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ANA PAULA BORGHEZAN CANEVER ANÁLISE DA MARCHA EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON SUBMETIDOS AO MÉTODO HALLIWICK Tubarão, 2005

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ANA PAULA BORGHEZAN CANEVER

ANÁLISE DA MARCHA EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

SUBMETIDOS AO MÉTODO HALLIWICK

Tubarão, 2005

ANA PAULA BORGHEZAN CANEVER

ANÁLISE DA MARCHA EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

SUBMETIDOS AO MÉTODO HALLIWICK

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador Profº. Esp. Fernando Soldi

Tubarão, 2005

ANA PAULA BORGHEZAN CANEVER

ANÁLISE DA MARCHA EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

SUBMETIDOS AO MÉTODO HALLIWICK

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado ao Curso de Fisioterapia, e julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de santa Catarina

Tubarão, 21 de novembro de 2005

________________________________________ Prof. Esp. Fernando Soldi

Universidade do Sul de Santa Catarina

________________________________________ Prof. MSc. Luciano Prosdossimi Stähelin

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________ Prof. Esp. Rodrigo da Rosa Iop

Universidade do Sul de Santa Catarina

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Paulo

Canever e Evanilde Borghezan Canever, razão

do meu viver, a minhas irmãs, e com carinho

especial ao meu namorado Jorgio Cândido pelo

apoio e incentivo.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, criador de todas as coisas, por me dar

oportunidade e forças para concluir meus estudos; ao meus pais por toda dedicação durante

todos esses anos; as amigas Simone Lara, Débora Ramos Pacheco e Aline Espíndola Roldão

pela amizade construída dia-a-dia durante todo o curso e especialmente ao meu orientador

Fernando Soldi pela paciência e compreensão durante toda a realização desta pesquisa.

Ando devagar porque já tive pressa e levo esse

sorriso, porque já chorei demais. Hoje me

sinto mais forte, mais feliz quem sabe (...).

Conhecer as manhãs e as manhas, o sabor das

massas e das maçãs, é preciso amor pra poder

pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso

chuva para florir. Penso que cumpri a vida seja

simplesmente compreender a marcha, (...), eu

vou tocando os dias pela longa estrada eu vou,

estrada eu vou. Todo dia a gente chega, no

outro vai embora. Cada um de nós compõe a

sua história, e cada ser em si, carrega o dom de

ser capaz, de ser feliz. Ando devagar porque já

tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei

demais. Cada um de nós compõe a sua

historia, e cada ser em si, carrega o dom de ser

capaz, de ser feliz.

(Almir Sater)

RESUMO

A Doença de Parkinson é uma doença crônica e progressiva do Sistema Nervoso Central, levando a alterações motoras, principalmente no que se refere à marcha dos indivíduos. O objetivo desta pesquisa é avaliar a influência do método Halliwick sobre as variáveis cinemáticas da marcha (desvios, comprimento do passo, comprimento da passada e velocidade). Participaram da pesquisa 5 indivíduos com doença de Parkinson (3 femininos e 2 masculinos), Escala de Estadiamento de Hoehn e Yahr 2,5 (4 pacientes) e 3, média de idade 72,2 anos, média de tempo de diagnóstico da doença de 8,2 anos. Os dados foram analisados por meio de observação no programa Windows Media Player 10. Os atendimentos aconteceram no período de abril a junho de 2005 na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, campus Tubarão, totalizando 17 atendimentos. Houve redução dos desvios da marcha, principalmente na fase de apoio, em todos os pacientes. O comprimento do passo, passada e velocidade apresentaram melhora em 3 indivíduos e redução em 2. Concluiu-se que o método Halliwick proporcionou melhora na marcha, pois 60% dos pacientes apresentaram aumento da velocidade, do comprimento do passo e da passada. Palavras-chave: Doença de Parkinson, marcha, método Halliwick, fisioterapia, hidroterapia.

ABSTRACT

Parkinson disease is a chronic and ongoing disease in the central nervous system, leading to movements alterations, mainly concerning to one´s walking. The aim of the study is to evaluate the efficiency of the Halliwick method on the walking in its various ways, (bents, distance of a step and speed). Five ones having Parkinson have made part of the study (three females and two males). Hoehn e Yahr scale of 2,5 (4 patients) and 3, average age of 72,2 years old, average time of diagnostic of the disease of 8,2 years. This data was analyzed by the program windows Media Player 10. The answering happened from April to June, 2005 at Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina in the campus of Tubarão in a total of 17 answers. There was a decreasing on the walking bents, mainly in the background pat of the treatment, in all patients. The length of the step and speed presented improving in three patients and reduction in two of them. We conclude that the Halliwick method improves the walking and 60% of the patients showed increasing on the speed and on the length of the steps. Key words: Parkinson disease, gait, Halliwick method, phisiotherapy, hydrotherapy.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11

2 DOENÇA DE PARKINSON ..............................................................................................13

2.1 Histórico.............................................................................................................................13

2.2 Conceito .............................................................................................................................14

2.3 Classificação .....................................................................................................................16

2.4 Etiopatogenia.....................................................................................................................17

2.4.1 As neurotoxinas ambientais ............................................................................................18

2.4.2 Estresse oxidativo – formação de radicais livres ............................................................19

2.4.3 O papel do ferro ..............................................................................................................19

2.4.4 Anormalidades mitocondriais .........................................................................................20

2.4.5 O papel da excitotoxicidade do óxido nítrico e do cálcio ...............................................20

2.4.6 O processo dos fatores neurotróficos ..............................................................................20

2.4.7 Envelhecimento cerebral .................................................................................................21

2.4.8 Fatores genéticos .............................................................................................................21

2.4.9 Outros mecanismos .........................................................................................................21

2.5 Manifestações clínicas ......................................................................................................21

2.5.1 Tremor .............................................................................................................................21

2.5.2 Rigidez ............................................................................................................................23

2.5.3 Acinesia e bradicinesia ....................................................................................................24

2.5.4 Instabilidade postural ......................................................................................................25

2.6 Tratamentos ......................................................................................................................26

2.7 A marcha ...........................................................................................................................27

2.7.1 Terminologia da marcha .................................................................................................28

2.7.1.1 Aceitação de peso .........................................................................................................30

2.7.1.2 Apoio simples...............................................................................................................31

2.7.1.3 Avanço do membro ......................................................................................................31

2.7.2 A marcha Parkinsoniana .................................................................................................32

2.7.3. Análise da marcha ..........................................................................................................34

2.7.3.1 Tipos de análise ............................................................................................................34

2.7.3.1.1 Análise cinemática qualitativa da marcha .................................................................34

2.7.3.1.1.1 Análise da marcha através da observação ..............................................................34

2.7.3.1.2 Análise cinemática quantitativa da marcha ...............................................................36

2.8 Hidroterapia .....................................................................................................................37

2.8.1 Princípios da hidrodinâmica ............................................................................................37

2.8.1.1 Densidade relativa ........................................................................................................37

2.8.1.2 Metacentro ...................................................................................................................38

