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ANAIS Florianópolis - Santa Catarina - Brasil

Anais Ixsbee

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ANAIS

Florianópolis - Santa Catarina - Brasil

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Prezado(a) participante,

É com grande satisfação que o(a) recebemos para a realização da nona edição do Simpósio Brasileiro de Etnoecologia e Etnobiologia, evento que, cada vez mais, ganha projeção no universo científico. Acreditamos tratar-se de oportunidade ímpar para a troca de conhecimento e para a vivência entre os participantes.Nesta edição, o principal objetivo é promover discussões sobre identidade cultural, conservação e uso da biodiversidade, buscando, com a colaboração de cada um de vocês, contribuir para a construção e divulgação de conhecimento científico de alta qualidade. Nos anais do evento, você encontrará os resumos da programação científica. Florianópolis, novembro de 2012 A Comissão Organizadora

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Organização    

                   

Patrocínio            

   

       

Apoio

 

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COMISSÃO ORGANIZADORA Presidente: Natalia Hanazaki Presidente de Honra: Maria Franco T. Medeiros Cultural: Dannieli F. Herbst, Julia V.C. Ávila, Mel S. Marques, Sofia Zank, Takumã Machado Divulgação: Heitor S.N. Liporacci, Tatiana M. Miranda, Thiago Gomes Espaço físico: Daniel G. Martins, Elaine M. Nakamura, Gabriela O. Gomes Fotografia/oficinas e exposições Ariana S.M. Sarmento, Bianca Lindner, Juliana H. Saldanha, Marina F.C. Pinto, Takumã Machado Monitores: Amanda F. Cerveira, Daniel G. Martins, Heitor S.N. Liporacci, Marian R. Heineberg, Rubana P. Alves Painéis: Heitor S.N. Liporacci, Juliana H. Saldanha, Rubana P. Alves, Takumã M. Scarponi Povos tradicionais: Ana Luiza A.A. Assis, Julia V.C. Ávila, Marina F.C. Pinto, Mel S. Marques, Natália Adán, Sofia Zank Premiações: Rubana P. Alves Secretaria: Anna Jacinta Mello, Bianca Lindner, Elaine M. Nakamura, Mariana Giraldi, Renata A. Poderoso, Tatiana M. Miranda Segurança alimentar: Renata A. Poderoso, Rubana P. Alves Tesouraria: Ana Luiza A.A. Assis, Dannieli F. Herbst Editores de Anais: Nivaldo Peroni, Anna Jacinta Machado Mello, Heitor Suriano Nascimento Liporacci, Renata A. Poderoso, Tatiana Miranda. Confecção de Anais: Anna Jacinta Machado Mello, Bruno Ribeiro da Silva

COMISSÃO CIENTÍFICA

Presidente: Nivaldo Peroni Comissão: Alexandre Siminski, Alexandre Schiavetti, Anna Jacinta Mello, Cristiana Simão Seixas, Charles R. Clement, Ernani M. de Freitas Lins Neto, Erika Matsuno Nakazono, Francisco José Bezerra Souto, Gabriela P. Coelho de Souza, José da Silva Mourão, Juarez Carlos Brito Pezzuti, Julio Marcelino Monteiro, Maria Christina de Mello Amorozo, Laure Emperaire, Maurício Sedrez dos Reis, Mara Rejane Ritter, Maria Dorothea Post Darella, Natalia Hanazaki, Nivaldo Peroni, Priscila Fabiana Macedo Lopes, Raquel Mombelli, Raquel R. B. Negrelle, Renato Azevedo Ma. Silvano, Rômulo R. Nobrega Alves, Rumi R. Kubo, Tatiana M. Miranda, Valdeline A. da Silva, Valdely Ferreira Kinupp, Vanilde Citadini-Zanette e Viviane Stern da Fonseca Kruel.

DIRETORIA DA SBEE / GESTÃO 2011-2012

Presidente: Maria Franco Trindade Medeiros (UFRPE) Vice-Presidente: Ulysses Paulino de Albuquerque (UFRPE) 1ª. Secretária: Cecília de Fátima C. B. Rangel de Almeida (CESVASF) 2º. Secretário: Luiz Vital Fernandes Cruz da Cunha (UNICAP) 1º. Tesoureiro: Marcelo Alves Ramos (UFRPE) 2ª. Tesoureira: Rumi Regina Kubo (UFRGS) Conselheiros: Elaine Elisabetsky (UFRGS), Hiroshi Noda (INPA), José Geraldo W. Marques (UEFS), Maria Christina M. Amorozo (UNESP), Maria das Graças P. Sablayrolles (UFPA), Maria de F. Barbosa Coelho (UFMT) Representantes regionais Centro-Oeste: Márcia Regina Maciel, Suelma Ribeiro Silva Nordeste: Julio Marcelino Monteiro, Ernani Machado de Freitas Lins Neto Norte: Sandra Noda, Ayrton Martins Sudeste: Gustavo Taboada Soldati, Carolina Weber Kffuri Sul: Vanilde Citadini-Zanette, Guilherme Fuhr.

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ÍNDICE DE RESUMOS

1. ENCONTRO DE POPULAÇÕES TRADICIONAIS.......................1-2

CARTA DE FLORIANÓPOLIS - Redigida após o I Encontro com populações tradicionais do IX Simposio de Etnobiologia e Etnoecologia

2. PALESTRAS E MESAS REDONDAS..........................................3

3. ETNOZOOLOGIA.........................................................................11

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Cajetano Vera USO DE LARVAS DE BESOUROS COMO ALIMENTO ENTRE OS GUARANIS ÑANDÉVA: UMA VISÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E SUSTENTABILIDADE SOCIAL, NA ALDEIA PIRAJUÍ, MUNICIPIO DE PARANHOS - MS.

12

Ana Teresa Galvagne Loss AVES E ZOOSSEMIÓTICA: ORNITOÁUGURES SEGUNDO OS MORADORES DO POVOADO DE PEDRA BRANCA, SANTA TERESINHA, BAHIA.

13

Fernando Augusto de Almeida Valério Carvalho

ESTUDO ETNOORNITOLÓGICO NA COMUNIDADE DO BONÉ, MUNICÍPIO DE ARAPONGA, MINAS GERAIS. 14

Wallisson Sylas Luna de Oliveira

MAPEAMENTO DE ESPÉCIES-CHAVE CULTURAL DA FAUNA NO AGRESTE PARAIBANO: SALIÊNCIA CULTURAL E USOS DE ANIMAIS

15

Dandara Monalisa Mariz da Silva Quirino Bezerra

AVES SILVESTRES COMO ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL

16

Dandara Monalisa Mariz da Silva Quirino Bezerra

RELAÇÃO ENTRE AS DENSIDADES DE AVES SILVESTRES E SEU VALOR DE USO NO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL

17

Iamara Policarpo FAZ MAL POR QUÊ? AVES MORTAS POR CONFLITO NO SERIDÓ PARAIBANO 18

PALESTRANTES TÍTULO PÁGINA

Rodrigo R. de Freitas Cristiana Simão Seixas

SINERGIA ENTRE A ESCOLA DE COMMONS E DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL PARA A GOVERNANÇA DE ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS

4

José Geraldo Marques ETNOBIOLOGIA MÉDICA: IMAGINÁRIO E RAZÃO PRÁTICA 5

Ângelo Giuseppe Chaves Alves

“ANTHROPOLOGICAL BLUES”: O PRAZER E O PADECER NO TRABALHO DE CAMPO EM ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA

6

Mariana A. Policarpo COMO! PENSAR! O! DESENVOLVIMENTO! TERRITORIAL!SUSTENTÁVEL:! UM! ESTUDO! DE! CASO! NA! ZONA! COSTEIRA! DE!SANTA!CATARINA!

759!

Milton Rosa e Daniel Clark Orey

AS APROXIMAÇÕES DA ETNOMATEMÁTICA COM A ETNOBIOLOGIA E A ETNOECOLOGIA 10

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Felipe Ferreira O COMÉRCIO DE ANIMAIS MEDICINAIS NO NORDESTE DO BRASIL 19

Bruna Monielly Carvalho de Araújo

DO MEDO DA JARARACA AO SANTO REMÉDIO DA BANHA DE TEJU: ETNOHERPETOLOGIA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO 20

Carlos Alberto Batista Santos

OS INSETOS NA PERCEPÇÃO DOS QUILOMBOLAS DA VILA BARRINHA DA CONCEIÇÃO, JUAZEIRO, ESTADO DA BAHIA 21

Loyana Docio Santos VISÃO ETNOBIOLÓGICA SOBRE O ENCALHAMENTO DE ESPONJAS (Porifera: Animalia) EM PRAIAS DO BAIXO-SUL DA BAHIA.

22

Luciana Costa de Castilho RELAÇÃO ENTRE MORADORES RURAIS E A ESPÉCIE AMEAÇADA Chaetomys subspinosus (OLFERS 1818) EM DUAS ÁREAS PROTEGIDAS NO NORDESTE BRASILEIRO

23

Jamylle Barcellos de Souza

ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS E ECOLÓGICOS DA ATIVIDADE CINEGÉTICA REALIZADA POR CAÇADORES DO MUNICÍPIO DO CONDE, PARAÍBA: RESULTADOS PRELIMINARES.

24

Milton José de Paula ASPECTOS DA CAÇA DOS ÍNDIOS XERENTE (TOCANTINS, BRASIL) EM RELAÇÃO AOS MAMÍFEROS TERRESTRES DE MÉDIO E GRANDE PORTE: RESULTADOS PRELIMINARES

25

Milton José de Paula USO DOS MAMÍFEROS TERRESTRES DE MÉDIO EM GRANDE PORTE PELOS ÍNDIOS XERENTE (TOCANTINS, BRASIL): RESULTADOS PRELIMINARES.

26

Ernandes Fernandes da Silva

ESTUDO ETNOENTOMOLÓGICO NA COMUNIDADE RURAL DE MALHADA COMPRIDA, MUNICÍPIO DE CABACEIRAS, PARAÍBA, BRASIL.

27

Ernandes Fernandes da Silva

ESTUDO ETNOENTOMOLÓGICO NA COMUNIDADE RURAL DE ALTO FECHADO, MUNICÍPIO DE CABACEIRAS, PARAÍBA, BRASIL.

28

Suellen Santos CONHECIMENTO TRADICIONAL E UTILIZAÇÃO DA MASTOFAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL NA DEPRESSÃO SERTANEJA (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL).

29

Suellen Santos PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES ÚTEIS DA MASTOFAUNA UTILIZADAS POR MORADORES DE UMA COMUNIDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE LAGOA, PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

30

Carlos Frederico Alves De Vasconcelos Neto

A IDADE PODE INFLUENCIAR NO CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DA FAUNA CINEGÉTICA? 31

Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto

CONHECIMENTO TRADICINOAL E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS FAUNÍSTICOS POR CAÇADORES DE FLORESTAS SECAS (PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL)

32

Juliane Marques de Souza VALOR DE USO DAS TÉCNICAS DE PESCA E AS ETNOESPÉCIES DE PEIXES NA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS DE SACAÍ, NO BAIXO RIO BRANCO, RORAIMA, BRASIL

33

Maria Nazaré Stevaux A FAUNA NA ARTE KARAJA: ETNOZOOLOGIA E IDENTIDADE CULTURAL 34

Claudio César Montenegro Júnior

CONHECIMENTO TRADICIONAL DE CAÇADORES VERSUS UMA COMUNIDADE RURAL DA DEPRESÃO SERTANEJA: UMA COMPARAÇÃO DO CONHECIMENTO MASTOZOOLÓGICO

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Filipe Mariano de Sousa CONHECIMENTO E USO DE ANIMAIS POR UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

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Mônica Abreu SINURBIZAÇÃO DO SARIGUÊ (DIDELPHIS) NO ECOSSISTEMA URBANO DE FEIRA DE SANTANA (BA): OCORRÊNCIA E INTERAÇÃO COM OS SERES HUMANOS

37

José Ribamar Farias Lima CONHECIMENTO E USO DA FAUNA SILVESTRE UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

38

José Ribamar Farias Lima PADRÕES DE CONHECIMENTO SOBRE A FAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

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Blanca Roldan Clara SÍNTESIS DEL CONOCIMIENTO SOBRE EL APROVECHAMIENTO DE AVES VIVAS EN LATINOAMÉRICA, CON ÉNFASIS EN MÉXICO

40

Luiz Frederico Petla CONHECIMENTO ETNOMASTOZOOLÓGICO DOS MORADORES DOS ARREDORES DA COMUNIDADE DE BISCAIA, PONTA GROSSA (PARANÁ)

41

Hugo Fernandes-Ferreira ESTUDO COMPARATIVO DA RIQUEZA DE MAMÍFEROS CINEGÉTICOS ENTRE AMAZÔNIA E CAATINGA: NOVOS SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO DA FAUNA BRASILEIRA.

42

Alanza Mara Zanini CONHECIMENTO ETNOZOOLÓGICO DA COMUNIDADE DO ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ, SANTA CATARINA, BRASIL

43

Ana Marta Andrade Costa CONSERVANDO OS BOTOS E RESPEITANDO AS LENDAS: CONHECIMENTO ETNOBIOLÓGICO ENTRE ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DO PARÁ.

44

Maria Clara Silveira Santos

ETNOZOOLOGIA E QUILOMBOLAS: CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL E O USO MEDICINAL E ALIMENTÍCIO DOS RECURSOS FAUNÍSTICOS NA COMUNIDADE DE POÇÕES- NORTE DE MINAS GERAIS

45

Stefani Nascimento DIVERSIDADE DE INSETOS DO GRUPO HUR?T? NA ETNIA KARAJÁ 46

Hyago Keslley Lucena Soares

CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE AVES DE RAPINA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

47

Hyago Keslley Lucena Soares

CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE AVES DE RAPINA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CARIRI PARAIBANO: DADOS PARCIAIS

48

Priscilla Clementino Coutinho

IMPORTÂNCIA RELATIVA DE MAMÍFEROS MEDICINAIS UTILIZADOS EM DUAS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

49

Marina Albuquerque Regina de Mattos Vieira

O TABU NA CONSERVAÇÃO: MANEJO LOCAL DA CAÇA NA RDS PIAGAÇU-PURUS, AM 50

Rafaela Cândido de França CONHECIMENTO POPULAR SOBRE SERPENTES NAS PROXIMIDADES DA RESERVA BIOLÓGICA GUARIBAS, RIO TINTO, PB.

51

Cesar Santos IMPACTOS DA PRESSÃO ANTRÓPICA SOBRE Podocnemis unifilis NA REGIÃO DOS LAGOS DO MUNICÍPIO DE PRACUÚBA, AMAZÔNIA, BRASIL

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Cesar Santos ETNOBIOLOGIA DO APAIARI, Astronotus ocellatus (AGASSIZ, 1831), NA REGIÃO DOS LAGOS DE PRACUÚBA, AMAZÔNIA, BRASIL.

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Luanna Oliveira de Freitas UTILIZAÇÃO MEDICINAL DE RECURSOS PESQUEIROS PELOS PESCADORES DE DELMIRO GOUVEIA-AL 54

Isis Tamara Lopes de Sousa Alves

COMPARAÇÃO DO CONHECIMENTO DA MASTOFAUNA ENTRE ESPECIALISTAS DE DUAS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO

55

Isis Tamara Lopes de Sousa Alves

CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DA AVIFAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CARIRI PARAIBANO (NORDESTE, BRASIL): DADOS PARCIAIS

56

Ricardo Antonio Zanella ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE OS TURISTAS E OS QUATIS (Nasua Nasua) NO MACUCO SAFÁRI - PARQUE NACIONAL IGUAÇU, FOZ DO IGUAÇU- PR.

57

Reinaldo Farias Paiva de Lucena

CRENDICE POPULAR SOBRE ASPECTOS MÍSTICOS E RELIGIOSOS DE ANIMAIS NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE DO BRASIL

58

Maria Laura Fontelles Ternes

CONHECIMENTO DOS JANGADEIROS SOBRE O CAVALO-MARINHO (Hippocampus reidi GINSBURG 1933) EM MARACAÍPE, IPOJUCA/PE

59

Vanessa Moura UTILIZAÇÃO DE AVES EM QUATRO COMUNIDADES RURAIS NO NORDESTE BRASILEIRO 60

Vanessa Moura CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DA AVIFAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

61

Larissa Cavalcante Costa TRANSMISSÃO CULTURAL DO CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE AVIFAUNA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DA PARAÍBA

62

Larissa Cavalcante Costa COMPARAÇÃO DE CONHECIMENTO DA AVIFAUNA ENTRE ESPECIALISTAS DE DUAS COMUNIDADES RURAIS DA DEPRESSÃO SERTANEJA (PARAÍBA,BRASIL)

63

Flávio Bezerra Barros USO MEDICINAL DA FAUNA LOCAL POR UMA COMUNIDADE TRADICIONAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA 64

Camila Alvez Islas A ETNOZOOLOGIA COMO IMPORTANTE FERRAMENTA PARA A CONSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS SILVESTRES 65

4. ETNOTAXONOMIA.........................................................................66

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Welinton Ribamar Lopes

PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES INDÍGENAS DA TRIBO KARAJA (ALDEIA BURIDINA, ARUANÃ, GO) SOBRE A FAUNA LOCAL DE INVERTEBRADOS TERRESTRES E SUA DIVERSIDADE

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Welinton Ribamar Lopes CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO DA AVIFAUNA LOCAL UTILIZADOS PELOS ÍNDIOS KARAJAS DA ALDEIA BURIDINA, ARUANÃ, GO

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Maria Lucia Cereda Gomide ETNOCLASSIFICAÇÕES XAVANTE DOS CERRADOS - RÓ 69

Dannieli Herbst ETNOTAXONOMIA DE MUGILÍDEOS POR PESCADORES DE TAINHA DO LITORAL DE SANTA CATARINA 70

Ana Luiza Arraes de Alencar Assis

PERCEPÇÃO SOBRE VARIEDADES DE Araucaria angustifolia ENTRE OS EXTRATORES DE PINHÃO NO FAXINAL DO BOM RETIRO (PINHÃO-PR, BRASIL).

71

Jaime Ribeiro Carvalho Júnior

ETNOICTIOLOGIA NA TERRA INDÍGENA TRINCHEIRA BACAJÁ (TITB) - POVO XIKRIN, PARÁ 72

5. EDUCAÇÃO AMBIENTAL.........................................................................73

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Hani Rocha el Bizri A PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE UM VÍDEO DOCUMENTÁRIO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO "MINHOCUÇU - QUE BICHO É ESSE?"

74

Elvira Cynthia Alves Horácio

A LITERATURA DE CORDEL COMO FERRAMENTA PARA O RESGATE CULTURAL DE COMUNIDADES TRADICIONAIS RIBEIRINHAS - O CASO DAS COMUNIDADES DO RIO PARAUNINHA

75

Carolina Colombo TROTE BIOCONSCIENTE - ATUAÇÕES EM EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL 76

Bruno de Matos Casaca CONCEPÇÕES DOS ESTUDANTES FINALISTAS DO ENSINO MÉDIO SOBRE O TEMA BIODIVERSIDADE 77

João Paulo Silva Spindola PERCEPÇÕES HUMANAS ACERCA DA FAUNA E AS IMPLICAÇÕES NA CONSERVAÇÃO 78

André Rocha Franco

REDE SOCIAL PARA A VALORIZAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM REGIÃO DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO, ENTORNO DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO INTENDENTE

79

Marlua Socorro Batista CONHECIMENTOS ECOLÓGICOS LOCAIS E GESTÃO DA PESCA NA COMUNIDADE DO GUARAÚ, PERUÍBE/SP 80

Samuel Molina Schnorr CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE UM CURSO PRÉ VESTIBULAR SOBRE A ORIGEM DA VIDA 81

Ariana Sousa de Moraes Sarmento

O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL A PARTIR DA PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO

82

Thaís Queiroz Morcatty CAPIVARAS DA LAGOA DA PAMPULHA: INIMIGAS OU ALIADAS? 83

Kesley Paiva da Silva ETNOBIOLOGIA DE TARTARUGA MARINHA, COM USO DE MAPAS MENTAIS, POR DISCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL, NA APA DELTA DO PARNAÍBA - PI/MA.

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Elvira Cynthia Alves Horácio

REGISTRO DA HISTORIA ORAL: RESGATANDO CULTURA A PARTIR DE TEMÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS ATRAVÉS DE VÍDEO DOCUMENTÁRIO COM AS COMUNIDADES DO RIO PARAUNINHA

85

6. ETNOMEDICINA E ETNOFARMACOLOGIA..................................86

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Patricia Fernandes HOMEOPATIA NO PLANALTO SERRANO CATARINENSE: DO USO POPULAR AO ACESSO ELITIZADO 87

Patricia Fernandes FITOTERAPIA E CURAS POPULARES: ETNOCONHECIMENTO DOS AGRICULTORES DO PLANALTO SERRANO CATARINENSE

88

Camila Gonzaga de Jesus UTILIZAÇÃO MEDICINAL POPULAR DE RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS EM ÁREAS DE FUNDO DE PASTO NO MUNICÍPIO DE CURAÇÁ BAHIA BRASIL

89

Felipe Ferreira POTENCIAL BACTERICIDA DE PRODUTOS PROVENIENTES DE ANIMAIS MEDICINAIS: ZOOTERÁPICOS PODEM SER BONS ANTIBIÓTICOS?

90

Evlyn Vilar

CONCEITOS LOCAIS DE INFLAMAÇÃO E PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMO ANTI-INFLAMATÓRIAS PELO POVOADO CANGANDU NO AGRESTE ALAGOANO: UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO E ETNOFARMACOLÓGICO

91

Karina Mayumi Higa PLANTAS COM NOME DE MEDICAMENTOS NO RIO GRANDE DO SUL: CONCORDÂNCIA ENTRE USOS POPULARES E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS CONTIDAS NAS BULAS

92

Márcia de Farias Cavalcante

PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMO ANTI-INFLAMATÓRIAS E OS CONCEITOS LOCAIS DE INFLAMAÇÃO DE UMA COMUNIDADE DO AGRESTE ALAGOANO

93

7. ECOLOGIA HUMANA.........................................................................94

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Camilah Zappes

PESCA ARTESANAL VERSUS COMPLEXO LOGÍSTICO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DO AÇU: INTERFERÊNCIAS NA MANUTENÇÃO DO CONHECIMENTO LOCAL E CONFLITOS FRENTE À COMUNIDADE PESQUEIRA DE ATAFONA, RJ

95

Fernanda Savicki de Almeida

O CONHECIMENTO LOCAL DE POPULAÇÕES NÃO TRADICIONAIS E OS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA BRASILEIROS.

96

Deborah Santos Prado MUDANÇAS SOCIOECOLÓGICAS E RESILIÊNCIA DE MODOS DE VIDA NA PRAIA DO AVENTUREIRO, ILHA GRANDE (RJ) 97

Martinho Alves de Andrade Júnior

DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO JUNTO AOS INDÍGENAS POTIGUARA EM SAGI/TRABANDA, BAÍA FORMOSA/RN

98

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Martinho Alves de Andrade Júnior

DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO JUNTO AOS CABOCLOS DE AÇU, EM ASSÚ/RN 99

Marcelino Araújo A CONEXÃO SER HUMANO/MINERAL CONTEXTUALIZADA NUMA FEIRA LIVRE DE PAULO AFONSO/BA 100

Marcelino Araújo CONEXÃO SER HUMANO/SOBRENATURAL EM ECOLOGIA HUMANA NA FEIRA LIVRE DE PAULO AFONSO - BA 101

Denison Melo de Aguiar

IDENTIDADE RIBEIRINHA E TUTELA DOS RECURSOS PESQUEIROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: UM ESTUDO DE CASO EM SANTO ANTÔNIO DO RIO URUBU (BOA VISTA DO RAMOS, AMAZONAS)

102

Fabiana Calacina

CONHECIMENTO DOS PESCADORES DA COLÔNIA Z-16 SOBRE A REPRODUÇÃO DO ARACU-DA-PEDRA Leporinus cf melanostictus (CHARACIFORMES:ANOSTOMIDAE) NO MÉDIO RIO ARAGUARI, AP

103

Fabiana Calacina ETNOICTIOLOGIA DE PESCADORES ARTESANAIS DO MÉDIO RIO ARAGUARI, AMAPÁ. 104

Marco Túlio da Silva Ferreira

ECOLOGIA HISTÓRICA E SABERES ECOLÓGICOS LOCAIS COMO FERRAMENTAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL COMUNITÁRIA: ESTUDO DE CASO DA TERRA INDÍGENA MAXAKALI, MINAS GERAIS

105

Luanna Oliveira de Freitas A ATIVIDADE PESQUEIRA E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE DOS PESCADORES ARTESANAIS DO CÂNION SÃO FRANCISCO, EM TRECHOS DE ALAGOAS E BAHIA - BRASIL

106

Francinalda Maria Rodrigues Rocha

INTEGRANDO SABERES PARA GESTÃO PARTICIPATIVA DOS RECURSOS PESQUEIROS NO ESTUÁRIO DOS RIOS TIMONHA E UBATUBA (CE/PI).

107

Monalisa Marinelli A PESCA ARTESANAL NA COMUNIDADE DE PESCADORES DA PRAIA DE FOLES, PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO, SP: CARACTERIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA LOCAL.

108

Jessé Renan Scapini Sobczak

LOCAL ECOLOGICAL KNOWLEDGE AND WATER QUALITY: SUBSIDIES FOR THE MANAGEMENT OF WATER RESOURCES IN A CONSERVATION UNIT IN THE SOUTHERN REGION OF BRAZIL

109

Mariana Aparecida Farias Almeida

GESTÃO DO TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADES NO RIO SÃO FRANCISCO: A ARTE DO SABER-FAZER E O SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO DOS PESCADORES ARTESANAIS DA CIDADE DE SÃO FRANCISCO - MG

110

Flávio Bezerra Barros XERIMBABOS? SOBRE A RELAÇÃO DE SENTIMENTO ENTRE O HOMEM E O ANIMAL NA AMAZÔNIA 111

Sofia Zank ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS MEDICINAIS E DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NO LITORAL DE SANTA CATARINA.

112

Elaine Mitie Nakamura USO DE RECURSOS NATURAIS LOCAIS PARA ALIMENTAÇÃO POR DUAS COMUNIDADES NO ENTORNO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO EM SANTA CATARINA.

113

Wilson Moreira Junior

ESTÍMULOS UTILIZADOS PELOS PESCADORES ARTESANAIS PARA INDUÇÃO AO SALTO DOS PEIXES NA EXTINTA PESCA DO TRIBOMBÓ, NA REGIÃO ESTUARINA DA BAIXADA SANTISTA/SP.

114

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Mariana Aparecida Farias Almeida

POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA GESTÃO COMPARTILHADA DOS RECURSOS PESQUEIROS NO ALTO-MÉDIO SÃO FRANCISCO

115

8. ETNOBOTÂNICA................................................................................116

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Rubens Pessoa de Barros ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS ENCONTRADAS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA-AL

117

Rubens Pessoa de Barros AVALIAÇÃO DAS ESPIGAS DE MILHO VERDE COMERCIALIZADAS NAS FEIRAS LIVRES DE ARAPIRACA-AL NUM CONTEXTO ETNOBOTÂNICO

118

Regina Célia USO, CONHECIMENTO E EXTRAÇÃO DO CANDOMBÁ (Vellozia Sincorana) NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA, BRASIL

119

Regina Célia PERCEPÇÕES ECOLÓGICAS DE COMUNIDADES RESIDENTES NO ENTORNO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA, BRASIL

120

Valdely Ferreira Kinupp ASPECTOS ETNOBOTÂNICOS DE ARACEAE JUSS. NA COMUNIDADE SANTA MARIA, BAIXO RIO NEGRO - AM 121

Camilo Tomazini Pedrollo UMA BREVE REVISÃO SOBRE OS ENTRAVES PARA A PESQUISA E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS NATURAIS NO BRASIL, EM ESPECIAL NA AMAZÔNIA

122

Clovis José Fernandes de Oliveira Júnior

ETNOBOTÂNICA E DIVERSIDADE DE USOS DE ESPÉCIES DE EUGENIA NO BRASIL 123

Maria Elizangela Ramos Junqueira

CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO DOS VENDEDORES DE PLANTAS DITAS COMO MEDICINAIS NA FEIRA LIVRE DO MUNICÍPIO DE GUANAMBI, BAHIA.

124

Marcelo Alves Ramos O COMPORTAMENTO DE CITAÇÃO EM TRABALHOS CIENTÍFICOS POPULARES: O QUE ESTÁ OCULTO POR TRÁS DAS CITAÇÕES? UM ESTUDO DE CASO NA ETNOBOTÂNICA

125

Marcelo Alves Ramos

O USO DOMÉSTICO DE LENHA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DA CAATINGA: COMO A SAZONALIDADE AMBIENTAL INTERFERE NOS PADRÕES DE COLETA DESSE RECURSO?

126

Renata Palandri Sigolo Sell

PLANTAS MEDICINAIS E O ENSINO DE HISTÓRIA: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 127

Edinei Santos da Silva ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS ÚTEIS NO ASSENTAMENTO IPORÁ-AM 128

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Juliana Lins Góes de Carvalho

A SÍNDROME DE DOMESTICAÇÃO DO URUCUM NA AMAZÔNIA 129

João Everthon da Silva Ribeiro

ANÁLISE DO VALOR DE USO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

130

João Everthon da Silva Ribeiro

APARÊNCIA ECOLÓGICA E IMPORTÂNCIA DE PLANTAS ÚTEIS: TESTANDO DIFERENTES VALORES DE USO 131

João Paulo Ribeiro O USO DE ESPÉCIES VEGETAIS NATIVAS ÚTEIS PODE SER EXPLICADO POR SUA DISPONIBILIDADE LOCAL EM UMA ÁREA DO SERTÃO DA PARAÍBA?

132

João Paulo Ribeiro ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PLANTAS ÚTEIS EM UMA ÁREA DO SERTÃO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

133

Carlos Antonio Belarmino Alves

FLORA BIOINDICADORA DE FENÔMENOS NATURAIS EM REGIÕES NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

134

Karine Santos COMUNIDADES LOCAIS E A AGROBIODIVERSIDADE NO PLANALTO SUL CATARINENSE 135

Natan Medeiros Guerra ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PLANTAS ÚTEIS EM UMA ÁREA DA DEPRESSÃO SERTANEJA (PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL)

136

Natan Medeiros Guerra ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE REMÍGIO (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL)

137

Ezquiel da Costa Ferreira IMPORTÂNCIA RELATIVA DE PLANTAS MEDICINAIS LENHOSAS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS NO ESTADO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

138

Ezquiel da Costa Ferreira CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PLANTAS MEDICINAIS EM DUAS COMUNIDADES RURAIS NA DEPRESSÃO SERTANEJA, NORDESTE DO BRASIL

139

Kamila Marques Pedrosa

ESTUDO ETNOBOTÂNICO E DISPONIBILIDADE LOCAL DE Sideroxylon obtusifolium (ROEM. & SCHULT.) T.D. PENN. EM TRÊS REGIÕES DA DEPRESSÃO SERTANEJA (NORDESTE DO BRASIL)

140

Kamila Marques Pedrosa

CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE Sideroxylon obtusifolium (ROEM. & SCHULT.) T.D. PENN. EM COMUNIDADES RURAIS DO CURIMATAÚ E CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

141

Gysleynne Gomes da Silva Costa

ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE Schinopsis brasiliensis ENGL. EM CINCO COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL.)

142

Gysleynne Gomes da Silva Costa

CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE Prosopis juliflora (SW.) DC. POR COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO, PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

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Josenildo Santos Machado DIVERSIDADE BIÓLOGICA E CULTURAL DE CACTÁCEAS NO CARIRI ORIENTAL, PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL: DADOS PARCIAIS

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Josenildo Santos Machado IMPORTÂNCIA DAS CACTÁCEAS PARA OS AGRICULTORES EM UMA ÁREA DO CURIMATAÚ PARAIBANO (NORDESTE DO BRASIL)

145

Wellington Miguel Dantas A HIPÓTESE DA APARÊNCIA ECOLÓGICA PODE SER APLICADA EM FLORESTAS TROPICAIS SECAS? 146

Arliston Pereira Leite ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES UTILIZADAS PARA FINS ENERGÉTICOS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS DO NORDESTE DO BRASIL.

147

Arliston Pereira Leite A APARÊNCIA ECOLÓGICA PODE EXPLICAR A UTILIZAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA?

148

Gabriela Schmitz Gomes ETNOCONHECIMENTO NO MANEJO DA AGROBIODIVERSIDADE EM QUINTAIS URBANOS EM IRATI, PARANÁ

149

Amabile Arruda CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PRÁTICAS VETERINÁRIAS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

150

Amabile Arruda ESTUDO COMPARATIVO DO CONHECIMENTO ETNOVETERINÁRIO EM DOIS MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO. PARAÍBA, BRASIL

151

Simone Silva USO E CONHECIMENTO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

152

Zenneyde Alves Soares

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE O USO DE ESPÉCIES VEGETAIS PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL (FORRAGEM) EM DIFERENTES REGIÕES DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

153

Zenneyde Alves Soares ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS DA CAATINGA NO SERTÃO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL) 154

Viviany Teixeira do Nascimento

ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS EM CONSTRUÇÕES RURAIS (CERCAS) NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL.

155

Viviany Teixeira do Nascimento

TIPOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES RURAIS (CERCAS) NO MUNICÍPIO DE CABACEIRAS, PARAÍBA, BRASIL. 156

Samantha Filippon CARACTERIZAÇÃO DO CONHECIMENTO LOCAL SOBRE USO E MANEJO Bromelia Antiacantha (BROMELIACEAE) NO PLANALTO NORTE CATARINENSE.

157

Juliane Marques de Souza O USO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO-CONVENCIONAIS NA COMUNIDADE RIBEIRINHA DE SACAI, CARACARAÍ, RORAIMA

158

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Nathália Alves de Sousa JARDIM BOTÂNICO DE OURO PRETO: UMA ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA HISTÓRICA. 159

Vivian Zambon SABER POPULAR SOBRE PLANTAS: UM LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO EM ÁREAS RURAIS DE PIRACICABA/SP. 160

Nubia da Silva CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

161

Nubia da Silva A APARÊNCIA ECOLÓGICA EXPLICA A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS EM UMA COMUNIDADE RURAL NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA

162

João Paulo Ribeiro AVALIAÇÃO DE PLANTAS UTÉIS POR MEIO DO ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO EM UMA COMUNIADE RURAL NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA.

163

Daniel da Silva Gomes CONHECIMENTO TRADICIONAL E UTILIZAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM CONSTRUÇÕES RURAIS E DOMÉSTICAS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

164

Daniel da Silva Gomes

CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE Myracrodruon urundeuva ALLEMÃO E Anadanthera colubrina (VELL.) BRENAN EM QUATRO MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO PARAÍBANO (NORDESTE DO BRASIL).

165

Ernane Nogueira Nunes EXPLORANDO AS POTENCIALIDADES ALIMENTÍCIAS E FORRAGEIRAS DE CACTÁCEAS EM REGIÕES DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

166

Ernane Nogueira Nunes CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PLANTAS ALIMENTÍCIAS EM TRÊS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL.

167

Elizabethe Quintella de Lima

ESTUDO ETONOBOTÂNICO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS EM TRÊS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

168

Ricardo Batista dos Santos IMPORTÂNCIA RELATIVA X VALOR DE USO DE PLANTAS MEDICINAIS EM DIFERENTES COMUNIDADES RURAIS NO ESTADO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL.

169

Antônio Honório do Nascimento Filho

TIPOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES RURAIS (CERCAS) NO MUNICÍPIO DE REMÍGIO, PARAÍBA, BRASIL. 170

Antônio Honório do Nascimento Filho

INVENTÁRIO DAS ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS EM CONSTRUÇÕES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

171

Camilla Marques de Lucena

ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE Spondia Tuberosa Arruda: ÁRVORE SAGRADA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO 172

Camilla Marques de Lucena

USO DE CACTÁCEAS NATIVAS COMO RECURSO MADEIREIRO EM COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL)

173

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Gyslaynne Gomes da Silva Costa

ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE CACTÁCEAS NO CARIRI OCIDENTAL DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL: DADOS PARCIAIS

174

Michele Fernanda Marques de Brito

CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NO ASSENTAMENTO TAMBABA, CONDE, PARAÍBA, BRASIL 175

Rodrigo Leonardo Costa de Oliveira

QUINTAIS EM ÁREA DE VÁRZEA NA COMUNIDADE SACAÍ, RORAIMA, BRASIL. 176

Hanna Ayres Burnier USO DAS PLANTAS NA COMUNIDADE PESQUEIRA ARTESANAL DA VILA DE ZACARIAS, MARICÁ, RIO DE JANEIRO, BRASIL.

177

Pedro Glecio Costa Lima PLANTAS MEDICINAIS EM MERCADOS PÚBLICOS AMAZÔNICOS 178

Bernardo Tomchinsky ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE UMA HATI PARESI 179

Késsia Virgínia dos Santos Lima

PLANTAS MEDICINAIS DE USO FEMININO NA COMUNIDADE INDÍGENA KANTARURÉ BATIDA, GLÓRIA/BA, BRASIL. 180

Washington Soares

USOS E CRITÉRIOS PERCEBIDOS POR ESPECIALISTAS LOCAIS NA INDICAÇÃO DE PLANTAS PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS: INVESTIGANDO UM SISTEMA MÉDICO LOCAL NO NORDESTE BRASILEIRO.

181

Claudio César Montenegro Júnior

CONHECIMENTO TRADICIONAL DE PLANTAS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CARIRI PARAIBANO, NORDESTE DO BRASIL

182

Nayze de Almeida Marreiros

CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DE PLANTAS LENHOSAS NA MEDICINA TRADICIONAL EM UMA COMUNIDADE RURAL NO ESTADO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

183

Nayze de Almeida Marreiros

PLANTAS MEDICINAIS LENHOSAS CONHECIDAS E UTILIZADAS EM DUAS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

184

Claudine Abreu PROJETO PRÓ FRUTAS NATIVAS - RECURSOS VEGETAIS LOCAIS E A CONSERVAÇÃO DAS ÁREAS NATURAIS DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE, RS, BRASIL

185

Marilia da Silva Santos IMPORTÂNCIA RELATIVA DE PLANTAS MEDICINAIS APLICADAS NA VETERINÁRIA EM QUATRO COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO, NORDESTE - BRASIL

186

Marilia da Silva Santos CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PLANTAS TÓXICAS PARA ANIMAIS E HUMANOS EM COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO, NORDESTE, BRASIL.

187

Henrique Hermenegildo CONSENSO CULTURAL SOBRE CONHECIMENTO E USO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CARRASCO, ARAPIRACA-AL.

188

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Gleicy Deise Santos Lima INVENTÁRIO IN SITU DO USO DE RECURSOS VEGETAIS MADEIREIROS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

189

Gleicy Deise Santos Lima INVENTÁRIO IN SITU DO USO DE RECURSOS VEGETAIS NÃO MADEIREIROS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

190

Leonardo Kumagai A. Sampaio

ETNOBOTÂNICA DA CHACRONA (Psychotria viridis Ruiz & Pavon Rubiaceae) UTILIZADA PELA COMUNIDADE DA UNIÃO DO VEGETAL, CACOAL/RO - RESULTADOS PRELIMINARES.

191

Maurício Lamano Ferreira USO DE PLANTAS EM QUINTAIS DOMÉSTICOS EM CIDADES DE TRÊS REGIÕES BRASILEIRAS 192

Ana Paula do Nascimento Lamano Ferreira

PERCEPÇÃO DE QUINTAL E SUA RELAÇÃO COM O CULTIVO DE PLANTAS NA REGIÃO NORTE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

193

Josaline Costa

IMPORTÂNCIA RELATIVA DAS PLANTAS MEDICINAIS COMERCIALIZADAS NAS FEIRAS DOS MUNICÍPIOS DE PAULO AFONSO-BA, DELMIRO GOUVEIA-AL E PETROLÂNDIA-PE

194

Josaline Costa CONCORDÂNCIA DE USO E IMPORTÂNCIA DAS ESPÉCIES UTILIZADAS COMO MEDICINAIS PELA COMUNIDADE DO POVOADO JUÁ, PAULO AFONSO - BA

195

Merieli Araújo do Carmo Silva

OFERTA E USO DE RECURSOS FLORESTAIS NA RESERVA LEGAL DO ASSENTAMENTO RENDEIRAS EM GIRAU DO PONCIANO-AL

196

Joyce Alves Rocha ETNOBOTÂNICA: ENTRAVES E POSSIBILIDADES 197

Wilton da Silva Santos Santos

LEVANTAMENTO ETNOBOTANICO DE PLANTAS ESPONTÂNEAS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO SOLO

198

Simone Silva UTILIZAÇÃO DE PLANTAS EM CRENÇAS POPULARES NO NORDESTE DO BRASIL 199

Diego Batista de Oliveira Abreu

CONHECIMENTO E USO DE Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. POR MORADORES DE SETE COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

200

Raphael Cavalcante Paulo

ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS NA FABRICAÇÃO DE ARTEFATOS TECNOLÓGICOS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAÍBANO (NORDESTE DO BRASIL).

201

Julia Vieira da Cunha Avila

A PERCEPÇÃO DOS BENZEDORES DE IMBITUBA E GAROPABA-SC (BRASIL) SOBRE A OBTENÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS.

202

Andréa Gabriela Mattos

RELAÇÃO ENTRE AGRICULTORES FAMILIARES EXTRATIVISTAS DE ERVA-MATE (Ilex paraguarienis A. St.-Hil) E A FLORESTA DE ARAUCARIA NA REGIÃO DO PLANALTO NORTE CATARINENSE

203

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Luciana Nascimento A SELEÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS POR POPULAÇÕES LOCAIS BRASILEIRAS SOFRE INFLUÊNCIA TAXONÔMICA? UMA ANÁLISE

204

Luciana Nascimento

USO DOMÉSTICO DE LENHA NA COMUNIDADE RURAL DE NOVO HORIZONTE, MUNICÍPIO DE JARDIM (CE): PREFERÊNCIAS LOCAIS E COLETA DE PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS NA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE (FLONA)

205

Cirlane Alves

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DO EXTRATO ETANÓLICO DE Solanum stipulaceum ROEM & SCHULT, INDICADA COMO ANTIULCEROGÊNICA GÁSTRICA EM UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO NO POVOADO VILA CAPIM, ARAPIRACA-AL.

206

Nilo Leal Sander

CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL DOS QUILOMBOLAS DE VILA BELA DE SANTÍSSIMA TRINDADE - MT SOBRE ÁRVORES FRUTÍFERAS DAS ÁREAS INUNDÁVEIS DO RIO GUAPORÉ.

207

Carla Korndörfer O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NOS QUINTAIS DO BAIRRO FLOR DO CAMPO, CAMPO MAIOR, PIAUÍ, BRASIL. 208

Diana Carolina Martinez Sanchez

A ETNOBOTÂNICA E AS MATAS DE GALERIA NA COMUNIDADE RAIZAMA, CUIABÁ-MT 209

José Rodrigues de Almeida Neto

CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NO BAIRRO FLORES EM CAMPO MAIOR, PIAUÍ, NORDESTE, BRASIL.

210

José Rodrigues de Almeida Neto

ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS MEDICINAIS EM QUINTAIS NORDESTINOS: O CASO DO BAIRRO SANTA RITA EM CAMPO MAIOR, PIAUÍ, BRASIL.

211

Thamires Kelly Nunes Carvalho

O USO DE RECURSOS VEGETAIS DE FLORESTAS SECAS PODE SER EXPLICADO POR SUA DISPONIBILIDADE LOCAL? 212

Thamires Kelly Nunes Carvalho

AVALIANDO A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS NATIVAS DO SEMIÁRIDO POR MEIO DO ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO (PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL)

213

Reginaldo de Oliveira Nunes

RECURSOS VEGETAIS UTILIZADOS PELOS POVOS INDÍGENAS DE RONDÔNIA E NOROESTE DE MATO GROSSO 214

Mariana Giraldi LISTA LIVRE, RECORDATÓRIO 24 HORAS E ANÁLISE DE DESPENSA - REGISTRANDO A RIQUEZA DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS QUE PERMEIAM A DIETA CAIÇARA

215

Mel Simionato Marques ETNOBOTÂNICA E A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS: UM POSSÍVEL DIÁLOGO

216

Marcelo Rodrigues de Souza Júnior

TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL)

217

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Marcelo Rodrigues de Souza Júnior

AS DIFERENÇAS DE GÊNERO QUANTO AO CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL EM UMA POPULAÇÃO DO SEMI-ÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

218

Aline Camila Silva de Oliveira

IMPORTÂNCIA CULTURAL DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NA COMUNIDADE CANGANDU, MUNICÍPIO DE ARAPIRACA-AL, NORDESTE DO BRASIL.

219

Gyslaynne Gomes da Silva Costa

DINÂMICA DO CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE CACTÁCEAS EM REGIÕES DO SEMIÁRIDO NORDESTINO 220

Wellington Miguel Dantas USO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO, NORDESTE, BRASIL 221

Nathália Alves De Sousa CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES ARBÓREAS POR AGRICULTORES DA APA COSTA DE ITACARÉ-SERRA GRANDE, BAHIA, BRASIL.

222

André Santos Souza CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE ESPÉCIES VEGETAIS PARA FORNECIMENTO DE ENERGIA EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO PARAIBANO

223

Leidanne Silva IMPORTÂNCIA CULTURAL DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NA COMUNIDADE CANGANDU, MUNICÍPIO DE ARAPIRACA-AL, NORDESTE DO BRASIL.

224

Madson Trindade USO DA DIVERSIDADE DE PLANTAS VASCULARES POR COMUNIDADES RURAIS EM ÁREAS DE CAATINGA NO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

225

Madson Trindade A CAATINGA QUE ALIMENTA: O USO DA FLORA NATIVA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA E ANIMAL POR COMUNIDADES RURAIS NO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

226

Thamires Kelly Nunes Carvalho

ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PLANTAS UTILIZADAS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

227

Diego Dael Olio Cesarino PRODUÇÃO DE SEMENTES E ASPECTOS DA GERMINAÇÃO DE Renealmia petasites GAGNEP 228

Jose Ribamar S. Junior VARIAÇÃO DO TAMANHO DE SEMENTES E FRUTOS DE Caryocar coriaceum WITTM DA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE DO ARARIPE

229

Jose Ribamar S. Junior DIVERSIDADE MORFOLÓGICA DE Caryocar coriaceum WITTM. NA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE EM DIFERENTES UNIDADES DE PAISAGEM

230

Sebastião Gabriel Chaves Maia

O CONHECIMENTO SOBRE AS PLANTAS MEDICINAIS ENTRE OS ESTUDANTES DAS FACULDADES MAGSUL, PONTA PORÃ - MS

231

Priscilla Clementino Coutinho

ESTUDO ETNOBOTÂNICO COM MULHERES: DA ORALIDADE AO CONHECIMENTO. UMA COMPRAÇÃO EM CINCO COMUNIDADES DO SEMIÁRIDO PARAIBANO (NORDESTE/BRASIL.

232

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Diego Batista de Oliveira Abreu

COMPARAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO LOCAL SOBRE PLANTAS LENHOSAS EM QUATRO COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

233

Ricardo Batista dos Santos ANÁLISE DO CONSENSO DE INFORMANTES SOBRE CACTÁCEAS EM TRÊS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

234

Elizabethe Quintella de Lima

ESTUDO ETNOBOTÂNICO SOBRE CONHECIMENTO DE ESPECIALISTAS LOCAIS NA DEPRESSÃO SERTANEJA NO NORDESTE DO BRASIL

235

Cecilia De Fátima Castelo Branco Rangel de Almeida

PLANTAS DE USO ETNOVETERINÁRIO NO SEMI-ÁRIDO BAHIANO 236

Mara Rejane Ritter UMA REVISÃO DAS PUBLICAÇÕES ETNOBOTÂNICAS NO BRASIL 237

Adriana Samper CULTIVO E COMERCIALIZAÇÃO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS (PANC) EM PORTO ALEGRE, RIO GRANDE SUL

238

Carla Fernanda Mussio O CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO E A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS BIODIVERSOS NA REGIÃO DO ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE IRATI - PR

239

Oscar Adolfo Perdomo Baez

ETNOBOTÂNICA DE PALMEIRAS (ARECACEAE) EM FLORESTA TROPICAL MONTANA NUBLADA, CAQUETÁ - COLÔMBIA.

240

Julia Vieira da Cunha Avila

CONHECIMENTOS, USOS E APRENDIZADOS VINCULADOS À ARTE DE BENZER: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS BENZEDORES DA CHAPADA DO ARARIPE (CE) E DO LITORAL CATARINENSE (SC).

241

Mariane Nardi Santos EXTRAÇÃO ARTESANAL DO ÓLEO DE ANDIROBA DE FLORESTA DE VÁRZEA EM AMBIENTE PERI- URBANO, APA DA FAZENDINHA, AMAPÁ

242

9. AGROECOLOGIA................................................................................243

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Clovis José Fernandes de Oliveira Júnior

PROJETO FLORES DE MEL: PRODUÇÃO AGROECOLOGIA DE PLANTAS ORNAMENTAIS 244

Letícia Costa

VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE SOLO, A PARTIR DE PARÂMETROS FÍSICOS QUÍMICOS, E MICROBIOLÓGICOS EM RELAÇÃO AOS SISTEMAS DE AGRICULTURA CONVENCIONAL, ORGÂNICA E DE UM SISTEMA NATURAL.

245

Naiana Lunelli SERVIÇOS AMBIENTAIS E INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS DE BASE AGROECOLÓGICA

246

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Pedro Mouzinho DIVERSIDADE DE ESPÉCIES CULTIVADAS POR AGRICULTORES NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA. NORDESTE DO BRASIL

247

Pedro Mouzinho TÉCNICAS TRADICIONAIS UTILIZADAS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

248

João Fert Neto

CONHECIMENTO TRADICIONAL CAMPONÊS E PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS COMO FORMA DE RESISTÊNCIA DA RURALIDADE E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NUMA REGIÃO DE REFLORESTAMENTOS COM PINUS

249

Eliane Dalmora AÇÕES INTEGRADAS DE PESQUISA E EXTENSÃO PARTICIPATIVA NA PROMOÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE EM ASSENTAMENTOS DO TERRITÓRIO SUL SERGIPANO.

250

Vivian do Carmo Loch

ETNOBOTÂNICA E DIVERSIDADE GENÉTICA DO BACURI (Platonia insignis) NA RESEX CHAPADA LIMPA/MA: IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO POR POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO.

251

Antonia Ivanilce Castro da Silva

SEGURANÇA ALIMENTAR NA AGRICULTURA FAMILIAR NO ALTO SOLIMÕES, AM 252

Antonia Ivanilce Castro da Silva

O PAPEL DA COMERCIALIZAÇÃO PARA OS AGRICULTORES FAMILIARES TICUNA E COCAMA, MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT, AM

253

Ayrton Luiz Urizzi Martins

O COMPONENTE SÍTIO E SUA IMPORTÂNCIA NA REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DE UNIDADES DE AGRICULTURA FAMILIAR

254

Elis Fernanda Corrado MOVIMENTO DE RETOMADA KAIOWÁ 255

Ezequiel Antonio de Moura

A CONSTRUÇÃO DE UMA MANDALA DE PLANTAS MEDICINAIS A PARTIR DE UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO NO ASSENTAMENTO ESTRELA, ORTIGUEIRA - PR

256

Ezequiel Antonio de Moura

CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO PARA CONSERVAÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE EM COMUNIDADES CAMPONESAS NO MUNICIPIO DE ORTIGUEIRA - PR

257

Rumi Regina Kubo FORTALECIMENTO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO VALE DO RIO DOS SINOS: IMPLANTAÇÃO PARTICIPATIVA EM ARARICÁ E SAPIRANGA, RIO GRANDE DO SUL

258

Rumi Regina Kubo SISTEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS AGROFLORESTAIS: UMA REFLEXÃO METODOLÓGICA 259

Lúcia Helena Pinheiro Martins

VARIEDADES LOCAIS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS CULTIVADAS NA AGRICULTURA FAMILIAR NA CALHA DO RIO SOLIMÕES-AMAZONAS

260

Luciano Figueiredo OBSERVATÓRIO SOCIOAMBIENTAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: CONSTRUÇÃO DE REDE ENTRE O RIO GRANDE DO SUL E PIAUÍ

261

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Alana Casagrande CHÁCARAS QUILOMBOLAS DO LIMOEIRO NO LITORAL MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL: RESISTÊNCIA E AGROBIODIVERSIDADE

262

Horasa Maria Lima da Silva Andrade

A ATUAÇÃO DO NÚCLEO DE AGROECOLOGIA E AGRICULTURA FAMILIAR E CAMPONESA NA FORMAÇÃO DOS GRADUANDOS DA UFRPE/UAG

263

Luciano Pires de Andrade RELAÇÃO DE AGRICULTORES FAMILIARES COM A AVIFAUNA EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS N0 MUNICÍPIO DE ANGELIM, PERNAMBUCO.

264

Luciano Pires de Andrade INTERAÇÃO ALUNO/AGRICULTOR FAMILIAR NO RESGATE DE PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS 265

Helionora da Silva Alves

CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS DE ETNOVARIEDADES CULTIVADAS EM ROÇAS DE AGRICULTORES CAMPONESES DO BAIRRO DA SERRA, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE IPORANGA/SP

266

10. ETNOECOLOGIA................................................................................267

AUTOR INSCRITO TÍTULO PÁGINA

Thiago Gomes

RESTAURAÇÃO ETNOECOLÓGICA COMO ESTRATÉGIA PARA ASSEGURAR INTEGRIDADE ECOLÓGICA E CULTURAL EM ÁREAS DEGRADADAS: ESTUDOS DE CASO NA COSTA OESTE DO CANADÁ E NA REGIÃO SUL DO BRASIL.

268

Reginaldo de Oliveira Nunes

CONHECIMENTO DOS PESCADORES DA COMUNIDADE BOM SUCESSO (VÁRZEA GRANDE - MT) SOBRE A ICTIOFAUNA DA REGIÃO

269

Helionora da Silva Alves DESCRIÇÃO E MANEJO DE UNIDADES PRODUTIVAS CAMPONESAS DO BAIRRO DA SERRA- IPORANGA/SP. 270

Ketlen dos Santos Sampaio

QUER FAZER, FAÇA, MAS QUE VAI ACABAR COM A GENTE VAI": UMA ABORDAGEM ETNOECOLÓGICA DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS."

271

Laura Helena de Oliveira Côrtes

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL DOS CATADORES DE CARANGUEJO-UÇÁ (Ucides cordatus) E IMPLICAÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NO NORTE DO RIO DE JANEIRO

272

Alexandre Schiavetti

TABUS ALIMENTARES, CRENÇAS E USOS MEDICINAIS DE TARTARUGAS MARINHAS (Reptilia: Testudines) POR PESCADORES ARTESANAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NA CONSERVAÇÃO EM ILHÉUS, SUL DA BAHIA, BRASIL

273

Camilah Zappes INTERAÇÕES ENTRE A PESCA ARTESANAL E O GOLFINHO NARIZ-DE-GARRAFA Tursiops truncatus NO ATLÂNTICO SUL 274

Renata Montalvão Gama

ETNOECOLOGIA COMPORTAMENTAL DA TONINHA, Pontoporia blainvillei (GERVAIS & D´ORBIGNY, 1844), ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DA ILHA DAS PEÇAS, PARANÁ

275

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Camila Ventura da Silva

USO DE PRANCHAS ILUSTRATIVAS EM ESTUDO ETNOBIOLÓGICO RELACIONADO À BALEIA FRANCA (Eubalaena australis), APA DA BALEIA FRANCA, SANTA CATARINA

276

Carlos Alberto Batista Santos

USO DOS RECURSOS NATURAIS NA PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE SERTANEJA POVOADO JUÁ - PAULO AFONSO/BA

277

Rafael Silva ASPECTOS ECONÔMICOS NA COMERCIALIZAÇÃO DO PIQUI (Caryocar coriaceum Wittm.) NA REGIÃO DA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE-APODI, NORDESTE DO BRASIL

278

Rafael Silva

RELAÇÕES SOCIOECONOMICAS NA COMERCIALIZAÇÃO DA FAVA-D'ANTA (Dimorphandra gardneriana Tul.) NA REGIÃO DA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE-APODI, NORDESTE DO BRASIL

279

Sandra do Nascimento Noda

ORGANIZAÇÃO E MANEJO DOS TERREIROS NA AGRICULTURA TICUNA, AM 280

Márcio Luiz Vargas Barbosa Filho

ASPECTOS BIOFÍLICOS DA INTERAÇÃO ENTRE OS TUBARÕES E PESCADORES ARTESANAIS DO SUL DE BAHIA, BRASIL

281

Márcio Luiz Vargas Barbosa Filho

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL E INTERAÇÃO DOS PESCADORES ARTESANAIS DA CIDADE DE CANAVIEIRAS, BAHIA, BRASIL COM TUBARÕES-BALEIA Rhincodon typus Smith, 1828

282

Letícia Costa LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS EM DUAS PROPRIEDADES DE AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU (PR)

283

Roberta Monique Amâncio de Carvalho

O CONHECIMENTO ETNOECOLÓGICO DOS MELIPONICULTORES DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE IPIRANGA E GURUGI, ESTADO DA PARAÍBA

284

Mariana Martins da Costa Quinteiro

ETNOBOTÂNICA APLICADA À DEFINIÇÃO DE FORMAS TRADICIONAIS DE USO, MANEJO E PERCEPÇÃO DOS RECURSOS VEGETAIS EM VISCONDE DE MAUÁ (RJ/MG): AÇÕES CONJUNTAS PARA ETNOCONSERVAÇÃO FLORESTAL DA MATA ATLÂNTICA

285

Daiany Erler ANÁLISE ETNOECOLÓGICA DA PESCA NA RESERVA EXTRATIVISTA DE CANAVIEIRAS/BA 286

José Aécio Alves Barbosa A CAÇA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO: UMA ABORDAGEM ETNOECOLÓGICA E ETNOHISTÓRICA 287

José Aécio Alves Barbosa APROPRIAÇÃO DA HERPETOFAUNA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO: UMA QUESTÃO SOCIAL-UTILITÁRIA OU CULTURAL-REPULSIVA?

288

Daniela Trigueirinho Alarcon

USO DE RECURSOS PELOS PESCADORES DA RESERVA EXTRATIVISTA DE CANAVIEIRAS, BAHIA 289

Hani Rocha El Bizri

CONHECIMENTO ECOLÓGICO POPULAR SOBRE UMA ESPÉCIE DE MINHOCUÇU (Rhinodrilus alatus, Oligochaeta, Glossoscolecidae), USADA TRADICIONALMENTE NO BRASIL COMO ISCA PARA A PESCA AMADORA

290

Ana Paula Silveira ETNOCONHECIMENTO NO ENSINO DE BIOLOGIA: A EXPERIÊNCIA COM A TURMA DE EJA DE RATONES, FLORIANÓPOLIS (SC).

291

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Renata Iwamoto O JEITO DE SER MBYA GUARANI, UMA FERRAMENTA PARA A ETNOCONSERVAÇÃO 292

Denise Wolf AÇÕES DE RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E ETNODESENVOLVIMENTO EM ALDEIAS (TEKOÁ) GUARANI DO RIO GRANDE DO SUL-RS

293

Cássia Silene Cervi Anéas

PANORAMA BRASILEIRO DAS PESQUISAS SOBRE ETNOBIOLOGIA E COMUNIDADES INDÍGENAS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E DA IDENTIDADE CULTURAL

294

Washington Soares REPRESENTAÇÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOBRE ELEMENTOS DA FLORESTA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DE IGARASSU, PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL.

295

Eliane Dalmora METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS EM AÇÕES DE CONSERVAÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE 296

Arlene Oliveira Souza INTERAÇÕES ENTRE Acacia mangium E COMUNIDADE INDÍGENA NO LAVRADO DE RORAIMA 297

Dirceu Dácio ORGANIZAÇÃO SOCIAL E RELAÇÕES DE TRABALHO: ETNOCONSERVAÇÃO DO AMBIENTE NA LOCALIDADE DOS LAGOS DO PARU E CALADO, MANACAPURU/AM

298

Barbara Andrade ANALISE DE SUSTENTABILIDADE DA COMUNIDADE DOS REMANESCENTES DO QUILOMBO DE BOMBAS 299

Juliana Saldanha CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL NO ENTORNO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE CARIJÓS, FLORIANÓPOLIS - SC 300

Bianca Campedelli Moreira Rocco

AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA E DA PERCEPÇÃO DE PRODUTORES RURAIS SOBRE O PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE MATAS CILIARES EM JAÚ E SALTINHO - SP

301

Marco Túlio da Silva Ferreira

SABERES AMBIENTAIS EM UM POEMA DO SÉCULO XIX: POR UMA ETNOBIOLOGIA HISTÓRICO-LITERÁRIA 302

Rubana Palhares Alves

A DESINFORMAÇÃO SOBRE A CONSERVAÇÃO: A RELAÇÃO DE MORADORES DO ENTORNO DA RESERVA EXTRATIVISTA DE PIRAJUBAÉ COM O SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO E GESTÃO

303

Carolina Freitas ETNOECOLOGIA E USO LOCAL DE MATUPÁS NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AMANÃ, AMAZÔNIA CENTRAL

304

Cristiane Façanha CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL SOBRE LUGARES DO PANTANAL E SUA RELAÇÃO COM O BEM-ESTAR HUMANO

305

João Fert Neto IDENTIDADE SOCIAL E A RELAÇAO HOMEM-FLORESTA ENTRE OS COLETORES DE PINHÃO NA SERRA CATARINENSE

306

Moisés da Luz

CARIJOS E BARBAQUÁS NO RIO GRANDE DO SUL: A CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E A CONTINUIDADE DA AGRICULTURA CAMPONESA, NO ÂMBITO DA FABRICAÇÃO ARTESANAL DE ERVA-MATE

307

Takumã Machado INTERFACE DO CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL COM A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA. 308

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Ricardo Filipe Riffel

DINÂMICA POPULACIONAL DE Butia catarinensis NOBLICK & LORENZI E A INFLUÊNCIA DO MANEJO NA ESTRUTURA POPULACIONAL NO LITORAL CENTRO-SUL DE SANTA CATARINA

309

Emmanuel Duarte Almada EM BUSCA DA TERRA SEM MALES: AS ROMARIAS DAS ÁGUAS E DA TERRA E A ECOLOGIA DO CATOLICISMO POPULAR

310

Liane Galvão de Lima ESTUDOS ETNOICTIOLÓGICOS DE PEIXES AMAZÔNICOS NA AMAZÔNIA CENTRAL. 311

Renata Eiko Minematsu USO DE APETRECHOS DE PESCA A PARTIR DO CALENDÁRIO ASTRONÔMICO-ECOLÓGICO INDÍGENA NO MÉDIO RIO TIQUIÉ, TI ALTO RIO NEGRO.

312

Marina Ferreira Campos Pinto

A CRIAÇÃO DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS AREAIS DA RIBANCEIRA COMO ESTRATÉGIA PARA CONSERVAÇÃO IN SITU DE ETNOVARIEDADES DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz.)

313

Mário Sérgio Muniz Tagliari

ETNOECOLOGIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze COMO SUBSÍDIOS PARA PROPOSTAS DE MANEJO SUSTENTÁVEL NA REGIÃO DE URUBICI - SC, BRASIL.

314

Alcieila Farias DINÂMICA ESPAÇO-TEMPORAL DAS UNIDADES DE PAISAGEM MANEJADAS PELOS INDÍGENAS DO RIO MAPUERA (ORIXIMINÁ-PA)

315

Carlos Antonio Belarmino Alves

A CHUVA CHEGOU!!!": AVISO METEOROLÓGICO DAS AVES NA PERCEPÇÃO DE POPULAÇOES TRADICIONAIS NO NORDESTE DO BRASIL"

316

Verônica Belchior COMUNIDADES DE SERINGUEIROS DAS RESERVAS EXTRATIVISTAS DO RIO CAUTÁRIO, RO: POTENCIAIS CONFLITOS NA INTERAÇÃO COM A FAUNA

317

Gabriela de Oliveira Gomes

O CONHECIMENTO LOCAL SOBRE MUDANÇAS NOS ESTOQUES PESQUEIROS NOS LIMITES DA APA DA BALEIA FRANCA, NO LITORAL SUL DE SANTA CATARINA.

318

Thaís Queiroz Morcatty TÉCNICAS E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS DE EXTRAÇÃO DE ANELÍDEOS PARA USO COMO ISCA NA PESCA

319

Luciano Figueiredo AGROFLORESTAS NAS REGIÕES FITOECOLÓGICAS DO RIO GRANDE DO SUL: CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL E PRODUTOS DA SOCIOBIODIVERSIDADE

320

Aldilene Lobato dos Santos

ETNOCONHECIMENTO DOS PESCADORES ARTESANAIS SOBRE REGIME ALIMENTAR DOS PACU-CURUPETÉ Tometes trilobatus NO MÉDIO RIO ARAGUARI, AP.

321

Maria do Socorro Santos dos Reis

ETNOECOLOGIA DA PESCA E USO DOS RECURSOS PESQUEIROS NA PORÇÃO SUDOESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA

322

Maria do Socorro Santos dos Reis

INTERAÇÕES ENTRE BOTOS, Sotalia guianensis E PESCADORES NA PORÇÃO SUDOESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BAHIA, BRASIL)

323

Jaime Ribeiro Carvalho Júnior

O USO DOS PEIXES NA TERRA INDÍGENA TRINCHEIRA BACAJÁ (TITB) - POVO XIKRIN, PARÁ 324

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Alana Casagrande

DINÂMICAS AMBIENTAIS E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS INTERGERACIONAIS NAS COMUNIDADES DA LAGOA DO BACUPARI E DE REMANESCENTES DE QUILOMBO DA CASCA NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

325

Artema Santana Almeida Lima

CATEGORIAS DE PAISAGENS MANOKI: DESCRIÇÃO, USOS E CORRELAÇÃO COM A NOMENCLATURA DOS NÃO ÍNDIOS 326

Artema Santana Almeida Lima

CALENDÁRIO ECOLÓGICO ECONÔMICO DO POVO MANOKI (CEE-MANOKI): UM OLHAR NA PERSPECTIVA SÓCIO-ECONÔMICA

327

Tathiane Muriel Medeiros

SEGURANÇA ALIMENTAR: UM ESTUDO DE CASO COMPARATIVO NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO CONVENCIONAIS E SAF DE BANANA NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

328

Horasa Maria Lima da Silva Andrade

LEVANTAMENTO DAS PRATICAS DOS AGRICULTORES FAMILIARES DO MUNICÍPIO DE JUPI - PE, NO CULTIVO DA MANDIOCA, MILHO E FEIJÃO

329

Anna Jacinta Machado Mello

ETNOECOLOGIA E MANEJO LOCAL DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NAS PAISAGENS ANTRÓPICAS DA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

330

Macelly Correia Medeiros CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL DOS PESCADORES DO MUNICIPIO DE CABEDELO-PARAÍBA, SOBRE A ICTIOFAUNA MARINHA E ESTUARINA

331

Alexandre Schiavetti

ATITUDES DE CONSERVAÇÃO E CONHECIMENTO DE PESCADORES ARTESANAIS SOBRE TARTARUGAS MARINHAS (REPTILIA: TESTUDINES) NO SUL DA BAHIA, BRASIL

332

Ana Paula Glinfskoi Thé

CADÊ NOSSO TERRITÓRIO? PESQUISAS ETNOECOLÓGICAS EM CONTRIBUIÇÃO A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NO SERTÃO MINEIRO

333

Renata Iwamoto ETNOBIOLOGIA MBYA GUARANI, UM EXEMPLO DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 334

Paula Chamy O DIREITO ENCONTRADO NA PRAIA DE ITAIPU, NITERÓI/RJ 335

Denise Wolf UMA POSSÍVEL ALIANÇA ENTRE A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E O NHANDEREKÓ (MODO DE SER E VIVER GUARANI)

336

Daniele Mariz CLASSIFICAÇÃO TERMINOLÓGICA E DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES ESPACIAIS DE PESCA MARINHA PELOS PESCADORES ARTESANAIS DE RECIFE, PERNAMBUCO.

337

Emmanuel Duarte Almada ETNOECOLOGIA CABOCLA: CRUZANDO SABERES NA LUTA POR DIREITOS TERRITORIAIS E IDENTITÁRIOS 338

Dannieli Herbst

MUDANÇAS HISTÓRICAS NA PESCA DA TAINHA (MUGIL LIZA VALENCIENNES, 1836) E MUDANÇAS NOS REFERENCIAIS DOS PESCADORES DO LITORAL DE SANTA CATARINA

339

Gabriela Coelho-de-Souza FORTALECIMENTO DAS AGROFLORESTAS GUARANI MBYA NA REGIÃO DE PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL 340

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CARTA DE FLORIANÓPOLIS Redigida após o I Encontro com populações tradicionais do IX Simposio de Etnobiologia e Etnoecologia

Nós, representantes de comunidades tradicionais, organizações da sociedade civil, técnicos, estudantes e pesquisadores e professores, reunidos nos dias 27 a 28 de novembro de 2012, no “Encontro de Comunidades Tradicionais da Região Sul: construindo uma rede para o fortalecimento da identidade cultural, a conservação e o uso da biodiversidade” do IX Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, no Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis buscamos aprofundar a questão da relação das comunidades tradicionais com a universidade, visando fortalecer o movimento coletivo. O evento contou com a participação de cerca de 40 representantes de comunidades tradicionais.

Considerando que esta reunião, congregando um número expressivo de grupos representando as comunidades, considerando como comunidades tradicionais inclusive as comunidades quilombolas e indígenas, e reconhecendo que este encontro representa para a Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Ecologia (SBEE) o resultado de um processo de amadurecimento e aprimoramento de um de seus objetivos fundamentais, ou seja, o apoio e a valorização das comunidades tradicionais, seus saberes e práticas.

Considerando que cada um dos grupos que compõem o repertório das comunidades tradicionais no Brasil tem suas dinâmicas de luta próprias, com reivindicações específicas, destacamos que a prioridade fundamental e comum esta na demarcação dos territórios desses grupos. Considerando que a ciência ainda é o pilar fundamental pela qual a sociedade se guia para estabelecer suas diretrizes, regras e formas de ordenamento da sociedade, reivindicamos o reconhecimento e a operacionalização de um espaço concreto para as outras ciências que existem na sociedade - que correspondem as de cada um dos grupos, presentes neste evento - e que constituem e enriquecem o conhecimento da sociedade como um todo.

Reconhecemos que a Universidade tem se configurado como um espaço de apoio para as reivindicações das comunidades tradicionais, a partir da atuação de alguns pesquisadores, professores e estudantes, na forma de projetos de pesquisa, de extensão ou relatório técnico. Mas de forma a aprimorar esta relação, destacamos alguns itens fundamentais a serem considerados e incorporados no âmbito das universidades públicas. - O respeito à cultura e à vontade dos grupos, enfatizando o direito de ter as questões das comunidades contempladas nos projetos de pesquisa e extensão e não o contrário, ou seja, as comunidades pautando os temas de pesquisa e nesse sentido, ressalta-se inclusive o direito das comunidades recusarem determinadas propostas de pesquisa; - A priorização e aprimoramento da dimensão participativa e dialógica das pesquisas, ou seja, além da participação ativa dos membros de comunidades tradicionais também como pesquisador, reconhecido como produtor de conhecimento; - Ressalta-se a importância da Universidade na produção de conhecimento, no retorno dos resultados das pesquisas para as próprias comunidades, nas respostas a alguma demanda ou pergunta da comunidade, inclusive na captação de recursos a partir da parceria na proposição de projetos para as diferentes instituições de fomento;

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! - a necessidade de editais específicos das instituições de fomento para o atendimento das demandas das comunidades; - A necessidade do reconhecimento institucional por parte da Universidade de sua função de apoio às comunidades tradicionais, de forma a não depender apenas da boa vontade e iniciativa de um pesquisador ou grupo de pesquisa, seja oferecendo qualificação profissional para pesquisadores atuarem junto às comunidades tradicionais, seja incorporando em suas instâncias organizacionais um espaço para a presença de representantes de tradicionais; - A importância da dimensão multidisciplinar dos grupos que trabalham com as comunidades, no sentido de que as demandas são complexas e a resolução dessas, depende dos conhecimentos de diferentes disciplinas científicas, que devem trabalhar juntas para a resolução do problema; - A importância da geração de conhecimento por parte da universidade, coletando, sistematizando e analisando os dados, mas ressalta-se a importância do retorno, não somente na forma de devolução dos dados, mas considerando a linguagem ou formato adequado para que estes dados tenham uma função adequada para ser utilizado e apropriado pelas comunidades.

Finalmente, como uma forma de encaminhar estas questões reivindicamos o fortalecimento e operacionalização de um espaço para uma rede de comunidades tradicionais na SBEE que acolha as reivindicações e possibilite o encaminhamento destas para os pesquisadores e para as Universidades e que propicie a continuidade da articulação de todas as comunidades tradicionais, aqui iniciada. Florianópolis, novembro de 2012.

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PALESTRAS E

MESAS REDONDAS

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SINERGIA ENTRE A ESCOLA DE COMMONS E DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL PARA A GOVERNANÇA DE ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS

Rodrigo Rodrigues de Freitas e Cristiana Simão Seixas

As Escolas dos recursos de propriedade comum (commons) e do Desenvolvimento Territorial

Sustentável (DTS) convergem na sua abordagem sobre ação coletiva e na oposição a intervenções

desenvolvimentistas que não reconhecem a diversidade institucional e organizacional do contexto em

que atuam. Por possuírem jargões e recursos metodológicos próprios, a integração entre as abordagens

destas Escolas constitui um desafio. A análise da trajetória de desenvolvimento (DTS) enfoca a adoção

de inovações técnicas enquanto a mudança institucional (commons) trata do jogo entre as

organizações. Abordagens integradas permitem delinear políticas públicas que contemplem a

especificidade da situação da ação analisada na sua interação com as demais atividades praticadas

pelos atores sociais que compartilham o território. A análise institucional do território compreende as

dimensões formais e informais do sistema de regras, levando o território a ser, ao mesmo tempo, uma

criação coletiva e um recurso institucional. A abordagem do “jogo de atores” (DTS) é tratado na teoria

da mudança institucional como o processo de barganha realizado pelas organizações com o intuito de

alterar o status quo de determinada instituição. Os princípios para o design de instituições robustas

(commons) é um parâmetro para analisar o desempenho do jogo de atores no nível local. Visando

integrar o enfoque dos commons e do DTS estão investigadas as mudanças institucionais e as

implicações das políticas de conservação da biodiversidade e de desenvolvimento na pesca artesanal

em uma Área Marinha Protegida (AMP) na Baía da Ilha Grande (BIG), Estado do Rio de Janeiro. Em

cada período da trajetória de desenvolvimento da BIG são apresentadas as respostas da mudança

institucional ocorrida na pesca artesanal costeira de duas comunidades afetadas pela AMP. Com base

no design principles, no jogo de atores e na revisão de literatura sobre AMP está sendo realizada uma

discussão do atual momento de mudança institucional da AMP.

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ETNOBIOLOGIA MÉDICA: IMAGINÁRIO E RAZÃO PRÁTICA

José Geraldo Marques

A utilização direta de plantas e animais para efeitos terapêuticos, diagnósticos e profiláticos

vem sendo documentada intensiva e extensivamente nas mais diversas culturas tradicionais. Trata-se

de fenômeno muito antigo: o uso terapêutico desses elementos parece mesmo ter acompanhado a

humanidade desde o seu alvorecer. Uma questão, porém, ainda remanesce e frequentemente ressurge

na literatura pertinente: haveria alguma razão prática nessa atividade ou tudo não passaria de eficácia

simbólica? Apresentamos exemplos em que a comprovação científica incontestavelmente aponta para

a eficácia bioquímica de práticas de povos e populações tradicionais. A eficácia simbólica também não

pode ser descartada e talvez atue sinergisticamente em alguns casos.

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“ANTHROPOLOGICAL BLUES”: O PRAZER E O PADECER NO TRABALHO DE CAMPO EM ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA

Ângelo Giuseppe Chaves Alves

A etnoecologia e a etnobiologia mantêm uma estreita relação com as ciências naturais, mas também

descendem, historicamente, da antropologia cognitiva e por isso têm sua prática associada, em maior

ou menor grau, ao trabalho de campo. Este, por sua vez, representa uma iniciação à experiência

etnográfica, no contato com o “outro” antropológico. Entretanto, a dupla tarefa de transformar em

exótico o familiar e transformar em familiar o exótico, que é essencial ao jogo etnográfico, não é

suficientemente explorada no treinamento cotidiano da maioria dos etnoecólogos e etnobiólogos. Essas

transformações podem ser encaradas tanto em sua dimensão metodológica (operacional), quanto pela

dimensão subjetiva (emocional). Surge daí um questionamento: será possível buscar um caminho do

meio, articulando essas duas dimensões? Quanto ao método, vale salientar a sugestão de Darrell Posey,

para a possibilidade de elaborar, a partir de indicações aparentemente estranhas fornecidas pelos

informantes no campo, hipóteses cientificamente testáveis. É interessante confrontar por um lado essa

sugestão e por outro a demanda hipotético-dedutiva de se formular hipóteses anteriormente à

observação de campo. Pergunta-se, neste caso: nós, etnobiólogos e etnoecólogos, estamos preparados

para satisfazer as exigências dessas duas abordagens? Ou temos que escolher apenas uma delas? E

quanto aos aspectos emocionais, os prazeres e desprazeres do pesquisador no trabalho de campo, que

Roberto da Matta associou ao “Anthropological Blues”? Devem eles ser discutidos conjuntamente à

elaboração de métodos e hipóteses? Ou permanecerão como aspectos idiossincráticos que o

pesquisador deve resolver fora do âmbito da pesquisa, para não influenciar os métodos e resultados?

Buscar as respostas para estas questões pode ser um desafio interessante para os praticantes de

etnoecologia e etnobiologia.

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COMO PENSAR O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO DE CASO NA ZONA COSTEIRA DE SANTA CATARINA

Mariana Aquilante Policarpo

O enfoque de Desenvolvimento Territorial Sustentavel (DTS) vem se consolidando recentemente no

âmbito acadêmico. Ele pode ser entendido como parte de um esforço de complexificação do enfoque

do ecodesenvolvimento, articulando melhor as categorias de sustentabilidade e territorialidade,

podendo ser aplicado em zonas rurais e urbanas. Também reforça a preocupação por uma visão

sistêmica do processo de descentralização e pelo fomento de iniciativas endógenas de valorização dos

chamados recursos territoriais – estes se constituem numa vantagem comparativa importante para o

territorio, mas que nem sempre são percebidos pelos atores como tal, ou são pouco mobilizados nas

estratégias de desenvolvimento. Deste modo, as próprias populações locais passam a desempenhar um

papel central na construção e na condução de suas trajetórias de desenvolvimento, e as instituições

locais se tornam atores legítimos deste processo.

Nos últimos anos, buscando a aplicação deste enfoque na zona costeira de Santa Catarina, foi

realizado um estudo em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, o Ministério da Pesca

e Aquicultura, a EPAGRI e o Centro Latinoamericano para el Desarrollo Rural (RIMISP),

denominado “Desenvolvimento territorial sustentável na zona costeira catarinense: estratégias

integradas de geração de trabalho e renda a partir da valorização da identidade cultural das

comunidades pesqueiras tradicionais”. Os principais objetivos deste projeto eram compreender a

gênese e a evolução das dinâmicas de desenvolvimento territorial e os seus múltiplos efeitos em

termos de crescimento econômico, de inclusão social, de descentralização política, de valorização da

diversidade cultural e de viabilidade ambiental, bem como analisar as relações envolvendo a

valorização dos ativos culturais e o DTS na zona costeira catarinense.

Partiu-se da constatação de que atividades contrastantes convivem de forma sinérgica e

conflituosa na região, impactando a qualidade do patrimônio natural e cultural, mas permitindo

também o surgimento de dinâmicas territoriais de desenvolvimento. Estas dinâmicas baseiam-se num

esforço de valorização do potencial de recursos latentes, virtuais ou ainda desconhecidos, sob a

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!influência de fatores endógenos ou exógenos e suas tendências de evolução. Três delas já estão

consolidadas na região, que impactam profundamente as comunidades tradicionais, mas não

comprometem a sua existência, e outras duas estão em emergência. Destaca-se como dinâmica

emergente a Dinâmica de Desenvolvimento Territorial Sustentável com Identidade Cultural (DTS-IC),

que se refere às iniciativas de valorização do patrimônio cultural criando melhores oportunidades de

inclusão socioeconômica e sociopolitica para as comunidades de pescadores artesanais e agricultores

familiares de origem açoriana.

Como pricipais resultados, constatou-se que estas dinâmicas são exitosas devido à

especificidade do modelo de desenvolvimento catarinense e às novas respostas específicas dos atores

sociais que tem fortalecido a competitividade do territorio. Entre as principais respostas destacamos: i)

o carater pluriativo das comunidades rurais; ii) a existência de sistemas produtivos flexiveis no meio

rural e de iii) sistemas produtivos locais inovadores, como o da pesca e os sistemas agroalimentares

localizados em torno da produção, processamento e comercialização direta; iv) a interdependência das

dinâmicas e a presença de vinculos solidarios; e o v) surgimento de novas coalizões dos atores, que

permitem o surgimento de diferentes inovações sociotécnicas na área envolvendo os setores

governamental e empresarial, as comunidades e as organizações da sociedade civil.

A partir da análise da trajetória de desenvolvimento da zona costeira catarinense e da

caracterização do jogo de atores existente, verificou-se que durante os últimos trinta anos

modificaram-se consideravelmente as posições e as relações entre os atores. Entraram em cena novos

representantes da sociedade civil e emergiram novos espaços de discussão e de negociação de ações

coletivas. Com estas mudanças, diferentes relações de cooperação, de concorrência e até de conflitos

se estabelecem entre os diferentes grupos, sendo as principais dificuldades relacionadas ao uso do

espaço (terra e mar), dos recursos naturais e a construção de vários projetos políticos para o território.

Os recursos naturais e culturais existentes também são apropriados de formas diferenciadas, existindo

visões distintas sobre os recursos e ativos do território e a forma de valorizá-los. Entretanto, existe uma

dependência entre as estratégias econômicas de um grande número de atores do território e dos atores

extraterritoriais e a sua capacidade de mobilizar e preservar o capital natural e os serviços ambientais

que derivam dos mesmos.

Além disso, os territórios e os atores locais contribuem para a construção de uma nova

competitividade territorial, levando em conta os recursos do território e os ativos culturais, a

emergência de novos arranjos institucionais e a integração dos diferentes setores (agricultura familiar,

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!pesca artesanal, turismo, atividades não-agrícolas, artesanato, etc.). E quando existe a valorização do

patrimônio cultural e natural das comunidades tradicionais de pescadores/agricultores de origem

açoriana, como no caso da dinâmica de DTS-IC, esta pode ser considerada um vetor de criação de

novas oportunidades de inclusão econômica, social e política para os atores. E a coexistência de varias

dinâmicas e suas relações de sinergia e dependência também podem ser decisivas para a viabilidade do

enfoque de DTS na zona costeira catarinense.

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AS APROXIMAÇÕES DA ETNOMATEMÁTICA COM A ETNOBIOLOGIA E A ETNOECOLOGIA !

Milton Rosa e Daniel Clark Orey

Atualmente, o interrelacionamento de saberes locais com as diversas áreas de conhecimento é muito

importante para que possamos obter informações mais precisas e estruturadas sobre um determinado

campo do conhecimento. Assim, para que tenhamos condições de abordar com clareza essas

interrelações, necessitamos compreender os conceitos específicos encontrados em grandes áreas de

conhecimento tradicionais, como por exemplo, a Biologia, a Ecologia e a Matemática, que podem estar

respaldadas em campos de pesquisas mais recentes denominados de Etnobiologia, Etnoecologia e

Etnomatemática. Nessa palestra, de cunho teórico, julgamos necessário discutirmos sobre o surgimento

de algumas terminologias importantes com relação a determinadas áreas de pesquisa denominadas

etno-x. Nesse direcionamento, de uma maneira geral, partiremos desse termo genérico, no qual x

denomina uma determinada disciplina ou área de estudo pertencente à classificação metodológica do

conhecimento acadêmico enquanto que etno refere-se aos grupos culturais, que são identificados pelas

tradições, pelos códigos de conduta, pelos símbolos, pelos mitos e de uma maneira mais específica,

pelos modos por meio dos quais os membros pertencentes aos grupos socioculturais raciocinam e

inferem. Assim, um dos principais objetivos da etnobiologia bem como da etnoecologia é promover

um embasamento teórico capaz de integrar diferentes ramos das ciências naturais e sociais a outros

campos de conhecimento científico. Além disso, filosoficamente, devem servir de elo entre diferentes

culturas na intenção de aclarar a compreensão e o respeito mútuo entre os povos. Nesse contexto, o

Programa Etnomatemática visa estimular reflexões mais abrangentes acerca da natureza do

pensamento matemático no âmbito cognitivo, histórico, social e pedagógico, motivado pela intenção

de esclarecer a compreensão a partir do saber e do fazer enquanto conhecimento construído pela

humanidade em diferentes contextos por grupos de interesses, comunidades, povos e nações. De

acordo com essa perspectiva, podemos afirmar que existem algumas aproximações epistemológicas

entre a etnomatemática, a etnobiologia e a etnoecologia.

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ETNOZOOLOGIA

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USO DE LARVAS DE BESOUROS COMO ALIMENTO ENTRE OS GUARANIS ÑANDÉVA: UMA VISÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E SUSTENTABILIDADE SOCIAL, NA ALDEIA PIRAJUÍ, MUNICIPIO DE PARANHOS - MS

Cajetano Vera1

1Mestrado, Programa Desenvolvimento Local, Universidade Católica Dom Bosco – UCDB. Campo Grande, MS.

Os povos indígenas do Estado de Mato Grosso do Sul possuíam territórios imensos. O processo de confinamento em terras pequenas inviabilizou a sustentabilidade dentro do modelo cultural de uso da terra como fonte na produção primária de alimentos. Com isso, detectou-se distúrbios alimentares, como a desnutrição entre as crianças. Além da perda de seus territórios, ocorreram mudanças nos hábitos alimentares tradicionais. Um destes hábitos era o consumo de larvas de besouros. Para avaliar o conhecimento do uso das larvas de besouros como alimento, procurou-se detectar as informações disponíveis através dos relatos da comunidade. Também, utilizou-se de substratos, cortando os coqueiros Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd., fazendo cavidades em seus troncos para atrair os besouros, coletando as larvas e capturando os besouros. Assim foi possível a identificação taxonômica e as análises bromatológicas. Identificou-se a espécie do besouro Rhynchophorus palmarum, “Aramanday Guasu”, na língua Guarani e a planta hospedeira, Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd., espécie da Família Palmae. A composição bromatológica em base seca, das larvas coletadas no mês de setembro de 2010, mostrou elevado teor de gordura (61,56%), proteínas (23,50%) e fibra bruta 14,77%, apontando para alimento altamente calórico. Os resultados obtidos confirmam o valor nutricional, citados em outras literaturas, pois o teor proteico é equivalente ao encontrado em carne de aves, peixes e bovinos. Os indígenas dominam as informações sobre essa importante fonte alimentar, mas percebe-se a necessidade da reeducação alimentar dentro dos seus próprios parâmetros culturais a fim de que os Guaranis não venham deixar de usá-los como alimento, colaborando assim com a sua Segurança Alimentar.

Palavras-chave: etnoconhecimento, entomofagia, indígena guarani.

Área temática: Etnozoologia

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AVES E ZOOSSEMIÓTICA: ORNITOÁUGURES SEGUNDO OS MORADORES DO POVOADO DE PEDRA BRANCA, SANTA TERESINHA -BA

Ana Teresa Galvagne Loss1, Eraldo Medeiros Costa Neto1, Fernando Moreira Flores1

1Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

Os sons emitidos pelas aves costumam ser culturalmente interpretados de diferentes maneiras. Este estudo registra os ornitoáugures, segundo informações obidas junto aos moradores do povoado de Pedra Branca, Santa Teresinha - BA. Os dados foram coletados de outubro de 2011 a março de 2012 por meio de entrevistas semi-estruturadas, realizadas com 36 moradores, de ambos os gêneros, que indicaram 18 espécies de aves, cujas vocalizações têm diferentes significados zoossemióticos. Foram identificados cinco tipos de ornitáugures: funéreo, funesto, ditoso, meteórico e societário. Acauã (Herpetotheres cahinnans Linnaeus) foi a mais citada pelos moradores como exemplo de ornitoáugure funéreo e meteórico, por possuir uma transcrição augural da voz que quer dizer adivinhador de morte e, dependendo do galho no qual esteja pousada, indica chuva. Anu-preto (Crotophaga ani Linnaeus) foi a segunda ave considerada agourenta por possuir assobio melodioso e por cantar próximo à casa de um doente, anunciando sua morte. Aracuã (Ortalis guttata Spix) também foi citada como prenúncio de chuva e de seca. Como exemplo de ornitoáugure societário, citam-se o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus Linnaeus) e o beija-flor (Trochilidae), porque seus cantos avisam chegada de visitas. Além da vocalização, o comportamento do beija-flor entrar, “piar” e sair das casas pode ser interpretado como ornitoáugure funesto, quando significa notícias ruins, ou ornitoáugure ditoso, quando significa acontecimentos bons. Observa-se a existência da interação afetiva dos moradores com a avifauna local, dentro da perspectiva da transmutação zoossemiótica, onde eles interpretam tanto os sinais emitidos pela vocalização das aves, quanto por seu comportamento.

Palavras-chave: etnoornitologia, transmutação zoosemiótica, ornitoáugure.

Área temática: Etnozoologia

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ESTUDO ETNOORNITOLÓGICO NA COMUNIDADE DO BONÉ, MUNICÍPIO DE ARAPONGA - MG

Fernando Augusto Valério1, Marcelo Ferreira de Vasconcelos2, Ricardo Ferreira Ribeiro1, Camila Barcelos1, Luiz Queiroga1

1Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais- PUCMinas

2Programa de Pós-Graduação em Zoologia de Vertebrados, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUCMinas

Este estudo teve como objetivo de avaliar o conhecimento sobre a avifauna da Mata Atlântica entre os moradores da comunidade do Boné, localizada no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), município de Araponga - MG, registrando-se os critérios da identificação e a nomenclatura utilizada por estes moradores, além de abordar relações comportamentais e simbólicas. A pesquisa foi realizada entre julho de 2011 e janeiro de 2012, sendo realizadas 15 entrevistas semi-estruturadas e duas trilhas guiadas aos fragmentos de mata da comunidade e ao PESB, acompanhado de moradores que apresentaram os melhores níveis de conhecimento para o reconhecimento visual e/ou auditivo das espécies. Os entrevistados mostraram uma boa percepção sobre a biologia das aves da região, identificando 66 etnoespécies, destacando-se a araponga (Procnias nudicollis), ave considerada criticamente ameaçada de extinção em Minas Gerais. Revelou-se, também, a habilidade dos entrevistados em observar características para distinguir as etnoespécies de aves, além de características que adquirem conotações culturais, permitindo uma leitura real ou imaginária, como é o caso do gavião-morre-que-é-hora (Herpetotheres cachinnans), ave considerada agourenta, a caribomba (Hydropsalis albicollis), ave que espanta assombração e a pomba-preta (Patagioenas plumbea), que possui uma carne amarga. Contudo, não foi comum observar os mais jovens acompanharem os mais velhos pelas florestas e em conversas para aprender sobre as aves, o que sugere o possível desaparecimento deste conhecimento etnoornitológico na região em um futuro próximo.

Palavras-chave: etnoornitologia, aves, conhecimento local.

Área temática: Etnozoologia

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MAPEAMENTO DE ESPÉCIES-CHAVE CULTURAL DA FAUNA NO AGRESTE PARAIBANO: SALIÊNCIA CULTURAL E USOS DE ANIMAIS

Wallison Sylas Luna de Oliveira1, Macilene Pereira de Araújo1, Rômulo Romeu Nóbrega Alves1, Wedson Medeiros Silva Souto2

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

2Prorgrama de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Universidade Federal da Paraíba – UFPB

As espécies-chave cultural (ECC) podem desempenhar um papel positivo em transformar as tensões e conflitos entre utilização da fauna e conservação, uma vez que os moradores locais tendem a reconhecê-las e valorizá-las em função de sua importância de uso ou do conhecimento que possuem delas, fazendo deste modo, potenciais espécies que podem ser utilizadas em estratégias de conservação da biota local. Neste contexto, o presente estudo teve por objetivo identificar as ECC baseadas tanto no potencial de utilização da fauna realizada por moradores do município de Lagoa Seca-PB, como na Saliência cultural de cada espécie. Foram entrevistados 36 caçadores oportunisticamente encontrados, os quais, por meio de entrevistas livres, forneceram listas dos animais silvestres localmente explorados. Informações relativas aos usos da fauna foram obtidas por meio de questionários semi-estruturados. Com auxílio do software Anthropac® 4.8 foi calculada a Saliência Cultural de Smith (Smith S) para cada espécie, a fim de identificar aquelas culturalmente mais importantes. Também foi calculado o Valor de Uso (VU) para identificar aquelas mais importantes em função do número médio de citações de utilização/exploração. O Coeficiente de correlação de Pearson (r) foi calculado a fim de verificar se existe associação entre o Smith S e o VU. Das 59 espécies localmente exploradas, aquelas com maior VU (>0,4) foram o teju – Tupinambis merianae, o preá - Cavia aperea, o lambú-do-pé-vermelho - Crypturellus parvirostris, o tatu-peba – Euphractus sexcinctus e a rolinha-branca - Columbina picui. Tais espécies, juntamente com a Columbina talpacoti também são as mais salientes (Smith S>0,3) e correspondem as principais ECC da localidade, tal como observado in situ. Considerando que VU e Smith S tiveram uma elevada correlação (r=0,87, p<0,001), nós acreditamos que eles são indicadores eficientes de ECC em estudos etnozoológicos e, possivelmente, podem ser combinados na formulação de um índice para identificação de ECC.

Palavras-chave: espécies-chave cultural, saliência de smith, usos da fauna.

Área temática: Etnozoologia

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AVES SILVESTRES COMO ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL

Dandara Monalisa Mariz Bezerra1, Helder Farias Pereira de Araujo2, Rômulo Romeu Nóbrega Alves3

1Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Na região semiárida do Brasil, as aves constituem um dos grupos de vertebrados de maior importância cinegética, sendo o uso como animais de estimação uma das principais finalidades de captura de aves silvestres por populações locais. Os objetivos deste estudo consistiram em listar as espécies de aves silvestres utilizadas como animais de estimação pelas populações locais no semiárido do Rio Grande do Norte, calcular o valor de uso e identificar os motivos da manutenção em cativeiro. A área de estudo englobou os municípios de Caicó, São João do Sabugi, Serra Negra do Norte e Timbaúba dos Batistas. A pesquisa foi realizada entre os meses de setembro de 2009 a março de 2010. As aves citadas foram identificadas em nível específico através de visualização direta, registros fotográficos e da técnica checklist-entrevista. O valor de uso foi calculado através da fórmula: VUs = ΣiVUis / ns (VUs = valor de uso total da espécie; ns = número de informantes entrevistados para a espécie s). Foram entrevistados, por meio de entrevistas semi-estruturadas, 101 moradores locais (9 do sexo feminino e 92 do sexo masculino), com idades variando de 10 a 75 anos. Estes citaram 26 espécies de aves, distribuídas em 10 famílias, sendo Emberizidae (n=7), Columbiade (n=5) e Icteridae (n=5) as mais representativas. O golinha (Sporophila albogularis, VU=0,61), o galo-de-campina (Paroaria dominicana, VU=0,50) e o concriz (Icterus jamacaii, VU=0,46) apresentaram os maiores valores de uso. O canto e a beleza da plumagem são as principais razões que levam os entrevistados a criarem aves como animal de estimação. Os resultados evidenciaram que o hábito de criar aves silvestres possui um valor cultural na área estudada, destacando-se a preferência pelos Passeriformes, sendo muitas vezes pela admiração às aves, um fator que pode ser agregado para sensibilizar a população local em relação à insustentabilidade dessa atividade.

Palavras-chave: atividade cinegética, aves de estimação, etnoornitologia.

Área temática: Etnozoologia

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RELAÇÃO ENTRE AS DENSIDADES DE AVES SILVESTRES E SEU VALOR DE USO NO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL

Dandara Monalisa Mariz Bezerra1, Helder Farias Pereira de Araujo2, Rômulo Romeu Nóbrega Alves3

1Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

As intervenções humanas têm afetado as espécies de aves que habitam os ecossistemas naturais brasileiros. Assim, o monitoramento de populações de aves torna-se uma importante ferramenta na conservação, principalmente, quando se deseja saber a situação de espécies amplamente usadas por populações locais. O presente estudo procurou responder se as aves mais capturadas pela população local em uma região do semiárido brasileiro estão correlacionadas com suas disponibilidades no ambiente. Entrevistas semi-estruturadas e o valor de uso (VUs =ΣiVUis / ns) foram as técnicas empregadas para detectar as espécies de aves silvestres mais utilizadas. Foram entrevistadas 120 pessoas, sendo 110 dos entrevistados do sexo masculino, com idades variando de 10 a 75 anos. Empregou-se o método das transeções lineares para as estimativas de densidade, sendo calculadas no programa DISTANCE 6.0. A correlação de Pearson foi utilizada para verificar uma possível correlação entre o VU das aves mais capturadas com suas densidades. As espécies Sporophila albogularis (0,53), Paroaria dominicana (0,41) e Icterus jamacaii (0,40) apresentaram maior VU e são capturadas com a finalidade de criar em gaiolas. A espécie P. dominicana obteve a maior densidade (258,6 ind/km2), seguida de S. albogularis (118,1 ind/km2) e I. jamacaii (91,9 ind/km2). Através da correlação de Pearson, apenas S. albogularis teve correlação significativa (r = 0,9173; p = 0,0282) entre o VU e a densidade. Evidenciou-se que os maiores VU estão relacionados a aves comumente usadas para estimação, revelando a importância cultural deste uso na área estudada. Além disso, o teste estatístico demonstrou que, no caso de S. albogularis, há uma associação diretamente proporcional entre a disponibilidade da ave e a preferência de uso pelos moradores locais. Assim, não somente o canto e a plumagem, mais também a oferta do recurso pode ser outra variável atuando na presença da espécie na prática ilegal de criação de aves.

Palavras-chave: caatinga, conservação, uso da avifauna.

Área temática: Etnozoologia

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FAZ MAL POR QUÊ? AVES MORTAS POR CONFLITO NO SERIDÓ PARAIBANO

Iamara Silva Policarpo1, Bruna Monielly Carvalho de Araújo1, Rômulo Romeu Nóbrega Alves2, Wedson Medeiros Silva Souto3

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

2Laboratório de Etnoecologia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

3Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Universidade Federal da Paraíba – UFPB

No semiárido nordestino, muitas espécies de aves são exploradas para fins de alimento, remédios, ornamentos ou criadas como pets. Contudo, em muitos casos as aves são capturadas e abatidas por relações de conflito com determinadas atividades humanas. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo identificar quais aves são capturadas e abatidas devido a questões de conflito em cinco áreas do Seridó Ocidental Paraibano (Municípios de São Mamede, Santa Luzia, São José do Sabugi, Várzea e a comunidade Quilombo do Talhado). No período de Junho de 2010 a Abril de 2011 foram entrevistados 223 caçadores oportunisticamente selecionados. Foram registradas ao menos 40 espécies de aves, pertencentes a 19 famílias. Três tipos básicos de conflitos foram identificados: (1) aves que causam danos em plantações agrícolas e frutíferas, (2) predadoras de animais de criação, (3) abatidas em função de crenças locais. As famílias mais representativas em termos de espécies foram: Accipitridae (n=7), Icteridade (n=7) e Columbidae (n=4). As espécies mais citadas foram: o gavião-torona - Geranoaetus melanoleucus [n=91], o gavião-vermelho - Buteogallus meriodinalis [n=70] e o carcará - Caracara plancus [n=69]. Apesar da maioria dos conflitos serem decorrentes do fato de que as espécies agrícolas cultivadas ou animais criados estarem inseridos na gama de possibilidades de alimentos para as espécies de aves abatidas, em alguns casos, não há justificativa numa perspectiva ecológica para o abate/captura do espécime (e.g., a peitica - Tapera naevia (Linnaeus, 1766) morta por ser considerada uma praga para plantações de milho e feijão). Embora os conflitos existentes provavelmente não constituam a principal ameaça para as espécies envolvidas, torna-se necessário a realização de mais estudos sobre o tema, uma vez que este tipo de interação “humanos-avifauna” necessita ser melhor abordada em estratégias de conservação, notadamente sensibilizando os moradores locais do papel ecológico que as aves desempenham.

Palavras-chave: aves, conflitos, seridó.

Área temática: Etnozoologia

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O COMÉRCIO DE ANIMAIS MEDICINAIS NO NORDESTE DO BRASIL

Felipe Ferreira1, Ulysses Albuquerque2, Henrique Coutinho3, Waltécio Almeida3, Rômulo Alves4

1Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

3Universidade Regional do Cariri – URCA

4Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Zooterápicos são amplamente comercializados em mercados públicos ou feiras livres, contudo, os estudos realizados em mercados objetivando avaliar o comércio de animais medicinais ainda são escassos. O presente estudo objetivou: elencar quais animais são comercializados para fins medicinais nas cidades de Aracajú-SE, Fortaleza-CE, Recife-PE, Maceió-AL e Salvador-BA; avaliar a versatilidade das espécies de animais, através da importância relativa; testar a hipótese da redundância utilitária; estimar a riqueza de espécies comercializadas. As pesquisas foram realizadas no período de Janeiro a Novembro de 2010, utilizando formulários semi-estruturados. O presente trabalho foi aprovado no Comitê de Ética UFPB (Protocolo: CEP/HULW n° 065/10). Um total de 68 espécies de animais são comercializadas para fins medicinais nas cidades pesquisadas. A maioria das espécies listadas aqui são as mesmas comercializadas em outras cidades do Nordeste, com exceção a: Achatina fulica, Trachycardium muricatum, Leptodactylus vastus, Philodryas olfersii e Desmodus rotundus. As espécies mais versáteis (com maiores valores de IR) são: Trichechus manatus (1,91), Sotalia guianensis (1,85), Caudisona durissa (1,68) e Tupinambis merianae (1,67). De forma inversa, os resultados obtidos mostram que uma mesma doença pode ser tratada por mais de uma espécie animal, evidenciando a hipótese de redundância utilitária. Dentre as doenças citadas, 19 são “altamente redundantes”, 23 são “redundantes” e 15 são “não muito redundantes”. As espécies inclusas na categoria “não muito redundantes” deveriam ser prioritárias no desenvolvimento de estratégias de conservação, pois não teriam espécies equivalentes para o uso medicinal. Considerando as dificuldades de obtenção de informações sobre as espécies, presume-se que o número de espécies animais envolvidas no comércio zooterápico é maior. Utilizando estimadores de riqueza observou-se que o número de espécies comercializadas é maior do que foi registrado aqui. De forma geral, o conhecimento da fauna utilizada na medicina alternativa é imprescindível para a conservação e o uso racional deste conhecimento.

Palavras-chave: zooterapia, comércio, conservação.

Área temática: Etnozoologia

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DO MEDO DA JARARACA AO SANTO REMÉDIO DA BANHA DE TEJU: ETNOHERPETOLOGIA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

Bruna Monielly Carvalho de Araújo1, Iamara Silva Policarpo1, Wedson Medeiros Silva Souto2, Rômulo Romeu Nóbrega Alves1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

2Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Universidade Federal da Paraíba – UFPB

No semiárido nordestino, répteis tem um importante valor cultural, podendo ter valor utilitário ou serem alvo de conflitos. Essas interpelações podem ter importantes implicações para conservação. Este estudo objetivou identificar os tipos de usos de répteis por moradores de duas áreas do Seridó paraibano (municípios de Santa Luzia e São Mamede). Entre Junho de 2010 a Março de 2011 foram entrevistados 58 caçadores em São Mamede e 34 em Santa Luzia. Registraram-se 24 espécies que são exploradas como alimento, remédios, ornamento, criadas como animais de estimação, comercializadas para alguma finalidade, utilizadas para fins lúdicos ou ainda mortas por alguma questão de conflito. As espécies com maior número de citações de uso foram: teju – Tupinambis merianae (n=221 citações), a cobra-de-veado – Boa constrictor (n=142 citações) e o cágado Phrynops tuberosus (n=124 citações). Não houve diferença entre o número total de citações para cada espécie entre as duas localidades (Z(U) =1,72,p=0,08). As categorias com maior número de espécies citadas foram: Conflito (n=23 espécies), Alimento e Medicinal (n=7 espécies para ambas). Também não houve diferença significativa para número de espécies usadas para cada categoria entre as localidades (Z(U)=0,63,p=0,52). Pode-se supor que, no geral, as espécies tendem a ser utilizadas para os mesmos fins nas duas áreas, suportando a ideia de uma homogeneidade cultural na interação dos entrevistados com a herpetofauna local. O predomínio de espécies capturadas e abatidas por conflito está de acordo com outros estudos realizados no Nordeste do Brasil, os quais suportam a ideia generalizada de que, para os habitantes, a maioria dos répteis, especialmente cobras, é nociva. Sugere-se que estratégias de conservação foquem a sensibilização dos moradores locais acerca dos papéis ecológicos que estes animais possuem, visando desmistificar a concepção popular de riscos da herpetofauna para com os humanos.

