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Inclui Lista de espécies indicadas para a Restauração Ecológica no Estado de São Paulo Coordenação Geral Dr. Luiz Mauro Barbosa Diretor Geral do Instuto de Botânica de São Paulo

Anais do VI Simpósio de Restauração Ecológica

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  • NovosRum

    osePerspectivasVISim

    psiodeRestauraoEcolgicaInstituto de BotnicaAv.MiguelEstefano,3687-guaFunda-SoPaulo-Brasil

    www.botanica.sp.gov.br

    Inclui

    Lista de espcies

    indicadas para a

    Restaurao Ecolgica

    no Estado de

    So Paulo

    CoordenaoGeralDr. Luiz Mauro Barbosa

    DiretorGeraldoInstitutodeBotnicadeSoPaulo

    ISBN

    978

    -85-

    7523

    -050

    -3

    9 7

    88

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  • Governo do estado de so Paulo

    secretaria de estado do Meio aMbiente

    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    Coordenao Geral: Luiz Mauro Barbosa

    So PauloInstituto de Botnica

    09 a 13 de novembro de 2015

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  • Governo do estado de so Paulo

    Geraldo alckmin Governador

    secretaria de estado do Meio aMbiente

    Patrcia iglecias secretria

    instituto de botnica

    luiz Mauro barbosa diretor Geral

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  • FICHA TCNICA

    COORDENAO GERAL: Luiz Mauro Barbosa PqC. IBt & Lilian Maria Asperti - IBt.

    REALIZAO: Instituto de Botnica IBtSecretaria de Estado do Meio Ambiente SMA/SPGoverno do Estado de So Paulo

    EDITORAO GRFICA (Capa): Elvis Jos Nunes da Silva.

    REVISO ORTOGRFICA: Elenice Eliana Teixeira e Srvio Nogueira Holanda.

    COMISSO CIENTFICA:Adriana de Mello Gugliotta; Adriana de Oliveira Fidalgo; Domingos Svio Rodrigues; Emerson Alves da Silva; Luciano Maurcio Esteves; Luiz Mauro Barbosa; Maria Margarida da Rocha Fiuza de Melo; Maurcio Augusto Rodrigues; Natalia Macedo Ivanauskas; Nelson Antonio Leite Maciel; Nelson Augusto dos Santos Jnior; Regina Tomoko Shirasuna; Tiago Cavalheiro Barbosa; Valria Augusta Garcia.

    COMISSO ORGANIZADORA: Ada Andre Pinheiro; Amanda Guindalini Tartaglioni; Augusto Schifoni Bascchera; Carlos Yoshiyuki Agena; Cibele Boni de Toledo; Cilmara Augusto; Elvis Jos Nunes da Silva; Fernando Cirilo de Lima; Flvio Cavalheri Parajara; Giuliano Lorenzini; Janana Pinheiro Costa; Karina Cavalheiro Barbosa; Katia Regina Zara; Liliane Ribeiro Santos; Luciana Benjamim Benatti; Marco Antnio Machado; Marlia Vazquez Aun; Mauro Semaco; Nelson Antonio Leite Maciel; Nelson Augusto dos Santos Jnior; Osvaldo Avelino de Figueiredo; Paloma Fernandes de Almeida Boeira; Paulo Roberto Torres Ortiz; Renata Ruiz Silva; Wagner Amrico Isidoro.

    EDITORAO, CTP, IMPRESSO E ACABAMENTO:Imprensa Oficial do Estado de So Paulo

    Ficha Catalogrfica elaborada pelo Ncleo de Biblioteca e Memria do Instituto de Botnica

    Barbosa, Luiz Mauro, coord.B238r Restaurao ecolgica: novos rumos e perspectivas: VI simpsio de restaurao ecolgica / Luiz

    Mauro Barbosa -- So Paulo: Instituto de Botnica, 2015. 436p. il. Bibliografia. ISBN 978-85-7523-050-3

    1. reas degradadas. 2. Recuperao ambiental. 3. Reflorestamento. I. Ttulo. CDU: 581.526

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  • PREFCIO

    com imensa satisfao que apresento os trabalhos do VI Simpsio de Restaurao ecolgica: novos rumos e perspectivas. Em sua 6 edio o Simpsio constitui uma das atividades que compem o Programa Biomas Paulistas: produo de informaes como subsdios conversao e restaurao da Mata Atlntica e Cerrado, do Eixo Conservao Ambiental e Restaurao Ecolgica das Diretrizes Ambientais 2015 2018.

    Como um evento j tradicional dirigido comunidade atuante no campo da restaurao ecolgica, o Instituto de Botnica promove o Simpsio de Restaurao Ecolgica h mais de 20 anos, e a cada evento o nmero de participantes sempre superado.

    O Simpsio oferece tambm subsdios para o Programa Nascentes, do Governo do Estado de So Paulo cujo objetivo promover a restaurao das matas ciliares e proteger os recursos h-dricos, tendo como meta inicial a recuperao de 4.462 hectares, utilizando 6,3 milhes de mudas nativas, produzidas por viveiros particulares e pblicos e tambm por detentos que participam do Programa Regional de Plantio de Mudas Nativas e Recuperao de Mananciais. A meta final do Pro-grama Nascentes a restaurao de 20.000 hectares de matas ciliares e a proteo de 6.000 quil-metros de cursos de gua. Um desses subsdios concretos a lista atualizada de espcies indicadas para a restaurao ecolgica para as diversas regies do Estado de So Paulo, com 2.315 espcies relacionadas e taxonomicamente revisadas e que j se encontra anexa nestes Anais.

    Este VI Simpsio de Restaurao Ecolgica contribuir, sem dvidas, com a execuo destas polticas atravs da discusso e anlise de projetos e aes relacionadas restaurao ecolgica, fundamentados em conceitos desenvolvidos pela comunidade cientfica e em experincias prticas do setor privado e tendo como referencial o cumprimento da legislao ambiental e de metas esta-belecidas. As novas informaes, tendncias e perspectivas, apresentadas e discutidas em mesas--redondas, palestras, cursos, apresentaes de trabalhos cientficos em painis, atividades relacio-nadas disponibilizao de servios e produtos voltados restaurao ecolgica so uma referncia para todos ns sobre este tema.

    Neste ano o evento foi composto por trs palestras, quatro mesas-redondas com apresen-taes de 16 especialistas e sete minicursos, que abordaram diversos aspectos envolvidos nos pro-cessos de restaurao. Participaram dos debates o Instituto de Botnica IBt e o Instituto Florestal, ambos da Secretaria do Meio Ambiente (SMA); o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF); o Fundo Estadual de Recursos Hdricos (FEHIDRO); a Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN); a Companhia Ambiental do Estado de So Paulo (CETESB) e a Desenvolvimento Rodovirio S.A. (DERSA), alm de empresas como a ECOSAFE. Tambm participaram especialistas da rea de restaurao ecolgica de diversas instituies de ensino e pesquisa do Brasil, tais como a Universidade de So Paulo (USP), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Univer-sidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal de So Carlos (UFSCar), Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Faculdade Integrada Cantareira (FIC), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Pernambuco (UPA) e Universidade Federal de Sergipe (UFSE); do exterior teremos dois palestrantes da University of Maryland (USA).

    Em sua sexta edio, o Simpsio de Restaurao Ecolgica, demonstra pelo nmero de tra-balhos e pela qualidade e importncia dos temas que sero debatidos e que podem ser vislum-brados nesta publicao, certamente tero desdobramentos no sentido de promover avanos em Restaurao Ecolgica e nas polticas pblicas para o setor, atendendo demanda por um frum permanente nesta rea.

    Patrcia Iglecias Secretria de Estado do Meio Ambiente - SP

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  • APRESENTAO

    H um bom tempo, sobretudo nos ltimos anos, a preocupao com a restaurao ecolgica em reas degradadas ocupa o centro das discusses, principalmente porque a preservao dos recursos hdricos, a escassez de gua e a conservao da biodiversidade esto na pauta do dia. Reflorestamentos tm sido implantados com espcies nativas, regionais, para diferentes objetivos, como a proteo de mananciais, estabilizao de encostas, recuperao de habitat para fauna, entre outros. Com o desenvolvimento da Ecologia da Restaurao como cincia, o termo restaurao ecolgica passou a ser mais bem definido. A SER Society for Ecological Restoration (2004) - definiu a restaurao ecolgica como a prtica deliberada que visa a iniciar ou acelerar a recuperao da sade, integridade e sustentabilidade de um ecossistema degradado, danificado ou destrudo, seja por aes diretas, ou mesmo indiretas do homem. Desta forma, um ecossistema restaurado no necessita retornar s suas condies originais.

    A Secretaria do Estado do Meio Ambiente de So Paulo (SMA), atravs de seus institutos, tem se dedicado muito s pesquisas envolvendo a recuperao de reas degradadas, recursos h-dricos, mudanas climticas e conservao da biodiversidade. A necessidade da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, de produzir e sistematizar conhecimentos sobre repovoamento vegetal para proteo de sistemas hdricos e a promoo da conservao de espcies vegetais, espe-cialmente as arbreas de ocorrncia regional, utilizando modelos mais adequados a cada situao nas reas degradadas a serem recuperadas, nos diferentes biomas do estado de So Paulo, levou o Instituto de Botnica a desenvolver projetos diretamente voltados s polticas pblicas neste tema.

