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Anais

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I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável 01 de setembro de 2010

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Programa

8:00 as 8:30 – Inscrições e entrega de material 8:30 -9:15 - Abertura e vídeo Institucional 9:20 – Palestra “Sustentabilidade ambiental na pecuária Brasileira: enfoque nos gases do efeito estufa” com o Dr. Carlos Eduardo Pellegrino Cerri –- ESALQ/USP 10:00 – coffee break 10:30- Palestra com Dra. Maria Aparecida Cassiano Lara - IZ 11:10 - Palestra com Dr. Mário de Beni Arrigoni – UNESP/Botucatu 12:00- almoço 14 horas Exposição de posters dos trabalhos aceitos no Encontro 15:30 - coffee break 16:30 - entrega dos certificados

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Comissão Organizadora do Evento Ana Claudia Koki Sampaio Deise Rafaelle de Omena Nicácio Edson Antonio Simielli Filho Érika Breda Canova Ivana Licia de Campos Gavioli José Evandro de Moraes Juliano Issakowicz Keila Maria Roncato Duarte Lucas Eduardo Pilon Marta Joana Paiva Perissinotto Natalino Mendes Rasquinho Thiago Pereira Motta Rafael Ribeiro Coelho de Paula Souza Verônica Farias de Souza Ozolin Comissão editorial dos trabalhos apresentados Fabio Enrique Lemos Budiño Josiane Aparecida de Lima Keila Maria Roncato Duarte Maria José Valarini Evaldo Ferrari Junior Rosana Aparecida Possenti Apoio: CCTC – IZ

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Apoio:

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Trabalhos apresentados no I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

Linhas de Pesquisa

1- Seleção para produção....................................... 2- Nutrição Animal e Forragicultura

3- Bem Estar Animal e Segurança Alimentar

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AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO DE CAVALOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA NA MODALIDADE DE TRÊS TAMBORES POR MEIO DE COMPARAÇÃO DE

MEDIDAS LINEARES CORPORAIS

ASSESSMENT OF BALANCE OF BARREL RACE QUARTER HORSES THROUGHT COMPARASION OF LINEAR MEASUREMENTS OF THE BODY

ANA C. DONOFRE1, FERNANDA L. MARSON1, VITÓRIA F. GONÇALVES2, ANNA C. BARBOSA1, DANIELA N. DE

CAMARGO1 , JOSÉ NICOLAU P. PUOLI FILHO1, MARCÍLIO D. SILVEIRA DA MOTA2

1Departamento de Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, FMVZ, UNESP, Caixa postal 560, CEP 18618-000 Botucatu, SP, Brasil.

RESUMO: O presente trabalho objetivou avaliar o equilíbrio de 150 cavalos da raça Quarto de Milha competidores da modalidade de três tambores. A coleta de dados foi conduzida durante o Campeonato Nacional. Foram tomadas as medidas lineares do comprimento do corpo(1), altura a cernelha(2), profundidade da garupa(3), comprimento da perna(4), altura da castanha(5) e altura do curvilhão(6). Após as mensurações, obtiveram-se os valores das proporções entre 1:2; 2:3 e 4:5, através dos quais se avaliou o equilíbrio dos animais. A partir dos resultados obtidos encontraram-se evidências de que os cavalos da modalidade de três tambores são equilibrados quanto às medidas avaliadas. Palavras-chave: conformação, medidas, proporções ABSTRACT: This paper objected evaluate the balance of 150 barrel race quarter horses. Data collection was conducted during the National Championship. Linear measurements were taken of body length (1), withers height (2), depth of the croup (3), leg length (4), height of the chestnut (5) and height of the hock (6). After the measurements, it was obtained the values of the ratios of 1:2, 2:3 and 4:5, by which evaluate the balance of the animals. From the results we found evidence that the barrel race horses are balanced. Key words: conformation, measurements, proportion

1. INTRODUÇÃO

A raça Quarto de Milha caracteriza-se por sua versatilidade, possuindo habilidade para várias modalidades esportivas, dentre estas, a prova de três tambores (ABQM, 2002).

A mensuração das partes do corpo do animal a anos vem sendo utilizada para a avaliação da conformação corporal, ou seja, a forma de seu corpo, que determina a movimentação, afetando não só

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a beleza e graciosidade, mas também a saúde e solidez do cavalo, sendo um dos fatores mais importantes no potencial dos membros do animal (HEDGE, 2004). BEEMAN (2008) descreveu que a avaliação da conformação é normalmente subjetiva. No entanto, mais e mais avaliações objetivas têm sido desenvolvidas nas modalidades de provas equestres, as quais fornecem informações da movimentação do cavalo e definem os efeitos da conformação no movimento.

Ter equilíbrio significa que determinada parte do corpo é proporcional a todas as outras. Os melhores cavalos de cada raça apresentam um equilíbrio total e simetria. Um corpo bem equilibrado pode se tornar decisivo para uma melhor habilidade atlética e agilidade do animal (THOMAS, 2005).

O presente estudo tem assim por objetivo avaliar o equilíbrio de cavalos da raça Quarto de Milha na modalidade de três tambores por meio de proporções entre medidas lineares corporais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Amostras: Neste trabalho foram avaliados 150 equinos da raça Quarto de Milha, de ambos os sexos e idades variadas, durante o Campeonato Nacional em junho de 2010, na cidade Avaré - SP. Tratamento: As seguintes características foram medidas linearmente com o auxílio de fita métrica: Comprimento do Corpo: distância entre as porções craniais do tubérculo maior do úmero (ponta da paleta) e caudal da tuberosidade isquiática; Altura a Cernelha: tomada no ponto mais alto da região interescapular, localizado no espaço definido pelo processo espinhoso de T5 e T6 até o solo; Profundidade da Garupa: distância entre articulação fêmur-tíbio-rotuliana e o ponto mais alto da garupa, especificamente sobre a tuberosidade sacral; Comprimento da Perna: distância entre articulação fêmur-tíbio-rotuliana e o 3o e 4o ossos do tarso; Altura da Castanha: distância entre a castanha do membro anterior e o solo; Altura do Curvilhão: distância entre o terceiro e quarto ossos do tarso e o solo. Análise estatística: Foram calculadas as médias e desvios padrão para as medidas lineares. Feito isso, obtiveram-se os valores das proporções estudadas (1:2, 3:4, 5:6). Com as médias das proporções e seus respectivos desvios construiu-se um intervalo com 95% de confiança para inclusão ou não dos valores obtidos. Tal estudo equivale a um teste t para a proporção com α = 0,05.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados para as médias e desvios padrão (cm), para as medidas lineares e as médias e desvios padrão das proporções e seus intervalos de confiança são apresentados nas Tabelas 1 e 2 respectivamente. Tabela 1. Médias e desvios padrão, em centímetros, para as medidas lineares

Característica Média Desvio Padrão

Comprimento do corpo 153,5 8,24 Altura da cernelha 151,4 6,61 Profundidade da garupa 58,9 5,53 Distância da patela ao jarrete 48,1 6,11 Altura da castanha 55,4 3,46 Altura do curvilhão 56,7 4,27

De acordo com BERBARI NETO (2005) as partes do animal devem ser analisadas isoladamente, cada uma sendo avaliada por sua função na dinâmica e harmonia do corpo do animal como um todo. O comprimento do corpo apresentou em média 153,5 cm. Segundo TORRES e JARDIM (1992), três elementos formam o comprimento do corpo: comprimento da paleta, do dorso-lombo e o da garupa. A média da altura da cernelha obtida nas mensurações foi de 151,4 cm estando pouco acima do padrão da raça Quarto de Milha, 150 cm (REGULAMENTO DO SERVIÇO GENEALÓGICO DO CAVALO QUARTO DE MILHA, 1994).

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Tabela 2. Médias e desvios padrão das proporções e seus respectivos intervalos de confiança

Característica (Razão)

Média

Desvio Padrão

Intervalo de Confiança (95%)

1:2 1, 0040 0, 0706 [0, 8657; 1, 1423] 3:4 1, 2240 0, 1971 [0, 8376; 1, 6105] 5:6 0, 9795 0, 0947 [0, 7938; 1, 1651]

Ao analisarmos as médias das proporções (Tabela 2) verificou-se que coincidem com o descrito por OOM e FERREIRA (1987) e THOMAS (2005), no qual citam que, em cavalos bem proporcionados a relações entre 1:2, 3:4, 5:6 devem ser na razão de 1:1, tornando-os equilibrados.

4. CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos encontraram-se evidências de que os cavalos da modalidade de três tambores são equilibrados quanto às medidas avaliadas.

5. AGRADECIMENTO

À FAPESP pelo financiamento.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABQM. 2002. Anuário Quarto de Milha. Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Quarto de Milha, p. 25, 2002. BERBARI NETO, F. Evolução de medidas lineares e avaliação de índices morfométricos em garanhões da raça campolina. 2005. 85p. Dissertação-Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, 2005. BEEMAN, G. M. Conformation of the Horse: Relationship of Form to Function, in Proceedings. 54th Annual Convention of the American Association of Equine Practitioners. San Diego, CA, USA, 2008. HEDGE, J. Horse Conformation, Structure, Soundness and Performance. Guilford: The Lyons Press, p.484, 2004. OOM, M. M.; FERREIRA, J. C. Estudo biométrico do cavalo Alter. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias. 82(482): 101-148, 1987. REGULAMENTO DO SERVIÇO DE REGISTRO GENEALÓGICO DO CAVALO QUARTO DE MILHA. MAPA: São Paulo, 22p, 1994. THOMAS, H. S. The Horse Conformation Handbook. USA: Storey Publishing, p.387, 2005. TORRES, A. D. P.; JARDIM, W. R. Criação do cavalo e de outros equinos. São Paulo: Editora Nobel, 3ª ed., 654p, 1992.

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ESTIMATIVAS DE GANHO DE PESO PARA CÁLCULO DE CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL CONSIDERANDO DIFERENTES INTERVALOS DE

PESAGEM1

ESTIMATES OF WEIGHT GAIN FOR ACCOUNT OF RESIDUAL FEED INTAKE CONSIDERING DIFFERENT RANGES OF WEIGHING

ANA CECÍLIA DEL CLARO2, RENATA HELENA BRANCO3, SARAH F. M. BONILHA3, JOSLAINE N. S. G.

CYRILLO3; LEOPOLDO A. DE FIGUEIREDO3, MARIA EUGÊNIA Z. MERCADANTE3

1Projeto financiado pelo CNPq (Proc. 505816/2008-3) e FAPESP (Proc. 2009/08897-4). 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail:[email protected]. 3Centro Avaçado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil.

RESUMO: Objetivou-se com este trabalho estimar o consumo alimentar residual (CAR) de 60 machos Nelore, utilizando diferentes intervalos de pesagens para o cálculo do ganho de peso médio diário e do CAR. As correlações entre a classificação dos animais para as diferentes estimativas de CAR foram maiores que 0,956, entretanto a porcentagem de coincidência dos animais 10% mais eficientes variou de 67 a 100%. A melhor estimativa do CAR é a que considera três pesagens em dias consecutivos, a cada 14 dias, para estimar, por regressão, o ganho de peso nos dias em teste.

Palavras-chave: consumo alimentar residual, ganho médio diário, regressão

ABSTRACT: The objective of this study was to estimate residual feed intake (RFI) of 60 Nellore bulls, using different intervals of weighing to calculate average daily weight gain and RFI. Correlations amoung classification of animals for the different estimates of RFI were higher than 0,956, however the percentage of coincidence of 10% more efficient animals ranged from 67 to 100%. The best estimate of RFI is considering weighing in three consecutive days, every 14 days, to estimate, by regression, weight gain on test days. Key words: residual feed intake, average daily gain, regression

1. INTRODUÇÃO

O consumo alimentar residual (CAR), proposto por KOCH et al. (1963), é definido como a diferença entre o consumo (de matéria seca ou de energia) observado e o consumo estimado por uma

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equação de regressão em função de peso vivo médio metabólico (PV0,75) e ganho médio de peso (GMD) dos animais, sendo, desta forma, independente do peso e da taxa de crescimento dos animais. Entretanto, como o GMD é usado para representar o acréscimo real em tecidos corporais, a retenção de água e o conteúdo gastrintestinal são considerados fontes de erro, aumentando tanto a raiz do quadrado médio do resíduo (RQM) como os vieses dos coeficientes de regressão, βP e βg, e, por conseqüência, o erro da estimativa de GMD (ROBINSON, 2005). Do ponto de vista de seleção, a forma de obtenção de GMD e peso metabólico podem alterar a classificação dos animais para CAR. O objetivo do estudo foi estimar o CAR para machos Nelore, pesados três vezes por semana sem jejum, utilizando diferentes intervalos de pesagens para o cálculo do GMD.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 60 machos do rebanho Nelore Tradicional do Centro APTA Bovinos de Corte, Instituto de Zootecnia, Sertãozinho, SP. Os animais, com idade e peso inicial médios de 309±19,6 dias e 294,5 ± 31,9 kg, respectivamente, foram mantidos em baias individuais e alimentados duas vezes ao dia, às 8h e às 15h, com acesso à vontade a dieta e água, durante 90 dias, sendo os primeiros 21 dias de adaptação. A dieta foi à base de feno de braquiária, milho moído, farelo de algodão e sal mineral. O consumo voluntário de cada animal foi calculado pela diferença entre o oferecido e as sobras; para tanto, as sobras foram coletadas diariamente, pesadas e amostradas em 10% do seu peso, ajustadas permitindo sobras entre 5 e 10% do total oferecido. Os animais foram pesados três vezes por semana em dias consecutivos e sem jejum durante o período de coleta de dados.

Três bancos de dados distintos foram utilizados para o cálculo do GMD e geraram 6 estimativas de CAR: CAR7, média das três pesagens (MP3) a cada sete dias; CAR14, MP3 a cada 14 dias; e CAR21, mesmo procedimento para 21 dias. A regressão dos MP3 nos dias em teste, por animal, foi utilizada para estimar o GMD (ARCHER, et al. 2002; SCHENKEL et al. 2004). O GMD ajustado para o conteúdo gastrintestinal foi estimado do mesmo modo, incluindo no modelo o consumo de matéria seca (CMS) de cada um dos três dias anteriores à pesagem, gerando CAR7a, CAR14a e CAR21a, este ajuste foi feito com o CMS padronizado para a média do CMS do animal por período de 7, 14 ou 21 dias (Robinson, 2005). O peso vivo médio metabólico (PV0,75), foi obtido pelo GMD estimado por regressão até o meio do teste e o peso inicial, PV0,75 = ((Peso inicial + 34,5*GMD))0,75, como SCHENKEL et al. (2004) e NKRUMAH et al. (2004). O CAR foi estimado como: CMS=intercepto+βP*PV0,75+βG*GMD+erro (i.e. CAR), em que βp e βg são coeficientes de regressão do peso metabólico e o ganho médio diário respectivamente. O pacote estatístico SAS foi utilizado como ferramenta de cálculo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O intercepto foi retirado dos modelos de regressão, pois não foi significativo (P>0,05). O valor da média não diferiu para as diferentes maneiras de calcular o CAR (Tabela 1). Os valores de mínimo e máximo dão a idéia da variabilidade da característica e, observando os valores isoladamente, a melhor estimativa seria o CAR21a. O RQM indica a diferença entre os valores previstos por um estimador e os valores observados, deste modo quanto menor o valor de RQM melhor o estimador. Os valores de RQM do CAR foram numericamente semelhantes, indicando que as melhores estimativas são CAR14, CAR14a e CAR21. Entretanto, o GMD referente ao CAR14 apresentou RQM numericamente menor que os outros, o que permite concluir que 14 dias é, provavelmente, o intervalo indicado para medir o ganho em tecidos mais próximo do real. O coeficiente de determinação (R2) foi superior a 0,997 para todos os modelos de CAR. As correlações entre a classificação dos animais para as diferentes estimativas de CAR foram maiores que 0,956, entretanto a porcentagem de coincidência dos 10% de animais mais eficientes variou de 67 a 100%.

Na maioria dos experimentos conduzidos no Brasil, o GMD é estimado como diferença entre a pesagem final e inicial. ROBINSON (2005) encontrou que a melhor estimativa de GMD e de CAR foi obtida com regressão de todos os pesos de vários testes em função dos dias em teste, ajustando somente para o efeito linear, e que a estimativa de herdabilidade desse GMD (0,23) é maior que as estimativas de herdabilidade de GMD calculadas de outras maneiras. DEL CLARO et al. (2010) encontraram valores superiores a 0,386 para o RQM de CAR estimados usando GMD obtido por diferença de peso nos períodos; valor esse próximo aos encontrados no presente trabalho.

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Tabela 1. Média ± desvio padrão, mínimo e máximo das estimativas de CAR, coeficiente de regressão ± erro padrão do peso metabólico (βp) e ganho médio diário (βg) e raiz do quadrado médio do resíduo (RQM) para as diferentes estimativas do GMD e CAR

Arquivo Média ± DP

(kg.d-1) Mínimo (kg.d-1)

Máximo (kg.d-1)

βp ± EP (kg0,75)

βg ± EP (kg.d-1)

RQM GMD

RQM CAR

Car7 0,001 ± 0,376 -0,728 0,671 0,080 ± 0,005 1,236 ± 0,414 5,285 0,379 Car7a 0,001 ± 0,377 -0,726 0,674 0,080 ± 0,006 1,233 ± 0,419 5,265 0,380 Car14 0,001 ± 0,366 -0,706 0,753 0,080 ± 0,005 1,279 ± 0,384 5,238 0,369 Car14a 0,001 ± 0,364 -0,700 0,751 0,080 ± 0,005 1,218 ± 0,365 6,531 0,367 Car21 0,001 ± 0,361 -0, 738 0,680 0,078 ± 0,005 1,401 ±0,392 6,213 0,364 Car21a 0,003 ± 0,394 -0, 742 0,784 0,086 ± 0,005 0,971 ±0,435 6,062 0,397

4. CONCLUSÕES

A melhor estimativa do CAR é o CAR14, que leva em consideração três pesagens em dias consecutivos, a cada 14 dias, para estimar, por regressão, o ganho de peso nos dias em teste.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCHER, J.A.; REVERTER, A.; HERD, R. M. et al. Genetic variation in feed intake and efficiency of mature beef cows and relationships with postweaning measurements. World Congress on Genetics Applied to Livestock Production, 6., 2002, Montpellier, France. Anais…Montpellier: 7th World Congress on Genetics Applied to Livestock Production, 2002.

KOCH, R.M.; SWIGER, L.A.; DOYLE CHAMBERS et al. Efficiency of feed use in beef cattle. Journal of Animal Science, v.22, p.486-494, 1963.

NKRUMAH, J.D.; BASARAB, J.A.; PRICE M.A. et al. Different measures of energetic efficiency and their phenotypic relationships with growth, feed intake, and ultrasound and carcass merit in hybrid cattle. Journal of Animal Science, v.82, p.2451-2459, 2004.

ROBINSON, D.L. Assessing the accuracy of modelling weight gain of cattle using feed efficiency data. Livestock Production Science, v.95, p.187-200, 2005. SCHENKEL, F.S.; MILLER, S.P.; WILTON, J.W. Genetic parameters and breed differences for feed efficiency, growth, and body composition traits of young beef bulls. Canadian Journal of Animal Science, v.84, p.177-185, 2004.

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EFEITO DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL EM CARACTERÍSTICAS DE

CRESCIMENTO, EFICIÊNCIA ALIMENTAR E CARCAÇA AVALIADAS POR ULTRASSOM1

EFFECT OF RESIDUAL FEED INTAKE ON GROWTH, FEED EFFICIENCY AND CARCASS

TRAITS MEASURED BY ULTRASOUND

ANA CECÍLIA DEL CLARO2, RENATA HELENA BRANCO3, SARAH F. M. BONILHA3, JOSLAINE N. S. G. CYRILLO3; LEOPOLDO A. DE FIGUEIREDO3, MARIA EUGÊNIA Z. MERCADANTE3

1Projeto financiado pelo CNPq (Proc. 505816/2008-3) e FAPESP (Proc. 2009/08897-4). 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 3Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. RESUMO: Foram avaliadas características de crescimento, eficiência alimentar e carcaça mensuradas por ultrassom em 60 machos Nelore pertencentes a classes divergentes de consumo alimentar residual (CAR). Com exceção do consumo de matéria seca, não foram detectadas diferenças significativas nas variáveis analisadas. Animais de baixo CAR consomem menos que animais de alto CAR e apresentam características de crescimento e de carcaça semelhantes aos animais menos eficientes. Palavras-chave: consumo de matéria seca, espessura de gordura subcutânea, ganho médio diário ABSTRACT: Growth, feed efficiency and carcass traits measured by ultrasound were evaluated in 60 Nellore bulls from divergent levels of residual feed intake (RFI). With exception of dry matter intake, no differences were detected on evaluated traits. Low-RFI animals have lesser dry matter intake than high-RFI animals and similar growth and carcass characteristics. Key words: dry matter intake , fat thickness, average daily gain

1. INTRODUÇÃO

Em um sistema de produção de bovinos o maior custo envolvido é o de alimentação, no entanto, estudos relacionados à eficiência alimentar são recentes. Uma medida alternativa de eficiência alimentar é o consumo alimentar residual (CAR), que é independente de características de

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crescimento e reprodução (LANCASTER, 2008) e de características de carcaça apresentando apenas, segundo BONILHA et al. (2009), em animais Nelore, pequenas diferenças nas proporções dos cortes primários da carcaça.

O CAR é definido como a diferença entre quantidade de alimento (ou energia) consumido pelo animal e o consumo esperado obtido a partir do seu crescimento e mantença (ROBINSON, 2005). O objetivo do presente trabalho foi avaliar características de crescimento e de carcaça mensuradas por ultrassom, em touros Nelore jovens, de diferentes classes de consumo alimentar residual.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Centro APTA Bovinos de Corte - Instituto de Zootecnia, Sertãozinho, SP, com 60 machos Nelore. Os animais, com idade média de 309 ± 19 dias e peso inicial médio de 295 ± 31,9 kg, foram testados em baias individuais por 70 dias e classificados para CAR segundo metodologia descrita em DEL CLARO et al. (2010). A dieta foi composta de feno de braquiária e concentrado, na proporção de 45:55, com 64 % de NDT e 11 % de PB, com base na matéria seca. O alimento fornecido e as sobras foram pesados e amostrados diariamente, perfazendo uma amostra composta por animal. No final do experimento, a área do músculo Longissimus dorsi (AOL) e a espessura da gordura subcutânea (EGL) foram obtidas por ultrassom, entre as 12a e 13a costelas, utilizando o equipamento PIEMEDICAL – Aquila, com probe de 18 cm de 3,5MHz. As imagens foram mensuradas utilizando-se o programa Echo Image Viewer 1.0 (Pie Medical Equipament B.V., 1996).

O CAR foi calculado como o erro da seguinte equação: CMS=intercepto+βP*PV0,75+ βG*GMD+erro, em que CMS, é o consumo observado; PV0,75, é o peso vivo médio metabólico; βP, o coeficiente da regressão do PV0,75; GMD, o ganho médio diário; βG, o coeficiente da regressão do GMD; e o erro, o CAR. Os animais foram classificados de acordo com o CAR em: baixo (< média - 0,5 desvio padrão); médio (entre média ± 0,5 de desvio padrão); e alto (>média + 0,5 desvio padrão). Os dados foram analisados pelo PROC GLM do SAS, sendo as médias ajustadas pelo método dos quadrados mínimos e comparadas por Pdiff, ao nível de 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A equação obtida para estimar o consumo de matéria seca dos animais foi: CMS estimado=1,27973*GMD+0,08001* PV0,75 (r2=0,9977). As médias gerais assim como as médias por classe de CAR são apresentadas na Tabela 1.

O CAR variou entre -0,706 kg de MS para o animal mais eficiente e 0,753 kg de MS para o animal menos eficiente, uma diferença de 1,46 kg de MS ingerida por dia. ALMEIDA et al. (2004) reportaram variação de 3,77 kg de MS e BRANCO et al. (2009) de 1,62 kg de MS, valores superiores ao encontrado no presente trabalho, no entanto, o valor encontrado por BRANCO et al. (2009) está bem próximo ao valor encontrado neste trabalho, provavelmente pela semelhança na dieta utilizada (64% de NDT).

Como esperado, o CMS foi diferente entre as três classes de CAR, sendo que os animais mais eficientes (baixo CAR) consumiram menos alimentos que os animais menos eficientes (alto CAR). As características de crescimento e carcaça avaliadas por ultrassom não foram significativamente diferentes (P>0,05) entre as classes de CAR, sugerindo que a seleção para eficiência (baixo CAR) não resultaria em mudanças nessas características em animais Nelore.

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Tabela 1. Médias ajustadas das características de crescimento, eficiência alimentar e carcaça por classe de consumo alimentar residual

Classes de CAR

Característica(1) Média ± DP Baixo Médio Alto P

Número de animais 20 22 18 ---

CAR (kg.d-1) 0,00 ± 0,37 -0,42a 0,03b 0,44c <0,0001

Peso final (kg) 358,92 ± 34,14 356,35a 362,90a 356,88a 0,7933

Peso inicial (kg) 294,54 ± 31,85 292,90a 300,32a 289,28a 0,5383

Idade (dias) 301,47 ± 19,60 296,80a 304,86a 302,50a 0,4045

GMD (kg.d-1) 0,99 ± 0,13 1,01a 0,98a 1,02a 0,5960

CMS (kg.d-1) 7,46 ± 0,64 7,02a 7,53b 7,87b <0,0001

PV0,75 (kg) 77,25 ± 5,80 76,83a 78,14a 76,64a 0,6736

AOL (cm2) 53,82 ± 6,45 52,81a 54,98a 53,50a 0,5438

EGL (mm) 1,41 ± 0,67 1,40a 1,30a 1,54a 0,5295

Médias ajustadas pelo método dos quadrados mínimos seguidas da mesma letra, nas linhas, não diferem (P>0,05) por Pdiff. (1)CAR: Consumo alimentar residual; GMD: Ganho médio diário; CMS: Consumo de matéria seca; PV0,75: Peso vivo metabólico; AOL: Área do músculo Longissimus ; EGL: Espessura de gordura subcutânea.

4. CONCLUSÕES

Animais Nelore mais eficientes consomem menos alimentos e apresentam características de crescimento e de carcaça semelhantes às dos animais menos eficientes.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, R.; LANNA, D.P.; LEME,P.R. Consumo alimentar residual: Um novo parâmetro para avaliar a eficiência alimentar de bovinos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande, MS. Anais...Campo Grande 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. BRANCO, R.H.; BONILHA, S.F.M.; RAZOOK A.G. et al. Consumo alimentar residual de machos Nelore selecionados para peso pós-desmame. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 46, 2009, Maringá, PR. Anais...Maringá 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2009. BONILHA, S.F.M.; BRANCO, R.H.; RAZOOK A.G. et al. Relações entre consumo alimentar residual e características de carcaça de bovinos Nelore selecionados para peso pós desmame. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 46, 2009, Maringá, PR. Anais...Maringá 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2009. DEL CLARO, A.C.; BRANCO, R.H.; BONILHA, S.F.M. et al. Estimativas do ganho de peso para cálculo do consumo alimentar residual considerando diferentes intervalos de pesagem. In: ENCONTRO DE PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL, 1., 2010, Nova Odessa, SP. Anais... Nova Odessa: 1 ª Encontro de Produção Animal Sustentável, 2010. (Submetido). LANCASTER, P.A. Biological sources of variation in residual feed intake in beef cattle. 2008. 132p. Dissertation (Doctor of Philosophy). Texas A&M University, 2008. ROBINSON, D.L. Assessing the accuracy of modelling weight gain of cattle using feed efficiency data. Livestock Production Science, v.95, p.187-200, 2005.

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ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA AS

CARACTERÍSTICAS PERÍMETRO ESCROTAL E TIPO DE PARTO EM OVINOS SUFFOLK

GENETIC PARAMETERS ESTIMATES FOR SCROTAL CIRCUMFERENCE AND LAMBING

TYPE IN SUFFOLK SHEEP

ANDRÉ LUIZ GRION1, LAILA TALARICO DIAS2, RODRIGO DE ALMEIDA TEIXEIRA2

1Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rua dos Funcionários, 1540, Juvevê, CEP 80035-050, Curitiba, PR, Brasil. E-mail: [email protected] 2Departamento de Zootecnia, UFPR, Rua dos Funcionários, 1540, Juvevê, CEP 80035-050, Curitiba, PR, Brasil.

RESUMO: Os objetivos deste trabalho foram estimar as herdabilidades para perímetro escrotal (PE) e tipo de parto (TP), a repetibilidade para TP e a correlação genética existente entre estas características em ovinos da raça Suffolk. As estimativas de herdabilidade foram 0,12 e 0,03, respectivamente, para PE e TP. A repetibilidade do TP foi 0,05. A correlação genética entre estas características foi 0,82. A seleção para PE trará resposta correlacionada favorável para prolificidade em fêmeas. Palavras-chave: cordeiro, ovelha, tamanho de ninhada

ABSTRACT: The aims at this work were to estimate heritabilities for scrotal circumference (SC) and lambing type (LT), repeatability of LT and the genetic correlation between them in Suffolk sheep. Heritabilities estimates were 0.12 and 0.03, respectively for SC and LT. The repeatability for LT was 0.05. The genetic correlation between these traits was 0.82. The selection for increase SC will result in a favorable correlated response in females for prolificacy. Key words: ewe, lamb, litter size

1. INTRODUÇÃO

Os programas de melhoramento genético de animais para produção de carne, normalmente consideram apenas as características de crescimento, entretanto a inclusão das características reprodutivas como critérios de seleção pode ser uma ferramenta importante para promover melhoria dos índices produtivos dos rebanhos nacionais.

Dentre as características reprodutivas, o perímetro escrotal (PE) é considerado o melhor critério na seleção de reprodutores por ser facilmente mensurado e por estar relacionado com o desenvolvimento ponderal e desempenho reprodutivo do próprio animal e de fêmeas aparentadas (FOSSCECO e NOTTER, 1995). Para fêmeas, o tipo de parto (TP), ou número de cordeiros nascidos por parto, pode ser um importante critério de seleção por proporcionar maior número animais para venda. Como a eficiência dos sistemas de produção de ovinos é dependente do número de crias

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nascidas, a característica tipo de parto tem assumido grande peso econômico nos programas de seleção de ovinos de alguns países na Europa (OLESEN et al., 1994).

Portanto, os objetivos deste trabalho foram estimar as herdabilidades para perímetro escrotal e tipo de parto, a repetibilidade para tipo de parto, além da correlação genética existente entre estas características em ovinos Suffolk.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas 1.222 informações de perímetro escrotal (PE) e 2.188 partos, de 856 fêmeas, de um total de 4.314 dados de animais nascidos entre 1992 e 2007, pertencentes a Cabanha Butiá, localizada no Rio Grande do Sul.

Para o arquivo de PE, foi considerado como fixo o efeito de grupo de contemporâneos (GC), constituídos pelas variáveis: ano de nascimento do animal e pelo grupo de manejo a desmama e, como covariáveis, os efeitos lineares e quadráticos da idade à mensuração e do peso ajustado para 180 dias de idade. Para TP foi utilizado como fixo o efeito do ano do parto e, como covariáveis, os efeitos linear e quadrático da idade da ovelha no momento do parto. Como 49,50% dos partos foram simples, 47,53% duplos e somente 2,97% triplos, estes dois últimos foram agrupados como partos múltiplos. Os efeitos aleatórios considerados foram o genético aditivo e o residual, além do efeito de ambiente permanente, usado somente para a característica TP.

Para estimação dos componentes de variância e parâmetros genéticos foi empregado o modelo animal bicaracterística pelo método da máxima verossimilhança restrita, usando o programa MTDFREML (BOLDMAN et al., 1995).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As médias e desvios padrão da característica PE e das covariáveis idade à mensuração de PE, peso ajustado para 180 dias e idade da ovelha ao parto foram 31,17±4,06 cm, 186,09±19,28 dias, 48,96±9,73 kg e 40,61±19,96 meses. A frequência de TP foi de 1.083 partos simples (49,50%) e 1.105 partos múltiplos (50,50%).

As estimativas dos componentes de (co)variância e de parâmetros genéticos estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 Estimativas dos componentes de (co) variância e de parâmetros genéticos das características perímetro escrotal (PE) e tipo de parto (TP) de ovinos Suffolk

Característica σa2 σc2 σe2 h2 (±ep) t σa1,a2 σe1e2 rg

PE 0,7257 - 5,1986 0,12±0,07 - TP 0,0077 0,0109 0,2170 0,03±0,02 0,05

0,0612 0,0975 0,82

σa2 = variância genética aditiva; σc2 = variância de ambiente permanente; σe2 = variância residual; h² = herdabilidade; ep = erro padrão; t = repetibilidade; σa1,a2 = covariância genética aditiva; σe1,e2 = covariância residual; rg = correlação genética.

A baixa magnitude da estimativa de herdabilidade obtida para PE pode ser justificada pela menor variabilidade desta característica no momento em que foi mensurada, por volta dos seis meses de idade, dificultando assim a identificação dos animais sexualmente mais precoces. FOSSCECO e NOTTER (1995) relataram herdabilidade para PE de 0,22; 0,52 e 0,09, em ovinos cruzados, aos 60, 90 e 120 dias de idade, respectivamente, e concluíram que o PE mensurado aos 90 dias de idade seria a melhor opção como critério de seleção.

Para TP as estimativas obtidas foram de baixa magnitude, 0,03 para herdabilidade e 0,05 para a repetibilidade indicando que esta característica é altamente influenciada pelos efeitos temporários de ambiente. OLESEN et al. (1994) estimaram a herdabilidade para o número de crias nascidas de duas raças ovinas na Noruega, em 0,20 e 0,12 pelo modelo linear e 0,39 e 0,26 pelo modelo não linear (limiar).

A alta correlação genética entre PE e TP indica que a seleção para uma das características trará respostas correlacionadas favoráveis na outra, uma vez que, os fatores hormonais responsáveis pelo desenvolvimento testicular nos machos são os mesmos que promovem o desenvolvimento ovariano

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nas fêmeas. AL-SHOREPY e NOTTER (1996) estimaram, em ovinos mestiços, a correlação genética entre estas características e observaram valores no mesmo sentido, porém de menor magnitude (0,36).

4. CONCLUSÕES

A utilização de perímetro escrotal e tipo de parto como critérios de seleção poderão, a longo prazo, trazer importantes benefícios reprodutivos para o rebanho ovino. A mensuração de PE em idades mais jovens é recomendada. A seleção para TP baseada em uma única informação não é recomendada pela alta influência de ambiente temporário.

A alta correlação genética existente entre o PE e TP indica que a seleção de reprodutores para maiores PE promoverá melhoria na prolificidade das fêmeas, o que é desejável.

5. AGRADECIMENTO

À Cabanha Butiá e ao Gensys Consultores Associados S/C Ltda. pela concessão dos dados.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AL-SHOREPY S.A.; NOTTER D.R. Genetic variation and covariation for ewe reproduction, lamb growth and lamb scrotal circumference in a fall-lambing sheep flock. Journal of Animal Science. n.74, p.1490-1498. 1996.

BOLDMAN, K. G. et al. A manual for use of MTDFREML. A Set of Programs To Obtain Estimates of Variances and Covariances [DRAFT]. U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, 1995. 122p. FOSSCECO, S. L.; NOTTER, D.R. Heritabilities and genetic correlations of body weight, testis growth and ewe lamb reproductive traits in crossbred sheep.Animal Science. v.60, p.185, 1995. OLESEN, I. et al. A comparison of normal and nonnormal mixed models for number of lambs born in Norwegian sheep. Journal of Animal Science, n.72, p.1166-1173. 1994.

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EFEITOS DE FATORES AMBIENTAIS E ESTIMATIVA DE HERDABILIDADE DO PERÍMETRO ESCROTAL EM BOVINOS BRANGUS

EFFECTS OF ENVIRONMENTAL FACTORS AND HERITABILITY ESTIMATION OF

SCROTAL CIRCUMFERENCE IN BRANGUS CATTLE

CINTHIA BROSCO RIBEIRO1, MARIA DE LAMARE3, MARCÍLIO D. S. MOTA1, HENRIQUE N.

OLIVEIRA2, ROGÉRIO A. CURI1, JOSINEUDSON AUGUSTO II V. SILVA1

1Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV), UNESP. Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. 3Fazendas Sant´Anna, Estrada Rancharia/Bastos Km 1, Rancharia,SP, Brasil.

RESUMO: O objetivo foi determinar a importância dos efeitos ambientais sobre o perímetro escrotal (PE) de bovinos Brangus, estimar a herdabilidade (h2) e fatores de correção. Foram utilizados registros de 576 animais nascidos entre 1999/2002. Os dados foram analisados com modelo que incluiu efeito fixo de fazenda, ano e classe de idade da mãe, covariável idade da mensuração e efeito aleatório de touro. Os efeitos foram significativos e devem ser considerados nas avaliações genéticas. Os fatores de correção para idade foram propostos para tornar a seleção mais acurada. A h2 para PE foi 0,30±0,15, indicando que seleção direta permite progresso genético. Palavras-chave: ajuste, gado de corte, herdabilidade ABSTRACT: The objective was to determine the importance of the environmental effects on scrotal circumference (SC) of Brangus cattle, to estimate heritability (h2) and correction factors. Records of 576 animals born between 1999-2002 were used. Data were analyzed with model that included fixed effect of farm, year and age class of mother, age measurement covariate and random effect bull. The effects were significants and must be considered in genetic evaluations. The correction factors for age have been proposed to make the selection more accurate. The h2 for PE was 0.30 ± 0.15, indicating that direct selection would lead to genetic progress. Key words: adjustment, beef cattle, heritability

1. INTRODUÇÃO

A bovinocultura de corte no Brasil precisa melhorar seus índices de produtividade em função da crescente competitividade na indústria animal. Estudos relacionados com a função reprodutiva dos machos podem contribuir para o estabelecimento de programas de manejo e de seleção mais

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adequados ao aprimoramento da pecuária, principalmente nos sistemas de produção em que a reprodução é feita por monta natural, pois, nestes casos, a fertilidade dos touros é importante na determinação da eficiência de produção. Rebanhos detentores de elevada precocidade sexual e fertilidade possuem maior disponibilidade de animais, tanto para venda como para seleção, permitindo maior intensidade seletiva e, conseqüentemente, maiores progressos genéticos e lucratividade para o sistema produtivo.

Para que os animais possam ser comparados e distinguidos na seleção de rebanhos, é necessário que os efeitos dos fatores ambientais sobre as características de interesse sejam minimizados. Para isto, podem ser utilizados ajustes e correções para influências ambientais conhecidas como idade do bezerro e idade da vaca.

Desta forma, os objetivos desta pesquisa foram estudar os efeitos ambientais, obter fatores de correção dos efeitos e estimar a herdabilidade para perímetro escrotal em bovinos Brangus.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados dados do Programa de Avaliação Genética das Raças Brangus e Braford (PMG-BB), registrados no MAPA sob número 004/95. O PMG-BB utiliza índice de seleção para classificar os reprodutores e os 20% superiores de cada safra, recebem Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP), documento oficial que atesta a qualidade genética dos animais. Neste trabalho foram utilizados somente dados de quatro fazendas e de animais com composição racial Brangus (5/8 Angus x 3/8 Nelore), por apresentarem maior consistência.

Os animais, nascidos entre 1999 e 2002, foram criados em fazendas localizadas no estado de São Paulo em condições extensivas de pastagem,. A base de dados inclui informações de identificação dos animais (n=576) e pai (n=80), fazenda (FAZ, n=3), ano (ANON, n=4) e mês (MESN, julho a dezembro) de nascimento, data juliana de nascimento (DTJ), classe de idade da mãe ao parto (CIMP), idade da mensuração (IDPE) e medida do perímetro escrotal (PE). O MESN foi dividido em trimestres, resultando na variável época, com duas classes. A CIMP foi composta de cinco classes (2, 3, 4, 5 – 9, > 9 anos). A medida do PE foi realizada na idade aproximada de 550 dias, com mensurações entre 490 e 610 dias de idade. A média do PE foi de 33,61±3,41 cm, com média de IDPE de 537±27 dias.

As análises de variância foram realizadas pela metodologia dos modelos mistos por meio do PROC MIXED do SAS (SAS, 2001). O modelo incluiu FAZ, EPOCA, DTJ e CIMP como efeitos fixos classificatórios, o efeito de IDPE (linear) como covariável, o efeito aleatório de touro e o resíduo. As significâncias dos efeitos foram obtidas por meio do teste F tipo III e o erro padrão da estimativa da herdabilidade segundo o Método Delta (LYNCH e WALSH, 1998).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os efeitos de EPOCA e DTJ, além das possíveis interações, não foram significativos. Desta forma foram retirados do modelo. Os efeitos FAZ e ANO foram altamente significativos (p<0,001). O efeito CIMP (p<0,05) para a PE, embora significativo, não apresentou diferença pelo teste de Tukey entre suas classes. LUNSTRA et al. (1988), não encontraram significância ao avaliar touros ao ano de idade pertencentes a diferentes raças taurinas e afirmaram que grande parte dos efeitos de CIMP sobre o PE decorre fundamentalmente da influência destes efeitos sobre o peso do animal. Entretanto, outros autores encontraram diferença significativa para CIMP.

A IDPE apresentou efeito importante sobre PE (p<0,001). O coeficiente de regressão linear estimado para a IDF foi 0,02298 cm/dia, sendo próximo do estimado por KRIESE et al. (1991), 0,024 cm/dia, em Hereford.

Os fatores de correção multiplicativos para PE foram obtidos pela utilização do modelo matemático resultante das análises com a fixação de 550 dias como padrão (idade freqüentemente encontrada na literatura) em função de classes de idade (Tabela 1). Os fatores de correção variaram de 1,0402 (classe 490 dias de idade) a 0,9628 (classe 610 dias de idade).

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Tabela 1. Fatores de correção multiplicativos para perímetro escrotal em função da idade (550 dias) em animais Brangus

Idade em dias (em vermelho) - Fator de correção (em azul)

490 500 510 520 530 540 550 560 570 580 590 600 610 1.040 1.033 1.027 1.020 1.013 1.007 1.000 0.994 0.987 0.981 0.975 0.969 0.963

A estimativa da herdabilidade (h2) foi obtida pelo Método de Máxima Verossimilhança Restrita por modelo touro. A h2 do PE foi estimada em 0,30 ± 015, o que indica que a seleção direta para o PE levaria ao progresso genético anual. A maioria dos relatos na literatura da estimativa de herdabilidade para PE é de moderada a alta.

4. CONCLUSÕES

Os fatores de correção para idade do animal para a característica perímetro escrotal tornam a seleção mais acurada. A estimativa de herdabilidade do perímetro escrotal indica que a seleção direta permite o progresso genético anual.

5. AGRADECIMENTO

À Fazenda Sant´Anna pela base de dados e apoio proporcionada ao estudo de bovinos.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LYNCH, M.; WALSH, B. Genetics and Analysis of Quantitative Traits. Sunderland, MA: Sinauer. 1998. 980p. SAS INSTITUTE INC. System for Microsoft Windows. Release 8.01. Cary: NC, USA, 2001. KRIESE, L.A.; BERTRAND, J.K.; BENYSHEK, L.L. Age adjustment factors, heritabilities and genetic correlations for scrotal circumference and related growth traits in Hereford and Brangus bulls. Journal of Animal Science, v. 69, p. 478-489, 1991. LUNSTRA, D.D.; GREGORY, K.E.; CUNDIFF, L.V. Heritability estimates and adjustments factors for the effects of bull age and age of dam on yearling testicular size in different breeds of bulls. Theriogenology, v. 30, p. 127-136, 1988.

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ESTIMATIVA DE HERDABILIDADE DE MEDIDAS CORPORAIS, PERÍMETRO ESCROTAL E CARCAÇA EM BOVINOS DA RAÇA NELORE

PARTICIPANTES DE EXPOSIÇÕES

HERITABILITY ESTIMATES OF BODY MEASUREMENTS, SCROTAL CIRCUMFERENCE AND CARCASS TRAITS IN NELORE CATTLE PARTICIPATING IN CATTLE EXPOSITIONS

EDSON A. SIMIELLI FILHO1, JOSINEUDSON AUGUSTO II DE V. SILVA3, LUIZ A. JOSAHKIAN4, CARLOS

HENRIQUE CAVALLARI MACHADO4, TIAGO R. PINHEIRO1, MARIA EUGÊNIA Z. MERCADANTE2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. 3Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618- 000 Botucatu, SP, Brasil. 4Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Pç. Vicentino R. da Cunha, 110, Pq. Fernando Costa, CEP 38022-330,Uberaba, MG, Brasil. RESUMO: O objetivo do estudo foi estimar herdabilidade (h2) para perímetro torácico, perímetro escrotal, comprimento corporal, altura anterior, altura posterior, área do olho do lombo e espessura de gordura no lombo e na garupa de animais Nelore participantes de dois campeonatos (8 a 12 e >12 a 16 meses de idade) em julgamento de exposições. Modelos animais considerando os efeitos fixos de grupo de contemporâneo e idade à medida como covariável e o efeito aleatório genético aditivo foram ajustados por REML. As h2 variaram de 0,19 a 0,63 e de 0,35 a 0,63 nos dois campeonatos estudados. Palavras-chaves: Bos indicus, parâmetros genéticos, ultrassom ABSTRACT: The objective of the study was to estimate heritability (h2) for heart girth, scrotal circumference, body length, withers height, rump height, loin eye area and backfat thichness and rump fat thickness of Nelore animals from two championships (8 to 12 months and >12 to 16 of age) in judging cattle expositions. Animal models considering fixed effects of contemporary group and age at measurement as a covariate and additive genetic random effect were fitted by REML in a series of single-trait analysis. The h2 varies from 0.19 to 0.63, and from 0.35 to 0.63 in the two studied championships. Key words: Bos indicus, genetic parameters, ultrasound

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1. INTRODUÇÃO

Mesmo com a grande disseminação de técnicas de melhoramento animal e do surgimento de programas de seleção, avaliação genética, testes de desempenho e provas zootécnicas, uma das formas ainda usadas na seleção de bovinos é a utilização das pistas de julgamentos em exposições agropecuárias. Embora os julgamentos em exposições não utilizem técnicas modernas de melhoramento animal e não sejam abrangentes em termos de número de animais avaliados, as exposições agropecuárias certamente tem efeito sobre o melhoramento da raça, uma vez que os animais campeões são rapidamente disseminados na população via sêmen ou ovócitos. O objetivo do presente estudo foi avaliar a variabilidade genética de várias características de importância econômica em animais Nelore participantes de exposições.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi realizado com informações de bovinos da raça Nelore do banco de dados da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Uberaba-MG. A coleta dos dados efetuou-se durante a recepção dos animais na Exposição Internacional das Raças Zebuínas, nos anos de 1998 a 2010, Exposição Nacional Mineira da Raça Nelore, de 2007 a 2010 e na Exposição Internacional da Raça Nelore, de 2000 a 2005 e 2008 a 2009. Foram coletadas as seguintes características: comprimento corporal (COMP), altura posterior (ALT_P), altura anterior (ALT_A) em machos e fêmeas, e perímetro torácico (PT), perímetro escrotal (PE), área do olho de lombo (AOL), espessura de gordura na costela (EGS) e na garupa (P8) obtidas por ultrassonografia, apenas nos machos, as quais foram analisadas considerando-se dois campeonatos (bezerro e novilho menor). No arquivo do campeonato Bezerro, foram considerados animais de 8 a 12 meses de idade, filhos de 500 touros, e no campeonato novilho menor animais acima de 12 até 16 meses de idade, filhos de 422 touros. O arquivo de pedigree continha 33.815 animais, incluindo até a terceira geração dos animais com registros. O modelo incluiu grupo de contemporâneo (GC) como efeito fixo, o efeito da idade como covariável, o efeito aleatório de animal e resíduo. O GC foi composto pelas variáveis ano e mês da exposição, categoria do campeonato e sexo. GC com menos de quatro animais e que apresentavam filhos de um mesmo touro, foram descartados.

O pacote estatístico SAS (SAS, 2001) foi utilizado para consistência do banco de dados e o ASREML (GILMOUR et al., 1999) foi usado para estimar os componentes de variância por máxima verossimilhança restrita em análises unicaracterísticas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Números de observações, médias, desvio padrão, estimativas de herdabilidade (h²) e erro-padrão das características analisadas estão apresentados na Tabela 1. CYRILLO et al. (2001), relataram estimativa de h² de 0,10, 0,44, 0,13 e 0,58 respectivamente para perímetro torácico e escrotal, comprimento corporal e altura de posterior de machos Nelore aos 378 dias de idade, e MAGNABOSCO et al. (2002) relataram coeficientes de h² de 0,49, 0,02, 0,32, 0,56 e 0,54 para perímetro torácico e escrotal, comprimento do corpo, altura de anterior e posterior em bovinos da raça Brahman. Essas estimativas foram inferiores às obtidas no presente estudo, exceto para perímetro torácico, altura de anterior e posterior no campeonato novilho menor, sugerindo que as características avaliadas apresentam considerável variação genética, sendo passível a seleção.

YOKOO et al. (2010) relataram estimativas de h² de 0,29±0,07 para AOL, 0,50±0,09 para EGS e 0,39±0,09 para P8 avaliadas em bovinos da raça Nelore com idade compreendida ente 450 a 599 dias. Estas estimativas de h² são consideradas de média a alta magnitude e estão bem próximas das encontradas no presente estudo, mostrando que essas características, podem ser usadas como critério de seleção.

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Tabela 1. Número de observações (NOBS), média (M), desvio padrão (DP) e estimativa de herdabilidade (h2) e erro padrão (EP) das características analisadas

Campeonato Bezerro Campeonato Novilho Menor Característica NOBS M DP h² EP NOBS M DP h² EP

PT (cm) 2675 174,70 9,60 0,56 0,08 2104 192,30 8,97 0,38 0,08

PE (cm) 2811 24,33 3,43 0,57 0,07 2194 30,13 3,80 0,52 0,08 COMP (cm) 7500 134,20 6,75 0,46 0,04 5937 145,00 6,82 0,41 0,05 ALT_A (cm) 7500 133,10 4,76 0,63 0,04 5938 139,99 4,58 0,54 0,04 ALT_P (cm) 7499 140,40 5,14 0,63 0,04 5939 148,00 5,05 0,47 0,05 AOL (cm²) 1321 73,77 11,52 0,19 0,07 909 85,61 11,42 0,35 0,12 EGS (mm) 1318 5,32 1,93 0,33 0,09 908 7,24 2,89 0,50 0,14 P8 (mm) 981 6,91 1,93 0,40 0,12 726 9,17 2,71 0,63 0,15

É importante destacar, como os dados analisados nesta avaliação serem provenientes de bovinos participantes de exposições agropecuárias, ou seja, animais que certamente foram submetidos à seleção prévia por determinado critério, era esperada redução da variabilidade genética, fato que não ocorreu.

4.CONCLUSÃO

As estimativas de herdabilidade das medidas corporais, perímetro escrotal e carcaça são de média a alta magnitude, portanto, essas características são passíveis de seleção.

5. AGRADECIMENTO

À ABCZ, por fornecer a base de dados e apoiar estudos em zebuínos

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CYRILLO, J.N.S.G.; RAZOOK, A.G.; FIGUEIREDO, L.A. et al. Estimativas de tendências e parâmetros genéticos do peso padronizado aos 378 dias de idade, medidas corporais e perímetro escrotal em machos Nelore de Sertãozinho, SP. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, p. 56-65, 2001.

GILMOUR, A.R.; CULLIS, B.R.; WELHAM, S.J. et al. 1999. ASREML Reference Manual. Orange, NSW Australia. New South Wales Agriculture. MAGNABOSCO, C.D.U.; OJALA, M.; REYES, A. et al. Estimates of environmental effects and genetic parameters for body measurements and weight in Brahman cattle raised in Mexico. Journal of Animal Breeding and Genetics, v. 119, p. 221-228, 2002. SAS INSTITUTE. SAS/ETS User´s Guide. Version 8.1 ed. Cary: SAS Institute, 2001. YOKOO, M.J.; LOBO, R.B.; ARAUJO, F.R.C. et al. Genetic associations between carcass traits measured by real-time ultrasound and scrotal circumference and growth traits in Nelore cattle. Journal of Animal Science, v. 88, p. 52-58, 2010.

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COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARCAÇA DE BOVINOS NELORE PERTENCENTES A CLASSES DIVERGENTES DE CONSUMO ALIMENTAR

RESIDUAL

CARCASS CHEMICAL COMPOSITION OF NELLORE BULLS FROM DIVERGENT LEVELS OF RESIDUAL FEED INTAKE

EDUARDO FIGUEIREDO MARTINS BONILHA1, SARAH FIGUEIREDO MARTINS BONILHA2, FABIANA LANA DE

ARAUJO3, ALEXANDER GEORGE RAZOOK2, LEOPOLDO ANDRADE DE FIGUEIREDO2, RENATA HELENA

BRANCO2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970, Sertãozinho, SP, Brasil. 3Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Avenida Peter Henry Rolfs, s/n Campus Universitário, CEP 36570-000, Viçosa, MG, Brasil.