Palavras-chave: herpetologia, etnozoologia, seridó.

Área temática: Etnozoologia

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OS INSETOS NA PERCEPÇÃO DOS QUILOMBOLAS DA VILA BARRINHA DA CONCEIÇÃO, JUAZEIRO, ESTADO DA BAHIA

Carlos Alberto Batista Santos1, Rômulo Romeu Nóbrega Alves2, Wbaneide Martins de Andrade1, Durval Júnior do Nascimento1

1Universidade do Estado da Bahia – UNEB

2Universidade do Estado da Paraíba – UEPB

A população residente no povoado Barrinha da Conceição, localizada em Juazeiro, Bahia (09º27’791’’ e 40º33’181’’), com 140 indivíduos, distribuídos em 20 famílias, se identificam como negros remanescentes de quilombo, oriundos de Canudos, sertão baiano. Os estudos etnozoológicos dão enfoque aos saberes dos povos tradicionais e buscam explicar como estes ordenam, designam ou distinguem esses recursos. Este estudo buscou registrar o modo como os quilombolas de Barrinha da Conceição caracterizam o domínio etnozoológico “inseto”, além de identificar os sentimentos que intermedeiam as relações da comunidade com a entomofauna local. Foram entrevistadas 21 pessoas, selecionadas através de amostra aleatória simples, entre os indivíduos adultos maiores de 18 anos. Estes agrupam na etnocategoria ‘insetos’ todos os animais dos quais ‘sentem medo’. Algumas dessas espécies ou seus produtos são utilizados como medicamento, alimentação, ou com fins religiosos, demonstrando, portanto, o valor utilitário e cultural dos insetos. Um total de 67% dos entrevistados sente medo quando pensam em inseto e 24% desejam matá-los; 33% os consideram animais causadores de doenças; 67% dos entrevistados não conhecem utilidade para os insetos, mas 24% apontam as abelhas como produtoras de mel; 91% dos entrevistados foram medicados utilizando produtos de animais considerados insetos, tais como banha de cobra contra estrepe (60%) e chá de escorpião contra picadas do mesmo (31%). Os insetos mais conhecidos são os barbeiros (71%), cobras (48%), lacraias (38%), escorpiões (33%), baratas (28%), aranhas (24%), cascudos (14%) e sapos (10%). O estudo sinaliza que o conhecimento e percepção da população, aponta a necessidade de pesquisas que enfoquem a diversidade dos insetos e da fauna associada, através do registro dos saberes tradicionais da população local.

Palavras-chave: etnoentomologia, conhecimento tradicional, insetos.

Área temática: Etnozoologia

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VISÃO ETNOBIOLÓGICA SOBRE O ENCALHAMENTO DE ESPONJAS (PORIFERA: ANIMALIA) EM PRAIAS DO BAIXO-SUL DA BAHIA.

Loyana Docio1

1Universidade Estadual da Bahia – UNEB

As esponjas são organismos aquáticos conspícuos e dominantes em costões rochosos, grutas submersas e substratos artificiais. Devido à exuberância das cores são fáceis de ser percebidas, principalmente quando estão encalhadas nas praias. Assim, o objetivo do presente estudo foi o de verificar se as causas do encalhamento das esponjas são percebidas pelos moradores da região. A presente pesquisa foi desenvolvida na Ilha do Contrato, Baía de Camamu, Bahia, Brasil. Nesta localidade constam 506 habitantes, dos quais, 66 foram considerados informantes (homens e mulheres entre 18 e 75 anos). Este número foi atingindo utilizando a técnica amostral bola de neve. Foram feitas entrevistas com enfoque emicista-eticista balanceado, iniciadas com teste projetivo. Dessa forma, os informantes disseram que sempre aparecem esponjas ou seus pedaços encalhados na praia. Porém, uma maior quantidade desses organismos é encontrada durante o inverno (34% dos informantes). Os motivos declarados para que estes organismos se desprendam e encalhem na praia são desde as tempestades de inverno (bagaceira–39%); as redes de arrasto para o camarão, que também são postas durante o inverno (29%), bem como a marés de sizígia (5%). As esponjas constituem um dos grupos marinhos produtores de compostos secundários de importância terapêutica. Assim, os dados do presente estudo se fazem propícios ao serem considerados nos monitoramento das comunidades de esponjas, ao que remete a avaliação de impacto ambiental bem como no manejo racional de espécies com potencial econômico.

Palavras-chave: porifera, comunidade pesqueira, bagaceira

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RELAÇÃO ENTRE MORADORES RURAIS E A ESPÉCIE AMEAÇADA Chaetomys subspinosus (OLFERS 1818) EM DUAS ÁREAS PROTEGIDAS NO NORDESTE BRASILEIRO

Luciana Costa de Castilho1; Gabriela Cunha Ribeiro1; Alexandre Schiavetti2

1Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

2Depto. de Ciências Agrárias Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Reconhecer mecanismos que influenciam ou promovem a conservação de recursos por populações humanas locais em áreas protegidas pode ser um importante instrumento para o manejo de áreas protegidas e para a conservação de espécies da fauna ameaçadas de extinção. Este estudo buscou investigar as atitudes sobre conservação de moradores rurais e o conhecimento destes com relação ao endêmico e ameaçado ouriço-preto (Chaetomys subspinosus). Entre 2007 e 2010, foram realizadas 125 entrevistas com os moradores de propriedades situadas em duas áreas protegidas localizadas no sul da Bahia, o Refúgio de Vida Silvestre de Una (REVIS Una) e o Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC). Nas duas áreas, a espécie além de ser utilizada como fonte de alimento, é utilizada para fins medicinais, seus espinhos são utilizados como defumadores para curar doenças e para apurar o faro de cães de caça. No entanto, na região do PESC, a espécie encontra-se sob tabu segmentar, apresentando restrições para seu uso como fonte alimentar. As atitudes mais freqüentes na região do PESC e do REVIS Una foram as negativas moderadas, estando relacionadas às pessoas de menor escolaridade e maior tempo de residência na região. O conhecimento sobre a espécie nas duas áreas se mostrou concentrado nas pessoas de menor grau de instrução escolar, do gênero masculino e que principalmente estavam relacionadas à prática da caça na região. As informações obtidas através das atitudes e do conhecimento dos moradores sobre o ouriço-preto destacam a necessidade de uma maior atenção para espécies endêmicas e ameaçadas menos populares para as populações locais. A frequência de atitudes negativas pode afetar a conservação da espécie, no entanto, valorizar os mecanismos que regulam o uso da espécie por parte dos moradores locais e as atitudes positivas, pode ser uma estratégia alternativa para a conservação na região.

Palavras-chave: áreas protegidas, comunidades locais, atitudes

Área temática: Etnozoologia

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ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS E ECOLÓGICOS DA ATIVIDADE CINEGÉTICA REALIZADA POR CAÇADORES DO MUNICÍPIO DO CONDE, PARAÍBA: RESULTADOS PRELIMINARES.

Jamylle Barcellos de Souza1; Rômulo Romeu da Nóbrega Alves2

1Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

A caça de vertebrados silvestres é uma prática disseminada no Brasil. Sob uma perspectiva socioeconômica, tem papel importante por fornecer carne e outros produtos. Por outro lado, tem importantes implicações conservacionistas, resultando em impacto sobre as espécies exploradas, o que evidencia a necessidade de pesquisas que abordem a atividade cinegética e os seus conhecimentos associados. Este trabalho objetiva investigar, a partir da abordagem etnozoológica, os elementos sócio-culturais, ecológicos e econômicos associados às atividades cinegéticas no município do Conde, área inserida na Mesorregião Mata Paraibana do Estado da Paraíba. A coleta de dados envolveu a pesquisa participante, o procedimento amostral “bola de neve”, entrevistas estruturadas e semi-estruturadas e a técnica lista livre. Foram entrevistados nove caçadores especialistas, sendo registrados 59 animais cinegéticos, distribuídos nas categorias mamíferos (23), répteis (19) e aves (17). As técnicas utilizadas durante a captura dos animais incluem a caça com cachorro, espingarda, tocaia, arremedo e armadilhas. O uso dos recursos faunísticos associa-se principalmente ao consumo da carne, também sendo relatados usos zooterápicos. Não foi registrado o comércio desses animais. A caça é considerada uma atividade antiga na região, sendo motivada principalmente pelo entretenimento, com exceção da caça aos animais que ameaçam a agricultura e a criação de galinhas. Há o registro do declínio de algumas espécies animais, tal fato é atribuído na opinião dos informantes, principalmente ao desmatamento e queimadas na região. O registro das espécies cinegéticas registradas amplia o conhecimento da fauna cinegética no estado da Paraíba, onde ainda não foram realizadas pesquisas sobre caça em áreas de Mata Atlântica. Espera-se que nossos resultados contribuam com a implementação / aprimoramento de políticas públicas direcionadas ao manejo da fauna silvestre, visando à conservação da biodiversidade da região.

Palavras-chave: caça, mata atlântica, etnozoologia

Área temática: Etnozoologia

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ASPECTOS DA CAÇA DOS ÍNDIOS XERENTE (TOCANTINS, BRASIL) EM RELAÇÃO AOS MAMÍFEROS TERRESTRES DE MÉDIO E GRANDE PORTE: RESULTADOS PRELIMINARES

Milton José de Paula1; Wedson de Medeiros Silva Souto2; Alberto Akama1; Odair Giraldin1

1Universidade Federal do Tocantins – UFT

2Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Este trabalho tem o objetivo de apresentar dados preliminares sobre os aspectos da caça relacionados aos mamíferos terrestres de médio e grande porte entre os índios Xerente habitantes do Cerrado, estado do Tocantins. A coleta de dados ocorreu nos meses de setembro de 2010, julho de 2011, fevereiro e abril de 2012, totalizando 19 dias, onde foram realizadas entrevistas livres com nove índios das aldeias Kâzase, Ktêpo, Porteira e Salto. Utilizou-se da técnica de observação participante não-membro para registro das atividades cinegéticas, possibilitando registro preciso da maioria das espécies caçadas e das técnicas empregadas. Fotos de 39 espécies da mastofauna em estudo, que ocorrem no entorno da reserva, foram também apresentadas aos caçadores locais para identificação do total da mastofauna cinegética e quanto de eventuais técnicas que não foram registradas durante o acompanhamento de caçadas. Das 39 espécies em estudo, 33 foram citadas com cinegéticas, sendo que oito foram mencionadas por todos os entrevistados, são elas: quati (Nasua nasua), paca (Cuniculus paca), cutia (Dasyprocta prymnolopha), anta (Tapirus terrestris), caitetu (Pecari tajacu), tatu-peba (Euphractus sexcinctus), tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), e tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). As espécies de maior preferência cinegética foram: paca, cutia, caititu e tatu-peba. Cinco técnicas de caça foram identificadas, sendo elas: a espera, a carreira, a caminhada, o trabuco e utilização de cachorros. A técnica de espera juntamente com a caminhada são as técnicas mais utilizadas, ambas citadas por todos. A espingarda é o equipamento mais utilizado nas caçadas. As atividades de caça são realizadas frequentemente perto das Aldeias e preferencialmente no período noturno. Os dados registrados até o momento sugerem que as espécies em estudo são os animais mais procurados pelos Xerente para obtenção de carne e que diferentes técnicas são empregadas para essa finalidade. Novas coletas de dados serão realizadas entre os Xerente, dando sequência a esse estudo.

Palavras-chave: etnobiologia, etnozoologia, cerrado

Área temática: Etnozoologia

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USO DOS MAMÍFEROS TERRESTRES DE MÉDIO E GRANDE PORTE PELOS ÍNDIOS XERENTE (TOCANTINS, BRASIL): RESULTADOS PRELIMINARES.

Milton José de Paula1; Wedson de Medeiros Silva Souto2; Alberto Akama1; Odair Giraldin1

1Universidade Federal do Tocantins – UFT

2Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Este trabalho tem o objetivo de apresentar dados preliminares sobre o uso dos mamíferos terrestres de médio e grande porte pelos índios Xerente, habitantes do Cerrado, estado do Tocantins. Para obtenção dos dados foi utilizado entrevistas abertas, onde fotos dos mamíferos terrestres de médio e grande porte (n=39), de ocorrência para área próxima da Reserva Indígena, foram apresentadas para nove caçadores indígenas distribuídos entre as aldeias Kâzase, Ktêpo, Porteira e Salto. Dos 39 mamíferos em estudo, 29 são utilizados e estão distribuídos em cinco categorias de uso: alimentar, medicinal, cultural, artesanal e estimação. As categorias de uso mais citadas foram a alimentar, seguida pela medicinal e cultural. 29 espécies foram citadas como recurso alimentar, sendo que 15 espécies foram citadas por todos os entrevistados, são elas: quati (Nasua nasua), paca (Cuniculus paca), cutia (Dasyprocta prymnolopha), anta (Tapirus terrestris), veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), veado-mateiro (Mazama americana), caitetu (Pecari tajacu), queixada (Tayassu pecari), tatu-peba (Euphractus sexcinctus), tatu-do-rabo-mole (Cabassous unicinctus), tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), tatuí (Dasypus septemcinctus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). No uso medicinal, dez espécies são utilizadas pelos entrevistados, sendo: raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), irara (Eira barbara), capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), anta, tatupeba, tatu-do-rabo-mole, tamanduá-bandeira e tamanduá-mirim. Para o uso cultural quatro espécies foram citadas: lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), quati, guaxinim (Procyon cancrivorus) e a paca. A multiplicidade de uso dessas espécies pelos índios Xerente sugerem, até o momento, que os mamíferos em estudo desempenham um recurso bastante utilizado por eles. Os trabalhos nesse sentido terão sequência na comunidade Xerente, com novos levantamentos de dados a fim de identificar outras possíveis relações e utilização da fauna pelo grupo indígena estudado.

Palavras-chave: etnobiologia, etnozoologia, cerrado

Área temática: Etnozoologia

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ESTUDO ETNOENTOMOLÓGICO NA COMUNIDADE RURAL DE MALHADA COMPRIDA, MUNICÍPIO DE CABACEIRAS - PB, BRASIL

Ernandes Fernandes da Silva1, Janderson Batista Rodrigues Alencar2, Luciene R. Andrade2, Carlos Henrique de Brito2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Laboratório de Zoologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A Etnoentomologia estuda o conhecimento das comunidades tradicionais a respeito dos insetos e busca entender suas inter-relações. Deste modo, este trabalho registrou as percepções e usos dos moradores da comunidade rural de Malhada Comprida, Cabaceiras, Paraíba (Brasil) dos insetos de sua região. Esse município está localizado na microrregião do Cariri Oriental, em domínio de Caatinga. A coleta de dados foi realizada entre os meses de fevereiro a maio de 2012, por meio de entrevistas semi-estruturadas, contendo perguntas relacionadas à categoria folk “insetos”, sendo aplicados nos chefes domiciliares (homem e mulher) de cada residência. Foram entrevistados no total 13 informantes, compostos de cinco homens e oito mulheres, somando 100% dos informantes, os quais concordaram em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, exigido pelo comitê de ética em pesquisa (aprovado pelo CEP/HULW nº 297/11 da UFPB). Foi contabilizado um total de 46 animais descritos como “insetos”, destes 37 pertencem à classe Insecta, quatro ao subfilo Chelicerata, quatro a superclasse Myriapoda e um ao grupo dos Mammalia. A comunidade apresentou um rico conhecimento a respeito da utilização desses animais, sendo positivos os usos como recursos alimentar (Atta sp.); medicinal, mel de Apis mellifera (Linnaeus, 1758) e Partamona cupira (Smith, 1863); uso da cera de Trigona spinipes (Fabricius, 1793); para vedar silos de sementes; importância para polinização do maracujazeiro pelo mangangá (Apidae). Negativos: causadores de doenças, barbeiro (Triatoma sp.), dengue (Aedes sp.); pragas agrícolas, como: a cochonilha (Hemiptera), lagartas (Lepidoptera), Formiga de roça (Atta sp.), grilo e gafanhotos (Orthoptera). De uma forma geral, a maior parte dos entrevistados tende a projetar sentimentos de repugnância, periculosidade, nocividade, medo e menosprezo a maioria dos animais associados com o grupo dos insetos. Os informantes apresentam uma definição ambígua sobre o que é a categoria “inseto”, mas quase sempre associando estes animais a percepções negativas.

Palavras-chave: etnozoologia, insetos, conhecimento tradicional.

Área temática: Etnozoologia

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ESTUDO ETNOENTOMOLÓGICO NA COMUNIDADE RURAL DE ALTO FECHADO, MUNICÍPIO DE CABACEIRAS, PARAÍBA, BRASIL.

Ernandes Fernandes da Silva1; Janderson Batista Rodrigues Alencar2; Ítalo Félix Montenegro2; Carlos Henrique de Brito2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Depto. de Ciências Biológicas, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnoentomologia define-se como a ciência que estuda as relações, sentimentos, comportamento e conhecimento das populações humanas para com os insetos. O presente trabalho buscou identificar as percepções e uso dos insetos pelos moradores da comunidade rural de Alto Fechado, Cabaceiras, Paraíba (Nordeste do Brasil). O município localiza-se na microrregião do cariri oriental do estado da Paraíba, em domínio fitogeográfico da caatinga. A coleta dos dados foi realizada com base em entrevistas, com perguntas sobre os animais da categoria folk “inseto”, no período de janeiro a fevereiro/2012. Foram entrevistados 27 moradores (13 homens e 14 mulheres), compreendendo a 100% dos chefes domiciliares que concordaram em participar da pesquisa e assinar o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética e pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). Foram descritos 49 animais como “insetos”, 34 pertencentes à classe Insecta, quatro ao Subfilo Chelicerata, três ao grupo Reptilia, três a Superclasse Myriapoda, dois ao grupo Amphibia, duas ao grupo de Aves e um ao grupo Mammalia. Insetos como barbeiro (Triatoma sp.) e mosquito da dengue (Aedes sp.) foram reconhecidos como causadores de doenças, enquanto lagarta (Lepidoptera), formiga de roça (Atta sp.), gafanhoto (Orthoptera) e cochonilha (Hemiptera) como as principais pragas agrícolas da região. Tanajura (Atta sp.), cupim (Isoptera) e tejú (Tupinambis sp.) são utilizados para fins alimentícios. A picada e subprodutos (mel e cera) de abelha são utilizados no combate a algumas enfermidades como reumatismo e gripe, e a cera é usada para vedar silos de armazenagem de sementes. Outros insetos como mangangá (Xylocopa frontalis), abelha arapuá (Trigona spinipes), abelhas (Apidae) e beija-flor (Eupetomena macroura) foram citados como polinizadores de plantas. O tipo de percepção e uso dos “insetos” pelos moradores está intimamente ligado a como eles percebem, identificam, classificam e usam esses animais, e não a classificação acadêmica do que seria um inseto.

Palavras-chave: categoria folk, etnozoologia, conhecimento popular

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E UTILIZAÇÃO DA MASTOFAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL NA DEPRESSÃO SERTANEJA (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL).

Suellen da Silva Santos¹, Vanessa Moura dos Santos¹, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto¹, Hugo Fernandes Ferreira², Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), 1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnozoologia estuda as relações cognitivas, simbólicas e comportamentais entre os seres humanos e os animais. O presente estudo registrou o conhecimento e uso que os moradores da comunidade rural de Barroquinha no sertão da Paraíba, município de Lagoa (Nordeste/Brasil), possuem sobre a mastofauna. Foram entrevistados os chefes domiciliares, totalizando 62 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Os dados etnozoológicos foram coletados por meio de entrevistas e conversas informais. As citações de uso foram organizadas em quatro categorias utilitárias. O valor de uso (VU) foi calculado como VUgeral (todos os usos), VUatual (usos correntes) e VUpotencial (uso passado/abandonado), VU=∑Ui/n; Ui=número de usos mencionados por cada informante, n=número total de informantes. Calculou o VUmédiogeral, VUmédiopotencial e VUmédioatual pela fórmula VUmed=∑VU/x; VU=VU de cada espécie do grupo mastozoológico; x=número de espécies do grupo. A comparação entre os VU foi testada pela Correlação de Pearson. Registraram-se 21 espécies, 19 gêneros, 12 famílias. A comparação da média com o desvio padrão para os três VU mostrou uma variação das espécies entre os maiores e menores valores, com a média de 0,85 (±1,12) para o VUgeral, 0,44 (±0,63) para o VUatual, 0,41(±0,52) para o VUpotencial. As espécies de maior destaque no VUgeral foram Dasypus novemcinctus (0,84) e Euphractus sexcinctus (0,82). No VUatual foram Galea spixii (0,71) e Mazama gouazoubira (0,48). No VUpotencial, Kerodon rupestris (0,71) e Dasypus novemcinctus (0,57). A correlação evidenciou que houve correlação significativa entre VUgeral/VUatual e VUgeral/VUpotencial (p<0,0001). No VUmédiogeral (0,04) e VUmédiopotencial (0,02) se destacou D. novemcinctus, já no VUmédioatual Mazama gouazoubira (0,02). O presente estudo mostra a necessidade da distinção entre usos atuais de usos apenas conhecidos para que se possam determinar quais espécies estão sofrendo pressão de uso, contribuindo para estudos de conservação local.

Palavras-chaves: etnozoologia, caatinga, população tradicional

Área temática: Etnozoologia

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PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES ÚTEIS DA MASTOFAUNA UTILIZADAS POR MORADORES DE UMA COMUNIDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE LAGOA, PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

Suellen da Silva Santos1; Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto2; Rodrigo Ferreira de Sousa1; Hyago Keslley de Lucena Soares1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A utilização da mastofauna por comunidades tradicionais é bastante comum nas regiões semiáridas do Brasil, uma vez que estas espécies possuem um papel fundamental na complementação da dieta, dentre outros usos. Neste contexto, índices têm sido propostos na intenção de detectar espécies merecedoras de maiores atenções conservacionistas, dentre eles, o Índice de Prioridade de Conservação (IPC), testado no presente estudo na comunidade rural de Barroquinha, município de Lagoa, sertão da Paraíba (Nordeste do Brasil). Foram realizadas entrevistas com 62 informantes (35 mulheres/27 homens - 100% da comunidade), os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). A identificação da fauna foi realizada por meio de guias científicos, amostras biológicas, foto-identificação, especialistas acadêmicos e pela descrição dos caçadores. O IPC foi calculado por meio de dados etnozoológicos, segundo a fórmula: PC = 0,5(EB) + 0,5(RU), onde EB = A x 10 e RU = 0,5(H) + 0,5(U) x 10, sendo: PC prioridade de conservação; EB escore biológico; RU risco de utilização; A abundância da espécie na percepção local; H risco de coleta; U é dado pelo maior valor entre a importância local (L) e a diversidade de uso (U). Cada espécie recebeu um escore adotado pelo somatório de todos os critérios tomados. Foram registrados 22 animais, identificando-se 21 espécies, 19 gêneros e 12 famílias. Destacaram-se Puma concolor (escore=60), Kerodon rupestres (escore=55), Pecari tajacu/ Panthera onca/ Mazama gouazoubira/ Cuniculus paca/ Leopardus spp. (escore=50, respectivamente), Puma yagouaroundi (escore=40), Thrichomys apareoides/ Leopardus pardalis (escore=32,5) e Dasypus novemcinctus/ Euphractus septemcinctus/ Galea spixii/ Tamandua tetradactyla (escore=25). Os dados apontam a necessidade de estudos específicos com estas espécies para avaliar a situação que estas populações se encontram, como também se estas espécies estão sofrendo pressões de uso, uma vez que alguns destes animais encontram-se na lista de espécies ameaçadas de extinção da IUCN.

Palavras-chave: etnozoologia, florestas secas, conservação

Área temática: Etnozoologia

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A IDADE PODE INFLUENCIAR NO CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DA FAUNA CINEGÉTICA?

Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto¹, Rodrigo Ferreira de Sousa², Hyago Keslley de Lucena Soares¹, Hugo Fernandes-Ferreira³, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

³Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O conhecimento sobre caça é bastante dinâmico, deste modo, o presente estudo verificou como os ensinamentos sobre esta atividade são adquiridos, e se a idade dos informantes tem influência no conhecimento e uso da fauna. Foram entrevistados 35 informantes no município de Lagoa, Paraíba, selecionados através do método snowball para identificar os caçadores da região, onde foram separados grupos com intervalos de idade de dez em dez anos (porém, a idade mínima/máxima dos informantes variou): A)20-31 anos; B)32-44 anos; C)48-76 anos. A identificação da fauna foi realizada por meio de guias científicos, amostras biológicas, foto-identificação, e descrição dos caçadores. Foi utilizada a Correlação de Spearman e Regressão Linear Simples para verificar a existência de correlação entre idade dos informantes e o nº de espécies. Na análise dos agrupamentos realizados pelos caçadores foi utilizado o programa Pilesort do Anthropac. O grupo “A” citou 81 espécies (59-avifauna, 19-mastofauna e três-herpetofauna); o “B” mencionou 65 espécies (41-avifauna, 20-mastofauna e quatro-herpetofauna); já o “C”, 51 espécies (28-avifauna, 20-mastofauna e três-herpetofauna). A Regressão Linear apresentou correlação entre o grupo “A” e “C” (p<0,0001). Já a Correlação de Spearman apresentou correlação inversa entre o mesmo grupo (p<0,0001; rs=-0,5083). A análise do Anthropac formou três grupos distintos, o primeiro formado por 31 caçadores, o segundo formado por três caçadores, e o terceiro por um caçador isolado. O grupo 1 apresentou dados de caça voltados para alimentação/criação com um grupo específico de animais. Já o grupo 2 se destacou pela grande quantidade de citações sobre espécies para criação, e o caçador isolado por citar muitos mamíferos. Os resultados evidenciaram uma relação entre idade dos caçadores com o uso dos animais de potencial cinegético, sendo necessário um estudo que avalie o impacto causado pelos caçadores jovens, uma vez que estes abatem diversos animais sem necessariamente utilizá-los.

Palavras-chave: florestas secas, caça, etnozoologia

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO TRADICINOAL E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS FAUNÍSTICOS POR CAÇADORES DE FLORESTAS SECAS (PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL)

Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto¹, Rodrigo Ferreira de Sousa², Suellen da Silva Santos¹, Hyago Keslley de Lucena Soares¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

A atividade de caça está fortemente ligada às culturas humanas, e seus praticantes detêm um vasto conhecimento sobre a biodiversidade. Este estudo registrou o conhecimento dos caçadores do município de Lagoa, sertão da Paraíba (Nordeste/Brasil). Foi aplicado o método da bola de neve, identificando-se 35 caçadores, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11), e com os quais foram realizadas entrevistas sobre a utilização da fauna local. A identificação dos animais foi realizada por meio de guias científicos, amostras biológicas, foto-identificação, especialistas científicos e pela descrição dos caçadores. O teste G foi calculado para verificar a relação entre citações de uso e espécies em cada categoria de uso, e entre a diversidade de espécies com as técnicas de captura. Registrou-se 101 animais de importância cinegética, sendo 62/avifauna, 23/mastofauna e 16/herpetofauna, os quais foram divididos em seis categorias (alimentação/controle biológico/criação/comércio/medicinal e tecnologia). A categoria alimentação se destacou com 524 citações, sendo Dasypus novemcinctus a espécie de maior importância na categoria, devido seu alto valor protéico. Puma yagouaroundi destacou-se nas categorias controle biológico, comércio e tecnologia. Já Columbina minuta e Columbina picui destacaram-se na categoria criação, e Tupinambis merianae na categoria medicinal. Foram registradas 20 técnicas de captura, divididas em ativas e passivas, com destaque para busca ativa com espingarda (423 citações) e cachorro (220 citações). As categorias de uso apresentaram forte correlação com as espécies citadas (p=0,001), e entre a diversidade de espécies com as técnicas de captura (p=0,0007). A maioria dos caçadores afirmou preferir caçar, para alimento, o D. novemcinctus e Tamandua tetradactyla (97% e 82% dos informantes, respectivamente). Os dados apresentados apontam a necessidade da realização de pesquisas que avaliem o impacto da caça sobre essas espécies, principalmente pelo fato de algumas estarem ameaçadas de extinção.

Palavras-chave: caça, caatinga, etnozoologia

Área temática: Etnozoologia

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VALOR DE USO DAS TÉCNICAS DE PESCA E AS ETNOESPÉCIES DE PEIXES NA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS DE SACAÍ, NO BAIXO RIO BRANCO, RORAIMA, BRASIL

Paula Lorrane de Jesus Lopes¹, Juliane Marques de Souza¹

¹ Universidade Estadual de Roraima – UERR

A etnoictiologia pesquisa o entendimento empírico do pescador sobre o sistema pesqueiro, construído por meio de observações do ambiente. Este trabalho, desenvolvido na comunidade de Sacaí, município de Caracaraí, Roraima, investigou quais as técnicas pesqueiras mais utilizadas, os peixes mais capturados e para qual finalidade são usados. Para coleta de dados utilizou-se entrevista semi-estruturada e observação participante com 11 pescadores as quais foram analisadas no software QSR-NVivo®. Para o cálculo do valor de uso adotou-se VU= ∑U/n, onde: “VU” é o índice de valor de uso; “∑U” é o n° de citações por etnoespécies e; “n” o n° de pescadores entrevistados. Das 38 etnoespécies, 33 foram mencionadas com algum uso e 25 foram relacionadas com técnicas pesqueiras. A prioridade do uso do pescado é comercial “VUc”, seguido de alimentar “VUa”. Sete técnicas de pescas foram relatadas, sendo o malhador utilizado por todos (VU=1,00). As etnoespécies com maior VU nesta técnica foram: Capararí (Pseudoplatystoma sp.) e Tucunaré (Cichla sp.), 0,82; Aruanã (Osteoglossum sp.) e Carauaçú (Astronotus sp.), 0,64. Essas mesmas etnoespécies apresentam alto VUc: Tucunaré e Carauaçú = 0,91; Capararí = 0,82, Aruanã = 0,64 e alto VUa: Tucunaré = 0,91, Carauaçú = 0,73, Capararí e Aruanã = 0,55. Evidencia-se que o Tucunaré é o que mais sofre pressão pesqueira, pois dentre as 07 técnicas, 05 são utilizadas para sua pesca, além de apresentar maior VU total (2,18). A comunidade aparenta uma estreita dependência do pescado, sendo base da economia e nutrição, com isso o malhador torna-se a técnica mais viável na captura em maior escala, pois para os pescadores, “é mais rápido na captura”. Porém esta técnica não é seletiva e captura peixes “inúteis” e juvenis, assim, o ajuste do tamanho do malhador e do espaço entre-nós deixando-o compatível com o tipo de pescado e o local de pesca, pode contribuir para reduzir os impactos.

Palavras-chave: etnoictiologia, valor de uso, pesca artesanal.

Área temática: Etnozoologia

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A FAUNA NA ARTE KARAJA: ETNOZOOLOGIA E IDENTIDADE CULTURAL

Maria Nazaré Stevaux¹, Welinton Ribamar Lopes¹, Renan Uassuri¹, Raul Hawàkàti¹

¹Universidade Federal de Goiás – UFG

O povo In (Karaja) reúne 29 aldeias distribuídas na Bacia do Rio Araguaia. São 3 subgrupos: javaés, xambioá e karaja - este é restrito as aldeias marginais do Rio Araguaia (na Ilha do Bananal,TO e em Aruanã, GO) somando uma população de cerca de 3000 pessoas, proximamente aparentadas. A origem deste povo parece ter sido na região de Aruanã, onde persiste a aldeia Buridina - a que mais perdeu identidade, por estar em ambiente urbano com forte potencial turístico. Assim foi criado o projeto Maurehi de resgate e manutenção da identidade cultural associando as aldeias do subgrupo karaja. Este estudo resgatou e identificou as contribuições da fauna regional para as expressões artísticas dos karajas. Foram levantados e documentados os elementos faunísticos utilizados como inspiração (nas decorações e pinturas em: utensílios domésticos; instrumentos; fachadas residenciais e objetos de decoração residencial e adornos corporais); como modelo (de esculturas e desenhos) e como matéria prima (para a fabricação de artesanatos e utensílios). Todos os registros foram feitos com câmera fotográfica e documentados em filmagens nos eventos com participação de artesãos karajas visitantes da Ilha do Bananal. Posteriormente os registros foram analisados em parceria com o cacique e educadores indígenas para identificação do produto, da pintura, da matéria prima utilizada e sua destinação nas expressões artísticas. Dos 86 registros, a matéria prima mais utilizada foi madeira (38,0%) e 12% era de origem animal (carapaça de tartaruga, penas, ossos e escamas de peixe). Nas esculturas, o modelo mais abundante foi o indígena (24,5%), seguido da fauna local (12,8%). Em sua maioria (mais de 62%) os motivos de pinturas são de elementos da fauna local - Rastro de Papagaio (20%), Pacu (17,4%), Jiboia (7,6%), Espinho (5,4%), Rabo de Quati (3,2%), Rastro de Camaleão (3,2%) e asa do Urubu Caçador (2,2%).

Palavras-chave: etnooologia, expressão artística, karaja.

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO TRADICIONAL DE CAÇADORES VERSUS UMA COMUNIDADE RURAL DA DEPRESÃO SERTANEJA: UMA COMPARAÇÃO DO CONHECIMENTO MASTOZOOLÓGICO

Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto¹, Suellen da Silva Santos¹, Hyago Keslley de Lucena Soares¹, Claudio César Montenegro Júnior¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnozoologia estuda a relação das pessoas com a fauna local. Nesse sentido, o presente estudo comparou o conhecimento dos caçadores (A) com os moradores da comunidade rural de Barroquinha (B), ambos situados no município de Lagoa, Paraíba (Nordeste/Brasil). As informações etnozoológicas foram obtidas por meio de entrevistas com 62 moradores da comunidade e 35 caçadores, tendo estes assinado o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). O processo de identificação da fauna foi realizado por meio de guias científicos, amostras biológicas, foto-identificação, especialistas científicos e pela descrição dos caçadores. O valor de uso (VU) foi calculado para identificar as espécies mais importantes para cada grupo. A Correlação de Pearson foi utilizada para verificar se existe correlação entre as citações de uso de espécies citadas pelos caçadores e pelos moradores de Barroquinha. Os moradores citaram 21 espécies, 19 gêneros e 12 famílias, já os caçadores 24 espécies, 21 gêneros e 13 famílias. No VU as espécies com maior destaque no grupo “A” foram, Puma yagouaroundi (VU=2,2), Dasypus novemcinctus (VU=1,1) e Tamandua tetradactyla (VU=1,0); já no grupo “B” destacaram-se D. novemcinctus (VU=0,84), Euphractus sexcinctus (0,82) e Galea spixii (0,71). Não houve correlação entre as citações dos caçadores e a dos moradores (p>0,05). Os caçadores citaram os cachorros como melhor técnica de caça, seguido de espingarda. Já a os moradores também citaram os cachorros como melhor forma de caçar, seguida de arataca. Esses dados reforçam a necessidade da distinção entre conhecimento e uso, a qual pode determinar as espécies que podem estar sofrendo com a pressão da caça e uso. Os dados evidenciaram que cada grupo reconheceu diferentes espécies como as mais importantes. Acredita-se que se fazer a distinção dos usos efetivos dos usos apenas conhecidos, essa relação pode mudar.

Palavras-chaves: etnozoologia, caça, semiárido

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO E USO DE ANIMAIS POR UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

Filipe Mariano de Sousa¹, Suellen da Silva Santos¹, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto¹, Hugo Fernandes Ferreira², Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A utilização de animais no semiárido nordestino por populações tradicionais é antiga, colocando algumas espécies em risco de extinção. O presente estudo registrou o conhecimento e uso de animais na comunidade rural de Capivara, município de Solânea (Paraíba/Nordeste/Brasil). Foram realizadas entrevistas com os chefes familiares, totalizando 108 informantes (56M/52H), os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW n°297/11). A identificação faunística se deu a partir de guias científicos, amostras biológicas, foto-identificação, especialistas científicos e descrições por parte dos informantes. O valor de uso (VU) foi calculado pela fórmula VU=?Ui/n; Ui=número de usos mencionados por cada informante; n=número total de informantes. A correlação de Pearson foi utilizada para comparar VUHomem/VUMulher. O Teste G foi calculado para verificar a relação entre citações de uso e espécies em cada categoria de uso. As citações foram organizadas em seis categorias utilitárias. Registraram-se 21 espécies, 18 gêneros e 14 famílias. A comparação da média com o desvio padrão mostrou variação das espécies entre os maiores e menores valores, com média 0,87 (±0,78) para VUHomem, e 0,57 (±0,59) para VUMulher. As espécies de maior destaque no VU foram Galea spixii (2,09), Puma yagouaroundi (1,86) e Leopardus tigrinus/Leopardus wiedii (1,68). No VUHomem foram, G. spixii (2,37) e P. yagouaroundi (2,17). Já no VUMulher G. spixii (1,84) e P. yagouaroundi (1,57). A correlação de Pearson evidenciou que houve correlação significativas entre VUHomem/VUmulher (r=0,9834; p<0,0001). As citações de uso mostraram correlação com as espécies em cada categoria (p<0,05). A categoria destacada foi alimentação tanto para homens (57% citações) como para mulheres (43%). Os resultados evidenciam a importância de estudos específicos com relação à utilização da fauna local, determinando quais sofrem pressão de uso, já que algumas se encontram na lista de espécies ameaçadas de extinção da IUCN e MMA.

Palavras-chave: etnozoologia, caatinga, população tradicional

Área temática: Etnozoologia

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Page 63: Anais Ixsbee

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SINURBIZAÇÃO DO SARIGUÊ (Didelphis) NO ECOSSISTEMA URBANO DE FEIRA DE SANTANA-BA: OCORRÊNCIA E INTERAÇÃO COM OS SERES HUMANOS

Mônica Costa de Abreu¹, José Geraldo Wanderley Marques¹

¹Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

As cidades tornaram-se locais ricos em diferentes formas de vidas, abrigando uma biodiversidade dificilmente perceptível pelas pessoas. O fenômeno de adaptação das populações de animais silvestres colonizando o meio urbano é denominado sinurbização. O termo não se aplica individualmente a espécimes que vieram (ou foram trazidos por seres humanos) para uma área urbana e que acidentalmente vivem lá por um tempo limitado. O processo de sinurbização é evidente no caso dos sariguês (Didelphis). Estes animais se adaptam facilmente às áreas urbanas e podem ser vistos em ruas ou sobre árvores. Este trabalho objetivou evidenciar o fenômeno de sinurbização relacionada aos Didelphis, suas ocorrências e relações com as pessoas, no ecossistema urbano de Feira de Santana (BA). Foram realizadas 32 entrevistas estruturadas e 32 semi-estruturadas com pessoas que habitam a área urbana do município há mais de três anos. Os questionários envolveram perguntas relacionadas a: distribuição geográfica e frequência de observação dos animais, aspectos da biologia geral, atitudes e crenças das pessoas frente aos sariguês. Também foram realizados registros fotográficos de vestígios encontrados e de avistamentos diretos dos animais, bem como uma etnografia visual. Dos 41 bairros existentes na área urbana, foram verificadas ocorrências de Didelphis em 23. Em relação aos sentimentos dos participantes, predominou a biofobia (56,3%), o que igualmente ficou demonstrado nas atitudes (56%) dos entrevistados. A etnografia visual demonstrou o fato de as pessoas alimentarem-se de sariguês. Sobre os aspectos da dieta destes animais, a categoria “aves”, que inclui galinhas, ovos, pintos e passarinhos engaiolados, foi a mais citada (69%) pelos entrevistados. Com base nisso, um processo de sinurbização do sariguê (Didelphis) no ambiente urbano de Feira de Santana é factível.

Palavras-chave: sinurbização, sariguê (didelphis), biofóbia

Área temática: Etnozoologia

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Page 64: Anais Ixsbee

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CONHECIMENTO E USO DA FAUNA SILVESTRE EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

José Ribamar de Farias Lima¹, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto², Marcelo Rodrigues de Souza Júnior¹, José da Silva Mourão³, Reinaldo Farias Paiva de Lucena².

¹Pós Graduação em Ecologia e Monitoramente Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

² Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

³Laboratório de Educação Ambiental e Etnoecologia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

As relações entre populações humanas e a fauna que os cerca é historicamente conhecida e bem representada, com interações que podem ser categorizadas em vários grupos. Tipos diversos de usos constituem um dos pilares do viés cultural das comunidades humanas e instrumento de representação sócio econômica destas. O objetivo deste trabalho foi identificar os animais conhecidos e utilizados em uma comunidade rural do semi-árido paraibano, no município de Cabaceiras (Nordeste/Brasil), com 43 informantes (22 Homens, 21 Mulheres), com idade variando entre 27 e 79 anos, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (aprovação do CEP/HULW nº297/11). As informações foram obtidas por meio de entrevistas aplicadas entre os meses de janeiro a maio de 2012. Foram registradas 131 espécies, sendo 62 aves (47%), 22 répteis (17%), 21 mamíferos (16%), 21 artrópodes (16%) e cinco anfíbios (4%), dos quais 34 apresentaram uso atual e influência direta na comunidade. Foi verificada uma diversidade (Índice de Shannon) maior de usos atuais (H’=3,25) do que potencial (H’=3,05). Os usos/influências elencados foram agrupados em dez categorias: alimento, decoração, diversão, estimação, medicinal, místico, praga, previsão climática, vestimenta e veterinária, havendo diferenciação entre os usos atuais e potenciais. A influência atual mais representativa foi relacionada a prejuízos trazidos pelos animais silvestres nas atividades desenvolvidas pelos produtores rurais (praga), principalmente pela presença da raposa (Cerdocyon thous), o morcego hematófago (sp. não identificada) e o teju (Tupinambis merinae). A alimentação foi o uso mais frequente quando arguidos sobre usos potenciais, com o T. merinae o mais utilizado, junto a onze espécies de aves, sendo a mais frequente a seriema (Cariama cristata). Os dados sugerem deslocamento de usos, com redução da caça, e aumento nos deslocamentos de nicho em direção as áreas agrícolas.

Palavras-chave: etnozoologia, populações tradicionais, caatinga

Área temática: Etnozoologia

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PADRÕES DE CONHECIMENTO SOBRE A FAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMI-ÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

José Ribamar de Farias Lima¹, Vanessa Moura dos Santos², Marcelo Rodrigues de Souza Júnior¹, José da Silva Mourão³, Reinaldo Farias Paiva de Lucena².

¹Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramente Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

³Laboratório de Educação Ambiental e Etnoecologia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

O conhecimento sobre a biota do local onde se reside está distribuído de forma dispersa dentro de comunidades rurais. O objetivo deste trabalho foi identificar a forma como esses conhecimentos são distribuídos entre os adultos de uma comunidade rural, sendo realizado no semi-árido paraibano, município de Cabaceiras (Nordestes/Brasil). Participaram da pesquisa 43 informantes (49%H, 51%M), com idade média de 51 anos, variando entre 27 e 79 anos, e com vínculo familiar entre todos, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As informações foram obtidas por meio de entrevistas aplicadas entre os meses de janeiro a maio de 2012. Foi analisada a similaridade entre os conhecimentos com a finalidade de identificar agrupamentos destes. As citações de uso foram separadas em uso atual e uso potencial. As citações de gênero foram testadas pela Correlação de Pearson. Foram registradas 129 espécies de animais, distribuídos em cinco grupos taxonômicos (anfíbios/artrópodes/aves/mamíferos/répteis), destacando-se aves (47%) e répteis (17%), com registro do uso de 51 destas (uso atual=34; uso potencial=29). Os homens citaram mais espécies do que as mulheres (r=0.4751, p<0,05), e apresentaram uma relação maior com o uso atual (r=0.4189, p<0,05). Constatou-se também um correlação entre idade e uso potencial (r=0.4534, p<0,05). O Teste de Similaridade de Morisita-Horn evidenciou uma tendência do uso e conhecimento serem homogêneos, originando uma matriz cujos valores variaram de 89 a 100% entre os entrevistados. Estes dados foram corroborados por análise de conglomerados, enfatizando semelhança maior entre dados oriundos de informantes com parentesco próximo, como irmãos e primos. As informações indicam uma concentração das informações sobre a fauna entre os homens, e transmissão principalmente dentro agregados familiares, grupos de residências próximas pertencentes a irmãos, que costumam desenvolver as atividades em conjunto, em um mesmo local.

Palavras-chave: etnozoologia, caatinga, populações tradicionais

Área temática: Etnozoologia

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SÍNTESIS DEL CONOCIMIENTO SOBRE EL APROVECHAMIENTO DE AVES VIVAS EN LATINOAMÉRICA, CON ÉNFASIS EN MÉXICO

Blanca Roldan-Clara¹, Xavier Lopez-Medellín², Evarista Arellano García¹, Ileana Espejel¹.

¹Universidad Autonoma de Baja California – UABC

²San Diego Natural History Museum

Cada año en Latinoamérica grandes cantidades de aves, generalmente psitácidos y paserinas, son extraídas vivas para su comercialización como mascotas por sus bellos cantos o su plumaje, esto ocasionando un impacto en sus poblaciones. Aunque es una actividad común, en general existen pocos estudios realizados en Latinoamérica y ninguno de revisión. Con la hipótesis de los estudios están sesgados a los carismáticos psitácidos, el objetivo de este trabajo fue realizar una revisión de la información publicada sobre el aprovechamiento de ave vivas en Latinoamérica a nivel doméstico, con énfasis en México. Para ello se realizó una búsqueda científica con palabras clave en revistas anexas a bases de datos. Para lograr un mayor alcance en México, se buscó en tesis, revistas y resúmenes de congreso nacionales y se escribió a ornitólogos mexicanos. Las variables empleadas para desglosar los artículos arbitrados fueron: país donde se realiza el estudio, lengua, recurso que se comercializa, uso y alcance del estudio. Se encontraros 41 artículos publicados en Latinoamérica y Brasil tuvo mayor número de publicaciones. El 44% fueron en ingles, el 34% en español y el 22% en portugués. 17% fueron sobre fauna silvestre, 27% sobre aves silvestres, 15% sobre aves ornamentales y 27% sobre psitácidos. El 51% se enfocaron al uso general, el 44% al uso como mascotas, y el 5% a otros usos. Gran parte de las publicaciones fueron a escala local. Para el análisis de México se adicionaron 87 documentos de literatura gris y siendo 28 resúmenes de congreso. Se comprueba que hay mayor conocimiento del uso de psitácidos y que parte de la información del aprovechamiento de aves como mascotas está oculta en estudios de fauna silvestre. Por último, se muestra que México no publica suficiente, por lo tanto, es importante trabajar con aves ornamentales y publicar en revistas arbitradas.

Palavras-chave: mascotas, etno-ornitología, méxico

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO ETNOMASTOZOOLÓGICO DOS MORADORES DOS ARREDORES DA COMUNIDADE DE BISCAIA, PONTA GROSSA (PARANÁ)

Luiz Frederico Petla¹, Olavo Martins Ayres¹

¹Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG

Os conhecimentos zoológicos de comunidades afastadas dos centros urbanos são fruto de um longo tempo de observação e experimentação, transmitidos e acumulados ao longo das gerações. A comunidade de Biscaia, alvo do estudo, e arredores distam entre 50 e 65 km do centro do Município de Ponta Grossa. O presente trabalho objetivou investigar o conhecimento dos agricultores e residentes locais sobre os mamíferos, em particular, informações acerca de aspectos etológicos e alimentares dos animais, e da relação homem-animal. A metodologia empregada fundamentou-se na utilização de testes projetivos baseado em fotos e entrevistas semi-estruturadas com nove moradores. O período da pesquisa foi de maio de 2011 a maio de 2012. Através de conhecimentos locais foram levantadas 27 espécies de mamíferos no local de estudo, dentre esses alguns ameaçados de extinção. O bugio (Alouatta fusca), a paca (Agouti paca), a lontra (Lutra longicaudis), e felinos, como o leão-da-cara-suja (Puma concolor), a onça-pintada (Panthera onca), a jaguatirica (Leopardus pardalis), e gatos-do-mato, foram citados. Dentre os dados obtidos sobre a utilização de partes de animais em tratamentos de enfermidades - zooterápicos -, podem-se citar as banhas de quati e de tatu no combate à queda de cabelo, banha de capivara como antibiótico e contra feridas que eventualmente apareçam no corpo, e raspas do chifre de boi como anti-helmíntico. Uma diminuição no número de espécies e populações de mamíferos tem sido percebida por moradores locais, e relacionada com as plantações de Pinus e a utilização de agrotóxicos. A extração de calcário por indústrias e o tráfego intenso de caminhões somam-se a esses agravos. Consideramos necessário um aprofundamento dos estudos do conhecimento etnomastozoológico dos moradores locais, o que pode contribuir em projetos de preservação locais e regionais.

Palavras-chave: etnozoologia, campos gerais - paraná, mamíferos

Área temática: Etnozoologia

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ESTUDO COMPARATIVO DA RIQUEZA DE MAMÍFEROS CINEGÉTICOS ENTRE AMAZÔNIA E CAATINGA: NOVOS SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO DA FAUNA BRASILEIRA.

Hugo Fernandes-Ferreira¹, Rômulo Alves².

¹Laboratório de Mastozoologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Departamento de Biologia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

A Amazônia possui a maior biodiversidade do mundo e diversos trabalhos apontam elevados índices de pressão de caça em comunidades tradicionais. No entanto, baseados em recentes estudos sobre caça na Caatinga, assumimos a hipótese de que nesse bioma, apesar de possuir menor diversidade, a proporção entre riqueza cinegética e riqueza total de médios e grandes mamíferos é maior do que em comunidades rurais amazônicas. Para testá-la, executamos censos visuais, instalação de camtraps, entrevistas semi-estruturadas com caçadores e acompanhamento de caça na Amazônia (Porto Velho - Rondônia e Altamira - Pará) e na Caatinga (Caridade e Irauçuba - Ceará), durante dois anos. Índices de valor de uso foram determinados para estimar o uso potencial (espécies consumidas ainda que esporadicamente) e uso real (espécies preferenciais ou consumidas frequentemente) dos mamíferos cinegéticos. Como esperado, a riqueza na Amazônia (n = 55 em Porto Velho e n = 53 em Altamira) se mostrou maior que na Caatinga (n = 17 em Caridade e n = 15 em Irauçuba). Entretanto, o número de mamíferos de uso potencial corresponde a 100% da riqueza total na Caatinga, enquanto na Amazônia a relação varia entre 58,1% e 60,8%. Quanto ao uso real, a riqueza de espécies cinegéticas na Caatinga varia entre 74,3 e 81,2%, enquanto na Amazônia representa apenas cerca de 31%. Essa diferença foi estabelecida porque o consumo de espécies com massa média abaixo de 1200g na Caatinga é maior. Os resultados confirmam nossa hipótese, explicados por fatores ecológicos (maior abundância de espécies preferenciais na Amazônia); sociais (maiores alternativas de subsistência na Amazônia, como a pesca) e históricos (os períodos de estiagem na Caatinga exigiram maior dependência dos recursos naturais). O estudo serve de subsídio para caracterizar o histórico e status da depleção de mamíferos na Caatinga e fomentar programas de conservação e manejo nos biomas nacionais.

Palavras-chave: caça, mastofauna, impacto ambiental

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO ETNOZOOLÓGICO DA COMUNIDADE DO ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ, SANTA CATARINA, BRASIL

Alanza Mara Zanini¹, Elaine Maria Lucas¹, Giovana Secretti Vendruscolo¹

¹UNOCHAPECÓ

Estudos etnozoológicos, envolvendo comunidades do entorno de Unidades de Conservação (UCs), podem obter informações preciosas sobre a fauna local, auxiliando no processo de proteção desses animais. Neste sentido, este estudo buscou analisar o conhecimento da comunidade do entorno da Floresta Nacional (FLONA) de Chapecó sobre a fauna silvestre. A FLONA de Chapecó localiza-se nos municípios de Guatambu (Glebas I e III) e Chapecó (Gleba II), Estado de Santa Catarina, sul do Brasil. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 15 proprietários das áreas que fazem divisa com a Gleba I. Os mamíferos foram os mais citados (n=78), seguidos das aves (n=56), anfíbios (n=16) e répteis (n=12). Registrou-se 67 citações de animais com ocorrência para a UC, sendo que os mamíferos apresentaram maior riqueza (n=27), seguidos das aves (n=22), répteis (n=12) e anfíbios (n=6). Para 57 animais não houve citação de utilização, enquanto nove foram citados com uso alimentício e um como medicinal. Nove proprietários (60%) afirmaram a existência de ameaças aos animais silvestres da região, estando estas associadas à caça (n=6), perda do habitat (n=3), ocorrência de espécies exóticas (n=3), crescente urbanização (n=2) e uso de agrotóxicos (n=1). Referente às ações para a conservação, não caçar animais silvestres foi a mais citada (n=5), seguida pelo aumento de fiscalização (n=2), conservar áreas protegidas (APP e Reserva Legal) nas propriedades (n=2), fornecer orientações à comunidade (n=2), cercar a UC (n=1), proteger os corpos d’água (n=1), não desmatar (n=1) e reflorestar com espécies nativas (n=1). A população local demonstrou um rico conhecimento sobre a fauna nativa e preocupação com a proteção das espécies. Estas informações podem servir para incrementar o conhecimento zoológico local, além de auxiliar na definição de estratégias regionais de conservação, que incluam ações direcionadas à UC e áreas do entorno, a fim de viabilizar a manutenção de populações viáveis das espécies.

Palavras-chave: unidade de conservação, etnozoologia, população local

Área temática: Etnozoologia

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CONSERVANDO OS BOTOS E RESPEITANDO AS LENDAS: CONHECIMENTO ETNOBIOLÓGICO ENTRE ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DO PARÁ.

Ana Marta Andrade¹, Gabrielle Pontes¹, Angélica Lúcia Figueiredo Rodrigues¹, Maria Luisa da Silva¹

¹Laboratório de Ornitologia de Bioacústica, Universidade Federal do Pará – UFPA

Poucos estudos deram enfoque ao conhecimento que crianças detêm sobre os mamíferos aquáticos e qual o efeito do reforço do mito que estes animais representam em comunidades tradicionais para a conservação. Portanto, nosso objetivo foi estabelecer uma comparação referente ao conhecimento etnobiológico sobre os botos entre estudantes de ensino fundamental de escolas públicas do Pará, sendo uma urbana e duas da zona rural. Pesquisamos em escolas na Ilha do Capim (Abaetetuba), área metropolitana de Belém e Vila de Joanes, na Ilha de Marajó no período de fevereiro de 2011 a junho de 2012. Os 96 alunos responderam a entrevistas semi-estruturadas referentes aos cetáceos. Para as análises usamos teste do qui-quadrado através do programa PASW 18. De forma geral há um maior conhecimento em relação ao boto-vermelho (Inia geoffrensis) quando comparado ao tucuxi. Ainda que o sentimento predominante para ambos os gêneros seja medo, alguns nutrem a curiosidade pelos animais. As crianças do Capim sentem mais medo quando comparadas às outras localidades, possivelmente pelo contexto negativo da lenda na região e o reforço da mesma entre as gerações. Não encontramos diferenças significativas entre o conhecimento sobre as espécies e o sexo dos participantes. Aos botos-vermelhos foram atribuídas várias etno-espécies sendo que as mais usadas foram boto e boto-rosa enquanto para os botos do gênero Sotalia usualmente aparecem os termos golfinho e boto. A classificação popular pouco restrita se deve à aparência do animal, por ser visto pela maioria dos pescadores como principal competidor, pois frequentemente captura peixes no espinhel e estraga as redes de pesca e, principalmente, pela motivação negativa da lenda na cultura amazônica. A educação formal aliada ao conhecimento etnobiológico pode conferir direcionamento a programas de conservação na intenção de mitigar os conflitos entre os humanos e botos na Amazônia.

Palavras-chaves: botos, conservação, lenda

Área temática: Etnozoologia

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ETNOZOOLOGIA E QUILOMBOLAS: CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL E O USO MEDICINAL E ALIMENTÍCIO DOS RECURSOS FAUNÍSTICOS NA COMUNIDADE DE POÇÕES- NORTE DE MINAS GERAIS

Maria Clara Silveira Santos¹, Ana Paula Glinfskoi Thé¹

¹Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

O norte de Minas Gerais é composto pelos biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Este território abriga, além de sua fauna e sua flora, as populações tradicionais, que são grupos culturalmente diferenciados que construíram seu modo particular de vida e de relação com a natureza. Esse trabalho teve como objetivo estudar o conhecimento ecológico tradicional e o uso medicinal e alimentício dos recursos faunísticos em uma comunidade quilombola. O estudo foi realizado na Comunidade Quilombola de Poções, localizada no município de Francisco Sá, região norte de Minas Gerais. O trabalho de campo foi divido em etapas: a) etapa de reconhecimento, onde pode-se compreender o tamanho e a dinâmica de organização social e de modo de vida da mesma; b) etapa de descrição geral, onde,através de entrevistas estruturadas, lista de espécies, e turnês-guiadas, coletou-se informações sobre os conhecimentos da comunidade sobre os recursos naturais. Foram elaborados roteiros contendo questões sobre aspectos específicos dos recursos faunísticos, seu modo de obtenção e forma de uso (alimentar, medicinal, ou sem uso discriminado). Em relação a riqueza de animais conhecidos e/ou utilizados pelos moradores da Comunidade Quilombola de Poções, foram citadas 57 espécies pelos entrevistados, englobando insetos, peixes, répteis, aves e mamíferos. Dentre as 57 espécies, 10 foram citadas como recurso medicinal (17%), 12 citadas como recurso alimentar (21%), e 35 espécies não apresentaram uso discriminado (61%). Quanto a forma de obtenção dos animais, foram identificadas criação, pesca e caça, sendo esta última a mais citada (19%). Dentre as espécies citadas com uso medicinal, houve aquelas presentes nas falas de 100% dos moradores: capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), tatu (Tolipeutes matacus) e galinha doméstica (Gallus gallus domesticus). O fato de estas espécies terem sido citadas nas falas de 100% dos entrevistados indica, provavelmente, um consenso entre o conhecimento tradicional dos moradores da comunidade acerca da fauna, e das formas de uso da mesma. Tal conhecimento, adquirido ao longo do tempo, é transmitido oralmente entre as gerações.

Palavras-chave: etnozoologia, quilombolas, zooterapia

Área temática: Etnozoologia

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¹Universidade Federal de Goiás – UFG

A Aldeia Buridina, em Aruanã-GO, pertence ao sub grupo-karaja (Iny Mahãdu) da Tribo In (karaja). A língua deste povo é peculiar, havendo diferenças de acordo com o sexo falante. Este estudo procurou identificar quais são os critérios adotados para o estabelecimento do grupo hur t . Os dados foram obtidos em entrevistas semi- estruturadas desenvolvidas com indígenas da aldeia, utilizando-se projeção de imagens de insetos (procedentes do acervo do Banco de Imagens do Programa FaunaCO-UFG). Foram projetadas 114 fotografias de espécies de invertebrados locais e ao analisar os nomes dados pelos indígenas, para os animais de cada imagem mostrada, obteve-se resultados significativos. Os indígenas da etnia In Mahãdu consideram como pertencentes ao grupo hur t , todos os insetos de corpo longo e afilado, com asas laterais perpendiculares ao corpo (quando em voo) e/ou estiradas junto ao corpo (em repouso). Esses insetos são conhecidos popularmente como “cambitos”, sendo evidente o referencial ao grupo taxonômico tradicional das Anisopteras (Odonata). No entanto, além desta Ordem, estão incluídos no grupamento huryty da etnia In mahãdu, por terem o corpo semelhante, representantes das Ordens Neuroptera: hur t nihiky (nihiky = grande); Efemeroptera : hur t ny (ny = falso), ficando evidente que eles identificam que não se trata de um hur t verdadeiro, mas animais que se parecem com eles; e Diptera: apenas hur t (neste caso, pode ter havido dificuldade na identificação da imagem fotográfica). É relevante mencionar que as espécies de Zygoptera foram diferenciadas das demais Odonatas, numa associação com outro grupo etnotaxonômico (tòbiò = louva-deus), com a nomenclatura tòbiò hur t (cambito parecido com louva-deus). Percebe-se que os indígenas classificam os animais das ordens abordadas no estudo, utilizando diferenças na sua forma e habitat, notando, que independente da cultura os critérios adotados para os agrupamentos animal são similares (semelhanças compartilhadas).

Palavras-chave: insetos, karajá, diversidade.

Área temática: Etnozoologia

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DIVERSIDADE DE INSETOS DO GRUPO HUR� T NA ETNIA KARAJÁ

Stefani Nascimento¹, Maria Nazaré Stevaux¹, Welinton Ribamar Lopes¹

Page 73: Anais Ixsbee

!CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE AVES DE RAPINA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

Hyago Keslley de Lucena Soares1; Vanessa Moura dos Santos1; Filipe Mariano Sousa1; Helder Farias Pereira de Araújo2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Depto. de Biologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O presente estudo registrou e analisou o conhecimento tradicional sobre as aves de rapina e suas relações com os moradores da comunidade Capivara, situada no município de Solânea, Paraíba, Nordeste do Brasil. Os informantes foram os chefes domiciliares (110 informantes - 52 homens e 58 mulheres). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e conversas informais para coletar os dados etno ornitológicos. Listas de visualização direta foram feitas para registrar as espécies citadas e ajudar na identificação científica. O guia de campo Avis Brasilis foi apresentado aos informantes para identificação e confirmação das espécies. Cada ave de rapina recebeu escore de um a três a partir das características morfológicas reconhecidas pelos informantes. A correlação entre homens e mulheres foi testada pela Correlação de Pearson. Registraram-se 22 espécies, 20 gêneros e cinco famílias. As espécies mais citadas foram Caracara plancus e Coragyps atratus (42% das citações), seguidas de Rupornis magnirostris (33%) e Geranoaetus melanoleucus (18%). A família mais representada foi Accipitridae com 13 espécies. Apenas 25% dos informantes mencionaram que matam essas aves devido seus hábitos alimentares, que faz com que ataquem os animais domésticos, como por exemplo as aves. As mais ameaçadas são C. plancus, R. magnirostris e G. melanoleucus. 38% das espécies foram consideradas com importância ecológica, por participarem da limpeza do ambiente, destacando-se C. atratus e C. plancus. Os homens e as mulheres consideraram as mesmas espécies como mais importantes (p = 0.0005; r= 0.9820). 67% das espécies receberam score máximo. Os dados do presente estudo evidenciam a importância da realização de estudos sobre o conhecimento tradicional sobre as aves de rapina, os quais podem auxiliar em pesquisas que busquem registrar a diversidade da avifauna local, contribuir na compreensão das relações existentes entre essas aves e as populações tradicionais.

Palavras-chave: etnozoologia, etnoornitologia, florestas secas

Área temática: Etnozoologia

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Page 74: Anais Ixsbee

!CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE AVES DE RAPINA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CARIRI PARAIBANO: DADOS PARCIAIS

Hyago Keslley de Lucena Soares¹, Vanessa Moura dos Santos¹, Filipe Mariano Souza¹, Helder Farias Pereira de Araújo², Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Laboratório de Zoologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A Etno ornitologia é a ciência que estuda o conhecimento e as relações cognitivas, simbólicas e comportamentais dos homens com as aves. O presente estudo registrou o conhecimento local sobre as aves de rapina e suas relações com os moradores da comunidade rural Santa Rita, município do Congo (Paraíba, Nordeste do Brasil). Os informantes foram os chefes domiciliares (32 informantes – 15 mulheres e 17 homens), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW n° 297/11). Foram realizadas entrevistas e conversas informais para coletar os dados no período de Agosto de 2011 a Abril de 2012. O guia de campo Avis Brasilis foi apresentado aos informantes para identificação e confirmação das espécies. Cada espécie recebeu um escore de um a três a partir das características morfológicas reconhecidas pelos informantes. A relação entre os gêneros dos informantes foi testada pela Correlação de Pearson. Registraram-se 20 espécies, 19 gêneros e cinco famílias. As espécies mais citadas foram Coragyps atratus (62% das citações), Rupornis magnirostris (53%) e Caracara plancus (50%). A família mais representativa foi Accipitridae com dez espécies. Apenas 12% dos informantes mencionaram que matam essas aves devido aos seus hábitos alimentares, as quais atacam os animais domésticos. As mais ameaçadas de ataque são C. plancus, Geranoaetus melanoleucus e Athene cunicularia. 53% das espécies foram consideradas com importância ecológica por participarem da limpeza do ambiente, destacando-se C. atratus, Cathartes aura e C. plancus. Os homens e as mulheres consideram as mesmas espécies como mais importantes (p<0,05; r=0,92). 12% das espécies receberam escore máximo, como Megascops choliba e A. cunicularia. Os dados apresentados evidenciam a importância do conhecimento das relações desenvolvidas entre as pessoas e as aves de rapina.

Palavras-chave: etnozoologia, etnoornitologia, caatinga

Área temática: Etnozoologia

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IMPORTÂNCIA RELATIVA DE MAMÍFEROS MEDICINAIS UTILIZADOS EM DUAS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

Filipe Mariano de Sousa¹, Suellen da Silva Santos¹, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto¹, Priscilla Clementino Coutinho¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A utilização de animais medicinais faz parte da tradição e cultura das populações tradicionais no Nordeste do Brasil. Embora esse uso seja componente importante da medicina tradicional, ainda é pouco estudado quando comparado aos estudos das plantas medicinais. O presente estudo buscou registrar e analisar o uso de animais na medicina tradicional em duas comunidades rurais no estado da Paraíba(Nordeste/Brasil). Foram realizadas entrevistas em Solânea, região do Curimataú (Comunidade de Capivara, 108 informantes, 56M/52H) e Lagoa, no Sertão (Barroquinha, 62,35M/27H). Totalizando 170 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW n°297/11). Para identificar as espécies mais importantes, foi calculada a Importância Relativa(IR) pela fórmula: IR=NSC+NP, onde IR=Importância Relativa, NSC=Número de Sistemas Corporais e NP=Número de Propriedades. A relação entre citações de uso de homens/mulheres foi testada pela Correlação de Pearson. Foram identificadas 11 espécies, dez gêneros, sete famílias. As espécies com maior IR, em Solânea, foram Cerdocyon thous (2) e Conepatus semistriatus (0,92); em Lagoa Kerodon rupestris (2), Dasypus novemcinctus e C. semistriatus (0,83 cada). Com relação ao Número de Sistemas Corporais da Espécie (NSCE), C. thous registrou oito sistemas em Solânea, e dois em Lagoa. K. rupestris registrou quatro em Lagoa e três em Solânea. No Número de Propriedades da Espécie(NPE), C. thous apresentou 19 em Solânea e dois em Lagoa. K. rupestris seis em Lagoa e três em Solânea. A parte animal mais utilizada foi a banha em Solânea (58% das citações), e o caldo da carne dos animais(veado/mocó) em Lagoa(56%). Houve fortes correlações entre as citações de homens e mulheres (Solânea:p=0,0001,r=0,94; Lagoa:p=0,0031,r=0,95). Foi constatado o uso de animais no tratamento de doenças nas comunidades estudadas, sendo necessárias pesquisas que possam comprovar seus efeitos farmacológicos em laboratório, assim como o impacto que tais usos possam causar nas espécies.

Palavras-chave: etnozoologia, zooterapia, caatinga

Área temática: Etnozoologia

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O TABU NA CONSERVAÇÃO: MANEJO LOCAL DA CAÇA NA RDS PIAGAÇU-PURUS-AM

Marina Albuquerque Regina de Mattos Vieira¹, Glenn H. Shepard Jr.2

1Insitituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

2Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG

Sistemas locais de manejo podem representar regras de uso e acesso aos recursos naturais mais adequadas ao contexto sócio-ecológico local do que as regras de jure, estabelecidas pelo governo. Diversos estudos demonstram que práticas culturais e tabus alimentares, como rejeição a animais considerados “reimosos” ou com “pixé” podem contribuir para diminuir a pressão de caça e pesca sobre algumas espécies. Neste trabalho descrevemos instituições informais - conceitos culturais, regras e acordos locais - sobre a caça e quais as possíveis conseqüências para o manejo sustentável da fauna em 5 comunidades de terra firme da RDS Piagaçu-Purus (RDS-PP), AM, uma reserva de uso sustentável estadual criada em 2003 com aproximadamente 4000 habitantes. Nosso objetivo é identificar congruências e discrepâncias entre as instituições informais e as regras de jure buscando por oportunidades em melhorar o diálogo para a gestão da fauna na RDS-PP. Em 2011 foram realizadas conversas informais e observações participantes com 99 moradores nas 5 comunidades para elaboração de um questionário aberto semi-estruturado. Questionou-se sobre as preferências e rejeições alimentares e os acordos e regras locais. Os acordos locais mais citados são referentes à repartição da carne caçada entre vizinhos e à proibição de venda de carne fora da RDS-PP. Em uma comunidade os moradores decidiram realizar o defeso da paca (Cuniculus paca) durante seu período de reprodução, entre outras regras estipulando cotas de abate. Conceitos como “panema,” “visagem,” “zelo” e “embiara” influenciam a prática dos caçadores com relação à escolha de lugares, armas, épocas e espécies para caçar. A “reima” influencia as rejeições alimentares, sendo a anta (Tapirus terrestris) considerada o animal mais “reimoso” e, portanto evitado em situações específicas. O sistema de manejo local da caça é reflexo não apenas de uma resposta aos ciclos naturais dos recursos, mas de uma combinação entre aspectos empíricos e simbólicos do conhecimento dos moradores sobre a fauna. É necessária melhor compreensão por parte das agências de gestão e fiscalização sobre regras locais para desenvolver estratégias de conservação mais adequadas.

Palavras-chave: gestão da fauna, instituições locais, rds

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO POPULAR SOBRE SERPENTES NAS PROXIMIDADES DA RESERVA BIOLÓGICA GUARIBAS, RIO TINTO-PB.

Rafaela Cândido de França¹, Danilo Alex Marques de Farias¹, Jessica Tamara Targino de Brito¹, Claudileide Pereira dos Santos¹, Frederico Gustavo Rodrigues França¹.

¹Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A interação da população humana com o ambiente que a rodeia têm embasado os princípios da ecologia desde longa data. O crescimento populacional e o avanço das cidades em direção a áreas naturais podem aumentar a proximidade dos animais silvestres com a população humana, e com isso, acidentes ocasionados por animais peçonhentos podem tornar-se um grave problema para saúde pública. Este trabalho teve como objetivo descrever o conhecimento da população que vive em torno da Reserva Biológica Guaribas no município de Rio Tinto-PB sobre as serpentes, além das práticas adotadas em casos de acidentes ofídicos. Foram aplicados 93 questionários semi-estruturados. O questionário procurou identificar o perfil social dos entrevistados: quais os critérios utilizados pelos moradores para identificar serpentes potencialmente peçonhentas, quais procedimentos adotados em caso de acidentes ofídicos, além de abordagens sobre a importância ecológica das serpentes. A maioria dos entrevistados (n=74;79,6%) não souberam diferenciar uma serpente peçonhenta de uma não peçonhenta. Os demais entrevistados apontaram como caracteres de animais peçonhentos a cabeça triangular, o padrão de coloração, a pupila vertical, a presença de chocalho e a presença de presas. Os tipos de decisão tomada pelos entrevistados após um eventual encontro com as serpentes foram: matar a serpente (n=53), deixar a serpente ir embora (n=34), chamar o IBAMA (n=6). A opção de matar as serpentes pode estar associada com o menor grau de instrução dos entrevistados, já que a maioria que optaram por essa alternativa possuem o menor grau de escolaridade. Foi encontrado que, apesar da maioria da população entrevistada saber da importância das serpentes para o equilíbrio do meio ambiente (n=49, 52,7%), a repulsa por esses animais ainda é muito grande, sendo que 57% dos entrevistados optaram por matar as serpentes. Isso enfatiza a necessidade de futuras práticas de educação ambiental com a população, principalmente relacionada aos ofídeos.

Palavras-chave: etnoherpetologia, cobras, rio tinto

Área temática: Etnozoologia

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IMPACTOS DA PRESSÃO ANTRÓPICA SOBRE Podocnemis unifilis NA REGIÃO DOS LAGOS DO MUNICÍPIO DE PRACUÚBA, AMAZÔNIA, BRASIL

Ana Beatriz Nunes Ribeiro1, Cesar Santos2, Marcia Dayane Vilhena-Daaddy1, Renan Diego Amanajás Lima da Silva3, Rubia Maielli Lima Brandão4

1PPG em Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Amapá - UNIFAP;

2Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Amapá;

3Universidade do Estado do Amapá - UEAP;

4Agência de Pesca do Estado do Amapá.

Há muitas gerações, quelônios aquáticos são consumidos e utilizados como fonte de renda. Tal fato levou ao intenso declínio dessas populações em diversas regiões, pois a lenta reposição dos indivíduos No ambiente, combinada à intensa captura, expõe suas populações a níveis críticos. A partir do conhecimento tradicional sobre a conservação das espécies de animais silvestres pelas comunidades que deles fazem uso, é possível propor estratégias de manejo diferenciadas, adequadas à realidade local e às práticas de uso e consumo. Este trabalho foi proposto a partir de observações no município de Pracuúba, sobre a utilização do Tracajá, Podocnemis unifilis, pela comunidade. Foram realizadas 56 entrevistas em duas comunidades do município. Foi destacado pelos entrevistados que o período de desova ocorre entre agosto e novembro, e que a maior captura ocorre nos dois últimos meses desse período. O principal método de captura utilizado foi a busca noturna com uso de lanternas. A preferência por fêmeas foi relatada por 54% dos entrevistados e todos afirmaram fazer uso do tracajá para consumo, enquanto apenas seis relataram a utilização para comércio, com preços variando entre 15,00 e 45,00 reais. A captura e consumo do tracajá na região é contínua e praticada a diversas gerações. Segundo os entrevistados, o consumo é intensificado na temporada reprodutiva pela facilidade de captura e maior tamanho das fêmeas e que a falta de fiscalização e conscientização ambiental são fatores que intensificam a utilização da espécie como item alimentar e fonte de renda pela comunidade. Para que haja um manejo adequado da espécie na região, a coleta de dados etnoecológicos deve ser contínua e os trabalhos que possam aliar a conservação da espécie com os conhecimentos tradicionais da comunidade local devem ser fortalecidos para se conseguir sucesso na conservação e sustentabilidade da exploração de P. unifilis na região.

Palavras-chave: tracajá, etnoconhecimento, Amazônia.

Área temática: Etnozoologia

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ETNOBIOLOGIA DO APAIARI, Astronotus ocellatus (AGASSIZ, 1831), NA REGIÃO DOS LAGOS DE PRACUÚBA, AMAZÔNIA, BRASIL

Marcia Dayane Vilhena-Daaddy1, Cesar Santos2, Rubia Maielli Lima Brandão3, Renan Diego Amanajás Lima da Silva4, Ana Beatriz Nunes Ribeiro1

1PPG em Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Amapá - UNIFAP;

2Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Amapá;

3Agência de Pesca do Estado do Amapá;

4Universidade do Estado do Amapá – UEAP.

O município de Pracuúba, localizado no estado do Amapá, apresenta um grande potencial pesqueiro, sendo sua economia baseada, sobretudo, na pesca artesanal, onde os pescadores apresentam um conhecimento refinado sobre os peixes. Esse saber local pode subsidiar pesquisas relacionadas à bioecologia de peixes e à piscicultura, no sentido de se identificar possíveis espécies com características bioecológicas favoráveis à criação em ambiente de cultivo. Dessa forma, este estudo teve como objetivo aliar o conhecimento dos pescadores ao conhecimento científico, para investigar aspectos da pesca, biologia e ecologia do apaiari, Astronotus ocellatus, a fim de obter subsídios importantes para a criação intensiva da espécie em ambiente de cultivo. A coleta dos espécimes de A. ocellatus foi realizada de maio de 2010 a abril de 2011 e, as entrevistas, de maio a agosto de 2011. Foram selecionados pescadores com idade acima de 18 anos utilizando-se o método “bola de neve”. Entrevistou-se 68 pescadores, 55 homens e 13 mulheres, as gravações foram transcritas e os dados analisados descritivamente. Os entrevistados demonstraram ter conhecimento detalhado sobre o habitat (vive no meio do barranco, mururé), alimentação (come sarará, catorra, camarão), reprodução (desova de uma a quatro vezes), e cuidado parental do peixe (na beira de aningal, na raiz do pau, na terra, na folha do mururé); essas informações estão de acordo com os resultados da biologia da espécie obtidos em laboratório e na literatura científica. Em relação à viabilidade de A. ocellatus para a piscicultura, a maioria dos entrevistados identificou o apaiari como uma espécie viável para o cultivo em cativeiro, mas alertaram para o fato de que é necessário deixar o ambiente artificial parecido com o habitat natural, pois ele é um “peixe do barranco”. Portanto, a partir dos resultados, observa-se que os pescadores possuem um amplo conhecimento sobre a bioecologia do apaiari.

Palavras-chave: etnoecologia, Amazônia, Apaiari.

Área temática: Etnozoologia

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UTILIZAÇÃO MEDICINAL DE RECURSOS PESQUEIROS PELOS PESCADORES DE DELMIRO GOUVEIA-AL

Luanna Oliveira de Freitas1, Eliane Maria de Souza Nogueira1, Késsia Virgínia dos Santos Lima1

1Universidade do Estado da Bahia – UNEB.

Este trabalho discute a utilização medicinal de recursos pesqueiros pelos pescadores artesanais de Delmiro Gouveia, revelando o conhecimento popular referente aos recursos utilizados, suas indicações e contraindicações. O trabalho de campo foi realizado entre os meses de junho e julho de 2012, entrevistando-se 19 indivíduos. As informações foram coletadas por meio de entrevistas abertas e semiestruturadas, sendo algumas gravadas em micro gravador. Do universo amostral estudado, 89% afirmam conhecer e/ou utilizar partes de peixes no tratamento de doenças, sendo utilizados na medicina popular por apresentarem propriedades curativas, segundo o conhecimento local. Os resultados mostram que cinco etnoespécies de peixes foram citadas como recursos medicinais, com destaque para a banha da Curimatá (Prochilodus sp.), indicada para dores e ferimentos, tendo ação anti-inflamatória. A parte do peixe utilizada, em 60% dos casos, é a banha ou gordura, sendo citada ainda a carne e os otólitos. Das etnoespécies de peixes citadas, a Curimatá (Prochilodus sp.) destacou-se também por ser contraindicada para pessoas com ferimentos e para mulheres de resguardo, sendo que esta só oferece riscos caso seja consumida sem que sua linha lateral seja retirada. Diante dos dados obtidos, verifica-se que os pescadores artesanais adquirem no exercício diário de sua profissão conhecimentos diversos a respeito da ictiofauna, contribuindo para a otimização da atividade desenvolvida, fornecendo subsídios para pesquisas farmacológicas e para a própria conservação dos recursos locais e de interesse para população.

Palavras-chave: recursos medicinais, conhecimento popular, etnozoologia.

Área temática: Etnozoologia

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COMPARAÇÃO DO CONHECIMENTO DA MASTOFAUNA ENTRE ESPECIALISTAS DE DUAS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO

Suellen da Silva Santos1, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto1, Isis Tamara Lopes de Sousa Alves1, José Ribamar de Farias Lima2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB;

2PPG em Ecologia e Monitoramento Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

De acordo com a literatura, os especialistas nativos são pessoas que se auto reconhecem, ou são reconhecidas pela própria comunidade, como culturalmente competentes em seu saber. Este estudo registrou e comparou o conhecimento de especialistas de duas comunidades no semiárido Paraibano (Capirava, município de Solânea, e Barroquinha-Lagoa) a respeito da mastofauna. A identificação dos especialistas foi confirmada por meio da formula: ES=Uix100/Um; onde Ui=citações de uso do informante, Um=citações de uso do informante que mais citou usos, considerando especialista os que obtiverem conhecimento acima da média (p>50%). A fidedignidade das informações de uso de cada espécie foi obtida pela fórmula: NF=Ip x 100/Iu, onde Ip=número de informantes que sugerem o uso principal de um determinado mamífero; Iu=número total de informantes que citaram o mamífero. A Correlação de Pearson foi utilizada para comparar as citações de uso entre os especialistas das duas comunidades. O Teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para correlacionar a fidedignidade das citações de uso entre os especialistas (NF). Foram identificados 35 especialistas, que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Destes, 19 são de Capivara, os quais citaram 19 espécies, onde Leopardus tigrinus e Leopardus wiedii foram os de maior destaque (70 citações), 16 são de Barroquinha, citando 20 espécies, com destaque para Tamandua tetradactyla (29 citações). Encontraram-se fortes correlações entre as citações de uso dos especialistas (r=0,9736 p<0,005). Quanto à fidedignidade dos usos destacaram-se Euphractus sexcinctus, Galea spixii e Thrichomys apareoides (NF=100), entretanto o resultado do Kruskal-Wallis não mostrou correlação (p>0,05). A correlação de Pearson revelou que existe um padrão de uso para com as espécies da mastofauna. O NF revelou que existe diferença no uso principal atribuído à algumas espécies, evidenciando que uma mesma espécie pode ter importâncias diferentes, apesar de estarem todas no semiárido.

Palavras-chave: etnozoologia, especialistas locais, caatinga.

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DA AVIFAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CARIRI PARAIBANO (NORDESTE, BRASIL): DADOS PARCIAIS

Vanessa Moura dos Santos1 Hyago Keslley de Lucena Soares1, Isis Tamara Lopes de Sousa Alves1, Helder Farias Pereira de Araújo2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Laboratório de Zoologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnoornitologia é a ciência que estuda os conhecimentos das pessoas em relação às aves. O presente estudo registrou o conhecimento e uso da avifauna pelos moradores da comunidade rural Santa Rita, município do Congo (Paraíba, Nordeste/Brasil). Os informantes foram os chefes domiciliares, totalizando 50 (28Homens/22Mulheres), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Para coletar os dados foram realizadas entrevistas no período de Agosto de 2011 a Julho de 2012. As aves foram identificadas por ornitólogos. As citações de uso foram organizadas em duas categorias utilitárias (alimentação/criação). O valor de uso (VU) foi calculado por meio de três cálculos (VUgeral, VUatual e VUpotencial) para identificar as espécies mais importantes. VUgeral representa todos os usos, VUatual só as efetivos, e VUpotencial só os conhecidos mas não utilizados. A relação entre os VU foi testada pela Correlação de Pearson. Registraram-se 75 espécies, 68 gêneros, 31 famílias. As espécies que obtiveram o maior VUgeral foram Paroaria dominicana (0,98), Cyanoloxia brissonii (0,96); VUatual foram Sicalis flaveola (0,04), Columbina picuí/Leptotila varreauxi/Sporophila albogularis (0,02); VUpotencial S. Flaveola (0,46), L. Varreauxi (0,44). Na categoria alimentação as espécies com maior VUgeral L. Varreauxi (0,14), C.picuí (0,12); no VUatual C. Picuí e L.varreauxi (0,02), Patagioenas picazuro (0,10), VUpotencial L.varreauxi (0,12) C.picuí e Nothura boraquira (0,10). Na categoria criação VUgeral P. dominicana (0,90), S.flaveola (0,48), VUatual S. flaveola (0,04), S.albogularis/P.dominicana/C.brissonii (0,02), no VUpotencial P. dominicana (0,88), C.brissonii (0,48). As famílias com maior número de citações de uso foram Emberezidae (109citações) e Columbidae (105citações). Houve correlações positivas entre os VU (p<0,0001). O VU mostrou-se eficaz na determinação das espécies de maior importância na comunidade, sendo necessário a distinção entre usos atuais de potenciais. Observou-se que os moradores detêm de um grande conhecimento a respeito das aves locais, sendo importante para estudos futuros e conservação.

Palavras-chave: etnozoologia, etnoornitologia, caatinga

Área temática: Etnozoologia

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ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE OS TURISTAS E OS QUATIS (Nasua nasua) NO MACUCO SAFÁRI – PARQUE NACIONAL IGUAÇU, FOZ DO IGUAÇU- PR.

Ricardo Zanella1, Anna Cecília Leite Santos1, Andrya P. Boff1, Vitor B. M. Almeida1

1Macuco Safári, Setor de Biologia, Parque Nacional do Iguaçu- Foz do Iguaçu, Brasil. O plano de manejo realizado no Parque em 1999 registrou quatis (Nasua nasua) em todos os levantamentos desenvolvidos, variando de 5 a 12 animais por grupo. Observaram-se mudanças comportamentais e interações com os visitantes do Parque Nacional do Iguaçu, geralmente em situações negativas: arranhões, forrageio em lixeiras e sacolas. Adultos e crianças com frequencia são vistos interagindo e tirando foto com o animal, outras os afugentam para afastá-las de crianças e comidas. Partindo disso, objetivou-se analisar a influencia dos turistas quanto à alimentação problemática dos animais. Utilizaram-se metodologias de entrevista aberta, tornando-se estruturadas na medida em que os entrevistados abordavam as questões pertinentes ao assunto. Posteriormente estas informações foram repassadas para questionários pré-estruturados, contendo: nacionalidade; sexo; e se já alimentaram algum quati. As primeiras questões foram respondidas através de contato visual e troca de comprimentos, outras questões foram camufladas nas conversas informais durante os passeios, depois de estabelecido a confiança do turista. Foram entrevistadas 93 pessoas de 12 países de diferentes continentes, em junho de 2012. Verificou-se que 60% das pessoas que alimentam os quatis são do gênero Feminino e 40% Masculino. Os países mais representativos na alimentação dos quatis foram: Brasil (30%), Argentina (4,3%) China (5,3%), Japão (4,3%). Estes valores podem estar associados às identidades culturais de cada país. Embora os brasileiros e os Argentinos saibam da proibição de alimentar animais silvestres, ainda o fazem. E acreditamos que para nacionalidades orientais, a novidade de ver animais pertencentes a outros biomas, influencia no comportamento dos turistas a ponto de os alimentarem, tendo em vista a aproximação dos mesmos. As outras nacionalidades entrevistadas relataram alimentar animais selvagens em seus países, geralmente primatas. Por fim, compreender essas questões é de suma importância para iniciativas de conscientização junto ao turista para que um futuro plano de manejo seja eficaz e atinja o público-alvo.

Palavras-chave: quatis, turismo, alimentação problemática

Área temática: Etnozoologia

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CRENDICE POPULAR SOBRE ASPECTOS MÍSTICOS E RELIGIOSOS DE ANIMAIS NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE DO BRASIL

Hyago Keslley de Lucena Soares1, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto1, Filipe Mariano Souza1, Vanessa Moura dos Santos1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1.

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

As crenças interligam os recursos naturais com tradições, acreditando e fazendo utilizações dos recursos faunísticos para usos supersticiosos e simbólicos. O presente estudo registrou o elenco de espécies presentes nas crendices populares das comunidades rurais de Pereiro (Lagoa), Gatos e Várzea Alegre (São Mamede), Santa Rita (Congo) e Capivara (Solânea), municípios da Paraíba, Nordeste do Brasil. Os informantes foram os chefes domiciliares (36,14Mulheres/22Homens), sendo considerados informantes aqueles que detinham um saber a respeito das crenças ligado as espécies da fauna local, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW n° 297/11). Foram realizadas entrevistas e conversas informais para coletar dos dados. Listas de visualização direta foram feitas para registrar as espécies citadas. O guia de campo Avis Brasilis foi apresentado aos informantes para identificação e confirmação das espécies. Foram registradas 18 espécies (16 aves/dois mamíferos) os quais foram distribuídos em três categorias (Ornitoáugeres funéreos, ornitovígeis e mágico religioso). Quando se tratou dos ornitoáugeres funéreos registraram-se 12 espécies destacando-se Herpethoteres cachinnans (94% das citações) e Euphonia chlorotica (25%). Na categoria ornitovígeis quatro espécies destacando-se E. chlorotica (17%) e Cyanocorax cyanopogon (8%) e na categoria mágico religioso foram registradas duas espécies Cerdocyon thous e Kerodon rupestris ambas com 39% das citações, sendo seu principal uso atribuído para espantar morcego, sendo o rabo a parte mais utilizada com (22%). Os sinais da avifauna atribuídos a crenças foram canto e presença. Os dados apresentados evidenciam a utilização de certos aspectos dos animais como símbolos de crendices e presságios nas comunidades estudadas.

Palavras-chave: cultura popular, semiárido, etnozoologia

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO DOS JANGADEIROS SOBRE O CAVALO-MARINHO (Hippocampus reidi GINSBURG 1933) EM MARACAÍPE, IPOJUCA/PE

Maria Laura Fontelles Ternes1, Alexandre Schiavetti1, Ierecê Lucena Rosa2

1Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

2Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Cavalos-marinhos são peixes teleósteos da família Syngnathidae, com morfologia e comportamento peculiares. A exploração destes animais se dá principalmente pela pesca para a indústria do aquarismo e comércio de cavalos-marinhos secos. Estas atividades não sofrem fiscalização e sabe-se pouco sobre seu impacto. Neste contexto, no estuário de Maracaípe, Ipojuca/PE, existe um uso diferenciado do cavalo-marinho, conservando-o in situ como recurso turístico. Os jangadeiros de Maracaípe realizam um passeio no manguezal onde mostram ao turista os cavalos-marinhos e prestam informações sobre eles. Este estudo investigou de forma qualitativa o conhecimento dos jangadeiros sobre estes animais. A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2012 com 26 jangadeiros que participaram de entrevistas semi-estruturadas sobre aspectos da biologia dos cavalos-marinhos. A maioria dos entrevistados (n=22) reconhece a existência de apenas uma espécie na região. Todos classificam o cavalo-marinho como Peixe e afirmam que ele tem capacidade de mudar de cor, camuflando-se de acordo com o ambiente. Apontam a bolsa incubadora como dimorfismo sexual presente nos machos adultos e admitem que se reproduzem durante o ano inteiro. Afirmam que dentro do manguezal os cavalos-marinhos preferem regiões de água salgada e que na época das chuvas (entre junho e setembro) os animais se deslocam para o mar em busca de maior salinidade. A iniciativa de explorar o cavalo-marinho como recurso turístico no passeio de jangada partiu da própria comunidade, há aproximadamente 12 anos e esta atividade é a única fonte de renda para a maioria dos entrevistados (n=23). Os resultados revelam que os jangadeiros têm conhecimento acurado a respeito dos cavalos-marinhos, adquirido também por capacitações de agentes externos e transmitido aos visitantes que realizam o passeio. Os conhecimentos teóricos e práticos que os jangadeiros de Maracaípe apresentam devem ser considerados em estudos de manejo, conservação e uso sustentável dos cavalos-marinhos.

Palavras-chave: etnozoologia, cavalo-marinho, jangadeiros

Área temática: Etnozoologia

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UTILIZAÇÃO DE AVES EM QUATRO COMUNIDADES RURAIS NO NORDESTE BRASILEIRO

Vanessa Moura dos Santos1, Hyago Keslley de Lucena Soares1, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto1, Helder Farias Pereira de Araújo2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Laboratório de Zoologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnoornitologia analisa os conhecimentos das populações tradicionais, permitindo uma compreensão das relações entre homens/aves. Este trabalho registrou o conhecimento e uso de aves por moradores de quatro comunidades rurais no semiárido paraibano, realizando entrevistas no município de São Mamede (52informantes - 26Mulheres/26Homens), Lagoa (21 - 16M/5H) e Solânea (107 - 56M/51H). As citações de uso foram organizadas em três categorias (alimentação/criação/medicinal). A identificação das aves foi feita por ornitólogos. O Valor de Uso foi calculado por meio de três cálculos (VUgeral/VUatual/VUpotencial) para identificar as espécies mais importantes. Utilizou-se a Correlação de Pearson para relacionar os VU em cada comunidade, e Teste de Kruskal-Wallis para comparar o conhecimento entre as comunidades. Foram identificadas 229 espécies, 194 gêneros, 97 famílias. Em Lagoa, a espécie com maior VUgeral foi Columbina picuí (1,14), VUatual Streptopelia decaocto/Aratinga cactorum (0,24 - cada), VUpotencial C. picuí (1,10). Na alimentação, C. picuí no VUgeral (0,48) e VUpotencial (0,43), e Turdus leucomelas no VUatual (0,10). Na medicinal, Coragyps atratus no VUgeral e VUpotencial(0,05 - cada). Na criação, C. talpacoti no VUgeral (0,75), Cyanoloxia brissonii no VUatual (0,38) e C. picuí/C. talpacoti no VUpotencial (0,62). Em São Mamede, destacou-se C. talpacoti no VUgeral (1,54), C. squamata no VUatual (0,23) e C. picuí no VUpotencial (1,35). Na alimentação, o VUgeral (0,77) foi C. talpacoti, VUatual (0,17-cada) destacaram-se C. picuí e C. talpacoti. Na categoria criação Paroaria dominicana no VUgeral (1,19)/VUpotencial (1,12), e no VUatual C. squamata (0,17). Como medicinal, o maior VUgeral (0,13)/VUpotencial (0,13) foi Nothura boraquira, e VUatual C. picuí e C. talpacoti (0,02-cada). Em Solânea, para alimentação (VUgeral/VUpotencial=0,57) e medicinal (VUgeral/ VUpotencial=0,03) destacou-se R. rufenses. Para criação S. albogularis obteve maior VUgeral (1,07)/VUatual (0,21), com maior VUpotencial P. dominicana (0,94). Houve correlação entre os VU (p<0,05) em todas as comunidades, com exceção do VUgeral/VUpotencial em São Mamede (p>0,05). Não houve correlação dos VU entre as comunidades (p>0,05). Os dados evidenciaram uma riqueza de conhecimento/utilização de aves pelos informantes, e que a distinção entre uso atual/potencial modifica o elenco das espécies mais importantes.

Palavras-chave: etnoornitologia, caatinga, etnozoologia

Área temática: Etnozoologia

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DA AVIFAUNA EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

Vanessa Moura dos Santos1, Hyago Keslley de Lucena Soares1, Suellen da Silva Santos1, Helder Farias Pereira de Araújo2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

2Laboratório de Zoologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

A etnoornitologia é a ciência que estuda os saberes das pessoas em relação às aves. O presente estudo registrou o conhecimento e uso da avifauna pelos moradores da comunidade rural Capivara, município de Solânea (Paraíba/Nordeste/Brasil). Os informantes foram os chefes domiciliares, totalizando 107 (51Homen/56Mulheres), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas no período de Fevereiro a Junho de 2012. As aves foram identificadas por listas de visualização direta, consulta a ornitólogos e pelo guia de campo Avis Brasilis. Foi calculado o valor de uso por três métricas (VUgeral/VUatual/VUpotencial), diferenciando-se as citações de uso atual de potencial, para analisar se o elenco das espécies importantes mudaria de acordo com cada uma. A relação entre VU das espécies e das categorias, e dos gêneros foi testada pela Correlação de Pearson. O Teste G foi aplicado para correlacionar as citações de uso com o número de espécies da categoria. As citações de uso foram analisadas como uso atual e potencial, sendo organizadas em três categorias (medicinal/alimento/criação). Registraram-se 91 espécies, 80 gêneros, 37 famílias. Oito aves só foram identificadas em nível de família. A espécie que se destacou na criação foi Sporophila albogularis (22 citações, 12M/10H). Na alimentação e medicinal destacou-se Rhynchotus rufescens (17,5M/12H-alimento; 3M-medicinal). S. albogularis destacou-se no VUgeral (1,15) e VUatual (0,21), e Paroaria dominicana no VUpotencial (1,04). S. albogularis destacou-se para homens (VU=1,20) e mulheres(VU=1,11). As famílias destacadas foram Tinamidae (VU=0,73) e Columbidae (VU=0,48). Foram encontradas correlações positivas entre os VU das espécies(p=0,0001), e entre as categorias criação/alimentação(p=0,0001), e entre os gêneros(p<0,0001). A relação entre espécies/citações foram positivas nas categorias alimentação e criação pelo Teste G(p=0,0040). Houve diferenças com relação a ave mais importante em cada VU, e houve uma tendência das mesmas espécies serem as mais importantes para homens e mulheres.

Palavras-chave: etnoornitologia, populações locais, caatinga

Área temática: Etnozoologia

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TRANSMISSÃO CULTURAL DO CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE AVIFAUNA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DA PARAÍBA

Hyago Keslley de Lucena Soares1, Vanessa Moura dos Santos1, Tamara Oliveira Marques1, André dos Santos Souza1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

As comunidades tradicionais sempre acumularam conhecimento acerca do meio em que vivem, repassando esse conhecimento para seus descendentes. A erosão deste conhecimento é um fenômeno que traz preocupações para diversos pesquisadores do mundo, a qual tem acontecido mediante o abandono do uso dos recursos naturais, e devido a mudanças sócio-econômicas no modo de vida das populações tradicionais. O presente estudo buscou avaliar a dinâmica da transmissão do conhecimento tradicional com relação as espécies de aves conhecidas pelos moradores da comunidade rural de Capivara (município de Solânea) e Santa Rita (Congo). Foram realizadas entrevistas com os chefes domiciliares abordando o conhecimento e uso das aves locais, no período de julho-2011 a junho-2012, sendo entrevistados 107 em Capivara (56Mulheres/51Homens) e 50 em Santa Rita (28M/22H), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW n° 297/11). Em Capivara foram registradas 91 espécies, 1.515 citações de uso, distribuídas em três categorias (alimento/criação/medicinal). No Congo foram registradas 101 espécies, com 704 citações, distribuídas nas mesmas categorias de Capivara. A aquisição e transmissão do conhecimento entre as cidades não é uniforme, podendo observar que em Capivara percebe-se que 36% dos informantes adquiriram seu conhecimento de forma vertical, 43% de forma horizontal e 16% de forma circular. Em Santa Rita foram 58% de forma vertical, 36% de forma horizontal e 16 de forma circular. Percebe-se que a transmissão de conhecimento nas duas comunidades ocorre principalmente de forma circular, Capivara (43% das citações) e Santa Rita (70%). Observa-se que 33% dos informantes (Capivara) e 12% (Santa Rita) não transmitem seu conhecimento, fato que mostra a perda no interesse de se manter tal tradição. Os dados evidenciam a importância da transmissão do conhecimento tradicional, para que se mantenha viva a cultura local.

Palavras-chave: comunidades rurais, etnoornitologia, caatinga

Área temática: Etnozoologia

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Page 89: Anais Ixsbee

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COMPARAÇÃO DE CONHECIMENTO DA AVIFAUNA ENTRE ESPECIALISTAS DE DUAS COMUNIDADES RURAIS DA DEPRESSÃO SERTANEJA (PARAÍBA, BRASIL)

Vanessa Moura dos Santos1 Hyago Keslley de Lucena Soares1, André de Souza Santos1, Larissa Cavalcante Costa1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Os especialistas são pessoas reconhecidas pela comunidade como detentores de um grande conhecimento sobre a biodiversidade local, os quais também se reconhecem como tal. Nesse contexto, o presente estudo registrou e comparou o conhecimento de especialistas tradicionais de duas comunidades no semiárido Paraibano (Gatos e Várzea Alegre no município de São Mamede; e Capivara em Solânea) com relação as espécies da avifauna conhecidas. Para coletar os dados foram realizadas entrevistas por meio de formulários semiestruturadas. Utilizou-se o guia de campo Avis Brasilis para apresentar as espécies aos informantes para identificação e confirmação das mesmas. A identificação cientifica foi realizada por ornitólogos. O valor de uso (VU) foi calculado para identificar as espécies mais importantes localmente, com as citações de uso distribuídas em três categorias (alimento/medicinal/criação). Foram identificados 24 especialistas (7M/14H, sendo 17 - São Mamede, 7 - Solânea), os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). No município de Mamede foram registradas 82 espécies, 31 gêneros, e 34 famílias, e em Solânea, 91 espécies, 80 gêneros, e 37 famílias. As espécies que receberam maior VU foram Columbina picuí (1,65) e Columbina talpacoti (1,24). Na categoria criação destacaram Cyanocorax cyanopogon e C. picuí (0,76, cada). Na categoria alimentação destacaram-se C. picuí (0,88) e C. talpacoti (0,71), e na categoria medicinal destacou-se Nothura boraquira (0,24). Em Solânea, no VUgeral destacaram-se Turdusleucomelas/C. talpacoti/C. Picuí (todas com 1,42). Na categoria criação destacaram-se Sporophila albogularis/Paroaria dominicana e T. leucomelas (todas com 0,86). Na categoria alimento destacaram-se C. talpacoti/C. picuí (0,86, cada) e na categoria medicinal não foi registrada nenhuma espécie. De forma geral, os especialistas de cada comunidade tenderam a elencar como mais importantes em cada categoria, espécies diferentes, este fato pode estar relacionada ao elenco de aves encontrado em cada região, visto que uma comunidade foi na região do Planalto da Borborema, e outra na Depressão Sertaneja.

Palavras-chave: etnoornitologia, especialistas locais, caatinga

Área temática: Etnozoologia

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USO MEDICINAL DA FAUNA LOCAL POR UMA COMUNIDADE TRADICIONAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Flávio Bezerra Barros1, Susana A. M. Varela2, Henrique Miguel Pereira2, Luís Vicente2

1Universidade Federal do Pará – UFPA

2Universidade de Lisboa

O presente estudo visa contribuir com mais um exemplo das práticas zooterapêuticas de uma comunidade tradicional da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, na Amazônia brasileira. Utilizamos os métodos de observação participante e entrevistas semi-estruturadas a 25 interlocutores. Nós empregamos de forma combinada dois índices para medir a importância relativa de cada espécie medicinal citada para a comunidade estudada, bem como as suas propriedades terapêuticas: o valor de uso (UV) e o valor de aplicação medicinal (MAV). Registramos 31 espécies de animais medicinais de seis categorias taxonômicas, das quais sete são novas para a ciência. As espécies são utilizadas para o tratamento de 28 doenças e uma espécie é usada como amuleto contra picada de cobra. As cinco espécies com os mais altos índices de UV foram as mais populares e valorizadas pela comunidade estudada. Seus índices MAV indicam que têm diferentes propriedades terapêuticas: específicas (usadas para o tratamento de poucas doenças), ou com finalidades múltiplas (várias doenças). Do mesmo modo, a maioria das doenças citadas foram também aquelas que podem ser tratadas com um grande número de espécies animais. Dez espécies estão listadas nos anexos da CITES e 21 estão presentes na Lista Vermelha da IUCN. O conhecimento sobre o uso medicinal da fauna local está distribuído uniformemente entre os diferentes grupos etários de interlocutores. Este estudo mostra que a fauna local representa um importante recurso zooterapêutico para os moradores da área protegida. O uso combinado dos índices UV e MAV permitiu identificar as espécies com maior potencial terapêutico: o mais popular e consensual (UV alto), e aqueles com específico (MAV baixo) e para todos os fins (MAV alto) propriedades terapêuticas. Este tipo de informação sobre uma espécie pode ser de interesse para a pesquisa farmacológica e é crucial para a sua conservação, uma vez que ajuda a sinalização das espécies que podem ser submetidas a altas pressões de caça.

Palavras-chave: etnomedicina, zooterapia, Amazônia

Área temática: Etnozoologia

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A ETNOZOOLOGIA COMO IMPORTANTE FERRAMENTA PARA A CONSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS SILVESTRES

Camila Alvez Islas1, Greici Maia Behling1

1Universidade Federal de Pelotas – UFPEL.

A etnozoologia é o estudo dos conhecimentos, significados e percepções dos animais pelas diversas culturas. O objetivo deste trabalho foi identificar os mamíferos silvestres e suas relações com uma comunidade de trabalhadores e aposentados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que vivem no entorno do Campus da UFPEL, Capão do Leão, RS. Realizaram-se 47 entrevistas semiestruturadas, com homens e mulheres entre 14 e 81 anos. Mostraram-se fotografias de Didelphis albiventris, Dasypus novemcinctus, Euphractus sexcinctus, Lepus europaeus, Hydrochoerus hydrochaeris, Lycalopex gymnocercus, Cerdocyon thous, Conepatus chinga, Procyon cancrivorus, Mazama gouazoubira, Galictis cuja, Nasua nasua, Myocastor coypus, Leopardus geoffroyi, Leopardus wiedii, Leopardus colocolo e Puma yagouaroundi para facilitar a identificação. Dos dados analisados qualitativamente pelo método Análise de Conteúdo, emergiram duas categorias. Na primeira, “Mamíferos citados pelos entrevistados”, estão discriminados os animais citados: Graxaim, Tatu, Zorrilho, Ouriço, Gambá, Mão-Pelada, Cervo, Cutia, Furão, Gato-do-mato, Lebre, Capivara, Ratão-do-Banhado, Preá, Lontra e Morcego. Sobre o conceito dos sujeitos sobre animais silvestres, “vivem nas matas e não se pode ter em cativeiro” foram as expressões mais utilizadas. Na segunda categoria “Relações dos seres humanos com os mamíferos silvestres”, estão discriminadas as percepções, concepções e relações dos sujeitos com os animais: (i) importância ecológica dos mamíferos; (ii) necessidade de não haver influência negativa da fauna em sua rotina; (iii) apreço pelos mamíferos; (iv) indiferença ou medo; (v) benefícios dos mamíferos; (vi) ausência de conflitos; (vii) predação de galinhas (conflito); (viii) necessidade de tolerância quanto aos conflitos; (ix) negação da prática de atividades cinegéticas; (x) ciência de pessoas que caçam; (xi) ocorrência de captura de pássaros livres; (xii) diminuição da captura (conscientização e fiscalização). Os entrevistados, de uma forma geral, demonstraram conhecer os mamíferos da região e os perceber como importantes para o ambiente, porém ao entrarem em conflito, acabam se contradizendo ou mudando de opinião.

