Analgesia e Sedação

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VENTILAO MECNICA NO RECM-NASCIDO: USO DE ANALGESIA E SEDAO

ANALGESIA E SEDAO NO RECM-NASCIDO EM VENTILAO MECNICA

Paulo R. Margotto

Professor do Curso de Medicina da Escola Superior de Cincias da Sade/SES/DF

www.paulomargotto.com.br

[email protected]

Ai, meus olhos, que claridade! Socorro! Esto colocando um tubo na minha garganta! Ah! Eu estou respirando melhor... Mas horrvel este tubo!

Puxa, eu no sei onde mais vo colocar tubo em mim: tem um na garganta, um na boca, dois no umbigo. Meu corpo est cheio de adesivos, esparadrapos e fios. Mas o pior so estas agulhadas que do nos meus ps... Isto tudo di tanto! Porque me tiraram da barriga da minha me? L era to bom. Eu estava to livre e to quentinho... Sua respirao me embalava e a batida do seu corao me acalmava (Dirio de um beb na Unidade Neonatal, de Ceci Mendona de Menezes, Mdica do Hospital Maternidade Praa XV/RJ).

Os avanos dos cuidados perinatal e neonatal dos recm-nascidos (RN) de baixo peso, especialmente aqueles RN abaixo de 1000g requereram muitos processos invasivos. Entre estes, esto a intubao endotraqueal e a ventilao prolongada, devido severa imaturidade pulmonar, doena da membrana hialina e displasia broncopulmonar1.

Dados da rede Vermont Oxford mostram que mais da metade dos RN de peso ao nascer entre 401-1500g foram 1ntubados na sala de parte e 70% destes RN com peso menor que 1500g ao nascer receberam em algum momento ventilao mecnica durante a sua hospitalizao. Os RN com idade gestacional abaixo de 28 semanas, entre 64-100% receberam ventilao mecnica em mdia por 25 dias em 17 das UTI Neonatais do Canad, de janeiro de 1996 a outubro de 1997. Mesmo os RN maiores e menos imaturos (28-32 semanas), 47-93% tambm receberam ventilao mecnica1.

A dor oriunda de procedimentos ocorre com muita freqncia durante a permanncia do RN na UTI (estes RN so expostos a mais ou menos 14 procedimentos ao dia na UTI Neonatal), incluindo coleta de exames para hemograma, hemocultura e realizao de puno lombar. Todos estes procedimentos so extremamente dolorosos2.

Ser que existem evidncias acumuladas de que os RN podem sentir dor? A partir de 16a semana ocorre conexo entre neurnio sensorial e clulas cuniformes da coluna. Com 12 a 16 semanas foram demonstradas a substancia P e os opiceos endgenos dos gnglios nestas reas cuniformes. Com 24 semanas as conexes sinpticas do crtex esto completas. Assim, os bebes tem a capacidade de transmisso de dor. Com 30 semanas, existe a mielinizao quase que completa com as vias de dor completamente prontas para serem ativadas no tlamo, onde ocorre o processamento da dor2.

O efeito dor codificado no cingulado anterior e no na parte somatosensria. do crtex. Estudos usando o PET evidenciaram estrutura lmbica no cingulado anterior que reage da mesma forma. Estes bebs desenvolvem muito cedo um pouco destas estruturas lmbicas e elas esto praticamente formadas neste perodo de vida. Ento uma codificao central para a dor talvez seja o evento que se desenvolve precocemente2.

A dor um grande estressor que pode aumentar a morbidade e mortalidade nos RN criticamente doentes. No entanto, a dor subjetiva, no havendo um mtodo padro da sua estimao. A necessidade para a sedao e analgesia trem sido amplamente usado nos RN, com o intuito de reduzir o estresse e evitar complicaes durante procedimentos tais como a ventilao mecnica. Apesar do amplo uso da analgesia e sedao nesta condio, as evidncias clnicas so limitadas quanto eficincia e segurana das drogas usadas1.

