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TEMA: ORÇAMENTOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO SOBRE A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PÚBLICA SUBTEMA: ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA TÍTULO DA MONOGRAFIA: ANÁLISE COMPARATIVA DE MÉTODOS DE PREVISÃO APLICADOS À ARRECADAÇÃO DO ICMS - ESTADO DE S. PAULO

Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

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Page 1: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

TEMA:

ORÇAMENTOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO SOBRE A

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PÚBLICA

SUBTEMA:

ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO

ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

TÍTULO DA MONOGRAFIA:

ANÁLISE COMPARATIVA DE MÉTODOS DE PREVISÃO

APLICADOS À ARRECADAÇÃO DO

ICMS - ESTADO DE S. PAULO

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Í N D I C E

1. INTRODUÇÃO 32. O CONCEITO DE RECEITA PÚBLICA E O DEVER DE PREVÊ-LA 52.1. Receita Pública 52.2. Classificação Econômica da Receita Pública 62.3. Receita Tributária 72.4. Etapa de Previsão 82.5. Etapa de Lançamento ou de Declaração 92.6. Etapa de Arrecadação e Recolhimento 102.7. Previsão de Arrecadação e Potencial de Arrecadação 102.8. Obrigatoriedade da Previsão 112.9. Época de Elaboração da Previsão 122.10. Enfoques Orçamentário e Financeiro 133. A IMPORTÂNCIA DO ICMS NA RECEITA ESTADUAL 144. METODOLOGIAS DE PREVISÃO 164.1. Preâmbulo 174.2. Modelos Aritméticos 18 4.2.1. Método Convencional 184.3. Modelos Econométricos 20 4.3.1. Uma Classificação dos Modelos Econométricos 20 4.3.1.1. Modelos Analíticos 21 4.3.1.2. Modelos de Previsão 22 4.3.2. Regressão Convencional – Hipóteses do Modelo Linear 23 4.3.3. Forma Funcional 25 4.3.3.1. Forma Linear 25 4.3.3.2. Forma Log-Log 25 4.3.4. Método dos Mínimos Quadrados 27 4.3.5. Avaliação dos Resultados de um Modelo Econométrico 28 4.3.6. Teste de Hipóteses 294.4. Modelos Econométricos a serem Aplicados na Previsão do ICMS 29 4.4.1. Linha de Tendência 30 4.4.2. Séries de Tempo – Decomposição Clássica 32 4.4.3. Modelos Auto-regressivos 34 4.4.3.1. Modelos Auto-regressivos Integrados de Médias Móveis - ARIMA 365. APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE PREVISÃO SELECIONADOS 415.1. Método Convencional 415.2. Linha de Tendência 475.3. Série Temporal – Decomposição Clássica 505.4. Modelo Auto-regressivo 586. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 647. CONCLUSÃO 72BIBLIOGRAFIA 76

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1 INTRODUÇÃO

Propõe-se a seleção de um conjunto de métodos de previsão,

aplicando-os para prever a arrecadação do ICMS anual e mensal, para

o ano 2000, aproveitando séries disponíveis, iniciando-se em janeiro de

1995 até final de 1999, lembrando que em meados de dezembro de

1999 já se dispunha de uma boa prévia da arrecadação desse mês e,

portanto, da arrecadação de 1999.

Os valores monetários das séries empregadas estão expressos

em moeda constante de dezembro de 1999, utilizando-se, para a

atualização monetária, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade

Interna (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas.

Além de séries históricas disponíveis na Secretaria da Fazenda,

relativas à arrecadação mensal e arrecadação acumulada de 12 (doze)

meses do ICMS, serão utilizadas, na aplicação dos métodos

selecionados, séries de dados externos à Secretaria, compreendendo o

consumo estadual de energia elétrica, índice de vendas do setor

industrial paulista, taxa nominal de juros e outras.

Na etapa final, foi realizado um balanço dos valores previstos e

os valores efetivamente arrecadados no ano 2000, para efeito da

recomendação de um ou de alguns dos métodos do referido conjunto,

com vistas a contribuir para o aperfeiçoamento da previsão da

arrecadação do ICMS.

Os objetivos que se pretende alcançar com esta monografia são:

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a) proceder a uma breve revisão do conceito de receita pública;

b) destacar a obrigatoriedade de se prever receitas tributárias;

c) indicar a importância do ICMS na Receita Estadual;

d) identificar metodologias alternativas para previsão de receitas;

e) aplicar algumas das metodologias identificadas na previsão do

ICMS;

f) analisar os resultados (mediante o confronto de valores

prospectivos para período já transcorrido com os valores

efetivamente arrecadados); e

g) sugerir o (s) método(s) mais indicado(s).

Em face aos objetivos pretendidos, esta monografia foi

estruturada em 6 (seis) capítulos, além desta introdução. No Capítulo

2 efetuou-se uma revisão do conceito de receita pública, ressaltando

a obrigatoriedade do ente público em prevê-la. O Capítulo 3 focaliza a

importância do ICMS na receita estadual. O Capítulo 4 aborda, de

modo sucinto, 4 (quatro) métodos de previsão selecionados: Método

Convencional, Linha de Tendência, Decomposição Clássica de Série

de Tempo e Modelo Auto-regressivo. Aplicados os métodos aos

dados, os resultados obtidos foram reunidos e analisados,

respectivamente, nos Capítulos 5 e 6. No Capítulo 7, a partir da

análise do capítulo anterior, apresenta as conclusões e

recomendações.

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2 O CONCEITO DE RECEITA PÚBLICA E O DEVER DE

PREVÊ-LA

Neste capítulo serão abordados:

a) o conceito de Receita Pública de acordo com as normas

orçamentárias brasileiras;

b) os conceitos de previsão e potencial de arrecadação;

c) a obrigação de prever as receitas tributárias;

d) época da elaboração da previsão das receitas; e

e) enfoques orçamentário e financeiro.

2.1 Receita Pública

Receita Pública corresponde a todo e qualquer recolhimento feito aos

cofres públicos, efetuado mediante numerário ou outros bens representativos

de valores. A Receita Pública decorre de valores que o ente público tem o

direito de arrecadar por força de lei, contrato ou qualquer outro título do qual

derivem direitos a favor do ente público. A Receita Pública também pode advir

de alguma finalidade específica, cuja arrecadação pertença ao ente público ou

caso este figure como depositário dos montantes, que, neste último caso, não

lhe pertencem.

De acordo com a Lei Federal nº 4.320/64, que disciplina a prática

orçamentária por entes públicos, tem-se que:

"Artigo 3º - A lei de orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive

as operações de crédito autorizadas em lei.

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Parágrafo único - Não se consideram para os fins deste artigo as

operações de crédito por antecipação de receita, as emissões de papel-moeda

e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiro".

Assim sendo, a Receita Pública pode ser agrupada em duas categorias:

a) Receita Orçamentária - Aquela que deve constar do orçamento e que

engloba também os valores oriundos de operações de crédito autorizadas por

lei.

b) Receita Extra-orçamentária - Correspondente a meras entradas

compensatórias e que não devem ser consideradas no orçamento.

Ainda com base na Lei Federal nº 4.320/64, há que se destacar a

classificação econômica da Receita Pública, compreendendo:

i) Receitas Correntes - Relativas às transações que o Governo realiza

diretamente ou através de seus órgãos da administração indireta ou

descentralizada (autarquias), desde que não conduzam a alteração patrimonial

do ente público.

ii) Receitas de Capital - Resultam na constituição ou criação de bens de

capital, alterando o patrimônio do ente público.

2.2 Classificação Econômica da Receita Pública

Resumidamente, de acordo com o Anexo 3 da Lei Federal nº 4.320/64, a

classificação econômica da Receita Pública é a seguinte:

I - Receitas Correntes:

Receita Tributária

Receita de Contribuições

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Receita Patrimonial

Receita Agropecuária

Receita Industrial

Receita de Serviços

Transferências Correntes

Outras Receitas Correntes

II - Receitas de Capital:

Operações de Crédito

Alienação de Bens

Amortização de Empréstimos

Transferências de Capital

Outras Receitas de Capital

2.3 Receita Tributária

A Receita Tributária decorre da cobrança de tributos, sendo que,

conforme o artigo 3º do Código Tributário Nacional - CTN, "tributo é toda

prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa plenamente vinculada".

Mais uma vez com base na Lei Federal nº 4.320/64, "tributo é a receita

derivada, instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os

impostos, taxas e contribuições nos termos da Constituição e nas leis vigentes

em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades

gerais ou específicas exercidas por essas entidades", destacando-se que

receita derivada é aquela que advém do patrimônio dos particulares.

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Assim, a Receita Tributária é uma das fontes da Receita Pública. A

Receita Tributária, por seu turno, desdobra-se em 3 (três) subfontes, a saber:

Imposto - É uma subfonte da Receita Tributária e, consoante o artigo 16

do CTN, trata-se do "tributo cuja obrigação tem como fato gerador uma

situação, independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao

contribuinte".

Taxa - Outra subfonte da Receita Tributária e cujo fato gerador decorre

do exercício do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço

público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua

disposição (artigo 77 do CTN).

Contribuição de Melhoria - Mais uma subfonte da Receita Tributária,

caracterizando-se por destinar-se a fazer face ao custo de obras públicas de

que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada

e como limite individual o acréscimo do valor que a obra resultar para cada

imóvel beneficiado (artigo 81 do CTN).

Para sua materialização, a Receita Pública deve percorrer 3 (três)

estágios:

1º) Previsão;

2º) Lançamento ou Declaração; e

3º) Arrecadação e Recolhimento.

2.4 Etapa de Previsão

No que diz respeito à fase de Previsão, esta corresponde à obtenção de

estimativas da Receita Pública, a partir dos estudos de previsão efetuados

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antes do projeto de lei orçamentária. Na fase de execução do orçamento,

procede-se ao acompanhamento e análise da arrecadação efetiva frente aos

valores previstos, com vistas ao aprimoramento das técnicas e das estimativas

de receita para os próximos exercícios.

Segundo Kohama, H.1 (1) , "com o advento de novas técnicas de

elaboração orçamentária, preconizando a integração do planejamento ao

orçamento, a receita que era feita através de planejamento empírico começou

a sofrer alterações com a introdução de métodos e processos, calcados em

bases técnicas e independentes, todavia autônomas, cujo significado moderno

é precisamente ligar os sistemas de planejamento e finanças na expressão

quantitativa financeira e física aos objetivos e metas governamentais.

Contrariamente ao que muitos pensam, a previsão da receita orçamentária tem

um significado importante na elaboração dos programas de governo, pois a

viabilização deles dependerá de certa forma da existência de recursos, que a

máquina arrecadadora da receita for capaz de produzir".

2.5 Etapa de Lançamento ou de Declaração

Nesta etapa, o Poder Executivo procede a ato administrativo, cujo

propósito é identificar e individualizar o contribuinte, com respectivos valores e

vencimentos. São objeto de lançamento, por exemplo, impostos patrimoniais,

como o IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana e o

IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.

1 Ver Kohama, H., "Contabilidade Pública - Teoria e Prática", São Paulo - SP, Ed. Atlas, 6ºedição, 1998, Capítulo 6, pp. 85 a 107.

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Dependendo da natureza do imposto, há a substituição do lançamento

pela declaração, esta de responsabilidade do contribuinte. Tem-se como

exemplos, neste caso, o Imposto de Renda e o ICMS - Imposto sobre

Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de

Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação.

2.6 Etapa de Arrecadação e Recolhimento

Arrecadação refere-se ao pagamento dos tributos ou outras receitas

públicas efetuado ao agente arrecadador, enquanto que Recolhimento é o ato

subsequente da entrega dos valores arrecadados por esses agentes

arrecadadores ao Tesouro.

2.7 Previsão de Arrecadação e Potencial de Arrecadação

Cabe, a esta altura, fazer uma distinção entre esses 2 (dois) conceitos a

seguir.

a) Previsão - Estimativa do valor a ser arrecadado, com base na

aplicação de alguma técnica aos dados históricos de arrecadação.

Esta monografia irá restringir-se a este conceito.

b) Potencial - Valor ideal, que corresponde à arrecadação que se

atingiria na ausência de inadimplência, sonegação e elisão fiscal.

Essa medida de arrecadação ótima, baseada no PIB tributável

paulista, alíquota efetiva e outras variáveis, todas muito difíceis de

serem avaliadas, constitui-se em importante desafio que está sendo

enfrentado no âmbito do PROMOCAT - Programa de Modernização

da CAT.

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2.8 Obrigatoriedade da Previsão

A previsão, conforme assinalado anteriormente, é uma das fases

necessárias para a materialização da Receita Pública. Complementando as

normas orçamentárias brasileiras tradicionais, houve o advento da chamada

Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/00), ensejando:

melhor disciplinar a gestão fiscal;

fortalecer o processo orçamentário; e

reforçar os compromissos dos governantes junto à sociedade.

No tocante à previsão, com a Lei de Responsabilidade Fiscal foi

reforçada a obrigatoriedade de se prever a receita pública em geral e a receita

tributária em particular.

Julgou-se oportuno transcrever a seguir os artigos 11 e 12 da

mencionada Lei Complementar, que fazem parte do seu Capítulo III - Da

Receita Pública.

"Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão

fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos

da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias

para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos

impostos.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais,

considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do

índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator

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relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos

últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se

referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

§ 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será

admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.

§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de crédito não

poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de

lei orçamentária.

§ 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais

Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo

final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os

estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente,

inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo".

2.9 Época de Elaboração da Previsão

As normas orçamentárias tradicionais e a Lei de Responsabilidade

Fiscal exigem a observância de determinados prazos para a conclusão das

peças orçamentárias. Sendo a previsão da receita pública um pré-requisito

para a elaboração dessas peças, a elaboração da previsão é um dos primeiros

passos do processo orçamentário, iniciando-se ainda nos primeiros meses do

exercício em curso e, portanto, com uma antecedência de meses em relação

ao início do novo exercício orçamentário.

Page 13: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

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2.10 Enfoques Orçamentário e Financeiro

Quanto à previsão sob o prisma orçamentário, o ente público deverá

efetuá-la, fazendo constar do orçamento os valores previstos e, durante a fase

de execução, acompanhar o desempenho entre previsto e realizado, com a

finalidade de informar o desempenho ao Tribunal de Contas, tendo, como

subproduto, a possibilidade de vir a aperfeiçoar as previsões futuras.