RESUMO: A composição química da carcaça de animais Nelore de classes divergentes de consumo alimentar residual (CAR) foi determinada em 33 machos não castrados, terminados em baias individuais até atingirem 4 mm de espessura de gordura subcutânea no Longissimus. Os animais foram classificados em alto CAR e baixo CAR. Não foram detectadas diferenças significativas para peso de carcaça resfriada entre as classes de CAR. Em relação à composição química da carcaça, não foram detectadas diferenças significativas em teores de água, extrato etéreo, proteína e cinzas. O CAR tem potencial para ser incluído em programas de melhoramento genético da raça Nelore sem causar prejuízos à composição química da carcaça. Palavras-chave: carcaça, composição centesimal, eficiência alimentar

ABSTRACT: Carcass composition on Nellore of different levels of residual feed intake (RFI) was determined in 33 bulls, finished in individual pens, until reach 4 mm of subcutaneous fat thickness in Longissimus. Animals were classified into high RFI and low RFI. No significant differences were found for chilled carcass weight between RFI levels. Regarding carcass chemical composition, no significant differences were detected for water, fat, protein and ash percentages. RFI has potential to be included in Nellore breeding programs without causing damage to carcass composition. Key words: carcass, proximate composition, feed efficiency

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

Inúmeros estudos sobre o controle de ambiente para melhora de índices zootécnicos são realizados em busca de melhores produtividades. O consumo alimentar residual (CAR) é uma medida segura de eficiência alimentar baseada na diferença entre consumo observado e consumo esperado (estimado em função de peso metabólico e ganho médio diário). Animais de alto CAR (menos eficientes) consomem mais que o esperado para um determinado ganho, enquanto animais de baixo CAR consomem menos que o esperado (mais eficientes) (BAKER et al., 2006).

A determinação da composição da carcaça é de grande importância em estudos que avaliam crescimento e rendimentos frigoríficos. A avaliação do crescimento por meio apenas de ganho de peso limita as conclusões, pois não envolve composição química, que refere-se, basicamente, às percentagens de gordura, proteína, água e cinzas presentes no corpo do animal. De acordo com GOMES (2009) existe possível tendência de animais menos eficientes possuírem maior percentagem de gordura corporal. Objetivou-se com este trabalho determinar a composição química da carcaça de machos Nelore pertencentes a classes divergentes de consumo alimentar residual.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Centro APTA Bovinos de Corte, do Instituto de Zootecnia, Sertãozinho/SP. Foram utilizados 33 machos Nelore não castrados, nascidos em 2006 e abatidos em 2008, previamente avaliados quanto ao CAR e classificados nas categorias: baixo CAR (<média + 0,5 DP; n=17) e alto CAR (>média + 0,5 DP; n=16). Esses animais tiveram o CAR avaliado durante a Prova de Ganho de Peso e foram terminados em baias individuais, recebendo dieta contendo 14,8% de proteína bruta e 82% de nutrientes digestíveis totais, composta de feno de braquiária (20%) e ração concentrada (80%), contendo: milho moído, farelo de algodão, caroço de algodão, polpa cítrica, uréia e mistura mineral.

O abate obedeceu aos procedimentos normais de frigoríficos sob inspeção federal, sendo os animais abatidos quando atingiram o mínimo de 4 mm de espessura de gordura subcutânea, avaliada por ultrassom, entre as 12a e 13a costelas. As carcaças foram pesadas, resfriadas a 2oC por 24 horas, pesadas novamente, reduzidas a pedaços menores, embaladas e congeladas para posterior processamento. O material congelado (tecidos moles e ossos) foi serrado, moído seguidas vezes até ser totalmente homogeneizado e reduzido ao estado pastoso e amostrado. A umidade foi determinada pela liofilização de aproximadamente 200 gramas de amostra até atingir peso constante. O extrato etéreo (EE) foi determinado pela extração com éter dietílico por 15 horas. As cinzas foram determinadas pela queima, de 2 gramas de amostras, em mufla a 600ºC por 4 horas. A proteína foi determinada pela diferença entre o peso total da amostra e as quantidades de água, EE e cinzas.

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, sendo os dados analisados pelo procedimento GLM do SAS (1999). As médias foram comparadas pelo teste SNK (Student de Newman-Keuls), a 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foram encontradas diferenças significativas (P=0,7849) em peso de carcaça resfriada, mostrando que animais de CAR baixo e alto apresentaram tamanhos corporais semelhantes. Em relação aos componentes químicos da carcaça, água (P=0,1063), extrato etéreo (P=0,7382), cinzas (P=0,7302) e proteína (P=0,2395), também não foram encontradas diferenças significativas (Tabela 1), mostrando que animais de classes divergentes de CAR apresentaram carcaças com composição química semelhante.

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Tabela 1. Médias de pesos de carcaça resfriada, porcentagens de água, extrato etéreo, proteína e cinzas na carcaça de animais Nelore pertencentes a classes divergentes de consumo alimentar residual

Consumo Alimentar Residual CV P Baixo Alto (%) Peso Carcaça Resfriada, kg 240 a 237 a 13,4 0,7849 Água, % 63,8 a 62,6 a 3,04 0,1063 Extrato Etéreo, % 13,6 a 13,9 a 18,7 0,7382 Proteína Bruta, % 17,3 a 18,2 a 11,8 0,2395 Cinzas, % 5,32 a 5,25 a 10,7 0,7302

Médias seguidas de mesmas letras, nas linhas, não diferem significativamente entre si pelo teste SNK (Student- Newman-Keuls), a 5% de probabilidade.

A relação proteína/cinzas na matéria seca desengordurada do corpo vazio e da carcaça de

animais é relativamente constante. BONILHA et al. (2007), analisando a composição química do corpo vazio de machos Nelore, reportaram resultados semelhantes aos encontrados neste trabalho para os teores de proteína e cinzas. RICHARDSON et al. (2001) e BAKER et al. (2006) também não encontraram diferenças significativas nos teores de gordura na carcaça de animais Angus classificados em alto e baixo CAR.

4. CONCLUSÕES

As carcaças de animais Nelore de classes divergentes de consumo alimentar residual apresentam composição química semelhante, mostrando que o mesmo tem potencial para ser incluído, com viabilidade econômica, em programas de melhoramento genético.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKER, S. D.; SZASZ, J. I.; KLEIN, T. A. et al. Residual feed intake of purebred Angus steers: Effects on meat quality and palatability. Journal of Animal Science. v.84, p.938-945, 2006. BONILHA, S.F.M.; Packer, I.U.; FIGUEIREDO, L.A. et al. Efeito da seleção para peso pós-desmame sobre a composição corporal de bovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, p.1282-1287, 2007. GOMES, R. C.; SAINZ, R. D.; LEME, P.R. Composição química corporal de novilhos Nelore com alto e baixo consumo alimentar residual. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 46, 2009, Maringá, PR. Anais... 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2009. RICHARDSON, E. C.; HERD, R. M.; ODDY, V. H. et al. Body composition and implications for heat production of Angus steer progeny of parents selected for and against residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, v. 41, p.1065–1072, 2001.

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ÍNDICE DE TOLERÂNCIA AO CALOR DE FÊMEAS NELORE DE DIFERENTES

CLASSES DE CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL1

HEAT TOLERANCE INDEX ON NELLORE HEIFERS OF DIFFERENT RESIDUAL FEED INTAKE LEVELS

ELAINE MAGNANI2, TATIANA LUCILA SOBRINHO3, TIAGO ROQUE PINHEIRO2, SARAH FIGUEIREDO MARTINS

BONILHA3, MARIA EUGÊNIA ZERLOTTI MERCADANTE3 , RENATA HELENA BRANCO3

1Projeto financiado pelo CNPq. 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 3Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil.

RESUMO: Objetivou-se com este trabalho determinar a temperatura superficial e o índice de tolerância ao calor de fêmeas Nelore de classes divergentes de consumo alimentar residual (CAR), mantidos em confinamento. Os parâmetros estudados foram temperatura superficial (TS), temperatura retal (TR) e índice de tolerância ao calor (ITC). Verificou-se que a TR final foi mais elevada para animais CAR baixo, sendo o ITC e a TS semelhantes entre as classes de CAR, mostrando que o CAR é independente da tolerância ao calor. Palavras-chave: adaptação fisiológica, eficiência alimentar, Nelore

ABSTRACT: The objective of this work was to determine surface temperature and rate of heat tolerance on Nellore heifers of different residual feed intake (RFI) levels, kept in feedlot. Studied parameters were surface temperature (ST), rectal temperature (RT) and heat tolerance index (HTI). It was found that final RT was higher on low RFI animals, being HTI and ST similar between RFI levels, showing that RFI is independent of heat tolerance. Key words: physiological adaptation, feed efficiency, Nellore

1. INTRODUÇÃO

Os principais mecanismos fisiológicos que influenciam a variação no consumo alimentar residual (CAR) estão relacionados às exigências de mantença, transporte de íons, resposta ao estresse, metabolismo dos tecidos e incremento calórico (RICHARDSON et al., 2004). Segundo ARCHER e BARWICK

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(1999), a compreensão dos processos responsáveis pela variação observada em eficiência alimentar é importante na predição de possíveis respostas correlacionadas à seleção, fornecendo indicação útil de para onde os esforços da pesquisa devem ser concentrados.

O teste de tolerância ao calor proposto por BACCARI JÚNIOR et al. (1986) tem se apresentado prático e eficiente, sendo baseado na capacidade de dissipação de calor após a exposição dos animais à radiação solar direta. Objetivou-se com este trabalho avaliar o índice de tolerância ao calor, a temperatura retal e a temperatura superficial de animais pertencentes a diferentes classes de CAR.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Centro APTA Bovinos de Corte, do Instituto de Zootecnia, Sertãozinho/SP. Trinta e duas novilhas selecionadas para peso aos 550 dias de idade e classificadas em: alto CAR (n=15) e baixo CAR (n=17), com idade e peso vivo médios de 18 meses e 377kg, respectivamente. Os animais foram mantidos em confinamento, sob luminosidade natural, alojados em baias individuais. A dieta foi formulada à base de feno de Brachiaria decumbens, milho moído, farelo de algodão e uréia. As novilhas foram alimentadas duas vezes ao dia, com acesso ad libitum a dieta e água.

A avaliação do índice de tolerância ao calor (ITC) proposto por BACCARI JÚNIOR et al. (1986), foi realizada por 3 dias com total ausência de nebulosidade. Foi instalado nos ambientes interno e externo termômetro de máxima (TMáx) e mínima (TMin), com avaliação da umidade relativa do ar (UR = 39,83), sendo as médias de TMáx, 40,13ºC e 32,43ºC e TMin 25,50°C e 16,60°C, para sol e sombra respectivamente. Os animais foram mantidos à sombra durante duas horas (13:00 às 15:00h), verificando-se a temperatura retal (TR1); submetidos à radiação solar direta durante uma hora (15:00 às 16:00h); reconduzidos à sombra por mais uma hora (16:00 às 17:00h), e avaliando-se novamente a temperatura retal (TR2). Para o cálculo do ITC as médias das temperaturas retais foram aplicadas à fórmula: ITC = 10 - (TR2- TR1). A temperatura superficial (TS) foi calculada como a somatória das médias de temperatura, aferidas com termômetro de infravermelho, nas seguintes regiões: fronte, pescoço, lombo, costado, ventre e canela, medidas duas vezes, com o animal em repouso a sombra e imediatamente após a exposição solar. Os dados foram avaliados pelo pacote estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 1999) e as médias comparadas pelo Teste de Tukey, à 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A média de temperatura retal foi 38,59°C mínima à sombra e 39,02º C máxima após exposição ao sol (Tabela 1), o que, de acordo com STOBER (1993), seria a temperatura retal normal para bovinos em ambientes quentes (38,0 a 39,3°C). A temperatura superficial foi superior após exposição ao sol, para as duas classes de CAR, o que demonstra que sob estresse severo, ocorre aumento no fluxo sanguíneo do núcleo central para superfície do animal e, consequentemente, eleva a taxa de fluxo de calor, resultando em altas temperaturas superficiais. Na medida em que as perdas evaporativas tornam-se maiores, grande quantidade de calor é removida da pele por evaporação, de forma que o sangue que circula pelas superfícies corporais é resfriado (BAETA et al., 1997).

A prova de avaliação da adaptabilidade fisiológica (BACCARI JUNIOR et al., 1986) foi realizada no verão, ambiente que promove mudança na zona de conforto térmico dos animais. Os animais classificados em alto e baixo CAR apresentaram ITC de 9,70 e 9,63 respectivamente, atingindo quase a nota máxima preconizada pelo teste, onde quanto mais próximo de dez for o índice, mais tolerante é o animal, demonstrando estes serem tolerantes ao calor.

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Tabela 1. Médias da temperatura retal (TR1 e TR2), índice de tolerância ao calor (ITC), temperatura superficial (TS1 e TS2) e gradiente (TR2-TR1) de novilhas Nelore de diferentes classes de CAR

CAR Alto CAR Baixo P CV(%) n 15 17 - - ITC, oC 9,70a 9,63a 0,1840 1,51 TR1, °C 38,59a 38,64a 0,2538 0,39 TR2, °C 38,89b 39,02a 0,0497 0,47 TR2 – TR1, °C 0,30a 0,37a 0,1840 42,99 TS1, °C 32,53a 32,70a 0,2632 1,34 TS2, °C 32,85a 33,00a 0,4051 1,57

Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

Animais de CAR alto e baixo apresentaram TR2 significativamente diferente (P=0,0497), sendo os animais de baixo CAR os que apresentaram valores superiores (39,02 vs 38,89°C). Estes valores individualmente não explicam variações nas classes de CAR, uma vez que influenciam o ITC e este não foi diferente (P=0,1840). LU (1989), explica que uma vez reduzido o consumo de alimento, menores incrementos calóricos resultantes da atividade voluntária, fermentação ruminal, digestão do alimento, absorção de nutrientes e taxa metabólica são requeridos, com benefício na manutenção do equilíbrio térmico entre os animais e o meio e reflexos diretos no desempenho produtivo devido redução no déficit energético.

4. CONCLUSÕES

Novilhas Nelore de classes divergentes de consumo alimentar residual apresentam alto índice de tolerância ao calor, mostrando que consumo alimentar residual é independente da tolerância ao calor.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCHER, J. A.; BARWICK, S. A. Economic analysis of net feed intake in industry breeding schemes. In: Association for the advancement of animal breeding and genetics, 13, 1999, Bunbury. Proceedings… Bunbury: Association for the Advancement of Animal Breeding and Genetics, p.337-340, 1999. BACCARI JUNIOR, F.; POLASTRE, R.; FRÉ, C. A.; et al. Um novo índice de tolerância ao calor para bubalinos: Correlação com o ganho de peso. In: Reunião Anual da Sociedade de Zootecnia, 23., 1986, Campo Grande, MS. Anais... Campo Grande: SBZ, 1986. p. 316. BAÊTA, F. C.; SOUZA, C. F. Ambiência em edificações rurais e conforto térmico. Viçosa: UFV, 1997. 246 p. LU, C.D. Effects of heat stress on Goat Production. Small Ruminant Research, v.2, p.151-162, 1989. RICHARDSON, E.C.; HERD, R.M.; ARCHER J.A. et al. Metabolic differences in Angus steers divergently selected for residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, v.44, p.441-452, 2004. STOBER, M. Identificação, anamnese, regras básicas da técnica do exame clínico geral, In: Exame clínico dos bovinos. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 419 p.

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INFLUÊNCIA DA DURAÇÃO DA LACTAÇÃO NAS ESTIMATIVAS DE HERDABILIDADE PARA A PRODUÇÃO DE LEITE NA RAÇA GIR LEITEIRO

INFLUENCE OF LACTATION LENGTH ON THE HERITABILITY ESTIMATES FOR MILK

YIELD IN GIR DAIRY CATTLE

ELISA JUNQUEIRA OLIVEIRA1, MARCO AURÉLIO PRATA1, LUCIA GALVÃO DE ALBUQUERQUE2, CARLOS

HENRIQUE CAVALLARI MACHADO3, LENIRA EL FARO4

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Esta-do de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. 3Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Pç. Vicentino R. da Cunha, 110, Pq. Fernando Costa, CEP 38022-330,Uberaba, MG, Brasil. 4Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste (PRDTA), APTA, SAA, Avenida Bandeirantes, 2419, CEP 14030-670, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo verificar em um rebanho Gir se o ajuste da duração da lactação (DL) como covariável e a eliminação de lactações curtas afetam as estimativas de herdabilidade para produção de leite aos 305 dias (P305). Os componentes de variância foram estimados pelo método da máxima verossimilhança restrita utilizando o aplicativo MTDFREML. As estimativas de herdabilidade para a P305 variaram de 0,20 a 0,24, ocorrendo pequenas diferenças quando se eliminou lactações curtas, incluindo-se ou não a DL no modelo. Os componentes de variância foram maiores para as análises em que a DL não foi incluída nos modelos, não havendo necessidade da inclusão da DL como covariável para a produção de leite, podendo haver redução na variabilidade genética.

Palavras-chave: herdabilidade, duração da lactação, produção de leite ABSTRACTThe aim of this study was to verify if adjusting milk yield of Gyr cattle for lactation length (DL) as covariate or eliminating short lactations could affect heritability estimates for 305-days milk yield (P305). Variance components were estimated by restricted maximum likelihood method using MTDFREML package. The heritability for the P305 ranged from 0.20 to 0.24, with small differences in estimates when short lactations were excluded from data sets, adjusting or not for DL in the model. Variance components were higher when DL was not included in the models proving that adjusting milk yields for this effect was not necessary because the genetic variability could decrease. Key words: heritability, lactation length, milk production

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1. INTRODUÇÃO

A baixa produção dos rebanhos Gir Leiteiro, deve-se principalmente ao fato das lactações serem mais curtas e menos persistentes. A produção e a persistência da lactação estão bastante relacionadas com a duração da lactação (DL). O estudo da DL torna-se, portanto, fundamental em programas de melhoramento de Zebus Leiteiro, pois esta variável reflete diretamente na produção total de leite do rebanho e, consequentemente, na eficiência econômica da atividade. Um dos problemas encontrados na estimação de parâmetros genéticos é a decisão de eliminar ou não as lactações curtas, para a análise dos dados. De acordo com MELLO et al. (1994), se a variação existente na DL não é de origem genética, é interessante a eliminação das lactações curtas ou o ajuste para a DL, a fim de padronizar o período de produção. MADALENA et al. (1992), destacaram que a eliminação de lactações curtas não apenas diminui parte da variabilidade fenotípica, mas também parte da variabilidade genética, o que pode ocasionar menores estimativas de herdabilidade para a produção de leite.

O objetivo deste trabalho foi verificar se o ajuste da duração da lactação como covariável e a eliminação de lactações curtas afetam as estimativas de herdabilidade para a produção de leite aos 305 dias para a raça Gir Leiteiro.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados no presente estudo foram extraídos de rebanhos Gir Leiteiro controlados pela Associação Brasileira dos Criadores de Gado Zebu (ABCZ). Os arquivos foram separados em três categorias: a) com 13.783 observações de 8.108 animais, não eliminando lactações curtas (NELC); b) com 13.251 observações de 7.884 animais, no qual foram eliminadas as lactações inferiores a 90 dias (LC90); c) com 12.875 observações de 7.685 animais, no qual foram eliminadas as lactações inferiores a 120 dias (LC120). A característica avaliada neste estudo foi à produção de leite aos 305 dias (P305), considerando-se seis modelos de análise, incluindo-se e não incluindo-se a duração da lactação (DL) como covariável, para os três arquivos formados. O modelo geral adotado para as análises incluiu como efeitos fixos o grupo de contemporâneas (rebanho, ano e estação de parto), a idade da vaca ao parto como covariável (regressão linear e quadrática) e a duração da lactação como covariável (linear). Os grupos de contemporâneas (GC) com menos de cinco lactações foram eliminados das análises. Para todas as análises foi usado um arquivo de genealogia contendo 18.108 animais na matriz de parentesco. Como aleatórios foram considerados os efeitos genéticos aditivos, de ambiente permanente e o de ambiente temporário. Os componentes de variância foram estimados pelo método de máxima verossimilhança restrita, sob modelo animal, utilizando o aplicativo MTDFREML (Multiple Trait Derivative Free Restricted Maximum Likelihood), descrito por BOLDMAN et al. (1995).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A eliminação de lactações curtas ocasionou um pequeno aumento na média de P305 e da DL (Tabela 1), com uma queda nos desvios padrão. As médias para P305 e para DL encontradas foram semelhantes às encontradas para a raça Gir Leiteiro por VERNEQUE et al., (2010) de 2873,00±1394,00 kg e de 287,00±78,00 dias, respectivamente. Tabela 1. Médias de produção de leite aos 305 dias (P305), duração da lactação em dias (DL) e

respectivos desvios padrão, não eliminando lactações curtas do arquivo de dados (NELC), e eliminando as lactações inferiores a 90 dias (DL90) e eliminando as lactações inferiores a 120 dias (DL120)

Metodologia P305 DL NELC 2.760,27±1253,82 265,58±61,56 LC90 2.828,78±1206,58 272,10±49,91

LC120 2.876,82±1181,29 276,34±42,88

As estimativas de herdabilidade para a P305, obtidas nas seis análises (Tabela 2) variaram de 0,20 a 0,24, ou seja, ocorreram pequenas diferenças nas estimativas quando se eliminou lactações curtas, incluindo-se ou não a DL no modelo. Pode ser observado que as herdabilidades estimadas para os modelos em que não foi incluída a DL no modelo foram um pouco maiores (cerca de 2%) do

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que as estimadas pelos modelos com o ajuste para a DL. A eliminação de lactações curtas dos arquivos não alterou as estimativas de herdabilidade.

Os componentes de variância foram, em geral, maiores para as análises em que a DL não foi incluída nos modelos, independente da eliminação de lactações menores de 90 ou 120 dias ou da inclusão de todas as lactações. Era esperado, de acordo com resultados da literatura, que a inclusão da DL da lactação nos modelos de análise proporcionasse uma redução nas estimativas de herdabilidade. Embora essa tendência tenha sido observada nos resultados do presente estudo, estas foram bem menores que as encontradas por Mello et al. (1994) de 0,38 quando se utilizou a DL como covariável e superiores às encontradas pelo mesmo autor de 0,009 quando não se utilizou a DL como covariável no modelo. Isso pode ser explicado pela seleção mais intensa para a P305 que tem sido praticada na raça Gir, devido ao uso de touros melhoradores, provados para a produção de leite. Como a produção de leite e a duração da lactação estão altamente correlacionadas, a seleção para a produção de leite tem proporcionado ganhos correlacionados também para a duração da lactação. Isso é evidenciado por meio das médias observadas para a DL na Tabela 1, em que se observam poucas alterações na média eliminando-se ou não as lactações curtas.

Tabela 2. Estimativas de variâncias fenotípicas e proporções das variâncias genéticas aditivas (h2), de

ambiente permanente (c2) e de ambiente temporário (e2) em relação as fenotípicas, para a produção de leite aos 305 dias de vacas Gir leiteiro, de acordo com os seis modelos de análise.

Metodologia NELC DL90 DL120 Variâncias

COMDL SEMDL COMDL SEMDL COMDL SEMDL Fenotípica 466.797 829.898 469.915 753.299 475.067 710.898

c2 0,52 0,54 0,51 0,50 0,50 0,49 e2 0,28 0,24 0,28 0,26 0,29 0,28 h2 0,20 0,22 0,21 0,24 0,21 0,23

NECL= não eliminando as lactações curtas; DL90= eliminando lactações inferiores a 90 dias; DL120= eliminando lactações inferiores a 120 dias; COMDL= ajustando-se para a duração da lactação; SEMDL=sem ajustar para a duração da lactação.

A eliminação de lactações curtas pode alterar o número de observações de certos grupos de

contemporâneas, já que os mesmos são mantidos nas avaliações genéticas desde que tenham, no mínimo, cinco observações. Outra conseqüência da eliminação de lactações curtas seria a diminuição do número de filhas de um reprodutor, o que poderia influenciar a acurácia do valor genético dos animais.

4. CONCLUSÕES

Não há necessidade de incluir a duração da lactação nos modelos de avaliação genética para a produção de leite, pois a sua inclusão pode eliminar certa variabilidade genética para esta característica. A eliminação de lactações curtas pouco alterou as estimativas de herdabilidade para a produção de leite.

5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLDMAN, K. et al. A set of program to obtain estimates of variances and covariances: a manual for use of MTDFREML. Lincoln: USDA Agricultural Research Service, 1995. 115p. MADALENA, F. E. et al. Consequences of removing the variation in lactation lenght on the evaluation of dairy cattle breeds and crosses. Revista Brasileira de Genética, v. 15, n. 3. p. 585-593, 1992. MELLO, A. A. et al. Efeito da eliminação de lactações curtas e do ajuste pela duração da lactação na herdabilidade da produção de leite em um rebanho Gir. Arquivo Latinoamericano de Produção Animal, v. 2, n. 2, p. 117-123, 1994. VERNEQUE, R. S. et al. Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro, Sumário Brasileiro de Touros-Resultado do Teste de Progênie-maio, 2010. Documento 137, 2010. Juiz de Fora, Embrapa Gado de Leite, 2010. 56 p.

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ESTIMATIVA DE HERDABILIDADE PARA IDADE AO PRIMEIRO PARTO DE

FÊMEAS NELORE

HERITABILITY ESTIMATES FOR AGE AT FIRST CALVING FEMALES NELLORE

HEVERTON LUIS MOREIRA1, CLAUDIA CRISTINA PARO DE PAZ2, MARCOS ELI BUZANSKAS 3, DANISIO

PRADO MUNARI3, RAYSILDO BARBOSA LÔBO4

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP/USP), Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre. CEP14049-900, Ribeirão Preto, SP, Brasil. 3Departamento de Ciências Exatas Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV),Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. 4Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), Rua João Godoy, 463, Jardim América, CEP 14020-230, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

RESUMO: O objetivo do trabalho foi estimar a parâmetros genéticos para a idade ao primeiro parto (IPP) de fêmeas Nelore, pertencentes ao programa de melhoramento Nelore Brasil (ANCP). Estes animais são oriundos de 22 fazendas e nascidos entre 1998 a 2008. Os componentes de variância foram obtidos pelo Método REML, sob modelo animal. A média e o desvio padrão para IPP foram de 35,16+4,98 meses e a estimativa de herdabilidade moderada de 0,19+0,02. Estes resultados sugerem que a seleção para IPP pode melhorar a eficiência reprodutiva das fêmeas. Palavras chave: bovino de corte, características reprodutivas, precocidade ABSTRACT: The present investigation aims to estimate heritability for age at first calving (AFC) using records of the Nellore breed females had been born between 1998 and 2008, from 22 farms and participating in a cattle breeding program in Brazil. The covariance components were estimated by REML, fitting uni-trait animal model. The average and standard deviation for AFC was 35.16 +4.98 months and moderate heritability estimate of 0.19 +0.02. These results suggest that selection for AFC could improve the reproductive efficiency of the females. Key words: beef cattle, reproductive traits, precocity

1. INTRODUÇÃO

Produção de carne bovina representa uma importante fonte do setor econômico da agropecuária brasileira. O atual sistema pecuário sustentável que o mercado internacional tem

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exigido baseia-se em um regime de ciclo curto, em que a meta principal se dá pela utilização de animais geneticamente superiores, em que os objetivos de seleção visam à precocidade sexual, crescimento e acabamento de carcaça.

A antecipação da idade ao primeiro parto está diretamente ligada à eficiência reprodutiva, precocidade sexual e à lucratividade da produção de carne bovina. Esta característica pode ser utilizada como critério de seleção por estar relacionada com a idade a puberdade dos animais, correlaciona-se com o potencial de longevidade das fêmeas, além de ser de fácil mensuração não implicando em custo para o sistema, tudo isso conduz o rebanho à eficiência produtiva trazendo benefícios econômicos pela diminuição dos ciclos de produção.

Este estudo teve como objetivo estimar a herdabilidade para idade ao primeiro parto para fêmeas Nelore pertencentes ao programa Nelore Brasil.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O arquivo de dados foi constituído por informações de 13.335 animais (fêmeas) provenientes de 22 rebanhos, nascidos entre os anos de 1998 a 2008, com 139.210 animais na matriz de parentesco, os quais pertencem ao Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN) coordenado pela Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP).

Para consistência dos dados utilizou-se o método dos quadrados mínimos, por meio do procedimento GLM do programa SAS (SAS, 2007). O grupo de contemporâneos (GC) baseou-se na concatenação de fazenda, ano de nascimento, estação de nascimento sendo 1 seca (abril a setembro) / 2 chuva (outubro a março) e lotes de manejos aos 120, 365 e 450 dias, totalizando 875 GC com no mínimo 3 animais.

As análises dos componentes de variância foram efetuadas pelo método de Máxima Verossimilhança Restrita e usando-se o modelo animal. Esse modelo animal são aplicações de modelos mistos, os quais são considerados para todas as características efeitos fixo (GC), aleatório (aditivo direto) e residual. O programa computacional utilizado para estimação dos componentes de variância foi o MTDFREML – Multiple Trait Derivate Free Restricted Maximim Likelihood (BOLDMAN et al., 1995) na qual o critério de convergência foi de 10-9.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A média, desvio padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo para idade ao primeiro parto encontra-se na Tabela 1. A média da IPP encontrada foi superior ao relatado por DIAS et al. (2004) e inferior ao citado por AZEVEDO et al. (2006) que foram respectivamente 34,4 e 45,1 meses. Essas variações da idade evidenciam quanto a característica é afetada por fatores ambientais.

Os componentes de variância e a estimativa de herdabilidade (h2) são apresentados na Tabela 2. A estimativa de herdabilidade encontrada neste estudo foi superior a encontrada por GROSSI et al. (2009), próxima a encontrada por BOLIGON et al. (2010) e inferior a encontrada por GRESSLER et al. (2005), em que os valores foram respectivamente 0,50, 0,17 e 0,27. A idade ao primeiro parto embora pequena, apresenta variabilidade genética aditiva na raça Nelore, o que permite obter ganhos genéticos ao se implementar um sistema de seleção para precocidade sexual.

Tabela 1. Número de observações (N), média, desvio padrão (DP), coeficiente de variação (C.V.), mínimo (Min.) e máximo (Max.)

Característica N Média DP C.V.(%) Min. Max.

IPP (meses) 13.335 35.16 4.18 14.18 21 49

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Tabela 2. Estimativa de variância genética aditiva direta (σ2a), residual (σ2

e) e fenotípica (σ2p) e a

estimativa de herdabilidade (h2) e seu respectivo erro-padrão (EP)

Característica σ2a σ2e σ2p h2 EP IPP (meses) 2.78 12.03 14.81 0.19 0.02

4. CONCLUSÕES

A variabilidade genética aditiva para a idade ao primeiro parto é evidenciada pela estimativa de herdabilidade, o que permite incluí-las nos critérios de seleção, pois quanto mais cedo as fêmeas atingirem a precocidade sexual, menores serão os custos de manutenção, maiores serão as expectativas de produção ao longo de sua vida útil, mas para isso devem-se haver investimentos e melhorias nas questões de manejo ambiental do rebanho selecionado.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVÊDO, D. M. M. R.; FILHO, R. M.; LÔBO, R. N. B.; MALHADO, C. H. M.; LÔBO, R. B.; MOURA, A. A. A.; FILHO, E. C. P. Desempenho reprodutivo de vacas Nelore no norte e nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n.3, p. 998 – 996, 2006. BOLDMAN, K. G.; KRIESE, L. A.; VAN VLECK, L. D.; KACHAMAN, S. D. A manual for use of MTDFREML. USDA – ARS. Clay Center, NE. 121p., 1996. BOLIGON, A. A.; ALBUQUERQUE, L. G.; MERCADANTE, M. E. Z.; LÔBO, R. B. Study of relations among age at first calving, average weight gains and weights from weaning to maturity in Nellore cattle. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, n. 4, p. 746 -751, 2010. DIAS, L. T.; EL FARO, L.; ALBUQUERQUE, L. G. Estimativas de herdabilidade para idade ao primeiro parto de novilhas da raça Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 1, p. 97 – 102, 2004. GRESSLER, M. G. M.; PEREIRA, J. C. C., BERGMANN, J. A. G; ANDRADE, V. J.; PAULINO, M. F.; GRESSLER, S. L. Aspectos genéticos do peso à desmama e de algumas características reprodutivas de fêmeas Nelore. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 57, n. 4, p. 533 – 538, 2005. GROSSI, D. A.; VENTURINI, G. C., PAZ, C. C. P.; BEZERRA, L. A. F.; LÔBO, R. B; OLIVEIRA, J. A.; MUNARI, D. P. Genetic associations between age at first calving and heifer body weight and scrotal circumference in Nellore cattle. Journal Animal Breeding Genetics, v. 126, p. 387 – 393, 2009.

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TENDÊNCIAS GENÉTICAS PARA CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS EM BOVINOS DA RAÇA GUZERÁ SELECIONADOS PARA PESO PÓS-DESMAME

GENETIC TRENDS FOR MORPHOLOGICAL TRAITS IN GUZERÁ CATTLE SELECTED FOR

YEARLING WEIGHT

JOSLAINE N. S. G. CYRILLO1 , JOSINEUDSON A. II. V. SILVA2, MARIA EUGÊNIA Z. MERCADANTE1,4, ANDRE

LUIZ GRION3, SARAH F. M. BONILHA1, RENATA HELENA BRANCO1

1Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil. 3Programa de Graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rua XV de novembro, 1299, CEP 80060-000, Centro, Curitiba, PR, Brasil. 4Bolsista CNPq

RESUMO: Foram avaliadas as tendências genéticas de perímetro escrotal (PE), perímetro torácico (PTOR) e altura de garupa em machos (AGM) e em fêmeas (AGF) de bovinos Guzerá selecionados para pesos, padronizado para 378 dias nos machos (P378) e 550 dias nas fêmeas (P550). As mudanças genéticas foram obtidas pela regressão das DEP’s sobre o ano de nascimento. Estimaram-se tendências de 0,58 e 0,46 kg/ano e 0,01; 0,08; 0,07 e 0,05 cm/ano, respectivamente para P378, P550, PE, PTOR, ALTM e ALTF. A seleção para P378 e P550 resultou em mudanças genéticas modestas, mas, positivas em PE e medidas corporais de bovinos Guzerá. Palavras-chave: crescimento, respostas correlacionadas, seleção ABSTRACT: Estimates of genetic trends of scrotal circumference (PE), chest girth (PTOR) and hip height in males (ALTM) and females (ALTF) of Guzerá cattle selected for yearling weights, standardized for 378 days in males (P378) and 550 days in females (P550) were evaluated. The genetic changes were obtained by regression of the DEP's on the year of birth. Trends were estimated of 0.58 and 0.46 kg/year and 0.01, 0.08, 0.07 and 0.05 cm/year, respectively, for P378, P550, PE, PTOR, ALTM and ALTF. The selection for yearling weight resulted in modest, but positive genetic changes in PE and body measurements of Guzerá cattle. Key words: growth, correlated responses, selection

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1.INTRODUÇÃO

As estimativas das tendências genéticas possibilitam avaliar as mudanças nas características de

interesse, tornando possível quantificar a fração genética responsável pelas mudanças ocorridas ao longo dos anos. Com o Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas de Sertãozinho, do Instituto de Zootecnia (PMGRZS) objetiva-se, principalmente, aumentar a eficiência da produção de carne bovina e, para tanto, são utilizados como critérios de seleção o peso e o ganho de peso pós-desmame. Entretanto, conforme constatado por CYRILLO et al. (2000) no rebanho da raça Nelore do PMGRZS, a seleção com base em características ponderais pode alterar, de forma desejável ou não, outras características correlacionadas a elas, como a estrutura corporal e o perímetro escrotal Portanto, objetivou-se neste estudo avaliar as tendências genéticas das características perímetro escrotal, perímetro torácico e altura da garupa de bovinos da raça Guzerá submetidos à seleção para peso pós-desmame.

2. MATERIAL E MÉTODOS

As informações utilizadas no presente estudo são provenientes do rebanho da raça Guzerá, integrante do PMGRZS. Detalhes da execução e resultados do programa estão descrito em RAZOOK e MERCADANTE (2007). As características utilizadas no presente estudo, além do peso obtido ao final da prova de ganho de peso, corrigido para 378 dias (P378), para os machos e, do peso aos 550 dias (P550), obtido em pastagem, para as fêmeas, foram: perímetro escrotal (PE), perímetro torácico (PTOR) e altura de garupa (ALTM) de machos e, altura de garupa (ALTF) de fêmeas.

As estimativas de diferenças esperadas nas progênies (DEPs) foram obtidas utilizando o Método da Máxima Verossimilhança Restrita em análise multicaracterística, por meio do programa MTDFREML (BOLDMAN et al., 1995). Foi utilizado um arquivo de pedigree contendo 6438 informações. O modelo de análise incluiu os efeitos fixos de grupo de contemporâneos, composto pelo ano de nascimento (1957 até 2009) e mês de nascimento (8, 9, 10 e 11). Os efeitos aleatórios foram o genético aditivo direto e residual. As tendências genéticas foram obtidas por meio de análises de regressões lineares das médias anuais das DEPs sobre o ano de nascimento dos animais. Um resumo da estrutura dos dados está apresentado na Tabela 1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme apresentado na Tabela 1, as regressões das DEPs sobre o ano de nascimento, resultaram em coeficientes de regressão com tendências positivas e significativas (P<0,001) para todas as características estudadas sendo, como esperado, maiores para as características sob seleção direta, 0,58 e 0,46 kg/ano para P378 e P550, respectivamente. Estes valores estão de acordo com Razook e MERCADANTE (2007) que avaliaram a tendência genética com base nos valores genéticos médios anuais. Para PE estimou-se coeficiente de regressão de 0,0079 cm (P<0,001), significando um incremento de 0,03% da média de PE ao ano, evidenciando pequeno progresso genético (Figura 1). O coeficiente de regressão das DEPs de PTOR sobre o ano de nascimento, foi igual a 0,0784 cm/ano (P<0,001), o equivalente a 0,05% de incremento anual em PTOR ou uma mudança genética de 2,35 cm no período estudado. Maiores estimativas de mudança genética, em PTOR, de 0,89cm/ano foram relatadas por CYRILLO et al (2000), para o rebanho Nelore, essa diferença pode ser devido a meto-dologia utilizada, que consistiu, basicamente, na comparação dos rebanhos Selecionados e Controle.

As características ALTM e ALTF, a exemplo das demais apresentaram tendências positivas, porém, com resposta menor para fêmeas. Valores dos coeficientes de regressão foram equivalentes a 0,06% e 0,04% da média em ALTM e ALTF, respectivamente. Essas diferenças entre os sexos também observadas nas características P378 e P550, provavelmente ocorreram em função da maior intensidade de seleção praticada nos machos.

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Tabela 1. Médias (± desvios padrão) para peso aos 378 dias (P378), peso aos 550 dias (P550), perímetro escrotal (PE), perímetro torácico (PTOR), altura de garupa em machos (ALTM) e em fêmeas (ALTF), coeficientes de regressão (β’s) e coeficientes de determinação (R²) dos modelos

Característica Número de

Observações Médias ±

desvios padrão β’s R²

P378 (kg) 1531 298,26 ± 45,32 0,5842 0,9736 P550 (kg) 1454 259,48 ± 41,13 0,4576 0,9613 PE (cm) 227 24,95 ± 2,99 0,0079 0,7705

PTOR (cm) 227 163,53 ± 7,35 0,0784 0,9474 ALTM (cm) 890 128,92 ± 4,45 0,0749 0,9352 ALTF (cm) 981 127,20 ± 4,41 0,0521 0,9122

Figura 1. Tendências das estimativas das Diferenças Esperadas nas Progênies (DEP’s) das características

Perímetro Escrotal (PE), Perímetro Torácico (PTOR), Altura de Garupa em Machos (ALTM) e Altura de Garupa em Fêmeas (ALTF) de bovinos Guzerá selecionado para peso pós desmama

4.CONCLUSÕES

A seleção para peso pós–desmame resultou em mudanças genéticas aditivas e positivas, porém, de baixa magnitude nas características perímetro escrotal, perímetro torácico e altura de garupa em bovinos da raça Guzerá.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLDMAN, K.G. et al. A Manual for Use of MTDFREML. A Set of Programs To Obtain Estimates of Variances and Covariances [DRAFT]. U.S. Department of Agriculture, Agricultura Research Service, 1995. 122p.

CYRILLO, J.N.S.G. et al. Efeitos da seleção para peso pós-desmame sobre medidas corporais e perímetro escrotal de machos Nelore de Sertãozinho (SP). Revista Brasileira de Zootecnia. v.29, n.2, p. 403-412, 2000.

RAZOOK, A.G.; MERCADANTE, M.E.Z. Ganhos de produtividade com o uso de touros provados. In: SANTOS, F.A.P; MOURA, J.C.; FARIA, V.P. (Org.) Requisitos de Qualidade na Bovinocultura de Corte. Piracicaba, SP: FEALQ, v. 1, 2007. p. 93-114.

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INFLUÊNCIA DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL NA GORDURA

CORPORAL DE BOVINOS NELORE1

INFLUENCE OF RESIDUAL FEED INTAKE ON BODY FAT OF NELLORE BULLS

KARINA ZORZI2, RENATA HELENA BRANCO3, TATIANA LUCILA SOBRINHO4, MARIA EUGÊNIA Z.

MERCADANTE3, LEOPOLDO ANDRADE DE FIGUEIREDO3, SARAH FIGUEIREDO M. BONILHA3

1Parte da tese de doutorado da primeira autora. Projeto financiado pelo CNPq. 2Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa/MG. E-mail: [email protected] 3Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), , Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. 4Zootecnista, Mestre em Produção Animal.

RESUMO: Objetivou-se com este trabalho avaliar possíveis diferenças em gordura corporal e na carcaça de 34 machos Nelore não castrados, pertencentes a classes divergentes de consumo alimentar residual (CAR), terminados em baias individuais até atingirem 4 mm de espessura de gordura subcutânea, avaliada por ultrassom no Longissimus. Não foram detectadas diferenças significativas para as características relacionadas a tamanho e gordura corporal e na carcaça avaliadas. A seleção para CAR seria interessante, já que animais mais eficientes apresentam características de carcaça semelhantes às de animais menos eficientes, com menor ingestão de matéria seca. Palavras-chave: bovinos de corte, eficiência alimentar, espessura de gordura

ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate differences in body fat and carcass of 34 Nellore bulls, from different residual feed intake (RFI) levels, finished in individual pens until they reach 4 mm of subcutaneous fat thickness, assessed by ultrasound in Longissimus. No significant differences were detected for evaluated traits related to body size and body and carcass fat. The selection for RFI would be interesting, since more efficient animals have similar carcass characteristics to those of less efficient animals, with lesser dry matter intake. Key words: beef cattle, feed efficiency, fat thickness

1. INTRODUÇÃO

A eficiência alimentar é de suma importância dentro do sistema de produção de carne, sendo que os animais mais lucrativos são aqueles que convertem de forma eficiente os nutrientes em carne e

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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não necessariamente, os que apresentam melhor desempenho. Os custos com a alimentação, principalmente em confinamento, representam a maior parte dos gastos totais; logo melhorar a eficiência alimentar permite a redução de custos. Consumo alimentar residual (CAR) é uma medida de eficiência alimentar, proposta por KOCH et al. (1963), definida como o desvio do consumo observado de um animal em relação ao estimado a partir de um modelo preditivo de consumo, em função do ganho médio diário e do peso vivo metabólico. Estudos preliminares (ROBINSON e ODDY, 2004) mostraram que o CAR está relacionado à composição do ganho de peso, onde os animais mais eficientes (CAR negativo) tenderam a apresentar carcaças mais magras, com menor acabamento, além de menor teor de gordura na cavidade abdominal, porém os resultados ainda são contraditórios. Assim, este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar possíveis diferenças na gordura corporal e da carcaça de bovinos Nelore terminados em confinamento, pertencentes a classes divergentes de consumo alimentar residual.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Centro APTA Bovinos de Corte do Instituto de Zootecnia, localizado em Sertãozinho/SP. Foram utilizados 34 machos Nelore não castrados. Os animais avaliados foram previamente classificados em CAR alto e baixo. A dieta total de terminação, contendo 14,8% de proteína bruta e 82% de nutrientes digestíveis totais, foi composta de feno de braquiária (20%) e ração concentrada (80%), contendo: milho moído, farelo de algodão, caroço de algodão, polpa cítrica, uréia e mistura mineral. Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, com acesso à vontade a dieta e água, sendo abatidos quando atingiram 4 mm de espessura de gordura subcutânea, avaliada por ultrassom no Longissimus, no Abatedouro Experimental do Centro de Tecnologia de Carnes, do Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL/APTA/SAA, Campinas-SP, com peso vivo médio de 413 kg e idade média de 19 meses. A gordura renal, pélvica e inguinal foi totalmente coletada e pesada. As meias carcaças foram pesadas, sendo em seguida resfriadas à 2oC por 22 horas. O rendimento quente foi calculado como a relação entre peso da carcaça quente e peso vivo de abate, multiplicada por 100. Após o período de resfriamento, o peso de carcaça resfriada foi mensurado e as meias carcaças esquerdas foram cortadas na altura da 12a costela, onde mediu-se a espessura de gordura subcutânea no músculo Longissimus dorsi. As meias carcaças direitas foram separadas nos cortes primários: traseiro especial, dianteiro e ponta-de-agulha, que foram desossados, dando origem aos cortes cárneos comerciais e às aparas. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, sendo osdados analisados pelo procedimento GLM do SAS (SAS Institute Inc. Cary, NC, USA). As médias foram ajustadas pelo método dos quadrados mínimos e comparadas pelo teste t (Pdiff), a 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pode-se observar que não foram detectadas diferenças significativas (P>0,05) para todas as variáveis estudadas. Em relação às características de tamanho corporal, peso do corpo vazio (P=0,6167), pesos de carcaça quente (P=0,6001) e resfriada (P=0,6044) e rendimento quente (P=0,8513), não foram encontradas diferenças significativas, mostrando que animais de CAR baixo e alto apresentaram tamanhos corporais semelhantes (Tabela 1). BONILHA et al. (2010), trabalhando com bovinos Nelore de mesma origem, também não encontraram diferenças significativas em tamanho corporal de animais CAR alto e baixo.

Não foram detectadas diferenças significativas em espessura de gordura subcutânea (P=0,7740), gordura renal, pélvica e inguinal (P=0,8748) e aparas do traseiro (P=0,9703), dianteiro (P=0,5242) e ponta-de-agulha (P=0,2425) entre animais de CAR alto e baixo. Nota-se, porém, altos coeficientes de variação para as quantidades de gordura corporal e da carcaça, indicando alta variabilidade para estas medidas. Em oposição ao encontrado neste estudo, RICHARDSON et al. (2001), avaliando a composição corporal de progênies de touros e matrizes Angus selecionados divergentemente para CAR, encontraram menor espessura de gordura subcutânea para animais de CAR baixo. Outros trabalhos têm permitido evidenciar que o CAR está relacionado à composição de ganho de peso, onde os animais mais eficientes (CAR baixo) tenderam a apresentar carcaças mais magras, com menor gordura de acabamento, menor gordura intramuscular e menor teor de gordura na cavidade abdominal.

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Tabela 1. Médias de peso do corpo vazio e características de carcaça de animais não castrados Nelore classificados em consumo alimentar residual (CAR) alto e baixo.

CAR CV P Alto Baixo (%) Número de animais 15 19 ----- ----- Peso do corpo vazio, kg 385a 377 a 13,4 0,6167 Peso da carcaça quente, kg 257a 250 a 14,2 0,6001 Peso da carcaça resfriada, kg 253 a 247 a 14,2 0,6044 Rendimento quente, % 61,3 a 61,3 a 2,28 0,8513 Espessura de gordura subcutânea, mm 4,28 a 4,12 a 39,2 0,7740 Gordura renal pélvica inguinal, kg 7,98 a 7,81 a 39,8 0,.8748 Aparas dianteiro, kg 7,16 a 7,69 a 32,3 0,5242 Aparas traseiro, kg 6,42 a 6,44 a 24,9 0,9703 Aparas ponta-de-agulha, kg 2,96 a 3,35 a 29,8 0,2425 LSmeans seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem pelo teste t a 5% de probabilidade.

4. CONCLUSÕES

Bovinos Nelore de classes divergentes de consumo alimentar residual apresentam quantidades de gordura corporal e na carcaça semelhantes.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONILHA, S.F.M.; SOBRINHO, T.L.; BRANCO, R.H.; et al. Consumo alimentar residual e relações com características de carcaça de animais Nelore selecionados para peso pós-desmame. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 47, 2010, Salvador, BA. Anais... 47ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2010. KOCH, R.M.; SWIGER, L.A.; CHAMBERS, D. et al. Efficiency of feed use in beef cattle. Journal of Animal Science. v.22, p.486-494, 1963. RICHARDSON, E.C.; HERD, R.M.; ODDY, V.H.; et al. Body composition and implications for heat production of Angus steer progeny of parents selected for and against residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, v.41, n.7, p.1065-1072, 2001. ROBINSON, D.L.; ODDY, V.H. Genetic parameters for feed efficiency, fatness, muscle area and feeding behavior of feedlot finished beef cattle. Livestock Production Science, v.90, p.255-270, 2004.

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INFLUÊNCIA DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL SOBRE PARÂMETROS METABÓLICOS EM NOVILHOS NELORE

INFLUENCE OF RESIDUAL FEED INTAKE ON METABOLIC PARAMETERS IN NELLORE

BULLS

KARINA ZORZI2, ANA CECÍLIA DEL CLARO3, MARIA EUGÊNIA ZERLOTTI MERCADANTE4, RENATA HELENA

BRANCO4, JOSLAINE NOELY DOS SANTOS GONÇALVES CYRILLO4, SARAH FIGUEIREDO MARTINS BONILHA4

1Projeto financiado pelo CNPq. 2Programa de Pós-Graduação em Zootencia, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Avenida Peter Henry Rolfs, s/n Campus Universitário, CEP 36570-000, Viçosa, MG, Brasil. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected]. 3Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), , IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil.

RESUMO: Objetivou-se avaliar desempenho e parâmetros metabólicos em relação ao consumo alimentar residual (CAR) usando 60 novilhos Nelore em baias individuais com duração de 70 dias. Os novilhos foram classificados em baixo CAR (< média – 0.5; n=20); alto CAR (> média + 0.5 DP; n= 18); e médio CAR (± 0.5 DP da média; n=21). Foram quantificados os seguintes metabólitos: creatinina, glicose, triglicerídeos, uréia, cortisol, insulina. Não foram detectadas diferenças significativas para ganho médio diário de peso e entre as características metabólicas avaliadas no experimento. O CAR não influenciou os parâmetros metabólicos avaliados. Palavras-chave: desempenho, eficiência alimentar, metabolismo

ABSTRACT: It was evaluated relationships among performance, metabolic parameters and residual feed intake (RFI) using 60 Nellore bulls in individual pens during 70 days. Bulls were classified in: low RFI (< mean – 0.5 SD; n=20); high RFI (> mean +0.5 SD; n= 18); and medium RFI (± 0.5 from mean; n=21). Metabolites were quantified as follows: creatinine, glucose, triglycerides, urea, cortisol, insulin. No significant differences were detected in diary medium gain and between the traits metabolic evaluated the experiment. RFI did not affect the metabolic parameters evaluated. Key words: performance, feed efficiency, metabolism

1. INTRODUÇÃO

Os programas de seleção devem identificar animais mais eficientes, buscando indivíduos de menor consumo e adequada taxa de crescimento para evitar o aumento do tamanho adulto do

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rebanho. Objetivando contornar os problemas inerentes à dificuldade de seleção e suprimento das exigências nutricionais impostos pela utilização da conversão alimentar como medida de eficiência de utilização dos alimentos, KOCH et al. (1963) propuseram o conceito de consumo alimentar residual (CAR), definido como o desvio do consumo observado de um animal em relação ao estimado a partir da utilização de um modelo preditivo de consumo alimentar. RICHARDSON et al. (2004) avaliaram os processos metabólicos que contribuem para variação quanto ao CAR e relataram em animais com alto CAR apresentam maiores níveis de alguns metabólicos sanguíneos, tais como insulina, cortisol e uréia e menores de triglicerídeos, o que foi sugerido serem respostas relacionadas a mudança na composição corporal, reciclagem tecidual e na eficiência do uso de nutrientes devido a seleção divergente para CAR além de serem associadas também a diferenças entre animais mais e menos eficientes quanto a resposta a situações de estresse. É necessário mais estudos para verificar esses resultados divergentes do CAR sobre as variáveis metabólicas. Assim, definiu-se como objetivo neste trabalho avaliar possíveis relações entre classes de consumo alimentar residual (alto, médio e baixo) e parâmetros metabólicos sanguíneos de novilhos Nelore em crescimento.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Centro Avançado de Pesquisas em Pecuária de Corte do Instituto de Zootecnia, localizado em Sertãozinho/SP. Foram utilizados 60 machos da 28ª progênie do rebanho Nelore Tradicional. Os animais apresentaram idade média de 309,4 ± 19,6 dias e peso inicial médio de 294,5 ± 31,85 kg. Os animais foram avaliados em baias individuais durante 70 dias. A dieta foi composta de feno de braquiária e concentrado, na proporção de 45:55, com 64 % de NDT e 11 % de PB, com base na matéria seca. Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, com acesso à vontade a dieta e água O alimento fornecido e as sobras foram pesados e amostrados diariamente. Os animais foram classificados e separados de acordo com o CAR sendo baixo (<0,5 D.P.; mais eficientes); alto (>0,5 D.P.; menos eficientes) e médio (>0,5 D.P. e <0,5 D.P). Amostras de sangue foram coletadas na veia jugular, pela manhã, nos dias 0 e 70 dias, em tubos tipo vacuntainer sem anticoagulante. Após a coleta, o sangue foi imediatamente encaminhado para análises em laboratórios especializados. Foram quantificados os seguintes metabólitos: creatinina, glicose, triglicerídeos, uréia, cortisol, insulina. Os dados de desempenho e metabólitos foram analisados pelo procedimento GLM do SAS (SAS Institute Inc. Cary, NC, USA), sendo as médias ajustadas pelo método dos quadrados mínimos e comparadas por Pdiff, ao nível de 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foram encontradas diferenças significativas em GMD (P=0,642), creatinina (P=0,466), glicose (P=0,356), triglicerídeos (P=0,583), uréia (P=0,158), cortisol (P=0,352) e insulina (P= 0,348) entre animais de baixo, médio e alto CAR (Tabela 1). Em oposição ao encontrado neste estudo, alguns trabalhos relatam que animais menos eficientes teriam maiores taxas quebra protéica, que são processos que aumentam o gasto energético com a mantença desses animais, disponibilizando menos nutrientes para a produção. Os animais mais eficientes teriam uma concentração plasmática maior de creatinina. Isso pode indicar que os animais mais eficientes teriam maior massa muscular. Segundo trabalho de RICHARDSON et al. (2004) a associação obtida do CAR com a creatinina foi negativa, indicando que os animais de melhor CAR poderiam ter maior massa muscular. Variações nas respostas ao estresse entre animais que diferem no CAR têm sido reportadas. Por exemplo, em novilhos de corte, evidências para associações genéticas para o CAR com o cortisol plasmático e o número variável de células sanguíneas vermelhas e brancas indicam que animais de CAR alto (menos eficientes) são mais susceptíveis ao estresse (RICHARDSON et al., 2004). Neste contexto, torna-se necessário mais estudos que elucidem as relações existentes entre o CAR e as bases biológicas que o afetam.

