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1 GT 17 Tendências no campo de políticas públicas O Processo Seletivo dos Beneficiários do “Minha Casa, Minha Vida”: Avaliação com Base nos Critérios de Elegibilidade Vinicius Souza Moreira [email protected] Universidade Federal de Viçosa Suely de Fátima Ramos Silveira [email protected] Universidade Federal de Viçosa Francimar Natália Silva Cruz Reis [email protected] Universidade Federal de Viçosa Resumo: O “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV), programa do governo federal lançado em 2009, assumiu desde então a maioria da provisão habitacional do país. No âmbito das políticas públicas, tem-se a análise e avaliação de políticas, as quais são essenciais para sociedade, uma vez que, as demandas são crescentes e os recursos, escassos. Com isso, este artigo traz a proposta de avaliar o processo de seleção de beneficiários com base nos critérios de elegibilidade estabelecidos, para o primeiro empreendimento construído no âmbito do MCMV com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial MCMV/FAR na cidade de Viçosa, Minas Gerais. Para tanto, coletou-se os dados das fichas de 209 famílias inscritas no processo seletivo do Programa. Dessa forma, foi possível estabelecer dois grupos: o primeiro, formado por 132 famílias, correspondente as que foram selecionadas para o recebimento das unidades habitacionais; e o segundo, que engloba 77 famílias, diz respeito àquelas que se inscreveram e não foram contempladas com as moradias. O tratamento estatístico baseou-se no teste de médias, de modo a permitir a constatação de diferenças entre os grupos em relação aos critérios de seleção. Confirmado o pressuposto da não-normalidade da distribuição, através da utilização do teste Kolmogorov-Smirnov, optou-se por aplicar o teste não paramétrico U de Mann-Whitney. Verificou- se, em linhas gerais, que o processo seletivo das famílias atendeu satisfatoriamente aos critérios estabelecidos pelo Programa e pelo governo local. Assim, considera-se importante o processo de avaliação das ações locais, como forma de estabelecer parâmetros para tomada de decisão, além de subsidiar futuros projetos. Palavras-Chave: Avaliação; Minha Casa, Minha Vida; Política Pública.

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Artigo Apresentado no ENAPEGS 2014

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    GT 17 Tendncias no campo de polticas pblicas

    O Processo Seletivo dos Beneficirios do Minha Casa, Minha Vida: Avaliao com Base nos Critrios de Elegibilidade

    Vinicius Souza Moreira [email protected]

    Universidade Federal de Viosa

    Suely de Ftima Ramos Silveira [email protected]

    Universidade Federal de Viosa

    Francimar Natlia Silva Cruz Reis [email protected]

    Universidade Federal de Viosa

    Resumo: O Minha Casa, Minha Vida (MCMV), programa do governo federal lanado em 2009,

    assumiu desde ento a maioria da proviso habitacional do pas. No mbito das polticas pblicas,

    tem-se a anlise e avaliao de polticas, as quais so essenciais para sociedade, uma vez que,

    as demandas so crescentes e os recursos, escassos. Com isso, este artigo traz a proposta de

    avaliar o processo de seleo de beneficirios com base nos critrios de elegibilidade

    estabelecidos, para o primeiro empreendimento construdo no mbito do MCMV com recursos do

    Fundo de Arrendamento Residencial MCMV/FAR na cidade de Viosa, Minas Gerais. Para

    tanto, coletou-se os dados das fichas de 209 famlias inscritas no processo seletivo do Programa.

    Dessa forma, foi possvel estabelecer dois grupos: o primeiro, formado por 132 famlias,

    correspondente as que foram selecionadas para o recebimento das unidades habitacionais; e o

    segundo, que engloba 77 famlias, diz respeito quelas que se inscreveram e no foram

    contempladas com as moradias. O tratamento estatstico baseou-se no teste de mdias, de modo

    a permitir a constatao de diferenas entre os grupos em relao aos critrios de seleo.

    Confirmado o pressuposto da no-normalidade da distribuio, atravs da utilizao do teste

    Kolmogorov-Smirnov, optou-se por aplicar o teste no paramtrico U de Mann-Whitney. Verificou-

    se, em linhas gerais, que o processo seletivo das famlias atendeu satisfatoriamente aos critrios

    estabelecidos pelo Programa e pelo governo local. Assim, considera-se importante o processo de

    avaliao das aes locais, como forma de estabelecer parmetros para tomada de deciso, alm

    de subsidiar futuros projetos.

    Palavras-Chave: Avaliao; Minha Casa, Minha Vida; Poltica Pblica.

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    1 Introduo

    O Minha Casa, Minha Vida (MCMV), programa do governo federal lanado em 2009, assumiu desde ento a maioria da proviso habitacional do pas. Em parceria com estados e municpios, o Programa subsidia e apoia a construo de moradias com vistas a reduzir o dficit habitacional brasileiro estimado, no ano de 2011, em 5,4 milhes de moradias (IPEA, 2013).

