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Análise Contábil Gerencial, prof. Antônio Lopes de Sá

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ANTÔNIO LOPES DE SÁ

ANÁLISE CONTÁBIL

GERENCIAL

Como administrar uma empresa com

o apoio da análise de

informações contábeis

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Revisão de textos

Marília Soldatelli Britto

Maria Gabriela C. Barbosa

Marinha Luiza R. Oliveira

Capa e Diagramação

Cecília Esteves

Dados de catalogação na publicação

Sá, Antônio Lopes de Análise Contábil Gerencial – Como administrar uma empresa com o apoio da análise de informações contábeis – Antônio Lopes de Sá –

Belo Horizonte: ideas@work, 2011

ISBN: 978-85-63006-02-8

CDD 657 CDU 657

Ideas@Work Informática Ltda.

CNPJ: 07.301.671/0001-31

Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão punidos na forma da lei.

Impresso no Brasil - Produzido por Mastermaq Softwares

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Recebi com agradável surpresa a notícia desta publicação. Uma edição póstuma da última “Análise Contábil” do Mestre LOPES DE SÁ, em que se reconhece o brilho da sua inteligência pela transmissão, com absoluta simplicidade, de ensinamentos da rica doutrina que ele ajudou a construir por décadas seguidas. O livro parece nos dizer – na imortalidade dos gênios – que ele ainda continua conosco.

Seu estilo é inconfundível. Parágrafos curtos. Frases precisas. Palavras incisivas. Raciocínio lógico, quase cirúrgico!

Assim era o nosso inesquecível professor, fosse escrevendo ou falando, sempre buscava o convencimento pela razão demonstrada.

Aqui, já nas primeiras páginas, o leitor encontrará subsídios valiosos quanto à escolha dos critérios de análise contábil para fins gerenciais. A partir do cuidado na seleção desses critérios, desenvolve-se o esquema de operacionalização. Quocientes. Modelos Proporcionais. Percentagens. Números Índices. Padrões Externos. Tudo didaticamente apresentado. Tão fácil de apreender, quão pronto para aplicar.

Útil não apenas para Contadores, mas também para Administradores, Economistas e é claro para empresários, este livro assemelha-se a um receituário para manter as empresas vivas, atuantes e gozando de boa saúde financeira. Contém fórmulas práticas de intervenção para adequar o negócio ao seu espaço, tudo em função das variáveis tecnicamente analisadas.

Oportunamente, o Autor recorre a alguns conceitos da Doutrina Neopatrimonialista, da sua própria lavra. Apresenta novos ensinamentos. Alarga a visão da análise contábil tradicional (mais estática) para incluir outros fatores intervenientes na evolução patrimonial. Valoriza, sobremodo, o aspecto temporal. Analisa a dinâmica da empresa e sua evolução ano a ano, comparando os exercícios passados com o presente e, em especial, avalia a tendência futura.

Como Cientista Social, não deixa escapar sua crítica ao nosso Sistema Tributário, quando afirma: “No Brasil os impostos sobre o lucro pesam duas vezes: primeiro pelo pagamento e segundo pela não dedução do pagamento, ou seja, acaba existindo imposto sobre imposto.”

Eis aqui um livro para ser lido, praticado e meditado.

JUAREZ DOMINGUES CARNEIRO Presidente CFC

PREFÁCIO

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SUMÁRIO

Prefácio ........................................................................................................................... 3

Capítulo1 - Como a informação contábil pode ajudar a administrar coisas básicas necessárias a análise Objetos técnicos de estudos analíticos do Capital - O que analisar ................................ 7

Capítulo 2 - É preciso ter dinheiro em quantidade suficiente e na hora certa em que o mesmo se fizer necessário Análise da Liquidez ....................................................................................................... 31

Capítulo 3 - Objetivo da empresa é lucrar Análise da Rentabilidade ........................................................................................................... 71

Capítulo 4 - Quanto comprar e quanto vender Análise do Equilíbrio Operacional ................................................................................ 93

Capítulo 5 - Vitalidade empresarial como veículo de prosperidade Análise da Economicidade .......................................................................................... 111

Capítulo 6 - Gastar é preciso, mas, exige medida adequada Análise da Correlação Lucro, Vendas e Despesas ....................................................... 125

Capítulo 7 - Venda é sangue no corpo empresarial Análise da Dinâmica das Vendas ................................................................................ 137

Capítulo 8 - Nem usar e nem ceder crédito demais Análise da Correlação Clientes e Fornecedores .......................................................... 143

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Capítulo 9 - Distribuir o lucro deve remunerar, mas, também é necessário capitalizar Análise do Destino do Lucro ....................................................................................... 151

Capítulo 10 - Toda empresa tem risco e deve estudar a natureza do mesmo Análise da Compulsoriedade ....................................................................................... 159

Capítulo 11 - Valorizar o negócio requer boa administração Análise do Fundo de Comércio - Intangível ............................................................... 167

Capítulo 12 - Necessidade de uso de bens tem limite Análise da Imobilização do Capital ............................................................................ 173

Capítulo 13 - Investir fora do negócio requer avaliação de conveniências Análise do Capital Acessório ...................................................................................... 197

Capítulo 14 - Garantir o poder de funcionar depende de uma vitalidade dedicada a manter a capacidade operacional Análise da Funcionalidade do Capital.......................................................................... 205

Capítulo 15 - Diversificar em atividades merece cuidadosa indagação Análise Espacial ou das Linhas de Atividades ........................................................... 215