Palavras-chave: etnozoologia, mamíferos, conflitos.

Área temática: Etnozoologia

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ETNOTAXONOMIA

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PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES INDÍGENAS DA TRIBO KARAJA (ALDEIA BURIDINA, ARUANÃ, GO) SOBRE A FAUNA LOCAL DE INVERTEBRADOS TERRESTRES E SUA DIVERSIDADE

Welinton Ribamar Lopes¹, Maria Nazaré Stevaux¹, Renan Uassuri².

¹Universidade Federal de Goiás – UFG

²Representante indígena

O objetivo deste trabalho foi verificar e analisar as percepções de indígenas sobre a diversidade da fauna de invertebrados terrestres locais, os critérios de identificação e de agrupamentos estabelecidos pela comunidade. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas em junho de 2011 com dois professores indígenas e o cacique, com participação da comunidade da aldeia. Testes projetivos foram realizados com a apresentação de fotografias de diferentes invertebrados e/ou suas fases de vida (do acervo da fauna local do Banco de Imagens do Programa FaunaCO). Os 114 invertebrados apresentados podem ser agrupados, de acordo com a percepção dos indígenas, em 18 grupos (categorias etnotaxonômicas). Os nomes entre parênteses são referentes à fala feminina quando esta se diferencia da masculina. Os grupos encontrados foram os seguintes: YHÒ (KYHÒ) - Caracol; HÈLÀÀ - Piolho-de-cobra; ÒTXURUCU (KÒTXURUCU) – Aranhas; HUR T – Libélulas; OJÙ (KOJÙ) – Cupins; SÈII – Grilos; TÒBIÒ - Louva-deus; TÒKÒTÒKÒ – Cigarras; IN XIWÈ (KYN XIWÈ) LAHÈ – Percevejo; ÒTÙ (KÒTÙ) – Besouros; TYJII – Serra-pau; OTXI (KOTXI) JÀ – Borboletas; ÒHÒ (KÒHÒ) – Moscas; BIDÈ – Abelhas; BIR? – Marimbondos; LÒKÒ – Muriçoca; WÀLÀ – Formiga; ÒLÒ (KÒHÒ) BURÈ – Formiga pequena; IJARÈ – lagarta. A pesquisa possibilitou verificar que os agrupamentos definidos pelos indígenas correspondem, em parte, aos grupamentos científicos tradicionais. No entanto, existiram grupos distintos para componentes de um mesmo grupo taxonômico tradicional. Por exemplo, os Coleoptera foram distribuídos em dois grupos diferentes: ÒTÙ (KÒTÙ) e TYJII; os Lepidoptera foram distribuídos em dois grupos, conforme a fase de vida OTXI (KOTXI) JÀ, para formas adultas e IJARÈ para formas larvais embora seja sabido que as segundas se transformam nas primeiras. Por outro lado, no grupo foram incluídos espécies de diversas Ordens: Odonata, Neuroptera, Ephemeroptera, Diptera e Hymenoptera. Podemos concluir que, de forma similar à taxonomia, os grupos e espécies foram definidos pelos indígenas com base em semelhanças e diferenças morfológicas e ecológicas.

Palavras-chaves: Etnotaxonomia, Etnozoologia e Entomologia.

Área temática: Etnotaxonomia

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CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO DA AVIFAUNA LOCAL UTILIZADOS PELOS ÍNDIOS KARAJAS DA ALDEIA BURIDINA, ARUANÃ, GO

Karla Dayane de Lima Pereira¹, Camila Oliveira Rocha¹, Welinton Ribamar Lopes¹, Maria Nazaré Stevaux¹.

¹Programa FaunaCO

A etnobiologia é uma ciência que procura compreender como as diferentes comunidades tradicionais percebem e interagem com o ambiente e como classificam seus elementos. Dentre os ramos de estudos dessa ciência, a etnoornitologia é área que busca apreender o conhecimento popular sobre aves. O presente estudo investigou nos saberes tradicionais dos índios Karajas da aldeia Buridina, no município de Aruanã-GO, critérios usados para a identificação das aves. Foram apresentadas em abril de 2011, imagens de espécies da região a representantes indígenas. As imagens registradas in loco fazem parte do acervo do Banco de Imagens do Programa FaunaCO. Das 109 imagens projetadas, 68 (62,38%) foram identificadas e nomeadas na língua karaja. Pouco mais da metade destas (50,45%) também foi reconhecida quanto ao nome popular em português. Os critérios mais usados pelos entrevistados para identificação das aves foram: aspectos morfológicos (79,41% do total de espécies identificadas na língua karaja), comportamento (14,70%) e habitat (5,88%). Os aspectos morfológicos utilizados pelos entrevistados foram o tamanho ou formato do corpo, observado na identificação de espécies das famílias Anatidae, Ardeidae, Threskiornithidae, Cathartidae, Charadriidae, Columbidae, Psittacidae; e, em casos específicos, a coloração das penas ou de algum membro do corpo, como observado entre as espécies das famílias Trochilidae e Picidae. Pôde-se verificar que, muitas vezes (41,17%), os indígenas entrevistados não fizeram distinção entre espécies de uma mesma família, utilizando apenas um nome para identificação da maioria das espécies das famílias Anatidae, Columbidae, Psittacidae, Trochilidae, Alcedinidae, Picidae, Tyrannidae e Hirundinidae. Os indígenas não souberam identificar ou nomear nenhuma das espécies das famílias Galbulidae, Thamnophilidae, Dendrocolaptidae, Vireonidae, Corvidae, Troglodytidae, Donacobiidae, Mimidae, Thraupidae e Emberezidae apresentadas. Estudos voltados ao conhecimento popular/tradicional são considerados fundamentais para o entendimento das relações estabelecidas entre o homem e o meio natural e tem grande significado para o manejo e conservação da natureza.

Palavras-chave: conhecimento popular, etnobiologia, ornitologia

Área temática: Etnotaxonomia

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ETNOCLASSIFICAÇÕES XAVANTE DOS CERRADOS – RÓ

Maria Lucia Cereda Gomide¹.

¹Universidade Federal de Rondônia – UNIR

Este estudo tem como objetivo analisar as etnoclassificações do povo Xavante sobre os cerrados. Os Xavante vivem no Mato Grosso em nove terras indígenas que são atualmente importantes áreas de cerrados contínuos com rica biodiversidade. A concepção xavante dos cerrados remete à importância e dependência dos Xavante em relação aos cerrados, assim como dos cerrados em relação aos Xavante. O mito de Parinai’a ensina como se construíram os cerrados, a sua divisão fitogeográfica com todos os seres, da “natureza” e da “sobrenatureza”, que aí vivem e constroem, juntamente com os Xavante o Cerrado-Ró. Estes valores e conhecimentos eram transmitidos de geração a geração, durante as longas caminhadas para caçadas e coletas (zomori) pelos cerrados. A fim de conhecer a interpretação xavante dos cerrados, abordou-se as etnoclassificações, nestas existe uma terminologia das fitofisionomias dos cerrados, distinguindo-se várias graduações da vegetação, nomeadas de acordo com a vegetação predominante. Nesta classificação de cada formação vegetal correspondem os solos e as principais espécies frutíferas que servem de alimento à fauna. Deve-se lembrar que ao se tratar dos conhecimentos xavante sobre a natureza é necessário que se remeta a categoria Tede’wa, ou seja, os “donos” dos animais, plantas, do tempo e dos sonhos. A pesquisa situa-se na proposta metodológica da “pesquisa participante”, apreende-se que este método é também uma atitude com conotação de compromisso político. Neste sentido o desenvolvimento da pesquisa ocorreu ao longo de vários anos de trabalho junto às comunidades Xavante, por meio da participação em projetos de sustentabilidade, construindo uma relação de confiança e de amizade. O procedimento metodológico contemplou revisão bibliográfica, entrevistas e trabalhos de campo. Considera-se as entrevistas realizadas com os velhos xavante como as principais fontes documentais, a participação das mulheres deu-se principalmente durante as coletas de identificação da vegetação em caminhadas pelos cerrados. Enfim, as etnoclassificações Xavante entrelaçam concepções cosmológicas e conhecimentos ecológicos.

Palavras-chave: etnoclassificação, cerrados, xavante

Área temática: Etnotaxonomia

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ETNOTAXONOMIA DE MUGILÍDEOS POR PESCADORES DE TAINHA DO LITORAL DE SANTA CATARINA

Dannieli Herbst1, Natalia Hanazaki1

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

A etnotaxonomia busca entender como as pessoas percebem, conhecem e classificam as espécies com as quais elas se relacionam. A integração dos saberes popular e científico pode contribuir com a polêmica discussão que permeia a classificação das espécies da família Mugilidae. O objetivo do presente trabalho foi investigar o conhecimento do pescador a respeito das espécies de Mugilídeos que ocorrem no litoral de Santa Catarina, identificar os distintos nomes atribuídos e as categorias/aspectos considerados na classificação de tais espécies. As amostragens abrangeram oito municípios do litoral de Santa Catarina (de Laguna a São Francisco do Sul) e o universo amostral foi uma parcela dos pescadores artesanais da tainha, escolhidos intencionalmente através da técnica bola-de-neve. Os dados foram coletados através de entrevistas, de agosto de 2011 a março de 2012. Durante as entrevistas, foram utilizadas pranchas com as imagens das espécies de Mugilídeos que ocorrem no litoral de Santa Catarina para a identificação das espécies conhecidas e capturadas pelos pescadores. Foram entrevistados 45 pescadores de tainha (Mugil liza). Inicialmente foi perguntado se o pescador conhecia algum “parente” da tainha, para saber se existe o reconhecimento dos peixes que compõem a família Mugilidae, posteriormente foi apresentada a prancha a ele. Das quatro espécies que ocorrem no litoral, foram reconhecidas apenas duas espécies, por 100% dos entrevistados: tainha (Mugil liza) e parati (Mugil curema), que são espécies mais comuns. As espécies menos comuns que não foram reconhecidas são: Mugil gaimardianus e Mugil incilis. Diferentes nomes foram atribuídos para cada uma das espécies reconhecidas, tais como: tainha facão, corseira, quaresmeira, maricá, tainhota, parati, parati guaçu, parati do olho vermelho, entre outros. Os aspectos considerados na taxonomia folk foram: sazonalidade, tamanho corporal, características morfológicas, procedência e padrões de coloração. Sendo as características morfológicas e o tamanho corporal os aspectos mais importantes na classificação.

Palavras-chave: taxonomia folk, mugilidae, pescadores.

Área temática: Etnotaxonomia

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PERCEPÇÃO SOBRE VARIEDADES DE ARAUCARIA ANGUSTIFOLIA ENTRE OS EXTRATORES DE PINHÃO NO FAXINAL DO BOM RETIRO (PINHÃO-PR, BRASIL).

Ana Luiza Arraes de Alencar Assis1, Nivaldo Peroni1

1Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Comunidades faxinalenses são dependentes da Floresta Ombrófila Mista para extração de erva-mate (Ilex paraguariensis), pinhão (semente da Araucaria angustifolia) e criação de animais. Nos faxinais, o pinhão é um importante recurso tanto para o consumo humano quanto na alimentação de suínos. No Faxinal Bom Retiro (Pinhão-PR) a venda de pinhão representa até 72,5 % da renda familiar. O objetivo deste trabalho é verificar quais variedades de araucária são reconhecidas no Faxinal do Bom Retiro. A seleção dos informantes seguiu uma amostragem intencional, selecionando as famílias com maior renda proveniente da atividade de extração. As entrevistas semi-estruturadas objetivavam caracterizar a atividade e o conhecimento sobre variedades. Foram pré-estabelecidos 9 variedades que poderiam ocorrer na região. Foram entrevistadas 10 homens e 1 mulher. Os entrevistados conheciam por nome todas as variedades mencionadas. As variedades mais frequentemente conhecidas foram São José (100%) e caiová (100%), seguidas por macaco (90,9%), ponta branca (63,6%), amarelo (45,5%), vermelho (36,4%) e branco (36,4%). O principal caractere utilizado para a definição das variedades de araucária é o tempo de maturação, seguidos por características morfológicas como a cor e o tamanho da semente; características morfológicas dos indivíduos arbóreos são pouco utilizadas. A variedade “São José” é consensualmente caracterizada como primeira a madurar. Caiová, ponta branca e macaco são tardias. Não há consenso quanto à variedade caiová, visto que alguns extratores (27,3%) reconhecem duas variedades dentro deste grupo, enquanto outros (18,2%) não os separam da ponta branca e macaco.

Palavras-chave: araucaria angustifolia, variabilidade intra-específica, pinhão

Área temática: Etnotaxonomia

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ETNOICTIOLOGIA NA TERRA INDÍGENA TRINCHEIRA BACAJÁ (TITB) – POVO XIKRIN, PARÁ

Jaime Ribeiro Carvalho Júnior1, Jamylle Raphaelle Seabra da Silva Carvalho2, Moisés Mourão Jr.3, Rossineide Martins da Rocha4, Luiza Nakayama1

1Laboratório de Biologia de Organismos Aquáticos, Universidade Federal do Pará - UFPA

2Universidade da Amazônia - UNAMA

3 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMPRAPA

4Laboratório de Ultraestrutura Celular, Universidade Federal do Pará - UFPA

Os Xikrin da TITB habitam as margens do rio Bacajá, um dos principais afluentes da margem direita do rio Xingu, o qual deságua na região da Volta Grande do Xingu –VGX, área de influência do trecho de vazão reduzida da usina hidrelétrica Belo Monte, estado do Pará. O objetivo foi descrever conhecimentos Xikrin, que se auto denominam como Mebengokré – gente do buraco d’água, sobre as etnoespécies de peixes presentes na TITB. Em cinco excursões de campo (125 dias), as informações foram obtidas por meio de entrevistas livres e semiestruturadas, turnês e observação participante realizadas com 103 indígenas das aldeias: Mrotidjãm, Bacajá, P_takô, Potykrô e P_kayakà. Foram registradas 138 espécies de peixes pertencentes a 27 famílias e 7 ordens. Deste grupo, se destacam a ordem Characiformes (44 %), representando o maior número de espécies como: Tep pó (Myloplus rubripinnis), Pãnhpãnhti (Tetragonopterus argenteus), Tep djwajamjeti (Hydrolycus scomberoides), Tep tyre (Serrasalmus rhombeus), seguida de Siluriformes (35%) com o grupo Tep amje kryre (peixes “liso”) como: Korãn (Pseudoplatystoma tigrinum), Ibê (Pimelodus ornatus) e Ronhõ-o (Ageneiosus inermis) e os Kàtynh (placas ósseas) como Bàjkàti (Baryancistrus xanthellus). Encontramos ainda, as ordens Perciformes: Tep ikô (Cichla cf. melaniae) e Krãnti (Plagioscion squamosissimus); Gymnotiformes: Wamé tukiti (Gymnotus carapo) e Mokoti (Electrophorus electricus) e Synbranchiformes: Môpt x (Synbranchus marmoratus). As demais ordens pertencem ao conjunto de grupos heterogêneos, os quais incluem os grupos “rélito” como Mrukaàk (Lepidosiren paradoxa – Lepidosireniformes) e “invasores marinhos” como Miêtxen - as arraias (Rajiformes). A categoria etnotaxonômica - Tep (peixes) revela uma riqueza de espécies com diversas formas, aparências, cores, consistência, sabor, cheiro, tamanho e comportamento, amplamente distribuídos nos habitat indígenas. Além de descrever a etnoictiofauna Xikrin, este estudo fornece informações para subsidiar as discussões sobre medidas que visem boas práticas no uso dos recursos pesqueiros existentes na TITB e seu entorno.

Palavras-chave: xikrin do bacajá, mebengokré, etnoictiologia

Área temática: Etnotaxonomia

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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A PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE UM VÍDEO DOCUMENTÁRIO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO "MINHOCUÇU - QUE BICHO É ESSE?”

Filipe Freitas Chaves1, Maria Auxiliadora Drumond1, Hani Rocha El Bizri1, Thaís Queiroz Morcatty1, Artur Queiroz Guimarães2

1Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG;

2Instituto Sustentar.

Sob a perspectiva da educação ambiental crítica, que se configura como um campo de reflexão e ação emancipatória, foi produzido um curta-documentário intitulado “Minhocuçu – Que Bicho é Esse?” e realizada uma pesquisa de percepção sobre seu papel no processo educativo. O vídeo, de duração de 18 minutos, teve como base o conhecimento popular sobre a espécie de Oligochaeta Rhinodrilus alatus, utilizado como isca para a pesca amadora há cerca de 80 anos, sendo extraído por comunidades rurais da região central de Minas Gerais. Os atores principais do vídeo foram os extratores, comerciantes e proprietários rurais, que vivem em um ambiente de conflito relacionado principalmente à invasão de propriedades privadas durante o processo de extração. O vídeo teve como público-alvo principal estes setores diretamente envolvidos com a cadeia de uso da espécie e, como público secundário, estudantes universitários de cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais. O vídeo foi exibido em três sessões, com extratores, comerciantes e proprietários rurais, e em três sessões, em sala de aula, com o grupo acadêmico. As percepções do público alvo principal sobre o vídeo foram sistematizadas em atas e com o público secundário, em questionários estruturados. O vídeo mostrou-se uma importante ferramenta didático-educativa e mobilizadora, permitindo a reflexão sobre o problema socioambiental tratado.

Palavras-chave: educação ambiental, minhocuçu, vídeo-documentário.

Área temática: Educação Ambiental

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A LITERATURA DE CORDEL COMO FERRAMENTA PARA O RESGATE CULTURAL DE COMUNIDADES TRADICIONAIS RIBEIRINHAS – O CASO DAS COMUNIDADES DO RIO PARAUNINHA

Rayane Boldrini Barbosa¹, Marina Lages Pugedo¹, Laila Sampaio Horta¹, Elvira Cynthia Alves Horácio¹, André Rocha Franco²

¹Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/Minas

²Pós-Graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

A Literatura de Cordel é um gênero literário popular escrito de forma rimada que utiliza os relatos orais para compor um produto que aborda temas cotidianos, episódios históricos, lendas, fenômenos religiosos. Pensando nisto, essa proposta busca utilizar a Literatura de Cordel associada às técnicas de história oral como metodologia para registrar e resgatar a cultura de comunidades tradicionais ribeirinhas, inseridas na sub-bacia hidrográfica do rio Parauninha, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais. No contexto atual, relacionado ao destacado poder midiático nos grandes centros e relativo esquecimento da conjuntura tradicional, ressalta-se a importância de identificar e registrar relatos de moradores históricos, dotados de forte pertencimento à sua terra. Outro desafio é a resolução de problemas relacionados à manutenção dessas comunidades no campo, o que pode configurar um afastamento da cultura e da realidade tradicional, além da possibilidade de perpetuação do saber local e divulgação deste para os mais jovens. Pretendeu-se, em princípio, apresentar às comunidades a técnica do Cordel, por meio de seu histórico e de uma exposição do tema, além de uma dinâmica para produção de poemas e rimas referentes às temáticas socioambientais e culturais levantadas com a comunidade. Em seguida, realizaram-se atividades educativas (criação de poemas a partir de músicas tradicionais e propostas lúdicas acerca da preservação do meio em que estão inseridos, buscando um reconhecimento do vocabulário tradicional) tendo em vista a criação de cordéis-piloto, relacionados às temáticas água e fogo, gerando base para a construção final de Livretos de Cordel do Parauninha. Almeja-se, posteriormente, replicar a metodologia para outros seis aspectos: Nossas Plantas; Nossa Saúde; Educação; Minha Terra; Festas Tradicionais; e Projetos Locais. Assim, através do conhecimento e criatividade dos moradores, memórias, “causos” tradicionais locais, estilos de vida e cultura poderão ser expressos em forma de Cordel e registrados, simultaneamente, em um vídeo-documentário mediante gravações audiovisuais.

Palavras-chave: literatura de cordel, comunidades tradicionais, identidade cultural

Área temática: Educação Ambiental

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TROTE BIOCONSCIENTE – ATUAÇÕES EM EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

Carolina Colombo1, Juliana Marasini1, Matias Köhler1, Guilherme Fuhr1, Paulo Brack1

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Os trotes são mobilizações dos "veteranos" para recepcionar seus colegas "calouros" ao ingressarem na universidade, normalmente ocorrem como forma de uma brincadeira descompromissada ou mesmo como uma certa disputa de autoridade. Em contraproposta ao trote convencional, os Trotes Conscientes vem sendo promovidos, nos últimos 12 anos, a cada semestre, por estudantes de Biologia da UFRGS, ligados ao Diretório Acadêmico Independente da Biologia (DAIB), Grupo Viveiros Comunitários (GVC), Núcleo de extensão Macacos Urbanos (NEMA) e Movimento Coletivo da Biologia (MOCOBIO). É uma proposta de integração entre os estudantes e as comunidades através de atividades com abordagens socioambientais, dessa atividade participam vários estudantes de graduação do curso de Biologia, Biólogos formados, calouros e, como é uma atividade integrativa, são convidados outros estudantes da universidade e a comunidade em geral. Alguns estudantes da Biologia, durante sua formação, acabam envolvendo-se em projetos de pesquisa e extensão e trazem questões relativas às suas percepções para dialogar com o coletivo e realizar uma ação comunitária com intuito de fortalecer e socializar os conhecimentos em construção. Como exemplo, podemos citar as Subidas ao Morro Santana, uma trilha guiada pelos estudantes e convidados da comunidade no mais alto morro de Porto Alegre (311m), onde podemos apreciar integradamente diferentes aspectos da vegetação, geomorfologia e questões relacionadas ao processo de urbanização do morro e da cidade. A subida ao Morro Santana de 2011/2, foi orientada por uma família Kaingang residente neste morro e que utiliza recursos vegetais (principalmente cipós) para a confecção de artesanato (o que lhes gera renda), além de coleta de plantas medicinas e alimentos tradicionais da sua cultura. Essa atividade possibilitou ampliar as visões sobre a multiplicidade cultural em que vivemos e um contato com o manejo realizado pelos Kaingang - uma comunidade tão próxima à UFRGS- mas, paradigmaticamente, tão invisibilizada e desconhecida por essa comunidade acadêmica. A própria organização do trote consciente contribui no processo de formação dos estudantes, enriquecendo debates e abrindo novas percepções. Esse trabalho é resultado do fortalecimento do grupo enquanto coletivo promotor de ações autônomas e engajado na proposta de sociabilização de conhecimentos e de vivências.

Palavras-chave: educação, socioambiental, coletiva.

Área temática: Educação Ambiental

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CONCEPÇÕES DOS ESTUDANTES FINALISTAS DO ENSINO MÉDIO SOBRE O TEMA BIODIVERSIDADE

Bruno de Matos Casaca1, Eliara Solange Müller1

1Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó.

Um dos temas hoje bastante discutido, tanto na mídia como nos meios científicos, é o uso pelo homem da biodiversidade, bem como a sua manutenção. Essa é uma temática que deveria envolver cada cidadão, principalmente na época que esse está em processo de formação, ou seja, no período escolar. É levando em conta esse caminhar na escola, que essa pesquisa visa entender o que os jovens conhecem sobre a biodiversidade, verificar se conhecem espécies da fauna e flora brasileira e regional. Para isso, foram questionados 61 estudantes finalistas do ensino médio das escolas da rede pública estadual dos cinco bairros mais populosos, do município de Chapecó (SC). Para cada estudante foi aplicado um questionário com questões abertas e fechadas, no período de julho a agosto de 2012. Os dados estão sendo analisados qualitativamente e discutidos com autores que visam à conceituação da biodiversidade, além da análise quanto ao processo escolar. Devido ao fato dessa pesquisa estar em desenvolvimento, os dados aqui apresentados são parciais, no entanto, dos estudantes que responderam sobre os três níveis de organização (gens, espécies e ecossistema), 28% dos 100%, associou a flora e fauna – um dos níveis. Quanto à concepção de biodiversidade, 39% responderam como “Diversidade de vida”, concordando com a origem da palavra e 11% responderam como “Conjunto de seres vivos”, ambas fazem relação com o conceito apresentado pelo Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica. Considerando os resultados parciais desta pesquisa percebe-se que os futuros cidadãos possuem conceitos limitados de biodiversidade e, diante da atual situação de degradação ambiental, consequentemente da perda de biodiversidade, é urgente e necessário que os cidadãos conheçam e valorizem a biodiversidade, pois é o princípio para que as estratégias de conservação se efetivem.

Palavras-chave: conservação, educação básica, diversidade biológica.

Área temática: Educação Ambiental

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PERCEPÇÕES HUMANAS ACERCA DA FAUNA E AS IMPLICAÇÕES NA CONSERVAÇÃO

João Paulo Silva Spindola1, Flávia Pereira Lima1, Daniel Brito1

1Universidade Federal de Goiás – UFG.

Biofilia define-se como “afiliação emocional inata dos seres humanos a outros organismos vivos”. Os padrões de predileção humanos são afetados pelos valores biofílicos, dos quais destaca-se o estético. Recursos destinados para conservação são limitados e nem sempre são manejados com base no valor intrínseco das espécies, isso conduz em ações baseadas pela preferência. Logo, espécies com boa aceitação púbica angariam mais representação e ações conservacionistas. Para este trabalho, foram aplicados questionários em estudantes universitários e secundaristas. Coletamos informações sobre escolaridade, pedimos citações de nomes de animais e os inquiridos ranquearam imagens de animais. Também deram informações sobre seu conhecimento, preferência, opinião sobre distribuição e prioridade de conservação de dez animais nativos e exóticos. Para testar o ranqueamento dos táxons, usamos Friedman-ANOVA e Concordância Kendall. As outras questões, testamos com Qui-quadrado. Foram entrevistadas 428 pessoas, que listaram 212 diferentes animais. O grupo com mais citações foi mamíferos (59,6%), seguido por répteis (14,4%), aves (11,5%), peixes (3,5%), insetos (2,5%), anfíbios (1,9%) e invertebrados não-insetos (1,6%). Para todos os táxons foram listados mais animais nativos (58,2% total) do que exóticos (Qui-quadrado=215,96; gl=7; p<0,001). Não houve diferença na quantidade de animais nativos/exóticos listados por pessoas de diferentes escolaridades. No ranqueamento, o representante dos mamíferos foi o preferido com média de ranking 4,78, seguido por aves (4,26), peixes (3,76), répteis (3,04), insetos (2,87) e anfíbios (2,29) (Friedman-ANOVA=481,29; gl=5; p<0,001; Concord.=24,94%). A diferença na posição dos répteis na listagem e no ranqueamento é devido ao grupo ser lembrado pelos valores simbólico e negativista. Testamos a associação de prioridade de conservação com conhecer o animal, preferir o animal em detrimento de um similar a ele e julgar o animal nativo. Encontramos associação entre preferência e prioridade de conservação para todos os dez animais, mas nenhuma das outras associações foi significativa para mais de três animais. Ao ter que escolher um entre dois animais semelhantes para priorizar a conservação as pessoas tendem a conservar o que gostam mais.

Palavras-chave: biofilia, conservação, percepção humana da fauna.

Área temática: Educação Ambiental

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REDE SOCIAL PARA A VALORIZAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS AMBIENTAIS E CULTURAIS EM REGIÃO DA RESERVA DA BIOSFERA DA SERRA DO ESPINHAÇO, ENTORNO DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO INTENDENTE

André Rocha Franco1, Luiza Hoehne Mattos de Olivera2, Miguel Angelo Andrade3, Geraldo Tadeu Silveira Rezende3

1Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG;

2Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP;

3Pontifícia Universidade Católica - PUC MG.

A temática sociedade, cultura e meio ambiente surge como oportunidade relevante de discussões interdisciplinares, conexão de atores e entidades e proposição de metas capazes de valorizar as questões culturais e ambientais, em todo o seu dinamismo. Tais preceitos, estruturadores deste projeto, almejam reconhecer um mosaico de práticas que configuram a realidade de comunidades tradicionais ribeirinhas – inseridas na sub-bacia do rio Parauninha, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais. O objetivo central da proposta, conduzida pelo Departamento de Ciências Biológicas/PUC Minas, baseou-se na elaboração de uma rede socioambiental e cultural, abalizada em um programa de mobilização socioparticipativa, capacitação e educomunicação comunitária, com enfoque nos valores regionais dos patrimônios imateriais, da sociobiodiversidade e da etnobiologia. O trabalho transcorre no triênio 2011-2013 por meio da execução de três subprojetos: 1º-Construção e Desenvolvimento de Oficinas Educacionais Participativas, envolvendo Educação Ambiental, Cultural e Digital-Tecnológica; 2º-Estruturação e Implementação do Plano de Ação Comunitário das associações locais; e o 3º-Arquitetura e Inserção do Sistema Comunicacional do Parauninha. Os resultados, envolvendo 40 famílias locais, são: a formação comunitária em informática, relacionando as novas Tecnologias de Informação e Comunicação com as boas práticas locais de conservação da natureza e resgate cultural; o exercício de biomonitoramento participativo com os moradores, almejando a elaboração de uma rede local de monitoramento de qualidade de água, com enfoque na etnozoologia; além dos relatos de história oral, a partir de temáticas socioambientais, que são apresentados como registro e perpetuação do saber local. Com os resultados encontrados, percebeu-se que a efetividade da interlocução entre o conhecimento tradicional e o conhecimento acadêmico-científico possibilita uma construção dialógica de novos saberes, a partir de vivências e experimentações com fundamentação extensionista. Consequentemente, a valorização do homem comum e de sua cultura ancora a proteção e conservação dos espaços ambientais dessas comunidades, tornando-as menos vulneráveis à perda de sua identidade.

Palavras-chave: rede socioambiental, comunidades tradicionais, etnobiologia.

Área temática: Educação Ambiental

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CONHECIMENTOS ECOLÓGICOS LOCAIS E GESTÃO DA PESCA NA COMUNIDADE DO GUARAÚ, PERUÍBE-SP

Marlua Socorro-Batista1, Bruno Pinheiro2

1Entidade Ecológica dos Surfistas – ECOSURFI, Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade – REJUMA, Universidade Santa Cecília – UNISANTA;

2Entidade Ecológica dos Surfistas – ECOSURFI, Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade - REJUMA.

Durante 2011 foi realizada pesquisa com objetivo de levantar e sistematizar a percepção ambiental sobre conflitos no âmbito da gestão da pesca, atualmente inexistente. Utilizou-se como método, a coleta de dados no ponto de desembarque somado ao método bola de neve, no qual um pescador indica outro. Em conseguinte fechou-se o universo amostral (n) com dez pescadores artesanais abordados. Em conversa prévia, foi informada a existência de aproximadamente 20 pescadores na comunidade. A aplicação dos questionários semi-estruturados contemplavam três eixos: 1. Dados pessoais; 2. Prática e conhecimento ecológico da pesca; e 3. Percepção sobre recursos naturais e conservação. Os conflitos foram categorizados em três eixos: estruturais, relacionados a problemas que demandam intervenção governamental; de limites ecológicos, que dizem respeito a restrições impostas pela natureza; e políticos, relacionados à medidas normativas e organização social. Entre os estruturais estão sazonalidade da renda, inexistência de um espaço para armazenamento e comercialização e a falta de outros incentivos do governo. Entre os de limites ecológicos, podem ser apontados a sobrepesca e a dificuldade de acesso ao pescado ocasionadas pela presença de barcos industriais e de arrasto, além da poluição marinha. Acerca dos conflitos políticos, há restrições impostas pela legislação ambiental, desorganização dos pescadores, excesso de pesca predatória pelos barcos industriais e de arrasto e inexistência de estrutura de gestão local da pesca. Tais percepções orientam caminhos e desafios para a construção coletiva de mecanismos de tomada de decisões e ordenamento no uso dos recursos pesqueiros possibilitando o empoderamento na organização e participação dos pescadores em processos de políticas públicas e extensão pesqueira. Facilitado o processo por meio de ferramentas participativas em conselhos gestores, fóruns, diagnósticos participativos, ainda assim estas relações da comunidade e o conhecimento científico trazem um elo convergente para a percepção real da situação pesqueira de âmbito local e regional.

Palavras-chave: conhecimento ecológico local, conflitos, participação.

Área temática: Educação Ambiental

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CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE UM CURSO PRÉ VESTIBULAR SOBRE A ORIGEM DA VIDA

Samuel Molina Schnorr1, Camila Alvez Islas1

1Universidade Federal de Pelotas – UFPEL.

Neste trabalho objetivou-se pesquisar acerca das concepções prévias advindas da identidade cultural de estudantes de um curso pré-vestibular gratuito da cidade de Pelotas e, após uma aula expositiva, verificar se havia alteração nestas concepções. Na turma pesquisada predominam alunos com idade entre 20 e 24 anos, onde o mais jovem possui 16 anos e o mais idoso 63, sendo composta pelos mais variados grupos étnicos, como descendentes de quilombolas, europeus, bem como agricultores, os quais todos de baixa renda, critério para ingresso no curso. Foram aplicados 53 questionários, onde duas perguntas foram realizadas antes da aula expositiva e uma terceira após a aula, na qual foram abordadas as teorias e evidências sobre a origem de vida na terra, bem como reflexões referentes a essas teorias. Na primeira pergunta, “Como você acredita que se originou a vida na Terra?”, 49% dos entrevistados acreditavam que esta se deu a partir de Deus, 26% acreditam em uma origem química, 5% acreditam que se originou a partir de Adão e Eva e 20% não sabem. Na segunda pergunta “Você acredita em vida extraterrestre?”, 50% dos entrevistados acreditam, enquanto 45% não acreditam e 5% não sabem. Na terceira pergunta “Após a aula, sua opinião mudou em relação à origem da vida?”, 9% dos entrevistados relataram mudar a sua opinião, entretanto 69% afirmaram que não e 22% ficaram em dúvida frente às novas perspectivas. Podemos perceber que mesmo após outras teorias e evidências serem expostas, a opinião da maioria permaneceu a mesma. Assim podemos concluir que uma parte da sociedade ainda percebe conceitos científicos a partir de análises culturais, não permitindo que haja uma mescla dessas duas realidades, mesmo após apresentação de fatos comprovados demonstrando que, para sensibilizar e realizar alguma modificação na concepção dos alunos, é necessária uma abordagem mais aprofundada.

Palavras-chave: origem da vida, pré-vestibular, teoria química.

Área temática: Educação Ambiental

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O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL A PARTIR DA PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO

Ariana M. Sarmento1, Rubana P. Alves1, Natalia Hanazaki1

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

A criação de áreas protegidas é um dos principais instrumentos de conservação da biodiversidade e a educação ambiental uma ferramenta útil para a inclusão das populações locais nesse processo. Assim, a educação conservacionista configura-se como um dos objetivos atribuídos a várias categorias de Unidades de Conservação (UC), tanto de uso sustentável quanto de proteção integral. Neste trabalho, objetivou-se verificar se a população local do entorno da Estação Ecológica de Carijós (ESEC) - Florianópolis, SC, tem ciência da existência da ESEC e de atividades educativas relacionadas à mesma. Para a coleta das informações foram realizadas entrevistas semiestruturadas com moradores da região há pelo menos cinco anos e que já tivessem ouvido falar da ESEC. Em 51 abordagens, 42 eram residentes há mais de cinco anos e destes 72% tinham ciência da existência da ESEC. Foram entrevistadas 30 pessoas, destas 60% ouviu falar da ESEC através de amigos, vizinhos ou familiares e 20% citaram a escola como fonte de divulgação. Acerca da existência de projetos de educação ligados a ESEC, 50% não souberam responder se eles existem, 27% os desconhecem e 23% confirmaram a sua existência, mencionando como atividade a visitação escolar à ESEC. 80% consideraram a ESEC importante e destes 92% justificaram sua relevância para a conservação ambiental, 12% para a educação e 12% relacionaram à contenção de avanços da urbanização. Embora a maioria dos entrevistados não soubesse discorrer sobre a existência de atividades educativas relacionadas à ESEC, observou-se que as escolas configuram-se como espaços importantes no processo de divulgação e conscientização sobre a conservação. Ressalta-se que há a necessidade de ampliação das parcerias e meios de divulgação das atribuições e ações da ESEC atingindo uma maior gama da população do entorno.

Palavras-chave: estação ecológica de carijós, educação conservacionista, consciência ambiental.

Área temática: Educação Ambiental

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CAPIVARAS DA LAGOA DA PAMPULHA: INIMIGAS OU ALIADAS?

Thaís Queiroz Morcatty1, Maria Auxiliadora Drumond1, Luiza Pedra1, Pedro Rocha1, Hani Rocha El Bizri1, Raquel Hosken Pereira da Silva2

1Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

2Laboratório de sistemas Socioecológicos, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

De extrema beleza cênica, a Lagoa da Pampulha se trata de um reservatório artificial em Belo Horizonte, Minas Gerais. A área é utilizada intensamente para atividades de lazer e apresenta uma população residente de capivaras. A capivara, uma espécie de mamífero herbívoro generalista semiaquático, se adapta facilmente a ambientes modificados pelo homem. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) vem manifestando interesse em manejar ou eliminar a população de capivaras existente no local, alegando risco e incômodo aos usuários. Todavia o manejo deve ocorrer de forma adequada e atendendo às necessidades dos usuários. O presente estudo objetiva averiguar a percepção das pessoas sobre a presença e os possíveis riscos oferecidos pelas capivaras na lagoa. Foram empregadas 200 entrevistas semiestruturadas a visitantes, moradores locais, funcionários do Parque Ecológico da Pampulha e comerciantes da orla. Os entrevistados demonstraram carisma pelas capivaras, sendo que 92% alegam sentir-se bem pela presença delas e 90% acreditam que elas atraem o turismo. Com relação à remoção das capivaras 94% dos frequentadores se mostraram contra. Relatos demonstram que a população se sente insegura com relação à possibilidade de transmissão de doenças (hantavirose, febre maculosa e febre aftosa) pelas capivaras, que estão sendo investigadas, e 95% alegaram estar insatisfeitos com a poluição. A percepção humana nos revelou que o contato homem-capivara contribui para o bem estar humano e resgate do sentimento de pertencimento à natureza, raro em moradores urbanos. A falta desse sentimento alimenta ações que proporcionam desequilíbrio ambiental. É muito importante a divulgação e a discussão acerca do papel desses animais em meio urbano para a população humana, já que a eliminação de elementos da fauna nessa condição tem sido frequente em muitas cidades brasileiras. Portanto, a manutenção destes animais deve ser ponderada entre o benefício que trazem e os riscos que oferecem.

Palavras-chave: capivaras, percepção ambiental, pampulha

Área temática: Educação Ambiental

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ETNOBIOLOGIA DE TARTARUGA MARINHA, COM USO DE MAPAS MENTAIS, POR DISCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL, NA APA DELTA DO PARNAÍBA – PI/MA.

Kesley Paiva-Silva1, Elane Marques Rodrigues2;1, Francinalda Maria Rodrigues da Rocha1, Daniele Alves Lopes2;1, Thatyara Alves dos Santos2;1

1Projeto Tartarugas do Delta, Comissão Ilha Ativa - CIA;

2Universidade Federal do Piauí – UFPI.

O modo como o ser humano percebe, identifica e classifica o mundo natural influencia na maneira em que atua e mostra suas emoções com relação aos animais. Os mapas mentais são ilustrações que atuam como um prolongamento da percepção, introduzindo um sistema de significação representativo. Nesse sentido, o estudo objetivou investigar o conhecimento dos discentes do Ensino Fundamental sobre a temática: como vive a tartaruga marinha. O método utilizado foi o emprego de mapas mentais, de maneira individual, em cinco escolas. As informações de campo foram obtidas em 2012 e envolveu 81 alunos do 5º e 6°anos dos Estados do Piauí (municípios de Cajueiro da Praia, Luis Correia, Parnaíba e Ilha Grande) e Maranhão (Araioses, Ilha das Canárias). Para análise quali-quantitativa, os desenhos foram estabelecidos em quatro grupos. A categoria “modo de vida” foi representada em 83% dos mapas, ilustrando tartarugas marinhas em áreas de alimentação, isoladas, agrupamentos e interação com a fauna marinha local: golfinhos, peixe, tubarões. Em 8% dos desenhos foram observados elementos do “período reprodutivo”, como a ovoposição, filhotes e cópula. A existência de desinformação sobre o cuidado parental, visto em diversos organismos, ainda não é aceitável pelos estudantes. A categoria “modo de vida e reprodução” foi representada por 4% dos estudantes, uma vez que a área atende desova e alimentação destes animais. As atividades que envolvem o “ser humano” foram ilustradas em 5% dos desenhos, com destaque a pesca e ocupação da orla. Os resultados obtidos demonstraram a necessidade de aprofundar os conhecimentos acerca da biologia e ecologia e ameaças sofridas por estes quelônios. As informações repassadas aos estudantes podem colaborar na proteção destes animais e seus habitats, tornando-os agentes multiplicadores na região. Além disso, esses conhecimentos contribuem para um direcionamento das ações de educação ambiental do Projeto Tartarugas do Delta, estabelecendo estratégias de conservação.

Palavras-chave: conservação, percepção, tartarugas marinhas.

Área temática: Educação Ambiental

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REGISTRO DA HISTORIA ORAL: RESGATANDO CULTURA A PARTIR DE TEMÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS ATRAVÉS DE VÍDEO DOCUMENTÁRIO COM AS COMUNIDADES DO RIO PARAUNINHA

Elvira Cynthia Alves Horácio¹, Luiz Henrique Queiroga², Renata Fonseca Guimarães², Miguel Ângelo Andrade²

¹Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG

²Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/Minas

O registro da história oral foi por algum tempo desconectado do meio científico pois segundo a percepção de alguns pesquisadores a história deveria ser registrada em forma de documento, sendo os regastes históricos provenientes da escrita a principal forma de retratação. Os relatos de historia oral são utilizados como forma de registrar acontecimentos do cotidiano, atuais e passados (contados de geração em geração), percepções do imaginário popular sobre determinados aspectos que circunscrevem a rotina diária das populações. Objetiva-se com essa ferramenta de documentação, conjugada com a elaboração e reprodução de um vídeo-documentário, reconhecer a identidade cultural estruturadora do modo e estilo de vida de comunidades tradicionais ribeirinhas, além de resgatar as histórias dos moradores das comunidades, inseridas na região da sub-bacia hidrográfica do rio Parauninha, em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais/Brasil. A construção do vídeo-documentário, intitulado “O que é riqueza para você?”, busca retratar as temáticas relacionadas aos patrimônios imateriais e materiais, à sociobiodiversidade e à etnobiologia da região. A abordagem perpassa pelo registro da história oral, considerando aspectos sobre cultura, água, paisagens e desenvolvimento regional, para valorizar e disponibilizar: as histórias e estórias locais, a relação com os recursos naturais, a composição das dinâmicas ambientais, as paisagens naturais e referências culturais da região. Reconhecem-se, assim, diversas temáticas socioambientais, valorizando também a cultura e histórias já estabelecidas pelo relator do registro. Foram realizadas visitas nas casas dos moradores que fazem parte da Associação de Moradores do Parauninha (ASPA), com a participação ativa de 38 famílias. Nestas, realizaram-se entrevistas semi-estruturadas, nas quais identificam-se aspectos socioambientais a serem abordados, porém a condução é do próprio relator, nesse caso o morador, sendo ele e sua história o foco principal. Partindo disto, pode-se obter os valores culturais, ambientais, além do aspecto temporal, sendo uma forma pessoal, caracterizando então a comunidade como um todo.

Palavras-chaves: etnobiologia, registro da história oral, regaste de cultura

Área temática: Educação Ambiental

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ETNOFARMACOLOGIA E

ETNOMEDICINA

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HOMEOPATIA NO PLANALTO SERRANO CATARINENSE: DO USO POPULAR AO ACESSO ELITIZADO

Patricia Fernandes1, Pedro Boff2

1Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

2Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI

A prática da medicina homeopática iniciou-se no Brasil em meados do século XIX, com o francês Benoit Jules Mure. Entretanto, defronta-se com o descrédito da sociedade médica brasileira, orientada pela racionalidade científica. Este desmerecimento facilitou o acesso direto da homeopatia às comunidades, via ação de padres, boticários e fazendeiros. Durante o século XX, a homeopatia permanece tendo acesso popular através de centros espíritas e boticários. Na década de 1980, a homeopatia é reconhecida como especialidade médica e seu acesso restringiu-se aos consultórios médicos. Este trabalho objetiva caracterizar a forma de inserção da homeopatia no Planalto Serrano Catarinense. A pesquisa está sendo realizada junto ao projeto de sistematização dos saberes populares de agricultores da região, relativos a cura de enfermidades. O levantamento teve início em outubro de 2011, alcançando oito municípios. Entrevistas semi-estruturadas foram realizadas, com auxílio da extensão rural pública, com pessoas indicadas como curandeiros e/ou conhecedores de plantas medicinais. A amostragem dos entrevistados é intencional e tem seguido a técnica bola de neve. Até o momento, totalizam-se 25 entrevistados, de ambos os gêneros, com idades entre 40 e 90 anos. Todos os entrevistados relataram ter usado homeopatia na infância e/ou juventude. O acesso se dava via mercados públicos, farmacêuticos e viajantes que abasteciam armazéns das localidades rurais. Os medicamentos homeopáticos mais citados foram Arsenicum e Belladona, de amplo conhecimento dos agricultores. Segundo entrevistados, o acesso a homeopatia reduziu-se ao longo das décadas de 1980/90. Atualmente, os entrevistados afirmaram não saber mais como ter acesso a homeopatia. Assim, verificou-se que a homeopatia se configura como conhecimento popular histórico, porém não mais utilizado entre agricultores. Conclui-se que ações de reinserção da homeopatia nos espaços rurais, através de pesquisas e capacitações, poderão torná-la aplicável novamente pelas famílias das comunidades rurais.

Palavras-chave: homeopatia popular, comunidades rurais, estilização.

Área temática: Etnomedicina e Etnofarmacologia

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FITOTERAPIA E CURAS POPULARES: ETNOCONHECIMENTO DOS AGRICULTORES DO PLANALTO SERRANO CATARINENSE

Patricia Fernandes1, Pedro Boff 2

1Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

2Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI

A necessidade de se identificar o potencial curativo da flora nativa acompanha a humanidade. Entretanto, a sociedade moderna, orientada fundamentalmente pela racionalidade científica, priorizou recursos oriundos do processo farmacêutico industrial. Ao longo do século XX, medicamentos industrializados tornaram-se frequentes em diferentes realidades sociais, inclusive nos espaços rurais, onde historicamente as pessoas são reconhecidas como praticantes da fitoterapia. Apesar deste contexto, observa-se resistência e reinserção do uso de plantas medicinais e preparados fitoterápicos entre agricultores. Este trabalho objetiva sistematizar o conhecimento relativo a fitoterapia presente entre agricultores familiares do Planalto Serrano Catarinense. O levantamento de dados abrangeu os municípios de São José do Cerrito, Cerro Negro, Anita Garibaldi, Ponte Alta, Otacílio Costa, Rio Rufino, Urubici e Capão Alto. Entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com pessoas indicadas como curandeiros e/ou conhecedores de plantas medicinais, através de indicação da extensão rural pública. Para dar sequência as entrevistas, fez-se uso da técnica bola de neve, constituindo uma amostra de 25 entrevistados, de ambos os gêneros, com idades entre 40 e 90 anos. O total de entrevistados foi atingido a partir da saturação de respostas. Verificou-se três categorias de conhecimento. A primeira agrega pessoas cujo conhecimento sobre plantas medicinais se associa a prática de benzimento e rituais religiosos, não restritamente católicos. A segunda categoria consiste em indivíduos que reestruturam seu conhecimento com apoio das pastorais da saúde, envolvendo-se com atendimento gratuito ao público nas igrejas. A terceira categoria é representada por pessoas que sentem necessidade de resgatar a fitoterapia e frequentam cursos de cultivo, uso e manipulação de plantas medicinais promovidos por entidades como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, entretanto praticam aquilo que aprendem apenas com seus familiares. O registro da fitoterapia e da prática da cura através das plantas medicinais entre agricultores familiares revelam uma rica diversidade de conhecimento a ser potencializado.

Palavras-chave: etnomedicina, agricultura familiar, medicina campeira.

Área temática: Etnomedicina e Etnofarmacologia

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UTILIZAÇÃO MEDICINAL POPULAR DE RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS EM ÁREAS DE FUNDO DE PASTO NO MUNICÍPIO DE CURAÇÁ – BA, BRASIL

Camila Gonzaga de Jesus1, Flávio França1, Glauber Catarino Rocha1, Aline Gomes Assunção1, Efigênia de Melo1

1Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

Tendo em vista a necessidade de maiores conhecimentos científicos sobre o potencial medicinal da flora nativa do bioma Caatinga e a necessidade do estudo sistematizado do conhecimento popular tradicional, este trabalho objetivou identificar, em áreas de fundo de pasto, nas comunidades de São Bento e Patamuté, no município de Curaçá, plantas medicinais utilizadas pela população. As entrevistas foram realizadas através da aplicação de formulários semi-estruturados. Para localização e coleta das plantas, foram utilizados os métodos observação participante e turnê-guiada. Foi calculado o índice de saliência cultural através do programa ANTHROPAC Version 4.98. Cerca de 56% dos entrevistados eram do sexo masculino e 63,5% possuíam mais de 60 anos. A maior parte dos entrevistados está ou esteve na comunidade durante toda sua vida, ligados a atividades agrícolas. Foram citadas como medicinal 49 espécies. As espécies que tiveram maior valor de saliência cultural nas comunidades de S. Bento e Patamuté foram Myracrodron urundeuva Allemão (Aroeira): 0,55 e 0,30, respectivamente, e Cnidoscolus quercifolius Pohl (Faveleira): 0,42 e 0,31, respectivamente. A terceira espécie mais saliente foi a Poincianella laxiflora (Tul) L. P. Queiroz, (catingueira), com índice de 0,39 em S. Bento e Poincianella ferrea Mart. ex Tul (pau-ferro), índice de 0,40 em Patamuté. A casca e entrecasca da aroeira são utilizadas como cicatrizante, para problemas de circulação sanguínea e para curar inflamações. A casca e entrecasca da faveleira são utilizadas como cicatrizante, para hemorroida e azia. A flor, folha e casca da catingueira são utilizadas para curar problemas de dor de barriga. O fruto do pau ferro é utilizado para curar afecções como anemia, colesterol, diabetes e gripe. Os resultados demonstram que as comunidades possuem um vasto conhecimento das plantas e de suas propriedades medicinais e que esses conhecimentos podem ser a base para futuras pesquisas farmacológicas.

Palavras-chave: etnobotânica, plantas, conhecimento.

Área temática: Etnomedicina e Etnofarmacologia

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POTENCIAL BACTERICIDA DE PRODUTOS PROVENIENTES DE ANIMAIS MEDICINAIS: ZOOTERÁPICOS PODEM SER BONS ANTIBIÓTICOS?

Felipe Ferreira1, Samuel Brito2, Henrique Coutinho3, Rômulo Alves1

1Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

2Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Universidade Regional do Cariri – URCA

A biodiversidade brasileira vem sendo uma fonte de recursos para o tratamento de doenças. No Brasil, pelo menos 326 espécies são usadas na medicina popular sem dados consistentes sobre atividade biológica dessas espécies. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi: avaliar o potencial bactericida de produtos do cavalo marinho Hippocampus reidi, os lagartos Tupinambis merianae e Iguana iguana e as serpentes Crotalus durissus e Boa constrictor, e os mamíferos Euphractus sexcinctus e Coendou prehensilis através de ensaios contra linhagens bacterianas padrão; a avaliar a atividade moduladora desses zooterápicos, quando associados a antibióticos contra bactérias multi-resistentes. Foram utilizados extratos de banha (menos de T. merianae, C. prehensilis e H. reidi), decoctos da pele (menos de E. sexcinctus) e decoctos de H. reidi inteiro. Os experimentos foram realizados com isolados clínicos padrão e multirresistentes de Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Gentamicina e amicacina foram utilizadas como antibióticos para a atividade moduladora. A concentração mínima inibitória das amostras e dos antibióticos foi determinada através do método de microdiluição em caldo. Nossos resultados indicam que nenhuma das amostras possui uma atividade relevante em inibir, do ponto de vista clínico, linhagens bacterianas padrão, demonstrando que não existe fundamentação farmacológica para o uso desses zooterápicos como antibióticos. Quanto a atividade moduladora, o decocto de H. reidi apresentou um efeito antagônico, reduzindo a ação dos antibióticos, entretanto, o extrato da banha de B. contrictor, os decostos da pele de C. durissus, I. iguana, B. constrictor e T. merianae potencializaram a atividade dos antibióticos. Diante dos resultados obtidos, estratégias para o uso racional das espécies avaliadas aqui devem ser idealizadas para a conservação dessa espécie. O uso indiscriminado de espécies para fins medicinais, sem a presença de dados consistentes que comprovem a eficácia desses produtos, pode vir a ser uma das possíveis causas de declínio de espécies.

Palavras-chave: zooterapia, potencial bactericida, conservação.

Área temática: Etnomedicina e Etnofarmacologia

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CONCEITOS LOCAIS DE INFLAMAÇÃO E PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMO ANTI-INFLAMATÓRIAS PELO POVOADO CANGANDU NO AGRESTE ALAGOANO: UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO E ETNOFARMACOLÓGICO

Evlyn Larisse da Silva Vilar1, Veronica de Oliveira Silva1, Márcia de Farias Cavalcante1, Marcos de Oliveira Rocha1, Washington Soares Ferreira Júnior1, Maria Silene da Silva1

1Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL

Diversos trabalhos etnobotânicos realizados na Caatinga do Nordeste brasileiro têm apontado um grande número de espécies vegetais, para o tratamento de inflamações. Entretanto, ainda são escassos os trabalhos que buscam entender como as pessoas conceituam e interpretam o processo inflamatório, fazendo-se necessário um estudo mais aprofundado a respeito dessa categoria, elucidando-se alguns pontos que continuam sendo mal caracterizados e compreendidos pela literatura etnobotânica. Assim, este trabalho tem como objetivo investigar o processo de diagnóstico de inflamações por moradores do povoado Cangandu, localizado no município de Arapiraca-AL, bem como as plantas medicinais locais utilizadas como anti-inflamatórias. A amostra foi composta por 25 informantes distribuídos nas categorias garrafeiros, donas de casa, usuários de plantas e praticantes da medicina popular. Foi utilizada a técnica da listagem livre sucessiva para identificar os tipos de inflamações reconhecidos pelos informantes, assim como as plantas utilizadas para o tratamento de cada subcategoria citada. Calculou-se a análise de saliência para identificar as espécies mais importantes localmente através do software ANTROPAC 4.0. Verificou-se a existência de 18 subcategorias ou condições inflamatórias, destacando-se as subcategorias pele (10 citações), útero (8), garganta (5), ovário (5) e rim (4 citações). Foram relatados 24 sintomas para caracterizar os diversos processos inflamatórios, sendo a dor o principal sintoma atribuído à inflamação, aparecendo 31 vezes nos diferentes discursos. A análise de saliência destacou o Stryphnodendron barbatiman (barbatimão) (0,585), Hyptis pectinata L. Poit (sambacaitá) (0,487) e Myracrodruon urundeuva (aroeira) (0,373) entre as 46 espécies medicinais registradas como sendo as mais citadas para o tratamento dos vários tipos de inflamação. As partes mais utilizadas das plantas foram a casca (31% dos informantes), seguida dos galhos (27%), das folhas (26%) e outras partes (16%). Espera-se que os resultados dessa pesquisa possam contribuir com a bioprospecção, indicando espécies potenciais na busca de novos compostos eficazes no tratamento de inflamação.

Palavras-chave: inflamação, etnomedicina, nordeste.

Área temática: Etnomedicina e Etnofarmacologia

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PLANTAS COM NOME DE MEDICAMENTOS NO RIO GRANDE DO SUL: CONCORDÂNCIA ENTRE USOS POPULARES E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS CONTIDAS NAS BULAS

Karina Mayumi Higa1, Geraldo L. G. Soares1, Mara Rejane Ritter2

1Pós-graduação Botânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS;

2Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Grande parte dos estudos etnobotânicos no Brasil aborda a temática das plantas medicinais, o que contribui para o resgate do conhecimento popular. Estes trabalhos permitem também levantar problemas sobre eventuais usos inadequados de plantas. Um fato que tem chamado a atenção nesses trabalhos é o crescente emprego de nome de medicamentos comerciais para denominar plantas medicinais. O objetivo deste trabalho é comparar o uso popular destas plantas denominadas por nome de medicamentos com a indicação terapêutica contida nas bulas. Foram analisados 27 levantamentos etnobotânicos (artigos publicados, monografias, trabalho de conclusão de curso, dissertações e teses) realizados entre os anos de 1997 a 2009 em diferentes regiões do Estado do Rio Grande do Sul. As plantas denominadas por nome de medicamentos comerciais foram listadas, totalizando 27 espécies, pertencentes a 11 famílias botânicas. Os usos populares destas espécies foram compilados em um banco de dados e foram comparados às indicações contidas nas bulas dos medicamentos comerciais. Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze foi a espécie mais citada, sendo amplamente utilizada e conhecida por diferentes nomes de medicamentos comerciais como penicilina, anador, ampicilina e tetramicina. As plantas denominadas por anador apresentaram 100% de concordância com o uso do medicamento comercial (para sintomas associados a gripes e resfriados), as denominadas por ampicilina, 84% (para infecções em geral) e as denominadas por penicilina, 52% (para infecções no trato respiratório e sífilis). A ressignificação dos nomes populares das plantas medicinais por nome de medicamento comercial estudada no Rio Grande do Sul apresentou um padrão, que não foi aleatório, em concordância com o propósito funcional dos medicamentos comercializados.

Palavras-chave: medicamento, resignificação cultural, plantas medicinais.

Área temática: Etnomedicina e Etnofarmacologia

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PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMO ANTI-INFLAMATÓRIAS E OS CONCEITOS LOCAIS DE INFLAMAÇÃO DE UMA COMUNIDADE DO AGRESTE ALAGOANO

Marcia de Farias Cavalcante1, Evlyn Larisse da Silva Vilar1, Maria Silene da Silva1, Washington Soares Ferreia Júnior2, Marcos Oliveira Rocha1

1Universidade Estadual de Alagoas – UFAL;

2Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.

O uso de plantas medicinais por comunidades tradicionais é uma prática baseada no conhecimento popular. Dessa forma, conhecer como as pessoas entendem o processo de diagnóstico de inflamação e utilizam estes recursos naturais para o seu tratamento torna-se de grande valor para a construção do conhecimento científico. Ainda não se conhece uma terapia efetiva para o controle do processo inflamatório, devido à peculiaridade dos mediadores do Sistema Imune e subtipos celulares. O presente trabalho tem como objetivo investigar o processo de diagnóstico de inflamações pela comunidade do povoado Varginha no município de Arapiraca-AL, Nordeste do Brasil, bem como fazer o levantamento das espécies vegetais utilizadas como anti-inflamatórias. O método utilizado para a escolha dos 15 especialistas locais foi a amostragem intencional pela técnica de bola de neve. Através da técnica de listagem livre, cada informante citou os conceitos sobre os processos inflamatórios e, a partir destes, as espécies utilizadas para o tratamento de inflamações. A análise dos dados foi realizada a partir da saliência, que determina as plantas mais importantes, baseando-se na posição e nas frequências das mesmas nas listas livres, com o uso do ANTHROPAC 4.0. Os informantes citaram 41 espécies botânicas, destacando-se Hyptis pectinata L. Poit (sambacaitá) (SI=0,433), com 14 citações; Anacardium occidentale L. (cajueiro) (SI=0,218) e Myracrodruon urundeuva (aroeira) (SI=0,218), ambas com 8 citações. Os sintomas para caracterizar os processos inflamatórios mais citados pelos informantes foram dor (81,7%), vermelhidão (4,13%) e pus (3,17%). Já as subcategorias mais citadas da inflamação foram ferida (26%), estômago (12,5%), vagina (13,4%) e útero (10,5%). Conclui-se que a comunidade reconhece os sintomas clássicos de inflamação, tais como descritas na sociedade biomédica. Desta forma, investigar os conceitos locais de saúde e doença pode fornecer importantes contribuições para a bioprospecção, indicando espécies potenciais na descoberta de novos compostos efetivos no tratamento de inflamação.

Palavras-chave: etnomedicina, inflamação, nordeste.

Área temática: Etnomedicina e Etnofarmacologia

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ECOLOGIA HUMANA

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PESCA ARTESANAL VERSUS COMPLEXO LOGÍSTICO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DO AÇU: INTERFERÊNCIAS NA MANUTENÇÃO DO CONHECIMENTO LOCAL E CONFLITOS FRENTE À COMUNIDADE PESQUEIRA DE ATAFONA - RJ

Camilah Antunes Zappes1, Carlos Eduardo Novo Gatts1, Ana Paula Madeira Di Beneditto1

1Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF

O objetivo deste estudo é identificar através do conhecimento local a interferência das atividades do Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu (CLIPA) na manutenção da cultura e economia da pesca artesanal em Atafona, RJ. Entre abril-junho/2012 foram realizadas 90 entrevistas com: (30) pescadores artesanais, (30) esposas e (30) filhos. Foram aplicados questionários específicos a cada grupo, contendo perguntas abertas e fechadas relacionadas aos problemas da pesca com a instalação do CLIPA, o futuro dessa prática e manutenção do conhecimento pesqueiro. Cada grupo foi analisado separadamente. Para 46,7% (N=14) dos pescadores e 53,3% (N=16) das esposas a principal causa do declínio da pesca é ‘atividades do CLIPA’, enquanto para os filhos é ‘a poluição lançada ao mar’ (33,3%; N=10). Em relação ao futuro da pesca com as atividades do CLIPA, a resposta mais frequente explica que ‘com a chegada dos navios os cardumes irão afastar’ o que causará o deslocamento da área de pesca: pescador (60%; N=18); esposas (46,7%; N=14); filhos (56,7%; N=17). Como soluções para minimizar as interferências do CLIPA sobre a pesca, as principais respostas dos pescadores foram: ‘deixar o pescador pescar em qualquer área’ (30%; N=9) e ‘ensinar outra atividade para o pescador’ (30%; N=9). Para os outros grupos, a principal resposta foi ‘deixar o pescador pescar em qualquer lugar’: esposa (46,7%; N=14) e filhos (50%; N=15). Dos pescadores, 63,3% (N=19) tem interesse em abandonar a pesca e trabalhar no CLIPA. Dos filhos, 93,3% (N=28) não tem interesse em trabalhar com a pesca, pois é um ‘trabalho sofrido’, ‘não dá renda’. Com as atividades iniciais do CLIPA aumentou a oferta de cursos profissionalizantes permitindo ao pescador atuar na área do porto, com salário fixo e carteira profissional. Isto promoveu a migração dos pescadores para outra profissão, induzindo ao desaparecimento gradual da pesca e do conhecimento local sobre a atividade.

Palavras-chave: pescador artesanal, empreendimentos portuários, impactos.

Área temática: Ecologia Humana

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O CONHECIMENTO LOCAL DE POPULAÇÕES NÃO TRADICIONAIS E OS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA BRASILEIROS

Fernanda Savicki de Almeida1, Marcia Masetto Passoni2, Paulo E. Lovato3

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

2Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina

3Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Com o crescimento do processo migratório, consequência de fatores como o modelo de desenvolvimento hegemônico, a relevância do estudo dos saberes locais de populações não tradicionais tende ao aumento, se apresentando como alternativa ao resgate do conhecimento ecológico popular referente a determinados recursos naturais que estão associados a essas populações deslocadas. Sabe-se que, atualmente, a população rural é a detentora e mantenedora da agrobiodiversidade, tão importante para a conservação de recursos como para manutenção dos sistemas alimentares mundiais, sendo parte considerável dessa população constituída daquelas não tradicionais, chamadas aqui de populações locais – fruto do processo migratório. Constata-se que o conhecimento local é resultado da capacidade humana da adaptabilidade e é desenvolvido a partir de comparações entre a paisagem antiga e a atual em que se estabelece. No Brasil, emerge uma categoria de populações locais específica ao seu contexto, que são os assentados da reforma agrária. Tal categoria representa 22% dos agricultores familiares brasileiros, emergindo com significativa importância no que se refere a acesso de saberes locais associados a recursos e é aqui definida como população local, uma vez que o assentamento das famílias não se dá, em sua grande maioria, nos seus locais de origem. Nota-se que para essas famílias, a (re)construção do conhecimento local é algo mais que a valorização da sua característica camponesa, pois assume o papel de propiciar a reprodução social dessas famílias em um novo ambiente, a partir de suas relações sociais e ecológicas e as formas de produzir e utilizar os recursos naturais que dali surgem. O objetivo aqui foi trazer o tema para uma maior reflexão e apresentar alguns dos muitos trabalhos realizados com esse público em todo o país, como demonstração da diversidade de saberes existentes entre eles e que podem contribuir significativamente com a construção do conhecimento científico atual.

Palavras-chave: saber local, populações locais, etnociências.

Área temática: Ecologia Humana

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MUDANÇAS SOCIOECOLÓGICAS E RESILIÊNCIA DE MODOS DE VIDA NA PRAIA DO AVENTUREIRO, ILHA GRANDE - RJ

Deborah Santos Prado1; Cristiana Simão Seixas2, Deborah Santos Prado3

1Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

2Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM), Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

3Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Modos de vida são definidos na literatura como capacidades, bens e atividades necessárias para um meio de vida. Trata-se de uma abordagem que busca entender a capacidade de famílias rurais lidarem com crises e resistirem a choques, trazendo importantes informações sobre a relação dessas com o ambiente, bem como subsídios para a gestão e conservação dos recursos naturais. Soma-se a esse contexto a abordagem da resiliência socioecológica, como ferramenta de entendimento sobre como os modos de vida se adaptam, após sofrerem perturbações e/ou impactos sem alterar sua estrutura e função. Em um mundo de rápidas transformações, a busca por capacidade adaptativa e resiliência é um esforço em compreender de forma sistêmica a dinâmica, as mudanças e respostas tanto dos sistemas ecológicos, como sociais e econômicos O presente trabalho utiliza as abordagens teóricas de modos de vida e resiliência socioecológica para analisar as diferentes estratégias e mudanças nos modos de vida da população caiçara da Praia do Aventureiro nos últimos 50 anos. A coleta de dados ocorreu bimestralmente durante um ano e se baseou em dados secundários, 20 questionários realizados nas unidades familiares, conversas informais e observação direta e participante das atividades que compõem os modos de vida (e.g pesca, agricultura, extrativismo, artesanato e turismo). Os resultados parciais indicam que a trajetória do sistema socioecológico em questão foi marcada por diferentes estados, como a agricultura e pesca local, a pesca embarcada, seguida pelo início da prática do turismo de base comunitária. Diversos tensores desencadearam mudanças de estados deste sistema, desde políticas de conservação e legislação pesqueira até processos de organização e conflitos locais. Embora os modos de vida da comunidade, seu sistema socioeconômico e ecológico tenham mudado ao longo do tempo, todas as atividades ainda se mantém de alguma forma, indicando reorganização e inovação e, consequentemente, capacidade adaptativa e resiliência.

Palavras-chave: sistemas complexos, capacidade adaptativa, caiçara

Área temática: Ecologia Humana

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DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO JUNTO AOS INDÍGENAS POTIGUARA EM SAGI/TRABANDA, BAÍA FORMOSA-RN

Martinho Alves Andrade Júnior1; Louise Caroline Gomes Branco2

1Fundação Nacional do Índio em Natal – RN

2Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

A comunidade Sagi/Trabanda está inserida no bioma Mata Atlântica, no sudeste do Rio Grande do Norte, em Baía Formosa/RN. Os indígenas pertencem à etnia Potiguara e contam 100 pessoas, aproximadamente. Para o diagnóstico foram levantadas informações preliminares sobre a localidade. Em campo, principalmente de 15 a 17/05/2012, aplicou-se entrevista não-estruturada, observação participante, caminhadas transversais em áreas de roça, de pesca, de mata, moradia, no entorno, com registros fotográficos e de coordenadas geográficas, o que subsidiou ainda a elaboração de mapa mental e calendário sazonal. Foram investigados temas de interesse (saúde, educação, trabalho, ambiente, geração de renda) e identificadas vulnerabilidades e potencialidades. Elaborou-se diagrama de parceiros a partir dos relatos sobre planejamento de atividades, projetos desenvolvidos e os apoios recebidos. As principais vulnerabilidades são: cultivo de cana-de-açúcar no entorno (soterramentos de lagos, assoreamento, despejo de efluentes e agrotóxicos), turismo de verão, empreendimentos imobiliários, depósito de lixo nas imediações de cursos d’água, construção indevida de ponte sobre o rio Cavaçu. Esta última resultou em desaparecimento do caranguejo-uçá e comprometeu a segurança alimentar das famílias. Realizam a pesca marinha, cuja atividade sofre grande competição por pescadores externos. Cultivam roças diversificadas, mas enfrentam questão judicial movida por empresário do setor imobiliário. A área de mata que lhes serve, entre dunas e lavoura de cana-de-açúcar, constitui fragmento florestal de grande importância, pois contribui para a oferta de frutos e sementes nativas, bem como para a manutenção das fontes de água, incluindo lagoas, o rio Cavaçu e o manguezal. Os principais parceiros identificados foram a Prefeitura de Baía Formosa e o ICMBio. Os parceiros promovem atividades pontuais e as discussões quanto ao planejamento, numa perspectiva de futuro, apontam para a necessidade de melhor articulação de esforços. O mapa mental e o calendário sazonal ilustram a dinâmica de utilização do território, com a influência do entorno.

Palavras-chave: diagnóstico participativo, indígenas, sagi/trabanda

Área temática: Ecologia Humana

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DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO JUNTO AOS CABOCLOS DE AÇU, EM ASSÚ/RN

Martinho Alves Andrade Júnior1; José Glebson Vieira2; Jailma Nunes Viana Oliveira2; José Luiz Soares3

1Fundação Nacional do Índio em Natal – RN

2Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

3Escola João Lino da Silva, Comunidade dos Eleotérios do Catu em Canguaretama –RN

A comunidade indígena Caboclos do Açu está inserida no bioma Caatinga, no Estado do Rio Grande do Norte, em Assú-RN. Somam 120 pessoas, aproximadamente, ainda sem definição quanto à etnia (em estudo pela UERN-Campus de Mossoró/RN). Para o diagnóstico foram levantadas informações preliminares sobre a localidade. Em campo, principalmente de 13 a 15/06/2012, aplicou-se entrevista não-estruturada, observação participante, caminhadas transversais em áreas de moradias e, principalmente, no entorno onde realizam as atividades de roça, de pesca, com registros fotográficos e de coordenadas geográficas, o que subsidiou ainda a elaboração de mapa mental. Investigou-se temas de interesse (saúde, educação, trabalho, ambiente, geração de renda) e identificou-se vulnerabilidades e potencialidades. Elaborou-se diagrama de parceiros a partir dos relatos sobre planejamento de atividades, projetos desenvolvidos e os apoios recebidos. As pessoas convivem com fortes períodos de estiagem, água salinizada para o consumo, falta de terra para cultivar roças e manejar criações. Utilizam áreas próximas aos açudes e rios, nas fazendas circunvizinhas, quando lhes são facultadas. Cultivam milho, feijão e batata-doce. Plantam capim e fornecem com o xique-xique aos animais de criação. Pescam em açudes e, na época chuvosa, no rio Paraú. Colhem frutos nativos, principalmente oiticica e umbu. Contudo, na região, prevalecem práticas de quota para os produtos, destinada aos fazendeiros ou seus encarregados. Utilizam a carnaúba para confecção de chapéus, cestos, esteiras, vassouras e espanadores, mas é atividade em abandono, devido à palha ser de difícil obtenção e ao desinteresse dos jovens. Há forte pressão por lenha na região, o que resulta em corte de algumas espécies para a venda e também para o consumo doméstico. O maior anseio das pessoas é pela água de qualidade. Os principais parceiros são Exército Brasileiro e Prefeitura do Assú, mas faltam estratégias para otimizar esforços. O mapa mental traduziu a noção de territorialidade do grupo.

Palavras-chave: diagnóstico participativo, indígenas, caboclos de açu

Área temática: Ecologia Humana

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A CONEXÃO SER HUMANO/MINERAL CONTEXTUALIZADA NUMA FEIRA LIVRE DE PAULO AFONSO-BA

Macilene Silva¹, Marcelino Araújo¹.

1Universidade do Estado da Bahia – UNEB

As relações entre seres humanos e o ambiente estão repletas por vários sentimentos que acabam influenciando a forma de interação com o meio onde está inserido, sustentadas basicamente por cinco tipos de conexões básicas: ser humano/mineral, ser humano/animal, ser humano/vegetal, ser humano/ser humano e ser humano/sobrenatural. A partir dessa perspectiva, o presente trabalho aborda a conexão ser humano/mineral identificada no contexto de uma feira livre na cidade de Paulo Afonso-BA. Para tal identificação foram realizadas visitas in locu, com roteiro de observação semi-estruturado, possibilitando abordagem aos comerciantes sobre a utilização do objeto constituído de matéria prima mineral. Durante o trabalho foi possível identificar a diversidade de objetos de uso/utilização no dia-a-dia, desde adereços para ornamentação e sincretismo religioso, na indumentária, em objetos utilitários para cozinha, construção civil, dentre outros, fabricados a partir minerais diversos. Apesar disso, observa-se que muitos objetos fabricados de barro, alumínio ou algodão, por exemplo, foram substituídos por derivados de outro mineral: o petróleo. Ainda assim uma parte da população prefere esses utensílios/objetos “do jeito de antigamente”. Pode-se concluir que a conexão ser humano/mineral é comum na sociedade, presente no cotidiano das pessoas, estabelecendo entre elas vínculos, ainda que, no caso do presente trabalho, de compra e venda, embora este vínculo seja necessário para a manutenção da sociabilidade e permita estabelecer interações com os outros tipos de conexões.

Palavras-chave: etnoecologia, cotidiano, conexão ser humano/mineral

Área temática: Ecologia Humana

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CONEXÃO SER HUMANO/SOBRENATURAL EM ECOLOGIA HUMANA NA FEIRA LIVRE DE PAULO AFONSO - BA

Marcelino Araújo¹, Macilene Silva¹

¹Universidade do Estado da Bahia – UNEB

O presente estudo analisa uma das vertentes das interações ser humano/ambiente relacionado à Etnoecologia, a conexão ser humano/sobrenatural, relatando os fatos e observações através de pesquisa realizada na feira livre da cidade de Paulo Afonso – BA. No local da amostragem, foram realizadas entrevistas com comerciantes, conversas informais com transeuntes e observações do comportamento dessas pessoas em relação à conexão ser humano/sobrenatural vinculado a Ecologia Humana. Os resultados mostram expressiva manifestação desta conexão, se apresentando de forma bem perceptiva e fazendo parte da vida cotidiana dos sujeitos pesquisados, constituído em seu contexto representações religiosas, folclórica e mística, oriundas principalmente das culturas africana e indígena. Encontra-se nos estabelecimentos comerciais visitados produtos naturais utilizados em rituais de maneira geral, sejam em banhos, oferendas, cultos e/ou venerações, superstições e de cerimoniais relacionados às diversas crenças, constatando-se produtos como estátuas de representações místicas, velas, livros, ervas, água de banhos aromático, sabonetes, acessórios e poções. Desse modo, ainda vemos que conexão ser humano/sobrenatural não só se apresenta do tipo crença, mas é bem marcante a presença do tipo econômico. Entende-se que na maioria das vezes a relação ser humano/sobrenatural se concretiza e se associa também com as outras conexões, seja com ser humano/mineral, ser humano/animal, ser humano/vegetal ou ser humano/ ser humano. Dessa forma, se verifica o marcante vínculo e interação da natureza e de seus recursos com as manifestações sobrenaturais estabelecidas pelo ser humano, que consegue concretizar sua fé e sua crença a partir da relação pessoal com ambiente, presente não apenas no meio natural, mas também acentuado no meio urbano.

Palavras-chave: etnoecologia, interação ser humano/ambiente, comércio tradicional

Área temática: Ecologia Humana

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IDENTIDADE RIBEIRINHA E TUTELA DOS RECURSOS PESQUEIROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: UM ESTUDO DE CASO EM SANTO ANTÔNIO DO RIO URUBU (BOA VISTA DO RAMOS, AMAZONAS)

Denison Melo de Aguiar¹, Serguei Aily Franco de Camargo².

¹Pós-Graduação em Ciências Pesqueiras nos Trópicos, Universidade Federal do Amazonas – UFAM

²Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

A identidade cultural do ribeirinho como pescador polivalente caracteriza-se pela divisão do tempo entre a lavoura, caça, coleta, pesca e extrativismo. Isso significa que este indivíduo possui estratégias de uso múltiplo e conservação de recursos naturais, numa relação comunitária de sobrevivência. Esta identidade cultural possui base de identificação relacionada ao território habitado, e é tutelada pelo artigo 216, II da Constituição de 1988. O objetivo desta pesquisa é demonstrar a importância de se valorizar esta identidade cultural no Direito, como requisito para a conservação dos recursos pesqueiros. Como estudo de caso, para exemplificar os enunciados acima, utilizou-se o município de Boa Vista do Ramos, que possui uma área de 2.598 km² e dista 270 km de Manaus. Neste município, situa-se a comunidade Santo Antônio, que possui 18 grupos familiares de tronco comum e está inserida na região do Rio Urubu, próxima a outras quatro, participantes da elaboração do acordo de pesca nº. 11/2003 (IBAMA). Utilizou-se o estudo de caso com observação participante, e aplicação de questionários, evidenciando o perfil socioeconômico e a percepção ambiental. As visitas ocorreram entre março de 2010 e janeiro 2011. Houve também pesquisa documental. Foi observado em campo que a comunidade Santo Antônio vivencia diferentes influências culturais ao seu modo de ser caboclo-ribeirinho. Isto pode acarretar mudanças de percepção ambiental, através de contatos com outras culturas. Apesar disso, constatou-se que a comunidade decidiu manter seus valores: família, cultura, trabalho e religião, por serem importantes para manutenção do seu modo de viver. Do ponto de vista jurídico, estas constatações práticas implicam dizer que a autodeterminação de uma comunidade ribeirinha deve ser respeitada pelo Estado e pela própria comunidade, devido à sua autoconsciência nos processos de tomada de decisão sobre o aproveitamento dos recursos naturais dos quais depende. Isso é fator determinante para o reconhecimento de um sujeito coletivo de direitos, propiciando, inclusive, a tutela dos recursos.

Palavras-chave: identidade ribeirinha, recursos pesqueiros, amazônia brasileira

Área temática: Ecologia Humana

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CONHECIMENTO DOS PESCADORES DA COLÔNIA Z-16 SOBRE A REPRODUÇÃO DO ARACU-DA-PEDRA Leporinus CF Melanostictus (CHARACIFORMES:ANOSTOMIDAE) NO MÉDIO RIO ARAGUARI-AP

Fabiana Calacina da Cunha¹, Maria Gercilia Mota Soares¹, Luiza Prestes², Renata Eiko Minematsu³.

¹Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

²Universidade do Estado da Amapá – UEAP

³Universidade Federal da Amazônia – UFAM

A pesca artesanal apresenta importância social e econômica e exige do pescador o conhecimento detalhado sobre a ictiofauna. Esse conhecimento que os pescadores possuem sobre os peixes vem sendo estudado com base na etnoictiologia. Assim, o trabalho propõe investigar o conhecimento dos pescadores da colônia Z-16 (Porto Grande) acerca da reprodução do aracu-da-pedra Leporinus cf melanostictus no médio rio Araguari, Amapá. Os dados do trabalho foram obtidos através de entrevistas estruturadas sobre a reprodução dos peixes capturados aplicando-se 63 formulários . Os resultados foram analisados utilizando a estatística descritiva. Com relação ao período de reprodução a maioria dos entrevistados afirma que está acontecendo no inverno, (dezembro a maio), principalmente entre janeiro e maio (80%). No entanto, para 50% dos pescadores, a desova pode ter um período mais curto ocorrendo de março e maio. Os entrevistados também destacam os locais de desova do aracu-da-pedra que são principalmente as margens do rio, em áreas recentemente alagadas com a subida no nível d´água e, em locais próximos a correnteza. Segundo os pescadores, o conhecimento sobre peixes foi adquirido através dos ensinamentos dos mais antigos e da prática cotidiana. Embora, a prática profissional desta atividade tenha se intensificado após o fechamento de garimpos na região, os pescadores adquiriram conhecimento detalhado sobre os peixes, no caso o aracu-da-pedra, frequentemente capturado nas pescarias e localmente comercializado nas feiras da cidade. A pesca no médio rio Araguari tem crescido de importância econômica para a população local e o saber local é fundamental no sentido de subsidiar políticas pesqueiras para a conservação deste recurso no médio rio Araguari.

Palavras-chave: reprodução de peixes, pescadores, médio rio araguari/ap

Área temática: Ecologia Humana

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ETNOICTIOLOGIA DE PESCADORES ARTESANAIS DO MÉDIO RIO ARAGUARI, AMAPÁ.

Fabiana Calacina da Cunha¹, Alexandro Cezar Florentino¹, Maria Gercilia Mota Soares¹

1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

A pesca artesanal é uma atividade de importância social e econômica que exige do pescador um profundo conhecimento sobre o recurso pesqueiro. Esse conhecimento vem sendo intensamente investigado sob a perspectiva etnoictiológica. Assim, este estudo propõe compreender a nomenclatura popular utilizada por pescadores para a identificação dos aracus (Leporinus spp.), bem como critérios que orientam sua classificação no médio rio Araguari, AP. As informações foram obtidas com questionários aplicados aos pescadores artesanais n=20 e fotos dos peixes. Os pescadores relatam a ocorrência de aracu da pedra Leporinus cf melanostictus, aracu branco Leporinus cf. maculatus e aracu cabeça gorda ou piau Leporinus affinis. As características que permitem diferenciar os três tipos de aracus são aspectos morfológicos (principalmente a coloração e formato do corpo) e ecológicos (habitat). O aracu da pedra é avermelhado e recebe essa denominação por ser capturado próximo das pedras. O aracu branco possui coloração amarelo claro com manchas escuras, sendo mais alongado. O aracu cabeça gorda ou piau possui coloração amarelo mais escuro, com manchas pretas bem definidas. Esses peixes são capturados em igarapés e no rio. A maioria (90%) conhece diferenças entre machos e fêmeas a partir da observação dos aspectos morfológicos, gônadas e dos ovócitos. Com base na morfologia (73%) distinguem pelo formato do corpo, os machos são alongados/finos (33%) e a cabeça é maior (13%) e as fêmeas menores/grossas (56%). Outra forma de diferenciar o sexo é através de identificação das gônadas (9%), sendo machos os peixes com gônadas branca/leitosa e fêmea, se for amarelada. Somente (13%) dos entrevistados utiliza a presença de ovócitos para identificar as fêmeas. Os pescadores entrevistados demonstraram um detalhado conhecimento sobre os aracus capturados na região, e este conhecimento tem influência direta na pesca, visto que pode ser efetuada uma captura seletiva dos aracus, visando proteção e conservação do recurso.

Palavras-chave: etnoictiologia, pescadores artesanais, médio rio Araguari-AP

Área temática: Ecologia Humana

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ECOLOGIA HISTÓRICA E SABERES ECOLÓGICOS LOCAIS COMO FERRAMENTAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL COMUNITÁRIA: ESTUDO DE CASO DA TERRA INDÍGENA MAXAKALI, MINAS GERAIS

Marco Túlio da Silva Ferreira1, Rafael Rodrigues Ferrari2, Maria Inês de Almeida1, Paulina Maria Maia Barbosa3

1Núcleo de Pesquisas Transdisciplinares Literaterras, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG;

2Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG;

3Laboratório de Ecologia do Zooplâncton e Educação Ambiental

Na literatura etnobiológica recente é possível observar uma crescente argumentação acerca da importância de monitoramentos etnoecológicos aplicados à conservação da biodiversidade e manejo de áreas protegidas de uso comunitário. Projetos visando à elaboração de planos de gestão ambiental em Terras Indígenas (TIs) no Brasil, particularmente na Amazônia, são cada vez mais comuns; não obstante, pouco ou nada têm incorporado das abordagens etnobiológicas em suas metodologias. Aqui, descrevemos o levantamento de uma série de informações etnohistóricas e etnoecológicas de alta relevância para uma proposta de gestão ambiental e territorial comunitária da TI Maxakali. Levantamentos de dados referentes ao manejo de recursos e fragmentos florestais, identificação de recursos-chave culturais, classificação linguística da biodiversidade e da paisagem vêm sendo realizados nas aldeias da TI Maxakali desde setembro de 2007. Trabalhos de campo envolveram observação participante, reuniões comunitárias, diagnósticos participativos e caminhadas etnobotânicas com experts, professores, pajés e jovens. Os dados obtidos permitiram uma maior compreensão dos sistemas taxonômicos maxakali atual e histórico, o último através da análise de léxicos compilados por naturalistas no século XIX. As listas de táxons da língua maxakali revelaram profundos saberes ambientais, apesar da crítica qualidade ambiental do território. Como recursos-chave, tanto material quanto imaterialmente, foram identificados os bambus (kutehet), as enviras (tohox), as palmeiras (paxxap) e as abelhas nativas sem-ferrão (pukxe’e). A identificação destes recursos-chave se mostrou fundamental, uma vez que os mesmos apresentam grande potencial de sensibilização da comunidade e, consequentemente, podem vir a ser empregados como espécies guarda-chuva em estratégias de conservação e manejo. As pressões das diferentes aldeias sobre seus recursos e fragmentos florestais foram mapeadas e o fogo foi identificado como seu principal agente. Concluímos refletindo que mais trabalhos com esse tipo de enfoque devem ser desenvolvidos pelos etnocientistas, trazendo contribuições essenciais para planos de gestão ambiental de territórios tradicionais, em especial Terras Indígenas.

Palavras-chave: gestão ambiental comunitária, etnoecologia aplicada, maxakali.

Área temática: Ecologia Humana

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A ATIVIDADE PESQUEIRA E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE DOS PESCADORES ARTESANAIS DO CÂNION SÃO FRANCISCO, EM TRECHOS DE ALAGOAS E BAHIA - BRASIL

Luanna Oliveira de Freitas1, Eliane Maria de Souza Nogueira1

1Universidade do Estado da Bahia – UNEB.

A pesca artesanal vem sofrendo os reflexos do esgotamento e diminuição de alguns estoques pesqueiros, onde muitos pescadores tentam compensar a situação indo cada vez mais longe em busca do peixe, sendo necessários maiores esforços no intuito de melhores rendimentos. Os pescadores do Cânion São Francisco chegam a ficar horas em suas canoas, expostos as mais variadas condições ambientais e climáticas, susceptíveis a agravos na saúde e possíveis acidentes de trabalho. Estudos que priorizem a temática são necessários na tentativa de diagnosticar o cenário atual da pesca artesanal, suas possibilidades, fragilidades e interferência no contexto social, econômico e cultural deste povo. Assim, o presente estudo objetivou investigar quais os problemas de saúde frequentemente apresentados pelos pescadores artesanais do Cânion São Francisco, sua relação com a atividade exercida e suas implicações no dia a dia do pescador. Para tanto, foram aplicados questionários estruturados com questões abertas e fechadas, para 84 pescadores residentes nos estados de Alagoas e Bahia, no trecho que corresponde ao Cânion do baixo rio São Francisco. Dos pescadores questionados, apenas 6 disseram possuir alguma deficiência, no entanto 64,6% se queixam de problemas de saúde, relacionados principalmente a problemas de coluna, em função do esforço repetitivo praticado nas atividades, da má postura e sobrecarga de trabalho. Estes, por vezes, interferem na pescaria impedindo ou dificultando seu desenvolvimento, evidenciando que a saúde do pescador necessita de maiores cuidados e que a legislação trabalhista vigente precisa ampará-los quanto a estes problemas advindos da atividade profissional desenvolvida. Estas questões são agravantes na manutenção da própria atividade pesqueira e, por conseguinte, na perpetuação desta tradição nas gerações futuras.

Palavras-chave: saúde, atividade pesqueira, acidente de trabalho.

Área temática: Ecologia Humana

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INTEGRANDO SABERES PARA GESTÃO PARTICIPATIVA DOS RECURSOS PESQUEIROS NO ESTUÁRIO DOS RIOS TIMONHA E UBATUBA (CE/PI)

Francinalda Maria Rodrigues da Rocha1, Patricia dos Passos Claro2, Kesley Paiva-Silva1

1Projeto Tartarugas do Delta, Comissão Ilha Ativa – CIA;

2Analista ambiental do Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio.

A atividade pesqueira é marcante em comunidades do litoral do Piauí onde é observado que os peixes estão diminuindo e desaparecendo. Esta pesquisa teve como objetivo conhecer como pescadores fazem uso do berçário do Timonha e Ubatuba para pensar na gestão participativa dessa região. O Estuário é formado por manguezais e salgados que constituem a segunda maior área de ecossistemas manguezais do Nordeste, que se encontra conservado. O trabalho ocorreu em novembro de 2010 e janeiro de 2011, com pescadores de Cajueiro da Praia – Piauí e de Chaval e Barroquinha (Bitupitá), no Ceará. Foi realizada reunião com os presidentes das colônias (Z-6, Z-23 e Z-24) e outra com filiados e não filiados destas instituições. Para verificação do conhecimento realizou-se metodologia participativa rápida orientada pelas seguintes perguntas: quem utiliza o Estuário? Como se encontra a pesca? E o que pode ser realizado para mudar as dificuldades na pesca? Os participantes falavam e seus relatos eram ado registrados em tarjetas. Ao final, fazia-se uma leitura para validação e aprovação do que foi questionado. Os resultados destacam que a pesca artesanal é utilizada para sobrevivência. Os problemas foram: mudança na natureza – rio assoreado, existência da pesca com bomba, batedeira, falta de fiscalização, barco de arrasto de camarão, aumento da população na arte de pesca e das técnicas de pesca prejudiciais à sustentabilidade dos recursos. O que poderia ser melhorado seria utilizar a natureza de maneira que não se acabe o peixe que é fornecido para alimentação humana; encontrar fornecedores de isca e formar um grupo de pessoas para discutir e procurar soluções juntos. Para isso, foram escolhidos 25 pescadores para participação nos encontros de pesca. Estas informações contribuirão com o plano de manejo da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba e na proposta de gestão compartilhada dos recursos pesqueiros a ser implantada na região.

Palavras-chave: apa, bercário, pesca artesanal.

Área temática: Ecologia Humana

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A PESCA ARTESANAL NA COMUNIDADE DE PESCADORES DA PRAIA DE FOLES, PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO-SP: CARACTERIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA LOCAL

Monalisa Marinelli1

1São Paulo

Comunidades litorâneas, nomeadas de populações caiçaras, tem a pesca artesanal, como a principal fonte de alimento e renda, pela comercialização do pescado, característica predominante da população tradicional da comunidade da praia do Foles, localizada no Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC). O objetivo foi a observação e o acompanhamento dos pescadores artesanais dessa praia, quanto ao desembarque do pescado para consumo da população local. A metodologia consistiu em levantamento bibliográfico e registro dos desembarques de pescado, nos períodos da manhã e tarde, e dos materiais utilizados pelos pescadores. Observou-se que a rede de malha 7, 8 e 9 cm é utilizada para pesca comercial, e a vara de pesca para o consumo próprio, realizada no costão rochoso próximo a comunidade. O pescado de menor valor comercial (sargo, pampo, tainha, parati) é para o consumo dos pescadores e suas famílias, não havendo preferência, enquanto as espécies de peixe de maior interesse e lucro certo para o pescador (robalo e a etnoespécie de pescada) são selecionadas exclusivamente para a comercialização, nas peixarias em Cananéia. Constatou-se que os pescadores praticam a pesca artesanal sozinhos ou em parceria e geralmente não possuem embarcação própria, perdendo cada vez mais espaço para a pesca industrial, onde as grandes embarcações fazem uso da técnica de arrasto, que vem avançando sobre a pesca artesanal. A diversidade de espécies na região é considerável, mas essa realidade já não é mais a mesma, se comparada a um passado não muito distante, segundo os resultados obtidos na aplicação de questionários e a participação como ouvinte nas rodas de conversa entre os pescadores. Diante disso, esses caiçaras vem buscando outras fontes de renda, artesanato e turismo, para contribuir com o orçamento familiar, sem que tenham no entanto, em busca de melhores condições para sua sobrevivência, abandonar sua identidade e cultura caiçaras.

Palavras-chave: pesca artesanal, etnoconhecimento, Parque Estadual Ilha do Cardoso.

Área temática: Ecologia Humana

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LOCAL ECOLOGICAL KNOWLEDGE AND WATER QUALITY: SUBSIDIES FOR THE MANAGEMENT OF WATER RESOURCES IN A CONSERVATION UNIT IN THE SOUTHERN REGION OF BRAZIL

Jessé Renan Scapini Sobczak1, Alice T. Valduga2, Rozane M. Restello2, Luiz U. Hepp2, Rafael I. Cardoso2

1PPG em Ecologia, Universidade Regional do Alto Uruguai e das Missões - URI;

2Universidade Regional do Alto Uruguai e das Missões – URI.

Public participation in the management of water resources is gradually being incorporated into environmental monitoring programs. However, effective performance is dependent on the applicability of the methods and enrolment because of the complexity of the acquired local ecological knowledge (LEK). This study aimed to evaluate the relationship between local and scientific knowledge, with an emphasis on water quality. Social and natural science methods were used. The study was performed in a Conservation Unit (CU), which is located in the Alto Uruguai region, and was composed of two stages: (i) interviews with the surrounding inhabitants of the CU and (ii) collection of benthic macroinvertebrates at sampling sites located inside and outside the CU. In general, the inhabitants felt a commitment to and responsibility for environmental protection. The effectiveness of the CU in the preservation of aquatic ecosystems was conferred by the biological variables. The inhabitant’s knowledge of water quality was correlated with the results found (r= 0.19; p= 0.07), but a trend in indicators of environmental quality was apparent because of the proximity of the joined value. Therefore, the LEK and water quality demonstrates the complementary nature of these methods and the need to adjust the planning of educative projects to the local population; subsidizing the inclusion of public participation in the management of water resources also contributes to the autonomy and citizenship of the inhabitants.

Palavras-chave: ethnolimnology, participatory monitoring, biotic index.

Área temática: Ecologia Humana

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GESTÃO DO TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADES NO RIO SÃO FRANCISCO: A ARTE DO SABER-FAZER E O SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO DOS PESCADORES ARTESANAIS DA CIDADE DE SÃO FRANCISCO – MG

Mariana Aparecida Farias Almeida1, Ana Paula Glinfskoi Thé1

1UNIMONTES

O objetivo desse trabalho é identificar e analisar os aspectos territoriais e as territorialidades, que envolvem os pescadores artesanais da cidade de São Francisco localizada no norte de Minas Gerais, sendo expressos através das relações socioambientais dos pescadores com rio e com os demais usuários do rio e atrelados aos anseios, hábitos, valores e costumes da comunidade pesqueira. Desse modo, foi utilizado como metodologia a entrevista livre e semi-organizada, bem como levantamento de dados a órgãos públicos (IBAMA, IEF e MPA) associações (Colônia Z-3) e consulta a materiais bibliográficos, afim de obter um estudo mais profícuo a respeito da comunidade pesqueira. Por ser uma prática milenar, a atividade pesqueira exerce um importante papel na alimentação do homem direta e indiretamente, bem como para a sobrevivência de diversas famílias, principalmente as famílias que residem nas cidades ribeirinhas do Rio São Francisco (ALMEIDA, 2011). A atividade pesqueira no município é caracterizada como pesca artesanal comercial e de subsistência. Por pesca artesanal entende-se a pesca realizada dentro dos moldes da pequena produção mercantil. Trata-se de uma pesca realizada com materiais de baixa tecnologia empregando força de trabalho familiar ou do grupo de vizinhança através das relações de amizade e compadrio (DIEGUES, 1988). A maioria dos pescadores fabrica seus próprios materiais e/ou apetrechos de pesca e no convívio com o rio desenvolvem peculiaridades que o difere dos demais povos ribeirinhos, tendo como característica marcante um rico conhecimento empírico a cerca das variações do ciclo hidrológico e da biologia das espécies que são de suma importância para desenvolver estudos de monitoramento e gestão dos recursos pesqueiros e também na gestão dos territórios e nas constituições das territorialidades dos pescadores evidenciados através das manifestações culturais e no resgate da identidade.

Palavras-chave: territorio, territorialidade, pesca artesanal

Área temática: Ecologia Humana

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XERIMBABOS? SOBRE A RELAÇÃO DE SENTIMENTO ENTRE O HOMEM E O ANIMAL NA AMAZÔNIA

Flávio Bezerra Barros1

1Universidade Federal do Pará – UFPA.

A relação de sentimento entre as comunidades humanas tradicionais (indígenas, agricultores familiares, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas) da Amazônia e os animais da floresta tem sido documentada em algumas etnografias, como aquelas desenvolvidas pelos antropólogos Eduardo Viveiros de Castro e Philippe Descola. Esta relação envolve uma diversidade sem fim de animais, como veados, macacos, antas, araras, periquitos, jacamins, mutuns, jabutis, queixadas, cutias, dentre tantas outras espécies da fauna, que assumem o papel de xerimbabos, ou seja, animais de estimação. Estas criaturas são adquiridas das mais diferentes formas. Podem ser encomendadas por alguma pessoa da família ou vizinho que desenvolve atividade de caça e tem intimidade com a floresta; no caso das aves, os ovos ou filhotes podem ser coletados, e no caso dos primeiros, são colocados para chocar em aves domésticas, como galinhas ou patas. Em algumas situações, os caçadores abatem, por engano, fêmeas grávidas ou com filhotes; aí os caçadores recolhem os jovens para serem criados e cuidados em casa sob a justificativa de que um filhote não teria condições de sobreviver sozinho aos perigos da mata sem a proteção da mãe. Mas o caçador poderia também receber os castigos dos encantados da mata, como o Curupira ou a Mãe da Mata. Este tema, muito instigante, tanto do ponto de vista antropológico, como pelo lado das ciências biológicas, em geral tem sido negligenciado pelos pesquisadores, quando não deveria ser. Em face da diversidade biológica e cultural do Brasil, estudos dessa natureza devem ser incentivados: etnografias podem documentar as diferentes formas de relação entre os humanos e os animais, além de elucidar o conhecimento etnoecológico das populações, o qual pode ser útil em programas de conservação. Este trabalho, portanto, apresentará alguns registros etnográficos da relação entre povos amazônicos e os xerimbabos.

Palavras-chave: antropologia ecológica, xerimbabo, Amazônia.

Área temática: Ecologia Humana

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ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS MEDICINAIS E DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NO LITORAL DE SANTA CATARINA

Sofia Zank1, Mel Simionato Marques1, Natalia Hanazaki1

1Universidade Federal de Santa Catarina –UFSC

Neste trabalho refletiremos sobre como pesquisas etnobotânicas sobre plantas medicinais podem auxiliar na luta por direitos de populações tradicionais em áreas com pressão urbana no litoral de Santa Catarina. Abordaremos dois estudos de caso: agricultores/pescadores(as) dos Areais da Ribanceira, Imbituba; e pescadores(as) artesanais da Costa da Lagoa, Florianópolis. Nestes locais, o “modo de vida tradicional” compreende as práticas locais de manejo de recursos – incluindo o conhecimento e uso de plantas medicinais - e uso comunitário do território, que são desenvolvidas pelas populações costeiras de descendência açoriana. Nos Areais da Ribanceira, foram entrevistados 21 especialistas locais sobre plantas medicinais, entre 2009 e 2010, que citaram 197 espécies. Destas plantas, apenas 3,5% são compradas pelos entrevistados, a maioria são cultivadas (60%) e extraídas da vegetação nativa (36,5%). A comunidade dos Areais participou durante todo o processo da pesquisa, incorporando os conhecimentos e resultados da pesquisa na sua luta por reconhecimento e acesso a território. Na Costa da Lagoa foram entrevistadas 30 pessoas, em 2010, a partir de um levantamento de plantas utilizadas medicinalmente, feito 14 anos antes. Foram citadas 98 plantas, destas 14% são compradas, o restante obtidas por extração ou cultivo em quintais. Ainda que a maioria dos reentrevistados da pesquisa na Costa da Lagoa tenha relatado a falta de interesse dos mais jovens nas plantas medicinais, observou-se que algumas práticas se mantêm e podem ser reforçadas. Em ambos locais percebemos a importância dos ambientes naturais e dos quintais e roças para a manutenção do conhecimento associado aos recursos medicinais. As pesquisas etnobotânicas sobre plantas medicinais, ao sistematizarem e valorizarem o saber local, as formas e os locais de construção deste conhecimento, podem servir de instrumentos de reflexão e de luta por populações e serem utilizados nas tomadas de decisões referente a conservação e uso de seus recursos.

Palavras-chave: plantas medicinais, populações tradicionais, direitos.

Área temática: Ecologia Humana

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USO DE RECURSOS NATURAIS LOCAIS PARA ALIMENTAÇÃO POR DUAS COMUNIDADES NO ENTORNO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO EM SANTA CATARINA.

Elaine Mitie Nakamura¹, Natalia Hanazaki¹

¹Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

O uso de recursos naturais locais por populações humanas pode ser refletido através da alimentação, permitindo estudar aspectos das interações das pessoas com a sustentabilidade local e da segurança alimentar. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o uso de recursos naturais locais para alimentação por famílias residentes no entorno de uma unidade de conservação (UC) em Santa Catarina, o Parque Estadual Acaraí. Foram visitadas 40 unidades familiares em duas localidades no entorno da UC, Praia Grande e Tapera, em janeiro de 2012. Para acessar os recursos naturais locais (plantas e animais) conhecidos e utilizados para alimentação foi feita listagem livre. As mesmas famílias foram acompanhadas para análise de dieta alimentar, através da metodologia de recordatório 24h de ingestão alimentar durante três dias consecutivos. Na listagem livre, foram citados como recursos alimentícios locais 202 nomes de plantas e 114 de animais. Utilizou-se o Índice de Shannon-Wiener (H) para analisar a diversidade de citações: na Praia Grande, H=1,06212 (20 itens) e na Tapera, H=1,41587 (38 itens). Foram amostradas 480 refeições, nas quais se citaram 236 diferentes itens alimentares. Classificaram-se os itens de acordo com seu modo de obtenção, sendo considerados locais os recursos coletados, cultivados/de criação e pescados. Do total de itens alimentares citados, 45 (20%, n=236) se enquadram na categoria origem local, sendo 33 itens cultivados/de criação, 11 pescados e um coletado; destes, as famílias da Praia Grande consumiram 20 itens de recursos naturais locais enquanto a Tapera, 38 itens. Nessa, releva-se a frequência de citações de itens pescados (20%, n=121). Os resultados indicam uma maior riqueza de itens citados na listagem livre na Tapera, bem como mais recursos locais consumidos. A conexão dos moradores do entorno com os recursos naturais locais aponta para que os programas de manejo da UC incluam tais demandas, quando compatíveis com os objetivos de conservação.

Palavras-chave: ecologia humana, unidade de conservação, segurança alimentar

Área temática: Ecologia Humana

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ESTÍMULOS UTILIZADOS PELOS PESCADORES ARTESANAIS PARA INDUÇÃO AO SALTO DOS PEIXES NA EXTINTA PESCA DO TRIBOMBÓ, NA REGIÃO ESTUARINA DA BAIXADA SANTISTA-SP

Wilson Moreira Junior1

1Universidade Estadual Paulista – UNESP.

O tribombó é uma arte de pesca artesanal considerada extinta, a partir de meados da década de 1980, e que consiste em estimular os peixes do gênero Mugil a saltarem para capturá-los no ar. Apresentar-se-á, de forma sucinta, como os pescadores estimulavam o salto dos peixes. O método de estudo foi baseado em entrevistas com antigos pescadores a partir das reminiscências daqueles que praticaram ou conheciam essa arte. Os equipamentos utilizados por eles eram canoas ou barcos de madeira de propulsão a remo. Além disso, utilizavam redes posicionadas em cima ou nas laterais, longitudinalmente às embarcações, sem contato com a água. Na pesca do tribombó, a captura do peixe era realizada no ar, sendo necessário, portanto, que o peixe pulasse. É de conhecimento dos pescadores artesanais e da literatura especializada que o estímulo ao salto dos peixes mugilídeos ocorre naturalmente ou por provocação antrópica. As comunidades empregavam diferentes estratégicas de estímulo, que podiam ser utilizadas individualmente ou combinadas, como: a luz, a batida e a passagem do barco sobre ou ao lado do cardume. A luz era utilizada pela maioria dos pescadores, sendo a fonte luminosa um lampião, lamparina ou lanterna a pilha, os quais deveriam ser colocados em posição que não iluminasse o pescador nem a rede; a batida podia ser dada na própria embarcação ou na água, com o uso do próprio remo ou de um pino; e a passagem do barco sobre ou ao lado do cardume era a estratégia mais praticada, pois para que os outros estímulos fossem empregados, o barco deveria estar próximo ou sobre o cardume. As causas de sua extinção não foram identificadas, mas de acordo com os relatos, estão relacionadas, principalmente, à degradação e aos conflitos ambientais que, consequentemente, teriam levado à depleção dos estoques pesqueiros e à desestruturação das comunidades.

Palavras-chave: baixada santista, arte de pesca, tribombó.

