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CARLA VARGAS FERRACINI GABRIEL CARDOSO ROMANO GILBERTO ARCHERO AMARAL JR. ANÁLISE COMPLETA DO GÁS NATURAL NA BAIXADA SANTISTA PARA A METODOLOGIA DO PIR Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental. São Paulo 2010

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CARLA VARGAS FERRACINI GABRIEL CARDOSO ROMANO

GILBERTO ARCHERO AMARAL JR.

ANÁLISE COMPLETA DO GÁS NATURAL NA BAIXADA SANTISTA

PARA A METODOLOGIA DO PIR

Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental.

São Paulo 2010

CARLA VARGAS FERRACINI GABRIEL CARDOSO ROMANO

GILBERTO ARCHERO AMARAL JR.

ANÁLISE COMPLETA DO GÁS NATURAL NA BAIXADA SANTISTA

PARA A METODOLOGIA DO PIR

Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Miguel Edgar Morales Udaeta

São Paulo 2010

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SUMÁRIO 1� Introdução ............................................................................................................9�2� Objetivos ............................................................................................................11�

2.1� Objetivos Gerais..........................................................................................11�2.2� Objetivos Específicos..................................................................................11�

3� Justificativa.........................................................................................................12�4� Metodologia........................................................................................................13�5� Revisão bibliográfica ..........................................................................................19�

5.1� Mudanças Climáticas Globais.....................................................................19�5.2� A Questão Ambiental no Contexto Energético............................................19�

5.2.1� Uso da Energia e Efeito Estufa............................................................20�5.2.2� A Poluição Urbana do Ar .....................................................................20�5.2.3� Causas dos Impactos Ambientais........................................................21�

5.3� Aspectos Gerais do Gás Natural.................................................................21�5.3.1� Caracterização.....................................................................................21�5.3.2� Reservas..............................................................................................22�5.3.3� Gás Natural no Brasil...........................................................................24�5.3.4� Impactos Ambientais............................................................................25�5.3.5� Produção de Energia ...........................................................................25�

5.4� PIR - Planejamento Integrado de Recursos Energéticos ............................26�5.4.1� PIR – Introdução ..................................................................................26�5.4.2� Listagem, Peneiramento e Seleção dos Recursos Energéticos ..........28�5.4.3� Valoração dos recursos energéticos....................................................28�5.4.4� Ranqueamento ....................................................................................28�5.4.5� Análise de Custos Completos – ACC ..................................................30�5.4.6� Cenários ..............................................................................................30�5.4.7� Vigilantes .............................................................................................32�5.4.8� Integração de recursos ........................................................................32�

5.5� Mapeamento Ambiental da Região da Baixada Santista ............................33�5.5.1� Meio Aéreo...........................................................................................34�5.5.2� Meio Terrestre......................................................................................35�5.5.3� Meio Aquático ......................................................................................36�5.5.4� Meio Antropogênico .............................................................................39�5.5.5� Confecção de Indicadores ...................................................................40�

6� Estudo de caso ..................................................................................................41�6.1� Estudo de caso ...........................................................................................41�6.2� Metodologia ................................................................................................41�6.3� Recursos energéticos .................................................................................41�6.4� Valoração de recursos – apresentação de resultados ................................42�

6.4.1� RELO: IPGN – Instalação produtora de gás natural ............................42�6.4.2� RELO: Posto de GNV ..........................................................................45�6.4.3� RELO: Geração de energia elétrica .....................................................48�6.4.4� RELD: Uso de GNV .............................................................................58�6.4.5� RELD: Uso residencial.........................................................................60�6.4.6� RELD: Uso comercial...........................................................................62�6.4.7� RELD: Uso industrial............................................................................62�

6.5� Mapeamento ambiental – apresentação de resultados...............................65�6.5.1� Diagnóstico ambiental e seleção de indicadores .................................65�6.5.2� Meio Aéreo...........................................................................................65�

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6.5.3� Meio Aquático ......................................................................................71�6.5.4� Meio antrópico .....................................................................................76�6.5.5� Meio Terrestre......................................................................................85�

6.6� Cenários......................................................................................................89�6.6.1� Ano Base para a Região Metropolitana da Baixada Santista ..............89�6.6.2� Índices de participação setorial e intensidades energéticas ................90�6.6.3� Cenários Energéticos...........................................................................91�

•� Melhorias na distribuição de renda e acesso aos serviços energéticos; ......104�•� Crescimento econômico sustentado.............................................................104�•� Grande evolução na eficiência energética....................................................104�

6.6.4� Comparativo entre Cenários ..............................................................108�6.7� Projeção de indicadores............................................................................110�

6.7.1� Meio Aéreo.........................................................................................110�6.7.2� Meio Aquático ....................................................................................120�6.7.3� Meio Antrópico...................................................................................124�6.7.4� Meio Terrestre....................................................................................128�

7� Conclusões ......................................................................................................133�8� Referências Bibliográficas................................................................................134�

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: atributos da dimensão técnico-econômica. ................................................14�Figura 2: atributos da dimensão ambiental .................................................................1�Figura 3: atributos da dimensão social........................................................................1�Figura 4: atributos da dimensão política......................................................................1�Figura 5: Estrutura do PIR.........................................................................................18�Figura 6: reservas provadas de gás natural no planeta em 2009..............................23�Figura 7: Mapa dos gasodutos no Brasil. Fonte: Petrobrás ......................................24�Figura 8: Principais movimentações comerciais........................................................26�Figura 10: Médias Anuais PTS (CETESB) ................................................................68�Figura 11: Balanço Energético do Estado de São Paulo (BEESP) ...........................71�Figura 12: IQA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010) .........................................72�Figura 13: IVA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010)..........................................73�Figura 14: Cidades com maiores populações ...........................................................75�Figura 15: Praias próprias o ano todo (CETESB)......................................................75�Figura 16: Desempenho do IDH................................................................................77�Figura 17: PIB municipalizado...................................................................................78�Figura 18: Atividade Anual do Porto de Santos.........................................................78�Figura 19: PIB (SEADE)............................................................................................79�Figura 20: População (IBGE) ....................................................................................80�Figura 21: Crescimento da população.......................................................................80�Figura 22: PIB per capita municipalizado ..................................................................81�Figura 23: Consumo de Energia Elétrica Municipalizado, 2008 ................................83�Figura 24: Consumo Setorial de Energia Elétrica......................................................84�Figura 25: Consumo Total de Energia na Baixada Santista......................................84�Figura 26: Histórico das áreas contamnadas ............................................................86�Figura 27: Distribuição das áreas contaminadas (CONSEMA, 2010) .......................87�Figura 28: Matriz energética 2010 – Tendencial .....................................................112�Figura 29: Matriz energética 2040 – Tendencial .....................................................113�Figura 30: Matriz energética 2040 – Gás Total .......................................................114�Figura 31: Matriz energética 2040 – Sustentável ....................................................115�Figura 32: Projeções das emissões de MP10 .........................................................116�Figura 33: Projeções das concentrações de MP10.................................................117�Figura 34: Projeções das concentrações de PTS ...................................................118�Figura 35: Projeções de CO2..................................................................................119�Figura 36: Projeção do esgoto coletado – Sabesp..................................................121�Figura 37: Cenários IQA..........................................................................................122�Figura 38: Cenários IQA..........................................................................................123�Figura 39: Cenários Balneabilidade – Projeções de Praias Próprias ......................124�Figura 40: Rendimento médio – Cenários...............................................................126�Figura 41: Frota de Automóveis ..............................................................................128�Figura 42: Áreas Contaminadas..............................................................................130�Figura 43: Residentes em áreas críticas .................................................................132�

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Reservas provadas de gás natural no planeta. .........................................22�Tabela 2: reservas nacionais de gás natural. ............................................................23�Tabela 3: reservas nacionais totais em 2009. ...........................................................23�Tabela 4: Produção mundial de gás natural em 2009. Fonte: BP, 2010. ..................25�Tabela 5: Potencial de aquecimento global, em relação ao CO2. Fonte: IPCC (2001)..................................................................................................................................35�Tabela 6: Atual consumo de água da RPBC e posterior inserção da CCBsAtual Consumo de Água da RPBC e posterior inserção da CCBS. ...................................50�Tabela 7: carasterísticas dos efluentes industriais da CCBS ....................................51�Tabela 8: Características Básicas dos Equipamentos da Futura Central de Cogeração da Baixada Santista (CCBS)...................................................................52�Tabela 9: Emissão de Poluentes Atmosféricos da Futura CENTRAL DE COGERAÇÃO DA BAIXADA SANTISTA (CCBS).....................................................53�Tabela 10: Comparação de emissões atuais e futuras com as emissões totais do município de Cubatão ...............................................................................................56�Tabela 11: Padrão Nacional de Qualidade do Ar ......................................................66�Tabela 12: Índice Geral de Qualidade do Ar (CETESB)............................................66�Tabela 13: Evolução das concentrações anuais de poluentes (CETESB) ................67�Tabela 14: Evolução da Qualidade do ar ..................................................................69�Tabela 15: Emissão de Poluentes por empresa (CETESB) ......................................70�Tabela 16: Balanço Energético do Estado de São Paulo (BEESP)...........................71�Tabela 17: Padrão de Qualidade IQA (CETESB)......................................................72�Tabela 18: Histórico IQA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010)..........................72�Tabela 19: Padrão de Qualidade IVA (CETESB) ......................................................73�Tabela 20: Histórico IVA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010) ..........................73�Tabela 21: Padrão de Qualidade Balneabilidade (CETESB) ....................................74�Tabela 22: Histórico de praias consideradas próprias o ano todo (CETESB) ...........74�Tabela 23: IDH (IBGE) ..............................................................................................76�Tabela 24: PIB (SEADE) ...........................................................................................77�Tabela 25: População (IBGE)....................................................................................79�Tabela 26: Frota de veículos – 2009 (SEADE)..........................................................82�Tabela 27: Energia Elétrica (Secretaria de Saneamento e Energia) .........................82�Tabela 28: Energia Elétrica – Setorial (Secretaria de Saneamento e Energia) .........83�Tabela 29: Produção de Lixo (CONSEMA, 2010) .....................................................85�Tabela 30: Lixo (CONSEMA, 2010) ..........................................................................85�Tabela 31: Distribuição de Áreas Contaminadas (CONSEMA, 2010) .......................86�Tabela 32: Áreas contaminadas e reabilitadas (CETESB, 2007) ..............................87�Tabela 33: Áreas críticas (AGEM, 2008)...................................................................88�Tabela 34: Acidentes (CONSEMA, 2010) .................................................................88�Tabela 35: Envolvidos (CONSEMA, 2010)................................................................88�Tabela 36: Óbitos (CONSEMA, 2010).......................................................................88�Tabela 37: Índices de participação setorial ...............................................................91�Tabela 38: Taxas de crescimento de consumo anuais para o Cenário Tendencial ..94�Tabela 39: Consumo Tendencial de Gás Natural (103 kcal)......................................96�Tabela 40: Consumo Tendencial de Eletricidade (10³ Kcal) .....................................97�Tabela 41: Consumo Tendencial de Etanol e Derivados de Petróleo (10³ kcal) .......98�Tabela 42: Graus de Substituição .............................................................................99�Tabela 43: Consumo de Gás Natural - Cenário GT (10³ Kcal) ................................101�

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Tabela 44: Consumo de Eletricidade – Cenário GT (10³ Kcal) ...............................102�Tabela 45: Consumo de Etanol e Derivados de Petróleo – Cenário GT (10³ Kcal).102�Tabela 46: Taxas de Expansão – Cenário Sustentável...........................................104�Tabela 47: Consumo de Gás Natural - Cenário Sustentável (10³ Kcal) ..................105�Tabela 48: Consumo de Eletricidade – Cenário Sustentável (10³ Kcal)..................106�Tabela 49: Consumo de Etanol e Derivados de Petróleo – Cenário Sustentável (10³ Kcal) ........................................................................................................................107�Tabela 50: Consumo Energético Total por Cenário 109 kcal)..................................108�Tabela 51: Histórico das emissões por empresas (CETESB) .................................111�Tabela 52: Cenários Energético Tendencial............................................................112�Tabela 53: Cenários Energético Gás Total .............................................................113�Tabela 54: Cenários Energético Sustentável ..........................................................114�Tabela 55: Cenários das emissões de MP10..........................................................115�Tabela 56: Cálculo para isolar as emissões de MP10.............................................116�Tabela 57: Cenários das concentrações de MP10..................................................117�Tabela 58: Cenários das concentrações de PTS ....................................................117�Tabela 59: Cenário Tendencial ...............................................................................118�Tabela 60: Cenário Gás Total .................................................................................119�Tabela 61: Cenário Sustentável ..............................................................................119�Tabela 62: Projeção de tratamento do esgoto coletado – Sabesp..........................120�Tabela 63: Cenários IQA.........................................................................................122�Tabela 64: Cenários IVA .........................................................................................122�Tabela 65: Cenários Balneabilidade........................................................................123�Tabela 66: Cenários Balneabilidade........................................................................123�Tabela 67 Rendimento médio – Cenário Tendencial ..............................................124�Tabela 68:Rendimento médio – Cenário Gás Total ................................................125�Tabela 69: Rendimento médio – Cenário Sustentável ............................................125�Tabela 70: Frota de Automóveis – Cenário Tendencial ..........................................126�Tabela 71: Frota de Automóveis – Cenário Gás Total ............................................127�Tabela 72: Frota de Automóveis – Cenário Gás Total ............................................127�Tabela 73: Frota de Automóveis – Cenário Gás Total ............................................128�Tabela 74: Áreas Contaminadas – Cenário Tendencial ..........................................129�Tabela 75: Áreas Contaminadas – Cenário Gás Total ............................................129�Tabela 76: Áreas Contaminadas – Sustentável ......................................................130�Tabela 77: Residentes em áreas críticas – Tendencial...........................................131�Tabela 78: Residentes em áreas críticas – Gás Total.............................................131�Tabela 79: Residentes em áreas críticas – Sustentável..........................................132�

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES AD Aquecimento Direto BEU Balanço de Energia Útil CO2 Dióxido de Carbono (Gás Carbônico) CP Calor de Processo CVPC Cômputo e Valoração do Potencial Completo CCBS Central de Cogeração da Baixada Santista CESPEG Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural DS Desenvolvimento Sustentável EPE Empresa de Pesquisa Energética FM Força Motriz GEE Gases de Efeito Estufa GLP Gás Liquefeito de Petróleo GN Gás Natural GNV Gás Natural Veicular GT Gás Total Il Iluminação MME Ministério de Minas e Energia PDE Plano Decenal de Expansão da Energia PIR Planejamento Integrado de Recursos Energéticos PNE Plano Nacional de Energia RAA Região Administrativa de Araçatuba RE Recurso Energético RELD Recurso Energético do lado da Demanda RELO Recurso Energético do lado da Oferta RMBS Região Metropolitana da Baixada Santista RPBC Refinaria de Presidente Bernardes RTC Relatório Técnico Científico SSE Secretaria de Saneamento e Energia USP Universidade de São Paulo

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RESUMO

O trabalho desenvolvido visa analisar os recursos energéticos provenientes do gás natural na Região Metropolitana da Baixada Santista, no estado de São Paulo, com auxílio da metodologia do PIR – Planejamento Integrado de Recursos Energéticos. A análise consiste num levantamento dos recursos energéticos cuja fonte é o gás natural, e uma posterior avaliação desses recursos na região, no âmbito da exploração e do uso. Os recursos serão avaliados nas dimensões técnico-econômica, ambiental, social e política, conforme metodologia da valoração. Cada dimensão possui atributos e sub-atributos necessários para valoração. A partir disso, serão projetados cenários, num horizonte de 30 anos. Esses cenários são uma projeção do uso dos recursos na região no futuro, ou seja, é possível planejar o uso dos recursos. Serão considerados então os indicadores que melhor expressem condições de qualidade e necessidades regionais. Com esta seleção de indicadores, será possível construir uma avaliação dos possíveis efeitos futuros da expansão do gás natural na RMBS, permitindo uma análise de sustentabilidade dos recursos na região.

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ABSTRACT

The present research aims to evaluate the energy resources from natural gas, in Baixada Santista Metropolitan Region, in São Paulo south coast, using the Integrated Resource Planning – IRP – methodology. This analysis consists in a survey of the most relevant energy resources of which source is the natural gas, followed by an evaluation of these resources in the area. This evaluation will be done in two spheres – exploration and use. The resources are going to be evaluated in four characteristic dimensions: technical-economic, environmental, social and political, according to the methodology. Each dimension has attributes and sub attributes which are necessary to the valoration. From that, scenarios will be projected in a 30 years period. These scenarios simulate the future resources use in the area. It is possible then to plan the resources use. Finally, indicators that express quality conditions and local needs will be considered. With this selection, it is possible to evaluate possible future effects from natural gas expansion, allowing then a sustainability analysis.

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1 INTRODUÇÃO O crescimento da demanda energética mundial exige o investimento em fontes e tecnologias mais eficientes e limpas. Nesse contexto, tornam-se necessários estudos nesse setor. Este trabalho analisará os recursos energéticos cuja fonte é o gás natural, na região da Baixada Santista do estado de São Paulo, por meio da metodologia do Planejamento Integrado de Recursos Energéticos – PIR. O gás natural é encontrado em rochas porosas no subsolo, podendo estar associado ou não ao petróleo. Normalmente, apresenta baixos teores contaminantes, como nitrogênio, dióxido de carbono e compostos de enxofre. Versátil, pode ser utilizado em aplicações domésticas, industriais e automotivas, substituindo a gasolina, o etanol, o óleo diesel e como fonte de geração de energia elétrica. Os primeiros campos de gás natural no Brasil foram descobertos na década de 1940, no Recôncavo Baiano. Mas foi somente em 1985 que o combustível foi encontrado na bacia de Santos. Em 1993, os governos do Brasil e da Bolívia assinaram o acordo de importação do gás boliviano e da construção do gasoduto Bolívia-Brasil, com 2 233 quilômetros de comprimento. Tal construção foi iniciada em 1997, e concluída em 2000. Neste mesmo ano, a ANP realizou a Segunda Rodada de Licitações de blocos exploratórios para petróleo e gás natural, de onde saíram as descobertas do Pré-sal. Em 2003, foi descoberta a maior jazida de gás natural da plataforma continental brasileira: o Campo de Mexilhão, na bacia de Santos. No ano seguinte, um navio-sonda foi enviado à bacia de Santos com a missão de perfurar alguns poços pioneiros em busca de óleo. A razão dessa busca era uma prévia identificação, acima da camada de sal, de rochas arenosas depositadas em águas profundas, com formação semelhante às encontradas na Bacia de Campos, onde estão acondicionadas cerca de 80% das reservas nacionais de petróleo. A idéia era começar a exploração no local por essas rochas já conhecidas. Se fosse encontrado óleo, o poço seria aprofundado e se chegaria ao pré-sal, onde os técnicos acreditavam que seriam encontrados grandes reservatórios de petróleo. “Pré-sal” é a camada de rochas localizadas em porções marinhas de grande parte do litoral brasileiro, com potencial para acúmulo e geração de petróleo. Convencionou-se chamar de pré-sal porque forma um intervalo de rochas que se estende sob uma extensa camada de sal. O pré-sal compreende as Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Como o objetivo deste trabalho é analisar o gás natural na região da Baixada Santista, será dado enfoque à Bacia de Santos. Os primeiros indícios de petróleo no pré-sal na Bacia de Santos foram encontrados em 2005, no litoral do estado do Rio de Janeiro. A partir de então, entre 2006 e 2008, diversas jazidas de óleo foram sendo encontradas nesta Bacia, e as análises indicavam um volume recuperável de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo e gás natural no poço Tupi. Mais tarde vieram as estimativas do poço Iara, apontando um volume de 3 a 4 bilhões de barris. A descoberta do pré-sal é um marco na indústria petrolífera brasileira, e tem um grande impacto no cenário mundial, tanto do ponto de vista econômico, como do

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político, do ambiental e do social. Não se pode ignorar, porém, o impacto regional de tal descoberta. A Baixada Santista é uma região metropolitana, litorânea e industrial, portanto, merece destaque. Composta por nove municípios, Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente, a região é a terceira maior no estado em termos populacionais, apesar de representar, em área, menos de 1% do território paulista. O Porto de Santos, principal porta de entrada e saída de produtos do País, movimenta em seu cais 1,2 dos 3,2 milhões de contêineres movimentados anualmente nos portos brasileiros. A frota metropolitana de veículos soma mais de 450 mil unidades. De cada dez veículos cadastrados na Região, seis são automóveis. Diariamente, 13 mil pessoas movimentam-se entre Santos, Guarujá e Bertioga, através de barcos e balsas, as quais transportam ainda, por dia, cerca de 16 mil automóveis e 15 mil bicicletas. O município de Cubatão destaca-se por ser um pólo industrial, e já passou por muitos problemas relacionados à poluição atmosférica. O gás natural, por ter baixo teor de poluentes em sua combustão, é uma alternativa interessante de energia para as indústrias da região. O cenário exposto mostra a importância do estudo desse recurso. A análise de um recurso energético não pode ser feita somente sob o ponto de vista econômico, já que há muitos atores envolvidos. O planejamento energético deve ser reavaliado de forma a incorporar novas tecnologias e métodos, práticas de gerenciamento, hábitos de uso e envolvimento da população. (RIGOLIN, 2010) No PIR, são consideradas todas as dimensões relevantes dos recursos envolvidos: técnico-econômica, ambiental, social e política. Elas são consideradas de igual relevância para o planejamento energético, para evitar dessa que problemas ambientais, sociais ou políticos se manifestem após a definição e implementação dos empreendimentos energéticos.

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2 OBJETIVOS 2.1 Objetivos Gerais O objetivo geral deste trabalho é caracterizar e analisar o gás natural na Baixada Santista, tanto do ponto de vista energético como do ponto de vista ambiental, por meio da metodologia do PIR, possibilitando a verificação dos efeitos de seu uso e a identificação dos vetores de sua expansão na Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS). 2.2 Objetivos Específicos Caracterizar e evidenciar o recurso energético na região. Valorar o gás natural, como fonte energética, dos pontos de vista técnico-econômico, ambiental, social e político. Definir parâmetros indicadores, chamados vigilantes, e monitorá-los. A identificação dos principais vetores de expansão para o Gás Natural na RMBS, considerando os setores tradicionais da economia (Residencial, Comercial, Industrial e etc.) e os usos finais de energia. A qualificação e quantificação, quando possível, dos efeitos do uso do Gás Natural na RMBS, de maneira identificar os aspectos mais críticos de sua expansão e a relação desta com os indicadores monitorados.

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3 JUSTIFICATIVA Conforme descrita anteriormente a importância da região da Bacia de Santos no Estado de São Paulo, e a crescente demanda por fontes energéticas mais limpas, torna-se interessante e necessária uma análise completa do gás natural naquele local. O PIR – Planejamento Integrado de Recursos Energéticos – é uma metodologia que possibilita esta análise completa do gás natural, abordando os aspectos técnicos, econômicos, políticos e sociais. Também possui uma abordagem aprofundada no aspecto ambiental, enquadrando-se no contexto do Desenvolvimento Sustentável. Com o PIR, serão analisadas as futuras demandas e ofertas energéticas para a região da Bacia de Santos, tendo em vista a exploração do Gás Natural do Pré-Sal. Com o auxílio dos cenários futuros que serão confeccionados, será possível demonstrar as interferências causadas por esta exploração. Esta análise serve como ferramenta para tomada de decisão no que se refere ao suprimento de energia daquela região. Devido à integração dos diversos fatores e aspectos com o meio ambiental, a análise completa do Gás Natural (GN) na Baixada Santista através da metodologia do PIR mostra-se interessante e de grande relevância para a Engenharia Ambiental.

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4 METODOLOGIA Este trabalho será realizado segundo a metodologia apresentada a seguir: Inicialmente se dará a revisão bibliográfica acerca dos assuntos de interesse para sua realização, em seguida estabelecer-se-á o marco teórico do Cômputo e Valoração do Potencial Completo (CVPC), dos cenários e dos vigilantes, de acordo com a metodologia do PIR, para o Gás Natural (GN) na região metropolitana da Baixada Santista (RMBS). Desta forma, será realizado estudo do GN proveniente da RMBS, através de pesquisa e levantamento de dados junto aos órgãos públicos e privados competentes, permitindo assim a sua caracterização e evidenciação na RMBS. Com isto poder-se-á definir quais os REs mais relevantes para a região e, conseqüentemente, para a elaboração deste trabalho. Neste ponto é necessário esclarecer o conceito aqui adotado de recurso energético: pode ser entendido como uma fonte energética (ex.: GN, petróleo, carvão etc.) associada a uma tecnologia que permita seu uso (ex.: GNV, gasolina, termelétricas, GN para cocção etc.). Os recursos são divididos em recursos energéticos do lado da oferta (RELO) e recursos energéticos do lado da demanda (RELD). Recursos energéticos do lado da oferta são aqueles associados à oferta de energia, por exemplo, instalação produtora de GN ou geração de energia elétrica. Os recursos energéticos do lado da demanda, por conseguinte, são os relacionados à demanda de energia: uso do GNV, uso residencial, comercial etc. A próxima etapa é o Cômputo e Valoração do Potencial Completo de todos os REs previamente definidos. Nessa etapa, são atribuídos valores a cada recurso. Isto se dará através da compilação e normalização dos dados provenientes da pesquisa realizada na etapa anterior, organizados de acordo com as quatro dimensões usuais do PIR na USP:

• Dimensão Técnico-Econômica • Dimensão Ambiental • Dimensão Política • Dimensão Social

Os valores que serão atribuídos aos recursos obedecem aos atributos e subatributos de cada uma dessas dimensões. Esta valoração pode ser quantitativa ou qualitativa. Os atributos de cada dimensão são detalhados abaixo, e ilustrados nas figuras 1, 2, 3 e 4 que seguem. Os atributos são sempre os mesmos, mas os subatributos podem variar, de acordo com a pertinência em cada recurso. A valoração técnico-econômica tem como objetivo analisar a viabilidade técnica dos recursos estudados.

