Anais Encontro INternacional Fronteiras e IdentidadesEvento Cultura Afro PDF

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A representação da cultura afro-brasileira no ENEM: uma análise acerca das rupturas provocadas pela lei 10639/03

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    SEMINRIO DE POLTICAS DE INSERO DA HISTRIA E DA CULTURA AFRO-

    BRASILEIRA NO CURRCULO ESCOLAR RIO-GRANDINO

    Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Anais Eletrnicos do Seminrio de polticas de insero da histria e

    da cultura afro-brasileira no currculo escolar rio-grandino, Rio

    Grande: Editora da FURG, 2013.

    267p.

    Vrios autores.

    Bibliografia.

    ISBN: 978-85-7566-305-9

    1. Histria - 2. Ensino de Histria. - 3. Cultura Afro-brasileira.

    4- Anais. - I. Schiavon, Carmem G. Burgert. II. Gomes, Arilson dos Santos. III. Oliveira, Marcelo Frana de. IV. Ttulo

    CDD-960

    COMISSO ORGANIZADORA

    Adriana Kivanski de Senna (FURG)

    Arilson dos Santos (FAPA)

    Carmem G. Burgert Schiavon (FURG)

    Daniel Porciuncula Prado (FURG)

    Janaina Schaun Sbabo (CDH-FURG)

    Marcelo Frana de Oliveira (PPGH-FURG)

    Olivia Silva Nery (PPGMP-UFPel)

    COMISSO CIENTFICA

    Adriana Kivanski de Senna (FURG)

    Arilson dos Santos (FAPA)

    Carmem G. BurgertSchiavon (FURG)

    Caiu Cardoso Al-Alam (UNIPAMPA)

    Cassiane Paixo (FURG)

    Drio de Arajo Lima (FURG)

    Elisabete Moraes (PPGH-FURG)

    Jos Antnio dos Santos (UFRGS)

    Rosane Rubert (UFPel)

    Solange de Oliveira (PPGEO-FURG)

    COMISSO DE APOIO

    Andrelise Santorum

    Camila Rola Alves

    Francine Barboza de Souza

    Gabriel Brasil Lopes

    Gabriela Costa da Silva

    Gernimo Pereira

    Julia Ramos da Conceio Telles

    Julian Pereira Kepps

    Larissa Oliveira Mendes

    Luiz Felipe Pinheiro

    Luiz Paulo Soares

    Milene Chaves Cabral

    Moacir Silva do Nascimento

    Nadia da Costa Jaques

    Nathaly de Lima

    Norma Regina dos Santos Motta

    Paulo Vitor Batisti

    Vanessa de Cssia Panick Lopes

    Yasmin Pereira Rosa

    Se5282

  • 4

    APRESENTAO

    O Seminrio de polticas pblicas de insero da histria e da cultura afro-

    brasileira no currculo escolar rio-grandino constitui a atividade de encerramento do

    Projeto de Extenso intitulado Mapeamento, anlise e universalizao de polticas

    afirmativas voltadas insero curricular da histria e da cultura afro-brasileira no

    Municpio do Rio Grande, financiado pelo Programa de Extenso Universitria

    (ProExt) do Ministrio da Educao, o qual teve incio em maio de 2013 com o objetivo

    de diagnosticar e avaliar o desenvolvimento da Histria e da Cultura Afro-Brasileira no

    mbito do Municpio do Rio Grande e a partir desta anlise, propor aes afirmativas

    relacionadas s Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao das Relaes tnico-

    Raciais. Alm disso, tambm visa a garantia de igualdade de oportunidades entre os

    diferentes grupos tnicos formadores do Brasil e, nesta direo, os esforos para a

    aplicao da Lei 10.639/03, em todos os estabelecimentos de ensino em nvel local,

    regional e nacional, tornam-se fundamentais.

    Decretada e sancionada no dia 09 de janeiro de 2003, a lei instaurou nos

    currculos escolares a obrigatoriedade do ensino sobre a Histria e a Cultura Africana e

    Afro-Brasileira nos estabelecimentos de educao bsica, oficiais e particulares de

    nosso pas, completou dez anos. Procedente das aes do Estado em consonncia com

    as organizaes polticas preocupadas com a educao abrangente e de qualidade, no

    que tange a contribuio dos grupos formadores de nossa brasilidade, essa lei, embora

    passados dez anos de sua fundao, tem encontrado dificuldades na sua aplicabilidade.

    Salvo, quando professores e sistemas escolares comprometidos cumprem a regra.

    Algumas escolas do Rio Grande do Sul, atravs dos discursos de seus gestores,

    manifestam que a falta de aplicao da Lei se deve, em parte, pela indisponibilidade de

    materiais didticos especficos e pela escassez de cursos de formao, visando

    capacitao dos docentes. Situao que vem se repetindo. Entretanto, durante os anos

    passados e, atualmente, foram e so organizados colquios, debates, seminrios e

    publicaes, sobre as temticas atinentes a Lei, constituindo uma produo acessvel a

    todos. Bastando aos professores bem como aos educadores se atualizarem.

    Elementos culturais, polticos e sociais, e sobre tudo humanos, identificam as

    possibilidades de (re) elaborao de aspectos concernentes s africanidades no plano

    didtico-pedaggico, pois a participao das populaes afrodescendentes no Estado

  • 5

    reportam as origens deste territrio. O trabalho, as resistncias contra o cativeiro, a

    utilizao militar, os quilombos, as irmandades, a imprensa negra, as ligas esportivas, as

    associaes bem como as personalidades so universos a se descortinar sobre a

    trajetria afrodescendente. Em nosso cotidiano, as palavras, os gestos, o sincretismo

    religioso, a alimentao, as danas, e tantos outros temas, tornam-se lugares nicos s

    possibilidades de identificaes e compreenses das influncias dos povos africanos.

    A Lei 10.639/03, desde 2008, acrescida das temticas Indgenas, resultou na Lei

    11.645/08, tem tudo para ser institucionalizada. A institucionalizao um resultado

    capaz de sobreviver aos seus atores e ser renovado por outras geraes (Arendt apud

    AVRITZER, 2008). Ou seja, mesmo ela sendo fruto das negociaes polticas advindas

    dos movimentos negros organizados com setores do Estado, quanto aos mecanismos

    indispensveis sua institucionalizao ela vem encontrando limites. Entretanto, os

    rgos reguladores e fiscalizadores do Estado, assim como setores da sociedade, devem

    estar atentos sua permanncia.

    Ressalta-se que essa conscincia deve perpassar toda a comunidade escolar,

    formada por gestores, alunos, funcionrios e famlias, garantindo assim sua aplicao.

    COMISSO ORGANIZADORA

    Rio Grande, dezembro de 2013.

  • 6

    SUMRIO

    RESUMOS:

    Lei 10.639/03, otimizando possibilidades para o ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira

    Alexandre Silva da Silva.............................................................................................................................11

    Relato sobre uma experincia com o ensino de frica em sala de aula com alunos de ensino

    fundamental

    ngela Pereira Oliveira e Jaqueline de Mattos Mendes...................................................................12

    A presena escrava na cidade do Rio Grande, a partir da imprensa

    Camila Rola Alves e Milene Chaves Cabral...........................................................................................14

    A mitologia em prol da equidade de pensamento: um cotejo da cultura afro-brasileira em Rio

    Grande e Bag

    Carlos Jos Borges Silveira e Simone Gomes de Faria..........................................................................15

    Anlise acerca de prticas relacionadas insero curricular da Histria e da Cultura Afro-

    brasileira no municpio do Rio Grande

    Carmem G. Burgert Schiavon e Nadia Rosane da Costa Jaques ........................................................17

    Relato de experincia: Pr Vestibular Zumbi dos Palmares, uma alternativa educacional solidria Daniela Schuller Pedroso............. .............................................................................................................18

    Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos, o caso das

    Juventudes Negras Perifricas

    Elias Csta de Oliveira; Alexon Messias da Rocha e Lara Colvero Rockenbach.....................................20

    Trajetria histrica-social da Lei 12.711/12 na UFPel

    Eliane de Oliveira Rubim, Sabrina de Souza Silva e Andr Gomes de Almeida........................................21

    Grupo permanente de estudos e prticas pedaggicas para igualdade racial no ambiente escolar

    Elke Daniela Rocha Nunes e Laurinaudia Barros Martins.......................................................................22

    A representao da cultura afro-brasileira no ENEM: uma anlise acerca das rupturas provocadas

    pela lei 10639/03

    Elvis Patrik Katz e Alesson Ramon Rota....24

    De que frica estamos falando? As concepes dos estudantes de histria sobre o continente

    africano

    Giovana Pontes Farias............................................................................................................................25

    Ensino de Histria e cinema em sala de aula: possibilides para o cumprimento da Lei n

    10.639/2003

    Jaqueline de Mattos Mendes e ngela Pereira Oliveira...........................................................................27

    A influncia da msica na famlia Cardoso

    Jussara Cardoso de Cardoso.....................................................................................................................30

    O Silenciamento do Negro no Livro Didtico - Do Segundo Reinado ao Ps-Abolio

    Luciane dos Santos Avila; Luiz Paulo da Silva Soares e Fernanda Santos dos Santos .............................31

    Carlos Santos: negritude e cidadania

    Luiz Henrique Torres...................................................................................................................................32

  • 7

    O ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira atravs das mdias cinemticas

    Luiz Paulo da Silva Soares, Alexandre Silva da Silva e Luciane dos Santos Avila....................................33

    Os manuais didticos do 7 ano: uma breve reflexo sobre o ensino da Histria Afro-Brasileira

    Michele Borges Martins............................................................................................................................35

    A Cultura Afro-Brasileira em nosso cotidiano

    Milene Chaves Cabral e Camila Rola Alves..............................................................................................36

    Currculo da rede oficial de ensino: interpretaes, pesquisas e prticas na Arte e Educao

    Nadiele Ferreira Pires, Rosemar Gomes Lemos e Lisiane Gomes Lemos..................................................37

    A construo do racismo brasileiro: da identidade nacional participao positiva da identidade

    negra nos estudos acadmicos

    Natiele Gonalves Mesquita e Carmem G. Burgert Schiavon....................................................................38