Sob o enfoque orçamentário há mais dois pontos a enfatizar:

a) há uma maior dificuldade em efetuar as estimativas para o exercício

futuro, uma vez que essas estimativas precisam ser elaboradas com

antecedência de meses do início do próximo exercício; e

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF(Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000)CRONOGRAMA DE ATENDIMENTO À LRF

MÊS MAR ABR MAI JUN JUL AGO

ETAPA PRÉVIA 1ª PRÉVIA

ELABORAR ESTUDOS LDO ESTUDOS

ESTUDOS = Disponibilização de Estudos e EstimativasLDO = Lei de Diretrizes Orçamentárias / Anexo de Metas Fiscais

MÊS SET OUT NOV DEZ JAN FEV

ETAPA 2ª 3º

ELABORAR LOA DRP

LOA = Lei Orçamentária Anual / Demonstrativo do Impacto de RenúnciaDRP = Desdobramento das Receitas Previstas / Cronograma de DesembolsoFonte: Estudo elaborado por Eduardo S. de Oliveira, Assistente Fiscal do Gabinete daDiretoria de Arrecadação da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo

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b) a previsão precisa ser conservadora, visto que evitará uma fixação

de gastos públicos a maior do que os recursos efetivamente

arrecadados permitirão realizar.

Mas há que se considerar também a previsão sob o prisma financeiro.

Este tipo de previsão não segue as mesmas regras rígidas do processo

orçamentário, apresentando a vantagem de poder ser efetuada mais próxima

do final do exercício em curso. Sua desvantagem reside na necessidade de

errar o mínimo possível, a fim de que seja útil às autoridades do Poder

Executivo, que poderão, desse modo, melhor planejar a aplicação das receitas

públicas.

Nesta monografia será considerado o prisma financeiro, embora os

métodos descritos possam ser também aplicados à previsão sob o ponto de

vista orçamentário. Dessa maneira, a previsão para 2000 será realizada com

base em dados disponíveis em dez/99.

3 A IMPORTÂNCIA DO ICMS NA RECEITA ESTADUAL2

Os métodos de previsão que serão analisados e aplicados destinar-se-

ão a prever a receita do ICMS, dada a sua expressiva participação na receita

estadual paulista.

Com efeito, para o Estado de S. Paulo, a receita tributária é a mais

significativa dentre as diversas receitas da administração direta estadual,

conforme se observou durante o exercício de 1999, quando a receita tributária

2 Este capítulo baseia-se em estudo elaborado por Eduardo S. de Oliveira, Assistente Fiscal do Gabinete

da Diretoria de Arrecadação - Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

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respondeu por cerca de 81% das receitas correntes e ao redor de 73% da

receita total.

TABELA Nº 1: COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS ESTADO DE S. PAULO - ADMINISTRAÇÃO DIRETA - 1999

RECEITA VALOR (R$) % s/ RC % s/ RT

RECEITAS CORRENTES 33.949.658.886,00 100,00 89,32

- Receita Tributária 27.638.943.717,00 81,41 72,72

- Receita de Contribuições 0,00 0,00 0,00

- Receita Patrimonial 724.194.377,00 2,13 1,91

- Receita Agropecuária 1.930.423,00 0,01 0,01

- Receita Industrial 2.341.281,00 0,01 0,01

- Receita de Serviços 97.481.358,00 0,29 0,26

- Transferências Correntes 4.092.124.916,00 12,05 10,77

- Outras Receitas Correntes 1.392.642.814,00 4,10 3,66

RECEITA TOTAL 38.006.955.769,00 111,95 100,00

Fonte: Balanço Geral do Estado - Exercício 1999

Por outro lado, dentre os tributos arrecadados pelo Estado de S. Paulo,

o que mais se destaca é o ICMS, cuja participação, em 1999, chegou a cerca

de 89% das receitas tributárias e a 65% da receita total.

TABELA Nº 2 COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

ESTADO DE S. PAULO - ADMINISTRAÇÃO DIRETA - 1999

RECEITA VALOR (R$) % s/ RTR % s/ RT

RECEITA TRIBUTÁRIA 27.638.943.717,00 100,00 72,72

A) IMPOSTOS 26.929.831.379,00 97,43 70,86

- ICMS 24.694.372.936,00 89,35 64,97

- IPVA 2.120.424.736,00 7,67 5,58

- OUTROS IMPOSTOS 115.033.707,00 0,42 0,30

B) TAXAS 709.111.682,00 2,57 1,87

C) CONTRIBUIÇÃO DEMELHORIA

656,00 0,00 0,00

RECEITA TOTAL 38.006.955.769,00 137,51 100,00

Fonte: Balanço Geral do Estado - Exercício 1999

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O ICMS sobressai, portanto, como a principal fonte de receita tributária

da administração direta estadual seguido pelo IPVA. Em 1999, o ICMS e o

IPVA, em conjunto, responderam por aproximadamente 97% de toda a receita

tributária arrecadada, com participação de cerca de 70% sobre o total de

receita realizada.

Registre-se que, de acordo com o estabelecido no inciso IV, do artigo

158 da Constituição Federal, 25% (vinte e cinco porcento) do ICMS

arrecadado pelo Estado deve ser por este repassado para os seus municípios,

de sorte que a receita do ICMS própria do Estado (QPE = quota parte estadual)

corresponde ao complemento aritmético, ou seja, a 75% (setenta e cinco

porcento) do ICMS total arrecadado pelo Estado.

Em virtude da importância do ICMS na receita estadual, esta monografia

centrou-se na avaliação de métodos alternativos para a previsão dessa

relevante fonte de receitas para o Estado de S. Paulo.

4 METODOLOGIAS DE PREVISÃO

Propõe-se a seleção de métodos de previsão, aplicando-os para prever

a arrecadação do ICMS anual e mensal, para o ano 2000, aproveitando séries

disponíveis, iniciando-se em janeiro de 1995 até final de 1999, lembrando que

em meados de dezembro de 1999, época em que se procedeu à previsão para

o ano seguinte, já se dispunha de uma boa prévia da arrecadação desse mês

e, portanto, da arrecadação de todo o ano de 1999.

Page 17: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

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Neste capítulo serão abordados, de forma sucinta, 4 (quatro) recursos

para previsão, compreendendo o Método Convencional, a Linha de Tendência,

a Decomposição Clássica de Série Temporal e Modelo Auto-regressivo.

4.1 Preâmbulo

Existem inúmeros métodos que nos permitem obter estimativas de

valores prospectivos, a partir do conhecimento do comportamento histórico da

grandeza objeto de nossa análise e de outras grandezas a ela associadas.

Neste capítulo serão abordados sucintamente alguns dos métodos de

previsão mais comumente empregados nas empresas e no setor público, de

sorte que alguns métodos, de maior complexidade, deixarão de ser focalizados,

tais como função de transferência e redes neurais.

As 4 (quatro) técnicas focalizadas mais detidamente neste capítulo, e

que irão ser posteriormente aplicadas aos dados selecionados, com vistas à

previsão da arrecadação mensal do ICMS no Estado de São Paulo, no ano

2000, foram agrupadas em duas grandes categorias, a saber: Modelos

Aritméticos e Modelos Econométricos.

No âmbito dos Modelos Aritméticos será examinada a técnica que

denominaremos de Método Convencional, enquanto no campo dos Modelos

Econométricos serão consideradas as seguintes técnicas:

a) Linha de Tendência;

b) Séries de Tempo (decomposição clássica em tendência,

sazonalidade e componente aleatório); e

c) Séries de Tempo - Modelos Auto-regressivos (ARIMA).

Page 18: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

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4.2 Modelos Aritméticos3

Os Modelos Aritméticos consistem em empregar, nas projeções,

relações quantitativas existentes entre as variáveis dependente e

independentes, relações estas observadas no passado ou em circunstâncias

determinadas, cujos valores são obtidos com praticidade, mediante cálculos

simples, envolvendo, por exemplo, percentagens, médias aritméticas,

coeficientes de elasticidade, etc.

Dentre os modelos aritméticos destacam-se o Método Convencional e o

Método das Médias Móveis. A seguir, vamos abordar mais em detalhes o

Método Convencional.

4.2.1 MÉTODO CONVENCIONAL

Trata-se de um modelo aritmético, aplicado quando inexistem dados

estatísticos em número suficiente para justificar o emprego de outras técnicas

mais complexas. No caso da arrecadação anual de ICMS, por exemplo, a série

histórica é curta, apresentando poucos valores, porquanto essa série anual tem

início em 1989.

O Método Convencional também poderá vir a ser empregado quando se

pretende realizar uma projeção para apenas um ou dois períodos adiante.

O Método Convencional, a ser utilizado para a previsão do ICMS, pode

ser traduzido pela seguinte expressão:

ICMSt+1 = ICMSt * [ ( 1+∆PIB.ePIB ) * ( 1+∆Juros.ejuros ) * ( 1+∆Câmbio.ecâmbio ) * ...]

em que:

3 Maiores esclarecimentos quanto aos modelos aritméticos, ver MIGLIOLI, J. "Técnicas Quantitativas dePlanejamento". Petrópolis - RJ: Ed. Vozes, 1976, Capítulo 1, p. 22-30.

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ICMSt+1 = Arrecadação de ICMS prevista para o ano "t+1" (a preços, por

exemplo, de dezembro do ano "t");

ICMSt = Arrecadação de ICMS no ano "t" (a preços de dezembro do ano "t");

∆PIB = Taxa esperada de variação do PIB tributável paulista no ano "t+1";

ePIB = Elasticidade PIB da arrecadação de ICMS;

∆Juros = Taxa esperada de variação da taxa real de juros no ano "t+1";

ejuros = Elasticidade juros da arrecadação de ICMS;

∆Câmbio = Taxa esperada de variação da taxa real de câmbio no ano "t+1";

ecâmbio = Elasticidade câmbio da arrecadação de ICMS; etc.

Na prática, por não se dispor de estimativas para todas as taxas

esperadas de variação em "t+1" e de todas as elasticidades correspondentes,

conforme requerido pela expressão geral acima, considera-se, na aplicação do

Método Convencional, somente a variável independente PIB, reduzindo-se a

expressão do modelo para:

ICMSt+1 = ICMSt * ( 1 + ∆PIB.ePIB )

Efetuada a projeção para o ano "t+1", procede-se, em seguida, à

decomposição desse total anual pelos 12 (doze) meses, a fim de se determinar

as previsões mensais de arrecadação real do ICMS no ano "t+1". Para esse

rateio pode-se utilizar:

a) fatores sazonais mensais; ou

b) simplesmente empregar as médias das participações mensais verificadas

nos anos da série histórica.

Por último, encontradas as estimativas dos valores mensais da

arrecadação do ICMS, expressas em moeda constante, pode-se chegar aos

valores nominais dessa arrecadação mensal mediante o estabelecimento de

Page 20: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

20

uma previsão para a taxa anual de inflação e a fixação de um critério para o

comportamento dessa taxa ao longo do ano "t+1".

4.3 Modelos Econométricos 4

Inicialmente, serão focalizadas noções básicas de algumas técnicas

econométricas, buscando-se:

(a) compreender o que está por trás de cada modelo (ou seja, entender as

limitações dos modelos); e

(b) saber interpretar os resultados de um dado modelo.

4.3.1 UMA CLASSIFICAÇÃO DOS MODELOS ECONOMÉTRICOS

A técnica econométrica a ser aplicada depende dos objetivos (análise de

dados, ou previsão) e da disponibilidade de dados. Para este segundo aspecto,

no Brasil tem-se o problema da necessidade de deflacionar os dados

monetários em séries mais longas, devido ao comportamento da inflação,

mudança de padrão monetário, uso do índice de inflação mais apropriado

(geral, setorial, etc.).

Dependendo do objetivo que se tem em mente, os métodos

econométricos podem ser agrupados em duas categorias: Modelos Analíticos

ou Modelos de Previsão.

Os Modelos Analíticos buscam encontrar relações estruturais entre

variáveis (causa e efeito), dimensionando a magnitude do impacto de x1, x2, ...,

sobre y.

4 Este capítulo, em grande parte, está baseado em notas de aulas da disciplina Métodos Quantitativos,ministradas pela Professora Maria Dolores Montoya Diaz, durante o Curso de Economia do Setor Público(MBA-FIPE/Convênio ESAF-FAZESP). Ver também VASCONCELLOS, M.A.S. & ALVES, D. "Manual deEconometria da Equipe de Professores da USP". São Paulo - SP: Editora Atlas, 2000, 308 páginas.

Page 21: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

21

Já os Modelos de Previsão têm por objetivo acertar (ou minimizar o erro

da) a previsão. Os Modelos de Previsão aplicam-se a período de tempo (curto

prazo) em que não se espera ocorram mudanças estruturais (estas últimas são

captadas pelos Modelos Analíticos).

Assim, essas duas categorias de modelos, Analíticos e de Previsão, são

complementares.

4.3.1.1 Modelos Analíticos

a) Primeiramente deve-se identificar qual é a variável que se pretende analisar

(variável dependente = y). Exemplos: arrecadação, economia informal

(hidden economy), etc. Em diversos casos, como no segundo exemplo

citado, haverá necessidade de recorrermos a uma "proxi" (variável auxiliar,

cujo comportamento se considera próximo ou análogo ao da verdadeira

variável que nos preocupa). Uma "proxi" pode resultar de pesquisa, de

algum critério estatístico, etc.

b) Em seguida, deve-se identificar as possíveis variáveis explicativas.

Exemplos: crescimento econômico, carga tributária, etc.

c) Há também que se definir uma forma funcional, relacionado a variável

dependente às variáveis explicativas. Essa função poderá ser linear,

exponencial, logarítmica, etc.

d) Exemplos aplicados à área tributária:

§ Probabilidade de Inadimplência de indivíduos ou empresas de acordo com

determinadas características;

§ Hidden Economy (economia informal);

§ Cálculo da Elasticidade PIB da Arrecadação.

Page 22: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

22

No caso das elasticidades da arrecadação, temos, a partir dessas

medidas, informações valiosas para o planejamento financeiro e orçamentário,

visto que os coeficientes de elasticidade da arrecadação nos permitem avaliar

melhor qual será o impacto, sobre a arrecadação, de mudança na taxa de

crescimento econômico, mudança nas taxas de juros, mudança de alíquota,

etc.

Um outro aspecto importante é o tipo de análise (agregada, setorial, etc.)

