

educação do campo, temática de estudo recente em nosso país, refere-se a um novo modelo

de educação de formação integral, que nasceu, principalmente, de reivindicações pelos

movimentos sociais da reforma agrária, entre outros movimentos sociais do campo.

Metodologia:

Do ponto de vista metodológico, a pesquisa se caracteriza pela análise crítica de documentos

de política educacional. Os dados foram coletados através de pesquisa documental e pesquisa

bibliográfica. Nessa perspectiva, utilizamos como eixo norteador da pesquisa o equilíbrio entre

as categorias que constituem a dialética: a universalidade, a particularidade e a singularidade.

Em nosso percurso metodológico, fizemos esforços para compreender a unidade das

categorias e, assim, não correr o risco da universalização excessiva dos fenômenos, caindo

numa perspectiva metafísica e idealista, que exclui os sujeitos enquanto construtores de

história. Por outro lado, evitamos singularizar o fenômeno a ponto de aliená-lo no isolamento

primitivo das comunidades ou num critério estritamente subjetivista, que limita a origem dos

conflitos sociais ao relativismo dos prismas dos sujeitos, analisando o fenômeno social como

um construto das mentes dos indivíduos. Nessa perspectiva, chegamos a uma combinação

teórico-metodológica desenvolvida em forma de espiral, em que o todo e a parte se encontram

em dialética, para compreender a totalidade do objeto da pesquisa.


95



Para CALDART (2004), a educação do campo devia partir dos sujeitos do campo; do trabalho,

das lutas sociais e dos modos de vida dos camponeses. Descentrar-se da escola é fator

determinante, para alargar a visão do conceito de educação do campo e para o campo, e para

repensar o conjunto de condições que se alimentam dessa instituição para poder tecer o

processo de humanização das pessoas. Entretanto, a relevância no que distingue a educação

do campo e a educação voltada para o meio rural está nas hegemonias em disputa, nos

projetos antagônicos de sociedade e, consequentemente, de educação. Por um lado, o campo

como espaço de vida e trabalho, representado pela agricultura camponesa, por outro, o campo

como território para a “produção de mercadorias” (MOLINA, 2006), representado pelo

agronegócio. A educação do campo também desafia os próprios camponeses a ultrapassar

sua concepção tradicional de agricultura (CALDART, 2009) representada pela agricultura

familiar. A concepção de uma agricultura camponesa ultrapassa a lógica de subsistência

convencional, pois precede de uma compreensão da totalidade das tensões e contradições da

crise do sistema hegemônico vigente que atinge diretamente a realidade do campo, como as

crises alimentar, energética e financeira.

Conclusão:

A pesquisa identifica um avanço nas políticas públicas de regulamentação da obrigatoriedade

da Educação no e do campo. Durante muito tempo a escola urbana representou a referência

de excelência de educação, servindo como um modelo exportado para a educação rural. Tal

tratamento simbolizava o descaso com os camponeses, que sempre estiveram submetidos a

serviços de interesses outros, como: atender as oligarquias agrárias, conter a migração urbana,

formar mão-de-obra para atender as demandas das cidades e do setor industrial urbano, como

“exército de reserva” para o agronegócio, submetida à produtividade econômica e o

crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Partindo do fardo histórico da questão agrária

brasileira no contexto societário de dominação capitalista e monopolista firmado na coesão, a

pesquisa vê com desconfiança um consenso entre Estado e sociedade civil na formulação e

regulamentação de políticas públicas voltadas para o campo. Nesse contexto, podemos

sinalizar para o risco da regulamentação da educação do campo atender aos direitos de

cidadania de forma superficial e mascarada (cidadania liberal-burguesa) sem, contudo, atender

os princípios educativos e ontológicos que fundamentaram os paradigmas da educação do

campo, principalmente no que se refere à emancipação humana.

Apoio: -----

Palavras-chave: educação do campo, políticas públicas, movimento sociais.

96

“SE ESPREMER, SAI SANGUE!”

RELAÇÃO MÍDIA, (IN)SEGURANÇA PÚBLICA E CONTROLE CRIMINAL DA POBREZA.

