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UNIVERSIDADE PAULISTA — UNIP
ANÁLISE DA INTERFACE ENTRE
CONHECIMENTO, COMPETÊNCIA E LIDERANÇA
PARA MELHORIA DAS ORGANIZAÇÕES
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista — UNIP para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção.
OSMILDO SOBRAL DOS SANTOS
SÃO PAULO
2010
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
ii
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
ANÁLISE DA INTERFACE ENTRE
CONHECIMENTO, COMPETÊNCIA E LIDERANÇA
PARA MELHORIA DAS ORGANIZAÇÕES
Orientação: Prof. Dr. Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto. Área de Concentração: Engenharia de Produção Linha de Pesquisa: Redes de Empresas e Planejamento da Produção Projeto de Pesquisa: Gestão do Conhecimento, Empreendedorismo e Responsabilidade Social como elementos para a Qualidade.
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista —UNIP, para obtenção do título de Doutor.
OSMILDO SOBRAL DOS SANTOS
São Paulo 2010
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
iii
Santos, Osmildo Sobral dos
Análise da interface entre conhecimento, competência e liderança para a melhoria das organizações / Osmildo Sobral dos Santos – São Paulo, 2010.
158 f.: il. color. Tese (doutorado) – Apresentada ao Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Paulista, São Paulo, 2010. Área de Concentração: Engenharia de produção ―Orientação: Prof. Dr. Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto‖ 1. Gestão do conhecimento. 2. Tomada de decisões. 3. Aperfeiçoamento organizacional. 4. Atividade de apoio à produção. 5. Administração de materiais. I. Título.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
iv
Dedicatória
Em memória de João Antonio dos Santos Neto e Julia Mendes Sobral dos Santos, meus pais,
por me educarem pelo exemplo.
A minha esposa Andrea Amaral Herrera - eterno amor -
pelo companheirismo, cumplicidade, carinho, amor, estímulo e compreensão,
nunca negados.
Aos amigos, irmãos, mentores, e, muitas vezes, segundos pais,
Günter Wilhelm Uhlmann e José Antonio Siqueira Ribeiro.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
v
Agradecimentos
Ao Professor Doutor Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto, pela amizade,
confiança, orientação segura, compreensão, auxílio e sugestões que
contribuíram de forma única para o desenvolvimento deste trabalho;
Ao Professor Doutor Oduvaldo Vendrametto, por permitir-me à honra de
compartilhar inúmeras vezes de seus pensamentos, pela amizade,
confiança e profissionalismo a mim dedicado desde o primeiro dia no curso
de pós-graduação.
A minha esposa, Andrea Amaral Herrera (meu eterno amor) por assumir
comigo muitas renúncias para construção deste trabalho;
Aos meus amigos e familiares, pela ajuda e compreensão nos momentos de
ausência;
Aos meus queridos Nelson Machado Herrera e Dione Amaral Herrera, por
acolherem-me como filho;
Aos professores e agora amigos, do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia da Produção da Universidade Paulista (Unip), pelas
colaborações enriquecedoras, que permitiram desenvolver este trabalho e,
sobretudo, pelo apoio nas horas de difíceis;
Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção
da Universidade Paulista (Unip), pela amizade, companheirismo, troca de
experiências e incentivos;
Aos professores do curso de Administração de Empresas e cursos
Tecnológicos da Universidade Guarulhos (UNG) pelos incentivos e
colaborações durante todos os instantes da execução deste trabalho, em
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
vi
especial, Ms.Julio César Freschi, Esp.Osvaldo José da Silva, Ms.Antonio
Carlos Estender, Dr.Adilson de Oliveira, Esp.João Carlos Rocha, Esp.Erwin
Alexander Uhlmann, Esp.Denise de Fátima Alonso, Esp.Brigitte Bedin.
A Professora Doutora Dumara Sameshima, Magnífica Reitora da
Universidade Guarulhos (UNG), pelas lições de profissionalismo, por ajudar,
acreditar e incentivar-me em momentos difíceis – o meu muito obrigado.
As pessoas e empresas pesquisadas, pela colaboração e informações
necessárias para viabilizar este trabalho;
A meus irmãos José dos Santos (in memoriam), Lindinalva Queiróz Santos
(in memoriam), Maria Aparecida Santos de Novais, Nivaldo Antonio dos
Santos, Osvaldo dos Santos, Gerson Sobral dos Santos, Maria Odete
Sobral dos Santos e José Monsueto Sobral dos Santos, por ajudarem a me
educar, pelo exemplo de nossos pais;
A meus sobrinhos e alunos, a quem tento educar pelo exemplo.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
vii
R E S U M O SANTOS, O. S. Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Paulista, 2010.
Palavras-chave: gestão do conhecimento; tomada de decisões;
aperfeiçoamento organizacional; atividade de apoio à produção;
administração de materiais.
A presente pesquisa identifica e analisa a interface entre Conhecimento, Competência e Liderança como fatores de importância na tomada de decisões gerenciais nas organizações, visando a proposição e discussão de um modelo representativo que propicie uma melhor concepção desse inter-relacionamento e possa ser usado como orientação às decisões a serem tomadas. É feita uma aplicação do modelo proposto às atividades de apoio à Produção oferecidas pela Administração de Materiais-Logistica, avaliando sua importância ao setor e os benefícios dessa aplicação. Para tanto, utiliza-se a análise comparativa, sob a forma de um questionário estruturado, concebido para se fixar o levantamento dos dados amparado por uma tabela para o registro das informações do inter-relacionamento entre os conceitos pesquisados, estabelecendo um comparativo entre os níveis de desempenho (baixo, médio e alto) apresentados pelas empresas do ramo industrial de médio e grande porte das cidades de São Paulo, Guarulhos e região sob a ótica da área de Produção. Com os resultados, espera-se contribuir para uma melhor compreensão dos processos da Gestão do Conhecimento, Competência e Liderança e suas interfaces e da utilização dessas informações para as organizações, bem como oferecer subsídio para novas discussões e análises a respeito do assunto e do modelo por outros pesquisadores.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
viii
ABSTRACT SANTOS, O. S. Analysis of the interface among Knowledge, Competence and Leadership for improving organizations. Thesis (Ph. D. in Production Engineering) - Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Paulista, 2010. Keywords: knowledge management, decision making, organizational improvement; activity to support production, materials management. This research intends to identify and analyse the interface among Knowledge, Competence and Leadership as factors of importance in the managerial decision making in organizations, aiming to propose and discuss a representative model that provides a better conception of this interrelationship and can be used as guidance for decisions to be made. It is done an application of the proposed model in activities of support to production offered by Materials Management and Logistics, evaluating its importance to the sector and the benefits of this application. For this, it is used comparative analysis, in the form of a structured questionnaire, conceived to establish the data collection supported by a table to record the information of the interrelationship among the surveyed concepts, by comparing the levels of performance (low, medium, high) presented by companies of medium and large size in the industrial sector in the cities of Sao Paulo, Guarulhos and region, from the viewpoint the Production area. With the results, it is expected to contribute to a better understanding of the processes of Knowledge Management, Competence and Leadership and its interfaces and to the use of these informations in organizations, as well as to offer subsidies for further new discussions and analysis about the subject and the model by other researchers.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
ix
SUMÁRIO
Resumo......................................................................................................... vii
Abstract........................................................................................................ viii
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos...................................................... xiii
Lista de Ilustrações....................................................................................... xiv
Lista de Quadros........................................................................................... xvi
Lista de Tabelas............................................................................................ xviii
Lista de Anexos............................................................................................. xix
CAPÍTULO 1 – Introdução.......................................................................... 20
1. Apresentação........................................................................................... 20
1.2 Justificativa.............................................................................................. 22
1.3 Objetivos................................................................................................. 23
1.3.1 Objetivo Geral...................................................................................... 23
1.3.2 Objetivos Específicos.......................................................................... 23
1.4 Metodologia do trabalho......................................................................... 23
1.5 Estrutura do trabalho.............................................................................. 25
CAPÍTULO 2 – Revisão da Literatura........................................................ 27
2.1 Qualidade – conceitos e definições....................................................... 27
2.1.1 Um breve histórico da Qualidade......................................................... 31
2.1.2 A Visão dos Especialistas da Qualidade.............................................. 33
2.1.3 O Fator Humano na Gestão da Qualidade........................................... 34
2.1.4 Normas ISO 9000................................................................................. 36
2.1.5 A Evolução da Qualidade no Brasil...................................................... 37
2.2 Serviços – conceitos e definições.......................................................... 39
2.2.2 Características dos Serviços................................................................ 42
2.2.3 Tipologia dos Serviços......................................................................... 44
2.2.4 A Importância dos Serviços na Economia............................................ 47
2.2.5 A Qualidade em Serviços..................................................................... 49
2.2.6 Conquista da Qualidade em Serviços.................................................. 54
2.2.7 Satisfação do Cliente........................................................................... 56
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
x
2.2.8 As expectativas dos clientes................................................................ 57
2.3 Administração de Materiais-Logística – conceitos e definições.............. 58
2.3.1 Gestão de Materiais............................................................................. 63
2.3.2 Administração de Materiais e suas atividades de apoio...................... 64
2.3.2.1 Processo de armazenagem.............................................................. 65
2.3.2.2 Manuseio de materiais...................................................................... 65
2.3.2.3 Embalagem de proteção................................................................... 65
2.3.2.4 Obtenção ou Suprimentos................................................................. 65
2.3.2.5 Programação de produtos ou Planejamento..................................... 66
2.3.2.6 Sistema de informações.................................................................... 66
2.3.3 Evolução da Administração de Materiais............................................. 66
2.3.4 Administração de Materiais-Logística e o cliente interno Produção..... 68
2.3.5 O Serviço – Administração de Materiais.............................................. 72
2.3.6 Administração de Materiais com Qualidade......................................... 73
2.4 Conhecimento – conceitos e definições.................................................. 76
2.4.1 Classificação ou tipo de Conhecimento............................................... 78
2.4.1.1 Classificação segundo Davenport & Prusak..................................... 78
2.4.1.2 Classificação segundo Sveiby........................................................... 79
2.4.1.3 Classificação segundo Zach............................................................. 79
2.4.1.4 Classificação segundo Nonaka & Takeuchi...................................... 80
2.4.1.4.1 Conhecimento Tácito..................................................................... 80
2.4.1.4.2 Conhecimento Explícito.................................................................. 81
2.4.1.4.3 Socialização................................................................................... 82
2.4.1.4.4 Externalização................................................................................ 82
2.4.1.4.5 Combinação................................................................................... 83
2.4.1.4.6 Internalização................................................................................. 83
2.4.2 Um breve histórico da Gestão do Conhecimento................................. 84
2.4.3 As gerações da Gestão do Conhecimento........................................... 84
2.4.3.1 Primeira geração: compartilhamento de conteúdo............................ 85
2.4.3.2 Segunda geração: compartilhamento de contexto............................ 85
2.4.3.3 Terceira geração: compartilhamento de cultura................................ 85
2.5 Competência – conceitos e definições................................................... 88
2.6 Liderança – conceitos e definições......................................................... 91
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xi
CAPÍTULO 3 – Metodologia........................................................................ 94
3.1 Método de Pesquisa................................................................................ 94
3.2 Abordagem de Pesquisa......................................................................... 95
3.3 Método ou técnica de procedimento....................................................... 95
3.4 Método de pesquisa escolhido................................................................ 96
CAPÍTULO 4 – Formulação do Modelo...................................................... 98
4.1 Conhecimento, Liderança e Competência.............................................. 98
4.2 Percepção do Conhecimento, Liderança e Competência – sugestão para utilização do modelo.............................................................................
102
CAPÍTULO 5 – Pesquisa de Campo / Aplicação do Modelo na Administração de Materiais........................................................................
115
5.1 Pesquisa de Campo................................................................................ 115
5.2 Resultados da análise e discussão......................................................... 118
5.2.1 Conhecimento para execução das atividades de apoio à Produção... 119
5.2.2 Liderança para execução das atividades de apoio à Produção.......... 120
5.2.3 Competência para execução das atividades de apoio à Produção..... 121
5.3 Níveis de desempenho encontrados na pesquisa.................................. 123
5.3.1 Nível de desempenho 1B – 4M – 1A.................................................... 125
5.3.2 Nível de desempenho 3B – 2M – 1A.................................................... 127
5.3.3 Nível de desempenho 1M – 5A............................................................ 127
5.3.4 Nível de desempenho 3M – 3A............................................................ 128
5.3.5 Nível de desempenho 4M – 2A.......................................................... 128
5.3.6 Nível de desempenho 5M – 1A............................................................ 129
CAPÍTULO 6 – Conclusões....................................................................... 132
6.1 Considerações Finais.............................................................................. 132
6.2 Sugestão para novas pesquisas............................................................. 134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 136
ANEXOS....................................................................................................... 144
Anexo I – Relação das empresas participantes da pesquisa........................ 144
Anexo II – Questionário completo enviado às empresas.............................. 145
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xii
Anexo III – Resumo das planilhas preenchidas pelos entrevistados............ 155
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xiii
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANSI American National Standards Institute
ASQ American Society of Quality (Sociedade Americana de Qualidade)
ASQC American Society of Quality Control (Sociedade Americana de Controle de Qualidade)
BSI British Standards Institution
CEQ Controle Estatístico da Qualidade
CQ Controle da Qualidade
DIN Deutsches Institut für Normung
FMEA Failure Mode and Effect Analysis (Análise de Modo e Efeito de Falhas)
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO International Organization for Standartization (Organização Internacional de Normalização)
JIT Just - in – time
JUSE Japanese Union of Scientists and Engineers
SERVQUAL Service Quality
TQC Total Quality Control (Controle da Qualidade Total)
TQM Total Quality Management (Gestão da Qualidade Total)
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xiv
Lista de Ilustrações Figuras
Figura 2.1.1 – Componentes da Qualidade Total...................................... 29
Figura 2.1.2 – Cadeia serviço-lucro................................................................ 35
Figura 2.2.1 – O contínuo entre produtos e serviços...................................... 41
Figura 2.2.2 – Operações de serviços divididas entre front office e back room.................................................................................................................
41
Figura 2.2.3 – Classificação dos processos de serviços................................ 46
Figura 2.2.4 – Fatores influenciadores da expectativa do cliente................... 51
Figura 2.2.5 – Modelo para qualidade em serviços - SERVQUAL................. 55
Figura 2.2.6 – Níveis de expectativa, níveis de qualidade percebido e impacto na satisfação do consumidor.............................................................
57
Figura 2.3.1 – Relação entre as três atividades logísticas primárias para atender o cliente – ciclo crítico.........................................................................
61
Figura 2.3.2 – Planejamento de controle de estoques................................... 62
Figura 2.3.3 – O Triângulo do Serviço............................................................ 70
Figura 2.3.4 – Interação dos clientes internos Administração de Materiais e Produção..........................................................................................................
71
Figura 2.3.5 – Logística integrada.................................................................. 72
Figura 2.3.6 – Abordagens da Qualidade e necessidades do usuário........... 75
Figura 2.4.1 – Espiral do conhecimento......................................................... 80
Figura 2.5.1 – Fluxo de como chegar à competência..................................... 89
Figura 2.5.2 – Dados, Informações, Conhecimento e Competência.............. 90
Figura 4.1.1 – Inter-relacionamento de Conhecimento, Competência e Liderança..........................................................................................................
99
Figura 4.1.2 – Conceituação da função Competência.................................... 100
Figura 4.1.3 – Exemplo da conceituação da função Competência................. 100
Figura 4.1.4 – Processo de melhoria do Conhecimento baseado na função Competência....................................................................................................
101
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xv
Figura 5.1 – Modelo de inter-relacionamento entre Conhecimento, Competência e Liderança para aplicação na Administração de Materiais-Logística...........................................................................................................
115
Gráficos
Gráfico 5.1 – Grau de Conhecimento na execução das atividades de apoio à Produção.......................................................................................................
120
Gráfico 5.2 – Grau de Liderança na execução das atividades de apoio à Produção.......................................................................................................
121
Gráfico 5.3 – Grau de Competência na execução das atividades de apoio à Produção.......................................................................................................
122
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xvi
Lista de Quadros
Quadro 2.2.1 – Diferenças entre empresas industriais e serviços............... 43
Quadro 2.2.2 – Diferenças nas características dos processos produtivos da operação de manufatura e serviços.........................................................
44
Quadro 2.2.3 – Classes de serviços............................................................ 47
Quadro 2.2.4 – Comparação entre as dimensões de Parasuraman, Zeithaml e Berry (1988) e Garvin (2000)......................................................
53
Quadro 2.2.5 – Fatores que influenciam os níveis de expectativa e a zona de tolerância..................................................................................................
58
Quadro 2.1.1 – Abordagens sobre o conceito de Qualidade....................... 30
Quadro 2.1.2 – Dimensões para Qualidade................................................. 31
Quadro 2.1.3 – As quatro ―eras‖ da qualidade............................................. 32
Quadro 2.1.4 – A visão dos especialistas da qualidade............................... 33
Quadro 2.1.5 – Norma ISO 9000:2000........................................................ 37
Quadro 2.1.6 – Movimento da qualidade no Brasil...................................... 37
Quadro 2.3.1 – Evolução da Administração de Materiais............................ 68
Quadro 2.3.2 – Atividades de apoio e Tipologia de Serviços....................... 72
Quadro 2.3.3 – Abordagens da Qualidade que mais se adaptam à Administração de Materiais...........................................................................
74
Quadro 2.4.1 – Histórico da Gestão do Conhecimento................................ 84
Quadro 2.5.1 – Competências para o Profissional....................................... 89
Quadro 2.5.2 – Classificação dos conceitos de Dados, Informações, Conhecimento e Competência......................................................................
90
Quadro 2.6.1 – Estilo de Liderança.............................................................. 92
Quadro 2.6.2 – Característica de um Líder.................................................. 93
Quadro 2.6.3 – Visões sobre liderança........................................................ 93
Quadro 3.1 – Comparação entre pesquisa quantitativa e qualitativa........... 95
Quadro 4.1.1 – Ganhos com o uso do conceito Competência..................... 102
Quadro 4.2.1 – Inter-relacionamento da percepção do Conhecimento Competência e Liderança.............................................................................
106
Quadro 4.2.2 – Atributos para as características baseadas em Competência e Conhecimento......................................................................
107
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xvii
Quadro 4.2.3 – Fase do modelo do Espiral do Conhecimento ................... 107
Quadro 4.2.4 – Classificação das Competências para o profissional.......... 107
Quadro 4.2.5 – Comparativo entre Competências para o profissional e o Espiral do Conhecimento..............................................................................
108
Quadro 4.2.6 – Necessidades de melhorias para o processo decisório...... 111
Quadro 4.2.7 – Utilização para as organizações baseados nas necessidades de melhorias para o processo decisório................................
111
Quadro 4.2.8 – Comparativo entre Competências para o profissional, do modelo do Espiral do Conhecimento, necessidades de melhorias para o processo decisório e utilização para as organizações..................................
112
Quadro 4.2.9 – Inter-relacionamento entre as características baseadas no Conhecimento e Competências, seus níveis de desempenho, as necessidades de melhorias para processo decisório e utilização para as organizações.................................................................................................
113
Quadro 4.2.10 – Identificação das necessidades de melhorias para processo decisório e utilização para as organizações..................................
114
Quadro 5.1.1 – Questionário: Grau de Desempenho Atual......................... 117
Quadro 5.1.2 – Questionário: Nível de Desempenho Atual......................... 118
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xviii
Lista de Tabelas
Tabela 2.3.1 – Investimento em estoques na economia norte-americana, 1987...............................................................................................................
59
Tabela 5.2.1 – Atribuição do grau de desempenho (Baixo, Médio, Alto) com que as atividades da Administração de Materiais-Logística são realizadas, sob a visão da área de Produção ..............................................
119
Tabela 5.3.1 – Comparativo entre a Pesquisa de Campo e o Quadro 4.2.9 – Interrelacionamento entre as características baseadas no Conhecimento e Competências, seus níveis de desempenho, as necessidades de melhorias para processo decisório e utilização para as organizações.........
124
Tabela 5.3.2 – Características baseadas no Conhecimento e Competências, Nível de desempenho, e o Grau de desempenho encontrados na Pesquisa de Campo e não demonstrados no Quadro 4.2.10..............................................................................................................
125
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
xix
Lista de Anexos
Anexo I – Relação das empresas participantes da pesquisa........................ 144
Anexo II – Questionário completo enviado às empresas.............................. 145
Anexo III – Resumo das planilhas preenchidas pelos entrevistados............ 155
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
20
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1 Apresentação
A presente pesquisa trata da Gestão do Conhecimento, aliada aos
conteúdos de Competência e Liderança, visando propor um modelo para
aumento da eficácia das atividades, gerenciais, organizacionais, valendo-se
de uma aplicação na Administração de Materiais e Logística interna.
Segundo Smith (1763) apud Huberman (1987), os recursos
econômicos para geração de renda são terra, trabalho e capital. As
mudanças na sociedade moderna e as constantes alterações nas
organizações fazem com que se agreguem a esse modelo dois novos
conceitos: a informação e o conhecimento, que podem alterar diretamente a
vida dessas organizações com seus ambientes cada vez mais dinâmicos e
complexos, buscando desafios e transformações em suas estruturas e
processos internos.
Difunde-se, dentro de disciplinas em universidades de negócios e
empresas, a questão da Gestão do Conhecimento, considerada pelas
empresas como uma vantagem competitiva, desde que consigam
estabelecer e aplicar modelos voltados para esse propósito. Porém,
algumas empresas ainda não têm visão clara de como incorporá-la e
transformá-la em vantagem competitiva. A escassez de estudos
comprovando que a Gestão do Conhecimento na Administração de
Materiais-Logística faz diferença no desempenho organizacional, e a cultura,
talvez sejam os fatores mais influentes na promoção ou inibição de práticas
de Gestão do Conhecimento.
Segundo Nonaka, Toyama & Konno (2000) e Nonaka & Toyama
(2003), conhecimento é a capacidade para criar, e a maneira de utilizar o
conhecimento é considerada uma fonte a mais de vantagem competitiva e
sustentável de uma empresa.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
21
A organização voltada para o aprendizado e a busca pelo
desenvolvimento humano, através o gerenciamento do capital intelectual
formata a ideia da necessidade de aprimorar as habilidades e competências
dos envolvidos em suas atividades.
De acordo com Ballou (1993), as atividades primárias da Logística
Empresarial são: transportes, manutenção dos estoques e o processamento
de pedidos.
As atividades primárias da Logística (transporte, manutenção dos
estoques e processamento de pedidos), a Administração de Materiais e as
atividades de apoio (processo de armazenagem, manuseio de materiais,
embalagem de proteção, obtenção ou suprimentos, programação de
produtos ou planejamento e sistema de informações) necessitam de
conhecimento para serem desenvolvidas de forma eficaz e produtiva, a fim
de diferenciar-se dos concorrentes e obter competitividade.
Nonaka e Takeuchi (1997) analisam a empresa como um organismo
vivo que necessita mais do que um simples processamento de informações
objetivas, mas uma série de conversões de insighs e percepções. A teoria
de que os novos conhecimentos estão centrados nas pessoas, que fazem
parte das organizações e, através dessas pessoas, a organização pode
aprender, criar e/ou recuperar conhecimento, e converter o conhecimento
individual em organizacional. O conhecimento pode ser analisado em duas
vertentes distintas, com interatividade simultânea: o conhecimento tácito e o
conhecimento explícito, instituindo a chamada espiral do conhecimento.
Pretende-se, neste trabalho, analisar e identificar como os princípios
de Qualidade, Serviços e Gestão Conhecimento, incluindo as questões
relativas a Competência e Liderança para tomar decisões, podem ser
conhecidos e administrados, visando a eficácia profissional em uma
aplicação nas atividades da Administração de Materiais-Logística, e
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
22
avaliando sua importância ao setor de Produção e os benefícios dessas
aplicações.
1.2 Justificativa
A Gestão do Conhecimento é função comum nas organizações que,
por algum motivo, não têm visão clara de como incorporá-la e transformá-la
em vantagem competitiva.
Umas das justificativas é a escassez de estudos da Gestão do
Conhecimento, Liderança e Competência na Administração de Materiais-
Logística para diferenciar o desempenho organizacional e a eficácia das
atividades. Contribuir para melhorar este quadro, espera-se que possa ser
uma das contribuições do presente trabalho.
A formulação de uma proposta de modelo representativo, que possa
contribuir para diminuição das dificuldades na aquisição de
conhecimento, pelas organizações e pelos colaboradores da área de
Administração de Materiais-Logística, é uma oportunidade para indicar quais
podem ser os resultados gerados a partir desse tipo de prática pelas
organizações. Além desse relacionamento não ser trivial e não ser
encontrado na literatura industrial, também justifica a presente pesquisa
podendo ser importante, útil e oferecer uma contribuição nova preenchendo
a lacuna existente.
A experiência profissional do autor, acumulada nas áreas de
Administração de Materiais, Logística, Suprimentos, Planejamento e
Controle de Produção, Custos, Análise e Planejamento de Controle
Orçamentário, aliada à lacuna referencial, suscitou o interesse em examinar
com profundidade o campo objeto da presente pesquisa, e a vivência do
assunto possa contribuir para o desenvolvimento do trabalho, aprimorar o
conhecimento sobre o tema e, despertar outros interessados no assunto.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
23
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Pesquisar a interface entre Conhecimento, Competência e
Liderança como fatores de importância na tomada de decisões
gerenciais nas organizações, visando a proposição de um
modelo que propicie uma melhor visão desse relacionamento e
possa ser usado como orientação às decisões a serem
tomadas.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Pesquisar as principais dificuldades referentes à aquisição
de conhecimento pela Administração de Materiais-Logística no
serviço prestado ao cliente interno (Produção).
b) Estabelecer um comparativo entre os níveis de desempenho
(baixo, médio e alto) apresentados nas abordagens
referentes a Conhecimento, Liderança e Competência no
serviço interno prestado pelo departamento de Administração
de Materiais-Logística à Produção;
c) Proporcionar contribuição ao processo da Gestão do
Conhecimento, Competência e Liderança nas aplicações em
casos práticos, oferecendo subsídio para novas discussões a
respeito.
1.4 Metodologia do trabalho
A seguir são feitas considerações sobre a metodologia de pesquisa,
para caracterizar, quanto a seu método, abordagem e técnicas, quais as
formas mais indicadas para o presente trabalho.