    Neste contexto, se considerarmos a premissa de que conservar a biodiversidade significa re-conhecer, inventariar e atuar, respeitando ao mximo essas diferenas, ou seja, mantendo a maior variabilidade possvel de organismos vivos, de comunidades e de ecossistemas, e que uma floresta tropical bem conservada chega a ter mais de 100 espcies nativas de estratos arbustivos e arbreos, em um nico hectare, entende-se que a dinmica florestal s entra em equilbrio pelas estratgias de evoluo, desenvolvidas pelas espcies ao longo de centenas e milhares de anos, ou seja, a exis-tncia de poucos indivduos de muitas espcies acaba sendo um mecanismo de autopreservao destas e, consequentemente, das florestas tropicais. Tal premissa, seguramente, vem resolver os problemas com plantios ou reflorestamentos com muitos indivduos de poucas espcies, em que possvel que um provvel ataque de pragas, ou ocorrncia de doenas em uma determinada esp-cie nativa multiplique-se rapidamente pela proximidade de indivduos irmos.

    com essa viso de manter a restaurao ecolgica como tema atual e relevante nas po-lticas pblicas do meio ambiente, fornecendo informaes e ferramentas sempre respaldadas no mtodo cientfico e buscando o sucesso das aes e projetos de restaurao de reas degradadas, que se realiza este VI Simpsio, tendo como tema os novos rumos e perspectivas da restaurao ecolgica.

    Luiz Mauro BarbosaDiretor Geral do Instituto de Botnica

    Coordenador do VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

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  • CONTEDO

    Artigos Referentes aos Minicursos

    Restaurao ecolgica de florestas tropicais: estgio atual ..................................................... 13

    Restaurao em manguezal princpios bsicos ...................................................................... 23

    Caracterizao das fisionomias florestais do estado de So Paulo: principais famlias e espcies indicadoras ................................................................................ 26

    Parmetros qumicos, fsicos e microbiolgicos do solo e sua qualidade ................................ 33

    Elaborao de projetos em restaurao ecolgica: aspectos tcnicos e legais ........................ 40

    rea de preservao permanente e vegetao nativa: autorizao e compensao ambiental no Estado de So Paulo ........................................................................................... 47

    Elaborao, submisso e execuo de projetos executivos de restaurao ecolgica, financiados pelo fundo estadual de recursos hdricos (FEHIDRO) ............................................ 49

    Adequao ambiental: CAR, SARE e PRA .................................................................................. 52

    Artigos referentes s Palestras

    Restoration for water ecosystem services ................................................................................... 55

    Desafios e benefcios do programa de regularizao ambiental e mercado de cotas de reserva ambiental ................................................................................................. 56

    Aplicao e funcionamento da nova Lei Florestal .................................................................... 62

    O programa de reflorestamento dos empreendimentos da Dersa: estudo de caso prtico com resultados positivos restaurao florestal ......................................................... 66

    Trs reflexes sobre a restaurao de florestas tropicais ......................................................... 71

    Legislao para a restaurao: a Cota de Reserva Ambiental (CRA) como instrumento para a restaurao no Estado de So Paulo ................................................ 77

    Experincias em restaurao ecolgica em rea de preservao permanente no Estado de Mato Grosso do Sul ................................................................................................. 84

    Situao atual e perspectivas futuras na recuperao de mananciais no Estado de Sergipe: estudo de caso da bacia hidrogrfica do Rio Piauitinga ........................ 90

    Vi Simpsio de Restaurao Ecolgica: novos rumos e perspectivas ....................................... 98

    Custos e benefcios da recomposio florestal em bacias hidrogrficas .................................. 103

    Quantificao de biomassa e carbono em reas com florestas nativas ................................... 110

    Pagamento por servios ambientais e regularizao de reserva legal ........................................... 126

    Macrfitas aquticas e qualidade dos recursos hdricos .......................................................... 131

    Paleolimnologia e seu uso no gerenciamento da qualidade da gua....................................... 137

    Monitoramento de qualidade das guas uso de bioindicadores e novos desafios ............... 139

    Restaurao de crregos para a recuperao da qualidade da gua ....................................... 147

    A fauna de vertebrados como um aliado na restaurao ......................................................... 151

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  • Resumos

    rea 1 - mtodos e tcnicas alternativas para a restaurao ecolgica ................................... 159

    rea 2 - avaliao e monitoramento de projetos de restaurao ecolgica ............................ 203

    rea 3 - estudos de caso em restaurao ecolgica (compensao e passivos ambientais) ............................................................................................................. 252

    rea 4 - aspectos scio-econmicos, polticos, legais, culturais e educacionais, vinculados restaurao ecolgica .......................................................................................... 259

    rea 5 - restaurao ecolgica de paisagem em ambientes urbanos e rurais ......................... 277

    Carta da comunidade cientfica de So Paulo populao ...................................................... 299

    Lista de espcies indicadas para restaurao ecolgica para diversas regies do Estado de So Paulo ................................................................................................ 303

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  • Minicursos

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    RESTAURAO ECOLGICA DE FLORESTAS TROPICAIS: ESTGIO ATUAL

    Gandolfi, S.1

    Rodrigues, R. R.2

    Barbosa, L. M.3

    Viani, R.4

    A proposta aqui apresentada procura estabelecer uma viso sobre como processos ecolgicos fundamentais, ligados construo, evoluo temporal e manuteno de comu-nidades florestais, e ecologia de paisagens, permitem entender a construo dos conceitos de restaurao ecolgica de florestas tropicais e subtropicais e, em especial, a restaurao de florestas estacionais. Atravs do desenvolvimento desses conceitos, possvel tambm es-truturar programas de adequao de propriedades rurais, programas ambientais envolvendo o gerenciamento de plantios compensatrios, como o realizado para as obras do Rodoanel Mrio Covas/ SP, ou ainda termos de compromisso de recuperao ambiental (TCRAs), entre outros que utilizem conceitos e mtodos de restaurao ecolgica, para restaurar parte das florestas nativas e da biodiversidade florestal perdidas. Complementarmente, aborda alguns exemplos de polticas pblicas voltadas promoo da restaurao ecolgica, incluindo fer-ramentas, disponibilizadas aos interessados, pelo poder pblico.

    Entre os conceitos centrais que sero discutidos, esto as ideias que apresentam as diferenas das reas degradadas nas suas caratersticas atuais e antes da degradao, bem como as diferenas das paisagens nas quais elas se inserem, com consequente divergncia nas solues que podem ser encontradas para, em cada caso especfico, produzir a restau-rao da formao florestal localmente degradada, com grande previsibilidade de sucesso ecolgico, viabilidade de implantao e custos razoveis.

    Isso leva a que no se defina uma nica tcnica de restaurao, que deva ser indiscri-minadamente prescrita a toda e qualquer situao de degradao, mas que se produza, via pesquisa cientfica, um menu de mtodos de restaurao que possam ser usados e combina-dos, para gerar a soluo adequada a cada problema especfico.

    Por exemplo, por sua grande previsibilidade de sucesso ecolgico, quando correta-mente formulado e implementado, o mtodo de plantio de mudas um dos que mais se tem empregado e ser amplamente discutido no minicurso. Assim, pode-se citar, por exemplo, a significativa evoluo conquistada na produo de mudas no estado de So Paulo na ltima dcada, refletido em um aumento no somente quantitativo, de aproximadamente 12 para 42 milhes de mudas/ano, mas tambm qualitativo, ou seja, de cerca de 150 espcies pro-duzidas, com utilizao de apenas 30 espcies arbreas na maioria dos plantios, para mais de 700 espcies produzidas, com uma mdia de mais de 80 espcies usadas, por hectare,

    1 Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de So Paulo2 Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de So Paulo3 Instituto de Botnica Secretaria do Meio Ambiente4 Universidade Federal de So Carlos

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    inclusive com abordagem da diversidade gentica. Destaca-se aqui o importante papel das polticas pblicas adotadas pelo estado de So Paulo, sempre com base cientfica e tecnolgi-ca, amplamente discutidas em eventos que envolvem os diferentes segmentos da sociedade (BARBOSA et al.,2011).

    Agora que milhares de hectares deixaro de ser restaurados e que as reas de pre-servao permanente (APPs) tiveram suas faixas de restaurao reduzidas, em funo das alteraes introduzidas pelo Cdigo Florestal de 2012 (Lei n 12.651 de 25 de maio de 2012, e alteraes nela promovidas pela Lei n 12.727 de 17 de outubro de 2012), o plantio de mudas tende a ter maior importncia.

    Nesse novo contexto, o plantio de mudas, ao permitir uma maior previsibilidade de sucesso ecolgico, torna-se um importante aliado na busca de uma compensao, ainda que tmida, das perdas decorrentes do novo Cdigo Florestal.