    Espaos Educativos No-Formais e as legislaes para a Educao das Relaes tnico-Raciais

    Patrcia da Silva Pereira.........................................................................................................................39

    Sou um negro sim: tambm sou parte da Histria e construo do Brasil

    Paulo Roberto Fonseca...............................................................................................................................41

    Narrando histria e estrias: Literatura e Polticas Pblicas de insero da histria e da cultura

    afro-brasileira no currculo escolar

    Rgis de Azevedo Garcia............................................................................................................... .............43

    Gravando o negro de minha histria

    Renata vila Troca..................................................................................................... .................................44

    Histria e Arte: uma experincia interdisciplinar de ensino de Histria da frica e Cultura

    Africana na escola municipal de ensino fundamental Getlio Vargas

    Tatiana Carrilho Pastorini Torres e Maria Fernanda Botelho...................................................................47

    A memria da escravido em runas: Um estudo sobre o patrimnio histrico e cultura de

    Cerrito/RS

    Vanessa Martins da Costa......................................................................................................................48

    A Hermenutica das diretrizes curriculares nacionais para a educao escolar Quilombola

    Wanildo Figueiredo de Sousa....................................................................................................................49

    A Educao escolar nas comunidades de remanescentes Quilombolas do Baixo Amazonas -

    Santarm

    Wanildo Figueiredo de Sousa e Rosane Maria Krausburg Molina ...........................................................50

    TEXTOS DOS RESUMOS EXPANDIDOS:

    Lei 10.639/03, otimizando possibilidades para o ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira

    Alexandre Silva da Silva e Julia Silveira Matos..........................................................................................53

    Relato sobre uma experincia com o ensino de frica em sala de aula com alunos de ensino

    fundamental

    ngela Pereira Oliveira e Jaqueline de Mattos Mendes.............................................................................63

    A presena escrava na cidade do Rio Grande, a partir da imprensa

    Camila Rola Alves e Milene Chaves Cabral..........................................................................................73

  • 8

    A mitologia em prol da equidade de pensamento: um cotejo da cultura afro-brasileira em Rio

    Grande e Bag

    Carlos Jos Borges Silveira e Simone Gomes de Faria..............................................................................77

    Anlise acerca de prticas relacionadas insero curricular da Histria e da Cultura Afro-

    brasileira no municpio do Rio Grande

    Nadia Rosane da Costa Jaques e Carmem G. Burgert Schiavon..........................................................91

    Relato de experincia: Pr Vestibular Zumbi dos Palmares, uma alternativa educacional solidria Daniela Schuller Pedroso............................................................................................................................98

    Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos, o caso das

    Juventudes Negras Perifricas

    Elias Csta de Oliveira; Alexon Messias da Rocha, Lara Colvero Rockenbach........................105

    Grupo permanente de estudos e prticas pedaggicas para igualdade racial no ambiente escolar

    Elke Daniela Rocha Nunes e Laurinaudia Barros Martins..............................................117

    A representao da cultura afro-brasileira no ENEM: uma anlise acerca das rupturas provocadas

    pela lei 10639/03

    Elvis Patrik Katz e Alesson Ramon Rota..125

    De que frica estamos falando? As concepes dos estudantes de histria sobre o continente

    africano

    Giovana Pontes Farias..............................................................................................................................135

    Ensino de Histria e cinema em sala de aula: possibilides para o cumprimento da Lei n

    10.639/2003

    Jaqueline de Mattos Mendes, ngela Pereira Oliveira e Ana Ins Klein..................................................142

    O Silenciamento do Negro no Livro Didtico - Do Segundo Reinado ao Ps-Abolio

    Luciane dos Santos Avila; Fernanda Santos dos Santos, Luiz Paulo da Silva Soares........................150

    Carlos Santos: negritude e cidadania

    Luiz Henrique Torres................................................................................................................................160

    O ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira atravs das mdias cinemticas

    Luiz Paulo da Silva Soares, Alexandre Silva da Silva e Luciane dos Santos Avila.........................170

    Os manuais didticos do 7 ano: uma breve reflexo sobre o ensino da Histria Afro-Brasileira

    Michele Borges Martins............................................................................................................................179

    A Cultura Afro-Brasileira em nosso cotidiano

    Milene Chaves Cabral e Camila Rola Alves..............................................................................................190

    Identidade nacional: a construo do racismo brasileiro

    Natiele Gonalves Mesquita e Carmem G. Burgert Schiavon...................................................................197

    Espaos Educativos No-Formais e as legislaes para a Educao das Relaes tnico-Raciais

    Patrcia da Silva Pereira...........................................................................................................................207

    Sou um negro sim: tambm sou parte da Histria e construo do Brasil

    Paulo Roberto Fonseca..............................................................................................................................221

    Narrando histria e estrias: Literatura e Polticas Pblicas de insero da histria e da cultura

    afro-brasileira no currculo escolar

    Rgis de Azevedo Garcia...........................................................................................................................232

  • 9

    A invisibilidade da cultura afro-brasileira e africana no ensino de Histria: uma anlise das

    injunes, causas e consequncias

    Carlos Jos Borges Silveira e Simone Gomes de Faria............................................................................240

    Histria e Arte: uma experincia interdisciplinar de ensino de Histria da frica e Cultura

    Africana na escola municipal de ensino fundamental Getlio Vargas

    Tatiana Carrilho Pastorini Torres e Maria Fernanda Botelho..........................................................249

    A memria da escravido em runas: Um estudo sobre o patrimnio histrico e cultura de

    Cerrito/RS

    Vanessa Martins da Costa.........................................................................................................................258

  • 10

    RESUMOS

  • 11

    LEI 10.639/03, OTIMIZANDO POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DA

    HISTRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA

    Alexandre Silva da Silva1

    O ensino de Histria passou nessa primeira dcada por duas relevantes alteraes

    que foram resultado das demandas apresentadas e reivindicadas pelos movimentos

    afirmativos, que foram as Lei 10.639/03 de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei

    no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educao

    nacional, para incluir no currculo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da

    temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira e a Lei 11.645/08, que institui a

    obrigatoriedade do Ensino da Cultura Afro-brasileira e Indgena. Diante disso, compila-

    se a seguinte estrutura problemtica, como o PROFESSOR encarregado de

    TRANSFERIR saber pode realizar uma tarefa qual no foi preparado, no

    disponibilizando primeira vista de material didtico que venha a instrumentaliza-lo

    para tal funo. Num contexto contemporneo no qual cada vez mais se evidencia a

    necessidade de uma maior interao entre as prticas de ensino, com vistas a uma

    melhor compreenso pelo discente, o MEDIADOR deve buscar atravs da

    MULTIDISCIPLINARIDADE mecanismos e artifcios que possibilitem o

    desenvolvimento da conscincia histrica, alcanando a TRANSDISCIPLINARDADE.

    Nessa direo, com base nas TIC foi desenvolvido um banco de dados cujo endereo

    (https://sites.google.com/site/otimizandopossibilidades/), que visa colaborar para a

    ambientao e alargamento das possibilidades de abordagem da cultura Afro-brasileira

    pelos educadores, permitindo trabalhar a desestruturao de alguns conceitos arcaicos,

    discriminadores e excludentes, que se apresentam e so difundidos mesmo que sem intencionalidade no material didtico brasileiro. O presente trabalho objetiva disponibilizar material e tcnicas de abordagem que possam contribuir no mbito

    escolar, proporcionando uma viso mais aprofundada e contextualizada da cultura Afro-

    Brasileira suas caractersticas, influncias e resignificncias. Estimulando atravs da

    reflexo e mais tarde da conscincia histrica o respeito mtuo e a relao de influncia

    dialtica na formao indenitria, para que a insero da lei 10.639/03 cumpra o papel

    pelo qual foi idealizada, diminuindo conflitos presentes no contexto social brasileiro.

    Palavras-Chave: Lei 10.639/3. TIC. Cultura Afro-Brasileira. Conscincia Histrica.

    Transdisciplinaridade.

    1 Acadmico do Curso de Histria Bacharelado com nfase em Patrimnio Histrico e Cultural da

    Universidade Federal do Rio Grande FURG. Coordenador de mdias do COMUF e LAHIS. Assessor de mdias do CAIC. E-mail: [email protected]

  • 12

    RELATO SOBRE UMA EXPERINCIA COM O ENSINO DE FRICA EM

    SALA DE AULA COM ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL

    ngela Pereira Oliveira2

    Jaqueline de Mattos Mendes3

    O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma atividade realizada na

    escola relatando a experincia obtida em sala de aula. A experincia desenvolveu-se

    com uma turma constituda por vinte e quatro alunos, de sexto ano do ensino

    fundamental em uma escola municipal da cidade de Pelotas. Foi proposta aos alunos

    uma atividade quando trabalhado o contedo de frica, na qual eles puderam expor sua

    opinio sobre o assunto proposto. A atividade era para ser realizada em casa e,

    infelizmente, a maioria dos alunos, por diversos motivos, no participou dela. Porm,

    aqueles que a fizeram foram bastante criativos e surpreendentes em suas respostas.