4.3.1.2 Modelos de Previsão

Esses modelos têm as seguintes características e finalidades principais:

• Prever valores futuros da variável que está sendo analisada (previsão é

fundamental para qualquer forma de planejamento)

• Não há preocupação em determinar qualquer relação de causalidade, mas

apenas de precedência

• Busca pelo melhor ajustamento e menor margem de erro, independente de

considerações teóricas

• Etapas de desenvolvimento:

a) Identificar a variável relevante (variável a ser prevista); e

b) Selecionar o método a ser utilizado: Regressão (passos semelhantes

aos indicados para modelos analíticos) ou ARIMA (metodologia

específica).

Exemplos - Previsão de arrecadação de tributos (IR, IPI, ICMS, IPTU,

etc.); Previsão da arrecadação Federal, Estadual, Municipal (isto é, agregada,

Page 23: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

23

para um determinado ente federativo); Previsão do crescimento do PIB

(brasileiro total, estadual, regional, etc.); e outros.

4.3.2 REGRESSÃO CONVENCIONAL - HIPÓTESES DO MODELO LINEAR

Deve-se distinguir uma relação exata, onde Y = a + b.X , de uma relação

estatística.

No primeiro caso temos uma lei relacionando as variáveis X e Y, como,

por exemplo, a pressão atmosférica (Y) variando com a altitude (X). Para cada

X existe um e somente um valor para Y, respeitada uma lei física que se traduz

por uma relação exata (matemática).

No caso da relação estatística, temos Y = a + b.X + u, sendo que para

cada valor de X corresponde uma distribuição de probabilidades completa de

valores de Y. Aqui precisaremos fixar as condições para o comportamento do

componente aleatório u.

Hipóteses Básicas - O componente aleatório u tem estas características:

- Média igual a zero

- Distribuição de probabilidade normal

- Variância constante (homocedasticidade)

- Não pode haver autocorrelação (isto é, ui ≠ uj para i ≠ j)

A violação dessas hipóteses não invalida o uso do método, mas

precisaremos estar cientes do(s) tipo(s) de violação(ões), para efetuarmos

alguma forma de correção (tratamentos adicionais) em face a essa(s)

violação(ões), que acaba(m) distorcendo os resultados, ou seja, afeta(m) as

estimativas dos coeficientes a (constante = intercepto) e b (inclinação) da

regressão.

Page 24: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

24

Heterocedasticidade, ou seja, variância não constante ocorre com muita

freqüência em estudos "cross section" , como, por exemplo, consumo por faixa

de renda, ICMS segundo diferentes Estados, etc.

Autocorrelação, por outro lado, indica presença de erro sistemático

devido à presença de outras variáveis explicativas relevantes não captadas

(não incluídas) pelo modelo.

Multicolinearidade - Além das hipóteses acima, há necessidade de uma

Hipótese Adicional, relativamente à Matriz das Variáveis Explicativas (MATRIZ

NÃO SINGULAR). Essa hipótese adicional é a de que, quando empregarmos

mais de uma variável explicativa, não existirá relação linear perfeita entre

essas variáveis explicativas. Caso a hipótese em questão não seja

respeitada, haverá entre as variáveis explicativas a chamada Multicolinearidade

Perfeita. Neste caso, a matriz de valores dessas variáveis será uma MATRIZ

SINGULAR, que não poderá ser invertida, impedindo a geração das

estimativas desejadas.

Um exemplo de multicolinearidade:

Y = a + b1∆PIB + b2∆Produto Industrial + b3∆Produto Setor Primário +

b4∆Produto Setor Terciário

Neste caso, convém usar somente a variação do PIB ou apenas a

variação do Produto de um dos setores considerados, uma vez que o emprego

das quatro variáveis explicativas ao mesmo tempo tenderá a gerar o problema

de multicolinearidade, que será tanto mais grave quanto maior for a tendência

da relação entre duas, ou mais, variáveis explicativas para uma combinação

linear perfeita.

Page 25: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

25

4.3.3 FORMA FUNCIONAL

Cabe ainda um alerta: é preciso cuidado com a forma funcional e a

subsequente correta interpretação dos resultados encontrados. Assim, temos:

(1) forma linear à cálculo dos efeitos marginais;

(2) forma log-log à cálculo das elasticidades;

(3) forma log-linear à cálculo do impacto percentual na variável explicativa

decorrente de variação unitária na(s) variável(eis) explicativa(s)

4.3.3.1 Forma Linear

Y = a + b.X à Neste caso, dY / dX = b

Exemplo: Consumo = a + b.Renda à b é a chamada "Propensão

Marginal ao Consumo"

Neste caso temos o Incremento Marginal (acréscimo) na mesma

unidade de medida utilizada.

4.3.3.2 Forma Log-Log

Y = a . Xb à log Y = log a + b log X à b , neste caso, é a elasticidade, onde

Elasticidade = Variação percentual de Y Variação percentual de X

Aqui, trata-se de avaliar que o impacto de uma variação percentual em X

reflete-se sobre Y em tantos porcentos.

Note-se, portanto, que na forma linear elasticidade ≠ b. Com efeito:

Elasticidade = (dY / Y) = dY . X = b . X (dX / X) dX Y Y

Page 26: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

26

Na forma linear, temos um valor único para o coeficiente b (inclinação),

enquanto que a elasticidade tem um valor diferente em cada ponto da reta de

regressão.

Já na forma duplo-log (ou log-log) o valor de b correspondente à própria

elasticidade, que neste caso assume um único valor. Neste caso, o valor da

elasticidade sai diretamente ao aplicarmos o modelo. Isto acontece porque:

Y = A . XB à LOG Y = LOG A + B LOG X

Elasticidade = (dY / Y) = dY . X = abXb-1 . X = abXb-1X = b (dX / X) dX Y Y a . Xb

Qual o significado de uma elasticidade igual a 1?

Elasticidade = 1 indica uma relação de 1 para 1. Ou seja, a variação

percentual em X provocará exatamente a mesma variação percentual em Y.

No site da Secretaria da Receita Federal está disponibilizado estudo a

respeito da Elasticidade PIB da Arrecadação com base em séries de tempo

(informações anuais cobrindo o período 19986/1997). Dentre os resultados

divulgados, destacam-se:

TABELA Nº 3ELASTICIDADE PIB DA ARRECADAÇÃO - 1986/1997 (12 Observações)

ELASTICIDADESARRECADAÇÃONO PERÍODO NO PONTO = 1997

TOTAL - BRASIL 1,266 1,178FEDERAL 1,229 1,151ESTADUAL 1,293 1,212* ICMS 1,024 0,981MUNICIPAL 1,733 1,951Fonte: Secretaria da Receita Federal

Page 27: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

27

Algumas inferências são possíveis a partir dos resultados acima

(considerando-os admissíveis/corretos):

a) quando o PIB cresce os contribuintes tendem mais a regularizar sua

situação perante o fisco, ocorrendo tendência a acentuar os atrasos quando

de fases de declínio do PIB;

b) haveria tendência menor ou maior à informalidade quando o PIB,

respectivamente, cresce ou decresce; e

c) a elasticidade maior para o Total Brasil do que para a arrecadação Federal

parece indicar melhor desempenho das administrações tributárias dos

demais entes relativamente à esfera federal (e que parece estar confirmado

também pelo valor superior das elasticidades das arrecadações estaduais e

municipais em relação à federal).

Algumas outras elasticidades interessantes sob o ponto de vista

tributário: elasticidade-alíquota de arrecadação de um determinado tributo,

elasticidade-renda da arrecadação, elasticidade-preço da arrecadação,

elasticidade-juros da arrecadação, etc.

4.3.4 MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS

Permite obtermos estimativas dos coeficientes do modelo de regressão

selecionado. Seu princípio é minimizar os erros ou desvios entre os valores

observados e os valores projetados a partir do modelo estimado.

Page 28: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

28

4.3.5 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE UM MODELO ECONOMÉTRICO

Para avaliar os resultados obtidos através da aplicação de Modelo

Econométrico, deve-se observar a seguinte sequência de providências:

a) Testamos várias especificações / modelos / equações.

b) Verificamos, entre outros testes estatísticos, os valores de R2 ajustado.

Trata-se da medida do Poder de Explicação do Modelo, sendo que 0 < R2

ajustado < 1. Observe-se que não cabe ocorrer um valor R2 ajustado = 1,

porque, nestas circunstâncias, estaríamos diante de uma relação matemática

(não seria uma relação estatística) entre as variáveis consideradas.

c) Escolhemos uma das funções, que melhor se ajusta (melhor explica) a

relação entre arrecadação e PIB.

R2 = Variância explicada pela regressão Variância em y (variância total)

onde y = arrecadação

Por outro lado, deveremos empregar, na verdade, o valor de R2

ajustado, que corresponde ao valor de R2 devidamente corrigido pelo tamanho

da amostra e pelo número de graus de liberdade. Temos a seguinte relação

entre R2 e R2 ajustado:

R2 ajustado = 1 - (n - 1) (1 - R2) (n - k)

onde:

n = número de observações amostrais (tamanho da amostra) e

Page 29: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

29

k = número de parâmetros estimados no modelo (no caso do cálculo das

elasticidades, k = 2, porque estimamos dois coeficientes, ou seja, estimamos o

valor de a e de b).

Vale assinalar que o valor n - k é o número de graus de liberdade.

"Grau de liberdade é um número que torna não viesada a estimativa da

variância S2 , e é obtido pela diferença entre o número de observações da

amostra e o número de parâmetros estimados no modelo. Por exemplo, numa

regressão linear simples, com 20 observações, o grau de liberdade é igual a 20

- 2 = 18, já que estimamos um intercepto e uma declividade".5

4.3.6 TESTE DE HIPÓTESES

No teste de hipóteses são confrontadas H0, chamada hipótese nula,

com H1, chamada hipótese alternativa.

H0 deve ser construída de tal forma a ser rejeitada.

H1 corresponde àquela suposição que se quer comprovar.

Erro tipo 1 - Consiste em REJEITAR H0 quando ela é VERDADEIRA.

Erro tipo 2 - Consiste em ACEITAR H0 quando ela é FALSA.

4.4 Modelos Econométricos a serem Aplicados na Previsão do

ICMS

Para efetuar a previsão dos valores mensais de arrecadação do ICMS

no Estado de São Paulo, tomando como base a sua série histórica, conforme

anteriormente mencionado, foram selecionadas as seguintes técnicas

econométricas:

5 ver obra citada, "Manual de Econometria da Equipe de Professores da USP", Capítulo 2, p. 53.

Page 30: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

30

a) Linha de Tendência;

b) Séries de Tempo (decomposição clássica em tendência,

sazonalidade e componente aleatório); e

c) Séries de Tempo - Modelos Auto-regressivos (ARIMA).

4.4.1 LINHA DE TENDÊNCIA6

É um caso particular da análise de regressão, em que se pretende

projetar o valor de yt+1 a partir do conhecimento dos valores observados de y

até o momento "t". No caso de ajuste dos dados históricos à reta de regressão,

por exemplo, estaremos admitindo que

y = α + β.t

de sorte que, com base nos dados amostrais representados pela série histórica

de valores efetivamente arrecadados de ICMS, em termos reais, busca-se a

obtenção das estimativas a e b relacionando a arrecadação com o tempo, onde

yc , ou seja, o valor calculado da variável dependente corresponde a

yc = a + b.t

Para a aplicação desse método aos dados disponíveis, pode ser

empregado o comando "Linha de Tendência", do EXCEL, que possibilita gerar

regressões lineares e outras curvas de ajuste que podem ser convertidas em

regressões lineares através de transformações apropriadas com o uso de

logaritmos.

6 Este tópico baseia-se em LAPPONI, J.C. "Estatística usando EXCEL 5 e 7". São Paulo - SP: LapponiTreinamento e Editora, 1997, Capítulo 17, p. 377-390.

Page 31: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

31

O EXCEL ajusta diversas formas funcionais aos dados da série histórica,

incluindo:

a) Linear - correspondente à reta de regressão linear simples yc = a + b.t

b) Exponencial - em que yc = a . e b.t e que linearizada passa para

ln yc = ln a + b.t

c) Logarítmica - onde yc = a + b . ln t

d) Potência - em que yc = a . tb e que linearizada passa para ln yc = ln a + b ln t

e) Polinomial, com grau variando de 2 (caso da parábola) até 6, a critério do

usuário, de sorte que

yc = a + b.t + c.t2 + d.t3 + ...

Além das curvas de ajuste acima relacionadas, o EXCEL oferece, como

alternativa para previsão, a curva da Média Móvel, com o usuário podendo fixar

o número de períodos para o cálculo dessa média móvel (3 períodos, 6

períodos, 12 períodos, etc.). Mas, neste caso da média móvel, o recurso Linha

de Tendência, do EXCEL, aqui utilizado, não possibilita qualquer tipo de

projeção.

Efetuada a escolha do tipo de curva de ajuste aos dados históricos, o

EXCEL7 gera, automaticamente, a linha de tendência no intervalo de pontos

do gráfico da série. Mas, complementarmente, são disponíveis outros recursos,

dentre os quais se destacam:

a) Exibir equação no gráfico - Mostra a equação da curva que selecionamos

para ser ajustada aos dados da série;

7 A partir dos valores da série histórica digitados no EXCEL, solicita-se um gráfico em linha desses dados.Em seguida, sobre a linha gerada pelo EXCEL, clicamos com o lado direito do mouse e, assim,acessamos o comando Linha de Tendência. Para informações mais detalhadas desse recurso, verLAPPONI, C.P. "Estatística usando EXCEL 5 e 7", Capítulo 17 (obra citada).

Page 32: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

32

b) Exibir o valor de R-quadrado - Informa, no gráfico, o valor do coeficiente de

determinação correspondente à curva ajustada;

c) Previsão - Possibilita gerar mais pontos, antes e depois do intervalo de

tempo da série disponível, podendo ser do tipo:

c.1) Prospectiva - Indicamos o número de períodos e o EXCEL projetará a

linha de tendência para esse número de períodos para o futuro, além da

data da última observação da série de tempo considerada; e/ou

c.2) Retrospectiva - Corresponde à opção Prospectiva, porém com valores

estimados (teóricos) para o passado, cobrindo o número de períodos

indicado antes da data da primeira observação da série temporal

considerada.