A intubao e ventilao mecnica so as maiores causas de dor e estresse nos RN. A ventilao mecnica e os procedimentos invasivos relacionados so associados com vrias alteraes bioqumicas, fisiolgicas e comportamentais, indicando que a dor e o estresse no RN podem levar a instabilidade clnica e a um prognstico clnico adverso. Nos RN ventilados, a dor pode levar a agitao e assincronia entre ventilao e respiraes espontneas, resultando em uma inadequada ventilao1.

Os RN pr-termos so capazes de desencadear resposta hormonal ao estresse atravs do aumento da concentrao de catecolaminas. As concentraes de adrenalina e noraderenalina correlacionam-se com a severidade da doena nos RN pr-termos ventilados. A despeito da sedao, os RN pr-termos ventilados que no sobreviveram tiveram altos nveis de noradrenalina, em contraste com os que sobreviveram (estes tiveram diminuio dos nveis de noradrenalina com a sedao). A queda da noradrenalina com a sedao foi menor nos RN que morreram (2%) do que nos RN que sobreviveram (40%). Portanto, os RN pr-termos so capazes de dar resposta hormonal adequada ao estresse conforme a severidade da sua doena. Respostas extremas (maiores nveis de catecolamina) nos RN pr-termos doentes, foi associada com pior prognstico3.

Estudo subseqente de Evans e cl4 evidenciou que os RN que morreram ou que tiveram desabilidade aos 5-6 anos apresentaram no segundo dia de vida maiores nveis de noradrenalina (morte: 3,27-IC 95%:1,48-7,23) e morte mais desabilidade (RR: 3,55-IC 95%:1,77-7,10). No houve correlao entre catecolaminas no perodo neonatal e deficincia cognitiva ou motora aos 5-6 anos de idade. Assim, estes RN pr-termos que vo a UTI Neonatal so capazes de montar uma resposta hormonal ao estresse da sua doena e tratamento. A expresso desta resposta o alto nvel de catecolaminas.

Nos RN submetidos cirurgia cardiovascular, a mortalidade foi 27% naqueles que receberam analgesia ps-operatria intermitente comparada com 0% nos que receberam fentanil contnuo ou terapia com sufentanil. Este estudo foi realizado por Anand e cl5 que randomizaram dois grupos de bebs em halotano em pequenas doses e sufentanil em altas doses (1000 vezes mais ativo que a morfina). Estes bebs tiveram uma boa analgesia. Estudaram estes bebs durante a cirurgia cardaca neonatal. Nos bebs com sufentanil, a resposta a epinefrina, noreprinefrina, cortisol, glucagon e aldosterona foi muita mais baixa em relao aos RN que receberam halotano e morfina (este grupo teve mais severa hiperglicemia e acidose lctica; o lactato e o acetoacetado foram significativamente maiores durante a cirurgia). Tambm demonstraram que o cortisol no se elevou no grupo do sufentanil; j nos RN que receberam doses baixas de halotano e morfina, o nvel de cortisol (hormnio do estresse) era muito maior. Quanto mortalidade, esta foi menor nos bebs que tinham maior controle da dor. O que ocorria com estes bebs que tinham menor controle da dor: estes bebs desenvolviam com maior freqncia hipotenso, acidose metablica, CID e sepses, enterocolite necrosante.

Portanto, h vrias razes para considerar o tratamento da dor e do estresse do neonato. Assim, humano e tico dar conforto e aliviar a dor2.

ABORDAGEM NO FARMACOLGICA

Os tipos de abordagem no farmacolgica da dor neonatal incluem: fsicas, cognitivas, maternas e ambientais.

