Upload
dangkhue
View
220
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
ANAIS DA VI JORNADA ACADÊMICA DA
FACULDADE LUTERANA RUI
BARBOSA – FALURB
COMISSÃO DE TRABALHO
PROFESSORES
Afonso Correia Gomes de Noronha Ana Maria Valoto
Almir Schnorremberger André Ricardo Angonese
Carli Freitag Cláudio Metzner
Eliane Aparecida Favarim Elisa Mara Ribeiro da Silva Dochorn
Gilberto Chmulek Gilmar Geraldo Maschio
Gilnei Saurin Helda Elaine Völz Bier
Ida Lorena Roehrs Jaime Antonio Stoffel
Janaina Kriguer Jerri Antonio Langaro
Lílian Navrotzki Riedner Luciano Lizzoni Marciano Lizzoni
Marcio Andrei Rauber Paulo Gilberto Giron
Sandra Richter Sérgio Maurício Reinholz
Silvia Cristina Bender Urbano Theobaldo Metz
Valdemir Aleixo
TRABALHOS TÉCNICOS
Gesuíno Antônio Lizzoni Lídia Agnes Glitz Sander
JERRI ANTONIO LANGARO ::: Organizador :::
ANAIS DA VI JORNADA ACADÊMICA DA
FACULDADE LUTERANA RUI BARBOSA – FALURB
>> 10 a 14 de maio de 2010 <<
Realização: Curso de Administração
Marechal Cândido Rondon, PR 2011
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Rua D. Pedro I, 1151 – Caixa Postal 4, 85960-000 Marechal Cândido Rondon – PR
Fone/Fax: (45) 3254-2175 www.falurb.edu.br
NEANDER KLOSS Direção Geral
LÍLIAN NAVROTZKI RIEDNER Coordenação de Curso
LÍDIA AGNES GLITZ SANDER Coordenação Pedagógica
GESUÍNO ANTONIO LIZZONI Relações Públicas
ÉRICA IRENE ALBRECHT WRASSE Secretária Acadêmica
MARCELI KARINE GRAFF Secretária Financeira
REV. SÉRGIO MAURÍCIO REINHOLZ Capelania
SUMÁRIO ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL COM FOCO NA UTILIZAÇÃO E REUSO DA ÁGUA EM EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL DE CASCAVEL Letícia G. T. Perin; Juliana AP Roman; Nilse. M. Santos ; Vilson Prasniski e Evanilde P. Salles Lange .....................................................................................................08 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA PRODUTORA DE CARROCERIAS PARA ÔNIBUS Ana Cristina da Silva; Deonice Franciele Krefta; Giceli de Lurdes Carniel; Marisa Cristina Michelsen e Gilnei Saurin ...................................................................................................22 CARACTERÍSTICAS BIOGRÁFICAS E RENDIMENTO HUMANO Lilian Navrotzki Riedner .....................................................................................................44 COMPARATIVO NA INOVAÇÃO DO USO DE TECNOLOGIA NA DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DA FIBRA DE VIDRO Willian Tiago Sachser; Altieres Cristiano Martinazzo; Cléo Luiz Fleck; Fabiano Renner; Flavio Peixoto de Lima; Neumar Cesar Engelmann e Valdemir Aleixo ...............................................................................................................58 DIAGNÓSTICO SOBRE O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Maico Pfeifer; Daiana Vinciguera; Frantchesco Luisi Nettson; Patrícia Bourscheid e Valdemir Aleixo...............................................................................75 GERENCIAMENTO AMBIENTAL DOS RESÍDUOS PROVENIENTES DAS CARCAÇAS DAS AVES MORTAS Tiago Kracke; Ademir Luis Griep; Ronaldo Gomes de Souza; Aline Françoais Draghethi; Graciele Tatiane Hippler; Aline Roberta Kreibich; Ivani R. B. Cardoso e Valdemir Aleixo...............................................................................88 GESTÃO DE ESTOQUE: ABORDAGEM TEÓRICA E SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO EMPRESARIAL Fábio Geovani Freitag; Francielle Carla Trento; Martinho Raupp e Gilnei Saurin .....................................................................................................................102
7
INCORPORAÇÃO DA RESERVA LEGAL À MATA CILIAR EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS Douglas Aloísio Baumgartner; Simone Patrícia Thiel; Dorival Oliveira Junior; Eduardo Rufino Leal; Oldemar Hergesell; Simone Berg; Simone Malesza e Valdemir Aleixo ...............................................................................................................114 PESPECTIVAS PARA O BIODIESEL NO BRASIL – CASE SOBRE PESQUISAS LOCAIS (PALESTRA) Valdemir Aleixo ..................................................................................................................127 POLUIÇÃO E IMPACTOS AMBIENTAIS: O CASO DAS ÁGUAS PLUVIAIS EM PERÍMETRO URBANO Márcia Brülinger Pereira; Márcia Bloedorn Schmidt; Andressa Caroline dos Santos; Patrícia Fritsch; Tatiane Patrícia Jaskoviak; Zuleica Caroline Suski e Valdemir Aleixo..........................................................................130 PROGRAMAS DE FOMENTO DO GOVERNO COMO ALTERNATIVAS PARA OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTOS – O CASO DO BIODIESEL Cristina Luisa Lizzoni; Fabiane Hart; Eliane Fátima Senger e Valdemir Aleixo ...............................................................................................................141 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COMO INDICADOR SOCIAL, ECONÔMICO E AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON, PR – ANÁLISE PRELIMINAR Luciane Andrea Goebel Meurer; Rúbia Paola Chiarani; Lidiane Caroline de Lima; Fátima Aleixo Chiotti; Andressa Cristina Parlato; Raphael Renan Rech e Valdemir Aleixo ...............................................................................................................157 UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES MÉDIAS MÓVEIS PARA A ANÁLISE GRÁFICA DE AÇÕES Fabiano Junior Johann; João Paulo Vidal; Marcos Tartaro e Gilnei Saurin .....................................................................................................................173 VARIEDADES DE MILHO EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA – QUALIDADE FISIOLÓGICA E ARMAZENABILIDADE DAS SEMENTES Vânia Márcia Abucarma, Valdemir Aleixo, Marlene de Matos Malavasi e Ubirajara Contro Malavasi................................................................................................185
8
ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE GESTÃO
AMBIENTAL COM FOCO NA UTILIZAÇÃO E REUSO DA ÁGUA
EM EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL DE CASCAVEL
Letícia G. T. Perin1
Juliana A. Roman2
Nilse. M. Santos3
Vilson Prasniski4
Evanilde P. Salles Lange5
RESUMO: Esta pesquisa é resultado do Trabalho de Conclusão do curso de Administração, trata-se de análise da necessidade da implantação de programa de Gestão Ambiental, cujo foco se dá na sustentabilidade ambiental e na utilização e reuso da água na empresa do ramo industrial, visando melhorar seus conceitos em relação ao meio ambiente. Como temática de pesquisa é “Analise de implantação de programa de Gestão Ambiental com foco na utilização e reuso da água em empresa do ramo industrial de Cascavel”. O problema de pesquisa é o questionamento da necessidade de implantar um Programa de Gestão Ambiental como o foco na utilização e reuso da água. Os objetivos foram traçados e suas etapas são: explicar o processo de utilização e reuso da água na atividade industrial; descrever o processo estabelecido atualmente pela empresa para o uso da água; levantar as necessidades para implantar o Programa de Gestão Ambiental e propor a implantação do programa de Gestão Ambiental na Indústria de Cascavel. A metodologia se baseia em pesquisas exploratória, bibliográfica. A coleta de dados in loco ocorre com entrevista com o engenheiro ambiental da empresa e observação, cuja descrição da realidade observada é transcrita em forma de quadros, tabelas e gráficos, resultados tabulados com abordagens qualitativa e quantitativa. As obras estudadas são de administração, gestão ambiental e a legislação vigente relacionada à responsabilidade socioambiental. Os resultados apontam para a necessidade de implantação de programa de gestão ambiental e consequentemente adote mecanismos para a reuso da água. Palavras-chave: Gestão Ambiental. Reuso da água. Meio Ambiente.
1 Acadêmica do Curso Bacharelado em Administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected]. Boa Vista da Aparecida PR 2 Acadêmica do Curso de Bacharelado em Administração da Faculdade Assis Gurgacz. Cascavel Pr 3 Acadêmica do Curso de Bacharelado em Administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected]. Cascavel PR 4 Acadêmico do Curso de Bacharelado em Administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] Cascavel - PR 5 Professora Orientadora e docente dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Faculdade Assis Gurgacz, Mestre em Ciência da Informação pela PucCampinas. E-mail: [email protected]
9
1 INTRODUÇÃO
Esse trabalho apresenta uma análise da necessidade da implantação de programa
de Gestão Ambiental com foco na utilização e reuso da água em empresa do ramo
Industrial de Cascavel, visando melhorar os cuidados com o meio ambiente.
A proposta deste trabalho tem como objetivo geral propor a implantação do
Programa de Gestão Ambiental quanto ao uso da água pela indústria, e seus objetivos
específicos são: explicar o processo de utilização da água na atividade industrial; descrever
o programa estabelecido atualmente pela empresa para o uso da água; levantar as
necessidades para implantar o programa de Gestão Ambiental; propor a análise de
implantação do programa de Gestão Ambiental na Indústria de Cascavel.
A Constituição Federal, Art. 225 determina que: “todos tem direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade e o dever de defendê-lo e
preservá-lo para os presentes e futuras gerações”.
E a metodologia aplicada ao presente estudo inicia-se pela utilização das pesquisas
exploratória, bibliográfica, e a descritiva, com uma abordagem da pesquisa qualitativa e
quantitativa, também utilizando os dados primários e secundários, onde será utilizada uma
amostra da pesquisa para aquisição dos dados através de uma entrevista com o engenheiro
ambiental da empresa, podendo assim chegar ao objetivo a que se pretende a pesquisa.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os resultados são analisados por meio da investigação exploratória, que não deve
ser confundida com leitura exploratória, pois é realizada em área na qual há pouco
conhecimento acumulado e também sistematizado. Por que possui uma natureza de
sondagem, e não comporta hipóteses que poderão surgir durante ou no final da pesquisa.
(VERGARA, 2003). É abordada essa pesquisa exploratória para poder acumular um maior
conhecimento tanto da indústria analisada como também na área em que se esta realizando
10
a pesquisa para com isso obter mais dados principalmente com relação a reuso da água para
gerar maior conscientização ambiental na indústria e com isso trazer mais benefícios
Também é utilizada a “pesquisa bibliográfica que é o estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas,
isto é, material acessível ao público em geral.” (VERGARA 2003, p. 48). Pois a pesquisa
bibliográfica da um amparo através do conhecimento teórico e para resolver o problema
que está em pauta e assim achar soluções viáveis através de pesquisas adquiridas de autores
que tem os conhecimentos profundos dos assuntos estudados.
Já a pesquisa descritiva busca observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou
fenômenos sem manipulá-los, na forma como realmente aconteceu. E procura descobrir,
com a maior precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, e sua relação
com os outros fatos, sua natureza e característica (CERVO E BERVIAN, 2002).
Para melhor entendimento dos dados obtidos a pesquisa quantitativa vem auxiliar
o projeto para obter a quantidade de água consumida pelos setores da indústria, e também
na quantidade de canos, caixas, e bombas que serão necessárias para a implantação do
programa, na empresa estudada e assim se obtém um conhecimento mais amplo para saber
se o projeto é viável ou não.
Portanto a pesquisa qualitativa vem auxiliando na parte de observação e descrição,
ou seja, o relatório sobre todo o processo da reuso da água, onde também para ajudar em
nosso trabalho será feito uma entrevista com o engenheiro responsável pelo programa de
gestão ambiental, para assim se obter todas as informações necessárias sobre o assunto, e
poder se chegar a uma conclusão.
São utilizados tanto a pesquisa quantitativa como a qualitativa com a finalidade de
se obter um conhecimento mais exploratório e profundo sobre o assunto abordado,
principalmente com relação a reuso a ao tratamento da água realizado pela indústria em
questão, sendo analisado em diversos âmbitos e focos, e como um complemento entre a
pesquisa quantitativa e a qualitativa.
11
Os dados primários compreendem aqueles que o grupo de pesquisa coleta para o
desenvolvimento, sendo relatório de observação contendo os seguintes itens: a origem da
água, os seus processos de utilização, e o tratamento e descarte da água. E também será
coletados dados com o engenheiro ambiental. E os dados secundários são os relatórios da
empresa com relação a projetos ambientais e planos de ação atuais, com relação ao uso da
água e também as leis ambientais consultadas pelo grupo de pesquisa, bem como o
referencial teórico, como suporte de conhecimento sobre o assunto estudado na pesquisa.
Malhotra (2001) afirma que os dados primários são gerados com a finalidade de
solucionar um problema que está em pauta, e para se obter os dados primários a pesquisa
pode ser demorada e dispendiosa para o pesquisador. Os dados secundários são coletados
de forma rápida e fácil, em comparação com os dados primários, e também com um custo
relativamente baixo e em pouco tempo. E os dados que são coletados serão usados para fins
diferentes do problema que está em pauta.
Entrevista é um procedimento onde o pesquisador faz a pergunta e alguém
oralmente lhe responde. É necessário ambos estar presente no momento da entrevista, pode
a entrevista ser informal, focalizada ou por pautas, na entrevista informal ou aberta, tem um
objetivo específico que é coletar os dados necessários (VERGARA 2000).
É utilizada a entrevista semi-estruturada para poder chegar ao que a pesquisa
pretende que é analisar a implantação de um programa de Gestão Ambiental quanto ao uso
da água pela indústria localizada em Cascavel. Também explicar o processo de utilização
da água na atividade industrial. Descrever o programa estabelecido atualmente pela
empresa para o uso da água. Levantar as necessidades para implantar o programa de Gestão
Ambiental. E propor a implantação do programa de Gestão Ambiental na Indústria de
Cascavel.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste artigo procurou-se desenvolver o referencial teórico inicialmente focando a
gestão da produção, porque a organização em estudo é voltada para a produção industrial,
12
também se explicita conceitos de gestão ambiental, onde o foco que o trabalho está voltado
para o estudo de utilização e reuso da água.
3.1 GESTÃO DA PRODUÇÃO
Segundo Paranhos Filho (2007), a administração da produção trata da maneira
pelas quais as organizações produzem bens e serviços, com isso, a evolução não seria
possível sem uma ordenação dos esforços, do coletivo de pessoas trabalhando com um
objetivo comum, ou seja, por meio de uma organização. No entanto, o autor afirma ainda
que o sistema de produção seja a parte mais importante do grupo de atividade de uma
empresa e por isso, deve ser administrada para utilizar eficientemente os recursos
disponíveis e com isso, atingir o objetivo a que se propõe.
Também Slack et al (2002), relata que a administração da produção trata da
maneira pelas quais as organizações se utilizam para se vestir, usar, ler, os serviços das
lojas, hospitais, tudo é produzido e são os produtos e serviços que nós dependemos no
nosso dia-a-dia.
3.2 O MEIO AMBIENTE
Os elementos abordados pelo autor Barbieri (2004), é que o meio Ambiente é tudo
o que envolve os seres vivos, onde a palavra ambiente vem do latim e o prefixo ambi da
idéia de ao redor de algo ou de ambos os lados.
O meio ambiente tem como condição de existência a vida, envolve a biosfera
estende-se muito além dos limites em que à vida é possível, onde os seres vivos estão
condicionados a certa exposição às radiações (BARBIERI, 2004)
3.3 GESTÃO AMBIENTAL
A questão ambiental, que dia após dia ganha espaço nas preocupações da
sociedade como também na agenda dos segmentos mais esclarecidos, coloca-nos sempre
13
perguntas inquietantes, porem instigantes, uma delas segundo Milaré, (2007) é: qual é o
destino próximo do ecossistema planetário e da espécie humana?
Na opinião do autor, a única resposta cabível, mesmo ainda provisória, é que a
espécie humana e a terra encontram-se num determinado estágio de evolução impossível de
ser precisado, porém, no que se refere a um futuro incerto e de horizonte curtíssimo, conta-
se apenas com meras hipóteses, portanto, nem as mais rigorosas ciências podem oferecer-
nos prospectivas seguras. Esta não é uma questão teórica e abstrata, ela é real, concreta e
prática, até porque, nos interessa saber do nosso destino coletivo.
Ao se tratar de meio ambiente e do relacionamento da sociedade brasileira com o
mundo natural, a história vivida traz um peso essencial para qualquer proposta de gestão
ambiental. A falta de identidade com o espaço acaba acarretando um descompromisso com
a preservação e a qualidade da gestão ambiental, a qual o ser humano tem a
responsabilidade pelos espaços que constituiu e tem a obrigação de zelar por ele (PHILIPPI
JR. E PELICIONI, 2002).
3.4 A IMPORTÂNCIA DA ISO 14.000 PARA AS EMPRESAS
No ponto de vista de Donaire (2007), a globalização dos negócios, a
internacionalização dos padrões de qualidade ambiental descrito na série ISO 14000, a
conscientização crescente dos atuais consumidores e a propagação da educação ambiental
nas escolas permitem prever que a exigência futura que farão os futuros consumidores em
relação à preservação do meio ambiente e a qualidade de vida deverão se tornar cada vez
mais forte. Por esse motivo, as organizações deverão de certa forma incorporar a variável
ambiental na prospecção de seus cenários e na tomada de decisão, como também, uma
postura responsável de respeito á questão ambiental.
3.5 A ÁGUA E O REUSO
A água é um dos recursos naturais mais intensamente utilizados pelo ser humano,
não só para suprir as necessidades metabólicas, como também para outros fins como, em
14
pólos industriais, zonas de irrigações, em grandes centros urbanos, mas essa demanda pode
superar a oferta de água, seja em termos quantitativos, ou seja, pela qualidade da água
prejudicada pela questão da poluição. E tal degradação de qualidade da água pode afetar a
oferta de água e também gerar graves problemas de desequilíbrio ambiental. (BRAGA et
al, 2005).
O uso da água na indústria tem gerado muitos conflitos quanto à utilização de
recursos hídricos, em relação à escassez, fazendo com que parte da água que é utilizada
não retorne ao corpo de água do qual foi retirada com a mesma qualidade, provocando
aspectos estéticos, fisiológicos ou até ecológicos. O autor afirma também que há dois
processos de regeneração para ser utilizado no reuso da água: para reuso e reciclagem. A
regeneração para reuso é a operação que envolve o tratamento necessário da água, uma vez
que o reaproveitamento direto não é possível. Vale ressaltar que, após regeneração, a água
não é utilizada na mesma operação, e sim em outra, porque a regeneração para reciclagem
da água é para remover contaminantes, de forma a permitir a reciclagem da mesma.
De acordo com Brega Filho e Mancuso (2002), o reuso pode ser classificado em
reuso indireto, o qual ocorre quando a água já usada, uma ou mais vezes para uso
doméstico ou industrial; reuso direto, é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados
para irrigação, uso industrial, recarga de aqüífero e água potável; reciclagem interna que é
o reuso da água internamente em instalações industriais, visando à economia de água e o
controle da poluição. O autor relata ainda que o reuso da água pode ainda ser classificado
em duas grandes categorias: potável e não potável.
Os benefícios ambientais e a saúde pública através do reuso são imensos, entre os
quais pode-se citar: preserva recursos subterrâneos; permite a preservação do solo por meio
da acumulação de húmus e aumenta a resistência à erosão; contribui, principalmente em
países em desenvolvimento, para o aumento da produção de alimentos, elevando assim os
níveis de saúde, a qualidade de vida e as condições sociais de populações associados aos
esquemas de reuso. (BRAGA et al, 2005).
Para o meio ambiente o ganho é dobrado, com a reutilização (reuso) da água por
uma indústria, Levy (2002) afirma que, em primeiro lugar ganha com a redução da
captação, pois o manancial consegue reter maior volume de água para diluição dos
15
poluentes. E ganha também em redução de poluentes, pois o reuso pressupõe o tratamento
de águas no interior das empresas e menor volume de lançamento com menor intensidade
de poluição. Apesar de serem boas as primeiras providencias das indústrias na direção do
uso mais racional da água, é evidente que o setor empresarial ainda tem muito que avançar
nesse campo.
3.6 NORMAS AMBIENTAIS
O autor Machado (2005), foca o Direito Ambiental primeiramente denominando-
se Direito Ecológico onde são uns ciclos de regras, instrumentos jurídicos organizados e
estruturados, visa assegurar um comportamento que não atente contra o meio ambiente, e
também o Direito Ambiental vem ser sistematizado fazendo a articulação da legislação, da
doutrina, e da jurisprudência, e sejam elementos que integrem o ambiente.
Coloca ainda o mesmo autor o foco nas agências de água sendo introduzido no
direito brasileiro pelo artigo 43, II da Lei 9.433/97 que a agência de água deve-ser auto-
sustentável financeiramente, ou seja, não pode ser buscada no orçamento da união, dos
estados e dos municípios. A locução agência de água continua utilizado pela sua lei
instituidora da ANA (Agencia Nacional de Águas), como é constatada no artigo 4º,
parágrafos 4º e 6º da Lei 9.984/2000.
4 CONCLUSÃO
Ao levantar os dados da pesquisa na empresa em estudo, verificou-se que a água
vem do lençol freático, através do poço artesiano, com um volume de 10mt3 hora, é
depositado em duas caixas de 20 mil litros cada. Após, é distribuída em todos os setores da
indústria, como: setor de fabricação para tratamento e preparação de peças de alumínio e
também de aço, para receber a pintura eletrostática.
O setor de fibra é usado na melhoria de processos, para retirada das rebarbas e
cortes de peças de fibra, pois antes eram realizadas as tarefas a seco, causando alergias e
desconforto aos funcionários. Também é usado no setor de revisão final, para testes de
vedação dos ônibus, onde os veículos ficam por aproximadamente vinte minutos recebendo
16
duchas de água de todos os lados, para verificar se não apresenta infiltração em dias de
chuva.
A Água também é usada em banheiros onde ela é destinada a fossa séptica, já a
máquina de lavar, os bebedouros a copa e cozinha, estas águas são usadas e após tratadas e
devolvidos ao solo, somente a água do teste de ônibus é tratada e usada novamente, pois já
existe o processo instalado de utilização e reuso da água. Através do programa todos os
setores se interligarão ao processo de tratamento e reaproveitamento.
Então, após levantamento dos dados e constatados o problema sobre o desperdício
de água causado pela indústria, apresenta-se a proposta de melhoria no reuso da água, pois
avalia-se o que está sendo descartado e que seriam poucos os investimentos, pois se trata de
somente duas caixas de vinte mil litros de água, canos para a canalização até o tratamento, e
para o transporte de retorno da água até as caixas, será necessário uma bomba de água e o
funcionário já é contratado para fazer a correção, tratamento e análise para o retorno da
água.
Com esta implantação, o maior beneficiado é a indústria, pois está se enquadrando
com a ISO 14000, que trata da gestão ambiental, pois este também é um requisito para
disputa de licitações.
Segundo as normas da ISO 14000, estas empresas podem reduzir
significativamente estes danos ao meio ambiente. Quando uma empresa segue as normas e
implanta os processos indicados, ela pode obter o Certificado ISO 14000. Este certificado é
importante, pois atesta que a organização possui responsabilidade ambiental, valorizando
assim seus produtos e marca.
Para conseguir e manter o certificado ISO 14000, a empresa precisa seguir a
legislação ambiental do país, treinar e qualificar os funcionários para seguirem as normas,
diagnosticar os impactos ambientais que está causando e aplicar procedimentos para
diminuir os danos ao meio ambiente.
A metodologia utilizada é descrita pelo grupo de acadêmico concluintes do curso
de Administração é descrito conforme segue:
Etapa 1: Foram levantados todos os problemas referentes ao uso e reuso da água
17
em todos os setores e vistos os programas já existentes na indústria de Cascavel. Então a
melhor decisão é que o programa deve ser aplicado pelo Engenheiro ambiental, pois é a
pessoa qualificada e conhece as normas ambientais.
Etapa 2: Foi coletado as informações com o Engenheiro responsável pela gestão
ambiental, e foram ouvidas as pessoas envolvidas no processo, como a engenheira civil e a
equipe de manutenção industrial. E com relação ao planejamento da gestão ambiental da
água deve-se levar em conta a consciência de que preservar o meio ambiente faz parte da
cultura organizacional, pois cada vez mais deve-se exigir das empreas a proteção ao meio
ambiente.
Etapa 3: compreender e entender os processos da utilização da água na indústria. A
indústria atualmente enfrenta problemas com o assunto de gestão ambiental, pois a falta da
implantação de um programa de reuso da água, faz com que essa indústria tenha a
necessidade de ampliar seus conhecimentos na àrea do meio ambiente, para que possa ser
uma empresa de destaque em relação as outras.
Etapa 4: Foi desenvolvido a proposta de gestão ambiental, para o aproveitamento
da água descartada, e feito uma revisão e análise para verificar a implantação. O setor de
teste de cabine já é reutilizado à água, o reuso deve ser em todos os setores da indústria,
fazendo com que a empresa obtenha o selo da ISO 14000.
A proposta tem por objetivo a economia da água pluvial que vem do lençol
freático e também o controle da poluição através de políticas dirigidas que requer
informações sobre as condições de uso e proteção das águas, e com isto, a redução da
capitação do manancial através do reuso, integrando um programa de qualidade, pois assim
a indústria passa ter custos de manutenção de qualidade e as ameaças ambientais em
oportunidades de negócio.
A realização da pesquisa “Análise de implantação de um programa de gestão
ambiental com foco na utilização e reuso da água em empresa do ramo industrial de
Cascavel” é o tema e, onde se percebeu a necessidade de um estudo que pudesse “propor a
implantação do programa de gestão ambiental quanto ao uso da água pela indústria”, sendo
este então o objetivo geral da pesquisa.
18
O investimento na área ambiental ainda é desconhecido pela maioria dos
empregadores, que não tem conhecimento da relevância do assunto, faltando-lhes a visão,
noção e a conscientização da importância que o assunto requer, tais investimentos fazem
com que fique garantido o rendimento produtivo e a qualidade de vida na organização,
entre outros.
Porém, na empresa estudada, especificamente a área de produção, todos os
objetivos propostos neste projeto foram alcançados. Como objetivos específicos procurou-
se expandir, ou seja, desenvolver itens que pudessem levar ao alcance do objetivo geral,
como:
Explicar o processo de utilização e reuso da água na atividade industrial, pôde ser
atendido através dos quadros elaborados de cada setor onde a água é utilizada, onde passa e
como ela é tratada até chegar ao seu descarte. Trata-se do setor de teste (lavagem de
veículos), onde é realizado o teste de cabine. O consumo de água nesse setor é de 600.000
litros diários. No setor de fibras, onde acontece o corte e lixamento das fibras, a água é
utilizada através de caneletas para redução do pó, chegando ser consumido 8.000 litros
diários de água. Já, outros setores de uso da água na indústria, ou seja, banheiros,
bebedouros, e lavanderias consomem aproximadamente 10.000 litros dia.
Descrever o processo estabelecido atualmente pela empresa para o uso da água.
Com relação a este objetivo, foi realizada uma entrevista com o engenheiro ambiental,
funcionário da empresa, as informações subsidiam como o processo do uso da água, e a
importância da mesma na indústria. Levantar as necessidades para implantar o programa
de Gestão Ambiental, este objetivo é atendido por meio da observação in loco, e da
entrevista feita com o Engenheiro ambiental que focalizou as necessidades lá existentes,
que são maior redução da vazão de água utilizada pela empresa que com isto irá resultar em
menores custos, é essencial que a empresa colabora se posicione como socialmente
responsável.
Propor a implantação do programa de Gestão Ambiental na Indústria de
Cascavel, quanto a esse objetivo, foi alcançado através da proposta do programa que visa à
economia da água pluvial oriunda do lençol freático e também o controle da poluição
através de políticas dirigidas que requer informações sobre as condições de uso e proteção
19
das águas, reduzindo a capitação do manancial, integrando um programa de qualidade, pois
assim a indústria passa a ter custos de manutenção de qualidade ambiental, onde pode
transformar as restrições e as ameaças ambientais, ocorrerá menos degradação ambiental.
Para utilizar a água com mais eficiência.
Quanto ao problema da pesquisa que é: Qual a necessidade de implantar um
Programa de Gestão Ambiental na Indústria de Cascavel com o foco na utilização e reuso
da água? Conclui-se que, com a crescente indicação da utilização e reuso de água em
diversos fins, principalmente na área industrial, torna-se indispensável para a indústria a
implementação de um programa de gestão ambiental, o qual é uma gestão ambientalmente
correta. Como também salienta o Engenheiro ambiental entrevista na pesquisa que coloca
que tanto na indústria em geral como a focalizada existe grandes necessidades de
implantação de programas de gestão ambiental. Pois além de estar preservando o meio
ambiente e reduzindo custo, uma empresa que hoje tem qualquer tipo de iniciativa nesse
assunto é muito bem vista pela sociedade num todo, sem contar que principalmente o
mercado externo dá grandes preferências a empresas com programas de gestão ambiental.
Sem dúvida, preservar o meio ambiente é um dos melhores tipos de marketing a ser usado.
O consumo da água é extremamente excessivo na indústria, tanto no setor de teste,
como no setor de fibras e outros setores da indústria. Após o tratamento químico a água é
descartada ao meio ambiente voltando ao lençol freático. A implantação do programa com
foco na utilização e reuso, torna-se necessário e só traz benefícios, uma vez que toda a água
tratada na empresa é liberada ao meio ambiente, tornando assim, fundamental a
implantação para que seja preservado, conservado e garantindo assim a qualidade de vida
para o presente e futuras gerações.
Os recursos naturais, com relação ao tratamento da água, não são mais aceitos com
descaso por parte da população, a legislação está se tornando cada vez mais rígida,
atribuindo penas, ou seja, sanções aos infratores, e forçando assim, as indústrias e empresas
a incluir em suas estratégias operacionais com mais responsabilidade e dignidade os
tratamentos dos recursos naturais, o desperdício, a falta de tratamento sanitário e industrial
adequado, faz com que a qualidade da água venha cada vez mais se declinando
20
drasticamente. Portanto, a etapa aqui apresentada pela equipe, mostra o primeiro passo em
direção a Gestão Ambiental.
Cumpre salientar, a importância desta pesquisa para a equipe, pois proporcionou a
oportunidade de associar a teoria á prática, utilizando-se do conhecimento em sala de aula
juntamente com os ensinamentos dos autores da área.
REFERÊNCIAS
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004. BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. BREGA FILHO, D.; MANCUSO, P. C. S. Conceito de reuso de água. 2. ed. São Paulo: Escrituras Editora e Distribuidora de Livros Ltda, 2002. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Cientifica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. LANGE, E. P. S. Apostila de Pesquisa aplicada às Ciências Empresariais. Faculdade Assis Gurgacz. Cascavel: 2009. LEVY, L. F. O novo Brasil. São Paulo: Nobel, 2002. MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental Brasileiro . 13. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Trad: Nivaldo Montingelli Jr. e Alfredo Alves de Faria . 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
21
MILARÉ, E. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisa, TGI, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. PARANHOS FILHO, M. Gestão da produção industrial. Curitiba/PR: Ibpex, 2007. PHILIPPI JR, A.; PELICIONI, M. C. F. Educação Ambiental: desenvolvimento de cursos e Projetos. 2. ed. São Paulo: Signus Editora, 2002. SLACK, N., et al, Administração da Produção, Trad: OLIVEIRA, M. T. C; ALHER, F. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2002. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
22
ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA
PRODUTORA DE CARROCERIAS PARA ÔNIBUS
Ana Cristina da Silva1
Deonice Franciele Krefta2
Giceli de Lurdes Carniel3
Marisa Cristina Michelsen4
Gilnei Saurin5
RESUMO: A análise financeira tem como objetivos diagnosticar a situação econômico-financeira de empresas com o intuito de medir o endividamento, a liquidez e a rentabilidade empresarial. A análise financeira explora dados contábeis, e através deles é possível avaliar em que aspectos financeiros a empresa se encontra. A análise financeira é obtida através do conhecimento e exploração de demonstrações contábeis, são elas: Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício. Esses documentos após serem explorados e retiradas as devidas informações sobre a empresa e dos seus bancos de dados por ela fornecido, se inicia a análise. Para inicio da mesma os dados fornecidos são transformados em índices financeiros, este exige um conhecimento matemático, e saber extrair as contas das demonstrações contábeis para que se possa aplicar as fórmulas. Os índices financeiros indicam em qual situação se encontra a empresa, fornecendo informações possibilitam maior conhecimento para o administrador poder interpretar e tomar as medidas cabíveis dos resultados obtidos. Palavras-chave: Análise Financeira, Análise Econômica. Índices Financeiros.
1 INTRODUÇÃO
A análise financeira no Brasil surgiu em meados da década de 60 consolidando seu
uso na década de 70. As análises são retiradas a partir de relatórios contábeis, da
verificação das contas e ou grupos de contas. Desta forma a partir das comparações dos
resultados dos confrontos dos recursos e exigíveis são extraídos dados e informações que
1 Acadêmica do 8º Período do curso de administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] 2 Acadêmica do 8º Período do curso de administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] 3Acadêmica do 8º Período do curso de administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] 4 Acadêmica do 8º Período do curso de administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] 5 Graduado em Ciências Econômicas pelo Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (2000), especializado em Economia de Empresas pelo Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (2001) e mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2006). Professor da Faculdade Assis Gurgacz e professor assistente da Faculdade Luterana Rui Barbosa. E-mail: [email protected].
23
permitem conclusões sobre a situação financeira da empresa, possibilitando a visualização
da melhor utilização de seus recursos financeiros. Essas análises são feitas por pessoas
capacitadas, onde os dados são aferidos através dos resultados contábeis, sendo necessário
conhecer os métodos que foram usados para chegar a esses resultados, para não emitir
informações erradas. Os relatórios das análises financeiras fornecem dados relevantes aos
bancos para liberação de empréstimos, porque necessitam de uma garantia de pagamento,
aos investidores que buscam por empresas idôneas, para fazer aplicações e aos
administradores que necessitam saber como andam os negócios da empresa e sua evolução,
fornecedores que necessitam receber por seus produtos e clientes que buscam por empresas
que transmitam confiança. No presente trabalho será realizada a análise econômico-
financeira, onde será comparado a posição financeira e níveis de desempenho, de uma
empresa com outras duas fabricantes de carrocerias de ônibus através do Balanço
Patrimonial (BP) e Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) das mesmas nos
períodos de 2006, 2007 e 2008, usando para tal métodos de análise financeiras e
demonstrativos de análise de exercícios para aferir resultados, com base nas informações
disponibilizadas pelas empresas.
2 ANÁLISE FINANCEIRA
Matarazzo (2003), explica que as demonstrações financeiras fornecem vários
dados sobre a empresa, seguindo as regras contábeis e a análise de balanços transforma
esses dados em informações.
Machado (2002), explica que uma análise financeira é feita utilizando-se dos
demonstrativos contábeis. Após reorganizadas as informações financeiras obtidas, estas são
transformadas em índices, que possibilitam uma avaliação do desempenho da empresa,
mostrando as tendências do seu comportamento para períodos futuros.
2.1 INDICADORES FINANCEIROS
Para Sanvicente (1987, p.177) a partir das demonstrações contábeis da empresa é
possível construir os índices, “grandezas comparáveis obtidas a partir de valores monetários
absolutos-destinados a medir a posição financeira e os níveis de desempenho da empresa
24
em diversos aspectos”. Esses aspectos são as medidas de liquidez, rentabilidade, eficiência
operacional e endividamento da empresa.
2.1.1 Índices de Endividamento
De acordo com Sanvicente (1987), os índices de endividamento mostram a
margem de endividamento da empresa por capital de terceiros, e exigíveis a longo prazo.
Diante dos expostos os índices de endividamento são: Participação de Capitais de
Terceiros, Imobilização do Patrimônio Liquido e Composição do Endividamento.
Diante do exposto, os índices de endividamento são:
a) Participação de Capitais de Terceiros
Segundo Matarazzo (2003), a participação de capital de terceiros avalia quanto a
empresa tem de capitais de terceiros investidos para uma porcentagem de investimento
próprio.
100xLíquidoPatrimônio
TerceirosdeCapitaisTerceirosCapitaisãoParticipaç = (1)
Matarazzo (2003) cita que desta forma é possível saber qual a proporção de Capitais
de Terceiros usados pela empresa, pois esta relação entre os Capitais Próprios e Capitais de
Terceiros, indicam risco ou dependência da empresa.
b) Imobilização do patrimônio líquido
Para Matarazzo, (2003) a imobilização do patrimônio líquido representa quantos
por cento do ativo permanente foi aplicado para uma margem do patrimônio liquido. Para a
análise deste indicador, quanto menor a porcentagem melhor.
100xLíquidoPatrimônio
PermanenteAtivoLíquidoPatrimônioobilizaçãoIm = (2)
De acordo com Matarazzo (2003) para uma empresa o ideal é que ela tenha
suficiência em seu patrimônio liquido para cobrir o Ativo Circulante Próprio, e que suporte
25
financiamentos no Ativo Circulante, onde suficiente é a capacidade da empresa efetuar suas
compras e vendas sem depender de bancos para cada ação tomada.
c) Composição do Endividamento
Esse índice mostra a característica das dívidas da empresa quanto aos
vencimentos, ou seja, o percentual das dívidas a curto prazo em relação às obrigações
totais. (SILVA, 2005)
Para calcular a composição do endividamento Matarazzo (2003) apresenta a fórmula a
seguir:
100xazoPrLongoaExigívelCirculantePassivo
CirculantePassivoentomadividnEComposição
+= (3)
O cálculo realizado apresenta a proporção de Capitais de Terceiros utilizados pela
empresa. Quanto menor for o resultado do índice melhor. Sendo importante a identificação
da composição dessas dívidas, pois as dívidas a curto prazos exigem pagamentos imediatos
com os recursos que a empresa tem no momento, ou recursos gerados à curto prazo, já as
dívidas a longo prazos dispõem de tempo para gerar esses recursos. (MATARAZZO, 2003)
2.1.2 Índices de Liquidez
Matarazzo (2003) discorre que os índices de liquidez mostram basicamente a
situação financeira da empresa, analisando os ativos circulantes versus dívidas. Procuram
mostrar a solidez da empresa em pagar suas dívidas. Os principais índices de liquidez são:
Geral, Corrente, Seca e Imediata.
a) Liquidez Geral
Esse indicador confronta o total dos exigíveis a curto e longo prazo com o total
dos ativos a curto e longo prazo. (MACHADO, 2002)
LongoPrazoàExigivelCirculantePassivo
LongoPrazoàalizávelReCirculanteAtivoGeralLiquidez
++= (4)
26
Se o resultado for maior que 1 (um) indica que a empresa tem condições de
liquidar suas dívidas assim como dispõe de uma folga financeira. (Salazar & Benedito,
2004)
b) Liquidez Corrente
Para Salazar e Benedicto (2004,p.253) os índices de liquidez corrente “indicam a
quantidade de recursos que a empresa tem nos ativos circulantes para utilização no
pagamento dos passivos circulantes”.
Pelo exposto Matarazzo (2003) aplica a fórmula:
CirculantePassivo
CirculanteAtivoCorrenteLiquidez = (5)
A forma de análise dos índices de liquidez corrente pelo seu resultado é avaliada
individualmente por cada empresa dado que a comparação é feita pelo tipo de indústria que
a empresa opera. Um valor pode ser aceitável para um segmento de empresa e o mesmo
valor não ser aceito para outra. (GITMAN, 2003)
c) Liquidez Seca
Segundo Gitman (2003), dos índices de liquidez seca é subtraída a conta estoques
do ativo circulante da empresa, por ser um ativo de menor liquidez. Isso se explica pela
diversidade dos estoques e pela dificuldade de venda desse ativo, porque quase sempre são
vendidos à créditos transformando-os em duplicatas a receber antes de serem convertidas
em caixa.
A formula é apresentada por Sanvicente (1987) para o Cálculo da Liquidez Seca é
a seguinte:
CorrentePassivo
EstoquesCorrenteAtivoSecaLiquidez
−= (6)
Segundo Matarazzo (2003) o resultado desse índice quanto maior for melhor para
a empresa, pois representa o quanto do ativo líquido a empresa possui para cada passivo
circulante, assim, ele mede a capacidade da situação financeira da empresa.
27
d) Liquidez Imediata
Segundo Sanvicente (1987) este índice de liquidez representa a
capacidade da empresa em liquidar as obrigações em curto prazo, utilizando o que a
empresa possui em dinheiro para efetuar pagamentos bem como títulos que ela poderá
transformar em dinheiro o mais rápido possível, o qual é calculado de acordo com a
fórmula:
CorrentePassivo
lidadesiibnopsiDmediataILiquidez = (7)
Para a empresa o resultado quanto maior for melhor, pois mostra a capacidade da
empresa liquidar suas dividas a curto prazo, utilizando-se somente de recursos líquidos,
dado a dificuldade de conseguir recursos de forma imediata.
2.1.3 Índices de Atividade/Retorno
Para Braga (1995) os Índices de Rentabilidade mostram as margens de
lucratividade das vendas e as taxas de retorno sobre os recursos investidos, neste caso
quanto maior forem esses índices, maior será o retorno para a empresa.
Diante disso, temos como fundamentos os seguintes índices econômicos de
atividade de retorno: Giro do Ativo, Retorno sobre o Patrimônio Líquido, Rentabilidade do
ativo e Retorno sobre vendas.
a) Giro do Ativo
O giro do ativo mede o volume de vendas da empresa em relação ao capital total
investido. O volume de vendas tem relação direta com os investimentos, não se pode
avaliar se uma empresa vende muito ou pouco apenas pelo valor absoluto de suas vendas
(MATARAZZO, 2003).
TotalAtivo
LíquidalOperacionaceitaReAtivodoGiro = (8)
28
O resultado esperado é que as vendas superem uma margem que cubra os
investimentos do ativo, indicando qual foi o nível de eficiência na utilização dos recursos
aplicados na empresa. (MATARAZO, 2003)
b) Retorno Sobre o Patrimônio Líquido
Para Gitman (2002) o índice de retorno sobre o patrimônio líquido mede o retorno
alcançado sobre o investimento dos proprietários da empresa.
x100
Médio LíquidoPatrimônioLíquidoLucro
Líquido Patrimônio o Sobre Retorno = (9)
Para o resultado deste cálculo divide-se o lucro líquido pelo valor do patrimônio
líquido médio e multiplica-se por cem, assim sendo quanto maior o índice encontrado
melhor será o retorno, pois representa a taxa de rendimento do capital próprio investido na
empresa. (MATARAZZO, 2003)
c) Rentabilidade do Ativo
Para Iudícibus (1998) serve para analisar como a empresa esta se comportando em
determinado período. Deve-se relacionar o lucro do empreendimento com algum valor que
expresse a dimensão relativa do mesmo.