4.4.2 SÉRIES DE TEMPO - DECOMPOSIÇÃO CLÁSSICA 8

Os dados empregados nos estudos econométricos são encontrados sob

duas formas, a saber: séries de tempo ou dados de cross section. Sob o

primeiro tipo tem-se os dados da variável econômica em estudo dispostos de

forma ordenada ao longo do tempo, enquanto que no segundo tipo, o período

de tempo está fixado, sendo os dados coletados em diversas regiões,

empresas, classes socioeconômicas, etc.

No caso das séries temporais há um tratamento clássico de suas

informações, com vistas à geração de parâmetros para subsequente emprego

na previsão da variável sob estudo. Esse tratamento clássico caracteriza-se

8 Para maiores informações, ver obra citada, "Manual de Econometria da Equipe de Professores daUSP". São Paulo - SP: Editora Atlas, 2000, Capítulo 9, p. 199-203.

Page 33: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

33

pela decomposição da série temporal em tendência (T), ciclo (C), sazonalidade

(S) e termo errático (E).

A combinação das partes componentes da série de tempo pode ocorrer

na forma aditiva ou na forma multiplicativa, sendo:

a) Aditiva à yt = Tt + Ct + St + Et

b) Multiplicativa à yt = Tt.Ct.St.Et

Para se decompor uma série de tempo, emprega-se o recurso das

médias móveis, para tratamento da sazonalidade, ou explicitando-se os

componentes como funções deterministas do tempo.

No caso da estimação dos componentes como função determinista do

tempo emprega-se o modelo de regressão linear, com o auxílio de variáveis

binárias ("dummies") para captar os efeitos da sazonalidade e a presença de

um termo aleatório, que explica os desvios dos valores gerados pela função

determinista do tempo em relação aos valores efetivamente constantes da

série temporal.

Trata-se, portanto, de abordagem distinta daquela dos modelos auto-

regressivos, que iremos focalizar no tópico imediatamente a seguir, em que se

consideram as séries de tempo como sendo geradas integralmente de modo

aleatório, isto é, mediante o chamado processo estocástico.

Em nossa aplicação dessa abordagem clássica aos dados históricos da

arrecadação real do ICMS no Estado de São Paulo, iremos considerar a forma

multiplicativa e sem o componente cíclico, uma vez que a nossa série tem 60

(sessenta) observações mensais.

Após isolarmos a tendência, esta será objeto de regressão com outras

possíveis variáveis explicativas, até se chegar a resultados consistentes,

Page 34: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

34

englobando a consistência dos sinais dos coeficientes estimados com aqueles

previstos pela teoria econômica, coeficiente de determinação elevado,

significância estatística das estimativas obtidas, etc.

Em seguida, serão projetados os valores das variáveis explicativas,

permitindo, dessa maneira, a projeção da tendência da arrecadação real do

ICMS no Estado de São Paulo.

Proceder-se-á, então, ao ajustamento dos valores da tendência aos

fatores sazonais mensais encontrados, chegando-se, assim, às previsões de

arrecadação mensal de ICMS em termos reais.

Finalizando, obtidas as estimativas dos valores mensais da arrecadação

do ICMS, expressas em moeda constante, pode-se gerar aos valores nominais

dessa arrecadação mensal através do estabelecimento de uma previsão para a

taxa anual de inflação e a definição de um critério para o comportamento dessa

taxa ao longo do ano "t+1".

4.4.3 MODELOS AUTO-REGRESSIVOS 9

Ao se aplicar um modelo auto-regressivo, supõe-se que os valores da

série de arrecadação sempre foram influenciados por diversos fatores atuando

em conjunto e a própria série capta esses efeitos. No caso de emprego desse

tipo de modelos, pretendemos acertar a previsão de arrecadação, não nos

interessando fazer qualquer análise qualitativa.

9 Para estudo mais aprofundado de Modelos Auto-regressivos, ver:(9.1) obra citada, "Manual de Econometria da Equipe de Professores da USP". São Paulo - SP: EditoraAtlas, 2000, Capítulo 10, p. 205-231;(9.2) ENDERS, W. "Applied Econometric Time Series". 1st ed., EUA: John Wiley and Sons, Inc., 1995,Capítulos 1 e 2, p. 1-134; e(9.3) VANDAELE, W. "Applied Time Series and Box-Jenkins Models". EUA: John Wiley and Sons, Inc.,1988, Capítulos 1 a 6, p. 1-160.

Page 35: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

35

Nos modelos tradicionais de regressão, o comportamento da variável

dependente (exemplo: arrecadação) é explicado por diversas outras variáveis

(nível de atividade, taxa de juros, taxa de câmbio, etc.) e queremos saber qual

é o impacto da variação nos fatores explicativos sobre o valor da variável

dependente.

Já a lógica no caso de modelos ARIMA é admitir que a série analisada

incorpora todas as informações relevantes.

Ao se empregar modelo do tipo ARIMA, a primeira tarefa é identificar o

processo gerador da série: Auto-Regresssivo, ou de Médias Móveis, ou uma

combinação desses dois processos.

A essência do modelo está na decomposição da série em dois tipos

componentes:

a) auto-regressivo à componente AR; e

b) de médias móveis à componente MA.

Processo Auto-Regressivo (AR) de ordem p:

yt = φ1yt-1 + φ2yt-2 + ... + φpyt-p + ut

Exemplo: AR(1) è yt = φ1yt-1 + ut

A referida decomposição compreende os chamados "filtros".

Os passos nesse processo de "filtragem" são:

i) Retirada da tendência da série (tornando-a estacionária);

ii) Identificar os componentes AR e MA; e

iii) Obter, no final da "filtragem", um "ruído branco", isto é, uma série cujo

processo não contém qualquer informação adicional.

Page 36: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

36

Processo de Médias Móveis (MA = moving average = média móvel) de ordem

q:

yt = ut - (θ1ut-1 +θ2ut-2 + ... + θqut-q)

Exemplo: MA(1) è yt = ut - θ1ut-1

O sinal negativo utilizado no caso dos processos MA é devido a

convenção e também porque um componente MA pode ser entendido, sob

condições, como um AR invertido.

O componente MA está captando, na série, desvios que ocorrem porque

os agentes se ajustam a choques. Um exemplo característico é o problema

momentâneo de paralisação (greve) dos bancos, afetando o volume

arrecadado naquele período de greve.

Processo ARMA (combinação de AR com MA) de ordem p e q:

yt = φ1yt-1 + φ2yt-2 + ... + φpyt-p + ut - θ1ut-1 - θ2ut-2 - ... - θqut-q

Exemplo: ARMA(1,1) è yt = φ1yt-1 + ut - θ1ut-1

4.4.3.1 Modelos Auto-regressivos Integrados de Médias Móveis – ARIMA

Consoante assinalado no tópico imediatamente anterior, nos modelos

auto-regressivos, preocupamo-nos com os comportamentos sistemáticos na

série de tempo e não mais consideramos os valores da série como resultado

do impacto de outras variáveis. Entende-se, no caso dos modelos ARIMA, que

a série já contém (e isto serve para que ela mesma conte) a sua própria

história. Em outras palavras, a série incorpora todas as informações relevantes

através de um conjunto de componentes sistemáticos. ARIMA são, portanto,

Page 37: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

37

modelos univariados, isto é, nos quais não se utilizam outras variáveis, mas

apenas a própria variável sob estudo, que se auto-explica.

A metodologia Box-Jenkins, ou metodologia B-J, busca separar esses

componentes sistemáticos de uma série de tempo, agrupando-os em

“caixinhas” separadas.

Finalidade principal dos modelos ARIMA: Previsões.

Assim, uma série dos valores de arrecadação é resultante de um

processo estocátisco. Processo estocástico é aquele em que a variável

arrecadação pode assumir, em cada momento do tempo (mês, por exemplo),

diversos valores, cada um deles com uma determinada probabilidade de

ocorrência. Admite-se, portanto, que a cada mês há uma distribuição de

probabilidades de possíveis valores de arrecadação.

Contudo, na prática temos, a cada mês, um único valor de arrecadação

materializando-se. Na realidade, apenas um valor se realiza e a série de

valores efetivamente observados é, então, denominada REALIZAÇÃO do

processo estocástico.

Estamos, dessa forma, diante de um problema: a cada momento (mês)

observamos um só valor e pretende-se derivar uma distribuição de

probabilidades inteira.

Para contornar o problema acima apontado, adota-se a seguinte

hipótese: supomos que a cada mês teremos distribuições de probabilidades

iguais e, consequentemente, com uma média constante e uma variância

constante. Isto significa que estamos exigindo que a série de tempo seja

ESTACIONÁRIA, ou seja, que a série apresente valores oscilando em torno de

um mesmo valor e com variância constante.

Page 38: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

38

Na realidade, as séries econômicas apresentam tendência e, portanto,

não são estacionárias. Para séries não estacionárias (também chamadas

séries integradas), haverá a necessidade de diferenciação, para torná-las

estacionárias.

Integração corresponde ao I de ARIMA. A ordem de integração indicará

o número de diferenças que deveremos aplicar sobre a série, a fim de

transformá-la em uma série estacionária e, só a partir daí, poderemos utilizar

os recursos da metodologia B-J.

Cabe assinalar que para séries com crescimento exponencial haverá a

necessidade de aplicação prévia de logaritmos.

FILTROS

A metodologia Box-Jenkins emprega “filtros”, aplicados a séries, para

decompô-la nos seus componentes sistemáticos:

Yt è Filtro deIntegraçã

o

Zt è FiltroAR

et è FiltroMA

è ut

Série Série "whiteOriginal Estacionária noise"

Após percorrer todos os “filtros”, deverá restar apenas o chamado ruído

branco (“white noise”), processo sem qualquer tipo de informação adicional que

se possa extrair. Tudo se assemelha a sucessivos filtros colocados na

passagem de água para purificá-la, daí recebendo o nome de "branqueamento"

da série. As informações de como o passado influenciou a série são retidas nas

Page 39: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

39

"caixinhas" ou "filtros" e o que nelas estiver contido irá auxiliar-nos a

encontrar/identificar o processo gerador da série original.

Resumidamente, é a seguinte a natureza dos filtros dos modelos

ARIMA:

I - indicando o grau de integração da série original, isto é, revelando quantas

diferenças devem ser feitas para torná-la uma série estacionária;

AR - captura a sistematicidade presente na história da série;

MA - captura uma certa sistematicidade de correção de erros/expectativas.

Mais detidamente, o filtro AR busca capturar a sistematicidade histórica

da série. Em outros termos, o valor atual da variável sob estudo vem

carregando uma sistematicidade, de tal sorte que valores passados refletem-se

na série e influenciam o valor atual da variável.

O processo AR, como já foi indicado, corresponde a

yt = φ1yt-1 + φ2yt-2 + ... + φpyt-p + ut

onde a ordem do processo AR é igual a p.

Não haverá necessidade de dilatar muito para trás no tempo (número

elevado de defasagens), porque, havendo sistematicidade, então teremos, por

exemplo,

yjun/2000 = φ24ymai/2000 + .............. + φ24yjun/1998 + ut (com vinte e cinco termos)

porque o efeito desse valor de dois anos atrás já terá sido capturado, por

exemplo, em dezembro de 1999. Bastaria, portanto, considerarmos 5 (cinco) ou

6 (seis) termos passados, isto é, bastaria retroagir/computar somente 5 (cinco)

ou 6 (seis) defasagens (ou seja, não precisamos, nestas circunstâncias,

trabalhar com vinte e quatro termos).

Page 40: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

40

O filtro MA, por sua vez, procura capturar uma certa sistematicidade de

correção de erros/expectativas. Esse filtro diz respeito a ajustes frente a

pequenos erros, choques ou perturbações ao longo do tempo, influenciando o

valor atual da variável sob estudo.

O processo MA, de acordo com o que foi assinalado anteriormente,

corresponde a

yt = ut - (θ1ut-1 +θ2ut-2 + ... + θqut-q)

em que a ordem do processo MA é igual a q.

O processo ARMA (p,q), conforme já assinalado, combina os dois

processos, AR de ordem p e MA de ordem q. Por exemplo, um processo ARMA

(1,1) corresponde a

yt = φ1yt-1 + ut - θ1ut-1

Um critério para sabermos se a identificação, isto é, a definição dos

parâmetros "p" e "q" foi bem feita, é verificarmos, no final da aplicação dos

filtros, se resta um "ruído branco", ou seja, um processo sem nenhuma

informação adicional.

No desenvolvimento de um modelo ARIMA, seguem-se 4 (quatro)

etapas:

• Identificação - Avaliação preliminar, levando a pistas para "p" e "q",

possibilitando restringirmos a algumas poucas alternativas de estimação

(etapa seguinte). Por exemplo, podemos estar em dúvida entre dois

processos: ARMA (3,1) ou ARMA (3,2). Nas etapas seguintes iremos

Page 41: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

41

chegar a uma conclusão, mas a etapa de identificação foi de grande valia,

porque reduz o número de possíveis processos geradores da série

estudada.

• Estimação - É semelhante ao que vimos em aula anterior, só que usaremos

o método de máxima verossimilhança (em lugar do método dos mínimos

quadrados) que no software EVIEWS é adotado automaticamente nos

casos de modelos ARIMA e de LOGIT. Observação - Com o método da

máxima verossimilhança busca-se estimar os coeficientes que conduzem

ao valor máximo da função de probabilidade conjunta Prob (conjunta) =

Prob (x = x1).Prob (x = x2)...Prob (x = xn).

• Verificação - Em que é efetuada uma checagem do modelo.

• Previsão - Aproveitamento dos coeficientes estimados para obtenção de

valores prospectivos.

5 APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE PREVISÃO SELECIONADOS

5.1 Método Convencional

O emprego deste método baseou-se na expressão

ICMSt+1 = ICMSt * ( 1 + ∆PIB.ePIB )

Na época da elaboração das previsões para "t+1"(ou seja, para o ano

2000), em meados de dezembro de 1999, já se dispunha de uma boa prévia do

valor da arrecadação do ICMS no ano de 1999, da ordem de R$ 26.970,4

milhões, a preços de dezembro de 1999.

Page 42: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

42

Quanto à variação esperada do PIB tributável paulista em 2000, adotou-

se a mesma variação esperada para o PIB brasileiro total. Essa hipótese

mostrou-se razoável em virtude dos fatores a seguir ressaltados.

