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Anais VI CBDEH

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Anais do VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, organizado pela ABDEH (www.abdeh.org.br).

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Copyright © Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Capa: Attitude Promo Marketing e Eventos Editoração e Programação Visual: Attitude Promo Marketing e EventosOrganização e Revisão: Antonio Pedro Alves de Carvalho

Nota: Todas as informações incluídas nos textos aqui apresentados, inclusive de ilustrações e autorizações de reprodução, são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

2 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

Copyright © Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício HospitalarCapa: Editoração e Programação Visual: Organização e Revisão: Antonio Pedro Alves de Carvalho Nota: Todas as informações incluídas nos textos aqui apresentados, inclusive de ilustrações e autorizações de reprodução, são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

C749 Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (6. : 2014 : Florianópolis, SC). Anais do VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do

Edifício Hospitalar / Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar ; organização e revisão : Antonio Pedro Alves de Carvalho.

Florianópolis, SC : ABDEH, 2014. 138 p. : il.

ISBN:

1. Arquitetura de hospitais - Congressos. 2. Hospitais – Arquitetura - Congressos. I. Carvalho, Antonio Pedro Alves de. II. Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar. III. Título.

CDU - 725.51

CDD - 725.51

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Diretoria

Fábio Oliveira Bitencourt FilhoPresidente Gestão 2011 - 2014

Márcio Nascimento de OliveiraPresidente Futuro Gestão 2014 - 2017

Flávio de Castro BicalhoPresidente Anterior Gestão 2008 - 2011

José Cleber do Nascimento CostaVice-Presidente de Gestão Administrativa

Carla VendraminiVice-Presidente de Marketing

Emerson da SilvaVice-Presidente de Relações Institucionais

Elisabeth d’Abreu HirthVice-Presidente Executivo

Márcio Nascimento de OliveiraVice-Presidente de Desenvolvimento Técnico-Científico

Comissão organizadoraEmerson da SilvaPresidente

Inara Beck RodriguesPresidente Executiva

Alexandre BordaAna Claudia Rubi CastroPatrícia Paiva D´AlessandroPio BorgesRoberto Krieger

Comissão CientífiCa naCional

Arq. Prof. MSc. Márcio Nascimento de OliveiraPresidente

Arq. Eng. Prof. Dr. Antonio Pedro Alves de Carvalho (UFBA)Arq. Prof. MSc. Augusto Guelli (FGV-SP)Arq. Prof. Dra. Eliete de Pinho Araujo (Uniceub-DF)Arq. Prof. MSc. Elza Maria Alves Costeira (ABDEH)Arq. Prof. Dr. Jorge de Azevedo Castro (UFF)Arq. Prof. Dr. José Gustavo Francis Abdalla (UFJF)Arq. Prof. Dr. Mauro César de Oliveira Santos (UFRJ)Arq. Prof. Dra. Patrícia Biasi Cavalcanti (UFSC)Arq. Prof. Dra. Vera Helena Moro Bins Ely (UFSC)

Comissão CientífiCa regionalArq. Esp. Bernardo Bello Martins Eng. MSc. Erlon de RoccoArq. Esp. Jodeli Laurindo Florenço

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Diretores regionais

SulAdriana Sarnelli (PR), Inara Beck Rodrigues (SC), Márcia Martinez de Azevedo Bastian (RS),

Sudeste Ana Paula Naffah Perez (SP), Flávia Moura (ES),Regina Coeli Cavalcanti de Brito (RJ)

Centro-OesteEliete Araújo (DF), Joice Beatriz Patrocínio (GO)

NorteJosé Freire da Silva (PA), Nazareth França (RO)

NordesteFernanda Ventura (PE), Leila Uzeda (BA), Márcia de Sousa Gonçalves (CE), Napoleão Lima Júnior (PI),Teresa Cristina de Assis Lira (PB).

Conselho eDitorialAntônio Pedro Alves de CarvalhoCoordenador

Fábio Bitencourt, Flávio Bicalho, Flávio Kelner, João Carlos Bross, Luiz Carlos Toledo, Márcio Nascimento de Oliveira e Salim Lamha Neto.

Conselho ConsultivoFlávio Bicalho, Flávio Kelner, Irineu Breitman, Jaime Spínola Castro Neto, João Carlos Bross, Mariluz Gomez, Mário Ferrer, Regina Barcellos.

Conselho fisCalAstério Guglielmone Santos, Cléo Pais de Barros, Elza Maria Alves Costeira.

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mensagens aos Congressistas

resumos Palestras

MULTIESPACIOS PARA LA SALUD – CRAC y ATILRAEsteban Urruty

SALUD Y ARQUITECTURA EN LA DIVERSIDAD CULTURALGabriela Perelló

EL HOSPITAL: continuidades y especificidad Mario Corea

NATURAL LIGHT: the hypogeum hospital spacesMattia Atzeni

UM NOVO OLHAR SOBRE OS EDIFÍCIOS DE SAÚDE NO BRASIL: o caso dos hemocentros coordenadores públicos Humberto Dias Xavier

Comunicações

Considerações sobre o projeto de espaços para o cuidado crítico Daniela Tavares, Mauro Santos e Ivani Burs-ztyn

Como o design de serviços pode aprimorar a experiência do usuário na unidade de diagnóstico por imagem Gabriela Bassols

Ambiência hospitalar na requalificação do projeto arquitetônico Cristiane Silva

Planejamento de unidades de diagnóstico e terapia das neoplasias malignas Aline Andrade, Denise Gatto e Thalita Campelo

Análise dos parâmetros de conforto ambiental Renata Lima, Eliomar Lima e Darja Braga

Ambiente hospitalar e consumo de energia Antônio Pedro Carvalho e Patrícia Farias

A qualidade do ar interior em ambien-tes hospitalares do ponto de vista do acondicionamento térmico natural Sheila Freire e Francisco Gonçalves

Partículas aéreas em salas cirúrgicas Marcelo Pereira, Rogério Vilain e Arlindo Tribess

Gestão de recursos físicos e tecnológi-cos da saúde no Brasil José Guimarães O processo de projeto de centros de diagnóstico por imagem sob o ponto de vista da análise dos fluxos Andrea Thomazoni e Sheila Ornstein

Informações sobre a gestão de equipa-mentos em serviços de hematologia e hemoterapia públicos do país Fabiano Ferreira

Recursos físicos hospitalares no Brasil Patrícia Draganov, Ricardo Vieira e Maria Sanna

Inovações em concepção de resultados para estabelecimentos assistenciais de saúdeOtavino Silva

Cenário de transformações arquitetôni-cas nos hospitaisHermínia Machry

Tendencias y estrategias en el diseño y la operación de los edificios para la salud Rita Comando

Um hospital para pacientes de longa permanência Sandra Riskalla

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Prezados congressistas,

Após os congressos realizados em regiões distintas do Brasil: Salvador em 2004, Rio de Janeiro em 2006, Porto Alegre em 2008, Brasília em 2010 e São Paulo em 2012, a escolha de Florianópolis para sediar o VI Congresso Brasileiro para o

Desenvolvimento do Edifício Hospitalar consolidou a atuação da ABDEH no exato ano em que completa 20 anos de existência, fortalecendo-a na representação das questões sobre os ambientes de saúde no país.

Parabéns à ABDEH e seus associados, que constroem a história dos edifícios para a saúde com atuação responsável e profícua. Fundada em 1994 por um grupo de importantes profissionais brasileiros com atuação nas áreas de arquitetura, engenharia e saúde, a ABDEH chega aos 20 anos coroando-os com a realização deste importante congresso.

Encerro também a Gestão ABDEH, iniciada em maio de 2011, com uma particular satisfação em fazer parte desse processo de amadurecimento institucional. Uma oportunidade também para agradecer aos membros da Diretoria Nacional, que me acompanharam neste período, e sem os quais nada poderia ser realizado. Importante destacar também a relevante atuação das Diretorias Regionais no trabalho de promover eventos regulares em seus estados. Alcançamos 16 estados brasileiros, que correspondem a 86,69% da população brasileira.

Conseguimos manter os nossos informativos atualizados mensalmente e chegamos ao nº 109, sem nenhuma interrupção desde quando foram concebidos na gestão Flávio Kelner, em 2005, e continuados na gestão Flávio Bicalho, a partir de 2008. Ampliamos também este conceito de divulgação com o informativo Ambiente Saudável, em sua 7ª edição, com tiragem de 2000 exemplares, ao mesmo tempo em que seguimos com a nossa revista Ambiente Hospitalar.

Em agosto de 2014, a cidade de Florianópolis destaca-se na história do mais importante evento brasileiro sobre o futuro e a qualidade das edificações hospitalares. A escolha do tema é bastante sugestiva, Excelência em Ambientes de Saúde: experiências e evidências, contextualizado no momento em que o Brasil necessita apresentar uma nova perspectiva para os seus espaços edificados para assistência à saúde.

Neste VI Congresso da ABDEH, alguns objetivos claros a serem alcançados estão registrados nestes Anais. Destacamos a integração multiprofissional e a transdisciplinaridade como pressupostos para alcançarmos a excelência nos cuidados de saúde. O VI Congresso da ABDEH em Florianópolis é uma oportunidade de promoção e divulgação do conhecimento sobre as inovações tecnológicas, a organização dos procedimentos e desenvolvimento projetuais, o conforto humano, a segurança e as condições ótimas dos ambientes de saúde necessárias a todos os usuários – profissionais e clientes.

No processo maduro e responsável de sucessão, apresento as melhores expectativas para a nova gestão nacional da ABDEH, a iniciar em 29 de agosto, sob a liderança do arquiteto e professor Márcio Oliveira, com a honra de poder continuar contribuindo no desenvolvimento da associação.

Arq. Fábio BitencourtPresidente da ABDEH, Gestão 2011 - 2014

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Florianópolis e o VI CBDEH – uma bela composição!

Os números não mentem... Quase metade da população brasileira (49%) diz que melhorar os serviços de saúde deve ser prioridade para o governo federal em 2014, ano da eleição donovo presidente da República. A informação é da pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira: Problemas

e Prioridades para 2014, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria como IBOPE. A mesma pesquisa revela que a saúde é o principal problema do Brasil, na opinião de 58% dos entrevistados.

Santa Catarina, estado com economia pujante e diversificada, o sexto PIB do Brasil – girando em torno de R$ 170 bilhões –, possui um ambiente de negócios inversamente proporcional ao seu tamanho geográfico. Este valor equivale, aproximadamente, à soma do PIB do Uruguai, Paraguai e Bolívia.Os catarinenses têm a maior expectativa de vida do país – e a longevidade da população só vem aumentando nos últimos anos. Atualmente, a expectativa de vida média do catarinense é de 77 anos (81,1 para as mulheres e 74,4 para os homens). O Atlas do Desenvolvimento Humano 2013, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD), aponta 10 cidades catarinenses com o maior índice de longevidade do Brasil. Outro dado importante: Santa Catarina possui a menor mortalidade infantil do país. Segundo os dados mais recentes do IBGE, o estado tem taxa de 9,2 óbitos de menores de um ano para cada mil nascidos vivos, enquanto a média nacional é de 16,7 óbitos em cada mil nascidos vivos.

Florianópolis, lugar reconhecido pelas belezas naturais, riqueza histórica e vocação empreendedora, é considerada a capital com a mais alta qualidade de vida e a quarta melhor cidade do país para se viver, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Por outro lado, é a cidade brasileira que mais enriqueceu nas últimas três décadas. Seu PIB per capita cresceu, em média, 6% ao ano e, atualmente, atinge US$ 10 mil – quase o dobro da média brasileira. Uma justificativa para todo esse enriquecimento pode estar na inovação tecnológica. Atualmente, somente Florianópolis, sem contar a região metropolitana, possui mais de 600 empresas de base tecnológica que, juntas, faturam cerca de R$1,2 bilhões, empregando mais de6 mil pessoas e se posicionando como o segundo maior gerador de tributos aos cofres municipais.

Neste cenário convidativo, a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar promoverá na capital catarinense o VI CBDEH, Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, com o tema Excelência em Ambientes de Saúde: experiências e evidências, que é oportuno e instigante,pondo em debate as expectativas e os resultados das reflexões mais atuais sobre o assunto.

Palestrantes de renome internacional, representantes de instituições que definem os marcos regulatórios do setor de saúde no país, profissionais que no seu cotidiano projetam, gerenciam e imprimem inovação nos espaços de saúde, bem como os maiores players do mercado (fabricantes e fornecedores da cadeia produtiva), estarão em Florianópolis nos dias 27, 28 e 29 de agosto, interagindo de várias formas neste fórum, que vem se consolidando como o maior encontro sobre os Ambientes de Saúde do Brasil.

Conhecimento, qualidade e inovação!Sejam todos bem vindos à Floripa, a ilha da magia!...

Arq. Emerson da SilvaPresidente do VI CBDEH

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Sejam bem vindos ao VI CBDEH!

Ao completar 20 anos de existência e consolidar sua posição como entidade referencial na busca pela melhoria na qualidade da edificação hospitalar no Brasil, a ABDEH proporciona, a seus associados e ao público em geral, mais uma ótima oportunidade de compartilhar, promover,

desenvolver e difundir o conhecimento sobre os edifícios de saúde.A programação do congresso, elaborada após intensas discussões do comitê científico, inclui alguns

dos mais renomados profissionais e pesquisadores nacionais e internacionais entre seus palestrantes e conferencistas convidados, prova inequívoca da maturidade e do reconhecimento alcançado pelo CBDEH nas discussões acerca da infraestrutura hospitalar.

O tema principal, Excelência em Ambientes de Saúde: experiências e evidências, propõe uma reflexão com alcance multidisciplinar sobre o que caracteriza a excelência em saúde, e convida a um exercício coletivo de identificação dos métodos e práticas para que esta seja atingida. Há que destacar ainda o resultado da chamada de trabalhos, que foi um dos mais expressivos da história do congresso, tendo sido selecionadas contribuições vindas de diversas regiões do país e também da América Latina. Incluindo temas como sustentabilidade, gestão de tecnologia, humanização, experiências projetuais, entre outros, os trabalhos científicos proporcionam um democrático panorama das teorias e práticas mais atuais.

Um ótimo congresso a todos!Arq. Márcio Nascimento de Oliveira

Vice-Presidente de Desenvolvimento Técnico-Científico – ABDEHPresidente do Comitê Científico do VI CBDEH

Presidente Futuro da ABDEH

Prezados Congressistas,

Hospital: “derivado da forma culta do latim “hospitale”, relativo a hóspede, hospitalidade, “hospitalis (domus) – (casa) que hospeda.” Tal como descrito no dicionário, os ambientes de saúde vem se transformando para melhor atender o seu cliente. Com foco na qualidade destes espaços, tão im-

portantes para a sociedade, a ABDEH vem trabalhando com o objetivo de promover reflexões e aprimorar o conhecimento no setor. O CBDEH é hoje o maior evento da área no país, com conteúdo científico altamente qualificado e participação de profissionais e empresas atuantes no segmento da saúde e infraestrutura. Florianópolis sente-se honrada em receber todos vocês. Desejo uma feliz estada e que aproveitem bem, não somente o conteúdo teórico do Congresso mas a inestimável convivência de amigos e colegas neste mara-vilhoso cenário.

Boas inspirações neste VI CBDEH e bem vindos a Floripa!

Arq. Inara RodriguesPresidente Executiva do VI CBDEH

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multiesPaCios Para la saluD – CraC y atilra

Esteban UrrutyArquitecto

1 HOSPITAL: Salud, Deporte y Recreación.El Centro de Salud de Alta Complejidad (CRAC)

plantea un nuevo concepto hospitalario a través de un programa que va más allá del uso exclusivamente sanitario: la ciudad se integra en el hospital a través del ocio, el deporte, el cuidado de la salud y la recreación.

La ideaEl nuevo CRAC es un proyecto basado en 4 ejes:• Inclusión familiar• Sinergia entre la alta complejidad y los espacios

humanizados.• La prevención y la educación para la salud.• La integración con la comunidad.

Un centro de salud integrado a un polideportivo proporciona un lugar donde continuar realizando actividades físicas, superando la sensación de semi-encierro (que a veces tienen los centros de salud) y establecer vínculos sociales (figura 1).

Asimismo resulta de utilidad tanto para el staff del hospital y para los visitantes. Dichos espacios son integrados como jardines terapéuticos, medicina deportiva, gimnasios de rehabilitación, terapias ocupacionales, socialización, deporte y recuperación. De este modo se posibilita el mejoramiento de la calidad de atención al paciente y su familia, permitiendo mejorar uno de las mayores molestias, que es el tiempo de espera, y las actividades que los acompañantes o visitantes pueden desarrollar.

La alta complejidad y los espacios humanizados. Todo el proyecto está basado en esta suerte de dualidad: lograr que los recursos sofisticados converjan con la humanización de los espacios. Este es un rasgo diferencial y se logra colocando al usuario-paciente en el eje de todas las políticas de gestión y también en la constitución proyectual de cada servicio.

El partido adoptado es el de un “Hospital Sistémico”, concepto que se desprende de los antiguos “Hospitales Pabellonados”, mejorando y clarificando las circulaciones y los bloques de servicios. La ventaja principal es lograr una clara diferenciación de los sectores de atención y además una contundente separación entre las circulaciones públicas y las técnico-médicas y de servicios.

Todo esto facilita la orientación del usuario dentro del hospital y evita los incómodos entrecruzamientos circulatorios, permitiendo al staff trabajar con comodidad y eficiencia. Se adoptó un proyecto con una organización horizontal, con un concepto de “Hospital Evolutivo” que permite una arquitectura flexible que pueda adaptarse a los vertiginosos cambios de la tecnología y de las prácticas médicas. El uso de entrepisos técnicos,

Figura 1: Centro de Salud de Alta Complejidad (CRAC)Fuente: el autor

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ubicados sobre las áreas de mayor complejidad, dan una garantía de eficiencia y “vigencia del Hospital” frente a los cambios.

En el proyecto se cuidó especialmente de la imagen, a través del estudio de fachadas y cortes, reinterpretando la imagen de las usinas lácteas: tanques, chimeneas y los techos ondulados la recrean. La elección de las formas, los materiales y colores, surge de pensar en forma moderna, con un lenguaje contemporáneo y con materiales y tecnologías de la región.

La idea del hospital al fondo del terreno, formando parte de un conjunto de edificios dedicados a actividades deportivas, culturales, comerciales e institucionales, se relaciona a través del boulevard de acceso con la calle que lo conecta directamente con la ciudad y de esa manera forma parte de un todo y no es un edificio aislado en el campo.

Durante los últimos 10 años hubo grandes cambios en el ámbito de la salud, con la incorporación de nuevas tecnologías y cambios de paradigmas de la atención médica, lo que incidió en diseño de los espacios hospitalarios

Como dice el arquitecto chino-americano Andrew Tang:

Hay un interés médico en tener un entorno bien diseñado y en reorganizar los espacios como para crear una situación que también cure y reduzca la ansiedad.Mejorar el entorno del paciente crea un mejor lugar para curar.Estar expuesto física y visualmente a la naturaleza, reduce el estrés.

Comienzan a aparecer calles y atrios vidriados.Esperas claustrofóbicas se transforman en salas con wi-fi, bares, sectores comerciales. Se le quita dramatismo al Hospital y aparece la experiencia espacial. (TANG, 2014)

Tomando estos conceptos:La idea de la gran calle cubierta como un espacio

integrador de actividades y relaciones espaciales, médicas y no médicas. El gran espacio central, aglutina la mayoría de las esperas ambulatorias, sectorizadas por especialidades, con patios interiores que generan una rica relación interior-exterior, verde con el campo. El aporte de la luz y el verde está a lo largo de todo el proyecto en su carácter de elementos integradores y a la vez curativos. Entrepisos, patios internos, dobles alturas, balconeos refuerzan esta idea de integración exterior-verde-interior.

En este proyecto se ha cuidado con especial atención la “sustentabilidad” y las condiciones bioclimáticas en su arquitectura. Ya que lo que eran tendencias hace 20 años, hoy son “Premisas de Diseño”.

2 CONDICIONES CONSTRUCTIVAS Y TECNOLÓGICAS Y CUIDADO DEL MEDIO AMBIENTE

Para este objetivo se contrató un estudio de asesoramiento técnico en arquitectura sustentable.

EstructuraEl módulo estructural adoptado fue de 7,20x7,20m,

verificado y con muy buen rendimiento en edificios para la salud. La estructura és convencional metálica en la gran cubierta ondulada y en las cubiertas de los entrepisos técnicos.

MaterialidadMampostería exterior de ladrillos huecos,

revestimientos y muros interiores en placas de yeso con estructura metálica.

Clima y condiciones de confortEn función de las características climáticas de la

ciudad de Sunchales, y las variables de temperatura, humedad, precipitaciones, viento y radiación se adoptaron:

Figura 2: Imagen formal hospital evolutivoFuente: el autor

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Fachadas Ventiladas – para un buen aislamiento térmico de la envolvente. Se estudiaron según cada orientación “los sistemas de parasoles”, para lograr una buena protección solar. Se generan patios interiores con ventilaciones cruzadas. Se generan espacios exteriores semicubiertos y expuestos a las brisas.

Energía Solar Térmica – El objetivo de estas instalaciones solares se orientan a reemplazar parte del consumo eléctrico del edificio por una “energía renovable” y en “reducir la emisión de gases de efecto invernadero”, precalentando agua con energía solar térmica.

Agua de lluvia y artefactos eficientes – Aprovechamiento del agua de lluvia y de condensado de los equipos de termomecánica, para riego, lavado de exteriores, servicio contra incendios y como “aguas grises” para descarga de artefactos. El sistema será complementado con agua de pozo de perforación, para compensar las faltantes en las estaciones secas. Agua potable”restringida” para el uso exclusivo de aquellos servicios que así lo requieran.

Iluminación natural y artificial – Se ha tratado de lograr prácticamente la totalidad de los ambientes con luz natural, lo que permite reducir el consumo energético y mejorar la calidad ambiental. Para la iluminación artificial se han incorporado artefactos de bajo consumo, con la posibilidad de instalar sensores de automatización, como los ocupacionales, fotoeléctricos y horarios.

Energía Solar Fotovoltaica – Se utilizará una instalación fotovoltaica que interactuará con el suministro eléctrico tradicional, logrando una mayor eficacia total del sistema.

Termomecánica y Energía Geotérmica – Se propone el uso de energía renovable, mediante una bomba de calor geotérmica acoplada al sistema termomecánico tradicional. La geotermia usa la energía almacenada bajo la tierra. Es una tecnología eficiente para calefacción y refrigeración, con un destacado ahorro energético. En la calle pública se incorpora un sistema de última aplicación en el mercado mundial de piso radiante-refrescante e inyección de aire por desplazamiento, generando poca turbulencia de aire. En internación se utilizarán recuperadores de calor con una importante sustentabilidad energética. Todos los gases refrigerantes serán ecológicos.

Otros sistemas y tecnologías a aplicar en el edificio

El Hospital contará en sus instalaciones con los más modernos sistemas de comunicación, informática y controles.

• Redes informáticas;• Redes de información médicas;• Sistemas de digitalización de imágenes

médicas;• Sistemas de control de seguridad y cámaras de

CCTV;• Controles de acceso biométricos;• Sistema neumático de envíos – tecnología

avanzada para las conexiones de áreas claves;• Sistema BMS de enlace, automatización, control

y monitoreo de parámetros en el funcionamiento de las instalaciones, equipamiento y sistemas.

REFERENCIATANG, Andrew. Andrew Tang. Disponible en: <http://www.linkedin.com/in/andrewtangarchitect>. Acceso en: jun/2014.

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saluD Y arQuiteCtura en la DiversiDaD Cultural

Gabriela PerellóArquitecta

RESUMENHoy en día se habla de “reforma” para el mejoramiento

del sistema sanitario, en base a cambios demográficos, crecimiento de enfermedades crónicas, pacientes pluripatológicos, avances tecnológicos, participación del paciente, crisis de sostenibilidad, crisis ambiental etc. Así surgen, por parte de la Organización Panamericana de la Salud, como instrumentos de mejoramiento, las recomendaciones (entre otras) de: potenciar el rol regulador del estado, mejorar la articulación de los subsistemas de salud, re-equilibrar en público-privado el gasto en salud, reconocer explícitamente las “diferencias regionales”. Aquí vamos a detenernos, en las “diferencias regionales”, partiendo de cuatro conceptos: sociedad, salud, cultura y espacialidad. Entendiendo la salud desde la diversidad cultural y entendiendo la arquitectura (para la salud) desde la diversidad cultural. Reconociendo la importancia de analizar el contexto desde el comienzo, identificando las variables en juego, interpretarlas e incorporarlas en el proceso de diseño, procurando una aceptación social, con edificios que despierten pertenencia y una aceptación ambiental, con edificios pertinentes a su hábitat. La definición previa de pautas nos permite ordenar el pensamiento para abordar cada aspecto. Como una manera de desplegar el problema ante el cual debemos posicionarnos, pensar y optar. Ellas pueden sintetizarse en: Correspondencia económico-social; Eficiencia funcional; Permanencia temporal; Vivencia sensorial y Conciencia ambiental. En definitiva, pautas que sustenten un proyecto, pautas que conduzcan una reforma, pautas que construyan la imagen e identidad de la arquitectura.

Palabras clave: Arquitectura hospitalaria, Salud, Diversidad cultural.

En un mundo avivado por la globalización, es necesaria, cada vez más, la conceptualización.

Hoy en día se habla de “reforma” para el mejoramiento del sistema sanitario. En base a cambios demográficos, crecimiento de enfermedades crónicas, pacientes pluripatológicos, avances tecnológicos, participación del paciente, crisis de sostenibilidad, crisis ambiental etc.

Así surgen, por parte de la Organización Panamericana de la Salud (OPS) (BALLADELLI, 2011), como instrumentos de mejoramiento, las recomendaciones (entre otras) de: potenciar el rol regulador del estado, mejorar la articulación de los subsistemas de salud, re-equilibrar en público-privado el gasto en salud, reconocer explícitamente las “diferencias regionales”.

Aquí vamos a detenernos, en las “diferencias regionales”, partiendo del análisis de cuatro conceptos: sociedad, salud, cultura y espacialidad. En primer lugar y ante todo debemos reconocer que el hombre vive en sociedad. En segundo lugar y dentro de este marco, se identifica el campo de la salud, al que podemos definir como “[...] campo científico, productor de saberes y conocimientos, interdisciplinario y ámbito de prácticas, en donde se desarrollan e interactúan las acciones de diferentes actores sociales [...]” (BREIHL, 2010). En tercer lugar es importante incorporar el concepto de cultura. Por último, todo lo anterior se desarrolla en un escenario que define la espacialidad, entendiendo que la misma “[…] se refiere a las relaciones de los operadores espaciales (grupos o individuos) con el espacio. […] se trata de conceptualizar el espacio como un recurso con el que trabaja el individuo.” (PISANI, 2010).

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Esto nos lleva a reconocer la diversidad natural, social y económica, que hace de nuestro planeta un gran mosaico de distintos colores y tonalidades, y lleva a reconocer, además, que la salud se construye con una serie de factores que se articulan. El lugar, con sus condicionantes ambientales, la población de referencia, con sus prácticas en salud y la identificación de actores de la sociedad civil, políticos y académicos.

Entender entonces la salud, desde la diversidad cultural, significa aplicar acciones, estrategias y políticas que busquen incorporar la cultura del usuario en el proceso de atención de la salud. Implica diseñar espacios desde una actitud empática con los diferentes usuarios, implica materializar infraestructuras incorporando criterios de sustentabilidad ante diferentes condiciones ambientales; implica respeto a la diversidad, diálogo e intercambio e involucra la participación social a favor de la integración y convivencia entre culturas.

Más allá de la multiplicidad e interacción entre etnias, o las diferencias regionales, tomando otras escalas, puede interpretarse además en cada organización una cultura, con sus costumbres, actividades y comportamientos, llegando a un análisis de interacción entre hombres y mujeres, ancianos y niños, población con más y menos recursos. Entender, además, la arquitectura para la salud desde la diversidad cultural, significa poder analizar el contexto desde el comienzo, identificando las variables en juego, interpretarlas e incorporarlas en el proceso de diseño para generar una respuesta adecuada, procurando una aceptación social, con edificios que despierten pertenencia y una aceptación ambiental, con edificios pertinentes a su hábitat. Entender que los edificios, una vez construidos, no son juzgados por sí mismos, sino en función de su contexto.

Para el análisis del contexto, la definición previa de pautas nos permite ordenar el pensamiento para abordar aspectos intervinientes en el diseño, como una manera de desplegar el problema ante el cual debemos posicionarnos, pensar y optar.

Éstas pueden resumirse en 5 puntos principales, en función de generalizar y dar mayor utilidad a este análisis, pero necesariamente cada aspecto debe abrirse en el abanico de particularidades propias de cada intervención

La Correspondencia económico-social• Buscar la accesibilidad, continuidad e

integralidad de la asistencia, con estrategias para una población determinada.

• Definir la demanda e identificar el usuario para cada efector, optimizando así la utilización de los recursos.

• Comprobar la efectividad y el rendimiento del recurso a invertir, ubicándolo allí donde sea más eficiente bajo el rol asignado.

La Eficiencia funcional• Encerrar en la geometría de la planta

la comprensibilidad y síntesis de la concepción.

• Evitar que el espacio físico sea determinante de la atención, ya que ésta debe responder a necesidades cambiantes.

• Manejar simultáneamente la función, el espacio y la plástica, componentes indisolubles de la obra de arquitectura.

La Permanencia temporal• Definir un diseño y una materialización

lo suficientemente noble que permita la permanencia y el cambio.

• Integrar al diseño la red de instalaciones como flujos que permiten ajustar cada espacio a la operación necesaria.

• Proporcionar a la población edificios resistentes a terremotos, huracanes y otras amenazas naturales.

La Vivencia sensorial• Generar atmósferas y permitir experiencias

con el uso intencionado de elementos que provoquen una vivencia.

• Manejar el lenguaje de la arquitectura con la escala, proporción, ritmo, conexión con la naturaleza, color, sonido, luz natural et cetera.

• Interpretar a cada uno de los diferentes usuarios, anticipar sus vivencias y generar espacios de bienestar para cada caso.

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La Conciencia ambiental• Promover desde el sector el cuidado de la

salud ambiental, dejando de ser una fuente de daño.

• Construir un futuro saludable con edificios sustentables en la construcción y en el funcionamiento.

• Utilizar recursos puramente arquitectónicos generando un importante vínculo entre la arquitectura y el clima del lugar.

Una vez planteada esta acción de búsqueda de aspectos a prestar atención, comienza la actividad dialéctica, operativa, significativa y evaluativa propia del proceso de diseño. Fijando objetivos claros que ayuden a discernir cuáles son las ideas y formas más adecuadas en el marco de la buena arquitectura, que como arte debe conmover – una arquitectura que responda a sus principios genéricos, donde intervengan factores prácticos y artísticos sintetizados en una entidad.

Esto permite que el diseño fluya naturalmente, como una expresión de subjetividades que se construyen, enfrentándonos a hechos originales y fundacionales, erigiéndose, entonces, cada edificio con imagen e identidad propia, trabajando con cada realidad y para cada realidad para que estos edificios emerjan de su ser y modo de ser, reflejando su propósito en su lugar, reconociendo la diversidad cultural.

REFERENCIASBALLADELLI, Pier Paolo. Mejoramiento del

sistema de salud. Aporte de la OPS. In: CONGRESO INTERNACIONAL OPS: Propuestas Sanitarias para el Nuevo Ciclo de Gobierno, 17, Tucumán, 2011

BREILH, J. La epidemiología crítica: una nueva forma de mirar la salud en el espacio urbano. Salud Colectiva, 6 (1):83-101, 2010.

PERELLÓ, Gabriela. Los establecimientos sanitarios y su experiencia sensible. Anuario AADAIH, 2007.

PERELLÓ, Gabriela. Devenir del hospital y demás establecimientos para la salud: Construcciones conceptuales. In: CONGRESO DE INFRAESTRUCTURA HOSPITALARIA, 5. Santiago de Chile, 2012.

PISANI, O. La centralidad analítica del espacio.

Revista Posibles 6. El Ágora. 2010. Disponible en: <http://www.elagora.org.ar>. Acceso en: jun/2014.

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el hosPital: continuidades y especifi cidad

Mario CoreaArquitecto

Hablar de la arquitectura hospitalaria significa, ante todo, hablar de arquitectura. Para nosotros no hay ningún tema de proyecto que no signifique tener como prioritario los valores arquitectónicos del edificio. Desde el “galpón” mas utilitario a los hospitales mas complejos tienen que ser implantados en lugares que quedan modificados por ellos, construyen el paisaje y si son construidos son para ser usados y deben contemplar el espacio, la forma y la luz en relación al hombre.

Es por esto que siempre nos planteamos que cualquier tema de proyecto es primero un problema de arquitectura y luego un tema específico: vivienda, escuela, hospital, industria, museo etc. En este sentido, al hablar de arquitectura, reconocemos una serie de conceptos que son universales y permanentes, con independencia del tema y que pertenecen a la esencia del hecho arquitectónico.

1 LOS TEMAS PERMANENTESLa arquitectura como toda otra disciplina está en

continua evolución. La aparición de nuevas necesidades, reclaman de nuevas respuestas, tanto en lo referente a nuevos programas como a respuestas con respecto al “medio ambiente” nacidas de una mayor concienciación de la necesidad de cuidar y preservar nuestro entorno natural.

El desarrollo de nuevas tecnologías constructivas nos va dando nuevas posibilidades de respuestas innovadoras tanto a nivel funcional, formal, como espacial, esto ha sido una constante en el desarrollo de la arquitectura. Decía Louis Khan que cuando apareció la columna se abrió el muro y cambió la arquitectura. Con el desarrollo del acero en la construcción y la aparición del ascensor nació el rascacielos.

La mayor concienciación con respecto al ahorro energético y el medio ambiente incentivaron el desarrollo de nuevas tecnologías, como las placas solares y fotovoltaicas, los nuevos materiales de aislamiento térmico o el nuevo planteo de dobles pieles y de fachadas ventiladas. El desarrollo del cristal y del aluminio nos trajo el muro cortina. Todo esto significa la aparición de nuevas expresiones formales, nuevas posibilidades

Figura 1: Galpón y hospitalFuente: Corea (2014)

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espaciales y nuevos manejos de la luz natural y artificial. Así la arquitectura evoluciona y cambia con el tiempo. Sin embargo, para nosotros, existen una serie de conceptos que son unos principios permanentes para concebir la arquitectura y con ellos nos enfrentamos al proyecto.

2 LA ARQUITECTURA Y EL LUGAREl primer concepto que queremos plantear es la

relación Arquitectura y Lugar. Siempre pensamos que “la arquitectura” está antes de la arquitectura en el lugar. Si leemos el lugar en profundidad, encontramos el proyecto. El lugar como inicio, los proyectos nacen, o ya existían, en el lugar donde se implantan. Somos de esa clase de arquitectos para los que proyectar en el vacío abstracto de la especulación pura resulta prácticamente un imposible.

Entendemos “el lugar” como una realidad compleja y multidimensional. “Lugar” que casi siempre es sinónimo de ciudad. A veces ciudad central, ciudad consolidada, en otros casos “borde”, umbral entre ciudad y periferia y, últimamente, periferia o ciudad metropolitana.

De esta manera, la ciudad comienza siendo un dato concreto que especifica la arquitectura. Esa especificidad se manifiesta en medidas, topografía, orientación, geometrías que inevitablemente marcan el proyecto, señalándolo de manera unívoca. Pero además el lugar es – al mismo tiempo – lugar cultural, de memorias y de personas que en cada lugar piensan y sienten de forma diferente.

El lugar se convierte en programa para la arquitectura, exigiendo espacios, articulaciones, materiales o formas que no existen en el típico programa funcional. La ciudad es también “objeto” del proyecto y, por tanto, entendemos nuestra tarea como la proyectación arquitectónica del lugar: la arquitectura existe en tanto construye el lugar.

Figura 2: Ciudad central, borde y periferiaFuente: Corea (2014)

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El lugar es siempre el que hace específico un proyecto. Un hospital hoy, en Barcelona, en Santa Fe (Argentina) o en Quevedo (Ecuador) tiene muchísimos puntos y conceptos en común y son las cuestiones derivadas del lugar la que los hace diferentes, únicos. Así planteada la relación entre arquitectura y lugar, resulta una realidad dual, donde el lugar está en el origen de la arquitectura, pero esta, una vez construida, define un nuevo lugar que antes no existía. La aparición de un hospital en un lugar, no solo lo modifica física y paisajísticamente con su presencia, sino que también establece nuevas dimensiones sociales, económicas, nuevos niveles de salud en el lugar donde se implanta.

3 FORMA Y FUNCIÓNEl segundo concepto que nos planteamos es la

relación entre forma y función. Cuando decimos forma, estamos usando su acepción más amplia, que en términos arquitectónicos se refiere al espacio, definido en primera instancia por la planta, construido por la sección y calificado por la luz.

Siempre hemos invertido los términos de la famosa ecuación “la forma sigue a la función”, porque entendemos que primero la forma debe emerger como arquitectura y convertirse en posibilidad para la función. La función es siempre cambiante, la arquitectura es siempre permanente. Es por eso que entendemos que la función debe encontrar su lugar en la forma y ésta debe

posibilitar una diversidad de funciones en su interior.Dentro de la forma, la planta es la que organiza el

programa en el espacio horizontal y, cuando se trata de un edificio de varios niveles, esta organización horizontal de cada planta está relacionada entre si por las circulaciones verticales y/o espaciales (dobles o triples alturas). Para nosotros trabajar la planta significa la elección, transformación o creación de una tipología para la distribución del programa funcional sobre el plano horizontal.

La tipología es un orden general de la arquitectura, el tipo existe fuera de un proyecto o programa específico. El tipo es conocimiento concentrado de arquitectura.

Figura 3: Hospital de Mollet del VallèsFuente: Corea (2014)

Figura 4: Centro de Atención Primaria Sta Eulàlia des RiuFuente: Corea (2014)

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De todos modos, nosotros no partimos del tipo, al tipo (elegido, transformado o creado) llegamos desde el análisis concreto del lugar y del programa. La planta no es todavía arquitectura, es la sección la que construye el espacio. Es ella la que establece el orden vertical de la arquitectura, proponiendo así la organización espacial del programa.

Sin embargo, para que planta y sección sean arquitectura necesitan la luz (natural y también artificial), para que esta sea la que califique y defina el espacio arquitectónico.

La luz se “proyecta” igual que la planta y la sección. Sus instrumentos para dicha proyectación son las fachadas, las cubiertas, los lucernarios, los patios etc. La luz no es nunca una condición uniforme. Proyectamos la luz como penumbra, como luz puntual, media luz o luz plena, y muchas veces nos protegemos de la luz solar directa tamizándola con partesoles. El tercer concepto de cuestiones que son permanentes en nuestra arquitectura es la tecnología de la construcción. Las técnicas constructivas no son universales y los distintos desarrollos económicos y culturales en distintas partes del mundo hacen de estas otra de las condiciones de especificidad.

Definir una postura frente a la tecnología en cada momento y en cada obra, es un problema de la construcción del pensamiento de la arquitectura y no una mera discusión sobre como hacerla. Es decir, no me preocupan tanto las goteras, siempre existen y se

resuelven desde un buen hacer, como me preocupa la lógica constructiva de un determinado material y su no trasgresión: el ladrillo, el hormigón, el metal.

4 LAS ESPECIFICIDADESAnte todas estas continuidades debemos hablar de

las especificidades. Si bien nuestra arquitectura presenta todos estos conceptos en continuidad, lo que define cada proyecto son las especificidades del lugar. Toda obra de arquitectura es específica porque cada lugar es único.

La primera especificidad que debemos comprender es la del carácter y demandas del programa hospitalario, tanto en relación a su funcionamiento como en sus diferentes escalas y complejidades de resolución. En el edificio de salud se interrelacionan dos grupos usuarios diferenciados, los pacientes internos, o ambulatorios, y el personal médico de enfermería, administrativo y de mantenimiento.

La tendencia del hospital del siglo XXI nos plantea un permanente incremento del equipamiento tecnológico, así como el incremento de las actividades ambulatorias y una disminución en el periodo de estada del paciente internado. Esta tendencia reclama del edificio del hospital una gran versatilidad del espacio físico, capaz de cambiar con el menor inconveniente, tanto en su distribución, uso o equipamiento tecnológico.

Diría que el primer paradigma fundamental del hospital actual es su capacidad de adaptación al cambio, tanto funcional como tecnológico, su capacidad para evolucionar. El segundo paradigma es, sin duda, sus respuestas al concepto de sostenibilidad, impacto ambiental, ahorro energético y, en general, aprovechamiento de los recursos naturales, que pasaron de ser ideas progresistas a convertirse en requerimientos que han alcanzado estado de ley de obligado cumplimiento.

Este hospital del siglo XXI significó plantear el primer nivel de comprensión de lo que llamaremos genéricamente el hospital evolutivo. El hospital evolutivo es el que tiene una gran capacidad para aceptar los cambios, físicos, tecnológicos o médicos, sin que su estructura física necesite modificaciones sustanciales.

Poder cambiar su distribución funcional o su equipamiento tecnológico sin tener que alterar la

Figura 5: Hospital General de MahónFuente: Corea (2014)

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estructura de soporte, las circulaciones generales o las fachadas son características definitorias de hospital evolutivo. Dentro de este concepto de la evolución de los distintos edificios sanitarios se transforma el antiguo concepto del crecimiento. Anteriormente todos los programas incluían la demanda de que el hospital pudiera crecer. Pero, en este siglo XXI, lo que emerge con mas fuerza y claridad es el hospital red, o red sanitaria como superadora del edificio hospital, e incluso del concepto ciudad sanitaria. La red funciona apoyada fundamentalmente en el desarrollo de la informática. Es por todo esto que el hospital del siglo XXI no se plantea solo en una nueva conceptualización del programa y edificio hospital, sino en profundizar el concepto de red sanitaria. Este concepto se basa en la integración dentro de un territorio determinado de una red con distintos efectores.

Estos efectores se diferencian en primer lugar por la complejidad de resolución médica de cada efector, comenzando por los equipamientos mas sencillos – CAP, Centros de Asistencia Sanitaria de cinco consultas y unos 400 m2 – pasando a los centros de asistencia primaria de complejidad media, con consultas de medicina general y consultas especializadas, de 1.500 m2. Luego aparecen los hospitales pequeños, de resolución intermedia, que contemplan cirugía y hospitalización, de 2.000 a 2.500 m2.

A partir de aquí se abren dos líneas, por una parte hospitales que van ganando en dimensión y complejidad, por ejemplo el comarcal de 15.000 m2 y 140 camas, mas una alta oferta de servicios ambulatorios, entre los que se pueden citar, servicio de rehabilitación física, servicio de diálisis, servicio de alta complejidad de diagnóstico por la imagen etc. Por otra parte los hospitales regionales de 90.000 a 100.000 m2, con todos los servicios ambulatorios y una capacidad de hospitalización de 400 camas y, en algunos casos, incluyendo servicios socio sanitario para personas crónicas o de larga durada, que requieren atención médica permanente.

La otra línea, que recientemente ha cobrado mas desarrollo, es la de centros especializados, centrales de servicio de diagnóstico por la imagen, edificios dedicados exclusivamente a la recuperación física o psicológica, y el hospital ligero, un hospital de alta resolución

y complejidad donde el paciente es diagnosticado, intervenido y recuperado en el día como paciente ambulatorio, siendo esto posible por la utilización de equipos de alta tecnología no invasivos y que permiten estos tratamientos sin estancia hospitalaria.

En esta línea también aparecen todos los hospitales monográficos de la red, algunos de los cuales pueden permanecer o prestar servicio a diversas redes territoriales cuando su especialidad, equipamiento tecnológico y profesionales especializados sea tal que no sea posible tener más de uno en un vasto territorio.

Dentro de esta categoría se encuentran los hospitales de emergencias – que no tienen servicios de consulta externa, sino que trabajan solo los casos de urgencias, accidentes, heridos, grandes quemados etc –, los hospitales pediátricos, hospitales oncológicos, hospitales materno-infantiles, hospitales para las enfermedades cardiovasculares etc.

El crecer un hospital, o parte de el, es siempre muy difícil y termina distorsionando y empeorando el funcionamiento. El crecimiento de un hospital siempre tiene un alto costo y su resultado final casi siempre es disfuncional. Es por esto que planteamos crecer en la red no en los edificios. Hacer crecer el número de efectores y complejidad de la red sanitaria, evita el costoso e inconveniente crecimiento de los equipamientos. En cambio este crecimiento significa ir agregando nuevos efectores de distintos tipos, generales o especializados, según la demanda poblacional lo vaya requiriendo. Siempre es más fácil, más económico y más funcional construir un nuevo centro que agrandar o complejizar uno existente.

El hospital del futuro será concebido mas como red de todos estos servicios, que estarán conectados informaticamente y que permitirán acceder a los pacientes a esta red desde donde serán dirigidos a nivel que corresponda. Las redes hospitalarias están dimensionadas según el tamaño de la población a la que sirven y el radio o extensión de la superficie del territorio donde se asientan.

