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Análise Da Educação Em Saúde Nos PCNs OK

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  • Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educao em Cincias IX ENPEC guas de Lindia, SP 10 a 14 de Novembro de 2013

    Educao em sade e Educao em Cincias 1

    Anlise da Educao em Sade nos Parmetros Curriculares Nacionais a partir de uma nova

    perspectiva

    Analysis of Health Education in the Brazilian Parmetros Curriculares Nacionais from a new perspective

    Tiago Venturi UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina / UDESC - Universidade do Estado

    de Santa Catarina [email protected]

    Adriana Mohr UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

    [email protected]

    Resumo

    O texto analisa os Parmetros Curriculares Nacionais com relao ao tema da Sade a partir

    de uma nova perspectiva para este componente curricular: a perspectiva pedaggica para a

    Educao em Sade na escola. Os resultados da anlise permitem afirmar que as orientaes

    curriculares analisadas, apesar de algumas inovaes de interesse, no avanam na

    compreenso e proposio da Educao em Sade na escola conforme os preceitos legais que

    estabelecem que a finalidade da educao o desenvolvimento da cidadania. O texto sustenta

    que necessrio desnaturalizar e repensar a natureza e os objetivos da Educao em Sade na

    escola, rompendo definitivamente com as origens desta atividade escolar que se localizam nas

    campanhas emergenciais de sade pblica.

    Palavras chave: Educao em Sade, objetivos da Educao em Sade, Ensino de Cincias, Ensino Fundamental, Parmetros Curriculares Nacionais.

    Abstract

    In this paper we analyze the Parmetros Curriculares Nacionais concerning Health, from the

    point of view of Health Education in the school system. Our analysis show that although we

    detected a few interesting innovations, they do not succeed in attaining an understanding of

    health according to the legal precepts which establish the principle that the goal of education

    is to develop the notion of citizenship. Health education is taken for granted and its meaning

    and objectives are not a subject for discussion, being reduced to a series of precepts and

    recommendations.

    Key words: Health education, objectives of health education, science teaching, secondary school, Parmetros Curriculares Nacionais

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    Educao em sade e Educao em Cincias 2

    Introduo A Educao em Sade (ES) origina-se do encontro de duas grandes reas de

    conhecimento e prticas, a educao e a sade, que, via de regra, apresentam objetivos,

    contedos e metodologias distintas e prprias a cada uma delas. Assim, no de estranhar que

    quando tratada no espao escolar e especialmente pelo Ensino de Cincias (EC), a ES

    apresente grande diversidade de compresses, conceitos, objetivos e prticas. A configurao

    do campo da ES no espao escolar, bem como alguns de seus problemas e dificuldades,

    resulta deste amlgama que muitas vezes no foi suficientemente compreendido por seus

    atores (VENTURI e MOHR, 2011).

    As atividades de ES na escola podem ser planejadas e desenvolvidas no currculo

    escolar por distintos atores: professores oriundos de diversas formaes, profissionais da

    escola e profissionais da sade. No entanto, de acordo com pesquisas de Mohr (2002) e

    Venturi (em desenvolvimento), geralmente a ES desenvolvida por professores de Cincias e

    Biologia. comum encontrar-se tambm, em aulas de ES, profissionais da sade, oriundos

    dos servios de sade, chamados escola pelos professores, direo ou mesmo por iniciativa

    dos servios de sade que vo escola.

    Atividades relacionadas ao tema da Sade so presena constante na escola desde h

    muito tempo. Contudo, o formato curricular destas atividades foi diverso. Em passado recente

    havia a presena dos Programas de Sade. A partir dos Parmetros Curriculares Nacionais

    (PCNs) a Sade passou a integrar a categoria dos Temas Transversais (TTs). Uma das

    caractersticas dos PCNs a constante meno necessidade da educao para a cidadania,

    que constitui o alicerce bsico da educao nacional a partir da Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional, de 1996. Os prprios TTs so uma tentativa de implementao desta

    orientao. No entanto a leitura do captulo destinado Educao em Sade e de sua relao

    com o Ensino de Cincias (EC) nos PCNs revela aspectos contraditrios, uma vez que o

    desenvolvimento de certos hbitos, atitudes e comportamentos parece ser o fundamental na

    ES.