Josué Gomes Vieira(1).; Walmir de Albuquerque Barbosa(2)

(1) Mestrando em Sociedade e Cultura na Amazônia na Universidade Federal do Amazonas;

(2) Professor Orientador, Doutor em Comunicação



Introdução:

Compartilhando a lição de Alba Zaluar (1999) sobre a violência ser resultado de interações

sociais entre sujeitos, em que discursos políticos, contextos econômicos e ambientes sociais

onde ocorrem manifestações de preconceitos e desigualdades entre gêneros, influenciam na

formação dessas interações; e, que, o medo como sensação primária e íntima orienta

contextualmente os sujeitos dentro dos ambientes em que a violência é mais profícua

(BAUMAN, 2003), esta pesquisa possui por temática o debate sobre o medo social resultante

da violência e criminalidade urbana, tendo por objeto de investigação matérias jornalísticas da

área policial publicadas rotineiramente pela mídia impressa, conhecida como “jornalismo

marrom”. Em Manaus (AM), a crescente preocupação com a violência urbana e o sentimento

de insegurança que pauta as discussões sobre o seu suposto aumento, nem sempre repousam

sobre experiências diretas ou possuem fundamento quando analisamos as imagens do medo

do crime difundidas pelas narrativas jornalísticas das matérias sobre violência e criminalidade

veiculadas nos jornais Dez Minutos e Manaus Hoje, em que a imagem da “vitimização”, do

“potencial ofensor” e do “ambiente perigoso”, influenciam a compactação do imaginário social

de que “existe muita violência na sociedade”.

Metodologia:

Nossa pesquisa baseia-se na investigação documental e bibliográfica sobre o medo do crime,

imaginário social e fenômeno comunicacional construído pelas mídias jornalísticas impressas

sobre criminalidade e violência, veiculadas nas seções Cotidiano e Cidade das publicações

diárias Dez Minutos e Manaus Hoje, entre os anos 2009 e 2012. Procura-se debater, pelo

método dialético, como esses meios de comunicação impressos fabricam a ideologia de “há

muita violência na sociedade”, pelos seguintes conceitos: a) Tematização/Figurativização, os

quais nos permitem o estudo das formas utilizadas pelos periódicos para representar os

significados aos temas violência e criminalidade; b) O percurso passional ou patêmico dos

sujeitos da narrativa, as paixões que do ponto de vista sociológico e antropológico são

entendidas como “efeitos de sentido de qualificações modais que, na narrativa modificam a

relação do sujeito com os valores sociais, morais e estéticos” (ZALUAR, 2003); c) Contrato de

97



leitura entre sujeitos do discurso, que é compreendido como mecanismo promotor do

reconhecimento do “universo de valores” apresentados pelas narrativas jornalísticas.

Resultados e Discussão: Manaus Hoje e Dez Minutos, dois jornais de grande circulação diária que tem suas matérias

jornalísticas pautadas na retratação do cotidiano, aproveitam a guinada de sucesso nas vendas

de suas publicações diárias para imprimirem a imagem do medo do crime da sociedade

manauara contemporânea. Assim, abre-se espaço para o questionamento: qual o nível de

influência dos periódicos diários de notícias, interessados em retratar as formas de

criminalidade e violências propagadas nas coletividades, na formação da imagem cultural do

medo social do sujeito dos grandes centros urbanos brasileiros, em especial daquele da cidade

de Manaus, Amazonas? Considera-se, para tanto, que a “Cultura do Medo” ou “Medo Social” é

uma construção coletiva através da ocorrência de fatos violentos e criminosos propagados em

espaços urbanos públicos e privados da urbanidade, “com vistas a atingir determinados

objetivos de subjugar, dominar e controlar o outro, através da intimidação e coerção”

(WACQUANT, 2008).

Conclusão:

De rotatividade diária, esses jornais, entre 2009-2012, concentram as atenção em noticiar fatos

da violência e criminalidade urbana de Manaus, em que grande parte de suas páginas são para

registro de assaltos, assassinatos, atropelamentos, acertos de contas de dívidas do tráfico,

desaparecimentos de crianças, jovens e adultos, desova de cadáveres encontrados por

populares às margens de igarapés, estradas e terrenos baldios, além das prisões de meliantes

de baixa, média e alta periculosidade. O valor, o tratamento jornalístico do fato, o didatismo

discursivo das matérias são fortes fatores da aceitação dos jornais por vários leitores que

tornaram o Dez Minutos e o Manaus Hoje leituras fundamentais de suas manhãs, fizeram-nos

canais intelectivos e culturais, colocando-os em patamar de acomodação cultural sobre a rotina

do grande centro amazônico, Manaus. A construção da imagem do medo e do crime

veiculadas nesses jornais elucida como os meios de comunicação da cidade de Manaus

servem para reforçar a articulação do menos Estado Assistencial e mais Estado Penal, e

compreender a miséria humana e a precarização trabalhista e seus agentes pela noção de “há

muita violência na sociedade”.