El hospital como red sanitaria no solo se nutre de nuevos edificios sino que integra los ya existentes – algunos de los cuales se modernizaran tanto en las concepciones médicas de diagnóstico y tratamiento

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como en las propias estructuras físicas parcialmente obsoletas. Reciclar y renovar una estructura existente, adecuándola a la demanda de la red según sea el estado y conformación del mismo, puede resultar más económico.

La red atiende a otro principio actual de la atención sanitaria. Hoy los hospitales no se miden por el número de camas, que ha perdido importancia ante la reducción de la estancia del paciente en el hospital, sino por la complejidad y diversidad o especialidad de los servicios que presta o la tipología de las enfermedades que atiende.

Hoy un hospital de 140 camas no dice nada, sino se especifica el rol que juega en la red sanitaria. La red está compuesta por edificios evolutivos y ella misma tiene que ser evolutiva, capaz de cambiar, complejizarse y, si es necesario, crecer. Las condiciones principales que deben cumplir los hospitales-red y sus edificios evolutivos son:

• Reducción del costo de construcción, del costo operativo y del costo de mantenimiento.

• Cumplir con el mayor nivel posible de sostenibilidad y ahorro energético para cumplir con la demanda de la preservación del medio ambiente natural. La construcción en red es mucho más eficiente en estos cometidos, porque, al reducir el tamaño de los efectores incrementando el número especializados, es mucho más factible plantearse la sostenibilidad, el ahorro energético y el cuidado del medio ambiente.

• La integración de la red en la estructura urbana siempre resulta mas eficiente y posible que la de gran hospital (200.000 m2 o mas). Incluso la red distribuida dentro del tejido urbano existente es mas eficiente, tanto en término de accesibilidad de los pacientes como del uso de las infraestructuras de servicios, vías circulatorias, transporte público, aparcamiento o las infraestructuras de instalaciones de energía, comunicaciones o recogida de residuos.

• La red sanitaria es hoy más posible que nunca debido al desarrollo de la informática, que permite que la historia clínica de un paciente esté en toda la red, o que los hospitales y sus profesionales compartan sus experiencias,

consultas, investigaciones en toda la red vía internet, como si se tratara de una única institución, en un único edificio. Antes del desarrollo de la informática esto hubiese resultado muy difícil, sino imposible. Hoy el hospital sin papeles es una realidad y es totalmente extensible al hospital red.

• Las redes deben responder a las condiciones y características del territorio, la densidad y distribución poblacional, la geografía, el clima, la topografía, el desarrollo socio económico y cultural, la capacitación del personaje médico y de enfermería, las características epidemiológicas del lugar, el desarrollo tecnológico, las características urbanas y de los servicios e infraestructuras para donde se plantee el hospital-red. Son todas variables que deben ser tenidas muy en cuenta, estudiadas en profundidad para determinar la complejidad de la red, a plantear así como se establecerá su capacidad evolutiva en su futuro.

Los hospitales que presento nacieron como edificios singulares de salud, pero, en la actualidad, todos están integrados en redes sanitarias y empiezan a ser parte de la transición hacia el hospital red.

5 HOSPITAL GENERAL DE MOLLET DEL VALLÉSEste hospital representa la construcción del hospital

horizontal. Las condiciones de la fuerte pendiente del solar lo coloca en el límite de la tipología horizontal, ya que hay momentos que tiene cuatro niveles. Sin duda pertenece a los hospitales evolutivos, por su capacidad de adaptación al cambio.

Al mismo tiempo es una respuesta al planteo de sostenibilidad y ahorro energético, ya que fue elegido por la Generalitat de Catalunya para implementarlo con todos los últimos adelantos en esta materia. Como hechos, podemos destacar el uso de geotermia, concretado por 140 pozos de 180 m de recorrido, para usar la temperatura constante de la tierra (16o centígrados en esta zona de Catalunya) para la producción de frío y calor con el sistema de aire acondicionado. También se han planteado los falsos techos radiantes en lugar del suelo radiante, incrementando el aislamiento en cubiertas y

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fachadas. El Hospital General servirá a una población de

150.000 habitantes, correspondientes del municipio de Mollet del Vallés y otras comunidades de la comarca del Vallés Oriental. El solar está ubicado en el barrio de Can Borell, en la Ronda dels Pinetons, frente a un gran parque. El hospital constituye un sistema capaz de organizar los subsistemas de servicio, flexible para adaptarse a futuras exigencias funcionales y con una circulación jerarquizada, que garantice la fluidez de tránsito y la correcta gestión de las actividades profesionales del personal del centro y del tratamiento y estancia de los pacientes.

Su superficie es de 26.000 m2, planteado como un volumen horizontal, calado por patios de luz, que se despliega por el terreno procurando acomodarse a la topografía, así como a factores como orientación, favoreciendo una contextualización del edificio con su entorno. Esta preocupación se refleja en tres características principales: en primer lugar, se ha procurado controlar su masiva escala frente a la escala urbana, a tal objeto dada la pendiente del solar, el edificio se escalona, aligerando la volumetría y, consecuentemente, reduciendo su impacto visual. En segundo lugar, los volúmenes se organizan alrededor de patios ajardinados que permiten la iluminación y ventilación natural.

Para facilitar las circulaciones de pacientes ambulatorios y visitas, los tres niveles, sótano, planta baja y planta primera, están unidos por escaleras

mecánicas, lo que los convierten en un solo nivel al no tener que subir escaleras o ascensores. En planta baja, donde se ubican el ingreso principal y el ingreso a consulta externas, es donde se plantean los servicios ambulatorios y la dirección y administración del centro.

La planta alta concentra la hospitalización de 140 camas, organizadas en cuatro unidades de enfermería de 35 camas cada una y se localizan también los apoyos y los despachos médicos.

En la planta sótano-1, iluminada por los patios interiores, se ubican los servicios de urgencia, rayos, laboratorios, cirugía y hospital de día quirúrgico. En la zona central del edificio se ubica un segundo sótano, también iluminado y ventilado por los patios y por la fachada, este aprovechando la topografía del terreno, y dónde se colocan los espacios de servicios, almacenes, talleres de mantenimiento, salas y cuarto de máquinas, aparcamiento de ambulancias etc.

Finalmente, el edificio se halla precedido de una plaza pública, donde se ubica el acceso principal al centro hospitalario, preservando un roble anciano existente en el solar. La plaza adquiere un carácter fundamental en el diseño del proyecto al penetrar hasta el interior de éste, integrando una gran rambla de comunicación entre el exterior de la ciudad y el interior del edificio.

La construcción de este nuevo hospital significó el abandono del edificio del antiguo hospital en el centro de la ciudad. La necesidad de complementar las actividades

Figura 6: Hospital de Mollet del VallèsFuente: Corea (2014)

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del nuevo hospital con un nivel de subagudos y crónicos planteó la posibilidad de convertir el viejo hospital en un sociosanitario, que atendiera estos requerimientos y trabajara en total coordinación con el hospital general. Estos dos nuevos proyectos, complementados con los CAP existentes, consolidaron la red sanitaria del Vallés Occidental, significando la puesta en práctica del hospital red en lugar de concentrar todos los servicios en el hospital general.

6 HOSPITAL SOCIOSANITARIO DE MOLLETEl Hospital Sociosanitario de Mollet del Vallès es un

ejemplo de cómo un hospital construido en los años 50 y 60 puede ser reciclado con éxito para afrontar los retos actuales y futuros que surjan en la asistencia sanitaria. A partir de un proyecto basado en ideas de intervención sencillas, pero eficaces y, a su vez, prácticas y funcionales. El resultado es un hospital de alta eficiencia energética y de bajo costo, cuya renovación le permite reasumir un papel activo en la vida cotidiana del barrio y sus alrededores.

Hasta no hace mucho tiempo, el destino del edificio hubiera sido probablemente su demolición, para dar paso a una nueva construcción. Sin embargo, dado que la crisis económica se intensificó durante esta época, se hizo evidente que la solución más factible era renovar el edificio.

El planteamiento del proyecto fue basado en la necesidad de aprovechar el edificio existente al máximo, aunque un estudio realizado por el equipo de arquitectos reveló importantes deficiencias en su estado general. La primera tarea fue la de fortalecer la estructura en varios puntos específicos. En segundo lugar, dado que las instalaciones eran totalmente obsoletas, las consideraciones de sostenibilidad y de ahorro de energía fueron de suma importancia, resultando en la incorporación de un aislamiento térmico eficaz y paneles solares. En las caras orientadas al este y oeste se montó un parasol de lamas verticales de aluminio, que también sirvió para unificar las fachadas del edificio.

En su mayor parte, la organización del hospital original fue conservada y la decisión clave del proyecto fue la de ampliar y revalorizar la zona central, que había sido utilizada anteriormente como entrada

secundaria y aparcamiento, para transformarlo en un patio ajardinado al servicio de los pacientes, visitantes y personal del centro. La planta baja acristalada se abre tanto a este patio interior como a la nueva plaza pública al otro lado de la calle, la cual ser convirtió en parte del proyecto durante el desarrollo.

La experiencia en Catalunya es simultánea con mi actividad en Santa Fe, Argentina. Desde la oficina de proyectos especiales del Ministerio de Obras Públicas de Santa Fe, juntamente con Silvana Codina, Francisco Quijano y el equipo de arquitectura para la salud, dirigidos por la arquitecta Jorgelina Paniagua desde el Ministerio de Salud Pública y Evangelina Dania, dirigiendo el equipo de la unidad, encaramos la tarea de la construcción de la red sanitaria a nivel provincial, integrando y refuncionalizando edificios existentes, completándola con nuevos hospitales y centros de salud, ocho nuevos hospitales y 80 Centros de Salud de distinta complejidad.

Esta red provincial integra redes de menor complejidad para cada región, en que se ha subdividido la provincia – funcionalmente las redes sanitarias de las ciudades principales, Rosario, Santa Fe, y las capitales de regiones, Venado Tuerto, Rafaela, y Reconquista.

En estos proyectos volvimos a conjugar el concepto de hospital red con el concepto de hospital evolutivo ya explicado. Como parte de la red sanitaria de esta región se construyó el Hospital de Las Parejas, que desarrollaremos a continuación.

7 HOSPITAL LAS PAREJASEl hospital se ubica en las Parejas, en un área de fácil

acceso para los pobladores de la zona y próxima a la ruta nacional número 178, lo que garantiza su relación con los hospitales de Las Rosas y Cañada de Gómez. Asimismo, Las Parejas se vincula con Rosario – a 100 Km de distancia a través de la ruta nacional número 9, siendo la ciudad más cercana para derivaciones de tratamientos de alta complejidad.

El hospital es de segundo nivel de complejidad. Se desarrolla como una estructura horizontal en una sola planta, estableciendo una jerarquía de los diferentes espacios según su función. Así los espacios técnicos, públicos y médicos se conectan mediante circulaciones,

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que forman una secuencia de accesos a los diferentes ámbitos del edificio.

Este hospital tiene la superficie de un centro de salud complejo, pero incorpora un nivel más de resolución, con cirugía e internación. Cumple un papel importante en la red sanitaria de la región Rosario, ya que provee atención sanitaria del segundo nivel de complejidad, aliviando así la demanda a los hospitales de Rosario y dando un servicio de cercanías para el área de Las Parejas.

El proyecto en su escala cumple con todos los presupuestos del hospital horizontal evolutivo y es una pieza del hospital red de la región de Rosario. Su construcción se afirma en la idea de construir la red en lugar de hacer crecer los hospitales generales. La iluminación y ventilación natural en todas las zonas de trabajo, así como la calidad espacial, juegan un papel preponderante en el diseño, siendo la luz el elemento principal de la construcción del espacio.

El edificio se estructura por sectores. El sector público está compuesto por las circulaciones públicas, hall, salas de espera, salón de usos múltiples, aulas, dirección, cafetería. El sector médico, por un bloque ambulatorio (admisión, farmacia, consultorios, laboratorio, ecografía

y rayos), un bloque de internación (16 camas y 1 aislado) y un bloque de guardia (control, consulta, sala de yeso, enfermería y sala de observaciones, quirófano y sala de partos). Por último, el sector técnico, que incluye el office médico de guardia, esterilización, sala de máquinas, taller de mantenimiento, cocina, lavadero y residuos comunes y patológicos.

El hospital está concebido para brindar diagnóstico y tratamiento de patologías de baja y mediana complejidad que requieren internación y con capacidad de rápida derivación de patologías complejas.

8 CENTRO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS AMBULATORIAS DE SANTA FE

Uno de los principales fundamentos del nuevo paradigma en salud pública que promueve el Gobierno de la provincia de Santa Fe es la accesibilidad para la población. Una accesibilidad que no sólo es un concepto de igualdad de oportunidades para el ejercicio de los derechos ciudadanos, sino que también entiende que los edificios de salud deben ubicarse en lugares estratégicos, “accesibles” a todos.

Por este motivo, se buscó una de las zonas con mejor

Figura 7: Hospital Las ParejasFuente: Corea (2014)

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conectividad, el punto donde converge y parte todo el sistema de transporte público urbano e interurbano de la ciudad.

La construcción del Centro de Especialidades Médicas Ambulatorias de Santa Fe tiene por objeto satisfacer la demanda de diagnóstico y tratamiento oportuno de prácticas de alta complejidad en forma ambulatoria, tanto en la ciudad como en la región.

Reunirá las especialidades de distintas disciplinas (médicas, bioquímicas, odontológicas, quirúrgicas y prácticas oncológicas ambulatorias, laboratorio central etc), además de incluir un servicio de diálisis para pacientes crónicos, que no existe actualmente en el ámbito público de la ciudad de Santa Fe.

Atenderá sólo con turnos y no por demanda espontánea. Los pacientes llegarán referenciados por un profesional para una consulta con un especialista. Contará con equipamiento de alta tecnología que

permitirá brindar un diagnóstico al paciente, realizando el tratamiento que corresponda o derivándolo a otros centros de mayor complejidad o especialización.

El CEMAFE se plantea como una estructura horizontal de tres niveles. El interior es regulado por la disposición de patios que proporcionan iluminación y ventilación natural a todas las áreas, siendo el manejo de la luz el elemento principal de la cualificación del espacio.

De la serie de edificios para la salud proyectados, se destaca, por su estructura resistente, un esqueleto primario elevado sobre los niveles funcionales, para permitir que estos literalmente “cuelguen” de una estructura superior. Esta estrategia proporciona una modulación estructural de los pisos superiores basada en grandes luces y mínimos componentes, gracias al sistema de tensores y elementos soportantes tridimensionales. Una planta baja novedosa, libre de columnas, extiende esa libertad al desarrollo de los circuitos públicos, la accesibilidad y la disposición flexible de las funciones complementarias propias de este nivel.

Esta solución se deriva de las condiciones específicas del suelo y de un análisis comparativo de coste que determinó la solución como la más económica y eficiente para esta localización.

Dentro de la actividad diaria del Centro de Especialidades, se establece una jerarquía de los diferentes espacios según su función. Las áreas públicas, médicas y técnicas se conectan mediante circulaciones, que forman una secuencia que impone restricciones sobre las posibilidades de acceso a los diferentes ámbitos. De este modo se incrementa la claridad de los recorridos, se evitan interferencias entre los diferentes usuarios y se facilita el control higiénico del recinto. El sistema generado permite una evacuación rápida en caso de emergencia y está perfectamente capacitado para adaptarse a progresivos cambios tecnológicos y funcionales.

El programa funcional del CEMAFE contempla los siguientes sectores y servicios, plantas, secciones y alzados:

Sector Público – hall, circulaciones, admisión central y derivada, salas de espera, la biblioteca, auditorio, dirección/administración, cafetería.

conectividad, el punto donde converge y parte todo el sistema de transporte público urbano e interurbano de la ciudad.

Figura 7: Hospital Las ParejasFuente: Corea (2014)

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Sector Médico – consultorio de especialidades médicas: ginecología, urología, oftalmología, audición, odontología, otorrinolaringología etc.

Diagnóstico por imágenes – radiología, ecografía, mamografía, tomografía.

Cirugía ambulatoria – 4 quirófanos, 2 consultorios de endoscopia, esterilización.

Hospital de día – oncología, diálisis crónica.Laboratorio Central – recepción de muestras de la

región, prácticas propias del Centro de Especialidades.Sector Técnico – Apoyos generales (farmacia,

enfermería, depósitos, oficinas de usos múltiples) y apoyos técnicos (almacenamiento, mantenimiento, sala de máquinas).

REFERENCIACOREA, Mario. Mario Corea. Disponible en: www.

mariocorea.com. Acceso en: 20 jun/2014.

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natural light: the hypogeum hospital spaces

Mattia AtzeniArchitect

1 INTRODUCTION

This article investigates the matter of natural light in health care facilities, with special attention to the underground spaces of the hospitals. The goal was to give guidelines on how to design with natural light, to illuminate those areas of hospitals that live only with artificial light. The study was developed analyzing natural lighting systems used in six hospitals designed and built in Spain.

2 THE NATURAL LIGHT AND ARCHITECTURE

Humanization is a subject of study on which people are placing a lot of attention for a better hospital design. The construction of spaces more comfortable is a goal of many designers and natural light is the biggest player.

The light maintains our biological rhythm. For this reason, even if were invented several types of artificial lighting to compensate for the lack of sunlight, radiation, manmade alternatives are lacking tone needed to satisfy our need for frequent exposure to natural light. For proper adjustment of your biorhythms, the man needs natural light. Since the beginning of the architecture, man’s relationship with the light has gone beyond the pure necessity, including the limits of objective reality. In architecture, the light works on three levels. At the material level, the light is a formal element of the spread of light. Aesthetically, however, relates to a refined sense of space that can be influenced by the composition and color of shadow. On an emotional level, finally, the

sensations are caused by effects of light targeted and sought. During different periods, each architectural style has paid a relationship with the natural light and the consequent creation of architectural solutions.

3 MATERIALS AND METHODS

The relationship with the natural light is defined in each project specifically. Practical experience and a look at the history of architecture made us understand that the amount of light and its regulation are closely related to the intended use. Architecture healthcare design with natural light is essential. Able to illuminate the possible spaces of the hospital in a natural way, avoiding the artificial light which is cold and uncomfortable, as much as possible, it�is an objective that the designer must realize. This way of designing the space dedicated to health care and certainly brings many advantages: visual comfort, positive moods, warmer environment, domestication of space, saving on energy costs. Greater attention has to be asked in the underground spaces of healthcare facilities, living spaces strictly only artificial light. How can I improve these areas? Can Technology help us? The answer is definitely positive. There is a market which has different systems to collect natural light, such as:

• holographic film

• heliostats

• fiber optics

• light pipes

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The holographic film is a plastic film. The heliostats are devices able to follow the path of the sun rotating around one or two axes, their movement is driven by automatic processes. The fiber optic elements are cylindrical glass or plastic in the field, their most valuable is the ability to carry light from a distance, even in places not easily accessible, with a footprint of very small space. The light pipes are complex systems, based on multiple specular reflections and diffuse solar radiation. We have seen how the market now boasts a wide range of technology products that enable the uptake of natural light; now arises another question: must we necessarily require the help of technology or the architectural composition is enough? The answer was given by the study that was done on the analysis of some spanish hospitals designed by the architect Albert de Pineda. The study was developed by analyzing the natural lighting systems used in the six hospitals designed and built in Spain. For each hospital was built a tab of the main features and natural lighting system which was adopted. The architect with the architectural composition alone was capable of designing underground spaces brilliantly bright, comfortable and a welcome for visitors, both for patients and for healthcare professionals who work every day in those spaces, giving them an environment more comfortable working.

4 NATURAL LIGHT, THE HYPOGEUM HOSPITAL SPACES: cases of study St. Catherine Hospital, Girona

Figure 1: St. Catherine Hospital in Salt, Girona (Catalunya) Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architect: Albert De Pineda Álvarez, Manuel Brullet Tenas. Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

The new Hospital of St. Catherine with a gross area of 27.387 m2, is located in the town of Salt. The hospital is characterized by low height pavilions in the inner part of the park, to try to maintain a feeling of low density, and also the relationship between trees and the green�building hospital, was guaranteed through being short and opening into the building to provide natural light to the interior. The proposed architecture provides the possibility of a direct and obvious understanding of the organization of the building by users, so that, at any time they know the hospital and are oriented within it. Great care has been done to the wise use of natural light, framing careful and intelligent views to the outside, so it is able to give more comfort to medical staff and all hospital users. Respecting the parameters and a good idea to build a modern hospital, the internal paths of the hospital are distinct among themselves, ensuring the proper use of the building according to specific users and facilitating its staff daily work. Light and exterior views help to increase the comfort of health workers and hospital users. The prevalence of horizontal relationships on the ground floor with patio makes this interaction possible. The treatment of light as a qualifier of space could be a wise use of the courts that allow the achievement of natural light even in the underground areas of the hospital, thereby reaching a high level of visual comfort.

Quiron Hospital, Madrid

Figure 2: Quiron Hospital, MadridSource: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architect: Albert De Pineda Álvarez, Pinearq. Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

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The new hospital with a gross area of 68.065 m2 is located in Pozuelo de Alarcón. The analysis of the structure of the urban population and its characteristic appearance, helped the architects to opt for a building that fits the area open to light and landscape, away from building too high or too big, since it would undermine the balance between buildings and the landscape. The light and view, constant throughout the building, improve the feeling of comfort. For the lighting of underground spaces, conveyors were used with wise design method and it is so managed to light up those spaces that otherwise would live only with artificial light.

New Hospital in Denia, Alicante

Figure 3: New Hospital in Denia, Alicante Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architect: Albert De Pineda Álvarez – Pinearq, José León Paniagua Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

The project is located in Denia with a gross area of 57.194 m2. The building is on three levels, one above ground and two underground. The clinics have outdoor patios as well as external facades parallel east-west direction, to ensure good environmental conditions in different places, especially in counseling. The project and its construction have been made in accordance with certain principles for the basic architecture necessary for the proper functioning of a hospital, and the construction of a building on a site with excellent nature dominated

by fruit trees. The first factor was the direction of the sun: the building was oriented so that all patient rooms have a good exposure, and that all places of work, the patients and the public can enjoy the natural light. To ensure natural light and heat during the winter there are open courts of different sizes, so that sunlight can enter during all hours of the day. Factors associated with the light and the shape of the patio have specifically required the position of the sun. The underground spaces are naturally lit with the use of patios and skylights.

Hospital Quiron, Barcelona

Figure 4: Hospital Quiron, BarcelonaSource: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architects: Albert De Pineda Álvarez - Pinearq, Manuel Brullet Tenas Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

The Hospital Quiron is located in Barcelona with a gross area of 57.775 m2. The hospital is divided by intensive care: the levels are completely off the ground in the shape of an L. The plants that are located between the input level inpatient and outpatient clinics have been devoted to the external special exams, intensive care and day hospital. The two levels immediately below the hall have been allocated to social services such as emergency room, diagnostic imaging, surgical unit, the lock midwife,

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sterilizing and laboratories. Due to the steep slope of the land and its topography, courts have been designed well defined so that arrivals at all levels of natural light and that many are able to access from street level. In the lower floors are general logistics services and plants destined for parking. Quiron Hospital in Barcelona is perhaps the best example of how the architect can see how great the ability of skill and architecture to illuminate underground spaces. The hospital has seven underground levels, and all natural lighting through the use of deep basement well and skylights details but at the same time of great simplicity. All this leads to a perfect lighting in all underground sites, thereby ensuring a high level of visual comfort, and reach an optimal psychological state of general approval.

Hospital del Mar, Barcelona

Figure 5: Hospital del Mar, Barcelona.Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.))

The hospital del Mar is located in Barcelona. The main features of the design of this building which are of great importance are:

• The definition of the new alignments of the main facades of the hospital with the sea.

• The merger activity for research, education and health care.

• The natural light as a defining element of the

space and comfort, the new proposal is so that natural light even in the arrivals areas of the old hospital and the undergrounding of courtyards leads in this way to maximize the natural lighting in new buildings .

• The entry of visitors.

• Technical inputs: access, hospital technicians are clearly differentiated.

• Precautions: inside the building there is a clear differentiation between the internal paths, so that visitors, staff and bedridden are always separated.

• Volume built: it sought a balance between pretension to obtain a building extended and the desire to preserve an important area with an area destined to green.

• Relations with the external environment

• Underground lighting with skylights.

Hospital Sant Joan Despi, Barcelona

Figure 6: Hospital Sant Joan Despi Doctor Moises BroggiSource: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

Hospital Sant Joan Despi is a building located in the Baix Llobregat with a gross area of 45.725 m2. Adapting to the place, the conditioning input, tax and the external environment in which the building is located are the

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motivations of the design solution developed for such construction. The main entrance is the far south-west of the lot, at the highest elevation, from which you can reach inside the outpatient area. Pursuing the idea of differentiating access to the building depending on the functions performed, the entrance to the emergency room is located in the far north-east of the lot, located to the lower portion of the lot and at a lower level compared to main entrance. Finally, the eastern entrance of the building is for loading and unloading of goods. The image is that of a hospital building, easily accessible, barrier�free and perfectly integrated into the site. From an architectural point of view you chose a compact building, trying to give technical and functional solutions. The underground areas of the hospital are lit with large skylights in the conical section, and patios, and in so illuminating the underground spaces of course. Even in this case study, the design philosophy of the spanish

architect Albert Alvarez de Pineda is reflected perfectly in this project, where the natural light and the visual and psychological comfortable to characterize all areas of the hospital including those underground. The skylights and patios used are shown in the images and construct all of the details that follow.

5 MATRIX OF ANALISYS

From the analysis of the hospitals above, can be identified the three design features used by the designer to carry the light in different levels of hospitals. It can be seen that there is a higher percentage in the use of patios combined with skylights, surely advantageous choice from so many points of view: more natural light and more comfort due to the relationship between interior and exterior.

Figure 7: The matrix of hospitals and natural light systemsSource: the author

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Design Guidelines

Below are listed some important points that you should follow in order to be able to run a good design of underground spaces hospital.

• Study of the project: views and accessibility potential openings to natural and artificial green spaces.

• Study of orientation: respecting the east-west line.

• Building exposure: so that its composition matches architectural spaces open towards the outside.

6 CONCLUSIONS

The study carried out shows that at the basis of a good hospital there is a good architecture from so many points of view. What more has led me to develop the theme of the research done is the humanization of hospital. Anyone who attends the hospital lives in a completely different way, but there is an important factor that unites them: that of the spacious comfort, visual comfort and emotional comfort. The study thus aimed to propose environments that reflect the domesticity, taking advantage of the natural light as the main protagonist. The analysis of its importance within the underground spaces of the hospital was almost a challenge: to be able to permeate and shape the spaces of the buildings that typically live only thanks to artificial light, cold, anonymous, tiring, and that lowers the level of concentration of those who work daily in those spaces. The technology allows you to bring natural light in underground spaces through computerized systems that solve efficiently the problem of lighting in underground spaces of hospitals, but of course with the much higher costs of construction and operation, considering its necessary maintenance .

Prove that the architecture itself, with the composition of spaces and volumes allows us, with clever tricks, to bring natural light into the underground spaces through the use of patios, conical skylights and very large basement window wells to reach deep underground spaces is a major challenge to ensure the welfare of man

in the underground hospitals spaces.Obs: Projects of hospitals made by Albert de Pineda Architect, Architects Raffaella Scorziello and Nicola Paltrinieri, PINEARQ office, Barcelona.

REFERENCES

BARCELONA, Generalitat de Catalunya. Arquitectura para la salud. Barcellona: CatSalut, 2010.

MOORE, F. Concept and Practice of Architectural Daylighting. New York: Van Nostrand, 1985.

ROGORA, A., Illuminazione naturale zenitale. Ambiente Costruito, n. 3, Rimini, Maggioli Editore, 2000.

TORRICELLI, M. C.; SALA, M., Daylight: la luce del giorno. Tecnologie e strumenti per la progettazione. Firenze: Alinea Editrice, 1995.

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um novo olhar soBre os eDifíCios De saÚDe no Brasil: o caso dos hemocentros coordenadores públicos

Humberto Dias Xavier Arquiteto

1 INTRODUÇÃOA área de sangue e hemoderivados é um segmento

da saúde que abrange a coleta, processamento e distribuição de sangue e de seus derivados no âmbito do território brasileiro e compõem o Sistema Nacional de Sangue (SINASAN). A Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH), vinculada ao Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência, da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, é a instância responsável pela coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados.

A partir de 2006, a CGSH iniciou estudos visando capacitar profissionais ligados à infraestrutura da Hemorrede, em especial arquitetos e engenheiros. Os edifícios da maioria dos Hemocentros Coordenadores, que a esta altura já somavam mais de 20 anos, começavam a mostrar esgotamento, seja pela forma como foram originalmente pensados, seja pelo descompasso com a evolução das novas tecnologias, incluindo a necessidade de incorporar novas características, em especial no que tange às questões de sustentabilidade.

Assim surgiu o Projeto Hemorrede Sustentável, que se estabeleceu com base em uma proposta de avaliação ambiental integrada dos edifícios dos Hemocentros Coordenadores, tratando-os como objetos arquitetônicos que geram, com seu uso, contextos sociais, culturais, econômicos e ambientais diversos.

Em 2011, firmou-se uma cooperação técnica entre a CGSH e o LASUS/FAU/UnB, com o objetivo de promover estudo piloto, aplicado sobre o edifício do Hemocentro Coordenador de Brasília, visando desenvolver uma metodologia aplicável nos demais Hemocentros,

tomando como base as premissas de Análise Pós-Ocupacional – APO, Retrofit, selo PROCEL e requisitos de Humanização dos Serviços de Saúde.

2 ESTUDO-PILOTO: Hemocentro Coordenador do Distrito Federal

O Hemocentro de Brasília é constituído por vários edifícios de concepção modernista, que foram construídos em duas etapas. O bloco A, em 1985, e o bloco B, em 2002. Os projetos não previram uma flexibilidade de ocupação que atendesse à velocidade e à dinâmica das transformações do conhecimento acadêmico e científico específicos da área de Hemoterapia e Hematologia. Dessa forma, as edificações foram sendo alteradas e ocupadas de forma a se adaptarem às novas demandas e, hoje, apresentam condições físico-ambientais bastante diversificadas e um tanto adversas. Essas adaptações, ao longo de seus mais de vinte anos de existência, aumentaram ainda mais a diversidade de suas condições ambientais e a insatisfação geral dos seus usuários, o que gerou a necessidade de um trabalho de readequação ambiental.

Nos relatórios da pesquisa, intitulados “Estudo e Pesquisa para Adequação do Hemocentro Público, DF”, abordando as temáticas de avaliação pós-ocupação, diagnóstico energético e etiquetagem do nível de eficiência energética. Com sua operacionalização acadêmica produzida pelo LASUS/FAU/UnB, podemos observar que o diagnóstico indica vários problemas ambientais, como a excessiva carga térmica sobre a envoltória do edifício, necessidade de revisão dos fluxos internos, ofuscamento em fachadas envidraçadas, baixo nível de humanização dos ambientes, espaços

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mal resolvidos para o acolhimento dos usuários, sejam doadores e ou pacientes, elementos arquitetônicos com pouca eficiência, sistema de condicionamento de ar mal dimensionado, além da necessidade de melhoria nos espaços destinados aos funcionários.

Para solucionar as deficiências do edifício em estudo,

Solução para as cargas térmicas – Redução dos ganhos de carga térmica pelas fachadas, com proteções solares adequadas às orientações (estudos de ângulo de incidência solar), redução dos ganhos de carga térmica por meio da redução da área de vidro e uso de pele dupla, especificação segundo o Fator Solar e Fator de Luz Visível, redução dos ganhos de carga térmica através da cobertura (alteração de materiais, cobertura dupla, ventilada, vegetação, cores claras), aproveitamento da ventilação natural como estratégia de otimização do conforto higrotérmico dos usuários, estudo de pressão positiva e negativa, entrada e saída do ar e colocação de forros claros e ventilados.

Solução para os problemas luminosos – Aumento do aproveitamento da iluminação natural nos ambientes, aumento na uniformidade de distribuição dos níveis de luminância nos ambientes, uso de prateleiras de luz, vidros seletivos (luz visível, sem ofuscamento e calor), iluminação no plano de trabalho, estudo de integração

foi necessário desenvolver diretrizes que garantissem melhor qualidade ambiental, eficiência energética e conforto nos ambientes, com a devida humanização. Foram traçadas estratégias para solucionar os problemas abaixo relacionados:

com a iluminação artificial (posição paralela à janela e controle individualizado) e garantia de manutenção da vista agradável para o exterior.

Solução para os problemas sonoros – Redução dos níveis de ruído em ambientes críticos, redução da propagação do ruído externo (alteração dos materiais superficiais), redução dos níveis de ruídos dos equipamentos externos (bombas, ar condicionado etc).

Solução para os problemas ambientais – Restringir ganhos solares, promover resfriamento evaporativo (água e vegetação), alteração nos materiais superficiais em vistas a qualidade ambiental, criação de ambientes de convivência, implantação de vegetação nativa do cerrado, captação e reuso de águas pluviais, equipamentos e mobiliário urbano, iluminação, bancos, pérgolas (e outros), condução de brisas resfriadas para o interior da edificação e acessibilidade (especificação de pisos e uso de rampas).

Figura 01: Ventos predominantes e interferência do entorno construído.Fonte: Lasus (2011)

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Aumento do nível de eficiência energética da envoltória (Rtq-C) – Cumprimento dos pré-requisitos, diminuição da transmitância térmica da cobertura (maior isolamento), diminuição da transmitância térmica de paredes (maior isolamento), redução do percentual de abertura total PAFt (diminuição de área de vidro das fachadas), especificação de vidro ou película com Fator Solar adequado e aumento dos ângulos de sombreamento (verticais e/ou horizontais), com estudo de proteções solares para as aberturas (vidros).

Redução do consumo energético atual – Modificação da temperatura de controle dos sistemas de climatização, reforma do sistema de climatização, redução da carga térmica solar incidente nas janelas e reforma do sistema de refrigeração.

Alguns itens receberam atenção especial, como a questão da humanização da área externa, através da criação de passeios e locais de permanência protegidos do sol e seguros (antes somente passagem), eliminação

A proteção das paredes e a cobertura verde foram abordadas com pesquisa sobre a vegetação típica do cerrado, de forma a minimizar custos, aumentar a vida útil da vegetação e ampliar seus benefícios, como qualidade arquitetônica, alta desempenho termo acústico, redução do efeito “ilha de calor”, da poluição do

de parte da rua de serviço, criação de rua de pedestre (ligação entre os blocos), o uso de paredes verdes (pergolado vertical) para redução do ganho de calor nas fachadas da edificação, uso de piso permeável, utilização de elementos ambientais (água, solo e vegetação), criação de quiosque de lazer para usuários e funcionários e relocação do depósito de inflamáveis e resíduos sólidos.

Nas fachadas, as esquadrias também tiveram tratamento específico, pois foi necessário desenvolver mais de uma tipologia, tendo em vista a diversidade de ambientes e suas necesidades. Foram estabelecidas novas diretrizes, com a elaboração de elemento redutor da incidência de carga térmica nas superfícies envidraçadas, elemento redutor dos níveis de luminância (ofuscamento) próximo a janela, elemento distribuidor da luz natural no interior dos ambientes, elemento que proporcionasse a utilização da ventilação natural nos ambientes e elemento que solucionasse (esteticamente) o posicionamento das evaporadoras (ar condicionado).

Figura 02: Estudo de esquadrias e elementos de fachada.Fonte: Lasus (2011)

ar e das enchentes, sequestro de carbono, manutenção fácil e segura, filtragem da água de chuva (retenção de metais pesados e químicos dissolvidos), aumento da área de lazer, não atração de insetos e animais indesejados, plantas resistentes a seca e de baixa manutenção e projeto de paisagismo para cultivos ou outras plantas.

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Figura 03: Maquete eletrônica do projeto para o Hemocentro Coordenador do DFFonte: Lasus (2011)

A área destinada à recepção de doador foi o maior alvo enquanto ambiente interno, pois, respeitado as questões técnicas sobre o fluxo de doadores, pacientes e sangue, promoveu-se significativa mudança, revendo e ampliando o conceito de sala de espera. Surge como proposta um ambiente lúdico, moderno e atraente, introduzindo pontos de leitura, acesso à internet,

enfim, um espaço que induza às pessoas o sentimento de estarem em um lobby de hotel e não em um ambiente de saúde – afinal doadores são cidadãos que precisam estar muito bem de saúde para praticar o ato da doação.

Na figura 3 observa-se a imagem de uma visão geral da proposta de readequação do Hemocentro Coordenador do DF e sua inserção no contexto urbano/entorno. 45

Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

Figura 03: Maquete eletrônica do projeto para o Hemocentro Coordenador do DF

Fonte: Lasus (2011)

A partir da expertise adquirida com o estudo piloto sobre o Hemocentro do Distrito Federal, a Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados pactuou mais três estudos, tendo como objeto os edifícios dos Hemocentros Coordenadores do Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas, que já foram concluídos. Outros dois estão em andamento, referentes aos edifícios dos Hemocentros Coordenadores dos Estados do Pará e Rio Grande do Sul.

3 CONCLUSÕES

A partir do estudo piloto, é possível afirmar que a iniciativa de readequação ambiental terá grande repercussão no desenvolvimento e planejamento dos projetos de arquitetura destinados à Hemorrede Nacional. Com o estabelecimento das diretrizes contidas nesses estudos, os gestores públicos da hemorrede passarão a alinhar seus projetos com novos conceitos, que muito contribuirão para o desenvolvimento dos edifícios de saúde. As iniciativas em curso vão ao encontro dos novos rumos ambientais, contribuindo para humanização dos ambientes de saúde, fidelização de doadores e eficiência energética de um parque de edifícios construídos de considerável proporção. Abre-se, assim, na visão da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados, a expectativa de ampliar o acesso dos usuários do SUS (profissionais, doadores e ou pacientes) a serviços de qualidade, através de melhora constante e significativa em suas estruturas físicas.

REFERÊNCIA

LASUS, FAU, UNB. Estudo e Pesquisa para Adequação do Hemocentro Público, DF: Avaliação Pós-Ocupação, Diagnóstico Energético e Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética. Volumes 1 e 2. Brasília: Unb, 2011.

Proposta de implantação de novos espaços com parede e cobertura verde, priorizando a humanização e promovendo gentileza urbana.

A partir da expertise adquirida com o estudo piloto sobre o Hemocentro do Distrito Federal, a Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados pactuou mais três estudos, tendo como objeto os edifícios dos Hemocentros Coordenadores do Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas, que já foram concluídos. Outros dois estão em andamento, referentes aos edifícios dos Hemocentros Coordenadores dos Estados do Pará e Rio Grande do Sul.

3 CONCLUSÕESA partir do estudo piloto, é possível afirmar que

a iniciativa de readequação ambiental terá grande repercussão no desenvolvimento e planejamento dos projetos de arquitetura destinados à Hemorrede

Nacional. Com o estabelecimento das diretrizes contidas nesses estudos, os gestores públicos da hemorrede passarão a alinhar seus projetos com novos conceitos, que muito contribuirão para o desenvolvimento dos edifícios de saúde. As iniciativas em curso vão ao encontro dos novos rumos ambientais, contribuindo para humanização dos ambientes de saúde, fidelização de doadores e eficiência energética de um parque de edifícios construídos de considerável proporção. Abre-se, assim, na visão da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados, a expectativa de ampliar o acesso dos usuários do SUS (profissionais, doadores e ou pacientes) a serviços de qualidade, através de melhora constante e significativa em suas estruturas físicas.

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REFERÊNCIALASUS, FAU, UNB. Estudo e Pesquisa para

Adequação do Hemocentro Público, DF: Avaliação Pós-Ocupação, Diagnóstico Energético e Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética. Volumes 1 e 2. Brasília: Unb, 2011.

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ConsiDeraÇÕes soBre o ProJeto De esPaÇos Para o CuiDaDo CrítiCo

Daniela Prado TavaresArquiteta, Mestre

Mauro César de Oliveira SantosArquiteto, Doutor

Ivani BursztynMédica, Doutora

RESUMOOs espaços para realização dos cuidados críticos

de saúde, as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), terão maior importância na determinação da qualidade da atenção à saúde num futuro próximo, dado o aumento dos casos críticos e maior incidência de doenças crônico-degenerativas. Os hospitais de ensino têm a responsabi-lidade de formar profissionais para suprir uma demanda crescente nesta especialidade, em que já se constata es-cassez de mão de obra. Para isso, UTI adequadas espacial-mente aos conceitos de arquitetura mais alinhados com modelos de atenção humanizados poderão contribuir de forma significativa. Através de uma revisão bibliográfica, este artigo trata das questões envolvidas na concepção do projeto destes espaços, considerando as inovações e contribuições para o processo projetual originadas nas pesquisas sobre a influência do ambiente construído na qualidade da assistência à saúde e bem estar do usuá-rio. Concluiu-se que os avanços no campo da arquitetura para oferecer espaços de maior eficiência, com qualidade ambiental, são notáveis na área do tratamento intensivo. Há um ganho real em termos de metodologia do proces-so projetual que confere maior credibilidade e valor ao produto projeto e ao profissional arquiteto, destacando-se o projeto baseado em evidências.

Palavras-chave: Arquitetura Hospitalar, Unidades de terapia intensiva, Projeto baseado em evidências.

ABSTRACTCONSIDERATIONS ABOUT DESIGN OF SPACES FOR CRITICAL CARE

The spaces of performance for critical care, ICUs, will be critical in the quality of health care in the near future, in consequence of increase critical cases and incidence of chronic degenerative diseases. Teaching hospitals have the responsibility to coach professionals to this growing demand, which is a specialty that has shortage of skil-led healthcare workers. ICUs spatially appropriate to the concepts of architecture more aligned with models of hu-manized care, it may contribute significantly for this. By a literature review, this article discusses the issues invol-ved in project design for these spaces. Researches about the way a built environment can influence the quality of health care and wellness user provide contributions to innovations in design process. It has concluded that ad-vances in the field of architecture to provide spaces for greater efficiency with environmental quality to users are notable in the health´s field. There is a real gain in terms of methodology in the design process to give gre-ater credibility and value to the project product and to the professional architect. However, it is necessary that such researches, like international realizations, will be applied more effectively in the local context in order to allow the potential benefits are fully realized.

Keywords: Hospital architecture, Intensive care unit, Evidence based design.

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1 INTRODUÇÃOAs tendências no cenário da saúde indicam que os

cuidados críticos serão cada vez mais necessários no contexto assistencial do futuro e que hospitais de ensino serão os locais a concentrar serviços dessa natureza. A arquitetura do edifício de saúde está tendo seu conceito arquitetônico reformulado na perspectiva da humaniza-ção, para que abarque as necessidades técnicas, funcio-nais e formais, considerando a qualidade ambiental e o bem estar do usuário – este entendido de forma ampla, desde o funcionário administrativo até o paciente.

Em sua colocação crítica, o movimento de humani-zação na saúde defende uma visão assistencial que re-conheça o ser humano de modo pleno, integral, em suas dimensões objetivas e subjetivas; em oposição ao ante-rior padrão de atendimento, que se baseava numa visão especializada e fragmentada, que desconsidera a relação profissional-paciente, privilegiando a intervenção lo-calizada, buscando agir sobre a doença e não nas suas causas, desconsiderando o contexto e estilo de vida do paciente (FONTES, 2007).

A expressão arquitetônica dessa visão de saúde fo-cada na doença foi o edifício hospitalar de grandes ex-tensões internas compartimentadas, em monobloco e verticalizado, que alcançou sua plenitude na segunda metade do século XX. Esta solução espacial, incentivada pelas descobertas da medicina das vias de transmissão de doenças contagiosas e do desenvolvimento de tecno-logias construtivas e mecânicas, valorizava os aspectos funcionais e tecnológicos em detrimento da qualidade ambiental. As discussões sobre humanização coincidem com um período em que na arquitetura há uma busca por abordagens diversas ao modernismo, valorizando-se aspectos de contextualização, relações ambientais, histó-ricas e sócio-culturais, considerando aspectos de percep-ção e relação do homem com o meio construído.

O projeto de arquitetura se constitui num processo de resolução de problemas espaciais, que ganhou com-plexidade na medida em que a sociedade evoluiu em di-reção a uma grande variabilidade de programas arqui-tetônicos. Desde meados do século XX, a metodologia do projeto arquitetônico vem sendo objeto de reflexão de vários pensadores (ALEXANDER, 1965, 1977; JONES, 1970, 1977; SCHON, 1983; BUCHANAN, 1992; MAHFUZ,

1995; LAWSON, 2011), preocupados em dar ao proces-so projetual maior eficiência e desempenho através do desenvolvimento de metodologias que agreguem estra-tégias para se enfrentar os problemas complexos da ar-quitetura contemporânea.

O projeto da arquitetura para ambientes de saúde, especialmente do hospital, é reconhecidamente um pro-cesso complexo, em função do seu caráter interdiscipli-nar e do elevado número de elementos a serem gerencia-dos. O projeto na arquitetura para ambientes de saúde reúne especificidades que agregam ao seu processo de resolução uma grande quantidade de variáveis, que con-correm para limitar o universo possível de soluções, ao mesmo tempo em que há a necessidade de se repensar os espaços para que a qualidade ambiental seja compa-tível ao nível de estresse e fragilidade a que os usuários estão expostos.