    No que tange parcela de interesse social, tem-se a modalidade Aquisio e Alienao de Imveis, por meio da transferncia de recursos ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) a qual se destina a famlias com rendimentos mensais de at trs salrios mnimos faixa que concentra a maior parte do dficit.

    O Ministrio das Cidades o agente gestor do Programa e delega a estados, municpios e instituies financeiras oficiais federais, a execuo das principais atividades do MCMV. Destaca-se, com isso, o papel do gestor municipal, responsvel, dentre outras atribuies, pelo processo seletivo das famlias a serem beneficiadas pelo Programa.

    Para que o processo seletivo ocorra, o Governo Federal, segundo a Portaria n140, de 05 de abril de 2010, estabeleceu dois critrios prioritrios, sendo eles: famlias residentes ou que tenham sido desabrigadas de reas de risco ou insalubres; e famlias com mulheres responsveis pela unidade familiar. De forma complementar, deixa a cargo dos municpios a definio, conforme as caractersticas locais, de at trs critrios.

    No mbito das polticas pblicas, tem-se a anlise e avaliao de polticas, as quais so essenciais para sociedade, uma vez que, as demandas so crescentes e os recursos, escassos. Entretanto, a avaliao de programas sociais ainda pouco utilizada no cotidiano da administrao pblica brasileira. Durante anos, a produo de conhecimento esteve mais voltada para a formulao de programas sociais do que para a implementao e avaliao (COSTA e CASTANHAR, 2003; COTTA, 1998).

    Nota-se, contudo, que avaliao de polticas pblicas representa uma rea em ascenso na literatura (SCHOFIELD e SUAUSMAN, 2004). Heller e Castro (2007) apontam-na como importante via para debate, seja no plano terico ou no metodolgico, destacando o fato de que os pesquisadores possuem conscincia da fragilidade conceitual e metodolgica para o estudo e desenvolvimento das polticas pblicas.

    Nos ltimos anos, tem-se observado a tendncia de ampliao dos gastos sociais direcionados ao setor habitacional. Ressalta-se que, a simples utilizao

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    de critrios equivocados, divergentes ou pouco consistentes com os objetivos da poltica pode alterar os resultados esperados (FJP, 2005). Falhas na implementao e controle dos programas sociais podem gerar ineficincia no gasto e deslocar recursos de outros investimentos pblicos (FARIA et al., 2007). Assim, torna-se necessrio conhecer a efetividade, em seus diversos aspectos, das intervenes.

    Portanto, a proposta deste artigo avaliar o processo de seleo dos beneficirios, com base nos critrios de elegibilidade estabelecidos, para o primeiro empreendimento construdo e entregue no mbito do MCMV/FAR na cidade de Viosa, Minas Gerais. Espera-se, com isso, verificar se tais critrios foram efetivos na delimitao do pblico alvo local do Programa.

    Este artigo encontra-se subdivido em cinco sees. Alm desta introduo, apresenta-se a fundamentao terica, que norteou a elaborao deste estudo; os procedimentos metodolgicos que foram necessrios para atender ao objetivo proposto; os resultados e suas discusses; e, por fim, as consideraes finais.

    2 Fundamentao Terica

    2.1 Avaliao de Polticas Pblicas

    A poltica envolve um conjunto de aes e procedimentos com o propsito de promover resoluo pacfica de conflitos em torno da alocao de bens e recursos pblicos (MATIAS-PEREIRA, 2008). De forma semelhante, Rua (1998) acrescenta que a poltica consiste no conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relaes de poder e que se destinam resoluo pacfica dos conflitos quanto a bens pblicos.

    Na esfera pblica, ao inserir a figura governamental, surgem s polticas pblicas, que se direcionam ao controle de reas especficas (tais como sade, educao, cultura, economia, dentre outras). Com isso, as polticas pblicas representam um conjunto de diretrizes elaboradas pelo Estado que visam enfrentar um problema de carter pblico (SECHI, 2010). Pode-se consider-las, ento, como estratgias direcionadas a diversos fins, sendo eles, de alguma forma, propsitos dos grupos que participam do processo decisrio (SARAVIA, 2006).

    Os personagens envolvidos nestes contextos so denominados atores polticos, que podem ser pblicos e privados (MATIAS-PEREIRA, 2008). O ator em uma dada situao pode ser definido como um nico indivduo ou como um grupo funcionando como um ator corporativo (OSTROM, 2007).

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    As polticas pblicas, depois de desenhadas e formuladas, desdobram-se em planos, programas e projetos (SOUZA, 2006). O plano constituiu a soma de programas e ordena os objetivos gerais das intervenes. O programa o conjunto de projetos que perseguem os mesmos objetivos. O projeto, por sua vez, consiste num empreendimento planejado composto por atividades interrelacionadas, coordenadas e dirigidas ao alcance de objetivos especficos (COHEN e FRANCO, 2008). O foco deste estudo na unidade mais operativa deste processo, o projeto (empreendimento construdo no municpio de Viosa-MG).

    O Estado responsvel por amplo nmero de programas e projetos sociais. Alm disso, em qualquer que seja o nvel governamental, deve-se almejar a melhor aplicao possvel dos recursos pblicos disponibilizados.