Para a parte fsica: posicionamento, o falar, msica. Aconchegar o beb d um estado de quietude (tentamos fazer isto nos RN ventilados), posio supina, embalar (os RN a termos se beneficiam, mas nem todos os pr-termos)2. A msica facilita a estabilidade fisiolgica; se parar a msica, o PaO2 diminui6. A msica somente, melhora a freqncia cardaca do neonato. Juntamente com a suco no nutritiva, melhora a PaO2 e reduz a dor7. Toque o beb, converse com ele ao lancetar o calcanhar. A chupeta libera serotonina2. Uso de sucrose8: medida que se administra a sucrose, o beb se atrai pelo sabor e numa segunda fase, h liberao de endorfinas (o naloxone pode reverter este efeito da sucrose, como foi demonstrado em ratos). Aparentemente o sabor doce que eficaz. No adianta administrar por sonda orogstrica. Adoantes artificiais tm uma leve reposta. o sabor doce em si que tem o efeito analgsico. Se mergulhar a chupeta em sacarose, vamos ter 0,1ml. O pico de efetividade de 2 minutos e quando repetido, 2 minutos a cada 3 vezes ( uma curva de dose resposta que fica muito evidente). Para os prximos do termo, usar 1-2 ml de sacarose. Para os bebs muito pequenos (27 semanas), usar com cautela, pois as coisas no esto muito bem estabelecidas nestes RN9.

Conforto materno: as endorfinas so acionadas pelo contato fsico; a ocitocina promove esta conjugao e a regulamentao, alm de potencializar a excreo de opiceos endgenos. A me segurando o beb um fator proeminente na analgesia. Administrar leite materno antes da venopuno mostrou efeitos marginais na reduo dos sintomas devido dor nos RN a termo10. A lactose no doce o suficiente para ser eficaz. O cuidado chamado Canguru, desenvolvido por Ray e Matinez na Colmbia (o beb fica em contato direto com a pele da me), reduz o choro em at 82% e as caretas faciais em 65%11. A voz da me muito interessante. Eles conseguem diferenciar as suas mes. As mes reconhecem o choro de seus bebs. No entanto, a voz da me no eficaz na reduo da dor2. A posio prona confere aos RN maior saturao de O2, menor episdios de saturao de oxignio e menos atividade motora do que quando na posio supina. Assim, a posio prona pode diminuir a atividade motora e estabilizar a oxigenao nos RN pr-termos ventilados, embora no d conforto suficiente para uma interveno dolorosa, como punes capilares12.

ABORDAGEM FARMACOLGICA

No h consenso universal entre as UTI Neonatais quanto ao tipo de interveno que deve ser adotada. Um questionrio respondido pelo telefone mostrou que, em 239 Unidades Neonatais do Reino Unido, 37% delas usavam sedao antes da intubao e somente 14% tinham norma escrita. A morfina foi a droga mais comumente usada (66%), enquanto outros opiides e benzodiazepnicos (associado com atividade mioclnica quando dado em bolus) foram usados menos freqentemente. O uso da sedao com relaxante muscular foi feito por 22% das Unidades e as doses das drogas tiveram uma ampla variedade13.

OPIIDES

Vrios opiides (fentanil, morfina, dimorfina) e sedativos tem sido usados em RN ventilados. H limitado dados comparando vrios opiides com ou sem sedativos.

-Fentanil

O fentanil um analgsico opiide sinttico freqentemente usado em neonatologia por prover rpida analgesia; mantm a estabilidade hemodinmica (causa mnima produo de histamina), bloqueia a resposta endcrina ao estresse e previne o aumento da resistncia vascular pulmonar dor induzida. A analgesia e sedao induzida pelo fentanil tm incio rpido e tem menor durao do que a morfina. O fentanil tem 80-100 vezes maior potncia analgsica do que a morfina em pacientes adultos (em pacientes peditricos, 13-20 vezes mais). O fentanil altamente lipoflico, cruza a barreira hematoenceflica rapidamente, acumula-se nos tecidos gordurosos e causa menor liberao de histamina em relao morfina. A tolerncia se desenvolve mais rapidamente com o fentanil em relao morfina, requerendo freqente escalonamento da dose durante a administrao prolongada1. Pelo fato de aumentar a presso intracraniana em adultos, requer maior vigilncia quando usado em pacientes com anormalidades intracranianas14.

A analgesia para o RN em ventilao mecnica pode requerer infuso endovenosa de 0,5 a 2 mcg (micrograma) /kg/hora, embora alguns estudos tenham usado altas doses. A dor/desconforto associados com a ventilao mecnica atravs do tubo endotraqueal tem sua origem bem definida, embora a sua durao seja varivel e no preencha os critrios sugestivos de dor aguda15.A rigidez da caixa torcica pode ocorrer aps rpida infuso do fentanil (acima de 2mcg/kg). A ocorrncia deste efeito adverso requer urgente ventilao mecnica, relaxao neuromuscular e/ou administrao de naloxone1.