A busca por metodologias capazes de conduzir o profissional na complexidade do processo de concepção arquitetônica na área da saúde encontrou na medicina baseada em evidência a inspiração para se lançar um olhar mais científico sobre a arquitetura e encontrar re-lações determinantes do papel e da contribuição que a edificação pode dar à assistência à saúde.

2 ESTRATÉGIA PARA O PROJETO DE ARQUITETURA NA SAÚDE

O projeto baseado em evidências consiste numa abordagem da arquitetura que considera os resultados alcançados em pesquisas de resultados comprovados como elementos capazes de guiar as decisões de projeto para soluções com maior grau de certeza da eficiência de desempenho.

Sendo ampla a abrangência de aspectos do edifício em que uma interferência de decisão baseada em evidên-cias pode acontecer, é possível inferir que, nesse proces-so, as características do edifício possam ser exploradas sob dois aspectos básicos: nas relações estabelecidas entre seus elementos físicos e nas estabelecidas entre usuários e espaços.

Pesquisas relacionando características físicas do es-paço arquitetônico hospitalar a resultados do processo de recuperação de pacientes e no desempenho da equipe de saúde já produziram uma significativa base de evi-

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dências das potencialidades interdisciplinares entre os campos da arquitetura e da saúde, indicando não apenas que existe um amplo corpo de estudos e evidências para dar diretrizes ao projeto de arquitetura hospitalar, mas, também, que essa questão é bastante relevante. Alguns benefícios já identificados: redução de erros médicos, a redução de infecções hospitalares, a redução do estres-se do paciente e equipe, a melhora do sono, o aprimora-mento dos resultados clínicos e a prevenção de quedas (MALKIN, 2008).

Segundo Hamilton e Watkins (2009), o projeto ba-seado em evidências não pretende ser um manual de respostas prontas para problemas de projeto, mas um processo em que diretrizes são estabelecidas em conhe-cimento obtido na investigação e experiência de projetos finalizados e construídos. Uma evidência não levará a uma única solução sempre, nem mesmo quando utiliza-da em projetos similares. O contexto de projeto, profis-sionais envolvidos, situação do problema, tempo e usuá-rios do espaço, são alguns dos itens que interferirão para a variabilidade da definição de uma solução de projeto.

As próprias evidências estão sujeitas a transforma-ção em função da pesquisa realizada, ou seja, existe a possibilidade de surgir novas informações que interferi-rão no panorama do contexto em que a decisão do proje-to está sendo tomada. A evidência apresentada, portanto, não deve ser tomada como solução única, fixa e estática, pois seria imprudente e comprometedor para os res-ponsáveis pelo projeto e os usuários do edifício. Não há intenção de se estimular qualquer tipo de padronização mas, ao contrário, levar à diversidade de conceitos e so-luções.

As experiências na área da arquitetura para ambien-tes de saúde tem se beneficiado da aplicação desse mé-todo, sobretudo nos Estados Unidos. As evidências que, particularmente, tem interessado a essa área são as pro-venientes das relações entre usuários e espaços que po-dem resultar em efeitos “terapêuticos”.

Alguns estudos da arquitetura de ambientes de saú-de possuem conceitos específicos para o projeto baseado em evidências associados à ideia de que os edifícios in-fluenciam a saúde humana e o bem-estar. Na área, é um fato amplamente reconhecido a relevância das caracte-rísticas físicas dos espaços em ambientes hospitalares,

tornando-os mais seguros e menos estressantes, pro-movendo mais conforto para os pacientes e oferecendo melhores ambientes de trabalho para a equipe (ULRICH, 2006).

O projeto baseado em evidências pode ser definido como o estudo sistemático das necessidades funcionais dos espaços de saúde com o objetivo de melhoria do bem-estar e do estado físico e mental do paciente através do efeito terapêutico do projeto de arquitetura. A credibi-lidade desses argumentos passa necessariamente pelo estabelecimento de uma base de conhecimento factual sólida. A adoção da base em evidências na metodologia do projeto arquitetônico implica em uma mudança de postura por parte do arquiteto (VERDERBER, 2005).

A literatura sobre projetos baseados em evidências já permite afirmar o vínculo entre determinadas carac-terísticas do ambiente e a melhoria de desempenho nas atividades humanas. Do universo de elementos arquite-tônicos assinalados, pode-se destacar o benefício propor-cionado pela iluminação natural, a definição apropriada de iluminação dos ambientes, seja natural ou artificial, a possibilidade de visuais da natureza e previsão de espa-ço para uso da família no quarto do paciente (ULRICH et al, 2008).

3 ESPAÇOS PARA O FUTUROUma série de características do cenário contemporâ-

neo na atenção à saúde confere aos hospitais de ensino uma posição estratégica para o desenvolvimento da ex-celência na área. São cada vez mais rápidas as inovações tecnológicas na medicina, tanto em relação aos equipa-mentos e dispositivos médicos (próteses, por exemplo) quanto em relação aos procedimentos e técnicas tera-pêuticas da assistência. Isso provoca o aumento da com-plexidade técnica do exercício da assistência à saúde em razão de fatores como a especialização profissional e o surgimento de novas especialidades, a crescente multi-displinaridade dos profissionais envolvidos no cuidado a saúde e as implicações operativas da sofisticação pro-gressiva de equipamentos e das inovações biomédicas (NORD, 2011).

Os hospitais de ensino são estruturas que combinam as atividades de ensino e pesquisa científica com assis-tência à saúde, desenvolvendo ações em diversas espe-

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cialidades profissionais. Estão vinculados às instituições de ensino e têm como objetivo a formação de futuros profissionais da saúde, além do treinamento dos atuan-tes. A capacidade profissional presente nestes hospitais os habilitam a oferecer assistência de referência através de técnicas e tecnologias de vanguarda, alto desempenho e capacidade de investigação. Enquanto relacionados às universidades, o Ministério da Educação os define como

[...] centros de formação de recursos huma-nos e de desenvolvimento de tecnologia para a área de saúde. A efetiva prestação de servi-ços à população possibilita o aprimoramento constante do atendimento e a elaboração de protocolos técnicos para as diversas patologias. Isso garante melhores padrões de eficiência, à disposição da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, os programas de educação continuada oferecem oportunidade de atuali-zação técnica aos profissionais de todo o siste-ma de saúde. (BRASIL, 2014).

Embora os hospitais de ensino (ou universitários) enfrentem diversos problemas nos níveis operacional, econômico e estrutural, e ainda estejam no centro de uma ampla discussão a respeito da concepção do ensino na saúde, é fato reconhecido a relevância da sua atuação na assistência à população. Nesse sentido, para potencia-lizar sua capacidade e obter retorno de seu alto custo, há um consenso na área de que o papel destes hospitais é o de atendimento de alta complexidade (MÉDICI, 2001).

Sendo assim, os espaços para cirurgias e cuidados intensivos são de particular importância para hospitais de ensino. Estes possuem a responsabilidade de desen-volver capacidade de atendimento para um futuro que já é possível se antever nas tendências de atenção à saúde. Situações já conhecidas, como o aumento da expectativa de vida (com consequente ampliação do número de ca-sos críticos e doenças crônico-degenerativas), a mudan-ça do perfil de mortalidade e morbidade, a escassez de profissionais qualificados, a valorização do profissional intensivista, o uso de monitoramento remoto, a enferma-gem descentralizada, a proliferação de mídia eletrônica, a miniaturização de equipamentos, a dependência tecno-lógica da medicina, o cuidado centrado no paciente e a ampliação da presença da família no espaço de atendi-

mento, produzem um impacto significativo na configu-ração física dos espaços de cuidado crítico (HAMILTON; SHEPLEY, 2010).

3.1 O cuidado crítico e a arquitetura de unidades de terapia intensiva

Unidades de terapia intensiva (UTI) são espaços “[...] destinados a pacientes em estado crítico, que necessitam de cuidados altamente complexos e controle restritos.” (GÓES, 2011, p.124). Em sua configuração espacial clás-sica são ambientes impessoais e agressivos, onde os pa-cientes, quando conscientes, se encontram em estado de grande fragilidade emocional e a equipe sob alto nível de estresse. São características destes espaços campos vi-suais abertos para observação próxima e constante do paciente e o uso intensivo de recursos tecnológicos. Há elevada quantidade de equipamentos próximos ao leito, além de sistemas de monitoramento sonoro, o que man-tém o ambiente sob elevado e constante ruído.

A origem dos espaços para cuidados intensivos está no conhecimento obtido com as atividades de cuidados pós-cirúrgicos, necessários durante as guerras do sécu-lo XIX, e sua concepção está intimamente atrelada ao conceito de medicina desenvolvido no período. Florence Nightingale, durante seu trabalho na guerra observou a necessidade de pacientes de cuidado crítico estarem po-sicionados em frente à mesa da enfermagem, assim como Louisa May Alcott alojava pacientes de maior necessida-de de cuidado em quartos separados (HAMILTON; SHE-PLEY, 2010).

No século XX, a realização mais frequente de cirur-gias, possibilitadas pelo avanço técnico da medicina, tor-nou necessária uma estrutura que permitisse disponibi-lidade de equipamentos e o monitoramento do processo de recuperação pós-cirúrgico. Os quartos de recuperação onde os pacientes podiam ser proximamente observados são os precursores das UTI. Inicialmente o atendimento era geral, mas hospitais de ensino na década de 1920 já configuravam incipientes unidades de tratamento inten-sivo por especialidade.

O desenvolvimento tecnológico de sistemas de venti-lação e condicionamento do ar, ocorrido nos anos 1950 e 1960, permitiu a expansão das UTI por todo o sistema de saúde da América do Norte e de lá para outras partes

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do mundo. O modelo de UTI especializada foi construído nos hospitais de ensino e difundido durante a década de 1970. Os anos 1990 foram de investimento em modelos práticos e procedimentos clínicos para cuidados críticos especializados, surgindo a figura do especialista em cui-dado intensivo. Nos anos 2000, a insatisfação com o alto custo e a baixa qualidade da assistência motivou estudos para melhoria da performance das equipes, focando-se na adequação dos fluxos de deslocamento e caracterís-ticas do espaço em geral (HAMILTON; SHEPLEY, 2010).

O projeto para esses espaços sempre se baseou na necessidade do monitoramento contínuo dos pacien-tes, primeiramente pela observação direta e, mais tarde, através de imagens transmitidas por vídeos. Sua concep-ção espacial, portanto, nasce da busca por organizar o espaço de modo que a equipe de enfermagem possa ter amplo domínio visual dos leitos, priorizando o fluxo de trabalho em detrimento das questões de conforto e bem-estar dos usuários.

A formulação do seu leiaute mais tradicional se apóia nas premissas funcionalistas típicas da arquitetura da época de sua origem. A complexidade de resolução dos projetos, a ainda incipiente consciência e uso efetivo de estratégias metodológicas de forma ampla no processo de concepção dos edifícios, deixam espaço para que a referência do modelo espacial funcionalista ainda seja muito forte. A estratégia de se apoiar decisões de projeto em evidências pode ser libertadora, no sentido de trans-formar a referência projetual num conceito ou caracte-rística espacial mais próxima de novas experimentações formais e de leiaute.

3.2 O projeto para unidades de terapia intensivaAs questões colocadas pela busca de maior huma-

nização da atenção à saúde provocam mudanças signifi-cativas nos espaços para o cuidado crítico. As pesquisas que identificam evidências de melhoria de desempenho ou qualidade ambiental relacionadas à arquitetura con-tribuem para que o desenvolvimento do projeto se apro-xime de soluções mais eficientes.

Hamilton e Shepley (2010) defendem que para se planejar uma UTI é necessário considerar questões de projeto antes mesmo de se finalizar o programa arqui-tetônico. Fatores tais como a geometria e configuração

da unidade, a adoção do modelo centralizado ou descen-tralizado, unidades gerais ou especializadas, o fluxo dos pacientes e do cuidado crítico, as transferências e deslo-camentos junto aos leitos, a padronização e segurança, a definição do tipo de monitoramento a ser utilizado são de definição essencial no início dos trabalhos.

As recomendações quanto à qualidade do ambiente em UTI estão baseadas no conceito de Arquitetura Tera-pêutica, na qual é reconhecido que o espaço físico tem influência no processo de recuperação do paciente e em seus resultados clínicos. O objetivo destas diretrizes é o de reduzir o estresse de pacientes e equipe. Os fatores psicológicos relacionados à experiência com o ambiente que devem ser considerados no projeto são: opções de escolha e controle do desenho do espaço, possibilidades de privacidade, formas que permitam o estabelecimen-to de limites para o espaço pessoal e a territorialidade, assim como tornar possível o suporte social. Deve-se considerar como elementos estratégicos de projeto as distrações positivas, a luz solar, a amenização de ruídos e a música.

4 CONSIDERAÇÕES FINAISO aporte técnico trazido pelas evidências de pesqui-

sa na área das relações homem/ambiente construído contribuem de maneira significativa para que o processo de concepção do projeto, em geral e, mais especificamen-te, no de ambientes de saúde. Tais pesquisas, no entanto, se concentram em contextos distantes da realidade na-cional. Apesar de vários resultados transcenderem limi-tes geográficos, é importante produzir pesquisas locais que reflitam nuances culturais próprias. As evidências provenientes de pesquisas fundamentadas no campo da psicologia ambiental, sobretudo, precisam ser contextu-alizadas, pois abrangem aspectos subjetivos, com grande influência cultural.

A concepção de edifícios desenvolvida segundo esta metodologia de projeto, adotando-se uma base de co-nhecimento científico que proporcione credibilidade aos argumentos para as soluções propostas, redefine a imagem e papel social da arquitetura. É uma mudança cultural que significa, para o arquiteto, a ampliação de horizontes profissionais, adotando-se hábitos de inves-tigação mais eficientes, assumindo-se um comprometi-

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mento maior com o que é recomendado. Significa uma adaptação da própria educação arquitetônica.

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Como o Design De serviÇos PoDe aPrimorar a eXPeriÊnCia Do usuÁrio em uma uniDaDe De DiagnÓstiCo Por imagem

Gabriela Siqueira BassolsArquiteta, Especialista

RESUMO O presente trabalho analisa o serviço prestado pela

Unidade de Diagnóstico por Imagem do Hospital Moi-nhos de Vento (UDI-HMV), localizado em Porto Alegre, RS, através da ótica do design estratégico. Este projeto pretendeu mapear a atual oferta e identificar como os usuários experienciam a unidade, desvendando sua jor-nada emocional através do serviço ofertado. A partir desta análise foi projetado um novo sistema-produto de orientação visual, com o fim de que a UDI proporcionas-se melhores experiências aos seus usuários, aprimoran-do a qualidade percebida neste atendimento.

Palavras-chave: Design de serviços, Jornada emo-cional, Design estratégico.

ABSTRACT HOW SERVICE DESIGN CAN IMPROVE THE USER EXPERIENCE IN THE IMAGING DEPARTMENT

This paper analyzes the service provided by the Diag-nostic Imaging Unit (IDU) of Hospital Moinhos de Vento (HMV), in Porto Alegre, RS. Through the lens of strate-gic design and in accordance with the objectives of this study, this project aims to map the supply and identify how users experience the services of the unit, revealing the user’s emotional journey through the service offered, thus enabling the IDU provides a better experience to its users, improving the perceived quality in service.

Keywords: Design services, Emotional journey, Stra-tegic design.

1 INTRODUÇÃOSegundo Pinheiro (2011),

A maioria das pessoas vê o Design como uma disciplina meramente responsável pelo embelezamento das coisas e com uma tímida importância na geração de valor para o negócio. Ainda, com passar dos anos, o Design também ganhou uma conotação elitista, como se fosse um dom divino exclusivo de pessoas dotadas de uma mente criativa privilegiada. (PINHEIRO, 2011, p.25)

Em um mundo onde a informação perdeu a sua materialidade, transformando-se num recurso grátis, farto, diverso e inesgotável, o design de serviços visa o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos atendimen-tos ofertados, buscando a geração de valor e a criação de um diferencial competitivo para as organizações. Sendo assim, vai além das questões tangíveis, como estética e funcionalidade, contemplando aspectos imateriais, como a experiência.

Nesta metodologia, o serviço é medido de forma qualitativa, considerando que é grande a sua variedade, de acordo com a percepção de cada indivíduo. Outra ca-racterística da prestação de um serviço é a incapacidade de ser estocado, já que se tratam de elementos intangí-veis, que ocorrem no decorrer do tempo. No design de serviços, os produtos são considerados suportes, sendo responsáveis pela relação entre prestadores e usuários. A boa experiência do cliente é fundamental para o seu retorno e, consequentemente, para a saúde financeira da

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empresa (PINHEIRO, 2011). No presente estudo, aborda-se a temática do

design de serviços aplicada ao ambiente hospitalar, utili-zando-se a metodologia do Design Estratégico, através de um projeto voltado para a oferta de serviços de diagnós-tico por imagem na Unidade de Diagnóstico por Imagem do Hospital Moinhos de Vento (UDI-HMV). Por meio de diferentes ferramentas, este trabalho buscou apresentar soluções inovadoras diante das dificuldades apresenta-das. Cabe ressaltar que, apesar de fazer parte do grupo de colaboradores do HMV, a pesquisadora propôs-se a apresentar um olhar externo ao seu campo de atuação, buscando, assim, soluções e alternativas diferenciadas.

2 OBJETIVOSO objetivo principal do trabalho foi estabelecer uma

melhoria qualitativa na oferta de um serviço de saúde prestado pelo HMV, voltado para a o diagnóstico de do-enças, focando na jornada do cliente dentro de uma UDI. Como objetivos secundários, podem ser citados:

• Mapear a jornada dos usuários dentro da UDI-HMV sob diferentes pontos de vista (usuário/colaborador), observando comportamentos, analisando os pontos de contato e as emoções envolvidas em cada etapa através da realização de entrevistas e de pesquisa quantitativa;

• Identificar os principais pontos de contato do serviço com o usuário;

• Compreender a experiência do usuário ao lon-go da jornada do serviço;

• Compreender a experiência dos técnicos e en-fermeiros em relação à prestação do serviço;

• Identificar as possíveis barreiras (pontos fa-lhos), à experiência emocional positiva do usu-ário do serviço;

A nova proposta de design certamente ajudará a me-lhorar os fluxos dos pacientes, os ambientes e o confor-to proporcionado para a equipe e para o atendimento. A melhor percepção do cliente proporcionará melhoria na qualidade do atendimento. O design deverá auxiliar na humanização do acolhimento, aliando qualidade e priva-cidade ao atendimento de cada um dos usuários da UDI.

3 METODOLOGIAUtilizou-se métodos qualitativos de pesquisa, como

o blue sky, construção de cenários, estabelecimento de personas para apresentar um concept para o novo serviço por meio das ferramentas storyboard e mapa do sistema. O referencial teórico é do Design Estratégico, apoiada pela visão dos autores Celaschi e Deserti (2008), Franza-to (2008), Meroni (2008) e Reyes (2010).

Utilizou-se pesquisa semiestruturada, validada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HMV, com aceite e as-sinatura de Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE). Incluiu-se também pesquisa etnográfica para o desenvolvimento do quadro de estímulos blue sky, dos cenários, das personas, do storyboard e do mapa do sis-tema.

Realizaram-se encontros organizados na forma de uma série de atividades em grupo com o objetivo de esti-mular a criatividade e a colaboração, fomentando a cria-ção de soluções inovadoras. Foi ainda aplicado questio-nário de avaliação do serviço com 37 questões. Dos 7060 e-mails enviados para pacientes do HMV, com prazo para respostas de cinco dias, obtivemos 382 respostas.

A projeção de cenários permite ter uma visão de todo o processo de desenvolvimento da experiência do usuário no serviço. Os cenários são representações hi-potéticas que buscam solucionar problemas que possam surgir no processo de projetação. As ferramentas utiliza-das na criação do cenário são identificadas como sendo um moodboard que, segundo Marques e Remus (2008), caracteriza-se como “[...] um quadro de imagens que sim-bolizam as características daquilo que se descreve.”

Personas são arquétipos ou personagens fictícios, concebidos a partir da síntese de comportamentos ob-servados entre consumidores com perfis extremos. Re-presentam as motivações, desejos, expectativas e neces-sidades dos usuários, reunindo características signifi-cativas de um grupo mais abrangente (ANASTASSAKIS, 2010). Todo o projeto foi, desde o início, centrado no usuário, colocando-o numa imersão total na experiência projetada, seguindo a proposta de Moritz (2005). Este instrumento foi primeiramente utilizado na área do cine-

ma para a visualização do processo de desenvolvimento

de ações e cenas, sendo posteriormente adotado como

estratégia de projetação de design. É executada uma re-

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presentação visual de uma história através de quadros estáticos, compostos por desenhos, colagens, fotografias ou qualquer outra técnica disponível (VIANNA, 2012).

No mapa da oferta e da jornada identificam-se as pessoas que deverão fazer parte de cada etapa para que as ações desejadas ocorram conforme o projetado. O pensamento holístico precisa ser visualizado para en-tendermos e designarmos as estratégias em que todos os envolvidos na experiência devem se posicionar (MO-

RITZ, 2005).4 PROJETO

A partir das pesquisas semiestruturadas e da utiliza-ção das ferramentas mencionadas, observou-se que as associações negativas permeavam os exames de diagnós-tico, principalmente os de ressonância magnética, pela claustrofobia provocada em algumas pessoas ao serem colocadas em um “tubo” e/ou, ainda, pela situação do desconhecido, de possível descoberta de uma doença.

Através do projeto, com a utilização do design es-tratégico, conseguiu-se reverter esta situação, transfor-mando associações negativas em positivas.

O passo-a-passo das ações de projeto realizadas fo-ram:

• Análise do contexto sociodemográfico, para de-finição do perfil do usuário;

• Análise da empresa, para entendimento do contexto;

• Análise do usuário, para identificação dos deta-

Figura 1 - Associações negativas e positivas em relação ao exame de RNMFonte: Bassols (2012)

lhes do perfil de maior prevalência no serviço;• Mapeamento da jornada atual do serviço, para

entendimento dos pontos de contato do cliente com a marca;

• Workshop com colaboradores do serviço, ana-lisando cada etapa da jornada atual sob a ótica das pessoas que fazem parte do processo;

• Criação de cenários de projeto e personas, para escolha do cenário ideal;

• Elaboração de moodboards do cenário escolhi-

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do, para auxílio na definição dos elementos que constituirão o novo conceito;

• Definição do conceito e de um novo sistema-produto-serviço, para oferta do novo serviço reestruturado;

• Elaboração de mapa da oferta, mostrando como será a nova oferta do serviço;

• Elaboração de storyboard, contando o passo-a-passo desta nova jornada, comunicando como será ofertado o serviço final;

• Aplicação de benchmarking, entendendo outros

setores que prestam o mesmo serviço;• Aplicação de blue sky, utilizando referências de

serviços diferentes para insights de projeto;• Estabelecimento de nova jornada e seus ele-

mentos, identificando todos os recursos que serão necessários, listados fase a fase;

• Elaboração de novos produtos, reafirmando o novo conceito;

• Reformulação dos ambientes, repensando a re-lação da arquitetura na tradução do novo con-ceito.

Figura 2: Cenários de projetoFonte: Bassols (2012)

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Figura 3: Moodboard do cenário escolhidoFonte: Bassols (2012)

Figura 4: Novo sistema-produto-serviçoFonte: Bassols (2012)

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Figura 5: Mapa da ofertaFonte: Bassols (2012)

Figura 6: StoryboardFonte: Bassols (2012)

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5 RESULTADOSA análise da pesquisa e demais ferramentas apresen-

tadas anteriormente evidenciaram o perfil do usuário da UDI: predomínio do sexo feminino, idade entre 31 e 50 anos, usuários de novas tecnologias de informação e re-des sociais, já realizaram exame de ressonância magné-tica e escolhem o serviço a partir de indicação médica, com agendamento por telefone. Gostariam de receber orientações sobre o exame do callcenter, além de confir-mação por email. Além disso, foram mapeadas outras 30 características dos clientes/serviço, permitindo que se projetassem novas alternativas.

6 CONCLUSÃOO projeto descrito teve como principal resultado

apontar caminhos para que a UDI proporcione melhores experiências aos seus usuários, traduzindo o padrão de qualidade e de excelência no atendimento do HMV aos que utilizam os recursos diagnósticos da UDI-HMV. Este projeto agrega valor à instituição e comprova que é pos-sível realizar uma comunicação visual com foco em ino-vação, orientada pelo design.

Figura 7: Ambientação propostaFonte: Bassols (2012)

A proposta efetuada para este serviço despertou mudanças na percepção de valor por parte dos usuários, podendo ser estendida para as demais áreas do hospital.

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amBiÊnCia hosPitalar na reQualifiCaÇão Do ProJeto arQuitetÔniCo: o novo setor de emergência do hospital federal do andaraí, rJ

Cristiane N. SilvaArquiteta, Mestre

RESUMOEste artigo apresenta a experiência de requalifica-

ção do projeto para construção do prédio que abrigará o novo setor de emergência, no Hospital Federal do Anda-raí, RJ. Nesta intervenção, efetuada segundo as diretrizes determinadas pela ambiência hospitalar estabelecidas pelo Ministério da Saúde no programa HumanizaSus, o projeto arquitetônico foi reavaliado em várias sessões de discussão com os diversos profissionais envolvidos nos processos de trabalho da emergência do hospital. Esta prática proporcionou a execução de alterações impor-tantes nos espaços projetados e sua melhor adequação aos serviços que nele serão prestados, não somente em função das colocações dos profissionais, mas compati-bilizando-as com os conceitos da humanização, da RDC 050/2002 e demais normativas. Vivenciar o processo de requalificação foi uma experiência extremamente in-teressante. A oportunidade de assimilar novos conceitos de como exercitar o processo projetual, exercer estes conceitos na prática com um grupo, inicialmente extre-mamente desconfiado da abertura de espaço às suas opi-niões, e poder observar o resultado, foi uma das partes mais interessantes do trabalho já executado e do que está em planejamento.

Palavras-chave: Ambiência, Humanização, Emer-gência.

ABSTRACTHOSPITAL’S AMBIENCE IN THE REQUALIFICATION OF THE ARCHITECTURAL PROJECT: The New Emergency Depart-ment of the Federal Hospital Andaraí in Rio de Janeiro.

This article will describe the experience of the rede-velopment project for the building that will receive the new Emergency Department (E.D) at the Federal Hospi-tal Andaraí in Rio de Janeiro. In this intervention to reha-bilitation --performed according to the Ministry of He-alth – HumanizaSUS guidelines of hospitals ambiances-- several groups, including professionals involved in the work processes of the hospital’s E.D, have discussed and reviewed its architectural design issues. These discus-sions have provided significant changes that will make the E.R suitable for its future purposes; not only in ter-ms of placement of professionals, but also to make these changes compatible with the concepts of humanization, the RDC 050/2002, and other regulations. The process of redevelopment was an extremely interesting experience. I had the opportunity to assimilate new concepts of the design process, and incorporate these concepts into a group that was not certain about voicing their opinions. Consequently, I was able to observe the effectiveness of the process, and it resulted in one of the most interesting pieces of work that was implemented and that is being advanced in the time coming.

Keywords: Ambiance, Humanization, Emergency.

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1 INTRODUÇÃONo ano de 2013, foi oferecido pelo Ministério da

Saúde/Qualisus um curso para formação-intervenção de apoiadores temáticos em ambiência na saúde, que apon-tava como objetivo principal

Formar arquitetos e engenheiros para a discussão da ambiência, instrumentalizan-do-os para a análise e elaboração de projetos arquitetônicos e para a orientação das inter-venções nos espaços físicos do SUS a partir do referencial da Ambiência, de modo que possam qualificar suas práticas na análise e elaboração de projetos arquitetônicos na saúde e atuar como apoiadores de Ambiência no SUS. (BRA-SIL, 2014)

A ideia que a maior parte das pessoas tem de “am-biência” é a de organização arquitetônica dos espaços constituindo um meio físico e, ao mesmo tempo, estético ou psicológico, especialmente preparado para o exercício de atividades específicas. As discussões sobre ambiência proporcionadas pelo curso citado, propiciaram verificar que um equívoco de entendimento sobre o assunto é co-mum na maior parte dos profissionais de arquitetura e engenharia envolvidos na área de saúde, desconhecen-do-se grande parte do que ditam as políticas do SUS.

A adoção do conceito de ambiência, conforme apre-sentado pelo HumanizaSUS, proporciona a compreensão do processo de projetar como um ato “[...] além da mera composição técnica, simples e formal dos ambientes [...]” (BRASIL, 2013), como um processo de apreender meios, hábitos, espaços, processos e valores.

Tratando-se especificamente de Unidades de Emer-gência, a orientação da ambiência deve considerar não somente o acolhimento com classificação de risco e prio-rização do atendimento pelo nível de gravidade do pa-ciente, mas “[...] as práticas, os processos de trabalho e os modos de viver e conviver nesse espaço.” (PESSATI, 2012).

Este artigo apresenta a experiência de intervenção na requalificação do projeto para construção do prédio que abrigará o novo setor de emergência no Hospital Federal do Andaraí, RJ (HFA). O projeto arquitetônico, atualmente sob a responsabilidade do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH-RJ/MS), foi discutido e avaliado

em várias reuniões com os profissionais envolvidos nos processos de trabalho da unidade, proporcionando uma melhor adequação dos espaços aos serviços que nele se-rão prestados.

2 SOS EMERGÊNCIAS, HUMANIZAÇÃO E AMBIÊNCIA

2.1 O Programa SOS EmergênciasO programa SOS Emergências é uma ação estratégi-

ca prioritária do Ministério da Saúde para a qualificação do Componente de Atenção Hospitalar da RUE (Rede de Urgência e Emergência), realizada em conjunto com os estados, o Distrito Federal e os municípios para a melho-ria da gestão e do atendimento de usuários do SUS nas maiores e mais complexas portas de entrada hospitala-res de urgência do SUS.

De acordo com a Portaria MS/GM nº 1.663, de 6 de agosto de 2012 (BRASIL, 2012), os objetivos do progra-ma SOS Emergências são:

• estimular a organização e a implantação da RUE, buscando um pacto cooperativo entre as instâncias de gestão do SUS;

• intervir de forma organizada, ágil e efetiva so-bre a oferta do cuidado nas grandes emergên-cias hospitalares do SUS;

• assessorar tecnicamente a equipe dos hospitais participantes do programa e oferecer capacita-ção;

• apoiar as unidades hospitalares para a melho-ria da gestão e da qualidade assistencial por meio da implantação de dispositivos como a classificação de risco, gestão de leitos, implan-tação de protocolos clínico-assistenciais e ad-ministrativos, adequação da estrutura e ambi-ência hospitalar, regulação e articulação com o sistema de saúde e

• possibilitar a readequação física e tecnológica dos serviços de urgência e emergência.

2.2 Humanização e a Ambiência em SaúdeA Política Nacional de Humanização (PNH) foi criada

em 2003 e, desde a sua criação, atua em vários âmbitos de intervenção, expandindo-se e aprofundando a abertu-ra de frentes de ação e atuação (BRASIL, 2012). Pode-se dizer que a Rede de Humanização em Saúde é um proces-

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so de construção permanente e solidária de cidadania, considerando cada sujeito em sua especificidade – em sua história de vida mas, também, como sujeito de um coletivo.

A PNH se baseia em conceitos que facilitam a orien-tação dos usuários e trabalhadores para concretizar a humanização da atenção e gestão da saúde, tais como: acolhimento, cogestão, clínica ampliada, equipes de refe-rência e ambiência hospitalar.

A compreensão de ambiência como diretriz da PNH é norteada por três eixos principais:

• O espaço que visa a confortabilidade;• O espaço como ferramenta facilitadora do pro-

cesso de trabalho e• A ambiência como espaço de encontros entre

os sujeitos.A ambiência discutida isoladamente não muda o

processo de trabalho, já que este está muito mais rela-cionado com a postura e entendimento de processos e práticas já instituídos e adotados rotineiramente pelos trabalhadores e gestores do setor de saúde. Segundo a Cartilha de Ambiência do Ministério da Saúde, “[...] a construção do espaço deve propiciar a possibilidade do processo reflexivo [...]”, contribuindo para a construção de novas situações e transformação de paradigmas.

No âmbito dos prontos socorros e serviços de aten-dimento à urgência e emergência, o Atendimento com Classificação de Risco (ACCR) é uma das principais fer-ramentas para viabilizar a segregação por nível de gravi-dade. A distribuição das áreas/eixos de atendimento nas emergências direciona esse atendimento, sendo de gran-de importância que as propostas arquitetônicas auxiliem na sua resolutividade (BRASIL, 2013).

Ao executar um projeto deste tipo, o arquiteto não pode considerar somente as normas vigentes, mas esta-belecer o diálogo com profissionais de saúde e usuários, a fim de verificar a adequação dos fluxos estabelecidos, o modo de executar o trabalho e as reais necessidades do setor.

3 OS PROJETOS NOS HOSPITAIS FEDERAIS DO RIO DE JANEIRO

Cada um dos Hospitais Federais, bem como o DGH-RJ/MS, possui setores próprios de infraestrutura, com-

postos de equipes de engenharia e arquitetura exíguas, nem sempre tecnicamente preparadas para o desenvol-vimento de todas as tarefas que lhe são solicitadas. Os projetos são solicitados e executados sob diretrizes ex-tremamente verticalizadas, sendo em poucos momentos considerados todos os atores intervenientes na utiliza-ção/operação dos espaços. As intervenções são executa-das, na maior parte das vezes, em prazos tecnicamente inadequados, com conteúdo incompleto, desconsideran-do a opinião do técnico que atua no setor, bem como a dos usuários a quem se destinam.

A escolha do projeto da emergência do HFA para ser objeto de requalificação segundo o conceito da ambiên-cia ocorreu em função da necessidade de se atuar na in-vestigação da adequação dos processos de trabalho. O maior desafio para este projeto foi, efetivamente, conse-guir mostrar a necessidade da discussão para obtenção de um diagnóstico, mapeando a relação do setor de aten-dimento de emergência com os demais do hospital. Foi necessário estabelecer uma abordagem extremamente cuidadosa, a fim de propiciar as discussões fundamen-tais, abrangendo o maior número de pessoas vinculadas aos setores projetados no pouco tempo disponível.

4 A EMERGÊNCIA DO HFA E A AMBIÊNCIA APLICADA AO PROJETO

Atualmente a emergência do HFA funciona proviso-riamente em dois locais: o atendimento do trauma, a UPG e a observação estão situados em dois pavimentos da UPE. O atendimento dos pacientes do eixo azul se dá em uma edificação de divisórias, apelidada de “tenda”, onde é feita a classificação de risco e o primeiro atendimento por clínico geral, direcionando-os para outros setores, medicação e/ou liberação. A tenda foi criada como solu-ção provisória, para atender à desmobilização da emer-gência anterior, assimilar este atendimento e liberar o espaço para demolição. Esta situação, que permanece há, aproximadamente, três anos, gerou uma dissociação entre os profissionais que atendem/trabalham nas áreas hoje separadas fisicamente, uma vez que na tenda fun-cionam os serviços relativos ao eixo azul e, em ambientes adaptados na UPE e emergência pediátrica, funcionam o setor de trauma, a observação e a UPG.

A separação física das áreas de trabalho fez com que

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os profissionais passassem a pensar seus espaços como setores isolados, não pertencentes à mesma emergência do hospital. Este fato fez aumentar as exigências particu-lares de cada setor, ou ainda somente para o conforto dos próprios profissionais, colocando-se em segundo plano a assistência como um todo.

Os usuários, infelizmente, não fizeram parte do pro-cesso de definição das áreas, em função do pouco tem-po disponível para a realização de reuniões. Quanto à intervenção mais especificamente, logo nas primeiras conversas com a apoiadora local do SOS Emergência e a apresentação do projeto de arquitetura existente, con-seguimos verificar diversos problemas relacionados aos fluxos de trabalho do setor. Em função desta verificação, e com a idéia da intervenção sobre a ambiência para o projeto da emergência, foi iniciada a articulação para que pudéssemos levar o projeto até os demais trabalhadores do setor, rever e discutir a adequação dos ambientes aos fluxos e processos de trabalho, de forma a alcançar os re-sultados desejados sem ferir suscetibilidades.

No início das conversas com alguns médicos chefes de equipes, o coordenador de planejamento, a chefia de assistência e a chefia da emergência do HFA, mostramos os problemas já identificados e iniciamos outra discus-são sobre a adequação dos espaços assistenciais – que foram afetados minimamente para atender a questões técnicas na alteração anterior à efetuada na intervenção.

Este processo trouxe para a discussão do projeto as lideranças das equipes médicas ligadas à emergência e fez com que o assunto fosse exposto à Direção de Assis-tência do DGH de uma forma mais específica. Atualmente são realizadas reuniões periódicas com a empresa cons-trutora, a chefia de infraestrutura e a coordenação da emergência para alinhar questões técnicas pertinentes à interferência das etapas futuras da obra no funciona-mento dos prédios existentes, bem como para elaborar planos de contingência para as situações criadas por es-tas interferências. São realizadas também reuniões peri-ódicas para discussão e levantamento dos equipamentos necessários, para quantificação e o dimensionamento de recursos humanos, o estabelecimento de protocolos de trabalho e interação da emergência com os demais seto-res do hospital.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido até a fi-nalização da obra e inauguração do novo setor e, durante este período, serão feitas outras discussões sobre todas as intercorrências que surjam com o desdobramento e o andamento dos serviços. Essas novas reuniões serão fun-damentais para a reavaliação dos processos de trabalho, conscientização dos funcionários sobre as alterações e adequações necessárias e, principalmente, para propi-ciar a interação entre estes profissionais, atualmente prejudicada pela distância física entre os setores.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.A gestão executada no HFA não difere da que é en-

contrada nos demais Hospitais Federais no Rio de Janei-ro, com um diretor médico (diretor do hospital) e um di-retor administrativo. Este tipo de organização ocasiona diversos problemas quando se colocam questões técni-cas em discussão e o máximo que se consegue é discutir novos projetos com as chefias médicas dos setores soli-citantes.

As direções normalmente são movidas por pressões internas e é extremamente difícil colocar as razões téc-nicas para definições, prioridades e prazos de execução de serviços ligados à arquitetura. Esse tipo de posiciona-mento é o principal causador de obras mal planejadas, projetos inadequados e paralisações para readequação, que acabam demandando mais tempo do que o realmen-te necessário.

As discussões amplas, mesmo limitadas, foram ex-tremamente proveitosas. A parte dos trabalhadores que pôde ser consultada, recebeu muito bem a sugestão de repensar os espaços de acordo com seus processos de trabalho e de repensar os processos de trabalho em fun-ção da limitação espacial. A ideia de que, uma vez esta-belecido um meio de execução de alguma tarefa, este se torna imutável, mesmo sendo derivado de situações ina-dequadas no atendimento, é uma constante. Explicar e mostrar a estes trabalhadores que existem outros meios de executar as tarefas e, desta forma, melhorar os pro-cessos para todos é gratificante, principalmente quando eles mesmos começam a questionar e oferecer soluções.

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REFERÊNCIASBRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à

Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual Instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e Emer-gências no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humaniza-ção, Ambiência, 2. Brasília, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações programáticas e Estraté-gicas. Cadernos HumanizaSUS, v. 3, Atenção Hospitalar. Brasília, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.663. Brasília, 2012

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Política Nacional de Humanização da Atenção e Ges-tão do SUS, Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência. Brasília, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS, Acolhimento com Avaliação e Classi-ficação de Risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília, 2004a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Núcleo Técnico da Polí-tica Nacional de Humanização. HumanizaSUS: a clínica ampliada. Brasília, 2004b.

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PlaneJamento De uniDaDes De DiagnÓstiCo e teraPia Das neoPlasias malignas: a experiência do Centro de Diagnóstico e terapia do Câncer do noroeste mineiro

Aline Christiane Bezerra Lopes de AndradeArquiteta, Especialista

Denise Regina Frees GattoArquiteta, Especialista

Thalita Lellice Morais CampeloArquiteta, Especialista

RESUMOTendo em vista o aumento da quantidade de casos

de câncer em todo o mundo, surge a necessidade de se disponibilizar novos serviços de diagnóstico e tratamen-to nos estabelecimentos assistenciais de saúde especia-lizados em oncologia. Na região do Noroeste Mineiro, a entidade filantrópica Associação Noroeste Mineiro de Estudos e Combate ao Câncer se propôs a instalar um estabelecimento voltado ao diagnóstico e tratamento do câncer, cuja edificação está sendo executada no municí-pio de Unaí. Este artigo relaciona a metodologia de pro-gramação físico-funcional da RDC 50/2002 ao processo de planejamento de unidades voltadas ao diagnóstico e terapia de câncer, por meio de uma revisão de aspectos da norma, com enfoque em sua parte II – programação físico-funcional dos estabelecimentos assistenciais de saúde. Para tanto, apresenta, de maneira breve, o exem-plo do projeto arquitetônico do Centro de Diagnóstico e Terapia do Câncer do Noroeste Mineiro. O projeto foi desenvolvido de maneira voluntária e é voltado a um equipamento de saúde destinado a atender a população de dezessete municípios. Com este trabalho, pretende-se contribuir na produção de conhecimento sobre projetos arquitetônicos de estabelecimentos especializados em oncologia, uma vez que há uma crescente demanda por estes serviços.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Oncologia, Centro de diagnóstico do câncer.

ABSTRACTPLANNING OF DIAGNOSTICS AND THERAPY

UNITS OF MALIGNANT NEOPLASMS: the experience of the Center for Cancer Prevention and Therapy of Northwest of Minas Gerais

Given the increasing number of cancer cases worldwide, as well as the prediction by the World Health Organization (WHO) of the increase in cases of the disease in the next two decades, comes the need to provide diagnosis and treatment by specialized health care facilities. In the northwestern region of the state of Minas Gerais, the charity ANMECC (Association of the Northwestern of Minas Gerais for the Study and Fight against Cancer) proposed to install a hospital for the diagnosis and treatment of cancer, which construction is being performed at Unai. This paper relates the methodology of physical and functional programming of RDC 50/2002 to the process of planning units devoted to the diagnosis and therapy of cancer, through a review of some aspects of the regulation, focusing on its Part II - Physical and Functional Programming of health care facilities. Moreover, presents, briefly, the architectural project of the Center for Cancer Diagnosis and Therapy of the Northwest of Minas Gerais as a way to exemplify the application of the methodology. The project was developed on a voluntary basis and is intended to serve populations of a total of seventeen cities. This work aims to contribute to the production of knowledge about physical projects of establishments specialized in

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oncology, since there is a growing demand for related services.

Keywords: Hospital architecture, Oncology, Center for Cancer Diagnosis.

1 INTRODUÇÃOO incremento da ocorrência de neoplasias malignas

é uma realidade em todo o mundo. O número de casos de câncer vem aumentando nos últimos anos e a previsão da Organização Mundial da Saúde é que haja um acrésci-mo de 50% nas ocorrências, nas próximas duas décadas. Dentre as causas para tal fenômeno, pode-se apontar os hábitos e costumes sociais e culturais que induzem a es-tilos de vida não saudáveis. A obesidade, o tabagismo e o sedentarismo são apontados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) como fatores de risco para a doença. Além disso, o aumento da expectativa de vida faz crescer o número de pessoas que compõem a faixa etária de ris-co para desenvolvimento da doença.

Essa situação tem estimulado a construção de Es-tabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) especiali-zados no tratamento da doença em diversas regiões do país, a exemplo do Hospital de Câncer de Barretos, no estado de São Paulo, dos Hospitais do Câncer I e II, vincu-lados ao INCA, no estado do Rio de Janeiro, e dos hospi-tais vinculados à Liga Contra o Câncer, no estado do Rio Grande do Norte.

A dificuldade de acesso ao tratamento na região do Noroeste Mineiro estimulou a Associação Noroeste Mi-neiro de Estudos e Combate ao Câncer (ANMECC), se-diada em Unaí, Minas Gerais, a idealizar a construção, na própria região, de um EAS especializado em oncologia. O apoio de lideranças políticas e da comunidade em geral, que se mobilizou para obter recursos por meio de cam-panhas e doações, tem possibilitado a concretização do plano de construção do EAS. O projeto arquitetônico foi idealizado, assim como todas as demais ações da associa-ção, sem qualquer fim lucrativo e de maneira voluntária, em todas as etapas de desenvolvimento.

O presente trabalho visa a relacionar a metodologia de programação físico-funcional da RDC 50/2002 (BRA-SIL, 2004) ao processo de planejamento físico de unida-des voltadas ao diagnóstico e terapia de câncer, por meio de uma revisão de aspectos da norma, com enfoque em

sua parte II, programação físico-funcional dos estabele-cimentos assistenciais de saúde, item 2, organização fí-sico-funcional e item 3, dimensionamento, quantificação e instalações prediais dos ambientes. Por fim será apre-sentado, de maneira breve, o caso do projeto arquitetô-nico do Centro de Diagnóstico e Terapia do Câncer do Noroeste Mineiro, exemplificando a aplicação da meto-dologia no resultado do projeto.

