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Anais: textos das oficinas tecnológicas, temáticas e científicas

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Anais: textos das oficinas tecnológicas, temáticas e científicas

EditoresFranklin Lima

Danilo Gusmão de Quadros

Barreiras - BA2010

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Prefeitura Municipal de BarreirasSecretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Agronegócio

Parque de Exposição Eng. Geraldo Rocha, s/n. Barreirinhas.Barreiras – Bahia. Cep: 47800-000

Fone: (77) 3613-9753E-mail: [email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Divisão de Biblioteca e Documentação - UNEB - campus IX

28ª Expobarreiras - Exposição Agropecuária de Barreiras

Anais: Textos das palestras da 28ª Expobarreiras / Editado por Franklin Lima e Danilo Gusmão de Quadros. – Barreiras : Prefeitura Municipal de Barreiras / Gráfica Irmãos Ribeiro, 2010. 142 p.:il.

I. Textos das palestras 2. 28 ª Expobarreiras I. Lima, Franklin; Quadros, Danilo Gusmão, eds. II. Título

CDD 002

A revisão técnica, ortográfica, de linguagem, de digitação e de apresentação de cadacapítulo são de responsabilidade de seu(s) respectivo(s) autor(es).

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Jusmari OliveiraExma. Prefeita

Diran RibeiroSec. de Administração e Finanças

Celito BredaSec. de Desenvolvimento Econômico e Agronegócio

José AlvesSec. de Infraestrutura

João BoscoSec. de Meio Ambiente e Turismo

Otoniel TeixeiraSec. do Trabalho e Promoção Social

Maria do Carmo FerrazSec. da Educação, Cultura, Esporte e Lazer

Everaldo Galvão JuniorSec. de Saúde

Ana RibeiroChefe de Gabinete

Prefeitura Municipal deBarreiras

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Vanderlino Rodrigues - Prefeitura Municipal de Barreiras

Ricardo Simões Barata – ACRIOESTE

Roberto Pieczur – Pref. Mun. Barreiras / COOFRUTOESTE

Alvimar Alvim – CDL

Carlos Costa – CDL

Danilo Gusmão - UNEB - Agronomia

Elton de Oliveira Souza – ACIAGRI

Emerson Cardoso – SEBRAE

Francisco Pordeus – CAPRIOESTE

Gil Áreas – CDL

Hermes D. Leite Simões – ACRIOESTE

Isabel Cristina Figueiredo – Sind. dos Trabalhadores Rurais

Johson Medrado – ABAPA

José Gomes Barreto – Sind. dos Trabalhadores Rurais

Juraci Batista de Oliveira – Sindicato Rural

Mario Meireles – ACRIOESTE

Neiva Jaskulski – CIOB

Paulo Baqueiro - EBDA

Pedro Hesem – ASSOMIBA

Pedro Nepomuceno – Sind. dos Trabalhadores Rurais

Pedro Ovídio Tassi – CIOB

Sérgio Pitti – AIBA

Wellington dos Reis Santos – FETAG

Diran Ribeiro – Prefeitura Municipal de Barreiras

Comissão Organizadora da28ª ExpoBarreiras

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a28 EXPOBARREIRAS “UNIÃO, INTEGRAÇÃO E CONHECIMENTO NA

AGROPECUÁRIA”

A 28ª EXPOBARREIRAS teve como tema principal “UNIÃO, INTEGRAÇÃO E CONHECIMENTO NA AGRICULTURA”. O foco no associativismo e cooperativismo perpassa por todos os assuntos abordados. Esse ano houve grandes inovações na programação técnica. Nas OFICINAS TECNOLÓGICAS foram realizadas dinâmicas de campo de bovinocultura leiteira, ovino-caprinocultura, avicultura, inseminação artificial, alimentação animal e piscicultura. Nas práticas demonstrativas, os produtores puderam visualizar as principais técnicas da produção, facilitando a aprendizagem. As OFICINAS TEMÁTICAS foram espaço aberto às discussões sobre assuntos relevantes à região, tais como: crédito rural, horticultura, Programa Balde Cheio, PAA leite. Um destaque de alta relevância foi o Workshop de Integração Vale + Cerrado, que uniu a produção de bezerros com a terminação de gado de corte na integração lavoura-pecuária. Outro, foi o painel de Associativismo e Cooperativismo, com o especialista renomado Polan Lacki, trazendo contribuições fundamentais aos produtores e aos professores da rede de ensino municipal. Nas OFICINAS CIENTÍFICAS foram apresentados os resultados de pesquisas, mostrando os avanços tecnológicos da região. A formatação da programação técnica, inédita, entrou para história como um marco do desenvolvimento rural sustentável na região oeste da Bahia. Esse livro, que reúne os textos das oficinas, é um registro do que teve de melhor na

aprogramação técnica da 28 Expobarreiras, sendo uma importante contribuição aos produtores, técnicos e estudantes.

Franklin Lima Danilo Gusmão

Editores

Jusmari OliveiraExma. Prefeita de Barreiras

Celito BredaSecretário de Desenvolvimento

Econômico e Agronegócio

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OFICINAS TECNOLÓGICAS

OFICINAS TEMÁTICAS

OFICINAS TECNOLÓGICAS

Sumário

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OFICINAS TECNOLÓGICAS

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Pastagens, mineralização e alimentação do gado na secaDanilo Gusmão de Quadros, André Bezerra, Eder Stolben, Daiana Nara, Leandro Barbosa, Alberto SáUniversidade do Estado da Bahia (UNEB) – campus IX - Barreiras / Faculdade de

Agronomia / Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal (www.neppa.uneb.br)

E.mail: [email protected]

No Brasil, os sistemas pecuários são caracterizados pela utilização de pastagens como fonte principal de alimento, sendo razoável admitir que mais de 90% do alimento usado pelos bovinos é proveniente das forragens.Estas áreas de pastagens são estimadas hoje em aproximadamente 210 milhões de hectares, ocupando algo em torno de 76% da superfície utilizada pela agricultura e 20% da área total do país. Deste total, cerca de 100 milhões de hectares são de pastagens cultivadas, sendo que os capins do gênero Brachiaria, ocupam mais de 60% desta área, constituindo-se no gênero de capim de maior área ocupada no país.

Grandes áreas de Brachiaria cultivadas em diversas regiões do Brasil mostram-se degradadas, atribuindo este fato a alguns problemas de adaptação e principalmente a deficiências de manejo e a forma extrativista de sua exploração.

O manejo do pastejo tem um impacto bastante grande sobre a maioria dos processos envolvidos em sistemas de exploração de pastagens, influenciando não apenas o crescimento e a morfologia das plantas, bem como a economia de nutrientes do crescimento das pastagens.

A adaptação edafoclimática do gênero Brachiaria passa pela capacidade de produção de raízes, um importante atributo agronômico que proporciona maior área para absorção de água e nutrientes em solos com baixa fertilidade e/ou quando sob condições de estresse hídrico.

Planta forrageira: principais atributos desejáveis• Produção de forragem• Valor nutritivo• Persistência• Facilidade de propagação e estabelecimento• Fitossanidade• Ausência de compostos tóxicos

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ESCOLHA DA ESPÉCIE OU CULTIVAR FORRAGEIRO

• Disponibilidade de sementes no mercado•Brachiaria brizantha – marandu, MG4, MG5•B. decumbens - capim-braquiária•B. humidicola – braquiária humidicola•B. ruziziensis – braquiária ruziziensis•Panicum maximum - capins Tanzânia, mombaça e

massai•Andropogon gayanus - capim andropógon •Stylosanthes spp. - Estilosantes Campo Grande•Calopogonium mucunoides – Calopogônio

• Adaptação a solos de baixa fertilidade•B. decumbens - capim-braquiária•B. humidicola – capim humidicola•Andropogon gayanus - capim andropógon •Stylosanthes spp. - Estilosantes Campo Grande•Calopogonium mucunoides - Calopo

• Alta produção de forragem, exigência em fertilidade, responsivos à adubação nitrogenada

•Pennisetum purpureum - capim-elefante, Napier, Cameroon etc

•Panicum maximum – Tanzânia e mombaça•Brachiaria brizantha – marandu e MG5•Cynodon spp. - Tifton-85 e Coast cross •Medicago sativa - Alfafa

• Tolerância à seca •Cenchrus ciliaris - capim-buffel•Andropogon gayanus - capim andropógon; cv. Planaltina

e Baetí.•Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão•Calopogonium mucunoides – Calopogônio•Brachiaria brizantha – marandu, MG5

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• Tolerância à pragas e doençasPragas: cigarrinha

•Brachiaria brizantha – marandu, MG5•Andropogon gayanus - capim de gamba; cv. Planaltina e

Baetí. Doenças: Antracnose

•Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineirão

• Tolerância ao sombreamento •Arachis pintoi - amendoim forrageiro•Panicum maximum cv. Aruana

• Tolerância ao encharcamento •Brachiaria mutica - capim-fino, angola•Brachiaria humidicola - capim-quicuio da amazônia

• Produção de feno •Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Coast-cross,

Florakirk, Florona, Ona, gramas estrelas e bermudas •Medicago sativa - Alfafa•Digitaria decumbens - cv. Transvala, Pangola

• Com problemas específicos para animais•Brachiaria decumbens. - fotossensibilização. •Brachiaria arrecta - Tanner grass•Brachiaria humidicola - Eqüinos

RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS

Recuperação de pastagens sem o preparo do soloA recuperação da pastagem sem preparo de solo pode ser utilizada

quando a degradação ocorreu devido a erros de manejo de pastagem que conduziram a grande ocorrência de plantas invasoras e baixa produção de forragem. Porém, a forrageira está adaptada às condições edafoclimáticas locais e necessariamente o estande deve apresentar uma boa densidade populacional de plantas desejadas. Nesse caso, talvez, o controle químico das plantas invasoras, associado à adubação possa recuperar a produção de fitomassa, sem a necessidade da utilização de máquinas para o preparo do solo. 10

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Nessa etapa, é importante a retirada dos animais da área para permitir o descanso da pastagem até a completa recuperação das plantas forrageiras.

Tratamentos físico-mecânicos do solo na recuperação de pastagensQuando a densidade populacional de plantas forrageiras está

abaixo da necessária para boa produção de forragem, ocorrendo áreas sem cobertura e com acentuada compactação do solo, o uso de tratamentos físico-mecânicos do solo pode ser uma alternativa, em conjunto com a ressemeadura e novo estabelecimento, seja da mesma, ou outra, espécie forrageira.

Integração lavoura-pecuáriaA associação agricultura - pecuária é uma alternativa para a

recuperação de pastagens degradadas, tanto do ponto de vista da sustentabilidade do sistema, bem como do ponto de vista econômico.

O uso de arroz, milho, sorgo, milheto, aveia, etc, na recuperação de pastagens, pode ser feito das seguintes maneiras:- semeadura conjunta, na qual a pastagem é semeada simultaneamente

com a cultura anual - é interessante por aproveitar o adubo residual e após a colheita se obter a pastagem renovada; e/ou

- rotação de culturas – em sistema de plantio direto ocorre o aproveitamento da boa quantidade de massa seca fornecida pelas plantas forrageiras para palhada. Muitos produtores têm utilizado o milheto, aveia, sorgo, capim-braquiária para pastejo em rotação de culturas graníferas anuais, como a soja e o milho.

ALIMENTAÇÃO DO GADO NA SECAA sazonalidade da produção forrageira concentra-se em nível

superior a 80% na época quente e chuvosa do ano. O inverso observa-se na época seca, quando há acentuada redução quantitativa e qualitativa da forragem. Essa oscilação provoca conseqüências negativas do ponto de vista zootécnico, como altas taxas de mortalidade, baixo desempenho reprodutivo e baixa taxa de crescimento, aliados aos sérios problemas sanitários.

A demanda e suprimento de forragem devem ser equacionados no balanço do planejamento anual. Portanto, para o período seco do ano, deve-se planejar em termos de produção e conservação de forragem para suprir o deficit necessário à alimentação do rebanho. São várias as alternativas existentes:

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•Pastagem reservada + suplementação no cocho;•Silagem;•Feno;•Capineira;•Leguminosas forrageiras;•Cana-de-açúcar;•Palma forrageira;•Mandioca;•Tratamento de palhadas;•Uso de subprodutos e resíduos agroindustriais;•Outras culturas complementares: milheto, sorgo

híbrido para pastejo;•Irrigação de pastagens.

Vamos discutir as alternativas mais relevantes para a região oeste da Bahia.

SILAGEM

Ensilagem é o processo de conservação de forrageiras sob condições anaeróbicas (na ausência de oxigênio), controladas em recipientes específicos (silos), em que o produto final, a silagem, guarda parte dos princípios nutritivos do material original. Independentemente do tipo de perda, sua magnitude poderá estar relacionada com a eficiência da conservação, pois somente forragens de boa qualidade resultarão em silagem de boa qualidade.

As plantas ideais para ensilagem são: milho, sorgo (Foto ) e milheto, sem a retirada dos grãos, prática relativamente comum. Para ensilagem de capim elefante, e outros capins, deve ser adicionado aditivos secos, para absorver o excesso de umidade (ideal de 30-35%) e aditivos nutritivos, para aumentar o teor de carboidratos solúveis.

A compactação deve ser executada criteriosamente, em camadas de 20 a 30 cm, de acordo com a colocação da massa verde no silo. Ao inicia o processo de ensilagem, o produtor deve concentrar atenção nisso, para gastar o menor tempo possível no fechamento do silo.

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FENAÇÃOFenação é o processo de conservação de forragens pela dessecação

natural e/ou artificial, em que o teor de umidade inicial da ordem de 65 a 80% é reduzido para 12 a 18%, conservando assim quase tosos os princípios nutritivos da forrageira. O produto resultante desse processo denomina-se feno.

CANA-DE-AÇÚÇARA cana-de-açúcar é uma forrageira para corte vantajosa para

suplementação estratégica de ruminantes na época seca do ano, principalmente pela alta produtividade e atingir o ponto ideal de colheita na época seca do ano.

O teor energético da cana-de-açúcar é elevado, devido aos açúcares solúveis. Entretanto a sua fibra é de baixa digestibilidade e o teor de proteína é bem baixo, cerca de 2-3%. Assim, faz-se necessário a suplementação protéica para esse volumoso. A fonte mais barata de nitrogênio é realizada pelo fornecimento da mistura de 9:1 uréia:sulfato de amônio, na quantidade de 1% da massa verde. Contudo, o uso da uréia deve ser precedido de cuidados técnicos. Na primeira semana de fornecimento, é utilizada 1/3 da dose, na segunda 2/3 e a partir da terceira, dose cheia.

PALMA FORRAGEIRAA palma forrageira sem espinho não é nativa do Brasil, foi introduzida por volta de 1880, em Pernambuco, através de sementes importadas do Texas- Estados Unidos. No Nordeste do Brasil são encontrados três tipos distintos de palma: a) gigante - da espécie Opuntia ficus indica; b) redonda – (Opuntia sp); e miúda - (Nopalea cochenilifera).

A palma forrageira tem relevância nas áreas do semiárido, que compões parte da região oeste. Entretanto, para as áreas de cerrado, mais típicas da região, tem alternativas melhores, considerando produção e qualidade da forragem.

MANDIOCAAs raízes e a parte aérea da mandioca podem ser utilizadas na

alimentação animal, entretanto, devido à alta concentração de ácido cianídrico (substância tóxica), o material deve ser secado antes do fornecimento.

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AMONIZAÇÃO PARA TRATAMENTO DE FORRAGENS GROSSEIRAS

As palhadas e cascas podem ser utilizadas na alimentação de ovinos e caprinos, no máximo em 10% sem comprometer o desempenho. Como tratamento com álcalis pode melhorar o valor nutritivo, podendo elevar sua proporção na dieta até 40%. Na prática, utiliza-se elevação do teor de umidade para 30% e adição de 3% de uréia, em seguida submete a palhada em local fechado a um tempo de tratamento de 30 dias. Em seguida, deixa 3 dias aberto para eliminar o excesso de amônia e fornece aos animais paulatinamente.

RESÍDUOS AGROINDUSTRIAISA produção agrícola brasileira de é uma grande fornecedora de

resíduos, alguns desses passíveis de utilização como fonte de volumosos para bovinos. No entanto, deve-se ter em mente que algum desses subprodutos apresentam severas restrições mesmo para a alimentação dos ruminantes.

Os subprodutos disponíveis variam conforme a região, advindo do processamento de graníferas, cerealíferas, oleaginosas e outras culturas como: milho, sorgo, milheto, arroz (farelo, casca), algodão (caroço, torta, farelo, casca) e soja (farelo, casquinha).

PASTAGEM RESERVADA + SUPLEMENTO DE COCHOA alternativa de mais baixo nível tecnológico é a reserva de pasto.

Aproximadamente quatro meses antes da utilização programada, os animais são retirados da área e o capim fica em livre crescimento, acumulando massa para uso na seca. Contudo, o valor nutricional dessa forragem é baixa, com teores de proteína de 2-3%, sendo necessário correção, no mínimo, para 7%. Portanto, deve-se utilizar a mistura mineral acrescida de uma fonte de proteína e, algumas vezes, de energia. O sal proteinado pode apresentar até 30% de uréia, enquanto a mistura múltipla é o sal proteinado mais uma fonte de energia, como quirera de milho e de proteína verdadeira, como farelo de soja.

MINERALIZAÇÃO DO GADOOs minerais apresentam no organismo quatro funções básicas:

estrutural, fisiológica, catalítica e reguladora.

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As exigências de minerais em bovinos variam de acordo com o tipo e nível de produção, a idade do animal, a raça e o grau de adaptação dos animais, o nível e forma química do mineral no alimento e suas relações com os outros nutrientes da dieta.

As misturas minerais devem permanecer continua e ininterruptamente à disposição dos animais em cochos próprios. Se compararmos o consumo de forragem e o teor de elementos essenciais ingeridos, constataremos que alguns minerais não suprirão as exigências das diferentes categorias. Nas plantas forrageiras existem variações nos teores minerais com a espécie, o estádio de maturação da planta, a época do ano, o tipo de solo e o nível de adubações.

Para aquisição do produto, é necessário fazê-lo de empresa idônea, adequando a categoria trabalhada e a área de cocho com o tipo de suplemento.

REFERÊNCIASCARVALHO, F.N.; BARBOSA, F.A.; McDOWELL, L.R. Nutrição de bovinos a pasto. Belo horizonte: PapelForm Editora. 2003. 428p.MARTIN, L.C.T. Bovinos: volumosos suplementares. São Paulo: Nobel. 1997. 143p.MINSON, D.J. Forage in ruminant nutrition. New York:Academic Press, 1990. 483 p.QUADROS, D.G. Formação e reforma de pastagens. CONTAGRO. Apostila técnica de curso no IAC – Instituto Agronômico de Campinas. 2002. 12p.

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VANTAGENS DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Equipe: Núcleo Operacional do Leite EBDA Rua Custódia Rocha de Carvalho, 152 – Centro. CEP 47803-070 – Fax( 77 )3611-

7931 – Barreiras/BA Tel: (77)3611-4354

C.N.P.J: 14.772.867/0001- 70. Inscrição Estadual 12162684

José Cabral de LiraMedico Veterinário

José Messias Alpes de OliveiraEng. Agrônomo

Darlan Paiva de MirandaZootecnia

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL: A Inseminação Artificial é o procedimento onde ocorre a fecundação da fêmea sem o contato direto com o macho, por meio da coleta de sêmen, introdução e depósito do mesmo no aparelho reprodutivo da fêmea, em seu período de fertilidade. Utilizando instrumentos e técnicas apropriadas, objetivando a fecundação do óvulo. O sêmen usado neste processo deve ser testado e avaliado, como forma de garantir a qualidade dos resultados esperados. No Brasil a Inseminação Artificial teve seu início somente em 1958 quando o primeiro botijão de sêmem, que é uma aparelhagem especial contendo NITROGENIO LIQUIDO, que mantém a temperatura Á -196 C º, e conserva pallets de sêmem, de touros reprodutores, de alta qualidade genética, que serão utilizados para inseminar fêmeas reprodutoras. Esse botijão foi inicialmente introduzido no Rio Grande do Sul, sendo inicialmente, totalmente controlada pelo MINISTERIO DA AGRICULTURA.

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fA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL é considerada uma tecnologia moderna, sendo que somente em 1970 essa tecnologia alcançou impulso no Brasil, quando o MINISTERIO DA AGRICULTURA, lança mão dessa tecnologia para a iniciativa privada, surgindo então as Centrais de Inseminação Artificial, que são empresas privadas, que selecionam touros de alta linhagem genética, testam, coletam o sêmem, analisam, envasam, congelam e distribuem no mercado, disponibilizando assim sêmem de alta qualidade genética para criadores de animais, que produzem leite e carne para o consumo humano e outros como força de trabalho, como é o caso dos eqüinos e muares (cavalos, burros e mulas).

VANTAGENS DA INSMEINAÇÃO ARTIFICIAL: A utilização da inseminação artificial permite:

•O melhoramento genético do rebanho em menor tempo e a um baixo custo, através da utilização de sêmen de reprodutores provados, geneticamente superiores para a produção de leite e carne;

•O controle de doenças - pela monta natural, frequentemente o touro pode transmitir algumas doenças às vacas e vice-versa. O que pelo processo da inseminação artificial não ocorre;

•Permite ao criador cruzar suas fêmeas zebuínas com touros de raças européias e vice-versa, através da utilização de sêmen desses touros. Sabemos que em muitas regiões touros europeus dificilmente se adaptam ao sistema de monta natural;

•Além disso, é fácil entender que muitos acidentes poderiam ocorrer durante a cobertura de uma vaca por um touro pesado;

•Touros com problemas adquiridos e impossibilitados de efetuarem a monta, em razão de idade avançada, afecções nos cascos, fraturas, aderência de pênis, artroses, etc., poderão ser utilizados na inseminação artificial;

•Evita acidentes com pessoal, os quais ocorrem comumente quando se trabalha com animais de temperamento agressivo;

•Aumenta o número de descendentes de um reprodutor. Sabe-se que um touro cobre a cada ano, a campo, cerca de 30 vacas. Em regime de monta controlada pode servir a um máximo de 100 fêmeas, a cada ano. Isso significa que considerando ser de 10 anos a vida reprodutiva de um touro, teremos um total de 300 a 1000 filhos por animal, durante sua vida;

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•Seguro genético - o sêmen desde que industrializado adequadamente e conservado em ótimas condições, não apresenta prazo de validade. Assim, podemos manter a viabilidade reprodutiva do reprodutor por um prazo muito superior ao seu tempo de vida;

•Aumenta o número de descendentes de um reprodutor - quando consideramos um doador de sêmen, necessariamente a quantidade de filhos gerados é muitas vezes maior do que se considerarmos um reprodutor que atua em monta natural. Por exemplo, se um reprodutor produzir 500 doses por dia, ele terá feito em um único dia de trabalho, mais filhos do que um reprodutor faria em uma vida inteira de monta natural;

•A correção de deficiências no rebanho - através do acasalamento genético podemos corrigir várias deficiências do rebanho ao mesmo tempo, com a utilização de diversos touros em um mesmo trabalho de Inseminação Artificial. Desta forma, estaríamos atuando sobre as características individuais de cada matriz.

A inseminação artificial é uma técnica essencial para realização de outras tecnologias, como a transferência de embriões, que consiste em induzir a ovulação múltipla de fêmeas bovinas de elite, com alta bagagem genética dentro de cada raça e inseminar essas fêmeas com sêmem de touro também de elite, ou seja de alto padrão genético dentro de cada raça e obter assim vários embriões de alta performance genética do cruzamento de uma mesma fêmea com o mesmo macho, que posteriormente são coletados e implantados nas fêmeas receptoras, de linhagem comum ou cruzada, onde os embriões se desenvolverão até o momento do parto, sendo que essas fêmeas funcionam como barriga de aluguel ou seja, são responsáveis pelo bom desenvolvimento dos embriões coletados das doadoras de grande qualidade genética, podendo assim obter-se varias crias ou bezerros de uma mesma mão doadora em um ano. Geralmente obtem-se em média de 15 a 20 bezerras de alto desempenho genético em um ano de uma mesma fêmea bovina de elite através do processo de transferência de embriões, enquanto que, naturalmente seria possível somente uma cria por ano, haja vista que o período de gestação dos bovinos é em média de nove meses.

FONTE: www.lagoa.com.br

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MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL:

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SANIDADE EM BOVINOS LEITEIROS

Madison Melo Marques; Alvaro Augusto A. D. Fortunato.Médicos Veterinários. Oeste Pecuária – Barreiras - BA.

1. RESUMO

Este informativo tem como objetivo discutir sobre a importância da sanidade, mais especificamente de um programa sanitário estratégico, na pecuária leiteira, bem como as principais doenças, formas de prevenção e os impactos positivos e negativos inter-relacionados a saúde do rebanho.

2. INTRODUÇÃO

Uma pergunta constantemente feita pelo produtor é se direcionar capital para vacinas e vermífugos se constitui em custo ou investimento? E quais os benefícios de um programa sanitário estratégico? Em resposta a essas perguntas, diversos fatores devem ser levados em consideração, tais como: As atuais exigências de mercado e barreiras sanitárias que levará a saída de muitos produtores que não se adequarem a essa nova realidade, a adequação a legislação, a constante necessidade de profissionalização do produtor como diferencial frente à concorrência. A segurança alimentar, padrão de qualidade, eficiência e alta produtividade são requisitos mínimos para quem busca ganhar espaço e crescer num mundo globalizado, onde há oferta dos mais variados produtos oriundos das mais diversas origens com qualidade e preços extremamente competitivos. Nesse contexto a sanidade do rebanho assume um dos papéis primordiais para assegurar esse diferencial competitivo.

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3. PREVENÇÃO DE DOENÇAS

Os bovinos leiteiros podem ser acometidos por uma série de enfermidades, dentre elas destacam-se as zoonoses, doenças de origem animal que põem em risco a saúde do ser humano. As principais doenças que podem ser transmitidas ao homem por esses animais e pelo leite e seus derivados são a brucelose, a tuberculose, listeriose, leptospirose, raiva, febre aftosa, toxoplasmose, além de toxinfecções alimentares causadas por bactérias diversas que podem estar presentes no leite. Somadas as doenças virais e bacterianas citadas acima, diversos parasitas internos e externos são comumente encontrados nesses animais.

A prevenção de doenças em bovinos leiteiros envolve uma série de medidas que devem ser tomadas de forma sistemática, tecnicamente correta e sempre que possível acompanhada por um médico veterinário. Ambiente adequado, limpeza e desinfecção periódica das instalações, quarentena para animais recém adquiridos, exames periódicos, água e alimentos em qualidade e quantidade suficientes, além da aplicação estratégica de vacinas e antiparasitários são à base de um bom programa sanitário.

4. CONCLUSÃO

Vacas saudáveis produzem leite de melhor qualidade e em maior quantidade, vivemos em um mundo globalizado e o consumidor tem se tornado a cada dia mais exigente, sendo o padrão de qualidade um grande diferencial dos produtos no mercado. Os custos em sanidade giram em torno de 2 a 3% do investimento total, enquanto seus benefícios e incremento em produtividade extrapolam e em muito esses valores. Um rebanho saudável e leite livre de riscos para a saúde do consumidor é o único caminho sustentável para o produtor.

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ASPECTOS IMPORTANTES NA ORDENHA

Alvaro Augusto A. D. Fortunato; Madison Melo Marques.Médicos Veterinários. Oeste Pecuária – Barreiras - BA.

1. RESUMO

Este informativo visa elucidar a importância dos cuidados na produção leiteira, especificamente durante a ordenha, onde a manipulação e o cumprimento de pequenos detalhes é que vão fazer com que o produto, o leite, seja de qualidade e a produção de modo geral seja economicamente viável.

2. INTRODUÇÃO

O leite é um alimento de origem animal com alto valor nutritivo, sendo consumido mundialmente. Toda produção leiteira está direcionada a atender o mercado com o próprio leite in natura e também com seus derivados. Desta forma, percebe-se que nas últimas décadas a produção vem aumentando de acordo com o aumento populacional e concomitante a este, há o aumento da exigência quanto à qualidade deste produto.

Para obter maior produtividade e produzir leite com qualidade, sabe-se que existem diversos fatores que interferem neste resultado. A genética do rebanho, a nutrição, a sanidade, o uso de tecnologias e o manejo eficiente, compõem a base para o sucesso do produtor.