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Tabela 1. Médias ajustadas de perfil metabólico de novilhos Nelore classificados em baixo, médio e alto consumo alimentar residual (CAR)

Classes de CAR Valor de Característica Baixo Médio Alto CV

% P

Número de animais 20 21 18 --- ---

Crea (mg dL-1) 1,76a 1,74a 1,72a 6,68 0,466 GLI (mg dL-1) 78,95a 77,71a 75,28a 10,20 0,356 TRI (mg dL-1) 17,47a 17,00a 16,44a 17,79 0,583 Ureia (mg dL-1) 32,15a 30,05a 32,94a 15,28 0,158 COR (ug dL-1) 1,62a 1,35a 1,86a 69,21 0,352

INS (uIUg mL-1) 0,30a 0,20a 0,30a 92,74 0,348 GMD (kg d-1) 1,00a 0,98a 1,02a 13,24 0,642

Crea: Creatinina; GLI: Glicose; TRI: Triglicerídeos; COR: Cortisol; INS: Insulina; GMD: Ganho médio diário de peso. Lsmeans seguidas por letras iguais nas linhas, não diferem por Pdiff ao nível de 5% de probabilidade

4. CONCLUSÕES

Os parâmetros metabólicos avaliados não elucidam as variações em CAR em novilhos Nelore. Neste estudo, as variáveis metabólicas não podem ser utilizadas como marcador fenotípico para o CAR.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KOCH, R.M.; SWIGER, L.A.; CHAMBERS, D. et al. Efficiency of feed use in beef cattle. Journal of Animal Science. V.22, p.486-494, 1963. RICHARDSON, E.C. et al. Metabolic differences in Angus steers divergently selected for residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v.44, p.443-454, 2004. RICHARDSON, E.C.; HERD, R.M. Biological basis for variation in residual feed intake in beef cattle: 2. Synthesis of results following divergent selection. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v.44, p.431-440, 2004.

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PREDIÇÃO DO PESO E RENDIMENTO DO TRASEIRO A PARTIR DO PESO E MEDIDAS DE CARCAÇA OBTIDAS POR ULTRASSONOGRAFIA

WEIGHT AND YIELD OF HINDQUARTER PREDICTION FROM WEIGHT AND CARCASS

MEASUREMENTS OBTAINED BY ULTRASOUND

LEANDRO SANNOMIYA SAKAMOTO1, SARAH FIGUEIREDO MARTINS BONILHA2, RENATA HELENA BRANCO2, KARINA ZORZI3, MARIA EUGÊNIA ZERLOTTI MERCADANTE2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail:

[email protected]. Bolsista AT-CNPq. 2Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. 3Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Avenida Peter Henry Rolfs, s/n Campus Universitário, CEP 36570-000, Viçosa, MG, Brasil.

RESUMO: Foram utilizados dados de 25 machos Nelore inteiros, abatidos em 2010, com idade média de 19 meses. Foram obtidas, no animal vivo, a área do músculo Longissimus (AOLUS) e espessura de gordura subcutânea (EGSUS), além do peso (PVUS). Após o abate, foi obtida a porção comestível, em quilogramas (PCTT) e em porcentagem (RCTT), calculada com base no peso do corte primário da carcaça traseiro com ossos. Grande parte da variação do PCTT (92%) explicou-se pelo PVUS e EGSUS (92%), enquanto a capacidade de predição do RCTT foi menor (36%), mesmo incluindo as três variáveis no modelo (PVUS, AOLUS e EGSUS). Palavras-chave: Nelore, predição, ultrassom ABSTRACT: Data of 25 Nellore bulls, slaughtered in 2010, aged around 19 months were used. Measures of Longissimus muscle area (ULMA), subcutaneous fat thickness (UFAT) and weight (UW) were obtained in living animals. After slaughter, yield was considered as edible portion in kilograms (WRPH) and percentage (RRPH), calculated based on weight of hindquarter with bones. Much of WRPH variation (92%) was explained by UW and UFAT (92%), while the predictive ability of RRPH was lower (36%), even including three variables on model (UW, ULMA and UFAT). Key words: Nellore, prediction, ultrasound

1.INTRODUÇÃO

A acurácia da técnica de ultrassonografia para estimar a área do músculo Longissimus (AOL) e a espessura de gordura subcutânea no lombo (EGL) já está bem estabelecida, sendo sua utilização para

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estimar a proporção de músculo e a quantidade de gordura mais acurada que peso vivo e outras características facilmente medidas (WILSON, 1992). O conhecimento de rendimento de cortes cárneos provenientes da carcaça dos animais e teor de gordura in vivo garante vantagens no mercado da carne. A relação entre espessura de gordura subcutânea e área do músculo Longissimus dorsi, obtidas por ultrassom no animal vivo, e a composição da carcaça tem sido similar às relações encontradas entre as mesmas medidas na carcaça, o que valida a utilização da técnica da ultrassonografia para predição das características da carcaça (SILVA et al., 2003; TAROUCO et al., 2007). O objetivo do presente trabalho foi verificar a capacidade de predição do peso e rendimento do corte traseiro a partir de algumas medidas obtidas in vivo por ultrassonografia.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Centro APTA Bovinos de Corte, Instituto de Zootecnia, Sertãozinho/SP com 25 machos Nelore não castrados. A dieta total fornecida, contendo 14,8% de proteína bruta e 82% de nutrientes digestíveis totais, foi composta de feno de braquiária (20%) e ração concentrada (80%), contendo: milho moído, farelo de algodão, caroço de algodão, polpa cítrica, uréia e mistura mineral.

As imagens de ultrassonografia foram obtidas até 5 dias antes do abate, utilizando o equipamento de ultrassom veterinário PIEMEDICAL – Áquila, e foram mensuradas no programa Echo Image Viewer 1.0 (Pie Medical Equipament B.V., 1996). Foram obtidas as medidas da área do músculo Longissimus (AOLUS) e espessura de gordura subcutânea no lombo (EGSUS), com o transdutor colocado perpendicularmente à coluna vertebral entre as 12ª e 13ª costelas, utilizando-se um acoplador acústico (standoff). O peso (PVUS) foi obtido sem jejum, antes do embarque dos animais para o abate. Os abates foram realizados no Abatedouro Experimental do ITAL/APTA/SAA, Campinas-SP, quando os animais atingiram 4 mm de EGSUS. As meias carcaças foram identificadas e pesadas. Após o resfriamento (2OC por 22 horas), o peso de carcaça resfriada foi determinado, a área do músculo Longissimus (AOL) e a espessura de gordura subcutânea (EGS) foram medidas nos mesmos sítios anatômicos descritos anteriormente. O rendimento de cortes foi considerado como a porção comestível, em kg (PCTT) e em porcentagem (RCTT), calculada com base no peso do corte primário traseiro com osso. As análises estatísticas foram realizadas usando o SAS (SAS Inst., Inc., Cary, NC). Foram estimadas correlações de Pearson entre as medidas de AOL e EGL obtidas no animal vivo e na carcaça. As variáveis independentes, obtidas no animal vivo, usadas na equação de predição foram: PVUS, AOLUS e EGSUS. Os resultados foram discutidos levando-se em conta o coeficiente de determinação do modelo (R2) e a raiz do quadrado médio do erro (RQM) das equações.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As médias de PVUS, AOLUS, EGSUS, PCTT e RCTT foram 514 ± 34,69 kg, 75,07 ± 6,56 cm2, 3,96 ± 1,05 mm, 49 ± 4,93 kg e 72,93 ± 1,81 %, respectivamente, estando os animais com idade média de 19 ± 0,71 meses. As correlações entre medidas obtidas por ultrassonografia e as mesmas obtidas na carcaça foram 0,78 para área do músculo Longissimus e 0,67 para espessura de gordura subcutânea. Silva et al. (2003) encontraram correlação semelhante para AOL (0,74) e superior para EGS (0,87).

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Tabela 1. Modelos de predição para peso (PCTT) e rendimento (RCTT) da porção comestível do

corte primário traseiro a partir de medidas obtidas no animal vivo

R2 RQM Variáveis no modelo PCTT – peso da porção comestível do traseiro

0,83 2,10 PVUS* 0,83 2,14 PVUS AOLUS* 0,92 1,46 PVUS EGSUS* 0,92 1,49 PVUS AOLUS EGSUS 0,42 3,93 AOLUS EGSUS 0,32 4,17 AOLUS 0,16 4,61 EGSUS

RCTT – rendimento da porção comestível do traseiro 0,00 1,85 PVUS 0,08 1,82 PVUS AOLUS 0,24 1,65 PVUS EGSUS 0,36 1,56 PVUS AOLUS EGSUS 0,34 1,54 AOLUS EGSUS 0,06 1,80 AOLUS 0,24 1,62 EGSUS

*variáveis definidas no texto.

Na construção do modelo com base no R2, a maior parte da variação do PCTT foi explicada por PVUS e EGSUS (92%), e o R2 não foi alterado com a inclusão de AOLUS. Ressalta-se que não foi feito ajuste para porcentagem constante de gordura na carcaça. Em relação ao RCTT, a equação com melhor predição (36%) incluiu as três variáveis, seguida da equação sem a inclusão do PVUS. TAROUCO et al. (2007) encontraram valores inferiores de R2 para PCTT (73% para PVUS; 77% para PVUS e AOLUS; 78% para PVUS, AOLUS e EGSUS), valores superiores de RCTT (11% para AOLUS; 16% para AOLUS e PVUS) e inferiores de RCTT (18% para EGSUS, AOLUS e PVUS). A equação obtida do modelo com o maior R2 e menor RQM para determinação do PCTT foi PCTT = -9,38 + 0,12 PVUS – 1,45 EGSUS. Segundo TAROUCO et al. (2007), assim como outros autores, o peso vivo está mais correlacionado ao peso dos cortes comerciais que à porcentagem dos cortes na carcaça.

4. CONCLUSÕES

O peso e a espessura de gordura subcutânea obtidos no animal vivo são bons preditores do peso da porção comestível do corte primário traseiro, mas não do rendimento.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, S.L.; LEME, P.R.; PEREIRA, A.S.C. et al. Correlações entre características de carcaça avaliadas por ultrassom e pós-abate em novilhos Nelore, alimentados com altas proporções de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, p.1236-1242, 2003. TAROUCO, J.U.; LOBATO, J.F.P.; TAROUCO, A.K. et al. Comparação entre medidas ultra-sônicas e da carcaça na predição da composição corporal em bovinos. Estimativas do peso e da porcentagem dos cortes comerciais do traseiro. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p.2092-2101, 2007. WILSON, D.E. Application of ultrasound for genetic improvement. Journal of Animal Science, v.70, p.973-983, 1992.

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CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL E RELAÇÕES COM COMPORTAMENTO

INGESTIVO DE BOVINOS NELORE SELECIONADOS PARA PESO PÓS-DESMAME

RESIDUAL FEED INTAKE AND RELATIONSHIP WITH FEEDING BEHAVIOR OF

NELLORE SELECTED FOR POST WEANING WEIGHT

LEONARDO TADASHI EGAWA1, ANA CECÍLIA DEL CLARO1, TIAGO ROQUE PINHEIRO1, TATIANA LUCILA

SOBRINHO2, MARIA EUGÊNIA ZERLOTTI MERCADANTE3, SARAH FIGUEIREDO MARTINS BONILHA3, RENATA

HELENA BRANCO3

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: 2Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil. 3Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: Objetivou-se com este trabalho avaliar a relação existente entre medidas de comportamento ingestivo e diferentes classes de consumo alimentar residual (CAR) de bovinos Nelore selecionados para peso pós-desmame. Sessenta machos, não castrados Nelore pertencentes a 28ª progênie do rebanho Nelore Tradicional foram avaliados em baias individuais por 24 horas ininterruptas, com intervalos de 5 minutos durante três dias, quanto ao comportamento ingestivo (alimentação, ruminação e mastigação). Animais mais eficientes apresentaram maior tempo em ruminação e mastigação, para um mesmo consumo, que os menos eficientes, explicando um melhor aproveitamento dos nutrientes. Com relação às demais variáveis avaliadas, não foram observadas diferenças significativas entre animais das diferentes classes de CAR. Palavras-chave: bovinos de corte, eficiência, seleção ABSTRACT:This work aimed to evaluate the relationship among measures of feeding behavior and different levels of residual feed intake (RFI) of Nellore bulls selected for post weaning weight. Sixty bulls of 28th calf crop of Traditional Nellore herd were evaluated in individual pens for 24 hours at intervals of five minutes, during three days, about their feeding behavior (time spent eating, ruminating and chewing time). More efficient animals had greater rumination and chewing time, for the same intake, than less efficient, having better utilization of nutrients. Regarding other variables, there were no significant differences among animals of different RFI levels. Key words: beef cattle, efficiency, selection

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1. INTRODUÇÃO

Consumo alimentar residual (CAR), inicialmente proposto por KOCH et al. (1963) e calculado pela diferença entre o consumo de matéria seca (CMS) observado e o predito por equação de regressão em função do peso vivo metabólico médio (PV0,75) e do ganho médio diário (GMD), apresenta-se como ferramenta na identificação de animais mais eficientes, sendo independente do peso e da taxa de crescimento dos animais. Assim, animais que consomem mais que o predito para um mesmo ganho e peso são menos eficientes. Já aqueles em que o consumo observado é menor que o predito, apresentam baixo CAR e são mais eficientes.

Respostas comportamentais dos animais podem alterar a atividade física e, portanto, influenciar no gasto energético total e na eficiência alimentar (SUSENBETH et al., 1998). Estudos mostram que animais mais eficientes normalmente apresentam menor atividade de alimentação diária (GOLDEN et al., 2008) o que pode estar envolvido como mecanismo poupador de energia. Sendo assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a relação existente entre medidas de comportamento ingestivo e as diferentes classes de CAR de bovinos Nelore.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Centro APTA Bovinos de Corte – Instituto de Zootecnia de Sertãozinho/SP. Sessenta machos Nelore não-castrados pertencentes à 28ª progenie do rebanho Nelore Tradicional participaram da prova de ganho de peso em baias individuais durante 168 dias (56 dias de adaptação e 112 de coleta de dados) para avaliação do consumo e foram classificados quanto ao consumo alimentar residual em alto (>0,5 desvio padrão; n=21); médio (±0,5 desvio padrão; n=21) e baixo CAR (<0,5 desvio padrão; n=22).

O comportamento ingestivo foi observado durante 24 horas, em intervalos de 5 minutos, por três dias ao acaso, mediante observação direta individual dos animais, para determinação do tempo despendido em ingestão, ruminação e mastigação. Durante a observação noturna o ambiente foi mantido sob iluminação artificial, com prévia adaptação dos animais à luz. As características comportamentais avaliadas foram: tempo de alimentação (min/dia); tempo de alimentação corrigido para CMS (min/kg MS); tempo de ruminação (min/dia); tempo de ruminação corrigido para MS (min/kg MS); tempo de mastigação (alimentação + ruminação) (min/dia); tempo de mastigação corrigido para CMS (min/kg MS); taxa de alimentação (kg MS/min); relação ruminação: alimentação; tempo em pé (min/dia) e tempo deitado (min/dia). Os dados foram analisados pelo PROC GLM do SAS, sendo as médias ajustadas pelo método dos quadrados mínimos e comparadas pelo teste t, a 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se significativa amplitude na média do CAR (Tabela 1.) de animais classificados como baixo e alto (-0,407 e 0,432 kg MS/dia, respectivamente), mostrando que os mais eficientes consumiram aproximadamente 1 kg de MS a menos que os menos eficientes. Essa variação apresenta-se menor àquelas encontradas na literatura (3,60 kg MS/dia - LANNA e ALMEIDA, 2004), fato explicado pela homogeneidade dos animais do presente estudo.

As características de comportamento avaliadas: tempo de alimentação em min/dia e em kg MS/dia; tempo de ruminação em min/dia e tempo de mastigação em min/dia não diferiram (P>0,05) para as classes de CAR. Entretanto, observa-se que animais mais eficientes apresentaram maiores tempos de ruminação (P=0,006) e de mastigação (P=0,006) por kg de MS consumida, que os classificados como menos eficientes. Isso mostra que animais classificados como CAR baixo despendem maior tempo em ruminação e mastigação para a mesma quantidade ingerida, que os classificados como alto CAR, processando de forma mais eficientes os alimentos para melhor utilização dos nutrientes. Segundo CORVINO et al. (2008), animais mais eficientes despenderam maior tempo em alimentação para um mesmo CMS, alimentam-se mais vagarosamente e dessa forma aproveitam de forma mais eficaz os nutrientes da dieta.

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Tabela 1. Médias das características avaliadas para as diferentes classes de CAR

Classes de CAR

Característica Baixo Médio Alto P

Número de animais 18 21 21

CAR -0, 407c 0, 037b 0, 432ª <0,001

CMS (kg/dia) 6, 99b 7, 58a 7, 87a <0,001

Tempo de Alimentação (min/dia) 257ª 259ª 274ª 0,158

Tempo de Alimentação/MS (min kg-1 MS) 37ª 34ª 35ª 0,167

Tempo de Ruminação (min/dia) 427ª 415ª 426ª 0,623

Tempo de Ruminação/MS (min kg-1 MS) 61ª 55b 54b 0,006

Tempo de Mastigação (min/dia) 684ª 675ª 700ª 0,267

Tempo de Mastigação/MS (min kg-1 MS) 98ª 89b 89b 0,006

Taxa de Alimentação (kg/min) 0, 027ª 0, 029ª 0, 029ª 0,197

Relação Ruminação: Alimentação 1, 67ª 1, 61ª 1, 58ª 0,462

Tempo em pé 418ª 417ª 419ª 0,991

Tempo deitado 535ª 536ª 534ª 0,992

Médias seguidas da mesma letra, nas linhas, não diferem pelo teste t a 5% de probabilidade.

Não foram observadas diferenças significativas em taxa de alimentação, relação ruminação:alimentação, tempo em pé e deitado, concordando com o trabalho realizado por POLIZEL NETO et al. (2009), onde animais classificados como mais e menos eficientes apresentaram com-portamento ingestivo similar.

4.CONCLUSÕES

Bovinos Nelore com baixo consumo alimentar residual consomem menores quantidades de alimento, porém gastam tempos superiores em alimentação e ruminação, aproveitando os alimentos de forma mais eficiente.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORVINO, T.L.S. et al. 2008. Consumo alimentar residual e comportamento ingestivo de bovinos Nelore selecionados para peso pós-desmame. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 45, 2008, Lavras, MG. Anais... da 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Lavras, 2008. GOLDEN, J. W.,et al 2008. The relationship of feeding behavior to residual feed intake in crossbred Angus steers fed traditional and no-roughage diets. Journal of Animal Science. 86:180–186. KOCH, R.M. et al. 1963. Efficiency of feed use in beef cattle. Journal of Animal Science. 22:486-494. POLIZEL NETO, A. et al. Relações do consumo alimentar residual e o comportamento ingestivo de bovinos Nelore selecionados para peso pós-desmame. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 46., 2009, Maringá, PR. Anais... 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2009. SUSENBETH, A., R. et al. 1998. Energy requirements for eating in cattle. Journal of Animal Science. 76:2701–2705.

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RELAÇÃO ENTRE CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL E COMPORTAMENTO INGESTIVO DE FÊMEAS NELORE SELECIONADAS

PARA PESO

RELATIONSHIP AMONG RESIDUAL FEED INTAKE AND FEEDING BEHAVIOR OF NELLORE SELECTED FOR WEIGHT

LEONARDO TADASHI EGAWA1, ELAINE MAGNANI1 , TATIANA LUCILA SOBRINHO2, SARAH FIGUEIREDO

MARTINS BONILHA3, MARIA EUGENIA ZERLOTTI MERCADANTE3, RENATA HELENA BRANCO3

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 2Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil. 3Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: Objetivou-se avaliar a relação existente entre o comportamento ingestivo e animais classificados como alto, médio e baixo consumo alimentar residual (CAR). Sessenta e quatro fêmeas Nelore, pertencentes a 28ª progênie do rebanho Nelore Tradicional, foram avaliadas em baias individuais por 24 horas ininterruptas, com intervalos de 5 minutos, em três dias ao acaso, quanto ao comportamento ingestivo (ingestão, ruminação e mastigação). As variáveis avaliadas no presente estudo não diferiram em relação ao CAR. Fêmeas Nelores classificadas em alto e baixo CAR apresentaram semelhantes características de comportamento ingestivo. Palavras-chave: bovinos de corte, eficiência, seleção

ABSTRACT: The object was evaluating the relationship among feeding behavior and high, medium and low residual feed intake (RFI). Sixty-four Nellore of 28th calf crop of Traditional Nellore herd were evaluated in individual pens for 24 uninterrupted hours, with intervals of five minutes, during three days, on the feeding behavior (eating, ruminating and chewing time). Variables evaluated in this study did not differ in relation to RFI. Feeding behavior of Nellore females classified in high and low RFI was similar. Key words: beef cattle, efficiency, selection

1. INTRODUÇÃO

Medidas alternativas de mensuração da eficiência de uso dos alimentos têm sido propostas como forma de contornar alguns inconvenientes, como seleção de animais por medidas de tamanho

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corporal e por taxa de crescimento. Neste contexto, de acordo com BAKER et al.(2.006), o consumo alimentar residual (CAR) torna-se uma das alternativas para seleção.

Proposto por KOCH et al. (1963), o CAR é definido como a diferença entre consumo de matéria seca (CMS) predito, por equação de regressão em função do peso vivo metabólico (PV0, 75) médio e ganho médio diário (GMD), e observado. Assim, animais CAR baixo apresentam consumo observado menor que o predito sendo, portanto, considerados mais eficientes. Já aqueles em que o consumo observado é maior que o predito, apresentam CAR alto e são menos eficientes.

O estudo do comportamento de bovinos é uma ferramenta de grande importância na avaliação do CAR, pois permite melhor compreensão dos mecanismos que envolvem as variações na eficiência de utilização dos alimentos, baseado no gasto de energia dos animais em atividades como alimentação, ruminação, ócio, estresse, entre outros. Sendo assim, objetivou-se avaliar a relação existente entre medidas de comportamento ingestivo e as diferentes classes de CAR de novilhas Nelore.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Centro de APTA Bovinos de Corte, Instituto de Zootecnia – SP. Sessenta e quatro fêmeas pertencentes à 28ª progênie do rebanho Nelore Tradicional foram mantidas em baias individuais para avaliação do consumo individual. Os animais foram classificados de acordo com o CAR em: baixo CAR (<0,5 desvio padrão; n=22), médio CAR (±0,5 desvio padrão; n=21) e alto CAR (>0,5 desvio padrão; n=21).

O comportamento ingestivo foi observado durante 24 horas, em intervalos de 5 minutos, três dias ao acaso, mediante observação direta individual dos animais, para determinação do tempo despendido em ingestão, ruminação e mastigação. Durante a observação noturna o ambiente foi mantido com iluminação artificial, com prévia adaptação dos animais. As características de comportamento avaliadas foram: tempo de alimentação (min/dia); tempo de alimentação corrigido para CMS (min kg-1 MS); tempo de ruminação (min/dia); tempo de ruminação corrigido para CMS (min kg-1 MS); tempo de mastigação (alimentação + ruminação) (min/dia); tempo de mastigação corrigido para CMS (min kg-1 MS); taxa de alimentação (kg/min); relação ruminação: alimentação; tempo em pé (min/dia) e tempo deitado (min/dia).

Os dados foram analisados pelo PROC GLM do SAS, sendo as médias ajustadas pelo método dos quadrados mínimos e comparadas pelo teste t, a 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os animais classificados como baixo CAR apresentaram CMS de 6,037 ± 0,178 kg MS/dia

(Tabela 1.), enquanto os de alto CAR consumiram, em média, 7,107 ± 0,183 kg MS/dia, correspondendo a um consumo de 0,865 kg MS/dia a mais do que aquelas de baixo CAR. De acordo com ARTHUR et al. (2001) e CARTENS et al. (2002) o CAR apresenta correlação positiva com CMS, sendo independente do tamanho corporal e crescimento do animal.

O tempo de alimentação médio foi de 232 min/dia, semelhante ao encontrado por BINGHAM et al. (2009) e TRETELL et al. (2008), os quais foram de, respectivamente, 220 min/dia e 230 min/dia. Não foram verificadas diferenças significativas em tempo de alimentação, ruminação e mastigação, em min/dia e por kg de MS consumida. Também não foram observadas diferenças significativas em taxa de alimentação para animais de diferentes classes de CAR, apesar desta apresentar-se numericamente maior para os animais de CAR alto (0,027 vs. 0,032 kg MS/min). Com isso tem-se que animais CAR alto consomem mais, em um mesmo tempo, e possivelmente utilizam de forma inferior os nutrientes da dieta.

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Tabela 1. Médias, máximo e mínimo para as características de comportamento avaliadas

Classe de CAR Característica Média Mínimo Máximo Baixo Alto CMS (kg/dia) 6, 588 5, 044 8, 831 6, 037a 7, 107b Cosumo alimentar residual 0, 004 -0, 858 0, 804 -0,42a 0, 445b Tempo de Alimentação (min/dia) 232 147 310 231ª 228ª Tempo de Alimentação/CMS (min kg-1 MS) 36 22 60 39ª 33ª Tempo de Ruminação (min/dia) 417 337 540 413ª 422ª Tempo de Ruminação/CMS (min kg-1 MS) 65 44 98 70ª 61ª Tempo de Mastigação (min/dia) 649 500 830 644ª 650ª Tempo de Mastigação/CMS (min kg-1 MS) 101 71 155 108ª 94ª Taxa de Alimentação (kg MS/min) 0, 029 0, 017 0, 046 0, 027a 0, 032ª Relação Ruminação: Alimentação 1, 824 1, 342 2, 596 1, 811a 1, 876ª Tempo em pé 576 437 730 577ª 565ª Tempo deitado 862 710 1003 865a 865ª

Médias seguidas da mesma letra, nas linhas, não diferem (P>0,05) pelo teste t Segundo TRETTEL et al. (2008), animais menos eficientes (alto CAR) despendem maiores tempos

para a ingestão da dieta. Diferenças em comportamento parecem não ser a causa da variação no CAR, mas sim uma possível consequência da maior ingestão de alimentos de animais menos eficientes.

4.CONCLUSÕES

Fêmeas Nelore classificadas em alto e baixo CAR apresentaram características de

comportamento semelhantes.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTHUR, P.F. et al. 2001. Genetic and phenotypic variance and covariance components for feed intake, feed efficiency and other post weaning traits in Angus cattle. Journal of Animal Science. 79:2805-2811. BAKER, S. D. et al. 2006. Residual feed intake of purebred Angus steers: Effects on meat quality and palatability. Journal of Animal Science. 84: 38-945. Bingham, G.M. et al. 2009. Relationship between feeding behavior and residual feed intake in growing Brangus heifers. Journal of Animal Science. 87:2685-2689. CARTENS, G.E. et al. 2002. Residual feed intake in beef steers: I. Correlations with performance traits and ultrasound measures of body composition. Proc. Western Sect. Am. Society Animal Science. 53:552-555. KELLY, A.K. et al. 2010. Effect of divergence in residual feed intake on feeding behavior, blood metabolic variables and body composition traits in growing beef heifers. Journal of Animal Science. 88:109-123. KOCH, R.M. et al. 1963. Efficiency of feed use in beef cattle. Journal of Animal Science. 22:486-494. TRETELL, P.R.C.G. et al. Padrão de comportamento de novilhos Nelore com alto e baixo consumo alimentar residual. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 45, 2008, Lavras, MG. Anais... da 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2008.

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EFEITOS DA SELEÇÃO PARA PESO PÓS-DESMAME EM CARACTERÍSTICAS DE EFICIÊNCIA DE BOVINOS NELORE1

EFFECTS OF SELECTION FOR POST WEANING WEIGHT ON EFFICIENCY TRAITS OF NELLORE BULLS

TATIANA LUCILA SOBRINHO2, SARAH FIGUEIREDO MARTINS BONILHA3, JOSLAINE N.S.G. CYRILLO3, LEOPOLDO ANDRADE DE FIGUEIREDO3, ALEXANDER GEORGE RAZOOK3, RENATA HELENA BRANCO3

1Projeto financiado pela FAPESP; 2Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil. 3Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. E-mail: [email protected].

RESUMO: Objetivou-se avaliar desempenho, eficiência energética e consumo alimentar residual (CAR) de machos Nelore selecionados para peso pós-desmame. Cento e vinte e um animais dos rebanhos Nelore Controle (NeC) e Seleção (NeS) participaram da Prova de Ganho de Peso e tiveram desempenho, CAR e parâmetros de eficiência energética avaliados. Animais NeS apresentaram maiores PV inicial e final, ganho médio diário (GMD), consumo de matéria seca, taxas de crescimento relativo e de Kleiber, eficiência alimentar e melhor conversão alimentar que os NeC. CAR e eficiência parcial de crescimento não foram diferentes entre os rebanhos. A seleção para peso pós-desmame levou ao aumento de tamanho corporal e GMD, sem alterar parâmetros importantes de eficiência de utilização dos alimentos. Palavras–chave: bovinos de corte, consumo alimentar residual, desempenho

ABSTRACT: The objective was to evaluate performance, energy efficiency and residual feed intake (RFI) in Nellore bulls selected for post weaning weight. One hundred and twenty-one bulls of the herds Control Nellore (NeC) and Selected (NeS) participated of the feeding performance test in 2007 and 2008 and had performance, residual feed intake (RFI) and efficiency parameters evaluated. Animals NeS had greater initial and final BW, average daily gain (ADG), dry matter intake, relative growth rate, Kleiber ratio, feed efficiency and feed conversion than animals NeC. There were no significant differences in RFI and partial efficiency of growth between the herds. Selection for post weaning weight increased animals body size and ADG, but did not alter important efficiency parameters of food utilization. Key words: beef cattle, residual feed intake , performance

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1.INTRODUÇÃO

O projeto de melhoramento genético das raças zebuínas do Centro APTA Bovinos de Corte, Instituto de Zootecnia, localizado em Sertãozinho/SP, tem por objetivo aumentar o peso pós-desmame manipulando, dentro de limites biológicos, a equação do ganho genético com seleção baseada no desempenho individual (RAZOOK et al., 1997). É de suma importância verificar a eficiência dos animais selecionados para crescimento com relação ao aproveitamento dos alimentos, uma vez que mudanças correlacionadas à seleção podem estar ocorrendo. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar desempenho, parâmetros de eficiência e consumo alimentar residual (CAR) de animais Nelore selecionados para peso pósdesmame.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Centro APTA Bovinos de Corte, Instituto de Zootecnia, situado em Sertãozinho/SP. Cento e vinte e um machos Nelore não castrados, pertencentes às 26a e 27a progênies do programa de melhoramento genético dos rebanhos Nelore Controle (NeC) e Nelore Seleção (NeS) participaram da Prova de Ganho de Peso (PGP) nos anos de 2007 e 2008. Após o desmame, os animais foram alocados em baias individuais durante 168 dias, sendo os 56 primeiros destinados à adaptação e os 112 dias restantes à coleta de dados. A dieta, foi formulada à base de feno de braquiária, milho moído, farelo de algodão e sal mineral.

O CAR foi calculado pela diferença entre consumo de matéria seca (CMS) observado e predito em função de PV0,75 e GMD. A conversão alimentar (CA) foi calculada como a razão entre CMS e GMD e a eficiência alimentar (EA) foi calculada como o inverso da CA. A eficiência parcial de crescimento (EPC) foi determinada pela razão entre GMD e a diferença entre CMS médio diário e o esperado para mantença, obtido no NRC (1996). Para o cálculo da taxa de crescimento relativo (TCR) a equação utilizada foi: TCR = 100 * (log PVF - log PVI)/dias em experimento. A taxa de Kleiber (TK) foi calculada pela razão entre GMD e PV0,75.

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado. Os dados foram analisados pelo procedimento GLM do SAS (SAS Inst. Inc., Cary NC USA), sendo a variável ano (2007 e 2008) testada, sendo não significativa e retirada do modelo. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Animais NeS, a uma mesma idade, apresentaram maiores (P<0,001) PV inicial (178 vs. 212 kg), PV final (257 vs. 313 kg) e GMD (0,701 vs. 0,898 kg/dia) que os NeC (Tabela 1). MERCADANTE et al. (2004) reportaram diferença de aproximadamente 60 kg de PV aos 378 dias de idade entre animais NeS e NeC, semelhante à encontrada neste estudo de 56 kg.

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Tabela 1. Características de desempenho de bovinos Nelore selecionados para peso pós-desmame

Rebanho Característica NeC NeS P N 46 75 --- PV inicial, kg 178b ± 24,3 212a ± 32,5 < 0,001 PV final, kg 257b ± 29,6 313a ± 37,2 < 0,001 GMD, kg/dia 0,701b ± 0,09 0,898a ± 0,10 < 0,001 CMS, kg/dia 5,47b ± 0,66 6,67a ± 0,80 < 0,001 CMSPV, % 2,53a ± 0,19 2,55a ± 0,16 0,502 CMSPV0,75, % 97,0b ± 7,03 102a ± 6,00 <0,001 CAR, kg MS/dia 0,028a ± 0,325 -0,018a ± 0,307 0,424 CA, kg MS/g ganho 7,87a ± 0,96 7,46b ± 0,77 0,011 EA, g ganho/kg 129b ± 14,5 135a ± 13,3 0,011 EPC, g ganho/kg MS 0,34a ± 0,06 0,32a ± 0,04 0,133 TCR, kg PV/dia 0,14b ± 0,02 0,15a ± 0,02 0,017 Taxa Kleiber, g ganho/kg 0,012b ± 0,001 0,014a ± 0,001 < 0,001

Médias seguidas de letras diferentes, nas linhas, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. GMD=ganho médio diário; CMSPV=consumo de matéria seca em porcentagem do peso vivo; CMSPV0,75=consumo de matéria seca em porcentagem do peso vivo metabólico; CAR=consumo alimentar residual; CA=conversão alimentar; EA=eficiência alimentar; EPC=eficiência parcial de crescimento; TCR=taxa de crescimento relativo.

O CMS, expresso em kg/dia e em g/kg PV0,75, foi significativamente maior (P<0,001) para os animais NeS, quando comparados aos NeC. Os animais NeS apresentaram melhor CA (P=0,011) e EA (P=0,011) que os NeC, assim como TCR (P=0,017) e TK (P<0,001). Diferentemente do CAR, CA e EA parecem ser altamente influenciadas por diferenças no crescimento e padrões de maturidade de diferentes animais (ARCHER et al., 1999). Segundo DITTMAR III (2007), CAR e EPC levam em consideração requerimentos energéticos para mantença e produção, apresentando-se mais sensíveis às variações na eficiência energética individual dos animais. Os requerimentos para o metabolismo basal podem ser influenciados por fatores como balanço energético, nível de proteína, natureza e quantidade de fibra na dieta, atividades e excreção fecal de energia.

4. CONCLUSÕES

A seleção aplicada nos últimos 30 anos aos animais do Centro APTA Bovinos de Corte, não alterou a eficiência energética dos mesmos. Dentre as medidas de eficiência analisadas, o consumo alimentar residual apresentou grande potencial de melhora da eficiência produtiva, sem acarretar prejuízos ao desempenho dos animais.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCHER, J.A.; RICHARDSON, E.C.; HERD, R.M. et al. Potential for selection to improve efficiency of feed use in beef cattle: A review. Australian Journal of Agriculture Research, v.50, p.147-161, 1999. DITTMAR III, R.O. Determining biological sources of variation in residual feed intake in Brahman heifers during confinement feeding and on pasture. 2007. 111f. Degree of Master of Science (Animal Science) Texas A&M University, Texas, 2007. MERCADANTE, M.E.Z.; RAZOOK, A.G.; CYRILLO, J.N.S.G. et al. Programa de Seleção da Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho: resultados de pesquisas, sumário de touros Nelore. Boletim Científico, 12. Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, 2004. 35p.

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RAZOOK, A.G.; FIGUEIREDO, L.A.; CYRILLO, J.N.S.G. et al. Prova de ganho de peso: normas adotadas pela Estação Experimental do Zootecnia de Sertãozinho. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1997. 42p. (IZ. Boletim Técnico, 40).

CORRELAÇÕES GENÉTICAS E FENOTÍPICAS ENTRE CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA AVALIADAS POR ULTRASSONOGRAFIA E PESO, ALTURA E

CONDIÇÃO CORPORAL1

ESTIMATED GENETIC AND PHENOTYPIC CORRELATIONS BETWEEN CARCASS TRAITS ASSESSED BY ULTRASOUND AND WEIGHT, HEIGHT AND BODY CONDITION

TIAGO ROQUE PINHEIRO2, LÚCIA GALVÃO DE ALBUQUERQUE4, JOSLAINE N. S. GONÇALVES CYRILLO3, RENATA HELENA BRANCO3, ACYR WANDERLEY DE PAULA FREITAS3, MARIA EUGÊNIA Z. MERCADANTE3

1Projeto financiado pela FAPESP. 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail:

[email protected]. 3Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Corte (CAPTA, Bovinos de Corte), IZ, APTA, SAA, Rod. Carlos Tognani SP (333), Km 94, Caixa postal 63, CEP 14160-970,Sertãozinho, SP, Brasil. 4Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV), UNESP. Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil.

RESUMO: Com o objetivo de estimar correlações genéticas e fenotípicas entre características de carcaça, e peso, altura e condição corporal, além da mudança genética advinda da seleção para peso ao sobreano, foram analisados dados de 6991 bovinos Nelore dos rebanhos selecionados e controle. Os componentes de variância foram estimados em análises multivariada (5x5), por máxima verossimilhança restrita. As estimativas de herdabilidade indicam que a variação observada nas características é, em grande parte, devido aos genes de efeito aditivo. A seleção para maiores pesos leva ao aumento da área do músculo longissimus sem alterar a espessura de gordura subcutânea. Palavras-chave: herdabilidade, Nelore, valor genético

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

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ABSTRACT: The objective was to estimate genetic and phenotypic correlations among carcass traits and weight, height and body condition, and the genetic change from the postweaning weight selection. Records of 6991 Nelore cattle from the selection and control herds were analyzed. The variance components were estimated in multi-trait analyses (5x5), by restricted maximum likelyhood method. The heritability estimates indicate that the observed traits variation is largely due to the genes of additive effect. Selection for body weight promoted increasing of longissimus muscle area without decreasing the subcutaneous fat thickness. Key words: heritability, Nellore, breed value

1. INTRODUÇÃO

A característica área do músculo longissimus é um indicador de musculosidade, enquanto as características de espessuras de gordura são indicadores de terminação e qualidade de carne (SAINZ et al., 2003). De acordo com SILVA et al. (2003), as medidas de ultrassom aliadas ao peso vivo podem estimar com alta acurácia o peso da carcaça quente e moderadamente o rendimento de carcaça e, portanto, a seleção para essas características concorre para o aumento da produtividade e do valor do produto final. O objetivo do presente trabalho foi estimar correlações genéticas e fenotípicas entre características de carcaça avaliadas por ultrassom e outras normalmente utilizadas como critérios de seleção em bovinos de corte, além de estimar a mudança genética nessas características advinda da seleção para peso ao sobreano.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo envolveu animais Nelore dos rebanhos selecionados (NeS e NeT) e controle (NeC), do Centro APTA Bovinos de Corte, Instituto de Zootecnia, situado em Sertãozinho/SP. No NeS e NeT são selecionados animais com os maiores diferenciais para pesos padronizados dos machos aos 378 dias de idade (P378) e das fêmeas aos 550 dias (P550). No rebanho NeC são selecionados animais que estão na média dos contemporâneos do rebanho para essas características. Foram analisados P378 (N=3447) e P550 (N=3544) de animais nascidos de 1978 a 2008, altura na garupa (ALT378, N=2646 e ALT550, N=2797), condição corporal (CC378, N=2347 e CC550, N=2656, escala de 3 a 8), área do músculo longissimus (AOL, N=650) e espessura de gordura subcutânea do lombo (EGL, N=652) e da garupa (EGG, N=652) de machos e fêmeas nascidos a partir de 1985, 1987 e 2006, respectivamente. As imagens de AOL e EGL foram obtidas entre a 12ª e 13ª costelas e a EGG na intersecção dos músculos Gluteus medius e Biceps femoris, com um equipamento Pie Medical Aquila (Esaote Europe B.V.) ao redor dos 12,8±0,8 meses de idade.

Os componentes de variância foram estimados em análise multivariada (5 x 5), considerando P378 e P550, ALT378 e ALT550, CC378 e CC550 com as características de carcaça, pelo método da máxima verossimilhança restrita, sob modelo animal, com 8430 animais na matriz de parentesco, utilizando o aplicativo WOMBAT (MEYER, 2006). Os modelos incluíram o efeito aleatório genético aditivo direto, o de ambiente permanente materno somente para os pesos, e os efeitos fixos de grupo contemporâneo (rebanho, ano e sexo), mês do nascimento, classe de idade da vaca e idade do animal como covariável. Para mostrar o efeito da seleção para crescimento, médias ajustadas dos valores genéticos e fenotípicos das características de carcaça e peso por rebanho foram estimadas pelo método dos quadrados mínimos, com modelo de efeitos fixos semelhante ao descrito acima e registros dos animais nascidos nos últimos 3 anos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As estimativas das correlações genéticas (rg), apesar dos altos erros-padrão, mostram que a seleção para peso leva a uma mudança no sentido positivo na AOL, em machos e fêmeas, sem, no entanto, diminuir EGL e EGG. Este fato é comprovado pelas médias dos valores genéticos preditos para os animais dos rebanhos selecionados e do controle (Tabela 2). A altura apresentou baixas rg com as características de carcaça, sugerindo que estas características são praticamente independentes. A CC378 e CC550, que é uma designação subjetiva da deposição de gordura corporal, foi genética e

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fenotipicamente mais relacionada com a AOL do que com a deposição de gordura propriamente dita (Tabela 1).

Tabela 1. Correlações fenotípicas (rf) e genéticas (rg) entre área do músculo longissimus (AOL), espessura de gordura no lombo (EGL) e na garupa (EGG), e peso de machos (P378) e fêmeas (P550), altura da garupa de machos (ALT378) e fêmeas (ALT550) e condição corporal de machos (CC378) e fêmeas (CC550)

As médias dos valores genéticos (Tabela 2) preditos para os animais selecionados foram maiores que as do controle para as característica avaliadas, existindo também diferenças entre NeS e NeT, fato este, devido ao NeT ter recebido material genético de outros rebanhos, além de ser o maior deles. As estimativas de herdabilidade indicam que a variação observada em todas as características é, em grande parte, devido aos genes de efeito aditivo, sugerindo que a seleção de animais da raça Nelore para estas características é um instrumento efetivo para se obter mudança genética.

Tabela 2. Média dos valores fenotípicos (MVF) e genéticos (MVG) e estimativas de herdabilidade (h2) da

área do músculo longissimus (AOL), espessura de gordura no lombo (EGL) e na garupa (EGG), peso de machos (P378) e fêmeas (P550) dos rebanhos Controle (NeC), Seleção (NeS) e Tradicional (NeT)

*MVF = médias com letras diferentes diferem (p<0,01) na mesma linha; MVG = médias com letras diferentes diferem (p<0,01) na mesma linha.

4. CONCLUSÕES

A seleção para maiores pesos corporais leva ao aumento da área do músculo longissimus sem diminuir a espessura de gordura subcutânea.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEYER, K. "WOMBAT" - Digging deep for quantitative genetic analyses by restricted maximum

AOL EGL EGG Característica

rf rg

rf rg

rf rg

P378 0,55±0,03 0,43±0,15 0,31±0,04 0,42±0,18 0,30±0,04 0,26±0,18 P550 0,54±0,03 0,52±0,13 0,26±0,05 0,08±0,16 0,22±0,05 0,07±0,16

ALT378 0,36±0,05 0,03±0,15 0,26±0,05 0,30±0,16 0,20±0,05 0,14±0,16 ALT550 0,36±0,05 0,08±0,14 0,16±0,05 0,16±0,16 0,12±0,05 0,09±0,15 CC378 0,45±0,04 0,67±0,18 0,28±0,05 -0,01±0,28 0,25±0,05 0,14±0,25 CC550 0,31±0,05 0,43±0,16 0,09±0,05 -0,25±0,23 0,12±0,05 0,25±0,21

*MVF *MVG Característica N

NeC NeS NeT NeC NeS NeT h2

P378 (kg) 344 274,50b 337,40a 339,97a -1,71c 51,68b 58,64a 0,34±0,04 P550 (kg) 366 256,90b 315,50b 335,64a -0,26c 42,04b 48,46a 0,43±0,04

AOL (cm2) 652 39,01c 41,40b 45,75a 0,32c 3,49b 4,68a 0,39±0,09 EGL (mm) 650 0,78b 0,92a 1,04a -0,06b 0,38a 0,42a 0,40±0,11 EGG (mm) 650 2,81b 2,96b 3,44a -0,08b 0,43a 0,47a 0,40±0,11

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likelihood. In: 8 WORLD CONGRESS OF GENETICS, 2006, Belo Horizonte. Proceedings... Anais/CD-ROM, Belo Horizonte, 2006. SAINZ, R.D. et al. Melhoramento genético da carcaça em gado zebuíno. In: 12º SEMINÁRIO NACIONAL DE CRIADORES E PESQUISADORES, MELHORAMENTO GENÉTICO E PLANEJAMENTO PECUÁRIO, Ribeirão Preto-SP, 2003 Anais... 12º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores, Melhoramento Genético e Planejamento Pecuário/CD-ROM, 2003. SILVA, S.L. et al. Estimativa do peso e do rendimento de carcaça de tourinhos Brangus e Nelore, por medidas de ultrassonografia. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.5, p.1227-1235, 2003.

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EXTRAÇÃO DE CÁLCIO, MAGNÉSIO E POTÁSSIO PELO CAPIM-XARAÉS ADUBADO COM NITROGÊNIO

CALCIUM, MAGNESIUM AND POTASSIUM UPTAKE BY XARAES GRASS FERTILIZED

WITH NITROGEN

ANA FLÁVIA GOUVEIA DE FARIA 1, MARA CRISTINA PESSÔA DA CRUZ2, FÁBIO PRUDÊNCIO DE CAMPOS3, DEISE RAFAELLE DE OMENA NICÁCIO4

1Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Ciência do Solo), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2FCAV, UNESP, Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. 3Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA, Bovinos de Leite), Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Objetivou-se avaliar a extração de Ca, Mg e K pelo capim-xaraés em função da adubação nitrogenada, em condições de campo. O experimento foi conduzido no Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP. Foram avaliadas seis doses de N (0, 25, 50, 75, 100 e 125 kg ha-1 por corte), em blocos casualizados com quatro repetições. A adubação nitrogenada aumentou a extração de K, Ca e Mg pelo capim-xaraés, e para cada kg de N aplicado no segundo corte, durante o qual a extração foi maior, foram extraídos 249 g de K, 28 g de Ca e 38 g de Mg. Palavras-chave: adubação nitrogenada, extração de macronutrientes, capim-xaraés ABSTRACT: An experiment under field condition was carried out at the Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP, to evaluate Ca, Mg and K uptake by xaraes palisadegrass fertilized with nitrogen. Six N rates (0; 25; 50; 75; 100 and 125 kg ha-1 per harvest) and four replicates in a randomized block design were used. Nitrogen fertilization increased K, Ca and Mg uptake and 249; 28 and 38 g were absorbed, respectively, by xaraes palisadegrass for each kg of N applied at the second harvest. Key words: nitrogen fertilization, macronutrients uptake, xaraes grass

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

A adubação de pastagens, principalmente a nitrogenada, aumenta a disponibilidade de forragem, a quantidade de proteína por hectare e, consequentemente, a capacidade de suporte das pastagens e o ganho de peso vivo por hectare.

Com a maior produção vegetal decorrente da adubação nitrogenada, ocorre aumento da extração de outros nutrientes, que, se não repostos, podem limitar a eficiência futura da adubação nitrogenada. Assim, é necessário conhecer a extração de nutrientes pelas forrageiras, especialmente em sistemas intensivos em que se utilizam doses elevadas de fertilizantes (PRIMAVESI et al., 2006). Objetivou-se com este trabalho avaliar a extração de Ca, Mg e K da Brachiaria brizantha cv. xaraés, em função da adubação nitrogenada, em condições de campo.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em condições de campo no Centro APTA Bovinos de Leite, pertencente ao Instituto de Zootecnia e localizado na cidade de Nova Odessa, SP. A espécie forrageira foi o capim-xaraés, implantado em janeiro de 2008.

A análise química do solo (RAIJ et al., 2001) revelou: P resina, 15 mg dm-3; MO, 22 g dm-3; pH em CaCl2, 4,7; K+, Ca2+, Mg2+, H+Al, Al3+, SB e CTC, 0,8; 12; 5; 25; 3; 18; e 43 mmolc dm-3, respectivamente; e V, 42%. Em setembro de 2009 foi feito o corte de uniformização, a calagem (V=60%) em superfície e a aplicação das doses de N (0, 25, 50, 75, 100 e 125 kg ha-1 por corte). O delineamento foi em blocos casualizados com quatro repetições, onde foram avaliadas seis doses de N (0, 25, 50, 75, 100 e 125 kg ha-1 por corte) e cada unidade experimental apresentava 112 m2 (14 m x 8 m). O adubo utilizado foi ureia.

Aos 27 dias após a primeira adubação foi feita a primeira coleta de forragem, e 28 dias após a primeira coleta foi feita a segunda coleta do pré-pastejo (antes da entrada dos animais nas parcelas). No corte da forragem foi utilizado um quadrado de 0,36 m2 (0,6 m x 0,6 m), lançado três vezes em cada parcela e posicionado em local em que a altura da forrageira era semelhante à média da altura de 10 plantas no momento da amostragem. O corte da forrageira foi feito rente ao solo. A massa de forragem fresca, proveniente de cada unidade experimental, foi pesada, e dela foi retirada subamostra de aproximadamente 200 g que foi imediatamente colocada em estufa com circulação forçada de ar a 65ºC até peso constante, para quantificação da massa seca de forragem por hectare. O restante da massa fresca de forragem foi separado em: lâmina foliar, colmos mais bainhas e material morto. As partes foram lavadas segundo procedimento descrito em CARMO et al. (2000), secas a 65ºC até peso constante e moídas. A determinação de Ca, Mg e K foi feita em extrato de digestão nítrico-perclórica (CARMO et al., 2000) e a extração foi calculada multiplicando a produção de massa seca da parte aérea (massa seca de forragem verde do pré-pastejo - massa seca de forragem verde do pós-pastejo do período anterior) pela concentração do nutriente.

Os resultados foram submetidos às análises estatísticas por meio do aplicativo “Statistical Analysis System” (SAS, 2002). Executando-se inicialmente o teste F e, para casos de significância (P<0,05), utilizou-se o procedimento GLM para os estudos de regressão de primeiro e segundo graus.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A extração de K aumentou linearmente com o aumento das doses de N, no primeiro e segundo cortes do capim-xaraés (Figura 1a). A extração de K na dose de 125 kg ha-1 de N em relação à testemunha, foi 47,35% maior no primeiro corte e 46,87% maior no segundo. A cada kg de N adicionado houve extração de 171 e 249 g de K no primeiro e segundo cortes, respectivamente. Em experimento em condições de campo com capim-marandu PRIMAVESI et al. (2006) e COSTA et al. (2009) obtiveram efeito linear das doses de N na extração de K. O aumento foi de 90,45% (média de quatro cortes) da maior dose em relação à testemunha no primeiro caso, e de 80,45% (média de três cortes/ano) no segundo e, neste caso, a cada kg de N adicionado houve extração de 620 g de K.