2 PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE DIAGNÓSTICO E TERAPIA DAS NEOPLASIAS MALIGNAS

A principal referência no planejamento de qualquer edificação que se destine a um EAS é a Resolução da Dire-toria Colegiada nº 50, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), datada de 21 de fevereiro de 2002 (BRASIL, 2004). De acordo com a norma, o programa de necessidades é o ponto de partida para o desenvolvi-mento do projeto de EAS. Esse programa físico-funcional define as características dos ambientes necessários ao desenvolvimento das atividades previstas na edificação. Após consolidado o programa é que se deve partir para as etapas seguintes de estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo.

A metodologia de programação físico-funcional pro-posta pela RDC 50/2002 exclui a ideia de programas e projetos pré-estabelecidos, orientando a elaboração de um programa vinculado a cada realidade loco-regional. O rol de atribuições e a vasta listagem de atividades dis-ponível no regulamento admitem diversas composições, que resultam em várias tipologias (modelos funcionais) de EAS. É a composição de atribuições proposta que defi-nirá a tipologia própria a ser implantada.

A listagem contém as atribuições e atividades, com a qual se pode montar o estabelecimento desejado, ou seja, reunindo-se determinado grupo de atribuições-fim, associadas às atribui-ções de apoio necessárias ao pleno desenvolvi-mento das primeiras, define-se um estabeleci-mento específico.Para tanto se deve selecionar as atribuições que participarão do programa de atividades do estabelecimento, de acordo com as necessi-dades da instituição, do município, da região e

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do estado, baseadas na proposta assistencial a ser adotada. Desta forma a decisão do tipo de estabelecimento a ser implantado será dos ges-tores, dos técnicos e da comunidade envolvida [...]. (BRASIL, 2004, p.22).

De acordo com o INCA (2014), a base para o diag-nóstico clínico do câncer é constituída pela anamnese e pelo exame físico. A partir desses métodos, pode-se en-caminhar o paciente em investigação para exames com-plementares, que também são indicados para detecção de recidivas, controle da terapêutica e rastreamento de grupos de risco. O Instituto aponta os exames laborato-riais, de registros gráficos, endoscópicos e radiológicos, inclusive ultra-sonográficos e de medicina nuclear, como meios para se obter avaliação anatômica e funcional do paciente, avaliação do tumor e suas complicações.

Passada a etapa de diagnóstico, e sendo confirmada a presença do tumor maligno, o paciente é encaminhado para a fase de tratamento. O INCA (2014) aponta como métodos de tratamento: a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia e o transplante de medula óssea. Esses mé-todos podem ser indicados de maneira isolada ou combi-nados entre si, a depender do tipo de tumor.

Tomando como base os métodos anteriormente cita-dos, definidos pelo INCA como aqueles mais importantes no diagnóstico do câncer, identifica-se que o programa de necessidades de um EAS com tal finalidade deve con-siderar a disponibilização dos ambientes corresponden-tes às seguintes unidades funcionais:

• Unidade Funcional de Atendimento Ambulato-rial (para etapa de anamnese e exames físicos);

• Unidade Funcional de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, com os serviços:o Patologia Clínica (Laboratório de Análises

Clínicas, onde se realizem os exames labo-ratoriais);

o Imagenologia (exames complementares de endoscopia, radiologia e ultrassonografia, dentre outros);

o Medicina Nuclear (para os métodos de diagnóstico correspondentes).

Com relação aos ambientes destinados aos processos de tratamento, todos a serem relacionados encontram-se na Unidade Funcional de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, devendo corresponder às atividades dos setores: Centro Cirúrgico, Radioterapia e Quimioterapia.

O fato de todas essas unidades destinarem-se a ati-vidades voltadas ao diagnóstico e tratamento de câncer não significa que qualquer estabelecimento com essa finalidade, obrigatoriamente, deva dispor de todas elas, uma vez que, a depender do perfil assistencial de cada EAS, pode-se optar por disponibilizar apenas algumas destas atividades.

Deve-se considerar, ainda, que, ao optar por determi-nado método de diagnóstico e tratamento, é imprescin-dível verificar a necessidade de se disponibilizar outras atividades complementares e atribuições relacionadas, como internação de pacientes, apoio técnico, logístico e de infraestrutura, a exemplo de Centro de Material e Esterilização, Unidade de Nutrição e Dietética, Farmá-cia, Unidade de Processamento de Roupas, assim como Unidade de Apoio Administrativo e Unidade de Ensino e Pesquisa.

A depender do programa definido pelo estabeleci-mento, os processos de diagnóstico e terapia podem ser realizados integralmente no próprio estabelecimento, como se pode firmar parcerias, convênios e terceiriza-ções, de modo que se disponha dos serviços e atividades em estabelecimentos distintos, que integrem a rede de saúde da região.

Definidas as unidades que constarão no programa do estabelecimento, as tabelas de ambientes disponíveis na norma são decisivas para a determinação dos espaços necessários em cada unidade funcional, bem como sua quantificação, dimensões e instalações prediais impres-cindíveis, com base em cada atividade que se realizará no estabelecimento. A disposição das unidades e ambientes deverá refletir as relações de fluxos e acessos que se deve manter entre eles. A relação funcional necessária pode ser consultada por meio do sistema SOMASUS, do Minis-tério da Saúde (BRASIL, 2014).

Em geral, os requisitos físicos a serem contemplados no planejamento de tais unidades dentro do EAS devem ser obedecidos conforme preconiza a RDC 50/2002, não somente sob o aspecto de programação físico-funcional, mas com relação às instalações prediais, materiais de acabamento etc. Além dessa norma, também devem ser consultadas e obedecidas outras normas específicas, tais como: portaria 453/1998 (BRASIL, 1998), que trata de uso e proteção radiológica em radiodiagnóstico; RDC nº 220/2004 (BRASIL, 2004), que regulamenta o funciona-mento dos Serviços de Terapia Antineoplásica; RDC nº

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06/2013 (BRASIL, 2013), sobre serviços de endoscopia; assim como NBR 9050 (ABNT, 2004), que define crité-rios de acessibilidade e NBR 7256 (ABNT, 2005), sobre tratamento de ar em EAS.

3 O CENTRO DE DIAGNÓSTICO E TERAPIA DO CÂNCER DO NOROESTE MINEIRO

O terreno disponível para intervenção foi doado à ANMECC pela Prefeitura Municipal de Unaí, com área total de 17.000m2. Seu acesso é permitido pela rodovia Brasília-Unaí, no bairro Riviera Parque, próximo ao ae-roporto da cidade, o que o torna acessível às populações dos demais 16 municípios que o estabelecimento se pro-põe a atender.

A pretensão inicial de se construir um estabeleci-mento completo, em que se dispusesse de todos as uni-dades necessárias aos processos de diagnóstico e tera-pia, em todas as modalidades, esbarrou, de imediato, na limitação de recursos financeiros. Por esse motivo, ao longo do processo de planejamento, o programa foi sen-do sintetizado de modo a se chegar a uma proposta de edificação que fosse possível dispor, inicialmente, das se-guintes atribuições, conforme listagem da RDC 50/2002:

• Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia;

• Prestação de atendimento de apoio ao diagnós-tico e terapia, com atividades de patologia clíni-ca, imagenologia, procedimentos endoscópicos e quimioterapia;

• Prestação de serviços de apoio técnico, por meio de assistência farmacêutica e diluição de quimioterápicos,

• Formação e desenvolvimento de recursos hu-manos e de pesquisa;

• Prestação de serviços de apoio à gestão e exe-cução administrativa;

• Prestação de serviços de apoio logístico, tais como: manutenção, conforto e higiene, limpeza, zeladoria e infraestrutura predial.

A partir da definição dessas atribuições, a distri-buição dos ambientes, suas quantificações e dimensões foram determinadas de acordo com as tabelas da RDC 50/2002.

A configuração e as dimensões do terreno direciona-ram à adoção de um partido pavilhonar, concebendo-se uma edificação formada, inicialmente, por três blocos interligados entre si, com reserva de área para futuras ampliações.

A primeira etapa do Hospital do Câncer do Noroes-te Mineiro totalizou uma área de 7.532m², com previsão de ampliações futuras de aproximadamente 18.000m², onde será possível disponibilizar unidades como: Inter-nação, inclusive intensiva, Centro Cirúrgico, Radiotera-pia, Nutrição e Dietética e Processamento de Roupas.

Os blocos foram distribuídos da seguinte maneira:• Bloco 01 – No térreo: Unidade de Recepção e

Consultórios. No pavimento superior: Adminis-tração e Unidade de Ensino e Pesquisa.

• Bloco 02 – Unidade de Imagenologia. • Bloco 03 – No térreo e pavimento superior:

Unidade de Quimioterapia. No subsolo: Manu-tenção, Conforto e Higiene.

Na figura 1 é possível visualizar a implantação dos três primeiros blocos a serem construídos e as proje-ções das ampliações futuras.

Figura 1: Implantação da edificação e indicação de acessos.Fonte: os autores

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No bloco 01, que contém o acesso principal e a re-cepção geral do EAS, buscou-se localizar os consultórios, de modo que sejam facilmente acessados pelos pacien-tes externos, como pode ser observado na figura 2. Por outro lado, a disposição proposta não permite que os

usuários tenham acesso às demais dependências do es-tabelecimento sem autorização. Esta unidade é próxima do diagnóstico e da terapia, que poderão ser acessados a partir do bloco 01 por meio de circulações horizontais ou verticais (escadas e elevadores).

Figura 2: Planta baixa da unidade de Atendimento Ambulatorial.Fonte: os autores.

Para a unidade de Imagenologia foi proposto um flu-xo que proporcionasse a seguinte sequência: recepção, espera, realização do exame, análise da imagem, libera-ção do paciente. Embora o acesso de pacientes a essa unidade seja através do bloco 01, foram disponibilizadas salas de recepção e espera independentes. Os laudos de

resultados podem ser entregues imediatamente após o

exame ou em data posterior. Em uma área restrita desse

bloco, os pacientes dispõem de vestiários para os casos

em que seja necessária a troca de roupas. A planta dessa

unidade é mostrada na figura 3.

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A unidade de Quimioterapia receberá o paciente já diagnosticado e encaminhado ao tratamento. O acesso

Figura 3: Planta baixa da Unidade de Imagenologia.Fonte: os autores.

exclusivo evita o cruzamento de pacientes em terapia com os ambulatoriais (ver figura 4).

Figura 4: Unidade de Quimioterapia. Destaque para o acesso independente das demais unidades.Fonte: os autores.

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A assistência deste estabelecimento de saúde será em regime ambulatorial e de hospital-dia. Estima-se que na unidade Ambulatorial serão atendidos, em média, 640 pacientes por dia. Na unidade de Imagenologia serão realizados 196 exames diários e na unidade da Quimiote-rapia serão atendidos, em média, 180 pacientes por dia. O centro de diagnóstico e terapia atenderá, aproximada-mente, 1016 pessoas por dia.

Procurou-se conceber uma edificação com abertu-ras posicionadas para melhor entrada de iluminação e ventilação, permitindo a integração entre os blocos, com espaços onde os usuários pudessem sentar e contemplar jardins e obra de arte. A especificação de materiais de acabamento observou a classificação dos ambientes em áreas críticas, semi-críticas e não críticas, a fim de aten-der aos requisitos de limpeza e sanitização de superfí-cies.

Buscou-se adequar os espaços às atividades defi-nidas após elaboração do programa de necessidades. Priorizou-se a compatibilização da proposta às normas vigentes, o conforto ambiental e a humanização, possi-bilitando a incorporação de novas tecnologias aliadas a uma arquitetura funcional, que atenda às condições ne-cessárias ao adequado uso de um estabelecimento assis-tencial de saúde.

4 CONSIDERAÇÕES FINAISO caso de projeto apresentado foi analisado e apro-

vado pelas autoridades locais competentes, exemplifi-cando a aplicação das orientações normativas e funcio-nais, uma vez que o projeto passou por todas as etapas necessárias à autorização de sua execução.

Acredita-se que o presente trabalho contribui como uma orientação à prática projetual desse tipo de estabe-lecimento, cujos serviços apresentam crescente deman-da para os próximos anos e, portanto, devem integrar de maneira significativa a rede de saúde em diversas regi-ões do país.

REFERÊNCIAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-

NICAS. NBR 7256: 2005. Tratamento de ar em unidades médico assistenciais. Rio de Janeiro, 2005.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-

NICAS. NBR 9050: 2004. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Ja-neiro, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. SomaSUS: Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos. Disponível em: <www.saude.gov.br/somasus>. Acesso em: jan. 2014.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. 2. Ed. Brasília, 2004.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 220/2004. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/a5d8d680474597419facdf-3fbc4c6735/RDC+N%C2%BA+220-2004.pdf?MOD=A-JPERES. Acesso em: jan. 2014.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 06/2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0006_10_03_2013.html> . Acesso em: jan. 2014.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria. Portaria MS/SVS nº 453, de 1998. Disponível em: <http://www.conter.gov.br/uploads/legislativo/porta-ria_453.pdf>. Acesso em: 09 mai. 2011.

INCA – INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. O que é o câncer. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322>. Acesso em: 19 mar. 2014.

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anÁlise Dos ParÂmetros De Conforto amBiental: estudo de caso da unidade de pronto atendimento de samambaia no Distrito federal

Renata Rosa Bernardes Lima Arquiteta

Eliomar Araújo de LimaEngenheiro Eletricista, Doutorando

Darja Kos BragaArquiteta, Mestre

RESUMOO presente trabalho procura avaliar as condições de

conforto ambiental em uma Unidade de Pronto Atendi-mento (UPA) implantada no Distrito Federal. Para inves-tigar as características higrotérmica, acústica, luminosa e visual do espaço foi escolhida a UPA de Samambaia como objeto de estudo. A investigação foi feita a partir de uma concepção qualitativa, de caráter exploratório, utilizando-se de pesquisa bibliográfica, normas, resolu-ções vigentes para a implantação de estabelecimentos assistenciais de saúde, observações visuais e fotográfi-cas, além da aplicação de entrevistas. Após a análise dos dados obtidos, confrontando-os com os requisitos pre-conizados na literatura que trata do conforto ambiental, verificou-se que a referida UPA não apresenta condições adequadas e satisfatórias em termos de infraestrutura ambiental.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Unidade de pronto atendimento, Conforto ambiental.

ABSTRACTENVIRONMENTAL COMFORT PARAMETERS ANAL-

YSIS: a case study in federal district Samambaia’s emergency care unit

This study evaluates the conditions of environmen-tal comfort in the Emergency Care Unit (UPA) located in the Federal District, in the light of a theoretical frame-work based heavily on the contributions of recent years.

To investigate the hygrothermal, sound, light and visual space characteristics, we chose the UPA Samambaia, as the object of study. The investigation was taken from the qualitative design, exploratory, using bibliographic re-search, standards and resolutions in force for the imple-mentation of health care facilities and visual and photo-graphic observations and interview. After data analysis, comparing them with the requirements recommended by the literature on environmental comfort, it was found that the UPA does not have adequate and satisfactory condition in terms of infrastructure.

Keywords: Hospital Architecture, Emergency care unit, Environmental Comfort.

1 INTRODUÇÃOO desenvolvimento das Unidades de Pronto Atendi-

mento (UPA) tem o propósito de organizar o sistema de saúde no Brasil, desempenhando importante papel para o atendimento assistencial de saúde à população, espe-cialmente a mais carente. De acordo com a portaria nº 1.601, de 2011, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), as UPA são estruturadas de forma a cumprir o papel de atendimento secundário de média complexidade, tendo como base uma série de serviços médicos prestados pela rede organizada do Sistema Único de Saúde (SUS).

Este trabalho foi desenvolvido a partir das análises da UPA implantada na Região Administrativa de Samam-baia, no Distrito Federal, consubstanciada pelo levanta-

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mento da literatura especializada. Consiste de um estudo investigativo sobre as condições de conforto ambiental, permitindo identificar situações e problemas que impac-tam no nível de planejamento arquitetônico. Para tanto, consultaram-se normas, resoluções e portarias vigentes para a implantação de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), além de um breve histórico da implantação de serviços assistências à saúde no Brasil e a criação da portaria GM/MS 2.048, de 2002 (BRASIL, 2002), que im-planta as Unidades de Pronto Atendimento em todo ter-ritório nacional.

Além do aspecto do atendimento, uma unidade hos-pitalar deve contar com uma organização arquitetônica que atenda todos os parâmetros de conforto acústico, lumínico, higrotérmico e visual para a boa qualidade de serviços prestados, tanto para seus funcionários como para os pacientes (GÓES, 2011). Problemas arquitetôni-cos, como ventilação e luminosidade, devem ser cuidado-samente estudados na implantação de um EAS, podendo influenciar a recuperação de pacientes (GÓES, 2004).

Com o crescimento da população do Distrito Fede-ral e cidades do entorno, a infraestrutura dos EAS locais não suportam a demanda. Não obstante a existência de hospitais regionais e de referência, como o Hospital de Base, localizado no Plano Piloto, a demanda de serviços assistenciais de saúde, muitas das vezes de baixa com-plexidade, gera superlotações no atendimento. A implan-tação das UPA pretende complementar a atuação dos hospitais, resolvendo problemas de baixa e média com-plexidade, que não precisam ser levados para hospitais de referência.

As unidades hospitalares, independentemente do porte e das condições infraestruturais, devem observar condições arquitetônicas como a adequada ventilação, iluminação e isolamento acústico para evitar quebras de procedimento que levem à ocorrência de patologias res-piratórias, infectocontagiosas e psicológicas, podendo expor funcionários e pacientes. Nesse sentido, é de suma importância que as UPAs observem os requisitos de con-forto ambiental preconizadas na literatura.

O objetivo principal do presente estudo foi avaliar as condições de conforto ambiental em uma Unidade de Pronto Atendimento. As etapas efetuadas para empreen-der esse objetivo, consistiram em:

• Efetuar levantamento bibliográfico;• Identificar as principais referências técnicas

que regulam o setor;• Promover levantamento de dados na UPA sele-

cionada por meio de observações visuais, foto-gráficas e questionários;

• Conduzir análise de dados, confrontando os achados da pesquisa empírica com a base con-ceitual e

• Desenvolver as conclusões sobre o estudo, con-siderando as questões chaves que nortearam o trabalho.

2 UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO NO CONTEXTO DO SUS

O SUS é o resultado não apenas da evolução do mo-delo de saúde no país, como também de uma nova for-mulação das políticas assistenciais em saúde. O SUS foi criado pela constituição de 1988 e regulado posterior-mente pela Lei nº 8.080 e Lei nº 8.142, de 1990 (BRASIL, 1990a; 1990b). Suas principais diretrizes apontadas no artigo 198 são:

• atendimento integral, com prioridade para ações preventivas sem prejuízos às ações assis-tenciais;

• participação da comunidade e• descentralização, com direção única em cada

esfera do governo.Diante desse novo modelo, são propostas estratégias

de implantação do SUS nos Estados e municípios do país. O sistema foi organizado de acordo com o nível de com-plexidade dos serviços prestados aos pacientes, sendo eles de:

• Nível Primário: Procedimentos simplificados e de baixa complexidade, praticados em ambula-tórios. Neste nível estão as Unidades Básicas de Saúde (UBS).

• Nível Secundário: Procedimentos de maior complexidade, praticados em hospitais, ambu-latórios de especialidades e Unidades de Pron-to Atendimento.

• Nível Terciário: Constituído por hospitais de re-ferência, com procedimentos de média e gran-de complexidade, servindo de apoio para os demais níveis.

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Nesse contexto, as UPA são posicionadas no nível de complexidade secundário, com atendimento a pacientes agudos ou crônicos sem risco imediato de vida. Sua loca-lização deve ser privilegiada em relação à malha viária e circulação de transportes coletivos.

Para o crescente melhoramento do SUS, foi lançado o programa HumanizaSUS, instituído em 2001 (BRASIL, 2001), cuja principal proposta é disponibilizar ferra-mentas e dispositivos para consolidar redes, vínculos e a corresponsabilização entre usuários, gestores e traba-lhadores. Ao direcionar estratégicas e métodos de articu-lação de ações, saberes e sujeitos, pode-se efetivamente potencializar a garantia de atenção integral, resolutiva e humanizada.

O Programa HumanizaSUS não envolve apenas ques-tões relacionadas a assistência, engloba também aspec-tos que dizem respeito às estruturas físicas do edifício, concebidas a partir de projetos de arquitetura (MEDEI-ROS, 2004).

3 CONFORTO AMBIENTAL NO EASO conforto ambiental, segundo Schmid (apud GE-

MELLI, 2009, p.26), é entendido como uma sensação de aconchego, proteção e bem-estar. Essa sensação vai além de simples medições de variáveis climáticas da edifica-ção, abrange a harmonia do ambiente construído.

Para Corbella e Yannas (2003), uma pessoa está confortável em um ambiente quando se sente em neu-tralidade com relação a ele. No caso dos EAS, o conforto ambiental é um forte aliado na arquitetura, contribuindo para o bem-estar de pacientes e funcionários.

O conforto ambiental está vinculado diretamente à dimensão bioclimática, em que os principais parâmetros de investigação são o conforto higrotérmico, acústico, lu-mínico e a qualidade do ar (KOHLSDORF, 2004).

Os estudos sobre conforto ambiental vêm impac-tando na área da arquitetura, especialmente quando se trata da assistência hospitalar. Nos últimos anos, o tema ganhou maior destaque devido às políticas de atenção à saúde promovida pelo Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde de Estados. A política de humanização do aten-dimento, implantada pelo Ministério da Saúde, prescreve a promoção de uma “ambiência acolhedora e confortá-vel”, englobando aspectos que dizem respeito à estrutura

física dos edifícios e vinculados ao conforto ambiental.Segundo a RDC/ANVISA n° 50, de 2002 (BRASIL,

2004), as condições ambientais de conforto devem con-siderar os seguintes aspectos:

Os sistemas de controle ambiental nos EAS abrangem duas dimensões: a endógena, que considera o edifício em sua finalidade de criar condi-ções desejáveis de salubrida-de através do distanciamento das pessoas das variáveis am-bientais externas, e a exóge-na, que observa os impactos causados pelas construções no meio ambiente externo, alterando, de forma positiva ou negativa, suas condições climáticas naturais. (BRASIL, 2004, p.105)

3.1 Conforto HigrotérmicoA sensação de conforto higrotérmico varia de acordo

com a região. Seus principais determinantes são as con-dicionantes de temperatura, umidade relativa, velocida-de e qualidade do ar.

Segundo a RDC n°50/2002: Os diversos ambientes

funcionais dos EAS solicitam sistemas de Condições de Conforto higrotérmico e de qualidade do ar diferentes em função dos grupos populacio-nais que os frequentam, das atividades que nelas se de-senvolvem e das característi-cas de seus equipamentos. (BRASIL, 2004, p.106)

A baixa qualidade do ar dos EAS é problema frequen-te, que pode afetar diretamente a saúde dos trabalhado-res e, sobretudo, dos pacientes, que podem apresentar baixa imunidade. No Brasil, uma das regulamentações que tratam sobre o assunto é a Resolução RE n°9, de 2003, da ANVISA (BRASIL, 2003), que estabelece padrões

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referenciais de qualidade do ar interior para ambientes internos de uso público e coletivo, e a norma NBR-7256 (ABNT, 2005) que discorre sobre o tratamento de ar em unidades Médico-Assistenciais.

Segundo Corbella e Yannas (2003), o conforto higro-térmico está ligado diretamente aos princípios bioclimá-ticos, e as principais estratégias para o seu estabeleci-mento são:

• controlar o acúmulo de calor;• procurar dissipar a energia térmica do ambien-

te e• retirar toda umidade em excesso, promovendo

o movimento e troca do ar.

3.2 Conforto AcústicoO Conselho Internacional de Ruído tem recomenda-

do que o nível de ruídos não ultrapasse 45dB(A) durante o dia, 40dB(A) durante a noite e 20dB(A) durante a ma-drugada. Tem-se observado que o nível de ruído na maio-ria dos hospitais está entre 50 e 70dB(A) e, em algumas situações, acima dessa faixa.

Em estabelecimentos de saúde, os pacientes normal-mente encontram-se com sensibilidade acústica e siste-ma de alerta mais apurado. A compreensão, pelo proje-tista de arquitetura, da percepção humana do som é de suma importância na definição do programa do edifício. A transmissão do som em um ambiente é necessária, po-dendo trazer efeitos negativos ou positivos dependendo da sua utilização, como, por exemplo, o barulho de uma cascata em um jardim interno ou a trepidação de macas ou carrinhos em um corredor do EAS.

Segundo Goés (2011), as condições de conforto acús-tico pressupõem estudos relativos a:

• localização e orientação do edifício em relação às fontes externas de ruído (tráfego, indústrias, oficinas etc);

• dimensão e posição das aberturas;• isolamento das paredes e características acús-

ticas dos materiais e• redução das fontes internas de produção de ru-

ídos.Segundo a RDC n° 50/2002, o controle acústico deve

ser observado em todos os EAS e seguirem a norma da ABNT, NBR 10152 (ABNT, 1992a), que trata de níveis de

ruídos para o conforto acústico, e a NBR 12179, (ABN-T,1992b), que indica parâmetros para o tratamento acús-tico em recintos fechados. Tais normas tratam também da importância do controle de níveis de ruídos em EAS.

3.3 Conforto LumínicoA iluminação natural deve estar presente no ambien-

te do EAS para diminuir o estresse do paciente, da equi-pe e dos acompanhantes e possibilitar a orientação sen-sorial. Já a iluminação artificial deve propiciar à equipe de trabalho condições adequadas aos procedimentos a serem realizados (OLIVEIRA; RIBAS, 1995). Ela deve ser vista sempre como uma complementação e nunca como uma substituição da iluminação natural.

3.4 Conforto VisualDe acordo com Góes (2011), a imagem da instituição

de saúde pressupõe um projeto de comunicação visual que contemple a logomarca, que a identifica, a padroni-zação da sinalização externa e interna, identificação de veículos, impressos, uniformes do staff, entre outros.

Um importante elemento de contribuição para o con-forto visual dos EAS são as cores. Além de funcionarem como elemento de melhoria para a condição visual, a cor possui influência no comportamento do ocupante do es-paço, incluindo funções terapêuticas. A sua utilização é um item essencial na composição arquitetônica, tanto in-terna como externamente, trazendo efeitos positivos ou negativos de acordo com a sua escolha (COSTI, 2002). A sua implantação deve estar relacionada com o tempo de permanência no ambiente e com a situação de saúde do usuário.

4 METODOLOGIAA concepção de pesquisa empregada é de caráter ex-

ploratório e descritivo, operacionalizada na forma de um estudo de caso simples. Os métodos utilizados para cole-ta de dados basearam-se em levantamentos secundários, incluindo publicações da área da arquitetura hospitalar, artigos e trabalhos acadêmicos, bem como o acesso a fontes primárias, como entrevistas com os usuários da unidade em análise, além de levantamento fotográfico.

Os pesquisadores conduziram atividades de prepa-ração, validação e aplicação do instrumento de coleta de

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dados baseado em entrevistas semi-estruturadas. Os su-jeitos da pesquisa foram definidos de maneira aleatória, procurando obter impressões e percepções de pacientes, usuários, servidores, gestores e prestadores de serviço.

5 ESTUDO DE CASO5.1 Unidade de Pronto Atendimento de Samambaia

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) escolhida para o estudo de caso foi a de Samambaia, localizada na QS 107, Conjunto 04, Área Especial 05, Região Adminis-trativa de Samambaia, no Distrito Federal. Na figura 1 é apresentada uma fachada da unidade.

Figura 1: Fachada Lateral da UPA de SaramandaiaFonte: os autores

A UPA de Samambaia foi inaugurada no dia 15 de fe-vereiro de 2011, com área construída de 1,3 mil metros quadrados. Está inserida no modelo de porte III, benefi-ciando uma população de até 300.000 habitantes. A clas-sificação das UPAs pelo Ministério da Saúde está dispos-ta na Portaria 1.601, de 2011 (BRASIL, 2011).

Para o projeto de implantação da UPA de Samambaia e das demais do Distrito Federal, incluindo a UPA do Nú-cleo Bandeirante, Recanto das Emas e São Sebastião, o Governo do Distrito Federal baseou-se em um projeto padrão. Segundo Karman (2001), projetos padrão são desaconselhados, pois para cada caso existem condições diversas de definição dos espaços: clientela, perfil epide-miológico, topografia, condições climáticas e outros fato-res específicos.

O sistema construtivo adotado pela UPA de Samam-baia é compatível com o sistema modular denominado steel framing, produzido industrialmente. Os perfis me-

tálicos são fabricados em chapa galvanizada com veda-ções em painéis revestidos internamente em isopor. O edifício é apoiado em uma plataforma construída com perfis em chapas dobradas, sendo todo o piso flutuante, construído em chapas de compensado revestidas com manta vinílica.

A seguir serão analisados e avaliados os parâmetros que influenciam o conforto ambiental da unidade, con-forme variáveis adotadas neste estudo.

5.2 Conforto Higrotérmico O clima no Distrito Federal é caracterizado como

tropical de altitude, com estações do ano bem definidas, sendo o verão úmido e chuvoso e o inverno seco e frio.

A edificação possui um desempenho insatisfatório nos parâmetros de conforto higrotérmico. Como pode ser observado na figura 2, os ventos predominantes se deslocam no sentido leste-oeste. A falta de aberturas na fachada onde há predominância dos ventos dificulta a entrada e troca de ar na edificação, pois esta foi implan-tada com aberturas principais no sentido sudeste-noro-este.

A unidade está localizada em um terreno com topo-grafia de declividade baixa, implantada em uma região onde não há presença de vegetação e áreas aquíferas, que possam melhorar o nível de umidade da edificação em épocas secas. Observa-se que sua entrada principal está localizada no sudoeste, recebendo ventos secos e quentes. O vento seco do sul permeia a edificação, tra-zendo poeira e poluentes, prejudicando a qualidade do ar.

Figura 2: Situação relativa a ventos e sol na UPA de Saramandaia Fonte: os autores, com base em imagem do GoogleEarth

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Em relação à ventilação, observou-se que ambientes como consultórios, sala de observação e recepção não possuem circulação de ar devido à falta de aberturas de janelas. A ausência de aberturas pode ser prejudicial à saúde, uma vez que o ar não pode circular livremente, ficando viciado e podendo proporcionar a contaminação por aerossóis. Os únicos ambientes que possuem peque-nas aberturas na unidade são os banheiros e os vestiá-rios.

O sistema de condicionamento de ar na unidade é constituído por condicionadores de ar individuais, do tipo janela. Segundos funcionários do estabelecimento, os sistemas de ar condicionado e de iluminação artifi-cial funcionam vinte quatro horas por dia. Segundo a RE n°09/2003 (BRASIL, 2003), a avaliação da qualidade do ar é obrigatória para edificações cujo sistema de climati-zação tenha capacidade igual ou superior a 5,0 TR, condi-ção que não está sendo respeitada na unidade.

5.3 Conforto Acústico A procura por tratamento médico, a internação e o

trabalho por parte dos profissionais de saúde, são fato-res que geram estímulos desagradáveis, como o excesso de ruído ocasionado por fatores externos (como equi-pamentos e vozes), por elementos de reverberação (em piso, parede e teto), e por elementos receptores (pessoas que ocupam o espaço).

Observou-se que um dos agravantes encontrados é a forma de implantação e o material usado no piso. Devi-do à trepidação das macas, cadeiras de rodas e o intenso fluxo de pessoas, o piso da unidade, por ser flutuante e utilizar material inadequado, apresenta ruído e sensação de afundamento.

De acordo com Goés (2011), o ideal ao se projetar um EAS é a utilização de materiais isolantes acústicos, levando-se em consideração os aspectos de manutenção, do controle das infecções hospitalares e da movimenta-ção de equipamentos. Pisos em mantas acústicas e anti-impactantes, forros de gesso acartonado isolado, pare-des construídas com materiais de alta absorção acústica são indicados.

5.4 Conforto LumínicoGrande parte da iluminação da unidade é feita artifi-

cialmente, com lâmpadas que ficam acesas durante todo o dia. A falta de iluminação natural em alguns ambientes faz com que os que pacientes e profissionais de saúde e demais funcionários percam a noção do tempo, criando desconforto (ver figura 3).

Figura 3: Sala de recuperaçãoFonte: os autores

5.5 Conforto Visual O conforto visual na unidade é insatisfatório, sendo a

cor predominante o branco. A cor branca provoca exces-so de claridade, principalmente ocasionado pelo reflexo da iluminação artificial, fazendo com que o ambiente gere cansaço visual para pacientes e funcionários (ver figura 4).

Figura 4: Corredor de circulaçãoFonte: os autores

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6 OPINIÃO DOS USUÁRIOSCom a finalidade de obter a impressão e percepção

dos usuários da UPA de Samambaia, aplicou-se um ins-trumento de coleta de dados por meio de entrevistas individuais. O roteiro das entrevistas foi estruturado com questões objetivas relacionadas aos parâmetros de conforto ambiental, por meio de uma escala que varia de ótimo, bom, regular e ruim.

As atividades de campo aconteceram no mês de abril de 2014, totalizando vinte entrevistados. Destes, onze são servidores, um é gestor e os demais são pacientes. De um modo geral, e corroborando com as observações diretas realizadas quanto aos parâmetros de conforto ambiental, as impressões dos entrevistados comprovam a insatisfação a respeito da avaliação de conforto am-biental da unidade. Relatos dos servidores dão conta que alguns ambientes possuem a renovação de ar prejudica-da pela falta de manutenção dos aparelhos condiciona-dores de ar.

As salas denominadas de Amarela e Vermelha, que correspondem a ambientes de observação, sofrem com a falta de ventilação e iluminação natural. Os servidores relatam que, em alguns momentos do dia, há exalação de odor proveniente do ar viciado, prejudicando a perma-nência das pessoas nos ambientes.

No quesito conforto acústico, foi enfatizada a falta de privacidade que os fechamentos das paredes proporcio-nam. Segundo pacientes e servidores, ao caminhar pelas dependências da unidade a sensação de afundamento é notada. Além desses relatos, os servidores lembraram que evitam usar sapatos de salto alto, devido a grande trepidação do piso.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A moderna arquitetura hospitalar possui diversas al-

ternativas, em termos de conforto ambiental, para tornar o ambiente agradável e confortável. O conforto ambien-tal é um forte aliado na implementação do bem-estar. Ao mesmo tempo em que colabora com o processo terapêu-tico, contribui para a qualidade dos serviços de saúde prestados pelos profissionais.

Durante o desenvolvimento da pesquisa, constatou-se que a UPA de Samambaia não atende aos requisitos mínimos de condições de conforto ambiental preconiza-

das na literatura, normas e resoluções vigentes, impli-cando em ambientes desconfortáveis e sujeitos ao des-gaste de todos os usuários.

Como sugestão para estudos futuros, os pesquisado-res acreditam que uma investigação abrangente, cobrin-do outros Estados e Regiões do Brasil, podem demons-trar o quanto as UPA estão preparadas para contemplar os parâmetros de conforto ambiental.

REFERÊNCIAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-

NICAS. NBR 10152:1992. Níveis de ruído para conforto acústico - Procedimento. Rio de Janeiro, 1992a.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-NICAS. NBR 12179:1992. Tratamento acústico em re-cintos fechados - Procedimento. Rio de Janeiro, 1992b.

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COSTI, Marilice. A Influência da luz e da cor em corredores e salas de espera hospitalares. Porto Ale-gre, 2002.

GEMELLI, C. B. Avaliação de Conforto Térmico, Acústico e Lumínico de Edificação Escolar com Estra-tégias Sustentáveis e Bioclimáticas: o caso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Frei Pacífico. Disser-tação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Enge-nharia Civil, UFRGS, Porto Alegre, 2009.

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KARMAN, Jarbas. Manutenção Hospitalar Predia-tiva. São Paulo: PINI, 2001

KOHLSDORF, Maria Elaine. A dimensão Bioclimáti-ca (Apostila de aulas). Brasília, 2004.

MEDEIROS, Luciana de. Humanização Hospitalar, ambiente físico e relações assistenciais: a percepção de arquitetos especialistas. Dissertação (Mestrado) Psi-cologia, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Uni-versidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004.

OLIVEIRA, T. A.; RIBAS, O. T. Sistemas de Controle das Condições Ambientais de Conforto. Brasília: AN-VISA, 1995.

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amBiente hosPitalar e Consumo De energia

Antonio Pedro Alves de CarvalhoArquiteto, Doutor

Patrícia Marins FariasArquiteta, Mestre

RESUMOO hospital é uma edificação complexa, com utiliza-

ção intensa e diversificada do espaço, requerendo o fun-cionamento durante as vinte e quatro horas do dia, em todos os dias do ano, consumindo grande quantidade de insumos de diversos tipos, destacando-se a energia elétrica. O presente estudo indica os principais procedi-mentos para a racionalização e a economia da demanda energética de estabelecimentos hospitalares, ilustrados com base em pesquisa exploratória nas instituições da cidade de Salvador, Bahia, demonstrando o estado atual das medidas adotadas com este objetivo na região. Além de pesquisa bibliográfica, foram efetuadas visitas a hos-pitais escolhidos, observando-se seu porte e a variedade administrativa e gerencial, constatando-se as formas de economia de energia utilizadas, traçando-se um quadro de grande interesse sobre os perfis de adoção destas me-didas na região estudada. Trata-se de uma importante contribuição para o controle de custos de manutenção das ações de saúde, apontando técnicas para o posicio-namento desse tipo de edificação de alto consumo ener-gético dentro de padrões mais econômicos. A realidade das instituições pesquisadas na cidade de Salvador de-monstrou a necessidade de consideração, por parte da administração hospitalar, da importância que a econo-mia de energia possui para a manutenção e sustentabili-dade das edificações de saúde.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Sustentabi-lidade, Consumo energético.

ABSTRACTHOSPITAL ENVIRONMENT AND ENERGY CON-

SUMPTIONA hospital is a complex structure, with a high and

diverse demand for space, requiring twenty-four-hour operation, every day of the year, consuming large quan-tities of various kinds of consumables, especially energy consumption. This study presents the main procedures for the optimization and reduction of energy demand in hospitals, using institutions in Salvador, BA, Brasil, as examples, showing the current status of measures adop-ted for this purpose in the region. In addition to a lite-rature search, hospital visits were conducted, observing their size and administrative and managerial differences, taking note of energy saving measures, with main inte-rest about the types of measures adopted in the region studied. This study presents an important contribution to the control of maintenance costs of health services fa-cilities, citing techniques to allow this type of high energy consumption facility to become more cost-effective. The state of the institutions studied in the city of Salvador de-monstrated a need for attention, on the part of hospital administrations, to the importance of energy consump-tion, reduction on the maintenance and sustainability of health care facilities.

Keywords: Hospital architecture, Sustainability, Energy consumption.

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1 INTRODUÇÃOOs Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS),

notadamente os de grande porte, como os hospitais, abrigam atividades que provocam sensível impacto am-biental em seu entorno, sendo alvo de cuidados especiais relacionadas a essa questão. A análise cuidadosa desses impactos é necessária para minimizar os efeitos nega-tivos no meio ambiente e, consequentemente, na saúde pública.

O consumo de água elevado se deve, primordialmen-te, à necesidade de higienização constante de todos os ambientes. A obrigatória lavagem das mãos, como nor-ma para a prevenção de infecções, implica na colocação de muitos lavatórios, com consequente dispêndio de água. Serviços como cozinha, lavanderia e a geração de vapor para os mais diversos fins, completam um qua-dro de consideração econômica e ambiental obrigatória (BICALHO, 2010). Os edifícios de saúde possuem, ain-da, a característica de sofrerem reformas e ampliações frequentes. As obras civis acontecem não somente pela necessidade de adaptação aos novos procedimentos de saúde e mudanças administrativas mas, principalmente, para o acompanhamento da evolução tecnológica. Trata-se de uma questão de sobrevivência dessas instituições.

Outra característica de forte impacto ambiental dos estabelecimentos de saúde é o notável consumo de com-bustíveis e energia. Os combustíveis, como óleo e gás, são utilizados em geradores, caldeiras, equipamentos de cozinha, oficinas, entre outros setores, provocando a ge-ração de gases de efeito estufa e poluição.

Em relação ao consumo de energia elétrica, os es-tabelecimentos de saúde possuem uma grande depen-dência, tanto que são obrigados a disporem de gerado-res e no breaks à disposição para suprir a demanda de circuitos críticos em caso de falhas. Aconselha-se, ainda, o fornecimento elétrico por duas linhas independen-tes da concessionária para a minimização desses riscos (LAMHA NETO, 1995). Diversas unidades devem estar inteiramente livres da possibilidade da falta de ener-gia por cuidarem de pacientes em estado crítico, com a vida a depender de equipamentos médicos, como em unidades de terapia intensiva (UTI), centros cirúrgicos e emergências. Alguns setores necessitam manter sob refrigeração, sem possibilidade de interrupção, vacinas,

medicamentos, sangue, resíduos, corpos em necrotérios e diversos produtos em laboratórios. Muitos ambientes de saúde são totalmente dependentes da climatização artificial, como em centro cirúrgico, UTI e isolamentos. Existem equipamentos, como a ressonância magnética, o acelerador linear e a hemodinâmica, que provocariam grande prejuízo em caso de falta da conservação da tem-peratura ideal ambiente. Além disso, hospitais de grande porte demandam um consumo de energia relevante para aquecimento de água, controle de temperatura e umi-dade do ar, iluminação, ventilação e diversos processos clínicos.

O uso racional da energia, portanto, em edificações para saúde, não deve ser considerado como uma opção ou apenas por necessidade de contribuição à sustenta-bilidade do planeta, mas uma obrigação administrativa. Esta racionalização do consumo passa por medidas como sua diminuição e a busca de alternativas de geração.

Ações simples, como o controle de termostatos em ambientes climatizados, podem gerar uma economia sig-nificativa de energia. A diminuição do consumo pode ser conseguida pela adoção de medidas como uso de lâmpa-das econômicas e sensores de presença ou pela existên-cia de sistemas automáticos de gerenciamento de tempe-ratura e iluminação de cada ambiente pela quantidade de pessoas e atividades desenvolvidas. Segundo Shepers e Decome (2013), mais da metade da economia de energia de um hospital pode ser atribuída ao impacto das Tec-nologias da Informação e Comunicação (TIC), através da utilização de equipamento de detecção de presença, por exemplo. Além disso, todos os equipamentos devem pas-sar por calibração e manutenção constante, relacionada ao consumo energético. Insufladores de ar condicionado com filtros sujos, bombas trabalhando com frequência indevida, refrigeradores ou congeladores com controle de temperatura não otimizado, ambientes com o ar mui-to resfriado, são verdadeiros sugadores de energia, que custam demasiado caro para os edifícios de saúde (CAR-RAMENHA, 2010).

As soluções arquitetônicas têm importância decisiva na diminuição do consumo energético. Esse cuidado se inicia nos estudos de implantação do edifício. Uma cor-reta orientação dos cômodos leva à economia por toda vida útil da edificação, além do maior conforto dos usuá-

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rios. Outra providência essencial é o isolamento térmico das fachadas e tetos. Este objetivo pode ser atingido pelo uso criterioso dos mais diversos tipos de materiais e téc-nicas. Existem elementos construtivos, como vedações, revestimentos ou coberturas, que assumem a qualidade isolante térmica, proporcionando mais fácil climatização interna dos ambientes. O emprego de brises, fachadas ventiladas, vidros especiais e vegetação podem comple-mentar, de forma esteticamente agradável e eficiente, os projetos arquitetônicos, proporcionando o bom aprovei-tamento de iluminação e ventilação natural, mesmo em unidades de saúde que dependem em grande escala do condicionamento do ar. Algumas técnicas, como o teto verde, o tubo solar, o uso de fibras óticas, a iluminação zenital, os túneis de ventilação forçada (tão bem empre-gados nos hospitais da rede Sarah), o direcionamento interno dos ventos, podem ser criteriosamente aprovei-tadas, constituindo-se em poderosos aliados na diminui-ção do consumo de energia (VILAS-BOAS, 2011).

Todos os projetos de engenharia devem considerar a intenção de economia energética. No caso das instala-ções hidrossanitárias, por exemplo, é comum a previsão de aproveitamento da água de chuva e, mesmo, as ser-vidas, para funções que não necessitam de potabilidade, como em descargas de vasos sanitários, lavagem de pi-sos, rega de jardins e outros. Nesse caso, o correto posi-cionamento dos reservatórios pode implicar em sensível economia no uso de bombas. A adoção do sistema de aspersão de água em jardins por gotejamento também representa grande economia de utilização do insumo (KARMAN, 2011).

A escolha do correto sistema de condicionamento de ar deve ser alvo de análise cuidadosa, pois este é o maior consumidor isolado de energia em hospitais. Não se pode apontar um determinado sistema como ideal para todos os casos, pois as variedades de condições climá-ticas, de manutenção, fornecimento dos equipamentos e de tipos de uso, podem apontar soluções particulares. Deve-se atentar, no entanto, para as especificidades dos ambientes a serem climatizados no EAS, que podem exi-gir grande número de trocas, filtragem absoluta, estabe-lecimento de diferentes pressões de insuflamento de ar, obrigando a adoção de equipamentos caros e sofistica-dos (BRASIL, 2004).