    Alguns comentaram a participao dos familiares no auxlio elaborao da pesquisa e

    manifestaram interesse em conhecer um pouco mais sobre aquele contedo trabalhado,

    alegando no saberem muito a respeito por no o terem estudado em sua poca de

    escola. O ensino sobre o contedo de Histria do Continente africano antes do contato

    com o europeu e sobre algumas caractersticas de povos que ali habitavam,

    proporcionou que fossem feitas as trs perguntas dissertativas. Tendo em vista o pouco

    tempo para trabalho do contedo e a grande diversidade de etnias existentes foram

    selecionados apenas algumas delas para serem abordadas na aula. A grande quantidade

    de informao faria de uma prova mera reproduo de contedos, sem anlise e reflexo

    crtica por parte dos alunos. A ideia de realizar a proposta se deu pela necessidade de

    saber como os alunos viam a cultura do continente africano auxiliando na construo do

    respeito s diferentes etnias, religies e modos de vida. Tambm visando, desconstruir

    preconceitos que possam existir ocasionados pela falta de informao auxiliando na

    construo do respeito e na formao de jovens ticos. A Histria tem poder de

    conscientizar, de mobilizar, de transformar, cabe ao professor aproveitar-se disso da

    melhor forma possvel influenciando o aluno a sentir-se incomodado com o desrespeito,

    presente na sociedade, ao diferente e no acomodar-se com tal situao. Entre as

    perguntas trabalhadas pensou-se uma que proporcionasse a integrao entre a

    contribuio africana no Brasil e o cotidiano dos alunos, proporcionando uma

    aproximao com o tema. Enquanto outra visava discutir representaes e criaes

    caricaturadas, tanto pelos meios de comunicao como pela prpria construo

    historiogrfica eurocntrica, a respeito do continente. FREIRE cita que no podemos desconhecer a televiso, mas, devemos us-la, sobretudo, discuti-la (1996, p.88) utilizando ela como um veculo de aproximao com o mundo do aluno. Como menciona KI-ZERBO na Histria Geral da frica (2010, p.30) a histria da frica, como a de toda a humanidade, a histria de uma tomada de conscincia. Nesse

    sentido, a histria da frica deve ser reescrita. E isso porque, at o presente momento,

    ela foi mascarada, camuflada, desfigurada, mutilada. Acrescentando que o conhecimento sobre a Histria da frica proporciona que conheamos mais sobre a

    nossa prpria Histria. A comunicao em questo ir apontar as respostas dos alunos

    apresentando algumas alm de argumentar sobre as influncias sociais em suas

    2 Acadmica do curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

    [email protected] 3 Acadmica do curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

    [email protected]

  • 13

    formaes e concepes. A partir da anlise das respostas obtidas demonstraremos as

    mudanas proporcionadas na viso dos alunos aps esta experincia e o quanto essa

    atividade contribuiu nas suas formaes como cidado.

    Palavras-chave: Escola. Ensino de Histria. Histria da frica.

  • 14

    A PRESENA ESCRAVA NA CIDADE DO RIO GRANDE A PARTIR DA

    IMPRENSA

    Camila Rola Alves4

    Milene Chaves Cabral5

    O trabalho busca mostrar que na cidade do Rio Grande a escravido esteve

    presente, da mesma maneira que no resto do pas. Na presente pesquisa trabalhamos

    com os anncios que tratavam de escravos na cidade, entre estes se encontram anncios

    de comercializao como os de venda, aluguel, e tambm so presentes anncios de

    fuga, entre outros. Encontrados nos jornais rio-grandinos O Artista e Echo do Sul, do

    ano de 1875 a 1878, estes se encontram na Biblioteca Rio-Grandense, no municpio do

    Rio Grande.

    Muitos escravos chegavam atravs do Porto do Rio Grande, alguns ficavam por

    aqui, e outros eram comercializados pela regio sul. Na cidade do Rio Grande, cerca de

    25% da populao era de escravos, estes eram grande parte da mo- de- obra da cidade.

    Trabalhando nas mais diferentes atividades entre elas, ama-de-leite, cozinheiro,

    lavadeiras, pedreiro, devido o grande movimento de barcos no porto da cidade muitos

    escravos trabalhavam embarcados, tambm vendiam hortalias, tais como alface, couve,

    cebola e laranjas. No local denominado Geribanda (onde hoje a Praa Tamandar)

    muitos escravos se encontravam para pegar gua para abastecer as casas de seus

    senhores, j que aqui no havia nenhum manancial de gua doce e l haviam poos de

    gua considerada de boa qualidade.

    Nos jornais pesquisados entre os anncios o mais presente so os de alugueis de

    ama- de- leite. Est escrava era responsvel pelo cuidado e amamentao do filho da

    Sinh. Muitas vezes esta escrava era separada de seu filho por ordens do seu Senhor,

    pois quem alugava este servio normalmente no queria que a escrava levasse junto seu

    filho, j que est deveria dedicar ateno integral ao filho dos senhores. O filho desta

    mulata era deixado junto dos outros escravos na senzala, mesmo que esta escrava nem

    seja alugada, e fique prestando servio para o seu proprietrio, mesmo estando na

    mesma propriedade o filho quase sempre ficava longe da me.

    Neste anncio fica claro o que foi colocado anteriormente, a respeito da negra

    ser separada de seu filho ou cria como era chamado o filho das escravas pelos brancos.

    Precisa- se de uma ama- de- leite sem cria, para tratar a Rua Pedro II, n 58, loja de modas. A partir destes anncios temos informaes importantes destes que ajudaram a

    construir a histria da cidade do Rio Grande.

    Palavras-chave: Rio Grande. Anncios. Escravos.

    4 Graduanda em Histria (Bacharelado) pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para

    contato: [email protected] 5 Graduanda em Histria (Bacharelado) pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para

    contato:[email protected]

  • 15

    A MITOLOGIA EM PROL DA EQUIDADE DE PENSAMENTO: UM COTEJO

    DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA EM RIO GRANDE E BAG

    Carlos Jose Borges Silveira

    6

    Simone Gomes de Faria7

    O presente trabalho fora desenvolvido em torno da temtica da cultura afro-

    brasileira e africana em prol de uma poltica de pensamento diferenciado. Esta pesquisa

    de interveno pretendeu aferir duas realidades distintas, no entanto, fora notrio a

    necessidade de criarmos inauditas prticas pedaggicas para que fosse instaurada uma

    equidade de pensamento com relao cultura afro-brasileira e africana, visto que, nos

    ltimos debates a abordagem se tem atentado somente para uma equidade de

    oportunidade. Atravs do que fora exposto se objetivou criar novos recursos

    pedaggicos j que se conta com pouco material nesta nuance. Vale ressaltar que se

    apropriou da articulao do conceito de conscincia histrica porque a metacognio

    fora de essencial acuidade para os propsitos das atividades partindo do pressuposto

    que antes de qualquer ao necessrio compreender a bagagem cultural dos

    estudantes assim como o nvel de seu aprendizado. Partindo dessa problemtica que

    fora decidido trabalhar nas aulas de Histria com a produo de incipientes materiais

    didticos referentes mitologia dos orixs, visto que, infelizmente ainda se conta com

    pouco recurso pedaggico dessa alcunha. Vale ressaltar que na realidade nossa inteno

    fora de simplesmente trabalhar com alguns dos principais orixs que apresentam

    belssimas histrias e que traduzem valores de vida sem adentrarmos para a religio. O

    objetivo central foi o de explorar a matriz africana de modo que eles incorporassem

    uma nova viso sobre o assunto para desconstruir a imagem do negro e desses seres

    mitolgicos mediante a literatura afro-brasileira. Nesse limiar, para suporte terico tem-

    se Mircea, Prandi, Munanga, Nascimento, Rocha, Brasil, Oliveira, Shoat & Stam, e

    Jrn Rsen. A srie escolhida fora uma turma do sexto ano da Escola de Ensino

    Fundamental Maria de Lourdes Molina localizada na cidade de Bag comparando com

    a Escola de Ensino Fundamental e Mdio Llia Neves situada no municpio de Rio

    Grande. Neste sentido, pretendemos analisar os distintos contextos escolares para

    observar qual a tipologia de narrativa histrica que se encontram nos sujeitos da

    pesquisa nas delimitadas instituies, visto que, fundamental desbravar os marcos

    referncias e os princpios operativos que servem de alicerce para o sentido do passado.

    A justificativa para o presente trabalho decorre da percepo, mediante a uma

    observao participante, do preconceito tnico-racial instaurado nas turmas durante o

    ano letivo de 2013. Deste modo, fora necessrio utilizar incipientes mtodos para

    equacionar o relacionamento dos discentes com a cultura africana, sendo assim, como

    objeto de estudo se resolveu tratar da mitologia nessa interface. Assim sendo,

    expusemos o gnero textual -mito- que ser delineado numa perspectiva onde a

    narrativa transmitida oralmente abordando sobre as origens e o surgimento dos

    homens. Assim sendo, a mitologia africana versa sobre o comeo da criao humana e

    expe o porqu do surgimento da vida desvelando a essncia do povo. A esse patamar

    6 Mestrando em Histria pela FURG. Email para contato: [email protected]

    7 Mestranda em Histria pela FURG. Email para contato: [email protected]

  • 16

    no se pode consider-las apenas uma simples histria porque a conexo com a vida.

    Por fim, a mitologia africana serve para expor como fora conduzida a vida ao longo dos

    milhares de anos e dela que foram instaurados os rituais, os cerimonias, as tradies e

    seus costumes. Nesse limiar, procuramos direcionar os educandos para o mosaico

    cultural e epistemolgico africano num processo de pertencimento tnico. Seguindo

    essa linha de pensamento a abordagem da temtica cultural das manifestaes

    religiosas dos africanos visou alert-los que o Brasil multicultural, formado por

    culturas bem diversificadas e que muitas vezes so perseguidos, estereotipados e

    discriminados. Nesse aspecto, se priorizou que os estudantes reconhecessem

    caractersticas bsicas da estrutura textual do mito como uma narrativa, de origem oral,

    que explica o surgimento dos fenmenos naturais, do universo e dos homens mediada

    pela pluralidade, apreo, tolerncia e respeito diversidade. Desta forma, as atividades

    trabalhadas produziram excelentes resultados ao longo das atividades pedaggicas onde

    eles puderam compreender as injustias, os danos e as desvantagens do preconceito em

    relao cultura desvelada. Em suma o trabalho surtiu bons resultados e a perspectiva

    de inauditos trabalhos ao redor dos mitos africanos.

    Palavras-chave: Mito. Mitologia africana. Cultura afro-brasileira e africana. Prticas

    pedaggicas.

