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ANÁLISE DA ESTRUTURA ESPACIAL DOS ÍNDICES DE EFICÁCIA MIGRATÓRIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS EM 2010 Tiago Carlos Lima do Nascimento 1 Nuni Jorgensen 2 Palavras-chave: Eficácia Migratória, Índice de Moran, Migração Interna, Atração, Expulsão. 1 Geógrafo e doutorando em Demografia pelo Cedeplar/UFMG. [email protected] 2 Graduada em Relações Internacionais e mestranda em Demografia pelo Cedeplar/UFMG. [email protected]

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ANÁLISE DA ESTRUTURA ESPACIAL DOS ÍNDICES DE EFICÁCIA

MIGRATÓRIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS EM 2010 Tiago Carlos Lima do Nascimento1

Nuni Jorgensen2

Palavras-chave: Eficácia Migratória, Índice de Moran, Migração Interna, Atração,

Expulsão.

1 Geógrafo e doutorando em Demografia pelo Cedeplar/UFMG. [email protected] 2 Graduada em Relações Internacionais e mestranda em Demografia pelo Cedeplar/UFMG.

[email protected]

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INTRODUÇÃO:

Os fluxos migratórios brasileiros, assim como os fluxos dos demais países da América

Latina, estiveram historicamente relacionados ao intenso processo de urbanização que

se caracterizava pelo adensamento populacional nos grandes centros urbanos, êxodo

das áreas rurais em direção às áreas urbanas e periferização dos grandes centros

urbanos (SINGER, 1973; SINGER, 1988).

Neste intenso processo de metropolização, os fluxos migratórios brasileiros estavam

condicionados a uma expressiva atração de população na região Sudeste, mais

especificamente com destino à São Paulo que se constitui como o grande centro

urbano, para Brasília no período de sua construção e nas décadas que se sucederam, e

fluxos de migração na zona de expansão da franja pioneira na hinterlândia da região

Norte. As regiões do Nordeste, Norte, Sul e Minas Gerais se constituíam como áreas

de expulsão de população (BAENINGER, 1999; BAENINGER 2012).

Essa polarização entre os espaços que envolvem as migrações no Brasil começaram a

se fragmentar devido à urbanização mais flexível. A partir dos dados observados no

Censo Demográfico de 1980, observa-se uma redução nos fluxos de emigração do

Nordeste, Sul e Minas Gerais e aumento do retorno migratório (RIBEIRO,

CARVALHO, WONG, 1996; RIBEIRO, CARVALHO, WONG, 1996). A partir

deste período observam-se novas espacialidades nos fluxos migratórios nacionais que

estão relacionados ao processo de urbanização mais flexível, crescimento das cidades

médias e aumento da rotatividade migratória (BAENINGER, 2012). Com isto

observamos o surgimento de novos locais de destino na hinterlândia do país em

direção a estas pequenas cidades que concentram novas funções urbanas, e também

no entorno dos grandes centros metropolitanos, intensificando as migrações em

direção aos municípios que envolveriam relações de transbordamento das funções

urbanas ou um processo de produção das cidades-dormitório. (CARLOS, 2011;

CASTELLS, 2013; GIDDENS, 1991).

Através destes novos desafios que surgem devido à maior flexibilização e

fragmentação dos fluxos migratórios, realizaremos uma análise das formas espaciais

que os mesmos vêm tomando no espaço brasileiro. Com isto, buscamos ampliar o

debate sobre as trocas migratórias e não focar nossa análise nos volumes absolutos

e/ou taxas de migração, mas na capacidade de atração/repulsão dos municípios

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brasileiros através dos índices de eficácia migratória, e como se caracterizam os

fluxos migratórios intermunicipais com base no Censo de 2010.

METODOLOGIA

Para viabilizar o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se as informações do Censo

Demográfico de 2010 referentes ao total de população dos municípios do Brasil e

também as informações de data fixa referentes ao quinquênio de 2005 a 2010.

Com base nestas informações pudemos construir os Índices de Eficácia Migratória -

IEM através da razão simples entre o saldo migratório e a soma do total de imigrantes

e emigrantes: variando entre -1 a 1, este índice mensura se um determinado espaço é

um “expulsor” de população (valores negativos), se ele atrai população (valores

positivos), ou se é uma área de rotatividade migratória, isto é, um local que emite

muitos emigrantes ao mesmo tempo em que também atrai imigrantes (valores entre -

0,1 a 0,1). Através deste índice podemos categorizar os municípios brasileiros e sua

relação com a migração. Cabe ressaltar também que o IEM é uma medida relacional

entre os fluxos migratórios que envolvem os municípios estudados, ou seja, ele indica

se um município é capaz de reter população ou de expulsá-la, não se referindo à

quantidade ou a volumes de migrantes.