    De tal modo, ao considerar a importncia das aes de governo no desenvolvimento do pas, fundamental a construo e a utilizao de medidas de desempenho que expressem o grau de alcance dos objetivos estabelecidos. Logo, faz-se necessria a quantificao ou qualificao de parmetros que permitam s equipes gerenciais, dirigentes, polticos e cidados conhecer e decidir acerca dos arranjos governamentais (BRASIL, 2004).

    Dessa forma, o processo de avaliao se faz necessrio frente s aes governamentais. Cohen e Franco (2008, p. 77) definem avaliao como uma atividade que tem como objetivo maximizar a eficcia dos programas na obteno de seus fins e a eficincia na alocao de recursos para a consecuo dos mesmos.

    Costa e Castanhar (2003) apontam que o propsito da avaliao guiar os tomadores de deciso, e assim, orient-los quanto continuidade, a necessidade de correes nos rumos, ou mesmo suspenso de uma determinada poltica ou programa.

    Desse modo, a avaliao compreende o processo de medio sistemtica da operao e/ou dos resultados de um projeto, programa ou poltica, em relao ao desempenho, eficcia e impacto (ambos esperados ou no) tendo em vista os objetivos predeterminados (implcitos ou explcitos), como forma de contribuir para o aprimoramento das aes (MORRA-IMAS e RIST, 2009; OED, 1996; WEISS, 1998).

    Assim, a avaliao mede o desempenho com base em diferentes critrios, que podem variar de acordo com os objetivos das aes, sendo eles: eficincia, eficcia, impacto (ou efetividade), sustentabilidade, satisfao do beneficirio e equidade (COSTA e CASTANHAR, 2003).

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    Na prtica, esses tipos de avaliao podem ser operacionalizados em conjunto e podem ocorrer antes, durante, ou aps a implementao dos programas. Quanto ao momento em que se realiza a avaliao, pode-se classific-la como ex-ante, avaliao de processo e ex-post.

    A avaliao ex-ante realizada antes de se iniciar a elaborao do programa (COHEN e FRANCO, 2008), visa subsidiar o processo decisrio, apontando a convenincia ou no de se realizar o projeto (COTTA,1998). A avaliao de processo, realizada durante a execuo, tambm denominada de gesto contnua, concorrente, monitorao ou concomitante, levanta informaes sobre o andamento do programa.

    As avaliaes ex-ante e de processo compreendema a avaliao formativa, uma vez que, estas avaliam os processos de implementaodo programa, poltica ou projeto e so capazes de comprovar se as atividades esto sendo desenvolvidas de acordo com o planejado, alm de documentar os processos e apontar sucessos e fracassos (VILAROSA e ABIKO, s.d; MORRA-IMAS e RIST, 2009).

    A avaliao ex-post, por sua vez, requer que o programa ou uma etapa do mesmo tenha sido concludo para se poder avali-lo (COSTA e CASTANHAR, 2003); tambm dita avaliao ps-deciso e o que objetiva olhar para trs, responder se o projeto funcionou ou no, e descobrir as causas. Refere-se avaliao sumativa, sendo que, compreende a avaliao realizada no final de uma interveno para determinar a extenso a que alcanaram os resultados desejados (VILAROSA e ABIKO, s.d; MORRA-IMAS e RIST, 2009).

    Assim compreendida, a avaliao capaz de identificar processos,

    resultados, impactos e, assim, comparar desempenhos, julgar, informar e propor alternativas para os programas, projetos e polticas.

    3 Habitao como objeto de Polticas Pblicas

    A trajetria da poltica habitacional no pas, ao longo do sculo XX, foi marcada por momentos contraditrios. Os parcos recursos destinados populao de baixa renda e o volume de financiamento a elas concedido refletiam uma poltica habitacional irregular, tratada de modo clientelista e assistencialista (CASTRO, 2001). E, alm disso, acrescentam Valena e Bonates (2009) que as propostas de poltica habitacional eram voltadas ao mercado, de forma a criar condies favorveis para que a iniciativa privada promovesse habitaes sociais. O governo, por sua vez, reconhecia em seus documentos a necessidade de concesso de subsdios aos mais pobres, porm nenhuma proposta ou ao foi feita nesse sentido, ao menos no mbito nacional.

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    O processo de redemocratizao do Estado Brasileiro (1985-1988) e a promulgao da Constituio Federal de 1988 trouxeram novos panoramas Administrao Pblica e consequncias importantes para a temtica habitacional. Estabeleceu-se, assim, a redefinio de competncias, que transferiu aos Estados e Municpios a atribuio de gerir e executar os programas sociais, e dentre eles o de habitao.

    Os anos 1990 e 2000 foram marcados por acontecimentos advindos da Constituio Cidad, com destaque para as mobilizaes pelo Estatuto da Cidade e a aprovao do Projeto de Emenda Constitucional, em 2000, que introduziu a habitao como um direito social constitucional (BONDUKI, 2004).