Área temática: Ecologia Humana

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POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA GESTÃO COMPARTILHADA DOS RECURSOS PESQUEIROS NO ALTO-MÉDIO SÃO FRANCISCO

Mariana Aparecida Farias Almeida1, Ana Paula Glinfskoi The1, Daniela Gomes de Oliveira1

1Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.

Este trabalho tem como objetivo discutir acerca do conhecimento local dos pescadores artesanais do Alto-Médio São Francisco e as possibilidades e desafios para a implantação da gestão compartilhada no Alto-Médio São Francisco. Foi utilizada como metodologia a execução de uma oficina com um grupo de pescadores das cidades de Pirapora, Buritizeiro e Ibiai, localizadas no norte de Minas Gerais. Os recursos pesqueiros do Brasil, sobretudo os da Bacia do São Francisco são de grande importância para a população ribeirinha, contudo percebe-se na região, a ocorrência de diversos problemas que afetam a atividade da pesqueira artesanal, tais como: a poluição do rio, a sobrepesca; os conflitos socioambientais entre os usuários do rio; a desarticulação das instituições que ordenam e fiscalizam a pesca; a estipulação de leis que confrontam os conhecimentos ecológicos locais detidos dos pescadores artesanais (proibição da pesca do Pirá – Leporinous corinostris), conflitos entre pescadores e colônias, dentre outros. Os pescadores afirmam que esses problemas contribuem para a instabilidade e escassez dos recursos pesqueiros e compromete a sobrevivência de suas próprias famílias. Na tentativa de amenizar tais problemas e assegurar a preservação do rio e suas espécies, vem sendo discutido a implantação da gestão compartilhada na região, nesse modelo a governança dos recursos não se centraliza no Estado, mas focaliza todos os usuários do rio e dos recursos, sendo todos responsáveis pela sua manutenção e preservação. Uma das contribuições da gestão compartilhada é a redução de conflitos entre os diversos usuários dos recursos pesqueiros além de menores gastos com fiscalização e monitoramento, já que na gestão compartilhada os usuários têm um maior comprometimento em obedecer a legislação e regras pesqueiras estabelecidas juntamente com a comunidade. O conhecimento local do pescador é primordial nesse processo.

Palavras-chave: gestão compartilhada, recursos pesqueiros, saberes locais.

Área temática: Ecologia Humana

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ETNOBOTÂNICA

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS ENCONTRADAS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA–AL

Rubens Pessoa de Barros1, Jhonatan David Santos das Neves1, Daiana Wilma da Silva Lós1, Claudio Galdino da Silva1

1Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL

O objetivo desse trabalho foi conhecer a diversidade de plantas medicinais comercializadas em feiras livres do município de Arapiraca-AL, Nordeste do Brasil, obtendo informações sobre o uso de plantas medicinais, a partir das indicações atribuídas pelos vendedores. A utilização de plantas medicinais atualmente é uma prática comum. O interesse por tais plantas é resultado do seu potencial terapêutico e econômico. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, plantas medicinais são todas aquelas que contêm em um ou mais de seus órgãos substâncias que podem ser utilizadas com propósitos terapêuticos ou que sejam precursoras de semi-síntese químico-farmacêutica. A etnobotânica, por ser considerada de natureza interdisciplinar, permite agregar colaboradores de diferentes ciências. As feiras livres são vistas como um fator de integração econômica do agreste alagoano. O município possui nove feiras cadastradas pela prefeitura localizadas nos bairros mais populares da cidade, dentre as quais a principal ocorre às segundas-feiras, atraindo milhares de habitantes das diversas cidades da região. Esta pesquisa foi realizada em cinco feiras livres de Arapiraca no período de maio a agosto de 2011. Realizou-se 21 entrevistas semi-estruturadas com erveiros em suas respectivas bancas. Foram identificadas 103 espécies, distribuídas em 47 famílias. As famílias mais representativas foram a Fabaceae (21 espécies), a Lamiaceae (6 espécies), Asteraceae e Cucurbitaceae, (5 espécies cada) e Euphorbiaceae e Apiaceae (4 espécies cada). A forma de utilização das plantas mais citada foi o chá (66%). As partes das plantas mais utilizadas para o preparo foram as folhas e as sementes (24%). Os resultados da importância relativa foram 23 (vinte e três) espécies de plantas medicinais, que apresentaram grande versatilidade quanto aos seus usos, com importância relativa - IR>1. Foram mencionadas 15 categorias de uso classificadas de acordo com a Organização Mundial da saúde – OMS. A indicação terapêutica que atingiu o valor máximo do fator de consenso dos informantes (FCI = 1) foi a categoria relacionada à doenças da pele e do tecido subcutâneo.

Palavras-chave: erveiros, etnobotânica, plantas medicinais, feiras livres.

Área temática: Etnobotânica

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AVALIAÇÃO DAS ESPIGAS DE MILHO VERDE COMERCIALIZADAS NAS FEIRAS LIVRES DE ARAPIRACA-AL NUM CONTEXTO ETNOBOTÂNICO

Aline Priscila Ferreira de Oliveira Neto1, Claudio Galdino da Silva1, Evlyn Larisse da Silva Vilar1, Marcia Farias Cavalcante1, Rubens Pessoa de Barros1

1Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL

O milho (Zea mays L.) é uma gramínea pertencente à família Poaceae, sendo que todas as variedades pertencem à mesma espécie. É utilizada principalmente como milho verde, tanto in natura como para processamento pelas indústrias de produtos vegetais em conserva. O objetivo deste trabalho foi avaliar os aspectos morfológicos das espigas de milho verde comercializadas nas feiras livres no município de Arapiraca-AL, nordeste do Brasil, tais como: palha (U), fileiras das sementes (U), quantidade de sementes (U), espessura da espiga (cm), tamanho da espiga (cm) e quantidade em gramas da massa, para a produção de pamonha num contexto da etnobotânica. O período da pesquisa foi durante os meses de maio a agosto de 2011 e levantou informações quanto à produção de milho no sistema de cerqueiro, no município de Arapiraca. Foram entrevistados 35 comerciantes, sendo 30 agricultores e cinco vendedores, através de entrevista semi-estruturada para a coleta dos dados etnobotânicos. O cultivo é feito por pequenos agricultores utilizando mão de obra do grupo familiar, em sua maioria em áreas inferiores a 10 hectares, num minifúndio agrário natural. No registro etnobotânico, a pesquisa revelou uma relação estreita de sobrevivência dos grupos familiares, demonstrada através do plantio e uso do produto vegetal pelos ancestrais e tendo continuação pelas gerações presentes nas diversas comunidades, fazendo os mesmos produtos da culinária e comercialização nas feiras-livres. A cultivar utilizada não é a mesma dos primeiros moradores da região. Usam, para o plantio na região do agreste alagoano, a variedade AG 1051, adaptada às condições edafoclimáticas. Os resultados revelaram que as características avaliadas das espigas de milho verde coletadas, revelam a média de produtividade desta cultivar e nas condições do solo e clima. O valor médio por espiga comercializada nas feiras visitadas foi R$ 0,50 (cinqüenta centavos), sendo que a massa de uma espiga produz uma pamonha que custa em média R$ 1,50 (um real e cinqüenta centavos), proporcionando um lucro para o agricultor ou fabricante da pamonha.

Palavras-chave: milho verde, feiras livres, etnobotânica.

Área temática: Etnobotânica

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USO, CONHECIMENTO E EXTRAÇÃO DO CANDOMBÁ (Vellozia sincorana) NA CHAPADA DIAMANTINA, BA, BRASIL

Regina Célia da Silva Oliveira1, Jumara Marques Souza1, Fábio Pedro de Souza Bandeira1, Abel Augusto Conceição1

1Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

Fundamentado na inter-relação homem/planta, este trabalho buscou conhecer e registrar conhecimentos do candombá (Vellozia sincorana L.B.Sm. & Ayensu), planta endêmica da Chapada Diamantina, relacionando-os às suas diferentes formas de uso e práticas de extração local, por uma comunidade localizada no entorno do Parque Nacional da Chapada Diamantina. A pesquisa foi iniciada após o Termo de Consentimento Livre Esclarecido ter sido lido e aprovado pelos participantes. Os dados foram obtidos através de questionários semi-estruturados (14 informantes), que foram categorizados em dois grupos: coletores e donas de casa. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. A técnica adotada para seleção desses participantes foi o método Bola de Neve. Através das entrevistas etnobotânicas, avaliou-se a evolução histórica do uso e manejo do candombá na comunidade. As formas de uso empregadas variam historicamente e podem ser categorizadas de três maneiras: 1) combustível, para iniciar fogo a lenha; 2) tocha, para clarear as estradas no percurso noturno de uma comunidade a outra; 3) candeia, para clarear as casas e tocas de garimpeiros. As diferentes formas de retirada da planta foram classificadas como retirada completa da planta seca; colheita de plantas encontradas em córregos e corte da planta na altura do solo. Constataram-se as potencialidades históricas do candombá e sua importância para a comunidade local, principalmente em termos de uso de subsistência, já que não havia energia elétrica na época de maior atividade extrativista. Os resultados demonstram que a comunidade estudada possui vasto conhecimento sobre o candombá, tais saberes podem contribuir para o êxito de práticas voltadas para a conservação da flora local.

Palavras-chave: comunidade tradicional, unidade de conservação, extrativismo vegetal.

Área temática: Etnobotânica

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PERCEPÇÕES ECOLÓGICAS DE COMUNIDADES RESIDENTES NO ENTORNO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA, BA, BRASIL

Regina Célia da Silva Oliveira1, Leonardo Batista de Lima Jesus1, Fábio Pedro de Souza Bandeira1, Abel Augusto Conceição1

1Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

Populações que habitam o entorno de Unidades de Conservação se relacionam com o ambiente e podem fornecer informações úteis para conservação e uso sustentado dos recursos naturais. Este estudo foi realizado junto a duas comunidades residentes no entorno do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), visando obter informações sobre a atuação dos gestores do PNCD, assim como sobre a biologia e conhecimentos tradicionais do candombá (Vellozia sincorana L.B.Sm. & Ayensu), uma espécie de planta endêmica da Chapada Diamantina, que depende do fogo para floração. O PNCD situa-se na região central do estado da Bahia, Microrregião da Chapada Diamantina Meridional, abrangendo cinco municípios: Lençóis, Palmeiras, Andaraí, Mucugê e Ibicoara. Os 32 participantes, entre 25 e 92 anos, foram escolhidos através do método intencional “Bola de Neve”, para a realização de entrevistas semi-estruturadas. Quando questionados sobre o florescimento, frutificação e polinização da espécie, 24 pessoas afirmaram já terem visto as flores de cor azul, lilás a roxo, mas disseram não observar a época de floração. Quanto aos frutos e polinização, apenas dois participantes declararam já ter visto o “pendãozim”, “botãozim” (fruto) e “beija flores e insetos em cima da flor do candombá” (visitantes florais). Para o crescimento da planta, apenas oito informantes afirmaram que o candombá demora muito para crescer, mas não sabem especificar: “demora muito, ali leva é ano para crescer, uma vida toda”. Observou-se também que alguns dos entrevistados mostraram-se prejudicados com a formação do PNCD, mas outros declararam ter sido positiva a criação do parque, “pois houve proibição das pessoas colocarem fogo nas serras”. A falta de informação sobre a biologia do candombá pode estar relacionada à rara ocorrência de flores e ao lento crescimento da espécie, enquanto os conflitos entre gestores do PNCD e comunidade local podem estar relacionados à falta de diálogo por parte dos gestores do Parque, dificultando as ações voltadas à conservação no PNCD.

Palavras-chave: recurso vegetal, conhecimento local, Vellozia sincorana.

Área temática: Etnobotânica

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ASPECTOS ETNOBOTÂNICOS DE ARACEAE JUSS. NA COMUNIDADE SANTA MARIA, BAIXO RIO NEGRO – AM

Rina Fátima Maranhão de Oliveira1, Maria de Lourdes da Costa Soares2, Valdely Fereira Kinupp3

1Universidade Nilton Lins – UNI NILTON LINS

2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM-CMZL

Araceae possui espécies bem conhecidas no âmbito econômico para o homem, destacando-se por serem utilizadas como plantas medicinais, alimentícias, fibrosas e, principalmente, ornamentais. O objetivo geral deste trabalho foi realizar um levantamento etnobotânico das espécies de Araceae utilizadas na comunidade Santa Maria, localizada na Área de Proteção Ambiental da Margem Esquerda do rio Negro, setor Aturiá-Apuauzinho, no município de Manaus -AM. As informações foram coletadas utilizando o método “turnê-guiada”, “bola de neve” e registradas através de questionário semi-estruturado. A análise das informações foi realizada através do índice de Valor de Uso. No total, foram encontradas 51 espécies de Araceae distribuídas em 15 gêneros, dos quais Philodendron foi o mais diverso com 22 espécies. Deste total, foram identificadas 23 espécies úteis de Araceae, encontradas tanto na área de floresta como cultivadas na comunidade, com indicações de usos artesanais, alimentícios, medicinais, ornamentais e místicos. As espécies que apresentaram maior índice de Valor de Uso (VU) foram Philodendron solimoesense A.C.Sm. (VU = 0,6) e Heteropsis flexuosa (Kunth) G.S. Bunting (VU = 0,5), cujas raízes são utilizadas como fonte de fibra para a confecção de artigos artesanais. O uso das raízes das espécies Monstera obliqua Miq., conhecida no local como “ambé-sima” e P. solimoesense, como “ambé-coroa”, foi registrado pela primeira vez como fonte de fibras para o artesanato.

Palavras-chave: artesanato, cipó-titica, cipó-ambé.

Área temática: Etnobotânica

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UMA BREVE REVISÃO SOBRE OS ENTRAVES PARA A PESQUISA E O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS NATURAIS NO BRASIL, EM ESPECIAL NA AMAZÔNIA

Camilo Tomazini Pedrollo1, Valdely Ferreira Kinupp2

1Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, IFAM-CMZL

Foram consultados periódicos, anais de congressos, revistas de divulgação científica e capítulos de livros para tratar sobre a problemática gerada pelas leis de acesso à biodiversidade e conhecimento tradicional associado. Nem mesmo com o aprimoramento da capacidade de desvendar compostos úteis de organismos temos hoje no cenário científico um aumento considerável no número de novas descobertas. Depois de aprovado o texto da Convenção sobre Diversidade Biológica na ECO-92, a visão mundial acerca do acesso a recursos biológicos se alterou. A introdução de acordos de acesso e repartição de benefícios, apesar de aparentemente bem intencionados, complicaram os programas de coleta e pesquisa de diversas maneiras, o que levou a uma decaída no interesse corporativista e acadêmico sobre a descoberta de produtos naturais. Nunca houve muita discussão para o estabelecimento de um valor de mercado internacional justo para o acesso a recursos genéticos. No Brasil, tanto a execução como a revisão de acordos estão defasados em relação a outros países emergentes, pois são burocráticos e levam muito tempo, acarretando consequências desastrosas, especialmente para projetos de curto prazo. O valor financeiro do conhecimento tradicional está subvalorizado na Amazônia, representando 2,8% do PIB regional e 0,2% do brasileiro. Mudar pequenos valores requer investimentos em P&D que estejam de acordo com o interesse das comunidades estudadas. O Brasil possui vantagens e oportunidades para isso, no entanto, a problemática está longe de ser resolvida e configura um entrave para as pesquisas etnobiológicas e para o desenvolvimento de produtos oriundos de patentes envolvendo conhecimento tradicional. Criar barreiras para a biopirataria e proteger a biodiversidade não pode significar um prejuízo às pesquisas científicas sérias e bem intencionadas. Dessa maneira, é necessário o debate acadêmico aprofundado, buscando-se posicionamentos mais robustos por parte dos pesquisadores, eventualmente na forma de pareceres técnicos, pautados nas contradições e lacunas da legislação ora vigente.

Palavras-chave: conhecimento tradicional, fitoterápicos, repartição de benefícios.

Área temática: Etnobotânica

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ETNOBOTÂNICA E DIVERSIDADE DE USOS DE ESPÉCIES DE EUGENIA NO BRASIL

Edmir Vicente Lamarca1, Domingos Sávio Rodrigues1, Batista Waldyr1, Claudio José Barbedo1, Clovis José Fernandes de Oliveira Júnior1

1Instituto de Botânica

O conhecimento etnobotânico da biodiversidade brasileira tem despertado interesse da comunidade científica e tecnológica, para o estudo e utilização de seus recursos genéticos. Além disso, o resgate deste conhecimento contribui como importante passo para conservação dos recursos genéticos nativos. A flora brasileira apresenta grande potencial para utilização econômica, promotora de desenvolvimento local. Um dos exemplos desta potencialidade é o gênero Eugenia (Myrtaceae), representado por mais de 100 espécies. O objetivo deste estudo foi analisar a distribuição geográfica do conhecimento etnobotânico de espécies de Eugenia no Brasil e suas formas de uso. O levantamento de dados foi realizado por meio de revisão da bibliografia científica disponível nos portais Scielo e Web of Science, utilizando as palavras chave Eugenia, conhecimento tradicional, etnobotânica, frutas nativas e Myrtaceae. Foram analisados 45 artigos, sendo 3 da região norte, 12 da nordeste, 7 da centro-oeste, 15 da sudeste e 8 da região sul, destacando-se o baixo número de publicações na região norte. A grande maioria dos artigos tratavam de levantamentos etnobotânicos ou sobre propriedade de determinadas espécies, não sendo encontrados artigos sobre a família. As regiões, sudeste, sul e norte apresentaram maior representatividade de espécies, em relação ao número de comunidades analisadas. As espécies de Eugenia apresentam usos principalmente em três categorias: alimentar, medicinal e madeirável. Na região Norte, destaca-se o uso madeirável, não ocorrendo o medicinal, ao contrário das outras regiões. Já o uso alimentar esteve presente em todas as regiões. Outros usos também foram encontrados, como o ornamental, contudo, em escala menor. Dentre as espécies do gênero, Eugenia uniflora L. foi a mais representativa. Além da pitanga, outras espécies desse gênero apresentam ampla distribuição e potencial de uso, demonstrando que seu registro etnobotânico é importante ferramenta para a preservação deste conhecimento, servindo como base para o desenvolvimento de novos produtos associados à sociobiodiversidade.

Palavras-chave: botânica econômica, conhecimento tradicional, ecoprodutos.

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO DOS VENDEDORES DE PLANTAS DITAS COMO MEDICINAIS NA FEIRA LIVRE DO MUNICÍPIO DE GUANAMBI - BA

Lílian Tibo de Souza Pimentel1, Maria Elizangela Ramos Junqueira2

1Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

2Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

A cidade de Guanambi possui parcela da população oriunda da zona rural. Essas pessoas preservam seus costumes e crenças, preferindo fazer uso de conhecimentos tradicionais relacionados às plantas medicinais como primeiro recurso a ser utilizado em caso de uma enfermidade. A feira livre é um elemento cultural marcante no território brasileiro e, em Guanambi, é o espaço principal para comercialização de plantas medicinais. O objetivo foi inventariar o conhecimento etnobotânico de vendedores sobre as plantas medicinais conhecidas e usadas na feira livre do município. Utilizou-se “rapport” para aproximação com os vendedores de plantas e técnicas como questionário estruturado e entrevistas semi-estruturadas. Através da indicação dos entrevistados, os espécimes vegetais foram coletados, utilizando técnicas usuais de herborização. O material obtido encontra-se depositado no Herbário da Universidade do Estado da Bahia, Campus VI (HUNEB-Coleção Caetité). Essa pesquisa foi submetida e aprovada pelo CEP da UNEB. Foram amostrados dez vendedores, sendo oito mulheres e dois homens, com faixa etária entre 38 e 74 anos. Destes, todos adquiriram os conhecimentos etnobotânicos com os seus parentes mais velhos, demonstrando que esses saberes são transmitidos pela oralidade de geração a geração. Foram encontradas 33 espécies ditas como medicinais, comercializadas nas bancas de vendas na feira livre, distribuídas em 19 famílias botânicas. As famílias mais citadas foram Lamiaceae 18%, Apiaceae 15%, Asteraceae 9%. Das espécies medicinais, 70% são obtidas através do cultivo nos quintais residenciais, roçados e terreiros e 30% são adquiridas de outros comerciantes, principalmente do município de Caetité, Bahia. A parte mais utilizada são as folhas, principalmente para uso em chás medicinais. O armazenamento das plantas é feito usando sacos plásticos ou de papel, para 70% dos feirantes. Os usos mais citados foram para as doenças do sistema respiratório 27%, doenças do sistema digestório 17% e geniturinário 16%. Foi evidenciado que, embora haja conhecimentos etnobotânicos relevantes entre os comerciantes, ainda existem imprecisões sobre o uso dos vegetais. É necessária uma disseminação urgente de informações corretas sobre a utilização das plantas

Palavras-chave: saberes etnobotânicos, vendedores de plantas medicinais, fitoterapia.

Área temática: Etnobotânica

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O COMPORTAMENTO DE CITAÇÃO EM TRABALHOS CIENTÍFICOS POPULARES: O QUE ESTÁ OCULTO POR TRÁS DAS CITAÇÕES? UM ESTUDO DE CASO NA ETNOBOTÂNICA

Marcelo Alves Ramos1, Joabe Gomes de Melo1, Ulysses Paulino de Albuquerque1

1Universidade Fedral Rural de Pernambuco – UFRPE

Estudos de citação tornam-se uma importante ferramenta para compreensão dos processos de comunicação científica, permitindo identificar uma série de características do comportamento de uso da informação recuperada. Este trabalho buscou analisar o comportamento de citação a partir de dois artigos populares em etnobotânica: Phillips & Gentry (1993) (P&G) e Bennett & Prance (2000) (B&P). Realizou-se uma busca em todos periódicos disponíveis no banco de dado SCOPUS, com a finalidade de obter todos os artigos que citaram esses trabalhos. Tal busca ocorreu no mês de novembro de 2011, sendo possível resgatar 131 artigos que citaram P&G e 81 que citaram B&P. Esses artigos foram analisados individualmente, e em cada momento que citavam os autores selecionados, o texto foi classificado em três categorias: (1) citação de menor relevância, pois não considerou a ideia central do artigo citado; (2) citação de relevância intermediária, feita para replicação da técnica quantitativa sugerida pelo trabalho; (3) citação de maior relevância, pois considerou a novidade apresentada pelos autores. A análise das citações mostrou um perfil curioso, 42.3% dos artigos que citaram P&G e 56.5% dos que citaram B&P não consideraram a contribuição teórica trazida pelos artigos citados (categoria 1). Em segundo lugar, destacaram-se as citações classificadas na categoria 2, (28.7% dos trabalhos que citaram P&G; 38.5% dos que citaram B&P). Curiosamente, apenas a minoria dos trabalhos analisados citaram as referências considerando a sua real contribuição teórica (valor intrínseco). O cenário observado nos faz crer em duas possibilidades: a) os autores citantes estão transitando superficialmente nas leituras dos textos originais que citam; b) esses trabalhos não são lidos pela grande maioria daqueles que os referenciam. Assim, percebe-se que mesmo com acesso a bons textos de referência, trabalhos etnobotânicos permanecem destacando elementos menos relevantes nas pesquisas e reproduzindo discussões de forma não reflexiva.

Palavras-chave: cientometria, análise de citação, plágio.

Área temática: Etnobotânica

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O USO DOMÉSTICO DE LENHA EM DUAS COMUNIDADES RURAIS DA CAATINGA: COMO A SAZONALIDADE AMBIENTAL INTERFERE NOS PADRÕES DE COLETA DESSE RECURSO?

Marcelo Alves Ramos1; Ulysses Paulino de Albuquerque1

1Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

Uma das principais formas de extração da vegetação da Caatinga é o corte de madeira para lenha. Mas apesar de sua importância social, e de sua capacidade de promover impactos ao ambiente, no semiárido brasileiro não existem estudos que avaliem a dinâmica da coleta desse recurso em relação a fatores temporais. Assim, a principal finalidade deste trabalho foi mostrar se a sazonalidade climática da caatinga pode interferir nos padrões locais de coleta de lenha. Entre dezembro de 2008 a fevereiro de 2010 foram realizadas entrevistas e onze inventários in situ nas residências de duas comunidades rurais do município de Soledade, estado da Paraíba (Nordeste do Brasil). Durante os inventários in situ todos os estoques foram medidos (m³) e a diversidade de espécies foi registrada. Um total de 22 espécies foi catalogado, mas a pressão de coleta não esteve distribuída em todas as plantas, existe um grupo restrito de espécies que são coletadas durante o ano inteiro, ocorrendo com maior abundância e frequência nas residências. Apesar da riqueza de espécies não ter sido influenciada pela sazonalidade, o volume de lenha variou significativamente entre as estações secas e chuvosas, mostrando que no período de estiagem as pessoas realizam mais coletas, e por consequência a vegetação local sofre maior pressão extrativista para esse uso. Os resultados alcançados aqui reforçam a necessidade de pesquisas que analisem o potencial de rebrota, produtividade das plantas após o corte seletivo e o tempo de repouso necessário para realização de um novo ciclo de corte, pois só dessa forma será possível compreender melhor as implicações do uso doméstico de lenha para a conservação local.

Palavras-chave: biomassa, corte seletivo, distúrbios antropogênicos

Área temática: Etnobotânica

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PLANTAS MEDICINAIS E O ENSINO DE HISTÓRIA: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Renata Palandri Sigolo Sell1; César Simionato2

1Depto. História - Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

2Horto de Plantas Medicinais - Hospital Universitário – UFSC

A presente comunicação pretende relatar a primeira experiência do Laboratório de História, Saúde e Sociedade (LABHISS) da UFSC junto à Educação de Jovens e Adultos (EJA), EJA Centro 1- Florianópolis. Este encontro foi proporcionado pela atuação no Projeto de Extensão Plantas Medicinais e os cuidados com a saúde: escrevendo várias histórias, realizado durante o ano de 2011. As atividades desenvolvidas pelos bolsistas envolveram a pesquisa e a produção de material didático sobre o uso de plantas medicinais em diferentes contextos históricos: Índia Antiga, China Antiga, Grécia Antiga, Europa Medieval, Idade Moderna, Período Contemporâneo e Brasil. As atividades das oficinas foram precedidas pela construção conjunta de um roteiro de entrevistas, aplicadas pelos alunos da EJA, a fim de detectar e reconhecer o uso de plantas medicinais em suas comunidades. Os alunos partilharam suas percepções em outro encontro, que foi acompanhado de uma produção artística sobre o que observaram ou sobre a sua própria percepção das plantas medicinais. Em um segundo momento, levamos os alunos da EJA para conhecer o Horto de Plantas Medicinais do HU/UFSC. Neste espaço, os alunos e professores da EJA puderam ter contato com os funcionários e voluntários do espaço, coordenado pelo Dr. César Simionato. A partir do conhecimento do presente, desenvolvemos as abordagens históricas propostas pelas oficinas, onde buscamos envolver os alunos de forma lúdica e questionadora. Encerrando nossa participação na EJA Centro 1, exibimos a animação « Faz mal? » produzida pela equipe do LABHISS em parceria com o LAPIS (Laboratório de Imagem e Som), que proporcionou um interessante debate de encerramento.

Palavras-chave: plantas medicinais, história da saúde, ensino de história

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS ÚTEIS NO ASSENTAMENTO IPORÁ-AM

Edinei Santos da Silva1; Valdely Ferreira Kinupp1

1Instituto Federal do Amazonas – IFAM/CMZL

O objetivo da pesquisa foi realizar um estudo etnobotânico de plantas úteis no assentamento Iporá, nas comunidades Novo Horizonte no município de Rio Preto da Eva e Viva Bem no município de Itacoatiara (a cerca de 135 km e 144 km, respectivamente, da cidade de Manaus-AM), buscando estudar a interação entre pessoas e vegetais. O trabalho iniciou-se a partir de reunião com as comunidades envolvidas, no mês de agosto de 2011. As entrevistas e coletas botânicas ocorreram nos meses de março e maio de 2012. O método utilizado foi o “Bola de Neve” com entrevistas semi-estruturadas, permitindo aprofundar elementos que surgem durante as entrevistas. Foram entrevistados 19 agricultores apontados como maiores conhecedores de utilização de plantas nas duas comunidades. Para as coletas botânicas seguiu-se a metodologia usual, prensando as amostras diretamente no campo. A circunscrição das famílias segue APG III e estão depositadas no Herbário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Campus Manaus - Zona Leste (EAFM). As categorias de uso encontradas foram: medicinal, alimentícia e repelente. Ao total foram realizadas 54 coletas (exsicatas), além de frutos/sementes para a carpoteca. As famílias botânicas mais representativas foram: Fabaceae sensu lato, Piperaceae, Rubiaceae e Poaceae. Quanto aos usos, o medicinal destacou-se e o maior número de citações foi para cura de doenças relacionadas ao estômago. No geral as partes mais usadas foram folhas com 52% e frutos representando 25% e a forma de preparo mais indicada foi decocção. Referente às formas de propagação das espécies utilizadas destacaram-se sementes e galhos. O estudo mostra que os moradores da localidade têm conhecimentos relevantes sobre uso de plantas, mas precisam ser valorizados com políticas públicas que fortaleçam a manutenção desses saberes.

Palavras-chave: conhecimento popular, agricultores, coletas botânicas

Área temática: Etnobotânica

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A SÍNDROME DE DOMESTICAÇÃO DO URUCUM NA AMAZÔNIA

Juliana Lins1; Priscila Ambrósio Moreira1; Charles R. Clement1

1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

O urucum (Bixa orellana L.) é um arbusto nativo da Amazônia com populações domesticadas, distribuído à época da conquista européia desde a América do Sul até a Mesoamérica. Das sementes dos seus cultivares obtém-se um pigmento em pó com múltiplos usos tradicionais. Embora existam registros botânicos listando tipos silvestres, não há descrição de sua síndrome de domesticação. Nosso objetivo geral é descrever a síndrome de domesticação desta planta na Amazônia. Para isso buscamos (1) mapear e descrever suas populações silvestres; (2) Comparar com as descrições de suas sinonímias; (3) Descrever relatos sobre uso, nomes locais e conhecimento ecológico sobre populações silvestres. Foram visitados quintais e capoeiras adjacentes ao longo dos principais rios da Amazônia. Registros botânicos foram consultados na plataforma ‘speciesLink’, bem como as descrições originais das sinonímias; a classificação adotada segue a “Lista de Espécies Flora do Brasil”. Foram encontradas populações não cultivadas em quatro localidades em ambientes ripários nos municípios de Mucajaí em Roraima, Nova Mamoré, em Rondônia, Monte Alegre e Almeirim no Pará. As diferenças morfológicas em relação às populações cultivadas estão no formato e tamanho dos frutos, número de sementes e produção de pigmento, quase nula nas populações silvestres, correspondendo às descrições das sinonímias B. urucurana e B. orellana var. urucurana. No Pará, populações não cultivadas foram classificadas popularmente como “urucum bravo”, foi relatado seu não uso e que cruzavam com o “urucum manso” (cultivado), “prevalecendo o bravo”. Concluímos que essas não são populações remanescentes de antigos plantios, nem escapes, e as mudanças nas características morfológicas do tamanho e forma do fruto e produção de pigmento nas sementes caracterizam a síndrome de domesticação. Algumas populações de B. orellana merecem um status taxonômico de variedade para diferenciá-las das populações cultivadas e assim entender melhor a história de domesticação deste cultivar. Agradecemos à FAPEAM e CT Amazônia 57.5588/08-0.

Palavras-chave: Bixa orellana, quintais, taxonomia

Área temática: Etnobotânica

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ANÁLISE DO VALOR DE USO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

João Everthon da Silva Ribeiro1; Natan Medeiros Guerra2; Kamila Marques Pedrosa2; Carlos Antônio Belarmino Alves3; Reinaldo Farias Paiva de Lucena2

1Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba –UFPB

2Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Depto de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Alguns pesquisadores têm analisado a eficiência dos métodos de pesquisa utilizados nos estudos etnobotânicos, entre eles o do valor de uso (VU), o qual determina a importância relativa de uma espécie, relacionando-a aos usos citados pelas pessoas. Contudo, o mesmo apresenta uma limitação que é a não distinção entre usos atuais e potenciais. O presente estudo testou o VU baseado em três perspectivas buscando verificar se essa distinção interfere no elenco das espécies mais importantes localmente. Foram realizadas entrevistas com os chefes domiciliares (homem/mulher) em seis comunidades rurais da Paraíba: São Francisco (Cabaceiras,123 informantes-53H/70M), Pau D’arco (Itaporanga, 15-8H/7M), Barroquinha (Lagoa, 66-25H/41M), Coelho (Remígio, 37-17H/20M), Várzea Alegre (São Mamede, 36-17H/19M), Capivara (Solânea, 112-53H/59M), totalizando 389 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). O VU foi calculado testando informações obtidas por meio dos três tipos de cálculos (VUatual/VUpotencial/VUgeral), diferenciando as citações de uso atual de potencial. A relação entre os VUs foi testada pela Correlação de Pearson e pelo Teste de Wilcoxon. De forma geral, observou-se que as espécies mais importantes tenderam a permanecer no elenco de cada valor entre as cinco primeiras colocações, modificando apenas sua posição. Em Várzea Alegre, São Francisco, Capivara e Coelho a espécie mais importante no VUgeral e VUatual permaneceu em 1º lugar, modificando apenas a partir da 2ª colocação. Já em Barroquinha e Pau D’Arco, houve mudanças com relação a espécie mais importante nos valores de VUgeral e VUatual. Foram encontradas fortes correlações entre todos os valores de uso em todas as comunidades (p<0,0001). De forma geral, o elenco das espécies modificou em cada valor de uso evidenciando a necessidade da distinção entre citações de uso atual de potencial para determinar as mais importantes localmente, e que de fato são utilizadas na comunidade.

Palavras-chave: etnobotânica quantitativa, valor de uso, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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APARÊNCIA ECOLÓGICA E IMPORTÂNCIA DE PLANTAS ÚTEIS: TESTANDO DIFERENTES VALORES DE USO

João Everthon da Silva Ribeiro1; Thamires Kelly Nunes Carvalho2; João Paulo de Oliveira Ribeiro1; Natan Medeiros Guerra2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena2

1 Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba –UFPB

2 Depto.de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A hipótese da aparência ecológica enfatiza que uma espécie de alta importância e utilização local é a que estiver mais disponível na vegetação, sendo chamada de planta aparente. O presente estudo testou essa hipótese, em sua vertente ecológica, na comunidade rural Capivara, município de Solânea (Paraíba-Nordeste-Brasil), área de caatinga. Utilizou-se o valor de uso (VU) testando as informações obtidas por meio de três tipos de cálculos (VUatual/VUpotencial/VUgeral), distinguindo as citações de uso em atual e potencial. Para testar a hipótese foi realizado um inventário da vegetação em duas áreas da comunidade (uma degradada-A1, e uma conservada-A2) por meio de parcelas, e entrevistas semi-estruturadas com 112 informantes (59 mulheres e 53 homens), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman para correlacionar os dados fitossociológicos com os etnobotânicos. Foram registradas 25espécies, 24gêneros e 11famílias na A1, e 20espécies, 19gêneros e 9famílias na A2. Obtiveram-se correlações positivas entre o VUgeral com dominância e área basal nas duas áreas (p<0,05), VUatual com dominância e área basal nas duas áreas (p<0,05), e com valor de importância em A1 (p<0,05) e densidade na A2 (p<0,05). Com relação às categorias de uso, na A1 encontraram-se correlações positivas na categoria construção (VUgeral com todos os parâmetros fitossociológicos, p<0,05; VUatual com densidade e valor de importância, p<0,05). Na A2 correlações positivas nas categorias construção e combustível entre os VU com todos os parâmetros fitossociológicos (p<0,05), medicinal entre o VUatual e VUgeral com todos os parâmetros fitossociológicos (p<0,05), e VUpotencial com frequência, dominância, valor de importância e área basal, e na ornamental entre VUgeral com frequência (p<0,05). A aparência ecológica explicou, de forma expressiva, a importância local das plantas úteis nas categorias construção, combustível e medicinal, e de forma pouco expressiva na ornamentação. Observaram-se também respostas diferentes a partir dos diferentes VU.

Palavras-chave: etnobotânica, valor de uso, florestas secas

Área temática: Etnobotânica

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O USO DE ESPÉCIES VEGETAIS NATIVAS ÚTEIS PODE SER EXPLICADO POR SUA DISPONIBILIDADE LOCAL EM UMA ÁREA DO SERTÃO DA PARAÍBA?

João Paulo de Oliveira Ribeiro1; Kamila Marques Pedrosa2; Rodrigo Ferreira de Sousa3; Carlos Antônio Belarmino Alves2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena2

1Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba –UFPB

2Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

3Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

A Hipótese da Aparência Ecológica prediz que as espécies úteis de maior importância local são as mais disponíveis na vegetação. O presente estudo testou essa hipótese na comunidade rural de Barroquinha, sertão da Paraíba (Nordeste, Brasil), município de Lagoa. No teste utilizou-se o valor de uso (VU), testando as informações obtidas por meio de três tipos de cálculos, sendo VUatual, VUpotencial e VUgeral. Foram realizados inventários da vegetação em duas áreas da comunidade (conservada – A1; degradada – A2), e aplicadas entrevistas com 66 informantes (41 mulheres e 25 homens), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). Foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Pearson e a Regressão Linear Simples para correlacionar os dados fitossociológicos e etnobotânicos. A correlação entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson, e entre os VUs Correlação de Pearson e Teste de Wilcoxon. Foram registradas 16 espécies úteis na A1 e 18 na A2. Só foram registrados correlações positivas na A1 entre as espécies e os dados fitossociológicos, entre VUatual com área basal e dominância (p<0,05). A única categoria que apresentou correlação positiva foi tecnologia (A1) entre VUgeral com área basal, dominância e valor de importância; VUatual com área basal, densidade, dominância e o valor de importância (ambos com p<0,05); e VUpotencial com área basal, densidade, dominância e valor de importância (p<0,05). Na A2, construção entre VUatual com densidade, dominância, valor de importância e área basal (p<0,05). O teste de Wilcoxon evidenciou que há correlação entre VUgeral e VUatual, VUgeral e VUpotencial, VUatual e VUpotencial (p<0,0001). Os homens e as mulheres consideraram as mesmas espécies como mais importantes (p<0,0001). A aparência ecológica explicou melhor a relação de uso e disponibilidade de espécies com fins madeireiros.

Palavras-chave: aparência ecológica, valor de uso, florestas secas

Área temática: Etnobotânica

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ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PLANTAS ÚTEIS EM UMA ÁREA DO SERTÃO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

João Paulo de Oliveira Ribeiro1; João Everthon da Silva Ribeiro1; Rodrigo Ferreira de Sousa2; Carlos Antônio Belarmino Alves3; Reinaldo Farias Paiva de Lucena3

1Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba –UFPB

2Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

3Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnobotânica, nos últimos anos, tem direcionado parte de seus esforços no desenvolvimento de estratégias e abordagens que colaborem nas propostas de conservação da biodiversidade. O presente estudo buscou identificar, por meio do Índice de Prioridade de Conservação (IPC), quais espécies nativas da caatinga estão necessitando de uma atenção conservacionista. O estudo foi desenvolvido na comunidade rural Barroquinha, município de Lagoa (Paraíba/Nordeste do Brasil). Foi realizada uma amostragem da vegetação, por meio de parcelas, em áreas distintas da comunidade (conservada – A1; degradada – A2), e aplicadas entrevistas com 66 informantes (41M/25H), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). O IPC foi calculado por meio de dados etnobotânicos e fitossociológicos, segundo a fórmula: IPC = UL + DU + SE + DR + FR. Onde: UL representa o nº de informantes que citaram a espécie; DU o nº de usos atribuídos a espécie; SE os tipos de sinais extrativistas visualizados nas áreas amostrais; FR a frequência relativa e DR a densidade relativa do levantamento fitossociológico. No caso do SE foi considerado o maior escore, visto que uma mesma espécie poderia se enquadrar em mais de um valor (exemplo: rebrota e tronco). Cada espécie recebeu um escore representado pelo somatório de todos os critérios adotados. Foram registradas 20 espécies úteis, 18 gêneros e 10 famílias. Por meio do IPC foi detectado a necessidade de estudos e ações conservacionistas para Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan (escore= 40), Ximenia americana L., Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm., Ziziphus joazeiro Mart. (ambos com escore= 37), Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz, Combretum fruticosum (Coefl) Stuntz (ambos com escore= 34). A partir dessas informações sugere-se a realização de estudos específicos com tais espécies para avaliar sua situação na vegetação e possíveis pressões de uso.

Palavras-chave: caatinga, etnobotânica, conservação

Área temática: Etnobotânica

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FLORA BIOINDICADORA DE FENÔMENOS NATURAIS EM REGIÕES NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

Carlos Antônio Belarmino Alves1; Camilla Marques de Lucena1; Thamires Kelly Nunes Carvalho1; João Everthon da Silva Ribeiro2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Baseado nas culturas e tradições, em algumas regiões do semiárido, as populações tradicionais reconhecem que algumas espécies vegetais podem ser utilizadas para indicar fenômenos naturais. O presente estudo registrou o conhecimento que os agricultores das comunidades rurais de Barroquinha e Besouro (Lagoa, PB), Coelho (Remígio, PB), Várzea Alegre (São Mamede, PB) e Capivara (Solânea, PB) possuem sobre as espécies vegetais bioindicadoras de fenômenos climáticos. Foram realizadas entrevistas com 11 informantes em Barroquinha e sete em Besouro, oito no Sítio Coelho, 25 em Várzea Alegre e 33 em Capivara, totalizando 84 informantes. Foram considerados como informantes as pessoas que detinham um saber sobre os fenômenos climáticos e as espécies utilizadas em tal finalidade, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). Nas comunidades Barroquinha e Besouro houve 18 indicações, sendo reconhecida apenas Cereus jamacaru DC., com sua floração indicando chuva. Em Coelho registraram-se 22 citações de chuva, com registro de 12 espécies, se destacando, em número de citações, Spondias tuberosa Arruda, com sua frutificação e floração indicando as chuvas. Em São Mamede registraram-se 37 indicações de chuva, sendo citadas 11 espécies, com destaque para C. jamacaru (22 citações), com sua floração. Em Capivara obteve 40 citações, com oito espécies, se destacando S. tuberosa (24 citações), sendo a floração e a frutificação utilizadas para indicar chuva e a floração indicando seca quando florece mais de uma vez por ano. Foi registrado em Remígio, uma espécie exótica, Prosopis juliflora (Sw.) DC, indicando um bom inverno quando seus indivíduos frutificam em grande quantidade. O presente trabalho vem fortalecer a importância do conhecimento da meteorologia popular que é usada em várias comunidades rurais do Nordeste, sendo necessários estudos que busquem resgatar e conservar essa riqueza cultural tão importante.

Palavras-chave: bioindicador, populações tradicionais, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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COMUNIDADES LOCAIS E A AGROBIODIVERSIDADE NO PLANALTO SUL CATARINENSE

Karine Santos1; João Cláudio Zanatta2; Murilo Dalla Costa2; Gilberto Dalagnol2; Tássio Rech2

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

2Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI

A conservação on-farm pode complementar a conservação ex situ, pois propicia a manutenção e enriquecimento da diversidade genética e cultural, e dos processos ecológicos. Identificar “guardiões” desta diversidade pode auxiliar estratégias de conservação. O objetivo deste trabalho foi identificar agricultores familiares detentores de recursos genéticos (crioulos/tradicionais) em municípios do Planalto Sul Catarinense. Na identificação dos informantes foi utilizada técnica de amostragem intencional; assim, através de consultas a extensionistas rurais interessados em participar do projeto foram identificados agricultores que mantêm variedades crioulas ou frutíferas antigas (primeiras variedades de frutíferas introduzidas e que atualmente não são mais comercializadas) e/ou detêm conhecimento sobre a biologia e manejo destes materiais. A partir das primeiras entrevistas foram identificados outros informantes segundo a metodologia Bola de neve. Nesta etapa do projeto foram visitadas 18 unidades familiares reconhecidas pelos extensionistas, e informantes pela conservação de variedades crioulas e de espécies frutíferas antigas, sendo 13 em Anita Garibaldi, duas em Cerro Negro, uma em Urubici, São Joaquim e Urupema, respectivamente. A faixa etária média dos informantes foi de 54,7 anos. Constatou-se a preocupação com o envelhecimento dos agricultores, uma vez que 55% acreditam em poucas chances de manter as gerações futuras no campo, indicando o risco de perda de recursos genéticos. Dos informantes, 83% são nascidos em um dos municípios em estudo ou residem há mais de 20 anos na região. Este fato favorece a hipótese de acúmulo de conhecimento e experiência. Um total de 70 etnoespécies foram citadas, sendo 40 de espécies anuais e 30 de frutíferas (incluindo espécies nativas). Estes dados indicam grande diversidade, porém na maioria dos casos estes vêm sendo mantidos por poucos agricultores. Neste contexto, a manutenção de atividades de identificação e a caracterização das variedades mantidas, fomentarão a segunda etapa deste trabalho, que será a implementação de estratégias de multiplicação e redistribuição.

Palavras-chave: variedades crioulas, conservação on farm, segurança alimentar

Área temática: Etnobotânica

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ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PLANTAS ÚTEIS EM UMA ÁREA DO SERTÃO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

João Paulo de Oliveira Ribeiro1; João Everthon da Silva Ribeiro1; Rodrigo Ferreira de Sousa2; Carlos Antônio Belarmino Alves3; Reinaldo Farias Paiva de Lucena3

1Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba –UFPB

2Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

3Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnobotânica, nos últimos anos, tem direcionado parte de seus esforços no desenvolvimento de estratégias e abordagens que colaborem nas propostas de conservação da biodiversidade. O presente estudo buscou identificar, por meio do Índice de Prioridade de Conservação (IPC), quais espécies nativas da caatinga estão necessitando de uma atenção conservacionista. O estudo foi desenvolvido na comunidade rural Barroquinha, município de Lagoa (Paraíba/Nordeste do Brasil). Foi realizada uma amostragem da vegetação, por meio de parcelas, em áreas distintas da comunidade (conservada – A1; degradada – A2), e aplicadas entrevistas com 66 informantes (41M/25H), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). O IPC foi calculado por meio de dados etnobotânicos e fitossociológicos, segundo a fórmula: IPC = UL + DU + SE + DR + FR. Onde: UL representa o nº de informantes que citaram a espécie; DU o nº de usos atribuídos a espécie; SE os tipos de sinais extrativistas visualizados nas áreas amostrais; FR a frequência relativa e DR a densidade relativa do levantamento fitossociológico. No caso do SE foi considerado o maior escore, visto que uma mesma espécie poderia se enquadrar em mais de um valor (exemplo: rebrota e tronco). Cada espécie recebeu um escore representado pelo somatório de todos os critérios adotados. Foram registradas 20 espécies úteis, 18 gêneros e 10 famílias. Por meio do IPC foi detectado a necessidade de estudos e ações conservacionistas para Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan (escore= 40), Ximenia americana L., Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm., Ziziphus joazeiro Mart. (ambos com escore= 37), Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz, Combretum fruticosum (Coefl) Stuntz (ambos com escore= 34). A partir dessas informações sugere-se a realização de estudos específicos com tais espécies para avaliar sua situação na vegetação e possíveis pressões de uso.

Palavras-chave: caatinga, etnobotânica, conservação

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE REMÍGIO (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL)

Natan Medeiros Guerra1; Kamila Marques Pedrosa1; Núbia da Silva1; João Everthon da Silva Ribeiro2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1;

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnobotânica estuda os conhecimentos e conceitos adquiridos pela sociedade a respeito da vegetação. Neste sentido, registrou-se o conhecimento e uso de espécies lenhosas da caatinga na comunidade rural Coelho, município de Remígio, Curimataú da Paraíba (Nordeste, Brasil). Foram entrevistados 37 informantes (17H/20M), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As citações de uso foram organizadas em 11 categorias utilitárias. O valor de uso (VU) foi calculado por meio de três cálculos (VUatual, VUpotencial e VUgeral). A relação entre valores de uso e entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson e Teste de Wilcoxon. Houve uma variação no ordenamento das espécies de acordo com o maior e menor VU, observando-se a média com o desvio padrão para os três tipos de VU, com média 0,85 (±1,12) para o VUgeral, 0,44(±0,63) para o VUatual e 0,41(±0,52) para o VUpotencial. Registraram-se 46 plantas, identificando-se 37 espécies, 33 gêneros 15 famílias. Obtiveram-se 985 citações de uso madeireiro e 484 não madeireiros. Atribui-se 818 citações por homens e 651 por mulheres. As categorias em destaque foram tecnologia (31spp.) e construção (29spp.). A categoria combustível teve o maior VUgeral (0,36), VUatual (0,19) e VUpotencial (0,17). As partes mais usadas foram madeira (67%) e casca (8%). As citações de uso atual (52%) mostrou-se superior ao potencial (48%). Aspidosperma pyrifolium Mart. obteve os maiores VUgeral (4,9) e VUatual (3,0), e Ziziphus joazeiro Mart. o VUpotencial (2,0). Poincianella pyramidalis Tul e Z. joazeiro destacou-se entre as mulheres, e. A. pyrifolium entre os homens. A correlação de Pearson e o teste de Wilcoxon evidenciaram que há correlação entre os valores de uso (p<0,0001), e entre os gêneros. Os dados evidenciam o forte uso de espécies para fins madeireiros, sendo necessários estudos que avaliem o impacto sobre as mesmas.

Palavras-chave: etnobotânica quantitativa, valor de uso, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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IMPORTÂNCIA RELATIVA DE PLANTAS MEDICINAIS LENHOSAS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS NO ESTADO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

Ezequiel da Costa Ferreira1; Marília da Silva Santos1, João Everthon da Silva Ribeiro2; Thamires Kelly Nunes Carvalho1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A utilização de plantas no tratamento de doenças é historicamente antiga entre as populações tradicionais. Foi desenvolvida uma pesquisa sobre a utilização de plantas medicinais em comunidades rurais de seis municípios em diferentes regiões do Estado da Paraíba (Nordeste-Brasil), identificando suas importâncias relativas. Foram realizadas entrevistas em Cabaceiras (Comunidade São Francisco, 123 informantes, 53H/70M), Lagoa (Barroquinha com 66, 25H/41M), São Mamede (Várzea Alegre com 36, 17H/19M), Itaporanga (Pau D’Arco com 15, 8H/7M), Remígio (Coelho com 37, 17H/20M) e Solânea (Capivara com 112, 53H/59M), totalizando 385 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento prévio exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). A Importância Relativa (IR) foi calculada pela fórmula: IR=NSC+NP, onde IR=Importância Relativa, NSC=Número de Sistemas Corporais e NP=Número de Propriedades. Foram identificadas 46 espécies, 40 gêneros e 19 famílias. As plantas com maior IR em Cabaceiras foi Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T. D. Penn. (2) e Myracrodruon urundeuva Allemão (1,87); em Lagoa, S. obtusifolium (2); em São Mamede, Cnidoscolus quercifolius Pohl. (2), Ziziphus joazeiro Mart. e Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz (com 1,47 cada); em Itaporanga, M. urundeuva (2); em Remígio, S. obtusifolium (2) e Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. (1,67); em Solânea, M. urundeuva (2) e Maytenus rigida Mart. (1,46). Com relação ao Número de Sistemas Corporais da Espécie (NSCE), S. obtusifolium registrou em Lagoa, Remígio e Cabaceiras, nove, seis e seis NSCE, respectivamente. M. urundeuva registrou em Cabaceiras, Itaporanga e Solânea, seis, oito e três, respectivamente. C. quercifolius apresentou 11 sistemas em São Mamede. Já no Número de Propriedades da Espécie (NPE), S. obtusifolium apresentou em Lagoa, Cabaceiras, Remígio, São Mamede, Solânea, 13-15-11-12-13 propriedades, respectivamente. M. urundeuva em Lagoa, Cabaceiras, Remígio, São Mamede, Itaporanga e Solânea, 12-13-11-9-3-25 propriedades, respectivamente. O presente estudo evidenciou uma IR maior para duas espécies, M. urundeuva e S. obtusifolium.

Palavras-chave: importância relativa, plantas medicinais, etnobotânica quantitativa

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PLANTAS MEDICINAIS EM DUAS COMUNIDADES RURAIS NA DEPRESSÃO SERTANEJA, NORDESTE DO BRASIL

Ezequiel da Costa Ferreira1; Natan Medeiros Guerra1; Kamila Marques Pedrosa1; Thamires Kelly Nunes Carvalho1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A utilização de plantas medicinais pelas populações tradicionais é um dos agentes mantenedores da interação entre as pessoas e os recursos naturais. O presente estudo registrou e comparou o uso de espécies medicinais em duas comunidades rurais na Depressão Sertaneja (Paraíba-Nordeste-Brasil). Foram realizadas entrevistas em São Mamede (comunidade Várzea Alegre, 36 informantes-17Homens/19Mulheres) e Lagoa (Barroquinha, 66-25Homens/41Mulheres), totalizando 102 informantes, que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (estudo aprovado pelo CEP/HULW nº297/11 da UFPB). Foi calculado o valor de uso (VU): VUgeral, VUatual e VUpotencial. A correlação entre gêneros e entre os VU foi testada pela correlação de Pearson, e a relação entre as mulheres das comunidades, e dos homens entre eles, foi testada pela Análise de Variância de Kruskal-Wallis e pelo Método de Dunn. Foram registradas, nas duas comunidades, 38 espécies, 36 gêneros e 19 famílias. Em Várzea Alegre, Cnidoscolus quercifolius Pohl. recebeu o maior VUgeral(1,33), VUatual(0,86) e VUpotencial(0,47) seguido por Ziziphus joazeiro Mart.(0,94; 0,58; 0,36, respectivamente). Em Lagoa, Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T. D. Penn. se destacou para o VUgeral(1,09) e VUatual(0,57), seguido por Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.(VUgeral 0,86) e Combretum fruticosum (Coefl) Stuntz. (VUatual 0,47). Já no VUpotencial Z. joazeiro(0,57) recebeu destaque, seguido por S. obtusifolium (0,51). A casca foi a parte mais usada com 159 citações em Várzea Alegre e 423 em Barroquinha. Os tratamentos mais citados foram cicatrizações em Várzea Alegra (58 citações) e gripe em Barroquinha (111). Foi verificada uma forte correlação entre os diferentes valores de uso nas duas comunidades (p<0,0001). Não houve nenhuma correlação entre os VU atribuídos pelos homens nas duas comunidades (p>0,05). Já na relação entre as mulheres, houve correlações entre o VUgeral e VUatual (p<0,05), e nenhuma no VUpotencial. Foi constatada uma relação mais íntima das mulheres com as plantas medicinais, e diferenças no elenco em cada valor de uso.

Palavras-chave: etnobotânica quantitativa, valor de uso, florestas secas

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO E DISPONIBILIDADE LOCAL DE Sideroxylon obtusifolium (ROEM. & SCHULT.) T.D. PENN. EM TRÊS REGIÕES DA DEPRESSÃO SERTANEJA (NORDESTE DO BRASIL)

Kamila Marques Pedrosa1; Daniel da Silva Gomes1; Daniel Duarte Pereira1; Guttemberg da Silva Silvino2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Depto. de Solos e Engenharia Rural, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnobotânica procura compreender e registrar o conhecimento e uso que as populações tradicionais fazem dos recursos vegetais. Nesse sentido, o presente estudo registrou o conhecimento tradicional sobre Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn., e avaliou sua disponibilidade local em três municípios localizados na Depressão Sertaneja do estado da Paraíba: Itaporanga (comunidade Pau d’Arco, 15 informantes), Lagoa (Barroquinha e Pereiro, 38 e 32 informantes, respectivamente) e São Mamede (Várzea Alegre, seis informantes). Só foram considerados como informantes as pessoas que conheciam a espécie, entrevistando os chefes de família (Homem e Mulher), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). Para avaliar a disponibilidade local foi realizado um caminhamento livre totalizando 72 horas, os indivíduos encontrados eram marcadas com auxilio do GPS, anotada a altura, DNS, os que apresentavam sinais extrativistas foram registradas e medidas as extrações; e um estudo fitossociológico (parcelas). As citações de uso foram organizadas em oito categorias utilitárias (medicinal, alimento, forragem, construção, combustível, sombra, tecnologia e veneno/abortivo). Em Barroquinha foram contabilizadas 65 citações de uso, 85 em Pereiro e 20 em Várzea Alegre. A casca obteve o maior número de citações (35% em Barroquninha, 77% em Pereiro e 70% em Várzea Alegre). Nas comunidades prevaleceu a categoria medicinal, e as citações de usos não madeireiros (79%). Com relação a disponibilidade, não foram registrados nenhum indivíduo nas parcelas. No caminhamento, registrou-se 80 em Pereiro, sete em Barroquinhas e três em Várzea Alegre, distribuídos em quintais agroflorestais, áreas de cultivo e próximo a estradas. Registraram-se 140 extrações de cascas, com largura de 0,10 a 0,90cm, e comprimento de 0,10 a 270cm. Foi registrada a indicação para 17 enfermidades, se destacando o tratamento das inflamações gerais. Este estudo evidenciou a importância dessa espécie para as pessoas do semiárido nordestino.

Palavras-chave: etnobotânica, quixabeira, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE Sideroxylon obtusifolium (ROEM. & SCHULT.) T.D. PENN. EM COMUNIDADES RURAIS DO CURIMATAÚ E CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

Kamila Marques Pedrosa1; Daniel da Silva Gomes1; Camilla Marques de Lucena1; Thamires Kelly Nunes Carvalho1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn é uma espécie utilizada pelas populações tradicionais do semiárido em diversas finalidades. O presente estudo registrou o conhecimento e uso atribuído a essa espécie pelos moradores de duas comunidades rurais no Curimataú, comunidade Capivara (município de Solânea), entrevistando-se 112 informantes (59M/53H), em Coelho (Remígio) com 37 (20M/17H), e duas comunidades nos Cariris Velhos, São Francisco (Cabaceiras) com 123 (53H/70M) e Santa Rita (Congo) com 101 (57M/44H), totalizando 373, dos quais 218 (114H e 104M) citaram usos para quixabeira. Foram realizadas entrevistas com os chefes de família, que assinaram o termo de consentimento exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As informações foram organizadas em oito categorias de uso (medicinal, forragem, alimento, outros, construção, combustível, tecnologia e veterinário). A relação entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson em cada comunidade; e entre as comunidades com os gêneros separados. Em Coelho registraram-se 48 citações (16H/34M), 103 em Capivara (63H/40M), 416 São Francisco (218H/198M), e 291 em Santa Rita (148M/143H). Em ambas as comunidades houve o destaque da categoria medicinal, recebendo 68% das citações em Capivara, 56% em Coelho, 37% em Santa Rita e 28% em São Francisco. A segunda categoria em destaque foi forragem em Santa Rita (18%) e São Francisco (25%), combustível nas comunidades Coelho (18%) e Capivara (14%). Em cada comunidade, foi encontrada uma correlação positiva entre as citações de homens e mulheres (p<0,0001), destacando-se a categoria medicinal. Considerando a relação das mulheres entre as comunidades, e dos homens entre eles, constatou-se uma correlação positiva apenas entre as comunidades Coelho e Capivara (p<0,05). Os resultados evidenciaram um destaque na categoria medicinal em todas as comunidades, evidenciando também que tanto os homens quanto as mulheres detém um bom conhecimento sobre a espécie.

Palavras-chave: quixabeira, caatinga, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE Schinopsis brasiliensis ENGL. EM CINCO COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL.)

João Everthon da Silva Ribeiro1; Gysleynne Gomes da Silva Costa2; Camilla Marques de Lucena2; Carlos Antônio Belarmino Alves3; Reinaldo Farias Paiva de Lucena2

1Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba –UFPB

2Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Depto de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Schinopsis brasiliensis Engl. (baraúna) é uma espécie da família Anacardiaceae, amplamente conhecida e utilizada no semiárido nordestino, fazendo parte do elenco de espécies ameaçadas de extinção na categoria vulnerável. O presente estudo registrou o conhecimento e uso atribuído a essa espécie pelos moradores de cinco comunidades rurais da Paraíba: São Francisco (Cabaceiras, 123 informantes), Santa Rita (Congo, 98), Pau D’Arco (Itaporanga, 15), Coelho (Remígio, 37), Capivara (Solânea, 112), totalizando 385 informantes, dos quais 272 (145homens/127mulheres) citaram usos. Foram entrevistados os chefes de família, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As citações de uso foram organizadas em oito categorias. A relação entre homem/mulher foi testada pela Correlação de Pearson em cada comunidade e entre as comunidades. Registraram-se 274 citações de uso em São Francisco (média de 3.51, desvio padrão ±2.54), 236 em Santa Rita (3.90, ±2.87), 13 em Pau D’Arco (2.60, ±1.36), 137 em Coelho (4.27, ±3.16), e 452 em Capivara (4.61, ±2.91), totalizando 1112 citações. Em quatro comunidades as categorias com atributos madeireiros se destacaram construção com 41% das citações em São Francisco, 38% em Pau D’Arco, 37% em Capivara e Coelho. Já em Santa Rita, se destacou tecnologia com 35%. A segunda categoria foi combustível em Capivara (36%), São Francisco (34%) e Coelho (33%), tecnologia em Pau D’Arco (38%) e construção em Santa Rita (28%). Em cada comunidade foi encontrada uma correlação positiva entre as citações de homens e mulheres (p<0,05). Considerando a relação das mulheres entre as comunidades constatou-se uma correlação positiva em todas as comunidades (p<0,05). Já para os homens, obteve-se correlação positiva (p<0,05), com exceção da relação entre Solânea/Congo, Cabaceiras/Itaporanga, e Cabaceiras/Congo. Tornam-se necessários estudos que avaliem os impactos causados pela utilização dessa espécie, principalmente por estar ameaçada de extinção, e pelos usos serem madeireiros.

Palavras-chave: baraúna, florestas secas, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE Prosopis juliflora (SW.) DC. POR COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO, PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

Gysleynne Gomes da Silva Costa1; Natan Medeiros Guerra1; João Paulo de Oliveira Ribeiro2; Carlos Antônio Belarmino Alves3; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Depto. de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

A região semiárida vem sofrendo modificações com o surgimento de espécies exóticas, as quais contribuem para novas perspectivas de usos, podendo ser utilizadas para diminuir a pressão extrativista sobre as nativas. Com base nesse cenário, esse estudo analisou os usos atribuídos a Prosopis juliflora (Sw.) DC (Algaroba) em duas regiões do semiárido, localizadas nos municípios de Solânea e Remígio, microrregião do Curimataú da Paraíba, nas comunidades Capivara e Coelho, respectivamente. Foram realizadas entrevistas com os chefes domiciliares, 94 informantes (50M/44H) em Capivara e 29 informantes (13M/16H) em Coelho, totalizando 123, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). Foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Pearson para correlacionar as citações de uso entre as comunidades e categorias. Na comunidade Coelho registrou-se 104 citações de uso (36 mulheres e 68 homens), organizadas em seis categorias de uso: combustível (31,73%), construção (30,76%), forragem (23,07%), outros usos (7,69%), tecnologia (5,76%) e alimento (0,96%). Observou-se que as mulheres atribuíram mais usos na categoria combustível (38,88%) enquanto os homens em construção (33,82%). Em Capivara, as 428 citações (328 por mulheres e 190 por homens) foram distribuídas em oito categorias de uso: construção (33,41%), combustível (32,94%), forragem (17,99%), outros usos (10,51%), tecnologia (2,33%), ornamentação (1,40%), mágico-religioso (0,93%) e alimento (1%). Assim como em Coelho, em Capivara a categoria combustível se destacou entre as mulheres (23,07% das citações), e construção pelos homens (34,73%). Foram registradas correlações positivas entre as citações de uso (p< 0.0001; r= 0.9793). Nas comunidades estudadas os usos atribuídos a essa espécie tendem a ser usos madeireiros. Mesmo sendo exótica, atualmente, P. juliflora tem contribuído para a conservação das espécies lenhosas nativas na comunidade estudada, principalmente, as que possuem atributos madeireiros, fato este observado e confirmado em campo pelos pesquisadores do presente estudo.

Palavras-chave: algaroba, semiárido, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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DIVERSIDADE BIÓLOGICA E CULTURAL DE CACTÁCEAS NO CARIRI ORIENTAL, PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL: DADOS PARCIAIS

Josenildo dos Santos Machado1; Camilla Marques de Lucena1; Kamila Marques Pedrosa1; Thamires Kelly Nunes Carvalho1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1 Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A família das cactáceas é de grande importância em regiões como os Cariris Velhos no Nordeste do Brasil, pelo fato de um dos usos proeminentes na região ser como forragem, com o uso de espécies nativas (ex. facheiro) e exóticas (ex. palma), em períodos de longa estiagem. Nesse sentido, o presente estudo registrou o conhecimento e uso que os moradores da comunidade rural de Moita no município de Boqueirão (Paraíba, Brasil) possuem em relação às cactáceas de sua região. Para isso, foram realizadas entrevistas com 46 informantes (12 homens e 34 mulheres). Os informantes assinaram o terno de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (aprovação CEP/HULW nº 297/11). Os cactos citados se enquadraram em dez categorias de uso (alimentação, combustível, construção, forragem, mágico/religioso, medicinal, ornamental, sombra, tecnologia e veterinário). Registraram-se 342 citações de uso (112 de homens e 230 de mulheres). Foram registradas sete espécies (cinco nativas e duas exóticas), pertencentes a cinco gêneros: Cereus jamacaru DC. (cardeiro, mandacaru), Melocactus sp. (coroa de frade), Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & Rowley. (xiquexique), Pilosocereus pachycladus F.Ritter (facheiro), Opuntia ficus indica L. Mill. (palma), Tacinga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy (cumbeba), Tacinga palmadora (Britton & Rose) N.P.Taylor & Stuppy (palmatória). As categorias mais importantes foram alimento (146 citações de uso), forragem (64) e medicinal (36). P. pachycladus e Melocactus sp. foram as espécies que mais se destacaram com 144 e 62 citações de uso, respectivamente. A espécie mais citada entre os gêneros (homens e mulheres) foi P. pachycladus. O presente estudo mostrou a importância das cactáceas na comunidade de Moita, visto que houve um registro de diferentes categorias e usos das espécies, e, além disso, a categoria alimento se destacou em virtude da existência de uma fábrica de beneficiamento de produtos de cactáceas na comunidade.

Palavras-chave: cactos, etnobotânica, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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IMPORTÂNCIA DAS CACTÁCEAS PARA OS AGRICULTORES EM UMA ÁREA DO CURIMATAÚ PARAIBANO (NORDESTE DO BRASIL)

Josenildo dos Santos Machado1; Camilla Marques de Lucena2; Gyslaynne Gomes da Silva Costa3; Zelma Glebya Maciel Quirino2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Aplicadas e Educação, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Na região do Curimataú Oriental da Paraíba, Nordeste do Brasil, a família de cactáceas é representada por um número significativo de espécies, as quais são importantes para os agricultores, principalmente nas épocas de estiagem, sendo usadas como forragem. O presente estudo registrou o uso e conhecimento que os moradores da comunidade rural de Capivara, município de Solânea, possuem em relação às cactáceas. Foram realizadas 62 entrevistas com os chefes de família (29 homens e 33 mulheres), representando 100% dos chefes. Os informantes assinaram o terno de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (protocolo de aprovação CEP/HULW nº 297/11). Os cactos citados foram organizados em dez categorias de uso (alimento, combustível, construção, forragem, mágico/religioso, medicinal, ornamentação, sombra, tecnologia, veterinário). A relação do conhecimento entre o gênero foi testada pelo coeficiente de correlação de Pearson. Registraram-se nove espécies, pertencentes a seis gêneros: Cereus jamacaru DC. (cardeiro, mandacaru), Melocactus sp. (coroa de frade), Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & Rowley. (xiquexique, sodoro, lastrado), Pilosocereus pachycladus F. Ritter (facheiro), Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck (palma doce), Opuntia ficus indica L. Mill. (palma), Opuntia stricta (Haw.) Haw. (palma de espinho), Tacinga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy (gogóia), Tacinga palmadora (Britton & Rose) N.P.Taylor & Stuppy (palmatória). Registraram-se 778 citações de uso (405 de homens e 373 de mulheres). Já as categorias que mais se destacaram foram forragem (248 citações), construção (136) e alimento (125). P. pachycladus foi a espécie mais citada (218 citações de uso) e mais versátil (nove categorias de uso). Homens e mulheres apresentaram um conhecimento semelhante (p< 0,0005; r= 0,9421). A riqueza dos dados obtida comprova a relação de conhecimento e uso dos cactos de sua região pelos informantes, evidenciando a importância da realização de estudos etnobotânicos relacionados ao registro de informações sobre cactáceas.

Palavras-chave: cactos, etnobotânica, florestas secas

Área temática: Etnobotânica

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A HIPÓTESE DA APARÊNCIA ECOLÓGICA PODE SER APLICADA EM FLORESTAS TROPICAIS SECAS?

Rodrigo Ferreira de Sousa1; Natan Medeiros Guerra2; Diego Batista de Oliveira Abreu2; Wellington Miguel Dantas3; Reinaldo Farias Paiva de Lucena2

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

2Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Depto. de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

A aparência ecológica relaciona a disponibilidade e o uso de recursos vegetais nas florestas tropicais. O presente trabalho identificou as relações entre uma comunidade rural e os recursos da vegetação lenhosa nativa em uma área no domínio da caatinga, município de São Mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil). Foram realizados levantamentos para o estudo do conhecimento botânico local, e entrevistas com a população local. Parcelas amostrais foram lançadas em duas áreas, uma distante 3km e uma adjacente à comunidade, para caracterização da vegetação lenhosa, coletando dados para cálculo de abundância e dominância ecológica. Testou-se a hipótese de que a disponibilidade de um recurso (aparência ecológica) relaciona-se com a sua importância relativa (designada pelo valor de uso), testando as informações por meio de três tipos de cálculos: VUatual, VUpotencial e VUgeral. Os 36 informantes (17H/19M), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11), reconheceram usos para 17 espécies lenhosas, distribuídas em 11 categorias de uso. Foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson para correlacionar os dados fitossociológicos e etnobotânicos. Em relação aos cálculos de VU das categorias, observou-se que a categoria construção obteve o maior VUgeral (0,97), seguida por alimentação (0,89) e tecnologia (0,71). No VUatual destacaram-se alimentação (0,79), construção (0,64) e tecnologia (0,50). No VUpotencial, destacaram-se construção (0,47), alimentação (0,43) e tecnologia (0,36). No VUgeral e VUatual destacou-se Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (5,31; 4,31 respectivamente), e no VUpotencial Tabebuia aurea (Silva Massa) Benth & Hook exs. Moore (2,5). Não houve correlação entre os parâmetros fitossociológicos e os valores de uso. Dessa forma, a aparência ecológica não explica a relação das pessoas da comunidade estudada com os recursos vegetais disponíveis localmente (p>0,05). Sugere-se a realização de mais estudos testando a aparência ecológica nas florestas secas para refutar ou ratificar tal hipótese.

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES UTILIZADAS PARA FINS ENERGÉTICOS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS DO NORDESTE DO BRASIL.

Pedro Mouzinho de Oliveira Neto¹, João Paulo de Oliveira Ribeiro¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Arliston Pereira Leite¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O uso de espécies vegetais no abastecimento dos fogões domésticos da zona rural do Nordeste é antigo, atividade que coloca em risco algumas espécies pela super exploração. Nesse sentido, o presente estudo registrou e comparou o uso de plantas como fonte energética nas residências de seis comunidades rurais na Paraíba, entrevistando-se 123 informantes (53Homens/70Mulheres) na comunidade São Francisco, município de Cabaceiras, 36 (17H/19M) em Várzea Alegre (São Mamede), 15 (8H/7M) em Pau D’Arco (Itaporanga), 66 (45H/21M) em Barroquinha (Lagoa), 37 (20H/17M) em Coelho (Remígio), e 112 (53H/59M) em Capivara (Solânea), totalizando 389 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Foi calculado o VU utilizando três cálculos (VUgeral/VUatual/VUpotencial). Utilizou-se a Correlação de Pearson para comparar os VU em cada comunidade e entre as comunidades. Para comparar as citações do gênero entre os municípios, o Teste de Kruskal-Wallis, método de Dunn. Foram registradas 70 plantas, sendo identificadas 58 espécies, 40 gêneros e 18 famílias. Registraram-se 1.995 citações para lenha (1.802atual/913potencial) e 1.342 para carvão (547atual/795potencial). Registrou-se uma forte correlação entre os VU (geral/atual/potencial) de cada comunidade (p<0,05), e entre os gêneros (p<0,05). Quando comparado os homens entre as comunidades, houve correlação positiva no VUgeral e VUatual entre Itaporanga/Lagoa (p<0,05), e no VUpotencial entre Itaporanga com Remígio/São Mamede (p<0,05). Na comparação das mulheres, houve no VUgeral entre Remígio/Solânea (p<0,05), e VUpotencial entre Lagoa/Solânea (p<0,05). Quando se comparou os VU entre as comunidades, só obteve correlação no VUatual entre Itaporanga com Lagoa/São Mamede (p<0,05). As espécies que se destacaram nos VU foram Poincianella pyramidalis Tul., Schinopsis brasiliensis Engl. e Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Os dados apresentados confirmam o uso efetivo das espécies da Caatinga para fins energéticos, necessitando de estudos específicos avaliando a pressão de uso.

Palavras-chave: etnobotânica, valor de uso, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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A APARÊNCIA ECOLÓGICA PODE EXPLICAR A UTILIZAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA?

Arliston Pereira Leite1; Kamila Marques Pedrosa1; Camilla Marques de Lucena1; João Paulo de Oliveira Ribeiro2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba - UFPB

A Hipótese da Aparência argumenta que as espécies úteis mais disponíveis na vegetação tendem a ser mais utilizadas pelas pessoas. O presente estudo testou essa hipótese na comunidade rural Pau D´Arco, município de Itaporanga, sertão da Paraíba (Nordeste, Brasil). No teste, utilizou-se o valor de uso (VU), testando as informações obtidas por meio de três tipos de cálculos: VUgeral, VUatual e VUpotencial. Foi realizado um estudo fitossociológico (parcelas) em duas áreas de vegetação na comunidade (área conservada – A1; área degradada – A2). Foram realizadas entrevistas com 15 informantes (7M/8H, 100% dos chefes domiciliares), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). O Coeficiente de Correlação de Pearson e a Regressão Linear Simples foram usados para correlacionar os dados fitossociológicos e etnobotânicos. A correlação entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson. Entre os VUs utilizou-se Correlação de Pearson e o Teste de Wilcoxon. Foram registradas 18 espécies úteis na A1, e 21 na A2. Registraram-se correlações positivas nas duas áreas, na A1, entre VUgeral com frequência, VUatual com densidade, dominância e área basal (p<0,05). Na A2 entre VUatual com densidade, frequência, dominância, valor de importância e área basal (p<0,05). Com relação as categorias, a única que obteve correlação significativa foi construção ( A1) entre VUatual com dominância, valor de importância e área basal (p<0,05), e na A2 entre VUatual com densidade, dominância, valor de importância e área basal (p<0,05). O teste de Wilcoxon evidenciou que há diferenças entre VUgeral e VUatual, VUgeral e VUpotencial (p<0,0001). Entre VUatual e VUpotencial houve uma diferença pouco expressiva (p<0,05). Os homens e as mulheres consideraram as mesmas espécies como as mais importantes (p<0,0001). A aparência ecológica parece explicar melhor o uso madeireiro na comunidade estudada do que os não madeireiros, e respondeu diferente em cada

Palavras-chave: valor de uso, caatinga, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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ETNOCONHECIMENTO NO MANEJO DA AGROBIODIVERSIDADE EM QUINTAIS URBANOS EM IRATI, PARANÁ

Gabriela Schmitz Gomes1; Ivan Crespo Silva2; Maria Cristina Medeiros Mazza3; Mariângela Lurdes de Borba1; Carlos Miguel de Moraes1

1Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná – UNICENTRO

2Universidade Federal do Paraná – UFPR

3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA-FLORESTAS

Os quintais agroflorestais, reconhecidos como espaços biodiversos manejados próximos às residências, por comportarem muitas espécies vegetais e animais demandam um alto grau de conhecimento por parte dos proprietários no que tange às práticas de condução e utilização dos recursos. Com o objetivo de investigar as práticas de manejo e o conhecimento tradicional associado a este sistema em áreas urbanas e periurbanas na região da Floresta com Araucárias no centro sul do Paraná, foi desenvolvido o presente estudo. Para tanto, foram analisados 20 quintais agroflorestais no município de Irati, distante cerca de 140 km de Curitiba, capital do Estado. Nestes quintais, dados qualitativos e quantitativos foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas direcionadas a informantes qualificados nos meses de janeiro de 2008 a maio de 2009. Os informantes, com idade entre 26 e 86 anos, foram predominantemente mulheres com descendência eslava. Foi encontrado um total de 258 espécies vegetais com finalidades alimentícias, medicinais e ornamentais, que refletem no seu manejo um expressivo etnoconhecimento. Observou-se que os informantes possuem conhecimentos específicos de cultivo (fases lunares, proteção de plantas, épocas de plantio, armazenamento de propágulos), manejo e conservação do solo (cobertura verde, adubação orgânica, compostagem), utilização das espécies (medicamentos, beneficiamento, armazenamento, alimentação animal). Tais conhecimentos foram construidos através de gerações em íntima associação com as condições ecológicas e culturais locais, onde os informantes receberam ensinamentos de manejo do quintal transmitidos por seus pais e avós. Porém, por outro lado, é nítido o desinteresse das novas gerações pelo sistema, o que pode comprometer a sua perpetuidade principalmente em ambientes mais urbanizados. Mecanismos de incentivo aos quintais, como a formação de "grupos de quintalistas" e "redes de trocas", devem ser efetivados, considerando serem um modo de produção adequado a áreas urbanas e periurbanas sob o ponto de vista ecológico e socioeconômico, como demonstrado neste estudo.

Palavras-chave: etnobotânica, sistema agroflorestal, conhecimento tradicional

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PRÁTICAS VETERINÁRIAS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

Amabile Arruda de Souza e Silva1; Pedro Mouzinho de Oliveira Neto2; Simone da Silva3; Thamires Kelly Nunes Carvalho1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Depto. de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

O uso de plantas no tratamento das enfermidades é uma prática antiga no Nordeste. Nesse sentido, o presente estudo registrou e comparou o uso de plantas da caatinga para fins veterinários nos municípios de Cabaceiras (comunidade São Francisco, 123 informantes-53H/70M) e Congo (comunidade Santa Rita, 101 informantes-57H/44M), estado da Paraíba. Realizaram-se entrevistas com os chefes de família, perguntando-se sobre as plantas conhecidas e utilizadas no tratamento das enfermidades dos animais. Assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Para cada espécie, família e categorias de uso calculou-se o VU pelas fórmulas VU=ƩUi/n e VUf=ƩVU/nf. Ui=número de usos mencionados por cada informante, n=número total de informantes, nf=número de espécies na família. A relação entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson. O número de espécies e citações de uso por indicação terapêutica foi comparado pelo Teste G. Registraram-se 22 espécies, 20 gêneros, 13 famílias, 23 indicações terapêuticas. Em Cabaceiras o maior VU foi de Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler (0,36), e no Congo, Mimosa tenuiflora (Willd) Poir. (0,17). Essas plantas se destacaram no VU atribuído por homens e mulheres (0,29/0,83 para T. glaucocarpa; 0,41/0,63 para M. tenuiflora). Com relação ao uso terapêutico, em Cabaceiras, se destacou lavagem uterina pós-parto, e no Congo, cicatrizante. A parte mais usada foi casca, 82% das citações no Congo, e 78% em Cabaceiras. Não houve correlação entre os VUs das comunidades (p>0,05). Os homens e as mulheres tenderam a atribuir os mesmos valores as espécies (p<0,0001), mas quando comparados os valores dos homens das duas comunidades, e das mulheres entre elas, não foram encontradas correlações (p>0,05). Combretaceae se destacou em Cabaceiras (VU=0,35), e Celastraceae no Congo (VU=0,09). O presente estudo evidenciou a importância do uso etnoveterinário, sugerindo a realização de pesquisas que testem tais propriedades em laboratório.

Palavras-chave: etnoveterinária, caatinga, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO COMPARATIVO DO CONHECIMENTO ETNOVETERINÁRIO EM DOIS MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO. PARAÍBA, BRASIL

Amabile Arruda de Souza e Silva1; Pedro Mouzinho de Oliveira Neto2; Cláudio César Montenegro Júnior1; Nayze de Almeida Marreiros1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O tratamento de animais doentes com utilização de remédios tradicionais no semiárido nordestino é uma prática antiga. Este estudo registrou o conhecimento e uso de plantas da caatinga para fins veterinários em duas comunidades rurais nos municípios de Remígio e Solânea, Curimataú da Paraíba. Foram realizadas entrevistas com os chefes de família, perguntando-se sobre as plantas conhecidas e utilizadas para curar as enfermidades dos animais, sendo solicitado a cada informante que assinasse o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). Foram entrevistadas 37 pessoas em Remígio (Comunidade Coelho) e 112 em Solânea (Comunidade Capivara), dessas, apenas 73 citaram o uso de plantas para cura de animais (nove homens e cinco mulheres em Coelho, e 31 homens e 28 mulheres em Capivara). A correlação entre gêneros e entre os VUs foi testada pela correlação de Pearson. O valor de uso foi calculado por meio de três tipos (VUatual/VUpotencial/VUgeral). Foram registradas 16 espécies, 26 indicações terapêuticas, 110 citações de uso (58%H/42%M). A parte mais usada foi a casca em ambos os municípios, seguida da entrecasca. 72% das citações foram de uso atual e 28% de uso potencial. O uso terapêutico mais indicado foi para lavagem uterina após parto em Remígio, e em Solânea o gogo de galinha. Em Solânea e Remígio a espécie de maior VUgeral, VUatual e VUpotencial foi Cynophalla flexuosa (L.) J. Prese. Os VUs nas duas comunidades apresentaram correlação significativa (p<0,0001), e não houve entre os gêneros (p>0,05) em Remígio, já em Solânea houve no VUatual/VUgeral (p<0,0001). Em Solânea e Remígio a principal geração de conhecimento foi vertical com 56% e 65%, respectivamente. 45% das pessoas em Remígio não ensinam seu saber, e 45% em Solânea ensinam. Se faz necessário estudos para comprovar cientificamente o potencial médico dessas espécies em laboratório.

Palavras-chave: etnoveterinária, semiárido, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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USO E CONHECIMENTO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CURIMATAÚ DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

João Everthon da Silva Ribeiro1; Zenneyde Alves Soares2; Kamila Marques Pedrosa2; Simone da Silva3; Reinaldo Farias Paiva de Lucena2

1Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Depto de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Depto de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

A etnobotânica estuda a relação das pessoas com os recursos vegetais, e no presente estudo essa relação foi analisada na comunidade rural Capivara, município de Solânea, com a finalidade de registrar o conhecimento e uso que os moradores atribuem aos recursos vegetais. Foram entrevistados 112 informantes (53 homens/59 mulheres), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As citações de uso foram organizadas em 11 categorias utilitárias. O valor de uso (VU) foi calculado por meio de três cálculos: VUatual, VUpotencial e VUgeral. A correlação entre gêneros e entre os VUs foi testada pela correlação de Pearson e Wilcoxon. A comparação da média com o desvio padrão para os três tipos de VU mostrou uma variação das espécies entre os maiores e menores valores, com a média de 0,94 (±1,46) para o VUgeral, média de 0,59 (±0,97) do VUatual e, 0,35 (±0,55) para o VUpotencial. Foram registradas 53 plantas, identificando-se 45 espécies, 39 gêneros e 17 famílias. Obteve-se 3.645 citações de usos madeireiros e 1.916 não madeireiros. 3.266 citações foram atribuídas por homens e 2.295 por mulheres. As categorias que se destacaram foi combustível (42 spp.) e tecnologia (37 spp.). A parte mais utilizada foi madeira (65%) e casca (12%). As citações de uso atual (63%) foram superiores as de uso potencial (37%). Aspidosperma pyrifolium Mart. obteve os maiores VUgeral (6,9) e VUatual (4,9), e Schinopsis brasiliensis Engl. o VUpotencial (2,3). A. pyrifolium se destacou entre os homens, e entre as mulheres Ziziphus joazeiro Mart. A correlação de Pearson e o teste de Wilcoxon evidenciou que há correlação entre os valores de uso (p<0,05), e entre os gêneros (p<0,05). Os dados evidenciam o forte uso de espécies para fins madeireiros, sendo necessários estudos que avalie o impacto sobre as mesmas.

Palavras-chave: etnobotância, valor de uso, florestas secas

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO COMPARATIVO SOBRE O USO DE ESPÉCIES VEGETAIS PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL (FORRAGEM) EM DIFERENTES REGIÕES DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

Zenneyde Alves Soares1, João Paulo de Oliveira Ribeiro1, Natan Medeiros Guerra1, Carlos Antônio Belarmino Alves1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1.

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

No semiárido nordestino, as populações tradicionais utilizam espécies vegetais nativas como complemento nutricional para seus animais, os quais fornecem leite, carne, couro, outros derivados, além de serem comercializados gerando renda. O presente estudo comparou e registrou o conhecimento sobre as espécies conhecidas e utilizadas como forrageiras em seis comunidades rurais da Paraíba (Nordeste/Brasil), em Cabaceiras (São Francisco, 123 informantes-53 Homen/70 Mulheres), Lagoa (Barroquinha, 66-25H/41M), São Mamede (Várzea Alegre, 36-17H/19M), Solânea (Capivara, 112-53H/59M), Itaporanga (Pau D’Arco, 15-8H/7M), e Remígio (Coelho, 37-17H/20M,) totalizando 389 informantes, que assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Foi calculado o Valor de Uso através do VUgeral/VUatual/VUpotencial, diferenciando as citações de uso efetivo das de uso cognitivo. A Correlação de Pearson foi utilizada para comparar os VU e conhecimento entre gêneros, e o Teste de Kruskal-Wallis, método de Dunn, para comparar os resultados entre as comunidades. No total foram registradas 38 espécies, 35 gêneros e 13 famílias botânicas, 1.345 citações de uso (436 potencial/909 atual) (639-Cabaceiras, 335-Solânea, 174-São Mamede, 102-Remígio, 66-Lagoa, e 29-Itaporanga). As partes mais utilizadas foram folha e fruto (866 e 433 citações). Nas seis comunidades houve correlação positiva entre os VUgeral/atual/potencial (p<0,05), com exceção do VUatual/VUpotencial em São Mamede (p>0,05). Em Remígio, Solânea e Cabaceiras houve correlação entre homens/mulheres em todos os VU(p<0,0001). Em Lagoa, Itaporanga e São Mamede só não houve entre VUatual/VUatual (p>0,05), e entre VUpotencial/VUpotencial em São Mamede (p>0,05). O Teste de Kruskal-Wallis apresentou correlação entre os homens de Lagoa/Itaporanga e Lagoa/São Mamede no VUgeral (p<0,05). No VUatual entre Remígio/São Mamede, Solânea/Lagoa, Cabaceiras/Lagoa e Lagoa/São Mamede (p<0,05), e no VUpotencial Remígio/São Mamede, Cabaceiras/São Mamede e Itaporanga/São Mamede (p<0,05). No teste entre as mulheres, só houve relações no VUatual de Cabaceiras/Lagoa e Lagoa/São Mamede (p<0,05). As espécies que se destacaram foram Ziziphus joazeiro Mart., Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn. e Spondias tuberosa Arruda. Os resultados evidenciaram a importância das espécies forrageiras para as comunidades estudadas através das correlações encontradas e da distinção entre usos atuais de potenciais. Torna-se interessante a realização de estudos que avaliem os aspectos nutricionais/silagem para potencializar o uso destas espécies.

Palavras-chave: etnobotânica, valor de uso, forragem

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS DA CAATINGA NO SERTÃO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

Zenneyde Alves Soares1; Diego Batista de Oliveira Abreu2; Priscilla Clementino Coutinho1; Nayze de Almeida Marreiros1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnobotânica estuda a relação entre homem e planta, sendo uma importante ferramenta para o conhecimento e conservação dos recursos naturais. O presente estudo registrou o conhecimento e uso de espécies úteis na comunidade rural de Besouro, sertão paraibano, município de Lagoa (Paraíba, Nordeste-Brasil). Foram entrevistados 100% dos chefes domiciliares (seis homens e nove mulheres), os quais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido solicitado pelo Conselho Nacional de Saúde por meio do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Para cada espécie, família e categorias de uso calculou-se o seu valor de uso pelas fórmulas VU=ƩUi/n, VUf=ƩVU/nf, e VUc=ƩVU/nc. Ui=número de usos mencionados por cada informante, n=número total de informantes, nf=número de espécies na família, nc=número de espécies na categoria. A relação entre gêneros, e entre os VUs foi testada pela Correlação de Pearson e Teste de Wilcoxon. Os números de espécies e citações de uso por categoria foram comparados pelo Teste de Qui-Quadrado (x2) e Teste G. As citações de uso foram organizadas em 11 categorias. Foram registradas 39 espécies, 34 gêneros e 18 famílias. Registraram-se 729 citações de uso (395 de mulheres e 334 de homens), distribuídas em 11 categorias utilitárias. Myracrodruon urundeuva Allemão e Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan se destacaram (VU=6,2 e 5,33). A categoria em destaque foi construção (VU=0,73) e combustível (VU=0,64). A família com maior valor de uso foi Anacardiaceae (VU=6,2). A parte mais utilizada foi madeira (555 citações). A Correlação de Pearson e Teste de Wilcoxon evidenciaram correlação entre os VUs, e entre os gêneros (r=0,82 e p<0,0001; Z=2,26 e p<0,05). A relação entre citações de uso e espécies na categoria foi significativa (x2=37,50, p<0,05; teste G p=0,001). Os dados evidenciam o forte uso de espécies para fins madeireiros, sendo necessários estudos que avaliem o impacto sobre as mesmas.

Palavras-chave:

Área temática: Etnobotânica

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Page 181: Anais Ixsbee

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ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS EM CONSTRUÇÕES RURAIS (CERCAS) NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL.

Antônio Honório do Nascimento Filho1; João Paulo da Silva1; Thamires Kelly Nunes Carvalho1; Viviany Teixeira do Nascimento2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Depto de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Nas áreas rurais da caatinga podem ser vistas diversas construções para várias finalidades, e entre essas se tem as cercas, que são utilizadas para demarcar áreas. Com base nesse cenário, o presente trabalho registrou o de uso de espécies vegetais utilizadas na construção de cercas na comunidade rural de São Francisco, município de Cabaceiras, Paraíba. Foram selecionadas propriedades rurais que apresentaram cercas com um tamanho mínimo de 50 metros, totalizando 70 amostras. Em cada cerca foram identificados os elementos, anotando medidas de seu perímetro e altura, além de analisar a diversidade de espécies utilizadas. Foram realizadas entrevistas com os 70 mantenedores, sendo questionados sobre a construção e o manejo das cercas. Os informantes assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). As cercas foram divididas em de arame farpado, faxina e mistas. Foram analisadas 42 cercas de faxina, 22 de arame farpado e seis mistas. Nos 3500m estudados foram encontrados 76.666 indivíduos, distribuídos em 12 espécies e cinco famílias botânicas. 97% dos elementos são mortos e 3% de vivos (nativos e exóticos). 87% dos elementos foram obtidos de plantas nativas e 3% de exóticas, e 10% não foi identificado. Os elementos apresentaram um perímetro médio de 12,49cm (±4,44), e tamanho médio de 1,58m (±0,13). As espécies nativas predominantes foram: Aspidosperma pyrifolium Mart (60% dos indivíduos) e Croton blanchetianus Baill. (39,5%). As cercas de faxina predominaram (60%), confeccionadas com varas de A. pyrifolium e C. blanchetianus, principalmente. Das exóticas, destaca-se Prosopis juliflora (Sw.) DC, com 2.147 indivíduos (2,8%). A preferência por A. pyrifolium e C. blanchetianus se deu por sua abundância local e boa resistência a fatores bióticos e abióticos. Com relação ao manejo, 100% dos entrevistados informaram que usam os elementos descartados como combustível (lenha), contribuindo assim na conservação das espécies locais.

Palavras-chave: etnobotânica, uso madeireiro, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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Page 182: Anais Ixsbee

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TIPOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES RURAIS (CERCAS) NO MUNICÍPIO DE CABACEIRAS, PARAÍBA, BRASIL.

Antônio Honório do Nascimento Filho1; João Paulo da Silva1; Diego Batista de Oliveira Abreu1; Viviany Teixeira do Nascimento2; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Depto de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Na região rural do semiárido podem ser observados diversos tipos de cercas na paisagem, sendo importantes na limitação das áreas habitadas e não habitadas. O presente estudo registrou a tipologia das cercas na comunidade rural São Francisco, em Cabaceiras, Paraíba. Foram selecionadas 70 propriedades rurais que apresentaram cercas com um tamanho mínimo de 50 metros. Em cada cerca foram identificados os elementos, e analisado a diversidade de espécies utilizadas. Foram realizadas entrevistas com 50 homens e 20 mulheres, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (aprovação CEP/HULW nº 297/11). As cercas foram divididas em cercas de arame farpado (uso de arame e estacas de espessura ≥ 18cm, com distância de 1m TIPO 1), faxina (uso maior de varas juntas com espessura ≥ 18cm, TIPO 2), mistas (união das duas anteriores, TIPO 3) e cercas vivas (elementos vivos, TIPO 4). Foram analisadas 42 cercas de faxina, 22 de arame farpado e seis mistas. 20% dos informantes mencionaram que a vantagem do TIPO 1 é a facilidade de manejo e o preço acessível do arame farpado, e disponibilidade local de Prosopis juliflora (Sw.) DC., apesar da espécie mais registrada ter sido Aspidosperma pyrifolium Mart. 96% mencionaram que a grande vantagem no TIPO 2 é a simplicidade empregada no manejo da mesma, entretanto, 76% apontaram como desvantagem a pouca durabilidade dos elementos. 86% mencionaram vantagens no TIPO 4, sendo: importância ambiental, sombra, durabilidade, uso medicinal e uso forrageiro dos elementos da cerca. Não se obteve cercas exclusivamente vivas, e sim elementos vivos compondo as cercas. Foi discutido ainda o tipo de cerca feita exclusivamente com rochas, as quais foram extintas localmente devido a dificuldade no manejo. Os informantes afirmaram que devido a extinção local das espécies, seria importante a adoção das cercas vivas.

Palavras-chave: etnobotânica, caatinga, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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Page 183: Anais Ixsbee

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CARACTERIZAÇÃO DO CONHECIMENTO LOCAL SOBRE USO E MANEJO DA Bromelia Antiacantha (BROMELIACEAE) NO PLANALTO NORTE CATARINENSE.

Samantha Filippon¹, Andréa Grabriela Mattos¹, Nivaldo Peroni¹, Maurício Sedrez dos Reis¹.

¹Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

O manejo de plantas nativas é uma alternativa capaz de promover um incremento de renda para agricultores locais, ao mesmo tempo em que pode representar uma opção de conservação pelo uso e de resgate e difusão do conhecimento tradicional. As comunidades que utilizam um determinado recurso vegetal, possuem saberes sobre os aspectos ecológicos das plantas, usos e manejo. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo caracterizar os principais usos de B. antiacantha, uma Bromeliaceae nativa da Mata Atlântica, por agricultores familiares da Comunidade da Campininha, Município de Três Barras, SC – Brasil. Numa amostra de agricultores escolhidos através de amostragem “bola de neve” (N=29), foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas. A maioria dos informantes (N=20) relataram conhecer a espécie desde a infância e a chamam de caraguatá. Foram descritos usos como alimento (palmito) e xarope. Nas propriedades que possuíam o caraguatá, 60% das rosetas da espécie eram plantadas como cercas vivas, evidenciando desta forma seu manejo e uso mais comum na comunidade. As cercas de caraguatá são utilizadas há décadas (80 a 100 anos, pelo menos), indicando uma ação clara de domesticação de paisagem. A confecção e estrutura das cercas vivas indica que em algum momento as plantas podem passar por algum tipo de seleção (vigor, facilidade de manuseio, tamanho). A seleção e manipulação das plantas, as quais podem ocorrer em diferentes intensidades, podem levar a modificações no ciclo de vida da planta e em sua estrutura genética, implicando em um processo de domesticação das populações em uso. Neste sentido, os estudos com foco no conhecimento local sobre o uso e manejo local da espécie estão sendo continuados a fim de se explicitar e caracterizar o processo de domesticação da espécie.

Palavras-chave: domesticação, espécie nativa, cerca viva

Área temática: Etnobotânica

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O USO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO-CONVENCIONAIS NA COMUNIDADE RIBEIRINHA DE SACAI, CARACARAÍ, RORAIMA

Jordânia Gabriela Aires Santana¹, Juliane Marques de Souza¹

¹Universidade Estadual de Roraima – UERR

As plantas nativas constituem um importante patrimônio cultural e econômico para as populações tradicionais, no entanto, em muitos locais elas são vistas apenas como “mato” ou “plantas do mato” e seu potencial nutritivo é negligenciado. Aqui, espécies vegetais com este potencial são chamadas de Plantas Alimentícias Não-Convencionais – PANC’s as quais, apresentam grande importância à alimentação diária humana. O presente estudo foi desenvolvido na vila de Sacai, comunidade ribeirinha localizada no município de Caracaraí, Sul do estado de Roraima. Os habitantes da comunidade utilizam de costumes e saberes tradicionais como os principais meios de manter seus hábitos de alimentação e sobrevivência. O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de diagnosticar quais PANC’s existiam na região de Sacai, destacando a principal utilização de cada uma, ressaltando ainda, quantas fizeram ou ainda fazem parte da dieta alimentar das famílias que ali se encontram. Para a identificação de PANC’s foram desenvolvidas pesquisas etnobotânicas as quais possibilitam o resgate de saberes tradicionais sobre espécies vegetais tomando conhecimento de suas diferentes formas de uso e manejo. Utilizou-se também, metodologias participativas baseadas na aplicação do método Diagnóstico Rural Participativo – DRP. Depois de identificadas como não convencionais e após passarem por todos os procedimentos necessários, as amostras foram levadas ao Herbário da Universidade Estadual de Roraima onde foram taxonomicamente identificadas. Foram encontradas sete espécies de PANC’s com potencial alimentício, distribuídas em cinco famílias botânicas. Além do potencial alimentício, algumas das espécies encontradas apresentam benefícios à agricultura quando utilizadas como adubo verde. Neste sentido, é importante destacar que os estudos com plantas não- convencionais estão assumindo grande importância por resgatar saberes tradicionais e contribuir com a segurança nutricional de comunidades que não possuem acesso facilitado a plantas convencionais.

Palavras-chave: plantas alimentícias não-convencionais, potencial alimentício, saberes tradicionais

Área temática: Etnobotânica

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JARDIM BOTÂNICO DE OURO PRETO: UMA ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA HISTÓRICA.

Nathália Alves de Sousa¹, Viviane Scalon²

¹Pós Graduação em Botânica, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

²Herbário José Badini, Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

A etnobotânica histórica é importante aliada na tentativa de melhor compreendermos as relações de populações de outrora com as plantas e tentarmos estabelecer comparações das interações com vegetais pelas populações atuais. Jardins Botânicos (JB) sempre exerceram importantes funções, como aclimatação, cultivo de plantas econômicas e conservação de espécies na história do Brasil. Nesse contexto, propomos a investigação dos usos de espécies cultivadas no Jardim Botânico de Ouro Preto (JBOP), um jardim luso-brasileiro da época imperial que atuou cerca de 30 anos na cidade de Ouro Preto, região central de Minas Gerais. Através de consultas a arquivos públicos e bibliotecas, investigamos sua importância econômica e científica no fim do séc. XVIII e durante o séc. XIX. A partir da lista de espécies presentes no JBOP em 1835, num total de 28 espécies, foram analisadas origem e categorias de uso, objetivando assim compreender melhor o papel que o Jardim exercia na cidade. Das espécies relatadas, 32% eram nativas enquanto 68% eram exóticas, dado que enfatiza o principal papel de um JB naquela época, a introdução e aclimatação de espécies exóticas de interesse econômico. Para caracterização etnobotânica histórica, utilizamos quatro categorias de uso: alimentação, medicinal, construção e ornamental. 40% das espécies eram alimentícias enquanto 5,33% representavam “árvores de construção”. Espécies ornamentais eram 53,33% e 28% eram medicinais. Há também o relato da quantidade dessas plantas, merecendo destaque o Chá da Índia (Thea viridis L.), demonstrando que a importância do local não se restringia somente à introdução de plantas exóticas, mas também a otimização do processo de plantio, cultura e colheita de espécies de valor econômico, como a cultura do chá, de grande expressão e importância para a cidade no fim do séc. XIX e início do séc. XX. O JBOP foi desativado ainda no séc. XIX e atualmente sua área original encontra-se abandonada.

Palavras-chave: etnobotânica histórica, jardim botânico, ouro preto.

Área temática: Etnobotânica.

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SABER POPULAR SOBRE PLANTAS: UM LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO EM ÁREAS RURAIS DE PIRACICABA-SP.

Kayna Agostini¹, Vivian Zambon¹

¹Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP

O resgate das informações sobre a natureza e seus recursos é de grande valia para os mais variados estudos e também para perpetuação deste conhecimento, de forma que não fique perdido no tempo e nem restrito a poucos. Moradores de áreas rurais possuem um grande saber sobre o meio em que vivem, pois estão próximos aos recursos naturais e, muitas vezes, dependem diretamente deles para sobrevivência e renda. Nas últimas décadas houve uma grande emigração dos jovens das áreas rurais para áreas urbanas, principalmente devido às oportunidades de emprego e às facilidades da cidade. Esse fato pode vir a reduzir o conhecimento popular sobre plantas, uma vez que dificulta a transmissão do mesmo, resultando na restrição e perda do caráter utilitário desses saberes. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento das espécies vegetais utilizadas em comunidades rurais do município de Piracicaba/SP, tendo em vista a análise das formas de uso e de como o conhecimento acerca da flora local foi adquirido e é repassado pelos moradores das áreas estudadas. Foram utilizados questionários idênticos para todos os moradores entrevistados e as plantas citadas foram divididas em cinco categorias: Alimentícia (88), Medicinal (42), Ornamental (26), Condimentar (16), Ritual-Religioso (4) e Outros (10), totalizando 186 espécies, distribuídas em 42 famílias botânicas, entre as quais se destacaram as famílias Lamiaceae (11), Asteraceae (7) e Rosaceae (6). Os resultados demonstraram a grande riqueza vegetal presente nas áreas pesquisadas, bem como a importância do conhecimento popular transmitido oralmente e mantido por gerações através de pessoas comprometidas com o meio em que vivem e detentoras de um grande conhecimento.

Palavras-chave: etnobotânica, resgate cultural, conhecimento popular

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

Núbia da Silva¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Nayze Almeida Marreiros¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnobotânica aborda a forma como diferentes grupos humanos interagem com os recursos vegetais. No presente estudo essa relação foi analisada na comunidade rural São Francisco, município de Cabaceiras (Paraíba/Nordeste/Brasil), buscando analisar o conhecimento e uso que os moradores atribuem aos recursos vegetais. Foram entrevistados 123 informantes (53H/70M), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As citações de uso foram organizadas em 11 categorias. Utilizou-se o valor de uso (VU) testando as informações obtidas por meio dos três tipos de cálculos (VUatual, VUpotencial e VUgeral). A correlação entre gêneros e entre os VUs foi testada pela Correlação de Pearson e Teste de Wilcoxon. A comparação da média com o desvio padrão para os três tipos de VU mostrou uma variação das espécies entre os maiores e menores valores, com a média de 0,95(±1,18) para o VUgeral, média de 0,49(±0,65) do VUatual e, 0,46(±0,57) para o VUpotencial. Foram registradas 40 plantas, identificando-se 38 espécies, 34 gêneros e 15 famílias. Obteve-se 2.505 citações de usos madeireiros e 2.134 não madeireiros. 2.488 citações foram atribuídas por homens, e 2.151 por mulheres. As categorias que se destacaram foi forragem (29 spp.) e tecnologia (26 spp.). A parte mais utilizada foi madeira (54%). As citações de uso atual (63%) foram superiores as de uso potencial (37%). Myracrodruon urundeuva Allemão obteve os maiores VUgeral (4,6), VUatual (2,3) e VUpotencial (2,3). M. urundeuva também obteve destaque entre homens (VUgeral=5,4; VUpotencial=2,6) e mulheres (VUgeral=4,0; VUatual=1,9; VUpotencial=2,1). A correlação de Pearson e o teste de Wilcoxon evidenciaram fortes correlações entre todos os valores de uso (p<0,0001), e entre os gêneros (p<0,05). Os dados evidenciam o uso atual de muitas espécies, sendo necessários estudos que avaliem o impacto sobre as mesmas, principalmente sobre M. urundeuva, que está ameaçada de extinção.