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Figura 1: atributos da dimensão técnico-econômica. Domínio tecnológico: portador da tecnologia implantada (nacional, mista ou importada); Tempo de implantação: depende do porte e localização do empreendimento; Disponibilidade de fornecimento: facilidade de se implantar o recurso; Qualificação de mão-de-obra: necessidade de mão-de-obra qualificada ou não; Custo de implantação: valor total de implantação do recurso; Custo de O&M: custos de operação e manutenção dos equipamentos; Vida útil: determinada na fase de projeto. A valoração ambiental objetiva a análise da viabilidade ambiental dos recursos.

Dimensão técnico-

econômica

Técnico Econômico

Domínio tecnológico

Facilidade técnica

Custo de implantação

Custo de O&M Vida útil

Tempo de implantação

Qualificação de mão-de-obra

Disponibilidade de fornecimento

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Dejetos: resíduos sólidos gerados pelo RE; Ocupação do solo: quanto o RE necessita de ocupação de solo; Consumo de água: variação de consumo na região devida ao recurso; Qualidade da água: alterações devidas ao recurso; População marinha: alterações da população marinha local devidas ao recurso; Poluentes atmosféricos e GEEs: emissões relacionadas ao recurso; A dimensão social avalia os impactos sociais do recurso.Nesta dimensão os valores são, principalmente, qualitativos.

Dimensão social

Geração de

empregos

Percepção de conforto

Influência no

desenvolvi-mento

Impacto humano

decorrente do espaço ocupado

Desequilíbrio ambiental

no meio social

Instalação física

Poluição sonora

Fluxos de veículos pesados

Infraestru-tura

Atividades econômicas

Pessoas deslocadas ou lesadas

Existência de sítios arqueo-lógicos

Impactos na saúde pública

Impactos nas

edificações

Dimensão ambiental

Meio terrestre Meio aquático Meio aéreo

Dejetos Ocupação do solo

Consumo de água

Qualidade da água

População marinha

Poluentes atmosféricos

Gases efeito estufa

Figura 2: atributos da dimensão ambiental

Figura 3: atributos da dimensão social

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Geração de empregos: durante a construção e operação; Percepção de conforto: a sensação de utilizar o recurso, bem como instalações necessárias, ruído e aumento do fluxo de veículos pesados; Infraestrutura: benefícios para a infraestrutura da região; Atividades econômicas: alterações, positivas ou negativas, nas atividades da região; Pessoas deslocadas ou lesadas: devido à construção do empreendimento; Existência de sítios arqueológicos; Impactos na saúde pública: aumento ou redução do número de leitos em hospitais por doenças relacionadas aos recursos, como doenças respiratórias; Impactos nas edificações: relacionados à deposição de material particulado. A dimensão política avalia a aceitação do recurso pelos diferentes stakeholders.

Concomitantemente a isso, serão definidos os indicadores a serem observados, chamados, na metodologia do PIR, de vigilantes. Os vigilantes são os principais fatores limitantes da exploração e uso dos recursos energéticos, sendo assim essenciais para a aplicação do PIR, já que são os promotores do desenvolvimento sustentável almejado. Estes parâmetros serão definidos a partir do Mapeamento Energoambiental da região, considerando os interesses e as exigências mercadológicas observadas atualmente, de maneira a contemplar tanto as exigências legais quanto aquelas oriundas do próprio mercado (ex.: emissão de CO2). O processo de construção dos vigilantes contemplará a definição, determinação e cálculo da relação dos caracteres a estes vinculados, advindos de indicadores dos 4 meios presentes no Mapeamento Energoambiental, com os atributos e subatributos do CVPC dos REs analisados. A partir disso serão determinados três cenários energéticos distintos, dentro da metodologia proposta pelo PIR, para um horizonte de planejamento de 30 anos. Tais cenários permitirão analisar os efeitos de diferentes intervenções no planejamento do uso e exploração dos REs do GN na RMBS, bem como servir de retroalimentação das etapas anteriores, principalmente no que diz respeito aos indicadores (vigilantes) e aos REs.

Dimensão Política

Aceitação de grandes

consumidores

Aceitação de distribuidores

Aceitação de ONGs Aceitação da população

Figura 4: atributos da dimensão política

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Esta retroalimentação se dará na projeção destes indicadores para cada um dos cenários, permitindo que se possam enxergar os pontos fortes e fracos do uso do Gás Natural, em relação ao aspecto ambiental, na região estudada. A figura 5 apresenta uma visão geral do PIR, suas etapas e resultados esperados. Vale ressaltar que o trabalho aqui apresentado tem um escopo mais limitado, devido à falta de recursos para um estudo tão aprofundado.

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Figura 5: Estrutura do PIR

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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 Mudanças Climáticas Globais De acordo com as definições sobre mudanças do clima, entende-se que existe uma provável correlação entre as atividades antrópicas e os impactos sobre o clima, no entanto, não é clara a magnitude da relação causa-efeito dessas atividades sobre a variação da temperatura global (Udaeta, Iwamoto e Juliano, 2009). Alguns fatores citados por BUCKERIDGE (2008) e IPCC (2007), demonstram que mudanças significativas poderão afetar o funcionamento dos ecossistemas sobre o globo terrestre. Dessa forma, entende-se a clara necessidade de planejamento frente a essas novas perspectivas, para que fenômenos extremos não reflitam em tragédias para a humanidade (Udaeta, Iwamoto e Juliano, 2009). Segundo a atribuição antropogênica de aquecimento, BROWN (2002) afirma que os países desenvolvidos foram responsáveis por 84% do total de emissões totais de gases de efeito estuda (GEE) desde 1800. Fica claro que o estabelecimento de limites de emissões deva levar em conta o histórico de emissão dos países desenvolvidos, como alternativa de compensação aos países que tiveram posteriores revoluções industrial (Udaeta, Iwamoto e Juliano, 2009). Durante as duas ultimas décadas a preocupação com as MCG, e conseqüentemente com as emissões de GEE, vem se tornando assunto cada vez mais sério e tem entrado na pauta dos governos de todo o mundo. Prova disso foi a criação da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 1992 no Rio de Janeiro, e o conseqüente Protocolo de Kyoto, em 1997, em vigor desde 2005. É fácil notar, assim, que apesar da ausência de legislação em relação às emissões de GEE, trata-se de um fator que deve ser considerado em qualquer planejamento de longo prazo, principalmente no setor energético, que busque a sustentabilidade. Primeiramente, por ser considerável a possibilidade do surgimento de leis neste sentido no médio prazo, e depois por se tratar de um parâmetro que afeta diretamente o meio ambiente mundial, estando, portanto, intrinsecamente ligado ao desenvolvimento sustentável, ou à sua busca. 5.2 A Questão Ambiental no Contexto Energético A crise ambiental pode ser descrita considerando-se três aspectos básicos: crescimento populacional, demanda de energia e de materiais e geração de resíduos, ou seja, poluição (BRAGA, 2005). O desenvolvimento tecnológico e econômico da humanidade traz a necessidade de quantidades cada vez maiores de materiais e energia, e, inerente a isso, o aumento da poluição. Tanto a industrialização dos países em desenvolvimento, como os modos de vida e consumo dos países desenvolvidos contribuem com a degradação ambiental. Dentre os diversos efeitos da ação humana no ambiente, podemos destacar o aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, a chuva ácida, a poluição do ar, o esgotamento de recursos naturais não-renováveis, entre outros.

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Todas as etapas envolvidas no uso final da energia, tais como extração de matéria-prima para conversão em combustíveis, produção de energia, transformação, transporte, distribuição e o próprio uso final, causam impactos significativos no meio ambiente (OLIVEIRA, GRIMONI, SILVA, UADETA, 2004). Esses impactos podem acontecer de forma direta, como a poluição do ar pela queima de combustíveis fósseis, ou de forma indireta, como a degradação costeira por vazamento de petróleo, por exemplo. 5.2.1 Uso da Energia e Efeito Estufa

O efeito estufa é fundamental para a vida na Terra, pois é o responsável pela manutenção da temperatura ideal para o equilíbrio dos seres vivos. Ele faz com que parte da radiação solar que entra na atmosfera não saia dela, propiciando o aquecimento do planeta. Os responsáveis por tal efeito são os chamados “gases efeito estufa” (GEE), que formam a camada que impede a passagem da radiação refletida pela superfície terrestre. Apesar da necessidade do efeito estufa, o aumento da concentração de gases na atmosfera ocasiona uma elevação da temperatura além da necessária, causando o conhecido “aquecimento global”. Dados do IPCC (Intergovernmental Panel of Climate Change) de 1995 já mostravam que a concentração atmosférica dos GEE estava sendo substancialmente aumentada pela atividade humana; a temperatura média do ar da superfície terrestre havia aumentado 0,3°C nos últimos cem anos; no futuro, as taxas de aquecimento estariam entre 0,12 e 0,26°C por década, quando a taxa máxima era de 0,1°C. Os principais gases causadores do efeito estufa são o gás carbônico (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), entre outros. Eles são emitidos, principalmente, na queima de combustíveis fósseis. Ou seja, o uso da energia tem grande influência na emissão desses gases. Cerca de 60% das emissões de GEE deve-se à produção e uso de energia. Assim, é notável a necessidade de se avaliar as categorias de produção de energia mundial. 5.2.2 A Poluição Urbana do Ar

A poluição urbana do ar é um problema comum a todas as grandes cidades, desde as mais antigas civilizações. É responsável por inúmeras doenças respiratórias, e pela degradação da qualidade de vida das comunidades. A principal fonte de poluição em áreas urbanas é a queima de combustíveis fósseis para fins de aquecimento doméstico, geração de energia, funcionamento de motores de combustão interna, processos industriais e incineração de resíduos sólidos (OLIVEIRA, GRIMONI, SILVA, UADETA, 2004). Entre os poluentes atmosféricos urbanos podemos destacar: óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono, material particulado e ozônio.

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5.2.3 Causas dos Impactos Ambientais

A produção, transmissão e uso final da energia são responsáveis por grande parte da degradação ambiental do planeta. Ou seja, o estudo das atividades altamente dependentes do uso de energia é de extrema importância do ponto de vista da questão ambiental. A produção de eletricidade por meio da queima de combustíveis fósseis contribui para o aumento da poluição atmosférica. Contudo, as usinas alimentadas com gás natural emitem menos poluentes do que as alimentadas com outros combustíveis. Outra atividade que contribui com as emissões atmosféricas é o transporte. Aproximadamente um terço da produção mundial de petróleo é destinado aos veículos automotores (OLIVEIRA, GRIMONI, SILVA, UADETA, 2004). Seguindo as tendências de aumento da frota mundial, haverá, em 2030, 1 bilhão de veículos circulando. Os impactos causados pelas emissões podem ter dimensão local, regional ou global. Os impactos locais podem ser sentidos em épocas de pico de tráfego, e das condições climáticas: a poluição do ar agrava as doenças respiratórias da população em determinados períodos. Os impactos regionais são causados, principalmente, pela chuva ácida. Os globais, por sua vez, devem-se basicamente às emissões das frotas de veículos. Finalmente, a indústria consome 35 a 40% de toda a energia utilizada em países desenvolvidos, além de ser responsável por 20% de toda poluição lançada na atmosfera. As atividades industriais são as principais fontes de metais pesados tóxicos, como cádmio, arsênico, chumbo e mercúrio. O meio ambiente está no âmago da questão do desenvolvimento sustentável. O recente aumento do uso de energia ligado à atividade humana é o que tem provocado maior preocupação com relação aos danos ao ambiente. Para se conseguir definir formas de energia que diminuam os efeitos nocivos é necessário um planejamento, que quantifique os impactos ambientais globais devidos a cada fonte de energia, e proponha métodos de mitigação desses impactos. 5.3 Aspectos Gerais do Gás Natural 5.3.1 Caracterização

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos gasosos, principalmente metano, apresentando proporções variadas de propano, butano, etano, hidrocarbonetos mais pesados, além de gás carbônico, ácido sulfídrico, nitrogênio, água, ácido clorídrico, metanol e outras impurezas. No aproveitamento do gás natural, os gases propano e butano são liquefeitos, originando o gás liquefeito de petróleo (GLP). O restante do gás (metano) é distribuído em redes. O gás natural pode ser liquefeito a baixas temperaturas para ser transportado em navios.

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Outra característica importante são os baixos índices de emissão de poluentes, em comparação com outros combustíveis fósseis: pouco dióxido de enxofre, quase nenhum material particulado e aproximadamente um sexto dos óxidos de nitrogênio produzidos por carvão, óleo e gasolina. O CO2 produzido por unidade de energia também é inferior (BRAGA, 2005). Além disso, possui rápida dispersão em caso de vazamentos, baixos índices de odor e de contaminantes. Ainda, em relação a outros combustíveis fósseis, o gás natural apresenta maior flexibilidade, tanto em termos de transporte como de aproveitamento (ANEEL, 2000). É um combustível versátil e pode ser queimado eficientemente em fornos, fogões, aquecedores de água, secadores, caldeiras, incineradores, aparelhos de ar-condicionado, refrigeradores, etc. 5.3.2 Reservas

As reservas provadas de gás natural são bem maiores que o uso atual de seus recursos. Descobertas de grandes reservas de gás não são muito comentadas, devido à necessidade de altos investimentos em tubulações e infra-estrutura para integração entre regiões produtoras e consumidoras. O gás natural também apresenta reservas em formas não-convencionais, como metano, gás comprimido, hidratos e gás geopressurizado. Essas fontes não-convencionais podem tornar-se economicamente viáveis à medida que os custos de produção do gás convencional aumentarem. Tabela 1: Reservas provadas de gás natural no planeta.

Reservas provadas de gás natural em 2009

Região Trilhões de m3

Participação no total

R/P em anos

América do Norte 9,16 4,9% 11,3 Américas do Sul e Central 8,06 4,3% 53,2 Europa e Eurásia 63,09 33,7% 64,8 Oriente Médio 76,18 40,6% > 100 África 14,76 7,9% 72,4 Ásia do Pacífico 16,24 8,7% 37,0 Brasil 0,36 0,2% 30,4 Total mundial 187,49 100% 62,8

A relação R/P mencionada na tabela representa o tempo que as reservas durariam, sem novas descobertas e com o nível de produção de 2009. Os dados indicam que as reservas naturais de gás natural hoje, durariam cerca de sessenta anos, desconsiderando novas descobertas. É importante ressaltar que a tabela refere-se às reservas provadas, ignorando a descoberta do pré-sal. As tabelas 1 e 2 abaixo mostram dados das reservas nacionais em 2009.

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Tabela 2: reservas nacionais de gás natural.

Reservas nacionais de gás natural em 2009

Reservas (trilhões de

m3) Terra 0,07 Mar 0,30 Gás associado 0,23 Gás não-associado 0,14

Tabela 3: reservas nacionais totais em 2009.

Reservas nacionais totais de gás natural em 2009

Reservas em 2009 (milhões de m3)

R/P (anos)

366 491 22

A figura 6 apresenta uma visão das reservas mundiais de gás natural. Pode-se ver que a maior parte situa-se no Oriente Médio, seguido pela Eurásia. Américas do Sul e Central representam 8,06 bilhões de m3. Figura 6: reservas provadas de gás natural no planeta em 2009.

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5.3.3 Gás Natural no Brasil

O gás natural brasileiro aparece quase sempre associado ao petróleo, como mostra a tabela 2. Como a prioridade é dada à extração de petróleo, uma boa parte é desperdiçada, sendo queimada por falta de meios de escoamento. Com o aumento da demanda, a tendência deveria ser de redução das perdas, contudo, dados da ANP registram alta desse índice. Como se pode observar na figura 7, o consumo de gás no Brasil divide-se entre a produção nacional e a importação: 98% do produto importado vêm da Bolívia, e o restante, da Argentina. O gás nacional, hoje, representa aproximadamente 50% da oferta ao mercado. Figura 7: Mapa dos gasodutos no Brasil. Fonte: Petrobrás

As estimativas da Petrobrás com relação ao pré-sal apresentam expressivas reservas de óleo e gás natural, o que aumentará a participação do gás nacional no mercado brasileiro. As últimas publicações da empresa afirmam que 90% do gás encontram-se na Bacia de Santos. Hoje, as reservas do estado de São Paulo representam 12% do total nacional.

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5.3.4 Impactos Ambientais

A extração do gás natural apresenta impactos decorrentes de perfurações necessárias à sua extração (AFFONSO, PELEGRINI, GALVÃO, UADETA, 2004). Além disso, na geração de energia elétrica, ele necessita de um sistema de resfriamento, cujo fluido refrigerante normalmente é a água. Isso implica num alto consumo e desperdício de recursos hídricos. Em termos de emissões atmosféricas, apesar de poluir menos do que o petróleo e o carvão mineral, o gás natural não deixa de ser um combustível fóssil, ou seja, ainda emite, em sua queima, substâncias poluentes e gases efeito estufa. Os óxidos de nitrogênio destacam-se nas emissões advindas da combustão do gás natural. 5.3.5 Produção de Energia

A produção é responsável pela maior parcela dos impactos causados pelo uso da energia. Nas unidades de produção de gás natural, parte do gás extraído é utilizada como gas lift, para reduzir a densidade de petróleo, e parte é reinjetada com duas finalidades: recuperação secundária, que aumenta a pressão interna do reservatório, ou armazenamento em poços de gás não-associado. O restante do gás pode ser consumido internamente na geração de eletricidade e vapor, queimado em flares, escoado para consumo direto ou enviado para Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN). A parcela do gás produzida e conduzida por gasodutos às UPGNs é tratada nelas, onde ocorre a separação das frações mais leves do gás natural e são obtidos o gás natural seco (metano e etano), o Gás Liquefeito de Petróleo (propano e butano, GLP) e a gasolina natural (pentano e superiores). Tabela 4: Produção mundial de gás natural em 2009. Fonte: BP, 2010.

Produção de Gás Natural em 2009

Região Bilhões de m3

Participação no total

América do Norte 813,00 27,4% Américas do Sul e Central 151,60 5,1% Europa e Eurásia 973,00 32,5% Oriente Médio 407,20 13,6% África 203,80 6,8% Ásia do Pacífico 438,40 14,3% Brasil 11,90 0,4% Total mundial 2987,00 100%

A tabela 4 apresenta a produção de gás natural no mundo. O maior produtor mundial são os Estados Unidos, seguidos da Rússia. A seguir, são apresentados os fluxos das principais movimentações comerciais do gás natural no planeta, em bilhões de metros cúbicos:

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Figura 8: Principais movimentações comerciais.

5.4 PIR - Planejamento Integrado de Recursos Energéticos 5.4.1 PIR – Introdução

O projeto de pesquisa intitulado PlR – Planejamento Integrado de Recursos, consiste no desenvolvimento de uma ferramenta metodológica com vista no planejamento energético e tomada de decisão. De forma a conciliar o máximo de variáveis e parâmetros envolvidos em uma análise sistêmica, holística e racional dos recursos energéticos e da região de estudo (Iwamoto e Juliano, 2009). A principal característica do PIR é considerar em seus estudos uma ampla gama de opções, avaliando um grande número de alternativas de geração e também diversificando os recursos de produção, importação, transporte, distribuição e gerenciamento do lado da demanda (GLD), internalizando custos sociais e ambientais associados às diferentes opções (Rigolin, 2010). Dentro deste cenário atual de exploração dos recursos energéticos, onde se vê claramente que é preciso romper com o tradicional paradigma economicista se desejarmos estender o uso das fontes energéticas do planeta, surgiu o conceito de Planejamento Integrado de Recursos Energéticos - PIR. Nele é proposta uma nova ótica sobre a questão energética, onde não são apenas considerados os aspectos econômicos na avaliação das alternativas energéticas, mas sim todas as dimensões relevantes dos recursos envolvidos na questão: Técnico-Econômica, Ambiental, Social e Política (Rigolin, 2010).

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Toda a sistemática de análise do PIR se apóia nesses pilares, onde essas quatro dimensões são consideradas de igual relevância para o planejamento energético. Isto para evitar que problemas ambientais, sociais ou políticos, que tradicionalmente não são considerados no planejamento, se manifestem após a definição e implementação dos empreendimentos energéticos e acabem agregando mais custos a alternativa, às vezes até inviabilizando a sua continuidade (RTC/PIRnaUSP-nº406, 2010). A execução do Planejamento Integrado de Recursos energéticos – PIR – conta com 4 grandes fases distintas e seqüenciais cronologicamente em que cada uma delas pode ser subdividida em etapas que ocorrem paralelamente ou não (RTC/PIRnaUSP-nº422, 2009). São essas: • Informações Prévias, em que são obtidas informações que contribuirão para a construção das etapas ao longo da realização do PIR. Esta fase quando o PIR já está em andamento, após o plano de ação, vem a ser a reformulação periódica dos recursos energéticos com base ao inventario ambiental prévio; • Construção do Ranqueamento: o ranqueamento em si é uma das etapas do PIR, e conta com a aplicação das ferramentas metodológicas que irão levar à classificação dos recursos, com a aplicação da ACC, em um ranking decrescente de ordem de aproveitamento; • Plano Integrado de Recursos Energéticos Preferencial: é a integração em si. Engloba as fases anteriores aos elementos da metodologia de integração de recursos; • Plano de Ação: é a última etapa, que com a participação dos En-In exibe os resultados obtidos. Sendo que, no caso de um PIR sob responsabilidade de um dado tomador de decisão, este plano de ação comporta os recursos energéticos que devem ser implementados de imediato dando inicio ao processo do PIR visando o desenvolvimento sustentável A proposta deste trabalho não é a realização de um PIR para a RBS, conforme fica claro em seu título o PIR na USP será utilizado como base metodológica, ou seja, como uma ferramenta que possibilitará sua consumação. Desta forma, as 4 etapas descritas anteriormente sofrerão adaptações e reduções de modo a servirem aos propósitos e objetivos previamente definidos. Isto se deve a 2 fatores: 1) A realização de um PIR para a RBS é inviável dentro da proposta e dimensão de um Projeto de Formatura; 2) Estando o estudo limitado ao GN e seus REs, fica impossível a elaboração de um planejamento integrado de todas as fontes e seus recursos.

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5.4.2 Listagem, Peneiramento e Seleção dos Recursos Energéticos

A listagem dos recursos energéticos visa identificar todos os recursos energéticos passíveis de uso ao longo do horizonte de planejamento, independente de características tecnológicas ou sua aceitação, seja social ou mercadológica (Rigolin, 2010). O Peneiramento simplesmente é o momento prévio a seleção e ranqueamento no qual se suspende a consideração para valoração completa de alguns recursos como determina as metodologias e procedimentos dentro da filosofia do PIR (Rigolin, 2010). O peneiramento se dará através da análise dos dados obtidos acerca do estudo do GN do pré-sal e da RMBS. 5.4.3 Valoração dos recursos energéticos

Esta etapa trata, fundamentalmente, de qualificar o aproveitamento completo dos recursos energéticos dos lados da oferta e demanda, através da atribuição de valores quantitativos ou qualitativos aos atributos definidos como estrutura descritiva e qualificatória dos recursos. O objetivo deste processo de valoração é a definição e construção precisa da coleção de custos e respectivos potenciais completos de cada recurso, considerando sua fonte energética e a tecnologia combinada a ela. 5.4.4 Ranqueamento

O conjunto de informações trabalhadas na etapa da valoração analisados em conjunto formam uma métrica de atributos e potenciais para cada recurso energético. A comparação deste conjunto de informações entre recursos possibilita o ranqueamento ou classificação dos recursos energéticos em função de seu desempenho na somatória de todos estes atributos (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010). O ranqueamento de recursos energéticos consiste na aplicação da metodologia de Análise de Custos Completos (ACC) para tomada de decisão a respeito das melhores opções de recursos energéticos (RE). O ranqueamento baliza a condução do Plano Preferencial Integrado de Recursos Energéticos, etapa na qual acontece a integração de recursos seguida da elaboração de conjuntos de carteiras energéticas com grupos de recursos a serem implementados em um Plano de Ação (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010). O processo de ranqueamento de recursos energéticos é fundamentado em três etapas (Rigolin, 2010): • Coleta de Dados e Caracterização dos Recursos: uma vez definidos os atributos e sub-atributos que comporão as quatro dimensões analisadas (técnico-econômica, ambiental, social e política), cada recurso energético terá sua característica própria dentro destas dimensões, que posteriormente serão utilizadas como fatores de comparação entre estes; • Definição de Pesos dos Atributos e Sub-atributos: ficou definido que os atributos e sub-atributos de uma dada dimensão analisada não têm um mesmo grau

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de importância, portanto, após a coleta de diversas fontes de informações, envolvendo especialistas e En-In (Envolvidos e Interessados), é possível aplicar uma metodologia de cálculo para obtenção dos pesos de cada atributo e sub-atributo; • Aplicação da Metodologia de Cálculo do Ranqueamento: esta metodologia se utiliza dos dados provenientes da etapa anterior do PIR, chamada de Cômputo e Valoração do Potencial Completo dos RELOs e RELDs dentro do PIR, em que há um tratamento destes dados para que se apresentem na forma numérica (normalização) e possam ser exibidos como um ranking final, ou seja, uma listagem do melhor para o pior recurso energético em determinado momento na qual a metodologia foi aplicada na região. Vale destacar que grande parte dos dados coletados são dinâmicos, ou seja, num futuro próximo grande parte pode sofrer mudanças significativas, conseqüentemente afetando o ranqueamento.