Lakatos e Marconi (2000) dividem os métodos de pesquisa em duas
classes:
a. Métodos de procedimento: são etapas mais concretas de busca
de solução;
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
24
b. Métodos mais amplos: tratam de questões de forma mais
ampla, abstrata e genérica.
Segundo Oliveira (1999), existem duas tipologias básicas: a
quantitativa e a qualitativa. A maior diferença entre elas reside no fato de
que a pesquisa qualitativa, ao contrário da quantitativa, busca enfatizar a
perspectiva da pessoa que está sendo pesquisada, ao passo que nas
pesquisas quantitativas essa ênfase é menor.
Para Yin (2001), não existe um método melhor ou pior que outro, o que
há é o método mais adequado ao objetivo e condições da pesquisa.
Complementa destacando que, como esforço de pesquisa, o estudo de caso
contribui, de forma inigualável, para a compreensão dos fenômenos
individuais, organizacionais, sociais e políticos.
Gil (1995) ressalta que as pesquisas podem ser vistas dentro das
seguintes categorias:
a) Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema
para torná-lo explícito ou permitir construção de hipóteses. Envolve
levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas possuidoras de
experiências práticas, análise de exemplos que estimulem a compreensão.
Assume, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
b) Descritiva: tem por finalidade apresentar a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou estabelecer
relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta
de dados: questionário e observação sistemática. Assume, a forma de
levantamento.
c) Explicativa: visa identificar os fatores, que determinam ou
contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da
realidade porque explica a razão, o ―porquê‖ das coisas. Quando realizada
nas ciências naturais, requer o uso do método experimental; nas ciências
sociais requer o uso do método observacional.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
25
Assume, as formas de pesquisa experimental e pesquisa ex-post-
facto.
1.5 Estrutura do trabalho
O trabalho compõe-se de seis capítulos, sendo este o primeiro. Os
demais são:
– Capítulo 2, Revisão bibliográfica sobre os temas abordados neste
trabalho sendo:
Item 2.1 – Qualidade: apresenta os conceitos e definições
relacionadas à qualidade, as abordagens e sua evolução;
Item 2.2 – Serviços: fornecer uma revisão bibliográfica e apresentar
os conceitos sobre serviços e sua importância na economia; são
apresentadas informações sobre a qualidade em serviços, a conquista da
qualidade em serviços e a importância da satisfação do cliente;
Item 2.3 – Administração de Materiais-Logística: desenvolve revisão
bibliográfica com um detalhado levantamento de seus conceitos e das
principais atividades envolvidas nesse processo, ressaltando a importância
do serviço com qualidade para alcançar a satisfação do cliente, e a evolução
da Administração de Materiais;
Item 2.4 – Conhecimento: introduz a revisão bibliográfica sobre a
questão da Gestão do Conhecimento, conceitos e definições.
Item 2.5 – Competência: introduz a revisão bibliográfica sobre os
conceitos e definições com o objetivo de resgatar esses conceitos e seus
aspectos básicos necessários para a discussão sobre os assuntos que vão
ser tratados nos capítulos seguintes;
Item 2.6 – Liderança: introduz a revisão bibliográfica sobre os
conceitos e definições com o objetivo de resgatar esses conceitos e seus
aspectos básicos necessários para a discussão sobre os assuntos que vão
ser tratados nos capítulos seguintes;
– Capítulo 3, Metodologia, com a discussão da metodologia utilizada
para caracterizar, quanto a seu método, abordagem e técnicas, quais as
formas mais indicadas para o presente trabalho.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
26
– Capítulo 4, Formulação do modelo, em que se busca relacionar os
conceitos objeto do presente trabalho em um modelo original a ser oferecido
à futura discussão pelos interessados e a servir de base ao estudo de caso
realizado no campo da Administração de Materiais-Logística.
– Capítulo 5, Aplicação à Administração de Materiais-Logística, em
que se realiza a pesquisa de campo, apresentando os seus resultados,
discussão e interpretação.
– Capítulo 6 – Considerações finais sobre os resultados da pesquisa,
fechamento do trabalho, conclusões e recomendações de continuidade para
trabalhos futuros.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
27
CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA.
Neste capítulo são apresentados os conceitos e definições sobre
Serviços, Qualidade, Administração de Materiais, Conhecimento,
Competência e Liderança.
2.1 Qualidade – conceitos e definições
Neste tópico, são apresentados os conceitos e definições relacionadas
à Qualidade, bem como as abordagens e sua evolução.
Diversas são as definições de qualidade ao longo dos tempos, e de
acordo com Oliveira (2004) a existência de qualidade dos produtos
oferecidos ao cliente não é um fator recente, pois alguns povos atribuíam
qualidade a seu meio social:
―Por volta de 2150 a.C., o código de Hamurabi determinava que
se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o
suficiente para atender à sua finalidade e desabasse, ele, o
construtor seria imolado. Os fenícios amputavam a mão do
fabricante de determinados produtos que não fossem produzidos,
segundo as especificações governamentais, com perfeição. Já os
romanos desenvolveram padrões de qualidade e técnicas de
pesquisa altamente sofisticadas para a época a fim de executar
divisão e mapeamento territorial, instituindo métodos de medição
e ferramentas específicas.‖ (Oliveira, 2004, p.03)
Gianesi & Corrêa (1996) interpretam que qualidade significa atender às
reais necessidades dos clientes, explícitas ou implícitas, dentro do prazo
desejado e um justo valor.
Para Feigenbaum (1994), Qualidade é um modo de vida corporativa,
uma forma de administrar a empresa, por meio de uma abordagem
sistêmica, com envolvimento de todas as funções no processo da
Qualidade.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
28
Para Campos (2004) Qualidade Total são todas as dimensões que
interferem na satisfação das necessidades das pessoas, considerando:
Qualidade – ligada à satisfação do cliente interno ou externo, é
a medida por meio das características da qualidade de bens ou
serviços, finais ou intermediários da empresa, incluindo a rotina
da empresa (previsibilidade e confiabilidade em todas as
operações), a qualidade do treinamento, a qualidade das
pessoas, a qualidade da informação, a qualidade da empresa, a
qualidade da administração, etc;
Custo – o custo é aqui visto não só como custo final do produto
ou serviço, mas também incluindo os custos intermediários (de
desenvolvimento, produção, distribuição, garantia, etc.), que não
devem colocar obstáculo à fixação do preço do produto, imposto
pelo mercado, e devem refletir a qualidade (cobra-se pelo valor
agregado);
Entrega - essa dimensão mede os aspectos relacionados à
entrega do produto no prazo estabelecido, no local acordado e
na quantidade solicitada;
Moral - atendendo à visão humanista de Qualidade Total, essa
dimensão mede o nível de satisfação das pessoas na
organização (e também nos fornecedores e parceiros);
Segurança - relaciona tanto a segurança dos funcionários da
organização como também a dos usuários do produto. Em
relação aos funcionários, mede o número de acidentes de
trabalho, a gravidade dos acidentes, etc. A segurança dos
usuários está associada à responsabilidade civil da organização
pelo produto ou serviço.
Essas dimensões da qualidade e as pessoas envolvidas são ilustradas
na Figura 2.1.1.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
29
Figura 2.1.1 – Componentes da Qualidade Total. (Fonte: CAMPOS, 2004).
Campos (2004) esclarece que as pessoas a serem satisfeitas seriam,
pela ordem:
- os clientes: sem eles o negócio nem existiria;
- os acionistas: que investem o capital necessário para a continuidade
do negócio;
- os funcionários: que aplicam o conhecimento na condução
negócio;
- a comunidade: de um modo geral, sobretudo quando se pensa na
preservação do meio ambiente e no papel social da organização por
meio da geração de empregos, do recolhimento de tributos, do
desenvolvimento científico e tecnológico e, assim, por diante.
Quanto ao aspecto de comunidade, ai incluída a questão da não
agressão ao meio ambiente, essa visão remete ao conceito de
sustentabilidade, ou produção sustentável de importância crescente
reconhecida nos tempos que correm.
Garvin (2002) relaciona cinco formas de abordar o conceito qualidade:
Transcendental
Baseada no Produto
Dimensões da Qualidade Total
Pessoas Atingidas
Qualidade Total
Qualidade
Custo
Entrega
Moral
Segurança
Produto/Serviço
Rotina
Custo
Preço
Prazo Certo
Local Certo
Quantidade Certa
Empregados
Empregados
Usuários
Cliente, Vizinho
Cliente, Acionista
Empregado, Vizinho
Cliente
Empregado
Cliente, Empregado.
Vizinho
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
30
Baseada no Usuário
Baseada na Manufatura
Baseado no Valor
O Quadro 2.1.1 demonstra essa abordagem:
Quadro 2.1.1 – Abordagens sobre o conceito de Qualidade. (Fonte: GARVIN, 2002)
Abordagem Conceito
Transcendental Qualidade é sinônimo de excelência inata, para a qual não existe definição e só se reconhece pela experiência.
Baseada no produto Qualidade é mensurável em função de atributos pré-definidos.
Baseada no usuário Qualidade está relacionada com as necessidades do consumidor e na capacidade de um bem ou serviços satisfazê-lo.
Baseada no processo Qualidade está vinculada ao atendimento de especificações.
Baseada no valor Qualidade é função do preço ser acessível ao consumidor. (independentemente da excelência do produto).
Para Garvin (2002) da mesma forma que cada autor utiliza uma
abordagem adequada a seu modo de encarar o ―problema Qualidade‖
dentro das organizações, é saudável que cada departamento entenda a
questão ―Qualidade‖ de forma adequada às suas atividades, a fim de cobrir
todas as suas facetas.
A primeira abordagem trata a qualidade de um modo não mensurável,
ao contrário das segunda, terceira e quarta abordagens. A quinta utiliza
ambos os aspectos mensuráveis e não mensuráveis.
Garvin (2002) também propôs oito dimensões para a qualidade,
conforme os dados do Quadro 2.2.2, com o objetivo de auxiliar o
planejamento estratégico da empresa, visando elevar seu desempenho por
meio da qualidade. Algumas dimensões são complementares, outras
contraditórias. A empresa deve selecionar as dimensões adequadas a seu
caso.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
31
Quadro 2.1.2 – Dimensões para Qualidade. (Fonte: GARVIN, 2002)
Dimensões Conceito
Desempenho Relativa à aplicação principal do produto
Características secundárias
Relativas a aspectos que complementam a aplicação principal do produto
Confiabilidade Refere-se à não ocorrência de falhas em determinado intervalo de tempo
Conformidade O produto deve atender a especificações ou padrões preestabelecidos.
Durabilidade É a medida da vida útil do produto até ele se deteriorar fisicamente.
Assistência técnica São envolvidos conceitos, como: tempo, precisão, atendimento, etc.; relacionados à manutenção do produto após uma falha.
Estética Relacionado às sensações agradáveis aos sentidos que o produto deve proporcionar.
Qualidade percebida O consumidor não consegue avaliar todos os aspectos da qualidade do produto ou serviço e infere outros aspectos (associar marca à qualidade, por exemplo).
2.1.1 Um breve histórico da Qualidade
A palavra qualidade está embuída no cotidiano de todas as pessoas,
em seus atos e anseios desde os tempos mais antigos. Mesmo que
houvesse tal percepção, Paladini (1995) afirma que a preocupação com a
qualidade remota a épocas antigas, embora não houvesse, neste período,
uma noção muito clara do que fosse qualidade.
Vários autores divulgaram as mudanças e transformações sobre o
assunto, instituindo fases ou ―eras‖ da qualidade. Garvin (2002) identifica e
diferencia a qualidade em quatro ―eras‖ sendo: a) Primeira Era: da Inspeção;
b) Segunda Era: do Controle Estatístico da Qualidade; c) Terceira Era: da
Garantia da Qualidade; d) Quarta Era: da Gestão da Qualidade Total. O
Quadro 2.1.3 ilustra uma síntese apresentando as quatro ―eras‖ da
Qualidade instituída por Garvin (2002).
Pode-se indicar o e-commerce como a 5ª Era ao verificar os trabalhos
de Ribeiro (2003) e Reis (2008) onde apresentam estudos sobre o Comércio
Eletrônico (B2B, B2C, C2B, C2C), relatam a evolução do comércio
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
32
eletrônico mundial, as recentes alterações dos cenários das operações de
varejo com o uso da tecnologia no processo de vendas e distribuição bem
como os benefícios para as empresas que podem ganhar maior
competitividade ao focar os aspectos da qualidade do serviço de comércio
eletrônico.
Quadro 2.1.3 – As quatro ―eras‖ da qualidade. (Fonte: GARVIN, 2002).
Identificação de Características
As Quatro ―Eras‖ da Qualidade
Inspeção Controle
Estatístico da Qualidade
Garantia da Qualidade
Gestão da Qualidade Total
Preocupação básica
Verificação Controle Coordenação Impacto estratégico
Visão da qualidade Um problema a ser resolvido
Um problema a ser resolvido
Um problema a ser resolvido, mas que seja enfrentado proativamente.
Uma oportunidade de concorrência.
Ênfase Uniformidade do produto
Uniformidade do produto com menos inspeção
Toda a cadeia de produção, desde o projeto até o mercado, e a contribuição de todos os grupos funcionais, para impedir falhas de qualidade.
As necessidades de mercado e do consumidor.
Métodos Instrumento de medição
Instrumentos e técnicas estatísticas
Programas e sistemas.
Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e a mobilização da organização.
Papel dos profissionais da qualidade
Inspeção, classificação, contagem e avaliação.
Solução de problemas e a aplicação de métodos estatísticos
Mensuração da qualidade, planejamento da qualidade e projeto de programas.
Estabelecimento de objetivos, educação e treinamento, trabalho consultivo com outros departamentos e delineamento de programas.
Quem é o responsável pela qualidade?
O departamento de inspeção
Os departamentos de produção e engenharia
Todos os departamentos, embora a alta gerência só se envolva perifericamente com o projeto, o planejamento e a execução das políticas da qualidade.
Todos na empresa, com a alta gerência exercendo forte liderança.
Orientação e abordagem
Inspecionar a qualidade
Controlar a qualidade
Construir a qualidade
Gerenciar a qualidade
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
33
2.1.2 A Visão dos Especialistas da Qualidade
Ao longo dos anos, o modelo de Gestão a Qualidade recebeu
contribuições de diversos autores, e W. Edwards Deming, Kaoru Ishikawa,
Joseph Juran, Armand Feigenbaum, Philip Crosby são considerados
percussores e renomadas autoridades reconhecidas internacionalmente no
que diz respeito à qualidade.
Por essa razão, são apresentadas as filosofias da qualidade referentes
a cada autor, comparando suas abordagens e obtendo uma visão dos
especialistas sobre a qualidade de serviços nos dados do Quadro 2.1.4.
Quadro 2.1.4 – A visão dos especialistas da qualidade. (Fonte: NÓBREGA, 1997)
Quadro 2.1.4 (continua)
JURAN DEMING FEIGENBAUM CROSBY ISHIKAWA
Conceito
de serviço
Atividade de não manufatura que se caracterizem como indústrias (mineração, agricultura, etc)
Atividades como hotéis, restaurantes bancos, serviços médicos, financeiros, públicos, educacionais.
Relaciona atividades como saúde, educação, correios, alimentação, etc
Atividades tradicionalmente tidas como serviços: saúde, financeiros, transportes, lazer.
Toda transação comercial que envolva prioritariamente o mercado, transporte, governo, vendas, saúde, energia.
Qualidade
de serviço
Características como: psicólogas, contratuais, baseadas no tempo, éticas e tecnológicas.
Características de Qualidade tão fáceis de mensurar quanto um produto manufaturado. Taxas de não conformidade, só que apresentam reação mais rápida.
Satisfação das necessidades do cliente, enfatizando, sobretudo a confiabilidade e garantia dos serviços fornecidos.
Definindo de maneira análoga a bens: conformidade com os requisitos.
Oferecimento de benefícios aos consumidores, transportando o relacionamento com o público em verdadeiro desafio.
Padroni-
zação
Padrões de produtividade, integridade, previsibilidade e satisfação das pessoas. Os padrões devem constituir dados e não ser demasiadamente rígidos.
Padrões de atendimento das características de processos intermediários.
Estabelecimentos de padrões para as características de serviços e procedimentos documentados dos processos.
Estabelece como padrões a conformidade dos requisitos para satisfazer o cliente, e o padrão de desempenho zero-defeito.
Abordagem gerencia para acompanhamento de todas as atividades da área comercial. Manutenção e aperfeiçoamento dos padrões.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
34
Quadro 2.1.4 (continuação)
2.1.3 O Fator Humano na Gestão da Qualidade
Paladini (2004) ressalta a relevância da contribuição oferecida pela
mão-de-obra no processo produtivo, destacando que, embora esse fator
exija um maior investimento por parte da empresa, haverá, também, um
maior retorno em termos de contribuição para a produção da qualidade.
Sobre o fator humano na Gestão da Qualidade, Albrecht (2002)
reconhece que é necessário investir em treinamento dos funcionários, pois
gera desenvolvimento do ―produto funcionário‖ e pode ser uma alternativa
fundamental para solução dos problemas da empresa em relação ao serviço
prestado ao cliente. Para o alcance da qualidade, o fator humano é vital
para que haja uma reação emocional negativa, por conta do empregado ao
se relacionar com o cliente nos momentos da verdade, prejudicando a visão
da qualidade pelo cliente. Isso nos induz ao pensamento de que, ao
Apectos
humanos
Capacitação de pessoal para planejar em unir a qualidade e resolução de problemas.
Forte ênfase na gerência e elevação da competência das pessoas.
Capacitação do pessoal técnico para estruturar o sistema.
Participação e motivação dos envolvidos.
Auto-desenvolvimento das pessoas como requisito indispensável para garantia da qualidade.
Sistema de
Qualidade
Ênfase no planejamento da qualidade desde o projeto do serviço, identificação de características mensuráveis, implantação de controle decorrente de processo e aperfeiçoamento contínuo. Utilização da qualidade.
Forte ênfase no controle durante o processo, através do estabelecimento de características do serviço e seu acompanhamento via resultados estatísticos.
Princípios, abordagem e tecnologias do sistema de qualidade total de manufatura, através dos padrões e procedimentos escritos. Um sistema de informações estruturado para seu acompanha-mento.
Ênfase em procedimentos para prevenção de defeitos e correção de desvios. Acompanhamento do cálculo de custos de a falta de qualidade.
Aplicação dos procedimentos gerais de TQC com forte envolvimento de dados na empresa e de uma grande ênfase na educação e treinamento. Uma abordagem de mudança comportamental por parte do pessoal da área comercial nas fases do projeto, vendas e pós-vendas.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
35
contrário, uma reação emocional positiva produzirá uma alavancagem na
qualidade.
A respeito desse assunto, Heskett et al. apud Correa e Caon (2002)
propõem um modelo de inter-relações, que denominam cadeia de serviços-
lucro, que funciona conforme a Figura 2.1.2:
Satisfação e fidelidade do funcionário
Valor criado e entregue ao cliente
Satisfação e fidelidade do cliente
Lucratividade da operação de serviço
Figura 2.1.2 – Cadeia serviços-lucro (Fonte: CORREA e CAON, 2002).
No modelo da Figura 2.1.2, Correa e Caon (2002) esclarecem que a
organização prestadora de serviço visa, à lucratividade conseguida por meio
da obtenção de clientes mais satisfeitos (fidelização). Mas é necessário que
seja criado e entregue valor ao cliente e esse valor deve ser capaz de
superar as expectativas do mesmo, sendo o recurso humano essencial para
criação do valor em níveis requeridos pelo cliente.
Para Correa e Caon (2002), seria muito difícil que funcionários
insatisfeitos conseguissem criar valor para tornar os clientes mais
satisfeitos.
Os objetivos da qualidade pressupõem a fixação de um alvo e o
movimento para alcançá-lo, conforme esclarece Paladini (1995), nesse
sentido, os objetivos da Qualidade Total podem variar um pouco em sua
formulação.
Cullen & Hollingum (1987) consideram que o objetivo central da
Qualidade Total é eliminar desperdícios pela minimização de variações
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
36
ocorridas no processo produtivo; Tenner & Detoro (1992) afirmam que o
objetivo central de qualidade é a melhoria contínua. Esses objetivos podem
ser considerados corretos e são partes do esforço para obtenção da
Qualidade Total.
Para isso, os projetos de mudança das empresas rumo à qualidade e
competitividade devem contemplar uma integração entre as mudanças
estruturais e humanas, em busca de re-significação do trabalho humano e
do alcance social da organização, conforme defende Martino (2004), como
proporcionar bens e serviços, criar empregos e melhorar a qualidade de
vida.
2.1.4 Normas ISO 9000
Conforme relatos de Oliveira & Melhado (2004) a International
Organization for Standartization (ISO) é uma entidade não-governamental,
criada em 1947, com sede em Genebra, na Suíça, e seu objetivo é
promover o desenvolvimento da normalização e atividades relacionadas
com a intenção de facilitar o intercâmbio internacional de bens e de
serviços, bem como desenvolver a cooperação nas esferas intelectuais,
científicas, tecnológicas e de atividade econômica.
Na continuidade do assunto, Oliveira & Melhado (2004) esclarecem
que os membros que compõem a ISO, são os representantes das entidades
máximas de normalização nos respectivos países associados, como o ANSI
(American National Standards Institute), nos Estados Unidos da América;
BSI (British Standards Institute), na Inglaterra; DIN (Deutsches Institut für
Normung), na Alemanha; e o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial), no Brasil.
As normas ISO da série 9000 para organização de gestão da
qualidade surgiram, em 1987. No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) chancela a série de normas ISO 9000, sob a sigla NBR
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
37
ISO 9000, compreendendo basicamente três documentos, conforme
mostrado nos dados do Quadro 2.1.5.
Quadro 2.1.5 – Norma ISO 9000:2000. (Fonte: MAXIMIANO, 2006).
NORMA IDENTIFICAÇÃO ESCOPO PRINCIPAL
ISO 9000:2005 Sistemas de Administração da Qualidade – Fundamentos e vocabulário.
Fornece um ponto de partida para compreender os padrões e define os termos e conceitos fundamentais usados na família ISO 9000, necessários para evitar seu emprego incorreto.
ISO 9001:2008 Sistemas de Administração da Qualidade – Requisitos.
Padrão dos requisitos usados para avaliar a capacidade de atendimento aos requisitos estabelecidos pelo cliente e pela legislação, de forma a obter a satisfação do cliente.
ISO 9004:2000 Sistemas de Administração da Qualidade – Diretrizes para o aprimoramento do desempenho.
Padrão de diretrizes que fornece orientação para o aprimoramento contínuo de seu sistema de administração da qualidade, de forma a atender a todas as partes interessadas por meio da satisfação permanente do consumidor.
2.2.5 A Evolução da Qualidade no Brasil
Conforme Barçante (1998), a partir de 1990, o movimento em prol da
Qualidade no Brasil obteve um crescimento avassalador, comparado à
década de 1980, em que foram lançadas as bases do movimento. Na
tentativa de demonstrar o que aconteceu de mais relevante na história da
qualidade brasileira nos últimos anos, apresenta-se o Quadro 2.1.6:
Quadro 2.1.6 – Movimento da qualidade no Brasil. (Fonte: BARÇANTE, 1998;
BUENO, 2003; PNQ, 2010)
ANO EVENTO
1876 Criação do Instituto Nacional de Pesos e Medidas – INPM, RJ.
1922 Criação do Instituto Nacional de Tecnologia – INT, RJ.
1930 Criação do Instituto de Pesquisa Tecnológica – IPT, SP.
1940 Criação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em 28/09/40, RJ.
1973 Criação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial-INMETRO, em substituição ao INPM, RJ
1974 Criação da Fundação Christiano Ottoni, ligada UFMG, BH.
1978 Criação do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear-IBQN, RJ. Enviada ao Japão a primeira turma de brasileiros para ser treinada pela Japanese Union of Scientist and Engineers- JUSE.
Quadro 2.1.6 (continua)
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
38
Quadro 2.1.6 (continuação)
1981 Criação da Associação Mineira de Círculos de Controle da Qualidade - AMCCQ,MG.
1982 Ishikawa ministra uma série de palestras a executivos brasileiros.
1983 Feigenbaum ministra uma série de palestras para executivos brasileiros. Realizado o I Seminário da garantia da Qualidade do Instituto Brasileiro do Petróleo- IBP,SP.
1985 Crosby ministra uma série de palestras a executivos brasileiros.
1986 Deming ministra uma série de palestras para executivos brasileiros. Lançado, pelo governo, o Projeto de Especialização em Gestão da Qualidade – PEGQ.
1987 Criado o curso de pós-graduação lato sensu em Controle de Qualidade, na Universidade Católica de Petrópolis, RJ.
1988 Criação da subárea de mestrado Qualidade Industrial do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, e inicio da primeira turma.
1989 Emitido o primeiro certificado ISO 9000 no Brasil. Criada a marca em conformidade com o INMETRO.
1990 Lançado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade –PBQP. Instituído o mês de novembro como sendo o Mês da Qualidade. Promulgado o Código de Proteção e Defesa do Consumidor. Lei n 8078 de 11/09/90. Realizado o Congresso Internacional de Normatização e Qualidade da ABNT, São Paulo, SP. Lançado pela presidência da VARIG, o Processo TQC – Compromisso VARIG com a Qualidade. Lançada a série de normas NBR- 19000, tradução da série ISO 9000, pela ABNT.
1991 Realizado o I Congresso Brasileiro de Qualidade e produtividade da UBQ- I CBQP, Vitória, ES. Publicação de um dos primeiros trabalhos no mundo (British Deming Association) sobre os Princípios aplicados à Educação: Deming vai à escola (anais do I Congresso Brasileiro de Qualidade & produtividade, UBQ (1991). Criada a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade-FPNQ
1992 Criação do Comitê da Qualidade – CB 25, da ABNT. Realizado o II CBQO da UBQ, Rio de Janeiro, RJ.
1993 Realizado o III CBQP da UBQ, Gramado, RS. Concedido o PNQ, na categoria indústria, à Xerox.
1994 Publicada a nova série de normas ISO 9000 (1ª revisão). Realizado o IV CBQP da UBQ, Belo Horizonte, MG. Concedido o PNQ, na categoria serviços, ao Citibank.
1995 Realizado o V CBQP da UBQ, Curitiba, PR. Concedido o PNQ à Serasa, primeira empresa nacional a recebê-lo, na categoria serviços.