    Por exemplo, visando a compensar parte do nmero de indivduos de espcies arb-reas nativas perdidos, em funo da reduo do nmero de hectares que seriam plantados, pode-se vir a prescrever na restaurao de Florestas Estacionais Semideciduais em APPs, ago-ra reduzidas, o uso de plantios mais adensados (p. ex.: de 1.667 mudas/ha para 2.500 mudas/ha) e/ou que sejam mais ricos (de 80 para 100 ou mais espcies arbreas/ha), em especial, em paisagens com poucos fragmentos, pequenos, distantes e muito degradados, para tentar garantir que as poucas florestas que viro a ser implantadas realmente venham a se efetivar.

    Essas, bem como outras implicaes das mudanas feitas no Cdigo, sero discutidas.Por outro lado, grande o menu de mtodos de restaurao j disponveis e suas

    caractersticas e prescrio de uso sero igualmente apresentadas e discutidas.Novos mtodos que esto sendo pesquisados e ou formulados sero tambm abor-

    dados, de maneira que os participantes percebam os caminhos da pesquisa da restaurao florestal no Brasil e possam antever possveis avanos.

    Da mesma forma, a restaurao de reas de reserva legal, com ou sem a finalidade de uso da biodiversidade, ser apresentada, detalhada e discutida, apontando-se, em especial, o uso adequado dessas reservas como um dos possveis caminhos para o efetivo aproveita-mento econmico da vasta biodiversidade florestal brasileira.

    Espera-se que no apenas se possa mostrar o estado da arte da restaurao de flores-tas estacionais, mas tambm reforar a importncia de que aes de restaurao sejam feitas sempre com base em princpios ecolgicos bem fundamentados, a fim de que projetos e programas de restaurao ecolgica no fiquem apenas como propostas bem-intencionadas, mas que levem real recuperao de parte das florestas nativas e da biodiversidade perdidas.

    Alguns projetos de polticas pblicas, desenvolvidos pelo Instituto de Botnica de So Paulo (IBt), com apoio da FAPESP, desde 1999, demonstraram insucessos na maioria das ini-ciativas de restaurao florestal, nas formaes florestais biodiversas como a Mata Atlntica. A partir da, surgiu um movimento intenso de discusso sobre a cincia e a prtica de restau-rao ecolgica em So Paulo, culminando com a construo participativa de resolues de carter tcnico e orientativo para os reflorestamentos heterogneos cujo principal objetivo era promover a restaurao com florestas biologicamente viveis e com riqueza de espcies, condizentes com a dos ecossistemas de referncia (BRANCALION et al., 2010; BARBOSA et al. 2011). Reflexos positivos destas polticas podem ser destacados pelos diversos casos de sucesso, verificados em reas j restauradas, com importantes avanos sobre a modelagem e tcnicas de restaurao adotadas.

    Estabelecer parmetros facilitadores de planejamento, avaliao e licenciamento ambiental, identificando obstculos, dificuldades socioambientais e solues, atravs de polticas pblicas baseadas em resultados de pesquisa, so algumas das atividades que o IBt passou a desenvolver com maior nfase, aps vinculao Secretaria Estadual do Meio Ambiente de So Paulo. Muitos resultados importantes foram obtidos durante os processos

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    VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

    investigativos, tendo inclusive estabelecido, em reas da International Paper do Brasil, o uso de tcnicas mais modernas na restaurao ecolgica, com publicao de diversos artigos e produo de dissertaes e teses, com diferentes abordagens, durante os ltimos 10 anos (AQUINO, 2006; AQUINO & BARBOSA, 2009; MANDETTA, 2007; COLMANETTI, 2013). Vrios estudos realizados pela equipe do IBt procuraram conhecer e resgatar diversas espcies da flora, sempre associados aos projetos de reflorestamento compensatrio, na busca da res-taurao ecolgica em reas direta e indiretamente afetadas pelas obras do Rodoanel Mrio Covas (BARBOSA et al., 2012).

    De acordo com BARBOSA et al. (2011), diversos instrumentos legais, prticas e ferra-mentas teis foram desenvolvidos para auxiliar a restaurao ecolgica e, em que pesem al-gumas crticas sobre esses, os ganhos propiciados atingiram resultados que no podem mais ser contestados. O Livro Vermelho de Espcies Ameaadas de Extino do Estado de So Pau-lo (MAMEDE et al, 2007) exemplifica bem como um produto encomendado pode auxiliar na proposio de polticas pblicas, envolvendo a conservao da biodiversidade. Sendo assim, o IBt mantm disponibilizadas em seu site (www.ibot.sp.gov.br), com atualizaes peridicas, diversas ferramentas e informaes envolvendo legislao, seus servios e eventos tcnico--cientficos, visando restaurao ecolgica, como a seguir relacionados:

    a Resoluo SMA n 48/04 lista de espcies ameaadas de extino no estado de So Paulo, muito utilizada como ferramenta em processos de licenciamento ambiental;

    b Resoluo SMA n 08/08- orienta sobre a restaurao florestal em reas degrada-das, visando conservao da biodiversidade e apresentando dicas importantes que preci-sam ser consideradas em projetos de restaurao;

    c Resoluo SMA n 68/08 que estabelece regras para a coleta e utilizao de se-mentes oriundas de unidades de conservao no estado de So Paulo;

    d Resoluo SMA n 64/09 dispe sobre o detalhamento das fisionomias da ve-getao do cerrado e de seus estgios de regenerao, conforme lei estadual n 13.550, de 2 de junho de 2009;

    e Lista exemplificativa com aproximadamente 800 espcies arbreas nativas e as informaes: famlia botnica, nome cientfico e popular da espcie, classe sucessional, grau de ameaa de extino, bioma/ecossistema e regio ecolgica de ocorrncia, sndrome de disperso, etc.;

    f Chave de Tomada de Deciso apresenta uma chave dicotmica com possveis aes a serem realizadas em diferentes situaes de degradao;

    g Lista indicativa de 209 viveiros produtores de mudas de espcies florestais nativas, georreferenciados em mapa interativo, com informaes cadastrais; e

    h Lista de espcies nativas fotografadas no estgio de mudas, de forma a auxiliar a identificao das espcies (alm das informaes no site, esto publicadas em forma de car-taz e manual, com as mesmas informaes).

    Conclusivamente, preciso destacar que os ganhos ambientais advindos destes fa-tores, invariavelmente, contaram com a participao efetiva da comunidade cientfica, o que sempre desejvel na definio de polticas pblicas.

    Avaliao e Monitoramento de Florestas em Processo de Restaurao

    A restaurao de florestas cresceu e se desenvolveu muito no Brasil, e gradualmente maneiras e velocidades foram sendo formuladas e implantadas, colhendo-se bons e maus resultados (Martins, 2012).

    Hoje, muitas so as maneiras de se conduzir a recuperao de reas degradadas pra-ticadas em todo o mundo, segundo critrios e interesses diversos (Bartha et al., 2003; Lamb et al., 2005; Rodrigues, et al., 2009; Alday et al., 2011; Aguirre, 2012).

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    Todavia, para que se possa saber se os objetivos propostos esto ou no sendo atin-gidos, e se novas intervenes precisam ou no ser feitas, necessrio conferirem-se os resultados parciais ou finais obtidos. Surge, portanto, em todos os projetos em execuo ou j executados, a necessidade de Avaliao e Monitoramento.

    Avaliao e Monitoramento

    Uma Avaliao fundamentalmente um juzo de valor sobre um projeto de restau-rao, e procura estabelecer se os objetivos pretendidos e predefinidos foram ou no alcan-ados. Trata-se de uma medida de sucesso, que, portanto, pressupe a definio de uma expectativa, ou um modelo que se quer alcanar, ou do qual se quer aproximar (Figura 1). Em contrapartida, o Monitoramento apenas a constatao do estado atual em que se encontra uma rea restaurada ou em restaurao. Ele consiste ento em coletar e organizar informa-es que descrevam a situao presente (p. ex., Souza, 2000; Siqueira 2002; Castanho, 2009; Mnico, 2012; Naves, 2013). Ambos os procedimentos, no entanto, podem ser repetidos a intervalos regulares ou irregulares, a fim de se produzir uma descrio temporal das mudan-as (Brancalion et al, 2012).

    Muito diferentes podem ser as propostas de Monitoramento, podendo-se utilizar di-versos indicadores e maneiras de coletar e organizar os dados. Muito diferentes tambm podem ser os critrios de sucesso propostos para a Avaliao de diferentes reas restaura-das. No apenas porque divergem os autores e os interesses desses, mas, sobretudo porque podem divergir os objetivos entre projetos (p. ex.; restaurao de matas ciliares, reabilitao de reas mineradas, etc.).

    Figura1: Tendncias hipotticas no desenvolvimento de um plantio de restaurao. (P= pioneiras, Si= secundrias iniciais e Cl= clmaces)

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    VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

    Por exemplo, podem-se predefinir indicadores (p. ex., densidade dos regenerantes, etc.), e previamente descrever os estados nos quais cada indicador pode ser descrito (p. ex., alta, mdia, baixa), pode-se ainda atribuir valores quantitativos a cada indicador e estado, e mesmo pesos relativos com que se deve multiplicar cada valor obtido de cada indicador, dada a importncia que se supe ele tenha na restaurao. Por fim, podem-se somar todos os resultados de todos os indicadores (j com seus pesos), atribuindo-se uma nota final ao projeto, a qual seria confrontada com notas de Avaliao preestabelecidas que representa-riam, assim, o sucesso ou o insucesso do projeto. Ainda que prtico e til, esse, como outros sistemas, pode ser criticado, na medida em que combinaes variadas de parmetros podem resultar em notas finais semelhantes, conduzindo eventualmente a erros de interpretao, ou porque pode levar a uma boa descrio dos efeitos visveis sem, no entanto, levar ao re-conhecimento das causas que os produziram, fator fundamental para definio de correes presentes e futuras.