    Todo esse processo culminou na criao do Ministrio das Cidades no ano de 2003, cuja principal funo seria encarregar-se de coordenar em nvel nacional uma nova poltica urbana, envolvendo polticas setoriais, como habitao, saneamento e transporte urbano, que abriram novos horizontes para garantir direito habitao.

    Entre 2004 e 2007 foram concebidas a Poltica Nacional de Habitao (PNH); o Sistema Nacional de Habitao de Interesse Social (SNHIS) e o Plano Nacional de Habitao (PlanHab), bases importantes para a articulao entre os trs entes da federao e a consolidao da nova proposta da PNH (BONDUKI, 2012).

    No entanto, no segundo semestre de 2008, a crise econmica internacional chegou ao Brasil, gerando incertezas e paralisia do setor imobilirio. Em meio a essa conjuntura econmica desfavorvel, o Governo Federal decidiu investir com vigor no setor habitacional criando o Programa Minha Casa, Minha Vida em abril de 2009. A proposta teve origem como uma ao emergencial anticclica de apoio ao setor privado para evitar o aprofundamento do desemprego, ameaa concreta na virada de 2009 (BONDUKI e ROSSETTO, 2009).

    Com isso, o MCMV assumiu, desde ento, a maior parte da proviso habitacional de interesse social no pas e, em suas variadas modalidades, uma das que se destina referida temtica a modalidade com recursos transferidos pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).

    As principais diretrizes do MCMV/FAR visam promover a melhoria da qualidade de vida das famlias beneficiadas; prover habitaes que garantam a sustentabilidade social, econmica e ambiental aos projetos e integr-los a outras intervenes ou programas governamentais; criar novos postos de trabalho, especialmente por meio da cadeia produtiva da construo civil; executar o Trabalho Social; reservar, no mnimo, 3% das unidades habitacionais para atendimento aos idosos, dentre outras.

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    4 Procedimentos Metodolgicos

    4.1 Caracterizao da Pesquisa

    Esta pesquisa constitui-se em um estudo de caso, pois objetivou analisar o processo de seleo dos beneficirios para o primeiro empreendimento construdo e entregue no Municpio de Viosa-MG, no mbito do MCMV/FAR.

    Quanto natureza, a pesquisa classifica-se como quantitativa, uma vez que, caracterizada pelo emprego de quantificao nos dados coletados e no tratamento dos mesmos por meio de tcnicas estatsticas (RICHARDSON, 1999). Quanto aos fins, enquadra-se como descritiva, pois possui objetivos bem definidos e procedimentos formais e a finalidade foi descrio das caractersticas de determinada populao (CERVO e BERVIAN, 2002). Em relao ao tipo de avaliao, realizou-se a avaliao de processo, pois o foco do estudo foi avaliar uma etapa do processo de implementao do Programa, a seleo dos beneficirios.

    4.2 Operacionalizao da Pesquisa

    Foram digitalizadas e tabuladas fichas de 209 famlias, que se inscreveram no processo seletivo do Programa Minha Casa, Minha Vida. A Secretaria de Ao Social da Prefeitura Municipal de Viosa baseou a seleo em critrios de elegibilidade municipais e federais. Posteriormente, as informaes dos candidatos selecionados foram verificadas pela Caixa Econmica Federal no cadastro de participantes do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS), na Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS), no Cadastro de Muturios (CADMUT), no Cadastro de Inadimplncia (CADIN) e no Sistema Integrado de Administrao da Carteira Imobiliria (SIACI). Depois do cruzamento de dados, as famlias no elegveis ou com irregularidades cadastrais foram excludas da seleo. Ao final desse processo, 132 famlias foram contempladas como beneficirias do Programa Minha Casa, Minha Vida, ao passo que 77 famlias no foram selecionadas.

    Dessa forma, foi possvel estabelecer dois grupos: o primeiro, que corresponde aos que foram selecionados para o recebimento das unidades habitacionais; e o segundo, que engloba aqueles que se inscreveram e no foram contemplados com as moradias. O grupo beneficirio, por sua vez, foi formado por 132 famlias, enquanto o grupo no-beneficirio foi composto por 77 famlias.

    O Governo Federal, por sua vez, estabeleceu dois critrios de elegibilidade, segundo a Portaria n140, de 05 de abril de 2010, sendo eles: famlias residentes ou que tenham sido desabrigadas de reas de risco ou insalubres; e famlias com

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    mulheres responsveis pela unidade familiar. De forma complementar, deixou a cargo dos municpios a definio, conforme as caractersticas locais, de at trs critrios, no caso, tempo de moradia da famlia no municpio, nmero de pessoas na famlia e faixa etria do chefe da famlia.

    Ressalta-se que, alm desses critrios, estudo optou por analisar outras duas variveis, renda familiar e o fato de possuir ou no imvel. A renda familiar trata-se de uma condio que enquadra a famlia na modalidade MCMV/FAR e um fator determinante para a correta destinao dos recursos do Programa. Possuir imvel uma condio que torna a famlia no elegvel (exceto imvel em rea de risco) na modalidade estudada. Portanto, ambos os critrios foram utilizado para avaliar o processo seletivo.