Capítulo 16 - Ampliar ou reduzir o tamanho da empresa depende de circunstâncias Análise da Elasticidade ............................................................................................... 221

Bibliografia ................................................................................................................ 233

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CAPÍTULO 1 COMO A INFORMAÇÃO CONTÁBIL PODE AJUDAR A ADMINISTRAR COISAS BÁSICAS NECESSÁRIAS

A ANÁLISE

(OBJETOS TÉCNICOS DE ESTUDOS ANALÍTICOS DO CAPITAL - O QUE ANALISAR)

INFORMAÇÃO E ESCRITA CONTÁBIL SÃO FONTES PARA QUE SE POSSA BEM CONHECER E ESTUDAR ACONTECIMENTOS HAVIDOS COM A RIQUEZA PATRIMONIAL

Quando se deseja conhecer, formar juízo ou ter ideia sobre alguma coisa pede-se “INFORMAÇÃO”.

O que nos é informado, para que tenha suficiente qualidade, deve ser:

EXATO,

CLARO E

UTILIZÁVEL.

O que importa é possuir INFORMAÇÃO:

SUFICIENTE;

VERDADEIRA E

NA HORA CERTA.

Todos os ramos do conhecimento se utilizam e oferecem “Informações”.

As referidas são comunicações ou recepções de conhecimentos ou “juízos” e oferecem base para o entendimento das coisas; a própria unidade da vida, o “gene”, na célula é um processo de comunicação segundo comprova a ciência1.

Quanto mais se acumulam informações reais, objetivas e rápidas, mais se pode delas obter benefícios.

1 O ácido desoxirribonucleico (ADN, em português: ácido desoxirribonucleico; ou DNA, em inglês: deoxyribonucleic acid) contém instruções genéticas cuja função é armazenar as informações.

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Essas foram as extraordinárias contribuições que trouxeram os computadores, ensejando a tecnologia da INFORMÁTICA.

Registra-se para não se esquecer (e assim já era feito há mais de 10.000 anos, na era do homem das cavernas), sendo preciso não só guardar memória, mas, também, com facilidade ter fácil acesso ao acontecido.

Tudo isso deve obedecer a uma ordem, agasalhado por tecnologia competente.

Atribui-se, pois, uma disciplina aos registros para organizar uma “ESCRITA CONTÁBIL, ou seja, através de CONTAS.

A INFORMAÇÃO CONTÁBIL é um instrumento específico de notícia, diferente da comum, também exigindo EXATIDÃO, CLAREZA e UTILIDADE.

Exatidão demanda que os acontecimentos estejam inequivocamente comprovados, identificados e classificados por suas:

Origens e destinos;

Qualidades e valores;

Épocas e lugares dos acontecimentos;

Clareza exige que os registros dos fatos ofereçam perfeito reconhecimento do sucedido, sem sofisticações ou nomenclaturas imprecisas ou vazias que dificultem ou anulem o entendimento perfeito.

Também precisa ser bem informado o que acontece com a riqueza utilizada para empreender atividades e suprir necessidades humanas.

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Utilidade requer emprego prático que enseje razões para raciocínios que conduzam a escolha da estratégia adequada na tomada de decisões quanto ao adequado governo do patrimônio do empreendimento.

A informação útil, portanto, deve, em suma, como objetivo, em relação a tudo o que acontece na empresa, derivar-se de:

Observação racional dos fatos,

Controle e anotação adequada,

Comprovação hábil e inequívoca pertinente,

Registros técnicos,

Demonstrativos derivados de registros,

Análise dos demonstrativos.

Falseamentos, sofisticações, portanto, comprometem a utilidade e deixam de ajudar a quem busca a informação contábil para se orientar.

INFORMAÇÕES CONTÁBEIS OFERECEM MEIOS PARA ADMINISTRAR, MAS SÃO APENAS INSTRUMENTOS PARA ESTUDOS DE MAIOR IMPORTÂNCIA

Análise dos demonstrativos contábeis exige uma “disciplina especial”, essa que caracteriza específica “Tecnologia” que alcança objetivos diversos, dentre os quais o administrativo é de importância relevante para o conhecimento dos fatos patrimoniais, sendo imprescindível no governo racional da riqueza dos empreendimentos humanos.

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Três espécies de informações contábeis são requeridas para o conhecimento abrangente dos acontecimentos ocorridos em uma atividade qualquer:

As informações contábeis precisam atender às seguintes importantes interrogações:

BÁSICAS

O que e quanto se dispõe em recursos financeiros para pagar em dia?

O que e quanto se está lucrando com as vendas realizadas e o capital que se aplica?

Em que e quanto se está aplicando o capital e que utilidade disso se tira?

Que vitalidade tem o negócio e que se espera quanto à continuidade do mesmo?

A CONTABILIDADE NÃO É UMA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, mas, sim uma CIÊNCIA QUE SE VALE DA INFORMAÇÃO que colhe através de registros e demonstrações específicos, esses de rara utilidade para bem administrar.

A informação para fim gerencial é deveras específica, devendo ser base para orientar a tomada de decisões, ou seja, precisa servir de INSTRUMENTO para que através da análise racional o empresário saiba lidar com o capital.

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AUXILIARES

Há sintomas de desperdícios?

Existem riscos e se está provendo meios de resguardar-se contra eles?

COMPLEMENTARES

A empresa tem o tamanho adequado?