    Em resumo, tradicionalmente, os critrios de Avaliao que determinam os parme-tros a serem monitorados procuram descrever atributos que mostrem o estado atual da co-munidade (p. ex., diversidade), ou do ecossistema (p. ex., matria orgnica no solo), ou que indiquem a presena e/ou o desempenho de certos processos ecolgicos internos (formao de um banco de sementes autctone) ou externos (disperso e a introduo de novas esp-cies), que possam parcialmente refletir a manuteno e/ou a evoluo da comunidade local, no entanto, no h uma prescrio nica ou universal a ser adotada.

    Por outro lado, cresce a percepo de que as espcies so o elemento chave do pro-cesso de restaurao, o que pode, no futuro, levar a mudanas na escolha dos critrios de Avaliao e dos descritores Monitoramento empregados. Isso porque talvez, com uma me-lhor descrio e compreenso do papel exercido pelas espcies presentes numa dada rea, se consiga melhor entender e prever o processo local de restaurao.

    As fases do Processo de Restaurao de Florestas Tropicais Msicas ou midas

    Outras perspectivas para a Avaliao e Monitoramento tambm comeam a surgir. Vejamos.

    Os restauradores, em sua busca para conseguir melhores resultados em seus pro-jetos, sempre procuraram conhecer como a natureza reconstri ecossistemas degradados. Dessa forma, a sucesso ecolgica sempre foi vista como a teoria ecolgica mais importante a ser estudada e conhecida e, se possvel, adaptada nos projetos de restaurao.

    Dois aspectos distintos da sucesso ecolgica deviam ser conhecidos e explorados, o reconhecimento dos processos que causam ou dirigem a sucesso e os padres de mudanas por que um ecossistema passa, conforme as mudanas vo ocorrendo.

    H muito tempo, Pickett and McDonnell (1989) propuseram um quadro conceitual hierrquico que identifica as causas mais gerais do processo sucessional, um trabalho funda-mental que veio sendo melhorado nas ltimas dcadas (Pickett et al., 2008).

    Para o restaurador, esse quadro tem sido extremamente til, pois tem permitido, que na rea em que um projeto de restaurao vai ser realizado, se faa antes um claro diagns-tico das limitaes e potenciais ali existentes.

    Se de um lado uma boa descrio dos fatores causais do processo sucessional est j disponvel, buscam-se ainda descries dos padres de mudana que ocorrem durante a sucesso secundria, para que eles sirvam de referncia ao que se poderia esperar durante a restaurao de florestas tropicais e subtropicais.

    Duas preocupaes devem ser aqui consideradas, a primeira a de que nem sempre se dispor de descries que possam ser comparadas s restauraes em curso, isso porque

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    muita da informao disponvel pode ser de florestas distintas daquelas que se est restau-rando. Por exemplo, padres sobre florestas tropicais midas no sero teis para serem comparados evoluo da restaurao de Florestas Paludosas ou de Florestas Estacionais Deciduais.

    A segunda, toda restaurao dependente do stio em que est se dando e da pai-sagem que a circunda, ou seja, toda restaurao sempre contingente. Portanto, mesmo dispondo-se de uma boa descrio da sucesso secundria, um certo grau de discordncia entre padres descritos na literatura e os observados em campo ser sempre esperada (Pa-rker and Pickett, 1999).

    Chazdon (2008) descreveu, de maneira bastante convincente, o padro de mudan-as observado no estudo da sucesso secundria de florestas tropicais midas, presentes na regio do Caribe. Essa descrio reconhece a existncia de trs fases, ao longo da sucesso secundria, e pode vir a ser muito til, pois os padres descritos parecem ser bastante seme-lhantes aos que se tm observado em vrias florestas neotropicais.

    Por outro lado, esse padro no concorda totalmente com o que se tem observado nos projetos de restaurao de florestas tropicais. Algumas diferenas importantes tendem a existir, sobretudo porque diferentes mtodos normalmente empregados (p. ex., plantio de mudas) podem gerar padres de evoluo da comunidade florestal, distintos daqueles des-critos pela autora.

    Acreditando que um dos fatores que dificultam a adequada prescrio, execuo, conduo e avaliao de projetos restaurao florestal a falta de uma viso clara de como esse processo se d, Gandolfi, Rodrigues e Brancalion (2013 dados no publicados) propu-seram um quadro conceitual sobre o processo de restaurao de florestas tropicais e subtro-picais msicas, midas e chuvosas. Nele, a restaurao vista como ocorrendo tambm em trs fases, de forma semelhante, mas no idntica descrio de sucesso secundria feita por Chazdon (2008).

    De forma bem resumida, essas trs fases seriam:

    i) A fase de ESTRUTURAO, que se caracterizaria principalmente pela criao de um dossel e um habitat florestal, alm da eliminao de plantas competidoras;

    ii) A fase de CONSOLIDAO, que se distinguiria pela morte gradual das espcies que formaram o dossel inicial e pela criao de um novo dossel, formado pelas espcies secundrias, o que garantiria a manuteno do habitat florestal por d-cadas, permitindo a continuidade do processo de restaurao; e

    iii) A fase da MATURAO, um longo perodo sem um final definido, no qual a flo-resta seguiria acumulando biomassa, diversidade de espcies, interaes e pro-cessos, que gradualmente levariam ao surgimento de uma floresta restaurada, semelhante s florestas maduras preservadas.

    Esse quadro conceitual permite salientar trs importantes aspectos.Primeiro, ele permite que se identifique que fatores favorveis e desfavorveis res-

    taurao esto presentes numa dada rea a ser restaurada e, portanto, qual deve ser o me-lhor mtodo a ser empregado;

    Segundo, ele indica que a composio e a estrutura da comunidade florestal existente em cada momento do processo so fundamentais para, em grande parte, determinar se no perodo seguinte essa floresta tender mudana progressiva, regressiva, ou se a floresta permanecer num estado estacionrio estvel.

    Terceiro, ele, ao reconhecer a existncia de trs fases, sugere que seja qual for o mtodo de restaurao a ser empregado, deve ser capaz de garantir, direta ou indireta-mente, que todas as fases do processo de restaurao se desenvolvam, sobretudo as duas primeiras.

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    Dessa forma, ao se adotar esse quadro conceitual, uma nova abordagem na Avaliao e do Monitoramento de projetos de restaurao deveria ser empregada, voltada principal-mente para analisar se, em cada projeto, as fases esperadas esto ou no se desenvolvendo, se elas podem ou no ainda se desenvolver e, consequentemente, que medidas deveriam, ou no ser adotadas para garanti-las.

    Assim, de acordo com essa abordagem, a garantia de todas as fases do processo de restaurao que deveria ser o foco principal da Avaliao e do Monitoramento.

    Outros objetivos

    Se em muitas situaes as Avaliaes e Monitoramentos precisam ser feitos segundo protocolos idnticos, a fim de permitir comparaes entre projetos, isso no significa que esse deva ser o objetivo nico desse campo de pesquisa.

    Um exemplo desse aspecto pode ser visto em relao s alteraes recentes ocorri-das no Cdigo Florestal Brasileiro.

    Reconhece-se hoje que, em funo do Cdigo Florestal aprovado em 2012 (Lei n 12.651 de 25/5/2012, e alteraes nela promovidas pela Lei n 12.727 de 17/10/2012), muito grandes sero as perdas de reas a serem restauradas, resultando, no geral, numa paisagem futura mais pobre em florestas.

    Por exemplo, uma fazenda de 30 hectares sem nenhuma floresta preservada teria que restaurar, de acordo com o Cdigo Florestal de 1965, cerca de 9 hectares de florestas. Desses, se os rios locais fossem menores que 10m de largura, 3 hectares corresponderiam a matas ciliares em reas de Preservao Permanentes (APPs) e cerca de 6 hectares as Reser-vas Legais (RLs). Agora, segundo a Lei aprovada em 2012, nessa mesma propriedade, se ela corresponder a apenas 1 mdulo fiscal, apenas seriam restaurados 0,5 ha (passando a largura das matas ciliares de 30 m para apenas 5 m).

    De forma geral, em relao condio anterior do Cdigo Florestal de 1965, o que se ir observar que, mesmo sendo efetuada a completa restaurao de uma propriedade, uma menor densidade total rvores nativas ser plantada, uma menor biomassa final ser estocada, um menor nmero de indivduos por espcie ser introduzido, etc.

    Em So Paulo, plantios tradicionais de mata ciliar implantam 1.667 indivduos arb-reos em 1 ha (3 x 2 = 6 m2), usando 15 espcies de Recobrimento (cada espcie com 55 ind., total = 834 ind.) e 65 espcies de Diversidade (cada espcie com 13 ind., total = 833 ind.). Usandose esse critrio, podemos estimar que nos 3 ha previstos no exemplo anterior, 5.000 indivduos deveriam ser implantados, usando-se 15 espcies de Recobrimento (cada espcie com 155 ind., total = 2.500 ind.) e 65 de Diversidade (cada espcie com 39 ind. = 2.500 ind).