As diversas alternativas de cogeração de energia elé-trica têm experimentado importante evolução tecnoló-gica. Segundo Shepers e Decome (2013), o potencial de economia por meio de investimentos que têm um tempo de retorno de menos de sete anos pode chegar a até 40%, dependendo da condição do hospital, onde o ar condi-cionado e a iluminação são os principais contribuintes. Hoje existem sistemas relativamente baratos de geração por energia eólica, fotovoltaica, hidroelétrica compacta e geradores a gás.

Segundo Guenther e Karliner (2011), a utilização do gás natural como matriz energética traz ganhos dire-tos (redução de custos) e indiretos (continuidade ope-racional, melhor aproveitamento energético e aumento de mais uma fonte de energia). Entre as finalidades da utilização do gás natural estão: climatização/cogeração, aquecimento de água e preparo de alimentos. Existem, ainda, outras vantagens interessantes na utilização do gás natural como combustível: permite a geração de dois tipos de energia (elétrica e térmica) e não necessita de estoque, pois seu fornecimento é contínuo.

Outras tecnologias, como a célula de hidrogênio, termoacumulação e estocagem por baterias vêm experi-mentando rápido avanço. Nesse campo, tudo se resume em se efetivar cuidadosos cálculos de custos e benefícios. Existem, no Brasil, depois de diversas crises energéticas, hospitais que dispõem de turbinas geradoras que abas-tecem todo o edifício no horário de maior consumo das cidades, fugindo das tarifas mais caras. A instalação que se processa atualmente, pelas concessionárias de eletri-cidade, do chamado contador inteligente (smart grid) irá facilitar inclusive a venda de energia elétrica por parte do consumidor. Nesse caso, os hospitais serão um tipo de edificação dos mais beneficiados, por necessitar de gran-de segurança de fornecimento, o que implica em reserva de geração não utilizada que pode ser comercializada.

As fontes alternativas de energia, como a solar, eó-lica e biocombustíveis, podem ser utilizadas para aque-cimento de água, iluminação, geração de calor e bombe-amento. Estas fontes renováveis e limpas possibilitam melhorar a acessibilidade ao serviço básico de saúde, quando acontecer da localização do EAS não disponibi-lizar de fornecimento de eletricidade em quantidade e qualidade suficiente.

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O presente estudo se adéqua ao atual momento de consciência ambiental, fornecendo um relato de casos concretos sobre as ações relacionadas à economia de energia que têm sido realizadas em unidades hospitala-res da cidade de Salvador, Bahia. O caráter abrangente do uso da energia elétrica leva a interessantes ganhos de es-cala no consumo energético total da edificação. Uma vez assimilada a cultura da economia energética, toda insti-tuição será beneficiada, bem como a área urbana onde está localizada.

2 METODOLOGIAO objetivo principal da presente pesquisa foi o levan-

tamento das ações de economia de energia em unidades hospitalares e a análise do atual estágio de aplicação des-

tas medidas na cidade de Salvador, Bahia. Como Salva-dor possui 34 hospitais gerais, foi efetivada seleção que permitisse dar uma imagem o mais próxima da situação relativa ao tema na região. Para tanto, foram realizadas visitas exploratórias a quatro hospitais de grande por-te da cidade, considerando ser este o perfil que mais se beneficiaria por estas medidas. Como há predominância da matriz hospitalar com gerência estatal, escolheram-se os dois maiores hospitais gerais públicos da cidade, sen-do um de responsabilidade federal e outro estadual. Em relação aos hospitais filantrópicos e privados, foram es-colhidos um de cada tipo de gerência dentre os maiores e mais modernos. Na figura 1 pode-se observar a distri-buição total dos hospitais gerais de Salvador, por número de leitos, sem identificação para que se preserve o sigilo da pesquisa.

Figura 1: Distribuição dos hospitais por leitos, Salvador, Bahia, 2013

Fonte: os autores a partir de dados do DATASUS (BRASIL, 2013)

O trabalho se desenvolveu a partir da realização de visitas, com observação estruturada e aplicação de questionário com profissionais responsáveis pela área de manutenção. O profissional entrevistado em cada unidade foi o engenheiro de manutenção ou engenheiro clínico. Foi realizado levantamento fotográfico das ações desenvolvidas para possibilitar a economia de energia no edifício. O questionário aplicado com o profissional indicado pelo hospital, abordava questões gerais do edi-fício (bloco 1) e questões ambientais específicas (bloco 2). No bloco 01 foram abordadas questões sobre o perfil e características físicas da unidade, como número de pa-vimentos e área construída. No bloco 2 foram tratadas questões relativas ao consumo de energia e sobre as ações já implementadas ou planejadas para a diminuição

ou racionalização deste consumo. Em relação ao consu-mo, observaram-se com maior atenção os itens relativos aos sistemas de ar condicionado e iluminação, acrescen-tando-se, quando necessário, questões relacionadas a outros equipamentos.

3 RESULTADOS 3.1 Hospital Público 1 (HP01)

Perfil – O HP01 tem cinco blocos, uma média de qua-tro pavimentos e 28.000m² de área construída. Possui 192 leitos e de 4000 a 5000 ocupantes/dia.

Consumo – O equipamento ou sistema listado como principal consumidor de energia é a central de ar. Todos os novos aparelhos de ar são etiquetados pelo selo A da PROCEL.

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Ar condicionado – O sistema indicado como prin-cipal consumidor de energia foi a central de ar condi-cionado, que não atende todo o complexo. Este serviço é complementado por aparelhos de janela e tipo split. A equipe do hospital não tem controle sobre a compra destes equipamentos, que são adquiridos de forma cen-tralizada pelo estado. Foram observadas situações onde são utilizados dois sistemas simultaneamente no mesmo ambiente, como central de ar e aparelho de janela. Esta prática possivelmente se deve ao subdimensionamento da central, que não atende ao conforto térmico adequado para o ambiente em todas as estações do ano.

Iluminação – Existe instalação de comandos inde-pendentes para o acionamento de luminárias de um mesmo ambiente (luminárias próximas às janelas e lu-minárias próximas do acesso). Isto possibilita um apro-veitamento melhor da luz natural e economia de energia. O tipo de lâmpadas utilizadas no edifício é fluorescente.

Outros equipamentos – Este EAS não possui sistema de caldeira para aquecimento de água. Os equipamentos utilizados para para este fim são chuveiros e aquecedo-res elétricos.

Ações de economia de energia – A ação identificada, neste hospital, para a economia de energia foi a substi-tuição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluo-rescentes. Para aperfeiçoar a utilização do ar condiciona-do foram colocadas películas protetoras nos vidros das janelas que recebem incidência solar direta.

3.2 Hospital Público 2 (HP02)Perfil – O HP02 possui sete pavimentos, 32.000m² de

área construída e 28.000m² de área climatizada. Possui 544 leitos e acima de 5000 ocupantes por dia.

Consumo – Os equipamentos ou sistemas listados como maiores consumidores de energia são os fogões, caldeiras, estufas, central de bomba de vácuo e sistema de ar condicionado.

Ar condicionado – Não existe padronização do sis-tema de ar condicionado. Diversos sistemas funcionam paralelamente, como aparelhos de janela, splits, self-con-tainer (somente na ressonância por exigências específi-cas deste ambiente) e ar condicionado central. Existem situações de ambientes onde são utilizados dois sistemas simultaneamente, como central de ar e split. Esta situa-

ção pode ser atribuída ao subdimensionamento do sis-tema central e à questão de segurança, considerando a necessidade de refrigeração sem interrupção.

Iluminação – Os tipos de lâmpadas utilizadas no edi-fício são fluorescentes. Existe instalação de comandos independentes para o acionamento de luminárias de um mesmo ambiente, possibilitando melhor aproveitamen-to da luz natural e economia de energia.

Outros equipamentos – Este hospital possui sistema de caldeira a óleo diesel para aquecimento de água e o programa de manutenção é periódico – semanal, mensal e anual.

Ações de economia de energia – Substituição do com-bustível atual das caldeiras (óleo diesel) por gás natural.

Substituição de lâmpadas incandescentes por lâm-padas fluorescentes.

Para otimizar a utilização do ar condicionado foram colocadas películas nos vidros das janelas que recebem incidência solar direta. O hospital promoveu, também, a retirada de algumas lâmpadas próximas aos vãos de ilu-minação dos ambientes. Esta ação gerou uma redução de consumo de energia de iluminação de quase 20%, segun-do relato.

3.3 Hospital Filantrópico (HF)O hospital filantrópico visitado se destaca na cidade

por ser pioneiro na utilização de equipamentos médicos de tecnologia avançada. Possui uma área construída de 44.600m² e dez pavimentos em seu bloco principal. A área climatizada estimada é de 40.000m². Com 229 lei-tos, o número de ocupantes estimado por dia está entre 4000 e 5000.

Consumo – O principal sistema ou equipamento con-sumidor de energia é a central de ar condicionado.

Ar condicionado – Os equipamentos de ar condicio-nado não são padronizados, sendo utilizados sistema central e aparelhos de janela e splits.

Iluminação – Não existe padronização na utilização de lâmpadas no edifício. Foram instalados sensores de presença em alguns ambientes, mas as luminárias não possuem comandos independentes para acionamento da iluminação em todos eles.

Outros equipamentos – Existe programa de manu-tenção periódica das caldeiras que ocorre anualmente.

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Há preocupação quanto ao uso racional da água e esta-ção de tratamento de efluentes.

Ações de economia de energia – Este hospital possui ações formais de planejamento e gestão voltadas para a economia de energia. Foi disponibilizada planilha de con-trole que apresenta a evolução de consumo de energia de 1995 a 2009. A partir da planilha, é possível destacar o ano de 2006 como um marco na redução do consumo de energia no edifício. Após a implantação de um novo sistema de condicionamento do ar por água gelada, o consumo de energia elétrica passou de 1.088.001,00 kW para 772.429,00 kW. De acordo com a tabela, no ano de

2012 houve uma média de consumo de 811.466,17kW por mês. No mês de janeiro de 2013 houve um acréscimo de 130kW por hora em relação ao mês de dezembro de 2012. A causa deste aumento está sendo analisada, mas possivelmente está associado ao consumo energético da obra de um novo bloco.

Foi contratada empresa de consultoria para sugerir soluções de eficiência do consumo de energia. Em rela-ção à utilização de equipamentos para redução de con-sumo, foram implantados painéis solares para pré-aque-cimento de água (ver figura 2).

Figura 2: Painéis solares instalados na cobertura do Hospital Filantrópico para pré-aquecimento de águaFonte: os autores

O hospital é acreditado pelo IQG (Instituto Qualisa de Gestão), que é uma empresa de certificação e imple-mentação de programas de gestão de qualidade do seg-mento saúde. Esta certificação é implantada por meio da metodologia da ONA (Organização Nacional de Acredi-tação) e o hospital foi avaliado em nível 3 (Acreditação com Excelência). Esta metodologia de gestão de qualida-de identifica os fatores críticos, a fim de contribuir para a melhoria da eficiência e eficácia da organização e, por-tanto, racionaliza a prática de procedimentos que estão

associados ao consumo de energia elétrica.

3.4 Hospital Privado (HP)Perfil – Este hospital possui uma área construída es-

timada de 17.520m² e uma capacidade de climatização de 970TR. Com 147 leitos, o número de ocupantes esti-mado é de até 2000 por dia.

Consumo – O hospital compra energia diretamente da geradora e só utiliza a linha de transmissão da conces-sionária distribuidora local. Em relação aos principais

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consumidores de energia, o sistema de ar condicionado é o de maior importância, representando 70% do con-sumo do hospital. Outros sistemas e equipamentos de consumo elevado relatados foram: aquecimento de água, principalmente da cozinha, e equipamentos de radiolo-gia, como tomógrafo e raio x.

Ar condicionado – Praticamente todos os ambientes do hospital são refrigerados por sistema de condicio-namento de ar central. Apenas instalações de obras, de manutenção e recursos humanos são refrigerados por aparelhos de ar condicionado tipo split.

Iluminação – A maioria das lâmpadas utilizadas no edifício é do tipo fluorescente, entretanto, em algumas situações, a lâmpada incandescente é usada para favore-cer maior conforto aos usuários. Os apartamentos, por exemplo, possuem lâmpadas incandescentes para possi-bilitar a regulação do fluxo luminoso. Existe a instalação de comandos para acionamento de luminárias de forma independente, possibilitando a otimização do seu uso.

Outros equipamentos – O hospital não possui caldei-ra. Os equipamentos utilizados para o aquecimento de água são a gás e elétricos, que passam por manutenção uma vez por ano.

Ações de economia de energia – A unidade está sob a implantação da ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambien-tal) e esta certificação assegura um uso racional de ener-gia e de recursos, contribuindo com a redução de custos a longo prazo. O hospital realiza (por meio de ações da ISO 14001) treinamentos e palestras na utilização de equipamentos e práticas de comportamentos voltadas para a cultura da economia de energia.

Existe estudo prévio comparativo na compra de equi-pamentos hospitalares energeticamente mais eficientes mas, em alguns momentos, a exigências e demandas de especificidades médicas são prioritárias.

Algumas fachadas possuem elementos de regulação da incidência solar por brises, além de persianas embuti-das em esquadrias. Há medidas para uso racional de água no edifício, como torneiras de fechamento automático. O hospital utiliza a água de poço (tratada) para jardinagem e torres de refrigeração.

4 DISCUSSÃONo quadro 01, pode ser visto um resumo dos itens

anteriormente relatados, facilitando a comparação entre as instituições visitadas. De forma geral, não se obser-vou uma política atualizada e coerente de economia de energia em nenhum dos hospitais visitados. Algumas medidas tímidas são tomadas – como a troca de lâmpa-das – sem planejamento a médio e longo prazo. Nenhum hospital demonstrou possuir preocupação com a adoção de programas de certificação específicos da área, como o LEED, o PROCEL, o AQUA ou o SELO CASA AZUL. Não houve relato de ações de melhorias das características construtivas dos edifícios para redução do consumo energético.

O Hospital Filantrópico se destaca como o único que efetua avaliações e controle do consumo energético, re-alizando, inclusive, ação para reduzir o gasto através de captação do calor solar (instalação de painéis solares para pré-aquecimento de água).

O sistema de ar condicionado é abordado por todas as unidades de saúde visitadas como o maior consumidor de energia, mas apenas o Hospital Filantrópico se dispôs a efetuar um investimento alto para diminuição do con-sumo através da instalação de moderno sistema centra-lizado. Os hospitais públicos não possuem padronização na adoção de um tipo de sistema, tendo, inclusive, casos de operação dupla num mesmo ambiente, com visível acréscimo do dispêndio energético. O Hospital Privado, por ser mais moderno (construído há 25 anos), já pos-sui sistema centralizado, que foi planejado para suportar as expansões executadas. A implantação da ISO 14.001 deve ser ressaltada como importante medida ambiental.

Quanto à iluminação, pode-se observar que os hospi-tais Filantrópico e Privado apresentam o uso de lâmpa-das incandescentes. O Hospital Filantrópico não implan-tou ainda (mas possui projeto para esta ação) a padroni-zação de lâmpadas fluorescentes para toda a unidade e o Hospital Privado justifica a utilização das lâmpadas in-candescentes para melhor controle e conforto dos clien-tes. Em relação aos comandos, no entanto, o Hospital Fi-lantrópico é o único que não apresentou independência para acionamento de luminárias para alguns ambientes, apesar de também ser o único a possuir sistema de sen-sor de presença com apagamento automático.

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8 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

Quadro 1 – Resumo das características físicas e de consumo de energia dos hospitais visitados

Área Const.

Total (m2)

N.

Leitos

Tipo de Consumo Ações de Economia

de Energia Ar Condicionado

Iluminação Outros

Hospital Público 01

28.000

192

Misto: Central+Janela+Split

Fluorescentes Sem aquecimento central de água

Colocação de películas em vidros.

Comandos independentes para acionamento de luminárias.

Hospital Público 02

32.000

544

Misto: Central+Janela+Split

Fluorescentes Aquecimento central de água por caldeira a óleo diesel

Colocação de películas em vidros.

Comandos independentes para acionamento de luminárias.

Substituição de combustível das caldeiras por gás natural.

Hospital

Filantrópico

44.600

229

Misto: Central+Janela+Split

Fluorescentes+

incandescentes

Pré- aquecimento central de água por painéis solares

Implantação de sistema de ar condicionado central.

Contratação de empresa consultora.

Controle de consumo.

Painéis solares para pré-aquecimento de água.

Sensor de presença.

Hospital Privado

17.520

147

Central Fluorescentes+

incandescentes

aquecimento central de água por boiler (duas fontes: elétrica e GLP)

Comandos independentes para acionamento de luminárias.

Brises em fachadas.

Venezianas embutidas em esquadrias.

Implantação da ISO 14.001

Fonte: os autores

5 CONCLUSÃO

Quadro 1 – Resumo das características físicas e de consumo de energia dos hospitais visitadosFonte: os autores

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5 CONCLUSÃOA pesquisa exploratória efetuada demonstrou a pre-

ocupação incipiente das maiores edificações hospitalares da cidade de Salvador com a racionalização e diminuição do consumo de energia – estando os hospitais públicos em situação menos favorável. As razões que podem ser apontadas vão da falta de recursos para investimento até o simples desconhecimento da importância do tema. Esta falta de conscientização provoca claro prejuízo rela-tivamente à boa gestão dos recursos de saúde, que sem-pre afetam à sociedade como um todo.

O ponto de partida para a adoção destas medidas será, necessariamente, a educação continuada de ges-tores e funcionários das instituições. Trabalhos de diag-nóstico sobre o consumo de energia da unidade hospi-talar, como o presente estudo, certamente contribuirão para este objetivo, além da implantação de programas de conscientização, educação ambiental e cultura organiza-cional voltados ao uso racional dos recursos naturais.

REFERÊNCIASBICALHO, Flávio C. A arquitetura e engenharia no

controle das infecções. Rio de Janeiro: Rio Books, 2010.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Normas para projetos físicos de estabele-cimentos assistenciais de saúde. Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. 2a. ed. Brasília, 2004.

BRASIL. DATASUS. Cadastro Nacional de Estabele-cimentos de Saúde. Disponível em: <http://cnes.data-sus.gov.br/>. Acesso em: 01 mar. 2013.

CARRAMENHA, Márcia M. L. Sustentabilidade em edifícios de saúde. In: CONGRESSO BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR, 4, 2010, Brasília. Anais... Brasília, 2010, p. 71-82.

GUENTHER, Robin; KARLINER, Joshua. Agenda Glo-bal de Hospitais Verdes e Saudáveis, 2011. Disponí-vel em: <http://greenhospitals.net/wp-content/uplo-ads/2012/03/GGHHA-Portugese.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2013.

KARMAN, Jarbas. Manutenção e Segurança Hospi-talar Preditivas. São Paulo: IPH, 2011.

LAMHA NETO, Salim. Instalações prediais ordiná-rias e especiais. Brasília: Ministério da Saúde, 1995.

VILAS-BOAS, Doris. Sustentabilidade em estabeleci-mentos assistenciais de saúde: soluções de projeto ar-quitetônico. Ambiente Hospitalar. v. 5, n. 8, São Paulo: ABDEH, 2011. p. 9-17.

SCHEPERS, Henk; DECOME, Regis. Cost effective energy savings in healthcare. IFHE Digest. Step Commu-nications, Reino Unido, 2013. p. 21-3.

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a QualiDaDe Do ar interior em amBientes hosPitalares Do Ponto De vista Do aConDiCionamento tÉrmiCo natural

Sheila FreireArquiteta, Doutoranda

Francisco A. GonçalvesArquiteto, Doutor

RESUMOConsiderando as variáveis termoambientais deter-

minadas pelas condições climáticas externas locais e as variáveis de projeto para controle do microclima, avaliou-se a qualidade do ar interior, do ponto de vista biológico, do edifício hospitalar Complexo de Doenças Infectoconta-giosas Dr. Clementino Fraga, localizado na cidade de João Pessoa. Para tanto, utilizou-se do método de amostragem de ar por impactação com acelerador linear e de séries de dados de temperatura e de umidade do ar, de velocidades e de direção dos ventos interna e externamente à edifica-ção, coletadas in loco, cujos resultados apresentaram ní-veis inaceitáveis de contaminação.

Palavras-chave: Qualidade do ar interior, Ventilação natural, Arquitetura hospitalar.

ABSTRACTINDOOR AIR QUALITY IN A HOSPITAL

ENVIRONMENT RELATED TO NATURAL THERMAL CONDITIONING

The Being considered the variable termoambientais determined by the local external climatic conditions and the project variables for control of the interior microclima, the quality of the interior air wasevaluated, of the biolog-ical point of view regarding the building Complex hospi-talar of Infect-contagious Diseases Dr. Clementino Fraga, located in the city of João Pessoa, capital of the state of Paraíba/Brasil. For so much it was used, of the method of sampling of air for impactação with lineal accelerator and of series of temperature data and of humidity of the air, of speeds and of direction of the internal winds and externa-mente to the construction, collected in loco, whose results presented unacceptable levels of contamination of the air.

Keywords: Indoor air quality, Natural ventilation, Hospital architecture.

1 INTRODUÇÃOUm dos principais problemas encontrados para a

melhoria da qualidade do ar no interior dos Estabeleci-mentos Assistenciais de Saúde (EAS) se deve ao fato de que sua importância não é reconhecida pelas pessoas responsáveis por sua definição. Nos últimos anos, a qua-lidade do ar em EAS entrou na lista dos mitos da infecção hospitalar, onde a maior preocupação tem se dado em como resolver os problemas de instalações contaminan-tes, sem o mesmo rigor de normalização e controle dos processos construtivos.

A World Health Organization (WHO, 1998), dispon-do sobre a qualidade do ar em ambiente interior, relata que alguns fatores referentes à arquitetura das edifica-ções, ao número de pessoas no ambiente e à recirculação do ar podem promover a disseminação de microrganis-mos. Do ponto de vista das soluções arquitetônicas, o tratamento das variáveis termoambientais, decorrentes das condições climáticas inerentes ao clima quente-ú-mido, permite alternativas de projeto que contemplem o acondicionamento natural do edifício, considerando os diferentes graus de exigências das atividades desenvolvi-das nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Neste sentido, a ventilação natural é uma entre as técnicas que deve interagir na concepção do projeto arquitetônico, adaptando-o às características climáticas e microclimáti-cas do sítio onde está inserido, levando em consideração o potencial de ventilação.

O desprezo a estudos que priorizam o uso de técnicas naturais de climatização para estabelecimentos assisten-ciais de saúde, tem reproduzido uma tipologia hospitalar não condizente com o clima quente-úmido, contribuindo para o aumento do recurso à climatização artificial que,

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além de gerar fontes de calor para o meio urbano, contri-bui para o aumento do consumo de energia.

Este trabalho investigou o papel da ventilação natu-ral como agente veiculador de microrganismos, através de estudo do caso do Complexo de Doenças Infecto-con-tagiosas Dr. Clementino Fraga, situado na cidade de João Pessoa, considerando sua posição referencial no trata-mento especializado no estado da Paraíba.

2 METODOLOGIAA metodologia utilizada para avaliação da qualidade

do ar interior foi composta por quatro etapas:• Investigação das condições termoambientais

no edifício – para o que foram feitas medições das variáveis físicas do hospital, temperatura, umidade relativa do ar, velocidade, direção dos ventos e a verificação das condições de venti-lação interna e externa, visando caracterizar as condições microclimáticas do sítio onde o edifício está inserido e a interferência das va-riáveis de conforto na qualidade do ar interior do edifício. Para isso foram instaladas três esta-ções metereológicas. Essas estações possibili-taram observações simultâneas em três pontos distintos, sendo o ponto P1 na área externa ao edifício; o P2 na espera do ambulatório, no lado norte do edifício, e o P3 na circulação de acesso à internação, lado sul do edifício. As medições foram realizadas em dois períodos representa-tivos do clima da região, inverno e verão, nos meses de julho/agosto e dezembro/janeiro, respectivamente.

• Verificação da distribuição do fluxo do ar no interior do edifício – objetivando traçar uma provável rota de contaminação, a partir da sus-pensão de partículas no ar. Dessa forma foram feitas observações da diferença de coeficiente de pressão entre o interior e o exterior e da canalização das correntes de ar no interior do edifício.

• Investigação da presença de material parti-culado em suspensão – a fim de qualificar e quantificar o número de partículas viáveis por m³ de ar. Para isso, foram feitas 5 amostragens,

realizadas nas áreas de espera e de circulação do hospital. A primeira (PA1), ponto externo ao edifício; a segunda (PA2) correspondente à recepção e espera do ambulatório; a terceira (PA3) na circulação de acesso à internação; a quarta (PA4) na espera do laboratório e a quin-ta (PA5) na espera do DORT.

Para análise microbiológica do ar foi aplicado o méto-do de coleta ativa com impactador linear de baixa vazão em meio de cultura específico ao estudo, utilizando-se o equipamento Thermo Andersen Microbial Sampler Ope-rating Manual, Smyma, GA, USA. Nas análises físico-quí-micas do ar, o método utilizado foi o de leitura direta em triplicata através dos equipamentos: gasômetro marca Equimeter, modelo MR-5, NS 8767379 e do cronômetro digital Mondaine, CRON-004, com resolução de 1/100s. Para quantificar as partículas totais em suspensão foi re-alizada uma leitura em triplicata com contador de partí-culas AEROCET 531.

3 LOCALIZAÇÃOO Complexo de Doenças Infecto-contagiosas Dr. Cle-

mentino Fraga localiza-se na cidade de João Pessoa, ca-pital do Estado da Paraíba. Esta cidade está situada nas coordenadas 7o 08’ S e 34o 53’ W. Em conseqüência da sua localização geográfica, a cidade se caracteriza por temperaturas médias anuais elevadas (27°C), sem esta-ções térmicas, mas com estação úmida definida (80%) e com regime de ventos diário com velocidade média de 3,6m/s.

4 OBJETO No hospital em estudo, dentre os ambientes que me-

recem especial atenção, destacam-se as áreas de aten-dimento da pneumologia e dermatologia sanitária, que cuidam dos programas de “Controle e acompanhamento de doenças transmissíveis” através do diagnóstico e tra-tamento ambulatorial de doenças, como a tuberculose, que necessita de especial controle da qualidade interna do ar. Nestes ambientes, não é permitido o uso de siste-mas de condicionadores de ar e as condições especiais de controle da qualidade do ar ficam a cargo de uma efe-tiva ventilação cruzada de ar natural ou provocada por sistemas mecânicos de ventiladores e exaustores. Nesse

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caso, o risco biológico de transmissão de algumas doen-ças deve ser avaliado em todo o estabelecimento e em todas as áreas em que os pacientes são atendidos ou cir-culem.

Pelo caráter experimental investigativo da pesquisa, o presente trabalho limitou-se a analisar a qualidade do ar nos ambientes de espera da unidade de ambulatório e da circulação de acesso às unidades de internação, con-siderando-se as exigências de ventilação e de exaustão e as estratégias do projeto de arquitetura utilizadas na implantação do edifício.

5 O VENTO E A SUA DISTRIBUIÇÃO NA CIDADE DE JOÃO PESSOA

No caso da cidade de João Pessoa, sua proximidade ao Equador impede que o clima tenha variações sig-nificativas durante o ano, com regime de ventos diário predominantemente característico de zonas costeiras. Dessa forma, permanece durante todo o ano com ventos alísios de sudeste, nos meses menos quentes com maior frequência e velocidade. Nos meses mais quentes, sua frequência é alterada através dos ventos leste e nordeste, vindos das áreas equatoriais na corrente de deslocamen-to, em direção sul da Zona de Convergência Tropical In-terna (SILVA, 1999).

Segundo dados medidos na estação metereológica do aeroporto de João Pessoa (SILVA, 1999), a frequência das direções e das velocidades dos ventos se concentram no quadrante sudeste, rumos 150° e 180°, com veloci-dades variando no intervalo de 0 a 9 m/s e velocidade média de 3,6 m/s.

6 QAI DO EDIFÍCIO HOSPITALARHospitais e outros Estabelecimentos Assistenciais de

Saúde são ambientes complexos que requerem ventila-ção adequada para conforto e controle de emissões que possam ser prejudiciais aos pacientes, funcionários e vi-sitantes. A qualidade do ar nesse tipo de ambiente é mais crítica do que em outros ambientes fechados, devido a vários agentes microbiológicos e químicos presentes e do aumento da suscetibilidade dos pacientes (HEALTHY BUILDINGS, 2000). Sintomas da Síndrome do Edifício Do-ente (SED) têm sido diagnosticados em funcionários de hospitais e centros de saúde em função de estarem ex-

postos a vários agentes químicos e microbiológicos (Fla-theim apud AQUINO NETO; GIODA, 2003).

A qualidade do ar interno é hoje uma preocupação a ser considerada nos projetos e na manutenção dos edifícios hospitalares. O controle do ar ambiente e a prevenção da SED requerem medidas preditivas em to-das as etapas do hospital, ou seja, no pré-planejamento, planejamento, construção e operacionalização (KAR-MAN, 1994). No que se refere à estrutura física, devido à necessidade quase constante por atualizar e expandir os serviços médicos, reformas e construção são ocor-rências comuns em estabelecimentos de saúde, quando são lançadas partículas portadoras de esporos de fungos e bactérias. Os esporos ficam durante muito tempo em suspensão, sendo aerotransportados e podendo atingir longas distâncias (MILLS, 2003). A exposição a esporos se constitui em uma ameaça muito séria para os pacien-tes imunocomprometidos.

O Center for Disease Control and Prevention (CDC, 1994) aponta frequentes pneumonias hospitalares, cau-sadas por Aspergillus spp que foram isolados do ar não fil-trado, na poeira em suspensão causada por reformas ou construção de edifícios, em superfícies horizontais e no sistema de ventilação, causando danos a pacientes imu-nodeprimidos. Casos de aspergilose têm sido relatados como produtos de infecção hospitalar. São evidenciados três principais elementos que contribuem para a doença: a presença de paciente imunodeprimido, a insuficiência dos equipamentos de tratamento de ar e a presença de construção ou reforma em áreas adjacentes (CORNETT et al, 1999).

7 RESULTADOS7.1 Avaliação das variáveis termoambientais

Comparando os resultados obtidos das medições das variáveis termoambientais do hospital, temperatura e umidade relativa do ar, velocidade e direção dos ventos, externa e internamente, realizadas durante o período de inverno e verão, observa-se que a temperatura interna, no inverno, variou no máximo 3,5°C, em relação à exter-na, onde esta diferença se reduz para o intervalo de 0,3°C a 2,0°C nos dias de chuva. No verão, esse valor eleva-se para 3,6°C a 5,2°C. A amplitude da temperatura externa no inverno atinge 8,5° C, enquanto no interior do edifício

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no ponto P2 registra 9,8° C e no ponto P3, 7,5°C. No verão,

a amplitude térmica no exterior elevou-se para 10,8°C e,

no interior, 3,1°C no P2 e 2,9°C no P3. Estes resultados

demonstram a falta de inércia térmica do edifício.

Quanto ao comportamento das curvas de tempera-

turas internas, pode-se notar que são semelhantes nos

pontos P2, orientação sul, e P3, norte, nos períodos de

inverno e de verão. 4 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

Figura 1: Medições de temperatura no verão.

Fonte: os autores

Figura 2: Velocidade dos ventos no inverno.

Fonte: os autores Quanto à velocidade dos ventos, pôde constatar-se que, embora a sua velocidade seja considerável no

ambiente exterior ao edifício, no seu interior ela se mantém, no inverno, no P2 (ambulatório), entre 0,0 m/s e 0,6 m/s e no P3, entre 0,0 m/s e 0,9 m/s. No verão, permanece nula no P2, e, no P3, entre 0,0 m/s e 2,6 m/s.

Quanto à direção dos ventos no período de inverno observou-se que a maior incidência dos ventos ocorre dos rumos leste/sudeste, sul, e sul/sudoeste, seguida dos sul/sudoeste, com velocidade predominante entre os intervalos de 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s. Constatou-se, ainda, com menor frequência, atingindo 1% e com velocidades entre 1 a 2,9 m/s, a presença dos ventos sudoeste. A calmaria, representada pelos ventos com velocidades que variam entre 0 a 0,9 m/s, ocorreu com maior frequência, atingindo um percentual de 40%.

4 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

Figura 1: Medições de temperatura no verão.

Fonte: os autores

Figura 2: Velocidade dos ventos no inverno.

Fonte: os autores Quanto à velocidade dos ventos, pôde constatar-se que, embora a sua velocidade seja considerável no

ambiente exterior ao edifício, no seu interior ela se mantém, no inverno, no P2 (ambulatório), entre 0,0 m/s e 0,6 m/s e no P3, entre 0,0 m/s e 0,9 m/s. No verão, permanece nula no P2, e, no P3, entre 0,0 m/s e 2,6 m/s.

Quanto à direção dos ventos no período de inverno observou-se que a maior incidência dos ventos ocorre dos rumos leste/sudeste, sul, e sul/sudoeste, seguida dos sul/sudoeste, com velocidade predominante entre os intervalos de 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s. Constatou-se, ainda, com menor frequência, atingindo 1% e com velocidades entre 1 a 2,9 m/s, a presença dos ventos sudoeste. A calmaria, representada pelos ventos com velocidades que variam entre 0 a 0,9 m/s, ocorreu com maior frequência, atingindo um percentual de 40%.

Figura 1: Medições de temperatura no verão.Fonte: os autores

Figura 2: Velocidade dos ventos no inverno.Fonte: os autores

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Quanto à velocidade dos ventos, pôde constatar-se que, embora a sua velocidade seja considerável no am-biente exterior ao edifício, no seu interior ela se mantém, no inverno, no P2 (ambulatório), entre 0,0 m/s e 0,6 m/s e no P3, entre 0,0 m/s e 0,9 m/s. No verão, permanece nula no P2, e, no P3, entre 0,0 m/s e 2,6 m/s.

Quanto à direção dos ventos no período de inverno observou-se que a maior incidência dos ventos ocorre dos rumos leste/sudeste, sul, e sul/sudoeste, seguida dos sul/sudoeste, com velocidade predominante entre os in-tervalos de 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s. Constatou-se, ainda, com menor frequência, atingindo 1% e com velocidades entre 1 a 2,9 m/s, a presença dos ventos sudoeste. A cal-maria, representada pelos ventos com velocidades que variam entre 0 a 0,9 m/s, ocorreu com maior frequência, atingindo um percentual de 40%.

Para o período de verão, a maior incidência dos ven-tos dá-se dos rumos leste, leste/sudeste e sudeste, se-guida dos quadrantes sul e sul/sudeste, com velocidade predominante entre os intervalos de 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s. Constatou-se ainda, com menor frequência, atin-gindo 2% e com velocidades entre 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s, a presença dos ventos sul/sudoeste, leste/nordeste e, com 1% e velocidade baixa, a presença dos ventos dos rumos oeste/sudoeste. Os ventos com maiores velocida-des, entre 5 a 7,3 m/s e 7 a 9 m/s, foram registrados nos rumos sul e sudeste, com um percentual de 1%. A calma-ria ocorreu com uma frequência de 20%.

A baixa velocidade do vento no interior do edifício pode-se atribuir a sua arquitetura, embora o eixo longitu-dinal do edifício esteja orientado no sentido leste-oeste, o que favorece as trajetórias solares, além das aberturas estarem localizadas na direção dos ventos dominantes, sul e sudeste, a existência de árvores, localizadas próxi-ma à fachada sul do edifício, redireciona o vento, redu-zindo a sua penetração no edifício e, consequentemente, a sua velocidade no P2 (fachada sul).

Outro fato que contribui para a redução da veloci-dade do ar no ponto P2 (sul) é a localização de todas as aberturas para a orientação sul, a uma altura de 5 metros, próximas a laje. As aberturas estão equivocadamente lo-cadas, não promovendo a ventilação necessária. O vento escoa-se ao longo da circulação com baixa velocidade devido ao tipo de fechamento das aberturas (venezianas

fixas) e pela distância entre a entrada e a saída, somada à obstrução causada por móveis e pela concentração de pessoas.

Quanto à umidade relativa do ar, comparando os per-centuais medidos internamente no ponto 2 (ambulató-rio) e ponto 3 (internação), foi possível notar que existe pequena variação. No P2 mantêm-se elevados na maior parte do tempo – entre 58% e 98%, no inverno, e 51% e 73%, no verão. Estes percentuais não são adequados, principalmente em se tratando de ambiente hospitalar, conforme estudos que recomendam manter-se a umi-dade relativa do ar abaixo de 60% e não inferior a 30% (Holcatoca e Holcat apud HEALTHY BUILDINGS, 2000).

Comparando-se as curvas relativas às medições in-ternas e externas, percebe-se uma relação maior entre as umidades mais baixas, enquanto nas mais altas os inter-valos entre os percentuais se alteram significativamen-te no inverno. Já no período de verão, existe claramente uma tendência à retenção de umidade pela edificação.

7.2 Microbiologia das amostras do arQuanto à avaliação microbiológica do ar, as pesquisas

de ocorrência de fungos demonstram uma concentração elevada de microrganismos patogênicos no ambiente interior. Quatro gêneros de fungos foram isolados do ar nos ambientes internos amostrados: Aspergillus spp, Pe-nicillium spp, Mycelia sterilia spp e, no exterior, além dos citados, o do gênero Alternaria spp.

Embora não haja um padrão de avaliação, para a concentração de fungos em serviços de saúde, estudos demonstram que a concentração de fungos no interior do ambiente não deve exceder a 15% da concentração encontrada no ambiente exterior (Morey, B.A.,1989 apud KULCSAR NETO; SIQUEIRA, 1998).

A concentração de fungos Penicillium spp no interior do edifício está com valores abaixo, nos pontos PA3 e PA5, do encontrado no ambiente externo e, no PA4, na faixa recomendada pelos estudos, inferior a 15%. Quanto aos gêneros Aspergillus spp e Micellia sterilia spp, as con-centrações no interior estão bastante elevadas. Quanto ao Aspergillus spp, no ponto PA3 o valor foi 1197,45%, maior do que a encontrada no ambiente exterior. No ponto PA4 foi de 399,15 % e no PA5 chegou a 698,30%. Já o Micellia sterilia spp foi detectada nos pontos PA4 e

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PA5, com valores superiores ao do exterior, de 199,15% e 299,15%, respectivamente.

Esses valores corroboram o que afirmam alguns pes-quisadores, podendo-se considerar aí a existência de fa-tores que favorecem o resultado, como lugares úmidos e a presença de construção dentro da área do próprio lote do hospital no período da pesquisa.

Quanto à avaliação da concentração de fungos no ar do hospital em estudo, adotou-se como parâmetro quan-titativo o indicado para a classificação de risco de ocor-rência de eventos adversos à saúde por exposição ao ar ambiental de nível 2. Embora a CP RE 109 10/12/2003, no Apêndice I (variáveis físicas, químicas e níveis de risco), não selecionem os ambientes amostrados como potencialmente responsáveis pela aquisição e/ou trans-missão de eventos adversos de nível 2, considerou-se que nessas áreas existem fortes evidências de risco de ocorrência de eventos adversos relacionados à qualidade do ar. Reunem-se grande quantidade de pacientes por-tadores de diferentes doenças infecto-contagiosas e com baixa capacidade imunológica, aliado à presença de vá-rios agentes microbiológicos no ambiente, detectada nas amostras microbiológicas da superfície do piso.

Considerando as condições microclimáticas existen-tes no edifício em termos de temperatura e umidade re-lativa do ar, velocidades e direções do vento, percebe-se que são condições que propiciam o desenvolvimento dos microorganismos.

8 CONCLUSÕES Embora, do ponto de vista das soluções arquitetôni-

cas, os registros das variáveis termoambientais de inver-no e verão para a cidade de João Pessoa permitam alter-nativas de projeto que contemplem o acondicionamento natural do edifício, observaram-se exemplos de arquite-tura incompatíveis com a realidade climática local.

Os altos níveis encontrados de contaminação do ar podem ser atribuídos, mais do que à temperatura e à umidade existentes nos locais medidos, à má ventila-ção, o que demonstra ser necessária a consideração das velocidades assumidas pelo ar interior. Este fator é de suma importância na disseminação de particulados aé-reos e microorganismos aerotransportados, podendo-se atribuir a esse fato os altos níveis de Aspergillus ssp

encontrados nos pontos PA3 e PA5, advindos da obra de ampliação do hospital.

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PartíCulas aÉreas em salas CirÚrgiCas: aspectos gerais

Marcelo Luiz PereiraEngenheiro Mecânico, Doutor

Rogério Vilain Engenheiro Mecânico, Mestre

Arlindo TribessEngenheiro Mecânico, Doutor

RESUMOO precedimento cirúrgico mais cuidadoso pode oca-

sionar uma infecção subsequente. O processo de preven-ção de infecções em pacientes submetidos a cirurgias é constituído por medidas complexas e de difícil aplicação, envolvendo diferentes fatores. O problema da contami-nação por partículas aéreas na ferida cirúrgica continua, ainda hoje, levantando debates. O sucesso dos métodos assépticos e a utilização de medicamentos para o comba-te à infecção leva a maioria dos cirurgiões a desconside-rar o risco das partículas aéreas contaminadas atingirem a ferida cirúrgica. O objetivo do presente trabalho foi des-crever os principais fatores que afetam a concentração das partículas aéreas no interior de uma sala cirúrgica. Foram descritas em detalhes as principais fontes inter-nas (pessoas no interior da sala, procedimento cirúrgico e ressuspensão das partículas das superfícies) e as fontes externas (infiltrações de áreas adjacentes e o sistema de condicionamento de ar).

Palavras-chave: Partículas aéreas, Infecção, Salas cirúrgicas.

ABSTRACTAIRBORN PARTICLES IN A SURGERY ROOM: gen-

eral aspectsThe most careful surgery can be invalidated by a sub-

sequent infection. The process of infection prevention in patients undergoing surgery usually consists of complex

and difficult to apply measures involving different factors . The problem of contamination by airborne particles in surgical infection continues up today, raising many de-bates. The success of aseptic methods and the use of drugs to combat the infection, leads most surgeons to disregard the danger of airborn contaminated particles that can hit the wound. The objective of this paper is to describe the main factors that affect the concentration of airborne particles inside an operating room. It will be de-scribed, in details, the main internal sources of airborne contamination, i.e., people inside the room, the surgery procedure and resuspension of particles from surfaces and sources: infiltration of adjacent areas and air condi-tioning system.

Keywords: Airborne particles, Infection, Operating room.

1 INTRODUÇÃOAs intervenções cirúrgicas complexas e demora das,

que se fazem hoje, exigem atividades intensas, uma gran-de equipe de pessoas e o uso de muitos tipos de equipa-mentos. Esta situação torna importante o controle eficaz das variáveis que interferem na saúde, conforto e bem-estar do paciente e da equipe cirúrgica. Assim, para o controle preciso das condições ambientais e a diluição e remoção de agentes nocivos a saúde, tais como partí-culas aéreas, alguns requisitos devem ser considerados, tais como: a restrição do movimento do ar internamente

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e entre setores, necessidades específicas de ventilação e filtragem e a necessidade de controle de temperatura e umidade.

As partículas no interior de uma sala cirúrgica têm basicamente três origens:

• aquelas geradas no interior da sala de cirurgia; • as provindas de áreas adjacentes; • as introduzidas na sala cirúrgica pelo sistema

de condicionamento de ar. Essas partículas, quando dispersas no ar, tendem a

se depositar com variada velocidade sobre as superfícies por efeito da gravidade e/ou por atração eletrostática. As partículas menores podem permanecer em suspensão durante várias horas.

2 FONTES E TRAJETÓRIAS DE INFECÇÃO Qualquer controle sobre o processo de infecção em

uma ferida cirúrgica deve estar baseado na compreen-são da forma como a infecção inicia. Em uma sala cirúr-gica há vários fatores relacionados à infecção. Entre eles incluem-se: o tipo de procedimento cirúrgico; a suscep-tibilidade do paciente à infecção; a profilaxia antibióti-ca; a fragilidade da técnica ou do padrão de assepsia da equipe cirúrgica; descamações da pele; gotículas gera-das; número de pessoas na sala cirúrgica e suas condi-ções de saúde e higiene; auto-contaminação do paciente pela pele e fluidos; campos cirúrgicos, luvas, vestimen-tas, máscaras, respiradores ou sistemas de exaustão da equipe cirúrgica (se houver); atividade e nível de con-forto na sala cirúrgica; localização e quantidade de calor produzido pelas luzes e equipamentos; luz ultravioleta (se houver); sistema de condicionamento de ar (projeto, operação e manutenção); instrumentos contaminados, entre outros.

3 FATORES QUE AFETAM A GERAÇÃO DE PARTÍCULAS

A concentração de partículas no interior de uma sala cirúrgica, pode variar amplamente. Os níveis de conta-minação dependem das fontes geradoras de partículas e dos processos de remoção. As fontes geradoras de conta-minação podem ser externas ou internas. 3.1 Fontes internas

As fontes internas contribuem com a maior parcela

da contaminação gerada no interior de uma sala cirúr-gica.