2.8.1.3 Turbulência ..................................................................................................................38

2.8.1.4 Pressão hidrostática ......................................................................................................39

2.8.2 Efeitos fisiológicos ..........................................................................................................39

2.8.3 O método Halliwick ........................................................................................................41

2.8.3.1 Dez pontos ....................................................................................................................42

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................46

3.1 Tipo de pesquisa ...............................................................................................................46

3.2 População e amostra ........................................................................................................46

3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados ............................................................47

3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados .................................................................47

3.5 Procedimentos utilizados para análise dos dados .........................................................48

3.6 Limitação do estudo .........................................................................................................49

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .........................................................................50

4.1 Caracterização da amostra .............................................................................................50

4.2 Análise das variáveis quantitativas ................................................................................51

4.3 Análise das variáveis quantitativas ................................................................................54

4.3.1 Comprimento do passo ....................................................................................................54

4.3.2 Comprimento da passada ................................................................................................57

4.3.3 Velocidade da marcha .....................................................................................................57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................60

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................62

APÊNDICES ...........................................................................................................................66

APÊNDICE A – Termo de consentimento para a pesquisa .....................................................67

APÊNDICE B – Tabela para observação cinemática qualitativa da marcha ...........................69

11

1 INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson é uma doença crônica e progressiva do Sistema Nervoso

Central, afetando os gânglios da base e conseqüentemente o sistema motor, ocasionando

disfunções dos padrões de movimento.

Acomete 1% da população com idade acima de 55 anos, tornando-se cada vez

mais comum com o aumento da população da terceira idade, chegando a atingir a proporção

de 2,6% da população próxima dos 85 anos de idade (O’SULLIVAN, 2004).

O envelhecimento traz consigo transformações profundas de ordem social,

política, econômica e culturais além da necessidade urgente de avanços científicos que

consigam retardar ou combater os acometimentos degenerativos do organismo humano frente

o passar dos anos.

Diante disso, por ser uma doença crônica comum a idosos e apresentar um

prognóstico incapacitante, a fisioterapia com seus variados recursos e técnicas pode distanciar

o aparecimento das alterações motoras severas, característica da patologia em questão.

A marcha é uma das atividades funcionais amplamente afetadas no paciente com

diagnóstico de doença de Parkinson. É caracterizada por um aumento progressivo na

velocidade com um encurtamento da passada, prejudicando desta forma o controle postural e

o equilíbrio, além de levar o paciente a um quadro de insegurança.

A fisioterapia pode contribuir muito no processo de reabilitação da doença de

12

Parkinson, através de um programa de intervenção, com o objetivo de preservar, manter,

desenvolver ou restaurar sua independência e potencialidade, principalmente quanto

às limitações músculo-esqueléticas.

A hidroterapia, sendo um recurso fisioterapêutico, é muito benéfica no programa

de intervenção. O método utilizado neste trabalho foi o Halliwick, desenvolvido em 1949 por

James McMillan, com a finalidade de ajudar os pacientes com incapacidades a tornarem-se

mais independentes.

A atual pesquisa justifica-se pelo fato de que os pacientes com doença de

Parkinson apresentam comprometimentos visíveis no sistema motor. A marcha e as

dificuldades posturais são as duas deficiências que causam maior desvantagens em pessoas

que possuem a doença, levando a incapacidade em casa e no trabalho, assim como também os

torna dependentes de seus familiares.

A pesquisa realizada possui caráter experimental com o intuito de avaliar a

marcha dos pacientes portadores da doença de Parkinson, antes e após intervenção baseados

nos princípios do método Halliwick; tendo como objetivo analisar os parâmetros cinemáticos

da marcha destes pacientes antes e após tratamento hidroterápico, assim como também

observar os parâmetros qualitativos, verificar o comprimento do passo, comprimento da

passada e a velocidade da marcha .

Para isso, este trabalho será baseado em um referencial teórico, abordando a

doença de Parkinson , a marcha e a hidroterapia baseada no método Halliwick, o qual

fundamentará esta pesquisa. Sendo estruturado em cinco capítulos, sendo eles: introdução,

referencial teórico, delineamento da pesquisa, análise e discussão dos dados e considerações

finais.

13

2 DOENÇA DE PARKINSON

2.1 Histórico

A Doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez por James Parkinson (1755

a 1824), um médico inglês, pertencente ao colégio real de cirurgiões. Em 1817 descreveu

mundialmente sobre a doença que levaria o seu nome. Foram descritos seis casos, dos quais

todos eram homens, variando entre 50 a 70 anos de idade. Primeiramente a enfermidade foi

denominada paralisia agitante, caracterizada pela presença de movimentos tremulantes

involuntários, com força muscular diminuída, com tendência para inclinação de tronco para

frente e festinação (alteração da marcha), sendo que os sentidos e o intelecto se mantinham

preservados. Também foi citado, com a evolução da doença, presença de tremores, de início

em uma das mãos e, posterior mais difusos, tendo piora progressiva da marcha, freqüência de

quedas, obstipação progressiva, disartria, dificuldade para deglutir , sialorréia constante,

incontinência urinária, e por fim anartria (MENESES; TEIVE, 2003).

No decorrer da história, dois pesquisadores contribuíram muito na descrição da

doença de Parkinson, sendo estes o francês J. M. Charcot eo inglês C. D. Marsden. Charcot

foi quem sugeriu o nome de “doença de Parkinson”, até então nominada de “paralisia

agitante”. Também acrescentou várias contribuições pessoais na descrição do quadro clínico,

definindo a presença dos sinais cardinais da doença, mostrando critérios para o diagnóstico

diferencial e sugerindo a primeira forma de tratamento. Já Marsden contribuiu com estudos

14

sobre a bioquímica da doença, principalmente nos defeitos do complexo 1 da mitocôndria e os

estudos sobre o estresse oxidativo na sua etiopatogenia (TEIVE et al, 2001).

2.2 Conceito

A doença de Parkinson é uma doença crônica e progressiva do SNC

(O’SULLIVAN, 2004). Resulta da degeneração difusa de parte da substância negra (pars

compacta), levando à ruptura da via nigroestriatal. Os neurônios afetados são os

dopaminérgicos, que inervam o estriato, resultando na redução da dopamina estriatal

(SANDE; ALMEIDA, 2003).

Para Meneses e Teive (2003) a degeneração ocorre por perda progressiva de

células da substância negra do mesencéfalo, que torna-se pálida no exame anatomopatológico.

Corpos de inclusão citoplasmática, corpos de Lewy, estão freqüentemente presentes na

substância negra e no lócus cereleus, sendo marcadores anatomopatológicos da doença. No

interior dos corpos de Lewy, encontra-se a proteína alfa-sinucleína, entre outras que

contribuem para o processo degenerativo dos neurônios dopaminérgicos do encéfalo.

Conforme Andrade (2000); Melnick (2004); O’Sullivan (2004), Menese e Teive

(2003), a doença de Parkinson é caracterizada pela presença de sinais cardinais: rigidez,

acinesia/bradicinesia, tremor e instabilidade postural.