Após a análise descritiva do índice de eficácia migratória, utilizamos o Índice de

Moran para medir a autocorrelação espacial entre os IEM’s por municípios do Brasil.

O Índice de Moran nos permite medir a correlação espacial, através da mensuração do

desvio padronizado de uma variável x numa área y, com o desvio padronizado das

áreas vizinhas para uma mesma variável x.

Através deste método foi possível verificar os aglomerados espaciais que existem no

Brasil e em outros recortes espaciais mais específicos e identificar os padrões

espaciais dos fluxos migratórios.

ÍNDICES DE EFICÁCIA MIGRATÓRIA POR MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Através da Figura 1 podemos observar a distribuição dos espaços de migração no

Brasil. As marcas mais claras indicam uma maior proporção de municípios com

IEM’s negativos por todo o território. Os municípios que possuem saldos migratórios

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positivos também se distribuem de forma bastante heterogênea. Os municípios do Sul

com os maiores IEM’s estão localizados na hinterlândia da região. A região Sudeste,

por sua vez, possui a maior proporção de municípios com IEM’s positivos na sua

região litorânea e também na hinterlândia, com ênfase maior para a UF de São Paulo,

indicando que os tradicionais espaços de atração populacional ainda persistem em

2010.

FIGURA 1 – ÍNDICES DE EFICÁCIA MIGRATÓRIA POR MUNICÍPIOS -

BRASIL/2010.

Fonte: Censo Demográfico, 2010.

As regiões Nordeste e Norte apresentam maiores proporções de municípios com

IEM’s negativos e municípios “ganhadores” de população em seu litoral e alguns em

sua hinterlândia, o que indica que as metrópoles nordestinas ganham proeminência no

cenário migratório brasileiro por sua capacidade de atração de população. Pode-se

observar que existem mais municípios perdendo população do que municípios que

estão ganhando população através das trocas migratórias internas. Para compreender

melhor esta relação, utilizaremos o Índice de Moran, conforme descrito abaixo.

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ÍNDICE DE EFICÁCIA MIGRATÓRIA E O ÍNDICE DE MORAN

Através da aplicação da autocorrelação espacial dos Índices de Eficácia Migratória

com o Índice de Moran para os municípios do Brasil podemos observar os clusters de

associação espacial entre: high-high (HH); high-low (HL); low-high (LH) e low-low

(LL). Os clusters HH indicam que tanto o valor do atributo como o valor médio para

seus vizinhos são altos, ou seja, que o município atrai população, bem como os

municípios de seu entorno. Os clusters LL indicam uma relação inversa - os atributos

e seus vizinhos encontram-se abaixo da média, ou seja, tanto o município como seus

vizinhos são expulsores de população. Os clusters LH indicam que valores baixos

estão cercados por valores altos, representando valor negativo e média dos vizinhos

positiva, ou seja, municípios expulsores cujos vizinhos atraem população; em

contrapartida os clusters HL indicam que valores altos estão cercados por baixos –

municípios atratores de população cercados por outros cujos IEMs são baixos.

(MARQUES, HOLZSCHUH, TACHIBANA, IMAI, 2010).

FIGURA 2 – APLICAÇÃO O ÍNDICE DE MORAN PARA OS ÍNDICES DE

EFICÁCIA MIGRATÓRIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS/2010.

Fonte: Censo Demográfico, 2010.

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A partir da Figura 2, percebe-se que os municípios LL - que possuem baixos IEM’s e

estão cercados por outros municípios com baixos IEM’s, estão concentradas nas

regiões Norte e Nordeste. O tradicional centro “expulsor” de população ainda se

mantém no Brasil - os clusters com os menores IEM’s estão concentrados no

Nordeste e na zona de transição com a Amazônia, e também no eixo entre a Bahia e o

norte de Minas Gerais.

Cabe destacar também que os clusters HL, compostos pelos municípios com altos

IEM’s cercados por municípios com baixos IEM’s, tem pouca representatividade no

Brasil. No entanto, ainda que poucos, estão localizados em sua maior parte no

Nordeste e no eixo entre a Bahia e Minas Gerais, com alguma representatividade

também no Norte e no Sul. Estes clusters representam uma parte das novas tendências

na migração interna brasileira: cidades médias que surgem nas antigas regiões de

expulsão de população, agora dotada de um conjunto determinado de funcionalidades

que as tornam centros de atração de população em locais que possuíam um histórico

de IEM’s negativos.