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5.4.5 Análise de Custos Completos – ACC

GIMENES (2004) afirma que a Avaliação dos Custos Completos “é um meio pelo qual considerações ambientais e sociais podem ser integradas nas decisões de um determinado negócio. Ela é uma ferramenta que incorpora custos ambientais e sociais e custos internos com dados de impactos externos e custos/benefícios de atividades sobre o Meio Ambiente e na saúde humana.” Desta forma, sinteticamente, dentro da ACC devem-se considerar quatro vetores fundamentais de análise: Técnico-Econômico (que inclui os custos de instalação e manutenção dos recursos), Ambiental, Social e Político. Todos eles devem ter o mesmo peso, isto é, todos têm a mesma importância. Dentro de cada vetor há uma árvore com diversos critérios e eventualmente sub-critérios, e para estes pode haver diferenças no peso. É necessário ter uma prévia lista das alternativas (recursos energéticos) a serem considerados na análise (para esta determinação inicial pode-se fazer um brainstorm) (RTC/PIRnaUSP-nº413, 2009). Dentro dessa proposta de análise, o PIR na USP desenvolveu metodologias de avaliação para cada uma dessas quatro dimensões. Algumas mais objetivas e quantitativas outras mais subjetivas e qualitativas. Porém, todas se deixando permear pela atuação de todos os envolvidos e interessados nesse processo de decisão. Atributos mais objetivos (quantitativos) são mais fáceis de trabalhar, visto que podem ser calculados a partir de metodologias usuais de avaliação técnico-econômica, desagregando assim qualquer tipo de parcialidade na valoração. Ao se trabalhar com atributos subjetivos (qualitativos), devem-se identificar os diferentes elementos que caracterizam para assim estabelecer a base de valoração para a aplicação da metodologia dos Custos Completos (BOARATI, 2003). 5.4.6 Cenários

5.4.6.1 Cenários Energéticos Os cenários energéticos são construídos com o objetivo de analisar a consistência do planejamento realizado ao longo de seu horizonte de tempo, verificando se os recursos energéticos em estudo atendem às necessidades ao longo do tempo e em períodos particulares do planejamento. Dentro do Planejamento Integrado de Recursos – PIR – o trabalho pretende validar o Plano Integrado de Recursos Energéticos Preferencial, ao se modelar demandas, impactos ambientais, sociais e econômicos resultantes do planejamento proposto (Gimenes, 2004). Um cenário energético é uma visão futura de condições que, ao construir-se tal cenário, adota-se como passos no horizonte de planejamento. Não necessariamente uma projeção das condições passadas e presentes do sistema, região ou país a que se aplicam, mas uma possibilidade de estudar como determinadas variáveis afetam o planejamento e as medidas que, tomadas em determinadas situações e determinados intervalos de tempo fazem do planejamento feito um caminho robusto e com menores incertezas (RTC/PIRnaUSP-nº417, 2009). Um cenário energético está intimamente ligado a um cenário sócio-econômico a partir do qual é construído. Essa ligação se traduz em uma mudança das próprias condições sociais e econômicas a partir do cenário energético analisado,

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proporcionando uma verificação interativa e iterativa das premissas do cenário base (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010).

5.4.6.2 Cenários Sócio-econômicos O cenário sócio-econômico influencia diretamente não apenas a confecção do cenário energético, mas todo o processo de planejamento (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010). Para a composição de cenários sócio-econômicos, é necessária a inclusão, dentro das variáveis levantadas e avaliadas, de índices econômicos, sociais, estruturais e geográficos, capazes de caracterizar a região estudada (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010). Quanto maior a estratificação que se faz no cenário de partida, ou o ano base, maiores as possibilidades de composição de cenários alternativos que podem prever intercâmbios de classes sociais, aumento do Produto Interno Bruto per capita, por classe ou setor de atividade. Também é necessário realizar o levantamento do atendimento destes setores de atividade por cada um dos energéticos em questão (Jannuzi, 2005). Existem três tipos de cenários (RTC/PIRnaUSP-nº417, 2009): • Cenários Tendenciais Os cenários tendenciais são prolongamentos dos índices históricos e de dados obtidos para a construção do ano base, considerando diretrizes e políticas energéticas seguidas no presente da região, bem como índices de crescimento econômico e de demanda energética. • Cenários Predictivos Cenários predictivos são aqueles em que há a possibilidade de se analisar a interferência de uma ou mais ações conhecidas que devem ser tomadas ao longo do horizonte planejamento. • Cenários Exploratórios Possibilitam modificar a relação entre as variáveis que compõem o sistema e verificar quais os resultados dessa mudança.

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5.4.7 Vigilantes

Os Vigilantes do PIR são projeções futuras dos indicadores de monitoramento selecionados, que consideram apenas a implementação de novos RE na região e partem do Ano Zero, correspondente ao ano base do Mapeamento (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010).. A classificação dos Vigilantes tem 3 categorias: - (R) Restritivos: têm padrão de qualidade pré-estabelecido e podem gerar alertas, exigindo a reconfiguração da �RE; - (NR) Não-Restritivos: sem padrão de qualidade, mas monitorados e considerados variáveis secundárias na tomada de decisão e; - (M) Monitores: sem padrão de qualidade, não influenciam diretamente a tomada de decisão. Os padrões de qualidade levam em consideração a Legislação vigente, normas internacionais ou predileções de sustentabilidade. Na etapa de projeção, a consideração do cenário utilizado deve-se ao distanciamento das correlações entre a dimensão política e os Vigilantes, que são consideradas na forma de cenários. Assim, a estratégia consiste em inserir ao longo das projeções, padrões de qualidade mais restritivos ou rotinas mais regulares, de modo a analisar a sensibilidade do modelo em comparação a projeção tendencial (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010). 5.4.8 Integração de recursos

A integração de recursos energéticos tem o objetivo de gerenciar os volumes de energia produzidos pelos recursos energéticos caracterizados e selecionados de acordo com a análise holística de seus atributos, preparando-os para o atendimento da demanda energética na região de estudo (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010). O processo mantém a harmonização das diferentes metodologias das etapas do PIR, ao incluir o refinamento de aspectos sociais, ambientais e políticos com o mesmo peso de aspectos técnico-econômicos na metodologia mãe do PIR (RTC/PIRnaUSP-nº412, 2010).

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5.5 Mapeamento Ambiental da Região da Baixada Santista O Mapeamento Ambiental é extremamente importante dentro da metodologia do PIR. É neste momento que são selecionados os indicadores ambientais que podem ser influenciados ou alterados pela exploração de Gás Natural na Baixada Santista. Desta forma, esta etapa tem como objetivo analisar a atual situação ambiental da região estudada, e extrapolar os dados para períodos futuros com a implementação do empreendimento energético. Através desta extrapolação destes indicadores, pode-se determinar se os padrões de qualidade ambiental definidos pela legislação e normais internacionais serão respeitados. Desta forma, caso seja necessário, pode-se planejar previamente alguma alternativa necessária de ser implementada. Dentre as diversas variáveis a serem estudadas, alguns indicadores devem ter abrangência municipal, com a finalidade de monitoramento das atividades na região, como por exemplo, o IDH e a atividade econômica local. Mas também, outros indicadores podem ter abrangência de macro escala geográfica, como por exemplo o CO2 que tem relação direta com o clima em uma escala global. Para determinação destes indicadores, a metodologia do PIR (2009) necessita que o levantamento de dados a ser realizado tenha algumas características específicas para que seja possível a realização da mesma. São estas características importantes citadas no PIR (2009):

• Reconhecimento • Qualidade atestada • Acessibilidade • Disponibilidade • Atualização em intervalos regulares

Caso os dados e os indicadores tenham as características apresentadas, a empregabilidade da metodologia do PIR se dará de maneira mais fácil e simples, mesmo que as vezes se trate de alguma atividade mais complexa. Porém, além das características necessárias para a determinação de um indicador adequado, é necessária uma estruturação para que a classificação seja realizada de forma mais precisa, simples, e de fácil entendimento. Para isto é possível a divisão dos indicadores em quatro meios diferentes, como apresentado em KANAYAMA (2007):

• Meio Aéreo • Meio Aquático • Meio Terrestre • Meio Antropogênico

É importante se ressaltar que a metodologia do PIR não faz a classificação dos meios biológicos, físicos e químicos, e sim da forma apresentada, dividindo o espaço em três meios (terrestre, aéreo e aquático), mais o antropogênico. Com esta divisão

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realizada, além de ficar vidente uma certe independência entre os indicadores, fica também visível a simplificação proporcionada no estudo. Através destes quatro meios, a abrangência de alguns indicadores como informações e conformidade com a legislação ambiental ou a utilização de dados locais do IBGE se da com maior facilidade. É apresentado a seguir, maiores informações sobre os indicadores selecionados entre os meios citados. 5.5.1 Meio Aéreo Dentre os diversos meios que serão abordados durante o estudo, primeiramente é tratado o aéreo pela associação espontânea entre gás (pelo estudo ser sobre o Gás Natural) e atmosfera. Outro motivo importante, é que já existe um tempo em que o meio atmosférico está em “evidência” devido ás mudanças climáticas global. As modelagens para a previsão e análise das condições climáticas e atmosféricas têm evoluído constantemente com a utilização de satélites cada vez mais sofisticados e supercomputadores para o processamento de milhares de dados (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC). Com tamanha quantidade de dados disponíveis, existem diversos estudos sendo realizados, e inúmeras metodologias para as análises atmosféricas sendo confeccionadas. Apesar disto, não existem nas literaturas tradicionais metodologias para análise da qualidade ambiental nos aspectos atmosféricos, e para isto utilizou-se de dois indicadores que podem ser facilmente referenciados pela legislação ambiental e pelos acordos e tratados internacionais: os poluentes e os gases de efeito estufa (GEE).

5.5.1.1 Poluentes Para a análise dos poluentes, pode-se fazer referência com a qualidade do ar enunciado pela CETESB que faz menção a legislação ambiental, ou pode-se referenciar diretamente a legislação ambiental. Ao se analisar o GN com relação a outros combustíveis fósseis, o GN é considerado com um combustível muito “limpo”, pois a sua combustão completa tem como produto praticamente o gás carbônico (CO2) e o vapor de água (H2O). A combustão do GN possui baixíssimas emissões de Dióxido de Enxofre (SO2) e resíduos presentes na fumaça (Petrobrás), como também é praticamente eliminada a emissão de benzeno e formaldeídos carcinogênicos. Ou seja, com relação aos poluentes, o GN é considerado menos prejudicial ao homem e ao meio ambiente em geral.

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5.5.1.2 Gases do Efeito Estufa (GEE) Como descrito anteriormente sobre a combustão completa do Gás Natural, ela é composta de praticamente de vapor de água e o gás carbônico, que é considerado um dos responsáveis pela variação do clima global devido o aumento de sua concentração na atmosfera a partir da Revolução Industrial. Por este motivo é essencial e importante a analise dos gases estufa para o GN. Para se fazer uma analise e quantificação dos gases de efeito estufa associados ao mapeamento do meio aéreo, achou-se conveniente a utilização da metodologia baseada na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Intergovenmental Panel on Climate Change – IPCC) pela abrangência e importância global que possui o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Esta metodologia abrange os gases: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), hidrofluorcarbonos (HFCs), óxido nitroso (N2O), óxido nitroso (NOx), monóxido de carbono (CO), perfluorcarbonos (PFCs - CF4 e C2F6), hexafluoreto de enxofre (SF6), e outros compostos orgânicos voláteis não-metânicos (NMVOCs). Através da metodologia GWP (Global Warming Potential – 100) que possui seus valores recomendados pela IPCC, pode-se calcular o efeito dos gases estufa para o GN. A GWP consiste em se avaliar o potencial de aquecimento de cada gás com relação ao potencial de aquecimento do CO2, e possui os resultados em kilogramas de CO2 equivalentes. A seguir na tabela 1, verificamos valores para alguns gases. Tabela 5: Potencial de aquecimento global, em relação ao CO2. Fonte: IPCC (2001)

GEE GWP CO2 1 CO 1 NOx 5 CH4 23 N2O 296

5.5.2 Meio Terrestre Tem-se como definição de meio terrestre os espaços da superfície e do subsolo. É neste meio que temos a existência das formações vegetais, o desenvolvimento das espécies animais e os diversos usos feitos pelos homens, desde as divisões políticas até as explorações econômicas como implantação de industriais. Pelos diversos usos feitos pelo homem, o meio terrestre é sempre atingido por um grande número de impactos associados a estas atividades. Apesar de o meio terrestre não abranger o lençol freático e a malha fluvial, pois se tratarem dos aspectos aquáticos, ambos estão altamente relacionados por estarem diretamente interligados. Para o mapeamento da RBS determinou-se importante a análise do meio terrestre em dois aspectos: o primeiro são as Características de Uso e Ocupação do Solo, e o segundo a presença de Contaminantes no Solo.

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5.5.2.1 Características de Uso e Ocupação do Solo As características de uso e ocupação do solo tem como finalidade analisar e relacionar as características iniciais do ambiente, ou seja, como era o ambiente natural, com as modificações realizadas pelo humano, através de sua ocupação ou diversas formas de uso. Para se fazer esta análise do Meio Terrestre, utiliza-se de variáveis e indicadores que possam ser facilmente relacionados com as atividades humanas e as intervenções no meio ambiente terrestre.

5.5.2.2 Contaminantes Quando um composto químico é encontrado no solo ou subsolo não por uma forma natural, mas por uma atividade humana como a atividade industrial, agrícola, ou outras, o composto químico é considerado um contaminante. Normalmente os contaminantes se locomovem nos solos dissolvidos na água, ou através de zonas de aeração (ou vadosas), e são conhecidos como pluma de contaminantes. Relacionam-se as contaminações ocorrentes devido à exploração de gás natural com as áreas contaminadas, que são áreas ou algum local com comprovada poluição ou contaminação causada pela introdução de qualquer substância ou resíduo (CETESB). Através das informações das áreas impróprias que estão disponíveis na CETESB, bem como a quantidade, a característica da contaminação pelo tipo de atividade e a região da contaminação, se faz uma relação com a possível contaminação do meio terrestre causado pela exploração do GN. Outra ferramenta importante para a análise de contaminantes disponível pela CETESB são os Valores Orientados para Solo e Água Subterrânea que são orientações sobre as concentrações de substâncias químicas. Os Valores Orientados são divididos em três categorias, conforme o risco aos seres humanos: Valores de Referência de Qualidade – VRQ que é a concentração de determinada substância na qualidade natural, Valor de Prevenção - VP é a concentração de determinada substância piores que os VRQ, mas que ainda é possível se manter as funções primárias, e por último o Valor de Intervenção – VI, que é a concentração de determinada substância que pode causar riscos potenciais a saúde humana (CETESB). 5.5.3 Meio Aquático O tema água e suas conseqüências têm causado polêmica ao redor do planeta. Este mineral presente em toda a natureza encontra-se nos estados líquido, sólido e gasoso e é renovado através do ciclo hidrológico. A utilização econômica deste recurso fez com que ele passasse e ser reconhecido como um recurso hídrico, sendo-lhe atribuído valor econômico semelhante aos recursos minerais.

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Sendo utilizada para abastecimento público, agricultura, indústrias, geração de energia e lazer, dentre outros usos, á água é essencial à vida humana. Porém, em algumas situações, este recurso passa a ser escasso, gerando conflitos entre seus diversos tipos de uso e usuários. Em regiões áridas, esta escassez é resultado das condições climáticas irregulares e das baixas disponibilidades hídricas. Em regiões úmidas, como é o caso da Região Metropolitana de São Paulo que é próximo da nossa região de estudo, a RBS, além de possuir uma elevada demanda, a água se torna indisponível para níveis de consumo mais exigentes devido à grande contaminação, dando origem a outra forma de escassez.

Indispensável à vida, a água é um recurso renovável, mas como citado, pode ser relativamente escasso em algumas regiões. A elevada demanda (decorrente principalmente do acelerado crescimento populacional), o uso inadequado, o desperdício e a contaminação podem degradar ou esgotar este recurso. Das inúmeras formas de uso da água pelo homem, com relação à RBS, é interessante se realizar uma análise do meio aquático tanto para as praias que possuem a água salgada como também para as águas de interiores, ou água doce.

5.5.3.1 Água Salgada As águas salgadas da RBS podem ter sua qualidade alterada seja pelo processo de exploração do GN. Outra forma da qualidade das águas das praias serem alteradas é pelo aumento da disposição de despejos domésticos como conseqüência do aumento da população na região, proveniente da implementação do empreendimento. Como um dos indicadores de qualidade das águas, pode-se utilizar o Índice de Balneabilidade – IB definido pela CETESB como sendo um índice que visa avaliar a qualidade das águas para recreação de contato primário. É disponível pela CETESB a qualidade das praias através de Boletins Semanais, como também a Qualificação Anual.

O monitoramento de curto prazo é interessante para locais onde um acidente pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente ou aos humanos. Como definição destes locais, pode-se ter a contaminação de um reservatório de abastecimento de um grande centro urbano, com grandes prejuízos para a população, ou também os locais próximos a exploração do GN, para identificação de algum possível vazamento que pode acarretar em prejuízos ao meio ambiente.

Já o monitoramento de longo prazo é interessante para se monitorar a variação da qualidade ambiental nas praias da RBS causadas pela implementação do empreendimento energético. Com a projeção deste indicador ambiental, pode-se definir previamente atitudes que possam prevenir esta degradação da qualidade das águas e da qualidade ambiental na RBS.

5.5.3.2 Água doce

Para a água doce, um fator inicial que se pode utilizar como indicador ambiental é a analise da disponibilidade deste recurso. Sendo o abastecimento de água para a

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RBS realizado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), pode-se analisar qual será o aumento da demanda causado pela implementação do empreendimento energético naquele local. Ou seja, com isto pode-se também determinar quais alterações necessárias a serem realizadas no abastecimento da RBS com o passar do tempo.

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5.5.4 Meio Antropogênico Diferentemente dos outros três meios analisados que fazem uma maior referência a qualidade ambiental, o meio antropogênico se restringe as conseqüências ambientais exclusivas para os humanos. Na análise do meio antropogênico são adotados indicadores que possam ponderar os impactos causados para os humanos na região de estudo decorrente da exploração do GN.

5.5.4.1 Economia A economia é um importante indicador de mudanças no meio antropogênico e facilmente identificado. A exploração de GN trás consigo uma série de atividades industriais e de serviços para a região, no caso a RBS. Tais indicadores adotados podem ser através das indústrias e dos serviços. As industrias e os serviços podem ser consideradas um indicador analisando-se a participação das industrias ou serviços decorrentes da exploração do GN no PIB municipal (IBGE), como também pelos vínculos empregatícios da indústria serviços ocasionados pelo GN na cidade (SEADE).

5.5.4.2 Demografia e Território Na análise da demografia e do território são evidenciadas as variações decorrentes da ocupação humana em um determinado espaço. Sabendo-se que as aglomerações urbanas exercem pressão no meio ambienta de diversas formas como a disponibilidade hídrica e recursos naturais, interferências nos ecossistemas ou outros. O devido indicador para esta análise pode ser obtido através do aumento ou crescimento da população no tempo e no espaço (densidade). Como a exploração de petróleo e derivados é um mercado novo para o Estado de São Paulo, pode-se não ter dados de variações demográficas em escala estadual (SEADE) para o GN, mas pode-se obter o devido dado para outros estados (IBGE). Outro indicador importante para a demografia e o território, pode ser a existência de alguma política pública para a RBS conseqüente da futura exploração do GN na região.

5.5.4.3 Qualidade de vida – IDH – Índice de Desenvolvimento Humano O IDH engloba a análise de três dimensões: a renda per capita, a esperança média de vida, e a educação (IDH). Este índice foi proposto em 1990 por dois economistas, e vem sendo utilizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde 1993, como método de avaliação e classificação dos países. Estas três dimensões são

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ponderadas em média aritmética, e têm por finalidade realizar uma avaliação melhor de cada país, através da analise econômica, social e educacional. A renda per capita familiar, a esperança média de vida ao nascer e a educação que é calculada pela taxa de analfabetismo e a média de anos de estudo da população, são dados coletados pelo IBGE através do Censo Demográfico que é realizado. A escala de pontuação varia entre 0 (zero) e 1 (hum), onde os melhores desempenhos são representados pelas maiores pontuações. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, classifica o IDH em três faixas:

• Alto Desenvolvimento Humano, para o IDH maior que 0,800. • Médio Desenvolvimento Humano, para IDH entre 0,500 e 0,800. • Baixo Desenvolvimento Humano, para IDH menor que 0,500.

Para o último estudo realizado pela ONU, o Brasil foi classificado na 75° posição, com um IDH de 0,813 – alto (PNUD). 5.5.5 Confecção de Indicadores Os Indicadores Ambientais tem por objetivo colaborar para a avaliação do meio ambiente. Este método consiste na utilização de instrumentos que sejam adequados e convenientes com o ambiente e a situação socioeconômica da região a ser estudada, no caso a Baixada Santista. Como descrito anteriormente, uma metodologia que será utilizada no estudo são as da CETESB, pois a RBS encontra-se da área de abrangência em que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo atua, e pela concordância com a Legislação Ambiental. Outro indicador que se estudou para a possível utilização é os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável IBGE (2008), que adota padrões internacionais definidos na Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro. Através destas metodologias apresentadas, e com a base de dados a ser levantada, será possível se determinar as variações ambientais causada pela exploração do Gás Natural na Região da Baixada Santista utilizando-se os indicadores do mapeamento dos meios aéreo, terrestre, aquático e antropogênico que foram definidos anteriormente. Porém, como se sabe que as atividades sobre os empreendimentos energéticos com o GN estão fortemente relacionadas com a emissão de CO2 pela própria combustão do GN ou pela liberação de metano na exploração do GN, pode-se relacionar a emissão destes gases para equivalentes de CO2 pela produção de energia. Desta forma, o estudo será direcionado para uma análise do gás natural da RBS para o contexto de mudanças no clima.

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6 ESTUDO DE CASO

6.1 Estudo de caso Análise dos efeitos da expansão do uso dos recursos energéticos provenientes do gás natural, na RMBS, num horizonte de trinta anos, bem como a identificação dos principais vetores responsáveis por essa expansão. 6.2 Metodologia Valoração dos recursos: definição dos recursos energéticos provenientes do gás natural e levantamento de dados, obtidos, principalmente, nos estudos de impacto ambiental de usina termelétrica da região e poço de exploração de gás do Campo de Mexilhão. Mapeamento ambiental: levantamento das condições ambientais de qualidade regional, através de indicadores de sustentabilidade encontrados junto à literatura, publicações dos órgãos ambientais, institutos de pesquisa e estatística, entre outras instituições de pesquisa. Cenários: A construção dos cenários socioeconômicos será feita com base em publicações já existentes, tais como o Plano Nacional de Energia 2030(Ministério de Minas e Energia, 2007), o RTC/PIRnaUSP 417 (2009) dentre outros. Os cenários energéticos conseqüentes destes cenários socioeconômicos serão construídos através da determinação das taxas de crescimento da demanda e do consumo dos energéticos analisados dentro dos setores tradicionais da economia, aplicados ao consumo verificado nos dias atuais. A intenção é que se possa identificar as princpais tendências e oportunidades de expansão dos REs do GN, além de servir de input para a projeção dos indicadores. Projeção dos Indicadores: Os indicadores serão projetados considerando-se os dados da situação atual da RMBS, advindos do Mapeamento Ambiental, e dos dados oriundos dos Cenários, de maneira que se possa quantificar os efeitos ambientais do consumo energético projetado pelos Cenários. 6.3 Recursos energéticos Os recursos energéticos avaliados são divididos em recursos energéticos do lado da oferta (RELO) e do lado da demanda (RELD), conforme explicado na metodologia. Para o escopo do trabalho, foram escolhidos os recursos mais relevantes para a região, sendo: RELO:

• Instalação produtora de gás natural (IPGN): consiste na instalação que compreende desde a exploração do GN até antes da distribuição deste. É a produção do gás que será consumido;

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• Posto de GNV: consiste no posto de serviços que abastece os veículos que utilizam gás natural veicular (GNV) como combustível;

• Geração de energia elétrica: geração da energia a partir de termelétricas a gás natural.

RELD:

• Uso de GNV: consiste na instalação dos cilindros de GNV e seu uso pelos veículos;

• Uso residencial: uso do GN nas residências; • Uso comercial: uso do GN no comércio; • Uso industrial: uso do GN nas indústrias.

6.4 Valoração de recursos – apresentação de resultados A valoração apresenta uma avaliação qualitativa e quantitativa dos atributos definidos. Foram utilizados dados de estudos de impactos ambientais, além de distribuidores de gás da região. Como este trabalho não objetiva comparar os recursos energéticos, a valoração foi, basicamente, qualitativa. 6.4.1 RELO: IPGN – Instalação produtora de gás natural

Para valorar a IPGN foram utilizados dados do estudo de impacto ambiental do poço exploratório do Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, onde se explora petróleo e GN.