    Dada as redues impostas pelo Cdigo Florestal de 2012, nessa mesma propriedade, o plantio agora ser feito em apenas em 0,5 ha! Agora sero s 834 indivduos, ou 15 espcies de Preenchimento (cada espcies com 27,8 ind., total = 417 ind.) e 65 de Diversidade (cada espcie com 6,4 ind., total = 416 ind.)!!!

    Essa nova realidade, portanto, seria ambientalmente muito mais pobre que a ante-riormente prevista.

    Para se minimizar as perdas de indivduos arbreos que deixaro de ser agora plan-tados, e se tentar garantir que as poucas florestas restauradas segundo esse novo critrio venham a ter realmente maiores chances de persistir, poder-se-ia propor que, na restaurao dessas APPs reduzidas, novos critrios fossem utilizados.

    Por exemplo, poder-se-ia fazer plantios mais adensados (p. ex.; de 1.667 mudas/ha para 2.500 mudas/ha) e/ou mais ricos (de 80 para 100 ou mais espcies arbreas/ha). Essa mudana seria til, em especial, em paisagens com poucos fragmentos florestais, distantes, pequenos, e muito degradados, que representam fontes pobres em biodiversidade.

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    Portanto, adotando-se um critrio de maior adensamento e enriquecimento, em 0,5 ha de restaurao florestal implantar-se-iam no apenas 834 rvores, mas sim 1.250, e no s 80, mas sim 100 espcies (Preenchimento = 417 ind. (33,4%) - 15 spp/27,8 ind. e Diversidade = 833 ind. (66.6%) - 85 spp (Si=60/Cl=25)/9,8 ind.).

    Essa soluo, no entanto, poderia ou no parcialmente abrandar as perdas previstas, pois com mais indivduos, uma maior competio poderia no produzir o resultado esperado.

    Portanto, seria essencial que se fizessem, no futuro, Avaliaes e Monitoramentos no s no sentido de se saber se a comunidade estabeleceu-se e evoluiu, mas se o aden-samento e enriquecimento propostos persistiriam no tempo, produzindo uma comunidade capaz de ser mais resistente e resiliente, mesmo ocupando uma rea menor.

    V-se assim que, com o surgimento de novos desafios, novas lgicas devem ser pro-postas e essas representaro novos objetivos e perguntas. Consequentemente, novos crit-rios de Avaliao e Monitoramento de reas de Preservao Permanente e Reservas Legais devero surgir, mantendo-se a necessidade de mais pesquisa, numa rea que no deve ser vista apenas como uma fonte de protocolos padronizados e imutveis.

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    RESTAURAO EM MANGUEZAL PRINCPIOS BSICOS

    Junior, C. C.1

    O ecossistema manguezal possui uma grande resilincia frente ao de tensores na-turais e/ou induzidos pelo homem. As espcies tpicas de mangue apresentam pronunciadas caractersticas de espcies pioneiras, em relao s suas estratgias reprodutivas e atributos de espcies clmax, na estrutura da comunidade e no seu crescimento vegetativo. Algumas caractersticas do ecossistema, como estrutura simples da comunidade florstica, maleabi-lidade do ecossistema, viviparidade das espcies, dentre outros, capacitam os manguezais com uma grande habilidade de se recomporem aps distrbios (Rovai, 2012).

    Muitos mtodos tm sido empregados para a restaurao do manguezal, desde o plantio de mudas e propgulos restaurao hidrolgica (Field, 1998; Turner and Lewis III, 1977; Lewis III, 2005; Jadot e Chisholm, 2015; GNF, 2007, Brown, 2007).

    Segundo Lewis III (2001), os tipos de restaurao podem ser divididos em: (1) plantio direto, (2) restaurao hidrolgico, com ou sem plantio, e (3) a escavao ou de preenchimen-to, dependendo dos custos, mas principalmente, das condies que se encontram na rea a ser restaurada.

    O mais amplamente utilizado no Brasil o plantio direto, utilizando mudas ou pro-pgulos de Rhizophora mangle. A produo de mudas pode ser feita com as seis espcies de mangue encontradas no Brasil, R. mangle, R. harisonii, R. racemosa, Avicennia schaueriana, A. germinans e Laguncularia racemosa, requerendo cuidados especficos, como maior quan-tidade de gua, sombreamento e acmulo de sal no solo utilizado. Dependendo da taxa de crescimento, pode-se transferir ao campo com dois ou trs meses, com aproximadamente 30 a 60 cm de altura, dependendo da espcie. O uso de tutor se faz necessrio, quando h maior hidrodinamismo. Importante conhecer a fenologia das espcies na regio.

    A restaurao hidrolgica a mais bem aceita pela comunidade cientfica, dado a capacidade de regenerao natural do ecossistema manguezal. Consiste basicamente em de-volver o delta de mar ao sistema, que se incumbir de trazer os propgulos para colonizao da rea. Requer conhecimento das cotas topogrficas dos bosques de mangue adjacentes ou remanescentes, e transferi-las para a rea.

    A escavao ou preenchimento so tcnicas que necessitam de conhecimento de en-genharia, baseando-se ainda na dinmica das mars no entorno. Uma planta topogrfica auxiliar a escolha das reas a serem escavadas ou preenchidas com solo. A escavao utilizada para levar as guas das preamares at pontos distantes a serem restaurados. J o preenchimento consiste em devolver a topografia original, elevando-se as cotas ao nvel das reas remanescentes de manguezal, permitindo, assim, restaurar o hidroperodo ideal para o desenvolvimento de propgulos ou plntulas (Lewis III, 2011).

    Nos tipos restaurao hidrolgica e escavao/preenchimento, pode-se manejar a rea com plantio direto, em casos que necessitem acelerar o processo natural de regenera-o, ou para testar a viabilidade da rea.

    1 Instituto de Cincias Biolgicas Universidade de Pernambuco

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    Nas ltimas dcadas, tem se dado maior ateno restaurao hidrolgica, uma vez que as mars desempenham papel fundamental na manuteno do sistema, devolvendo as caractersticas fsico-qumicas do sedimento, delineando a microtopografia e, consequente-mente, devolvendo a frequncia de inundao das mars, oportunizando, assim, a chegada de propgulos e larvas ao ambiente a ser restaurado.

    Algumas intervenes foram feitas no Brasil, apontando o uso de prticas antigas de restaurao, havendo necessidade de se ampliar o conhecimento sobre o funcionamento do ecossistema manguezal, assim como novos mtodos. Compreender os padres naturais de sucesso, em uma determinada rea, pode levar a melhorias significativas e reduo de cus-tos na concepo e implementao de projetos de restaurao (Rovai, 2012).

    Alguns passos podem ser importantes para o sucesso do projeto: 1) Avaliar os tensores presentes, quanto ao ponto de atuao do mesmo, consideran-

    do se h perda parcial ou total das energias que subsidiam o ecossistema manguezal, como barreiras fsicas, produtos qumicos, perda de biomassa por supresso, rebaixamento da cota do terreno por processos de eroso, etc.

    2) Analisar as caractersticas do ecossistema manguezal, atendo-se dinmica e fun-cionamento do mesmo. reas com recomposio natural podem servir para um piloto quan-to ao crescimento das espcies.

    3) Analisar o hidrodinamismo da rea, conhecendo o delta de mar e classificando o terreno segundo a frequncia de inundao. Neste caso, necessrio um levantamento planialtimtrico e testes com metodologias diversas, para se conhecer a dinmica das mars. Ter sempre em mos a tbua de mars e estudos oceanogrficos da regio.

    4) Conhecer as caractersticas edficas do ambiente a ser restaurado, tanto no inte-rior da rea, objeto do projeto, como nas reas remanescentes, observando as espcies e as condies do meio. Esta informao pode ser valiosa para a escolha das espcies (quando necessrio o plantio).

    5) Analisar as caractersticas climticas, dando ateno para a ocorrncia de eventos episdicos, como tormentas, estiagem e secas prolongadas. tambm interessante que se tenha em mos o diagrama climtico da regio.

    6) Criar um protocolo de monitoramento para obter informaes durante o proces-so de restaurao, levantando dados biticos, como taxa de mortalidade e crescimento, e dados abiticos, como salinidade intersticial do sedimento e elevao ou rebaixamento do terreno.

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    VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

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    Lewis III, R. R. 2011. R.R. How succesfull mangrove forest restoration inform de process of succesfull general wetland restoration. National Wetlands Newsletter. Vol. 33, n. 4, 23-25.

    Turner, R. E. and Lewis III, R. R. 1977. Hidrologic restoration of coastal wetlands. Wetlands Ecology and Management. Vol 4, no 2, pp 65-72.

    Lewis III, R. R. 2005. Ingeniera Ecolgica para la Restauracin y Manejo Exitosos de los Man-glares. Ecol. Eng. 24(4 SI): 403-418.