O fentanil metabolizado no fgado e excretado pelos rins, com uma vida mdia acima de 5 horas nos recm-nascidos pr-termos1.

Mesmo com altas doses de fentanil (25mcg/kg) tem mnimo efeito na presso arterial mdia, no afetando a freqncia cardaca e o ndice cardaco1. Aps a administrao do fentanil ao RN, tem sido observada potente inibio da resposta ao estresse, alm da estabilizao da presso arterial e reduo dos episdios de hipxia15.

Uma dose mdia de fentanil de 0,64mcg/kg/hora produz analgesia e sedao apropriada nos RN com severa doena da membrana hialina (RN com idade gestacional menor que 34 semanas). Os RN com idade gestacional acima ou igual a 34 semanas requerem uma dose maior (0,75mcg/kg/h). O grupo do fentanil requereu menos sedativo e menos inotrpicos1.

A infuso de fentanil pode levar a dependncia, resultando na sndrome de abstinncia aps a descontinuao da drogas. No estudo de Katz e cl16, os sintomas da retirada do opiide ocorreram em 57% dos RN ventilados e crianas (1 semana-22 meses) que receberam fentanil endovenoso por mais de 24 horas. As crianas com sndrome de abstinncia receberam alta dose total de fentanil endovenosos por longo tempo. A tolerncia ao fentanil ocorreu aps dose acumulada de fentanil de 1,6mg/kg a 2,5mg/kg ou aps 5-9 dias de infuso contnua17. A sndrome de abstinncia pode ser minimizada por uma desmame lento do fentanil (diminuir inicialmente 25%, seguido por diminuio de 10% cada 4 horas18).

O estudo de Lago e cl19 (randomizado e controlado com grupo placebo) envolvendo 27 RN pr-termos ventilados que receberam, em mdia 1,1mg/kg/hora (variou entre 0,5 a 2,0 mg/Kg/h) por 75 horas versus 28 RN pr-termos controles, evidenciou significativamente menores escores de estresse comportamental, menos freqente dessaturao de oxignio, no encontrando diferenas nas variveis ventilatrias ou na durao da ventilao (o fentanil foi desmamado 24 horas antes da extubao), assim como na tolerncia alimentar. Estes resultados do suporte prtica do uso do fentanil nos RN ventilados.

Metanlise de ensaios randomizados e quase randomizados do uso endovenoso de fentanil nos RN ventilados com idade gestacional maior ou igual a 28 semanas de idade gestacional realizado pelo grupo de Aranda1 e apresentada no Pediatric Academic Meeting (2004), evidenciou que o fentanil reduziu as medidas fisiolgicas e comportamentais da dor e estresse nos RN ventilados, podendo resultar em um aumento dos parmetros do ventilador.

-Morfina

A morfina usada amplamente em RN ventilados devido o seu potente efeito analgsico e sedativo, ao prolongada e menor potencial para a tolerncia. A morfina endovenosa associada com incio da ao mais lento, devido os seus sais sulfato e hidroclorido serem menos lipoflicos do que a citrato de fentanil. A morfina tem um clearance atrasado nos RN prematuros e a termo (vida mdia de 9 horas e 6,5 horas nos RN a termo, comparado com 2 horas em crianas e adultos)1.

O ensaio de Simons e cl20, comparando morfina com placebo, no deu suporte ao uso de rotina de morfina nos RN ventilados pela falta de efeitos analgsicos mensurveis e ausncia de efeito benfico no prognstico neurolgico ruim.