3. ASPECTOS IMPORTANTES NA ORDENHA

Neste contexto, a ordenha se traduz como protagonista no resultado de uma boa produção leiteira, podendo interferir tanto no volume quanto na qualidade do produto.

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A mão-de-obra deve ser selecionada com muito critério, uma vez que os ordenhadores serão as pessoas responsáveis por todo o processo de ordenha. Estes ordenhadores devem ser pessoas que entendam do processo passo a passo e que tenha tranqüilidade na condução diária da ordenha. Os funcionários devem trabalhar sempre com vestimentas adequadas, serem pessoas dispostas de boa saúde e que tenham bons hábitos de higiene.

As instalações devem ser adequadas conforme a quantidade de animais que estarão em lactação tanto para ordenha mecânica como manual e o tipo de equipamento de ordenha a ser escolhido seguindo a mesma linha de raciocínio. As salas de espera e de ordenha devem respeitar a metragem de conforto animal para que o resultado na ordenha seja eficiente. A limpeza diária de esterco e a desinfecção do ambiente e utensílios com produtos clorados auxiliam na diminuição de contaminantes do leite.

O manejo com as vacas em lactação requer muita atenção, deve ser realizado de forma tranqüila, com calma e respeitando a rotina do horário de ordenha. Lembrar que em pecuária de leite, não existe para o animal sábados, domingos e nem feriados, desta forma devem ser ordenhados todos os dias.

A ordenha é o principal processo para a obtenção do leite com qualidade. Uma vez encaminhada à vaca para a sala de ordenha:

- O primeiro passo é retirar os três primeiros jatos de leite de cada teta em uma caneca de fundo preto, para diagnosticar a mastite clínica. Este conteúdo retirado deve ser desprezado em um local específico e não no chão da sala de ordenha.

- O segundo passo é fazer a higienização com água corrente das tetas caso estejam sujas. Neste caso, lembrar de enxaguar apenas as tetas. Não molhar partes com pêlos para evitar que a água escorra para as tetas e contamine o local.

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- O terceiro passo é a realização do pré-dipping, onde será aplicado um produto a base de Iodo na teta da vaca o qual deve agir pelo menos por trinta segundos e logo em seguida secar com papel toalha as tetas. Não utilizar o mesmo papel toalha para mais de uma vaca. Quanto mais seca a teta, melhor será a ordenha e menor será a contaminação.

- O quarto passo, logo em seguida deve ser colocada a teteira em cada vaca previamente higienizada com Iodo, até no máximo um minuto após esta aplicação. O tempo de ordenha deve ser em média de três minutos por vaca.

- O quinto passo é aferir o vácuo que o equipamento está marcando, caso a ordenha seja mecânica, se está de acordo com o nível recomendado. Aferir a ação do equipamento, se está funcionando em perfeitas condições e após esgotada a vaca fechar o vácuo e retirar o conjunto de ordenha.

- O sexto passo consiste na execução do pós-dipping, o qual deve ser feito com um produto concentrado a base de iodo glicerinado para evitar a mastite.

A seqüência de ordenha deve ser respeitada sendo a seguinte:

- 1º fêmeas de primeira cria- 2º fêmeas saudáveis que nunca tiveram mastite- 3º fêmeas “saudáveis” que já tiveram mastite- 4º fêmeas com mastite clínica (Descarte do Leite)

Após a ordenha essas vacas devem receber uma alimentação no cocho para evitar que as mesmas se deitem e que as tetas recém ordenhadas (as quais permanecem com o canal aberto de 45 minutos até duas horas após ordenha) entrem em contato com o solo, o qual servirá com fonte de infecção resultando futuramente em mastite clínica.

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Não se deve esquecer que depois de ordenhados todos os animais, deve-se realizar a higienização de toda sala de ordenha, utensílios e equipamento de ordenha, ou seja, lembrar que “A HIGIENE DE TODA ORDENHA SE INICIA AO FINAL DA ORDENHA ANTERIOR”. A armazenagem de baldes e utensílios devem ser feitas em locais limpos e secos.

A realização do CMT Califórnia Mastit Test, teste que identifica a saúde do úbere de cada vaca deve ser realizado no máximo a cada 30 dias. Em caso de reação positiva, o leite não deve ser destinado a consumo humano.

Para a execução de uma boa ordenha, recomenda-se periodicamente a cada 30 dias a realização da manutenção dos equipamentos através de um técnico para verificação e averiguação da funcionalidade.

4. CONCLUSÃO

A produtividade de leite, assim como a qualidade do leite depende diretamente dos cuidados referidos acima, ou seja, além da genética, da nutrição balanceada, de um rebanho saudável e implantação de tecnologia, com um bom manejo durante a ordenha, o produtor pode ser eficiente em seus resultados, ficando atento aos protocolos de execuções em seu sistema de produção, mais especificamente na ordenha, para garantir qualidade e consequentemente lucro em seu empreendimento.

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OVINO-CAPRINOCULTURA

Dinâmica de Apresentação – Caprioeste – 28ª Expobarreiras

1- Apresentação:André Carloto VielmoMédico Veterinário (UFU)Pós Graduação em Produção de Ruminantes (UFLA)Inspetor Técnico da ARCO e ABCCDiretor Técnico CaprioestePresidente AMEV-Oeste

2- Noções de MorfologiaDiferença entre Ovinos e Caprinos - Fossa Lacrimal/Glandula Interdigital/numero de vértebras coxigeas

Critérios para escolha de Matrizes e Reprodutores- Macho Testículo/Fêmeas Úbere- Sanidade –aparência / exames- Identificação de idade pela dentição

Itens que indicam o descarte de animais- Aparência doente/Aparelho reprodutivo/Exames

Clinicos(sanidade)

Defeitos de Aprumo e de Boca

3- Noções sobre o Conceito COS.

Conhecimento

Organização

Seleção

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CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES ESCAVADOS

aEng Pesca Ana Virgínia Nunes Sena; Eng° Agr° M.Sc. Leonardo da Costa Lopes

CODEVASF - FAHMA

PREPARO DOS VIVEIROS

Antes do início do cultivo, os viveiros devem ser adequadamente preparados para receber os peixes. Os procedimentos necessários para preparação dos viveiros são: esvaziamento e secagem dos viveiros, limpeza, desinfecção, aplicação de calcário, oxidação da matéria orgânica e fertilização.

Esvaziamento e secagem dos viveirosQuando terminado o cultivo, o viveiro deve ser completamente esvaziado e seco ao sol. Este procedimento tem como objetivo de oxidar e mineralizar os excessos de matéria orgânica, oxigenação do solo, eliminação dos ovos de peixe e outros predadores dos peixes cultivados. (OESTRENSKY & BOEGER, 1998).

LimpezaApós no mínimo 1 semana de exposição aos raios solares, procede-se a limpeza do fundo e das laterais do viveiro, deixando-os livres de tocos, pedras, restos de obras, plásticos e excesso de lama do cultivo anterior. (MELO et al., 2001).

DesinfecçãoA desinfecção evita que resíduos tóxicos ou microorganismos indesejáveis prejudiquem o andamento do cultivo e permite a oxidação da matéria orgânica acumulada e aumenta a fertilidade do solo dos viveiros.Pode ser feita com o uso de cal virgem ou hidratada, utilizando-se duas toneladas por ha. O hipoclorito de sódio (água sanitária) deve ser utilizado quando existirem manchas de lama mais escuras e com cheiro de ovo podre (enxofre), aplica-se cerca de 1 litro/m² nas áreas afetadas, revira-se o solo e repete-se a operação (2 ou 3x) até o cheiro de enxofre desaparecer. (OESTRENSKY & BOEGER, 1998).

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Aplicação de calcárioA calagem deve ser realizada de 7 a 10 dias antes da adubação e tem como objetivo corrigir a acidez do solo e da água. A calagem proporciona um maior desenvolvimento de plâncton, estimula o ciclo de nutrientes, deposita a matéria orgânica em excesso, fornece cálcio para os organismos aquáticos e auxilia na reprodução dos peixes. O calcário deve ser distribuído a lanço de forma uniforme em todo o fundo do tanque ou na superfície da água. A quantidade de calcário necessária pode variar de 200 a 3000 Kg/ha dependendo do pH e do tipo de solo. (MOREIRA et al., 2001)

Oxidação da matéria orgânicaA oxidação da matéria orgânica é outro ponto que merece atenção especial durante o preparo dos viveiros. Se não for controlado, o excesso de matéria orgânica provocará diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido.Além das práticas já descritas uma técnica muito eficiente e barata é a aplicação de fertilizantes químicos nitrogenados (uréia). Deverá ser espalhado no fundo do viveiro de preferência junto com o calcário. Utiliza-se 10 kg de nitrogênio por ha o que significa aplicar 22 kg de uréia. (OESTRENSKY & BOEGER, 1998).

Fertilização

É uma técnica utilizada para incrementar a produção de alimento natural no meio aquático ou seja, através da adubação nós forneceremos às algas, que são as mais importantes produtoras de matéria orgânica de um viveiro, elementos básicos necessários à fotossíntese - processo através do qual as plantas clorofiladas - fitoplâncton - transformam materiais inorgânicos (compostos de carbono, fosfato e nitratos), em materiais orgânicos (proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas etc.), na presença da energia solar e da água A princípio todos os fertilizantes utilizados na agricultura podem ser utilizados na piscicultura, os mais utilizados são os orgânicos.

Adubação orgânicaO esterco de bovinos é o mais utilizado, seguido do de suínos e aves.Fase de preparo do tanque: usar esterco de bovinos = 3.000 quilos por hectare ou esterco de suínos, 2.000 quilos por hectare.

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Manutenção: usar esterco de bovinos 1.500 quilos por hectare ou esterco de suínos 1.200 quilos por hectare

Adubação químicaOs mais utilizados são o sulfato de amônio e o superfosfato simples. Fase de preparo do tanque: 130 quilos por hectare (sulfato de amônio) e 130 quilos por hectare (superfosfato simples). Manutenção: 75 quilos por hectare (sulfato de amônia) e 75 quilos por hectare (superfosfato simples).O controle da fertilidade da água deve ser feita de uma a três vezes por semana, medindo a transparência com o disco de Secchi. A transparência ideal está entre 20 a 40 cm. Quando estiver menos que 20 cm (água muito escura), deve-se suspender a adubação; por outro lado, se a transparência estiver maior que 40 cm, deve-se fazer a adubação de manutenção. As adubações serão suspensas quando ocorrerem as seguintes condições: temperatura da água inferior a 20o C; transparência menos de 20 centímetros; peixes "buscando ar na superfície da água, no inicio da manhã. (ALBANEZ, 2000)

RECEPÇÃO DE ALEVINOS E JUVENIS

Os alevinos são quase sempre transportados em sacos plásticos contendo 1/3 de água de 2/3 de oxigênio puro. Deve-se procurar transportar os peixes nas horas menos quentes do dia. Deve-se colocar os sacos ainda fechados dentro do viveiro para que lentamente as temperaturas da água do viveiro e do saco plástico se igualem. Após 10 minutos os sacos devem ser abertos e os alevinos liberados para o viveiro. (OESTRENSKY & BOEGER, 1998).

POVOAMENTO

Os alevinos poderão ser povoados em dois tipos diferentes de viveiro: de crescimento ou alevinagem e de engorda. Os viveiros de crescimento são geralmente pequenos, o que facilita garantir as condições ideais de cultivo, permitindo maior aproveitamento da propriedade, pois como os peixes são menores, podem ser povoados em densidades mais elevadas. Além disso os viveiros de crescimento tem justamente a característica de facilitar o manejo e proporcionar uma maior taxa de sobrevivência ao final do cultivo.

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O povoamento direto nos viveiros de engorda ainda é um procedimento mais comum na piscicultura brasileira. Porém, tal procedimento não permite ao produtor conhecer a mortalidade e consequentemente a real população do viveiro. (CALDAS, 2010)O número de peixes que devem ser colocados no viveiro dependerá de vários fatores, como: tipo de viveiro (alevinagem ou engorda); tamanho do viveiro; sistema de produção; experiência do produtor; qualidade e quantidade de água disponível e tamanho exigido pelo mercado. (OESTRENSKY & BOEGER, 1998).

MANEJO ALIMENTAR

Para se obter sucesso na piscicultura é fundamental a administração de uma alimentação adequada aos peixes. A alimentação tem efeito direto na sobrevivência, no crescimento e na produção.

O alimento dos peixes necessita conter proteínas, hidratos, vitaminas, minerais etc.. Sem estes elementos os peixes não crescem. Existem dois tipos de alimentos: natural e artificial. Os alimentos naturais são aqueles produzidos no viveiro e que são consumidos pelos peixes. Exemplos de alimentos naturais: fitoplâncton – algas; zooplâncton - microorganismos animais e matéria orgânica morta.

Todos os organismos que vivem em um viveiro, direta ou indiretamente, participam da produção de carne de peixe.

Os alimentos artificiais são as rações balanceadas para peixes ou similares, extrusadas, peletizadas ou em pó e todos os subprodutos agropecuários locais que o piscicultor possa oferecer aos peixes, a exemplo de raízes, grãos e farelos, verduras, legumes e frutas. (CALDAS, 2010)

BIOMETRIAS

Para determinar o ganho de peso, conversão alimentar e sanidade dos animais. Devem-se fazer biometrias quinzenais. Com uma amostra representativa de peixes, procede-se a pesagem e calcula-se a média de peso por peixe. Nesta oportunidade observa-se se os peixes apresentam algum sinal de doenças ou parasitas. Os peixes manuseados devem ser submetidos a tratamento profilático em solução de água e sal de cozinha (NaCl) a 3%.

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MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS VIVEIROS

As características físicas e químicas da água são fundamentais para os organismos que nela vivem, pois determinam as condições ambientais que favorecem o crescimento e a sobrevivência de espécies vegetais e animais aquáticos.

As variações mais importantes que devem ser monitoradas em cultivo de peixes são:

Temperatura

A temperatura exerce profunda influência sobre a vida aquática e desempenha papel preponderante na alimentação, respiração e reprodução dos peixes. Ela também influência diretamente na disponibilidade de oxigênio dissolvido regulando o apetite dos peixes. Daí a vantagem das regiões tropicais para a piscicultura, uma vez que nelas os peixes comem praticamente durante todo o ano.

pH

É a medida que expressa se uma água é ácida ou alcalina em escala que varia 0 a 14. O pH intervém freqüentemente na distribuição dos organismos aquáticos. A respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são fatores capazes de alterar o pH na água.

Oxigênio dissolvido

O oxigênio da água é proveniente da atmosfera e dos vegetais que ocorrem submersos e que liberam o oxigênio através da fotossíntese. O oxigênio é consumido pelos animais (como os peixes) pelos vegetais (algas e plantas aquáticas submersas) e também, pelo processo de decomposição da matéria orgânica.

Turbidez

As águas naturais não são puras e apresentam uma série de materiais dissolvidos e em suspensão, tais como partículas de argila, detritos orgânicos e os próprios microorganismos que vivem na água.

Esse conjunto de materiais dispersos na água reduz a penetração da luz, impedindo que grande parte atinja as camadas mais profundas. Este efeito de redução de luz ao atravessar a coluna d'água é chamada de turbidez.

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Sais Dissolvidos

Muitas substâncias encontram-se dissolvidas na água. Enquanto algumas são essenciais para a sobrevivência dos organismos, como o nitrogênio e o fósforo, outras são tóxicas, como a amônia, e provocam mortalidade e insucesso nos cultivos.

DEPURAÇÃOEm qualquer cultivo em viveiros, a presença de alguns tipos de algas e bactérias podem alterar o sabor da carne do peixe. A melhor formas de evitar este problema é o processo de depuração, onde os peixes são deixados em jejum, ou seja, sem se alimentar, para o completo esvaziamento do trato digestivo. A depuração deverá ser realizada em tanques com água limpa antes da despesca.

DESPESCA

Antes da despesca, os peixes deverão ser amostrados e avaliados. É importante determinar o estado de saúde, o peso médio e o número de peixes existentes no viveiro. Basicamente são utilizados dois métodos de despesca no Brasil: drenagem dos viveiros com a coleta dos peixes com rede ou caixa de coleta e a utilização de rede de arrasto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALBANEZ, J.R. Piscicultura. EMATER-MG: 2000. Disponível em: http://www.emater.mg.gov.br/doc/site/serevicoseprodutos/livraria/Psicultura/Piscicultura.pdf. Acesso em: 28/06/2010.CALDAS, M.E.M.R. Criação racional de peixes. CEPLAC/CENEX. Disponível em: http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo14.htm. Acesso em 29 de junho de 2010.MELO, L.A.S.; IZEL, A.C.U.; RODRIGUES, F.M. Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em viveiros de argila/barragens no estado do Amazonas. Embrapa Amazônia Ocidental: 2001, 30p.MOREIRA, H.L.M.; VARGAS, L.; RIBEIRO, R.P.; ZIMMERMANN, S. Fundamentos da aqüicultura moderna. ULBRA: 2001, 200p.OESTRENSKY, A.; BOEGER, W. Piscicultura – Fundamentos e técnicas de manejo. Porto. Alegre: Guaíba/Agropecuária, 1998. 211p.

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AVICULTURA DE CORTE

Pedro Ovídio TassiCoordenador do Projeto de Integração da Frango de Ouro – Barreiras – BA

INTRODUÇÃO

O modelo de integração do setor de aves estabelece uma relação contratual firme entre empresa e integrado, possibilitando uma inserção deste no mercado de forma sustentada.O sistema de integração avícola da Frango de Ouro, foi elaborado com muito esforço, dedicação e trabalho e tem sido empregado para aprimorar o sistema de produção e gerar resultados satisfatórios tanto para a empresa quanto para o avicultor.Qualquer negócio é bem sucedido quando existe conhecimento, dedicação e comprometimento. Com a mecanização/automação na criação de frangos, uma pessoa pode cuidar cada vez mais de um número maior de frangos. Com isso, cresce a importância de educar e treinar o pessoal. O incentivo, o conhecimento, a troca de informações e principalmente o reconhecimento, são fatores decisivos para a obtenção de bons resultados.

Diante de tal preocupação o Projeto de Integração utilizará em sua criação a linhagem de pintos de corte Cobb, desenvolvida pela equipe de geneticistas da Cobb Vantress, que apresenta excelentes resultados em viabilidade e conversão alimentar, aliados ao peso corporal e uniformidade. O produto manifesta-se no campo com bastante docilidade e rusticidade, com um ótimo desempenho.Procuramos enfocar os principais aspectos do Programa de Integração e o Manual de manejo da produção para mostrar o desempenho que o frango Cobb pode obter em condições normais de criação.Serão feitas algumas orientações sobre o manejo e administração do aviário, sempre acompanhado pela assistência técnica da Avícola Barreiras Ltda., O objetivo da Frango de Ouro, por meio de seu Departamento de Integração, é de sempre contribuir no apoio e nas informações às áreas de Integração, manejo, sanidade e nutrição a serviço da produção econômica do frango de corte.

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Por meio dos contratos de integração, a Frango de Ouro, além de fornecer a ração

e acompanhamento, arca com os custos da assistência técnica, fornece e

transporta os pintos de um dia, fornece medicamentos e faz a panha (ato de

coletar as aves) das aves adultas da granja ao abatedouro. Ao produtor integrado

cabem os custos da construção do galpão e da aquisição dos equipamentos, da

mão-de-obra para o manejo, da energia para iluminação, do aquecimento e

ventilação do aviário e da aquisição da “cama” para forrar o piso dos aviários.

O sistema de integração possibilita o emprego da mão-de-obra familiar. Além

disso, este sistema reduz consideravelmente os riscos do integrado. Seu

rendimento é condicionado à sua eficiência no processo produtivo.

O desenvolvimento da parceria, conhecida como integração é o pagamento pela criação desde a fase de pintinho ao frango adulto. Este ciclo dura, em média, 42 dias. Os itens analisados para a remuneração do produtor são: o índice de mortalidade, a taxa de conversão alimentar e o ganho de peso diário.

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Assim, a remuneração para o produtor, nesta parceria, também depende do bom manejo do aviário.

Avaliação de desempenho técnico:

Todos os lotes contém uma ficha de acompanhamento, onde são anotados as ocorrências do início ao final de cada ciclo. Essas anotações permitem saber se um lote de frangos produziu adequadamente. O método em uso é o “Índice de Eficiência Europeu de Produção”, o IEEP. (ANEXO III)

Além da receita com os frangos, tem ainda a produção da cama de frango, um composto orgânico (palha de arroz + esterco de frango) que é acumulado a cada lote. Normalmente, a cama é retirada a cada lote, podendo ser retirado no máximo a cada três lotes. Uma ave alojada produz, em média, 1,6 kg do composto orgânico. O destino da cama de frango pode ser:

A utilização na propriedade como adubo orgânico; ou A venda, como uma opção a mais de receita;

Sistema Dark House

O aviário dark house para frangos de corte é um sistema de criação em ambiente totalmente controlado, o que inclui o clima e a iluminação. As aves recebem programa de iluminação específico que visa estimular o desenvolvimento do lote, sendo que as cortinas pretas evitam a interferência da luminosidade externa no ambiente de criação.

O sistema utilizado pela Frango de Ouro possui todos os controles de um aviário climatizado, como medidores de temperatura, umidade, ventilação e incluem sistemas de pesagem de frangos e ração consumida e controle da intensidade luminosa (em lux) .

O sistema dark house para frangos de corte permite a produção de aves com otimização do custo de produção, economizando energia elétrica e propiciando ganhos como incremento de densidade e kg/ave/m2, melhor conversão alimentar, maior ganho de peso diário e redução de condenação por riscados e menor estresse das aves.

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Preparação, alojamento e ampliação de espaço

Durante o período de preparação é de fundamental importância manter o intervalo entre lotes de no mínimo 12 dias e dentro deste um vazio sanitário de 7 dias para reduzir a carga microbiana.

As granjas de frango de corte devem se manter com as aves de idade semelhante, desta forma, o conceito tudo dentro, tudo fora (idade única), deve ser praticado para alcançar resultados consistentes ao longo do tempo.

Programa básico de manejo sanitário - biossegurança

Para obter bons resultados em um plantel de frangos de corte, devem-se observar alguns pontos de biossegurança, tais como:

a) Envolver as pessoas da empresa no programa de biossegurança de maneira racional e motivadora.

b) Instalar a granja em locais afastados, sempre que possível, dos centros urbanos, de outras granjas, incubatórios, fábricas de rações e indústrias de processamento de alimentos de origem animal.

c) Executar desinfecção de todos os veículos ou utensílios que entrarem na granja.

d) Combater a presença de insetos e roedores, prevenir contra a aproximação de animais, principalmente aves silvestres.

e) Evitar o trânsito de veículos, pessoas ou animais próximos aos núcleos.

f) Cercar os núcleos com árvores não frutíferas. A vegetação servirá de filtro natural para reduzir o risco de contaminação das aves.

Restringir ao máximo visitas à granja/pinteiro, e mais ainda aos galpões de produção. Quando permitir a entrada de visitantes nos galpões, ideal seria tornar obrigatório o banho e o uso de roupas e calçados limpos e desinfetados fornecidos pelo criador.

g) Estabelecer um eficiente programa de monitoria laboratorial durante toda a vida do plantel para controle de doenças emergentes.

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h) Definir um programa de vacinação de acordo com as necessidades decada região, controlando o perfil de soroconversão das aves alojadas.

j) Entre um lote e outro é imprescindível a limpeza completa do galpão,

dos equipamentos e cortinas, seguida de cuidadosa desinfecção.

Destino das aves mortas:

A presença de aves mortas nas imediações do galpão representa risco de contaminação para a granja. Uma maneira eficiente de eliminá-las é a composteira.

“A compostagem é um processo de decomposição oxidativo biológico aeróbio e controlado de transformação de resíduos orgânicos em produto estabilizado, com propriedades e características completamente diferentes do material que lhe deu origem” (Fernandes e Silva, 1999).

Dessa forma, a compostagem é um sistema de eliminação de carcaças de aves mortas nos aviários, que resolve um problema crônico da avicultura moderna. Este sistema é bastante seguro em relação à contaminação do meio ambiente e evita a propagação de agentes infecciosos.O processo de compostagem apresenta três diferentes fases, sendo a primeira correspondente à decomposição dos componentes facilmente biodegradáveis, a segunda, denominada fase termofílica, onde o material é degradado pela atividade oxidativa dos microorganismos e, por último, a fase de maturação e estabilização (Reis ET AL, 2004).Sendo um processo biológico, a compostagem requer condições especiais de temperatura, umidade, aeração, pH e relação C/N.

Condições especiais

Temperatura: Os microorganismos que participam mais ativamente do processo são os aeróbios e os facultativos, que predominam nas faixas de temperatura de 20 a 45 graus centígrados (mesófilos), e de 45 a 65 graus centígrados (termófilos). Esses microorganismos, exotérmicos, liberam energia em forma de calor, elevando de forma natural a temperatura da compostagem.

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Umidade: Para que o processo ocorra normalmente é importante buscar o equilíbrio água-ar, o que é obtido mantendo-se o processo de compostagem com um teor de umidade na ordem de 55%. Umidades superiores a 60% levam a anaerobiose e inferiores a 40% reduzem a atividade biológica.Aeração: A compostagem deve ser realizada em ambiente aeróbio. Além de ser mais rápida e melhor conduzida, não produz mau cheiro nem proliferação de moscas.pH: A compostagem aeróbia provoca a elevação do pH. No início do processo, o pH se torna ácido (5 a 6), devido à formação de ácidos minerais e gás carbônico, em seguida eles começam a reagir com as bases liberadas da matéria orgânica, neutralizando e transformando o meio em alcalino (8 a 8,5) permanecendo assim até o final do processo (Reis et al, 2004).Relação C/N(Carbono e Nitrogênio): A relação C/N é um indicador do nível de maturidade do processo. A relação deve começar alta em torno de 60:1, e no final do processo deve estar em torno de 20:1, indicando que o material está pronto para ser usado como adubo orgânico.

Metodologia para compostagem de carcaças de aves

Disposição das camadas:1ª CAMADA: Palha de Arroz nova, 10 cm de espessura.2ª CAMADA: Carcaças de Aves, máximo 15 cm de espessura.3ª CAMADA: Cobrir as carcaças com cama de frangos de forma que as aves não fiquem expostas.4ª CAMADA: Palha de Arroz nova, 10 cm de espessura.

OBSERVAÇÕES:•Repetir a seqüência acima até o enchimento da câmara (1,2 m de

altura).• Deixar um espaço mínimo de 10 cm entre as paredes da câmara e

os resíduos (carcaças de aves), este local deve ser preenchido com cama de aviário.

•A 4ª camada tem por objetivo aerar o processo para que o mesmo não se torne anaeróbio.

•Para o fechamento da câmara (borda superior) utilizar uma camada de 10 cm de areia ou terra de mato.

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•A abertura da compostagem poderá ocorrer após 60 dias do fechamento da câmara.

Uso da cama e forração do pinteiro:

Recomenda-se o uso de material para cama com uma altura de 2 - 4 cm no verão, e de 4 a 8 cm no inverno.Na área inicial do alojamento deve-se utilizar nas primeiras vinte e quatro horas uma cobertura de papel (bobina e/ou jornal) para evitar contato direto dos pintos com a cama. Assim evita-se que as aves comam partículas da cama que irão comprometer a mucosa do trato digestivo e conseqüentemente interferir na conversão alimentar. Sobre o papel deve-se colocar de 2 a 4 gramas de ração por ave alojada em pequenos amontoados estimulando o processo de alimentação e também facilitando o reconhecimento da ração pelas aves como sua fonte de alimento, evitando o consumo de cama após a retirada do papel de forração.Diferentes materiais são usados para cama. É importante analisar a cama para evitar problemas com fungos (cama úmida), insetos e outros contaminantes.É recomendável acompanhar, durante as 24 horas do dia, os pintos na primeira semana, principalmente nos primeiros 3 dias.

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Ampliação de espaço para os pintos / frangos

Em lotes com crescimento mais rápido, ampliar mais cedo, principalmente em períodos de muito calor. Colocar a cada 30 metros, um dispositivo de contenção de 50 cm de altura que impeça a migração das aves ao longo do galpão.

Metas para 0 a 14 dias de idade

O bom desempenho das aves de 0-14 dias de criação indicam grande possibilidade de êxito no final da criação dos lotes.