Apoio: CAPES

Palavras-chave: Jornais, Criminalidade, Insegurança, Medo do Crime.

98

DIREITO AO TRABALHO: UMA PROPOSTA DE REABILITAÇÃO PARA PESSOAS

PORTADORAS DE SOFRIMENTO PSÍQUICO POR MEIO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

Efson Batista Lima1

(1). Mestrando em Direito/UFBA, Pós graduando em Democracia Participativa, República e

Movimentos Sociais/ UFMG e Especialista Gestão em Saúde/Fiocruz



Introdução:

A economia solidária é um tema relativamente novo no contexto brasileiro. Uma de suas

primeiras formulações teve lugar no Fórum Social Mundial, em 2001, realizado em Porto

Alegre/RS, quando se realizou uma oficina com essa temática. Trata-se de uma forma de

produção, comercialização e troca de bens e serviços pautados em princípios socialmente

justos, culturalmente aceitos, ambientalmente corretos e economicamente viáveis. Ela

representa práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores

culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez

da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em particular. A proposta de incluir os

cidadãos que sofrem de transtornos mentais, de forma socioprodutiva, não é um fenômeno

recente no Brasil, visto que os debates da Reforma Psiquiátrica e a Lei n.º 10.216 de 2001

sinalizaram para a necessidade dessas pessoas serem tratadas através de meios alternativos

e integradores à sociedade. É relevante pontuar que essa relação tem fortes ligações ainda

com a defesa de um sistema público de saúde universal no Brasil, cujas mobilizações tiveram

participação do Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental, que em 1986 fundaram o

Movimento Antimanicomial.

Metodologia:

A pesquisa se revela eminentemente teórica, com revisão de referências bibliográficas, leitura

de legislações existentes e documentos expedidos pelos por órgãos oficiais e pelos

movimentos de economia solidária e saúde mental. Outra busca por informações se deu

através das cartas, relatos de experiências e documentos emitidos pelos Fóruns Baiano e

Brasileiro de Economia Solidária, assim como pelo movimento de luta antimanicomial. Assim,

revela-se uma pesquisa documental. A investigação tem no método hipotético-dedutivo, a partir

da hipótese formulada, a busca para solucionar o problema, razão porque é possível apontar

uma articulação visando a integração da saúde mental ao contexto da economia solidária.

Através dessa lógica de preocupações estabelecidas e instrumentalização nos autores

pesquisados, enveredou-se pela verificação, lançando reflexões à luz da possibilidade do

binômio economia solidária e saúde mental.


99



Grupo de Trabalho Interministerial considerou “as iniciativas de Geração de Trabalho e Renda

como parte integrante das ações de reabilitação/reinserção social dos usuários de serviços de

saúde mental”, assim como os empreendimentos econômicos solidários são estratégia para a

inserção das pessoas com transtornos mentais ao estarem compreendidos no exercício de

direitos e constituírem-se em espaços fundamentais para projetos e processos de produção de

autonomia e de fortalecimento da contratualidade na perspectiva de inclusão social (BRASIL,

2006, p.13). A Lei n.º 9.867, de 10/11/1999 dispõe sobre a criação e o funcionamento de

Cooperativas Sociais, visando à integração social dos cidadão com desvantagens para serem

contratados no mercado de trabalho. O Decreto n.º 8.163, de 20/12/2013 regulamentou essa

Lei e instituiu o Pronacoop Social, e preconizou o respeito à dignidade e independência da

pessoa; geração de trabalho e renda a partir da organização do trabalho com foco na

autonomia e autogestão e coordenação de ações dos órgãos que desenvolvem políticas de

geração de trabalho e renda para as pessoas em desvantagem. A articulação entre saúde

mental e economia solidária também foi debatida na III Conferência Nacional de Saúde Mental,

em 2001, que mobilizou mais de 50 mil pessoas.

Conclusão:

A economia solidária é uma prática assentada no poder compartilhado, de relações sociais e

de cooperação entre os trabalhadores, que privilegia o trabalho e os sujeitos em oposição à

supervalorização do capital, e que valoriza as diversas formas de organização do trabalho

pautadas na superação do paradigma individualista e competitivo vigente. A reabilitação pelo

trabalho das pessoas que possuem sofrimento psíquico constitui-se em uma das reivindicações

do movimento antimanicomial e uma das propostas da reforma psiquiátrica. Ao assegurar o

direito ao trabalho dessas pessoas através de uma prática econômica que possui o sujeito

como ser principal da relação e seus traços apresentam um cenário pautado na autogestão e

na participação efetiva das pessoas, a proposta permite a inclusão desses indivíduos pela via

do trabalho efetivando um dos pilares da República Federativa do Brasil e do Estado

Democrático de direito à medida que garante o respeito a esse grupo minoritário.