Em geral a doença de Parkinson tem curso lentamente progressivo, afetando

pessoas na meia-idade ou acima desta faixa etária. Na maior parte dos casos a manifestação

da doença surge aos 60 e 70 anos de idade. Não há predominância de sexo, apesar de nos

casos de início precoce, pode haver maior prevalência no sexo feminino (DONOSO et al,

2003).

O início dos sintomas costuma ser insidioso, tornando difícil para o paciente

relatar o momento exato da instalação da doença (MENESES; TEIVE, 2003).

15

Segundo Meneses e Teive (2003) a doença de Parkinson é a síndrome

extrapiramidal mais encontrada entre idosos, representando até 2/3 dos pacientes que vão aos

grandes centros de distúrbio do movimento. Sua prevalência está estimada entre 85 e 187

casos por 100.000 pessoas ou 1% da população com idade superior a 55 anos.

Outros dados clínicos de importância também são comuns: distúrbios de marcha

que se torna “em bloco”, com pequenos passos. A fala torna-se disartrofônica, com a

articulação dificultada e voz baixa, hipofônica, tornando a fala monótona e de menor

inteligibilidade. A escrita torna-se micrográfica, a letra vai diminuindo rapidamente de

tamanho, e pode acontecer de ter que parar por não conseguir dar continuidade a este ato.

Manifestações autonômicas também estão presentes como a hipersalivação, com diminuição

do ato de deglutir automaticamente a saliva, seborréia facial com descamação de pele,

principalmente na linha mediana, nos cabelos (caspa), nas sombrancelhas, nos cílios e em

torno do nariz. Obstipação intestinal, dificuldades urinária e sexuais e alguns sinais de

insuficiência adrenérgica (hipotensão arterial ortostática). Quadros de depressão e demência

(em pacientes mais idosos e com muitos anos de doença) são também muito comuns

(ANDRADE, 2000).

Para que os sintomas clínicos iniciais apareçam há uma redução de no mínimo

80% dos neurônios dopaminérgicos total do estriato. Isto acontece porque a perda da

dopamina é compensada pelo aumento na sua liberação pelas células remanescentes e pela

redução na freqüência da remoção na fenda sináptica (SANDE; ALMEIDA, 2003). Para

Andrade (2000), isso quer dizer que do início do processo até os primeiros sintomas muito

tempo já se passou; estima-se em alguns anos o período pré-sintomático da doença.

O diagnóstico da doença de Parkinson é estabelecido quando existe a presença de

pelo menos dois sinais cardinais, somados à assimetria do quadro e também da resposta inicial

ao uso de levodopa (TEIVE, 1999).

Os sintomas surgem lentamente aparecendo com freqüência em somente um lado

16

do corpo. Com o passar do tempo, há uma tendência para os sintomas piorarem em

intensidade e propagarem-se para outras regiões do corpo (TEIVE, 2002).

Segundo Meneses e Teive (2003) uma forma prática e rápida de avaliar o

estadiamento clínico da doença no paciente é Escala De Hoehn e Yahr modificada:

Estágio 1 Apresentação unilateral da doença Estágio 1,5 Apresentação unilateral mais o acometimento axial (pescoço e tronco) Estágio 2 Apresentação bilateral, sem acometimento dos reflexos posturais

Estágio 2,5 Apresentação bilateral, com alterações dos reflexos posturais, mas com recuperação do equilíbrio sem auxílio quando desestabilizado

Estágio 3 Apresentação bilateral, com alterações dos reflexos posturais e já com lentidão na execução das tarefas do dia-a-dia

Estágio 4 Manifestações clínicas alterando a independência do paciente, com necessidade de auxílio na maior parte de suas atividades

Estágio 5 Paciente confinado ao leito ou à cadeira de rodas Quadro 1- Escala De Hoehn e Yahr modificada para avaliação do estadiamento clínico da doença de Parkinson Fonte: Meneses e Teive (2003, p. 88).

2.3 Classificação

De acordo com O’Sullivan (2004), o parkinsonismo pode ser dividido em:

• Parkinsonismo Primário ou Idiopático: cuja etiologia é idiopática ou desconhecida.

Corresponde à doença de Parkinson propriamente dita, presente em 78% dos pacientes.

• Parkinsonismo Secundário (adquirido ou sintomático): oriundo de inúmeras causas.

Dentre as causas infecciosas encontram-se as encefalites, causas tóxicas por venenos

industriais e produtos químicos (manganês, dissulfeto de carbono, monóxido de carbono,

cianida e emetanol). E causas farmacológicas (drogas neuropléticas, antidepressivas).

• Parkinsonismo Plus: corespondem a um grupo de doenças neurodegenerativas que

podem afetar a substância negra e gerar sintomas de Parkinson somadas a outros sinais

neurológicos de múltiplos sistemas. Dentre as doenças estão: degeneração estriato-nigral,

17

síndrome de Shy-Drager, paralisia supranuclear progressiva, atrofia olivopontocerebelar,

degeneração ganglionar cortiço-basal e outras. Os sintomas parkinsonianos também podem

aparecer na arterosclerose, doença de Alzheimer, doença de Wilson e doença de Huntington.

• Parkinsonismo Heredodegenerativo: doença dos corpos de Lewy autossômica

dominante, doença de Huntington, doença de Wilson, doença de Hallervorden-Spatz e a

doença de Machado-Joseph.

2.4 Etiopatogenia

A etiopatogenia da doença de Parkinson (DP) é ainda pouco conhecida. De acordo

com Meneses e Teive (2003), há uma perda neuronal progressiva no grupo de células

ventrolaterais da parte compacta da substância negra no mesencéfalo. Os sinais cardinais da

doença surgem quando há uma perda neuronal acima de 60%. Os mesmos autores ainda

dizem que a deficiência de dopamina, causa disfunção da via nigroestriatal, resultando a

fisiopatologia da doença. A disfunção do sistema nigroestriatal, com redução da concentração

de dopamina ao nível dos receptores dopaminérgicos localizados nos gânglios da base, no

corpo estriado, seria responsável pela síndrome rígido-acinética.

Observa-se perda de ação inibitória do segmento lateral do globo pálido, sobre o

núcleo subtalâmico, ocorrendo também uma ação hiperexcitatória do núcleo subtalâmico

sobre o segmento medial do globo pálido, resultando na diminuição excitatória do tálamo

sobre o córtex motor, provocando a síndrome rígido-acinética.

A DP está associada com degeneração dos neurônios dopaminérgicos que produzem dopamina. Eles têm seus corpos celulares na SNpc e enviam seus axônios para o striatum (núcleo caudado e putamen). Estima-se que ocorra uma degeneração de 80% dos neurônios antes que os sinais da doença se tornem clinicamente evidentes. A perda de células da substância negra é mais prevalente no grupo celular ventral e a perda de neurônios que contêm melanina produz alterações características de despigmentação. Ocorrem deficiências também em outros neuro-transmissores (p. ex. serotonina, norepinefrina). Os efeitos dessas depleções são menos compreendidos. À medida que a doença progride e os neurônios se degeneram, eles desenvolvem corpos

18

citoplasmáticos inclusos, os corpos de Lewis. Outros locais preferidos incluem o núcleo motor dorsal do vago, o hipotálamo, lócus ceruleus, córtex cerebral e gânglios autonômicos. (O’SULLIVAN, 2004, p. 749).

