13
REVISÃO CRÍTICA DA LITERATURA SOBRE O ATENDIMENTO A HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA Victor Hugo Belarmino Jáder Ferreira Leite Universidade Federal do Rio Grande do Norte Introdução Atualmente os grupos reflexivos com HAV trabalham sobremaneira na perspectiva do reconhecimento, da responsabilização e de ampliação dos recursos para resolução de conflitos e crises dentro das relações. Tal formatação tornou-se possível a partir da promulgação da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em seus artigos 35 e 45, institucionalizando os serviços de responsabilização aos "agressores" 1 como parte integrante do Programa de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Antes da LMP, a violência conjugal era tratada como crime de menor potencial ofensivo, a partir da aplicação da Lei 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), que previa penas alternativas, tais como pagamento de cesta básica ou prestação de serviços comunitários, em detrimento da reclusão. Como aponta Medrado (2010), a aplicação das penas alternativas no modelo dos Juizados Especiais foi duramente criticado pelos coletivos feministas, uma vez que representava não apenas brandura na penalização, mas também produzia a sensação de impunidade. Os grupos reflexivos com os HAV fazem parte dos serviços previstos e incentivados legitimamente pela LMP. Lima e Büchele (2011) corroboram sinalizando que a LMP, a qual conferiu legitimidade política para discussão e implementação dos grupos, não discorre sobre a estrutura, organização e implementação dos "centros de atendimentos a agressores" ou mesmo desenvolveu interpretações acerca do que seriam intervenções de "educação e reabilitação" ou "recuperação ou reeducação" (p. 730). É mister apontar que o desenvolvimento de intervenções que prezam pela complexidade, contextualização, atentando às multideterminações sociais da violência, apresenta obstáculos institucionais e jurídicos importantes, dado que as instituições que ordenam a jurisdição se traduzem na polarização judicial, em parte agredida/ofendida e agressor, pela via da criminalização. Partindo desse cenário problematizado anteriormente, este trabalho consiste em um levantamento bibliográfico acerca dos grupos reflexivos para homens autores de violência no âmbito da Lei Maria da Penha. Objetiva-se, a partir da bibliografia mapeada, compreender e 1 Expressão utilizada ipsis litteris no texto original da LMP. Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

Anais do VI Semin rio Nacional G nero e Pr ticas … leis, e do exercício concreto destas pelo sistema judiciário, que cria elementos normativos, que contribuem para a definição,

  • Upload
    vannhu

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

REVISÃO CRÍTICA DA LITERATURA SOBRE O ATENDIMENTO A HOMENS

AUTORES DE VIOLÊNCIA

Victor Hugo Belarmino Jáder Ferreira Leite

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Introdução

Atualmente os grupos reflexivos com HAV trabalham sobremaneira na perspectiva

do reconhecimento, da responsabilização e de ampliação dos recursos para resolução de

conflitos e crises dentro das relações. Tal formatação tornou-se possível a partir da

promulgação da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em seus artigos 35 e 45,

institucionalizando os serviços de responsabilização aos "agressores"1 como parte integrante

do Programa de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Antes da LMP, a violência

conjugal era tratada como crime de menor potencial ofensivo, a partir da aplicação da Lei

9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), que previa penas alternativas, tais como pagamento

de cesta básica ou prestação de serviços comunitários, em detrimento da reclusão. Como

aponta Medrado (2010), a aplicação das penas alternativas no modelo dos Juizados Especiais

foi duramente criticado pelos coletivos feministas, uma vez que representava não apenas

brandura na penalização, mas também produzia a sensação de impunidade.

Os grupos reflexivos com os HAV fazem parte dos serviços previstos e incentivados

legitimamente pela LMP. Lima e Büchele (2011) corroboram sinalizando que a LMP, a qual

conferiu legitimidade política para discussão e implementação dos grupos, não discorre sobre

a estrutura, organização e implementação dos "centros de atendimentos a agressores" ou

mesmo desenvolveu interpretações acerca do que seriam intervenções de "educação e

reabilitação" ou "recuperação ou reeducação" (p. 730). É mister apontar que o

desenvolvimento de intervenções que prezam pela complexidade, contextualização, atentando

às multideterminações sociais da violência, apresenta obstáculos institucionais e jurídicos

importantes, dado que as instituições que ordenam a jurisdição se traduzem na polarização

judicial, em parte agredida/ofendida e agressor, pela via da criminalização.