    A perspectiva da alfabetizao cientfica como forma de capacitar os indivduos para

    escolhas autnomas e conscientes traz elementos importantes para o exame do tema da ES na

    escola. Especialmente a proposio de uma perspectiva pedaggica para a ES na escola

    (MOHR, 2002) parece ser interessante para refletirmos sobre a presena e objetivos de temas

    relacionados sade na escola. Desta forma, o objetivo da presente investigao analisar os

    objetivos e contedos propostos pelos PCNs para a ES na escola a partir destas novas

    abordagens. O presente texto faz parte de um estudo maior, em etapa final de

    desenvolvimento, que objetiva analisar as relaes estabelecidas na escola por professores de

    Cincias e profissionais de sade na abordagem do tema Sade no espao escolar.

    Educao em Sade na escola: da campanha autonomia

    Entendemos a ES realizada na escola como atividades realizadas como parte do currculo escolar, que tenham uma inteno pedaggica definida, relacionada ao ensino-

    aprendizagem de algum assunto ou tema relacionado com a sade individual ou coletiva (MOHR, 2002).

    No entanto, e ainda de acordo com esta autora, apesar da relao existente entre ES e o

    EC e de sua importncia no espao educacional, a forma como a ES vem sendo desenvolvida

    na escola negligencia as caractersticas e objetivos da escolarizao, carecendo assim de uma

    perspectiva pedaggica. Tal afirmao ampara-se no fato de que as atividades de ES na escola

    vm dando nfase a uma apresentao simplista de contedos, pressupondo que o processo

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    educacional resume-se veiculao de informaes, desconsiderando totalmente os fatores

    cognitivos envolvidos nos comportamentos relativos sade (MOHR, 1999 e 2002). Desta

    forma, podemos afirmar que as atividades designadas como ES na escola, via de regra, so

    desenvolvidas de forma naturalizada e acrtica e tem sua origem nas campanhas emergenciais

    de sade pblica e em estratgias de marketing ali utilizadas; alm disto possuem como

    nicos ou principais objetivos a mudana de comportamento e a adoo de hbitos e atitudes

    considerados saudveis. Por mais importantes que sejam estas aes no mbito da sade

    pblica, elas no podem confundir-se com aquelas de competncia e de atribuio do

    professor cuja ao pauta-se no processo ensino-aprendizagem visando desenvolvimento de

    raciocnio, reflexo e capacidade de anlise e crtica.

    Uma reviso bibliogrfica sobre o tema da ES mostra que so abundantes os trabalhos

    que se ocupam em descrever e analisar prticas relacionadas sade no ambiente escolar.

    Contudo, o questionamento da natureza, da pertinncia de tais prticas e uma reflexo sobre

    seus objetivos so muito raros. Os trabalhos de Mohr (1999, 2002 e 2009), bem como o de

    Juc (2008) e o de Venturi e Mohr (2011) abordam esta problemtica. Antes deles e na

    origem de muitas de suas anlises esto as proposies de Fourez et al (1997) sobre as

    finalidades da educao e sobre a alfabetizao cientfica.

    A Educao em Sade como tema transversal

    Em 1996 foi promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    (LDBEN) que em seu Artigo 1 determina que a educao abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivncia humana, no trabalho, nas instituies de

    ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas

    manifestaes culturais. A LDBEN no se refere ES, mas determina o atendimento ao educando, no ensino fundamental pblico, por meio de programas suplementares de material

    didtico-escolar, transporte, alimentao e assistncia sade (BRASIL, 1996, p. 2). Tais aes so importantes, mas possuem carter de assistncia e destinam-se mitigao de

    problemas de sade dos estudantes (como combate a parasitas, preveno de cries e exames

    oftalmolgicos, por exemplo) e no poderiam ser confundidas com a ES desenvolvida como

    parte das atividades curriculares escolares. A LDBEN tambm clara quando estabelece em

    seu segundo artigo que A educao, dever da famlia e do Estado, inspirada nos princpios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

    desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao

    para o trabalho (BRASIL, 1996, pg.1).