6.4.1.1 Dimensão Técnico-econômica

a) Técnico: a. Domínio tecnológico: nacional b. Facilidade técnica:

i. Tempo de implantação: 8 meses ii. Disponibilidade de fornecimento: os gasodutos da região

atendem aos municípios de Cubatão, Santos e São Vicente. Para que o gás advindo da IPGN seja distribuído para toda a Baixada, é necessária a construção de novos gasodutos.

iii. Qualificação de mão-de-obra: a mão-de-obra necessária para instalação e perfuração é qualificada, já para a operação, não.

b) Econômico: a. Custo de implantação: aproximadamente R$1,4 bilhão b. Vida útil: 25 anos

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6.4.1.2 Dimensão Ambiental

a) Meio terrestre: a. Dejetos: Os resíduos sólidos gerados pelas atividades referem-se

basicamente ao lixo comum, material reciclável (papel, plástico, sucata, etc.), embalagens vazias, resíduos de enfermaria, resíduos contaminados com óleo ou produtos químicos etc.

b. Ocupação do solo: alteração do uso do solo devido à criação de áreas de restrição de uso, incluindo zonas de segurança em torno da unidade durante o enterramento do duto marinho, e a faixa de servidão do duto terrestre.

b) Meio aquático: os principais efluentes líquidos gerados serão esgoto sanitário, os restos de comida e as águas de drenagem. Ainda está previsto o descarte de água produzida, na superfície do mar. Já para a fase de instalação, o principal efluente a ser gerado refere-se ao desalagamento do gasoduto.

a. Consumo de água: o processo em si não necessita de grande consumo de água. Antes do início das operações do gasoduto, as tubulações são deixadas em repouso contendo água com produtos químicos no seu interior, e esse fluido é descartado posteriormente num processo chamado desalagamento. A água consumida, portanto, é o volume correspondente do volume das tubulações.

b. Qualidade da água: os efluentes lançados podem alterar a qualidade da água temporariamente, porque a capacidade de diluição do oceano, na região em que os efluentes serão lançados, é muito alta. Além disso, as águas residuárias são tratadas e lançadas dentro dos padrões exigidos pelo órgão ambiental.

c. População marinha: a fauna marinha pode ser afetada devido ao choque mecânico e à suspensão de sedimentos causados pela instalação das estruturas, aos descartes de esgoto doméstico e da água produzida, à presença da plataforma de produção e ao descarte de água de preenchimento do gasoduto.

c) Meio aéreo: As principais emissões gasosas geradas na atividade de produção são os gases da queima do gás natural utilizado nos geradores de energia da plataforma de produção, além dos gases do sistema de alívio – sistema que coleta os gases provenientes dos equipamentos de processo da plataforma de produção, expelindo-os para a atmosfera.

a. Poluentes atmosféricos: gases devidos à queima do GN. Como sua combustão é praticamente completa, emite pequena quantidade de SOx e NOx.

b. GEEs: A combustão do GN libera CO2, e vazamentos de GN liberam metano para a atmosfera.

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6.4.1.3 Dimensão Social

a) Geração de empregos: são gerados empregos nas fases de perfuração, instalação e operação. São estimados 2000 empregos diretos: 200 na perfuração, 1700 na instalação e 100 na operação. Quanto aos empregos indiretos, são estimados 3 empregos indiretos para cada 1 emprego direto.

b) Percepção do conforto: pode haver alteração do cotidiano da população devido à instalação do duto terrestre e instalação e operação do canteiro de obras na zona de praia. Além disso, é possível que ocorra aumento do fluxo populacional devido à demanda por mão-de-obra. Há também a modificação paisagística da região costeira devido à instalação e operação do canteiro de obras, aumento do fluxo rodoviário nas fases de exploração e produção,

c) Influência no desenvolvimento: a. Infraestrutura: pressão na infraestrutura urbana devido à demanda de

insumos, serviços e alocação de mão-de-obra, além da disposição de resíduos sólidos. Contudo, a rede de distribuição é benéfica para a infraestrutura da RMBS. Deve-se considerar também a pressão sobre a infraestrutura portuária, devido à demanda de insumos e serviços e à geração de resíduos. Deve haver então uma dinamização do setor de transporte marítimo, o que é um impacto positivo, e uma dinamização do setor de transporte aéreo, devido à demanda de mão-de-obra. Hoje existe um aeroporto no município de Itanhaém, que pode se desenvolver por conta das atividades de exploração do GN.

b. Atividades econômicas: a IPGN no local pode interferir nas atividades pesqueiras, devido à criação de áreas de restrição de uso e ao descarte de água de preenchimento do gasoduto. Mas também gera um incremento das atividades de comércio e serviços, principalmente durante as fases de perfuração, instalação e remoção do sistema.

d) Impacto humano decorrente do espaço ocupado: a. Pessoas deslocadas ou lesadas: como a IPGN ocupa espaço marinho,

não há deslocamento de pessoas. O incômodo encontra-se na construção do duto terrestre, que exige restrição de uso do solo.

b. Tráfego marinho: aumento principalmente no trecho compreendido entre a plataforma de produção e a base de apoio operacional, por onde circulará a embarcação de apoio a ser utilizada nas operações de transporte de insumos, de equipamentos e de peças de reposição para a plataforma de produção, incluindo também os resíduos.

c. Existência de sítios arqueológicos: Interferência sobre áreas de direitos minerários e outros usos do solo devido à instalação de duto terrestre.

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e) Desequilíbrio ambiental no meio social: a. Poluição sonora: não é significativa para a IPGN, uma vez que não

chega a afetar a população. b. Impactos na saúde pública: a combustão do GN praticamente não

emite poluentes, assim, seu uso é benéfico para a saúde pública, reduzindo as entradas em hospitais devidas a problemas respiratórios.

c. Impactos nas edificações: como o GN tem combustão praticamente completa, não emite material particulado, que se depositaria nas edificações. Assim, seu impacto nas edificações é positivo.

6.4.1.4 Dimensão Política

a) Aceitação de grandes consumidores: os grandes consumidores aceitam a IPGN uma vez que esta representa oferta de GN próximo, diminuindo a necessidade do uso do GN advindo da Bolívia.

b) Aceitação de distribuidores: os distribuidores vêem na IPGN a vantagem da oferta de GN próxima e a independência do gás boliviano, que leva à vantagem de não sofrer as variações de preços recorrentes da instabilidade do governo da Bolívia.

c) Aceitação de ONGs: a IPGN não é bem vista por ONGs de caráter ambiental, pois representa uma alteração no meio natural, uma mudança de paisagem, alterações na fauna local e mudança de rotina da população, apesar de trazer empregos e desenvolvimento para a região.

d) Aceitação da população: a IPGN não é bem aceita pela população, que vê nela uma mudança na sua rotina, aumento do movimento de veículos, alteração na paisagem.

6.4.2 RELO: Posto de GNV

A valoração dos postos de GNV foi feita a partir de dados da concessionária de GN da RMBS e dos distribuidores de GNV do estado de São Paulo.

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6.4.2.1 Dimensão Técnico-econômica

a) Técnico a. Domínio tecnológico: nacional – os compressores são fabricados no

Brasil. b. Facilidade técnica:

i. Tempo de implantação: o tempo de implantação do GNV num posto de serviços já em funcionamento varia de 1 a 2 meses. Já o tempo de construção de um novo posto varia de 2 a 3 meses.

ii. Disponibilidade de fornecimento: a rede de distribuição de GN atende aos municípios de Cubatão, Santos e São Vicente, portanto, os postos só podem ser construídos nesses municípios.

iii. Qualificação de mão-de-obra: a mão-de-obra deve ser qualificada para instalação e manutenção dos equipamentos. A necessária para operar um posto de combustível, no entanto, não é considerada qualificada.

b) Econômico a. Custo de implantação: num posto urbano, de aproximadamente 900m²

de área, é de, no mínimo, R$200 mil. b. Custo de O&M: os custos estão relacionados com a energia elétrica

consumida pelos compressores e os serviços de manutenção. c. Vida útil: em média 10 anos.

6.4.2.2 Dimensão Ambiental

a) Meio terrestre: a. Dejetos: geração de resíduos devido à manutenção dos postos. b. Ocupação do solo: há um aumento da área de um posto de serviço

comum para que ele passe a oferecer GNV.

b) Meio aquático: não significativo para postos de GNV.

c) Meio aéreo a. Poluentes atmosféricos: pode haver emissões de gás em caso de

vazamentos. Nesse caso, a emissão seria, essencialmente, de metano. b. GEEs: emissão de metano em caso de vazamentos.

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6.4.2.3 Dimensão Social

a) Geração de empregos: seriam gerados empregos no setor de manutenção dos sistemas de GNV nos postos. Estes empregos não são fixos nos postos, e sim serviços terceirizados.

b) Percepção do conforto: o uso do gás natural desperta, na população, a sensação de economizar no abastecimento e contribuir com a redução da poluição atmosférica. As instalações exigidas são postos de serviço. A oferta de postos é muito pequena: hoje, existem 2 postos em Cubatão, 1 no Guarujá, 1 em Mongaguá, 1 na Praia Grande, 1 em Santos, 1 em São Vicente, totalizando 7 postos em toda RMBS (Distribuidoras Regionais de Gás Natural e Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga). Alguns postos de combustível já existentes adequaram-se, instalando compressores e bombas de GNV. As instalações exigidas, portanto, são pequenas. Devido ao pequeno número de postos que oferecem GNV, pode haver um aumento de fluxo de veículos naqueles que oferecem, impactando no trânsito local e na poluição sonora ao redor dos postos. Principalmente no verão, alta temporada, época em que a população da baixada praticamente dobra. Há mudança no ruído dos veículos, que passam a fazer menos barulho. Quanto à potência do veículo, esta é extremamente reduzida em relação aos carros a gasolina ou etanol. Além disso, o espaço exigido no porta-malas para o cilindro de GNV é grande, reduzindo o espaço útil do veículo.

c) Influência no desenvolvimento:

a. Infraestrutura: aumento de postos na região, atraindo mais turistas – o turismo é a principal atividade econômica em vários municípios da região.

b. Atividades econômicas: os postos de serviço passaram a oferecer um novo produto, aumentando seu portfólio e seu número de clientes.

d) Impacto humano decorrente do espaço ocupado: a. Pessoas deslocadas ou lesadas: a construção de postos não apresenta

necessidade de deslocar pessoas.

e) Desequilíbrio ambiental no meio social: a. Poluição sonora: os compressores de GNV emitem ruído, que pode ser

percebido pelos vizinhos próximos ao posto. b. Impactos na saúde pública: não significativos para os postos de GNV c. Impactos nas edificações: não significativos para os postos de GNV

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6.4.2.4 Dimensão Política

a) Aceitação de grandes consumidores: grandes consumidores são as redes de postos, que aceitam bem o GNV por ser um diferencial de seus serviços, principalmente porque na RMBS a oferta de postos de GNV é baixíssima.

b) Aceitação de distribuidores: o grande distribuidor de GN para os postos de serviço é a COMGAS – Companhia de Gás de São Paulo. O consumo de GNV subiu 1,17% com relação a 2009, e o maior aumento se deu na região Sudeste do Brasil, que representou 71% do aumento de todo o país. A aceitação dos distribuidores, portanto, também é boa.

c) Aceitação de ONGs: existem inúmeras ONGs atuantes na RMBS em prol do Meio Ambiente. A aceitação do uso do GNV é boa, uma vez que emite menos poluentes à atmosfera e não necessita de áreas para plantio.

d) Aceitação da população: a população, de maneira geral, também aceita bem os postos de GNV, uma vez que oferecem um novo produto, e trazem desenvolvimento para a região.

6.4.3 RELO: Geração de energia elétrica

Para valoração do recurso geração de energia elétrica, foi utilizado o estudo de impacto ambiental da Usina Termelétrica Euzébio Rocha, situada nas instalações da Refinaria de Presidente Bernardes – RPBC, no município de Cubatão. Ela fornece energia elétrica e vapor à refinaria, e tem capacidade para fornecer energia à toda RMBS.

6.4.3.1 Dimensão Técnico-econômica

a) Técnico: a. Domínio tecnológico: nacional b. Facilidade técnica:

i. Tempo de implantação: 3 anos ii. Disponibilidade de fornecimento: a usina tem capacidade de

fornecer energia à toda RMBS – ela possui 950MW de potência. iii. Qualificação de mão-de-obra: A mão-de-obra necessária consiste,

em sua maioria, em não especializada.

b) Econômico: a. Custo de implantação: R$1 bilhão b. Vida útil: a vida útil das turbinas é em média 20 anos.

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6.4.3.2 Dimensão Ambiental

a) Meio terrestre:

a. Dejetos: são gerados resíduos sólidos distintos para ambas as fases do empreendimento:

Fase de implantação: embalagens dos equipamentos; resíduos do refeitório, sanitário e escritório. São estimados 400 g/pessoa/dia, considerando-se a permanência dos turnos sem pernoite. Está prevista uma média de 400 funcionários, o que gera aproximadamente 4,8 ton/mês de lixo, durante o período de implantação. Fase de Operação: resíduos do processo operacional; resíduos do refeitório, sanitário e escritório. O processo em si de geração de energia elétrica e produção de vapor não deve gerar nenhum resíduo sólido direto. Na etapa de operação, de forma indireta, não vinculado ao processo, é prevista a geração de 3 tipos de resíduos sólidos, de acordo com a origem administrativa e de refeitório - gerados em escritório e refeitório; e de manutenção - compreendendo materiais e peças de refugo utilizados na manutenção. Considerando uma média de 50 pessoas, incluindo funcionários, visitantes e contratados, e uma média de 550 g/dia/pessoa, os resíduos gerados nos escritórios, refeitório e sanitários deverá corresponder à aproximadamente 10 t/ano. Todos os resíduos sólidos a serem gerados pela CCBS serão encaminhados para o sistema de disposição final da RPBC, agrupados da seguinte forma:

• Resíduos sólidos domésticos: dispostos no Aterro Sanitário de Cubatão, juntamente com os resíduos da refinaria, transportados por caminhões próprios.

• Resíduos sólidos industriais: � Resíduos Recicláveis: papel, plástico, alumínio,

sucata – encaminhados para o sistema de coleta e reciclagem da RPBC, para posterior comercialização. O pagamento da venda do papel é através de cadernos, distribuídos pela refinaria à comunidade carente da região;

� Pré-camadas utilizadas no filtro de polimento de condensado; lodo da bacia da torre de resfriamento; resíduos de manutenção – dispostos em aterro Classe 1 – pertencente à RPBC, Aterro para disposição de resíduos de parada e manutenção da área de processo. O lodo da torre de resfriamento será retirado periodicamente, em intervalos variando entre 2 a 4 anos, sendo removido e centrifugado na usina

50

antes de disponibilizá-lo ao aterro. As pré-camadas do filtro de polimento serão engrossadas em um tanque de estocagem na usina antes do destino final.

b. Ocupação do solo: a usina foi construída em área industrial, dentro da refinaria já existente.

b) Meio aquático:

a. Consumo de água: A Baixada Santista conta com uma área de drenagem de 2.373 km², sendo seus principais contribuintes os rios Cubatão, Mogi, Branco e Quilombo, que deságuam no estuário de Santos, os rios Itatinga, Itapanhaú, Capivari e Monos, além dos rios que deságuam no mar, entre Bertioga e Iguape. O rio Mogi integra o sistema de suprimento de água para fins industriais da COSIPA e o rio Quilombo é utilizado pela mesma empresa como manancial de água potável. O rio Jurubatuba é utilizado por Guarujá e Vicente de Carvalho para suprimento urbano. O volume de água utilizado para fins industriais na região é bastante alto, embora as indústrias também utilizem-se de fontes próprias, praticamente não influindo na operação dos sistemas públicos. Toda a água necessária à CCBS, será fornecida pela RPBC, que já possui uma captação no rio Cubatão. Com o sistema integrado entre ambas, prevê-se a redução da captação em cerca de 4.000 m3/h, devido à desativação de quatro turbogeradores atualmente em operação na RPBC, como mostra o quadro abaixo:

Tabela 6: Atual consumo de água da RPBC e posterior inserção da CCBsAtual Consumo de Água da RPBC e posterior inserção da CCBS. Descrição Atual (m3/h) Futuro (m3/h) Água Bruta RPBC 11.500 7.816 Total de Água Tratada 976 1.392 Resfriamento 10.524 6.424

No entanto, o volume de água tratada/consumida terá o acréscimo de aproximadamente 40%, resultando em menor retorno ao corpo receptor, muito próximo ao atualmente vigente.

b. Qualidade da água: As características dos efluentes industriais

estimados da CCBS são:

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Tabela 7: carasterísticas dos efluentes industriais da CCBS Tipos de Efluentes Volume (m³/h)

Efluentes sanitários 2,0 Efluentes industriais 11,0 Descarga das torres de resfriamento

130,0

Total previsto 143,0 pH 7-9 Temperatura <42,5°C

Sistemas de tratamento:

• óleo de lubrificação drenado diretamente para um caminhão-tanque, após a sua vida útil e reciclado por empresas especializadas; • efluentes sanitários tratados e periodicamente analisados, para controlar o efluente final; • efluentes do Sistema de Tratamento de Condensado direcionados para um tanque de neutralização, onde é mantido um pH de 6,9 a 7,2 antes de serem direcionados para a bacia da torre de resfriamento para reaproveitamento; • água de purga das caldeiras resfriada e despressurizada antes de ser transferida à bacia da torre de resfriamento para reaproveitamento. Os efluentes da descarga contínua do Sistema de Resfriamento e os efluentes de drenagem são direcionados para o Sistema de Águas Contaminadas da RPBC onde são tratados de forma adequada, atendendo aos limites fixados nos artigos 12º e 18º do Decreto n.º 8.468 de 08/09/76 que aprovou o Regulamento da Lei n.º 997 de 31/05/76, bem como no artigo 21º da Resolução CONAMA n.º 20 de 18/08/86. O tratamento do efluente hídrico da refinaria é efetuado em etapas conforme a fonte geradora do efluente e seus contaminantes. Observando-se a dimensão do sistema de tratamento da RPBC, e considerando-se que o principal parâmetro potencialmente impactante é a temperatura, conclui-se que ao passar pelo sistema da ETDI, o efluente da termelétrica atinge a temperatura ambiente.

c. População marinha: No que diz respeito ao lançamento de efluentes da

RPBC no rio Cubatão, pode-se observar, pelos resultados das análises, que não ocorre variações significativas da qualidade da água do rio antes e após o lançamento do efluente, indicando que o corpo receptor tem uma alta capacidade de diluição e que o efluente da refinaria, após receber tratamento adequado, não esta sendo capaz de alterar as características da água do rio. Em relação aos efluentes da CCBS, não é de se esperar que ocorram alterações significativas no corpo receptor (rio Cubatão), visto que serão originados de águas de resfriamento e do tratamento da água para a produção de vapor, e que,

52

também serão enviados ao sistema de tratamento de efluentes da RPBC, que irá evitar a formação de cargas de choque devido a descartes instantâneos ou de curto período. Assim, não é estimada alteração significativa na população marinha.

c) Meio aéreo:

a. Poluentes atmosféricos: seguem duas tabelas. A primeira é uma descrição dos equipamentos da CCBS, e a segunda, as emissões atmosféricas:

Tabela 8: Características Básicas dos Equipamentos da Futura Central de Cogeração da Baixada Santista (CCBS)

53

Tabela 9: Emissão de Poluentes Atmosféricos da Futura CENTRAL DE COGERAÇÃO DA BAIXADA SANTISTA (CCBS)

Não se faz necessária, portanto, a utilização de equipamentos de controle de emissões, uma vez que estas encontram-se abaixo dos padrões estabelecidos pela legislação ambiental. As emissões previstas para o empreendimento atendem, em todas as condições de operação, a Resolução CONAMA no 03/90, considerando-se os limites abaixo dos padrões primário e secundário pertinentes à lei.

d. GEEs: com a substituição das caldeiras a óleo por caldeiras a GN há

sensível redução da emissão de GEEs.

6.4.3.3 Dimensão Social

a) Geração de empregos:

a. Durante a construção: Foram gerados três mil empregos diretos, dos quais 70% recrutados na região da Baixada Santista. Os empregos indiretos são estimados em nove mil postos.

b. Durante a operação: Na fase de operação da usina foi previsto, em seu EIA, o emprego de 50 técnicos, entre profissionais não especializados até os de nível superior. Eventuais necessidades adicionais seriam cobertas preferencialmente por trabalhadores a serem recrutados nas localidades vizinhas. De acordo com a distribuição e a especialização dos funcionários previstos, considera-se que a mão de obra residente na Área de Influência Direta tem condições de ocupar a maior parte dos cargos. O perfil de instrução da população residente permite a absorção dos eventuais treinamentos específicos, caso sejam necessários para ocupar algumas funções.

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b) Percepção do conforto: a usina ocupa aproximadamente 400m², dentro da RPBC, ou seja, sua concepção não trouxe nenhuma mudança significativa de espaço para a região. Em relação à poluição sonora, foram feitas medições do nível de ruído antes da implantação da usina, chegando-se aos seguintes resultados: na área de escritórios da RPBC, o nível de ruído de cerca de 70 dB(A) era alto, sendo o máximo aceitável pelas normas para uma área industrial. O mesmo ocorria às margens da Rodovia Piaçaguera-Guarujá, devido ao intenso tráfego de veículos, onde o nível de ruído ultrapassava todos os padrões normatizados. Nos demais pontos da vizinhança do empreendimento, o nível de ruído também era alto, próximo aos limites dos padrões legais. Tratava-se, portanto, em toda a sua extensão, de área bastante ruidosa – seja em decorrência de intenso tráfego de veículos, seja pelas fontes sonoras da RPBC. Também é importante considerar que o sítio está inserido em área industrial, menos exigente em relação aos níveis. O nível de ruído a 1 m de cada equipamento mecânico é inferior a 85 dBA. O nível de ruído no laboratório, sala de controle e áreas de escritório é menor que 55 dBA. O ruído junto ao perímetro externo da termelétrica é inferior ao ruído de fundo. Ou seja, a usina não provocou aumento da poluição sonora já existente na área. Por ser uma região altamente industrializada, o aumento do tráfego de veículos pesados também não foi impactante para a região.

c) Influência no desenvolvimento: A construção de uma Usina de Cogeração na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, poderá contribuir para que a Região Metropolitana da Baixada Santista torne-se auto-suficiente em relação à energia elétrica consumida na região e crie uma alternativa concreta diante de um eventual colapso no sistema geral de abastecimento. Com isso poderá atrair novos empreendimentos e investimentos para a Região, tal como ocorreu com a construção da Usina Henry Borden, e suas ampliações posteriores e também com a própria Refinaria, a partir dos anos 50. Essas hipóteses são analisadas por meio de uma breve retrospectiva do desenvolvimento regional e do município de Cubatão.

d) Impacto humano decorrente do espaço ocupado:

a. Pessoas deslocadas ou lesadas: a usina foi construída em área estritamente industrial, sem a necessidade de deslocar pessoas. De acordo com o levantamento de Uso e Ocupação do Solo, verifica-se que o Empreendimento está localizado em área urbana já consolidada, inserida no Pólo Industrial do Município de Cubatão. Num raio de cerca de 2500 m em todas as direções predomina o uso industrial, à exceção do vetor a sudeste, que nessa distância já contém a própria cidade de Cubatão. Como a área residencial mais próxima está localizada a mais de 500 m do empreendimento e protegida por um morro, o ruído das obras ao atingi-la, já terá decaído até um valor inferior ao ruído de fundo medido, não sendo audível. Logo, não haverá impacto negativo do ruído nesta área.

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e) Desequilíbrio ambiental no meio social:

a. Poluição sonora: A poluição sonora decorrente dos veículos de serviço, na obra, não deverá representar um maior nível de impacto, pois o empreendimento encontra-se localizado ao lado da Av. das Indústrias, que já apresenta um fluxo de caminhões significativo. Em linhas gerais, além dos ruídos enquadrarem-se dentro dos padrões considerados normais para áreas industriais, não existem nas proximidades comunidades que possam ser afetadas pelo desconforto ambiental das emissões sonoras.

b. Impactos na saúde pública: a região já é bastante comprometida, em termos de poluição ambiental, devido à alta industrialização. A poluição atmosférica já atingiu níveis tais que geraram problemas gravíssimos, como o conhecido caso da anencefalia em recém-nascidos, na década de 1980. A análise das emissões atmosféricas a serem geradas pela CCBS, foi realizada a partir das condições meteorológicas mais críticas da região, considerando-se as emissões dos poluentes a serem gerado pela CCBS, bem como àqueles que serão substituídos na RPBC (NOx, MP, CO, SOx, HC), cujas concentrações foram comparadas com os padrões determinados pela legislação ambiental para qualidade do ar. Conforme pode ser demonstrado pela análise dos resultados, com a implantação da CCBS haverá uma redução significativa das concentrações ao nível do solo e no centro da pluma de Material Particulado e de Dióxido de Enxofre. Este resultado é bastante previsível já que com a desativação das caldeiras da RPBC, uma grande quantidade de óleo combustível deixa de ser utilizado. A operação da CCBS, utilizará como combustível o gás natural, que é um combustível mais limpo, com teores muito baixos de compostos de enxofre, resultando numa menor emissão de SOx. Além disso, a utilização de modernas tecnologias de combustão implica numa menor emissão de material particulado.