100xAtivo
LíquidoLucroAtivodoentabilidadRe = (10)
Para o resultado deste cálculo quanto maior o índice melhor será o resultado,
mostrando a eficiência da empresa na geração de lucro diante de seus investimentos.
(MATARAZZO, 2003)
d) Retorno sobre as Vendas
Conforme Silva (2005) o Retorno Sobre Vendas analisa o lucro líquido
comparando com as vendas líquidas em determinado período, fornecendo qual o lucro que
a empresa está alcançando com relação ao seu faturamento líquido.
100 x Líquidas Vendas
Líquido LucroVendas Sobre Retorno =
(11)
29
Desta forma quanto maior o resulto melhor, pois representa a capacidade que a
empresa tem em gerar lucro perante cada R$ 100,00 vendidos.
2.1.4 Índices de Prazos médios
Segundo Matarazzo (2003) existem três índices de prazos médios, que são
encontrados pela análise das demonstrações financeiras. São eles: prazo médio de
recebimento de vendas, prazo médio de pagamento de compras e prazos médios de
renovação de estoques.
Segundo Silva (2005) os índices de prazos médios servem para analisar os
indicadores em termos qualitativos e quantitativos e para elaborar o parecer da análise da
empresa, orientando o processo em que a empresa compra a matéria prima, fabrica seus
produtos, estoca, vende, efetua o pagamento e recebe, em um processo contínuo.
a) Prazo Médio de Recebimento de Vendas
Conforme Matarazzo (2003) o prazo médio de recebimento de vendas determina o
volume de investimentos em duplicatas a receber. Este índice é encontrado por meio da
fórmula:
360xVendas
ceberReaDuplicatasPMRV = (12)
O prazo médio de recebimento de vendas indica quantos dias à empresa leva para
receber pelas vendas efetuadas. (SILVA, 2005)
b) Prazo Médio de Pagamento de Compras
Segundo Matarazzo (2003) o Prazo Médio de Pagamentos de Compras é idêntico
ao que foi exposto sobre ao prazo de recebimento de vendas
360 x Compras
esFornecedorCompras de Pagamento de Médio Prazo = (13)
30
O resultado encontrado do Prazo Médio de Pagamento de Compras deve ser
interpretado de forma a verificar qual é o prazo médio que a empresa consegue para pagar
seus fornecedores de materiais e serviços, observando que a empresa é dependente da
política de crédito adotada pelo fornecedor. (PADOVEZE, 2005)
c) Prazo Médio de Renovação de Estoques
Conforme Silva (2005) o Prazo Médio de Renovação de Estoque indica
quantos dias os produtos ficam estocados ou armazenados até a venda.
360 x Vendido Produto do Custo
EstoquePMRE = (14)
Este índice irá mostrar para a empresa que ela deve manter os estoques em níveis
baixos, uma vez que, estoques altos geram custos desnecessários.
d) Ciclo operacional
Para Assaf Neto (2002) por meio do ciclo operacional a empresa procura produzir
bens ou serviços e consequentemente, vender e receber, objetivando um determinado
volume de lucro, para poder satisfazer o retorno de suas fontes de financiamento.
Ciclo Operacional = PM RE + PMRV (15)
Onde:
PMRE – Prazo Médio de Renovação de Estoque.
PMRV – Prazo Médio de Recebimento de Vendas.
O período encontrado por meio do cálculo é o tempo de maturação da
empresa, ou seja, o tempo médio decorrido desde a compra até o recebimento da venda.
Quanto mais longo se apresentar o ciclo operacional, maior será a necessidade de
investimentos em capital de giro (ASSAF NETO, 2002)
e) Ciclo Financeiro
Para Assaf Neto (2002, p. 187) “o ciclo de caixa é determinado basicamente pela
diferença entre o número de dias do ciclo operacional e o prazo médio de pagamento a
fornecedores de insumos.”
31
Ciclo Financeiro= PMRE+PMRV-PMPC (16)
Onde:
PMRE – Prazo Médio de Renovação de Estoque.
PMRV – Prazo Médio de Recebimento de Vendas.
PMPC – Prazo Médio de Pagamentos de Compras.
Se o ciclo financeiro for negativo deve ser interpretado que a empresa tem
capacidade de produzir, vender e receber antes dos respectivos pagamentos. Se o ciclo
financeiro for positivo, deve a empresa desenvolver estratégias de maneira a minimizar a
dependência por outras fontes de recursos, tais como: maior giro dos estoques, redução da
inadimplência, negociar prazos de pagamentos maiores com os fornecedores. (ASSAF
NETO, 2002)
2.1.5 Análise da Necessidade de Capital de Giro
Na concepção de Santos (2001) a necessidade de capital de giro (NCG) é um
grande desafio para o gestor financeiro no que tange o dimensionamento do mesmo, uma
vez que esse serviço necessita de uma ampla visão do processo de operação da empresa,
bem como nas práticas financeiras e comerciais.
Matarazzo (2003) destaca algumas situações que podem ocorrer dentro de
uma empresa ao se tratar de ativo circulante operacional e passivo circulante operacional,
são estes:
ACO > PCO – situação normal, onde haverá uma NCG, onde a empresa encontrará
fontes adequadas para financiamentos.
ACO < PCO – este significa que a empresa tem mais financiamentos que
investimentos operacionais.
ACO = PCO – nesse sentido, quando o ativo circulante operacional for igual ao
passivo circulante operacional, a empresa não tem necessidade de financiamento.
A necessidade de capital de giro da empresa é calculada pela seguinte
fórmula:
32
Necessidade de Capital de Giro PCOACO −= (17)
Sendo:
ACO – Ativo Circulante Operacional.
PCO – Passivo Circulante Operacional.
O resultado da NCG aumenta quando ocorre um acréscimo nos estoques e nas
contas a receber ou diminui as contas a pagar e os fornecedores, porém, quando ocorre
contrário, a NCG, diminui. Quando as saídas de caixa ocorrem antes das entradas, a
empresa cria uma necessidade de NCG. (MATARAZZO, 2003).Desta forma, a diferença
dada pelos investimentos e financiamentos é, portanto, o quanto a empresa precisa de
capital para financiar a NCG.
3 INDICADORES FINANCEIROS
Os indicadores financeiros são extraídos através das demonstrações
contábeis, são elas Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício
(DRE). No BP encontram-se as contas patrimoniais da empresa que são organizadas como
bens, direitos ou obrigações. Esses dados são transformados em índices tendo como
finalidade demonstrar a situação econômico-financeira da empresa.
3.1 Índices de Endividamento
Os índices de endividamento servem para mostrar a margem de
endividamento da empresa por capitais de terceiros e exigível á longo prazo.
Para a análise serão utilizados os seguintes índices: Participação de Capitais de
Terceiros, Imobilização do Patrimônio Líquido e Composição do Endividamento.
Para a análise da empresa produtora de carrocerias para ônibus, assim como as
outras empresas em questão, será denominado como empresa A, empresa B e empresa C.
a) Participação de Capitais de Terceiros
Na avaliação para esse índice é verificado quanto de capitais de terceiros a
empresa tem investidos em relação ao investimento próprio, desta forma quanto menor esse
índice melhor para a empresa, pois indica o grau de endividamento da empresa.
33
Tabela 1 - Participação de Capitais de Terceiros Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
182,53% 166,22% 388,08%
2007
233,79% 244,83% 419,14%
2008 261,68% 254,53% 634,46%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010
Analisando a participação de capitais de terceiros, observa se que à um
crescimento na margem no decorrer dos anos de 2006, 2007 e 2008, com valores bem a
cima da empresa B, podemos concluir que a empresa possui um grau de endividamento
muito elevado, referente a participação de capitais de terceiros.
b) Imobilização do Patrimônio Liquido
Para a análise da Imobilização do Patrimônio Líquido, verifica-se a porcentagem
do ativo permanente aplicado diante de uma margem do patrimônio líquido, neste caso
quanto menor a margem melhor.
Tabela 2- Imobilização do Patrimônio Líquido Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
138,66% 35,45% 143,17%
2007
137,37% 45,71% 135,34%
2008 116,42% 51,25% 176,79%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
É visível que a empresa vem melhorando seu desempenho gradualmente durante o
período estudado, a margem apresenta um grau bem elevado em referencia a empresa B,
isso representa o nível de financiamentos que a empresa pode estar utilizando.
c) Composição do Endividamento
100x45,356.708.17
30,234.324.32
100x19,516.349.17
95,754.560.40
100x52,168.984.18
37,517.678.49
100x45,356.708.17
38,805.553.24
100x19,516.349.17
58,457.833.23
100x52,168.984.18
94,942.996.21
34
Neste índice identifica-se as características das dividas quanto aos seus
vencimentos, separa-se as dividas á curto prazo das obrigações totais, pois essas exigem
pagamento imediato,utilizando os recursos que a empresa tem no momento. As obrigações
á longo prazo permitem a empresa um tempo maior para produzir recursos. Para essa
análise quanto menor a porcentagem melhor será para a empresa.
Tabela 3 - Composição do Endividamento Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
77,33% 62,92% 74,67%
2007
65,11% 62,46% 62,54%
2008
76,79% 64,26% 72,79%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
Observa-se que as dividas em curto prazo da empresa possui uma margem estável
no decorrer dos anos, pois tinha uma alta margem em 2006, com um decréscimo em 2007,
voltando a crescer em 2008. Em referência a empresa B, que se encontra com uma posição
parecida, porém com margens relativamente melhores em seu desempenho.
3.1.2 Índices de Liquidez
Os índices de liquidez apresentam a situação financeira da empresa, procurando
mostrar a solidez da empresa diante da capacidade em sanar suas dívidas, tais índices são:
Índices de Liquidez Geral, Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Imediata.
a) Liquidez Geral
Para a verificação desse índice é levantado o total dos exigíveis a curto e longo
prazo com o total dos ativos. Dessa forma verifica-se a capacidade da empresa em sanar
suas dividas, mesmo as de longo prazo. Para a empresa ter condições de liquidar suas
dividas, o resultado deverá ser maior que 1.
100x30,234.324.32
22,927.997.24
100x95,754.560.4074,116.409.26
100x37,517.678.49
06,219.148.38
35
Tabela 4 - Liquidez Geral Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
0,71 1,39 0,87
2007
0,84 1,23 0,91
2008 37,517.678.49
95,742.665.46 0,94 1,20 0,88
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
A capacidade da empresa em liquidar suas dividas vem sendo melhorada no
decorrer dos anos, apesar de a margem estar menor que 1, que é o valor base apresentado
pelos autores como referencia na capacidade de pagamento de dividas de uma empresa,
valor esse alcançado pela empresa B a partir do ano de 2007.
b) Liquidez Corrente
Nesse Índice de liquidez confrontam-se os ativos circulantes com os passivos
circulantes, analisando a capacidade da empresa em saldar dividas de curto prazo, com o
que ela possui de recursos no ativo circulante, assim sendo quanto maior o índice melhor
para a empresa.
Tabela 5 - Liquidez Corrente Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
0,91 2,06 1,11
2007
1,18 1,65 1,45
2008
1,06 1,53 1,20
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
A empresa A obteve índices melhores no decorrer dos anos, onde demonstra que a
capacidade da empresa em saldar divida em curto prazo, obteve melhora, mas comparado
com a empresa B, que vem decaindo sua margem no decorrer dos anos, ainda possui uma
capacidade maior de solvência do que a empresa A.
c) Liquidez Seca
30,234.324.32
17,785.978.22
95,754.560.40
56,813.076.34
22,927.997.24
15,128.731.22
74,116.409.26
39,242.276.31
06,219.148.38
74,820.370.40
36
Do índice de Liquidez Seca é retirada a conta estoque do ativo circulante da
empresa, pois é visto como sendo um ativo de menor liquidez, possuindo grande
diversidade em seu físico, e dificuldade em vendê-lo, resultando ao que a empresa possui
de imediato diante de suas obrigações sem depender de estoques para saná-las.
Para a analise desse índice quanto maior o resultado melhor, indicando o quanto do
seu ativo liquido a empresa possui diante das suas obrigações.
Tabela 6 - Liquidez Seca Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
0,63 1,72 0,95
2007
0,86 1,39 1,26
2008
0,81 1,25 0,92
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
O nível de liquidez seca da empresa A, vem aumentando no decorrer dos anos,
mas ainda obtém uma margem inferior a 1, indicando que a empresa precisa melhorar a
capacidade financeira, já em vista a empresa B, possui um nível bom, de liquidez apesar de
vir decaindo no decorrer dos anos.
d) Liquidez imediata
O índice de liquidez Imediata apresenta a capacidade da empresa em pagar suas
dividas em curto prazo com o que ela possui em dinheiro, para esse calculo divide-se o total
do ativo circulante pelo passivo circulante, onde quanto maior for esse resultado melhor
para a empresa.
Tabela 7 - Liquidez imediata Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006 0,035 0,071 0,001
2007
0,091 0,162 0,061
=22,927.997.24
34,927.673.15
=74,116.409.26
40,939.797.22
=06,219.148.38
94,413.733.30
22,927.997.24
07,667.898
06,219.148.38
91,345.245.6
06,219.148.38
91,345.245.6
37
2008 0,163 0,078 0,066
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
3.1.3 Índices de Atividade /Retorno
Para esses índices quanto maiores às margens dos resultados melhor para a
empresa, pois refletem quanto rederam os investimentos. Tais índices são: Giro do ativo,
rentabilidade do ativo, retorno sobre as vendas e retorno sobre o patrimônio líquido.
a) Giro do Ativo
Para esse índice a avaliação é sobre a eficácia da utilização do ativo para gerar
vendas, mostrando o quanto de recursos do ativo foi utilizado e se foram ou não eficazes
financeiramente, então para este índice quanto maior a margem melhor. O resultado que se
espera é que as vendas superem uma margem que cubra os investimentos do ativo.
Tabela 8 - Giro do Ativo Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
1,36 1,22 1,38
2007
1,54 1,03 1,40
2008
1,84 1,04 1,54
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
A análise feita sobre o resultado, mostra que as operações feitas no giro do ativo
pela empresa A foram eficazes financeiramente. A empresa A se encontra com melhor
margem em vista a empresa B, e observa que a empresa teve boas vendas.
b) Rentabilidade do ativo
Esse índice revela o lucro líquido da empresa sobre o ativo, e como ela vem se
comportando financeiramente em determinado período, avaliando como está sendo a
administração na geração de lucros sobre os seus ativos disponíveis. Para o cálculo deste
índice, quanto maior o resultado melhor, pois mostrará a eficiência da empresa na geração
de lucro diante de seus investimentos.
75,590.032.50
11,732.084.68
14,271.910.57
67,653.967.88
89,685.662.68
04,921.359.126
38
Tabela 9 - Rentabilidade do Ativo Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
-0,20% 8,39% 2,61%
2007
-0,62% 7,17% 5,52%
2008
2,72% 5,52% -3,60%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010
Em análise a esse índice indica que a empresa vem tendo problemas na
administração de seus ativos, ao observar seus resultados nos anos apresentados, pois o
retorno obtido não é totalmente suficiente para o exercício, apresenta dados negativos. Em
referencia a empresa B, que possui valores positivos.
c) Retorno sobre as vendas
Este fornece o lucro que a empresa está alcançando em relação ao seu faturamento
líquido através de uma análise do lucro líquido, comparando com as vendas líquidas de
determinado período.
Para a análise quanto maior o resultado melhor, pois representa a capacidade da
empresa em gerar lucros.
Tabela 10 - Retorno sobre as Vendas Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006 -0,15% 6,90% 1,90%
2007
-0,40% 6,97% 3,94%
2008
-1,48% 5,31% -2,34%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010
Ao analisar o retorno sobre as vendas observa se dados negativos, demonstrando
que as vendas ainda não superaram as expectativas
d) Retorno sobre o Patrimônio Líquido
100x75,590.032.50
)03,617.101(
100x14,271.910.57
)26,840.358(
100x89,685.662.68
51,559.870.1
100x71,732.084.68
)03,617.101(
100x67,653.967.88
)26,840.358(
100x04,921.359.126
)51,559.870.1(
39
O cálculo para esse índice revela o lucro sobre os investimentos dos proprietários
da empresa. Para esse índice quanto maior a taxa melhor para o proprietário, pois este
representa a taxa de lucro sobre o capital próprio.
Tabela 11 - Retorno sobre o Patrimônio Líquido Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
-0,77% 24,17% 12,74%
2007
-2,08% 25,97% 29,03%
2008
10,30% 21,11% -22,89%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
A taxa de retorno sobre o patrimônio líquido da empresa A revela taxas negativas
de retorno, porem observa um bom desempenho no decorrer do período, pois as taxas vêm
melhorando ano a ano. A empresa B possui retorno positivo de seus resultados, porem
observa se uma queda em seus lucros.
3.1.4 Índices de Prazos Médios
Através dos índices de prazos médios é possível analisar os indicadores
financeiros em termos qualitativos e quantitativos, orientando os processos de compra
fabricação de produtos vendas e recebimento em forma contínua. São eles: Prazos médios
de recebimentos de vendas, prazos médios de pagamento de compras, e prazos médios de
renovação de estoques.
a) Prazos médios de recebimentos de vendas
O prazo médio de recebimento de vendas reflete parte do fluxo de caixa com as
duplicatas a receber, uma reserva abastecida pelas vendas, os prazos de recebimentos não
são fixos, mas determinam o volume de investimentos em duplicatas a receber, o calculo
expressa quantos dias em média a empresa demora a receber pelas vendas efetuadas.
100x27,391.167.13
)03,617.101(
100x82,937.528.17
)26,840.358(
100x36,842.166.18
51,559.870.1
40
Tabela 12 - Prazo Médio de Recebimento de Vendas Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
45 dias 71 dias 119 dias
2007
55 dias 94 dias 121 dias
2008
42 dias 98 dias 85 dias
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010
b) Prazos médios de pagamento de compras
Para os prazos médios de pagamento de compras observa-se quantos dias as
empresas demoram a pagar seus fornecedores.
Tabela 13 - Prazo médio de Pagamento de Compras Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006
56 dias 28 dias 61 dias
2007
71 dias 39 dias 46 dias
2008
49 dias 32dias 37 dias
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010
c) Prazos médios de renovação de estoques
Esse ativo é utilizado pelas empresas para produzir e vender com menos riscos, é
uma etapa entre as compras e vendas, ele indica quantos dias os estoques ficam
armazenados até a venda, mostrando quando e quanto comprar. O resultado dessa conta
revela a empresa quais níveis de estoques manter, onde estoques altos geram custos
desnecessários.
Tabela 14 - Prazo médio de renovação de Estoques Ano Cálculo Empresa A Empresa BEmpresa C
2006
42 dias 48 dias 30 dias
2007
38 dias 47 dias 32 dias
360x71,732.084.68
23,878.561.8
360x67,653.967.88
10,056.535.13
360x04,921.359.126
18,435.706.14
360x56,212.070.60
65,915.278.9
360x17,531.411.81
58,251.118.16
360x40,501.407.116
56,400.749.15
360x06,253.524.60(
81,200.057.7
360x)99,428.990.79(
99,302.478.8
360x)61,397.248.115(
80,406.637.9
41
2008
30 dias 54 dias 51 dias
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
Neste caso as empresas analisadas se baseiam no sistema Just In Time (produção
na hora certa)
d) Ciclo Operacional
O ciclo operacional é o processo dado desde a produção até a venda do produto
final, inicia-se pela compra de matéria-prima, passa pelo processo de transformação,
surgindo nesse período às contas a pagar, e a última etapa do ciclo operacional está no
produto acabado e a venda do mesmo.
Tabela 15 - Ciclo Operacional
Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C
2006 87 dias 119 dias 149 dias
2007
93 dias 141 dias 153 dias
2008 72 dias 152 dias 136 dias Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
e) Ciclo Financeiro
Este ciclo representa o período que empresa necessita para repor os recursos em
caixa, com base nos recebimentos das vendas e nos pagamentos aos fornecedores. Quanto
maior for o ciclo financeiro maior será a necessidade da empresa em buscar financiamentos
para retomar a produção.
Tabela 16 - Ciclo Financeiro Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C 2006 42 + 45-56 31 dias 91 dias 88 dias
2007 38 + 55 - 71 22 dias 102 dias 109 dias
2008 30 + 42 – 49 23 dias 120 dias 99 dias Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
Observa-se que a oscilação da empresa A foi positiva, porque mesmo havendo um
aumento no ano de 2007, houve uma diminuição para o ano de 2008, quanto a empresa B o
360x)61,397.248.115(
80,406.637.9
4542+5538+4230+
42
ciclo financeiro somente cresceu, exigindo que a empresa recorresse a outras formas para
repor o caixa.
3.1.5 Análise da Necessidade de Capital de Giro
a) Necessidade de Capital de Giro
A NCG é essencialmente responsável para o crescimento da empresa, financiando
as operações e a entrada em novos mercados. Analisando a Necessidade de Capital de Giro
a empresa pode determinar a estratégia de qual será a fonte de financiamento.
Tabela 17 - Necessidade de Capital de Giro Ano Cálculo Empresa A Empresa B Empresa C 2006 1.359.230,14 412.465.000,00 51.118.000,00
2007 838.760,04 604.573.000,00 62.450.000,00
2008 (2.228.601,68) 864.073.000,00 69.002.000,00
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2010.
4 CONCLUSÃO
Em relação ao estudo, observa se que ouve uma oscilação nos índices de
endividamento, apresentando um aumento do uso de Capitais de Terceiros, quanto a
Imobilização do Patrimônio Liquido a empresa A teve queda considerável dos seus índices,
no decorrer dos anos. Comparado a empresa A com as empresas B e C percebe-se pelos
índices que todas têm grande proporção das dívidas no curto prazo.
Em referência à Liquidez a empresa A veio apresentando melhores de desempenho
demonstrando aumento na sua capacidade de pagar sua dividas.
Quanto aos índices de retorno, verifica se que a empresa está sendo eficaz
financeiramente ao observar o aumento dos níveis de lucratividade.
Para os índices de Prazos Médios a empresa A evoluiu com prazos melhores, pois
diminuiu o ciclo operacional e financeiro, quanto menor for o ciclo financeiro menor a
necessidade de a empresa financiar suas operações
Por fim denota se que a empresas está com a boa saúde de suas finanças, equilibrada
de forma que poderá manter se em pleno exercício apresentando crescimento de suas
atividades.
28,990.776.1242,220.136.14 −
39,515.945.1843,275.784.19 −69,360.105.2774,339.378.24 −
43
REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: Um enfoque econômico-financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995. GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra Ltda, 2002. IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MACHADO, J.R. Administração de finanças empresariais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. MARION, J.C. Contabilidade empresarial. 8.ed. São Paulo: Atlas, 1998. MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços: Abordagem básica e gerencial. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2003. PADOVEZE, R. L. Introdução a administração financeira: Texto e exercícios. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. SALAZAR; N.A.; BENEDICTO, G.C. Contabilidade Financeira. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. SANVICENTE,A.Z. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1987. SANTOS, E.O. Administração financeira da pequena e média empresa. São Paulo: Atlas, 2001. SILVA, J.P. Análise financeira das empresas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005
44
CARACTERÍSTICAS BIOGRÁFICAS E RENDIMENTO HUMANO
Lilian Navrotzki Riedner1
RESUMO: Este estudo teve como objetivo verificar se existe e em que grau, influência das características biográficas (idade, sexo, estado civil e tempo de serviço) sobre as variáveis de resultado humano (produtividade, rotatividade, absenteísmo, cidadania organizacional e satisfação no trabalho) no caso de funcionários-vendedores de oito lojas de departamento, na cidade de Santa Rosa (RS). Trata-se de pesquisa exploratória e descritiva quanto aos fins e bibliográfica e de campo quanto aos meios. Os dados coletados foram: até os 60 anos, o avanço da idade não diminui a produtividade e o absenteísmo, não havendo correlação com grau de satisfação; o sexo também não influi na produtividade e na rotatividade. As mulheres demonstram maior satisfação em seu trabalho, em relação aos homens, quando se trata da natureza do trabalho e das relações com os colegas. As mulheres ainda apresentam taxas maiores de absenteísmo em função de responsabilidades familiares específicas. No que se refere ao estado civil, há indícios de que os casados ou com união estável têm maior produtividade e menores taxas de absenteísmo, embora estejam menos satisfeitos no trabalho do que os solteiros. Tempos maiores de serviço na mesma empresa estão associados à maior produtividade e a expectativa futura de menor rotatividade. Não se evidenciou haver correlação entre tempo de serviço e satisfação no trabalho. Também não se conseguiram resultados conclusivos sobre a relação de cidadania organizacional com as variáveis de rendimento humano. O tema é muito complexo, exigindo ainda muita pesquisa para elucidar satisfatoriamente as questões a ele relacionadas. Palavras-chave: Características biográficas, Rendimento humano, Rotatividade, Absenteísmo.
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo teve como objetivo geral pesquisar as Características Biográficas
de indivíduos que trabalham em diferentes organizações e correlacioná-las com as
Variáveis de Resultado Humano, ou seja, os resultados pretendidos pela gestão de pessoas.
O artigo apresenta a descrição das principais características biográficas do ser
humano (idade, sexo, estado civil e tempo de serviço na organização) bem como a
conceituação e a caracterização das variáveis de resultado humano (produtividade,
1 Graduada em Pedagogia e em Administração. Especialista em Gestão de Pessoas e Mestre em Administração do Agronegócio. Professora de Gestão de Pessoas e Coordenadora de Curso e de Pós Graduação na FALURB.
45
absenteísmo, rotatividade, satisfação com o trabalho e cidadania organizacional) que foram
objetos deste estudo. Apresenta os resultados obtidos através dos questionários aplicados,
como também, demonstra a correlação realizada entre as características biográficas e as
variáveis de resultado humano, além do estudo comparativo feito, entre a literatura
estudada e os resultados que a pesquisa local apresentou.
A diversidade da força de trabalho e as diferenças individuais, quando bem
administradas, podem aumentar a produtividade e a inovação nas organizações, bem como,
podem aprimorar a tomada de decisão, oferecendo perspectivas diferentes para os
problemas.
2 DESENVOLVIMENTO
As pessoas são diferentes, portanto, o comportamento do ser humano difere de um
indivíduo para outro. Cada ser é único e vem com uma grande bagagem hereditária, que é o
ponto de partida para formação de sua personalidade, e que isto se reflete de maneira
decisiva na sociedade e na organização em que trabalha. Contudo, precisa-se ter sempre
presente que o ser humano é capaz de aprendizagem, de mudanças em seu comportamento.
Atualmente, as empresas começam a reconhecer e dar atenção ao fato de que os
empregados não deixam de lado seus valores culturais e preferências de estilo de vida
quando vêm para o trabalho. O desafio para as empresas, portanto, é o de se tornarem mais
ajustadas aos diversos grupos de pessoas, reconhecendo seus estilos de vida diferentes, suas
necessidades familiares e seus estilos de trabalho.
O estudo foi realizado em 08 (oito) empresas de natureza idêntica, isto é, Lojas de
Departamento da cidade de Santa Rosa – RS. Os entrevistados foram 49 vendedores, como
demonstra a tabela 01 que apresenta informações mais detalhadas sobre os sujeitos objetos
da pesquisa.
Tabela 01 – Caracterização da População Objeto de Estudo
Especificação Número Percentual
1 – Sexo 1.1 - Masculino 18 36,73% 1.2 - Feminino 31 63,27%
46
2 - Idade 2.1 - Menos de 21 anos 2 4,08% 2.2 - De 21 a 25 anos 18 36,73% 2.3 - De 26 a 30 anos 9 18,37% 2.4 - De 31 a 35 anos 6 12,24% 2.5 - De 35 a 40 anos 9 18,37% 2.6 - Mais de 40 anos 5 10,20% 3 - Estado Civil 3.1 - Solteiro 22 44,90% 3.2 - Casado 24 48,98% 3.3 - Separado 1 2,04% 3.4 - União Estável 2 4,08% 4 - Tempo de Serviço 4.1 - Até 1 ano 9 18,37% 4.2 - De 1 a 5 anos 23 46,94% 4.3 - De 5 a 9 anos 8 16,33% 4.4 - De 9 a 13 anos 4 8,16% 4.5 - Mais de 13 anos 5 10,20%
O tema do presente estudo foi: “Características Biográficas versus Variáveis de
Resultado Humano: Um estudo Exploratório realizado na Região Noroeste do Estado do
RS".
O objetivo foi constatar se existe, e em que grau, influência das Características
Biográficas (Idade, Sexo, Estado Civil e Tempo de Serviço) sobre as Variáveis
Dependentes de Resultado Humano: Produtividade, Rotatividade, Absenteísmo, Cidadania
Organizacional e Satisfação com o Trabalho.
Trata-se de um estudo de caso múltiplo. Não houve uma amostra planejada, que
observasse um critério estatístico. De acordo com Vergara (1997), o presente estudo “se
classifica como uma pesquisa exploratória e descritiva ao utilizarmos o critério
relacionado aos fins. Exploratória porque, foi realizada em área na qual há pouco
conhecimento acumulado e sistematizado”(Vergara, 1997, p. 45). Da mesma forma, é uma
“pesquisa descritiva porque expôs características de determinada população ou de
determinado fenômeno”. (Vergara, 1997, p. 45)
Por outro lado, é considerada como pesquisa bibliográfica e de campo, quanto aos
meios. Bibliográfica, porque se realizou através de estudo de “material publicado em
livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”.
(Vergara, 1997, p. 46).
47
A pesquisa foi também de campo, porque foram aplicados questionários
elaborados com o fim específico de coletar dados junto aos vendedores de Lojas de
Departamento de Santa Rosa. Foram coletados dados secundários e primários. Os dados
primários foram coletados com o objetivo específico de tentar analisar e mensurar cada
uma das Características Biográficas e as Variáveis de Resultado Humano descritas na
literatura estudada.
Estudos anteriores realizados em outros países demonstraram algumas tendências
claras em relação a estes fatores. Em função disso, pretendeu-se com este estudo, avaliar as
respostas obtidas e confrontá-las com os resultados existentes.
A análise e a interpretação dos dados foram realizadas através da utilização de
técnicas de estatística descritiva, já que a pesquisa não pretendeu ser explicativa, mas
apenas descritiva. As técnicas utilizadas foram: percentuais, escalas e médias.
2.1 CARACTERÍSTICAS BIOGRÁFICAS
É necessário considerar que várias características individuais dos funcionários
precisam ser analisadas, pois todas são importantes para o desempenho no trabalho, e
podem afetar sua capacidade de realizá-lo a contento. Porém, a maior parte dessa
consciência não se concentra tanto nas diferenças das aptidões físicas e cognitivas ou nos
traços de personalidade, como na diversidade relacionada a características biográficas.
Estas características “são o coração e a alma da diversidade no local de
trabalho.” (Schermerhorn, Hund & Osborn, 1999; p.59). Ao mesmo tempo em que
servem de base para estereótipos, elas são também o elo para o entendimento do
desempenho individual no trabalho, e a manutenção de seus recursos humanos.
As características biográficas são na verdade, os fatores mais facilmente definidos,
e que estão prontamente disponíveis nas organizações, pois podem ser obtidos na sua
maioria, simplesmente nas informações contidas no arquivo sobre a vida pessoal do
empregado. São as características mais óbvias, como Idade, Sexo, Estado Civil e Tempo de
Serviço na Organização.
2.2 VARIÁVEIS DE RESULTADO HUMANO
48
Variáveis de Resultados Humanos são fatores-chave que tentam explicar ou prever
determinados comportamentos e que são afetados por algum outro fator externo. Estas
variáveis caracterizam a diversidade da força de trabalho dentro das organizações.
“A diversidade da força de trabalho é a presença de características humanas individuais que tornam uma pessoa diferente da outra.” (Shermerhorn, Hunt & Osborn, 1999, p.58)
O grande desafio consiste em administrar a diversidade da força de trabalho de
uma forma que respeite as perspectivas e contribuições individuais, e promova um senso
geral de visão e identidade com a organização.
2.3 PRODUTIVIDADE
Conforme Robbins (1999), uma organização é produtiva quando atinge seus
objetivos e o faz alcançando resultados a baixo custo. Assim, produtividade implica
automaticamente, num interesse tanto por eficácia quanto por eficiência.
A Produtividade também pode ser vista sob a perspectiva do trabalho do indivíduo.
Para medir produtividade deve-se levar em conta os custos de se atingir o objetivo que foi
proposto. E é aí que entra a eficiência.
2.4 ABSENTEÍSMO
De acordo com Robbins (1999), as pesquisas revelam que o custo anual do
absenteísmo é estimado em mais de US$ 40 bilhões para as organizações norte-americanas
e US$ 12 bilhões para as empresas canadenses. Na Alemanha o absenteísmo custa às
indústrias mais de 60 bilhões de marcos (US$ 35,5 bilhões) por ano.
“Com relação a empregos, a falta de um dia ao trabalho de um funcionário de escritório pode custar a um empregador americano até US$ 100 em redução de eficiência e aumento da carga de trabalho de supervisão. Esses números indicam a importância de uma organização manter o nível de absenteísmo baixo.” (Robbins, 1999; p. 15)
A sabedoria popular diz que a ausência no trabalho é resultado da insatisfação do
funcionário com seu emprego, A ausência ou absenteísmo exige que as empresas contratem
49
mais pessoas do que o necessário, que estejam disponíveis diariamente para eventualmente
substituir funcionários que não comparecem ao trabalho.
Variáveis individuais como gênero, idade, ou atitudes no trabalho, demonstraram
uma pequena correlação, ou correlação incoerente com a ausência.
2.5 ROTATIVIDADE
A demissão dos funcionários, ou a percentagem da força de trabalho que deixa o
emprego em um dado período, é chamada de taxa de rotatividade.
“É a permanente saída e entrada de pessoal da organização, voluntária ou involuntariamente.” (Robbins, 2002; p.21)
Uma taxa alta de movimentação de pessoal pode interromper o funcionamento
eficiente de uma organização quando pessoas treinadas e experientes saem e substitutos têm
que ser encontrados e preparados para assumir posições de responsabilidade. A constante
rotatividade nas empresas envolve a perda de pessoas valiosas que a organização não quer
perder.
2.6 CIDADANIA ORGANIZACIONAL
O comportamento organizacional de cidadania é geralmente definido como o
comportamento que vai além das exigências formais do trabalho.
“A Cidadania Organizacional é um comportamento discricionário que não faz parte das exigências funcionais de um funcionário, mas que ajuda a promover o funcionamento eficaz da organização”. (Robbins, 2002;
Organ e Konovsky, (1989) in Paul E. Spector (2002) dividiram o comportamento
organizacional de cidadania em duas categorias: as que são especificamente exigidas,
chamadas de comportamento de conformidade e as que não são, chamadas de altruísmo. O
comportamento de conformidade é fazer o que deve ser feito, seguindo as regras definidas
pela empresa, como chegar ao trabalho no horário estabelecido e não desperdiçar tempo. Já
o comportamento do altruísmo, está ligado a disposição do funcionário em ajudar um
colega ou o supervisor em algum trabalho ou problema, mesmo que isso não seja exigido
dele.
50
2.7 SATISFAÇÃO COM O TRABALHO
A satisfação com o trabalho é definida simplesmente, “como a diferença entre a
quantidade de premiações que os trabalhadores recebem e a quantidade que eles
acreditam que deveriam receber.” (Robbins, 1999; p.15)
Nesta variável é importante observar que a satisfação no trabalho representa muito
mais uma atitude, do que um comportamento, e tornou-se uma variável dependente
primária.
“A crença de que empregados satisfeitos são mais produtivos do que empregados insatisfeitos, é um princípio básico entre gerentes há muitos anos. Embora muitas evidências questionem esta pressuposta relação causal, pode-se argumentar que sociedades avançadas deveriam estar interessadas não apenas na quantidade de vida - isto é, interesses como produtividade maior e aquisições materiais - mas também na sua qualidade.” (Robbins, 1999; p. 15)
O interesse dos gerentes em satisfação no trabalho tende a centrar-se em seus
efeitos no desempenho do empregado.
2.8 IDADE E VARIÁVEIS DE RESULTADO HUMANO
Um estereótipo comum relaciona a idade com aprendizado e flexibilidade, em que
o idoso é associado com o senso de inércia.
“As pessoas com mais de 50 anos representam 85% do crescimento projetado da força de trabalho entre 1990 e 2005.”(Schermerhorn, Hunt & Osborn, 1999; p. 59)
Segundo Robbins (1999), a relação entre idade e as variáveis de resultado no
trabalho será provavelmente uma questão de crescente importância na atualidade, e existem
algumas razões para isso. A primeira é que existe uma crença bastante difundida de que o
desempenho no trabalho diminui com o avanço da idade. A segunda realidade é a de que a
força de trabalho está envelhecendo, pois trabalhadores de 55 anos ou mais são o setor da
força de trabalho que cresce mais rapidamente.
A pesquisa constatou pelos dados coletados, que ocorre uma acentuada
correlação positiva entre aumento de idade dos entrevistados e aumento do tempo médio de
permanência na mesma empresa. Confirmam-se, portanto as afirmações acima referidas de
que a idade se associa à redução da rotatividade.
51
Quanto à idade e absenteísmo, o levantamento chega a resultados semelhantes aos
que se encontram na literatura. Não há uma correlação clara entre aumento de idade e
aumento ou redução de taxas de absenteísmo.
Há também, uma crença bem difundida de que a produtividade decresce com a
idade. Freqüentemente se supõe que as habilidades como velocidade, agilidade, força e
coordenação de um indivíduo, decaem com o tempo, e que o tédio no trabalho prolongado e
a falta de estímulo intelectual contribuem para a redução da produtividade.
A coleta de informações sobre a produtividade dos empregados entrevistados ficou
bastante prejudicada pela resistência da parte deles, em fornecer os dados solicitados.
Contudo, embora os dados sejam insatisfatórios, é possível concluir que há indícios de que
a produtividade aumenta com a idade, pelo menos, até o limite de idade das pessoas que
estão efetivamente trabalhando (quarenta e poucos anos).
Na relação entre idade e satisfação no trabalho, a evidência é confusa, pois “a
maioria dos estudos indica uma associação positiva entre idade e satisfação, pelo menos
até a idade de 60 anos.” (Robbins, 1999; p.30)
Os dados coletados confirmam a afirmação de que não há correlação positiva entre
idade e satisfação no trabalho, sendo possível observar que os coeficientes de satisfação ora
aumentam, ora baixam, ao longo dos extratos de idade.
A cidadania organizacional é um tema que recém está começando a ser estudado
e são poucas as constatações sobre este assunto. Os dados desta pesquisa também não
permitem estabelecer correlações significativas entre idade e cidadania organizacional.
2.9 SEXO E VARIÁVEIS DE RESULTADO
Na verdade, é preciso reconhecer que existem poucas (se é que existe alguma),
diferenças importantes entre homens e mulheres, que afetem seus desempenhos no
trabalho. No entanto, talvez pela ação de condicionadores sócio-culturais, as mulheres
tendem a se conformar mais, e a ter expectativas mais baixas de sucesso que os homens.
Segundo Robbins (1999), estudos psicológicos descobriram também que as
mulheres são mais dispostas a adaptarem-se à autoridade e que os homens são mais
52
agressivos e têm mais probabilidade de terem expectativas de sucesso do que as mulheres,
mas estas diferenças são secundárias.
Com as ressalvas de que os dados sobre produtividade ficaram prejudicados pela
resistência dos entrevistados em fornecê-los, pode-se concluir pelos resultados da pesquisa
que há claros indícios de que o sexo não influi na produtividade.
Conforme os estudos apresentados em Robbins (2002), não há evidência de que o
sexo do empregado afeta a satisfação no trabalho. Os dados obtidos na pesquisa confirmam
esta hipótese. Não há significativa diferença no coeficiente médio de satisfação.
Na questão da rotatividade as evidências são confusas. Alguns estudos descobriram
que as mulheres têm taxas mais altas de rotatividade; outros não encontraram diferenças.
Os dados coletados confirmam as observações constantes na literatura.
A pesquisa sobre faltas, entretanto, é uma história diferente. A evidência indica,
consistentemente, que as mulheres têm taxas mais altas de absenteísmo que os homens.
Conforme Robbins (1999), a explicação mais lógica para esta descoberta, é que a pesquisa
foi feita na América do Norte, e a cultura norte-americana coloca historicamente as
responsabilidades da casa e da família sobre a mulher.
Embora os dados da pesquisa indiquem uma taxa de absenteísmo maior para os
funcionários do gênero masculino, a diferença não é suficientemente significativa, para
contradizer o que consta na literatura, isto é, que as mulheres têm taxas mais altas de
absenteísmo.
O sexo do funcionário também não influi decisivamente na quantidade em que os
empregados praticam a cidadania organizacional, conforme os dados da pesquisa.
2.10 ESTADO CIVIL E VARIÁVEIS DE RESULTADO HUMANO
Não existem estudos suficientes para tirar conclusões sobre o efeito do estado civil
na produtividade. Porém, pesquisas indicam, consistentemente, que empregados casados
têm menos faltas, passam por menos rotatividade e estão mais satisfeitos com seus
trabalhos que seus colegas não-casados.
A pesquisa apresenta dados referentes à produtividade de solteiros e de casado
que indicam não haver relação evidente entre estado civil e coeficiente de absenteísmo,
53
apesar de demonstrar uma tendência mínima, confirmando a literatura, de que os
funcionários casados (ou com união estável), apresentam uma taxa de absenteísmo menor
do que os funcionários solteiros (ou separados).
Em relação aos dados sobre estado civil e rotatividade, parece ficar corroborada a
hipótese de que os casados (ou com união estável) têm indícios de rotatividade menores do
que os solteiros (ou separados).
Considerando a variável satisfação no trabalho, a pesquisa revela que há uma
pequena diferença no grau médio de satisfação, por parte de solteiros e de casados. Os
solteiros estão um pouco mais satisfeitos do que os casados.
E na relação estado civil e cidadania organizacional, os dados coletados revelam
que não parece haver diferença na prática de atividades de cidadania organizacional, entre
solteiros (ou separados) e casados (ou com união estável).
2.11 TEMPO DE SERVIÇO NA ORGANIZAÇÃO
Com exceção da questão das diferenças entre homens e mulheres, o tempo de
serviço na companhia, é provavelmente o ponto mais sujeito a pressupostos incorretos e
especulações, levando-se em consideração o impacto da antigüidade no desempenho do
trabalho.
Os resultados coletados apresentam dados que informam sobre a relação entre
tempo de trabalho na empresa e produtividade. Embora os dados sobre produtividade
contenham deficiências quanto a sua credibilidade, parece ficar evidente que há uma
correlação positiva entre maior tempo de serviço e maior produtividade.
A pesquisa relacionando antigüidade às faltas é bem direta, pois estudos
demonstram que a antigüidade é negativamente relacionada ao absenteísmo. No entanto, a
pesquisa indica que as taxas de absenteísmo oscilam consideravelmente nos diversos
extratos de tempo de serviço na mesma empresa.