    Para implementar o que determinou a nova legislao, foi promulgado em 1998 a

    resoluo que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

    (DCNs) (BRASIL, 1998a). Esta resoluo e o parecer que lhe deu origem (BRASIL, 1998b)

    definem que a funo maior da escola preparar os estudantes para uma vida cidad: O significado que atribumos Vida Cidad o do exerccio de direitos e deveres de pessoas,

    grupos e instituies na sociedade que, em sinergia, em movimento cheio de energias que se

    trocam e se articulam, influem sobre mltiplos aspectos, podendo, assim, viver bem e

    transformar a convivncia para melhor. Assim as escolas com suas propostas pedaggicas

    estaro contribuindo para um projeto de nao, em que aspectos da Vida Cidad,

    expressando as questes relacionadas com a Sade, a Sexualidade, a Vida Familiar e Social,

    o Meio Ambiente, o Trabalho, a Cincia e a Tecnologia, a Cultura e as Linguagens, se

    articulem com os contedos mnimos das reas de Conhecimento. (BRASIL, 1998b, pg. 9).

    As DCNs, por sua vez, foram operacionalizadas atravs dos PCNs (Brasil, 1997 e

    1998c). Esta orientao curricular institui uma modalidade chamada Tema Transversal (TT)

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    em grande parte responsvel por abordar na escola temas importantes para a formao cidad,

    conforme determinado pela lei. Para Mohr (2009) os PCNs tornaram-se referncia para

    projetos nacionais da poltica educacional, como o Exame Nacional do Ensino Mdio

    (ENEM), Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD) e como base para orientaes

    curriculares regionais e locais. Desta forma, uma anlise mais detalhada sobre os PCNs, como

    a que se segue, de extrema importncia, pois eles influenciam a prtica do professor direta e

    indiretamente. (Mohr, 2002).

    A anlise dos PCNs com relao aos fundamentos, objetivos e contedos do tema Sade

    permite afirmar que estes ainda possuem concepes de ES que se assemelham com os

    antigos Programas de Sade desenvolvidos na escola (JUC, 2008). De acordo com esta

    autora a tentativa de dissociar a ES dos aspectos sanitrios e da higiene do corpo, propondo

    uma nova abordagem que fosse discutida por diversas reas do conhecimento, no foi

    totalmente efetivada, mesmo com a ES aparecendo como um dos seis temas transversais.

    Os PCNs do Ensino Fundamental compem-se de dois conjuntos de documentos que

    dizem respeito aos anos iniciais (1 a 4 srie) e aos anos finais desta etapa da escolaridade (5

    a 8 srie). No que diz respeito ao tema em tela, podemos analisar estes dois blocos como um

    nico conjunto, uma vez que as diferenas dizem respeito apenas a forma de redao, no

    alterando seu contedo, que permanece comum aos dois. Os PCNs que tratam do tema

    transversal Meio Ambiente e Sade trazem os seguintes entendimentos: A sade deve ser compreendida como reflexos da maneira como vivem os indivduos e os grupos sociais, favorecendo avaliaes que levam em considerao as relaes com o meio fsico, social e cultural, cabendo escola, no contexto da educao para a sade, discernir e participar de decises relativas sade individual e coletiva, assim, a renovao dos enfoques no setor

    implicam, sobretudo na formao do aluno para a cidadania. (BRASIL, 1997, p.66),

    Para alcanar tais objetivos o documento prope a transversalidade: caminhos que

    conectam os TTs a vrias disciplinas do currculo. Para os PCNs, ao trabalhar a ES como

    tema transversal, possvel atuar em prol da melhoria dos nveis de sade pessoal e da

    coletividade.

    Este documento d grande importncia promoo de sade, que ... se faz por meio da educao em sade, da adoo de estilos de vida saudveis, do desenvolvimento de aptides

    e capacidades individuais, da produo de um ambiente saudvel (BRASIL, 1997, p.93). Desta forma, os PCNs consideram a ES quase como um sinnimo de promoo da sade,

    como estratgia para conquistar a cidadania, objetivando o desenvolvimento de uma

    conscincia sanitria da populao, sendo ainda a aquisio de hbitos e atitudes as dimenses

    mais importantes. Ao mesmo tempo os PCNs reconhecem que a escola, sozinha, no levar os alunos a adquirirem sade. Pode e deve, entretanto fornecer elementos que os capacitem

    para uma vida saudvel (BRASIL, 1997, p. 90). Estes elementos podero ser dados por um trabalho pedaggico cujo enfoque principal na sade e no na doena: Por isso o desenvolvimento de conceitos deve ter como finalidade subsidiar a construo de valores e a

    compreenso das prticas de sade favorveis ao crescimento e ao desenvolvimento (BRASIL, 1997, p.98).