1996 Emitido o milésimo certificado ISO 9000, em solenidade oficial no Rio de Janeiro. Defendida e registrada a 42ª tese de mestrado em Qualidade na CPPE/UFRJ. Realizado o VI CBQP da UBQ, Salvador, BA. Concedido o PNQ à Alcoa Alumínio S/A- Poços de Caldas, na categoria industria.
Quadro 2.2.6 (continua)
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
39
Quadro 2.2.6 (continuação)
1997 Concedido o PNQ ao Citibank Corporate Banking , na categoria "Prestadoras de Serviços" .Copesul Companhia Petroquímica do Sul na categoria "Manufaturas" Weg Motores Ltda. na categoria "Manufaturas".
1998 Concedido o PNQ a Siemens Divisão Telecomunicações ,na categoria "Manufaturas".
1999 Concedido o PNQ a Caterpillar Brasil Ltda., na categoria "Manufaturas". Cetrel S.A. - Empresa de Proteção Ambiental.
2000 Publicada a nova série de normas ISO 9000. (2ª revisão) Concedido o PNQ a SERASA Centralização de Serviços dos Bancos S/A ,na categoria "Grandes Empresas".
2001 Concedido o PNQ à Bahia Celulose S/A – Premiada na categoria Grandes Empresas.
2002 Concedido o PNQ à Gerdau AFP, Politeno e Santa Casa de Porto Alegre. Entre as três premiadas deste ano, pela primeira vez o Premio Nacional de Qualidade é concedido a uma candidata da categoria Organizações sem Fins Lucrativos.
2003 Concedido o PNQ à Politeno e a Cetrel.
2004 Concedido o PNQ à mineira Belgo Juiz de Fora.
2005 Concedido o PNQ à Petroquímica União e CPFL Paulista – categoria Grandes Empresas; SERASA S/A e Suzano Petroquímica – Polibrasil - categoria de Médias Empresas.
2006 Concedido o PNQ à Belgo Siderúrgica S/A – Usina de Monlevade - categoria Grandes Empresas.
2007 Concedido o PNQ à Albras Alumínio Brasileiro S.A., Gerdau Aços Longos S.A. – Unidade Gerdau Riograndense, Promon S.A, Fras-le S.A - categoria Grandes Empresas.
2008 Concedido o PNQ à CPFL Paulista, Suzano Papel e Celulose - categoria Grandes Empresas.
2009 Concedido o PNQ à AES Eletropaulo, Brasal Refrigerantes, CPFL Piratininga, Volvo Caminhões.
2.2 Serviços – conceitos e definições
Definir serviços não é uma tarefa tão fácil como aparenta, levando-se
em conta os desafios para apresentar um exemplo claro de um serviço puro
ou de manufatura de um bem isento de serviço associado.
Lovelock & Wright (2005) definem serviço como um ato de
desempenho oferecido por uma parte a outra, criando benefícios para
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
40
clientes por meio de uma mudança desejada no – ou em nome do –
destinatário.
Hill (1977) define serviço como uma relação em torno de uma
operação denominada mudança de condição, em que existe um resultado
gerado por atividades na interface entre fornecedor e cliente e por atividades
internas do fornecedor para atender as necessidades do cliente.
Fitzsimmons & Fitzsimmons (2005) esclarecem a respeito da
importância dos serviços e induzem à reflexão de que não existem produtos
sem serviços e serviços sem produtos, e as organizações apresentam uma
dicotomia entre as operações de atendimento, que embutem a interação
com o cliente, de apoio ou retaguarda, feita pela parte interna da
organização.
Esses autores , Fitzsimmons & Fitzsimmons (2005), asseguram que a
compra de um produto é acompanhada por um serviço de apoio, por
exemplo, instalação, e a compra de um serviço inclui mercadorias, a
exemplo do caso de um restaurante. Cada compra é composta de um
pacote de serviços definido por um conjunto de bens e serviços em
proporções variadas oferecidas em um ambiente.
Gianesi & Corrêa (1996) ressaltam que o pacote de serviços pode ser
composto por uma desagregação do serviço em componentes que o
formam:
Instalações de apoio – recursos físicos, instalações e
equipamentos necessários à prestação do serviço;
Bens facilitadores – materiais que são consumidos, adquiridos
ou fornecidos ao consumidor;
Serviço explícito – benefícios que são percebidos pelos sentidos
e considerados como características essenciais:
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
41
Serviço implícito – benefícios psicológicos ou características
acessórias do serviço.
Sasser et al. (1978) apud Gianesi & Corrêa (1996); Fitzsimmons &
Fitzsimmons (2005) ressaltam a proporção e predominância de produtos e
serviços que formam o pacote de serviços, conforme ilustrado na Figura
2.2.1:
Figura 2.2.1– O contínuo entre produtos e serviços. (Fonte: SASSER et.al. (1978) apud GIANESI & CORRÊA (1996); FITZSIMMONS & FITZSIMMONS, (2005)).
Além disso, as operações de serviços podem ser dividas em front
office (linha de frente) e back room (retaguarda), conforme observado na
Figura 2.2.2, por meio de um exemplo.
CL I ENT E
Front office (linha de frente)
alto contato com o cliente
incerteza
variabilidade
difícil controle
Salão de restaurante
Back room (retaguarda)
baixo contato com o cliente
previsibilidade
padronização
melhor controle
Cozinha do restaurante
Sistema de Operações de Serviço
Figura 2.2.2 – Operações de serviços divididas entre front office e back room. (Fonte: GIANESI & CORRÊA, 1996).
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
42
Na Figura 2.2.2, segundo os autores, dependendo da dimensão do
grau de participação do cliente no processo, quase todas as atividades são
executadas pelo cliente, cabendo ao servidor apenas a preparação. Essa
condição pode ser vista como uma sequência de transações entre o serviço
total, que são as atividades executadas pelo servidor, seja em front office ou
back room.
2.2.2 Características dos Serviços
Discorrer sobre as diferenças que existem nas características dos
processos produtivos da operação de manufatura e de serviços tem sido de
extrema relevância e executada por diversos autores. Rotondaro & Carvalho
(2005) ressaltam as principais características atribuídas aos serviços:
Intangibilidade: abstração dos serviços, ou seja, o principal beneficio
oferecido ao cliente não é uma mercadoria física.
Heterogeneidade: os serviços são caracterizados pela realização de
tarefas com base no relacionamento entre as pessoas.
Trabalho não-armazenável: o serviço é realizado e entregue no
mesmo momento, por isso não é possível usar o conceito de
estoque em serviços.
Necessidade da participação do cliente: os serviços, necessitam da
presença do cliente para sua produção.
Simultaneidade: os serviços são com frequência produzidos
simultaneamente com seu consumo.
Qualidade: nos serviços, o consumidor, participa da operação de
produção dos serviços e não julga apenas seu resultado, mas
também os aspectos de sua produção.
Moreira (2008) resume as principais características que diferenciam
uma empresa industrial e de serviços, conforme os dados do Quadro 2.2.1,
onde:
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
43
Quadro 2.2.1 – Diferenças entre empresas industriais e serviços. (Fonte: MOREIRA, 2008).
Diferenças entre Empresas Industriais e de Serviços
Característica Indústrias Empresas de serviços
Produto Físico Intangível
Estoques Comuns Impossíveis
Padronização dos insumos Comum Difícil
Influência da mão-de-obra Média/Pequena Grande
Padronização dos produtos Comum Difícil
Semelhantemente, Gianesi & Corrêa (1996) mencionam que as
principais características das operações de serviços são:
a intangibilidade dos serviços;
a necessidade da presença do cliente ou um bem de sua
propriedade;
o fato de que, geralmente, os serviços são produzidos e
consumidos de modo simultâneo.
Segundo Lovelock & Wright (2005), as diferenças básicas entre bens e
serviços seriam:
os clientes não obtêm propriedade sobre os serviços;
os produtos dos serviços são realizações intangíveis;
há maior envolvimento dos clientes no processo de produção;
outras pessoas podem fazer parte do produto;
há maior variabilidade nos insumos e produtos operacionais;
muitos serviços são de difícil avaliação pelos clientes;
normalmente há uma ausência de estoques;
o fator tempo é relativamente mais importante;
os sistemas de entrega podem envolver canais eletrônicos e
físicos.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
44
Diante dos esclarecimentos dos autores Rotondaro & Carvalho (2005);
Gianesi & Corrêa (1996); Lovelock & Wright (2005); e, Moreira (2008),
propõe-se o Quadro 2.2.2, onde se identifica de forma macro as diferenças
existentes nas características dos processos produtivos da operação de
manufatura e de serviços:
Quadro 2.2.2 – Diferenças nas características dos processos produtivos da operação de manufatura e serviços
Diferenças nas características dos processos produtivos da operação de manufatura e serviços
MANUFATURA SERVIÇOS
Tangível (físico) Intangível (não físico)
Cliente não toma parte no processo Cliente participa no processo
Estoques são comuns Impossível ser estocado
Itens produzidos e consumidos em tempos e locais diferentes
Produção e consumo simultâneos, em geral, no mesmo local.
Comum a padronização dos insumos Difícil padronização dos insumos
Média ou pequena influência de mão-de-obra
Grande influência de mão-de-obra
Comum a padronização dos produtos Difícil padronização dos produtos
2.2.3 Tipologia dos Serviços
Diversas definições são encontradas sobre como chegar a uma
classificação, em relação ao tipo de serviço apropriada para as
organizações.
Silvestro et al. (1992), apud Gianesi & Corrêa (1996), são considerados
pioneiros no assunto e propõem a utilização de seis dimensões, na busca
da classificação dos processos de serviços:
foco de pessoas e equipamentos;
grau de contato com o cliente;
grau de personalização do serviço;
grau de julgamento pessoal dos funcionários;
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
45
foco no produto ou no processo; e
front office e back room como fonte de valor adicionado.
Segundo esses autores, existem três grandes categorias para
classificar os processos de serviços, definidos como serviços profissionais,
loja de serviços e serviços de massa:
Serviços profissionais: são definidos como alto contato com os
clientes, despendendo um tempo considerável no processo de
prestação do serviço, atendem a um número limitado de clientes
(volume baixo) e de forma personalizada, proporcionando altos
níveis de customização (variedade alta), o processo de serviço é
adaptável para atender as necessidades individuais dos
clientes, podendo ocorrer nas instalações do cliente. Envolvem
organizações, como projetos de engenharia e arquitetura,
médicos, assistência jurídica, consultorias, etc;
Loja de serviços: são processos de nível intermediário de
contato com o cliente, estão entre padronização e
customização. Os volumes e clientes atendidos e as
combinações de valor das atividades da linha de frente (front
office) e da retaguarda (back room) são intermediários entre os
serviços profissionais e os de massa. Envolvem organizações
como bancos, restaurantes, hospitais, loja de varejo, etc;
Serviços de massa: compreendem transações com muitos
clientes (alto volume), envolvendo tempo de contato limitado ou
relativamente baixo, com pouca personalização e alta
padronização na prestação do serviço (baixa variedade),
baseados em equipamentos e orientados para o produto, com
maior parte do valor adicionada no escritório de retaguarda
(back room) com pouca atividade de julgamento exercida pelo
pessoal de linha de frente (front office), o pessoal empregado
não apresenta alto nível de qualificação, efetuando tarefas e
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
46
procedimentos prescritos. Como exemplos, o transporte
coletivo, a telefonia, etc.
A Figura 2.2.3 esboça a classificação dos processos de serviços.
Figura 2.2.3 – Classificação dos processos de serviços. (Fonte: SILVESTRO et al, 1992 apud GIANESI & CORRÊA, 1996; ROTONDARO & CARVALHO, 2005).
Rotondaro & Carvalho (2005) comentam que os serviços profissionais
têm maior ênfase nas atividades de linha de frente, enquanto os de massa
enfatizam a retaguarda, sendo as lojas de serviços balanceadas quanto a
esse aspecto.
Uma outra classificação interessante é aquela proposta por Cooke
(2000), adaptada da proposta anterior de Silvestro et al. (1992) apud
Gianesi & Correa (1996), que considera:
A. Qual a ênfase do contato do consumidor: há ênfase no contato
com pessoas ou ênfase no contato com bens facilitadores
(equipamentos, instalações); e
B. Onde o principal valor é agregado: efetuado na presença do
consumidor (ênfase no front-office, ou seja, nas operações de
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
47
atendimento) ou isolado do consumidor (ênfase no back-office,
ou seja, nas operações de suporte).
Os dados do Quadro 2.2.3 apresentam a classificação de Cooke
(2000) que acrescenta um diferencial à classificação proposta anteriormente
por Silvestro et al. (1992) apud Gianesi & Correa (1996), obtendo a inclusão
de graus híbridos (intermediários) entre os extremos de cada dimensão.
Quadro 2.2.3 – Classes de serviços. (Fonte: COOKE, 2000)
Na presença do consumidor (ênfase no front-office, ou seja, nas operações de atendimento)
Híbrido (ênfase tanto no front-office, como no back-office)
Isolado do consumidor (ênfase no back-office, ou seja, nas operações de suporte)
Assistência técnica a domicílio, Jardinagem, Vigilância, Professor particular.
Consultores, Advogados, Arquitetos, Agência de Propaganda.
Escritório de contabilidade, Corretores, Recrutamento de executivos.
Assistência técnica, Lavanderias, Sapatarias.
Consultório Médico, Consultório Dentário, Táxi, Escolas Companhia aérea, Hospitais.
Cinema, Lava rápido automatizado, Máquinas de vendas de produtos, Transporte urbano.
Banco por computador, Venda pela internet, Projeto auxiliado por computador.
Restaurantes, Hotéis, Locadoras de equipamentos, varejo em geral, Bancos.
Desenvolvimento de software, instalação de redes de computadores.
Pessoas Híbrido (pessoas e
bens facilitadores)
Bens facilitadores (equipamentos e
instalações)
Ênfase do contato do consumidor
A
B
Onde o principal valor é
agregado
2.2.4 A Importância dos Serviços na Economia
Lovelock & Wright (2005) afirmam que somos consumidores diários
de vários tipos serviços. O movimento deste setor, crescente ano após ano,
impulsiona a economia no Brasil e no mundo, correspondendo a uma
parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) de vários países.
Segundo esses autores, o tamanho dessa parcela no Brasil é superior a
50% do Produto Interno Bruto (PIB) e o setor de serviços emprega mais da
metade da mão-de-obra em muitas nações da América Latina e Caribe.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
48
Rotondaro & Carvalho (2005) compartilham do declarado por
Lovelock & Wright (2005), e em relação ao Brasil, a participação dos
serviços sobre o Produto Interno Bruto (PIB) é 52,3%.
A respeito desse assunto, Corrêa & Caon (2002) ressaltam que os
principais fatores responsáveis pelo crescimento de empregos em serviços
no mundo são de ordem político-social e tecnológica, destacando-se:
urbanização: torna necessários diversos serviços essenciais .
Exemplos: segurança e transporte urbano;
mudanças demográficas: aumentam a quantidade de crianças
e/ou idosos, que consomem maior variedade de serviços.
Exemplos: educação, entretenimento e saúde.
mudanças socioeconômicas: aumento da participação da
mulher no trabalho remunerado e pressões sobre o tempo
pessoal. Exemplos: serviços domésticos, transporte escolar
dos filhos, creches e outros prestados por terceiros;
aumento da sofisticação dos consumidores: leva a
necessidades mais amplas de serviços. Exemplos:
acompanhamento psicológico, personal trainers e consultores
de estilo.
mudanças tecnológicas: têm aumentado a qualidade dos
serviços (avanços dos computadores e das televisões), ou
ainda, criados serviços completamente novos (bancos
eletrônicos) ou as informações e serviços por Internet (reserva
e emissões de passagens aéreas, download de músicas,
jogos, livros, cursos de educação a distância).
Na continuidade dos estudos, Lovelock & Wright (2005) assinalam
que, na maioria dos países, o setor dos serviços na economia é muito
diversificado, incluindo uma ampla lista de atividades diferentes, variando
desde empreendimentos gigantescos, que operam em uma base global, até
pequenas empresas, que atendem uma única cidade ou bairro.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
49
Corrêa & Caon (2002) opinam que a participação do número de
empresas de serviços em atividade no ano 2000, no Brasil, tem
testemunhado um crescente ingresso de grandes empresas multinacionais,
como grandes cadeias de hotéis, gerando um crescimento do setor,
comentando a importância de se desenvolverem, conceitos e técnicas de
administração para operações de serviços.
2.2.5 A Qualidade em Serviços
Muitos pesquisadores acreditam que as percepções dos clientes
sobre a qualidade baseiam-se em avaliações cognitivas de longo prazo
sobre a entrega de serviço de uma empresa, ao passo que a satisfação do
cliente é uma reação emocional de curto prazo a uma experiência específica
de serviço, conforme afirmam Fitzsimmons & Fitzsimmons (2005).
Para esses autores, os clientes avaliam seus níveis de satisfação ou
insatisfação depois de cada encontro e utilizam essa informação para
atualizar suas percepções da qualidade do serviço. Quando se trata de
serviços que nunca consumiram, as pessoas, muitas vezes, baseiam seus
julgamentos de qualidade na palavra de conhecidos ou na campanha de
propaganda da empresa. Entretanto, os clientes devem de fato experimentar
um serviço antes de poderem ficar satisfeitos ou insatisfeitos.
Zeithaml et al. (1990) identificam alguns fatores que influenciam a
formação das expectativas dos clientes em relação ao serviço a ser
prestado:
Comunicação ―oral‖: representa as recomendações que os clientes
recebem de terceiros para buscar pistas da qualidade de serviço;
caracteriza-se como uma ferramenta importante e pode trabalhar
tanto positiva como negativamente (importante citar que, infelizmente
para os fornecedores, é mais eficaz quando o trabalho é contra).
Necessidades e desejos pessoais: principal fator formador de
experiências do cliente, que procura um prestador de serviços na
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
50
esperança de que suas necessidades sejam satisfeitas e seus
desejos atendidos. Existem situações em que a necessidade do
cliente entra em conflito com seu desejo, em razão de uma lacuna
entre os níveis de conhecimento do processo de prestação do
serviço, entre o cliente e o prestador.
Experiência anterior: experiências passadas influenciam o grau de
expectativa que o cliente tem ao procurar um prestador de serviços.
Um cliente, ao ser ―encantado‖, tenderá a elevar suas expectativas
para a próxima vez que procurar o prestador. É conveniente que o
prestador possa manter o ―encantamento‖ e isso se dê de forma a
que sempre possa elevar-se ao grau de percepção do cliente.
Comunicação externa: inclui todo tipo de comunicação, tanto da
própria organização como de órgãos externos (rádios, site da
Internet, televisão). Esses fatores tendem a ter alguma influência
sobre o grau de expectativa do cliente e devem ser controlados pelo
prestador de serviços, que deve ter o cuidado para não elevar a
expectativa do cliente em um nível que não possa ser atingido, ou
criar uma expectativa baixa, que diminua a probabilidade do cliente
ser atraído para o serviço. A melhor opção é ajustar as capacidades
do prestador de serviços ao nível de expectativa do cliente.
Preço: o cliente estabelece em sua mente uma espécie de correlação
entre o preço cobrado e a qualidade esperada do serviço. O preço é
um aspecto que pode ser objetivamente avaliado (de acordo com a
sequência de ranking de preço), classificado (baseando-se nas
expectativas, a ―qualidade esperada‖) e comparado (se é caro, é
bom). Isso funciona no sentido de que o preço mais alto poderá
aumentar a expectativa do cliente quanto ao serviço.
Para tanto, a Figura 2.2.4 representa os fatores influenciadores da
formação da expectativa do cliente:
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
51
Figura 2.2.4 – Fatores influenciadores da expectativa do cliente. (Fonte: Adaptado ZEITHAML et al, 1990).
Para Albrecht (2002) qualquer instante em que o cliente entra em
contato com algum aspecto da organização e obtém uma impressão da
qualidade de seus serviços, é considerado uma hora da verdade1, e as
diversas horas da verdade delimitam a satisfação ou insatisfação do cliente.
Diante do proposto, Albrecht (2002) instituiu o ciclo de serviço, que
considera útil para ajudar as pessoas a mudarem seus pontos de vista na
busca da compreensão da realidade da experiência do cliente. O ciclo de
serviços é a cadeia contínua de eventos pela qual o cliente passa, à medida
que experimenta o serviço prestado. Ele raramente pensa em termos de
departamentos ou especialidades. O cliente pensa em ter sua necessidade
satisfeita e, também, que haja por parte do prestador do serviço a iniciativa
para atendê-lo. Um único contato desastroso nesse processo poderá
comprometer todo o ciclo.
Parasuraman et al. (1988) criaram uma escala (SERVQUAL) para a
avaliação da qualidade de serviços baseada nas seguintes categorizações:
Confiabilidade: é a capacidade de prestar o serviço prometido
com confiança e exatidão;
Responsabilidade: é a disposição para auxiliar e servir os
clientes e fornecer o serviço prontamente.
Segurança: é o conhecimento dos funcionários, bem como sua
capacidade de transmitir confiança e confidencialidade.
1 Utiliza-se também, em referência, a expressão - momento da verdade.
Necessidades Desejos Experiência
passada
Comunicação
―oral‖
Comunicação externa
Preço
Expectativa do cliente
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
52
Empatia: envolve cortesia, demonstração de interesse e
atenção personalizada ao cliente.
Tangibilidade: é a aparência das instalações físicas,
equipamentos, pessoal e materiais para comunicação.
Para esses autores, os clientes, que se baseiam na comparação
entre o serviço esperado e o percebido, utilizam essas cinco categorizações
para fazer julgamentos sobre a qualidade dos serviços.
Esses autores, propuseram um conjunto de dimensões da qualidade
de serviços, englobando:
Aspectos Tangíveis – Aparência física de instalações,
equipamentos, pessoas e materiais de comunicação.
Confiabilidade – Capacidade de prestar o serviço prometido de
forma confiável e precisa.
Responsabilidade – Disposição para ajudar o cliente e
proporcionar com presteza um serviço.
Competência – Habilidades específicas para desempenhar um
serviço.
Cortesia – Fineza, respeito, consideração e amabilidade no
contato pessoal.
Credibilidade – Confiança, credibilidade, honestidade e
integridade transmitidas pelo prestador do serviço.
Segurança – Ausência de risco, perigo ou dúvida.
Acesso – Proximidade e facilidade de contato.
Comunicação – Manter o cliente informado de forma
compreensível e escutá-lo.
Conhecimento do cliente – Esforço para saber e atender suas
necessidades.
Ao comparar a questão ―cliente externo x cliente interno‖, na sugestão
das dimensões da qualidade enfatizadas por Parasuraman et al. (1988),
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
53
pela sua própria configuração, sugerem um contexto está voltado ao cliente
externo, enquanto que no presente trabalho aplica-se a ênfase ao cliente
interno, podendo essas dimensões ser ou não contempladas em sua
totalidade.
Dentro desse contexto, por exemplo, pode-se aplicar a dimensão
cortesia, em que as atitudes como fineza, respeito, consideração e
amabilidade no contato pessoal são imperativos ao cliente externo e não, ao
cliente interno, que poderá ter respeito e consideração aos profissionais da
empresa, porém dificilmente tratará o profissional de maneira amável e/ou
com fineza.
Oliveira (2006) ilustra uma comparação entre as Dimensões da
Qualidade propostas por Parasuraman et al. (1988) e aquelas sugeridas por
Garvin (2002), apresentadas no Quadro 2.2.4 (válidas, em princípios para
produtos e serviços).
Quadro 2.2.4 – Comparação entre as dimensões de Parasuraman et al. (1988) e Garvin (2002). (Fonte: OLIVEIRA, 2006)
Dimensões da Qualidade aplicadas a Serviços
Parasuraman Garvin
Aspectos tangíveis Desempenho, Características, Confiabilidade, Estética e Qualidade Percebida.
Confiabilidade Confiabilidade e Qualidade Percebida.
Responsabilidade Desempenho, Confiabilidade, Conformidade e Qualidade Percebida.
Competência Desempenho, Confiabilidade, Conformidade, Atendimento e Qualidade Percebida.
Cortesia Característica e Qualidade Percebida.
Credibilidade Conformidade, Atendimento, Estética e Qualidade Percebida.
Segurança Desempenho, Conformidade, Durabilidade e Qualidade Percebida.
Acesso Qualidade Percebida
Comunicação Característica, Atendimento e Qualidade Percebida.
Conhecimento do cliente
Desempenho, Atendimento e Qualidade Percebida.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
54
Oliveira (2006) indica que, (Quadro 2.1.2), a dimensão qualidade
percebida definida por Garvin (2002) enquadra-se em todas as
características das dimensões sugeridas por Parasuraman et al. (1988),
(Quadro 2.2.4), o que demonstra a preocupação do autor em considerar
esse aspecto da qualidade – percepção do cliente em relação à
diferenciação de produtos ou serviços – altamente relevante.
2.2.6 Conquista da Qualidade em Serviços
Os serviços podem ser considerados produtos intangíveis e
consumidos simultaneamente à sua produção, mas ainda existem
dificuldades para os fornecedores na avaliação desses serviços antes de
sua prestação. Diante desses pontos, desenvolveram-se ferramentas,
instrumentos, técnicas e controles na busca de entendimento e conquista da
qualidade em serviços.
A esse propósito, Zeithaml, Parasuraman & Berry (1990) propuseram
um interessante modelo que busca identificar os desvios (gap’s)
responsáveis pelo não oferecimento dos serviços conforme as expectativas
dos clientes. Os gap’s considerados no modelo são:
Gap 1: mede a diferença entre as expectativas dos clientes e
a percepção por parte da administração sobre essas
expectativas, com base em várias fontes (anúncios,
experiências anteriores com a empresa e concorrência,
necessidades pessoais e comunicação com amigos);
Gap 2: mede a percepção, pela gerência, das expectativas
dos clientes e a tradução dessas percepções em
especificações de qualidade do serviço;
Gap 3: mede a diferença entre o desempenho do serviço
especificado e o serviço efetivamente prestado pela
administração. Pode originar-se das falhas da equipe de
trabalho, seleção inadequada de funcionários, treinamento
inadequado e projeto inapropriado das tarefas;
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
55
Gap 4: mede a diferença entre as expectativas dos clientes de
um serviço anunciado, prometido, via anúncios em mídia e
outras comunicações realizadas pela empresa, e o serviço
executado, prestado na forma de promessas exageradas e
falta de informações fornecidas pelos funcionários da linha-de-
frente;
Gap 5: mede as diferenças entre a expectativa do serviço
esperado e o serviço percebido, depende do tamanho e da
direção das quatro GAP‘S associadas à prestação de serviços.