    No Quadro 1 explicita-se todos os critrios considerados pelo estudo e suas respectivas descries, mbito de competncia, e caracterstica prioritria.

    Quadro 1 Descrio dos Critrios analisados

    Critrio Definio mbito de

    Competncia Caracterstica

    Prioritria

    Famlias residentes ou que tenham sido desabrigadas de reas de risco ou insalubres

    Famlia residente em, ou desabrigada rea considerada de risco pelo Departamento de Defesa Civil.

    Federal Famlias que encontram-se na situao descrita.

    Famlias com mulheres responsveis pela unidade familiar

    Gnero do chefe ou responsvel pela unidade familiar.

    Federal

    Famlias que tenham a mulher como a chefe da unidade familiar

    Renda Familiar

    A Renda Familiar traz o rendimento de todo o grupo familiar. subdividida pelas seguintes faixas: at 01 salrio mnimo (s.m); mais que 01 s.m at 02 s.m; mais do que 02 s.m at 03 s.m.

    Federal

    Ordem de priorizao: at 01 s.m; mais que 01 s.m at 02 s.m; mais do que 02 s m. at 03 s.m.

    Possuir Imvel Possuir Imvel permite verificar se o chefe da famlia ou seu cnjuge (companheiro) possui imvel.

    Federal Famlias que no possuem imveis

    Tempo de Moradia no Municpio de Viosa/MG

    Tempo de Moradia no Municpio tem como objetivo indicar a quantos anos a famlia reside no municpio de Viosa. subdividida pelos seguintes perodos: abaixo de 05 anos; de 05 a 10 anos; de 11 a 15 anos; de 16 a 20 anos; ou acima de 21 anos.

    Municipal

    Quanto maior o tempo de residncia no Municpio, maior a priorizao da famlia.

    Nmero de Pessoas na Famlia

    Nmero de Pessoas na Famlia contempla o nmero de pessoas que integram o grupo familiar ou quantas pessoas vivem naquela residncia. subdividida pelos seguintes nmeros de integrantes:

    Municipal

    Quanto maior o nmero de pessoas residncia, maior a priorizao da famlia.

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    at 02 pessoas; de 03 a 05 pessoas; ou acima de 06 pessoas.

    Idade do Chefe da Famlia

    Idade do Chefe da Famlia corresponde aos anos de vida do provedor da famlia. subdividida pelas seguintes faixas etrias: de 18 a 20 anos; de 21 a 35 anos; de 36 a 45 anos; de 46 a 55 anos; ou acima de 56 anos.

    Municipal

    Quanto maior a idade do chefe de famlia, maior a prioridade.

    Fonte: Elaborado pelos autores com base na Portaria n140, de 05 de abril de 2010.

    4.3 Tratamento dos Dados

    A fim de atingir o objetivo proposto por este estudo, o tratamento estatstico dos dados baseou-se no teste de mdias, de modo a permitir a constatao de diferenas entre os grupos definidos para a pesquisa beneficirios e no beneficirios em relao aos critrios estabelecidos para seleo.

    Inicialmente, fez-se uso do teste Kolmogorov-Smirnov (K-S). O teste K-S serve para analisar o ajustamento ou aderncia normalidade da distribuio de uma varivel de nvel ordinal ou superior, atravs da comparao das frequncias relativas acumuladas observadas com as frequncias relativas acumuladas esperadas (PESTANA e GAGEIRO, 2008).

    Caso o teste K-S indique aderncia normal, devem ser utilizados testes paramtricos. Por outro lado, se for uma distribuio no-normal, deve-se optar por testes no paramtricos.

    Confirmado o pressuposto da no-normalidade da distribuio, optou-se por aplicar o teste no paramtrico U de Mann-Whitney para amostras independentes. A tcnica estatstica de Mann-Whitney o teste no paramtrico adequado para comparar as funes de distribuio de uma varivel pelo menos ordinal medida medidas em duas amostras independentes (MAROCO, 2007, p.219) e permite ao pesquisador testar mesmo que um dos grupos possua tamanho amostral pequeno ou que no possua dados normalmente distribudos (FVERO et al., 2009). Os grupos estabelecidos para estudo foram considerados amostras independentes pelo fato de cada indivduo participar apenas de uma das amostras.

    Foi realizado, ento, um teste bilateral, com nvel de significncia = 0,05, tendo adotado as seguintes hipteses estatsticas: H0: os dois grupos possuem caractersticas iguais. H1: os dois grupos possuem caractersticas distintas.

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    A deciso de rejeio ou no das hipteses testadas foi tomada com base no p valor, que indica a probabilidade estimada de rejeio da hiptese nula. Como se admitiu um nvel de significncia 0,05, qualquer p valor abaixo desse rejeita-se H0.

    Ressalta-se que tambm se utilizou da Anlise Exploratria de Dados (AED), que segundo Triola (2005) trata-se do processo de uso de ferramentas estatsticas (grficos, medidas de centro e medidas de variao, outliers), para investigar um conjunto de dados com o objetivo de compreender suas caractersticas importantes. Especificamente, fez-se uso da Distribuio de Frequncias, mtodo para agrupar dados em classes, de modo a fornecer a quantidade (e/ou a percentagem) de dados em cada classe. Com isso, pode-se resumir e visualizar o conjunto de dados disponveis.