As pessoasAs pessoas representam uma fonte muito importan-

te de geração de partículas e a taxa de geração depende do número de pessoas presentes na sala, do grau de ati-vidade destas pessoas e da eficiência da vestimenta no controle destas partículas. A pele humana, por exemplo, libera cerca de um bilhão de microfragmentos diaria-mente. Somente com a descamação perdemos cerca de 10% de nosso peso anualmente, o que corresponde a mais ou menos 20g diárias de pele descamada (ASHRAE, 2013). A maioria das partículas geradas é proveniente da pele e fibras de algodão das roupas, estando na faixa de 5 a 10 μm de diâmetro (PEREIRA, 2008).

Em uma sala de cirurgia a dispersão de fragmentos de pele ocorre a partir da pele desnuda e também pe-los interstícios entre os fios dos tecidos, como o algodão. Mesmo trajando roupas esterilizadas, cada membro da equipe cirúrgica representa uma fonte potencial de con-taminação, emitindo entre 1.500 e 50.000 partículas por minuto (ASHRAE, 2013).

É comprovado que o traje comum estéril utilizado pela equipe cirúrgica pouco faz para evitar a passagem de fragmentos de pele. De fato, o tecido de algodão usado normalmente nos hospitais possui tamanho de poros en-tre 80 μm e 100 μm, enquanto as células da superfície da pele se fragmentam em partículas de tamanho médio de 5 a 10 μm (PEREIRA, 2008).

O procedimento cirúrgicoO tipo de procedimento cirúrgico também é um fator

que contribui para a geração de partículas no interior da sala. Os limitados dados da literatura sobre a distribui-ção e tamanho de partículas em ambientes hospitalares indicam que alguns procedimentos resultam em geração de aerossóis em uma faixa de tamanho muito específi-co (MORAWSKA; JAMRISKA; FRANCIS, 1998). O conhe-cimento das fontes de geração de partículas durante as cirurgias é de fundamental importância, especialmente em cirurgias ortopédicas, devido à formação de fumaças e aerossóis produzidos pelo uso de ferramentas como serras ósseas, brocas e outras. Tais partículas podem es-tar contaminadas por potenciais agentes patogênicos e

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serem espalhados por toda a sala de cirurgia, contami-nando superfícies (PEREIRA et al, 2012).

A ressuspensãoA ressuspensão é um importante fator na concentra-

ção de partículas no interior de uma sala cirúrgica. Pode ser definida como o destacamento de uma partícula de uma superfície e o seu transporte. Existem vários fatores que afetam na ressuspensão das partículas: a movimen-tação dos ocupantes, a formação de gradientes de tempe-ratura, que podem provocar movimentos de convecção, e os fluxos turbulentos criados por correntes de ar. Quanto maior a partícula e maior a velocidade do ar, maior a pro-babilidade de ocorrer a sua ressuspensão (WILEY, 2001).

3.2 Fontes externasAs partículas provenientes das fontes externas po-

dem penetrar na sala através de infiltrações de áreas adjacentes e/ou pelo sistema de condicionamento de ar. A contaminação proveniente das áreas adjacentes pode ser combatida por meio da manutenção de gradiente de pressão positivo no interior da sala. A contaminação pro-veniente do sistema de condicionamento de ar, por sua vez, é função da eficiência do sistema de filtragem.

Sistema de condicionamento de arUma parcela da concentração de partículas existen-

tes no interior de uma sala cirúrgica é proveniente do sistema de ar condicionado. O insuflamento dessas par-tículas pode ser controlado pelo sistema de filtragem, ou seja, em uma sala cirúrgica o sistema de filtragem possui um papel fundamental no sentido de eliminar as partí-culas provenientes do ar externo e do ar de recirculação.

É importante destacar que os sistemas de ar condi-cionado podem albergar bactérias, vírus e fungos, que são capazes de sobreviver em ambientes secos por lon-gos períodos (AFONSO et al., 2004). Quando o sistema de filtragem não retém os poluentes, eles tendem a se acumular em diversas partes do sistema de condicio-namento de ar, como em aletas e bandejas de condensa-do. Assim, quando não ocorre a limpeza adequada des-ses componentes, pode haver a formação de lodo, que se constitui em um excelente meio de cultura de vírus, fungos e bactérias, os quais serão arrastados pelo ar e

introduzidos no ambiente condicionado. É preciso levar em conta, além do projeto, a manutenção do sistema, que inclui, entre outras coisas, a limpeza periódica dos componentes. Da mesma forma, a utilização incorreta do sistema de condicionamento de ar pode provocar o au-mento da concentração de partículas no interior de uma sala cirúrgica.

É de fundamental importância destacar que a utili-zação de equipamentos de condicionamento de ar ina-dequados em salas cirúrgicas, como splits ou ar condicio-nado de janela, ainda persiste no Brasil, constituindo-se em sério problema de controle da infecção hospitalar. Quando se usam estes equipamentos, os riscos de con-taminação por partículas aéreas se amplificam. Eles não possuem renovação de ar e, além disso, o fluxo turbulen-to criado contribui para a dispersão das partículas de ou-tros pontos da sala, podendo projetá-las sobre o campo cirúrgico, contaminando-o (PEREIRA, 2008).

Infiltrações de áreas adjacentesO conhecimento do fluxo de ar que passa através de

uma abertura tem importante aplicação no controle do transporte poluente que pode penetrar no interior de uma sala contaminado por patógenos, especialmente quando a sala localiza-se nas proximidades de áreas con-taminadas.

O mecanismo de escoamento do ar é geralmente in-fluenciado pela diferença de densidade, pelo diferencial de pressão produzido pelo sistema de condicionamento de ar e pelos efeitos cinemáticos, tais como o movimento de pessoas através da abertura ou o movimento da pró-pria porta (FAVAROLO; MANZ, 2005; WOLOSZYN; RU-SAOUËN, 2004).

O diferencial de pressão pode, frequentemente, ser o mecanismo dominante no escoamento do ar através de aberturas, mas em muitas circunstâncias variações de temperatura têm uma grande influência nos padrões de movimentação do ar dentro do espaço e na natureza de troca. A diferença de temperatura entre o interior e as áreas adjacentes dentro de um edifício produz forças que dirigem o fluxo de ar (PEREIRA, 2008).

4 CONCLUSÕESNas infecções exógenas, microorganismos presentes

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no ambiente hospitalar conseguem atingir o paciente. Um dos meios importantes de infecção exógena é por meio da contaminação da ferida por partículas. A con-centração de partículas no interior de uma sala cirúrgi-ca pode variar amplamente. Os níveis de contaminação dependem das fontes geradoras de partículas e dos pro-cessos de remoção. As fontes geradoras de contaminação podem ser externas ou internas. Com relação às fontes internas, as pessoas representam uma fonte importante de geração de partículas. Da mesma forma o sistema de condicionamento do ar é uma importante fonte de gera-ção proveniente do meio externo.

Embora o problema da contaminação por partículas aéreas na infecção cirúrgica permaneça levantando mui-tos debates, o seu controle é de fundamental importância para a manutenção da assepsia das salas de procedimen-tos invasivos, diminuindo os riscos.

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gestão De reCursos físiCos e teCnolÓgiCos Da saÚDe no Brasil

José Mauro Carrilho GuimarãesArquiteto, Mestre

RESUMOA gestão dos Recursos Físicos e Tecnológicos da Saúde

(REFIT) trata da infraestrutura dos serviços de saúde, dos equipamentos médicos, dos parques tecnológicos, das manu-tenções (preventivas, corretivas e preditivas), da terceirização, treinamento e capacitação de profissionais, do planejamento, do controle e fiscalização. O seu gestor deve ter habilidade (sa-ber fazer), atitude (saber ser) e conhecimento (saber), pois são atributos fundamentais em sua ação. Deve conhecer e viver a rede de saúde (da básica aos grandes hospitais), a hierarqui-zação da rede, as políticas e burocracia do processo, incluindo as realidades locais. Deve ser agregador dos profissionais que compõem o processo de construção e manutenção das estru-turas físicas de estabelecimentos de saúde, conhecer normas e leis, além de técnicas de planejamento, ter capacidade de de-cisão, administrar recursos físicos, financeiros e humanos com eficiência, eficácia e ter compromisso com o SUS.

Palavras-chave: Recursos físicos e tecnológicos da saúde, Gestão em saúde, Tecnologia em saúde.

ABSTRACTTECHNICAL RESOURCES FOR HEALTH IN BRAZILSo-called Physical and Technological Resources for Health

Management deals with the infrastructure of health resourc-es, resources of medical equipment, inventories and diagnos-tic technology parks, maintenance (preventive, corrective and predictive), outsourcing, training and development profession-als planning, control and monitoring, software as a tool to cre-ate and maintain indicators, think about future technological developments, incorporating human resources (architects, civ-il engineers, electrical, electronic, mechanical, clinical, biomed-ical, technologists and technicians), contracts, documentation and standards, such as activities and assignments. The man-ager must have skills (know-how), attitude (how to be) and

knowledge (know). Know and live the health network (basic to large hospitals), hierarchical network, politics and bureaucra-cy of the process, micro and macro situations and interdepen-dencies of local realities (every case is different), be aggregator of professionals that make up the process, meet regulations and laws, of the planning, decision-making capacity, managing physical, financial and human resources effectively and effi-ciently, and commitment to the SUS.

Keywords: Physical and Technological Resources for Health, Health administration, Technological Developments in Health.

1 INTRODUÇÃOAo longo dos séculos vários foram os estudiosos que

buscaram entender a lógica do funcionamento das orga-nizações, conformando-se, nesse processo, novas “for-mas de pensar e compreender” que deram suporte às di-ferentes correntes (ou escolas) que compõem as Teorias da Administração.

As exigências impostas às empresas contemporâne-as, no sentido de adaptação às contingências, sejam elas internas ou externas, de modo a adequar suas partes constituintes às necessidades intrínsecas dos processos de produção, possibilita a organização de cada uma des-tas partes segundo os princípios norteadores de cada es-cola anteriormente referida.

Em se tratando de otimizar recursos numa organi-zação profissional, dá-se destaque às intervenções nas áreas administrativas e de apoio logístico. Face ao alto custo de operação destas organizações, é fundamental que estas áreas tenham bom desempenho gerencial.

O sistema de saúde vigente em nosso país foi mo-delado há relativamente pouco tempo, culminando um processo de mudanças que remonta à década de 1970,

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acelera-se ao longo dos anos 1980 e adquire estatuto institucional no fim dessa década. Fruto de um processo interno de forte densidade política e social, mas também influenciado por diversos modelos externos, em parti-cular por aqueles vigentes nos welfare states, nosso sis-tema foi estabelecido pela Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, estando reguladas pelas leis 8.080 e 8.142, ambas de 1990. É conhecido como Sistema Úni-co de Saúde (SUS) justamente porque sua formulação correspondeu a uma unificação de vários subsistemas existentes até então, superando a fragmentação institu-cional que prevalecia tanto no interior da esfera federal (saúde previdenciária, saúde pública etc) quanto entre as diferentes esferas governamentais (federal, estadual e municipal), e também separando o setor estatal do setor privado.

Ao estabelecer princípios como a universalidade, a equidade e a integralidade da atenção, bem como as di-retrizes organizacionais da descentralização e da parti-cipação da sociedade, o SUS rompeu com o sistema an-terior, fundou novas bases institucionais, gerenciais e assistenciais para o provimento das ações e dos serviços de saúde no país, então considerados como direito uni-versal da cidadania e dever do Estado.

É importante destacar que os repasses federais aquém das necessidades dos sistemas locais induzem a ajustes na agenda da saúde por meio de inovações orga-nizacionais relacionadas à contenção de custos, ao uso de recursos próprios, ao orçamento prospectivo, ao teto orçamentário, a contratos de gestão e à flexibilidade da gestão pública.

A Rede SUS do século XXI conta com 5.881 unida-des hospitalares, 36.512 unidades básicas e 5.218 uni-dades de SADT (Serviço de Apoio à Diagnose e Terapia ou Serviço Auxiliar de Diagnóstico e Terapia), totalizan-do 47.611 estabelecimentos de saúde. Entretanto, deste total, 4.351(9,1%) se localizam na região Norte; 15.322 (32,1%) na região Nordeste; 15.458 (31,2%) na região Sudeste; 8.963 (18,8%) na região Sul e 3.517 (7,4%) na região Centro-Oeste (BRASIL, 2002)

Embora os números expressem desaceleração no in-cremento de novas unidades hospitalares, isso não signi-fica que se investirá menos nesse tipo de unidade, muito pelo contrário, pois as tabelas e gráficos editados podem

estar mostrando que apenas estamos iniciando um novo modelo de investimento na Rede Hospitalar do SUS, que será voltado à transformação das unidades hospitalares existentes, de modo que estas possam incorporar novas tecnologias. Nesse contesto, a palavra chave é reorgani-zar.

2 INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS NA SAÚDEÉ indiscutível que o processo de incorporação de

tecnologias na assistência médico-hospitalar ocorre de modo acelerado, irreversível e implacável. Tal processo é marcado por quatro dimensões estruturantes, que lhe imprimem maior grau de complexidade:

• A incorporação de máquinas e equipamentos biomédicos não substitui a mão de obra exis-tente;

• A incorporação de tecnologias para o apoio ao diagnóstico é cumulativa – uma nova tecnolo-gia não prescinde da anterior;

• A incorporação de tecnologias na saúde pres-supõe a formação/capacitação constante de operadores;

• As incorporações de tecnologias na saúde pres-supõem cuidados redobrados com “a saúde” do parque tecnológico, com vistas a sua confiabi-lidade.

Se levarmos em conta o aporte das novas e com-plexas tecnologias das últimas décadas, expressas pelo incremento de serviços de alto custo e alta complexida-de, como as Unidades de Terapia Intensiva, e a difusão significativa de serviços de média complexidade (como os serviços de imagem, de métodos gráficos e métodos óticos), veremos que existem grandes lacunas, quanti-tativa e qualitativamente falando, em relação à mão de obra técnica capacitada para operar e manter estes ser-viços, tais como: Técnicos de Enfermagem, Técnicos de Biodiagnósticos, Técnicos de Raios-X, Técnicos de Manu-tenção de Equipamentos Biomédicos, entre outros, que necessitam ser incorporados à força de trabalho do SUS.

Planejar neste contexto passa a ser uma necessidade cotidiana. Planejar precisa ser um processo permanente, para que possa garantir a direcionalidade das ações de-senvolvidas, corrigindo rumos, enfrentando imprevistos e buscando caminhar em direção aos objetivos que se

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quer alcançar. Planejar é pensar antes, durante e depois de agir. Envolve o raciocínio (a razão) e, portanto, pode-se entender que o planejamento é um cálculo (racional) que precede (antes) e preside (durante e depois) a ação. É um cálculo sistemático que articula a situação imediata e o futuro, apoiado por teorias e métodos.

O ator que planeja não pode se apropriar de todas as complexidades situacionais. Portanto, deve considerar tanto as propostas dos especialistas (ou o ponto de vista técnico-científico), como as diferentes visões ou pontos de vistas dos políticos, que captam a realidade buscando realizar seus projetos ou compromissos.

Propõe-se aqui o desenvolvimento do planejamento como processo participativo, possibilitando a incorpora-ção dos pontos de vista dos vários setores sociais, inclu-sive da população. Nesse processo, vários atores sociais explicitam suas demandas, propostas e estratégias de solução, numa perspectiva de negociação dos diversos interesses em jogo. Essa participação enriquece o pro-cesso de planejamento criando uma co-responsabilidade dos atores com a efetivação do plano de ação, dando mais legitimidade e, mesmo, viabilidade política ao plano.

3 O GESTOR DE REFITNo ano de 2006, tendo como cenário a saúde e o

SUS, nasce o ator social com a denominação de Gestor de Recursos Físicos e Tecnológicos da Saúde (REFIT). Seu surgimento ocorre a partir da formação em Especialista em Recursos Físicos e Tecnológicos, curso sob a tutela da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) em conjunto com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP).

O curso contou com a participação de profissionais das áreas de arquitetura, engenharia e engenharia clí-nica oriundos de Secretarias Estaduais e Municipais, Vi-gilância Sanitária, Hospitais Universitários e do próprio Ministério da Saúde, vindos do Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e do próprio Rio de Janeiro. Estes profissionais fo-ram reunidos mensalmente com o desafio de implemen-tar a Gestão de REFIT no Sistema Único de Saúde. O obje-tivo seria que, após a conclusão do curso, no decorrer do ano de 2006, fossem formados tutores, replicadores de conhecimentos para, inicialmente, um número estimado em 600 profissionais espalhados em todo território na-

cional – tarefa não implementada. Na área da infraestrutura das edificações e das ins-

talações hospitalares observamos a carência de profis-sionais na gerência e manutenção da infraestrutura físi-ca em saúde, uma vez que a vida útil de uma edificação, principalmente na área hospitalar, está diretamente re-lacionada com a qualidade e regularidade da sua manu-tenção adequada, com a efetiva ação de rotinas e proce-dimentos preventivos e corretivos.

Podemos ainda observar que as ocorrências nos contratos de manutenção, seu acompanhamento técnico quanto à qualidade do que é feito, deve-se à inexistência, em muita das unidades hospitalares, de especialistas em gestão de manutenção (engenheiros clínicos, engenhei-ros de manutenção, engenheiros biomédicos etc), limi-tando-se as organizações à prática de um acompanha-mento burocrático dos contratos feitos por profissionais que, em vários casos, carecem de conhecimentos técni-cos nessa área específica.

4 CONCLUSÃOO desafio posto pela realidade é o de adequar à in-

corporação tecnológica à estrutura de necessidades de saúde, pois não existe no mundo, e muito menos num país como o Brasil, recursos financeiros suficientes para suportar a lógica dos diagnósticos e exames complemen-tares, baseados na tecnologia dos equipamentos de custo altíssimo e de rápida obsolescência. É preciso redefinir o papel dos EAS na organização da atenção, mediante a valorização do atendimento ambulatorial e domiciliar, da articulação da demanda variável a uma oferta organiza-da de serviços e da utilização do saber epidemiológico e social na realização das práticas de saúde.

O uso do conhecimento epidemiológico, a tecnologia da informação e o monitoramento permanente e qualifi-cado dos clientes/pacientes podem ser aspectos de um novo modelo de atenção voltado para a qualidade de vida, em que as políticas de saúde visarão a promoção da saúde, a prevenção de doenças, a recuperação dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida. Além disso, a adoção desse modelo pode representar uma saída não apenas de baixo custo, mas, principalmente, de maior re-solutividade.

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O reconhecimento da integralidade como princípio ou diretriz, que contemple as dimensões biológicas, psi-cológicas e sociais do processo saúde-doença mediante a promoção, proteção, recuperação e reabilitação, visando à integralidade do ser humano, deve ser difundido como uma nova cultura da saúde na educação profissional.

REFERÊNCIASAZEVEDO, M. A. 40 anos de história da gestão da

manutenção de equipamentos biomédicos nos hos-pitais públicos do Rio de Janeiro, Tese (Mestrado), Es-cola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2010.

AZEVEDO NETO, F. P. B. Desenvolvimento de tecno-logia de gestão para ambientes hospitalares: o caso do Instituto Fernandes Figueira. Dissertação (Mestrado), Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2004.

BRASIL. Microdados MAS/IBGE/DATASUS. Distri-buição das unidades de Saúde da Rede SUS segundo década de criação, natureza jurídica e tipo de unida-de. Rio de Janeiro, 2002.

GUIMARÃES, J. M. C. Nasce o gestor de Refit. Revista Notícias Hospitalares, São Paulo, n. 51, Ano 5, p. 24, ju-lho/agosto/setembro, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Participativa. Reorganizando o SUS no Município do Rio de Janeiro. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005.

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o ProCesso De ProJeto De Centros De DiagnÓstiCo Por imagem soB o Ponto De vista Da anÁlise Dos fluXos

Andrea D. Leitner ThomazoniArquiteta, Doutoranda

Sheila Walbe OrnsteinArquiteta, Doutora

RESUMOEquipamentos urbanos como edifícios da saúde

apresentam uma dinâmica de renovação espacial ace-lerada, requerendo revisões e ampliações constantes. A operação diária de vazão dos diversos fluxos ali exis-tentes é bastante complexa sob vários aspectos e sua organização passa pela competência da gerência destas instituições. A questão fundamental é eleger os aspectos notáveis que emergem da análise da arquitetura de edi-fícios da saúde quanto ao aspecto dos diversos fluxos ali existentes, objetivando subsidiar eventuais rearranjos de configurações internas. O presente artigo está cen-trado na comprovação de que o estudo dos fluxos pode transformar os ambientes do edifício da saúde em mais humanos para com seus usuários. Para tanto, analisa-ram-se os fluxos tomando-se como exemplo um centro de diagnóstico por imagem em unidade autônoma, uti-lizando alguns instrumentos da Avaliação Pós-Ocupação (APO). Demonstrou-se como o estudo dos fluxos pode contribuir em diversos temas na elaboração de projetos de requalificação espacial.

Palavras-chave: Centros de diagnósticos por ima-gem, Avaliação pós-ocupação, Arquitetura hospitalar.

ABSTRACTTHE DESIGN PROCESS OF IMAGE CENTERS OF

DIAGNOSIS FROM THE POINT OF VIEW OF THE ANALYSIS OF THEIR WORKFLOWS

Urban healthcare facilities have a dynamic physical renovation requiring constant revisions and expansions. Its daily operational flows are quite complex and its organization goes through the competence of its

institutions. The key issue is to elect the notable aspects that emerge from the analysis of the architecture of healthcare buildings taken as example, through the Post-Occupancy Evaluation (POE) approach, from the point of view of the different flows, aiming at to collaborate with internal rearrangements, with the development of architectural programming and to meet user requirements of complex buildings of such nature. This paper is focused through a case study, if there is or if there is not enough evidence to ensure that the study of flows in the design can make building environments more friendly to its users. It is intend to discuss about flows taking as example image centers of diagnosis in autonomous unit using some tools of Post-Occupancy Evaluation (POE). It is intend to demonstrate how the study of flows can contribute in many aspects in the development of architectural design processes and be adopted for its quality management.

Keywords: Image center of diagnosis, Post-occupancy evaluation, Hospital architecture.

1 A AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) EM CENTROS DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

A questão das contribuições das metodologias pro-jetuais para os edifícios da saúde revela sua importância em relação à amplitude da demanda por esses equipa-mentos urbanos, ao montante de recursos envolvidos e ao alcance social que possuem.

Para Bitencourt (2006), ao se projetar um edifício da saúde, o programa de necessidades físico-funcionais arquitetônicas deve contemplar as atividades a serem ali realizadas. O edifício, portanto, deve se ajustar ao pro-

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grama e aos parâmetros construtivos de engenharia e arquitetura. As edificações, no entanto, em uma época de intensa dinâmica social e tecnológica, tendem a perder rapidamente sua função original, exigindo adequações, seja porque mudam as expectativas sociais ou econômi-cas, seja porque novas tecnologias as fazem obsoletas.

Considerando-se que a falta de estudo prévio e de planejamento dos fluxos em centros de diagnóstico por imagem geram relevantes problemas funcionais e físi-cos na ocupação, é possível questionar se as ocupações espontâneas e se o crescimento sem planejamento com-prometem a gestão de edifícios da saúde a partir de seu estágio inicial, no decorrer do seu processo de cresci-mento e durante a sua modernização. Nesse sentido, a questão do estudo dos fluxos frente às sucessivas reade-quações espaciais a que são continuamente submetidos é relevante na medida em que deve preservar o conceito de humanização e eleger os processos de execução do projeto arquitetônico mais adequados.

A presente pesquisa apresenta o estudo dos conflitos de fluxos de usuários de um estabelecimento de saúde por meio de um estudo de caso. Para o arquiteto, a huma-nização do edifício da saúde significa tornar o ambiente construído facilitador de práticas que contribuam para garantir o bem-estar físico e psicológico dos usuários e que estimulem a incorporação de novos procedimentos às práticas médicas.

Devem-se aliar os princípios gerais que regem uma boa arquitetura à elaboração de ambientes que favore-çam a recuperação da saúde do paciente e que garantam o seu bem-estar, dispondo os espaços internamente de modo a atender às demandas tecnológicas da medicina, isto é, propiciar áreas flexíveis para os tipos de serviços que serão demandados.

Para Bross (2013), sendo o edifício da saúde orga-nizado espacialmente em setores físicos, para a compre-ensão das interfaces setoriais e dos fluxos é necessário saber a origem e o destino dos usuários, equipamentos e materiais.

Este trabalho apresenta os resultados decorrentes da aplicação dos procedimentos metodológicos da APO funcional num complexo horizontal, o Centro de Diag-nósticos β (CD β), situado em Campinas, São Paulo, do qual foi analisado o projeto e o seu desempenho em uso

segundo os fluxos de pacientes, funcionários e equipa-mentos.

OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOSOs procedimentos metodológicos da APO funcional

aplicados no CDβ foram realizados baseados em obser-vações, percepções e medições, contemplaram visitas exploratórias, análise de documentação, elaboração e aplicação de checklist, registros fotográficos, observa-ções comportamentais, entrevistas com usuários chaves e grupos focais. Para o grupo de pacientes, o contato se deu apenas por meio das observações comportamentais. A compreensão do centro de diagnóstico por imagem estudado se deu por meio do conhecimento de normas específicas, da bibliografia disponível, da análise de um benchmark e da aplicação da metodologia da APO fun-cional.

O trabalho de observações comportamentais dos usuários resultou na elaboração do mapeamento dos seus fluxos. Foram realizadas entrevistas com usuários chaves, quando foram desenhados os percursos realiza-dos por meio do acompanhamento a técnicos e enfermei-ros quando do atendimento ao paciente.

3 A APO FUNCIONAL NO CENTRO DE DIAGNÓSTICOS

Segundo Góes (2006), um leiaute geral de um com-plexo de radiologia associa o diagnóstico em radiologia e o tratamento por meio da radioterapia (acelerador nuclear, bomba de cobalto, braquiterapia, ortovoltagem e simulador de radioterapia). São executados procedi-mentos de ultrassonografia, mamografia, densitometria e medicina nuclear. Sua estrutura solicita recursos cons-trutivos com controle de radiações, uma grande quanti-dade de serviços complementares e administrativos. O leiaute deve separar a circulação de pacientes da área de funcionários e possuir arranjo lógico das salas (ver figu-ra 01).

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O CDβ se destaca pelas atividades de Ressonância Nuclear Magnética (RNM) e de Tomografia Computado-rizada (TC). Realiza ainda exames de raios X e de ultras-som. Tais modalidades de diagnóstico por imagem são comuns em edifícios similares e são complementares àquelas exercidas num centro de diagnóstico situado nas proximidades.

O CDβ é um complexo de três casas térreas (contem-plando uma delas um subsolo) e suas edículas, além de uma construção em terrenos que foram se incorporando ao empreendimento desde 1994, explicitando a dinâmi-ca de renovação espacial acelerada em imóveis adapta-

dos. As salas de exames de maiores dimensões, como as de ressonância nuclear magnética e tomografia compu-tadorizada, entretanto, não foram adaptações de casas pré-existentes mas resultado de novas edificações, aten-dendo as dimensões constantes na norma RDC 50/2002, da ANVISA (BRASIL, 2002).

A ocupação evidencia a clara organização espacial por setores, sendo cada casa destinada a uma atividade específica. A casa 1, por exemplo, é reservada para o ul-trassom, a casa 2 para raio X (ver figura 02), o que dimi-nui os cruzamentos indesejáveis.

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Legenda:

Fluxo de funcionários

Fluxo de pacientes

Figura 1: Relações funcionais da radiologia. Fonte: Góes (1990, p.102), com adaptação de A. L. Thomazoni.

O CDβ se destaca pelas atividades de Ressonância Nuclear Magnética (RNM) e de Tomografia Computadorizada (TC). Realiza ainda exames de raios X e de ultrassom. Tais modalidades de diagnóstico por imagem são comuns em edifícios similares e são complementares àquelas exercidas num centro de diagnóstico situado nas proximidades.

O CDβ é um complexo de três casas térreas (contemplando uma delas um subsolo) e suas edículas, além de uma construção em terrenos que foram se incorporando ao empreendimento desde 1994, explicitando a dinâmica de renovação espacial acelerada em imóveis adaptados. As salas de exames de maiores dimensões, como as de ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada, entretanto, não foram adaptações de casas pré-existentes mas resultado de novas edificações, atendendo as dimensões constantes na norma RDC 50/2002, da ANVISA (BRASIL, 2002).

A ocupação evidencia a clara organização espacial por setores, sendo cada casa destinada a uma atividade específica. A casa 1, por exemplo, é reservada para o ultrassom, a casa 2 para raio X (ver figura 02), o que diminui os cruzamentos indesejáveis.

Figura 1: Relações funcionais da radiologia.Fonte: Góes (1990, p.102), com adaptação de A. L. Thomazoni.

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Figura 3: Fluxos dos usuários no CDβ Fonte: Thomazoni (2009)

Destaca-se ainda que é interessante separar pacientes que ainda irão realizar os exames daqueles que recebem os resultados, pois não são raras as emoções negativas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo físico-funcional do CDβ, torna-se possível refletir sobre as características mais adequadas para centros de diagnóstico por imagem. As conclusões a partir dos resultados aferidos pela aplicação da metodologia da APO foram valiosas e podem ser incorporadas às futuras adaptações construtivas do estabelecimento.

Segundo Thomazoni e Ornstein (2008), as evidências empíricas registradas por meio da APO funcional podem permitir, para estudos de casos similares, fundamentar projetos sob a ótica da setorização, da funcionalidade e da flexibilização dos espaços, aprimorando a gestão da qualidade deste tipo de ambiente à luz das demandas constantes de incorporação de novas tecnologias.

O estudo de caso evidenciou a necessidade de constantes ampliações para o atendimento à demanda. Assim, para casos semelhantes, as intervenções devem propiciar melhorias, mas deverão sempre enfrentar o problema de disponibilidade de área para ampliação quando for atingida a sua ocupação máxima. Nesse sentido, a verticalização é um recurso adequado para incorporar áreas complementares.

As questões da interdisciplinaridade na arquitetura e da utilização de multi-métodos para a APO têm sido discutidas por especialistas a nível global. A compreensão da ocorrência dos diversos fluxos operantes no ambiente hospitalar pode subsidiar a criação de instrumentos, sobretudo gráficos, para aplicação nos ambientes construídos em uso e na realimentação do processo de projeto.

Inclui ainda serviços de apoio como cozinha e re-feitório de funcionários, telemarketing, faturamento, contabilidade, departamento de pessoal, administração e diretoria, atingindo a proporção de 2:1 pacientes por funcionário. As salas de exames são utilizadas na sua capacidade máxima e há demanda na região para mais salas de ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada.

A clínica teve uma ocupação efetuada em etapas, à medida que novas edificações foram incorporadas. Cada adição permitiu disponibilizar área para estabelecer esperas secundárias, comuns aos estabelecimentos as-sistenciais da saúde (EAS) que separam o paciente do acompanhante antes da realização do exame.

Ao longo da pesquisa, o CDβ se encontrou sempre em pequenas reformas ou alterações funcionais, atendendo às necessidades de adaptações constantes em função da implantação de novas tecnologias de imagem. Cite-se

como exemplo a supressão, no programa arquitetônico, do ambiente câmara escura, quando foi implantada a di-gitalização do raio X.

O CDβ não possuía, à época da pesquisa, um plano di-retor de ocupação com ampliações previstas, apesar do uso dos recuos como circulação de funcionários apontar para a necessidade de revisão criteriosa da ocupação.

4 A APO COM FOCO NO FLUXOS DE USUÁRIOSPor meio de entrevistas com funcionários-chaves foi

possível tomar conhecimento dos caminhos percorridos por todos os grupos de usuários do edifício. A finaliza-ção dos registros, no entanto, ocorreu após o acompa-nhamento dos pacientes e funcionários ao longo de uma semana, quando foram detectadas ocorrências inespera-das, como obstruções de circulações por macas e cadei-ras de rodas. Como resultado gerou-se graficamente os principais trajetos na unidade (ver figura 03). A repre-

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Legenda: Área de exames ● Área de suporte aos exames ● Áreas de apoio

Figura 2: Blocos funcionais do CDβ. Fonte: Thomazoni (2009)

Inclui ainda serviços de apoio como cozinha e refeitório de funcionários, telemarketing, faturamento, contabilidade, departamento de pessoal, administração e diretoria, atingindo a proporção de 2:1 pacientes por funcionário. As salas de exames são utilizadas na sua capacidade máxima e há demanda na região para mais salas de ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada.

A clínica teve uma ocupação efetuada em etapas, à medida que novas edificações foram incorporadas. Cada adição permitiu disponibilizar área para estabelecer esperas secundárias, comuns aos estabelecimentos assistenciais da saúde (EAS) que separam o paciente do acompanhante antes da realização do exame.

Ao longo da pesquisa, o CDβ se encontrou sempre em pequenas reformas ou alterações funcionais, atendendo às necessidades de adaptações constantes em função da implantação de novas tecnologias de imagem. Cite-se como exemplo a supressão, no programa arquitetônico, do ambiente câmara escura, quando foi implantada a digitalização do raio X.

O CDβ não possuía, à época da pesquisa, um plano diretor de ocupação com ampliações previstas, apesar do uso dos recuos como circulação de funcionários apontar para a necessidade de revisão criteriosa da ocupação.

4 A APO COM FOCO NO FLUXOS DE USUÁRIOS

Por meio de entrevistas com funcionários-chaves foi possível tomar conhecimento dos caminhos percorridos por todos os grupos de usuários do edifício. A finalização dos registros, no entanto, ocorreu após o acompanhamento dos pacientes e funcionários ao longo de uma semana, quando foram detectadas ocorrências inesperadas, como obstruções de circulações por macas e cadeiras de rodas. Como resultado gerou-se graficamente os principais trajetos na unidade (ver figura 03). A representação gráfica não explicita, contudo, a quantidade de usuários em cada trajeto.

A formação original da edificação a partir de casas térreas de até 100 m² de área construída limitou os espaços a pequenos vãos. Na maior parte dos percursos são distintas as circulações entre funcionários e pacientes e/ou acompanhantes, porém apresentando dimensão muito estreita. Num dos casos, a sala de comando da ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada é área de circulação de funcionários e pacientes indistintamente, inclusive aqueles em macas e cadeiras de rodas. Apenas sob o ponto de vista funcional, a circulação de funcionários nos recuos parece ser desejável neste caso, pois assegura maior privacidade aos pacientes e um melhor controle de assepsia.

Figura 2: Blocos funcionais do CDβ.Fonte: Thomazoni (2009)

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sentação gráfica não explicita, contudo, a quantidade de usuários em cada trajeto.

A formação original da edificação a partir de casas térreas de até 100 m² de área construída limitou os espa-ços a pequenos vãos. Na maior parte dos percursos são distintas as circulações entre funcionários e pacientes e/ou acompanhantes, porém apresentando dimensão mui-to estreita. Num dos casos, a sala de comando da resso-

nância nuclear magnética e tomografia computadorizada é área de circulação de funcionários e pacientes indistin-tamente, inclusive aqueles em macas e cadeiras de rodas. Apenas sob o ponto de vista funcional, a circulação de funcionários nos recuos parece ser desejável neste caso, pois assegura maior privacidade aos pacientes e um me-lhor controle de assepsia.

Figura 3: Fluxos dos usuários no CDβFonte: Thomazoni (2009)

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Figura 3: Fluxos dos usuários no CDβ Fonte: Thomazoni (2009)

Destaca-se ainda que é interessante separar pacientes que ainda irão realizar os exames daqueles que recebem os resultados, pois não são raras as emoções negativas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo físico-funcional do CDβ, torna-se possível refletir sobre as características mais adequadas para centros de diagnóstico por imagem. As conclusões a partir dos resultados aferidos pela aplicação da metodologia da APO foram valiosas e podem ser incorporadas às futuras adaptações construtivas do estabelecimento.

Segundo Thomazoni e Ornstein (2008), as evidências empíricas registradas por meio da APO funcional podem permitir, para estudos de casos similares, fundamentar projetos sob a ótica da setorização, da funcionalidade e da flexibilização dos espaços, aprimorando a gestão da qualidade deste tipo de ambiente à luz das demandas constantes de incorporação de novas tecnologias.

O estudo de caso evidenciou a necessidade de constantes ampliações para o atendimento à demanda. Assim, para casos semelhantes, as intervenções devem propiciar melhorias, mas deverão sempre enfrentar o problema de disponibilidade de área para ampliação quando for atingida a sua ocupação máxima. Nesse sentido, a verticalização é um recurso adequado para incorporar áreas complementares.

As questões da interdisciplinaridade na arquitetura e da utilização de multi-métodos para a APO têm sido discutidas por especialistas a nível global. A compreensão da ocorrência dos diversos fluxos operantes no ambiente hospitalar pode subsidiar a criação de instrumentos, sobretudo gráficos, para aplicação nos ambientes construídos em uso e na realimentação do processo de projeto.

Destaca-se ainda que é interessante separar pacien-tes que ainda irão realizar os exames daqueles que rece-bem os resultados, pois não são raras as emoções nega-tivas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do estudo físico-funcional do CDβ, torna-se

possível refletir sobre as características mais adequadas para centros de diagnóstico por imagem. As conclusões

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a partir dos resultados aferidos pela aplicação da meto-dologia da APO foram valiosas e podem ser incorporadas às futuras adaptações construtivas do estabelecimento.

Segundo Thomazoni e Ornstein (2008), as evidências empíricas registradas por meio da APO funcional podem permitir, para estudos de casos similares, fundamentar projetos sob a ótica da setorização, da funcionalidade e da flexibilização dos espaços, aprimorando a gestão da qualidade deste tipo de ambiente à luz das demandas constantes de incorporação de novas tecnologias.

O estudo de caso evidenciou a necessidade de cons-tantes ampliações para o atendimento à demanda. As-sim, para casos semelhantes, as intervenções devem pro-piciar melhorias, mas deverão sempre enfrentar o pro-blema de disponibilidade de área para ampliação quan-do for atingida a sua ocupação máxima. Nesse sentido, a verticalização é um recurso adequado para incorporar áreas complementares.

As questões da interdisciplinaridade na arquitetura e da utilização de multi-métodos para a APO têm sido dis-cutidas por especialistas a nível global. A compreensão da ocorrência dos diversos fluxos operantes no ambiente hospitalar pode subsidiar a criação de instrumentos, so-bretudo gráficos, para aplicação nos ambientes constru-ídos em uso e na realimentação do processo de projeto.

O processo de projeto deve passar por um ciclo de verificações que permita avaliar e controlar o produto final, propiciando análises críticas para realização dos ajustes necessários durante a sua elaboração, levando em conta as necessidades dos usuários – inclusive consi-derando as possibilidades de modificações posteriores. O estudo de APO funcional para o centro de diagnóstico apresentado é um exemplo do que se pode realizar para edifícios similares.

REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

RDC n° 50/2002. Dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, 2002.

BITENCOURT, Fábio. A Sustentabilidade em ambien-tes de saúde: um componente de utopia ou de sobrevi-vência? In: CARVALHO, Antonio Pedro A. (org) Quem

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informaÇÕes soBre a gestão De eQuiPamentos em serviÇos De hematologia e hemoteraPia PÚBliCos Do País: levantamento de resultados obtidos com aplicação de lista de verificação

Fabiano Romanholo FerreiraEngenheiro, Mestre

RESUMOEste artigo apresenta os resultados obtidos com o

uso de lista de verificação para levantamento da situação da gestão de equipamentos em serviços de hemoterapia e hematologia públicos do país, efetuado pela Coordena-ção Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde. O trabalho foi realizado através de visitas técni-cas a esses serviços, de modo a verificar a situação atual do gerenciamento do parque de equipamentos instala-do e de que maneira os serviços podem ser orientados para atingirem uma gestão eficiente e eficaz. O objetivo deste levantamento foi o de qualificar os serviços públi-cos de hemoterapia e hematologia na área da gestão de equipamentos médicos-hospitalares, possibilitando ao setor saúde a utilização em seu dia-a-dia de práticas de engenharia clínica, visando colaborar com a garantia da qualidade da assistência hemoterápica e hematológica prestada à população.

Palavras-chave: Lista de verificação, Gestão de equi-pamentos, Hemoterapia e hematologia.

ABSTRACTINFORMATION ABOUT THE MANAGEMENT OF

EQUIPMENTS IN THE COUNTRY’S PUBLIC HEMATOL-OGY AND HEMOTHERAPY SERVICES: survey results from application checklist

This article shows the results obtained from the use of a checklist to assess the situation of equipment man-agement in the hematology and public services in the country. In order to qualify for public services hemother-apy and hematology in management of medical and hos-pital equipment, enabling the healthcare sector, for using

clinical engineering, and aimed at supporting quality as-surance of Hemotherapy of Hemathologic assistance to the population , so the Unified Health System - SUS pos-sesses the equipment and facilities within the standards and technical standards of operation and security, the General Coordination of Blood and Blood Products of the Ministry of Health develops an technical visits to these services in order to verify the current status of equip-ment management installed and how services can be tar-geted to achieve an efficient and effective management.

Keywords: Checklist, Equipment management, He-matology and hemotherapy.

1 INTRODUÇÃOAtualmente, na área da saúde, os equipamentos mé-

dico-hospitalares representam uma importante fonte de investimentos de recursos financeiros. O parque tecno-lógico existente em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) deve ser gerenciado adequadamente para que se obtenham serviços com qualidade, funcionalida-de e segurança nos procedimentos médicos. Essa tarefa de gestão, que inclui o gerenciamento da manutenção, é desenvolvida pela Engenharia Clínica (EC).

É importante mencionar que, ainda hoje, a maioria dos EAS não faz um bom controle dos custos inerentes ao processo médico-hospitalar nem garante a confiabi-lidade dos equipamentos médico-hospitalares (EMH). Essa constatação aumenta a importância do estudo de custos dos serviços, da disponibilidade e confiabilidade dos EMH e do modo como essas informações poderão ser repassadas aos administradores hospitalares, médi-cos, fornecedores e outros que fazem parte da estrutura

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do EAS.Com o intuito de qualificar os serviços públicos de

hemoterapia e hematologia, na área da gestão de equipa-mentos médicos-hospitalares, e visando colaborar com a garantia da qualidade da assistência hemoterápica e hematológica prestada à população, a Coordenação Ge-ral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde realizou visitas técnicas de assessoramento na área da gestão de equipamentos desses serviços.

2 METODOLOGIAPor meio de pesquisa bibliográfica e da observação

dos resultados obtidos nas visitas técnicas do Programa Nacional de Qualificação da Hemorrede (PNQH), o Grupo de Assessoramento Técnico em Gestão de Equipamentos dos Serviços de Hemoterapia e Hematologia Públicos, instituído por meio da Portaria GAB/MS nº 263/2011, elaborou uma lista de verificação que serve para orientar os assessores e padronizar os dados obtidos nos serviços visitados.

Esta lista possui quinze itens, sendo que para cada um deles deve ser marcado se está Conforme, Parcial-mente Conforme ou Não Conforme. Além disso, cada item possui um campo para observações, no qual o as-sessor pode descrever com mais detalhes as informações obtidas que subsidiam cada marcação.

Os itens da lista e as informações necessárias para o seu preenchimento estão descritos a seguir:

1. Existe manual de gestão de equipamentos? – Neste item busca-se, junto ao gestor, a informa-ção da existência de um documento que padro-nize no serviço as atividades, as atribuições e as responsabilidades voltadas à gestão de equipa-mentos. De preferência que haja um documen-to que esteja inserido no sistema de gestão da qualidade do serviço, caso este o possua.

2. Existe equipe interna de gestão/manutenção? Se existe, qual a formação da equipe? – Com a ne-cessidade de se ter, no mínimo, um colaborador do serviço dedicado à gestão de equipamentos. Procura-se identificar como os recursos huma-nos estão definidos para trabalhar com a ges-tão.

3. Verificar e analisar os procedimentos sobre ma-

nutenção interna e externa, se possuem contra-tos – Novamente é importante que as ativida-des estejam padronizadas em um documento e, neste caso, com foco nas atividades de manu-tenção principalmente preventiva e corretiva. Além disso, é verificado se os contratos exis-tentes de manutenção estão condizentes com as necessidades do serviço e se estão sendo cumpridos adequadamente.

4. Verificar e analisar os procedimentos sobre qualificação e validação do processo – As ativi-dades de qualificação e validação de processo devem estar descritas em documento. No caso da qualificação, deve ser verificado se o serviço possui um plano anual de qualificação e se os três tipos de qualificação (instalação, operação e desempenho) estão sendo aplicados. Já, para a validação de processo, verificar se o serviço possui protocolos de validação bem definidos.

5. Verificar e analisar os procedimentos sobre ca-libração – As atividades voltadas à calibração devem também estar previstas em documen-to e a instituição deve possuir um plano anual de calibração que contemple os instrumentos/equipamentos para os quais o controle da cali-bração se faça necessário.