  • 17

    ANLISE ACERCA DE PRTICAS RELACIONADAS INSERO

    CURRICULAR DA HISTRIA E DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NO

    MUNICPIO DO RIO GRANDE

    Carmem G. Burgert Schiavon8

    Ndia Rosane Jaques9

    O presente texto objetiva apresentar alguns resultados do Projeto de Extenso

    intitulado Mapeamento, anlise e universalizao de polticas afirmativas voltadas insero curricular da histria e da cultura afro-brasileira no Municpio do Rio Grande, financiado pelo Programa de Extenso Universitria (ProExt) do Ministrio da

    Educao, que teve incio em maio de 2013, e foi articulado com vistas avaliao e

    diagnstico sobre o desdobramento da histria e da cultura afro-brasileira no mbito

    municipal rio-grandino. A partir dos resultados obtidos, visa oferecer aos docentes

    algumas ferramentas de subsdio com vistas a ampliar o campo da efetiva

    implementao s diretrizes curriculares da Lei 10.639/2003. Quanto metodologia utilizada na captao dos dados, optou-se pela pesquisa-

    ao, pois a mesma encontra-se alicerada em um processo de acompanhamento e

    controle da ao desejada, sendo uma metodologia de interao entre pesquisador-

    pesquisado, que propicia a articulao do conhecer e do agir, de modo a aproximar os

    envolvidos no processo assim como mantm um constante relato durante o processo em

    execuo. Contudo, destaca-se que o projeto, atualmente, encontra-se em fase de

    finalizao, tendo em vista a concluso das visitas s Escolas de mbito municipal,

    momento em que foram coletados dados referentes prtica da histria e da cultura

    afro-brasileira junto direo e, posteriormente, foram efetuadas entrevistas com

    professores indicados por suas respectivas supervises.

    Aps a transcrio das entrevistas e da tabulao de dados, j foi possvel ter um

    panorama da realidade escolar no que tange cultura afro-brasileira, bem como das

    carncias e dificuldades encontradas por esses professores no cotidiano escolar rio-

    grandino. A partir desta anlise, constatou-se que algumas Escolas desenvolvem

    excelentes atividades dentro dessa temtica; contudo, em linhas gerais, a grande maioria

    das Escolas municipais ainda no conseguiu superar as dificuldades. No obstante,

    mister esclarecer sobre a conscincia geral quanto obrigatoriedade da Lei

    10.639/2003, bem como favorecer o acesso da grande maioria dos docentes a materiais

    didtico-pedaggicos nesta rea. Alm disso, torna-se necessrio a implementao de

    aes afirmativas, efetivas e subsidirias da insero do tema no cotidiano escolar do

    Municpio do Rio Grande.

    Palavras-chave: Histria. Cultura Afro-Brasileira. Educao.

    8 Doutora em Histria pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Professora

    do Instituto de Cincias Humanas e da Informao da Universidade Federal do Rio Grande (ICHI-FURG)

    e Coordenadora do Projeto. E-mail: [email protected] 9 Acadmica do Curso de Histria da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Bolsista do Projeto.

    E-mail: [email protected]

  • 18

    RELATO DE EXPERINCIA: PR-VESTIBULAR ZUMBI DOS

    PALMARES, UMA ALTERNATIVA EDUCACIONAL SOLIDRIA

    Daniela Schuller Pedroso10

    Somos seres historicamente construdos e o que nos mobiliza a vontade de

    fazer histria. Inspirados em Paulo Freire na Pedagogia do Oprimido afirmamos que

    para podermos ser mais, e fazer mais, precisamos conhecer nossa histria. Esse relato

    muito mais que uma narrativa, uma reflexo/construo. Pois, como professora

    voluntria de uma iniciativa solidria, no estamos apenas contando uma histria,

    estamos fazendo ela. Anteriormente, h uns 18 anos atrs muitos de ns ao concluirmos

    o ensino mdio em uma escola pblica tnhamos dvidas se realmente conseguiramos

    cursar uma faculdade. Pois, comeavam alguns dilemas: como fazer para se preparar

    para o concurso vestibular? Em que faculdade prestar vestibular? Em qual curso se

    inscrever? As dvidas eram muitas, mas algumas questes eram determinantes como,

    por exemplo: as nicas opes de cursar gratuitamente uma faculdade eram as

    universidades pblicas, e os vestibulares dessas instituies eram muito concorridos e

    at hoje continuam assim, o que suscita outro problema: como se preparar para uma

    prova de vestibular com tamanha magnitude e complexidade?

    Sabemos que um curso pr-vestibular tem um custo elevado demais para grande

    parte das pessoas que so atendidas pela escola pblica, tornando-se assim inacessvel

    para esse pblico. Nesse contexto o acesso educao superior era extremamente

    complexo.

    Os que tinham pretenso de acesso ao ensino superior viravam-se como podiam,

    alguns trabalhavam para pagar um cursinho, outros se preparavam por conta prpria

    para prestar vestibular nas universidades pblicas. Alguns conseguiam ser aprovados e

    outros desistiam do ensino superior. Foi nesse cenrio que em 1995, no VI Encontro de

    Educadores Negros, promovido pelos APN Agente do Pastoral do Negro, em Porto Alegre, surgiu ideia de desenvolver um curso Pr-Vestibular Popular (PVP) voltado

    para a preparao de alunos, preferencialmente afrodescendentes, de baixa renda e

    oriundos de escola pblica. Quem trouxe essa ideia para Porto Alegre, foi frei David

    Raimundo dos Santos que desenvolvia um projeto similar na Baixada Fluminense no

    Rio de Janeiro. Aqui em Porto Alegre recebeu em 1995 o nome de Pr Vestibular

    Zumbi dos Palmares, em homenagem ao tricentenrio da morte de Zumbi. Nesse

    mesmo ano de 1995, foi criado na Vila Cruzeiro em Porto Alegre um ncleo do Pr

    Vestibular Zumbi dos Palmares. Passaram-se 18 anos e o Zumbi est em franco

    crescimento com ncleo na regio de Porto Alegre e demais ncleos em municpios da

    regio metropolitana: Alvorada, Cachoeirinha e Viamo. medida que mais pessoas

    aderem ao projeto, consequentemente, aumenta a diversidade de atividades educativas e

    culturais que conseguimos promover junto com nossos alunos e com nmero cada vez

    maior de interessados. So compartilhadas experincias que nunca seriam aprendidas

    em uma aula expositiva tradicional, como por exemplo, uma conversa com uma vtima

    da ditadura militar.

    10

    Graduada em Histria Licenciatura da UNIASSELVI. Especializao em Histria e Cultura Indgena e Afro-Brasileira (ULBRA) e membra do GT Negros/ANPUH-RS. E-mail: [email protected]

  • 19

    Nosso trabalho tem trazido resultados: no mesmo ano que o Pr-Vestibular

    Zumbi dos Palmares abriu seu centro em Porto Alegre em 1995 para alunos

    afrodescendentes, vimos no ano seguinte em 1996 a conquista de uma aluna quando

    conseguiu aprovao em medicina no vestibular da UFRGS; e no para por a, pois o

    Zumbi em todos esses anos tem conduzido muitos alunos afrodescendentes s

    universidades pblicas em diversos cursos de ensino superior. E aqueles que um dia

    foram nossos alunos da Zumbizada como chamamos, atualmente alguns so nossos

    professores em ncleos do Zumbi. So tantos os mecanismos de excluso do ensino

    superior, que ajudar a chegar l um pblico historicamente excludo, j um grande

    feito. Muito mais que conquistas pessoais, acreditamos que pr-vestibulares populares

    podem protagonizar conquistas sociais. Quanto mais refletimos conjuntamente sobre

    nossos objetivos comuns, quanto mais integrarmos nossas prticas, mais avanados

    estamos em direo a um movimento social de educao popular solidrio e organizado

    em rede.

    Palavras-chave: Alunos. Zumbi. Palmares.

  • 20

    ENSINO DA HISTRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA: CONSTRUO

    DE MATERIAIS PARADIDTICOS, O CASO DAS JUVENTUDES NEGRAS

    PERIFRICAS

    Elias Csta de Oliveira11

    Alexon Messias da Rocha12

    Lara Colvero Rockenbach13

    O presente trabalho apresenta os resultados do Projeto Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos, o caso das Juventudes

    Negras Perifricas. Tal trabalho uma iniciativa do Prxis - Coletivo de Educao Popular, em parceira com o Departamento de Histria da Universidade Federal de Santa

    Maria, o Museu 13 de Maio e a Secretaria de Educao do Estado do Rio Grande do

    Sul, atravs da 8 Coordenadoria Regional de Educao. Apresentando como objetivos

    mapear, identificar e construir experincias referncias propondo instrumentos didticos

    de apoio a educadores do sistema pblico de educao para as escolas de Ensino Bsico

    de Santa Maria no que tange a implementao da Lei n 10.639. Aps avaliao de

    algumas experincias de prticas de ensino da referida temtica na Rede Estadual,

    optou-se pela criao de vdeos paradidticos que objetivam contribuir com as prticas

    de ensino de Histria, atravs de uma abordagem metodolgica de cunho dialgico.

    Entendemos a perspectiva de agentes historicamente excludos serem protagonistas e

    no objetos como no caso de movimentos sociais. Este projeto busca interao entre

    Escolas e Comunidades Afro-brasileiras para que jovens negros e negras sintam-se

    contemplados e estimulados a buscar uma transformao dos mtodos de ensino. Em

    um primeiro momento, o texto traz para reflexo alguns elementos relacionados

    histria e ao perfil dos materiais didticos no Brasil para, em seguida, discute o mtodo

    e as particularidades do projeto Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos. Esboamos algumas consideraes acerca do atual estgio do desenvolvimento da experincia e dos jovens que fazem parte do

    material. Finalmente, foi desenvolvido o vdeo, onde so apresentados diversos grupos

    de resistncia negra em Santa Maria, bem como o protagonismo dos jovens. A ideia do

    material ser utilizado pela formao de educadores para estimular os mesmos para o

    debate tnico racial, possibilitando que o professor recicle seu debate, suas percepes e

    sua atuao em sala de aula. Ao mesmo tempo que poder ser utilizado como

    instrumento didtico nas Escolas de Ensino Bsico provocando um maior pertencimento

    e valorizao da cultura e histria afro-brasileira.

    Palavras-chave: Histria e Cultura Afro-brasileira. Vdeos paradidticos. Materiais

    didticos regionalizados.