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Tabela 10: Comparação de emissões atuais e futuras com as emissões totais do município de Cubatão ��� ����������� � �� ������ ��������� ���� �� ��� � �� ������ ���� ������������������

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Apesar da emissão de material particulado e de dióxido de enxofre pela CCBS apresentarem valores muito baixos pela queima de gás natural, para efeito apenas comparativo, pode-se verificar que o limite máximo estabelecido para partículas totais de 350 g/106 kcal para queima de óleo combustível está muito acima do valor estimado de 9,6 g/106 kcal a ser emitido pelas chaminés da futura CCBS. Com relação às exigências da CETESB, para a região de Cubatão, a mesma estabelece, para processos industriais, o Padrão de Emissão de 75 mg/Nm3 (base seca) para material particulado, sendo a concentração estimada para a CCBS muito menor que o valor permitido. Também é estabelecido pela CETESB, Padrão de Emissão de 250 ppm para Óxidos de Nitrogênio, aplicado especificamente para unidades de produção de ácido nítrico de média e alta pressão. Para fins de mera comparação, o valor da concentração estimada para as emissões da CCBS é de 40 ppm. A partir destes resultados, é possível estimar os impactos na saúde pública da população se todas as indústrias da região passassem a utilizar o gás natural em suas caldeiras em vez de queimar óleo combustível: a emissão de poluentes atmosféricos diminuirá em relação ao quadro atual, ou seja, haverá uma melhora da qualidade do ar da região. “As emissões de NOx (Óxidos de Nitrogênio) e CO (Monóxido de Carbono) previstas atendem, em todas as condições de operação, a Resolução CONAMA n.º 8 de 6 de dezembro de 1990” (Caracterização do Empreendimento). O Empreendimento em pauta deverá provocar um aumento na emissão absoluta de NOx. Entretanto, as concentrações na pluma e nos receptores estarão abaixo das atuais. Quanto aos outros poluentes, os resultados obtidos encontram-se bem abaixo dos padrões estabelecidos pelas legislações local e internacional. A implantação da CCBS deverá trazer algum impacto

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negativo na atmosfera, com referência à emissão de NOx, muito embora tais valores estejam inferiores aos padrões mínimos determinados pela legislação ambiental. Frente à redução das emissões de MP e SOx, originárias da queima de óleo nas caldeiras que serão desativadas, avalia-se que as condições atmosféricas serão impactadas positivamente, não se agravando a situação com a implantação do Empreendimento, o mesmo acontecendo com as condições de saúde dos moradores de Cubatão. Com a melhora da qualidade do ar, há diminuição das doenças respiratórias, e consequentemente, redução da ocupação de leitos de hospitais e Unidades Básicas de Saúde por conta de doenças respiratórias.

c. Impactos nas edificações: A redução da emissão de material

particulado causa um impacto positivo nas edificações.

6.4.3.4 Dimensão Política

a) Aceitação de grandes consumidores: os grandes consumidores de energia elétrica são as indústrias da região, especialmente a Petrobrás/RPBC. A eficiência sobe em função do grau de cogeração, podendo alcançar valores acima de 80% para o Ciclo Combinado. A produção de 400 t/h de vapor requerida pela RPBC eleva a eficiência da CCBS para valores acima de 60%. Dentre os novos empreendimentos de geração para diferentes fontes energéticas, a Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, após extenso estudo, sinalizou para a termelétrica movida a gás natural o menor valor normativo. Os valores normativos limitam o repasse, para as tarifas de fornecimento, dos preços livremente negociados na aquisição de energia elétrica, por parte dos concessionários e permissionários de distribuição. Embora esses valores estejam sujeitos a pequenas modificações, a termelétrica a gás natural desponta não só como a geração de menor custo, mas também a que apresenta menores riscos e prazos de instalação para empreendimentos de grande porte.

b) Aceitação de distribuidores: os distribuidores de energia são as empresas

concessionárias de energia elétrica, que tem interesse em garantir o fornecimento ao consumidor. A usina termelétrica diminui a sobrecarga do sistema hidrelétrico, reduzindo o risco de interrupções na distribuição, ou ainda, o risco de um apagão.

c) Aceitação de ONGs: pelo fato de as caldeiras da RPBC, a óleo, serem substituídas por caldeiras a gás e diminuírem as emissões de poluentes atmosféricos, ONGs aceitam a usina, desde que seja feito um correto plano de comunicação.

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d) Aceitação da população: a população aceita a usina sabendo que isso trará benefícios na distribuição de energia. Para tanto é necessário um bom plano de comunicação.

6.4.4 RELD: Uso de GNV

O recurso uso do GNV consiste no uso do combustível pelos veículos, que necessitam da instalação de cilindros de armazenamento.

6.4.4.1 Dimensão Técnico-econômica

a) Técnico: a. Domínio tecnológico: nacional – os cilindros de GNV são fabricados no

Brasil. b. Facilidade técnica:

i. Tempo de implantação: a conversão do carro de gasolina para GNV – instalação do kit GNV – pode ser feita em 1 dia.

ii. Disponibilidade de fornecimento: na RMBS é muito pequena: sete postos para os nove municípios, sendo que estão concentrados nos municípios de Cubatão, Guarujá, Mongaguá, Praia Grande, Santos e São Vicente. Em termos de oficinas credenciadas para conversão de veículos, existe apenas uma, em Santos.

iii. Qualificação de mão-de-obra: para a instalação do kit não é qualificada.

b) Econômico: a. Custo de implantação: o valor de instalação do kit em um veículo é

aproximadamente R$2 mil. b. Vida útil: a vida útil do cilindro que armazena GNV é de 20 anos, mas a

cada- cinco anos, a partir da data de fabricação do cilindro, deve passar pelo teste hidrostático e assim, ser requalificado para garantir a segurança do usuário. A requalificação é regulamentada pela norma 12.274 do Inmetro, e é considerado como de fundamental importância para se evitar acidentes como explosão e rompimento do cilindro, que tem na negligência do usuário do GNV a principal causa.

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6.4.4.2 Dimensão Ambiental Nesta dimensão, só é relevante o meio aéreo:

a) Poluentes atmosféricos: produz muito pouco SO2, quase nenhum material particulado e aproximadamente 1/6 dos óxidos de nitrogênio produzidos pela gasolina.

b) GEEs: o GNV emite, como GEE, basicamente CO2.

6.4.4.3 Dimensão Social

a) Geração de empregos: são gerados empregos no setor de conversão de veículos. Atualmente, são feitas, em média, 2416 conversões mensais no Brasil. Nos postos de gasolina, não há aumento significativo nos postos já existentes.

b) Percepção de conforto: o uso do gás natural desperta, na população, a

sensação de economizar no abastecimento e contribuir com a redução da poluição atmosférica. Além disso, há redução do ruído do motor. Contudo, a redução do rendimento do veículo é significativa, e o cilindro ocupa grande espaço nos porta-malas dos veículos.

c) Influência no desenvolvimento:

a. Infraestrutura: o uso do GNV exige infraestrutura de postos de serviço e oficinas para conversão de veículos.

b. Atividades econômicas: conversão de veículos comerciais, como frotas de empresas e serviços de taxi, por ser um combustível que apresenta um menor custo por quilômetro rodado.

d) Impacto humano decorrente do espaço ocupado: a. Pessoas deslocadas ou lesadas: o uso do GNV não causa

desolamento de pessoas.

e) Desequilíbrio ambiental no meio social: a. Impactos na saúde pública: como a queima do GNV emite menos

poluentes que a queima de combustíveis fósseis, a qualidade do ar melhora e, consequentemente, existe diminuição da ocupação de leitos de hospitais por conta de doenças respiratórias.

b. Impactos nas edificações: como a queima de GNV não emite material particulado, o impacto nas edificações é positivo.

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6.4.4.4 Dimensão Política

a) Aceitação de grandes consumidores: os grandes consumidores de GNV do lado da demanda são as frotas de veículos comerciais, que vêem no GNV uma alternativa de combustível de baixo custo.

b) Aceitação de distribuidores: os distribuidores de GNV do lado da demanda são os postos de combustível, que aceitam o GNV na medida em que é um produto diferenciado – existem apenas sete postos que o oferecem em toda RMBS.

c) Aceitação de ONGs: existem inúmeras ONGs atuantes na RMBS em prol do

Meio Ambiente. A aceitação do uso do GNV é boa, uma vez que emite menos poluentes à atmosfera e não necessita de áreas para plantio.

d) Aceitação da população: por ser um produto mais barato e que polui menos, a

aceitação é boa. Contudo, a baixa oferta de postos inibe a população residente na RMBS de aderir rapidamente ao uso de GNV.

6.4.5 RELD: Uso residencial

Nas residências, o GN pode ser usado, principalmente, para aquecedores de água e fogões. Atualmente, a rede de distribuição residencial da RMBS atende aos municípios de Santos e São Vicente.

6.4.5.1 Dimensão Técnico-econômica

a) Técnico:

a. Domínio tecnológico: nacional b. Facilidade técnica:

i. Tempo de implantação: uma vez que a rede de distribuição está disponível, a instalação de aquecedores leva no máximo uma semana.

ii. Disponibilidade de fornecimento: hoje há rede de distribuição de GN residencial somente em Santos e São Vicente.

iii. Qualificação de mão-de-obra: para a instalação e manutenção dos aparelhos residenciais, não-qualificada.

b) Econômico: a. Custo de implantação: em média R$2.000,00 b. Vida útil: 10 a 15 anos.

61

6.4.5.2 Dimensão Ambiental

a) Meio terrestre:

a. Dejetos: quantidade não relevante. b. Ocupação do solo: espaço subterrâneo por onde passam os gasodutos

– limitação de escavações.

b) Meio aquático: não relevante

c) Meio aéreo:

a. Poluentes atmosféricos: a queima de GN emite baixíssima quantidade de poluentes.

b. GEEs: a queima de GN emite CO2 em menor quantidade que outros combustíveis.

6.4.5.3 Dimensão Social

a) Geração de empregos: são gerados empregos nos setores de instalação de aquecedores e de expansão das redes de distribuição.

b) Percepção do conforto: o abastecimento é contínuo – não há risco de terminar o gás do butijão. O uso do aquecedor a gás natural permite estender a utilização da água quente para outras dependências da residência, como cozinha e área de serviço. A água do banho pode ficar na temperatura que o usuário desejar, e os equipamentos são seguros.

c) Influência no desenvolvimento:

a. Infraestrutura: o aumento das redes de distribuição residencial melhora a infraestrutura dos municípios, cujos moradores passam a ter fontes alternativas de energia – e ecoeficientes – em suas residências.

b. Atividades econômicas: a indústria e comércio de aquecedores e outros aparelhos a gás pode se desenvolver na região.

6.4.5.4 Dimensão Política

a) Aceitação de grandes consumidores: condomínios, onde a facilidade da rede de gás é a grande vantagem.

b) Aceitação de distribuidores: a concessionária de GN é a responsável pela distribuição do GN residencial, e para ela o aumento da demanda é interessante.

c) Aceitação de ONGs: o uso de uma fonte de energia mais ecoeficiente é bem aceita pelas ONGs.

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d) Aceitação da população: por ser um recurso mais limpo e barato, a população aceita bem. Contudo, é necessária a ampliação da rede de distribuição para que uma maior parcela da comunidade adira ao uso do GN.

6.4.6 RELD: Uso comercial

No comércio, o GN pode ser usado para fornos, aquecedores de água, geradores de vapor, fogões industriais. Fornos são normalmente usados em padarias, e fogões industriais, restaurantes. Geradores de vapor são equipamentos que usam o gás natural para aquecimento de água, gerando vapor sob pressão, normalmente utilizado para esterilização ou cozimento de alimentos. A valoração do uso comercial é praticamente igual à do uso residencial, não sendo necessário repeti-la. 6.4.7 RELD: Uso industrial

O gás natural é utilizado como combustível para fornecimento de calor, geração de eletricidade e de força motriz, como matéria-prima nos setores químico, petroquímico e de fertilizantes, e como redutor siderúrgico na fabricação de aço. Na RMBS, os municípios que recebem rede de gás natural industrial são Cubatão e Santos. A indústria da região é constituída, basicamente, por fabricação e refino de petróleo (refinaria de Presidente Bernardes - RPBC), siderurgia (Cosipa) e setor químico. Nos setores petroquímico/ químico, o GN pode ser utilizado na geração de vapor e eletricidade. Já no siderúrgico, pode ser usado em fornos de pelotização, caldeiras de centrais termelétricas, fornos de reaquecimento, fornos de tratamento térmico, injeção em altos fornos, gerador de H2 e complementação da matriz de combustíveis em mistura com gases residuais do processo. O GN, na indústria, pode substituir combustíveis como óleo BPF, carvão mineral e coque. Na RMBS, a usina termelétrica Euzébio Rocha (CCBS), pode fornecer energia elétrica e vapor a todas as indústrias da região. Além disso, as caldeiras das indústrias podem ser substituídas por caldeiras a GN.

6.4.7.1 Dimensão Técnico-econômica

a) Técnico:

a. Domínio tecnológico: nacional b. Facilidade técnica:

i. Tempo de implantação: a instalação de novas caldeiras é extremamente curto, no máximo uma semana.

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ii. Disponibilidade de fornecimento: os equipamentos estão disponíveis no mercado nacional, e muitas indústrias em todo o país já os utilizam.

iii. Qualificação de mão-de-obra: para instalação e manutenção, não qualificada. Para o projeto do equipamento, qualificada.

b) Econômico:

a. Custo de implantação: b. Custo de O&M: praticamente zero c. Vida útil: maior em relação às caldeiras a óleo

6.4.7.2 Dimensão Ambiental

a) Meio terrestre:

a. Dejetos: apenas peças de manutenção. A queima de gás não gera resíduos sólidos.

b. Ocupação do solo: não é relevante, já que as caldeiras substituem outras já existentes.

b) Meio aquático: não é relevante.

c) Meio aéreo:

a. Emissão de poluentes: a queima de GN emite poucos poluentes, muito menos que óleo combustível. Além disso, não há necessidade de lavador de gases.

b. Emissão de GEEs: a queima de GN praticamente não emite SOx e NOx, e emite menos CO2 que os derivados do petróleo.

6.4.7.3 Dimensão Social

a) Geração de empregos: são gerados empregos indiretos, principalmente na manutenção dos equipamentos, como as caldeiras a gás. Além disso, a demanda por GN implica numa ampliação da rede de distribuição, gerando empregos também nessa área.

b) Percepção do conforto: o uso do GN na indústria não exige alteração nem ampliação de instalações; as caldeiras fazem menos barulho, emitem menos poluentes; como o gás chega nas indústrias via gasoduto, há diminuição do fluxo de caminhões de entrega de combustível.

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c) Influência no desenvolvimento:

a. Infraestrutura: a expansão do GN na indústria pode abrir portas para a expansão do uso do gás para fins residenciais e comerciais, em toda RMBS, promovendo desenvolvimento da região.

b. Atividades econômicas: a utilização do GN na indústria geraria um aumento de demanda por gás, que por sua vez, incentivaria atividades econômicas ligadas à exploração e distribuição de GN na região.

d) Impacto humano decorrente do espaço ocupado:

a. Pessoas deslocadas ou lesadas: não há necessidade de deslocamento de pessoas para uso de GN na indústria.

e) Desequilíbrio ambiental no meio social:

a. Poluição sonora: redução da poluição sonora, uma vez que as caldeiras a GN emitem menos ruído. Além disso, a diminuição do fluxo de caminhões também diminui o ruído da região.

b. Impactos na saúde pública: como a queima de GN emite muito menos poluentes e praticamente zero material particulado, há diminuição das doenças respiratórias, e conseqüente diminuição de ocupação de leitos de hospitais por esse motivo. Impacto positivo portanto.

c. Impactos nas edificações: com a redução da emissão de material particulado, tanto por conta da queima do gás como pela diminuição do fluxo de caminhões, o impacto nas edificações é positivo.

6.4.7.4 Dimensão Política

a) Aceitação de grandes consumidores: os grandes consumidores seriam as próprias indústrias, que têm muitas vantagens em usar o GN: fácil adaptação das instalações existentes, dispensa necessidade de armazenamento, menor corrosão dos equipamentos e menor custo de manutenção, menor custo de manuseio de combustível e de instalações, eliminação da necessidade de instalação de filtros e equipamentos antipoluentes pelas indústrias, combustão facilmente regulável, elevado rendimento energético, admite grande variação do fluxo, pagamento após consumo e custo competitivo, baixíssima presença de contaminantes, combustão mais limpa, não-emissão de particulados (cinzas), não exige tratamento dos gases de combustão, rápida dispersão de vazamentos.

b) Aceitação de distribuidores: os distribuidores de GN teriam aumento da demanda por seu produto, ou seja, aumento de sua receita.

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c) Aceitação de ONGs: por todas as vantagens supracitadas, as ONGs aceitam muito bem o uso do GN na indústria.

d) Aceitação da população: a população aceita bem o uso do GN na indústria principalmente por suas vantagens ambientais.

6.5 Mapeamento ambiental – apresentação de resultados 6.5.1 Diagnóstico ambiental e seleção de indicadores

O mapeamento ambiental tem por finalidade mostrar a atual situação da RMBS. Para isto, utiliza-se de alguns indicadores, onde se possa verificar como foi o desempenho destes até o presente momento. Foram selecionados indicadores que abrangem os meios antrópico, aéreo, aquático e terrestre. Procurou-se levantar o histórico destes indicadores referente aos últimos dez anos, ou seja, entre os anos de 2000 e 2009. Porém, para alguns indicadores não foi possível a obtenção completa deste período, sendo adaptada para o período que se obteve o histórico. 6.5.2 Meio Aéreo

O mapeamento do meio aéreo foi dividido em duas partes, a emissão de poluentes, e a emissão de gases de efeito estufa (CO2).

6.5.2.1 Poluentes Atmosféricos O levantamento de dados de qualidade do ar foi realizado através CETESB, que tem os seguintes padrões de qualidade:

66

Tabela 11: Padrão Nacional de Qualidade do Ar

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Tabela 12: Índice Geral de Qualidade do Ar (CETESB)

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As estações de monitoramento do ar da CETESB se encontram em Santos e em Cubatão, sendo que neste local, existem estações de monitoramento no Centro e em Vila-Parisi (polo industrial de Cubatão). A seguir, é apresentado um histórico da concentração de poluentes para as estações de monitoramento da CETESB:

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Tabela 13: Evolução das concentrações anuais de poluentes (CETESB) �7����������������������8�������������g/m³)�

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Ou seja, conforme apresentado na tabela 13, os únicos poluentes que extrapolam os limites do padrão de qualidade são o MP10 e PTS. MP10 Pode ser definida de maneira simplificada como aquelas partículas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm (CETESB) e são emitidas principalmente de processos de combustão e veículos automotores. PTS são definidas como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 50 µm (CETESB), e são emitidas principalmente por processos industriais, emissões veiculares, poeira de rua ressuspensada e fontes naturais.

Figura 9: Médias Anuais MP10 (CETESB)

68

Figura 10: Médias Anuais PTS (CETESB)

Nota-se pela linha tendencial linear das Figuras 09 e 10 o crescimento das emissões de MP10 e PTS. A seguir, é apresentada uma tabela que diz respeito a evolução da qualidade, onde é apresentado a porcentagem do tempo em que a qualidade do ar se encontra entre os padrões “boa” ou “regular”.

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Tabela 14: Evolução da Qualidade do ar �7���������� ���������������������

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Como se nota na tabela 14, para o MP10 e o PTS, a porcentagem do tempo em que se encontra o padrão “boa” ou “regular”, está decrescendo. Através do Relatório de Qualidade do Ar 2009 da CETESB se obteve a emissão de poluentes por empresa, que é apresentado a seguir:

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Tabela 15: Emissão de Poluentes por empresa (CETESB) �"(66>0�)*�,0'%*2=*6��=02�&20��

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Nota-se pela emissão de poluentes por empresas, que o principal responsável pela emissão por empresas é a Companhia Siderurgica Paulista – COSIPA, que foi adquirida pela USIMINAS. Fez-se uma análise dos processos industriais realizados na COSIPA para se determinar a fonte de emissão de MP, sendo esta os fornos do processo de siderurgia, onde foi consumido no ano de 2009 aproximadamente 1.293.184.766 litros de coque. Ou seja, através da queima de coque nos fornos da COSIPA, são emitidas toneladas de material particulado (62% da emissão industrial), tendo grande contribuição para que este poluente ultrapasse os padrões exigidos pela CETESB.

6.5.2.2 CO2 A emissão de CO2 pela RMBS foi obtida através do Balanço Energético da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo. Como não se tem a emissão específica para e região de estudo do trabalho, foi-se determinada através do PIB. Ou seja, a emissão de CO2 para a RMBS é proporcional a sua participação do PIB do Estado de São Paulo. Ao se analisar o histórico de 2000 a 2007 do PIB do Estado de São Paulo, chega-se que a RMBS representa aproximadamente 4,24% do PIB do estado, ou seja, a emissão de CO2 da RMSP será de 4,24% das emissões do estado.

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Tabela 16: Balanço Energético do Estado de São Paulo (BEESP) Emissão de CO2 (ton^6/ano)

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total Geral (t^6/ano) - Estado SP 70,12 67,77 67,17 67,44 68,41 68,47 69,13 72,08 73,45

Total Geral (t^6/ano) - RBS 2,98 2,88 2,85 2,86 2,90 2,91 2,93 3,06 3,12

Figura 11: Balanço Energético do Estado de São Paulo (BEESP)

Ao se analisar graficamente a emissão da RMBS, nota-se um pequeno decréscimo das emissões, atingindo o valor mínimo do histórico no ano de 2002. Este decréscimo se deve à desaceleração da economia, mostrando a relação direta da emissão de CO2 com a economia. Nota-se que mesmo com este decréscimo nas emissões, ocorreu um aumento médio de 0,04% ao ano, mas, ao se analisar somente os últimos três anos do histórico, nota-se um aumento médio de 3,12% ao ano.

6.5.3 Meio Aquático

Para os indicadores aquáticos, foram analisados três indicadores: IQA - Índice de Qualidade da Água, IVA – Índice de Qualidade e Proteção da Vida Aquática e a Porcentagem das Praias que estão Próprias o Ano todo. Como Indicadores do Meio Aquático, tem-se o Índice de Qualidade das Águas e o Índice de Proteção da Vida Aquática, obtidos através Relatório de Qualidade Ambiental 2010, e o Índice de Balneabilidade, medido pela CETESB.

72

6.5.3.1 Índice de Qualidade das Águas – IQA:

O IQA é monitorado pela CETESB, mas o histórico deste indicador para a RMBS foi retirado do Relatório de Qualidade Ambiental de 2010. No IQA, são monitoradas variáveis que indicam o lançamento de efluentes sanitário nos corpos d’água. A CETESB determina o seguinte padrão para o IQA dos corpos hídricos:

Tabela 17: Padrão de Qualidade IQA (CETESB)

Classe Intervalo Ótima 79<IQA<100 Boa 51<IQA<79 Regular 36<IQA<51 Ruim 19<IQA<36 Péssima IQA � 19

Para este indicador, se tem o histórico do período de 2004 a 2008, demonstrado a seguir: Tabela 18: Histórico IQA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010) 2004 2005 2006 2007 2008 Baixada Santista 62 58 61 54 59 Estado de São Paulo 55 56 56 55 56

Figura 12: IQA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010)

Nota-se que apesar do IQA da Baixada Santista ser maior que do Estado de São Paulo, ele sofre uma queda neste período, enquanto no estado ocorre uma ligeira melhora. Mesmo com esta queda no IQA da RMBS permanece maior no que no Estado de SP em todos os anos, exceto em 2007.

73

6.5.3.2 Indice de Qualidade e Proteção da Vida Aquática - IVA Assim como o IQA, o IVA também é monitorado pela CETESB, e também teve o histórico retirado do Relatório de Qualidade Ambiental de 2010. Neste indicador são monitoradas variáveis essenciais para a vida aquática como oxigênio dissolvido, PH, toxicidade, clorofila e fósforo total. A seguir, se tem o padrão do IVA: Tabela 19: Padrão de Qualidade IVA (CETESB)

Classe Intervalo Ótima IVA � 2,5 Boa 2,6 � IVA � 3,3 Regular 3,4 � IVA � 4,5 Ruim 4,6 � IVA � 6,7 Péssima IVA > 6,8

Observa-se que o IVA possui seu padrão de qualidade descrescente, ou seja, quanto menor o valor do IVA, melhor a qualidade do corpo d’água. No Relatório de Qualidade Ambiental 2010, obteve-se o seguinte histórico do IVA para a PMBS no período de 2004 a 2008: Tabela 20: Histórico IVA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010)

2004 2005 2006 2007 2008 Baixada Santista 5,5 5,8 5,2 5 5 Estado de São Paulo 4,7 4,8 4,9 4,8 4,5

Figura 13: IVA (Relatório de Qualidade Ambiental 2010)

Com relação ao IVA, nota-se que o estado de São Paulo possui melhor classificação do que a RMBS. Observa-se tambem a significativa melhora do IVA apesar de que no ano de 2005 houve uma piora.

74

6.5.3.3 Balneabilidade O indicador Balneabilidade das Praias monitorado pela CETESB é estruturado para atender às especificações da Resolução CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - nº 274/00, que define critérios para a classificação de águas destinadas à recreação de contato primário, sendo este entendido como um contato direto e prolongado com a água (natação, mergulho, esqui-aquático, etc), onde a possibilidade de ingerir quantidades apreciáveis de água é elevada. Conforme os critérios estabelecidos por essa Resolução CONAMA n° 274/00, as praias são classificadas em quatro categorias diferenciadas, quais sejam, Excelente, Muito Boa, Satisfatória e Imprópria, de acordo com as densidades de coliformes fecais ou E. coli resultantes de análises feitas em cinco amostragens consecutivas. Podem ser classificadas como Própria as praias que se encontram nas categorias Excelente, Muito Boa e Satisfatória, e classificadas como Imprópria as restantes, conforme é demonstrado no Padrão de Balneabilidade da CETESB: Tabela 21: Padrão de Qualidade Balneabilidade (CETESB)

De acordo com este Padrão, obteve-se também na CETESB, o histórico da Balneabilidade das praias dos municípios da RMBS:

Tabela 22: Histórico de praias consideradas próprias o ano todo (CETESB)

Porcentagem de praias próprias o ano todo

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Média

Bertioga 92% 99% 100% 99% 93% 98% 89% 97% 89% 99% 96%

Guarujá 86% 89% 95% 90% 82% 89% 80% 92% 73% 89% 87%

Santos 76% 69% 90% 66% 51% 54% 54% 60% 49% 52% 62%

São Vicente 36% 49% 50% 25% 60% 46% 45% 50% 39% 39% 44%

Praia Grande 71% 66% 80% 49% 66% 61% 42% 74% 55% 51% 62%

Mongaguá 87% 90% 92% 84% 70% 83% 69% 74% 66% 71% 79%

Itanhaém 88% 92% 91% 92% 81% 95% 75% 20% 80% 78% 79%

Peruíbe 90% 88% 100% 96% 85% 93% 70% 33% 80% 80% 82%

75

Através das médias apresentadas, nota-se que os locais que pior atendem ao padrão, são as cidade da RMBS que possuem maior população, e consequentemente despejam maiores quantidade de esgotos nos corpos d’água, contribuindo para a deterioração da qualidade das águas. Figura 14: Cidades com maiores populações

Pode-se fazer uma relação entre a população das cidades e o perímetro das praias, e as cidades que possuem uma maior população, possuem um perímetro de praias pequeno, e vice-versa. Ou seja, é lançada uma maior quantidade de esgotos em um menor perímetro de praias, colaborando para que estas tenham uma menor qualidade no índice de balneabilidade.