A extração de Ca (Figura 1b) e a de Mg (Figura 1c) do capim-xaraés em função das doses de N ajustaram-se ao modelo quadrático no primeiro corte e ao modelo linear no segundo. As doses de N que resultaram na máxima extração de Ca e de Mg no primeiro corte foram de 99,17 kg ha-1 e 137,25 kg ha-1. No segundo corte, a cada kg de N adicionado houve extração de 28 e 38 g de Ca e Mg, respectivamente. PRIMAVESI et al. (2006) também obtiveram ajuste ao modelo quadrático tanto para

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extração de Ca quanto de Mg, mas COSTA et al. (2009) relataram ajuste linear para ambos e, a cada kg de N adicionado, houve extração de 222 e 90 g de Ca e Mg, respectivamente.

a) b) c) ○ Ŷ=23,832+0,1714X R2= 0,978** ○ Ŷ=3,232+0,0595X-0,0003X2 R2= 0,982** ○ Ŷ=3,017+0,0549X-0,0002X2 R2= 0,949×

● Ŷ=35,217+0,2485X R2= 0,825** ● Ŷ=5,459+0,0275X R2= 0,875* ● Ŷ=4,844+0,0382X R2= 0,907**

E

xtra

ção

(kg

ha-

1 )

0

20

40

60

80

0 25 50 75 100 125

0

2

4

6

8

10

0 25 50 75 100 125

Nitrogênio (kg ha-1)

0

2

4

6

8

10

0 25 50 75 100 125

Figura 1. Extração de K (a), Ca (b) e Mg (c) no primeiro (○) e segundo (●) cortes do capim-xaraés

adubado com nitrogênio. ** e * significativo a 1 e 5% respectivamente.

4. CONCLUSÕES

A adubação nitrogenada aumentou a extração de K, Ca e Mg pelo capim-xaraés, e para cada kg de N aplicado no segundo corte, durante o qual a extração foi maior, foram extraídos 249 g de K, 28 g de Ca e 38 g de Mg.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARMO, C. A. F. S et al. Métodos de análise de tecidos vegetais utilizados na Embrapa Solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2000. 41p. (Circular Técnica, 6) COSTA, K.A.P. et al. Extração de nutrientes do capim-marandu sob doses e fontes de nitrogênio. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v.10, n.4, p.801-812, 2009. PRIMAVESI, A.C et al. Nutrientes na fitomassa de capim-marandu em função de fontes e doses de nitrogênio. Ciência & Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n.3, p. 562-568, 2006. RAIJ, B. van et al. Análise química para avaliação da fertilidade do solo. Campinas: Instituto Agronômico, 2001. 285p. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM. User’s guide statistics: version 9.0. Cary, 2002.

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PROTEÍNA BRUTA DE B. decumbens EM PASTAGENS MANEJADAS SOB LOTAÇÃO CONTÍNUA

CRUDE PROTEIN IN SIGNAL GRASS PASTURES AT CONTINUOUS STOCKING

ELIARA A. OLIVEIRA2, VALDINEI T. PAULINO3, GUSTAVO J. BRAGA4, ALIEDSON S. FERREIRA5, JOSIANE A. GONÇALVES6

1Parte da dissertação de mestrado da primeira autora. Projeto financiado pela FAPESP. 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Nutrição Animal e Pastagens(CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Brotas, Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Oeste (PRDTA), APTA, SAA, Rua Sebastião Soares, s/nº, Bairro Cubatão, Caixa postal 09, CEP 17380-000, Brotas, SP, Brasil. 5Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Av. Pádua Dias, 11, Caixa postal 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil. 6Programa de Graduação em Ciências Biológicas, Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), São Carlos.

RESUMO: O gênero Brachiaria é responsável por cerca de 80% de toda a área de pastagens cultivadas no Brasil. O estudo foi realizado na UPD – Brotas/SP (APTA), durante o ano de 2009 numa pastagem de B. decumbens, mantidas constantes em três alturas de manejo sob lotação contínua. Foi estimado o teor de PB em amostras de forragem coletadas por simulação de pastejo. Os valores encontrados corroboram com o exposto pela literatura, variando de 10,2 a 12,7% de PB. Quanto mais avançado o estádio de maturação da planta, menor seu valor nutritivo. Palavras-chave: altura do dossel, pastejo, valor nutritivo ABSTRACT: The genre Brachiaria is responsible for about 80% of the total area of cultivated pastures in Brazil. The study was conducted at the UPD - Brotas/SP (APTA) during the 2009 in a pasture of B. decumbens, maintained at three sward heights under continuous stocking. It was estimated CP content in forage samples collected by hand plucking method . The results corroborate with the above in the literature, ranging from 10.2 to 12.7% CP. The more advanced the stage of plant maturity, the lower their nutritional value.

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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Key words: sward height, grazing, nutritional value

1. INTRODUÇÃO

O gênero Brachiaria, representado principalmente pelas espécies B. brizantha, B. decumbens e B. humidicola, é responsável por cerca de 80% da área de pastagens cultivadas no Brasil (HODGSON e SILVA, 2002). A qualidade da forragem tem grande importância, pois a deficiência ou o baixo consumo de qualquer nutriente essencial restringe a produção animal. Espera-se que os animais em pastejo consigam extrair energia, proteína e outros nutrientes da forragem para suprir suas necessidades alimentares, e se as mesmas não forem atendidas pela alimentação, o animal usará sua reserva corporal e/ou reduzirá sua produção. O presente trabalho teve como objetivo estimar o teor de proteína bruta em pasto de Brachiaria decumbens Stapf cv. Basilisk, mantidos constantes em três alturas de manejo, sob lotação contínua, em amostras coletadas por simulação de pastejo.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Local: UPD Brotas – SP (APTA), em Solo Neossolo quartzarênico distrófico numa pastagem de Brachiaria decumbens Stapf. cv. Basilisk. Período: de janeiro a dezembro de 2009. Fase pré experimental: uniformização em out/ 2008 com roçadeira mecânica a 5 cm do solo. Em nov/2008 aplicação calcário dolomítico para elevar a saturação por bases para 40%, e no mês seguinte foram aplicados 100 kg/ha de P2O5 na forma de Superfosfato Simples. Em 24 de dezembro foi feita a primeira adubação com 250 kg/ha da fórmula NPK 20-05-20. Delineamento e tratamentos: delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições, os tratamentos consistiram de três intensidades de pastejo caracterizados pela manutenção de três alturas do dossel, 10, 17,5 e 25 cm. A desfolhação foi conduzida em mob grazing, sem a necessidade da permanência dos animais nas parcelas (144m2) todo o período de avaliação. Condução experimental: monitoramento da altura do dossel foi realizado em intervalos regulares de três a cinco dias com o uso do disco ascendente. Para a avaliação da altura do dossel foi necessária a calibração do disco. A adubação foi realizada nos dias 7/fev, 10/mar, 4/mai e 24/set de 2009 em doses de 250 kg/ha da fórmula NPK 20-05-20. Coleta de amostras: colhidas pelo método denominado ‘hand-plucking’, que consiste da coleta manual da forragem após observação prévia do hábito de pastejo dos animais. Aproximadamente 500 gramas de forragem verde foi colhida por unidade experimental e no laboratório foi retirada uma sub amostra de 150 gramas, o material foi levado à estufa de circulação forçada de ar por 72 horas a 60ºC. Após a secagem e moagem as amostras foram enviadas ao laboratório para determinação de proteína pelo método de Kjeldahl. Análise estatística: Para a avaliação dos resultados foi feita a análise de variância com medidas repetidas no tempo com o Proc Mixed do programa estatístico SAS (SAS, 1999). E a comparação de médias foi feita pelo Lsmeans ajustado pelo teste Tukey (5%).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de PB apresentaram efeito significativo para o período do ano (P<0,0001) e para a interação altura x período (P=0,0092) Apesar das diferenças não terem sido significativas para o fator altura (Tabela 1), os pastos manejados com menor altura apresentaram valores numéricos superiores, assim como os resultados encontrado por ANDRADE (2003) em pastos de capim Marandu manejados sob pastejo contínuo em diferentes alturas. CAVALCANTI FILHO et al. (2008), encontraram valores semelhantes trabalhando com B. decumbens em Itambé/PE, variando de 9,6% a 13,8% de PB. MORAESet al.(2005) avaliaram pastagens de B. decumbens diferidas sob pastejo no período seco e encontrou valores inferiores de PB, em torno de 5,6%, fato ocorrido devido a perda de valor nutricional com a maturação da planta. Em uma compilação de dados (1987 a 1998) de valor nutritivo das principais gramíneas cultivadas no Brasil, EUCLIDES e MEDEIROS (2003) observaram valores próximos aos encontrados neste trabalho para a época das águas. Entretanto nos meses mais secos os

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valores sofreram queda de até 50%, ao contrário do observado neste estudo, em que os valores se mantiveram constantes . Tabela 1. Teor (%) de proteína bruta (PB) de Brachiaria decumbens Stapf cv. Basilisk, em pastagens

manejadas sob lotação contínua em em três alturas de dossel

Altura Período

10 cm 17,5 cm 25 cm Média

Jan-Mar 12,7Aa (±0,18)

11,6BCb (±0,18)

11,4BCb (±0,18)

11,9

Abr- Jun 12,1Aa (±0,40)

10,2Ca (±0,40)

10,7Ca (±0,40)

11,0

Jul –Set 12,3Aa (±0,49)

12,6Aba (±0,49)

12,9Aba (±0,49)

12,6

Out–Dez 12,6Aa (±0,51)

11,6BCa (±0,51)

10,8BCa (±0,51)

11,7

Média 12,4 11,5 11,5 Médias na mesma linha, seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si (P>0,05), pelo teste de Tukey-Kramer Médias na mesma coluna, seguidas da mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,05), pelo teste de Tukey-Kramer Valores entre parênteses indicam o erro padrão da média.

4. CONCLUSÕES

O teor de proteína bruta dos pastos mantidos a 17,5 e 25 cm sofreu influência dos períodos. No período de maior produção de forragem (águas), o pasto mantido a 10 cm apresentou maior

teor de PB, fato devido à maior renovação de tecidos e estádio de maturação da planta, há dados na literatura relatando que quanto mais avançado o estádio de maturação, menor será seu valor nutritivo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, F.M.E. Produção de forragem e valor alimentício do Capim-Marandu submetido a regimes de lotação contínua por bovinos de corte. 2003, 141f. Dissertação (Mestrado). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

CAVALCANTI FILHO, L.F.M. et al. caracterização de pastagem de brachiaria decumbens na zona da mata de Pernambuco. Archivos de Zootecnia, v.57, n.220, p.391-402, 2008.

EUCLIDES, V.P.B.; MEDEIROS, S.R. Valor nutritivo das principais gramíneas cultivadas no Brasil. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2003. HODGSON, J.; S.C. SILVA. 2002. Options in tropical pasture management. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, Recife, PE, 2002, Anais... 39ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002.

MORAIS, E.H.B.K. et al. Avaliação qualitativa da pastagem diferida de Brachiaria decumbens Stapf., sob pastejo, no período da seca, por intermédio de três métodos de amostragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.1, p.30-35, 2005.

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EFEITO DO GENE Bt SOBRE A DEGRADAÇÃO RUMINAL DAS SILAGENS DE MILHO1

EFFECT OF Bt ON THE RUMEN DEGRADATION OF MAIZE SILAGE

ÉRIKA BREDA CANOVA2, ROSANA APARECIDA POSSENTI3, GERALDO BALIEIRO NETO4

1Projeto de Pesquisa Financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste (PRDTA), APTA, SAA, Av. Bandeirantes,2419, CEP 14030-670, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

RESUMO: O objetivo deste foi avaliar o efeito do gene cry1Ab sobre a degradação in situ da MS, em bovinos, das silagens obtidas a partir de dois híbridos de milho AG8088 e DKB390. O delineamento foi em blocos casualizados, três repetições e arranjo fatorial 2x2. Foram observados efeitos de hibrido e do gene cry1Ab sobre a degradabilidade ruminal da MS das silagens. Houve maior degradabilidade da MS do hibrido DKB390 quando comparado ao AG8088 após 0, 3, 72 e 96 horas de incubação ruminal e maior degradação da MS da silagem nos híbridos contendo o gene cry1Ab quando comparados aos híbridos convencionais após 24 horas de incubação. Palavras-chaves: Bacillus thuringiensis, cry1Ab gene, nutrição animal

ABSTRACT: It was aimed at to evaluate DM in situ digestibility of silage from maize hybrids DKB390 of Dekalb and AG8088 of the Agroceres with the cry1Ab trait versus its nonbiotech counterpart. The experimental design was the randomized block, with three replications, in factorial arrangement 2x2. There were effects of hybrid and cry1Ab gene on DM in situ digestibility of silages. There was higher DM in situ digestibility from silages of DKB390 when compared to AG8088 after 0, 3, 72 e 96 hours of rumen incubation, and higher DM in situ digestibility from silages of maize plant contains cry1Ab gene when compared to maize silage from hybrids that not contain the cry1Ab gene after 24 hours of rumen incubation. Key words: Bacillus thuringiensis, cry1Ab gene, animal nutrition

1.INTRODUÇÃO

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01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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A silagem e os grãos de milho (Zea mays) ocupam a maior parte da ração animal e comumente a cultura desse cereal sofre ataque de predadores comprometendo rendimento da lavoura. A tecnologia desenvolvida em híbridos de milho contendo o gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que expressa a proteína Cry1Ab, tornou os híbridos resistentes ao ataque de pragas (AVISAR et al., 2009), reduzindo o controle químico e custos com a aplicação de defensivos. Não existem evidências científicas que comprovem perda de qualidade da forragem em virtude da defesa natural da planta contra pragas, ou de que o gene Bt evita a manifestação de mecanismos de defesa da planta contra a predação. Porém, as mudanças metabólicas envolvidas nas respostas induzidas pela predação podem reduzir a qualidade da forragem produzida. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do gene Bt sobre a degradação in situ da matéria seca dos híbridos de milho em bovinos.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento com os animais fistulados foi desenvolvido no Instituto de Zootecnia – Nova Odessa/SP, e as silagens de milho foram provenientes do projeto desenvolvido no Polo Regional de Pesquisa e Desenvolvimento dos Agronegócio do Centro Leste da Agência Paulista de Pesquisa dos Agronegócios – APTA em Ribeirão Preto/SP. Avaliaram-se duas variedades de híbridos de milho: AG 8088 e DKB 390, com ou sem o gene Bt.

Foram utilizados três bovinos machos, castrados, peso médio de 900 kg, portadores de cânulas ruminais. Os animais receberam uma dieta a base de silagem de milho, farelo de soja e sal mineral, fornecidos duas vezes ao dia.

As amostras de silagem de milho foram incubadas, em triplicata nos sacos de náilon presos à canula ruminal através de fio de náilon, com movimentação no rúmen. Os tempos de incubação foram: zero, 3, 9, 24, 48, 72 e 96 horas. As degradações da matéria seca das silagens de milho foram estimadas através da técnica in situ, conforme padronização descrita por HUNTINGTON e GIVENS (1995).

A análise de variância utilizada para a degradabilidade ruminal da matéria seca foi realizada utilizando-se o procedimento GLM do Sistema SAS (STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM, 2002) em delineamento em blocos ao acaso com três repetições em arranjo fatorial 2 x 2 (híbridos DKB e AG e Organismo Geneticamente Modificado – com e sem Gene Bt). O nível de significância adotada para a análise de variância foi de 5%.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito de hibrido e OGM (Organismo Geneticamente Modificado) sobre a degradabilidade ruminal em diferentes tempos de incubação, não ocorrendo efeito de interação significativo. A silagem do hibrido DKB 390 teve maior degradação da matéria seca com tempos de incubação de 0, 3, 72 e 96 horas quando comparada a silagem do hibrido AG 8088 e híbridos contendo o gene cry1Ab tiveram maior degradação com tempo de incubação 24 horas quando comparada a silagem de híbridos sem o gene Bt (Tabela 1).

Tabela 1. Degradação ruminal da matéria seca (MS) de silagens dos híbridos de milho DKB 390 e AG 8088 contendo ou não o gene cry1Ab do Bacillus thuringiensis (Bt)

________Efeito principal1_______ Híbrido Gene Bt Probabilidades2 Tempo de

Incubação (h) DKB AG Sem Com C.V. Var OGM Inter 0 29,84ª 24,62b 27,69 26,77 5,38 0,0008 0,319 0,256 3 39,92ª 33,85b 37,47 36,30 11,18 0,043 0,642 0,337 9 46,30 45,10 45,11 46,29 4,22 0,325 0,327 0,496

24 61,85 60,13 59,44b 62,54ª 2,82 0,133 0,020 0,433 48 73,02 72,08 71,24 73,87 4,75 0,653 0,234 0,372 72 77,66ª 74,39b 76,11 75,94 0,81 0,0001 0,650 0,816 96 80,44ª 76,52b 78,89 78,07 0,99 0,0001 0,122 0,262

1Letras diferentes nas linhas diferem entre si pelo test F (P≤0,05). 2Valores de P para efeito da variedade (Var), efeito do Gene Bt (OGM) e efeito de interação (Inter).

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O efeito de hibrido pode ser explicado pelos teores de 19,42 e 22,10 % de FDA nas silagens de DKB 390 e AG 8088, respectivamente, uma vez que o teor de lignina é negativamente correlacionado com a digestibilidade (VAN SOEST, 1978). O efeito do OGM sobre a degradabilidade ruminal está relacionado ao maior desenvolvimento da planta que sofreram menor ataque da lagarta-do-cartucho e lagarta-da-espiga alterando a composição química da planta no momento do corte para ensilagem. Tendo em vista que o maior desenvolvimento da planta transgênica antecipou a maturação aumentando o teor de FDA da silagem (21,5 vs 20,0), o efeito do OGM em aumentar a degradabilidade ruminal no tempo de incubação de 24 horas foi atribuído a maior proporção de grãos na silagem que compensou eventual redução na degradabilidade da fibra. Contudo, a hipótese do OGM evitar manifestação de mecanismos de defesa da planta, resultando em maior degradação quando comparado a planta isogênica convencional, não deve ser descartada. Embora não tenha ocorrido efeito de interação entre OGM e hibrido, a maior degradação da matéria seca de híbridos contendo OGM com o tempo de 48 horas (73,87 vs 71,24), sem probabilidade estatística significativa, foi acentuada no hibrido AG 8088 (69,81 vs 74,36).

Enquanto o efeito de híbrido ocorreu nos tempos inicias e finais de incubação, demonstrando diferenças entre teores de ácidos orgânicos e carboidratos solúveis que são rapidamente fermentecíveis no rúmen, assim como diferenças entre as frações fibrosas que necessitaram de maior tempo de incubação para que fossem degradadas, o efeito do OGM ocorreu com 24 h de incubação, sendo provavelmente devido ao maior teor de amido oriundo dos grãos que seriam degradados nesse tempo intermediário da incubação. A ausência de efeito de OGM nos tempos finais indica que as alterações ocorrem em nutrientes potencialmente degradáveis, ou seja, se o tempo de permanência do alimento no rúmen não for limitante não haverá diferença na degradação total da matéria seca, mas a matéria seca desaparecida é composta por diferentes fontes de energia tais como amido, carboidratos solúveis e fibra, podendo, portanto, ocasionar variações na eficiência de utilização de energia da dieta.

4. CONCLUSÕES

As silagens confeccionadas com o híbrido DKB 390 têm maior degradabilidade ruminal que silagens de AG 8088 e silagens de híbridos transgênicos tem maior degradação ruminal no tempo de incubação de 24 horas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVISAR, D.; EILENBERG, et al A. The Bacillus thuringiensis delta-endotoxin Cry1C as a potential bioinsecticide in plants. Plant Science, v.176, p.315-324, 2009. HUNTINGTON, J. A.; GIVENS, D. I. The in situ technique for studying the rumen degradation of feeds: a review of the procedure. Nutrition. Abstract. Review (serie B) v. 65, p. 64-93, 1995. Van SOEST. Preharvest factors influencing quality of conserved forage. Journal of Animal Science, v.47, n.3, 1978.

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DENSIDADE E POROSIDADE DE UM SOLO EM PASTAGEM CULTIVADA EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA, COM OU SEM

ESCARIFICAÇÃO

SOIL DENSITY AND POROSITY SOIL CULTIVATED PASTURE SYSTEM INTEGRATION CROP-LIVESTOCK WITH OR WITHOUT CHISEL PLOWING

ERIKA MARIA L. CELEGATO TEIXEIRA1, VALDINEI T. PAULINO2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Objetivou-se neste trabalho avaliar a densidade e a porosidade total do solo, um oxissol, cultivado com Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. Piatã e B. ruziziensis, em sistema de integração lavoura-pecuária (ILP), com e sem escarificação mecânica. Foram estudados as camadas de solo de 0.0-0.05; 0.05-0.10; 0.10-0,20; 0,20-0,40 m. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com seis repetições. A escarificação do solo promoveu alterações nos atributos físicos do solo, densidade e porosidade, melhorando as condições de desenvolvimento das plantas. Palavras-chave: atributos físicos, compactação do solo, integração lavoura-pecuária.

ABSTRACT: The aim of this paper was to verify the bulk density and soil porosity in an oxisol soil of three pastures: a) marandu palisadegrass (Brachiaria brizantha Hochst ex. A. Rich. cv. Marandu), b) piata palisadegrass (B. brizantha Hochst ex. A. Rich. Cv Piata) and c) B. ruziziensis Germain & Evrard as pastures growing on integrated crop livestock (ICL), with or without chisel plowing. The experimental design was a complete randomized block, with six replications. The soil layers studied were: 0.0-0.05; 0.05-0.10; 0.10-0.20 and 0.20-0.40 m. The soil scarification promoted changes in physical attributes of soil (density and total porosity) providing better conditions to plant development.

Key words: physical attributes, soil compactation, crop-livestock system

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1. INTRODUÇÃO

As características físicas do solo, tais como densidade e a porosidade são qualificadas, junto com a fertilidade, dentre as mais importantes no processo de degradação das pastagens (COLET, 2008), que ocupa entre 50 e 80% do total das pastagens cultivadas no Brasil. O uso ou manejo indequados do solo sob pastagens, invariavelmente conduz a compactação e a perda da denominada fertilidade física. O rompimento da camada compactada pode elevar o rendimento das forrageiras e/ou a produção de culturas do milho em sistemas de integração lavoura-pecuária. A escarificação do solo proporciona aumentos na macroporosidade e na porosidade total, com redução na resistência à penetração (MENDES et al, 2006). Objetivou-se com este trabalho avaliar um sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) com Brachiaria brizantha cvs. Marandu e Piatã, Brachiaria ruziziensis, as alterações ocorridas na densidade do solo e na porosidade, num Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Em pastagens implantadas em um Latossolo Vemelho-Amarelo distrófico, de terxtura média (61,4 % de areia, 14,0% de silte e 24,6% de argila), no Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP, estudaram-se os efeitos da escarificação (escarificador da Tatu Marchesan ) ou não do solo, cultivado em sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) com Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. Piatã ou Brachiaria ruziziensis. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 6 repetições.

A densidade e a porosidade do solo foram determinadas em amostras indeformadas, em maio de 2009, empregando-se a metodologia do anel volumétrico nas profundidades de 0,0–0,05 m; 0,05-0,10 m; 0,10–0,20 m; 0,20–0,30 m e 0,30–0,40 m. A porosidade total foi realizada segundo método descrito por DANIELSON e SUTHERLAND (1986) e as densidades do solo segundo EMBRAPA (1997). Foram realizadas 10 amostras por parcela de 8 x 25 m a cada 0,05 m até 0,10 m e a cada 0,10 m de 0,10 a 0,40 m, correspondentes as profundidades amostradas para determinação de densidade e da porosidade total. As análises estatísticas dos dados foram realizadas no SAS (STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM, 1996), e os valores foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escarificação do solo elevou significativamente (P<0,05) a porosidade e diminuiu (P<0,05) a densidade em todas as profundidades avaliadas (0 a 0,40 m) para as pastagens cultivadas com as três espécies de Brachiaria, Marandu, ruzizienis e Piatã (Tabela 1). Resultados similares foram observados por COLET et al. (2008). Os incrementos na porosidade total e da macroporosidade em areas escarificadas facilitam o aumento da velocidade de infiltração de água , capazes de intensificar os ciclos de secagem e molhamento do solo. A escarificação melhorou a porosidade neste latossolo cultivado com pastagens de braquiárias. Aliado a este cultivo, o emprego de sistema de exploração com integração lavoura-pecuária resultou em altos níveis de incorporação de resíduos das gramíneas na superfície do solo, juntamente com a morte das raízes, atuaram como amortecedor do impacto do pisoteio animal, de modo a minimizar os efeitos dos animais na compactação superficial. Valores de densidade situados entre 1,1 e 1,5 kg. m-3 são consideradas normais para solos de textura média (MENDES, 2006). Nos pastos sem a escarificação mecânica, ocorreram valores de densidade superiores à 1,6 a partir da profundidade de 5 cm, indicando a presença de solo compactado, com limitações ao desenvolvimento radicular e na produção de biomassa das plantas. COLET et al., (2008) verificaram que a escarificação incrementou significativamente (P< 0,05) os rendimentos de massa verde e seca do milho cultivado neste mesmo local. Os valores de porosidade total foram similares aos encontrados por COLET et al., (2008) que também evidenciam uma situação de degradação estrutural na área de estudo, pela compactação do solo. Esses efeitos são atribuidos ao manejo continuo sem controle adequado das cargas animais.

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Tabela 1. Porosidade total (PT), em m.m-3, e densidade do solo (D), em kg.m-3, em função da escarificação (E) ou não (NE), em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP milho-forrageira), cultivado com Brachiaria brizantha cv. Marandu (Mar), B. brizantha cv. Piatã (Pia), B. ruziziensis (Ruz) em diferentes profundidades

Profundidade Atributo B. Brizantha cv. Marandu

B. ruziziensis B. Brizantha cv. Piatã

(m) NE E NE E NE E PT 0,38 B 0,44 A 0,37 B 0,41 A 0,38 B 0,44 A 0-0,05 D 1,50 A 1,38 B 1,59 A 1,48 B 1,57 A 1,31 B PT 0,33 B 0,38 A 0,40 B 0,43 A 0,37 B 0,42 A 0,05-0,10 D 1,63 A 1,56 B 1,53 A 1,42 B 1,61 A 1,45 B PT 0,39 B 0,43 A 0,31 B 0,40 A 0,35 B 0,39 A 0,10–0,20 D 1,70 B 1,48 A 1,75 A 1,51 B 1,63 A 1,56 B PT 0,34 B 0,42 A 0,36 B 0,44 A 0,42 B 0,45 A 0,20–0,30 D 1,54 A 1,54 A 1,70 A 1,46 B 1,49 A 1,39 B PT 0,35 A 0,37 A 0,33 B 0,45 A 0,35 B 0,44 A 0,30–0,40 D 1,58 A 1,56 A 1,64 A 1,40 B 1,67 A 1,44 B

Letras iguais indicam não haver diferenças estatisticas entre os tratamentos.

3. CONCLUSÕES

A escarificação promoveu alterações nos atributos físicos do solo (densidade e porosidade total) propiciando melhores condições ao desenvolvimento das plantas.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLET, M.J.; GARBUIO, P.W.; DELALIBERA, H.C.; SVERZUT, C.B.; ANDRADE, J.B. Produção de silagem da planta inteira de milho conforme manejo do solo na implantação da integração agricultura-pecuária. BioEng, Campinas, v.2, n.1, p. 31-36, 2008. DANIELSON, R.E.; SUTHERLAND, P.L. Porosity. In: KLUTE, A. Methods of soil analysis, 2. ed. Madison: American Society of Agronomy, 1986. Part 1, p. 443-461. EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. Brasília, DF, 1997. 212p. MENDES, F.G.; MELLONI, E.G.P.; MELLONI, R. Aplicação de atributos físicos do solo no estudo da qualidade de areas impactadas, em Itajubá/MG. Revista Cerne, Lavras, v.12, n.3, p.211-220, 2006. SAS Institute. SAS/STAT Software: Changes and enhancement. Through. Release 8.2. SAS Institute, cary,N.C. 2002

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CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DE VARIEDADES DE MILHO

CRIOULO

NUTRITIONAL CHARACTERISTICS OF VARIETIES OF CREOLE CORN

GISELE MACHADO FERNANDES1, MARÍLIA TEREZINHA SANGOI PADILHA2, WILLIAN RODRIGUES MACEDO3

2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Caixa postal 476, Trindade, CEP 88040-970, Florianópolis, SC, Brasil. 3Programa de Pós Graduação em Fisiologia e Bioquímica de Plantas da Escola Superior de Agricultura “Luíz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Avenida Páduas Dias, 11, Caixa postal 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil.

RESUMO: A nutrição adequada é fundamental à criação de animais zootécnicos, potencializando o sucesso da produção. O experimento foi conduzido no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de Santa Catarina e avaliou o valor nutricional de seis variedades de milho crioulo e um híbrido comercial, onde não se observou diferenças significativas para as variáveis: gordura bruta, fibra bruta e matéria mineral. Para proteína bruta e extrato não nitrogenado, as variedades Cunha e Mato Grosso assemelharam-se ao híbrido, já para matéria seca as variedades crioulas foram superiores. Os resultados obtidos permitem recomendar as variedades crioulas testadas para uso na nutrição animal. Palavras-chave: nutrição animal , Zea mayz L., valor nutricional ABSTRACT:Proper nutrition is key to livestock husbandry, increasing the success of the production. The experiment was conducted on the laboratory of animal nutrition at the Federal University of Santa Catarina and evaluated the nutritional value of six varieties of creole corn and a commercial hybrid, where there was no significant differences for the variables crude fat, crude fiber and ash. For crude protein and non nitrogen extract, the varieties Cunha and Mato Grosso resembled the hybrid, while for dry matter

were higher than the creole varieties. The results obtained allow recommend the creole varieties tested to use on animal nutrition. Key words: nutritional value, Zea mayz L., animal nutrition

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1. INTRODUÇÃO

O milho é um dos principais cereais cultivados em todo o mundo, fornece produtos para a alimentação humana, animal e matérias primas à indústria, em função de sua composição. Segundo TAGLIARI (2001) o modelo de agricultura moderna encareceu a produção agrícola, pois a utilização de espécies melhoradas conduziu principalmente o pequeno produtor a utilizar tecnologias caras, uma delas é a utilização de sementes híbridas. O grão de milho é parte integrante na matriz produtiva de criações de aves e suínos, por essa razão é importante buscar alternativas na redução dos custos e da dependência de insumos externos (SANGALETTI, 2007). Visto que na área da produção de rações, o milho desempenha um importante papel na alimentação animal por ser a principal fonte energética, o correto balanceamento das rações, é de fundamental importância, pois conhecendo a composição química dos ingredientes, é possível atender as necessidades nutricionais dos animais, evitando aumento nos custos de produção e comprometimento no desenvolvimento desses animais. ARAÚJO e NASS (2002) defendem a produção de milho crioulo como uma alternativa viável, pois a utilização de variedades locais permite ao produtor obter a própria semente, selecionando àquelas melhores de sua produção para semear no ano seguinte, reduzindo a dependência dos agricultores.

Este trabalho objetivou avaliar a composição química bromatológica, entre elas: matéria seca, gordura bruta, proteína bruta, fibra bruta, extrato não nitrogenado e matéria mineral, de seis variedades de milho crioulo e uma variedade de milho híbrido a fim de determinar a viabilidade daquelas como fonte de alimento energético na nutrição zootécnica.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural do Centro de Ciências Agrárias da UFSC, localizado no município de Florianópolis, entre os meses de Maio e Julho de 2006 através da execução de análises químicas bromatológicas. O material analisado foi obtido em pequenas propriedades rurais localizadas na região Oeste do Estado de Santa Catarina. Foram utilizadas seis variedades de milho crioulo (Moroti, Cunha, Pixurum 5 com acesso 22, Mato Grosso, Branco e Pixurum 5 com acesso 33) e uma variedade de milho híbrido comercial (NK Penta), sendo analisadas com cinco repetições cada.

Preliminarmente foi aferida a massa da amostra, contendo 15 gramas grãos de cada variedade e secagem em estufa à 105ºC. Após a secagem foi calculado o teor de matéria seca das amostras, que foram moídas em triturador de grãos, com utilização de sub-amostras para as análises previstas. Para a determinação das variáveis matéria seca (MS), proteína bruta (PB), gordura bruta (GB), fibra bruta (FB), extrato não nitrogenado (ENN) e matéria mineral (MM) foi utilizada a metodologia descrita por SILVA e QUEIROZ (2005).

Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de médias Tukey a 5% de probabilidade, através do programa estatístico Sisvar (FERREIRA, 2000).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos dos valores de composição química, entre as variedades de milho crioulo e o milho híbrido, podem ser observados na Tabela 1. Não houve diferença significativa entre os tratamentos nas variáveis GB, FB e MM. Para MS, todas as variedades crioulas foram superiores ao híbrido, que não se diferenciou significativamente das variedades Moroti e Cunha. Nos teores de PB o híbrido teve o maior valor (11,92%) e não diferiu estatisticamente das crioulas Cunha e Mato Grosso. O menor resultado foi obtido pela variedade Pixurum 5 (acesso 22), 6,29% de PB. A concentração de ENN foi superior para a variedade Branco (82,38%), que foi semelhante às variedades Pixurum 5 (acesso 22), Pixurum 5 (acesso 33) e Moroti. Os menores valores foram obtidos pela crioula Cunha e pelo híbrido, 76,54% e 76,42%, respectivamente.

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Tabela 1. Valores percentuais médios, expressos na Matéria Seca, dos teores de Matéria Seca (MS)

Gordura Bruta (GB) Proteína Bruta (PB), Fibra Bruta (FB), Extrato Não Nitrogenado (ENN) e Matéria Mineral (MM) e de diferentes variedades de milho crioulo e um híbrido. Lab. Nutrição/DZDR, Florianópolis, 2006

Variedade MS GB PB FB ENN MM NK Penta 82,87 b* 5,47 a 11,92 a 4,89 a 76,42 c 1,27 a

Moroti 85,34 ab 6,00 a 9,22 bc 4,98 a 78,69 abc 1,08 a Pixurum 5 (22) 87,05 a 5,48 a 6,29 d 5,17 a 81,79 ab 1,26 a

Branco 87,17 a 5,26 a 7,61 cd 4,66 a 82,38 a 1,03 a Pixurum 5 (33) 87,92 a 5,76 a 8,37 bc 5,22 a 79,50 abc 1,13 a

Cunha 86,50 ab 5,82 a 10,19 ab 6,20 a 76,54 c 1,23 a Mato Grosso 86,92 a 5,23 a 10,36 ab 5,61 a 77,74 bc 1,04 a

Média 86,25 5,57 9,14 5,25 79,01 1,15 CV% 2,10 9,32 11,10 25,15 2,80 20,38

*Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

4. CONCLUSÕES

Os resultados permitem recomendar as variedades crioulas testadas para uso na nutrição animal, em especial as variedades Cunha e Mato Grosso. As variedades crioulas por serem importante fonte de variabilidade genética são um extraordinário insumo para agricultores familiares. Referenda a importância da avaliação dos alimentos nas formulações de rações, em função das variações que podem ocorrer em função dos materiais genéticos e dos processos de cultivo dos alimentos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, P. M.; NASS, L. L. Caracterização e avaliação de populações de milho crioulo. Scientia Agrícola, 59(3), p.589-593, 2002.

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: 45ª REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA. Proceedings... UFSCar: São Carlos, SP, 2000. p.255-258. SANGALETTI, V. Resgate da produção e do uso de sementes de milho crioulo. Revista Brasileira de Agroecologia, v.2, n.1, p.276-279, 2007. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed. Viçosa: UFV, 2005. 235p. TAGLIARI, P. S. Milho crioulo avança no Oeste catarinense. Agropecuária Catarinense, v.14, n.3, p.27-32, 2001.

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ENSILAGEM DE ALFAFA SUBMETIDA AO EMURCHECIMENTO OU ENRIQUECIDA COM POLPA CÍTRICA

ALFALFA SILAGE SUBMITTED TO WILT OR ENRICHED WITH CITRUS PULP

IVANA LICIA DE CAMPOS GAVIOLI1, JOSIANE APARECIDA DE LIMA2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail:

[email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Heitor Penteado, 56, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Estudaram-se estratégias de emurchecimento e o uso de polpa cítrica para ensilagem da alfafa. Os tratamentos foram: adição de 10% de polpa de cítrica (T1), emurchecimento convencial (T2) e emurchecimento em leiras sobrepostas (T3). Os silos experimentais foram 24 baldes plásticos, hermeticamente fechados, pesados, armazenados em temperatura ambiente, protegidos da luz solar e das chuvas, durante 90 dias. O emurchecimento propiciou silagens com maior teor de MS, bem como maior teor de PB, em relação à utilização de 10% de polpa cítrica, que apresentou o menor valor para FDN e maior para DIVMS. Palavras-chave: forragem, Medicago sativa, silagem de alfafa

ABSTRACT: It was studied the strategies of wilting and the use of citrus pulp for silage of alfalfa. The treatments were: the addition of 10% citrus pulp (T1), wilting convencial (T2) and wilting in piles overlapping (T3). The silos were 24 plastic buckets, sealed, weighed, stored at room temperature, protected from sunlight and rain, during 90 days. The wilted silages led to higher levels of DM and higher content of CP in relation to the use of 10% citrus pulp, which presented the lowest value for NDF and higher in IVDMD. Key words: forage, Medicago sativa, alfalfa silage

1. INTRODUÇÃO

A alfafa (Medicago sativa L.) é uma leguminosa que apresenta excelente valor nutritivo, tendo na forma de silagem uma estratégia para conservação. No entanto, as leguminosas têm suas folhas desprendidas com facilidade quando são submetidas ao emurchecimento e esse fato resulta em

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grandes perdas de forragem e, por conseqüência, de nutrientes no campo. Neste contexto, a metodologia de secagem da alfafa no campo que foi adotada neste estudo, prevê a possibilidade de redução dessas perdas, pois, preconiza menor movimentação das leiras submetidas ao emurchecimento. Considerando-se as potencialidades da alfafa para ensilagem e procurando viabilizar e melhorar as condições para o processo fermentativo, a presente pesquisa foi realizada com o intuito de avaliar o efeito do emurchecimento com leiras sobrepostas e do uso de polpa cítrica sobre alguns aspectos relativos às características nutricionais da silagem.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Local: O experimento foi instalado no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens – CPDNAP pertencente ao Instituto de Zootecnia/APTA/SAA, Nova Odessa – SP. Tratamentos, repetições e delineamento: Foram avaliados os seguintes tratamentos: (T1) - alfafa colhida, picada e ensilada com a adição de 10% de polpa cítrica, (T2) - alfafa colhida, emurchecida durante 4 horas no campo, sendo a leira invertida e seca por mais 1 hora de emurchecimento, picada e ensilada (emurchecimento convencional) e (T3) - alfafa colhida, emurchecida durante 4 horas no campo e de cada três leiras as duas laterais foram colocadas invertidas sobre a leira do meio (emurchecimento em leiras sobrepostas), permanecendo em emurchecimento por mais duas horas, sendo em seguida picada e ensilada. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com três tratamentos e oito repetições. Silos experimentais e período de fermentação: Como silos experimentais foram utilizados 24 baldes plásticos que foram hermeticamente fechados, sendo pesados e armazenados em local coberto, em temperatura ambiente e sob a proteção da luz solar e das chuvas. A abertura dos silos foi realizada aos 90 dias após a ensilagem. Análises laboratoriais: Em cada tratamento as análises bromatológicas foram constituídas pelas seguintes determinações: MS - matéria seca, MM – matéria mineral, FDN - fibra insolúvel em solução detergente neutro, FDA - fibra insolúvel em solução detergente ácido, PB – proteína bruta, DIVMS - digestibilidade in vitro da matéria seca e EE – extrato etéreo. As amostras das silagens de cada tratamento foram colocadas em sacos de papel e secas em estufa de ventilação forçada a 60°C por 72 horas, após foram moídas com peneira de malha de 1 mm e posteriormente analisadas. Análise estatística: As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias de tratamento foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises bromatológicas das silagens estão apresentadas na Tabela 1. O manejo das leiras em que a alfafa foi submetida foi eficiente em aumentar o teor de matéria seca da mesma, resultando em diferença significativa entre os tratamentos: adição de 10% de polpa cítrica (25,89%), emurchecimento convencional (41,07%) e emurchecimento em leiras sobrepostas (39,28%). Os valores de matéria seca obtidos com o emurchecimento são semelhantes aos apresentados por MONTEIRO et al. (1998), em torno de 40%, que consideraram esse teor de MS favorável à obtenção de silagem com boa qualidade fermentativa.

O emurchecimento, além de aumentar o teor de MS, determinou maior concentração de PB; portanto, ambas estratégias de emurchecimento superaram o tratamento com a adição de 10% de polpa cítrica. Porém, o teor médio encontrado (15,66%) foi inferior ao apresentado por RANGRAB et al. (2000), próximo de 20%.

O emurchecimento em leiras sobrepostas demonstrou os maiores valores de FDN e de FDA; contudo a adição de 10% de polpa cítrica apresentou o menor valor de FDN, sendo 43,33%, que é ligeiramente superior aos obtidos por RODRIGUES et al (2004) que foi de 40,18%, em silagens de alfafa enriquecidas com 12% de polpa cítrica.

A adição de polpa cítrica aumentou significativamente a DIVMS do material ensilado, esse aumento da digestibilidade da silagem adicionada de polpa é compatível com a inclusão de 10% de polpa na alfafa. Os valores de EE foram semelhantes em todos os tratamentos, contudo em MM o emurchecimento em leiras sobrepostas superou os demais.

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Tabela 1. Médias e coeficientes de variação das variáveis bromatológicas das silagens de alfafa

emurchecida ou enriquecida com polpa cítrica

Tratamento Variável1

(%MS) 10% Polpa Emurchecimento Emurchecimento em leiras CV% MS 25,89c 41,07a 39,28b 2,76 PB 13,80b 16,63a 16,55a 3,77

FDN 43,33c 47,44b 49,18a 0,83 FDA 41,22b 41,21b 43,01a 1,90

DIVMS 63,74a 59,45b 59,49b 2,64 EE 2,88a 2,92a 2,96a 4,64

MM 7,72b 7,52c 8,22a 1,21 1MS - matéria seca, PB – proteína bruta, FDN - fibra insolúvel em solução detergente neutro, FDA - fibra insolúvel em solução detergente ácido, DIVMS - digestibilidade in vitro da matéria seca, EE – extrato etéreo, MM – matéria mineral. Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). CV - coeficiente de variação.

4. CONCLUSÕES

O emurchecimento propiciou silagens com maior teor de MS, bem como maior teor de PB, em relação à utilização de 10% de polpa cítrica, que apresentou o menor valor para FDN e maior para DIVMS.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MONTEIRO, A. L. G. et al. Avaliação do Potencial para Ensilagem de Cultivares de Alfafa (Medicago sativa L.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.5, p.1064-1068, 1998. RANGRAB, L. H. et al. Silagem de Alfafa Colhida no Início do Florescimento e Submetida ao Emurchecimento e à Ação de Aditivos Biológicos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.2, p.349-356, 2000. RODRIGUES, P. H. M. et al. Efeitos da Adição de Inoculantes Microbianos sobre o Perfil Fermentativo da Silagem de Alfafa Adicionada de Polpa Cítrica. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1646-1653, 2004.

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DESEMPENHO PONDERAL DE CORDEIROS CONFINADOS ALIMENTADOS

COM DIFERENTES DIETAS

PONDERAL DEVELOPMENT OF LAMBS FED WITH DIFFERENT DIETS

IVANA LICIA DE CAMPOS GAVIOLI1, JOSIANE APARECIDA DE LIMA2, EDUARDO ANTONIO DA CUNHA2, MILENA HAMA TOTAKE WATANABE1, JULIANO ISSAKOWICZ1, ANA CLÁUDIA KOKI SAMPAIO1

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Objetivou-se avaliar o ganho de peso de cordeiros alimentados com feno de alfafa ou feno de capim-guaçu suplementados com ração concentrada. Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, sendo as dietas constituídas de 30% de volumoso e 70% de concentrado. O ganho médio diário de peso não foi afetado (P>0,05) pelas dietas, tendo apresentado valor médio de 253 g/animal/dia. Conclui-se que dietas compostas por feno de capim-guaçu mais ração concentrada com ou sem uréia, constituíram-se em uma opção para alimentação de cordeiros, pois atende as exigências nutricionais dos animais de maneira semelhante ao feno de alfafa. Palavras–chave: alimentos conservados , ganho de peso, nutrição de ruminantes

ABSTRACT: It was aimed to evaluate the weight gain of lambs fed with alfalfa hay or guaçu grass hay supplemented with concentrate ration. It was used 24 Santa Ines lambs breed and the diets consisted of 30% forage and 70% concentrate. The average daily gain weight was not affected (P>0.05) by diets and the overall mean was of 253 g/animal/day. It was concluded that diets consisting of guaçu grass hay and concentrated ration with or without urea, is an option to feed lambs, because they attend the nutritional requirements of animals, similarly as alfalfa hay. Key words: preserved foods, weight gain, ruminant nutrition

1. INTRODUÇÃO

O confinamento de cordeiros apresenta uma série de benefícios, como aumento na taxa de lotação, maior ganho de peso individual, menor idade ao abate, disponibiliza carne ovina de qualidade no período de entressafra e maior giro de capital. Porém, não só as características genéticas são responsáveis pelo sucesso do sistema, outro fator importante é o atendimento das exigências nutricionais dos animais para que atinjam o peso ideal de abate em menor espaço de tempo e com

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qualidade no produto final. Neste contexto, rações formuladas na relação volumoso:concentrado igual a 30:70 com utilização de volumosos de boa qualidade, podem atender as exigências de cordeiros, otimizando a eficiência da dieta para o ganho de peso. Considerando que devem ser disponibilizadas informações para auxiliar pecuaristas na produção de carne, conduziu-se o estudo com objetivo de avaliar o feno de alfafa e o feno de capim-guaçu na composição de dietas sobre o ganho de peso de ovinos em confinamento.

2. MATERIAL E MÉTODOS Local: O experimento foi conduzido na Unidade de Ovinos do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP, de abril a maio de 2009. Animais: Utilizaram-se 24 cordeiros da raça Santa Inês, em fase de terminação, com peso vivo médio inicial de 24,0 kg e idade média inicial de 90 dias. Instalações Experimentais: Os animais foram alojados em baias individuais com piso de madeira ripado, medindo 1,0 m x 1,20 m, localizadas em galpão coberto e providas de comedouro, bebedouro e cocho para mistura mineral. Previamente ao início do experimento, os ovinos foram everminados e vacinados contra clostridiose. Período Experimental: O período experimental teve duração de 45 dias, sendo os 15 primeiros dias para adaptação às dietas e condições de manejo e os demais para coleta de dados. Para acompanhamento do ganho diário de peso e ajustes nas dietas, os animais foram pesados individualmente no início, quinze dias após o início e no final do experimento, sempre antes do fornecimento da dieta, às 8 horas da manhã. Tratamentos: Foram avaliados os seguintes tratamentos: T1 = feno de alfafa +ração concentrada; T2 = feno de capim-guaçu + ração concentrada e T3 = feno de capim-guaçu + ração concentrada com 1,5% de uréia. As dietas foram constituídas de 30% de volumoso e 70% de concentrado. As dietas foram isoprotéicas, com 14,5% de proteína bruta, sendo fornecidas em duas refeições diárias (8 e 16 h) e as sobras retiradas diariamente pela manhã, pesadas e amostradas. Para assegurar oferecimento ad libitum, as dietas foram ajustadas em 10% a mais, conforme as sobras do dia anterior.

Análise estatística: O delineamento experimental foi de blocos completamente ao acaso, com oito repetições, sendo os blocos definidos com base no peso inicial dos animais. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Estas análises foram realizadas com a utilização do programa estatístico computacional SAS (STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM, 2001).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O ganho médio diário de peso dos cordeiros não foi influenciado (P>0,05) pelas dietas

compostas pelos diferentes volumosos, tendo apresentado valor médio de 253 g/animal/dia. Esses resultados foram ligeiramente superiores aos obtidos por ROCHA et al. (2004), que obtiveram ganho médio diário de 231 g/animal/dia, para dietas com 20% de bagaço de cana-de-açúcar e 80% de concentrado, bem como aos de ARAÚJO FILHO et al. (2010), que estudaram os efeitos da alimentação e do genótipo de cordeiros alimentados com dietas semelhantes às deste estudo e obtiveram ganho de peso diário de 210g/animal/dia. Os ganhos médios diários de peso dos animais estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Peso médio inicial, peso médio final e ganho médio diário de peso de cordeiros da raça Santa

Inês alimentados com dietas compostas por feno de alfafa ou feno de capim-guaçu

Peso inicial Peso final Ganho diário Tratamento

(Kg) (Kg) (g)

30% de feno de alfafa + 70% de concentrado 23,77 35,20 260 a

30% de feno de guaçu + 70% de concentrado 25,07 36,35 256 a

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30% de feno de guaçu + 70% de concentrado com uréia 24,27 35,02 244 a

Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P>0,05).

Considerando que a proteína da dieta, seja de origem animal ou vegetal, é um componente de elevado custo, destaca-se o ganho de peso obtido com as dietas à base de feno de capim-guaçu mais concentrado com uréia (T3=244g/animal/dia). Apesar de não diferir estatisticamente das demais dietas, este tratamento (T3) atendeu de forma semelhante aos demais as exigências nutricionais dos animais, ressaltando-se que a uréia é uma forma de fornecimento de nitrogênio de baixo custo, assim como feno de capim-guaçu, como volumoso, também tem um custo acessível.

CAMURÇA et al. (2002) avaliando o desempenho produtivo em ovinos Santa Inês confinados e alimentados com dietas à base de fenos de gramíneas, entre elas, o capim-elefante, observaram que os fenos avaliados podem ser utilizados na alimentação de ovinos, fato este que corrobora com os resultados desta pesquisa quando duas forrageiras (leguminosa e gramínea) foram estudadas.

Esse resultado é importante para a ovinocultura, pois essa é uma dieta (T3) que supriu as exigências de nutrientes necessárias para o ganho de peso e é uma opção para o sistema de produção animal, onde o custo de alimentação muitas vezes é um impedimento para a criação de ovinos.

4. CONCLUSÕES

Dietas compostas por feno de capim-guaçu mais ração concentrada com ou sem uréia, constitui-se em uma opção para alimentação de cordeiros, pois atende as exigências nutricionais dos animais de maneira semelhante ao feno de alfafa.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO FILHO, J. T. et al. Desempenho e composição da carcaça de cordeiros deslanados terminados em confinamento com diferentes dietas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.2, p.363-371, 2010. CAMURÇA, D. A. et. al. Desempenho produtivo de ovinos alimentados com dietas à base de feno de gramíneas tropicais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.5, p. 2113-2122, 2002.

ROCHA, M. H. et al. Performance of Santa Inês lambs fed diets of varable crude portein levels. Scientia Agricola, Piracicaba, v.61, n.2, p.141-145, 2004.

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AVALIAÇÃO DO PROCESSAMENTO DA SILAGEM DE MILHO DE DIFERENTES HÍBRIDOS SOBRE A DIGESTIBILIDADE APARENTE DA

MATÉRIA SECA E PROTEÍNA BRUTA EM BORREGAS1

PROCESSING EVALUATION ON DIFFERENT HYBRIDS OF CORN SILAGE OVER THE APPARENT DIGESTIBILITY OF DRY MATTER AND CRUDE PROTEIN ON EWE LAMBS

JOÃO PAULO FRANCO DA SILVEIRA2, CAUÊ AUGUSTO SURGE2, CINIRO COSTA3, PEDRO PERSICHETTI JUNIOR3,

THIAGO FRANCO DA SILVEIRA4, FERNANDA MARQUES3

1Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. 2Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Caixa postal 560, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 3Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, FMVZ, UNESP, Caixa postal 560, CEP 18618-000 Botucatu, SP, Brasil. 4Técnico em Agropecuária, Realize Consultoria Agropecuária.