    Estes pequenos excertos permitem identificar paradoxos e contradies presentes no

    texto dos PCNs: ao mesmo tempo que h elementos que vem o conhecimento e a educao

    como emancipatrios e de autonomia para o homem, o texto deixa claro que h valores e

    prticas corretas, determinadas a priori e que precisam ser seguidas para que se alcance a

    sade.

    Analisando os PCNs sob a perspectiva de Mohr (2002), acreditamos que o documento

    se contradiz e no consegue diferenciar o trabalho de ES em uma perspectiva pedaggica e

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    aquele desenvolvido pelas campanhas emergenciais de sade pblica nas quais a meta

    principal diminuir taxas de morbi-mortalidade. Assim, verificamos que os objetivos das

    campanhas so mudanas de comportamentos, formao de hbitos e atitudes, deixando os

    conceitos e os conhecimentos subordinados s mudanas que devem ocorrer. Ao contrrio, na

    perspectiva pedaggica da ES, os contedos e conceitos so protagonistas e trabalhados como

    forma de buscar a construo de conhecimentos que proporcionem reflexo e autonomia para

    que o indivduo possa fazer suas escolhas. As contradies apontadas anteriormente tornam

    os PCNs, documentos repletos de orientaes normativas e prescritivas, que determinam o

    certo e o errado, de acordo com um padro pr-estabelecido e que no leva em conta a

    realidade cultural, social e familiar do aluno. Mohr (2009) afirma que A partir do momento em que a escola renuncia a um de seus objetivos principais (aquele de desenvolver nos

    alunos conceitos, raciocnio e crtica), no h mais a necessidade desta instituio na

    sociedade. Deve-se ter muito claro como princpio, que valores, comportamentos e hbitos

    devem ser desenvolvidos e praticados a partir da possibilidade de escolha e de

    conhecimentos e conceitos tornados significativos. Caso contrrio, condena-se a escola a ser

    uma instituio destinada apenas propaganda e modelagem de comportamentos (p. 123).

    Apesar da presena e orientaes sobre a transversalidade do tema Sade, os PCNs de

    Cincias Naturais vinculam a ES ao EC: ele o responsvel por desenvolver no aluno a

    capacidade de compreender a sade pessoal, social e ambiental como bens individuais e coletivos que devem ser promovidos pela ao de diferentes agentes (BRASIL, 1998c, p.33)

    Apesar de a temtica Sade ser considerada um tema transversal, trabalhos anteriores e

    nossa experincia mostram que h uma ligao privilegiada da disciplina de Cincias com a

    temtica da Sade.

    Juc (2008) analisou os PCNs de Cincias Naturais com o intuito de investigar

    contedos e enfoques propostos para a ES dentro da disciplina de Cincias. Esta autora afirma

    que a ES assume diferentes perspectivas, dependendo do estgio do ensino fundamental em

    que se est trabalhando: o primeiro e o segundo ciclos (anos iniciais) so destinados aos

    hbitos que podem influenciar na sanidade dos indivduos e exploram de forma superficial os

    fatores ambientais e agentes etiolgicos, que devem ser aprofundados nos ciclos seguintes.

    No terceiro e quarto ciclos os objetivos dos contedos esto centrados nas compreenses das

    relaes entre corpo, ambiente, sociedade e cultura para a aquisio de hbitos saudveis. No

    entanto, os contedos apresentados para atingir tais objetivos retornam s razes da ES no

    Brasil nas dcadas de 1960 e 1970, que apresentavam como objetivos para a ES o

    desenvolvimento de comportamentos adequados para a melhoria da qualidade de vida

    (SILVA et al., 2010). Os contedos indicados para os trabalhos nos terceiro e quarto ciclos,

    enfatizam a anatomia e a fisiologia do corpo humano, bem como retomam a necessidade de

    falar de doena para trabalhar ES.