H atualmente uma preocupao com o uso da morfina na analgesia e na ventilao dos RN pr-termos. Por que esta preocupao? Anand e cl21publicaram em 2004 estudos envolvendo 898 RN (23 a 32 semanas de gestao). Doze Centros nos EUA e 4 Centros na Europa participaram deste ensaio randomizado. o maior nmero de RN que se tem estudado abordando esta rea. A morfina foi usada como analgsico nestes RN pr-termos ventilados. Este ensaio foi chamado de NEOPAIN (Neurologic Outcomes and Preemptive Analgesia in Neonates). Os objetivos avaliados foram: bito neonatal e hemorragia intraventricular e leucomalcia periventricular. Houve diminuio da dor nestes bebs. No houve diferena entre os grupos quanto ao bito, hemorragia intraventricular e leucomalcia periventricular. Houve uma tendncia, em determinadas idades gestacionais ao aumento da leucomalcia periventricular no grupo morfina. A morfina, ento no foi exatamente boa neste caso. Os RN pagaram para ter o alvio da dor: os que receberam morfina tiveram mais hipotenso (aps uma dose-carga, ou mesmo durante a infuso da droga, principalmente nos neonatos entre 23-26 semanas de idade gestacional). O que mais preocupou foi o uso de morfina de rtulo aberto (a morfina era administrada, independente do grupo morfina ou placebo se o mdico percebesse que o RN estivesse sentindo dor; uma dose adicional de morfina). Os RN que estavam no grupo de morfina receberam menos reforo de morfina, pois j estavam recebendo. Ao se observar o resultado foi assustador: os RN do grupo morfina que receberam dose adicional apresentaram significativamente maior incidncia de severa hemorragia intraventricular (19% versus 9% (p=0,0024), ou seja, uma duplicao: a hemorragia intraventricular grave no grupo placebo foi de 4% versus 16% no rtulo aberto.

Hall e cl22 relataram maior durao da ventilao, tempo maior de utilizao de nutrio parenteral com o uso da morfina. A morfina diminui o escore de dor, mas aumenta a hipotenso, prolonga a ventilao e aumenta a intolerncia alimentar.

Analisando o resultado pulmonar a curto prazo do ensaio NEOPAIN (449 pacientes do grupo morfina e 449 pacientes no grupo placebo), Bhandari e cl23 evidenciaram: os RN do grupo morfina requereram significantemente mais tempo em ventilao, principalmente para os RN entre 27-29 semanas e 30-32 semanas de idade gestacional e os RN que requerem doses adicionais de morfina (eram RN mais doentes) apresentaram maior incidncia de escape de ar, maior durao de ventilao de alta freqncia, CPAP nasal e terapia com oxignio. Assim, a infuso de morfina nos RN pr-termos extremos no melhora os resultados pulmonares a curto prazo nos RN pr-termos ventilados. Doses adicionais de morfina foram associadas com pior evoluo respiratria nestes RN.

Simons e cl24 em 2006 estudaram os efeitos da infuso contnua de morfina na presso arterial dos RN ventilados, sendo observado a ocorrncia de hipotenso arterial em 70% dos RN que usaram morfina versos 44% no grupo controle (p=0,004). No entanto, no houve diferena entre os grupos quanto ao uso de expansores de volume e o uso de drogas vasopressoras (p=0,87). Os pacientes com ou sem hemorragia intraventricular no mostraram diferenas na presso arterial ou na incidncia de hipotenso (p=0,14 e p=0,28, respectivamente). Concluem os autores que o impacto da hipotenso como efeito colateral da baixa dose de morfina nos RN negligencivel.

Dados experimentais de Hu e cl25 in vitro indicam que a morfina aumenta a apoptose da micrglia fetal humana e de elementos neuronais (aproximadamente 4 vezes mais em relao s clulas controles no expostas a morfina). Os astrcitos so completamente resistentes a apoptose morfina induzida. O naloxone bloqueia esta ao da morfina, sugerindo haver o envolvimento de um mecanismo via receptor de opiceo, havendo tambm a possibilidade do envolvimento da caspase-3. Segundo Anand25, as concentraes de morfina que levaram estes resultados in vitro so muito superiores s concentraes de morfina obtidas no ensaio clnico NEOPAIN.

No entanto, McGregor e cl26 no evidenciaram qualquer efeito adverso na inteligncia, funo motora ou comportamental aos 5-6 anos nas crianas que receberam morfina no perodo neonatal (23 semanas e