Indicadores de normalidade:

O peso inicial deverá no mínimo quadruplicar-se nos primeiros 7 dias.

Exemplo: 40 gr ------------------------160 gr

A mortalidade nas primeiras duas semanas:0 - 7 dias ------------------------------ 0,7% (máximo)0 - 14 dias ---------------------------- 1,1% (máximo)

Os fatores que mais comprometem o desempenho das aves na fase inicial da criação são:

•Qualidade da matéria-prima dos alimentos e/ou alimento inadequado para a idade (ração e água).

•Reações pós-vacinais.•Ambiência inadequada principalmente quando estão prejudicados

os fatores, temperatura e qualidade do ar interno do pinteiro.

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Maiores causas de mortalidade inicial: qualidade dos pintos de um dia; variações bruscas na temperatura; falta d'água ou inadequada regulagem dos equipamentos.

Aquecimento

•Com alta umidade relativa (80%), a temperatura deve ser reduzida rapidamente depois de 16 dias para não afetar o crescimento das aves.

•Com baixa umidade relativa (40%), a temperatura pode ser mantida mais alta, sem afetar o crescimento e a conversão alimentícia.

•O Sistema adotado (PLASSON) é 100% automatizado.•A temperatura nas diferentes partes do galpão deve ser semelhante

à temperatura ideal para a idade dos pintos. O comportamento dos pintos continua sendo o melhor indicador na operação correta das campânulas e da temperatura no meio ambiente.

•Para as empresas que criam pintos sexados, é muito importante que o macho de empenamento lento esteja bem empenado aos 38 dias de idade. Manter a temperatura alta retarda a saída de penas de segunda geração.

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•O uso de termohigrômetro é fundamental na avaliação das temperaturas ideais para cada idade das aves nas diferentes regiões do país e estações do ano.

•Em regiões em que o inverno é rigoroso, o aquecimento é usado até 21- 28 dias.

•Uma renovação apropriada de ar fresco (ventilação) é importante na criação de pintos de corte.

•Deve-se buscar continuamente o equilíbrio entre temperatura e ventilação. Os pintos necessitam de um bom fornecimento de oxigênio para manterem-se saudáveis.

•No caso de galpões forrados, usar o sistema de ventilação mínima para renovar o ar e obter uma resposta adequada à sensação térmica.

O aquecimento no verão deve durar 7 - 12 dias, no inverno, até 14 dias durante o dia e até 21 dias à noite, segundo as condições ambientais apresentadas. el. É também muito eficaz e econômico o sistema de aquecimento com fornalhas a lenha.

Espaços de comedouros e bebedouros nas diferentes fases de criação

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Altura ideal do comedouro

Os comedouros altos tem dado como resultado, em muitos casos, uma uniformidade menor em lotes mistos assim como um maior desperdício de rações, pesos menores e conversões mais altas. Em lotes mistos, são as fêmeas que mais sofrem com os comedouros altos. As fêmeas ficam atrás em peso e não chegam a ter aproximadamente 85% do peso dos machos aos 42 dias de idade.Os resultados de campo demonstram a importância da manipulação dos comedouros para estimular os frangos suficientemente. Uma regulagem inadequada da altura dos comedouros pode piorar a conversão alimentar em mais de 5 pontos e pode reduzir o peso em mais de 50 gramas, comprometendo o índice de eficiência em mais de 10 pontos. A revisão da cama ao redor dos comedouros deverá ser uma parte integrante na supervisão, para avaliar se está ocorrendo desperdício de ração. Observe as recomendações a seguir:

•A altura da borda do comedouro deve estar abaixo do papo dos frangos;

•A partir dos 35 dias de idade, manejar o comedouro o mais baixo possível, sem que haja consumo de ração por parte dos frangos quando deitados, porque obstruem o acesso ao comedouro e podem comprometer a integridade do peito (calos);

•É importantíssimo manter baixa a altura das rações dentro do comedouro, de forma que o excesso de alimento no bico caia de novo no comedouro e não no piso.

Como melhorar a conversão alimentar em frangos

1. Usar água tratada - 3 a 5 ppm de cloro - ao nível do bebedouro.2. Preservação do trato gastrointestinal da ave na primeira semana de

vida.3. Atingir os pesos ideais nas três primeiras semanas.4. Espaço suficiente bebedouro e comedouro.5. Estimular o consumo.6. Utilização de ração farelada, peletizada, peletizada triturada de

alta densidade.

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7. Uso de réguas para regular a quantidade de ração nos pratos dos comedouros, segundo a idade do frango, reduzindo o desperdício e a falta de ração.

8. Manter uma boa integridade sanitária das aves e programas profiláticos adequados.

9. Manejo adequado de ambiência.10. Evitar mortalidade no final (ambiente - genética).11. Usar cama de boa procedência e manter sua qualidade até a

retirada do lote.

Bebedouro e água

Bebedouros – nipple

Em galpões com ambiente controlado, os nipple são muito eficazes. O objetivo do sistema de bebedouros nipple é obter um fluxo de água suficiente para que as aves possam tomá-la com facilidade e rapidez, sem se cansar. Deve haver um equilíbrio entre a facilidade de ativar o nipple e o fluxo de água.

1) Cada fabricante de nipple tem vários modelos de diferentes fluxos ou vazões de água.

2) Para a criação de pintos de corte, é recomendado um fluxo de 30 até 150 cc de água/minuto/nipple conforme tabela 3.

3) O sistema de nipple reduz a mortalidade nos pintos por manter a água com baixo nível de contaminação.

4) Em altas temperaturas, o bebedouro com baixo fluxo de água pode causar severo atraso no ganho de peso devido ao baixo consumo da mesma e conseqüentemente das rações.

5) Deve-se calcular uma densidade final de 10 a 13 aves por nipple ou conforme o peso definido para abate.

Durante os dois primeiros dias de idade, os pintos devem concentrar-se ao redor da linha de nipples, não ultrapassando neste período a relação de 24 pintos/nipple.

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7) Devemos manter a altura do nipple de tal maneira que a ponta metálica do nipple (chupeta) fique na altura dos olhos dos pintos, durante as primeiras duas horas depois da recepção, e deixar que se forme uma gota na ponta da chupeta.

Deve-se elevar a linha de bebedouros de tal forma que o pinto beba a água em um ângulo de 45 graus. Quando a linha do nipple move-se muito, é indicação de que o há fluxo de água (pressão) ou a linha está muito baixa.

8) Para um perfeito controle de altura dos bebedouros nipple, é necessário, antes do alojamento dos pintos, nivelar a cama abaixo das linhas de nipples. Antes da chegada dos pintos, regular a altura dos bebedouros nipple, usando régua base no indicador de idade para o primeiro dia.

Observação:•Nas primeiras horas, depois do alojamento dos pintos, o nipple

deverá ficar na altura dos olhos dos pintos.•Ao fim do dia, deve-se suspender o nipple para que os pintos

possam passar por debaixo sem encostar.•Do quarto dia até o abate a ave deve formar um ângulo de 45 graus

entre a base do bico e o nipple.9) Deve haver 80 a 100 cm de distância entre a linha de bebedouros e

o comedouro mais próximo.10) O tubo de água deve ser limpo sempre depois de qualquer

tratamento com medicamentos ou vacinas. Pode-se utilizar vinagre diluído na proporção de 1litro/ 1.000 de água.

11) Os pintos preferem água um pouco ácida (pH 6.3-6.9). Adicionar 500 ml de ácido acético (vinagre) / m³ de água continuamente (se o pH permite) para manter o sistema limpo e, em períodos de calor, estimular o consumo de água.

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12) Colocando papel grosso, papelão , ao lado da linha do bebedouro, no primeiro dia de alojamento, ajudará os pintos a aprenderem mais rapidamente a tomar água, evitando-se assim, a

Notas importantes:1- O erro maior e mais comum é manter baixa as linhas dos

bebedouros.2 - Verificar a altura das linhas diariamente.

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Padrões de qualidade de água para aves

A qualidade da água é muito importante, recomendamos enfaticamente, efetuar uma análise físico-química e bacteriana da água em cada granja para assegurar sua qualidade. A média de consumo de água por frangos é 2,5vezes o consumo diário de ração ou o equivalente a 20% do peso do frango vivo.

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Iluminação

Os programas de luz utilizados na criação de frangos de corte têm como finalidade regular o consumo de alimento.Para se determinar o manejo de luz a ser utilizado é necessário observar diversos fatores tais como: Peso de abate planejado, níveis nutricionais médios de cada fase das rações utilizadas, tipo de ração (farelada ou peletizada), época do ano, curva de mortalidade, altitude e principalmente a curva de crescimento apresentada por cada lote. Podemos assim, determinar a quantidade de horas necessárias e em que períodos da vida da ave devem ser utilizadas.É sempre bom ter em mente que o uso de luz é uma ferramenta a mais que se dispõe para obter melhores resultados, portanto deve ser programada caso a caso para atingir os benefícios de que seu uso pode trazer.Uma coisa é fundamental com o programa de luz; sua utilização deve ser muito bem planejada para que não se descaracterize a curva de crescimento normal da ave, pois, caso isto ocorra pode-se ter elevação da mortalidade final com conseqüente elevação da conversão alimentar. Indica-se, porém que, nos primeiros três dias de alojamento, o uso de luz seja integral (24 hs).* Intensidade de luz: 22 Lumens/m².

Densidade de alojamento

Na atualidade, trocou-se o conceito de número de aves por metro quadro de área total do galpão no alojamento, por capacidade de quilograma de peso vivo que o galpão suportará na época de retirada do frango para o abate. Para isso levam-se em consideração as condições ambientais, época do ano, disponibilidade de equipamentos, objetivos de produção e racionalização de mão de obra.

Exemplo:

Um galpão com capacidade de 40 Kg/m², com o objetivo de peso ao abate de 2,3 Kg por ave, pode-se alojar até 17,3 Ave/m².

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Pontos importantes para um plano de vacinação de frangos

1) Determinar qual enfermidade é mais problemática nas diferentes épocas do ano.

2) Realizar perfil sorológico periódico e qualificar o desafio para cada enfermidade.

3) Reduzir o número de vacinações no frango ao mínimo possível. Manter um programa simples e revisá-lo regularmente, de acordo com os resultados sorológicos.

4) Um bom período de descanso para os galpões é o melhor controle para enfermidades. Trabalhar com idade única para cada unidade de produção. Em média deve-se manter um intervalo entre lotes de 20 dias e vazio sanitário no mínimo de 10 dias. Em caso de problemas sanitários, adotar no mínimo 21 dias de vazio sanitário.

5) Manter temperaturas estáveis dia e noite por meio de um bom sistema de ambiência (cortinas, calefação, campânulas, ventiladores etc.).

6) Causas de reações vacinais fortes:- Má qualidade dos pintos;- Manejo ruim da temperatura;- Técnica de vacinação inadequada;- Uso de cepa vacinal e/ou de aplicação inadequada;- Imunossupressão;- Vacinas excessivas;- Enfermidades complicantes (Coli, Mg, Gumboro, etc.,);- Espaço de tempo entre vacinas inadequado;- Qualidade da água.

Exemplo de reações pós-vacinaisReações pós vacinais – períodos* Bronquite Infecciosa - reação aproximadamente de 3 - 5 dias.* Newcastle - aproximadamente de 5 - 7 dias.Em muitas empresas, o uso de medicamentos é freqüente para controlar problemas respiratórios nas diversas fases da cria. O conceito central é conseguir um ajuste no programa de vacinação para evitar complicações respiratórias pós-vacinais e, assim, proteger adequadamente os frangos sem o uso de medicamentos. Desta forma, consegue-se uma melhor eficiência produtiva.

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Vias e formas de vacinação

É possível usar diferentes vias de vacinação para cada vacina. A escolha da via dependerá do manejo, do desafio de campo e do grau de cobertura que se queira alcançar para cada vacina. As mais freqüentes são:- Oral: água de bebida / individual com gota;- Óculo-nasal: individual com gota / aspersão com gota grossa;

Uma vez eleita a via de vacinação, devemos observar a forma como se vacinam as aves. Há pontos críticos na forma de vacinação que, em muitos casos, podem ser a razão de êxito ou fracasso da proteção da vacina. Quando a causa tenha sido descuido na forma de vacinação, deve-se revisar os seguintes aspectos de manejo:- Tempo observado na preparação da vacina;- Limpeza e higiene do equipamento de vacinação;- Tempo máximo entre preparação da vacina e vacinação do último frango;- Manutenção da temperatura da vacina e diluentes antes e durante a preparação, bem como durante a aplicação da mesma;- Tempo máximo na aplicação da vacina;- Higiene durante a vacinação;- Manter tempo adequado entre vacinações;- Seguir as indicações do fabricante;- Executar os programas de vacinação sempre tomando em conta a condição geral de saúde do lote;- Suspender a cloração da água 24h00min antes da aplicação e/ou adicionar leite em pó desnatado na razão de 2 a 3g por litro d'água;- Seguir as orientações da assistência técnica do fornecedor de vacinas e do médico veterinário.

Observações relacionadas com pesos e com a conversão dos frangos de corte- A diminuição de 1 - 2% de peso é esperada entre o peso na granja e o peso no abatedouro com um tempo de descanso adequado.- Em galpões abertos onde a amplitude térmica ultrapassa 10ºC ou mais, entre o dia e a noite, a conversão será sempre mais alta. Em média, estima-se entre 0,15 - 0,20 pontos mais alta que os resultados anotados nas tabelas.

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Saída dos frangos da granja:- É a última etapa do processo de criação: O carregamento e a própria apanha do frango podem afetar a qualidade se feitos sem os devidos cuidados, podendo provocar lesões na musculatura, rompimento de asas, entre outras, que conseqüentemente condenarão total ou parcialmente o produto a nível de abate.- Deve-se calcular criteriosamente a quantidade de ração que será necessária até o dia de saída. Ração que sobra perde qualidade e aumenta a conversão. Deve ser retirada o mais rápido possível.- No dia do carregamento, a ração deve ser retirada 6 a 8 horas antes do início do embarque. Se o carregamento for à noite, a restrição deve ser feita com luz para que os frangos tenham acesso à água. Isto facilita a digestão do alimento, esvaziando mais rápido o trato digestivo.

Recomendações para apanha e carregamento:1) Levantar ou retirar os equipamentos;2) Conduzir as aves lentamente e com cuidado;3) Evitar movimentos bruscos e não permitir que as aves se

amontoem;4) Cercar as aves com as caixas;5) Segurar os frangos com as duas mãos pelo dorso durante o dia, e à

noite pode-se contê-los também pelo pescoço, e colocá-los com cuidado nas caixas;

6) Colocar rigorosamente o mesmo número de aves por caixa, porém levar em conta quantas caixas serão carregadas ao final (por exemplo, em lugar de 8 frangos se carregam 9 por caixa) para que se esvazie o galpão por completo;

7) Usar tubos de PVC para facilitar a condução das caixas até o caminhão;

8) Nos dias quentes, fazer o carregamento com os nebulizadores funcionando e molhar bem os frangos em cima do caminhão antes da saída da granja para evitar mortalidade pelo calor. É importante processar os frangos o mais rápido possível ao chegar no frigorífico. Caso contrário, colocar o caminhão na área de recepção com sombra e ventiladores;

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Indicações gerais para avaliação de resultados de frango

•Usar pelo menos quatro repetições por sexo, por linha genética;•Distribuir as linhas genéticas (ao acaso) em todo galpão da prova;•Repetições de 50 aves ou mais por divisão. Maior quantidade,

mais significativos os valores obtidos;•Aves devem ser alojadas com a mesma densidade por sexo,

mesmo espaço de comedouro, bebedouro etc., utilizando um mesmo tipo de equipamento;

•Cada prova deve ser repetida pelo menos uma vez;•Em caso de efetuar uma prova com aves mistas, alojar o mesmo

número de fêmeas e machos por divisão e aumentar as repetições para 8;

•A procedência dos pintos deve ser de lotes de reprodutoras de idade semelhantes (entre 40 e 45 semanas de idade), com o mesmo sistema de manejo e pesos médios iguais por ocasião do alojamento Ex: (42 g);

•Manejar cada linha genética segundo orientações da empresa fornecedora da linhagem;

•Corrigir o resultado final por peso e/ou conversão alimentar, calculando, para cada 30g de peso vivo, corrigindo de 0,01 pontos em C.A.;

•Quando se fazem provas de rendimento em carne, usar aves que estão no peso médio do lote, mantendo um mínimo de 50 aves x 4 repetições;

•Um maior peso corporal dará um melhor rendimento:* 45g mais de peso ---------- 0,1% mais de rendimento* 70g mais de peso --------- 0,1% mais de carne de peito* 200g mais de peso -------- 0,1% mais de cocha e perna.

Manutenção de Registros

A manutenção correta dos registros é essencial para monitorar o desempenho e a rentabilidade de um plantel, bem como para possibilitar a realização de previsões, programações e projeções de fluxo de caixa. É útil também para fazer a detecção precoce de possíveis problemas. Os registros diários devem ficar expostos em cada galpão. Em alguns países, os dados a seguir devem ficar à disposição das autoridades competentes antes do abate das aves.

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Os registros diários devem incluir:• Mortalidade e refugagem por galpão e por sexo• Consumo diário de ração• Consumo diário de água• Proporção entre água e ração• Tratamento da água• Temperatura mínima e máxima diária• Umidade mínima e máxima diária• Número de aves encaminhadas para abate• Alterações no manejo

Registros sobre o Plantel:• Entregas de ração (fornecedor/quantidade/tipo/data do

consumo)• Amostra de ração de cada entrega• Peso vivo (diário/semanal/ganho diário)• Medicamen to ( t i po / lo t e /quan t idade /da t a da

administração/data da interrupção)• Vacinação (tipo/lote/quantidade/data da administração)• Programa de luz• Cama de frango (tipo/data do fornecimento/quantidade

fornecida/inspeção visual)•Fornecimento de pintos (número/data/horário/contagem

nas caixas/temperatura e umidade no caminhão)• Densidade de alojamento• Fonte fornecedora dos pintos (incubatório/raça/código da

matriz/peso do pinto)• Pesos de cada carga em cada abatedouro• Descartes• Data e horário da retirada da ração• Data e horário do início e encerramento do fornecimento

de ração• Esvaziamento (contagem total viável/inspeção visual)• Resultados post mortem• Consertos e manutenção• Teste semanal do gerador• Teste semanal do sistema de alarme• Controle de sensores e termostatos (data da aferição)

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Registros anuais:• Água (teste na fonte e no bebedouro)

ANEXOS

Sexagem de Pintos de Corte pelo Exame das PenasOs pintos de corte no formato em que é possível a sexagem pelo exame das penas – ou seja, de empenamento lento – podem ser sexados com um dia de idade conforme ilustração a seguir.No formato em que a sexagem por exame das penas não é possível – ou seja, de empenamento rápido – tanto os machos como as fêmeas tem o mesmo padrão de desenvolvimento das penas, conforme ilustrado no diagrama abaixo, no caso das fêmeas.

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OFICINAS TEMÁTICAS

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Os pobres rurais também podem ser eficientes… e quando o forem deixarão de ser pobres

Polan Lacki

Uma reflexão introdutória: Os pequenos produtores rurais que desejem sobreviver nesta atividade econômica:

- terão que se tornar mais eficientes, “profissionalizar-se” e organizar-se em grupos de auto-ajuda para reduzir os seus custos de produção e de transação.

- se não o fizerem – a sua própria ineficiência produtivo-gerencial e especialmente a crescente ação expropriatória dos fabricantes e provedores de insumos e de maquinária, das redes de supermercados, dos intermediários e dos agroindustriais – os transformarão em ex-agricultores.

No Brasil e nos demais países da América Latina, durante mais de cinco décadas, os programas paternalistas de erradicação da pobreza rural nos demonstraram o seguinte:

a) Que a insuficiência de recursos materiais e financeiros dos pequenos agricultores, embora real, está muito longe de ser a principal causa da sua pobreza. Um alto percentual de pobres do campo possui ou pelo menos têm acesso aos recursos mínimos que são necessários para incrementar a geração de riquezas e de rendas familiares: mão de obra, ferramentas, algo de terra e alguns animais de produção e de trabalho, próprios ou de terceiros. Apesar disto, ainda são pobres; e continuam sendo pobres mesmo quando os sucessivos governos lhes proporcionam os recursos materiais e financeiros que supostamente lhes faziam falta para poder desenvolver-se.

b) Que, muito mais determinante que a insuficiência de recursos materiais e financeiros é a baixíssima produtividade da mão-de-obra dos pobres rurais, porque é esta a que empurra para baixo a produtividade da terra e o rendimento dos animais que eles utilizam; em muitos casos é por esta razão que ambos fatores são, aparentemente, tão insuficientes. Esta baixíssima produtividade é provocada fundamentalmente pelas ineficiências que os próprios pobres rurais cometem na execução das distintas etapas do seu pequeno e empobrecido negócio agrícola. E, ao contrário do que costuma afirmar-se, as referidas ineficiências são causadas muito mais pela falta de conhecimentos adequados que de recursos materiais abundantes.

c) Que essas ineficiências são tão primárias que a sua eliminação não requer soluções complexas, e sim de medidas corretivas muito simples e de baixo ou nenhum custo, que poderiam ser adotadas pela grande maioria dos pobres rurais, mesmo que eles não recebam nenhum recurso material ou financeiro adicional aos que já possuem ou utilizam.

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Entretanto, eles não as adotam porque ninguém lhes ensinou nem demonstrou, diretamente nas suas propriedades e utilizando de maneira correta os recursos nelas disponíveis, as medidas "eficientizadoras" que eles mesmos poderiam adotar para tornar as suas propriedades mais produtivas. Em outras palavras e “sem dourar a pílula", os pobres rurais continuam sendo pobres, fundamentalmente porque não sabem o que e nem como fazer para evitar, corrigir ou eliminar os erros e ineficiências que, inconscientemente, eles mesmos estão cometendo.

Então, se está tão claro e evidente que a principal causa da pobreza rural é o não saber e o não saber fazer e não tanto o não contar com recursos materiais e financeiros para erradicá-la, já não temos argumentos nem motivos para continuar complicando o que pode e deve ser simplificado. Um programa sério de erradicação da pobreza rural (não esses demagógico-populistas que estão proliferando no Brasil e em vários países da América Latina e destruindo a dignidade dos pobres com migalhas paternalismo-eleitorais), deve começar ensinando às famílias rurais medidas "eficientizadoras" para a correta aplicação de tecnologias que sejam compatíveis com os recursos que elas realmente têm ao seu alcance; por mais escassos que aparentemente sejam. Deve fazê-lo, em primeiro lugar, com o objetivo de elevar, de maneira significativa, a baixíssima produtividade da mão-de-obra familiar. E, como conseqüência de tal elevação, incrementar a produtividade e o rendimento da terra e dos animais que eles utilizam com fins produtivos y geradores de renda (reitero, sejam próprios ou de terceiros). Com o objetivo de que esta "eficientização" seja realmente equitativa (na prática e não apenas na prédica), ela deverá ser gradual, começando pela correta adoção daquelas muitas e muito eficazes medidas que, graças à sua simplicidade, baixo custo e menor dependência de insumos externos às propriedades, estejam ao alcance de todos os pobres rurais, como, por exemplo, as descritas a seguir:

1) Os produtores rurais em sua grande maioria, não apenas os pobres, necessitam tornar-se muito mais eficientes na etapa de produção propriamente dita, com o objetivo de incrementar os ainda muito baixos rendimentos por unidade de terra e de animal. Os extensionistas deverão conscientizá-los e convencê-los de que, simplesmente, não poderão sobreviver economicamente como produtores rurais, se as suas vacas continuarem produzindo 4 litros de leite por dia, suas novilhas parindo aos 42 meses e posteriormente tendo intervalos entre parições de 22 meses; e que tampouco poderão sobreviver economicamente se cada hectare das terras que cultivam continuar produzindo 2.090 Kg de trigo, 3.600 Kg de milho e 13.500 Kg de batata inglesa (estes são alguns indicadores zootécnicos e rendimentos agrícolas médios nos países da América Latina). Inexoravelmente terão que incrementar tais rendimentos porque no mundo globalizado, mesmo que não seja do seu agrado, eles estão sendo obrigados a competir com agricultores de outros países, cujos medias nacionais são respectivamente de 20 litros por vaca/dia, primeiro parto aos 25 meses, intervalos entre parições de 13 meses, 8.000 Kg de trigo, 10.000 Kg de milho e 49.000 Kg em batata inglesa, por hectare, etc.1

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Por esta razão, incrementar tais rendimentos é o primeiro requisito para começar a solucionar seus problemas econômicos; entretanto, incrementá-los é uma condição necessária porém insuficiente.

2) Adicionalmente, embora não seja fácil fazê-lo, deverão abandonar o ancestral e destrutivo individualismo que os mantém submetidos a uma crescente "expropriação" das poucas riquezas que eles geram na suas propriedades. "Expropriação" que começa quando eles adquirem em forma individual os insumos (no varejo, do último elo de intermediação e com alto valor agregado) e termina quando comercializam as suas colheitas (nesta etapa no atacado, com o primeiro elo da cadeia, com zero de valor agregado). Ou seja, tanto na aquisição dos insumos como na comercialização das suas colheitas, sem perceber, estão fazendo exatamente o contrário do que deveriam fazer para apropriar-se das suas riquezas. E isto acontece devido à ausência de atitudes e procedimentos de auto-ajuda, cooperação e solidariedade com os seus colegas agricultores. Para evitar estas "expropriações" eles necessitam juntar-se com os seus vizinhos porque isto lhes permitirá reduzir os seus custos de produção e simultaneamente incrementar os preços de venda das suas colheitas; e este é o único caminho realista para melhorar a sua rentabilidade. No caso dos produtores de leite, suínos e frangos/aves nem sequer deveriam continuar adquirindo rações balanceadas com altíssimo valor agregado que são fabricadas pelas grandes corporações transnacionais; e sim fabricá-las eles mesmos com os ingredientes que já colhem ou poderiam colher nas suas propriedades. Esta mudança de procedimento é de fundamental importância para ter rentabilidade porque o item alimentação corresponde a 80% do custo de produção na avicultura e na suinocultura, e a 50% na produção leiteira. Conseqüentemente, a maneira como os agricultores obtenham os alimentos para os seus animais (produzindo-os com baixos custos ou endividando-se para comprá-los por altos preços) é a que, no final das contas, determinará o êxito ou o fracasso econômico nestes três ramos da produção animal.

3) Os produtores rurais deverão unir-se com os seus vizinhos para realizar em conjunto aqueles investimentos que, devido ao seu alto custo e/ou baixa freqüência de utilização, economicamente não se justifica que os pequenos agricultores os realizem em forma individual; como por exemplo a aquisição e uso de tratores, semeadeiras, colheitadeiras, pulverizadores, fumigadores, trituradores de grãos, tanques esfriadores de leite, etc. Deverão fazê-lo em forma grupal para reduzir ou eliminar o superdimensionamento e a ociosidade de tais equipamentos; porque este procedimento individualista têm uma forte incidência no incremento dos custos de produção, no endividamento e na falta de rentabilidade dos produtores rurais. Em muitos casos o fato de realizar, em forma individual, estes investimentos superdimensionados é o principal motivo pelo qual eles não dispõem de recursos financeiros para adquirir aqueles insumos que são muito mais indispensáveis para aumentar a produtividade na agricultura (sementes e mudas melhoradas, fertilizantes, inoculantes, pesticidas) e na pecuária (melhoramento das pastagens, vacinas, vermífugos, carrapaticidas e bernicidas, sais minerais, sêmen).

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4) Também deverão abandonar a desaconselhável prática da monocultura, diversificando a produção agrícola e integrando-a com a produção animal também diversificada, de modo que ambas se "alimentem" reciprocamente e se complementem. A diversificação os tornará menos expostos às adversidades climáticas, à incidência de pragas e enfermidades e às incertezas do mercado. Uma propriedade adequadamente diversificada se desempenha como uma agência de empregos que oferece ocupação produtiva para toda a mão-de-obra familiar, como um supermercado que abastece a família com alimentos diversificados, como uma fábrica de forragens, rações e adubos, como uma produtora de excedentes que geram as rendas necessárias para financiar as despesas familiares e a aquisição dos insumos mais indispensáveis. Em resumo, ela funciona como uma "companhia de seguros" que protege os agricultores contra as dependências, vulnerabilidades e incertezas do seu negócio agrícola. E, o que é ainda mais importante, não o faz durante curtos períodos do ano tal como ocorre com algumas mono-culturas, e sim o faz durante todos os 365 dias do ano; e ao fazê-lo, os libera da crônica dependência dos usurários e dos bancos que, em muitos casos, os levam ao endividamento, à insolvência econômica, à perda das suas propriedades e finalmente os transformam de pobres rurais em miseráveis urbanos.