    Lewis III, R. R. 2001. Mangrove Restoration - Costs and Benefits of Successful Ecological Restoration. Proceedings of the Mangrove Valuation Workshop, Universiti Sains Malaysia, Penang, 4-8 April, 2001. Beijer International Institute of Ecological Economics, Stockholm, Sweden. 18 p.

    Field, C. D. 1998. Rehabilitation of Mangrove Ecosystems: An Overview. Marine Pollution Bulletin Vol. 37, Nos 812, pp. 383-392.

    44353002 miolo.indd 25 10/13/15 9:20 AM

  • 26

    CARACTERIZAO DAS FISIONOMIAS FLORESTAIS DO ESTADO DE SO PAULO: PRINCIPAIS FAMLIAS E ESPCIES INDICADORAS

    Almeida-Scabbia, R.J.1

    Lima, M.E.L.2

    Aragaki, S.3

    Objetivo

    O objetivo deste minicurso propiciar, ao iniciante na identificao botnica, ferra-mentas que auxiliem no reconhecimento das principais famlias e de algumas espcies indi-cadoras, principalmente de hbito arbreo, importantes na caracterizao das fisionomias florestais que ocorrem no estado de So Paulo. Este manuscrito apresenta caractersticas morfolgicas bsicas que possibilitem a identificao das famlias, especialmente em esta-do vegetativo, que so utilizadas como referncia na legislao ambiental sobre vegetao. Na parte prtica do minicurso, alm das atividades de identificao propriamente dita, ha-ver, tambm, apresentao de materiais e tcnicas utilizadas comumente na coleta de dados em campo.

    Legislao Ambiental

    Os principais instrumentos legais consultados para este minicurso foram: RESOLUO CONAMA N 10 - DE 1 DE OUTUBRO DE 1993 (Mata Atlntica) RESOLUO CONAMA N 1, DE 31 DE JANEIRO DE 1994 (Floresta Ombrfilas e Es-

    tacionais) RESOLUO CONAMA n 7, DE 23 DE JULHO DE 1996 (Vegetao sobre Restinga) RESOLUO CONJUNTA SMA IBAMA/SP N 1, DE 17 DE FEVEREIRO DE 1994 (Flo-

    restas Ombrfilas e Estacionais) RESOLUO SMA N 55, DE 13 DE OUTUBRO DE 1995 (Cerrado) RESOLUO N 303, DE 20 DE MARO DE 2002 (reas de Preservao Perma-

    nente) RESOLUO SMA N 8 DE 31 DE JANEIRO DE 2008 (Fixa a orientao para o reflo-

    restamento heterogneo de reas degradadas e d providncias correlatas)

    1 Professora e Pesquisadora do Ncleo de Cincias Ambientais da Universidade de Mogi das Cruzes, SP, contato: [email protected] Professor e Pesquisador da Fundao Municipal de Ensino Superior de Bragana Paulista, SP.3 Pesquisador Cientfico, Ncleo de Pesquisa Curadoria do Herbrio SP, Instituto de Botnica

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  • 27

    VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

    Diversidade de ambientes e riqueza de espcies no estado de So Paulo

    O checklist das Spermatophyta do Estado de So Paulo (Wanderley et al. 2011), con-tm 7.305 espcies, distribudas em 1.776 gneros e em 195 familias, segundo o APG III (2009). Isto representa 23% do total indicado para o Brasil (31.728 espcies). As famlias mais representativas so Orchidaceae (797 espcies), Asteraceae (676), Fabaceae (513), Poaceae (500), Myrtaceae (304), Rubiaceae (265) e Melastomataceae (253) que juntas constituem mais de 45% do total de espcies. Diante disso, identificar materiais botnicos exige alta es-pecializao, que infelizmente no conseguida de forma rpida.

    No estado de So Paulo, a Mata Atlntica (Floresta Ombrfila Densa) ocorre nas en-costas acidentadas da Serra do Mar, em solos derivados de granitos e gnaisses e sem estaes secas e midas bem definidas. As Florestas Estacionais Decduas e Semidecduas distribuem--se a partir do limite da Floresta Ombrfila Densa para o oeste, sobre solos mais ricos, terre-nos mais planos e com estao seca mais pronunciada. No contato entre essas formaes, tem-se uma vegetao de transio. O Cerrado ocorre em regies quentes e secas do estado, especialmente no norte e nordeste. Em regies mais altas, especialmente na Serra da Manti-queira, tem-se a Floresta de Altitude, entre 1.200 e 2.000 m, e o Campo de Altitude em reas situadas acima dos 2.500 m. Outros tipos de vegetao ocorrem em menor escala, especial-mente na regio costeira, incluindo florestas sobre restinga, vegetao de dunas arenosas e manguezais. Isso se reflete diretamente na riqueza de espcies existente no estado. Alm disso, Cerrado e Mata Atlntica, so considerados hotspots mundiais, pela elevada quanti-dade de espcies endmicas e pela presso de supresso (Myers et al. 2000).

    Famlias e espcies indicadoras que contribuem para a descrio de fisionomias, de acordo com a legislao ambiental

    Os autores tm observado que muitos laudos tcnicos mostram grandes problemas, no que diz respeito determinao de espcies indicadoras, uma vez que no raramente, nem metade determinada at o nvel especfico e, muitas vezes, nem a famlia citada. Com certeza, isso compromete gravemente a eficincia dos estudos, uma vez que a identificao de espcies ameaadas de extino, geralmente com material estril, bastante difcil.

    Sabe-se que diante do nmero elevado de espcies que ocorrem no estado de So Paulo e da complexidade da rede de interaes entre planta-solo-clima, descrever a cobertu-ra vegetal de um local no tarefa fcil, gerando dvidas ou at mesmo erros de avaliao.

    A determinao das famlias e de algumas espcies indicadoras baseou-se nas Resolu-es CONAMA n 001/1994 para Mata Atlntica (So Paulo, 1994); CONAMA n 007/96 para restinga (So Paulo, 1996) e CONAMA N 392/2007 que inclui tambm as florestas estacio-nais decduas e semidecduas (Minas Gerais, 2007); neste caso, consideraram-se apenas as espcies citadas que so encontradas no estado de So Paulo.

    As espcies indicadoras, gneros e famlias, citadas nas resolues, foram inseridas em planilhas, por formao vegetal, determinadas suas famlias, organizadas por ordem alfa-btica, contabilizado o nmero de vezes que cada famlia foi citada e destas, escolheram-se as que foram citadas pelo menos duas vezes em cada uma das resolues. Essas listagens resultantes foram novamente agrupadas, somadas as vezes em que cada famlia foi citada e selecionadas as famlias citadas pelo menos cinco vezes.

    A nomenclatura utilizada para a denominao das famlias seguiu a classificao pro-posta em APG III (2009). Para as espcies, foi seguida a nomenclatura utilizada na Flora do Brasil (Forzza 2010).

    De uma forma geral, pode-se observar que cada uma das fisionomias possui fam-lias caractersticas (Tabela 1). Na Mata Atlntica, dependendo do seu estgio sucessional, no

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  • 28

    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    inicial predominam as espcies da famlia Melastomataceae e no secundrio avanado ao clmax, Myrtaceae. Nas formaes de restinga, so comuns as espcies de Melastomataceae e Myrtaceae, com o aparecimento de Clusiaceae e Sapotaceae. J nas florestas estacionais, as espcies de Fabaceae so bastante frequentes, com a presena de outras famlias, geralmen-te com grande nmero de indivduos, como Euphorbiaceae e Lauraceae.

    Algumas espcies so indicadoras de estgios sucessionais iniciais, ocorrendo em v-rias (ou todas) as fitofisionomias presentes no estado. Como exemplos, tm-se pau-jacar (Piptadenia gonoacantha), embabas (Cecropia spp.), vassourinhas (Baccharis spp.), caporo-rocas (Myrsine spp.), Solanum spp., entre outras.

    Por outro lado, as espcies de estgios sucessionais mais avanados, ou climcicas, possuem gneros comuns e indicadores para as diferentes fitofisionomias: Eugenia, Campo-manesia, Ocotea, Nectandra, Trichilia, entre outras.

    Cabe lembrar que, de acordo com o estgio sucessional, alguns padres caractersti-cos so amplamente aceitos (Tabela 2), por vrios autores (Ferreti et al. 1995; Ricklefs 1996; Barbosa 2000; Pinto-Coelho 2000; Martins 2001). Como exemplo, as compostas (asterceas) comumente so encontradas em estgios iniciais da sucesso ecolgica; possuem crescimen-to rpido, polinizadores generalistas e disperso anemocrica.

    Tabela 1: Famlias citadas pelo menos duas vezes nas resolues CONANA n 0001/1994, n 007/96 e n 392/2007, para caracterizao de fisionomias florestais.