    Consideraes Finais

    Pelo exposto, consideramos que os PCNs apresentam inovaes, mas continuam

    negativamente arraigados aos antigos Programas de Sade e Higiene, demonstrando que

    antigas e inadequadas maneiras de compreender ES ainda no foram superadas. Nossa anlise

    permite afirmar que estas orientaes curriculares so anacrnicas e esto em rota de coliso

    tanto com os objetivos legais para a educao brasileira quanto com aqueles aceitos como

    fundamentais no processo de escolarizao, quais sejam ao desenvolvimento de

    conhecimentos e habilidades que permitam pensamento crtico, autnomo e consciente.

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    Apesar da compreenso da sade ter mudado muito nas ltimas dcadas, passando de

    atributo exclusivamente individual para tornar-se um processo mais amplo, dinmico e com

    cunho socioeconmico, cultural e ambiental, os PCNs continuam orientando professores no

    desenvolvimento de atividades de ES com caractersticas da primeira metade do sculo XX.

    Documentos de importncia e influncia nacional, como os PCNs, no poderiam apresentar

    enfoques e objetivos comportamentalistas e sanitaristas, inadequados para os objetivos que se

    pretende para educao escolar e para o EC.

    Conceitos e objetivos da ES na escola precisam ser revistos e repensados. Um dos

    problemas para isto que ainda so poucos os trabalhos que questionam as razes

    epistemolgicas e axiolgicas da ES na escola. Esta lacuna na produo de conhecimento

    reflete-se na formao de professores, que continua a reproduzir modelos e conceitos

    naturalizados e anacrnicos. No caso dos professores de Cincias Naturais seria desejvel que

    a formao inicial nos cursos de licenciatura inclusse tambm a discusso sobre a natureza,

    origens e objetivos da ES. Conceitos da Didtica das Cincias (concepes, obstculos,

    transposio didtica) e aqueles relacionados Alfabetizao Cientfica (autonomia,

    comunicao e habilidade de saber e poder fazer) (FOUREZ et al. 1997) seriam interessantes

    ferramentas cognitivas para os futuros professores. Na formao continuada uma das

    estratgias poderia ser a anlise e a reflexo sobre as prticas desenvolvidas na escola com o

    intuito de problematizar objetivos, contedos e expectativas, desnaturalizando assim, uma

    rotina de certezas nunca questionadas.

    Afirmamos que a reflexo sobre a ES na escola baseada nos princpios da Alfabetizao

    Cientfica traz perspectivas interessantes e necessrias. Sendo assim, a ES escolar,

    desenvolvida por qualquer um de seus atores, deve proporcionar ao aluno o desenvolvimento

    de conhecimentos e capacidade de autonomia e de reflexo. Acreditamos que A ES escolar deve distinguir-se daquela realizada pelas campanhas ou por outros profissionais cujo

    objetivo final e principal conseguir modificar um comportamento, reduzindo a frequncia

    de atitudes consideradas de risco e estimulando aquelas consideradas saudveis. Do

    contrrio, esta atividade pode conspurcar a funo primeira e principal da instituio

    escolar que o desenvolvimento de capacidades cognitivas, do senso crtico e da autonomia

    do indivduo, atravs de conhecimentos, natureza e filosofia das artes, letras e cincias:

    patrimnio acumulado que caracteriza a humanidade como tal. (...) A ES deve ser encarada

    pela escola como objetivo geral de desenvolvimento e capacitao humana. Ela no deve ser

    considerada uma atividade-meio atravs da qual, em curto prazo, se atingiro determinadas

    atitudes, hbitos e comportamentos. (...) A ES na escola deve ser considerada, na realidade,

    um objetivo ao qual se chega de forma indireta (MOHR, 2002, p. 241 e 242).

    Assim, investigaes como esta podem contribuir para repensar a ES na escola, seus

    objetivos, suas metodologias e os documentos oficiais que tratam do tema. Julgamos

    fundamental e urgente que se construa uma identidade verdadeiramente pedaggica para a

    ES, ou seja, que permita e desenvolva a reflexo e a autonomia do aluno frente a sua sade.

    Referncias

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    Educao em sade e Educao em Cincias 7

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