5) Deverão agregar valor aos produtos primários que colhem nas suas propriedades. Com tal fim deverão realizar, pelo menos, aquelas primeiras etapas de processamento que, devido à sua simplicidade e baixo custo, não exigem grandes investimentos nem sofisticações tecnológicas, como por exemplo: limpá-los ou lavá-los, secá-los, classificá-los, fracioná-los e quando seja possível empacotá-los. Nas suas propriedades ou comunidades poderão agregar valor à soja, ao milho ou sorgo, à alfafa, aos grãos de girassol, à batata doce e à mandioca, transformando-os em rações balanceadas. Em vez de vender, para não dizer "presentear", estas matérias primas ao primeiro intermediário que aparece na propriedade, poderão transformá-las em rações e "vendê-las" às suas próprias vacas leiteiras, suínos, galinhas poedeiras e frangos, cabras e ovelhas. Os seus animais ao "comprarem" tais rações, as transformarão em leite, ovos, carnes, etc. E finalmente as devolverão aos agricultores para que as transformem em queijos, manteiga, carnes processadas, defumadas, etc. Idêntico processamento inicial, de baixo custo e fácil adoção, os próprios agricultores poderão realizar com os grãos, frutas, hortaliças, raízes, tubérculos, etc. Ao incorporar-lhes valor y ao comercializá-los com menor intermediação, é evidente que obterão melhores preços na venda dos excedentes que irão ao mercado.

6) Em forma p r o g r e s s i v a deverão substituir o cultivo de espécies consumidas pelos pobres e passar a produzir aquelas que são consumidas pelos ricos. É muito difícil que os pequenos agricultores, sem economia de escala e sem recursos para fazer investimentos, possam ter êxito econômico produzindo para o mercado espécies de baixa densidade econômica, tais como trigo, feijão, arroz, milho, abóbora, mandioca, batata inglesa ou batata doce.

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Por esta razão, deverão fazer uma gradual reconversão produtiva nas suas propriedades para oferecer ao mercado, o a nichos de mercados, produtos com maior densidade econômica, diferenciados ou mais sofisticados, que são adquiridos pelos consumidores de ingressos mais altos, como por exemplo: frutas (abacaxi, manga, abacate, morango, nêspera, figo, atemoia, fruta do conde, jabuticaba, acerola), hortaliças (cogumelos, aspargos, alcachofras, brócolis, tomates cereja, milho verde, feijão e ervilha verde para consumir como vagens), produtos orgânicos, frangos e ovos caipiras, ovos de codorna, mel de abelhas, mudas de frutíferas e ornamentais, plantas medicinais e condimentares, flores, etc. Em virtude de que os pobres rurais utilizam reduzidas superfícies de terra, com maior razão deverão substituir as suas plantações extensivas por plantações mais intensivas.

Matando a cobra e mostrando o pau: Nos sites http://www.polanlacki.com.br e http://www.polanlacki.com.br/agrobr (no livro dos pobres rurais) estão disponíveis textos gratuitos que propõem:

- as medidas, surpreendentemente elementares, que os pobres rurais, depois de devidamente formados, capacitados e organizados por competentes educadores rurais, poderão adotar para erradicar a sua própria pobreza; e

- as medidas que os próprios docentes das faculdades de ciências agrárias, os professores das escolas fundamentais rurais e os extensionistas poderão adotar para outorgar maior pragmatismo, objetividade e realismo à formação e capacitação dos recursos humanos encarregados de promover o desenvolvimento rural. Ao contrário do que costumam afirmar os sindicalistas, a adoção destas medidas depende muito mais da decisão pessoal de cada educador que de altas decisões políticas dos ministros e secretários estaduais de educação, dos reitores e diretores das universidades y faculdades de ciências agrárias e dos diretores nacionais e estaduais de extensão rural. Críticas a esta proposta e sugestões para aperfeiçoá-la, serão bem-vindas através dos e-mails:

- [email protected]

- [email protected]

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-O que eu faria se voltasse a ser um extensionista?

Polan Lacki

Quando completei 40 anos de exercício como engenheiro agrônomo extensionista, decidi celebrá-los com a seguinte reflexão: o que eu faria se, depois de quatro décadas, tivesse que começar tudo outra vez? Se isso acontecesse, eu não atribuiria aos outros a culpa pelos problemas dos agricultores, não pediria que os outros solucionem os seus problemas, não solicitaria que os governos outorguem mais créditos e subsídios aos nossos produtores rurais, tampouco reivindicaria que os países ricos deixassem de concedê-los aos seus privilegiados agricultores. Adotaria tal atitude por estar convencido de que continuar fazendo essas propostas estéreis significaria perder tempo e por entender que existem atitudes e atividades muitíssimo mais construtivas que um extensionista pode e deve adotar e executar. Em substituição a essas reivindicações inviáveis e/ou ineficazes, eu trataria de desenvolver as capacidades e competências das famílias rurais para que elas mesmas possam resolver os seus problemas, sem necessitar de ajudas externas. Com tal fim, faria algo tão simples e "descomplicado" como o seguinte:

1) Convidaria os agricultores a um diálogo franco e realista, no qual lhes diria sem rodeios nem meias palavras, o seguinte: não percam tempo esperando que os governos, atuais ou futuros, solucionem os seus problemas, pois tal probabilidade é extremamente remota, não necessariamente porque os governantes não queiram, mas sim porque não reúnem - e não reunirão em um futuro previsível - as condições políticas, operativas nem financeiras para fazê-lo. Em virtude da crônica - e aparentemente incorrigível - inoperância e ineficiência governamental, proporia a eles que adotem a medida radical de emancipar-se da dependência do paternalismo estatal.

2) Com a finalidade de demonstrar-lhes que eles realmente podem diminuir a sua dependência de ajudas externas e que eles mesmos podem solucionar seus problemas, diria a eles que:

a) Sem querer e sem dar-se conta, eles mesmos cometem erros que são importantes causadores dos seus problemas e que, conseqüentemente, eles mesmos podem e devem evitá-los e corrigi-los; junto com eles, identificaria quais são esses erros e posteriormente sugeriria como poderiam ser corrigidos.b) As ajudas do paternalismo estatal não são tão imprescindíveis como costuma afirmar-se; para confirmar isso, descreveria para eles varias alternativas tecnológicas, gerenciais e organizacionais que eles poderiam adotar, sem necessidade de contar com decisões políticas nem de recursos adicionais aos que eles já possuem.

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3) Eu os advertiria de que, no contexto do neoliberalismo e da globalização, eles só poderão sobreviver como agricultores se forem muito eficientes na produção propriamente dita, na administração das suas propriedades, no acesso aos insumos e na comercialização de seus excedentes. Dir-lhes-ia que os agricultores parcialmente eficientes ou ineficientes, infelizmente, serão expulsos da atividade agrícola. Consciente do imperativo de que todos os agricultores, especialmente os mais pobres, necessitam tornar-se mais eficientes, recomendaria a eles iniciar tal "eficientização" adotando medidas elementares e de baixo custo. Demonstraria que, em uma primeira etapa de tecnificação, eles podem tornar-se mais eficientes, mesmo que não disponham de animais de alto potencial genético, maquinaria sofisticada cada nem tecnologias de ponta, pois, na referida etapa, esses fatores escassos e de alto custo, geralmente são prescindíveis. Para demonstrar-lhes esta "prescindibilidade", descreveria para eles vários exemplos de medidas que, mesmo sendo de baixo ou zero custo, são muito eficazes no incremento da produtividade da agricultura e da pecuária; idem na redução nos custos por quilo produzido, idem na obtenção de melhores preços na comercialização.

4) Procuraria torná-los conscientes de que, no mundo moderno, o êxito econômico dos agricultores depende, muitíssimo mais, de conhecimentos adequados que de recursos abundantes. Por esta razão lhes sugeriria que não percam tempo fazendo protestos, "caminhonaços" e "tratoraços" em frente ao Banco Central, ao Banco do Brasil ou ao Ministério da Fazenda, pelo simples motivo de que não é lá que estão as verdadeiras causas dos seus problemas. Sugeriria a eles que façam os seus protestos em frente ao nosso disfuncional sistema de educação rural (escolas fundamentais rurais, escolas agrotécnicas, faculdades de ciências agrárias e serviços de extensão rural), porque é lá que estão as causas mais profundas do subdesenvolvimento rural e, conseqüentemente, lá deverão ser eliminadas. Sugeriria que se organizem não para mendigar migalhas de créditos paternalistas, e sim para exigir que essas quatro instituições educativas proporcionem, aos extensionistas e às famílias rurais, conhecimentos úteis, aplicáveis e eficazes na correção das ineficiências e na solução dos problemas dos agricultores e da agricultura. Insinuaria que não percam temo ouvindo os teóricos de gabinete e os políticos eloqüentes, e que ocupem o seu tempo de maneira útil ouvindo os extensionistas competentes, os professores e pesquisadores com real vivência de campo e os agricultores eficientes.

5) A fim de estimulá-los a que adotem um desenvolvimento mais autodependente, ensinaria para eles como efetuar os denominados diagnósticos construtivos ou pró-ativos, isto é, aqueles diagnósticos que buscam identificar as potencialidades e oportunidades de desenvolvimento existentes nas suas propriedades e comunidades; idem as causas geradoras dos seus problemas, que possam ser eliminadas pelos próprios agricultores; idem os problemas que possam ser resolvidos por eles mesmos.

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Recomendaria que evitem o mau costume de realizar aqueles diagnósticos "paralisantes", que enfatizam as restrições e ameaças, as causas dos seus problemas que eles não podem eliminar e os problemas que eles não podem solucionar. Justificaria esta mudança de atitude dizendo-lhes que esses diagnósticos paralisantes: i)- são inócuos e inúteis porque conduzem a "soluções" que os agricultores simplesmente não podem adotar; e ii)- só servem para quem busca encontrar boas escusas para não assumir como sua a solução dos seus problemas. 6) Iniciaria o processo de modernização da agricultura, utilizando plena e racionalmente os recursos que os produtores já possuem, ou seja, começaria incrementando o rendimento e a produtividade dos recursos disponíveis, antes de reivindicar que o Estado lhes proporcione uma maior quantidade e fatores de produção. Indicaria a eles que, como regra geral, é mais conveniente incrementar o rendimento de uma vaca ou de um hectare de terra que aumentar a quantidade de vacas ou de hectares. Diria que, muitas vezes, os seus rebanhos produzem pouca carne, leite ou lã, não necessariamente por falta de animais de alto potencial genético ou de tecnologias de ponta, e sim porque estão famintos; e demonstraria que os alimentos necessários para incrementar, drasticamente, os rendimentos da pecuária podem ser gerados nas suas propriedades, através do melhoramento das pastagens e da autoprodução de rações balanceadas. Advertiria que, se as suas vacas produzem 4 litros de leite por dia e um terneiro a cada 22 meses, ou se os seus hectares de terra rendem 3.300 kg de milho, 2.090 kg de trigo, 3.200 kg de arroz, 712 kg de feijão ou 60 kg de carne ao ano (estes são os rendimentos médios da agricultura latino-americana), não lhes faltam vacas nem hectares, créditos nem subsídios, maquinaria nem instalações sofisticadas; faltam-lhes conhecimentos, muitas vezes elementares, para que eles saibam aplicar, de maneira correta, tecnologias compatíveis com os recursos que eles realmente possuem. 7) Sugeriria que, para se tornarem menos dependentes de ajudas externas, convém para eles adotar um desenvolvimento mais endógeno que exógeno; um desenvolvimento que avance progressivamente, de dentro para fora, de baixo para cima, do mais simples e barato ao mais complexo e caro. Recomendaria que os fatores de modernização mais caros e escassos sejam um complemento na introdução de inovações tecnológicas e não um condicionante para começá-la; ou que a sua falta não seja uma escusa para não iniciá-la. Demonstraria que, através desta gradualidade, o mais pobre dos agricultores pode começar a solucionar, paulatinamente, os seus problemas, sem necessidade de contar com decisões políticas, créditos, insumos de alto rendimento e inversões de alto custo; porque, através de tal estratégia, a primeira etapa de tecnificação permite gerar os recursos necessários para financiar a segunda etapa, e assim sucessivamente.

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Indicaria que esta gradualidade contribui para romper a inércia dos agricultores mais conservadores, porque elimina o pseudomotivo (falta de ajuda governamental) que, supostamente, os "impede" de assumir como sua a tarefa de corrigir as suas ineficiências e solucionar os seus problemas Demonstraria que, em muitos casos, os "motivos" que eles acreditam que os "impedem" de se desenvolver são mais aparentes que reais. 8) Recomendaria a eles que obtenham proveito das extraordinárias vantagens de diversificar a produção agrícola e integrá-la com a produção pecuária também diversificada, de modo que exista uma espécie de simbiose, sinergia e complementação entre ambas. Diria para eles que uma propriedade adequadamente diversificada pode desempenhar o papel de "supermercado", de "banco de crédito rural", de "companhia de seguros" e de "agencia de empregos"; porque ela gera alimentos para a família e para os animais, renda, insumos e ocupação produtiva para todos os membros da família durante todos os 365 dias do ano. Diria que a diversificação é a melhor "vacina" contra a dependência do paternalismo estatal e contra as incertezas e vulnerabilidades de clima, de mercado, de pragas e de enfermidades. Advertiria que a monocultura os torna, excessiva e às vezes desnecessariamente, dependentes do crédito rural, porque normalmente lhes proporciona apenas uma ou duas colheitas (e rendas/receitas) ao ano, enquanto que as suas despesas, produtivas e familiares ocorrem durante todos os 365 dias do ano. Insinuaria que, se o crédito rural fosse tão eficaz como costuma afirmar-se, não teríamos tantos agricultores tão endividados. Aos agricultores que dispõem de uma superfície de terra muito limitada, trataria de torná-los capazes para que possam substituir os produtos de baixa densidade econômica (milho, arroz, feijão, trigo, batata, mandioca, batata-doce, etc.) por outros mais sofisticados ou diferenciados (frutas, aspargos, morangos, flores, plantas aromáticas e medicinais, mudas de fruteiras e de plantas ornamentais, mel, produtos orgânicos, frangos caipiras, etc.), que lhes permitam obter altas rendas em pequenas superfícies. 9) Estimularia a progressiva formação de grupos associativos para facilitar e fazer viável a solução daqueles problemas que os agricultores não podem, ou não lhes convém, solucionar de forma individual, como, por exemplo os investimentos de maior custo e a redução dos elos das cadeias de intermediação de insumos e de produtos. Sugeriria que não continuem cometendo o seguinte "suicídio econômico", que está tão generalizado na nossa empobrecida agricultura: i) vender os ingredientes das rações balanceadas que eles produzem nas suas propriedades no atacado, ao primeiro elo da cadeia de intermediação, sem valor agregado, e... algumas semanas depois ii) adquirir as rações que foram fabricadas com os mesmos ingredientes que sairam das suas propriedades, fazendo-o no varejo, com alto valor agregado e do último elo de intermediação.

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Diria a eles que, se continuarem praticando esse individualismo autodestrutivo, serão cada vez mais vulneráveis à ação expropriatória das multinacionais e dos intermediários e que continuarão, desnecessariamente, pagando os fretes, os impostos e os pedágios para transportar as matérias-primas desde as suas propriedades até as fábricas de rações e destas até as propriedades de origem, tudo isto pago com o suor, o individualismo e a ingenuidade dos agricultores. Em resumo, sugeriria que não vendam milho, sorgo, alfafa, soja, mandioca, etc., e sim que transformem estas "comodities" em proteínas animais e estas, por suas vez, em derivados de leite e carne com valor agregado. Observação: Sugestões para levar à prática esta estratégia emancipadora - baseada na capacitação para o autodesenvolvimento, na gradualidade tecnológica e na diversificação produtiva - estão descritas nos textos de apoio incluídos na seção "Artigos" da página web http://www.polanlacki.com.br especialmente nos seguintes livros:

1) “Desenvolvimento agropecuário: da dependência ao protagonismo do agricultor”, e;

2) “La modernización de la agricultura: los pequeños también pueden” (disponível apenas em espanhol).

O primeiro dos mencionados livros também poderá ser encontrado na Página web:

•http://www.polanlacki.com.br/agrobr

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INTEGRAÇÃO VALE + CERRADO

Celito Eduardo BredaSecretário de Agronegócios do Município de Barreiras

Conforme é sabido, a região do Cerrado Baiano carece de opções para a rotação de culturas. A maioria dos produtores planta somente soja. Isto coloca em risco a matriz produtiva da região Oeste da Bahia.

Existem produtores que fazem, no Cerrado, uma agricultura bem planejada, integrada e SUSTENTÁVEL.

De outro lado, a pecuária regional sofre com as limitações impostas pela seca e, mesmo contando com pecuaristas que atuam de forma profissional, eficiente e produtiva, sendo igualmente SUSTENTÁVEIS na tarefa de produzir alimentos, ainda perde por não agregar valor à produção durante parte do ano.

Nesse sentido, vislumbrar a integração entre Cerrado e Vale, parece uma forma inteligente de traçar um futuro sem precedentes para a Região Oeste da Bahia, na medida em que o Cerrado se configura como exímio produtor de grãos, fibras e subprodutos de soja, milho e algodão. Ao mesmo tempo, o Vale representa uma região apta à produção de bezerros e garrotes de qualidade. Assim, o Cerrado produz a base alimentar e o Vale os animais.

O resultado esperado se caracteriza pela possibilidade de se fazer a rotação de culturas agregando valor à produção animal, geração de riquezas e desenvolvimento econômico, social e ambiental para a região.

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LINHAS DE CRÉDITO PRONAF PARA AGRICULTURA FAMILIAR

Marly Ramos, Lázaro LimaBanco do Nordeste do Brasil

O Banco do Nordeste é o agente financeiro que mais aplica recursos no PRONAF no Nordeste do Brasil, Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, atendendo agricultores familiares que desenvolvem atividades agropecuárias e não agropecuárias utilizando-se, basicamente, de mão-de-obra familiar.

O programa é composto dos seguintes grupos: “A” e “ A/C” de acordo com a condição de assentado, e “B” e PRONAF- Comum, de acordo com a renda bruta anual obtida pelo produtor, que pode variar de até R$ 5.000,00 para o Grupo B e acima de R$ 5.000,00 até R$ 110.000,00 para o PRONAF Comum. O PRONAF também disponibiliza linhas de crédito especiais para públicos e atividades específicas - PRONAF Mulher, Jovem, Agroindústria, Floresta, Agroecologia, Agrinf (Custeio do Beneficiamento e Industrialização de Agroindústria Familiar) e ECO - além de investimentos em projetos de convivência com o semi-árido - PRONAF Semi-Árido.

Para obter um financiamento, o interessado precisa:

•Ser maior de idade;

•Apresentar documentos de identificação e CPF;

•Estar quite com a Justiça Eleitoral (declaração do (a) próprio (a) produtor (a) na proposta de crédito);

•Não apresentar restrições cadastrais;

•Apresentar documento comprobatório de sua relação com a terra (escritura, declaração de confinantes), exceto para os agricultores do Grupo B;

•Apresentar a DAP - Declaração de Aptidão que é expedida pelos sindicatos ou órgãos de assistência técnica Estaduais;

Apresentar plano ou projeto elaborado pelo órgão oficial assistência técnica do Estado ou empresa privada.

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BALDE CHEIO OESTE DA BAHIA: PROGRAMA DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA À PECUÁRIA LEITEIRA

1 2 3Danilo Gusmão de Quadros , Marly Ramos , Maurício Lelis , Ticiano 3 4 5Arrais Sydrião de Alencar , Leonardo Lopes , Alberto Sampaio ,

6Guilherme Augusto Vieira1 UNEB -Universidade do Estado da Bahia – campus IX. Faculdade de Engenharia Agronômica. NEPPA - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Produção Animal. Barreiras - BA.2 Banco do Nordeste do Brasil S.A.3 EBDA –Empresa Baiana de desenvolvimento Agrícola.4 FAHMA- CODEVASF.5 Pref. Mun. Angical.6 UNIME / Faculdade Cairu. Salvador – BA.

IntroduçãoO leite está entre os seis produtos mais importantes da

agropecuária brasileira. Para cada real de aumento na produção no sistema agroindustrial do leite, há um crescimento de, aproximadamente, cinco reais no PIB.

Quase 70% dos produtores brasileiros têm escala de produção abaixo de 50 L de leite por dia. Juntos, produzem o equivalente a 30% da produção nacional. Contudo, os outros 30% dos produtores, com maior escala de produção, representam cerca de 70% do total do leite. O País possui mais de um milhão e cem mil propriedades que exploram leite, ocupando diretamente 3,6 milhões de pessoas. A elevação na demanda final por produtos lácteos em um milhão gera 195 empregos permanentes. Esse impacto supera o de setores como automobilístico, construção civil, siderúrgico e têxtil.

O Brasil, apesar de ser o sexto maior produtor de leite do muno, é apenas o 16º do colocado quando se avalia a produtividade por vaca. Na Bahia, a produtividade média das vacas é bem abaixo da média nacional, com 495 litros/vaca/ano. Contudo, na ótica de VIEIRA & QUADROS (2009), a região oeste tem grande potencial de crescimento da produção de lácteos, pois a abertura de novas fronteiras, como nos cerrados, especialmente Goiás e as regiões do Triângulo Mineiro e Alto Parnaíba, em Minas Gerais, além de outras regiões emergentes como Rondônia, Mato Grosso do Sul e sul do Pará, foi decisivo para o crescimento e consolidação do mercado lácteo no Brasil.

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Na região oeste, o abastecimento das agroindústrias leiteiras é efetuado por um grande número de produtores de pequena escala. Cerca de 88% produzem até 100 L de leite, apresentando baixa renda (QUADROS & VIEIRA, 2008). Nesse contexto, os técnicos da região não tinham capacitação continuada na pecuária leiteira. Assim, a implantação de um programa de capacitação continuada dos técnicos parece ser a alternativa mais viável para multiplicar os efeitos da assistência técnica sobre os índices zootécnicos e econômicos.

O Programa Balde Cheio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Pecuária Sudeste) tem como objetivo promover o desenvolvimento da pecuária leiteira na região de atuação via transferência de tecnologia para os técnicos extensionistas locais, quer sejam de entidades públicas ou privadas. Aplicando uma metodologia inovadora, onde uma propriedade leiteira de cunho familiar é utilizada como "sala de aula prática", com as finalidades de reciclar o conhecimento de todos os envolvidos (pesquisadores, técnicos e produtores) e, ao mesmo tempo, servir como exemplo, ao demonstrar a viabilidade técnica, econômica, social e ambiental da produção de leite neste tipo de estabelecimento.

Histórico do Programa Balde Cheio na região oeste da Bahia

Segundo QUADROS et al. (2009), em meados de 2006, foi elaborado o Projeto Milk Oeste, visando realizar o estudo da cadeia produtiva, da qualidade do leite e da prevalência da mastite no rebanho leiteiro da região oeste da Bahia, bem como estratégias de capacitação e fortalecimento da atividade, desde o contato com fornecedores de insumos até os aspectos gerenciais dos laticínios.

Ao longo do tempo, começou-se a notar uma movimentação de várias instituições no intuito de estimular a produção leiteira e a organização dos atores que atuam nela. Foram realizadas reuniões com diversos parceiros, principalmente por meio do Fórum criado pelo Banco do Nordeste do Brasil S.A, componente da política de desenvolvimento preconizada por este Banco denominada Nordeste Territorial.

O Nordeste Territorial tem como objetivo contribuir para o aumento da competividade da cadeia produtiva do leite no Oeste Baiano, promovendo inclusão socioeconômica, com responsabilidade ambiental, no processo de desenvolvimento, e respeitando as boas práticas e técnicas agropecuárias.

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Nesse contexto, trabalhos de pesquisa sobre a qualidade do leite e prevalência da mastite no rebanho leiteiro da região oeste da Bahia chegam a resultados conclusivos sobre o tema na região

Após assistir palestras sobre o Programa e visitar unidades demonstrativas em outros estados, foi formada a governança regional, também adotada pelo Nordeste Territorial. Foi elaborado um projeto e apresentado aos parceiros: BNB, UNEB, EBDA, EMBRAPA, CATI, FAHMA-CODEVASF, ADAB, FETAG, FETRAF, STR's, Prefeituras Municipais do Oeste Baiano, laticínio e empresas privadas, que toparam o desafio.

O trabalho foi conduzido em etapas:Etapa 1: apresentação do programaEtapa 2: visita a unidades demonstrativasEtapa 3: implantação do programa

A primeira etapa foi executada com a realização do I SEMINÁRIO LEITE OESTE – PROGRAMA BALDE CHEIO, no qual houve a apresentação do programa pelo Dr. Artur Chinelato Camargo da EMBRAPA e Carlos Pagani (CATI) para técnicos e produtores da região. O evento contou com a participação de 200 técnicos e 600 produtores de toda a região oeste da Bahia.

A etapa seguinte, então, trata-se das visitas às Unidades Demonstrativas (UDs) no Estado do Tocantins. Viagens técnicas foram agendadas para visitação dos produtores da nossa região, trazendo grande satisfação e reflexão dos produtores a respeito de fatores que possam melhorar seu sistema de produção de leite.

O Programa Balde Cheio foi implantado na região oeste da Bahia em setembro de 2009, tendo uma participação muito efetiva das prefeituras municipais e das entidades que atuam na governança regional, uma competente governança local, técnicos prontos para atuarem e serem capacitados durante a condução do programa e produtores entusiasmados para aplicarem os conceitos do Programa Balde Cheio, alcançando sucesso na atividade leiteira.

_______________________________1 http://www.youtube.com/watch?v=r0iu2BILjZg

2 http://www.youtube.com/watch?v=CnAoSqdJHSw

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Figura: Área de ação do Programa Balde Cheio no oeste da Bahia

Hoje, nove municípios atualmente estão participando com seus técnicos: Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, Formosa do Rio Preto, Santa Rita de Cássia, Baianópolis, Angical, Wanderley e São Desidério.

Implantação e Consolidação do Programa Balde Cheio no Oeste da Bahia

I Ciclo de Dias de Campo

Entre 11 e 18 de setembro de 2009, o Programa realizou Dias de Campo itinerantes para transferência de tecnologia à pecuária leiteira, com a participação do Med. Vet. credenciado pela EMBRAPA Carlos Pagani Netto, para implantação do Programa Balde Cheio na região oeste da Bahia

II Ciclo de Dias de Campo

De 19 a 26 de fevereiro de 2010 foi realizando o II Ciclo de Dias-de-campo, verificando, em loco, os benefícios resultantes da aplicação da assistência técnica dirigida conforme a metodologia da Emprapa, avaliando caso a caso as recomendações no âmbito da alimentação, manejo, reprodução e saúde animal. Dia 20, ocorreu um curso de capacitação dos técnicos do programa em manejo de pastagens, com abordagem prática e teórica.

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III Ciclo de Dias de Campo

De 24 a 31 de maio de 2010 foi realizado o III Ciclo de Dias de Campo do Programa Balde Cheio do Oeste da Bahia. Foram oito dias de campo itinerantes, nos principais municípios da região. Espera-se a grande participação de público, atingiu-se a participação de cerca de 300 pessoas capacitadas ao todo, entre técnicos e produtores rurais.

Considerações finaisHoje são mais de 30 unidades demonstrativas e assistidas na

região e esse número tende a crescer cada vez mais. Mais cinco municípios desejam entrar no programa.

Os aspectos econômicos da atividade são acompanhados de perto pela equipe técnica, pois o objetivo é uma pecuária leiteira lucrativa e sustentável. Os ganhos sociais ficaram claros no grau de satisfação dos produtores.

Nesses encontros, mais produtores manifestaram a vontade de entrar no programa, aumentando ainda mais a replicação de propriedades atendidas.