    5 Resultados e Discusses

    Devido ao fato da confirmao da no-normalidade da distribuio, atravs da aplicao do teste K-S, procedeu-se, assim, a aplicao do teste U de Mann-Whitney, de modo a identificar diferenas ou no, entre os grupos em cada um dos critrios de seleo e elegibilidade ao MCMV. Na Tabela 1, apresenta-se o resultado do teste U de Mann-Whitney para todos os critrios estabelecidos.

    Tabela 1 Teste U de Mann-Whitney para os Critrios de Seleo ao MCMV Hiptese Nula Sig. Deciso

    A distribuio de rea de Risco a mesma entre os dois grupos

    0,378 Reter a hiptese nula

    A distribuio de Sexo do chefe de famlia a mesma entre os dois grupos

    0,049 Rejeitar a hiptese nula

    A distribuio de Renda Familiar a mesma entre os dois grupos

    0,008 Rejeitar a hiptese nula

    A distribuio de Possuir Imvel a mesma entre os dois grupos

    0,000 Rejeitar a hiptese nula

    A distribuio de Tempo de Moradia no Municpio a mesma entre os dois grupos

    0,013 Rejeitar a hiptese nula

    A distribuio de Nmero de Pessoas na Famlia a mesma entre os dois grupos

    0,149 Reter a hiptese nula

    A distribuio de Faixa Etria do Chefe de Famlia a mesma entre os dois grupos

    0,082 Reter a hiptese nula

    Fonte: Resultados da pesquisa.

    O primeiro critrio analisado de determinao do Governo Federal e privilegia as famlias residentes ou que tenham sido desabrigadas de reas de risco ou insalubres. Verificou-se, com base na Tabela 1, que atravs do nvel de significncia de 0,378 a hiptese de igualdade entre os dois grupos deve ser aceita (H0). Com isso, constata-se que ambos os grupos possuam caractersticas bem prximas.

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    Para o caso estudado, somente 10 famlias que estavam sob essa condio se inscreveram. Portanto, este critrio teve baixa representatividade entre os inscritos, o que explica a igualdade entre os grupos. Nota-se, tambm, que metade dos inscritos sob esse critrio foi selecionado. Logo, as outras cinco famlias que tambm moravam em rea de risco no foram contempladas pelo MCMV em Viosa-MG. Nesse particular, percebe-se que o processo seletivo no privilegiou esse critrio de seleo. Tais resultados constam na Tabela 2.

    Tabela 2 Distribuio de Frequncia do Critrio reas de risco ou insalubres Grupo beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    No 127 96,21% 96,21%

    Sim 05 3,79% 100%

    Total 132 100,00%

    Grupo no-beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    No 72 93,51% 93,51%

    Sim 05 6,49% 6,49%

    Total 77 100,00%

    Fonte: Resultados da pesquisa.

    Outro critrio determinado pelo Governo Federal diz respeito s famlias com mulheres responsveis pela unidade familiar. De acordo com o nvel de significncia de 0,049 (expresso na Tabela 1), deve-se rejeitar a hiptese de igualdade entre os grupos, ou seja, h diferenas entre ambos os grupos.

    Nota-se, com base na Tabela 3, que o nmero de inscries com mulheres chefes de famlias foi elevado tanto no grupo beneficirio, quanto no grupo no-beneficirio (181 mulheres se inscreveram, no total). Porm, no grupo no-beneficirio percebe-se que participao do nmero de homens o dobro em relao ao primeiro grupo o que contribuiu para diferenciar entre os dois grupos. Ressalta-se, dessa forma, a utilizao adequada do critrio, ao preterir famlias chefiadas por mulheres s comandadas por homens.

    Tabela 3 Distribuio de Frequncia do Critrio Sexo do Chefe de Famlia Grupo beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    Masculino 13 9,85% 9,85%

    Feminino 119 90,15% 100%

    Total 132 100,00%

    Grupo no-beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    Masculino 15 19,48% 19,48%

    Feminino 62 80,52% 100%

    Total 77 100,00%

    Fonte: Resultados da pesquisa.

    A renda familiar um aspecto que enquadra as famlias na modalidade do Programa, ou seja, famlias com renda mensal superior a trs salrios mnimos no devem ser enquadradas na faixa de atendimento aqui estudada (Habitao de Interesse Social). Verificou-se, tendo em vista os resultados da Tabela 1, que a hiptese nula deva ser rejeitada, o que indica para a diferenciao entre os grupos.

  • 12

    Ao analisar a distribuio de frequncias da Renda Familiar, observou-se, a partir da Tabela 4, que no grupo beneficirio houve o predomnio de famlias com rendimentos de at 02 salrios mnimos faixa com menor rendimento. No grupo no-beneficirio tambm houve o predomnio dessa faixa. Todavia, constatou-se uma participao superior de famlias com rendimentos entre 02 e 03 salrios mnimos. Verificou-se, tambm, que o processo seletivo excluiu devidamente 03 famlias que se inscreveram e declararam possuir renda familiar superior a 03 salrios mnimos.