Os clusters de HH, os locais com altos IEM’s cercados por municípios também com

altos IEM’s, se encontram em sua maior parte na região Sudeste e no eixo Sul –

Sudeste do país, com alguma representatividade no Centro-Oeste. As regiões Norte e

Nordeste possuem uma pequena participação de clusters HH, sendo uma

característica dos seus tradicionais centros urbanos.

Através desta breve descrição temos uma visão geral dos espaços que envolvem a

migração no Brasil por meio da autocorrelação espacial. A fim de elaborar uma

leitura de suas especificidades, realizaremos uma análise regional com vistas a captar

as particularidades das migrações internas brasileiras.

ANÁLISE POR REGIÃO GEOGRÁFICA

Nesta seção os gráficos de autocorrelação espacial serão apresentados com maior

escala, de modo que as especificidades de cada região possam ser visualizadas e

analisadas. A primeira região discutida será a região norte, conforme a Figura 3:

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FIGURA 3: PADRÃO ESPACIAL DOS ÍNDICES DE MORAN PARA A REGIÃO

NORTE/2010.

Fonte: Censo Demográfico, 2010.

Primeiramente, nota-se que a região Norte possui mais municípios

predominantemente HH e poucos municípios LL. É interessante perceber que nessas

características também estão inclusas as capitais de suas UF’s - ou seja, mesmo estes

centros urbanos possuindo uma maior proporção relativa de população na região, elas

não se constituem como centros de atração de população. Há, em realidade, clusters

de HH em municípios menores, indicando uma atração relevante na hinterlândia da

região. Cabe ressaltar que as exceções são as capitais de Porto Velho em Rondônia e

Manaus no Amazonas que se constituem como HH, sendo centros tradicionais de

atração de população na região desde a década de 70.

A região Nordeste, por sua vez, possui a maior heterogeneidade entre os espaços de

migração. Esta abarca municípios com características de HH, LL, HL e LH. Os

clusters com HH estão localizados principalmente no litoral, com destaque para as

regiões metropolitanas de Natal, Fortaleza e Salvador, e as demais RM’s não

aparecem como clusters de HH. Isto estaria relacionado ao que alguns pesquisadores

já apontaram como uma reinversão nos fluxos migratórios, onde há movimentos de

pessoas saindo das regiões metropolitanas e migrando em direção à hinterlândia da

região Nordeste (FUSCO, 2012).

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FIGURA 4: PADRÃO ESPACIAL DOS ÍNDICES DE MORAN PARA A REGIÃO

NORDESTE/2010.

Fonte: Censo Demográfico, 2010.

O Nordeste também se caracteriza como uma região tradicionalmente expulsora de

população, isto pode ser observado pelo fato de haver uma grande participação de

municípios LL no Semiárido, indicando uma tendência de emigração persistente. Ao

mesmo tempo, observa-se também uma maior participação em relação às demais

regiões brasileiras de municípios HL, compondo as cidades médias no Semiárido que

se constituem em polos de atração de população e também em novos locais de destino

dos migrantes nordestinos.

A região Centro-Oeste possui uma maior homogeneidade entre municípios HH e LH.

Esta apresenta clusters de HH na área de fronteira com a região Norte (zona de

transição com a Amazônia), o que seriam provavelmente zonas de exploração da

agroindústria. De fato, nota-se uma grande atração para o estado do Mato Grosso, o

que confirma a tendência de persistência de altos índices de eficácia migratória

registrados no estado ainda nas décadas de 70 e 80. Interessante também destacar a

alta eficácia migratória do entorno de Brasília e de Goiânia. Mais importante, ainda, é

notar a não-significância do Distrito Federal, o que pode denotar alta circularidade

migratória no município.

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FIGURA 5: PADRÃO ESPACIAL DOS ÍNDICES DE MORAN PARA A REGIÃO

CENTRO-OESTE/2010.

Fonte: Censo Demográfico, 2010.

A região Sudeste também apresenta grande heterogeneidade. A UF de Minas Gerais

assemelha-se mais aos padrões espaciais do Nordeste: apresenta uma região

metropolitana com cluster de HH, e vários clusters LL e LH, indicando grande

diversidade de migrações onde a população migra em direção à RMBH e a um

pequeno conjunto de cidades no interior da UF.

Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo, por sua vez, são casos interessantes, não

havendo relevância estatística para classificar estas grandes cidades. Contudo, elas

estão cercadas por municípios categorizados como clusters HH. Estas cidades

possuem IEM’s de -0,02; -0,01 e -0,04 respectivamente. Ou seja, são grandes cidades

que possuem índices muito próximos a zero, não sendo categorizados como espaços

com forte atração ou repulsão de população, que, provavelmente à alta circulação de

pessoas, não seriam captados nos clusters de HH. Na verdade, as informações

contidas nos mapas são uma evidência do processo de periferização dos grandes

centros metropolitanos, aumento da mobilidade populacional e surgimento de outros

centros urbanos e cidades-dormitório no entorno destas grandes cidades. Nestes casos,

a imigração para os clusters HH no entorno dos grandes centros estariam ligados a i)

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espraiamento da malha urbana destas cidades ou, ii) funções e estruturas urbanas

destas grandes metrópoles que influenciam os fluxos migratórios de todo o seu

entorno.