Como a empresa lida com o que sobre ela influi (pessoal, concorrência, sociedade, natureza etc.)?

Essas “perguntas” são as relativas às oito importantes “funções” da riqueza patrimonial2, ou seja, se estão sendo satisfeitas as NECESSIDADES QUE UM NEGÓCIO TEM de:

Pagar

Lucrar

Manter-se em equilíbrio

Movimentar-se bem e sobreviver

Ser eficiente

Estar protegido contra riscos

Possuir dimensão adequada

Bem conviver com os seus ambientes

Informações e análises adequadas devem suprir na hora certa o conhecimento sobre as necessidades básicas do empreendimento.

2 Tal método de disciplinar o conhecimento contábil é o que prega a doutrina científica do Neopatrimonialismo contábil. Sobre esse tema sugerível é a leitura dos textos pertinentes em minhas obras “Prática e Teoria da Contabilidade”, edição Juruá e “Teoria da Contabilidade”, edição Atlas.

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Os compromissos financeiros (pagar a terceiros) exigem CAPACIDADE DE PAGAMENTO, ou seja, a qualidade de LIQUIDEZ.

A atividade precisa ser remunerada em seu objetivo de aumentar a riqueza ou lucrar, ou seja, CAPACIDADE LUCRATIVA, ou de RENTABILIDADE.

Os bens que se acham a disposição para desenvolver a atividade precisam estar em harmonia, ou seja, nem em demasia, nem em falta, possuindo CAPACIDADE DE EQUILÍBRIO, ou seja, ESTABILIDADE.

Os negócios exigem dinamismo, uso adequado de tudo, CAPACIDADE VITAL, ou seja, ECONOMICIDADE.

As necessidades auxiliares igualmente requerem informações e análises.

A utilidade dos bens que formam o patrimônio deve ser exercida plenamente, ou seja, sem desperdícios e a essa CAPACIDADE DE EFICIÊNCIA no emprego de tudo o que se tem para exercer a atividade é a PRODUTIVIDADE.

Como todo negócio é VULNERÁVEL ou sujeito a incertezas que provocam riscos de diversas naturezas é preciso resguardar-se contra os mesmos, ou seja, exercer a função de INVULNERABILIDADE ou de proteção dos negócios e da riqueza.

Além disso, existem necessidades de natureza complementar a serem informadas e analisadas.

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Os componentes da riqueza devem adequar-se aos ambientes em que vivem e para isso exigem CAPACIDADE DE DIMENSIONAMENTO (tamanho que deve ter o patrimônio), ou seja, a qualidade de ELASTICIDADE, aumentando ou diminuindo de acordo com a conveniência do momento e do lugar.

Acrescenta-se a tudo isso a responsabilidade social e humana que a empresa tem perante a contribuição que recebe do pessoal interno, de terceiros, da sociedade, da natureza, fatores esses que movimentam o patrimônio e sobre ele influem, exigindo também contribuição através da função de SOCIALIDADE.

IMPRESCINDÍVEL É ANALISAR PARA RESPONDER AS INTERROGAÇÕES SOBRE AS NECESSIDADES DAS ATIVIDADES

Para que o administrador possa bem conhecer os efeitos de seu trabalho necessita de “informações e análises contábeis”, tal como um piloto necessita de velocímetro, hodômetro, medidor de aquecimento do motor etc. para dirigir um veículo.

Os demonstrativos contábeis retratam o que se registrou durante certo período resumindo e organizando através de recursos especiais as situações, isso fazendo através de “Contas”.

As “contas”, na escrita contábil, são instrumentos técnicos de evidência de

Não basta, todavia, estar informado; é preciso saber o que fazer com o que se recebeu como comunicação, ou seja, necessário é ENTENDER O QUE SIGNIFICA A INFORMAÇÃO.

O caminho para o entendimento das situações, aquele que enseja encontrar respostas para as perguntas já referidas é o da ANÁLISE CONTÁBIL.

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acontecimentos com a riqueza patrimonial que permitem o conhecimento sobre fatos específicos identificados pela qualidade (dá o título à conta), quantidade (evidencia o valor), tempo (determina a data), espaço (enseja conhecer o local), causa (“crédito”) e efeito (“débito”).

A informação derivada da “conta” é, entretanto, apenas um “instrumento” para a tomada de conhecimento, servindo de meio para o que vai dar suporte à “análise”.

Em sentido prático o que se busca analisando é saber:

1 - Se a empresa tem dinheiro na hora certa para realizar os pagamentos que precisa fazer a terceiros (empregados, autônomos, fornecedores, bancos, governo, locadores, seguradores, consignatários etc.).

Tal tarefa é a da Análise da Liquidez Financeira.

2 - Se o valor do que vende cobre o que gasta e se ainda deixa um resultado competente para remunerar o capital aplicado.

Tal tarefa é a da Análise da Rentabilidade.

3 - Se a empresa adquire o que é deveras necessário e compatível com os recursos que tem para comprar e se isso ocorre nas horas e lugares certos.

Tal tarefa é a da Análise da Estabilidade ou Equilíbrio Patrimonial.

4 - Se o negócio está bem dinâmico ou veloz para comprar e vender e se as perspectivas são boas, ou de continuidade da atividade.

Tal tarefa é a da Análise da Economicidade.

5 - Se tudo o que se gasta e compra é bem aproveitado, ou seja, se não existem ociosidades e desperdícios, tudo resultando em eficiente uso do patrimônio.

Tal tarefa é a da Análise da Produtividade.