Palavras-chave: etnobotânica, valor de uso, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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A APARÊNCIA ECOLÓGICA EXPLICA A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS EM UMA COMUNIDADE RURAL NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA

Núbia da Silva¹, José Ribamar de Farias Lima², João Everthon da Silva Ribeiro¹, Gleicy Deise Santos Lima¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A hipótese da aparência ecológica enfatiza que as plantas aparentes (encontradas facilmente na vegetação), são as mais importantes e utilizadas pelas populações tradicionais nas florestas tropicais. O presente estudo testou essa hipótese para identificar as relações entre o conhecimento e uso de recursos vegetais da Caatinga por uma comunidade rural (Cabaceiras, Nordeste, Brasil). Utilizou-se o valor de uso (VU) testando as informações obtidas por meio dos três cálculos (VUatual/VUpotencial/VUgeral). VUatual se refere ao uso corrente, VUpotencial aos usos do passado/abandonados. Foi realizado um estudo fitossociológico (100 parcelas), e entrevistas com 123 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa. Foi utilizada a Correlação de Spearman para correlacionar os dados fitossociológicos (abundância/dominância) com os etnobotânicos. Registraram-se no fragmento florestal 14 espécies úteis, 14 gêneros, oito famílias. Verificaram-se correlações dos VU das espécies com os parâmetros fitossociológicos, entre VUgeral com área basal (rs=0,69; p<0,01), densidade (rs=0,54; p<0,05), dominância (rs=0,69; p<0,01); VUatual com área basal (rs=0,66; p<0,01), dominância (rs=0,64; p<0,01); VUpotencial com área basal (rs=0,68; p<0,01), dominância (rs=0,68; p<0,01). Na comparação com as categorias de uso obtiveram-se correlações em Construção entre VUgeral com área basal (rs=0,74; p<0,05) e dominância (rs=0,73; p<0,05); VUatual com área basal (rs=0,83; p<0,01), densidade (rs=0,66; p<0,05), dominância (rs=0,83; p<0,01), frequência (rs=0,67; p<0,05), Forragem entre VUgeral com área basal (rs=0,60; p<0,05); VUatual com área basal (rs=0,60; p<0,05); VUpotencial com área basal (rs=0,63; p<0,05) e dominância (rs=0,58; p<0,05), Medicinal entre VUgeral com área basal (rs=0,72; p<0,05), dominância (rs=0,66; p<0,05); VUatual com área basal (rs=0,72; p<0,05), dominância (rs=0,64; p<0,05); VUpotencial com área basal (rs=0,66; p<0,05), dominância (rs=0,67; p<0,05). A hipótese da aparência evidenciou respostas diferentes quando analisada, fazendo a distinção entre uso atual e potencial. A hipótese, de forma geral, parece responder a utilização de recursos vegetais na comunidade estudada.

Palavras-chave: florestas secas, valor de uso, etnobotânica quantitativa.

Área temática: Etnobotânica

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AVALIAÇÃO DE PLANTAS ÚTEIS POR MEIO DO ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO EM UMA COMUNIDADE RURAL NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA.

João Paulo de Oliveira Ribeiro¹, José Ribamar de Farias Lima², Ramon Santos Souza³, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

³Departamento de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UFPB

Nos últimos anos, os estudos etnobotânicos têm obtido informações que podem ser utilizadas na elaboração de estratégias conservacionistas e no uso sustentável dos recursos tropicais. O presente estudo por meio do Índice de Prioridade de Conservação (IPC) procurou identificar as espécies nativas da caatinga que precisa de uma atenção conservacionista na comunidade rural de São Francisco, município de Cabaceiras, mesorregião da Borborema e microrregião do Cariri Oriental (Paraíba/Nordeste/Brasil). Foi realizado um levantamento fitossociológico (parcelas), e aplicadas entrevistas com 123 informantes (53 Homens e 70 Mulheres), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). O IPC foi calculado por meio de dados etnobotânicos e fitossociológicos segundo a fórmula: IPC= UL + DU + SE + DR + FR. Onde: UL o nº de informantes que citaram a espécie; DU o nº de usos atribuídos à espécie; SE os tipos de sinais extrativistas visualizados nas áreas amostrais; DR a densidade relativa e FR a frequência relativa do levantamento fitossociológico. No caso do SE foi considerado o maior escore, visto que uma mesma espécie poderia se enquadrar em mais de um valor (exemplo: rebrota e tronco). Cada espécie recebeu um escore representado pelo somatório dos critérios adotados. Foram registradas 14 espécies úteis, 14 gêneros e oito famílias. Destacaram-se: Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan (escore= 44), Myracrodruon urundeuva Allemão (escore= 38), Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet, Maytenus rigida Mart., (ambas com escore= 35), Cnidoscolus quercilolius Pohl (escore= 34), Ximenia americana L. (escore= 33). A partir desses dados observou-se a necessidade de uma ação conservacionista com as espécies que apresentaram maior escore. Sugere-se a realização de estudos específicos com tais espécies para avaliar a sua situação na vegetação e possíveis pressões de uso sobre as mesmas.

Palavras-chave: biodiversidade, caatinga, etnobotânica quantitativa

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E UTILIZAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM CONSTRUÇÕES RURAIS E DOMÉSTICAS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

Natan Medeiros Guerra¹, Daniel da Silva Gomes¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Carlos Antônio Belarmino Alves¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

As plantas são utilizadas pelas populações em diversas finalidades madeireiras, como exemplo, as construções rurais e domésticas. O presente estudo registrou e comparou o conhecimento e uso de plantas lenhosas nativas da caatinga em construções em seis comunidades rurais da Paraíba. Foram entrevistados 389 informantes nas comunidades Várzea Alegre (São Mamede, 36-17H/19M), Coelho (Remígio, 37-17H/19M), Capivara (Solânea, 112-53H/59M), Barroquinha (Lagoa, 66-25H/41M), São Francisco (Cabaceiras, 123-53H/70M) e Pau D’Arco (Itaporanga, 15-8H/7M), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Calculou-se Valor de Uso das espécies por meio de três cálculos (VUGeral/VUAtual/VUPotencial). Foi testada a relação entre os VU, e homens/mulheres pela Correlação de Pearson, e das comunidades pelo Teste de Kruskal-Wallis. Registraram-se diferentes utilidades para as plantas em cada comunidade, obtendo 388 citações, 20 usos e 20 spp em Várzea Alegre; 352 citações, 18 usos e 29 spp. em Coelho; 1.354 citações, 16 usos e 41 spp. em Capivara; 892 citações, 16 usos e 27 spp. em Barroquinha; 969 citações, 16 usos e 19 spp. em São Francisco; e 245 citações, 11 usos e 18 spp. em Pau D’Arco, destacando-se Aspidosperma pyrifolium Mart, no Cariri (Cabaceiras) e Curimataú (Solânea/Remígio), e Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan no Sertão (Lagoa/Itaporanga), e Mimosa tenuiflora Willd. Poir. no Seridó(São Mamede). Foram registradas 2.406 citações de uso para construções rurais distribuídos em 18 usos, e 1.785 para domésticas em 12. Registrou-se uma forte correlação entre os VU(geral/atual/potencial) de cada comunidade(p<0,0001), e entre os gêneros (p<0,05). Não houve correlação entre as citações das mulheres(p>0,05), contudo, entre os homens teve correlação positiva no VUgeral de Itaporanga com Solânea/Remígo/Cabaceiras, e São Mamede com Lagoa/Solânea (p<0,05). No VUatual de Itaporanga com São Mamede/Remígio/Solânea, de São Mamede com Lagoa/Solânea (p<0,05). No VUpotencial não houve correlações. O presente estudo demonstrou a importância das plantas nas construções no semiárido, que o conhecimento é distinto entre gêneros, a necessidade da distinção ente usos atuais/potenciais.

Palavras-chave: etnobotânica, valor de uso, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE Myracrodruon urundeuva ALLEMÃO E Anadanthera colubrina (Vell.) BRENAN EM QUATRO MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO PARAÍBANO (NORDESTE DO BRASIL).

Daniel da Silva Gomes¹, Kamila Marques Pedrosa¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Natan Medeiros Guerra¹ , Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Myracrodruon urundeuva Allemão (aroeira) e Anadanthera colubrina (Vell.) Brenan (angico) são espécies utilizadas para diversos fins nas regiões semi-áridas, estando a primeira na lista de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente, e a segunda em risco. O presente estudo registrou o uso e conhecimento dessas espécies em quatro comunidades rurais do semi-árido da Paraíba, São Francisco (Cabaceiras, 123 informantes), Capivara (Solânea, 112), Coelho (Remígio, 37) e Barroquinha (Lagoa, 66). Foram realizadas entrevistas com os 338 chefes de família , os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/110). As espécies foram organizadas em oito categorias de uso. Foi realizado o teste de Correlação de Pearson entre as comunidades, e entre os informantes da mesma comunidade. Foram registradas 681 citações de uso para A. colubrina (136/Cabaceiras-77H/59M, 195/Solânea-113H/82M, 16/Remígio-13H/3M, 334/Lagoa-168H/166M), e 1.461 para M. urundeuva (567/Cabaceiras-287H/280M, 506/Solânea-283H/223, 70/Remígio-31H/39M, 318/Lagoa-143H/175M). M. urundeuva obteve citações de uso madeireiro 1.028 (554H/474M) e 433 não madeireiro (190H/243M); e A. colubrina 527 madeireiro (296H/231M) e 154 não madeireiro (75H/79M). Considerando os informantes (homem/mulher) da mesma comunidade, só em Remígio e com A. colubrina não houve correlação (p>0,05). Todas as demais, tanto para M. urundeuva como para A. colubrina, apresentou fortes correlações positivas entre as citações de homens e mulheres (p<0,05). Comparando os homens das comunidades só houve correlação entre as citações da A. colubrina nas comunidades de Cabaceiras/Solânea (rs=9252; p<0,0001), mas com M. urundeuva obteve-se correlação positiva na maioria das comunidades (p<0,05), com exceção de Remígio/Lagoa e Remígio/Cabaceiras (p>0,05). Com relação às mulheres e o uso de A. colubrina, teve correlação entre Cabaceiras/Solânea, Cabaceiras/Remígio e Solânea/Remígio (p<0,05), e com M. urundeuva em todas as comunidades (p<0,05). Os dados evidenciam o forte uso madeireiro para as espécies estudadas, podendo colocá-las em risco de extinção local.

Palavras-chaves: etnobotânica, caatinga, conservação

Área temática: Etnobotânica

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EXPLORANDO AS POTENCIALIDADES ALIMENTÍCIAS E FORRAGEIRAS DE CACTÁCEAS EM REGIÕES DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

Camilla Marques de Lucena¹, Ernane Nogueira Nunes¹, Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Zelma Glebya Maciel Quirino³, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Laboratório de Ecologia Vegetal, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Apesar das cactáceas assumirem o papel principal na alimentação de animais, sobretudo em períodos de estiagem, estudos vem registrando o uso delas na alimentação humana. O presente estudo registrou o conhecimento e uso que agricultores das comunidades rurais de São Francisco (Cabaceiras-PB, 118 informantes, 50H/68M), Barroquinha e Besouro (Lagoa-PB, 52, 19H/33M), Várzea Alegre (São Mamede-PB, 37, 18H/19M) e Capivara (Solânea-PB, 62, 29H/33M) possuem em relação as cactáceas alimentícias e forrageiras, totalizando 269 informantes. Os chefes de família que participaram da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). A relação entre gênero foi testada pela Correlação de Pearson, e a relação entre as mulheres, e entre os homens das comunidades, pelo Teste de Kruskal-Wallis. Foram registradas 556 citações de uso(291M/265H) para alimento, e 932(483M/449H) para forrageira. Em Capivara, Várzea Alegre e São Francisco a espécie mais citada para alimento foi Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & Rowley., sendo o fruto a parte mais consumida “in natura”. Já em Barroquinha e Besouro, Cereus jamacaru DC. obteve o maior número de citações, sendo o fruto a parte mais utilizada. Para forragem, em Capivara, Barroquinha, Besouro e São Francisco houve a preferência por Opuntia-ficus indica L. Mill. Já em Várzea Alegre, a mais citada foi P. gounellei, sendo a mesma queimada para servir aos animais. Em todas as comunidades houve correlação positiva entre as citações de homens e mulheres(r>0,90; p<0,05), já entre as comunidades não houve correlação quando comparado o conhecimento de homens e mulheres dentro das categorias. O presente estudo demonstrou a importância que as cactáceas possuem não só na alimentação dos rebanhos, mas também como alimento humano, sugerindo a realização de mais estudos etnobotânicos e agronômicos para cultivo, seleção de variedades e estudos nutricionais e gastronômicos para potencializar o uso destas espécies regionais.

Palavras-chave: etnobotânica, cactos, populações tradicionais

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PLANTAS ALIMENTÍCIAS EM TRÊS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL.

Ernane Nogueira Nunes¹, Natan Medeiros Guerra¹, Arliston Pereira Leite¹, Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O potencial alimentício das espécies vegetais da caatinga vem sendo explorado há décadas em todo Nordeste, seja para fins emergenciais ou culturais. O presente estudo registrou o conhecimento e o uso que os moradores de três comunidades rurais fazem das espécies alimentícias nativas, sendo realizadas entrevistas nas comunidades de Pau D’Arco (Itaporanga – 15, 7M/8H), Barroquinha (Lagoa – 66, 41M/25H) e Várzea Alegre (São Mamede – 36, 19M/17H), totalizando 117 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (CEP/HULW nº297/11). O VU foi calculado utilizando três formas (VUgeral, VUatual e VUpotencial). A Correlação de Pearson foi utilizada para comparar os VUs. O Teste de Kruskal-Wallis pelo Método de Dunn para relacionar os VU dos homens entre eles, e das mulheres entre elas nas comunidades. Foram registradas 14 espécies, 13 gêneros, dez famílias. Ximenia americana L. se destacou na comunidade Pau D’Arco (VUgeral=0,86; VUatual=0,73; VUpotencial=0,13), seguida por Copernicia prunifera (Miller) It. E.Moore (VUgeral=0,33; VUpotencial=0,26) e Ziziphus joazeiro Mart (VUatual=0,26). Em Barroquinha, Cajazeira (Indet. 1) (VUgeral=0,06; VUatual=0,05) e Z. joazeiro (VUgeral=0,06; VUpotencial=0,05). Em Várzea Alegre, Spondias tuberosa Arruda (VUgeral=1,44; VUatual=0,92; VUpotencial=0,53) e Cnidoscolus quercifolius Pohl. (VUgeral=0,33; VUatual=0,28). A parte mais usada foi o fruto com 100% das citações em Pau D’Arco e Barroquinha, 94% em Várzea Alegre. Dez formas de preparo foram registradas (1 em Pau D’Arco ; 2 em Barroquinha; 1º em Várzea Alegre), destacando-se o consumo em fresco. Uma forte correlação entre VUgeral e VUatual foi encontrada nas três comunidades (p<0,05). Em Várzea Alegre, a correlação se repetiu entre VUgeralxVUpotencial e VUatualxVUpotencial (p<0,0001). Entre os gêneros apenas o VUgeral das mulheres de Pau D’Arco e Barroquinha apresentaram correlação (p<0,05). Os resultados evidenciam o conhecimento e o uso das espécies alimentícias pelas comunidades estudadas, bem como a necessidade da distinção entre uso atual e uso potencial.

Palavras-chave: etnobotânica, valor de uso, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETONOBOTÂNICO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS EM TRÊS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

Elizabethe Quintella de Lima¹,Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Ricardo Elesbão Alves², Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pesquisador da EMBRAPA Agroindústria Tropical, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A utilização dos recursos vegetais para fins alimentícios é antiga nas comunidades rurais do semiárido brasileiro, sendo algumas espécies reconhecidas como alimentos emergenciais. O presente estudo registrou e comparou o conhecimento e uso de plantas da Caatinga como alimento em três comunidades rurais da Paraíba, realizando entrevistas nos municípios de Cabaceiras (Comunidade São Francisco, 123 informantes, 70M/53H), Remígio (Coelho, 37-20M/17H) e Solânea (Capivara, 112-59M/53H), totalizando 272 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa(CEP/HULW nº297/11). Foi calculado o VU utilizando três cálculos: VUgeral, VUatual e VUpotencial. A relação entre os VU e entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson. O Teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para analisar a relação entre homens e mulheres das comunidades. Foram registradas dez espécies, nove gêneros e nove famílias. Spondias tuberosa Arruda se destacou em São Francisco (VUgeral=1,18; VUatual=1,10), já no VUpotencial foi Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T. D. Penn. (0,26). Em Coelho e Capivara, S. tuberosa obteve os maiores valores (VUgeral=0,91; VUatual=0,75; VUpotencial=0,16; VUgeral=0,94; VUatual=0,82; VUpotencial=0,23, respectivamente). Nas comunidades, a parte mais usada foi fruto com 98% das citações de uso. Nas comunidades de Solânea e Remígio houve correlação entre todos os valores de uso (p<0,0001), já em Cabaceiras só entre VUgeral e VUatual (p<0,0001). Não houve correlação entre os homens e entre as mulheres das diferentes comunidades (p>0,05). Quando comparados homens e mulheres da mesma comunidade, encontraram-se correlações fortes nos três municípios (p<0,0001). O conhecimento foi obtido com a família de forma vertical (80% em Cabaceiras, 38% em Remígio e 41% em Solânea). Na transmissão, em Cabaceiras, a forma circular predominou (43%), e a vertical em Remígio e Solânea (19%; 30%, respectivamente). O estudo evidenciou a importância das plantas alimentícias nas comunidades estudadas, e da distinção entre citação atual e potencial.

Palavras-chave: caatinga, populações tradicionais, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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IMPORTÂNCIA RELATIVA X VALOR DE USO DE PLANTAS MEDICINAIS EM DIFERENTES COMUNIDADES RURAIS NO ESTADO DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL.

João Everthon da Silva Ribeiro¹, Natan Medeiros Guerra¹, Ezequiel da Costa Ferreira², Ricardo Batista dos Santos³, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

² Setor de Ecologia e Biodiversidade, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

³Departamento de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Existem registros do conhecimento e utilização de plantas medicinais desde a antiguidade até os dias atuais. Estudos etnobotânicos têm registrado o uso dessas plantas e buscado identificar as mais importantes localmente por meio de índices como valor de uso (VU) e importância relativa (IR). O presente estudo analisou e comparou o elenco das espécies medicinais mais importantes em seis municípios da Paraíba. Foram entrevistados moradores das comunidades rurais de São Francisco (Cabaceiras, 123 informantes, 53 Homens/70 Mulheres), Pau D’Arco (Itaporanga, 15,8H/7M), Barroquinha (Lagoa, 66,25H/41M), Coelho (Remígio, 37,20M/17H), Várzea Alegre (São Mamede, 36,17H/19M), Capivara (Solânea, 112,53H/59M), totalizando 389 que assinaram o termo de consentimento exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Os dados foram calculados pela importância relativa (IR), IR=NSC+NP, e pelo valor de uso (VU) calculado por meio de três cálculos (VUatual,/VUpotencial/VUgeral). A correlação entre os VU e o IR foi testada pela Correlação de Spearman. Foram registradas 46 espécies medicinais, sendo 25 em Cabaceiras, 36 em Lagoa, 25 em São Mamede, 13 em Itaporanga, 25 em Remígio e 28 em Solânea. A que se destacou no IR em Cabaceiras, Remígio e Lagoa foi Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T.D.Penn.; São Mamede, Cnidoscolus quercifolius Pohl.; Itaporanga e Solânea, Myracroduon urundeuva Allemão. Com relação ao VU, a que se destacou em Cabaceiras e Lagoa foi S. obtusifolium (0,96 e 1,10, respectivamente); São Mamede, C. quercifolius com VU=1,33; Itaporanga e Remígio, Poincianella pyramidalis Tul. (0,73 e 0,84, respectivamente); Solânea, M. urundeuva (1,27). Observou-se que as espécies que se destacaram no IR são, praticamente, as mesmas nas comunidades estudadas. Todos os VU se relacionaram de forma positiva com o IR em todas as comunidades (p<0,0001). Foi evidenciado que as mesmas espécies receberam o maior valor no VU e o IR nas comunidades estudadas.

Palavras-chave: etnobotânica quantitativa, caatinga, plantas medicinais

Área temática: Etnobotânica

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TIPOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES RURAIS (CERCAS) NO MUNICÍPIO DE REMÍGIO, PARAÍBA, BRASIL.

Antônio Honório do Nascimento Filho¹, Natan Medeiros Guerra¹, Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Viviany Teixeira do Nascimento³, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

³Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

As espécies vegetais da caatinga são utilizadas para diversas finalidades pelas populações humanas, desde usos não madeireiros a madeireiros, como exemplo, as construções de cercas. Nessa categoria de uso, pode ser observado o uso das plantas na construção das cercas utilizadas para demarcar as áreas das propriedades rurais. O presente estudo analisou a tipologia das cercas, buscando identificar os tipos preferidos e as espécies utilizadas, na comunidade rural Coelho, município de Remígio (Paraíba/Nordeste/Brasil). Foram selecionadas 19 propriedades rurais que apresentaram cercas com um tamanho mínimo de 50 metros, desconsiderando as que tinham menos de 50 metros. Em cada cerca foram identificados os elementos (vara/estaca/mourão), e analisado a diversidade de espécies utilizadas. Foram realizadas entrevistas com 11 homens e oito mulheres, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As cercas foram divididas em cercas de arame farpado (uso de arame e estacas de espessura de 18cm/TIPO1), faxina (uso maior de varas juntas com espessura de 18cm/TIPO2), e cercas vivas (elementos vivos/TIPO3). Dentre as 20 espécies nativas destacaram-se Aspidosperma pyrifolium. Mart e Croton blanchetianus Baill. as quais são preferidas por sua disponibilidade local. Sobre a preferência aos tipos de cercas: 47% das citações preferiram as cercas de arame farpado, por apresentar facilidade no manuseio e preço do arame acessível. 26% citaram o TIPO 2 por motivos de segurança, uma vez que nenhum animal não consegue passar por ela. E 26% citaram o TIPO 3, por oferecer segurança, durabilidade e reprodução de estacas, além de benefícios ambientais. Os mantenedores, em sua maioria, disseram que na manutenção atual de suas cercas estão substituindo os indivíduos descartados por macambira (Bromelia laciniosa), a qual fecha os espaços da cerca, impedindo a passagem dos animais. Os dados evidenciam a preferência por espécies nativas na construção das cercas.

Palavras-chave: etnobotânica, caatinga, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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INVENTÁRIO DAS ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS EM CONSTRUÇÕES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

Antônio Honório Nascimento Filho¹, João Rafael Medeiros da Silva¹, Hildebrando da Silva Santos¹, Viviany Teixeira do Nascimento², Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Nas áreas rurais do Nordeste do Brasil, é comum o uso de espécies vegetais nativas na construção de cercas para delimitar as áreas de habitações, as destinadas a criação de animais, e as para agricultura. Diante da importância desse tipo de construção para as regiões rurais, o presente estudo registrou o uso de plantas na construção de cercas na comunidade rural de Coelho, município de Remígio, microrregião do Curimataú da Paraíba (Nordeste do Brasil). Em cada propriedade rural realizaram-se entrevistas com o mantenedor, totalizando 19 informantes (8 mulheres e 11 homens), os quais foram questionados sobre o uso e a preferência de espécies para construção de cercas, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (aprovação pelo CEP/HULW nº 297/11). Foram amostradas propriedades rurais que apresentassem cercas com um tamanho mínimo de 50 metros. Em cada uma foram medidos 50m, contabilizando e medindo o diâmetro e altura de cada elemento desta, e verificando a composição. Foram analisadas cinco cercas de faxina, 12 de arame farpado e duas cercas vivas. Nos 950m de cercas estudados foram encontrados 7.945 indivíduos, com 20 espécies identificadas. A maior parte dos elementos foi de indivíduos mortos (94%). Do total, 98% são obtidos de plantas nativas, com destaque para: Croton blanchetianus Baill. (marmeleiro) e Aspidosperma pyrifolium Mart (pereiro), com 50% e 36%, respectivamente. Entre os indivíduos vivos, as espécies registradas foram Euphorbia tirucalli (aveloz), Manihot dichotoma Ule (maniçoba), Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (jurema preta), Jatropha sp. (pinhão manso), Sapium sp. (burra leiteira) e Ziziphus joazeiro Mart. (juazeiro). Foi constatado a utilização atual de espécies nativas nas construções das cercas, nesse sentido, necessita-se de um estudo que avalie o impacto dessa atividade nas espécies utilizadas, e incentivar a adoção de cervas vivas.

Palavras-chave: etnobotânica, caatinga, população tradicional Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE Spondias tuberosa ARRUDA: ÁRVORE SAGRADA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO

Camilla Marques de Lucena1; Raphael Cavalcante Paulo1; Marilía da Silva Santos1; Kamila Marques Pedrosa1; Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Depto. de Fitotecnia e Ciências Ambientais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Spondias tuberosa Arruda é uma espécie da família Anacardiaceae, sendo considerada uma árvore sagrada no semiárido nordestino, principalmente por ser uma das únicas que floresce e frutifica no período de seca e, possui potencial medicinal, combustível, forragem, ornamental, sombra e tecnologia. Com base nessas observações, por meio de entrevistas, o presente estudo registrou o uso e conhecimento que moradores das comunidades rurais de São Francisco (Cabaceiras, PB – 123 informantes, 53H/70M), Coelho (Remígio, PB – 37, 20M/17H), Várzea Alegre (São Mamede, PB – 36, 17H/19M), Capivara (Solânea, PB – 112, 53H/59M) e Santa Rita (Congo, PB – 98, 57H/41M) possuem em relação a essa espécie, totalizando 406 informantes. Participaram na pesquisa os chefes de família (homem e mulher) de cada comunidade, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº 297/11). As citações foram organizadas em oito categorias de uso. A relação entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson em cada comunidade; e entre as comunidades com os gêneros separados. Foram registradas 872 citações de uso (396H e 476M), sendo 60% de uso alimentar. Em cada comunidade, foi encontrada uma correlação positiva entre as citações de homens e mulheres (r>0,90; p<0,0001), destacando-se a categoria alimentação. Considerando a relação das mulheres entre as comunidades, e dos homens entre eles, constatou-se uma correlação positiva em todas as comunidades (r>0,90; p<0,0001). Registramos 15 tipos de uso, com destaque para o consumo in fresco do fruto (201 citações), seguido de umbuzada (118). Com relação ao uso madeireiro, observou-se uso nas categorias combustível (52 citações), construção (três) e tecnologia (cinco). Os homens citaram apenas duas categorias de uso em Várzea Alegre, e as mulheres, quatro em Coelho. O presente estudo evidencia a importância dessa espécie para as pessoas do semiárido nordestino.

Palavras-chave: etnobotânica, umbuzeiro, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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USO DE CACTÁCEAS NATIVAS COMO RECURSO MADEIREIRO EM COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL)

Camilla Marques de Lucena¹, Gyslaynne Gomes da Silva Costa¹, Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Zelma Glebya Maciel Quirino², Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Laboratório de Ecologia Vegetal, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

No semiárido nordestino algumas espécies de cactáceas como Pilosocereus pachycladus F.Ritter e Cereus jamacaru DC. são utilizadas como recursos madeireiros, sendo fornecedoras de tábuas e lenha, por exemplo. O presente estudo registrou o uso e conhecimento que moradores das comunidades rurais de São Francisco (Cabaceiras-PB, 118 informantes, 50H/8M), Barroquinha e Besouro (Lagoa-PB, 52,19H/33M), Várzea Alegre (São Mamede-PB, 37,18H/19M) e Capivara (Solânea-PB, 62,29H/33M) possuem sobre o uso madeireiro de cactos. Foram realizadas entrevistas com 269 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Registraram-se 398 citações de uso, sendo organizadas em três categorias de uso. Foi utilizado o Teste G para comparar as citações de uso com o número de espécies em cada categoria, a Correlação de Spearman para comparar os gêneros, e o Teste de Kruskal-Wallis para comparar as comunidades. Foram registradas 165 citações para construção, 69 para combustível e 61 para tecnologia. Como combustível, só foi citado uso como lenha para ser utilizada nos fogões domésticos. Na categoria construção foram registrados oito tipos de usos, com destaque para ripa e uso dos indivíduos como cerca viva. Como uso tecnológico foi observado a fabricação dez tipos de artefatos, se destacando os cabos de ferramenta. Houve um destaque para P. pachycladus em todas as comunidades, seguido pela C. jamacaru. Em nenhuma comunidade foi encontrada correlação entre o número de espécies e as citações de uso nas categorias (p>0,05). Nas comunidades de São Mamede, Solânea e Lagoa foram encontradas fortes correlações entre homens e mulheres (p<0,0001; rs=1,0000), e nenhuma em Cabaceiras. Não houve correlações entre as citações de uso entre os homens e entre as mulheres nas comunidades (p>0,05). O presente estudo confirmou a importância de estudos etnobotânicos que registrem o conhecimento que os agricultores possuem sobre os usos madeireiros das cactáceas.

Palavras-chave: etnobotânica, cactos, semiárido.

Área temática: Etnobotânica.

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE CACTÁCEAS NO CARIRI OCIDENTAL DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL: DADOS PARCIAIS

Gyslaynne Gomes da Silva Costa¹, Camilla Marques de Lucena², Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Zelma Glebya Maciel Quirino³, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Laboratório de Ecologia Vegetal, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O Cariri Ocidental é uma das regiões do semiárido nordestino onde se encontra bem representada a família das cactáceas, tanto em relação a diversidade de espécies como também ao conhecimento e os diferentes usos que os agricultores da região atribuem as mesmas. Nesse contexto, o presente estudo registrou o uso e conhecimento que os moradores da comunidade rural de Santa Rita (Congo-PB) possuem em relação às cactáceas da região. Foram realizadas 33 entrevistas com chefes de família (15H e 18M), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As citações de uso das espécies foram organizadas em nove categorias de uso (alimento, combustível, construção, forragem, mágico/religioso, medicinal, ornamental, sombra e tecnologia). Foi utilizada a Correlação de Pearson para comparar as citações de uso entre homens e mulheres com relação às espécies e categorias de uso. Registraram-se sete espécies, pertencentes a cinco gêneros: Cereus jamacaru DC. (cardeiro/mandacaru), Melocactus sp. (coroa de frade), Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & Rowley. (xiquexique/alastrado), Pilosocereus pachycladus F.Ritter (facheiro), Opuntia ficus-indica L. Mill. (palma), Opuntia stricta (Haw.) Haw. (palma de espinho) e Tacinga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy (cumbeba/gogoia). Registraram-se 275 citações de uso (129H e 146M). As categorias que se destacaram foram forragem com 111 citações, seguida de alimento (52) e ornamental (42). Cereus jamacaru destacou-se entre as espécies, com 81 citações, e enquadrou-se em oito categorias. O conhecimento entre os gêneros mostrou-se fortemente correlacionado entre as categorias (rs=0,9161; p=0,0005), e uma correlação mais fraca entre as citações das espécies (rs=0,7937; p<0,05), tendo destaque para a espécie C. jamacaru e a categoria forragem. Os agricultores rurais demonstraram a importância das cactáceas, baseado nas várias potencialidades estabelecidas para as espécies, com destaque para o potencial forrageiro, em que espécies de cactáceas garantem a alimentação de seus animais.

Palavras-chave: cactos, etnobotânica, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NO ASSENTAMENTO TAMBABA, CONDE, PARAÍBA, BRASIL

Michele Fernanda Marques de Brito¹, Denise Dias da Cruz²

¹Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Departamento de Sistemática e Ecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Ao longo do tempo, as sociedades humanas têm construído um amplo acervo de conhecimentos a respeito dos ambientes onde estão inseridas, incluindo nestes, os conhecimentos a cerca do mundo vegetal. Este saber, objeto de estudo da etnobotânica, tem suprido as necessidades de sobrevivência dessas populações seja como alimento, como combustível, ornamental e também no controle, alívio ou cura de doenças mais comuns do cotidiano. O presente trabalho teve como objetivo o levantamento etnobotânico sobre o conhecimento e uso de plantas medicinais utilizadas pelos moradores do Assentamento rural Tambaba, localizado no litoral sul paraibano, município do Conde e também inserido na Área de Proteção Ambiental Tambaba. O assentamento é formado por 45 famílias distribuídas em lotes com cerca de cinco hectares. Foi aplicado o método bola de neve com entrevistas informais e questionários semi-estruturados com seis informantes-chave da localidade. As plantas indicadas foram coletadas durante turnê-guiada, posteriormente herborizadas, identificadas e incorporadas ao Herbário JPB na UFPB. A análise dos dados mostrou uso de 17 espécies de plantas medicinais distribuídas em 17 gêneros e 13 famílias, sendo Fabaceae, Euphorbiaceae e Rubiaceae as mais representativas. Quanto ao uso, o tratamento de doenças associadas ao aparelho respiratório, ao sistema sanguíneo, à inflamação e dor e ao sistema digestivo foram mais representados, sendo a casca, com 35,3%, a parte mais utilizada, seguida pelas folhas e raízes, ambas com 17,7%, planta inteira 11,7%, caule, fruto e outras partes como o látex, representaram 5,9% cada. As espécies Hancornia speciosa Gomes., Myracrodruon sp. e Punica granatum L. receberam maior indicação de uso. Das plantas coletadas, ervas e árvores obtiveram a mesma representação, 35,3%, sub-arbustivo representou 17,6% das amostras e arbustos 11,7%. Em sua maioria, as plantas eram nativas e coletadas na vegetação ao entorno do assentamento, sendo o chá a forma de preparo mais comum.

Palavras-chave: etnobotânica, plantas medicinais, paraíba

Área temática: Etnobotânica

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QUINTAIS EM ÁREA DE VÁRZEA NA COMUNIDADE SACAÍ, RORAIMA, BRASIL.

Jessica Soares Cravo¹, Hugo Leonardo Sousa Farias¹, Rodrigo Leonardo Costa de Oliveira¹

¹Laboratório de Turismo, Ecologia e Meio Ambiente, Universidade Estadual de Roraima – UERR

Alta diversidade biológica e cultural intimamente ligadas conferem importância ímpar a pesquisa etnobotânica. Como o conhecimento popular vem desaparecendo gradativamente e o Brasil detendo um grande número das espécies descritas no mundo torna-se uma necessidade a pesquisa e difusão desses conhecimentos. Este trabalho objetivou realizar o levantamento das espécies vegetais e seus usos nos quintais de Sacaí, comunidade localizada em área de várzea na região Baixo rio Branco, Roraima. A pesquisa foi executada entre 11 e 14 de dezembro de 2011 em 14 quintais ativos considerados tradicionais (mantidos com o trabalho familiar e tecnologia tradicional). Foram realizadas 14 entrevistas semi-estruturadas com os mantenedores dos quintais, sendo 11 do sexo feminino (entre 12 e 71 anos). Dos três entrevistados do sexo masculino (entre 29 e 57 anos), apenas um trabalhava sozinho no quintal, os demais ajudavam as esposas no cuidado do terreno, predominando assim a presença das mulheres na manutenção dos quintais da comunidade, onde a atividade predominante é a pesca. Foram encontrados 101 vernáculos, excluindo as 34 plantas não identificadas pelos mantenedores classificados em seis usos: medicinal (26), alimentício (61), ornamental (11), mágico-religioso (3), sombra (5) e outros (7). A goiabeira foi o vernáculo e a arbórea mais frequente, apesar de ter apenas um uso (alimentício) atribuído. O número de plantas cultivadas resumia-se em sua maioria a herbáceas de canteiro ou hortas suspensas, plantas fáceis de serem removidas, rápido cultivo, de fácil uso e manutenção. As arbóreas encontradas nos quintais já estavam nos mesmos, antes dos atuais moradores chegarem e ali permaneceram por resistirem as alagações, e por não necessitarem de maiores cuidados. Os quintais estudados eram pobres em relação ao número, usos e diversidade de espécies. As constantes enchentes na região, e pouco interesse pelos mantenedores podem influenciar na baixa diversidade florística dos quintais.

Palavras-chave: quintais, área de várzea, amazônia

Área temática: Etnobotânica

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USO DAS PLANTAS NA COMUNIDADE PESQUEIRA ARTESANAL DA VILA DE ZACARIAS, MARICÁ, RIO DE JANEIRO, BRASIL.

Hanna Ayres Burnier¹, Luci de Senna-Valle¹

¹Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

A etnobotânica busca compreender o saber empírico das comunidades tradicionais sobre o mundo natural e sobrenatural, que é transmitido oralmente entre gerações. Este estudo tem como objetivo conhecer as espécies utilizadas para fins alimentícios, medicinais e ritualísticos na comunidade pesqueira artesanal da Vila de Zacarias que está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) de Maricá. Registrou-se também o uso, forma de preparo e parte utilizada das espécies citadas pelos informantes desta comunidade. Os informantes foram escolhidos através da técnica “bola de neve”; sendo realizadas entrevistas informais, semi-estruturadas, e a técnica de observação participante que foram registradas em diário de campo, gravações e fotografias. A coleta do material botânico está sendo realizada através da técnica de turnê guiada, sendo posteriormente prensado, herborizado, montado e identificado até o nível de espécie, com auxílio de material ótico, literatura especializada e comparação com os materiais de herbários. Os exemplares serão depositados no herbário do Museu Nacional. Até o momento, foram entrevistados quatro informantes (duas mulheres e dois homens). A categoria de uso mais citada foi a medicinal, com 24 espécies de 17 famílias botânicas, seguida da alimentícia com 12 espécies e ritualística com oito espécies, cada uma de oito famílias diferentes. Stachytarpheta cayennensis. (Rich.)Vahl, (gervão roxo) foi uma das mais citadas, sendo indicada para o tratamento de diabetes. Esta pesquisa é de extrema importância, pois os conhecimentos da comunidade sobre a flora local agregam valor aos remanescentes de restinga da APA, que se encontra sob ameaça, devido a especulações imobiliárias, como o plano de construir um “Resort” no local. Tal intervenção levará o deslocamento desta comunidade, a destruição ambiental e a perda do conhecimento sobre a flora local.

Palavras-chaves: plantas medicinais, comunidade pesqueira, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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PLANTAS MEDICINAIS EM MERCADOS PÚBLICOS AMAZÔNICOS

Pedro Glécio Costa Lima1; Márlia Coelho-Ferreira1; Ronize da Silva Santos1

1Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG

As feiras e mercados da Amazônia mantêm uma riqueza cultural importante relacionada ao uso da biodiversidade. Diante disto, pretende-se com este trabalho realizar um levantamento dos estudos sobre plantas medicinais em mercados dos países amazônicos, procurando verificar a riqueza de famílias botânicas e a variação desta riqueza entre os mercados. Foram compiladas informações de artigos e trabalhos acadêmicos realizados na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Foi consultada a Lista de Espécies do Brasil para evitar erros de grafia e sinonímias das famílias listadas. A similaridade de famílias botânicas entre os locais dos estudos foi analisada por meio do Índice de Jaccard. Foram compiladas informações de 13 trabalhos realizados no Brasil (5), Venezuela (3), Perú (2), Bolívia (1), Equador (1) e Suriname (1). Os locais estudados apresentaram uma média de 39,23±20,24 famílias, com mínimo e máximo de 09 e 80 representantes neste nível taxonômico. As famílias mais expressivas são Fabaceae, Asteraceae e Lamiaceae. Em se tratando da similaridade de famílias, observa-se um agrupamento entre mercados da Amazônia Oriental, abrangendo trabalhos do Brasil e Suriname. Para a região Ocidental ocorre agrupamento dos trabalhos realizados em mercados localizados no Peru, Equador e Bolívia, sendo que para a Venezuela ocorrem similaridades com ambos os grupos. A contribuição da pesquisa etnobotânica em mercados tem possibilitado avanços no sentido de entender a diversidade de recursos da fitofarmacopeia amazônica. Tais pesquisas podem contribuir com o mapeamento dos recursos biológicos aproveitados nos diferentes biomas, bem como subsidiar análises sobre a situação da conservação das espécies medicinais ameaçadas de extinção.

Palavras-chave: etnobotânica urbana, fitofarmacopeia amazônica, similaridade florística

Área temática: Etnobotânica

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE UMA HATI PARESI

Bernardo Tomchinsky¹, Lin Chau Ming¹; Estelita Maria Gurgel¹, João Nelson¹Azomazokae¹, Benedito Garcia Onezoka¹

¹Universidade Estadual Paulista, Júlio de Mesquita Filho – UNESP

A Hati é a moradia tradicional do povo indígena Paresi que habita o Cerrado da região Oeste do estado do Mato Grosso, Brasil. O contato direto com outros povos vem alterando o modo tradicional de construção assim como os materiais utilizados. Este estudo objetivou o levantamento das espécies utilizadas na construção de uma Hati bem como a mensuração da quantidade delas através de entrevistas, medições e reconhecimento das plantas em campo. Foram identificadas seis espécies diferentes necessárias para a construção de uma Hati de 15 metros de comprimento, seis de altura e sete de largura, todas encontradas em Matas de Galeria da região. Para a parte estrutural são utilizadas: a Makore, em língua Paresi, (Aspidosperma sp.) nos caibros e colunas, num total de 101 árvores e 3m3. A Hoji, uma Flacourtiaceae é utilizada nas vigas totalizando 12 árvores ou 0,65 m3; a Waysê (Euterpe sp.), no papel das ripas, com cerca de 50 plantas; a Isoe niyali (palha de buriti), Mauritia flexuosa L.f. é usada na cobertura das casas, sendo necessárias de 70 a 80; a Haolo tyatya (Maytenus sp.) para a confecção do rodapé, não quantificado; e o Ididihi, Desmoncus sp. era tradicionalmente utilizado nas amarrações da estrutura. É utilizada uma grande quantidade de recursos vegetais na construção de uma única Hati Pareci, algumas espécies já foram substituídas, mas a atual descaracterização da vegetação natural e o adensamento populacional deste povo nas reservas indígenas exige novos estudos sobre um manejo mais sustentável destas plantas.

Palavras-chave: etnobotanica, hati paresi, manejo florestal

Área temática: Etnobotânica

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PLANTAS MEDICINAIS DE USO FEMININO NA COMUNIDADE INDÍGENA KANTARURÉ BATIDA, GLÓRIA-BA, BRASIL.

Késsia Virgínia dos Santos Lima¹, Erika dos Santos Nunes¹, Luanna Oliveira de Freitas¹, Thiago Bezerra Gomes¹.

¹Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Nas últimas décadas, várias pesquisas têm sido desenvolvidas sob o aspecto etnobotânico e farmacológico da saúde feminina. Além do registro de informações etnofarmacológicas, as mesmas contribuem para o reconhecimento e valorização do saber detido, principalmente, nas parteiras tradicionais. Na região Nordeste estes estudos são insipientes, dispondo-se como referência a pesquisa sobre a saúde e fecundidade entre povos indígenas de Pernambuco. Nesse contexto o presente trabalho, objetivou realizar o levantamento etnobotânico sobre plantas medicinais de uso feminino indicadas por rezadeiros, curandeiros e parteira local na comunidade indígena Kantaruré Batida. Vale salientar que as pesquisas etnobotânicas evidenciam que um valioso saber sobre os recursos vegetais encontram-se detidos nos especialistas, pois possuem um domínio no conhecimento específico sobre o uso terapêutico das plantas. Empregando-se metodologias participativas e técnicas qualitativas da etnobotânica a coleta de dados incluiu: listagem livre, entrevista semi-estruturada e anotações no diário de campo. Por meio da listagem livre os colaboradores foram solicitados a citar nomes populares de plantas medicinais conhecidas de uso feminino e, a partir dessa listagem, direcionados à entrevista semiestruturada. Foram registrados nome popular, origem, uso terapêutico, parte utilizada, preparação e contraindicação de 26 espécies indicadas para uso feminino, dentre as quais, é importante ressaltar as que tiveram o maior número de citações: cajueiro vermelho, ameixa, aroeira, palpiranha e facheiro. Quanto à origem, 21 espécies são nativas, ou seja, são de área de caatinga. A parte da planta utilizada mais referida foi à casca e as folhas, sendo a maceração e a infusão a forma de preparo mais frequentemente utilizada. Com relação às indicações terapêuticas, as categorias mais representativas foram aquelas relacionadas ao aparelho reprodutor e a regulação do ciclo menstrual. Quanto à contraindicação foram citadas (8) espécies de uso não permitido para gestantes, sendo as mesmas, de acordo com o conhecimento tradicionalmente acumulado, consideradas abortivas. Foi constatado ainda que todos os especialistas entrevistados demonstraram elevado conhecimento sobre o poder curativo das plantas medicinais, os quais foram adquiridos na própria aldeia, através de seus antepassados.

Palavras-chave: etnobotânica, plantas medicinais, ìndios

Área temática: Etnobotânica

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USOS E CRITÉRIOS PERCEBIDOS POR ESPECIALISTAS LOCAIS NA INDICAÇÃO DE PLANTAS PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS: INVESTIGANDO UM SISTEMA MÉDICO LOCAL NO NORDESTE BRASILEIRO.

Washington Soares Ferreira Júnior¹, Flávia Rosa Santoro¹, Ulysses Paulino Albuquerque¹

¹Laboratório de Etnobotânica Aplicada, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFPRE

Dada a necessidade de um melhor entendimento sobre o uso de plantas dentro de sistemas médicos locais, a presente pesquisa buscou acessar as plantas indicadas para o tratamento de categorias e subcategorias de doenças, além dos motivos da indicação de plantas para o tratamento de cada doença citada por especialistas do Sítio Brea, Ceará. Para isso, foram selecionados 22 especialistas locais a partir da técnica da bola de neve, sendo empregadas entrevistas semi-estruturadas a fim de obter informações sobre as plantas conhecidas e utilizadas como medicinais e as indicações locais (categorias e subcategorias de doenças reconhecidas). Além disso, procurou-se saber o motivo da indicação da planta para o tratamento de cada doença. Foram encontradas 103 categorias locais, sendo as subcategorias observadas em indicações como "inflamação" com 17 subcategorias e "câncer", com 13 subcategorias. Foram encontradas 133 etnoespécies citadas pelos informantes para o tratamento das doenças indicadas. Variações na composição de plantas foram observadas não somente entre cada categoria de doença, mas também ao nível de subcategorias, ou seja, a depender do tipo de "inflamação" ou do tipo de "câncer" plantas diferentes são indicadas para o tratamento. Sobre o motivo de ter citado as plantas para o tratamento das doenças, a eficácia da planta foi a principal justificativa encontrada, como expressado nas respostas "porque é boa" ou "porque melhora" (155 citações), seguidas do "sabor" da planta (73 citações). Estes resultados mostram a importância da eficácia e do sabor na indicação de plantas para o tratamento de doenças locais pelos especialistas. Além disso, os resultados também indicam que a investigação em subcategorias pode informar variações na composição de plantas em diferentes subtipos de uma mesma doença, fornecendo um maior detalhe para a pesquisa por considerar indicações de plantas para tratamentos mais específicos, informações valiosas para futuras investigações envolvendo a bioprospecção.

Palavras-chave: etnobotânica, plantas medicinais, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL DE PLANTAS ÚTEIS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO CARIRI PARAIBANO, NORDESTE DO BRASIL

Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Gysleynne Gomes da Silva Costa¹, Claudio César Montenegro Júnior¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A etnobotânica estuda e registra o conhecimento gerado a partir da relação homem/planta, servindo de subsídio para técnicas de manejo sustentável e conservação dos recursos vegetais. O presente estudo registrou o conhecimento e a utilização de espécies vegetais úteis por moradores da comunidade rural de Santa Rita, município do Congo (Paraíba/Nordeste/Brasil). Foram realizadas entrevistas com os chefes de família (homem e mulher) totalizando 98 informantes (57H/41M), os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Os usos atribuídos as espécies foram organizados em categorias, sendo elas alimento, combustível, construção, forragem, mágico/religioso, ornamental, outros, tecnologia, veneno/abortivo e veterinário. O VU foi utilizado para ordenar as espécies, famílias e categorias mais importantes, onde VU=∑Ui/n; VUf=∑Ui/nf e VU=∑Ui/nc, sendo Ui=número de citações atribuídas a espécie e n=número total de informantes, nf=número de espécies na família e nc=número de espécies na categoria. A relação entre os gêneros foi testada pela Correlação de Pearson. O Teste G foi utilizado para analisar a relação entre número de citações/espécies dentro de cada categoria. Foram registradas 62 plantas, identificadas 43 espécies, 39 gêneros, 20 famílias. As espécies que apresentaram maior VU foram Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore (VU=5,88), Aspidosperma pyrifolium Mart. (VU=3,74) e Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T.D.Penn. (VU=3,71). As famílias mais importantes foram Apocynaceae (VU=3,74), Sapotaceae (VU=3,71) e Rhamnaceae (VU=3,02). Se destacaram as categorias construção(VU=0,33), combustível (VU=0,25) e tecnologia (VU=0,25). As partes mais usadas foram madeira, casca e fruto com (2.957, 735 e 423 citações, respectivamente). Houve fortes correlações entre homens e mulheres com relação às espécies mais importantes (p<0,0001; r=0,95). O Teste G apresentou correlações entre as espécies e citações de uso em cada categoria (p<0,0001). Os dados evidenciam a utilização de um grande número de espécies nativas, sendo necessário estudos que avaliem o impacto de tais usos.

Palavras-chaves: etnobotânica, caatinga, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DE PLANTAS LENHOSAS NA MEDICINA TRADICIONAL EM UMA COMUNIDADE RURAL NO ESTADO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

Nayze de Almeida Marreiros1, Kamila Marques Pedrosa1, Núbia da Silva1, Carlos Antônio Belarmino Alves2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

2Universidade Estadual da Paraíba - UEPB.

Muitas espécies vegetais lenhosas são utilizadas no tratamento de enfermidades por diversas populações do semiárido, sendo uma tradição antiga o uso de plantas nativas com potencial médico. O presente estudo registrou o conhecimento e uso pelos moradores da comunidade São Francisco, município de Cabaceiras, mesorregião do Planalto da Borborema, microrregião do Cariri Oriental (Nordeste/Brasil), realizando-se entrevistas com 123 informantes (53H/70M), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Utilizou-se o valor de uso (VU) por meio dos três tipos de cálculos (VUatual, VUpotencial e VUgeral) para ordenar as espécies de acordo com sua importância. A Correlação de Pearson foi testada entre os VUs, entre os gêneros, e entre os VUs dos gêneros. Foram registradas 26 espécies, 25 gêneros, 12 famílias. Registraram-se 693 citações de uso (313H/380M). As partes utilizadas foram casca (63%), látex (9%), flor (8%), folha (7%), entrecasca (6%), Raiz (5%) e fruto (2%), utilizadas para tratamento de 42 enfermidades. Houve fortes correlação entre os Vus (p<0,0001). Todos os VUs apresentaram correlação positiva entre gêneros (p<0,0001). Quando comparados os valores de uso dos gêneros, tanto dos homens como das mulheres apresentaram fortes correlações (p<0,0001). No VUgeral, VUatual e VUpotencial a espécie Sideroxylon obtusifolium (Roem &Schult.) (quixabeira) se destacou (0,96/0,68/0,28, respectivamente). Quando analisado os gêneros separadamente, S. obtusifolium continuou em destaque para as mulheres nos três valores de uso (VUgeral=0,91/VUatual=0,54/VUpotencial=0,37) e, para os homens, permaneceu no VUgeral=1,02/VUatual=0,87, modificando no VUpotencial, no qual se destacou Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) (imbiratã) A. Robyns (0,37). A tosse foi a doença mais citada por homens (55citações) e mulheres (106). Com relação ao sistema corporal, o de transtornos no sistema respiratório foi o mais citado pelos homens (56 citações) e pelas mulheres (116). Os dados evidenciam o conhecimento de diversas espécies, mas o uso efetivo de poucas, o que pode trazer pressão de uso sobre as mesmas.

Palavras-chave: plantas medicinais, etnobotânica, caatinga.

Área temática: Etnobotânica

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PLANTAS MEDICINAIS LENHOSAS CONHECIDAS E UTILIZADAS EM DUAS COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

Nayze Almeida Marreiros¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, Natan Medeiros Guerra¹, Zenneyde Alves Soares¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O uso de plantas medicinais é uma prática antiga no tratamento de enfermidades humanas, passando de geração em geração. O presente estudo registrou e comparou as espécies medicinais conhecidas e utilizadas em duas comunidades rurais (Paraíba/Nordeste/Brasil). Realizaram-se entrevistas na comunidade Coelho, (Remígio,37 informantes-17H/20M) e Capivara (Solânea,112,53H/59M), totalizando 149 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa(CEP/HULW nº297/11). Utilizou-se o valor de uso por meio de três cálculos (VUatual-VUpotencial-VUgeral), buscando identificar se o elenco das plantas medicinais mais importantes mudaria em cada VU. A Correlação de Pearson correlacionou os VUs e os gêneros de cada comunidade, e o Teste de Kruskal-Wallis entre as comunidades. Registraram-se 33 espécies, 28 gêneros, 15 famílias. A casca foi à parte mais usada com 84 citações em Remígio(46%), e 495 em Solânea(62%). Registraram-se 49 indicações terapêuticas em Solânea e 32 em Remígio. Houve correlação positiva entre os VUs(p<0,0001) de cada comunidade. Todos os VUs apresentaram correlação positiva entre gêneros nas duas comunidades(p<0,05). Quando comparados entre as comunidades, só obteve correlação no VUatual entre os homens(p<0,05-H=5,46). Em Remígio, Poincianella pyramidalis Tul. se destacou no VUgeral(0,8) e VUatual(0,7), Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) no VUpotencial(0,2). Em Solânea, Myracrodruon urundeuva Allemão no VUgeral(1,3) e VUatual(1,1), e Amburana cearensis (Allemão)A.C.Sm. no VUpotencial(1,1). Em Remígio M. urundeuva se destacou entre os homens em todos os VU (VUgeral1,1-VUatual0,8-VUpotencial(0,3) e, no VUgeral(1,1) e VUpotencial(0,2) em Solânea, e A. cearensis no VUatual(1,0). Entre as mulheres, em Remígio, P. pyramidalis no VUgeral(1,0) e VUatual(0,8), e S. obtusifolium no VUpotencial (0,3), e em Solânea, M. urundeuva no VUgeral(1,4) e VUatual(1,3), e Croton blanchetianus Baill no VUpotencial(0,2). Os dados evidenciam a preferência das pessoas pelo uso de certas plantas, inclusive de espécies ameaçadas de extinção. Houve diferenças no elenco das plantas mais importantes de acordo com cada VU.

Palavras-chave: etnobotânica, florestas secas, valor de uso

Área temática: Etnobotânica

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PROJETO PRÓ FRUTAS NATIVAS - RECURSOS VEGETAIS LOCAIS E A CONSERVAÇÃO DAS ÁREAS NATURAIS DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE, RS, BRASIL

Claudine Abreu Corrêa¹, Estela Santos², Matias Köehler³

¹Instituto GA

²Artes visuais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

³Ciências Biológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

Frutas como o butiá (Butia odorata), pitanga (Eugenia uniflora), araçá (Psidium cattleianum), bananinha-do-mato (Bromelia antiachanta) e guabijú (Myrcianthes pungens) estão tradicionalmente associadas aos agricultores familiares e povos tradicionais. A utilização das frutas nativas pode representar uma estratégia importante para a conservação dos ambientes naturais, da diversidade cultural associada e o incremento da renda em pequenas propriedades rurais. Um levantamento recente aponta, para o município de Porto Alegre, cerca de 80 espécies autóctones com uso reconhecido ou potencial como frutífera para a alimentação humana. O projeto Pró Frutas Nativas de Porto Alegre objetiva fomentar o conhecimento e a utilização das frutíferas nativas visando à conservação da biodiversidade em áreas naturais remanescentes no município. Dentre as ações conduzidas pelo projeto está a elaboração de materiais informativos acerca do tema, nos quais questões etnobotânicas, ecológicas e nutricionais relacionadas aos frutos serão expostas de forma simples e acessível a diversos tipos de público. Serão produzidos dois vídeos cuja proposta é revelar um panorama geral das frutíferas nativas ao longo das atividades do projeto: saídas de campo, visitas às propriedades e entrevistas com produtores, feirantes e consumidores das frutas e seus produtos derivados. Cerca de 100 matrizes destacadas como potenciais produtoras de sementes, cultivadas ou locadas em áreas naturais, serão georeferenciadas. A partir destes dados será organizado um mapa interativo, o qual poderá ser acessado através do site produzido especificamente para o projeto; o mesmo hospedará um guia virtual que abordará em detalhes cerca de 40 frutíferas nativas de ocorrência natural no município. Pelo viés dos frutos nativos objetiva-se evidenciar a riqueza natural da cidade, bem como a necessidade de conservação da mesma. Além de seu caráter informativo, o projeto propõe-se a facilitar a formação de uma rede de pessoas interessadas no tema, reunindo produtores, pesquisadores, técnicos, estudantes e público em geral.

Palavras-chave: frutas nativas, ambiente natural, formação de redes

Área temática: Etnobotânica

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IMPORTÂNCIA RELATIVA DE PLANTAS MEDICINAIS APLICADAS NA VETERINÁRIA EM QUATRO COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO, NORDESTE - BRASIL

Amabile Arruda de Souza e Silva1, Marília da Silva Santos1, Ezequiel da Costa Ferreira1, Pedro Mouzinho de Oliveira Neto1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

O uso de plantas medicinais para o tratamento de animais é muito comum entre populações tradicionais. Esta pesquisa foi feita a partir de dados coletados sobre a utilização dessas plantas na veterinária tradicional em comunidades rurais da Paraíba, buscando identificar suas importâncias relativas. Entrevistas foram realizadas com os chefes de família em Cabaceiras (comunidade São Francisco, 123 informantes-53H/70M), Remígio (Coelho, 38-18H/20M), Solânea (Capivara, 112-53H/59M) e Congo (Santa Rita, 98-41H/57M), totalizando 371 informantes, que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW n°297/11). Calculou-se a Importância Relativa (IR) usando a fórmula IR=NSC+NP, onde IR=Importância relativa, NSC=número de sistemas corporais e NP=número de propriedades. Foram identificadas 26 espécies, 24 gêneros e 13 famílias. As plantas com maior IR em Cabaceiras foram Jatropha mollissima (Pohl) Baill. (2) e Myracrodruon urundeuva Allemão (1,1); no Congo, Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz (1,83) e Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (1,8); em Remígio e Solânea foi Cynophalla flexuosa (L.) J.Prese (2) e M. urundeuva (0,9 e 1,23, respectivamente). Em relação ao Número de Sistemas Corporais por Espécie (NSCE), L. férrea, no Congo e C. flexuosa, em Solânea, receberam o maior número de sistemas (5), seguido de J. mollissima em Cabaceiras e M. tenuiflora, no Congo com quatro sistemas. M. urundeuva obteve três sistemas em Solânea e no Congo, e duas em Cabaceiras e Remígio. Em relação ao número de propriedades da espécie (NPE) se destacou C. flexuosa em Solânea com 11 propriedades e M. urundeuva, com sete. Em todas as comunidades, a parte mais utilizada foi a casca. A indicação terapêutica mais citada em Remígio/Cabaceiras foi limpeza uterina pós parto, gogo de galinha e raiva em Solânea, e cicatrizante no Congo. Os dados evidenciaram a utilização concentrada em poucas espécies, como J. mollissima e C. flexuosa.

Palavras-chave: plantas medicinais, semiárido, veterinária.

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE PLANTAS TÓXICAS PARA ANIMAIS E HUMANOS EM COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO, NORDESTE, BRASIL.

Amabile Arruda de Souza e Silva¹, Marília da Silva Santos¹, Raphael Cavalcante Paulo¹, Pedro Mouzinho de Oliveira Neto¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Dentro do conhecimento sobre as utilidades das plantas, as populações tradicionais também conhecem seus efeitos maléficos, como por exemplo, a toxicidade para animais e pessoas. Neste aspecto, este estudo registrou o conhecimento das espécies consideradas tóxicas para animais e/ou humanos em seis comunidades rurais do semiárido da Paraíba (Nordeste/Brasil). Foram realizadas entrevistas com os chefes de família (homem/mulher), perguntando-se sobre as plantas conhecidas por serem tóxicas, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW n°297/11). Foram entrevistadas 37 informantes em Remígio (comunidade Coelho,17H/20M), 112 em Solânea (Capivara, 53H/59M), 123 em Cabaceiras (São Francisco, 53H/70M), 37 em São Mamede (Várzea Alegre, 18H/19M), 15 em Itaporanga (Pau D’Arco, 8H/7M) e 66 em Lagoa (Barroquinha e Besouro, 25H/41M). Destes, 235 citaram plantas tóxicas, sendo organizadas em quatro categorias: veneno animal, veneno humano, abortivo animal e abortivo humano. Utilizou-se o valor de uso (VU) por meio de três cálculos (VUgeral/VUatual/VUpotencial). Foram registradas 21 espécies, 19 gêneros e 11 famílias. Foram citadas quatro espécies que são abortivas para mulher, e 11 para animais. Como veneno para os animais registraram-se nove plantas, e como veneno para as pessoas, só uma espécie citada em Lagoa. Como abortivo e veneno animal, destacou-se Manihot cf. dichotoma Ule em todas as comunidades, e em todos os valores de uso. Só em Itaporanga que Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan se destacou no VUgeral e VUatual (0,47 e 0,2, respectivamente). As famílias que se destacaram foram Euphorbiaceae em Remígio, Solânea, Lagoa e Itaporanga. Apocynaceae em Cabaceiras, e Fabaceae em São Mamede. Os dados apresentados evidenciam o conhecimento de um vasto elenco de plantas com efeito tóxico para animas e pessoas, na perspectiva popular, sendo necessário estudos que testem sua toxicidade em laboratório, utilizando as informações desse estudo como base para seleção das espécies.

Palavras-chave: etnobotânica, plantas tóxicas, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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CONSENSO CULTURAL SOBRE CONHECIMENTO E USO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CARRASCO, ARAPIRACA-AL.

Gleica Maria Correia Martins¹, Janimara Marques da Silva¹, Daniele Cristina de Oliveira Lima², Henrique Costa Hermenegildo da Silva¹

¹Universidade Federal de Alagoas – UFAL

²Faculdade São Vincente – FASVIPA/CESMAC

O presente estudo foi realizado na comunidade rural do Carrasco, situada no município de Arapiraca em Alagoas, objetivando avaliar o consenso de informantes sobre plantas medicinais. Foi realizado um censo com 171 informantes que consentiram participar da pesquisa, sendo aplicada a lista livre por meio de entrevista semi-estruturada. Gerou-se um banco de dados com informações sobre: plantas conhecidas, usos, parte utilizada e local de coleta. Em seguida foram filtradas 232 plantas medicinais cultivadas nos quintais, seus usos e 259 informantes que as citaram. Os dados obtidos foram exportados para o software Anthropac para filtrar as plantas medicinais com os maiores valores de “saliência” (a partir de 0,015) e os informantes com maior consenso na citação (Freqüência média acima de 65 %). Para avaliar o consenso foram filtradas 32 plantas e oito informantes, todas do sexo feminino. Estas plantas foram apresentadas por meio de um herbário móvel e fotos digitais como estímulo visual. A partir de então, calculou-se o FCI = nar-na / nar – 1 (onde FCI = fator de consenso dos informantes; nar = o número de citações de usos em cada categoria; e na = número de espécies usadas). Os resultados apontaram a hortelã (Plectranthus sp.) como a espécie com maior saliência (0,505) e maior número de usos (9 usos). A cidreira (Melissa officinalis L.), capim santo (Cymbopogon citratus Stapf) e arruda (Ruta graveolens L.), também apresentaram saliência elevada (0,421; 0,348 e 0,277 respectivamente). A categoria de uso com maior consenso entre informantes foi relativa a doenças do aparelho geniturinário (FCI=1) e seis categorias não apresentaram consenso (FCI=0). Com relação ao consenso sobre o nome, percebeu-se que apenas a Annona muricata L. (graviola ou coração) apresentou variação léxica. Estas informações possibilitarão o desenvolvimento de ações voltadas para a bioprospecção e o manejo adequado dos recursos naturais.

Palavras-chave: etnobotânica, saliência cultural, etnoecologia

Área temática: Etnobotânica

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INVENTÁRIO IN SITU DO USO DE RECURSOS VEGETAIS MADEIREIROS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

Gleicy Deise Santos Lima1, José Ribamar de Farias Lima2, Núbia da Silva1, Diego Batista de Oliveira Abreu2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB;

2Pós Graduação em Ecologia e Monitoramente Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

A utilização de madeira é uma das principais atividades humanas, historicamente reconhecida devido a gama de utilizações dada a esses recursos pelas populações humanas, utilizando-os das formas mais diversas. O objetivo deste trabalho foi identificar os usos de recursos madeireiros em uma comunidade rural no semiárido paraibano. O inventário do uso foi feito a partir de visitas mensais nas residências da comunidade São Francisco, município de Cabaceiras, durante 12 meses (Julho-2011/Julho-2012), nas quais houve o registro de todos os itens de madeira. Foram visitadas 61 residências. O informante foi o responsável pela casa, o qual assinou o termo de consentimento livre exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Foi verificado o uso de 41 espécies, alocadas em seis categorias (combustível, construção rural, construção doméstica, tecnologia, mágico-religioso e ornamentação), de acordo com o uso dado aos produtos finais. As espécies nativas mais utilizadas foram o pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.), presente em todas as residências (f =100%) e o marmeleiro (Croton blanchetianus Baill.{f=85%}), inseridas na categoria construção rural, principalmente na construção de cercas. A maior quantidade de usos distintos e de espécies foi verificada na categoria tecnologia (63 espécies), sem mudanças durante a pesquisa. A utilização como combustível (lenha/carvão) ganhou uma representatividade significante devido a presença de renovação dos recursos combustíveis em todas as onze visitas mensais, com ênfase na aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão{f=35%}) e na catingueira (Poincianella pyramidalis Tul{f=30%}). Já na categoria construção rural, também foi verificada a extração mensal, para reparo de cercas, de A. pyrifoliume e C.blanchetianus. A região passou por período de estiagem em 2012, acarretando pouca diferença entre usos no período de seca e chuva. Verificou-se a utilidade do inventário in situ como instrumento indicativo da pressão das populações humanas sobre a flora nativa do semiárido, bem como do direcionamento de estudos sobre prioridade de conservação.

Palavras-chave: etnobotânica, populações tradicionais, caatinga.

Área temática: Etnobotânica

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INVENTÁRIO IN SITU DO USO DE RECURSOS VEGETAIS NÃO MADEIREIROS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

Gleicy Deise Santos Lima¹, José Ribamar de Farias Lima², Núbia da Silva¹, Diego Batista de Oliveira Abreu², Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

²Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramente Ambiental, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

O uso de recursos vegetais no cotidiano de populações tradicionais perpassa por diversos usos na história da humanidade. A maioria desses usos ainda se mantém no semiárido nordestino. Este trabalho registrou a utilização de espécies vegetais com atributos não madeireiros em uma comunidade rural do semiárido paraibano, no município de Cabaceiras (Nordeste/Brasil). O estudo foi feito por meio do inventário in situ com visitas mensais nas residências da comunidade São Francisco, durante 12 meses (julho de 2011 a junho de 2012). Foram visitadas 61 residências, que abrigam cerca de 210 pessoas. O informante foi o responsável pela residência (homem ou mulher), que assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Verificou-se o uso de 82 espécies vegetais, 67 gêneros e 38 famílias, das quais 10 exóticas, elencados em oito categorias de uso (alimento, forragem, higiene pessoal, medicinal, veterinária, ornamental, tecnologia{uso de folhas e ramos}, e mágico religioso). As categorias com maior número de espécies foram medicinal (63 espécies) e veterinária (22 espécies), com destaque para aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão {frequência=41,6%}) e o joão mole (Neea verticillata Ruiz & Pav.{f=28,3%}), respectivamente. Nas revisões mensais, a categoria mais expressiva foi tecnologia, devido à extração semanal de galhos da planta capa bode (Melochia sp.) para produzir vassouras utilizadas na limpeza dos terreiros. Houve significante utilização da cactácea palma (Opuntia fícus indica Mill) utilizada como forragem na caprino bovinocultura (frequência =81,6%). Devido à estiagem no início de 2012, não verificou-se diferença significante entre usos no período de seca e chuva, a exceção do umbu (Spondias tuberosa Arruda) presente na alimentação nos meses de fevereiro e março (f=81%). O inventário in situ permitiu uma caracterização da exploração não madeireira da flora, indicando a pressão que a população local aplicou e atualmente aplica sobre o meio e a dinâmica vegetal.

Palavras-chave: etnobotânica, caatinga, métodos

Área temática: Etnobotânica

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ETNOBOTÂNICA DA CHACRONA (Psychotria viridis Ruiz & Pavon, RUBIACEAE) UTILIZADA PELA COMUNIDADE DA UNIÃO DO VEGETAL, CACOAL – RO: RESULTADOS PRELIMINARES.

Edenubia Aparecida Silva1, Santina Rodrigues Santana2, Eudismar Faquim1, Leonardo Kumagai A. Sampaio3

1Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED

2Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR

3Laboratório OIKOS, Universidade Federal do Paraná – UFPR

Etnobotânica é a ciência que estuda as interações entre pessoas e plantas em sistemas dinâmicos, muito utilizada como ferramenta para entender sistemas extrativistas. Nesse contexto a Psychotria viridis Ruiz & Pavon pertence à família Rubiaceae e suas folhas são de grande interesse religioso. Juntamente com outras ervas, faz-se uma bebida conhecida como Ayahuasca. Inicialmente era utilizada exclusivamente por povos indígenas da Amazônia e, no começo do século XX, seu uso se difundiu amplamente por diversos movimentos religiosos. Por ser tradicionalmente utilizada, faz-se necessário estudos de sua biologia. Desta forma, este trabalho teve como objetivo descrever o conhecimento etnobotânico sobre P. viridis da comunidade União do Vegetal (UDV) de Cacoal, Rondônia. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com as pessoas que fazem parte da administração da comunidade e aleatoriamente com alguns membros (n.20). A UDV utiliza folhas de chacrona (P.viridis) juntamente com o cipó mariri, Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb) Morton (Malpighiaceae) para preparar o chá chamado ‘Vegetal’. As folhas de chacrona são obtidas no viveiro da UDV e o mariri no remanescente florestal do sitio UDV. Observou-se segregação das tarefas por gênero, em que as mulheres fazem a colheita e higienização das folhas e os homens que fazem a colheita e higienização do cipó e também são responsáveis pelo cozimento do chá. Para preparação do chá são utilizados oito feixes de 50 kg de cipó e oito quilos de chacrona em 80 litros de água, resultando em 130 litros de chá. O tempo de cozimento varia de acordo com os responsáveis da vez de preparo do vegetal. Espera-se esfriar o chá e é armazenado em vidros de aproximadamente 3 litros por até 60 dias. Os rituais são realizados duas vezes ao mês. Devido a alta demanda desses recursos faz-se necessários estudos posteriores sobre a biologia desses recursos, bem como formas alternativas de cultivo.

Palavras-chave: cultivo, usos tradicionais, ayahuasca.

Área temática: Etnobotânica

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USO DE PLANTAS EM QUINTAIS DOMÉSTICOS EM CIDADES DE TRÊS REGIÕES BRASILEIRAS

Juliana de Mello Botelho1, Ana Paula do Nascimento Lamano Ferreira1, Maurício Lamano Ferreira1

1Universidade Nove de Julho – UNINOVE

O cultivo de plantas tem uma relação com o homem desde as primeiras organizações humanas. O uso de plantas em quintais é uma tradição que tem passado de geração a geração em determinadas localidades. Assim, trabalhos que visam tanto a conservação quanto a manutenção do conhecimento da diversidade de seres vivos são fundamentais em instituições de ensino e centros de pesquisa. Os objetivos desse trabalho foram avaliar o uso de plantas em quintais domésticos em diferentes cidades de três regiões brasileiras (Cuiabá/MT; Cáceres/MT; Curitiba/PR; Campo Mourão/PR; Aracaju/SE; Lagarto/SE) e conhecer o atual quadro da conservação do germoplasma de algumas espécies de plantas alimentícias, medicinais e ornamentais cultivadas em quintais domésticos. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com moradores da capital (n=200 por cidade) e interior (n=50 por cidade). Os dados foram avaliados a fim de se estabelecer o grau de importância das plantas para a população. Por fim foi feito um levantamento das famílias botânicas mais utilizadas nestes quintais, além do órgão mais utilizado, independentemente do fim utilitário. Neste estudo, foi observado um maior uso de plantas alimentícias pelas populações estudadas, ocorrendo um maior uso em cidades interioranas, exceto na região Sul, onde a população da cidade de Curitiba foi a que mais utilizou as plantas para a alimentação. Os entrevistados da cidade de Aracaju foram os que mais utilizaram as plantas para fins medicinais. Por outro lado, os moradores da região Sul foram os que mais utilizaram as plantas para a ornamentação dos quintais. O órgão vegetal mais utilizado pelos entrevistados foi a folha. As famílias mais recorrentes em todas as regiões foram Lamiaceae e Liliaceae. Assim, conclui-se que uso de plantas varia de acordo com as cidades das regiões brasileiras estudadas, no entanto, o órgão utilizado não variou dentre os entrevistados.

Palavras-chave: plantas ornamentais, plantas medicinais, plantas alimentícias.

Área temática: Etnobotânica

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PERCEPÇÃO DE QUINTAL E SUA RELAÇÃO COM O CULTIVO DE PLANTAS NA REGIÃO NORTE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Ana Paula do Nascimento Lamano-Ferreira1, Priscila Ferreira Vilhaça1, Maurício Lamano Ferreira1, Silvia Maria Guerra Molina2

1Universidade Nove de Julho – UNINOVE

2Universidade de São Paulo – USP

Os quintais são espaços ao redor da casa que podem ser utilizados para diversos fins, como para o cultivo de plantas que, muitas vezes, podem ser resultado de conhecimento acumulado e transmitido ao longo das gerações. O uso deste espaço pode estar relacionado à percepção dos moradores da residência. O objetivo deste estudo foi verificar a percepção das mulheres paulistanas sobre os quintais. A partir dessas informações foi relacionado a percepção com o cultivo de plantas. Para tanto, foram realizadas entrevistas com 265 mulheres em treze bairros da região norte da cidade de São Paulo. O método utilizado foi o da Listagem Livre (freelists) que consiste, basicamente, em solicitar aos informantes de um grupo que listem os itens que lhe vêm à mente diante de uma pergunta. No presente trabalho, a pergunta foi: “Quando se fala em quintal quais as palavras que vem em sua cabeça?”. Posteriormente foi contado o número de vezes que cada termo foi mencionado, bem como a sua frequência. As palavras mencionadas em primeiro lugar foram relacionadas ao cultivo de recursos vegetais (planta, horta, jardim, flores, fruta, árvore) por 31,3% das mulheres (n=83), destas 66 possuíam quintal em suas residências e 52 delas cultivavam plantas, ou seja 62,6% das mulheres que mencionaram plantas, as cultivam em seu quintal. A segunda palavra mais mencionada foi referente a lazer (n=35). Destas respostas, apenas 5 famílias não possuíam quintal e 18 cultivavam plantas, isto é, 51,4% das mulheres que relacionaram o quintal com lazer cultivam plantas nos seus quintais. De acordo com a percepção dos moradores, os resultados deste trabalho fomentam a ideia de que os quintais da região norte da cidade de São Paulo apresentam funcionalidade para o cultivo de plantas para diversos fins (alimentícios, medicinais e ornamentais), além de apresentar um espaço para o lazer.

Palavras-chave: quintais urbanos, percepção ambiental, cultivo de plantas.

Área temática: Etnobotânica

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IMPORTÂNCIA RELATIVA DAS PLANTAS MEDICINAIS COMERCIALIZADAS NAS FEIRAS DOS MUNICÍPIOS DE PAULO AFONSO-BA, DELMIRO GOUVEIA-AL E PETROLÂNDIA-PE.

Estéfane Suane da Silva Martins1, Josaline Chaves da Costa1, Thaíse Bezerra de Oliveira1, Thiago Bezerra Gomes1, Érica dos Santos Nunes1

1Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Os estudos etnobotânicos em feiras livres apresentam grande importância para o conhecimento das formas de utilização das plantas pela população e também para o resgate dos saberes tradicionais agregados a elas. Assim sendo, o presente trabalho teve por objetivo realizar um levantamento das plantas medicinais vendidas nas feiras de três diferentes municípios: Petrolândia-PE, Delmiro Gouveia-AL e Paulo Afonso-BA. Os dados foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas e observação direta com 23 erveiros, em quatro feiras livres e, para a análise dos dados, foram aplicados os índices de Nível de Fidelidade e Importância Relativa, para saber a importância das etnoespécies para a população das 3 cidades listadas, com mais de 3 citações. No resultado encontrado na cidade de Delmiro Gouveia, foi verificado um NF superior a 60%, ou seja, em geral a população conhece e utiliza as plantas mencionadas para uma mesma finalidade. Nas outras 2 cidades, houve similaridade nos dados, pois a maioria das etnoespécies também apresentou NF maior que 60%. Porém, em Petrolândia, foram encontradas etnoespécies com valores de 42%, 85% e 50% e, em Paulo Afonso, etnoespécies com valores de 40% e 50%. Entre as plantas que apresentaram IR>1, estão: canela, girassol, gergelim, noz moscada, angico, cajueiro vermelho, sena, pixuri, endro, cravo, amora miúra e alecrim de caco. Os menores valores, com IR 0,37 de importância relativa foram observados em etnoespécies como a alfazema e o boldo, plantas, que apesar de terem sido citadas por muitos erveiros, apresentaram pouca variância no número de usos. As amostras coletadas foram depositadas em laboratório onde foram identificadas a nível de família, resultando em 43 famílias distintas, sendo mais representativas as famílias Fabaceae, Asteraceae e Lamiaceae. Quanto aos dados de utilização das plantas, destacaram-se os chás como principal forma de uso, a utilização de folhas para os modos de preparo e o uso das plantas principalmente para o tratamento de doenças dos sistemas digestivo, nervoso e respiratório. A partir da análise dos índices pôde-se perceber que grande parte da população conhece e utiliza as plantas para uma mesma finalidade e que os erveiros conhecem bem as plantas que vendem e suas propriedades no tratamento das doenças.

Palavras-chave: etnobotânica, feiras livres, medicina popular.

Área temática: Etnobotânica

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CONCORDÂNCIA DE USO E IMPORTÂNCIA DAS ESPÉCIES UTILIZADAS COMO MEDICINAIS PELA COMUNIDADE DO POVOADO JUÁ, PAULO AFONSO – BA.

Thaíse Bezerra de Oliveira1, Josaline Chaves da Costa1, Estéfane Suane da Silva Martins1, Luanna Oliveira de Freitas1, Érica dos Santos Nunes1

1Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Técnicas para análise de dados etnobotânicos estão sendo muito usadas para quantificar levantamentos sobre o uso de plantas por determinadas populações. O objetivo do presente trabalho foi analisar o uso das plantas medicinais e a importância das espécies e famílias nos quintais do Povoado Juá, no município de Paulo Afonso – BA. Para atingir os objetivos propostos, foram utilizados os cálculos de Valor de Uso (VU) e a porcentagem corrigida de Concordância quanto aos Usos Principais (CUPc). Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas em todas as residências do Povoado (127), onde foi entrevistada uma pessoa por residência, que mencionaram 30 espécies diferentes presentes em seus quintais. As espécies que obtiveram os maiores valores de uso e a concordância corrigida quanto ao uso principal foram Lippia alba (Mill.) N.E. Br. (erva cidreira), Mentha x villosa Huds. (hortelã), Cymbopogon citratus (D.C) Stapf (capim santo) e Plectranthus barbatus Andrews (boldo). Para o cálculo da porcentagem corrigida de Concordância quanto aos Usos Principais (CUPc) foram consideradas como espécies principais as que apresentaram valores acima de 35%. As famílias mais importantes foram Lamiaceae e Rutaceae. Na preparação dos medicamentos, as folhas foram a parte da planta mais utilizada e o chá a principal forma de preparo. As plantas citadas neste trabalho reafirmam a importância da pesquisa etnobotânica no resgate do conhecimento tradicional, seja pelo seu valor histórico ou pela necessidade de confirmação das indicações de uso.

Palavras-chave: etnobotânica, plantas medicinais, valor de uso.

Área temática: Etnobotânica

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OFERTA E USO DE RECURSOS FLORESTAIS NA RESERVA LEGAL DO ASSENTAMENTO RENDEIRAS EM GIRAU DO PONCIANO-AL

Cledson dos Santos Magalhães1, Francilene da Silva Amorim1, Merieli Araújo do Carmo Silva1, Mony Cely Oliveira Guimarães1; Henrique Costa Hermenegildo da Silva1

1Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

O presente trabalho objetivou realizar um levantamento etnobotânico para apresentar bases para o uso sustentável da reserva legal do assentamento Dom Hélder Câmara/Rendeira, em Girau do Ponciano-AL. O mesmo está localizado na cidade de Girau do Ponciano e possui mais de quatro mil hectares ocupados por 287 famílias. Sua população é de cerca de 1300 pessoas, a maioria homens, com uma expressiva faixa etária de crianças e adolescentes de até 17 anos e uma população jovem entre 18 e 35 anos. O assentamento possui uma Área de Reserva Legal (ARL). Para amostragem dos recursos florestais, instalaram-se 56 parcelas de 10 x 20 m na ARL, totalizando 1,12ha. Os indivíduos lenhosos com circunferência ao nível do solo a partir de 9 e com 1 m de altura foram marcados. Para os dados etnobotânicos, foi aplicado o método etnobotânico Inventário Entrevista, em que as plantas foram apresentadas ao informante em campo durante a realização do inventário da vegetação. Os dados são preliminares e pretende-se estender a entrevista a mais moradores. Foram reconhecidas 25 espécies/morfoespécies, das quais 19 foram identificadas ao nível de espécie, 2 ao nível de gênero, 2 ao nível de família e 2 não foram identificadas. Dentre os usos atribuídos a estas espécies na localidade estão: medicinal, energético, construção rural e doméstica, tecnológico, forragem, alimentação e ornamentação. Dentre os 3725 indivíduos registrados, as espécies mais abundantes foram Croton blanchetianus Baill. (Marmeleiro) e Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz (Catingueira), com 1529 e 822 indivíduos, respectivamente. As estas espécies foram atribuídos os mesmos usos, para estaca, carvão e dor de barriga. Considerando que o comércio de estaca e carvão pode ser uma atividade rentável e que estas espécies apresentam alto poder de reprodução, as mesmas apresentam potencial para serem manejadas ou implementadas em sistemas agrossilviculturais.

Palavras-chave: etnobotânica, manejo florestal, sistemas agroflorestais.

Área temática: Etnobotânica

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ETNOBOTÂNICA: ENTRAVES E POSSIBILIDADES

Joyce Alves Rocha1; 2, Elza Neffa1

1Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ;

2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ.

Das vertentes científicas que forjaram a ideia multidimensional de natureza, nasce a Etnobotânica apontando para a perspectiva de valorização dos saberes tradicionais. Apesar de um discurso de valorização desses saberes e do surgimento da “Etnobotânica Aplicada”, percebemos entraves que obstaculizam a transformação do etnoconhecimento em uma práxis que se traduza em política pública socioambiental. Esse estudo objetiva identificar os entraves encontrados na tentativa de se aproximar o discurso à prática, no que diz respeito à aplicabilidade desse conhecimento. Para tanto, utilizou-se como ferramenta metodológica a pesquisa em bases de dados virtuais (Scielo, Embrapa, Capes e BDTD), com vistas a uma revisão global de artigos em periódicos, cruzando-se o termo “etnobotânica” com expressões como “política ambiental”, “política pública”, “preservação ambiental”, “conservação ambiental”, “manejo sustentável”, “conhecimento tradicional” e “biodiversidade”. Dos sessenta e três artigos analisados, cinquenta e dois apresentam a Etnobotânica como propulsora da transformação da realidade, no que tange às questões ambientais, e onze relatam pesquisas que contém a aplicação dessa ciência como suporte à construção de políticas públicas. Na esteira dessa interpretação, dentre os entraves detectados destacam-se: a) controvérsia envolvendo as conceituações - “tradicional” e “território”; b) dificuldade de formulações jurídicas que façam valer o direito à participação das populações nas decisões quanto aos bens tangíveis e intangíveis; c) assimetrias de poder; d) lentidão legislativa, executiva e judiciária; e) dificuldade dessas populações reconhecerem o potencial do conhecimento que produzem. A superação desses entraves pressupõe a necessidade de criação de mecanismos de aproximação do discurso à prática social, tais como, a realização de diagnósticos participativos e de audiências públicas, a socialização e a transparência de informações, a mobilização e a capacitação de atores sociais, a mediação de conflitos fundiários, dentre outros.

Palavras-chave: etnoconhecimento, discurso, entrave.

Área temática: Etnobotânica

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LEVANTAMENTO ETNOBOTANICO DE PLANTAS ESPONTÂNEAS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO SOLO

Henrique Costa Hermenegildo da Silva1, Valdevan Rosendo dos Santos1, Sônia Cristina da Silva1, Maria da Silva1, Wilton Silva Santos1

1Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

Tem-se constatado um aumento gradativo no número de citações em literaturas sobre plantas que indicam condições do solo com abordagem que transcende os limites do saber exclusivamente acadêmico, sendo o agricultor considerado uma peça chave na tomada de decisão. O objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento etnobotânico de plantas indicadoras da qualidade do solo, na comunidade rural do Carrasco em Arapiraca-AL. Para registros das plantas espontâneas, foram distribuídas 140 parcelas de 1 x 1m² numa área de 0,49ha, em quatro grupos de cinco linhas, cada linha com sete parcelas, a distância entre as parcelas e as linhas são de dois metros e, entre cada grupo, com sete metros. Foram coletadas todas as plantas que estivessem dentro da parcela, contabilizando o número de cada morfoespécie. As informações etnobotânicas foram obtidas através de inventário entrevista com os agricultores a partir da aplicação de formulário semi-estruturado. O número total de plantas coletadas foi de 1124 indivíduos, sendo o (Capim flecha) Digitaria insularis (L.) Fedde e a (Vassourinha de botão) Thyrsacanthus microphyllus A.Côrtes & Rapini, as espontâneas mais numerosas e mais frequentes, ambas com 118 indivíduos e frequência relativa de 10,5%. Segundo os agricultores entrevistados, “Estes matos nascem em terra fraca, apilada”. Dos sete entrevistados pelo menos quatro concordam que “estas espontâneas começam a nasce quando a terra está ficando fraca”. Já para as plantas que indicam boa qualidade do solo são citadas a (Flor branca) Turnera subulata Sm. E (Melancia da praia) e Solanum palinacanthum Dunal, com 99 e 72 indivíduos e FRe de 8,81% e 6,41% repectivamente. Segundo alguns entrevistados, a área em estudo está “fraca, precisando de adubo”. Portanto, nas próximas etapas do projeto, novas entrevistas e analise do solo serão feitas para fazer a correlação dos nutrientes presentes e as plantas ali existentes.

Palavras-chave: etnoecologia, conservação do solo, bioindicadores.

Área temática: Etnobotânica

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UTILIZAÇÃO DE PLANTAS EM CRENÇAS POPULARES NO NORDESTE DO BRASIL

Zenneyde Alves Soares1, Simone da Silva2, Ricardo Batista dos Santos2, Carlos Antônio Berlarmino Alves2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Universidade Federal da Paraíba - UFPB;

2Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.

As crenças populares interligam os recursos naturais com tradições, acreditando e fazendo utilização das plantas para usos simbólicos. O presente estudo registrou quais espécies são utilizadas para fins mágico/religioso pelos moradores das comunidades rurais de Cabaceiras (Comunidade São Francisco, 123 informantes-53H/70M), Solânea (Capivara, 112-53H/59M), Remígio (Coelho, 37-17H/20M), São Mamede (Várzea Alegre, 36-17H/19M), Itaporanga (Pau D’Arco, 15-8H/7M). Foram realizadas entrevistas com 100% dos chefes de família no período de Janeiro/2011 a Junho/2012. Os informantes assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Registraram-se nove espécies: Anadenathera colubrina (Vell.) Brenan, Poincianella gardneriana (Benth.) L.P.Queiroz, Jatropha mollissima (Pohl.) Baill., Ziziphus joazeiro (Mart.), Bauhinia pentandra (Bong.) Vogel ex Steud., Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., Amburana cearensis (Allemão), Senna spectabilis (Schrad) H.S.Irwin & Barneby., Neocalyptrocalyx longifolium (Mart.) Cornejo & Iltis, Jatropha ribifolia (Pohl) Baill.. 37 citações de uso no total (20M/17H), sendo 19 de uso atual, 18 de uso potencial. As partes usadas mais citadas foram folha (11 citações), e a planta completa (10). A família mais expressiva foi Fabaceae (26 citações de uso). Registrou-se, mediante as crenças, que as espécies citadas podem “espantar mal olhado”, “trazer azar”, “evitar cegueira”, apresentar sinais como “aparecimento de espíritos”, “abrir caminhos”. A crença “trazer azar” foi a citação representada pela A. colubrina, onde foi a que obteve maiores citações. Para “espantar mal olhado” as espécies citadas foram P. pyramidalis, J. ribifolia, S. martiana, J. mollissima e M. tenuiflora. Para “abrir os caminhos” M. tenuiflora, A. cearensis, N. longifolium, J. ribifolia. Como indicadora de “aparecimento de espíritos”, Z. joazeiro, e “evitar cegueira” B. cheilantha. As informações obtidas mostram a existência de potenciais mágico/religioso de certas plantas da caatinga. Essas crendices são transmitidas ao logo das gerações, principalmente por rezadeiras/benzedeiras.

Palavras-chave: crenças populares, etnobotânica, nordeste.

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO E USO DE Mimosa tenuiflora (WILLD.) POIR. POR MORADORES DE SETE COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL)

João Everthon da Silva Ribeiro1, Diego Batista de Oliveira Abreu1, Natan Medeiros Guerra1, Carlos Antônio Belarmino Alves2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB;

2Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. é uma espécie da família Fabaceae, conhecida e utilizada no domínio da caatinga, semiárido nordestino. O presente estudo registrou o conhecimento e uso atribuído a essa espécie pelos moradores de sete comunidades rurais no semiárido da Paraíba: São Francisco (Cabaceiras, 123 informantes), Pau D’Arco (Itaporanga, 15), Santa Rita (Congo, 98), Barroquinha (Lagoa, 66), Coelho (Remígio, 37), Várzea Alegre (São Mamede, 36), Capivara (Solânea, 112), totalizando 487 informantes, dos quais 300 (153homens/147mulheres) citaram usos para jurema preta. Foram entrevistados os chefes de família que assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As citações de uso foram organizadas em dez categorias: combustível, construção, forragem, medicinal, ornamental, tecnologia, veterinária, veneno-abortivo, outros usos e mágico-religioso. As citações de homens e mulheres de cada comunidade e entre as comunidades foram correlacionadas pela Correlação de Pearson. Registraram-se 1.079 citações de uso. A média e o desvio padrão evidenciaram variações entre os informantes das comunidades (São Francisco, com média de 2,92 e desvio padrão de ±1,78; Pau D’Arco, com 2,87 e ±1,02; Santa Rita, com 3,76 e ±2,11; Barroquinha, com 4,34 e ±1,81; Coelho, com 3,00 e ±1,60; Várzea Alegre, com 5,25 e ±3,31; Capivara, com 2,12 e ±0,83). Em todas as comunidades, as categorias com atributos madeireiros se destacaram com ênfase para combustível e construção. Houve fortes correlações entre homens/mulheres em cada comunidade (p<0,05), entre os homens, e entre as mulheres das comunidades (p<0,05). O destaque de M. tenuiflora se deu em virtude do seu grande uso madeireiro. Tornam-se necessários estudos que avaliem a frequência e quantidade de recursos extraídos da espécie, e os impactos que podem estar gerando sobre sua população em cada município estudado. As variações nas citações de uso podem estar relacionadas com a disponibilidade local de outras espécies que apresentem os mesmos usos que M. tenuiflora.

Palavras-chave: jurema preta, caatinga, etnobotânica.

Área temática: Etnobotânica

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ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS NA FABRICAÇÃO DE ARTEFATOS TECNOLÓGICOS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAÍBANO (NORDESTE DO BRASIL)

Kamila Marques Pedrosa1, Raphael Cavalcante Paulo1, Natan Medeiros Guerra1, João Paulo de Oliveira Ribeiro1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

Muitas espécies do semiárido nordestino são úteis como recursos madeireiros, sendo utilizadas em muitos usos tecnológicos pelas populações tradicionais. O presente estudo registrou o conhecimento e uso de espécies vegetais na fabricação de artefatos tecnológicos pelos moradores das comunidades de Pau D’Arco (Itaporanga, 15 informantes-8H/7M), Barroquinha (Lagoa, 66-25H/41M), Várzea Alegre (São Mamede-36, 17H/19M), Coelho (Remígio-37, 17H/19M), Capivara (Solânea-112,53H/59M), e São Francisco (Cabaceiras-123,53H/70M). Os 389 informantes assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). O Valor de Uso das espécies foi calculado por meio de três cálculos (VUGeral/VUAtual/VUPotencial). Foi testada a relação entre homens/mulheres e entre os VUs, pela Correlação de Pearson. O Teste de Kruskal-Wallis, método de Dunn, testou a relação entre os VUs de cada comunidade. Foram identificadas 64 espécies, 47 gêneros, 18 famílias. Registraram-se 229 citações e 37 usos em Pau D’Arco (172H\57M), Barroquinha com 652 citações e 66 usos (393H\259M), Várzea Alegre com 523 citações e 94 usos (365H\158M), Coelho com 303 citações e 34 usos (177H\126M), Capivara com 1054 citações e 74 usos (703H\351M), São Francisco com 728 citações e 42 usos (453H\275M), distribuindo-se em diversos artefatos (móveis, cabo de ferramentas, artesanato, cangas de animais, etc.). As espécies em destaque foi Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl no Sertão (Itaporanga/Lagoa) e Seridó (Várzea Alegre), Aspidosperma pyrifolium Mart no Curimataú (Remígio/Solânea) e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth.&Hook.f ex S.Moore no Cariri (Cabaceiras). Houve fortes correlações entre os VUs em cada comunidade (p<0,0001). A relação entre os gêneros também apresentou correlações em todas as comunidades (p<0,05). Quando comparados os valores de uso entre as comunidades, só foram encontradas correlações no VU atual entre Itaporanga com Lagoa/São Mamede (p<0,05). Os dados evidenciaram uma relação maior entre as comunidades situadas na Depressão Sertaneja (Itaporanga/Lagoa/São Mamede) e a necessidade da distinção entre usos atuais e potenciais e a tendência das mesmas espécies serem importantes tanto para homens como para mulheres, e os artefatos serem confeccionados para atender as necessidades da família.

Palavras-chave: Artefato, Paraíba, etnobotânica.

Área temática: Etnobotânica

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A PERCEPÇÃO DOS BENZEDORES DE IMBITUBA E GAROPABA-SC (BRASIL) SOBRE A OBTENÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS

Julia Vieira de Cunha Avila1, Natalia Hanazaki1

1Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

A influência dos benzedores na manutenção da saúde de populações locais e no uso de plantas medicinais está presente em diversas comunidades brasileiras. Foi realizado um estudo etnobotânico nos municípios de Imbituba e Garopaba-SC, sobre as plantas utilizadas como medicinais por benzedores. Através da metodologia bola-de-neve foram entrevistados 16 benzedores dentre os quais 15 conhecem e indicam o uso de plantas com fins medicinais à seus atendidos. A listagem-livre de plantas usadas medicinais apontou o conhecimento de 156 espécies ou morfoespécies pelos entrevistados. O principal local de obtenção das plantas utilizadas com esses fins é nos quintais (50%); seguido de coleta em matas ou quintais ou compra (31%); 12% obtêm as plantas principalmente nas matas e 6% citou que em geral as compra. Contudo, quando perguntados com relação à facilidade de encontrar as plantas que utilizam para a cura, 62% dos benzedores consideram ser difícil encontrar as plantas que necessitam, justificando tais dificuldades devido principalmente a uma diminuição das áreas dos quintais decorrente de pressões econômicas e da especulação imobiliária, de uma mudança cultural em que muitas pessoas não possuem e não cuidam mais dos quintais atualmente e devido a uma diminuição das matas da região. Percebe-se assim a influência cultural e do planejamento urbano na manutenção do uso de plantas com fins medicinais na região, mostrando-se necessário que se reflita junto à comunidade e órgãos públicos a melhor maneira contribuir para que a manutenção da saúde através do uso de plantas seja acessível e viável ao longo do tempo.

Palavras-chave: etnobotânica, práticas terapêuticas tradicionais, quintais.

Área temática: Etnobotânica

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RELAÇÃO ENTRE AGRICULTORES FAMILIARES EXTRATIVISTAS DE ERVA-MATE (ILEX PARAGUARIENIS A. ST.-HIL) E A FLORESTA DE ARAUCARIA NA REGIÃO DO PLANALTO NORTE CATARINENSE

Andréa Gabriela Mattos1, Maurício Sedrez dos Reis1, Nivaldo Peroni1

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

Erva-mate é o principal recurso florestal não madeireiro explorado na Mata Atlântica. A espécie tem sua área de ocorrência concentrada no Sul do Brasil, principalmente no sub-bosque da floresta ombrófila mista (floresta com araucária). A chamada “erva-mate nativa”, produto obtido a partir de sistemas de manejo locais em ambiente florestal, apresenta maior valor comercial e tais sistemas passaram a ser mais valorizados pelos agricultores familiares. Assim, este trabalho visa contribuir para o entendimento da relação entre os agricultores familiares extrativistas e os remanescentes florestais de araucária com manejo de erva mate. O trabalho foi realizado no Planalto Norte Catarinense e foram empregadas entrevistas semi-estruturadas (n=33). Entre os principais resultados está a designação das áreas de manejo por denominações específicas: Caíva (24,6% dos entrevistados), Mato (21,3%), Invernada (15,2%), Potreiro (6,1%). As principais características para Caíva foram: área que possui mato com árvores, sendo roçada frequentemente para tirar erva–mate, podendo ter ou não criação. As demais designações apresentaram uma descrição semelhante, mas sempre com inclusão de criação. Outro aspecto importante é o tempo de contato com o sistema de manejo: 75,6% dos entrevistados começaram a trabalhar com erva-mate com idade inferior aos 10 anos, mostrando que o manejo da erva-mate faz parte de suas vidas há muito tempo. Tais resultados refletem uma forte ligação cultural com os sistemas de manejo tradicionais da erva-mate em ambiente com cobertura florestal em floresta com araucária. Este aspecto, além de favorecer a conservação de remanescentes florestais, favorece a manutenção de um sistema de manejo de paisagem característico, tradicional da região Sul do Brasil.

Apoio: CAPES, REUNI, CNPq, EMBRAPA (Conservabio)

Palavras-chave: erva-mate, conhecimento tradicional, conservação.

Área temática: Etnobotânica

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A SELEÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS POR POPULAÇÕES LOCAIS BRASILEIRAS SOFRE INFLUÊNCIA TAXONÔMICA? UMA ANÁLISE

Patrícia Muniz de Medeiros1, Luciana Gomes de Sousa Nascimento1, Ana Haydée Ladio2, André Maurício Melo Santos3, Ulysses Paulino de Albuquerque1

1Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE;

2CONICET, Universidad Nacional del Comahue;

3Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.

Este estudo objetiva analisar a influência da filiação taxonômica na seleção de espécies medicinais por populações locais brasileiras. Partiu-se da seguinte pergunta: as espécies medicinais estão distribuídas nas famílias botânicas de forma proporcional ao tamanho das famílias? Estudos etnobotânicos sobre plantas medicinais foram compilados e a flora medicinal resultante foi comparada com a flora total de angiospermas brasileiras, por meio de goodness-of-fit (corrigido com simulações de Monte Carlo) e de testes binomiais. A distribuição de espécies medicinais por famílias se distancia significativamente do esperado, considerando a hipótese nula (p<0,05). Esse resultado significa que algumas famílias são privilegiadas, carregando proporcionalmente uma quantidade maior de espécies aplicadas como medicinais. Ao todo, 32 famílias foram consideradas sobreutilizadas, enquanto 11 foram consideradas subutilizadas. Observou-se um expressivo sobreuso das famílias Fabaceae, Euphorbiaceae, Asteraceae, Lamiaceae, Anacardiaceae e Bignoniaceae, enquanto Poaceae, Orchidaceae, Melastomataceae, Bromeliaceae e Eriocaulaceae foram bastante subutilizadas. Embora algumas famílias sejam sobreutilizadas para vários sistemas corporais, tais sistemas apresentaram diferenças quanto às famílias de sobreuso. Os resultados levam a crer que a especificidade química dos grupos taxonômicos influencia diretamente na seleção de espécies como medicinais e, mais especificamente, na seleção diferencial por sistema corporal. Ainda, observados em conjunto com outros estudos desenvolvidos ao redor do mundo, nossos resultados apontam para um padrão global de sobressaliência de famílias como Asteraceae e Lamiaceae e de subuso de famílias como Poaceae e Orchidaceae. O uso diferencial e não proporcional de certas famílias, aliado à dissimilaridade no tratamento de sistemas corporais entre famílias taxonomicamente distantes, sugere que o uso tradicional de recursos medicinais vegetais não é feito de forma aleatória e é fortemente influenciado pelo arcabouço químico das espécies.

Palavras-chave: etnobotânica quantitativa, ecologia humana, meta-análise.

Área temática: Etnobotânica

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USO DOMÉSTICO DE LENHA NA COMUNIDADE RURAL DE NOVO HORIZONTE, MUNICÍPIO DE JARDIM (CE): PREFERÊNCIAS LOCAIS E COLETA DE PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS NA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE (FLONA)

Luciana Gomes de Sousa Nascimento1, Marcelo Alves Ramos1, Elcida de Lima Araújo1, Ulysses Paulino de Albuquerque1

1Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.

Para muitas populações humanas a lenha permanece como fonte primária de energia, o que tem contribuído para uma intensa exploração dos recursos florestais. Esse estudo objetivou registrar o conhecimento/uso/preferência de lenha na Comunidade Novo Horizonte, município de Jardim (CE), localizada às adjacências da FLONA. Foram realizadas visitas às unidades residenciais a fim de registrar as plantas conhecidas, preferidas e utilizadas como lenha na comunidade. Até o momento foram realizadas 43 entrevistas semiestruturadas com chefes de família e registrados todos os elementos (lenha) presentes nos estoques residenciais no momento da visita (técnica do inventário in situ). A partir da lista livre foram registradas 74 etnoespécies onde as plantas mais frequentemente citadas foram murici preto (Byrsonima sp.1), faveira (Dimorphandra gardneriana Tul.), murici branco (Byrsonima sp.2) e araçá (Psidium sp.) com 69,8%, 65,1%, 58,1% e 55,8% de citações, respectivamente. Dentre as plantas preferidas destacou-se o murici preto (48,8%), murici branco (25,6%) e murici vermelho (Byrsonima sp.3) (23,3%) os quais, de acordo com os informantes, apresentam como principais características a facilidade para gerar chamas quentes e brasas de longa duração, evidenciando o alto poder calorífico dessas espécies. Analisando o uso efetivo, por meio do inventário in situ, registrou-se 56 etnoespécies onde pitomba braba (Matayba guianensis Aubl.) foi mais frequente nos estoques (32,6%). Logo em seguida, destacam-se novamente os três muricis, cada um com 30,2% de ocorrência, tais resultados reforçam que as espécies mais usadas são aquelas percebidas como preferidas pela população. Estes dados preliminares corroboram com os apresentados no Plano de Manejo da Floresta Nacional do Araripe que destacam os muricis como as espécies preferidas localmente. No entanto, até o momento, não registrou-se a quantidade de lenha coletada por espécie e a disponibilidade deste recurso na região, dados importantes para subsidiar estratégias de coleta sustentável deste recurso.

Apoio: PNPD-CAPES-Brasil.

Palavras-chave: etnobotânica, florestas secas, madeira para combustível.

Área temática: Etnobotânica

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AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DO EXTRATO ETANÓLICO DE Solanum stipulaceum ROEM & SCHULT, INDICADA COMO ANTIULCEROGÊNICA GÁSTRICA EM UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO NO POVOADO VILA CAPIM, ARAPIRACA-AL.

Cirlane Alves Araujo1, Denise Maria da Silva1, Washington Soares Ferreira Júnior2, Josemar Sena Batista3, Maria Silene da Silva1

1Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL;

2Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE;

3Universidade Federal de Sergipe – UFS.

As informações provenientes de investigações sobre o uso de plantas medicinais por diferentes grupos humanos contribuem para a bioprospecção, proporcionando selecionar plantas que apresentem atividade farmacológica em menor espaço de tempo e com menores gastos. Um estudo etnobotânico realizado com informantes locais na comunidade rural do Povoado Vila Capim, Arapiraca-AL, mostrou que Solanum stipulaceum Roem & Schult (Sacatinga), pertencente à família Solanaceae, obteve maior índice de saliência (0, 250) dentre 15 espécies indicadas com atividade antiulcerogênica gástrica. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antiulcerogênica do extrato etanólico (EE) das folhas de S. stipulaceum in vivo. A espécie foi identificada no Herbário do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas – MAC, com o número de registro 46248. Para a avaliação farmacológica, foi utilizado o modelo de lesão gástrica aguda induzida por etanol absoluto. A toxicidade aguda (DL50) também foi avaliada. No modelo de indução de úlcera por etanol, utilizaram-se ratos Wistar machos (n=5). O controle positivo recebeu Lansoprazol (30 mg.kg-1), o controle negativo Tween 80 a 6% (10 mL.kg-1) e o grupo experimental recebeu EE nas doses de 100, 200 e 400 mg.kg-1. Os dados foram analisados pela ANOVA uma via, seguido do teste de Tukey. Para o estudo da toxicidade aguda, foram utilizados camundongos Swiss machos e fêmeas (n=10). O grupo controle recebeu Tween 80 a 6% (1mL.kg-1) e o grupo experimental EE 5000 mg.kg-1. S. stipulaceum apresentou atividade antiulcerogênica nas doses de 200 e 400 mg.kg-1 (p< 0,01) e porcentagem de inibição da lesão de 71,12% e 76,38% respectivamente. O EE de S. stipulaceum não produziu sinais ou sintomas de toxicidade nos animais tratados. A partir dos resultados obtidos, observa-se a importância do conhecimento popular na seleção de plantas medicinais para uma indicação terapêutica.