Resultado das demais GAP‘S e é, com base nelas, que o
cliente penaliza o prestador de serviço, seja não retornando,
seja propalando a má qualidade do serviço prestado.
A estrutura e os relacionamentos do modelo citado podem ser vistos
na Figura 2.2.5.
Propaganda
boca a boca
Necessidades
pessoais
Experiências
anteriores
Serviço esperado
Serviço percebido
Prestação do serviço (incluindo pré e
pós-contrato)
Tradução das percepções em especi-
ficações de qualidade do serviço
Percepções pela gerência das
expectativas dos clientes
Comunicações externas
com clientes
GAP 5
GAP 3
GAP 2
GAP 4
Fornecedor
GAP 1
Cliente
Figura 2.2.5 – Modelo para qualidade em serviços - SERVQUAL. (Fonte: PARASURAMAN et al., 1988).
Outros modelos para a avaliação e medição da qualidade em
serviços podem ser vistos em levantamentos feitos por Miguel et al. (2004) e
Salomi et al. (2005).
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
56
2.2.7 Satisfação do Cliente
Muitos autores dissertam sobre serviços baseados no atendimento
das necessidades e expectativas do consumidor externo à empresa e quais
as implicações ou problemas acarretados quando não são atendidas suas
exigências.
De acordo com Lovelock & Wright (2005), os clientes experimentam
vários níveis de satisfação ou descontentamento após cada experiência de
serviço, de acordo com a medida em que suas expectativas foram atendidas
ou ultrapassadas. Considerando-se que a satisfação é um estado
emocional, suas reações pós-compras podem envolver raiva, insatisfação,
irritação, indiferença ou alegria.
A respeito desse assunto, Gianesi & Corrêa (1996) acrescentam que:
―Pesquisas mostram que, em média um consumidor insatisfeito
depõe contra o serviço ou contra seu fornecedor a 10 outras
pessoas, enquanto um consumidor satisfeito recomenda o serviço
ou seu fornecedor a apenas 5 potenciais consumidores.‖ (Gianesi
& Corrêa, 1996, p. 73)
Lovelock & Wright (2005) alertam que clientes marginalmente
satisfeitos podem ser atraídos por concorrentes, ao contrário de um cliente
―encantado‖, que é mais tendente a permanecer fiel, apesar das ofertas
competitivas atraentes.
Lovelock & Wright (2005) afirmam, também, que a satisfação do
cliente desempenha um papel crítico em ramos competitivos, com uma
diferença enorme entre a fidelidade de clientes meramente satisfeitos e a de
clientes ―encantados‖.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
57
2.2.8 As expectativas dos clientes
As principais atividades desenvolvidas pela Administração de
Materiais, dentro das empresas, são focadas com o objetivo de atender as
necessidades de seu consumidor interno (Produção) que
subsequentemente, atenderá ao consumidor externo.
Berry & Parasuraman (1991) afirmam que as expectativas do
consumidor desempenham um importante papel no processo de avaliação
do serviço, pois os consumidores avaliam a qualidade do serviço
comparando o que queriam, ou esperavam receber, com o que perceberam
ter recebido. Os autores consideram que a expectativa é usada como
modelo de comparação, a fim de apontar o que os consumidores crêem que
irão receber, como também o que gostariam de receber e definem que, as
expectativas dos consumidores ocorrem em dois níveis – adequado e
desejado, em que: a) nível adequado: o que o consumidor acha aceitável
receber; e, b) nível desejado: o que o consumidor gostaria de receber.
Ainda sobre o assunto, para Berry & Parasuraman (1991), os níveis
acima citados são separados por uma zona de tolerância, que é uma faixa
de desempenho de serviço que o consumidor considera satisfatória. Quando
o nível de desempenho está abaixo da zona de tolerância, gera frustrações
e diminuição da fidelidade do consumidor; quando o nível de desempenho
está acima da zona de tolerância, surpreende positivamente os
consumidores e reforça sua fidelidade – Figura 2.2.6.
Figura 2.2.6 – Níveis de expectativa, níveis de qualidade percebido e impacto na satisfação do consumidor. (Fonte: BERRY & PARASURAMAN, 1991).
Nível de Qualidade Percebido
Nível de Qualidade Percebido
Nível Desejado
Nível Adequado
Zona de
Tolerância
Nível de Expectativa Impactos na satisfação do Consumidor
Consumidor Mais do que Satisfeito
Consumidor Satisfeito
Consumidor Insatisfeito
Nível de Qualidade Percebido
Nível de Qualidade Percebido
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
58
Conforme demonstrado, neste capítulo, as necessidades e desejos,
experiências passadas, comunicação oral, comunicação externa e preço
são fatores que influenciam na formação da expectativa do consumidor.
Berry & Parasuraman (1991) sugerem uma relação de nove fatores que
exercem influências na formação da expectativa do consumidor, conforme
ilustra o Quadro 2.2.5:
Quadro 2.2.5 – Fatores que influenciam os níveis de expectativa e a zona de tolerância. (Fonte: BERRY & PARASURAMAN, 1991).
Intensificadores permanentes de serviços
Fatores que intensificam a sensibilidade dos consumidores de maneira permanente. Ex: avanços tecnológicos, inovação no serviço, expectativas dos consumidores.
Intensificadores transitórios de serviços
Fatores que aumentam a sensibilidade dos consumidores de maneira temporária. Ex: emergências pessoais, problemas com a execução do serviço inicial elevando as expectativas de reparação.
Necessidades Pessoais
Requerimentos individuais ditados por específicas características físicas, psicológicas, sociais e o recurso dos consumidores.
Alternativas de serviço percebidas
Percepções dos consumidores quanto ao grau de opções que estes têm para obter o serviço. O nível de expectativas pode abaixar se o consumidor não achar melhores alternativas de serviço. O nível de tolerância passará a ser maior.
Papel pessoal no serviço percebido
Percepções dos consumidores quanto ao grau como estes influenciam o nível de serviço que recebem. Ex: aluno de um curso (quanto ao aprendizado total-sua atenção e estudo), conserto de um carro (quão bem definidos foram os defeitos).
Promessas explícitas de serviço
Declarações da empresa sobre o serviço prestado ao consumidor. Ex: propagandas, pessoal de vendas, contratos.
Promessas implícitas de serviço
Dicas de serviço além das promessas explícitas que levam a dedução a respeito de como o serviço deveria ou será executado. Referem-se ao preço e outros tangíveis associados ao serviço que dão ―pistas‖ de como este será executado.
Comunicação ―oral‖
Afirmações feitas por outras partes, além da empresa sobre como o serviço será executado e entregue. Tais afirmações podem vir tanto de fontes pessoais como de experts. Ex: depoimentos de conhecidos, relatórios de experts sobre o serviço.
Experiência passada Prévia exposição do consumidor ao serviço, que é relevante ao serviço presente.
2.3. Administração de Materiais-Logística – conceitos e definições
Neste item, aborda-se um detalhado levantamento de seus conceitos
e das principais atividades envolvidas nesse processo, a Gestão de
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
59
Materiais, ressaltando a importância do serviço com a qualidade para
alcançar a satisfação do cliente, e a evolução da área.
Para as organizações, o objetivo da Administração de Materiais deve
ser o de prover o material certo, no local de operação certo, no instante
correto e em condições utilizáveis (qualidade), ao custo mínimo, conforme
define Ballou (1993). Consequentemente, gera-se um ganho em
produtividade decorrente dessa condição.
Segundo Krajewski & Ritzman (1990), a importância da administração
de materiais não é somente para os segmentos industriais, em que, em
1987, foram investidos em estoques, na economia norte-americana, perto
de um trilhão de dólares em segmentos diversos, conforme demonstrado
nos dados da Tabela 2.3.1:
Percentual Valor (aproximado) Segmento
37% 370 bi US$ Indústria de Transformação
22% 220 bi US$ Comércio Varejista
21% 210 bi US$ Comércio Atacadista
12% 120 bi US$ Setor Agropecuário
8% 80 bi US$ Restantes da Economia
Tabela 2.3.1–Investimento em estoques na economia norte-americana, 1987.
(Fonte: KRAJEWSKI & RITZMAN, 1990).
Fundamentado na situação de que existe uma troca de capital – que
poderia ser investido em outras aplicações mais rentáveis – por materiais e
equipamentos destinados à manufatura de produtos para, por meio da
venda, gerar lucro, as organizações tendem a se preocupar em administrar
melhor os materiais.
Francischini (2002) define que a Administração de Materiais é:
―Atividade que planeja, executa e controla, nas condições
eficientes e econômicas, o fluxo de material, partindo das
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
60
especificações dos artigos a comprar até a entrega do produto
terminado ao cliente‖. (Francischini, 2002, p.5)
Para Francischini (2002), a Administração de Materiais tecnicamente
bem aparelhada é, sem dúvida, uma das condições fundamentais para o
equilíbrio econômico e financeiro de uma empresa; o tratamento adequado
do abastecimento, do planejamento e do reaproveitamento de materiais
contribui para a melhoria do resultado de qualquer organização.
Arnold (2006) explana que o conceito de Administração de Materiais
é baseado em um departamento responsável pelo fluxo de materiais
apoiado no fornecedor, passando pela produção até o consumidor. Esse
conceito é relativamente novo; se as empresas desejarem minimizar seus
custos totais, deverão efetuar tal fluxo.
A respeito do assunto, Ballou (1993) ressalta que só recentemente a
Administração de Materiais foi, de modo efetivo, integrada à Logística.
Assim, define Logística Empresarial como:
―A logística empresarial trata de todas as atividades de
movimentação e armazenagem, que facilitam a fluxo de produtos
desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de
consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam
os produtos em movimento, com o propósito de providenciar
níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.‖
(Ballou, 1993, p.24)
Conforme o referido autor assinala, a boa Administração de Materiais
significa coordenar a movimentação de suprimentos com as exigências de
operação, a fim de que as atividades primárias da Logística Empresarial
alcancem os objetivos logísticos de custo e nível de serviço.
Para Ballou (1993), as atividades primárias da Logística são
transporte, manutenção dos estoques e processamento de pedidos, assim:
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
61
Transportes: atividade mais importante, pois absorve, em
média de um a dois terços dos custos logísticos;
Manutenção dos estoques: para atingir um grau razoável de
disponibilidade de produto, é necessário manter estoques, que
agem como amortecedores entre a oferta e a demanda - o uso
extensivo do estoque resulta no fato de que, em média, é
responsável por um a dois terços dos custos logísticos;
Processamento de pedidos: sua importância deriva do fato de
ser um elemento crítico em termos de tempo necessário para
levar bens e serviços ao cliente; os custos tendem a serem
pequenos se comparados a outros dois aqui citados.
Para ilustrar como as informações acima se relacionam, Ballou (1993)
demonstra na Figura 2.3.1 que o tempo requerido para um cliente receber
um pedido depende do tempo necessário para entregar o pedido. A esse
relacionamento denomina ciclo crítico.
Figura 2.3.1 – Relação entre as três atividades logísticas primárias para atender o cliente – ciclo crítico. (Fonte: BALLOU, 1993).
Arnold (2006) informa que outros nomes podem ser atribuídos à
Administração de Materiais, como: Planejamento e Controle da Distribuição
e Administração da Logística.
O conceito de atividade logística é amplo, pode englobar desde
longas movimentações de materiais e produtos em um abrangente espaço
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
62
PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUE
Compensação das diferenças de ritmo entre fornecimento e
demanda de recursos materiais
geográfico, até a movimentação de materiais internos de uma planta fabril,
que mais se aproxima do conceito de Administração de Materiais que
interessa ao presente trabalho.
Slack et al. (2002) definem estoque como a acumulação armazenada
de recursos materiais em um sistema de transformação e ressaltam que os
estoques são custosos e, algumas vezes, empatam considerável quantidade
de capital; mantê-los representa riscos, como:
a) podem deteriorar;
b) tornar-se obsoletos ou perder-se;
c) ocupam espaço valioso.
A Figura 2.3.2 demonstra um sistema de planejamento e controle de
estoques, conforme Slack et al. (2002):
Figura 2.3.2 – Planejamento de controle de estoques. (Fonte: SLACK et al., 2002).
Corrêa, Gianesi & Caon (2007) descrevem que as principais razões
para o surgimento dos estoques são:
a impossibilidade ou inviabilidade de coordenar suprimento e
demanda;
a especulação com o próprio estoque;
a incerteza de provisões de suprimento e/ou demanda; e
preencher o “pipeline inventory” – canais de distribuição.
Fornecimento de produtos e serviços
Recursos de produção
Demanda de produtos e serviços
Consumidores da operação produtiva
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
63
Administrar essas variáveis é função da Administração de Materiais,
bem como decidir o que é mais compensador economicamente e sempre
que possível coordenar os processos de suprimento e consumo.
2.3.2 Gestão de Materiais
Simchi-Levi et.al. (2003) ressaltam a importância do gerenciamento
de estoques e a necessidade de coordenação das decisões de estoque e
das políticas de transporte e alertam que, infelizmente, gerenciar estoques
em cadeias de suprimentos complexas é uma tarefa difícil e pode ter um
impacto significativo no nível de serviço ao cliente e nos custos globais da
cadeia de suprimentos.
A Gestão de Materiais, segundo Slack et al. (2002), originou-se na
função de compras, em que as empresas compreenderam a importância de
integrar o fluxo de materiais e suas funções de suporte, tanto através do
negócio, como através do fornecimento aos clientes imediatos. Em uma
visão tradicional, os gerenciamentos dos elos de movimentação de materiais
da cadeia de fornecimento, tais como: compras, estoques, armazenagem e
distribuição, são controlados por pessoas diferentes, causando falta de
informação, apresentando alto nível de estoques com tempos longos de
movimentação e falta de sincronismo entre compras e vendas, tornando a
empresa inflexível para mudanças rápidas de produção.
Slack et al. (2002) indicam que Gestão de Materiais significa dar
responsabilidade por todo o fluxo de informações e materiais para uma só
parte da organização. Assim, torna-se possível a coordenação da
movimentação, oferecendo resposta à demanda, isto é, focando na
necessidade do cliente com estoques menores e cargas de máquina com
lotes pequenos, para processar em tempos curtos e poder modificar, em
caso de necessidade de re-programação, com custos menores, ou seja, a
empresa consegue produzir mais com menos custos.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
64
Francischini (2002) define que a Gestão de Materiais é composta pela
atividade que planeja, executa e controla, nas condições mais eficientes e
econômicas, o fluxo de material, partindo das especificações dos artigos a
comprar até a entrega do produto terminado no cliente.
Arnold (2006) considera que Administração de Materiais é uma
função coordenadora responsável pelo planejamento e controle do fluxo de
materiais, maximizando a utilização do uso dos recursos da empresa e
fornecendo o nível de serviço requerido pelo cliente. Esse conceito é
relativamente novo, se as empresas desejarem minimizar seus custos totais,
deverão efetuar tal fluxo.
Esses autores consideram a gestão de materiais como central e
incorporam a ela a responsabilidade de compras, estoque, logística e o bom
funcionamento do fluxo.
2.3.2 Administração de Materiais-Logística e suas atividades de apoio
Para Ballou (1993), apesar de transportes, manutenção de estoques
e processamento de pedidos serem os principais ingredientes que
contribuem para a disponibilidade e condição física de bens e serviços, há
uma série de atividades adicionais que apoiam essas atividades primárias.
Pozo (2004) compartilha desse pensamento e acrescenta que as
atividades consideradas de apoio são aquelas, adicionadas, que dão
suporte ao desempenho das atividades primárias, para que se possa ter
sucesso na empreitada organizacional, que é manter e criar clientes com
pleno atendimento do mercado e satisfação total do acionista em receber
seu lucro.
As atividades de apoio são: processo de armazenagem, manuseio de
materiais, embalagem de proteção, obtenção ou suprimentos, programação
de produtos ou planejamento e sistema de informações.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
65
2.3.2.1 Processo de armazenagem
Envolve o processo da administração do espaço necessário para
manter materiais estocados. Essa ação lida com problemas, como:
localização, dimensionamento de área, arranjo físico, equipamentos de
movimentação, recuperação do estoque, projeto de docas ou baías de
atracação, necessidades de recursos financeiros e humanos.
2.3.2.2 Manuseio de materiais
Está associada com a armazenagem e, também, com a manutenção
dos estoques. Envolve a movimentação de materiais no local de estocagem,
podendo ser tanto estoques de matéria-prima como de produtos acabados,
ou a transferência de materiais do estoque para o processo produtivo, ou
deste para o estoque de produtos acabados, ou, também, transferência de
um depósito para outro.
2.3.2.3 Embalagem de proteção
Dentro da Logística há o objetivo de movimentar produtos com toda
proteção sem danificá-los, além do economicamente razoável. Um bom
projeto de embalagem do produto auxilia a garantir perfeita e econômica
movimentação sem desperdício. Além disso, dimensões adequadas de
empacotamento encorajam manuseio e armazenagem eficientes.
2.3.2.4 Obtenção ou Suprimentos
Esta atividade proporciona que o produto fique disponível no
momento exato para ser utilizado pelo sistema logístico, envolve
procedimentos de avaliação, seleção das fontes de fornecimento, definição
de quantidades a serem adquiridas, programação e forma de compras. É
uma área importantíssima de apoio logístico e, também, um setor de
obtenção de enormes reduções de custos da organização.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
66
2.3.2.5 Programação de produtos ou Planejamento
Refere-se às quantidades agregadas que devem ser produzidas, e
quando, onde e por quem devem ser fabricadas. É a base que servirá de
informação à programação detalhada da produção dentro da fábrica e
permitirá o cumprimento dos prazos exigidos pelo mercado.
2.3.2.6 Sistema de informações
Nenhuma função logística dentro de uma empresa poderia operar
eficientemente sem as necessárias informações de custo, procedimentos e
desempenho. Um bom sistema de informações inclui uma base de dados
bem estruturados, com informações importantes sobre os clientes, volume
de vendas, padrões de entregas, níveis de estoques e disponibilidades
físicas e financeiras, que servirão como base a uma administração eficiente
das atividades primárias e de apoio.
2.3.3 Evolução da Administração de Materiais
As atividades em Administração de Materiais, como em qualquer área
dentro das instituições, evoluem ao longo dos anos, no sentido de obter-se
avanços na otimização de processos em busca de competitividade.
Viana (2002) ressalta, dentro das evoluções na área de
Administração de Materiais, algumas especialidades como a Logística, as
técnicas de administração japonesas, o código de barras e a informática:
Logística: em face do quadro de mudanças no cenário
econômico, surge como ferramenta fundamental a ser utilizada
para produzir vantagens competitivas;
Técnicas de administração japonesas: após a Segunda Guerra
Mundial, os japoneses, arrasados, com falta de espaço e
carentes de recursos naturais, adotaram normas de eliminação
completa de perdas (Perda Zero); na Toyota, o kanban,
instituiu um sistema de participação dos funcionários na vida e
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
67
no progresso da empresa com a finalidade de atender ao just
in time;
Código de barras: símbolo composto por barras paralelas de
larguras e espaçamentos variados, pode ser utilizado para
aprimorar qualquer processo que envolva controle de
mercadorias, efetuar operações com grande número de itens,
gerenciar estoques racionalmente, tendo como principais
vantagens: rapidez, economia, aplicação no armazenamento
(em compras e em vendas), dispensa etiquetação e
reetiquetação do produto com o preço;
Informática: utilizada como plataforma de eficiência e
produtividade como, por exemplo, Extranet com ferramentas e
os documentos, antes limitados a consultas internas, que
podem ser acessados de modo controlado fora da empresa
pelos distribuidores, parceiros, fornecedores e clientes,
permitindo rapidez e economia de tempo nas transações.
Francischini (2002) opina sobre alguns pontos que contribuíram para
a evolução da área de Administração de Materiais, entre eles:
a atividade era exercida diretamente pelo proprietário da
empresa, pois comprar era a essência do negócio;
as atividades de compras são atividades de apoio às
atividades produtivas e, integradas à área de produção;
a coordenação de serviços envolvendo materiais, começando
com o planejamento das matérias-primas e a entrega de
produtos acabados, em uma organização independente da
área produtiva;
a agregação à área logística das atividades de suporte à área
de marketing;
o modelo atual da área de Logística, da qual faz parte a
Administração de Materiais.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
68
Francischini (2002) resume os pontos citados antes, no Quadro 2.3.1.
Quadro 2.3.1 – Evolução da Administração de Materiais. (Fonte: FRANCISCHINI, 2002).
Percepção Empresarial
Situação Inicial
Processo de Evolução
Estágio Avançado
Situação Atual
O Administrador de Materiais
Pessoa de recados
Funcionário a serviço da produção
Executivo conhecedor do mercado de abastecimento
Executivo que administra 60% dos custos e das despesas
Perfil do profissional
Pessoa bem considerada
Burocrata eficiente
Conhecedor de administração comercial e de mercados
Executivo com preparos técnico, econômico e legal.
Progresso do profissional
Sem possibilidades
Comprador Planejamento do negócio
Diretor executivo
Atividades da Administração de Materiais
Faz despesas Evita e desmobiliza estoques excedentes
Planejamento estratégico
Concentração de uma visão de melhoria dos resultados
2.3.4 Administração de Materiais-Logística e o cliente interno Produção
Na literatura, em geral, existe uma concentração de esforços no
atendimento das necessidades e expectativas do cliente externo à empresa
e nas implicações ou problemas que acarretam quando não atendidas suas
exigências.
Por outro lado, pouco se disserta sobre o cliente interno das
empresas, cujo envolvimento dos departamentos, colaboradores e a troca
de informações são importantíssimos para alcançar os objetivos do negócio.
As principais atividades desenvolvidas pela Administração de
Materiais-Logística, dentro das empresas, são focadas com o objetivo de
atender as necessidades de seu cliente interno (Produção) que, ao final do
processo, atenderá ao consumidor externo.
Conforme Gianesi & Corrêa (1996), a importância do conceito de
cliente interno decorre da nova forma de considerar as operações dentro
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
69
das organizações, onde diversas subdivisões funcionais (por exemplo,
gerências, departamentos ou seções), em empresas de manufatura ou
serviços, executam atividades de produção ou de apoio que podem ser
consideradas como serviços, caracterizando uma relação de cliente-
fornecedor interno.
Para Colenci Junior e Iombriller (1995), a empresa poderá diminuir
seus problemas no atendimento ao cliente externo fazendo com que cada
área justifique sua atuação, não apenas por atender bem a rotina de suas
atividades previsíveis, mas para que ofereça serviços com qualidade às
demais áreas e a toda organização vistas como clientes de sua atividade.
A Administração de Materiais-Logística está inserida dentro dos
contextos abordados até aqui como uma das operações que visam o
alcance dos objetivos traçados pela empresa, com atividades de apoio ao
departamento de Produção, gerando informações e serviços, baseando-se
em informações oriundas de outros setores (por exemplo, vendas), dando
uma visão da importância e necessidade da troca de informações entre
todas as áreas da empresa de forma permanente.
Gianesi & Corrêa (1996) sugerem que cada setor passa a ter seus
objetivos estratégicos definidos em função do nível de serviço requerido por
seus clientes, necessitando coordenar e integrar suas próprias subfunções,
para atingir esses objetivos.
Na Figura 2.3.3, Albrecht (2002) apresenta o triângulo do serviço
representado graficamente a interação de três elementos críticos –
estratégia do serviço, pessoal de linha orientado para o cliente e sistemas
voltados ao cliente – como elo da cadeia funcional, complementando a
sugestão de Gianesi & Corrêa (1996):
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
70
Estratégia
de
Serviço
Sistemas
Cliente
Pessoal
Figura 2.3.3 – O Triângulo do Serviço. (Fonte: ALBRECHT, 2002).
Gianesi & Corrêa (1996) propõem o enfoque direcionado ao mercado
como uma alternativa de gerenciar os serviços internos, com a premissa de
que todos os serviços internos tenham algum impacto na capacidade da
empresa de oferecer produtos e serviços de qualidade ao mercado.
Gerenciar esses serviços de forma míope, em termos de custos,
comunicação ou eficiência, só poderá restringir o valor potencial de sua
contribuição.
Para os autores o foco passa a ser o mercado final. Se os serviços
internos forem direcionados às necessidades dos respectivos usuários, a
eficácia da organização será aumentada e provedores e usuários
compartilharão informações, assumindo que ambos existem para servir um
mercado final bem definido.
Colenci Junior e Iombriller (1995) entendem a linha de produção
como última fronteira, onde se darão os embates da transformação de
recursos em bens e serviços, cuja tecnologia, capital, mão-de-obra,
equipamentos e matérias-primas serão inputs de uma transformação eficaz
e eficiente, objetivamente aplicáveis no tempo e espaço para obtenção de
produtos e serviços em um ambiente de acentuada complexidade. A
qualidade dos insumos fornecidos e como são processados são
fundamentais.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
71
Fica clara a importância de gerenciar serviços internos por meio de
um enfoque baseado nas necessidades dos usuários desses serviços.
Todos os serviços internos devem visar o atendimento do consumidor final
da empresa.
A Figura 2.3.4, ilustra como a Administração de Materiais, por meio
da Gestão de Estoques, pode interagir no fornecimento aos clientes
imediatos, baseada no fluxo de materiais e informações, prestando serviços
nas diversas fases que envolvem os objetivos da empresa.
Figura 2.3.4 – Interação dos clientes internos Administração de Materiais e Produção. (Fonte: SLACK et al., 2002).
Na Figura 2.3.4, a pressuposição da existência de estoque
intermediador não deve ser vista como um contraposto à possibilidade de se
trabalhar em um sistema just-in-time, moderadamente recomendado,
minimizando ou mesmo erradicando a existência desses estoques.
Bowersox & Closs (2001) enfatizam o fluxo de informações, que gera
uma visão de Logística Integrada, em complementação ao conceito anterior,
conforme a Figura 2.3.5:
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
72
FORNECEDORES
C
L
I
E
N
T
E
S
Fluxo de Informações
Suprimentos Apoio à
manufatura
Distribuição
Física
Fluxo de Materiais/Estoque
Figura 2.3.5 – Logística Integrada. (Fonte: BOWERSOX e CLOSS, 2001).