ReferênciasQUADROS, D.G.; VIEIRA, G.A. Estudo da cadeia produtiva do leite na região oeste da Bahia. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DO BOI DE CAPIM, 2008, Salvador. Anais... GT5:Salvador. 2008. (CD-ROM)QUADROS, D.G.; VIEIRA, G.A. Programa Balde Cheio: Oeste da Bahia. In: EXPOBARREIRAS: textos das palestras, Barreiras, 2009. Anais... Barreiras:Gráfica Irmãos Ribeiro. 2009. p. 43-57.VIEIRA, G.A.; QUADROS, D.G. Mercado do leite e comercialização na região oeste da Bahia. In: EXPOBARREIRAS: textos das palestras, Barreiras, 2009. Anais... Barreiras:Gráfica Irmãos Ribeiro. 2009. p. 58-68.

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PAA Leite - Balanço e Perspectivas

Welligton Santos, Isabel OliveiraSindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreiras

FETAG – Federação dos Trabalhadores da Agricultura

Gestão do Programa

O PAA Leite é executado desde 2004.Convênio com o Estado da BahiaInício – desde novembro 2007– Executor – Empresa Baiana de Alimentos – EBAL– Coordenação – Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza –SEDES Comitê Gestor Estadual– SEDES – Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza– SEAGRI – Secretaria de Agricultura Irrigação e Reforma Agrária EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola ADAB – Agência de Defesa Agropecuária do Estado da Bahia– EBAL – Empresa Baiana de Alimentos– CONSEA – Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia– MDA/DFA– CONAB

Compromissos

SEDES– Articular, coordenar e integrar as ações do Programa;EBAL– Contratar as usinas credenciadas pela ADAB, para o fornecimento do leite;– Efetuar o pagamento às Usinas, e aos Produtores;– Distribuir o leite nas Lojas da Cesta do Povo, às entidades credenciadasSEAGRI/EBDA– Prestar Assistência Técnica aos Produtores;

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SEAGRI/ADAB– Credenciamento e fiscalização dos Laticínios participantes do Programa;CONSEA– Controle SocialPrefeituras Municipais– Cadastramento dos beneficiários do Programa;– Distribuição do leite aos beneficiários cadastrados;– Acompanhamento dos beneficiários do Programa;Laticínios– Captar leite de beneficiários com o perfil exigido pelo Programa;– Fornecer freezers para a estocagem do leite nos municípios;– Garantir a distribuição do leite nos locais pré-estabelecidos (Lojas Cesta do Povo)

Abrangência do Programa

>O Programa atua em 1.152 municípios da região Nordeste e Norte de Minas Gerais (ameta é de 1.254).>Diariamente mais de 650 mil famílias são beneficiadas com o recebimento do leite>Em 2005 cerca de 19 mil produtores foram beneficiados pelo Programa.>Em 2006, cerca de 25 mil produtores foram beneficiados.>Em 2007, cerca de 29 mil produtores foram beneficiados

Abrangência

162 Municípios– 88 Municípios do Semi-árido (50.883 litros de leite/dia)23 Territórios30 Beneficiadoras de Leite– 22 Laticínios privados (03 Grande porte e 19 Pequeno porte)– 08 Laticínios pertencentes a Associações/Cooperativas07 Comunidades Tradicionais atendidas– 2.150 famílias beneficiadas1.200 Indigenas950 Quilombolas

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Cerca de 4.000 agricultores familiares cadastrados, beneficiando cerca de1.600 agricultores/mêsInovações- Inclusão do leite caprino;- Inclusão de Comunidades Tradicionais como beneficiárias do Programa;- Prioridade para Laticínios pertencentes a associações/cooperativas de pequenosprodutores;- Aumento da contrapartida do Estado para viabilizar reajuste de preço pago ao produtor(R$ 0,10 por litro de leite);– Leite Caprino - R$ 1,50 (R$ 1,00 Produtor / R$ 0,50 Laticínio)– Leite Bovino - R$ 1,10 (R$ 0,60 Produtor / R$ 0,50 Laticínio)– Fortalecimento das associações de agricultores familiares com a implantação de 50Unidades de resfriamento de leite (Tanques resfriadores de leite)– Avaliação nutricional dos beneficiários (crianças) utilizando informações do banco dedados do Sisvan a partir do Cadúnico– Informatização do cadastramento de beneficiários;

INFOLEITE

- O InfoLeite é o sistema utilizado pela SEDES para gerenciamento dos beneficiarios doPrograma Leite Fome Zero;- É utilizado pelos municípios participantes do Programa para cadastramento eatualização dos dados dos beneficiários;- Cada município tem acesso as informações referentes aos seus beneficiários;- Recadastramento de todos beneficiários do Programa realizado em 40 dias;- Proporcionará o acesso as informações/controle social

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- O INFOLEITE alimenta o SISPAA Leite, do MDS, que congrega as informações deexecução de todos os Estados.

Principais dificuldades

– Oscilação do preço do leite– Safra e entressafra– Mercado do leite- Número reduzido de laticínios na região semi-árida;- Atualização das informações dos beneficiários;

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Manejo Biológico no contexto da Agricultura SustentávelRonaldo de Castro Fernandes

Eng. Agrônomo - M.Sc. FitopatologiaJCO BioProdutos

Introdução A idéia de uma 'agricultura sustentável' revela, antes de tudo, a crescente insatisfação com o status da agricultura moderna. Indica o desejo social de sistemas produtivos que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis sem comprometer os níveis tecnológicos já alcançados de segurança alimentar. Esta agricultura auto-sustentável envolve o manejo adequado dos recursos naturais evitando a degradação do meio ambiente e permitindo a satisfação das necessidades humanas no presente e no futuro. O controle biológico clássico com inimigos naturais tem se mostrado muito importante no desempenho desta nova agricultura. Neste contexto, uma alternativa para o controle de fitopatógenos é o uso de microrganismos antagonistas que oferecem, potencialmente, respostas para muitos problemas enfrentados na agricultura. O controle biológico de patógenos veiculados pelo solo pode ser obtido através da introdução de antagonistas tanto no solo, quanto nos órgãos de propagação ou através da manipulação do ambiente. Embora o controle biológico traga respostas positivas na redução ou abandono do uso de agrotóxicos e na melhoria da renda dos agricultores, o conjunto de experiências realizadas mundialmente verifica que os resultados são promissores, no entanto, ainda existe muito a desenvolver nas áreas de controle de pragas e doenças. Vale ressaltar que a superação do problema do ataque de pragas e doenças só será alcançada por meio de uma abordagem mais integrada dos sistemas de produção. Isso significa intervir sobre as causas do surgimento de pragas e doenças e aplicar o princípio da prevenção, buscando a relação do problema com a estrutura e fertilidade do solo e com o desequilíbrio nutricional e metabólico das plantas. O controle biológico, assim como qualquer estratégia dentro de um sistema de produção, jamais poderá ser um "fim em si mesmo", deve ser apenas o veículo para que o conhecimento e a experiência acumulados se manifestem na busca de soluções específicas para cada propriedade. Em outras palavras, é o ser humano que deve atuar como o principal agente de controle biológico.

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Controle biológico O controle biológico de doenças tem atraído muito interesse, principalmente quando se consideram os riscos do uso abusivo de fungicidas ou a ineficiência desses compostos em determinadas situações. Há varias definições de controle biológico. Adota-se aqui uma simples, baseada na de Cook e Baker (1993): controle biológico “é definido tradicionalmente como a redução da densidade de inóculo ou das atividades de um patógeno que determina uma doença, realizada direta ou indiretamente por um ou mais organismos que não o homem. O conhecimento dos mecanismos envolvidos no controle biológico é de fundamental importância para aumentar as vantagens competitivas no ambiente. Os principais mecanismos das interações antagonísticas entre microrganismos incluem: Antibiose: é uma interação entre organismos, na qual um ou mais metabólitos, produzidos por um organismo, tem um efeito danoso sobre o outro causando, usualmente, inibição no crescimento e/ou na germinação (BETTIOL, 1991); Competição: é um processo referente a interação entre dois ou mais organismos, empenhados na mesma ação. A competição entre microrganismos ocorre principalmente por nutrientes, espaço e oxigênio (BETTIOL, 1991; BAKER & DICKMAN, 1993); Hiperparasitismo: é o fenômeno que consiste em um microrganismo parasitar o outro. Fungos e bactérias podem hiperparasitar fungos ou nematóides fitopatogênicos. Micelios, oósporos (espécies de Pythium e Phytophthora) e escleródios (espécies de Rhizoctonia, Sclerotinia e Sclerotium) de fungos do solo são parasitados por vários fungos. Entre os micoparasitas mais comuns, tem-se o Trichoderma spp. (principalmente Trichoderma harzianum) (MIZUBUTE & MAFIA, 2006). Há mercado produtos à base de Trichoderma, como TRICHOPLUS JCO. Trichoderma spp. como agente de biocontrole Trichoderma spp. é um dos agentes de biocontrole de doenças mais estudados no mundo, pois não são patogênicos; estão presentes em praticamente todos os tipos de solo e exercem antagonismo à vários fitopatógenos. A ação de Trichoderma como agente de biocontrole ocorre devido a associação ou não dos mecanismos de antibiose, hiperparasitismo e competição (MELO, 1998). O gênero Trichoderma faz parte de um grupo fungos saprófitas e micoparasitas, encontratados principalmente no solo e em restos culturais em decomposição.

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Algumas espécies de Trichoderma têm sido documentadas limitando o crescimento e desenvolvimento de muitos fungos e nematóides fitopatogênicos e têm sido usados como agentes de biocontrole para a proteção de várias culturas contra diferentes gêneros de fungo, como Fusarium spp. (Podridão vermelha da raiz), Rhizoctonia spp. (tombamento, damping-off), Macrophomina phaseolina (podridão de carvão das raízes); Phytophtora sojae (tombamento de plântulas), Sclerotinia sclerotiorum (podridão branca da haste – mofo branco), Colletotrichum sp. (antracnose); Phomopsis sojae (seca da haste e da vagem), Phomopsis phaseoli (cancro da haste), Sclerotium rolfissi (murcha de Sclerotium) e também sobre alguns nematóides de importância econômica, como Heterodera glyicines (nematóide do cisto da soja), Meloidogyne spp. (nematóide da galha), Pratylenchus sp. (nematóides das lesões). Além disso, algumas linhagens de Trichoderma são capazes de solubilizar e disponibilizar uma série de nutrientes e a produção de hormônios de crescimento. Estes mecanismos variam de espécie para espécie e, também, de linhagem para linhagem dentro da mesma espécie, de acordo com a interação hospedeiro-parasita (MELO 1996). Outras propriedades do fungo Trichoderma spp. A principal utilização do Trichoderma spp., de acordo como que foi exposto, é o biocontrole de doenças, mas não podemos deixar de citar outras propriedades que este fungo desempenha no sistema agrícola, como por exemplo: Desenvolvimento vegetativo: aumento da taxa de crescimento e desenvolvimento vegetal. O fungo Trichoderma atua como bioestimulante de crescimento do sistema radicular, melhorando a absorção de água e nutrientes, aumentando a resistência da planta a situações de estresse bióticas (doenças) e abióticas (umidade, pH, temperatura); Solubilização e absorção de nutrientes: o fungo para desenvolver o seu metabolismo, utiliza fontes de carbono dificilmente biodegradáveis, como ligninas e celuloses. Por isso, é capaz de mobilizar nutrientes do solo, mediante excreção de enzimas extracelulares que transformam compostos nitrogenados orgânicos em inorgânicos, fundamentalmente amônio, compostos fosforados orgânicos em fósforo inorgânico, entre outros. Esta solubilização de nutrientes permite a planta utilizar parte destes, aumentando sua resistência ao ataque de microorganismos patogênicos; Biorecuperação de solos: é a capacidade de degradar resíduos de compostos químicos no solo através de enzimas.

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Atua na degradação da matéria orgânica do solo, promovendo a ciclagem de nutrientes e a degradação de moléculas complexas, como as de pesticidas. Aplicação de produtos a base de Trichoderma spp. A aplicação de agentes de biocontrole a base de Trichoderma spp. tem crescido para o controle de fungos e nematóides que causam doenças nas culturas de algodão, feijão, milho, soja, gramados, pastagens, hortaliças, ornamentais e frutíferas. Atualmente a aplicações tem sido realizada via tratamento de sementes, em pulverizações via pivô central ou com equipamentos terrestres (pulverizadores tratorizados) com jato dirigido ao sulco, ou adicionado em mistura com fertilizantes na caixa de adubo. Essa última modalidade tem conquistado a maioria dos produtores por ser de fácil manuseio, redução de custos na aplicação e com vários benefícios às culturas, uma vez que o produto é direcionado à linha de plantio, fazendo com que o fungo atue diretamente no sistema radicular da planta.

Considerações Finais Alguns fatores importantes devem ser observados para a obtenção de bons resultados com a aplicação de Trichoderma spp. como por exemplo, o uso de produtos biológicos de qualidade, dentro do período de validade e em doses apropriadas, seguindo todas as instruções de aplicação e armazenamento fornecidas pelo fabricante no rótulo do produto. No mercado atual, existem vários produtos comerciais, mas nem todos são confiáveis. Além disso, por se tratar de um microorganismo vivo, é necessário que o mesmo se estabeleça e encontre condições para sobreviver e controlar o agente patogênico, o que nem sempre ocorre no primeiro ano de sua utilização, necessitando, assim, de mais tempo para o seu estabelecimento e para que possa exercer seu papel no controle biológico. Os resultados em muita das vezes requerem persistência e paciência, uma vez que estes são obtidos a médio e longo prazo, porém, com benefícios desde que bem manejados, por longos períodos.

Referências Bibliográficas BAKER, R.; DICKMAN, M.B. Biological control with fungi. In: METTING JR; F.B. (Ed) Soil Microbial Ecology: applications in agricultural and environmental management. New York: Dekker, 1993. p. 275-305.

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BETTIOL, W. Componentes do controle biológico de doenças de plantas. In: BETTIOL, W. (Org.) Controle biológico. Brasília: Embrapa, 1991. p. 1-5. COOK, R. J.; BAKER, K. F. The nature and practice of biological control of plant pathogens. St. Paul: APS Press, 1983. MELO, I.S., Trichoderma e Gliocladium como bioprotetores de plantas. Revisão Anual de Patologia de Plantas. v. 4, p.261-295, 1996. MELO, I. S. Agentes microbianos de controle de fungos fitopatogênicos. In: Melo, I. S., Azevedo, J. L. (Eds) Controle biológico. Jaguariúna: EMBRAPA, v1, p. 17-67, 1998. MIZUBUTI, E. S. G. ; MAFFIA, L. A. . Introdução à fitopatologia. Viçosa: Editora UFV, 2006. p. 113-125.

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CULTIVO ORGÂNICO DE HORTALIÇAS1Charles Leonel Galvão Sanchês

1 Professor do Instituto Federal de Ensino, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus de Guanambi.

1- INTRODUÇÃO

As hortaliças são plantas de consumo “direto”, muitas vezes sem a necessidade de processamento ou ainda nenhum cozimento. A maior parte destes vegetais são de porte herbáceo e ciclo curto, o que os fazem de fácil e rápido cultivo. O consumo de hortaliças no Brasil é unânime por entre os Estados, variando apenas conforme o poder aquisitivo da população, pois existem hortaliças de clima temperado cujo cultivo se torna mais exigente e o seu custo de produção aumenta fazendo com que o seu consumo é maior entre as classes média e alta. Em contrapartida, o domínio de técnicas de cultivo e o ótimo trabalho de melhoramento genético de hortaliças, tem feito o cultivo dessas plantas assumir um caráter universal. Ou seja, em todas as regiões brasileiras se cultiva quase todos os tipos de hortaliças consumidas.

As formas de se cultivar essas plantas são várias e depende do recurso disponível, das técnicas conhecidas pelo agricultor, do hobby, do estilo de vida, da finalidade a que se destina e principalmente do público que se quer atender. Observando neste último item percebe-se que existe uma tendência profunda da população em geral tender por uma melhor qualidade alimentar. À medida que a educação vai se estendendo a uma maior fatia da população vai se percebendo também que a forma de consumo se diferencia. As pessoas com mais escolaridade tendem a consumir produtos de maior qualidade tornando-se mais exigentes. Assim, surge um nicho de mercado voltado para o consumo de produtos orgânicos, ou seja, livre de qualquer produto tóxico ao Homem e ao meio ambiente. Essas pessoas também pagam mais por esses produtos pois o consumo dos mesmos torna-se essencial nos novos estilos de vida adotados.

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2 IMPLANTAÇÃO E MANEJO DE UMA HORTA ORGÂNICA

As hortas orgânicas têm basicamente o objetivo de se cultivar hortaliças sem a utilização de produtos tóxicos ao homem e ao meio ambiente, melhorando as características físicas, químicas e biológicas do solo a cada ciclo, valorizando além da produtividade a qualidade dos produtos obtidos.

Sendo assim é importante se observar aspectos definitivos no momento da implantação, como a localização, o manejo do solo, as instalações, o material a ser utilizado, os métodos de manejo-práticas a se adotar e o mercado que se pretende atender.

2.1 – Localização

O local onde será implantada a horta orgânica deve ter critérios atendidos comuns aos do cultivo convencional. Porém, deve-se observar fatores a mais que possam facilitar o manejo da cultura de forma que já se reduza a incidência de pragas e doenças, visando com isso a redução da necessidade de controle futuro. Regiões de temperatura e umidade altas por exemplo, tendem a apresentarem maiores ataques de fungos e bactérias. Já regiões de clima mais seco podem apresentar ataques de ácaros e pulgões. Sendo assim o produtor já deve ter em mente as possíveis dificuldades que pode encontrar pela frente a depender do local onde será implantado o cultivo.

Deve-se observar as estradas de acesso para garantir a entrada de insumos e a saída dos produtos com agilidade e praticidade. Observar ainda se o local possui aguadas de boa qualidade e estáveis durante o ano para garantir o fornecimento de água.Além disso a topografia do terreno é bastante importante pois pode facilitar ou dificultar o manejo. Neste caso é importante se verificar os aspectos voltados à conservação de solos, que em terrenos mais declivosos se torna mais difícil, tendo o produtor que lançar mão de técnicas bem aplicadas de conservação de solo.

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2.2- Manejo de solo

Os solos tropicais, como os brasileiros, estão expostos a diversos fatores que muitas vezes aceleram o processo de intemperização. Silva, (1995) mostra algumas características desses solos:

- Rápida degradação por efeito da lixiviação, erosão e compactação;

- Inundações periódicas ou drenagem imperfeita dos solos de baixada;

- Excesso de competição por ervas oportunistas o ano todo;O conhecimento desses fatores dentro da propriedade dá condição para o produtor se prevenir dos efeitos negativos dos mesmos com a utilização de técnicas que previnam e ou remediem o que houver de negativo.

2.3 – Manejo cultural

A condução do cultivo orgânico é um fator de grande importância e é o que em geral caracteriza o produto orgânico. Por isso todos os aspectos são regulamentados e devem ser criteriosamente seguidos.

Cada região possui determinadas características que a tornam única em seu manejo orgânico. Desde a escolha da área, escolha das espécies e das cultivares específicas a serem cultivadas, preparo da área, correção e adubação do solo, espaçamento, época de plantio, profundidade de semeadura, idade para transplante, época que se pretende colher, podas, raleios, desbrotas, desbastes de frutos, até a colheita e o manejo pós-colheita, tudo deve ser mantido conforme as normas que estabelecem os órgãos regulamentadores e ou certificadores.

2- MERCADO E CERTIFICAÇÃO

O mercado para produtos orgânicos é cada vez maior. Empresas se especializam em produção, outras em comercialização de orgânicos. Algumas dominam todo o processo e investem inclusive no marketing do produto o que abre novas frentes ao aumento do lucro com a comercialização destes produtos.

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No entanto sabe-se que no mercado existe de um todo e as possibilidades de fraude aumentam à medida que o volume de comercialização destes produtos também aumenta, elevando o risco tanto para o produtor, que compete com uma concorrência falsa e desleal, quanto para o consumidor que pode estar pagando por um produto e levando outro.

Para reduzir essas situações é que existe a certificação de produtos orgânicos. Essa certificação é realizada por órgãos que além de acompanharem a implantação de novas áreas e ainda de áreas em transição auxiliando na condução das técnicas necessárias a essa modalidade de cultivo, também padronizam, fiscalizam e fornecem um selo que garante ao consumidor que eles está levando para casa um produto realmente orgânico.

Além disso a certificação torna a empresa produtora mais organizada já que exigem uma série de documentos e verificações periódicas e definitivas. Essa parte é trabalhosa e para muitos é o que determina continuar ou não no empreendimento. Por outro lado se torna uma arma de concorrência para os que aceitam esse desafio e cumprem com esses critérios.

Atualmente há cerca de 15 mil produtores atuando com agricultura orgânica numa área estimada de 800 mil hectares no Brasil. Desde 29 de dezembro de 2007, a agricultura orgânica brasileira passou a ter critérios para o funcionamento de todo o seu sistema de produção, desde a propriedade rural ao ponto de venda. Estas regras estão expressas no Decreto nº 6323 publicado nesta data, no Diário Oficial da União.

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cultivo orgânico de hortaliças é uma forma de agregar valor ao produto e aumentar o volume de produção já que existe um mercado específico para. Portanto o produtor de orgânicos tem a venda do seu produto garantida e com maior valor de mercado, e o produtor convencional pode ter a sua produção aumentada bem como a lucratividade já que apenas a migração para o cultivo orgânico torna o seu produto diferenciado em relação ao de antes.

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Para propriedades pequenas, médias ou grandes essa modalidade de cultivo é um bom negócio desde que o produtor tenha disposição para se adequar às normas e padrões exigidos.

De todo modo se mostra como uma melhoria nas condições de trabalho, já que elimina-se o uso de agroquímicos não expondo o trabalhador da agricultura a produtos de controle fitossanitário e ainda permite um maior ganho com a venda dos produtos.

4- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DEUBER, R. Ciência das plantas infestantes, manejo. Campinas, 1997.

FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura. 3ª Edição – Editora UFV. Viçosa-MG. 2008.

I N S T I T U TO S O C I O A M B I E N TA L . A l m a n a q u e B r a s i l Socioambiental – Uma nova perspectiva para entender a situação do Brasil e a nossa contribuição para a crise planetária. São Paulo. 2008.

SILVA, L. F. da, Solos tropicais: aspectos pedológicos, ecológicos e de manejo. São Paulo: Terra Brasilis, 1995.

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OFICINAS CIENTÍFICAS

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Qualidade do leite na região Oeste da Bahia1 2Danilo Gusmão de Quadros , Guilherme Augusto Vieira da Silva , Carlos

3 4Hideo Kanematsu , Alexandro Pereira Andrade , André Ricardo Gomes 3 3 3Bezerra , Alberto Magalhães de Sá , Daiana Nara Santos de Oliveira

1Prof. da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Coordenador do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal (NEPPA)2 Prof. da Faculdade Cairu / UNIME3 Aluno do curso de Agronomia – UNEB4 Aluno de Pós-graduação da UFPB – campus de Areia

Conjuntura da produção de leiteA produção brasileira de leite de vaca aumentou cerca de três

vezes, em uma análise retrospectiva dos últimos 30 anos, saindo de oito bilhões de litros, em 1975 para quase 27 bilhões de litros em 2008, abastecendo um mercado essencialmente doméstico com uma crescente inserção no mercado internacional. A região Sudeste produz 39% do total, seguido pelas regiões Sul (27%), Centro-Oeste (15%), Nordeste (12%) e Norte (7%) (ROCHA, 2004).

O consumo per capita nacional é de 136 litros/habitante/ano, em forma de leite fluído e derivados, abaixo dos 200 litros/habitante/ano, recomendado pela Organização Mundial de Saúde. O País possui mais de um milhão e cem mil propriedades que exploram leite, ocupando diretamente 3,6 milhões de pessoas. Quase 70% dos produtores brasileiros têm escala de produção abaixo de 50 L de leite por dia. Juntos, produzem o equivalente a 30% da produção nacional. Contudo, os outros 30% dos produtores, com maior escala de produção, representam cerca de 70% do total do leite produzido.

A bovinocultura leiteira é um importante setor da produção agropecuária baiana. Considerando o panorama nacional, o Estado da Bahia é o sétimo produtor, com a participação apenas de 3% do mercado total, ficando atrás de Minas Gerais (29%), Goiás (11%), Rio Grande do Sul (11%), Paraná (9%), São Paulo (8%) e Santa Catarina (6%). O oeste baiano, apesar de ser fronteira agrícola, ainda apresenta baixa produção leiteira, com processamento anual de aproximadamente 50 milhões de litros por ano, correspondente a 5,5% da produção Estadual (QUADROS e SILVA, 2008). Essa produção de grãos poderia ser um grande fator impulsionador de produção leiteira.

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LeiteO leite é o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em

condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas, devendo apresentar os seguintes requisitos:

•características sensoriaiso líquido branco, opalescente e homogêneo;o sabor e odor característicos.

•requisitos geraiso ausência de neutralizantes da acidez e reconstituintes de

densidade;o ausência de resíduos de antibióticos e de outros agentes

inibidores do crescimento microbiano;o atingir os requisitos físico-químicos, microbiológicos,

contagem de células somáticas (CS) e resíduos químicos.

O leite é duas vezes mais viscoso que a água, de sabor ligeiramente açucarado, apresentando as seguintes características:

- teor de gordura butirométrica de, no mínimo, 3,0%;- teor de água máximo de 87,5%;- acidez entre 15 e 18 graus Dornic;- densidade a 15 graus centígrados entre 1028 e 1032 gramas por

litro;- lactose mínima de 4,3%;- extrato seco desengordurado mínimo de 8,5%;- extrato seco total mínimo de 11,5%;- índice crioscópico de 0,53 graus centígrados negativos (-

0,53ºC);- pH entre 6,5 a 6,6.

Considerado o mais nobre dos alimentos, por sua composição em proteína, gordura, carboidratos, sais minerais e vitaminas, o leite proporciona nutrientes e proteção imunológica para o neonato. Além de suas propriedades nutricionais, o leite oferece elementos anticarcinogênicos, como o ácido linoléico conjugado, esfingomielina, ácido butírico, β caroteno, vitaminas A e D. Diversos estudos têm demonstrado a importância do consumo de leite e produtos lácteos para o crescimento, desenvolvimento e também auxílio no combate de doenças crônicas.

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A glândula mamária da vaca é constituída de tecido secretor e tecido conectivo. A quantidade de tecido secretor ou o número de células secretoras é o fator limitante da capacidade produtiva do úbere. O leite é sintetizado pelas células secretoras, dispostas em camadas na membrana basal que possui uma estrutura esférica muito pequena (50 a 250 µm de diâmetro) chamada alvéolo. Vários alvéolos juntos formam um lobo. O leite é produzido de maneira contínua nessa área alveolar e armazenado nos alvéolos, nos dutos condutores de leite, na cisterna do úbere e na cisterna da teta, entre as ordenha.

Para proporcionar boas condições de ordenha, seja manual ou mecânica, é necessário tomar uma série de precauções com relação:

•ao ordenhador - ter boa saúde e adotar práticas de higiene; •ao animal - deve ser limpo antes e depois da ordenha,

permanecer em locais limpos e secos pouco tempo antes e durante a ordenha;

•aos materiais ou equipamentos utilizados na coleta e armazenamento do leite - devem estar limpos e desinfetados.

A qualidade do leite in natura é influenciada por muitas variáveis, dentre as quais se destacam: fatores zootécnicos associados ao manejo, alimentação, potencial genético dos animais e aos relacionados à obtenção e armazenagem do leite. A síntese e a secreção do leite nos alvéolos mamários é um processo que ocorre de maneira praticamente estéril em animais saudáveis. O grande problema está nas etapas de ordenha, manuseio e armazenamento do leite, fatores críticos quando algumas regras de higiene não são seguidas, pois existem diversos pontos de contaminação, tais como: microorganismos originários do interior da glândula mamária, da superfície das tetas e do úbere, de utensílios (como equipamentos de ordenha e de armazenamento do leite), além de outras fontes presentes no ambiente da fazenda.

Problemas relacionados à falta de higiene, temperatura e tempo de estocagem do leite propiciam a contaminação e favorecem a multiplicação de microrganismos deterioradores, que exercem sua ação deletéria, produzindo, por exemplo, enzimas proteolíticas e lipolíticas termoestáveis. Todas essas alterações resultam em sérios prejuízos pela redução do rendimento industrial, alterações nas propriedades sensoriais e redução da vida de prateleira do leite e derivados.