Partindo desse cenário problematizado anteriormente, este trabalho consiste em um

levantamento bibliográfico acerca dos grupos reflexivos para homens autores de violência no

âmbito da Lei Maria da Penha. Objetiva-se, a partir da bibliografia mapeada, compreender e

1 Expressão utilizada ipsis litteris no texto original da LMP.

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

2

situar as discussões que se dispõe a problematizar este recorte temático dentro das políticas de

enfrentamento à violência de gênero, de forma a analisar onde se centraliza a atenção destes

estudos, bem como os embates e tensões que se desenrolam nessas produções.

Metodologia

Metodologicamente realizou-se uma revisão narrativa da literatura. Segundo Rother

(2007) a revisão narrativa consiste no mapeamento amplo de publicações, apropriadas para

descrever e discutir o desenvolvimento ou o "estado da arte" de um determinado assunto, sob

ponto de vista teórico ou contextual. Segundo esta autora, as revisões narrativas não

necessitam informam as fontes de informação utilizadas, a metodologia para busca das

referências, nem os critérios utilizados na avaliação e seleção dos trabalhos. Ou seja,

constituem, basicamente, da análise literária publicada em livros, artigos de revistas impressas

e/ou eletrônicas na interpretação e a análise crítica pessoal do autor acerca destes materiais.

Apesar disso, foram utilizados alguns critérios importantes para escolha do material:

as pesquisas foram realizadas nos seguintes bancos e bases de dados: Scielo, Periódicos Capes

e Banco de Teses e Dissertações; foram utilizadoscomo descritores "grupo", "homem" e

"violência"; privilegiaram-se trabalhos dos últimos cinco anos e produzidos nacionalmente.

As reflexões provenientes das leituras inspiraram a elaboração de eixos esquemáticos, os

quais orientaram a análise crítica destes trabalhos. Tais eixos referem-se à articulação de duas

ou mais das seguintes categorias: (1) Gênero, (2) Violência, (3) Estado/Políticas Públicas, (4)

Desigualdades Sociais, (5) Indivíduo e (5) Sociedade. Partiu-se do seguinte esquema

analítico:

Esquema 1 - Modelo de orientação para análise.

Realizou-se a leitura, fichamento e categorização de 14 artigos, seis teses e

dissertações e seis livros. As discussões foram organizadas em subtemas, seguindo o modelo

referenciado acima, objetivando visualizar onde se concentrava os debates e que

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

3

temas/subtemas ganhavam maior atenção. A seguir serão discutidos aqueles que recebem

maior atenção neste campo dos estudos de gênero.

Resultados e discussão

As discussões tomando os homens autores de violência contra as mulheres como

alvo de intervenções e de políticas públicas é relativamente recente nas questões feministas e

de gênero. Nos últimos anos, sobretudo após a promulgação da Lei 11.340/2006, amplamente

conhecida como Lei Maria da Penha (LMP), assistimos à ampliação dos estudos de gênero

tendo como foco as masculinidades em interface com a produção e reprodução da violência

de gênero. Por esta razão, o debate atualmente se concentra bastante na tentativa de

contextualizar as intervenções com HAV: qual seu lugar institucional; quais metodologias,

estratégias e critérios de avaliação podem ser utilizados para definir seu grau de eficácia;

quais princípios e diretrizes norteiam os profissionais em suas intervenções; o que se pretende

com os grupos reflexivos; e as principais dificuldades que persistem tanto na prática de

pesquisa, quanto da atuação neste campo.

Este primeiro bloco de discussões refere-se ao esforço de compreender de que

maneira o Estado e seus agentes institucionais podem e devem se posicionar acerca da

violência de gênero2, influindo em processos macro e microssociais através de políticas

públicas. Outro grande bloco de discussões se ocupa a abarcar a relação das temáticas gênero

e violência, pensando de que modo se entrecruzam e como se sedimentam subjetivamente nos

indivíduos e em suas relações. De fato, faz-se imprescindível realizar o esforço de

problematizar acerca do que se entende por violência, bem como o que se nomina por gênero.