RESUMO: O estudo avaliou o efeito do processamento da silagem de milho de híbrido dentado e duro sobre a digestibilidade da matéria seca (MS) e proteína bruta (PB). A digestibilidade da MS foi maior (P<0,05) para silagem de milho dentado processada do que os demais tratamentos. Foi maior (P<0,05) a digestibilidade da PB na silagem de milho dentado processada comparada com a não processada. A silagem de milho de híbrido duro não processada apresentou digestibilidade da PB superior (P<0,05) ao dentado. Concluímos que a silagem de milho dentado deve ser submetida ao processamento por aumentar a digestibilidade da MS e PB. Palavras–chave: dentado, duro, esmagamento ABSTRACT: This study evaluates the processing effect of corn silage of dent and flint hybrids over the dry matter (DM) and the crude protein (CP) digestibility. DM digestibility was greater (P<0,05) to the smashed corn silage of dent hybrid than the others treatments. Also was greater (P<0,05) the CD digestibility on the smashed corn silage of dent hybrid comparing with the no smashed. The no smashed corn silage of flint hybrid presented greater (P<0,05) CP digestibility comparing with dent hybrid. We conclude that dent hybrid corn silage must be smashed because of the increase on DM and CP digestibility. Key words: dent, flint, smashing

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

A ensilagem de alimentos volumosos na pecuária brasileira é uma alternativa a estacionalidade de produção das plantas forrageiras tropicais, que nas estações secas (outono e inverno) apresentam baixa produtividade, permitindo ao produtor rural armazenar alimento e mantê-lo com as características qualitativas e quantitativas desejáveis, quando corretamente realizado o processo. Dentre as mais utilizadas pode-se destacar o milho devido à facilidade de cultivo, adaptabilidade, alta produção de massa seca, facilidade de fermentação no silo, bom valor nutritivo e alto consumo pelos animais.

Dentre as texturas de híbridos de milho mais utilizadas estão a dentada e dura. Os de textura dentada são destinados a produção de silagem e milho verde, já os de textura dura à produção de grãos (OLIVEIRA et al., 1987). Além da textura os procedimentos mecânicos utilizados durante a ensilagem podem afetar de forma significativa a qualidade da silagem, tendo em vista melhoria na compactação, fermentação e posterior aproveitamento pelos animais. Com isso o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do processamento da silagem de milho de híbrido dentado e duro sobre a digestibilidade da MS e PB.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido no setor de digestibilidade da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, campus de Botucatu-SP. Foram utilizadas 24 borregas da raça Santa Inês com idade média de três meses e peso vivo médio inicial de 25,0 kg. O período experimental foi de 28 dias, sendo 21 dias para adaptação as gaiolas metabólicas e dietas experimentais e sete dias para coleta de amostras.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, distribuído num esquema fatorial 2x2 (híbrido de textura dentada e dura versus processamento: esmagado e não esmagado). Os híbridos utilizados foram o de textura dentada (ciclo semiprecoce para grão e silagem) e de textura dura (ciclo precoce para grão e silagem) cultivados sob sistema convencional, sem irrigação. O processamento constitui-se do esmagamento do material colhido, utilizando-se máquina para ensilagem de grãos úmidos (BOELTER, modelo OB 20). O ponto de regulagem da máquina foi determinado para que não passasse nenhum grão inteiro pelos rolos. Após a colheita, o material foi ensilado em tambores de 100 litros, os quais permaneceram vedados por 60 dias.

A silagem foi fornecida duas vezes ao dia e o fornecimento da dieta foi ajustado para não haver sobras. A coleta de fezes, para determinação da digestibilidade da MS e PB, foi realizada no 21° e 28° dia, direto da ampola retal, três vezes ao dia. As amostras foram processadas e os nutrientes foram analisados utilizando-se o método de FDNi, como indicador interno. A análise estatística foi realizada no programa GLM do SAS (2002).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de digestibilidade da MS e PB encontram-se na Tabela 1. A digestibilidade da MS e PB da silagem de milho de híbrido dentado processada apresentou-se maior (P<0,05) comparada aos tratamentos sem esmagamento. Provavelmente devido ao processamento ter favorecido a maior exposição do conteúdo celular e por aumentar a superfície de contato das partículas aumentando a eficiência do ataque da microbiota ruminal. Além disso, a qualidade nutricional da fibra de híbridos de textura dentada é maior que a de textura dura por serem submetidas a melhoramentos visando produtividades distintas, uma em massa verde e a outra quantidade de grãos. No presente estudo constatou-se diferença (P<0,05) entre as silagens de milho de híbrido dentado e duro para digestibilidade aparente da MS (63,3% e 59,8%, respectivamente), discordando de CORRÊA et al. (2003) e RIBAS et al. (2007) que não encontraram diferença ao avaliar digestibilidade aparente da MS das silagens de milho de híbridos dentado e duro em vacas holandesas e ovinos adultos, respectivamente.

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Tabela 1. Digestibilidade aparente da MS e PB (%) de silagem de milho de diferentes híbridos e processamentos

Processamento Híbridos Esmagado Não Esmagado

MS Dentado 68,21 ± 2,34 Aa 58,35 ± 6,32 Bb

Duro 58,32 ± 2,02 Ab 61,30 ± 3,47Ab PB

Dentado 95,06 ± 0,57 Aa 92,67 ± 1,95 Bb Duro 94,32 ± 0,68 Aa 94,58 ± 0,42 Aa

Médias seguidas de letras distintas, maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas, diferem entre si pelo teste F (P<0,05).

4.CONCLUSÕES

Concluímos que a silagem de milho dentado deve ser submetida ao processamento por aumentar a digestibilidade da MS e PB.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, C.E.S.; PEREIRA, M.N.; OLIVEIRA, S.G.; RAMOS, M.H. Performance of Holstein cows fed sugarcane or corn silages of different grain textures. Scientia Agricola, v.60, n.4, p.621-629, Oct./Dec. 2003. RIBAS, M.N.; GOLÇALVES, L.C.; IBRAHIM, G.H.F.; RODRIGUEZ, N.M.; BORGES, A.L.C.C.. BORGES, I. Consumo e digestibilidade aparente de silagens de milho com diferentes graus de vitreosidade no grão. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.6, n.1, p.104-115, 2007. OLIVEIRA, L, A. A. de; GROSZMAN, A.; COSTA, R. A. da. Caracteres da espiga de cultivares de milho no estádio verde. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 22, n. 6, p. 587- 592, jun. 1987. SAS – STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM. The SAS system for windows. Cary, North Carolina: SAS Institute Inc., release 8.00, 2002.

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NUTRIENTES E PERDAS DE MATÉRIA SECA DA SILAGEM DO RESÍDUO

AGROINDUSTRIAL DE PALMITO PUPUNHA COM POLPA CÍTRICA

NUTRIENTS AND DRY MATTER LOSSES OF SILAGE AGROINDUSTRIAL RESIDUE OF HEART OF PALM WITH CITRUS PULP

JOSÉ EVANDRO DE MORAES1, 2 ,VALÉRIA AUGUSTA GARCIA1,ROSANA A.POSSENTI3, EVALDO FERRARI

JUNIOR3,VALDINEI TADEU PAULINO3

1Polo Regional do Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Ribeira (PRDTA), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rodovia Regis Bittencourt BR116, Km 460, Caixa postal 122, CEP 11900-000, Pariquera-Açu, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Dois tipos de subprodutos foram avaliados, bainha externa e a bainha interna (fazem parte da entrecasca do palmito). Para conhecer perdas de matéria seca que ocorrem em produtos ensilados e com possibilidade de se minimizá-las, foi adicionada a matéria verde destes subprodutos 15 % de polpa cítrica. O delineamento foi inteiramente casualizado, com 4 tratamentos(silagens de: bainha interna; bainha externa; bainha interna+polpa e bainha externa+polpa) com 4 repetições.As perdas de MS% foram respectivamente 5,48a; 4,02c; 4,86b e 4,95b. A polpa cítrica foi efetiva em reduzir as perdas de MS% para bainha interna, mas para bainha externa piorou a perda. Palavras-chave: Bactris gasipaes Kunth, ensilagem, sustentabilidade

ABSTRACT: Two types of products were evaluated, the outer sheath and inner sheath (part of the inner bark of palm). To know the dry matter losses that occur in ensiled products and ability to minimize them, were added to the green matter of these by 15% citrus pulp. The design was completely randomized design with four treatments(silage: inner sheath, outer sheath, inner sheath+pulp and outer sheath+pulp). DM losses were respectively 5.48 a; 4.02 c, 4, 86b and 4.95 b. The citrus pulp was effective in reducing losses of DM% for inner sheath, outer sheath worse but for the loss. Key words: Bactris gasipaes Kunth, silage, sustainability

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

Resíduos agroindustriais são comumente utilizados na alimentação de ruminantes. A disponibilidade desses resíduos varia entre regiões e períodos do ano, o que dificulta a padronização das dietas. O estado de São Paulo é o maior produtor de palmito pupunha (Bactris gasipaes Kunth) do país, com cerca de 30 mil hectares da cultura (BOVI, 2000), principalmente no Vale do Ribeira. Entre esses resíduos, destacam-se a bainha externa (“casca”) e a bainha interna (“casquinha” ou “branco”), grande geradora de problemas ambientais para as indústrias beneficiadoras, devido grande volume produzido diariamente e do efluente gerado no processo de decomposição do material. A alta umidade dificulta a utilização de resíduos de palmito, muitas vezes a ensilagem é adotada como forma de armazenamento e conservação pelo produtor (SCHMIDT et al.,2010). O objetivo deste estudo foi avaliar as perdas de MS e a composição bromatológica de silagens de dois tipos de resíduos de pupunha com adição de polpa cítrica.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Ribeira (APTA-SAA), Pariquera-açú, e no Instituto de Zootecnia-(APTA-SAA), Nova Odessa, São Paulo, de agosto de 2009 a janeiro de 2010. Os resíduos foram moídos em triturador elétrico estacionário. As silagens foram confeccionadas em silos experimentais (PVC) com tampas providas de válvula do tipo Bunsen, para cálculo da perda total de MS (% da MS). O material foi compactado nos silos. Em seguida, os silos foram pesados e lacrados. Após 90 dias os silos foram novamente pesados e abertos, usando-se as diferenças gravimétricas para determinação da perda total de MS. A silagem foi retirada dos silos, e amostrada para determinações bromatológicas após secagem a 55 C em estufa de ventilação forçada (SILVA, 1981). As análises bromatológicas das silagens foram realizadas no Instituto de Zootecnia-APTA-SAA, Nova Odessa-SP. As amostras foram moídas a 1 mm em moinho tipo Wiley para determinação dos teores de MS (AOAC, 1990); PB pelo método micro Kjeldahl (AOAC, 1990); fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), pelo método sequencial usando-se ANKOM Fiber Analyzer (HOLDEN, 1999). O teor de hemicelulose foi calculado pela diferença entre os teores de FDN e FDA. Lignina e Celulose, pelo Método de (VAN SOEST, 1991). Para aferição do pH utilizou-se potenciômetro digital. O delineamento foi inteiramente casualizado, com 4 tratamentos (silagens de: bainha interna; bainha externa; bainha interna+polpa e bainha externa+polpa) com 4 repetições, considerando cada silo experimental uma unidade experimental. Os resultados passaram por análise de variância, com a aplicação do teste de Tukey, e 5% de significância, com auxílio do programa SAS (STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM, 1996).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resíduo pode ser considerado fibroso com alta umidade, com média de 11,84% e 10,6%; “casquinha“ e “casca”, respectivamente de MS (Tabela 1). Porém, a capacidade de retenção de água parece ser alta nesse material, se comparada à de outras forragens, como as gramíneas tropicais; característica considerada como fator positivo no resíduo de pupunha ensilado, pois reduz a necessidade de aditivos absorventes, entretanto aumenta consideravelmente o custo, principalmente das despesas com frete da forragem fresca e ensilada. Alimentos muito úmidos são mais vulneráveis a fermentações indesejáveis, que podem comprometer a qualidade do produto final. As silagens apresentaram pH dentro dos limites, variando de 3,14 a 3,62 (MCDONALD et al.1991), possivelmente devido alto teor de umidade, que dilui o poder de acidificação dos ácidos orgânicos produzidos no processo. Os teores de PB observados variaram de 5,25 a 8,95% próximos aos de (RODRIGUES NETO et al. 2001). O teor de FDN (variou de 60,21% a 59,38% da MS) das silagens, não houve influência direta da polpa cítrica.

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Tabela 1. Composição Bromatológica, pH e Perdas de Matéria Seca do resíduo de palmito

Tratamento pH PB% FDA% FDN% Celulose Lignina Hemicel. MS% Perda MS%

1-Bainha interna 3,14 b 8,95 a 45,49 ab 60,21 a 41,57 a 3,5 c 14,72 a 11,84 b 5,48 a

2-Bainha externa 3,62 a 6,38 c 38,4 c 42,98 d 33,07 c 4,72 b 4,58 c 10,6 b 4,02 c 3-Bainha interna + Polpa Cítrica 3,4 ab 7,62 b 44,27 b 59,38 b 38,32 b 5,89 a 15,11 a 19,87 a 4,8575 b 4-Bainha externa + Polpa Cítrica 3,52 a 5,25 d 46,87 a 58,45 c 38,99 b 6,23 a 11,58 b 20,81 a 4,95 b

média 3,42 7,05 43,76 55,25 37,99 5,09 11,50 15,78 4,83

DMS 0,3692 0,8202 2,2226 0,7846 1,4565 0,7671 2,0717 1,5709 0,4967

Médias seguidas de letras diferentes, na coluna, são estatisticamente diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey.

4. CONCLUSÕES

Concluí-se que as perdas de MS foram minimizadas quando a polpa cítrica foi adicionada em 15% na matéria verde do resíduo conhecido como bainha interna ou casquinha. Mas a polpa cítrica não foi efetiva para controlar as perdas de MS% da bainha externa ou casca. Novos estudos devem ser elaborados para caracterização destes resíduos e controle de sua umidade.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC.Official methods of analysis. 15.ed. Arlington: AOAC, 1990.v.1, 1117p. BOVI, M.L.A. O agronégócio palmito de pupunha. O Agronômico,v.52, n.1, p.10-12, 2000. HOLDEN, L.A. Comparison of methods of in vitro dry matter digestibility for ten feeds. Journal of Dairy Science, v.82,n.8, p.1791-1794, 1999. McDONALD, P.; HENDERSON, A.R.; HERON, S.J.E. The biochemistry of silage. 2.ed. Marlow: Chalcombe Publications,1991. 340p. RODRIGUES NETO, A.J.; BERGAMASCHINE, A.F.; ISEPON, O.J.et al. Efeito de aditivos no valor nutritivo de silagens feitas com subproduto da extração do palmito de pupunha (Bactris gasipaes H.B.K.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.30,n.4, p.1367-1375, 2001. SAS INSTITUTE. SAS/STAT user’s guide, version 7-1, Cary, 1996. 325p. SCHMIDT, P. et al, Perdas fermentativas e composição bromatológica da entrecasca de palmito pupunha ensilada com aditivos químicos Revista Brasileira. Zootecnia., v.39, n.2, p.262-267, 2010. VAN SOEST, P. Nutrition Ecology of the Ruminant, 2ed.New York:Cornell University Press,1994,476p.

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RENDIMENTO DOS CORTES COMERCIAIS DE CORDEIROS DE DIFERENTES GENÓTIPOS1

YIELD OF RETAIL CUTS OF LAMBS OF DIFFERENT GENOTYPES1

JULIANO ISSAKOWICZ2, MAURO SARTORI BUENO3, ANA CLÁUDIA KOKI SAMPAIO2, LUCIANDRA MACEDO DE

TOLEDO4, MÁRCIA MAYUMI HARADA5

1Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela FAPESP-Projeto 2008/06201-0. 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA, Bovinos de Leite), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 5Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), APTA, SAA, Av. Brasil, 2880, Caixa postal 139, CEP 13070-178, Campinas, SP, Brasil.

RESUMO: Avaliaram-se a proporção dos cortes comerciais em ovinos de diferentes genótipos. Utilizou-se 10 animais da raça Morada Nova, 6 Santa Inês e 10 (Ile de France x Texel) com peso vivo médio de 32,5±2,4; 43,6±2,0 e 43,7±3,5 respectivamente e idade aproximada de 9 meses. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos. O peso da carcaça fria diferiu entre os genótipos. A proporção de pernil foi maior para a raça (Ile de France x Texel) e a de pescoço maior para Morada Nova e Santa Inês. As proporções de paleta, fralda, costela, lombo e carré não diferiram. Palavras-chave: carcaça, Morada Nova, proporção

ABSTRACT: The retail cut yield was evaluated on three different lamb genotypes. Ten Morada Nova, six Santa Inês and ten Ile de France X Texel lambs averaging nine month old, on a complete randomized experiment with three treatments were utilized. The cold carcass weight was different among genotypes. The leg proportion was greater and the neck proportion was smaller to wool breed ((Ile de France x Texel) in relation to the hair breeds (Santa Inês and Morada Nova). The other cuts were similar among genotypes. Key words: carcass, Morada Nova, proportion

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01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

A separação da carcaça em peças individualizadas (Cortes comerciais) visa à remuneração adequada e direcionamentos dos diversos cortes ao mercado consumidor. O peso da carcaça é uma das principais variáveis a ser classificada, pois define o tamanho das peças comerciais e garante uniformidade ao produto.

No entanto segundo YAMAMOTO et al. (2004), o tipo de raça a ser trabalhada é um dos fatores que define o peso da carcaça e de seus componentes. Esta apresenta efeito sobre os componentes da carcaça, tanto em valores absolutos como percentuais em relação ao peso vivo.

Desta forma o objetivo do presente trabalho é de avaliar a proporção dos cortes comerciais em ovinos de diferentes genótipos.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 26 animais sendo 10 Morada Nova (MN), 6 Santa Inês (SI) e 10 Ile de France x Texel (IT) com peso vivo médio de 32,5±2,4; 43,6±2,0 e 43,7±3,5 respectivamente e idade aproximada de 9 meses criados e terminados na Unidade de Ovinos do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP. Os animais foram pesados antes da alimentação matinal e enviados ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Carnes (CTC) do Instituto de Tecnológia de Alimento (ITAL), APTA/SAA, Campinas-SP, onde foram abatidos durante o mês de abril de 2010.

O abate foi efetuado após jejum de 20 horas de alimento sólido. No momento do abate, os animais foram insensibilizados com pistola de dardo cativo, seguida por sangria, através da seção das carótidas e jugulares para posterior evisceração. As carcaças quentes foram pesadas e em seguida, armazenadas à temperatura de 2ºC por 24 horas, sendo pesadas novamente (carcaça fria).

Após a obtenção do peso da carcaça fria (PCF), a mesma foi dividida ao meio e a metade esquerda subdividida em sete regiões anatômicas (cortes comerciais), as quais foram pesadas individualmente, determinando- se as porcentagens que representavam em relação ao todo.

Os cortes comerciais tiveram as seguintes bases anatômicas: Pescoço: constituiu a região compreendida entre 1a a 7a vértebras cervicais; Paleta: região que tem como base óssea a escápula, úmero, rádio, ulna e carpo; Lombo: correspondeu à região das vértebras lombares sem a parede abdominal ( fralda); Fralda: compreendeu a musculatura da parede abdominal ligada ao lombo; Pernil: separado entre a ultima vértebra lombar e a primeira sacral (garupa e perna); Carré: compreendeu a região coluna vertebral torácica com o terço dorsal das costelas; Costela: compreende os 2/3 ventrais das costelas

Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos. As variáveis estudadas foram submetidas à análise de variância através do procedimento (PROC GLM) do (SAS) 2003, e as diferenças significativas a 5% ensejaram aplicação do teste Tukey neste mesmo nível de significância.

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O PCF foi diferente entre os genótipos com valores superiores para animais SI e IT em relação a MN (Tabela 1). Estes resultados confirmam a maior capacidade para ganho de peso das raças SI e IT, visto que são raças mais melhoradas geneticamente para produção de carne e apresentam maior ganho de peso diário.

As proporções dos cortes em relação ao PCF não apresentaram efeito do genótipo para cortes nobres como o lombo e o carré e confirmam que animais da raça MN têm proporções destes cortes similares às raças melhoradas, contudo com peso inferior.

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Tabelas 1. Médias corrigidas pelos quadrados mínimos para Peso da carcaça fria (PCF) e proporção de cortes em ovinos da raça Morada Nova (MN), Santa Inês (SI) e Ile de France x Texel (IT)

Variável Tratamento Pr>F

MN SI IT PCF (Kg) 13,97 ± 0,46b 18,81 ± 0,59a 18,20 ± 0,46a <0,0001 Paleta (%) 18,65 ± 0,35 19,34 ± 0,45 19,72 ± 0,35 0,1203 Pescoço (%) 10,37 ± 0,35a 10,97 ± 0,46a 9,11 ± 0,35b 0,0090 Fralda (%) 6,18 ± 0,21 5,43 ± 0,27 6,14 ± 0,21 0,0827 Pernil (%) 30,42 ± 0,34b 31,63 ± 0,44b 33,07 ± 0,34a <0,0001 Costela (%) 11,09 ± 0,34 10,20 ± 0,44 11,22 ± 0,34 0,1883 Lombo (%) 7,92 ± 0,25 7,06 ± 0,32 7,10 ± 0,25 0,0541 Carré (%) 14,37 ± 0,63 14,37 ± 0,81 13,35 ± 0,63 0,4642 Médias seguidas de letras diferentes na linha diferiram (P<0,05) pelo teste de Tukey

Animais IT apresentaram menor proporção de pescoço e maior de pernil e confirma a maior capacidade genética na deposição de tecido nas regiões mais nobres (traseiro) e menores nas regiões menos nobres (dianteiro) quando comparada com raças menos especializadas para produção de carne. Estes resultados estão de acordo ao encontrado por CARDOSO (2005) com valores médios de 33,99% para perna e 9,39% para pescoço em cordeiros cruza Ile de France x Texel abatidos com 30 kg de peso.

NETO et al. (2006) avaliaram características quantitativas da carcaça de cordeiros Morada Nova e obtiveram valores de 33,06 e 9,70% para a proporção de pernil e pescoço respectivamente, superior ao obtido para a mesma raça neste experimento.

4. CONCLUSÕES

Animais Morada Nova apresentam menor PCF quando abatido à mesma idade que os demais genótipos avaliados. A proporção de pescoço é menor e a de perna é maior para os mestiços lanados. As proporções de Paleta, Fralda, Costela, Lombo e Carré em relação ao PCF são similares entre os genótipos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, A.R. Níveis de fibra em detergente neutro na dieta de cordeiros confinados na fase de terminação. 50f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 2005. NETO, S.G. et al. Características quantitativas da carcaça de cordeiros deslanados Morada Nova em função da relação volumoso:concentrado na dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, vol.35, n.4, Julho/Agosto, 2006. YAMAMOTO, S.M. et al. Rendimentos dos cortes e não componentes das carcaças de cordeiros terminados com dietas contendo diferentes fontes de óleo vegetal. Ciência Rural, v.34, n.6, p.1909-1913, 2004.

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PERFIL METABÓLICO DE CORDEIROS ALIMENTADOS COM DIFERENTES PROPORÇÕES DE RAÇÃO CONCENTRADA, NA PRESENÇA OU AUSÊNCIA

DE LEVEDURA ATIVA1

METABOLIC PROFILE OF LAMBS FED DIFFERENT CONCENTRATE LEVELS IN THE

PRESENCE OR ABSENCE OF YEAST

JULIANO ISSAKOWICZ2, MAURO SARTORI BUENO3, KEILA MARIA RONCATO DUARTE4, IVANA LICIA DE

CAMPOS GAVIOLI2, MILENA HAMA TOTAKE WATANABE2, ERIKA BREDA CANOVA2

1Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela FAPESP-Projeto 2008/06201-0 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD) , IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Avaliaram-se os níveis sanguíneos de glicose, uréia e lactato de 24 cordeiros Texel alimentados com diferentes proporções de ração concentrada na presença ou ausência de levedura ativa. Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, em esquema fatorial 2x2, com seis animais por tratamento. Não houve efeito da proporção de concentrado e da levedura sobre os níveis de glicose. A proporção de concentrado e sua interação com a levedura afetaram os níveis de uréia. Já a presença da levedura reduziu os níveis de lactato. Palavras-chave: níveis, nutrientes, sangue ABSTRACT: The blood level of glucose, urea and lactate were evaluated on 24 Texel lambs fed on two different proportion of concentrate feed on the presence or absence of live yeasts. A randomized complete block designs on a 2x2 factorial arrangement, with six animals per treatments was utilized. The blood glucose was not influenced by factors (diet and yeast). The was influenced by There was a interaction between diets and yeast on the blood urea level. The presence of live yeasts reduced the blood lactate. Use of live yeast on lamb diets modifies some blood parameters.

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Key words: levels, nutrients, blood

1. INTRODUÇÃO

Quando se trabalha com dietas com elevada proporção de ração concentrada para cordeiros em terminação, os níveis de alguns componentes do sangue podem ser alterados devido à alteração no padrão fermentativo ruminal. Assim, MACKIE et al. (2002) cita que o uso de levedura ativa na dieta destes animais pode favorecer uma melhora na fermentação.

Ultimamente tem sido utilizado como ferramenta para a avaliação do perfil metabólico em ruminantes, a análise dos componentes bioquímicos do sangue, pois, reflete de maneira confiável o balanço entre o ingresso, o egresso e a metabolização dos nutrientes nos tecidos animais (CONTRERAS et al., 2000). O objetivo deste trabalho é avaliar a influência de diferentes proporções de ração concentrada na presença ou ausência de levedura ativa sobre os níveis sanguíneos de glicose, uréia e lactato de cordeiros em terminação.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Unidade de Ovinos do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP, no período de 01 de outubro a 12 de dezembro de 2009 totalizando 72 dias. Foram utilizados 24 cordeiros da raça Texel, com peso vivo médio inicial de 18,0 kg ± 1,14 kg e idade média inicial de 70 dias, alojados em galpão coberto com baias individuais (1,5m²).

Os animais foram alimentados com dieta isoprotéica (16% PB), composta de feno de gramínea e ração concentrada. O probiótico utilizado foi à levedura ativa comercial Saccharomyces cereviseae, cepa 1026, Yea Sacc 1026® (Alltech®. Inc.), misturada a ração concentrada na quantidade de 5g/dia, segundo a recomendação do fabricante. Os tratamentos avaliados foram duas dietas com diferentes proporções de ração concentrada-PRC (80% ou 60%) com presença ou ausência de levedura ativa.

No 60º dia do período experimental foram retiradas amostras de sangue antes e após o fornecimento das dietas (07:00 horas e 14:00 horas) através da punção da veia jugular. As amostras foram imediatamente centrifugadas a 2.500 rpm por 15 minutos e o sobrenadante congelado a -20º C para posterior determinação. Para a obtenção do plasma sanguíneo e posterior determinação dos níveis de glicose e lactato foi utilizado o anticoagulante GS® (Laborlab. Inc.).

Nas determinações de uréia e glicose foram utilizados kits comerciais da empresa LABORLAB, e para a determinação dos níveis de lactato plasmático foi utilizado o Kit comercial LACTATO K084® (Bioclin. Inc.), sendo as leituras realizadas através do uso de espectrofotômetria.

Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, em esquema fatorial 2x2 (duas proporções de ração concentrada, na presença ou ausência de levedura), com seis animais por tratamento. As variáveis foram submetidas à análise de variância ao nível de 5% através do procedimento (PROC GLM) do "Statistical Analysis Sistem" (SAS) institute 2001.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi observado efeito significativo da PRC e da levedura sobre os níveis glicêmicos dos animais (Tabela 1). Segundo CONTRERAS et al. (2000), a glicose sanguínea não é bom indicador do status energético em ruminantes exceto em animais com severa desnutrição.

Para a variável uréia, houve interação significativa entre os fatores, pois mostrou efeito positivo na diminuição de sua concentração somente com PRC 80 na presença da levedura e revela que, o uso de levedura pode melhorar o aproveitamento de nitrogênio amoniacal ruminal e sua conversão e nitrogênio protéico microbiano. MEYER et al. (1995) cita que valores normais de uréia para ovinos estão entre 18 e 31 mg dl-1, inferiores aos obtidos neste experimento.

Para a variável lactato, a levedura apresentou efeito significativo e se mostrou eficiente na diminuição do acido láctico ruminal e corrobora com o descrito por MACKIE et al. (2002) ao relatarem que algumas culturas de leveduras na dieta dos animais pode diminuir os efeitos negativos associados a acidose lática. CONTRERAS et al. (2000) cita que a acidose láctica fica caracterizada quando

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o nível de lactato sanguíneo excede a 5 mmol L-1 e que os valores normais, em geral, estão em torno de 1,2 mmol L-1, semelhante ao obtido neste trabalho. Tabela 1. Níveis sanguíneos de glicose, uréia e lactato de cordeiros alimentados com diferentes proporções

de ração concentrada, na presença ou ausência de levedura ativa

Levedura Proporção ração Concentrada PRC 80 (%) 60 (%) Média

Glicose (mg dL-1) Ausência 80,41±5,96 75,04±5,73 77,73±6,24A Presença 79,74±7,67 69,27±11,23 74,51±10,68A Média 80,08±6,56a 72,15±9,02a Uréia (mg dL-1)

Ausência 50,92±7,56aA 37,04±5,69bA 43,98±9,65 Presença 37,57±7,91aB 44,31±6,19aA 40,94±7,63 Média 44,24±10,15 40,67±6,82 Lactato (mmol L-1)

Ausência 1,72±0,44 1,72±0,61 1,72±0,5A Presença 1,44±0,11 0,94±0,5 Média 1,58±0,33a 1,33±0,66a

1,19±0,38B

Médias seguidas de letras minúsculas diferentes nas linhas e maiúsculas diferentes nas colunas diferem entre si pelo teste F (P<0,05)

4. CONCLUSÕES

A proporção de ração concentrada e a levedura não afetam os níveis de glicose sangüínea, porém a levedura favoreceu a diminuição dos níveis de uréia sérica em dietas com maior aporte energético e reduziu os níveis de lactato sangüíneo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONTRERAS, P.; WITTWER, F.; BOHMWALD, H. Uso de perfil metabólicos no monitoramento nutricional dos ovinos. In: GONZÁLES, F.H.D.; BARCELLOS, J.O.; OSPINA, H.; RIBEIRO, L.A.O. (Eds). Perfil metabólico em ruminantes: seu uso em nutrição e doenças nutricionais. Porto Alegre: Gráfica da UFRGS, p.75-84, 2000. MACKIE, R.I.; McSWEENEY, C.S.; KLIEVEA,V. Microbibial cology of the Rúmen. In: FREER, M. & DOVE, H. (Ed). Sheep Nutrition, Canberra, Australia: CSIRO Publishing, p. 95-118, 2002. MEYER, D.J.; COLES, E.H.; RICH, L.J. Medicina de laboratório veterinária: interpretação e diagnóstico. Tradução e revisão científica Paulo Marcos Oliveira. São Paulo: Roca, 302p.1995.

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NUTRIÇÃO NITROGENADA DE Brachiaria brizantha CV. PIATÃ SOB FONTES E DOSES DE NITROGÊNIO

NITROGEN NUTRITION OF Brachiaria brizantha CV. PIATA UNDER NITROGEN

SOURCES AND RATES

MÁRCIA A.C. DE LUCENA1,2, GUNTA GUTMANIS2, VALDINEI T. PAULINO2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a melhor fonte de nitrogênio e melhor dosagem a ser aplicada em Brachiaria brizantha cv. Piatã para se obter seu melhor rendimento. Para isso, foram testadas duas fontes (ureia e nitrato de amônia) e quatro teores (0, 150, 300 e 450 kg ha-1) de N. Através da determinação do conteúdo de nitrogênio, leituras SPAD de clorofila foliar, recuperação aparente, absorção e eficiência na utilização de nitrogênio, concluiu-se que o melhor aproveitamento ocorreu com o emprego de nitrato de amônio como também através do seu parcelamento, com a aplicação de 150 kg.ha-1. Palavras-chave: Brachiaria, nitrogênio, Piatã

ABSTRACT: The purpose of this study was to evaluate the best source and the best rate to be applied on Brachiaria brizantha cv. Piatã in order to obtain the best yield. For this, there were evaluated two sources (urea and nitrate ammonium) and four N rates (0, 150, 300 and 450 kg ha-1) of N. By determining the nitrogen contents, leaf clorophyll SPAD readings, nitrogen uptake and apparent recovery, nitrogen efficiency utilization, it was concluded that the best recovery occurred with the employ of nitrate ammonium as well as throw its subdivision at 150 kg.ha-1. Key words : Brachiaria, nitrogen, Piata

1. INTRODUÇÃO

O manejo do nitrogênio (N) é uma questão muito importante para o crescimento de plantas e para o ambiente. Para os produtores, conhecer o quanto a planta requer de N possibilita a aplicação de quantidades apropriadas de fertilizantes nitrogenados, maximizando o uso deste insumo. A disponibilidade de N tem sido

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apontada como um dos principais fatores limitantes, como também, uma ferramenta de manejo na produção de gramíneas. O N, apesar de presente no solo, como constituinte de material orgânico ou na forma mineral (amônio e nitrato), tem seu suprimento limitado, podendo ser esgotado rapidamente por alguns cultivos. Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar a melhor fonte de nitrogênio e a melhor dosagem a ser aplicada em Brachiaria brizantha cv. Piatã para se obter seu melhor rendimento.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Preparo das amostras: O experimento foi conduzido em condições controladas de casa-de-vegetação em área pertencente ao Instituto de Zootecnia, localizado em Nova Odessa/SP. O solo estudado foi classificado como Neossolo Quartzarênico distrófico, coletado em Brotas/SP, contendo 9% de argila, 33% de areia fina, 57% de areia grossa e 1% de limo. Na calagem do solo, aplicou-se calcário dolomítico. Cada vaso recebeu adubação fosfatada com solução de KH2PO4 e, em seguida, a semeadura de B. brizantha cv. Piatã, deixando-se, após desbastes periódicos, cinco plantas por vaso. Os vasos foram irrigados diariamente com água destilada deionizada. Tratamentos: Foram utilizadas quatro diferentes doses de nitrogênio (0, 150, 300 ou 450 kg ha-1) de N e duas fontes (uréia e nitrato de amônio). As doses de nitrogênio foram parceladas em duas aplicações, uma após 15 dias e outra aos 75 dias da semeadura. Análises: No período do corte foi realizada a determinação indireta de clorofila através do Chorophyll Meter SAPD-502 (Soil Plant Analysis Development). O corte foi realizado à altura de 10 cm. Posteriormente, esse material foi seco em estufa a 55oC até massa constante. A extração de N foi calculada multiplicando-se a produção de massa seca pela concentração de N, determinada pelo método de micro Kjedhal de acordo com a ªO.A.C. (1995). A recuperação aparente de nitrogênio foi calculada pela fórmula: NRec = 100 x (N extraído pelas plantas fertilizadas – N extraído pelas plantas não fertilizadas)/dose de N aplicada. A eficiência de uso de nitrogênio foi estimada segundo metodologia proposta por SIDDIQUI e GLASS (1981). Análise estatística: O delineamento experimental teve esquema fatorial 4x2, em blocos completamente casualizados, com cinco repetições, totalizando 40 amostras. Os resultados foram submetidos à análise estatística utilizando o programa estatístico computacional SAS (STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM, 1996) e comparados pelo teste de Tukey (5%).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aplicação de doses de N incrementou, linearmente (P<0.01), as quantidades de nitrogênio acumuladas pelo capim-Piatã, tanto com emprego de uréia como de nitrato de amônio. No tratamento testemunha a extração foi de 52 mg de N/vaso. A aplicação de 150 kg ha-1 de N resultou em aumentos nas quantidades extraídas de N de 123 % e de 184% mediante o uso de uréia e de nitrato de amônio, respectivamente. Esses aumentos nas quantidades extraídas foram crescentes até a dose mais elevada de N aplicada de 450 kg ha-1 de N, correspondentes a aumentos de 339 % e 626%, com aplicação de uréia e nitrato de amônio, em relação à testemunha não adubada com N.

Os baixos conteúdos de N nas folhas de Piatã, na ausência de aplicação de N apontam sérias limitações do solo testado. Sintomas visuais, como clorose e ressecamento das folhas, característicos de deficiência de N foram observados em ausência de N. Os valores de leitura SPAD correlacionaram-se linearmente com o fornecimento de doses de nitrogênio, segundo as equações: Yureia = 4.64x + 15.20 (R2= 0,94) e Ynitrato de amônio = 5,63x + 3,18 (R2= 0,97), evidenciando para as condições do estudo, valores de SPAD acima de 34,8 correspondem a conteúdos de N nas lâminas foliares, não limitantes.

A recuperação aparente de N por Piatã apresentou maiores valores mediante o emprego de nitrato de amônio, 61,9 a 72,6%, enquanto que para uréia os valores oscilaram entre 40,8 e 57,2 %. Tais valores corroboram com os descritos por CANTARELLA (2007) e COSTA et al. (2008) entre 50 e 70% e são superiores aos encontrados por FARIA et al. (2010). Os menores valores de recuperação de N, mediante o uso de uréia são atribuídos às maiores perdas por volatilização de NH3, entretanto parte do N aplicado pode ainda estar no reservatório do solo (raízes, microorganismos). A recuperação média do N aplicado sob a forma de uréia foi de 71% da obtida com o nitrato de amônio. A busca de melhores estratégias de manejo da adubação, além da recuperação do nitrogênio deve prevenir as perdas e evitar os impactos ambientais. O capim-Piatã fertilizado com nitrato de amônio apresentou maior

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eficiência de aproveitamento do N adicionado. Entretanto, os maiores incrementos na eficiência de uso do N situaram-se com aporte de 150 kg ha-1 de N, o que evidencia que o parcelamento N conduz a um melhor aproveitamento.

4. CONCLUSÕES

Em condições de vasos, com o solo Neossolo Quartzarênico distrófico, observou-se que o emprego do nitrato de amônio no capim-Piatã apresentou maior eficiência de aproveitamento de N adicionado do que a ureia. A aplicação de 150 kg.ha-1 resultou em aumentos nas quantidades extraídas de N, tanto com uso de ureia, como de nitrato de amônio, o que evidencia que o parcelamento de N conduz a um melhor aproveitamento.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A.O.A.C. OFFICIAL METHODS OF ANALYSIS, Washington D.C.: Association of Official Analytical Chemists, 1995. p.1051.

CANTARELLA, H. Nitrogênio. In: NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., V.H.; BARROS, N.F. et al. (eds.) Fertilidade do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p.375-470. COSTA, N.L.; PAULINO, V.T.; MAGALHÃES, J.A.; TOWNSEND, C.R.; PEREIRA, R.G.A. Produção de forragem, composição química e morfogênese de Brachiaria brizantha cv. Xaraés sob diferentes níveis de nitrogênio In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 45, 2008, Lavras, MG. Anais... da 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Lavras, 2008. FARIA, A.F.G.; CRUZ, M.C.P.; CAMPOS, F.P.; SANTOS, T.M.; SARMENTO, P.;NICACIO, D.F.O. Extração e recuperação aparente de nitrogênio pelo capim-Xaraés em função da adubação nitrogenada. In: ZOOTEC 2010, Palmas, TO, 24 a 28 de maio, 2010, 4p. Anais...Zootec 2010, 2010. SIDDIQUI, M.Y.; GLASS, A.D.M. Utilization index: a modified approach to the estimation and comparison of nutrient utilization efficiency in plants. The Journal of Plant Nutrition, New York, v. 4, p. 289-302, 1981.

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GANHO DE PESO DE OVINOS ALIMENTADOS COM FENO OU

PRÉ-SECADO DE CULTIVARES DO GÊNERO Cynodon

PROFIT OF WEIGHT OF SHEEP FED WITH HAY OR DAILY PAY-DRIED TO CULTIVATE OF THE SORT CYNODON

NATALINO M. RASQUINHO1, JOSIANE APARECIDA DE LIMA2, EDUARDO ANTONIO DA CUNHA2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Avaliaram-se características nutricionais de dietas compostas por fenos e pré-secados de Cynodon. Tratamentos: T1= feno de Jiggs; T2= pré-secado de Jiggs; T3= feno de Tyfton; T4= pré-secado de Tyfton. Utilizou-se o delineamento em DBC, com seis repetições. O ganho médio diário de peso foi superior para os animais que receberam a dieta contendo feno de Jiggs 132g/animal/dia, sendo superior ao feno de Tyfton. Para o pré-secado não houve diferenças. O feno de Jiggs proporciona maior ganho de peso em relação ao pré-secado, e ao feno de Tyfton. O Tyfton na forma de feno ou pré-secado proporciona ganho de peso semelhante. Palavras-chave: feno, ganho de peso, ovinos ABSTRACT: Characteristic nutriticionals of composed diets for daily pay-dried hays and of Cynodon had been evaluated. Treatments: T1= hay of Jiggs; Daily pay-dried T2= of Jiggs; T3= hay of Tyfton; Daily pay-dried T4= of Tyfton. The delineation in DBC was used, with six repetitions. The daily average profit of weight was superior for the animals that had received the diet contend hay of 132g/animal/day Jiggs, being superior to the hay of Tyfton. For the daily pay-dried one it did not have differences. The hay of Jiggs provides to greater profit of weight in relation to the daily pay-dried one, and the hay of Tyfton. The Tyfton in the daily pay-dried hay form or provides profit of similar weight. Key words: hay, weight profit, sheep

1. INTRODUÇÃO

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Nos últimos anos, a conservação de gramíneas tropicais passou a ter projeção significativa nos planos nutricionais devido ao surgimento ou melhoria de implementos apropriados às condições de colheita e processamento físico da forrageira, bem como na comercialização (SEGHESE, 2009). Entre as formas de conservação de forragens citam-se o pré-secado e o feno. Porém, como as chuvas são freqüentes e intensas durante o verão, a possibilidade de produção de pré secado surge como uma alternativa para reduzir as perdas de feno causadas pelas chuvas. A técnica da pré-secagem possibilita a ensilagem de plantas forrageiras com teor de matéria seca intermediário entre a silagem e o feno, num processo em que as fermentações indesejáveis são controladas por meio da diminuição da atividade de água ou elevação da pressão osmótica. E, ainda, a técnica do pré secado é considerada como um dos sistemas mais modernos de produção de volumosos, devido ao menor risco de perdas em comparação com o feno. Diante do exposto e em razão da escassez de informações científicas, o estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar o ganho de peso de ovinos alimentados com feno ou pré secado comerciais dos cultivares Jiggs e Tyfton.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Localização, animais e instalações experimentais: O experimento foi conduzido na Unidade de Ovinos do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP. Foram utilizados 24 cordeiros da raça Texel, com idade média de 75 dias, sendo os mesmos alojados em baias individuais, medindo 1,0 m x 1,20 m, localizadas em galpão coberto e providas de comedouro, bebedouro e cocho para mistura mineral. Avaliaram-se os seguintes tratamentos: T1= Feno de Jiggs; T2= Pré secado de Jiggs; T3= Feno de Tyfton; T4= Pré-secado de Tyfton. As dietas foram suplementadas com concentrado (16% PB), sendo fornecido na relação volumoso: concentrado de 70:30. As dietas foram fornecidas em duas refeições diárias, uma pela manhã (8h) e outra à tarde (16h). As sobras foram recolhidas diariamente pela manhã, pesadas e amostradas, sendo submetidas à pré-secagem em estufa de circulação forçada de ar, regulada a 60°C, até peso constante. Após este procedimento as amostras foram moídas em moinho tipo Wiley e devidamente acondicionadas. O delineamento experimental foi em blocos completos casualizados, com seis repetições, sendo os blocos determinados conforme o peso inicial dos animais. Preparo do feno: As gramíneas foram colhidas pela manhã e desidratada por exposição ao sol por um período de 20 horas, sendo as leiras revolvidas várias vezes ao dia até atingir o ponto de feno. Preparo do pré-secado: As gramíneas foram colhidas e submetidas ao emurchecimento, sendo mantidas enleiradas no campo por 2 a 3 horas, até atingir aproximadamente 45% de matéria seca. Período experimental e pesagem dos animais: O período experimental teve a duração de 63 dias, sendo os 10 primeiros para adaptação dos animais às dietas e às condições de manejo e os demais para coleta de dados. Os animais foram pesados individualmente no início do experimento e, posteriormente, a cada 14 dias até o final do período de coleta de dados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os pesos médios iniciais, finais e os ganhos médios diários de peso são apresentados na Tabela 1. O ganho médio diário de peso foi superior para os animais que receberam a dieta contendo o feno de Jiggs (132g/animal/dia). Vale salientar que a média de ganho para este tratamento foi superior em 52,8g/animal/dia em relação ao feno de Tyfton (79,2g/animal/dia) e superior em 37,7g/animal/dia em relação ao pré secado de Jiggs. Este fato possivelmente está relacionado ao maior teor protéico do feno de Jiggs, em relação ao feno de Tyfton (21% x 15% de PB, respectivamente). E ainda, conforme RANDÜZ (2005) e DORÉ (2006), a preferência do animal pelo Jiggs, em relação ao Tyfton, está relacionada ao fato do Jiggs apresentar uma característica mais tenra. Neste sentido, o consumo do feno de Jiggs, superior em 25%, em relação ao consumo do feno de Tyfton, confirma o mencionado pelos autores supracitados, e justifica também o maior ganho de peso proporcionado pelo feno de Jiggs. Para o pré secado das duas cultivares não foram observadas diferenças significativas no ganho de peso dos animais.

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Tabela 1. Peso médio inicial, final e ganho médio diário de peso de ovinos da raça Texel alimentados com feno ou pré secado de espécies do gênero Cynodon

Tratamento Peso médio inicial

(kg/animal) Peso médio final

(kg/animal) Ganho médio diário

(g/animal/dia) Feno de Jiggs 36,0 43,0 132,0 a Pré-secado de Jiggs 35,0 40,0 94,3 b Feno de Tyfton 34,8 39,0 79,2 bc Pré-secado de Tyfton 36,4 41,0 86,8 b

Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

4. CONCLUSÕES

O feno de Jiggs proporciona maior ganho de peso diário em relação ao pré secado, bem como maior ganho de peso em relação ao feno de Tyfton. O Tyfton armazenado na forma de feno ou pré-secado proporciona ganho de peso semelhante.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DORE’, R. T. Comparing bermudagrass and bahiagrass cultivars at different stages of harvest for dry matter yield and nutrient content. 2006. 79 p. Dissertation (Master of Science) - Louisiania State University, Louisiania.

RANDÜZ, E. A estrutura de gramíneas do gênero Cynodon e o comportamento ingestivo de eqüinos. 2005. 54 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

SEGHESE, M. A. - Informações sobre gramíneas do gênero cynodon, Comunicado Técnico nº 01 – p.1 – 15, 2009.

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CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E DIGESTIBILIDADE IN VITRO DAS TORTAS

DE CÁRTAMO, NABO FORRAGEIRO, CRAMBE E GIRASSOL1

CHEMICAL CHARACTERIZATION AND IN VITRO DIGESTIBILITY OF SAFFLOWER, TURNIP, CRAMBE AND SUNFLOWER MEALS

PATRÍCIA BRÁS2, ROSANA APARECIDA POSSENTI3

1 Projeto de Pesquisa do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa-SP 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. Email: [email protected] RESUMO: Os sistemas de produção sustentável buscam por fontes alternativas de bioenergia e que possam gerar alimento animal sem competir com os utilizados para alimentação humana. O cártamo, nabo forrageiro, crambe e girassol, são considerados alternativas potenciais para a produção de óleo e de coprodutos voltados à nutrição animal. O objetivo deste trabalho foi analisar quimicamente a torta obtida pela prensagem dos grãos de cártamo, nabo forrageiro, crambe e girassol. Os resultados indicam que esses coprodutos podem ser incluídos na dieta de ruminantes. Entretanto, estudos adicionais com animais deverão ser realizados para confirmação desses resultados. Palavras-chaves: Carthamus tinctorium L, Crambe abyssinic, Helianthus anuus, Raphanus sativus L ABSTRACT: The sustainable systems of animal production look for alternative sources of bioenergy that cannot compete with those used for human consumption. Plant species such as safflower (Carthamus tinctorium L.), turnip (Raphanus sativus L), crambre (Crambe abyssinica )and sunflower (Helianthus anuus) are considered potential sources for oil production and co-driven products for animal nutrition. The objective of this study was to analyze the composition of the meal, obtained after extracting the oil fraction of safflower, turnip seeds, crambe and sunflower. These preliminary results show that the meals obtained can be considered to ruminants feeding. Further studies in animals are required to confirm these results.

Key words: Carthamus tinctorium L; Crambe abyssinica; Helianthus anuus; Raphanus sativus L

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

Um dos pressupostos para a sustentabilidade da produção de biocombustíveis, é o de

que a produção de energia deve ser vista como complementar e não em substituição à produção de alimentos. Espécies como o girassol, o nabo forrageiro, crambe e cártamo devem ser pesquisadas como potenciais para a produção do óleo e de coprodutos voltados à nutrição animal, FERRARI (2008).

Nos sistemas de produção animal, a alimentação representa o maior gasto, situando-se, em geral, ao redor de 70% do custo total, MARTINS et al (2000). Desse modo torna-se necessário avaliar as possíveis alternativas de alimentos que assegurem taxas compatíveis de desempenho animal com boa lucratividade. Além do que a substituição de alimentos convencionais é sempre desejável, podendo, inclusive, diminuir os riscos da quebra de safras por pragas, doenças e alterações climáticas.

O presente trabalho objetivou avaliar a composição físico-química e a digestibilidade in vitro das tortas de cártamo, nabo forrageiro, girassol e crambe obtidas pela prensagem mecânica dos grãos.

2. MATERIAL E MÉTODOS

As tortas e os óleos foram obtidos pela prensagem dos grãos em mini prensa tipo “Expeller”. Nos grãos e tortas foram realizadas as determinações dos teores de: matéria seca (MS), proteína bruta(PB), fibra bruta (FB), extrato etéreo (EE), fibra detergente ácido e neutro (FDA e FDN), lignina, nitrogênio insolúvel em FDN e FDA como % do nitrogênio total, (N-FDA/NT e N-FN/NT). A digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) foi realizada de acordo com as metodologias descritas em Silva e Queiroz (2009) e as análises realizadas em triplicatas. A energia bruta foi determinada pela medida de calorias das amostras oxidadas em bomba calorimétrica.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os teores de umidade inferidos a partir dos teores de MS (Tabela 1) estão dentro do limite de até 11% de umidade, considerados como adequados, para o armazenamento de produtos ricos em óleos, SOUZA et al (2009).

Tabela 1. Composição químico-bromatológica das tortas de cártamo, nabo forrageiro, crambe e girassol

Determinação Torta Cártamo Torta Nabo Forrageiro Torta Crambe Torta Girassol Matéria Seca 94,09 90,38 92,72 89,41 %MS Proteína 22,36 41,95 24,67 22,08 Extrato Etéreo 10,31 12,55 29,60 26,82 Fibra Bruta 33,12 6,00 15,44 22,77 Fibra detergente ácida 40,67 12,68 21,54 28,20 Fibra detergente neutro 52,59 17,33 29,34 38,36 Lignina 15,27 4,68 8,74 9,44 Digestibilidade in vitro 61,45 70,38 61,28 61,00 N-FDN/% do N total 7,00 6,02 6,74 4,24 N-FDA/% do N total 6,51 3,85 3,02 3,14 Energia Bruta calorias/g 4739 4795 5994 5848

O conteúdo protéico destas tortas é considerado alto; o cártamo apresentou 22,36%, o nabo 41,95%, o crambe 24,67% e o girassol 22,08%. Tais resultados sugerem, preliminarmente, que as tortas podem ser utilizadas como fonte de proteína para animais. Entretanto, os valores para a torta de cártamo, observados, estão abaixo dos descritos por FERRARI (2008) que cita valores ao redor de 35% de PB, ressaltando sua utilização na alimentação de ruminantes como fonte de proteínas. Para a torta

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de nabo forrageiro, os valores estiveram acima dos descritos por ABDALLA et al (2008), 34 a 38% de PB e teores de extrato etéreo variando de 22 a 24%. Para a torta de crambe, Souza et al 2009, obtiveram valores de 15,88% para o teor de gordura e PB de 31,79%. A torta de girassol foi a que apresentou maior teor de gordura, que de acordo com ABDALLA et al (2008) isto pode ser um fator benéfico para ruminantes, considerando que a inclusão de óleo na dieta pode auxiliar na mitigação do metano entérico. Entretanto o autor encontrou na literatura valores de EE nas tortas de girassol variando entre 20 a 22%. Deve ser destacado que os componentes FB (33,12%) e FDN (52,59%) são as frações majoritárias na torta de cártamo, quando comparadas com as de nabo forrageiro, crambe e girassol. Segundo SOUZA et al (2009), a torta de nabo forrageiro apresenta menores concentrações de fibras, pois seus grãos não são envoltos por uma estrutura externa rica deste componente, como nos outros grãos de oleaginosas. Os valores da DIVMS, foram 9 pontos percentuais acima para a torta de nabo (70,38%) em relação às outras tortas avaliadas, que apresentaram valores em torno de 61% de DIVMS. Os teores de lignina (4,68%) na torta de nabo estão abaixo dos observados para a torta de cártamo, crambe e girassol (15,27%; 8,74% e 9,44%, respectivamente). As menores concentrações de fibras e lignina contribuíram, provavelmente, para uma maior DIVMS da MS da torta de nabo.

Os teores de N-FDA (como % do N-total) das tortas foram baixos. Aumentos nos teores de N-FDA podem ocorrer se houver excessiva produção de calor no processo de prensagem, comprometendo desta forma a integridade e disponibilidade da fração nitrogenada. No grão, a proteína reage com os carboidratos, passando a fazer parte da fração FDA. Este processo é denominado Reação de Maillard e pode afetar negativamente o valor nutricional dos alimentos.

Os valores de energia bruta das tortas de crambe e girassol foram maiores devido a maior porcentagem de gordura residual nas tortas resultantes da presnsagem dos grãos.

4. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que a prensagem de grãos de cártamo, nabo forrageiro, crambe e girassol permitem obtenção de tortas com características nutritivas potencialmente utilizáveis em nutrição animal. Entretanto, estudos adicionais com animais deverão ser realizados para confirmação desses resultados.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

ABDALLA, L.A., et al Utilização de subprodutos da indústria de biodisel na alimentação de ruminantes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37: 260-268, 2008. FERRARI, R. A. In: Potencial de produção de co-produtos da indústria de oleaginosas. Uso de Subprodutos da Indústria Bioenergética para Produção Animal, 2008. Nova Odessa-SP . Anais... Instituto de Zootecnia, Possenti, R.A. e Paulino, V.T., Anais CD-ROM 98 p, 2008 SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed. 4ª Impressão Viçosa, MG: Ed. UFV- Universidade Federal de Viçosa, 2009. 235p. SOUZA, A.D.V. et al. Caracterização química de sementes e tortas de pinhão-manso, nabo-forrageiro e crambe. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.44, n.10, p.1328-1335, 2009. MARTINS, A.S. et al. Digestibilidade aparente de dietas contendo milho ou casca de mandioca como fonte energética e farelo de algodão. Revista Brasileira de Zootecnia ., v.29, p.269-277, 2000.

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AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E DIGESTIBILIDADE IN VITRO DA

SILAGEM DE CÁRTAMO (Carthamus tinctorium L.)1

CHEMICAL COMPOSITION AND IN VITRO DIGESTIBILITY OF SAFFLOWER (Carthamus tinctorium L) SILAGE

PATRÍCIA BRÁS2, ROSANA APARECIDA POSSENTI3, ALCIDES MENEGHELLI ARANTES2, JOÃO BATISTA DE

ANDRADE3, EVALDO FERRARI JUNIOR3 , MARCELO JOSÉ COLET4 1Projeto de Pesquisa do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, SP 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP) IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 4Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Av. Candido Rondon, 501,Barão Geraldo, Cidade Universitária Zeferino Vaz, CEP 13083-875, Campinas,SP, Brasil.

RESUMO: Foram avaliadas quimicamente e estimadas as digestibilidade in vitro da matéria seca das silagens de cártamo submetidas aos tratamentos: T1= biomassa ensilada in natura; T2= cártamo emurchecido (duas horas de exposição ao sol); T3= cártamo + 5% polpa cítrica. Os valores obtidos nos tratamentos T1, T2 e T3, respectivamente, foram: PB 10,80; 11,152 e 10,07%, FDN 55,22; 55,40 e 52,20% e digestibilidade in vitro 55,60; 53,45 e 57,87%. Os resultados indicam que o cártamo conservado na forma de silagem, pode ser utilizado na dieta de ruminantes. Entretanto, estudos com animais deverão ser realizados para confirmação desses resultados. Palavras–chave: fibra detergente neutro , nitrogênio amoniacal, proteína bruta ABSTRACT: The objective of this study was to analyze the chemical composition and in vitro digestibility on the follow treatments: T1 = safflower biomass ensilage in natura; T2= wilted for two hour exposed at the sun; T3= biomass add 5% of citrus pulp. The values obtained for T1, T2 e T3, respectively, the protein content were 10,80; 11,15 and 10,07 %, for NDF 55,22; 55,40 and 52,20%; in vitro digestibility were, 55,60; 53,45 and 57,87%. These preliminary results show that the silages obtained from safflower can be considered to ruminants feeding. Further studies in animals are required to confirm these results. Key words: neutral detergent fiber, ammonium nitrogen, crude protein

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

Alimentos conservados na forma de silagens são apontados como solução bastante eficiente para o problema da sazonalidade na produção das pastagens nas condições climáticas do sudeste do Brasil, proporcionando volumoso de boa qualidade. Além do que a substituição de alimentos convencionais como a silagem de milho é sempre desejável, podendo, inclusive, diminuir os riscos da quebra de safras por pragas, doenças e alterações climáticas.O objetivo do presente estudo é de realizar a avaliação físico-química e digestibilidade in vitro da matéria seca da silagem de cártamo submetida a três diferentes processos de ensilagem.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A produção de biomassa de cártamo (Carthamus tinctorius L.) foi obtida no Instituto de Zootecnia (IZ) de Nova Odessa - SP, a partir do plantio, em sistema de plantio direto.

As amostras compostas da biomassa colhida foram secas, moídas e enviadas ao laboratório para determinação das porcentagens de: MS, PB, EE, cinzas, FDN e FDA, nitrogênio insolúvel em FDN e FDA (N-FDN e N-FDA), DIVMS, segundo procedimentos adotados por SILVA e QUEIROZ (2009).

A forragem foi acondicionada em barricas plásticas de 200 litros, hermeticamente fechadas. A biomassa foi compactada nas barricas por meio de pisoteio. Foram avaliados três tratamentos dispostos em blocos inteiramente casualizados com 4 repetições por tratamento: T1 - biomassa de cátamo in natura; T2 - biomassa emurchecida por exposição ao sol durante 2 horas; T3 – cártamo + 5% de polpa cítrica. Amostras das barricas foram retiradas para cada tratamento e preparadas para análise de acordo com o procedimento adotado para a biomassa antes da ensilagem.

Para determinação do pH e N-NH3/NT das silagens, amostras foram retiradas. O pH foi medido em peagâmetro digital, a determinação do N-amoniacal foi de acordo com o método de FENNER (1965). A análise de variância utilizada para as silagens foi o procedimento GLM do Sistema SAS Institute (2002). O nível de significância adotada para a análise de variância foi de 5%.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os teores de MS das silagens (Tabela1) estão abaixo dos valores sugeridos pela literatura, 30 a 35% (FERRARI JR. et al 2005) para que se obtenha uma boa conservação da forragem. Entretanto, podemos ressaltar que ocorreram diferenças entre tratamentos (P<0,05), em que a adição de polpa cítrica favoreceu o aumento do teor de MS na silagem em 4 pontos percentuais.

Tabela 1. Determinações físico-químicas e digestibilidade in vitro da biomassa de Carthamus tinctorium

antes de ensilar e da silagem nos diferentes tratamentos

BIOMASSA antes de ensilar

MS total

PB

EE

FDA

N-FDA/ N total

FDN

N-FDN/ N total

Lignina

DIVMS

%MS Cártamo in natura 27,48b1 10,27a 2,78a 41,02 b 8,53a 48,06 b 9,09 b 7,80a 63,75a Cártamo emurchecido

28,82a 10,02ab 2,72a 43,59a 8,84a 51,70a 12,94ab 7,94a 61,16a

Cártamo + 5% PC* 29,72a 9,27 b 2,40b 40,33 b 6,47a 48,15b 15,17a 7,17a 64,06a %CV** 1,86 3.63 4,56 2,43 15,34 2,37 13,29 5,46 1,84 SILAGEM Cártamo in natura 24,98 b 10,80b 3,01a 46,37a 9,73a 55,22a 13,81a 9,30a 55,60ab Cártamo emurchecido

24,97 b 11,15a 3,12a 47,09a 6,70c 55,40a 14,74a 8,35b 53,45b

Cártamo + 5% PC 28,49a 10,07c 3,25a 45,12a 8,67b 52,20 b 14,78a 7,55c 57,86a

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%CV 1,56 1,04 4,38 2,49 1,80 1,64 3,49 1,22 2,95 *PC = polpa cítrica **%CV= coeficiente de variação 1médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade

Os teores de PB nas silagens foram afetados pelos tratamentos (P<0,05), sendo o menor valor obtido para a silagem com a adição de 5% de polpa cítrica. O emurchecimento favoreceu o maior teor de PB na silagem. Landau et al (2004) obtiveram para a silagem de cártamo valores maiores de PB (15%), menores teores de FDN (46,10%) e FDA (33,8%) e o conteúdo de MS total observado pelos autores foi de 29,6%, para o cártamo colhido aos 130 dias de crescimento vegetativo.

Os teores de N-FDN/NT foram iguais (P>0,05) nas silagens para os tratamentos avaliados. As concentrações de N-FDA/NT foram maiores (P<0,05) para a silagem in natura, mas os valores obtidos podem ser considerados baixos, mesmo quando comparados aos valores descritos na literatura para silagem de milho, FERRARI JR. et al (2005).

Os valores da DIVMS obtidos neste estudo foram semelhantes (P>0,05) para as biomassas ensiladas (média=63,66%) e nas silagens (P<0,05), o processo de emurchecimento diminui a DIVMS (53,45%) a silagem com adição de polpa cítrica apresentou 57,86%, valores estes considerados como bons indicativos do valor nutritivo.

Os valores de pH das silagens de cártamo estão entre 3,85 a 4,00, portanto, dentro da faixa sugerida como adequada, conforme citações de Ferrari Jr et al (2005). Os teores de N-NH3/NT variaram entre 8,4 e 10% do N-NH3/NT e houve diferença entre os tratamentos (P<0,05), entretanto os valores apresentados indicam que as silagens são de boa qualidade, (FERRARI JR et al, 2005).

Tabela 2. Valores de pH, % de nitrogênio amoniacal como % do nitrogênio total (N-NH3/NT)

Silagens Cártamo in natura Cártamo emurchecido Cártamo + 5% PC* %CV

pH 3,93ab1 4,00a 3,85b 0,79 %N-NH3/NT 9,0ab 10,00a 8,40b 5,36

*PC = polpa cítrica **%CV= coeficiente de variação 1médias seguidas por letras iguais entre linhas, não diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade

4. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo permitem inferir que o cártamo trata-se de uma forrageira de alta qualidade, constituindo-se numa alternativa de alimento na confecção de silagens de boa qualidade. Os tratamentos propostos produziram boas silagens com potencial para a alimentação de ruminantes. Embora ainda devam ser realizados outros estudos com animais para que se confirmem esses resultados.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FENNER, H. Method for determinning total volatile bases in rumen fluid by steam distillation. Journal of Dairy Sciencie,. p. 249-251, 1965. LANDAU, S.; FRIEDMAN, S.; BRENNER, S. et al. The value of safflower (Carthamus tinctorium) hay and silage grow under Mediterranean conditions as forage for dairy cattle. Livestock Production Science, v. 88 p. 263-271, 2004. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed. 4ª Impressão Viçosa, MG: Ed. UFV- Universidade Federal de Viçosa, 2009. 235p. FERRARI, Jr. E.; POSSENTI, R.A.; LIMA, M.P. et al. Características agronômicas, composição química e qualidade de silagens de oito cultivares de milho. Boletim da Indústria Animal, v. 62, p.19-27, 2005.

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ADUBAÇÃO NITROGENADA NO ACÚMULO DE FORRAGEM E NA EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DO CAPIM-XARAÉS

BIOMASS OF THE FORAGE AND NITROGEN EFFICIENCY USE IN XARAES

POLISADEGRASS FERTILIZED WITH NITROGEN

THIAGO MARTINS DOS SANTOS1, MANOEL EVARISTO FERREIRA2, PATRÍCIA SARMENTO3, MARCOS ROGÉRIO GASGUI DA CONCEIÇÃO4

1Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Ciência do Solo), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2FCAV, UNESP, Via Prof. Paulo D. Castellane, s/nº, CEP 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. 3Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA – Bovinos de Leite) , Insituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: O nitrogênio do solo não é suficiente para assegurar a produtividade da pastagem com o passar do tempo, o que acarreta redução na taxa de lotação. O delineamento experimental utilizado é o de blocos ao acaso, com seis doses de nitrogênio (0; 125; 250; 375; 500 e 625 kg/ha/ano) e quatro repetições. Foram feitas oito amostragens de capim-xaraés no período de 19-10-2009 a 14-06-2010. O acúmulo de forragem apresentou resposta quadrática a dose de 481 kg ha-1 de N foi responsável pelo máximo acúmulo de forragem. A máxima eficiência agronômica foi obtida com 125 kg ha-1 de N. Palavras-chave: Brachiaria brizantha, manejo do pastejo, nitrogênio ABSTRACT: Soil nitrogen is not sufficient to maintain the pasture productivity. Six nitrogen rates (0; 125; 250; 375; 500 e 625 kg ha-1/year) and four replicates were used, according to a randomized block design. Forage biomass showed quadratic response and the N rate of 481 kg ha-1/year was responsible for the maximum biomass production. Maximum N efficiency use was obtained with 125 kg ha-1/year of N. Key words: Brachiaria brizantha, nitrogen, pasture management

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

O uso de pastagem como principal fonte de volumoso é a opção mais barata para produção de ruminantes no Brasil. Esforços têm sido feitos para obtenção de cultivares de elevada capacidade de produção e alta qualidade, bem como de informações sobre o manejo do pastejo dos cultivares já existentes no mercado.Apesar da importância do nitrogênio na produção das plantas forrageiras, a quantidade deste nutriente no solo não é suficiente para promover e manter alta produtividade das pastagens tropicais (FAGUNDES et al., 2005), o que acarreta redução na taxa de lotação do pasto com o tempo. A adubação nitrogenada constitui importante ferramenta para aumento da produção das gramíneas forrageiras tropicais, havendo poucas informações sobre o manejo de pastos com o capim-xaraés. Assim, com o presente trabalho, objetivou-se avaliar o acúmulo de forragem e a eficiência agronômica do capim-xaraés adubado com nitrogênio e pastejado por bovinos.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Área experimental e espécie forrageira: O experimento foi conduzido em condições de campo no Centro de Pesquisa em Pecuária de Leite, pertencente ao Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP). A espécie forrageira avaliada foi a Brachiaria brizantha cv. xaraés, que foi implantada em janeiro de 2008. Análise química do solo: Em amostra colhida em agosto de 2009 foram obtidos os resultados: P resina, 13 mg dm-3; MO, 21 g dm-3; pH em CaCl2, 4,6; K+, Ca2+, Mg2+, H+Al, SB e CTC, 1,2; 11; 5; 33; 17 e 50 mmolc dm-3, respectivamente; e V, 34% determinados de acordo com RAIJ et al. (2001). Delineamento experimental e tratamentos: O delineamento experimental utilizado é o de blocos ao acaso e os tratamentos constituídos por seis doses de nitrogênio (0; 125; 250; 375; 500 e 625 kg/ha/ano) e quatro repetições, totalizando 24 unidades experimentais de 112 m2 (14 m x 8 m). A fonte do N foi a uréia e a adubação foi parcelada igualmente em cinco vezes no período das águas. Colheita da forragem: No pré e pós-pastejo foi feita por amostragem, tendo sido usado um quadrado de 0,6 m de lado, lançado três vezes em cada parcela. Os cortes das plantas foram feitos a 10 cm da superfície do solo. A massa fresca da forragem foi separada em lâminas, colmos e material senescente, que foram secos em estufa a 65ºC até peso constante para obtenção da massa seca. Após cada amostragem foram mantidos três animais da raça Holandesa por parcela até que o resíduo da forragem atingisse 24 a 27 cm de altura. As amostragens foram feitas em: 19-10-2009, 16-11-2009, 14-12-2009, 11-01-2010, 08-02-2010, 08-03-2010, 19-04-2010 e 14-06-2010. O acúmulo de forragem (AF) foi obtido pela massa seca de forragem no pré-pastejo subtraída da massa seca de forragem no pós-pastejo do período anterior. A eficiência agronômica (EA) foi obtida pela divisão da diferença entre quantidade de forragem acumulada na parcela adubada e a acumulada no tratamento testemunha, pela dose de N aplicada. Análise estatística: Observada significância pelo teste F ao nível de 5%, foram ajustadas equações de regressão linear e quadrática por meio do programa SAS (STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM, 2002).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O acúmulo de forragem durante o período de um ano (Figura 1a) ajustou-se ao modelo quadrático de regressão com o máximo acúmulo (27.021 kg/ha/ano) obtido com 481 kg/ha/ano de N. SILVEIRA (2009), com capim-braquiária (Brachiaria decumbens) em recuperação, observou que a dose de 426 kg/ha/ano de N, no segundo ano de avaliação, foi a responsável pela máxima massa seca de forragem no pré-pastejo (21.108 kg/ha/ano). A maior eficiência agronômica (53 kg de AF/kg de N) foi obtida com a dose de 125 kg/ha de N (Figura 1b) e, a partir desta dose, observou-se redução da eficiência. Estes valores estão de acordo com os obtidos por FAGUNDES et al. (2005) em que a máxima eficiência (57 kg de AF/kg de N) para o capim-braquiária foi alcançada com 75 kg ha-1 de N e os autores também verificaram redução da eficiência a partir de 75 kg ha-1 de N. OLIVEIRA (2008) constatou que a eficiência agronômica máxima para o capim-braquiária foi de 66 kg de MS/kg de N na dose de 150 kg/ha/ano de N e redução da eficiência nas doses superiores a 150 kg/ha/ano de N.

A redução de eficiência agronômica do N pode estar relacionada a muitos fatores, principalmente a capacidade de absorção e utilização do N pelos cultivares, que é determinada geneticamente (DOUGHERTY e RHYKERD 1985 citado por FAGUNDES et al. 2005), a lixiviação de nitrato e a volatilização da amônia, sendo que a lixiviação e a volatilização, dependendo das condições

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ambientais podem ser intensificadas (CANTARELLA, 2007), pois quanto maior a adubação, maior foi o acúmulo de forragem (Figura 1a), porém, menor foi a eficiência de conversão do N em tecido vegetal (Figura 1b).

a) Ŷ= 17917,52+37,8344X-0,03931X2 R2=0,868* b)

AF

(kg/

ha)

0

7000

14000

21000

28000

0 125 250 375 500 625

E

A (k

g d

e A

F/k

g d

e N

)

53

25 27

13 15

0

15

30

45

60

0 125 250 375 500 625

Figura 1. Acúmulo de forragem (AF) (a) e eficiência agronômica (EA) (b) em oito ciclos de pastejo do capim-xaraés adubado com nitrogênio.* Significativo a 5% pelo teste F

4. CONCLUSÕES

A dose que propiciou o máximo acúmulo de forragem foi a de 481 kg/ha de N e a máxima eficiência agronômica foi obtida com 125 kg ha-1 de N.

5. AGRADECIMENTO

À FAPESP pelas bolsas concedidas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANTARELLA, H. Nitrogênio. In: NOVAIS, et al. (Eds). Fertilidade do Solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p.375-470. FAGUNDES, J.L. et al. Acúmulo de forragem em pastos de Brachiaria decumbens adubados com nitrogênio. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.40, n.4, p.397-403, 2005. OLIVEIRA, D.A. Características produtivas e valor nutritivo num ano de recuperação do capim-braquiária com aplicações de nitrogênio e enxofre. 2008, 120f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", USP, Piracicaba. RAIJ, B. van et al. (eds.) Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico, 2001. 284p. SILVEIRA, C.P. Doses de nitrogênio e de enxofre para a recuperação de pastagem com capim-braquiária: atributos de parte aérea, raízes e fertilidade do solo. 2009, 124f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM. User’s guide statistics: version 9.0. Cary, 2002.

Nitrogênio (kg/ha)

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DEMOGRAFIA DE CUPINS DE MONTÍCULO EM PASTAGENS

DEMOGRAPHY OF TERMITES IN PASTURES

THIAGO PEREIRA MOTTA1, RAFAEL R. C. DE PAULA SOUZA1, MARIA TEREZA COLOZZA2, ÉRIKA M. C. TEIXEIRA1, VALDINEI TADEU PAULINO2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi avaliar o número, altura, area por unidade, superfície total ocupada pelos cupinzeiros e a redução da área útil das pastagens: a) Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com 50 ou 200 kg.ha-1, em sistema de pastejo rotacionado (Alturas de 25 ou 35 cm) e um resíduo de 15 cm, b) área de reserva dessa pastagem e c) uma fazenda particular sem manejo definido. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 12 repetições. As infestações por cupinzeiros e a redução da área útil das pastagens foram mais elevadas com manejo inadequado, enquanto taxas de infestações mais baixas ocorreram mediante o manejo correto. Palavras-chave: : cupinzeiro, pastagens, redução area ABSTRACT: This study had the purpose to evaluate number, height, surface areas, total areas of termite and reduction of the useful area of grassland: a) Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilized with nitrogen, 50 and 200 kg.ha-1 managed rotational grazing (25 ou 35 cm canopy height) to residual height of 15 cm, b) area reserve and c) without a farm management defined. The experimental design was randomized block with 12 repetitions. Termite infestations and reduction of the useful area higher, with local inadequate management of pastures, such as reserve areas. Under proper management, based on the characteristics morphostructural, properly managed had lower infestation termite mound. Key words: termite mounds, pastures, area reduction

1. INTRODUÇÃO

Nos sistemas de produção animal, as pastagens são a base de alimentação dos rebanhos. Ocorre, comumente nas pastagens, em maior ou menor grau, infestação por cupins-de-montículo do

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gênero Cornitermes. Os cupins de montículo são insetos sociais abundantes, referidos como pragas importantes nas pastagens, encontrados em aproximadamente 70% da superfície dos continentes. Os possíveis danos causados por cupins de montículo são questionáveis. Em certos casos, questiona-se, quando em locais com grande ocorrência, se reduziriam a área útil do pasto. Reconhece-se o fato de dificultarem a mecanização, de abrigarem animais peçonhentos e há a preocupação com a estética da propriedade, uma vez que transmitem uma imagem de terras de baixa fertilidade e abandonadas (CARDENA et al., 2010). Objetivou-se com este trabalho analisar a ocorrência e o dimensionamento espacial da área ocupada por cupinzeiros em pastagens na região de Nova Odessa – SP.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Nos meses de abril a junho do ano de 2010 foram realizados levantamentos em 3 propriedades rurais do município de Nova Odessa e Santa Bárbara D´Oeste – SP nos sentidos cardeais, selecionadas, na distância máxima de 10 km, onde, foram coletados dados de 100% dos cupinzeiros encontrados em 0,5 ha (CARDENA et al., 2010). A área de pastagem selecionada foi demarcada a partir de 50 m da entrada principal da propriedade. Por ocasião da coleta de dados, inicialmente contou-se o número de cupinzeiros na área amostral. Quanto às medidas das dimensões dos cupinzeiros foi feito o uso da trena para se medir a circunferência e a altura de todos os montículos encontrados. Com os dados determinou-se a área ocupada pela base do cupinzeiro. Os estudos foram realizados em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu adubadas com nitrogênio, 50 e 200 kg.ha-1, manejadas em pastejo rotativo pastejados até atingir 95 e 100% de interceptação de luz (25 ou 35 cm de altura do dossel) até uma altura residual de 15 cm, área de reserva e uma propriedade sem manejo definido. As análises estatísticas foram no programa estatístico SAS (SAS, 1996), sendo após a análise de variância os tratamentos foram comparados pelo teste de Tukey (5%).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O maior número de cupinzeiros foi observado nas áreas de reserva (75), vindo a seguir os da propriedade particular, com média de 53 cupins. Entretanto, com o manejo correto das pastagens de B. brizantha cv. Marandu, o número de cupinzeiros foi significativamente menor (P<0,05), não sendo observadas diferenças entre os tratamentos de adubação ( 50 ou 200 kg ha-1 de N) e alturas de manejo (Tabela 1). Os valores de altura (cm) dos cupinzeiros na área de reserva (sem manejo) foram superiores aos obtidos com manejo de 25/50 (altura/adubação nitrogenada).

A área ocupada por cupinzeiros variou desde 0,90 a 1,30 m2, enquanto que a área total obtida foi de 49,41 a 94,7 m2. Não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) para os diferentes sistemas de manejo.

As maiores reduções nas áreas úteis das pastagens, pela ocupação por cupinzeiros, foram observadas na área de reserve (Tabela 1). A ausência de manejo ofereceu melhores condições para o desenvolvimento dos cupins, passando a ocupar superficies mais elevadas. Ressalta-se que estas areas são indisponíves para o pastejo animal. Considerando-se a infestação por área, a redução da area útil da pastagem oscilou entre 0,72 a 1,89 %. Verifica-se que na ausência de manejo (área de reserva), a redução da area útil foi significativamente superior ao manejo 25/50. Esses valores são superiores aos encontrados por CZEPAK (2003) e VALÉRIO (1996). A falta de controle dos cupins condiciona aumento crescente em sua população, podendo atingir níveis críticos com redução na produtividade das pastagens. Além disso, seus ninhos dificultam os tratos culturais, prejudicam a estética e agravam o processo de degradação das mesmas . Por outro lado, algumas espécies de cupins são úteis, reciclam os nutrientes minerais, degradam a celulose, aumentam a porosidade do solo e podem melhorar a biodiversidade local (CONSTANTINO, 1999 e VALÉRIO, 1996).

Tabela 1. Número, altura e área de montículos de cupins de pastagens com diferentes tipos de manejo

Tratamento Número/0,5ha Altura (cm)

Área por cupinziero

(m²) Área total dos

cupinzieros (m2) Redução (%) das

áreas úteis Reserva 75 a 64,9 a 1,3 ns 94,7 ns 1,89 a Prop. Part. 53 b 53,1 ab 0,9 ns 49,42 ns 0,99 ab 35/200 17 c 58,3 ab 1,2 ns 74,28 ns 1,48 ab

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25/200 15 c 40,1 b 1,2 ns 49,41 ns 0,99 ab 35/50 14 c 59,6 ab 1,2 ns 74,34 ns 1,13 ab 25/50 12 c 40,1 b 0,9 ns 52,05 ns 0,72 b

Médias seguidas de mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si (P<0,05), ns – diferenças não significativas. Prop. Part.: Propriedade particular

4. CONCLUSÕES

As infestações por cupinzeiros e a consequente redução da área útil foram maiores nas pastagens com manejo inadequado, tais como as reservas. Sob manejo adequado, baseado nas características morfoestruturais, as pastagens apresentaram menor infestação por cupins de montículo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDENA, M.S.; CARVALHO, D.B.; PINHEIROS, M.S.M.; VALÉRIOS, J.R.; SANTOS, W.V.; BOTINI, T. Ocorrência e dimensões de cupins-de-montículo em propriedades rurais no município de Mirassol d’Oeste, MT. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, XX., ZOOTEC 2010, Palmas, TO, Anais... ZOOTEC, 2010. (CD ROM). CONSTANTINO R. Padrões de diversidade e endemismo de térmitas no bioma cerrado. In: SCARIOT, A.O.; SILVA, J.C.S. & FELFILI, J.M. (Eds). Biodiversidade, Ecologia e Conservação do cerrado. Brasil, Ministério do Meio Ambiente, 2005, p. 319-333. CZEPAK, C. ARAÚJO, E. A. FERNANDES, P. M. Ocorrência de espécies de cupins de montículo em pastagens no estado de Goiás. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 33, n. 1, p. 35-38. 2003. VALÉRIO J.R.; MACEDO, N.; WILCKEN, C.F.; CONSTANTINO, R. Cupins em pastagens, cana-de-açúcar e plantações florestais. In: SALVADORI, J.R.; ÁVILA, J.C.; SILVA, M.T.B. DA (Ed.). Pragas de solo. Passo Fundo. 2004. p. 409 – 456.

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CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CCS) E “CALIFORNIA MASTITIS TEST” (CMT) NA AVALIAÇÃO DE REBANHOS LEITEIROS DA REGIÃO DE

CAMPINAS

SOMATIC CELL COUNT (SCC) AND CALIFORNIA MASTITIS TEST (CMT) IN THE EVALUATION OF DAIRY CATTLE IN THE REGION OF CAMPINAS

ALINE F. S. SANTOS1, THAMIRES MARTINS2, LUCAS E. PILON1, MARIANA S. MIRANDA3, CLÁUDIA R. POZZI3, JULIANA R. P. ARCARO3

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Programa de Graduação em Biomedicina, Faculdade de Americana (FAM), Av. Joaquim Boer, 733, Jardim Luciene, CEP 13477-360, Americana, SP, Brasil. 3Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA – Bovinos de Leite), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: A contagem de células somáticas (CCS) e “California Mastitis Test” (CMT) são métodos eficazes para a determinação da mastite subclínica nos rebanhos leiteiros. O presente trabalho teve como objetivo avaliar propriedades leiteiras da região de Campinas. As amostras foram colhidas quinzenalmente durante um período de 60 dias, obtendo um total de 2344 amostras de quartos mamários de vacas em lactação. Concluiu-se que o CMT e a CCS são importantes ferramentas neste diagnóstico. Palavras-chaves: células, leite, mastite ABSTRACT: The somatic cell count (SCC) and California Mastitis Test (CMT) are effective methods for the determination of subclinical mastitis in dairy cattle. This study aimed to evaluate dairy herds in the region of Campinas. The samples were collected fortnightly for a period of 60 days, getting a total of 2344 samples from mammary glands of lactating cows. It was concluded that the CMT and SCC are important tools in diagnosis. Key words: cells, mastitis, milk

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1. INTRODUÇÃO

Células somáticas são normalmente células de defesa (leucócitos) do organismo presentes no leite, que migram do sangue para a glândula mamária para combater agentes agressores. A contagem de células somáticas tem sido usada como uma importante ferramenta para o monitoramento da qualidade do leite e da saúde da glândula mamária, seja para a detecção de mastite subclínica em nível de rebanho, como para estimar as perdas de produção de leite em decorrência da mastite (BARBOSA et al., 2002).

O “California Mastitis Test” (CMT) é um teste rápido que estima a quantidade de células somáticas do leite, tendo a vantagem no momento em que os animais são ordenhados (SCHALM e NOORLANDER 1957). Sendo assim, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a incidência de mastite clínica e subclínica através do CMT e da CCS.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram monitoradas 5 propriedades da região de Campinas produtoras de leite B e C. As amostras foram colhidas quinzenalmente durante um período de 60 dias, obtendo um total de 2344 amostras de quartos mamários de vacas em lactação.

Para avaliar a ocorrência de mastite clínica foi utilizado o teste da caneca de fundo preto, e para a mastite subclínica foram utilizados os testes de Califórnia Mastitis Test (CMT) (SCHALM e NOORLANDER, 1957) e a contagem de células somáticas (CCS) (THIERS et al., 1999). As contagens de células somáticas foram realizadas no laboratório Clínica do Leite (ESALQ-USP). Nos dias de colheita em cada propriedade foi aplicado um questionário com o objetivo avaliar a situação do rebanho.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As porcentagens de mastite clínica dos animais avaliados encontram-se naTabela 1.

Tabela 1. Tabela de resultados da mastite clínica

1º Coleta M.Clínica

%

1º Coleta M.Clínica

%

1º Coleta M.Clínica

%

1º Coleta M.Clínica

%

Fazenda 1 4 3,73 6 5,45 5 4,38 6 5,00 Fazenda 2 2 16,66 2 16,66 1 8,33 0 0,00 Fazenda 3 2 3,17 2 2,89 3 4,28 0 0,00 Fazenda 4 0 0,00 0 0,00 0 0 0 0,00 Fazenda 5 0 0,00 1 2,32 1 2,32 1 2,32

Segundo RENEAU (1993), os índices aceitos internacionalmente para a mastite clínica devem ser inferiores a 3%, indicando que somente uma das propriedades apresentou esse resultado durante toda a fase experimental, enquanto que, uma das propriedades apresentou índices elevados de mastite clínica durante todas as coletas (16,66 e 8,33 %). Esses resultados corroboram com os encontrados por BUENO et al. (2002) que ao utilizar 2001 animais encontrou um índice de 14,29% de mastite clínica, enquanto que a menor frequência estava em torno de 3,45%.

Tabela 2. Tabela de resultados da contagem de células somáticas e CMT em porcentagem (%)

% de CCS (x1000/ml) CMT (%) Proprie-

dades Col. < 200 201 e < 400 401 e < 750 751 e <1000

1001 0

( - ) 1

(+) 2

(++) 3

(+++) 1 1

2 3 4

52 43 72 52

15 13 7 19

7 20 6 15

4 13 6 4

22 11 9 11

77 62 68 71

5 24 19 8

10 6 9 9

8 8 4

12 2 1

2 3 4

0 0 - -

9 9 - -

9 9 - -

9 0 - -

73 82 - -

29 30 - -

28 15 - -

13 15 - -

30 40 - -

3 1 2

69 70

13 11

4 9

6 2

9 7

77 69

9 13

7 12

7 6

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3 4

57 59

20 15

11 13

0 2

11 11

84 73

8 13

4 9

4 5

4 1 2 3 4

- 38 29 33

- 17 21 17

- 8 13 8

- 8 13 17

- 29 25 25

56 39 63 65

25 36 11 8

8 12 5 15

11 13 21 12

5 1 2 3 4

- - 0 40

- -

25 20

- -

75 13

- - 0 7

- - 0 20

- -

81 82

- - 0 0

- -

19 18

- - 0 0

Na Tabela 2 observou-se que as propriedades 1 e 3 nas quais possuiam melhores condições higiênicas e ordenha mecânica, obtiveram grande parte de suas amostras com CCS abaixo de 200 mil cél. mL-1; índice considerado fisiologicamente normal de acordo com LAEVENS et al. (1997). Já as propriedades onde as condições higiênicas eram deficientes e ordenha manual, grande parte das amostras apresentaram CCS 1.000.000 cél mL-1, esses valores estão acima do previsto pela instrução normativa 51, que estabelece um valor abaixo de 750 mil células até o ano de 2011 (regiões S, SE e CO) (BRASIL, 2002). De acordo com BARBOSA et al. (2002), as diferenças existentes entre manejos e tipos de ordenha são refletidas na CCS e no CMT.

4. CONCLUSÕES

Concluiu-se que o CMT e a CCS são importantes ferramentas na avaliação de rebanhos leiteiros.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RENEAU, J.K. Clinical mastitis records in production medicine programs. Comp. Contin. Educ., Food Anim. Pract., Trenton, v. 15, n.3, p.497-503, 1993. LAEVENS, H,. H. Deluyker, Y. H. Schukken, L. De Meulemeester, R. Vandermeersch, E. De Muelenaere, and A. De Kruif. 1997. Influence of parity and stage of lactation on the somatic cell count in bacteriologically negative dairy cows. Journal Dairy Science, 80:3219-3226. BARBOSA, C.P; BENEDETTI, E.; RIBEIRO, S.C.A; GUIMARÃES, E.C. Relação entre contagem de células somáticas (CCS) e os resultados do “Califórnia Mastitis Test” (CMT) no diagnóstico de mastite bovina. Biosci J., v.18, n.1, p.93-102, june 2002. BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA – Portaria n°51, de 18 de setembro de 2002, Publicado no Diário Oficial da União: Brasília, DF, em 20 set. de 2002. BUENO, V.F.F; NICOLAU, E.S.; MESQUITA, A.J.; RIBEIRO, A.R.; SILVA, A.; COSTA, E.O.; COELHO, K.O.; NEVES, R.B. Mastite bovina clínica e subclínica, na região de Pirassununga, SP: Frequências e redução na produção. Ciência Animal Brasileira, v.n. 2, 47-52, jul/dez, 2002. THIERS, F. O. Correlação entre contagem direta de células somáticas e o teste de “California Mastitis Test” no leite de vacas. Napgama, Ano II, no. 4, p. 9 – 12, 1999. SCHALM, O.W.; NOORLANDER, D.O. Experimental and observation lading to development of California Mastitis Test. Journal of American Veterinery Medicine, v.130, p.199-204, 1957.

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COMPORTAMENTO DE BEZERRAS HOLANDESAS EM DIFERENTES SISTEMAS DE CRIAÇÃO DURANTE ALEITAMENTO

HOLSTEIN CALVES BEHAVIOUR ON DIFFERENT REARING SYSTEM

ANA CLÁUDIA K. SAMPAIO¹, LUCIANDRA M. TOLEDO², JULIANO ISSAKOWICZ¹, IRINEU A. JÚNIOR², MAURO

S. BUENO3, MARIANA S. MIRANDA2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA – Bovinos de Leite), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: A criação artificial de bezerras pode ser coletiva, respeitando o desenvolvimento do comportamento social, ou individual, com maior controle de sanidade. O objetivo foi avaliar a postura corporal deitado, em pé e deslocamento e as atividades ingerindo alimento e ruminação de 41 bezerras leiteiras da raça holandesa, em sistemas de criação, individual ou grupo. Nas variáveis analisadas para postura corporal, o deslocamento apresentou maior tempo para os animais criados em grupo, as demais não apresentaram diferenças. Para as atividades, a ingestão de alimento foi maior para os animais criados individualmente e a ruminação para os animais criados em grupo (p<0,05). Palavras-chave: bezerreiro, etologia, ruminação ABSTRACT: Calf artificial rearing can be collective since it respects the development of social or individual behavior and with sanitary control. This study aimed to evaluate some postural behaviors like: lying, stand and displacement, as well as, the activities of food ingestion and rumination of 41 females dairy calves reared individually or collectively. The calves reared collectively showed more time on displacement, while the others behaviors were similar between rearing system. The food ingestion was bigger for calves reared individually and rumination time was bigger for the collectively reared calves.

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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Key words: calvin, ethology, rumination

1. INTRODUÇÃO

A criação artificial de bezerras pode ser realizada coletiva ou individualmente. Na criação individual o controle da sanidade é facilitado, sabe-se quais os animais que necessitam de tratamento, e pode-se acompanhar a ingestão de alimento fornecido. Já os animais criados em grupo, tem maior facilidade no desenvolvimento de entrosamento social futuro (DINON, 2004). A restrição nas oportunidades de contatos físicos e de estímulos adequados proporcionados pela mãe e por outros membros do rebanho, pode ter conseqüências negativas no desenvolvimento físico e comportamental dos bezerros (TOLEDO et al., 2007).

Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de bezerras leiteiras em diferentes sistemas de criação durante o aleitamento.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Centro APTA Bovinos de leite, no Instituto de Zootecnia – Nova Odessa-SP. Foram utilizadas 41 bezerras holandesas preta e branca, do nascimento à desmama aos 70 dias de idade, em 2 sistemas de criação, individual e grupo. Os animais foram dispostos aleatoriamente nos tratamentos, totalizando 19 animais no tratamento individual e 22 bezerras no coletivo. Os animais criados individualmente foram alocados em abrigos móveis, presas por corrente com 1,5 m de comprimento para que pudessem se deslocar pela área ao redor da instalação. Para os animais criados coletivamente foi disponibilizado abrigo disposto no centro do piquete. Todos os animais dispunham de comedouro de concentrado e feno e água ad libitum.

As coletas de dados foram realizadas semanalmente, com método de observação animal focal, com coleta instantânea e intervalo amostral de 5 minutos (MATIN e BAETSON, 1993) durante o período diurno das 7 as 17 horas. As variáveis estudadas foram a postura corporal das bezerras (deitada, em pé e deslocamento) e das atividades ingestão de alimento e ruminação, definidas pelas porcentagens do tempo total de observação e analisados por ANOVA uma via, contidos no pacote estatístico SPSS.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A variável deslocamento apresentou diferença significativa entre os tratamentos, com maior frequência para o tratamento coletivo. Esses dados mostraram que animais criados coletivamente apresentaram maior movimentação dentro do piquete, como brincadeiras, busca por alimentos, água, e interação com os outros animais do grupo. Apesar das correntes as quais as bezerras criadas individualmente estão presas possuir 1,5m de comprimento, os animais são disposto de forma que não consigam interagir entre eles; sua única forma de contato é visual. Para as variáveis deitado e em pé, não houve diferença significativa (P>0,05).

Tabela 1. Frequência média e erro padrão das variáveis postura corporal e atividades realizadas pelas bezerras em sistemas de criação individual ou coletiva

Individual Coletivo Pr>F

Deitado 57,71±1,44 56,31±1,26 0,469

Em pé 41,79±1,44 42,47±1,25 0,719 Postura Corporal

Deslocamento 0,51±0,11 1,21±0,14 0,0001

Ingerindo Alimento 22,21±1,08 19,12±0,88 0,028 Atividade

Ruminação 5,95±0,54 7,77±0,50 0,028

As atividades ingerindo alimento e ruminação obtiveram diferenças significativas entre os tratamentos (P<0,05). A ingestão de alimento no tratamento individual é superior, visto que estes

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animais apenas têm contato com o tratador no momento do aleitamento e no fornecimento de concentrado, água e feno, e com os outros animais, contato visual.

A taxa de ruminação foi superior nos animais criados coletivamente (P<0,05). SANTOS et al. (2002) concluíam que a ruminação em bezerras taurinas inicia-se mais cedo, a partir dos 20 dias de vida. SANTOS et al. (2009), quando compararam bovinos e ovinos em pastejo rotacionado, observaram que a taxa de ruminação dos bovinos foi superior ao dos ovinos, variando de 72,4 a 133,8 min/dia contra 69,29 a 114,38 min/dia para os bovinos e ovinos respectivamente.

4. CONCLUSÕES

O sistema de criação coletivo de bezerras leiteiras permite interações sociais para esta espécie gregária, podendo ser importante para o desenvolvimento do comportamento desses animais desde o nascimento. Animais criados coletivamente se deslocam com maior frequência e ruminam mais quando comparados com os animais criados individualmente, enquanto estes tiveram maior ingestão de alimento durante a fase de aleitamento. Animais criados individualmente têm estresse relacionado a monotonia e ausência de vida social.

5. AGRADECIMENTO

Nossos sinceros agradecimentos aos funcionários Edemar Rodrigues Dagrella, Ana Maria Baião do Nascimento, Tereza Lídia de Oliveira, Antonio Donizete Olivato e Creusa Maria Soares Dagrella.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTIN, P.; BATESON, P. Measuring behaviour: na introductory guide. 2. ed. Cambridge-UK: Cambridge University Press, 221p., 1993. TOLEDO, L.M. et al. Avaliação dos efeitos da aplicação de afago no comportamento e desenvolvimento de bezerros bubalinos. Anais do 2º Congresso Internacional de Conceitos em Bem-estar Animal, 2007. SANTOS, G. T. et al. Importância do manejo e considerações econômicas na criação de bezerras e novilhas. Simpósio sobre sustentabilidade da pecuária leiteira na região sul do Brasil. Anais do II Sul-Leite. UEM/CCA/DZO – Nupel, 2002. SANTOS, B. R. C. et al. Comportamento ingestivo diurno de bovinos e ovinos em pastagem natural na depressão central - RS. VI Congresso Brasileiro de Agroecologia. II Congresso latino americano de Agroecologia. 09 a 12 de novembro de 2009. Curitiba PR. DINON, P. S. L. Avaliação de bezerros de raças leiteiras em sistemas de criação com vaca-ama e com balde. 2004. 79f. Dissertação (Mestrado).Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, 2004.

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COMPORTAMENTO DE CORDEIROS TEXEL EM MANEJO DE CONTENÇÃO

DURANTE ULTRASSOM

BEHAVIOUR OF TEXEL SHEEP IN RESTRAINING DURING HANDLING ULTRASOUND

ANA CLÁUDIA K. SAMPAIO¹, JULIANO ISSAKOWICZ¹, ÉRIKA B. CANOVA¹, MILENA H. T. WATANABE¹, LUCIANDRA M. TOLEDO², MAURO S. BUENO3, LUÍS A. AMBRÓSIO²

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA – Bovinos de Leite), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de ovinos da raça Texel durante o manejo de contenção para avaliação de ultrassonografia. Foram utilizados 24 ovinos da raça Texel, com idade aproximada de 120 dias, analisando-se as atividades comportamentais realizadas pelos animais durante esse manejo. As avaliações para saída e entrada na baia foram com movimentações lentas 54% e 62,5% respectivamente (P>0,05); quanto à vocalização os animais não baliram em 62,5% dos casos. Palavras-chave: estresse, imobilização, ovino ABSTRACT: The objective of the study was evaluating the behavior of texel lambs during restrain management for ultrasound image collection on the lumbar site. 24 lambs, averanging 120 days, were used to evaluate behavioral activities during this management. The evaluations of exiting and coming back to pens were with slow movement at 54% and 62.5 %, respectively (P<0.05). The evaluation of vocalization showed that lambs did not bleat at 62,5% of evaluated frequencies. Key words: stress, restrain, lamb

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

A contenção de animais de produção é rotina dentro de propriedades rurais, sejam elas para manejos gerais da fazenda (identificação, por exemplo), reprodutivos e sanitários. SILVA et al. (2010) ressaltam que quando os animais não estão bem contidos, podem ocorrer acidentes tanto com os animais quanto com os funcionários. Atualmente se trabalha com contenção química (fármacos) e a contenção física (em mesas e/ou corpo a corpo). Esse trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de ovinos da raça Texel durante o manejo de contenção para avaliação de ultrassonografia.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Unidade de Ovinos no Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP, utilizando-se 24 cordeiros da raça Texel, com idade aproximada de 120 dias. Os animais foram alojados em baias individuais com piso de madeira ripado medindo 1,2 m², localizados em galpão coberto, com comedouro, bebedouro e cocho para mistura mineral.

A contenção realizada foi física (corporal) sendo com o animal em pé, segurando-o pela região cervical ou na parte inferior da cabeça, sem a utilização de força, de forma que os animais permaneçam imóveis. As atividades observadas nos animais foram: saída e volta da baia (lenta, rápida, com ajuda e fuga), orelhas e olhos (relaxados e tensos), respiração (ofegante e normal), movimentação de cabeça, ruminação, movimentação de patas. A vocalização foi analisada separadamente, avaliando se houve (pouca e/ou muita) ou não ocorrência durante a contenção. Para comparar as frequências de saída e volta para a baia usou-se o teste para proporção binomial (teste z a 5% de probabilidade), do programa Minitab versão 13; as outras análises foram realizadas avaliando-se a frequência dos acontecimentos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As frequências de saída e volta da baia estão apresentadas na Figura 1. Podemos observar tanto para saída quanto para a volta da baia os animais movimentaram-se lentamente em sua maioria (54% saída; 62,5% volta para a baia, diferença entre as proporções não significativa a 5% de probabilidade, pelo teste z), visto que apenas para a saída da baia houve tentativa de fuga (8,3%). Diferença entre as proporções dos outros comportamentos também foram não significativas a 5% de probabilidade pelo teste z, porém há limitações no teste para aproximação normal quando o tamanho de amostras é pequeno.

0

3

6

9

12

15

Lenta Rápida Com Ajuda Fuga

Oco

rrên

cias

Saida Baia

Volta Baia

Figura 1. Frequência de saída e volta da baia para manejo de contenção

Analisando a Tabela 1, verifica-se que os animais, durante a contenção, movimentaram-se constantemente. PARANHOS DA COSTA (2000) descreveu sobre a importância da redução de estresse dos animais durante rotinas de manejo, visto que animais agitados correm mais riscos de acidentes, e assim aumentam os índices de contusões nas carcaças.

Tabela 1. Ocorrência das observações realizada durante a contenção

Frequência Absoluta Frequência Relativa Frequência Absoluta Frequência Relativa Observação Sim Não Mov. Cabeça 22 91,7 2 8,3

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Mov. Patas 19 79,2 5 20,8 Ruminação 10 41,7 14 58,3 Ofegante Normal Respiração 15 62,5 9 37,5 Relaxado Tenso Orelha 8 33,3 16 66,7 Olhos 10 41,7 14 58,3

Devido à situação pouco comum dentro do manejo dos ovinos, a contenção física (corporal), os animais tendem a aumentar a frequência respiratória, ficando ofegante, com as orelhas e olhos tensos. As novidades para os animais em confinamento, que fogem a sua rotina, traduzem situação de estresse. Existem evidências das possibilidades de relações positivas entre humanos e bovinos dentro das rotinas diárias das fazendas, e que não se fazem necessários investimentos para que essa interação seja alcançada (PARANHOS DA COSTA, 2000).

Quanto à vocalização dos animais 62,5% não baliram, 4,2% dos animais baliram pouco e 33,3% baliram muito durante a contenção. GRANDIN (2010) afirmou que em atividades com ovinos é inútil a utilização dos níveis de vocalização durante os manejos dentro das propriedades, esses animais comunicam-se mesmo quando são manejados com calma e quando há necessidade de intervenção, a vocalização não ocorre, ao contrário dos bovinos.

4. CONCLUSÕES

Os cordeiros não demonstram situação estressante para a atividade de saída e entrada da baia. Durante a contenção percebeu-se que os animais ficaram inquietos, com respiração ofegante e orelhas e olhos tensos, indicando atenção ao manejo realizado. Quanto à ruminação, houve baixa incidência dessa atividade, demonstrando a situação de estresse dos animais em contenção. Já, em relação a vocalização, não se pode utilizar essa atividade como indicador de estresse em ovinos, visto que a comunicação desses animais é independente de situação estressante ou não.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GRANDIN, T. Buenas practicas de trabajo para el manejo e insensibilización de animales. In: Traducción de artículos seleccionados. Disponível em http://www.grandin.com. Acesso: 06 jun. 2010. PARANHOS DA COSTA, M. J. R. Ambiência na produção de bovinos de corte a pasto. Anais de Etologia, 18: 3:15, 2000. SILVA, A. A.; STELMANN, U. J. P.; BELEM, P. A. D. Emprego da eletroimobilização na contenção de animais de produção. Revista científica eletrônica de medicina veterinária e zootecnia de Graça – FAMED/FAEF e Editora FAEF. Ano VIII Nº4, Periódicos Semestral, jan. 2010.

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AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL DE OVINOS AO ABATE

EVALUATION OF SHEEP BEHAVIOR AT SLAUGHTERING

ANA CLÁUDIA K. SAMPAIO¹, JULIANO ISSAKOWICZ¹, LUCIANDRA M. TOLEDO², MAURO S. BUENO3, MÁRCIA

M. H. HAGUIWARA4

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA – Bovinos de Leite), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 4Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), APTA, SAA, Av. Brasil, 2880, Caixa postal 139, CEP 13070-178, Campinas, SP, Brasil.

RESUMO: Foi avaliado o comportamento ao abate de 10 animais da raça Morada Nova, 6 animais Santa Inês e 10 lanados mestiços (Ile de France x Texel) após a insensibilização com dardo cativo. As variáveis avaliadas foram olhar fixo, respiração arrítmica, vocalização, reflexo palpebral, relaxamento de mandíbula e espasmos de músculos traseiros. Apenas os animais lanados baliram durante a insensibilização e apresentaram frequência de relaxamento mandibular menor que dos animais da raça Santa Inês (p<0,05) e similar aos Morada Nova. Palavras-chave: cordeiros, insensibilização, Morada Nova ABSTRACT: The behavior at slaughtering of 10 Morada Nova, 6 Santa Inês and 10 wool crossed lambs (Ile de France x Texel) after insensibilization by a captive-bolt pistol was evaluated. The variables evaluated were jaw relaxation, vocalization, eyelid reflex, arrhythmic breath , staring eye , rear muscle spasms. Just the wool lambs bleat during insensibilization and showed smaller jaw relaxation frequency than Santa Inês and similat to Morada Nova breeds Key words: lamb, insensibilization, Morada Nova

1. INTRODUÇÃO

A insensibilização e a sangria são etapas necessárias no abate de animais de corte, devendo ser observados como dois processos separadamente (CLARO JÚNIOR, 2007). A insensibilização deve ser

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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realizada de forma a não causar sofrimentos desnecessários aos animais (GUEIRADO, 2009), com eficiência e em local apropriado, para não causar prejuízos.

Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento ao abate de três raças de ovinos pós insensibilização.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 26 ovinos, sendo 10 da raça Morada Nova, 6 Santa Inês e 10 lanados lanados mestiços (Ile de France x Texel), com peso vivo médio de 32,5±2,4; 43,6±2,0 e 43,7±3,5 respectivamente e idade aproximada de 9 meses criados e terminados na Unidade de Ovinos do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP.

Os animais foram pesados antes da alimentação matinal e enviados ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Carnes (CTC) do Instituto de Tecnológia de Alimentos (ITAL) – SP, onde foram abatidos durante o mês de abril de 2010.

Para a insensibilização, os animais foram acompanhados dos currais de espera até o boxe de atordoamento individualmente. Logo após a insensibilização com dardo cativo, avaliou-se o olhar dos animais, respiração, vocalização (no momento da insensibilização), reflexo palpebral, relaxamento mandibular e espasmos de músculos traseiros, observando-se as ocorrências dos eventos.

Os dados obtidos foram analisados entre as raças (Santa Inês, Morada Nova e lanados mestiços Ille/Texel) e comparadas entre si pelo teste exato de Fisher, pelo programa estatístico SPSS.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 mostra que não houve diferença significativa entre as raças quando avaliadas as variáveis olhar fixo, respiração arrítmica e vocalização. Apenas os animais lanados baliram durante/logo após a insensibilização (10%).

Tabela 1. Frequências analisadas pós insensibilização.

Variáveis Santa Inês (%) Morada Nova (%) Ille x Texel (%) Olhar Fixo 0 50 40 Respiração Arrítmica 17 10 40 Vocalização (seguida a insensibilização) 0 0 10 Ausen. Reflexo Pálpebra 100 100 100 Relaxamento Mandíbula 100ª 70ab 50b Espasmos de Músc. Tras. 67 90 100 Diferentes letras na mesma linha indicam diferença significativa entre as raças (p<0,05). As demais variáveis sem letras indicam que não houve diferenças significativas entre as raças.

Avaliando-se todos os animais pós-insensibilização, a ausência de reflexo de pálpebras e espasmos musculares ocorreram da mesma forma como exposto por GUEIRADO (2009) e ROÇA (2002) e indicou eficiência no procedimento. Segundo GOMIDE (2006) e ROÇA (1994), quando a insensibilização dos animais é realizada efetivamente, os animais apresentam como resposta ao manejo espasmos musculares nas pernas (coices) e nos músculos da região traseira e nenhum reflexo ocular, mesmo quando tocado.