Para Vieira (1999) ocorre um desequilíbrio de neurotrasmissores nas vias do

Sistema Extrapiramidal entre o corpo estriado e a substância negra. Havendo uma perda

neuronal progressiva na região ventrolateral da substância negra. Causando um

comprometimento de origem neuroquímica na via nigroestriatal, que leva a deficiência de

dopamina, causando a perda do controle de inibição dessas estruturas sobre a atividade

colinérgica da região.

Conforme relata Teive (apud MENESES; TEIVE, 2003), o marcador

neuropatológico da doença é a presença dos corpos de Lewy, no qual consistem em corpos de

inclusão citoplasmática, eosinofílicos, presentes na substância negra do mesencéfalo. Os

maiores componentes dos corpos de Lewy constitui-se da presença de filamentos que

consistem de uma proteína chamada de alfa-sinucleína. Esta proteína representa um

importante marcador do processo degenerativo. Portanto, o processo neurodegenerativo da

DP inclui a agregação patológica de proteínas ao nível da parte compacta da substância negra

do mesencéfalo, presentes nos corpos de Lewy.

Para Meneses e Teive (2003), inúmeros fatores contribuem para a etiopatogenia

da DP,e entre os mais importantes define-se os seguintes:

2.4.1 As neurotoxinas ambientais

Com relação a este tema muito têm sido discutido. Quanto aos fatores ambientais,

vários estudos associam o aparecimento da DP em indivíduos que vivem na zona rural, que

consomem água de poço e que estão mais expostos a pesticidas e herbicidas. A exposição a

produtos químicos industriais, também é associada, tais como: manganês, mercúrio, cianeto,

dissulfeto de carbono, solventes e produtos petroquímicos.

19

A questão mais relevante, que se refere ao papel das neutoxinas ambientais, está

relacionada com o metil-fenil-tetraidropiridina ou MPTP. O MPTP substância tóxica

detectada em drogas (narcóticos, derivados de heroína sintética) que foram utilizadas por sete

pacientes jovens nos EUA, que desenvolveram quadro de parkinsonismo. A ação tóxica

ocorreria em decorrência da presença de MPP+, que provocaria a citotoxidade por inibição da

respiração das mitocondrias.

A descoberta do MPTP provocou uma grande revolução na pesquisa da etiopatogenia da DP e levou ao surgimento do conceito da terapia antioxidante para evitar a progressão da DP. A partir desses estudos passou-se a identificar o uso de selegelina (l-deprenil), um inibidor da monoamino-oxidase B (MAO-B), que bloquearia a conversão do MPTP em MPDP e, posteriormente, em MPP+. (MENESES; TEIVE, 2003, p. 34).

2.4.2 Estresse Oxidativo – formação de radicais livres

Quando existe um desequilíbrio entre fatores que promovem a formação de

radicais livres e os mecanismos de defesa antioxidativos ocorre o estresse oxidativo. Metais

de transição, como por exemplo ferro, cobre e manganês catalisam as reações de oxidação e

de redução. Discute-se que o estresse oxidativo contribua para o processo patogênico de

morte de células nigrais na doença de Parkinson (MENESES; TEIVE, 2003).

2.4.3 O papel do ferro

Meneses e Teive (2003), citam que em vários estudos, observou-se aumento na

concentração de ferro ao nível da substância negra (parte compacta) do mesencéfalo em

pacientes acometidos pela DP. Isto poderia estar correlacionado aos mecanismos de estresse

oxidativo, levando a um processo neurodegenerativo.

20

2.4.4 Anormalidades mitocondriais

As anormalidades do complexo I da cadeia respiratória mitocondrial (NADH

CoQI redutase), seriam responsáveis pela insuficiência respiratória mitocondrial,

contribuindo para a lesão e posterior morte neuronal progressiva presente na DP (apoptose).

Sendo assim, a disfunção mitocondrial, decorrente de fatores tóxicos, tanto internos quanto

externos, assim como também fatores genéticos, resultaria em uma cascata de eventos que

levariam a apoptose, ou seja, morte celular programada (MENESES; TEIVE, 2003).

2.4.5 O papel da excitotoxicidade do óxido nítrico e do cálcio

Conforme relata Meneses e Teive (2003), a excitotoxicidade é uma causa de

neurodegeneração que pode acontecer em resposta ao amento de aminoácidos excitatórios ,

tendo o glutamato principal exemplo. O glutamato liga-se a canais iônicos , podendo

participar do aumento do influxo de cálcio livre, ativando o sistema enzimático cálcio-

dependente, levando a lesão das proteínas do citoesqueleto, membranas lipídicas e do DNA.

Os mesmos autores citam que a etiopatogênia da DP relacionada à

excitotoxicidade tem dois possíveis processos: primeiro relaciona-se à presença de toxinas

exógenas, ou mesmo endógenas; e o segundo, à presença de disfunção mitocondrial.

2.4.6 O processo dos fatores neurotróficos

A falta de fatores neurotróficos pode ter ligação com a perda de função e morte

neuronal. A deficiência de fatores neurotróficos poderia estar relacionada a muitos outros

fatores, dentre eles tóxicos ambientais, estresse oxidativo, excitotoxicidade, disfunção

mitocondrial, contribuindo para o surgimento da DP (MENESES; TEIVE, 2003).

21

2.4.7 Envelhecimento cerebral

De acordo com Meneses e Teive (2003), a alta incidência de DP na população

mais velha, associada a perda neuronal progressiva, é a hipótese que sustenta que o

envelhecimento cerebral é causa de DP.

2.4.8 Fatores genéticos

Dos pacientes que apresentam DP, 5 a 10%, têm parkinsonismo familiar e história

genética sugestiva de herança autossômica dominante. Uma mutação genética (Parkin 2) no

cromossoma 6, está relacionada a parkinsonismo com herança autossômica recessiva, tem

sido relacionada a DP de inicio precoce em pessoas jovens (MENESES; TEIVE, 2003).

2.4.9 Outros mecanismos

Indaga-se sobre uma possível participação de fatores imunológicos e infecciosos

e, também da micróglia e das citocinas. Mas a causa multifatorial é a hipótese mais aceita

atualmente, onde existe a combinação de predisposição genética com a presença de fatores

tóxicos ambientais, conforme cita Meneses e Teive (2003).

2.5 Manifestações clínicas

Os sintomas clássicos que aparecem no desenvolvimento da doença de Parkinson

são os seguintes: tremor, rigidez muscular, bradicinesia e alterações do equilíbrio postural.

2.5.1 Tremor

22

O tremor é o primeiro sintoma da DP, estando presente em cerca de 50% dos

pacientes (O’SULLIVAN, 2004).