Esse caminho é indispensável para qualificar e situar o conceito de violência de gênero, desse

modo pensando a relação que pode ser entendida entre eles. Na sequência abordarei estes

estudos de forma mais detalhada, direcionando-me a partir destes doisblocos temáticos

referenciados acima.

Grupos reflexivos e judiciarização das relações

Dentre os objetivos mais comuns encontrados em relação aos atendimentos

encontrados na revisão crítica de Lima e Büchele (2011) com os HAV estão: oferecer formas

não violentas de resolução de conflitos, desenvolvimento emocional e de auto-estima, 2 Esta categoria, apesar de englobar gênero numa acepção mais ampla, fluida e relacional, não é a mais utilizada nas políticas e documentos oficiais. Existe uma centralização das terminologias que referem às violências de gênero a uma única generificada: "violência contra as mulheres".

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

4

responsabilização e cessação dos comportamentos violentos, tentando garantir, a partir deste

último, a segurança da mulher. Beiras (2014) em seu mapeamento encontra perfil semelhante

de objetivos enunciados pelos serviços, a saber: responsabilização e interrupção ou fim dos

atos de violência; prevenção e conscientização; formação e treinamento; desconstrução de

estereótipos de gênero e das masculinidades hegemônicas; e evitar reincidências do agressor

em novos episódios de violência. Acosta, Filho e Bronz (2004) concordam com o

entendimento de que "os grupos possibilitam a continência dos estados afetivos e promoção

de diálogos" (p. 14).

Beiras e Cantera (2014) encontram a persistência de diversos questionamentos sobre

o melhor formato grupal para as intervenções com os HAV, coexistindo modelos terapêuticos,

reflexivos, psicoeducativos e de reabilitação. Andrade (2014) enxerga aí um ponto nodal

dessas propostas, uma vez que a fundamentação normalmente resvala para a ética e o olhar

que vem das propostas de grupos terapêuticos. Apesar disso, como aponta Martínez-Moreno

(2017), o trabalho com HAV através dos grupos reflexivos alcançou um reconhecimento

progressivo por variados atores. Dessa forma, a problemática que provavelmente se desenha

no atual momento não consiste necessariamente em questionar a importância da existência de

grupos reflexivos aos homens que cometem violência, mas em definir o lugar institucional

que deve ocupar o atendimento aos HAV.

Um ponto importante sinalizado por Acosta e Bronz (2014) trata-se da escassez de

diretrizes que norteiem estas ações. Os processo grupais seguem sem muita clareza de

indicadores para avaliação, evidenciando a escassez de ferramentas, circulação de registros e

recursos documentais para tal. Andrade (2014) refere que se faz necessário não apenas avaliar

os modelos de intervenção, mas também compartilhar e reforçar os princípios para que eles

sirvam como guia para as propostas existentes e na definição de diretrizes para as políticas

públicas. Para o referido autor, tais princípios e concepções devem caminhar na via da

responsabilização e reflexão sobre os sistemas de dominação e controle.

Pacheco (2014) apontapara a prevalência da judiciarização das relações pela via

criminal como política de enfrentamento à violência. A captura por essa via, segundo a autora,

produz linhas de subjetivação concernente ao reforço dos estereótipos dicotomizados vítima-

agressor. Desse modo, relações complexas são traduzidas de forma simplificada, de forma que

o processamento penal se sustenta e produz papéis redutores (p. 117). Portanto, coaduno com

a defesa de Rifiotis (2008) de que é preciso conhecer melhor o lugar do legislativo, criador de

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

5

leis, e do exercício concreto destas pelo sistema judiciário, que cria elementos normativos,

que contribuem para a definição, manutenção e mesmo mudança de relações sociais. A autora

defende que a dimensão jurídica é fundamental na construção da legitimidade e do

reconhecimento como estratégia política e de disputa, todavia alerta para o fato de que a

judiciarização das relações sociais não é equivalente de acesso de justiça, democratização e

cidadania.