O tempo de serviço é também uma variável potente na explicação da rotatividade,
pois tem sido constantemente relacionado em termos negativos à rotatividade e tem sido
apontado como um dos melhores previsores de rotatividade.
54
Os dados da pesquisa sobre tempo médio de permanência na empresa e
rotatividade confirmam claramente a hipótese constante na literatura de que os funcionários
com menos tempo de empresa têm coeficientes de rotação maiores.
Segundo as pesquisas, tempo de serviço e satisfação no trabalho, estão
relacionadas positivamente. Na verdade, quando idade e tempo de serviço são tratados
separadamente, o tempo de serviço parece ser um previsor mais coerente e estável de
satisfação no trabalho, do que a idade cronológica.
De acordo com a pesquisa, parece não haver correlação positiva entre tempo de
serviço na empresa e grau de satisfação dos empregados, embora a literatura sobre o tema
indique tendências contrárias a esta constatação.
Os dados referentes ao tempo médio de trabalho na mesma empresa e
cidadania revelam que não há significativa correlação entre tempo de permanência na
mesma empresa e intensidade de práticas de cidadania organizacional. Portanto, a diferença
nos coeficientes que a pesquisa apresenta, não é suficientemente comprobatória de que as
práticas de cidadania organizacional estejam ligadas ao tempo de serviço em determinada
organização.
3 CONCLUSÃO
O campo de conhecimento denominado genericamente de Comportamento
Organizacional ocupa-se em descobrir porque as pessoas se comportam de maneiras
diferentes nas organizações.
Comportamento Organizacional (CO) é um campo de estudo voltado a prever, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no contexto das empresas. (Wagner III e Hollenbeck, p.06)
O trabalho realizado foi um estudo pioneiro na região e pode ser útil para gerentes
e administradores, pois ajuda a entender o valor da diversidade da sua força de trabalho e as
práticas de gerenciamento de RH que podem necessitar de ajustes ou mudanças.
Na perspectiva dos resultados do estudo, que foram detalhadamente apresentados
no desenvolvimento deste relatório, cabe destacar que:
1- Constatou-se que a crença ou o mito de que com o avanço da idade, diminui o
desempenho e a produtividade do indivíduo não se confirma na pesquisa realizada. Quanto
55
às taxas de absenteísmo, rotatividade e tempo de serviço, observou-se que quanto maior a
idade, mais o sujeito valoriza seu emprego, o que implica em baixas taxas de absenteísmo e
rotatividade, e um aumento no tempo médio de permanência na mesma empresa. No
quesito idade e satisfação no trabalho, não aparecem evidências de que exista uma
correlação positiva entre ambos.
2- Observou-se que o sexo não influi na produtividade. Os coeficientes de
produtividade apresentados são muito semelhantes entre si. No entanto, observa-se que o
gênero feminino está mais satisfeito com relação à natureza do trabalho e as relações com
os companheiros de trabalho. Por outro lado, o gênero masculino dá indícios de estar mais
satisfeito, quando se trata de remuneração e de oportunidades de progresso dentro da
empresa. Não fica evidente que haja rotatividade maior em função do sexo das pessoas.
Embora os dados indiquem uma taxa de absenteísmo maior para os funcionários do gênero
masculino, a diferença não é suficientemente significativa, para contradizer o que consta na
literatura, isto é, que as mulheres têm taxas mais altas de absenteísmo.
3- Os dados coletados sobre as repercussões do estado civil dos empregados nas
variáveis de rendimento humano revelam indícios de que os casados apresentam maior
produtividade do que os solteiros. Os casados, com percentual de comissões menores,
conseguem vender mais do que os solteiros. Há também uma relação evidente entre estado
civil e coeficiente de absenteísmo, embora seja uma tendência mínima, confirmando a
literatura, de que os funcionários casados (ou com união estável), apresentam uma taxa de
absenteísmo menor do que os funcionários solteiros (ou separados). Os solteiros estão um
pouco mais satisfeitos do que os casados.
4- Conclui-se também que existe uma correlação positiva entre maior tempo de
serviço e maior produtividade. As taxas de absenteísmo oscilam consideravelmente nos
diversos extratos de tempo de serviço na mesma empresa. Os dados coletados confirmam
claramente a hipótese constante na literatura de que os funcionários com menos tempo de
empresa apresentam coeficientes de rotatividade maiores. Observa-se que a média entre o
tempo de serviço na mesma empresa e satisfação no trabalho, oscila muito nos diferentes
extratos analisados.
5- No que concerne à cidadania organizacional, os dados obtidos não permitem
conclusões consistentes. O assunto ainda é novidade, sobretudo na região em que foi
56
realizado o estudo. Não existe ainda suficiente preocupação ou consciência sobre o tema,
quer junto à administração, quer junto aos funcionários das empresas.
Em síntese, o grande desafio consiste em conciliar as muitas pressões conflitantes
existentes dentro das organizações. Trata-se basicamente de valorizar e administrar a
diversidade para o aumento da competitividade organizacional, e para atingir o
desenvolvimento individual de cada trabalhador. Para tanto, é fundamental que os gerentes
e administradores utilizem a combinação organização-trabalho-indivíduo, que “envolve a
determinação do perfil adequado de características individuais necessárias para assegurar
o sucesso na organização e para dados trabalhos.” (Schermerhorn, Hunt & Osborn, 1999;
p.68)
Constatou-se que há sérios obstáculos à coleta de dados, devido a cultura de que
não se pode abrir a intimidade da empresa, com temor de usos inadequados das
informações prestadas.
REFERÊNCIAS BERGAMINI, Cecília W. (Org.) Psicodinâmica da vida organizacional. 2 ed. São Paulo : Atlas, 1997. BOWDITCH , James L. Elementos de comportamento organizacional. 2 ed. São Paulo : Pioneira, 1997. CARVALHO, Antonio Vieira de. Administração de recursos humanos. 2 ed. : São Paulo : Pioneira, 1997. CHANLAT, Jean François. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. Vol. III. 3 ed. São Paulo : Atlass, 1996. CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando pessoas. São Paulo: Makron Books, 1991. CHIAVENATO, Idalberto. Como transformar RH de um centro de despesa em um centro de lucro. São Paulo: Makron Books, 1996.
57
KANAANE, Roberto . Comportamento humano nas organizações: o homem rumo ao século XXI. 2 ed. São Paulo : Atlas, 1999. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos. São Paulo: Futura, 2001. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. Rio de Janeiro : LTC Editora, 1999. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 9 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SPECTOR, Paul E. Psicologia nas organizações. São Paulo: Saraiva, 2002. SCHERMERHORN, John R. et al. Fundamentos de comportamento organizacional. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 1999. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo : Atlas, 1997. WAGNER III, John A. Comportamento organizacional: criando vantagem competitiva. São Paulo : Saraiva, 1999.
58
COMPARATIVO NA INOVAÇÃO DO USO DE TECNOLOGIA NA
DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS DA FIBRA DE VIDRO
Willian Tiago Sachser1
Altieres Cristiano Martinazzo2
Cléo Luiz Fleck3
Fabiano Renner4
Flavio Peixoto de Lima5
Neumar Cesar Engelmann6
Valdemir Aleixo7
RESUMO: A indústria automobilística gera um grande volume de resíduos sendo muitos deles sem destino apropriado. Dentre os quais a fibra de vidro, por não haver tecnologias e processos específicos para sua destinação final, apenas descarte em aterros sanitários. Esta pesquisa buscou encontrar técnicas e equipamentos, que possibilitem na substituição da destinação terceirizada em aterros, para introduzir o resíduo da fibra de vidro no processo de fabricação de camionetes cabines duplas. O levantamento de material teórico, as visitas técnicas e a aplicação do questionário se fizeram necessário para obter informações na escolha da melhor tecnologia a ser empregada. Com a falta de opções em tecnologias e processo para a destinação da fibra de vidro, o presente estudo colaborou com o desenvolvimento de um equipamento para a adequação do resíduo da fibra retornando como matéria prima no processo produtivo. Como perspectiva preliminar de resultados e viabilidade econômica, os resultados serão percebidos à longo prazo, porém os fatores ambientais são evidenciados no curto prazo pela diminuição de vários passivos ambientais que estão agregados na destinação dos resíduos da fibra de vidro em aterros sanitários.
Palavras-chave: passivos ambientais, reciclagem, resíduos industriais.
1 Acadêmico do 7º Período em Administração, Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR. [email protected] 2 Acadêmico do 7º Período em Administração, Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR. 3 Acadêmico do 7º Período em Administração, Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR. 4 Acadêmico do 7º Período em Administração, Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR. 5 Acadêmico do 7º Período em Administração, Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR. 6 Acadêmico do 7º Período em Administração, Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR. 7 Biólogo, Mestre e Doutorando em Agronomia, PPGA, UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon, PR. Professor de Gestão Ambiental da FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR.
59
1 INTRODUÇÃO
Umas das grandes temáticas ambientais que está em pauta em todo mundo são os
impactos causados pelos resíduos industriais, entre eles os resíduos do setor
automobilístico, e os possíveis meios adequados para sua destinação.
O setor industrial de automóveis se utiliza de inúmeros artefatos e matérias primas
para o desenvolvimento de veículos, estas geralmente apresentam grande potencial
poluidor. Dentre elas está a fibra de vidro que possui características que necessitam
tratamento especial para seus resíduos.
No mercado existem vários tipos de destinação de resíduos, uma delas é a
reciclagem, que é considerada um processo de produção que busca reutilizar os
subprodutos que não tem utilidade, criando-se novos produtos, no qual poderão servir a
produção artesanal e até grandes indústrias.
Para isso o presente trabalho busca analisar a utilização de um modelo de processo
circular de gerenciamento de resíduos, na utilização da fibra de vidro em indústria
automotiva, onde através do processo de reciclagem os resíduos da fibra de vidro gerados
seriam novamente introduzidos no processo produtivo.
Faz-se necessário um estudo para o levantamento das técnicas disponíveis no
mercado para a destinação adequada e ou a reciclagem da fibra de vidro, bem como a sua
viabilidade de implantação, relacionado com a real necessidade da empresa.
Necessita-se ainda um levantamento dos custos operacionais para a implantação
desse modelo de descarte final de resíduos, e quanto à organização estaria economizando ao
implantar o novo modelo de destinação.
2 INDUSTRIALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Os recursos naturais sofrem com a exploração desde o surgimento das primeiras
atividades exploradoras feitas pelo homem. Mas, foi somente há cerca de 250 anos, quando
60
a revolução industrial, e a influência do homem sobre os recursos naturais atingiu níveis de
atividades preocupantes (COELHO, 2009).
Conforme Curado (2009), a industrialização brasileira teve vários estágios que
fizeram evoluir até chegar à diversidade de segmentos que se encontra atualmente. O
primeiro período compreendido entre 1860 e 1933 caracterizou a fase do crescimento com
diversificação da atividade industrial. A industrialização restringida entre 1933 e 1955 e a
industrialização pesada 1955 e 1980.
Segundo Coelho (2009), o setor industrial é ainda um dos grandes responsáveis pelo
desenvolvimento tecnológico mundial, com objetivo de atender o mercado consumidor,
mas para atingir esse patamar ele foi se tornando uns dos setores que mais consomem
recursos naturais e o ainda principal causador das emissões de cargas contaminantes para o
meio ambiente.
A preocupação com os impactos ambientais causados pela indústria no meio
ambiente e na sociedade, fez surgir inúmeros instrumentos de regulamentação visando
regulamentar destinos apropriados para as sobras de produção, obrigando as empresas
adotar medidas que garantem a redução e destinação dos passivos ambientais por ela
produzidos. (COELHO, 2009).
Donaire (1999), afirma que ainda principal idéia que prevalece e de que qualquer
providencia que a indústria adote em relação a variável ambiental é considerada como
aumento de despesas e consequentemente acréscimo de custos na produção.
Em Matéria publicada no Ambiente Brasil (2004), a maioria das indústrias
brasileiras está consciente das necessidades de adotarem práticas de gestão ambiental e
pretendem ampliar seus investimentos destinados à proteção do meio ambiente, porém
estão enfrentando dificuldades diversas, entretanto a que mais impacta está relacionada aos
custos para a aplicabilidade na organização.
Da mesma forma algumas empresas perceberam que associar a proteção do meio
ambiente à indústria e adotando sistemas eficazes para a produção traz benefícios
agregados, conforme Joanico (2009),
61
Muitas empresas perceberam que, associada às vantagens ambientais obvias, produzir de forma limpa e utilizar matéria prima reciclada, traz economia de custos em muitos casos e ainda agrega valor à imagem da empresa, por associação de sua marca às boas práticas de responsabilidade sócio-ambiental. Empresas preocupadas com a gestão ambiental são mais competitivas. A imagem é bastante diferenciada em relação às demais.
3 GESTÃO AMBIENTAL
Barbieri (2004), conceitua os termos administração, gestão do meio ambiente, ou
simplesmente gestão ambiental entendidos como as diretrizes às atividades administrativas
e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras
realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo
ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que
eles surjam.
Segundo, Tachizawa (2006, p. 24), “A gestão ambiental e a responsabilidade social,
tornam-se importantes instrumentos gerenciais para capacitação e criação de condições de
competitividade para as organizações, qualquer seja seu segmento econômico.”
4 SISTEMA DE GERENCIAMENTO END-OF-PIPE
Conforme Oura e Souza (2005 apud Moors; Mulder e Vergragt, 2007), que: Trata-
se de adicionar a tecnologia ao final dos processos usuais com o objetivo de reduzir as
emissões nocivas ao meio ambiente, sem mudanças nos equipamentos existentes.
Takitane, Silva e Wilk (p. 11-18), afirma:
A expressão end-of-pipe of technology foi utilizada por GEFFEN (1995), para designar as tecnologias de tratamento ou remediação utilizadas nas empresas por força de regulamentação ambiental. Comparativamente às tecnologias de prevenção da poluição, aonde existe a preocupação na alteração de processos para reduzir ou eliminar os impactos ambientais; as tecnologias de remediação apresentam um alcance limitado, com a finalidade de reduzir e não eliminar o problema ambiental. A efetividade da sua utilização depende das regulamentações existentes, e em um cenário de alterações destas regulamentações, podem provocar alterações nos níveis de proteção. A longo
62
prazo as end-of-pipe technology tornam-se mais dispendiosas do que as tecnologias de prevenção da poluição, e estas medidas de remediação tendem a representar um custo cinco vezes maior do que as de prevenção aos impactos ambientais.
5 SISTEMA DE TRATAMENTO CIRCULAR
Ferreira et al (2004 apud ZOTTER, 2005, p.4) afirma:
O ambiente tem adquirido um papel cada vez mais preponderante na procura de soluções sustentáveis para a produção de produtos de qualidade. Este processo tem-se vindo a intensificar desde que a resolução dos problemas ambientais deixou de ser centrada em soluções “end-of-pipe” e começaram a desenvolverem-se soluções baseadas na “integração de processos” (Zotter, 2004). Esta nova abordagem possibilita a aplicação de novas soluções a um sector onde, tradicionalmente as soluções “end-of-pipe” não possuíam qualquer aplicação.
Segundo Harada (2006), ao implantar a produção mais limpa, a indústria poderá
abranger e implementar sua metodologia na ETE, ultrapassando as barreiras nos processos
produtivos envolvidos na indústria, isto é, não se limitando a atuar somente em processos
que não sejam end-of-pipe (fim de tudo).
6 FIBRA DE VIDRO
Fibra de vidro é composta por substancias minerais, solidificada de uma mistura de
quartzo, carbonato de cálcio e carbonato de sódio, dispostas em feixes, de espessura bem
fina, e é obtido mediante a passagem do vidro em fusão por pequeníssimo orifício. Tem
ampla ocupação na indústria. (MATHEUS, 2002).
Os polímeros têm demonstrado um alto grau de confiabilidade e muitas vantagens sobre os materiais convencionais. Além de maior flexibilidade de projeto e economia na produção, sua baixa densidade é essencial para a redução do consumo de combustíveis. (HEMAIS, 2003).
63
Conforme Matheus (2002), afirma que fibra de vidro é composta por inúmeras
fagulhas de vidro que industrializadas ganham formas para poderem ser comercializadas.
Os produtos mais conhecidos são: mantas prensadas, tecidos trançados e o fio (roving), sua
aplicação misturada com a resina e um catalisador polimerizado resultam em um material
altamente resiste, que pode ser moldado de acordo com o as necessidades e seu manuseio
normalmente é artesanal.
Por outro lado, Zattera (1991), afirma que a crescente utilização da fibra de vidro
nas indústrias mais principalmente no setor automobilístico, trouxe consigo a preocupação
com a produção de resíduos sólidos no seu processamento e seus possíveis impactos no
meio ambiente.
Matheus (2002), afirma que a manta é constituída de fios picados, mais ou menos
com 05 (cinco) cm, distribuídos aleatoriamente e prensados com silano, podendo ser
utilizados nas gramaturas de 300, 450 e 600 g/m2. E que seu principal objetivo no processo
de industrialização é dar resistência mecânica aos laminados com resinas poliéster e epóxi
em geral.
O roving tipo de fibra de vidro formado por mechas compostas de filamentos
contínuos de vidro, enroladas em um único cabo sem torção das mesmas, sendo
caracterizado pela facilidade de corte, baixo nível de eletricidade estática, boa dispersão,
rápida molhabilidade, boa retenção de propriedades mecânicas em ambientes agressivos e
ausência de fibras brancas no laminado. (MATHEUS, 2002).
No processo de industrialização com a fibra de vidro é utilizada às resinas que
podem agregar passivos ambientais a fibra de vidro, pois a mesma é composta por
substancias que possuem características nocivas ao meio ambiente e as pessoas. Para
Matheus, (2002), resina de poliéster é a mais utilizada no setor industrial, utilizada no
processo de manuseio da fibra, pois apresenta fatores que favorecem o seu fácil manuseio.
7 IMPACTOS DA FIBRA DE VIDRO
Segundo Oura e Souza (2007), afirma que:
64
A problemática do impacto do homem sobre o meio ambiente ganhou maior importância a partir da década de 1950, com a queda de qualidade de vida decorrente da rápida degradação ambiental. Mas, até o final da década de 1960 percebe-se que a abordagem mais comum era a de dispersar a concentração de poluentes com a construção de grandes chaminés ou emissários submarinos. No entanto, notou-se que a absorção de poluentes pela natureza e os recursos naturais eram limitados, surgindo dessa maneira, a necessidade do desenvolvimento de soluções tecnológicas para conservar os recursos disponíveis e reduzir o impacto ambiental do processo produtivo.
Segundo Soares (2009), afirma que: impacto ambiental é a alteração no meio ou em
algum de seus componentes por determinada ação ou atividade. Estas alterações precisam
ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas,
grandes ou pequenas.
Branco (2004), afirma que: as indústrias produzem grandes quantidades de
subprodutos que, se não controlados, causam poluição do solo, das águas e do ar. Algumas
indústrias químicas (petroquímicas, tintas, agro químicos, etc.) ou de alimentos (conservas,
carnes, açúcar, bebidas, etc.) produzem os mais variados poluentes uma classificação
baseada no tipo de matéria-prima empregado seria um pouco mais satisfatória.
Conforme Donaire (1999, p.51), refere que:
Algumas empresas, porém, têm demonstrado que é possível ganhar dinheiro e proteger o meio ambiente mesmo não sendo uma organização que atua no chamado 'mercado verde', desde que as empresas possuam certa dose de criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios.
Soares (2009), afirma que o objetivo de se estudar os impactos ambientais é,
principalmente, o de avaliar as conseqüências de algumas ações, para que possa haver a
prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos
projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos.
Da mesma forma Gomes (2009), assegura que os impactos ambientais são positivos
ou benéficos quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro
ambiental. E também, negativo ou adverso - Quando a ação resulta em danos à qualidade
de um fator ou parâmetro ambiental.
65
Zattera (1991), A estabilidade química, física e térmica dos compostos e
termorrígidos de fibra de vidro, é um desafio para seu reaproveitamento, pois, ao contrário
dos termoplásticos e metais, não podem ser refundidos.
Existe a possibilidade do impacto ambiental causado pela destinação inadequada
dos resíduos de fibra por serem compostas por resinas que possuem em sua composição
produtos químicos altamente prejudiciais ao meio ambiente. Matheus (2002), composto
orgânico derivado do petróleo, que passa de seu estado líquido para o estado sólido, através
de um processo químico chamado "Polimerização".
8 TÉCNICAS DE REÚSO DA FIBRA DE VIDRO
Zattera (1991), A busca por novas técnicas tem sido apresentada como forma de
reutilizar ou degradar os resíduos compostos por fibra de vidro, sendo que algumas têm
sido criadas apenas para a utilização da porção orgânica que representa somente 20 a 25%
do conteúdo. Dentre elas estão a incineração, a pirólise, a degradação química e a moagem
e reutilização do material polimérico.
9 METODOLOGIA
O estudo foi conduzido em uma empresa automobilística, com sede no município de
Marechal Cândido Rondon-PR, no período compreendido entre Julho e Novembro de 2009.
A caracterização desta pesquisa se deu pela aplicação de um simples questionário,
em que foram investigados entre outros, problemas encontrados para a destinação adequada
dos resíduos de fibra de vidro.
Além da visita propriamente dita, foi aplicado um questionário para levantamento
de informações precisas sobre o consumo de fibra de vidro, dados diversos sobre a
destinação dos resíduos gerados com a fabricação de peças com compósito.
66
Para a obtenção dos dados e conseqüente análise dos resultados, foi utilizada a
pesquisa quantitativa, de acordo com SILVA & MENEZES (2005), que considera que tudo
pode ser mensurado, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las.
Pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo explicito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas que tiveram experiências praticas com o problema pesquisado;
análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de
Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.
A respeito dos procedimentos técnicos utilizados nesta pesquisa, foi empreendida a
pesquisa ação, pois quando concebida e realizada foi associada com uma ação ou uma
resolução de um problema coletivo, onde os pesquisadores estão envolvidos de modo
coorporativo ou participativo. (SILVA & MENEZES, 2005)
10 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O processo de industrialização e utilização da fibra de vidro esta compreendido em
vários estágios e processos, onde a quantidade de fibra de vidro utilizada e a geração de
resíduos variam de acordo com o processo e a peça fabricada.
A divisão dos processos de produção esta organizada em fases distintas, sendo o
manejo da fibra de vidro diferenciado em cada um deles e consequentemente os resíduos
resultantes do processo. (Quadro 1).
67
PRODUÇÃO
FIBRA PREPARAÇÃODA FIBRA
MONTAGEMDAS PEÇAS
RASPAGEMDAS PEÇAS E
DO CHÃO
RECICLAGEMREPROCESSAR
REUTILIZAÇÃOPARA A MASSA
RESIDUO REUSORESIDUORESIDUO REUSO
Quadro 1 – Fluxograma Sistema Circular de Tratamento de Resíduos da fibra de vidro na
empresa Tropical Cabines
A utilização da fibra de vidro nos processos é feita com o emprego de moldes onde
é aplicado o tipo da fibra de vidro correspondente à peça fabricada, dessa forma a
quantidade de resíduos gerados podem variar conforme o tamanho do molde.
Atualmente a empresa consome em média 4.480,00 kg de matéria prima em todo
seu processo de fabricação, dividida em três tipos de fibra de vidro, roving, tecido e a
manta sendo utilizados no processo a resina e os catalisadores para facilitar sua aplicação.
São utilizados na empresa três modelos para a aplicação da fibra de vidro:
laminação, spray-up e o rtm. Esses modelos se diferenciam em seu processo de aplicação e
tipo de fibra de vidro utilizada. (MATHEUS, 2002)
Spray-up, neste processo as fibras de vidro a resina simultaneamente catalisada e em
alguns casos, cargas minerais, são atiradas ao mesmo tempo contra a superfície do molde
por meio de equipamento apropriado. Várias passagens da pistola de laminação são
necessárias para que seja atingida a espessura desejada para a peça.
Laminação manual, basicamente é quando a laminação é feita sem o equipamento
denominado spry-up ou laminadora. Seu processo é todo manual onde é feita a aplicação da
resina na superfície do molde, em seguida a fibra de vidro é aplicada sobre o molde sendo
esta novamente coberta pela resina. Após este processo é feito a roletagem com o objetivo
de livrar a peça de possíveis bolhas, sua aplicação normalmente é feita em pequenas peças.
A revista, PLÁSTICO MODERNO (2009), explica que o processo (Resin Transfer
Molding- RTM), ou seja, a laminação da fibra de vidro é feita em molde fechado onde
68
mantas de fibras de vidro são previamente posicionadas e a conformagem ocorre pela
injeção do polímero assistida por vácuo.
Entre as tecnologias utilizadas na aplicação da fibra de vidro, o processo rtm se
diferencia em comparação com o sprey-up e laminação pela qualidade na peça e pela pouca
geração de resíduo. Ocorre que este processo possui custo elevado de produção, o que
inviabiliza este processo industrial em grande escala.
Dentro dos processos empregados na produção é ainda utilizada uma massa
utilizada na preparação da peça, sendo que uns dos principais compostos desta massa é a
fibra de vidro triturada.
Atualmente a empresa obtém essa massa de preparo através de fornecedores
terceirizados, porém espera-se que o resultado da reciclagem dos resíduos da fibra de vidro
sirva como matéria prima na produção desta massa de preparo.
10.1 RESÍDUOS DA FIBRA DE VIDRO
As produções de peças a partir do emprego da fibra de vidro geram resíduos de
produção, onde segundo a empresa essas sobras correspondem aproximadamente a 120 kg
do total de matéria prima comprada.
A sobra de produção gerada tem origem na aplicação da fibra de vidro, em especial
no processo de spry-up modelo este mais utilizado pela empresa. Em seu processo é natural
ter uma pequena perda de matéria prima resultante da aplicação do spry-up nas
extremidades do molde, onde o jato de fibra de vidro não acerta o molde e se acumula no
piso.
Todos os processos de aplicações usados na organização resultam em sobras nos
moldes, onde é feito uma raspagem nas extremidades do molde para retirada do excesso da
fibra de vidro.
Os resíduos gerados pelo processo produtivo possuem em sua composição além da
fibra de vidro, matérias como resinas e catalisadores que agregam características nocivas ao
meio-ambiente.
69
Atualmente a empresa armazena todo o resíduo da fibra de vidro em um espaço
reservado sem proteções adequadas contra possíveis impactos ambientais. A organização
utiliza o serviço de uma empresa terceirizada para fazer a coleta e destinação adequada para
esse resíduo.
Essa terceirização além de ser onerosa não isenta a empresa de responsabilidades
futuras por algum impacto que esses resíduos venham causar. Agregando ainda o passivo
gerado pelo transporte rodoviário, com consumo de combustíveis fosseis e emissão de
poluentes atmosféricos.
O valor gasto para destinação da vibra de vidro é de 200m³, tendo em vista que o
resíduo da fibra de vidro é bastante volumoso a continuidade da destinação dos resíduos
com a empresa terceirizada se torna bastante oneroso. (Tabela 1)
Quantidade/Ano Valor em R$
Destinação do resíduo 48m³ 9.600,00
Compra da massa pronta 3600 kg 20.400,00
Tabela 1: Custo mensal aproximado sem a implantação da nova tecnologia
10.2 RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DA FIBRA DE VIDRO
Em virtude dos impactos ambientais e econômicos causados pelos resíduos da fibra
de vidro, a empresa busca implantar uma nova tecnologia para reutilização desses resíduos
na produção.
As tecnologias desenvolvidas foram divididas em três equipamentos para a
reciclagem, que foram desenvolvidos por responsabilidade e tecnologias da empresa, que
segundo informações, foram investidos inicialmente na construção dos maquinários
aproximados R$ 35.000 reais.
O processo acontecerá em três etapas, na primeira etapa acontecerá à quebra dos
resíduos de maior tamanho e espessura feita por uma prensa hidráulica, por exemplo: peças
70
danificadas provenientes da troca nos veículos sinistrados. Esse procedimento é
fundamental para que haja continuidade na próxima etapa.
Na segunda etapa os resíduos quebrados passarão por outra máquina que tem o
objetivo de triturar a fibra de vidro tornando em pedaços ainda menores.
A terceira e última etapa tem o objetivo de uma nova trituração dos resíduos
tornando a fibra de vidro em pó, a separação dos possíveis pedaços não triturados é feita
por uma peneira e o pó de fibra é canalizado diretamente em sacos.
Para o desenvolvimento e implantação dos novos equipamentos calculam-se as
projeções de anuais. (Tabela 2).
Valores em R$
Consumo energético/Ano 1.296,00
Mão de obra/Ano 1.440,00
Depreciação 10%/Ano 3.500,00
Fabricação da Massa/Ano 27.900,00
Tabela 2: estimativa de custo da nova tecnologia.
10.3 TEMPO ESTIMADO PARA RETORNO DO INVESTIMENTO
Atualmente a empresa tem o custo mensal aproximado de compra da massa de
preparo pronta para consumo variando em torno de R$ 1.700,00. Por outro lado para a
empresa utilizar os resíduos de produção e ela própria produzir a massa de preparo o custo
mensal aproximado para utilização fica entorno de R$ 2.327,00.
Para determinar enquanto tempo capital investido na aquisição da nova tecnologia
fez os cálculos probabilísticos para a depreciação do equipamento. Para os cálculos foi
utilizada uma taxa de 10 % a.a. sobre o capital inicial investido, perfazendo o valor R$
aproximado R$ 3.500,00.
71
Desta forma divide-se o valor aplicado na aquisição dos novos equipamentos pelo
valor da depreciação anual, para mesurar a quantidade de anos que levara para diluir os
custos do investimento, que neste caso se aproximara de dez anos.
Em analise preliminar dos valores anuais utilizados sem a o uso da tecnologia com
os recursos empregados nos novos equipamentos. A implantação e utilização se tornarão
onerosa e certo ponto inviável ser for considerado o custo da mudança de processo, que
impactar diretamente em todo seu processo produtivo.
11 CONCLUSÃO
A disponibilidade de tecnologias para destinação e reuso dos resíduos da fibra de
vidro no mercado são escassas, podendo ser consideradas em alguns casos inexistentes.
Com isso a mensuração dos resultados provenientes do desenvolvimento e implementação
dos novos equipamentos se tornam um tanto quanto difíceis.
Pode-se ressaltar ainda que o novo processo de reciclagem dos resíduos de fibra de
vidro desenvolvido pela empresa está em fase inicial de uso e que os custos e retornos estão
baseados em projeções.
Como resultado do reprocessamento das sobras de fibra de vidro, tem-se o pó de
fibra de vidro. Que segundo dados iniciais da empresa, os testes mostraram que a qualidade
do mesmo é excelente para reuso no processo industrial.
A indústria automotiva sempre foi considerada uma grande geradora de resíduos
sólidos, com potenciais de impactar o meio ambiente, criando dúvidas sobre a sua
disposição e destinação adequada.
O emprego da fibra de vidro no processo produtivo de transformação de camionetes
simples em camionetes dupla esta ligado ao baixo custo de compra, facilidade de trabalho e
principalmente a durabilidade.
72
Ocorre que os resíduos gerados na utilização da fibra de vidro possuem as mesmas
características o que impossibilita sua deterioração ao longo do tempo, tornando-se um
passivo ambiental.
Com isso as organizações geradoras desses resíduos iniciaram processo de busca
por métodos de disposição e destinação adequados com custos baixos, visando a adequação
as normas e pressões dos órgãos ambientais.
De imediato a tecnologia desenvolvida e inserida no processo produtivo da empresa
tornará onerosa e possivelmente inviável, devido ao alto valor investido para a construção
dos equipamentos.
Por outro lado, a empresa irá por fim aos problemas gerados para encontrar deposito
adequados e a destinação onerosa e imprópria em aterros sanitários, pois irá reciclar os
resíduos gerados tornando-se matéria prima para o setor produtivo.
Alem de se tornar referencia nesse processo a empresa estará eliminando diversos
passivos ambientais que estavam atrelados à antiga destinação. Tornando-se potencial para
elaboração e divulgação do marketing verde ligado a preocupação ambiental demonstrada
pela organização.
REFERÊNCIAS
AMPARO, PREFEITURA. Redução, Reutilização e Reciclagem: práticas importantes. Disponível em: <http://www.amparo.sp.gov.br/noticias/agencia/2002/2002_jun/020607_reciclagem.htm>. Acesso em 01/10/2009.
BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos / Environmental management: concepts, models and tools. São Paulo; Saraiva; 2004. 328 p.
BRANCO, SAMUEL MURGEL; MURGEL, EDUARDO. Poluição do Ar – 2°. ed. reform. – São Paulo: Moderna, 2004. 111 p.
COELHO, R, S, D S, C.; A questão ambiental dentro das indústrias de Santa Catarina: Uma Abordagem para o segmento industrial têxtil. Disponível em:
73
<http://www.eps.ufsc.br/disserta96/coelho/index/index.htm#Sum>. Acesso em: 29/09/2009.
DONAIRE, DENIS. Gestão ambiental na empresa – 2. ed. – São Paulo: Atlas, 1999. 169 p.
FERREIRA, A.J.D., CUNHA, M.J. M. DA, MACHADO, O.C.A., AMARO, R.M.P. E FEIO, G.D.L. A implementação de Sistemas de Gestão Ambiental em explorações agropecuárias. Contributivos para a certificação dos produtos e a segurança alimentar. Coimbra: ESCA, p.4, 2005. Disponível em < http://www.esac.pt/emas@school/Publicacoes/Comunicacoes/ESAC/VII_ENPI.pdf>. Acessado em 28 Set. 2009.
GOMES, I. Impacto Ambiental. 2009. Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/99/1/IMPACTO-AMBIENTAL/Paacutegina1.html>. Acessado em: 30 set. 2009.
HARADA, F. H. Uso da técnica produção mais limpa em estação de tratamento de efluentes industriais 2006. 93p. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3137/tde-08122006-162955/>. Acessado em: 28 set. 2009.
HEMAIS, C. A. Polímeros e a indústria automobilística. Polímeros: Ciência e Tecnologia, v.13, n.2, p.107-114, 2003.
JOANICO, D. ; PAGANI, R. N. Logística reversa de polímero de vidro: em busca de conhecimento para a sustentabilidade. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO, 2008, Ponta Grossa. Disponível em: <http://www.admpg.com.br/2008/cadastro/artigos/temp/110.pdf>. Acessado em: 18 set. 2009.
MATHEUS, ANTÔNIO MARCO. Fiberglass Aprenda Fibra De Vidro. 2002. 113 p.
OURA, M. M.; SOUZA, M. T. S. DE. A evolução das tecnologias end-of-pipe às tecnologias limpas em indústria de equipamentos de torrefação de café. Enegep, 2007. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2007_TR650481_9861.pdf>. Acessado em: 30 Set. 2009.
74
PLÁSTICO MODERNO, São Paulo – SP: Editora QD Ltda. Edição nº 419 - Setembro de 2009, Disponível em: <http://www.plasticomoderno.com.br/revista/pm419/automoveis/auto01.html>. Acessado em: 27 Nov. 2009.
SILVA, E. L. DA; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de Dissertação, 4 ed. Florianópolis: UFSC, 2005. Disponível em: <http://www.posarq.ufsc.br/dowload/metpesq.pdf>. Acessado em: 27/11/2009. 121 p.
SOARES, R. B. R. Impacto Ambiental. 2009. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/impacto.htm>. Acessado em: 30 set. 2009.
TACHIZAWA, TAKESHY. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade Brasileira – 4. ed. Revista e ampliada – São Paulo: Atlas, p. 23-31, 2006.
TAKITANE, I. C.; SILVA, T. N.; WILK, E. O. DE. Sustentabilidade, competitividade e gestão ambiental no sistema de produção de suínos – uma discussão interdisciplinar. 21 p. Disponível em: <http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/v_en/Mesa4/4.pdf>. Acessado em: 28 set. 2009.
ZATTERA, J, A.; Reuso de resíduos de laminados de fibras de vidro na construção civil. Disponível em:
<http://200.223.40.100/bolsa/bolsa.nsf/(anexos_chave)/E5790721C9BB191E0325716C005ADA75~flagArq/$File/reuso_da_fibra_de_vidro_na_const_civil_bolsar_fiesp_31_10_05.pdf>. Acessado em: 01/10/2009.
75
DIAGNÓSTICO SOBRE O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Maico Pfeifer1
Daiana Vinciguera2
Frantchesco Luisi Nettson2
Patrícia Bourscheid2
Valdemir Aleixo3
RESUMO: Este trabalho tem a intenção de informar o desenvolvimento de pesquisa preliminar em uma obra de construção civil, no município de Marechal Cândido Rondon, PR. O qual apresenta tendências de sustentabilidade e busca minimizar os custos com materiais, utilizando os mesmos de menor impacto, redução de perdas e reutilização. A pesquisa foi desenvolvida como um estudo da construção, que predominantemente está voltada à questão ambiental que contempla a construção de cisterna, ralos para captação de águas de serviços com tratamento de esgoto, iluminação natural e reaproveitamento de parte dos resíduos desperdiçados durante o processo de execução. Houve um interesse de que a referida obra fosse no futuro utilizada como referência no segmento de sustentabilidade e marketing, no quesito de construção civil, caso esse que não foi tido como predominante porém, isso gerou a cometida de falhas durante o processo de construção, com o uso de materiais poluentes como o isopor e a não destinação correta dos resíduos gerados. Palavras-chave: Desperdício, Reciclagem, Sustentabilidade.
1 INTRODUÇÃO
O homem neolítico personagem da era pré-história é tido como o primeiro arquiteto
do mundo, segundo NAVARRO (2006), A prática da construção de casas durante o
Neolítico apresentou algumas e marcantes inovações tecnológicas, principalmente, no que
tange ao uso de materiais estruturais e suas combinações que até então não tinham sido
usados. Dentre as inovações tecnológicas encontra-se a estratégia de construção de casas
1Graduando em Administração com Ênfase em Gestão Ambiental e Pós-Graduando em MBA Executivo em Meio Ambiente, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cândido Rondon, PR, [email protected]. 2Graduando em Administração com Ênfase em Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cândido Rondon, PR. 3 Biólogo, Mestre e Doutorando em Agronomia, PPGA, Unioeste, Campus de Marechal Cândido Rondon, PR. Professor de Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB. - Pesquisa concluída, não tendo sido essas informações, submetidas à outra publicação.
76
pelo uso de argila reforçada por resíduos vegetais. Essas construções aparentemente
rudimentares apresentavam características superiores às das atuais casas de taipa ainda hoje
populares no nordeste brasileiro.
Segundo BORGES (2009), “na era romana, a prática de construção das cidades,
apontava para um projeto cultural imperial com organização política e social de domínio
para as regiões conquistadas. As estruturas das cidades romanas através de um sistema
religioso, social, político e cultural”.
A construção civil se expandia cada vez mais no mundo inteiro, no Brasil, segundo
PEREIRA (2008), “A Construção Civil na época do Brasil colônia, utilizava técnicas na
construção de fortalezas, igrejas e mosteiros, edifícios e aquedutos. Eram as mesmas que os
europeus utilizavam, adaptadas ao meio e às condições de trabalho coloniais. Não
envolviam nenhum conhecimento teórico ou de pesquisa. Técnicas comumente empregadas
nesse período eram, no caso de moradias mais simples, o pau-a-pique, adobe ou taipa de
pilão e, nas habitações mais evoluídas, a pedra, o barro e, às vezes, o tijolo e o cal.
Destacam que nessa época “o trabalho manual era desenvolvido por serventes e escravos, a
princípio índios e depois negros”.
Para PEREIRA (2008), o processo de colonização do Oeste do Paraná se iniciou por
volta da segunda metade da década de 1940 e início de 1950, onde antes se denominava de
Fazenda Britânia. No ano de 1946, começaram as primeiras construções como escolas,
igrejas e pequenos comércios e a retirada de madeira para fins comerciais com o intuito de
sua utilização na construção civil e exportação para a Europa na reconstrução das cidades
destruídas pela guerra. Predominava a construção de casas e comércios, há colonos
descendentes de italianos e alemães, o planejamento e a estruturação da área adquirida
seguia os moldes empregados na colonização das regiões Noroeste e Norte gaúcho e Oeste
Catarinense.
Haja vista a abundância de madeira que existia, com o passar dos anos percebeu que
esses vinham se perdendo durante o processo de construção, causando um desperdício que,
segundo (Colombo 2002, 152 p.), O desperdício não pode ser visto apenas como o material
refugado no canteiro (rejeitos), mas sim como toda e qualquer perda durante o processo.
Portanto, qualquer utilização de recursos além do necessário à produção de determinado
produto é caracterizada como desperdício classificado conforme: seu controle, sua natureza
77
e sua origem. O controle: as perdas são consideradas inevitáveis sendo naturais e evitáveis.
A natureza: as perdas acontecem por produção, substituição, espera transporte, ou no
próprio processamento, nos estoques, nos movimentos, na elaboração de produtos
defeituosos, e ainda como vandalismo, roubo, acidentes entre outros. A origem: as perdas
podem ocorrer tanto no seu processo produtivo, como nos que antecedem como a
fabricação de materiais, projetos, planejamento e suprimentos e a qualificação dos
trabalhadores.
“A quantidade de entulho gerado nas construções que são realizadas, nas cidades
brasileiras demonstram uma enorme perda de material e que serve como um indicador do
desperdício do mesmo. Os custos desse desperdício são distribuídos por toda a sociedade,
não só pelo aumento do custo final das construções, como também pelos custos de remoção
e tratamento dos entulhos” (FACHIN, 2004).
Para VAZ (2006), Geralmente, o entulho retirado da obra é disposto
clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e de ruas das periferias,
comprometendo recursos públicos, nem sempre mensuráveis, para remoção ou tratamento
desse entulho.
Segundo Colombo e Bazzo, (2005) Devemos ter consciência de que a construção
civil não é a grande vila do desperdício. Mas, que os demais setores como o da indústria e
de serviços tem um grande volume de perdas, porém, como na maioria dos casos não geram
entulhos, este não é percebido pela população geral. Ainda que não seja a única indústria a
ter alto desperdício e que as perdas de matérias não atinjam o índice de 30%, se faz
necessária à consciência de que o desperdício na construção é bastante grande, envolvendo
diversos outros fatores.
Nos últimos anos, vários índices foram publicados com a intenção de se medir o
grande desperdício de resíduos que ocorre na indústria da construção civil, causando certa
confusão, pelo fato de os índices não serem corretamente definidos, ou seja, não é possível
saber se representam índices de custos, volumes ou massas”. (Zordan, 1997).
Segundo Picchi (1993) citado por Zordan (1997), A cultura que predomina entre
profissionais e empresas de construção de edifícios reflete a dificuldade do tratamento da
questão qualidade e, na realidade, contribui para que sua evolução seja mais lenta. Faz parte
da cultura dos profissionais da construção de edifícios a grande tolerância com os
78
problemas crônicos do setor, como elevado índice de desperdício, considerado pela maioria
normal.