De acordo com Teive (1999) é um movimento involuntário sendo caracterizado

pela presença de oscilações rítmicas de determinado segmento do corpo, como resultado de

contrações alternadas de músculos agonistas e antagonistas.

O tremor inicialmente aparece durante o repouso, afetando principalmente as

extremidades superiores, em gestos semelhantes ao “contar dinheiro” ou “enrolar pílulas”,

segundo André (2004). Mas, também podem ser vistos tremores de repouso nos pés, lábios,

língua e mandíbula (O’SULLIVAN, 2004).

Os tremores podem ser de repouso, postural e cinético. O de repouso ocorre na

DP, o tremor postural é verificado na enfermidade conhecida como tremor essencial,

geralmente de origem genética, acometendo mãos e cabeça principalmente. E o tremor

cinético que está presente nas disfunções dos circuitos cerebelares (síndromes cerebelares)

(TEIVE, 1999).

Conforme relatam Franco de Andrade e Ferraz (2003) o tremor parkinsoniano é

observado durante o repouso, diminuindo ou desaparecendo com o iniciar de algum

movimento. Esse tremor pode voltar a aparecer quando manter uma ação ou postura

prolongada.

Os mesmos autores explicam que a freqüência do tremor, de origem

parkinsoniana, situa-se entre 4 a 6 Hz, e o tremor essencial apresenta-se numa faixa mais

elevada, de 7 a 13 Hz.

Segundo André (2004), o tremor sofre diversas influências, intensificando-se com

a fadiga e com a tensão emocional.

De acordo com O’Sullivan (2004), o tremor tende a manifestar-se com menos

intensidade quando o paciente está relaxado e desocupado; diminuindo com o esforço

voluntário e desaparecendo por completo durante o sono.

23

Apesar de o tremor poder incapacitar os pacientes, ele raramente interfere nas

atividades de vida diária (MELNICK, 2004).

2.5.2 Rigidez

A rigidez muscular é global e plástica, caracterizada pela permanência dos

membros as atividades posturais impostas. O tônus muscular é aumentado, porém a

resistência ao movimento realizado passivamente em determinada articulação é uniforme em

todo o curso do movimento (ANDRÉ, 2004).

Segundo O’Sullivan (2004), a rigidez é definida como resistência ao movimento

passivo e independe da velocidade. É observada uniformemente nos músculos dos dois lados

da articulação e em movimentos nas duas direções. Os reflexos de estiramento espinhais

encontram-se normais e os reflexos de latência longa estão aumentados. A rigidez se faz

presente independentemente da tarefa, amplitude ou velocidade do movimento.

A rigidez, na doença de Parkinson, pode ser caracterizada por dois tipos: “cano de

chumbo” ou “roda denteada”.

O tipo roda denteada consiste em uma resistência brusca ao movimento passivo,

do tipo catraca, que surge à medida que os músculos se tensionam e relaxam de forma

alternada (O’SULLIVAN, 2004). Para Meneses e Teive (2003), se traduz numa fragmentação

do movimento, que ao invés de acontecer de forma contínua, faz-se de maneira entrecortada.

A rigidez do tipo cano de chumbo é caracterizada por uma resistência constante e

uniforme ao movimento passivo, sem flutuações (O’SULLIVAN, 2004).

A rigidez apresenta-se desigual em sua distribuição, afetando inicialmente os

músculos proximais, principalmente dos ombros e pescoço. Ao evoluir, acaba envolvendo os

músculos da face e dos membros superiores e inferiores. A rigidez muscular pode afetar

inicialmente o lado esquerdo ou direito, e vai envolvendo todo o corpo. Com a progressão da

24

doença, a rigidez torna-se mais grave e leva a diminuição da habilidade dos movimentos. O

movimento ativo, concentração mental ou tensão emocional podem acentuar a quantidade de

rigidez. Um estado de rigidez prolongada reduz a amplitude de movimento disponível e traz

sérias complicações secundárias como contraturas e deformidades posturais (O’SULLIVAN,

2004).

A rigidez associada à acinesia faz o paciente assumir uma postura característica:

cabeça em ligeira flexão, tronco ligeiramente inclinado anteriormente, semiflexão de joelhos,

quadril e cotovelos, as mãos com flexão da primeira falange e extensão das demais, e com

exagero da pinça digital. A deambulação é realizada em bloco com o tronco deslocado para

frente, como se estivesse buscando o centro de gravidade. Com tal postura, os pacientes

tornam-se incapazes de executar manobras compensatórias rápidas para readquirir o

equilíbrio, caindo com facilidade. Há dificuldades específicas para modificar o rumo da

deambulação e iniciar os movimentos da mesma (perseveração), (ANDRÉ, 2004).

A rigidez pode aumentar o gasto energético, aumentando a percepção de esforço

no movimento e estaria relacionada a fadiga, principalmente após exercícios (MELNICK,

2004).

2.5.3 Acinesia e bradicinesia

Para O’Sullivan (2004) a acinesia está ligada à dificuldade de iniciar o

movimento. Podem acontecer movimentos de congelamento, por parada súbita ou bloqueio do

movimento. A acinesia apresenta-se como um déficit na fase de preparação do controle do

movimento e pode estar diretamente influenciada pelo grau de rigidez assim como também

pelo estágio da doença e as flutuações na ação da droga.

A bradicinesia relaciona-se à lentidão e dificuldade na manutenção do movimento.

Estes apresentam um redução na velocidade, alcance e amplitude, podendo ser nominada

25

hipocinesia (O’SULLIVAN, 2004).

Segundo Franco de Andrade e Ferraz (2003) a bradicinesia é a perturbação

neurológica que mais diferencia o parkinsonismo das demais alterações motoras.

A acinesia e bradicinesia também estão associadas a tendência de assumir

posições fixas. Todos os componentes do movimento são afetados, incluindo a iniciação,

alteração e direção e a habilidade de parar o movimento, desde que seja iniciado (MELNICK,

2004).

A marcha caracteriza-se por passo encurtado, diminuição da velocidade e aumento

da cadência (passos por minuto), é realizada em bloco, perdendo a flexibilidade e os

movimentos dos braços, tendo dificuldade para mudar de direção durante o movimento

(VIEIRA, 1999). Há empobrecimento da mímica facial, ficando o paciente inexpressivo. A

fala é monótona e sem modulações, podendo haver flutuações no tom (microfonia) e repetição

de palavras ou sílabas (palilalia). Quando a bradicinesia se restringe a um hemicorpo, pode

dar um falsa impressão de hemiparesia. A acinesia também afeta o movimento óculo-cefálico,

a cabeça não consegue acompanhar os movimentos dos olhos, quando o paciente muda a

direção do olhar, conforme Cunnington (apud ANDRÉ, 2004).

A produção de torque é reduzida em todas as velocidades, causando dificuldades

funcionais e fraqueza muscular. Com o progredir da doença, desenvolve-se a fraqueza por

desuso, contribuindo para as dificuldades de movimento. Os movimentos que parecem ser

bruscos podem apontar uma influência do tremor de fundo (O’SULLIVAN, 2004).