Para a autora supracitada, a estratégia judiciarizante deve ser tomada como uma

medida de curto prazo, uma vez que se mostra como recurso deveras limitado em termos de

desdobramentos desejados na alteração das relações de gênero na sociedade. Esta questão se

aprofunda, sobretudo se considerarmos as duas frentes de leitura possíveis colocadas por

Rifiotis (2008), a partir da "violência de gênero": da tendência relacional, por um lado; e da

ênfase na dimensão penal, por outro.

Acosta e Bronz (2014) realiza importantes críticas ao tradicional ordenamento jurídico

brasileiro, o qual "ainda conserva características tradicionais, [sendo] atávica a ideia de que a

punição é sempre a melhor resposta a uma infração, se constituindo como uma panaceia" (p.

147). Porém adverte que tal crítica não se aplica a todos os casos, "sobretudo naqueles em que

as mulheres correm risco de vida e têm ameaçada a sua integridade física" (p. 147). Entretanto

ressalva que a maioria dos casos não exige contenção externa absoluta. Esta é uma nuance,

defende as autoras, que a LMP desconsidera em suas disposições legais. Tal endurecimento

da LMP encontra amálgama na contraposição à Lei 9099/95, a qual não atendia à gravidade

de algumas situações, de forma a minimizar os crimes domésticos, desqualificando as

denúncias das mulheres.

De fato, é inegável a importância de valorizar a integridade da demanda das mulheres

que sofrem violência, todavia concordo com Soares (2011) que abordar a questão

exclusivamente da perspectiva da "violência contra a mulher", produz uma grande distorção

em relação às experiências vividas e às estratégias de enfrentamento em face ao problema. A

autora refere que dentro do paradigma da violência contra a mulher, passou-se a considerar os

homens e mulheres envolvidas em relações violentas, enquanto seres monolíticos, isto é,

"meramente repetidores de comportamentos padronizados e identificados na totalidade a seus

respectivos papéis" (p. 197). Concordo com a autora, quando ela refere que subjaz à ideia de

justiça um sentimento ou desejo de vingança e da punição considerada como um fim em si

mesmo. Assim a condição de "reparação das vítimas" centraria esforços em infligir

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

6

sofrimento aos culpados. Portanto, tal como aludem Lima e Büchele (2011), ainda persiste a

noção de que a prisão dos homens é o dispositivo que melhor responderia à segurança das

mulheres.

Em suma, como pude observar na literatura que reflete este campo, parece existir no

campo uma indefinição institucional e legislativa no atendimento aos HAV, o que impacta na

caracterização do atendimento realizado. Além de corresponder a uma iniciativa recente e

incipiente dentro das políticas de combate e prevenção à violência de gênero, tem-se que os

casos mais problemáticos geralmente não são contemplados por esta ação. Um dos motivos

refere-se à articulação processual dos casos que chegam ao grupo, os quais seguindo o modelo

de transação penal, era exigido que não houvesse quaisquer antecedentes criminais ou outros

processos ativos. Neste montante ficam excluídos aqueles casos mais emblemáticos e

complexos, os quais se articulam judicialmente à criminalidade, à venda e/ou consumo

abusivo de álcool e/ou de outras drogas, aos casos de reincidência, dentre outros.

Homens e violência: uma relação idiossincrásica?

Boa parte da literatura consultada apresenta postura crítica e desconstrucionista,

visando problematizar interpretações naturalizadas, estereotipadas, reducionistas,

universalizadas e determinísticas. Todavia pode-se dizer que não há consenso e clareza de

qual abordagem teórica seria mais apropriada a compreender a díade violência-gênero, dessa

forma coexistindo modelos de diferentes matrizes teóricas. A teoria do patriarcado como uma

dessas matrizes teóricas, compreendida a partir de um modelo de dominação masculina,

continua sendo bastante referenciada nos debates acadêmicos e também subjacente às

políticas públicas, porém também recebe diversas críticas por se tratar de uma categoria

insuficiente, dada a ressignificação permanente dos lugares ocupados por homens e mulheres

(MONTEIRO, 2014), pela violência de gênero ser contextualizada sócio-historicamente

(MISTURA, 2015), e também porque a dominação não acontece de forma absoluta, universal,

pura, autônoma e sem contradições (SOARES, 2011).