CARNEIRO (2001) citado por DA SILVA (2007), Programas de redução de perdas
e gestão da qualidade, que algumas empresas do setor da construção civil no Brasil vêm
recentemente implantando, contribuem para reduzir a geração do entulho e permitem o
gerenciamento adequado no canteiro. Entretanto, a implantação de tecnologias visando à
reutilização e a reciclagem desse material é fundamental num processo de gestão adequada,
pois a quantidade de entulho gerado pelas obras, demolição ou reformas continuará a ser
significativa, mesmo com a implantação de programas de redução de perdas.
“A construção civil exerce grande impacto sobre o meio ambiente, consumindo de
40 a 75% dos recursos naturais extraídos do planeta, desconsiderando água e energia.
Tornar a seleção do material de construção civil sustentável exerça influência direta no
papel que esse setor possui na sociedade, já que a seleção do material é problema complexo
e não pode ser feita com base em um critério somente, mas através da combinação de
critérios ambientais, sociais e econômicos.” Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
(2009).
No Brasil, segundo aponta Carneiro (2000), algumas Prefeituras, têm implantado
usinas de reciclagem de entulho, buscando alternativas para gestão desses resíduos.
Existem exemplos de sucesso, como o da cidade de Belo Horizonte - MG, que desenvolve
um programa de reciclagem de entulho, incluindo a instalação de quatro usinas de
reciclagem. Além disso, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Londrina, São Paulo, entre
outras cidades, também implantaram usinas de reciclagem de entulho (CARNEIRO et al.,
2000b).
Devidamente reciclado o entulho apresenta propriedades físicas e químicas
apropriadas para o seu emprego como material de construção. No entanto, é importante
ressaltar que o entulho apresenta características bastante peculiares.
Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos
domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas
protegidas por Lei Segundo a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA (2002), os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes
formas:
79
• Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.
• Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura.
• Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade
com as normas técnicas específicas.
• Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
Quanto às disposições irregulares dos resíduos da construção civil no ambiente
urbano, pode-se concluir que elas são o resultado da inexistência de soluções eficazes para
a captação destes resíduos, da falta de uma fiscalização eficiente e, até mesmo, da falta de
uma conscientização da população quanto aos danos provocados pelos descartes
indiscriminados do entulho em locais inadequados. As disposições irregulares dos resíduos
da construção civil no ambiente urbano geram problemas de ordem ambiental, social e
econômica, pois comprometem o meio ambiente, promovem a redução da qualidade de
vida da população e aumentam os custos com a limpeza urbana, (AQUINO, 2004) citado
por (ANDERE, 2008).
Neste contexto, havendo disposições irregulares de matérias de construção, uma das
saídas oportunas que pode se dar a esses resíduos é a reciclagem que, segundo (PINTO,
1994) citado por (CEPAM 2009), Define os principais objetivos dos programas de
reciclagem:
• Melhoria do meio-ambiente pela redução do número de áreas de deposição
clandestina, conseqüentemente reduzindo os gastos da administração pública com
gerenciamento de entulho;
• Aumento da vida útil de aterros pela disposição organizada dos resíduos, formando
bancos para utilização futura;
• Aumento da vida útil das jazidas de matéria-prima, na medida em que são
substituídos por materiais reciclados;
80
• Produção de materiais de construção reciclados com baixo custo e ótimo
desempenho.
Conforme relatado no, Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (2009), Nem
sempre produtos que utilizam resíduos, como matérias primas apresentam vantagens
ambientais. Algumas vezes o processo de reciclagem é extremamente impactante. Outras
vezes o processo de reciclagem a vida útil do produto reciclado é limitada. E ainda, o
produto reciclado pode apresentar risco ambiental, caso o resíduo contenha espécies
químicas perigosas as ser humano ou ao ambiente. Muitas vezes, a inclusão de resíduos
dentro de materiais de construção sem que o resíduo contribua com suas propriedades para
o desempenho do produto. Esta reciclagem tem como objetivo simplesmente evitar a
deposição, mas não é considerada sustentável.
Para (TEDE citado por Carneiro, 2005), Devidamente reciclado o entulho apresenta
propriedades físicas e químicas apropriadas para o seu emprego como material de
construção. No entanto, é importante ressaltar que o entulho apresenta características
bastante peculiares.
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A referida obra (figura 01), um edifício de estrutura em alvenaria com
aproximadamente de 1700 m², composta por uma área ampla, três andares, com
apartamentos no último andar, no intermediário a área de escritório comercial e um andar
subterrâneo com capacidade de receber 20 automóveis. A pretensão é a utilização para uma
agencia de revenda de automóveis.
81
Figura 01 – Foto do prédio em obras Fonte: Dados da Pesquisa
Segundo levantamento “in loco” feito coleta de dados, registro de imagens,
apresentou varias características sustentáveis. Abaixo da rampa que dá acesso a parte
subterrânea, onde abaixo desta fora construído uma cisterna, todas as calhas e ralos estão
interligados para enviarem seus resíduos a essa cisterna que terá a função de armazenar e
dispor água que passará por processo de tratamento a qual será utilizada em sanitários e
lavagens de veículos e pisos. A captação é um meio importante em edifícios pelo
reaproveitamento dos resíduos em propriedade maiores de 700 m2 é obrigatório ter uma
cisterna instalada, contatou que esse processo é importante a obra, porém neste caso a
tampa utilizada era em madeira, a qual devesse ser substituída por uma de concreto, pois, a
falta de vedação pode proferir na existência do mosquito da dengue “Aedesaegypti”.
O piso possui canaletas por onde a água é captada e em seguida passa por um corpo
receptor na qual é tratada antes de ser arremessada na rede pluvial. Esse resíduo não poderá
ser reutilizado devido ter uso de produtos químicos, aspecto relevante é o tratamento antes
dos resíduos serem lançado na galeria.
A parte frontal terá em toda sua fachada, fechamento em vidro, para reaproveitar a
entrada de luz solar, melhorando assim, a claridade do ambiente e reduzindo custos com
energia. No piso da área comercial, serão feitos recortes quadrados de 40 cm x 40 cm, que
82
serão preenchidos com lajotas de vidro de no mínimo 12 mm de espessura, com o objetivo
de também facilitar a entrada de luz solar ao subterrâneo onde ficará locada a parte de
mecânica e lavagem de veículos. Utilização de luz natural diminuindo o custo com energia
elétrica. Há aberturas (janelas vasculates) nas laterais com aproximadamente 30 cm do solo,
havendo cuidado para não entrar água em dia de chuva, com o objetivo esse de também
facilitar a entrada de luz solar ao subterrâneo poderia ainda ter telhas transparentes as quais
ajudariam a iluminar o ambiente, opção descarta pelo projetista pois os raios solares
poderiam danificar os produtos armazenados.
Figura 02 – Imagem da laje de lajotas de Isopor Fonte: Dados da Pesquisa
A laje da obra não utiliza cerâmicas entre as vigas e sim placas de isopor, conforme
(figura 02), segundo profissional da área, a resistência do isopor é a mesma do que a
cerâmica, diminuindo o peso das peças. Assim diminuirá o uso de barro recurso usado na
fabricação das lajotas e a redução de custos dos materiais da obra, porém o isopor tem
agregação em sua fabricação, de poliestireno expandido composto a base de petróleo que é
poluente a camada de ozônio, mostrasse um agente que pode poluir. A estrutura de
sustentação da laje durante o processo de construção é a base de bambu e em alguns pontos
são usado também estrutura metálica, segundo o arquiteto responsável da obra, afirma que
83
ainda é mais barato utilizar o Bambu do que estrutura metálica, o uso de bambu é um
aspecto negativo pois essa matéria é extraída do meio ambiente se fosse usado somente a
estrutura metálica, poderia haver menos impacto no uso de madeira.
O desperdício de materiais contatado na obra, segundo profissional da área chega
entorno de 20%, o que segundo ele é baixo, pois a uma conscientização dos operários, os
quais foram capacitados através de treinamentos teóricos e práticos, quanto aos sistemas
ambientais e em evitar perdas desnecessárias, são bastante atenciosos a detalhes e seguem
os projetos da obra. Os materiais que se perdem durante o decorrer da obra, ou seja, os
resíduos que podem ser reaproveitados, primeiramente são separados e no decorrer da obra
são reutilizados, exemplo dos tijolos quebrados, usados no aterramento e em vigas e postes
e outros fins. Devido a esse dado podemos dizer que a obra tem em alguns pontos a
sustentabilidade planejada desde o início da mesma, pôr algumas falhas no processo,
coloquem o objetivo em duvida.
Figura 03 – Imagem de material descartado em caçamba metálica
Fonte: Dados da Pesquisa
Os materiais que não se tem um destino na obra são destinados á caçambas
metálicas (figura 03) que são de responsabilidade de empresa terceirizada, a qual é obrigada
84
por lei ter uma licença do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) que é contratada para fazer a
recolha, nas caçambas utilizadas nesta obra contatou haver a mistura de materiais (madeira,
terra, ferro, pedras, etc.) esses resíduos são levados a aterros próprios ou dispostos ao
município. O qual utiliza os para cascalhamento de vias rurais ou fechamento de valas que
ocorrem devido a erosão. O reaproveitamento desses resíduos é uma política legal, e um
aspecto sustentável, pois, evita um maior desperdício de materiais e reduz o custo. Mesmo
que haja uma separação das matérias que possivelmente podem ser reutilizados, não há o
mesmo cuidado na destinação fora da obra e ou pela política de recolha adotada pela
empresa terceirizada.
Segundo informações, se detêm todas as licenças para a execução da obra que são:
CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Prefeitura Municipal
e Corpo de Bombeiros, porém essa teve uma dificuldade maior na liberação, haja vista ter
o andar subterrâneo, para o houve um estudo especializado, no que tangue a instalar um
hidrante e de extintores incêndio, em um ponto a ser definido em laudo.
Quando da contratação do projeto, o proprietário recebeu a sugestão de a construção
ser sustentável, para um foco ambientalmente correto, foi lhe apresentado algumas obras
concluídas do mesmo formato e o proprietário gostou da idéia de usar de soluções para
diminuir os custos e de preservar os recursos naturais como energia elétrica e água. Não
houve um interesse necessariamente de usar o pensamento da questão de recursos
ambientais somente para fins lucrativos, mas, também para os clientes que utilizarem do
espaço possam se sentir confortável e num ambiente agradável, desse modo acabasse
gerando um marketing, geram ao empreendimento uma visão diferenciada nas pessoas.
3 CONCLUSÃO
O trabalho desenvolvido propôs a apresentar um estudo sobre o desperdício de
materiais de construção civil e sua possível reciclagem, abordando os conceitos teóricos e
uma analise técnica em prédio em construção, verificando neste a existência ou não de
aspectos de sustentabilidade com as questões ambientais.
Visto que a questão ambiental está a cada dia mais presente em nossas vidas.
Surgem sempre novas tendências de mercado, assim é com a Construção Civil, responsável
85
pelo desperdício de aproximadamente 60% dos resíduos sólidos, as empresas de execução
buscam formas de amenizar o volume desperdiçado e diminuir custos com os materiais,
reutilizando matérias como tijolos quebrados e ferros.
Na referida obra analisada podemos constatar que ela se apresenta como uma obra
sustentável pelo fato desta ter em seus projetos iniciativas de construção apresentar
aspectos ambientais, objetivando, porém a diminuição do custo da obra e em pequena
escala a de marketing.
No objetivo de criar meio mais limpos com a redução dos custos da obra e
eliminação de resíduos, houve uma preocupação com o meio ambiente, porém em alguns
momentos a lucratividade por parte do proprietário, foi mais válida e problemas ambientais
possam ter sido provocados, no uso de materiais poluentes por seus componentes.
REFERÊNCIAS
ANDERE, Pedro Augusto Ramos. Disposição final de resíduos da construção civil – estudo de caso. Universidade Católica de Goiás, Goiânia/GO, p. 6, 2008. Disponível em http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/DISPOSI%C3%87%C3%83O%20FINAL%20DE%20RES%C3%8DDUOS%20DA%20CONSTRU%C3%87%C3%83O%20CIVIL%20-%20ESTUDO%20DE%20CASO.pdf, acessado em 10 setembro 2009.
BORGES, Airan dos Santos. Urbanização e a construção da paisagem no Alto Império romano: a colônia de Augusta Emerita. Revista Archai, Brasília, n. 02, p. 1-4, Jan 2009. Disponível em http://archai.unb.br/revista/pdf/02/02-airan.pdf, Acessado em 10 outubro 2009.
BRASIL. CONAMA Nº 307, de 5 de julho de 2002. Lex: legislação: Resíduos da Construção Civil. edição federal, São Paulo, v.7, 2002. Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30702.html, acessado em 30 setembro 2009.
CBCS: CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL. Porquê Sustentabilidade na construção. São Paulo, 2009. Disponível em http://www.cbcs.org.br/noticias/SobreSustentabilidade/20070914_sustentabilidadeconstrucao.php?marcabusca=Res%EDduos+como+mat%E9rias+primas#marcabusca, acessado em 30 setembro 2009.
86
CEPAM, Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal, Resíduos da construção civil e reciclagem. São Paulo, 2009. Disponível em http://www.cepam.sp.gov.br/arquivos/encontros_tematicos/coleta_seletiva/coleta_seletiva_reciclagem_residencial.pdf, acessado em 25 de setembro de 2009.
COLOMBO, CILIANA REGINA; BAZZO, WALTER ANTONIO. Desperdícios de resíduos da construção civil. 1. Ed. São Paulo: Moderna, 2002. 152 p.
DA SILVA, Alex Fabiane Fares. Gerenciamento de resíduos da construção civil de acordo com a resolução Conama nº. 307/02 – Estudo de Caso para um conjunto de obras de pequeno porte. Escola de Engenharia da UFMG, Belo Horizonte, 2007. Disponível em http://www.smarh.eng.ufmg.br/defesas/249M.PDF, acessado em 22 outubro 2009.
FACHIN, Leo Carlos. A reciclagem de resíduos sólidos como meio de geração de emprego e renda, análise dos problemas sócio-ambientais e do custo de oportunidade. Florianópolis,
UFSC, Curso de Graduação Economia, p18, 2004. Disponível em http://www.portalcse.ufsc.br/gecon/coord_mono/2004.2/Leo%20Carlos%20Fachini.pdf, acessado em 09 outumbro 2009.
NAVARRO, R. F.; A evolução dos materiais. Parte 1: da pré-história ao Início da Era Moderna. REMAP, Campina Grande/PB, V1, p4,01-11-2006. Disponível: http://aplicweb.feevale.br/site/files/documentos/pdf/32246.pdf, Acessado em 27 Março 2010.
PEREIRA, Sidnei Aparecido Peliçon. Colonização do oeste do Paraná entre as décadas de 1950 a 1960. ANPUH/PR, Paraná, Maio 2008. Disponível em http://archai.unb.br/revista, Acessado em 28 setembro 2009.
VAZ, José Carlos. Reciclagem de entulho: O entulho, com a reciclagem, passa de vilão a aliado da administração municipal. São Paulo, 2006. Disponível em http://www.fpa.org.br/conteudo/reciclagem-de-entulho, acessado em 17 outubro 2009.
Tede, Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações, Racionalização de projetos e redução dos custos ambientais na construção civil: o caso da universidade das américas – uniamérica. Florianópolis - SC, 2005. Disponível em: http://www.tede.ufsc.br/teses/peps4637.pdf, acessado em 01 de maio de 2010.
87
ZORDAN, Sérgio Eduardo. A indústria da construção civil no Brasil e as estratégias do subsetor edificações na busca da competitividade. São Paulo, 1997. Disponível em http://pcc5303.pcc.usp.br/texto, Acessado em 28 setembro 2009.
ZORDAN, Sérgio Eduardo. A utilização do entulho como agregado, na confecção do concreto. São Paulo, 1997. Disponível em http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000115588, acessado em 28 setembro 2009.
88
GERENCIAMENTO AMBIENTAL DOS RESÍDUOS PROVENIENTES
DAS CARCAÇAS DAS AVES MORTAS
Tiago Kracke1
Ademir Luis Griep2
Ronaldo Gomes de Souza3
Aline Françoais Draghethi2
Graciele Tatiane Hippler2
Aline Roberta Kreibich3
Ivani R. B. Cardoso3
Valdemir Aleixo4
RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de demonstrar as melhores formas de manejo das carcaças das aves mortas, demonstrando o método usado nas propriedades de fomento de aves, assim identificando as formas mais eficientes, para diminuir os odores e insetos que se propagam até o local. A pesquisa foi conduzida na Linha Água Verde, município de Quatro Pontes, oeste do Paraná, uma região onde se encontram muitos empreendimentos no ramo de avicultura. Portanto, a avicultura é uma grande geradora de resíduos orgânicos, para isso é necessário um estudo de melhor aperfeiçoamento das técnicas de manejo das carcaças de aves mortas, para melhorar o desempenho quanto ao índice de mortalidade das aves e os produtores terem uma maior lucratividade a cada lote finalizado.
Palavras-Chave: resíduos avicultura, técnicas de manejo, gerenciamento ambiental.
1 INTRODUÇÃO
O tão afamado desenvolvimento sustentável tem como princípio a equidade entre o
desenvolvimento econômico, ambiental e social.
1Graduando em Administração com Ênfase em Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cdo. Rondon, PR, ([email protected]) 2Graduando em Administração com Ênfase em Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cdo. Rondon, PR 3Graduando em Administração com Ênfase em Gestão Ambiental e Pós-Graduando em MBA Executivo em Finanças,Custos e Orçamentos, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cândido Rondon, PR 4Biólogo, Mestre e Doutorando em Agronomia/PPGAM/UNIOESTE, Professor de Gestão Ambiental da FALURB, Marechal Cdo. Rondon, PR - Pesquisa concluída, não tendo sido essas informações, submetidas à outra publicação.
89
A avicultura industrial é uma das principais atividades do agronegócio brasileiro,
tendo como marco inicial a década de 1950. Na década de 1970, a avicultura teve seu maior
impulso, modificando sua base de produção e conseqüentemente aumentando suas
operações, com a inserção de grandes empresas nesse setor, a grande maioria localizada na
Região Sul, cuja organização produtiva estava baseada na integração vertical. (CENCI,
2006).
Para se atingir a sustentabilidade da avicultura cabe a nós identificarmos algumas
técnicas de compostagem para o aprimoramento das já existentes.
Segundo PAIVA (2008) O grande crescimento populacional em nosso planeta tem
gerado demanda de alimento, materiais e insumos. Para suprir essa demanda tem sido
gerado grande quantidade de resíduos. Dentre as atividades produtoras de alimentos
encontra-se a produção de frango de corte, gerando grande quantidade de resíduos.
A compostagem é um processo de decomposição biológico aeróbico e controlado, é
a transformação de resíduos orgânicos (carcaças de aves mortas), em produto estabilizado.
Segundo PALHARES (2003) os resíduos produzidos pela avicultura de corte
compreende a cama de aviário e as carcaças de animais mortos. A quantidade de carcaças
geradas irá depender da eficiência produtiva da criação, quanto melhor o manejo, menores
serão os índices de mortalidade e conseqüentemente uma menor quantidade desse resíduo
será gerada.
Segundo, Jaenisch (2009) a remoção das carcaças é fundamental para evitar a
multiplicação e disseminação de microorganismos patogênicos dentro do aviário.
Temos como objetivo encontrar a melhor forma para o destino das carcaças, assim
reduzindo os impactos ambientais causados pelo processo de compostagem proveniente das
aves mortas.
2 DESENVOLVIMENTO
Na avicultura, um dos resíduos que merecem destaque é o das carcaças de aves
mortas, cujo volume aumentou consideravelmente em função da expansão do setor e da
concentração de aves em um mesmo local. (DAÍ PRA & MARONEZI, 2005).
90
A cama pode ser aproveitada como fonte de nutrientes para as culturas vegetais após
sofrer uma compostagem ou biodigestão, sendo os produtos destes processos o composto
ou biofertilizante, respectivamente. As carcaças devem sofrer um processo de tratamento,
sendo o mais correto, ambientalmente, a compostagem. (PALHARES, 2003)
O material utilizado como cama para as aves deve ser macio, seco, livre de
contaminações e fungos. Por isso é utilizado maravalhas de pinus, casca de café, sabugo de
milho triturado ou casca de arroz. Também se pode usar casca de amendoim e serragem,
evitar a utilização de material com partículas muito fina ou muita grossa.
No 1° alojamento a cama é espalhada de maneira uniforme por todo o aviário, as
camadas devem ter de 5 a 8 cm de espessura, espalha–se primeiro na área de alojamento
para que a cama seque e não tenha proliferação de fungos. Após é montado o círculo de
proteção e são distribuídos os equipamentos. A partir do 2° alojamento é retirado todos as
crostas e partes da cama molhada, levando para a composteira. As penas são queimadas
com lança chama a gás, na reforma da cama é necessário quebrar todas as crostas com
mexedor de cama, tipo enxada rotativa ou grade, após é efetuada a fermentação da cama
utilizando a lona preta. A operação de queima de penas e movimentação da cama é repetida
até estar completamente seca e macia.
A cama é utilizada para absorver a umidade do ambiente, dos bebedouros e das
fezes dos frangos, promovendo conforto às aves. A cama deve ser mexida diariamente após
o alojamento para que seja conservada macia, absorvente e seca. Com o objetivo de se
evitar calor nos pés e peito das aves, o produtor deve mexer a cama até 30 dias de idade das
aves.
O processo de lavagem e desinfecção com a retirada total da cama do aviário é
realizado uma vez ao ano e também em todos os casos de ocorrência de doenças infectosas.
A finalidade é diminuir o máximo a contaminação bacteriana, fungica e viral dos aviários,
bem como fazer o controle do cascudinho e outros insetos.
A cama é depositada em montes longe dos aviários para sua fermentação e é
obrigatório a retirada total da cama do aviário, devendo o chão, silos, telas, equipamentos,
cortinas e portões (frente e atrás) do aviário serem bem varridos. É utilizada uma vassoura
especifica para varrer o silo do aviário e outra para varrer cortinas, telas, equipamentos,
91
portões e chão. A lavagem será realizada com solução de água e detergente neutro,
facilitando a retirada da matéria orgânica.
Neste empreendimento que foi analisado são criados em média oito lotes para a
mesma cama do aviário, com o objetivo de aperfeiçoar o uso da cama, reduzindo o
consumo de matéria prima e agregando o máximo de nutrientes para o uso agrícola sem
prejudicar a criação das aves.
A retirada da cama é feita através de tratores, após a retirada a cama deverá ser
curtida por um período mínimo de 10 dias antes da sua aplicação no solo agrícola, com o
objetivo de evitar a criação de moscas, eliminarem sementes de plantas indesejáveis, além
de agentes causadores de doenças e besouros que podem ser espalhados na área onde for
aplicada a cama.
A fermentação da cama com cobertura diminui as perdas de nitrogênio, aumentando
seu valor fertilizante e também evita que outros elementos fertilizantes sejam levados pela
chuva. Para a fermentação da cama deve-se amontoar a cama próxima a lavoura onde será
utilizada em pilhas de até um metro e meio de altura, mantendo cobertura com lona
resistente, folha de bananeiras, de palmeira entre outros.
Se a cama estiver seca, devem-se fazer camadas e umedecê-las com o uso de uma
mangueira ou regador, tomando o cuidado para não colocar água em excesso. O tempo
mínimo de fermentação é de 10 dias, para obter o adubo ideal deve ser mantido de 20 a 30
dias no verão ou 40 dias no inverno.
Para que não aconteça nenhum problema de grande impacto na avicultura devemos
ter um manejo seguro e eficaz.
Manejo é o conjunto de procedimentos adotados com o objetivo de obter o máximo
de desempenho de uma criação através do uso ótimo dos recursos naturais, equipamentos e
trabalho dispensado ás aves.
A atenção ao absorver o comportamento das aves é importante para garantir
condições ambientais ideais para o desenvolvimento do lote.
Além da ração e água de boa qualidade o ambiente que está o frango é muito
importante. Devemos ter atenção em especial as condições de espaço, cama, temperatura,
ventilação, presença de gases e poeira, barulho, luz, lotação do aviário, presença de outros
animais, retiradas de aves mortas, são fatos que devem ser evitados a exposição de frangos.
92
O circulo de proteção deve pegar as 4 linhas do bebedouro que possui uma pressão
de 40 ml por minuto e na altura dos olhos dos pintainhos. Quando a cama é nova, é
colocada uma fita de papel com 30 a 40 cm de largura em baixo do bebedouro nipple e
sobre o papel é colocada um pouco de ração para atrair os pintainhos para perto da água. A
ave deve beber água o suficiente para conseguir comer porque o frango só come quando
bebe água, o bebedouro deve estar na altura dos olhos dos pintainhos. A altura deve
acompanhar o crescimento dos frangos, ficando sempre acima da cabeça das aves, fazendo
com que as aves bebam pela extremidade do bico e nunca pelo lado do bico.
Os comedouros são distribuídos em toda área do alojamento com ração já para
chegada dos pintainhos. Usa-se tanto os comedouros infantis como os definitivos em
número de 1 prato cada 85 pintainhos. Os pratos definitivos devem ficar afundados até a
metade na cama para facilitar o acesso dos pintainhos. A partir da 4° semana a borda do
prato deve ficar sempre na altura do peito das aves para que alcancem com facilidade a
ração, porém não permitindo que os frangos comam agachados ou sentados.
Os exaustores têm a finalidade de fazer com que a corrente de ar passe sobre as aves
retirando parte do calor, criando uma sensação térmica mais agradável durante o período de
calor. Os exaustores podem ser utilizados em qualquer fase do lote. Porem, a partir de 28
dias os exaustores devem ser ligados quando a temperatura atingir 24°C, com as cortinas
bem fechadas e as entradas de ar no sombrite bem abertas para entrada de ar. Para o seu
bom funcionamento o aviário deve estar muito vedado.
Os ventiladores possuem a mesma finalidade de utilização que os exaustores, porem
se utiliza fechar as cortinas com temperaturas acima de 30°C.
O ventilador deve ficar aproximadamente 1 metro do piso, soprando no sentido do
vento predominante, posicionado para frente e sem inclinações. Tanto os ventiladores
quanto os exaustores não baixam a temperatura de 4°C mais baixa a temperatura ambiente.
A nebulização é o principal equipamento no controle de temperatura, a água
nebulizada baixa a temperatura, evaporando no ambiente quente, levando consigo parte do
calor interno do aviário. Quanto mais fria a água e mais fina a nebulização, mais eficiente
será a troca de calor. Ele deve ser ligado quanto a temperatura atingir 26°C e trabalhar até a
temperatura baixar. A caixa do nebulizador deverá ser limpa pelo menos uma vez por lote,
93
deve revisar as condições do filtro do nebulizador, para se evitar entupimentos nos bicos do
nebulizador.
A temperatura é o fator de alta influência no resultado do lote de frangos, pois os
melhores lotes se conseguem quando as aves são criadas dentro de sua temperatura de
conforto, onde a ração destinada á produção não é desviada para perder ou ganhar calor. O
pintainho possui sempre a sua disposição água limpa e clorada, ração e temperatura bem
controlada pelo pré-aquecimento conforme o recomendado.
O espaço de cortinado duplo usado para alojar e manter os pintainhos nos primeiros
dias de vida ocupa aproximadamente 50% do aviário, com divisórias móveis no sentido
transversal bem preso ao forro, sendo uma divisória no inicio do alojamento de pintainhos
(no primeiro pé direito), outra com 30% e outra 50% do aviário sendo o local do
alojamento nos primeiros 30% do aviário, no qual consideramos de área aquecida.
O conjunto de círculo, central de aquecimento, alojamento de pintainhos e
termômetros tem o objetivo de assegurar boas condições ambientais para os pintainhos. As
temperaturas recomendadas devem ser rigorosamente seguidas durante 24 horas, evitando
variações de temperaturas maiores que 05°C entre o dia e a noite. A temperatura adequada
é indicada quando os pintainhos se espalham por igual pela área do círculo.
Na chegada ao aviário os pintainhos são cuidadosamente distribuídos, de maneira
uniforme no interior do círculo de proteção para que possam manter a temperatura corporal,
sem que ocorra desidratação e para que encontrem ração e água com facilidade.
O aquecimento dos pintainhos é efetuado com forno a lenha, com motor e turbina
que impulsiona o ar quente no interior do aviário, com termostato que aciona o
equipamento automaticamente quando a temperatura sair do desejado.
A partir da terceira semana, mesmo no inverno, o aquecimento das aves é feito
somente com o manejo das cortinas, evitando correntes de ar frio diretamente sobre as aves
e mantendo levemente apertado o espaço do aviário onde as aves estão alojadas.
Mesmo os frangos bem empenados devem ser protegidos de correntes de ar com
temperaturas inferiores a 15°C para isto, as cortinas são erguidas até a metade.
Os aviários que possuem sistema de ventiladores, quando a temperatura ultrapassar
a 30°C o sistema de ventiladores é acionado e as cortinas são fechadas para impedir a
entrada de ar quente pelas laterais do aviário.
94
As altas temperaturas durante o verão constituem o principal problema da
avicultura. Praticamente durante o ano todo, frangos com mais de quatro semanas passam
períodos de estresse pelo calor. Porém, em qualquer idade o desenvolvimento das aves
pode ser prejudicado pelo calor. Normalmente até a quarta semana o simples manejo de
cortinas e renovação do ar já proporciona condições adequadas de temperatura para os
pintainhos, exceto pelo fato da temperatura ambiente ultrapassar mais de 3°C a temperatura
de conforto das aves. Neste caso, também se faz necessário o uso dos ventiladores exausto
e do nebulizadores. A partir dos 28 dias as aves se tornam mais sensíveis ao calor, e os
equipamentos precisam ser usados intensamente. Exaustores ou ventiladores são ligados
quando as temperaturas alcançarem 24°C e os nebulizadores ligados quando a temperatura
atingir 26°C. Estes equipamentos permanecem ligados o tempo todo, enquanto a
temperatura estiver acima da temperatura de conforto. A ventilação somente deverá ser
desligada 2 a 3 horas após desligar o nebulizador. Desta maneira é retirado o excesso de
umidade do ambiente, melhorando a qualidade da cama e proporcionado mais conforto as
aves. Em noites muito quentes deixar a ventilação ligada à noite inteira.
O aviário possui sistema de alarme para falta de energia com a finalidade de alertar
o produtor para abrir as cortinas imediatamente após a parada dos ventiladores, diminuindo
o risco de mortalidade com as cortinas fechadas nas horas de calor.
O estudo foi realizado nos aviários da propriedade do Sr. Ademir Luis Griep, os
quais foram construídos em 01/08/2007 para satisfazer as necessidades do mercado e dos
seus idealizadores. Atualmente, as expectativas deste tipo de empreendimento são de
crescimento significativo. As projeções indicam uma crescente demanda pelo ramo de
atividade exercida.
A propriedade está localizada no lote rural n° 24/25 do 11° Perímetro da Fazenda
Britânia, Linha Água Verde, município de Quatro Pontes, Paraná. A localização foi
avaliada juntamente com o técnico do Fomento Avícola da integradora (Copagril), levando
em consideração aspectos logísticos, infra-estrutura e condições ambientais.
A propriedade possui fonte própria abastecedora de água, que realiza a captação em
nascentes na própria propriedade. O empreendimento de avicultura não realiza o
lançamento de efluentes líquidos em corpos d’água.
95
A propriedade onde estão instalados os aviários tem uma área total de 202.075.00
m2, sendo área construída para avicultura um total de 3.640,00 m2. A bacia hidrográfica
onde esta localizada o empreendimento é denominada Paraná III.
Os dados referentes aos dois aviários, com tamanho de 1820 m2, foram coletados
entre 06 – 11 – 2007 ate 05 – 10 – 2009, foram analisados 24 lotes neste período. A média
de produção em número de aves, por ano é de 153.000 e o ciclo de vida é de em média 46
dias. O ciclo de um lote até o outro, em média leva 58 dias. Com isso a mortalidade média
por lote fica em torno de 980 aves, e a média anual por aviário é de 6.100 aves. Na
primeira semana, a mortalidade fica em torno de 176 aves (média). Com um peso médio de
163 gramas por ave.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Portanto com os estudos realizados pelo Fomento Avícola da Copagril encontram-se
as taxas de mortalidade das aves que podem ser observadas na tabela a baixo, os valores
são os mesmo para qualquer dimensão do aviário. (Quadro 1)
Semana de alojamento Percentual de mortes
1° 1.0%
2° 0.5%
3° 0.5%
4° 0.5%
5° 0.5%
6° 1.0%
7° 1.0%
Quadro 1: Percentual de mortandade de aves por semanas de alojamento. Fonte: Copagril
Com base nestas informações pode-se estimar quantidade e volume médio de aves
mortas de acordo com tamanho dos aviários e as aves alojadas. Estas valores podem ser
observados no quadro 2.
96
Dimensão do Aviário: 130 x 14 m Total de Aves Alojadas: 23.500
Semana Peso por Ave
(gramas)
Total de Aves Mortas
(unidade)
Peso total
(quilograma) 1° 160 235 37,60 2° 390 117 45,63 3° 750 117 87,75 4° 1.250 117 146,25 5° 1.740 117 528,75 6° 2.250 235 611,00 7° ( 4 dias ) 2,600 235 611,00 Total 1173 1660,56
Quadro 2: médias de mortandade, obtidas em estudos realizados pelo Fomento Avícola da Copagril.
Após a retirada das aves mortas do aviário, estas são destinadas para local adequado
na mesma propriedade do empreendimento avícola.
Segundo FERREIRA (1993, p.55) diariamente ao verificarmos a existência de aves
mortas no interior do galpão, estas devem ser retiradas imediatamente e levadas para o
incinerador ou uma fossa, para evitar-se a disseminação de possíveis doenças.
As aves mortas e os ovos descartados no processo produtivo deverão ter destinação
adequada como utilização em compostagem; serem incinerados em local apropriado com
destinação para as cinzas; lançados em fossas impermeabilizadas com comprovação
documental de limpeza por empresa licenciada ambientalmente, ou qualquer outro
mecanismo de destinação e tratamento que tenha eficiência e eficácia comprovadas. (IDAF,
2008)
De acordo MALAVAZZI (1999, p.77) deve-se retirar as aves mortas porventura
existentes no criatório. Queimá-las ou enterrá-las profundamente. Se usar o sistema de
fossa, controlar para que não haja penetração de moscas ou carnívoros.
A queima ou incineração das carcaças de frangos é uma alternativa. Mas possui o
inconveniente de ser um processo com custo muito elevado, além de comprometer o meio
ambiente com fumaça e odores indesejáveis, se o processo não for bem feito. (BLAKE et
al, 1993, citado por DAI PRA et al, 2005).
O uso de fossas, assim como o costume de enterrar as carcaças, além do custo tem
como objeção, também, a possibilidade da contaminação do lençol freático. A incineração
97
apresenta ao lado do custo econômico, ainda, alto custo ambiental pela mineralização da
matéria orgânica com emissão de gases nocivos, principalmente quando se utiliza o óleo
diesel como combustível. (PAIVA, 2008)
A utilização de fossas sépticas, ou enterrar as aves mortas, processo largamente
utilizado nas propriedades avícolas, possui um grande inconveniente que é a contaminação
do solo e dos lençóis freáticos com resíduos indesejáveis ou microorganismos patogênicos.
(BLAKE et al, 1993, citado por DAI PRA et al, 2005).
Dentre as alternativas de destino final para as carcaças de aves mortas, destacam-se
as fossas sépticas, a incineração, o enterro e a compostagem, sendo que esta última
alternativa é a que apresenta as melhores condições de implantação em uma granja avícola,
em função do seu baixo custo de instalação, facilidade de operacionalização e segurança
quanto à questão sanitária e ambiental (BLAKE et al (1993), citado por DAI PRA et al
(2005).
As carcaças devem sofrer um processo de tratamento, sendo o mais correto,
ambientalmente, a compostagem, mas o composto oriundo destes resíduos só deve ser
aproveitado para a adubação de culturas florestais e jardinagem devido a questões
sanitárias. Independente do tipo de substrato que se tenha, sua aplicação no solo deve
respeitar condições básicas para que não ocorra poluição ambiental ou coloque em risco a
saúde humana e animal. (PALHARES, 2003)
De acordo com Paiva a compostagem é um método econômico e ambientalmente
correto de destino dos animais mortos por permitir a reciclagem desses resíduos orgânicos,
exigindo menor uso de mão de obra, quando comparado a alguns dos outros métodos,
embora necessite de critérios rígidos para sua execução, mas é uma alternativa viável para o
criador. Conduzida corretamente, a compostagem não causa poluição do ar ou das águas,
permite manejo para evitar a formação de odores, destrói agentes causadores de doença,
fornece como produto final um composto orgânico que pode ser utilizado no solo, portanto
recicla nutrientes e apresenta custos competitivos com qualquer outro sistema de destinação
de carcaças, que busquem resultados e eficiência.
A compostagem deve ser usada na mortalidade normal que ocorre em uma criação.
Dessa forma, a compostagem é um sistema de eliminação de carcaças de aves mortas nos
aviários, que resolve um problema crônico da avicultura moderna. Este sistema é bastante
98
seguro em relação à contaminação do meio ambiente e evita a propagação de agentes
infecciosos. (DAÍ PRA et al, 1999).
ZANELLA (1999) afirma que a compostagem de carcaças de aves mortas é um
método que está sendo aplicado com sucesso em várias partes do mundo. Este recurso, já
empregado na agricultura, consiste em um processo naturalmente controlado pelo qual
microrganismos benéficos (bactérias e fungos) transformam resíduos orgânicos em
produtos finais benéficos e úteis.
A compostagem de carcaças de aves não é apenas uma tecnologia de baixo custo,
mas, sobretudo, de comprovada eficiência como forma de dispor adequadamente, no
ambiente, a mortalidade diária que ocorre em galpões de frango de corte (ZANELLA,
1999), promovendo a reciclagem dos nutrientes contidos nas carcaças, eliminando agentes
patogênicos e biossegurança necessária para a atividade (CONNOR & BLAKE, 1990).
Neste empreendimento optou-se pela compostagem utilizando o sistema de
composteira, a qual pode ser construída com madeiras brutas (troncos) ou beneficiada, com
menor tempo de vida útil, ou alvenaria de tijolos ou blocos de cimento pré-fabricados, nos
integrados da Copagril optou-se em padronizar a composteira utilizando alvenaria de
tijolos.
Uma recomendação fundamental esta na impermeabilização do solo ou na
construção de estrutura acima dele, evitando a contaminação dos lençóis d´água.
A parte superior deve ser aberta, protegida ou não por tela de aviário, permitindo
total ventilação.
Essa estrutura simples deve garantir que a pilha feita com as carcaças e o material
aerador possam ser formados com facilidade, ficando protegida da chuva e a ação de
animais (carnívoros e roedores).
A composteira é destinada ao uso na mortalidade normal que ocorre em uma
criação. Não serve para mortalidade catastrófica, resultante o calor excessivo, problemas
com instalações, perdas por doenças. Nesse caso, deve-se montar uma estrutura em
separado, emergencial, seguindo todos os passos recomendados, em local próximo a
estrutura definitiva.
99
4 CONCLUSÃO
Resíduos de aves mortas, provenientes da avicultura de corte com manejos
inadequados podem levar a produção de odores, chorume, contaminação e proliferação de
agentes patogênicos. No estudo realizado observou-se que podem ser evitados alguns
impactos dessa técnica de compostagem se tiver um manejo adequado e seguro. Para isso
as composteiras devem ser construídas com certa distância dos aviários, assim que as
carcaças de aves mortas forem jogadas deverá ser feito uma camada com maravalha ou
cama de aviário, um pouco de água sem exageros para que não se tenha chorume em
excesso e conseqüentemente aumente o odor. Com isto comprovamos que a compostagem
é uma técnica segura e que tem baixo custo para o produtor, otimizando seus resultados na
produção de frangos de corte.
REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otavio Bernardes de. Gestão Ambiental. Pg 213. 2007. ARAUJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócios. Pg 19, 27, 33, 93 a 121. BARATA, Martha Macedo de Lima; KLIGERMAN, Débora Cynamon e MINAYO-GOMEZ, Carlos. A gestão ambiental no setor público: uma questão de relevância social e econômica. Ciênc. saúde coletiva. 2007, vol.12, n.1, pp. 165-170. CALLADO. Antonio André Cunha. Agronegócio. Pg 4 a15. 2006. CENCI, Vanderlei. Perspectivas e Prospectivas da Avicultura na Região Sul e Centro Oeste: Uma análise baseada nas vantagens comparativas. Disponível em: <www.sober.org.br/palestra/5/494.pdf>. Acesso em 19 de setembro de 2009. DAI PRÁ, M.A. Compostagem de Carcaças de Aves, Informativo Técnico da Perdigão Agroindustrial S/A . Marau: 1999.
100
DAÍ PRA, Marcos Antonio; Morozeni, Cleber. Compostagem de Carcaças de Aves. Disponível em: <http://www.biovet.com.br>. Acesso em 15 de Setembro de 2009. FERREIRA, Mauro GregorY. Produção de aves,Corte & postura. pg 55. Guaíba: 1993. FREITAS, Carlos Machado de. Problemas ambientais, saúde coletiva e ciências sociais. 2003, vol.8, n.1, pp. 137-150. INSTITUTO DE DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL DO ESP ÍRITO SANTO. Disponível em: <http://www.idaf.es.gov.br >. Acesso em 24 de Setembro de 2009. JAENISCH, Fátima Regina Ferreira. Destino das Carcaças Descartadas. Disponível em: <http: //www.cnpsa.embrapa.br>. Acesso em 20 de Setembro de 2009. MALVAZZI, Gilberto. Avicultura, Manual Pratico . Pg 77. São Paulo: 1999. PAIVA, Doralice Pedroso de. Compostagem: Destino correto para animais mortos e restos de parição. Embrapa Suínos e Aves: Concórdia. PAIVA. Ed Carlo Rosa Paiva. Avaliação da Compostagem de Carcaça de Frango pelos Métodos de Composteira e Leiras Estatísticas Aeradas. Pg 18. Viçosa: 2008. PALHARES. Embrapa sistema de produção de frango de corte. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCorte/Autores.html#Julio>. Acesso em 20 de setembro de 2009. PALHARES, Julio Cesar Pascale. Manejo Ambiental na Avicultura . Disponível em: <http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_artigos/artigos_d162r1i.pdf>. Acesso em 29 de setembro de 2009.
PINHEIRO, José Q.. Psicologia Ambiental: a busca de um ambiente melhor. Estud. psicol. (Natal). 1997, vol.2, n.2, pp. 377-398.