2.3.5 O Serviço – Administração de Materiais
Com base nos autores referenciados no item 2.2.3 – Tipologia dos
Serviços – e no item 2.3.2 – Administração de Materiais-Logística e suas
atividades de apoio – o Quadro 2.3.2 procura caracterizar essas atividades
de apoio, conforme as classificações propostas por Santos (2006).
Quadro 2.3.2 – Atividades de apoio e Tipologia de Serviços. (Fonte: SANTOS, 2006).
Atividades de apoio da Administração de
Materiais
Tipologia de Serviços
Ballou (1993); Pozo (2004)
Silvestro (1992)
Cooke (2000)
Onde o principal valor é agregado
Ênfase do contato do
consumidor (Produção)
Processo de armazenagem
Serviço de Massa: com nenhum contato com o cliente
Isolado do consumidor. (ênfase no back-room; ou seja, nas operações de suporte)
Bens Facilitadores
Embalagem de proteção Serviço de Massa: com nenhum contato com o cliente
Isolado do consumidor. (ênfase no back-room; ou seja, nas operações de suporte)
Bens Facilitadores
Manuseio de materiais Loja de Serviços: com relativo contato com o cliente
Híbrido enfatizando tanto no front-office, como no back-room.
Híbrido
Obtenção ou Suprimentos Serviços Profissionais: com alto contato com o cliente
Híbrido enfatizando tanto no front-office, como no back-room.
Híbrido
Programação de produtos ou Planejamento
Serviços Profissionais: com alto contato com o cliente
Híbrido enfatizando tanto no front-office, como no back-room.
Híbrido
Sistema de informações Loja de Serviços: com relativo contato com o cliente.
Híbrido enfatizando tanto no front-office, como no back-room.
Híbrido
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
73
Santos (2006), indica que as atividades de apoio da Administração de
Materiais definidas por Ballou (1993) e Pozo (2004) permeiam todas as
tipologias de serviços de Silvestro et al. (1992) apud Gianesi & Corrêa
(1996), apresentam um relativo equilíbrio entre os três tipos de serviços
prestados, para a Produção e os seis processos que envolvem as atividades
de apoio.
Na comparação da mesma tabela, notam-se duas vertentes (Cooke,
2000):
a) quando a visão é focada no contexto – em que o principal valor
é agregado – verifica-se que a maioria das atividades de apoio
da Administração de Materiais referenciadas por Ballou (1993);
Pozo (2004) encaixam-se na forma Híbrido, enfatizando tanto
processos atuantes no front-office como no back-room, e o
restante tem sua agregação de valor na execução ‗isolado do
consumidor‘.
b) quando a visão é focada no contexto – ênfase do contato do
consumidor (produção) – verifica-se que a maioria das
atividades de apoio da Administração de Materiais
referenciadas por Ballou (1993) e Pozo (2004) encaixam-se,
também, na forma Híbrido, enfatizando tanto processos
atuantes no front-office como no back-room, e o restante tem
sua importância do contato do consumidor baseado em bens
facilitadores (equipamentos e instalações).
2.3.6 Administração de Materiais com Qualidade
O Quadro 2.3.3, relatado por Santos (2006), combina os Quadros
2.1.1 e 2.1.2 – definidas por Garvin (2002) com os itens de 2.3.2 – definidas
por Ballou (1993) e Pozo (2004) de forma comparativa, buscando
caracterizar quais Dimensões da Qualidade devem ser de maior importância
para cada atividade de apoio.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
74
Quadro 2.3.3 – Abordagens da Qualidade que mais se adaptam à Administração de Materiais. (Fonte: SANTOS, 2006).
Atividades de apoio da Administração de Materiais
Definições de Qualidade
Ballou (1993); Pozo (2004)
Garvin (2002)
Abordagem da
Qualidade Dimensões da Qualidade
Processo de armazenagem Baseada no Processo
Desempenho, Confiabilidade, Conformidade, Qualidade percebida.
Embalagem de proteção Baseada Processo Desempenho, Confiabilidade, Conformidade, Durabilidade, Qualidade percebida.
Manuseio de materiais Baseada no Processo, Baseada no Usuário.
Desempenho, Confiabilidade, Conformidade, Características Secundária, Qualidade percebida.
Obtenção ou Suprimentos Baseada no Processo
Desempenho, Confiabilidade, Características secundárias, Conformidade, Assistência técnica, Qualidade percebida.
Programação de produtos ou Planejamento
Baseada no Processo, Baseada no Usuário.
Desempenho, Confiabilidade, Características secundárias, Conformidade, Assistência técnica, Qualidade percebida.
Sistema de informações Baseada no Processo
Desempenho, Confiabilidade, Características secundárias, Assistência técnica, Qualidade percebida.
As abordagens da Qualidade no Quadro 2.3.3 que mais se adaptam
às atividades de apoio à Administração de Materiais são as Baseadas no
Processo, cuja Qualidade está vinculada ao atendimento de especificações,
e Baseada no Usuário, em que Qualidade está relacionada com as
necessidades do consumidor e na capacidade de um bem ou serviço
satisfazê-lo.
Segundo Santos (2006), surgem com duas abordagens do conceito
de Qualidade – Baseada no Processo e no Usuário – as atividades
Manuseio de materiais e Programação de produtos ou Planejamento, porém
as dimensões Desempenho, Confiabilidade, Conformidade e Qualidade
percebida enquadram-se em todas as atividades de apoio, revelando sua
importância e abrangência.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
75
Na análise elaborada por Santos (2006) observa-se que:
a) a Qualidade para o usuário: está vinculada ao atendimento das
necessidades, via especificações por ele estipuladas; e
b) a Qualidade do processo: está vinculada ao atendimento das
especificações estipuladas pelo usuário, via verificação e
comprovação da conformidade, utilizando o sistema de
informações e planejamento como ferramentas, a fim de
satisfazer as necessidades do mesmo.
A Figura 2.3.6 ilustra a análise citada:
Figura 2.3.6 – Abordagens da Qualidade e as necessidades do usuário. (Fonte: SANTOS, 2006).
Diante da análise e observando-se o item 2.1.2 - A Visão dos
Especialistas da Qualidade – acredita-se que, coerentemente, para as
questões referentes à qualidade de serviço prevalece a visão de Crosby
apud Nóbrega (1997), segundo a qual a qualidade de serviço é definida de
maneira análoga a bens, levando em conta a conformidade com os
requisitos do usuário ou cliente.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
76
2.4. Conhecimento – conceitos e definições
Os dicionários Ferreira (2010) e Houaiss (2007) definem a palavra
conhecimento como o ato ou a atividade ou efeito de conhecer, realizado
por meio da razão e/ou da experiência, ato ou efeito de apreender
intelectualmente, de perceber um fato ou uma verdade, cognição,
percepção, fato, estado ou condição de compreender; entendimento,
domínio, teórico ou prático, de um assunto, uma arte, uma ciência, uma
técnica etc.; competência, experiência, prática, intuição, pressentimento ou
outra forma de cognição, familiaridade (com uma coisa ou uma pessoa),
adquirida pela experiência, fato ou condição de estar ciente ou consciente
de (algo), a coisa conhecida; fundamentos, base, informação ou noção
adquiridas pelo estudo ou pela experiência, consciência de si mesmo.
Leonard e Sensiper (1998) afirmam que o conhecimento é um
subconjunto de informações, subjetivo, ligado a um significativo
comportamento e tem os elementos tácitos carregados de experiência.
Para Silva (2002), a percepção da importância do conhecimento nas
atividades que uma organização, bem como o fato de que se trata de uma
habilidade ligada a pessoas, faz parte do pensamento administrativo desde
quando se iniciou a articulação dessa área de estudo.
A respeito do assunto, Choo (1998) define conhecimento como a
informação transformada pelo uso da razão e reflexão em crenças; é
construído através do acúmulo de experiência.
Segundo Argyris (1977), o aprendizado organizacional é fator
importante para a sobrevivência das empresas. Corroborando com o
mesmo, Senge (1994) defende a organização voltada para o aprendizado,
que consiste no fundamento das organizações conquistarem suas
vantagens competitivas através da sua capacidade de aprender consigo
mesma e com as outras empresas.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
77
Para McDermott (1999), o conhecimento é recriado a cada instante, a
maioria de nós não pode articular o que sabe. A maior parte do
conhecimento é invisível e aparece quando há necessidade de resposta a
uma pergunta ou solução de um problema.
De acordo com Davenport e Prusak (1998), o conhecimento pode ser
comparado a um sistema vivo, que cresce e se modifica à medida que
interage com o meio ambiente.
Holan & Philips (2004) alegam que o conhecimento é o resultado da
aprendizagem, cresce fora de sua experiência ou é transferido, ou é
delegada de outras organizações.
Para Nonaka & Takeuchi (1991), a criação do conhecimento vem da
experimentação e de correr riscos que ampliem a capacidade de ação para
isso; a criação do conhecimento requer uma integração de saber fazer, de
forma que as ideias possam ser testadas e as capacidades humanas
ampliadas.
Segundo Holan & Philips (2004), o conhecimento é um conjunto de
premissas sobre ações organizacionais e suas consequências embutidas
nos atributos organizacionais.
Em uma pesquisa com mais de 1600 empresas, Wah (2000)
apresenta algumas das maiores dificuldades apresentadas na adoção da
Gestão do Conhecimento:
• Fazer com que as pessoas busquem as melhores práticas;
• Medir os resultados da Gestão do Conhecimento;
• Fazer com que as pessoas compartilhem o seu conhecimento;
• Saber qual conhecimento coletar;
• Tornar o conhecimento acessível e utilizável.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
78
Para Nonaka & Takeuchi (1988) em uma economia em que a única
certeza é a incerteza, a única fonte segura de vantagem competitiva
duradoura é o conhecimento.
2.4.1. Classificação ou tipo do conhecimento
2.4.1.1 Classificação segundo Davenport & Prusak
Davenport & Prusak (1998) propõem seis modos ou formas de se
gerar conhecimentos: aquisição (comprar outra empresa, contratar uma
pessoa, etc.); aluguel (financiar pesquisas em uma universidade, por
exemplo); dedicar recursos (montar um grupo para pesquisar alguns
conhecimentos, por exemplo, grupo de P&D); fusão (criar um ambiente de
redundância ou "criação abrasiva", em que vários grupos independentes
disputam para encontrar a solução de um mesmo problema); adaptação
(instalar um sentido de crise na empresa); criar redes de trabalho
(networks). Todos esses modos devem ser valorizados pela organização e
ocorrer de forma coordenada.
Davenport, DeLong & Beers (1999) citam um conjunto de regras ou
indicadores de sucesso em projetos de gestão do conhecimento:
a) não deve ser o projeto de um indivíduo, mas sim da organização;
b) desenvolver uma definição de conhecimento na empresa;
c) enfatizar o conhecimento como estoque e fluxo;
d) o conhecimento está dentro e fora da mente das pessoas;
e) criar ambientes para que o mercado de conhecimentos possa
florescer (incentivado pela confiança e reconhecimento);
f) dar a mesma importância ao conhecimento em diferentes formatos;
g) contextualizar o conhecimento;
h) incentivar o aprendizado e a criatividade;
i) focalizar o passado / presente e também o futuro;
j) reconhecer a importância da experimentação;
h) dar a mesma importância para a interface humana e tecnológica;
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
79
i) procurar formas de avaliação das iniciativas de conhecimento
realizadas, tanto pela mensuração quantitativa como qualitativa.
2.4.1.2 Classificação segundo Sveiby
Sveiby (2003) apresenta a seguinte classificação para abordar o
campo da Gestão do Conhecimento, tanto em termos das áreas do
conhecimento, que a compõem, quanto em relação aos níveis de
percepção, que caracterizam o processo:
a) Áreas do Conhecimento: a.1) gestão de pessoas – envolve as
áreas de filosofia, psicologia, sociologia e administração, para o
entendimento da dinâmica dos processos de criação e difusão de
conhecimento tácito; e, a.2) gestão da informação: envolve as áreas de
tecnologia e ciência da informação, para a construção da base de
conhecimento codificado.
b) Níveis de Percepção: b.1) perspectiva individual: inclui as
motivações e as capacidades dos indivíduos; b.2) perspectiva
organizacional: inclui os recursos e as competências essenciais das
organizações.
2.4.1.3 Classificação segundo Zach
Zach (1999) propõe uma classificação baseada no tipo de
conhecimento como:
Conhecimento Procedural – saber como (know-how)
Conhecimento Condicional – saber quando (know-when)
Conhecimento Relacional – saber com (know-with)
Zach (1999) afirma que o conhecimento tácito tende a ser específico
e difícil de imitar, e de adquirir no mercado. Por isso, os competidores da
empresa detentora desse conhecimento levarão tempo para adquirir
conhecimentos semelhantes através da experiência.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
80
2.4.1.4 Classificação segundo Nonaka e Takeuchi
Nonaka e Takeuchi (1997) criam o modelo ―espiral do conhecimento‖,
em que os conhecimentos tácitos passam a explícito e explícitos em tácitos.
Acontece de quatro formas dentro das organizações, denominadas em
socialização, externalização, combinação e internalização, que se
relacionam de forma sequencial e complementar, apresentada na Figura
2.4.1.
Figura 2.4.1 – Espiral do conhecimento. (Fonte: adaptado de NONAKA e TAKEUCHI, 1997)
2.4.1.4.1 Conhecimento Tácito
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), esse tipo de conhecimento é
composto de conclusões, insights e palpites subjetivos. Profundamente
enraizado nas ações e experiências de um indivíduo, bem como em suas
emoções, valores ou ideais, é percebido como algo dificilmente visível e
exprimível. O conhecimento tácito é altamente pessoal e difícil de formalizar,
o que dificulta sua transmissão e compartilhamento com os outros.
Para facilitar o entendimento sobre o conhecimento tácito, Nonaka e
Takeuchi (1997) o segmentam em duas dimensões:
1. Dimensão técnica – originária de um tipo de capacidade informal e
difícil de ser definida, bem como de habilidades inerentes ao ―como fazer‖
(know-how), que não são fáceis de serem expressas através de princípios
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
81
técnicos ou científicos, isto é, não resultam numa formulação teórica
inerente ao processo do exercício das habilidades técnicas.
2. Dimensão cognitiva – Consiste em esquemas, modelos mentais,
crenças e percepções tão arraigadas que os tomamos como certos. Essa
dimensão revela a imagem da realidade e a visão do futuro, ou seja,
expressa o que as pessoas acham que é e o que acham que deveria ser.
Pode ser classificada como um paradigma, ou seja, as lentes modeladoras
pelas quais se percebe o mundo.
O conhecimento tácito, extremamente vinculado aos indivíduos, é
também chamado de conhecimento implícito, ou intrínseco. Muito difícil de
ser formalizado e compartilhado, exige sua conversão em palavras ou
números que possam ser compreendidos em qualquer contexto e por todos.
É considerado uma fonte importante de competitividade entre as
organizações.
2.4.1.4.2 Conhecimento Explícito
Conforme Nonaka e Takeuchi (1997), é o tipo de conhecimento que
pode ser processado, transmitido, armazenado, compartilhado e ensinado,
uma vez que já foi expresso, já foi convertido em algum tipo de teoria, regra,
procedimento ou disciplina. Essa conversão é a explicitação do
conhecimento tácito, de forma que possa ser apreendido, codificado e
utilizado.
Passível de ser articulado na linguagem formal, inclusive em
afirmações gramaticais, expressão matemática, especificações,
procedimentos, manuais etc., o conhecimento explícito é transmitido,
sistematizado e comunicado formal e facilmente entre os indivíduos.
Para se tornar uma ―empresa que gera conhecimento‖ (knowledge
creating company), a organização deve completar uma ―espiral do
conhecimento‖, que vai de tácito para tácito, de tácito para explícito e de
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
82
explícito para explícito, finalmente, de explícito para tácito. O conhecimento
deve ser articulado e então internalizado para tornar-se parte da base de
conhecimento de cada pessoa.
2.4.1.4.3 Socialização
Nonaka e Takeuchi (1997) indicam que é um processo de aquisição
de conhecimento tácito por meio de observação, imitação, prática e/ou
interação pela linguagem verbal, que resulta em experiência ou treinamento
prático no mundo organizacional. Sua aplicabilidade deriva do entendimento
do conhecimento adquirido, e não do mero repasse de informações. É
necessário o compartilhamento total do conhecimento tácito original, daí ser
preciso construir um ―campo‖ de interação, permitindo aos indivíduos
perceber e entender o contexto de onde as experiências se originaram e os
fatores emocionais, modelos mentais ou habilidades técnicas
compartilhados por indivíduos ou grupos de indivíduos. No cotidiano
empresarial, esse tipo de conversão do conhecimento poderá ser realizado
através de brainstorming, ou encontros de livre associação de ideias, pela
interação com clientes, fornecedores, concorrentes e até com qualquer outro
tipo de interação social que resulte em aprendizado.
2.4.1.4.4 Externalização
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), trata-se de um processo de
transformação do conhecimento tácito em explícito, podendo ser expresso
pelas mais diversas formas de comunicação humana, tais como metáforas,
analogias, conceitos, hipóteses ou modelos, traduzidos por intermédio da
linguagem verbal e escrita. O processo de tradução de experiências ou
imagens pela linguagem pode ser deficitário em função da diferença de
modelos mentais, crenças ou culturas, resultando na compreensão parcial
do conhecimento transmitido. Torna-se fundamental um processo de
reflexão e interação entre os indivíduos como meio de alinhar os conceitos e
aproximá-los da interpretação dada pela fonte original do conhecimento
tácito, induzindo uns aos outros à dedução de novos conceitos. É essencial
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
83
para a criação do conhecimento, uma vez que permite ou a criação de
conhecimento novo, ou a inovação.
2.4.1.4.5 Combinação
Para Nonaka e Takeuchi (1997) combinação é um processo de
sistematização de conceitos, envolvendo a combinação de várias fontes de
conhecimento explícito. As pessoas interagem de diversas maneiras ao
trocar e combinar informações e conhecimento; o novo conhecimento surge
dessa interação, que produz novos conceitos e novos usos para os
conhecimentos já obtidos. Sua operacionalização ocorre durante reuniões,
em trocas de documentos, conversas informais, telefônicas, trânsito de
informações por redes computadorizadas, educação formal, treinamentos,
acesso de grupos organizacionais às mais distintas fontes de comunicação
existentes no mundo atual. Esse tipo de conversão do conhecimento é o
fundamento para as organizações de aprendizagem poderem multiplicar o
que sabem.
2.4.1.4.6 Internalização
A internalização é um processo de absorção do conhecimento
explícito, segundo Nonaka e Takeuchi (1997), transformando-se em novo
conhecimento tácito, resultante dos processos de aprendizagem,
correlacionado às práticas empresariais e ao tipo de educação de ―aprender
fazendo‖. Essa modalidade conversora de conhecimento é a que forma os
novos conteúdos técnicos, as novas crenças, os novos modelos mentais
nos indivíduos, que passam a incorporar a base de conhecimento
empresarial, um ativo intangível de extremo valor na sociedade do
conhecimento. Obtém-se como resultado o acréscimo na base de valor
intangível e nas fontes de inovação e competitividade para as organizações,
pois, como etapa final da espiral de criação e multiplicação do
conhecimento, serve de ponto de partida para que se inicie um novo
processo espiralado de criação de conhecimento, tornando permanente a
evolução desse ativo nas organizações.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
84
2.4.2 Um breve Histórico da Gestão do Conhecimento
Há uma dificuldade muito grande em precisar o início da História da
Gestão do Conhecimento, pois a transmissão de conhecimento é executada
pelo ser humano há séculos por diversos meios de comunicação seja pela
pintura, escrita, contos, etc. Porém, o estudo sobre o conhecimento tornou-
se objeto de pesquisa de vários autores em diversas partes do mundo e
aconteceu a partir da década de 1970, conforme Storch (2008) – Quadro
2.4.1.
Quadro 2.4.1 Histórico da Gestão do Conhecimento. (Fonte: STORCH, 2008).
ANO EVENTO
1970 Drucker ―cria‖ o knowledge worker
1980 Japão S.A.: círculos de controle de qualidade
1990 Informação: bases de conhecimento e busca textual
1991 Tecnologia conectando conteúdos: redes Novell, Lotus Notes
1993 Início da Internet; Informação certa para a pessoa certa na hora certa: push/pull; Tecnologia conectando pessoas a Web
1995/1996 Tecnologia conectando pessoas a Web
1999 Pessoas: e-learning
2001 Processos: paperless office, workflow, GED, BSC, métricas
2002/2003 Orquestração de processos inteligentes em tempo real.
2003 Estruturas: comunidades de prática, centros de excelência
2004 Modelos de negócio em redes de valor
2005 Redes de pessoas e instituições: como construímos sentidos
2006 Tecnologia conectando ideias: blogs, wikis, indexação social
2007 Informação: mashups conectando dados: Google Maps
2008 Case Management
2.4.3 As Gerações da Gestão do Conhecimento
A história da Gestão do Conhecimento pode ser resumida em três
principais gerações: compartilhamento de conteúdo, de contexto e de
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
85
cultura. Essas fases enfatizam diferentes abordagens: a americana, a
francesa e a japonesa, conforme Prax (2004).
2.4.3.1 Primeira Geração: Compartilhamento de Conteúdo
Com a revolução da Internet nos anos 1990, os profissionais
começaram a sofrer com o excesso de informações. Passaram a acreditar
que a Gestão do Conhecimento seria uma solução milagrosa. Poderosas
ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) entraram na pauta dos
executivos de quase todas as empresas. Esperava-se que seriam a
resposta para um dos maiores problemas de todas as empresas: otimizar
processos, através da reutilização das melhores práticas, transferindo
conhecimento de empregados seniores para os juniores. Essas ferramentas
estão enraizadas na cultura americana, focada no compartilhamento de
conhecimento explícito.
2.4.3.2 Segunda Geração: Compartilhamento de Contexto
Logo se descobriu que é possível armazenar toneladas de dados em
um depósito. Contudo, dados isolados têm pouco valor. O valor vem do
significado, dos dados inseridos em um contexto. Também se descobriu que
a parte difícil da Gestão do Conhecimento não era acessar e disponibilizar
os dados existentes, e sim, motivar as pessoas a participar na criação e no
compartilhamento. Essa dificuldade fez com que diversas questões
culturais, tais como confiança, benefícios e linguagem comum, se tornassem
muito mais críticas do que as questões tecnológicas.
2.4.3.3 Terceira Geração: Compartilhamento de Cultura
A terceira geração está provavelmente vindo do Japão, o país de
Ikujiro Nonaka, considerado o pai da Gestão do Conhecimento,
especialmente por ter desenvolvido o conceito de Ba.
Prax (2004) indica que Ba é um lugar (no sentido mais amplo,
incluindo o tempo e as pessoas) onde se criam relações dinâmicas em um
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
86
contexto, permitindo o desenvolvimento de uma atmosfera. Nonaka o
descreve com o contexto compartilhado em movimento.
A emoção e a verdade estão mudando rapidamente; por isso, para
conseguir uma relação sustentável, devem-se compartilhar pensamentos
profundos, e não o conhecimento explícito. No Ba não se busca a
simplificação; mantém-se a complexidade e adicionam-se pontos de vista
diferentes. As pessoas buscam relações superiores, em que possam se
energizar mutuamente, conseguindo melhorias significativas. No Japão, o
conhecimento mais comum é o tácito.
Nonaka e Konno (1998) sugerem, como uma plataforma para a
construção do conhecimento, uma gama de aspectos fundamentais que
complementam o conhecimento e auxiliam a gerência na tomada de
decisões, tais como:
a) a capacidade mental;
b) a inteligência emocional;
c) os conhecimentos técnicos e do negócio;
d) o crescimento da empresa;
f) egos saudáveis;
g) um direcionamento estratégico claro;
h) a capacidade de envolver as pessoas (foco e comprometimento);
i) atitude, fazendo com que as coisas aconteçam; e,
j) o estabelecimento de relacionamentos (intra e interorganizacionais).
O processo de Gestão do Conhecimento é uma ação prática
desenvolvida por gerentes organizacionais, que dão sentido de direção e de
utilização para o ativo organizacional denominado conhecimento. Terra
(1999; 2001) propõe um modelo de gestão empresarial focado em ―sete
dimensões da prática gerencial‖:
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
87
1. O papel da alta administração, revelando quais conhecimentos
devem ser aprendidos pelos funcionários, além da definição de estratégias e
desafios motivadores.
2. Uma cultura organizacional voltada à inovação e ao aprendizado
contínuo, comprometendo-se com resultados de longo prazo e com a
maximização de recursos operacionais.
3. Renovação das estruturas hierárquico-burocráticas de forma a
desenvolver o trabalho de equipes multifuncionais, com autonomia para
superar limites no que diz respeito à inovação e aos novos conhecimentos.
4. Melhores práticas de políticas de administração de recursos
humanos para atrair e manter talentos e competências, criando sistemas de
remuneração adequados.
5. O avanço das tecnologias de informação que afetam os processos
de geração, difusão e armazenamento de conhecimento nas empresas
equilibrado com as necessidades de interação com as pessoas.
6. A garantia da mensuração de resultados com o uso de indicadores
para as áreas significativas e de uma política de divulgação interna dessas
informações.
7. A necessidade crescente de engajamento em processos de
aprendizado com o ambiente onde interagem as empresas, firmando
alianças com outras empresas, e no relacionamento com clientes.
A gestão do conhecimento, ainda segundo Terra (1999; 2001),
apresenta um ―caráter universal‖, aplica-se a empresas de todos os portes e
nacionalidades, e a sua efetividade requer a criação de novos modelos
organizacionais (estruturas, processos, sistemas gerenciais), novas
posições quanto ao papel da capacidade intelectual de cada funcionário e
uma efetiva liderança, disposta a enfrentar ativamente as barreiras
existentes ao processo de transformação.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
88
2.5 Competência – conceitos e definições
Para MCClelland (1973), competência é conceituada como um
conjunto de conhecimentos, habilidades e aptidões (CHA), que enfatiza a
alta performance: a) competência de conhecimento é o que as pessoas
precisam saber para desempenhar uma tarefa; b) competência de
habilidades é demonstração de um talento particular na prática; e, c)
competência de aptidões é o talento natural da pessoa, que pode ser
aprimorado. É entendida como um estoque de recursos que o indivíduo tem.