2.5.4 Instabilidade postural

Freqüentemente aparece após as fases iniciais, pela perda dos reflexos posturais

quando a doença já afetou além da substância negra (FRANCO DE ANDRADE; FERRAZ,

2003). A instabilidade postural é um problema muito sério nestes pacientes, pois leva ao

26

aumento de episódios de quedas e lesões decorrentes destas, sendo resultado da progressiva

perda das reações de equilíbrio (MELNICK, 2004; O’SULLIVAN, 2004). Os mesmos ainda

relatam que, um terço dos pacientes caem e que destes mais de 10% caem mais de uma vez

por semana.

A postura assumida por estes pacientes é muito característica: cabeça e tronco

fletidos anteriormente, como a de pessoas muito idosas, e encontram muita dificuldade em

ajustar a postura ao se inclinarem ou quando há súbitos deslocamentos do corpo (FRANCO

DE ANDRADE; FERRAZ, 2003).

Os pacientes tendem a responder à instabilidade com um padrão anormal de coativação, resultando em um corpo rígido e instabilidade para utilizar as sinergias normais para recuperar o equilíbrio. Os pacientes também demonstram dificuldades para regular ajustes antecipatórios preconcebidos dos músculos posturais durante movimentos voluntários. (O’SULLIVAN 2004, p.753).

Os fatores que contribuem para a instabilidade são: rigidez, diminuição da

produção de torque muscular, perda de ADM disponível, principalmente os movimentos de

tronco, e fraqueza. A musculatura extensora de tronco apresenta maior fraqueza que os

flexores, contribuindo para adoção de postura fletida, curvada, com aumento da flexão de

pescoço, tronco, quadris e joelhos. Resultando numa mudança no centro de alinhamento do

corpo (O’SULLIVAN, 2004).

2.6 Tratamentos

O tratamento do paciente com doença de Parkinson deve ser realizado por equipe

multiprofissional. Quatro são os tratamentos utilizados: farmacológico, fisioterapêutico,

psicológico e cirúrgico.

O tratamento medicamentoso tem indicação obrigatória e é o mais eficaz. Com a

27

introdução da L-dopa, houve uma grande euforia no meio médico acreditando-se no controle

efetivo da doença. A L-dopa atravessa a barreira hemato-encefálica e no SN transforma-se em

dopamina. Hoje em dia os recursos disponíveis para o tratamento são numerosos, o que levou

a um aumento na qualidade de vida e sobrevida destes pacientes (ANDRÉ, 2004).

O tratamento fisioterapêutico é de suma importância, devendo ser realizado desde

a instalação da doença (ANDRÉ, 2004). Sutoo e Akiyama (apud ANDRÉ, 2004) afirmam

que os exercícios são claramente capazes de alterar funções encefálicas, incluindo aumentos

na concentração de íons de cálcio na circulação sanguínea, que ao atingir o SN podem

melhorar a síntese de dopamina mediada pelo sistema cálcio/calmodulina. Os acréscimos de

cálcio dependem da adesão dos pacientes a rotinas de exercícios regulares e não de técnicas

especiais na realização dos exercícios.

O tratamento cirúrgico, útil somente para o tremor, foi deixado de lado por muito

tempo, porém nos últimos anos vem sofrendo um crescente interesse dado pelos avanços

tecnológicos alcançados pela neurocirurgia (ANDRÉ, 2004).

O apoio psicológico é indicado para o paciente e seus familiares (ANDRÉ, 2004).

A depressão acomete aproximadamente 40% dos pacientes com diagnóstico de doença de

Parkinson, com incidência de 1,86 ao ano e um risco cumulativo de 8,6% ao longo da vida. A

depressão antecede as alterações motoras em 25% dos pacientes parkinsonianos deprimidos

(SILBERMAN et al, 2004). Alterações de humor podem ser primárias ou secundárias,

levando a uma baixa resolutividade de qualquer abordagem terapêutica (SÁNCHEZ-

RODRÍGUEZ; SAYAGO-ARENAS apud ANDRÉ, 2004).

2.7 A marcha

“A marcha humana é um processo de locomoção no qual o corpo ereto e em

movimento é apoiado primeiro por uma das pernas e depois pela outra.” (ROSE; GLAMBE,

28

1998, p. 2). Para Perry (2005a) a marcha é uma forma natural pra se deslocar de um local para

outro, tendo uma versatilidade funcional permitindo aos membros inferiores acomodarem-se a

degraus, mudanças de superfície e obstáculos no caminho da progressão. Devido ao grande

número de vantagens do processo da marcha, os indivíduos se esforçam para reter esta

habilidade até na presença de um grave prejuízo. O mesmo autor ainda relata que várias

patologias alteram a mobilidade e eficácia muscular, alterando a marcha fazendo que o

paciente compense de alguma forma. O padrão da marcha torna-se uma mistura de

movimentos normais e anormais que diferem em importância.

A marcha utiliza uma seqüência de repetições de movimentos do membro para

mover o corpo para frente enquanto, simultaneamente, mantêm a postura estável de

sustentação do peso corporal (PERRY, 2005 ; SAAD; BATISTELLA, 1997).

Segundo Norkin (2004), a unidade mais amplamente utilizada na descrição da

marcha é chamada de ciclo da marcha. O mesmo autor diz que na marcha normal, um ciclo

inicia quando o calcanhar do membro de referência faz contato coma superfície do solo; e

termina quando o calcanhar do mesmo membro entra em contato com o solo novamente.

2.7.1. Terminologia da marcha

De acordo com Norkin (2004), Rose e Gamble (1998), Saad e Batistella (1997),

Perry (2005a), o ciclo da marcha divide-se em duas fases: apoio e balanço, conforme figura 1.

Figura 1- Divisões do ciclo da marcha Fonte: Perry (2005a, p. 2).

29

A fase de apoio e balanço apresentam subdivisões, de acordo com Norkin (2004),

estas representadas no quadro 2.

Fases Subdivisões • Contato de calcanhar • Apoio plantar • Apoio médio • Saída de calcanhar

Apoio • Saída dos dedos

• Aceleração • Balanço médio Balanço • Desaceleração

Quadro 2 - Subdivisão das fases da marcha Fonte: Norkin (2004).

A fase de apoio é o período em que o pé está em contato com o solo. Constitui

60% do ciclo da marcha. A fase de balanço acontece quando o membro de referência não está

em contato com o solo; constituindo 40% total do ciclo. O ciclo da marcha também é

identificado pela passada e pelo comprimento do passo:

• Passada: equivale a um ciclo da marcha. Baseia-se nas ações de um membro, ou seja, é

o intervalo entre dois contatos iniciais seqüênciais entre o solo e o mesmo membro, por

exemplo contato inicial direito e o próximo contato inicial direito (PERRY, 2005a).

• Comprimento do passo: é a distância do contato inicial de um membro até o ponto de

contato inicial do membro oposto (NORKIN, 2004).

Figura 2 – Passo e passada Fonte: Perry (2005, p. 4).