101
ZANELLA, José Carlos. Compostagem: Alternativa Ecológica. Disponível em: <gave0005 - Compostagem: alternativa ecológica - bicho on line>. Acesso em 27 de Setembro de 2009.
102
GESTÃO DE ESTOQUE:
ABORDAGEM TEÓRICA E SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO
EMPRESARIAL
Fábio Geovani Freitag 1
Francielle Carla Trento 2
Martinho Raupp 3
Gilnei Saurin 4
RESUMO: A gestão de estoques é importante em qualquer processo que envolva a utilização, movimentação, transformação e estocagem de bens. Saber prever a demanda, organizar, estocar os materiais, utilizar os bens de forma correta pode se transformar em um dos diferenciais competitivos no mercado. A maioria das empresas, devido aos altos custos envolvidos, procura trabalhar de forma a minimizar seus estoques, mantendo um bom relacionamento com seus fornecedores e clientes. No caso de empresas menores, uma ótima gestão de estoques é ainda mais importante, pois quanto mais a empresa conseguir aumentar seus índices de rotatividade, maior será o aproveitamento obtido com o capital investido. Buscar a lucratividade é o principal objetivo de uma empresa. Para isso, torna-se necessário a redução de custos, a qual pode ser obtida com o eficiente controle de estoques. O controle de estoques torna-se mais evidente, principalmente, no setor de produção quando os valores envolvidos são elevados. Um dos principais objetivos do controle de estoque é minimizar desperdícios como vencimento da matéria-prima, custos de armazenagem, custo de estoque de produtos em processamento, e estoques de produtos acabados. Uma boa gestão de materiais proporcionará à empresa a possibilidade de manter seu estoque equilibrado de acordo com a sua produção, bem como, maximizar seus resultados, sendo este o fator primordial da existência da empresa. Palavras-chave: Controle. Estoque. Recursos.
1Graduando do curso de Administração com Habilitação em Empreendedorismo – FALURB, 7º Período, 2010, [email protected]. 2Graduando do curso de Administração com Habilitação em Empreendedorismo – FALURB, 7º Período, 2010, [email protected]. 3Graduando do curso de Administração com Habilitação em Empreendedorismo – FALURB, 7º Período, 2010, [email protected]. 4Graduado em Ciências Econômicas, Especialista em Economia de Empresas, Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio e Consultor do SEBRAE. Professor da Faculdade Luterana Rui Barbosa – FALURB e Faculdade Assis Gurgacz - FAG, [email protected].
103
1 INTRODUÇÃO
Este artigo aborda a importância da gestão de estoques para as empresas
independentemente de seu tamanho ou porte. O estoque quando administrado de forma
eficiente pode auxiliar em muito na maximização dos resultados da empresa. Muitas
empresas ainda não dão aos estoques a atenção necessária, deixando a cargo do almoxarife
a responsabilidade de pedir, receber e distribuir os materiais da forma como seja necessário.
Para Dias (1993) a meta principal de uma empresa é, sem dúvida, maximizar o
lucro sobre o capital investido em fábrica e equipamentos, em financiamentos de venda, em
reserva de caixa e em estoques. Para atingir o lucro máximo, ela deve usar o capital, para
que ele não permaneça inativo. A função da administração de estoques é justamente
maximizar este efeito lubrificante no feedback de vendas não realizadas e o ajuste do
planejamento da produção. O objetivo portanto é otimizar o investimento em estoques,
aumentando o uso eficiente dos meios internos da empresa, minimizando as necessidades
de capital investido.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa inicia com Pesquisa Exploratória, tendo como principal objetivo a
obtenção de conhecimento que permitam a definição do problema de pesquisa, bem como
seus objetivos.
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. (GIL, 2002, p.41)
Na seqüência será realizada a pesquisa bibliográfica, que permitirá o levantamento
de conceitos já desenvolvidos anteriormente por outros autores, sendo que tais estudos
serão apresentados através da descrição dos mesmos. “A principal vantagem da pesquisa
bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
104
fenômenos muito mais amplos do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. (GIL
2002, p.45).
3 GESTÃO DE ESTOQUES
A administração central da empresa deverá determinar ao departamento de controle
de estoques o programa de objetivos a serem atingidos, isto é, estabelecer certos padrões
que sirvam de guia aos programadores e controladores e também de critérios para medir a
performance do departamento.
O gerenciamento de estoques é um ramo da administração de empresas que está relacionado com o planejamento e o controle de estoques de materiais ou de produtos que serão utilizados na produção ou na comercialização de bens ou serviços. Preocupa-se efetivamente como os estoques podem interferir nos resultados estratégicos da empresa. (BERTAGLIA, 2005, p. 314).
O acompanhamento e análise desse tipo de controle são de grande relevância,
considerando o valor investido e a responsabilidade direta que a gestão de estoques tem
com o cliente, seja na hora de fazer a previsão do material necessário para a produção ou no
momento de fazer a distribuição do produto acabado, partindo do pressuposto que, uma
falha em qualquer parte deste processo pode significar prejuízos, tanto para a empresa
como para o cliente.
Com base nisso, percebe-se a dinâmica da empresa, estando em constante
transformação e sendo influenciada por fatores externos e internos sejam eles de vontade de
seus proprietários ou não. Portanto, planejar dá ao executivo certo domínio de situação,
pois certamente baseado em suas projeções ele poderá fazer o acompanhamento destas
variáveis ao longo do período e decidir os ajustes que devem ser feitos para continuar no
rumo desejado, ou mudá-lo se assim for melhor.
105
3.1 CONCEITO
Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), estoque é definido como a
acumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação. E em
alguns casos é usado para descrever simplesmente qualquer recurso armazenado.
Estoque é a representação numérica e física de itens que são utilizados para
manutenção, utilização em outros processos, transformação, ou revenda posterior para
novas finalidades ou consumo final. “Os estoques são elementos reguladores no contexto
da cadeia de valor.” (BERTAGLIA, 2005, p. 326). São consumidos constante e
ciclicamente pelo processo da empresa. As empresas que praticam a revenda de produtos
adquiridos de seus fornecedores para o consumidor final têm uma avaliação de estoque
mais simplificada, por outro lado, indústrias que transformam um ou mais componentes ou
produtos em outro apresentam basicamente três tipos de estoque: matéria prima, produtos
em processamento e produto acabado.
3.2 OBJETIVOS DO CONTROLE DE ESTOQUES
O controle de estoques se tornou mais evidente, principalmente, no setor de
produção pelos altos valores envolvidos, tendo como um dos principais objetivos
minimizar desperdícios das mais variadas formas como: vencimento de matéria-prima,
custos de armazenagem, custo de estoque em processamento, produção desnecessária de
estoques de produtos acabados, visto que uma boa gestão dos materiais proporcionará à
empresa a possibilidade de gerenciamento de estoque equilibrado com a produção a ser
realizada, além da busca pela maximização de resultados, que é tida como fator primordial.
“A gestão de estoques é importante não apenas nos setores industriais da economia pois,
em um sem-número de atividades, os estoques representam consideráveis somas de
dinheiro imobilizado.” (MOREIRA, 1993, p. 497).
A gestão de estoques na maioria das vezes absorve a maior parte do orçamento
operacional de uma organização. Como ele não agrega valor ao produto, quanto menor o
nível de estoques que um sistema produtivo consegue trabalhar, mais eficiente será. “Não
somente em decorrência dos volumes de capital envolvidos, mas, principalmente pela
106
vantagem competitiva que a empresa pode obter, dispondo de mais rapidez e precisão no
atendimento aos clientes.” (MARTINS; CAMPOS, 2006, p.217)
Sendo assim, a gestão de estoques tem como objetivo proporcionar ao administrador
a possibilidade de tomada de decisão de forma mais rápida e com maior segurança
baseando-se em informações mais precisas e de acordo com os objetivos definidos pela
organização. De acordo com Campos (2006, p.198) “a gestão de estoques constitui uma
série de ações que permitem ao administrador verificar se os estoques estão sendo bem
utilizados, bem localizados em relação aos setores que deles se utilizam, bem manuseados e
bem controlados”.
Bertaglia (2005) diz que deste modo, para se ter um controle otimizado devemos
buscar informações com os demais setores envolvidos para evitar, pela falta de informação
e comunicação, que problemas simples de serem solucionados se transformem em um
transtorno de maior escala para a organização.
Um dos grandes desafios enfrentados pelas organizações se refere ao balanceamento dos estoques em termos de produção e logística com a demanda do mercado e o serviço ao cliente... É necessário usar todos os princípios, conceitos e técnicas para se saber que itens pedir, quanto pedir, quando são necessários, como e onde armazená-los... A maneira como uma organização administra seus estoques influencia a sua lucratividade e a forma como compete no mercado. (BERTAGLIA, 2005, p.313).
Informações corretas e atualizadas são grandes ferramentas que podem ser
utilizadas pelo gestor de estoques para definir qual método de previsão será o mais
adequado para o seu caso. Neste momento, pode-se criar parcerias ou sistemas de
comunicação com os fornecedores para evitar o atraso ou falta de material, podendo ser
avaliados pontos como: previsão de vendas e pedidos em carteira, análise de períodos
passados da produção e venda, ponto de pedido, estoque de segurança, capacidade de
produção, previsão de produção, prazo de entrega e pedido mínimo dos fornecedores,
estoque de produto acabado, tempo de entrega para o cliente (transporte), custo de
armazenagem e depreciação. Com estas informações pode-se obter uma amostra da
situação passada e atual de empresa e realizar o planejamento para o futuro, de forma a
fazer as correções necessárias e o acompanhamento das metas estabelecidas e dos
resultados que estão sendo obtidos.
107
A gestão de estoques, abrange uma série de atividades, que vão desde a
programação e planejamento das necessidades de materiais em estoque, até ao controle das
quantidades adquiridas, com a intenção de gerenciar a sua localização, movimentação,
utilização e armazenagem desses estoques.
Organizações preocupadas com as necessidades dos clientes, e voltadas para elas, utilizam o conceito de “serviço ao cliente” para avaliar o desempenho do sistema de controle de estoques. Uma medida bastante comum é a taxa de atendimento ao pedido, que é a relação entre a quantidade de itens disponíveis e a quantidade de itens demandada pelo cliente. Muitas empresas adicionam o conceito de tempo, ou seja, qual o nível de atendimento ao cliente em termos de quantidade, produto e disponibilidade para a data requerida. (BERTAGLIA, 2005 p. 318)
3.3 FUNÇÕES DO CONTROLE DE ESTOQUE
A programação e planejamento, são as atividades relativas à definição dos modelos
necessários à utilização de técnicas estatísticas, aplicáveis às previsões de necessidades e à
gestão de estoques da empresa, dentro de uma produção e programação de vendas
previamente estabelecidas. “A verdade é que os estoques desempenham papel importante e
possuem funções distintas relacionadas às demandas de mercado, às características do
produto e sua movimentação e à interferência da situação econômica.” (BERTAGLIA,
2005, p. 327). Há algumas outras variáveis que também podem influenciar no processo de
decisão, como o grau de tecnologia aplicada, informações disponíveis, incertezas na
demanda para criação de estoque de segurança, aproveitamento de preços promocionais, ou
melhora da distribuição de seus produtos. Segundo Bertaglia (2005, p. 326) “a discussão
sobre a manutenção dos estoques está muito mais relacionada aos níveis quantitativos
necessários do que propriamente à necessidade de mantê-los”.
Para desenvolver uma gestão de estoques adequada à realidade da empresa, devem-
se ter muito bem definidos os seus objetivos, mercado de atuação, níveis de atendimento ao
cliente e o quanto pretende melhorar, a quantidade do estoque de segurança, períodos de
sazonalidade e o grau de importância dos produtos a serem estocados.
Para Dias (1993) o estoque de determinadas matérias-primas proporciona alguma
vantagem, isso em razão da grande influência do fornecedor, como demora, atrasos e/ou
matéria-prima danificada. Além do que, no caso de matérias-primas especiais, a entrega
108
pode levar alguns dias, devido à demora de produção da mesma ou até mesmo distância do
fornecedor, o que pode comprometer o processo produtivo empresarial.
Medir o desempenho do estoque é extremamente salutar para a organização, uma vez que um dos aspectos fundamentais da administração moderna enfatiza a redução de estoques. O aumento ou redução dos níveis de estoque geram forte impacto nas finanças de qualquer empresa. (BERTAGLIA, 2005, p.316).
Seu controle é de suma importância para a empresa, sendo que controla-se os
desperdícios, desvios, apura-se valores para fins de análise, bem como, apura o demasiado
investimento, o qual prejudica o capital de giro.
Os estoques têm a função de funcionar como reguladores do fluxo de negócios. Como a velocidade com que as mercadorias são recebidas – unidades recebidas por unidade de tempo ou entradas – é usualmente diferente da velocidade com que são utilizadas – unidades consumidas por unidade de tempo ou saídas -, há a necessidade de um estoque, funcionando como um amortecedor. (CAMPOS, 2006, p.168)
Os objetivos dos departamentos de compras, de produção, de vendas e financeiro,
deverá ser conciliado pela administração de controle de estoques, sem prejudicar a
operacionalidade da empresa. A responsabilidade da divisão de estoques já é antiga; os
materiais caem sobre o almoxarife, que zela pelas reposições necessárias.
Segundo Campos (2006, p. 174)
Os recursos investidos em estoques variam grandemente dependendo do setor industrial a que a empresa pertence. Quando administram estoques, os gerentes estão cuidando de parcela substancial dos ativos da empresa. Daí a justificativa de a maioria das empresas terem um departamento, setor, divisão – ou qualquer outro nome que venham a dar -, para cuidar e gerir os materiais em estoques quer sejam matéria-prima, quer sejam produtos em processo ou acabados.
Na administração moderna, a responsabilidade dos estoques fica sob uma única
pessoa. Os departamentos tradicionais ficam livres desta responsabilidade e podem dedicar-
se à sua função primária. A atividade de gestão de estoques é realizada devido à
necessidade de controlar os produtos e seus desperdícios, ou seja, a empresa deve decidir
quais os níveis de estoques que são economicamente viáveis manterem. Este tipo de
atividade justifica-se em função das vantagens e desvantagens inerentes à existência e
níveis de estoques. Esta ação induz características positivas, de permitir a regulação e
109
decomposição do processo de produção, fornecimento de várias opções ao cliente,
descontos de aquisição em função da quantidade e proteção contra altas de preços.
Segundo Dias (2006, p.13)
O importante é otimizar esse investimento em estoque, aumentando a eficiência de planejamento e controle e minimizando as necessidades de capital para estoque. Os estoques de produto acabado, matéria-prima e material em processo não podem ser analisados independentemente. Seja qual for a decisão tomada sobre qualquer um desses tipos, ela com certeza terá influencias sobre todos os demais.
O estoque do produto acabado, matéria-prima e material em processo não serão
vistos como independentes. Todas as decisões tomadas sobre um dos tipos de estoque,
influenciarão os outros tipos. Às vezes, acabam se esquecendo dessa regra nas estruturas de
organização mais tradicionais e conservadoras.
O controle de estoque tem também o objetivo de planejar, controlar e replanejar o
material armazenado na empresa.
A compreensão dos objetivos estratégicos da existência e do gerenciamento dos estoques é fundamental para se definir metas, funções, tipos de estoque e forma como eles afetam as organizações em suas atividades produtivas e de relacionamento com o mercado... a formação de estoques proporciona um balanceamento das operações da organização, possibilitando aumento na eficiência operacional, redução de custos de mão-de-obra e maximização da capacidade instalada. (BERTAGLIA, 2005, p.316)
De acordo com Dias (2006, p. 25)
Para organizar um setor de controle de estoques, inicialmente deveremos descrever seus objetivos principais que são: a) determinar “o que” deve permanecer em estoque: numero de itens; b) determinar “quando” se devem reabastecer os estoques: periodicidade; c) Determinar “quanto” de estoque será necessário para um período predeterminado: quantidade de compra; d) Acionar o departamento de compras para executar aquisição de estoque: solicitação de compras; e) receber, armazenar e guardar os materiais estocados de acordo com as necessidades; f) controlar os estoques em ternos de quantidade e valor; fornecer informação sobre a posição do estoque; g) manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados; h) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados.
110
Bertaglia (2005) ressalta que, para compreender totalmente o papel dos estoques, é
necessário que seja examinado dentro do contexto de todo o negócio, tornando-se parte das
atividades do planejamento empresarial. O conhecimento das funções desempenhadas pela
organização bem como os clientes, o comportamento da demanda e dos concorrentes é
crucial para a construção de um modelo adequado de gestão dos estoques. Quanto maior o
investimento nos vários tipos de estoque, maior é a capacidade e a responsabilidade de cada
departamento na empresa. Para a gerência financeira, a minimização dos estoques é uma
das metas prioritárias, já o setor de vendas almeja elevar os níveis de produtos em estoque
para facilitar sua atuação (principalmente se houver uma grande variedade de itens), já o
setor de operações deseja que a diversidade de itens seja reduzida para facilitar o
gerenciamento do estoque.
“Embora os estoques sejam recursos à espera da produção ou da venda, os custos da
sua manutenção devem ser considerados à luz de oportunidades alternativas para o capital.”
(MOREIRA, 1993, p.4997)
Segundo Ballou, (1993, p. 206)
Na maioria das ocasiões, não é possível conhecer com certeza as demandas de produtos ou os tempos de ressuprimento no sistema logístico. Para garantir disponibilidade de produto, deve-se manter um estoque adicional (estoque de segurança). Estoques de segurança são adicionados aos estoques regulares para atender as necessidades de produção ou do mercado.
Os estoques de segurança impedem que ocorram problemas inesperados em alguma
fase produtiva interrompendo as actividades sucessivas de atendimento da demanda. A
existência de estoques de segurança em uma unidade fabril, evita que o processo produtivo
pare em caso de uma avaria, alimentando as máquinas subsequentes durante a reparação.
São ainda utilizados para salvaguardar uma empresa de incertezas nas suas operações
logísticas
Os estoques de segurança estão ligados a garantia de fornecimento em períodos
sazonais, garantir material para a produção repentina de um produto, ou devido a
inconstância no recebimento destes. “O conceito de sazonalidade está ligado ás ocorrências
não constantes de um determinado período. As empresas enfrentam problemas bastante
sérios com o desequilíbrio entre a demanda e o fornecimento.” (BERTAGLIA, 2005,
p.321)
111
Dias (1993) diz que o processo de desenvolvimento industrial, intensificando a
concorrência das empresas em todas as áreas, faz com que o empresário ataque
decididamente o problema de minimização de custos. Entre os tipos de custo que afetam de
perto a rentabilidade da empresa, o custo da estocagem ou armazenamento dos materiais é,
sem dúvida nenhuma, o que está merecendo uma grande atenção do empresário.
Segundo Campos (2006, p. 174)
Os recursos investidos em estoques variam grandemente dependendo do setor industrial a que a empresa pertence. Quando administram estoques, os gerentes estão cuidando de parcela substancial dos ativos da empresa. Daí a justificativa de a maioria das empresas terem um departamento, setor, divisão – ou qualquer outro nome que venham a dar -, para cuidar e gerir os materiais em estoques, quer sejam matéria-prima, quer sejam produtos em processo ou acabados.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando a empresa mantém estoques que não são necessários, ocorre um
desaproveitamento de estoque, o que vai significar uma perda de espaço físico assim como
perdas de investimento. Quando existe a consciência que os estoques geram desperdício, e
quando são identificadas as razões que indicam uma necessidade de estoques, deve-se
desenvolver um planejamento que o utilize de maneira eficiente.
Esse desperdício gera custos que aumentam de forma gradativa e que ao longo do
processo são incorporados no preço do produto. De acordo com Dias (2006, p. 43):
Existem duas variáveis que aumentam esses custos, que são a quantidade em estoque e o tempo de permanência em estoque. Grandes quantidades em estoque somente poderão ser movimentadas com a utilização de mais pessoal, ou, então, com o maior uso de equipamentos, tendo como conseqüência a elevação destes custos. No caso de um menor volume de estoque, o efeito é exatamente o contrário, com exceção de materiais de grandes dimensões.
O cálculo de custo de estoque é importante para as empresas no sentido de chegar
ao custo de venda de seu produto ou serviço. É objetivo da organização minimizar a
variabilidade dos estoques através de um controle eficiente que permita controlar melhor
seus custos. A maioria das empresas faz apenas um controle superficial dos estoques
baseando-se apenas no volume e não no valor investido.
112
Muitas empresas preferem utilizar métodos intuitivos para tomada de decisão que envolvem a administração de estoques. Para as organizações que utilizam altos volumes de estoque seria conveniente aplicar métodos mais analíticos que suportem as tomadas de decisão. (BERTAGLIA, 2005,p.328)
A armazenagem de materiais compreende dois tipos de custos: custos variáveis e os
custos fixos.
Nos custos variáveis relacionados com os estoques, temos: custos de operação e
manutenção dos equipamentos, manutenção dos estoques, materiais operacionais e
instalações, obsolescência e deterioração e custos de perdas.
Nos custos fixos, temos: equipamentos de armazenagem e manutenção, seguros,
benefícios a funcionários e folha de pagamentos e utilização do imóvel e mobiliário.
De acordo com Campos (2006, p. 177) “podemos classificar os custos de manter
estoques em três grandes categorias: custos diretamente proporcionais à quantidade
estocada; inversamente proporcionais à quantidade estocada e independente da quantidade
estocada”.
“Os custos diretamente proporcionais ocorrem quando os custos crescem com o
aumento da quantidade média estocada”. (CAMPOS, 2006, p. 178). “Os custos
inversamente proporcionais são os custos ou fatores de custos que diminuem com o
aumento do estoque médio, isto é, quanto mais elevados os estoques médios, menores serão
tais custos (ou vice versa)”. (CAMPOS, 2006, p. 180) “Os custos independentes são
aqueles que independem do estoque médio mantido pela empresa, como, por exemplo, o
custo do aluguel de um galpão. Ele geralmente é um valor fixo, independentemente da
quantidade estocada”. (CAMPOS, 2006, p.182).
Existem também vários sistemas que auxiliam em uma boa gestão, desde que sejam
bem utilizados e alimentados com informações corretas e confiáveis. Mesmo assim, estes
sistemas devem ser verificados constantemente, pois trata-se de apenas de uma ferramenta
que auxilia nas decisões por apresentar informações de forma rápida e precisa, portanto, a
decisão do gestor de estoques deve ser tomada levando-se em consideração dados de seus
sistemas e informações subjetivas, assegurando assim que a administração do estoque seja
feita de forma eficiente buscando a maximização dos resultados de acordo com os objetivos
da organização.
113
REFERÊNCIAS
BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2005. 509 p. BALLOU, Ronald H., Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. 388 p. CAMPOS, Paulo Renato; MARTINS, Petrônio Garcia. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2006. 441 p. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas. 1993. 4.ed. 399 p. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas. 2006. 5.ed. 336 p. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produçã e Operações. São Paulo: Thomson Learning. 2006. 1.ed. 619 p. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos metodologia e prática. 23. ed. São Paulo: Atlas,2007 . 331 p. SLACK, N., CHAMBERS, S., JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 754 p.
114
INCORPORAÇÃO DA RESERVA LEGAL À MATA CILIAR EM
PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS
Douglas Aloísio Baumgartner1
Simone Patrícia Thiel2
Dorival Oliveira Junior2
Eduardo Rufino Leal2
Oldemar Hergesell2
Simone Berg2
Simone Malesza2
Valdemir Aleixo3
RESUMO: O objetivo desse trabalho foi avaliar as propriedades rurais de até 25 hectares, a fim de fazer um diagnóstico da incorporação da mata ciliar à reserva legal. Demonstrar que pequenas propriedades têm dificuldades de atender a legislação, à porcentagem de Mata Ciliar e Reserva Legal que a mesma necessita. O que causará um grande impacto a agricultura e pecuária da região, a qual é totalmente agrícola. Diante da incorporação da Função Social da Propriedade ao sistema jurídico e das garantias constitucionais incorporadas pelo instituto torna-se possível uma mudança de paradigmas, possibilitando a análise da propriedade em relação ao ambiente onde está inserida, e não o inverso como tradicionalmente ocorre.
Palavras-Chave: legislação ambiental, recomposição de mata riparia, recursos hídricos.
1Graduando em Administração com Ênfase em Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cândido Rondon, PR, [email protected]. 2Graduando em Administração com Ênfase em Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cândido Rondon, PR. 3Biólogo, Mestre e Doutorando em Agronomia, PPGA, Unioeste, Campus de Marechal Cândido Rondon, PR. Professor de Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB. - Pesquisa concluída, não tendo sido essas informações, submetidas à outra publicação.
115
1 INTRODUÇÃO
Um dos temas mais enfatizados na atualidade é a preservação dos ecossistemas, as
florestas apresentam relevante papel no desenvolvimento de inúmeras espécies,
constituindo tema de interesse internacional, na medida em que representam um fator de
subsistência e perpetuação da biodiversidade e da própria vida da humanidade.
A agricultura é considerada potencialmente degradadora e/ou poluidora do meio
ambiente. Para minimizar ou evitar os impactos negativos gerados no meio ambiente, é
necessário quebrar barreiras existentes do agricultor com a legislação ambiental
(FERREIRA 2000 & KOBIYAMA 2001). A distância temporal entre agricultura, que é
milenar, e a questão ambiental, despertada há poucas décadas pode ser um dos fatores
responsáveis pelo pouco, ou nenhum cuidado que se tem com o meio ambiente, causando
com isso muitas vezes impacto irreversíveis.
A exploração racional dos recursos naturais teve maior destaque e importância nos
últimos anos, em virtude da crescente preocupação com a preservação/conservação do meio
ambiente para garantir o potencial produtivo desses recursos para gerações futuras,
(MACEDO, et all.,2000).
O modelo econômico atual está baseado na concentração–exclusão de renda. Ambos
os modelos econômicos afetam o meio ambiente. A pobreza pelo fato de só sobreviver pelo
uso predatório dos recursos naturais e os ricos pelos padrões de consumo insustentáveis
(NEIVA, 2001).
A única forma para evitar problemas futuros, de ainda maiores degradações do meio
ambiente, é através de legislações rígidas e da consciência ecológica.
No entanto é comum encontrarmos propriedades rurais que utilizam áreas que
seriam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL), sendo
exploradas de maneira criminosa, inclusive com a eliminação de cobertura florestal.
Segundo BERRY (1991 apud Meio Ambiente, 2009) o que vemos atualmente é que
os índices de degradação aumentaram, enquanto de um lado existem muitos lutando por um
mundo melhor para todos, de outro lado, a grande maioria busca seu próprio crescimento
116
econômico, com o objetivo de consumir cada vez mais, e como conseqüência, consumir
mais recursos naturais, ocasionando a degradação, sem se preocupar e muitas vezes sem
saber, que esses recursos muitos são renováveis e não são infinitos.
Segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) (2007, [s.n.]), diz que a
reserva legal pode ser entendida como uma área protegida pela Lei, situada no interior de
uma propriedade ou posse rural, onde não é permitido o corte de vegetação, e que não pode
ocorrer em área de preservação permanente.
“A reserva legal tem como objetivo a conservação de trechos de mata dentro de
cada propriedade rural, para proteger os animais e plantas do território nacional. Na reserva
legal, esses animais e plantas podem encontrar abrigos e o sustento necessário para a sua
sobrevivência, promovendo assim a manutenção da diversidade de formas de vida
existentes na região e o equilíbrio da natureza,” (SPAROVEK, et al, 2009).
Segundo o Código Florestal, em seu art. 1°, §2°, III, inserido pela MP n°. 2.166-67,
de 24.08.2001, define reserva legal sendo uma área localizada no interior de uma
propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso
sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.
Segundo FAEP – (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) (2007, [s.n.]),
afirma que a reserva legal, “É a área equivalente a 20% da área total da propriedade que
deve ser preservada ou recuperada com vegetação nativa, e pode ser usada sob regime de
manejo sustentado”.
“Desde o início, o Código Florestal vem sofrendo inúmeras alterações, que
demonstram a dificuldade dos legisladores em conciliar os interesses das várias partes
envolvidas no assunto”, (MENDES, 2005).
O Artigo 44 do Código Florestal fez com que os proprietários recomporem a área de
reserva florestal nativa inferior à reserva legal exigida.
Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa,
natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao
117
estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 5o e 6o,
deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:
I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos,
de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de
acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente;
II - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e
III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica
e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma micro
bacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento. (CÓDIGO FLORESTAL
BRASILEIRO).
A averbação da Reserva Legal tem como única finalidade autorizar o interessado a
desmatar o imóvel, e não é empecilho para o exercício de outros direitos sobre a
propriedade imobiliária. No entanto o artigo 16, §8°, do Código Florestal, afirma:
§ 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula
do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação,
nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área,
com as exceções previstas neste Código.
Mata ciliar ou mata de galeria é a designação dada à vegetação que ocorre nas
margens dos nos, córregos, lagos, represas, nascentes, rios e mananciais. O termo refere-se
ao fato de que ela pode ser tomada como uma espécie de cílio, como os cílios que as
pessoas possuem ou os animais que protegem os olhos, a mata ciliar protege os cursos de
água do assoreamento. Trata – se de uma proteção extremamente eficaz.
Segundo o Código Florestal Federal a Mata Ciliar deve ser considerada como “área
de preservação permanente”, com diversas funções ambientais, devendo respeitar uma
extensão especifica de acordo com a largura do rio, lago, represa ou nascente.
Áreas de Preservação Permanente estabelecidas pelo artigo 2º do Código Florestal
possuem uma função de proteção, em razão da sua situação topográfica - mata ciliar, topo
de morro e áreas com declividade acentuada, de pedologia (estudo dos solos) e
118
conservacionista do ponto de vista de conservação do próprio solo, não sendo passíveis de
utilização em razão das limitações de uso que a própria natureza lhes impõe.
De acordo com o código florestal a largura mínima de faixa da mata ciliar é de 30
metros conforme a largura do rio que é inferior a 10 metros.
Segundo (RODRIGUES & GANDOLFI 2004), as matas ciliares desempenham
papéis ecológicos vitais, principalmente em relação à qualidade e à quantidade da água dos
rios, dos córregos e dos ribeirões que compõem as bacias hidrográficas.
Restaurar matas ciliares é restaurar a integridade ecológica desse ecossistema, sua
biodiversidade e sua estabilidade, no longo prazo, enfatizando e promovendo a capacidade
natural de mudança ao longo do tempo.
A tendência mundial é adotar o termo restauração, definindo seu propósito, seus
desafios e suas limitações ecológicas, econômicas, sociais e técnicas.
Os programas de recuperação de matas ciliares não podem mais ser representados
por meros plantios, que buscam apenas a reintrodução de espécies arbóreas numa dada
área, de onde elas haviam desaparecido, mas devem assumir a difícil tarefa de reconstruir
as complexas interações existentes numa comunidade florestal, de maneira a permitir a sua
auto-perpetuação local.
Inserido neste contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a incorporação da
Reserva Legal à Mata Ciliar em propriedades de até 25 hectares. Para que assim a aceitação
dos produtores rurais quanto à preservação seja bem vista, afinal dessa forma não teriam
prejuízos tão consideráveis. Já que estão perdendo áreas que poderiam estar sendo
utilizadas para a agricultura que são áreas ocupadas pela mata ciliar assim essa incorporada
com a reserva legal.
2 DESENVOLVIMENTO
O trabalho foi realizado no período de Julho a Novembro de 2009, na propriedade
do Sr. Erasmo Baumgartner, no distrito de Alto Santa Fé, município de Nova Santa Rosa –
119
Paraná, com objetivo de recuperar uma área ciliar e verificar a viabilidade de incorporação
a Reserva legal.
Segundo IPARDES (2009), o município de Nova Santa Rosa está localizado na
região Oeste, no Estado do Paraná, nas coordenadas geográficas de latitude 24º27’59’’S e
longitude 53º57’12’’W, abrangendo uma área de 207, 017 km2, com aproximadamente
7965 habitantes.
Para alcançar tal objetivo foi realizado um levantamento de informações teóricas
através da pesquisa exploratória que segundo RUIZ (2002), consiste em uma caracterização
inicial do problema, sua classificação e definição.
Dados coletados:
Área total do lote: 205 900 m2;
Mata ciliar: ao longo do rio a mata ciliar possui varias dimensões. Desde 50m de
largura por 40m de comprimento, a 15m de largura para o restante da faixa ciliar;
Rio: 1,20m de largura (chamado de Sanga Líria);
Solo: coberto com ervas daninha.
Sendo assim a propriedade não esta de acordo com o código florestal. Precisara
mais 15 metros de mata ciliar, uma área total de 3.900 m2 a estar coberta com a mata
ciliar.
De acordo com o Art. 16 do Código Florestal a propriedade deve manter uma área
20% destinada à reserva legal para a formação das florestas e a vegetação nativa.
A propriedade possui uma área de floresta de 50 metros de comprimento por 40
metros de largura. Mas menos a área que é de 30 metros da mata ciliar. Resta, portanto 20
metros por 40 metros = 800 m2, mais não está averbada. De acordo com o código a
propriedade precisa ter 41.180 m2 de reserva legal conforme o Art. 16. Como ela possui em
torno de 800 m2 precisa ter mais 40.380 m2 de reserva legal.
Conforme o código florestal a propriedade deve ter 45.080 m2 com floresta ou
vegetação nativa (mata ciliar + reserva legal).
120
Sobrará para a propriedade 160.820 m2 para o plantio das outras culturas que ela
cultiva.
22/10/2009 - essa atividade realizada para diminuir a altura e o volume das ervas
daninhas presentes, que possuem um crescimento rápido assim competindo com as plantas
a serem plantadas.
Essa limpeza foi realizada com um trator e uma grade. Fazendo uma gradagem em
toda a área a ser recuperada.
05/11/2009 - novamente foi realizada uma gradagem para acabar com as ervas
daninhas remanescentes e aquelas que nasceram após a 1º gradagem.
Marcação das linhas
14/11/2009 - utilização replantada de um trator e um subsolador, que possui dois
hastes com 2 m de distancia entre elas, assim rompendo camadas compactadas do solo
numa profundidade de 50 cm. Assim o sulco resultante torna - se a linha de plantio.
Abertura da cova
22/11/2009 - como as mudas estavam em saquinhos, utilizou-se um enxadão para a
abertura da cova, numa profundidade de 25 cm.
Plantio das mudas
Corta-se o saquinho retirando-o, coloca a muda no meio da cova, preenche com solo
e mantendo o colo um pouco abaixo do solo, levemente se compacta ao redor da muda
utilizando as mãos ou os pés.
As espécies plantadas foram:
Angico Branco
Albizia polycephala
Família: Fabaceae;
Floração: (flores brancas) novembro a dezembro;
Frutificação: inicia-se em maio-junho;
Espaçamento: 4 x 3 m.
121
Utilidade: A madeira é indicada para construção de estruturas externas, peças
torneadas, móveis; construção civil, como vigas, caibros, ripas, marcos de portas e janelas,
tacos e tábuas para assoalhos. Folhas - no combate a lagartas e formigas.
Pau-d'alho
Gallesia integrifolia ou Gallesia gorazema
Família: Fitolacáceas;
Espaçamento: 4 x 3 m;
Possui casca rugosa, flores e madeira de tom esverdeado. Seu nome origina-se em
seu característico odor aliáceo. Também é chamada árvore-de-alho, guararema, ibirarema,
pau-de-mau-cheiro, ubaeté.
Guaritá
Astronium graveolens Jacq.
Família: Anacardiáceas;
Espaçamento: 4 x 3 m;
Floração: junho a agosto, com a árvore totalmente desfolhada;
Frutificação: setembro a outubro.
Uma das melhores madeiras de lei da América do Sul, coloração castanho-
avermelhada, superfície lisa ao tato e de pouco brilho, muito pesada, dura e de boa
durabilidade. Usada em acabamentos internos da construção civil e naval; em obras
externas como postes, mourões e dormentes; na confecção de móveis de luxo, peças
torneadas e carrocerias.
Guabiroba
Campomanesia Eugenio ides (Cambess.) D. Legrand
Família: Myrtaceae;
Espaçamento: 4 x 3 m;
Floração: Outubro e Novembro;
122
Frutificação: Dezembro a Janeiro.
Planta muito variável morfologicamente e rara em toda a área de distribuição.
Altura entre 4 a 7 metros, dotada de copa globosa, densa e baixa, tronco curto e cilíndrico,
revestido por casca grossa e fissurado.
Suas folhas são simples, glandulares, subcoriáceas ou cartáceas, face superior pouco
nítida com nervura central impressa, com ou sem pêlos na face interior. Florescem
abundantemente durante os meses de outubro e novembro, as flores são solitárias,
glandulares, axilares ou laterais, de cor branca com numerosos estames. Possui fruto
subgloboso, glandular, de polpa suculenta, com poucas sementes glandulosas. São
comestíveis e muito apreciados pela avifauna, amadurecem no período de dezembro e
janeiro.
Ipê Amarelo
Tabebuia Alba
Família: Bignoniáceas;
Espaçamento: 4 x 3 m;
Floração: Agosto.
É comumente utilizada em paisagismo de parques e jardins pela beleza e porte.
Além disso, é muito utilizada na arborização urbana.
Segundo MARTINS (1986), o ipê-amarelo costuma povoar as beiras dos rios sendo,
portanto, indicado para recomposição de matas ciliares. Também cita a espécie para
recomposição de matas ciliares da Floresta Estacional Semidecidual, abrangendo alguns
municípios das regiões Norte, Noroeste e parte do Oeste do Estado do Paraná.
Aroeira Pimenta
Schinus terebinthifolius Raddi
Família: Anacardiáceas;
Espaçamento: 4 x 3 m;
Floração: Dezembro e Fevereiro;
123
Frutificação: Março e Abril.
O plantio da pimenta-rosa desponta como uma das alternativas para a diversificação
agrícola, principalmente por ser um produto orgânico.
Jambolão
Syzygium jambolanum
Família: Myrtaceae;
Espaçamento: 4 x 3 m;
Frutificação: Janeiro a Maio.
O jambolão é uma árvore frondosa, de porte médio e copa cheia, ampla, bastante
ramificada. Pode alcançar 10 metros de altura. Suas folhas são coriáceas, lisas e escuras,
com uma nervura central clara e saliente. Suas flores são hermafroditas, brancas ou
amareladas, com longos e numerosos estames e reúnem-se em rácemos terminais. Os frutos
são do tipo baga, pequenos e ovóides como as azeitonas verdadeiras (Olea europea), de
coloração branca que gradativamente torna-se vermelha e posteriormente preta, quando
maduros. A polpa carnosa envolve uma única semente.
Cereja
Eugenia involucrata DC.
Família: Myrtaceae;
Espaçamento: 4 x 3 m;
Floração: Agosto a Setembro;
Frutificação: Outubro a Novembro.
As cerejas são frutos pequenos e arredondados que podem apresentar várias cores,
sendo o vermelho a mais comum entre as variedades comestíveis. polpa macia e é servida
ao natural, como sobremesa., é usada na fabricação de conservas, compotas e bebidas
licorosas, como o,. As cerejas contém proteinas,calcio, ferro e vitaminas A , B e C. Como a
cereja é muito rica em tanino, consumida em excesso pode provocar problemas estomacais,
não sendo aconselhável consumir mais de 200 ou 300 gramas da fruta por dia.
124
Pitanga
Eugenia uniflora
Familia: Myrtaceae;
Espaçamento: 4 x 3;
Floração: Agosto a Outubro;
Frutificação: Outubro a Novembro.
A pitangueira é usada como árvore ornamental em várias cidades brasileiras.
Frutifica de outubro a janeiro. Um dos principais produtores da fruta é o estado de
Pernambuco. A pitanga é arredondada, achatada nas extremidades. Contém vitaminas A,
C, do complexo B, cálcio, ferro, fósforo. A coloração vermelha da fruta deve-se à presença
de licopeno, antioxidante eficaz no combate ao câncer. Pode ser consumidas ao natural, em
sucos, sorvetes, geléias, vinhos, licores e doces.
TABELA 1 – Espécies utilizadas no plantio da área. FONTE: dados da pesquisa
Espécies Plantas Quantidade de cada espécie
ANGICO 56
PAU D’ALHO 56
GUARITÁ 56
GUABIRÓBA 56
IPÊ AMARELO 56
AROEIRA PIMENTA 56
JAMBOLÃO 56
CEREJA 56
PITANGA 56
TOTAL 504
125
3 CONCLUSÕES
Os indicadores de sustentabilidade agrícola levantados propiciaram o
desenvolvimento de um parâmetro para apresentar uma proposta de incorporação da
reserva legal a mata ciliar. Foi possível compor um levantamento da relação da produção
atual da propriedade, utilizando toda a área disponível, e de quanto à produção irá diminuir
com a implantação da reserva legal na propriedade. Ao averiguar o processo de produção
existente na propriedade do Senhor Erasmo Baumgartner observamos que ele deixará de
produzir em média 20% ao ano. De acordo com o código florestal as propriedades rurais
devem ter 20% de sua área destinada à reserva legal, este indicador nós mostra que
propriedades de até 25 hectares se tornam insustentáveis, dessa forma os pequenos
produtores não estão acatando a legislação ambiental em vigor, o que prejudica ainda mais
os ecossistemas.
Torna-se inviável a permanência dos pequenos produtores na zona rural, para
manter uma família de quatro pessoas deve-se ter um bom manejo da área ou, os
agricultores começam a partir para a cidade para tentar uma vida melhor, já que no campo
não conseguem ter uma perspectiva de vida melhor.
Se o código florestal entrar em vigor a produção vai cair, assim teremos menos
alimentos, menos empregos, um volume menor de produtos, a demanda continuará a
mesma, porém o preço irá subir, dessa forma estaremos à margem de uma nova crise
mundial.
Sendo a reserva legal incorporada à mata ciliar, a redução das áreas será menor,
conseqüentemente a redução na produção será menor, assim podendo se manter a pequena
propriedade.
Propriedades que necessitam de mata ciliar devido à existência de um rio e também
de reserva legal saem perdendo diante da legislação, se comparadas a propriedade que não
necessitam de mata ciliar, pela não existência de rios ou riachos em suas áreas. Dessa forma
se torna injusta a questão, já se incorporada à reserva legal a mata ciliar, teremos igualdade
em todas as propriedades.
126
Assim que entrar em vigor está exigência, acabaremos com o maior potencial de
nossa região, que é agricultura e pecuária, os produtores se sentem injustiçados e não
valorizados pelo governo o que causa revolta no meio agrícola.
REFERÊNCIAS
<http://www.mataciliar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=13>. Acesso em 29 de setembro de 2009.
BERRY, Thomas. O Sonho da Terra. Petrópolis: Vozes, 1991.
KOBIYAMA, M. et all. Áreas degradadas e sua recuperação. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.22, n. 210, p. 10-17, mai/jun. 2001.