Campos (2004) ressalta que as empresas são constituídas de três
elementos ou recursos básicos, podendo gerar produtividade: a)
equipamentos e materiais (hardware); b) procedimentos (software), também
entendidos como ―maneira de fazer as coisas‖, métodos; e, c) ser humano
(peopleware). O desenvolvimento do software depende do desenvolvimento
de peopleware e para melhorar o ser humano é necessário fazer o aporte de
conhecimento.
Segundo Le Boterf (1995) o conceito de competência está inserido na
concepção do saber. A competência é o saber agir responsável, que terá
como consequência o saber como mobilizar, integrar e transferir os
conhecimentos, recursos e habilidades dentro da esfera profissional, pois a
competência é sempre contextualizada. Com isso, define que seis são os
saberes:
1) saber agir; 2) saber mobilizar; 3) saber integrar; 4) saber transpor;
5) saber aprender; e, 6) saber envolver-se.
Fleury e Fleury (2001), no Quadro 2.5.1, propõem, sobre a definição
de Le Boterf (1995), a inclusão do conceito ―ter visão estratégica‖ como
parte integrante dos saberes, a se agregar às competências determinadas
ao profissional.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
89
Quadro 2.5.1 Competências para o Profissional. (Fonte: FLEURY e FLEURY, 2001).
Saber agir Saber o que e por que faz. Saber julgar, escolher, decidir.
Saber mobilizar Criar sinergia e mobilizar recursos e competências.
Saber transferir Compreender, trabalhar, transmitir informações, conhecimentos.
Saber aprender
Trabalhar o conceito e a experiência, rever modelos mentais; saber desenvolver-se
Saber engajar-se e Comprometer-se
Saber empreender, assumir riscos. Comprometer-se.
Saber assumir responsabilidades
Ser responsável, assumindo riscos e consequências de suas ações e sendo por isso reconhecido.
Ter visão estratégica
Conhecer e entender o negócio da organização, o seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas.
Meister (1997) observa a existência de sete novas competências
exigidas pelas empresas nos novos ambientes de negócios:
a) aprender a aprender;
b) comunicação e elaboração;
c) raciocínio e resolução de problemas;
d) conhecimento tecnológico;
e) conhecimento de negócios globais;
f) desenvolvimento da carreira;
g) autogerenciamento da carreira.
Para Fleury & Fleury (2000), competência é saber agir de maneira
responsável. Implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos,
habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao
indivíduo.
Para Setzer (2001), as pessoas e as empresas tendem a confundir os
conceitos de dado, informação, conhecimento e competência e, por esse
motivo, fazem relacionamentos que podem dificultar o alcance de alguns
objetivos da empresa. A Figura 2.5.1 demonstra o fluxo desse pensamento.
Figura 2.5.1 – Fluxo de como chegar à competência. (Fonte: Adaptado de SETZER, 2001)
Dados Informações Conhecimento Competência
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
90
O Quadro 2.5.2 determina como são classificados os conceitos de
Dados, Informação, Conhecimento e Competência, instituído por Setzer
(2001).
Quadro 2.5.2 – Classificação dos conceitos de Dados, Informações, Conhecimento e Competência. (Fonte: Adaptado de SETZER, 2001)
Abordagem Classificação
DADOS
Pode ser classificado como uma sequência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Podem ser totalmente descritos pos meio de representações formais, estruturais e, ser armazenados em um computador e processados por ele;
INFORMAÇÕES Pode ser classificado como uma abstração informal que está na mente de alguém reapresentando algo significativo para essa pessoa;
CONHECIMENTO
Pode ser classificado como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi experimentado, vivenciado por alguém. Não pode ser descrito (o que descreve é a informação), requer vivência do objeto do conhecimento, pragmático, relaciona-se com alguma coisa existente no mundo real, do qual se tem uma experiência direta;
COMPETÊNCIA
Pode ser classificado como uma capacidade de executar uma tarefa no mundo real, para tanto, uma pessoa só pode ser considerada competente em alguma área se demonstrar, por meio de realizações passadas a capacidade de executar uma determinada tarefa nessa área. Está associada com atividade física, exige conhecimento e habilidades pessoais.
Costa Neto (2007) compartilha este pensamento e indica na Figura
2.5.2, que cabe à Estatística Descritiva organizar e apresentar os dados,
usar indicadores como média, desvio padrão e outros para melhor
caracterizá-los e extrair dos dados informações úteis. Para que estas
produzam conhecimento é preciso analisar e interpretar essas informações,
sendo esse o papel da Estatística Indutiva.
Costa Neto (2007) enfatiza a importância de se pautar as diretrizes e
tomar decisões com base em fatos e dados, ao invés de palpites ou
opiniões subjetivas.
Figura 2.5.2 – Dados, Informações, Conhecimento e Competência. (Fonte: Costa Neto, 2007)
Dados Informações Conhecimento
Estatística Descritiva
Estatística Indutiva
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
91
O autor também discute a sequência dessa cadeia, que leva às
instâncias da competência (para o que se necessita formação, treinamento,
experiência, dentre outras qualidades) e, num plano mais elevado, da
sabedoria que, mais do que abundância de conhecimento, representa a
capacidade de alterar hipóteses, modelos e visão, influindo nas estratégias
e no planejamento.
Segundo Dutra (2001) organização e pessoas, lado a lado, propiciam
um processo contínuo de troca de competências e a empresa transfere seu
patrimônio para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para
enfrentar novas situações profissionais e pessoais, dentro ou fora da
organização.
2.6 Liderança – conceitos e definições
Segundo Maximiano (2006), a liderança é uma função, papel, tarefa
ou responsabilidade, que qualquer pessoa precisa desempenhar, quando é
responsável grupo. Independentemente de suas qualidades, muitas pessoas
são colocadas em posições de liderança em que precisam dirigir os esforços
de outros para realizar objetivos.
Na continuidade do estudo, Maximiano (2006) relata que muitos
estudos e proposições teóricas sobre liderança baseiam-se na premissa de
que a competência dos liderados é uma variável determinante da liderança.
A competência dos liderados varia de forma proporcionalmente inversa à
liderança, mais competência dos seguidores exige menos necessidades de
intervenção do líder, como para menos competência dos seguidores, mais
necessário tornar-se líder.
Para Chiavenato (2003) a Liderança é a influência interpessoal
exercida numa situação e dirigida através do processo de comunicação
humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos, e a
classifica em três estilos básicos apresentados no Quadro 2.6.1.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
92
Quadro 2.6.1 – Estilo de Liderança. (Fonte: CHIAVENATO, 2003) ESTILO DE
LIDERANÇA CLASSIFICAÇÃO
Liderança Autocrática
Ênfase no líder. Todas as diretrizes, providências, técnicas para execução de tarefas, tipo de tarefa a executar e grupos de trabalho, são determinados pelo líder, sem a participação do grupo. O líder é dominador e pessoal nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro de grupo.
Liderança Democrática
Ao contrário da liderança autocrática, há a participação de todo o grupo, inclusive do líder que assiste e estimula todas as decisões necessárias para a execução do trabalho. O líder procura participar naturalmente do grupo, limitando suas críticas e elogios aos fatos.
Liderança Liberal (laissez-faire)
Há liberdade completa com uma mínima participação do líder. O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou regular o curso dos acontecimentos.
Na prática, o líder deve utilizar os três tipos de liderança, conforme a
situação, as pessoas envolvidas e as tarefas a serem desenvolvidas,
salientando que o problema principal está na capacidade de decidir qual o
estilo adequado a cada situação.
Marins Filho (2003) indica doze atributos de liderança considerados
importantes:
1) disposição para tentar o que não foi tentado antes;
2) automotivação;
3) uma percepção aguda do que é justo;
4) planos definidos;
5) perseverança nas decisões;
6) o hábito de fazer mais do que aquilo pelo qual se é pago;
7) uma personalidade positiva;
8) empatia;
9) domínio dos detalhes;
10) disposição para assumir plena responsabilidade;
11) duplicação;
12) uma profunda crença em seus princípios.
Para Costa Neto (2007), a Liderança está ligada a características que
dão a certas pessoas a capacidade de tomar decisões aceitas
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
93
entusiasticamente pelos colaboradores, o líder é capaz de obter
concordância de suas ideias e propósitos pelo grupo do qual está à frente. O
Quadro 2.6.2 relaciona algumas características de um líder.
Quadro 2.6.2 – Características de um Líder. (Fonte: COSTA NETO, 2007) Características de um Líder
Aspectos que correspondem à figura do líder: Recomendações para o líder:
Precisa ser um agente de transformação. Seja otimista.
Ter visão clara sobre para onde quer levar a organização.
Faça autocrítica
Ter coragem para propor e implementar mudanças. Faça reuniões de avaliação.
Criar definição coletiva e solidária de sucesso. Provoque o comprometimento.
Ter indicadores claros. Defina suas fontes.
Engajar os participantes no processo de
transformações. Esteja aberto à negociação.
Comunicar-se sempre com os seus liderados. Conheça sua equipe
Pautar-se pelo tripé: competência, ambição, integridade
Dê soluções proativas aos problemas
Costa Neto (2007) mostra no Quadro 2.6.3 algumas visões sobre a
questão de liderança expostas por empreendedores contemporâneos
retiradas de entrevistas e palestras.
Quadro 2.6.3 – Visões sobre liderança. (Fonte: COSTA NETO, 2007) Carlos Ghosn – presidente
mundial da Nissan . (sobre liderança)
Richard Witeley – fórum HSM de Alta Performance.
(práticas críticas da liderança)
Revista Exame 02/02/2005. (o que os líderes de sucesso
têm em comum)
Confiança e motivação são essenciais.
Propósito: saber o que quer Constroem sólida cultura empresarial.
Há que ter visão e uma estratégia muito clara, compartilhada, comunicada.
Legado: saber o que deixar Identificam e atendem mercados inexplorados ou mal explorados.
Jamais dizer que a empresa está dando certo, se não está. Jamais dizer que o funcionário é bom, se ele não é.
Intenção – impacto: 7% provêm do que diz; 38% provêm de como diz; 55% provêm da energia própria;
São visionários, enxergam o invisível e aprendem de forma rápida e contínua.
Dedicação total à performance. É preciso medir resultados.
Comunicação
Constroem e fortalecem marcas, além de usarem o preço como vantagem competitiva.
Há que ter transparência. Se você pensa, você diz. Se você diz, você faz.
Preocupação com as consequências
Assumem e administram riscos
A transformação de uma pessoa em líder só ocorrerá quando ela enfrentar os obstáculos e superá-los.
Humildade Dizem a verdade.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
94
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA
A seguir são feitas considerações sobre a metodologia de pesquisa,
para caracterizar, quanto a seu método, abordagem e técnicas, quais as
formas mais indicadas para o presente trabalho.
3.1 Método de Pesquisa
Lakatos e Marconi (2000) revelam que a primeira e fundamental
diferença que se apresenta entre as ciências diz respeito às ciências
formais, estudo das ideias, e às ciências factuais, estudo dos fatos. No
ambiente das ciências factuais, o conhecimento científico caracteriza-se por
ser: racional, objetivo, factual, transcendente aos fatos, analítico, claro e
preciso, comunicável, verificável, dependente de investigação metódica,
sistemático, acumulativo, falível, geral, explicativo, preditivo, aberto e útil.
Os métodos de pesquisa são divididos em duas classes:
a. Métodos de procedimento: são etapas concretas de busca de
solução;
b. Métodos mais amplos: trata-se de questões gerais, abstratas e
genéricas, cujos métodos podem ser:
b.1 Método indutivo: a aproximação dos fenômenos caminha
para planos cada vez mais abrangentes, indo das
constatações mais particulares às leis e teorias mais gerais;
b.2 Método dedutivo: partindo das teorias e leis, prediz a
ocorrência de fenômenos particulares;
b.3 Método hipotético-dedutivo: inicia-se pela percepção de
uma lacuna nos conhecimentos a respeito do qual se formulam
hipóteses e, pelo processo dedutivo, busca-se o falseamento
da mesma;
b.4 Método dialético: a busca da solução é feita no mundo dos
fenômenos.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
95
3.2 Abordagem de Pesquisa
Em relação às abordagens, Oliveira (1999) enfatiza que existem duas
tipologias básicas: a quantitativa e a qualitativa. A diferença entre elas
reside no fato de que a pesquisa qualitativa, ao contrário da quantitativa,
busca enfatizar a perspectiva da entidade que está sendo pesquisada,
enquanto nas pesquisas quantitativas essa ênfase é menor.
Para Bryman (1989) defende que a pesquisa organizacional é
proeminentemente orientada para a promulgação do conhecimento prático,
podendo ser de natureza quantitativa ou qualitativa, acrescentando que,
desde a década de 1970, o interesse pela pesquisa qualitativa vem
crescendo.
Bryman (1989) propõe uma comparação entre as duas modalidades de
pesquisa, conforme demonstrado nos dados do Quadro 3.1:
Quadro 3.1 – Comparação entre pesquisa quantitativa e qualitativa. (Fonte: Bryman, 1989).
3.3 Método ou técnica de procedimento
Yin (2001) refere que não existe um método melhor ou pior que outro,
o que há é o método adequado ao objetivo e condições da pesquisa.
O método de estudo de caso, simples ou múltiplo, caracteriza-se pelo
estudo de um ou mais objetos visando a um amplo conhecimento sobre
eles, sendo o objeto de estudo um indivíduo, uma família, uma comunidade
Aspectos Pesquisa Quantitativa
Pesquisa Qualitativa
Ênfase na interpretação do entrevistado em relação à pesquisa. menor maior
Importância do contexto da organização pesquisada. menor maior
Proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos estudados menor maior
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
96
ou uma organização que, em geral, representam a estratégia preferida
quando:
existem questões de pesquisa do tipo ―COMO‖ ou ―POR QUE‖?;
o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos;
o foco encontra-se em fenômenos contemporâneos inseridos
em algum contexto da vida real.
Para Yin (2001), como esforço de pesquisa, o estudo de caso contribui,
para a compreensão dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e
políticos.
Segundo Gil (1995) as pesquisas podem ser vistas dentro das
seguintes categorias: exploratórias, descritivas e explicativas:
Pesquisas exploratórias: são recomendadas quando o principal
objetivo é desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos
ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.
Pesquisas descritivas: sua finalidade principal é descrever as
características de determinada população ou fenômeno, ou
estabelecer relações entre as variáveis.
Pesquisas explicativas: são utilizadas quando a preocupação
central é identificar os fatores determinantes da ocorrência dos
fenômenos, por meio de estudos experimentais de relação de
causa e efeito. Esse tipo de pesquisa busca explicar a razão, o
porquê das coisas.
3.4 Método de pesquisa escolhido
Após análise dos objetivos e justificativas descritos neste trabalho e
as referências citadas na metodologia, verificou-se que a presente pesquisa
tem caráter exploratório, pois busca avaliar a condição empresarial das
atividades da Administração de Materiais-Logística sob a ótica de um novo
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
97
modelo proposto que considera aspectos de Conhecimento, Competência e
Liderança.
A pesquisa em caráter mais qualitativa do que quantitativa porque,
embora recolha e classifique informações, estes se apresentam sob a forma
de classificação ou, conforme conceitua a teoria estatística, as variáveis
consideradas são qualitativas.
Quanto ao método de pesquisa, se aproxima do estudo de casos
múltiplos, por buscar seus resultados em diversas empresas, sem entretanto
descer às minúcias que em geral caracterizam os estudos de casos. A
forma escolhida para se fixar o levantamento dos dados foi a de um
questionário estruturado amparado por uma tabela para o registro das
informações.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
98
CAPÍTULO 4 – FORMULAÇÃO DO MODELO
4.1 Conhecimento, Liderança e Competência
Os assuntos referentes A Conhecimento, Liderança e Competência
dissertados pelos autores, pesquisadores e empreendedores elencados até
aqui contribuíram para sustentação das associações efetuadas a seguir.
Para a formulação do modelo, utilizam-se os conceitos de Nonaka e
Takeuchi (1997), como a Espiral do Conhecimento, e de Fleury & Fleury
(2001) – Principais Competências para o Profissional, buscando-se explorar
os inter-relacionamentos entre Conhecimento e Competência; Competência
e Liderança; e, Conhecimento e Liderança.
Após analisar essas interseções notam-se que:
1) Ao efetuar um inter-relacionamento entre Conhecimento e
Competência da pessoa que exerce uma função, deve-se priorizar a
externalização/combinação do conhecimento possibilitando a busca de
competências profissionais, como saber aprender, saber transferir, saber
agir, saber mobilizar, saber engajar-se, ter visão estratégica e assumir
responsabilidades técnicas.
2) Ao verificar a inter-relação de Competência e Liderança, há
possibilidade de obter-se a socialização/externalização do conhecimento
processo que envolve o crescimento de conhecimento tácito do detentor da
Competência por meio de observação, imitação, prática e/ou interação pela
linguagem verbal, estimulada por qualquer tipo de interação social que
resulte em aprendizado, podendo acrescentar ao profissional habilidades da
liderança como, ter coragem em propor/implementar mudanças, engajar
pessoas nos processos, ter ambição, integridade, solidariedade e saber
mobilizar e assumir responsabilidades.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
99
3) Ao observar a inter-relação de Conhecimento e Liderança, pode-se
considerar a internalização/socialização do conhecimento, pela absorção do
conhecimento explícito acumulado pelo líder, transformando em novo
conhecimento tácito por meio de observação, imitação, prática e/ou
interação pela linguagem verbal, estimulada por qualquer tipo de interação
social que resulte em aprendizado, reforçando no profissional habilidades
como ter coragem em propor/implementar mudanças, engajar pessoas nos
processos, ter ambição, integridade, solidariedade e competências como
saber mobilizar e assumir responsabilidades de decisão.
Para demonstrar essa visão de inter-relacionamento, é apresentada a
Figura 4.1.1.
Conhecimento
Competência
Liderança
- Obter a externalização/combinação
do conhecimento;
- Ter visão estratégica;
- Saber aprender; - Saber transferir.
- Saber agir; - Saber mobilizar;
- Saber engajar-se;
- Assumir responsabilidades técnicas.
- Obter a socialização/externalização do conhecimento;
- Ser agente de transformação;
- Ter coragem em propor/implementar mudanças;
- Ter habilidade de engajar as pessoas nos processos;
- Ter ambição; Ter integridade; Ter solidariedade.
- Saber mobilizar;
- Assumir responsabilidades técnicas e de decisão.
Decisões
Eficazes
- Obter a internalização/socialização do conhecimento;
- Saber agir; - Saber mobilizar; - Saber aprender;
- Saber transferir; - Saber engajar-se;
- Ser agente de transformação;
- Ter coragem características de liderança;
- Ter capacidade de análise;
- Desenvolver novos conhecimentos
- Assumir responsabilidades de decisão.
Figura 4.1.1 – Inter-relacionamento de Conhecimento, Competência e Liderança.
Para Setzer (2001), a competência está associada com atividade
física que exige conhecimentos e habilidades pessoais.
Segundo Chiavenato (2009), as competências básicas são
características pessoais essenciais para o desempenho das atividades e
diferenciam o desempenho das pessoas, tais como formas de
conhecimento, habilidades, atitudes, interesses, traços, valor ou outra
característica pessoal.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
100
A partir desse princípio, pode-se discutir a função Competência ; para
desenvolver (que podem ser classificadas), uma pessoa necessita aliar o
conhecimento, ou, o conjunto de conhecimentos adquiridos, às suas
habilidades ou, ao conjunto de suas habilidades. Cada competência que a
pessoa desenvolve será reconhecida pelo número de conhecimentos
específicos aplicados, que resultem no alcance dessa competência.
A Figura 4.1.2 ilustra o conceito da função Competência:
Conhecimentos Competências “função” Competência
+ Habilidades
pessoais
Conh1 Conh2
Conh3 Conh4
Conh5 Conh6
Conh”n”
Comp1
Comp2
Comp3
Comp4
Comp5
Comp6
Comp”n”
comp1= f (conh1,conh6,conh3)
comp2= f (conh4,conh2)
comp3= f (conh2,conh5,conh6,conh7)
comp”n”= f (conh”n”...)
Figura 4.1.2 – Conceituação da função Competência.
Para Chiavenato (2009), quando um funcionário possui elevado perfil
de competência básica, para desenvolver suas atividades na empresa, é
importante adquirir e agregar novas competências para determinadas
missões e o sucesso do negócio da empresa.
Na Figura 4.1.3, apresenta-se um exemplo de como a função
Competência pode ser conceituada:
Conjunto “n” de + Conjunto “n” de = Conjunto “n” de
Conhecimento Habilidades Competências
onde, por exemplo:
Conhecimento + Habilidade de = Competências
Mecânico Dirigir Motorista
Figura 4.1.3 – Exemplo da conceituação da função Competência.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
101
A Figura 4.1.3 dimensiona as características voltadas para melhoria
do processo na Gestão do Conhecimento com o desenvolvimento da
comp‖n‖, gerando um novo conhecimento, que fará parte integrante do
conhecimento atual. É um processo cíclico, o conhecimento adquirido é
aliado novamente às habilidades pessoais, gerando novas competências e
sucessivamente, conforme visto na Figura 4.1.4.
Conhecimento Atual
Novo Conhecimento
Competências
“função” Competência
comp1= f (conh1,conh6,conh3)
comp2= f (conh4,conh2)
comp3= f (conh2,conh5,conh6,conh7)
comp”n”= f (conh”n”...)
+ Habilidades
pessoais
Conh1 Conh2
Conh3 Conh4
Conh5 Conh6
Conh”n”
Comp1 Comp2
Comp3 Comp4
Comp5 Comp6
Comp”n”
Desenvolver
“n”
competências
gera...
Nv.Conh1
Nv.Conh2
Nv.Conh3
Nv.Conh4
Nv.Conh5
Nv.Conh”n”
Nv.Conh6
Com a
ação do
tempo...
Figura 4.1.4 – Processo de melhoria do Conhecimento baseado na função Competência.
Dutra (2001) observa que as competências nas organizações tendem
a ser caracterizadas como contribuição das pessoas para a capacidade da
empresa de interagir com seu ambiente, mantendo ou ampliando suas
vantagens competitivas. O uso do conceito de competência permitiu,
também, o surgimento de uma gestão de pessoas mais alinhada com as
expectativas e necessidades das organizações e dos indivíduos,
configurando uma série de ganhos conforme observado no Quadro 4.1.1.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
102
Quadro 4.1.1 – Ganhos com o uso do conceito Competência. (Fonte: DUTRA, 2001)
PARA A
ORGANIZAÇÃO
- Simplicidade, flexibilidade e transparência.
- Otimização de recursos e da massa salarial.
- Direcionamento e otimização dos investimentos no desenvolvimento profissional.
- Capacidade de atração, retenção e potencialização de talentos.
- Flexibilidade do modelo para adaptar-se às mudanças de estrutura, organização do trabalho e tecnologia.
- Equilíbrio entre remuneração e agregação de valor.
PARA
AS
PESSOAS
- Horizontes profissionais claros com critérios de acesso definidos.
- Remuneração compatível com a complexidade das atribuições e das responsabilidades e com o mercado.
- Estímulo ao autodesenvolvimento e à ampliação do espaço de atuação.
- Condições claras e objetivas para a mobilidade entre as carreiras abrangidas pelo modelo.
4.2 Percepção do Conhecimento, Competência e Liderança – sugestão
para utilização do modelo
As sugestões para utilização desse modelo aventado podem
obedecer a duas finalidades:
1) oferecer um conjunto de proposições de raciocínio do problema
entre a interação para futuras aplicações e do aprimoramento
visando uma sistemática adequada para a tomada de decisão;
2) oferecer um indicador para utilização prática por pessoas
envolvidas em decisões organizacionais, que poderão se valer
dessas condições para a tomada de decisão.
Para associar a percepção do Conhecimento, Liderança e
Competência atribuiu-se a cada um desses quesitos, um nível de
desempenho (Baixo, Médio ou Alto) que são considerados da seguinte
forma:
a) no primeiro instante, analisa-se cada um dos quesitos,
isoladamente, com nível de desempenho (Baixo, Médio ou Alto), ou seja,
Conhecimento (Baixo, Médio ou Alto), Liderança (Baixa, Média ou Alta) e
Competência (Baixa, Média ou Alta);
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
103
b) no segundo momento, associaram-se todos os quesitos e os
atributos de desempenho, independentemente de serem iguais ou diferentes
– exemplo: Conhecimento (Baixo) com Liderança (Baixa) e Competência
(Baixa), ou Conhecimento (Baixo), Liderança (Média) e Competência (Alta);
c) em uma terceira etapa, utilizam-se algumas características
selecionadas relacionadas com os quesitos em estudo (aprendizagem,
articulação de ideias, autonomia, estabelecer metas, capacidade de
inovação e resultados) para formular e indicar o que se pode esperar
acontecer conforme as combinações de níveis atribuídos simultaneamente
aos três quesitos – exemplo: o que pode acontecer ao indivíduo se na
característica aprendizagem apresentar Conhecimento (Médio) com
Liderança (Média) e Competência (Média)? ou, Conhecimento (Alto),
Liderança (Baixa) e Competência (Média)? E assim por diante.
Para estreitar a análise dos dados que serão utilizados para o
comparativo das características relacionados com os quesitos
(aprendizagem, articular ideias, autonomia, capacidade de inovação,
resultados e estabelecer metas), buscou-se fazer uma conceituação dessas
características, a um nível suficiente para a utilização neste trabalho:
-sobre Aprendizagem: Marques Filho (2002) indica que a
aprendizagem é expressa pelo termo aprendizagem organizacional, pois
sua visão é a da empresa e está, relacionada ao aprendiz e à sua
capacidade de absorver, transformar, aplicar e compartilhar conhecimentos,
segundo a lógica do quanto mais aprendo melhor faço. Funcionários com
conhecimentos agregados por um processo de aprendizagem vão interagir
com clientes e fornecedores em níveis diferenciados, elevando, nas
organizações, de forma rápida e eficaz, o valor agregado do negócio, o que
é observável pelas personagens ambientais envolvidas;
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
104
-sobre Articular Ideias: Gomes e Barroso (1999) assinalam que no
cenário mundial, fala-se em Sociedade do Conhecimento e em Economia do
Conhecimento, reconhecendo-se que as ideias (e as inovações
tecnológicas) são o principal insumo para que a economia se desenvolva.
Os fatores tradicionais, como capital, trabalho e matéria-prima, tornaram-se
relativamente de menor importância para explicar o desenvolvimento e
riqueza das nações.