    Tabela 4 Distribuio de Frequncia do Critrio Renda Familiar

    Grupo beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    At 01 Salrio Mnimo 86 65,15% 65,15%

    Mais que 01 Salrio Mnimo at 02 Salrios Mnimos 42 31,82% 96,97

    Mais que 02 Salrios Mnimos at 03 Salrios Mnimos 04 3,03% 100%

    Total 132 100,00%

    Grupo no-beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    At 01 Salrio Mnimo 39 50,65% 50,65%

    Mais que 01 Salrio Mnimo at 02 Salrios Mnimos 25 32,47% 83,12%

    Mais que 02 Salrios Mnimos at 03 Salrios Mnimos 10 12,98% 96,10%

    Mais de 03 Salrios Mnimos 03 3,90% 100%

    Total 77 100,00%

    Fonte: Resultados da pesquisa.

    O fato de Possuir Imvel torna a famlia inelegvel. A exceo desta condio refere-se a imveis localizados em rea de risco. O teste U de Mann-Whitney, por sua vez, apontou que h diferenas entre os dois grupos para o referido critrio.

    Nota-se que quase a totalidade dos selecionados (98,48%) no possua

    imvel e, justamente, devido condio de exceo, 02 famlias foram selecionadas e possuam imvel. Observa-se, tambm, que entre os no selecionados, representativo nmero de famlias (40,26%) possua imvel, o que contribuiu para a diferenciao entre os grupos e indicou correta aplicao do critrio para essa varivel. A Tabela 5 apresenta os resultados.

    Tabela 5 Distribuio de Frequncia do Critrio Possuir Imvel Grupo beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    Sim 02 1,52% 1,52%

    No 130 98,48% 100%

    Total 132 100,00%

    Grupo no-beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    Sim 31 40,26% 40,26%

    No 46 59,74% 100%

    Total 77 100,00%

    Fonte: Resultados da pesquisa.

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    Conforme a legislao do Programa, os municpios tm a autonomia de estabelecer at trs critrios, conforme as caractersticas de cada localidade, para eleger as famlias a serem beneficiadas. No caso do municpio de Viosa-MG foram determinados trs critrios, Tempo de Moradia no Municpio, Nmero de Pessoas na Famlia e Faixa Etria do Chefe de Famlia.

    No critrio tempo de moradia no municpio, a lgica privilegiar as famlias que h mais tempo residam em Viosa. O teste de mdias no paramtrico de Mann-Whitney (Tabela 1) indicou que h diferenas entre os grupos beneficirio e no-beneficirio.

    Ao proceder distribuio de frequncias da respectiva varivel, percebe-se que 78,78% das famlias selecionadas residiam no municpio h mais de 16 anos e no grupo dos no selecionados as famlias, com mesma condio, tambm era maioria (58,44%). Entretanto, verificou-se que a proporo de famlias com tempo de moradia no municpio inferior a 15 anos foi superior no grupo no beneficirio. Dessa forma, de acordo com os resultados expostos na Tabela 6, pode-se inferir que o critrio atendeu satisfatoriamente a sua caracterstica de interesse.

    Tabela 6 Distribuio de Frequncia do Critrio Tempo de Moradia no Municpio Grupo beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    At 5 anos 02 1,52% 1,52%

    De 05 a 10 anos 09 6,82% 8,34%

    De 11 a 15 anos 17 12,88% 21,22%

    De 16 a 20 anos 19 14,39% 35,61%

    Mais de 21 anos 85 64,39% 100%

    Total 132 100,00%

    Grupo no-beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    At 5 anos 05 6,49% 6,49%

    De 05 a 10 anos 15 19,48% 25,97%

    De 11 a 15 anos 12 15,58% 41,55%

    De 16 a 20 anos 04 5,19% 46,74%

    Mais de 21 anos 41 53,25% 100%

    Total 77 100,00%

    Fonte: Resultados da pesquisa.

    O nmero de pessoas na famlia foi outro critrio determinado pelo Municpio de Viosa-MG, o qual privilegiava famlias com maior nmero de integrantes. O nvel de significncia apontado pelo teste U de Mann-Whitney foi de 0,149 sendo que a deciso por aceitar a hiptese de igualdade entre os grupos.

    Observa-se na Tabela 7, que tanto o grupo dos selecionados quanto no das no selecionados a maioria das famlias eram formadas por 03 a 05 pessoas (70,45% e 57,14%, respectivamente). Em comparao com o nmero total de famlias inscritas, verifica-se o predomnio nessa faixa de integrantes, o que

  • 14

    permite inferir a que a caracterstica de interesse desse critrio de seleo foi atendida satisfatoriamente.