Figura 15: Praias próprias o ano todo (CETESB)

76

6.5.4 Meio antrópico

6.5.4.1 IDH – Indice de Desenvolvimento Humano O IDH é um importante indicador, por ser utilizado mundialmente pela ONU (Organização das Nações Unidas) para medir o “desenvolvimento humano”, onde a sua classificação é feita entre a notas de zero a um, sendo um a classificação máxima. A metodologia do IDH, utiliza para a sua composição a expectativa de vida (fatores relacionados à saúde), acesso ao conhecimento (fatores relacionados à educação), e PIB per Capita (padrão de vida). É apresentado a seguir na tabela 23, o IDH dos municípios da RMBS do ano de 1990 e 2000, e a classificação com relação ao estado de São Paulo, não foi possível a obtenção de dados mais recentes, pois o IDH utiliza de muitas informações do Censo 2010, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas que ainda não teve seus resultados finais divulgados.

Tabela 23: IDH (IBGE)

1990 2000 2000

IDH IDH IDH -Ranqueamento dos municípios

Bertioga 0,739 0,792 220 Cubatão 0,723 0,772 378 Guarujá 0,72 0,788 256

Itanhaém 0,73 0,779 322 Mongaguá 0,726 0,783 288

Peruíbe 0,733 0,783 288 Praia

Grande 0,74 0,796 193

Santos 0,838 0,871 3 São Vicente 0,765 0,798 179

MÉDIA 0,746 0,796

Ao se analisar o crescimento médio das cidades neste dez anos, chega-se um valor próximo de 5%. Segue o gráfico para melhor visualização:

77

Figura 16: Desempenho do IDH

Como se nota, a cidade de Santos possui um IDH elevado em relação as outras cidades da RMBS. Parte deste desenvolvimento da cidade de Santos foi devido ao Porto de Santos, que é considerado a principal porta de importação e exportação no Brasil, que contribui para grande recebimento de impostos.

6.5.4.2 PIB – Produto Interno Bruto O PIB é essencial para representar o desempenho econômico, e é utilizado como termômetro econômico. A seguir é apresentado o histórico do PIB da região em bilhões de reais correntes: Tabela 24: PIB (SEADE)

PIB (Em bilhões de reais correntes) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bertioga 0,21 0,23 0,25 0,30 0,34 0,39 0,44 0,48

Cubatão 3,09 3,43 4,02 4,54 5,12 5,36 5,58 6,25

Guarujá 2,02 1,92 1,93 2,20 2,10 2,54 2,73 2,90

Itanhaém 0,34 0,38 0,43 0,47 0,49 0,56 0,60 0,64

Mongaguá 0,17 0,18 0,21 0,23 0,24 0,28 0,31 0,34

Peruíbe 0,25 0,28 0,31 0,34 0,36 0,41 0,45 0,49

Praia Grande 1,08 1,13 1,22 1,41 1,53 1,76 1,95 2,15

Santos 4,61 5,06 9,12 9,17 10,23 14,77 16,14 19,70

São Vicente 1,22 1,28 1,38 1,51 1,57 1,80 1,99 2,18

TOTAL RMBS 13,00 13,89 18,87 20,16 21,98 27,87 30,19 35,13

Estado de São Paulo 424,16 463,48 511,74 579,85 643,48 726,98 802,66 902,78

78

Figura 17: PIB municipalizado

A cidade de Santos representou no ano de 2007, aproximadamente 56,1% do PIB da RMBS, e tem como principal atividade o porto de Santos, que também teve um grande crescimento nesta década, como representado pelo gráfico a seguir retirado do website do Porto de Santos: Figura 18: Atividade Anual do Porto de Santos

79

Figura 19: PIB (SEADE)

No período de 2000 a 2007, a RMBS teve um crescimento de 170%, o que representa um crescimento médio anual de aproximadamente 13,5% de crescimento médio anual, um crescimento, maior que o Estado, que obteve um crescimento médio de 11%. Lembrando que estes valores estão representado em reais correntes.

6.5.4.3 População A população da RMBS representa aproximadamente 4% da população do Estado de São Paulo, como apresentado no histórico das projeções de população do IBGE:

Tabela 25: População (IBGE)

População (Em n°) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bertioga 31.240 33.294 35.372 37.469 39.564 41.671 43.763 39.091

Cubatão 109.420 111.320 113.241 115.181 117.120 119.068 121.002 120.271

Guarujá 268.343 274.387 280.495 286.662 292.829 299.023 305.170 296.150

Itanhaém 73.671 76.540 79.439 82.369 85.293 88.235 91.153 80.778

Mongaguá 36.138 37.917 39.715 41.528 43.344 45.168 46.977 40.423

Peruíbe 52.658 54.726 56.817 58.924 61.034 63.153 65.256 54.456 Praia

Grande 198.115 205.872 213.713 221.629 229.542 237.494 245.385 233.806

Santos 418.017 418.076 418.136 418.195 418.255 418.316 418.375 418.288 São

Vicente 305.811 309.676 313.583 317.530 321.473 325.438 329.370 323.599 TOTAL RMBS 1.493.412 1.521.809 1.550.511 1.579.487 1.608.456 1.637.566 1.666.453 1.606.862

Estado de São Paulo

37.384.518 37.986.886 38.595.951 39.210.644 39.824.914 40.442.822 41.055.682 39.827.593

80

Figura 20: População (IBGE)

Através da figura acima, nota-se que ocorreu um decréscimo na populaçao entre os anos de 2006 e 2007, sendo que isto ocorreu tanto na Baixada Santista como em todo o Estado. Procurou-se saber os motivos deste decrescimo, mas não se encontrou. Um motivo provável é uma mudança na projeção da população pelo IBGE. Figura 21: Crescimento da população

81

Ao se analisar o histórico, nota-se que apesar de que entre os anos de 2006 e 2007 ocorreu um descréscimo de 0,89% da população, no historico geral houve um crescimento médio de 1% ao ano da população.

6.5.4.4 PIB per Capita O PIB per capita é uma relação entre o PIB e a população, como apresentado a seguir: Figura 22: PIB per capita municipalizado

Através da figura apresentada, nota-se um sobre-salto das cidades de Santos e Cubatão. Santos possui o maior PIB da região, como também a maior população e Cubatão possui o segundo maior PIB e somente a quinta maior população, por este motivo possuindo um maior PIB per capita. As outras cidades da Baixada Santista, que não possuem uma atividade de peso como Cubatão (industrias) e Santos (porto), possuem um PIB per capita semelhante, sendo que estes variam em um pequeno intervalo e são bem diferentes das duas cidades.

82

6.5.4.5 Frota Veicular

O consumo de combustíveis dos veículos está diretamente ligado com a matriz energética da região, principalmente pela gasolina, óleo diesel e GN. A seguir, é apresentado a seguir:

Tabela 26: Frota de veículos – 2009 (SEADE)

Automóveis

Habitantes/ automóvel Caminhão Microônibus Moto Reboques Taxi Ônibus Outros

Bertioga 5505 8 407 1122 3724 292 10 - 27

Cubatão 19502 6 3537 2944 8850 2105 83 4548 243

Guarujá 40356 8 2431 5980 35838 1566 234 14140 62

Itanhaém 11280 8 665 1898 6290 335 93 2659 22

Mongaguá 5555 8 456 954 2470 238 20 1037 10

Peruíbe 10165 5 553 1631 5252 235 26 - 38

Praia Grande 38984 6 1895 5613 23223 839 132 7114 70

Santos 131839 3 8354 18191 57667 8555 1161 24404 852

São Vicente 45353 7 1997 5398 34146 847 207 - 71

6.5.4.6 Energia Elétrica

Através da Secretaria de Seneamento e Energia, obteve-se o histórico do consumo de energia elétrica para a região:

Tabela 27: Energia Elétrica (Secretaria de Saneamento e Energia)

Consumo de

Energia Elétrica – Total (Em

MWh)

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bertioga 93.304 92.340 102.513 108.338 115.050 120.671 127.424 137.093

Cubatão 2.961.535 3.332.978 3.740.990 3.687.681 3.721.556 3.686.685 3.684.744 3.678.043

Guarujá 438.109 417.713 436.864 456.855 485.837 524.150 567.995 589.301

Itanhaém 109.272 105.241 110.936 110.245 113.412 119.336 124.993 132.242

Mongaguá 55.537 52.847 56.387 58.356 62.871 65.849 67.706 71.756

Peruíbe 74.179 72.076 76.015 77.754 82.156 83.695 88.752 92.884

Praia Grande 319.465 303.679 331.155 340.270 363.787 386.907 409.596 435.887

Santos 991.379 958.499 1.005.588 1.004.841 1.058.792 1.094.528 1.146.873 1.162.932

São Vicente 336.780 318.512 326.119 323.106 346.217 369.774 393.178 425.473

Total 5.379.560 5.653.885 6.186.567 6.167.446 6.349.678 6.451.595 6.611.261 6.725.612

83

Figura 23: Consumo de Energia Elétrica Municipalizado, 2008

Nota-se pelo gráfico, a grande participação da cidade de Cubatão no consumo de energia elétrica da RMBS, sendo que para o ano de 2008, Cubatão representou aproximadamente 54,5% do consumo de toda a região.

Tabela 28: Energia Elétrica – Setorial (Secretaria de Saneamento e Energia) Consumo de Energia Elétrica por setor – 2008 (MWh)

E.E. Residencial Comercial Rural Industrial Ilum.

Pública Poder Públ.

Serv. Publ.

Cons. Próp. Total

Bertioga 79.899 32.216 28 11.908 10.348 - 58 2.663 90 137.093

Cubatão 62.992 71.103 - 3.440.703 8.817 15.721 78.494 212 3.678.043 Guarujá 277.605 202.419 501 61.380 24.986 10.793 11.261 356 589.301

Itanhaém 77.731 28.678 1.106 2.776 11.964 4.019 5.760 210 132.242 Mongaguá 43.228 13.812 142 2.826 7.145 3.832 772 - 71.756

Peruíbe 54.165 21.849 2.798 2.181 7.990 2.939 949 15 92.884 Praia Grande 272.914 109.305 0 7.766 28.477 13.992 3.053 379 435.887

Santos 508.106 445.937 - 133.873 27.888 33.707 12.541 881 1.162.932 São Vicente 245.407 92.573 - 48.629 18.919 12.324 7.251 371 425.473

Através desta tabela com o consumo de energia elétrica setorial da região no ano de 2008 (SEADE), nota-se a grande participação do setor industrial de Cubatão, com o consumo de 3.440.703 MWH, o que representa 93,5% da energia consumida na propria cidade, e 51,1% da energia consumida em toda a RMBS.

84

Figura 24: Consumo Setorial de Energia Elétrica

Figura 25: Consumo Total de Energia na Baixada Santista

Ao se analisar o histórico do consumo na região, nota-se um crescimento aproximado de 3,6% no consumo.

85

6.5.5 Meio Terrestre

6.5.5.1 Lixo O Relatório de Qualidade Ambiental 2010 produzido pelo CONSEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente, apresenta os seguintes valores e as respectivas datas para a produção de lixo da Baixada Santista e para o Estado de São Paulo: Tabela 29: Produção de Lixo (CONSEMA, 2010)

Produção de Lixo (ton/ano) 2004 2007 Baixada Santista 217102 230987 Estado de São Paulo 2120727 2290886

Através da tabela, observa-se que a RMBS produz aproximadamente 10% do lixo do Estado, e teve um crescimento médio de 2% ao ano para o histórico, um pouco menor que os 2,5% ao ano do Estado. Com relação à disposição do lixo produzido, apresenta-se a seguinte tabela: Tabela 30: Lixo (CONSEMA, 2010)

Município Lixo (ton/dia) IQR Disposição

Bertioga 20,6 9,4 Santos, aterro particular Cubatão 59,1 9,4 Santos, aterro particular Guarujá 181 9,4 Santos, aterro particular

Itanhaém 36,5 3,5 - Mongaguá 19,7 2,4 -

Peruíbe 24,9 6,2 - Praia Grande 148,1 8,9 Mauá, aterro particular

Santos 249,5 9,4 Santos, aterro particular São Vicente 194,4 8,9 Mauá, aterro particular

Ou seja, nota-se um déficit na disposição final dos resíduos uma vez que somente Santos possui um aterro (particular), outras cidades dispõe o resíduo também nesta mesma cidade, e conforme apresentado, outras cidades não possuem nem um local adequado para a disposição final do lixo.

86

6.5.5.2 Áreas Contaminadas A distribuição das áreas contaminadas foi obtida do Relatório de Qualidade Ambiental 2010 e é apresentada a seguir, onde a analise da distribuição foi realizada sempre no mês de novembro, para se ter uma melhor visualização do ocorrido no período de um ano. Tabela 31: Distribuição de Áreas Contaminadas (CONSEMA, 2010)

Nov/2005 Nov/2006 Nov/2007 Nov/2008 Baixada Santista 84 96 99 101

Estado de São Paulo 1596 1822 2272 2514 Ao se analisar o numero de áreas contaminadas, não se pode fazer uma progressão linear, uma vez que o numero de áreas que podem ser contaminadas serão menores. Isto demonstra a coerência do histórico, onde a distribuição das áreas contaminadas é cada vez menor. Figura 26: Histórico das áreas contaminadas

No mesmo relatório, obteve-se para o ano de 2008 a distribuição fontes de contaminação, apresentadas na forma de gráfico, onde se pode ver a grande importância da contaminação por combustíveis fosseis através dos postos de combustíveis, representando 45%:

87

Figura 27: Distribuição das áreas contaminadas (CONSEMA, 2010)

Chega-se à municipalização das áreas contaminadas pela CETESB, através das áreas contaminadas e reabilitadas, como apresentado para o ano de 2007: Tabela 32: Áreas contaminadas e reabilitadas (CETESB, 2007)

6.5.5.3 Número de Acidentes Este indicador é relacionado com diversos fatores, principalmente os usos e ocupações do solo em locais irregulares, como encostas e morros, fato comum na Baixada Santista pela condição geográfica do local e a ausência de planejamento urbano. Na AGEM (Agencia Metropolitana da Baixada Santista), foi instituído em 2002 o PRIMAC – Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas de Inundação, Erosão e Deslizamento. Estas áreas críticas podem ser observadas:

88

Tabela 33: Áreas críticas (AGEM, 2008)

Devido destas áreas críticas, ocorrem muitos acidentes. No Relatório de Qualidade Ambiental também se encontra algumas informações sobre acidentes, apresentadas a seguir: Tabela 34: Acidentes (CONSEMA, 2010)

Acidentes Ano 2004 2005 2006 2007 2008 Baixada Santista 19 18 16 5 6 Estado de São Paulo 294 283 294 147 187

Tabela 35: Envolvidos (CONSEMA, 2010) Envolvidos Ano 2004 2005 2006 2007 2008 Baixada Santista 432 128 38 287 1391 Estado de São Paulo 4737 13164 6387 4581 16019

Tabela 36: Óbitos (CONSEMA, 2010)

Óbitos Ano 2004 2005 2006 2007 2008 Baixada Santista 0 1 4 4 3 Estado de São Paulo 24 41 28 21 31

Os números de acidentes diminuíram no período apresentado. Apesar do numero de acidentes ter diminuído, o numero de envolvidos aumentou fortemente, como acontecimento de acidentes mais severos.

89

6.6 Cenários Os cenários são uma importante ferramenta dentro do PIR, desta forma se procurou seguir a metodologia prescrita pelos Relatórios Técnicos Científicos do projeto PIR_na_USP. É evidente que cumprir todos os procedimentos ali descritos não cabem no âmbito deste trabalho, desta forma diversas adaptações se fizeram necessárias. Tentou-se explicar e justificar todas elas nos próximos itens deste capítulo, de maneira a permitir que as simplificações e imperfeições possam ser melhoradas e corrigidas em uma revisão futura, em que se pretenda uma abordagem mais profunda dos cenários energéticos da RMBS. Todas as tabelas e gráficos apresentados neste capítulo são de elaboração própria deste grupo, desta forma não será mencionada nenhuma fonte para elas. 6.6.1 Ano Base para a Região Metropolitana da Baixada Santista

6.6.1.1 A Árvore de Demanda

A estratificação das informações é uma importante ferramenta para que se possa verificar ao longo do tempo a alteração de comportamentos de consumo ou os efeitos de uma mudança na política energética sobre um determinado uso final. Essa distribuição de critérios de usos energéticos mostra-se, para projeções de longo prazo, de importância determinante para a credibilidade das projeções de análise (RTC_PIRnaUSP417). Para o caso em estudo, a demanda foi distribuída em setores de consumo residencial, comercial, público, industrial, de transportes e energético, para algumas fontes energéticas os setores comercial e público foram considerados um só. O setor Rural/Agrícola não é relevante para a RMBS, devido ao seu alto grau de urbanização, foi considerado apenas nas projeções de eletricidade. Em seguida foi feita a estratificação em usos finais, considerando a divisão utilizada pelo Balanço de Energia Útil (BEU - MME, 2005): Força Motriz (FM), Aquecimento Direto (AD), Calor de Processo (CP), Refrigeração (Re) e Iluminação (Il). Os usos finais eletroquímica e outros, integrantes do BEU, não serão considerados aqui por não apresentarem grande significância dentro do contexto deste trabalho. E, por fim, os energéticos utilizados e sua intensidade, como apresentado a seguir (subtraídos os energéticos finais, que serão apresentados mais adiante):

1- Residencial 1.1. Força Motriz 1.2. Aquecimento Direto 1.3. Calor de Processo 1.4. Refrigeração 1.5. Iluminação

2- Comercial

2.1. Força Motriz

90

2.2. Aquecimento Direto 2.3. Calor de Processo 2.4. Refrigeração 2.5. Iluminação

3- Industrial

3.1. Força Motriz 3.2. Aquecimento Direto 3.3. Calor de Processo 3.4. Refrigeração 3.5. Iluminação

4- Público

4.1. Força Motriz 4.2. Aquecimento Direto 4.3. Calor de Processo 4.4. Refrigeração 4.5. Iluminação

5- Transportes

5.1. Força Motriz 5.2. Aquecimento Direto 5.3. Calor de Processo 5.4. Refrigeração 5.5. Iluminação

6- Energético

6.1. Força Motriz 6.2. Aquecimento Direto 6.3. Calor de Processo 6.4. Refrigeração 6.5. Iluminação

6.6.2 Índices de participação setorial e intensidades energéticas A distribuição dos usos finais e demandas em ramificações por si só não respondem ao modelo de construção de cenários, necessitando de seus índices de participação em cada setor, sub-setor, uso final ou energético, bem como a sua intensidade energética deve ser determinada. A distribuição de determinado setor de demanda entre suas sub-estratificações pode ser:

• Saturada, quando um uso final pode ser usado concomitantemente a outro como, por exemplo, 92% das residências de classe C eletrificada rural do setor residencial contam com algum tipo de refrigeração e ao mesmo tempo 98,2% dessas residências contam com algum tipo de aquecimento de água.

91

• Compartilhada, quando uma determinada estratificação, ou uso final é dividida de diversas formas como, por exemplo, do setor residencial eletrificado rural, 58% são classe C, 39% são classe B e 3% são classe A, totalizando 100%

• Unitária, quando o setor em questão é expressado na forma de unidades como, por exemplo, há 274.500 residências na RAA em 2008.

Devido às simplificações adotadas para as condições deste trabalho, evidenciadas na estratificação simplificada da árvore de demanda, os índices de participação setorial aqui serão sempre do tipo Compartilhados.

As intensidades energéticas são o consumo energético total anual que um determinado uso final tem dentro da estratificação a que pertence (uma lâmpada incandescente utilizada em uma residência pode ter uma intensidade energética diferente da mesma lâmpada incandescente em um hotel no setor comercial), caracterizando também uma intensidade de demanda reprimida (pois fosse a mesma lâmpada utilizada o mesmo número de horas nos diferentes setores, teria a mesma intensidade energética). Neste trabalho este fator é considerado apenas indiretamente, pois as construções dos cenários foram baseadas em publicações em que as intensidades energéticas já eram avaliadas. Com exceção das substituições por GN, nas quais se considerou a mesma intensidade entre as fontes envolvidas. Isto é, por exemplo, 100 Kcal de GN Residencial substituíram 100 Kcal de eletricidade residencial na troca de chuveiros elétricos por chuveiros a gás. Esta simplificação foi adotada para facilitar os cálculos e não interfere de maneira significativa no resultado do trabalho. Para o estudo de caso em questão, foram utilizados os dados do BEU (MME, 2005). Na Tabela 12, logo abaixo, estão apresentados os índices de participação setorial utilizados. Tabela 37: Índices de participação setorial

6.6.3 Cenários Energéticos

Foram construídos três cenários energéticos de referência: i) o Cenário Tendencial, ii) o Cenário Gás Total e iii) o Cenário Sustentável. De modo a permitir uma avaliação adequada do comportamento das variáveis e dos indicadores envolvidos no processo de planejamento energético em questão.

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92

Nos tópicos a seguir trataremos da maneira como estes cenários foram construídos, justificando, sempre que possível, as escolhas e os valores utilizados, bem como a relação entre eles. Além, é claro, da apresentação dos resultados obtidos para cada um dos cenários em questão.

6.6.3.1 Cenário Tendencial Conforme a metodologia do PIR na USP, um cenário energético está intimamente ligado ao cenário sócio-economico a partir do qual ele é construído. Desta forma, utilizou-se como base o relatório Projeção de Consumo de Energia e Energéticos e de Emissões de CO2, São Paulo, 2008 – 2020, publicado pela Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (SSE, 2009), que dispõe sobre a projeção tendencial do consumo de energia e de energéticos para o Estado de São Paulo no período entre 2008 a 2020. Este documento utiliza as projeções populacionais realizadas pelo IBGE para o estado de São Paulo até o ano de 2020. Quanto à questão econômica, considera um crescimento de 3,5% a.a. para o PIB brasileiro dentro do horizonte de projeção. Premissas estas que caracterizam as projeções como parte de um cenário tendencial. A escolha desta publicação, e não de outras que também fazem projeções de consumo de energia, foi baseada em três critérios distintos: i) Regionalidade; ii) Obsolecencia; iii) Apresentação dos resultados. Os dois primeiros se referem a características intrínsecas das publicações disponíveis e dizem respeito à região a que se referem as publicações e ao tempo decorrido de sua realização. Desta forma, quanto mais especifico (Brasil > Estado de SP > RMBS) e recente, melhor a adequação das projeções com a realidade da região estudada. Assim sendo, os dispostos no PNE 2030 (Plano Nacional de Energia 2030, MME, 2007) e no PDE 2019 (Plano Decenal de Expansão da Energia 2019, MME e EPE, 2010) serviram como fonte de pesquisa e de complementação, já que suas projeções são realizadas no ambito nacional, distanciando-as da realidade da RMBS. As projeções realizadas pela Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, certamente também apresentam algumas discrepâncias, já que são feitas no âmbito estadual, mas podem ser consideradas adequadas ao escopo deste trabalho, principalmente se considerarmos a inexistência de projeções específicas para a região estudada. Além destes, o relatório final da Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural (CESPEG, 2010) também serviu de base para a elaboração dos cenários aqui descritos.

O terceiro critério diz respeito à facilidade de adaptação em relação aos dados disponíveis para a RMBS. Neste aspecto, considerando que os dados disponíveis e aqui utilizados sobre o consumo energético da região são oriundos da Secretaria de Saneamento e Energia (SSE), não é dificil perceber a vantagem de se utilizar um documento de origem comum, que apresenta seus resultados em divisões setoriais e de energéticos bastante similares.