6 - Se são identificáveis riscos existentes e se existem medidas de proteção contra o mesmo, tão como de ressarcimento dos prejuízos que possam vir a ocorrer, reduzindo ou eliminando o vulnerável.

Tal tarefa é a da Análise da Invulnerabilidade.

7 - Se a quantidade do que se investiu e investe, do que se vende é compatível com o mercado ou ambiente em que se insere a empresa, ou ainda, se a dimensão do capital é a adequada.

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Tal tarefa é a da Análise da Elasticidade.

8 - Se as coisas externas ao capital e que sobre ele influem (pessoal, mercados, sociedade, natureza etc.), são bem cuidadas pela empresa em regime de reciprocidade ou interação (se também a empresa contribui com quem lhe dá contribuição).

Tal tarefa é a da Análise da Socialidade.

As referidas ANÁLISES (Liquidez, Rentabilidade, Estabilidade, Economicidade etc.) são GÊNEROS DE ESTUDOS A PARTIR DE OBSERVAÇÕES E INFORMAÇÕES que ensejam desdobramentos diversos em ESPÉCIES DE INDAGAÇÕES SOBRE RELAÇÕES ENTRE ACONTECIMENTOS no sentido de se aprofundar no exame, ou seja, conhecer mais particularidades ainda.

Assim, por exemplo:

GÊNERO:

ANÁLISE DA RENTABILIDADE

ESPÉCIES:

Análises de Custos,

Análises de Despesas,

Análise de Vendas,

Análise de Investimentos Para a Produção.

Comprar e vender enseja um estudo de relações ligadas ao lucro; o mesmo ocorre com gastos de administração e lucros.

Isso por que adquirir coisas para comercializar deve visar a trazer um valor maior do que o despendido para poder negociar; é preciso ter logo margem de resultado que cubra as despesas e ainda deixe algo que remunere a empresa pela atividade desenvolvida.

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Assim, por exemplo, na análise do lucro é preciso no mínimo estar informado se:

a. Comprou-se a bom preço;

b. A quantidade adquirida é compatível com o volume dos negócios;

c. A compra foi favorecida por um bom prazo dado pelo Fornecedor;

d. Vendeu-se a preço maior do que se gastou para comprar;

e. Se a venda deixou um resultado bruto imediato que cobre as despesas;

f. Se as despesas não consomem pesadamente o resultado bruto;

g. Se o que sobra depois de cobrir todas as despesas remunera bem o capital aplicado e o tempo gasto para exercer a atividade;

h. Se o que sobra remunera os sócios e ainda sobra para ser aplicado na sobrevivência do negócio;

i. Se inclusive se protegeu o futuro do empreendimento com os resultados que foram conseguidos no desempenho da atividade.

Os fatos referidos se estudam analiticamente em face das “relações dos mesmos”, ou ainda, o que um acontecimento influi sobre o outro ou “outros” ligados ou correlatos.

Detalhes podem ainda ser necessários, dependendo do ramo que a empresa milita, dimensão do empreendimento, circunstâncias que envolvem o ambiente interno e externo dos negócios.

Fato é que:

Uma análise contábil de profundidade envolve expressivo número de comparações.

Quanto mais detalhada for uma escrita contábil tanto mais ensejará meios de conhecimento minucioso sobre os acontecimentos e melhor orientação tenderá a ensejar.

Planos de Contas e controles internos contábeis de eficiente qualidade ensejam boas escritas e estas análises eficazes.

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ANALISAR REQUER ALGUMAS PROVIDÊNCIAS INICIAIS DE PREPARAÇÃO OU ARRUMAÇÃO DE DADOS E INFORMES

A análise contábil para fins administrativos requer logo de início:

• Uma “arrumação” dos informes que constam nas demonstrações exigidas por leis

• Escolha de um critério a adotar dentro dos recursos tecnológicos

• Indagações especiais e

• Eventualmente esclarecimentos sobre registros, documentos e procedimentos empresariais

Providências preliminares ensejam organizar elementos para melhor realizar a análise de informes contábeis uma vez que estes são apenas “instrumentos”, mesmo assim nem sempre plenamente satisfatórios quando exclusivamente extraídos da escrita contábil feita para atender a outros fins (legal societário, tributário, bolsa de valores, normatizações etc.)3.

ARRUMAÇÃO DE INFORMES É NECESSÁRIA EM RAZÃO DA DIFERENÇA ENTRE A ESCRITA CONTÁBIL GERENCIAL E AS DEMAIS

Cada ramo do conhecimento humano tem a sua linguagem própria ou “terminologia”, essa que é a maneira especial de traduzir o pensamento volvido a uma especialidade.

3 Sugerível é a leitura de meu livro “NORMAS INTERNACIONAIS E FRAUDES EM CONTABILIDADE”, edição JURUÁ, para bem alcançar os graves males que podem causar à análise científica as “normatizações contábeis” feitas por instituições, especialmente as denominadas como “internacionais”.

Somente com informações sinceras e adequadas bem analisadas se consegue administrar racionalmente um empreendimento.

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Como finalidades externas existem as de naturezas fiscais, efeitos societários, controles de preços, controles de mercado, bolsas de valores etc.

Peças contábeis que visam o uso das mesmas por terceiros obedecem a interesses que nem sempre são os internos da empresa ou instituição.

Existem diferenças de tratamentos entre o legal, o normativo e o gerencial e que são inequívocas; assim, a título de simples exemplo, para a lei o imposto de renda pago pela empresa não é despesa dedutível, mas, na prática assemelha a qualquer outro gasto como saída de capital.