(a) O alcance do ICMS é amplo, incidindo sobre inúmeros bens e serviços,

atingindo atividades dos ramos primário, secundário e terciário. No caso deste

último ramo, o ICMS recai sobre o comércio atacadista, comércio varejista,

serviços de eletricidade, serviços de comunicação e distribuição de

combustíveis. Destacam-se, fora do campo de incidência do ICMS, a

construção civil, os serviços financeiros e de seguros, e exportações. Pode-se,

diante da gama de produtos e serviços sujeitos ao imposto, considerar

plausível adotar-se a variação do PIB paulista total como uma proxi para a

variação do PIB tributável paulista.

(b) Por outro lado, dada a expressão da economia paulista, é de se esperar

que as variações reais do PIB nacional e do PIB paulista tendam a se

aproximar. Com efeito, considerando-se os dados do IBGE e da Fundação

SEADE, para o período 1981/1997, tomando-se em cada ano desse período o

par contendo a variação real do PIB estadual e a variação real do PIB nacional,

nota-se, graficamente, que os pares (pontos no plano cartesiano) tendem a

dispor-se, aproximadamente, sobre a bissetriz do primeiro quadrante.

Efetuando-se uma regressão em que

PIBSP = α + β . PIBBR + u

foram encontrados os seguintes resultados:

a = -0,0086

b = 1,0427

R-quadrado = 92,8%

Page 43: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

43

Os resultados da regressão revelam que o intercepto tende para zero e

que a inclinação da reta tende para 45 graus, de sorte que a reta encontrada

ajusta-se bem à bissetriz do primeiro quadrante, o que reforça a possibilidade

da aplicação da hipótese que foi adotada, isto é, que a variação real do PIB

brasileiro total é uma boa proxi para a variação real do PIB do Estado de São

Paulo (sendo esta última, por sua vez, uma proxi para a variação real do PIB

tributável paulista).

Considerou-se, portanto, a hipótese de que variação real esperada do

PIB tributável paulista no ano 2000 seja igual à variação real esperada do PIB

brasileiro total para esse mesmo ano. Uma média das variações reais previstas

por diversas instituições, cujos sites foram consultados em dezembro de 1999,

revelava uma expectativa de crescimento de 3,25% para o ano 2000. Por outro

lado, a meta fixada pelo Governo Federal, em acordo com o FMI - Fundo

Monetário Internacional, indicava uma variação real esperada do PIB brasileiro

total da ordem de 4,0% (quatro porcento) para 2000. Essa taxa de crescimento

é que foi adotada para efeito da previsão da arrecadação do ICMS no Estado

de São Paulo, no ano 2000, com base no Método Convencional.

No tocante à elasticidade PIB da arrecadação do ICMS, adotou-se o

valor igual a 1,0 (um), levando em conta que:

(a) Teoricamente, a linha que relaciona a arrecadação do ICMS com o PIB

tributável é uma reta passando pela origem, com uma inclinação constante,

sendo que a tangente do ângulo de inclinação corresponde à alíquota

média do imposto; a partir dessa configuração, ou seja, reta passando pela

origem, deduz-se, matematicamente, que a elasticidade PIB é igual a 1,0

(um) em qualquer ponto dessa reta;

Page 44: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

44

(b) Estudo divulgado pela Receita Federal, em seu site, revela que a

elasticidade PIB da arrecadação de ICMS é praticamente igual a 1,0 (um);

conforme indicado em tabela apresentada em capítulo anterior, tem-se

Elasticidade no período 1986/1997 .............................. = 1,024;

Elasticidade no ponto (ano de 1997) ............................ = 0,981.

(c) Por último, julgou-se também conveniente aproveitar dados disponíveis

para as 27 (vinte e sete) Unidades da Federação, nos anos de 1997 e 1998,

tanto de PIB estadual (Fonte: IBGE) quanto de arrecadação estadual de

ICMS (Fonte: CONFAZ). Procedeu-se à regressão da forma funcional log-

log, permitindo a obtenção direta, por "cross section", da elasticidade PIB da

arrecadação do ICMS; os coeficientes angulares estimados,

correspondentes à elasticidade desejada, foram:

para 1997 à 0,9452 (R2 = 0,9373); e para 1998 à 0,9776 (R2 = 0,9786).

Aplicados os valores conhecidos à expressão do Método Convencional,

chegou-se à estimativa da arrecadação do ICMS no Estado de São Paulo, no

ano 2000, a preços de dezembro de 1999:

ICMS2000(Real) = R$ 26.970,4 milhões x (1 + 0,04) = R$ 28.049,2 milhões

Entretanto, sendo desejada a previsão em termos nominais, houve a

necessidade de ser também considerada uma previsão para a taxa de inflação.

As mesmas instituições consultadas quanto ao crescimento real esperado,

também fizeram suas previsões a respeito da inflação, cuja média para 2000

Page 45: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

45

situou-se em 7,55%. Todavia, mais uma vez adotou-se a taxa de inflação que o

Governo Federal estabeleceu como meta, para o ano 2000, junto ao FMI, da

ordem de 6,0% (seis porcento).

Uma vez que se trata de uma taxa de inflação ponta a ponta, a fim de se

converter a previsão em moeda constante para moeda corrente deve-se aplicar

a seguinte expressão:

ICMS2000(Nominal) = ICMS2000(Real) * [ (1 + Taxa Esperada de Inflação) ^ (1/2) ]

Finalmente, calculou-se a estimativa do valor anual esperado de

arrecadação de ICMS no Estado de São Paulo, para o ano 2000, em termos

nominais, resultando na cifra (a preços do ano 2000) de:

ICMS2000(Nominal) = R$ 28.049,2 milhões * [ (1 + 0,06) ^ (1/2) ] =

R$ 28.878,4 milhões

Lembrando que parcela de 25% (vinte e cinco porcento) do ICMS

arrecadado pertence aos municípios paulistas, devendo ser repassado a estes

pelo Governo do Estado, a quota parte estadual (ou seja, a receita de ICMS

própria do Estado) prevista para o ano 2000, em termos nominais, atinge o

montante de:

ICMS(QPE)2000(Nominal) = 0,75 * ICMS2000(Nominal) = R$ 21.658,8 milhões

Page 46: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

46

A partir da previsão anual, esta foi rateada, para chegar-se às previsões

mensais de arrecadação de ICMS no Estado de S. Paulo, no ano 2000.

Tomou-se por base a série histórica da arrecadação (de jan/95 a dez/99) do

ICMS em moeda constante de dez/99. Foram empregadas as participações

relativas de cada mês na arrecadação real do ICMS, consideradas as médias

de 1995-1999.

Vale assinalar que, com vistas à obtenção das participações relativas

mensais, efetuou-se ao expurgo de valores extraordinários arrecadados nos

meses de dez/95 (recolhimento de valores depositados em juízo por

contribuintes do setor de combustíveis, em virtude de decisão definitiva do

Poder Judiciário em favor do Estado) e jun/98 (decorrente de anistia concedida

de acordo com a Lei Estadual nº 9.974/98).

Os resultados encontrados estão reunidos na tabela a seguir.

TABELA Nº 4PREVISÃO DE ARRECADAÇÃO MENSAL DE ICMS/QPE - ANO 2000

COM BASE NO MÉTODO CONVENCIONALPeríodo Participação Relativa na

Arrecadação do ICMS (%)Previsão de ArrecadaçãoMensal do ICMS/QPE (R$

milhões)Janeiro/2000 8,61% 1.865,6Fevereiro/2000 7,59% 1.644,5Março/2000 8,04% 1.740,9Abril/2000 8,43% 1.826,4Maio/2000 8,30% 1.797,4Junho/2000 8,38% 1.814,3Julho/2000 8,39% 1.816,1Agosto/2000 8,22% 1.781,1Setembro/2000 8,48% 1.837,6Outubro/2000 8,52% 1.846,3Novembro/2000 8,46% 1.831,9Dezembro/2000 8,57% 1.856,7

ANO 2000 100,00% 21.658,8

Page 47: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

47

5.2 Linha de Tendência

Assim como o Método Convencional, a previsão com base na Linha de

Tendência, empregando o EXCEL, foi incluída em decorrência da sua

praticidade.

O ponto de partida foi a série de arrecadação mensal nominal do ICMS

(QPE = 75%) no Estado de S. Paulo, já deduzidos os valores

excepcionalmente arrecadados em dez/1995 e em jun/1998, lembrando que

para dez/1999 o dado empregado era ainda uma estimativa (prévia do dado

mensal), calculada em meados daquele mês. Vale frisar que, tendo em vista

haver forte concentração da arrecadação mensal nos primeiros dias úteis de

cada mês, qualquer estimativa efetuada no final da primeira quinzena

apresenta grande margem de acerto.

A seguir, os valores da série nominal foram convertidos para valores em

moeda de dezembro de 1999, tendo sido empregada, para a atualização

monetária dos valores anteriores a esse mês, a variação do IGP-DI (Índice

Geral de Preços - Disponibilidade Interna), da FGV - Fundação Getúlio Vargas.

O próximo passo foi gerar duas séries de números índices da

arrecadação real do ICMS no Estado de S. Paulo (base: dez/1996 = 100),

sendo:

a) Série do número índice da arrecadação real mensal de ICMS no Estado,

com início em jan/1995 até dez/1999, inclusive, num total de 60 (sessenta)

observações; e

b) Série do número índice da arrecadação real acumulada de 12 (doze) meses

de ICMS no Estado, com início em jan/1996 até dez/1999, inclusive,

perfazendo 48 (quarenta e oito) observações.

Page 48: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

48

Utilizando-se essas duas séries e recorrendo ao comando Linha de

Tendência do EXCEL, foram testadas as diferentes formas funcionais

oferecidas pelo referido software. O melhor resultado obtido teve por base a

série do número índice da arrecadação real acumulada de 12 (doze) meses,

tendo por forma funcional uma polinomial de grau 3 (três) em "t", cujos

coeficientes estimados e o R2 correspondem a:

y = Índice IC^MS = 0,00055t3 - 0,05160t2 + 1,24472t + 90,81142

(R2 = 0,93762)

A expressão acima foi aplicada para se estimar os valores acumulados de 12

(doze) meses a partir da última observação (de número 48, correspondente a

dez/99). Dessa maneira, projetados os valores acumulados de 12 (doze)

meses para todos os meses do ano 2000, em seguida, efetuou-se a devida

transformação para se chegar às previsões mensais de arrecadação de ICMS-

SP (QPE). Pode-se demonstrar o processo de transformação de valores

acumulados para valores mensais, mediante um exemplo:

Valor acumulado previsto p/ fev/1999-jan/2000 ... = R$ 20.200,7 milhões

(-) Valor acumulado em jan/1999-dez/1999 ......... = R$ 20.227,8 milhões

(+) Valor arrecadado em jan/1999 ...................... = R$ 1.750,8 milhões

(=) Previsão p/ jan/2000 (em moeda de dez/99) = R$ 1.723,7 milhões

A tabela a seguir reúne os resultados da previsão mensal da

arrecadação do ICMS (QPE = 75%), no Estado de S. Paulo, no ano 2000, em

valores correntes.

Page 49: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

49

TABELA Nº 5PREVISÃO DE ARRECADAÇÃO MENSAL DE ICMS-SP (QPE) - ANO 2000

COM BASE NA LINHA DE TENDÊNCIAMês/Ano Índice

Acum.12 mICMS

Acum.12 mPrevisão

MensalFator p/

AtualizaçãoPrevisão

Mensal(*) (Base:

dez/96)(R$ milhões

de dez/99)(R$ milhões

de dez/99)(6% anual =

0,487% a. m.(R$ milhões

correntes)Dez/99 92,74 20.227,8 ... ... ...Jan/00 92,62 20.200,7 1.723,7 1,00487 1.732,1Fev/00 92,80 20.239,9 1.607,6 1,00976 1.623,3Mar/00 93,04 20.292,5 1.616,5 1,01467 1.640,2Abr/00 93,34 20.359,3 1.739,2 1,01961 1.773,3Mai/00 93,72 20.441,0 1.691,2 1,02458 1.732,7Jun/00 94,17 20.538,3 1.797,5 1,02956 1.850,6Jul/00 94,69 20.652,0 1.813,6 1,03457 1.876,3

Ago/00 95,29 20.782,8 1.889,0 1,03961 1.963,8Set/00 95,97 20.931,4 1.917,5 1,04467 2.003,2Out/00 96,73 21.098,5 1.908,3 1,04976 2.003,2Nov/00 97,59 21.284,9 1.870,9 1,05487 1.973,6Dez/00 98,53 21.491,2 1.916,3 1,06000 2.031,3

TOTAIS ... ... 21.491,2 ... 22.203,6(*) Dados preliminares para dez/99; nos demais meses os dadossão projetados.

O emprego da forma polinomial de grau 3 deveu-se não somente ao seu

elevado coeficiente de determinação. Corroborando a reversão de tendência,

conforme indica o gráfico da equação estimada, observou-se, na realidade,

Y = 0,00055T3 - 0,05160T2 + 1,24472T + 90,81142

R2 = 0,93762 (T = 1 = jan/96; T = 48 = dez/99)

92

94

96

98

100

102

104

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58

Page 50: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

50

essa perspectiva de melhor desempenho da arrecadação do ICMS no ano

2000, com base no comportamento das taxas de variação da arrecadação

acumulada de 12 (meses) meses sobre igual período anterior. Notou-se que,

após o início de 1999 extremamente desfavorável, em razão da mudança na

política cambial, a partir do segundo semestre daquele ano, embora ainda com

taxas negativas, essas tendiam a ser cada vez menores, antecipando provável

ocorrência de taxas positivas em 2000. O gráfico a seguir traduz a evolução da

taxa aqui focalizada.

5.3 Série Temporal - Decomposição Clássica

Trata-se de uma metodologia que combina modelo analítico com modelo

de previsão. A dificuldade aqui, após a obtenção dos coeficientes da forma

funcional selecionada, é prever de forma adequada os valores futuros da(s)

ICMS-SP TAXA REAL DE ARRECADAÇÃO DE 12 (DOZE) MESES SOBRE IGUAL PERÍODO ANTERIOR

-3,9%

-3,2%

-3,8% -3,8%

-4,5% -4,6%-4,3%

-3,0% -2,9%

-2,0%-1,7%

-1,5%

-5,0%

-4,5%

-4,0%

-3,5%

-3,0%

-2,5%

-2,0%

-1,5%

-1,0%

-0,5%

0,0%

jan/

99

fev/

99

mar

/99

abr/

99

mai

/99

jun/

99

jul/9

9

ago/

99

set/9

9

out/9

9

nov/

99

dez/

99

Page 51: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

51

variável(eis) independente(s), para, em seguida, efetuar a previsão da variável

dependente, no caso, arrecadação mensal do ICMS no Estado de S. Paulo, em

termos nominais, em 2000.