    11

    Graduando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail para contato:

    [email protected] 12

    Graduando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail para contato:

    [email protected] 13

    Graduando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail para contato:

    [email protected]

  • 21

    TRAJETRIA HISTRICA-SOCIAL DA LEI 12.711/12 NA UFPEL

    Eliane de Oliveira Rubim14

    Sabrina de Souza Silva15

    Andr Gomes de Almeida16

    A implementao da poltica de cotas sociais na Universidade Federal de Pelotas

    (UFPel) tem um grande significado na medida em que esta se mostrou por muitos anos

    omissa em relao construo de espaos para debater e discutir aes reparatrias e

    afirmativas de cunho social e, principalmente racial, sendo uma demanda antiga de

    grupos e Movimentos Negros locais. Mas foi a partir das reivindicaes formuladas

    pelo Coletivo Negada coletivo que rene estudantes e no estudantes em prol da

    cultura e educao negra que ao longo de 2012, nos debates relacionados eleio

    para a Reitoria da UFPel que houve uma ampliao a este discusso. Neste contexto, foi

    promulgada a Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, que dispe sobre a reserva de vagas

    para o ingresso nas universidades federais e nas instituies federais de ensino tcnico

    de nvel mdio. Mas para se chegar a todo esse processo e, passado um ano da Lei de

    Cotas, nos cabe refletir o percurso histrico ante uma Constituio Federal que desde

    sempre desfavoreceu negros e pobres de formas tanto subjetivas quanto objetivas.

    Assim sendo, contextualizaremos historicamente a trajetria do Direito brasileiro para

    com essa populao, desde a Lei do Sexagenrio at a chegar na Lei de Cotas Sociais,

    nos dias atuais, para propor uma concluso da necessidade desta, alm de informar

    sobre o ingresso via cotas nas instituies de ensino para acesso e incluso em mbito

    educacional de pessoas de baixa renda alm de negros, pardos e indgenas, onde neste

    momento h na UFPel a formao de um Frum chamado COTASSIM, que rene

    representantes de diferentes entidades, entre elas o Conselho da Comunidade Negra,

    integrantes de sindicatos, movimento estudantil, professores e alunos da universidade,

    para discutir a implementao da Poltica de Aes Afirmativas bem como os

    desdobramentos desta poltica de acesso, que dizem respeito s aes que visam o

    acolhimento e a permanncia.

    Palavras-chave: Aes Afirmativas. Direitos Humanos. Racismo. Cotas. Movimento

    Negro.

    14

    Graduanda em Jornalismo na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:

    [email protected] 15

    Graduanda em Cincias Sociais Licenciatura na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:

    [email protected] 16

    Graduando em Histria Licenciatura na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:

    [email protected]

  • 22

    GRUPO PERMANENTE DE ESTUDOS E PRTICAS PEDAGGICAS PARA

    IGUALDADE RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR

    Elke Daniela Rocha Nunes17

    Laurinaudia Barros Martins18

    Este trabalho foi proposto enquanto Grupo permanente de Estudos e Prticas Pedaggicas para Igualdade Racial no Ambiente Escolar surgindo da vivencia emprica; observao e do fazer cotidiano e enriquecimento pedaggico realizado em

    Comunidade Quilombola com suas implicaes e resultados positivos que aconteceram

    no perodo de 2010-2012, enquanto educadoras e realizadoras do Projeto de Identidade

    Cultural com temtica especfica para relao entre Educao-Diversidade e Direito

    Humano. Sendo assim, o desdobramento do projeto ocorreu a partir de 2010 com o

    tema: As relaes Afro- brasileiras; 2011- As Manifestaes tnico-Raciais Amapaenses- Indgenas, Portuguesas e Africanas e com essa abordagem foi premiado em terceiro lugar no I PREMIO SEAFRO Igualdade Racial na escola coisa sria e em 2012 ampliou-se para As Manifestaes Afroamapaenses Interdisciplinares. Tendo como pblico alvo: a comunidade do entorno; educadores e educandos do

    ensino fundamental I e II da Escola Estadual David Miranda dos Santos na Comunidade

    Quilombola So Jos do Matapi no Municpio de Santana/Amap. Tendo como foco a

    aplicabilidade a Lei N 10.639 de 09 de janeiro de 2003 que visa incluir no Currculo

    Oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temtica Ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana no Currculo Escolar que alterou a Lei N 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educao Nacional.

    Primando pela mudana comportamental e institucional da sociedade brasileira e

    garantindo todos acesso e usufruto de direitos constitucionais apoiados em uma

    prxis, ou seja, com mecanismos coerentes e coesos inseridos na diversidade dos

    contextos - identitrios, geogrficos e socioeconmicos, onde se aplica a ao inclusiva

    pela educao com respeito diversidade tnico-racial. A Educao das relaes tnico-

    raciais faz-se importante para ressignificar e romper paradigmas e estigmas que

    historicamente fundamentaram as prticas e as mentalidades construdas ao longo do

    processo de formao brasileira, assim como suas relaes construdas cotidianamente.

    Nesse sentido, o projeto reafirma o compromisso com a plena realizao dos direitos

    humanos e das liberdades fundamentais, buscando o exerccio da cidadania e uma

    Cultura de Direitos Humanos. Contribuindo com a qualidade do ensino e o

    protagonismo social do pblico alvo, em busca do aprender a aprender, e tambm o

    ensinar a (des)aprender, neste campo de prticas ideolgicas afro-brasileiras. A

    educao, assim age contribuindo com a formao de novas mentalidades e para a

    superao de diversas problemticas como: a discriminao e as excluses herdadas.

    Estas aes nas escolas e comunidades quilombolas no Estado do Amap esto em

    processo contnuo de construo, mas ainda carentes da presena efetiva da

    institucionalidade, principalmente para os atores sociais das comunidades negras rurais

    17

    Doutoranda em Histria pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS, Professora Substituta da Universidade Federal do AmapUNIFAP e da Faculdade Atual. E-mail: [email protected] 18

    Especialista em Histria e Cultura Africana e Afro-brasileira (Faculdade Atual); Educao Especial

    (Faculdade Internacional de Curitiba-FACINTER) e Bacharelada e Licenciada em Histria (Universidade

    Federal do Par). E-mail: [email protected]

  • 23

    que tem o direito de propriedade definitiva das terras ocupadas, assegurada pela

    Constituio Federal.

    Palavras-chave: Amap. Educao Quilombola. Lei 10.639/03.

  • 24

    A REPRESENTAO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NO ENEM: UMA

    ANLIS ACERCA DAS RUPTURAS PROVOCADAS PELA Lei 10.639/200319

    Elvis Kats20

    Alesson Rota21

    O presente resumo tem como objetivo sintetizar o trabalho A Representao da Cultura Afro-Brasileira no ENEM: Uma anlise acerca das rupturas provocadas pela Lei

    10.639/2003, um decreto cuja finalidade inserir o ensino da cultura afro no ensino fundamental e mdio. Tal artigo tem como finalidade analisar a representao da cultura

    Afro-Brasileira no exame nacional do ensino mdio, traando um paralelo entre ENEM

    (Exame Nacional do Ensino Mdio) e NOVO ENEM, problematizando as implicaes

    na nova legislao, que institui o ensino da cultura Afro-brasileira nas escolas. Este

    confronto se torna pertinente tendo em vista a ruptura que Lei 10.639 promoveu ou deveria ter promovido em todo o sistema educacional brasileiro. Observando que este tipo de prova caracteriza-se por uma variedade de temas nas questes, faremos uma

    anlise de contedo qualitativa das fontes.

    A lei 10.639/2003 foi instituda em janeiro de 2003 com a finalidade de

    implementar o ensino da cultura Afro-brasileira no ensino fundamental e mdio. J o

    Enem foi criado em 1998, tendo uma grande reformulao em 2009. A prova tinha o

    objetivo de avaliar o conhecimento dos alunos que terminavam o ensino mdio, sendo

    elaborada com os diversos conhecimentos aprendidos durante a formao escolar.

    Nesse sentido, desenvolvemos anlises comparativas entre as diversas fases desta prova,

    seja no Enem antigo, antes ou depois da lei 10.639, seja no Enem atual, a partir do final

    da dcada passada.

    As questes selecionadas sero relacionadas s Humanidades ou, mais

    especificamente, Histria. Tal delimitao til, j que relevante pensarmos as

    formas pelas quais se representa a cultura afro-brasileira do ponto de vista de seu

    passado, ou seja, interessante percebermos qual a construo histrica da tradio

    africano-brasileira se transmite a toda sociedade brasileira contempornea. Essa reflexo

    tem impacto direto com o valor atribudo a esta cultura atualmente, que, em geral,

    menosprezada pela civilizao ocidental.

    Palavras-chave: Exame Nacional do Ensino Mdio. Cultura Afro-Brasileira. Lei

    10.639/2003.

    20

    Graduando em Histria pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para contato:

    [email protected] 21

    Graduando em Histria pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para contato:

    [email protected]

  • 25

    DE QUE FRICA ESTAMOS FALANDO? AS CONCEPES DOS

    ESTUDANTES DE HISTRIA SOBRE O CONTINENTE AFRICANO

    Giovana Pontes Farias22

    Essa pesquisa faz parte de um trabalho realizado com os alunos de primeiro ano

    do ensino mdio, na disciplina de Histria, a respeito de suas concepes relacionadas

    ao continente africano e a importncia do estudo da frica e da cultura afro-brasileira.