Outro exemplo, no que tange ao normativo, esse determina que o arrendamento mercantil conste do ativo, mas, na realidade ele não é um bem liquidável pela empresa.

“Arrumação de dados ou de informes contábeis” significa “colocar em ordem” os referidos para atender a um fim específico, buscando harmoniosa forma que facilite um trabalho técnico ou o entendimento; “arrumação para a análise” é uma forma especial de dispor dos elementos informativos para que sejam convenientemente estudados por partes.

Demonstrações contábeis feitas para fins externos, para serem apreciadas por outras pessoas, seguindo critérios legais e normativos, diferem daquela que visa a suprir finalidade administrativa interna da empresa.

Não se deve confundir demonstração feita para atender a fim legal e de terceiros com aquela de natureza gerencial.

A análise para fins administrativos requer especial tratamento, esse que as demonstrações feitas para cumprir leis e deliberações do poder nem sempre atendem.

Se a empresa não dispõe de uma escrita contábil específica para fins gerenciais precisa “arrumar” ou “disciplinar as informações” para que possa analisar.

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Na essência, também, o que a empresa gasta com o pessoal quanto a treinamento do mesmo é despesa para fim legal, para fim normativo, mas, para o empreendimento é, em realidade, um investimento.

Em razão de tais diferenças é preciso que para fins da gestão empresarial, para o governo dos negócios, sejam feitas ADAPTAÇÕES especiais ou ARRUMAÇÕES DE INFORMAÇÕES que possam servir de base para a obtenção de uma REALIDADE OBJETIVA, a única que nessa circunstância interessa ao empresário.

COMO EXISTEM VARIADOS CRITÉRIOS DE CÁLCULOS PARA ANALISAR É PRECISO ESCOLHER QUAL TECNICAMENTE É RECOMENDÁVEL A CADA NECESSIDADE DE ESTUDO

O estudo analítico de demonstrativos contábeis baseia-se em “relações de fatos”, ou seja, o que um acontecimento tem a ver com outros, quer com causa, quer com efeito.

Usam-se, pois, instrumentos de cálculos, a maioria singelos, mas, eficazes para oferecer uma ideia sobre as referidas “relações entre acontecimentos”.

Escolher o que oferece maior facilidade para compreensão é algo importante, pois, excessivas sofisticações possuem mais caráter acadêmico que prático e a gestão quanto mais se envolve em complicações, menos eficaz tende a ser.

Tantas são as coisas que influem sobre a vida dos patrimônios das empresas que nem sempre rigores numéricos são acolhidos como recomendáveis orientações.

No caso de adaptação de informações para fins de análise contábil gerencial não se deve orientar o trabalho de acordo com “normas internacionais”, nem com “leis fiscais”, nem com “deliberações de entidades governamentais”, mas, unicamente com a REALIDADE OBJETIVA PATRIMONIAL da empresa.

Como a REALIDADE OBJETIVA PATRIMONIAL se preocupa com a VERDADE e esta é o objetivo da ciência, os estudos de análise contábil para fins administrativos devem-se guiar precípua e exclusivamente pelo que determina a doutrina científica.

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Critérios para que se escolha como calcular, podem ser:

Essas opções podem ser usadas isoladamente ou em conjunto (nesse caso apelando para todos esses procedimentos).

Assim, por exemplo, pode-se para um mesmo “conjunto de relações” adotar a obtenção de percentagens, quocientes, números índices e modelos proporcionais.

O uso de um critério não inibe o de outro por que o objetivo da análise é a adoção de critérios amplos de exame, tão mais completos quanto maior for a necessidade de rigor exigível.

Importante é encontrar um convencimento sobre o que se deseja conhecer.

DEVERAS PREFERIDO TEM SIDO O CRITÉRIO DOS QUOCIENTES PELA PRECISÃO E PRATICIDADE

Os cálculos derivados de estudos de relações havidas com a riqueza dos empreendimentos precisam ser considerados com RELATIVIDADE, não obstante possam oferecer bases para orientações aplicáveis com sucesso.

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Comum é ouvir referências a Quociente de Liquidez, Quociente de Rentabilidade e outros quando se fala sobre Análise Contábil, em razão da ampla difusão que esse critério adquiriu desde a origem, tendo sido dos primeiros a ser utilizado quando no século passado se vulgarizou tal tecnologia.

Analisar pelo critério de QUOCIENTES é fazer uma operação aritmética de divisão para saber quanto que um valor patrimonial está contido no outro.

Foi também denominado de “critério das razões” entre relações de valores contábeis, fundamentado em divisões.

Assim, por exemplo: se uma empresa tem $100.000 de créditos a receber de clientes (representados por duplicatas) e $50.000 em dívidas a pagar a fornecedores (também representadas por duplicatas), busca-se pelo critério conhecer qual medida existente nessa relação entre “créditos cedidos a terceiros” e “créditos que de terceiros foram recebidos” em razão de operações comerciais.

Sabendo que a empresa irá receber a importância de $100.000 e pagará $50.000,00 encontra-se o quociente 2; significa que para cada $1,00 de obrigações a pagar em razão de dívidas com terceiros existem $2,00 de créditos a receber pelo que a terceiros se concedeu.