Quando avaliado o relaxamento mandibular, observou-se que os animais lanados diferiram da raça Santa Inês (p<0,05). GUEIRADO (2009) e ROÇA (2002) relataram que após a insensibilização, os sinais físicos de uma eficiente insensibilização é o relaxamento mandibular e a ausência do reflexo palpebral.

4. CONCLUSÕES

As avaliações realizadas para as raças Santa Inês, Morada Nova e lanados mestiços Ile de France x Texel quanto as variáveis olhar fixo, respiração arrítmica, vocalização, ausência de reflexo de pálpebra e espasmos musculares traseiros pós insensibilização indicam eficiência no momento da insensibilização. A grande diferença entre raças para o comportamento de relaxamento de mandíbula

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indica a necessidade de mais avaliações para esta variável quanto a sua viabilidade como indicador de insensibilização.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CLARO JÚNIOR, I. Métodos de Insensibilização e abate em ruminantes. Universidade Estadual Filho “Julio de Mesquita Filho”. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Campus Botucatu, 2007.

GUIRADO, D. A. Abate Humanitário. Qualittas – Instituto de Pós-Graduação, 2009.

GOMIDE, L. A. M.; RAMOS, E. M. Tecnologia de abate e tipificação de carcaças. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2006. 370p.

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FONTES DE SELÊNIO NA DIETA DE VACAS LACTANTES E OCORRÊNCIA DE MASTITE1

SELENIUM SOURCES ON LACTATING DAIRY COWS DIET AND MASTITIS

OCCURRENCE

CARLOS EDUARDO OLTRAMARI2, MARIA DA GRAÇA PINHEIRO3, JULIANA RODRIGUES POZZI ARCARO4, LUCIANDRA MACEDO DE TOLEDO4, LUIZ ALBERTO AMBRÓSIO4, IRINEU ARCARO JR.4

1Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela FAPESP 2Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e Pastagens, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, (ESALQ/USP), Av. Pádua, 11, Caixa postal 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 3Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste (PRDTA), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Avenida Bandeirantes, 2419, CEP 14030-670, Ribeirão Preto, SP, Brasil. 4Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA – Bovinos de Leite), Instituto de Zootecnia (IZ), APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Com o objetivo de avaliar os efeitos da suplementação de selênio (Se) na dieta de vacas lactantes sobre a ocorrência de mastite, foram utilizadas 20 vacas em lactação. Os animais receberam duas fontes distintas de Se, configurando os tratamentos Se inorgânico e Se orgânico. Na fase pré-experimental identificou-se um animal com mastite clínica em cada tratamento. Ao fim do experimento, o tratamento Se inorgânico apresentou dois casos e no tratamento Se orgânico nenhum animal apresentou mastite clínica. A mastite subclínica não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos, porém ambos diminuíram a incidência de mastite subclínica positiva e fortemente positiva entre as fases pré-experimental e experimental. Palavras-chave: mastite clínica, mastite subclínica, selênio levedura

ABSTRACT: With the objective of to evaluate the effects of selenium (Se) supplementation on dairy cows diet upon mastitis occurrence, 20 lactating dairy cows were used. Animals received two different Se sources, setting treatments inorganic Se and organic Se. On pre-experimental phase, one animal with clinical mastitis was identified in each treatment. At the end of experiment there were two cases on inorganic Se treatment and none animal in organic Se treatment presented clinical mastitis. Subclinical mastitis did not show significative differences among treatments, but both decreased the incidence of positive subclinical mastitis and strongly positive between pre-experimental and experimental phases. Key words: clinical mastitis, subclinical mastitis, selenium yeast

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

O Se é um nutriente essencial na dieta de bovinos, estando envolvido no sistema fisiológico do organismo através da ação antioxidante das selenoproteínas. A ação de neutrófilos e macrófagos contra agentes infecciosos gera uma quantidade acentuada de oxigênio celular, as quais precisam ser neutralizadas por enzimas antioxidantes. O processo inflamatório da glândula mamária, por sua vez, pode se manifestar nas formas de mastite clínica (alterações visíveis da glândula mamária e/ou da secreção) subclínica (sem alterações visíveis).

Apesar da relevância do tema, no Brasil existem limitadas publicações sobre fontes orgânicas de Se envolvendo vacas leiteiras. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de fontes orgânicas e inorgânicas de Se na dieta de vacas sobre a ocorrência de mastite clínica e subclínica.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi conduzida entre 28 de novembro de 2008 e 01 de abril de 2009 (124 dias) nas dependências do Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa/SP. Foram utilizadas 20 vacas em lactação, com peso médio de 600 kg e produção média diária de leite 20 kg. Os animais foram divididos em dois grupos, através de pareamento pelas características de raça (Holandês e Pardo Suíço), estágio e ordem de lactação, sendo o delineamento experimental de blocos pareados ao acaso. Cada grupo recebeu um dos seguintes tratamentos: (1) dieta com adição de Selênio inorgânico (Se inorgânico) e (2) dieta com adição de Selênio orgânico (Se orgânico).

Os animais comeram, em média, 18 kg de MS por dia, onde 53,7% era composto por volumoso e 46,3% por concentrado, sendo oferecidas duas vezes ao dia (às 7 e 16 h). A quantidade de Se na dieta experimental foi 6,224 mg por vaca por dia, onde 5,045 mg provieram da suplementação de selenito de sódio (Se inorgânico) ou Se levedura (Se orgânico) e 1,179 mg de Se presente naturalmente nos alimentos concentrados e volumosos que compuseram a dieta.

Para identificação da mastite clínica e subclínica foram realizados os testes de TAMIS (caneca de fundo telado) e CMT (California Mastitis Test), respectivamente, por um período de quatro dias antes do início do experimento e na última semana experimental, sendo as análises estatísticas realizadas pelo teste do qui-quadrado (χ²) em nível de significância de 5% (Minitab, versão 13).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mastite clínica: Um animal (2,5% dos quartos mamários) de cada tratamento apresentava mastite clínica na fase pré-experimental. No entanto, as análises realizadas na última semana experimental revelaram que o tratamento Se inorgânico passou para dois animais e dois quartos mamários com mastite clínica e os animais suplementados com Se orgânico estavam livres de mastite clínica. A diminuição dos casos de mastite clínica do tratamento Se orgânico pode ser explicada por sua maior biodisponibilidade (IBEAGHA et al., 2009) e, consequentemente, maior prevenção da função dos neutrófilos. De acordo com SORDILLO e AITKEN (2009), sinais de infecções da glândula mamária fazem com que neutrófilos e macrófagos saiam da circulação sanguínea e entrem no tecido mamário para combater os patógenos. A fagocitose dos agentes infecciosos pelas células de defesa causa um aumento acentuado na produção de oxigênio celular, que é altamente tóxico. Quando há presença de quantidades adequadas de Se circulante estes metabólitos tóxicos às células são neutralizados por enzimas antioxidantes, principalmente a glutationa peroxidase, elevando a capacidade fagocitária do organismo. Por outro lado, em situações de deficiência de Se, ocorre um acúmulo de oxigênio que pode causar lesões ou até mesmo a lise celular. Mastite subclínica: Comparando os quartos mamários dos dois grupos de animais na fase pré-experimental o teste de qui-quadrado não foi significativo (estavam nas mesmas condições sanitárias). O efeito da suplementação de Se orgânico e inorgânico demonstrou que ambos os tratamentos apresentaram diferenças significativas entre os valores das fases pré-experimental e experimental dentro de cada grupo. Ou seja, o teste de qui-quadrado foi significativo (P<0,05), rejeitando-se a hipótese de independência da ocorrência de mastite nos níveis negativo, fracamente positivo, positivo e fortemente positivo.

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O grupo Se inorgânico teve um acréscimo de 20% nos casos de CMT negativo entre as fases pré e experimental, passando de 15 para 18 quartos mamários livres de mastite subclínica. O tratamento Se orgânico, por sua vez, diminuiu de 12 casos negativos na fase pré-experimental para cinco após a suplementação (58,3%). Com relação à mastite subclínica fracamente positiva (+), o grupo Se inorgânico apresentou aumento de 38,6% e o Se orgânico de 28,4% entre as duas fases pesquisadas. Houve diminuição de 50 tetos infectados com mastite subclínica positiva (++) para 20 no tratamento Se inorgânico, representando uma diminuição de 60% entre as fases pré-experimental e experimental. Considerando o mesmo nível de mastite e período, o tratamento Se orgânico diminuiu de 20 casos para 10, totalizando 50% de diminuição. Com relação a mastite subclínica fortemente positiva (+++) observou-se diminuição de 20 para 10 tetos entre as fases pré-experimental e experimental para o tratamento Se inorgânico. O tratamento Se orgânico, por sua vez, diminuiu 81,8% os casos de mastite subclínica fortemente positiva (de 11 para 2 tetos infectados).

4. CONCLUSÕES

A suplementação de selênio orgânico é importante na prevenção e resistência de vacas à mastite clínica, demonstrando sua importância na redução de processos inflamatórios da glândula mamária e, consequentemente, na produção de leite de melhor qualidade.

5. AGRADECIMENTO

À FAPESP e Alltech® pelo auxílio financeiro e aos funcionários do IZ pela presteza e dedicação.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IBEAGHA, A. E. et al. The effect of selenium sources and supplementation on neutrophil functions in dairy cows. Animal. v.7, p.1037-1043, 2009.

SORDILLO, L. M.; AITKEN, S, L. Impact of oxidative stress on the health and immune function of dairy cattle. Vet. Immun. and Immunop. v.128, p.104–109, 2009.

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USO DE ANTI-HELMÍNTICOS NA OVINOCULTURA PAULISTA

USE OF ANTHELMINTICS IN SHEEP FLOCKS, SÃO PAULO STATE

CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO1, PAULA FACIULLI2

1Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CDPZD), Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Prefeitura Municipal de Nova Odessa, Av. João Pessoa, 777, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Em julho de 2004, 32 ovinocultores do Estado de São Paulo responderam um questionário com o objetivo de avaliar o sistema de produção, manejo sanitário, administração e uso de anti-helmínticos. Os resultados revelaram que a maioria dos criadores vermifugava os animais regularmente, sem critérios objetivos de aplicação do produto. No entanto, alguns criadores já utilizavam vermífugos nos animais com critérios técnicos. Além disso, grande parte deles adotava medidas auxiliares de controle da verminose. De modo geral, os criadores já utilizavam quase todos os princípios ativos disponíveis no mercado. Conforme a pesquisa, a verminose foi a principal causa de mortalidade em 43,75% das ovinoculturas visitadas. Palavras-chave: controle, questionário, verminose ABSTRACT: A questionnaire about worm control practices and sheep management was performed in 32 sheep farms, São Paulo State, in July, 2004. The results revealed that the majority of the owners drenched the animals regularly, even without necessity. Otherwise, some of the owners already dewormed with technical criterion of drenching. Besides, great part of the owners adopted auxiliary worm control practices. In general, all the commercially available anthelminths had been used in the farms. According to the research verminosis was the principal mortality cause in 43.75% of the sheep farms. Key words: control, questionnaire, verminosis

1. INTRODUÇÃO

Uma das grandes preocupações dos criadores de ovinos em todo o território nacional é a verminose, por causar grandes perdas econômicas, devido a menor produção de leite, ganho de peso, produção e qualidade da lã, e qualidade da carcaça, além de gastos excessivos com medicamentos, mão-de-obra, e morte de animais. Com o problema da resistência múltipla dos helmintos aos anti-helmínticos, o controle dessa enfermidade torna-se cada vez mais difícil (SCZESNY-MORAES, et al.,

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2010). O objetivo desta pesquisa foi avaliar o uso e o manejo da administração de anti-helmínticos em propriedades de criação de ovinos no Estado de São Paulo.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Durante o mês de julho de 2004, trinta e dois ovinocultores do Estado de São Paulo, com mais de 100 cabeças, responderam um questionário que avaliou o sistema de produção e manejo sanitário dos animais, bem como a administração e o uso de anti-helmínticos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os proprietários responderam o questionário. Os resultados do levantamento sobre o manejo revelaram que: a) os ovinos não eram a única fonte de renda para os produtores; b) as áreas ocupadas pela criação de ovinos variavam muito de tamanho e região, e a maioria utilizava o sistema de criação semi-intensivo; c) a média de animais por propriedade foi de 449, variando de 130 a 1.800.

Quanto às raças dos animais, predominaram a Santa Inês (50%) e Suffolk (40,62%), seguidas de Ile de France (18,75%), cruzados (18,75%), Texel (15,62%), Dorper (12,50%), Poll Dorset (9,37%), Hampshire Down (6,25%), Ideal (3,12%), e Merino (3,12%).

Das 32 propriedades visitadas, apenas 17 (53,12%) possuíam assistência técnica veterinária. O índice de mortalidade do rebanho, relatado pelos proprietários, variou entre 0 e 20% (média

5%), e a verminose foi apontada como a principal causa de mortalidade em 43,75% (14) dessas propriedades. Com relação à frequência e critérios para os tratamentos utilizados, verificou-se que 21 (65,62%) adotavam esquemas regulares de aplicação do vermífugo (9 criadores desverminavam os animais a cada 50-65 dias, 7 a cada 30-45 dias, 4 a cada 80-90 dias, 1 a cada 180 dias). Em 10 propriedades (31,25%), os animais eram vermifugados conforme a necessidade, em 5 delas, de acordo com o resultado do exame de contagem de ovos nas fezes (OPG). Uma propriedade (3,13%) desverminava os animais de acordo com o programa de transferência de embrião. Das 14 propriedades que mencionaram a verminose como principal causa de mortalidade, 12 (85,7%) adotavam esquemas regulares de aplicação do vermífugo, e apenas 2 (14,3%) vermifugavam conforme a necessidade.

Constatou-se que a maior parte dos proprietários (18,7%) não soube responder a questão sobre a rotação e troca de princípios ativos, revelando falta de informação a esse respeito, provavelmente, em decorrência da ausência de assistência técnica. As outras respostas foram: 15,6% trocavam de princípio ativo a cada 6 meses; 15,6%, a cada 12 meses; 9,38%, a cada 45-60 dias; 9,38%, quando o produto não apresentava mais eficácia; 6,25%, após a aplicação do teste de eficácia de redução do OPG; 6,25% não trocavam de princípio ativo; 1 produtor (3,13%) trocava a cada aplicação, 3,13%, a cada 4 aplicações, 3,13%, a cada 9 meses; 3,13%, a cada 16 meses, e 3,13%, duas vezes ao ano.

Quanto aos produtos químicos, a grande maioria dos criadores já havia utilizado todos os antiparasitários disponíveis no mercado. Os mais empregados foram: moxidectina (90,62%), levamisol (81%), ivermectina (53,12%), e albendazol (40,62%), seguidos por: closantel (37,5%), mistura closantel e albendazol (34,37%), nitroxinil (31,25%), doramectin (28,12%), febendazol (28,12%), disofenol (28,12%), e abamectin (25%).

Nesta pesquisa, 71,87% dos criadores de ovinos não pesavam os animais antes da administração do anti-helmíntico, e o cálculo da dose era baseado em estimativas visuais, resultado semelhante ao encontrado por CERNANSKÁ et al (2008), no qual a maioria dos produtores (87,8%) estimava o peso dos animais por avaliação visual.

As categorias mais tratadas foram ovelhas, principalmente no período do periparto (gestação e/ou lactação), cordeiros e borregos, que são, segundo BUENO et al. (2008), categorias mais suscetíveis à verminose, devido a uma série de fatores, entre eles, uma elevada exigência nutricional.

Além da aplicação de anti-helmínticos, 87,5% dos criadores de ovinos também utilizavam outras medidas auxiliares de controle da verminose, tais como: medicavam os animais após o resultado do exame de fezes (OPG) (75%), faziam rotação de pastagem (72%), consorciavam com outras espécies de animais (12,5%), empregavam o método Famacha® (12,5%), e confinavam categorias suscetíveis (12,5%). O restante (12,5%), aplicava somente os anti-helmínticos como método de controle da verminose.

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4. CONCLUSÕES

A maioria dos criadores vermifugava os animais regularmente, sem critérios objetivos de aplicação do produto. Isto parece ser em função da falta de assistência técnica veterinária, constatada neste levantamento. No entanto, observou-se que alguns criadores já desverminavam os animais utilizando critérios mais técnicos e objetivos de uso do anti-helmíntico. Além disso, grande parte deles adotava medidas auxiliares de controle da verminose. Apesar de a maioria adotar esquemas regulares de controle da doença, a verminose foi a principal causa de mortalidade relatada neste questionário.

5. AGRADECIMENTO

À empresa Merial que patrocinou o levantamento feito com produtores.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO, M.S. et al. O controle da verminose em sistema intensivo de produção de ovinos para abate. In: Veríssimo, C.J. (Coord.), Alternativas de controle da verminose em pequenos ruminantes, Nova Odessa: Instituto de Zootecnia., p. 35-50, 2008. CERNANSKÁ, D. et al. Worm control practices on sheep farms in the Slovak Republic. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 154, p. 270-276, 2008. SCZESNY-MORAES, E. A. et al. Resistência anti-helmíntica de nematóides gastrintestinais em ovinos, Mato Grosso do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 30, n. 3, p. 229-236, 2010.

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BEM-ESTAR DE VACAS LEITEIRAS EM DIAGNÓSTICO

ULTRASSONOGRÁFICO DE GESTAÇÃO

WELFARE OF DAIRY CATTLE IN DIAGNOSTIC ULTRASOUND FOR PREGNANCY

DEISE RAFAELLE DE OMENA NICÁCIO¹, ANA CLÁUDIA K. SAMPAIO¹, LUCIANDRA M. TOLEDO², FÁBIO

PRUDÊNCIO DE CAMPOS²

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA – Bovinos de Leite), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Este trabalhou objetivou analisar o bem-estar de vacas durante o diagnóstico de gestação. Foram utilizadas 82 vacas, observadas no Maracanã (Mar.) e na Palmeira (Pal.). Nas observações antes da contenção, ruminação e vocalização (7,1, 0% (Mar.) e 2,9 e 2,9%,(Pal.) pode-se perceber um bem-estar pobre; na contenção (Mar.) a entrada no tronco (42,9% rápida) e a agitação (35,7% intensa) demonstram a importância do reconhecimento do local de atividade; olhos e orelhas tensos (Mar. e Pal.) refletem o desconforto gerado pelo diagnóstico e as reações na saída do tronco, vocalização e tentativa de fuga sofrem influência do comportamento do tratador. Palavras-chave: comportamento, contenção, vocalização ABASTRACT: This study aimed to examine the welfare of cows during the pregnancy diagnosis. Were used 82 cows, observed in the Maracanã (Mar.) and Palmeiras (Pal.). In comments before the restraint, rumination and vocalization (7.1, 0% (Mar.) and 2.9 and 2.9% (Pal.) can perceive a welfare poor, the containment (Mar.) to entry into the trunk (42.9% fast) and agitation (35.7% severe) demonstrate the importance of recognizing the place of activity; eyes and ears strained (Mar. and Pal.) reflect the unease generated by the reactions in the diagnosis and outgoing trunk, vocalization, and attempted escape are influenced by the behavior of the attendant. Key words: behavior, restraint, vocalization

1. INTRODUÇÃO

O diagnóstico de gestação é uma das atividades mais importantes de uma propriedade leiteira, devendo ser realizada de forma precisa e segura, através de palpação e ultrassonografia. É necessário

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que os animais sejam contidos para permitirem essa atividade. A contenção dos animais para o diagnóstico é igual a feita para o manejo sanitário, em troncos de madeira.

O comportamento dos animais quando submetido a alguma atividade nas fazendas, é um indicador do seu grau de bem-estar; que segundo LEWIS e HURNICK (1998) pode ser melhorado com o prévio reconhecimento do local que será feito a prática zootécnica. Assim esse trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento de vacas leiteiras, de duas propriedades com manejos distintos, quando contidas em troncos para diagnóstico de gestação.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido No Centro APTA de Bovinos de leite em dois currais Palmeiras (Pal.) e Maracanã (Mar.) no Instituto de Zootecnia, Nova Odessa- SP, utilizando-se 82 vacas.

Realizou-se a contenção física em troncos de madeira com cangas para ajuste do animal. Nas duas propriedades um brete conduzia o animal ao tronco, sendo que na Pal. o brete era parcialmente coberto e de barras de ferro e no Mar. era totalmente coberto e de madeira. O diagnóstico de gestação foi feito via palpação retal e para confirmar prenhez utilizou-se o aparelho de ultrassonografia. Foram feitas observações do comportamento do animal antes e após a contenção. As atividades observadas nos animais foram: entrada e saída do tronco (lenta, rápida, com ajuda e fuga), ruminação, tentativa de fuga, vocalização do animal e do tratador (sim, não), orelhas e olhos (relaxados e tensos) e agitação (pouca, média e intensa) utilizando-se escore de notação para avaliação. As análises foram obtidas analisando-se a frequência dos acontecimentos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os animais utilizados no Mar. e na Pal. apresentaram um alto percentual de não ruminação (Tabela 1) o que poderia ser um comportamento que reflete seu bem-estar pobre, pela forma como foram conduzidos ao brete ou pelo estresse adicional causado pela condução ao tronco. Para ROSA et al. (2003) quando os animais são conduzidos ao brete quase sempre os tratadores se colocam dentro da zona de fuga do animal e se movimentam, essa atividade tem reflexo direto no comportamento dos animais que também se deslocam para se afastar dos tratadores. A vocalização que ocorreu só na Pal. pode ter sido devido ao maior número de animais e maior acúmulo de animais no brete.

Tabela 1. Frequências de atividades realizadas pelos animais antes da contenção

Observação Ruminação Vocalização

Ocorrência Sim Não Sim Não

Maracanã 7,1% 92,9% 0% 100%

Palmeiras 2,9% 97,1% 2,9% 97,1%

Na contenção (Tabela 2) a entrada no tronco (Mar.) ocorreu de forma rápida num maior percentual, podendo ser uma tentativa de fuga do animal do local onde ocorrera o manejo. Esses animais não são habituados a serem conduzidos a este ambiente para realização de práticas zootécnicas, portanto não reconhecem o local, o grau de agitação demonstrado dentro do tronco parece está relacionado com essa falta de conhecimento. Desta forma do reconhecimento do local da prática zootécnica, preconizado por LEWIS e HURNICK (1998), mostrou-se importante devido à diferença de comportamento entre os currais. No entanto na Pal. houve necessidade de ajuda na entrada no tronco e fuga (Tabela 2), devido ao posicionamento do tronco em relação ao sol que projetou sombra dentro do tronco, causando confusão nos animais que possuem dificuldade na visão para distinguir entre uma sombra ou um buraco e sua reação na confusão é a fuga (ROSA et al. 2003).

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Tabela 2 - Ocorrência das observações realizada durante a contenção

Observações Entrada no tronco Saída do tronco Atividades Lenta Rápida C/ ajuda Fuga Lenta Rápida C/ ajuda Maracanã 28,6% 42,9% 28,6% 0,0% 92,90% 7,1% 0,0% Palmeiras 61,8% 4,4% 26,5% 7,4% 82,4% 13,2% 4,4%

Orelhas Olhos Agitação Relaxada Tensa Relaxado Tenso Pouca Média Intensa

Maracanã 7,1% 92,9% 21,4% 78,6% 28,6% 35,7% 35,7% Palmeiras 26,5% 73,5% 47,1% 52,9% 63,2% 22,1% 14,7%

Vocalização do tratador Vocalização do animal Tentativa de fuga Sim Não Grito Sim Não Sim Não

Maracanã 14,3% 85,7% 0,0% 7,1% 92,9% 14,3% 85,7% Palmeiras 22,1% 52,9% 20,7% 10,3% 89,7% 14,7% 85,3%

Orelhas e olhos tensos são reflexo provavelmente do desconforto gerado pela atividade em si

provoca dor pela introdução da mão do tratador e do aparelho de ultrassom. No Mar. as reações de não vocalização, saída lenta do tronco e tentativa de fuga pode ser

reflexo do comportamento de não vocalização do tratador ressaltando que quando houve vocalização não foi com gritos. O comportamento de vocalização do tratador com gritos na Pal. pareceu ter efeito sobre o comportamento dos animais aumentando os percentuais de saída do tronco rápida ou com ajuda, vocalização do animal, tentativa de fuga em comparação aos percentuais observados no Mar. Estudo dos efeitos de interação do retireiro-vaca leiteira comprovou que as interações negativas, por exemplo bater e gritar, resultam em maior reatividade do animal durante a atividade desenvolvida (BREUER et al, 2000).

4. CONCLUSÕES

Devido a dificuldade para avaliar o ambiente quanto à profundidade e sombra, a orientação da instalação para contenção parece ter efeito sobre o comportamento dos animais. A vocalização do tratador, com gritos ou não parece causar estresse no animal e redução do seu grau de bem-estar.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BREUER, K. et al. Behavioural response to humans and the productivity of commercial dairy cows. Applied Animal Behaviour Science, v. 66, p. 273-288, 2000. LEWIS, N. L.; HURNIK, J. F. The effect of some common management practices on the ease of handling of dairy cows. Applied Animal Behaviour Science, v.58, p. 213-220, 1998. ROSA, M. S.; CHIQUITELLI NETO, M.; PARANHOS DA COSTA, M.J.R. A visão dos bovinos e o manejo. Encontrado em: www.milkpoint.com.br/SistemasdeProdução , 2003.

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PRODUÇÃO DE ANTICORPOS MONOCLONAIS PARA DETECÇÃO DE ALERGÊNICOS NO OVO: OVOMUCOIDE E OVALBUMINA

MONOCLONAL ANTIBODIES TO DETECT EGG ALLERGENIC: OVOMUCOID AND

OVALBUMIN

FLÁVIO ROCHA1, KEILA M. R.DUARTE2, AIDES J. RIBEIRO2, BRUNA GUEDES3, SOLANGE C.G.BRAZACA3

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Departamento de Agroindústria, Nutrição e Alimentos, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Av. Pádua Dias, 11, Caixa postal 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil.

RESUMO: O ovo hoje é considerado um dos alimentos mais completos, contudo apresenta várias proteínas alergênicas que impossibilitam seu consumo por uma fração da população sensível. A eliminação destes alergênicos pode ser feita de diferentes formas mas sua identificação ou no caso, a validação do produto isento destes compostos é de difícil realização. Assim, anticorpos monoclonais foram produzidos para identificação de ovoalbumina e ovomucoide, os principais alergênicos do ovo. 145 clones foram selecionados e apresentam identificação destes compostos, porém os clones denominados Ova295, Ova393 e Ova736 estão mais adequados para ovalbumina e o Ovo578C para ovomucóide, por não apresentarem reação cruzada. Palavras-chave: alergênico, monoclonal, ovo ABSTRACT: Egg is nowadays the most complete food but it presents some allergenic proteins, which disables it´s consumption by sensitive people. To eliminate those allergenic proteins several technologies can be used, therefore, the identification to assure the food has no egg or its allergenic compounds is hard. For this purpose, monoclonal antibodies were raised to identify ovomucoid and ovalbumin, major egg allergenic proteins. 145 clones were selected but only a few were chosen due to presenting no cross-reactivity: Ova295, Ova393 and Ova736 for ovalbumin and Ovo578C for ovomucoid. Key words: allergenic, monoclonal, egg

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01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

O ovo é considerado pelos nutricionistas como o alimento ideal para todas as pessoas, quaisquer que sejam as idades ou necessidades nutricionais. É o alimento mais completo na natureza, já que possui todas as vitaminas, aminoácidos e minerais que irão constituir um ser vivo. A maior preocupação da indústria alimentícia hoje, com o ovo cru é a presença de patógenos, principalmente Salmonella ssp, porém os processos como calor eliminam tais patógenos. O ovo de galinha é uma das causas mais frequentes de reações alimentares adversas nas crianças, que pode ser prolongado durante a vida do adulto. As principais proteínas alergénicas do ovo são ovalbumina, coalbumina, ovomucoide e lisozima, estando conhecidas até agora 24 componentes antigénicos do ovo da galinha. Embora o calor possa denaturar alguns destes compostos, o ovomucoide e a ovoalbumina são termoestáveis e perfazem cerca de 73 % dos alergênicos dos ovos ( HARDER et al., 2009).

2. MATERIAL E MÉTODOS

Para ovomucoide e ovoalbumina, foram realizadas bioconjugação com BSA usando o método das carbodiimidas.O imunógeno foi purificado e quantificado em espectrofotômetro a 280 nm. A concentração de imunógeno foi diluída de modo a ter 30 ug mL-1 na imunização dos camun-dongos. Quatro fêmeas singênicas de camundongo BALB/c foram imunizadas segundo metodologia descrita em DUARTE et al. (2002) para ovomucóide, ovoalbumina , onde os camundongos receberam imunizações a intervalos de 15 dias com o imunógeno preparado. A cada imunização, uma alíquota de sangue foi coletada do plexo ocular dos animais, para separação do soro e titulação. Após cinco imunizações, um camundongo foi escolhido (mediante “screening” por ELISA) para a fusão., segundo protocolo descrito anteriormente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A figura abaixo mostra a produção de clones na fusão de hibridomas para ovomucóide e ovoalbumina.

Tabela 1. Correlação entre número de clones positivos e eficiência de fusão de hibridomas no esquema

multiplex, com dois antígenos

Antígenos Nº de positivos Eficiência/antigeno (%)

Ovalbumina 141 14,7 Ovomucóide 4 0,4 Eficiência da fusão (%) Total 145 15,1% Poços semeados 960

Apesar do número baixo de clones (Tabela 1) para ovomucóide, os 4 selecionados são específicos e são capazes de diferenciar o alergênico em ovos, mais especificamente na clara.

A possibilidade de identificação de alergênicos em ovos, que neste caso perfazem cerca de 73% das proteínas da clara representa hoje um nicho importante quanto à segurança alimentar, uma vez que a partir de diagnósticos precisos e práticos, é possível, primeiro, avaliar metodologias de eliminação destes alergênicos nos alimentos industrializados que contém ovos em sua constituição bem como indicar nos alimentos a presença de tais alergênicos e garantir àquelas pessoas com problemas de hipersensibilidade a estas proteínas opções seguras de alimentos

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Ovomucóide

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

número de clones crescidos em meio HAT

D.O

. 450

nm

Ovalbumina

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

número de clones crescidos em meio HAT

D.O

. 450

nm

Figura 1. Gráficos mostrando clones selecionados na fusão multiplex dos alergênicos de ovo de galinha: ovomucóide e ovoalbumina

CONCLUSÕES

Os anticorpos monoclonais produzidos são capazes de identificar as proteínas alergênicas ovomucóide e ovoalbumina. O imunoensaio tipo ELISA, baseado em anticorpos monoclonais pode ser utilizado para identificação e quantificação de ovomucóide e ovoalbumina em amostras de ovos (in natura), produtos a base de ovos oude claras de ovos.

5.AGRADECIMENTO

À FAPESP pelo financiamento do projeto e à equipe da ESALQ pela integração na execução do projeto.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUARTE, K.M.R. Protocolos e normas para uso de animais de laboratório para produção de anticorpos e soros, Boletim de Indústria Animal, v.64, n. 2, p. 167-177, 2007. DUARTE, K.M.R. et al. Identificação do vírus do mosaico do tomateiro (ToMV) tobamovirus, por meio de anticorpos monoclonais. Scientia Agricola, v. 59, n. 1, p. 107-112, 2002. HARDER, M.N. et al. Polyclonal antibody to ovomucoid determination in gamma irradiated laying eggs.In: INTERNATIONAL NUCLEAR ATLANTIC CONFERENCE., 1., 2009. Rio de Janeiro. Anais…Rio de Janeiro. p. 1-6.

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DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO DE INFECTIVIDADE PARA RICKETTSIA RICKETTSII EM AMBLYOMMA SPP. NO MUNICÍPIO DE AMERICANA, SP

EPIDEMIOLOGICAL DIAGNOSIS OF RICKETTSIA RICKETTSII INFECTIVITY IN

AMBLYOMMA SPP. TICKS IN AMERICANA, SÃO PAULO STATE, BRAZIL

JOSÉ BRITES NETO1,3, FERNANDA A. NIERI BASTOS2, JARDEL BRASIL3, KEILA MARIA RONCATO DUARTE4, CECÍLIA JOSÉVERÍSSIMO5, MARCELO.B. LABRUNA2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), Universidade de São Paulo (USP), Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87 CEP 05508-270 Cidade Universitária, São Paulo, SP, Brasil. 3Programa de Vigilância e Controle de Carrapatos, Secretaria de Saúde de Americana, Av. Brasil, 85, Centro, CEP 13.465-901, Americana, SP, Brasil. 4Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 5Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada (CPDZD), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: A febre maculosa brasileira é uma antropozoonose de notificação compulsória, com incidência e prevalência associadas ao nível de risco para o parasitismo humano, apresentando características epidemiológicas de elevada endemicidade e alta letalidade, apesar de sua baixa morbidade para a população humana. O diagnóstico laboratorial por reação em cadeia da polimerase (PCR), permite uma detecção rápida e específica de rickéttsias, auxiliando nas ações de vigilância epidemiológica desta enfermidade nas diversas espécies de hospedeiros e vetores envolvidas na transmissão ao homem. No presente estudo, um melhor entendimento sobre a epidemiologia da infectividade de Rickettsia rickettsii em carrapatos Amblyomma spp. foi delineado no município de Americana, São Paulo. Palavras-chave: Amblyomma spp., febre maculosa brasileira, PCR

ABSTRACT: Brazilian Spotted Fever (BSF) is an anthropozoonosis of mandatory reporting, incidence and prevalence associated with the level of risk to human parasitism, with epidemiological characteristics of high endemic and high lethality, despite its low morbidity for the human population. The laboratory diagnosis by polymerase chain reaction (PCR) allows a rapid and specific detection of rickettsia group, assisting in the epidemiological monitoring of this disease in different species of hosts and vectors involved in transmission to humans. In the present study a better understanding on epidemiological diagnosis of rickettsia infection in Amblyomma spp. Ticks, at risk and alert areas for BSF were done in Americana, São Paulo, Brazil.

Key words: Amblyomma spp., brazilian bpotted fever, PCR

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas duas décadas, aumentou significativamente a importância da febre maculosa mrasileira enquanto agravo em Saúde Pública; fato justificado pelo crescente número de casos diagnosticados, somado pelas elevadas taxas de letalidade (35% em São Paulo; 26% em Minas Gerais; 27% no Espírito Santo e 34% no Rio de Janeiro) e agravado pela expansão das áreas de transmissão, que não se restringiram mais às áreas rurais e de mata (MARTINS, 2007).

No período de 2004 a 2009 foram confirmados quatro casos de febre maculosa brasileira no município de Americana, SP; havendo registro de dois óbitos no ano de 2004, conferindo uma taxa de letalidade de 50%, superior ao índice estadual de 35%. Neste contexto, a região de Americana, SP possui uma forte evidência epidemiológica de endemicidade para a doença em questão, inserida na Região Metropolitana de Campinas, SP, que apresenta 56% dos casos de ocorrência da doença no Estado de São Paulo.

Neste trabalho, realizaremos um mapeamento da distribuição de carrapatos das espécies Amblyomma cajennense e Amblyomma dubitatum, no município de Americana, SP, e através de uma melhor avaliação da prevalência de infecção nos mesmos para Rickettsia spp, analisaremos nossos resultados laboratoriais através de dois métodos de triagem (Teste de hemolinfa e Enzyme-Linked Immunosorbent Assay - ELISA) e um método de diagnóstico confirmativo (Polymerase Chain Reaction – PCR); buscando-se assim um diagnóstico epidemiológico de infectividade para Rickettsia rickettsii em Áreas de Alerta e Risco para febre maculosa brasileira (VIEIRA et al., 2004) no município de Americana, Estado de São Paulo, assim como, sobre suas reais interferências com as pesquisas zootécnicas realizadas não Centro APTA de Bovinos de leite do Instituto de Zootecnia.

Além dos riscos de transmissão desta zoonose aos trabalhadores e pesquisadores desta área, sabemos que os seus principais hospedeiros naturais, as capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), são bastante seletivos quanto à alimentação, competindo com o gado nas áreas de pastagem existentes, gerando um convívio frequente e estreito com estes animais de produção e atuando como um importante reservatório silvestre e rural de enfermidades e excelente amplificador de vetores de artrópodes, com desempenho significativo e importante para os mecanismos e fluxos de sustentabilidade relacionados aos ciclos de doenças em Saúde Animal, Saúde Pública e suas inter-relações nas perdas econômicas em animais de produção e em criadouros comerciais das espécies domésticas de aproveitamento zootécnico.

2. MATERIAL E MÉTODOS

De Julho, 2009 a Junho, 2010, 3,550 carrapatos adultos de vida livre foram coletados em armadilhas de CO2 (SOUZA, 2003), em 83 pesquisas de campo; sendo identificados como Amblyomma cajennense (2,357) e Amblyomma dubitatum (1,193). Carrapatos adultos foram submetidos ao teste de hemolinfa (GIMÉNEZ, 1964) e PCR (LABRUNA et al., 2004). Cada carrapato adulto foi dissecado para remoção de glândulas salivares para extração de DNA, usando o protocolo GT e o PCR usando primers CS-62/CS-462, para um fragmento de 401pb do gene citrato sintase de Rickettsia spp. (gltA). Amostras positivas para gltA-PCR também foram testadas por uma segunda PCR, usando primers Rr190.70/Rr190.602 para um fragmento de 532pb do gene da membrana externa da proteína A de Rickettsia (ompA), que é específico para o Grupo da febre maculosa. A visualização dos resultados da PCR foi realizada através de eletroforese em gel de agarose a 1,5%, com coloração em brometo de etídio e leitura em transiluminador ultravioleta.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento, os testes de hemolinfa resultaram em 17.4% (123/705) de carrapatos contendo estruturas indicativas de Rickettsia spp. Por gltA-PCR (Figura 1).

DNA de rickéttsia foi detectado em 1.55% (18/1160) de A. cajennense e 8.27% (86/1040) de A. dubitatum. De 23 amostras, nenhuma foi positiva por ompA-PCR. Outros testes estão em andamento, incluindo ELISA, sequenciamento de DNA e testes em amostras restantes de glândulas salivares dos demais carrapatos coletados.

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Figura 1. PCR com Primer gltA , indicado pela seta o fragmento de 401pb

4. CONCLUSÕES

Embora os testes de hemolinfa mostraram perto de 18% de positividade, no teste conformatório (por ompA) não houve amostra positiva.

5. AGRADECIMENTO

Expressamos aqui nossos sinceros agradecimentos à Dra. Simone Meo Niciura, do CPPSE/EMBRAPA por ser uma incentivadora constante e inspiradora para que este projeto fosse realizado.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUARTE, K.M.R.; PASCHOAL, J.A.R; GOMES, L.H. Imunoensaios e Zootecnia: Aplicações práticas. Boletim de Indústria Animal, v.63, n.2, p. 84-92, 2007. GIMÉNEZ, D.F. Staining Rickettsiae in Yolk-Sac Cultures. Stain. Technol., v.39, p.135-40, 1964. LABRUNA M.B. et al. Rickettsia species infecting Amblyomma cooperi ticks from an area in the State of São Paulo, Brazil, where brazilian spotted fever is endemic. J. Clin. Microbiol.,v. 42,p. 90-98, 2004. MARTINS, E. C. Febre Maculosa – Situação Epidemiológica, In: Seminário de Doenças Transmitidas por Carrapatos, 5., UNICAMP, Campinas, 2007. SOUZA, S. S. A. L. de. Ecologia e técnicas de amostragem de ixodídeos em áreas endêmicas para febre maculosa brasileira na região de Campinas, SP. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. VIEIRA, A. M. L. et al. Manual de Vigilância Acarológica. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde, 62 pp., 2004.

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PREFERÊNCIA DE BEZERROS POR DIFERENTES VELOCIDADES DE VENTO

NA VENTILAÇÃO ARTIFICIAL

CALVES OF PREFERENCE FOR DIFFERENT WIND SPEED VENTILATION

LUCAS EDUARDO PILON1, ANA CLÁUDIA KOKI SAMPAIO1, ALINE FRANCIELLE DA SILVA1, FERNANDA

MUSSI1, ALCIDES MENEGHELLI ARANTES1, LUCIANDRA MACEDO DE TOLEDO2, IRINEU ARCARO JUNIOR2

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Análise de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Bovinos de Leite (CAPTA, Bovinos de Leite), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: O trabalho teve como objetivo avaliar a preferência de 5 animais jovens por ambientes com diferentes velocidades de ventilação. O estudo foi realizado no Centro APTA de Bovinos de Leite do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa durante o mês de novembro de 2009. Foi avaliada a localização dos animais quanto a velocidade de ventilação para o tempo que os bezerros permaneceram na postura em pé ou deitado e nas atividades ruminando e ócio. Os bezerros permaneceram 6,70%, 15,00% e 78,30% nos ambientes sem ventilação, com ventilação de 1,5m/s e 3m/s, respectivamente, quando avaliados no período entre 11:00 e 16:00 horas. Palavras-chave: ambiência, comportamento, ventilador ABSTRACT: The study aimed to evaluate the preference of dairy calves for areas with different fan speed. The study was conducted at the Center APTA for Dairy Cattle, Institute of Animal Science, Nova Odessa, during the month of November 2009. We evaluated the location of the animals as the fan speed for the time that the calves were in the standing posture or lying down and ruminating and idling activities. The calves were 6.70%, 15.00% and 78.30% in environments without ventilation, with ventilation of 1.5 m/s and 3m/s, respectively, when evaluated in the period between 11:00 and 16:00 hours. Key works: ambience, behavior, fan

1. INTRODUÇÃO

A adoção de modernas tecnologias nos sistemas de produção de leite levou ao aparecimento de animais mais produtivos os quais apresentam metabolismo acelerado, com maior produção de calor endógeno, tornando-os mais susceptívies aos efeitos do meio ambiente (TITTO, 1998). Dentre deste contexto, a ventilação desses ambientes pode melhorar as condições termo-higrométricas, ao incrementar as trocas de calor por convecção e evaporação (STOWELL, 2003).

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O trabalho teve como objetivo avaliar a preferência de animais jovens submetidos a duas velocidades de vento diferentes.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Centro APTA de Bovinos de Leite do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa durante o mês de novembro de 2009. Foram utilizados 5 bezerros da raça holandesa preta e branca com idade aproximada de 90 dias. A área onde foi conduzido o experimento, possuía 44 m2, cercado com tela de arame liso com aproximadamente 1,5m de altura, o piso era concretado, contendo comedouros e bebedouros coletivos. No interior da instalação foram disponibilizadas duas camas feitas por tapetes de borracha medindo 3x3 m e em frente de cada uma foi colocado um ventilador tipo tufão, com velocidade de 3m/s e 1,5 m/s, que foram alteradas em cada período de observação. Os bezerros foram mantidos em grupo, identificados com fitas coloridas no pescoço e tinham livre acesso as camas e também a possibilidade de escolher o piso de concreto presente no restante da instalação.

O período experimental contou com sete dias de adaptação dos animais ao ambiente, seguido de 2 períodos de 48 horas para observação comportamental. Após um período de observação (48 horas) foram trocadas a velocidade da ventilação. O método de observação do comportamento utilizado foi animal focal, com coleta instantânea e intervalo amostral de 5 minutos (MARTIN e BATESON, 1993). Foi registrada a postura (em pé, deitado, deslocamento), a atividade (ingerindo alimento, ingerindo água, interação com outros animais, limpeza corporal/coçando, ruminando e ócio) e a localização do animal na instalação (ventilador de 3m/s, 1,5m/s e sem ventilador). Foram calculadas as frequências de permanência nas diferentes velocidades de vento considerando apenas o tempo que o animal permaneceu em pé ou deitado, estando ruminando ou ócio. Foram realizadas análises para o período de 24 horas e um período restrito considerando horários mais quentes do dia (11:00 às 15:55).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os animais permaneceram apenas 8,7% do tempo sem procurar ventilação, no ventilador com a velocidade de 1,5 m/s os animais permaneceram 32,7% do tempo e no ventilador com 3 m/s 58,6%, ou seja, mais da metade do período em que foi realizado o estudo, os animais optaram pela ventilação mais forte, de acordo com o MANUAL DE PADRÕES (2004), a temperatura do ambiente não deve ser tão quente ou tão fria que cause aflição nos animais, o trabalho condiz com o autor, pois os animais permaneceram a maioria do tempo em um determinado local, isso nos mostra que o ambiente estava propicio para os animais, e de acordo com o mesmo autor as instalações devem ser efetivamente ventiladas para permitir o movimento do ar em baixa velocidade e evitar correntes de ar e a entrada de chuva.

Na Tabela 1 podemos observar a preferência dos animais pelos ventiladores, ou até mesmo fora deles de acordo com o horário mais quente do dia, das 11:00 às 15:55, os animais optaram pelo ventilador 3,0 m/s, permanecendo 78,3% do período, enquanto que os horários entre 16:00 – 10:55, permaneceram 54,7% do tempo, isso mostra que eles procuram atender suas necessidades térmicas de acordo com ambiente e com a temperatura do ambiente em que eles estão. Este trabalho esta de acordo com SILVA (1998), onde relatou que a ventilação adequada é de extrema importância numa instalação, pois é responsável pela remoção da umidade, dispersão dos gases e do excesso de calor, ainda segundo o autor, em situações em que a temperatura do ambiente for superior à ótima, é necessário aumentar a taxa de ventilação, a fim de eliminar o calor produzido pelos animais e evitar temperatura excessiva dentro das instalações.

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Tabela 1. Preferência dos animais pelos ventiladores de acordo com os horários do dia

Horários 11:00 ás 15:55 16:00 ás 10:55

Sem Ventilação 6,70% 9,10%

Ventilação de 1,5 m/s 15,00% 36,20%

Ventilação de 3,0 m/s 78,30% 54,70%

Segundo BACCARI JUNIOR (1998), para ter uma redução dos efeitos do stress térmico e, assim, para a melhora da produção e do desempenho reprodutivo, recomenda-se algumas estratégias de manejo ambiental, entre as quais a provisão de sombra e de ventilação, bem como o resfriamento pela água, além de sistemas conjugados.

4. CONCLUSÕES

A preferência pelo ventilador de maior velocidade (3m/s) indica que mesmo os animais jovens utilizam o recurso de ventilação forçada quando a temperatura está elevada, evidenciando a necessidade de oferecer esse recurso para melhorar o conforto animal.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACCARI JUNIOR, F. Adaptação de sistemas de manejo na produção de leite em clima quente. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AMBIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE LEITE, 1998, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1998. p. 24-67. MANUAL DE PADRÕES: 2004, Padrões de cuidados com animais (2006), Padrões do HFAC para Produção de Vacas Leiteiras, 15 de abril de 2010. MARTIN, P.; BATESON, P. Measuring behaviour: na introductory guide. 2. ed. Cambridge-UK: Cambridge University Press, 221p., 1993. TITTO, E.A.L. Clima: Influência na Produção de Leite. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AMBIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE LEITE, 1., 1998, Piracicaba, SP. Anais... Piracicaba: FEALQ, p.10-23, 1998. STOWELL, R. Design parameters for hot-weather ventilation of dairy housing: a critical review. Forth Worth, Tx, 2003. In: International dairy housing, 5., 2003, Forth Worth, Tx. Proceedings… ASAE, 2003. CD. SILVA, I. J. O., Climatização das instalações para bovinos leiteiros. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AMBIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE LEITE, Piracicaba, 1998. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1998. p. 114-145.

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USO DE LEVEDURAS DO GÊNERO SACCHAROMYCES CEREVISIAE COMO PROBIÓTICOS: CARACTERIZAÇÃO DE LINHAGENS SEGUNDO

VIABILIDADE CELULAR

SACCHAROMYCES CEREVISIAE YEAST AS PROBIOTICS: STRAINS CHARACTERIZATION BY CELL VIABILITY

LUIZ H. GOMES1, KEILA M. R. DUARTE2, FLAVIO ROCHA3, THIAGO PEREZ GRANATO2, SULEIZE ROCHA

TERRA2, THIAGO BRENTEGANI PEREIRA COSTA2

1Laboratório de Genética de Leveduras, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Av. Pádua Dias, 11, Caixa postal 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: O ensaio objetivou avaliar linhagens de levedura Saccharomyces cerevisiae, comercializadas para panificação comparadas à linhagem comercializada como probiótico ( YEsac 1026, da Alltech®). O objetivo inicial foi checar a viabilidade celular, fator limitante uma vez que o probiótico deve ser composto de células viáveis. Nossos resultados mostraram baixa viabilidade celular do produto indicado como probiótico, cerca de 7,7 % em comparação com os fermentos de panificação, com viabilidade perto de 35 %, em média.

Palavras-chave: levedura, probiótico, viabilidade ABSTRACT: The assay aimed to evaluate the cell viability of commercial yeast strains for bakery purpose in comparison to a selected strain ( YEsac1026, Alltech®) indicated as probiotic product. The objective of this first study was to check the number of viable cells, once the indicated product as probiotic needs to be live cells. Our results showed a low viability of the probiotic Saccharomyces cerevisiae was 7.7 % and the bakery yeasts around 35 % of viable cells. Key words: yeast, probiotics, viability

1. INTRODUÇÃO

Probióticos são definidos como microrganismos vivos que exibem um efeito benéfico no hospedeiro quando ingeridos. Eles vêm sendo estudados há várias décadas e, devido à grande

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resistência aos antimicrobianos, são propostos como uma alternativa no tratamento ou prevenção de desordens gastrointestinais. Atualmente, utilizam-se com esta finalidade as leveduras Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae. Devido ao grande interesse na utilização de probióticos hoje aliado ao estímulo da Organização Mundial da Saúde na utilização dessa alternativa ao uso dos antibióticos, grandes laboratórios e centros de pesquisas vem investindo nesta linha de pesquisa. Recentemente, um trabalho realizado demonstrou que uma linhagem de S. cerevisiae, isolada da produção de aguardente, foi eficaz na proteção de camundongos contra desafios com patógenos intestinais (MARTINS et al., 2005a). Contudo, nem todos os produtos comercializados possuem todas as características necessárias para uma finalidade bioterapêutica, como número de células viáveis e capacidades de conservação e reativação da levedura, características fundamentais para a atuação de um probiótico no trato gastrointestinal (MARTINS et al., 2005b). Neste trabalho comparamos leveduras Saccharomyces cerevisiae comerciais com a Yea-Sacc®1026 comercializada como probiótico da Alltech®, caracterizada como cultura viva de Saccharomyces cerevisiae , linhagem 1026, com autorização garantida de uso pela União Européia como aditivo para cavalos, sob Comissão de Regulamentação (EC) No. 886/2009.

2. MATERIAL E MÉTODOS

As leveduras utilizadas foram: Yea-Sacc®1026 (probiótico da Alltech®), S. cerevisiae liofilizadas, comercializadas para panificação das marcas: Pamix, Fleischmann, Dr. Oetker e fermento biológico fresco da marca Mauri.

Alíquotas das leveduras foram diluídas em solução salina (0,85% NaCl) esterelizada, e colocadas em corante para viabilidade celular, contendo azul de metileno e deixadas descansar 5 minutos. Uma gota de cada amostra foi colocada em Câmara de Neubauer e as células foram contadas, conforme figura 1. Células azuis: vivas; células brancas ou transparentes- não viáveis. As contagens foram realizadas de acordo com protocolos já estabelecidos e feitos em triplicata, para cada amostra.

Figura 1. Apresentação das células de S. cerevisiae em microscópio ótico, aumento da objetiva 40 X

A levedura comercializada como probiótico foi ainda submetida diluições seriadas e plaqueamento em meio YEPD sólido, As placas de Petri foram incubadas a 280C e a contagem de colônias crescidas foi realizada.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teste de viabilidade celular baseado na coloração em azul de metileno está apresentada na Tabela 1, com a porcentagem de viabilidade de cada S. cerevisiae testadas.

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Tabela 1. Viabilidade cellular em coloração de azul de metileno, das leveduras S. cerevisiae testadas

Levedura células mortas células vivas % viabilidade

Yea Sac 1026 6,0 X10 E8 5,0 X10E7 7,69 Pamix 1,2 X10E9 1,4X10E9 53,84 Fleischmann 4,8X 10E7 2,1X10E7 30,43 Dr. Oetker 3,1X10E7 2,1 X10E7 40,38 Mauri 8,9X10E7 1,2 X10E7 13,19

Uma vez que a levedura comercializada como probiótico apresentou viabilidade muito aquém do desejado, semelhante a resultados já obtidos por MARTINS et al., (2005b). O plaqueamento em meio de cultura específico foi realizado como contraprova, onde apresentou contagem total 9.3X105 UFC, porém, com a presença de duas leveduras morfologicamente bem diferentes entre si.

4. CONCLUSÕES

Conforme já citado na introdução, este não é o primeiro relato de viabilidade baixa em probióticos comercializados, o que deve servir como alerta aos produtores que desejam utilizar de alternativas para suplementação e aumento de desempenho de seus animais. Contudo, a adição de células de S. cerevisiae, vivas ou mortas na alimentação, traz benefícios como aumento de vitaminas do complexo B, excelente fonte de micronutrientes e proteínas, entre outros.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, F.S. et al. Screening of yeast as probiotic based on capacities to colonize the gastrointestinal tract and to protect against enteropathogen challenge in mice. J. Gen. Appl. Microbiol., v. 51, n. 2, p. 83-92, 2005. MARTINS, F.S. et al. Utilização de leveduras como probióticos. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.5, n.2, 2005.