- sobre Autonomia: Slack et al. (2002) indicam que é a ação de dar ao
pessoal a autoridade para fazer mudanças no trabalho em si, assim como
na forma com que é desempenhado (empowerment);
-sobre Estabelecer Metas: Collins & Porras (1998) declaram que,
embora, muitas vezes, as organizações tenham várias super metas
concomitantes, em níveis diferentes, necessitam de um tipo especial de
meta, aplicada à organização inteira, exigindo de 10 a 30 anos de esforços
para ser alcançada. Para estabelecer metas para um futuro tão distante, é
necessário analisar além das capacidades atuais da organização e do
ambiente presente. Essa visão, entretanto é claramente contextualizada por
Hamel & Prahalad (2005), para os quais as bases para o sucesso obtido no
passado foram abaladas e fragmentadas quando, na maioria dos casos, a
topografia da alta gerência de reformular suas crenças e premissas básicas
sobre que mercados deveria servir, que tecnologias haveria de dominar, que
clientes deveria atender e como obter o melhor desempenho dos
funcionários.
-sobre Capacidade de Inovação: Para Papaconstantinou (1997) isso
depende de diversos fatores das organizações, além dos esforços
empreedidos, para criar novos produtos ou melhorar o processo de
produção, melhorar a capacitação de mão-de-obra e sua habilidade para a
aprendizagem, bem como a melhoria geral do ambiente de trabalho.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
105
- sobre Resultados: Drucker (2003) relata que existem dois conjuntos
de generalizações que se aplicam à maioria das empresas a maior parte do
tempo: uma com respeito aos seus resultados e recursos e outra, referente
aos seus esforços. Em conjunto elas levam a um número de conclusões
relativas à natureza e à direção do trabalho na empresa.
Na prática, essas conceituações poderão ou não ser invocadas,
conforme as peculiaridades de cada aplicação do modelo.
Após identificar um atributo para cada inter-relacionamento, baseado
em Conhecimento (Baixo, Médio ou Alto), Liderança (Baixo, Médio ou Alto)
e Competência das características aprendizagem, articular ideias,
autonomia, estabelecer metas, capacidade de inovação e resultados,
procurou-se traduzir esses atributos (ou essas combinações de níveis) nas
suas prováveis consquências práticas em cada caso. Os resultados são
apresentados no Quadro 4.2.1.
Na sequência, utilizando um procedimento inverso, se buscou
classificar essas consquências práticas em três níveis (Baixo, Médio ou Alto)
referentes à sua qualidade como resultado, chegando-se ao Quadro 4.2.2.
O Quadro 4.2.3 mostra, de uma maneira resumida a classificação das
fases que correspondem ao modelo da Espiral do Conhecimento e a
passagem do conhecimento.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
106
Quadro 4.2.1 – Inter-relacionamento da percepção do Conhecimento, Competência e Liderança
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
107
Quadro 4.2.2 – Atributos para as características baseadas em Competência e Conhecimento
Quadro 4.2.3 – Fases do modelo da Espiral do Conhecimento (Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi, 1997)
Espiral do Conhecimento (Nonaka & Takeuchi, 1997)
Classificação das Fases Passagem do Conhecimento
Socialização Tácito para Tácito
Externalização Tácito para Explícito
Combinação Explícito para Explícito
Internalização Explícito para Tácito
O Quadro 4.2.4 classifica as Competências para o profissional, de
acordo com Fleury & Fleury (2001).
Quadro 4.2.4 – Classificação das Competências para o profissional (Fonte: adaptado de Fleury & Fleury, 2001)
Competências para o profissional
Classificação Competência Descrição da Competência
Comp.1 Saber agir Saber o que e por que faz. Saber julgar, escolher, decidir.
Comp.2 Saber mobilizar Criar sinergia e mobilizar recursos e competências.
Comp.3 Saber transferir Compreender, trabalhar, transmitir informações, conhecimentos.
Comp.4 Saber aprender Trabalhar o conceito e a experiência, rever modelos mentais; saber desenvolver-se
Comp.5 Saber engajar-se e Comprometer-se
Saber empreender, assumir riscos. Comprometer-se.
Comp.6 Saber assumir responsabilidades
Ser responsável, assumindo riscos e consequências de suas ações e sendo por isso reconhecido.
Comp.7 Ter visão estratégica
Conhecer e entender o negócio da organização, o seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
108
A seguir efetua-se uma associação entre as características
consideradas (aprendizagem, articulação de ideias, autonomia, estabelecer
metas, capacidade de inovação e resultados) com as principais
competências para o profissional (Fleury & Fleury, 2001), juntamente com
as fases da Espiral do Conhecimento propõe-se um comparativo de inter-
relacionamento desses assuntos, conforme Quadro 4.2.5.
Quadro 4.2.5 – Comparativo entre Competências para o profissional e o Espiral do Conhecimento
Características baseadas em Competência e Conhecimento
Competências para o profissional (Fleury & Fleury, 2001)
Espiral do Conhecimento (Nonaka & Takeuchi, 1997)
Aprendizagem Comp.4 Socialização
Articular ideias Comp.1; 2; 3 Internalização
Autonomia Comp. 5 e 6 Internalização
Estabelecer metas Comp.7 Combinação
Capacidade de inovação Comp.7 e 4 Externalização
Resultados Comp. 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7 Socialização /Externalização/ Combinação/ Internalização
Ao observar o Quadro 4.2.5 verifica-se que:
1) para a condição de Aprendizagem : (que é uma questão voltada ao
Conhecimento) a principal Competência para o profissional que se destaca
mais é a número 4: saber aprender, trabalhar o conceito e a experiência,
rever modelos mentais; saber desenvolver-se; e, em relação ao modelo da
Espiral do Conhecimento, pode-se obter a Socialização, a aquisição do
conhecimento tácito por meio de observação, imitação, prática e/ou
interação pela linguagem verbal, que resulta em experiência ou treinamento
prático no mundo organizacional.
2) para a condição de Articular Ideias (que é uma questão voltada à
Competência) as principais Competências para o profissional que se
destacam mais são as de números 1, 2 e 3 em que: 1) saber agir: saber o
que e por que faz; saber julgar, escolher, decidir; 2) saber mobilizar: criar
sinergia e mobilizar recursos e competências; e 3) saber transferir:
compreender trabalhar, transmitir informações, conhecimentos; e, em
relação ao modelo da Espiral do Conhecimento, pode-se obter um processo
de absorção do conhecimento explícito, que assim se transforma em novo
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
109
conhecimento tácito, resultante dos processos de aprendizagem,
correlacionado às práticas empresariais e ao tipo de educação de “aprender
fazendo”, que forma os novos conteúdos técnicos, as novas crenças, os
novos modelos mentais nos indivíduos, que passam a incorporar a base de
conhecimento empresarial, um ativo intangível de extremo valor na
sociedade do conhecimento.
3) para a condição de Autonomia (que é uma questão voltada à
Competência) as principais Competências para o profissional que se
destacam mais são as de número 5 e 6 nas quais: 5) Saber engajar-se e
comprometer-se: saber empreender, assumir riscos; 6) saber assumir
responsabilidades: ser responsável, assumindo riscos e consequências de
suas ações e sendo por isso reconhecido; e, em relação ao modelo da
Espiral do Conhecimento pode-se obter como resultado o acréscimo na
base de valor intangível e nas fontes de inovação e competitividade para as
organizações, pois, como etapa final da espiral de criação e multiplicação do
conhecimento, ela serve de ponto de partida para que se inicie um novo
processo espiralado de criação de conhecimento, tornando permanente a
evolução desse ativo nas organizações.
4) para a condição de Estabelecer Metas (que é uma questão voltada
à Competência) a principal Competência para o profissional que se destaca
mais é a de número 7, em que: 7) é ter visão estratégica, conhecer e
entender o negócio da organização, o seu ambiente, identificar
oportunidades e alternativas e, em relação ao modelo do Espiral do
Conhecimento pode-se obter um processo de sistematização de conceitos,
envolver a combinação de várias fontes de conhecimento explícito,
interação das pessoas de diversas maneiras ao trocar e combinar
informações e conhecimento; o novo conhecimento surge dessa interação,
que produz novos conceitos e novos usos para os conhecimentos já obtidos.
5) para a condição de Capacidade de Inovação (que é uma questão
voltada ao Conhecimento e Competência) as principais Competências para
o profissional que se destacam mais são as de número 4 e 7, com isso: 4)
saber aprender: trabalhar o conceito e a experiência, rever modelos
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
110
mentais, saber desenvolver-se; 7) ter visão estratégica: conhecer e entender
o negócio da organização, o seu ambiente, identificando oportunidades e
alternativas; e, em relação ao modelo da Espiral do Conhecimento, pode-se
obter um processo de transformação do conhecimento tácito em explícito,
podendo ser expresso pelas mais diversas formas de comunicação humana,
tais como metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos, traduzidos
por intermédio da linguagem verbal e escrita; faz com que haja uma
compreensão parcial do conhecimento transmitido em função da diferença
de modelos mentais, crenças ou culturas, tornando-se fundamental um
processo de reflexão e interação entre os indivíduos como meio de alinhar
os conceitos e aproximá-los da interpretação dada pela fonte original do
conhecimento tácito, induzindo uns aos outros à dedução de novos
conceitos. É essencial para a criação do conhecimento, uma vez que
permite a criação de conhecimento novo, ou a inovação.
6) para a condição de Resultados (que é uma questão voltada à
Competência e Liderança) todas as Competências para o profissional se
destacam, pois para obter Resultados é necessária a ação de todas as
Competências juntas; e, em relação ao modelo da Espiral do Conhecimento
com o intuito de se tornar uma empresa geradora de conhecimento
(knowledge creating company) e, consequentemente, atingir resultados, a
organização deve completar uma espiral do conhecimento, que vai de tácito
para tácito, de tácito para explícito, de explícito para explícito, e, finalmente,
de explícito para tácito; o conhecimento deve ser articulado e então
internalizado, para tornar-se parte da base de conhecimento de cada
pessoa da organização.
Ao analisar as verificações efetuadas no comparativo do Quadro
4.2.5, nota-se que, para cada uma das condições das características
baseadas em Competência e Conhecimento, existe, no mínimo, uma
Competência para o Profissional, baseado em Fleury & Fleury (2001) e,
quando comparado simultaneamente à Espiral do Conhecimento de Nonaka
e Takeuchi (1997), indica a passagem por uma ou mais fases do processo
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
111
na Espiral do Conhecimento – isso permite à organização utilizar esses
dados para gerar informações que possam auxiliar nas melhorias
necessárias dentro do processo decisório.
Para identificar as colocações efetuadas no comparativo explorado
até aqui, mencionam-se as necessidades de melhorias dentro do processo
decisório - Quadro 4.2.6.
Quadro 4.2.6 – Necessidades de melhorias para o processo decisório
Necessidade de melhorias
Melhoria 1 O compartilhamento total do conhecimento tácito original para construção de um campo de interação que permita aos indivíduos perceber e entender o contexto, rever modelos mentais.
Melhoria 2 Reanalisar os processos de aprendizagem e conteúdos na base do conhecimento empresarial para formulação de novos modelos mentais (ativos valorizados na sociedade do conhecimento)
Melhoria 3 Aprimoramento da capacidade para tomada de decisão, assumir responsabilidades, desenvolver comprometimento, gerando autonomia e competência para a resolução de problemas
Melhoria 4 Otimizar a interação, a troca e combinação de informações e conhecimentos dentro da organização.
Melhoria 5 Análise e determinação de novas formas de comunicação executadas pela organização, tais como conceitos e modelos passados aos indivíduos pelos escalões superiores.
Melhoria 6 Instituir mecanismos para aplicação e acompanhamento da Espiral do Conhecimento.
Para alinhar a utilização destes processos de melhoria pelas
organizações, verifica-se no Quadro 4.2.7 a análise sobre estes contextos.
Quadro 4.2.7 – Utilização para as organizações baseados nas necessidades de melhorias para o processo decisório
Utilização para as organizações
Utilização 1 Agrega valor no fazer e cumprir tarefas, ampla qualificação; visão geral do seu trabalho e da organização; melhoria de processos, leva ao autogerenciamento; criação de responsabilidades; desenvolve o indivíduo pessoal e profissionalmente.
Utilização 2 Disseminação de novos modelos mentais, saber o que e por que fazer as coisas; saber julgar, escolher e decidir; pode gerar diminuição de erros ao fazer as tarefas ou tomar decisões por conta do ―aprender-fazendo‖; mobilizar recursos e competências; criar sinergia; compreender, trabalhar e transmitir informações e conceitos.
Utilização 3 Competências nas ações; capacidade de executar as tarefas; formação de novos conteúdos técnicos; perseverança nas decisões; disposição para tentar o que não foi tentado antes.
Utilização 4 Multiplicar o que sabem; definir planos; criar sinergia; mobilizar recursos e competências; trabalhar e transmitir informações e conceitos.
Utilização 5 Missão e visão da organização; identificação de oportunidades e alternativas para o negócio; competitividade
Utilização 6 Pode-se obter lucratividade, competitividade, competência nas decisões
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
112
Dentro da proposta deste capítulo, de associar os assuntos
elencados até aqui (Conhecimento, Liderança e Competência) completa-se
o Quadro 4.1.2 – Inter-relacionamento da percepção do Conhecimento,
Competência e Liderança, com as informações geradas pelos Quadros
4.2.5; 4.2.6, e 4.2.7, apresentando-se o Quadro 4.2.8 – Comparativo entre
Competências para o profissional, modelo da Espiral do Conhecimento,
necessidades de melhorias para o processo decisório e utilização para as
organizações.
Quadro 4.2.8 – Comparativo entre Competências para o profissional, modelo da Espiral do Conhecimento, necessidades de melhorias para o processo decisório e utilização para as organizações
Características
baseadas em
Competência e
Conhecimento
Competências
para o
profissional
(Fleury &
Fleury,2001)
Espiral do
Conhecimento
(Nonaka &
Takeuchi, 1997)
Necessidade de
melhorias
Utilização para
as organizações
Aprendizagem Comp.4 Socialização Melhoria 1 Utilização 1
Articular idéias Comp.1; 2; 3 Internalização Melhoria 2 Utilização 2
Autonomia Comp. 5; 6 Internalização Melhoria 3 Utilização 3
Estabelecer metas
(direção)
Comp.2; 3; Combinação Melhoria 4 Utilização 4
Capacidade de
inovação
Comp.7 Externalização Melhoria 5 Utilização 5
Resultados
(eficácia)
Comp. 1; 2; 3; 4;
5; 6; 7
Socialização
/Externalização/
Combinação/
Internalização
Melhoria 6 Utilização 6
No Quadro 4.2.9 – Inter-relacionamento entre as características
baseadas no Conhecimento e Competências, seus níveis de desempenho,
as necessidades de melhorias para o processo decisório e utilização para as
organizações – há uma semelhança entre alguns dos itens em relação ao
nível de desempenho (Baixo, Médio ou Alto) atribuídos às características
baseadas em Conhecimento e Competência.
Essas semelhanças estão identificadas no Quadro 4.2.10 –
Identificação das necessidades de melhorias para o processo decisório e da
utilização para as organizações, que serão comparadas e analisadas com a
pesquisa de campo.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
113
Quadro 4.2.9 – Inter-relacionamento entre as características baseadas no Conhecimento e Competências, seus níveis de desempenho, as necessidades de melhorias para o processo decisório e utilização para as organizações
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
114
Quadro 4.2.10 – Identificação das necessidades de melhorias para o processo decisório e utilização para as organizações
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
115
CAPÍTULO 5 – PESQUISA DE CAMPO / APLICAÇÃO À
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS-LOGÍSTICA
5.1 Pesquisa de Campo
A intenção da pesquisa de campo foi utilizar uma amostra de
empresas do universo constituído do ramo industrial de médio e grande
porte das cidades de São Paulo, Guarulhos e região. As dez empresas
participantes da pesquisa estão relacionadas no Anexo I.
Essa amostra foi escolhida, conforme critério de acessibilidade ao
pesquisador, não é, a rigor, uma amostra probabilística, conforme definido
por Costa Neto (2002). Entretanto, não se considera que existam razões
que impeçam de poder considerá-la como representativa ao universo a que
pertence, para efeito de validação da presente pesquisa.
Após a escolha das empresas, a pesquisa foi realizada por meio da
técnica de questionário, visando à observação da aplicabilidade do modelo
conceitual desenvolvido em 4.2. O campo escolhido para aplicação do
questionário foi o da Administração de Materiais-Logística. A Figura 5.1
sugere o modelo de inter-relacionamento entre Conhecimento, Competência
e Liderança para aplicação na Administração de Materiais-Logística.
Figura 5.1 – Modelo de inter-relacionamento entre Conhecimento, Competência e Liderança para aplicação na Administração de Materiais-Logística.
E N T R A D A P R O C E S S O S A Í D A
In Interfase
Santos (2006)
Silvestro (1992, 1999)
Cooke (2000)
Garvin (1994, 2000)
Ballou (1993); Pozo (2004)
Atividades de Apoio à
Produção
- Processo de embalagem
- Embalagem de proteção
- Manuseio de materiais
- Obtenção ou Suprimentos
- Programação de produtos ou
Planejamento
- Sistema de informação
Tipologia de
Serviços
Qualidade
A
G
R
E
G
A
R
V
A
L
O
R
C
R
E
D
I
B
I
L
D
A
D
E
C
O
M
P
E
T
I
T
I
V
I
D
A
D
E
Decisões
Eficazes
Alto -
Médio -
Baixo -
Liderança Competência
- Alto
- Médio
- Baixo
Conhecimento
- Alto
- Médio
- Baixo
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
116
A análise comparativa é feita a partir do Quadro 4.2.9 – Inter-
relacionamento das características baseadas no Conhecimento e
Competências, seus níveis de desempenho, as necessidades de melhorias
para o processo decisório e utilização para as organizações – e do Quadro
4.2.10 – Identificação das necessidades de melhorias para o processo
decisório e da utilização para as organizações.
A pesquisa foi direcionada ao cliente interno priorizando
respondentes com cargos gerenciais, por serem pessoas que detêm o
conhecimento das estratégias e objetivos das empresas, e as respostas
foram baseadas no Quadro 4.2.2: Atributos para as características
baseadas em Competência e Conhecimento, levando em conta a discussão
apresentada nos itens 4.1: Conhecimento, Liderança e Competência; e 4.2:
Percepção do Conhecimento, Liderança e Competência – sugestão para
utilização do modelo.
As perguntas foram relacionadas às atividades de apoio da
Administração de Materiais referenciadas por Ballou (1993) e Pozo (2004),
na visão das expectativas da Produção sobre:
Procedimentos de armazenagem;
Manuseio de materiais;
Embalagem de proteção;
Obtenção ou Suprimentos;
Programação de produtos ou Planejamento; e
Sistema de informações.
Nesta pesquisa, busca-se avaliar, para as atividades de apoio à
Produção da Administração de Materiais, qual o grau de desempenho
(Baixo, Médio, Alto) que elas vêm sendo realizadas na empresa pesquisada,
sob o prisma da área de Produção, para as questões baseadas em
Conhecimento, Liderança e Competência, conforme a opinião das pessoas
que recebem a prestação de serviço interno.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
117
Foram utilizados os questionários apresentados nos Quadro 5.1.1 e
5.1.2, sendo adotadas, as seguintes convenções para as características
baseadas em Conhecimento, Liderança e Competência.
para o grau de Desempenho:
- Baixo;
- Médio;
- Alto.
No Anexo II, é apresentado o questionário completo enviado aos
entrevistados.
Quadro 5.1.1 – Questionário Grau de Desempenho Atual
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
118
Quadro 5.1.2 – Questionário Nível de Desempenho Atual
5.2 Resultados da análise e discussão.
Neste item, são apresentados os principais resultados da pesquisa,
sua discussão e interpretação.
Primeiro, foram analisadas as respostas das empresas pesquisadas
para as questões baseadas em Conhecimento, Liderança e Competência,
enviadas sob o prisma da área de Produção, referente a qual o grau de
desempenho (Baixo, Médio, Alto) com que as pessoas da área de
Administração de Materiais-Logística executam as atividades de apoio à
Produção (Procedimentos de armazenagem, Manuseio de materiais,
Embalagem de proteção, Obtenção ou Suprimentos, Programação de
produtos ou Planejamento e, Sistema de informações).
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
119
Essas informações foram transformadas em porcentagens e
tabuladas para melhor verificação e análise dos dados. Na sequência são
discutidos esses resultados segundo a ótica de cada um dos três aspectos
pesquisados.
No Anexo III, são apresentados os resumos das planilhas
preenchidas pelos entrevistados das dez empresas pesquisadas, cujos
resultados estão consolidados na Tabela 5.2.1.
Baixo Médio Altonão se
aplicaBaixo Médio Alto
não se
aplicaBaixo Médio Alto
não se
aplica
Processo de armazenagem - 60% 40% - - 80% 20% - 20% 50% 30% -
Embalagem de proteção 10% 20% 70% - 10% 80% 10% - 20% 50% 30% -
Manuseio de materiais 10% 20% 70% - 10% 70% 10% - 30% 10% 60% -
Obtenção ou Suprimentos 20% 40% 40% - 20% 20% 60% - 30% 50% 20% -
Programação de produtos ou
Planejamento10% 60% 30% - 20% 60% 20% - 40% 30% 30% -
Sistema de informações 20% 20% 50% 10% 20% 20% 50% 10% 30% 40% 20% 10%
CONHECIMENTO LIDERANÇA COMPETÊNCIA
Tabela 5.2.1 – Atribuição do grau de desempenho (Baixo, Médio, Alto) com que as atividades da Administração de Materiais-Logística são realizadas, sob a visão da área de Produção.
5.2.1 Conhecimento para execução das atividades de apoio à
Produção
Na análise dos dados coletados das empresas entrevistadas,
conforme demonstrado no Gráfico 5.1, verifica-se que as maiores
porcentagens atribuídas para o grau de desempenho (nível Alto), em
relação ao conhecimento daqueles que desenvolvem as atividades de apoio
à Produção são referentes à Embalagem de proteção (70%), Manuseio de
materiais (70%) e Sistema de informações (50%).
Esses percentuais podem indicar que, para essas empresas, essas
atividades com grau de desempenho Alto, a princípio, não necessitem
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
120
efetuar melhorias em relação à Gestão Conhecimento, por conta de serem
superiores aos graus de desempenho Baixo e Médio.
0
60%
40%
10%
20%
70%
10%
20%
70%
20%
40% 40%
10%
60%
30%
20% 20%
50%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
% G
rau
de
de
se
mp
en
ho
Processo de
armazenagem
Embalagem de
proteção
Manuseio de
materiais
Obtenção ou
Suprimentos
Programação
de produtos ou
Planejamento
Sistema de
informações
Atividades de apoio à Produção
Baixo
Médio
Alto
não se aplica0 0 0 0 0
Gráfico 5.1 – Grau de Conhecimento na execução das atividades de apoio à Produção
Nota-se que as atividades Processo de armazenagem (60%),
Obtenção ou Suprimentos (40%) e Programação de produtos ou
Planejamento (60%) têm grau de desempenho Médio preponderante o que
pode induzir a necessidade, neste momento, de efetuar melhorias nessas
empresas a fim de que essas atividades possam passar de grau Médio para
Alto.
5.2.2 Liderança para execução das atividades de apoio à
Produção
Pelos dados apontados no Gráfico 5.2, os maiores percentuais
respondidos pelas empresas em relação à Liderança sobre as atividades de
apoio à Produção são os de grau Médio – Processo de armazenagem
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
121
(80%), Embalagem de proteção (80%), Manuseio de materiais (70%),
Programação de produtos ou Planejamento (60%).
0
80%
20%
0
10%
80%
10%
0
10%
70%
10%
0
20% 20%
60%
0
20%
60%
20%
0
20%
50%
20%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
% G
rau
de d
esem
pen
ho
Processo de
armazenagem
Embalagem de
proteção
Manuseio de
materiais
Obtenção ou
Suprimentos
Programação
de produtos ou
Planejamento
Sistema de
informações
Atividades de apoio à Produção
Baixo
Médio
Alto
não se aplica
Gráfico 5.2 – Grau de Liderança na execução das as atividades de apoio à Produção
Ao responder o questionamento, um número considerável de
empresas alegou que o grau de Liderança Médio demonstrado sobre essas
atividades é consideravelmente elevado, o que leva a reflexão de que o
cliente interno (Produção) acredita não ser necessário, para a execução
dessas atividades, um grau mais elevado no que diz respeito à Liderança.
Por outro lado, o grau de desempenho Alto identificado nas atividades
de apoio à Produção, Obtenção ou Suprimentos (60%) e Sistemas de
informações (50%), pode ser um indicador de que esses clientes internos da
Administração de Materiais (Produção) esperam que a Liderança para
execução dessas atividades seja imprescindível para o bom andamento do
sistema produtivo e com isso pode-se criar vantagem competitiva.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
122
5.2.3 Competência para execução das atividades de apoio à
Produção
O grau de Competência na execução das atividades da
Administração de Materiais avaliada pelo setor de Produção é observado no
Gráfico 5.3 e teve o maior percentual das respostas voltadas para o grau de
desempenho Alto na atividade Manuseio de materiais (60%), isso leva a crer
que a não ocorrência de falhas e/ou baixo risco de falhas para essa
atividade da Administração de Materiais pode ser consideradas de
relevância pelo cliente interno.
20%
50%
30%
0
20%
50%
30%
0
30%
10%
60%
0
30%
50%
20%
0
40%
30%
30%
0
30%
40%
20%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
% G
rau
de
de
se
mp
en
ho
Processo de
armazenagem
Embalagem de
proteção
Manuseio de
materiais
Obtenção ou
Suprimentos
Programação
de produtos ou
Planejamento
Sistema de
informações
Atividades de apoio à Produção
Baixo
Médio
Alto
não se aplica
Gráfico 5.3 – Grau de Competência na execução das atividades de apoio à Produção
As atividades de Processo de armazenagem (50%), Embalagem de
proteção (50%), Obtenção ou Suprimentos (50%) e Sistemas de
informações (40%) obtiveram grau de desempenho Médio.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
123
As informações coletadas, referentes ao grau de desempenho Médio,
pressupõe que o cliente interno (Produção) vislumbra que tais atividades
necessitam maior atenção por parte do fornecedor de serviços interno
(Administração de Materiais), em que a falta de Competência em executar
essas atividades, neste caso, pode acarretar prejuízos significativos ao
processo produtivo.