FIGURA 6: PADRÃO ESPACIAL DOS ÍNDICES DE MORAN PARA A REGIÃO

SUDESTE/2010.

Fonte: Censo Demográfico, 2010.

Finalmente, nota-se que o sul brasileiro possui vários clusters LL concentrados no

interior do Paraná, contrastando com o cluster HH que envolve a Região

Metropolitana de Curitiba, que por sua vez, apresenta o mesmo caso de irrelevância

estatística de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, novamente muito provavelmente

devido à circularidade. Curitiba também pode ser considerada como uma área de alta

rotatividade migratória apresentando um IEM de -0,03, isto é, se encaixa no mesmo

processo de distribuição de população mencionado anteriormente.

Um caso semelhante também ocorre em Santa Catarina, na relação entre Florianópolis

e sua Região Metropolitana. A distinção está no fato de que Florianópolis está num

cluster LH, sendo que este cluster HH encontra-se no litoral e o resto da UF apresenta

clusters LH e LL.

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No Rio Grande do Sul, a Região Metropolitana de Porto Alegre está categorizada

como um cluster LH. Os maiores clusters HH estão em Caxias do Sul e seu entorno e

no litoral da UF. Ainda no RS, os clusters LL estão localizados próximos à fronteira

com o Uruguai e Argentina, indicando uma relação mais complexa nessa região que

causa a perda de população em alguns municípios do estado.

FIGURA 7: PADRÃO ESPACIAL DOS ÍNDICES DE MORAN PARA A REGIÃO

SUL/2010.

Fonte: Censo Demográfico, 2010.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da análise espacial dos Índices de Eficácia Migratória pode-se observar a

complexa heterogeneidade que envolve as migrações internas brasileiras. Há uma

evidente desigualdade no processo de distribuição da população - esta se concentra

em um conjunto pequeno de cidades, colocando desafios para o planejamento urbano

e regional nos locais de origem e destino destes migrantes.

Pudemos observar também que já se iniciou um processo de desconcentração urbana

nos centros do Sul e Sudeste numa estreita relação com suas regiões metropolitanas.

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Este também poderia ser um indicativo de que os clusters HH no entorno das Regiões

Metropolitanas estariam se articulando em suas formas, funções, estruturas e

processos urbanos de forma a propiciar uma diminuição da migração na região

Sul/Sudeste e, como hipótese, o início de uma transição na mobilidade. A não

significância de capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, apontam ainda

para uma alta rotatividade migratória nessas localidades.

As regiões Norte e Nordeste apresentam novos clusters HH e HL e uma maior

heterogeneidade em suas migrações. Percebe-se que apesar do semiárido ainda ser um

centro expulsor de população, o padrão para essas regiões do país é bastante diverso.

Há no nordeste áreas que atraem população cercadas por áreas expulsoras de

população, assim como o norte apresenta municípios com IEM`s postitivos cercados

por outros também de alto índice de eficácia migratória. Finalmente, o Centro-Oeste

apresenta localidades de tipo HH no Mato Grosso, indicando a persistência de

imigração para fins de atividade agropecuária; bem como em Goiânia e cidades do

entorno de Brasília, denotando também novos processos de metropolização.

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REFERÊNCIAS

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BAENINGER, R. Rotatividade migratória: um novo olhar para as migrações internas

no Brasil. Revista Interdisciplinar de Mobilidade Humana, Brasília, n. 39, p. 77-100,

jul./dez. 2012.

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CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2013.

FUSCO, W. Regiões metropolitanas do Nordeste: Origens, destinos e retorno de

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GIDDENS, A. As consequências da modernidade; São Paulo: Editora UNESP, 1991.

MARQUES A. P. S. HOLZSCHUH, M. L. TACHIBANA, V. M. IMAI, N. N.

Análise exploratória de dados de área para índices de furto na mesorregião de

Presidente Prudente – SP. In: III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e

Tecnologias da Geoinformação, Recife, 2010.

RIBEIRO, J.T.L. CARVALHO, J.A.M. WONG, L.R. Efeitos demográficos da

migração de retorno: uma proposta metodológica. In: X Encontro Nacional de

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RIBEIRO, J.T.L. CARVALHO, J.A.M. WONG, L.R. Migração de retorno: algumas

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1996. ABEP, 1996.