30

Segundo Rose, Gamble e Rizzo (1998), as atividades funcionais básicas são

realizadas durante cada ciclo da marcha: transferência de peso, apoio simples e avanço do

membro. Perry (2005a) descreve que a aceitação de peso inicia o período de apoio e inclui as

duas primeiras fases da marcha (contato inicial e resposta de carga). O apoio simples do

membro dá seqüência ao apoio seguindo mais duas fases da marcha (apoio médio e apoio

terminal); e o avanço do membro inicia na fase final do apoio (pré-balanço) e vai até as três

fases do balanço (balanço inicial, balanço médio e balanço terminal), conforme relata o

mesmo autor.

2.7.1.1 Aceitação de Peso

De acordo com Perry (2005a) esta é a tarefa de maior exigência de todo o ciclo. O

mesmo relata que a absorção de choque, estabilidade inicial do membro e preservação da

progressão são padrões funcionais necessários. Diz ainda que o grande desafio é a

transferência abrupta do peso corporal para um membro que acabou de finalizar o balanço

para frente e tem um alinhamento instável. Os eventos que seguem a aceitação de peso são:

• Contato inicial ou contato do calcanhar: é o evento momentâneo que principia o período

de apoio (ROSE; GAMBLE, 1998). O calcâneo toca a superfície com ângulo de 25º, o

tornozelo em posição relativamente neutra, o joelho está em extensão de 0 a 5º de flexão e o

quadril fletido a 30º. Este posicionamento gera três momentos (torques): flexão plantar,

extensão de joelho e flexão de quadril.

Durante o choque do calcâneo, ocorre a modificação da dorsiflexão do tornozelo

para a posição neutra que depende da livre mobilidade das articulações do quadril e do joelho

e do controle ativo dos músculos: tibial anterior, extensor longo do hálux e comum dos dedos

e fibulares. A extensão do joelho é realizada pela ação do músculo quadríceps (SAAD;

BATISTELLA, 1997).

31

• Resposta de carga: esta fase compreende à aceitação do peso corporal (SAAD;

BATISTELLA, 1997). Para Perry (2005a), é o período de duplo apoio inicial, que tem como

objetivos: absorção de choque, estabilidade para recepção de peso e preservação para

progressão.

2.7.1.2 Apoio Simples

Durante esta segunda atividade funcional, o peso corporal é apoiado

exclusivamente pelo membro de referência, enquanto avança sobre o pé estacionário (ROSE;

GAMBLE, 1998). Os eventos a seguir fazem parte desta fase:

• Apoio Médio: tem início quando o outro pé é elevado e continua até que o peso

corporal seja alinhado sobre o antepé (PERRY, 2005a). A máxima estabilidade é gerada pelo

pé estacionário e pelo contato plantar total com o solo , obtida através do calcâneo e pela

cabeça do primeiro e quintos metatarsos, de acordo com Saad e

Batistella (1997).

• Apoio Terminal: conforme Perry (2005a), Rose e Gamble (1998), a progressão avança o

corpo para frente do pé estacionário. Este evento completa o apoio simples, que se inicia com

a elevação do calcanhar e continua até que o pé do lado oposto toque o chão, deslocando o

peso corpóreo para frente sobre o antepé.

2.7.1.3 Avanço do Membro

Exige-se muito para que aconteça o avanço do membro, para isso uma postura

preparatória inicia-se no apoio. Então o membro oscila por meio de três posturas, conforme

ele vai elevando-se, avança e prepara-se para o próximo intervalo do apoio (PERRY, 2005a).

32

As quatro fases envolvidas no avanço do membro são: pré-balanço, balanço inicial, balanço

médio e por fim balanço terminal.

• Pré-balanço: para Rose e Gamble (1998) corresponde a fase final do apoio, durante esse

intervalo de duplo apoio terminal, o peso do corpo é transferido para o membro contralateral.

Perry (2005a) diz que esta fase começa com o contato inicial do membro contralateral e

termina com o desprendimento ipsilateral dos dedos. E tem por objetivo posicionar o membro

para o balanço.

• Balanço Inicial: corresponde a aproximadamente um terço do período do balanço. Inicia

com elevação do pé do solo e encerra quando o pé de balanço está oposto ao pé de apoio

(PERRY, 2005a). O balanço inicial busca a recuperação da postura envolvendo duas ações

críticas: flexão de quadril e de joelho, conforme relata Saad e Batistella (1997). Os objetivos

dessa fase envolvem a liberação do pé do solo e avanço do membro a partir de sua posição de

queda (PERRY, 2005a).

• Balanço Médio: tem-se continuidade da atividade de avanço do membro e passagem do

pé (ROSE; GAMBLE, 1998). O balanço médio inicia no momento em que o membro de

balanço encontra-se oposto ao membro de apoio. E termina quando o membro do balanço está

anterior e tíbia vertical, isto é, a flexão de quadril e joelho estão iguais (PERRY, 2005a).

• Balanço Terminal: é a fase final do balanço, começa com a tíbia vertical e termina

quando o pé toca o solo, conforme Perry (2005a). O avanço completa-se com a extensão de

joelho para a posição neutra e o membro prepara-se para a fase de apoio (SAAD;

BATISTELLA, 1997; ROSE; GAMBLE, 1998).

2.7.2 A marcha parkinsoniana

A marcha na doença de Parkinson caracteriza-se, segundo Melnick (2004), por

33

passo encurtado, diminuição da velocidade e aumento da cadência. Com a progressão da

doença há um aumento progressivo na velocidade e no encurtamento da largura do passo,

como se o individuo estivesse indo em busca do seu centro de gravidade, evento este

denominado festinação.

Há uma hipótese sobre a marcha com festinação ser causada pelas respostas de equilíbrio diminuídas. Se caminhar resulta em uma série de quedas controladas e se as respostas normais às quedas são atrasadas ou não fortes o suficiente, então, o individuo irá cair completamente ou continuar a dar passos pequenos e rápidos. O acionamento da unidade motora anormal vista na bradicinesia também pode ser a causa dos passos pequenos sempre diminuídos. Se a unidade motora não pode criar uma freqüência alta o suficiente ou se ela pára no meio do movimento, então, a media completa de movimento diminui; no caminhar isso levaria a passos menores. (MELNICK, 2004, p. 708)

A festinação também pode ser o resultado de outras mudanças na cinemática da

marcha que incluem: mudanças na excursão das articulações de quadril e tornozelos. Pode

haver inversãoda progressão calcanhar-artelho para progressão de pé chato ou, com o evoluir

da doença, uma progressão artelho-calcanhar. É como se o individuo usasse um padrão de

marcha primitivo (MELNICK, 2004).

A iniciação da marcha pode estar alterada, tendo o paciente dificuldade de iniciar

o movimento e dar o primeiro passo, e após passadas curtas e rápidas, quase sem sair do

lugar, há um aumento da amplitude dos passos e início da marcha. Essa extrema dificuldade

de iniciação da marcha, como se os pés estivessem colados no chão é conhecida como

freezing, podendo acontecer logo no inicio ou durante a marcha, ao passar por uma porta ou

ao virar-se para mudar de direção (FRANCO DE ANDRADE; FERRAZ, 2003).