Palavras-chave: Economia Solidária, Direito do Trabalho, Pessoas com transtornos

mentais, Cooperativismo Social.

100

O PROCESSO DE REGULAÇÃO DE UM ARRANJO INSTITUCIONAL DE ECONOMIA

CRIATIVA: O CASO DO PORTOMÍDIA

Anderson Diego Farias da Silva¹; Fernando Gomes de Paiva Júnior².



(2). Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Professor

do Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPAD/UFPE)



Introdução:

O presente estudo buscará compreender por meio da aplicação do modelo teórico produzido

pela teoria institucional, como ocorre o processo de regulação de um Arranjo Produtivo Local

(APL) do setor de Economia Criativa. Para tanto, foi aplicada uma pesquisa qualitativa, por

meio da análise dos dados obtidos através de pesquisa documental e da realização de

entrevistas semiestruturadas. Os resultados evidenciam que na constituição do processo de

regulação de um APL do setor de economia criativa ocorre o isomorfismo, onde estão

presentes as pressões externas: coercitiva, mimética e normativa.

Metodologia:

O presente estudo é de natureza qualitativa, por considerar ser mais adequado para

compreender como ocorre o processo de regulação de um Arranjo Produtivo Local (APL) do

setor de Economia Criativa. Em se tratando da estratégia de pesquisa, optou-se pelo estudo de

caso único incorporado, que segundo Yin (2005), ocorre quando dentro de um caso único dá-

se atenção a várias subunidades. Foi Considerado como caso do estudo, o Arranjo Produtivo

Local (APL) de Economia criativa e TIC Pernambucano, denominado de Porto Digital, por meio

do “PORTOMÍDIA” - Centro de Empreendedorismo e Tecnologia da Economia Criativa, e como

subunidades, empreendimentos incubados no Porto (PORTO DIGITAL, 2013). Como

instrumento de coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada, além da análise

documental e observação, buscando o aprofundamento teórico e empírico do assunto. O

corpus da pesquisa foi constituído, fundamentalmente, por documentos (relatórios anuais,

indicadores e notas de observação).

O tratamento dos dados foi realizado para dar suporte à análise de conteúdo, seguindo a

metodologia proposta por Bardin (1977). Entre o conjunto das técnicas da análise de conteúdo,

esta pesquisa fez uso da análise por categorias, ou análise temática.

101




Entre os elementos que constituem o processo de regulação de um APL do setor da economia

criativa - no caso em estudo, o PORTOMÍDIA, ligado a estrutura do Porto Digital -, destacam-se

os valores, símbolos, estratégias e estruturas - que somados caracterizam o isomorfismo.

Dessa maneira, com base nos argumentos teóricos já apontados, o isomorfismo é produto dos

três tipos de pressões externas, que são: coercitiva, normativa e mimética.

Em se tratando da pressão coercitiva, foi explicado que decorre da persuasão, da força e do

chamamento de outros membros do ambiente para integrar-se a eles. Sendo estabelecidos por

meio de leis ou por meio de iniciativas dos clientes e fornecedores.

Com relação à pressão normativa, do qual se origina nas perspectivas culturais, onde os

modelos do ambiente são constituídos e influenciam na tomada de decisão nas organizações.

Por fim, com relação às pressões miméticas, fruto do desejo de uma organização querer se

assemelhar a outra, considerada como bem-sucedida e legitimada pelo ambiente do qual

esteja envolvida, bem como, pela “mimetização” de suas práticas, estruturas e dos respectivos

resultados.

Conclusão:

Procurou-se compreender como ocorre o processo de regulação de um APL do setor da

economia criativa. Para tanto, utilizou-se a teoria institucional como referencial, o que contribuiu

para o melhor entendimento dos fenômenos organizacional, no que tange a construção,

especificamente, de um Arranjo Produtivo Local (APL) do setor da economia criativa - no caso

estudado, o Porto Digital, por meio do PORTOMÍDIA. Sendo verificados os elementos sociais,

culturais, normativos e comportamentais, além, dos valores compartilhados nos diversos

contextos organizacionais do referido Arranjo.

Na construção do processo regulador do Porto Digital, especificamente, do setor de economia

criativa - por meio do PORTOMÍDIA, está envolvida a promulgação de leis que determinam o

território de estabelecimento do Porto, bem como, os incentivos fiscais, os produtos que serão

comercializados e os setores que poderão atuar. O modelo de governança, assim como, os

projetos estruturadores do arranjo institucional, foram instituídos pelo Núcleo de Gestão do

Porto Digital – NGPD.