Foram utilizadas informações constantes de diversas séries de dados da

própria Secretaria da Fazenda, neste caso, referentes à arrecadação do ICMS,

e séries de dados externos, obtidos junto ao Banco Central do Brasil,

Federação das Indústrias do Estado de S. Paulo, Secretaria Estadual de

Energia e Associação Comercial de São Paulo.

Empregaram-se séries cobrindo o período de janeiro de 1995 até final de

1999, totalizando 60 (sessenta) observações. Tendo em vista que, na época da

elaboração do estudo prospectivo, em meados de dez/99, não se dispunha de

dados do referido mês, de sorte que, para completar as séries empregadas

foram considerados valores provisórios. Uma vantagem do período de tempo

aqui considerado é a permanência do mesmo padrão monetário (Real).

Dentre as variáveis dependentes, foram testadas equações em que

compareceram:

a) a média móvel geométrica (centrada de doze meses) do índice real da

arrecadação estadual do ICMS (portanto, com 48 observações); ou

b) a média móvel geométrica (centrada de doze meses) do índice real da

arrecadação do ICMS - Indústria de Transformação paulista (também com 48

observações).

Vale assinalar que, como subproduto do cálculo das médias móveis,

foram também obtidos os fatores sazonais mensais da arrecadação do ICMS

total estadual e do ICMS do setor industrial paulista. Esses fatores foram,

Page 52: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

52

posteriormente, aproveitados para efeito da previsão de arrecadação para o

ano 2000.

Quanto às variáveis explicativas, foram testadas diversas combinações

delas, envolvendo dados mensais das seguintes séries:

i) consumo estadual de energia elétrica;

ii) taxa nominal de juros;

iii) taxa nominal de câmbio;

iv) média móvel geométrica (centrada de doze meses) do índice de vendas

industriais no Estado de S. Paulo;

v) índice do nível de atividade (INA) do setor industrial paulista; e

vi) número de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (inadimplência

na Capital).

A regressão múltipla foi efetuada com auxílio do EXCEL, através das

suas funções estatísticas PROJ.LIN e PROJ.LOG. Dentre as diversas

equações examinadas, a que melhor se ajustou aos dados foi:

MMG^ICMSINDUSTRIAL = f (MMG vendas industriais, taxa de juros, "dummy", tempo)

A taxa de juros considerada foi a taxa SELIC nominal.

Por outro lado, houve a necessidade de introdução de uma variável

"dummy" com as seguintes características:

valor 0 (zero) até dezembro de 1996 e

valor 1 (um) a partir de janeiro de 1997.

Essa variável "dummy" tornou-se indispensável, porque, na sua

ausência, os sinais dos coeficientes estimados vinham se revelando

Page 53: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

53

incoerentes (por exemplo: sinal negativo associado à variável explicativa

vendas).

O emprego da referida "dummy" permitiu captar os efeitos de

importantes alterações na legislação do ICMS introduzidas pela chamada "Lei

Kandir"(Lei Complementar nº 87/96), que passou a produzir efeitos em diversas

datas, conforme assinalado a seguir, mas, para simplificar, adotou-se como

linha de corte a passagem de 1996 para 1997.

A "Lei Kandir" , entre outras importantes medidas relativas ao ICMS,

estabeleceu:

1º) a partir de 16/09/1996, não incidência do ICMS sobre exportações

(anteriormente taxadas à alíquota de 13%); e

2º) a partir de 1º/11/1996, passaram a gerar crédito de ICMS as aquisições de

bens do ativo fixo.

Os coeficientes associados às variáveis explicativas, gerados pelo

EXCEL com o emprego dos dados históricos da equação selecionada, estão

reunidos na tabela a seguir:

TABELA Nº 6 COEFICIENTES E PARÂMETROS GERADOS PELO MÉTODO

COM BASE NA DECOMPOSIÇÃO CLÁSSICA DE SÉRIE DE TEMPOCoeficiente / Parâmetro Opção: PROJ.LIN opção: PROJ.LOG

Constante 23,2130 43,1760MMG Vendas Industriais 0,7362 1,0081Taxa Nominal de Juros -1,5724 0,9829Variável "Dummy" -3,7667 0,9599Tempo -0,1651 0,9982Estatística F (calculada) 50,1685 51,2662Graus de Liberdade k-1=4 ; n-k=43 k-1=4 ; n-k=43Coeficiente de Determinação 82,3% 82,7%

Page 54: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

54

Cumpre assinalar que os coeficientes estimados com o recurso

PROJ.LOG, do EXCEL, não são elasticidades, visto que a forma funcional

considerada em PROJ.LOG é do tipo y = a.b1x1.b2

x2...bnxn. Esta especificação

corresponde a um modelo log-linear em que os coeficientes devem ser

interpretados como o impacto percentual na variável dependente dada uma

variação unitária na variável explicativa.

Os sinais da especificação linear são coerentes com o previsto (positivo

para vendas e negativos para as demais variáveis), enquanto que no caso da

especificação logarítmica temos valores também coerentes, ou seja, acima de

1,0 (um) para vendas e menores do que 1,0 (um) para as demais variáveis

explicativas.

O valor F calculado é superior, nas duas formas funcionais, ao valor

crítico de F para os graus de liberdade em questão, indicando, para o nível de

significância de 1%, a provável existência da regressão ou, em outros termos, é

bastante provável que os todos os coeficientes sejam βi ≠ 0.

No caso da "dummy" era esperado sinal negativo, visto que a "Lei

Kandir" provocou redução da receita de ICMS de tal sorte a até prever

ressarcimento aos Estados e ao Distrito Federal.

Obtidas as estimativas dos coeficientes associados às variáveis

explicativas, tendo se optado pela função na forma linear (PROJ.LIN), o passo

seguinte foi dar aproveitamento a esses resultados para efeito da previsão da

arrecadação do ICMS no Estado de S. Paulo, no ano 2000.

No entanto, para as previsões mensais, de janeiro a dezembro de 2000,

tornou-se indispensável prever-se o comportamento das variáveis explicativas

média móvel geométrica das vendas industriais e taxa de juros SELIC nominal.

Page 55: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

55

Uma vez que se pretende prever a arrecadação do ICMS em termos nominais,

também houve a necessidade de ser estabelecida uma hipótese quanto ao

valor e comportamento da taxa de inflação ao longo do ano 2000.

A seguir, passamos a resumir o cenário vislumbrado (critérios) na época

da elaboração da previsão:

a) Taxa de inflação anual, em 2000, de 6% (seis porcento), conforme

meta junto ao FMI, uniformemente distribuída ao longo do ano, ou

seja, correspondendo a cerca de 0,48% ao mês;

b) Taxa de juros nominais de 19% ao ano em jan/2000, diminuindo

progressivamente, atingindo a taxa nominal de 15% a. a. em

dez/2000; e

c) A média móvel geométrica das vendas industriais no Estado de São

Paulo foi projetada para os meses do ano 2000 respeitada uma linha

de tendência, empregando-se o recurso do EXCEL (focalizado no

tópico 3.4.1), optando-se pela função potência, com os seguintes

resultados:

MMG^Vendas Industriais = 94,2230 . t 0,0379 (R2 = 69,9%).

Projetados os valores das variáveis explicativas e considerados os

coeficientes estimados pela regressão múltipla, foram seguidos os passos

adicionais a seguir descritos, para concluirmos a previsão da arrecadação do

ICMS no Estado de S. Paulo, mês a mês, em termos nominais no ano 2000.

Page 56: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

56

a) Foram obtidos os 12 (doze) índices mensais, projetados para os

meses de 2000, da arrecadação do ICMS - Setor Industrial paulista,

sem sazonalidade.

b) Com os fatores mensais de sazonalidade da arrecadação do ICMS -

Setor Industrial paulista, foram gerados os 12 (doze) índices mensais

da arrecadação do ICMS - Setor Industrial paulista, com

sazonalidade.

c) A partir do último número índice disponível, referente a dezembro de

1999, e dos índices gerados no passo anterior, foi possível calcular

as variações reais mensais, previstas para 2000, da arrecadação do

ICMS - Setor Industrial paulista.

d) Com o valor estimado para o mês de dez/2000, relativo à

arrecadação do ICMS - Setor Industrial paulista, e as variações reais

geradas no passo anterior, chegou-se ao valor mensal previsto para

a arrecadação do ICMS - Setor Industrial paulista, em termos reais,

para cada mês do ano 2000.

e) Levando em conta a hipótese da magnitude e do comportamento da

inflação em 2000, chegou-se ao valor mensal previsto para a

arrecadação do ICMS - Setor Industrial paulista, em termos

nominais, para cada mês do ano 2000.

f) Por último, adotando-se uma hipótese quanto à participação relativa

da arrecadação do ICMS - Setor Industrial paulista na arrecadação

do ICMS - Total do Estado de S. Paulo, foi possível estimar o valor

mensal da arrecadação do ICMS - Total do Estado de S. Paulo, em

termos nominais, para cada mês do ano 2000.

Page 57: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

57

Para extrapolar os valores previstos de arrecadação do ICMS do setor

secundário paulista, a fim de se estimar a arrecadação total do ICMS,

considerou-se uma participação relativa da indústria de transformação

declinante, iniciando com 45% (quarenta e cinco porcento) e, a cada

quadrimestre, perdendo um ponto percentual de participação, de sorte que, no

último quadrimestre de 2000, a participação relativa da indústria na

arrecadação total de ICMS no Estado de S. Paulo reduz-se para 43% (quarenta

e três porcento), comportamento compatível com aquele observado nos últimos

anos (ou seja, perda anual de dois pontos percentuais de participação).

A supra mencionada perda de participação relativa do setor industrial na

arrecadação total do ICMS reflete a alteração na estrutura produtiva do Estado

de S. Paulo, com importante avanço do setor terciário. Em particular, constata-

se forte expansão dos serviços de telecomunicações, com elevação do número

de telefones fixos e celulares, além do comportamento das tarifas que recaem

sobre os serviços de energia, telecomunicações e revenda de combustíveis,

sujeitos ao ICMS. Há, nos últimos anos, elevação constante da participação

desses segmentos no total da arrecadação do ICMS no Estado de São Paulo,

em detrimento da fatia do setor secundário.

A tabela a seguir reúne os resultados obtidos com a aplicação do

método da decomposição clássica de série de tempo, associada à regressão

múltipla.

Page 58: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

58

TABELA Nº 7 PREVISÃO DE ARRECADAÇÃO MENSAL DE ICMS/QPE - ANO 2000

COM BASE NA DECOMPOSIÇÃO CLÁSSICA DE SÉRIE DE TEMPOÍ N D I C E S P R E V I S Ã O

Real Nominal Real NominalICMS-IND

(QPE=75%)

ICMS-IND(QPE=75

%)

ICMS-SP(QPE=75

%)

ICMS-SP(QPE=75

%)

MÊS /ANO

ICMS-INDArrec. RealS/ Sazonal.

Modelo

ICMS-INDArrec. RealS/ Sazonal.

Série

p/ AjusteSazonal

ICMS-IND

ICMS-INDArrec. Real c/Sazonalidade

R$milhões

de dez/99

R$milhões

Correntes

R$milhões

de dez/99

R$milhões

CorrentesDez/99 91,20 85,99 103,39 88,90 786,6 786,6 1.710,0 -Jan/00 91,09 85,88 99,84 85,74 758,7 762,4 1.686,0 1.694,2Fev/00 90,98 85,78 91,27 78,29 692,7 699,5 1.539,4 1.554,4Mar/00 90,87 85,68 93,44 80,05 708,3 718,7 1.574,1 1.633,5Abr/00 90,76 85,57 100,69 86,16 762,4 777,3 1.694,1 1.766,6Mai/00 90,64 85,46 99,79 85,29 754,6 773,2 1.715,0 1.798,0Jun/00 90,53 85,36 102,05 87,11 770,7 793,5 1.751,7 1.845,4Jul/00 90,42 85,25 102,30 87,21 771,7 798,3 1.753,8 1.900,8Ago/00 90,30 85,14 97,53 83,04 734,7 763,8 1.669,9 1.818,7Set/00 90,19 85,03 103,29 87,83 777,1 811,9 1.807,3 1.980,1Out/00 90,07 84,92 104,64 88,86 786,3 825,4 1.828,6 2.013,2Nov/00 89,95 84,81 102,73 87,13 770,9 813,2 1.792,9 2.033,1Dez/00 89,84 84,70 103,39 87,57 774,9 821,4 1.802,0 2.053,4Totais - - - - 9.063,1 9.358,6 20.614,6 22.091,4(*) Em dez/99, todos os valores da linha correspondente, em negrito, sãopreliminares.

5.4 Modelo Auto-regressivo

Para a aplicação desse modelo de previsão, foram importadas do

EXCEL para o software EVIEWS duas séries de números índices, com 60

(sessenta) observações cada uma, cobrindo o período jan/1995 a dez/1999, a

saber:

i) arrecadação mensal do ICMS-SP (QPE) em moeda de dez/99 (série

denominada ICMENSAL); e

ii) arrecadação acumulada de 12 meses do ICMS-SP (QPE) em moeda de

dez/99 (série chamada ICMACUM).

Em seguida, através da opção Graph, foram obtidos os gráficos dessas

séries, que, visualmente, revelam tratar-se de séries não estacionárias,

Page 59: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

59

conduzindo à necessidade de se proceder a algum tipo de transformação,

envolvendo diferenças e/ou logaritmos, a fim de torná-las estacionárias e

poder, assim, dar prosseguimento ao desenvolvimento do modelo.

Após diversas análises por meio de gráficos e com base em

correlogramas, foi selecionada a série ICMACUM, submetida previamente à

transformação logarítmica e, a seguir, passando por duas diferenças,

chegando-se à série DDLICMACUM.

O gráfico da série DDLICMACUM revela tratar-se de uma série

estacionária e o correspondente correlograma mostra coeficientes significantes

para a primeira defasagem, tanto no caso da FAC quanto na FACP. Embora

não sejam significantes, notou-se haver movimento alternado, dentro da faixa

delimitada no correlograma pelas duas linhas limite (tracejadas), tanto na FAC

quanto na FACP, levando à suposição da presença de componente sazonal.