    Parte-se do princpio de que os estudantes possuem conscincia histrica, e desta forma,

    levam para a escola noes sobre o tempo herdadas da cultura histrica pela qual esto

    inseridos, a expresso cultura histrica traduz a perspectiva de articulao entre os processos histricos entre si e os processos de produo, transmisso e recepo do

    conhecimento histrico (CERRI, 2011, p. 41). Acredita-se fundamental conhecer a concepo dos estudantes sobre os contedos trabalhados, para que assim possam se

    desenvolver melhor o processo de ensino aprendizagem. Os resultados deste trabalho

    apontam uma viso do continente africano, limitada e por vezes preconceituosa,

    resultado de idias construdas historicamente e que ainda so reproduzidas pela nossa

    sociedade. As imagens e informaes que dominam os meios de comunicao, os livros didticos, incorporam a tradio racista e preconceituosa de estudos sobre o

    Continente e a discriminao qual so submetidos os afrodescendentes aqui dentro (OLIVA, 2002, p.431) A prpria historiografia negou durante muito tempo a

    importncia do estudo da frica, assim como a histria indgena apenas considerada a

    partir do momento em que entra em contato com o colonizador, concepes que

    aparecem claramente na fala dos estudantes. A frica na fala dos alunos, muitas vezes

    confundida apenas como um pas considerada pela maioria dos estudantes como um

    territrio pobre, cheio de doenas, pouca so as relaes temporais utilizadas para

    explicar como o continente chegou a esta condio de misria. A frica pensada apenas

    aps a colonizao, em alguns momentos aparece como um continente com uma forte

    cultura, porm muito explorado e vitima de preconceitos. Dos 14 alunos, apenas um

    atribui uma perspectiva de futuro para a frica, relacionando a Copa do mundo,

    ocorrida nos ltimos anos na frica do Sul como uma possibilidade de crescimento para

    a regio. Sobre a importncia do estudo da frica, os estudantes se mostram otimistas,

    reconhecendo que parte de cultura brasileira herdeira da cultura africana. Outros ainda

    marcados pela viso de uma frica miservel acreditam que, estudando o continente

    africano possvel que possamos valorizar mais o Brasil, pas diferente completamente

    diferente do continente africano. Este trabalho ainda encontra-se em andamento,

    pretende-se aplicar novamente as mesmas indagaes aos alunos, aps os estudantes

    terem entrado em contato com informaes, documentos e vdeos sobre a frica, para

    que seja possvel de analisar como o ensino de histria pode contribuir no processo de

    formao de conscincia histrica dos alunos. Sabe-se que o ensino de histria da frica

    ainda esta se desenvolvendo, fruto da prpria carncia na formao dos professores, do

    pouco aprofundamento nos livros didticos e do pouco espao que possui nos prprios

    currculos de Histria, ainda marcados pela formao eurocntrica. Desta no podemos

    22

    Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Histria da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail: [email protected]

  • 26

    negar a importncia de que novas pesquisas sejam desenvolvidas nessa rea, afim de

    que possamos dar passos maiores em busca de um ensino de qualidade, que realmente

    possa inserir a histria e a cultura afro-brasileira no currculo escolar.

    Palavras-chave: frica. Ensino de Histria. Cultura afro-brasileira.

  • 27

    ENSINO DE HISTRIA E CINEMA EM SALA DE AULA: POSSIBILADADES

    PARA O CUMPRIMENTO DA LEI N. 10.639/2003

    Jaqueline de Mattos Mendes23

    ngela Pereira Oliveira24

    O presente trabalho visa tratar das possibilidades da utilizao do cinema em sala

    de aula para contribuir com as preocupaes que motivaram a Lei n. 10.639/2003, que

    estabelece como obrigatoriedade o ensino de Histria e da Cultura Afro-brasileira e

    Africana em todas as etapas/nveis da educao bsica no Brasil. A lei foi

    complementada pelo parecer 3/2004, que torna legal o procedimento, pois "procura

    oferecer uma resposta, entre outras, na rea de educao, demanda da populao

    afrodescendente, no sentido de polticas de aes afirmativas, isto , de polticas de

    reparaes, e de reconhecimento e valorizao de sua histria, cultura, identidade"

    (Parecer CNE, 2004, p.2).

    Neste trabalho, sero abordadas questes referentes ao cumprimento da lei, mas

    importante observar que "o filme, imagem ou no da realidade, documento ou fico,

    intriga ou pura inveno, Histria" (FERRO, 2010, p.32); ento, independente da

    temtica abordada, o filme um elemento instigador de conhecimento e utilizvel para

    vrias finalidades que se queira atingir em um trabalho educativo. importante

    observar que a ferramenta "Cinema" pode contribuir, na formao dos alunos, para uma

    conscientizao sobre a prtica cidad, explicitando os valores da diversidade existente

    em nossa sociedade. Para isso necessrio sabermos que devemos "usar criticamente a

    narrativa e as representaes flmicas como elementos propulsores de pesquisas e

    debates temticos" (NAPOLITANO, 2003, p.28) e no somente us-los como meras

    ilustraes, portanto necessrio analis-los e problematiz-los para que assim estes

    tragam contribuies e discusses para a produo do conhecimento. Trata-se de uma

    ferramenta rica no fazer pedaggico que contribui inigualavelmente com as atividades

    pertinentes sala de aula.

    No podemos deixar de considerar que o professor desempenha um importante

    papel, seja como mediador do conhecimento, instigador crtico e formador de opinies,

    estimulando os alunos na busca de informaes com um olhar crtico e analtico. Para

    tanto preciso tambm trabalhar a questo da memria e da identidade dos alunos, e os

    filmes auxiliam este trabalho. A memria e a identidade so elementos extremamente

    prximos Histria e significativos para a construo de um ser que se reconhece e que

    respeita o outro. atravs da memria que vamos colocando sentido nossa vida,

    revendo nosso passado e dando significados ao nosso presente. Desta forma, vamos

    construindo nossa identidade.

    O Ensino de Histria possui elementos importantes para a compreenso da

    Histria, dos acontecimentos histricos e da sociedade, oportunizando, atravs da

    contextualizao dos fatos o desenvolvimento de uma viso crtica e analtica por parte

    do aluno. O cinema um forte aliado para as aulas de Histria, o que exige

    metodologicamente fazer uma anlise da obra a ser utilizada, bem como educar o olhar

    23

    Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:

    [email protected] 24

    Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:

    [email protected]

  • 28

    do espectador/aluno. indispensvel, portanto um trabalho antes, durante e ps a

    exibio do mesmo. Existem vrios filmes, de curta ou longa metragem, que tratam

    especificamente da temtica da cultura africana e afrodescendente, ou que pelo menos

    trazem elementos que tornam possvel discusses relativas ao tema, e o acesso a eles

    pode-se fazer atravs da internet, em sites prprios de armazenamento de filmes ou

    ento pelo youtube.

    Neste trabalho, alm da discusso a cerca da possvel contribuio do filme para

    trabalhar a Histria e Cultura Africana e Afro-brasileira, tambm contar com sugestes

    de algumas obras cinematogrficas que podem facilitar este trabalho, visando atender a

    demanda da lei e desmistificando o argumento de muitos professores que dizem no ter

    material para se trabalhar esta temtica.

    Uma das obras em questo o curta "Vista Minha Pele", que se trata de uma

    pardia social/histrica que instiga discusses a cerca do preconceito entre outros.

    Tambm no formato de curta, temos o filme "Verses" que traz sua contribuio com

    alguns tipos de preconceito existente em nossa sociedade elencados de forma inversa.

    Essas duas obras so produes brasileiras e esto disponveis no site do youtube, sendo

    de fcil acesso para qualquer pessoa que disponha de internet. Outro site muito

    importante e de fcil acesso, que disponibiliza vrias obras cinematogrficas (curtas

    metragens) voltadas para o trabalho em sala de aula o portal "Curta na Escola", as

    obras disponibilizadas so produes brasileiras e liberadas para download. Portanto,

    existe uma gama de possibilidades de acesso e tambm uma variedade de obras voltadas

    ou adaptveis ao trabalho em sala de aula.

    O uso do cinema em sala de aula no se trata de uma inovao, mas necessrio

    salientarmos que as propostas com que so inseridos variam e vo se modificando e

    aperfeioando com o tempo.

    Acredita-se, finalmente, no potencial pedaggico desta relao cinema, temtica

    africana e prtica pedaggica.

    Palavras-chave: Ensino de Histria. Lei n. 10.639/03. Cinema.

  • 29

    A INVISIBILIDADE DO NEGRO EM LIVROS DIDTICOS DO ESTADO DO

    RIO GRANDE DO SUL

    Jos Carlos Ferrari Junior25

    Certamente, ainda hoje, o livro didtico um grande recurso utilizado por

    professores e alunos para a construo do conhecimento, seja na realizao de tarefas

    (leitura, estudos, pesquisa) ou apenas como suporte para promoo de discusses

    corriqueiras em pequenos ou grandes grupos. Neste sentido, a partir do ano de 2013,

    professores de uma escola pblica do ensino fundamental de Porto Alegre, comearam a

    (re) pensar suas prticas pedaggicas frente invisibilidade do negro nos livros

    didticos de Histria e Geografia frente construo scio espacial e econmico do Rio

    Grande do Sul. Foram feitas pesquisas em treze (13) livros didticos com a temtica da

    Histria e formao Territorial do Rio Grande do Sul. A partir destas pesquisas, foi

    reconhecida a necessidade de realizar um Projeto no intuito de trabalhar a temtica da

    Invisibilidade Africana frente aos processos histricos, econmicos etc., no Rio Grande

    do Sul, resgatando e publicizando a importncia do seu papel do negro na construo

    social-histrica, econmica e cultural do estado. Para tanto se escolheu inicialmente,

    entre os treze livros pesquisados, um livro de Geografia do RS. (FIOREZE, Z G.;

    SILVA, A. M. R. & SPINELLI, J.) e um livro de Histria do RS. (PILETTI, F.) para

    que pudssemos juntos com os alunos, analisarmos como o negro est inserido no

    processo de construo scio-espacial do Estado atravs de uma perspectiva critica em

    relao forma como os autores dos livros tratam, tradicionalmente, temtica, ou seja,

    estamos analisando discursos dos autores dos referentes livros identificando a

    (in)visibilidade do negro no processo scio-histrico, econmico, espacial, no Estado.

    Aliado a isso, atravs de outros autores, textos e outros livros estamos tentando resgatar

    e resignificar o papel do negro no processo acima descrito.

    Palavras-chave: Livro. Negro. Invisibilidade. Rio Grande do Sul.

    25

    Ps-Graduado em Geografia Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E-mail: [email protected]

  • 30

    A INFLUNCIA DA MSICA NA FAMLIA CARDOSO

    Jussara Cardoso de Cardoso26

    A presente pesquisa tem por intuito analisar as mudanas sofridas no perodo

    histrico da ps-abolio da escravatura, alm de buscar averiguar a histria da

    sociedade negra e da famlia Cardoso perante a este contexto de transformaes sociais.

    Nesta conjuntura de tempo, estudamos a maneira como os pertencentes da famlia

    viviam a partir de 1889, aps a proclamao da Repblica, onde os negros eram livres,

    mas sobreviviam em condies difceis de vida, livres da escravido, porm sem

    vnculo empregatcio. Ao longo deste estudo, procuramos suscitar e caracterizar a

    permanncia do negro no interior da estrutura social em questo, a qual era totalmente

    voltada instituio de benefcios ao individuo considerado branco. Dessa forma,

    perante a este cenrio de desigualdade que ir se manter por um longo perodo,

    consideramos que o trabalhador negro deveria ter a valorizao de seu potencial, pois

    no deveria ser observado como uma mquina, com fora viril bruta e sim, um ser

    pensante na sociedade, frente a estas dificuldades advindas do preconceito existente.