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O leite é um excelente meio de cultura para os microorganismos, devido à sua riqueza em nutrientes, pH próximo ao neutro e alta atividade de água. Alguns microorganismos patogênicos podem ser transmitidos ao homem através do leite cru. Tratamentos térmicos, como os processos de pasteurização e ultrapasteurização, garantem que os microrganismos patogênicos sejam eliminados, permitindo que o leite possa ser consumido sem causar enfermidades.

A comercialização clandestina de leite cru, ou seja, sem passar por qualquer tratamento térmico, ainda é comum no Brasil, devido à crença popular de que este tipo de leite seja mais rico em nutrientes, a comodidade e ao baixo custo, pois ele é consumido principalmente pela população de baixa renda. Isso resulta em problemas econômicos e de saúde pública, detectando-se elevado número de fraudes, acidez elevada e baixa qualidade microbiológica. O consumo do leite clandestino pode provocar intoxicação ou infecção. A intoxicação caracteriza-se pela presença de toxinas produzidas por microorganismos contaminantes do leite, enquanto a infecção apresenta sintomatologia que aparece em conseqüência da ingestão dos microorganismos.

Instrução Normativa 051/2002

A Instrução Normativa 051/2002 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (Diário Oficial da União de 20/09/2002, Seção 1, Página 13) tem como objetivo regulamentar e fixar a identidade do leite, como também os requisitos mínimos de qualidade.Prejuízos da MastiteA inflamação da glândula mamária, denominada de mastite, destaca-se como um dos principais fatores que diminuem a qualidade do leite destinado ao consumo humano. A mastite é uma doença extremamente complexa que resulta em diminuição na produção e qualidade do leite, determinando consideráveis prejuízos aos produtores e aos laticínios. Ela promove alterações na composição do leite, como a redução dos teores de proteína, lactose e cálcio.A mastite provoca perdas econômicas devido à redução na produção, ao descarte de leite e de animais, aos gastos com medicamentos, com serviços veterinários e com o aumento de mão-de-obra e, em alguns casos, à morte do animal. A redução na produção de leite é considerada o fator individual mais importante das perdas econômicas da mastite. Estudos realizados no Brasil mostraram que quartos mamários com mastite subclínica produziram em média 25% a 42% menos leite do que quartos mamários normais.

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As infecções da glândula mamária podem apresentar-se sob duas formas: clínica (detectada pelo teste da caneca de fundo telado ou escuro) e subclínica (detectada pelo teste CMT).

Resultados da Pesquisa do NEPPA/UNEB Objetivando avaliar algumas características físicas, químicas e

microbiológicas do leite e a presença de mastite clínica e subclínica nas vacas em propriedades com diferentes escalas de produção, na região oeste da Bahia, o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal (NEPPA), da Faculdade de Agronomia - Universidade do Estado da Bahia (UNEB-campus IX), em Barreiras, realizou um trabalho de pesquisa, de outubro de 2007 a setembro de 2008, analisando dados que totalizaram cerca de 4400 quartos mamários (1100 vacas) e 700 amostras de leite.

Os resultados das análises do leite produzido nas propriedades do oeste baianos apresentaram resultados bastante variáveis, conforme a propriedade estudada, a escala de produção e a data de amostragem. Os parâmetros avaliados, de forma geral, estiveram dentro da normalidade. Contudo, foi observado um significativo percentual de amostras fora do padrão estabelecido pela IN 051/2002, principalmente no tocante ao Extrato Seco Total (EST), abaixo do recomendado, o que reduz o rendimento de processamento dos produtos lácteos. Em alguns casos, o leite estava com acidez elevada, em virtude da grande quantidade de ácido lático produzido pela ação de bactérias.

A contagem de CS do leite geralmente apresentou-se dentro do padrão estabelecido. Todavia, no futuro, quando padrões mais rígidos de qualidade forem adotados, o leite estará fora dos padrões legais. Propriedades com maior escala de produção apresentaram contagem de CS mais elevadas, em alguns casos, ultrapassando o limite permitido, indicando problemas de saúde da glândula mamária das vacas. Se comparado ao padrão internacional de qualidade, o leite produzido no oeste baiano não seria aceito.

A mastite foi um grave problema encontrado, principalmente nas propriedades especializadas na produção de leite, atingindo índices de 5% a 7% de mastite clínica e 20% a 40% de mastite subclínica, resultando em decréscimo de produtividade, aumento de custo com tratamentos e redução na qualidade do leite._________________________________1 CMT – Formação de gel espesso indicando mastite subclínicahttp://www.youtube.com/watch?v=6V91HruGWXA2 Pesquisa do NEPPA/UNEB sobre qualidade do leite e mastite em vacas leiteiras no oeste baiano (TV OESTE-REDE BAHIA/REDE GLOBO DE TELEVISÃO) http://www.youtube.com/watch?v=r0iu2BILjZg

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Os resultados das análises do leite produzido nas propriedades do oeste baianos apresentaram resultados bastante variáveis, conforme a propriedade estudada, a escala de produção e a data de amostragem. Os parâmetros avaliados, de forma geral, estiveram dentro da normalidade. Contudo, foi observado um significativo percentual de amostras fora do padrão estabelecido pela IN 051/2002, principalmente no tocante ao Extrato Seco Total (EST), abaixo do recomendado, o que reduz o rendimento de processamento dos produtos lácteos. Em alguns casos, o leite estava com acidez elevada, em virtude da grande quantidade de ácido lático produzido pela ação de bactérias.

A contagem de CS do leite geralmente apresentou-se dentro do padrão estabelecido. Todavia, no futuro, quando padrões mais rígidos de qualidade forem adotados, o leite estará fora dos padrões legais. Propriedades com maior escala de produção apresentaram contagem de CS mais elevadas, em alguns casos, ultrapassando o limite permitido, indicando problemas de saúde da glândula mamária das vacas. Se comparado ao padrão internacional de qualidade, o leite produzido no oeste baiano não seria aceito.

A mastite foi um grave problema encontrado, principalmente nas propriedades especializadas na produção de leite, atingindo índices de 5% a 7% de mastite clínica e 20% a 40% de mastite subclínica, resultando em decréscimo de produtividade, aumento de custo com tratamentos e redução na qualidade do leite.

A maior parte das propriedades estudadas não seguia os padrões de higiene de ordenha recomendados pelos técnicos. Um dos problemas encontrados no tocante a criação dos animais, foi relativo ao manejo da pastagem e a falta de forragem conservada como estratégia para alimentação do gado na seca. Os produtores não realizavam o cálculo do custo de produção do leite e a maioria não dispunha de assistência técnica qualificada. O controle reprodutivo e produtivo do rebanho não era realizado. Alguns produtores utilizavam reprodutores de raças pouco leiteiras, com aptidão para corte, a fim de obter melhores preços de venda dos bezerros machos após desmame. Por outro lado, as fêmeas nascidas são bem menos produtivas, em relação às suas mães. Isso ocorreu principalmente nas pequenas propriedades, as quais apresentaram produtividades muito baixas (cerca de 5 litros de leite por vaca por dia).

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Analisando amostras de leite coletadas na plataforma de recepção de um dos laticínios da região, notou-se que o leite, após a ordenha, não foi armazenado e transportado conforme a legislação, chegando a temperaturas inadequadas (32 a 33 ºC), permitindo alta proliferação de microrganismos.

Referências

BRASIL - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E DO ABASTECIMENTO (MAPA). Instrução Normativa Nº 51, DE 18 DE SETEMBRO DE 2002. Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel. Publicado no Diário Oficial da União de 20/09/2002 , Seção 1 , Página 13. DOMINGUES, P.F.; LANGONI, H. Manejo Sanitário Animal. Rio de Janeiro: Epub. 2001. 210p.QUADROS, D.G.; SILVA, G.A.V. Estudo da cadeia produtiva do leite na região oeste da Bahia. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DO BOI DE CAPIM, 2008, Salvador. Anais... GT5:Salvador. 2008. (CD-ROM)ROCHA, A.S. A agroindústria de leite e laticínios da Bahia: inserção e reestruturação da atividade. Revista Bahia: análise e dados, v.13, n.4, p.907-919, 2004.

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USO DE AGENTES BIOLÓGICOS NO CONTROLE DE CIGARRINHAS

E CUPINS NAS PASTAGENSMarco Antonio Tamai (Doutor em Entomologia, JCO BioProdutos)

01 INTRODUÇÃO A pecuária responde por uma parcela significativa do PIB do agronegócio brasileiro, sendo, em algumas regiões, a principal atividade econômica do meio rural. Para isso, os produtores têm que enfrentar anualmente diversos desafios que concorrem para reduzir a oferta e a qualidade do alimento ao rebanho, destacando-se o fator climático e o ataque de insetos-praga às pastagens, como as cigarrinhas e as lagartas desfolhadoras. Em algumas situações, as populações destas pragas tornam-se muito elevadas, exigindo medidas para seu controle. A melhor forma de convivência é através da informação, o que implica em identificar corretamente a espécie-praga, seus aspectos biológicos, inimigos naturais e medidas de controle.

02 CIGARRINHAS Em se tratando de cigarrinha, quatro espécies são muito comuns em pastagens nas regiões Centro-Sul e Centro-Oeste do país, em diversos casos causando prejuízo as pastagens, são elas: Notozulia entreriana (Berg.), Deois flavopicta (Stal.), Deois schach (Fabr.) e Mahanarva fimbriolata (Stal.) (Gallo et al 2002). A ocorrência destes insetos é perceptível a partir do inicio da estação chuvosa (setembro/outubro), que proporciona condições para a eclosão dos ovos quiescentes e, conseqüente, surgimento da primeira geração de ninfas. As ninfas são de coloração branco-amarelado, alimentam-se da seiva das plantas na região do coleto onde produzem uma espuma branca característica. A fase ninfal tem duração média de 20-25 dias, fim do qual surge os adultos, que vivem na parte aérea das plantas, durante 20 dias em média, alimentando-se da seiva das folhas e ovipositando no solo ou em restos vegetais próximas ao capim (média de 100 ovos/fêmea). A segunda geração de ninfas surge, em média, 20-25 dias após a postura (período de incubação). Assim, o período de ovo-adulto das cigarrinhas é de 40-50 dias. O pico populacional das cigarrinhas é observado entre fevereiro-março na Região Centro-Sul, quando se constata a terceira geração da praga. As posturas realizadas a partir do mês de abril geralmente entram em estado de quiescência devido

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A eclosão dos ovos quiescentes ocorrerá apenas com o umedecimento do solo nas primeiras chuvas da estação chuvosa seguinte. A extração de grande volume de seiva pela alimentação das ninfas compromete severamente o desenvolvimento das plantas. Além disso, os adultos são responsáveis pela injeção de toxinas nas folhas e colmos durante a alimentação, causando o amarelecimento e posterior secamento das folhas. Em ataque severo ocorre a morte das plantas. Como conseqüência, há uma significativa redução na produção de massa verde e comprometimento da qualidade das pastagens, com reflexos diretos na capacidade de suporte das pastagens e redução na produção de carne e leite (Figura 4). A melhor maneira de minimizar os prejuízos com as cigarrinhas é obtida com a integração de estratégias. No caso de renovação e/ou implantação de novas áreas de pastagens, as medidas enfatizam o aumento na capacidade das plantas em resistir ao ataque das cigarrinhas, como a correção química e física do solo, a escolha por espécies ou variedades de gramíneas resistentes aos insetos e adaptadas as condições edafoclimaticas locais, além do manejo adequado das pastagens. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mantém ativa linhas de pesquisa em vistam à seleção e desenvolvimento de novas espécies/variedades de capins com resistência às cigarrinhas, especialmente após a constatação da alta susceptibilidade da Brachiaria decumbens cv. Brasilisk. A espécie Brachiaria brizantha cv. Marandu foi um destes bons produtos obtidos, com característica de resistência por antibiose o que torna o ciclo de vida das cigarrinhas mais longo, eleva a taxa de mortalidade em sua fase ninfal e reduz seu potencial reprodutivo. Para o caso de pastagens implantadas, as ações visam dificultar o estabelecimento da praga em grande extensão de área, além de impedir que as cigarrinhas atinjam o nível de dano econômico. Neste contexto, pode-se fazer o uso controlado do fogo no inverno sob os focos de maior infestação da praga, como maneira de destruir uma grande quantidade de ovos quiescentes, com impacto na população do inseto durante a estação chuvosa. O manejo das pastagens com divisão na área em piquetes aliado a correta adequação da carga animal são medidas que irá maximizar a exploração econômica da pastagem, além de evitar sobras de pasto com conseqüente acúmulo de palha ao nível do solo o que confere condições favoráveis a sobrevivência de ninfas e ovos das cigarrinhas.

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Para o controle dos adultos da praga da primeira geração é preconizado o uso de inseticidas químicos seletivos, sendo complementado com aplicações de Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. visando a segunda e terceira geração de ninfas. O fungo M. anisopliae é estudados para o controle de cigarrinha em pastagem e cana-de-açúcar desde a década de 1970. Os produtos comerciais são formulados a partir de conídios do agente biológico. Quando aplicado sobre as pastagens entram em contato com as ninfas das cigarrinhas, germinam em poucas horas e penetrando posteriormente por diversos pontos do corpo do inseto. A partir do quarto dia após a aplicação, os primeiros insetos mortos são observados sob as espumas. Poucos dias após a morte, as ninfas são recobertos por uma camada pulverulenta de conídios de cor verde (Alves, 2002). Sob condições adequadas, M. anisopliae se mantém ativo na pastagem por período prolongado de tempo. Em sistema de produção animal a pasto (bovinos, ovinos e caprinos), o uso de M. anisopliae tem como grande vantagem não deixar resíduo na carne e leite, além de não exigir a remoção dos animais da área. 03 CUPINS DE MONTÍCULO Cupins são insetos sociais que vivem em colônias populosas com ocorrência em diversos agroecossistemas, sendo que em determinadas condições podem se tornar bastante prejudiciais e assim, exigindo medidas para seu controle. Em pastagem, Cornitermes cumulans (Kollar) (Isoptera, Termitidae) é a espécie mais comum, principalmente nas regiões Sudeste, e em parte do Centro-Sul e Nordeste do Brasil, caracterizando-se pela construção de nidificações que afloram a superfície do solo, de onde origina seu nome comum (cupim de montículo). Os ninhos podem superar 1,0 m de altura, sendo externamente, resistente e duro constituído por uma espessa camada de terra cimentada com saliva (6-10 cm de espessura), permeada por inúmeros canais. Internamente, apresenta um núcleo celulósico, frágil, de coloração escura e de origem orgânica (celulose e material fecal), onde se concentra e vive a colônia do inseto. Cornitermes bequaerti Emerson, Cornitermes silvestrii Emerson e Cornitermes snyderi Emerson também são reportados como espécies comuns nas pastagens brasileiras, com hábitos muito semelhantes à C. cumulans. Estudos sugerem que C. cumulans em pastagem alimenta-se de folhas, ramos, sementes e outros restos vegetais depositados na superfície do solo, e apenas eventualmente, em tecido vegetal vivo.

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No entanto, seus ninhos podem dificultar consideravelmente a movimentação de máquinas e implementos na área, além de abrigar animais peçonhentos (cobras, aranhas e escorpiões) e danificar mourões e cochos de madeira. Áreas severamente infestadas por cupinzeiros têm, geralmente, seu valor comercial depreciado, sendo associada a pastagens degradas e/ou mal manejadas. Há relatos de pastagens com até 500 cupinzeiros/ha em regiões de cerrado. O controle dos cupins-de-montículo com uso do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. é feito através de sua aplicação nos ninhos na forma de pó-seco, contendo conídios viáveis e inertes minerais e/ou orgânicos. Inicialmente, deve-se perfurar verticalmente os cupinzeiros ativos (2 pontos/cupinzeiro) com uso de um bastão de metal atravessando totalmente o núcleo celulósico até atingir a base do cupinzeiro. Em seguida, aplicar o produto biológico no interior do cupinzeiro com uso de uma polvilhadeira manual ou motorizada de aplicação de formicida, adaptando, na extremidade da mangueira, uma ponteira de metal de aproximadamente 40 cm de comprimento com 4 séries de furos de 3-4 mm espaçadas de 2,0 a 2,5 cm, visando uma melhor distribuição do produto dentro do ninho. Não é necessário tapar as aberturas das perfurações após a aplicação. Para o controle de C. snyderi é fundamental que sejam feitos entre 3-4 furos para que haja boa distribuição dos produtos na colônia, compensando com isso a ausência da câmara celulósica central. Proceder à quebra dos cupinzeiros após 90-120 dias da aplicação do agente biológico. A eficiência de controle com uso de B. bassiana é dependente de uma boa distribuição do produto no interior do cupinzeiro. Melhores resultados são obtidos com aplicações feitas durante a estação chuvosa, em cupinzeiros com até 40-50 cm de altura, o que torna necessária a vistoria freqüente das pastagens identificando os ninhos em estágio inicial de desenvolvimento.

04 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S.B. (Coord). Controle microbiano de insetos. 2.ed. Piracicaba, SP: FEALQ/USP. 1998. 1163p. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B. Manual de entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002, 920p.

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Aproveitamento de dejetos com biodigestores: produção de biogás e biofertilizante

1Danilo Gusmão de Quadros1UNEB – Universidade do Estado da Bahia / NEPPA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Produção Animal – Faculdade de

Agronomia, Campus IX, BR 242, km 04, s.n. Lot. Flamengo. Barreiras. Bahia. 47800-000. TELE-FAX (077) 3612-6744. Website: www.neppa.uneb.br. E-mail: [email protected]

O QUE É UM BIODIGESTOR?Biodigestor é uma câmara fechada onde é colocado material

orgânico para decomposição. Pode ser um tanque revestido e coberto por manta impermeável de PVC, o qual, com exceção dos tubos de entrada e saída, é totalmente vedado, criando um ambiente anaeróbio (sem a presença de oxigênio).

QUAIS OS BENEFÍCIOS DO BIODIGESTOR?· ALTA RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO - 3 anos para retorno

do investimento.· GERAÇÃO DE BIOGÁS – O biogás – energia renovável e limpa

– pode ser queimado ou servir de combustível par amotores de combustão interna, por exemplo em geradores de eletricidade e motobombas.

· PRODUÇÃO DE BIOFERTILIZANTE - O biofertilizante, após ser fermentado no biodigestor, é um adubo orgânico com alta qualidade e com nutrientes prontamente utilizáveis pelas plantas.

· MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE HIGIENE PARA OS ANIMAIS E AS PESSOAS – a limpeza diária das instalações para recolher o esterco e seu tratamento reduzem a contaminação do ambiente por microrganismos nocivos e parasitos, a proliferação de moscas e mortalidade dos animais.

· BENEFÍCIO AMBIENTAL – o tratamento dos dejetos no biodigstor impede a poluição dos mananciais hídricos. Na queima do biogás há redução da emissão de GEE, gerando créditos de carbono

· BENEFÍCIOS SOCIAIS E ECONÔMICOS· o biogás gera economia de GLP, óleo diesel e lenha, além da

redução na demanda da produção e distribuição de energia elétrica;

· TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL – permite o máximo aproveitamento dos recursos locais e a integração das atividades rurais.

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Estabelecimento e produção de massa seca dos capins andropógon e marandu consorciado com milheto

1 2André Ricardo Gomes Bezerra , Danilo Gusmão de Quadros , Alberto 1 1 1Magalhães de Sá , Daniele Alves da Silva , Givaldo da Silva Visitação ,

1Glauciana Pereira de Araújo

IntroduçãoNas condições tropicais, o desempenho de bovinos, tanto para

corte como leite, situa-se abaixo do seu potencial genético, devido à qualidade inferior das forrageiras tropicais e do efeito negativo do clima sobre a disponibilidade de forragem e de nutrientes das pastagens tropicais. As forrageiras mais comumente usadas, são dos gêneros Brachiaria e Panicum. Cerca de 80% da área de pastagens plantadas no Brasil utiliza cultivares desses gêneros (Kichel & Miranda, 2000). Sendo que fornecem apenas entre 30% e 50% das exigências nutricionais diárias dos animais em pastejo, por apresentarem forragem com baixos teores de proteína e carboidratos solúveis, bem como alto teores de fibra.

Nesse contexto, surge o milheto como uma forrageira altamente promissora, tanto para o pastejo direto e corte, bem como para a conservação sob forma de silagem, apresenta rusticidade, grande tolerância à seca, além de ser produtiva, tenra, nutritiva e palatável ao gado, contém significante quantidade de minerais necessários para uma boa produção animal (França & Madureira, 1989)

O sistema de integração lavoura-pecuária utiliza o consórcio com culturas anuais a fim de amortizar o custo de investimento da reforma e renovação de pastagens, sendo o milheto (Pennisetum americanum) uma boa alternativa. O milheto é uma planta forrageira altamente promissora para a produção de grãos, silagem, ou mesmo utilizada sob pastejo, apresentando boa tolerância à seca, produção de massa seca e valor nutritivo (Kichel & Miranda, 2000).

Ao se combinar espécies anuais e perenes ocorrem um efeito sinergético na produtividade e nas condições do solo, refletindo na utilização mais eficiente dos nutrientes disponíveis, melhorias das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, reduzindo os riscos econômicos que derivam da exploração isolada das espécies (Kluthcouski & Aidar, 2003).

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A formação de pastagens com capim perene associado ao milheto como cultura acompanhante é viável (Maia et al., 2000). Entretanto, a introdução de cereais pode reduzir o rendimento do capim, sem, no entanto, comprometer o estabelecimento da pastagem (Portes et al., 2000). O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da introdução do milheto em quatro taxas de semeadura (0, 5, 10 e 15 kg/ha) na germinação e produção de massa seca (MS) de Andropogon gayanus (capim andropogon) e Brachiaria brizantha cv. Marandu (capim marandu).

Material e MétodosO experimento foi conduzido no campo experimental do Núcleo

de Estudo e Pesquisa em Produção Animal da Faculdade de Agronomia/ Universidade do Estado da Bahia – Campus IX de Barreiras, em uma área

2de 384 m , segundo delineamento em blocos ao acaso, com oito tratamentos dispostos em esquema fatorial 2 x 4 (capim x taxa de semeadura do milheto), com quatro repetições. Foram utilizadas parcelas

2 2de 20 m (5 x 4 m), afastadas umas das outras 1,0 m, com área útil de 6 m (2 x 3 m).

Os capins andropógon e marandu foram semeados em consórcio com milheto em diferentes taxas de semeadura (0, 5, 10 e 15 kg/ha). Para o capim, foram usadas sementes fiscalizadas na taxa de semeadura de 3,3 e 3,7 kg/ha de sementes puras viáveis (SPV), para os capins andropógon e marandu, respectivamente. Entretanto, na semeadura do milheto foram utilizados grãos inteiros do cv. Comum, a um baixo custo (R$ 0,50/kg), ou seja, a adoção da tecnologia custou R$ 2,5, 5,0 e 7,5/ha para as taxas de 5, 10 e 15 kg/ha de milheto respectivamente.

Para a observação da germinação, a área útil foi subdividida em 2doze quadrados de 0,5 x 0,5 m = 0,25 m , com auxilio de barbantes e

palitos que ficaram fixados na área durante todo o experimento. Foram feitas visitas ao campo aos 7, 14, 21 e 28 dias após semeadura (DAS). Nessas ocasiões, as plântulas de cada espécie em cada quadrado da área

2útil foram contadas. O número de plântulas por m de quatro contagens obtidas em cada visita a campo foram somadas e dividida pela área útil, compreendendo todo o período de 28 DAS.

Aos 48 dias após semeadura (DAS) foi realizado o primeiro corte, enquanto os dois subsequentes foram realizados em intervalos de 25 dias, totalizando três cortes.

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A fitomassa foi mensurada em toda área útil da parcela. O corte das plantas foi efetuado a uma altura de 30 cm, em relação ao nível do solo. O material foi pesado em balança digital de gancho, com duas casas decimais. Em seguida, uma alíquota de aproximadamente 500 g foi utilizada para separação das frações folha/colmo e determinação dos teores de matéria seca, utilizados nos cálculos dos rendimentos de MS. A MS total, de folha e de colmos dos três cortes foi somada.

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), usando o programa ASSISTAT (Silva & Azevedo, 2006), comparando as médias dos capins testados pelo teste de Tukey (5%), desdobrando as interações significativas. Os efeitos das diferentes taxas de semeaduras foram avaliados em análise polinomial.

Resultados e Discussão

O capim marandu apresentou um número maior de plântulas por 2m quando consorciado a taxas de 10 e 15 kg/ha de sementes de milheto

(Figura 1 – a), ou seja, o milheto não competiu com o capim durante a 2germinação, apresentando médias de 12,36 e 15,34 plantas/m para as

taxas de 10 e 15 kg/ha de milheto, respectivamente. Quanto ao capim 2andropógon, este apresentou o maior número de plântulas por m com taxa

de semeadura do milheto próximas de 10 kg/ha. Por outro lado, a taxa de 15 kg/ha de milheto apresentou efeito deletério à germinação do capim. Por outro lado a germinação de plântulas de milheto associada aos capins apresentou comportamento parecido, com tendência linear, em relação às taxas de semeadura (Figura 1 – b). Sendo que, quando associado ao

2andropógon, o milheto apresentou maiores médias de plântulas por m em todas as taxas de semeadura.

Não houve interação significativa entre as espécies dos capins perenes e a taxa de semeadura do milheto. A produção média de MS total, de folha e de colmo no período foi de 38, 52 e 18%, respectivamente, maiores (P<0,05) no capim marandu, em relação ao capim andropógon (Figura 2 - a).

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*Médias seguidas por mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05).

Figura 1 Número de plântulas dos capins Andropogon e Marandu (a) e 2milheto por m (b), em consórcio com diferentes taxas de

semeadura do milheto.

A taxa de semeadura do milheto influenciou (P<0,05) a MS total, de folha e de colmo, segundo comportamento quadrático (Figura 2 - b). A elevação da taxa de semeadura acima de 10, 7 e 12 kg/ha foi deletéria à MS total, de folha e de colmo, respectivamente, em conseqüência provável da competição inter e intra-específicas. Considerando como investimento para adoção dessa tecnologia a aquisição das sementes, o custo por kg de MS produzida a mais, em relação à testemunha, foi de 0,003, 0,004 e 0,01 reais para, respectivamente, 5, 10 e 15 kg/ha.

Segundo Portes et al. (2000), a presença de cereais afetou severamente o crescimento da Brachiaria decumbens, mas, após a colheita, sua recuperação foi rápida com a rebrota.

A introdução do milheto reduziu o rendimento de MS do capim Tanzânia aos 40, 70 e 100 DAS; contudo, quando considerada a MS do milheto associada, as produções de MS foi maior no conjunto, em comparação ao capim Tanzânia exclusivo (Maia et al., 2000).

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*Médias seguidas por mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05).

Figura 2 Produção de massa seca (MS) dos capins andropógon e marandu (a) consorciados com milheto semeado em diferentes taxas (b) (somatório de três cortes - 98 DAS).

Observando-se o rendimento de MS de folha, em função da taxa de semeadura do milheto, nota-se que em doses acima dos 10 kg/ha de milheto, a produção diminui a relação folha/colmo de tal forma que na dose de 15 kg/ha essa relação chega em 1:1.

Plantas quando competem por luz alongam-se, mecanismo conhecido como estiolamento, que pode ter ocorrido quando as maiores taxas de semeaduras foram utilizadas. Paciullo et al., (2008) observaram que, na primavera-verão, o sombreamento aumentou a taxa de alongamento de colmos de B. decumbens. Entretanto, a utilização de taxas de semeaduras de milheto entre 5 e 10 kg/ha proporcionaram grande proporção de folhas na forragem disponível, em detrimento dos colmos.

ConclusõesTaxas de semeadura do milheto acima dos 10 kg/há não prejudicou

o estabelecimento do capim marandu, já para o andropógon aconteceu o inverso, o número de plântulas do capim foi afetatado, apresentando uma queda significativa.

O número de plantas de milheto sofreu um crescimento diretamente proporcional às taxas de semeadura testadas.