Palavras-chave: etnobotânica, Solanum stipulaceum, antiulcerogênica.

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL DOS QUILOMBOLAS DE VILA BELA DE SANTÍSSIMA TRINDADE – MT SOBRE ÁRVORES FRUTÍFERAS DAS ÁREAS INUNDÁVEIS DO RIO GUAPORÉ.

Nilo Leal Sander1, Carolina Joana da Silva1

1Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

O conhecimento ecológico tradicional (CET) é característico das comunidades tradicionais. Estudos direcionados são cada vez mais necessários para ver as condições que refletem ou não a conservação, bem como as práticas de manejo de recursos vegetais. Com base nestas considerações, este estudo teve como objetivo investigar o conhecimento ecológico tradicional sobre árvores frutíferas de áreas inundáveis da comunidade quilombola da cidade de Vila Bela de Santíssima Trindade, no Vale do Guaporé. Durante três meses foram feitas quinze entrevistas estruturadas com os quilombolas das comunidades do Retiro e do Boqueirão. Juntos, os quilombolas citaram trinta e uma espécies diferentes de árvores frutíferas, localizadas nas áreas inundáveis do vale do Guaporé: Abobrinha do pântano, Açaizeiro, Bacupari, Buriti, Buritirana, Caburé, Canaíva, Canela, Coroa de frade, Favero do rio, Figueirinha, Fruta de macaco, Fruta sebo, Genipapo, Ingá, Jamelão, Maçaranduva, Mangue, Maracujá do pântano, Marmelada, Olho de boi, Pacuzeiro, Pau de leite amarelo, Pimentão, Pimenteira, Pindaiúva, Sarão, Siputá, Sucupira, Urumbamba, Vinagreira. Três destas foram citadas por mais de 50% das pessoas, são elas: Ingá, Buriti e Siputá. Treze das espécies foram citadas por apenas uma vez. A principal utilização das plantas é para alimentação e para pesca. Muitos destes recursos eram utilizados pelos quilombolas locais e deixaram de ser por vários motivos, entre eles a facilidade de compra de produtos comercializados, a falta de valorização da cultura e a migração dos descendentes do campo para a cidade. A grande variedade de citações de plantas nos leva a reforçar a importância de pesquisas desta natureza para a preservação do conhecimento tradicional. O conhecimento ecológico tradicional é traduzido no contato direto com os recursos naturais que representam relações ecológicas em seu sentido estrito, tornando importante o conhecimento desta comunidade para uma ação mais certeira rumo a conservação desta área de seus recursos.

Palavras-chave: comunidade tradicional, guaporé, etnobotânica.

Área temática: Etnobotânica

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O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NOS QUINTAIS DO BAIRRO FLOR DO CAMPO, CAMPO MAIOR, PIAUÍ, BRASIL

Carla Ledi Korndörfer1, José Rodrigues de Almeida Neto1, Maria Daianne Sousa da Silva1, Lia Raquel Gomes Silva1, Josenice de Azevedo Moura1

1Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

Os quintais exercem funções socioculturais e ecológico-econômicas sobre a flora local e, a etnobotânica, ciência que interliga a biologia vegetal e os estudos sociais, se preocupa em estudar a percepção local da população sobre as plantas. Esta pesquisa teve como objetivo fazer o levantamento das plantas de uso medicinal cultivadas nos quintais do bairro Flor do Campo, em Campo Maior (PI). Os entrevistados foram indicados pelas agentes comunitárias de saúde do bairro e seguiu-se a linha metodológica da pesquisa etnobiológica, através da técnica “Bola de Neve”. Foram feitas coletas e identificação local das etnoespécies pelo caminhamento dentro dos quintais, com o auxílio de questionário semi-estruturado. A pesquisa foi realizada durante os meses de maio e julho de 2012, os vegetais coletados foram herborizados, identificados e armazenados no laboratório de Botânica do Campus Heróis do Jenipapo, da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Foram visitados oito quintais, que segundo os moradores locais, apresentavam a maior variedade de plantas medicinais. Em 70% dos quintais visitados os vegetais foram plantados pelos próprios donos, em geral, pelas mulheres, que apresentavam idade média de 50 anos, sendo elas as responsáveis pela limpeza e conservação dos mesmos. As etnoespécies mais citadas pelas entrevistadas foram Romã (Punica granatum L.), Boldo (Plechtranthus barbatus Andrews), Mastruz (Chenopodium ambrosioides L.), Noni (Morinda citrifolia L.) e Malva-do-Reino (Plechtranthus amboinicus (Lour.) Spreng.), indicadas para prisão de ventre , problemas de fígado, gripe, inflamação da garganta, entre outros. As famílias botânicas mais citadas foram: Punicaceae, Lamiaceae Chenopodiaceae e Rubiaceae. A família Lamiaceae foi a que mais se destacou, tendo sido encontrada em todos os quintais e com maior número de indicações. Fica reconhecido, pelos relatos da pesquisa, que os quintais visitados sofrem influência direta de costumes tradicionais e que esses podem e devem ser repassados às futuras gerações.

Palavras-chave: quintais, plantas medicinais, percepção local.

Área temática: Etnobotânica

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A ETNOBOTÂNICA E AS MATAS DE GALERIA NA COMUNIDADE RAIZAMA, CUIABÁ-MT

Diana Carolina Martínez Sánchez1, Bruna Maria Faria Batista1, Maria Corette Pasa1

1PPG em Ciências Florestais e Ambientais, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.

O homem, através da interação com a natureza, adquiriu um conhecimento acumulado, que é transmitido de geração em geração, um tesouro que, devido à aculturação e à perda acelerada do saber local, precisa ser documentado antes que desapareça para sempre. O objetivo do trabalho foi resgatar o conhecimento tradicional associado à flora nas matas de galeria da Comunidade Raizama (MT-Brasil), destacando a utilização desses recursos vegetais. A comunidade Raizama esta localizada entre 15°39´10.4´´S e 55°39´55.09´´W, na microrregião de Cuiabá. Foi utilizada metodologia qualitativa: Entrevista; História Oral; História de Vida; Observação participante, e para a análise quantitativa: valor de uso global de cada espécie (VUsp). Os resultados mostraram que as matas de galeria são importantes para a vida dos moradores já que contêm os recursos hídricos para a subsistência. O valor dispensado a cada planta varia de acordo com a sua utilização, já que existem plantas que são utilizadas diferentes partes (raiz, folhas, etc.) Assim, quanto mais partes forem usadas, maior será o seu valor de uso. As espécies foram classificadas nas etnocategorias: Alimento, Remédio, Ornamental e Outro. A classificação por valoração utilitária foi de 43 famílias botânicas. Quanto ao VUsp, destaca-se o boldo (Plectranthus barbatus), com maior valor de uso entre as espécies citadas. Quanto ao hábito das plantas, predomina a vegetação nativa e, para as etnocategorias de uso, Remédio tem maior frequência; nesta etnocategoria a parte da planta mais usada foi a folha, com 48,3%, e entre as formas de preparos utilizados é o chá, com 63%. Entre as plantas usadas como remédio, verificou-se que a maior frequência destina-se ao tratamento de problemas de afecções do sangue, com 17,5%. Conclui-se que a etnobotânica na Comunidade Raizama é expressiva e representa um saber local sobre o uso das plantas como remédio.

Palavras-chave: saber local, valor de uso, conservação.

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NO BAIRRO FLORES EM CAMPO MAIOR, PIAUÍ, NORDESTE, BRASIL

José Rodrigues de Almeida Neto1, Carla Ledi Korndörfer1, Fabiola da Silva Santos1, Tayna Tamiris Conrado Correia1, Mariane Alves Meneses1

1Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

O conhecimento popular sobre as plantas é objeto de estudo da etnobotânica, área das ciências biológicas que está ligada as ciências sociais, pois busca o reconhecimento e valorização do homem sobre o mundo vegetal. Esta pesquisa teve como objetivo fazer o levantamento das plantas de uso medicinal cultivadas no bairro Flores, no município de Campo Maior (PI). Os entrevistados foram indicados pelas agentes comunitárias de saúde do bairro. Seguiu-se a linha metodológica da pesquisa etnocientífica, através da técnica “Bola de Neve”. Foram feitas coletas e identificação local das etnoespécies, pelo caminhamento dentro dos quintais, através de questionário semi-estruturado. O período da pesquisa se deu entre os meses de maio e julho de 2012, os vegetais coletados foram herborizados, identificados e armazenados no laboratório de Botânica do Campus Heróis do Jenipapo, da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Foram visitados 10 quintais no bairro, a maioria dos entrevistados (90%) eram mulheres na média de idade de 54 anos. As principais doenças tratadas com as plantas consideradas como medicinais estavam relacionadas a problemas renais. A parte do vegetal mais utilizada pelos entrevistados foi a folha, através do preparo de chás. Algumas plantas citadas como medicinal, também foram descritas como alimentícia (65%). Foram citadas 17 famílias botânicas com poder medicial: Combretaceae, Lamiaceae, Rubiaceae, Chenopodiaceae, Annonaceae, Crassulaceae, Piperaceae, Punicaceae, Passifloraceae, Rutaceae, Apocynaceae, Poaceae, Oxalidaceae, Asteraceae, Rosaceae, Myrtaceae e Liliaceae. Dentre estas, as que mais se destacaram foram Lamiaceae e Rubiaceae, presentes em 100 % nos quintais visitados. Percebeu-se que a maioria das indicações feitas pelos entrevistados é condizente com a literatura Fitoterápica, entretanto, em um dos quintais a espécie Averrhoa carambola L. foi indicada para o tratamento de problemas renais, enquanto que a literatura específica contra-indica o seu uso para este fim devido a presença do ácido oxálico.

Palavras-chave: plantas, tratamento, conhecimento popular.

Área temática: Etnobotânica

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ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS MEDICINAIS EM QUINTAIS NORDESTINOS: O CASO DO BAIRRO SANTA RITA, EM CAMPO MAIOR, PIAUÍ, BRASIL

José Rodrigues de Almeida Neto1, Carla Ledi Korndörfer1, Ilca de Almeida Damasceno1, Maria da Luz dos Santos1, Luciano Silva Figueiredo1

1Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

Relação de afinidade, significação cultural, formas de manejo e interpretação do conhecimento de uma comunidade sobre o mundo vegetal, são elementos que norteiam a etnobotânica. Neste sentido, esta pesquisa teve como objetivo fazer o levantamento das plantas de uso medicinal cultivadas no bairro Santa Rita na cidade de Campo Maior (PI). Os entrevistados foram indicados pelas agentes comunitárias de saúde do bairro e seguiu-se a linha metodológica da pesquisa etnocientífica, através da técnica “Bola de Neve”. Foram feitas coletas e identificação local das etnoespécies, pelo caminhamento dentro dos quintais, através de questionário semi-estruturado. O período da pesquisa, se deu entre os meses de maio e julho de 2012, os vegetais coletados foram herborizados, identificados e armazenados, no laboratório de Botânica do Campus Heróis do Jenipapo, da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Foram visitados 8 quintais. Foram citadas um total de 16 etnoespécies pertencentes a 11 famílias botânicas, que são: Euphorbiaceae, Lamiaceae, Liliaceae, Poaceae, Crassulaceae, Chenopodiaceae, Malvaceae, Oxalidaceae, Punicaceae, Rutaceae e Rubiaceae. As etnoespécies Noni (Morinda citrifolia) e Cidreira (Lippia alba (Mill.) N.E. Br.) foram encontradas em todas as casas. A folha dos vegetais foi citada com maior frequência como sendo a parte mais usada, assim como, a forma de uso através de chás. Sendo que alguns chás eram compostos por mais de uma planta, como por exemplo, aqueles relacionados com problemas de pressão: “pega o capim de cheiro, a folha da cidreira e da laranja, bota pra ferver, abafa, depois toma”. Foi observado ainda, que algumas plantas indicadas como medicinais, também podem ser encaixas nas categorias Alimentícia, Ornamental e Cosmética. Os quintais, sendo o local de cultivo dessas plantas, eram bem conservados e usados também como lugar de socialização da casa. Todos os entrevistados afirmaram que preferem o uso das plantas aos fármacos, principalmente por acreditarem no seu poder curativo

Palavras-chave: plantas medicinais, quintais, significação cultural.

Área temática: Etnobotânica

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O USO DE RECURSOS VEGETAIS DE FLORESTAS SECAS PODE SER EXPLICADO POR SUA DISPONIBILIDADE LOCAL?

Thamires Kelly Nunes Carvalho1, João Everthon da Silva Ribeiro1, João Paulo de Oliveira Ribeiro1, Carlos Antônio Belarmino Alves2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB;

2Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.

A hipótese da aparência ecológica busca entender a dinâmica do uso de uma determinada espécie a partir de sua disponibilidade nas áreas de vegetação. Desta forma, as plantas aparentes seriam os maiores alvos de coleta e utilização pelos seres humanos. O presente estudo testou essa hipótese na comunidade rural Santa Rita, município do Congo, microrregião do Cariri (Paraíba-Nordeste-Brasil). Para cada espécie, calculou-se o seu valor de uso pela fórmula VU=ΣUis/nis, onde: Uis=número de usos da espécie s mencionados em cada evento pelo informante, nis=número de eventos que o informante i citou a espécie s. Para o inventário fitossociológico, adotou-se o método do Ponto Quadrante, sendo plotados 500 pontos distribuídos nas áreas de vegetação da comunidade, anotando medidas do perímetro e altura de 2.000 indivíduos, sendo registradas quatro plantas por ponto quadrante. Foram feitas entrevistas com os chefes de família, totalizando 98 informantes (41H/57M), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). As espécies citadas foram agrupadas em 11 categorias utilitárias. Foi utilizado a Correlação de Pearson para correlacionar os dados fitossociológicos e etnobotânicos. Registraram-se 24 espécies, 21 gêneros e 11 famílias. Observou-se que o VUs das espécies não apresentaram correlações com os parâmetros fitossociológicos (p>0,05). Com relação às categorias de uso, encontraram-se correlações positivas na categoria combustível (VU com dominância e área basal, p<0,05), construção (VU com todos os parâmetros fitossociológicos, p<0,05), forragem (VU com todos os parâmetros, p<0,05), veneno/abortivo (VU com densidade e frequência, p<0,05). A aparência ecológica explicou, de forma expressiva, a importância local das plantas úteis nas categorias combustível, construção e forragem, e de forma pouco expressiva na veneno-abortiva.

Palavras-chave: Paraíba, etnobotânica, fitossociologia.

Área temática: Etnobotânica

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AVALIANDO A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS NATIVAS DO SEMIÁRIDO POR MEIO DO ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO (PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL)

Thamires Kelly Nunes Carvalho¹, Kamila Marques Pedrosa¹, João Everthon da Silva Ribeiro¹, João Paulo de Oliveira Ribeiro¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Nos últimos anos, os estudos etnobotânicos têm assumido uma tendência conservacionista, buscando o desenvolvimento de métodos e técnicas que possam ser aplicados na conservação e uso sustentável dos recursos naturais. O presente estudo utilizou do método do IPC (Índice de Prioridade de Conservação) para identificar as espécies vegetais nativas que possam estar necessitando atenção conservacionista, na comunidade rural de Capivara, município de Solânea, curimataú da Paraíba (Nordeste/Brasil). Foi realizado um levantamento fitossociológico em duas áreas de vegetação (degradada–A1; conservada–A2), e aplicadas entrevistas com 112 informantes (59M/53H), que assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Foram registradas 26 espécies, 21 gêneros e dez famílias. O IPC destacou Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Schinopsis brasiliensis Engl., Ziziphus joazeiro Mart. (ambas com escore=44), Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm, Cynophalla flexuosa (L.) J. Prese (ambas com escore=41), Spondias tuberosa Arruda (escore=40), Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet (escore=39), Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz, Myracrodruon urundeuva Allemão, Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler (ambas com escore=38). O elenco apresentado no IPC evidencia a necessidade de esforços conservacionistas das espécies com maior escore, principalmente por terem se destacado espécies ameaçadas de extinção. Sugere-se a realização de estudos que avaliem a disponibilidade e pressão de uso local dessas espécies.

Palavras-chaves: conservação, biodiversidade, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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RECURSOS VEGETAIS UTILIZADOS PELOS POVOS INDÍGENAS DE RONDÔNIA E NOROESTE DE MATO GROSSO

Reginaldo de Oliveira Nunes1

1Universidade Federal de Rondônia – UNIR

Os recursos vegetais sempre foram de extrema necessidade para os povos indígenas, principalmente por estes viverem em contato com a fonte desses recursos – a natureza. O objetivo do trabalho foi levantar dados preliminares sobre a utilização de recursos vegetais pelos povos indígenas de Rondônia e noroeste de Mato Grosso. Para alcançar o objetivo proposto, realizou-se uma atividade com os alunos da terceira turma do Curso de Licenciatura Intercultural oferecido pela Universidade Federal de Rondônia no campus de Ji-Paraná. Na atividade propôs que cada aluno citasse cinco recursos vegetais utilizados na sua terra indígena bem como sua utilização. As citações foram feitas na língua materna e língua portuguesa. Foram citadas trinta e seis etnoespécies, sendo castanha a mais representativa (n=22), seguida de patuá (n=19), cacau (n=17), açaí (n=16), buriti, pama e copaíba (n=06 cada). As formas de utilização citadas foram consumo, medicinal, comercialização, construção de casas e barcos, fabricação de artesanatos e pintura corporal, sendo consumo e comercialização as mais representativas. Nota-se que os povos indígenas necessitam dos recursos vegetais extraídos da natureza e que esses fazem parte do seu dia-a-dia, e sem os mesmos esses povos estariam em situação de risco, já que vivem em constante interação com o meio onde vivem. Devido pressões sofridas principalmente por garimpeiros, madeireiros e fazendeiros, suas terras são constantemente invadidas e os recursos que antes eram fáceis de serem obtidos, tornam-se cada dia mais escassos, o que demonstra uma grande preocupação com projetos que vissem garantir a sustentabilidade ambiental nas terras indígenas.

Palavras-chave: etnoconhecimento, recursos vegetais, populações indígenas

Área temática: Etnobotânica

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LISTA LIVRE, RECORDATÓRIO 24 HORAS E ANÁLISE DE DESPENSA REGISTRANDO A RIQUEZA DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS QUE PERMEIAM A DIETA CAIÇARA

Mariana Giraldi1, Natalia Hanazaki2, Naiana Pereira Lunelli3

1Universidade Federal Rural de Pernambuci – UFRPE;

2Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC;

3Instituto de Botânica de São Paulo.

Para acessar informações sobre a riqueza de plantas conhecidas e utilizadas por grupos humanos, uma ferramenta metodológica comumente empregada na pesquisa etnobotânica é a lista livre. Em se tratando de investigações sobre dieta alimentar, o método mais recorrente para avaliar a riqueza de itens consumidos é o recordatório 24 horas, que pode ser acompanhado por métodos como a análise de despensa. Considerando que o emprego dessas metodologias fornece dados complementares sobre a dieta caiçara, as mesmas foram aplicadas em duas comunidades de Paraty, RJ, para verificar a riqueza de plantas alimentícias (convencionais e não convencionais; cultivadas e coletadas) que fazem parte dos hábitos alimentares locais. A coleta de dados se deu em fevereiro e julho de 2011, de modo que o recordatório 24 horas e a análise de despensa foram, quando possível, repetidos nas residências visitadas (21 em Ponta Negra e 43 na Ilha do Araújo). A partir da lista livre foram mencionados 134 nomes vernaculares de plantas alimentícias (conhecidas e consumidas ao longo do último ano). Por sua vez, a riqueza de plantas alimentícias registrada no recordatório 24 horas e na análise de despensa resultou em 49 nomes locais, aproximadamente um terço do obtido na lista livre. Esse dado indica que existem recursos vegetais – na mata, em quintais e roças – que permeiam a dieta caiçara, mas que não foram contemplados no recordatório 24 horas e tampouco na análise de despensa. Isso se deve, provavelmente, a fatores como: consumo esporádico de certos recursos (ex.: frutos silvestres) e distintas épocas de frutificação e produção de alimentos (ex.: plantio/colheita de tubérculos/raízes). Logo, a lista livre complementa os dados registrados pelas outras ferramentas metodológicas usadas, auxiliando no entendimento sobre a riqueza de plantas incluída na dieta das famílias entrevistadas em Ponta Negra e na Ilha do Araújo.

Palavras-chave: dieta alimentar, etnobotânica, métodos.

Área temática: Etnobotânica

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ETNOBOTÂNICA E A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS: UM POSSÍVEL DIÁLOGO.

Mel Simionato Marques1, Mariana Giraldi2, Natalia Hanazaki1

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC;

2Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.

Em 2006 foi aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, cujas diretrizes incluem a ampliação das opções terapêuticas no Sistema Único de Saúde (SUS) e a valorização de práticas e conhecimentos tradicionais. Tal política embasou a elaboração do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos que, segundo a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS, ou RENISUS, publicada em 2009, prevê a inserção de 71 plantas medicinais na saúde pública. Embora essa iniciativa seja um avanço para a população brasileira, a RENISUS poderia refletir com maior precisão a diversidade biológica e cultural presente no Brasil. Estudos etnobotânicos contribuem para essa proposta à medida que registram o conhecimento botânico local, indicando as plantas que compõem a farmacopeia de uma determinada localidade e que poderiam ser objeto de estudo e posterior inclusão no SUS. Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi verificar a similaridade entre a RENISUS e o conhecimento botânico local registrado na Costa da Lagoa/Canto dos Araçás e no Sertão do Ribeirão (Florianópolis, SC). Para analisar as informações foi usado o Índice de Similaridade de Jaccard e consideradas 63 plantas medicinais da RENISUS, 69 plantas conhecidas na Costa da Lagoa/Canto dos Araçás e 89 plantas conhecidas no Sertão do Ribeirão. A similaridade existente entre as três listagens foi de 19,75%; entre os estudos etnobotânicos foi 26,3%; entre a Costa da Lagoa/Canto dos Araçás e a RENISUS foi 4,35%; e entre o Sertão do Ribeirão e a RENISUS foi 4,55%. O Índice de Jaccard indica similaridade para valores acima de 25%, logo, apesar da heterogeneidade de conhecimentos entre as comunidades, os estudos etnobotânicos são similares. Em contrapartida, há uma gama de conhecimentos sobre plantas medicinais em Florianópolis não contemplada na RENISUS, reforçando a potencial contribuição da Etnobotânica no fortalecimento de políticas públicas, especialmente em escalas locais.

Palavras-chave: conhecimento botânico local, renisus, saúde pública.

Área temática: Etnobotânica

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TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL).

Marcelo Rodrigues de Sousa Júnior1, Camilla Marques de Lucena1, José Ribamar de Farias Lima1, Rômulo Romeu da Nóbrega Alves2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena3

1PPG em Ecologia e Monitoramento Ambiental, Universidade Federal da Paraíba - UFPB;

2Laboratório de Etnoecologia e Educação Ambiental, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB;

3Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

Subentende-se que o conhecimento tradicional é passado geração após geração, no entanto, esse conhecimento pode se esvair conforme essa passagem por motivos diversos. Realizou-se um estudo etnobotânico na comunidade de Cachoeira, município de Soledade, semiárido paraibano, com 29 informantes, que foram divididos, segundo parentesco, em seis grupos familiares, dos quais quatro apresentavam mais de uma geração familiar. Foi analisada a passagem do conhecimento através das gerações desses grupos. Os resultados mostraram diferença quanto ao acúmulo e transmissão de conhecimento em relação às espécies vegetais registradas. O grupo 1 citou um total de 117 espécies vegetais, distribuídas em 35 famílias botânicas. As médias de citações aumentaram a cada geração (50 na 1ª geração, 83 na 2ª, e 93 na 3ª), mostrando que o conhecimento nesse grupo tem se mantido. O grupo 2 citou 97 espécies, 34 famílias, onde a média de citações caiu de uma geração para a outra (86 para a 1ª geração, contra 60 para a 2ª). O grupo 3 um total de 140 espécies, 41 famílias, e média de citações subiu da 1ª geração (33), para 2ª geração (135), mas caiu na 3ª geração (57). Por fim, o grupo 4 citou um total de 120 espécies, 31 famílias, com as médias de citações caindo da 1ª geração (114), para a 2ª geração (66). A espécie mais citada pelos grupos 1, 2 e 3 foi o “pereiro” (Aspidosperma pyrifolium Mart.) e pelo grupo 4 “pinhão brabo” (Jatropha mollissima Baill.). Já as famílias mais citada foram Anacardiaceae pelos grupos 1, 2 e 4, e o grupo 3 apontou Euphorbiaceae. Os resultados mostraram que apenas um dos grupos mantém o conhecimento etnobotânico, enquanto nos outros as informações estão se perdendo. Essa perda de conhecimento pode estar relacionada ao desinteresse das gerações mais nova, as quais preferem seguir a modernidade.

Palavras-chave: conhecimento tradicional, etnobotânica, semiárido.

Área temática: Etnobotânica

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AS DIFERENÇAS DE GÊNERO QUANTO AO CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL EM UMA POPULAÇÃO DO SEMI-ÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

Marcelo Rodrigues de Sousa Júnior1, Camilla Marques de Lucena1, José Ribamar de Farias Lima, Rômulo Romeu da Nóbrega Alves2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena3

1Pós Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA), Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

2Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

3Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O Conhecimento Ecológico Tradicional, ou seja, o conhecimento acerca do ambiente em que estão inseridas as comunidades tradicionais é desenvolvido, acumulado e transmitido por essas comunidades de formas particulares, sendo moldado por vários fatores, como o local de moradia, a idade das pessoas e o gênero. O presente trabalho procurou analisar a diferença de conhecimento de gênero na comunidade Cachoeira, no município de Soledade (Paraíba/Nordeste/Brasil). Entrevistaram-se 29 pessoas, as quais foram divididas por parentesco, o que resultou em um total de 6 grupos familiares. Dentro dos quais foram selecionados os casais, que totalizaram em 10, 3 para o grupo 1, 3 para o grupo 2, e 1 em cada um dos 4 grupos restantes. As questões basearam-se nas categorias de uso dos recursos vegetais que estes conheciam (Alimentação, Medicinal, Combustível, Construção, Tecnologia, Mágico-religiosa, Veneno-abortiva e Outros), e o número de citações para cada uma, considerando-se as médias de citações para cada categoria entre homens e mulheres. As categorias de uso mais citadas por ambos os gêneros foram, em ordem decrescente: Alimento (29.65), Medicinal (27.5), Construção (20.65), Combustível (10.3). As categorias menos citadas foram: Veneno-abortiva (4.1), Outros (3.55) e Mágico-religiosa (3.25). Os homens apresentaram médias de citações gerais maiores em todas as categorias mais citadas (Medicinal 30.1, Alimento 37.5, Construção 25.9, Combustível 12.7, e Tecnologia 23.2), ao contrário das mulheres (Medicinal 24.9, Alimento 21.8, Construção 15.4, Tecnologia 11.8, Combustível 7.9). Em relação as categorias menos citadas, homens e mulheres tiveram a mesma média de citações para a categoria Veneno-abortiva (4.1), as mulheres tiveram média levemente maior para a categoria Outros (3.6 contra 3.5 dos homens), e os homens tiveram média maior para a categoria Mágico-religiosa (3.5, contra 3.0 das mulheres). Os resultados mostram que homens e mulheres possuem foco de conhecimentos diferenciados, homens sabem mais sobre plantas usadas na alimentação (média 37.5), enquanto as mulheres conhecem mais sobre plantas medicinais (média 24.9). É importante entender a dinâmica do acumulo de conhecimento ligado ao gênero, como ferramenta para o direcionamento de planos de conservação que visem atividades especificas entre homens e mulheres em comunidades

Palavras-chave: conhecimento tradicional, etnobotânica, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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IMPORTÂNCIA CULTURAL DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NA COMUNIDADE CANGANDU, MUNICÍPIO DE ARAPIRACA-AL, NORDESTE DO BRASIL.

Leidianne da Silva Pereira¹, Aline Camila Silva de Oliveira¹, Washington Soares Ferreira Junior², Maria Silene da Silva³

¹Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL

² Ms. em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

³Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL

O interesse sobre o uso popular de plantas medicinais cresceu nos últimos séculos, resultando no aumento do conhecimento sobre o potencial da biodiversidade e a necessidade do uso sustentável dos recursos naturais. O presente estudo teve como objetivo caracterizar o conhecimento popular das plantas medicinais citadas pelo povoado Cangandu, Arapiraca-AL, tentando compreender a relação da comunidade com o ambiente e apontar futuras candidatas para estudos farmacológicos. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, utilizando o método de listagem livre, para identificar as espécies utilizadas como medicinais. O material botânico foi coletado através de turnê-guiada, o qual foi levado para o herbário MAC do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas. As plantas medicinais foram organizadas em sistemas corporais, com base no CID-10. Para cada espécie foi calculada a Importância Relativa (IR=NP + NCS), e a Análise da Saliência (SI), a fim de identificar as espécies mais salientes, com o uso do Anthropac 1.0. No povoado Cangandu foram realizadas 55 entrevistas, indicadas 173 plantas e detectadas 105 indicações terapêuticas distribuídas em 17 sistemas corporais. Os sistemas corporais que obtiveram maior número de citações foram Doenças do Aparelho Digestivo, Doenças do Aparelho Respiratório e Doenças do Aparelho Geniturinário, sendo as espécies Stryphnodendron barbatimam (Vell.) Mart. (IR=2,000), Aloe vera L. (IR=1,705), Cymbopogon citratus (DC.) Stapf (IR=1,573) e Rosmarinus officinalis L. (IR=1,508) as mais versáteis entre as plantas citadas. No índice de saliência, as espécies que se apresentaram mais salientes foram Stryphnodendron barbatimam (0,0513), Aloe vera (0,0499), Piper umbellatum L. (0,0430), Cymbopogon citratus (0,0413). No estudo, foi possível verificar que a 6% das espécies mais versáteis também são as mais salientes, ou seja, as espécies mais importantes do povoado. Este estudo aponta as plantas mais importantes para os especialistas locais, sem relacionar diretamente o conhecimento obtido com o uso real destas espécies.

Palavras-chave: etnobotânica, importância cultural, plantas medicinais

Área temática: Etnobotânica

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DINÂMICA DO CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE CACTÁCEAS EM REGIÕES DO SEMIÁRIDO NORDESTINO.

Camilla Marques de Lucena1, Gyslaynne Gomes da Silva Costa1, Josenildo dos Santos Machado1, Zelma Glebya Maciel Quirino2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1.

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

2Laboratório de Ecologia Vegetal da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em algumas regiões do semiárido nordestino, o conhecimento tradicional tem sido influenciado por mudanças na biodiversidade, modernização, e por outras ações antrópicas. O presente estudo registrou e analisou a dinâmica do conhecimento dos moradores das comunidades rurais de São Francisco (Cabaceiras/118informantes-50H/68M), Barroquinha e Besouro (Lagoa/52-19H/33M), Várzea Alegre (São Mamede/37-18H/19M) e Capivara (Solânea/62-29H/33M) em relação as cactáceas, totalizando 269 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Os dados foram obtidos com entrevistas(Março-2011/Junho-2012), e analisados de acordo com gêneros e faixas de idade. Registraram-se dez espécies, seis gêneros, 2.548 citações de uso distribuídas em dez categorias. Nas comunidades a aquisição do conhecimento ocorreu de forma vertical. Em Barroquinha/Besouro, 50% dos informantes não se preocupam com a transmissão. Em São Francisco e Várzea Alegre, 60% transmitem de forma vertical, e em Capivara 35% de forma circular. O conhecimento entre os gêneros e faixas etárias, apresentou diferenças. Em Barroquinha e Besouro a geração de conhecimento entre todas as faixas etárias das mulheres foi adquirido verticalmente, já entre os homens mais velhos(64-84) predominou a geração circular, e com os mais jovens e adultos(14-23;24-63) vertical/circular. Em Capivara, entre os gêneros com faixa etária entre 47-67 anos predominou o vertical, já entre 37-46 homens/mulheres adquiriram de forma circular, enquanto entre os gêneros mais jovens, vertical/horizontal. Na transmissão, os homens mais velhos ensinam de forma circular, já as mulheres mais velhas se preocupam em transmitir aos filhos/netos. Na faixa etária entre 20-46 anos, alguns homens/mulheres ensinam aos filhos/netos, outros ensinam aos amigos/vizinhos, e outros não ensinam. Em São Francisco, a geração de conhecimento foi vertical entre os gêneros, já na transmissão, a maioria dos informantes transmitem para filhos/netos. Alguns informantes mostraram-se preocupados em passar o saber que possuem, sendo evidenciada a falta de um padrão na dinâmica do conhecimento.

Palavras-chave: conhecimento tradicional, etnobotânica, cactos

Área temática: Etnobotânica

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USO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM SEIS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO, NORDESTE, BRASIL.

Pedro Mouzinho de Oliveira Neto1, Zenneyde Alves Soares1, Wellington Miguel Dantas2, Ricardo Batista dos Santos2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1.

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

2Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Os estudos etnobotânicos têm registrado o uso de plantas na higiene pessoal, ornamentação e sombra. O presente estudo buscou registrar a utilização e diversidade de espécies dentro dessas categorias em seis comunidades rurais na Paraíba. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas nos municípios de Cabaceiras/Comunidade São Francisco - 123 informantes, sendo 53 Homens (H) e 70 Mulheres (M), São Mamede/Várzea Alegre (36 informantes-17H/19M), Itaporanga/Pau D’Arco (15 informantes-8H/7M), Lagoa/Barroquinha (66 informantes-25H/41M), Remígio/Coelho (37 informantes-20H/17M) e Solânea/Capivara (112 informantes-53H/59M), totalizando 389 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido exigido pelo comitê de ética em pesquisa (aprovado pelo CEP/HULW nº297/11). Foi realizada uma distinção entre citações de uso atual/uso potencial. Registraram-se 48 plantas, sendo identificadas 45 espécies, 38 gêneros e 18 famílias, e 825 citações de uso (394 citações de homens/431 de mulheres), sendo 423 para higiene pessoal, 349 para sombra e 53 para ornamentação. Houve um destaque para Ziziphus joazeiro Mart. nas seis comunidades, obtendo 511 citações (238 citações de homens/273 citações de mulheres), sendo 188 de uso atual, e 323 potencial (62% das citações). Sua utilização se deu, principalmente, na higiene pessoal e como sombra. Como ornamental se destacou Senna martiniana (Benth.) H.S. Irwin Barneby. As partes usadas que apresentaram destaque foram a planta completa (398 citações de uso), seguida da casca e entrecasca, obtendo 209 citações de uso para cada. No VUgeral/VUatual/VUpotencial, Z. joazeiro se destacou em todas as comunidades. A partir dos resultados obtidos percebeu-se que o conhecimento dos moradores da caatinga e sua relação com as espécies da região, não tem limites, pois encontram diversas formas de uso de acordo com sua necessidade. Os resultados evidenciam que as pessoas conhecem um vasto elenco de plantas para as finalidades sombra/ornamentação e higiene pessoal, contudo restringem a utilização efetiva a poucas espécies.

Palavras-chave: etnobotânica, populações tradicionais, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES ARBÓREAS POR AGRICULTORES DA APA COSTA DE ITACARÉ-SERRA GRANDE, BAHIA, BRASIL.

Nathália Alves de Sousa1, Emerson Antônio Rocha1

1Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Nas duas últimas décadas houve crescente interesse no estudo etnobotânico de comunidades rurais em áreas de Floresta Atlântica no Nordeste do Brasil. Apesar disso, são quase inexistentes estudos focados no uso de espécies arbóreas no estado da Bahia, que abriga importantes remanescentes florestais que compõem o Corredor Central da Mata Atlântica. A Área de Proteção Ambiental Costa de Itacaré-Serra Grande abrange os municípios de Ilhéus, Itacaré e Uruçuca e sua poligonal situa-se no Corredor Central. Mesmo possuindo áreas de mata com uma das maiores diversidades de árvores por hectare do planeta, a APA ainda lida com problemas de alta especulação imobiliária e extração de madeira, sinalizando a necessidade de melhor conhecermos a dinâmica de uso desses recursos pelas comunidades ali presentes. Diante disso, este estudo apresenta dados preliminares sobre a utilização de espécies arbóreas na APA. Foram coletados dados sócio-econômicos e etnobotânicos de agricultores de uma Associação selecionada intencionalmente. Por meio de entrevistas semi-estruturadas, observação participante e turnê guiada, até o momento 15 dos 20 associados foram entrevistados, citando 72 etnoespécies, distribuídas em 10 categorias de uso. A categoria com o maior número de citações foi construção doméstica (54,2%), seguida por alimentação (43,05%), medicinal (41,7%), tecnologia (40,3%), construção rural (27,8%), viveiro (23,6%), energética (13,9%), outros (12,5%), artesanato (11,1%) e forragem (6,9%). A categoria “viveiro” surgiu da necessidade de agrupar as plantas que os agricultores citaram como aquelas das quais coletam sementes na mata para fazerem mudas, já que eles são em sua grande maioria viveiristas. As espécies com maior número de citações (8) foram Massaranduba (Manilkara spp.) e Cunduru (Brosimum rubescens Taub.). Visando contribuir para um melhor plano de manejo da APA e consequentemente na conservação de sua alta biodiversidade, ainda realizaremos um levantamento fitossociológico para verificarmos se há relação entre o uso das espécies e a disponibilidade nas matas das propriedades desses agricultores.(FAPESB)

Palavras-chave: etnobotânica , espécies arbóreas, apa itacaré-serra grande

Área temática: Etnobotânica

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CONHECIMENTO TRADICIONAL E USO DE ESPÉCIES VEGETAIS PARA FORNECIMENTO DE ENERGIA EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO PARAIBANO.

André dos Santos Souza1, João Paulo de Oliveira Ribeiro1, Daniel da Silva Gomes1, Natan Medeiros Guerra1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1.

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

No semiárido nordestino, as populações tradicionais utilizam plantas como fonte de combustível, as quais fornecem energia para os fogões domésticos, e outras atividades, como queima de tijolos e fogueiras. O presente estudo registrou as espécies úteis utilizadas como lenha e carvão na comunidade Santa Rita de Cima, município do Congo (Nordeste, Brasil). As citações de uso foram separadas em uso atual e uso potencial. Aplicaram-se entrevistas semiestruturadas com 22 informantes (12 homens e 10 mulheres), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). 50% dos informantes afirmaram utilizar lenha, 90% carvão, 13% utilizam biodigestor, 86% gás butano. Foram registradas 20 espécies, 19 gêneros, dez famílias. A coleta para estoque é realizada em dois locais, nas matas e no quintal de cada residência, onde aproveitam a madeira descartada das cercas. 63% dos informantes afirmaram preferir coletar e estocar a lenha no período da seca. A espécie preferida para ser utilizada como lenha e carvão foi Prosopis juliflora (SW.) DC. devido a sua ampla disponibilidade na região, e por possuir “fogo quente”. Registraram-se 130 citações para lenha (16% atual, 84% potencial), 118 citações para carvão (27% atual, 73% potencial). O uso de biodigestor foi registrado em três residências, as quais deixaram de utilizar lenha. P. juliflora foi a espécie mais citada com 42 citações (20 lenha, 22 carvão), seguida de Poincianella pyramidalis Tul. 39 citações de uso (20 lenha, 19 carvão), e Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 28 (14 lenha, 14 carvão). Foi medido o estoque de lenha em cada residência, confirmando a preferência de P. juliflora. Foram registradas nove espécies nos estoques, destacando-se P. juliflora, Croton blanchetianus Baill e Aspidosperma pyrifolium Mart. O estudo mostrou que apesar de ser espécie exótica, P. juliflora, é muito utilizada, ajudando na conservação das espécies nativas. Palavras-chave: etnobotânica, combustível, caatingaÁrea temática: Etnobotânica

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IMPORTÂNCIA CULTURAL DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NA COMUNIDADE CANGANDU, MUNICÍPIO DE ARAPIRACA-AL, NORDESTE DO BRASIL

Aline Camila Silva de Oliveira1, Leidianne da Silva Pereira1, Maria Silene da Silva1, Washington Soares Ferreira Júnior2

1Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL;

2Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.

O interesse sobre o uso popular de plantas medicinais cresceu nos últimos séculos, resultando no aumento do conhecimento sobre o potencial da biodiversidade e a necessidade do uso sustentável dos recursos naturais. O presente estudo teve como objetivo caracterizar o conhecimento popular das plantas medicinais citadas pelo povoado Cangandu, Arapiraca-AL, tentando compreender a relação da comunidade com o ambiente e apontar futuras candidatas para estudos farmacológicos. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, utilizando o método de listagem livre, para identificar as espécies utilizadas como medicinais. O material botânico foi coletado através de turnê guiada, o qual foi levado para o herbário MAC do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas. As plantas medicinais foram organizadas em sistemas corporais, com base no CID-10. Para cada espécie foi calculada a Importância Relativa (IR=NP + NCS) e a Análise da Saliência (SI), a fim de identificar as espécies mais salientes, com o uso do ANTHROPAC 1.0. No povoado Cangandu, foram realizadas 55 entrevistas, indicadas 173 plantas e detectadas 105 indicações terapêuticas distribuídas em 17 sistemas corporais. Os sistemas corporais que obtiveram maior número de citações foram Doenças do Aparelho Digestivo, Doenças do Aparelho Respiratório e Doenças do Aparelho Geniturinário, sendo as espécies Stryphnodendron barbatimam (Vell.) Mart. (IR=2,000), Aloe vera L. (IR=1,705), Cymbopogon citratus (DC.) Stapf (IR=1,573) e Rosmarinus officinalis L. (IR=1,508) as mais versáteis entre as plantas citadas. No índice de saliência, as espécies que se apresentaram mais salientes foram Stryphnodendron barbatimam (Vell.) Mart. (0,0513), Aloe vera L. (0,0499), Piper umbellatum L. (0,0430), Cymbopogon citratus (DC.) Stapf (0,0413). No estudo, foi possível verificar que os 6% das espécies mais versáteis também são as mais salientes, ou seja, as espécies mais importantes do povoado. Este estudo aponta as plantas mais importantes para os especialistas locais, sem relacionar diretamente o conhecimento obtido com o uso real destas espécies.

Palavras-chave: etnobotânica, importância cultural, plantas medicinais.

Área temática: Etnobotânica

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USO DA DIVERSIDADE DE PLANTAS VASCULARES POR COMUNIDADES RURAIS EM ÁREAS DE CAATINGA NO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

Madson Reis de Oliveira Trindade1, Jomar Gomes Jardim1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

É conhecido, dentre as populações rurais, diferentes utilidades dadas às plantas, que servem como recurso auxiliar ou única alternativa para realização de suas atividades, como documentado pela literatura. A fim de estimar a diversidade de usos da vegetação local, foi feito um levantamento da variedade de usos em três comunidades na região do Mato Grande, município de João Câmara, Rio Grande do Norte (5° 32' 16" S, 35° 49' 12" W). A região é formada por três distritos (Cauassu, Lagoa de São José e Ubaíra), com aproximadamente 100 moradores. Foram combinadas diferentes técnicas para a execução deste trabalho, incluindo entrevistas semi-estruturadas, turnê guiada, observação participante e amostragem da diversidade florística em parcelas fixas. Ao todo foram entrevistadas 30 pessoas, sendo 20 homens e 10 mulheres. Cerca de 180 espécies de angiospermas foram citadas, as quais foram organizadas em dez categorias de usos. As três categorias que obtiveram maior número de espécies citadas foram medicinal (90), alimentício (53) e veterinário (52), as demais não ultrapassaram 24 espécies. Dez (10) espécies se destacaram por sua multiplicidade de usos ou importância local, Ameixa-do-mato (Ximenia americana), Cardeiro (Cereus jamacaru), Facheiro (Pilosocereus pachycladus), Jurema-preta (Mimosa tenuiflora), Juazeiro (Ziziphus joazeiro), Marmeleiro (Croton sonderianus), Pereiro (Aspidosperma pyrifolium), Quixabeira (Sideroxylon obtusifolium), Umbuzeiro (Spondias tuberosa) e Vassourinha (Scoparia dulcis). Os homens, de maneira geral, citaram mais espécies úteis, cerca de 52 espécies e as mulheres entorno de 46. Os dados mostram que o predomínio apontado está relacionado com as atividades desempenhadas pelos participantes e com o hábito das espécies. Árvores e arbustos obtiveram mais citações e são os homens os envolvidos na coleta de recursos madeireiros na mata, em contrapartida com as mulheres predomina o conhecimento sobre as plantas próximas a casa, geralmente cultivadas por elas.

Área temática: Etnobotânica

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A CAATINGA QUE ALIMENTA: O USO DA FLORA NATIVA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA E ANIMAL POR COMUNIDADES RURAIS NO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.

Madson Reis de Oliveira Trindade1, Jomar Gomes Jardim1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

O manejo das plantas em ambientes rurais é muito frequente, diversas espécies são manejadas (nativas e exóticas) principalmente para uso na alimentação humana e animal. Entretanto, em ambientes rurais que mantêm áreas com vegetação nativa é frequente a utilização de recursos florestais locais também como alimentos. Foi realizado um inventário das plantas nativas utilizadas como alimento em três comunidades na região do Mato Grande, município de João Câmara, Rio Grande do Norte. A região faz parte do domínio da caatinga sendo formada por três distritos (Cauassu, Lagoa de São José, Ubaíra), com aproximadamente 100 moradores, que vivem praticamente de cultivos de subsistência e atividades agropecuárias. Diferentes técnicas foram combinadas para a execução deste trabalho, incluindo entrevistas semi-estruturadas, turnê guiada e observação participante com 30 pessoas, dentre elas 20 homens e 10 mulheres. Os participantes citaram 36 espécies utilizadas como alimento humano e animal. Dentre as espécies citadas encontradas para alimentação humana destacam-se: Incó (Neocalyptrocalyx longifolium), Juazeiro (Ziziphus joazeiro), Palma-do-mato (Tacinga inamoena), Quixabeira (Sideroxylon obtusifolium), Trapiá (Crataeva tapia), Ubaia (Eugenia luschnathiana) e Umbuzeiro (Spondias tuberosa). As espécies mais citadas como forrageiras foram: Cardeiro (Cereus jamacaru), Facheiro (Pilosocereus pachycladus), Feijão-bravo (Cynophala declinata), Juazeiro (Ziziphus joazeiro), Macambira (Bromelia laciniosa) e Sodoro (Pilosocereus gounellei). O uso e manejo das plantas estão intimamente relacionados à sazonalidade do ambiente. Nos períodos de estiagem, a busca por espécies forrageiras para os animais é acentuada, sendo as cactáceas as mais utilizadas. Durante o inverno, com a disponibilidade dos frutos da mata, estes são consumidos quando são encontrados pelas pessoas. Desta forma, as plantas da caatinga se destacam também como importante elemento auxiliando na resiliência dos moradores e de seus animais.

Palavras-chave: caatinga, alimento nativo, população rual

Área temática: Etnobotânica

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ÍNDICE DE PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PLANTAS UTILIZADAS EM UMA COMUNIDADE RURAL NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL).

Thamires Kelly Nunes Carvalho1, Ramon Santos Souza2, Kamila Marques Pedrosa1, Natan Medeiros Guerra1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1.

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

2Universidade Estadual da Paraíba.

Estudos etnobotânicos são realizados enfocando a conservação da biodiversidade, utilizando diferentes metodologias e propondo índices objetivando detectar espécies com possível pressão de uso, sendo um deles o Índice de Prioridade de Conservação (IPC), o qual foi testado, no presente estudo, na comunidade rural de Santa Rita, município do Congo, microrregião do Cariri (Paraíba-Nordeste-Brasil). Para o inventário fitossociológico, adotou-se o método do Ponto Quadrante, sendo plotados 500 pontos distribuídos nas áreas de vegetação da comunidade, anotando medidas do perímetro/altura de 2.000 indivíduos, sendo registradas quatro plantas por ponto quadrante. Foram aplicadas entrevistas com 98 informantes (57M/41H), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). O IPC foi calculado por meio de dados etnobotânicos e fitossociológicos segundo a fórmula: IPC=UL+DU+SE+DR+ FR. Onde: UL=nº de informantes que citaram a espécie; DU=nº de usos atribuídos à espécie; SE=os tipos de sinais extrativistas visualizados nas áreas amostrais; DR=densidade relativa e FR= frequência relativa do levantamento fitossociológico. No caso do SE foi considerado o maior escore, visto que uma mesma espécie poderia se enquadrar em mais de um valor (exemplo: rebrota e tronco). Cada espécie recebeu um escore representado pelo somatório de todos os critérios adotados. Foram registradas 24 espécies úteis, 21 gêneros e 11 famílias. Destacaram-se: Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore e Ziziphus joazeiro Mart (escore=41), Myracrodruon urundeuva Allemão, Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet, Spondias tuberosa Arruda e Schinopsis brasiliensis Engl. (com escore=38), Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan e Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (com escore=35). Os dados indicam espécies para a realização de estudos específicos que avaliem a sua disponibilidade local, e possíveis pressões de usos sobre as mesmas, principalmente M. urundeuva e S. brasiliensis que estão nas listas de espécies ameaçadas de extinção.

Palavras-chave: etnobotânica quantitativa, conservação, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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PRODUÇÃO DE SEMENTES E ASPECTOS DA GERMINAÇÃO DE Renealmia petasites GAGNEP.

Diego Cesarino1, Raquel R. B. Negrelle1.

1Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Renealmia petasites Gagnep (Pacová) tem sido usada como recurso medicinal (anti-helmíntico, antirreumático e carmitativo) e gerador de renda pela comunidade da Colônia Castelhanos (localizada na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, Paraná). A APA de Guaratuba é um importante reduto ecológico e sua preservação não deve servir como fator de coerção aos moradores, que utilizam os produtos florestais não madeiráveis como solução natural em seguimentos da vida diária. Esse trabalho visa auxiliar o plantio de R. petasites, aumentando a produção sem causar prejuízos às populações naturais da região, aliando geração de riqueza e diminuição da atividade antrópica. Foram realizados experimentos com as sementes do Pacová para avaliar o teor de umidade, a curva de embebimento e o teste de germinação em estufa, com luz, temperatura e umidade controlados. A metodologia dos testes seguiu o manual Regras para Análise de Sementes. O teste para avaliar o teor de umidade (U) das sementes demonstrou que este valor é relativo à 39%, considerando um conjunto de 5 amostras com 50 sementes cada, em estufa de aquecimento elétrico e por princípio de convecção gravitacional, à 105°C+- 3°, por 72 horas no total. A curva de embebição demonstrou grande porcentagem de absorção de água nas primeiras 2 horas, mantendo uma gradual, porém lenta absorção nas 94 horas seguintes. O teste de germinação, obteve apenas 6 sementes germinadas em 800, no período de 30 dias. Os resultados permitem concluir que: o armazenamento das sementes, por longos períodos de tempo, só devem ser viáveis após processos de desidratação. As sementes têm os seus tecidos reidratados para a retomada dos processos metabólicos em cerca de 2 horas de embebição. A germinação não apresentou resultados satisfatórios no decorrer do período de 30 dias sob condições de luz, temperatura e umidade controlados, indicando a possibilidade das sementes apresentarem dormência.

Palavras-chave: plantas medicinais, produção de sementes, renealmia petasites gagnep

Área temática: Etnobotânica

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VARIAÇÃO DO TAMANHO DE SEMENTES E FRUTOS DE Caryocar Coriaceum Wittm. DA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE DO ARARIPE.

Jose Ribamar S. Junior1, Gilney Charll Santos1, Alyson Luiz S. Almeida1, Ulysses P. Albuquerque1, Nivaldo Peroni2

1Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

2Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

As populações humanas usam, manejam e percebem os recursos vegetais de diversas maneiras a partir da relação histórica que mantêm com as espécies de plantas. O objetivo deste estudo foi analisar a percepção das populações humanas locais quanto às variações morfológicas no tamanho de sementes e frutos de Caryocar coriaceum Wittm. da Floresta Nacional do Araripe, Ceará. Foi estudada uma amostra de 22 extratores locais de frutos da espécie, moradores da comunidade de Cacimbas (município de Jardim - CE), que tradicionalmente selecionam e classificaram sementes e frutos. Foram coletados aleatoriamente 150 sementes e 150 frutos, os quais foram utilizados para que cada um dos informantes escolhesse e indicasse sementes e frutos que percebiam como grandes, médias e pequenas. Após a classificação pelos extratores, foi conduzida uma análise morfométrica de sementes e frutos de pequi selecionados. Assim, foram mensurados através do uso de paquímetro, o comprimento e o diâmetro maior e menor, e calculado o volume das sementes e frutos selecionados por cada informante para aferir a classificação local, e as diferenças entre as classes selecionadas pelos informantes. O volume do fruto foi calculado baseado na fórmula 4/3 abc, onde a, b e c são os semi-eixos comprimento, diâmetro maior e menor (adaptado de Jacomini et al. 2007). Os dados foram então submetidos a uma comparação estatística, através do teste de Kruskall-Wallis (Student-Newman-Keuls). As médias do volume das sementes grandes, médias e pequenas foram, respectivamente, 181,56; 110,49 e 61,43 e as médias para frutos grande, médio e pequeno foram, respectivamente, 624,65; 417,30 e 261,92. Com exceção de sementes médias e pequenas (p>0,05; H=21,18) e de frutos médios e pequenos (p>0.05; H=21,64), foram verificadas diferenças significativas entre todos os outros grupos (p<0,05; H=126,98 e p<0,01; H=126,98). Este trabalho aponta para uma coerência na classificação local quanto ao tamanho de sementes e frutos de pequi.

Palavras-chave: percepção, pequi, cacimbas

Área temática: Etnobotânica

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DIVERSIDADE MORFOLÓGICA DE Caryocar Coriaceum Wittm. NA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE EM DIFERENTES UNIDADES DE PAISAGEM

Jose Ribamar S. Junior1, Gilney Charll Santos1, Ivanilda S. Feitosa1, Ulysses P. Albuquerque1, Nivaldo Peroni2

1Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

2Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Muitas pessoas que vivem ao redor da Floresta Nacional do Araripe (FLONA-Araripe) obtêm renda através do extrativismo do pequi (Caryocar coriaceum Wittm.), em especial a coleta de frutos. A manipulação de populações de espécies vegetais, sob diversos regimes de manejo em unidades de paisagem historicamente manejadas, pode favorecer variações fenotípicas nessas populações. Esse estudo objetivou analisar morfometricamente populações de C. coriaceum em três unidades de paisagem diferentes, a fim de verificar se as práticas de manejo, tais como a coleta, a poda de ramos, o plantio e o zelo influenciam as populações vegetais de pequi. O estudo foi realizado na FLONA-Araripe (CE) e no seu entorno. Para realizar as análises morfométricas do pequi, foram coletados frutos em três diferentes unidades de paisagem, que foram nomeadas de acordo com a nomenclatura local, sendo duas localizadas dentro da FLONA-Araripe (Porteiras e Baixa do Cão) e uma no seu entorno (Murici). Em cada unidade de paisagem foram sorteados 10 indivíduos adultos e coletados 10 frutos de cada indivíduo. Para caracterização dos frutos, foram considerados o peso (g), volume (cm3), comprimento (cm) e o peso da semente despolpada (g). Não houve diferença significativa entre as três áreas quanto ao peso médio (F=2.54; p>0,05) e ao comprimento (H=2,73; p>0,05) do fruto. O volume do fruto foi calculado baseado na fórmula 4/3 abc, onde a, b e c são os semi-eixos comprimento, diâmetro maior e menor (adaptado de Jacomini et al 2007). Entretanto, a diferença da média do volume médio dos frutos, entre Porteiras e Murici foi significativa (F=9,04; p < 0,01) e entre a Baixa do Cão e Murici (F=9,04; p<0,05). Em relação ao peso médio das sementes despolpadas a diferença foi significativa entre Porteiras e Murici (F=12,22; p<0,01) e entre a Baixa do Cão e Murici (F=12,22; p<0,01). Esse estudo aponta para a existência de variações na morfologia do pequi, que podem ser reflexos dos tipos de manejo que populações humanas realizam sobre essa planta nas diferentes unidades de paisagem estudadas.

Palavras-chave: pequi, manejo, flona-araripe

Área temática: Etnobotânica

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Page 257: Anais Ixsbee

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O CONHECIMENTO SOBRE AS PLANTAS MEDICINAIS ENTRE OS ESTUDANTES DAS FACULDADES MAGSUL, PONTA PORÃ - MS

Sebastião Gabriel Chaves Maia1, Katia Marques de Sousa1, Eroni Páim Sanchez1, Maria Aline de Souza Prieto1, Hellen Pereira Gomes1

1Faculdades Magsul – FAMAG

A etnobotânica se ocupa do estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas, pelo homem, a respeito do mundo vegetal, no contexto, como o uso e classificação. Dentre os usos destacam-se o de plantas na medicina tradicional, os chamados remédios caseiros. Este trabalho tem por objetivo avaliar o conhecimento e fontes de informação dos estudantes do curso de Ciências Biológicas das Faculdades Magsul, Ponta Porã - MS, sobre as propriedades das plantas medicinais. A abordagem deste trabalho tem como foco uma pesquisa etnodirigida, onde foram entrevistados estudantes do curso de Ciências Biológicas. Antes da aplicação dos questionários, os entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, contendo informações sobre sua participação voluntária e demais dadas sobre a pesquisa. A amostra obtida foi de 52 participantes, sendo 67,3 % do sexo feminino e 32,7% masculino. O uso de plantas medicinais é frequente entre os participantes deste trabalho, onde todos disseram já ter utilizado plantas medicinais. Isso demonstra a estreita relação dos estudantes com as plantas medicinais e mesmo estando na academia, eles reconhecem o conhecimento popular como útil e válido. As plantas medicinais citadas foram distribuídas em 25 famílias e 44 espécies. As famílias botânicas que apresentam maior número de espécies foram Asteraceae (7 spp.), Myrtaceae (3 spp.) e Fabaceae (3 spp.). As espécies mais citadas foram: boldo (Plectrantus barbatus) citado por 20,35% dos estudantes, camomila (Matricaria recutita) (12,21%) e erva-cidreira (Melissa officinalis) (11,05%). As finalidades do uso são diversas, relacionadas com o sistema digestório, respiratório, genital e nervoso. As plantas medicinais representam uma importante alternativa terapêutica entre os estudantes, uma vez que 64% dos participantes realizam o cultivo das plantas medicinais em suas próprias residências e 53% relataram obter este conhecimento dos pais e avós e 68% dos acadêmicos declaram utilizarem plantas medicinais do tratamento de doenças como uma alternativa saudável.

Palavras-chave: etnobotânica, plantas medicinais, percepção

Área temática: Etnobotânica

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Page 258: Anais Ixsbee

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO COM MULHERES: DA ORALIDADE AO CONHECIMENTO. UMA COMPARAÇÃO EM CINCO COMUNIDADES DO SEMIÁRIDO PARAIBANO (NORDESTE/BRASIL).

Severino João da Silva Júnior1, Priscilla Clementino Coutinho1, Thamires Kelly Nunes Carvalho1, Anita Leocádia Pereira dos Santos2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

As mulheres sempre desempenharam papel importante na prática/transmissão do conhecimento tradicional, fazendo da casa um cenário dinâmico. O presente estudo registrou o conhecimento/uso que as mulheres das comunidades de Barroquinha (município de Lagoa–41mulheres), Capivara (Solânea–59), Coelho (Remígio–20), São Francisco (Cabaceiras–70) e Várzea Alegre(São Mamede–19), atribuem aos recursos vegetais. Foram realizadas entrevistas com 209 mulheres, as quais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, exigido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Utilizou-se o Valor de Uso (VU) por meio de três cálculos: VUgeral/VUatual/VUpotencial, sendo calculados a partir da distinção entre citações de uso atual/uso potencial. Para famílias/categorias, VUf= Ui/nf e VU= Ui/nc. Foram citadas 84 plantas, das quais foram identificadas 61 espécies/47 gêneros/20 famílias. Realizou-se a Correlação de Pearson e a Regressão Linear Simples para identificar correlações entre as comunidades. Destacaram-se em Barroquinha, Myracrodruon urundeuva Allemão (VUgeral=4,26), Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (VUatual=2,07) e Ziziphus joazeiro Mart. (VUpotencial=2,71); em Capivara, Aspidosperma pyrifolium Mart. (VUpotencial=5,49; VUatual=4,17) e Z. joazeiro (VUpotencial=1,97); em Coelho Poincianella pyramidalis Tul. (VUatual=2,53) e Z. joazeiro (VUpotencial=1,68) (VUgeral=3,89, ambas); em São Francisco, M. urundeuva (VUgeral=4,00; VUatual=1,89; VUpotencial=2,11) e em Várzea Alegre, M. Tenuiflora (VUgeral=3,26; VUatual=2,68) e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore (VUpotencial=2,00). No VUfamília, em Barroquinha, Coelho e São Francisco Rhamnaceae se destacou (VU=3,39/3,89/3,2 respectivamente), e Apocynaceae em Capivara e Várzea Alegre (VU=5,41/1,42). As categorias construção (Barroquinha/VU=0,43; São Francisco/VU=0,37; Várzea Alegre/VU=0,55), combustível (Coelho/VU=0,39) e alimento (Capivara/VU=0,38) se destacaram. Só foram encontradas correlação no VUpotencial entre Lagoa/Cabaceiras (p<0,05; r=0,42) e Remígio/São Mamede (p<0,05; r=0,40). A aquisição do conhecimento se deu principalmente na forma vertical. Já na transmissão do conhecimento, em Barroquinha/São Francisco destacou-se a vertical, em Capivara/Coelho, circular, e em Várzea Alegre vertical/circular. Os resultados evidenciaram que as mulheres apresentaram formas distintas de aquisição do saber, e conhecimento maior nas categorias madeireiras, as quais são tidas como domínio masculino. Contudo, a maioria das citações foi relacionada a construções domésticas e combustível.

Palavras-chave: gênero, caatinga, população tradicional

Área temática: Etnobotânica

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Page 259: Anais Ixsbee

!COMPARAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO LOCAL SOBRE PLANTAS LENHOSAS EM QUATRO COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA (NORDESTE, BRASIL).

Kamila Marques Pedrosa1, Diego Batista de Oliveira Abreu1, João Paulo de Oliveira Ribeiro2, Carlos Antônio Belarmino Alves3, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2 Estagiário Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Departamento de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

As diferenças do conhecimento na utilização dos recursos biológicos são diversificadas e mudam no decorrer da vida, muitos fatores afetam a dinâmica do conhecimento. Nesse contexto, o presente estudo comparou as formas de transmissão e aquisição do conhecimento tradicional em quatro comunidades rurais do semiárido Paraibano, comunidade São Francisco (Cabaceiras, 123 informantes - 52Homens/55Mulheres), Coelho (Remígio, 37 - 17M/20H), Barroquinha, (Lagoa, 66 - 25H/41M) e Várzea Alegre (São Mamede, 36 - 17H/19M), totalizando 262 pessoas, com as quais realizaram-se entrevistas, as mesmas assinando o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). O conhecimento foi analisado como vertical/horizontal/circular. Não foi comparado o conhecimento entre as diferentes gerações. Registraram-se 10.671 citações de uso, distribuídas em dez categorias. Registraram-se 48 espécies, 45 gêneros, 11 famílias. Em São Francisco, 92% dos informantes adquirem o conhecimento de forma vertical (41%M/51%M), e o transmite verticalmente (81% - 44%H/36%M). Em Coelho 100% dos informantes adquirem forma vertical (55%H e 44%M), sendo que 34% não se preocupam em transmitir o conhecimento (25%H/7%M). Já na comunidade Barroquinha, 76% dos informantes adquirem de forma vertical (35%H/41%M), os mesmos relatam ensinar o conhecimento para os familiares (filhos e netos) correspondendo a 38% (17%H/9%M). Em Várzea Alegre 80% apreenderam de forma vertical (30%H/49%M) e repassam seus conhecimentos de forma vertical/circular 73% (45%H/28%M) ensinando seus conhecimentos tanto para amigos quanto para os familiares. Foi verificado que o conhecimento foi adquirido verticalmente em todas as comunidades, comprovando as informações apresentadas na literatura. As comunidades aos poucos estão utilizando menos seus recursos, contribuindo para mudanças no conhecimento. Ambas as comunidades, os informantes se preocupam em repassar seus conhecimentos para os familiares, enquanto outros não ensinam. Torna-se necessário a realização de estudos que busquem registrar o conhecimento tradicional a respeito da biodiversidade, antes que o mesmo se perca ao longo do tempo, além das novas gerações não estarem interessadas em aprender.

Palavras-chave: transmissão de conhecimento, etnobotânica, caatinga

Área temática: Etnobotânica

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ANÁLISE DO CONSENSO DE INFORMANTES SOBRE CACTÁCEAS EM TRÊS COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

Camilla Marques de Lucena1, Kamila Marques Pedrosa1, Thamires Kelly Nunes Carvalho1, Ricardo Batista dos Santos2, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1,

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2 Aluno do Curso de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Moradores de áreas rurais no semiárido nordestino apresentam conhecimento em relação a diversidade e uso de cactáceas, alguns sabendo mais do que outros, sendo considerado especialistas. O presente estudo analisou o consenso e grau de competência de moradores de três comunidades rurais da Paraíba, Barroquinha e Besouro, município de Lagoa, com 52 informantes (19Homens/33Mulheres), e Várzea Alegre em São Mamede (37 - 18H/19M) em relação ao uso e conhecimento de cactáceas. Entrevistaram-se 89 informantes, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). O consenso entre informantes foi analisado pela fórmula: FCI=(nar-na)/(nar-1), FIC=fator de consenso dos informantes; nar=número de citações de usos em cada categoria; e na=número de espécies indicadas na categoria. Na análise e representação dos agrupamentos realizados foi utilizado o programa Pilesort Multidimensional Scaling-Anthropac. Esse programa foi utilizado para analisar o grau de consenso e competência cultural dos especialistas. Segundo o programa, se um informante obtiver uma nota superior a 0.5, ele é considerado competente. Através do programa, se pode analisar a proximidade dos informantes com relação aos critérios utilizados no agrupamento das espécies. Foram identificadas seis espécies, cinco gêneros, 564 citações de uso, nove categorias. Para a maioria das categorias não houve consenso entre os informantes de acordo com o FCI, com exceção da categoria alimento e forragem, que obtiveram valor diferente de 0, e a categoria medicinal sendo a única que obteve o FCI=1. O pilesort evidenciou a formação de um grupo reunindo a maioria dos informantes, e seis informantes isolados. Quando observados o agrupamento das espécies, observou-se o isolamento delas, com exceção de Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & Rowley e Cereus jamacaru DC. que formaram um grupo, podendo ser explicado pela grande citação na alimentação humana e animal. As análises evidenciaram que cada informante tem seu próprio sistema de conhecimento e uso das cactáceas.

Palavras-chave: fator de consenso, cactos, etnobotânica

Área temática: Etnobotânica

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Page 261: Anais Ixsbee

!ESTUDO ETNOBOTÂNICO SOBRE CONHECIMENTO DE ESPECIALISTAS LOCAIS NA DEPRESSÃO SERTANEJA NO NORDESTE DO BRASIL

João Paulo de Oliveira Ribeiro1, Elizabeth Quintella de Lima2, Welligton Miguel Dantas3, Camilla Marques de Lucena4, Reinaldo Farias Paiva de Lucena2

1Estagiário Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

2Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

3Aluno do Curso de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

4 Pós Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA), Universidade Federal da Paraíba – UFPB

As pessoas denominadas de especialistas tradicionais são aquelas que possuem um amplo conhecimento sobre a diversidade de usos das espécies vegetais nativas, sendo reconhecidas pela comunidade. O presente estudo registrou e comparou o conhecimento de especialistas de três comunidades rurais do semiárido Paraibano (Pau D´Arco, município de Itaporanga; Barroquinha município de Lagoa; Várzea Alegre município de São Mamede) sobre as espécies vegetais. Os especialistas foram identificados por meio da fórmula: ES=Uix100/Um; onde Ui=citações de uso do informante, Um=citações de uso do informante que mais citou usos, considerando especialistas os que obtiverem conhecimento acima da média (p>50%). O Fator de Consenso de Informante (FCI) foi calculado, segundo a fórmula: FCI=(nur-nt)/(nur-1). Onde nur=número de citações de uso em cada categoria; nt=número de espécies usadas nesta categoria. Foram entrevistadas 117 pessoas, sendo reconhecidos 19 especialistas, sendo 12 de Barroquinha (9homens/3mulheres), dois de Pau D´Arco (2homens), e cinco em Várzea Alegre (4homens/1mulher), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULWnº297/11). Na análise e representação dos agrupamentos realizados utilizou o programa Pilesort Multidimensional Scaling – Anthropac para analisar o grau de consenso e competência cultural dos especialistas. Segundo o programa, se um informante obtiver uma nota superior a 0.5, ele é considerado competente. Através do programa, pode analisar a proximidade dos informantes com relação aos critérios utilizados no agrupamento das espécies. Foram registradas 51 espécies, 47 gêneros e 22 famílias com usos distribuídos em dez categorias (alimento, combustível, construção, forragem, medicinal, tecnologia, veterinária, mágico-religioso, veneno-abortivo, outros usos). Os dados do FCI mostrou que não houve consenso entre os informantes (FCI<0). O pilesort evidenciou a formação de um grupo reunindo a maioria dos especialistas, outro grupo com dois, e dois especialistas ficaram isolados. Quando observado os agrupamentos das espécies (10 partições) observou-se a formação de três grupos, e oito espécies ficaram isoladas. Apesar das comunidades estarem na mesma região geográfica, a dinâmica cultural e sócio-econômica das comunidades pode ter influenciado na falta de consenso entre os especialistas.

Palavras-chave: etnobotânica, fator de consenso, semiárido

Área temática: Etnobotânica

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PLANTAS DE USO ETNOVETERINÁRIO NO SEMI-ÁRIDO BAHIANO

Cecília de Fátima Castelo Branco Rangel de Almeida1, Antônio Ricardo de Lima de Araújo1

1Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco – CESVASF.

Práticas etnoveterinárias são amplamente utilizadas nas zonas rurais por apresentar baixo custo e grande eficácia. Particularmente, nas zonas rurais há carência de serviços veterinários ou estes são irregulares e dispendiosos. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo obter informações dos moradores do município Barra do Tarrachil no sertão bahiano, acerca do uso de plantas medicinais na medicina veterinária tradicional, onde registrou-se enfermidades de animais tratados com plantas medicinais, para avaliar as implicações sobre a utilização sustentável desses recursos, inserida num contexto sócio-econômico-cultural. As informações sobre as propriedades medicinais das plantas foram obtidas mediante entrevistas com os moradores, no período de agosto a novembro/2011. Na área estudada foram consultados 30 moradores por meio da técnica bola de neve, sendo 25 homens e cinco mulheres, cujas idades variaram de 33 e 83 anos. Foram anotados dados sobre a planta (nome popular, parte do vegetal utilizada, forma de uso e indicação) e da população (faixa etária, sexo e escolaridade). Os resultados obtidos mostraram que o conhecimento local sobre o uso de plantas medicinais na medicina etnoveterinária vêm de várias gerações. Foram citadas 30 espécies utilizadas na medicina etnoveterinária, tais como, Tabebuia alba (Cham.) Sandwith, Myracrodum urundeuva Allemao, Sideroxylon obtusifolium (Humb. ex Roem. & Schult.) T.D. Penn. e Spondias tuberosa Arruda. A principal parte do vegetal utilizada para propósito terapêutico foi a casca e as indicações na maioria das entrevistas foram para tratar diarréia, ferimentos, inflamação, fratura, retenção de placenta, fraqueza e intestino preso. Se pode concluir que os entrevistados dependem dos recursos naturais do semi-árido para enriquecer sua alimentação, bem como diversas formas da medicina alternativa. Tais fatores, aliados a condições não tão amplas de assistência veterinária nas áreas estudadas, tornam-se elementos limitantes ao acesso da medicina veterinária moderna implicando num uso indispensável dos recursos florísticos locais.

Palavras-chave: Etnoveterinária, etnobotânica, Bahia.

Área temática: Etnobotânica

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UMA REVISÃO DAS PUBLICAÇÕES ETNOBOTÂNICAS NO BRASIL

Mara Rejane Ritter¹, Taline Cristina da Silva², Elcida de Lima Araujo², Ulysses Paulino Albuquerque².

¹Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

²Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

As pesquisas etnobotânicas têm crescido significativamente em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Apesar dos avanços e do número de trabalhos publicados nessa área ao longo dos anos, percebe-se que estes ainda são insuficientes para o conhecimento e conservação da biodiversidade. Este trabalho teve por objetivo traçar o perfil da pesquisa etnobotânica no Brasil por meio de artigos científicos publicados e detectar lacunas de conhecimento. Realizou-se um levantamento dos artigos em bases de dados no período de 1988 a maio de 2012, publicados nas revistas científicas de circulação nacional e internacional. Foram revisados 200 artigos com diferentes abordagens, predominando os trabalhos com plantas medicinais. O crescimento do número de publicações na área é evidente bem como a diversidade das abordagens encontradas. A maioria das pesquisas foi realizada nas regiões Nordeste e do Sudeste do Brasil, locais onde se encontram a maioria dos recursos humanos especialistas no tema. Os ecossistemas mais estudados foram a Caatinga e a Mata Atlântica, e as comunidades mais estudadas foram as situadas em áreas rurais, mas percebe-se um crescimento de estudos em etnobotânica urbana. Foram detectadas lacunas de estudos atuais na Amazônia, Cerrado, Pampa e Pantanal, regiões onde há menos recursos humanos disponíveis. Estes dados fornecem subsídios para estudos e investimentos futuros, visando o fortalecimento da etnobotânica no Brasil.

Apoio: CAPES e CNPq

Palavras-chaves: bibliometria , cientometria , etnobiologia

Área temática: Etnobotânica

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CULTIVO E COMERCIALIZAÇÃO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS (PANC) EM PORTO ALEGRE - RS

Adriana Samper1, Mara Ritter1, Rumi Kubo1

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

Algumas plantas conhecidas como daninhas, pragas, invasoras ou ruderais são potencialmente alimentícias, tendo uma importância econômica e ecológica. São denominadas plantas alimentícias não convencionais (PANC). Estas espécies poderiam ser uma das chaves para atingir a soberania alimentar de muitas comunidades, especialmente as desfavorecidas pelo sistema agroeconômico atual. Este trabalho tem como objetivos estudar, a partir de um enfoque etnobotânico, as plantas alimentícias não convencionais (PANC) que agricultores do bairro Lami cultivam e comercializam, e verificar o conhecimento que os consumidores da Feira Ecológica do Bom Fim possuem sobre as estas espécies. O levantamento botânico foi realizado durante o ano de 2010 em três propriedades de agricultores orgânicos do bairro rururbano do Lami, que comercializam seus produtos na feira ecológica do Bom Fim, em Porto Alegre. Foram realizadas visitas e conversas informais com duas dessas famílias de agricultores e a técnica de observação participante com a outra familia. A partir deste levantamento, organizou-se um herbário que foi mostrado a 50 consumidores da feira, realizando-se uma entrevista semi-estruturada com os mesmos. Mesmo conhecendo as plantas e seus possíveis usos como comestíveis, os resultados obtidos mostram diferenças significativas em relação ao cultivo e uso das PANC por parte dos agricultores. Entre os consumidores existe um elevado conhecimento em relação às frutíferas nativas (como butiá, araçá, açaí, guabiroba e cereja-do-mato) e um conhecimento parcial das demais plantas. O conceito de PANC (no que concerne ao “não convencional”) é discutido, bem como o potencial que essas plantas podem ter na busca de soberanía alimentar. Destaca-se o papel que cumpre a Feira Ecológica do Bom Fim na divulgação dessas plantas, principalmente através da interação entre agricultores e consumidores.

Palavras-chave: panc, feira ecológica, frutíferas nativas.

Área temática: Etnobotânica

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O CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO E A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS BIODIVERSOS NA REGIÃO DO ENTORNO DA FLORESTA NACIONAL DE IRATI - PR

Carla Fernanda Mussio¹, Gabriela Schmitz Gomes¹, Maria Cristina M. Mazza², Emílio Carlos Zilli Ruiz¹

¹Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná – UNICENTRO

²EMBRAPA-Floresta.

Na região centro do sul do Paraná, a sabedoria empírica sobre o uso de elementos naturais do ambiente remonta seus antigos habitantes e o processo de ocupação histórica da área, construindo dessa forma, o conhecimento sobre o uso de espécies nativas. Com o intuito da compreensão da relação atual dos agricultores familiares e povos tradicionais com os recursos da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) informações etnobotânicas foram levantadas em 2008 em comunidades rurais locais e tradicionais nas cidades de Irati e Rio Azul, localizadas na região de influência da Floresta Nacional (FLONA) de Irati. Os levantamentos foram realizados pelo projeto CONSERVABIO – Rede para a Conservação e Utilização Sustentável de Recursos Florestais Não-Madeiráveis da Floresta com Araucária (desenvolvido pela EMBRAPA, ICMBio, Universidades, entre outros). Nos dados levantados foram citadas 60 espécies nativas, em média, em cada comunidade sendo essas classificadas em usos como alimentício, medicinal e utensílio. As espécies mais representativas no uso alimentício foram: Araucaria angustifolia, Campomanesia xanthocarpa, Eugenia uniflora e Psidium cattleianum, que além de possuírem sementes e frutos apreciados para consumo, desempenham importante papel ecológico, entre eles a atração da avifauna, sendo um importante requisito para a recomposição de áreas degradadas. Na categoria medicinal as mais citadas foram: Maytenus ilicifolia, Mikania glomerata e Persea pyrifolia, sendo utilizadas as folhas e a casca servindo para a cura ou amenização dos sintomas de diversos males. E como utensílio, foram citadas: Mimosa scabrella, Podocarpus lambertii e Parapiptadenia rigida, ambas servindo como madeira e apenas a primeira usada também como lenha. As informações obtidas com os levantamentos foram importantes, pois através do conhecimento das espécies de interesse das comunidades, já foram implantados sistemas sustentáveis biodiversos na região de entorno da FLONA de Irati. As espécies escolhidas para compor os arranjos dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) obedeceram as especificidades socioculturais envolvidas.

Palavras-chave: saf, floresta ombrófila mista, flona de irati

Área temática: Etnobotânica

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ETNOBOTÂNICA DE PALMEIRAS (ARECACEAE) EM FLORESTA TROPICAL MONTANA NUBLADA, CAQUETÁ - COLÔMBIA.

Oscar Adolfo Perdomo Baez¹, André R. Terra Nascimento¹, Edwin Trujillo Trujillo², Bruno Guimarães Ubiali³

¹ Laboratório de Ecologia, Universidade Federal de Uberlândia – UFU

²Programa de Ingenieria Agroecologica, Universidad de La Amazonia

³Departamento de Recursos Naturais e Ciências Florestais, Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP

Floresta Tropical Montana Nublada (FTMN) é um tipo de ecossistema de elevada biodiversidade e pouco conhecido, que ocorre em elevações superiores a 1000 metros. É caracterizado pela presença freqüente ou sazonal de nuvens ao nível da vegetação. Estima-se que a FTMN ocupa uma área de 0,3% da superfície terrestre. A Colômbia é um dos países com maior diversidade de palmeiras (Arecaceae), com mais de 200 espécies, das quais 20 são endêmicas dos Andes. Os objetivos do presente trabalho foram determinar as espécies de palmeiras andinas conhecidas e os respectivos usos pela comunidade camponesa El Caraño, Município de Florência - Caquetá, Colômbia. Para esta finalidade foram levantadas todas as espécies nativas de palmeiras andinas no entorno da comunidade camponesa. Para investigar a etnobotânica da comunidade foram utilizadas entrevistas abertas, sendo os camponeses informados sobre o objetivo do trabalho e decidindo a sua participação. Foram investigadas informações referentes às espécies de palmeiras e seus usos, a procedência dos informantes e seu tempo de residência no local. Nas 27 entrevistas realizadas, foram reportadas 8 espécies da família Arecaceae, 4 das quais são endêmicas dos andes (Wettinia anomala (Burret), Dictyocaryum lamarckianum (Mart.), Geonoma orbignyana morfotipo linearis (Mart) e Geonoma triglochin Burret), pertencentes a 6 gêneros. Foram mencionados 6 tipos de usos das palmeiras, sendo Iriartea deltoidea Ruiz & Pavon a que tem maior diversidade de usos (4), seguida de W. anomala com 2, as 6 espécies restantes com somente um tipo de uso. A categoria de uso construção apresentou maior número de espécies, seguido pelos usos comuns e usos em agricultura. A comunidade El Caraño mostra que nesta região as palmeiras nativas dos Andes, estão sendo subutilizadas, e que a falta da transmissão deste conhecimento faz com que a comunidade não valorize adequadamente este importante recurso da Floresta Tropical Montana Nublada.

Palavras-chave: palmeiras andinas, conhecimento tradicional, potencial de uso

Área temática: Etnobotânica

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Page 267: Anais Ixsbee

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CONHECIMENTOS, USOS E APRENDIZADOS VINCULADOS À ARTE DE BENZER: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS BENZEDORES DA CHAPADA DO ARARIPE (CE) E DO LITORAL CATARINENSE (SC)

Julia Vieira de Cunha Avila1, Sofia Zank1, Natalia Hanazaki1

1Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

Benzimentos são praticados em diversas culturas e contam com o auxílio de diferentes elementos da natureza e da religião. Esse trabalho apresenta diferentes formas de lidar com a benzeção e de fazer uso das plantas com fins medicinais por benzedores de duas regiões brasileiras: no Estado de Santa Catarina (Imbituba e Garopaba) e no Estado do Ceará (Chapada do Araripe). Os benzedores foram identificados através do método “bola-de-neve”, totalizando 16 benzedores entrevistados na área de estudo em Santa Catarina e, até o presente momento, 37 benzedores na área de estudo do Ceará. Foram realizadas entrevistas estruturadas, listagem-livre e coleta de material botânico. Dentre os entrevistados em Imbituba e Garopaba, mais da metade (56%) aprendeu a benzer com Deus, nenhum ensina as rezas, 87,5% dos benzedores ensina sobre o uso de plantas como medicinais, e 56% consideram que a procura pelos benzedores na região tem diminuído. Quanto aos benzedores entrevistados na Chapada do Araripe, 65% aprenderam a benzer com parentes, 52% ensinam as bênçãos e 27% consideram que a procura na região tem diminuído, embora a prática da benzedura esteja aparentemente mais presente do que na área estudada em Santa Catarina. Em ambos estados os benzedores relacionam essa diminuição à facilidade de acesso aos recursos da medicina moderna e a uma desvalorização desta prática pelos mais jovens. Percebe-se que há diferenças culturais quanto à aprendizagem, sendo que os municípios catarinenses, por serem mais urbanos, podem apresentar esses fatores com mais intensidade. Dos entrevistados catarinenses 94% utilizam plantas com fins medicinais e 89% dos entrevistados cearenses também, mostrando como esse recurso é importante para ambos os grupos e que estes contribuem na manutenção do conhecimento e uso de recursos medicinais nas comunidades. Benzedores continuam exercendo um papel importante na medicina popular, porém existe a preocupação de desaparecimento desta prática e dos conhecimentos associados. É necessário aprofundar os estudos sobre o papel dos benzimentos na manutenção da saúde humana, colaborando para valorização desta prática e para a existência complementar entre a medicina moderna e as práticas da medicina popular.

Palavras-chave: benzedores, plantas medicinais, práticas terapêuticas populares.

Área temática: Etnobotânica

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EXTRAÇÃO ARTESANAL DO ÓLEO DE ANDIROBA DE FLORESTA DE VÁRZEA EM AMBIENTE PERI- URBANO, APA DA FAZENDINHA-AP

Mariane Nardi Santos1, Suellen Cristina Pantoja Gomes2, Ana Cláudia Lira-Guedes3, Helenilza Ferreira Albuquerque Cunha1, Marcelino Carneiro Guedes3

1Universidade Federal do Amapá – UNIFAP;

2Universidade do Estado do Amapá – UEAP;

3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Amapá.

A valorização do conhecimento tradicional e uso múltiplo da floresta possibilitam desenvolvimento social e conservação dos ecossistemas. Este estudo está inserido no projeto Florestam, que busca compreender melhor esse ecossistema, bem como o uso da floresta pelos ribeirinhos no Amapá. Uma das espécies de importância econômica estudada é a andirobeira (Carapa guianensis Aublet), conhecida por sua madeira de qualidade e pelo óleo extraído das sementes, muito usado na fabricação de fármacos e cosméticos. O objetivo deste foi descrever e identificar o conhecimento do processo da extração tradicional do óleo de andiroba pela população da Área de Proteção Ambiental (APA) da Fazendinha. Para isso, foram realizadas entrevistas semiabertas, com formulários, em 84 domicílios. Em 2008, todas as andirobeiras foram mapeadas, totalizando 680 indivíduos na área de 137 ha, com 190 produtivos. A APA se localiza entre Macapá e Santana, as duas cidades mais populosas do Amapá. A área de estudo possui 270 domicílios, ocupados irregularmente. Os moradores tem acesso a transportes, educação e saúde, ainda que precariamente. Mesmo sendo uma unidade de conservação de uso sustentável, muitos moradores da APA desenvolvem trabalhos tipicamente urbanos, evidenciando uma fragilidade na relação da população com a floresta. Os resultados evidenciaram o conhecimento (58,3% dos entrevistados) do processo de extração e uso do óleo por toda população, principalmente para fins medicinais, mas apenas 24 pessoas da comunidade mantém o hábito de extrair o óleo. A extração, mais para uso próprio, segue as seguintes etapas: coleta, cozimento, repouso, descascamento, preparo da massa e escorrimento. Alguns obtêm a semente da própria APA, mas outros buscam em localidades próximas. Apesar de todos entrevistados relatarem o uso do óleo de andiroba, o conhecimento do processo e o hábito de extração estão se perdendo na APA da Fazendinha, provavelmente, pela urbanização da região.

Palavras-chave: amazônia, florestam, Carapa guianensis Aublet.

Área temática: Etnobotânica

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AGROECOLOGIA

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PROJETO “FLORES DE MEL”: PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA DE PLANTAS ORNAMENTAIS

Fernanda Silva Gonçalves1, Leila Matajs2, Fernando Couto2, Clovis José Fernandes de Oliveira Júnior3

1Graduanda em Geografia, Universidade de São Paulo – USP

2Instituto Pedro Matajs

3Instituto de Botânica

O projeto “Flores de Mel” é um trabalho de extensão rural agroecológica que buscou construir conhecimentos sobre a produção de plantas ornamentais, nativas ou exóticas, em conjunto com pequenos agricultores residentes na Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos e entorno, na região de Parelheiros, município de São Paulo. A região apresenta alta vulnerabilidade sócio, econômico e ambiental, apresentando um dos piores IDH do município. A região é de grande importância para todo município, pois fica inserida entre as represas Billings e Guarapiranga, os principais abastecedores de água para capital paulista. Duas linhas de capacitação foram implantadas: 1) produção de plantas ornamentais; 2) jardinagem e paisagismo. O trabalho foi realizado de modo participativo por meio de palestras, aulas, oficinas, ciclos de visitação, construção de canteiros/viveiros, construção de jardins e visitas externas. Como resultados foram capacitados 13 agricultores familiares. Inicialmente, foram trabalhadas questões de sensibilização ambiental, cuidados com o solo e adubação verde. Realizou-se, também, sete ciclos de visitas com objetivos de diagnóstico inicial, planejamento, acompanhamento e avaliação. Foram identificadas 40 espécies ornamentais para produção em canteiros a céu aberto e 120 espécies para produção em viveiro protegido. Foram realizadas oficinas (total de oito) sobre propagação de plantas, espécies nativas da região e especificamente sobre cultivo, características e principais espécies de bromélias e orquídeas, espécies abundantes na região, oficinas de ikebana, flores comestíveis, construções em bambu, controle biológico de pragas e doenças. Houve a construção de pequenos viveiros, com estrutura em bambu, para cultivo protegido e também a estruturação de canteiros para espécies cultivadas a pleno sol. Os participantes projetaram e construíram jardins em suas propriedades. Como resultados incluem-se ainda maior nível de consciência da importância dos serviços ambientais e preservação dos recursos naturais numa região de manancial, bem como a importância do desenvolvimento da cadeia de produção com ornamentais nativas.

Palavras-chave: agroecologia, plantas ornamentais nativas, desenvolvimento sustentável.

Área temática: Agroecologia

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VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE SOLO, A PARTIR DE PARÂMETROS FÍSICOS QUÍMICOS, E MICROBIOLÓGICOS EM RELAÇÃO AOS SISTEMAS DE AGRICULTURA CONVENCIONAL, ORGÂNICA E DE UM SISTEMA NATURAL.

Priscila Yoshie Tateishi Fernandes1; Letícia da Costa1; Kellem Brina1; Alexandre Silva Borges1; Leon Maximiliano Rodrigues1

1Faculdade Anglo Americano

O trabalho foi realizado em Foz do Iguaçu-PR, em duas propriedades de agricultura familiar, uma caracterizada por agricultura orgânica, outra por agricultura convencional e numa área no Parque Nacional do Iguaçu (PNI). O objetivo foi avaliar qualidade do solo nas diferentes condições. Foram feitas coletas em duas parcelas no sistema de orgânico (PA1/ PA2), uma no sistema convencional (PB) e uma no PNI, a qual foi utilizada como sítio de referência. Amostras foram coletadas em julho e setembro de 2011. Cada parcela correspondeu a um transecto (20 x 2 m), obtendo-se aleatoriamente 5 subamostras em cada transecto. Foram analisadas em campo: umidade relativa (%) e temperatura do ar (°C) rente ao solo e na altura do peito. Amostras de solo foram levadas ao Laboratório Integrado de Meio Ambiente - Faculdade Anglo Americano para análise de: pH, teor de umidade (%), matéria orgânica (%), quantificação de unidades formadoras de colônias (bactérias/fungos), e capacidade de retenção de água. As amostras de PA e PB, que utilizam irrigação artificial, foram menos eficientes para retenção de água e apresentaram menor teor de matéria orgânica comparadas com o PNI, porém similares entre si, sendo um fator importante para manutenção de comunidades bióticas e determinantes para produção. Os parâmetros físicos, químicos e microbiológicos não mostraram claras diferenças entre PA e PB, mas diferiram consideravelmente do PNI. Sendo um ambiente natural, livre da ação antrópica, tais diferenças para PNI foram atribuídas principalmente às variáveis umidade e matéria orgânica, mas também à maior variabilidade de todos os parâmetros, refletindo na melhor qualidade. Como o objetivo do agroecossistema é aproximar seu funcionamento de sistemas ecológicos naturais, os resultados mostram que os sistemas agrícolas avaliados podem não proporcionar a manutenção das características esperadas, sendo PA e PB, apesar das diferenças metodológicas, semelhantes entre si e diversos das condições naturais.

Palavras-chave: qualidade de solo, agricultura orgânica, agricultura convencional

Área temática: Agroecologia

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SERVIÇOS AMBIENTAIS E INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS DE BASE AGROECOLÓGICA

Naiana Lunelli1; Clóvis José de Oliveira1

1Instituto de Botânica

Agroflorestas são formas de produção agrícola capazes de produzir serviços ambientais (externalidades positivas), promovendo maior equilíbrio dinâmico e resiliência aos agroecossistemas. No entanto, boa parte da comunidade científica ainda é cética quanto aos benefícios das agroflorestas e sua produtividade. Os ceticismos são devidos, principalmente, à falta de indicadores na quantificação das externalidades, dentre outros fatores. Neste trabalho foi investigada a existência de indicadores das externalidades positivas e as formas de quantificação utilizadas em experiências com agrofloresta, a partir da revisão de publicações sobre sistemas agroflorestais. As externalidades analisadas foram divididas em: a) características dos solos; b) águas e recursos hídricos; c) biodiversidade e agrobiodiversidade; d) segurança e soberania alimentar; e) aspectos culturais e construção do conhecimento. Os benefícios aos solos são os melhores documentados, a maioria apresentando indicadores, tanto aqueles produzidos em laboratórios, de modo científico, como indicadores construídos participativamente, reunindo os conhecimentos empíricos e percepções dos agricultores locais. Nos trabalhos analisados são raros os que apresentam indicadores sobre os recursos hídricos, são citados efeitos frequentemente, mas praticamente não apresentam análises de dados que sejam aceitas pelo mainstream acadêmico. A maioria se refere ao aumento de umidade nos solos. Muitos trabalhos também citam melhorias nos aspectos socioeconômicos culturais, porém estes resultados, na maioria das vezes, são expressos no corpo do texto, não sendo possível a constatação de uma metodologia com certo de grau de padronização, que ofereça indicadores replicáveis. Entende-se que para o desenvolvimento de metodologias, para análise sistêmica das externalidades produzidas, deve-se considerar sua viabilidade para replicação, tanto na complexidade analítica como na questão financeira, ou seja, devem ser facilmente aplicadas por agricultores e extensionistas. É interessante que estes indicadores possam servir para dimensionar a qualidade dos serviços ambientais e das externalidades socioeconômico cultural, mas que também sirva para o planejamento do manejo para otimização dos objetivos da agrofloresta.

Palavras-chave: externalidades positivas, replicação metodológica, sustentabilidade

Área temática: Agroecologia

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DIVERSIDADE DE ESPÉCIES CULTIVADAS POR AGRICULTORES NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

Pedro Mouzinho de Oliveira Neto1, João Paulo de Oliveira Ribeiro1, Severino Pereira de Souza Júnior¹, Leossávio César de Souza¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

1Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

A prática da agricultura tradicional em regiões semi-áridas é dificultada pelas adversidades climáticas, econômicas e sociais, contudo os agricultores encontram saídas para realizarem seus cultivos. No presente estudo registrou-se o conhecimento que agricultores da comunidade de Santa Rita de Cima, município do Congo (Paraíba, Nordeste/Brasil), possuem sobre produção agrícola. A comunidade possui 24 famílias, participando 20 na pesquisa. Os informantes foram os mantenedores dos roçados (18 homens e duas mulheres), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). Foram registradas 23 culturas cultivadas. As culturas que se destacaram foram milho (Zea mays) (21 citações de uso), feijão de corda (Phaseolus vulgaris) (17 citações), em virtude de servirem para forragem (palhas e ramas), segundo 85% dos agricultores. Foram registradas quatro variedades de milho (posto rico, comum, ligeiro, e uma distribuída pela EMATER). As hortaliças cultivadas de forma orgânica, a partir de incentivos de instituições como o SEBRAE, foram beterraba (Beta vulgaris), pimentão (Capisicum annuum), coentro (Coriandum sativum), alface (Lactuca sativa), couve flor (Brassica oleraceae), cenoura (Daucus carota), salsa (Petrosolium sativum), pepino (Cucumis sativus), rúcula (Eruca sativa), cebolinha (Allium fistolosum), repolho (Brassica oleracea), rabanete (Raphanus sativus), quiabo (Hibiscus esculentus). Outros cultivares registrados foram jerimum (Curcubita maxima), goiaba (Psidium guajava), banana (Musa spp.), limão (Citrus sp.) e cajú (Anacardium occidentale). O consórcio entre as variedades de milho e feijão prevaleceram nas áreas cultivadas (85% dos agricultores). A conservação das sementes é realizada em garrafas PET, uma alternativa indicada por 70% dos agricultores, pelas mesmas protegerem as sementes de ataques de pragas mais do que os tradicionais silos de zinco ou ferro. A seleção das sementes é reconhecida como método fundamental para o sucesso da produção (75% dos entrevistados). O presente estudo evidencia como a etnobotânica pode contribuir na manutenção do conhecimento sobre os agroecosistemas.

Palavras-chave: agricultura, populações tradicionais, semiárido

Área temática: Agroecologia

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TÉCNICAS TRADICIONAIS UTILIZADAS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NOS CARIRIS VELHOS DA PARAÍBA (NORDESTE DO BRASIL)

Pedro Mouzinho de Oliveira Neto¹, João Paulo de Oliveira Ribeiro¹, Severino Pereira de Sousa Júnior¹, Leossávio César de Souza¹, Reinaldo Farias Paiva de Lucena¹.

¹Laboratório de Etnoecologia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Os benefícios trazidos pelo avanço tecnológico nas áreas agrícolas são evidentes, possibilitando uma produção mais eficaz, porém certas tecnologias são acessíveis a poucos agricultores. Sem o acesso a essas tecnologias, os moradores do semi-árido utilizam técnicas tradicionais. O presente estudo procurou entender a dinâmica envolvida no processo da produção agrícola na comunidade Santa Rita de Cima (Congo, Paraíba, Nordeste/Brasil), indo desde o registro das culturas cultivadas ao conhecimento das técnicas aplicadas. Os informantes foram os mantenedores dos roçados (18 homens e duas mulheres), os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW nº297/11). 90% afirmaram ter adquirido seu conhecimento com os pais, mas só 45% disseram que ensinam o ofício aos filhos. 75% preparam suas terras para cultivo de forma tradicional e 25% de forma mecanizada. O uso de agrotóxicos é raro, sendo utilizado mais os defensivos naturais (40% dos informantes), como o caldo feito com fumo de corda. 100% afirmaram a inexistência de pragas nas lavouras e hortas. O sistema de irrigação é realizado por 80% dos agricultores, por meio de gotejamento e micro aspersores, no intuito de manter seus cultivos além do período das chuvas ocasionais do sertão (meses de março a junho). As áreas de cultivo na comunidade são reduzidas devido às condições edafoclimáticas, aproveitando dessa forma apenas áreas de várzea, que são consideras boas por terem solos altamente férteis (terras ariusca), segundo 50% dos agricultores. Só 35% dos agricultores recebem assistência por parte de órgãos governamentais, mesmo assim, de forma insipiente. Em virtude do contexto apresentado, a agricultura de subsistência predomina (55% dos agricultores), e os outros 45% afirmaram que vendem o excedente da produção. Os agricultores das regiões semi-áridas necessitam de um incentivo mais eficaz por parte do governo para melhorar suas produções agrícolas.

Palavras-chave: agricultura, semiárido, populações tradicionais

Área temática: Agroecologia

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CONHECIMENTO TRADICIONAL CAMPONÊS E PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS COMO FORMA DE RESISTÊNCIA DA RURALIDADE E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NUMA REGIÃO DE REFLORESTAMENTOS COM PINUS

Patrine Souza¹, Joseane Madruga¹, Patrícia Fernandes², João Fert Neto³.

¹Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

²Doutoranda em Produção Vegetal, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

³Engenheiro Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Estudou-se um grupo de camponeses no município de Otacílio Costa-SC, caracterizados pela reprodução da sua ruralidade num cenário onde predominam atividades de reflorestamento com pinus. O objetivo do estudo foi identificar as estratégias de resistência e a permanência desses camponeses na localidade. Utilizou-se a abordagem teórico-metodológica de Pierre Bourdieu, através dos conceitos de distinção e de reprodução social. Realizou-se um estudo de caso, dada a peculiaridade da situação encontrada. O grupo estudado se organiza através de uma associação formal, composta por doze famílias, liderada principalmente por mulheres, vinculada a uma rede ecológica de produção orgânica. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas coletivas, através de uma abordagem qualitativa, em momentos de reuniões do grupo. Contou-se também com a observação participante durante as reuniões e com impressões através de visitas às propriedades e diálogos individuais. Observou-se que a resistência dos agricultores na localidade estudada decorre de estratégias de recuperação de conhecimentos tradicionais, numa perspectiva agroecológica, tais como, a utilização de sementes crioulas, a fitoterapia no controle de insetos e doenças e a consorciação de cultivos, além de práticas conservacionistas e uso de insumos internos. A reconstrução do conhecimento tradicional se dá através de orientação técnica da ação extensionista. A agregação dos agricultores em uma associação e seu vínculo a uma rede ecológica proporciona a inserção em mercados de preços diferenciados. Identificou-se que as práticas culturais e a reinvenção do conhecimento tradicional assumem uma funcionalidade à manutenção da ruralidade, pois proporciona identidade sociocultural de agricultor agroecológico, status social perante autoridades municipais, acesso às políticas públicas agrícolas, e a nichos de mercado. Assim, observou-se o fortalecimento de uma identidade camponesa relacionado à tradição e aos conhecimentos agroecológicos reconstruídos.

Palavras-chave: conhecimento tradicional camponês, ruralidade, reflorestamento com pinus

Área temática: Agroecologia

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AÇÕES INTEGRADAS DE PESQUISA E EXTENSÃO PARTICIPATIVA NA PROMOÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE EM ASSENTAMENTOS DO TERRITÓRIO SUL SERGIPANO.

Eliane Dalmora¹, Marisa Borin da Cunha¹, Ana Cristina Oliveira de Almeida³, Izabel Santos4, José Bruno de Oliveira Silva4

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¹Instituto Federal de Sergipe – IFS

³Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar

4Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia, Instituto Federal de Sergipe – IFS

A promoção da agrobiodiversidade dos agricultores familiares depende de contrapontos frente à tendência de simplificação da base alimentar, homogeneização do mercado de sementes e perda da autonomia dos agricultores. Objetivamos compreender de diferenciação dos assentados, caracterizando a agrobiodiversidade em 11 assentamentos do Território Sul Sergipano. Para compreender e interagir com a realidade a pesquisa participativa envolveu: visitas nas famílias e nos roçados, participação da equipe nos plantios, oficinas de práticas agroecológicas e campos de multiplicação de sementes. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas em 231 famílias participantes nas reuniões do projeto, atingindo de 95% de participação a 45% em relação ao total de assentados. Os sistemas de produção foram tipificados com base na fonte de renda, dedicação e destino à produção. Das entrevistas foram identificados 49 guardiões de sementes, caracterizados como agricultores que conservam sementes por mais de 4 anos no lote. Para caracterização da agrobiodiversidade foram aplicadas aos guardiões as ferramentas participativas - matriz da diversidade de cultivos e variedades e matriz de classificação. Como resultado, a mandioca e a macaxeira são tradicionais na diversidade, consumo e cultivo, totalizando 15 variedades caracterizadas. Também são conservadas no local de duas a quatro variedades de inhame, batata, feijão (de arranca, fava e de corda), milho, banana, abóbora, amendoim e batata-doce. Os agricultores mantém as variedades quanto a mercado, seguridade a riscos e hábitos alimentares. Ao resgatar o conhecimento e as práticas os assentados ficam motivados para cultivar as variedades locais que preferem e constituir redes de trocas de sementes, buscando ampliar sua base de diversidade. A diversidade caracterizada pela pesquisa é restrita as manivas, com conservação de 26 anos a 10 anos com o mesmo guardião, mas revelando perda de diversidade e tempo restrito quanto à conservação em outros alimentos característicos.

Palavras-chave: agrobiodiversidade, redes de trocas, guardiões de sementes.

Área temática: Agroecologia

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ETNOBOTÂNICA E DIVERSIDADE GENÉTICA DO BACURI (Platonia Insignis) NA RESEX CHAPADA LIMPA/MA: IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO POR POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO.

Vivian do Carmo Loch¹, Francisca Helena Muniz¹

¹Universidade Estadual do Maranhão – UEMA

A Reserva Extrativista (Resex) Chapada Limpa, única de sua categoria em área de cerrado no Maranhão, foi criada em 2007 para preservar antigos bacurizais (Platonia insignis) e populações tradicionais ameaçados pela sojicultura. Neste trabalho foi realizado um levantamento etnobotânico, a fim de entender como as comunidades locais interagem com os recursos genéticos disponíveis. Assim, 48 famílias de quatro comunidades das nove presentes nesta Resex foram entrevistadas através de um questionário semi-estruturado. Como resultado, observou-se que o conceito de Reserva Extrativista ainda é incipiente entre os extrativistas. Foram registradas práticas de cultivo realizadas somente por questões culturais e de sobrevivência, que não contribuem para o propósito de proteção e conservação dos bacurizais, tais como: presença de roças em áreas de bacurizeiros em desenvolvimento, queimadas descontroladas, derrubada de frutos forçando amadurecimento, corte nos troncos para frutificação, ausência de manejo e de produção de mudas. Essas ações vêm sendo criticadas por uma das comunidades estudadas, demonstrando orientação ecológica e utilização racional da biodiversidade, principalmente em relação a atributos dos principais bacurizeiros da reserva como altura, melhores frutos, período de safra, entre outros. Paralelamente, será avaliado o padrão de distribuição da diversidade genética do bacuri nesta Resex, visando contribuir para definição de estratégias de conservação para esta espécie. A caracterização molecular será realizada através do uso de marcadores moleculares do tipo ISSR (Inter-Simple Sequence Repeat). Foram coletados 60 indivíduos de bacuri de cada uma das quatro áreas da Resex descritas (aqui designadas “populações”). Cada população foi constituída por quatro subpopulações, com cerca de 0,5 quilômetro de distância entre si, de onde foram coletados 15 indivíduos com distância média de 30 metros entre si, georreferenciados. A análise da estrutura genética será realizada através da Análise da Variância Molecular (AMOVA), com o programa Arlequin 3.01, e também pela análise Bayesiana implementada no programa Structure 2.0.