Ao término da fase de identificação, partimos para a etapa de estimação,

supondo a presença de processo AR(1) e/ou MA(1), complementado por

indícios de presença de componente sazonal, do tipo SAR(p) e/ou SMA(q),

sendo "p" e "q" múltiplos de 12 (doze).

Na fase de estimação utilizou-se o recurso Equation Specification do

EVIEWS, sendo testadas diversas formulações, chegando-se, como melhor

alternativa, em termos de coeficiente de determinação, estatística DW e

significância das estimativas, ao seguinte resultado:

Page 60: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

60

Variável dependente: DDLICMACUM

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística "t" ProbabilidadeAR(1) -0,220758 0,052836 -4,178155 0,0002

SAR(12) -0,488876 0,084764 -5,767481 0,0000MA(24) -0,784589 0,000139 -5629,737 0,0000

SMA(12) -0,531467 0,129627 -4,099972 0,0003

No caso dos valores da coluna Probabilidade, eles auxiliam na decisão

de aceitar ou não a hipótese nula H0 de que as estimativas dos coeficientes

encontradas não são estatisticamente relevantes. Os valores da coluna em

questão podem ser encarados como risco de se errar ao rejeitar a hipótese

nula, ou seja rejeitar H0 quando ela é verdadeira (erro do tipo 1). Este risco

expressa exatamente a probabilidade de se encontrarem valores iguais ou

maiores do que o t calculado, em uma distribuição do correspondente βi cuja

média é zero. Dessa forma, quando a probabilidade for alta, isto implica que há

alta probabilidade do beta estimado pertencer a uma distribuição de

probabilidade cuja média é zero. Por este motivo, maiores probabilidades

conduzem à decisão de aceitar H0 e, em contraposição, probabilidades

reduzidas levam à decisão de rejeitar H0.

Na tabela acima, com as probabilidades sendo bastante reduzidas,

tende-se a rejeitar H0, concluindo-se pela significância estatística das

estimativas calculadas.

Quanto ao poder de explicação ou coeficiente de determinação, os

valores encontrados são elevados:

R-quadrado = 0,840197; e

R-quadrado ajustado = 0,823665.

Page 61: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

61

Após acionarmos a rotina Equation Specification, e antes de utilizarmos

os resultados da equação estimada, deveremos examinar os resíduos, a fim de

constatar a ocorrência ou não de correlação serial. O ideal é que não ocorra

correlação serial dos resíduos.

Os modelos econométricos são construídos segundo pressupostos

básicos. Um deles é o da não ocorrência de auto-correlação dos resíduos, ou

seja, requer-se que ocorra E(ui , uj) = 0 para i ≠ j. Em outras palavras, impõe-se

que os resíduos sejam aleatórios e não correlacionados entre si ao longo do

tempo.

A presença de auto-correlação dos resíduos falseia o teste de qualidade

dos coeficientes estimados pela equação selecionada, induzindo a considerá-

los significantes quando isto pode não ser correto.

Assim sendo, na terceira etapa, foi efetuada uma verificação do modelo

selecionado, através do comportamento dos resíduos gerados pela diferença

entre os valores da série observada (valores observados) e da série calculada

(valores teóricos estimados pela equação selecionada). Essa verificação

baseou-se na rotina do EVIEWS em que selecionamos na barra de menu a

opção VIEW à Residual Tests à Correlogram of Residuals (ou Correlogram

Q-statistics) e Correlogram of Residuals Squared.

Por esses correlogramas emitidos pelo EVIEWS, para todas as

defasagens consideradas, foram encontrados baixos valores para os

coeficientes da FAC e da FACP, indicando provável ausência de correlação

serial dos resíduos.

Page 62: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

62

Também recorreu-se à estatística Durbin-Watson, cujo valor encontrado

foi igual a 1,990552. No EVIEWS, essa estatística faz parte do relatório de

saída da rotina Equation Specification. Sua finalidade é testar a ocorrência de

correlação serial de primeira ordem. Em outros termos, a estatística DW mede

a associação linear entre resíduos adjacentes de um modelo de regressão. Ao

empregarmos o teste DW, estamos testando a hipótese de que ρ = 0 , onde

ut = ρ ut-1 + et

sendo que ρ é o coeficiente de correlação serial de primeira ordem, enquanto

que ut e ut-1 são os resíduos obtidos do confronto entre os valores observados

e os valores estimados pela equação especificada.

Se não existe correlação serial, a estatística DW situar-se-á próxima do

valor 2 (dois). Caso fique abaixo de 2 (dois), então haverá correlação serial

positiva e o problema será tanto mais grave quanto mais próxima a estatística

estiver de 0 (zero). Caso fique acima de 2 (dois), então haverá correlação serial

negativa e o problema será tanto mais grave quanto mais próxima a estatística

DW estiver de 4 (quatro).

O valor obtido (DW = 1,990552) confirma também a provável ausência

de correlação serial dos resíduos.

Por meio desses correlogramas dos resíduos e dos quadrados dos

resíduos, ambos emitidos pelo EVIEWS, verifica-se também que, depois da

aplicação de todos os "filtros" considerados, chegou-se ao denominado "ruído

branco" ("white noise").

Por fim, na quarta etapa, procedeu-se à previsão da arrecadação mensal

do ICMS - Estado de S. Paulo, no ano 2000. O primeiro passo foi acionar o

recurso Forecast do EVIEWS e, com base nos valores projetados de

Page 63: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

63

DDLICMACUM, foram feitas das transformações apropriadas (seguindo

caminho inverso da fase de identificação), gerando-se os números índices

prospectivos da arrecadação real acumulada do ICMS - Estado de S. Paulo,

mês a mês, para o ano 2000 e, a partir daí, foram obtidos os resultados

desejados, ou seja, o valor nominal da arrecadação mensal do ICMS-SP

(QPE), para todos os meses de 2000.

A tabela a seguir resume os resultados da aplicação do modelo auto-

regressivo selecionado.

TABELA Nº 8 PREVISÃO DE ARRECADAÇÃO MENSAL DE ICMS/QPE - ANO 2000

COM BASE EM MODELO AUTO-REGRESSIVOMês / Ano Índice acumulado

da arrecadaçãoreal do ICMS-SP

(QPE)Base: dez/96 =

100

Previsão Mensaldo ICMS-SP

(QPE)Em R$ milhões de

dez/99

Previsão Mensaldo ICMS-SP

(QPE)Em R$ milhões

Correntes

Janeiro/2000 92,7551 1.753,6 1.762,2Fevereiro/2000 92,7135 1.559,4 1.574,7Março/2000 92,7669 1.575,5 1.598,7Abril/2000 92,8330 1.686,8 1.719,9Maio/2000 92,9308 1.630,7 1.670,8Junho/2000 93,0316 1.722,1 1.773,0Julho/2000 93,1464 1.725,0 1.784,6Agosto/2000 93,2794 1.787,2 1.858,0Setembro/2000 93,3997 1.795,1 1.875,3Outubro/2000 93,5159 1.766,5 1.854,4Novembro/2000 93,6460 1.713,0 1.807,0Dezembro/2000 93,7414 1.730,8 1.834,7

ANO 2000 - 20.445,8 21.113,1

Page 64: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

64

6 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Efetuadas as previsões com a aplicação dos 4 (quatro) métodos

selecionados, os resultados obtidos foram comparados entre si e, após o

encerramento do ano 2000, comparou-se cada previsão com a efetiva

arrecadação do ICMS - SP (QPE) naquele ano.

Em termos anuais, as previsões apresentaram os seguintes valores

nominais para a arrecadação do ICMS - SP (QPE) no ano 2000:

TABELA Nº 9COMPARAÇÃO DAS PREVISÕES ANUAIS

SEGUNDO OS DIFERENTES MÉTODOS EMPREGADOSICMS-SP (QPE)

(em R$ milhões - valores correntes)Método Previsão Desvio

Absoluto (a)Desvio

Relativo (a)Convencional 21.658,8 545,5 2,6%Linha de Tendência 22.203,8 1.090,3 5,2%ST - Decomp. Clássica 22.091,4 978,1 4,6%Modelo Auto-regressivo 21.113,3 - -(a) Base para os desvios: menor valor previsto (modelo auto-regressivo).

Observa-se uma amplitude de 5,2%, ou seja, de R$ 1.090,3 milhão.

Entretanto, admitindo-se que o valor efetivo deverá vir a situar-se entre os

valores previstos máximo e mínimo, então, ao selecionarmos uma das

previsões, é provável que o desvio entre previsto e realizado tenha desvio

menor do que aquele que resultou da comparação entre os quatro valores

previstos. Isto de fato verificou-se, porquanto a arrecadação do ICMS - SP

(QPE), no ano 2000, atingiu o montante de R$ 21.791,0 milhões (valores

correntes).

Há que se ressaltar a ocorrência de ingresso excepcional de valores

arrecadados de ICMS, no ano 2000, em razão de anistia concedida pelo

Page 65: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

65

Estado de S. Paulo, conforme disposto no Decreto nº 44.970, de 19 de junho

de 2000.

Assim, houve, no ano 2000, uma arrecadação adicional, da ordem de R$

835,5 milhões (valores correntes), que não se podia prever à época da

realização dos estudos prospectivos para o referido ano 2000. Assim sendo, foi

efetuada a dedução desse montante, para efeito das comparações entre os

valores previstos e o realizado.

Portanto, em lugar de se considerar a arrecadação bruta do ICMS - SP

(QPE), de R$ 22.626,5 milhões (valores correntes), adotou-se, como

referencial, a arrecadação líquida da receita da anistia, ou seja, R$ 21.791,0

milhões (valores correntes), de sorte que os desvios entre previsto e realizado

foram:

TABELA Nº 10COMPARAÇÃO DAS PREVISÕES ANUAIS - ICMS -SP (QPE)

COM O VALOR EFETIVAMENTE ARRECADADO EM 2000(em R$ milhões - valores correntes)

Método DesvioAbsoluto (a)

DesvioRelativo (a) (b)

Convencional -132,2 -0,6%Linha de Tendência 412,6 1,9%ST - Decomposição Clássica 330,4 1,4%Modelo Auto-regressivo -677,7 -3,1%(a) Base para os desvios: valor efetivamente arrecadado em 2000 (líquido dereceita excepcional em razão de anistia concedida de acordo com o Decreto nº44.970).(b) Os sinais negativos indicam previsão subestimada, enquanto sinaispositivos indicam previsão superestimada.

A análise dos desvios constantes da Tabela nº 10 indica que, em

módulo, o menor desvio ocorreu com o Método Convencional, seguido de perto

pela Decomposição Clássica de Série Temporal, e o maior verificou-se com o

Modelo Auto-regressivo. Todavia, mesmo este último situou-se ainda em nível

Page 66: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

66

tolerável, de -3,1%, subestimando a arrecadação anual em R$ 677,7 milhões

(valores correntes).

Conclui-se, quanto às previsões anuais, que todos os métodos

empregados mostraram-se satisfatórios, com um desvio máximo (em módulo)

de 3,1%.

A seguir, quando da comparação dos valores mensais previstos e

realizados, também houve a dedução dos valores mensalmente arrecadados

em função da mencionada anistia.

TABELA Nº 11 COMPARAÇÃO DAS PREVISÕES MENSAIS - ICMS-SP (QPE)

SEGUNDO OS DIFERENTES MÉTODOS EMPREGADOS COM O VALOR EFETIVAMENTE ARRECADADO EM 2000

(em R$ milhões - valores correntes)P R E V I S Ã O ARRECADAÇÃO

EFETIVAMÊS /ANO

MétodoConvencional

Linha deTendência

Série deTempo -

Decomp.Clássica

ModeloAuto-

Regressivo Líquida

(a)Bruta (b)

Jan/00 1.865,6 1.732,1 1.694,2 1.762,2 1.719,9 1.719,9Fev/00 1.644,5 1.623,3 1.554,4 1.574,7 1.581,2 1.581,2Mar/00 1.740,9 1.640,2 1.633,5 1.598,7 1.628,8 1.628,8Abr/00 1.826,4 1.773,3 1.766,6 1.719,9 1.754,4 1.754,4Mai/00 1.797,4 1.732,7 1.798,0 1.670,8 1.758,3 1.758,3Jun/00 1.814,3 1.850,6 1.845,4 1.773,0 1.798,1 1.798,1Jul/00 1.816,1 1.876,3 1.900,8 1.784,6 1.847,7 1.858,3

Ago/00 1.781,1 1.963,8 1.818,7 1.858,0 1.852,4 2.075,8Set/00 1.837,6 2.003,2 1.980,1 1.875,3 1.932,6 2.058,9Out/00 1.846,3 2.003,2 2.013,2 1.854,4 1.944,7 2.120,4Nov/00 1.831,9 1.973,6 2.033,1 1.807,0 1.996,2 2.295,7Dez/00 1.856,7 2.031,3 2.053,4 1.834,7 1.976,8 1.976,8Totais 21.658,8 22.203,6 22.091,4 21.113,1 21.791,0 22.626,5(a) Líquida - exclui a receita excepcional com anistia.(b) Bruta - inclui a receita excepcional com anistia.

Em termos mensais, foram utilizados dois critérios de avaliação da

qualidade das previsões mensais: coeficiente de correlação e número de

desvios mensais superiores a 5% (cinco porcento).

Page 67: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

67

Comparando as quatro séries de valores mensais prospectivos entre si,

através dos coeficientes de correlação dos valores estimados, chega-se à

seguinte matriz:

TABELA Nº 12MATRIZ DOS COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS

VALORES PROSPECTIVOS MENSAIS - ICMS - SP (QPE) ANO 2000SEGUNDO OS DIFERENTES MÉTODOS EMPREGADOS

Método A B C DA 1,0000 0,6437 0,7179 0,7565B 1,0000 0,4087 0,4008C 1,0000 0,3393D 1,0000

A = Método ConvencionalB = Linha de TendênciaC = Série de Tempo - Decomposição ClássicaD = Modelo Auto-regressivo

Ajustaram-se melhor, entre si, as previsões mensais com base no

método convencional e aquelas baseadas no modelo auto-regressivo, vindo,

em segundo lugar, as previsões com base no método convencional e as que

foram previstas de acordo com a decomposição clássica de série temporal.