Um conceito bastante utilizado nos diversos trabalhos,que se articula à perspectiva do

patriarcado, refere-se à masculinidade hegemônica (MONTEIRO, 2014, TONELI; BEIRAS;

CLÍMACO; LAGO, 2010, SILVA; COELHO; NJAINE, 2014, PRATES; ALVARENGA;

2014, ACOSTA; FILHO; BRONZ, 2004, CONNEL; MESSERSCHMIDT, 2013). A

importância de problematizar esta categoria se justifica não apenas por seu uso recorrente nas

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

7

produções sobre o tema, mas também porque os profissionais convocam esta matriz

discursiva nas diversas intervenções desta natureza, tal como refere Beiras (2014). Este

conceito compreende o gênero no sistema binário, todavia desfaz a compreensão de uma

masculinidade monolítica, apresentando modelos alternativos de masculinidade:

múltiplas/subalternas e hegemônicas/dominantes. Seu emprego ganhou bastante adesão nas

justificativas das intervenções com HAV, uma vez que entende o uso do poder dos homens

sobre as mulheres como a base da violência cometida contra elas. O que se coloca como

anteparo a esta adesão refere-se à possibilidade de produzir a materialização de uma

masculinidade hegemônica, para então "exorcizá-la" (SILVA; COELHO; NJAINE, 2014).

Esta é uma operação que bastante se adequa ao processo de judiciarização das relações

sociais, já que consegue reduzir a complexidade do problema às categorias penais aplicáveis,

como será discutido posteriormente.

Utilizando este conceito, Andrade (2014) coloca que igrejas, instituições de ensino,

locais de trabalho, disputas esportivas e espaços de lazer são alguns dos espaços que reforçam

as masculinidades hegemônicas. Existiria, portanto, um conjunto de espaços de socialização,

primária e secundária, os quais propagariam a reprodução dos modelos hegemônicos,

produzindo não apenas padrões naturalizados e estereotipados de gênero, mas padrões

abusivos e violentos de interação social. Acosta, Filho e Bronz (2004) advogam o uso da

violência contra a mulher como "uma prática que alguns homens têm empregado nas relações

íntimas quando 'percebem' seu poder e seu controle ameaçados" (p. 14). Desse modo a

identidade3 masculina, diferente do que normalmente se acredita, seria vivenciada como uma

situação de vulnerabilidade, demonstrando a "fragilidade masculina", favorecendo o que os

autores nomeiam de "acumulação de estados afetivos", podendo culminar em "explosões de

violência" (p. 14).

A partir da literatura consultada nota-se uma tensão terminológica acerca da referência

aos homens que cometeram violência. Tem-se uma tendência nos trabalhos que discutem a

violência contra as mulheres em referenciar os homens enquanto agressores, coexistindo

bipolarmente uma outra tipologia, das mulheres vítimas ou vitimizadas. Como defendem

Lago, Ramos e Bragagnolo (2010), a implementação do atendimento aos homens autores de

violência previsto pela LMP, bem comoa discussão terminológica em torno do rótulo

"agressores", é uma questão ainda incômoda a muitas feministas e pró-feministas, sendo um

3 Termo utilizado pelos autores, não sendo pretensão neste trabalho sustentar tal conceito.

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

8

questionamento não hegemônico nos estudos e produções de gênero. De acordo com

Medrado, Lemos e Brasilino (2011), ainda é possível observar posicionamentos radicais e

resistências a qualquer ação com os considerados "agressores", deste modo resistindo à

descristalizar a fixidez da relação homem-agressão. Apesar do uso massivo desta categoria,

sobretudo nos documentos oficiais, como a LMP, uma consistente literatura resultante do

trabalho em grupos reflexivos voltados aos homens aponta diversas críticas.