MACEDO, R.L.G. et all. Princípios de agrossilvicultura como subsidio do manejo sustentável. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.202, p.93-98, jan/fev.2000.
MARTINS,S.S. Estudo do comportamento silvicultural de especies nativas em plantio de enriquecimento: nota previa. Maringa: Universidade Estadual, 1986. 20p.
MENDES, Carlos José. Dissertação para Pós Graduação em Engenharia Ambiental.
NEIVA, A, MOREIRA, M., COZETTI, N., MEIRELLES, S., NORONHA, S., Mineiro, P., Agenda 21, o futuro que o brasileiro quer, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 93 p. 2001.
RODRIGUES, R.R. & GANDOLFI, S. 2004. Conceitos, tendências e ações para a recuperação de Florestas Ciliares. In Rodrigues, R.R. & Leitão Filho, H.F. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. EDUSP/FAPESP 3 ed., p.235-247.
SPAROVEK, COSTA, GUIMARÃES. Revista Caminhos de Geografia, 2009.
127
PERSPECTIVAS PARA O BIODIESEL NO BRASIL – CASE SOBRE
PESQUISAS LOCAIS
Valdemir Aleixo1
PALESTRA
A necessidade de aumentar os rendimentos econômicos de uma forma que o meio
ambiente sofra o menor impacto negativo, vem ao encontro do desenvolvimento de novas
técnicas para a promoção e o estabelecimento do modelo sustentável para a sociedade
moderna. Considerando-se que quaisquer atividades econômicas (agrícolas, industriais,
comerciais) causam impactos significativos ao meio em que se inter-relacionam, as
pesquisas acadêmicas com foco nas questões ambientais, podem contribuir para resolver
alguns problemas do binômio economia/ecologia.
Neste contexto, destacam-se as pesquisas florestais como alternativas elegíveis para
o cultivo em pequenas, médias ou grandes propriedades. As espécies florestais contribuem
para a redução de efeitos nocivos como a erosão, o empobrecimento dos solos e a baixa
qualidade do ar atmosférico, que por conseqüência, trazem outros efeitos negativos
diretamente ligados ao bem estar do ser humano e de toda a cadeia ecológica.
Nesta atmosfera de risco em que o planeta terra se encontra, as discussões sobre os
biocombustíveis têm ganhado cada vez mais espaço nos debates nacional e internacional.
Nos últimos anos, a preocupação com o aquecimento global e as mudanças climáticas tem
levado os países a buscar soluções para estabilizar ou reduzir a quantidade de dióxido de
carbono na atmosfera.
1 Biólogo, Mestre e Doutorando em Agronomia, PPGA, UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon, PR. Professor de Gestão
Ambiental da FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Marechal Cândido Rondon, PR.
128
A atual crise mundial dos combustíveis fósseis e os problemas ambientais causados
por sua utilização, impulsionam o ajuste de novas fontes sustentáveis na produção de
energia.
A biomassa vegetal – procedente de reflorestamentos e florestamentos – apresenta-
se como um atrativo para a manutenção da Matriz Energética Brasileira. Entre as principais
importâncias para este uso, destaca-se a constituição de fontes renováveis de combustível
limpo, que não contribuam com o aquecimento global.
Políticas públicas recentes estão voltadas a projetos para a re-estruturação da Matriz
Energética Brasileira. Para sua composição, especialmente para os casos de produção de
energia motriz, projetos como o pré-sal e os biocombustíveis estão no topo das discussões,
sejam de ordem social, econômica ou ambiental.
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) atua como uma
ferramenta governamental e pretende promover a inserção das novas tecnologias que estão
sendo apresentadas, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional de
forma sustentável; com o objetivo de produzir biodiesel a partir de diferentes vegetais, tais
como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso, soja, dentre outras.
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma Euforbiácea perene, geralmente
cultivado em áreas de solos pouco férteis e de clima desfavorável à maioria das culturas
alimentares tradicionais. Esta oleaginosa é bastante resistente à seca, às pragas e às
doenças. Com um ciclo produtivo que pode chegar aos 40 anos de idade.
Com a possibilidade do uso do óleo do pinhão manso para a produção do biodiesel,
abrem-se amplas perspectivas para o crescimento das áreas de plantio com esta cultura.
Pode-se ainda utilizá-lo na conservação do solo, pois recobre-o com uma camada de
matéria seca, reduzindo a erosão e a perda de água por evaporação, evitando enxurradas,
além do enriquecimento do solo com matéria orgânica decomposta. A evidência dos
estudos sobre fontes oleaginosas dá-se pelo fato do grande interesse por tecnologias verdes
na produção de biocombustíveis.
Pesquisas relacionadas ao pinhão manso, encontram-se em ordem de
estabelecimento e manejo desta cultura. São raros os trabalhos com melhoramento
genético. Grande parte destas pesquisas estão sendo desenvolvidas no centro e no norte do
país (regiões áridas ou semi-áridas).
129
A Unioeste (campus de Marechal Cândido Rondon), por meio dos cursos de
graduação, mestrado e doutorado em agronomia, na linha de pesquisa sobre “Sistemas de
Produção Sustentáveis”, destaca-se como uma das pioneiras nestas pesquisas na região.
Com foco no estabelecimento da cultura em solos paranaenses, para que possa contribuir
para a diversificação de culturas, especialmente para as pequenas propriedades, com vistas
ao PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
A escolha de uma cultura para compor a grade de biodiesel na Matriz Energética
Brasileira, é um processo que depende diretamente das pesquisas em desenvolvimento. É
necessária a definição de alguns fatores como conhecimento e domínio tecnológico da
espécie ou das variedades. Esforços integrados das iniciativas pública e privada buscam a
compreensão e uso da genética, a adequação dos sistemas de produção, a adaptabilidade
local e regional da espécie, a obtenção de distinção-homogeneidade-estabilidade de
cultivares comerciais, focando-se nos arranjos institucionais, técnico-científicos e
produtivos para a expansão competitiva do pinhão manso no Brasil, como alternativa
promissora para um alto rendimento agrícola e industrial.
130
POLUIÇÃO E IMPACTOS AMBIENTAIS: O CASO DAS ÁGUAS
PLUVIAIS EM PERÍMETRO URBANO
Márcia Brülinger Pereira1
Márcia Bloedorn Schmidt²
Andressa Caroline dos Santos²
Patrícia Fritsch²
Tatiane Patrícia Jaskoviak²
Zuleica Caroline Suski²
Valdemir Aleixo³
Resumo: Este trabalho teve como objetivo apresentar os problemas decorridos pelos impactos ambientais gerados por águas pluviais urbanas, desenvolvido às margens da Sanga Guavirá, situada no lado noroeste do Município de Marechal Cândido Rondon/PR, para verificar a quantidade de poluentes nas águas pluviais. O intenso e desordenado crescimento urbano, teve seu maior índice nas ultimas décadas em decorrência da migração da população rural para urbana, por conseqüência a causa de muitos impactos ao meio ambiente, na qualidade de vida da população e nos recursos hídricos. A poluição difusa é gerada pelo escoamento superficial urbano, provenientes da disposição de poluentes de maneira esparsa. O mau planejamento e infra-estrutura dos grandes centros urbanos são fontes de problemas e impactos ambientais, com aumento das precipitações pluviais acontecem às inundações transportando poluentes para as margens dos rios. Apresentar uma alternativa que possa diminuir os impactos ambientais gerados pelo arraste das águas pluviais.
Palavras-chave: poluição das águas, degradação, meio ambiente.
1Acadêmica, Cursando Administração com Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB (Faculdade Luterana Rui Barbosa), Marechal Cândido Rondon, PR. [email protected] 2Aluno, Administração Habilitação em Gestão Ambiental, FALURB (Faculdade Luterana Rui Barbosa), Marechal Cândido Rondon, PR. 3Professor de Gestão Ambiental FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Mestre e Doutorando em Agronomia, UNIOESTE, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, PR.
131
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho teve o objetivo de apresentar informações que possam
contribuir para diminuição dos impactos ambientais gerados através da poluição difusa das
águas pluviais em meios urbanos.
A água é uma substância essencial para a humanidade, pois mantém a vida no
planeta Terra, é fundamental para a manutenção da biodiversidade, produção de alimentos,
preservação da vida e de todos os ciclos naturais (FOLHA, 2006).
“A água é, provavelmente o único recurso natural que tem a ver com todos os
aspectos da civilização humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos valores
culturais e religiosos arraigados na sociedade” (VAL CABRAL, 2009).
“Com o aumento da urbanização e com o uso de produtos químicos na agricultura e
no ambiente em geral, a água utilizada nas cidades industriais e na agricultura retorna aos
rios totalmente contaminados, em grande quantidade” (TUCCI, 2005, pág. 14).
Conforme TUCCI (2008), “o desenvolvimento urbano tem produzido um ciclo de
contaminação, gerado pelos efluentes da população urbana, que são o esgoto
doméstico/industrial e o esgoto pluvial. Esse processo ocorre em razão de”: Despejo sem
tratamento dos esgotos sanitários nos rios, contaminando este sistema hídrico; O esgoto
pluvial transporta grande quantidade de poluição orgânica e de metais que atingem os rios
nos períodos chuvosos; Contaminação das águas subterrâneas por despejos industriais e
domésticos, por meio das fossas sépticas, vazamento dos sistemas de esgoto sanitário e
pluvial, entre outros; Depósitos de resíduos sólidos urbanos, que contaminam as águas
superficiais e subterrâneas, funcionando como fonte permanente de contaminação;
Ocupação do solo urbano sem controle do seu impacto sobre o sistema hídrico.
Todo tipo de agentes poluentes, são os mais variáveis possíveis e capazes de alterar
o meio ambiente, principalmente a água, que é provocada pela conseqüente urbanização da
humanidade e os processos de industrialização onde são lançados diariamente cerca de 10
bilhões de litros de esgoto que poluem rios, lagos, lençóis subterrâneos e áreas de
mananciais (INFOCEFET, 2009).
Conforme SILVA (2009), a falta de tratamento de esgoto é o maior fator da
poluição dos rios, durante séculos o homem utilizou-os como receptores dos esgotos e dos
132
afluentes produzidos pelas indústrias que reúnem grande volume dos tóxicos e metais
pesados.
Segundo AGRO FLORESTA (2009), além da contaminação com produtos
químicos, a poluição é resultante de toda e qualquer ação de aumento das matérias
orgânicas ou coliformes totais.
“A grande concentração industrial e urbana gera cargas poluidoras muito elevadas
em relação à capacidade de assimilação dos corpos d’água que atravessam a região. Por
isso, a quantidade desses rios é insatisfatória para os vários usos possíveis”.
(CUNOLATINA, 2009).
Conforme PROGRAMA CÓRREGO LIMPO (2009), “a conscientização de todos é
fundamental já que muito da poluição dos córregos é resultado do lixo que é jogado nas
ruas e que acabam sendo levados para os corpos d água, a chamada poluição difusa.”
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi desenvolvido de agosto a novembro de 2009, na Sanga Guavirá, a
qual se localiza no noroeste do Município de Marechal Cândido Rondon - PR. O Município
conta com 47.048 mil Habitantes, o qual tem uma densidade de 60,7 hab./km². Seu
território é de 748 km², clima subtropical úmido mesotérmico com verões quentes e geadas
pouco freqüentes, com tendência de concentração de chuvas nos meses de verão, sem
estação seca definida. A média das temperaturas dos meses mais quentes é superior a 22
graus centígrados e a dos meses mais frios é inferior a 18 graus centígrados, relevo
predominantemente suave ondulado, vegetação subtropical, perene, solo argiloso, profundo
e bem drenado.
A cidade de Marechal Cândido Rondon possui rede de galerias de águas pluviais em
praticamente todas as vias pavimentadas com meio-fio, totalizando aproximadamente 57,3
Km de extensão. O destino final são sempre os canais hidrográficos mais próximos.
(PLANO DIRETOR DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON, 2009)
Quanto aos dados de eficiência do sistema de escoamento pluvial da cidade, bem
como as informações sobre obras realizadas e projetas pela Superintendência de
Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do Estado do Paraná (SUDERHSA), ainda não
133
foram obtidos, devendo ser inseridas seqüencialmente na leitura técnica do município.
(Plano Diretor MCR, 2009)
Como ferramenta utilizada para composição deste trabalho, foi utilizada pesquisa
bibliográfica, conforme proposto por Silva e Menezes (2005, p. 21) e pesquisa descritiva,
na qual a realidade da Sanga Guavirá foi descrita. Esta é uma pesquisa que tem “como
objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno
ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.” (GIL, 1999, p. 44). Na pesquisa
descritiva fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem
interferência do pesquisador.
Esse estudo é classificado como pesquisa qualitativa. SILVA E MENEZES (2005,
p. 20), afirma que “há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números”.
Por meio dessa abordagem, se permite analisar a quantidade de resíduos que estão
na água. Compreender como eles se comportam para analisar, avaliar e levantar um
diagnóstico da água.
As análises de coliformes fecais e pH para amostras coletadas in loco, foram
encaminhadas ao laboratório da Empresa Nova Mix – Industrial e Comercial de Alimentos
Ltda., para determinação das variáveis.
Foram realizadas visitas técnicas com o objetivo de avaliar a qualidade da água
deste rio, com o propósito de apresentar soluções para este problema.
Próximo ao local de estudo foram coletados dados dos índices pluviométricos
(2007-2009), provenientes da Estação Meteorológica da Cooperativa Agroindustrial
Copagril, localizada na sede de Marechal Cândido Rondon, PR. Constatou-se que o perfil
pluviométrico médio anual nas proximidades da Sanga Guavirá é típico das regiões
subtropicais, com chuvas mais ou menos regulares.
134
Foto da saída das águas pluviais Bairro Rainha
Fonte: Dados da pesquisa, (2009).
Foto da saída das águas pluviais Bairro Rainha
Fonte: Dados da pesquisa, (2009).
2.1 IMPERMEABILIDADE DOS NÚCLEOS URBANOS
Em decorrência ao crescente desenvolvimento urbano e da população, tem-se
observado nas cidades o aumento dos impactos no meio ambiente, onde o aumento das
inundações pela impermeabilização das águas pluviais, reduz sensivelmente a infiltração,
aumentando o volume escoado superficialmente.
Os principais poluentes e seus impactos são: redução de oxigênio dissolvida;
enriquecimento por nutrientes; hidrocarbonetos; óleos, graxas e os combustíveis em geral
135
contem compostos que pode ser cancerígenos, causar tumores ou mutação em certas
espécies de peixes; contaminação microbiana; o nível de bactérias e vírus ou outros
micróbios provenientes das conexões ilícitas de esgoto; materiais tóxicos: compostos como
metais pesados como cobre, níquel, zinco e cádmio, podem intoxicar organismos e se
acumular na cadeia alimentar prejudicando a saúde da população; lixo: gera um ambiente
desagradável para convivência e diminui o valor recreacional e paisagística dos cursos
(TUCCI, 2002).
Segundo a lei do plano diretor implantada nas cidades, os lotes devem ser
permeáveis de maneira que as águas pluviais cumpram seu ciclo infiltrando-se no solo de
modo que abasteça os lençóis d’água, o que na maioria das cidades isso não ocorre.
A impermeabilização do solo é uma das maiores causas das enchentes nas áreas
urbanas, devido o aumento de escoamento superficial das águas pluviais e não infiltráveis,
eleva o volume dos córregos em períodos de freqüências em principais locais.
Segundo a modificação da lei nº 11.445 art. 19. (2008), “os planos de saneamento
básico deverão incluir medidas para reduzir a velocidade de escoamento de águas pluviais
em áreas urbanas com alto coeficiente de impermeabilização do solo e dificuldade de
drenagem.” (Governo Federal, 2009).
3 RESULTADOS E DISCUÇÃO
Para analisar a água da Sanga Guavirá, foi feito uma coleta de água e encaminhado
para o laboratório da Empresa Nova Mix – Industrial e Comercial de Alimentos Ltda.
A seguir para melhor entender segue as tabelas:
Tabela 1 - Amostra coletada da água da chuva
Aspecto Coloração PH Contagem de coliformes totais Esterichia E.coli
Turva Suja, embarrada 6,08 incontável < X 10° 30X10°
Fonte: Laboratório da Empresa Nova Mix – Industrial e Comercial de Alimentos Ltda.
Como é possível verificar na tabela 1, na amostra coletada da água da chuva, o
aspecto é turvo, sendo a coloração suja e embarrada, apresentando resíduos oleosos,
provenientes do arraste da água da chuva. O pH é de 6,08, nestas condições apresenta-se
136
normal. Para contagem de coliformes totais a amostra coletada apresentou-se incontável
para diluição direta x10°, outro fator importante foi à apresentação de coliformes fecais
Esterichia E.coli na amostra, o que não poderia, pois sub entendesse que pode haver
vazamentos de fossas sépticas ou algo parecido, mas isso é um dado que deve ser estudado
de forma minuciosa para não haver discordâncias a respeito do assunto.
Tabela 2 - Amostra coletada da água do rio
Aspecto Coloração PH Contagem de coliformes totais Esterichia E. Coli
Turva Suja 6,58 incontável < X 10° 58X10°
Fonte: Laboratório da Empresa Nova Mix – Industrial e Comercial de Alimentos Ltda.
Na tabela 2, na amostra coletada da água do rio, o aspecto é turva, sendo a coloração
suja, o pH é de 6,58 dentro da normalidade, portanto o dado de maior relevância é do fato
da apresentação de coliformes totais serem incontáveis para diluição x10°, e fecais
Esterichia E. Coli nas duas amostras tanto para o córrego quanto para as águas pluviais.
3.1 ALTERNATIVAS PARA CONTER POLUIÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS
SILVA E CARVALHO (2009) afirma, o funcionamento de uma Estação de
Tratamento de Efluente compreende as seguintes etapas: pré-tratamento (gradeamento e
desarenação), tratamento primário (floculação e sedimentação), tratamento secundário
(processos biológicos de oxidação), tratamento do lodo e tratamento terciário (polimento da
água).
O esgoto é tratado nas Estações de Tratamento de Efluentes e o tipo de tratamento
varia de acordo com a região. A água resultante desse tratamento pode ser reutilizada para
fins não nobres, como, por exemplo, alguns usos industriais. Quando não reutilizada, é
lançada diretamente nos rios. No Brasil, são despejados diariamente nos córregos e rios
cerca de 10 bilhões de m3 de esgoto. Apenas 4% recebem algum tipo de tratamento
(AMBIENTE BRASIL, 2009).
3.2 TABELAS
137
Analisando as figuras 01 e 02, observa-se que o perfil pluviométrico médio anual
nas proximidades da Sanga Guavirá é típico das regiões subtropicais, com chuvas mais ou
menos regulares. Em média, as máximas precipitações ocorrem durante o mês de outubro,
cerca de 360 mm a 380 mm, enquanto as mínimas ocorrem geralmente nos meses de março
e abril, em torno de 50 mm.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Série1
Série1 103 243 162 186 188 50 124 95 103 77 174 85 359
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
out/08
Figura 01. Índice Pluviométrico do município de Marechal Cândido Rondon, outubro de 2007 a
outubro de 2008.
Fonte: Estação Meteorológica Copagril
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Série1
Série1 359 204 90 121 122 51 28 234 127 151 74 211 382
out/08
nov/08
dez/08
jan/09
fev/09
mar/09
abr/09
mai/09
jun/09
jul/09
ago/09
set/09
out/09
Figura 02. Índice Pluviométrico do município de Marechal Cândido Rondon, outubro de 2008 a
outubro de 2009.
Fonte: Estação Meteorológica Copagril
138
4 CONCLUSÃO
O tratamento das águas pluviais deve ser encarado como um elemento importante,
para que no futuro não tenhamos falta de água para as nossas vidas. O mau investimento
nas infra-estruturas e maus planejamentos, são hoje um dos principais problemas para
geração de impactos ambientais.
Com a implementação de melhores práticas de gestão pode-se garantir a qualidade
da água no meio receptor. Uma combinação da prevenção da poluição e práticas de gestão é
favorecida pelo planejamento e práticas educativas que são geralmente as mais efetivas,
requerendo menos manutenção e têm uma relação custo-benefício melhor a longo prazo.
A quantidade de poluentes carreados pelo escoamento urbano está relacionada à
quantidade de chuva, às condições de limpeza dos pavimentos, ao processo de urbanização
e à intensidade da circulação de veículos.
A degradação do escoamento superficial urbano altera a qualidade dos córregos e
rios urbanos, devido ao lixo que é levado com as águas pluviais.
REFERÊNCIAS
Águas urbanas. Disponível em <www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?...=água.=./água/.../aguasurb.>.Acesso em 17 de setembro de 2009.
CABRAL, Val. A importância da água. Disponível em < valcabral.blogspot.com/.../importancia-da-agua-agua-e-fonte-da.html>. Acesso em 16 de setembro de 2009. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 206 p. Leitura da realidade municipal/mcr fase 2 leitura da. Plano Diretor. 327 p. Disponível em <www.mcr.pr.gov.br/pdiretor/mapas>. Acesso em 18 de novembro de 2009.
139
POLUIÇÃO do meio ambiente. Disponível em < www.infocefet.hpg.com.br/poluicao.html>. Acesso em 22 de setembro de 2009.
PRESERVAÇÃO, e recuperação das nascentes. Disponível em < www.agrofloresta.net/cartilhas/cartilha_nascentes.PDF>. Acesso em 23 de setembro de 2009.
PROGRAMA Córrego limpo primeiros resultados. Disponível em < www.sabesp.com.br/sabesp/filesmng.nsf/.../situacao_corregos.pdf>. Acesso em 18 de novembro de 2009.
PROJETO de lei do senado n° 205, de 2008. Disponível em <www.senado.gov.br/sf/atividade/materia/getTexto.asp?t...PDF>. Acesso em 11 de novembro de 2009.
SILVA, Diego de Toledo Lima da. A importância da água. Estância turística de Joánopolis. São Paulo. Disponível em < www.joanopolis.com.br/.../a-importancia-da-agua.html >. Acesso em 26 de setembro de 2009.
SILVA, Diego de Oliveira e CARVALHO, Antonio R. P. Etapas de um tratamento de efluente. Soluções em engenharia de tratamento de águas. Kurita Handbook. Disponível em < www.kurita.com.br/adm/.../Etapas_do_Tratamento_de_Efluentes.pdf >. Acesso em 21 de setembro de 2009.
SILVA, Edna Lucia da. & MENEZES, Ester Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de Dissertação. 4 ed. Florianópolis: UFSC, 2005. Disponível em: <www.posarq.ufsc.br/download/metpesq.pdf>. Acesso em 04 de novembro de 2009.
TUCCI, Carlos E. M. Águas urbanas. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2009. Disponível em <www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid.>. Acesso em 27 de setembro de 2009.
TUCCI, Carlos E. M.. Gestões da águas pluviais urbanas. Ministério das cidades - Global water partnership - Wolrd bank – Unesco, 2005. Disponível em <4ccr.pgr.mpf.gov.br/...de.../GestaoAguasPluviaisUrbanas.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2009.
140
TUNDISI, José Galizia e TUNDISI, Takako Matsumura. Entenda a importância e as conseqüências do seu mau uso. São Paulo. Publifolha, 2009.Disponível em <www1.folha.uol.com.br/folha/.../ult306u15713.shtml>. Acesso em 26 de setembro de 2009.
141
PROGRAMAS DE FOMENTO DO GOVERNO COMO
ALTERNATIVAS PARA OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTOS – O
CASO DO BIODIESEL
Cristina Luisa Lizzoni1
Fabiane Hart2
Eliane Fátima Senger2
Valdemir Aleixo3
RESUMO: Este trabalho foi realizado em uma propriedade rural, localizada na Rodovia Dr. Ernesto Dall'Óglio (BR 163), S/N – Distrito de Dois Irmãos – Toledo/PR, com objetivo de buscar informações referentes a programas de fomento governamental que subsidiam a produção e extração do óleo biodiesel. A propriedade em estudo possui atualmente, sua área subdivida em quatro partes, sendo uma delas, de interesse da pesquisa, um campo experimental em parceria com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, para ensaios universitários; que envolve entre outras pesquisas, a implantação do pinhão manso, planta essa, que possibilita a extração do biodiesel. Este estudo foi desenvolvido no período entre fevereiro a dezembro de 2009. Utilizou-se de pesquisa bibliográfica, visitas a campo, entrevistas com proprietários pertencentes aos distritos do interior de Marechal Cândido Rondon/PR e com a proprietária da propriedade em estudo, com o intuito de reunir informações sobre o local e da usabilidade dos programas de fomento que o governo criou e oferece pelos pequenos produtores.
Palavras-chave: biodiesel, programas, pinhão manso.
1 INTRODUÇÃO
“Atualmente as preocupações com o meio ambiente adquirem suprema importância.
A humanidade defronta-se com toda uma série de problemas globais que estão danificando
a biosfera e a vida humana de uma maneira alarmante, e que pode logo se tornar
irreversível.” (CAPRA, 1996, p.23).
1 Bacharel em Administração, Gestão Ambiental, FALURB, Marechal Cândido Rondon, PR. [email protected]. 2 Bacharel em Administração, Gestão Ambiental, FALURB, Marechal Cândido Rondon, PR. 3 Biólogo, Mestre e Doutorando em Agronomia, UNIOESTE. Professor de Gestão Ambiental, FALURB. Orientador do Trabalho, Marechal Cândido Rondon, PR.
142
A gestão ambiental tem como objetivo ordenar as atividades humanas a fim de que
minimizem os impactos sobre o meio ambiente, através do cumprimento de leis, escolha
das melhores técnicas, alocação correta de recursos humanos e financeiros, de acordo com
o que afirma BRUNS (2009).
Para BUAINAIN et al (2009), a história e os acontecimentos ocorridos, comprovam
que apesar de tantas mudanças feitas e das oportunidades que passaram, ainda tem-se a
necessidade de melhorar as condições para eliminar a pobreza e a distribuição de renda,
através de projetos de desenvolvimento rural apoiado na produção familiar.
O avanço tecnológico tem proporcionado inúmeras alternativas para geração de
renda, principalmente pesquisas voltadas para beneficiar pequenas propriedades rurais.
Diante disso, o governo criou programas de incentivos, tais como: Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, e o Programa Nacional de Produção e
Uso de Biodiesel – PNPB.
O PRONAF, programa do Governo Federal criado em 1995, conforme estudos de
SILVA FILHO (2009) têm como objetivo “atender de forma diferenciada os mini e
pequenos produtores rurais que realizam suas atividades mediante emprego direto de sua
força de trabalho e de sua família.”
Segundo FERREIRA & PASSADOR (2009), em janeiro de 2005 foi criado o
PNPB, com objetivo de reduzir os tributos federais sobre a produção de biodiesel, com a
condição que empresas produtoras incluam em seus projetos, a agricultura familiar,
obtendo assim o selo combustível social. Neste contexto se enquadra a produção do pinhão
manso que atualmente é uma das grandes alternativas para a composição da matriz
energética, no que se refere à produção de biodiesel. (ALEIXO et al, 2009).
A coleta de dados deu-se através da realização de entrevistas junto aos pequenos
produtores rurais do interior do Município de Marechal Cândido Rondon /PR, com o
objetivo de apresentar aos proprietários os programas de Fomento do Governo Federal que
contribuem para o melhoramento das atividades das pequenas propriedades rurais.
143
2 AGROECOLOGIA
Segundo LEFF (2009, p.4), “a agroecologia surgiu, precisamente, de uma interação
entre os produtores [...] e os pesquisadores e professores mais comprometidos com a busca
de estratégias sustentáveis de produção.”
Conforme CAPORAL (2009), “agroecologia é entendida como um enfoque
científico destinado a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de
agricultura convencionais para estilos de desenvolvimento rural e de agriculturas
sustentáveis.”
A Agroecologia, em confronto com os modelos agrícolas atuais, se caracteriza com
um novo modelo de agricultura mais sustentável, direcionada para o bem comum e ao
equilíbrio ecológico do planeta, como uma ferramenta para a sustentabilidade e a segurança
alimentar das comunidades rurais (LEFF, 2009).
A agroecologia sugere alternativas sustentáveis em substituição às práticas
predadoras da agricultura capitalista e à violência com que a terra foi forçada a dar seus
frutos (LEFF, 2009).
3 BIODIESEL
A bibliografia apresenta uma vasta lista de plantas oleaginosas que possibilitam,
além da extração do óleo para a produção do Biodiesel, também, a obtenção de subsídios
por meio dos programas governamentais que incentivam a produção deste biocombustível.
Entre elas, pode-se citar: soja, dendê (palma), mamona, babaçu, caroço de algodão,
girassol, canola, pinhão manso e amendoim. (MELO, 2009).
Esse combustível substitui total ou parcialmente o diesel de petróleo em motores
ciclodiesel de caminhões, tratores, camionetas, automóveis e também para geração de
energia e calor. Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. A
mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente,
até o biodiesel puro, denominado B100. (BRASIL, 2009c, p.4).
144
Conforme pesquisas, “para a mistura de 2% do biodiesel ao diesel de petróleo, será
necessário 1,5 milhões de hectares, o que representa apenas 1% da área plantada e
disponível para agricultura no País.” (BRASIL, 2009c, p. 6).
O óleo de biodiesel pode ser usado para geração de energia elétrica em comunidades
isoladas que atualmente dependem de geradores que são movidos a óleo diesel. (BRASIL,
2009c).
Entre todos estes benefícios e oportunidades já mencionados, ainda podemos
salientar que:
O biodiesel contribuirá para melhorar a qualidade do ar nos grandes centros urbanos
a partir da redução da emissão de gases poluentes. Isto porque substituirá parcialmente o
óleo diesel, derivado de petróleo. O uso do biodiesel também possibilita o atendimento dos
compromissos firmados no âmbito da Convenção do Clima e pode proporcionar a obtenção
de créditos de carbono, sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), no âmbito
do Protocolo de Quioto. (BRASIL, 2009c, p.9).
Ainda de acordo com esta pesquisa, “o Brasil reúne condições ideais para se tornar
um grande produtor mundial de biodiesel, pois dispõe de extensas áreas agricultáveis, parte
delas não propícias ao cultivo de gêneros alimentícios, mas com solo e clima favoráveis ao
plantio de inúmeras oleaginosas.” (BRASIL, 2009c, p. 3).
A produção e o uso do biodiesel têm sido bastante incentivados pelo Governo
Federal através do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), bem como
pelos governos de diversos Estados e municípios. O incentivo dos governos ao biodiesel se
caracteriza por um forte cunho social. O biodiesel também pode ser importante para reduzir
a importação de óleo diesel e pode representar uma importante oportunidade de
desenvolvimento econômico para diversas regiões do País. (MELO, 2009).
4 PNPB – PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL
“O programa foi desenvolvido por um grupo de trabalho Interministerial, do
Governo Federal nos anos de 2003, o que deu origem ao Decreto nº. 5.297, de 6 dezembro
de 2004, este considerado o marco regulatório do biodiesel.” (SANTOS & CORREIA,
2009, p.7).
145
Este programa para o SECON – Secretária de Comunicação Social da Presidência
da República (2009) foi lançado devido o Brasil apresentar um forte potencial para atender
uma crescente demanda por combustíveis de fontes renováveis que viria a beneficiar a
agricultura familiar, gerando emprego e renda, reduzindo a desigualdade regional e
contribuindo para a economia de divisas e melhorar as condições ambientais.
O governo brasileiro elaborou o PNPB que tem por objetivo implementar a
produção de ésteres de óleo vegetal – biodiesel - de forma sustentável, tanto técnica, como
economicamente, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via
geração de emprego e renda. (NASCIMENTO et al, 2009, p.3).
AVZARADEL (2009) em suas pesquisas menciona as diretrizes que traz o PNPB,
entre elas cita “a garantia de preços competitivos, qualidade e suprimento e instituem que a
produção de biodiesel deve ser realizada a partir de uma variedade de oleaginosas,
cultivadas nas diversas regiões do país.”
O PNPB “não é limitado, o mesmo permite a utilização de diversas oleaginosas
cultivadas no País, cujo óleo vegetal, contraído por esmagamento, e pode ser processado de
diferentes formas tecnológicas.” (BRASIL, 2009c).
Os produtores familiares que estão ingressando no PNPB podem contribuir para um
dos principais objetivos do programa, que é produzir biodiesel de forma sustentável técnica
e economicamente, promovendo a inclusão social, através da geração de ocupação e renda
para grande parte da agricultura familiar. O desafio do governo e dos demais atores
envolvidos com o programa é estabelecer também novas medidas que possam favorecer a
participação desses produtores familiares que mais necessitam dos incentivos do programa,
para que possam produzir e gerar sua própria renda. (FERREIRA & PASSADOR, 2009).
CARVALHO (2006) citado por AVZARADEL (2009), comenta que o programa
tem a preocupação de disseminar a importância da permanência dos agricultores e sua
família no campo, através da ampliação da agricultura e aproveitamento de solos
impróprios para a produção de alimentos.
A sua implantação contempla as especificidades regionais no que se refere ao tipo
de oleaginosa, não excluindo quaisquer alternativas. Além do agronegócio, o Programa
privilegia a participação da agricultura familiar, estimulando a formação de cooperativas e
consórcios entre produtores. (BRASIL, 2009c, p.4).
146
5 PRONAF – PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA
AGRICULTURA FAMILIAR
O PRONAF, programa do Governo Federal criado em 1995, conforme estudos de
SILVA FILHO (2009) têm como objetivo “atender de forma diferenciada os mini e
pequenos produtores rurais que realizam suas atividades mediante emprego direto de sua
força de trabalho e de sua família.”
Conforme o BANCO CENTRAL DO BRASIL (2009), o PRONAF tem a finalidade
de prestar apoio financeiro para atividades agropecuárias e não-agropecuárias mediante
emprego direto da força de trabalho do produtor rural e de sua família.
É um programa do Governo Federal que tem por finalidade promover o
desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares, de
modo a propiciar-lhes o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos e
melhoria de renda. O programa é operado com recursos do Orçamento Geral da União -
OGU, repassados aos estados, Distrito Federal, municípios e entidades privadas de acordo
com as etapas do empreendimento executadas e comprovadas. (CEF, 2009).
Conforme o BANCO CENTRAL DO BRASIL (2009), “os créditos podem ser
adquiridos de forma individual, coletiva ou grupal.”
AVZARADEL (2009, p.33), salienta que o PRONAF possui linha de crédito para a
produção de biodiesel. Agricultores familiares que já possuem financiamento do PRONAF
para culturas tradicionais como o arroz, feijão e milho podem requisitar crédito adicional
para o plantio de oleaginosas. As taxas de juros cobradas pelo PRONAF são menores do
que as taxas praticadas no mercado e estão previstos descontos do valor principal para o
agricultor que quitar a dívida no vencimento. Os tipos de investimentos financiados podem
envolver o custeio da produção e a aquisição de máquinas, dentre outros.
147
6 PAA - PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS
Conforme CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (2009),
o PAA tem como objetivo incentivar a agricultura familiar, sua estruturação e seu
desenvolvimento, através de ações visando à distribuição de alimentos para pessoas em
situação de incerteza alimentar e à formação de estoques. O programa é ativado após a
colheita, no momento da comercialização, quando o produtor busca vender a produção com
preço justo, a fim de compensar investimentos, mão-de-obra e custos com a produção e que
permitam a obtenção de recursos financeiros suficientes para a sobrevivência de sua família
com dignidade.
Considerado como uma das principais ações estruturantes da estratégia Fome Zero,
o PAA constitui-se em mais um mecanismo de apoio à agricultura familiar, a exemplo do
Programa Nacional de Agricultura Familiar - PRONAF e do Proagro Mais, seguro
específico para os agricultores familiares. A operacionalização do PAA é simples, pois a
compra é feita diretamente pela Conab, por preço compensador, respeitando as
peculiaridades e hábitos alimentares regionais e a situação do mercado local. (CONAB,
2009).
O programa adquire alimentos com preços que não podem ser superiores nem
inferiores aos praticados no mercado atuante, com dispensa de licitação, até o limite de R$
3.500,00 ao ano por agricultor familiar que se enquadra no PRONAF, com exceção para a
modalidade de Incentivo à Produção e Consumo do Leite, cujo limite é semestral
(BRASIL, 2009b).
7 PROGRAMA TRATOR SOLIDÁRIO
Conforme AGÊNCIA DE FOMENTO DO PARANÁ S.A (2009), o programa trator
solidário é um linha de financiamento de tratores e implementos, bem como de
equipamentos agrícolas e pecuários em que os fornecedores, mediante sistema de registro
de preços junto ao Governo do Paraná, garantem preços abaixo do mercado. O Governo
Estadual também se apresenta nos contratos de financiamento garantindo a conversão das
148
prestações em sacas de milho. A figura 4 demonstra um dos modelos de tratores que podem
ser adquiridos através do programa.
Segundo BEM PARANÁ (2009), no momento da compra, o valor do trator é
transformado em sacas de milho e o produtor saberá exatamente a dimensão da sua dívida,
desde o início até o final do contrato. Se o preço do milho cair muito no mercado, o
produtor não será prejudicado com o aumento da dívida, porque a Agência de Fomento
garante esta diferença.
O financiamento para compra do trator pelo agricultor familiar é concedido pelo
Banco do Brasil com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (PRONAF) Investimentos e pela Agência de Fomento, do governo do Paraná, que
garante a equivalência-produto nos financiamentos. (AGÊNCIA ESTADUAL DE
NOTÍCIAS, 2009).
De acordo com a AGÊNCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS (2009), a aquisição de
tratores pode ser feita individualmente ou em grupo. O prazo de financiamento é de até dez
anos, com até cinco anos de carência - nos outros cinco, os pagamentos serão anuais com
juros médios de 3% ao ano.
8 PROGRAMA MAIS ALIMENTO
O Programa Mais Alimento “trata-se de uma linha especial de crédito que destina
recursos para investimentos em infraestrutura da propriedade rural. A linha financia até R$
100 mil que podem ser pagos em até dez anos, com juros anuais de 2% e três anos de
carência.” (BRASIL, 2009a).
Segundo MOURA (2009) o programa não se restringe a mais créditos nos bancos, e
sim refaz a assistência técnica brasileira atual, com o aumento de investimentos no
melhoramento de solo e pastagens, de sementes e de genética, através dos recursos do
PRONAF.
O objetivo do MDA é que a agricultura familiar produza o excedente de 18 milhões
de toneladas até 2010, em especial na produção de leite, milho, feijão, arroz, mandioca,
trigo, aves, café, frutas, arroz, cebola. A agricultura familiar representa 70% dos alimentos
que chegam à mesa dos brasileiros. Esse segmento produtivo é responsável, por exemplo,
149
por 89% da mandioca, 67% do feijão, 70% dos frangos, 60% dos suínos, 56% do leite, 69%
da alface e 75% da cebola produzidos no Brasil – seja para o mercado interno, seja para
exportação. (MOURA, 2009).
Para os agricultores que pretendem ingressar no Programa Mais Alimento em busca
de financiamentos, os produtores devem comparecer a SAGRI - Secretaria do Estado de
Agricultura, com os documentos: CPF, RG, Certidão de Casamento, Documento de
Propriedade, Contrato de Arrendamento ou Comprovante, que após a apresentação serão
analisados pela EMATER e sujeitos à aprovação (SECRETARIA, 2009). De acordo com
estudos, “a previsão do Governo Federal é de que até a safra de 2010, a linha de crédito do
Programa Mais Alimento, possua 1 milhão de produtores e 25 bilhões de reais em
investimentos.” (SECRETARIA, 2009).
9 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi desenvolvido no período compreendido entre fevereiro e dezembro
de 2009, em área particular no Distrito de Dois Irmãos, Município de Toledo/PR, sendo que
esta pequena propriedade rural serviu como ferramenta de análise para composição deste
trabalho.
A aplicação de uma entrevista, com posterior desdobramento em um diagnóstico,
em outras propriedades rurais, foi realizada com o objetivo de captação de dados para
caracterizar a situação dessas áreas, no Oeste Paranaense.
Este estudo se constitui em um diagnóstico para pequena propriedade rural, no qual
se procura avaliar como os programas do governo que subsidiam a produção de plantas
oleaginosas que possibilitam a extração do biodiesel podem vir a beneficiar os agricultores
Para tanto, esta pesquisa se caracteriza como aplicada e se realiza por meio de
pesquisas bibliográficas, nas quais buscaram-se informações referentes aos programas
governamentais de subsídios. Portanto, utiliza-se a lógica dedutiva, partindo-se do geral
para o particular. Pretende-se analisar o assunto pesquisado, envolvendo questões sobre
agroecologia e programas do governo, até se chegar à realidade característica das pequenas
propriedades rurais da Região Oeste do Paraná, quanto à utilização do programas.
150
Conforme SOARES (2003, p.41), “a pesquisa, em seu sentido mais amplo, é busca
da verdade [...] o pesquisador tem um compromisso ético com a verdade, com o saber [...]
tem uma ‘hipoteca social’, a qual deve ser paga com seu esforço e compromisso de buscar a
verdade.”
Quanto ao processo, a pesquisa divide-se em dois momentos. Primeiramente se
valerá de dados numéricos, a partir de relatórios e gráficos, caracterizando-se por um
processo quantitativo e, no segundo momento, valer-se-á de dados qualitativos, pois, por
intermédio das entrevistas, permite-se avaliar a situação dos entrevistados e como estes
podem ser beneficiados pelos programas do governo.
Quanto aos objetivos gerais, este estudo é realizado de forma explicativa, visto que
busca caracterizar como as pequenas propriedades rurais podem se enquadrar para receber
recursos dos programas PRONAF e PNPB.
Quanto aos procedimentos adotados, uma das técnicas utilizadas é a pesquisa
bibliográfica que, segundo MARION et al (2002, p.62), objetiva explicar um problema com
base em contribuições teóricas publicadas em documentos (livros, revistas, jornais etc.) e
não por intermédio de relatos de pessoas ou experimentos. Pode ser realizada de forma
independente ou estar inserida (levantamento bibliográfico) nos demais tipos de pesquisa.
A propriedade em estudo foi adquirida no ano de 2008, sendo assim, um período
muito curto para a obtenção dos dados. Por este motivo, a entrevista foi aplicada a
pequenos produtores do interior de Marechal Cândido Rondon/PR, e seus resultados
poderão ser aplicados à propriedade em estudo e a outras propriedades que pretendam
cultivar plantas oleaginosas. e buscar os programas governamentais de subsídios.
O procedimento para a coleta de dados ocorre pelo método de levantamento, por
intermédio de entrevista (Apêndice A), a partir da qual foram elaboradas perguntas claras,
através de linguagem simples e direta, para que os entrevistados pudessem compreender o
que estava sendo perguntado. A entrevista foi elaborada no mês de agosto de 2009, com um
total de 18 (dezoito) questões, sendo 9 (nove) fechadas e 9 (nove) abertas, para que
pudessem ser feitas anotações que complementassem as perguntas e que satisfizessem os
objetivos estabelecidos. A entrevista foi aplicada no mês de setembro de 2009 junto às
propriedades e se deu num total de 20 entrevistados, número este satisfatório para as
informações necessárias A duração das entrevistas teve em média 30 (trinta) minutos, com
151
esclarecimento de dúvidas quando necessário, principalmente sobre os programas
governamentais de subsídios.