6. Verificar se existe alguma sistemática de confe-rência/avaliação dos equipamentos ao serem recebidos no almoxarifado. Há procedimento de recebimento e instalação escritos? – É importan-te que o serviço possua descrito formalmente como deve ocorrer o recebimento dos equipa-mentos, incluindo informações sobre respon-sabilidade e autoridade dos colaboradores res-ponsáveis por esta atividade. Ainda se faz ne-cessário que seja descrito como deve ser o pro-cedimento para a instalação do equipamento.

7. Como são feitos os registros dos equipamentos? Se há registros, mantêm histórico dos equipa-mentos? – Os equipamentos definidos como ne-cessários de serem gerenciados devem possuir registro de qualquer atividade efetuada. Por exemplo, certificados de calibração, relatórios de manutenção, laudo de qualificação, dentre

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outros. Com isso, busca-se manter um histórico do equipamento durante toda sua vida útil, de modo que os dados de segurança e eficácia es-tejam sempre disponíveis.

8. Como é feito a identificação dos equipamentos? Também estão inclusos os equipamentos em co-modato? – A identificação dos equipamentos pode ser feita de diversas formas, o importante é ter como objetivo manter a rastreabilidade dos equipamentos durante o uso deles na ro-tina. Quanto mais informações forem disponi-bilizadas com a forma de identificação defini-da, mais eficaz e eficiente será o trabalho de acompanhamento da gestão no dia a dia. Os equipamentos em comodato, apesar de não se-rem de propriedade do serviço, também devem ser identificados e gerenciados pela gestão de equipamentos.

9. Há evidências de treinamento interno dos usu-ários dos equipamentos? – O treinamento dos usuários pode ser feito tanto pela equipe de gestão de equipamentos do serviço quanto pe-los fornecedores, sendo que a maneira como este treinamento acontecerá deve ser definido em conjunto com a área técnica usuária do apa-relho.

10. Quais os procedimentos adotados para a aquisi-ção de equipamentos? – Um equipamento pode ser adquirido de diversas formas, sendo que o fluxo de trabalho definido para esta aquisição deve ser padronizado, de modo que a institui-ção possa manter o conhecimento adquirido. Isto facilitará aquisições futuras.

11. Existe procedimento para qualificação de pres-tadores de serviços e para elaboração de editais? – A qualificação de fornecedores é algo novo e que está em desenvolvimento nos entes públi-cos. Esta qualificação permite ao hemocentro adquirir produtos e serviços de fornecedores que já passaram por uma avaliação prévia, o que diminui a chance de licitações desertas ou revogadas. Este item contempla a existência de procedimento para elaboração de editais, o que permite que este conhecimento seja institucio-

nalizado dentro do serviço.12. A área técnica participa, junto com a manuten-

ção, sobre a definição de tolerâncias dos proces-sos? – A definição das tolerâncias dos processos é atribuição da área técnica, e é com base nes-tas tolerâncias que a gestão especifica os equi-pamentos, avalia os certificados de calibração e dá suporte quando da validação de processos, ou seja, este item é um dos mais importantes na lista de verificação.

13. Como é feito a retirada do equipamento de uso (obsolescência)? – A maneira como o equipa-mento deve ser retirado de uso deve estar pre-vista em procedimento, pois, principalmente no caso dos serviços públicos, existem diversas atividades burocráticas a serem realizadas.

14. Existe procedimento de limpeza/higienização dos equipamentos? Quem é responsável? – Os procedimentos de limpeza dos equipamentos devem constar em documentos e os responsá-veis por esta atividade devem ter conhecimen-to dos produtos e da forma com que eles podem ser utilizados.

15. Itens da Infraestrutura a serem verificados:a. Grupo Geradorb. Central de Ar Condicionadoc. Quadros de distribuiçãod. Sistema de Aterramentoe. SPDA (Sistema de Proteção contra Descar gas Atmosféricas)f. Sistema de Incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros.

É elencado um grupo de seis itens de infraestrutura que devem ser verificados durante a visita técnica e que afetam direta ou indiretamente a segurança dos equipa-mentos e usuários. Como pode ser observado, os quinze itens da lista de verificação permitem um conhecimento detalhado de como a gestão de equipamentos está acon-tecendo no serviço visitado.

3 RESULTADOSA lista de verificação foi utilizada nas visitas técnicas

realizadas em dezoito serviços de hematologia e hemo-terapia públicos do país. Os serviços que foram visitados

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são definidos como hemocentros coordenadores segun-do o preconizado na RDC nº 151/2001 (BRASIL, 2001). Alguns destes serviços foram visitados mais de uma vez mas, para fins deste trabalho, a referência é o resultado obtido na primeira visita. Desta forma, como cada item só tem uma resposta, sendo conforme, parcialmente con-forme ou não conforme, o valor máximo para cada item respondido é de dezoito marcações. Então, multiplican-do-se os quinze itens pelo número máximo de marcações,

tem-se a quantidade total de 270 respostas possíveis. Com esta base, mapearam-se quais foram os itens

com maior número de conformidades e não conformida-des. Os itens parcialmente conformes não são apresenta-dos, uma vez que esta marcação intermediária não per-mite definir se o item está conforme ou não conforme, o que prejudica o objetivo do trabalho.

Na tabela 1 estão descritos os itens que tiveram maior quantidade de conformidades marcadas.

4 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

de dezoito marcações. Então, multiplicando-se os quinze itens pelo número máximo de marcações, tem-se a quantidade total de 270 respostas possíveis.

Com esta base, mapearam-se quais foram os itens com maior número de conformidades e não conformidades. Os itens parcialmente conformes não são apresentados, uma vez que esta marcação intermediária não permite definir se o item está conforme ou não conforme, o que prejudica o objetivo do trabalho.

Na tabela 1 estão descritos os itens que tiveram maior quantidade de conformidades marcadas.

Tabela 1 – Resultado dos itens com maior número de conformidades assinaladas

Itens da Lista de Verificação Conformidade Percentual em relação ao total

Existe equipe interna de gestão/manutenção? Se existe, qual a formação da equipe? 8 20,0%

Como é feito a identificação dos equipamentos? Também estão inclusos os equipamentos em comodato? 5 12,5%

Há evidências de treinamento interno dos usuários dos equipamentos? 4 10,0%

Quais os procedimentos adotados para a aquisição de equipamentos? 4 10,0%

Existe procedimento de limpeza/higienização dos equipamentos? Quem é responsável? 4 10,0%

Como é feito a retirada do equipamento de uso (obsolescência)? 3 7,5% Verificar e analisar os procedimentos sobre manutenção interna e externa, se possuem contratos? 2 5,0%

Verificar se existe alguma sistemática de conferência/avaliação dos equipamentos ao serem recebidos no almoxarifado. Há procedimento de recebimento e instalação escritos? 2 5,0% Existe procedimento para qualificação de prestadores de serviços e para elaboração de editais? 2 5,0%

Existe manual de gestão de equipamentos? 1 2,5%

Verificar e analisar os procedimentos sobre qualificação e validação do processo. 1 2,5%

Verificar e analisar os procedimentos sobre calibração. 1 2,5%

Como são feitos os registros dos equipamentos? Se há registros, mantêm histórico dos equipamentos? 1 2,5%

A área técnica participa junto com a manutenção sobre a definição de tolerâncias dos processos? 1 2,5%

Itens da Infraestrutura a serem verificados: a. Grupo Gerador b. Central de Ar Condicionado c. Quadros de distribuição d. Sistema de Aterramento e. SPDA f. Sistema de Incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros. 1 2,5%

Total 40 100% Fonte: CGSH/DAHU/SAS/MS

Tabela 1 – Resultado dos itens com maior número de conformidades assinaladasFonte: CGSH/DAHU/SAS/MS

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Verificou-se que a existência de equipe interna defi-nida para a gestão de equipamentos é o item com maior percentual de conformidade apontada, correspondendo a 20% do total. Além disso, as 40 conformidades em re-

lação ao total possível de 270 respostas tem como resul-tado 14,81%.

Na tabela 2 estão descritos os itens que tiveram maior quantidade de não conformidades marcadas.

5 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

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Florianópolis – 2014

Verificou-se que a existência de equipe interna definida para a gestão de equipamentos é o item com maior percentual de conformidade apontada, correspondendo a 20% do total. Além disso, as 40 conformidades em relação ao total possível de 270 respostas tem como resultado 14,81%.

Na tabela 2 estão descritos os itens que tiveram maior quantidade de não conformidades marcadas.

Tabela 2 – Resultado dos itens com mais não conformidades assinaladas

Itens da Lista de Verificação Não Conformidade

Percentual em relação ao total

A área técnica participa junto com a manutenção sobre a definição de tolerâncias dos processos? 17 15%

Existe manual de gestão de equipamentos? 12 10%

Existe procedimento para qualificação de prestadores de serviços e para elaboração de editais? 10 9%

Há evidências de treinamento interno dos usuários dos equipamentos? 9 8%

Quais os procedimentos adotados para a aquisição de equipamentos? 9 8%

Verificar e analisar os procedimentos sobre calibração. 9 8% Verificar se existe alguma sistemática de conferência/avaliação dos equipamentos ao serem recebidos no almoxarifado. Há procedimento de recebimento e instalação escritos? 8 7%

Verificar e analisar os procedimentos sobre qualificação e validação do processo. 7 6% Itens da Infraestrutura a serem verificados: a. Grupo Gerador b. Central de Ar Condicionado c. Quadros de distribuição d. Sistema de Aterramento e. SPDA f. Sistema de Incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros. 6 5%

Como é feito a identificação dos equipamentos? Também estão inclusos os equipamentos em comodato? 5 4%

Existe procedimento de limpeza/higienização dos equipamentos? Quem é responsável? 5 4%

Como é feito a retirada do equipamento de uso (obsolescência)? 5 4%

Verificar e analisar os procedimentos sobre manutenção interna e externa, se possuem contratos? 5 4% Como são feitos os registros dos equipamentos? Se há registros, mantêm histórico dos equipamentos? 5 4%

Existe equipe interna de gestão/manutenção? Se existe, qual a formação da equipe? 4 3%

Total 116 100% Fonte: CGSH/DAHU/SAS/MS

O item com maior número de não conformidades é o que discorre sobre a participação da área técnica em conjunto com a gestão de equipamentos na definição de tolerâncias de processos, correspondendo a 15% do total. Neste caso, as 116 não conformidades em relação ao total possível de 270 respostas tem como resultado de 42,96%, ou seja, um valor muito maior que o de conformidades encontradas.

Tabela 2 – Resultado dos itens com mais não conformidades assinaladasFonte: CGSH/DAHU/SAS/MS

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O item com maior número de não conformidades é o que discorre sobre a participação da área técnica em conjunto com a gestão de equipamentos na definição de tolerâncias de processos, correspondendo a 15% do to-tal. Neste caso, as 116 não conformidades em relação ao total possível de 270 respostas tem como resultado de 42,96%, ou seja, um valor muito maior que o de confor-midades encontradas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAISDe acordo com os resultados da tabela 1, nota-se que

mais de 60% das conformidades estão restritas a 5 itens da lista de verificação. Vale ressaltar que a quantidade de conformidades em relação ao total de respostas alcança aproximadamente 15%, o que corresponde a um valor muito baixo.

Já o resultado da tabela 2 permite inferir que a quan-tidade de não conformidades estão melhor distribuídas que a de conformidades. Isto reforça o grande volume de não conformidades obtidas, chegando a quase 43% do total de respostas possíveis. Pode-se afirmar ainda que os dois primeiros itens de maior número de não confor-midades encontrados definem que a gestão de equipa-mentos deve reforçar sua existência dentro do serviço. Devem ser confeccionados procedimentos padronizados em documentos, com definição de responsabilidade e autoridade dentro do fluxo de trabalho global do hemo-centro.

Com o resultado exposto, o Ministério da Saúde pode focar o esforço de qualificação da hemorrede pública do país do ponto de vista da gestão de equipamentos. De-vem ser incentivados cursos e treinamentos que permi-tam buscar a correção das não conformidades encontra-das. O programa de visitas técnicas deve ser mantido, de modo a permitir que, ao menos uma vez ao ano, todos os hemocentros coordenadores do país possam ser visita-dos e sejam orientados de como agir para sanar as não conformidades que venham a acontecer.

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nistro. Portaria nº 263, de 18 de fevereiro de 2011. Bra-sília, 2011.

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reCursos físiCos hosPitalares no Brasil: um estudo bibliométrico

Patricia Bover DraganovEnfermeira e Arquiteta, Mestre

Ricardo Quintão VieiraBibliotecário e Enfermeiro

Maria Cristina SannaEnfermeira, Doutora

RESUMOO presente trabalho teve como objetivo identificar a

produção científica brasileira em teses e dissertações no repositório da CAPES e IBICT sobre recursos físicos em ambientes hospitalares através de estudo bibliométrico. Foram consideradas as variáveis de ano de defesa, unida-de da federação, titulação acadêmica, método, programa de pós-graduação e palavras-chaves. Como resultado fo-ram identificadas 76 publicações na área da arquitetu-ra provenientes da região Sudeste. Após a classificação temática, observou-se que a produção concentra-se nas pós-graduações da área de atenção à saúde. Costatou-se que houve poucos estudos sobre o tema de autoria de pesquisadores com formação inicial nas ciências da saú-de.

Palavras-chave: Engenharia hospitalar, Arquitetura hospitalar, Estudo bibliométrico.

ABSTRACT PHYSICAL RESOURCES HOSPITAL IN BRAZIL: a

bibliometric studyTo identify the Brazilian scientific production

in dissertations and theses in the CAPES and IBICT repositories about Physical Resources in hospital environments. It is a bibliometric study based on variables of year of defense, State, academic titles, method, postgraduate program and keywords. A total of 76 publications from the Southeast, concentrated in

the area of Architecture. After subject classification, we found that physical resource in the hospital setting in the area of health care atention. There have been few studies on the subject authored by researchers with initial graduation in the health sciences.

Keywords: Hospital design and construction, Health architecture, Technology and innovation indicators.

INTRODUÇÃOEstabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) é a de-

nominação dada a qualquer edificação destinada à pres-tação de assistência à saúde que demande o acesso de pacientes, em regime de internação ou não, qualquer que seja o seu nível de complexidade (BRASIL, 1995). Ao lon-go dos anos, os EAS sofreram transformações motivadas pelo contexto social e marcadas por normas, portarias e resoluções.

A primeira publicação oficial sobre “Normas de Cons-trução em Hospitais” foi elaborada em 1974 (BRASIL, 1974). Três anos depois, em 1977, foi editada publicação denominada “Normas e Padrões de Construção e Insta-lação de Serviços de Saúde” (BRASIL, 1977), concebida para descrever terminologias e orientar a construção e a instalação de serviços de saúde, de modo que a lin-guagem fosse homogeneizada (LIMEIRA, 2006; SANNA, 2002). Destaque-se que a referida publicação teve, como protagonista do projeto, uma enfermeira. Em 1978, foi desenvolvido o manual denominado “Construção e Ins-

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3 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

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Florianópolis – 2014

Oeste (5,3%). Era esperado que a região Sudeste produzisse maior quantitativo de pesquisas, visto que nessa área está localizado grande parte dos programas de pós-graduação (CARMO, 2013).

As denominações dos programas de Pós-graduação responsáveis pela produção temática foram "Arquitetura e Urbanismo", com 47 (62,7%) produtos; "Engenharia Civil", com sete (9,3%); "Engenharia de Produção", com cinco (6,7%); "Saúde Pública", com três (4,0%); "Engenharia Civil", "História" e "Psicologia", com dois (2,7%) cada, e "Bioengenharia", "Design", "Dinâmica do Espaço Habitado", "Enfermagem", "Filosofia", "Hospitalidade" e "Saúde e Ambiente", com um (1,3%) cada.

Em relação às palavras-chave, o levantamento efetuado apresentou o conjunto de 126 palavras diferentes em um total de 211. As palavras-chave mais frequentes foram: “Arquitetura Hospitalar”, com 30 (14,2%) menções; “Hospital”, com 15 (7,1%); “Arquitetura”, com 13(6,2%); “Humanização”, com oito (3,8%); “Edifício Hospitalar”, com cinco (2,4%); “Conforto Ambiental”, com quatro (1,9%); “Arquitetura Moderna” e “História”, com três (1,4%); “Ambiente Hospitalar”, “Arquitetura de Hospitais”, “Comportamento Humano”, “Cor”, “Edifício de Saúde”, “Ergonomia”, “Iluminação Natural”, “João Filgueiras Lima”, “Projeto”, “Saúde Pública”, “Saúde” e “Técnicas de Construção”, com duas (0,9%). O restante das 106 palavras, citadas apenas uma vez cada, equivaleu a 50,2% do total.

Após a classificação das palavras-chave, efetuada empregando-se o Tesauro Preliminar do Ministério da Saúde, 31 (24,6%) palavras apresentaram 39 Termos Gerais diferentes (Tabela 1), com 102 (48,3%) menções, apresentadas na Tabela 2 e distribuídos da seguinte forma: “Vigilância Sanitária”, com 24 (23,5%) menções; “Instituições de Saúde”, com 15 (14,7%); “Ciências Sociais Aplicadas”, com 14 (13,7%); “Integralidade”, com oito (7,8%); “Vigilância do Ambiente de Trabalho”, com três (2,9%); “Acidentes e Violência”, “Direito na Saúde”, “Políticas Públicas em Saúde” e “Saúde”, com duas (2,0%) cada. O restante dos 30 Termos Gerais, citados uma vez cada, somou 29,4% do total.

Tabela 1. Termos Gerais de acordo com os Termos Simples no Tesauro do MS

Dezembro 2013

Termos Gerais N %

Vigilância sanitária 24 23,5

Instituições de saúde 15 14,7

Ciências sociais aplicadas 14 13,7

Integralidade 8 7,8

Vigilância do ambiente de trabalho 3 2,9

Acidentes e violência 2 2,0

Direito na saúde 2 2,0

Políticas públicas em saúde 2 2,0

Saúde 2 2,0

Restantes (1 citação cada) 30 29,4

Total 102 100,0

Fonte: os autores

Por sua vez, a análise de 26 (20,6%) das palavras-chaves, com 62 (29,4%) menções, permitiu a organização de sete grupamentos diferentes, com 81 menções, distribuídos da seguinte forma: “Atenção à Saúde”, com 29 (35,8%); “Administração em Saúde”, com 26 (32,1%); “Identificadores e Modificadores”, com 16 (19,8%); “Políticas Públicas em Saúde”, “Vigilância em Saúde”, com quatro (4,9%) cada; “Economia da Saúde” e “Ética e Bioética” com uma (1,2%) menção cada (Tabela 2).

Tabela 2. Categorias de acordo com os Termos Simples do Tesauro do MS

Dezembro 2013

Categoria N. %

talação de Serviços de Saúde”, sustentado pela Portaria 400, publicada em 1978 (BRASIL, 1978), que viria a ser substituída pela Portaria 1884/GM em 1994.

Em 1999, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), tendo a competência de regulamen-tar e fiscalizar as atividades concernentes à saúde públi-ca. Em 2002, esse órgão publicou a Resolução da Direto-ria Colegiada (RDC) nº 50/2002, publicada pela portaria GM/MS n° 554 de 19 de março de 2002 (BRASIL, 2002). Atualmente a normatização básica para projetos arqui-tetônicos e de instalações da rede física de assistência à saúde estão sob sua regulação.

Sob a ótica histórica, os EAS sempre foram espaços marcados pelas relações interpessoais e palco para a for-mação e o desenvolvimento de profissionais da área da saúde. A enfermagem, por exemplo, participa das toma-das de decisão sobre os espaços físicos desde o tempo de Florence Nightingale, no fim do século XIX, que pro-pôs transformações no ambiente hospitalar (OGUISSO, 2007). Esse fato histórico certamente inspirou a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem brasileira (ASSO-CIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 1986), que de-fine explicitamente que o enfermeiro deve participar de projetos de reforma e construção de EAS.

Diante do quadro de responsabilidades dos profis-sionais de arquitetura, de enfermagem e gestores de saú-de em acompanhar projetos de recursos físicos em áreas hospitalares, levantaram-se as seguintes questões: Como essa temática tem se refletido na academia? Com o que cada área do conhecimento tem contribuído para o de-senvolvimento científico dessa questão no Brasil? Como a produção científica sobre arquitetura hospitalar tem se distribuído nas regiões brasileiras, ao longo dos anos, nos programas de pós-graduação? O que a enfermagem, grupo profissional de maior contingente de recursos hu-manos da área hospitalar e que ocupa ou utiliza a maior parte dessas instalações físicas, tem produzido na acade-mia sobre essa temática?

Os estudos sobre a produção de documentação cien-tífica e apropriação social do conhecimento podem utili-zar os métodos bibliométricos para investigar as tendên-cias sobre o comportamento de pesquisa. A bibliome-tria é uma técnica de medida de índices de produção e dispersão do conhecimento produzido (ARAÚJO, 2006).

Seu resultado pode ser analisado sobre diversas óticas, tais como da Ciência da Informação, da Recuperação da Informação, da Cienciometria, da Infometria, da Tecno-metria e da Sociologia da Ciência (SILVA, 2011).

A presente pesquisa objetivou caracterizar a pro-dução científica sobre recursos físicos hospitalares em teses e dissertações brasileiras, além de construir um mapa conceitual com os resultados da análise temática.

2 MÉTODOPara a coleta de dados, foram utilizadas as bases do

Banco de Teses da CAPES e a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) do IBICT. Foram realizadas bus-cas bibliográficas por meio dos termos “Arquitetura(s)” e “Hospital(is)”, sem recorte temporal e apenas resumos com intrínseca ligação com o tema “Arquitetura Hospi-talar”. Após a busca e recuperação dos dados, foram lo-calizados e selecionados 75 estudos datados de 1995 a 2011.

Após a leitura dos metadados das bases e resumos, criou-se uma planilha contendo as seguintes variáveis: ano de defesa, unidade da federação sede do programa de pós-graduação, titulação acadêmica obtida, metodo-logia utilizada, nome do programa de pós-graduação e palavras-chave empregadas. Cada variável coletada foi analisada por meio de cálculo de frequência absoluta e relativa.

As palavras-chave passaram por tratamento termi-nológico por meio de vocabulário controlado – o Tesauro Preliminar do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009). Para isso, as palavras-chave foram comparadas aos “Termos Simples”, “Termos Gerais” e “Categorias” presentes no te-sauro, formando três listas de análise temática, que vão da específica à geral.

Após a hierarquização dos termos, foi utilizado o programa “Cmap Tools” para descrição gráfica dos resul-tados da distribuição temática. Os dados foram, então, discutidos com base na literatura científica disponível sobre o assunto.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃOForam selecionados 75 resumos que trataram da ar-

quitetura ou ambientação hospitalar, sendo 65 (86,7%) de dissertações de mestrado e 10 (13,3%) de teses de

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doutorado. A distribuição temporal da produção cientí-fica resultou nos seguintes dados: a década de 1990 teve sete (9,3%) produtos; a de 2000 teve 52 (69,3%) e a de 2010 teve 16 (21,3%). Esses resultados indicam que os dois primeiros anos desta última década produziram 30% do total da anterior, indicando projeção bibliomé-trica de aumento quantitativo de cerca de 20%.

As unidades da federação em que se situam as sedes dos programas de pós-graduação onde foram defendi-dos os produtos de pesquisa analisados foram: Rio de Janeiro, com 26 (34,7%); São Paulo, com 25 (33,3%); Distrito Federal, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com quatro (5,3%) cada; Paraíba e Santa Catarina, com três (4,0%) cada; Rio Grande do Norte, com dois (2,7%); além de Alagoas, Espírito Santo, Maranhão e Paraná, com um (1,3%) cada. A região Sudeste, portanto, foi responsável por 74,7% da produção nacional, seguida pelas regiões Sul (10,7%), Nordeste (9,3%) e Centro-Oeste (5,3%). Era esperado que a região Sudeste produzisse maior quanti-tativo de pesquisas, visto que nessa área está localizado grande parte dos programas de pós-graduação (CARMO, 2013).

As denominações dos programas de Pós-graduação responsáveis pela produção temática foram “Arquitetura e Urbanismo”, com 47 (62,7%) produtos; “Engenharia Ci-vil”, com sete (9,3%); “Engenharia de Produção”, com cin-co (6,7%); “Saúde Pública”, com três (4,0%); “Engenharia Civil”, “História” e “Psicologia”, com dois (2,7%) cada, e “Bioengenharia”, “Design”, “Dinâmica do Espaço Habita-do”, “Enfermagem”, “Filosofia”, “Hospitalidade” e “Saúde

e Ambiente”, com um (1,3%) cada. Em relação às palavras-chave, o levantamento efe-

tuado apresentou o conjunto de 126 palavras diferentes em um total de 211. As palavras-chave mais frequen-tes foram: “Arquitetura Hospitalar”, com 30 (14,2%) menções; “Hospital”, com 15 (7,1%); “Arquitetura”, com 13(6,2%); “Humanização”, com oito (3,8%); “Edifício Hospitalar”, com cinco (2,4%); “Conforto Ambiental”, com quatro (1,9%); “Arquitetura Moderna” e “História”, com três (1,4%); “Ambiente Hospitalar”, “Arquitetura de Hospitais”, “Comportamento Humano”, “Cor”, “Edifício de Saúde”, “Ergonomia”, “Iluminação Natural”, “João Filguei-ras Lima”, “Projeto”, “Saúde Pública”, “Saúde” e “Técnicas de Construção”, com duas (0,9%). O restante das 106 pa-lavras, citadas apenas uma vez cada, equivaleu a 50,2% do total.

Após a classificação das palavras-chave, efetuada empregando-se o Tesauro Preliminar do Ministério da Saúde, 31 (24,6%) palavras apresentaram 39 Termos Gerais diferentes (Tabela 1), com 102 (48,3%) menções, apresentadas na Tabela 2 e distribuídos da seguinte forma: “Vigilância Sanitária”, com 24 (23,5%) menções; “Instituições de Saúde”, com 15 (14,7%); “Ciências So-ciais Aplicadas”, com 14 (13,7%); “Integralidade”, com oito (7,8%); “Vigilância do Ambiente de Trabalho”, com três (2,9%); “Acidentes e Violência”, “Direito na Saúde”, “Políticas Públicas em Saúde” e “Saúde”, com duas (2,0%) cada. O restante dos 30 Termos Gerais, citados uma vez cada, somou 29,4% do total.

Tabela 1. Termos Gerais de acordo com os Termos Simples no Tesauro do MSDezembro 2013Fonte: os autores

3 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

Oeste (5,3%). Era esperado que a região Sudeste produzisse maior quantitativo de pesquisas, visto que nessa área está localizado grande parte dos programas de pós-graduação (CARMO, 2013).

As denominações dos programas de Pós-graduação responsáveis pela produção temática foram "Arquitetura e Urbanismo", com 47 (62,7%) produtos; "Engenharia Civil", com sete (9,3%); "Engenharia de Produção", com cinco (6,7%); "Saúde Pública", com três (4,0%); "Engenharia Civil", "História" e "Psicologia", com dois (2,7%) cada, e "Bioengenharia", "Design", "Dinâmica do Espaço Habitado", "Enfermagem", "Filosofia", "Hospitalidade" e "Saúde e Ambiente", com um (1,3%) cada.

Em relação às palavras-chave, o levantamento efetuado apresentou o conjunto de 126 palavras diferentes em um total de 211. As palavras-chave mais frequentes foram: “Arquitetura Hospitalar”, com 30 (14,2%) menções; “Hospital”, com 15 (7,1%); “Arquitetura”, com 13(6,2%); “Humanização”, com oito (3,8%); “Edifício Hospitalar”, com cinco (2,4%); “Conforto Ambiental”, com quatro (1,9%); “Arquitetura Moderna” e “História”, com três (1,4%); “Ambiente Hospitalar”, “Arquitetura de Hospitais”, “Comportamento Humano”, “Cor”, “Edifício de Saúde”, “Ergonomia”, “Iluminação Natural”, “João Filgueiras Lima”, “Projeto”, “Saúde Pública”, “Saúde” e “Técnicas de Construção”, com duas (0,9%). O restante das 106 palavras, citadas apenas uma vez cada, equivaleu a 50,2% do total.

Após a classificação das palavras-chave, efetuada empregando-se o Tesauro Preliminar do Ministério da Saúde, 31 (24,6%) palavras apresentaram 39 Termos Gerais diferentes (Tabela 1), com 102 (48,3%) menções, apresentadas na Tabela 2 e distribuídos da seguinte forma: “Vigilância Sanitária”, com 24 (23,5%) menções; “Instituições de Saúde”, com 15 (14,7%); “Ciências Sociais Aplicadas”, com 14 (13,7%); “Integralidade”, com oito (7,8%); “Vigilância do Ambiente de Trabalho”, com três (2,9%); “Acidentes e Violência”, “Direito na Saúde”, “Políticas Públicas em Saúde” e “Saúde”, com duas (2,0%) cada. O restante dos 30 Termos Gerais, citados uma vez cada, somou 29,4% do total.

Tabela 1. Termos Gerais de acordo com os Termos Simples no Tesauro do MS

Dezembro 2013

Termos Gerais N %

Vigilância sanitária 24 23,5

Instituições de saúde 15 14,7

Ciências sociais aplicadas 14 13,7

Integralidade 8 7,8

Vigilância do ambiente de trabalho 3 2,9

Acidentes e violência 2 2,0

Direito na saúde 2 2,0

Políticas públicas em saúde 2 2,0

Saúde 2 2,0

Restantes (1 citação cada) 30 29,4

Total 102 100,0

Fonte: os autores

Por sua vez, a análise de 26 (20,6%) das palavras-chaves, com 62 (29,4%) menções, permitiu a organização de sete grupamentos diferentes, com 81 menções, distribuídos da seguinte forma: “Atenção à Saúde”, com 29 (35,8%); “Administração em Saúde”, com 26 (32,1%); “Identificadores e Modificadores”, com 16 (19,8%); “Políticas Públicas em Saúde”, “Vigilância em Saúde”, com quatro (4,9%) cada; “Economia da Saúde” e “Ética e Bioética” com uma (1,2%) menção cada (Tabela 2).

Tabela 2. Categorias de acordo com os Termos Simples do Tesauro do MS

Dezembro 2013

Categoria N. %

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Por sua vez, a análise de 26 (20,6%) das palavras-chaves, com 62 (29,4%) menções, permitiu a organiza-ção de sete grupamentos diferentes, com 81 menções, distribuídos da seguinte forma: “Atenção à Saúde”, com 29 (35,8%); “Administração em Saúde”, com 26 (32,1%);

“Identificadores e Modificadores”, com 16 (19,8%); “Po-

líticas Públicas em Saúde”, “Vigilância em Saúde”, com

quatro (4,9%) cada; “Economia da Saúde” e “Ética e Bio-

ética” com uma (1,2%) menção cada (Tabela 2).

3 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

_____________________________________________________Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Florianópolis – 2014

Oeste (5,3%). Era esperado que a região Sudeste produzisse maior quantitativo de pesquisas, visto que nessa área está localizado grande parte dos programas de pós-graduação (CARMO, 2013).

As denominações dos programas de Pós-graduação responsáveis pela produção temática foram "Arquitetura e Urbanismo", com 47 (62,7%) produtos; "Engenharia Civil", com sete (9,3%); "Engenharia de Produção", com cinco (6,7%); "Saúde Pública", com três (4,0%); "Engenharia Civil", "História" e "Psicologia", com dois (2,7%) cada, e "Bioengenharia", "Design", "Dinâmica do Espaço Habitado", "Enfermagem", "Filosofia", "Hospitalidade" e "Saúde e Ambiente", com um (1,3%) cada.

Em relação às palavras-chave, o levantamento efetuado apresentou o conjunto de 126 palavras diferentes em um total de 211. As palavras-chave mais frequentes foram: “Arquitetura Hospitalar”, com 30 (14,2%) menções; “Hospital”, com 15 (7,1%); “Arquitetura”, com 13(6,2%); “Humanização”, com oito (3,8%); “Edifício Hospitalar”, com cinco (2,4%); “Conforto Ambiental”, com quatro (1,9%); “Arquitetura Moderna” e “História”, com três (1,4%); “Ambiente Hospitalar”, “Arquitetura de Hospitais”, “Comportamento Humano”, “Cor”, “Edifício de Saúde”, “Ergonomia”, “Iluminação Natural”, “João Filgueiras Lima”, “Projeto”, “Saúde Pública”, “Saúde” e “Técnicas de Construção”, com duas (0,9%). O restante das 106 palavras, citadas apenas uma vez cada, equivaleu a 50,2% do total.

Após a classificação das palavras-chave, efetuada empregando-se o Tesauro Preliminar do Ministério da Saúde, 31 (24,6%) palavras apresentaram 39 Termos Gerais diferentes (Tabela 1), com 102 (48,3%) menções, apresentadas na Tabela 2 e distribuídos da seguinte forma: “Vigilância Sanitária”, com 24 (23,5%) menções; “Instituições de Saúde”, com 15 (14,7%); “Ciências Sociais Aplicadas”, com 14 (13,7%); “Integralidade”, com oito (7,8%); “Vigilância do Ambiente de Trabalho”, com três (2,9%); “Acidentes e Violência”, “Direito na Saúde”, “Políticas Públicas em Saúde” e “Saúde”, com duas (2,0%) cada. O restante dos 30 Termos Gerais, citados uma vez cada, somou 29,4% do total.

Tabela 1. Termos Gerais de acordo com os Termos Simples no Tesauro do MS

Fonte: os autores

Por sua vez, a análise de 26 (20,6%) das palavras-chaves, com 62 (29,4%) menções, permitiu a organização de sete grupamentos diferentes, com 81 menções, distribuídos da seguinte forma: “Atenção à Saúde”, com 29 (35,8%); “Administração em Saúde”, com 26 (32,1%); “Identificadores e Modificadores”, com 16 (19,8%); “Políticas Públicas em Saúde”, “Vigilância em Saúde”, com quatro (4,9%) cada; “Economia da Saúde” e “Ética e Bioética” com uma (1,2%) menção cada (Tabela 2).

Tabela 2. Categorias de acordo com os Termos Simples do Tesauro do MS

Dezembro 2013

Categoria N. %

Atenção à saúde 29 35,8

Administração em saúde 26 32,1

Identificadores e modificadores 16 19,8

Políticas públicas em saúde 4 4,9

Vigilância em saúde 4 4,9

Economia da saúde 1 1,2

Ética e bioética 1 1,2

Total 81 100,0

Fonte: os autores

A leitura e interpretação dos dados anteriormente descritos permitiu observar que o tema recurso físico em ambiente hospitalar é de interesse principalmente das pós-graduações da área da atenção à saúde, porém merecendo pouca dedicação de pesquisadores com formação inicial em ciências da saúde. Grande parte dos estudos foi realizado por pesquisadores da área da Arquitetura e Urbanismo, seguidos da área de Engenharia.

4 CONCLUSÃO

A leitura e interpretação dos dados anteriormente descritos permitiu observar que o tema recurso físico em ambiente hospitalar é de interesse principalmente das pós-graduações da área da atenção à saúde, porém mere-cendo pouca dedicação de pesquisadores com formação inicial em ciências da saúde. Grande parte dos estudos foi realizado por pesquisadores da área da Arquitetura e Urbanismo, seguidos da área de Engenharia.

4 CONCLUSÃO A partir dos dados observados nos resumos de te-

ses e dissertações, foi possível caracterizar a produção acadêmica no nível de pós-graduação lato senso referen-te aos recursos físicos hospitalares como sendo quanti-tativamente crescente, denotando acompanhamento da academia em relação às mudanças e demandas sociais sobre os recursos físicos hospitalares.

Nota-se a preocupação dos pós-graduandos das áre-as de arquitetura e urbanismo com o desenvolvimento de pesquisas voltadas para os recursos físicos hospitala-res, o que não ocorreu na mesma intensidade na enfer-magem, pelo menos no nível acadêmico.

O método bibliométrico utilizado foi de fundamental importância para a indicação de parâmetros numéricos

Tabela 2. Categorias de acordo com os Termos Simples do Tesauro do MSDezembro 2013Fonte: os autores

de produção acadêmica sobre infraestrutura em saúde. A bibliometria pode ser o ponto de partida para demarcar lacunas nas diversas áreas do conhecimento, como foi o caso do presente trabalho, em que foi possível diagnos-ticar o interesse da academia sobre os recursos físicos hospitalares. O presente estudo, ao indicar o estado atual da produção científica nesse campo, poderá despertar o interesse de investigadores em tema tão relevante.

REFERÊNCIAS ARAÚJO, Carlos Alberto. Bibliometria: evolução his-

tória e questões atuais. Em Questão – Revista da Facul-dade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, Por-to Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32, jan-jun. 2006. Disponível em: <http://revistas.univerciencia.org/index.php/revis-taemquestao/article/viewFile/3707/3495>. Acesso em: 3 fev. 2014.

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inovaÇÕes em ConCePÇão De resultaDos Para estaBeleCimentos assistenCiais De saÚDe: a excelência da gestão do espaço físico-sócio-cultural para a mobilidade de pessoas e tecnologias médico-hospitalares

Otavino Alves da SilvaEconomista, Mestre

RESUMOEste artigo tem por objetivo mostrar que a arquite-

tura dos espaços em ambientes hospitalares tem estreita convergência, em concepção de resultados, com a enge-nharia clínica e com o Business Model Generation. Essa convergência possibilitou o design de um sistema de gestão que denominamos “Gestão Procedural de Ativos”, que possui a capacidade para modelar e sistematizar os cuidados aos pacientes em um estabelecimento assisten-cial de saúde, humanizando a infraestrutura hospitalar.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Engenharia clínica, Gestão de ativos.

ABSTRACTINNOVATION IN RESULT MAKING FOR HEALTH-

CARE UNITS: the excellence of physical-social-eco-nomic space managing for the mobility of people and medical technologies

The objective of this article is to show that the archi-tecture of spaces in hospital environments converge to the conception of results with Clinical Engineering and Business Model Generation. This convergence enabled the design of a process and management system called “Procedural Asset Management” with capability to mod-el and systematizes patients´ care. That humanizes the hospital infrastructure and usability of medical-hospital technologies in constant innovation and evolution.

Keywords: Hospital architecture, Clinical engineer-ing, Business model generation.

1 INTRODUÇÃOA Resolução da Diretoria Colegiado n. 50, de 2002, da

ANVISA (BRASIL, 2002) é a principal norma que regula os procedimentos para construções, reformas, amplia-ções, instalações e funcionamento de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), norteando os procedimen-tos de análise, avaliação e aprovação dos projetos técni-cos de infraestrutura.

O ponto focal de tais projetos é o Programa de Ne-cessidades, que contempla as características e condições necessárias ao desenvolvimento das atividades dos usu-ários das edificações, definindo o empreendimento a ser realizado.

As atividades demandantes de espaços físico-só-cio-culturais de ambientes hospitalares, todavia, estão em constante evolução em razão das novas tecnologias médico-hospitalares, requerendo um sistema de gestão próprio. Ao sistema aqui proposto, denominamos “Ges-tão Procedural de Ativos”, que é consubstanciado na con-vergência da arquitetura hospitalar com o Business Mo-del Generation (Canvas) e com a Engenharia Clínica. Este artigo trata dessa convergência frente às normas ABNT NBR ISO 55.000, 55.001 e 55.002, publicadas em janei-ro/2014 (ABNT, 2014a; 2014b; 2014c).

2 A GESTÃO DE ATIVOSBusiness Model GenerationO Business Model Generation, ou Canvas, é um mo-

delo para gerenciar negócios com inovação, desenhado

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por Osterwalder e Pigneur (2011) e aplicado por mais de 470 praticantes em 45 países, tendo como um dos fundamentos a cocriação de valor, baseando-se no design thinking, método que visa auxiliar a encontrar novas ma-neiras de fazer negócios ou de gerenciá-los.

O Canvas tem por princípio a utilização da estrutura e funcionamento do cérebro humano: o lado esquerdo contém as funções lógicas, que engloba a racionalidade, e o lado direito contém as funções de emoção, que compre-endem valores. É constituído por um quadro composto de nove módulos ou blocos, representando uma ferra-menta para promover entendimento, discussão, criativi-dade e análise crítica.

O Canvas tem por princípio procedural (conjunto e duração de diversas fases de um processo derivado de ações com começo, meio e fim) uma sequência de ativida-des de prospecção e tomada de decisões coletivas, esta-belecendo direcionadores para indicação de resultados. Nesse processo, o problema centra-se na disposição das pessoas tornarem-se designers, para levantar questiona-mentos sobre a melhor forma possível de criar o novo, descobrir o inexplorado, obter o funcional e apresentar novas opções para capturar, criar/gerar e entregar valor de soma positiva.

A premissa para adoção do Canvas é ser visionário, inovador, esforçando-se para desafiar os modelos de ne-gócios e gestão de senso comum, projetando empreendi-mentos de caráter prospectivo.

Engenharia ClínicaÉ uma subárea da Engenharia Biomédica que atua

nos estabelecimentos assistenciais de saúde. Desenvolve atividades baseadas nos conhecimentos de engenharia e de gerenciamento aplicados nas tecnologias de saúde, proporcionando melhoria e segurança nos cuidados dis-pensados aos pacientes.

O princípio procedural da Engenharia Clínica, para a efetividade das tecnologias de saúde, fundamenta-se nas atividades de aquisição, incorporação, controle/ma-nutenção/segurança, no uso de tecnologias de saúde e análise da sua economicidade.

Gestão Procedural de AtivosA Gestão de Ativos, como delineada nas NBR ISO

55.000 e 55.002 (ABNT, 2014a; 2014c), tem por objeto os bens tangíveis e intangíveis de uma organização, pública ou privada. A gestão de ativos tem por princípio organi-zar a estrutura de governança de riscos para alcançar be-nefícios tangíveis e a alavancagem de oportunidades, de sorte que o desempenho dos ativos ao longo de sua vida útil não contribua para reduzir o valor da organização.

3 APLICABILIDADE E CORRELAÇÕES ENTRE ARQUITETURA HOSPITALAR, ENGENHARIA CLÍNICA E GESTÃO PROCEDURAL DE ATIVOS

Há uma extensa correlação entre os fundamentos do Canvas e a aplicabilidade dos fundamentos da Arqui-tetura Hospitalar, da Engenharia Clínica e da Gestão de Ativos. O conhecimento dessas três atividades converge para disciplinar, racionalizar e definir a necessidade, a urgência e a capacidade físico-econômica de instalações e tecnologias em saúde, possibilitando desenvolver pro-cessos de integração para maximizar e melhorar resulta-dos, minimizando riscos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAISA prestação de assistência à saúde cada vez mais se

integra ao ambiente tecnológico, requerendo a substitui-ção de estruturas funcionais por estruturas procedurais, consolidando e integrando as informações para a toma-da de decisões empresariais com enfoque sistêmico.

Com sua visão de fluxo dinâmico de cocriação, o Can-vas é um modelo inovador, que possibilita a assimilação de informações através da discussão e crítica, permitin-do as reestruturações necessárias para atender a com-plexidade de produção, distribuição e administração da assistência à saúde.

Em contextos de incertezas e riscos, a Gestão Proce-dural de Ativos busca equilibrar o comportamento dos custos de transações, implicando numa melhor alocação de recursos. Ela oferece uma ferramenta de conhecimen-to sobre a variação de tais custos de acordo com os dife-rentes arranjos ambientais e organizacionais.

REFERÊNCIASABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-

NICAS. NBR ISO 55000: 2014. Gestão de ativos — Visão geral, princípios e terminologia. Rio de Janeiro, 2014a.

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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-NICAS. NBR ISO 55001: 2014. Gestão de ativos — Siste-mas de gestão — Requisitos. Rio de Janeiro, 2014b.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-NICAS. NBR ISO 55002: 2014. Gestão de ativos — Sis-temas de gestão — Diretrizes para a aplicação da ABNT NBR ISO 55001. Rio de Janeiro, 2014c.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 50/2002, de 21 fevereiro de 2002. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ca36b200474597459fc8df3fbc4c6735/RDC+N%-C2%BA.+50%2C+DE+21+DE+FEVEREIRO+DE+2002.pdf?MOD=AJPERES >. Acesso em: 8 abr. 2014.

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CenÁrio De transformaÇÕes arQuitetÔniCas nos hosPitais: o papel da humanização e da hotelaria no tratamento oncológico

Hermínia Silva MachryArquiteta, Mestre

RESUMOAs transformações recentes do atendimento médi-

co-hospitalar, sejam sob os aspectos tecnológicos, fun-cionais, emocionais ou espirituais, impactaram de forma decisiva a configuração arquitetônica dos hospitais. A vi-são holística em relação ao paciente, do seu processo de tratamento, é uma referência que vem se incorporando na atividade projetual. Isto vem exigindo uma reflexão profunda sobre a humanização, notadamente no serviço de hotelaria hospitalar, indicando novas respostas arqui-tetônicas aos parâmetros estabelecidos na promoção da saúde. Assumindo o momento de transformação deste cenário, este trabalho vem refletir sobre novos referen-ciais humanos no tratamento da saúde, buscando com-preender como a configuração arquitetônica tem se de-senvolvido para dar suporte aos serviços de hotelaria no tratamento oncológico.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Humaniza-ção, Oncologia.