Algumas das críticasdirecionadas consistem no fato que estas categorias dicotômicas

possuem um olhar reducionista (LIMA; BÜCHELE, 2011), criam padrões que não

compreendem a capacidade de comportamentos instituídos atualizarem-se nas relações

interpessoais (MEDRADO; LEMOS; BRASILINO, 2011) e não refletem a complexidade das

relações, obscurecendo uma melhor compreensão e intervenção nos casos de violência

(ROSA et al., 2008). Toneli et al. (2010) alertam para a importância de não fixar as pessoas

envolvidas em situações de violência nestas categorias, uma vez que abriria a possibilidade de

considerar o sujeito em sua integridade, tornando possível produzir descolamentos e

deslocamentos efetivos nos sujeitos e em suas relações. Coaduno com a compreensão de

Silva, Coelho e Njaine (2014) de que considerar a violência de gênero pautada na vitimização

das mulheres dificulta a ampliação do entendimento das relações violentas, consideradas em

toda sua amplitude, contexto e complexidade. De algum modo, como apontam estes autores, a

lógica dicotômica sustenta e é sustentada por uma predisposição à culpabilização e

penalização dos homens a priori, revelando em muitas ocasiões por parte dos técnicos um

"não ouvir" ou uma desconsideração às multideterminações e ao caráter relacional das

situações de conflito e violência (SILVA; COELHO; NJAINE, 2014, p. 177).

Beiras e Canteira (2014) vão mais longe e acrescentam que estas dicotomias clássicas

e bem fixadas cotidianamente não apenas são mecanismos de simplificação do fenômeno, mas

"são estruturas-chave para a manutenção da masculinidade tradicional idealizada e normativa

e das relações desiguais de poder" (p. 38). Neste sentido, considerando que o grupo se torna

um ambiente propício ao questionamento e desconstrução de uma masculinidade tradicional,

é fundamental descristalizar o lugar de agressores e vítimas, reconhecendo a capacidade de

agenciamento e de construção de novas subjetividades. Todavia é necessário atentar para a

consideração de Soares e Gonçalves (2017) que, inspirados pela criminologia crítica e teorias

pós-modernas de gênero, reconhecem a fragilidade da simplificação das categorias vítima-

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

9

agressor, mas alertam para o risco de despolitização frente à histórica opressão sofrida pelas

mulheres.

Considerações finais

Diante deste cenário delineado é imprescindível avançar nos dispositivos de

enfrentamento à violência de gênero. Para a discussão de gênero interessa-nos perguntar: que

jogos de interesses e instituições seriam afetadas a partir da desconstrução dos tradicionais e

hegemônicos lugares de gênero, ancorando-o ao paradigma emergente da ciência?

Perspectivas pós-modernas de gênero encontram resistência e estrangulamento também nesse

jogo de interesses, uma vez que o Estado e seu aparelhamento com as forças econômicas

necessitaria rever suas instituições para tratar de modo igualitário e equitativo as diversas

expressões de gênero, que não apenas as tradicionais masculino e feminino heterossexuais.

É indispensável questionar aqui a própria instituição penal, visto que a atenção aos

HAV se situam no paradigma da penalização. Decorre desta anterior necessidade reflexiva a

discussão articulada à criminalização da pobreza, com forte urgência da discussão de raça/cor,

situando a problemática de gênero e violência enquanto um aspecto infinitamente mais

complexo e interseccional.

Referências

ACOSTA, Fernando; BRONZ., Alan. Desafios para o trabalho com homens em situação de violência com suas parceiras íntimas. In: BLAY, Eva Alterman (Org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. p. 139-148. ACOSTA, Fernando; ANDRADE, Antônio Filho; BRONZ, Alan. Conversas homem a homem: grupo reflexivo de gênero: metodologia. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2004. 36 p. FEITOSA ANDRADE, Leandro. Grupos de homens e homens em grupos: novas dimensões e condições para as masculinidades. In: BLAY, Eva Alterman(Org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. p. 173-210. BEIRAS, Adriano. Relatório mapeamento de serviços de atenção grupal a homens autores de violência contra mulheres no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2014. 67 p. Disponível em: <http://noos.org.br/portal/wp-content/uploads/2015/04/Relatorio-Mapeamento-SHAV_site.pdf>. Acesso em: 24 out. 2017. BEIRAS, Adriano; CANTERA, Leonor Maria.Feminismo pós-estruturalista e masculinidades: contribuições para a intervenção com homens autores de violência. In:

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

10

BLAY, Eva Alterman(Org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. p. 29-44. BEIRAS, Adriano; NASCIMENTO, Marcos. Grupos reflexivos com homens autores de violência contra mulheres: desafios teóricos, metodológicos e políticos contemporâneos. In: BEIRAS, Adriano;NASCIMENTO, Marcos(Org.). Homens e violência contra mulheres: pesquisas e intervenções no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto NOOS, 2017. p. 11-18. BEIRAS, Adriano; ESPINOSA, Leonor Maria Cantera. La (de) construcción de subjetividades en un grupo terapéutico para hombres autores de violencia en sus relaciones afectivas. 2012. 378 f. Tese (Doutorado) - Curso de Psicologia, UniversitatAutònoma de Barcelona, Barcelona, Espanha, 2012. Disponível em: <https://ddd.uab.cat/record/114285>. Acesso em: 24 out. 2017. BILLAND, Jan. & MOLINIER, Pascale. O trabalho da masculinidade: exigências subjetivas da facilitação e da pesquisa em um grupo reflexivo para homens autores de violência contra mulheres. In: BEIRAS,Adriano;NASCIMENTO, Marcos(Org.). Homens e violência contra mulheres: pesquisas e intervenções no contexto brasileiro.Rio de Janeiro: Instituto NOOS, 2017. p. 140-171. CONNELL, Robert; MESSERSCHMIDT, James; FERNANDES, Felipe Bruno Martins. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 1, p.214-282, jan./abr. 2013. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/24328045?seq=1#page_scan_tab_contents>. Acesso em: 24 out. 2017. DINIZ, Normélia Maria Freire et al. Violência conjugal: vivências expressas em discursos masculinos. Revista da Escola de Enfermagem da Usp, São Paulo, v. 37, n. 2, p.81-88, jun. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342003000200010>. Acesso em: 24 out. 2017. DUTRA, Maria de Lourdes et al. A configuração da rede social de mulheres em situação de violência doméstica. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 5, p.1293-1304, maio 2013. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-81232013000500014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013000500014>. Acesso em: 24 out. 2017. GONÇALVES.As contribuições da noção de interseccionalidade e dos estudos feministas pós-coloniais para o campo das intervenções com homens autores de violência doméstica contra as mulheres. In: BEIRAS, Adriano; NASCIMENTO, Marcos(Org.). Homens e violência contra mulheres: pesquisas e intervenções no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto NOOS, 2017. p. 19-51. GRANJA, Edna; MEDRADO, Benedito. Homens, violência de gênero e atenção integral em saúde. Psicologia & Sociedade, Florianópolis, v. 21, n. 1, p.25-34, jan./abr. 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0102-71822009000100004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822009000100004>. Acesso em: 24 out. 2017.

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

11

GROSSI, Patrícia Krieger; TAVARES, Fabrício André; OLIVEIRA, Simone Barrros de. A Rede de Proteção à Mulher em Situação de Violência Doméstica: avanços e desafios. Athenea Digital, Porto Alegre, v. 14, p.267-280, abr./jun. 2008. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10923/8144>. Acesso em: 24 out. 2017. LAGO, Maria Coelho de Souza; RAMOS, M. E.; BRAGAGNOLO, R. I. Enfrentamento da violência doméstica e familiar na legislação brasileira: Lei Maria da Penha. In: TONEL, Maria Juracy Filgueiras et al(Org.). Atendimento a homens autores de violência contra mulheres: experiências latino americanas. Florianópolis: UFSC/CFH/NUPPE., 2010. p. 25-47. LIMA, Daniel Costa; BÜCHELE, Fátima. Revisão crítica sobre o atendimento a homens autores de violência doméstica e familiar contra as mulheres. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p.721-743, abr./jun. 2011. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=400838232020>. Acesso em: 24 out. 2017. MARTÍNEZ-MORENO, Marco Julian. O duplo registro do "gênero" dos facilitadores de grupos reflexivos para homens autores de violência. In: BEIRAS, Adriano; NASCIMENTO, Marcos(Org.). Homens e violência contra mulheres: pesquisas e intervenções no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto NOOS, 2017. p. 172-195. MEDRADO, Benedito; LEMOS, Anna Renata; BRASILINO, Jullyane. Violência de gênero: paradoxos na atenção a homens. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 16, n. 3, p.471-478, set. 2011. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-73722011000300014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722011000300014>. Acesso em: 24 out. 2017. MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias, [s.l.], n. 21, p.150-182, jun. 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1517-45222009000100008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-45222009000100008&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 24 out. 2017. MISTURA, Tales Furtado. Vivência de homens autores de violência contra a mulher em Grupo Reflexivo: memórias e significados presentes. 2015. 240 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Saúde Pública, Universidad de São Paulo, São Paulo, 2015. doi:10.11606/D.6.2015.tde-17092015-090601. Acesso em: 2017-10-24. MONTEIRO, Anita Cunha. Autores de violência doméstica e familiar: um estudo sobre um grupo de reflexão no Paranoá/ DF. 2014. 183 f. Dissertação (Mestrado) Curso de sociologia —Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/16164> Acesso em: 24 out. 2017. OLIVEIRA, Anderson Eduardo Carvalho de. Atendimento a homens autores de violência contra a mulher:lacunas, desafios e perspectivas. 2012. 120 f. (mestrado). Cursode Filosofia e Ciências Humanas - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. Disponível em:https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/7778/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Mestrado%20-%20Anderson%20Eduardo%20Carvalho%20de%20Oliveira.pdf. Acesso em: 24 out. 2017.