93

No que diz respeito à metodologia adotada pelo PCE 2020, suas projeções se deram através da regressão múltipla dos dados de consumo de energia (incluindo todos os energéticos, em Kcal), estimativas de população do estado e PIB setorial estadual (ambas disponíveis no IBGE). A partir da função consumo obtida e da projeção das variáveis exógenas (População e crescimento do PIB de 3,5% a.a.) o consumo de energia total em cada setor até 2020 pôde ser projetado. A evolução da participação de todos os energéticos em cada setor foi considerada, na maioria dos casos, a mesma daquela do inicio da projeção, o ano de 2007. Em alguns casos específicos, em que a analise da evolução da participação dos energéticos indicou tal necessidade, foram elaboradas premissas adicionais sobre essas participações até 2020. Como conseqüência da escolha desta publicação, o cenário tendencial foi criado através da projeção direta do consumo, e não da demanda, dos energéticos dentro de cada setor. Estas projeções foram feitas através da aplicação da taxa de crescimento anual do consumo, obtida com base no documento PCE 2020 (Projeção de Consumo de Energia e Energéticos e de Emissões de CO2, São Paulo, 2008 – 2020, de cada energético considerado (GN, Eletricidade, Derivados de Petróleo e Etanol) dentro de cada setor analisado(Residencial, Comercial e Público, Indústrial, Transportes e etc.). A taxa de crescimento anual para cada energético dentro de cada setor foi obtida através da fórmula:

tx = ((Ci/Cf)^1/t)^(-1)

Onde: tx = taxa de crescimento anual do energético para o setor analisado; Ci = Consumo verificado no ano de 2007 do energético para o setor analisado; Cf = Consumo projetado para o ano de 2020 do energético no setor analisado; t = tempo decorrido entre Ci e Cf. Para o caso em questão t = 13 (2020 – 2007) As taxas obtidas estão na Tabela 12, apresentada a seguir:

94

Tabela 38: Taxas de crescimento de consumo anuais para o Cenário Tendencial �

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Para o caso da Termogeração/Cogeração considerou-se que a situação permanecerá estabilizada. Ou seja, apenas a cidade de Cubatão, através da Central de Cogeração da Baixada Santista (CCBS), continuará participando deste setor e com o consumo projetado pelo relatório da CESPEG (1,3 mi m³/dia), acrescido da taxa de expansão anual adotada para este setor, que está relacionada ao potencial de Cogeração da região. Os derivados de petróleo tiveram suas taxas calculadas diretamente através da projeção do seu consumo total. Isto é, não se considerou a participação setorial. Isto por motivo de simplificação, possibilitada devido ao fato de que, em geral, estes derivados se apresentam de maneira especializada, ou seja, mais de 2/3 de seu consumo está concentrado em um único setor. Exceção apenas ao Óleo Combustível (50% Indústria e 36% Transportes – BEU2005). Os “Outros” derivados de petróleo têm uma participação bastante pequena na matriz de consumo energético, por isso atribui-se a eles a mesma taxa de crescimento anual projetada para o consumo total de petróleo. Solução que não prejudica o resultado final e evita a inexistência de projeção para os mesmos.

95

Em seguida, estas taxas foram aplicadas aos dados de consumo disponíveis para os municípios da RMBS, oriundas do Anuário Estatístico de Energéticos (SSE – SP, 2009), sendo extrapoladas até o ano de 2040, nosso horizonte de projeto. Assim se procedeu por se tratar do cenário tendencial, desta forma, após obtida a tendência de expansão dos energéticos para os próximos 10 anos, considerando as políticas já em curso, não faria sentido, dentro deste contexto, atribuir outra taxa para o período após este, já que não se dispõe de nenhuma informação nova para o mesmo. Antes de apresentar os resultados obtidos, é importante ressaltar outro aspecto metodológico relativo apenas ao Gás Natural. Uma vez que todo o trabalho foi realizado com dados municipalizados, um entrave surgiu para a projeção deste energético, já que ele ainda não está presente em todas as cidades da RMBS. A questão de quando o GN iria entrar em cada setor de cada cidade foi resolvida através da consulta aos planos de expansão da COMGÁS (em: www.comgas.com.br), empresa responsável pela distribuição de gás natural na região, e da constatação de que está expansão é balizada por critérios geográficos, partindo de Santos e se espalhando para as bordas. Assim, estabeleceu-se como regra a entrada do GN em uma nova cidade a cada 2 (dois) anos, considerando o critério geográfico para definir a ordem dos municípios. A exceção é o ano de 2011, no qual, segundo a COMGÁS, São Vicente e Guarujá já disporão de redes de distribuição. A questão de quanto gás será consumido por cada cidade no ano de entrada do energético se deu de três formas:

1) Para os setores comercial (setor público incluso) e residencial:

Cx (ano1) = Csantos2008 * Pop.X / Pop.Santos

Cx (ano2) = Csantos2009 * Pop.X / Pop.Santos Onde: Cx (ano 1) = Consumo do Município X no ano de entrada; Cx (ano2) = Consumo do Município X no 2º ano; Csantos200X = Consumo de Santos no ano 200X; Pop.X = População do Município X; Pop.Santos = População de Santos. • A escolha de Santos como parâmetro se deve ao fato de que esta é a

única cidade da região a já dispor de rede de distribuição residencial e comercial de gás natural.

• Considerou-se a população atual das cidades, pois a variação de seu valor

relativo não é significante para os próximos 8 (oito) anos, quando entrará a última cidade (Peruíbe).

96

2) Setor Industrial:

Cx (ano1) = Csantos2008 * PIB.X / PIB.Santos

Cx (ano2) = Csantos2009 * PIB.X / PIB.Santos

Onde: Cx (ano 1) = Consumo do Município X no ano de entrada; Cx (ano2) = Consumo do Município X no 2º ano; Csantos200X = Consumo de Santos no ano 200X; PIB.X = PIB municipal de X; PIB.Santos = PIB municipal de Santos. • Apesar de Cubatão ser o grande consumidor de GN Industrial da região,

utilizá-la como parâmetro não refletiria a realidade dos outros municípios em questão, devido ao seu extenso e intensivo pólo industrial. Desta maneira, novamente Santos foi escolhida como base.

• O uso dos valores de PIB atuais é justificado pelo mesmo argumento

utilizado para a população no caso anterior. 3) Setor de Transportes: À exceção de Bertioga, Itanhaém e Peruíbe, todas as outras cidades já possuem pelo menos um posto de GNV. No entanto, apenas as cidades de Santos (1 posto de GNV) e Cubatão (2 postos de GNV) já dispõem de dados de consumo. Então, utilizou-se os dados de consumo de Santos, que possui apenas um posto de GNV, para a extrapolação para as outras cidades, de maneira direta, isto é, considerando que um posto representa sempre o mesmo consumo.

Os resultados obtidos estão apresentados nas tabelas e gráficos a seguir. Para facilitar a visualização e o entendimento, as tabelas foram resumidas, constando apenas as projeções relativas aos anos de 2010, 2020, 2030 e 2040. Além disso, foram suprimidos os dados de cada município, sendo apresentado apenas o consumo total da região. Para os dados completos consulte o Anexo 01. Consumo projetado por energético para o Cenário Tendencial:

Tabela 39: Consumo Tendencial de Gás Natural (103 kcal)� �

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Gráfico 1: Consumo setorial de Gás Natural

Podemos notar, da observação do gráfico acima, que o GN apresenta uma forte tendência de crescimento no setor industrial e na geração de energia. Isto se deve ao seu grande potencial de substituir os energéticos de petróleo nestas aplicações, além da tendência de diversificação da matriz de geração energética observada em todo o país. Nos outros setores o GN encontra energéticos mais competitivos, como é o caso da eletricidade nos setores residencial e comercial, mesmo assim o GN deve apresentar um crescimento substancial nestes dois setores. O GNV é o RE do GN que possui a menor expectativa de expansão, isto é conseqüência da competição com o Etanol, mais barato e “limpo” que o GN. Entretanto, esta tendência poderá mudar, já que o GN está sendo considerado como uma opção para o transporte publico urbano. Esta questão ainda é tratada de maneira nebulosa, sem confirmação de nenhuma fonte (de pesquisa), por isso não entrou nas projeções realizadas. ��

Tabela 40: Consumo Tendencial de Eletricidade (10³ Kcal)� �

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Tabela 41: Consumo Tendencial de Etanol e Derivados de Petróleo (10³ kcal) �

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O Gráfico 2 a seguir mostra o consumo dos energéticos em questão ao longo do horizonte de planejamento para o Cenário Tendencial:

Gráfico 2: Consumo Projetado para o Cenário Tendencial

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Conforme esperado para o Cenário Tendencial, o consumo dos energéticos apresenta uma tendência de crescimento praticamente linear. A exceção é o Etanol, cujas expectativas de crescimento são da mesma magnitude que o crescimento de seu consumo verificado nos últimos anos. No entanto, é possível perceber aqui uma possível falha no modelo de projeção utilizado, pois não se considerou a saturação do Etanol no setor de transportes, o que provavelmente induzirá uma atenuação do crescimento do consumo deste energético para um futuro mais distante.

6.6.3.2 Cenário Gás Total Este cenário supõe que todas as substituições tecnologicamente possíveis em relação ao GN sejam realizadas até o final do horizonte de planejamento. Isto é, toda demanda energética possível será suprida pelo GN em 2040. Só não será considerada a sua utilização nos usos em que isso é tecnologicamente impossível. A justificativa para a construção deste cenário, cuja probabilidade de se tornar realidade é extremamente baixa, talvez até nula, é analisar a senbilidade das variáveis ambientais, sociais e econômicas à entrada dos RE’s oriundos do GN. Verificando seus pontos fracos e fortes, quando existirem, além de indicar os melhores caminhos a serem seguidos e aqueles que talvez possam incorrer em percalços indesejados. Sua construção se baseou na demanda energética projetada pelo Cenário Tendencial, obtida do cruzamento dos dados oriundos das projeções de consumo do referido cenário com os dados disponíveis no BEU (MME, 2005). Com esses dados foi possível determinar as parcelas do consumo de Eletricidade que eram devidas aos usos finais anteriormente mencionados (Força Motriz, Aquecimento Direto, Calor de Proceso, Refrigeração e Iluminação) para cada setor de consumo, permitindo que se inferisse qual o potencial tecnologicamente possível de substituição para esta fonte. Para o caso dos Derivados de Petróleo, utilizaram-se os dados do BEU (MME, 2005) para determinar a distribuição relativa de cada um deles nos setores de consumo, de modo a permitir distribuir sua substituição pelo Gás Natural nestes mesmos setores. Enfim, as substituições foram consideradas de maneira gradativa, ou seja, apenas no ano de 2040 será alcançada a substituição total. Desta forma, cada uma das substituições relacionadas abaixo foram implementadas conforme a seguinte gradação: Tabela 42: Graus de Substituição

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As substituições consideradas para o Cenário Gás Total (GT) foram:

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Setor Residencial

• GLP totalmente substituído por GN no ano de 2040.

• 44% (24% chuveiro, 20% condicionamento ambiental – PROCEL/Eletrobrás 2005) da energia elétrica residencial substituída por GN em 2040.

Setores Comercial e Público

• GLP, Diesel e Óleo Combustível totalmente substituídos por GN no ano de 2040.

• 25% da energia elétrica comercial e pública, referentes ao uso em força

motriz, aquecimento direto e condicionamento ambiental. Setor Indústrial

• GLP, Diesel e Óleo Combustível totalmente substituídos por GN no ano de 2040.

• Substituição de 50% do coque utilizado na indústria até 2040.

• 90% da energia elétrica indústrial, referentes ao uso em força motriz,

aquecimento direto e condicionamento ambiental. Setor de Transportes

• Substituição completa do Etanol e da Gasolina Automotiva. Termelétricas Considerando as substituições realizadas, que reduziram consideravelmente o consumo de energia elétrica da RMBS no horizonte de planejamento, a UTE Cubatão, já em operação, é suficiente para suprir a demanda de energia elétrica da região. Os resultados obtidos estão apresentados nas tabelas e gráficos a seguir. Para facilitar a visualização e o entendimento, as tabelas foram resumidas, constando apenas as projeções relativas aos anos de 2010, 2020, 2030 e 2040. Além disso, foram suprimidos os dados de cada município, sendo apresentado apenas o consumo total da região. Consumo projetado por energético para o Cenário GT:

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Tabela 43: Consumo de Gás Natural - Cenário GT (10³ Kcal)��

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Gráfico 3: Consumo setorial de Gás Natural – Cenário GT

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Ao analisar o gráfico acima é preciso tomar certo cuidado, ele pode dar a falsa impressão de que o GNV é um recurso energético altamente promissor, que poderá vir a ter um alto grau de expansão. No entanto, essa impressão é falsa, e é conseqüência da substituição completa do Etanol neste cenário. É importante frisar que a construção deste cenário tem como principal intenção explicitar os efeitos e conseqüências da utilização do GN sobre os meios considerados. A identificação de possíveis novas tendências de aplicações do GN deve ser fruto da analise destes efeitos, e não apenas do simples potencial tecnológico de substituição que o GN representa. �

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Tabela 44: Consumo de Eletricidade – Cenário GT (10³ Kcal) �

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Tabela 45: Consumo de Etanol e Derivados de Petróleo – Cenário GT (10³ Kcal)�� ����� ����� ��!�� �����

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O Gráfico 4 a seguir mostra o consumo dos energéticos em questão ao longo do horizonte de planejamento para o Cenário GT:

103

Gráfico 4: Consumo projetado para o Cenário GT

Conforme previsto, de acordo com as premissas adotadas para a construção deste cenário, o aumento do consumo de GN é extremamente alto. Os efeitos observados devido à projeção de consumo do Etanol para o Cenário Tendencial são atenuadas para o GT. Observando o resultado das projeções para o ano de 2040, fica evidente a contribuição deste cenário na avaliação dos possíveis efeitos de uma política altamente pró-GN. Ao extrapolar seu uso ao limite, colocou-se uma lupa sobre este energético, evidenciando mais claramente seus pontos fracos e fortes dentro do contexto energoambiental. Mais a frente neste trabalho, quando forem apresentadas as projeções dos indicadores, esta idéia será vista de forma concreta.

6.6.3.3 Cenário Sustentável Definir o que é ou não sustentável, dentro do processo de planejamento energético, é uma tarefa bastante complexa, que só pode ser fruto de um trabalho árduo de pesquisa e análise de inúmeras publicações e políticas relacionadas ao tema, além de profunda reflexão acerca deste. Desta forma, ao deparar-se com um estudo que contempla estes quesitos, é impossível deixá-lo a margem do processo de criação de um cenário sustentável.

104

Por este motivo, a criação do Cenário Sustentável para este trabalho foi baseada no Cenário Sustentável construído para a RAA (Região Administrativa de Araçatuba) na elaboração do PIR desta região, e que está descrito no RTC/PIRnaUSP 417 (2009). O cenário sustentável busca uma análise de quebra de paradigma do cenário tendencial, buscando formas de ilustrar o que é possível alcançar com mudanças estruturais, políticas, e sociais (RTC/PIRnaUSP 417, 2009). O Cenário Sustentável elaborado para o referido Relatório Técnico Científico adota as seguintes premissas para a realização de suas projeções:

• Melhorias na distribuição de renda e acesso aos serviços energéticos;

• Crescimento econômico sustentado

• Grande evolução na eficiência energética

• Aumento do poder de compra das classes mais baixas

• Políticas energéticas de redução do consumo e aumento de rendimento

• Redução das perdas na transmissão de energia elétrica

Os valores quantitativos destas premissas não serão aqui apresentados, pois, por se tratar de uma adaptação, não seria conveniente passar a idéia de que as variáveis utilizadas neste trabalho são as mesmas. O que se fez, de fato, foi adaptar os resultados encontrados para a RAA para a RMBS. Isto se deu através da extrapolação das taxas de expansão da demanda projetada para cada setor dentro do Cenário Sustentável do RTC/PIRnaUSP 417. Ou seja, os cálculos realizados foram bastante similares àqueles utilizados para a construção do Cenário Tendencial. A diferença é que para o Cenário Sustentável utilizou-se da taxa de expansão da demanda setorial, permitindo que se pudesse construir, inicialmente, um cenário de demanda energética. As taxas de crescimento setorial utilizadas para este cenário estão na tabela a seguir: Tabela 46: Taxas de Expansão – Cenário Sustentável

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O setor de transportes não estava explícito no referido RTC. Devido às semelhanças entre os setores, utilizou-se a taxa encontrada para o setor Industrial. Em seguida, foram aplicadas as substituições por GN consideradas benéficas, do ponto de vista sustentável, de modo a reduzir o estresse do sistema elétrico e a predominância dos derivados de petróleo na matriz energética. Para o caso do setor de transportes, na classe dos veículos de motores Ciclo Otto, estabeleceu-se como meta a proporção de 2:2:1 entre Etanol, GN e Gasolina. Isto porque, apesar de suas benesses ambientais, a expansão das áreas de cultivo de cana ainda é um assunto controverso. Desta forma, preferiu-se balancear o consumo do Etanol com o do GN e reduzir a gasolina a apenas 1/5 do total. Os resultados obtidos estão apresentados nas tabelas e gráficos a seguir. Para facilitar a visualização e o entendimento, as tabelas foram resumidas, constando apenas as projeções relativas aos anos de 2010, 2020, 2030 e 2040. Além disso, foram suprimidos os dados de cada município, sendo apresentado apenas o consumo total da região. Consumo projetado por energético para o Cenário Sustentável:

Tabela 47: Consumo de Gás Natural - Cenário Sustentável (10³ Kcal)����� ����� ����� ��!�� �����

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Gráfico 5: Consumo Setorial de Gás Natural – Cenário Sustentável�

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O gráfico exposto acima nos permite observar e constatar que as políticas e práticas sustentáveis, no ambito de consumo e produção de energia, passam por uma maior utilização do Gás Natural, em todos os setores da economia. É claro que uma parcela disto se deve à inscipiencia do país, e da região estudada, no uso deste energético. Fato este que, conforme se vê neste trabalho, está mudando e deve continuar a mudar. �

Tabela 48: Consumo de Eletricidade – Cenário Sustentável (10³ Kcal) ���� ����� ����� ��!�� �����

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Tabela 49: Consumo de Etanol e Derivados de Petróleo – Cenário Sustentável (10³ Kcal)�� ����� ����� ��!�� �����

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O Gráfico 6 a seguir mostra o consumo dos energéticos em questão ao longo do horizonte de planejamento para o Cenário Sustentável: Gráfico 6: Consumo projetado para o Cenário Sustentável

O principal aspecto que deve ser considerado na avaliação deste cenário é a sensível redução no consumo energético dentro de cada setor, bem como da quantidade total de energia consumida, quando comparado ao Cenário Tendencial.

108

Dentro desta mesma ótica, o gráfico acima e as projeções para este cenário nos permite observar o potencial existente quanto à redução do consumo energético, sem que, para isso, seja necessário frear o desenvolvimento humano. 6.6.4 Comparativo entre Cenários

A seguir são apresentadas a Tabela 14 e o Gráfico 7, que apresentam a comparação do Consumo Energético Total dos cenários projetados. Obviamente, devido à metodologia adotada, os cenários Tendencial e GT têm resultados similares quanto ao consumo de energia total da região. Se aplicássemos taxas de equivalência energética nas substituições, isto é, se fossem consideradas as diferenças de eficiência energética entre o GN e os energéticos substituídos, apareceriam algumas diferenças. No entanto, para esta análise geral, essa diferença não seria muito significativa, já que uma substituição acabaria compensando a outra, já que a quantidade de derivados de petróleo (menos eficiente que o GN) é maior que a substituição de energia elétrica (mais eficiente que o GN).

Tabela 50: Consumo Energético Total por Cenário 109 kcal)� �

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Gráfico 7: Consumo Energético Total por Cenário

As projeções acima corroboram o que foi dito na análise do Gráfico 03, mostrando claramente a diferença no consumo energético da RMBS entre o Cenário Sustentável e os outros dois. Esta diferença nos permite enxergar a importância dos RELD (Recurso Energético pelo Lado da Demanda) no planejamento energético. Já que através deles é possível reduzir o déficit, ou aumentar o superávit, energético sem a necessidade de investimentos na produção de energia, o quê, em geral, é mais caro e mais impactante no meio ambiente. O gráfico a seguir compara o consumo projetado de Gás Natural para os três cenários considerados.

110

Gráfico 8: Consumo de GN por cenário

O gráfico acima permite visualizar melhor a idéia que tem sido mostrada na apresentação destes cenários e do trabalho em si, a de que o Gás Natural tem um grande potêncial de promover o Desenvolvimento Sustentável, no ambito energético. No entanto, nos permite observar que nem sempre o GN é a melhor opção, fica claro que algumas substituições são benéficas e induzem à um cenário de sustentabilidade, mas em outros casos é necessário considerar uma matriz energética diversificada, fruto do uso de fontes variadas. 6.7 Projeção de indicadores 6.7.1 Meio Aéreo

6.7.1.1 Poluentes Conforme é apresentado no item 6.5.2.1, do mapeamento ambiental, as concentrações de MP10 e PTS nas estações, estão diretamente relacionadas com as emissões pelas empresas, ou seja, o pólo industrial de Cubatão (estação Vila-Parisi), e esta é relacionada diretamente com a matriz energética utilizada nas indústrias. Por este ponto, os poluentes aéreos são os indicadores mais influenciados pela utilização do gás natural na Baixada Santista. A USIMINAS (antiga COSIPA), produz 4,5 milhões de toneladas de aço por ano, o que representa 10% do setor de siderurgia nacional. Como foi apresentado no mesmo item 6.5.2.1, o grande emissões de MP10 dentre as industrias de Cubatão é a USIMINAS, que utiliza grande quantidade de coque em seus processos.

111

Esta industria representou 62% das emissões de material particulado das industrias no ano de 2009. Para os anos anteriores, é apresentado o histórico abaixo: Tabela 51: Histórico das emissões por empresas (CETESB)

Empresa USIMINAS

(antiga COSIPA)

Petrobras S/A - RPBC

Ultrafértil Complexo

Piaçaguera - CPG

Total (1000t/ano)

2004 2886,48 113,97 336,89 3,83 % 75% 3% 9% 87%

2005 2640,87 227,8 356,24 3,72 % 71% 6% 10% 87%

2006 2825 406,12 352,72 3,95 % 72% 10% 9% 91%

2007 2498,54 431,19 356,64 3,68 % 68% 12% 10% 89%

2008 4159,16 303,31 356,77 5,16 % 81% 6% 7% 93%

2009 2001,41 560,91 316,2 3,22

Emissão de MP(ton/ano)

% 62% 17% 10% 89% Ou seja, a emissão de MP da USIMINAS representa grande parte das emissões totais das empresas, sendo que no histórico apresentado, no ano de 2008 a empresa chegou a emitir 81% do MP das empresas do pólo industrial de Cubatão, tendo grande contribuição para que os índices de MP da Estação de Vila Parisi ultrapassem o padrão da Sabesp, como demonstrado no item 6.5.2.1.

112

Tabela 52: Cenários Energético Tendencial Tendencial

Energéticos 2010 2020 2030 2040 GN 5.760.625.371 7.726.702.958 9.011.274.264 10.605.414.659

Eletricidade 5.911.627.545 7.159.400.736 8.584.214.702 10.436.371.606 Gasolina 1.676.367.932 1.123.569.917 753.062.221 504.732.906

Diesel 3.185.848.895 4.292.291.803 5.783.001.495 7.791.433.534 Oleo Combustível 198.318.112 197.382.566 196.451.434 195.524.694

GLP 415.003.311 417.388.444 419.787.284 422.199.911 Coque 10.117.459.572 11.544.210.400 13.172.159.751 15.029.680.376 Etanol 1.151.639.998 2.548.809.602 5.483.959.824 11.799.161.195 TOTAL 28.416.890.737 35.009.756.427 43.403.910.975 56.784.518.881

Energéticos 2010 2020 2030 2040

GN 20,27% 22,07% 20,76% 18,68% Eletricidade 20,80% 20,45% 19,78% 18,38%

Gasolina 5,90% 3,21% 1,74% 0,89% Diesel 11,21% 12,26% 13,32% 13,72%

Oleo Combustível 0,70% 0,56% 0,45% 0,34% GLP 1,46% 1,19% 0,97% 0,74%

Coque 35,60% 32,97% 30,35% 26,47% Etanol 4,05% 7,28% 12,63% 20,78% TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Figura 28: Matriz energética 2010 – Tendencial

113

Figura 29: Matriz energética 2040 – Tendencial

Tabela 53: Cenários Energético Gás Total

Gás Total Energéticos 2010 2020 2030 2040

GN 5.760.625.371 13.845.360.860 25.000.414.562 44.518.612.618 Eletricidade 5.911.627.545 5.653.509.122 4.967.148.470 3.883.287.983

Gasolina 1.676.367.932 749.046.611 251.020.740 - Diesel 3.185.848.895 3.006.789.525 2.319.089.003 791.043.519

Oleo Combustível 198.318.112 157.409.612 116.882.662 76.734.573 GLP 415.003.311 278.258.962 139.929.095 -

Coque 10.117.459.572 9.620.175.333 8.781.439.834 7.514.840.188 Etanol 1.151.639.998 1.699.206.402 1.827.986.608 - TOTAL 28.416.890.737 35.009.756.427 43.403.910.975 56.784.518.881

Energéticos 2010 2020 2030 2040

GN 20,27% 39,55% 57,60% 78,40% Eletricidade 20,80% 16,15% 11,44% 6,84%

Gasolina 5,90% 2,14% 0,58% 0,00% Diesel 11,21% 8,59% 5,34% 1,39%

Oleo Combustível 0,70% 0,45% 0,27% 0,14% GLP 1,46% 0,79% 0,32% 0,00%

Coque 35,60% 27,48% 20,23% 13,23%

Etanol 4,05% 4,85% 4,21% 0,00% TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

114

Figura 30: Matriz energética 2040 – Gás Total

Tabela 54: Cenários Energético Sustentável Sustentável

Energéticos 2010 2020 2030 2040 GN 5.760.625.371 9.924.776.890 13.907.248.857 17.872.040.344 Eletricidade 5.911.627.545 4.486.311.689 3.254.075.438 2.133.971.852 Gasolina 1.676.367.932 1.104.277.448 728.569.305 480.688.285 Diesel 3.185.848.895 2.043.330.316 1.109.276.545 266.323.601 Oleo Combustível 198.318.112 149.379.131 105.763.264 66.206.694 GLP 415.003.311 277.116.229 137.542.995 - Coque 10.117.459.572 7.783.431.191 5.860.121.953 4.136.313.945 Etanol 1.151.639.998 1.025.986.961 993.156.496 961.376.570 TOTAL 28.416.890.737 26.794.609.855 26.095.754.853 25.916.921.291 Energéticos 2010 2020 2030 2040 GN 20,27% 37,04% 53,29% 68,96% Eletricidade 20,80% 16,74% 12,47% 8,23% Gasolina 5,90% 4,12% 2,79% 1,85% Diesel 11,21% 7,63% 4,25% 1,03% Oleo Combustível 0,70% 0,56% 0,41% 0,26% GLP 1,46% 1,03% 0,53% 0,00% Coque 35,60% 29,05% 22,46% 15,96%

Etanol 4,05% 3,83% 3,81% 3,71%

TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

115

Figura 31: Matriz energética 2040 – Sustentável

A metodologia utilizada para considera que o MP10 e PTS só estão saturados na zona industrial e que a principal fonte de emissão destes poluentes é a USIMINAS (antiga COSIPA), que utiliza como principal combustível o coque, como demonstrado anteriormente. Através da matriz energética para os cenários, onde se observa a variação do combustível coque utilizado na região, projeta-se a variação das emissões de MP10 e PTS, ou seja, a taxa de emissão de poluentes varia conforme a taxa de variação de uso do coque nos cenários energéticos.