Essa é uma expressão de “correlação entre créditos”, ou seja, a que evidencia o comportamento entre “ceder capital” (venda a crédito é colocar capital da empresa nas mãos de terceiros) e “receber capital” (compra a crédito é capital de terceiros recebido pela empresa em bens).

É lógico que esta comparação é relativa, merecendo outros cuidados e exames de acordo com a qualidade da análise que se faz.

No exemplificado se considerou as coisas como se estivessem “paradas” (estática patrimonial), mas, em realidade elas se movimentam (dinâmica patrimonial).

Há um prazo para receber o que se cedeu a clientes e que pode ser, por exemplo,

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de 90 dias e um prazo para pagar aos fornecedores e que pode ser de 30 dias; se assim for a empresa não conseguirá receber de volta o que cedeu no mesmo prazo que tem para pagar.

Se, entretanto, do que comprou e deve pagar a empresa também vendeu a dinheiro com bom lucro, se tem recursos de capital dela mesma (capital próprio), não haverá problema se conseguir liquidar a dívida no prazo dos 30 dias.

Outros QUOCIENTES terão que ser extraídos, pois:

Pela facilidade que oferece o singelo cálculo dos quocientes tem sido, pois, o preferencial.

Isso não significa que seja totalmente suficiente o cálculo e a obtenção de QUOCIENTES, dispensando os demais critérios.

Na análise comparativa, por exemplo, de muita importância é a aplicação de números índices quando o que se tem por objetivo é acompanhar a evolução a partir de um determinado tempo.

Análises demandam racional investigação sobre os fatos e só quando existe convencimento inequívoco sobre a matéria examinada é que se pode emitir opinião.

A ANÁLISE CONTÁBIL QUE ADOTA O CRITÉRIO DE MODELOS PROPORCIONAIS POSSUI GRANDE RIGOR CIENTÍFICO

Algo que se realiza de acordo com o que se almeja, servindo de exemplo para que sempre se consiga o melhor, é considerado como “MODELO”.

O que se pretende com o patrimônio, com o capital nas empresas, é satisfazer as necessidades de um empreendimento, ou seja, as metas que traça como objetivos perseguidos.

O que satisfaz a necessidade é denominado EFICAZ sendo esta a situação admitida contabilmente como adequada, normal, tomada como MODELO.

Nunca se deve julgar a situação de uma empresa a partir apenas de quocientes isolados, sem uma análise de conjunto.

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Como o desejável é o que se tem por objetivo, analisar COMPARANDO o acontecido com o almejado produz uma ideia sobre a distância entre o PRETENDIDO e o EFETIVADO.

É de rigor científico contábil, pois, o critério de análise que toma por base um MODELO DE DIRETA PROPORCIONALIDADE DE EFICÁCIA, apoiado em “identidades” de comportamentos de fatos patrimoniais.

Ou seja, tal método estuda conjuntos de coisas que acontecem em REGIME DE DEPENDÊNCIA, ou ainda, dentro de um raciocínio de análise de acontecimentos que se ligam intimamente.

As proporções ensejam comparações de identidades de coisas que se relacionam naturalmente.

Por exemplo: o lucro líquido (LL) deve-se comportar em relação às vendas (V) da mesma forma que as vendas devem estar em consonância com o que se gasta para produzir (IP); como expressa a fórmula: LL/V:: V/IP

Isso significa que o valor pelo qual se deve vender deve deixar um adequado lucro líquido ao mesmo tempo em que se opera uma compatibilidade do que se aplica de capital para poder produzir bens destinados à venda.

Em resumo deve-se ter em conta que a obtenção de bens para vender deve ser compatível com o lucro líquido a conseguir.

Tais relações devem ocorrer em regime de harmonia, em PROPORÇÃO DIRETA EFICAZ (aquela que traduz a completa satisfação das necessidades em relação ao que se objetiva utilizando o patrimônio).

MODELOS DE EFICÁCIA em Contabilidade, para fins de análise, baseiam-se em PROPORÇÕES DIRETAS E DEFINIDAS, ou seja, em RELAÇÕES DE ACONTECIMENTOS na riqueza que resultam em PLENA SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES.

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Uma sequência RACIONAL, de natureza PROPORCIONAL, deve existir entre os elementos mencionados e é esta que enseja a elaboração de um MODELO DE EFICÁCIA pertinente a tal movimentação do capital.

A proporção considera correlação entre fatos.

Como a ciência é um estudo de relações entre coisas e fenômenos, em Contabilidade encontra uma larga aplicação à metodologia analítica referida.

Tanto é possível estabelecer tais ligações de forma essencial (qualitativa quanto à natureza do bem), quanto formal mensurada (quantitativa quanto a valor), dependendo do tipo de probabilidade que se deseja construir.

É recomendável em análise contábil reunir “conjuntos de razões” (fatos patrimoniais que se ligam uns aos outros, como por exemplo, comprar e vender), buscando a identidade entre acontecimentos o que sugere o uso das proporções (em condições de igualdades de condições ou semelhança de necessidades).

As proporções são, pois, identidades de condições entre razões, formando um conjunto de fatos ou expressões relativas a um enfoque holístico “uno” (do fato e daquilo que está em volta dele ou em correspondência funcional ou de uso).

Contabilmente, segundo a doutrina neopatrimonialista, a função (uso) dos meios patrimoniais deve guardar relações constantes entre os componentes da riqueza (os bens influem uns sobre os outros e isso deve ocorrer equilibradamente), sob vários aspectos.