    Fisionomia Famlias indicadoras de acordo com a legislao Resoluo

    Mata Atlntica

    Fabaceae, Anacardiaceae, Euphorbiaceae, Lauraceae, Malvaceae, Melastomataceae,

    Meliaceae, Rutaceae, Apocynaceae, Bignoniaceae, Boraginaceae, Moraceae, Myrtaceae, Salicaceae

    CONAMA

    n 001/1994

    Vegetao de praias e dunas, Escrube, Floresta Baixa de Restinga, Floresta Alta de

    Restinga, Floresta Paludosa, Floresta Paludosa em

    substrato turfoso, Transio encosta - restinga

    Myrtaceae, Arecaceae, Lauraceae, Fabaceae, Clusiaceae, Melastomataceae, Rubiaceae,

    Sapindaceae, Anacardiaceae, Aquifoliaceae, Calophyllaceae, Penthaphylacaceae, Primulaceae,

    Ericaceae, Urticaceae, Chrysobalanaceae, Erythroxylaceae, Peraceae, Sapotaceae, Solanaceae

    CONAMA

    n 007/96

    Floresta Estacional Decdua, Floresta Estacional

    Semidecdua, Floresta Ombrfila Mista

    Fabaceae, Myrtaceae, Euphorbiaceae, Asteraceae, Malvaceae, Lauraceae, Melastomataceae, Bignoniaceae, Rubiaceae, Anacardiaceae,

    Annonaceae, Arecaceae, Meliaceae, Apocynaceae, Cannabaceae, Cunoniaceae, Moraceae,

    Sapindaceae, Sapotaceae, Solanaceae, Urticaceae, Verbenaceae, Aquifoliaceae, Clethraceae,

    Lamiaceae, Lecythidaceae, Piperaceae, Primulaceae, Rosaceae, Rutaceae, Symplocaceae,

    Thymelaeaceae, Vochysiaceae, Winteraceae

    CONAMA

    n 392/2007

    CerradoFabaceae, Vochysiaceae, Bignoniaceae, Monimiaceae, Sapotaceae, Clusiaceae,

    Combretaceae, Myristicaceae, Lauracee, Myrtaceae

    SMA

    n 55/1995

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  • 29

    VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

    Tabela 2: Caractersticas do ciclo de vida de rvores relacionando-as ao grupo ecolgico.

    CaractersticaGrupo ecolgico

    Estgio inicial Estgio clmax

    Crescimento muito rpida lento ou muito lento

    Madeira leve dura e pesada

    Dependncia de polinizadores especficos

    baixa alta

    Disperso da semente zoocrica/anemocrica zoocrica/barocrica

    Buscando facilitar a identificao das famlias, optou-se por caracterizar apenas as 23 famlias que foram citadas pelo menos cinco vezes, quando somadas as citaes contidas nas trs resolues (Tabela 3).

    As famlias selecionadas possuem riqueza alta de espcies, sendo fundamental reco-nhecer as caractersticas bsicas que a diferenciam das outras. Esse embasamento essencial para quem pretende aventurar-se nessa tarefa, to importante que requer um grande inves-timento em termos tcnicos.

    Tabela 3: Famlias citadas pelo menos cinco vezes, quando somadas as citaes

    contidas nas trs resolues.

    Famlia N de citaes Famlia N de citaes

    Fabaceae 74 Sapindaceae 8

    Myrtaceae 35 Aquifoliaceae 6

    Lauraceae 22 Primulaceae 6

    Arecaceae 16 Urticaceae 6

    Euphorbiaceae 16 Annonaceae 5

    Melastomataceae 16 Apocynaceae 5

    Anacardiaceae 12 Clusiaceae 5

    Malvaceae 12 Moraceae 5

    Rubiaceae 12 Rutaceae 5

    Asteraceae 9 Sapotaceae 5

    Bignoniaceae 9 Solanaceae 5

    Meliaceae 8

    Algumas caractersticas podem facilitar a identificao das principais famlias, encon-tradas nas fisionomias florestais do estado de So Paulo (Tabela 4).

    Quando se tem material estril (no frtil), alguns procedimentos bsicos, como olhar o tipo de folha (simples ou composta) e sua disposio no ramo (filotaxia), costumam ser os primeiros passos para a separao em grandes grupos de famlias. Por outro lado, ava-liar algumas caractersticas-chaves facilita o processo. Por exemplo, a presena de glndulas translcidas no limbo comum em espcies de mirtceas, rutceas, algumas leguminosas e salicceas. Se a planta possuir folhas simples e opostas, provavelmente ser uma mirtcea. Do mesmo modo, a presena de ltex ou espinhos/acleos pode auxiliar na busca da famlia/espcie de modo mais rpido.

    A identificao no nvel de espcies exige um conhecimento mnimo sobre termos tcnicos (ver Gonalves & Lorenzi, 2007), pois as identificaes, muitas vezes, sero feitas por

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  • 30

    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    meio de chaves baseadas em caracteres vegetativos. Chaves de identificaes baseadas em caracteres vegetativos so poucas, considerando-se a riqueza das florestas paulistas. Exem-plos dessas chaves so: Rossi (1994), Aragaki (1997), Batalha et al. (1998), Santos (1998), Garcia (2001).

    Consideraes finais

    Poder identificar uma espcie ou famlia botnica, independente da finalidade, fas-cinante! Porm, exige uma dedicao mnima no aprendizado de termos botnicos, possibili-tando o reconhecimento de caractersticas morfolgicas que, depois de analisadas, indicaro o txon no qual pertence. A correta identificao botnica possibilitar uma descrio mais detalhada da vegetao, com inferncias ecolgicas relevantes para estudos ambientais.

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    VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

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    PARMETROS QUMICOS, FSICOS E MICROBIOLGICOS DO SOLO E SUA QUALIDADE

    Casagrande, J. C.1

    Soares, M. R.21

    Introduo

    O crescimento das plantas depende de diversos fatores, tais como radiao solar, gs carbnico e oxignio, gua e nutrientes. Esses dois ltimos, que so recursos do solo, so os que mais afetam a sustentabilidade de um ecossistema florestal. Assim, preciso avaliar o nvel de degradao em que o solo encontra-se, o que pode ser conhecido por meio de parmetros qumicos, fsicos e microbiolgicos. Em casos extremos, o solo perde a capacidade regenerativa, necessitando de medidas de manejo para restabelecer parte de suas funes mnimas, para iniciar o processo de restaurao (Casagrande & Soares, 2007; Siqueira et al., 2008).

    Os biomas e ecossistemas tropicais so normalmente dominados por solos de ferti-lidade muito baixa, como cerrado, mata atlntica, Amaznia e restinga (Bonilha et al, 2012), alm das reas mineradas (Soares & Casagrande, 2006), no podendo ser considerados como referncia para incio do processo de restaurao. Dessa forma, o incio da revegetao em solos altamente degradados deve receber especial ateno quanto ao fornecimento de nu-trientes e gua, necessitando de condies qumicas e fsicas do solo adequadas para o cres-cimento vegetal. Com o desenvolvimento da vegetao, a interao solo-planta e, conse-quentemente, a ciclagem de nutrientes gradativamente estabelecida, restaurando a micro-biologia do solo. O tempo da recuperao sustentada desses atributos pode variar de poucos anos a dcadas, dependendo do grau de degradao e do esforo nas aes restauradoras (Siqueira et al, 2008).

    Embora o conhecimento e utilizao dos parmetros possam servir para o monito-ramento de uma rea restaurada ao longo do tempo, ou para indicar o manejo de solo a ser adotado para a revegetao de uma determinada rea, assim como determinar ndices de qualidade de solo, um dos obstculos para a avaliao da qualidade do solo que nem sem-pre possvel interpretar os resultados com preciso, principalmente os microbiolgicos, o que s pode ser feito pelo conhecimento dos limites crticos dos parmetros usados.

    Os parmetros qumicos, fsicos e microbiolgicos aqui indicados fazem parte de an-lise de rotina dos respectivos laboratrios, uma vez que se deve levar em conta o fcil acesso e o baixo custo das anlises. Alm disso, os parmetros devem possibilitar a medio acurada e precisa para ampla variao e condies de solo, ter relevncia ecolgica e variao natural

    1,2 Departamento de Recursos Naturais e Proteo Ambiental (DRNPA) do Centro de Cincias Agrrias Campus Araras (CCA) da Universidade Federal de So Carlos (UFSCar) e-mail: [email protected]; [email protected]

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    bem conhecida, alm de integrar propriedades e processos qumicos, fsicos e biolgicos do solo que representam funes difceis de serem medidas diretamente (Stenberg, 1999).Para espcies florestais, as quais apresentam desenvolvimento radicular abaixo da camada de 20 cm de solo, recomenda-se que tambm seja feita amostragem na profundidade de 20 a 40 cm para a anlise dos parmetros qumicos e fsicos, de forma a detectar possveis impedimentos ao desenvolvimento das razes. Em casos especficos, deve-se tambm realizar amostragens em camadas mais profundas. Para as amostragens para as anlises microbiolgicas, recomenda-se a camada de 0 a 10 cm.

    Parmetros Qumicos

    Os nutrientes considerados essenciais para o pleno desenvolvimento vegetal, sem os quais as plantas no completam seus ciclos de vida, so: N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn. Esses nutrientes devem estar presentes no solo, principalmente na fase inicial da revegetao, quando a ciclagem de nutrientes no est estabelecida e o teor de matria org-nica do solo menor, com menor capacidade de reteno e maior potencial de lixiviao de nutrientes. A anlise de solo de rotina de baixo custo e oferece os parmetros necessrios para indicar as limitaes qumicas do solo ao desenvolvimento vegetal. Anlise da salinidade do solo s indicada em casos onde possa ocorrer acmulo de sais, como regies de baixa precipitao, reas de mangue, reas de deposio de resduos, etc.