Tabela 55: Cenários das emissões de MP10

Emissão de MP10 (ton/ano) TENDENCIAL GÁS TOTAL SUSTENTÁVEL

ANO Emissão Total de

MP Emissão Total de

MP Emissão Total de MP

2010

3.220

3.220

3.220

2020

3.674

3.062

2.477

2030

4.192

2.795

1.865

2040

4.783

2.392

1.316

116

Figura 32: Projeções das emissões de MP10

No Cenário Sustentável onde o volume de coque utilizado é o menor, a emissão de MP também é a menor. Para calcular as concentrações "industriais" foi calculada a diferença média entre os dados em V. Parisi e Centro para os dois poluentes e somente essa média (em % relativa aos dados totais de V. Parisi) que foi projetada. A seguir é apresentada a metodologia utilizada. Tabela 56: Cálculo para isolar as emissões de MP10

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Para as concentrações de MP10 e PTS, a metodologia é a mesma. Conforme se comporta a taxa de variação do uso do coque, se comporta a taxa de variação da concentração de MP10 e PTS.

117

Tabela 57: Cenários das concentrações de MP10 Concentração de MP10 (�g/m³)

TENDENCIAL GÁS TOTAL SUSTENTÁVEL

ANO Conc. Total de

MP Conc. Total de

MP Conc. Total de

MP

2010

68,00

68,00

68,00

2020

73,99

65,91

58,20

2030

80,83

62,39

50,12

2040

88,63

57,07

42,88 Figura 33: Projeções das concentrações de MP10

Tabela 58: Cenários das concentrações de PTS

Concentração de PTS (�g/m³) TENDENCIAL GÁS TOTAL SUSTENTÁVEL

ANO Conc. Total de

MP Conc. Total de

MP Conc. Total de

MP

2010 138,00

138,00

138,00

2020 152,15

133,07

114,85

2030 168,30

124,75

95,77

2040 186,72

112,19

78,67

118

Através das comparações de concentração de MP10 e PTS, nota-se que os vigilantes “poluentes” possuem um melhor desempenho para o cenário Sustentável, uma vez que o combustível coque que é o maior responsável pela emissão de PTS e MP10 possui menor consumo no cenário Sustentável, mostrando a relação direta entre a matriz energética e a concentração dos poluentes na atmosfera. Figura 34: Projeções das concentrações de PTS

A emissão de CO2 tem uma relação direta a matriz energética utilizada. Através do Balanço Energético do Estado de São Paulo obteve-se um histórico de emissões, e através deste e do cenário energético tendencial, chegou-se as projeções de CO2 para a RMBS para o período proposto: Tabela 59: Cenário Tendencial

Tendencial 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Emissão Total de CO2 - t^6/ano 3,10 3,18 3,30 3,41 3,52 3,63 3,74

Para o Cenário Gás Total, ocorre uma pequena redução da emissão de CO2 relacionadas com a substituição de alguns derivados de petróleo pelo GN, que propicia uma menor emissão de CO2. Porém, ocorre um significativo aumento causado pela substituição de processos que emitem uma quantidade menor de CO2, como a substituição da energia elétrica do sistema nacional, pela energia elétrica produzida através do GN, e a substituição do etanol pelo GN, já que o etanol possui um ciclo de carbono mais eficiente pela absorção no crescimento na cultura de cana de açúcar. É apresentada a projeção de CO2 para o Gás Total, com base no respectivo cenário energético:

119

Tabela 60: Cenário Gás Total Gás Total

2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Emissão Total

de CO2 - t^6/ano 3,10 3,33 3,55 3,77 3,95 4,26 4,41

Para o Cenário Sustentável, ocorre uma ligeira redução do consumo de energia como apresentado pelo cenário energético sustentável. Esta redução causa uma pequena redução na emissão de CO2, devido à relação direta existente entre ambas. É apresentada a seguir a projeção de emissão de CO2 para este cenário: Tabela 61: Cenário Sustentável

Sustentável 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Emissão Total de CO2 - t^6/ano 3,10 3,10 3,05 3,04 2,98 2,94 2,90

Figura 35: Projeções de CO2

Ao se fazer uma somatória das emissões dos três cenários para o período de 2010 a 2040, chega-se aos valores de emissões totais de CO2 neste período: - Sustentável: 93,44 ton^6 - Tendencial: 105,61 ton^6 - Gás Total: 116,96 ton^6 Através destes valores, chega-se que no cenário Gás Total, ocorreu uma 25% maior do que no cenário Sustentável, e 11% a mais do que no cenário Tendencial. Ou seja, para este indicador o cenário Gás Total possui uma desvantagens com relação aos outros.

120

6.7.2 Meio Aquático

Para se projetar os cenários do meio aquático, além de se basear nos cenários energéticos desenvolvidos, utilizou-se o Plano de Bacia Hidrográfica para o Quadriênio 2008-2011 do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista e o Programa Onda Limpa da Sabesp, que está incluso no Plano do Comitê da Bacia. Conforme a tabela retirada do Plano do Quadriênio para a Bacia da Baixada Santista, a região trata 100% do esgoto coletado desde o ano de 2004: Tabela 62: Projeção de tratamento do esgoto coletado – Sabesp

Porém, a coleta de esgotos na Baixada Santista é Baixa, como apresentada na tabela, e com exceção de Santos, nenhuma das cidades possui um índice de coleta maior do que 61%:

121

Figura 36: Projeção do esgoto coletado – Sabesp

Ou seja, a falta de coleta de esgotos é a justificativa para os índices insatisfatórios dos indicadores do meio aquático para o mapeamento. Conforme descreve o programa Onda Limpa da Sabesp, ao longo do programa que tem prazo para término em dezembro de 2011, serão investidos R$ 1,4 bilhão na Baixada Santista. Dentre os investimentos, se tem: - 7 (unidades) de estações de tratamento de esgotos, com capacidade de 1,62 m³/s; - 2 (unidades) estações de pré-condicionamento, com capacidade total de 6,7 m³/s; - 1,15 km de emissário terrestre; - 4,40 km de emissário submarino; - 1.058,97 km de redes coletoras; - 49,46 km de coletores-tronco; - 123.024 ligações domiciliares; - 102 estações elevatórias; - 70,66 km linhas de recalque; - 2,2 km de interceptores; - 6 (unidades) sistemas de admissão de água dos canais (reforma). Como apresentado anteriormente, para o ano de 2020 a projeção de coleta de esgotos é de 95% e a de tratamento do esgoto coletado é de 100%. Devido estas projeções e os investimentos realizados pelo Programa Onda Limpa, projetou-se uma grande melhora significativa nos indicadores do Meio Aquático para o período de 2010 a 2020, chegando-se ao Cenário Tendencial e Gás Total. Para o Cenário Sustentável, existe um acréscimo na melhora dos indicadores causada por uma relação indireta com Cenário Energético Sustentável, que através da redução do consumo de energia total, contribui para uma pequena melhora nos fatores monitorados que compõe os indicadores do meio aquático. Através das informações apresentadas anteriormente, chega-se às projeções dos indicadores para os Cenários Tendencial, Gás Total e Sustantável:

122

6.7.2.1 IQA – Índice de Qualidade das Águas Tabela 63: Cenários IQA

IQA 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Tendencial e Gás Total 59 76 83 86,5 86,5 87,5 88,8

Sustentável 62 80 91 92,7 94 95,5 96,3 Figura 37: Cenários IQA

6.7.2.2 IVA – Índice de Qualidade e Proteção da Vida Aquática

Tabela 64: Cenários IVA IVA

2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Tendencial e Gás Total 5 3,6 2,5 2,1 1,8 1,6 1,6 Sustentável 4,8 3,3 2,2 1,6 1,3 1,05 0,8

123

Figura 38: Cenários IQA

Tabela 65: Cenários Balneabilidade

Tendencial e Gás Total Porcentagem de Praias Próprias o

ano todo 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 98% 99% 99% 100% 100% 100% 100% Guarujá 90% 94% 97% 98% 98% 98% 99% Santos 56% 76% 94% 95% 96% 97% 98%

São Vicente 44% 69% 94% 95% 96% 97% 98% Praia Grande 55% 75% 91% 93% 94% 96% 97%

Mongaguá 73% 83% 91% 93% 94% 96% 97% Itanhaém 79% 84% 89% 93% 94% 96% 97% Peruíbe 82% 89% 95% 96% 97% 98% 99% MÉDIA 72% 84% 94% 95% 96% 97% 98%

Tabela 66: Cenários Balneabilidade Sustentável Porcentagem de

Praias Próprias o ano todo

2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 98% 99% 99% 100% 100% 100% 100% Guarujá 90% 94% 97% 100% 100% 100% 100% Santos 56% 76% 93% 98% 100% 100% 100%

São Vicente 44% 69% 94% 99% 100% 100% 100% Praia Grande 55% 75% 91% 97% 100% 100% 100%

Mongaguá 73% 83% 91% 96% 100% 100% 100% Itanhaém 79% 84% 89% 94% 99% 100% 100% Peruíbe 82% 89% 96% 100% 100% 100% 100% MÉDIA 72% 84% 94% 98% 100% 100% 100%

124

Figura 39: Cenários Balneabilidade – Projeções de Praias Próprias

6.7.3 Meio Antrópico

6.7.3.1 Rendimento Médio dos Vínculos Empregatícios Baseado no SEADE, obteve-se a série histórica do rendimento mensal da população, onde através desta informação se projetou o cenário tendencial. Tabela 67 Rendimento médio – Cenário Tendencial

Tendencial Rendimento Médio dos Vínculos

Empregatícios 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 1412 1842 2404 3136 4092 5339 6966 Cubatão 1974 2403 2926 3562 4337 5281 6430 Guarujá 1527 1755 2018 2319 2665 3063 3521 Itanhaém 1139 1345 1587 1873 2211 2610 3080 Mongaguá 895 960 1030 1104 1185 1271 1363 Peruíbe 1043 1192 1362 1556 1778 2032 2322 Praia Grande 954 1100 1268 1461 1684 1941 2237 Santos 1595 1981 2460 3055 3794 4712 5852 São Vicente 1123 1331 1576 1868 2213 2622 3106 Média 1296 1545 1848 2215 2662 3208 3875

No Cenário Gás Total, ocorre também um grande aumento do PIB devido à exploração de GN e Petróleo na Baixada Santista. Esta exploração proporciona um

125

maior PIB, aquecendo a economia e tem como consequência um maior rendimento dos empregados. Tabela 68:Rendimento médio – Cenário Gás Total

Gàs Total Rendimento Médio dos Vínculos

Empregatícios 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 1562 2624 4407 7402 12433 20882 35073 Cubatão 2129 3133 4610 6783 9981 14686 21610 Guarujá 1612 2122 2793 3675 4837 6365 8376 Itanhaém 1215 1683 2333 3233 4480 6208 8603 Mongaguá 920 1057 1216 1398 1607 1847 2123 Peruíbe 1099 1430 1860 2420 3149 4097 5330 Praia Grande 1008 1334 1766 2337 3092 4092 5415 Santos 1733 2649 4049 6189 9461 14462 22106 São Vicente 1199 1674 2337 3262 4553 6355 8870 Média 1386 1967 2819 4078 5954 8777 13056

Para o cenário Sustentável, existe uma pequena redução no PIB causado pela menor demanda de GN, impactando no rendimento médio como demonstrado.

Tabela 69: Rendimento médio – Cenário Sustentável

Sustentável Rendimento Médio dos Vínculos

Empregatícios 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 1562 2343 3515 5273 8654 12981 31966 Cubatão 2129 2987 4139 6239 8742 12685 17983 Guarujá 1612 2055 2539 3346 4578 5794 7496 Itanhaém 1215 1462 2184 3007 4206 5763 7413 Mongaguá 920 999 1123 1247 1496 1763 2123 Peruíbe 1099 1362 1766 2236 2963 3644 4963 Praia Grande 1008 1236 1542 2196 2763 3863 4763 Santos 1733 2596 3863 5789 8236 12795 19924 São Vicente 1199 1542 2103 2763 3964 5574 7810 Média 1386 1842 2530 3566 5067 7207 11605

126

Figura 40: Rendimento médio – Cenários

Através deste indicador, nota-se uma grande melhora no rendimento médio da população no caso de exploração do GN no Pré-Sal da Baixada Santista, ocasionado pelo aumento do PIB da região.

6.7.3.2 Frota de Automóveis A projeção da frota de automóveis na RMBS é realizada através da expansão do histórico disponível, chegando ao Cenário Tendencial: Tabela 70: Frota de Automóveis – Cenário Tendencial

Tendencial Frota de automóveis 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 5720 8987 13520 20339 30599 46034 69254 Cubatão 22239 29756 42314 60172 85566 121678 173031 Guarujá 45068 57610 77505 104270 140277 188718 253887 Itanhaém 11689 16607 22923 31642 43677 60289 83219 Mongaguá 5828 9438 14679 22831 35511 55231 85904

Peruíbe 11705 16013 23384 34149 49870 72828 106356 Praia

Grande 43097 66808 104660 163957 256851 402376 630352 Santos 150210 153576 174404 198057 224917 255421 290061

São Vicente 52142 65986 90189 123269 168483 230282 314747

Total 347698 424781 563578 758686 1035751 1432857 2006811 Conforme as projeções do numero de veículos e de população, o cenário tendencial possui o seguinte numero de automóveis por habitante.

127

Tabela 71: Frota de Automóveis – Cenário Gás Total

Habitante por veículo 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 5,12 3,74 2,65 1,93 1,41 1,03 Cubatão 4,76 3,68 2,75 2,13 1,64 1,27 Guarujá 6,05 4,94 3,91 3,19 2,61 2,13

Itanhaém 5,73 4,56 3,51 2,8 2,23 1,77 Mongaguá 5,04 3,56 2,44 1,72 1,22 0,86

Peruíbe 4,01 3,01 2,2 1,65 1,24 0,94 Praia

Grande 4,12 2,89 1,96 1,38 0,97 0,68 Santos 3,21 3,1 2,91 2,81 2,72 2,63

São Vicente 5,78 4,64 3,61 2,91 2,34 1,88 A metodologia utilizada para a projeção dos vigilantes no Cenário Gás Total, manteve-se o numero de automóveis por habitante, chegando aos números: Tabela 72: Frota de Automóveis – Cenário Gás Total

Gás Total Frota de Automóveis 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 5720 6282 6685 7346 8073 8759 8869 Cubatão 22239 24426 25991 28564 31388 34055 34485 Guarujá 45068 49500 52670 57886 63608 69012 69885

Itanhaém 11689 12838 13660 15013 16497 17899 18125 Mongaguá 5828 6401 6811 7485 8225 8924 9037

Peruíbe 11705 12856 13679 15034 16520 17924 18150 Praia Grande 43097 47336 50367 55355 60827 65995 66830

Santos 150210 164982 175548 192930 212003 230016 232925 São Vicente 52142 57270 60937 66971 73592 79845 80855

Total 347698 381891 406348 446584 490733 532429 539161 Para o cenário Sustentável, houve uma pequena redução da frota de veículos, ocasionada pela redução no consumo de energia do cenário Sustentável da matriz energética da região:

128

Tabela 73: Frota de Automóveis – Cenário Gás Total Sustentável Frota de

Automóveis 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 5720 6073 6488 7003 7399 7613 7854

Cubatão 22239 23480 24999 26115 27429 29210 30567

Guarujá 45068 47736 50733 53957 55970 59372 61188

Itanhaém 11689 12003 12473 13005 14802 15583 16493

Mongaguá 5828 6134 6485 7204 7795 8183 8593

Peruíbe 11705 12856 13679 14859 15968 16382 16993

Praia Grande 43097 45879 48034 53739 56382 60232 62940

Santos 150210 163893 171849 182749 185760 198327 192740

São Vicente 52142 55902 59364 64829 68362 70382 72648

Total 347698 373956 394104 423460 439867 465284 470016 Figura 41: Frota de Automóveis

6.7.4 Meio Terrestre

Através do histórico da áreas contaminadas obtido na CETESB e descrito no mapeamento, nota-se que no cenário tendencial, a distribuição das áreas contaminadas tendem a ser menores com o passar do tempo, uma vez que o numero possíveis de locais a serem contaminados é cada vez menor. Chega-se então ao cenário tendencial:

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Tabela 74: Áreas Contaminadas – Cenário Tendencial Tendencial Áreas

contaminadas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 5 6 7 7 8 8 9 Cubatão 30 32 33 34 36 37 37 Guarujá 24 43 55 68 80 93 95 Itanhaém 12 20 25 30 35 40 41 Mongaguá 4 6 7 8 10 11 11 Peruíbe 5 9 11 14 16 19 19 Praia Grande 24 41 52 63 75 86 88 Santos 63 102 129 155 181 207 213 São Vicente 19 27 33 39 44 50 51 Total 186 286 352 418 485 551 564

Sendo a contaminação por áreas contaminadas em postos de combustíveis de 45% como apresentado no mapeamento, a substituição na matriz energética de combustíveis líquidos por GN, causará por si só uma redução considerável no numero de áreas contaminadas, como apresentada a seguir no Cenário Gás Total: Tabela 75: Áreas Contaminadas – Cenário Gás Total

Gás Total Áreas Contaminadas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 5 5 6 6 6 7 7 Cubatão 30 31 31 31 32 32 32 Guarujá 24 29 33 37 40 43 44 Itanhaém 12 16 18 21 23 25 26 Mongaguá 4 5 6 6 7 7 7 Peruíbe 5 7 8 9 11 12 12 Praia Grande 24 32 38 44 49 54 55 Santos 63 83 96 109 122 133 136 São Vicente 19 23 23 23 23 23 23 Total 186 231 259 286 313 336 342

Para o Cenário Sustentável, ocorre uma maior redução das áreas contaminadas em relação ao Gás Total, causada pela redução do consumo de energia demonstrado na matriz energética Sustentável, que consequentemente causa uma redução no consumo de combustíveis e também de áreas contaminadas de postos de gasolinas ou por combustíveis em geral:

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Tabela 76: Áreas Contaminadas – Sustentável Sustentável Áreas

Contaminadas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 5 5 5 6 6 6 6 Cubatão 30 30 30 31 31 31 31 Guarujá 24 26 29 31 33 34 35 Itanhaém 12 13 15 17 19 20 22 Mongaguá 4 5 5 5 6 6 6 Peruíbe 5 6 6 8 8 9 10 Praia Grande 24 27 29 32 35 38 40 Santos 63 71 82 88 97 103 107 São Vicente 19 20 21 21 21 22 22 Total 186 203 222 239 256 269 279

Figura 42: Áreas Contaminadas

Observa-se no gráfico comparativo, a redução da distribuição das áreas contaminadas para os Cenários Gás Total, e para o Cenário Sustentável, uma redução ainda maior do numero de áreas contaminadas.

6.7.4.1 Residentes em áreas críticas Neste vigilante trata a questão de habitação e ocupação de áreas críticas na Baixada Santista, com perigo de deslizamento, inundação e erosão entre outros, podendo causar risco de morte para a população. Utilizou-se a metodologia da AGEM (Agência Metropolitana da Baixada Santista), que afirma que existe uma média de 100 habitações irregulares em cada área crítica. Através desta informação e da finitude de áreas de risco possíveis de serem

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habitadas, projetou-se o numero de habitantes que habitariam áreas críticas, chegando-se ao Cenário Tendencial: Tabela 77: Residentes em áreas críticas – Tendencial

Tendencial Residentes em área críticas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 17166 12789 9528 7098 5288 3940 2935 Cubatão 16308 12149 9051 6743 5024 3743 2788 Guarujá 49781 37087 27630 20584 15335 11425 8511

Itanhaém 9441 7034 5240 3904 2908 2167 1614 Mongaguá 11158 8313 6193 4614 3437 2561 1908

Peruíbe 21458 15986 11910 8873 6610 4925 3669 Praia

Grande 31757 23659 17626 13131 9783 7288 5430 Santos 35190 26217 19531 14551 10840 8076 6017

São Vicente 84972 63304 47162 35135 26176 19501 14528

Total 277231 206537 153870 114633 85402 63624 47400

Para o Cenário Gás Total, devido o aumento do rendimento médio das pessoas, existe a possibilidade da população possui melhor residências em locais mais adequados, propiciando uma diminuição dos habitantes em áreas críticas neste cenário, como apresentado:

Tabela 78: Residentes em áreas críticas – Gás Total

Gás Total Residentes em área críticas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 17166 11845 8173 5639 3891 2685 1853 Cubatão 16308 11253 7764 5357 3697 2551 1760 Guarujá 49781 34349 23701 16354 11284 7786 5372

Itanhaém 9441 6514 4495 3101 2140 1477 1019 Mongaguá 11158 7699 5312 3666 2529 1745 1204

Peruíbe 21458 14806 10216 7049 4864 3356 2316 Praia

Grande 31757 21912 15120 10432 7198 4967 3427

Santos 35190 24281 16754 11560 7977 5504 3798 São Vicente 84972 58631 40455 27914 19261 13290 9170

Total 277231 191289 131990 91073 62840 43360 29918

Já no Cenário Sustentável, acompanhando o rendimento médio da população, também ocorre uma diminuição no numero de habitantes em áreas de risco, porém, com um valor um pouco menor que a do gás total, pois no cenário gás total o rendimento da população é maior:

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Tabela 79: Residentes em áreas críticas – Sustentável Sustentável Residentes

em área críticas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040

Bertioga 17166 12360 8899 6407 4613 3321 2391 Cubatão 16308 11742 8454 6087 4383 3155 2272 Guarujá 49781 35842 25806 18581 13378 9632 6935

Itanhaém 9441 6798 4894 3524 2537 1827 1315 Mongaguá 11158 8034 5784 4165 2999 2159 1554

Peruíbe 21458 15450 11124 8009 5767 4152 2989 Praia

Grande 31757 22865 16463 11853 8534 6145 4424 Santos 35190 25337 18242 13135 9457 6809 4902

São Vicente 84972 61180 44049 31716 22835 16441 11838

Total 277231 199606 143717 103476 74503 53642 38622 Figura 43: Residentes em áreas críticas

Ou seja, ao se analisar a comparação entre as projeções dos vigilantes, nota-se que o Cenário Gás Total é o que propicia melhores condições de habitação para população devido o aumento do rendimento médio.

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7 CONCLUSÕES De acordo com o disposto neste estudo de caso, podemos inferir que o uso do GN na RMBS ainda é bastante incipiente, tendo, então, inúmeras oportunidades de crescimento e expansão. Algumas destas, conforme se pôde verificar, já fazem parte do desenvolvimento energético tendencial da região, outras, entretanto, ainda necessitam de maiores incentivos, através de políticas públicas sustentáveis, e um melhor planejamento, de modo a viabilizá-las economicamente. Fica claro que os REs do GN tendem a ser cada vez mais utilizados, principalmente, como já citado, nos setores industrial e de transporte. Isto se deve, como podemos observar na projeção dos indicadores, aos menores impactos ambientais decorrentes do uso deste energético em relação aos derivados de Petróleo, além da necessidade de se aliviar o sistema elétrico. No entanto, em casos como o da substituição do coque por GN na produção do aço, medidas urgentes são necessárias, pois trata-se de uma questão de saúde pública. Obviamente, a abordagem deste trabalho com relação ao assunto é apenas superficial, sendo necessários maiores estudos quanto ao potencial real de redução de poluentes atmosféricos com a substituição apresentada. De qualquer maneira, é impossível fechar os olhos para esta questão, que se apresenta de maneira critica já hoje, sob pena de, no futuro, pagarmos um preço inaceitável. Desta forma, este trabalho mostra que o caminho do desenvolvimento sustentável no Brasil ainda é longo, mas repleto de soluções viáveis e economicamente vantajosas em longo prazo. Mas, além disso, expõe certas situações nas quais a interferência do poder publico e da sociedade são necessárias para impedir que o interesse econômico de um indivíduo ou grupo suplante o interesse comum, colocando em risco a saúde e a qualidade de vida dos cidadãos. O exposto acima evidencia o que se tentou mostrar ao longo deste trabalho, ainda que a substituição de um combustível mais poluidor e agressivo ao meio ambiente por outro com melhor desempenho ambiental signifique custos diretos maiores, a redução dos custos indiretos, de longo prazo e intangíveis, nos mostram o quão vantajosas essas substituições são, indicando que este é um caminho mais saudável e benéfico para a sociedade e para o país.

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