Apoio: FACEPE, LÓCUS DE INVESTIGAÇÃO EM ECONOMIA CRIATIVA, UFPE.

Palavras-chave: Regulação; Teoria Institucional; PORTOMÍDIA.

102

PROXIMIDADE DAS AÇÕES DE GERENCIAMENTO E EDUCAÇÃO AMBIENTAIS

DESENVOLVIDAS POR INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE OURO PRETO/MG COM A NBR

ISO 14001/2004 E OS PROGRAMAS AMBIENTAÇÂO E ECO ESCOLAS9

Danielli Vazzoller Fittipaldi(1), Carlos José Gomes(2), Pedro Luiz Teixeira Camargo(3)

(1) Engenheira Ambiental, Mestranda em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental na

Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP,

(2) Engenheiro de Produção, Especialista em Administração de Empresas pela Fundação

Getúlio Vargas – FGV e (3) Biólogo, Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em

Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP.



Introdução A gestão ambiental é entendida como uma forma sistemática da sociedade encaminhar a

solução de conflitos de interesse no acesso e uso do ambiente pela humanidade. No caso de

instituições de ensino, há programas de gestão ambiental aplicáveis, tais como: o

AmbientAÇÃO - Educação Ambiental nos Prédios do Governo do Estado de Minas Gerais,

Brasil (programa de comunicação e educação socioambiental) e o Eco Escolas (programa

internacional de educação e gestão ambiental), ambos baseados na norma NBR ISO

14.001/2004 – Sistemas de Gestão Ambiental (SGA).

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento das ações de

gerenciamento e de educação ambiental realizadas nas instituições de ensino fundamental na

sede do município de Ouro Preto (MG) e verificar proximidades dessas ações com os

programas Ambientação e Eco Escolas e a NBR ISO 14.001/2004.

Salienta-se que a literatura é escassa acerca da implantação da norma e dos programas acima

citados em instituições de ensino fundamental, sendo mais comum em universidades. Vale

destacar que a implantação dos mesmos nessas instituições pode ser estratégica, pois nesta

idade escolar a criança começa a desenvolver sua capacidade crítica.

Metodologia

O estudo foi realizado na cidade de Ouro Preto/MG, em todas as10 instituições de ensino

localizadas na sede do município que possuíam ensino fundamental completo (1º ao 9º ano).

Das escolas participantes cinco era municipais, três estaduais e duas particulares. Foi aplicado

um questionário semiestruturado a cada uma delas separadamente, entre 27 de abril e 02 de

julho de 2012, sendo o mesmo respondido preferencialmente pelo Diretor juntamente com o

Coordenador Pedagógico. 9 Artigo oriundo de parte da monografia final de curso de graduação em engenharia ambiental da

primeira autora.

103



O questionário foi elaborado pela autora do estudo, embasado pelos check list de auditoria

ambiental do programa Eco Escolas e da NBR ISO 14.001/2004, e também por questões

pertinentes ao programa Ambientação. O mesmo foi estruturado de forma a conter questões

relacionadas à infraestrutura, ações de redução do desperdício de recursos ambientais,

programas/projetos/campanhas de cunho ambiental e a inserção da educação ambiental no

Projeto Político Pedagógico da escola, resultando assim em 34 questões.

Os resultados das respostas obtidos nos questionários foram analisados conjuntamente a fim

de verificar a proximidade das ações de gerenciamento e de educação ambiental realizadas

pelas instituições de ensino estudadas com a NBR ISO 14.001/2004 e os programas

Ambientação e Eco Escolas.


Por meio das respostas dos questionários, constatou-se que 60% das escolas realizam coleta

seletiva, 90% realizam ações de combate ao desperdício de água, 100% procuram adotar

mecanismos de economia de energia elétrica e todas afirmaram interesse em implantar

iniciativas de gestão ambiental.

As questões contidas no questionário foram agrupadas de acordo com sua pertinência aos

programas e sistema de gestão ambiental. Assim, a compilação resultou em três matrizes:

Proximidade com a NBR ISO 14.001/2004: foi subdividida em “Ações para reduzir/minimizar

impactos ambientais”, “Competências, treinamento e conscientização”, “Comunicações” e

“Controle de registros” – abrangeu 13 questões do questionário;

Proximidade com o programa Ambientação: foi subdividida em “Consumo Consciente” e

“Gestão de Resíduos” – 14 questões;

Proximidade com o programa Eco Escolas: foi subdividida e “Resíduos”, “Água”, “Energia”,

“Biodiversidade”, “Política de gestão ambiental da escola” e “Trabalho Curricular” – 20

questões.