O capim marandu foi o que produziu maior rendimento inicial, em comparação com o capim andropógon. A consorciação do milheto com capins perenes foi uma alternativa viável para aumentar a produção de forragem, antecipando a utilização pós-plantio. Contudo, taxas de semeadura acima de 10 kg/ha podem prejudicar os índices produtivos.

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SILAGEM DE CAPIM E AMONIZAÇÃO DE VOLUMOSOS COMO ALTERNATIVAS DE ALIMENTAÇÃO DO GADO NA

SECA

José Augusto Reis Almeida¹, Danilo Gusmão de Quadros², Jorge ¹Aurélio Macedo Araújo¹, Paulo Henrique Santos Silva , Alexandro

²Pereira Andrade

1Estudante do Curso de Engenharia Agronômica da UNEB – Campus IX/Barreiras-BA. E-mail: [email protected]

2UNEB – Universidade do Estado da Bahia / NEPPA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Produção Animal – Faculdade de Agronomia, Campus IX, BR 242, km 04, s.n. Lot. Flamengo. Barreiras. Bahia. 47800-000. www.neppa.uneb.br. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

O efeito da seca sobre as pastagens constitui um dos fatores responsáveis pelo baixo desempenho da pecuária de corte e de leite no Brasil, afetando também o valor nutricional das forragens, sendo assim, ocorre uma menor digestão direta dos nutrientes e principalmente menor ingestão total de matéria seca, devido à diminuição do volume digerido. Essa redução se dá basicamente pela grande quantidade de fibras no período seco do ano, decaindo os níveis de proteína. O fornecimento de volumosos conservados pode incrementar os índices produtivos dos rebanhos. Nesse sentido, a ensilagem de plantas forrageiras aparece como opção de conservação de volumosos para serem utilizados durante todo período seco.

A silagem de capim tem se tornado uma das grandes saídas na produção de ruminantes, podendo baixar o custo de produção e ofertar volumosos de qualidade nas épocas de escassez forragens. Outro fator que tem induzido o produtor a optar pelo uso desta prática, é o fato de que muitas propriedades já disporem de pastagens de capim-elefante formadas e com estruturas que permitem este tipo de manejo (CARVALHO, 1985).

Vários produtos conhecidos como aditivos têm sido adicionados à forragem no momento da ensilagem. Os objetivos de sua utilização incluem a alteração da fermentação visando à melhoria da conservação, incremento do valor energético ou protéico e aumento da estabilidade aeróbica da silagem, durante a fase de utilização.

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Segundo VAN SOEST (1987), tanto a composição químico bromatológica quanto o valor nutritivo das silagens podem ser alterados através da adição de vários produtos no momento da ensilagem, influenciando o curso da fermentação e favorecendo a conservação das silagens.

Os carboidratos solúveis são importantes substratos para boa fermentação da forragem. O conteúdo de carboidratos solúveis de uma forrageira é considerado como um parâmetro indicador da qualidade da forragem para ensilagem, sendo necessária uma concentração mínima de 2,5 a 3,0% na MS (HAIGH, 1990).

A ensilagem de capim sem aditivos está sujeita a significativas perdas por efluente, o qual contém grandes quantidades de compostos orgânicos, tais como: açúcares, ácidos orgânicos e proteínas (PINHO et al., 2008).

Características da silagem de capimPara se produzir silagem de boa qualidade as forragens devem

possuir alto teor de carboidratos solúveis, facilitando assim, a ação das bactérias produtoras de ácido lático, promovendo uma conseqüente queda no pH para níveis entre 3,8 e 4,2 e uma melhor conservação da silagem.

Um pH elevado indica perda de nutrientes, principalmente, proteínas resultando em material menos palatável e de odor desagradável.A acidez atua inibindo ou controlando o desenvolvimento de microorganismos prejudiciais, como as bactérias do gênero Clostridium, sensíveis a pH abaixo de 4. A presença de ácido butírico na massa ensilada é sempre acompanhada de mudanças na qualidade do produto. Estas alterações são devidas ao odor desagradável e penetrante, às vezes de material em putrefação. Em realidade, o efeito mais prejudicial das bactérias produtoras de ácido butírico é o desdobramento de proteínas (McDONALD, 1991).

Segundo LAVEZZO (1994) é importante se adequar o valor nutritivo das gramíneas forrageiras tropicais com seu estádio de desenvolvimento, pois apesar de com o tempo essas gramíneas aumentarem a produção de matéria seca, ocorre diminuição do valor nutritivo, o que produzirá uma silagem de baixa qualidade nutricional.

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PESQUISA DO NEPPA – UNEB SOBRE SILAGEM DE CAPIM

Objetivo Geral

• Avaliar os efeitos dos aditivos em suas respectivas proporções na cinética fermentativa através do acompanhamento da queda do pH, da acidez titulável e das perdas por efluentes, bem como, os aspectos sensoriais.

Objetivos Específicos

• Determinar quantitativamente as perdas por efluentes, através do acréscimo do peso do conjunto (balde, Areia e tela). • Determinar a queda do pH, através da sequência de aferições, segundo os procedimentos descritos na literatura, comparando as técnicas de avaliação de silagens, para verificar qual a mais adequada a ser utilizada. • Determinar e avaliar os aspectos sensoriais, com ajuda de duas equipes de três avaliadores, conforme os critérios e a escala de MEYER et. al. (1989).• Determinar o teor de matéria seca.• Determinar a acidez titulável.

O experimento foi conduzido no Laboratório do NEPPA-UNEB-Campus IX de Barreiras-BA, segundo delineamento inteiramente casualizado, com 7 tratamentos, 3 datas de abertura pós-ensilagem e 3 repetições. Os tratamentos foram: capim-elefante (CE) 100%, CE 95% + casquinha de soja (CS) 5%; CE 90% + CS 10%; CE 95% + fubá de milho (FM) 5%; CE 90% + FM 10%; CE 95% + CS 2,5% + FM 2,5%; CE 90% + CS 5% + FM 5%; na matéria natural.

O capim, com 1,5 m de altura e cerca de 80 dias de rebrota em área de baixa drenagem, permanecendo com idade fisiológica retardada indicada pelo baixo teor de MS 15%, foi picado mecanicamente em partículas de 2 a 3 cm de tamanho, utilizando-se de uma máquina forrageira. Após a sua homogeneização com os aditivos, nas devidas proporções, o material foi ensilado em baldes plásticos com capacidade de 20 L, os quais continham ao fundo 2,0 kg de areia, separados da forragem

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Decorridos 7, 14 e 28 dias de ensilagem, os silos foram abertos, retirando-se amostras para determinação do % MS, do pH, da ATT e das perdas por efluentes. O %MS foi obtidoem estufa ventilada a 60ºC por 72 horas, e das perdas por efluentes segundo a fórmula: E = [(Pab –

3Pen)/(Mvfe)] x 1000; sendo: E = efluente (kg/m ), Pab = peso total do balde na abertura, Pen = peso total do balde na ensilagem e Mvfe = massa verde de forragem ensilada .

Para mensuração do pH, foi utilizada a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002), na qual 9 g de silagem é imersa em 60 mL de água destilada por 30 minutos, realizando- a determinação do pH com o uso de um potenciômetro digital marca Bel Engineering. Para quantificação da ATT, indicativo do total de ácidos, foi adaptada a técnica descrita por QUADROS et al. (2002), adicionando-se 3 gotas de fenoftaleína e titulando com uma solução de NaOH a 0,1N, com agitações lentas e frequentes, registrando o volume gasto em mL de NaOH para o ponto de viragem da coloração.

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizado o programa estatístico Assistat 7,5 beta (SILVA & AZEVEDO, 2006), desdobrando as interações significativas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve interação entre a utilização de aditivos e o tempo pós-ensilagem (P>0,05) no % de MS e nas perdas por efluente. A utilização da casquinha de soja e do fubá de milho nas proporções testadas reduziu (P<0,05%) as perdas por efluentes em média 3,8 vezes, em comparação com a silagem de capim-elefante puro (Tabela 1).

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Tabela 1 - Perda por efluentes e teor de matéria seca (%MS) na silagem de capim-elefante (CE) com diferentes proporções de casquinha de soja (CS) e fubá de milho (FM), decorridos 7, 14 e 28 dias pós-ensilagem.

* Médias seguidas pelas mesmas letras não diferenciam estaticamente entre si (Tukey < 5%)

Os resultados da redução das perdas por efluente com uso dos aditivos seco e nutritivo, obtidos neste trabalho, foram similares aos observados por Zanine (2006), que verificaram efeito positivo da adição de farelo de trigo na redução das perdas por efluentes em silagens de capim elefante.

O %MS variou (P>0,05) com o uso de aditivos, obtendo valores mais altos na silagem com 10% de casquinha de soja ou fubá de milho, em relação à testemunha (Tabela 2). Esses resultados corroboram com Pinho et al. (2008), utilizando farelo de mandioca e Rezende et al. (2008), ao adicionar diversos aditivos secos e nutritivos, na ensilagem de capim elefante.

O pH da silagem foi afetado significativamente (P<0,05) pela interação entre o uso de aditivos e o período pós-ensilagem (P<0,05). O uso apenas do fubá de milho como aditivo nutritivo, ou associado com a casquinha de soja, resultou em silagens com valores mais baixos de pH, em comparação com a silagem contendo apenas o aditivo seco. Somente a silagem de capim elefante contendo 10% de CS não alcançou os valores mínimos de pH de 3,8 a 4,2 indicados por McDonald et al. (1991) para melhor conservação da forragem.

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Tabela 2 - Potencial hidrogeniônico (pH) da silagem de capim elefante (CE) com diferentes proporções da matéria natural de casquinha de soja (CS) e fubá de milho (FM).

* Médias seguidas letras diferentes, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, diferem ao nível de 5% pelo Teste de Tukey.

CONCLUSÕES

O uso da casquinha de soja e do fubá de milho, seja individualmente ou em conjunto, na ensilagem de capim-elefante, foi prática recomendável para reduzir as perdas por efluentes e aumentar o teor matéria seca. Apenas a casquinha de soja, como aditivo seco, resultou em silagem com menor acidez, mesmo decorridos 28 dias após o fechamento do silo. Em contrapartida, o fubá de milho, como fonte de carboidratos solúveis, foi altamente recomendado, seja sozinho ou associado ao aditivo seco.

AMONIZAÇÃO DE VOLUMOSOS DE BAIXA QUALIDADE

A amonização de forragens utilizando a amônia anidra, amônia líquida ou uréia, tem sido uma das alternativas em razão de ser de fácil aplicação, não poluir o ambiente, fornecer nitrogênio não protéico, provocar decréscimo no conteúdo de fibra em detergente neutro (FDN), favorecer a solubilização parcial da hemicelulose, aumentar o consumo e a digestibilidade, além de conservar as forragens com alto teor de umidade (ROSA & FADEL, 2001).

Parte da lignina e sílica é dissolvida durante a amonização e as ligações intermoleculares do tipo éster entre o ácido urônico da hemicelulose e da celulose são também rompidos (VAN SOEST, 1994).

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A celulose se expande quando tratada com agentes alcalinos, o que reduz as ligações intermoleculares das pontes de hidrogênio, que ligam moléculas de celulose.

Uma alternativa viável para melhorar o valor nutritivo de volumosos de baixa qualidade é o tratamento com produtos químicos, sendo mais utilizados os hidróxidos de sódio, potássio, cálcio e amônio, a amônia anidra e a uréia, como fonte de amônia (SUNDSTOL & COXWORTH, 1984).

O hidróxido de sódio é apontado como o mais eficiente, porém de difícil aplicação, alto custo além de proporcionar riscos de contaminação ambiental, como alternativa a esse produto tem-se o hidróxido de cálcio, porém com menor eficiência.

PESQUISA DO NEPPA-UNEB NA AMONIZAÇÃO Objetivou-se avaliar os efeitos de doses crescentes de uréia (0, 4, 8 e

12 % da matéria natural) sobre a composição bromatológica da casquinha de soja.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus IX de Barreiras - BA, em janeiro de 2009, sendo utilizado um delineamento inteiramente casualizado (DIC), com quatro tratamentos (doses de uréia) e cinco repetições.

A casquinha de soja foi adquirida de uma agroindústria do município. No laboratório foram pesados 4 kg de casquinha de soja e umedecidos acrescentando 25% da massa de matéria natural em água. As quantidades de uréia relativas a cada dose foram pesadas em balança de precisão com 0,01 casa de precisão, dissolvidas em 1 litro de água e misturadas com a casquinha de soja em baldes com capacidade de 100 L, sendo acondicionadas em sacos de polietileno com capacidade de 50L. Em seguida, os sacos foram fechados, permanecendo em tratamento durante 40 dias. Os sacos permaneceram 72 horas com as bocas abertas permitindo a saída do excesso de amônia. Foram coletadas amostras com cerca de 300 g de cada saco, colocadas em sacos plásticos e encaminhadas ao Laboratório de Análise de Alimentos da UFPB, Areia-PB, para análises de matéria seca (MS), material mineral (MM), matéria orgânica (MO), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose.

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Os dados foram submetidos à análise de variância por regressão utilizando-se o programa ASSISTAT (SILVA & AZEVEDO, 2009) para estimar o efeito de cada dose sobre as variáveis-resposta, considerando como significativo o nível de 5% de probabilidade.

Resultados e DiscussãoO teor de MS aumentou linearmente (P<0,05) quando a casquinha

foi amonizada com doses crescentes de uréia (Figura 1 - a), semelhantemente ao observado por Souza et al. (2002) ao tratar casca de café com amônia anidra sob dois níveis de umidade.

A uréia na amonização da casquinha de soja promoveu aumento nos teores de PB, entretanto, a elevação da dose aplicada de 4 % para 12 % não resultou em um padrão de resposta definido, com melhor adequação ao modelo cúbico (P<0,05) (Figura 1-b). Rosa et al. (2000), ao amonizar o feno de capim-marandu e Zanine et al. (2007), feno de capim - Tanzânia, com doses crescentes de uréia até 6 e 3 %, respectivamente, observaram aumentos lineares nos teores de PB com o tratamento.

Os valores de MO e MM da casquinha de soja não sofreram alterações do tratamento com a uréia (p>0,05), com valores médios de 92,92 e 5,08 %, respectivamente. Os efeitos na MO averiguadas neste trabalho estão em consonância com as observações de Rosa et al. (2000).

A adição de uréia proporcionou redução do teor de FDN de forma linear negativa (p<0,05) (Figura 1- d), e no teor da FDA e hemicelulose através de um comportamento quadrático (p<0,05) (Figura 1 – c; e). A amonização com uréia ou amônia anidra diminuiu os conteúdos de FDN e hemicelulose, entretanto não alteraram os teores de FDA, celulose e lignina (Reis et al., 2001). Apesar de uma queda menos acentuada comparada ao teor de FDN, a redução do teor FDA com a amonização pode ocorrer (Zanine et al., 2007).

A elevação dos conteúdos de FDN da dieta tem efeito negativo no consumo de forragem, de modo que o aumento de 70 para 80 % pode

0,75reduzir a ingestão diária de MS de 70 para 50 g/kg PV , ao mesmo que tempo na nutrição de ruminantes, há correlação negativa entre o conteúdo de FDA e a digestibilidade (Van Soest, 1994).

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Figura 1 Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN) e hemicelulose da casquinha de soja amonizada.

Conclusões

A amonização da casquinha de soja com uréia promoveu melhorias no valor nutricional, em virtude da elevação do teor protéico, redução da fração fibrosa e aumento dos teores de matéria seca. Portanto, a utilização da técnica foi viável alimentação de ruminantes.

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VILELA, D. Utilização do capim-elefante na forma de forragem conservada. In: CARVALHO, M.M.; ALVIM, M.J.; XAVIER, D.F. et al. (Eds.) Capim-elefante: produção e utilização. 2.ed. Juiz de Fora:EMBRAPA, 1997. p.113-160.ZANINE, A. M. Perdas por gases, efluentes, recuperação da matéria seca de silagens de capim-elefante (Pennisetum purpureum) com adição de farelo de trigo. Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, Espana y Portugal, v.55, n.209, p.75-84, 2006.

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AGREGANDO VALOR A ESPÉCIES NATIVAS DO OESTE BAIANO

A UNEB - Campus IX, através do grupo de pesquisa liderado pelo Prof. Fábio del Monte Cocozza e sua equipe de colaboradores entre eles, professores; pesquisadores e estudantes ingressantes em iniciação cientifica vem atuando tanto na produção de mudas como na agregação de valor a produtos de origem vegetal, especificamente espécies nativas do oeste Baiano, apresentando resultados de pesquisas em diversos segmentos. Desde 2005, o grupo vem trabalhando no desenvolvimento de processos e produtos de origem vegetal, buscando com base cientiífica compreender as técnicas de cada etapa da produção da matéria-prima, até o preparo e o consumo, acompanhando também os processos de fabricação, armazenamento, transporte, higienização, análise sensorial e comercialização de alimentos regionais da biodiversidade do Cerrado Baiano. Concentrações de um edulcorante natural (esteviosídeo) em substituição à sacarose na formulação de geléia de buriti de baixa caloria, bem como sua aceitação pelos consumidores. As formulações foram avaliadas por trinta degustadores não treinados. Dentre os tratamentos a geléia tradicional foi a mais apreciada que suas variantes light, contudo o esteviosídeo realçou o sabor natural da fruta, “mascarado” pelo açúcar na geléia tradicional, ao passo que a geléia tradicional acrescida de coco ralado obteve 91% de intenção de compra. Comparação de cinco diferentes formulações de doce de buriti em massa foram testadas, entre elas: F1 doce em massa; F2 doce em massa com 0,5% de pectina; F3 doce em massa com 5% ácido cítrico; e, F4 doce em massa com 5% de xarope de glicose e 0,5% de amido modificado; e, F5 doce em massa com 5% de xarope de glicose, a fim de agregar valor aos frutos nativos do Cerrado, principalmente o buriti, a partir da modificação da formulação tradicional desse doce.

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Portanto, através da análise dos resultados constatou-se que as formulações F2 (doce em massa com 0,5% de pectina) e F4 (doce em massa com 5% de xarope de glicose e 0,5% de amido modificado), apresentaram maior aceitação devido suas características físicas e maior aceitabilidade entre os degustadores nos quesitos sabor, aroma, textura, aparência geral e aceitação. Avaliou-se o desenvolvimento de formulações de doce em massa de maracujá do mato com diferentes níveis de açúcar comum e de açúcar light, pela aceitação do produto. A maioria do público não conhecia o doce, sendo que 63,64% não conheciam, enquanto 36,36% conheciam o doce. O doce mais preferido foi o doce de maracujá vendido na feira livre, porém o doce que teve a maior intenção de consumo foi o com polpa + açúcar light 50%. Geléias com diferentes proporções de polpa de marolo e edulcorante foram avaliadas sensorialmente, onde aquelas obtidas de forma tradicional foram superiores à versão light. Balas artesanais produzidas com frutos exóticos e nativos do cerrado baiano tiveram boa aceitação na comunidade Barreirense, em especial as balas de cajá e buriti. Bebidas serão testadas com diferentes sabores de polpas de frutas nativas em extrato hidrossolúvel de soja light e oferecidas na merenda escolar de crianças em escolas da periferia urbana Barreirense, de forma a proporcionar um hábito mais saudável, em substituição a sabores artificiais.

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IMPORTÂNCIA AGRONÔMICA DE COLEÓPTEROS COPRÓFAGOS (BESOUROS ROLA-BOSTA)

Oziel Pinto Monção, Danilo Gusmão de Quadros, Raimundo Guedes, Felipe Rodrigo Santos Hordonho, Jamara M. Jácome, Daiana Nara

S. Oliveira

Faculdade de Agronomia/Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal – Universidade do Estado da Bahia – campus IX. E-mail: [email protected] Site: www.neppa.uneb.br

Introdução

Os besouros coprófagos são insetos que se alimentam exclusivamente de excrementos de mamíferos, tanto as formas adultas, quanto as larvais, consomem fezes. Devido ao hábito alimentar, estes indivíduos não causam dano às culturas. São considerados insetos úteis, e tido como o único modo econômico e prático de efetuar a incorporação das massas fecais depositadas por bovinos sobre as pastagens, além de contribuírem na melhoria da estrutura e fertilidade do solo, reduzirem a população de moscas e helmintos (FLECHTMANN et al. 1995 a). O enterrio da massa fecal, entretanto, também tem algumas implicações agronômicas benéficas ao desenvolvimento das plantas e sanidade das pastagens. Sabe-se, por exemplo, que a área de pastagem ao redor do bolo fecal é rejeitada para pastejo por bovinos por um largo período de tempo (HAYNES & WILLIANS, 1993). Isso pode ser importante em uma pastagem, onde a excreta pode vir a cobrir até um terço da área pastejada, quando a área é usada em rotação (AFZAL & ADAMS, 1992). Seu enterrio imediato evitaria a formação dessas áreas de rejeição ao pastejo. Além disso, a massa fecal é, basicamente, matéria orgânica, da qual a contribuição para o crescimento das plantas é indiscutível.

Ciclagem de nutrientes

Quando a placa de fezes é depositada no solo, imediatamente vários fatores começam a agir sobre ela. Uma placa pastosa defecada no período chuvoso, numa área bem povoada por coleópteros coprófagos, terá todas as condições para ser uma ótima fonte de retorno de nutrientes.

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Aproximadamente 70 a 80% do nitrogênio contido nas fezes de bovinos é perdido em pouco tempo, quando os excrementos permanecem expostos ao ar; entretanto, essa perda pode ser reduzida para cerca de 10 a 15% quando os excrementos são incorporados ao solo logo após terem sido excretados (MACEDO, 1999). Braz (2001) relata que devido à inviabilidade de adubações de reposição na maior parte dos sistemas de exploração pecuária, pode-se considerar que a sustentabilidade da produtividade das pastagens é praticamente dependente da reciclagem interna dos nutrientes no ecossistema. Considerando-se que o montante de esterco produzido, tais perdas são de alta relevância, ao enterrar o esterco, o besouro está auxiliando a manter parte desse N que seria perdido, contribuindo para a sustentabilidade do sistema produtivo. Além disso, estará fazendo com que esse N seja mais rapidamente reciclado em formas assimiláveis pelas plantas.

Aspectos comportamentais dos besouros coprófagos

Segundo RODRIGUES (1989), esses besouros estão agrupados em três grupos funcionais baseados numa maneira pela qual os Scarabaeidae utilizam o recurso alimentar e de acordo com os hábitos reprodutivos de nidificação: os roladores (telecoprídeos), os escavadores (paracoprídeos) e os residentes (endocoprídeos). • Telecoprídeos: Neste grupo encontram-se os besouros mais

conhecidos porque são bastante interessantes de serem observados. Esses besouros são vulgarmente conhecidos como “rola-bosta”, porque constroem bolas de excremento que são roladas para locais mais distantes das placas de excremento para serem enterradas (Figura 1 – a). Esse tipo de comportamento pode ser melhor ilustrado através das observações feitas coma espécie Canthon pilularius L.. As bolas são feitas, roladas, defendidas e enterradas por um macho acompanhado por uma fêmea que somente coopera na confecção da bola. Eles constroem dois tipos de bolas: as bolas-alimento para os adultos e as bolas-ninho, estas últimas moldadas mais cuidadosamente e enterradas em profundidades maiores. A cópula ocorre imediatamente após o enterrio das bolas-ninho e o macho parte 22 horas depois. Após a partida do macho, a fêmea deposita um ovo na bola de excremento e a abandona. Em outras espécies, a fêmea permanece no ninho ate que surjam novos besouros.

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Paracoprídeos: Os besouros desse grupo são os mais comuns, cerca de 80%, embora menos conhecidos. Usualmente esses besouros trabalham em pares sexuais. A fêmea escava túneis, abaixo ou a redor do bolo fecal, que podem terminar em câmaras situadas em profundidades que variam geralmente de 30 cm a 1,0m, de acordo com a compactação do solo. O macho corta pequenos pedaços de excremento e os entrega à fêmea, que leva o excremento para o fundo e, após moldagem apropriada, deposita um ovo em cada ninho (Figura 1 – b).• Endocoprídeos: Neste grupo encontram-se as espécies menos efetivas com relação à distribuição de excremento nas pastagens. Geralmente, os adultos penetram nos excrementos e aí procuram se alojar durante os períodos mais frios e secos do ano, quando as espécies do outro grupo estão inativas. Dentro dos excrementos eles permanecem vivendo e se alimentando até que os mesmos sejam consumidos e desintegrados. As espécies menores geralmente pertencem ao grupo dos endocoprídeos (Figura 1 – c).

Fonte: RODRIGUES (1989)Figura 1 – Ilustração das formas de utilização de excrementos por besouros coprófagos.

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Controle da mosca-dos-chifres

A pecuária brasileira enfrenta diversos problemas sanitários no rebanho, sendo a mosca-dos-chifres e as helmintoses bastante comuns. A mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) é uma importante praga do gado, introduzida no Brasil na década de 70 e hoje disseminada em todo o território nacional, alimenta-se do sangue, causando grande irritação nos animais, devido as picadas, comprometendo a alimentação do animal parasitado, diminuindo a sua produtividade (leite/carne). Elas se reproduzem rapidamente, depositando seus ovos nas fezes frescas dos animais. Cada fêmea pode ovopositar de 370 até 400 ovos durante sua vida. Cerca de 24 horas após, as larvas eclodem e, entre 4 a 8 dias, migram para a parte mais seca da massa fecal, onde ocorre a formação do pupário.

No interior desse pupário o desenvolvimento se processa durante seis a oito dias. Após esse período, ocorre a emergência dos adultos, que voam até os animais reiniciando o ciclo. Neste caso, vários métodos químicos já foram utilizados para combatê-la. No entanto, o uso desordenado de endectocidas e agrotóxicos têm causado um significativo impacto ambiental, além de aumentar os custos de produção. Outra desvantagem do controle exclusivamente químico é que os parasitos criam resistência ao princípio ativo do produto. A eficiência dos besouros coprófagos em reduzir a população de larvas de nematódeos gastrintestinais tem sido observada em diversos trabalhos.

Vidal & Silva (2007) afirmam que a atuação dos besouros da família Scarabaeidae em áreas destinadas à criação de bovinos é extremamente benéfica tanto para o equilíbrio dos ecossistemas quanto para os pecuaristas. Atualmente, têm-se informações suficientes de várias regiões diferentes que estes insetos são utilizados com êxito para o controle da mosca-dos-chifres e conseqüente incorporação de massas fecais no solo. Ao removerem a massa fecal e incorporá-la ao solo, os besouros coprófagos quebram o ciclo reprodutivo das moscas e nematódeos que utilizam as massas fecais para alimentação e desenvolvimento de suas proles..

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Efeitos de produtos antiparasitários sobre os besouros rola-bosta

Os produtos químicos antiparasitários largamente utilizados na pecuária têm impactos negativos sobre a biodiversidade e equitatividade da entomofauna fimícola. Esse impactos foram demonstrados em diversos trabalhos na literatura.A ivermectina, o princípio mais utilizado no Brasil, deixa resíduos nas fezes que afetam a abundância da fauna do esterco (IGLESIAS et al., 2003). Entretanto, produtos mais modernos como a Moxidectina são menos agressivas ao coprófagos.As atividades de criações e agricultura têm causado um deletério impacto ambiental e alterações na fauna original, flora e composição do solo. É bem conhecido que nos sistemas de pastejo do gado, a decomposição das placas fecais ajudam a manter as reservas naturais do pasto e produtividade pela reciclagem de nutrientes para o solo. Uma comunidade de organismo diversa, como artrópodes, nematóides, fungos, bactérias e anelídeos que vivem em associação com as massas fecais realizam uma importante e variado papel na dispersão da placa fecal no solo. O valor da fauna fecal é bem reconhecido, porém a significância dos efeitos globais futuros dos endectocidas na biodiversidade e estrutura dessa comunidade fimícola, bem como na reciclagem de nutrientes futura ainda não é conhecida. Ademais, as consequências da utilização de endectocidas ao meio ambiente pode ser o efeito nos vertebrados predadores da fauna fimícola, polinizadores e subsequente fragmentação do habitat ou distúrbio na rede alimentar. Nós temos conhecimento insuficiente sobre a consequência global dos distúrbios de drogas na biodiversidade e as funções ecológicas dos organismos alvo e não-alvo (SUAREZ, 2002).