Cada componente do grupo ficou encarregado de realizar 1/3 da entrevista, foram
coletados cadastros de produtores junto a Copagril, de alguns distritos de Marechal
Cândido Rondon, sendo eles: Iguiporã, São Roque e Margarida. Para a seleção dos
entrevistados foram escolhidas propriedades rurais com no máximo 36,3 hectares, assim
enquadradas no grupo das pequenas propriedades rurais.
As questões foram elaboradas para buscar informações sobre as propriedades,
como: o tamanho das propriedades, em quanto estão avaliadas, quantas pessoas trabalham
diretamente, se os proprietários necessitam de mão-de-obra terceirizada para o manejo da
terra, que tipo de equipamento agrícola possui, quantas atividades atuam se possuem
acompanhamento técnico e participam de cooperativas ou associações, qual a renda mensal
de cada propriedade e quanto cada atividade representa nesse montante, se conhecem
algum programa do governo, já adquiriram ou tem interesse em adquirir, se tem objetivos
de expandir ou diversificar a produção e se pretendem continuar vivendo na pequena
propriedade.
A partir dos resultados obtidos por intermédio das entrevistas, elaboraram-se
gráficos citados no transcorrer do trabalho e que demonstram os resultados sob forma de
percentuais. O que possibilita que sejam feitas sugestões e avaliações sobre os mesmos.
O estágio para a realização do trabalho foi realizado na propriedade da Sr. Juliana
Ester Lunkes Aleixo, pelo fato da pequena propriedade ter sido adquirida há pouco tempo,
sem qualquer estrutura, e com interesse por parte dos proprietários em buscar melhorias e
programas governamentais de subsídios.
10 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na entrevista realizada com os pequenos produtores, perguntou-se qual o meio de
comunicação pelo qual tomam conhecimento sobre os programas governamentais lançados
pelo Governo Federal, e foi constatado que as cooperativas são fortes intermediárias de
informação (Gráfico 1), assim como a mídia (rádio/jornal), ambas representam 38% das
fontes.
152
38%
10%
38%
14%
Cooperativas Associações Mídia Outros Meios
Gráfico 1 – A importância da mídia e das cooperativas como intermediárias de
Informações do Governo Fonte: Dados da pesquisa
Verificando a importância que a mídia e as cooperativas representam dentro do
meio rural, a influência que exercem sobre os agricultores, faz-se necessário à elaboração
cada vez mais de programas que vem a facilitar a vida da população rural. Pode-se observar
que apesar da disseminação das informações, entre os entrevistados, se igualam o número
de propriedades que possuem ou que já possuíram algum programa do governo com
aquelas que demonstram desinteresse em adquiri-los, por vários motivos, entre eles, a
burocracia exigida para conseguir se enquadrar dentro dos requisitos e também a falta de
compreensão e conhecimento do assunto. Muitos já constroem a idéia de que o programa
não venha para beneficiá-los, fazendo com que os mesmos não busquem informações.
11 CONCLUSÃO
Apesar de muitos produtores considerarem a busca por programas governamentais
de subsídios muito burocráticos, demora, ou mesmo, desnecessária, estes programas,
podem auxiliar a pequena propriedade, para que tenham outra fonte de renda que sirva de
segurança, no momento que uma das atividades apresentarem declínio. A pesquisa
153
realizada mostrou que o Governo tem lançado inúmeros programas que vem para dar
estabilidade a estes proprietários, principalmente àqueles que empregam mão-de-obra
familiar.
O PRONAF que é utilizado por 50% de nossos entrevistados, mostrou-se como a
alternativa de aquisição de recursos financeiros, mais adequado para os agricultores
familiares. Apesar da burocracia exigida para conseguir sua aprovação, possui uma grande
variedade de linhas de crédito com prazos e carências que possibilitem que o produtor
consiga honrar com suas dívidas com um bom planejamento.
Este trabalho buscou mostrar aos pequenos produtores o quanto sua permanência no
meio rural, não é mais um fato ilusório, que ele possui saídas para uma atividade
economicamente sustentável, através da diversificação, e que a busca pela aquisição dos
programas que o Governo criou e oferece, proporcionam investimentos que possam
melhorar as condições, aumentando conseqüentemente a produtividade, a qualidade de vida
e a sobrevivência da pequena propriedade rural.
Na propriedade em estudo estão sendo realizados estudos para a UNIOESTE, cujo
objeto de estudo é o pinhão manso, uma planta oleaginosa que possibilita a extração do
biodiesel. A produção dessa planta, que possibilita a extração do óleo para a produção do
biodiesel, tem como característica, a fácil adaptação, inclusive, em solo impróprio para a
produção de produtos alimentícios. Por este motivo, o cultivo do pinhão manso, além de ser
uma alternativa para a diversificação da propriedade, pode ser outra fonte de renda com a
extração do óleo e investimentos para o cultivo dessa espécie são subsidiadas pelos
programas dos governo.
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA DE FOMENTO DO PARANÁ SA. Programa trator, implementos e equipamentos solidários. Disponível em: <http://www.afpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=17>. Acesso em: 30 out. 2009. AGÊNCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS. Programa trator solidário beneficia mais de 400 agricultores familiares. Disponível em: <http://www .aenoticias.pr.gov.br /modules /news/ article.php?storyid =34967>. Acesso em: 22 maio 2009.
154
ALEIXO, Valdemir et al. Índice de velocidade de emergência de pinhão manso testados em ambiente controlado e ambiente natural em função da procedência. Marechal Cândido Rondon, 2009. Trabalho inédito.
AVZARADEL, Ana Carolina. A contribuição da política estadual para viabilizar a participação da agricultura familiar no programa nacional de produção e uso de biodiesel: o caso da Bahia. 2008. 199 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Planejamento Energético) – Universidade Federal do Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/anaavzaradel.pdf>. Acesso em: 30 out. 2009.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Faq – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/pronaf.asp>. Acesso em: 30 out. 2009.
BEM PARANÁ. Sudoeste encaminha 900 propostas para compra do trator solidário . Disponível em: <http://www.bemparana.com.br/index.php?VjFSQ1VtUXlWa1pqU0ZKUFVrZDRVRlZyV2xabFZsSnlWVzVLYVZadVFsWlVWV2gzVkd4V1ZVMUVhejA9 >. Acesso em: 30 out. 2009. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Programa Mais Alimentos impulsiona venda de tratores. Disponível em: <http://www.fomezero.gov.br/noticias/programa-mais-alimentos-impulsiona-venda-de-tratores/?searchterm=None>. Acesso em: 26 maio 2009b. BRASIL. Ministério do desenvolvimento social e combate à fome. Os alimentos da agricultura familiar no combate à fome. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-san/programa-de-aquisicao-de-alimentos-paa>. Acesso em: 22 maio 2009c. BRASIL. Ministério de minas e energia. Brasília, DF. Biodiesel: o novo combustível do Brasil. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/galerias/arquivos/biodiesel/cartilha_biodiesel_portugues.pdf>. Acesso em: 17 set. 2009d.
155
BRUNS, Giovana Baggio de. Afinal, o que é gestão ambiental? 04 abr. 2006. Disponível em: <http://www.ecoviagem.com.br/fique-por-dentro/artigos/meio-ambiente/afinal-o-que-e-gestao-ambiental--1348.asp>. Acesso em: 28 fev. 2009. BUAINAIN, Antônio Márcio; ROMEIRO, Ademar R.; GUANZIROLI, Carlos. Agricultura familiar e o novo mundo rural. Scielo Brasil. Porto Alegre: ano 5, 10. ed., p. 312-347, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222003000200011>. Acesso em: 27 maio 2008.
CAPORAL, Francisco Roberto. Agroecologia não é um tipo de agricultura alternativa. Disponível em: <http://www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/0730211685.pdf>. Acesso em: 16 out. 2009.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 14 ed. São Paulo: Cultrix, 1996. 256 p.
CEF – Caixa Econômica Federal. PRONAF - Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar. Disponível em: <http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=http%3A%2F%2Fwww.sbsaf.org.br%2Fanais%2F2002%2Ftrabalhos%2F020.pdf&meta=&aq=f&oq=>. Acesso em: 30 out. 2009.
CONAB. Programa de aquisição de alimentos – PAA. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/agriculturaFamiliar/paa_objetivos.html>. Acesso em: 22 maio 2009.
FERREIRA, Vicente da Rocha Soares; PASSADOR, Cláudia Souza. Inclusão social no PNPB. BIODIESELBR. Curitiba. 26 maio 2008 Disponível em: <http://www.biodieselbr.com/notícias/biodiesel/inclusao-social-no-pnpb-26-05-08.html>. Acesso em: 17 set. 2009.
LEFF, Enrique. Agroecologia e saber ambiental. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: v. 3, 1. ed., 2002, p. 36-51. Disponível em: <http://www.emater.tche.br/docs/agroeco/revista/ano3_n1/revista_agroecologia_ano3_num1_parte08_artigo.pdf>. Acesso em: 27 maio 2009.
MARION, José Carlos; DIAS, Reinaldo; TRALDI, Maria Cristina. Monografia para os cursos de administração, contabilidade e economia. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2002. 62 p.
156
MELO, J. C.; BRANDER JR, W.; CAMPOS, R. J. A.; PACHECO, J. G. A.; SCHULER, A. R. P.; STRAGEVITCH, L. Avaliação preliminar do potencial do pinhão manso para a produção de biodiesel. Recife: UFPE, 2008. p. 198-203. Disponível em: http://www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/producao/Preliminar20.pdf. Acesso em: 27 maio 2009. MOURA, Ricardo. Governo Federal lança programa “Mais Alimentos” em Julho. Disponível em: <http://blog.cnpat.embrapa.br/?p=329>. Acesso em: 29 maio 2009.
NASCIMENTO, Juliana Eiko; NOTOYA, Elaine Yumi; FERREIRA, Maria Rosângela. A cadeia produtiva de biodiesel e as possibilidades no mercado de carbono. Disponível em: <www.projetobr.com.br/c/document_library/get_file?folderId=74&name=315.pdf&download=true.>. Acesso em: 11 jun 2009.
SANTOS, Samir Pereira dos; CORREIA, Mary Lucia Andrade. Programa Nacional de Produção e uso do biodiesel e o desenvolvimento sustentável. Fortaleza. Disponível em: <http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/vii_en/mesa2/trabalhos/programa_nacional_de_producao.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2009c.
SECON. Programa Nacional de produção e uso de Biodiesel (PNPB). Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br/docs/Folder_biodiesel_portugues_paginado.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2009. SECRETARIA de Agricultura desenvolve o Programa "Mais Alimentos" no município. Disponível em: <http://www.farolcomunitario.com.br/uberaba_200_0111.htm>. Acesso em: 29 maio 2009. SILVA FILHO, José Brandt. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF. Disponível em: <http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo26.htm>. Acesso em: 28 fev. 2009. SOARES, Edvaldo. Metodologia científica: lógica, epistemologia e normas. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2003. 41 p.
157
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COMO INDICADOR SOCIAL,
ECONÔMICO E AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE MARECHAL
CÂNDIDO RONDON, PR – ANÁLISE PRELIMINAR
Luciane Andrea Goebel Meurer1
Rúbia Paola Chiarani2
Lidiane Caroline de Lima2
Fátima Aleixo Chiotti2
Andressa Cristina Parlato2
Raphael Renan Rech2
Valdemir Aleixo3
RESUMO: Este deseja informar sobre o desenvolvimento de uma pesquisa realizada no município de Marechal Cândido Rondon, PR, que teve como objetivo identificar a associação entre classes sociais com resíduos urbanos e quantidades produzidas. Para desenvolver a mesma fez-se necessário uma coleta de sacolas contendo resíduos sólidos urbanos em três setores da cidade e o seu conteúdo foi avaliado, quantificado e classificado. A partir daí foi possível fazer relação sobre os produtos, quantidades e marcas mais adotadas em cada uma das classes sociais pesquisadas e a forma de disposição destes resíduos; se separados materiais secos de orgânicos, recicláveis de não recicláveis.
Palavras-chaves: Resíduos sólidos urbanos, indicador de sustentabilidade, reciclagem.
1 INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos urbanos ou lixo, têm conceito variável, pois sofrem influência
direta da época e local, além de fatores econômicos, ambientais, tecnológicos e sociais.
Para os pesquisadores SCHMIDELL & VITORATTO (1992), o lixo urbano e o esgoto
doméstico “continuam a ser um dos maiores problemas de grandes centros populacionais:
1 Acadêmico concluinte do curso de Administração com Habilitação em Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cândido Rondon, Paraná, [email protected] 2 Acadêmico concluinte do curso de Administração com Habilitação em Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB, Marechal Cândido Rondon, Paraná. 3Biólogo, Mestre e Doutorando em Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE, Professor de Gestão Ambiental, Faculdade Luterana Rui Barbosa, FALURB
158
ele existe em todo o planeta e ainda não se encontrou uma solução adequada”. Os
problemas são extensivos a pequenas comunidades, principalmente àquelas onde o serviço
de coleta de lixo é precário ou não existe.
Sobre essa problemática, RIBEIRO & LIMA (2009) afirmam que o problema do
lixo é muito sério para ser tratado apenas por políticos [...] trata-se de uma rendosa fonte de
recursos para prestadores de serviços municipais, pagos pelos contribuintes [...] fonte de
proliferação de doenças, se não for adequadamente cuidado [...] envolve interesses bastante
difusos e pode causar graves problemas de saúde pública [...] Sujeira espalhada pelas ruas e
lixo acumulado por todos os lados podem ser vistos numa simples caminhada pela cidade.
Não se pode, imaginar que a simples variação e a coleta resolvem o problema.
No último século, o ambiente urbano, principalmente nos países em
desenvolvimento, sofreu significativas modificações pelas alterações do âmbito das cidades
na sua estruturação urbana e pela maior concentração da população, resultando, no Brasil,
na ocupação dos espaços urbanos por aproximadamente de 82% da população. Essas
modificações contribuíram para a multiplicação de seus problemas ambientais e de
saneamento básico, caracterizados pelas defasagens registradas entre nível de demandas e
nível de atendimentos.
As ações de saneamento básico sobre o ambiente, compreendendo o tratamento e o
abastecimento de água, a coleta e a destinação de esgotos sanitários; a limpeza urbana, a
coleta e a destinação de resíduos sólidos, a drenagem pluvial e o controle de vetores, não
tiveram atuação com abrangência e eficiência capazes de universalizar o atendimento da
população urbana, com conseqüente geração de impactos e passivos ambientais, fatores
decisivos também para o agravamento dos problemas de saúde pública resultante da falta
de ações de saneamento. (BORGES, 2009). É comum associar o consumismo ao
capitalismo, pois ambos quase que se confundem. Não obstante, antes do advento da
sociedade capitalista tivemos alguns pressupostos do consumismo: a cultura do consumo.
Tal cultura é evidenciada com a aristocracia da Europa. Os aristocratas, como se sabe,
viviam do arrendamento das terras e atuavam nas atividades da guerra, que eram tidas
como honrosas; além disso, neste segmento social o consumo do luxo e a sua ostentação
eram bastante comuns (LUIZ, 2009).
159
Com o advento do capitalismo surge, por volta do século XV, na Europa, outra
classe dominante: a burguesia. Esta se inspirou no universo aristocrata para construir os
seus valores. Assim, o consumo conspícuo das classes burguesas não emana apenas em
função da sua riqueza: a referida classe absorve o ideário aristocrata, que proporcionava
reconhecimento e o prestígio. Não obstante, os burgueses recusam a extravagância
aristocrática. Entretanto, o luxo, o consumo e a ostentação passam a fazer parte do universo
burguês (LUIZ, 2009).
2 A IDEOLOGIA DO CONSUMISMO
É comum associar o consumismo ao capitalismo, pois ambos quase que se
confundem. Não obstante, antes do advento da sociedade capitalista tivemos alguns
pressupostos do consumismo: a cultura do consumo. Tal cultura é evidenciada com a
aristocracia da Europa. Os aristocratas, como se sabe, viviam do arrendamento das terras e
atuavam nas atividades da guerra, que eram tidas como honrosas; além disso, neste
segmento social o consumo do luxo e a sua ostentação eram bastante comuns (LUIZ, 2009).
Com o advento do capitalismo surge, por volta do século XV, na Europa, outra
classe dominante: a burguesia. Esta se inspirou no universo aristocrata para construir os
seus valores. Assim, o consumo conspícuo das classes burguesas não emana apenas em
função da sua riqueza: a referida classe absorve o ideário aristocrata, que proporcionava
reconhecimento e o prestígio. Não obstante, os burgueses recusam a extravagância
aristocrática. Entretanto, o luxo, o consumo e a ostentação passam a fazer parte do universo
burguês (LUIZ, 2009).
Nesta perspectiva, se consumo burguês se efetua pela sua riqueza, ele a transcende e
não se limita à satisfação de necessidades; é conveniente, portanto, utilizar a categoria
consumismo (ideologia do consumismo), pois esta contempla aspectos subjetivos e
culturais acentuados. Nesse sentido, um importante itinerário para se pensar no
consumismo é através da cultura de massas. O que é cultura de massas? (LUIZ, 2009)
Conforme reportado por Morin (1967):
Um corpo complexo de normas, símbolos e imagens derivadas da imprensa, do cinema, do rádio, da televisão produzida segundo
160
normas maciças da fabricação industrial destinando-se a uma massa social, isto é, um aglomerado gigantesco de indivíduos compreendidos aquém e além das estruturas internas da sociedade.
A própria definição acima ressalta que a cultura de massas está ligada ao
consumismo. O sistema capitalista necessita não somente de um aparato infra-estrutural
(produção, mão-de-obra, tecnologia, etc.), mas precisa de instrumentos que irão conquistar
a dimensão subjetiva e valorativa com o intuito de convencer o sujeito a consumir produtos
e serviços (LUIZ, 2009).
Desta forma, a cultura de massas penetra na intimidade das pessoas,
fundamentalmente através da identificação e da projeção. A identificação é tão-somente o
processo pelo qual o sujeito se assemelha a determinados conteúdos da cultura de massas;
enquanto a projeção seria o processo em que o sujeito se lança em situações agradáveis
ocorridas nos conteúdos da cultura de massas. Através da identificação e da projeção é que
os produtos e serviços, veiculados pela cultura de massas, estarão inseridos em um universo
repleto de valores e situações enaltecedoras e prazerosas, fazendo com que aquilo que se
intenciona vender venha carregado de uma gama de simbolismo, isto é, determinados
produtos e serviços representam aquelas situações ideais, tanto do ponto de vista dos
valores quanto do prazer. É perceptível, nesta perspectiva, que as propagandas veiculadas
pela televisão, não tenham apenas a função de vender produtos e serviços, elas acabam
transmitindo padrões de situações tidas com ideais, sejam em termos de valores (estéticos,
morais, etc.), sejam em termos de satisfação. Conforme Ciro (1993):
Essa função reforçadora da publicidade é seu suporte para a venda de mercadorias, pois, ao mesmo tempo em que incita ao consumo, é o próprio veículo o transporte dos valores e dos desejos que estão ancorados na cultura que se consome. As mercadorias trazem em si, incorporadas, tudo aquilo que a sociedade deseja, e por isso são consumidas.
Com base na reflexão acima citada, podemos questionar a idéia de que na sociedade
impera, de forma absoluta, um utilitarismo – capitalista - que se confunde com a ideologia
consumista. De fato, existe uma tendência da postura utilitarista na sociedade capitalista, ou
seja, aquilo que não é útil para o capital é tido como desnecessário; o que é importante –
161
para o capital - não é erradicar aquilo que oprime, frustra ou causa sofrimento ao homem,
mas sim aquilo que serve aos interesses do capital. Um exemplo: enquanto grandes grupos
econômicos capitalistas estiverem ganhando com inúmeros impactos ambientais, estes não
deixarão de existir por muito tempo. O que está em jogo é manutenção da lógica do capital
que, como sabemos, favorece apenas uma minoria. (Luiz 2009)
Assim, por exemplo, o sujeito que compra um carro, não está apenas adquirindo um
meio de transporte, pois tal automóvel representa prestígio, reconhecimento, conforto,
segurança para sua família etc. Desta maneira, é como se o capital utilizasse do universo
subjetivo valorativo para programar seus interesses utilitaristas. Em suma, o consumismo
veiculado pela cultura de massas é poderoso não apenas pelo fato de concretizar o lucro
capitalista, mas de contemplar outros elementos que habitam a dimensão valorativa e
subjetiva das pessoas. Com tais argumentos não queremos afirmar a inexistência do
utilitarismo consumista no cotidiano das pessoas, pelo contrário: existe um intrínseco
envelhecimento precoce dos produtos e serviços que tem a ver com a lógica lucrativa do
consumismo utilitarista. É de conhecimento notório a rapidez com que se torna obsoleto
uma infinidade de bens de consumo e de serviços (LUIZ, 2009).
3 RESÍDUOS SÓLIDOS E URBANOS (RSU´S)
Segundo a CETESB (2009), com base nos dados do IBGE, no Brasil, em 1994, a
geração de resíduos sólidos municipais está estimada em 59 mil toneladas por dia, com
composição variável, de acordo com a região. A geração por habitante de uma cidade
brasileira varia entre 0,4 e 0,7kg/hab.dia. A disposição e tratamento no país se distribuem
da seguinte forma: 76,1% depositados em lixões a céu aberto, 21,8% em aterros
controlados e sanitários e 2,1% em outras destinações.
O volume de esgotos gerados por pessoa depende da quantidade de água consumida,
correspondendo normalmente a 80% desta. A carga orgânica unitária varia de país para
país, entre 20 e 80 g DBO - Demanda química de oxigênio- por habitante por dia. No
Brasil, esta situa-se em torno de 50 g DBO/hab.dia (FEACHEM, 1983 apud ITACRETO,
2009). Considerando-se este fator, segundo a Itacreto (2009) tem-se no Brasil a geração de
1,97 milhões de toneladas de DBO por ano.
162
O aumento desordenado da população e o desenvolvimento de grandes núcleos
urbanos sem planejamento, sobretudo nos países em desenvolvimento, dificultam as ações
de manejo de resíduos. A necessidade de disposição e tratamento é reconhecida, mas, por
falta de recursos, essas ações costumam ser postergadas, provocando problemas de saúde
nas populações e degradação do meio ambiente.
O desenvolvimento e as conquistas do homem contemporâneo desencadeiam condições para a melhoria da qualidade de vida, ao mesmo tempo em que aumenta a responsabilidade de cada cidadão em relação à preservação do meio ambiente. Os Resíduos Sólidos Urbanos – RSU – quando não gerenciados por meio de sistemas eficazes podem prejudicar a qualidade de vida das comunidades que os geram (MUCELIN; CUNHA; PEREIRA, 2001, p. 48).
Todo ser vivo interage com o seu ambiente e produz resíduo. A disposição
conveniente de tais resíduos implica em autodepuração, caso contrário, esses resíduos
poderão interferir no ciclo vital. Ao tratar do desenvolvimento humano e da poluição.
Nesse sentido, Derísio (2000, p.3) afirma que o ser humano vivendo em
comunidade tem desenvolvido:
processos que produzem grandes quantidades de subprodutos ou resíduos em forma de matéria ou energia. Estes processos têm profundos significados econômicos, políticos, sociais e sanitários; afetam a saúde do próprio homem, seu conforto e segurança, sua riqueza produz resíduos dos quais uma parte deles causa problemas de poluição.
Os resíduos sólidos urbanos ou lixo, têm conceito variável, pois sofrem influência
direta da época e local, além de fatores econômicos, ambientais, tecnológicos e sociais.
Para os pesquisadores Schmidell e Vitoratto (1992), o lixo urbano e o esgoto doméstico
“continuam a ser um dos maiores problemas de grandes centros populacionais: ele existe
em todo o planeta e ainda não se encontrou uma solução adequada”. Os problemas são
extensivos a pequenas comunidades, principalmente àquelas onde o serviço de coleta de
lixo é precário ou não existe.
Sobre essa problemática, Ribeiro e Lima (2009) afirmam que:
163
O problema do lixo é muito sério para ser tratado apenas por políticos trata-se de uma rendosa fonte de recursos para prestadores de serviços municipais, pagos pelos contribuintes fonte de proliferação de doenças, se não for adequadamente cuidado envolve interesses bastante difuso e pode causar graves problemas de saúde pública. Sujeira espalhada pelas ruas e lixo acumulado por todos os lados podem ser vistos numa simples caminhada pela cidade. Não se pode, imaginar que a simples variação e a coleta resolvem o problema.
4 DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
A partir da Revolução Industrial o solo e o subsolo sistematicamente foram
transformados no receptáculo para praticamente todos os resíduos sólidos gerados pela
sociedade consumidora dos produtos industrializados. Em nosso país, a grande maioria dos
resíduos sólidos urbanos coletados tem como destino o solo, disposto em lixões a céu
aberto, em aterros controlados ou em aterros sanitários. (RIBEIRO & LIMA, 2009).
No Brasil, em 1990, 10,2% do lixo coletado recebia este tipo de disposição final.
Esta técnica minimiza o problema da ação dos catadores e a proliferação de micro e
macrovetores; porém, não resolve o problema dos gases e do chorume, uma vez que os
mecanismos de geração destes não são levados em consideração. Isto torna esta técnica
uma alternativa pouco eficiente em termos ambientais e de saúde pública (SANTOS, 1995
citado por RIBEIRO & LIMA, 2009).
Observando-se as práticas efetivas de disposição final do lixo no Brasil, em 1997,
76% dos municípios utilizavam-se de “lixões”, somente 10% contavam com aterros
sanitários e os outros 13% possuíam aterros controlados (aterros sanitários sem
impermeabilização de base, sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases
gerados) e 1% dos municípios empregavam formas de tratamento como a compostagem, a
reciclagem e a incineração. (RIBEIRO & LIMA, 2009)
Em 1992, no estado de São Paulo existiam apenas sete aterros sanitários e 487
lixões, segundo informações constantes de inventário ambiental elaborado pela CETESB –
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Revista Saneamento Ambiental,
1992). “De 1989 para cá, o percentual de lixo jogado a céu aberto passou de 76% para 85%
164
de todo o resíduo produzido no país.” (BIANCHINI, 2004 citado por RIBEIRO & LIMA,
2009).
Figura 1 – Foto do aterro sanitário de Marechal Cândido Rondon
Fonte: Mucelin, 2004
A figura 1 mostra o “aterro sanitário”, que mais parece um lixão a céu aberto, sendo
que a cobertura, que deveria ser efetuada em períodos diários ou após a disposição, é
efetuada eventualmente. A falta de material isolante no fundo, que evitaria a percolação do
chorume produzido, e a exposição do material a céu aberto, constituem determinantes de
graves impactos ambientais.
Para a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental apud JARDIM et al.
(1995, p.75), aterro sanitário “é um processo usado para dispor o lixo sólido no solo, em
especial o lixo domiciliar”. Preconiza-se o respeito às normas e técnicas da engenharia para
maior garantia de segurança no controle da poluição ambiental e da proteção à saúde da
população.
A análise do destino dado aos resíduos sólidos urbanos no Brasil nos revela um
quadro caótico e preocupante. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (1990) citado por RIBEIRO & LIMA (2009), apenas 64,5% dos resíduos sólidos
urbanos eram coletados pelos Serviços de Limpeza Pública; 21,4% eram lançados em
terrenos baldios ou dispostos em outros locais no meio urbano e 14% eram queimados ou
enterrados.
165
Em aproximadamente 76% dos município brasileiros, o lixo é simplesmente jogado
no solo, sem qualquer cuidado, formando os lixões, altamente prejudiciais à saúde
pública.O lixo acumulado é potencialmente um transmissor de doenças por vias indiretas.
(MAIS PROJETOS CORPORATIVOS, 2009).
Lixões a céu aberto também conhecidos como vazadouros são locais onde ocorre a
simples descarga dos resíduos sem qualquer tipo de controle técnico. É a forma mais
prejudicial ao ser humano e ao meio ambiente, pois nestes locais geralmente se estabelece
uma economia informal, resultante da catação dos materiais recicláveis e ainda a criação de
animais domésticos que posteriormente são consumidos tais como: aves, gado e suínos
(RIBEIRO & LIMA, 2009).
As conseqüências da disposição inadequada do lixo no meio ambiente são a
proliferação de vetores de doenças – como ratos, baratas e micróbios – a contaminação de
lençóis subterrâneos e do solo pelo chorume – líquido escuro, altamente tóxico, formado na
decomposição dos resíduos orgânicos do lixo – e a poluição do ar, causada pela fumaça
proveniente da queima espontânea do lixo exposto.
5 RESÍDUOS E SUA RECICLAGEM NO BRASIL
O problema do lixo no país é caótico, envolvem questões econômicas, políticas,
ambientais e sociais. Cada parcela da população possui seus direitos e deveres a serem
cumpridos, pois a minimização do problema só ocorre com a força conjunta de um sistema,
KASHIWAGURA (2009).
Kashiwagura (2009) cita a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo
IBGE, em 2000, o resultado não é tão favorável: 63,6 % utilizavam lixões e 32,2 %, aterros
adequados (13,8 % sanitários, 18,4 % aterros controlados), sendo que 5% não informou
para onde vão seus resíduos. Em 1989, a PNSB mostrava que o percentual de municípios
que vazavam seus resíduos de forma adequada era de apenas 10,7 %. Os números da
pesquisa permitem, ainda, uma estimativa sobre a quantidade coletada de lixo diariamente:
nas cidades com até 200.000 habitantes, são recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante;
nas cidades com mais de 200 mil habitantes, essa quantidade aumenta para a faixa entre
800 e 1.200 gramas por habitante. A PNSB 2000 informa que, na época em foi realizada,
166
eram coletadas 125.281 toneladas de lixo domiciliar, diariamente, em todos os municípios
brasileiros.
Como relata a citação, a destinação final dos municípios é na sua maioria em lixões.
Um grave risco, pois ao se encher os vazadouros, para onde serão destinados os resíduos
sólidos da população? O plástico demora mais de cem anos para se decompor, a lata de
alumínio mais de 1.000 anos e o vidro mais de 10.000 anos. Segundo o IBGE, citado por
Kashiwagura (2009) nas grandes cidades, os habitantes geram de 450 gramas a 700 gramas
de resíduos descartados. É necessário refletir, se tudo o que o indivíduo utilizou era mesmo
necessário. O grande desafio está em reduzir o consumo exagerado de produtos dentro das
próprias casas.
6 CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA, SOCIAL E AMBIENTAIS EM FUNÇÃO
DOS RSU
Vive-se atualmente a era dos descartáveis, onde tudo aquilo que é produzido pela
indústria é usado uma única vez ou por pouco tempo e em seguida jogado fora,
transformando-se em lixo. (RODRIGUES & CAVINATTO, 1997).
Segundo Machado (1999, p. 462) os resíduos sólidos têm sido negligenciados tanto
pelo público como pelos legisladores e administradores, devido provavelmente à ausência
de divulgação de seus efeitos poluidores, já que como poluente, tem sido menos irritante
que os resíduos líquidos e gasosos, porque colocado na terra não se dispersa amplamente
como os poluentes do ar e da água.
Segundo MILARÉ (2000) carecemos ainda de uma Política Nacional de Resíduos
Sólidos que defina normas relativas à prevenção da geração, minimização, reutilização,
manejo, acondicionamento, coleta, reciclagem, transporte, tratamento, reaproveitamento e
disposição final dos resíduos sólidos.
167
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletadas, sacolas com resíduos sólidos urbanos em 03 bairros da cidade de
Marechal Cândido Rondon, sendo separados conforme sua classificação, pesados, feito a
contagem de cada item, assim para a sua análise conforme a classe econômica (Gráfico 1).
Consumo das Classes A B e C
05
101520253035404550
Limpeza Supérfulos HigiênePessoal
Cesta Básica
Classe A
Classe B
Classe C
Gráfico 1 - Comparativo do consumo de produtos pelas classes A, B e C
Fonte: Dados da pesquisa, 2009
Com a análise dos dados coletados, constatou-se que o consumo de produtos de
limpeza das classes A e B são idênticas e a classe C possui um consumo menor.
Em relação aos produtos considerados supérfluos: chocolates, cigarros, cerveja,
refrigerantes, doces, vimos que o consumo não é considerável.
Analisando os produtos de higiene pessoal, podemos observar que, as Classes A e C
possuem o mesmo consumo, demonstrando que independentemente da classe econômica e
poder aquisitivo pode-se perceber que há uma preocupação do indivíduo com a higiene
pessoal.
Percebe-se que a Classe C, consome mais produtos da cesta básica devido ao valor
da mesma, pelo fato de fazerem suas refeições em casa enquanto a classe A e B fazem suas
alimentações em restaurantes.
168
Consumo Classe ALimpeza
11%
Higiêne Pessoal
5%
Cesta Básica52%
Supérfulos32%
Gráfico 2 - Indicativo do consumo da classe A
Fonte: Dados da pesquisa, 2009
Em relação aos produtos da classe A item: cesta básica, vimos que há um total
consumo de 53% do total de produtos consumidos, como citado acima a classe A faz suas
refeições em restaurantes (Gráfico 2).
Os produtos de higiene pessoal não são tão significativos comparado aos outros
produtos consumidos.
Tem-se como consumo maior os produtos considerados supérfluos, em relação a
outras classes, pois seu poder aquisitivo maior.
Tem-se um consumo de 10% em relação aos produtos de limpeza considerando um
percentual razoável.
Consumo Classe B
Limpeza11%
Higiêne Pessoal
7%
Supérfulos22%
Cesta Básica60%
Gráfico 3 - Indicativo do consumo da classe B Fonte: Dados da pesquisa, 2009
A classe B tem 60% do seu consumo nos itens da cesta básica (Gráfico 3).
169
Consomem ainda uma boa quantidade de supérfluos, pois são pessoas que ocupam
uma classe com uma rentabilidade razoável.
No que corresponde a limpeza pode-se observar que a população se preocupa com
ela, mas usa menos e produtos de qualidade inferior a classe A.
No quesito higiene pessoal, o esperado seria que se encontrasse uma grande
variedade de produtos de higiene pessoal por serem pessoal que se espera tenham valores,
cultura e até mesmo um nível de educação razoável, mas o resultado mostrou que
indiferente da classe social a quantidade consumida é praticamente a mesma.
Consumo Classe C
Limpeza5%
Cesta Básica81%
Supérfulos9%
Higiêne Pessoal
5%
Gráfico 4 - Indicativo do consumo da classe C
Fonte: Dados da pesquisa, 2009
O gráfico 4 demonstra que o consumo da cesta básica é bem significativo chegando
a atingir 81% fazendo com que os percentuais dos demais itens se dividam nos 19%
restantes, sendo: 5% em higiene pessoal, 5% em produtos de limpeza e 9% em supérfluos o
que mostra que os artigos “dispensáveis” realmente são adquiridos muito raramente.
Como poder econômico da classe C é menor, os itens da cesta básica são os mais
consumidos.
8 CONCLUSÃO
Após a elaboração de projeto, definição de metodologia, coleta de material, passou-
se a análise de tudo que foi coletado em termos bibliográficos e práticos visando traçar o
170
perfil do consumo versus classe econômica versus quantidade e qualidade do produto
consumido.
Foi possível chegar a conclusão que em certos produtos, indiferente do fator classe
econômica, o consumo praticamente não se altera o que demonstra que o consumidor leva
muito em conta o que ele quer consumir.
É possível perceber que para a classe A o preço dos produtos não afeta seu consumo
e que a cesta básica tem seu consumo pouco menor que nas demais classes e maior
consumo de supérfluos.
Para a classe B que nos leva a dizer, a classe média, o consumo é geral e quase se
assemelha a classe A, a não ser pela questão de qualidade (marca) dos produtos pois as
quantidades são praticamente as mesmas.
Na classe C observou-se um maior consumo dos itens da cesta básica e um consumo
mínimo de produtos supérfluos levando-nos a crer que seja pelo menor poder econômico.
Foi também possível observar que no critério separação “entre recicláveis e
orgânicos” dos RSU são poucas as famílias que o realizam no município, visto que em
muitos deles foi possível observar os materiais misturados.
Por meio dessa observação é possível concluir que deveria ser feito um grande
trabalho de conscientização quanto a separação e destinação adequadas do RSU’s.
Sem sombra de dúvida, a promoção da educação ambiental no contexto social, seja
através de cursos nas escolas, palestras, dinâmicas, como também através de campanhas
educativas é de suma importância.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, MARIA MARGARIDA DE. Introdução a metodologia do trabalho científico: Elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 174 p. BORGES, MAELI ESTRELA. Resíduos sólidos no ambiente urbano. Disponível em: <http://www.coopttec.coop.br/downloads/ambiental/Res%EDduos%20S%F3lidos%20Urbanos.pdf>. Acesso em: 23 set. 2009.
171
CETESB- Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. RELATÓRIOS DE REFERÊNCIA: EMISSÕES DE METANO NO TRATAMENTO E NA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS. Disponível em: <http://www.usinaverde.com.br/admin/anexos/invent gasesestufacetesb.pdf>. Acesso em: 23 set. 2009. CIRO, Marcondes. A televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1993. ITACRETO. A Geração de Metano por Efluentes Líquidos no Brasil. Disponível em: <http://www.itacreto.com.br/index_arquivos/Page666.htm>. Acesso em: 25 set. 2009. KASHIWAGURA, JÚLIA BRANDÃO. Diagnóstico dos resíduos sólidos recicláveis no município de Rosana/SP - Uma alternativa para o desenvolvimento turístico. Disponível em: <http://biblioteca.rosana.unesp.br/upload/brandao.pdf>. Acesso em: 24 set. 2009. LUIZ, LINDOMAR TEIXEIRA. Colloquium Humanarum, v. 3, n.2, Dez. 2005, p. 39-44. Disponível em: <http://revistas.unoeste.br/revistas/ojs/index.php/ch/article/viewFile/ 204/105>. Acesso em: 20 set. 2009. MAIS PROJETOS CORPORATIVOS. Coleta seletiva e reciclagem do lixo. Disponível em: <http://www.maisprojetos.com.br/pdf/coleta_seletiva.pdf>. Acesso em: 27 set. 2009. MILARÉ, EVERALDO. Direito do Ambiente: Doutrina, prática, jurisprudên cia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. MORIN, Edgard. Cultura de Massas no Século XX. Rio de Janeiro: Forense,1967 MUCELIN, CARLOS ALBERTO. Resíduos sólidos urbanos. 1. ed. Medianeira: Imprenta, 2004. RIBEIRO, TÚLIO FRANCO; LIMA, SAMUEL DO CARMO. Coleta seletiva de lixo domiciliar – estudo de caso. In: Caminhos de Geografia. Revista on line. v. 1, set/2000, p.61-85. Dísponivel em: http://www.ig.ufu.br/revista/volume01/artigo05_vol01.pdf. Acesso em: 25 set. 2009. RODRIGUES, F. L. & CAVINATTO, V. M. LIXO: de onde vem? Para onde vai? Coleção a Desafios 2 ed. São Paulo: Moderna, 1997.
172
SCHMIDELL, WILLIBALDO; VITORATTO, ELSO. Desafio do lixo urbano. In: Revista Politécnica. jan./jun. 1992. FBCN, 1992, p.40-42.
173
UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES MÉDIAS MÓVEIS PARA A
ANÁLISE GRÁFICA DE AÇÕES
Fabiano Junior Johann1
João Paulo Vidal2
Marcos Tartaro3
Gilnei Saurin4
RESUMO: A pesquisa em questão tem por objetivo analisar graficamente uma ação, utilizando-se de uma ferramenta denominada média móvel exponencial para assim identificar os pontos de possíveis operações de compra, venda, saída de compra e saída de venda, e com estas operações aferir uma rentabilidade desejável em certo período de tempo. Para a análise foi utilizado o ativo Petr4, componente da Bovespa, e a ferramenta de analise gráfica, MME ou média móvel exponencial, a MME foi utilizada 2 vezes durante todo o período, sendo uma com periodicidade de 7 dias e outra com 25, os pontos onde ocorreram as operações foi quando se deu o cruzamento das 2 MMEs. O gráfico é considerado diário, pois é em forma de candle, onde cada barra significa exatamente 1 dia. Os resultados encontrados são: Quantidades de operações, capital requerido, porcentagem de retorno sobre o investimento, como outros dados importantes. A conclusão que se teve da análise, remete que a estratégia utilizada para o ativo Petr4 é vantajosa ao que pertine sob rentabilidade.
Palavras-Chave: Análise gráfica. Ações. Média móvel exponencial.
1 INTRODUÇÃO
O mercado de ações apresenta um crescimento exponencial em todo o mundo, e
junto com esta evolução surgem quantidades absurdas de informações explicativas de como
investir. Estas informações chegam aos investidores de várias formas, como: noticiários de
televisão, internet, revistas, jornais e muitos outros, porém grande parte dos investidores
não possui um conhecimento apropriado para o discernimento destas notícias e acabam por
1 Acadêmico de Administração pela FAG – Faculdade Assis Gurgacz de Cascavel – PR. E-mail: [email protected]. Rua Salgado Filho, 3273. Cancelli. Cep: 85811-100. Cascavel – PR. 2 Acadêmico de Administração pela FAG – Faculdade Assis Gurgacz de Cascavel – PR. E-mail: [email protected]. Rua João Pessoa, 90. Centro. Cep: 85812-070. Cascavel – PR 3 Acadêmico de Administração pela FAG – Faculdade Assis Gurgacz de Cascavel – PR. E-mail: [email protected]. Rua João Pessoa, 90. Centro. Cep: 85812-070. Cascavel – PR 4 Economista, mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Professor da FAG – Faculdade Assis Gurgacz de Cascavel - PR. E-mail: [email protected]. Rua dos Pinheiros, 834. Recanto Tropical. Cep: 85807-340. Cascavel – PR.
174
dar importância de maneira incorreta. Grande parte destes investidores opta por realizarem
seus investimentos através da análise gráfica. As notícias e informações que esses
investidores recebem momentaneamente forçam o desequilíbrio emocional e cria-se assim,
o pensamento desejoso, onde tomam atitudes que confirmam as suas vontades iniciais.
Nem todos os investidores estão preparados para ficarem na frente de telas
verificando seus gráficos e analisando os movimentos que ocorrem instantaneamente. Estes
movimentos causam fortes emoções quando o sentido real das ações não são os esperados,
e dessa maneira antecipam as suas estratégias ou até mesmo alteram elas.