    Contudo, a famlia Cardoso nunca deixou se abater, refletindo em suas atividades do

    cotidiano o quanto esta realidade pode ser modificada, ao mesmo tempo em que

    mostrava que a liberdade observada como satisfatria para muitos, tornou-se um fator

    infortnio em um contexto escravocrata. Assim, viemos relatar que esta viso pode ser

    sim alterada por meio do estudo de relatos de famlias negras que, apesar de viverem

    sob regras de uma sociedade voltada somente as questes do branco, onde o negro no

    possua leis que o amparassem legalmente, sendo excludos, permaneciam na luta pelo

    respeito e igualdade racial, para que assim, a sua participao na construo da atual

    composio social brasileira fosse devidamente valorizada, resistncia esta

    protagonizada pela famlia Cardoso, onde nem mesmo o analfabetismo foi um

    empecilho, para as tentativas de construir um caminho melhor para seus filhos e,

    posteriormente, seus netos.

    Palavras-chave: Cultura-Afro. Famlia. Sociedade. Msica.

    26

    Acadmica do Curso de Histria Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

    Trabalho orientado pela Profa. Dra. Jlia Matos.

  • 31

    O SILENCIAMENTO DO NEGRO NO LIVRO DIDTICO DO SEGUNDO REINADO AO PS-ABOLIO

    Luciane dos Santos Avila27

    Luiz Paulo da Silva Soares28

    Fernanda Santos dos Santos29

    O presente artigo tem por intento abordar a representao do negro no livro

    didtico de stima e oitava srie da coleo Saber e Fazer Histria de autoria de

    Gilberto Cotrim. Sero analisados os contedos de Histria do Brasil referente ao

    Segundo Reinado e durante a Consolidao da Repblica. Existe no livro didtico um

    silenciamento da histria negra, principalmente no que tange ao ps abolio. Por ser

    um tema amplo, este merece um estudo aprofundado. O livro didtico ao representar o

    negro de forma negativa contribui para o processo racista. No artigo constatamos que o

    negro representado fortemente enquanto est sob o status de escravizado, mas quando

    conquista a liberdade h um apagamento a respeito desta figura na sociedade. Para

    compreender este processo abordamos as teorias racistas e eugenistas, alm do mito da

    democracia racial ainda fortemente presente no imaginrio social brasileiro, a imposio

    de uma nica histria e a supresso de outras, contribui para justificar o processo de

    desigualdades latentes no Brasil. Quando pesquisamos o Segundo Reinado o negro

    aparece somente como escravizado, ou seja, como coisa sem que esta condio seja

    problematizada. No ps-abolio este representado como pobre, mas no so citados,

    explicitamente, os processos histricos que segrega o negro, no s pelo fator

    econmico, mas tambm o social; h pouco espao para os processos de resistncia

    como, por exemplo, a Revolta da Chibata, os clubes e irmandades negras que

    almejavam a libertao dos negros escravizados, todas estas lutas protagonizadas por

    estas pessoas. O autor no problematiza o projeto racista de estado ao trazer os

    imigrantes para o Brasil, projeto este que almejava branquear o Brasil e assim civiliz-lo

    a moda europeia. Como este processo higienizador surgiram as favelas e os mocambos

    brasileiros desassistidos pelo poder pblico. No podemos naturalizar a pobreza e o

    racismo, precisamos sim contar est histria, para que a sociedade comece a perceber

    que somente refletindo e debatendo este tema que podemos super-lo de fato. O livro

    didtico no pode perpetuar a imagem de escravo na historiografia, mas faz isto quando

    no aborda o negro antes e depois da escravizao.

    Palavras-chave: Silenciamento. Negro. Livro Didtico. Ps-abolio.

    27

    Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID. Voluntria no Projeto de Extenso Ncleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indgenas NEABI. Membro integrante do Coletivo de Estudantes Negras e Negros MACANUDOS. Contato: [email protected] 28

    Acadmico do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia - PIBID. Voluntrio no Projeto

    Mapeamento, anlise e universalizao de polticas voltadas insero curricular da Histria e Cultura

    Afro-Brasileira no municpio de Rio Grande. Contato: [email protected] 29

    Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID.

  • 32

    CARLOS SANTOS: NEGRITUDE E CIDADANIA

    Luiz Henrique Torres30

    Carlos Santos, nascido em Rio Grande, uma referncia de parlamentar e

    cidado brasileiro. A longevidade de sua vida pblica e o legado das propostas de

    soluo para as questes sociais por ele enfrentadas dimensionam a relevncia em

    retomar o contedo de seus discursos proferidos num sculo de grandes transformaes

    na vida poltica e institucional brasileira. No sculo XX, Carlos Santos comeou sua

    participao poltica nos quadros do federalismo da Repblica Velha, vivenciou a

    Revoluo de 1930, a sindicalizao operria, a ditadura do Estado Novo, a

    redemocratizao ps 1945, o populismo dos anos 1950-60, a ditadura militar a partir de

    1964 e o processo de redemocratizao a partir de 1979. Em meio a tantas mudanas

    polticas e de governantes ele continuou a defender temas perenes que superavam

    questes partidrias e que possuam uma base estrutural na formao histrica

    brasileira: o preconceito racial, a situao dos idosos, a criana abandonada, os

    excepcionais, a subnutrio, a baixa renda dos trabalhadores, os pescadores artesanais

    de Rio Grande e So Jos do Norte etc. So alguns dos temas que ele enfrentou e que,

    onde no obteve avanos concretos, trouxe tribuna denncia da necessidade de

    mudanas nas prticas sociais e nas normativas institucionais.

    Rio Grande, uma cidade industrial e operria, o espao tempo essencial para

    entender a cultura histrica em que Carlos Santos viveu os seus primeiros anos de vida e

    onde ele comeou a desenvolver a conscincia de que o homem um ser poltico. Esta

    construo se faz presente desde a sua participao nas lutas sindicais do operariado at

    a denncia do racismo e a defesa da negritude. Carlos Santos tambm dedicou discursos

    ao resgate da histria dos negros na formao brasileira propondo um revisionismo da

    histria oficial e o resgate dos personagens no focalizados como agentes histricos e

    relegados ao esquecimento pelas elites dominantes.

    Palavras-chave: Carlos Santos. Negritude. Cidadania.

    30

    Doutor em Histria (PUCRS) e Professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para

    contato: [email protected]

  • 33

    O ENSINO DA HISTRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA ATRAVS DAS

    MDIAS CINEMTICAS

    Luiz Paulo da Silva Soares31

    Alexandre Silva da Silva32

    Luciane dos Santos Avila33

    A Lei 10.639/03 instituiu a obrigatoriedade da histria e cultura afro-brasileira

    nos currculos oficiais das escolas pblicas e privadas do pas, principalmente nas reas

    de artes, histria e literatura. Diante disso, o objetivo deste trabalho demonstrar como

    a utilizao da mdia cinemtica alm de outros recursos audiovisuais, como por

    exemplo, a msica e imagens, podem contribuir para a abordagem de tal temtica no

    mbito escolar. Para tanto, utilizaremos como ponto de partida a anlise do

    documentrio Vista Minha Pele, que trata da questo da segregao racial e preconceito

    de maneira diferente, abordando o tema racismo por outro ngulo, atravs de uma

    menina branca que sofre preconceito. Assim, este trabalho ldico atravs do

    documentrio, pretende de forma explcita discutir e refletir sobre o racismo e suas

    vrias facetas, alm de no deixar silenciar tal questo no mago escolar, combatendo

    suas manifestaes e estimulando o respeito mtuo para com os semelhantes.

    Consideramos tambm que a formao do preconceito no algo novo na sociedade

    brasileira e mundial. Tal problemtica possui uma construo histrica que precisa ser

    reflexivamente debatida em todos os setores da sociedade com o objetivo de

    conscientizar sobre os processos discriminatrios que vem se perpetuando h sculos e

    que acabam por acometer principalmente as pessoas negras e indgenas. Por isso, a

    utilizao de mdias contemporneas, possibilita a compreenso atravs da relao

    emissor mensagem meio receptor, no processo de cognio desta temtica.

    Assim, ao nos apropriarmos do uso das TICs na escola em atividades sobre questes de

    preconceito racial, obteremos uma abordagem de maior profundidade e ao mesmo

    tempo acessibilidade. Configura-se ento, uma metodologia que possa ser utilizada por

    profissionais da rea de ensino para que a insero da lei 10.639/3, cumpra o papel pelo

    qual foi idealizada. Sendo que os smbolos e imagens so linguagens que nos auxiliam

    na compreenso do passado, as tecnologias da informao e da comunicao propiciam

    31

    Acadmico do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID. Voluntrio no Projeto Mapeamento, anlise e universalizao de polticas voltadas insero curricular da Histria e Cultura

    Afro-Brasileira no Municpio do Rio Grande. E-mail: [email protected] 32

    Acadmico do Curso de Histria Bacharelado com nfase em Patrimnio Histrico e Cultural da

    Universidade Federal do Rio Grande FURG. Coordenador de mdias do COMUF e LAHIS. Assessor de mdias do CAIC. Email: [email protected] 33

    Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID. Voluntria no Projeto de Extenso Ncleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indgenas NEABI. Membro integrante do Coletivo de Estudantes Negras e Negros MACANUDOS. E-mail: [email protected]

  • 34

    a criao de um espao de construo de novos conhecimentos por meio da reflexo, da

    curiosidade e criticidade do educando.

    Palavras-chave: Histria. Ensino. Cultura Afro-Brasileira. Tecnologias.