Outra proporção, por exemplo, é a que sugere um modelo qualitativo de equilíbrio, comparando proporcionalmente os recursos da empresa (Capital Próprio ou Patrimônio Líquido) com os obtidos através de terceiros (Dívidas), observando-se como tais recursos foram aplicados, ou ainda, o que se destinou a bens de uso e o que se destinou a bens de giro ou circulação nos negócios.

O capital próprio (CP) ou patrimônio líquido precisa ser suficiente de maneira que as dívidas ou capital cedido por terceiros (CT) não coloquem a empresa em dificuldade de pagamento de obrigações.

O capital circulante (CC) ou em giro precisa ser suficiente, ou seja, não se deve colocar tanto em bens de uso ou capital fixo (CF) que venha a prejudicar a capacidade de pagamento.

Isso significa que CP/CT::CC/CF, ou seja, deve existir uma proporcionalidade direta entre os recursos (Capital Próprio e Capital de Terceiros) e as aplicações (Capital Circulante e Capital Fixo).

Ou ainda, o que o empresário coloca de recursos em sua empresa, somado aos lucros acumulados (Capital Próprio), deve ter proporções adequadas em relação ao que pede emprestado a Bancos e recebe de bens por Fornecedores (Capital

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de Terceiros); as aplicações dos recursos conseguidos devem ser racionais a ponto de oferecerem suporte racional aos negócios, sem que existam atrasos de pagamentos, prejuízos, riscos maiores etc.

Precisa, também, respeitar proporções ao aplicar tais recursos de modo a acautelar-se quanto ao que vai girando (entra e sai logo – Capital Circulante) para que esse mantenha razoável relação com o que só em longo prazo será recuperado (imobilizações ou Capital Fixo).

O critério de estudo através de proporções é dentre os demais, o que maior rigor científico oferece na produção de modelos, pois busca “identidades” que devem existir em “conjuntos” de acontecimentos, visando a conhecer a “eficácia” do comportamento patrimonial.

OS NÚMEROS ÍNDICES SÃO CRITÉRIOS ÚTEIS À ANÁLISE POR COMPARAÇÕES QUANDO SE DESEJA TER IDEIA SOBRE A EVOLUÇÃO OU DINÂMICA DOS ACONTECIMENTOS

Comparar situações do empreendimento em relação ao tempo é de grande utilidade e serve inclusive, de base para cálculos de maior complexidade.

Quando se movimenta a riqueza ela vai sofrendo transformações constantes e, se desejamos comparar como as modificações se operaram em relação a uma determinada época, o recurso técnico sugerível é o dos “números índices”.

Os denominados “números índices” são adequados a uma análise comparada, em que se adota uma base como sendo 100 (cem) e daí, com referência em 100, se formam porcentagens em relação a este número.

Exemplificando: no ano de 2007 as disponibilidades de uma empresa eram de $50.000; em 2008, haviam subido para $150.000 e, em 2009, eram de $80.000. Desta feita, tomando-se como base o ano de 2007 e considerando-o como 100, tem-se:

2007 2008 2009

Disponibilidades 100 300 160

O quadro indica que, em 2008, as disponibilidades representavam 300% das de 2007 e que, em 2009, elas representavam 160% em relação ao ano-base de 2007.

Tal forma de calcular oferece condições de aferir sobre a evolução de uma situação qualquer, relativa a determinado período, por meio da metodologia de análise por índices.

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O cálculo baseia-se em uma regra de três, cálculo deveras singelo, ou seja, se um ano base é considerado como 100, os valores expressos em relação aos demais serão sempre comparados com tal parâmetro, ou seja, tantos por cento de 100 (no caso, é fácil observar que 150.000,00, em 2008, é três vezes 50.000,00 de 2007, logo se 50.000,00 foi tido como 100 o que ocorre é que passou a existir 3 x 100 em 2008, ou seja 300).

O critério facilita a comparação em relação a um período eleito, oferecendo uma ideia clara e de maior evidência, sendo, por esta razão, por alguns profissionais, preferido para efeito de acompanhamento de uma evolução e destaque de situações.

A aplicação dos “números índices”, todavia, pode ser feita para suprir a outros fins que não sejam apenas os de exercícios ou períodos de gestão.

PADRÕES EXTERNOS PODEM AJUDAR O JULGAMENTO SOBRE COMO SE COMPORTA A EMPRESA

Nos diversos ramos de negócios existem práticas em comum, ou seja, lidando com as mesmas mercadorias e produtos, tendem a possuir características similares.

Tal realidade sugere na análise contábil apelo aos dados fora da empresa, relativamente a outros empreendimentos da mesma natureza, a fim de observar como a mesma está operando.

A tal método eleito denomina-se de Quocientes Padrões, por que estes se baseiam em números considerados como “normais” ou “ideais” como bases de comparações em um segmento comercial, industrial, agrícola, de serviços etc.

O cálculo dos também denominados “quocientes normais” pertence ao domínio da Estatística, ou seja, é encontrado por comparação em um universo de empresas de um mesmo ramo ou atividade.

Assim, por exemplo, tomando-se balanços de várias siderurgias procura-se um quociente de rentabilidade (que indica a capacidade de lucro sobre o capital aplicado) que possa ser considerado como “normal” ou “comum” em razão de ser o que é frequente na maioria das empresas do gênero.

O que é comum acontecer em um determinado ramo, verificado pelo exame de balanços, é tomado, pois, de acordo com esse método, como um indicador aceitável ou “Padrão”.