Palavras-chave: população tradicional, platonia insignis, etnobotânica

Área temática: Agroecologia

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SEGURANÇA ALIMENTAR NA AGRICULTURA FAMILIAR NO ALTO SOLIMÕES, AM

Antonia Ivanilce Castro da Silva1, Hiroshi Noda2, Sandra do Nascimento Noda1, Dirceu da Silva Dácio3, Lúcia Helena Pinheiro Martins1

1Universidade Federal do Amazonas – UFAM;

2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA;

3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM.

O objetivo da pesquisa foi identificar os produtos utilizados na dieta alimentar nas unidades de produção familiar em duas localidades rurais no município de Benjamim Constant, Amazonas, Brasil. Foi adotada a abordagem sistêmica, o método estudo de caso, combinado com as técnicas: diário de campo, observação direta, entrevistas e reuniões com grupos focais. A produção agrícola nas duas comunidades destina-se principalmente para o autoconsumo, no entanto, parte da produção é destinada à comercialização, como é o caso da banana e, esporadicamente, da farinha de mandioca. A caça é uma atividade que contribui na alimentação e propicia a variação do cardápio, sendo o segundo componente proteico em importância depois do peixe. As principais espécies capturadas são capivaras, cotias, porcos do mato e aves em áreas denominadas como “centros”. A análise dos dados referente à dieta alimentar, nas unidades de produção, mostrou que o patamar de autossuficiência em alimentos é de 70% do total de produtos consumidos pela unidade familiar, tendo na mandioca/macaxeira, peixe e banana as maiores contribuições. As formas de produção tradicionais favorecem a conservação da biodiversidade por meio das relações sociais estabelecidas no processo produtivo (relações de ajuda mútua e economia de reciprocidade) e utilização sustentada dos recursos naturais disponíveis (solos, produtos da floresta e ambientes aquáticos) permitindo a reprodução da unidade familiar e ambiental da produção. A renda monetária é obtida pelas famílias por meio da comercialização de produtos gerados nas atividades de agricultura, especialmente com os produtos de ciclo curto e extrativismo vegetal (açaí) e, esporadicamente, extrativismo animal (pesca). Os programas sociais e os serviços públicos universais também se mostram importantes na geração de renda monetária para as duas comunidades. No que tange a diversidade, esta produção é relevante para a reprodução social das unidades familiares e se configura como uma estratégia que favorece a segurança alimentar.

Palavras-chave: agrobiodiversidade, estratégias de conservação, Benjamin Constant.

Área temática: Agroecologia

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O PAPEL DA COMERCIALIZAÇÃO PARA OS AGRICULTORES FAMILIARES TICUNA E COCAMA, MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT, AM

Antonia Ivanilce Castro da Silva1, Hiroshi Noda2, Sandra do Nascimento Noda1, Maria Dolores Souza Braga1, Ayrton Luiz Urizzi Martins1

1Universidade Federal do Amazonas – UFAM;

2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.

O objetivo do estudo foi identificar as formas de comercialização para obtenção de renda monetária em duas localidades rurais em Benjamim Constant, Amazonas. Foi adotada a abordagem sistêmica, o método estudo de caso, combinado com as técnicas: diário de campo, observação direta, sete entrevistas e reuniões com quatro grupos focais. Em Nova Aliança, o grupo de adultos foi composto por oito agricultores(as) e por vinte e quatro alunos. Em Novo Paraíso, sete agricultores(as) e quatorze alunos, ambos de turmas multisseriadas. Os produtos destinados ao mercado foram agrupados nas categorias: ciclo curto, frutas, farinha e raízes, cereais e plantas medicinais. No ano agrícola de 2007/2008, a principal fonte de renda monetária dessas localidades foi o cultivo de hortaliças de ciclo curto. Em Novo Paraíso, a comercialização concentrou-se entre os meses de julho a dezembro, que corresponde a 63,6% da renda bruta total. No mesmo período agrícola, na Comunidade Nova Aliança, a venda dos produtos das espécies de ciclo curto correspondem a 55,3% da renda bruta total. Há disponibilidade desses produtos para a venda durante todo o ano, devido ao cultivo em terra firme e na várzea. A produção das espécies frutíferas é destinada principalmente para o autoconsumo. Entretanto, representam 27,3% e 26,3%, da venda de Novo Paraíso e de Nova Aliança, respectivamente. A maior parte da farinha de mandioca produzida pelos agricultores familiares de Nova Aliança (produção de 1500kg) é destinada ao autoconsumo (84,2%), o restante é comercializado. Em Novo Paraíso, a produção é destinada ao autoconsumo. A comercialização é realizada no mercado local, à medida que os agricultores necessitam de renda monetária. A produção agrícola nas duas comunidades destina-se principalmente para o autoconsumo, no entanto, os produtos que entram no circuito de mercado possibilitam à unidade familiar a aquisição de outros bens de consumo e serviços.

Palavras-chave: autoconsumo, renda monetária, agricultura familiar.

Área temática: Agroecologia

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O COMPONENTE SÍTIO E SUA IMPORTÂNCIA NA REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DE UNIDADES DE AGRICULTURA FAMILIAR

Ayrton Luiz Urizzi Martins1, Sandra do Nascimento Noda1, Lúcia Helena Pinheiro Martins1; Hiroshi Noda2, Dirceu da Silva Dácio3

1Universidade Federal do Amazonas – UFAM;

2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA;

3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM.

A pesquisa avaliou a alternativa de incorporar o sítio na composição da reserva legal de 27 unidades de agricultura familiar, para efeito de regularização ambiental. Foi realizado estudo de caso na localidade denominada lagos Paru e Calado, município de Manacapuru, AM. A partir de levantamentos georreferenciados, executou-se análise ambiental tendo como base a comparação entre as áreas legalmente exigidas e as identificadas no sistema de produção. Os resultados mostraram fragmentação das unidades familiares, precariedade dos documentos de apropriação fundiária e dificuldade de compreensão da legislação ambiental. Os sítios localizam-se nas proximidades das habitações onde ocorrem cultivos de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas de múltiplos usos, exercendo um papel importante na conservação e amplificação da biodiversidade agrícola local por meio do compartilhamento de propágulos. São áreas mais antigas de manejo e constitui um “lugar” reconhecido pela família como aquele que demonstra o “zelo da família pela propriedade”. A dimensão espacial destas áreas emerge do trabalho cotidiano das pessoas, constituindo o lugar onde se desenvolvem os processos sociais de afirmação e reafirmação de valores, gostos, objetivos e significados. O número de espécies arbóreas por sítio variou de 12 a 56 (média de 30) e não arbóreas de 7 a 59 (média de 26), sendo 24,2% das espécies, nativas. Nas localidades onde o sistema de produção apresenta-se mais especializado, a dimensão e diversificação do sítio são menores. Os sítios são relevantes no fornecimento de alimento às famílias, além de gerarem renda monetária. Em 75% das unidades familiares, a produção oriunda deste espaço produtivo representa a principal contribuição na comercialização, com destaque para frutos e mel de abelhas melíponas. A existência do sítio no sistema de produção em praticamente todos os casos estudados é uma situação que pode favorecer a regularização da RL, considerando os benefícios estabelecidos no art. 54 da Lei 12.651/2012.

Palavras-chave: reserva legal, legislação ambiental.

Área temática: Agroecologia

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MOVIMENTO DE RETOMADA KAIOWÁ

Elis Fernanda Corrado1, Edenea Pinto Corrado1, José Roberto Corrado1; Elis Fernanda Corrado1

1Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

Desde os anos 1990, as ocupações de terra e montagem de acampamentos conhecidos como “de lona preta” se tornaram uma das formas de demandar desapropriação e distribuição de terra ao Estado brasileiro. Nos últimos 30 anos, esta forma de reivindicação havia sido associada a trabalhadores rurais sem-terra, no entanto, indígenas Kaiowá da região de Dourados, no Mato grosso do Sul, têm se utilizado dessa linguagem de demanda para reivindicar terras consideradas por eles como Tekohas, isto é, como seus territórios ou espaços de vida tradicionais, e reafirmando suas identidades. Buscando a sociogênese dessa forma de demanda entre os Kaiowá, soube-se que no fim dos anos 80 algumas lideranças indígenas através do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) tiveram contato com militantes do MST. Nesse período também cresce as ocupações indígenas, entretanto, não apenas como uma alternativa de vida fora da reserva, pois nas áreas de realocação dessa população, longe das matas e dos rios e com a proximidade da cidade, fez com que sua forma de subsistência quase desaparecesse restando pequenos espaços para as famílias fazerem suas roças, e seus ritos e costumes foram fortemente abalados, mas na utilização da “forma acampamento” como linguagem de demandas sociais coletivas, resultando no movimento de retomada Kaiowá, que se assemelha em alguns aspectos ao movimento sem-terra, como na mobilização dos parentes e conhecidos das reservas indígenas ou de outros acampamentos para realizarem novas retomadas de terra, bem como são acionados suas identidades. Concluí-se que a territorialidade é importante para a identificação do grupo e para a conservação dos recursos naturais, pois a falta do contado com a natureza, foi um dos motivos que levaram os grupos as acamparem e reivindicar seus direitos, assim os Kaiowá querem recuperar através da forma acampamento seu território, para levantar seu Tekoha.

Palavras-chave: acampamento indígena, etnografia, territorialidade.

Área temática: Agroecologia

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A CONSTRUÇÃO DE UMA MANDALA DE PLANTAS MEDICINAIS A PARTIR DE UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO NO ASSENTAMENTO ESTRELA, ORTIGUEIRA - PR

Ezequiel Antonio de Moura1, Amalia Gelinski Gomes1, Damaris Garces de Oliveira1, Regina Rocha da Silva1, Luciana Maestro Borges1

1Instituto Federal do Paraná – IFPR.

Este trabalho apresenta a experiência de construção de um horto medicinal no Assentamento Estrela, onde ocorre o curso técnico em Agroecologia do IFPR, Ortigueira – PR. Neste local, havia um horto medicinal que deixou de ser manejado e, portanto, muitas plantas medicinais foram perdidas. É vasto o conhecimento popular local sobre plantas, mas conhecimentos associados às plantas medicinais que deixaram de ser manejadas podem desaparecer. Através da disciplina Etnobotânica de Plantas Medicinais (2012/1) os estudantes do curso técnico, sob orientação do professor, realizaram entrevistas semi-estruturadas com moradores do Assentamento que manejavam o horto medicinal anteriormente e/ou que eram detentores de conhecimentos sobre plantas medicinais. Após o estudo, decidiu-se conjuntamente entre estudantes e moradores da comunidade, implantar novamente um horto medicinal. A comunidade cedeu o terreno, ajudou no preparo da terra, contribuiu com mudas, além dos moradores terem socializado seus conhecimentos durante as entrevistas. Os estudantes, por sua vez, contribuíram com conhecimentos científicos, produziram algumas mudas e propuseram a construção do horto em forma de madala-relógio, onde as plantas de cada “hora” da mandala estão associadas a algum órgão ou sistema do corpo humano. A construção conjunta da mandala proporcionou um diálogo de saberes, visto que os estudantes tinham conhecimentos científicos sobre plantas medicinais e, através da pesquisa etnobotânica, se apropriaram também de conhecimentos populares. Ao mesmo tempo, a comunidade local detinha um vasto conhecimento sobre plantas medicinais e teve a oportunidade de aprender mais por meio da socialização com o conhecimento científico dos estudantes. Nesta mandala, resgatou-se plantas medicinais que haviam sido perdidas no Assentamento, diminuindo assim o risco de perda de conhecimentos sobre o manejo e uso destas plantas. Os estudantes passaram a realizar aulas práticas na mandala e alguns estão desenvolvendo mandalas-relógio em outras comunidades através dos seus Projetos Profissionais de Vida, também auxiliados pelas técnicas da Etnobotânica.

Palavras-chave: plantas medicinais, agroecologia, mandala.

Área temática: Agroecologia

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CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO ETNOBOTÂNICO PARA CONSERVAÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE EM COMUNIDADES CAMPONESAS NO MUNICIPIO DE ORTIGUEIRA – PR

Ezequiel Antonio de Moura1, Joélia Cordeiro de Godoi1, Vera Lucia Lemes Gomes1, Luciana Maestro Borges1, Roberto Martins de Souza1

1Instituto Federal do Paraná – IFPR.

O curso técnico em Agroecologia, do Instituto Federal do Paraná, campus Telêmaco Borba/Ortigueira, desenvolve várias atividades em comunidades camponesas da região e procura vincular os estudantes do curso a projetos em suas próprias comunidades de origem. É o caso do projeto “Estudo Etnobotânico sobre a agrobiodiversidade na comunidade Vista Alegre e entorno”, que conta com bolsistas oriundos destas comunidades pesquisadas. Através deste projeto foi possível identificar uma grande agrobiodiversidade local de plantas medicinais, sementes crioulas, árvores frutíferas, etc, bem como os conhecimentos populares associados ao manejo destas plantas. A coleta de dados foi realizada a partir de entrevistas semi-estruturadas, orientadas pela técnica bola de neve, diários de campo e Diálogo de Saberes, metodologia trabalhada no curso de Agroecologia. O estudo já identificou aproximadamente 100 etnovariedades de plantas manejadas localmente e foi realizado um levantamento das plantas não mais manejadas pelos agricultores e/ou que seja do interesse destes obtê-las. Através destes resultados preliminares, e com vistas a potencializar a conservação da agrobiodiversidade local, foram promovidas feiras de trocas de sementes/plantas nas comunidades envolvidas no projeto, além do incentivo a participação dos agricultores destas comunidades na Feira de Troca de Sementes Crioulas de Ortigueira. Nestes espaços de trocas, os agricultores puderam compartilhar um pouco de sua agrobiodiversidade e de seus conhecimentos/experiências de manejo das plantas e, também, alguns conseguiram obter variedades que já tinham demonstrado interesse durante as entrevistas. Estas feiras poderiam ser consideradas devolução de resultados do projeto, mas neste caso os resultados nunca “saíram” da comunidade para serem “devolvidos”, visto que os estudos foram realizados por estudantes das próprias comunidades envolvidas no projeto. A inserção dos pesquisadores na comunidade, ou, mais coerentemente, a inserção de camponeses na pesquisa etnobotânica em suas próprias comunidades, gerou resultados satisfatórios para o projeto e debates interessantes nas discussões sobre devolução de resultados de pesquisa.

Palavras-chave: agrobiodiversidade, agroecologia, etnobotânica.

Área temática: Agroecologia

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FORTALECIMENTO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO VALE DO RIO DOS SINOS: IMPLANTAÇÃO PARTICIPATIVA EM ARARICÁ E SAPIRANGA, RIO GRANDE DO SUL

Guilherme B. Reich1, Gustavo B. Reich1,2, Mateus Farias de Mello2, Marcelo Ritter2, Rumi Regina Kubo3,

1ONG Semente da Vida.

2Emater, Rio Grande do Sul.

1Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O Vale do Rio dos Sinos- RS, possui alta concentração demográfica e pertence à área de ocorrência da Floresta Estacional Semidecidual, bioma Mata Atlântica. Nesta região a EMATER/RS-ASCAR vem desenvolvendo um processo participativo de organização dos agricultores, conservação dos remanescentes florestais, recuperação da agrobiodiversidade e promoção da segurança alimentar e nutricional. Desde 2010 este processo passou a integrar o projeto “Fortalecimento das Agroflorestas no RS: formação de rede, etnoecologia e segurança alimentar e nutricional”, em parceria com PGDR-UFRGS e Organização Sementes da Vida. O presente trabalho visa analisar o processo de construção participativa de duas áreas demonstrativas de Sistemas Agroflorestais, a partir do diálogo entre agricultores e técnicos dos municípios de Araricá e Sapiranga. Através de pesquisa-ação foram realizados quatro encontros com treze agricultores e cinco técnicos, onde foram levantadas espécies nativas de uso para os agricultores; feita a caracterização destas de acordo com seu principal uso, tipo de solo em que ocorre, resistência à poda, sombreamento e época de produção. Foram realizados desenhos da consorciação de espécies nas reuniões, apresentados no local da implantação das duas áreas com os agricultores e técnicos para melhor visualização e compreensão. A implantação dos sistemas foi feita através de mutirões e o monitoramento participativo através de visitas às áreas para o manejo e visualização do desenvolvimento das áreas. Como resultado, os agricultores participantes estão acompanhando os desdobramentos do plantio nas áreas, construindo os seus desenhos de agroflorestas e criando um espaço de diálogo sobre agricultura e as implicações econômicas, sociais, culturais, ambientais. O processo está se consolidando, gerando confiança, resgatando a autoestima e a afirmação da importância dos agricultores na comunidade. O trabalho também está estimulando a comercialização local, a produção orgânica, confirmando a existência de formas sustentáveis de produção e estabelecendo uma nova relação dos agricultores e técnicos com os ecossistemas nativos.

Palavras-chave: sistemas agroflorestais, segurança alimentar, extensão rural

Área temática: Agroecologia

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SISTEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS AGROFLORESTAIS: UMA REFLEXÃO METODOLÓGICA

Lucas da Rocha Ferreira1, Gustavo Ayres2, Marcos Abrahao Cardoso1, Antonio Carlos Leite de Borba1, Lisiane Brolese Goncalves1, Rumi Regina Kubo1, Fabio dal Soglio1.

1Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

2Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Este trabalho vincula-se ao projeto “Fortalecimento das Agroflorestas no Rio Grande do Sul: formação de rede, etnoecologia e segurança alimentar e nutricional”. Um dos objetivos do projeto é elaborar a cartografia das agroflorestas manejadas por agricultores familiares, povos indígenas, comunidades tradicionais e assentados nas diferentes regiões fitoecológicas do estado. Para a realização do trabalho foram contatadas organizações que trabalham na perspectiva da Agroecologia, buscando a indicação de experiências agroflorestais. Foram levantadas 154 experiências em todo o estado, das quais 24 foram escolhidas para realização de um processo de sistematização. O presente trabalho objetiva apresentar e discutir a metodologia utilizada neste processo. Esta, ainda em andamento, se dá na forma de visitas de um dia em cada experiência, onde objetiva-se conhecer o histórico da família, da propriedade, manejo da agrofloresta e aspectos do beneficiamento e comercialização. Para tanto, as técnicas utilizadas são: a construção de uma linha do tempo com as famílias, instrumento que auxilia no entendimento dos processos históricos ocorridos e quais são os eventos que a família considera importantes; uma caminhada na área de agrofloresta que permite a observação de métodos de manejo, como os agricultores interagem com o ambiente e quais espécies utilizam; construção do mapa da propriedade que possibilita a visualização do local como um todo, o tamanho das áreas e a interligação entre os diferentes sistemas produtivos; e questionário semiestruturado que abrange, além das questões anteriores, respostas de questões relacionadas ao beneficiamento e à comercialização, suas dificuldades, benefícios e oportunidades. Tem-se verificado que a metodologia utilizada é adequada para obtenção de informações e identificação de demandas e gargalos das famílias, dentro dos objetivos e prazos do projeto. Ademais, são discutidos, questões referentes a postura, formas de condução entre outras questões, de forma a aprofundar as reflexões em torno do tema metodologias participativas e pesquisa-ação.

Palavras-chave: sistematização de experiências, sistemas agroflorestais, pesquisa-ação

Área temática: Agroecologia

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VARIEDADES LOCAIS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS CULTIVADAS NA AGRICULTURA FAMILIAR NA CALHA DO RIO SOLIMÕES-AMAZONAS

Lúcia Helena Pinheiro Martins1, Hiroshi Noda2, Sandra do Nascimento Noda1, Ayrton Luiz Urizzi Martins1, Antonia Ivanilce Castro da Silva2.

1Universidade Federal da Amazonas.

2Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

As unidades de produção familiares da várzea do rio Amazonas – Solimões foram caracterizadas por meio de indicadores fitotécnicos e pelas formas como os agricultores usam e manejam os recursos mobilizados no processo produtivo. Com o objetivo de estudar o conhecimento local sobre a ocorrência de variedades locais de espécies cultivadas, a pesquisa foi realizada em 26 unidades amostrais: duas na microrregião Alto Solimões (Tabatinga/Benjamin Constant); quatro na microrregião Médio Solimões (Tefé/Coari); três na microrregião Baixo Solimões (Manacapuru/Iranduba/Careiro da Várzea); três na microrregião Médio Amazonas (Itacoatiara/Silves); 11 na microrregião Baixo Amazonas (Parintins/Oriximiná/Óbidos/Santarém) e três na microrregião Estuário (Gurupá). A coleta de dados se deu por meio de roteiro de entrevista semiestruturado, formulário, diário de campo e elaboração de croqui, abordando-se aspectos socioeconômicos, área de cultivo e conhecimento local sobre diversidade intra e interespecífica de espécies cultivadas. As unidades de produção familiares constituem sistemas complexos que envolvem a aplicação de diferentes atividades de trabalho no uso e conservação de recursos naturais disponíveis, basicamente constituídos por diferentes paisagens do ambiente explorado. Foi no componente roça onde se observou maior diversidade intraespecífica de espécies cultivadas, denominadas localmente por “qualidade”. Esta diversidade intraespecífica alcançou maior amplitude nas roças com destaque para mandioca/macaxeira (40 variedades locais); banana (20 variedades locais), milho (sete variedades locais) e jerimum (seis variedades locais). A necessidade em atribuir denominações às diferentes variedades locais, indica a preocupação dos agricultores em garantir a diferenciação do material propagativo. Os aspectos levados em consideração para esta diferenciação variam da adaptabilidade aos diferentes ecossistemas (terra firme e várzea), precocidade, resistência a doenças, finalidade de uso, atributos do produto final, dentre outros. É possível inferir que, baseado no reconhecimento desse material por microrregião, existem estratégias para garantir maior variabilidade dentro das espécies agrícolas alimentícias consideradas importantes pela agricultura familiar.

Palavras-chave: agrobiodiversidade, etnovariedades, várzea

Área temática: Agroecologia

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OBSERVATÓRIO SOCIOAMBIENTAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: CONSTRUÇÃO DE REDE ENTRE O RIO GRANDE DO SUL E PIAUÍ

Luciano Figueirêdo1,3, Sheimy Batista2, Irio Conti2,3, Rumi Regina Kubo3,4, Gabriela Coelho-de-Souza2, Leonardo Xavier3

1Grupo de Pesquisa Etnoecologia e Segurança Alimentar nos ecossistemas do Semi-Árido Nordestino

2Núcleo de Estudos e Pesquisas em Segurança Alimentar e Nutricional.

3Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

4Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A temática da Segurança Alimentar e Nutricional, vem sendo desenvolvida no Brasil, desde a década de 1990, como integradora entre a produção pela agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais, e o consumo, através de Políticas em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar e Nutricional, como o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. O Decreto Federal 7.272/2010 e o Plano Nacional de SAN implementam a LOSAN demandando um instrumento de monitoramento para a implantação das Políticas em SAN. Neste contexto este trabalho visa analisar o processo de construção do Observatório Socioambiental em SAN no Rio Grande do Sul e Piauí. A metodologia constou de pesquisa-ação envolvendo o acompanhamento de reuniões da equipe acadêmica, da equipe interinstitucional, reuniões no CONSEA e eventos públicos, no Rio Grande do Sul e no Piauí. No Rio Grande do Sul o projeto é coordenado pelo Núcleo de Estudos em Segurança Alimentar e Nutricional/PGDR/UFRGS e pelo CONSEA RS, em parceria com instituições estaduais como a Fundação de Economia e Estatística. No Piauí é coordenado pelo Grupo de Pesquisa Etnoecologia e Segurança Alimentar nos ecossistemas do Semi-Árido Nordestino/UESPI em parceria com o CONSEA PI, TROPEN/PRODEMA, PPGAN/UFPI, A equipe acadêmica do RS, em parceria com a equipe de informática do PI, está desenvolvendo a interface entre o banco de dados e o software de multimídia. O Grupo de Trabalho interinstitucional do RS está desenvolvendo a adequação dos indicadores propostos pelo Plano Nacional em SAN em sete dimensões para a esfera municipal, bem como complementando a dimensão socioambiental. Os observatórios do RS e PI são a primeira experiência que servirá de base para a implantação da Rede de Observatórios como instrumento de monitoramento de políticas públicas e de questões a serem estudadas pela academia.

Palavras-chave: segurança alimentar e nutricional, observatório sociambiental, políticas publicas

Área temática: Agroecologia

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CHÁCARAS QUILOMBOLAS DO LIMOEIRO NO LITORAL MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL: RESISTÊNCIA E AGROBIODIVERSIDADE

Adroaldo Lopes de Oliveira1, Manoel Boeira de Oliveira1, Marcus Vinícius de Souza Mouzer2, Alex da Silva Corrêa3, Alana Casagrande4 e Gabriela Coelho-de-Souza4

1Comunidade Quilombola do Limoeiro

2Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

3EMATER/RS

4Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

As Chácaras Quilombolas, na região do litoral médio no Estado do RS, constituem importantes redutos de manutenção histórica da agrobiodiversidade, estabelecendo um contraponto ao projeto modernizador da monocultura do arroz em latifúndios, principal atividade econômica desta região. O projeto “Fortalecimento das Agroflorestas no Rio Grande do Sul: formação de rede, etnoecologia e segurança alimentar e nutricional” está sendo realizado junto à comunidade quilombola do Limoeiro, em Palmares do Sul, pelo PGDR/UFRGS e EMATER/RS. Este trabalho tem como objetivo caracterizar os quintais agroflorestais manejados pelos quilombolas. A metodologia constou de pesquisa-ação a partir da proposição e acompanhamento das ações do projeto junto à comunidade, entre março de 2011 e junho de 2012, e análise das ações realizadas. Foi construído um viveiro para a produção de mudas de interesse da comunidade, realizadas 6 oficinas para o manejo agroflorestal e intercâmbios com outras comunidades que desenvolvem experiências relacionadas a estas temáticas. Estas atividades envolveram cerca de 60 pessoas. As chácaras são mantidas pelas famílias quilombolas que historicamente e coletivamente vem constituindo as paisagens locais através de suas práticas de manejos agroflorestais, aliados aos cultivos de espécies de “roça” e manejos de campos nativos com criações de animais, o que promove a manutenção e potencialização da agrobiodiversidade. Nesses sistemas, são cultivadas variedades de batatas-doces, feijões, aipins, morangas, abóboras, melancias, melões, plantas medicinais, além de espécies arbóreas que compõem pomares, cercas e revessas importantes para a proteção dos cultivos, obtenção de madeira e frutos, listando-se um número de mais de 50 espécies trabalhadas. As trocas de saberes, mudas e alimentos fortalecem os laços de reciprocidade entre as pessoas e seus ambientes e a histórica resistência desta comunidade. Estas ações se revelaram importantes para apoiar a luta quilombola e fortalecer seus territórios sociais como espaços de autonomia na produção de alimentos, qualidade ambiental e saúde. (CNPq)

Palavras-chave: quilombos, agrobiodiversidade, resistência

Área temática: Agroecologia

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A ATUAÇÃO DO NÚCLEO DE AGROECOLOGIA E AGRICULTURA FAMILIAR E CAMPONESA NA FORMAÇÃO DOS GRADUANDOS DA UFRPE/UAG

Horasa Maria Lima da Silva Andrade1, Luciano Pires de Andrade1, Rachel Maria de Lyra-Neves2, Wallace Rodrigues Telino Júnior2, Eraldo Gallese Honorato3

1Doutorandos em Etnobiologia e Conservação da Natureza, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

2Docente da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

3Assessor Técnico do Núcleo AGROFAMILIAR da Unidade Acadêmica de Garanhuns – UFRPE

Este trabalho traz como objetivo analisar a contribuição de um grupo de estudo em Agroecologia na UAG/UFRPE. Tem-se como hipótese que a construção do pensamento agroecológico necessita ser alimentada de teoria e prática e que desta forma gera-se um movimento em torno da Agroecologia que colabora para a construção do pensamento etnoecológico (conhecimentos e praxis) e agroecológico, o desenvolvimento local, elaboração dos projetos de pesquisa e de extensão e influencia na formação técnica e profissional dos alunos na Unidade Acadêmica de Garanhuns/UFRPE. Para a realização desta pesquisa tomou-se como base as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Agricultura Familiar e Camponesa - o Agrofamiliar, no período de 2009 a 2012, analisando sua atuação sob três eixos: grupo de estudo, apoio a produção rural dos agricultores familiares e camponeses e promoção e participação em eventos em torno da Agroecologia. Observou-se que vem aumentando o interesse e a participação dos alunos nas discussões e eventos em torno da Agreocologia, apresentando inclusive trabalhos científicos sobre a temática. Houve uma maior procura por parte dos agricultores e parceiros para realizar projetos de transição agroecológica na região do Agreste Meridional de Pernambuco, sendo resgatados e valorizados os conhecimentos tradicionais dos agricultores. A atuação do Núcleo vem proporcionando experiências concretas no apoio à reconversão dos sistemas produtivos e adoção de práticas agroecológicas na região, o que vem a favorecer a formação dos alunos e a consolidar experiências no campo agroecológico para o desenvolvimento de agriculturas sustentáveis, resgatando o conhecimento dos agricultores e subsidiando a geração de modelos de Extensão Rural participativa, sistêmica e emancipadora que proporciona o desenvolvimento do potencial endógeno da população. As discussões que vêm ocorrendo têm possibilitado reflexões e ações sobre a necessidade de reformulação da matriz curricular e proposta político pedagógica dos cursos das Ciências.

Palavras-chave: desenvolvimento rural, pensamento agroecológico, sustentabilidade.

Área temática: Agroecologia

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RELAÇÃO DE AGRICULTORES FAMILIARES COM A AVIFAUNA EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE ANGELIM, PERNAMBUCO.

Luciano Pires de Andrade1, Horasa Maria Maria Lima da Silva Andrade1, Rachel Maria Lyra Neves2, Wallace Rodrigues Telino Júnior2

1Doutorandos em Etnobiologia e Conservação da Natureza, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

2Docente da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

Os sistemas agroflorestais (SAF’s) são uma alternativa viável para a produção de alimentos mantendo o equilíbrio do agroecossistema. O município de Angelim, no Agreste Meridional de Pernambuco, é caracterizado pela estrutura fundiária baseada em pequenas propriedades que fazem uso intensivo dos recursos naturais disponíveis para produção de feijão, milho e mandioca, além da criação de bovinos de leite. Tal cenário repercute na forma na perda da biodiversidade e degradação ambiental, nitidamente percebida através da mudança da paisagem, erosão dos solos e desaparecimentos de espécies da fauna e flora local. Este trabalho tem por objetivo analisar a relação que as famílias de produtores familiares têm com a avifauna em duas áreas cujos sistemas agroflorestais foram implantados no início de 2011 no município de Angelim. Este trabalho é integrante do projeto de sensibilização e incentivo à produção de base agroecológica promovido pelo Núcleo de Agroecologia da Unidade Acadêmica de Garanhuns da UFRPE na região. Para viabilizar a proposta de trabalho, utilizou-se como ferramenta metodológica a aplicação de questionário semiestruturado com quatro produtores atendidos pelo projeto e outros membros da sua família de onde se categorizou os dados a partir das respostas mais frequentes. Também foi procedido o registro com fotos da área e anotações no Diário do SAF, obtidas a partir das visitas mensais realizadas à área em estudo. Como resultados obtive-se que as famílias perceberam o aumento da diversidade da avifauna na propriedade após a implantação do sistema agroflorestal, bem como da sua importância para a manutenção do equilíbrio da área e redução da incidência de algumas pragas de suas lavouras, agindo a avifauna como espécies controladoras de algumas pragas.

Palavras-chave: sistemas agroflorestais, avifauna, degradação ambiental

Área temática: Agroecologia

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INTERAÇÃO ALUNO/AGRICULTOR FAMILIAR NO RESGATE DE PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS

Luciano Pires de Andrade1, Horasa Maria Maria Lima da Silva Andrade1, Rachel Maria Lyra Neves2, Wallace Rodrigues Telino Júnior2

1Doutorandos em Etnobiologia e Conservação da Natureza, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

2Docente da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

A implementação da Revolução Verde no meio do século passado fez com que muitas das práticas produtivas realizadas por gerações fossem abandonadas em troca de um modelo tecnicista. Com isso, muito do conhecimento transmitido por gerações foi sendo esquecido ou mantido de maneira secundário dentro do processo produtivo. A consequência imediata deste cenário é uma dependência dos agricultores para com os insumos externos provenientes destas tecnologias como desdobramento deste modelo de produção, a perda da identidade cultural, degradação do solo, contaminação da água e perda da biodiversidade da fauna e flora dos agroecossistemas. Este trabalho, realizado junto aos agricultores familiares atendidos por um projeto de pesquisa e extensão realizado por professores e alunos da Unidade Acadêmica de Garanhuns da UFRPE em cinco municípios do Agreste Meridional de Pernambuco, teve como objetivo o estudo das mudanças nas práticas produtivas a partir das intervenções realizadas junto a estes produtores. Para tanto utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário semi-estruturado aplicado com as famílias dos agricultores atendidos após a realização de oficinas temáticas sobre agroecologia e sistemas agroflorestais. Como resultados preliminares podemos destacar que muitas das práticas e tecnologias apresentadas aos agricultores eles já conheciam, algumas com outros nomes, e que em alguns casos eles já haviam utilizados. Verificou-se que após os trabalhos de intervenção os produtores espontaneamente começaram a associar alguns problemas nas propriedades com as práticas produtivas implementadas atualmente por eles, o que os levou a uma reflexão sobre a permanência de utilização das mesmas. Outro ponto percebido foi a importância do diálogo dos produtores com os alunos oficineiros na busca de uma construção metodológica que contemplasse sua necessidade de produção com práticas sustentáveis. Apesar do projeto ainda estar em curso é possível notar os avanços já alcançados na busca de uma mudança de concepção e alternativas produtivas por estes agricultores.

Palavras-chave: agroecologia, agricultores familiares, biodiversidade

Área temática: Agroecologia

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CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS DE ETNOVARIEDADES CULTIVADAS EM ROÇAS DE AGRICULTORES CAMPONESES DO BAIRRO DA SERRA, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE IPORANGA - SP

Helionora da Silva Alves1, Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo2, Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque1

1Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT

2Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB

A agronomia usualmente está voltada somente para as técnicas operacionais que visam aumentar a produtividade agrícola, não considerando a complexidade e realidade dos sistemas de produção de agricultores camponeses. Uma maneira de aproximar-se dessa compreensão é entender as lógicas classificatórias dos agricultores. Para isso, é necessário compreender suas teorias sobre o mundo e consequentes classificações das coisas do mundo. As taxonomias populares, além de interesse histórico e antropológico, mostram diferentes formas locais de comunicação entre os agricultores. Essas taxonomias podem auxiliar técnicos e cientistas a compreender relações dos agricultores com recursos naturais. O objetivo deste trabalho foi compreender a lógica de classificação das etnovariedades propagadas por sementes cultivadas nas roças de agricultores camponeses do Bairro da Serra, região do Vale do Ribeira, munícipio de Iporanga/SP, situado no Parque Estadual do Alto do Ribeira. Realizou-se observações em campo, entrevistas semi-estruturadas e abertas. Na sistematização dos dados foram atribuídos os seguintes critérios para agrupar características citadas pelos agricultores: “característica”, “qualidade”, “produtividade”, “processamento”, “resistência”, “origem”, “plantio e colheita”, “período”, “existência”, “rendimento”, “armazenamento”, “comercialização”, “função” e “melhoramento”. Os dados foram submetidos a análises descritivas, estatística multivariada de componentes principais e análise por peso ponderado. Concluiu-se que a visão do agricultor na classificação de etnovariedades baseia-se em lógicas e modo de operação distintos do conhecimento agronômico formal. Este último possui como critérios classificatórios de espécies e variedades vegetais caracteres morfológicos, bioquímicos, moleculares e reações ambientais, diferente das lógicas dos agricultores, que se baseiam, concomitantemente, em experiências prolongadas de vivência empírica, geradas por experiências distintas, acumuladas por sucessivas gerações, socialmente compartilhadas e experiência individual. Essa distinção confirma que o conhecimento agronômico baseia-se em um modelo prévio e único para julgamento e compreensão dos sistemas de produção, limitando o diálogo entre profissionais dessa área e agricultores, mostrando a fragilidade da agronomia no tratamento de problemas vividos pelos agricultores camponeses.

Palavras-chave: etnovariedades, sistema de manejo, unidade de conservação.

Área temática: Agroecologia

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ETNOECOLOGIA

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RESTAURAÇÃO ETNOECOLÓGICA COMO ESTRATÉGIA PARA ASSEGURAR INTEGRIDADE ECOLÓGICA E CULTURAL EM ÁREAS DEGRADADAS: ESTUDOS DE CASO NA COSTA OESTE DO CANADÁ E NA REGIÃO SUL DO BRASIL.

Thiago Gomes1

1University of Victoria

Restauração etnoecológica combina a ciência da ecologia da restauração com o campo interdisciplinar da etnoecologia, ao empregar conhecimento local ou tradicional como parte integrante no desenvolvimento de uma abordagem holística e objetiva, que tem por meta promover a recuperação de ecossistemas degradados, com respeito à integridade ecológica e cultural, bem como sua sustentabilidade em direção à trajetórias históricas. Estas são definições em evolução, contudo, restauração ecológica baseada no conhecimento local aparece como ferramenta fundamental para recuperação de áreas onde presença cultural apresenta influência no manejo sustentável de ecossistemas ao longo da história. Abordagem etnoecológica para desenvolvimento de práticas de manejo e restauração mostra-se promissora na recuperação áreas degradadas e ecossistemas ameaçados, bem como na manutenção de meios de vida locais. Para esta análise, foram estudados casos geograficamente e culturalmente distintos: o território indígena do povo Lekwungen, Ilha de Vancouver, BC, Canadá, e comunidades de agricultores de oito localidades, no entorno da Reserva Florestal EMBRAPA/EPAGRI (RFEE), Município de Caçador, SC, Brasil. Durante o período de 2007 a 2008 foi realizado levantamento etnobotânico junto à 82 famílias de agricultores familiares como parte da elaboração do plano de manejo para a RFEE. Espécies símbolo como Araucaria angustifólia (Bertol.) Kuntze (pinheiro-do-paraná) e Ilex paraguariensis A. St.-Hill (erva-mate), entre outras espécies frutíferas e medicinais da Floresta Ombrófila Mista foram citadas com potencial para recomposição de reserva legal em propriedades no entorno da reserva florestal como possibilidade de exploração sustentável de produtos naturais não-madeiráveis. Durante os anos de 2010 a 2012, foi realizado estudo sobre restauração etnoecológica em ilhas do território indígena do povo Lekwungen, através do levantamento de conhecimento ecológico e sabedoria local sobre uso e manejo de espécies e ecossistemas nativos. Esta abordagem mostrou-se eficaz ao reestabelecer o contato de diferentes gerações com seu território tradicional através de celebrações culturais e manejo tradicional de ecossistemas de savanas (Garry oak ecosystems), remoção de espécies invasoras Hedera helix L., Cytisus scoparius (L.) Link, Rubus armeniacus Focke, e promoção de espécies nativas culturalmente relevantes como a geófita Camassia spp. Restauração etnoecológica caracteriza-se pela relação positiva entre integridade ecológica e cultural, levando em conta composição, estrutura e funcionalidade de ecossistemas, participação e engajamento comunitário, promoção de meios de vida culturais, revitalização de tradições e dialetos locais, bem como saúde e bem-estar.

Palavras-chave: restauração etnoecológica, floresta de araucárias, garry oak ecosyestems

Área temática: Etnoecologia

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CONHECIMENTO DOS PESCADORES DA COMUNIDADE BOM SUCESSO (VÁRZEA GRANDE - MT) SOBRE A ICTIOFAUNA DA REGIÃO

Reginaldo de Oliveira Nunes1; Ludimilla Ronqui1; Rosana Oliveira Nunes Neto2

1Universidade Federal de Rondônia – UNIR

2Faculdade de Ciências Biómédicas de Cacoal – FACIMED

A etnobiologia busca entender a relação existente entre o homem e a natureza. A comunidade de Bom Sucesso depende exclusivamente da pesca para sua sobrevivência, por isso o objetivo do trabalho foi analisar a atividade pesqueira desenvolvida pela comunidade. Para o estudo, utilizou-se de métodos e abordagens da etnociência, como entrevistas estruturadas. Foram entrevistados dez pescadores, sendo 90% do sexo masculino e 10% do sexo feminino, num percentual de idade que variam de 18 a 60 anos. A freqüência de saída para pesca é diária (50%), semanal (40%) e quinzenal (10%), e o local mais apropriado para pesca é a reserva pesqueira da comunidade de Bom Sucesso, citada por 100% dos entrevistados. Em média a distância entre a casa e o local de pesca esta entre 100 a 300 metros e, o tempo médio de pescaria varia de duas a oito horas diárias. Os aparatos utilizados para pescaria são vara de pesca, anzol, iscas, canoa e armadilhas. Os peixes mais procurados para o consumo e comércio são: pintado (Pseudoplathystoma corruscans), pacu (Piaractus mesopotamicus), piraputanga (Brycon microleps) e dourado (Salminus brasiliensis). Os períodos propícios para pesca é geralmente de setembro à maio, principalmente na piracema. A forma de comercialização do pescado é feita direta ao consumidor. A qualidade dos pesqueiros está entre regular e ruim, sendo que em relação aos anos anteriores o peixe vem diminuindo em quantidade e tamanho das espécies, devido a vários fatores, entre eles: poluição, pesca predatória, utilização de dragas, construção da barragem do rio Manso e, grande quantidade de pescadores. A população possui noções de etnoconservação, mas os fatores citados acima atrapalham esse processo de conservação, ocasionando a degradação do meio ambiente na comunidade e conseqüentemente a qualidade de vida de quem depende desse recurso para sobrevivência.

Palavras-chave: etnoconhecimento, ictiologia, população ribeirinha

Área temática: Etnoecologia

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DESCRIÇÃO E MANEJO DE UNIDADES PRODUTIVAS CAMPONESAS DO BAIRRO DA SERRA, IPORANGA - SP

Helionora da Silva Alves1, Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo2, Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque3

1Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA

2Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB

3Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT

O estudo foi realizado com agricultores camponeses do Bairro da Serra, em Iporanga-SP, com objetivo de conhecer os princípios gerais da agricultura desses e compreender as transformações tecnológicas ocorridas na agricultura local devido o estabelecimento do Parque Estadual do Alto do Ribeira. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e abertas de 02/2008 à 03/2009, para identificar, descrever e caracterizar unidades produtivas (UPs) em sistema de campesinato. Calculou-se a disponibilidade de força de trabalho por UP; descreveu-se os componentes que entram nas UPs, à partir de critérios supra-ordenados, agrupando itens informados pelos agricultores: alimentação humana; limpeza de casa; alimentação animal; remédio para animal; despesas da casa; higiene pessoal; despesas para agricultura; uso pessoal e remédios. Foram realizadas análises estatísticas de forma sequencial: análise descritiva, análise fatorial e análise fatorial com cálculo de peso das variáveis. Estimou-se a fonte de renda e despesas anuais e caracterizou-se os sistemas de manejo (SM), por descrição textual do uso da terra e detalhamento da área de ocupação dos SMs. Foram construídas listas das espécies vegetais cultivadas com seus respectivos usos. Desenvolveu-se calendário agrícola das atividades desenvolvidas na roça. Os resultados permitem constatar de que os agricultores têm profundo conhecimento do ambiente em que vivem, das espécies de plantas que utilizam no cotidiano e mantêm cultivo de subsistência principalmente nos SMs: roça e horta. Há elementos que os caracterizam camponeses. Mesmo que não possam mais desenvolver a prática da derrubada e queima como antigamente, ainda se relacionam intimamente com o ambiente natural, que possibilita testar alternativas de manejo para continuar seu modo de vida camponês. É paradoxal que esses agricultores sejam colocados como antagônicos às necessidades de proteção dos recursos naturais em áreas de conservação, já que esse tipo de agricultor tem promovido há várias gerações o manejo sustentável de áreas naturais, sendo os verdadeiros responsáveis pela conservação dessas áreas.

Palavras-chave: roça, unidade de conservação, sistema de manejo.

Área temática: Etnoecologia

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“QUER FAZER, FAÇA, MAS QUE VAI ACABAR COM A GENTE VAI”: UMA ABORDAGEM ETNOECOLÓGICA DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS

Ketlen dos Santos Sampaio1, Francisco José Bezerra Souto1

1Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

O estudo sobre conflitos socioambientais tem sido importante para compreender as diversas contradições existentes no atual modelo de desenvolvimento global ancorado predominantemente no modo de produção capitalista, em que a natureza é vista como fonte de recursos e nossa relação com ela estritamente econômica. Entende-se conflitos socioambientais como um embate entre grupos sociais decorrente das distintas formas de inter-relacionamento com o meio social e natural, entre estas as diferentes formas de apropriação e uso da natureza. O presente trabalho tem como objetivo caracterizar e analisar os diferentes conflitos observados na comunidade pesqueira de Bom Jesus dos Pobres, localizada no município de Saubara-BA. A coleta de dados foi realizada com entrevistas semi-estruturadas com especialistas nas diversas modalidades de pesca e mariscagem. Foram realizadas 23 entrevistas envolvendo 9 pescadores e 27 marisqueiras. Os resultados das entrevistas, segundo a categorização proposta por Little, apontam a existência de conflitos em torno do controle sobre os recursos naturais (construção do estaleiro), conflitos em torno dos impactos – sociais ou ambientais – gerados pela ação humana (maré vermelha e pesca com bombas) e conflitos em torno de valores e modo de vida (pesca com munzuá). Quanto à origem, foram identificados conflitos socioambientais endógenos, quando estes se originam no seio da comunidade, ou seja, se travam entre os próprios comunitários; e exógenos, quando se originam por ações de agentes externos à comunidade. Alguns conflitos na comunidade podem ser enquadrados na categoria “latentes”, pois ainda não se manifestaram em um espaço público, enquanto outros já são “manifestos”, ou seja, um conflito que já atingiu as partes e que já é percebido por terceiros. Por se tratar de atores sociais historicamente marginalizados dos processos de decisão, a visibilidade dada a estas comunidades tradicionais pode contribuir para ampliação das discussões sobre conflitos socioambientais.

Palavras-chave: etnoecologia, pescadores artesanais, conflitos socioambientais.

Área temática: Etnoecologia

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CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL DOS CATADORES DE CARANGUEJO-UÇÁ (Ucides cordatus) E IMPLICAÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NO NORTE DO RIO DE JANEIRO

Laura Côrtes1, Camilah Antunes Zappes1, Ana Paula M. Di Beneditto1

1Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF

O objetivo do presente estudo é identificar a interferência da atividade de catação de Ucides cordatus em relação à viabilidade da população do caranguejo-uçá, através do conhecimento ecológico local dos catadores de Atafona, RJ. Entre março e junho/2012 foram entrevistados 16 catadores através de questionários contendo perguntas abertas (N=41) e fechadas (N=8) sobre a espécie e a prática da catação. Os catadores que identificam a espécie foram selecionados através de características descritas pela literatura: largura da carapaça entre 5,0 e 8,4 cm; coloração da carapaça azul-celeste e/ou marrom escuro; dieta baseada em folhas e sedimentos. Foram analisados os dados dos relatos selecionados referentes à diferenciação de sexo; identificação da função da andada e do período do defeso; ocorrência de captura durante o defeso e tamanho do caranguejo catado acima do permitido pela Portaria 52/2003. Dos entrevistados (N=16), 87,50% (N=14) identificam a espécie segundo os critérios estabelecidos. As análises posteriores foram baseadas nas respostas dos selecionados. Destes, 92,86% (N=13) diferenciam os indivíduos machos e fêmeas. A função da andada foi identificada por somente um catador (7,14%) e o período de defeso foi descrito por 64,29% (N=9). Seis entrevistados descreveram que catam caranguejo no período do defeso (42,86%). Todos os selecionados afirmam catar indivíduos cuja largura da carapaça varia entre 8-13 cm, acima do limite mínimo (6 cm) estabelecido pelo IBAMA. A viabilidade da população torna-se menor quando os catadores não respeitam ou não conhecem a ecologia e a legislação referentes à espécie. A captura descontrolada pode interferir sobre o tamanho dos indivíduos, taxas de reprodução e, consequentemente, na redução do crescimento populacional.

Palavras-chave: Etnobiologia, crustáceos, captura.

Área temática: Etnoecologia

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TABUS ALIMENTARES, CRENÇAS E USOS MEDICINAIS DE TARTARUGAS MARINHAS (REPTILIA: TESTUDINES) POR PESCADORES ARTESANAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NA CONSERVAÇÃO EM ILHÉUS, SUL DA BAHIA, BRASIL

Heitor de Oliveira Braga1, Alexandre Schiavetti2

1Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

2Departamento Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Tabus alimentares podem ser considerados instituições informais que definem e limitam o uso de recursos por comunidades humanas nos ecossistemas. Assim sendo, o presente estudo buscou analisar as crenças e os tabus alimentares de pescadores artesanais no município de Ilhéus, Nordeste do Brasil. No estudo das percepções da comunidade de pescadores analisada, tartarugas marinhas foram mencionadas como um tabu por 48% dos 30 especialistas identificados através da rede de indicações. Animais que apresentam couro e que possuem a capacidade de causar doenças quando ingeridos apresentam restrições dietéticas. As tartarugas foram localmente identificadas como "remoso" e/ou "carregado". Indicações terapêuticas como o uso da banha da tartaruga para reumatismo, dores musculares, fadiga, dores nas costas, bronquite e asma foram identificadas. Tabus específicos foram registrados nas seguintes situações: pós-operatório para ambos os sexos, alguns tipos de inflamações, doenças crônicas e gravidez em mulheres. Restrições alimentares relacionadas com a aparência (presença de verrugas, protuberâncias no corpo do animal, presença de uma medusa na face) e sabor não agradável da carne foram considerados mais uma possibilidade de evitar o consumo do animal. Tabus de história de vida e tabus de habitats também foram observados respectivamente em 45% e 24% dos entrevistados. Há lugares onde o acesso a pesca é limitado devido à presença de tartarugas. As regiões costeiras: Pé de Serra, Ponta do Espigão, Pedra de Ilhéus e Abrolhos são locais onde se evita pescar, devido à grande quantidade de tartarugas marinhas. Tabu exógeno foi identificado na comunidade pesqueira de Ilhéus. Há utilização do animal para fins artesanais (13%). Não há restrições alimentares em relação aos ovos. Promover o respeito às crenças e tabus que possam ser favoráveis para a conservação das tartarugas marinhas pode ser uma forma de reduzir conflitos entre essas espécies ameaçadas e a pesca artesanal.

Palavras-chave: crenças, usos medicinais, pescadores artesanais.

Área temática: Etnoecologia

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INTERAÇÕES ENTRE A PESCA ARTESANAL E O GOLFINHO NARIZ-DE-GARRAFA (Tursiops truncatus) NO ATLÂNTICO SUL

Camilah Antunes Zappes1, Carlos Eduardo Novo Gatts1, Artur Andriolo2, Paula Laporta3, Ana Paula Madeira Di Beneditto1

1Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF

2Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

3Projecto Cetáceos Uruguay

O objetivo deste estudo é identificar interações entre a pesca artesanal e o golfinho nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) através do conhecimento ecológico local (LEK) dos pescadores artesanais do Atlântico Sul no Brasil (Arquipélago das Cagarras-AC, Barra de Imbé/Tramandaí-BIT, Lagoa dos Patos-LP) e Uruguai (Punta del Diablo-PD, Cabo Polonio-CP e La Paloma-LPA). Entre 2008/2011 foram realizadas 88 entrevistas: Brasil - AC (N=22); BIT (N=22); LP (N=22) e Uruguai - PD/CP/LPA (N=22), e aplicados questionários compostos por perguntas abertas (40) e fechadas (17), sobre a espécie e interações com a pesca. A seleção dos entrevistados ocorreu com o auxílio do presidente da Colônia de Pescadores, método bola-de-neve e aleatoriedade. Foram selecionados pela lógica Fuzzy os pescadores que reconhecem a espécie pelas características: comprimento entre 1,75 e 4m, coloração cinza e área de ocorrência ‘praia/barra’, ‘costa’, ‘mar aberto’ e ‘Arquipélago das Cagarras’. Somente foram analisados os relatos dos selecionados. Dos entrevistados, 79 (89,77%) identificaram a espécie: Brasil - AC (N=17), BIT (N=22), LP (N=22) e Uruguai (PD, CP e LPA) (N=18). A interação positiva foi relatada: 55% (N=22) para a BIT e 45% (N=18) para a LP, e se relaciona ao animal ajudar durante a pesca. Interações negativas foram descritas somente para o Brasil (34,4%; N=21): (AC - N=17 e BIT - N=4) e se relacionam com o golfinho ‘espantar cardume’, ‘rasgar e prender na rede’, ‘roubar peixe’ e ‘mostrar a localização errada do cardume’. O emalhamento foi descrito por 58,2% (N=46), distribuídos: BIT (34,8%; N=16); AC (32,6%; N=15); LP (28,3%; N=13) e Uruguai (4,3%; N=2). A rede de espera foi identificada como responsável pelo emalhamento. O LEK sobre a espécie na BIT é mais elaborado, no AC e LP é parcial e no Uruguai é incipiente, provavelmente pela ausência de sobreposição de uso de área pela pesca e golfinhos.

Palavras-chave: pescador artesanal, delphinidae, oceano atlântico sul ocidental.

Área temática: Etnoecologia

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ETNOECOLOGIA COMPORTAMENTAL DA TONINHA (Pontoporia blainvillei Gervais & D’Orbigny, 1844), ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DA ILHA DAS PEÇAS - PR

Renata Montalvão Gama1, Camila Domit2, Camilah Antunes Zappes1

1Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF

2Universidade Federal do Paraná – UFPR

O objetivo deste estudo é descrever o conhecimento local exibido pelos pescadores artesanais caiçaras da comunidade da Vila das Peças, localizada no Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP) no Estado do Paraná, em relação à etnoecologia comportamental da toninha (Pontoporia blainvillei). Entre Março e Abril/2012 foram realizadas 40 entrevistas etnográficas com pescadores artesanais da Vila das Peças, as quais enfocaram o comportamento da espécie. Foram selecionados 38 pescadores que identificaram a espécie de acordo com os critérios de coloração marrom e/ou rosado e cinza, comprimento corporal de indivíduos adultos entre 100 e 177 cm e como área de ocorrência o CEP ou suas adjacências. Cada pescador descreveu mais de um comportamento, o que justifica o número de respostas maior que o número de entrevistados. A natação foi o comportamento mais citado especificamente para indivíduos adultos (N=23; 60,5%) e descrito como “bóiam”, “mergulham”, “nadam”. Alimentação foi a segunda categoria mais relatada (N=20; 52,6%), seguida por comportamentos aéreos (“pulam”) (N=9; 23,3%), respiração (“respiram pela válvula”) (N=9; 23,3%) e vocalização (“chiam e fazem ruído”) (N=10; 26,3%). O comportamento mais descrito especificamente para juvenis foi acompanhar a mãe (“ficam com a mãe”) (N=11; 28,9%). Os comportamentos frente à embarcação comuns para adultos e juvenis foram ‘fuga’ (“eles fogem”) (N=12; 31,6%) e ‘indiferença’ (“Não liga”) (N=10; 26,3%). Os comportamentos mais relatados estão relacionados com a área de pesca dos caiçaras da Vila das Peças e excluindo os "saltos" são semelhantes àqueles descritos em estudos comportamentais da espécie. A pesca quase diária permite a observação frequente da espécie em seu habitat e o acúmulo de conhecimento pelos pescadores locais. Através de estudos etnoecológicos é possível a aproximação do meio acadêmico com a comunidade tradicional da ilha, o que poderá auxiliar em projetos relacionados à conservação da espécie, bem como manutenção da pesca local.

Palavras-chave: golfinho, conhecimento local, comportamento.

Área temática: Etnoecologia

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USO DE PRANCHAS ILUSTRATIVAS EM ESTUDO ETNOBIOLÓGICO RELACIONADO À BALEIA FRANCA (Eubalaena australis), APA DA BALEIA FRANCA - SC

Camila Ventura da Silva1, Mônica Pontalti2, Mônica Danielski2, Camilah Antunes Zappes1, Ana Paula Madeira Di Beneditto1

1Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF

2Instituto Baleia Franca – IBF

O objetivo deste estudo é avaliar o uso de pranchas ilustrativas em um estudo etnobiológico relacionado à identificação da baleia franca pelos pescadores artesanais da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, Santa Catarina, Brasil. Em outubro/2010 foram realizadas 33 entrevistas etnográficas, através do método bola de neve e aleatoriedade com pescadores do município de Garopaba, através de um questionário contendo perguntas abertas (N=49) fechadas (N=19) relacionadas à ecologia e biologia da baleia franca. Ao final da entrevista, foram apresentadas quatro fotos das seguintes espécies de cetáceos: Orcinus orca, Eubalaena australis, Megaptera novaeangliae e Balaenoptera acutorostrata a fim de verificar se a baleia descrita pelo pescador era identificada por foto. Dos 33 entrevistados, 27 (81,8%) foram capazes de identificar a baleia franca através de descrições como coloração, tamanho corporal, área de ocorrência, comportamento e relatos comparados com a literatura. Dos 27 que identificaram E. australis, 19 (70%) indicaram a foto referente à espécie. O fato do animal apresentar características peculiares como a presença de calosidades brancas/amareladas na cabeça, bem como ausência de nadadeira dorsal pode ter auxiliado a identificação pelos entrevistados. Quatro entrevistados que indicaram a foto referente à baleia franca apontaram também a foto da orca (N=2) e da baleia jubarte (N=2), que julgaram ser o mesmo animal. Isso pode ter ocorrido devido à coloração semelhante nas imagens, e/ou pelo ângulo de posicionamento do animal na foto. A observação de baleias durante a prática pesqueira é uma situação oportunista, pois estes animais não são alvo da pesca, o que faz com que os pescadores os observem rapidamente. Fotos podem confundir o entrevistado, pois aspectos como luminosidade e posição do animal nas imagens, em algumas situações, diferem da realidade observada pelo pescador no ambiente. Na elaboração de pranchas ilustrativas, devem ser testadas várias imagens a fim de reduzir a falsa identificação da espécie pelo entrevistado.

Palavras-chave: Eubalaena australis, pescadores artesanais, fotos.

Área temática: Etnoecologia

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USO DOS RECURSOS NATURAIS NA PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE SERTANEJA POVOADO JUÁ, PAULO AFONSO - BA

Carlos Alberto Batista Santos1, Rômulo Romeu da Nóbrega Alves2, Wbaneide Martins de Andrade1, Eliene Urbano Alves Nascimento1

1Universidade do Estado da Bahia – UNEB

2Universidade do Estado da Paraíba – UEPB

As relações entre o homem e a natureza se reproduzem na cultura e na compreensão do meio ambiente. O povoado Juá é formado por agricultores e criadores de animais com fins de subsistência, que vivem na área rural do município de Paulo Afonso, sertão da Bahia. Nesta pesquisa buscou-se compreender como os sertanejos do povoado Juá, compreendem e atuam na conservação dos recursos naturais do meio em que vivem, a partir dos meios de subsistência e do conhecimento tradicional local associado. Para coleta de dados, foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com agricultores e criadores de animais que tem posse da terra, com idades entre 35 e 50 anos, sendo selecionadas 40 pessoas, mas apenas 26 consentiram as entrevistas. Para analisar os dados, optou-se pela abordagem qualitativa de pesquisa realizada a partir da análise do discurso dos entrevistados. As atividades econômicas dos moradores baseiam-se na agricultura de subsistência e pecuária extensiva, sobre as quais detêm um grande entendimento de manejo, devido à experiência transmitida pelas gerações anteriores através da oralidade. Essas atividades são ameaçadas pela seca que, associada a uma fonte de água rudimentar, inviabiliza o plantio por longos períodos, comprometendo também a criação animal. A caça, a extração madeireira para produção de lenha e carvão, a comercialização da fauna silvestre e o extrativismo vegetal para alimentação (frutos) e com fins medicinais (cascas, folhas e raízes) na Área de Proteção Ambiental da Estação Ecológica Raso da Catarina são práticas ‘necessárias’ segundo os entrevistados, principalmente durante o período de estiagem, que torna o plantio e a criação de animais inviáveis. Essa atitude é reprovada por todos os informantes, que relacionam estas práticas como responsáveis pela redução dos animais silvestres e da vegetação nativa. Percebe-se a necessidade da inclusão da comunidade em políticas públicas, com o intuito de implantar projetos que contemplem a convivência com a seca.

Palavras-chave: etnoecologia, subsitência, percepção.

Área temática: Etnoecologia

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ASPECTOS ECONÔMICOS NA COMERCIALIZAÇÃO DO PIQUI (Caryocar coriaceum Wittm.) NA REGIÃO DA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE-APODI, NORDESTE DO BRASIL

Rafael Ricardo Vasconcelos da Silva1, Laura Jane Gomes2, Ulysses Paulino de Albuquerque3

1Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

2Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe – UFS

3Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

A dinâmica socioambiental do extrativismo do piqui vem sendo analisada na comunidade de Horizonte-Cacimbas, Ceará, Brasil, com o objetivo de verificar a importância da atividade para economia da região e, em especial, para os coletores que atuam na Floresta Nacional do Araripe-Apodi (FLONA-Araripe). Entrevistas semi-estruturadas, observações participantes e fichas de rotina diária foram utilizadas para a coleta de dados. Verificou-se que a dinâmica produtiva da Comunidade está fortemente associada ao ciclo natural produtivo da espécie, que se estende de dezembro a abril. Nesta época, a coleta dos frutos e a produção de óleo ocupam cerca de 60% da população maior de 18 anos. Durante a safra, parte dos coletores acampa com a família em áreas adjacentes à unidade de conservação, mais próximos das zonas de coleta e dos pontos de venda conhecidos por atravessadores e demais compradores. Mensalmente, um coletor apura, em média, entre R$ 800,00 e R$ 1.200,00 pela venda dos frutos in natura. Entre os produtores de óleo verifica-se um maior retorno econômico. O óleo de piqui costuma ser produzido no período de maior frutificação (pico de safra), quando o preço do fruto in natura diminui devido a maior oferta. Para produção de um litro de óleo são necessários, em média, 1.000 frutos, comprados na safra de 2012 ao custo de R$ 20,0 e revendidos, após o beneficiamento, por um valor que variou entre R$ 30,0 e R$ 40,0. A produção é negociada de forma desagregada, embora existam iniciativas para a formação ou consolidação de Associações de Catadores. Predomina uma visão de competitividade em torno da atividade. Dessa forma, faz-se necessária a construção de soluções que levem em consideração o fortalecimento da cadeia produtiva do piqui de forma sustentável, pois a produção atende a uma demanda já consolidada e gera renda para as populações locais.

Palavras-chave: extrativismo, sociobiodiversidade, cadeia produtiva.

Área temática: Etnoecologia

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RELAÇÕES SOCIOECONOMICAS NA COMERCIALIZAÇÃO DA FAVA-D’ANTA (Dimorphandra gardneriana Tul.) NA REGIÃO DA FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE-APODI, NORDESTE DO BRASIL

Rafael Ricardo Vasconcelos da Silva1, Laura Jane Gomes2, Ulysses Paulino de Albuquerque3

1Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

2Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe – UFS

3Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

A fava d'anta ou faveira é uma planta de importância econômica, pois suas vagens possuem alto teor de rutina e o flavonoide quercetina, largamente utilizados na indústria farmacêutica e de cosméticos. O extrativismo da faveira figura entre as principais atividades na região da Floresta Nacional do Araripe-Apodi (FLONA-Araripe). Nesta pesquisa, objetivou-se descrever e avaliar os canais de comercialização da faveira. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas, observações diretas e análises documentais. Verificou-se que, no período da safra, de maio a agosto, esta atividade representa a principal ocupação das populações locais. Toda a produção dessa região vem sendo comercializada para uma única empresa compradora, cuja indústria processadora situa-se no estado do Maranhão. As vagens são coletadas, seguindo a orientação dos compradores, ainda verdes na área da FLONA-Araripe e em propriedades particulares. Em seguida, são transportadas para um dos pontos de pesagem, compra e secagem, administrados por pessoas contratadas pela empresa compradora, denominadas de fornecedores. Na safra de 2012 apenas três pessoas atuaram como fornecedores, mediante autorização do órgão gestor da FLONA-Araripe. No ano de 2011, a produção total da região foi estimada em 316.8 toneladas de vagens secas, comercializadas pelo valor de R$ 1,39/quilo – preço predeterminado pela empresa compradora. Logo, o extrativismo da faveira representou, naquele ano, um incremento de R$ 440.352,00 para a economia da região. Desse valor total, R$ 60.192,00 custearam o transporte, R$ 63.360,00 os impostos e taxas, R$ 126.720,00 o rendimento dos fornecedores e seus auxiliares, e R$ 190.080,00 o somatório do rendimento dos inúmeros coletores – cujo rendimento mensal médio varia entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00. Tais valores indicam uma acentuada assimetria nos lucros dos atores locais envolvidos na cadeia, sendo os coletores os menos beneficiados. Torna-se, portanto, necessário que estes atores sociais possam se organizar para assegurar a justa distribuição dos benefícios da produção.

Palavras-chave: extrativismo, sociobiodiversidade, cadeia produtiva.

Área temática: Etnoecologia

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ORGANIZAÇÃO E MANEJO DOS TERREIROS NA AGRICULTURA TICUNA - AM

Sandra do Nascimento Noda1, Ayrton Luiz Urizzi Martins2, Lucia Helena Pinheiro Martins2, Antonia Ivanilce Castro da Silva2

1Universidade Federal do Amazonas – UFAM

2Estudante de Pós-Graduação, Universidade Federal do Amazonas – UFAM

O trabalho foi realizado em área de Agricultura Ticuna da região do Alto Rio Solimões, no ecossistema de várzea da Ilha de Bom Intento, no município de Benjamin Constant, AM. O objetivo da pesquisa foi o de apresentar os processos de organização cultural da produção nos terreiros para a conservação dos recursos naturais locais. Os dados foram obtidos pela utilização de estratégias do método Etnográfico. Os Terreiros na Agricultura Ticuna significam os espaços sociais de produção agrícola, moradia, lazer e educação familiar nas áreas de solo denominadas de terra. Daí o nome Terreiro, no sentido de ser área significativa de intenso uso familiar, principalmente, por meio das técnicas de conservação dos recursos, compreendidos pelas estruturas de manutenção de sementes, mudas e estacas nos períodos de cheia e pelo processo continuado de adubação pelos resíduos das capinas comunitárias. Os terreiros são usados para a produção de bens e produtos para a complementação da alimentação e renda familiar, podendo ajudar na auto-suficiência da família, sendo que, as espécies plantadas e permitem uma produção distribuída ao longo do ano. A implantação dos Terreiros baseia-se no conhecimento cultural da biodiversidade e no senso estético de organização e melhoria do aspecto físico das comunidades. Os terreiros são resultantes da adoção de um sistema de uso da terra envolvendo o manejo de árvores, arbustos e ervas de usos múltiplos, intimamente associados a cultivos agrícolas anuais e perenes e a criação de aves e animais domésticos de pequeno porte, incluindo animais para segurança comunitária contra invasores e aqueles utilizados nas atividades de caça.

Palavras-chave: agrobiodiversidade, agricultura indígena, etnoconservação.

Área temática: Etnoecologia

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ASPECTOS BIOFÍLICOS DA INTERAÇÃO ENTRE OS TUBARÕES E PESCADORES ARTESANAIS DO SUL DA BAHIA, BRASIL

Márcio Luiz Vargas Barbosa Filho1, Alexandre Schiavetti2, Eraldo Medeiros Costa Neto3

1Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

2Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

3Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

A Hipótese da Biofilia afirma a existência de relações biofílicas inatas entre seres humanos e o meio natural. Também registra que a disposição humana para a conservação da Natureza é diretamente proporcional ao grau de envolvimento e empatia pelos componentes da biosfera, incluindo os animais. A pesca de tubarões na região ocorre com redes de emalhe, linhas de mão e espinheis. Por meio de entrevistas semi-estruturadas com 22 pescadores artesanais de Canavieiras, com ao menos 15 anos de experiência na captura de tubarões no litoral sul da Bahia, coletaram-se informações referentes ao conhecimento ecológico e sentimentos subjetivos envolvidos na interação entre pescadores e tubarões. A análise de dados baseou-se nas nove categorias biofílicas propostas por Stephen Kellert (1993). Foram observadas 70 opiniões relacionadas aos tubarões, sendo que 11,4% configuraram-se como uma relação apática dos pescadores para com o animal. A categoria utilitarista foi a mais observada no discurso dos pescadores com 28,6% das opiniões. Isto se deve à valorização da carne do tubarão, ocorrida nos últimos anos e da comercialização das barbatanas, que já chegaram a valer na região 600 reais, por quilo. A imagem dos tubarões como animais vorazes e impiedosos fez com que a categoria negativista fosse a segunda mais observada, com 18,6% das citações. A categoria dominística obteve 15,7% das opiniões registradas, tendo em vista que os pescadores sentem-se desafiados quando fisgam um tubarão e consideram-se vitoriosos quando conseguem capturar o animal. Apesar de ter havido predominância de categorias biofílicas antropocêntricas (utilitarista, negativista e dominística) nas opiniões dos pescadores, a categoria ecológico-científica foi registrada com 14,3% das citações e se baseia no fato de que estes pescadores reconhecem a relevância dos tubarões para o ambiente marinho, ainda que não possuam ideias mais elaboradas em relação a esta importância.

Palavras-chave: categorias biofílicas, pesca artesanal, hipótese de biofilia.

Área temática: Etnoecologia

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CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL E INTERAÇÃO DOS PESCADORES ARTESANAIS DA CIDADE DE CANAVIEIRAS - BA, BRASIL, COM TUBARÕES-BALEIA (Rhincodon typus Smith, 1828)

Márcio Luiz Vargas Barbosa Filho1, Alexandre Schiavetti2, Eraldo Medeiros Costa Neto3

1Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

2Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

3Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

O tubarão-baleia Rhincodon typus Smith, 1828 é uma espécie que apresenta distribuição circuntropical. Apesar de documentadas ocorrências da espécie na costa do Brasil, não existem informações relativas ao conhecimento ecológico e interações de pescadores brasileiros com estes animais. Através de entrevistas semi-estruturadas e visualmente estimuladas com 15 pescadores artesanais do município de Canavieiras, obtiveram-se informações relativas à etnotaxonomia e ecologia comportamental da espécie, além de dados referentes à interação desses animais com pescadores locais. Todos os pescadores reconheceram a espécie como “cação”, porém três deles disseram nunca ter visto um exemplar. Relataram que os espécimes possuem o comprimento entre 5 e 12 metros e, geralmente, são vistos sozinhos. Em relação aos nomes populares, a espécie é conhecida como “pintadinho”, “cação-estrela”, “cação-baleia” e “tubarão-baleia”. Sobre o comportamento, os pescadores descreveram-nos como animais “curiosos” pelo costume de dar voltas em torno das embarcações e até mesmo de encostarem-se aos cascos, mantendo-se algum tempo nesses locais. Também os consideram “mansos”, apesar de alguns indivíduos terem se referido aos espécimes avistados como “monstros” ou “bichão”, dado seu comprimento avantajado. Dois pescadores relataram o comportamento de fidelidade de habitat da espécie na região, pelo fato de já terem avistado um mesmo indivíduo diversas vezes em um mesmo local. Cinco pescadores revelaram já terem tocado no animal com os pés ou pedaços de madeira, por curiosidade em saber a reação do animal. Oito pescadores revelaram já terem subido e/ou já terem visto companheiros de pesca subirem no animal, como forma de divertimento. Pelo fato da espécie ser considerada como “vulnerável à extinção” pela União Internacional para Conservação da Natureza e também pela curiosidade mútua existente entre os pescadores locais e os tubarões-baleia, torna-se fundamental a implantação de ações para educação ambiental junto aos pescadores, como forma de orientá-los sobre os riscos envolvidos neste tipo de interação.

Palavras-chave: ecologia comportamental, pescadores brasileiros, interações ecológicas.

Área temática: Etnoecologia

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LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS EM DUAS PROPRIEDADES DE AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU (PR)

Letícia da Costa1; Kellem Brina1; Priscila Yoshie Tateishi Fernandes1; Alexandre Silva Borges1; Leon Maximiliano Rodrigues1

1Faculdade Anglo Americano

O trabalho buscou caracterizar o tipo de agroecossistemas e a percepção ambiental a partir de uma abordagem etnobiológica. O estudo foi realizado em duas propriedades localizadas no município de Foz do Iguaçu-PR, que está inserida no domínio da Mata Atlântica. Uma das propriedades é caracterizada por adotar um sistema de cultivo orgânico (A) e a outra enquadrada como de cultivo convencional (B). Os dados foram coletados a partir de observações diretas e entrevistas abertas com os agricultores das duas propriedades. As campanhas para levantamentos de dados foram feitas de julho de 2010 até outubro de 2011. Para a análise dos resultados foi utilizada a metodologia de “análise de conteúdo”, descrita por Bardim (2009). O estudo mostrou que ambas as propriedades começaram suas produções com técnicas convencionais de agricultura, mudando no decorrer do tempo conforme o aprendizado. Tratando do conhecimento de seu agroecossistema, mostraram que tem e que é necessário um cuidado com seu meio, de onde tiram o seu sustento. Apesar dos sistemas enquadrados como a agricultura orgânica (A) e agricultura convencional (B), ambas as propriedades utilizam técnicas também adotadas em sistemas agroecológicos. No entanto, a propriedade A apresentou condições que se aproximam mais do que se espera de um sistema sustentável e equilibrado ecologicamente. A propriedade B busca agregar ao seu sistema métodos mais sustentáveis na medida em que haja possibilidades, o que tem levado a uma progressiva substituição de técnicas convencionais para técnicas biodinâmicas. O presente estudo mostrou que existem semelhanças e diferenças entre o conjunto de práticas ou métodos adotados nas duas propriedades. Estudos futuros devem buscar verificar os efeitos das diferentes técnicas de manejo do solo e culturas no agroecossistema, como na qualidade do solo e controle de pragas.

Palavras-chave: percepção ambiental, agroecossistemas, etnobiologia

Área temática: Etnoecologia

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O CONHECIMENTO ETNOECOLÓGICO DOS MELIPONICULTORES DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE IPIRANGA E GURUGI, ESTADO DA PARAÍBA.

Roberta Monique Amâncio de Carvalho1; Celso Feitosa Martins1; José da Silva Mourão1

1Universidade Federal da Paraíba – UFPB

As comunidades quilombolas de Ipiranga e Gurugi, localizadas na Zona da Mata Sul Paraibana, possuem histórias que se entrecruzam ao longo dos tempos. Situadas uma ao lado da outra, essas comunidades sempre compartilharam diversos aspectos. Encontra-se nesses grupos sociais a prática da meliponicultura realizada desde datas anteriores até atualmente, fazendo parte do cotidiano das famílias e, muitas vezes, transmitida entre as gerações. Tal prática cotidiana fornece a esses grupos um elaborado conhecimento ecológico, baseado nas espécies de abelhas, na flora melífera e nas técnicas utilizadas na realização da atividade. Esse conhecimento está inserido em um complexo integrado entre o conjunto de símbolos e conceitos, as práticas produtivas e o sistema de crenças das comunidades. Para conhecer e aprofundar o estudo sobre tal complexo integrado foi utilizada a metodologia da observação participante juntamente à elaboração de um diário de campo e de entrevistas semi-estruturadas. Com a intenção de registrar os saberes relacionados à meliponicultura exercida antigamente pelos moradores foi empregada a metodologia da história oral e o uso de mapas mentais. No total, foram entrevistados 10 meliponicultores residentes das duas comunidades citadas. Os resultados preliminares demonstram que os meliponicultores conhecem uma riqueza de nove espécies de abelhas nativas (Apidae: Meliponini), suas técnicas de manejo são bem representadas pela feitura do cortiço e a flora melífera é composta de variadas espécies predominantes na Mata Atlântica. O registro da memória individual e coletiva dos grupos evidencia que um intricado sistema de crenças permeia a criação de abelha uruçu (Melipona scutellaris) desde tempos antigos, remontando a gerações passadas. Estudos acerca dos conhecimentos etnoecológicos que permeiam o cotidiano das comunidades quilombolas se tornam cruciais ao evidenciar a conservação de áreas naturais e afirmar a permanência nestas áreas das populações quilombolas que ali vivem e detêm esse saber, numa comunhão entre diversidade biológica e cultural.

Palavras-chave: comunidades quilombolas, conhecimento etnoecológico, meliponicultura

Área temática: Etnoecologia

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ETNOBOTÂNICA APLICADA À DEFINIÇÃO DE FORMAS TRADICIONAIS DE USO, MANEJO E PERCEPÇÃO DOS RECURSOS VEGETAIS EM VISCONDE DE MAUÁ-RJ/MG: AÇÕES CONJUNTAS PARA ETNOCONSERVAÇÃO FLORESTAL DA MATA ATLÂNTICA.

Mariana Martins da Costa Quinteiro1; Luís Mauro Sampaio Magalhães2; Moemy Gomes de Moraes3

1Universidade Dom Bosco

2Depto. Ciências Ambientais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ

3Depto. de Biologia Geral, Universidade Federal de Goiás – UFG

As principais áreas preservadas sob domínio de Mata Atlântica estão localizadas no sudeste do Brasil, em áreas de altitude elevada e acesso difícil. Visconde de Mauá é uma região Mata Atlântica, 1200m de altitude média, situada na Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira e entorno do Parque Nacional de Itatiaia. O objetivo deste trabalho é buscar perspectivas em que a pesquisa etnobotânica aplicada forneça subsídios para conservação região, além de levantar formas de integração do conhecimento tradicional sobre os recursos florestais com as políticas públicas locais. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas e turnê guiada com 20 informantes chave, entre mateiros, erveiros, benzedeiros e antigos agricultores locais. Estes reconhecem mosaicos de unidades de paisagem, com biodiversidade e dinâmicas próprias, designados de Campo, Brejo, Floresta, Mata de beira de rio e Quintal. Roças de milho e feijão consorciadas com gêneros agrícolas de subsistência representam uma tradição perdida por mudanças nas relações de trabalho e do uso do solo, advindas do aumento das atividades turísticas e das mudanças nas leis ambientais. A sabedoria vinculada à essas praticas, entretanto, permanece no conhecimento popular transmitido de forma oral. Ormosia aff. ruddiana e Araucaria angustifolia destacam-se como espécies prioritárias para ações de conservação, dada a forma de extrativismo ocorrente na região. Algumas metodologias de retorno do trabalho etnobotânico foram aplicadas no local de estudo, como a construção de um viveiro de mudas nativas, mesas redondas, sarau ambiental e pratica agroflorestal com espécies nativas. As comunidades-alvo de estudo das pesquisas etnobotânicas são peças chave na obtenção de formas de manejo sustentado dos recursos vegetais e de outras estratégias coerentes com o desenvolvimento sustentável local. As ciências que estudam perspectivas etnoconservacionistas devem ser incluídas em programas de Educação Ambiental, uma vez que a tradição oral e as práticas tradicionais vêm sendo reduzidas drasticamente.

Palavras-chave: etnoconservação, tradição oral, saber tradicional

Área temática: Etnoecologia

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ANÁLISE ETNOECOLÓGICA DA PESCA NA RESERVA EXTRATIVISTA DE CANAVIEIRAS-BA.

Daiany Mara Erler1; Alexandre Schiavetti1

1Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

O manejo de recursos compartilhados está cada vez mais no foco das discussões acerca da manutenção dos recursos pesqueiros e da pesca sustentável. A crise da pesca decorrente da sobrepesca evidencia a crescente necessidade de adoção de medidas de ordenamento pesqueiro eficientes. O objetivo do trabalho é identificar as espécies mais capturadas nas comunidades pesqueiras da Reserva Extrativista (RESEX) de Canavieiras. A coleta de dados teve início em abril e será finalizada em agosto de 2012. Entrevistas estruturadas foram aplicadas a 120 pescadores encontrados ao acaso, abordando questões referentes a petrechos, embarcação, local de atividades, ocorrência e periodicidade das espécies-alvo. Dentre os entrevistados 100 (81%) têm robalos e cambriaçu (Centropomus spp.) como principal alvo devido ao valor econômico do pescado, além da preferência de consumo familiar. Tainhas e canguás (Mugil spp.) e carapebas (Diapterus spp.) aparecem seguidamente com 64% cada. Em relação ao período de maior frequência, 66% dos pescadores de Centropomus spp. disseram que estes ocorrem mais no período de defeso, durante o inverno. Em relação às tainhas, o período de ocorrência é maior no inverno para 45% dos entrevistados e não possui periodicidade para 43%, para os demais a maior ocorrência é no verão. A influência das marés, fases lunares e sentido do vento também interferem no sucesso da pesca, sendo no caso das marés, “maré de quebra” e “de lançamento” as melhores. Quanto ao defeso do Centropomus spp 34% conhecem o período exato, 58% parcialmente e o restante desconhece o período. Sobre a duração do defeso 59% dos entrevistados afirmaram que este período é insuficiente e 33% consideram certo. Os pescadores entrevistados ressaltaram a diminuição de recursos pesqueiros ao longo do tempo, alegando o aumento do número de pescadores, muitas vezes por falta de empregos na cidade, e deficiência na fiscalização.

Palavras-chave: unidade de conservação, recursos pesqueiros, pesca artesanal

Área temática: Etnoecologia

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A CAÇA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO: UMA ABORDAGEM ETNOECOLÓGICA E ETNOHISTÓRICA.

José Aécio Alves Barbosa1; Brygida Carolyne Alves Freire2; José Otávio Aguiar1

1Universidade Federal de Campina Grande – UFCG

2Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Os múltiplos usos da fauna fazem da caça uma das mais antigas práticas ligadas à sobrevivência humana. Mesmo ilegal no Brasil, a caça persiste em várias regiões do país. Internacionalmente, o tema mereceu trabalhos históricos clássicos e, por conseguinte pôde-se inferir que, historicamente, elaboraram-se formas diversas e ambíguas de relacionamento entre os homens e os animais. Em função disso, entre agosto de 2011 e maio de 2012, através de entrevistas e da aplicação de formulários semi-estruturados a 112 entrevistados, se obteve dados acerca da caça na zona rural do município de Queimadas, no agreste paraibano. Os entrevistados citaram 46 animais caçados na região, os quais servem de alimento ou companhia para os seres humanos, ou ainda os que representam certo grau de riscos. As espécies citadas podem ser divididas em seis grupos – mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e artrópodes. As técnicas de caça utilizadas envolveram o uso de armas de fogo e de cães de caça, armadilhas e coleta. A caça alimentar nessas comunidades foi amplamente direcionada a aves e mamíferos, destacando a Rolinha-Columbina minuta (n=54) e o Preá-Cavia aperea (n=49). Segundo os entrevistados, esses grupos são valorizados devido a dois fatores: a abundância relativa em comparação a outros vertebrados e aos maiores volumes, implicando em maior retorno proteico obtido das carnes. Para os entrevistados a possibilidade de alguns elementos da fauna local atacarem seres humanos (ou seus animais domésticos) também motiva a captura e a morte de um grande número de diferentes espécies. Atualmente são comuns trabalhos sobre a necessidade de minorar o sofrimento dos animais, garantindo-lhes direitos de existência independente, libertando-lhes da “escravização domesticadora” e extinguindo a trajetória histórica de submissão e preconceito contra os animais “especismo”. Trabalhos como esse auxiliam no entendimento dessas questões por abordarem o atual cenário ambiental também por uma óptica etnohistórica.

Palavras-chave: caça, etnoecologia, etnohistória

Área temática: Etnoecologia

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APROPRIAÇÃO DA HERPETOFAUNA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO: UMA QUESTÃO SOCIAL-UTILITÁRIA OU CULTURAL-REPULSIVA?

José Aécio Alves Barbosa1; Brygida Carolyne Freire Alves2; José Otávio Aguiar1

1Universidade Federal de Campina Grande – UFCG

2Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Ao longo dos anos o valor utilitário da herpetofauna bem como questões de cunho histórico-cultural têm estimulado a caça desses animais, de modo que a análise das formas de apropriação dos recursos tornou-se uma das maneiras de compreender e enfrentar essas condicionantes socioambientais críticas. O objetivo desse trabalho foi registrar o uso e as conexões entre a herpetofauna local e os moradores do Sítio Salvador, município de Fagundes - PB, no Agreste paraibano, buscando informações sobre as espécies utilizadas, as modalidades de uso, bem como as formas de obtenção desses animais. As informações foram conseguidas através de entrevistas livres e da aplicação de formulário semi-estruturado. Os dados obtidos foram analisados mediante cálculo de Valor de Uso e de Prioridade de Conservação. Um total de 48 entrevistados citaram o uso de 19 espécies faunísticas e oito diferentes modalidades de aproveitamento. Os valores de uso variaram de 0,04 a 1,46 e a prioridade de conservação de 15,25 a 47,50. A técnica mais frequentemente utilizada na captura dos animais foi a caça de perseguição com arma de fogo e auxílio de cães. Geralmente as serpentes são caçadas não devido ao uso de seus subprodutos, mas por aversão ou temor. De fato, é consenso entre diversos autores que desde o princípio da civilização criou-se uma aversão as serpentes, em que os ofídios representam os animais mais odiados, ao mesmo tempo que causam maior curiosidade. Com o presente trabalho se percebeu que a carência de estudos em relação às formas de aproveitamento dos recursos faunísticos constitui uma barreira que dificulta o levantamento das prioridades de conservação e manejo, por impossibilitar um inventário seguro das espécies de répteis e anfíbios que sofrem maior pressão de uso, contudo, o aproveitamento da herpetofauna constitui uma significativa forma de uso dos recursos naturais na área estudada.

Palavras-chave: herpetofauna, semiárido, conservação

Área temática: Etnoecologia

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USO DE RECURSOS PELOS PESCADORES DA RESERVA EXTRATIVISTA DE CANAVIEIRAS, BAHIA.

Daniela Trigueirinho Alarcon1; Alexandre Schiavetti1

1Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Compreender o uso dos recursos e identificar os fatores que influenciam na conservação pode contribuir para o planejamento de ações de manejo e para a conservação. Este estudo tem como objetivo avaliar o uso, atitudes e comportamentos dos pescadores em relação aos recursos pesqueiros existentes na Reserva Extrativista (Resex) de Canavieiras. A coleta dos dados foi realizada entre abril e agosto de 2012, através de entrevistas realizadas com pescadores desta Resex. Foram coletados dados referentes ao perfil dos entrevistados, conhecimento sobre os principais recursos-alvo e petrechos de pesca utilizados, conhecimento sobre práticas favoráveis a conservação dos recursos pesqueiros e atitudes e comportamentos do entrevistado em relação à conservação destes recursos. Foram entrevistados 81 pescadores, sendo 26 mulheres e 55 homens. Destes 62 possuem cinco ou mais recursos-alvo, seis possuem apenas quatro recursos-alvo, cinco entrevistados possuem três recursos-alvo, cinco possuem dois recursos-alvo e três pescadores possuem apenas um recurso-alvo. Os robalos (Centropomus spp.) são os pescados mais procurados pelos pescadores devido ao seu elevado valor econômico (n=56). Os mugilídeos, tainha (n=38) e canguá (n=34), também são recursos bastante capturados devido à grande disponibilidade e do valor econômico, respectivamente. Aratu (Goniopsis cruentata) (n=31) e siris (Callinects spp.) (n=30) são os crustáceos mais capturados, pois são bastante procurados na região. Dentre os moluscos o sururu (Mytella sp.)(n=16) e a ostra (Crassostrea sp.) (n=12) são os mais capturados. Peixes de couro, crustáceos e moluscos são considerados remosos e são evitados pela população em geral no pós-operatório, durante o período menstrual e quando se tem ferimentos. Com a análise dos dados será possível identificar os aspectos positivos e negativos envolvidos na relação entre pescadores da Resex e os recursos pesqueiros que poderão auxiliar no desenvolvimento de estratégias de manejo para conservação dos recursos e sustentabilidade da pesca.

Palavras-chave: pesca artesanal, conservação, manejo

Área temática: Etnoecologia

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CONHECIMENTO ECOLÓGICO POPULAR SOBRE UMA ESPÉCIE DE MINHOCUÇU (Rhinodrilus alatus, OLIGOCHAETA, GLOSSOSCOLECIDAE), USADA TRADICIONALMENTE NO BRASIL COMO ISCA PARA A PESCA AMADORA

Hani Rocha El Bizri1; Maria Auxiliadora Drumond1; Thaís Queiroz Morcatty1; Artur Queiroz Guimarães2; Lívia Castro Giovanetti2

1Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

2Instituto Sustentar

A extração do oligoqueto terrestre gigante da espécie Rhinodrilus alatus, conhecido como minhocuçu, é realizada ilegalmente por comunidades rurais e tradicionais na região central do Estado de Minas Gerais há, pelo menos, 80 anos, sendo a espécie vendida para uso como isca para a pesca amadora em várias regiões brasileiras. Esta atividade consiste na principal fonte de renda de inúmeras famílias na região. No ano de 2004 iniciou-se o Projeto Minhocuçu, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais, o qual se propõe a minimizar os conflitos sociais e ambientais relacionados à cadeia de uso do minhocuçu e a regulamentar a extração e a venda da espécie mediante um plano de manejo participativo. Esta pesquisa registra o conhecimento popular de extrativistas de minhocuçus sobre a biologia e ecologia da espécie Rhinodrilus alatus e as técnicas de extração utilizadas. O conhecimento popular foi registrado a partir de técnicas participativas de diagnóstico, realizadas individualmente e coletivamente, durante os anos de 2005 a 2008. O processo de extração foi acompanhado em campo em diversas épocas do ano, de modo a observar as técnicas utilizadas em diferentes estágios do ciclo de vida dos minhocuçus e a coletar dados biológicos e ecológicos de R. alatus. Estes dados foram, então, analisados e contrastados com as informações fornecidas pelos extratores. Os extrativistas detêm amplo conhecimento sobre o ciclo de vida, comportamento reprodutivo e distribuição da espécie. Diferentes técnicas de extração são utilizadas em distintas fases do ciclo de vida dos minhocuçus e estas são repassadas entre as gerações. O reconhecimento do saber popular sobre R. alatus é fundamental para que ações de manejo sejam implantadas de forma compartilhada. O processo de pesquisa aqui apresentado também pode inspirar novos estudos e o manejo de outras espécies de minhocuçus extraídas em outras regiões do Brasil ou em outros países.

Palavras-chave: oligochaeta, iscas vivas, extrativismo animal

Área temática: Etnoecologia

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ETNOCONHECIMENTO NO ENSINO DE BIOLOGIA: A EXPERIÊNCIA COM A TURMA DE EJA DE RATONES, FLORIANÓPOLIS (SC).

Ana Paula Silveira¹

¹Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC

A interface entre a Educação e as Etnociências, como a Etnoecologia, tem trazidos resultados significativos no processo de ensino-aprendizagem, em disciplinas de nível básico, como Ciências Naturais e Biologia, além de contribuições no que tange a manutenção cultural e de conservação de recursos naturais. Na busca de um ensino de Biologia multicultural, envolvente e democrático, a autora desenvolveu um trabalho junto à turma de modalidade EJA, do distrito de Ratones em Florianópolis-SC, intitulado Histórias e Saberes de Nossas Raízes, durante o período do segundo semestre de 2011. O objetivo principal fora elencar o etnoconhecimento das relações familiares estabelecidas com diferentes elementos naturais presentes nos núcleos de moradias, ligados a subsistência e aos aspectos culturais. A metodologia que conduziu a pesquisa, composta pelos métodos qualitativos e quantitativos e de abordagem descritiva, contou com a aplicação de três procedimentos para coleta de dados, sendo o recurso bibliográfico, o fotográfico e o diário de registro, utilizado pela pesquisadora e pelos 17 estudantes. O trabalho fora dividido em duas etapas, com a primeira direcionada ao registro individual ou coletivo de conhecimentos populares, partindo do diálogo estimulado em sala de aula nas atividades formais da disciplina, e a segunda com a confecção de um livreto, reunindo todas as produções. O estudo resultou no registro de 17 plantas medicinais, administradas principalmente através de chás; 4 métodos de conservação de alimentos, destacando o uso de banha de porco e farinha de mandioca; 9 receitas culinárias, como preparo de queijos e bolo de milho em folha de bananeira; e 3 citações sobre criação de bovinos, galinhas e suínos, para o consumo próprio e venda regional. O livreto fora disponibilizado em mídia para divulgação entre as famílias e demais membros da comunidade, e para escola, como um material didático interdisciplinar, direcionado as turmas de ensino básico e médio.

Palavras-chave: educação jovens e adultos, etnoecologia, saberes populares

Área temática: Etnoecologia

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O JEITO DE SER MBYA GUARANI, UMA FERRAMENTA PARA A ETNOCONSERVAÇÃO

Simone Dala Rosa¹, Juliana Kerexu², Renata Lumi Iwamoto¹, Maristela Marangon¹, Simone Camargo Umbria¹

¹Universidade Positivo – UP

²Terra Indígena Ilha da Cotinga

A ocupação Guarani do Litoral do Paraná é predominantemente Mbya Guarani . No município de Paranaguá encontra-se a única Terra Indígena (TI) demarcada e homologada do litoral paranaense, a TI Pindoty, que abrange as Ilhas da Cotinga e Rasa da Cotinga, Bioma Mata Atlântica. O acesso somente é possível por via marítima. As principais lideranças da aldeia são o cacique-pajé (tcheramoi) Cristino da Silva, o vice-cacique Dionísio Rodrigues; pajé Izolina e Juliana Kerexu, representante das Mulheres. Para captar um pouco do saber guarani optou-se por dialogar com a comunidade utilizando-se técnicas do DRP (Diagnóstico Rápido Participativo) – Caminhada Transversal e Etnomapeamento. Estas técnicas permitiram relacionar a etnoecologia com o jeito de ser Mbya Guarani (Nhande’ Recó):“Sem Tekoa não há Tekó - Sem Terra não há cultura”. Um Tekoa é composto por moradias, casa de reza (opy), área de caça, área de pesca, roças, áreas de coleta de matéria-prima para confecção de artesanato, cemitério, entre outros. As técnicas possibilitaram identificar os seguintes elementos na TI Ilha da Cotinga: infra-estrutura da aldeia, área de extração de vegetais na mata, áreas de caça, áreas de pesca, áreas de cultivos e algumas hortas particulares. Percebeu-se que os Mbya possuem excelente percepção ambiental, desde noção geográfica, localização e conhecimento dos recursos naturais da TI e seu entorno, assim como interação entre os espaços que formam o tekoa. Constatou-se, que os Mbya desenvolvem estreitas relações com seu ambiente, equilibrando a biomassa humana com fitomassa e zoomassa, efetivando uma política agrícola e demogenética que defende, conserva e promove a biodiversidade, condição de sua própria sobrevivência. Desta forma, conclui-se que a etnoconservação é uma necessidade prática, que sustenta a permanência dos Guarani em seu território e permite aliança com pescadores artesanais - caiçaras, pois ambas populações tradicionais da região têm princípios focados na sociodiversidade e sustentabilidade ambiental.

Palavras-chave: etnoconservação, ilha da cotinga, mbya guarani

Área temática: Etnoecologia

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AÇÕES DE RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E ETNODESENVOLVIMENTO EM ALDEIAS (TEKOÁ) GUARANI DO RIO GRANDE DO SUL-RS

Denise Wolf¹2

¹Bióloga e presidente do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais – IECAM

2Fundação Getúlio Vargas – FGV Management

Embora não seja possível perceber a busca de desenvolvimento (como geralmente é entendido e aplicado pela sociedade) na cultura ou sociocosmologia guarani, o etno"desenvolvimento” e muitos objetivos estabelecidos, podem contribuir significativamente para a construção da sustentabilidade socioambiental, para o fortalecimento da autonomia indígena e para a proteção da biodiversidade. A partir de observações, diálogos, encontros, reuniões e atividades realizadas nos anos de 2011 e 2012, no projeto “Ar, Água e Terra: Vida e Cultura Guarani” [desenvolvido pelo IECAM-Instituto de Estudos Culturais e Ambientais e oito aldeias (tekoá) do RS], muitos saberes e práticas tradicionais de uso e manejo da biodiversidade foram aliadas a atividades como viveirismo, compostagem e reciclagem, reconstruindo “métodos” de forma contínua e participativa e alcançando importantes resultados. A profunda e longa reflexão em anos anteriores, as visões, saberes e entendimentos guarani relacionados à natureza e o belo e singular trabalho especialmente dos “cuidadores ou plantadores” guarani levaram ao plantio de mais de 20 mil mudas de 90 espécies da flora (35 delas em risco de extinção) nas aldeias indígenas. Foram elaborados oito mapas de “uso” da terra das Tekoá Anhetenguá, Yriapu, Nhundy, Pindo miri, Nhuu porã, Ka’agut pau, Itapoty e Pindoty e definidas sete classes de “uso”, para auxiliar na “gestão” das áreas e em atividades como trilhas de etnoturismo e áreas para "roças" comunitárias. A área de reconversão produtiva (kokue) alcançou 12,78 hectares, a recuperação de áreas degradadas (yvira'iky ty) 39,13 hectares e a conservação de florestas (ka’aguy) atingiu mais de três mil hectares (97,11% da área total das aldeias). Os dados apresentados e a experiência vivenciada demonstram que os guarani devem ser considerados grandes e sábios aliados na conservação da biodiversidade. A cultura guarani se mantém viva na alma e na vida guarani, onde a natureza sempre teve e sempre terá lugar essencial.

Palavras-chave: etnodesenvolvimento, conservação da natureza, índios guarani

Área temática: Etnoecologia

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PANORAMA BRASILEIRO DAS PESQUISAS SOBRE ETNOBIOLOGIA E COMUNIDADES INDÍGENAS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E DA IDENTIDADE CULTURAL.

Cássia Silene Cervi Anéas¹, Alice T. Valduga², Sônia B. B. Zakrzevski², Franciele Fath¹, Máida A. de Melo¹

¹Professora Pública Estadual

²Universidade Regional Integrada – URI

A presente pesquisa, analisa a produção de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado em Etnobiologia e Comunidades Indígenas desenvolvidas em Programas de Pós-Graduação no Brasil, no período de 1990 a 2010, por meio de um estudo do tipo “Estado da Arte” ou “Estado do Conhecimento”. Objetivou-se identificar os PPGs que desenvolvem pesquisas em Etnobiologia e Comunidades Indígenas, analisando e caracterizando os mesmos. A pesquisa, de enfoque híbrido, foi realizada em etapas: 1ª etapa – Identificação das dissertações de mestrado e teses de doutorado que apresentam como tema central a Etnobiologia e Comunidades Indígenas no Banco de Teses da CAPES; 2ª etapa – Obtenção e leitura dos resumos das dissertações e teses e elaboração de um banco de dados, contendo informações essenciais para a pesquisa; 3ª etapa – Análise dos dados dos resumos das dissertações e teses. Foram selecionados 74 de um total de 2599 resumos analisados, apresentando no título ou nas palavras-chave os termos: Etnobiologia, Etnoecologia, Etnobotânica, Etnoconservação, Etnoconhecimento e Índio. Por meio do estudo realizado foi possível identificar que as regiões Sudeste(27%), Norte (22%),e Sul(20%) contam com mais PPGs que desenvolvem pesquisas, sendo as áreas Multidisciplinar, Ciências Biológicas e Humanas as mais pesquisadas. A Etnoconservação e o Etnodesenvolvimento foram foco central na maioria dos estudos e os povos indígenas Guarani e Kaingang foram os mais pesquisados, de um total de 40. A pesquisa confirma o fato de que a produção científica nestas áreas poderia ser mais intensa, demonstrando a necessidade de diálogo entre educação e cultura, apontando para a necessidade da pesquisa nas relações entre diversidade etnocultural e o conhecimento científico, assim como a criação de mais linhas de pesquisa envolvendo Etnobiologia e comunidades indígenas nos PPGs brasileiros, buscando cada vez mais a salvaguarda dos conhecimentos tradicionais em busca de uma sustentabilidade etnocultural.

Palavras-chave: estado da arte, etnobiologia, comunidades indígenas

Área temática: Etnoecologia

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REPRESENTAÇÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOBRE ELEMENTOS DA FLORESTA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DE IGARASSU, PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL.

Washington Soares Ferreira Júnior¹, Taline Cristina da Silva¹, Lucilene Lima dos Santos¹, Patrícia Muniz de Medeiros², Ulysses Paulino de Albuquerque¹

¹Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

²Universidade Federal da Bahia – UNEB

Investigar representações sobre a realidade pode identificar ações das pessoas para com o ambiente externo, auxiliando ações conservacionistas. Logo, o presente trabalho teve como objetivo acessar as representações de crianças e adolescentes em relação a diferentes elementos da Floresta Atlântica na comunidade de Três Ladeiras, Pernambuco. Para isso, participaram 44 alunos com idades entre 11 e 16 anos da 5ª a 8ª séries da escola local, sendo 26 meninas e 18 meninos. A primeira etapa do estudo consistiu na escrita de redações sobre a mata atlântica. Em seguida, as palavras comuns às quatro turmas foram separadas e apresentadas aos alunos, para que agrupassem de acordo com seus critérios e respectivas justificativas. Para as análises, as palavras foram organizadas em oito categorias distintas. O teste G foi utilizado para comparar diferenças entre as séries no número de vezes em que as diferentes justificativas apareceram nos agrupamentos. Além disso, foi feita uma análise de componentes principais (PCA) a fim de encontrar as principais classes de palavras agrupadas e categorias de justificativas para cada série. A PCA demonstrou que as palavras foram mais associadas com elementos da “fauna” e “flora” para todas as séries. O teste G mostrou a importância das justificativas referentes à “utilidade”, “conservação”, “sentimento” e “adjetivo” para a quinta série quando comparadas com todas as outras séries. Por exemplo, na sexta série (G = 39,61; p < 0,0001, G = 12,72, p = 0,0004, G = 12,68; p = 0,0004 e G = 18,02; p < 0,0001, respectivamente) as diferenças foram acentuadas. Ao analisar os agrupamentos dentro de cada turma, a PCA indicou a importância da justificativa “conservacionista”. Isto aponta que os estudantes têm uma predisposição a atitudes conservacionistas, principalmente relacionadas a elementos da flora e fauna, sendo um importante passo para futuras estratégias de conservação na região.

Palavras-chaves: etnobiologia, percepção ambiental, estudantes

Área temática: Etnoecologia

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METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS EM AÇÕES DE CONSERVAÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE.

Eliane Dalmora¹, Clélio Vilanova², Jailton Bispo da Silva³

¹Instituto Federal de Sergipe – IFS

²Engenheiro Agrônomo, PROAGI

³Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia, Instituto Federal de Sergipe – IFS

A proposta de pesquisa e extensão participativa, precisa ter uma adaptação das metodologias para cada situação dos grupos coletivos em que se propõem ações. Este trabalho consiste numa reflexão dos avanços e entraves do processo participativo no projeto Sementes da Terra, implementado entre 2011 e 2012 em 11 assentamentos rurais do Território Sul Sergipano. Foram realizadas, em cada assentamento, quatro reuniões gerais, visitas às famílias, criação de três roçados demonstrativos de produção de sementes crioulas, avaliação participativa das etnovariedades, formação de grupo de comercialização, oficinas de práticas agroecológicas, feira de troca de sementes, cartilhas de conservação de sementes e alimentos regionais. Apesar dos assentados terem uma trajetória de participação nos movimentos sociais, que implicou no processo de acampamento até a conquista da terra, nem todos os assentados foram propensos a se engajar coletivamente nestas atividades. Avalia-se que houve certo desgaste nas relações das entidades com os sujeitos sociais pela atuação “problemática” de agentes sociais (ONGs, instituições governamentais e movimentos sociais) ao utilizar metodologias participativas do tipo passiva, informativa, por consulta ou movida por incentivos funcionais. Estas formas geram os seguintes problemas: dependência da comunidade a agentes externos e/ou a lideranças centralizadoras; perspectiva materialista/assistencialista; projetos sem resultados efetivos aquém das necessidades do coletivo; reuniões excessivas sem objetividade; desconfiança em relação aos programas institucionais e seus agentes. Estes desgastes se somam a experiências negativas internas do grupo (na formação de associações e na execução de projetos coletivos). Frente a estes descaminhos da participação, as ações não são de todo exitosas no efetivo envolvimento dos coletivos e no engajamento para realizar roçados demonstrativos de etnovariedades, denotando que muitos assentados optaram pela gestão individual de seus lotes. A participação interativa depende de relações contínuas de confiança, estabelecidas entre os sujeitos do processo (extensionistas e agricultores).

Palavras-chave: metodologias participativas , etnovariedades, assentados rurais

Área temática: Etnoecologia

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INTERAÇÕES ENTRE Acacia Mangium E COMUNIDADE INDÍGENA NO LAVRADO DE RORAIMA.