A porcentagem estabelecida (Gráfico 5.3) para a Competência na
execução da atividade Programação de produtos ou Planejamento (40%),
com grau de desempenho Baixo, reflete que o cliente interno (Produção)
entende que o desempenho perfeito dessa atividade é vital para o alcance
dos objetivos do processo produtivo, indo ao encontro às informações
esclarecidas por Slack et al. (2002), quanto ao constante aprimoramento do
planejamento e controle das operações produtivas com a finalidade de
garantir que a produção ocorra eficazmente.
Esses indicadores fazem refletir que mesmo deficiências decorrentes
de graus de desempenhos Médio, para a execução das atividades de apoio
à Produção, em seu dia-a-dia, quando não observados com cautela, podem
se tornar grau de desempenho Baixo e implicar em perdas nos processos
produtivos e de ganho de produtividade.
5.3. Niveis de desempenho encontrados na pesquisa
Neste item se faz uma comparação entre os resultados da pesquisa
de campo e as indicações fornecidas pelo modelo proposto.
Ao analisar a Tabela 5.3.1, observa-se que, das respostas enviadas
pelas 10 empresas, uma porcentagem expressiva, 61,67% (37 respostas),
está relacionada à coluna Itens do Quadro 4.2.10 – Identificação das
necessidades de melhorias para processo decisório e da utilização para as
organizações. Com isso, os valores encontrados indicam que a grande
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
124
maioria dessas empresas está enquadrada na linha de pesquisa proposta
neste trabalho.
Níveis de
DesempenhoQuadro 4.2.9
Pesquisa de
Campo
Número de
eventos
ocorridos
% Total %
1B - 5M OK OK 4 6,67%
2B - 4M OK OK 1 1,67%
3B - 3M OK OK 7 11,67%
4B - 2M OK OK 7 11,67%
5B - 1M OK OK 4 6,67%
6B OK OK 7 11,67%
6M OK OK 4 6,67%
6A OK OK 3 5,00%
2B -2M - 2A OK Não encontrado 0 0,00%
1B - 4M - 1A Não encontrado OK 4 6,67%
3B -2M -1A Não encontrado OK 1 1,67%
1M - 5A Não encontrado OK 2 3,33%
3M - 3A Não encontrado OK 1 1,67%
4M - 2A Não encontrado OK 2 3,33%
5M - 1A Não encontrado OK 13 21,67%
TOTAL 60 100,00%
61,67%
38,33%
Comparativo entre a Pesquisa de Campo e o Quadro 4.2.9 – Interrelacionamento entre as
características baseadas no Conhecimento e Competências, seus níveis de desempenho, as
necessidades de melhorias para processo decisório e utilização para as organizações.
Tabela 5.3.1 – Comparativo entre a Pesquisa de Campo e o Quadro 4.2.9 – Interrelacionamento entre as características baseadas no Conhecimento e Competências, seus níveis de desempenho, as necessidades de melhorias para processo decisório e utilização para as organizações.
Porém, 38,33% (23 respostas) das empresas indicaram níveis de
desempenho não existentes na coluna Itens do Quadro 4.2.10. Para análise
desses dados, instituiu-se a Tabela 5.3.2:
As informações encontradas na Tabela 5.3.2 indicam que os níveis
de desempenho têm o número de eventos ocorridos em diferentes
quantidades e, para cada uma das características baseadas em
Conhecimento e Competência (Aprendizagem, Articular ideias, Autonomia,
Estabelecer metas, Capacidade de Inovação e Resultados) o grau de
desempenho (Baixo, Médio, Alto) atribuído se diversifica.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
125
Tabela 5.3.2 – Características baseadas no Conhecimento e Competências, Nível de desempenho, e o Grau de desempenho encontrados na Pesquisa de Campo e não demonstrados no Quadro 4.2.10.
São utilizados para análise da Tabela 5.3.2 os itens correspondentes
aos graus de desempenho Baixo e Médio, e associados aos Quadros 4.2.6
– Necessidades de melhorias dentro do processo decisório; 4.2.7 –
Utilização para as organizações baseados nas necessidades de melhorias
para o processo decisório; e, 4.2.8 – Comparativo entre Competências para
o profissional, o modelo da Espiral do Conhecimento, necessidades de
melhorias para o processo decisório e utilização para as organizações.
Faz-se necessário explicar que, ao se obterem melhorias dos graus
de desempenho Baixo ou Médio para Alto, referentes às características
Aprendizagem, Articular ideias, Autonomia, Estabelecer metas e
Capacidade de inovação, elevam-se também as condições da característica
Resultados.
5.3.1 Nivel de desempenho 1B – 4M – 1A
Conforme demonstrado na Tabela 5.3.2, nível de desempenho 1B –
4M – 1A (1 Baixo, 4 Médio e 1 Alto) obteve porcentagem de 6,67% (04
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
126
eventos) das respostas dadas pelo o cliente interno (Produção) da
Administração de Materiais.
Nos dois primeiros eventos nota-se que os graus de desempenho
Baixo para a característica Articular ideias, esses eventos parecidos no
contexto identificam a necessidade da Melhoria 2 – reanalisar os processos
de aprendizagem e conteúdos na base do conhecimento empresarial para
formulação de novos modelos mentais (ativo valorizado na sociedade do
conhecimento) a fim de elevar o nível de desempenho que, se encontra em
Baixo para Médio e, em um segundo momento, aplicar a Melhoria 6 –
instituir mecanismos para aplicação e acompanhamento da Espiral do
conhecimento. Podem ser utilizadas para as organizações, no sentido de
disseminar novos modelos mentais, saber o que e por que fazer as coisas;
saber julgar, escolher e decidir; pode gerar diminuição de erros ao fazer as
tarefas ou tomar decisões por conta do “aprender-fazendo”; mobilizar
recursos e competências; criar sinergia; compreender, trabalhar e transmitir
informações e conceitos; com isso pode-se obter lucratividade,
competitividade, competência nas decisões.
Nos dois eventos seguintes, vê-se que o grau de desempenho Baixo
está indicado para a característica Capacidade de inovação; para essas
questões, o processo de Melhoria 5 – em que a análise e determinação de
novas formas de comunicação executadas pela organização tais como
conceitos e modelos passados aos indivíduos pelos escalões superiores é
recomendado para elevar o nível de desempenho, que se encontra em
Baixo para Médio e, em um segundo momento, aplicar a Melhoria 6. Podem
ser utilizadas para as organizações no sentido de haver disseminação da
missão e visão da organização, para identificarem oportunidades e
alternativas para o negócio, pode-se ter lucratividade, competitividade,
competência nas decisões.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
127
5.3.2 Nivel de desempenho 3B – 2M – 1A
Para o nível de desempenho 3B – 2M – 1A (3 Baixo, 2 Médio e 1
Alto) porcentagem de 1,67% (01 evento); o grau de desempenho Baixo
indicado para as características Articular ideias, Capacidade de inovação e
Resultados identifica a necessidade de Melhorias 2 e 4, para elevar os nível
de desempenho que se encontram Baixo para o nível Médio, para que além
de reanalisar os processos de aprendizagem e conteúdos na base do
conhecimento empresarial para formulação de novos modelos mentais
(ativo valorizado na sociedade do conhecimento) também, se busque
otimizar a interação, a troca e combinação de informações e conhecimentos
dentro da organização e, em um segundo momento, aplicar a Melhoria 6.
No que se refere à utilização pelas organizações da disseminação de
novos modelos mentais, saber o que e por que fazer as coisas; saber julgar,
escolher e decidir; pode gerar diminuição de erros ao fazer as tarefas ou
tomar decisões por conta do “aprender-fazendo”; mobilizar recursos e
competências; criar sinergia; compreender, trabalhar e transmitir
informações e conceitos podem levar essas organizações à lucratividade,
competitividade, competência nas decisões.
5.3.3 Nivel de desempenho 1M – 5A
Identificou-se que para o Nível de desempenho 1M – 5A (1 Médio e 5
Alto) obteve porcentagem de 3,33% (02 eventos), tendo grau de
desempenho Médio para o primeiro evento (característica Articular ideias) e
para o segundo evento (Estabelecer metas).
Pelas respostas indicadas, na visão do setor das empresas
pesquisadas, para o primeiro evento pode-se propor a Melhoria de número 1
em que haja o compartilhamento total do conhecimento tácito original para
construção de um campo de interação que permita aos indivíduos perceber
e entender o contexto, rever modelos mentais; em um segundo momento,
aplicar a Melhoria 6. Podem ser utilizadas pelas organizações no sentido de
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
128
ter o compartilhamento total do conhecimento tácito original para construção
de um campo de interação que permita aos indivíduos perceber e entender
o contexto, rever modelos mentais e instituir mecanismos para aplicação e
acompanhamento da Espiral do Conhecimento.
Referente ao segundo evento, identifica-se a necessidade de
Melhorias 4 – buscando-se otimizar a interação, a troca e combinação de
informações e conhecimentos dentro da organização e, em um segundo
momento, aplicar a Melhoria 6. Na utilização pelas organizações pode
multiplicar o que sabem; definir planos; criar sinergia; mobilizar recursos e
competências; trabalhar e transmitir informações e conceitos.
5.3.4 Nível de desempenho 3M – 3A
Das respostas enviadas pelas empresas, por intermédio de seu setor
de Produção, 1,67% (01 evento) está situado no nível de desempenho 3M –
3A (3 Médio e 3 Alto) estando as características Aprendizagem, Articular
ideias, Estabelecer no nível Médio.
Pelos dados encontrados, as Melhorias 1, 2 e 4 são as indicadas para
as organizações, pelos quais pode-se ter o compartilhamento total do
conhecimento tácito original para construção de um campo de interação,
que permita aos indivíduos perceber e entender o contexto, rever modelos
mentais; reanalisar os processos de aprendizagem e conteúdos na base do
conhecimento empresarial para formulação de novos modelos mentais;
otimizar a interação, a troca e combinação de informações e conhecimentos
dentro da organização, a fim de elevar o nível de desempenho que se
encontra em Médio para Alto e, em um segundo momento, aplicar a
Melhoria 6. Podendo ser utilizada pelas organizações conforme indicado em
1M – 5A (1 Médio e 5 Alto) e 3B – 2M – 1A (3 Baixo, 2 Médio e 1 Alto).
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
129
5.3.5 Nível de desempenho 4M – 2A
Ao responderem sobre o nível de desempenho com que são
efetuadas as atividades de apoio à Produção, as empresas mostraram em
3,33% dos casos (02 eventos) em que no primeiro evento (Articular ideias,
Autonomia, Estabelecer metas e Resultados) e para o segundo evento
(Autonomia e Estabelecer metas, Capacidade de inovação e Resultados).
Para o primeiro evento percebeu-se que as Melhorias 2, 3 e 4 –
podem ajudar a reanalisar os processos de aprendizagem e conteúdos na
base do conhecimento empresarial, para formulação de novos modelos
mentais (ativo valorizado na sociedade do conhecimento); e, otimizar a
interação, a troca e combinação de informações e conhecimentos dentro da
organização para que, em um segundo momento, aplicar a Melhoria 6. Ao
efetuar essas melhorias, as organizações podem utilizar de forma a
multiplicar o que sabem; definir planos; criar sinergia; mobilizar recursos e
competências; trabalhar e transmitir informações e conceitos juntamente
das indicadas, no item 1 e 2, ao nível de desempenho 3M – 3A (3 Médio e 3
Alto).
Para o segundo evento as Melhorias 3, 4 e 5 – podem auxiliar no
aprimoramento da capacidade para tomada de decisão, assumir
responsabilidades, desenvolver comprometimento, gerando autonomia e
competência para a resolução de problemas; e, na análise e determinação
de novas formas de comunicação executadas pela organização, tais como
conceitos e modelos passados aos indivíduos pelos escalões superiores. Na
utilização para as organizações pode-se ter competências nas ações;
capacidade de executar as tarefas; formação de novos conteúdos técnicos;
perseverança nas decisões; disposição para tentar o que não foi tentado
antes; e, multiplicar o que sabem; definir planos; criar sinergia; mobilizar
recursos e competências; trabalhar e transmitir informações e conceitos.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
130
5.3.6 Nível de desempenho 5M – 1A
Conforme demonstrado na Tabela 5.3.2, o nível de desempenho 5M
– 1A obteve maior porcentagem (21,67%) e o maior número de eventos
(13), para o cliente interno (Produção) da Administração de Materiais.
Para o primeiro evento foram respondidas que as características
Aprendizagem, Articular ideias, Estabelecer metas, Capacidade de inovação
e Resultados têm o grau de desempenho Médio. Com isso, a necessidade
das Melhorias 1, 2, 4, e 5 são orientadas para essa situação, para que
possa ter o compartilhamento total do conhecimento tácito original para
construção de um campo de interação, que permita aos indivíduos perceber
e entender o contexto, rever modelos mentais; reanalisar os processos de
aprendizagem e conteúdos na base do conhecimento empresarial para
formulação de novos modelos mentais (ativo valorizado na sociedade do
conhecimento); otimizar a interação, a troca e combinação de informações e
conhecimentos dentro da organização; e, a análise e determinação de
novas formas de comunicação executadas pela organização, tais como
conceitos e modelos passados aos indivíduos pelos escalões superiores.
Pode-se assim, em um segundo momento, aplicar a Melhoria 6. Identifica-
se, na utilização para as organizações, os mesmos critérios encontrados
nos dois últimos eventos de 1B – 4M – 1A (1 Baixo, 4 Médio e 1 Alto) e 3M –
3A (3 Médio e 3 Alto).
Nos dois eventos seguintes, observa-se que o grau de desempenho
Médio está direcionado para que as características Aprendizagem, Articular
ideias, Autonomia, Estabelecer metas, e Resultados, portanto a
necessidade das Melhorias 1, 2, 3, e 4 são indicadas para o
compartilhamento total do conhecimento tácito original para construção de
um campo de interação, que permita aos indivíduos perceber e entender o
contexto, rever modelos mentais; reanalisar os processos de aprendizagem
e conteúdos na base do conhecimento empresarial para formulação de
novos modelos mentais (ativo valorizado na sociedade do conhecimento); e
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
131
otimizar a interação, a troca e combinação de informações e conhecimentos
dentro da organização. Indica-se, em um segundo momento, que a Melhoria
6 deva ser aplicada. A utilização para as organizações pode trazer
competências nas ações; capacidade de executar as tarefas; formação de
novos conteúdos técnicos; perseverança nas decisões; disposição para
tentar o que não foi tentado antes e, também, o indicado em 3M – 3A (3
Médio e 3 Alto).
Observa-se que, no último item de evento indicado (10 eventos), o
cliente interno (Produção), em sua maioria, indica para as características
Articular ideias, Autonomia, Estabelecer metas, Capacidade de inovação e
Resultados o grau de desempenho Médio. Nesses casos, as Melhorias 2, 3,
4 e 5 são apontadas para reanalisar os processos de aprendizagem e
conteúdos na base do conhecimento empresarial para formulação de novos
modelos mentais (ativo valorizado na sociedade do conhecimento); otimizar
a interação, a troca e combinação de informações e conhecimentos dentro
da organização; e para análise e determinação de novas formas de
comunicação executadas pela organização, tais como conceitos e modelos
passados aos indivíduos pelos escalões superiores. Indica-se, em um
segundo momento, que a Melhoria 6 deva ser aplicada.
Ao efetuar essas melhorias, para os 13 eventos, a utilização para as
organizações segue as mesmas indicadas aos níveis de desempenho 3M –
3A (3 Médio e 3 Alto) e 4M – 2A (4 Médio e 2 Alto), de forma a auxiliar o
alcance dos objetivos do setor de Produção.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
132
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES
Este capítulo é dedicado às considerações finais sobre os resultados
da pesquisa, análises finais, fechamento do trabalho, conclusões e
recomendações de continuidade para trabalhos futuros.
6.1 Considerações Finais
Acredita-se que o objetivo geral deste trabalho de pesquisa tenha
sido plenamente alcançado, pois foi realizada uma análise intensa quanto às
possíveis combinações de situações, envolvendo conhecimento,
Competência e Liderança, conforme relacionados no modelo proposto,
buscando identificar, em cada caso apresentado, as melhores ações para se
melhorar o patamar de atuação das organizações envolvidas.
Foi um trabalho que se revelou extenso, complexo e árduo, mas que
se imagina com possibilidade de oferecer campo a novas considerações e
discussões a respeito do tema, inclusive com o aperfeiçoamento do modelo.
De fato, não foi pretensão do autor julgar que tenha fornecido uma
contribuição acabada, mas tem consciência de haver realizado um esforço
numa direção que pode render novos frutos, rompendo restrições,
introduzindo melhorias no modelo, e mesmo realizando correções que
possam ser necessárias.
Quanto aos objetivos específicos:
Ao examinar-se os resultados e as análises da pesquisa,
referenciados no Capítulo 5, acredita-se também que os objetivos do estudo
foram satisfeitos, ao pesquisar-se dificuldades referentes à aquisição de
Conhecimento pela Administração de Materiais-Logística no serviço
prestado ao cliente interno (Produção).
Foi possível analisar os valores atribuídos para as respostas das
empresas pesquisadas nas questões baseadas em Conhecimento,
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
133
Liderança e Competência, enviadas sob o prisma da área de Produção,
referente ao grau de desempenho (Baixo, Médio, Alto), que as pessoas da
área de Administração de Materiais-Logística executam as atividades de
apoio à Produção (Procedimentos de armazenagem, Manuseio de materiais,
Embalagem de proteção, Obtenção ou Suprimentos, Programação de
produtos ou Planejamento e Sistema de informações) e consideraram
existir. Na sequência, fez-se uma análise das melhorias a serem priorizadas
em cada caso não contemplado pelo modelo original, visando melhor
recomendação a seguir.
Sobre esse ponto da pesquisa realizada, julga-se evidente enfatizar o
seguinte:
a) Constatou-se que, em relação às respostas envidas sob o
prisma da área de Produção, baseadas em Conhecimento,
Liderança e Competência, as porcentagens com maiores
índices de grau de desempenho Baixo atribuem-se à
Competência. Essas porcentagens indicam que as empresas
pesquisadas carecem de pessoas na área de Administração de
Materiais-Logística que executem as atividades de apoio à
Produção (Procedimentos de armazenagem, Manuseio de
materiais, Embalagem de proteção, Obtenção ou Suprimentos,
Programação de produtos ou Planejamento e, Sistema de
informações) com a Competência exigida por essas
organizações.
b) Os Quadros 4.2.9 e 4.2.10 proporcionaram uma visão sobre o
inter-relacionamento entre as características baseadas no
Conhecimento e Competência, seus níveis de desempenho, a
identificação das necessidades de melhorias para o processo
decisório e a utilização dessas melhorias para as organizações.
c) Ao associar os níveis de desempenho e os graus de
desempenho respondidos pelas empresas pesquisadas, em
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
134
relação à coluna Itens, com os demonstrados na Quadro 4.2.10
construiu-se a Tabela 5.3.1, e uma parcela interessante dos
casos (61,67%) encontram-se indicados neste trabalho
(Quadro 4.2.10) e o restante (38,33%), que não foi identificado
neste estudo (Tabela 5.3.2), foi analisado na sequência. Nota-
se na Tabela 5.3.2 que a maioria das porcentagens e número
de eventos nela contidos tem o nível de desempenho 5M – 1A
(5 Médio e 1 Alto) e a maioria indicaram Aprendizagem com
grau de desempenho Alto, podendo-se deduzir então que as
empresas pesquisadas buscam ter pessoas que executem as
atividades de apoio à Produção com essa característica,
agregando valor aos processos por meio de análise e avaliação
do cliente interno (Produção).
Quanto ao objetivo específico c , acredita-se que presente trabalho,
ao oferecer à discussão o modelo proposto e a sua aplicação prática no
campo da Administração de Materiais-Logística deve trazer a esperada
contribuição na medida em que seja conhecido, analisado, discutido e
implementado por outros pesquisadores. O autor do presente trabalho se
coloca à inteira disposição para participar dessas esperadas futuras
discussões.
6.2 Sugestões para novas pesquisas
A presente pesquisa foi realizada seguindo as diretrizes da
metodologia e balizada pelos limites estipulados pelos seus objetivos.
O referencial teórico, centrado em Qualidade, Serviços, Gestão
Conhecimento, Liderança, Competência e Administração de Materiais-
Logística, pode ser considerado bastante útil para captar os aspectos
relevantes no fornecimento do nível requerido de serviços, não só ao cliente
externo, mas, sobretudo, ao cliente interno das organizações, conforme
ilustrado pelo exemplo escolhido na pesquisa das atividades de apoio da
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
135
Administração de Matérias à Produção, bem como na instituição de
competências essenciais para as organizações estabelecerem vantagem
competitiva sustentável na base de negócios em que atuam.
É certo que este trabalho não esgota o assunto, ao contrário, abre
novas perspectivas para pesquisas complementares ou mais especificas,
como, por exemplo:
Repetir a pesquisa e fazer uma análise com setores diferentes do
abordado neste trabalho;
Retomar a pesquisa e inserir no Quadro 4.2.10 a Tabela 5.3.1 para
estudar novos efeitos em outros departamentos ou setores da
organização;
Rever a pesquisa feita buscando introduzir os efeitos do conceito de
Liderança no Quadro 4.2.5;
Utilizar a ideia desenvolvida no presente trabalho para a análise de
outras interfaces de interesse para a realidade prática das
organizações.
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
136
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Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
144
ANEXOS
ANEXO I – Relação das empresas participantes da pesquisa.
Nomenclatura da Empresa
Ramo Tipo de
seguimento Número de Funcionários
E1 Indústria Automotivo 1500
E2 Indústria Montadora 4500
E3 Indústria Químico 2600
E4 Indústria Automotivo 250
E5 Indústria Automotivo 550
E6 Indústria Automotivo 180
E7 Indústria Químico 650
E8 Indústria Automotivo 1800
E9 Indústria Alimentício 2500
E10 Indústria Metalúrgica 220
Análise da interface entre Conhecimento, Competência e Liderança para a melhoria das organizações
145
ANEXO II – Questionário completo enviado às empresas.
Pesquisa
Prezado (a) Senhor (a):
Estamos realizando uma pesquisa para correlacionar a percepção do
Conhecimento, Liderança e Competência nas decisões no serviço interno da
Administração de Materiais, no que tange às suas principais funções, que
consideramos serem:
Processo de Armazenagem: Envolve administração do espaço necessário
para manter materiais estocados, localização dos produtos no almoxarifado,
dimensionamento de área, arranjo físico, equipamentos de movimentação,
recuperação do estoque, projeto de docas ou baías de atracação,
necessidades de recursos financeiros e humanos.
Embalagem de proteção: Tem como objetivo movimentar produtos com
toda proteção e sem danificá-los além do economicamente razoável,
manuseio e armazenagem eficientes, movimentação sem desperdício.
Manuseio de materiais: Transporte interno envolvendo a movimentação de
materiais no local de estocagem podendo ser tanto estoques de matéria-
prima como de produtos acabados, ou a transferência de materiais do
estoque para o processo produtivo, ou deste para o estoque de produtos
acabados, ou, também, transferência de um depósito para outro.
Obtenção ou Suprimentos: Atividade que proporciona ao produto ficar
disponível, no momento exato, para ser utilizado pelo sistema logístico
envolvendo procedimentos de avaliação e da seleção das fontes de
fornecimento, da definição de quantidades a serem adquiridas, da
programação de compras e da forma de como o produto é comprado,
obtenção de reduções de custos da organização.
Programação de produtos ou Planejamento: Refere-se primariamente às
quantidades agregadas que devem ser produzidas, bem como quando,
onde e por quem devem ser fabricadas. É a base que servirá de informação
à programação detalhada da produção dentro da fábrica e que permitirá o
cumprimento dos prazos exigidos pelo mercado.
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Sistema de informações: Permite operar eficientemente com as necessárias
informações de custo, procedimentos e desempenho, incluindo uma base
de dados bem estruturados, com informações importantes sobre os clientes,
volume de vendas, padrões de entregas, níveis de estoques e das
disponibilidades físicas e financeiras que servirão como base a uma
administração eficiente.
Caso V.Sa. entenda haver mais alguma(s) função(ões) a ser(em) considerada(s),
favor informar abaixo:
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Serão pesquisadas as atribuições de um nível de desempenho (baixo,
médio ou alto) para correlacionar os assuntos conceituados em Conhecimento,
Liderança e Competência que foram analisados da seguinte forma:
a) no primeiro instante analisar e indicar, para as atividades de apoio à
Produção, qual o grau de desempenho atual para as questões baseadas em
Conhecimento, Liderança e Competência para as pessoas que exercerem a
prestação de serviço interno.
b) no segundo momento analisar e indicar, para as atividades de apoio à
Produção, qual o grau de desempenho desejado ou ideal para as questões
baseadas em Conhecimento, Liderança e Competência para as pessoas que
exercerem a prestação de serviço interno.
c) em uma terceira etapa qual o nível de desempenho atual para os
atributos relacionados às características baseadas em Conhecimento e
Competências (aprendizagem, articulação de ideias, autonomia, estabelecer
metas, capacidade de inovação e resultados) para as pessoas que exercerem a
prestação de serviço interno.
d) na quarta e última etapa qual o nível de desempenho desejado ou ideal
para os atributos relacionados às características baseadas em Conhecimento e
Competências (aprendizagem, articulação de ideias, autonomia, estabelecer
metas, capacidade de inovação e resultados) para as pessoas que exercerem a
prestação de serviço interno.
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Nesta pesquisa, buscaremos avaliar, para as funções da Administração de
Materiais, tanto a importância que V.Sa. atribui a elas, como a eficiência com que
elas vêm sendo realizadas na sua empresa.
Para efeito de preenchimento das tabelas a seguir, as seguintes
convenções são adotadas:
para o grau de Desempenho:
- Baixo;
- Médio;
- Alto.
para o nível de Desempenho: assinalar um dos níveis indicados para
os atributos para as características baseadas em Competência e
Conhecimento.
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Considerações Finais
Fique à vontade para registrar a seguir quaisquer outras observações que V.Sa.
queira fazer sobre esta pesquisa e atividades às quais se refere no âmbito de sua
empresa.
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Muito obrigado!
Atenciosamente,
Osmildo Sobral dos Santos
Doutorando em Engenharia da Produção – Universidade Paulista (UNIP)
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Anexo III – Resumo das planilhas preenchidas pelos entrevistados
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