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

12

OLIVEIRA, Janaina Barbosa de et al. Violência entre parceiros íntimos e álcool: prevalência e fatores associados. Revista Panamericana de Salud Publica, Washington, v. 26, n. 6, p. 494-501, dez. 2009. Disponível em:<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1020-49892009001200004&lng=en&nrm=iso>. acesso em: 24 out. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892009001200004. PACHECO, Brenda Fischer Sarcinelli. Masculinidade, performatividade e precariedade. 2014. f. (mestrado). Curso de Psicologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=1317989> Acesso em: 24 out 2017. PRATES, Licursi Prates; ALVARENGA, Augusta Thereza de. Grupos reflexivos para homens autores de violência contra a mulher: sobre a experiência na cidade de São Paulo. In: BLAY, Eva Alterman(Org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. p. 225-246. RIFIOTIS, Theophilos. Judiciarização das relações sociais e estratégias de reconhecimento: repensando a 'violência conjugal' e a 'violência intrafamiliar'. Revistakatálysis, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 225-236, dez. 2008. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802008000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 out. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-49802008000200008. ROSA, Antonio Gomes da et al. A violência conjugal contra a mulher a partir da ótica do homem autor da violência. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 152-160, set. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902008000300015&lng=en&nrm=iso>. Acessoem: 24 out. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902008000300015 ROTHER, Edna Terezinha. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 2, p. v-vi, Jun 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002007000200001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 out. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001. SILVA, Anne Caroline Luz Grüdtner da; COELHO, Elza Berger Salema; NJAINE, Kathie. Violência conjugal: as controvérsias no relato dos parceiros íntimos em inquéritos policiais. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 1255-1262, Abr. 2014. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232014000401255&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 out. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014194.01202013. SOARES, Barbara Musumeci. A ‘conflitualidade’ conjugal e o paradigma da violência contra a mulher. Dilemas - Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, [S.l.], v. 5, n. 2, p. 191-210, fev. 2017. ISSN 2178-2792. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/7326>. Acesso em: 24 Out. 2017.

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416

13

SOARES, C. T.; GONÇALVES, H. S. O macho, o covarde e o criminoso: alguns comentários sobre o processo de criminalização da violência contra a mulher no Brasil. pesquisas e intervenções no contexto brasileiro. In: BEIRAS, Adriano; NASCIMENTO, Marcos(Org.). Homens e violência contra mulheres: pesquisas e intervenções no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto NOOS, 2017. p. 114-139. TONELI, Maria Juracy Filgueiras et al.,Atendimento a homens autores de violência contra as mulheres: experiências latino americanas. Florianópolis: UFSC/CFH/NUPPE, 2010.

Anais do VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais João Pessoa – PB | 22 a 24 de novembro | 2017 | ISSN 2447-5416