Arlene Oliveira Souza¹, Carmen Lúcia Silva Lima², Taiguara dos Santos Pereira³, Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues Chaves¹, Charles Roland Clement¹

¹Rede BIONORTE, Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia

²Coordenadora do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, Núcleo Roraima

³Universidade Federal de Roraima – UFRR

O plantio comercial de Acacia mangium Willd., Fabaceae, ocupa aproximadamente 30.000 ha no Lavrado (as savanas ou cerrados) de Roraima e teve início na década de 90, com a finalidade de suprir a demanda de madeira serrada e fibra de celulose. Atualmente, o território influenciado direta e indiretamente pelo empreendimento compreende os municípios de Alto Alegre, Boa Vista, Cantá e Bonfim, onde vivem diversas comunidades indígenas locais. O objetivo desse estudo foi identificar a ocorrência e a distribuição de A. mangium na aldeia Malacacheta, onde habitam indígenas da etnia Wapixana. A área de estudo localiza-se na zona rural do município do Cantá, Região da Serra da Lua, sudeste do estado de Roraima, aproximadamente 35 km de Boa Vista. O registro das ocorrências de acácias fora dos plantios (invasores) foi feita com GPS, para determinar distribuição espacial na comunidade. A presença de acácias em diferentes fases de desenvolvimento - plântulas, jovens e adultas - dentro e ao redor das roças novas e antigas foi constatada, bem como nas proximidades de diversas casas da comunidade, na maioria das vezes plantadas pelos próprios indígenas. Das 11 roças avaliadas até agora, 100% tiveram a presença de acácias; entre elas, 5,3% correspondem a plântulas, 57,9% a juvenis e 36,8% a adultas (com floração). A partir da realização de oficina e da participação nas assembléias pôde-se constatar as mudanças observadas no Lavrado pelos indígenas: abelhas africanizadas, água, aumento do esforço de trabalho na limpeza de roças. O número de abelhas africanizadas aumentou e os enxames se espalham nos buritizais, dificultando a coleta da palha para construção das habitações. Os enxames também limitam o deslocamento dentro da terra indígena. O mel de acácia, de tonalidade escura, é considerado desagradável ao paladar dos indígenas. Outra alteração percebida é na cor (avermelhamento) e no gosto (de ferrugem) da água de alguns igarapés próximos aos plantios. O aumento da ocorrência de acácia nas roças exige mais esforço e tempo na limpeza e manutenção dos roçados.

Palavras-chave: impactos ambientais, subsistência indígena, abelhas africanizadas

Área temática: Etnoecologia

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ORGANIZAÇÃO SOCIAL E RELAÇÕES DE TRABALHO: ETNOCONSERVAÇÃO DO AMBIENTE NA LOCALIDADE DOS LAGOS DO PARU E CALADO, MANACAPURU-AM.

Dirceu Silva Dácio¹, Sandra Nascimento Noda¹, Antonia Ivanilce Castro da Silva¹, Hiroshi Noda², Ayrton Luiz Urizzi Martins³.

¹Instituto Federal do Amazonas – IFAM

²Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA

³Universidade Federal do Amazonas – UFMA

A pesquisa teve como objetivo identificar a organização social e as relações de trabalho de agricultores familiares para o processo de etnoconservação ambiental na localidade dos Lagos do Paru e Calado, Manacapuru-AM. Foram utilizadas a abordagem sistêmica, método o estudo de caso e as técnicas de observação direta, 12 entrevistas e 2 grupos focais com unidades familiares, para identificação dos componentes do sistema de produção, os recursos ambientais acessados, as espécies cultivadas e as experiências vivenciadas pelos agricultores familiares da região dos lagos do Paru e do Calado, Manacapuru, Amazonas. Foram identificadas duas modalidades de organização social, a religiosa e associação de agricultores. A sede da associação é utilizada para reuniões para discussão dos problemas da localidade e organização dos trabalhos coletivos, evidenciando uma relação de coletividade que difere das sociedades capitalistas onde as ações e relações são individuais. Foram identificadas seis modalidades de relações de trabalho: multirão/ajuri (40%), troca de dia (28%), parceria (20%), empleita (8%), de metade (4%). As relações solidárias de trabalho são destinadas às atividades agrícolas (36%), aos serviços comunitários (28%) e para o extrativismo animal (20%). As relações de compra e venda de trabalho ocorreu na frequência de 16%. Este trabalho sustenta-se numa ética de solidariedade e relações com a natureza que prescinde das determinações derivadas das grandezas socialmente estabelecidas, quer seja no âmbito do lucro e da renda da terra, quer seja no aspecto do salário ou de outros tipos de troca econômica. As formas tradicionais de organização social e relações de trabalho adotadas na localidade dos Lagos do Paru e Calado, a partir da apropriação coletiva dos recursos, é uma estratégia adotada pelos agricultores familiares que contribui para a conservação dos recursos ambientais.

Palavras-chave: recursos ambientais, atividades agrícolas, estratégia de conservação

Área temática: Etnoecologia

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ANALISE DE SUSTENTABILIDADE DA COMUNIDADE DOS REMANESCENTES DO QUILOMBO DE BOMBAS.

Barbara Andrade¹, Lucas Vinícius Domingues¹, Carmen Montebelli¹, Andressa Neves¹, Felipe Oliveira¹.

¹Grupo PET Ecologia, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo – USP

O quilombo de Bombas está localizado no Vale do Ribeira paulista, município de Iporanga, e tem seu território sobreposto aos limites do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira – PETAR, uma unidade de conservação (UC) de proteção integral. Tal categoria não permite a presença de moradores, dificultando a titulação das terras reivindicadas pelos quilombolas. Frente a isso, foi requerido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente um “relatório de sustentabilidade” que aportasse informações às discussões sobre uso e ocupação do solo. Para isso, analisou-se a relação entre justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e necessidade de desenvolvimento com a capacidade de manter-se, a fim de identificar entraves à autodeterminação da comunidade e possíveis formas de solução. O diagnóstico partiu do princípio da transparência no uso e destino das informações, da não intervenção no modo de vida local e do consenso prévio entre comunidade e os pesquisadores sobre os objetivos e metodologias de cada visita dos pesquisadores ao quilombo. Os dados foram construídos a partir do método de DRP – Diagnóstico Rural Participativo, além de entrevistas semi-estruturadas abertas, representações da paisagem e observação participante dos pesquisadores em tarefas e cerimônias da comunidade. O trabalho foi dividido de modo a permitir que cada pesquisador e morador trabalhassem juntos ao menos uma vez em alguma fase do projeto. Concluídas as entrevistas procurou-se agrupar as respostas por eixos de problemas-soluções. Os resultados mostraram que as práticas agroextrativistas não é fator que inviabiliza a dinâmica de recomposição do ambiente; o DRP identificou a UC como fator importante para auxiliar no combate a madeireiros, extrativistas de palmito Juçara (Euterpe edulis) e caçadores, mas prejudicial aos usos e costumes que davam continuidade à reprodução sociocultural. Por fim, observou-se que direitos básicos, como educação e saúde, além da própria garantia do território também não recebem a devida atenção, expondo a comunidade a uma situação de injustiça social, o que, segundo os critérios adotados, não permite sua auto-sustentação e seu direito à autodeterminação.

Palavras-chave: comunidades tradicionais, sustentabilidade, unidades de conservação

Área temática: Etnoecologia

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CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL NO ENTORNO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE CARIJÓS, FLORIANÓPOLIS – SC.

Juliana Saldanha¹, Nivaldo Peroni¹

¹Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

A etnoecologia é uma importante ferramenta para estudos conservacionistas, pois contribui para o conhecimento da biodiversidade dos ecossistemas e indica elementos úteis para estratégias de conservação integradas. Com ênfase nesta abordagem, o presente trabalho tem como objetivo identificar o conhecimento ecológico local referente aos recursos vegetais e aspectos da percepção da paisagem em duas comunidades humanas do entorno da Estação Ecológica (ESEC) Carijós, situadas no distrito de Ratones, Florianópolis. Foram realizadas 52 entrevistas semi-estruturadas e turnês-guiadas nas comunidades Canto do Moreira (N= 21) e Cachoeira (N=22). Foram registradas 245 etnoespécies conhecidas e utilizadas pelas comunidades locais, das quais foram identificadas taxonomicamente 185 espécies pertencentes a 84 famílias botânicas. As familias Myrtaceae (21%) e Fabaceae (18%) somaram o maior número de espécies por plantas citadas. Com relação ao uso de plantas, 51% são para fins alimentícios, seguido de 22% para uso madeireiro, 20% para uso medicinal, 3% como uso ornamental e 2% como manufatura. Nas duas comunidades, são feitos poucos usos dos recursos florestais nativos no entorno da ESEC Carijós, dando-se preferência ao cultivo de espécies nos quintas ou roças particulares. Unidades de paisagem são percebidas por 50% dos entrevistados, sendo estas diferenciadas pelas espécies arbóreas presentes nas unidades (60%), pela vegetação como um todo (24%) e pela madeira potencialmente útil nestes locais (16%). As principais unidades de paisagem citadas foram a mata virgem, pinheiral, capoeira, capoeirão, vassourão, sapé e manguezal. O uso e manejo de unidades de paisagem, como as capoeiras e capoeirão foram abandonados nos últimos 30 anos, em função da fiscalização ambiental e presença da ESEC Carijós, o que ocasionou a regeneração natural destas áreas. Percebe-se entre os informantes um domínio do conhecimento de plantas e a localização destas na paisagem, embora o uso e o manejo de unidades de paisagem, não seja uma prática incorporada nas gerações.

Palavras-chave: conhecimento ecológico local, recursos vegetais, paisagem

Área temática: Etnoecologia

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AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA E DA PERCEPÇÃO DE PRODUTORES RURAIS SOBRE O PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE MATAS CILIARES EM JAÚ E SALTINHO – SP.

Bianca Campedelli Moreira Rocco¹, Flávio Bertin Gandara²

¹Pós-Graduação em Ecologia Aplicada, ESALQ/CENA, Universidade de São Paulo – USP

²Departamento de Ciências Biológicas, ESALQ, Universidade de São Paulo – USP

A necessidade de aumento na cobertura florestal nativa do estado de São Paulo gerou o aprimoramento do conhecimento na área de restauração florestal desde a década de 1980, mas este avanço não foi acompanhado de reflexões sobre questões sociais, econômicas, políticas e culturais relacionadas ao tema. As diversas políticas públicas e instrumentos agrícolas e florestais vigentes não trazem em seu escopo a preocupação com a percepção ambiental do produtor rural e sua realidade socioeconômica. As políticas públicas de restauração de matas ciliares atuais possuem diferentes características, desde comando e controle, como compensações ambientais pontuais, passando pelas de conservação do solo e planejamento rural, até as que incentivam o envolvimento do produtor rural na elaboração e desenvolvimento dos projetos; estas mais participativas.Neste trabalho, buscou-se analisar a percepção sobre a importância das matas ciliares, seus serviços ambientais e se políticas públicas respeitam o conhecimento dos produtores rurais e como estão influenciando-os. Assim, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 20 pequenos e médios produtores rurais nos municípios de Saltinho, Piracicaba e Jaú – SP, abrangidos por diferentes projetos de restauração ciliar em suas propriedades. Os projetos pontuais mostraram-se ineficientes no envolvimento e transformação de valores, sendo encarados como oportunidade de adequar-se à legislação sem grandes custos pela maioria dos produtores, que não deram continuidade aos cuidados com a área ciliar após o encerramento do projeto. Por outro lado, os projetos com ênfase na participação, apresentaram maior capacidade de envolvimento dos produtores, evidenciada pela adoção de novas práticas e a percepção de mudanças ambientais na propriedade pelos mesmos. Porém problemas como prazos de desenvolvimento e implantação curtos, recursos financeiros e técnicos limitados foram apontados nas entrevistas. Pode-se concluir que políticas públicas descontinuadas e projetos de curto prazo não proporcionam o empoderamento de pequenos e médios produtores rurais, necessário para garantir a continuidade dos processos ecológicos.

Palavras-chave: percepção ambiental, políticas públicas , matas ciliares

Área temática: Etnoecologia

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SABERES AMBIENTAIS EM UM POEMA DO SÉCULO XIX: POR UMA ETNOBIOLOGIA HISTÓRICO-LITERÁRIA.

Marco Túlio da Silva Ferreira1

1Núcleo de Pesquisas Transdisciplinares Literaterras, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

Muitos saberes ambientais foram registrados por naturalistas, historiadores e escritores em períodos históricos. Em 1804, o alferes do Regimento Regular de Vila Rica Joaquim José Lisboa publicou o poema/livro “Descrição curiosa das principais produções, rios e animais do Brasil”, principalmente da Capitania de Minas Gerais. Preocupado em trazer um retrato fidedigno de sua terra natal a um público da metrópole europeia, o militar traça uma descrição minuciosa, em 616 versos, das belezas e riquezas naturais brasílicas. Os saberes ambientais que o poema compila não se restringem ao que hoje designamos ‘biodiversidade’, mas também passam pela descrição de rios, minerais, pratos regionais e etnônimos de povos indígenas, estes também sendo tratados como produtos da terra. A análise das categorias e táxons mencionados sugere a riqueza de informações naturais apresentada pelo poema: 37 frutas comestíveis; 41 pratos da culinária brasílica; 39 rios; 18 minerais; 53 aves; 35 mamíferos e lagartos; 4 cobras; 16 peixes; 14 etnônimos; 30 raízes e óleos medicinais. O autor explora a sonoridade curiosa para ouvidos europeus dos vocábulos com etimologia indígena e africana (carurus, jambês, quibebes, quingombôs, etc.). É perceptível no texto um objetivo quase enciclopédico, ao trazer uma listagem da variedade de “produções” do país e, nas palavras do autor, uma “explicação dos termos e vocábulos (...), para poderem melhor entender a linguagem daquele país” ao mesmo tempo em que, paralelamente, traça um claro objetivo lírico-estético, sustentado e realçado pela pitoresca fonética neobrasileira. Pouca atenção tem sido dada a documentos históricos ou literários como fontes para pesquisa por estudiosos da etnobiologia, em parte por não existirem métodos consolidados para a extração de informações de textos escritos ao invés de relatos orais. À medida que metodologias de análise forem se refinando, poderemos, assim, traçar comparações e desenvolver as bases para uma etnobiologia da escrita, não somente da oralidade.

Palavras-chave: etnoecologia histórica, etnobiologia literária, Joaquim José Lisboa.

Área temática: Etnoecologia

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A DESINFORMAÇÃO SOBRE A CONSERVAÇÃO: A RELAÇÃO DE MORADORES DO ENTORNO DA RESERVA EXTRATIVISTA DE PIRAJUBAÉ COM O SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO E GESTÃO.

Rubana Palhares Alves1, Laryssa Vanessa da Liz1, Lucas Caio Siqueira1, Natalia Hanazaki1

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

As Reservas Extrativistas (RESEX) têm como principal objetivo proteger os meios de vida e a cultura das populações tradicionais, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais. Assim, é crucial o envolvimento da população local no seu processo de criação e gestão. Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar se uma amostra da população do entorno da RESEX de Pirajubaé (Florianópolis, SC) está ciente da sua existência, se conhece e participou da sua de criação e atividades de gestão. Para tal, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com moradores de duas comunidades do entorno da RESEX: Carianos e Costeira de Pirajubaé. Foram sorteadas as residências a serem acessadas, sendo que ao todo foram abordadas 118 pessoas, das quais 47% não tinham ciência da existência da RESEX e 53% já haviam ouvido falar da mesma. Dentre estes, 50 pessoas, cientes da existência da RESEX, foram questionadas sobre o processo de criação, das quais apenas 16% afirmaram conhecê-lo, enquanto que 48% desconheciam os responsáveis pela proposta da criação da RESEX. Sobre o objetivo da sua criação, 12% não sabem porque ela foi criada, 58% a atribuem à finalidades conservacionistas e apenas 12% a relacionam à atividade de extração do berbigão. Sobre a participação da comunidade na tomada de decisões, 36% não souberam responder, 26% disseram que não há participação e 38% acreditam que há participação da população local, embora 86% dos entrevistados tenham afirmado que eles próprios não participam das decisões. O desconhecimento de muitos moradores sobre a existência da RESEX, juntamente com o conhecimento superficial do seu processo de criação e objetivos, evidenciam um distanciamento da população local com a própria área, bem como a necessidade de maior divulgação sobre a RESEX pelo órgão gestor.

Palavras-chave: área protegida marinho costeira, governança, população local.

Área temática: Etnoecologia

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ETNOECOLOGIA E USO LOCAL DE MATUPÁS NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AMANÃ, AMAZÔNIA CENTRAL.

Carolina Freitas1, Glenn H. Shepard Jr.2, Maria Teresa Fernadez Piedade1

1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA;

2Museu Parense Emilio Goeldi.

Matupá é um tipo de turfeira presente em lagos de várzea da Amazônia Central. São ilhas flutuantes de material orgânico formadas a partir de um processo de sucessão vegetal, que se inicia com a aglomeração de plantas aquáticas na superfície da água e, após certo tempo, resulta em um substrato consolidado onde podem crescer espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas. Há pouca informação, na literatura científica, acerca da formação e processos ecológicos dessas ilhas, assim como sobre a importância que têm para povos locais. Em viagens exploratórias realizadas na Amazônia, observou-se que os matupás são utilizados por populações locais em atividade de pesca, caça e agricultura. Esse estudo buscou diagnosticar o conhecimento local sobre os matupás e avaliar as potencialidades de uso dessas ilhas. A partir de entrevistas realizadas com 35 ribeirinhos da RDS Amanã (médio Solimões, Amazonas), foram registradas informações detalhadas acerca dos processos de formação e fatores relacionados com o desenvolvimento dos matupás. Buscou-se abarcar o maior número possível de entrevistados dentro do universo de habitantes adultos, incluindo homens e mulheres, de cinco comunidades próximas a matupás. Quanto ao uso, pôde-se perceber que o substrato dessas ilhas é uma importante fonte de adubo para o cultivo agrícola em canteiros, sendo reconhecido como tal pela maioria dos entrevistados. Em 1/5 das entrevistas, houve registro do uso dos matupás como área de cultivo agrícola propriamente dita, uma observação inédita na literatura. Os matupás também são frequentados por pescadores em busca de espécies importantes como Arapaima gigas (pirarucu) e Podocnemis unifilis (tracajá). Os ribeirinhos destacaram, ainda, a importância dos matupás para a manutenção da diversidade e abundância de peixes nos lagos da região, elemento de grande relevância na dieta desses povos. Os matupás representam um fenômeno ecológico pouco explorado na literatura científica, oferecendo, portanto, uma rica oportunidade para pesquisas tanto ecológicas quanto etnoecológicas.

Palavras-chave: conhecimento local, uso agrícola, pesca.

Área temática: Etnoecologia

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CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL SOBRE LUGARES DO PANTANAL E SUA RELAÇÃO COM O BEM-ESTAR HUMANO.

Cristiane Lima Façanha1, Carolina Joana da Silva2

1Rede de Biodiversidade e Biotecnologia, Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT;

2Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT.

Esta pesquisa foi realizada na comunidade pantaneira Barra de São Lourenço, composta por 40 famílias, que residem no entorno do Parque Nacional do Pantanal. O objetivo foi verificar os lugares do Pantanal que a comunidade conhece e a relação desses lugares com o bem-estar humano. Para tanto, foi utilizada a técnica da Lista Livre com 15 pessoas da comunidade, amostradas pelo método Bola de Neve, onde cada informante indicou outros que detêm o conhecimento dos lugares. Os dados obtidos foram analisados com uso do software ANTHROPAC 4.9. A análise da lista livre mostrou que o domínio cultural da comunidade concentra-se em 119 lugares. Nesta pesquisa, o valor de concordância entre os informantes foi de 0.946, o que caracteriza a existência de uma uniformidade entre as respostas. Observou-se que o domínio cultural sobre lugares conhecidos pela comunidade é organizado entre os elementos água e terra, sendo mais indicados os lugares representados pelo elemento água, o que pode estar relacionado ao fato da maioria dos entrevistados terem suas atividades profissionais diretamente relacionadas à pesca. Com a análise das entrevistas verificou-se que cada lugar citado possui pelo menos um serviço ecossistêmico, segundo os entrevistados, e que esses serviços estão intimamente ligados ao bem-estar humano. Ainda segundo os entrevistados, os lugares citados estão sob pressão de fatores antrópicos, indiretos e diretos, os quais agem nos serviços ecossistêmicos, afetando o bem-estar humano.

Palavras-chave: conhecimento ecológico tradicional, serviços ecossistêmicos, bem-estar humano.

Área temática: Etnoecologia

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IDENTIDADE SOCIAL E A RELAÇAO HOMEM-FLORESTA ENTRE OS COLETORES DE PINHÃO NA SERRA CATARINENSE.

João Fert Neto1, Suyane Lamari Cabral1, Carolina de Oliveira1, Paulo Victor Berri1, Gabriel Goedert Pauli1

1Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.

O objetivo do trabalho foi caracterizar a relação homem-floresta entre os coletores de pinhão, semente da Araucária angustifolia, na Serra Catarinense, e procurar saber como eles se relacionam com a floresta: qual a importância desta para as suas práticas culturais, quais seus conhecimentos sobre a floresta e como estas relações influenciam na conservação da biodiversidade. Adotou-se a abordagem teórico-metodológica da Teoria do Ator-rede de Bruno Latour, com ênfase na ideia de rede socioambiental, adaptada da ideia de rede sociotécnica. Trabalhou-se com a hipótese de que, dada a importância econômica do pinhão, haveria uma forte identidade como “coletor de pinhão” que propiciaria uma forte relação de conhecimento e conservação da floresta. O estudo foi realizado no município de Painel, maior produtor de pinhão do estado, localizado na região serrana de Santa Catarina. Os atores pesquisados foram os proprietários rurais que têm como uma das suas principais atividades a coleta e comercialização de pinhões. De um total de cinquenta e sete produtores identificados como típicos produtores de pinhão, seguindo determinados critérios, foram sorteados e entrevistados vinte e sete. Para a coleta de dados, utilizou-se entrevistas estruturadas e observação participante, através do acompanhamento das atividades de colheita do pinhão e de oficinas com participantes de um projeto de extensão florestal. Os resultados indicaram que os produtores de pinhão se identificavam mais como “pecuaristas” do que “coletores de pinhão”, sendo as atividades florestais pouco valorizadas socialmente. Concluiu-se que a pouca valorização da atividade florestal e a identidade como pecuarista obstaculizaram uma relação mais íntima de conhecimento e de uso sustentável das florestas na região. Isto pode ser corroborado pela própria história florestal da região, marcada esta pela expansão da pecuária extensiva sobre as florestas, bem como a ocupação recente através de reflorestamentos com pinus. Reforçado pelo status que o pecuarista desfruta nesse contexto.

Palavras-chave: Araucária angustifolia, coletores de pinhão, identidade social.

Área temática: Etnoecologia

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CARIJOS E BARBAQUÁS NO RIO GRANDE DO SUL: A CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E A CONTINUIDADE DA AGRICULTURA CAMPONESA, NO ÂMBITO DA FABRICAÇÃO ARTESANAL DE ERVA-MATE.

Moisés da Luz1, João Valentim Cavalheiro da Luz2, Delci da Luz2; Fábio Kessler dal Soglio1, Rumi Regina Kubo1

1PG em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

O processo de fabricação artesanal de erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.) é uma prática antiga, provinda dos povos indígenas das bacias dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, entre os quais, os Guaranis e Kaingangs. Ao longo do tempo verifica-se um processo transformação tecnológica, em vista da modernização na agricultura e da industrialização do processamento da erva-mate. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância do conhecimento etnoecológico para a manutenção e conservação dos recursos naturais, assim como para a prosperidade de agricultores familiares, dentro de uma perspectiva de integração entre humano e natureza. O levantamento de dados foi feito através de entrevistas e observação participante, com sete famílias de agricultores familiares, os quais foram selecionados por manterem esta prática tradicional. Na abordagem etnoecológica, descreveu-se a fabricação artesanal da erva-mate, desde o corte do vegetal, até o soque da erva, resultando no produto do chimarrão. Também foram abordados diferentes parâmetros relacionadas à conservação ambiental, tais como o conhecimento sobre espécies nativas, a utilização de lenha para a secagem, o plantio de mudas de espécies nativas, e o manejo de sistemas agroflorestais. Na perspectiva da resistência camponesa, identificou-se, como um dos elementos fundamentais para a continuidade da fabricação artesanal de erva-mate e do modo de vida camponês, a coprodução, manutenção e incremento da base de recursos. Portanto, descobriu-se, que entre esses agricultores, a prosperidade está intimamente ligada à conservação ambiental. Portanto, conclui-se que a degradação e supressão das matas e a perda de diversidade e qualidade na base de recursos, são incoerentes com a perspectiva de continuidade da agricultura camponesa. Por outro lado, de acordo com a análise da sucessão familiar na agricultura camponesa, inferiu-se que a conservação ambiental será próspera, apenas se houverem sucessores, que continuem a gestão da unidade agrícola, com base no modelo de agricultura camponesa.

Apoio: CAPES

Palavras-chave: agricultura familiar, etnoecologia, desenvolvimento rural.

Área temática: Etnoecologia

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INTERFACE DO CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL COM A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA.

Takumã Scarponi1, Aline Gonçalves2, Nivaldo Peroni3, Natalia Hanazaki3

1PPG em Ecologia, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC;

2PPG em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC;

3Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

Muito se têm discutido sobre o papel do conhecimento ecológico de populações tradicionais e estratégias de conservação e manejo de recursos naturais, assim como a necessidade de restauração de ambientes degradados. Contudo, a relação entre essas duas questões ainda precisa ser melhor esclarecida. Os objetivos desse trabalho foram analisar a interface entre conhecimento local e restauração florestal através da revisão de literatura, investigando as formas de manejo utilizadas por grupos humanos e seus modos de vida. Foram realizadas análises de artigos obtidos nos indexadores Scopus e ISI Web of Science, com uso de palavras-chave. Assim, foram encontrados para a combinação de traditional community e restoration, 273 artigos; para indigenous knowledge e restoration, 63 artigos; para ethnobotany e restoration, nove artigos e ethnoecology e restoration, apenas um artigo. A análise das publicações revelou enfoques desde o conhecimento sobre sucessão ecológica para controle de espécies invasoras até os que avaliaram diversas formas de manejo de agroflorestas nos trópicos. Práticas como plantio direto de sementes, desbaste, facilitação e condução da regeneração natural foram as principais formas de manejo observadas. Igualmente, observou-se que o conhecimento local sobre processos e estágios sucessionais é alto e recorrente nos artigos analisados. A estreita relação entre populações e os ambientes ao longo do tempo sustenta a hipótese de que muitos grupos humanos podem ter criado ambientes através de práticas agrícolas e florestais, relacionados à fatores econômicos e culturais. Assim, como a restauração ecológica visa ao retorno de um ecossistema, perturbado ou degradado, por meio de atividades intencionais, torna-se essencial a integração de saberes nas estratégias de manejo em longo prazo e em grandes áreas. A restauração, vista de forma integrada, deve envolver pessoas e suas demandas, com compatibilidade entre conservação e desenvolvimento de agroflorestas, em ações que visem manejar ambientes degradados, o que resultaria no conceito de etnorestauração.

Palavras-chave: agroflorestas, modos de vida, populações tradicionais.

Área temática: Etnoecologia

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DINÂMICA POPULACIONAL DE Butia catarinensis Noblick & Lorenzi E A INFLUÊNCIA DO MANEJO NA ESTRUTURA POPULACIONAL NO LITORAL CENTRO-SUL DE SANTA CATARINA.

Ricardo Filipe Riffel1, Bianca Lindner1, Ricardo Teles Baldino1, Mário Tagliari1, Nivaldo Peroni1

1Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

Neste estudo avaliamos a estrutura populacional de Butia catarinensis, uma Arecaceae endêmica da região Sul do Brasil. Esta possui grande importância socioeconômica para coletores locais que utilizam seus frutos na fabricação de alimentos para posterior comercialização, sendo um importante complemento de renda. Este manejo é enfatizado por diversos autores como sendo de suma importância na conservação da biodiversidade. Avaliamos a influência que o extrativismo pode ter em uma população para quatro pontos de coleta: Imbituba, Laguna, Florianópolis e Palhoça, todos em Santa Catarina. As amostragens populacionais foram feitas por meio de parcelas com 10m x 20m, sendo que o número de parcelas utilizadas em cada população era significativo para representar a mesma. Em cada parcela foram localizados e numerados todos os indivíduos de Butia catarinensis e caracterizados os seus respectivos estágios ontogenéticos, a altura e a presença de evidências reprodutivas, como cachos com frutos, inflorescências e espádice. Os municípios de Laguna e Imbituba apresentaram a maior proporção adulto por plântula amostrados, evidenciando serem populações antigas e bem estruturadas. O manejo é bastante intenso nestas populações, evidenciando seu caráter preservativo ao passo que não está diminuindo o recrutamento de novos indivíduos, e auxilia na conservação dos adultos já existentes. As populações de Florianópolis e Palhoça apresentaram poucos indivíduos adultos e bastante plântulas. A população de Palhoça sofreu recentemente uma queimada e apresentou apenas um indivíduo adulto enquanto a quantidade de plântulas presente nesta área foi consistentemente maior que nas outras, mostrando uma possível estratégia reprodutiva adotada por Butia catarinensis, após uma situação de estresse. A população de Florianópolis se encontra em uma praia bastante movimentada, sofrendo intensamente a influência de transeuntes, porém esta área, apesar de muito pequena e com pouco espaço para crescer, apresenta muitas plântulas e está se sustentando apesar das adversidades.

Palavras-chave: Butia catarinensis, conservação, estrutura populacional.

Área temática: Etnoecologia

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EM BUSCA DA TERRA SEM MALES: AS ROMARIAS DAS ÁGUAS E DA TERRA E A ECOLOGIA DO CATOLICISMO POPULAR.

Emmanuel Duarte Almada1, Leon Afonso de Souza2

1Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais - NEPAM, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP; Núcleo de Pesquisa e Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras - NUPAUB, Universidade de São Paulo - USP;

2Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

A importância das experiências religiosas como mediadoras das relações entre seres humanos e ambiente é um tema crucial para as pesquisas etnoecológicas. Além de entender como os elementos dos ecossistemas se inserem nos rituais e celebrações religiosas, há o desafio de se compreender as implicações das cosmologias de cada sistema religioso na forma de estar no mundo de seus praticantes. Neste trabalho, buscamos refletir sobre as implicações da articulação entre o discurso ecológico e o catolicismo popular no Brasil, a partir da experiência das Romarias das Águas e da Terra em Minas Gerais. Com a emergência de um catolicismo de base popular na América Latina, que resultou na Teologia da Libertação, a dimensão ecológica foi sendo cada vez mais incorporada na prática e no discurso de parte considerável dos movimentos religiosos. Desde a década de 80 realizam-se anualmente no Brasil as Romarias das Águas e da Terra, organizadas por movimentos e pastorais sociais. Após uma semana de missões na cidade sede refletindo a temática escolhida, a chegada de centenas de romeiros e romeiras de todas as regiões do estado culmina numa grande celebração, de caráter sincrético e inter-religioso. A partir da observação participante em Romarias realizadas em Minas Gerais, entre 2004 e 2010, é possível indicar algumas características do ecologismo popular por elas fomentado: a) dimensão política das questões ambientais, evidenciando a luta por territórios e direitos de comunidades rurais e tradicionais; b) valorização da dimensão sagrada das águas e da terra em contraponto ao processo de mercantilização destes elementos e c) indissociabilidade entre ecologia, religião e ação política. As Romarias, além de espaços celebrativos, representam o desejo e as lutas das comunidades espalhadas pelo país, em busca da Terra Sem Males da Mitologia Guarani, do Reino de Deus que começa agora e da Justiça Socioambiental.

Palavras-chave: teologia da libertação, religiosidade popular, socioambientalismo.

Área temática: Etnoecologia

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ESTUDOS ETNOICTIOLÓGICOS DE PEIXES AMAZÔNICOS NA AMAZÔNIA CENTRAL.

Liane Galvão de Lima1, Gisele Batista Correia1

1Estudante de PPG CIPET/UFAM

Na Amazônia a pesca é uma das atividades mais tradicionais e de grande importância na economia e na cultura da região. O objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo etnoictiológico com os pescadores da Comunidade Nossa Senhora de Aparecida, no lago Catalão – AM sobre a diversidade de peixes, a fim de subsidiar futuros projetos de manejo participativo de recursos pesqueiros. Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas com os pescadores mais experientes, abordando aspectos pessoais (experiências, relações sociais na pesca) e biológicos (reprodução, alimentação, predação, migração, mortalidade e recrutamento) das espécies mais consumidas pela população local, no período de abril a agosto de 2011. Foram registradas (por escrito) sete (07) entrevistas, com duração de 40 minutos a cerca de 1 hora 30 minutos. A análise comparativa dos dados científicos com o conhecimento local foi realizada através de tabelas dinâmicas, gráficos, histogramas, médias e intervalos de confiança. Foram descritas a ecologia e a biologia de oito (08) etnoespécies, a saber: pacu (Mylossoma sp. e Myleus sp.), acará (Astronotus sp.), piranha (Serrasalmus sp. e Pygocentrus sp.), sardinha (Triportheus sp), curimatã (Prochilodus nigricans), matrinxã (Brycon amazonicus) e tucunaré (Cichla sp.). Concluímos que o conhecimento etnoictiológico sobre os peixes consumidos na área de estudo é extenso, e apresenta uma elevada concordância com o conhecimento científico existente na região, principalmente nos aspectos de tamanho de maturação sexual, período e local de desova, cuidados com a prole, alimentação, predação e comportamento migratório. Esse conhecimento na gestão participativa pode favorecer a conservação dos recursos pesqueiros, uma vez que ajuda a: compreender melhor as estratégias de utilização dos recursos, melhorar o monitoramento da abundância dos mesmos, auxiliar na denominação de áreas mais relevantes para crescimento e reprodução de peixes mais explorados, além de aprimorar o diálogo entre comunidades locais e os responsáveis pelas iniciativas de conservação.

Palavras-chave: etnoictiologia, gestão participativa, recursos pesqueiros

Área temática: Etnoecologia

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USO DE APETRECHOS DE PESCA A PARTIR DO CALENDÁRIO ASTRONÔMICO-ECOLÓGICO INDÍGENA NO MÉDIO RIO TIQUIÉ, TI, ALTO RIO NEGRO.

Renata Eiko Minematsu1, Fabiana Calacina da Cunha2, Maria Gercilia Mota Soares3

1PPG em Ciências Pesqueiras dos Trópicos, Universidade Federal do Amazonas – UFAM;

2Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Universidade Federal do Amazonas - UFAM;

3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.

Os índios Tukano do Alto rio Negro possuem um calendário astronômico-ecológico no qual são baseadas suas atividades sócio-econômicas, inclusive a pesca de subsistência. Nesse contexto, investiga-se o uso de apetrechos de pesca associado ao calendário astronômico-ecológico nas comunidades indígenas Pirarara Poço e Acará Poço, médio rio Tiquié, AM. Calculou-se as frequências de uso dos apetrechos nas pescarias registradas no banco de dados da pesquisa “Acompanhamento da pesca no Tiquié”, parceria entre Instituto Socioambiental e associações locais e, analisou-se com base no calendário. Segundo o calendário astronômico, quando as constelações jararaca (escorpião), tatu (águia), jacundá (estrelas de aquário), camarão (estrelas de aquário), onça (cassiopéia), conjunto de estrelas (plêiades), jirau de peixe (Hyades) estão visíveis no poente (novembro-maio), acontece a reprodução de piaba, aracu, surubim, jandiá, araripirá, pacu, pirandira, piranha. Neste período os apetrechos de pesca mais utilizados pelos pescadores foram malhadeira, 84%, anzol-linha, 12%, caniço, 11% e zagaia, 3%. Com o aumento do nível da água do rio (enchente), há a ampliação e disponibilização dos ambientes onde os peixes buscam alimento e locais para desovar, como igapó e margens de rio. Assim, os pescadores aproveitam as boas condições e pescam, especialmente, com malhadeiras, tanto no rio como nos igarapés, igapós e lagos. Os anzóis também são utilizados nestes ambientes, o que varia nesta época é a oferta de iscas como flores, frutos e minhocas do igapó, que são combinados com o tamanho do anzol e o peixe a ser capturado. Já a zagaia é menos utilizada devido à baixa visibilidade e elevada diversidade de ambientes onde os peixes se refugiam. O calendário associado ao profundo conhecimento sobre o ambiente é amplamente utilizado na escolha dos pesqueiros e apetrechos. Portanto, o entendimento de como se dá esta prática é imprescindível para o manejo e conservação do recurso pesqueiro.

Palavras-chave: tukano, comunidades indígenas, período hidrológico.

Área temática: Etnoecologia

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A CRIAÇÃO DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS AREAIS DA RIBANCEIRA COMO ESTRATÉGIA PARA CONSERVAÇÃO IN SITU DE ETNOVARIEDADES DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz.).

Marina Ferreira Campos Pinto1, Nivaldo Peroni1.

1Universidade Federal de Santa Catarina.

A região conhecida por Areais da Ribanceira, localizada no município de Imbituba (SC), apresenta uma proposta de criação de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável (RDS Areais da Ribanceira) em andamento devido a relevância de suas características sócio-ambientais. O ecossistema local faz parte da formação de restinga, pertencente ao domínio da Mata Atlântica, e é utilizada por agricultores pescadores locais para o desenvolvimento de atividades agrícolas há quatro gerações, senda a mandioca o principal cultivar. De agosto de 2009 a outubro de 2010 foi desenvolvido um estudo que objetivou caracterizar a agricultura local, reconhecendo a diversidade intraespecífica de mandioca e o papel dos agricultores na manutenção desta diversidade. Os métodos de coleta de dados consistiram em entrevistas semi-estruturadas (n=37) com os agricultores que ainda plantavam na área, identificados pelo método bola-de-neve. As etnovariedades e seus locais de origem foram identificados através de listagem livre, turnês guiadas (n=5) e entrevistas abertas (n=10) com informantes-chave, de modo a complementar as informações obtidas. Foram identificadas 45 etnovariedades que são separadas pelos agricultores em dois grupos, das mandiocas (n= 30) e dos aipins (n= 15). Deste total 36 estavam sendo cultivadas in situ, 8 foram consideradas perdidas localmente e uma não há informações suficientes quanto seu status de conservação. Os tempos de chegada das entovariedades na região variaram de seis a 70 anos e seis estão sendo cultivadas a tempo imemorial. A conservação in situ on farm das etnovariedades é a estratégia mais adequada do ponto de vista evolutivo, pois permite que o processo de evolução e adaptação dos recursos fitogenéticos seja continuado, e só é possível através do uso contínuo pelos agricultores. A criação de uma RDS na região concilia a conservação da diversidade dos recursos fitogenéticos e do ecossistema local, apresentando-se como uma alternativa apropriada para realização de uma etnoconservação sustentável.

Palavras-chave: rds, etnovariedades, mandioca

Área temática: Etnoecologia

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ETNOECOLOGIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Araucaria angustifolia (BERTOL.) KUNTZE COMO SUBSÍDIOS PARA PROPOSTAS DE MANEJO SUSTENTÁVEL NA REGIÃO DE URUBICI – SC, BRASIL.

Mário S. M. Tagliari1, Natália Adan1, Ricardo Teles Baldino1, Ricardo Filipe Riffel1, Nivaldo Peroni1.

1Universidade Federal de Santa Catarina.

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, conhecida como Pinheiro do Paraná ou araucária, têm sofrido influência de ações de uso e manejo das paisagens onde está inserida. A intensa exploração da madeira ao longo do século XX foi um dos principais motivos de sua diminuição e hoje, a associação da conservação e uso da espécie enfrenta um novo desafio que é uma intensificação do consumo de suas sementes, o pinhão, e que já tem sido apontado como um motivo de desequilíbrio na reprodução da espécie. Estudos etnoecológicos sobre o reconhecimento e manejo de variedades ou tipos de espécie, podem auxiliar em políticas públicas que visam regulamentar um novo uso e manejo da araucária. O presente trabalho tem como objetivo estudar aspectos etnoecológicos associados à conservação dos tipos de araucárias e a análise da estrutura populacional em áreas onde ocorre manejo da espécie no entorno do Parque Nacional de São Joaquim, SC, Brasil. Para tanto, está sendo executado levantamento do uso e manejo dos tipos através de questionários de entrevistas semi-estruturados e da estrutura populacional dos tipos em áreas manejadas. Estão sendo avaliadas parcelas de 40X40m em três diferentes áreas escolhidas, dentro de pequenas propriedades rurais, no entorno do parque. O estudo etnoecológico visa obter informações sobre uso e manejo dos tipos, assim como o conhecimento sobre a percepção sobre o aumento e declínio das populações da espécie, fornecendo subsídios para o manejo sustentável e o uso de diferentes alternativas para sua conservação. Os agricultores locais identificados possuem renda influenciada pelo comércio do pinhão, mas não exclusiva. Nas áreas amostradas, foram identificados diferentes tipos de araucária, como: pinheiro caiuvá, macaco e do cedo. Foram apontadas razões pelos agricultores para o aumento da população em certas áreas da região, como o aumento da fiscalização pelos órgãos públicos responsáveis, o ônus financeiro em caso de extração ilegal de madeira.

Palavras-chave: etnoecologtia, araucaria angustifolia , manejo ambiental

Área temática: Etnoecologia

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DINÂMICA ESPAÇO-TEMPORAL DAS UNIDADES DE PAISAGEM MANEJADAS PELOS INDÍGENAS DO RIO MAPUERA (ORIXIMINÁ-PA).

Alcieila Farias Figueiredo, Robert S.L. Barboza, Myrian Sá Leitão Barboza, Angélica Leal.

O conhecimento ecológico tradicional sobre as unidades de paisagem das sociedades tradicionais constituem informações inestimáveis a respeito do relacionamento ecossistêmico. Este trabalho tem por objetivo um estudo sobre a dinâmica espaço-temporal das unidades de paisagem manejadas pelos indígenas da aldeia de Kwanamary do rio Mapuera - PA. A pesquisa foi realizada no mês de maio de 2012 num período de 30 dias por meio de expedições. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas com indígenas, mapeamentos e caracterização das paisagens. As unidades de paisagem fortemente manejadas na aldeia de Kwanamary são as roças, capoeiras e quintais, ao longo de vinte anos essas paisagens vem sofrendo algumas modificações. As primeiras roças foram feitas ao redor da aldeia e atualmente são capoeiras que ainda estão sendo usadas para o plantio de roças, por apresentar um solo rico as capoeiras rapidamente se reestabelecem. São feitas novas roças a cada ano, depois são deixadas em pousio, assim as capoeiras crescem e se recuperam para serem utilizadas novamente. Os quintais ao longo do tempo estão sendo enriquecidos com plantas frutíferas como manga, pimenta, banana, e etc.; e plantas para outros fins como: urucum, algodão e cuieiras. Nos roçados também existe uma variedade de plantas considerável, sendo que a maior variedade está entre as bananas com 10 tipos plantados. Além de plantarem nas roças banana e mandioca, os indígenas também separam espaços em seus roçados para outras plantas. Afirmando assim uma alta biodiversidade em seus plantios realizados nas paisagens. Entendeu-se assim que cada espaço de roçado familiar apresenta-se localizado de acordo com a ligação de parentesco dos seus integrantes afirmando que a cultura indígena de Kwanamary apresenta fortes peculiaridades quanto ao manuseio de paisagens o que está sendo passado ao longo das gerações.

Palavras-chave: dinâmica do espaço, manejo indígena, paisagens

Área temática: Etnoecologia

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“A CHUVA CHEGOU!!!”: AVISO METEOROLÓGICO DAS AVES NA PERCEPÇÃO DE POPULAÇOES TRADICIONAIS NO NORDESTE DO BRASIL.

Hyago Keslley de Lucena Soares1, Carlos Antônio Belarmino Alves2, Vanessa Moura dos Santos1, Suellen da Silva Santos1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena1.

1Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

2Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

As populações tradicionais utilizam aspectos ecológicos/morfológicos da biodiversidade para indicar fenômenos naturais, como chuva/seca. O objetivo do presente estudo foi registrar o conhecimento de moradores das comunidades rurais de Pereiro (município de Lagoa), Santa Rita (Congo), Capivara (Solânea), Várzea Alegre e Gatos (São Mamede) sobre fenômenos de previsão de chuva/seca a partir das manifestações avifauníticas. Foram realizadas entrevistas no período de Julho-2011 a Junho-2012, com 14 informantes (3H/11M) em Pereiro, 12(4M/8H) em Santa Rita, 110 (63M/47H) em Capivara, 68 (31M/37H) em Várzea Alegre, e quatro homens em Gatos, totalizando 214 informantes. Foram consideradas informantes as pessoas que detinham um saber sobre as previsões de chuva baseado na observação das aves, os quais assinaram o termo de consentimento livre exigido pelo comitê de ética em pesquisa (CEP/HULW n°297/11). Os dados etnoornitológicos foram coletados por meio de entrevistas, e a identificação por listas de observação direta e turnês guiadas. A relação de conhecimento entre gêneros foi testada pela Correlação de Pearson em cada comunidade, o Teste de Kruskal-Wallis, método de Dunn, entre as comunidades. Foram registradas 63 aves bioindicadoras de chuva. Em Pereiro registraram-se 16 citações, destacando-se Herpethoteres cachinnans e Guira guira (21% das citações). Em Santa Rita registraram-se 12 citações distribuídas em dez espécies, destacando-se H. cachinnans (95%) e Rupornis mgnirotris (60%). Em São Mamede registraram-se 112 citações, 36 espécies, em destaque Cariama cristata (8%) e Columbina picuí(10%). Em Capivara registraram-se 115 citações, 47 espécies, destacando-se H. cachinnans (3%) e Turdus rufuventris (2%). O canto foi o sinal chave mais evidente na percepção dos informantes (91%). Foram ainda registrados outros sinais como forma de vôo, presença, comportamento, nidificação e postura de ovos. Só em Capivara foram encontradas correlações entre os homens/mulheres (p<0,0001,r=0,60). Quando comparadas as comunidades, só houve correlações entre as mulheres do Congo com Lagoa/Solânea/São Mamede (p<0,05). Os dados evidenciam a importância cultural de certas aves para as populações tradicionais do Nordeste.

Palavras-chave: etnoornitologia, biondicadores, caatinga

Área temática: Etnoecologia

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COMUNIDADES DE SERINGUEIROS DAS RESERVAS EXTRATIVISTAS DO RIO CAUTÁRIO, RO: POTENCIAIS CONFLITOS NA INTERAÇÃO COM A FAUNA

Verônica Belchior1, Artur Andriolo2.

1Centro Universitário de Belo Horizonte.

2Universidade Federal de Juiz de Fora.

Conflitos homem-animal podem ser considerados como danos da fauna silvestre às criações domésticas e roças de comunidades tradicionais ou rurais. O conceito é antigo e de considerável importância econômica em muitas partes do mundo. Os conflitos são de interesse particular quando os animais perseguidos em retaliação a estes eventos são espécies ameaçadas de extinção. Nas comunidades em que a economia é de subsistência, mesmo perdas pequenas de animais domésticos e culturas podem ter uma importância econômica significativa e gerar atitudes negativas em direção aos animais silvestres. Esta pesquisa foi desenvolvida nas Reservas Extrativistas Federal e Estadual do Rio Cautário, em Rondônia. O objetivo do estudo foi investigar potenciais conflitos entre as comunidades de seringueiros e a fauna local e abordar suas implicações para a conservação de espécies ameaçadas de extinção. Foram realizadas 26 entrevistas, baseadas em questionários previamente elaborados, entre março e abril de 2010 em quatro comunidades da reserva: Canindé, Laranjal, Triunfo e Cajueiro. Para tanto, utilizou-se a metodologia bola-de-neve. Buscou-se investigar as relações entre os moradores locais com as animais do entorno de suas moradias. Foram utilizadas ainda pranchas ilustrativas contendo fotos de espécies de mamíferos da região. Observou-se que ataques a criações ocorreram em 92% dos casos e às plantações em 84%, gerando uma situação de conflito. Contra tais eventos, matar e espantar representaram as atitudes mais adotadas. Os seringueiros informaram a época de maior incidência dos diferentes ataques e afirmaram considerá-los como prejuízos econômicos. Dentre as espécies citadas, 23,3% se encontram em categorias de ameaça da IUCN. É clara a necessidade de envolvimento dos órgãos gestores das reservas na tomada de medidas de mitigação dos eventos e, para tanto, a participação das comunidades é de suma importância. Trabalhos de educação ambiental, implantação de cercas e manejo das criações são medidas propostas para redução dos ataques.

Palavras-chave: conflito homem-animal, comunidades tradicionais, conservação

Área temática: Etnoecologia

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O CONHECIMENTO LOCAL SOBRE MUDANÇAS NOS ESTOQUES PESQUEIROS NOS LIMITES DA APA DA BALEIA FRANCA, NO LITORAL SUL DE SANTA CATARINA.

Gabriela Gomes1, Natalia Hanazaki1.

1Universidade Federal de Santa Catarina.

Considerando as evidências de queda na produção pesqueira artesanal nos últimos anos, este trabalho teve como objetivo analisar a percepção e o conhecimento local dos pescadores artesanais sobre a efetividade da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, em relação à conservação dos recursos pesqueiros, além de caracterizar a pesca nas áreas do estudo. Foram coletados dados em quatro áreas da APA: 1- Palhoça, 2- Garopaba e Imbituba, 3- Laguna, 4- Rincão, devido às diferenças nas características da pesca nesses locais. Realizou-se em cada área 30 entrevistas semiestruturadas com pescadores artesanais (n=120), por meio do método “bola-de-neve”, cujo critério de inclusão foi possuírem mais de 20 anos de pesca, além de observações diretas e coletas dos peixes mais citados. Os dados foram analisados de forma quali-quantitativa. Do total de entrevistados, 95% eram homens, com média de idade de 53 anos e 60% deles aprenderam a pescar com o pai. Na área 2, 62% dos pescadores relataram possuir a pesca como única fonte de renda, e nas demais áreas em média 50% possui outra renda, com destaque para a aposentadoria (20%). A embarcação e o apetrecho mais utilizado nas comunidades são o bote (28%) e a rede feiticeira (63%), respectivamente. Somente na área 4 a pesca é desenvolvida sem embarcação (58%). Os peixes mais pescados segundo os entrevistados são: anchova (Pomatomus saltatrix), tainha (Mugil sp.) e corvina (Micropogonias furnieri), as mesmas espécies citadas como os peixes que mais diminuíram em quantidade. Miraguaia (Pogonias cromis), pampo (Trachinotus sp.) e garoupa (Epinephelus sp.) estão entre os peixes que, segundo os pescadores, desapareceram. Através de estudos etnobiológicos é possível apresentar resultados que aperfeiçoem a atividade pesqueira e possibilitem a incorporação de critérios de etnomanejo no território marinho.

Palavras-chave: pescadores artesanais, apa da baleia franca, estoques pesqueiros

Área temática: Etnoecologia

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TÉCNICAS E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS DE EXTRAÇÃO DE ANELÍDEOS PARA USO COMO ISCA NA PESCA

Thaís Queiroz Morcatty1, Maria Auxiliadora Drumond1, Hani Rocha El Bizri1, Artur Queiroz Guimarães2, Lívia Castro Giovanetti2.

1Universidade Federal de Minas Gerais.

2Instituto Sustentar.

A utilização de iscas vivas para a pesca amadora ocorre em diversas localidades do mundo e as espécies utilizadas pertencem a diferentes grupos taxonômicos. A renda obtida com o comércio destes animais é responsável pela subsistência das famílias extratoras, que empregam técnicas tradicionais para a captura dos espécimes repassadas por gerações. A demanda por estas iscas cresce, no entanto pouco se tem documentado sobre as técnicas e escassas são as propostas de manejo sustentável e controle da exploração das espécies alvo, normalmente restritas ao pescado. O presente trabalho objetiva compilar as formas tradicionais de extração já documentadas para o filo Anellida. Para tanto foi executada busca na literatura e nos meios informais de divulgação, por informações sobre o conhecimento dos extratores, suas técnicas de extração e as espécies utilizadas. Como resultados parciais temos oito espécies de Anellida utilizadas em todo o mundo. Dentre a publicação científica há sete artigos relatando técnicas de extração e uma tese de doutorado sobre extração e venda, com técnicas de escavação e uso de mostarda. Dentre as mídias informais foram encontrados 20 vídeos amadores sobre a técnica Worm Grunting nos Estados Unidos, 15 sobre a técnica para minhocas da praia na Austrália, um sobre a técnica de escavação e um sobre o uso da espécie vegetal Juglans nigra, ambas nos Estados Unidos. O maior número de publicações sobre o conhecimento e técnicas tradicionais serem provenientes de mídia informal demonstra quão reduzidos são os estudos nessa área. É importante que se tenha documentação científica, pois fornece estímulo ao estudo acerca desse assunto, consiste em um caminho para valorização e preservação do conhecimento tradicional, demonstra a importância comercial destes anelídeos, demonstra a necessidade de manejo das espécies, bem como a análise dos impactos causados pela técnica de extração e, principalmente, fornecer uma nova ferramenta de estudo.

Palavras-chave: extração, isca viva, técnicas

Área temática: Etnoecologia

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AGROFLORESTAS NAS REGIÕES FITOECOLÓGICAS DO RIO GRANDE DO SUL: CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL E PRODUTOS DA SOCIOBIODIVERSIDADE

Luciano Figueirêdo1, Vanessa Modelski2,3, Fábio Dal Soglio3,4, Rumi Kubo3, Gabriela Coelho-de-Souza5,4

1Grupo de Pesquisa Etnoecologia e Segurança Alimentar nos Ecossistemas do Semi-Árido Nordestino, Universidade Estadual do Piauí.

2Rede Orientada ao Desenvolvimento da Agroecologia (RODA).

3Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica.

4Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

5Núcleo de Estudos e Pesquisas em Segurança Alimentar e Nutricional (NESAN)

Apesar do grande número de contestações aos padrões produtivos da agricultura moderna, ainda são incipientes as práticas que busquem uma agricultura mais sustentável, que só poderá ser alcançada através de práticas agrícolas alternativas, orientadas pelo conhecimento profundo dos processos ecológicos que ocorrem nos agroecossistemas. É neste sentido que as práticas tradicionais, presentes no conhecimento empírico do agricultor, podem trazer modelos valiosos para uma agricultura ambientalmente consciente. Assim, somente através da diversidade ecológica e cultural na agricultura, será possível desenvolver agroecossistemas localmente adaptados e mudar o paradigma atual de desenvolvimento ainda tão presente na agricultura mundial. No Estado do Rio Grande do Sul, as práticas agroflorestais tradicionais e a estruturação de novos Sistemas Agroflorestais ocorrem vinculadas, principalmente, às associações e cooperativas de agricultores de base ecológica, comunidades tradicionais, movimentos sociais e ONG’s. O envolvimento de instituições públicas de assistência técnica e de pesquisa em propostas de trabalho com SAFs é inicial, sendo ainda incipiente o conhecimento científico relacionado ao tema. O objetivo geral deste projeto é difundir o conhecimento as sobre as agroflorestas das diferentes regiões fitoecológicas do Rio Grande do Sul implantadas por agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais, bem como identificar os produtos da sociobiodiversidade. Foram identificadas 146 experiências no Rio Grande do Sul e, dessas, 24 estão sendo visitadas nas diferentes regiões fitoecológicas do Estado. Durante as visitas são realizadas trocas de experiências entre os pesquisadores e o agricultor/povos, comunidades tradicionais, buscando levantar aspectos relacionados ao histórico de implantação da experiência em agrofloresta, aspectos do manejo, espécies indicadoras, espécies com maior valor de uso, registro fotográfico e elaboração de perfil da agrofloresta. Além disso, também são feitas a marcações das agroflorestas com o uso de GPS, georreferenciando a imagem de satélite para posterior plotagem em mapa. Em número de espécies, na Floresta Estacional Decidual, foram encontradas 54 espécies, sendo Ilex parguaiensis a mais representativa; na Floresta Ombrófila Densa foram listadas 17 espécies e, Euterpe edulis foi a mais indicada de utilização; nos Campos, houve a presença de 22 espécies e nas Áreas de Formações Pioneiras (Matas de Restinga do Litoral), 4, onde Butia capitata foi a que mais se destacou nas agroflorestas visitadas. Com isso, pretendemos divulgar e dar uma maior visibilidade aos sistemas agroflorestais no RS, mostrando como os atores envolvidos, através destes complexos sistemas de manejo dos agroecossistemas, contribuem para o desenvolvimento rural sustentável.

Palavras-chave: sistemas agroflorestais, populações locais, desenvolvimento sustentável.

Área temática: Etnoecologia

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ETNOCONHECIMENTO DOS PESCADORES ARTESANAIS SOBRE REGIME ALIMENTAR DOS PACU-CURUPETÉ TOMETES TRILOBATUS NO MÉDIO RIO ARAGUARI, AP.

Aldilene Lobato dos Santos1, Fabiana Calacina da Cunha2, Luiza!Prestes1.

1Universidade do Estado do Amapá

2Conservation International

O uso racional dos recursos pesqueiros com vistas à sua conservação depende de um manejo bem estruturado e apoiado em informações sobre a biologia das espécies. Apesar disso, ainda são escassos os estudos sobre a bioecologia dos peixes na região. Estudos a partir do conhecimento local podem revelar uma rica e desconhecida fonte de informações sobre aspectos de alimentação, principalmente, sobre o regime alimentar dos peixes. Diante disso, o estudo propõe descrever o conhecimento dos pescadores artesanais sobre o regime alimentar do pacu-curupeté Tometes trilobatus no médio rio Araguari. Os dados do trabalho foram obtidos através de entrevistas estruturadas aplicando-se formulários (n=20) para cada pescador. Os resultados foram analisados utilizando a estatística descritiva. O pacu-curupeté é um peixe freqüentemente capturado e comercializado na área do estudo e exige dos pescadores um conhecimento detalhado sobre a alimentação dos peixes, pois é com base nesse conhecimento que os pescadores selecionam as iscas utilizadas para capturá-lo. Sobre o regime alimentar, no período de inverno, a maioria dos pescadores citou que o pacu-curupeté se alimenta principalmente de frutos (88%), devido à disponibilidade, pois com a subida do nível da água os peixes tem acesso a áreas alagadas onde encontram esses frutos, sendo seringa (28%), jenipapo (25%), jinja (18%), melão (15%), camuti (6%) os mais citados. E, em menor frequência citam que peixes (11%) também é item de sua alimentação no período de inverno. No período do verão, os mais citados foram gafanhoto (46%), peixes (33%), folhas (13%). Assim, verificou-se que os pescadores possuem o conhecimento sobre a dieta alimentar do pacu-curupeté e esse conhecimento pode contribuir para o entendimento subsidiar políticas de conservação deste recurso no médio rio Araguari.

Palavras-chave: etnoictiologia, amazônia, peixes.

Área temática: Etnoecologia

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ETNOECOLOGIA DA PESCA E USO DOS RECURSOS PESQUEIROS NA PORÇÃO SUDOESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BA

Maria do Socorro Santos dos Reis1, Luciano Raimundo Alardo Souto1, Adalberto Lúcio Portela2, Alexandre Schiavetti3

1Instituto Mamíferos Aquáticos

2Bio.Conserve Consultoria Ambiental

3Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Este estudo foi realizado em quatro comunidades da porção sudoeste da baía de Todos os Santos: Salinas da Margarida, Conceição de Salinas, Cairú de Salinas e Enseada do Paraguaçu tendo como objetivo relatar o conhecimento etnoecológico preliminar dos pescadores, as técnicas de pesca e o uso dos recursos pesqueiros nestas comunidades. Os dados foram coletados em abril/2012, através de entrevistas estruturadas, com pescadores residentes há mais de 10 anos nestas localidades e que possuíam mais de 15 anos de exercício como pescador. As amostragens foram oportunísticas, feitas com os primeiros pescadores encontrados em cada distrito, sendo as mesmas realizadas em praias, colônias, comércios e residências, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados. Foram entrevistados 46 pescadores, com idade superior a 30 anos. A atividade pesqueira artesanal está dividida em duas categorias: pesca embarcada e não embarcada. As embarcações que predominam são as canoas de fibra motorizadas variando entre 7 e 11 m. Os pescadores de cada localidade amostrada, apresentam diferentes áreas de pesca, como também atuam em distintas profundidades. Os pescadores embarcados possuem comportamentos extrativos diferenciados por comunidade, tendo como artes de pesca predominante a groseira, a reça e a rede de espera. Dos pescadores entrevistados, 41,30% (n=19) operam com redes posicionadas no fundo e 21,73% (n=10) operam com as redes posicionadas no fundo, meio ou superfície. O período em que redes e groseira permanecem no mar pode variar de 2 a 12 horas e os horários do dia para a colocação das mesmas também variam podendo ser colocadas durante o dia, à noite ou ambos. Nesta área 67,39% (n=31) dos pescadores utilizam os dois períodos para pescar. As espécies de peixes alvo capturados são: Bagre sp. (bagre), Selene vomer (galo), Selene sp. (garapau), Caranx sp. (xaréu), Trachinotus falcatus (pampo), Centropomus sp. (rubalo), Opisthonema oglinum (massambê), Cetengraulis edentulus (xangó), Chaetodipterus faber (paru), Eucinostomus argenteus (carapicum), Diapterus rhombeus (carapeba), Lutjanus sp. (vermelho), Mugil sp. (tainha), Cynoscion sp. (pescada branca ou amarela), Stellifer rastrifer (cabeçudo), Scomberomorus sp. (cavala), Scomberomorus brasiliensis (sororoca), Archosargus rhomboidalis (sambuio), Sphyraena sp. (bicuda) e os Chondrichthyes: caçonete e arraia. Estes recursos são utilizados para consumo e também para a comercialização. A continuidade deste trabalho irá subsidiar a elaboração de novas estratégias de conservação, manejo ambiental e utilização

Palavras-chave: etnoecologia, pesca, baía de todos os santos.

Área temática: Etnoecologia

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INTERAÇÕES ENTRE BOTOS, Sotalia Guianensis E PESCADORES NA PORÇÃO SUDOESTE DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BAHIA, BRASIL)

Maria do Socorro Santos dos Reis1; Luciano Raimundo Alardo Souto1; Adalberto Lúcio Portela2; Alexandre Schiavetti3

1Instituto Mamíferos Aquáticos

2Bio.Conserve Consultoria Ambiental

3Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Este estudo objetiva relatar o conhecimento etnoecológico sobre os pescadores e suas interações com os botos. Os dados foram coletados em abril/2012 através de entrevistas estruturadas, com pescadores residentes há mais de 10 anos nas localidades de Salinas da Margarida, Conceição de Salinas, Cairú de Salinas e Enseada do Paraguaçu e que possuíam mais de 15 anos de exercício como pescador. As amostragens foram oportunísticas, feitas com os primeiros pescadores encontrados, sendo as mesmas realizadas em praias, colônias, comércios e residências, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados. Foram entrevistados 46 pescadores, com idade superior a 30 anos. Todos os pescadores reconhecem a presença de uma espécie de boto na região, o Sotalia guianensis. Quando abordados sobre os sentimentos que os botos transmitem quando são avistados, os pescadores destacaram: alegria (63,0% n=29), admiração (17,4% n=8), que são animais bonitos (8,6% n=4), satisfação (6,5% n=3) e 4,3% (n=2) não transmitem nenhum sentimento. Verificamos que 45,6% (n=21) dos pescadores acreditam que os botos auxiliam na pesca indicando locais que têm peixe, e 47,8% (n=22) acreditam que eles nem auxiliam e nem atrapalham. 6,5% (n=3) dos pescadores relataram que os botos “espantam os peixes”, mas nem por isso o consideram um animal ruim, pelo contrário, (10,8%) (n=5) acham que ajudam pessoas quando estas caem no mar.. Segundo eles os botos alimentam-se de tainha, xangó, sardinha, pititinga, massambê e pescada amarela. Quando questionados se a pesca prejudicava os botos, 93,5% (n=43) disseram que não e apenas 6,5% (n=3) disseram que sim, alegando que eles podem se enrolar na rede e morrer. 86,9% (n=40) não souberem responder quantos botos caem na rede ao ano e 10,8% (n=5) disseram que ocorre pelo menos um emalhe de rede/ano. No entanto 76,0% (n=35) afirmaram que atualmente os emalhes são maiores que antigamente 23,9% (n=11). Um pescador relatou a morte de um boto em dezembro de 2011 e dois pescadores relataram a morte de mais dois em janeiro desse ano. Os botos da baía de Todos os Santos merecem atenção especial, principalmente em relação ao impacto das atividades pesqueiras sobre a população local, já que é o animal com maior número de encalhes e com interações dessa natureza já registradas. A continuidade deste trabalho irá subsidiar na elaboração de novas estratégias de conservação e manejo ambiental, com o objetivo de regulamentar áreas de pesca, diminuindo conflitos e possibilitando o compartilhamento pacífico entre os botos.

Palavras-chave: etnoecologia, sotalia guianensis, baía de todos os santos

Área temática: Etnoecologia

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O USO DOS PEIXES NA TERRA INDÍGENA TRINCHEIRA BACAJÁ (TITB) – POVO XIKRIN, PARÁ

Jaime Ribeiro Carvalho Júnior1, Jamylle Raphaelle Seabra da Silva Carvalho2, Moisés Mourão Jr.3, Rossineide Martins da Rocha4, Luiza Nakayama1

1Laboratório de Biologia de Organismos Aquáticos, Universidade Federal do Pará - UFPA

2Universidade da Amazônia - UNAMA

3 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMPRAPA

4Laboratório de Ultraestrutura Celular, Universidade Federal do Pará - UFPA

Os modos de uso dos peixes nas diferentes sociedades humanas é um conhecimento abrangente. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi descrever conhecimentos sobre os modos de uso dos peixes dos Xikrin da TITB, um subgrupo Kayapó que se auto denomina como Mebengokré – gente do buraco d’água. Em excursões de campo (períodos de “cheia”- abr/maio de 2011; “vazante”- jul/ago; “seca”- out/nov e “enchente”- jan/fev de 2012), as informações foram obtidas através de entrevistas livres e semiestruturadas, técnica da turnê, fotos de espécies de peixes e a observação participante realizadas com 103 indígenas das aldeias: Mrotidjãm, Bacajá, P takô, Potykrô e P kayakà. Os indígenas entrevistados foram questionados quanto ao uso que fazem de cada uma das espécies reconhecidas nas “pistas etnoictiológicas” para o rio Bacajá e seus afluentes. Entrevistas e observações incluem 138 espécies de peixes que foram agrupadas em seis categorias de acordo com a diversidade de uso na TITB: (i) alimentar (75%); (ii) utilizadas como iscas nas pescarias (34%); (iii) restrições alimentares e regras sociais (19%); (iv) comercializados (9%); (v) usadas para artesanatos e outros fins (6%) e (vi) sem uso declarado (4%); cabe ressaltar que existe sobreposição de usos entre as espécies, ou seja, alguns peixes possuem múltiplas funções, sendo utilizados de diferentes maneiras, no entanto, a função primordial é a fonte protéica, garantindo a subsistência familiar. Além disso, os peixes se inserem como parte importante de alguns rituais, bem como algumas partes do corpo do animal (como dentes e esporão) são utilizados para fortificar o corpo, para produção de peças de flecha e outros artesanato. Estes entendimentos e registros sobre a importância dos peixes constituem um cabedal de saberes essenciais, para planos de gestão territorial e ambiental, principalmente na elaboração de medidas que visa boas práticas, no uso dos recursos naturais existentes na TITB e entorno. Palavras-chave: xikrin do bacajá, conhecimento indígena, etnoictiologia

Área temática: Etnoecologia

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DINÂMICAS AMBIENTAIS E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS INTERGERACIONAIS NAS COMUNIDADES DA LAGOA DO BACUPARI E DE REMANESCENTES DE QUILOMBO DA CASCA NO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

Alana Casagrande1, Rumi Regina Kubo1, Gabriela Coelho-de-Souza1

1Pós-graduação em Desenvolvimento Rural, DESMA, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

No litoral do Rio Grande do Sul vivem comunidades locais como a da Lagoa do Bacupari e dos remanescentes de quilombo de Casca, situadas no município de Mostardas, que estão vivendo intensas dinâmicas ambientais influenciadas por mudanças do tempo da modernidade. A partir de uma experiência etnográfica integrada a uma abordagem etnoecológica, esta dissertação objetivou compreender como as dinâmicas ambientais se articulam à constituição de historicidades locais e à produção do conhecimento intergeracional em famílias extensas representantes das comunidades estudadas. Compreendeu-se o ambiente a partir de uma perspectiva relacional e, portanto, constituído a partir das mútuas interações entre as pessoas e ambientes. Para caracterizar as historicidades ambientais locais identificamos e descrevemos tempos e eventos que expressam relações ecológicas significativas para as famílias extensas. As historicidades apreendidas são singulares e complementares, contribuindo para o entendimento das dinâmicas ambientais regionais. Este entendimento é relativo à histórica desigualdade social legatária da escravidão, expressa nos conflitos em torno das diferentes formas de interação com os ambientes, conduzidas pelas comunidades locais e pelas elites político-econômicas que impõe o projeto modernizador do monocultivo de arroz irrigado nos latifúndios. Os saberes e práticas inovadas pelas famílias em seus ambientes foram identificados, descritos e analisados a partir de processos educativos, históricos e ecológicos, discutidos pelo referencial teórico da “educação da atenção”, que compreende o conhecimento como produzido a partir das experiências compartilhadas entre as gerações nos seus ambientes. Assim, discutimos como os processos de produção de conhecimento intergeracional permitem que estes grupos, cada um ao seu modo, conservem a autonomia sobre o saber-fazer. Para compreender estes processos foi essencial incorporar a esta análise a dimensão cosmológica da vida destas comunidades. Os valores orientam formas singulares de conhecer e transformar o mundo, denotando ecologias e cosmologias próprias de engajamento em uma natureza vivida e próxima.

Apoio: CNPq

Palavras-chave: dinâmicas ambientais, conhecimento intergeracional, etnoecologia.

Área temática: Etnoecologia

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CATEGORIAS DE PAISAGENS MANOKI: DESCRIÇÃO, USOS E CORRELAÇÃO COM A NOMENCLATURA DOS NÃO ÍNDIOS

Artema Santana Almeida Lima1, Tarcísio da Silva Santos Junior2

1Mestre em Educação e indigenista da Operação Amazônia Nativa – OPAN

2Doutor em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais e indigenista

O território tradicional do povo Manoki (Irantxe) esta localizado na macroregião de confluência do rio Cravari com o Sangue (Tributários da margem direita do Juruena) na transição entre Cerrado e Amazônia. Atualmente estão restritos às T.I. Irantxe e Manoki (Bransorte, MT), mas esta última não esta homologada. Este trabalho correlaciona as unidades de paisagem denominadas pelos Manoki com fitofisionomias conforme nomenclatura científica dos não-índios, e também descreve seus usos. Os dados foram coletados por pesquisa participante por meio de entrevistas e expedição no território durante elaboração do Plano de Gestão Territorial Manoki (2011 a 2012). Os Manoki classificam a Floresta Estacional Semidecidual como “mata alta” (Pâiopá), o Cerradão como “mata baixa” (Pâipatá), o Buritizal como “brejo sujo” (Matá’mai), a Mata de galeria inundável como “Barreiro” considerado local de morada de espíritos donos da caça (Mjatakiu`u), o Cerrado típico como “cerrado alto” (Mãiawuli) e “cerrado baixo” (Iná) e Cerrado ralo como “campo limpo” (Iratapá’mai). Estas unidades de paisagem são identificadas em unidades de recursos conforme a disponibilidade de recursos. Assim, nas áreas de ecótono entre “mata alta”, “mata baixa”, “brejo sujo” e “barreiro”, há o “Manãnu'patá” (local que ocorrem espécies vegetais para construção de casas, confecção de artesanato e terra para cultivo de roça), o “Iawa'patá” (local com muita caça) e o “Kake'patá” (local com espécies vegetais para a confecção de instrumentos de caça). O “campo limpo” é identificado como “Pini'patá”, compreendendo a terra das plantas medicinais. As áreas de “cerrado alto” e “cerrado baixo” são mais relevantes como locais de coleta de frutos. Os resultados desta pesquisa demonstram que para permitir a reprodução física e cultural do modo de vida Manoki é imprescindível manter a integridade ambiental das unidades de paisagem, principalmente aquelas presentes na T.I. Manoki, ainda ocupada por não índios.

Palavras-chave: paisagens, território manoki, cerrado e floresta

Área temática: Etnoecologia

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CALENDÁRIO ECOLÓGICO ECONÔMICO DO POVO MANOKI (CEE-MANOKI): UM OLHAR NA PERSPECTIVA SÓCIO-ECONÔMICA

Tarcísio da Silva Santos Junior1, Artema Santana Almeida Lima2, Rinaldo Sérgio Vieira Arruda3, Débora Duran dos Santos4

1Doutor em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais e indigenista

2Mestre em Educação e indigenista da Operação Amazônia Nativa – OPAN

3Doutor em Antropologia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP

4Bióloga e indigenista da Operação Amazônia Nativa – OPAN

Este trabalho aborda o CEE-Manoki no atual contexto de inserção das T.I.s Irantxe e Manoki, localizadas em Brasnorte (MT) e rodeadas por empreendimentos agropecuários, hidrelétricos e de infraestrutura. Nossas informações derivam do diagnóstico socioeconômico que envolveu 83% da população Manoki (2008 a 2010; n = 284 indivíduos) e de registros obtidos durante reuniões de construção do Plano de Gestão Territorial (PGT-Manoki; 2011 a 2012). Os resultados mostram que o CEE-Manoki compõem-se e é mantido por atividades tradicionais (roça, coleta, caça e pesca) majoritariamente modificadas pela fricção interétnica com não-índios. A principal consequência deste processo foi a diminuição do tempo dedicado às atividades tradicionais devido a baixa qualidade dos recursos naturais na T.I. Irantxe, e aos recursos financeiros provenientes de 20 empregos fixos, de 10-15 empregos sazonais, aposentadorias (n = 21 pessoas) e benefícios (bolsa família e auxílio maternidade). Atualmente os roçados podem ser “de toco” ou preparados com auxílio de trator; neles planta-se amendoim, milho-fofo, milho-duro, feijão-fava, feijão-costela, abobora, algodão, mandioca-brava e mansa, cara, batata-doce, araruta e cabaça. Ainda utilizam plantas silvestres para alimentação (35 espécies), fins medicinais (45 espécies), confecção de utensílios (10 espécies), construção de casas (18 espécies), pesca (13 espécies) e caça (26 espécies). O mel silvestre, caça e a pesca tornaram-se pouco expressivos pela degradação do entorno. Os projetos de piscicultura, avicultura, suinocultura e bovinocultura implantados não alcançaram sucesso no suprimento das demandas proteicas. Nesta conjuntura, os recursos financeiros gerados são usados para comprar alimentos (arroz, feijão, macarrão, açúcar, sal, óleo, café e carnes), utensílios domésticos, vestimentas e custeio de transporte. No PGT-Manoki os indígenas estabeleceram, entre outras, diretrizes buscando maior envolvimento com as práticas tradicionais e geração de renda sustentável. A concretização de parte desse plano é a reocupação da T.I. Manoki, sua principal área de caça, pesca, coleta e com solos de melhor qualidade.

Palavras-chave: calendário, manoki, território indígena

Área temática: Etnoecologia

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SEGURANÇA ALIMENTAR: UM ESTUDO DE CASO COMPARATIVO NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO CONVENCIONAIS E SAF DE BANANA NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

Daniela Garcez Wives1, Tathiane Muriel Medeiros1, Gabriela Peixoto Coelho-de-Souza1, Rumi Regina Kubo1

1Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – PGDR/UFRGS

A produção para autoconsumo contribui para a segurança alimentar atendendo ao acesso e disponibilidade constante de alimentos, de qualidade e em quantidades suficientes para a alimentação e de acordo com os hábitos de consumo. O cultivo da banana no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, apresenta dois grupos de sistemas de cultivo diferenciados, um utilizando preceitos convencionais e outro de base ecológica. Uma grande parte dos sistemas ecológicos desenvolve algum tipo de SAF . Para desenvolvê-lo cada agricultor se utiliza de espécies vegetais que já existem em sua propriedade ou insere outras diferentes. Este trabalho tem como objetivo apresentar dois indicadores SAU e PB (Superfície de Área Útil e Produto Bruto - soma de tudo que é comercializado e consumido) para demonstrar os sistemas que estariam mais propensos a uma condição de segurança alimentar. Foram realizadas 12 entrevistas entre janeiro e julho de 2007 , e uma análise quantitativa dos dados. Como resultado, desmembrando o saldo do PB, evidenciou-se que nos sistemas SAF se encontram os agricultores que possuem um maior autoconsumo, devido à diversidade de espécies manejadas. O PB total dos agricultores convencionais é de R$ 31.591,37 sendo que o autoconsumo representa percentualmente desse valor apenas 3,1%. Nos agricultores com sistema SAF o autoconsumo representa 13,2% do PB de R$ 34.813,08. Nos sistemas SAF o SAU apresenta uma média de 3,75 ha contra 7,48 ha dos sistemas convencionais isso significa dizer que é riqueza de espécies que compõe sistema que propicia um PB e autoconsumo mais elevado diferentemente dos sistemas convencionais de produção o qual, em muitos casos, a única espécie manejada é a banana. Em uma área de cultivo menor os agricultores dos sistemas SAF apresentam indicadores que demonstram uma maior eficiência, com maior diversidade de cultivos e autoconsumo promovendo uma situação de segurança alimentar.

Palavras-chave: sistemas agroflorestais, segurança alimentar, autoconsumo

Área temática: Etnoecologia

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LEVANTAMENTO DAS PRÁTICAS DOS AGRICULTORES FAMILIARES DO MUNICÍPIO DE JUPI- PE NO CULTIVO DA MANDIOCA, MILHO E FEIJÃO

Horasa Maria Lima da Silva Andrade1, Luciano Pires de Andrade1, Rachel Maria de Lyra-Neves1, Wallace Rodrigues Telino Júnior1, Lauana Souza Muniz1.

1Universidade Federal Rural de Pernambuco.

O objetivo deste trabalho foi levantar as práticas mais tradicionais dos agricultores familiares de Jupi, agreste meridional de PE, no cultivo do feijão (Phaseolus vulgaris L.), milho (Zea mays L.) e mandioca (Manihot esculenta L.) na perspectiva de apoiá-los em processos de transição agroecológica. A investigação foi baseada na pesquisa ação adotando-se o método diagnóstico rápido participativo, sendo utilizadas as técnicas de entrevistas semi estruturadas e visitas em 10 propriedades para observação direta, além da aplicação de 60 questionários, divididos nas 10 nucleações do município. Na análise de dados considerou-se a classificação, categorização e tematização das informações (Toledo, 1992; Creswell 2010). Levantou-se que os agricultores do município não fazem a análise do solo e na preparação do solo para cultivo usam tratores e arados mecânicos. No que se refere as práticas agroecológicas, as mais utilizadas foram a rotação de cultura, a cobertura morta, descanso-pousio. Os agricultores foram estimulados a fazer plantio em curvas de nível, adubação orgânica e experimentar sistemas alternativos de produção, além de resgatar as práticas mais tradicionais no preparo e cultivo vegetal na perspectiva da Agroecologia. Assim, a Agroecologia pode apoiar a transição de práticas agrícolas e resgatar os conhecimentos tradicionais colaborando no desenvolvimento da agricultura familiar e do meio rural sustentável. Os resultados obtidos permitiram desenvolver processos de valorização e retomada das práticas mais tradicionais dos agricultores, estimular à adoção de outras práticas agroecológicas, o policultivo e o (re)planejamento das propriedades como estratégias que permitem um melhor uso da terra e melhoria do agroecossistema por adotar princípios da Agroecologia. O resgate e valorização dos conhecimentos tradicionais dos agricultores podem ser utilizados na construção do pensamento agroecológico, em políticas públicas para o fortalecimento da agricultura familiar e desenvolvimento do meio rural, além de favorecer a prática de uma Extensão Rural em uma abordagem holística e participativa.

Área temática: Etnoecologia

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ETNOECOLOGIA E MANEJO LOCAL DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NAS PAISAGENS ANTRÓPICAS DA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA CATARINENSE.

Anna Jacinta Machado Mello1, Nivaldo Peroni1.

1Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica da Universidade Federal de Santa Catarina.

Muitas áreas de florestas nos trópicos e subtrópicos podem ter sido influenciadas por ações humanas ao longo da história, que resultaram em ecótopos culturais, ou unidades de paisagem antrópicas, ainda manejados por populações humanas contemporâneas. No planalto norte de Santa Catarina, a Floresta Ombrófila Mista é um mosaico, composto por áreas de cultivo e pastagem inseridos entre fragmentos florestas, onde o pinhão e a erva mate são extraídos, as comunidades locais denominam essas unidades de paisagem de fragmentos da FOM como caivas. Assim, o objetivo desse estudo é entender a dinâmica da unidade de paisagem denominada caiva, alinhando as percepções e ações das comunidades, considerando o uso e manejo das espécies arbóreas sobre a transformação da paisagem da FOM. Esse estudo ocorreu no Planalto Norte Catarinense, na FLONA de Três Barras e em cinco comunidades no entorno. Para acessar as percepções, ações e o histórico sobre o manejo e uso das caivas foi feito um estudo etnoecológico utilizando entrevistas semiestruturadas e turnês guiados. De 27 entrevistas com a unidade familiar os principais usos atuais e históricos das espécies arbóreas citados são madeira/lenha, utensílio e alimentação. Formas de manejo principais é a pastagem e manutenção dos animais dentro da floresta, roçada do sub-bosque, e a poda, favorecimento e enriquecimento com espécies nativas, especialmente erva-mate nativa. Durante as entrevistas foi possível de reconhecer dois grupos de informantes com percepções diferentes sobre a uso e manejo da caíva, o primeiro grupo são os proprietários e o segundo grupo são as pessoas que trabalhavam em caívas. Essa pesquisa visa contribuir para o entendimento das paisagens manejadas, as praticas tradicionais no uso da biodiversidade e promover um entendimento maior sobre o papel da caiva na conservação da FOM pelo uso.

Palavras-chave: etnoecologia, manejo, floresta ombrófila mista

Área temática: Etnoecologia

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CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL DOS PESCADORES DO MUNICIPIO DE CABEDELO - PB, SOBRE A ICTIOFAUNA MARINHA E ESTUARINA

Macelly Correia Medeiros1, José Silva Mourão1

1Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

O Conhecimento Ecológico Local (CEL) é um corpo cumulativo de conhecimento, prática e crença por processos adaptativos e transmitidos por meio das gerações, por transmissão cultural, sobre a relação dos seres vivos (incluindo os seres humanos) com seu ambiente. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo registrar o conhecimento ecológico que os pescadores artesanais do município de Cabedelo-PB, possuem sobre a distribuição espaço-temporal e habitats da ictiofauna marinha e estuarina. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: bola de neve, entrevistas livres, semi-estruturadas e estruturadas, com 80 pescadores. Os dados foram analisados por meio de tabelas de cognição comparada. Os resultados obtidos mostraram que os pescadores expressam a distribuição espacial dos peixes, segundo as grandes divisões hidrográficas, ou zonas ecológicas, como por exemplo, “peixes do mar de dentro”, “peixes do mar de fora” e “peixes de rio e, /ou estuarinos”. Quanto a distribuição vertical, os pescadores categorizaram como: “peixes da flor d’água”, peixes de meia água” e “ peixes de fundo”. Em relação a distribuição temporal, os pescadores classificaram em “peixes de verão”, “peixes de inverno” e “peixes que dão o ano todo”. Além de categorizar os peixe em relação a distribuição espaço-temporal, os pescadores entrevistados também classificaram os peixes de acordo com o habitat, em “peixes que vivem em pedras ou alocados”, “peixes de lama”, “peixes de croa” e os “peixes de camboa”. Os dados obtidos nesse trabalho forneceram informações importantes sobre a cultura pesqueira, demonstrando a forte relação que os pescadores têm com os recursos explorados, o que torna possível o desenvolvimento de pesquisas para promover políticas de preservação e conservação para o manejo e cogestão das espécies exploradas.

Palavras-chave: pescadores artesanais, conhecimento etnoecológico, ictiofauna.

Área temática: Etnoecologia

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ATITUDES DE CONSERVAÇÃO E CONHECIMENTO DE PESCADORES ARTESANAIS SOBRE TARTARUGAS MARINHAS (REPTILIA: TESTUDINES) NO SUL DA BAHIA, BRASIL

Heitor de Oliveira Braga1, Alexandre Schiavetti2

1Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

2Departamento Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Devido aos poucos estudos com comunidades pesqueiras tradicionais e tartarugas marinhas na região Sul da Bahia, o presente trabalho buscou identificar e avaliar o conhecimento ecológico e as possíveis atitudes tomadas pelos pescadores artesanais em relação à conservação e a captura acidental de tartarugas marinhas em Ilhéus, Sul da Bahia, Brasil. As entrevistas foram realizadas com 30 pescadores especialistas usando o método snowball, adaptado por Alarcon (2006). O conhecimento e as atitudes em relação à conservação de tartarugas marinhas foram respectivamente médio e moderado, segundo os parâmetros de classificação adotados (baseado na escala de likert e Alfa de Cronbach). As atitudes mediram o grau de consciência do entrevistado sobre o estado de conservação das tartarugas e as tendências em terem ações favoráveis ou/e desfavoráveis em relação à manutenção da população de tartarugas na região de estudo. Possíveis áreas de desova foram relatadas pelos especialistas. Alguns comportamentos e dados ecológicos do quelônio em estudo foram corroborados com a literatura científica. A maioria dos pescadores mencionou ter capturado tartarugas durante alguma operação de pesca recentemente. As regiões costeiras de Ilhéus, Olivença e Acuípe foram destacadas como áreas de grande probabilidade de captura acidental. As últimas capturas foram atribuídas à linha de pesca. A rede de lagosta e a rede de camarão apresentam maior probabilidade de captura do animal. O conhecimento e as atitudes não mostraram relação com algumas variáveis sócio-demográficas. Conhecimento e atitudes foram fracamente inversamente correlacionados (r = -038, p = 0.04). O nível educacional do entrevistado mostrou ter uma relação positiva com atitudes positivas em relação à conservação do recurso (H = 8.33; p = 0.04). A continuação de projetos de educação ambiental, monitoramento de áreas de desova e a utilização de recursos pesqueiros moderadamente são recomendados para o Sul da Bahia.

Palavras-chave: conhecimento ecológico tradicional, captura acidental, conservação.

Área temática: Etnoecologia

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CADÊ NOSSO TERRITÓRIO? PESQUISAS ETNOECOLÓGICAS EM CONTRIBUIÇÃO A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NO SERTÃO MINEIRO

Ana Paula Glinfskoi Thé¹, Maria Luiza Bicalho Maia¹

¹Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Diversos estudos sobre populações locais e tradicionais do Norte de Minas Gerais demonstram a intrínseca relação entre seres humanos e natureza e a importância desta para a conservação dos recursos naturais nas diversas paisagens que formam o Sertão Mineiro. Geraizeiros, caatingueiros, veredeiros, ribeirinhos, barranqueiros, pescadores, vazanteiros, quilombolas, entre outras autodenominações, demonstram uma longa vivência e convivência com o ambiente, justificando a necessidade de aprofundamento em pesquisas etnoecológicas, etnobotâncias, etnozoológicas para o melhor conhecimento sobre a diversidade biológica e o manejo sustentável das diversas fitofisionomias que compõem a região como o Cerrado, a Caatinga, a Mata Seca, as Veredas e as Várzeas do São Francisco. No entanto, o projeto de desenvolvimento econômico implementado para as regiões do Semi-Arido Brasileiro desde a década de 1960, centrado na Silvicultura, na Irrigação de grande escala e mais recentemente na Mineração e no Biodiesel, tem provocado a total transformação destes espaços, causando a perda dos serviços ecossistêmicos e enormes impactos e conflitos ambientais, alterando principalmente o volume e a qualidade dos recursos hídricos dos quais as populações rurais são dependentes. Aliada a esta concepção política de desenvolvimento, encontra-se em avanço sobre as áreas de entorno destes empreendimentos a criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral, como principal política ambiental mitigadora. Estes espaços são hoje as áreas de vida de inúmeras parcelas das populações tradicionais que tiveram seus territórios expropriados pela “grilagem”, pelos projetos de modernização da agricultura e mais recentemente, pelo Estado, para a criação dos Mozaicos de Unidades de Conservação. Este trabalho teve como objetivo o levantamento bibliográfico dos estudos com populações tradicionais no Norte de MG incluindo, a categorização destas (identidades étnicas, sociais e políticas); as paisagens e os principais recursos naturais utilizados por estas para o apontamento das demandas a futuras pesquisas etnoecológicas com foco na sustentabilidade socioambiental e na resolução de conflitos no Sertão Mineiro.

Palavras-chave: etnoecologia, conflitos ambientais, norte de minas gerais

Área temática: Etnoecologia

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ETNOBIOLOGIA MBYA GUARANI, UM EXEMPLO DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL. Renata Lumi Iwamoto1, Simone Dala Rosa1, Juliana Kerexu2, Maristela Maragon1, Simone Camargo Umbria1. 1Universidade Positivo 2TI Ilha da Cotinga A ocupação Guarani do Litoral do Paraná é predominantemente Mbya Guarani . A TI Pindoty, que abrange as Ilhas da Cotinga e Rasa da Cotinga (Paranaguá / Paraná) é a única Terra Indígena (TI) demarcada e homologada do litoral paranaense, Bioma Mata Atlântica. Através da etnobiologia procurou-se entender como a interação dos guarani com o ambiente ocorre de forma sustentável. Como metodologia de estudo optou-se por dialogar com a comunidade utilizando-se técnicas do DRP (Diagnóstico Rápido Participativo) – Caminhada Transversal e Etnomapeamento. Estas técnicas permitiram relacionar a etnobiologia com o saber tradicional Mbya Guarani. Constatou-se que existe um excelente conhecimento e manejo dos recursos naturais existentes em toda a TI e seu entorno. Os recursos naturais (fauna e flora) foram classificados em categorias: uso medicinal, rituais religiosos, alimentação, construção, comercial e manejo, o qual pode ser feito através do cultivo e/ou da coleta. A seguir, alguns exemplos dos recursos utilizados pelos guarani: Syagrus romanzoffiana – pindó ete (jerivá); Philodendron bipinnatifidum - guembe pi ete (cipó embé); Baccharis trimera - jakare ruguai (carqueja); Zea mays – avachi (milho); Dasypus novemcinctus – tatu ai (tatu galinha); Tinamus solitarius - nhambu guachu (macuco); Astyanax sp - pikã’i (lambari); Geophagus brasiliensis – acara (cará), entre outros. Desta forma, o nhande rekó (jeito de viver do guarani, passado de geração em geração – tradição) constitui um modo de ocupação territorial e de usufruto ambiental de muito baixo impacto sobre os ecossistemas, caracterizando o uso sustentável dos recursos naturais. Neste sentido, é pertinente afirmar que os Guarani são leves, sua presença não dificulta (ou se compatibiliza com) a reprodução da biodiversidade nos espaços em que habitam, portanto, são um exemplo a ser seguido e preservado de toda e qualquer forma de pressão causada pelo juruá (homem branco).

Palavras-chave: terra indígena ilha da cotinga, mbya guarani, etnobiologia

Área temática: Etnoecologia

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O DIREITO ENCONTRADO NA PRAIA DE ITAIPU, NITERÓI-RJ

Paula Chamy1, José Geraldo Marques2

1Universidade Estadual Feira de Santana – UEFS

2NEPAM - Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Leis são vivas, dinâmicas e nas esferas internas de comunidades culturalmente diferenciadas, muitas vezes os conflitos são resolvidos pelas regras costumeiras que vigoram localmente e são apropriadas à cultura e identidade dos envolvidos. A existência de identidades socioculturais plurais produz múltiplas demandas, ou seja, as aspirações de populações nativas seguem seus costumes e tradições, algo que as leis formais alicerçadas em direitos privados de apropriação e valores individuais desconsideraram por longo tempo. Ainda que tenha havido avanços, evidências de que os arranjos institucionais informais estão promovendo de facto alterações no corpo das leis formais, são poucas. Sejam as regras formais ou informais, a eficácia e sobrevivência das mesmas depende de sua incorporação sociocultural, que não é única ou homogênea. Resultado de interesses competitivos ou cooperativos, as regras em uso, sejam elas de incentivo, exclusão ou punitivas somente podem ser analisadas no caso concreto. No presente trabalho, alicerçado na Etnoecologia Abrangente verificamos o direito consuetudinário encontrado na praia de Itaipu. As regras informais relacionadas à comercialização, remuneração e consumo local do pescado, bem como suas transformações temporais nos últimos 35 anos são apresentadas. Os conflitos entre pescadores artesanais e as instituições que regem a pesca artesanal receberam destaque neste capítulo. Os memes originais de Itaipu (lanço e leilão) foram discutidos nos tópicos referentes às regras consuetudinárias que regem a pesca e comercialização do pescado, mas outros memes identificados em trabalhos com Etnoecologia Abrangente também foram verificados em Itaipu. Os resultados mostram que as relações sociais estabelecidas na praia e voltadas para apropriação dos espaços e recursos marinhos encontram-se alicerçadas em arranjos institucionais informais altamente sofisticados e no conhecimento ecológico apurado que possibilita aos pescadores locais alterarem, por exemplo, os esforços de captura direcionando-os para espécies de pescado que historicamente não integravam o repertório de sua atividade.

Palavras-chave: direito consuetudinário, etnoecologia abrangente, pescadores

Área temática: Etnoecologia

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UMA POSSÍVEL ALIANÇA ENTRE A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E O NHANDEREKÓ (MODO DE SER E VIVER GUARANI)

Denise Wolf¹2

¹Bióloga e presidente do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais – IECAM

2Fundação Getúlio Vargas – FGV Management

Considerando a pequena disponibilidade de áreas disponíveis, a proteção da biodiversidade e a demarcação de Terras Indígenas (TI) constituem grandes desafios especialmente para as regiões sudeste e sul do Brasil. Além dos processos legais para ampliação e demarcação das TI, é de fundamental importância garantir a participação indígena nos processos de criação e gestão de Unidades de Conservação da Natureza (UC) estabelecidas em áreas indígenas ou por eles utilizadas e nos processos de avaliação e execução de medidas mitigadoras e compensatórias de impactos socioambientais causados pelos diversos empreendimentos. Em 2011 foi aprovado o Projeto de Lei (PL) 05/2007, que cria o Sistema Municipal de Unidades de Conservação da Natureza de Porto Alegre (SMUC-POA) e duas UC com aproximadamente 750 hectares, nos Morros Santana e São Pedro - utilizado pelos guarani que vivem, há vinte anos, em uma área de dez hectares, na Tekoá Anhetenguá (Aldeia Verdadeira), em Porto Alegre-RS. A partir de observações, diálogos e atividades realizadas entre os anos 1993 e 2012, de ações voluntárias e projetos do IECAM com aldeias guarani do RS; de consultas ao PL 05/2007 e à legislação; e de encontros e diálogos com agentes envolvidos com o SMUC-POA, percebe-se que os interesses (aparentemente conflitantes) dos diversos atores podem ser alcançados. O interesse comum pode ser entendido como território, que para os guarani significa muito mais que “recurso” natural, pois é onde vivem fortemente conectadas todas as formas de vida (físicas e espirituais). Mas o interesse maior é a proteção da biodiversidade do Morro São Pedro, que pode ser alcançada através da formação de um “mosaico” de áreas distribuídas de forma justa, preservando corredores verdes e cursos d’água existentes e garantindo a área de uso tradicional indígena e a criação de uma UC de Uso Sustentável, preferencialmente uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável.

Palavras-chave: conservação da natureza, terras indígenas, índios guarani

Área temática: Etnoecologia

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CLASSIFICAÇÃO TERMINOLÓGICA E DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES ESPACIAIS DE PESCA MARINHA PELOS PESCADORES ARTESANAIS DE RECIFE, PERNAMBUCO.

Daniele Mariz¹, Anna Carla Feitosa Ferreira de Souza¹, Simone Ferreira Teixeira¹.

¹Laboratório de Ecologia de Peixes Tropicais, Universidade de Pernambuco – UPE

A pesca exige dos pescadores uma percepção refinada do meio físico, permitindo que eles criem terminologias próprias, que identificam os diversos elementos da paisagem natural. Logo, este trabalho buscou analisar os locais de pesca frequentados pelos pescadores marinhos artesanais desembarcados em Brasília Teimosa, Recife, Pernambuco. Os dados foram obtidos através de questionários semi-estruturados, de agosto de 2006 a maio de 2008, aplicados a 74 pescadores, com mais de cinco anos de experiência na atividade. Foram listados 84 pesqueiros, referentes às unidades de paisagem distribuídas desde a faixa de areia da praia até a quebra da plataforma, dos quais 37,3% têm caráter paisagístico (“Pedra Preta”, “Mar de Coqueiro”), 19,3% geográfico (“Lama de Olinda”, “Volta de Tambaba”), 10,8% faunístico (“Canal das Caranhas”, “Lama da Cachorra”), 9,6% personalístico (“Ferro do João”, “Boia de Seu Tonho”) e outros não identificados (19,3%). Os locais citados se estendem por todo o litoral de Pernambuco até Alagoas e Paraíba, com maior concentração na Região Metropolitana, em Recife (25,1%), Olinda e Jaboatão dos Guararapes (12,7%, cada). A “Boia da Ituba” (8,8%) (Recife) foi o pesqueiro mais citado, seguido pelo “Canal do Cavia” (5,2%) (Olinda) e “Paricé de Nazaré” (4,7%) (Jaboatão dos Guararapes). Das nove artes de pesca registradas na comunidade, seis foram citadas para a “Bóia da Ituba” e “Bóia do Areeiro”, localizadas em Recife, mostrando que esta região é intensamente explorada. Assim, observa-se que estes pescadores artesanais marinhos detêm um rico conhecimento sobre os diferentes locais de pesca, reconhecendo-os de acordo com a localização, características físicas e nomenclatura local, sendo Recife e sua Região Metropolitana as áreas de maior exploração, as quais merecem atenção nos planos de manejo dos recursos pesqueiros.

Palavras-chave: pesqueiros, pescadores artesanais, áreas de pesca

Área temática: Etnoecologia

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ETNOECOLOGIA CABOCLA: CRUZANDO SABERES NA LUTA POR DIREITOS TERRITORIAIS E IDENTITÁRIOS

Maria Dolores Torres Rubio1, Claudionor Henrique Pedroso1, Julio Ramos de Toledo2, Sabrina Almeida2, Emmanuel Duarte Almada3;2

1Comunidade Cabocla Ribeirão dos Camargos, Iporanga - SP;

2Núcleo de Pesquisa e Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras – NUPAUB, Universidade de São Paulo - USP;

3Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais – NEPAM, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

O direito das comunidades tradicionais ao território é, na verdade, o direito a perpetuar seus modos de vida e sua cultura de forma autônoma. Nesses processos de luta, em geral, envolvendo conflitos com outros atores sociais e modelos de apropriação do espaço, a articulação entre comunidades tradicionais e pesquisadores pode gerar novos saberes e práticas rumo a uma sociedade ecológica e socialmente viável. A etnoecologia, como um campo de cruzamento de saberes, pode representar importante instrumento na promoção da diversidade biocultural e dos direitos das comunidades. Desde 2011, a Comunidade Cabocla do Ribeirão dos Camargos, no Vale do Ribeira-SP tem desenvolvido um trabalho conjunto com pesquisadores associados ao Núcleo de Pesquisa e Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras/USP (NUPAUB), tendo em vista a desafetação do territorial tradicional caboclo, atualmente sobreposto ao Parque Estadual do Alto Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo. Até o momento, foram realizadas caminhadas, entrevistas e reuniões com a comunidade e pesquisadores (historiadores, antropólogos e biólogos) com o objetivo de descrever a história ambiental da comunidade, o etno-mapeamento do território e os elementos culturais que conformam a identidade cabocla. O processo tem sido conduzido de forma participativa, tendo os membros da comunidade como protagonistas na pesquisa. O levantamento dos saberes ecológicos da comunidade, além de subsidiar o relatório a ser elaborado pelos pesquisadores e que servirá como instrumento político da própria comunidade, também conduz a valorização e fortalecimento dos modos de vida da comunidade. A articulação que vem se desenvolvendo entre NUPAUB e a Comunidade do Ribeirão dos Camargos tem evidenciado o caráter político da prática etnoecológica, uma vez que seu objeto de estudo, os saberes ecológicos, estão inextricavelmente associados aos conflitos socioambientais vivenciados por grande parte das comunidades tradicionais de todo o país.

Palavras-chave: conflitos socioambientais, Vale do Ribeira, ecologia de saberes.

Área temática: Etnoecologia

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MUDANÇAS HISTÓRICAS NA PESCA DA TAINHA (Mugil liza Valenciennes, 1836) E MUDANÇAS NOS REFERENCIAIS DOS PESCADORES DO LITORAL DE SANTA CATARINA

Dannieli Herbst1, Natalia Hanazaki1

1Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

A captura da tainha (Mugil liza) no litoral sudeste/sul do Brasil (safra da tainha), ocorre durante sua migração reprodutiva, o que a torna um recurso vulnerável. A intensificação da pesca da tainha pelo setor industrial gerou um aumento do esforço pesqueiro, podendo estar influenciando os estoques pesqueiros desta espécie e consequentemente sua disponibilidade para as comunidades de pescadores artesanais. O objetivo deste trabalho foi identificar as mudanças nas estratégias de pesca utilizadas para a captura da tainha e investigar a ocorrência da síndrome dos ‘Pontos de Referência Dinâmicos’ (shifting baselines). As amostragens abrangeram oito municípios do litoral de Santa Catarina e o universo amostral foi uma parcela dos pescadores artesanais da tainha escolhidos intencionalmente. Os informantes foram selecionados através da técnica bola-de-neve, de forma a cobrir diferentes estratos de idade (< 30; 30-60 e >60 anos) a fim de identificar a ocorrência de mudanças de referenciais em relação ao recurso pesqueiro. Os dados foram coletados através de entrevistas: estruturadas e semi-estruturadas (Agosto/2011 a Junho/2012). Foram realizadas 45 entrevistas semi-estruturadas e 87 entrevistas estruturadas (29 de cada classe etária). Os pescadores artesanais entrevistados se distribuem em dois tipos de modalidades de pesca: cerco de praia - pesca de caráter mais comunitário que espera o cardume chegar à praia; e pesca de caça e malha - pesca em que um número restrito de pescadores vai atrás dos cardumes. Foi feita a correlação de Spearman: da idade pela maior captura (r= 0,4946; p= 0,000001) e do ano pela maior captura (r= -0,7360; p= 0,00). Estes dados sugerem que há uma tendência de declínio das capturas segundo diferentes gerações. De acordo com a percepção dos pescadores, os estoques pesqueiros da espécie estão diminuindo, assim como o número de ranchos de pesca de cerco de praia, devido principalmente à intensificação da pesca industrial.

Palavras-chave: shifting baselines syndrome, pesca artesanal, estoque pesqueiro.

Área temática: Etnoecologia

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FORTALECIMENTO DAS AGROFLORESTAS GUARANI MBYA NA REGIÃO DE PORTO ALEGRE-RS

J. C. P. Morinico1, A. S. Gonçalves1, R. R. Cossio2, R. B. Printes2, G. Coelho-de-Souza4

1Guarani da Tekoá Anhetenguá;

2Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica – DESMA, Projeto Fortalecimento das Agroflorestas do Rio Grande do Sul/CNPq;

3Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica - DESMA, Projeto Fortalecimento das Agroflorestas do Rio Grande do Sul/CNPq, PPG em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

O projeto “Agroflorestas no RS” vem sendo executado pela tekoá Anhetenguetá, tekoás da região metropolitana, DESMA/PGDR/UFRGS e EMATER/RS, objetivando o fortalecimento das agroflorestas guarani Mbyá na região de Porto Alegre. A partir de pesquisa-ação, caracterizou-se a situação territorial, ambiental e o manejo das agroflorestas, por meio das ações promovidas pelas instituições: a) encontros entre os guarani mbyá, técnicos, representantes governamentais e acadêmicos; b) viveirismo na tekoá Anhetenguá; c) visita às tekoás da região metropolitana Pindó Mirim, Jataí´ty, Capivari, Pindó Poty, Ka’aguy Mirim, Yataity, Nhuundy e Yy Ryapú, as quais possuem laços de parentesco entre si. A situação fundiária dos guarani é precária, o povo ocupa terras indígenas diminutas, acampamentos em beiras de estrada, inseridos em contextos rurbano, com grande degradação ambiental. Os Mbyá, por meio de suas lideranças, estabelecem diálogo com a sociedade abrangente, demandando condições para reproduzirem o seu modo de ser a partir do acesso ao mato (ka’aguy), à pratica de suas roças (kokué) e aos deslocamentos de famílias entre as tekoás. A visitação entre familiares trouxe alegria e a prática do poraró (“troca-troca”), responsável por intenso fluxo de material, sementes e mudas. Entre as espécies cultivadas destacam-se o guembé, guaporaity, kapi’i, pipi, xanjau e avaxi, plantas florestais e agrícolas. O termo “agrofloresta”, inicialmente não reconhecido pelos Mbyá, vem sendo incorporado e ressignificado pelos Guarani, a agrofloresta guarani mbyá passa a integrar o mito de criação do mundo, o respeito aos espíritos donos das plantas, as formas adequadas de se comportar na mata, o costume de visitar parentes em outras tekoás, a realização de trocas, o trabalho coletivo, conhecimentos astronômicos, medicina natural, culinária, dentre outros aspectos que vão além das técnicas de manejo em si. Espera-se que estas reflexões contribuam para que iniciativas de apoio aos Guarani Mbyá atentem à complexidade do manejo agroflorestal indígena.

Palavras-chave: agrofloresta, questão guarani, pesquisa-ação.

Área temática: Etnoecologia

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FIM

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