Quando há muitos anos buscou-se conhecer nos Estados Unidos como se comportava a indústria de cigarros, em face da liquidez, a conclusão foi de que a média normal do volume dos valores circulantes de ativo (dinheiro, créditos a receber, estoques) em face dos valores de obrigações, acusava um quociente de 3,29; no comércio atacadista a média caía para 2,37.

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Tais medições, entretanto, fundamentadas em recursos estatísticos, deixavam de ser contábeis genuinamente (a mescla de patrimônios, o somatório dos mesmos, é matéria que vai além do objeto de estudos da Contabilidade).

Comparar o que ocorre em um segmento econômico é importante como referência, mas é débil como medida de eficiência e eficácia de uma empresa isoladamente.

Uma coisa é a Economia, e outra, é a Contabilidade; a primeira estuda a riqueza social, e a segunda, aquela individualizada, ou seja, das empresas e instituições.

O que vale para o geral na riqueza nem sempre vale para o particular; assim, por exemplo, contabilmente, quanto maior o volume de dinheiro, melhor para os negócios, se existe aplicação a fazer; para a Economia, entretanto, a maior quantidade de dinheiro pode provocar o mal da inflação; para a riqueza da empresa, objeto de estudos contábeis, eficaz é a redução do custo através da redução da mão de obra, mas, para a Economia, a desocupação, o desemprego, é um mal.

A Estatística pode ajudar a evidenciar fatos econômicos, por exemplo, mostrando como se comporta a compra de matéria-prima nas indústrias têxteis, mas, para efeitos contábeis, tais informações são apenas subsidiárias.

O que interessa ao Contador é conhecer como a indústria que está sob sua responsabilidade está adquirindo matérias-primas em seu ambiente próprio.

Uma coisa é o estudo da compra de algodão pela empresa Cia. Cruzeiro de Tecidos para suprir a produção da fábrica, e outra, a movimentação das compras globais de algodão realizadas no Estado de Minas Gerais.

A Economia abrange o global (no caso, Minas Gerais) e a Contabilidade, o individual (no caso do exemplo, a Cia. Cruzeiro de Tecidos).

A maneira de raciocinar é diferente entre as referidas ciências; assim, por exemplo, para a Contabilidade é o Capital que gera o Rédito Positivo (lucro) e para Economia é o Rédito Positivo que gera o Capital.

O CRITÉRIO SIMPLES DOS PERCENTUAIS

Conhecer quanto um valor representa em relação a outro, um tomado como se fosse 100, é obter percentagem.

Critérios econômicos para adoção em fins contábeis merecem restrições e precisam ser observados com um máximo de relatividade.

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Tal critério adota-se em análise com frequência, embora por si só não conduza a conclusões de maior amplitude.

Não se confunde com o de números índices posto que não haja “projeção” ou acompanhamento no curso do tempo tendo base única; o método dos percentuais não se prende a um período e nem a uma base fixa.

A percentagem é o cálculo apenas de uma fração de um valor em relação a outro que se admite como 100.

Consiste em traduzir os diversos valores levantados em expressões percentuais comuns, em relação ao global do grupo de contas ou de um sistema de funções patrimoniais que se examina, a fim de facilitar a comparação. Pode-se, assim, formar um conceito melhor do que representa cada parte diante do todo.

Se, por exemplo, possuímos um ativo como o que se segue, considerando-se a este como 100 (cem), por seu total, encontramos as seguintes porcentagens para as partes que o compõem:

ATIVO VALORES DIRETOS $

PORCENTAGEM SOBRE O TOTAL DO ATIVO

%

Imobilizações 80.000 20

Títulos a receber 60.000 15

Mercadorias 70.000 17,5

Caixa e Bancos 190.000 47,5

TOTAL DO ATIVO $400.000 100%

Diante do presente quadro, pode-se afirmar que as imobilizações formam 20% do ativo total; que os títulos a receber representam 15% deste etc.

Os primeiros montantes, quais sejam, $80.000; $60.000; $70.000 e $190.000 podem ser chamados de valores diretos (porque são os que se extraem do balanço, sem qualquer modificação ou cálculo).

Os indicadores seguintes: 20%; 15%; 17,5% e 47,5% são expressões percentuais (porque são calculadas tendo como referência um total que se admite como 100, este que é o do valor global do Ativo).

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Um percentual, como bem se percebe, é uma medida que nos facilita a formação de um juízo de importância de participação de uma coisa em outra que é tida como parâmetro ou medida.

O caso exemplificado (o da pequena planilha) é simples, todavia, muito ajuda quando a quantidade de elementos a serem observados é maior e quando várias são as séries que devem ser comparadas; os valores porcentuais permitem formar uma melhor ideia sobre a participação dos componentes do Ativo (onde se aplicou o recurso que a empresa conseguiu).

Bastaria que tivéssemos vários exercícios (anos) para comparar e, então, poderíamos compreender o grande auxílio que os valores porcentuais nos prestariam.

Assim, por exemplo, é mais esclarecedor medir as imobilizações admitindo que representavam 12% do Ativo no ano passado e que neste ano representam 10%, do que apenas comparar diretamente o montante do Ativo e das Imobilizações em cada ano pela expressão monetária (que é mutável e sujeita a corrosões), sem medir o percentual.

Quando o período a ser examinado é muito grande e no mesmo ocorreram sensíveis modificações do valor da moeda, influindo sobre os balanços, melhor é a análise feita por percentuais para comparar como os valores se comportaram uns em relação aos outros.

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