Contribuição da UNEB em pesquisas sobre coleópteros coprófagos

Em 2008 o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Produção Animal (NEPPA) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) implantou uma colônia de criação de besouros coprófagos (Digitonthophagus gazella) para distribuição aos produtores da região Oeste da Bahia objetivando o controle biológico de moscas-de-chifre e vermes.

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Outro projeto também desenvolvido pelo mesmo grupo de estudos em parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) é um levantamento da “Biodiversidade de besouros coprófagos (Coleoptera, Scarabaeidae) em áreas de vegetação nativa de cerrado (cerradão) e em pastagem artificial”, onde parcialmente já registrou 23 espécies ocorrentes na região. Neste mesmo projeto Hordonho et. al. (2010) avaliando o grau de desestruturação e incorporação de massas fecais bovinas sob a atividade de besouros coprófagos em pastagem artificial nos cerrados baianos, relataram que o regime pluvial influenciou a ação dos besouros na desestruturação de placas fecais, sendo mais presentes na época chuvosa do ano (Figura 1). Em estudo inicial sobre a riqueza de besouros coprófagos (Scarabeidae) no cerrado e em área antropizada na época chuvosa do ano em Barreiras - BA, Monção et. al. (2009) concluíram que a área de cerrado nativo apresentou maior população de besouros Scarabaeídeos em relação à área de pastagem artificial. Isso demonstrou o desequilíbrio ambiental provocado pela antropização sobre a riqueza biológica desses insetos, que representam importante papel na natureza

Figura 1. Atividade de Besouros Coprófagos sobre o Grau de Desestruturação e Incorporação de Placas Fecais Bovinas.

1 Reportagem sobre o projeto “rola-bosta” do NEPPA-UNEB no BAHIA RURAL (TV

BAHIA/REDE GLOBO):

http://br.youtube.com/watch?v=gbPo2Hbtu64&feature=channel_page

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Considerações finais

O aparecimento de resistência aos inseticidas tem salientado a necessidade crescente de implantação de programas alternativos de controle (Lomônaco, 1992) objetivando o controle de moscas sinantrópicas. O controle químico, como única arma, já se provou ineficaz em praticamente todo o campo da sanidade animal, com o surgimento de organismos resistentes selecionados pela pressão de controle. Devido aos estudos escassos e restritos à família Scarabeidae: Coleóptera, observa-se a necessidade de pesquisas para avaliação do potencial de algumas espécies serem utilizadas em programas de controle biológico e bioindicadores de alterações ambientais. Deve-se conscientizar os produtores rurais a respeito dos benefícios dos besouros coprófagos à pecuária e sobre os impactos ambientais dos anti-parasitários usados rotineiramente na criação de gado sobre a sobrevivência da entomofauna fimícola.

Referências

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FLECHTMANN, C. A. H.; RODRIGUES, S. R.; COUTO, H. T. Z. Controle biológico da mosca-dos-chifres (Haematobia irritans irritans) em Selvíria, Mato Grosso do Sul - 2: ação de insetos fimícolas em massas fecais no campo. Revista Brasileira de Entomologia, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 237-247, 1995 a.

HAYNES, R. J. & WILLIANS, P. H.,1993. Nutrient cycling and soil fertility in the grazed pature ecosystem. Adv. Agron., 49: 119-199.

HORDONHO, F. R. S., QUADROS, D. G., MONÇÃO, O. P., OLIVEIRA, D. N. S., BEZERRA, A. R. G. Grau de desestruturação e incorporação de massas fecais bovinas sob a atividade de besouros coprófagos em pastagem artificial nos cerrados baianos. In. 47°. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Anais...vol. 47, 2010.

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IGLESIAS, L.E.; PADILHA, T.; MINEIRO, J.C. et al. Efeitos do ivermectin na coprofauna associada com bolos fecais dos bezerros tratados em condicões experimentais. Revista Brasileira de Zoociências, Juiz de Fora, v. 5 n. 2, p.225-242, 2003.

MACEDO, J.D.B. Besouros coprófagos: Os insetos benéficos das pastagens. Revista Bahia Agrícola, v.3, n.3, 1999 .

MIRANDA, C. H. B., SANTOS, J. C. C., BIANCHIN, I. Contribuição de Onthophagus gazella à melhoria da fertilidade do solo pelo enterrio de massa fecal bovina fresca. 1. Estudo em casa de vegetação. Revista Brasileira de Zootecnia. Viçosa, MG, v. 27, n. 8, p. 681-685, 1998.

MONÇÃO, O. P., QUADROS, D. G., HORDONHO, F. R. S., OLIVEIRA, D. N. S., JÁCOME, J. M., CÂMARA, E. A., SÁ, A. M., CASTRO, M. D. Riqueza de besouros coprófagos (Scarabeidae) no cerrado e em área antropizada na época chuvosa do ano. In: V Seminário do Cerrado, Cerrado em Pé. Anais...Vol. 1, 2009.

SILVA, P. G., VIDAL, M. B. Atuação dos escarabeídeos fimícolas (Coleoptera: Scarabaeidae sensu stricto) em áreas de pecuária: potencial benéfico para o município de Bagé, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.6, n 2, p. 162-169, 2007.

SUAREZ, V.H. Helminthic control on grazing ruminants and environmental risks in South America. Veterinay Research, v. 33, n.5, p.563–573, 2002.

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COMPORTAMENTO INGESTIVO DE VACAS LEITEIRAS EM CAPIM TANZÂNIA SOB LOTAÇÃO ROTACIONADA

Daiana Nara Santos de Oliveira, Danilo Gusmão de Quadros, Jamara Marques Jácome, Carlos Lima Cangerana, Jadson Jordão Ribeiro,

Leandro Matos BarbosaFaculdade de Agronomia/Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal –

Universidade do Estado da Bahia – campus IX. E-mail: [email protected] Site: www.neppa.uneb.br

INTRODUÇÃOO sistema de criação de bovinos em pastagens é caracterizado por

uma série de fatores e suas interações podem afetar o comportamento ingestivo dos animais, comprometendo o seu desempenho e, conseqüentemente, a viabilidade da propriedade. Os ruminantes podem modificar um ou mais componentes do seu comportamento ingestivo com a finalidade de minimizar os efeitos de condições alimentares desfavoráveis, conseguindo, assim, suprir os seus requisitos nutricionais para mantença e produção (Forbes, 1988).

Um aspecto muito importante, para um melhor aproveitamento das pastagens refere-se ao conhecimento dos horários de concentração do pastejo pelos animais (Ribeiro et al., 1997). Segundo Ribeiro et al. (1999) a definição dos horários em que preferencialmente os animais exercem o pastejo é importante para o estabelecimento de estratégias adequadas de manejo. Já o tempo total gasto para o pastejo é um fator intimamente relacionado ao consumo voluntário com maior ou menor gasto de energia, que entre outros, são determinantes do desempenho animal.Segundo Ribeiro et al. (1999) a definição dos horários em que preferencialmente os animais exercem o pastejo é importante para o estabelecimento de estratégias adequadas de manejo. Já o tempo total gasto para o pastejo é um fator intimamente relacionado ao consumo voluntário com maior ou menor gasto de energia, que entre outros, são determinantes do desempenho animal. Normalmente existe um período de ruminação após cada período de pastejo, mas a maior parte da ruminação ocorre durante a noite. Este padrão característico pode ser alterado por atividades de rotina como ordenha, mudança de piquetes em situações de pastejo rotacionado e, excepcionalmente, por condições extremas de clima (e.g. chuva muito intensa e, ou, ventos fortes), muito embora seja bastante estável na maioria das situações e todos os animais do grupo ou rebanho tendam a seguir o mesmo padrão.

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O objetivo do trabalho foi discorrer e relatar a respeito do comportamento ingestivo de bovinos mantidos em capim Tanzânia sob lotação no Oeste da Bahia.

MATERIAIS E MÉTODOSO trabalho foi realizado na Fazenda Santa Clara, no distrito de

irrigação Barreiras Sul-São Desidério, Unidade Demonstrativa do Programa Balde Cheio (Embrapa Sudeste). As avaliações foram realizadas em quatro semanas consecutivas do mês de março de 2010, sendo uma avaliação semanal de 24 horas. Nesse período, as observações e identificação das atividades dos animais (pastejo, ruminação, ócio, outros) ocorreram a cada 15 minutos. Foi mantida para observação uma distância razoável para não alterar o comportamento dos animais. Para observações noturnas, foram utilizadas lanternas de neon para a visualização dos animais, valendo ressaltar que os animais já vinham dias antes sendo observados com essa lanterna para adaptar-se a rotina.

As vacas girolandas, com graus de sangue variado da raça holandêsa, foram diferenciadas pelo padrão da pelagem. Para observação foram utilizados quatro animais. Os animais permaneciam durante toda à noite nos piquetes e por volta das 5 horas da manhã eram conduzidos para o estábulo para realização da ordenha. A ordenha era realizada em dois períodos do dia, além da parte da manhã, no final da tarde.As avaliações foram utilizadas por cinco alunos da graduação de Engenharia Agronômica da Uneb – Campus IX, de forma escalonada, mantendo-se sempre os mesmos. Ao final, mensurou-se ás atividades de pastejo relativas a cada animal sendo somadas, identificando assim o tempo gasto pelos animais em cada atividade e o período que essas atividades se concentravam.Os dados foram tabulados no programa Excel (Microsoft®) e estimadas as médias de cada hora, de todos os animais em todos os períodos e verificados a influência do ritmo circadiano sobre o comportamento de pastejo.

Resultados e DiscussãoHouve influência do ritmo circadiano no comportamento (tempo

de pastejo, ruminação e ócio) de vacas da raça Girolando em pastagens de Panicum maximum cv. Tanzânia (Figura 1). As vacas pastejaram mais tempo na madrugada, sendo compatível ao manejo de pastejo noturno.

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Figura1 Variações diárias no comportamento (tempo de pastejo, ruminação, ócio e outros) de vacas Girolando em capim Tanzânia sob pastejo noturno.

A atividade de ócio e outros foi mais expressiva à tarde, devido ao período de ordenha (Figura 1), porém o tempo de ócio continua das 13 – 22 horas, quando retornam para a pastagem e recomeçam a atividade de pastejo, comportamento este justificável, permanecendo por maior tempo na ociosidade devido ao maior desconforto térmico. Sob a radiação solar direta, diminuíram as demais atividades na tentativa de reduzir a produção de calor metabólico, conforme já enfatizado por Leme et al. (2005).

No entanto, é muito provável que animais em desconforto ambiental possam diminuir o tempo de ruminação na tentativa de diminuir o calor interno ocasionado pelo ambiente, concordando assim com Hogson (1990). Um animal que rumina mais consome mais volumoso e pode ser mais produtivo. Esse maior tempo das atividades de pastejo e ruminação, observados no sistema, provavelmente tenha sido decorrente do conforto térmico resultante da presença de árvores e de cobertura, como também por causa de haver pastejo noturno. Provavelmente isso ocasionou um microclima favorável neste ambiente, uma vez que a disponibilidade de pastagem é a mesma nos piquetes do sistema de balde cheio. Fraser (1980), ainda falam que a atividade de ruminação em animais adultos ocupa entorno de 8 horas por dia com variações entre 4 e 9 horas, divididas em 15 a 20 períodos.

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0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Horário

(%)

Pastejo Ruminação Ócio Outros

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Há uma preferência dos animais em ruminar deitados, principalmente nos períodos fora das horas mais quentes do dia. Sendo assim, as maiores freqüências de ruminação ocorreram entre 10:00 e 12:00 horas ( e as maiores freqüências de ócio ocorrem normalmente, entre 14:00 e 22:00 horas, comportamento este esperado, devido que a ordenha ocorria às 16 e nesse período os animais permaneciam em atividade de ócio em local coberto, e desta forma os animais só retornaram ás sua atividades de pastejo por volta das 20:00 horas

período mais quente do dia)

. Os animais nas horas mais quentes do dia procuram pela sombra em resposta ao estresse térmico pelo calor (FRASER e BROOM, 1997), deixando de exercer outras atividades importantes como o pastejo, o que explica o menor tempo de pastejo e o maior tempo de ócio observado para os animais, concordando com observações de Leme et al., (2005). Os animais exercem uma espécie de plasticidade comportamental, desenvolvendo muitas vezes um próprio modelo circadiano de comportamento, adaptando-se ao ambiente em questão.

Conforme observado, o pastejo foi intenso durante todo o período da madrugada, sendo que os animais pastejaram em média 07h40min, segundo Carvalho et al., (1999) o tempo de pastejo de um animal no pasto raramente é inferior a 6 e superior a 12 horas, , Zanine et al., (2005a) encontrou valores de 7,45 e 6,81 . A permanência dos animais em ócio foi observada praticamente do final da madrugada até o amanhecer, se equilibrando com o pastejo e a ruminação nesse período, onde posteriormente ocorria a ordenha, fato que explica a diminuição das atividades de pastejo, tendo em vista que os animais são retirados do pasto e levados para local de ordenha, onde permaneceram em atividades de ócio e ruminação, terminado o processo, os animais retornam ao pasto completando o ciclo, se equilibrando com as atividades de ócio, ruminação e pastejo.

ConclusõesO comportamento animal está condicionado a influencias do ritmo

circadiano. No pastejo noturno, o animal altera suas atividades com maior tempo dedicado à alimentação durante a madrugada, deixando as horas mais quentes do dia para ruminação e descanso, favorecendo o bem estar animal.

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Literatura citada

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POTENCIAL FORRAGEIRO DE PLANTAS NATIVAS DO

CERRADO 1 1Áurea Xavier de Souza , Jamara Marques Jácome , Danilo Gusmão de

2Quadros1 Estudante de graduação de Engenharia Agronômica da Universidade do Estado da

Bahia e bolsista de iniciação cientifica do CNPq.2 Docente da Universidade do Estado da Bahia – UNEB - BR 242, km 4, s/n. Lot.

Flamengo. Barreiras – BA. 47800-000.

Introdução

O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil (depois da Amazônia), 2cobria originalmente 2.031.990 km , constituindo a mais extensa região

de savana da América do Sul. O bioma compreende um mosaico de diferentes tipos de vegetação, determinados principalmente pelas condições do solo. A única formação florestal é o cerradão, uma floresta seca de cobertura fechada que alcança 7m de altura nos solos mais férteis. O Cerrado stricto sensu é uma savana com uma camada herbácea bem desenvolvida, árvores pequenas, arbustos e palmeiras sem tronco. Outras formações são: o campo sujo e o campo limpo. Matas de galeria não são formações típicas do Cerrado, mas são comuns na paisagem, abrangendo uma rede interconectada de habitats ao longo de rios de três das maiores bacias hidrográficas brasileiras. São importantes para a manutenção da diversidade da fauna do Cerrado, constituindo refúgio e estrada de dispersão para um número significativo de plantas e animais originários da Floresta Amazônica e Mata Atlântica.

Uma das mais ricas de todas as regiões de savana tropical, o Cerrado possui alto grau de endemismo. Sua diversidade de vertebrados é grande, mas o endemismo é baixo quando comparado ao das plantas. A diversidade de gêneros também é grande: 240, sendo 18 endêmicos. O Cerrado é importante para um grupo de grandes mamíferos de ampla distribuição na América do Sul: o lobo guará; tamanduá-bandeira; o tatucanastra; a anta; o veado-campeiro; e várias outras espécies de felinos, como a onça-pintada, a sussuarana, a jaguatirica e o jaguarundi.

O Cerrado tem sido ocupado pelo homem por mais de 11 mil anos. Durante a colonização do Brasil no início do século XVI, os portugueses evitavam chegar no interior do país devido a tratados com a Espanha e a predisposições culturais de se estabelecerem perto do mar.

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As primeiras incursões à procura de ouro e pedras preciosas aconteceram no século XVIII, abrindo caminho para fazendas de criação de gado, principal atividade econômica até meados dos anos 50, quando o governo começou a planejar a construção de uma nova capital em Goiás para estimular a colonização e o desenvolvimento da região. A melhoria do transporte e da infra-estrutura, a indústria automobilística e a pesquisa na área da agricultura e do solo resultaram na transformação do Cerrado na mais importante região de agronegócio (soja, milho e arroz irrigado) do país. Hoje, quase um quarto de todo grão produzido no Brasil vem do Cerrado. Uma estimativa sobre a vegetação natural remanescente indica que o Cerrado sofreu um grande impacto. Cerca de 78,7% de sua área estão sob alguma forma de uso pelo homem, o que significa que apenas

221,3%, ou 432.814 km , ainda se conservam intactos (MITTERMEIER et al., 2005).

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Muitas espécies nativas do cerrado possuem potencial forrageiro e por serem bem resistentes, elas persistem na natureza em longos períodos de seca, e podem ser utilizada como alimentação para os bovinos.

O uso de espécies nativas pode ser uma alternativa econômica para o aproveitamento sustentável da região. Varias são as espécies que possuem utilização regional e muitas delas enquadram em mais de um tipo. Entretanto, o usuário comum ainda é a população regional cuja atividade é essencialmente extrativista.

Em comparação ao cerrado, o uso agrícola para formação de pastagem ou plantios contribuíram para o adensamento do solo e alterações na dinâmica da matéria orgânica (FRAZÃO, 2007).

Segundo EVANGELISTA et al. (1999), dentre as principais espécies forrageiras identificadas nas pastagens nativas dos campos limpos da microrregião Campos da Mantiqueira-MG, os gêneros Paspalum, Panicum, Eragrostis, Setaria, Axonopus e Aristida são, em ordem decrescente, os mais representativos. Conforme QUINTÃO & CRUZ FILHO (1989), as espécies que participam em maiores percentuais na composição botânica dessas pastagens são: Diandrostachya chrysotrix (Nees.) Jacques-Felix, Echinolaena inflexa (Poir.) Chase, Paspalum plicatulum Michx e Andropogon leucostachyus H.B.K. Essas espécies sofrem influência do regime pluvial, resultando, na época seca, em menor produção e qualidade da forragem, fato que, conseqüentemente, reduz o consumo realizado pelos animais, que, por sua vez, reflete negativamente na produção animal.

Na tentativa de contornar esse problema, os pecuaristas da região utilizam a queimada, que, normalmente, é realizada no final da época seca. Conforme HARRINGTON (1974), o fogo é uma estratégia de manejo que freqüentemente é utilizada em áreas de pastagem natural, sendo que os seus principais objetivos são: o controle da vegetação lenhosa, eliminação das plantas velhas e não mais utilizadas pelos animais e a obtenção de rebrotes que apresentam melhor qualidade para o uso dos animais.

Na opinião de FONTANELIE & JACQUES (1988), o fogo é utilizado partindo-se da premissa de que o mesmo provoca uma brotação rápida. Sabe-se que repetidas queimadas tendem a simplificar a composição botânica das pastagens nativas em função do esgotamento de substâncias de reservas das plantas e, com isso, predominam somente aquelas espécies resistentes ao fogo, que, nem sempre, correspondem ao potencial de produção da vegetação existente antes de ser submetida às queimadas sucessivas.

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A utilização da queima com a finalidade de aumentar a produção, bem como a fertilidade do solo, não se justifica, pois a influência positiva do fogo sobre esses parâmetros é efêmera (EVANGELISTA et al., 1999). Além de ser uma prática que extermina a fauna local e provoca graves acidentes, a queima do cerrado promove a emissão de gases do efeito estufa (GEE), responsáveis pelo aquecimento global, colocando o Brasil como quarto emissor do mundo de monóxido de carbono, mesmo não tendo metas de redução conforme o Protocolo de Kyoto.

Mesmo contra a política coservacionista, a queima do cerrado tem sido estudada por anos até como forma de melhoria da pastagem nativa. Contudo HERINGER & JAQUES concluíram que a quantidade acumulada de nutrientes nos tecidos, reflexo da produção de forragem, foi maior nos sistemas sem queima. Portanto, a prática da queima deve ser veementemente coibida, pois a maioria dos incêndios é criminosa. Na região oeste da Bahia, as queimadas é um dos maiores problemas diagnosticados, em relação aos desrespeito das leis e da amplitude dos impactos ambientais.

As árvores do Cerrado exibem crescimento periódico e sazonal, fato que pode ser atribuído primariamente à sazonalidade climática impondo que estações favoráveis para o crescimento se alternem com as desfavoráveis, nas quais o crescimento deve ser reduzido ou mesmo inteiramente suspenso (FIGUEIREDO, 2008). Como nas demais savanas, a periodicidade do crescimento vegetativo é aparente no aspecto semidecíduo da vegetação arbórea que, embora sempre verde em sua maioria (SARMIENTO & MONASTERIO, 1983). Em relação ao uso sustentável como pastagens, isto se tornaria muito interessante, pois o gado na época seca do ano tem uma redução qualitativa e quatitativa na forragem disponível, reduzindo o desempenho e aumentando a idade de abate. Por outro lado, o cerrado apresenta uma grande proporção de espécies decíduas ou semidecíduas, que perdem suas folhas na seca (SARMIENTO, 1984; OLIVEIRA, 1998; BATALHA & MANTOVANI, 2000).

Pastagem natural é uma pastagem onde a vegetação original (vegetação clímax) é composta principalmente por espécies herbáceas (gramíneas e não gramíneas) ou uma pastagem onde a vegetação clímax é composta principalmente por espécies herbáceas (gramíneas e não gramíneas) e arbustos.

Quando se trata de pastagem, refere-se a todas as possibilidades de pastejo que fazem o gado viver, crescer, engordar e manter sua saúde e

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Objetivo geral

Realizar um levantamento de espécies nativas do cerrado que tenham potencial forrageiro no intuito de manejo sustentável e política conservacionista.

Numa segunda etapa, serão realizadas análises químicas e biológicas ligadas à nutrição animal.

Objetivos específicos

•Coletar dados com os produtores sobre a utilização das espécies forrageiras em cada localidade;

•Coletar Material botânico de flora nativa do cerrado;•Herborizar o material coletado;•Identificar o material de acordo as características morfológicas;•Inclusão do material no Acervo Botânico da Universidade do

Estado da Bahia (UNEB) e Universidade Federal da Bahia (UFBA)

•Disponibilizar informações para a sociedade a respeito da importância da conservação do cerrado e os usos múltiplos de espécies nativas.

Materiais e métodos

O trabalho foi realizado em fazendas de pecuária dos municípios de Angical, Riachão das Neves, Wanderlei, Barreiras, São Desidério e Santa Rita de Cássia, na região oeste da Bahia.

O primeiro passo para a realização do trabalho foi a elaboração de questionário próprio, o qual foi aplicado para vaqueiros experientes. Em seguida procedeu-se a coleta das amostras das plantas com o auxilio de um podão e/ou tesoura de poda, coletando no mínimo quatro exemplares de cada espécie. Na ocasião da coleta foram anotadas algumas características que poderiam ser perdidas durante o processo de herborização.

O material coletado foi herborizado e as exsicatas montadas constando uma ficha de identificação na parte inferior. O material foi identificado até os níveis de famílias, utilizando-se de chaves de identificação taxonômicas. Posteriormente o material foi incluído no Herbário da UNEB-Barreiras (HUNEB).

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Resultados e Discussão

No levantamento realizado em fazendas da região oeste da Bahia, em área de cerrado, obteve-se um número elevado de espécies que possuem potencial forrageiro, distribuídas 8 famílias botânicas (Tabela I).

Tabela 1: Espécies encontradas nos cerrados e suas utilidades.

A maioria das plantas coletadas pertence à família Fabaceae, que segundo Souza & Lorenzi (2008), são famílias de ervas arbustivas, árvores ou lianas; folhas alternas, muito raramente opostas, geralmente compostas, com estipulas, às vezes transformadas em espinhos. Inflorescência geralmente racemosa, flores vistosas ou não, geralmente bissexuadas, actinomorfas ou zigomorfas, ocasionalmente assimétricas, diclamídias ou raramente monoclamídeas, possuem fruto geralmente do tipo legume, mas também de outros tipos, incluindo drupa, sâmara, folículo ou lamento.

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As principais representantes da família Fabaceae encontrados foram: Amendoim Bravo (Arachis prostrata Benth.), o Jatobá (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne), a Jurema Preta (Mimosa tenuiflora Willd),e o Estilosantes (Stylosanthes spp.). De acordo com Silva (2004), no Brasil oito cultivares foram liberados comercialmente no mercado, as espécies S. guianensis, S. capitata e S. macrocephala são as principais espécies com potencial de uso no Brasil. Atualmente encontra-se no mercado dois cultivares deste gênero, o cv. Mineirão e o cv. Multilinhas.

O Jatobá relatado na revisão de Almeida et al. (1998) que foi detectado através de material de fístula esofágica de bovinos. Já a Jurema Preta é uma das espécies que se instala em áreas recém abertas. Mesmo chegando a 4 metros de altura, suporta bem a poda porque rebrota com facilidade e fornece forragem aos animais e boa quantidade de matéria orgânica para o solo. A a

mata pasto é uma leguminosa herbácea, que ocorre a cada ano logo no começo das chuvas. Apesar de não ser consumida verde é bem apreciada quando está seca, segundo os relatos. A palatabilidade das plantas secas indica que pode ser utilizada também como feno, para diminuir a carência alimentar dos animais no período da estiagem Nascimento (2006).

A Euphorbiaceae, ervas arbustos, árvores ou lianas, às vezes afilas; folhas alternas, raramente opostas ou verticiladas, simples ou menos frequentemente compostas, com estípulas, margem geralmente inteira, com nectários extraflorais no pecíolo ou na face abaxial. Inflorescência cimosa ou racemosa; flores não vistosas unissexuadas, actinomorfas, aclamídeas ou monoclamídeas, raramente diclamídeas. Fruto geralmente cápsula com deiscência elástica Souza & Lorenzi (2008). Foi à segunda família mais coletadas, caracterizadas botanicamente como plantas que apresentam caules e folhas latescentes. Dentre as principais, o Amendoim bravo ou planta de leite (Euphorbia heterophylla L.), foi relatada como muito apreciada pelos animais na seca e erva curraleira (Croton goyzensis Muell. Arg.).

roeira pertencente a família anacardiácea (Myracrodruon urundeuva (Engler) Fr. Allem.) foi encontrada em todas as fazendas visitadas.

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A Convolvulaceae, ervas ou subarbustos ou mais frequentemente lianas sem gavinhas, raramente holoparasitas afilas ou árvores ou arbustos, às vezes latecentes; folhas alternas, simples, sem estípulas, margem inteira. Inflorescência cimosa, às vezes reduzida a uma única flor; flores geralmente vistosas, bissexuadas, actinomorfas, diclamídeas Futo cápsula; Souza & Lorenzi (2008). As plantas dessa família são consideradas de alta aceitabilidade pelos animais. Nessa família foi encontrada a corda de viola (Ipomoea ni (L.) Roth).; e jitirrana ( Merremia cissoides (Lam) Hallier f.). Apesar do baixo percentual de matéria seca da forragem verde da jitirana, os percentuais de proteína bruta, resíduo mineral e extrato etéreo, além da produção de massa verde que credenciam essa espécie vegetal como uma boa forrageira Linhares et al (2005).

A família Malvaceae, ervas, arbustos, lianas ou árvores; folhas alternas, simples ou compostas, com estipulas, margem inteira ou serreada, com nervuras secundarias. Inflorescências cimosa ou racemosa; flores geramente vistosas, bissexuadas ou raramente unissexuadas. Fruto tipo baga, cápsula, esquisocarpo, sâmara ou drupa Souza & Lorenzi (2008). Foi encontrada a malvinha (Sida spinosa L.), segundo os relatos planta muito consumida por bovinos e caprinos que cresce em vários tipos de solos, principalmente em pastagens superpastejadas.

ConclusãoAs famílias com potencial forrageiro encontradas nas fazendas da região foram Fabaceae, Euphorbiaceae, Convovulaceae, Malvaceae, Sterculiaceae e Myrtaceae, Anacardiaceae, Passifloraceae totalizando em 17 espécies. Observa-se uma diversidade florística, sendo importante destacar que todas são plantas nativas, portanto, um material genético único e valioso para se preservar. Contudo, maiores pesquisas a respeito da ocorrência, valor nutritivo e a presença de fatores anti-nutricionais dessas espécies precisam ser realizadas, para fornecer subsídios à recomendação do uso da vegetação nativa de para produção sustentável de bovinos.

As análises bromatológicas coletadas serão realizadas a partir de setembro no Laboratório de Nutrição Animal e Pastagens do campus IX da UNEB, em Barreiras.

AgradecimentosAo CNPq pela concessão da bolsa.

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