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COMPORTAMENTO E BEM-ESTAR DE SUÍNOS EM DIFERENTES SISTEMAS DE CRIAÇÃO

BEHAVIOUR OF PIGS AND WELFARE AT DIFFERENT SYSTEMS OF CREATION

NATHÁLIA DE PAULA RODRIGUES1, RENATA DE FÁTIMA NOGUEIRA VIEIRA2, SILVIO DE PAULA MELLO1

1Fundação Educacional de Ituverava (FEI), Faculdade Dr. Francisco Maeda (FAFRAM), Rod. Jerônimo Nunes Macedo, Km 1, Ituverava, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil.

RESUMO: Foram avaliados diferentes sistemas de criação para matrizes suínas, caracterizando o sistema de criação e as condições de bem-estar. Foram selecionadas 10 matrizes na fase de gestação alojadas em baias individuais (BI), baias coletivas com cama sobreposta (BC) e sistema intensivo de suínos criados ao ar livre (SISCAL). Avaliaram-se variáveis comportamentais e fisiológicas (temperatura retal, frequência respiratória e cardíaca). As variáveis fisiológicas e ambientais estiveram próximas à zona de conforto recomendadas para matrizes. No sistema de criação BI e BC os animais apresentaram comportamento estereotípico maior, indicando estresse sendo inverso no SISCAL. Palavras-chave: cama sobreposta, estereotipias, siscal

ABSTRACT: We evaluated different husbandry systems for sows, characterizing the farming system, and the conditions of welfare. We selected 10 sows during gestation housed in individual pens (BI), collective pens with litter (BC) and intensive system of pigs reared outdoors (SISCAL). We evaluated behavioral and physiological (rectal temperature, respiratory rate and heart rate). The physiological and environmental variables were similar to the comfort zone recommended for arrays. System in the BI and BC animals showed stereotypic behavior increased, indicating stress and reverse the SISCAL.

Key words: deep bedding, siscal, stereotypies

1. INTRODUÇÃO

Fatores ambientais internos e externos, principalmente o ambiente térmico onde os animais são criados, aliados ao microclima exercem efeitos diretos e indiretos em todas as fases de produção, reduzindo então a produtividade com consequentes prejuízos econômicos a exploração suinícola (SILVA, 1999).

O desempenho produtivo e reprodutivo das porcas, as instalações suinícolas devem promover um ambiente adequado para o conforto térmico, visando principalmente o controle dos fatores climáticos e temperaturas ambientes (VIEIRA, 2009).

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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A ausência de bem-estar leva frequentemente à produção de uma carne de menor qualidade, e que resulta em perda de produção ou de um produto inferior (FRASER, BROOM, 1990). Contudo isso, o objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento de matrizes suínas em gestação, criadas em diferentes sistemas de alojamento.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado, no período entre 30/10/2007 à 03/04/2008, com duração média de 160 dias, no setor de Suinocultura da Faculdade “Dr. Francisco Maeda” – FAFRAM, localizada no município de Ituverava-SP. Foram utilizadas 10 fêmeas da raça Landrace em fase de gestação, identificadas individualmente com o uso de brincos. Avaliaram-se três sistemas de criação, sendo o Sistema de confinamento em baias individuais (BI); Sistema de confinamento em baias coletivas com cama sobreposta (BC) e Sistema intensivo de suínos criados ao ar livre (SISCAL). Foram avaliados os índices comportamentais, fisiológicas e ambientais, os quais foram coletados em todo o período experimental, sendo que as avaliações ocorreram em três horários às 7:00, às 12:00 e às 15:00 horas. Variáveis fisiológicas e comportamentais: A temperatura retal (ºC) (TR) e a frequência respiratória (mov.min-1) (FR) das matrizes foram registradas semanalmente, às 7, 12 e 15 horas totalizando 157 dias de observação. A frequência respiratória foi por observação visual direta e quantificação dos movimentos por minuto por meio de um cronômetro digital e as frequências cardíacas (FC) foram avaliadas por meio de um estetoscópio. Para a avaliação comportamental foram consideradas as posições adotadas pelas fêmeas: DL (deitada lateral), DV (deitada ventral), S (sentada) ou P (em pé) e o tipo de estereotipia que elas apresentaram no momento da avaliação: AE (ausência de estereotipia), MN (mastigação do nada), LP (lambedura do piso), LC (lambedura do cocho); MB (mordedura da barra); EF (esfregação do focinho) ou F (fuçando). Análise estatística: O delineamento foi inteiramente casualizado com três tratamentos (T1= baia individual, T2= baia coletiva com cama sobreposta e T3= SISCAL) e três repetições, utilizando-se o teste de Tukey (5%) para comparação das médias.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Variáveis comportamentais

No SISCAL a Ausência de Estereotipia foi maior que nos demais tratamentos (82,89%). Os comportamentos estereotípicos foram mais intensos no sistema de alojamento em baias individuais, 34,75% do tempo total de observação, superior aos tratamentos de cama sobreposta e SISCAL, provavelmente devido à restrição de espaço nas baias individuais.

Os animais nos sistemas de alojamento em baias individuais e coletivas com cama sobreposta assumiram a posição deitados lateralmente em tempo superior aos do SISCAL. A permanência dos animais em pé foi maior no tratamento SISCAL.

Variáveis fisiológicas Tabela 1. Médias das variáveis fisiológicas no período experimental

7:00 12:00 15:00 Tratamento FR FC TR FR FC TR FR FC TR T1 40,43ab 76,72a 37,82a 36,42a 71,28a 37,81a 49,03a 79,73a 38,08a T2 36,73b 73,67a 37,89a 40,18a 73,39a 37,93a 44,80a 78,16a 38,01a T3 44,85a 79,00a 37,53a 40,25a 73,13a 37,73a 45,08a 72,33b 37,90a C.V % 37,73 27,23 1,50 40,43 23,78 1,99 38,17 22,62 1,62

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05).

De acordo com a Tabela 1 a observação realizada às 7:00 horas, verificou-se que quanto à FC e

TR não ocorreram diferenças significativas. Já a FR dos animais submetidos ao tratamento SISCAL apresentaram médias de 44,85 mov.min.-1 , acima das médias dos tratamentos em BI e BC, revelando dados acima da condição de conforto. Na observação realizada às 12:00 horas não ocorreram

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diferenças significativas quanto à FR, FC e TR; às 15:00, não ocorreram diferenças significativas quanto à FR e TR, mas entretanto a FC foi inferior para os animais do SISCAL.

4. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados concluiu-se que as variáveis fisiológicas e as ambientais estiveram próximas às zonas de conforto recomendadas para matrizes em gestação.

No sistema de criação em baias individuais os animais apresentaram comportamento estereotípico maior.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRASER, A. F.; BROOM, D. M. Farm animal behaviour and welfare. 3rd ed. London: Baillière Tindall, 1990. 437 p. SILVA, I. J. O. Sistemas naturais e artificiais do controle do ambiente – climatização. In: SILVA, I. J. O. (Ed.) Ambiência e qualidade na produção industrial de suínos. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1999. p.81-101. VIEIRA, R. F. N. Avaliação da vocalização de matrizes suínas em diferentes sistemas de criação. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). Faculdade de Agronomia “Dr. Francisco Maeda”. Fundação Educacional de Ituverava. Ituverava, mar. 2009.

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VOCALIZAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE MATRIZES SUÍNAS EM DIFERENTES SISTEMAS DE CRIAÇÃO

BEHAVIOR OF VOCALIZATION SOWS DIFFERENT REARING SYSTEMS

RENATA DE FÁTIMA N. VIEIRA1, SILVIO DE PAULA MELLO2, KÉSIA O. DA SILVA3

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Fundação Educacional de Ituverava (FEI), Faculdade Dr. Francisco Maeda (FAFRAM), Rod. Jerônimo Nunes Macedo, Km 1, Ituverava, SP, Brasil. 3Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Av. Pádua Dias 11, Caixa postal 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil.

RESUMO: O experimento foi conduzido na Suinocultura da Faculdade Dr. Francisco Maeda, localizada na cidade de Ituverava-SP. Foram selecionadas quatro matrizes com as mesmas características fisiológicas. Duas matrizes foram dispostas em baias individuais com gaiola (BCG) (T1) e duas colocadas em baias sem gaiola (BSG) (T2) com cama sobreposta. As análises das vocalizações foram feitas através do software. Os índices ambientais, fisiológicos e hormonais, independente do sistema de alojamento, apresentaram-se próximos ou além da zona de conforto para matrizes em lactação. Na análise visual da vocalização as matrizes apresentaram menores intensidades sonoras no T2.

Palavras-chave: conforto, matrizes, suínos, vocalização ABSTRACT: The experiment was conducted at the Faculty Dr. Francisco Maeda, located in the city of SP-Ituverava. We selected four arrays with the same physiological characteristics. Two arrays were placed in individual pens with cage (BCG) (T1) and two placed in stalls without cage (BSG) (T2) with litter. The design was completely randomized (CRD). Analyses of vocalizations were made using the software. The environmental indices, physiological and hormonal, independent of housing system, showed up near or beyond the comfort zone for lactating mothers. The visual analysis of the vocalization mothers had lower sound intensities on T2. Keywords: comfort, wombs, swines, vocalization

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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1. INTRODUÇÃO

Na avaliação do bem-estar a vocalização é uma poderosa ferramenta, pois ela fornece dicas a respeito do bem-estar de uma forma não invasiva, a vocalização na fase pré-desmame desempenha um papel importante onde a comunicação entre a porca e os leitões é crucial no atendimento das necessidades dos leitões. Os resultados encontrados mostraram evidências de padrões comportamentais relacionados com vocalização (CAMPOS et al., 2007).

A análise da vocalização frente ao comportamento dos suínos pode auxiliar no entendimento da profundidade da dor, estresse e desconforto aos quais os animais possam estar submetidos (PUPPE et al., 2005), sendo assim o objetivo do trabalho foi avaliar a vocalização e o bem estar de matrizes suínas em gestação em diferentes sistemas de criação.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Suinocultura da Faculdade Dr. Francisco Maeda, localizada no município de Ituverava-SP. Foram selecionadas quatro matrizes com as mesmas características fisiológicas (número de partos, idade e raça), dispostas em baias individuais com gaiola (BCG) e em baias sem gaiola, com cama sobreposta (maravalha) (BSG).

O som foi coletado por intermédio de um gravador digital posicionado a uma distância de aproximadamente 20 cm da boca do animal, durante 14 dias (desmame), diariamente em horários pré-estabelecidos. Posteriormente, os sons foram transmitidos para um software específico a fim de analisar o comportamento “Liberando o Leite” nas diferentes instalações.

Para confirmar o nível de conforto e estresse das matrizes nas duas instalações, foram avaliados índices fisiológicos, temperatura retal (TR) e frequência respiratória (FR). A TR foi aferida por meio de um termômetro digital e a FR (mov/min) foi obtida por intermédio da observação e contagem dos movimentos do flanco durante 15 segundos.

Análise estatística: As variáveis fisiológicas foram analisadas sendo utilizado o teste de Tukey para a comparação entre as médias, utilizando o programa estatístico Statistical Analysis System (SAS 1992).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta as médias das variáveis fisiológicas dos animais. Verifica-se uma diferença significativa (P<0,01) nas variáveis fisiológicas nos dois sistemas de

alojamento. Com relação à temperatura retal, notam-se diferenças significativas entre os sistemas de alojamento, apresentando valores de 37,65oC (BCG) e 38,30 oC (BSG). Tabela 1. Variáveis fisiológicas para o sistema de alojamento em baias individuais com gaiola (BCG) e

sem gaiola (BSG)

Sistema de alojamento TR (oC) FR (mov.min.-1)

BCG 37,65 b 26,48 b

BSG 38,30 a 35,73 a

Medias com letras diferentes, na mesma coluna, diferem (P< 0,01) pelo teste de Tukey. TR=Temperatura Retal; FR=Frequência Respiratória.

A frequência respiratória apresentou diferença estatística entre os tratamentos BCG e BSG, com valores da ordem de 26,48 mov.min.-1 e 35,73 mov.min.-1 respectivamente, mostrando-se acima da condição de conforto para animais dessa categoria.

Na avaliação das vocalizações das matrizes, levou-se em consideração a intensidade sonora que os animais emitiram em diferentes sistemas de alojamento, correlacionando com os valores encontrados nos índices fisiológicos (Figuras 1 e 2).

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Figura 1. Vocalização na BCG Figura 2. Vocalização na BSG

A Figura 1 evidencia que a intensidade sonora é maior, comparada com a Figura 2, mostrando maior nível de estresse. Nas Figuras 1 e 2 pode-se observar que a intensidade sonora foi maior no sistema de alojamento em baias com gaiola evidenciando assim um desconforto para o animal. Sendo comprovado pelas variáveis fisiológicas.

4. CONCLUSÕES

Independente do sistema de alojamento, os valores dos índices fisiológicos apresentaram-se próximos da zona de conforto para matrizes em lactação. Na análise visual da vocalização pode-se concluir que as matrizes apresentaram menores intensidades sonoras nas baias sem gaiola, evidenciando um melhor conforto.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, L.S.L.; NÄÄS, I.A. Reconhecimento de padrões comportamentais em suínos na fase pré-desmame através da vocalização. 2007. Faculdade de Engenharia Agrícola. Universidade de Campinas. PUPPE, B. et al. Castration-induced vocalization in domestic piglets, Sus scrofa: Complex and specific alterations of the vocal quality. Applied Animal Behavior Science, 95, 67-78. 2005. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM- SAS. Statistical Analysis System: realease 6.08 (software). Cary: SAS Institute, 1992. 620p.

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EXTRAÇÃO DE DNA GENÔMICO DE Brachiaria Brizantha

EXTRACTION OF GENOMIC DNA FROM Brachiaria brizantha

THIAGO BRENTEGANI PEREIRA COSTA2, FLÁVIO ROCHA1, THIAGO PEREZ GRANATO2, SULEIZE ROCHA

TERRA2, KEILA M. R.DUARTE2, LUIZ HUMBERTO GOMES3

1Programa de Pós-Graduação em Produção Animal Sustentável, Instituto de Zootecnia (IZ), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Nutrição Animal e Pastagens (CPDNAP), IZ, APTA, SAA, Rua Heitor Penteado, 56, Centro, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP, Brasil. 3Departamento de Genética, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, (ESALQUSP), Av. Pádua Dias, 11, Caixa postal 9, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil.

RESUMO: As pastagens cultivadas de gramíneas são a base da produção de carne e leite no Brasil. As braquiárias alcançaram grande importância econômica no Brasil por viabilizar a atividade pecuária. Programas de melhoramento genético podem ajudar na obtenção de melhores características em cultivares de braquiária. Antes disso, é necessário estabelecer um eficiente protocolo de extração de DNA genômico vegetal, devido principalmente a interferência de agentes oxidantes. Portanto, foi testado modificações no protocolo que revelaram a eficiência de se utilizar raiz, ao invés de tecido foliar, e o uso de 2-mercaptoetanol 5%, no processo de extração. Palavras-chave: Braquiária, DNA, extração

ABSTRACT: Cultivated pasture grasses are the basis of production of meat and milk in Brazil. Brachiaria species achieved great economic importance in Brazil by enabling the livestock industry. Breeding programs can help in obtaining better characteristics in cultivars of Brachiaria. Before that, it is necessary to establish an efficient protocol for genomic DNA extraction plant, mainly due to interference from oxidizing agents. Therefore, amendments to the protocol was tested revealed that the efficiency of using root instead of leaf tissue, and the use of 2-mercaptoethanol 5%, in the extraction process. Key words: Brachiaria, DNA, extraction

1. INTRODUÇÃO

As pastagens cultivadas de gramíneas são a base da produção de carne e leite no Brasil, mas o número reduzido de cultivares disponíveis faz dessa baixa diversidade o maior fator de risco para o sistema de produção. As braquiárias alcançaram grande importância econômica no Brasil nos últimos

I Encontro Científico de Produção Animal Sustentável

01 de setembro de 2010 Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP

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trinta anos por viabilizar a atividade pecuária nos solos fracos e ácidos dos cerrados. Programas de melhoramento genético podem ajudar na obtenção de melhores características agronômicas em cultivares de braquiária. O produto utilizado nas análises genéticas é o DNA (ácido desoxirribonucléico), portanto, o processo de extração de DNA genômico, em quantidade e qualidade adequada, vem a ser a etapa básica para tais estudos (BONATO et al., 2002).

Diferentes métodos de extração de DNA a partir do tecido foliar, como o baseado no detergente brometo de cetiltrimetilamônio (CTAB) tem sido utilizado. Entretanto, dependendo da espécie em estudo e das condições laboratoriais, são necessárias algumas modificações e adaptações nos protocolos para uma eficiente extração. Determinadas espécies de planta, apresentam alto nível de polifenóis, estes oxidam o DNA irreversivelmente. Para evitar o efeito oxidativo dos polifenóis, deve ser adicionado ao tampão de extração agentes antioxidantes, como PVP(polivinilpirrolidona), BSA (albumina de soro bovino) ou 2-mercaptoetanol (ROMANO, BRASILEIRO, 2002).

2. MATERIAL E MÉTODOS

Para extração de DNA genômico de Brachiaria Brizantha foi utilizado o protocolo descrito por BONATO et al. (2002), no entanto, sem tratamento com RNAse, devido disponibilidade. A partir deste, foram realizadas algumas modificações, como:

- Aumento na concentração de 2-mercaptoetanol para 1%, 3%, 5%, 7% e 9%; - Substituição de 2-mercaptoetanol por BSA 1%; - Uso conjunto de 2-mercaptoetanol 5% e BSA 1%; - Uso de raiz, de planta adulta, ao invés de tecido foliar.

Para testar a integridade do DNA genômico obtido, realizou-se a separação de banda de DNA genômico total, através de eletroforese usando gel de agarose 1%.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através do protocolo descrito por BONATO et al., (2002), foi possível obter DNA em quantidade adequada, como mencionado pelo autor, no entanto, com um denso rastro e banda de DNA de pouca nitidez, indicando baixa integridade. No protocolo modificado pela adição de 2-mercaptoetanol em diferentes concentrações, obteve-se uma significativa redução do rastro e maior nitidez da banda de DNA a partir da concentração de 2-mercaptoetanol 1%, melhorando levemente com o aumento de sua concentração (Figura 1).

Figura 1. Banda de DNA genômico total (seta), de Brachiaria brizantha, em eletroforese com agarose 1%, (a) usando protocolo BONATO et al., (2002), com adição de 2-mercaptoetanol na concentração de (b) 1%, (c) 3%, (d) 5%, (e) 7%, (f) 9%

O uso de 2-mercaptoetanol na concentração de no máximo 5%, no tampão de extração, foi preferido devido apresentar bons resultados e por que concentrações mais elevadas aumentam o risco de intoxicação do operador. O uso de BSA 1% apresentou resultado similar ao de 2-mercaptoetanol 5%, no entanto, BSA é um produto de elevado custo devendo ser utilizado de acordo com a disponibilidade do laboratório. O uso conjunto de BSA 1% e 2-mercaptoetanol 5%, não é indicado, já

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que observou-se precipitação do BSA, anulando seu efeito. A utilização de raiz, com 2-mercaptoetanol 5%, apresentou a menor quantidade de rastro e uma banda de DNA de elevada nitidez, possivelmente devido a menor quantidade de polifenóis presente nesse tecido.

Figuea 2. Banda de DNA genômico total (seta), de Brachiaria brizantha, em eletroforese com agarose 1%, protocolo modificado com adição de (a) 2-mercaptoetanol 5%, (b) BSA 1%, (c) BSA 1% e 2-mercaptoetanol 5%, (d) substituição do tecido foliar por raiz e adição de 2-mercaptoetanol 5%

4. CONCLUSÕES

Todas as modificações no processo de extração mostraram uma melhora na qualidade do DNA extraído. A substituição do tecido foliar por raiz apresentou o melhor resultado, no entanto, deve-se considerar que a preparação desse tecido exige um maior tempo e dedicação do operador. O uso de 2-mercaptoetanol 5% mostrou-se adequado, desde que manipulado dentro de capela.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONATO, A. L. V.; VALLE, C. B.; JANK, L., RESENDE, R. M. S., LEGUIZAMON. Extração de DNA Genômico de Brachiaria e Panicum maximum. Comunicado Técnico 79. Campo Grande: Embrapa, 4p., 2002. ROMANO, E., BRASILEIRO, A. C. M., Extração de DNA de Plantas. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento. p.40-43, 2002.

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QUALIDADE DO LEITE DE VACAS COLETADO EM ORDENHA MECÂNICA E MANUAL EM PROPRIEDADES NA REGIÃO DE ARAMINA-SP

MILK QUALITY OF MECHANIC AND MANUAL MILK IN TWO FARMERS IN THE

REGION OF ARAMINA-SP

VÂNIA MOYZÉS CHEIBUB VIEIRA1, GUIDO CARDOSO JUNIOR2, EDMILSON RODRIGO DANEZE1, SILVIO DE

PAULA MELLO1

1Faculdade Dr. Francisco Maeda (FAFRAM), Rod. Jerônimo Nunes Macedo, km 01, CEP 14500-000, Ituverava, SP, Brasil. E-mail: [email protected]. 2Engenheiro Agrônomo autônomo.

RESUMO: Conduziu-se um ensaio, no período de janeiro a julho de 2006, com o objetivo de avaliar a qualidade do leite ordenhado mecânica e manualmente em duas propriedades da região de Aramina-SP, sendo realizados testes de acidez, densidade e crioscopia. Concluiu-se que o leite proveniente de ordenha mecânica apresentou resultados melhores que ordenha manual, com médias de 16,40°D (Dornic) para acidez, densidade de 1030,02 g/litro e crioscopia de –0,538°C. Palavras-chave: bovinos, leite, qualidade

ABSTRACT: We conducted a test, from January to July 2006, with the aim of evaluating the quality of milk milked mechanically and manually in two farmers in the region of Aramina-SP. For this, acidity, density and freezing point tests were performed. At the end of the experiment we can conclude that milk milked showed better results compared with hand manual milked, with averages of 16.40 ° D (Dornic) for acidity, density of 1030.02 g/liter and freezing point of –0.538°C. Keywords: cattle, milk, quality

1. INTRODUÇÃO

O leite, obtido em circunstâncias naturais, é uma emulsão de cor branca, ligeiramente amarelada, de odor suave e gosto adocicado. É um alimento completo, rico em proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas, naturais e pequena quantidade de outros produtos, entre eles: lecitina, ureia, aminoácidos, ácido cítrico, ácido acético, álcool, lactocromo e enzimas. É secretado pela glândula mamária livre de bactérias. Entretanto, pode ser contaminado após a ordenha por micro-organismos presentes no corpo do animal, nas mãos do ordenhador, em vasilhames usados para acondicionamento pós-ordenha ou, ainda, pelo contato direto com o solo ou fezes, ou indiretamente através de aerossóis (BEHMER, 1995). Outra causa de contaminação do leite são infecções das

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glândulas mamárias, ou mastite, sendo a higiene fator determinante para produção de um leite de boa qualidade (HOLMES, WILSON, 1989).

O tipo de ordenha, seja manual ou mecânica, pode influenciar na qualidade do leite. No conceito atual de globalização de mercados, descuidar da qualidade e da inocuidade dos produtos lácteos é arriscar a perda dos mercados internos e externos, limitando o crescimento e desenvolvimento do setor. Assim, os alimentos de origem animal estão entre as maiores preocupações dos consumidores (FAO, 2004), e suas exigências se traduzem em ações coordenadas e integradas de controle de qualidade dos alimentos e certificação dos mesmos, através de processos de produção, coleta, transporte, transformação, processamento, armazenamento e comercialização.

Para determinar a qualidade do leite que é entregue nos laticínios são feitos vários testes, tais como: densidade, crioscopia (teor de água) e acidez. Dentro deste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade do leite entre dois rebanhos, sendo um proveniente de ordenha mecânica e outro de ordenha manual.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas, semanalmente, amostras do leite de duas propriedades leiteiras e, posteriormente, levadas para o laboratório de um laticínio do município de Aramina-SP, onde foram feitas as análises de acidez (°D - Dornic), densidade e crioscopia (teor de água). As amostras foram coletadas num período de 7 meses, compreendendo janeiro a julho de 2006, num total de 40. Nas determinações foram empregados reagentes com pureza analítica e nas concentrações exigidas para cada análise.

Propriedade A: o leite proveniente de um rebanho constituído por 14 animais da raça Girolanda, com média de produção de 19,28 kg de leite por animal. Os animais eram ordenhados mecanicamente duas vezes ao dia, sem bezerro ao pé. O leite era recolhido em latões e encaminhado diretamente à usina de beneficiamento. Eram feitas vacinação contra Febre Aftosa, Brucelose e Tuberculose, além do teste da caneca de fundo preto para diagnóstico de mastite associados ao pré-diping e pós-diping preventivos. Os animais eram tratados a pasto de Brachiaria decumbens, além de ser fornecida silagem de milho, ração concentrada com 22% de proteína bruta e sal mineral à vontade.

Propriedade B: rebanho constituído por 35 vacas da mesma raça, com média de produção de 4,28 kg de leite por animal. Os animais eram ordenhados manualmente uma vez ao dia, com bezerro ao pé. O leite era recolhido em latões e encaminhado diretamente a usina de beneficiamento. Eram feitas as vacinações contra Febre Aftosa, Brucelose e Tuberculose, não sendo feitos testes para diagnóstico nem prevenção de mastite. Os animais eram tratados a pasto, com piquetes de braquiaria (Brachiaria decumbens), capim-mombaça (Panicum maximum), tifton e grama estrela africana (Cynodon spp), além de ser fornecida ração concentrada composta de uréia, farelo de soja e milho triturado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se, de acordo com a Tabela 1, que as médias para acidez, densidade e crioscopia, obtidas em cada tipo de ordenha, apresentam valores estatisticamente diferentes.

Tabela 1. Valores referentes à acidez, densidade e crioscopia encontrados nos lotes de leite avaliados

Características Tipos de ordenha

Acidez (°D) Densidade (g/litro) Crioscopia (°C)

Mecânica 16,40b 1030,02ª -0,538ª

Manual 17,07ª 1028,32b -0,531b

Média Final 16,74 1029,17 -0,534

C.V. (%) 3,74 4,55 0,78

Médias seguidas de letras distintas, na coluna, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% (P<0,005).

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Para a característica acidez, as médias encontradas foram de 16,40ºD para ordenha mecânica e 17,07ºD para ordenha manual. ARCURI et al (2006) citam que, dependendo da composição, a acidez do leite varia de 0,13% a 0,17% de ácido lático (13ºD a 17ºD).

Quanto à densidade, a média mais baixa verificada na ordenha manual pode estar associada às condições de alimentação do rebanho, a idade e genética do rebanho, ou onde os nutrientes exigidos pelo animal para produção de leite podem estar insuficientes para manterem uma boa consistência do mesmo.

Para a crioscopia, pode-se inferir que o maior resultado obtido pela ordenha mecânica, em relação à manual, atribuí-se alimentação de melhor qualidade oferecida aos animais, idade e genética do rebanho, assim como fatores relacionados ao animal, ao leite, ao ambiente, ao processamento e as técnicas crioscópicas, ocasionando dificuldades para o estabelecimento de padrões (PEREIRA, 2000).

4. CONCLUSÕES

Na ordenha do leite de vacas, a ordenha mecânica apresentou melhores resultados para a análise de acidez, densidade e crioscopia que a manual. Melhores médias foram verificadas na ordenha manual, podem ser devidas às condições de manejo do rebanho.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCURI, E.F.; BRITO, J.R.F.; BRITO, M.A.V.P. Balde Branco. N.489. 27 jan 2006. BEHMER, M.L.A. Tecnologia do leite: leite, queijo, manteiga, caseína, iogurte, sorvetes e instalações: produção, industrialização, análise. 15 ed. São Paulo: Nobel, 1995. p.15-16, 19. FAO: Seguridad alimentaria como estratégia de desarollo rural. In: MONARDES, H. Reflexões sobre a qualidade do leite. In: DÜRR, J.W.; CARVALHO, M.P.; SANTOS, M.V. (org.). O compromisso com a qualidade do leite no Brasil. Passo Fundo: UPF, 2004. p.17. HOLMES, C.W.; WILSON, G.F. Produção de leite à pasto. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1989. p.472-475. PEREIRA, D.B.C. Físico-química do leite e derivados: métodos analíticos. 2.ed. Juiz de Fora: Oficina, 2000. 190p.

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Digestibilidade da silagem de Carthamus tinctorium L. em ovinos 1

Digestibility of safflower (Carthamus tinctorium L) silage in sheep Alcides Meneghelli Arantes2, Rosana Aparecida Possenti3, Patrícia Brás2, João Batista de Andrade3, Evaldo Ferrari Junior3 , Marcelo José Colet4 1 Projeto de Pesquisa do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa-SP 2 Pós-Graduando do curso de Mestrado em Produção Animal Sustentável - Instituto de Zootecnia 3 Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia - email: [email protected] 4 Pós-Graduando do curso de Doutorado Engenharia Agrícola - Universidade Estadual de Campinas.

Abstract

This study aimed to determine the nutritive value of safflower silage subjected to different treatments were performed to test the total tract digestibility (TTDD), consumption and chemical composition of silages. Treatments: T1 = ensiled biomass in nature; T2= safflower wilted; T3 = safflower + 5% citrus pulp. The TTDD% obtained in T1, T2 and T3, respectively, for DM 55.96, 55.54 and 57.94%, CP 57.28, 57.59 and 56.40%, 37.58 NDF, 37 , 71, 36.87%. These results indicate safflower conserved as silage can be used in diets for ruminants to replace forge of high quality. Keywords: crude protein, neutral detergent fiber, oil plants

Resumo O objetivo deste foi determinar o valor nutritivo da silagem de cártamo submetida à diferentes tratamentos, foram realizados ensaio de digestibilidade do trato digestório total (DATT), consumo e composição química das silagens. Tratamentos: T1= biomassa ensilada in natura; T2= cártamo emurchecido; T3= cártamo + 5% polpa cítrica. As % DATT obtidos nos tratamentos T1, T2 e T3, respectivamente, para a MS 55,96; 55,54 e 57,94%; PB 57,28; 57,59 e 56,40%; FDN 37,58; 37,71; 36,87%. Esses resultados indicam que o cártamo conservado como silagem, pode ser utilizado na dieta de ruminantes em substituição a volumosos de qualidade. Palavras–chave: oleaginosas, fibra detergente neutro, proteína bruta

1. Introdução O cártamo (Carthamus tinctorius L.), família Asteraceae, é uma planta oleaginosa, anual, bem

adaptada às condições de semi-aridez, no Brasil ainda não se encontram informações disponíveis para sua utilização na produção de óleo ou como alimento animal, Possenti et al (2010). A diminuição das áreas de pastagem, para o plantio de oleaginosas e cereais e a sazonalidade de produção, diminuem a disponibilidade de volumosos de boa qualidade. A necessidade de produção de alimentos para ruminantes desafia a pesquisa na busca de recursos alimentares alternativos, assim a caracterização do valor nutritivo desses é de suma importância para produtores e nutricionistas, pois permite uma melhor avaliação de suas vantagens e ou limitações de uso na produção animal.

O objetivo do presente estudo foi determinar o valor nutritivo das silagens através da digestibilidade aparente, consumo e composição química das silagens de cártamo submetida a três diferentes processos de ensilagem.

2. Material e Métodos A produção de biomassa de cártamo (Carthamus tinctorius L.) foi obtida no Instituto de

Zootecnia (IZ) de Nova Odessa - SP, a partir do plantio, em sistema de plantio direto.

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Para confecção das silagens a biomassa foi compactada nas barricas por meio de pisoteio. Foram avaliados três tratamentos dispostos em blocos inteiramente casualizados com 4 repetições por tratamento: T1 - biomassa de cátamo in natura (SC); T2 - biomassa emurchecida por exposição ao sol durante 2 horas (SCE); T3 – cártamo + 5% de polpa cítrica (SCPC). .

Para o ensaio de digestibilidade aparente do trato digestório total (DATT) foram utilizados 15 ovinos deslanados adultos, machos mestiços com peso vivo médio de 28,64 ± 4,1 kg ao início do experimento, mantidos em gaiolas de metabolismo providos de cocho e bebedouro individuais e separador de fezes e urina. Os animais foram aleatoriamente designados a uma das três dietas.

A composição química das dietas (Tabela 1) foi determinada segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2009) para avaliação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e FDN e FDA, digestibilidade in vitro (DIVMS), N-FDA/N- total

O experimento teve duração total de 25 dias, de modo que os primeiros 14 dias foram destinados à adaptação dos animais às dietas. Amostras da dieta foram coletadas diariamente durante os últimos 5 dias, formando uma amostra composta.

A análise de variância utilizada para as silagens e ensaio de digestibilidade foi o procedimento GLM do Sistema SAS Institute (2002). O nível de significância adotada para a análise de variância foi de 5%.

3. Resultados e Discussão A composição química da silagem de cártamo, nos diferentes tratamentos testados, encontram-

se dentro dos limites de variações observados na literatura para silagens de milho, Mizubuti et al (2002). Segundo os autores as variações foram de 23,22 a 39,60% de MS; 4,64 a 9,5% de PB; 1,5 a 4,85% de EE; 49,10 a 68,00% de FDN e de 23 a 43,00% de FDA.

Tabela1 - Determinações físico-químicas e digestibilidade in vitro das silagens de Cartamus tinctorium nos diferentes tratamentos Silagens

% da MS Cártamo in natura Cártamo emurchecido Cártamo + 5% PC* %CV**

MS Total 24,98 b1 24,97 b 28,49a 1,56 PB 10,80b 11,15a 10,07c 1,04 EE 3,01a 3,12a 3,25a 4,38

FDN 55,22a 55,40a 52,20 b 1,64 N-FDA/N-total 9,73a 6,70c 8,67b 1,80

DIVMS 55,60ab 53,45b 57,86a 2,95 *PC = polpa cítrica

**%CV= coeficiente de variação 1médias seguidas por letras iguais nas linhas, não diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade

O emurchecimento favoreceu o maior teor de PB na silagem. Landau et al (2004) obtiveram

para a silagem de cártamo valores maiores de PB (15%), menores teores de FDN (46,10%) e FDA (33,8%) .

Os valores da DIVMS obtidos neste estudo foram semelhantes (média=55,63 %) aos obtidos in vivo (média=56,48%). O processo de emurchecimento diminui a DIVMS (53,45%) da silagem (P<0,05), mas in vivo não houve efeito de tratamento (P>0,05), entretanto, os valores obtidos in vitro e in vivo podem ser considerados como bons indicativos do valor nutritivo.

A digestibildiade aparente (DATT) não mostrou diferença para os nutrientes estudados (P>0,05), os valores (Tabela 2) estão dentro dos limites observados na literatura para silagem de milho As variações observadas ficam entre 51,24 a 70,00 % para a DATT da MS; 59,92% para a PB; 38,6 a 62,4% do FDN; e 43,10 a 64,45 do FDA, segundo Ribas et al (2007). Oliveira et al (2009) revisando os teores de NDT de silagem de milho na literatura brasileira, verificaram valores mínimos de 55,47% e máximo de 63,87%. O consumo diário de matéria seca e como % do peso vivo das silagens não mostraram diferenças entre tratamentos (P>0,05).

Tabela 2- Digestibilidade Aparente dos nutriente no Trato Digestório Total (DATT) das silagens de cártamo nos diferentes tratamentos e consumo em kg de MS/dia, gramas de MS % do peso vivo (g de MS%PV) e gramas de MS por unidade de peso metabólico (g de MS/UTM) Silagens

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DATT dos nutrientes Cártamo in natura Cártamo emurchecido Cártamo + 5% PC CV**

% MS 55,96ª1 55,54ª 57,94ª 2,81 % PB 57,28ª 57,59ª 56,4ª 2,90

% FDN 45,56ª 45,71ª 44,92ª 7,05 % NDT 57,62ª 57,49ª 57,87ª 3,01

Consumo kg de MS/dia 0,53ª 0,54ª 0,55ª 16,14 Consumo g de MS%PV 2,01ª 1,94ª 1,89ª 22,01

*PC = polpa cítrica **%CV= coeficiente de variação 1médias seguidas por letras iguais nas linhas, não diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade

4. Conclusões

Os resultados obtidos permitem inferir que o cártamo é uma forrageira de boa qualidade, constituindo-se numa alternativa de alimento para confecção de silagens. Os tratamentos propostos produziram silagens com bom valor nutritivo e potencial para a alimentação de ruminantes.

5. Referencias LANDAU, S et al. The value of safflower (Carthamus tinctorius) hay and silage grow under Mediterranean conditions as forage for dairy cattle. Livestock Production Science, v.88: 263-271, 2004. MIZUBUTI, I.Y et al Consumo e digestibilidade aparente das silagens de milho, sorgo e girassol. Revista Brasileira de Zootecnia, V.31, N.1., p267-272, 2002. OLIVEIRA, P.S. et al. Silagem de Milho para Ovinos. Boletim Técnico nº 83, Universidade Federal de Lavras. Ed UFLA, 2009, 27p. POSSENTI, R. A. Composição da torta de cártamo (Carthamus tinctorium L.) e nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) e perfil de ácidos graxos dos óleos extraídos. 47ª Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Anais... UFBA, 2010. RIBAS, M, N. et al. Consumo e digestibildade aparente de silagens de milho com diferentes graus de vitreosidade do grão. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.6, n.1 p.104-115, 2007. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos (métodos químicos e biológicos). 3.ed. Viçosa, MG: Editora UFV, 2009. 235p.

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Avaliação de características reprodutivas em vacas cruzadas Holandês X Gir1

Evaluation of reproductive traits of crossbred Holstein x Gir cows

Alexandre Balancin Junior2, Aníbal Eugênio Vercesi Filho3, Lenira El Faro4

1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES. 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em produção Animal Sustentável – Instituto de Zootecnia/ Nova Odessa – SP. Bolsista da CAPES. e-mail: [email protected]; 3 Pesquisador APTA/SAA/SP Mococa-SP. e-mail: [email protected]; 4 Pesquisadora APTA/SAA/SP Ribeirão Preto-SP. e-mail: [email protected];

ABSTRACT Was analyze 11.605 informations from six genetic groups for crossbreeding Holstein x Gir, to evaluate

the reproductive performance, age at first calving (IPP), calving interval (IDP), days open (PS),

gestation period (PG) and the influence of sex on gestation length, which are analyzed using the

MIXED procedure of SAS (2003). The characteristics that suffered greater influence of genetic

composition were IPP and PS, being more accurate than those for the Holstein (7/8H and PC) had the

worst performances.

Key-words: age at first calving, calving interval, Holstein x Gir

RESUMO

Foram analisadas 11605 informações referentes a seis grupos genéticos do cruzamento Holandês x

Gir, a fim de avaliar o desempenho reprodutivo, de idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de partos

(IDP), período de serviço (PS), período de gestação (PG) e a influência do sexo sob a duração da

gestação, sendo estes analisados por meio do procedimento MIXED do SAS (2003). As características

que sofreram maiores influência da composição genética, foram a IPP e o PS, sendo que aquelas mais

apuradas para a raça Holandesa (7/8H e PC) apresentaram os piores desempenhos.

Palavras-chave: idade ao primeiro parto, intervalo de partos, cruzamento Holandês x Gir

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INTRODUÇÃO Na tentativa de melhorar a produtividade dos sistemas de produção de leite sob condições

tropicais, tem-se utilizado com freqüência o cruzamento de raças zebuínas, pois estas são mais adaptadas ao clima tropical, quando comparadas com raças européias, que apresentam maior produção de leite (Facó et al., 2005). Além da melhoria na produtividade, o cruzamento entre as raças Holandês x Gir podem trazer melhorias para as características reprodutivas do rebanho. Características estas de baixa herdabilidade e que ganham mais com os efeitos da heterose nos cruzamentos

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho reprodutivo de animais de 6 grupos genéticos Holandês x Gir para a expressão das características de idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP), período de serviço (PS) e período de gestação (PG).

MATERIAL E MÉTODOS Os dados do presente estudo pertencem à Fazenda Santa Luzia, localizada no município de

Passos – MG onde foram obtidos registros de partos, datas de nascimento e inseminação artificial, e o sexo da cria somando um total de 11605 informações, decorridos entre 1990 e 2007. Do total de informações 3854 foram de idade ao primeiro parto (IPP) e 7751 de intervalo de partos (IDP), oriundas de vacas mestiças do cruzamento entre as raças Holandês e a Gir Leiteiro com as seguintes composições da raça Holandesa: 3/8, 1/2, 5/8, 3/4, 7/8 e iguais ou superiores a 15/16, consideradas puras por cruza (PC).

As análises foram realizadas por meio do procedimento MIXED (SAS, 2003). A consistência dos dados excluiu dados errôneos, quanto a anotações e digitação na propriedade, restando 3252 para IPP e 6858 para IDP. Todos os modelos continham a informação de grupo genética (GG) e grupo de contemporâneos (GC), composto por ano e estação do parto, exceto para IPP que adicionava a informação de ano e estação de nascimento no mesmo. Para o IDP foi incluído no modelo o período de serviço (regressão linear) e a idade da vaca ao parto (regressão linear e quadrática). O modelo para analisar o período de serviço (PS) incluiu a idade ao parto no modelo (além dos efeitos de GC e GG já mencionados) e, por último, o período de gestação (PG), calculado pela diferença entre a data do parto e a data da inseminação, tendo como efeito fixo adicional no modelo, as informações de ordem da lactação e o sexo do bezerro. As médias estimadas para o efeito de GG foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO O efeito de GG foi significativo (P<0,05) para todas as características estudadas. Na Tabela 1 são

apresentadas as médias para a IPP, IDP, PS e PG para cada GG. Pode-se observar que os animais 5/8 H obtiveram desempenho superior para a IPP (29,21 meses), em relação aos demais grupos estudados. Estes resultados contrastam com os encontrados por Facó et al. (2005), onde todos os GG obtiveram menor IPP. Isto pode ser explicado devido ao bom manejo adotado pela propriedade, haja visto, que parte da receita da fazenda advém não somente da venda do leite, mas também da venda de animais para produção.

Para a característica IDP, o GG 5/8 obteve melhor desempenho (404,04 dias) que os demais grupos estudados, ou seja, menor IDP, porém semelhante ao grupo 1/2 H (404,10 dias). Estes resultados estão de acordo com Lemos et al. (1992) que relataram que vacas com grau de sangue 5/8 obtiveram melhores desempenhos para a IDP, em fazendas que possuem alto nível de manejo. Observou-se aumento da IDP com o aumento genes da raça Holandesa. Segundo Facó et al. (2002) o aumento do IDP pode estar relacionado a maior produção de leite das vacas com maior grau de sangue Holandês. Segundo McManus et al. (2008) o desempenho reprodutivo inferior observados em animais com maior grau de sangue Holandês pode estar relacionado às condições ambientais limitantes, para que os animais possam expressar seu potencial genético.

O PG foi semelhante entre todos os GG, porém um pouco maior para o grupo PC. Segundo McManus et al. (2008) vacas com maior grau de sangue Holandês, além de maior porte, parem bezerros mais pesados, o que pode estar refletindo no aumento do PG.

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Tabela 1: Médias das características reprodutivas, idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP), período de serviço (PS) e período de gestação (PG).

GG IPP (meses) IDP (dias) PS (dias) PG (dias) 3/8 32,44abc 407,14a 115,64abc 279,85ab

½ 30,98a 404,10b 109,42a 278,31c

¾ 32,79b 404,72c 125,59b 278,48ac

5/8 29,21d 404,04b 125,38abcd 278,06abc

7/8 33,59c 406,61ad 126,05bcde 280,05b

PC 34,82e 406,34 ad 126,68bcde 281,89d

Médias com letras iguais nas colunas não diferem estatisticamente (P<0,05) pelo teste de Tukey.

CONCLUSÃO Neste estudo os animais que apresentaram um melhor desempenho nas características IPP e

IDP, foram 1/2 e 5/8, mostrando serem os GG mais eficientes para o sistema de manejo adotado pela fazenda. Para as demais características PS e PG o grupo com maior grau de sangue Holandês apresentaram desempenho inferiores aos demais, indicando que estes animais necessitam de melhor manejo nutricional e sanitário

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a CAPES o apoio financeiro para a realização deste estudo e à Fazenda Santa Luzia pelo fornecimento dos dados.

REFERÊNCIAS

FACÓ, O. et al. Análise do desempenho produtivo de diversos grupos genéticos Holandês x Gir no

Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.5, p.1944-1952, 2002.

FACÓ, O. et al. Idade ao primeiro parto e intervalo de partos de cinco grupos genéticos Holandês x

Gir no Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 6, p. 1920-1926, 2005

LEMOS, A.M. et al. Comparative performance of six Holstein-Friesian x Guzera grades in

Brazil. 5. Age at first calving. Revista Brasileira de Genética, v.15, n.1, p.73-83, 1992.

McMANUS, C. et al. Carcterísticas produtivas e reprodutivas de vacas Holandesas e mestiças

Holandês x Gir no Planalto Central. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 5, p. 819-823, 2008.

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Sincronização do cio e taxa de prenhez de novilhas holandesas submetidas à IATF utilizando progestágeno, benzoato de estradiol e

dois produtos comerciais de cloprostenol (análogo de prostaglandina)

Heat synchronization and pregnancy rate of Holland heifers into FTAI using progestagen, oestradiol benzoate and two commercial

cloprostenol products (prostaglandin analogues)

Alfredo José Ferreira de Melo1; Vinicius A. P. Poncio1; Rafael Álvarez Herrera2, Afonso Aurelio de Carvalho Peres3; Fernanda L Mussi 1,3 , Keila M. R. Duarte1

1Instituto de Zootecnia - Rua Heitor Penteado, 56 Nova Odessa, SP 13460-000 [email protected] 2APTA-Pólo Centro Sul- Rodovia SP 127, km 30 Vila Fátima, Piracicaba, SP 13400-970 ; 3APTA-Pólo Vale do Paraíba- Av. Prof. Manoel César Ribeiro, 320 Pindamonhangaba/SP 12400-970

ABSTRACT The assay aimed to evaluate the efficiency of two commercial products of prostaglandin: Prelobam

and Croniben using 16 Holland heifers into heat synchronization protocols. The pregnancy diagnose

were done by ultrasound, 40 days after artificial insemination. Results show no difference on the

conception rate between two treatments. The D-cloprostenol, with lower commercial costs, showed

biological activity similar to Prelobam (induce luteus body and a fertile heat cycle) so we can indicate

the product of lower economic value to decrease farmers production costs.

Key-words: prostaglandin, heifers, heat synchronization

RESUMO

O ensaio teve o objetivo de avaliar a eficiência de dois produtos, contendo o análogo de

prostaglandina (D-cloprostenol): Prelobam e Croniben em 16 novilhas Holandesas submetidas a

protocolos de sincronização de cio. O diagnóstico de prenhez, realizado por ultra-sonografia, 40 dias

após a inseminação. Os resultados não mostraram diferença na taxa de concepção entre os

tratamentos. O D-cloprostenol, de menor valor comercial, teve sua atividade biológica igual ao

Prelobam (induzir a luteólise do corpo lúteo e um cio fértil) podemos indicar aos produtores estes

fármacos de menor valor para o uso, diminuindo custos de produção.

Palavras-chaves: prostaglandina, novilha, sincronização de cio.

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1- INTRODUÇÃO

As prostaglandinas são ácidos graxos hidroxilados não saturados de 20 carbonos, encontradas

em quase todos os tecidos e possuem um grande número de formas e funções. A prostaglandina F2α

(PGF2α) é de importância fundamental para a reprodução, na medida que ela joga um papel decisivo

na regressão do corpo lúteo, ovulação, motilidade uterina, parto e transporte de gametas (Carruthers

et al., 1986). A administração de PGF2α exógena (ou seus análogos sintéticos) durante o diestro resulta

em luteólise seguida por uma seqüência de eventos endócrinos e fisiológicos que culminam no cio.

Essa capacidade da PGF2α em induzir luteólise tem sido explorada intensivamente como uma

ferramenta para manipular o ciclo estral dos animais domésticos. A possibilidade de poder induzir o

cio de um ou vários animais em um curto período de tempo (sincronização) oferece vantagens de

ordem técnica e/ou econômica aos usuários da inseminação artificial. O desenvolvimento recente de

métodos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) utilizando PGF2 associada à liberação

controlada de progesterona (Dib et al., 2008), por meio de dispositivos vaginais ou auriculares, fez

com que a demanda para a utilização destas substâncias aumentasse consideravelmente. Atualmente,

além da PGF2 natural, encontram-se disponíveis no mercado brasileiro vários análogos de

prostaglandina PGF2 (Luprostiol, Cloprostenol, D-cloprostenol, Delprostenate), com preço

comercial variando de 1 a 3 dólares por dose. Provavelmente, essa variação no preço ao consumidor é

uma conseqüência das diferenças nos custos de produção de cada laboratório. Contudo, não é ilógico

supor que diferenças no preço dos produtos podem estar relacionadas com diferenças na qualidade,

traduzida por uma maior ou menor eficiência biológica do produto. Dessa forma, o presente estudo

teve como objetivo avaliar a taxa de prenhez de novilhas holandesas inseminadas em tempo fixo após

um tratamento de progesterona e estradiol, em que a luteólise foi induzida utilizando dois produtos

comerciais de D-Cloprostenol disponíveis no mercado com preços extremos.

2-MATERIAL E MÉTODOS

Local

O estudo foi desenvolvido no Centro de Criação de Matrizes Leiteiras do convênio APTA/Prefeitura de Pindamonhangaba, localizado no Pólo Regional do Vale do Paraíba, em Pindamonhangaba, SP (Long. 22º55'26" S, Lat. 45º27'42 W e Alt 557 m).

Animais e manejo

Foram utilizadas novilhas holandesas criadas em pastagem de capim mombaça com rotação diária dos piquetes. Os animais recebiam sal mineral e água ad libitum e suplementação diária de concentrado na quantidade de 0,9% do PV. Durante a seca, os animais recebiam cana com uréia, suplementado com concentrado na quantidade de 0,9 PV. Delineamento experimental

Dezesseis novilhas holandesas pesando 361,6 ± 6,6 kg foram tratadas com um dispositivo vaginal contendo 1 g de progesterona (Primer®, Tecnopec, Brasil) e injeção intramuscular (i.m.) de 2

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mcg de Benzoato de Estradiol (Estrogin®, Farmavet, Brasil). Oito dias após foi retirado o Primer e aplicada uma injeção i.m. de 150 mcg de D-cloprostenol utilizando os produtos Preloban (Intervet, Brasil) (grupo 1, n=8) e Croniben (Biogénese-Bagó, Brasil) (grupo 2, n=8)). No dia seguinte os animais receberam uma segunda injeção i.m de 1 mcg de Estrogin®. A inseminação foi realizada 52 horas após a injeção do D-cloprostenol, por um técnico experiente utilizando sêmen de um único touro. Os animais foram observados diariamente em três períodos do dia e anotados os que manifestaram cio. Oito animais inseminados no cio natural, no período do experimento, serviram como controle. O diagnóstico de prenhez foi realizado, por ultrasonografia, 40 dias após a inseminação. Os dados foram analisados pelo Teste de χ2:

3-RESULTADOS E DISCUSSÃO A taxa de concepção para os três grupos estudados é mostrada na Tabela 1.

Tabela 1. Taxa de concepção de novilhas holandesas inseminadas em tempo fixo utilizando dispositivo vaginal de progesterona, estradiol e dois produtos comerciais d-cloprostenol. Grupo n cio (%) Taxa concepção Controle (cio natural) 8 - 6 (75)a Preloban 8 6 (75) 4 (50)a Croniben 8 6 (75) 4 (50)a Valores com diferentes letras na mesma coluna diferem significativamente (P<0,05). Não houve diferença na taxa de concepção entre os tratamentos. Em outro experimento realizado no mesmo rebanho, os dois produtos testados mostraram eficiência semelhante para induzir luteólise e estro quando aplicados no décimo dia do ciclo estral. Considerando que o d-cloprostenol de menor valor comercial apresentou uma atividade biológica comparável à de maior valor comercial pode-se inferir que os produtos farmacológicos (prostaglandina natural e análogos sintéticos) disponíveis no Brasil são igualmente eficientes para provocar um cio fértil, como resultado da destruição do corpo lúteo. Essa informação é de particular importância para o produtor, uma vez que o mesmo pode optar pela compra de um ou outro fármaco, sabendo que a eficiência desses produtos independe do preço comercial (o qual varia de 2 a 7 reais por dose, em torno 2mL por animal, aproximadamente).

4- REFERÊNCIAS

CARRUTHERS, T.D. et al., Failure of Human Chorionic Gonadotropin Injections to Sustain Gonadotropin-Releasing Hormone-Induced Corpora Lutea in Postpartum Beef Cows. Saskatcbewan: Biology of Reproduction, n.35, p.846-849, 1986. DIB, C. C. et al. Inseminação Artificial. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia. 2008. p. 1-71. (Boletim técnico 51)