  • 35

    OS MANUAIS DIDTICOS DO 7 ANO: UMA BREVE REFLEXO SOBRE O

    ENSINO DA HISTRIA AFRO-BRASILEIRA

    Michele Borges Martins34

    Pensar o Livro didtico enquanto uma fonte passvel de anlise histrica uma

    ideia recente. A possibilidade de utilizao desses manuais nas pesquisas surge com a

    ampliao das fronteiras temticas e metodolgicas da Histria. Ronaldo Vainfas, em

    sua obra Os protagonistas annimos da Histria: Micro-Histria, evidencia que os integrantes do movimento dos Annales se opunham ao que chamaram de historia

    historicizante. A preocupao em analisar novos objetos resultou na ampliao no

    quadro de fontes que eram utilizadas pelos historiadores. No entanto, somente nas

    ltimas dcadas que os manuais pedaggicos passaram a ser utilizados como fontes de

    pesquisas, as quais no s se multiplicaram como tambm se estenderam ao mercado

    editorial, as formas de impresso, a organizao dos contedos, etc.

    A presente anlise, ento, objetiva verificar como os livros didticos do 7 ano

    apresentam os contedos que envolvem a negritude no Brasil mais especificamente nos dois manuais de maior aquisio no ano de 2012: Projeto Ararib (Editora Moderna

    LTDA) e Projeto Radix (Editora Scipione S/A). Estudos sobre temas como a escravido

    e colonizao do pas, por exemplo, so essenciais para percebermos como o momento

    em que houve a intensificao da diversidade cultural brasileira trabalhado

    didaticamente. Nossas explanaes foram orientadas pelos seguintes questionamentos:

    Quais temas centrais englobam a presena do negro nos contedos do 7 ano? Como

    esses contedos so apresentados? Que reflexes propem? Os exerccios presentes

    proporcionam uma reflexo sobre as realidades dos alunos?

    Nossas reflexes comeam com o impresso pedaggico Projeto Ararib histria, mais especificamente na unidade sete - O imprio Ultramarino Portugus.

    Basicamente a reflexo sobre a escravido desenvolvida a partir de dois subttulos: A escravido africana na Amrica e As feitorias, os quais se encontram nas pginas 192 e 193. Posteriormente no manual Projeto Radix tambm analisamos duas partes

    especficas, o mdulo seis o qual apresenta no seu interior os captulos nomeados O Estado absolutista europeu e O mercantilismo e a colonizao da Amrica e o mdulo sete que tambm apresenta os captulos intitulados A administrao na Amrica portuguesa e O acar e a Amrica Portuguesa.

    A partir desses manuais foi possvel observar que ambos apresentam certa

    omisso no que se refere a uma discusso mais elaborada sobre as heranas culturais

    africanas. A ausncia de reflexes sobre as contribuies das diversas etnias africanas e

    tambm das etnias europeias que vieram para colonizar o Brasil resultam no s em

    uma naturalizao do preconceito como tambm no possibilita a reflexo sobre os

    movimentos sociais. possvel inferir, portanto, que mesmo aps a Lei 10.639/03 a

    qual decretou o ensino obrigatrio de Histria e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de

    ensino pblico e privado os livros didticos de maior circulao no pas ainda

    apresentam omisses no que se refere a propostas de discusses sobre a cultura africana

    e seus desdobramentos na realidade atual.

    Palavras-chave: Livro Didtico. Ensino de Histria. Histria Afro-Brasileira.

    34

    Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Histria Mestrado Profissional da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Orientadora: Dr. Jlia Silveira Matos. Email:

    [email protected].

  • 36

    A CULTURA AFRO-BRASILEIRA EM NOSSO COTIDIANO

    Milene Chaves Cabral35

    Camila Rola Alves36

    A grande influncia da cultura e identidade africana na formao da cultura e

    identidade brasileira comeou quando os africanos chegaram ao Brasil, passaram a

    conviver com diversos grupos sociais, at mesmo africanos originrios de diferentes

    partes da frica, nessa mistura social tentaram sobreviver, construindo espaos para

    prtica de solidariedade e recriando sua cultura. Com isso os africanos influenciaram

    profundamente a sociedade brasileira e deixaram grandes contribuies para o que

    chamamos de cultura afro-brasileira.

    No Brasil a cultura africana tambm sofreu influncias. Notam-se muitos traos

    da cultura africana presentes na brasileira, como na msica popular, religio, arte e

    folclore, alguns estados brasileiros tiveram maior influncia pelo nmero de escravos

    vindos pelo trfico negreiro. Na poca colonial e durante o sculo XIX a cultura

    africana foi muito desvalorizada e at proibida de se cultivar no Brasil. A partir do

    sculo XX que manifestaes culturais afro-brasileiras comearam a ser mais

    valorizadas. Com isso os africanos influenciaram profundamente a sociedade brasileira

    e deixaram grandes contribuies para o que chamamos de cultura afro-brasileira.

    Ao abordar a influncia africana no Brasil nos deparamos com o preconceito,

    fica evidente que cada povo que foi trazido foradamente trs junto de si sua cultura e

    que nem todos vieram da mesma regio ou pas.

    Graas a um passado de lutas e grandes feitos, o Brasil hoje um pas de muitas

    facetas, para cada canto que se olha se nota a influncia africana, portuguesa, europeia,

    cada uma de seu modo contribuindo para uma identidade prpria desta nao. A cultura

    africana sem dvida nenhuma foi de grande contribuio para esta cultura nacional que

    se tem hoje.

    Palavras-chave: Histria. Cultura. Diversidade.

    35

    Acadmica do Curso de Histria Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: [email protected] 36

    Acadmica do Curso de Histria Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: [email protected]

  • 37

    CURRCULO DA REDE OFICIAL DE ENSINO: INTERPRETAES,

    PESQUISAS E PRTICAS NA ARTE EDUCAO

    Nadiele Ferreira Pires37

    Rosemar Gomes Lemos38

    Lisiane Gomes Lemos39

    O referido trabalho apresenta parte da pesquisa realizada no Curso de Artes

    Visuais Licenciatura e Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), cujo tema desenvolvido foi A incluso do contedo Histria e Cultura Afro-Brasileira no Ensino de Arte com base na Lei N 10.639 de 2003 (atualizada para Lei N 11.645/2008) que determina a insero obrigatria do contedo histria e cultura

    Afro-Brasileira no currculo da rede oficial de ensino.

    A pesquisa e o trabalho desenvolvido possuem vnculo com a Universidade

    Federal de Pelotas (UFPel), a Universidade Federal do Rio Grande, a Universidade

    Catlica de Pelotas (UCPel) e o Instituto Federal Sul Rio-Grandense (IFRS) atravs da

    construo do grupo de extenso intitulado DEA (Design, Escola e Arte).

    Atravs das reflexes de tericos e pesquisadores como Kabengele Munanga o

    trabalho tem por objetivo geral: Investigar, atravs de aes terico-prticos realizadas

    em diversas escolas brasileiras a possibilidade concreta do desenvolvimento de

    contedos sobre a histria e cultura afro-brasileira na disciplina de artes; bem como

    aplicar atividades atravs de oficinas pedaggicas que contemplem os contedos em

    questo, analisar os resultados prticos quanto ao interesse dos alunos e por fim

    promover o debate sobre as questes de discriminao e preconceito.

    Esta investigao justifica-se pela verificao de como o contedo histria e

    cultura afro-brasileira vem sendo trabalhado nas escolas e em especial na disciplina de

    artes das escolas brasileiras.

    Atravs das oficinas pedaggicas que vem sendo desenvolvidas foi possvel

    atender cerca de mais de quatro mil pessoas sendo em sua grande maioria alunos de

    escolas pblicas e a comunidade em geral.

    Acredita-se que esta pesquisa contribui para a compreenso de como so

    trabalhadas as politicas educacionais e de que forma o contedo de histria e cultura

    afro-brasileira pode ser trabalhado dentro da disciplina de artes ressaltando sempre a

    importncia do arte educador como agente de transformao social apto no s a

    auxiliar na formao de estudantes atravs de seus contedo e prticas de ensino, mas

    tambm para formar cidados conscientes e responsveis.

    Palavras-chave: Ensino. Arte. Cultura. Afro-brasileira. Lei N 10.639.

    37

    Artes Educadora pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para contato: [email protected] 38

    Arquiteta, Dra. em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail para contato: [email protected] 39

    Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail para contato: [email protected]

  • 38

    A CONSTRUO DO RACISMO BRASILEIRO: DA IDENTIDADE

    NACIONAL PARTICAO NEGRA NOS ESTUDOS ACADMICOS

    Natiele Gonalves Mesquita40

    Carmem G. Burgert Schiavon41

    Este trabalho visa discutir as teorias raciais do final do sculo XIX, bem como as

    prticas cotidianas no Brasil escravista e no ps-abolio. Nesta direo, a discusso

    estabelecida tem como eixo a identidade nacional, que fora forjada, em princpio, por

    uma negao-minimizao da contribuio do trabalho escravo no Brasil. Em outras

    palavras, essa formao de identidade perpassa pela poltica de branqueamento, pela

    perseguio de negros libertos, pela formao das cidades, entre outros aspectos que

    sero abordados no texto.

    Para tanto, utiliza-se o conceito de Munanga sobre racismo, o qual provm da

    ideia de classificao da diversidade humana em raas, tal qual a Zoologia e a Botnica realizaram com animais e plantas. Destas reas do conhecimento, as ideias de

    pureza e superioridade foram transportadas para os seres humanos, de modo a ratificar as relaes de domnio e de explorao entre classes sociais. Diante do

    conhecimento de territrios longnquos no sculo XV, o mundo ocidental se depara com

    outros grupos tnicos e passa a utilizar a categoria de raa para classificar os outros povos (MUNANGA, 2003, passim). Neste momento, nasce o racismo, que consiste em

    classificar, de forma vertical, as diferenas entre os seres humanos, abrangendo desde

    caractersticas fsicas, at genticas. Com base nestes preceitos, tem origem o racismo

    brasileiro, que colocou a populao amerndia e africana em um patamar de

    inferioridade em relao populao branca europeia.

    Alm desses aspectos, tambm se trabalha com a abordagem da ideia de

    construo de identidade, algo no aleatrio mas, produzido com intencionalidade e por

    aes dos mais variados segmentos sociais da poca. A partir de ento, este trabalho

    versar acerca das teorias raciais brasileiras do sculo XIX, a consolidao destas e sua

    queda. No obstante, se pretende ponderar sobre a trajetr