ABSTRACTSCENARIO OF ARCHITECTURAL

TRANSFORMATION IN HOSPITALS: the role of humanization and healthcare hospitality in oncology treatment

The healthcare scenario, currently under advances in technological, functional, humain and spiritual aspects, is impacted decisively by the architectural configuration of its Medical facilities. A holistic approach of patient treatment is a benchmark that has its roots in healthcare design, requiring thorough consideration of humanization, Healthcare Hospitality and architectural responses to the new parameters of healthcare. In a

moment of transformation, this paper elaborates by seeking answers on how architectural configuration in healthcare architecture can provide the necessary support to Healthcare Hospitality services in cancer treatment.

Keywords: Hospital architecture, Humanization, Oncology.

1 INTRODUÇÃOA configuração arquitetônica dos hospitais con-

temporâneos se estrutura a partir das necessidades do tratamento e manutenção da saúde. Por esse motivo, as transformações recentes do atendimento médico-hos-pitalar, sejam sob os aspectos tecnológicos, funcionais, emocionais ou espirituais, impactam de forma decisiva sobre as respostas arquitetônicas na configuração dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). A visão holística em relação ao paciente, do seu processo de tra-tamento, é um referencial que se incorpora na atividade projetual, exigindo uma reflexão profunda sobre as res-postas arquitetônicas aos novos parâmetros de promo-ção da saúde.

Assumindo o momento de transformação que esta-mos vivendo, este trabalho vem refletir sobre os novos referenciais humanos no tratamento da saúde e, princi-palmente, sobre as respostas arquitetônicas geradas nos edifícios hospitalares.

2 O REFERENCIAL DE QUALIDADE NO TRATAMENTO À SAÚDE

Até os anos 1970, o parâmetro qualitativo na assis-tência médico-hospitalar era o corpo clínico dos hospi-tais, ou seja, a competência da sua equipe médica. Quan-

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do a evolução acelerada da tecnologia permitiu uma me-lhor compreensão do corpo humano, através dos varia-dos equipamentos de diagnóstico por imagem, a qualida-de assistencial passou a ser avaliada pela união do corpo clínico com as ferramentas tecnológicas disponíveis.

O período de foco na tecnologia durou até os anos 1990, momento em que o referencial de qualidade de tratamento em um hospital se transformou gradualmen-te no que conhecemos hoje como humanização. Este conceito estabeleceu novos paradigmas programáticos e dimensionais nos hospitais, originando grandes trans-formações nos seus edifícios.

3 TRATAR, ATENDER, INTEGRAR, HUMANIZARPara os hospitais, a humanização é uma condicio-

nante de projeto de ordem ambiental muito discutida, estando relacionada ao atendimento das necessidades psicológicas de bem-estar dos usuários. Muitas reformas têm sido executadas para retirar do hospital a sua asso-ciação com ambiente da doença, trazendo aos seus espa-ços referenciais mais intimistas, ligados a aspectos resi-denciais. A arquitetura, enquanto meio de consolidação e funcionamento destes referenciais, vem concretizar esse panorama, tanto ao nível da ambiência como do edifício.

Esses lugares [Hospitais] não são nada pareci-dos com a nossa casa, sobretudo pela questão do aconchego e bem-estar. Porém, a medicina já vem se preocupando, há algum tempo, com a arquitetura desses ambientes de saúde. O objetivo desse cuidado é evitar ainda mais so-frimento e desgaste psicológico do enfermo, fa-zendo com que o conforto do espaço auxilie no tratamento e até na recuperação do paciente, [...] para que o paciente se sinta o mais próximo possível de sua casa, mesmo estando em um quarto de hospital; tendo, portanto, familiari-dade e segurança. (CRUZ, 2012).

De acordo com Malkin (apud RIBEIRO, 2008), pes-quisas apontam para a ligação do emocional das pessoas com o adoecer e indicam que ações curativas devem ser desenvolvidas em ambientes que promovam a redução do estresse e envolvam os sentidos de modo terapêutico.

Um novo modelo de hospital está se desenvolvendo para se adequar às premissas da humanização, que é de-

fendida por estudos e pesquisas acerca da arquitetura de instituições de saúde. Como a ciência e a tecnologia, já tão intrínsecas no cotidiano médico-hospitalar, a abor-dagem holística do paciente passou a desafiar o proces-so projetual do edifício, motivando a sua transformação. Grande parte das reformas em hospitais está ocorrendo devido à busca da qualidade espacial referenciada na humanização, haja vista o aumento do grau de exigência dos usuários.

De acordo com Ribeiro (2008), além dos avanços tec-nológicos ocorreram mudanças também na mentalidade dos pacientes, que se tornaram mais conscientes e exi-gentes em relação aos serviços prestados e aos espaços físicos, passando escolhê-los pelo conforto, limpeza e se-gurança que proporcionam. A busca pela humanização e por padrões que a estabeleçam veio como uma resposta a esse novo perfil de usuário.

Segundo Oliveira, Collet e Veira (2006), a comuni-cação é fator imprescindível para o estabelecimento da humanização, assim como as condições técnicas e mate-riais. Humanizar significa

[...] dar lugar tanto à palavra dos usuários quanto aos profissionais de saúde, de forma que possam fazer parte de uma rede de diálo-go, que pense e promova as ações, campanhas, programas e políticas assistenciais a partir da dignidade ética da palavra, do respeito, do re-conhecimento mútuo e da solidariedade. (OLI-VEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006)

Dentro da visão holística em relação à cura dos pa-cientes, a atividade projetual passou a observar o trata-mento da saúde enquanto um processo que extrapola a ciência e entra na esfera emocional, onde o estado mental atua como ferramenta importante no restabelecimento.

Entende-se que os pacientes, ao serem introduzidos no ambiente hospitalar, deixam em seus lares elementos essenciais ao bem-estar, como a família, os amigos, hábi-tos e lazer. Em uma situação de desconforto físico há uma tendência de acentuação desse afastamento.

No intuito de manter o indivíduo motivado e acele-rar o seu processo de cura e recuperação, o atendimento humanizado busca trazer ao paciente o que lhe é familiar, tornando-o apto a tomar decisões, a gozar do convívio fa-miliar, a manter seus hábitos e, consequentemente, como

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resultado do maior equilíbrio emocional, a ser agente da própria cura.

No campo do atendimento, uma estratégia para atin-gir esse equilíbrio é a reformulação do serviço de hote-laria nos hospitais, onde o atendimento às necessidades emocionais é foco central. Ao oferecer serviços como gastronomia (cardápio flexível e personalizado), entre-tenimento, caixa eletrônico, comércio (lojas de todos os tipos e vitrines como estratégia de distração nos corre-dores), biblioteca (acesso à informação), presença da família ampliada (mudança do padrão dimensional em casos específicos), passa-se a estabelecer uma relação de interatividade entre o paciente e a instituição, tanto na sua dimensão assistencial quanto na espacial. Afasta-se a idéia de que o paciente é um objeto sendo manipulado.

No campo da arquitetura, enquanto idealizadora do cenário desta interação, cabe interpretar as necessida-des ampliadas dos usuários e reformular o programa e o dimensionamento das áreas, que agora extrapolam o parâmetro técnico-científico, integrando-se ao campo da psicologia ambiental.

4 A HOTELARIA HOSPITALARRecentemente o hospital passou a desempenhar ou-

tras funções, além daquelas ligadas ao apoio ao diagnós-tico e tratamento, abrigando atividades nitidamente de geração de conforto e bem-estar. Entre elas estão as da hotelaria hospitalar, “[...] desenvolvidas ao receber, hos-pedar e alimentar pacientes e acompanhantes” (TOLE-DO, 2002).

Segundo Boeger (2009), a moderna hotelaria hospi-talar estabelece um cuidado muito mais abrangente que os objetivos de cura, assumindo que o paciente tem di-versas necessidades além das físicas. A hotelaria tem a capacidade de melhorar o atendimento ao paciente con-siderando a diversidade de experiências vividas entre a internação e a alta. Boeger (2009) comenta que a hote-laria pode ser referenciada como grande transformador da arquitetura dos hospitais, na medida em que ajuda a repensar os antigos padrões arquitetônicos, como corre-dores extensos, acabamentos brancos e sem vida, quar-tos de internação enclausurados.

A nova geração de EAS, apoiada pela hotelaria hos-pitalar e baseada em cuidados focados no paciente, se

transformou em verdadeiros “[...] santuários espirituais, com jardins, fontes, luz natural, arte e música [...]” (RI-BEIRO, 2008). Nesse sentido, o planejamento do espaço físico não se restringe aos benefícios ao paciente mas a todos os envolvidos, como acompanhantes, equipe de saúde e demais funcionários.

Hoje é possível notar que a hotelaria hospitalar é um serviço que ultrapassa os limites das áreas de internação, estendendo sua atuação a todos os usuários (não apenas pacientes), oferecendo serviços em todas as áreas do hospital. A seguir será mostrado como ela foi conceitua-da enquanto apoio ao tratamento do câncer, tão marcado pelo sofrimento prolongado e pela agressividade em re-lação a fisiologia do paciente.

5 NECESSIDADES ESPECÍFICAS DO PACIENTE DE ONCOLOGIA E AS RESPOSTAS ARQUITETÔNICAS

Por ser um edifício complexo, o projeto de um hos-pital leva em consideração elementos padronizados, que respondem a necessidades genéricas. O paciente que chega ao hospital, contudo, não é genérico, ele tem ne-cessidades específicas que precisam ser consideradas. Na tentativa de compreender as necessidades específi-cas dos pacientes oncológicos no seu processo de cura e reabilitação, foi pesquisado como a arquitetura contem-porânea reconhece o caráter humano e trabalha com a hotelaria hospitalar para melhorar a qualidade no aten-dimento integrado do indivíduo.

O paciente de oncologia tem sido foco de atenção na arquitetura hospitalar, na medida em que represen-ta uma demanda assistencial em pleno crescimento. Seu tratamento é longo e doloroso, demandando extremo cuidado em relação ao aspecto emocional.

Hospitais modernos têm investido fortemente na transformação física de ambientes na área oncológica, resgatando nas áreas de quimioterapia as relações inte-rior-exterior (luz natural e transparência), a privacidade, a flexibilidade (opção por boxes individuais ou coleti-vos), o conforto ambiental (controle individual de luz e temperatura) e a espiritualidade (estimulando a medita-ção através de símbolos e contato com a natureza).

Alguns hospitais demonstram estas intenções em áreas de quimioterapia, como é o caso do Complexo Hos-pitalar MD Anderson, localizado em Houston, Texas; do

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Hospital Northern Westchester, de Nova Iorque, e o Ins-tituto de Oncologia do Hospital Santa Paula, em São Pau-lo. Nestas instituições, o aspecto emocional foi tratado de formas variadas, ao trazer para o edifício elementos do cotidiano, como comércio (praças com lojas e coffee shop) (ver figura 1); entretenimento (vídeo nas poltro-nas ou nos boxes de quimioterapia, salas de jogos, salas de estética, biblioteca); áreas para meditação e contato direto com a natureza (jardins com espelho d’água e es-paços de estar junto às recepções e esperas) (ver figura 2), além de funcionalidades que permitem a indepen-dência e privacidade do paciente (como o controle indi-vidual de temperatura e de iluminação).

Figura 1: MD Anderson, Houston, Texas. Praça com comércio e serviços.Fonte: Acervo Duarte Schahin Arquitetura

Figura 2: Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula, São Paulo. Jardim junto à entrada principalFonte: Acervo Duarte Schahin Arquitetura

Em áreas de exames e tratamento de radioterapia, comumente localizadas no subsolo devido à suas neces-sidades estruturais e de proteção (paredes espessas de concreto), o tratamento de humanização pode focar na

iluminação artificial zenital, inclusive com imagens (ver figura 3). Esta solução amplia verticalmente os ambien-tes, afastando a ideia de que se está abaixo do nível do solo – o que poderia ativar a claustrofobia em alguns usuários.

Figura 3: Hospital Northern Westchester, Nova Iorque. Sala de Radioterapia (Acelerador Linear) no Subsolocom a iluminação artificial simulando o céu.Fonte: Acervo Duarte Schahin Arquitetura

6 CONCLUSÕES Através desta breve demonstração da interface en-

tre arquitetura, humanização, hotelaria e tratamento oncológico, foi possível perceber que a qualidade do atendimento hospitalar necessita de um estudo profun-do sobre as necessidades de cada tipo de paciente. Cada especialidade atende tipos diferentes de pessoas, em si-tuações que requerem olhares cuidadosos para o esta-belecimento de novos paradigmas, tanto de atendimento como de ambiência.

É flagrante, nos dias de hoje, a necessidade da bus-ca por respostas arquitetônicas mais completas, que vão além das normas e requisitos mínimos dos espaços, auxi-liando o indivíduo de forma concreta no seu tratamento e reabilitação.

Segundo Matos (apud RIBEIRO, 2008), uma cultura de humanização leva tempo para ser construída e envol-ve um processo de conscientização e sensibilização, sen-do de fundamental importância o envolvimento de todos os atores do sistema de saúde. O aprimoramento da in-teração profissional-cliente é uma das mais importantes facetas da humanização da assistência.

Entende-se que as respostas arquitetônicas às exi-gências de humanização e, mais especificamente, à me-

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lhoria da qualidade dos serviços de hotelaria hospitalar, devem ser idealizadas com a intenção de interpretar de forma global e completa as necessidades dos usuários.

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RIBEIRO, Lissandra M. Humanização do Espaço Ar-quitetônico em Unidade de Hemodiálise. Monografia (Especialização). Salvador: Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, 2008.

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TOLEDO, Luis Carlos. Feitos para curar: arquitetu-ra hospitalar e processo projetual no Brasil. Dissertação

(Mestrado), PROARQ, UFRJ. Rio de Janeiro: FAU/UFR-J-PROARQ, 2002.

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TENDENCIAS Y ESTRATEGIAS EN EL DISEÑO Y LA OPERACIÓN DE LOS EDIFICIOS PARA LA SALUD

Rita Comando Arquitecta, Especialista

RESUMEN

En estos últimos años se han sucedido grandes cambios que han contribuido a las transformaciones de las Instituciones de Salud, de los cuales no hemos sido ajenos en Argentina y Sud América, ya que estamos insertos en una realidad compleja, dinámica e interdependiente. En este trabajo, planteamos los cambios más significativos en los edificios para la salud, que marcan la tendencia en su diseño y operación. La planificación hospitalaria desarrolló el concepto de sistema de atención donde el resultado no será solo un producto, el “Hospital”, sino que este está integrado dentro de una región y caracterizado por el modelo prestacional al que pertenece, entendiendo que conforma una red de servicios y cumple un rol de nodo. La tipología edilicia se transformó del hospital sistémico de los ochenta, producto del desarrollo del modelo de traza reticular que se establecía a partir de una trama generada por una serie de sub tramas: funcional, instalaciones, circulatoria, estructural, donde se organizaban los procesos clínicos y de recorridos, a la implementación de la planificación estratégica. Producto de ella será la elaboración del plan director o maestro, que es un plan estratégico de carácter político, médico y financiero, que permite la revisión permanente de la forma de usar el edificio, sus instalaciones y equipamiento, teniendo en cuenta los medios necesarios para lograr las metas y los objetivos planteados. Esto permitirá optimizar los recursos, prever los cambios y el crecimiento del edificio.

Palabras clave: Diseño hospitalar, Gestión, Salud.

ABSTRACT

TRENDS AND STRATEGIES IN HEALTH BUILDING DESIGN AND OPERATION

In recent years, continuous changes have contributed to important transformations in health care institutions. Argentina and South America have not been indifferent to these changes, as we are embedded in a complex, dynamic, and interdependent reality. This paper describes the most significant improvements in trend setter health building design and operation. Hospital planning has now formulated the concept of health care as a non-single product system, i.e., the Hospital. Regional integration has been promoted and health care practices are now characterized by the provision of services according to that regional model, forming a network of services and being a node within that network. The hospital systemic building typology of the eighties has now been changed. The reticular plan model, based on a general plan generated by a series of sub plans (structure, circulation, function), where clinical practices and circulation were organized evolved into the implementation of a strategic planning. As a consequence, we will be devoted to the implementation of a master plan, that is, a strategic plan of political, medical and financial nature. This master plan will allow a continuous review of the use of the building, facilities and equipment, taking into account the different means to achieve goals and objectives. This will optimize resources and anticipate changes and future improvements for building efficiency.

Keywords: Health design, Management, Health.

El equipo de salud, el edificio, las instalaciones y el equipamiento: integrados para garantizar la calidad de atención y seguridad

del paciente en una organización sustentable

Tendencias y estrategias en el diseño y la operación de los edificios para la Salud

Rita Comando Arquitecta, Especialista

RESUMENEn estos últimos años se han sucedido grandes

cambios que han contribuido a las transformaciones de las Instituciones de Salud, de los cuales no hemos sido ajenos en Argentina y Sud América, ya que estamos insertos en una realidad compleja, dinámica e interdependiente. En este trabajo, planteamos los cambios más significativos en los edificios para la salud, que marcan la tendencia en su diseño y operación. La planificación hospitalaria desarrolló el concepto de sistema de atención donde el resultado no será solo un producto, el “Hospital”, sino que este está integrado dentro de una región y caracterizado por el modelo prestacional al que pertenece, entendiendo que conforma una red de servicios y cumple un rol de nodo. La tipología edilicia se transformó del hospital sistémico de los ochenta, producto del desarrollo del modelo de traza reticular que se establecía a partir de una trama generada por una serie de sub tramas: funcional, instalaciones, circulatoria, estructural, donde se organizaban los procesos clínicos y de recorridos, a la implementación de la planificación estratégica. Producto de ella será la elaboración del plan director o maestro, que es un plan estratégico de carácter político, médico y financiero, que permite la revisión permanente de la forma de usar el edificio, sus instalaciones y equipamiento, teniendo en cuenta los medios necesarios para lograr las metas y los objetivos planteados. Esto permitirá optimizar los recursos, prever los cambios y el crecimiento del edificio.

Palabras clave: Diseño hospitalar, Gestión, Salud.

ABSTRACTTRENDS AND STRATEGIES IN HEALTH BUILDING

DESIGN AND OPERATIONIn recent years, continuous changes have contributed

to important transformations in health care institutions. Argentina and South America have not been indifferent to these changes, as we are embedded in a complex, dynamic, and interdependent reality. This paper describes the most significant improvements in trend setter health building design and operation. Hospital planning has now formulated the concept of health care as a non-single product system, i.e., the Hospital. Regional integration has been promoted and health care practices are now characterized by the provision of services according to that regional model, forming a network of services and being a node within that network. The hospital systemic building typology of the eighties has now been changed. The reticular plan model, based on a general plan generated by a series of sub plans (structure, circulation, function), where clinical practices and circulation were organized evolved into the implementation of a strategic planning. As a consequence, we will be devoted to the implementation of a master plan, that is, a strategic plan of political, medical and financial nature. This master plan will allow a continuous review of the use of the building, facilities and equipment, taking into account the different means to achieve goals and objectives. This will optimize resources and anticipate changes and future improvements for building efficiency.

Keywords: Health design, Management, Health.

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TENDENCIAS Y ESTRATEGIAS EN EL DISEÑO Y LA OPERACIÓN DE LOS EDIFICIOS PARA LA SALUD

Rita Comando Arquitecta, Especialista

RESUMEN

En estos últimos años se han sucedido grandes cambios que han contribuido a las transformaciones de las Instituciones de Salud, de los cuales no hemos sido ajenos en Argentina y Sud América, ya que estamos insertos en una realidad compleja, dinámica e interdependiente. En este trabajo, planteamos los cambios más significativos en los edificios para la salud, que marcan la tendencia en su diseño y operación. La planificación hospitalaria desarrolló el concepto de sistema de atención donde el resultado no será solo un producto, el “Hospital”, sino que este está integrado dentro de una región y caracterizado por el modelo prestacional al que pertenece, entendiendo que conforma una red de servicios y cumple un rol de nodo. La tipología edilicia se transformó del hospital sistémico de los ochenta, producto del desarrollo del modelo de traza reticular que se establecía a partir de una trama generada por una serie de sub tramas: funcional, instalaciones, circulatoria, estructural, donde se organizaban los procesos clínicos y de recorridos, a la implementación de la planificación estratégica. Producto de ella será la elaboración del plan director o maestro, que es un plan estratégico de carácter político, médico y financiero, que permite la revisión permanente de la forma de usar el edificio, sus instalaciones y equipamiento, teniendo en cuenta los medios necesarios para lograr las metas y los objetivos planteados. Esto permitirá optimizar los recursos, prever los cambios y el crecimiento del edificio.

Palabras clave: Diseño hospitalar, Gestión, Salud.

ABSTRACT

TRENDS AND STRATEGIES IN HEALTH BUILDING DESIGN AND OPERATION

In recent years, continuous changes have contributed to important transformations in health care institutions. Argentina and South America have not been indifferent to these changes, as we are embedded in a complex, dynamic, and interdependent reality. This paper describes the most significant improvements in trend setter health building design and operation. Hospital planning has now formulated the concept of health care as a non-single product system, i.e., the Hospital. Regional integration has been promoted and health care practices are now characterized by the provision of services according to that regional model, forming a network of services and being a node within that network. The hospital systemic building typology of the eighties has now been changed. The reticular plan model, based on a general plan generated by a series of sub plans (structure, circulation, function), where clinical practices and circulation were organized evolved into the implementation of a strategic planning. As a consequence, we will be devoted to the implementation of a master plan, that is, a strategic plan of political, medical and financial nature. This master plan will allow a continuous review of the use of the building, facilities and equipment, taking into account the different means to achieve goals and objectives. This will optimize resources and anticipate changes and future improvements for building efficiency.

Keywords: Health design, Management, Health.

El equipo de salud, el edificio, las instalaciones y el equipamiento: integrados para garantizar la calidad de atención y seguridad

del paciente en una organización sustentable

1 INTRODUCCIONEn estos últimos años se han sucedido grandes

cambios, de los cuales las organizaciones de salud no han sido ajenas, especialmente en Argentina y Sud América, ya que estamos insertos en una realidad compleja, dinámica e interdependiente.

En salud, la modificación demográfica y epidemiológica de la población, sumado al desarrollo tecnológico y los movimientos sociales, llevó a plantear nuevos paradigmas de atención médica, que se vieron reflejados en la planificación del recurso físico. La implementación de la cirugía ambulatoria y la atención domiciliaria, agregado al crecimiento de las áreas de atención ambulatoria, de diagnóstico y tratamiento, el incremento de las internaciones de terapia, las áreas de rehabilitación y las unidades de cuidados paliativos, son algunas de las transformaciones en los programas médicos-arquitectónicos. A ellas se agregan las estrategias de atención primaria de la salud y la necesidad de dar respuestas a la atención de los adultos mayores, la incorporación en las organizaciones de los sistemas de calidad que otorgan atención médica al usuario, con oportunidad, competencia profesional, seguridad y respeto a los principios éticos, con el propósito de satisfacer sus necesidades de salud y sus expectativas, las de los prestadores de servicios y las de la institución.

En Gestión, durante estos años también se realizaron innovaciones. La gestión por procesos, la incorporación de certificaciones (ISO 9000 y 14000) y la tercerización de servicios, fueron algunas de las herramientas. La organización de redes de atención y servicios, llevó a la necesidad de implementar modelos de categorización y acreditación de los establecimientos. La planificación

estratégica fue la protagonista de estas décadas. La contención del costo hospitalario ha sido un tema diario en la agenda de los establecimientos.

En tecnología, los avances han sido increíbles, al igual que el desarrollo de la informática: el uso masivo alcanzado por la computadora e internet, la digitalización, la comunicación inalámbrica, la automatización, la robótica, el comando a distancia, la incorporación del celular, la cámara digital, el scanner y la pantalla plana a la tecnología médica. Estos cambios incorporados al desarrollo del equipamiento médico han generado una revolución en el diseño hospitalario que aún es difícil de dimensionar. Sólo es comparable al impacto que está teniendo en la medicina el desarrollo de la genética, los estudios del ADN y la controversial clonación.

En ingeniería, el desarrollado ha sido a la par del equipamiento médico, teniendo como ejes la seguridad, el mantenimiento y los costos operativos. Las instalaciones eléctricas y de tratamiento del aire siguen siendo claves, sumando a ellos las instalaciones de voz y datos. La búsqueda de elementos o sistemas que permitan el control y ahorro de energía se ha transformado en un tema excluyente, al igual que la investigación de energías alternativas.

En arquitectura, se han cambiado las visiones del concepto del hospital como “máquina de curar” al concepto de “Hospitales verdes y saludables”, que prevengan la enfermedad. El diseño se ha vuelto el actor principal; en la generación de lugares contenedores, confortables, se plantea la “humanización de la atención”, incorporando el color, la iluminación natural, la eliminación de ruidos, la señalización, los criterios ergonométricos en el equipamiento y el mobiliario, la accesibilidad física y la valoración y preservación del

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patrimonio arquitectónico del edificio. En el medio ambiente, se ha tomado conciencia de la

complejidad y el impacto para la sociedad y el planeta de las acciones del hombre. Ya no sólo se considera la gestión de residuos sólidos, sino también los líquidos y gaseosos. Se organizan programas de preparativos para situaciones de emergencia y desastre. Los edificios se piensan con criterios bioambientales y de sustentabilidad, tales como los ahorros del agua, el rendimiento energético, la selección de los materiales y la calidad ambiental del interior.

2 DISEÑO Y OPERACION EN EDIFICIOS PARA LA SALUD

La tipología edilicia del hospital sistémico proyectada en los concursos de arquitectura de los años setenta y construida en los ochenta, producto del desarrollo del modelo de traza reticular que se establecía a partir de una trama generada por una serie de sub tramas: funcional, instalaciones, circulatoria, estructural, donde se organizaban los procesos clínicos y de recorridos, generando dos circulaciones, una técnica de uso semi restringido y/o restringido y otra pública, se transformó con la implementación de la planificación estratégica en la gestión hospitalaria. Producto de ella será la elaboración del plan director o maestro, que es un plan estratégico de carácter político, médico y financiero, que permite la revisión permanente de la forma de usar el edificio, sus instalaciones y equipamiento, teniendo en cuenta los medios necesarios para lograr las metas y los objetivos planteados. Esto permitirá optimizar los recursos, prever los cambios y el crecimiento del edificio.

Los cambios generan incertidumbre, al que se suman la aparición de nuevos paradigmas que surgen de las modalidades de atención: la necesidad de humanización de la atención por el creciente uso de tecnología, la sustentabilidad, el respecto por el medio ambiente y garantizar la seguridad del paciente y el equipo de salud, así como la implementación de modelos de evaluación como los ya mencionados.

El proceso de planificación debe garantizar en cada una de sus etapas (formulación, programación, proyecto, ejecución y operación) y desarrollo de acuerdo a pautas de diseño, para luego implementar una gestión que nos

permita alcanzar las metas fijadas.

Tendencias en diseño hospitalarioPodemos enumerar algunas de las tendencias de

diseño que han de tenerse en cuenta al proyectar un edificio para la salud:

Plan maestro: a partir de la planificación estratégica, el plan maestro es la organización integral del establecimiento, partiendo de la visión y misión de la institución, teniendo en cuenta el desarrollo en corto, mediano y largo plazo. Se analizan y organizan las áreas funcionales, áreas de apoyo, circulaciones y accesos.

Hospital seguro: ante las catástrofes naturales, se denomina hospital seguro a un establecimiento de salud cuyos servicios permanecen accesibles y funcionando a su máxima capacidad instalada, inmediatamente después de un fenómeno destructivo de gran intensidad de origen natural. En estos casos, es importante tener en cuenta no solo la materialidad del edificio, sino también su implantación.

Flexibilidad: la flexibilidad consiste en poder rápidamente cambiar la distribución y capacidad de ocupación, mejorando notablemente el uso, materializando los espacios de modo tal que permitan los cambios programáticos, la incorporación de los avances tecnológicos, la renovación y modificaciones de las instalaciones y el mantenimiento de las redes de servicios, evaluando la relación eficiencia y eficacia en los costos.

Nuevos programas: como resultado de las actuales modalidades de atención médica, podemos mencionar algunos ejemplos. La cirugía mínimamente invasiva: cirugía robótica, micro cirugía asistida por dispositivos, cirugía guidada por imagen. Diagnóstico por imagen: sistema de archivo y transferencia de imágenes (PACS), tele-radiología, PET. Entrenamiento mediante simulación: realidad virtual y centros de simulación. La incorporación de tecnología ha permito una disminución de las camas de internación, un aumento de las camas de terapia y crecimiento de las áreas de diagnóstico y tratamiento.

Innovación tecnológica: el impacto del equipamiento médico sumado a la incorporación de la informática y las comunicaciones están modificando

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los procesos y la gestión. Las áreas de laboratorio, diagnóstico por imágenes y cirugía están modificado sus lay out y funcionamiento con la incorporación de equipos.

TIC: se denominan TIC a las Tecnologías de la Información y de las Comunicaciones, al conjunto de tecnologías que permiten la adquisición, producción, almacenamiento, tratamiento, comunicación, registro y presentación de informaciones contenidas en señales de naturaleza acústica (sonidos), ópticas (imágenes) o electromagnéticas (datos alfanuméricos). A partir de los avances en la implementación de las TIC, nace el hospital digital como un “hospital sin papeles”, que es aquel que logra asegurar el significado, la integridad, confidencialidad y disponibilidad de la información, permitiendo el continuo asistencial electrónico inter-operando con otros actores dentro y fuera de su servicio.

Humanización espacial: la generación de espacios confortables y contenedores, para los cuales intervienen una serie de elementos: el uso y la selección de colores, que sean agradables a la vista, que armonicen con el ambiente a crear y que concuerden con el uso dado al lugar, así como los materiales utilizados. La adecuada selección en el uso de los colores y materiales influyen de manera importante en el estado de ánimo de las personas, especialmente de los pacientes. Otro punto a considerar en este sentido es la iluminación, principalmente natural.

Los sistemas de orientación y señalización deben estar en todos los lugares públicos y privados con asistencia de personas. La importancia de redirigir y orientar al público es enorme, tratándose de pacientes y en caso de seguridad. Deben contar con confort acústico y el control de ruidos, al igual que el diseño ergonomía del equipamiento y mobiliario.

Identidad cultural: en este punto convergen dos miradas, por un lado la integración de la cosmovisión en el diseño del pueblo originario, donde se encuentra implantado el hospital, con el objetivo de una mayor apropiación de estos usuarios a la organización. Por otra parte, la defensa del patrimonio construido llevó a la comunidad hospitalaria a pedir el reciclaje, la preservación y puesta en valor de los edificios y los espacios exteriores.

Jardines terapéuticos: la incorporación de jardines terapéuticos, que consisten en un diseño orientado al bienestar psíquico y físico del usuario. El resultado es un entorno que proporciona efectos positivos al usuario, sin necesitar ninguna acción específica por su parte. Estos espacios son usados tanto para la rehabilitación de pacientes como para disminuir el stress del personal de salud, en especial aquellos que trabajan en las áreas críticas.

Accesibilidad física: el concepto se utiliza para nombrar el grado en el que todas las personas, más allá de sus capacidades físicas, pueden utilizar un cierto objeto o acceder a un servicio. Esto supone que un lugar que presenta buenas condiciones de accesibilidad puede recibir a toda clase de gente sin que exista un perjuicio o una dificultad para nadie. Las rampas para discapacitados, las sillas de ruedas, el alfabeto Braille y las señales auditivas son algunas de las ayudas técnicas. La accesibilidad supone un derecho que otorga a una persona la real posibilidad de ingresar, transitar y permanecer en un lugar, de forma segura, autónoma y confortable.

Respeto al medio ambiente: Considerando las características del entorno urbano o rural y el impacto que generara la inclusión del hospital en el lugar.

Sustentabilidad: En la etapa de proyectos se puede contribuir a la sustentabilidad, desde el diseño arquitectónico incorporando las siguientes estrategias:

• Uso racional de energía: o Morfología edilicia: orientación

de fachadas y envolventes que disminuyan la demanda de energía;

o Incorporación de energías renovables (solar-eólica);

o Ahorro energético;o Reducción del consumo para

refrigeración;o Reducción del consumo para

iluminación.• Conservación y uso racional del agua:

o Instalaciones de baja demanda;o Diseño paisajístico que minimice la

demanda de agua para riego;o Reciclaje de aguas grises y

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recolección de agua de lluvia.• Materiales de bajo impacto:

o Materiales locales con menor dependencia en el trasporte y promoción de la mano de obra local;

o Reducción de desperdicios en la construcción;

o Reciclaje de edificios y materiales;o Materiales que no contaminen, ni

afecten la salud de los ocupantes.o ,Aprovechamiento de la ventilación

e iluminación natural;o Visuales al exterior y espacios

verdes;o Confort térmico;o Accesibilidad universal para todos

los potenciales ocupantes.• Implantar tratamientos anaeróbicos.• En la etapa de operación del hospital, se deberá

tender a: • Realizar acciones referentes al reciclaje y

reducción de residuos;• Establecer un programa de gestión energética.

Trabajo Interdisciplinario: el equipo de salud se ha ido conformando por un número creciente de profesiones y tecnicaturas que no solo responden al área asistencial sino incluyen el management, la pedagogía, las ciencias sociales entre otras.

Estrategias de operación del recurso físicoDentro de los cambios más significativos en esta

área podemos mencionar la aparición de dos nuevas disciplinas:

Facility Management: en el gerenciamiento de los recursos, es la profesión responsable de la gestión y explotación eficiente de los recursos inmobiliarios y de los servicios generales de soporte ligados a ellos y a los usuarios. Coordina el ambiente físico de trabajo, con las personas y con las actividades de la organización. Integra conocimientos de arquitectura, ingeniería, diseño, administración finanzas y ciencia de la comunicación y del comportamiento. La práctica de coordinar los activos físicos de una empresa con los ambientes de trabajo y la gente que los utiliza en relación con cada cultura

organizacional. Gestor Energético: que favorecerá la toma de

decisiones para reducir costos de consumo. Su tarea será, en la primera etapa de la gestión, realizar una evaluación inicial de la situación, incluyendo espacios que albergan instalaciones auxiliares. Revisará los equipos instalados, su grado de aislamiento, los contratos con las compañías distribuidoras, el nivel de iluminación y el confort térmico, recogerá las aportaciones de las personas implicadas, las facturas etc. Con toda la información se elabora una “fotografía” del estado actual, la cual se estudiará detenidamente y de la que se extraerán conclusiones. Este diagnóstico permitirá, además identificar todos los costos asociados al consumo de energía. Con ellos y con las conclusiones se establecerán un plan de acción a llevar a cabo para una utilización racional.

Para conseguir la mayor cantidad de mejoras posibles en la utilización de la energía, se necesita la colaboración de todos. Este es el punto más importante de una estrategia de gestión energética. El mejor programa resulta inútil si no se involucran los protagonistas del consumo de la energía.

Los cambios del recurso físico se deben sustentar en una gestión estratégica, basada en la gestión integral de procesos en salud, que implica una visión del proceso como el devenir del paciente a través del sistema sanitario y en su deseo de conseguir una atención y respuesta única a sus necesidades y problemas de salud. El monitoreo de los procesos permitirá introducir las mejoras en el recurso físico para aumentar la satisfacción del usuario interno y externo, siendo primordial que todos usen el mismo “lenguaje”, ya que es imposible realizar alguna actividad sin una comunicación adecuada.

3 CONSIDERACIONES FINALESA modo de conclusión podríamos plantear que

en los edificios destinados a la salud las tendencias en diseño y gestión son:

• El diseño pensado a partir de las necesidades de los diferentes usuarios (pacientes ambulatorios y hospitalizados, visitas, personal de salud y proveedores);

• Un enfoque multidisciplinario integral en la planificación del recurso físico (arquitectónico,

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médico, jurídico, financiero, administrativo, empresarial ecológico, entre otros);

• Una gran flexibilidad, que permita realizar ampliaciones sin afectar la operación de la unidad, así como la incorporación fácil de nuevas tecnologías, en cuanto a equipos redes y sistemas;

• La incorporación de nuevos materiales y procedimientos constructivos, que faciliten el mantenimiento y la conservación de los edificios;

• Estructuras mas ligeras y de mayores luces, que faciliten la distribución de los espacios y que permitan los cambios continuos por necesidades de funcionamiento;

• Mayores previsiones a futuro del impacto urbano y ecológico de las unidades médicas;

• Utilizar herramientas de gestión, tales como software de gestión de activos y mantenimiento, para registrar, controlar y ajustar procesos y estrategias;

• Concientizar, capacitar e inculcar en la gente un pensamiento de mejoramiento continuo;

• Desarrollar mejores grupos de trabajo, fomentando la participación de todos;

• Crear mandos medios y superiores para un liderazgo permanente;

• Mejorar la infraestructura de las áreas de trabajo;

• Contar con la automatización de las instalaciones.

La incorporación de tecnología por si sola no garantiza una mejor atención de la salud. La búsqueda de la eficiencia requiere más y mejor gestión, no necesariamente mas dinero. Por tal motivo debemos analizar las variables a tener en cuenta ante los nuevos requerimientos del diseño y la tecnología, dentro de un plan maestro basado en la gestión estratégica, diseñado para desarrollar la misión institucional, establecer objetivos, formular una estrategia.

El foco dentro de las organizaciones de salud “debería” estar no solo en curar, sino en evitar que la gente se enferme. Brindando confort y satisfacción a sus usuarios, también se contribuye a mantener la

salud. Por tal motivo es fundamental trabajar sobre un cambio cultural dentro de las organizaciones de salud, involucrando a todos los actores, demostrando desde los grupos de liderazgo el compromiso y apoyo al proceso de planificación, con el fin de lograr gestiones a largo plazo, con acciones de mejora continua.

REFERENCIASBENAIM, Salvador; COMANDO, Rita y otros.

Mantenimiento de Edificios para la Salud. Buenos Aires, 1994.

COMANDO, Rita. Arquitectura hospitalaria: nuevos conceptos. La Revista del ITAES, Vol. 10, n. 3, julio, agosto, septiembre, 2008. p. 16-21, Buenos Aires.

FEINGOLD, Victor (Director); GISBERT, Marisa (Coordinadora). El Libro del Facility Management. Buenos Aires: Sociedad Latinoamericana de Facility Management, 2012.

PEREZ-IÑIGO QUINTANA, Fernando; ABARCA CIDON, Juan. Un modelo de hospital. Barcelona: Medicina stm Editores, 2001.

VARO, Jaime. Gestión estratégica de la calidad en los servicios sanitarios. Un modelo de gestión hospitalaria. Madrid: Ediciones Díaz de Santos, 1994.

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um hosPital Para PaCientes De longa PermanÊnCia:o hospital local de sapopemba

Sandra RiskallaArquiteta

RESUMO:O objetivo deste artigo é descrever, a partir de um es-

tudo de caso, o projeto arquitetônico de um hospital pú-blico com administração privada para doentes de longa permanência, na cidade de São Paulo. O estudo de caso centra-se no Hospital Local de Sapopemba e baseia-se na experiência da autora como arquiteta em um projeto de adaptação e ampliação. Entre as questões tratadas estão a influência de conceitos gerenciais utilizados neste tipo de centro de saúde em um projeto de requalificação, bem como a adoção de conceitos de humanização dos espa-ços, de forma a colaborar para o melhor atendimento ao usuário.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Humaniza-ção, Hospital de longa permanência.

ABSTRACTSAPOPEMBA’S LOCAL HOSPITAL: a hospital for

long stay patientsThe goal of this article is to describe, from a specific

case, the existing possibilities of architectonic work applied in a hospital for long-stay patients in the city of São Paulo. This study is based in Hospital Local de Sapopemba and takes as reference the experience of the authoress as an architect who worked in the adaptation and renovation project of an old hospital to the installation of the referred theme. One of the main questions in this article is the importance, for the architect, of a knowledge about the management

concepts used in this public health center and how is possible, in an existent building, the adaptation for the structure for hospital for long-stay, adopting concepts of humanizing spaces so also collaborate to better serve the user.

Keywords: Hospital architecture, Humanization, Long-stay hospital.

1 INTRODUÇÃO O Hospital Local de Sapopemba é um retrofit de um

hospital do Governo do Estado de São Paulo. A princípio possuía pronto atendimento referenciado e destinava-se ao apoio de Unidades Básicas de Saúde (UBS), funcio-nando como um ambulatório, cujas especialidades eram definidas conforme a demanda da região. Outra de suas funções era de internação de clínica médica, com 30 lei-tos.

Após a requalificação, por solicitação da Secretaria Estadual de Saúde, o Hospital Local de Sapopemba tem como objetivo prestar assistência de baixa complexidade tecnológica material e de alta complexidade em tecno-logia humana, para pacientes usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitam de permanência prolon-gada. Trabalha em conjunto com o Hospital Estadual de Sapopemba (HESAP).

O hospital possui cerca de 2.000 m² construídos, dis-tribuídos em dois pavimentos. O térreo abriga a área de administração, consultórios, setores de abastecimento e serviços, exames (ultrassonografia e Raio-X) e alguns

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leitos. Foi planejado um espaço externo para o convívio de pacientes, familiares e funcionários. Esta área de de-ambulação visa proporcionar contato com a natureza e banho de luz natural. No pavimento superior estão loca-lizados leitos e a unidade de respiração assistida (URA).

2 A HUMANIZAÇÃO DOS ESPAÇOSA requalificação de uma infraestrutura existente é

frequente nos dias de hoje, dados os benefícios ambien-tais e de economia que podem promover. No caso dos es-tabelecimentos de saúde, no entanto, que possuem gran-de complexidade de instalações, equipamentos e fluxos de atividades, esta intervenção necessita de elevado ní-vel de cuidado e atenção.

No caso aqui exposto, além da usual complexidade envolvendo equipamentos e instalações, há a transfor-mação de um edifício hospitalar convencional em um hospital de pacientes de longa permanência.

Dos aspectos específicos no planejamento da refor-ma do Hospital Local de Sapopemba, destacam-se os espaços idealizados especificamente para os pacientes de longa permanência. Buscou-se olhar principalmente

para a qualidade de vida e de recuperação desses pacien-tes, que possuem um longo convívio em uma área hos-pitalar.

Na configuração antiga do edifício, os espaços eram voltados apenas para a área interna, com pouco conta-to com o exterior. Com base na importância de se consi-derar a escala humana, a acessibilidade, a privacidade, o conforto e, ao mesmo tempo, o contato dos pacientes com o ambiente externo, buscou-se criar um espaço de convivência entre familiares e funcionários, bem como com a natureza e a luz natural.

Os quartos tiveram suas janelas ampliadas, de forma a permitir maior entrada de luz natural. A luz e a cor tam-bém foram exploradas, acreditando que estes elementos são “[...] importantes na arquitetura porque, além de imprimirem um caráter, possibilitam que as atividades humanas aconteçam com maior conforto e segurança.” (COSTI, 2002, p. 35). A cor proposta nos quartos foi o azul, por conferir tranquilidade para o ambiente de re-pouso. A circulação interna é realçada, em alguns seto-res, com a tonalidade laranja. Nas áreas externas desta-cam-se faixas na cor rouge.

O projeto luminotécnico foi efetuado de forma a atender não apenas os aspectos normativos desse tipo de edificação, mas para proporcionar o bem-estar físico e psicológico dos usuários e funcionários. A iluminação, em conjunto com o uso de cores fortes, rompe o estigma de ambientes para doentes.

Figura 1: Área de convivência do Hospital de Sapobemba.Fonte: a autora.

3 CONCLUSÕES O projeto do Hospital Local de Sapopemba utilizou-

se de conceitos inovadores, que buscaram proporcionar aos doentes de longa permanência ambientes humani-zados. O emprego lúdico e tranquilizante dos estímulos de cor, luz e contato com a natureza contribuiram para

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elevar o bem-estar de pacientes e funcionários, partici-pando do tratamento e recuperação, além de conduzir a estadias mais confortáveis e saudáveis.

REFERÊNCIASBUENO, E.; AGUSTINHO, M.L.; CARVALHO, T.H.P.F.

Humanização: construindo um novo conceito de fazer saúde. Disponível em: <http://www.cecom.unicamp.br/humanizacao/HUMANIZACAO-construindo-novoconcei-to.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2010

COSTI, Marilice. A influência da luz e da cor em sa-las de espera e corredores hospitalares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

MARTINS, Vânia P. A humanização e o ambiente físi-co hospitalar. In: CONGRESSO NACIONAL DA ASSOCIA-ÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO EDI-FÍCIO HOSPITALAR, 1, 2004, Salvador. Anais..., Salvador, 2004, p.63-67.

MERHY, E. E. Ato de cuidar: alma dos serviços de saú-de. In: Ver-SUS Brasil: cadernos de textos. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saú-de. Brasília: 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/versus_brasil_vivencias_esta-gios.pdf>. Acesso em: jan/2014.

RIBEIRO, N. do R. C. Estudo Comparativo do De-sempenho de Hospitais em Regime de Organização Social. Rio de Janeiro, 2004. (mimeo)

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