“As pessoas tornam-se primitivas e orientadas para a ação quando se juntam às
multidões. Estas se deixam dominar por emoções básicas, mas poderosas, como terror,
exultação, sobressalto e alegria.” (ELDER, 2004, p. 64)
São as emoções acima citadas que dão suporte a decisões inviáveis e precipitadas,
porém a análise gráfica traz uma afirmação concreta e com estudos para justificar as
medidas tomadas pelo investidor. A análise gráfica possui uma riqueza enorme em suas
ferramentas para criar decisões e determinar os rumos das ações, porém esta quantidade de
ferramentas muitas vezes não é entendida e acabam sendo utilizadas incorretamente.
Neste sentido o presente trabalho tem a intenção de esclarecer a aplicabilidade da
ferramenta denominada Média Móvel Exponencial, a qual é utilizada pelo investidor para
fazer a análise gráfica. As Médias Móveis são consideradas instrumentos de fácil
assimilação para o investidor e proporciona ótimos resultados para a análise de todos os
tipos de ações.
O objetivo geral é: Analisar investimentos em ações utilizando-se da ferramenta
média móvel exponencial para a análise gráfica de ações.
Os objetivos específicos são: 1. Apresentar a média móvel exponencial e sua
aplicabilidade na análise de investimentos em ações. 2. Demonstrar os cálculos para
formação do indicador média móvel exponencial. 3. Elaborar a análise gráfica com as
informações obtidas através do indicador média móvel exponencial.
Portanto, este trabalho tem o intuito de mostrar o momento certo para se retirar ou
iniciar um investimento, para que as probabilidades de fracasso no investimento sejam cada
vez menores, tornando o investidor uma pessoa ativa, e assim conseguindo se beneficiar do
mercado. Então porque investir em ações? Eis a resposta: Para se ter um rendimento maior
175
do que a poupança, ou até mesmo investimentos em títulos de renda fixa, e
conseqüentemente proporcionar uma renda extra para o investidor. Diante disso, justifica-se
tal tema, pois visa ofertar informações adequadas ao investidor auxiliando-o nas decisões
de compra e venda de ações utilizando-se das ferramentas analíticas médias móveis
inseridas na análise gráfica de ações.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO
Pinheiro (2008) comenta que o mercado de capitais veio a surgir a partir do
momento em que o mercado de crédito em uma decadência natural deixou de atender às
necessidades da atividade produtiva, isto no sentido de garantir ao cliente um fluxo de
recursos em condições adequadas em termos de prazos, custos e exigibilidades.
“O mercado de ações é um segmento do mercado de capitais, que envolve a
colocação primária de ações emitidas pelas empresas e a negociação secundária das ações
em circulação”[...] (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2002, p. 321)
“As ações são títulos de propriedade de uma parte do capital social da empresa que
às emitiu. Quem tem ações, portanto, pode-se considerar sócio da empresa emissora”[...]
(PINHEIRO, 2008, p. 138)
Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002), o valor de uma ação dependerá das
expectativas do mercado quanto as desempenho futuro da empresa que a emitiu, o que
reflete tanto seu desempenho passado, quanto as suas possibilidades a médio e longo
prazos. Essas possibilidades dependerão de fatores como a gestão dos recursos da empresa
e pontos fortes e fracos desenvolvidos.
Ainda para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002), as conjunturas econômicas
internas e internacionais também influenciam as cotações de preço de uma ação, uma vez
que alterem o chamado risco sistemático, ou seja, risco resultante de fatores que afetam não
somente as empresas, mas todo o sistema econômico e poderão constituir tanto
oportunidades como ameaças para a companhia.
176
Segundo Cavalcante e Misumi (2001). Probabilidade de perda pode ser uma
definição para o risco. Em termos estatísticos, quanto mais dispersos os valores esperados
da aplicação em relação a uma média, mais arriscado é o investimento, assim o risco é a
dispersão de valores esperados em torno de uma média (desvio padrão), ainda conforme
Cavalcante e Misumi (2001), o risco é classificado como de mercado e de crédito. O risco
de mercado reflete a variação de preços do ativo, enquanto que o risco de crédito é a
probabilidade do credor não receber o valor de resgate quando do vencimento.
A BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo é o maior centro de negociações
com ações da América Latina. A Bovespa nasceu em uma época em qua a bolsa de valores
era uma instituição pouco conhecida do grande público, ela foi fundada em 23 de agosto de
1890, foi neste período de acordo com Cavalcanti e Misumi (2001), que incorporou toda a
evolução econômica e política brasileira através da longa história do Índice Bovespa, criado
em 1968 e um dos mais tradicionais do Brasil.
O local mantido pelas Bolsas de Valores para o encontro das sociedades corretoras
para a negociação de ações é denominado Pregão, sendo este o principal processo de um
bolsa de valores. O pregão de acordo com Soares et al. (1983), é um mercado onde se
efetuam milhares de negócios em um só dia, de forma segura e ágil, pois milhares de
pessoas que desejam comprar ou vender ações estão representadas no pregão pelos
operadores de Bolsa, os próprios corretores.
As análises técnicas e fundamentalista são utilizadas simultaneamente, onde a
análise fundamentalista define quais as ações nas quais serão investidas. Já a análise técnica
define os momentos de compra ou venda para estes investimentos. Para Pinheiro (2008),
ambas as análises possuem uma característica subjetiva muito forte, e o mais importante é
saber conjugar os fatores das duas análises.
“Podemos conceituar a análise técnica como um estudo dos movimentos passados
dos preços e dos volumes de negociação de ativos financeiros, com o objetivo de fazer
previsões sobre comportamento futuro dos preços”. (PINHEIRO, 2008, p. 316)
“A análise gráfica constitui um dos pilares da análise técnica. Muitos analistas
técnicos baseiam-se exclusivamente nos gráficos para fazer suas recomendações e por isso
são chamados de grafistas”.(PINHEIRO, 2008, p. 324)
177
“As médias móveis são utilizadas em análise técnica para identificar tendências e
ajudar a montar estratégias de operação” (SANVICENTE; FILHO, 1988, 127).
“As médias móveis são um dos indicadores mais populares e a base de quase todos
os outros, pois todos eles são a média móvel de alguma coisa [...]”.(NORONHA, 2009, p.
2)
As médias móveis também são utilizadas para eliminar as flutuações das ações
produzidas por problemas de instabilidade, proporcionando a identificação da tendência e
suas reversões de direção. As médias móveis segundo Pinheiro (2008), são indicadores
técnicos que possibilitam a análise dos movimentos dos preços de uma ação. Estes
indicadores tornaram-se um dos mais objetivos e versáteis indicadores de tendência por
conta da sua simplicidade de construção e à objetividade de seus resultados.
As médias móveis possuem como principal objetivo, informar se começou ou
terminou uma tendência dos preços. Por ser calculada sobre dados passados, ela não prediz,
apenas responde com uma pequena defasagem de tempo em relação aos movimentos dos
preços, ou seja, ela segue mas não lidera ou antecipa os preços. Para Noronha (2009), a
principal característica das médias móveis é suavizar o movimento do gráfico de preços
facilitando a visualização da tendência básica.
A média móvel é um dos dispositivos utilizados na análise gráfica de ações e
geralmente o mais utilizado para medir tendências, sendo a melhor maneira de negociar
ações, no sentido da tendência. Porém, segundo Noronha (2009), as médias móveis são
atrasadas, e não é possível tomar decisões nos fundos (pico inferior da movimentação) ou
nos topos (pico superior da movimentação) somente com as médias móveis.
As médias móveis podem ser analisadas de acordo com os sinais apresentados.
Segundo Pinheiro (2008), o sinal de compra é dado quando a linha de preço cruza a linha
da média de baixo para cima, já o sinal de venda é visto quando a linha de preço cruza a
linha da média de cima para baixo. Ainda é necessário considerar alguns critérios para a
interpretação dessas médias, como:
- as médias são linhas de resistência nos movimentos de alta e suporte nos
de baixa;
- a média pode ser utilizada como aviso de reversão de tendência quando
as cotações estão num movimento de alta ou de baixa.
178
- média móvel exponencial: com um calculo mais complexo ela reúne as vantagens da
média móvel simples e ponderada, priorizando as cotações mais recentes em relação às
mais antigas, possibilitando assim maior diferenciação no tratamento das cotações.
Para Elder (2004), a média móvel exponencial é representada da seguinte
maneira:
Onde:
N= Número de dias da MME (escolhido pelo investidor) = preço de hoje
= a MME de ontem.
“A média móvel exponencial (MME) é melhor ferramenta de acompanhamento de
tendência do que a média móvel simples. Ela atribui maior peso aos dados mais recentes e
reage com mais rapidez às mudanças do que a MM simples”. (ELDER, 2004, p. 131)
Duas grandes vantagens da média móvel exponencial devem ser levadas em
consideração com relação a média móvel simples. A primeira atribui maior peso ao último
dia de negociação, ou seja, o humor mais recente dos investidores, diferente da média
móvel simples, que retrata todos os fechamentos com o mesmo peso. E sua segunda
vantagem é que ela não abandona os fechamentos mais velhos de forma abrupta. Para Elder
(2004), a média móvel exponencial vai eliminando os fechamentos velhos aos poucos,
diferente da média móvel simples.
Escolher a duração da média móvel não é tarefa fácil e varia de acordo com cada
estilo de investidor que aplicam modelos de estratégias diferentes. Quanto mais curta for
uma média móvel exponencial, mais sensível ela está às mudanças de preços, captando as
tendências com maior rapidez, porém muda de direção com mais freqüência. Já os períodos
mais longos apesar de eliminar as pequenas variações de preços, perdem os pontos de
inflexão por margem mais ampla. Elder (2008) comenta que é necessário vincular a
duração da média móvel exponencial a um ciclo de mercado, um canal de alta, ou baixa, ou
uma congestão, sendo a MME correspondente à metade da duração do ciclo de mercado. É
179
definido ainda que quanto mais longa for a tendência que se esta tentando captar, mais
longa deve ser a média móvel.
2.2 METODOLOGIA
Os dados para estudo serão levantados através das pesquisas citadas no
encaminhamento metodológico e organizados de acordo com os procedimentos corretos
para uma boa manutenção e integridade dos dados, tornando o material flexível e
otimizando a acessibilidade.
A análise será estudada de acordo com os processos adequados para encontrar
facilmente os objetivos prescritos. Serão analisados gráficos de ações onde os indicadores
denominados, média móvel simples, média móvel exponencial e média móvel ponderada
farão parte dos estudos permitindo assim ao leitor, um bom entendimento para a definição
correta do momento de compra e venda de ações através dos indicadores acima citados.
O trabalho é de caráter exploratório, que de acordo com Marconi e Lakatos (2000),
tem como objetivo aumentar o conhecimento em determinado assunto, familiarizando o
pesquisador com o fenômeno e esclarecer conceitos.
Utilizou o método quantitativo, pois exprime os dados e transmite uma imagem real
dos mesmos, em forma de números, percentuais e outros.
Optou-se também pelo método qualitativo, pois este expressa, além de dados
estatísticos, uma qualificação dos fatores analisados, ou seja, a realidade dos fatos.
Os dados secundários serão coletados através de referencial bibliográfico, para
prover embasamento científico à pesquisa. Também serão coletados através da análise de
gráficos utilizados para elaborar os estudos.
Para Mattar (2001), dados secundários são aqueles que já foram coletados,
ordenados e às vezes, até analisados e que estão catalogados a disposição dos interessados.
180
2.3 ANÁLISE DOS GRÁFICOS
A análise dos gráficos resume-se na interpretação de 1 estratégias para análise
técnica de ações, sendo o cruzamento de duas médias móveis exponenciais (7períodos x
25períodos). O Ativo utilizado como base de análise é o Petr4, da empresa Petrobras.
A estratégia foi analisada em um período de 4 anos, ou seja, de Janeiro de 2006 a
Janeiro de 2010, e durante este período foram realizados compras e vendas com base em 200
títulos.
A figura 1 traz o gráfico do ativo Petr4 com o período total da análise, como
também todas as ferramentas expressas, ou seja, as 2 médias móveis exponenciais e a
estratégia de cruzamentos das mesmas.
Figura 1 – Petr4 de Janeiro de 2006 a Janeiro de 2010.
A figura 2 traz o gráfico do ativo Petr4 também em período integral da análise e as
ferramentas nele expresso, mais a linha de evolução do lucro acumulado.
181
Figura 2 – Petr4 de Janeiro de 2006 a Janeiro de 2010 e lucro acumulado.
A figura 3 traz o resumo do total das operações efetuadas durante o período
analisado, sendo as operações: Compra, Saída de compra, Venda, Saída de venda. Foi
simulada a negociação com 200 títulos.
Figura 3 – Resumo das operações do ativo Petr4 no período de Janeiro de 2006 a Janeiro de 2010.
Com as informações disponíveis na figura 3, identifica-se que foram efetuadas um
total de 30 operações, sendo 12 ganhadoras e 18 operações perdedoras, aferindo uma
margem de acerto de 40%.
182
Para efetuar estas simulações foram utilizados recursos necessários para operar
200 contratos, sendo então exigido um capital em Reais de R$ 1296,00.
A operação com maior ganho rendeu exatos R$ 1738,00 e a operação com maior
perda R$ 746,00, sendo assim, a média de rentabilidade de todas as operações foi de R$
207,33.
Como resultado final, as 30 operações somaram um ganho líquido de R$ 6220,00,
o que representa um retorno sobre a conta de 479,94%.
3 CONCLUSÃO
A análise gráfica é uma das formas de decisão sobre qual o contrato negociar e em
quais momentos. A estratégia adotada para a simulação é considerada uma das mais
comumente utilizada pelos grafistas, pois traz bons resultados para quase todos os ativos,
porém é necessário certos ajustes para tanto.
O ativo Petr4 é um dos mais negociados da Bovespa, e de maior conhecimento do
público leigo que os demais, portanto a utilização do mesmo.
A estratégia de médias móveis exponenciais adotada na análise do ativo Petr4,
percorreu um período de 4 anos, para minimizar os erros decorrentes de variações curtas, e
então distribuí-los por um tempo considerado adequado.
Foram detectados momentos benéficos como também prejudiciais, mas no geral os
resultados extraídos de toda esta análise foram vantajosos, demonstrando a conveniência do
investimento, e permitindo o conhecimento do público à forma de se investir pela estratégia
de Médias Móveis Exponenciais, e os rendimentos esperados.
REFERÊNCIAS
ADVFN. Média Móvel Adaptiva. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/Média_Móvel_Adaptiva> acesso em: 20 de Outubro de 2009. ADVFN. Média Móvel Ponderada. Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/Média_Móvel_Ponderada> acesso em: 20 de Outubro de 2009.
183
ADVFN. Média Móvel Tripla . Disponível em: <http://wiki.advfn.com/pt/Média_Móvel_Tripla> acesso em: 20 de Outubro de 2009. ANDRADE, M. M. de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico: elaboração dos trabalhos na graduação. 6ed. São Paulo: Atlas, 2003. AZEVEDO, I. B. O Prazer da Produção Científica: Diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. 6 ed. Piracicaba: Unimep, 1998. BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administração Financeira: Teoria e Prática. 10 ed., São Paulo: Cengage Learning, 2008. BRITO, O. Mercado Financeiro. São Paulo: Saraiva, 2005. CARVALHO, C. M. Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002. CAVALCANTI, F.; MISUMI, J. Y. Mercado de Capitais. Rio de Janeiro: Campus, 2001. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. ELDER, A. Como se transformar em um operador e investidor de sucesso. 11 ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. FILHO, A. M. Mercado Financeiro e de Capitais: uma introdução. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1998. GALLIANO, A. G. O Método Científico: Teoria e Prática. São Paulo: Harbra, 1986. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
184
LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira. Rio de Janeiro: Campus, 2002. MATTAR, F. N. Pesquisa de Marketing: edição compacta. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2001. OLIVEIRA, S. L. de. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisa, tgi, tcc, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 2001. PIAZZA, M.C. Bem vindo a Bolsa de Valores: Chegou a sua vez de investir em ações. São Paulo: NovosMercados, 2007. PINHEIRO, J. L. Mercado de Capitais: Fundamentos e Técnicas. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2008. SANVICENTE, A. Z.; FILHO, A. M. Mercado de Capitais e Estratégias de Investimento. São Paulo: Atlas, 1988. SOARES et al. Introdução ao Mercado de Ações. Belo Horizonte: Ação, Comitê de Divulgação do Mercado de Capitais, 1983. VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
185
VARIEDADES DE MILHO EM SISTEMA DE PRODUÇÃO
ORGÂNICA – QUALIDADE FISIOLÓGICA E
ARMAZENABILIDADE DAS SEMENTES
Vânia Márcia Abucarma1
Valdemir Aleixo2
Marlene de Matos Malavasi 3
Ubirajara Contro Malavasi4
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial fisiológico e a armazenabilidade de sementes de variedades melhoradas de milho, produzidas em sistema de cultivo orgânico. O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes e Mudas e no setor de Cultivo Protegido Prof. Mário César Lopes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, no município de Marechal Cândido Rondon, Estado do Paraná. Para avaliação da qualidade fisiológica das sementes foram utilizadas as variedades melhoradas de milho OCEPAR 202, BRS 4150, Sol da Manhã e IPR 114, recém colhidas e após o armazenamento de cinco meses em câmara fria e temperatura ambiente As sementes foram avaliadas pelos testes de Germinação; Massa de Mil Sementes; Grau de Umidade; Tetrazólio; Teste do Frio; Emergência em Solo; Índice da Velocidade de Germinação; Primeira contagem do Teste de Germinação; Comprimento da Parte aérea de Plântulas; Massa Fresca da Parte aérea de Plântulas e Massa Seca da Parte aérea de Plântulas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com arranjo fatorial 4 x 3 e quatro repetições. Os testes de vigor apontam que as sementes apresentam médio vigor, sendo a cultivar Sol da Manhã a mais vigorosa entre as cultivares. O armazenamento em câmara fria, com temperatura e umidade controlada, demonstrou a melhor forma de armazenamento ao contrário do armazenamento em temperatura ambiente. A cultivar Sol da Manhã foi a que demonstrou a melhor qualidade fisiológica recém colhida, no armazenamento em câmara fria e temperatura ambiente.
Palavras-chave: qualidade fisiológica, vigor, armazenamento.
1 Eng. Agrônoma, Mestre e Doutoranda em Agronomia. UNIOESTE, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, PR 2 Professor de Gestão Ambiental FALURB, Faculdade Luterana Rui Barbosa, Mestre e Doutorando em Agronomia, UNIOESTE, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, PR. 3 Professora do PPGA, UNIOESTE, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, PR. 4 Professor do PPGA, UNIOESTE, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, PR.
186
1 INTRODUÇÃO
Em lavouras orgânicas de milho, onde o principal problema é o fornecimento de
sementes, há necessidade de reduzir a utilização de insumos sintéticos e resgatar cultivares
mais adaptados a essas condições. Geralmente as áreas são pequenas e a forma de
agricultura é familiar. Há a utilização de milho variedade e a maioria dos agricultores
produz sua própria semente, armazenando-a até a próxima safra. As condições de
armazenamento muitas vezes levam a uma baixa produção devido à redução da qualidade
da semente. Assim, para a obtenção de boa produtividade, a qualidade da semente a ser
utilizada e a forma de armazenamento é de grande importância no sucesso desse sistema de
produção.
As sementes de variedades melhoradas se constituem uma opção interessante para a
agricultura familiar, pois apresentam um custo menor que de sementes híbridas, exigem
menos tecnologia e tem ótima adaptação. Sendo um dos mais importantes insumos para a
implantação de uma lavoura, as sementes necessitam cada vez mais possuírem além das
características genéticas, uma alta qualidade fisiológica, que permitam ao agricultor da
colheita até a próxima semeadura rendimento o mais próximo possível do potencial
máximo.
A qualidade fisiológica que as sementes podem apresentar é máxima por ocasião da
maturidade, a partir deste momento, processos degenerativos começam a ocorrer e a
manifestação final das sementes é a deterioração. O monitoramento da deterioração de
sementes por intermédio de testes de vigor é importante para solução de problemas como o
momento de colheita e o armazenamento.
Vários são os fatores que afetam o cultivo do milho, entre eles a qualidade e vigor
das sementes utilizadas. As características da variedade e forma de armazenamento podem
acelerar a perda de vigor. Este um atributo abrangente e que compreende várias
propriedades das sementes, e pode influenciar a uniformidade, a velocidade e a
porcentagem de emergência em campo, além de apresentar reflexos sobre a produção final
(DURÃES et al., 1993).
O armazenamento tem como objetivo básico manter o nível de qualidade fisiológica
das sementes até o momento de sua utilização na semeadura (CARVALHO &
187
NAKAGAWA, 2000). Em algumas sementes agrícolas, como o milho, a longevidade é
alcançada conservando as sementes com baixo teor de umidade e baixa temperatura.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial fisiológico e a armazenabilidade de
sementes de variedades melhoradas de milho produzidas em sistema de cultivo orgânico.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes e Mudas e no setor de
Cultivo Protegido Prof. Mário César Lopes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), no município de Marechal Cândido Rondon, Estado do Paraná. Para
avaliação do potencial fisiológico das sementes foram utilizadas, as variedades de milho de
polinização aberta, OCEPAR 202, BRS 4150, Sol da Manhã e IPR 114, produzidas em
quatro propriedades do Oeste do Paraná, localizadas nos municípios de Diamante do Oeste,
Marechal Cândido Rondon, Medianeira e Mercedes. As sementes foram produzidas em
sistema de cultivo orgânico na safra 2006/2007 e a colheita realizada entre os meses de
fevereiro a março de 2007. Após a colheita as espigas foram beneficiadas na unidade do
Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), no município de Palotina-PR.
Após o beneficiamento, as amostras das sementes foram levadas ao Laboratório de
Sementes e Mudas da Unioeste, onde foram realizados os testes para avaliação da qualidade
inicial (T1). Posteriormente, as sementes foram acondicionadas em sacos de papel e
armazenadas durante um período de cinco meses em ambiente controlado (T2), e cinco
meses em temperatura e umidade ambiente (T3). Em setembro de 2007, após o período de
cinco meses de armazenamento, as amostras de sementes foram avaliadas seguindo os
mesmos testes utilizados para avaliação da qualidade fisiológica inicial das sementes.
A avaliação da qualidade fisiológica foi realizada com as sementes recém colhidas
(RC) e após o período de armazenamento de cinco meses em Ambiente Controlado (AC) e
em temperatura e umidade ambiente (TA). As avaliações consistiram-se dos testes de
Germinação padrão (GER); Massa de Mil Sementes (MMS); Grau de Umidade (UMID);
Tetrazólio (TZ); Teste do Frio (TF); Índice da Velocidade de Germinação (IVG) e Primeira
contagem do Teste de Germinação padrão (PCG).
188
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com arranjo
fatorial 4 x 3 (4 variedades x 3 períodos/local de armazenagem) com quatro repetições. A
análise de variância foi realizada pelo teste F e as médias dos fatores foram comparadas
pelo teste Tukey a 5% de probabilidade (PIMENTEL GOMES, 1999). As análises
estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa computacional SISVAR, versão
4.0 (FERREIRA, 2000).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise de variância para os testes de germinação, viabilidade em
tetrazólio, umidade e massa de mil sementes estão apresentados na Tabela 1. Todos os
testes apresentaram diferença significativa entre as cultivares, entre as formas de
armazenamento e na interação entre os cultivares e as formas de armazenamento. Quanto
ao coeficiente de variação podem-se observar valores baixos (GOMES, 1999).
Tabela 1 Análise de variância dos Testes de Germinação (%), Viabilidade Tetrazólio (%), Grau de umidade
(%) e Massa de 1000 sementes (g) utilizadas em sistema de produção orgânica para avaliação da
qualidade fisiológica e armazenamento das sementes. Unioeste, M. C. Rondon, 2008.
Quadrados médios Fonte de
variação
Graus de
liberdade Germinação
(%)
Viabilidade
tetrazólio (%)
Umidade
(%)
Massa 1000
sementes (g)
Cultivar 3 372,05 ** 66,79 ** 0,42 ** 11695,84 **
Armazena/to 2 3569,39 ** 2592,27 ** 4,44 ** 28983,26 **
Cult.x.Armaz. 6 296,20 ** 52,71 ** 0,46 ** 442,67 *
Resíduo 36 7,26 15,27 0,03 154,39
CV (%) 3,10 4,91 1,63 4,10
Média geral 86,92 79,64 9,98 302,86
* - Significativo a 5% de probabilidade ** - Significativo a 1% de probabilidade
189
A análise do comportamento das cultivares conforme a forma de armazenamento e
neste o das cultivares realizou-se por meio de comparações obtidas pelo teste de Tukey.
A análise de variância dos testes de vigor do tetrazólio, primeira contagem de
germinação, índice de velocidade de germinação e teste do frio indicam diferença
significativa entre as cultivares, as formas de armazenamento e a na interação dessas
(Tabela 2). Para esses testes o coeficiente de variação obtido apresenta baixos valores.
Tabela 2 Análise de variância dos Testes de Vigor Tetrazólio (%), Primeira Contagem da Germinação (%),
Emergência em solo (%), Índice de Velocidade de Germinação – IVG e Teste de Frio (%),
utilizadas em sistema de produção orgânica para avaliação da qualidade fisiológica e
armazenamento das sementes. Unioeste, M. C. Rondon, 2008.
Quadrados médios
Fonte de
variação
Graus de
liberdade
Vigor
Tetrazólio
(%)
Primeira
Contagem
Germinação
(%)
IVG Teste de Frio
(%)
Cultivar 3 423,67 ** 685,72 ** 1176,06 ** 243,64 **
Armazena/to 2 3729,08 ** 7074,08 ** 4478,14 ** 25195,75 **
Cult.x.Armaz. 6 101,42 ** 522,14 ** 392,34 ** 151,97 **
Resíduo 36 21,72 697,50 19,58 21,14
CV (%) 9,59 5,54 5,58 6,98
Média geral 48,58 79,42 79,37 65,87
** - Significativo a 1% de probabilidade
Observa-se que na germinação, quanto aos cultivares, apenas o armazenamento em
temperatura ambiente apresentou diferença estatística, com a cultivar Sol da Manhã
apresentando a maior média (91%).
As cultivares OCEPAR 202 (68%) e BRS 4150 (67%) apresentaram médias de
germinação semelhantes, mas, superiores à IPR 114 (54%). Nas demais formas de
armazenamento, o teste de germinação não demonstrou diferença entre as cultivares.
190
Caniato et al. (2002) encontraram redução na germinação de doze variedades de milho
quando armazenados por cinco meses sem tratamento.
Lopes et al. (2004) obtiveram germinação de 70% para variedade Sol da Manhã
produzida em sistema orgânico e sem adubação, diferindo destes resultados encontrados,
onde a germinação foi de 98%.
Quando se compara as médias dos resultados da germinação de cada cultivar,
conforme a forma de armazenamento observa-se que a recém colhida e armazenada em
ambiente controlado não se diferenciaram e foram superiores à temperatura ambiente.
O teste padrão de germinação é realizado com condições ideais para germinação das
sementes em laboratório. Neste constatou-se uma boa qualidade de germinação para
sementes recém colhidas e armazenadas em ambiente controlado, com queda da viabilidade
nas sementes armazenadas em temperatura ambiente.
Brand et al. (2007) comparando sementes de variedades comerciais com variedades
crioulas, não encontraram diferença na germinação, sendo esta, em média, 89%.
Germinação em porcentagem menor do que encontrada para as sementes recém colhidas e
armazenadas em ambiente controlado que apresentaram germinação igual ou maior a 93%.
A perda da capacidade germinativa é uma das manifestações finais da deterioração e
somente é verificada pelo teste padrão de germinação quando há grandes diferenças, como
encontrada entre as sementes recém colhidas e sementes armazenadas em temperatura
ambiente (JURACH, 2004).
A análise da primeira contagem revela que os resultados para as cultivares recém
colhidas e armazenadas em ambiente controlado foi não significativo. Em temperatura
ambiente, a cultivar Sol da Manhã apresentou a maior média (84%), a IPR 114 a menor
média (35%) e as cultivares OCEPAR 202 (55%) e BRS 4150 (48%) médias
intermediárias. Analisando o armazenamento verifica-se para as cultivares OCEPAR 202 e
BRS 4150 que os resultados de recém colhida, ambiente controlado e temperatura ambiente
foram superiores uns aos outros. Para as cultivares Sol da Manhã e IPR 114 quando recém
colhida e em ambiente controlado não diferiram entre si, sendo ambas superiores à
temperatura ambiente.
Dentro dos locais de armazenamento, verificou-se que a maioria das cultivares
mantiveram vigor quando armazenadas em ambiente controlado e após os cinco meses em
191
temperatura ambiente apresentaram baixos índices de vigor. Jurach (2004), armazenando
sementes do híbrido CD 307, durante 14 meses na primeira contagem do teste padrão de
germinação, as sementes mantiveram seu vigor até cinco meses em condições de depósito,
sendo este menor ou maior dependendo do tamanho das sementes analisadas.
Brand et al. (2007), na avaliação a partir da velocidade de formação de plântulas
normais pela primeira contagem de germinação, encontram diferença significativa entre as
variedades comerciais e variedades crioulas, tendo a variedade comercial demonstrado mais
alto vigor.
Caniato et al. (2002) em estudo da qualidade de sementes de doze variedades locais
de milho de polinização aberta, armazenadas pelo período de cinco meses encontram pelo
teste de primeira contagem que mesmo as variedades apresentando semelhança na
germinação, o estabelecimento dos estandes em campo pode ser diferenciado caso ocorra
algum estresse climático.
A velocidade de germinação é uma das primeiras manifestações da redução do
vigor, perdendo o “stand”, e deixando as sementes susceptíveis as condições adversas do
campo.
No Índice de Velocidade de Germinação (IVG) as cultivares Sol da Manhã (98,56),
BRS 4150 (91,25) obtiveram resultado bastante semelhantes e superiores a OCEPAR 202
(86,85) e IPR 114 (85,84) quando recém colhida. Em ambiente controlado as médias das
cultivares Sol da Manhã (96,65) e IPR 114 (92,84) foram superiores às da BRS 4150
(82,98) e OCEPAR 202 (76,86) formando dois grupos. Em temperatura ambiente a cultivar
Sol da Manhã foi superior em médias às demais com média de 87,02. No armazenamento
verifica-se para as cultivares OCEPAR 202 e BRS 4150 resultados distintos entre recém
colhida , ambiente controlado e temperatura ambiente, apresentando médias recém colhidas
de 86,85 e 91,25, ambiente controlado de 76,86 e 82,98 e para temperatura ambiente de
57,75 e 54,88 respectivamente. Para as cultivares Sol da Manhã e IPR 114 recém colhida e
em ambiente controlado as médias não diferiram entre si, sendo ambas superiores quando
em temperatura ambiente.
Avaliando o vigor das sementes pela velocidade de germinação, as cultivares Sol da
Manhã e IPR 114, quando armazenadas em ambiente controlado mantiveram o vigor.
192
O teste de tetrazólio é importante por revelar pequenas diferenças no estádio de
deterioração pela observação direta da profundidade da coloração dos tecidos vivos e
mortos entre os vários órgãos do milho (DELOUCHE, 2002; DIAS & BARROS, 1995).
Para viabilidade em tetrazólio, os resultados das médias entre as cultivares recém
colhidas foram não significativos; na ambiente controlado as cultivares BRS 4150 (89,50),
OCEPAR 202 (87,50) e Sol da Manhã (83,50) obtiveram médias superiores e semelhantes
entre si, embora a cultivar Sol da Manhã não se diferencie da IPR 114 (79,25) e na
temperatura ambiente as cultivares IPR 114 (69,00), BRS 4150 (69,00) e OCEPAR 202
(62,00) foram semelhantes entre si e superiores à Sol da Manhã (60,50). As cultivares
OCEPAR 202, BRS 4150 e Sol da Manhã recém colhidas e armazenadas em ambiente
controlado não tiveram diferenças significativas quanto à viabilidade tetrazólio e
apresentaram resultados superiores no armazenamento em temperatura ambiente. As
médias da viabilidade em tetrazólio para a cultivar IPR 114 (87,00) recém colhida foram
superiores às armazenadas em ambiente controlado (79,25), que por sua vez foi superior à
temperatura ambiente (69,00), demonstrando a redução da viabilidade das sementes da
cultivar IPR 114 mesmo quando armazenadas em ambiente controlado.
Os resultados de viabilidade do tetrazólio com os do teste padrão de germinação
demonstram que a maioria das cultivares mantiveram inalterada a viabilidade de suas
sementes quando armazenadas em ambiente controlado. Segundo Jurach (2004), a
manutenção da alta qualidade fisiológica nos testes de germinação pode ser explicada pelo
fato de que a perda da capacidade germinativa ser uma das manifestações finais da
deterioração das sementes, e que a estabilidade da germinação durante o armazenamento
não significa que mudanças deteriorativas não tenham ocorrido.
O teste de vigor tetrazólio demonstrou que as cultivares BRS 4150 (67,00% e
62,50%), Sol da Manhã (63,50% e 57,00%) e OCEPAR 202 (62,50% e 55,50%) das
sementes recém colhidas e armazenadas em ambiente controlado respectivamente, e
apresentaram médias semelhantes entre si e superiores à IPR 114 (49,00% e 40,50%). No
armazenamento em temperatura ambiente o resultado do teste de vigor para as cultivares
foi não significativo. Avaliando a forma de armazenamento para cada cultivar verifica-se
que para BRS 4150, Sol da Manhã e OCEPAR 202 tanto recém colhidas quanto ambiente
controlado apresentaram as médias semelhantes entre si e superiores à temperatura
193
ambiente. Na cultivar IPR 114 o teste de vigor apresentou resultados médios para recém
colhida (49,00%) superior ao da ambiente controlado (40,50%), o qual foi superior à
temperatura ambiente (31,50).
Em estudos efetuados por Lin (1988), citado por Jurach (2004) sobre o efeito do
período de armazenagem na qualidade fisiológica da semente de milho sob condições de
estocagem a 25oC e 79% de umidade relativa do ar por 92 dias, observou-se que a
germinação e o vigor das sementes decresceram com o período de armazenamento, como
também ocorreu nas sementes armazenadas em temperatura ambiente. Segundo o mesmo
autor, o vigor das sementes decresce mais rápido que a viabilidade durante o
armazenamento e o aumento do teor de água durante o período de armazenamento, em
razão da absorção da água da atmosfera, poderia indicar as mudanças deletérias da
membrana plasmática, contribuindo com a perda do vigor e da viabilidade da semente de
milho armazenada.
Os resultados do teste de frio demonstraram diferença não significativa entre as
cultivares recém colhidas; em ambiente controlado revelaram médias superiores para as
cultivares BRS 4150 (89,50%) e Sol da Manhã (89,50%); e em temperatura ambiente a
cultivar Sol da Manhã (29,50%) foi superior, em média à BRS 4150 (13,50%). No
armazenamento verifica-se para as cultivares OCEPAR 202 e IPR 114 resultados distintos
entre recém colhida, ambiente controlado e temperatura ambiente. Para as cultivares BRS
4150 (95,50% e 89,50%)) e Sol da Manhã (97,00% e 89,50%) quando recém colhida e em
ambiente controlado respectivamente, e não diferiram entre si, sendo ambas superiores a
temperatura ambiente que apresentou médias de 13,50% , 29,50%.
Lopes et al. (2004) encontrou resultados semelhantes em torno de 90% de
germinação para cultivar Sol da Manhã após submeter as sementes ao teste do frio,
comprovando a alta qualidade das sementes dessa cultivar.
O teste de frio utiliza o estresse de temperatura, e é considerado pela ISTA (1995),
como um dos mais importantes testes para avaliação de sementes de milho. Segundo Grabe
(1976) citado por Jurach (2004), os lotes de qualidade adequada devem apresentar, no
mínimo, 70 a 80% de germinação. Estes valores são observados na Tabela 11 para
sementes recém colhidas e armazenadas em ambiente controlado, que mantiveram seu
vigor.
194
Pelos testes de umidade, os resultados revelaram que a cultivar Sol da Manhã
obteve a maior média (10,14%) entre as recém colhidas; as cultivares BRS 4150 (9,92%) e
OCEPAR 202 (9,80%) foram as superiores na ambiente controlado, e as cultivares Sol da
Manhã (10,91%) e IPR 114 (10,61%) tiveram as maiores médias em temperatura ambiente.
No armazenamento em temperatura ambiente, as sementes apresentaram a maior
umidade, diferindo dos demais tratamentos. Jurach (2004), armazenando sementes do
híbrido CD 307 em temperatura ambiente, verificou que não houve aumento no teor de
água até o 5o mês de armazenamento e ocorreu redução do 5o ao 14o mês, diferindo dos
resultados encontrados neste trabalho.
Segundo Jorge et al.(2005) o armazenando de sementes durante sete meses a uma
temperatura média de 19,69 ºC e umidade relativa do ar média de 66,96%, ocasionou a
perda de qualidade das sementes. Em sementes armazenadas em condições de alta
temperatura e umidade relativa do ar, reações químicas e bioquímicas ocorrem com maior
velocidade, causando desnaturação de proteínas, e ainda propiciando o desenvolvimento de
microorganismos e infestação de insetos.
Marcos Filho (2005) reportou que a deterioração é influenciada por fatores bióticos
e abióticos e, no que diz respeito ao ambiente temperaturas e umidades relativas aumentam
a deterioração e a interação desses parâmetros exerce efeitos maiores que o provocado pela
soma dos efeitos individuais, como as condições encontradas neste trabalho com as
sementes armazenadas em temperatura ambiente.
Durante o período de armazenamento em temperatura ambiente, as cultivares
apresentaram insetos de armazenamento, como o caruncho (Sitophilus sp) e a traça dos
cereais (Sitotroga cerealella). Segundo Fornasiere Filho (2007), temperaturas em torno de
30oC e umidade relativa de 70% são ótimas para o desenvolvimento desses insetos,
podendo levar ao aceleramento da deterioração e é uma das conseqüências da alta umidade
das sementes.
Para massa de mil sementes verificou-se diferença significativa pela análise de
variância para cultivar, armazenamento e a interação cultivar versus armazenamento.
Procedendo ao desdobramento da interação para cultivar dentro de cada nível de
armazenamento observou-se que o cultivar OCEPAR 202 apresentou maior média nos três
tipos de armazenamento que foi de 348,13g para recém colhida, 355,50g para ambiente
195
controlado e de 298g para temperatura ambiente. Ao analisar o armazenamento dentro de
cada cultivar obteve-se a forma recém colhida com médias semelhantes e as maiores
médias nos cultivares BRS 4150, IPR 114, Sol da Manhã e OCEPAR 202, embora este
último sendo semelhante à ambiente controlado.
Câmara (2005), analisando qualidade de sementes crioulas, encontrou massa de
305,1 g para variedade Sol da Manhã e massa de 274,3 g para variedade BRS 4150, sendo
essas massas menores do que as apresentadas neste trabalho que foram de 324,0 g para
variedade Sol da Manhã e 308,37 g para BRS 4150.
A redução de massa das sementes conforme pode ser verificada nas sementes das
diferentes cultivares, segundo Puzzi, (1989) pode ser ocasionada pelo consumo das
substâncias de reservas acompanhado pelo processo respiratório das sementes e ainda pela
infestação de insetos presentes nas sementes armazenadas em temperatura ambiente.
4 CONCLUSÃO
As variedades melhoradas de milho, OCEPAR 202, BRS 4150, Sol da Manhã e
IPR114 demonstraram alta qualidade fisiológica.
Cinco meses em ambiente controlado foi a melhor condição de armazenamento.
A cultivar Sol da Manhã apresentou a melhor qualidade fisiológica nas diferentes
formas de armazenamento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. CÂMARA, J. R. Cultivares Crioulas de Milho (Zea mays, L) em Sistema de Cultivo Orgânico- Desempenho Agronômico das Plantas e Composição Química das Sementes. Marechal Cândido Rondon, UNIOESTE, 2005. 66p. (Dissertação de Mestrado em Produção Vegetal)
196
CANIATO, F.F.; MIRANDA, G.V.; ARAÚJO, E. F.; CALDAS, M. T.; OLIVEIRA, L.R.; GALVÃO, J.C.C. Avaliação da qualidade das sementes de populações locais de milho. In: Anais do XXIV Congresso Nacional de milho e sorgo, 2002, Florianópolis. XXIV Congresso Nacional de milho e sorgo, 2002. CARVALHO, N.M. & NAKAGAWA, J., Sementes: Ciência, Tecnologia e Produção, Fundação Cargill, 4ª ed., 588p, 2000. DELOUCHE, J. C. Germinação, Deterioração e Vigor da Semente, Seed News, v.6 n.6 nov/dez 2002. DIAS, M.C.L.L. & BARROS, A.S.R., Avaliação da qualidade de sementes de milho. Londrina, IAPAR, 43p, 1995. DURÃES, F. M.; CHAMMA, H. M. C. P.; COSTA, J. D.; MAGALHÃES, D.C.; BORBA, C. S. Índices de vigor de sementes de milho ( Zea mays L.) associados com emergência no campo e rendimento de grãos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOLOGIA VEGETAL, 4, Fortaleza, 1993. Resumos. Fortaleza, SBFV; UFCE, 1993. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v. 5, n. 1, p. 90, 1993. FORNASIERI FILHO, D. Manual da Cultura do Milho. Jaboticabal : Funep, 2007. 576 p. GOMES, J., KARAZAWA, M. Como a planta de milho se desenvolve. In: IAPAR. O milho no Paraná. Londrina: IAPAR, 1982. p. 33-49. (Circular IAPAR, 29). INTERNATIONAL SEED TESTING ASSOCIATION - ISTA. Handbook of vigor test methods. 3.ed. Zürich, 1995. 117p. JORGE, M. H. A.; CARVALHO, M. L. M. ; PINHO, E. V. R. V.; OLIVEIRA, J. A. Qualidade fisiológica e sanitária de sementes de milho colhidas e secas em espigas. Bragantia. vol.64, no.4, Campinas, 2005 JURACH, J. Influência do Tamanho e Forma na Qualidade das sementes de Milho Durante Armazenamento. Marechal Cândido Rondon, UNIOESTE, 2004. 53p. (Dissertação de Mestrado em Produção Vegetal) UNIOESTE, 2004.
197
LOPES, H. M.; GALVÃO, J. C. C.; DAVID, A. M. S. de S.; ALMEIDA, Â. A. de; ARAÚJO, E. F.; MOREIRA, L. B.; MIRANDA, G. V. Qualidade Física e Fisiológica de Sementes de Milho em Função da Adubação Mineral e Orgânica. Revista Brasileira de Milho e Sorgo. v.3, n.2, p.265-275, 2004 MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for emergence and vigour. Crop Science, Madison, v.2, n.2, p.176-177, 1962. MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, 2005. 495p. PIMENTEL GOMES, F. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel, 1999. 467p. PUZZI, D. Abastecimento e armazenagem de grãos. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1989. 603p.
198