    Tabela 7 Distribuio de Frequncia do Critrio Nmero de Pessoas na Famlia Grupo beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    At 02 pessoas 25 18,94% 18,94%

    De 03 pessoas at 05 pessoas 93 70,45% 89,39%

    Mais de 06 pessoas 14 10,61% 100%

    Total 132 100,00%

    Grupo no-beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    At 02 pessoas 24 31,17% 31,17%

    De 03 pessoas at 05 pessoas 44 57,14% 88,31%

    Mais de 06 pessoas 09 11,69% 100%

    Total 77 100,00%

    Fonte: Resultados da pesquisa.

    O ltimo critrio estabelecido pelo governo municipal foi faixa etria do chefe de famlia, sendo que o teste U de Mann-Whitney indicou que no h diferenas entre os grupos (Sig. = 0,082).

    Constata-se que 71,97% dos chefes das famlias selecionadas apresentam idade entre 21 a 45 anos. De forma semelhante, 64,94% dos chefes das famlias no selecionadas tambm apresentavam idade entre 21 a 45 anos. Entretanto pela anlise conjunta dos grupos, constata- se que houve poucas inscries por chefes de famlia com idades maiores e, apesar disso, o processo seletivo cumpriu uma das diretrizes do Programa ao destinar, no mnimo, 3% das unidades para chefes de famlia idosos. Os resultados so apresentados na Tabela 8.

    Tabela 8 Distribuio de Frequncia do Critrio Faixa Etria do Chefe de Famlia Grupo beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    De 18 anos a 20 anos 01 0,76% 0,76%

    De 21 anos a 35 anos 62 46,97% 47,73%

    De 36 anos a 45 anos 33 25,00% 72,73%

    De 46 anos a 55 anos 22 16,67% 89,40%

    56 anos ou mais 14 10,61% 100%

    Total 132 100,00%

    Grupo no-beneficirio Frequncia Percentual Percentual Acumulado

    De 18 anos a 20 anos 03 3,90% 3,90%

    De 21 anos a 35 anos 18 23,38% 27,28%

    De 36 anos a 45 anos 32 41,56% 68,84%

    De 46 anos a 55 anos 19 24,68% 93,52%

    56 anos ou mais 05 6,49% 100%

    Total 77 100,00%

    Fonte: Resultados da pesquisa.

    Assim, a inferncia que se faz que o processo de seleo, atendeu satisfatoriamente o critrio, uma vez que, embora a caracterstica de interesse

  • 15

    privilegie chefes de famlias com idades mais avanadas, poucas foram s inscries que corroboravam com tal determinao.

    Fazendo uma anlise global dos sete critrios, foi possvel inferir que e o critrio de residir em reas de risco ou insalubres teve baixa representatividade entre os inscritos, e o processo seletivo no privilegiou esse critrio de seleo. J em relao aos critrios renda familiar, sexo do chefe de famlia, possuir imvel, tempo de moradia no municpio e nmero de pessoas nos domiclio e faixa etria do chefe de famlia, todos preteriram, de modo geral, as caractersticas de interesse.

    6 Consideraes Finais

    Com cerca de quatro anos de atuao, o Minha Casa, Minha Vida assumiu a maioria da proviso de habitaes populao considerada de interesse social, segmento representativo no dficit habitacional do pas.

    A relevncia e notoriedade alcanadas pelo Programa, bem como a abrangncia de sua atuao, indicam para a necessidade de lanar olhares para os projetos de interveno.

    O programa do governo federal atua em parceria com estados e municpios, e no governo local que as principais atividades de execuo do Programa se desenvolvem. Com isso, este artigo ao propor a avaliao do processo de seleo do Programa Minha Casa, Minha Vida, na cidade de Viosa-MG, apresenta uma medida de desempenho da ao pblica e experincia para orientar o MCMV.

    Avaliaes em mbito local tm a potencialidade de contribuir para a formao de um sistema integrado de avaliao, uma vez que ao se agregar e documentar processos como este, tem-se a possibilidade de formar uma base maior de informaes.

    Em linhas gerais, constatou-se que o processo seletivo das famlias beneficirias, competncia do governo municipal de Viosa-MG, atendeu satisfatoriamente aos critrios de elegibilidade estabelecidos pelo Programa e pelo governo local. Acredita-se que, por se tratar de programa em expanso e ser o primeiro empreendimento analisado do MCMV em Viosa-MG, h a possibilidade do atendimento de um nmero maior nmero de famlias. E, para que haja nmero expressivo de inscries, considera-se essencial amplo processo de divulgao que seja capaz de chegar s famlias alvo do Programa.

    Ressalta-se, ainda, que interessante verificar se os critrios estabelecidos pela administrao local refletem as caractersticas da demanda

  • 16

    habitacional de interesse social do Municpio de Viosa. Para tanto, seria necessrio acompanhar os demais processos seletivos e replicar aes avaliativas como essa, ou ainda, valer-se de outros estudos avaliativos das principais atividades do Programa.

    Dessa forma, considera-se importante o processo de avaliao das aes locais, como forma de estabelecer de parmetros para tomada de deciso, alm de subsidiar futuros projetos e adequar as atividades para os prximos empreendimentos a serem contratados.

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