Em relação às matrizes de proximidade das ações realizadas nas instituições de ensino com as

questões pertinentes à NBR ISO 14.001/2004 e aos programas Ambientação e Eco Escolas, o

resultado mostrou que em cada matriz pelo menos metade das escolas realiza 50% ou mais

das ações elencadas.

Conclusão

Das ações de gerenciamento ambiental realizadas pelas instituições de ensino pesquisadas

destaca-se a coleta seletiva de resíduos, devendo ser incentivada e ampliada, visto que a

geração de resíduos é um dos principais aspectos ambientais de escolas de ensino

fundamental. Ainda, é uma temática que pode ser fácil e amplamente abordada pela educação

ambiental.

104

O cruzamento das perguntas e respostas dos questionários com a NBR ISO 14001/2004 e com

os programas Ambientação e Eco Escolas mostrou proximidade das ações que as escolas já

realizam com os programas e sistema de gestão ambiental, entretanto aparentemente

desarticuladas. Posteriormente é necessário estudar se essas ações são sistematizadas, e

conhecer seus resultados.

Foi verificado que tanto o SGA da NBR ISO 14.001/2004 como os programas Ambientação e

Eco Escolas são possíveis de serem implantados nas escolas pesquisadas. Conclui-se que o

programa que seria implantado de forma mais prática é o Ambientação, visto que já possui

linhas de ações definidas, e está relativamente adequado à realidade local, por se tratar de um

programa regional de Minas Gerais. Conclui-se também que o Eco Escolas é o mais completo

e recomendado para as escolas, uma vez que é destinado para instituições de ensino,

especialmente as de nível básico.

Palavras-chave: Gestão ambiental, ensino fundamental, NBR ISO 14001/2004, Ambientação,

Eco Escolas, Ouro Preto/MG.

105



AS AÇÕES E PRÁTICAS PROFISSIONAIS E O ITINERÁRIO TERAPÊUTICO DE

PACIENTES NA SAÚDE BUCAL EM ANEMIA FALCIFORME NUMA UNIDADE DE SAÚDE

DO RIO DE JANEIRO: UMA PERSPECTIVA RACIAL/ÉTNICA, DE CLASSE E GÊNERO

Rita de Cassia Ladeira

Mestranda em Relações Étnico-raciais no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso

Suckow da Fonseca – CEFET/RJ



Introdução

A Anemia Falciforme (AF) é uma doença crônica genética hereditária que acomete

particularmente os afrodescendentes. Não por acaso, convicções biomédicas defendem que a

assistência Odontológica é uma parte importante na manutenção da saúde geral,

principalmente daqueles que apresentam condições crônicas de saúde.

Os aspectos centrais da assistência em saúde bucal voltada para pessoas com AF tem

sua aplicabilidade, ações e práticas sustentadas por três políticas, seja diante do conjunto de

demandas apresentadas, seja diante de formulações relacionadas ao recorte racial que nos

leva a uma reflexão social sobre garantia de direitos e cidadania, igualdade, integralidade e

equidade: a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras

Hemoglobinopatias, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e a Política

Nacional de Saúde bucal.

Levando em conta as questões de gênero e raciais e as garantias contidas nessas

políticas o presente trabalho de pesquisa tem como objetivo investigar as ações e práticas

profissionais na Saúde Bucal em pacientes com AF em uma unidade de saúde, buscando

compreender como as representações sociais construídas pelos profissionais de saúde e pelos

falcêmicos impactam as ações desenvolvidas nessa área.

Metodologia Os objetos deste estudo se inserem na ideia da humanização e da ética em saúde,

exigindo, portanto, uma abordagem metodológica também humanizada. Assim, dentro da

perspectiva hermenêutica, buscamos principalmente, compreendê-los no contexto de onde os

seus significados sociais e, portanto, humanos, emergem, ou seja, nos espaços onde ocorrem

os atendimentos clínicos odontológicos em pessoas com AF. A presente pesquisa se constitui

num estudo de caso por se adequar aos propósitos almejados e a unidade de saúde

selecionada foi o HEMORIO.