Quanto à correlação que mais interessa para a avaliação da qualidade

da previsão mensal, ou seja, a correlação entre valores mensais previstos e

aqueles efetivamente arrecadados nos doze meses do ano 2000, os

coeficientes encontrados foram os seguintes:

TABELA Nº 13COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS

VALORES PROSPECTIVOS MENSAIS - ICMS - SP (QPE) ANO 2000SEGUNDO OS DIFERENTES MÉTODOS EMPREGADOS

COMPARADOS COM O EFETIVAMENTE ARRECADADO EM CADA MÊSMétodo A B C D

ArrecadaçãoEfetiva Líquida

0,7173 0,9656 0,9848 0,8892

A = Método ConvencionalB = Linha de TendênciaC = Série de Tempo - Decomposição ClássicaD = Modelo Auto-regressivo

Page 68: Análise comparativa de métodos de previsão aplicados à arrecad

68

De acordo com os coeficientes da Tabela nº 13, a melhor aderência aos

dados efetivos mensais ocorreu com a previsão baseada na decomposição

clássica de série temporal, seguida pela previsão calcada na linha de

tendência, ficando em terceiro lugar o modelo auto-regressivo e, por último, o

método convencional. Vale ainda assinalar que, mesmo o método terceiro

colocado (modelo auto-regressivo) apresentou um desempenho satisfatório,

conforme será salientado em seguida, ao se comparar mês a mês os valores

previstos com a arrecadação mensal efetiva, gerando-se os desvios mensais

correspondentes.

A tabela nº 14, a seguir, apresenta os desvios mensais encontrados a

partir da comparação dos valores mensais previstos com a efetiva arrecadação

mensal do ICMS - SP (QPE) no ano 2000.

TABELA Nº 14DESVIOS DOS VALORES PROSPECTIVOS MENSAIS

ICMS - SP (QPE) ANO 2000SEGUNDO OS DIFERENTES MÉTODOS EMPREGADOS

COMPARADOS COM O EFETIVAMENTE ARRECADADO EM CADA MÊSMês / Ano Método

ConvencionalLinha de

TendênciaSérie deTempo

DecomposiçãoClássica

ModeloAuto-

Regressivo

Jan/00 8,5% 0,7% -1,5% 2,5%Fev/00 4,0% 2,7% -1,7% -0,4%Mar/00 6,9% 0,7% 0,3% -1,8%Abr/00 4,1% 1,1% 0,7% -2,0%Mai/00 2,2% -1,5% 2,3% -5,0%Jun/00 0,9% 2,9% 2,6% -1,4%Jul/00 -1,7% 1,5% 2,9% -3,4%Ago/00 -3,8% 6,0% -1,8% 0,3%Set/00 -4,9% 3,7% 2,5% -3,0%Out/00 -5,1% 3,0% 3,5% -4,6%Nov/00 -8,2% -1,1% 1,8% -9,5%Dez/00 -6,1% 2,8% 3,9% -7,2%

Nota - Em negrito estão indicados os desvios superiores a 5% (cinco porcento).

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69

Com base nos desvios entre previsto e realizado constantes da Tabela

nº 14, chega-se às mesmas conclusões obtidas com base no coeficiente de

correlação. Em outras palavras, confirma-se o melhor desempenho da previsão

mensal alicerçada no método da Decomposição Clássica de Série Temporal

(sem qualquer ocorrência de desvio acima de 5%), seguida do método da

Linha de Tendência (uma única ocorrência, em agosto de 2000) e, em terceiro

lugar, o Modelo Auto-regressivo (com apenas duas ocorrências, nos meses de

novembro e dezembro de 2000).

Assim sendo, com exceção das previsões mensais baseadas no Método

Convencional, que deixaram a desejar, com 5 (cinco) ocorrências de desvios

superiores a 5%, pode-se considerar adequados quaisquer um dos outros três

métodos analisados, em especial o da Decomposição Clássica de Série de

Tempo.

Em resumo, observa-se que o Método Convencional, que mostrou

menor desvio na previsão anual, foi o que ficou em último lugar em termos de

qualidade nas previsões mensais. Ao reverso, métodos que apresentaram

desvios maiores na previsão anual (por exemplo, o modelo auto-regressivo),

apresentaram bom ajuste em termos mensais.

Um outro ponto a destacar, nessa avaliação dos métodos, é que a

qualidade dos resultados das previsões baseadas na Linha de Tendência e no

Modelo Auto-regressivo dependem apenas do método em si mesmo. Isto não

ocorre com o Método Convencional e com a Decomposição Clássica da Série

de Tempo, que dependem também da qualidade da previsão do

comportamento de outras variáveis, além da própria arrecadação do ICMS-SP.

Em outros termos, é possível que o grau de acerto alcançado com o emprego

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70

desses dois últimos métodos mencionados advenha de erros (que se

compensam) na previsão do comportamento das variáveis explicativas.

Transcorrido o ano 2000, verificou-se que o PIB cresceu 4,5% , e não

4,0% conforme adotado na previsão com o emprego do Método Convencional.

No que se refere à taxa de inflação, em que se utilizou a meta de 6,0% fixada

para o referido ano, dependendo do índice, as taxas acumuladas em 2000

foram as mais díspares, a saber: IGP-DI = 9,81%; IPA-DI = 12,06%; IGP-M =

9,95; IPCA = 5,97%; IPC-FIPE = 4,38%; etc.

Assim sendo, considerando-se essas taxas de inflação e o crescimento

real do PIB de 4,5%, aplicando-se o Método Convencional, seriam obtidas as

seguintes previsões para o ano 2000:

TABELA Nº 15MÉTODO CONVENCIONAL - PREVISÃO PARA O ANO 2000

SUPONDO ACERTO DA TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB E DAINFLAÇÃO

(em R$ milhões - valores correntes)ÍNDICE FATOR (*) PREVISÕES DESVIO

ABSOLUTODESVIO

RELATIVOIGP-DI 1,09506 22.150,6 359,6 1,65%IPA-DI 1,10622 22.376,4 585,4 2,69%IGP-M 1,09576 22.164,7 373,7 1,72%IPCA 1,07574 21.759,9 -31,1 -0,14%IPC-FIPE 1,06764 21.596,0 -195,0 -0,89%(*) Fator = (1+Taxa PIB) * (1+Taxa de Inflação)^(1/2)

Verifica-se, a partir dos dados da Tabela nº 15, que mesmo acertando a

taxa de crescimento do PIB e a taxa de inflação, ainda haveria um desvio, que

é tanto maior quanto mais nos afastamos do IPCA, dado que a meta de

inflação (que foi alcançada) tinha sido referenciada a esse índice de preços.

O emprego de um outro índice de inflação, que não o IPCA, resulta em

desvio maior em relação ao valor efetivamente arrecadado no ano 2000,

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71

indicando a necessidade de complementação do modelo, possivelmente

mediante o emprego de outras variáveis (juros, câmbio, etc.), ou revendo-se o

valor da elasticidade-PIB da arrecadação, que, ao contrário do que foi adotado,

poderia ser diferente de 1,0 (um).

Essas ponderações a respeito do Método Convencional se fazem

necessárias para ressaltar que a sua simplicidade é apenas aparente,

porquanto requer precisão com respeito às variáveis e elasticidades que forem

empregadas.

Também o método baseado na Decomposição Clássica de Séries de

Tempo requer, para a qualidade de suas previsões, que sejam previstos com

boa margem de acerto os valores das variáveis explicativas utilizadas. No caso

desse método, houve o emprego, entre outras variáveis, da taxa de juros

nominal (SELIC), que, ao longo do ano 2000, apresentou declínio muito

semelhante àquele previsto em dez/99, quando da elaboração das previsões.

A respeito do método da Linha de Tendência cabe registrar, como

observação final, que, ao longo do ano 2000, confirmou-se a reversão da

tendência da arrecadação do ICMS - SP (QPE) prevista quando do emprego

dessa metodologia.

No tocante ao Modelo Auto-regressivo, este se revelou satisfatório nos

primeiros dez meses do ano 2000, o que parece recomendar o seu emprego

semestralmente, em dezembro (para previsão dos valores mensais do primeiro

semestre do ano seguinte) e em junho (para previsão dos valores mensais do

segundo semestre do mesmo ano). Com efeito, este método não apresentou,

no primeiro semestre de 2000, desvio mensal superior a 5% e no acumulado

desse mesmo semestre previa uma arrecadação da ordem de R$ 10.099,3

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72

milhões (valores correntes), sendo que a arrecadação efetiva do primeiro

semestre de 2000 correspondeu a R$ 10.240,6 milhões (valores correntes),

com desvio, portanto, de -1,4%.

Em termos semestrais, os resultados para o primeiro semestre de 2000

foram satisfatórios praticamente para todos os métodos, exceto o Método

Convencional, que apresentou dois desvios mensais superiores a 5% (em

jan/2000 e mar/2000), enquanto os demais métodos não apresentaram desvio

mensal maior do que 5%. Já os desvios entre o volume total efetivamente

arrecadado de ICMS - SP (QPE) no primeiro semestre de 2000, comparado

com os valores previstos para esse semestre, foram:

a) Método Convencional : 4,4% ;

b) Linha de Tendência: 1,1%;

c) Decomposição: 0,5%;

d) Auto-regressivo: -1,4%.

Os dados do parágrafo anterior revelam que a previsão em bases

semestrais constitui-se em procedimento a ser considerado, visto que os erros

tendem a aumentar para horizonte maior (anual) de previsão.

7 CONCLUSÃO

A previsão é valioso instrumento para os administradores. Sua finalidade

é a contribuir para a tomada correta de decisões e providências, com vistas a,

mediante a antecipação aos fatos vindouros, permitir que sejam evitados riscos

e aproveitadas oportunidades.

Na área pública há a obrigatoriedade, segundo a legislação

orçamentária, que se proceda à previsão das receitas. Sob o prisma financeiro,

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73

também é de grande interesse a previsão de caixa, para efeito de uma

adequada programação financeira.

Nesta breve análise comparativa, foram estudados 4 (quatro) diferentes

métodos com vistas à previsão, sob o ângulo financeiro, da arrecadação do

ICMS - SP (QPE = 75%), para o ano 2000, com base em dados disponíveis em

meados de dezembro de 1999.

Encerrado o ano 2000, as previsões, consoante os 4 (quatro) métodos

considerados, puderam ser avaliadas com o valores efetivamente arrecadados,

possibilitando a mensuração dos desvios.

Resumidamente, a colocação de cada um dos métodos foi a seguinte:

TABELA Nº 16AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FINAL DOS

MÉTODOS DE PREVISÃO DA ARRECADAÇÃO DO ICMS-SP (QPE)CONSIDERADOS NESTA ANÁLISE COMPARATIVA

Método Classificação c/respeito à

Previsão Anual

Classificação c/Respeito àsPrevisõesMensais

Soma dosPostos

ClassificaçãoFinal

Convencional 1º 4º 5 2ºLinha de Tendência 3º 2º 5 2ºST – Decomp. Clássica 2º 1º 3 1ºAuto-regressivo 4º 3º 7 4º

Destacou-se, como o melhor método, aquele baseado na Decomposição

Clássica de Série Temporal, que se constitui em uma mescla de modelo

analítico e modelo de previsão. Esse método misto ficou em primeiro lugar

quanto aos valores previstos mensalmente e em segundo lugar no tocante à

previsão anual. Sua desvantagem é exigir boas previsões para os valores das

variáveis explicativas do comportamento da arrecadação.

Todos os métodos têm suas vantagens e desvantagens, de sorte que

mesmo o modelo auto-regressivo, apesar de sua classificação final em último

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lugar, não deve ser descartado, visto que apresenta a vantagem de requerer

exclusivamente dados (série histórica) da arrecadação do ICMS - SP (QPE).

Ademais, um ponto constatado foi que uma previsão realizada

semestralmente poderá ensejar o aproveitamento de quaisquer métodos

examinados, exceto o Método Convencional.

O Método Convencional, último colocado no que se refere às previsões

mensais, foi o que mostrou melhor resultado em termos de previsão anual. Sua

simplicidade, todavia, é aparente, pois exige boas previsões para variáveis

como crescimento real do PIB tributável paulista e elasticidade PIB da

arrecadação.

A previsão das receitas públicas é, de há muito, uma questão da maior

prioridade na Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda do Governo do

Estado de São Paulo, haja vista a magnitude dos valores envolvidos e dos

compromissos da Administração junto à comunidade paulista.

A supra referida prioridade traduziu-se pela inclusão do subprojeto

Previsão no Projeto Gestão de Arrecadação, integrante do PROMOCAT -

Programa de Modernização da Coordenadoria da Administração Tributária,

contando inclusive com apoio do PNUD - Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento.

O subprojeto Previsão ensejou a constituição de um grupo informal de

trabalho ("Equipe Previsão"), promovendo-se um Curso de Econometria para

boa parte de seus integrantes, voltado também para treinamento na utilização

de softwares econométricos. Foram importados os softwares econométricos

EVIEWS e WINRATS. Houve ainda a contratação de consultor externo, que

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75

desenvolveu, ao longo do ano 2000, um modelo para previsão (regime de

caixa) para o ICMS - SP (QPE).

O subprojeto Previsão foi concluído ao final de 2000. O modelo que o

consultor externo desenvolveu, baseado em Função de Transferência, foi

aplicado, no final do ano 2000, para as previsões mensais de arrecadação do

primeiro semestre de 2001, apresentando bons resultados, no mesmo grau de

qualidade do método primeiro colocado nesta análise comparativa

(Decomposição Clássica de Série de Tempo).

Esse modelo baseado em Função de Transferência, não foi objeto de

exame neste trabalho. Uma de suas vantagens é o emprego de

variáveis/indicadores antecedentes, o que permite uma avaliação do

comportamento da arrecadação, antecipando reversão de tendência, porquanto

não somente o valor mensal da arrecadação é importante, mas também a

mudança de comportamento, de aumento real passando para diminuição real,

ou vice-versa.

Outra vantagem do emprego de Função de Transferência advém do

efeito defasado de uma determinada variável sobre a arrecadação.

Suponhamos, por exemplo, que a taxa real de juros no mês "t-5" repercute na

arrecadação do ICMS no mês "t". No caso deste exemplo, ao efetuarmos uma

previsão com horizonte de 6 (seis) meses a partir de hoje, bastará estimar

(projetar) um único valor futuro para a taxa real de juros. Isto não acontece no

método da Decomposição Clássica de Série de Tempo, examinado neste

trabalho, que requer, ainda neste exemplo, a previsão dos valores mensais da

taxa real de juros para os 6 (seis) meses vindouros.

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76

BIBLIOGRAFIA

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