    Matria orgnica do solo e CTCA matria orgnica do solo MOS - diretamente responsvel ou age como interme-

    diria de diversos processos fsicos, qumicos e biolgicos do solo. Aumenta a agregao das partculas, melhora a aerao e a capacidade de reteno de gua, evita ou minimiza a com-pactao, melhora a disponibilizao de nutrientes, ativa e intensifica as atividades microbia-nas, etc.. A elevao da capacidade de troca de ctions CTC diretamente proporcional ao teor de matria orgnica do solo, sendo uma excelente medida do potencial do solo na reteno de nutrientes.

    Nas regies tropicais e subtropicais, significativa a contribuio da matria or-gnica na CTC do solo. Nas camadas superficiais de diversos solos agrcolas do estado de So Paulo, em mdia, a CTC da matria orgnica representa 70% da CTC total do solo. Para solos arenosos, esse valor pode ser ainda maior. Como sensvel ao manejo adotado, a matria orgnica um excelente parmetro para determinar e monitorar a qualidade do solo de um ecossistema. A determinao faz parte das anlises de rotina dos laboratrios de fertilidade do solo.

    NitrognioEmbora seja altamente limitante para o crescimento da vegetao em solos degrada-

    dos, no feita anlise qumica de nitrognio com vistas recomendao. Nos casos em que a adio de N necessria, geralmente coincidindo com baixos teores de matria orgnica, acrescenta-se uma quantidade padro, preferencialmente por meio de uma fonte orgnica, para garantir a liberao lenta, uma vez que o nitrato tem alto potencial de lixiviao no solo.

    FsforoOs solos so, em sua maioria, pobres em fsforo disponvel s plantas, especialmente

    os solos tropicais altamente intemperizados, como os Latossolos, que apresentam elevados teores de xidos de ferro e alumnio em sua constituio mineralgica, representando signi-ficativa limitao ao desenvolvimento vegetal. Estes compostos formam ligaes covalentes com o fsforo presente no solo, de elevada energia, portanto de alta estabilidade, resultando

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    VI Simpsio de Restaurao Ecolgica

    em compostos de solubilidades muito baixas. Como resultado dessas interaes, o fsforo considerado praticamente imvel no perfil do solo, no estando sujeito lixiviao. Os solos mais arenosos, com menores teores de xidos de ferro e alumnio, tm esta imobilidade atenuada. No entanto, a prtica de manejo usual localizar a fonte de fsforo para a planta abaixo das razes, no subsolo, para que o crescimento radicular d-se em profundidade. A presena de fsforo apenas na superfcie do solo far com que o sistema radicular desen-volva-se mais superficialmente, resultando na explorao de um menor volume de solo e criando limitaes para a absoro de gua e nutrientes.

    Saturao por basesA saturao por bases (V) um ndice de fertilidade do solo, que indica qual a pro-

    poro da capacidade de troca catinica do solo - CTC (soma de bases + acidez potencial) que est ocupada pela soma de bases (K, Ca, Mg e Na). um parmetro diretamente relacionado ao pH do solo e inversamente relacionado saturao por alumnio. Os solos eutrficos so aqueles com V% acima de 50, com melhores condies para o desenvolvimento vegetal. Nor-malmente, solos degradados so distrficos, ou seja, com V% abaixo de 50. Alta acidez e alta saturao por alumnio esto associadas aos baixos valores de V%. Trata-se de limitaes que podem ser corrigidas pela calagem. Vale lembrar que o pH do solo pela calagem respons-vel pela elevao da CTC da matria orgnica e dos xidos de ferro e alumnio do solo, uma vez que estes componentes apresentam cargas eltricas variveis.

    Saturao por alumnioA saturao por alumnio (m) reflete a proporo da CTC efetiva do solo (soma de

    bases + alumnio) que est ocupada pelo Al. A alta saturao por Al integra um conjunto de condies limitantes ao desenvolvimento vegetal que so decorrentes de solos com eleva-da acidez, comumente encontradas em solos degradados e tambm em solos tropicais com vegetao natural. Os baixos valores de pH do solo incidem negativamente na disponibili-dade da maioria dos nutrientes s plantas, acentuam indisponibilizao do P, por favorecer sua fixao pelos xidos de Fe e de Al, e a toxidez por Al, que limita o desenvolvimento e o aprofundamento do sistema radicular. Na presena de excesso de Al no solo, o que invaria-velmente est associado com baixo teor de clcio e magnsio, as razes ficam engrossadas, muitas vezes necrosadas, e perdem a capacidade de absorver nutrientes e gua, explorando menor volume de solo por desenvolverem-se apenas na camada superficial. Os problemas de toxidez por Al na camada arvel e no subsolo so resolvidos, respectivamente, pela calagem e pela gessagem.

    MicronutrientesOs micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn) fazem parte da anlise qumica de solo de

    rotina e, na maioria das vezes, podem ser supridos por meio de uma fonte orgnica por oca-sio da revegetao. Com o decrscimo do pH do solo, a disponibilidade de Cu, Fe, Mn e Zn aumenta significativamente, enquanto a de B diminui.

    Parmetros Fsicos

    Os diversos parmetros (Silva et al, 2010) rotineiramente determinados pelos labora-trios de fsica de solo textura, densidade global, porosidade e reteno de gua garan-tem as indicaes sobre a penetrao fsica das razes e a disponibilidade de gua e ar do solo. O conjunto ampliado deles, incluindo argila dispersa em gua e estabilidade dos agregados, oferece uma ideia da estrutura do solo. O conjunto mnimo a ser determinado composto pela granulometria, densidade e macro e micro porosidade.

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    Restaurao Ecolgica: Novos Rumos e Perspectivas

    GranulometriaA granulometria determina as quantidades das partculas areia, limo e argila do solo.

    A textura do solo definida pela proporo relativa das classes de tamanho dessas partculas. Embora a classe textural de um solo seja constante, ela fornece informaes bsicas sobre o solo, como a drenagem e a reteno de gua, a aerao, a consistncia, a suscetibilidade eroso e tambm sobre a CTC, que d indicao da possibilidade de lixiviao de nutrientes. Sem considerar o processo de intemperismo, que ocorre a muito longo prazo, apenas a ero-so poder provocar mudana na textura. Faz parte das anlises de rotina dos laboratrios de fsica do solo.

    Densidade do soloA densidade do solo Ds expressa a relao entre a quantidade de massa de solo

    seco por unidade de volume do solo. No volume do solo, includo o volume de slidos e o de poros. A densidade do solo alterada pela variao do espao poroso. O uso principal da densidade do solo e como indicador da compactao. Pode variar de cerca de 1,2 a 1,9 g cm-3 para solos arenosos e de 0,9 a 1,7 g cm-3 para solos argilosos. A partir de aproximada-mente 1,6 g cm-3 para solos arenosos e de 1,4 g cm-3 para solos argilosos, considera-se que h compactao e que haver restrio ao desenvolvimento radicular. A determinao da Ds simples e baseia-se na coleta de uma amostra de solo indeformada e de volume conhecido, por meio de um anel de ao de 50 ou 100 cm3 ou coletando-se torro.

    PorosidadeO espao poroso do solo ocupado pela gua e ar. A porosidade representa a pro-

    poro entre o volume de poros e o volume total do solo. Quanto maior a Ds do solo, menor a porosidade, a qual tem importncia direta para o crescimento das razes e movimento do ar, gua e solutos no solo. A porosidade do solo classificada em micro e macroporosidade. A microporosidade retm a gua contra a gravidade. Os macroporos, por outro lado, no retm, sendo esvaziados pela ao da gravidade. Os microporos so os responsveis pela reteno e armazenamento da gua e os macroporos pela aerao e maior contribuio na infiltrao da gua no solo. Em solos arenosos, h predominncia de macroporos, enquanto em solos argilosos, normalmente predominam microporos. A aerao importante para a atividade biolgica no solo (razes e biota), sendo que o limite mnimo da macroporosidade para atender a demanda respiratria de 10%.

    Reteno de guaA textura e a estrutura do solo so os principais fatores associados ao armazenamen-

    to e disponibilidade da gua nos solos. Aps a drenagem da gua gravitacional de um solo saturado, apenas os microporos ficam preenchidos, sendo esta a sua mxima capacidade de armazenamento, a qual considerada a capacidade de campo (CC). O potencial matricial na CC encontra-se na faixa de -10 a -33 kPa, dependendo da textura e estrutura do solo. Por outro lado, a umidade na qual as plantas murcham permanentemente chamada de ponto de murcha permanente (PMP) e apresenta potencial matricial em torno de -1500 kPa. A di-ferena de umidade entre a CC e PMP a faixa de gua disponvel de um solo, indicando a habilidade do solo reter gua a ser utilizada pelas plantas. Os principais fatores que afetam a disponibilidade de gua para as plantas so a textura, a matria orgnica e a agregao.

    EstruturaA estrutura do solo refere-se ao agrupamento e organizao das partculas do solo em

    agregados, definindo o arranjamento dos poros pequenos, mdios e grandes. Est relaciona-da indiretamente com praticamente todos os fatores que agem sobre o crescimento das plan-

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