Estão sendo empregadas as seguintes técnicas de coleta: diário de campo,

instrumento roteiro, análise documental (documentos em torno da temática estudada impresso,

em mídia eletrônica e outros disponíveis e pertinentes); questionários com perguntas abertas e

fechadas e entrevistas semiestruturadas, ambos com profissionais de saúde bucal e com

106

pessoas com AF. O registro das entrevistas está sendo realizado por meio de gravação em

tablet Ipad da marca Apple na função de gravador de modo que as entrevistas passam por um

processo de transferência de áudio, deste para o computador. Os questionários estão sendo

tabulados, as entrevistas transcritas para análise temática, por compreendê-la como o modelo

de análise mais coerente com esse tipo de abordagem.


Essa pesquisa encontra-se em fase de elaboração e análise de coleta de dados,

portanto só possui resultados parciais. Desse modo estamos identificando e analisando as

ações e práticas profissionais sob as perspectivas multiprofissional e multidisciplinar em Saúde

Bucal na Anemia Falciforme; Identificando e analisando os efeitos da discriminação racial e das

desigualdades de classe e de gênero sobre as condições clínicas dos pacientes com anemia

falciforme; Identificando e descrevendo o itinerário terapêutico de pacientes na Saúde Bucal

em Anemia Falciforme.

De maneira geral, a partir de uma abordagem sócio-antropológica, buscamos também

discutir algumas questões complementares. Uma se refere a como tem se conformado as

ações e práticas profissionais e o itinerário terapêutico de pacientes na Saúde Bucal em

Anemia Falciforme no Rio de Janeiro.

Outra se refere aos efeitos da discriminação e das desigualdades de classe e de

gênero sobre as condições clínicas dos falcêmicos, grupo constituído em sua maioria por

afrodescendentes, população histórica e socialmente impactada pelos efeitos da desigualdade

racial; por um segmento oriundo de camadas menos privilegiadas social e economicamente; e

ainda pelo fato de, apesar de não exclusivamente, ser um grupo marcado pela condição

feminina.

Conclusão

Por encontrar-se em fase de elaboração, essa pesquisa ainda não possui dados

conclusivos, no entanto podemos adiantar que não há dúvida que a criação de políticas

públicas, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, representa uma excelente possibilidade

para a diminuição das desigualdades verificáveis nas estatísticas sobre índices de qualidade

de vida da população negra, entretanto esse grupo ainda se encontra em um espaço onde as

práticas de discriminação são baseadas nas categorias cor/raça, classe e gênero.

O desencadeamento de alguns fatores discriminatórios, sutis ou explícitos, pode afetar

o ser humano em sua condição crônica de portar uma doença que demanda um cuidado

continuado, prolongado e integral. A partir de um olhar voltado para o atendimento, ação e

prática na atenção em saúde prestada à população negra, podemos refletir sobre algumas

causas das disparidades sociais nessa área para que possamos enfrentar as desigualdades

em saúde. Em síntese, o paciente falciforme tem o direito a receber mais atenção e de forma

qualificada, por parte do sistema público de saúde e dos sistemas de promoção social

107



existentes, o que refletirá na melhoria da qualidade dos serviços nesta área num sentido mais

amplo e em particular na sua expectativa de vida.

Apoio: Essa pesquisa não possui apoio

Palavras-chave: saúde bucal, anemia falciforme, itinerário terapêutico, gênero, raça.

108

4.2.10 Valorização da Ciência e dos Pesquisadores

109



PERCEPÇÕES DOS PÓS-GRADUANDOS DA UNICAMP SOBRE O CONTEXTO DA PÓS -

GRADUAÇÃO E DO PRODUTIVISMO NESTA UNIVERSIDADE.

Mariana Zuaneti Martins10; Gabriela Zanotto Bosshard11;

Vitor Lacerda Vasquez12; Renata Guelfi Rossini13

email: [email protected]

ÁREA: VALORIZAÇÃO DA CIÊNCIA E DOS PESQUISADORES

Introdução

O objetivo desta pesquisa foi descrever as percepções dos pós-graduandos da Unicamp sobre

o contexto da pós-graduação nesta instituição. Com isso, procuramos demonstrar indícios de

como estes estudantes percebem as questões relativas ao atual contexto de avaliação da pós-

graduação, fundamentado no produtivismo, e como este reflete em seus estudos. Por

produtivismo entendemos o modelo de promoção e avaliação da pesquisa científica e formação

de pessoal que privilegia a métrica de desempenho pelo número de papers publicados

anualmente, conforme a definição de Lucídio Biachetti. No âmbito docente, essa temática vem

sendo intensamente discutida, motivada, em primeiro lugar, pelas entidades sindicais, como os

número especiais da Revista do Andes-SN, de janeiro de 2008, e da Revista da ADUSP, de

outubro de 2009. Dentro do campo científico, as novas formas de avaliação da CAPES também

têm gerado intensos debates dentro das diferentes áreas de conhecimento, produzindo artigos

e pesquisas sobre os impactos do produtivismo sobre a atividade acadêmica. Nesse sentido,

nosso trabalho visa dar luz a em que medida e como essas preocupações já vêm se tornando

presente nas percepções dos pós-graduando em sua fase de formação para a docência e a

pesquisa em nível superior.

Metodologia

O corpus dessa pesquisa foi produzido a partir da resposta de 552 estudantes de pós-

graduação da Unicamp, ao questionário intitulado “O que o pós-graduando pensa da pós-

graduação na Unicamp?”, divulgado a todos, por meio do email institucional da Universidade.

10 Doutoranda – Faculdade de Ed. Física – Unicamp 11 Doutoranda – Química - Unicamp

12 Mestrando – Ciência Política – Unicamp

13 Mestranda – Educação – Unicamp

110

Neste questionário, foram respeitados os prícinpios éticos da Resoluções 196/96 e 251/97 do

Conselho Nacional de Saúde, mantendo o sigilo e anonimato de todos os participantes na

pesquisa, bem como a participação voluntária. O corpus tem representação de todos os

institutos e faculdades da Unicamp, dispostos nos diferentes campi dela. O questionário foi

aplicado em Março de 2014, contendo diversas perguntas que dizem respeito à bolsa de

estudos, produção acadêmica, incentivo à participação em eventos acadêmicos, à relação

orientador-orientando. A partir das respostas, procedemos uma análise quantitativa dos dados

produzidos, evidenciando as principais relações entre as respostas, caracterizando em que

medida o produtivismo é ou não percebido pelos estudantes de pós-graduação, e como ele se

relaciona a outras questões, como a discussão sobre bolsas de estudo, normas do programa e

relação com o orientador.


Dos 552 estudantes que responderam ao questionário, 46,7% cursavam mestrado, e 52,9%

doutorado, sendo 49% mulheres e 51% homens. Estes dados do perfil dos estudantes são

importantes, pois confirmam o resultado apresentado no anuário estatístico da Unicamp,

garantindo à nossa amostra um critério de representatividade da realidade.

Quando perguntados sobre se sentiam-se pressionados a produzir/publicar, 57,7% (319

respostas) afirmou que sim. O interessante é que esta resposta está diretamente relacionada a

outra questão, que perguntava se o programa ao qual o estudante estava vinculado obrigava a

submissão/ publicação de artigos para o agendamento da defesa. Dos que responderam que a

publicação era um pré-requisito, 177 disseram que se sentiam pressionados. Deste modo,

percebemos que as normas do programa podem criar uma percepção da presença do

produtivismo no âmbito discente.

Relacionada a essa temática, questionamos se os estudantes se sentiam respeitados por seus

orientadores. Cerca de 86% (413) afirmaram taxativamente que sim. Cinquenta respostas

afirmavam que eram parcialmente respeitados ou que não eram. Nos comentários das

respostas, surgiram afirmações que não são respeitados os direitos ao descanso do

orientando; que o orientador está mais preocupado com as publicações do que com a

orientação em si.

Conclusão:

De acordo com os dados produzidos em nosso questionários, é identificável uma percepção

negativa relacionada ao produtivismo que se desdobra em duas consequências: em primeiro

lugar, uma pressão para a publicação de artigos, ou seja, pelo enquadramento nos termos da

métrica quantitativa como balizador da avaliação. O fato de os estudantes perceberem o

111



enquadramento a esses parâmetros como pressão indica uma evidência de que no corpo

discente também se desenham fatores que são prejudiciais ao desenrolar da pesquisa.

Conforme apontam as pesquisas conduzidas pelas entidades docentes, é um caminho de

pressão que precariza as condições de trabalho e pode levar ao adoecimento. Em segundo

lugar, há indícios de que tal pressão para a produção estaria prejudicando a relação entre

orientadores e orientandos, de modo que 10% dos estudantes afirmaram que já na relação

docente/discente se sentiam desrespeitados. As cobranças por publicação e a pressão vão,

contudo, na contramão da valorização da pós-graduação na percepção destes estudantes. Dos

que acham que há uma pressão para publicar, 75% acreditam que o valor das bolsas de

estudo concedidas pela CAPES e CNPq são insuficientes para viver na cidade na qual

estudam.

Instituição de fomento/apoio: Sem financiamento

Palavras-chave: produtivismo acadêmico, pós-graduação; campo científico.

Documents

Anais da 6ª Mostra Científica da ANPG