Há também perda dos movimentos associados: balanceio dos membros superiores

e dissociação de cinturas (CUNNINGTON apud ANDRÉ, 2004; VIEIRA, 1999; FRANCO

DE ANDRADE; FERRAZ, 2003).

34

2.7.3 Análise da marcha

A marcha humana, embora tenha um aprendizado difícil, torna-se automática e

inconsciente. Só percebemos a complexidade de todo processo biomecânico envolvido em

situações onde é afetada por lesões, doenças, degenerações ou fadiga, conforme descreve

Saad e Batistella (1997).

2.7.3.1 Tipos de análise

Conforme Norkin (2004) existem duas categorias, utilizadas atualmente, para

análise da marcha:

• Cinética

• Cinemática: na qual descreve os padrões de movimento não considerando as forças

participantes na produção do movimento, descrevendo o movimento do corpo como um todo.

Este tipo de análise é o utilizado neste estudo, podendo ser realizada de forma qualitativa ou

quantitativa

2.7.3.1.1 Análise Cinemática Qualitativa da Marcha

É o método mais utilizado, requerendo pequena quantidade de equipamento e

reduzida disponibilidade de tempo. O deslocamento é a principal variável avaliada durante a

análise cinemática qualitativa, incluindo os padrões de movimento, desvios de posturas

normais do corpo e ângulos articulares em pontos específicos durante o ciclo da marcha

(NORKIN, 2004).

2.7.3.1.1.1 Análise da Marcha Através da Observação

35

“O método clínico mais comumente usado para fazer uma análise cinemática

qualitativa é a observação.” (NORKIN, 2004, p. 263).

De acordo com Saad, Batistella e Rizzo (1997), a avaliação da marcha está

baseada na observação subjetiva e qualitativa dos seus desvios em relação à normalidade.

O mesmo ainda diz que apesar de suas restrições, a análise observacional possui

vantagens: é de fácil execução, rápida, simples e de custo reduzido.

Perry (2005b) relata que a análise envolve três passos. Primeiramente organiza-se

a informação, em seguida deve-se estabelecer uma seqüência de observação (aquisição de

dados), e o último passo é a forma de interpretar os dados.

A observação é facilitada pela existência de um formulário de análise que auxilie o

observador (PERRY, 2005b).

Segundo Norkin (2004), os protocolos fornecem ao observador uma abordagem

sistemática, direcionando a atenção para uma determinada articulação ou segmento do corpo,

em um momento específico do ciclo da marcha. A maior parte dos métodos utiliza listas de

checagem ou perfis, onde o observador anota a presença ou ausência de um desvio particular

ou evento crítico, num certo momento do ciclo da marcha.

A observação envolve uma avaliação sistemática dos padrões de movimento de

segmentos do corpo para cada período do ciclo da marcha, sendo eles: tornozelo, pé, joelho,

quadril e tronco (NORKIN, 2004).

O uso de videografia , filmagem das imagens, é um método que pode ser utilizado

para análise da marcha através da observação. Pois as imagens registradas em vídeo da

avaliação do paciente podem ser visualizadas em câmara lenta, possibilitando aos

observadores tempo necessário para tirar conclusões sobre os eventos ocorridos durante o

ciclo (NORKIN, 2004).

As diretrizes para realizar um análise observacional da marcha no plano sagital,

segundo Norkin (2004), são os seguintes:

36

• Seleciona-se uma área onde o paciente irá caminhar e meça a distância que ele deverá

percorrer;

• Posicione-se de maneira a ter uma visão desobstruída do indivíduo. As câmaras devem

estar posicionadas mostrando os membros inferiores e pés do paciente, assim como também a

cabeça e tronco;

• Selecione uma articulação ou segmento a ser analisado, revise mentalmente os padrões

normais de movimento e função muscular;

• Selecione o plano de observação; por exemplo: sagital (olhando pelo lado);

• Atente para o segmento selecionado durante a parte inicial da fase de apoio e tome uma

decisão sobre a posição do segmento. Observe se há algum desvio do padrão normal;

• Observe o mesmo segmento durante a fase subseqüente ao apoio ou outro segmento na

fase inicial de apoio;

• Repita o processo descrito até avaliar todos os segmentos corporais selecionados;

• Realize as observações nos dois lados (direito e esquerdo).

De acordo com Saad, Batistella e Rizzo (1997) o indivíduo a ser analisado deve

estar informado sobre à atividade, e se necessário, deve realizar algumas voltas antes da

análise efetiva até familiarizar-se com o processo adaptando-se quanto à velocidade. O

indivíduo deve estar com o mínimo de roupa possível, de forma a permitir ao observador

examinar a coluna lombar, a pelve, os quadris, os joelhos, os tornozelos e os pés sem

restrições.

2.7.3.1.2 Análise Cinemática Quantitativa da Marcha

Para Norkin (2004) esse tipo de análise é utilizada para se obter informações sobre

variáveis de tempo e distância da marcha. Os dados obtidos são quantificados numericamente,

possibilitando ao terapeuta que usem parâmetros mensuráveis ao avaliar o paciente e, também

37

documentar os resultados de um programa de tratamento.

O mesmo ainda relata que os dados verificados nas observações qualitativas

podem ser úteis para classificar graus de comprometimento motor e para se observar a

validade das variáveis quantitativas. Portanto, análise cinemática qualitativa e quantitativa

devem ser realizadas para obtenção de um quadro mais abrangente da marcha de um

indivíduo.

2.8 Hidroterapia

A água é utilizada como cura para diversas doenças, desde tempos remotos. E com

seus resultados satisfatórios tende cada vez mais acrescentar na terapêutica , de acordo com

Degani (1998).

“A água funciona , essencialmente, como um conduto de frio ou de calor neste

processo.” (DEGANI, 1998, p. 91).

A água é associada a estímulos térmicos, químicos e mecânicos. Os processos

hidroterápicos são preparatórios, complementares ou adjuntos ao exercício terapêutico

atuando em todos os sistemas orgânicos. Age no fluxo sanguíneo, no metabolismo, na

composição do sangue, na secreção glandular, na psique, no sistema nervoso, sistema

músculo-esquelético, cardiorrespiratório, renal entre outros tantos.

2.8.1 Princípios da hidrodinâmica

2.8.1.1 Densidade relativa

O princípio de Arquimedes diz que um corpo submerso em líquido, sofre uma

força de flutuabilidade igual ao peso do líquido que desloca. Todo corpo com densidade

38

menor que um irá flutuar (CAMPION, 2000).

Segundo Degani (1998) a densidade relativa é definida como a relação entre a

massa de um certo volume de substância e a massa do mesmo volume de água.

Para Campion (2000), os membros superiores são menos densos que os membros

inferiores, portanto, os braços flutuam com maior facilidade sendo que as pernas tendem a

afundar.

2.8.1.2 Metacentro

Relacionado com o equilíbrio na água. De acordo com Campion (2000) um corpo

submerso em água está sujeito a gravidade e a flutuabilidade, que agem em forças opostas. A

gravidade atua para baixo, enquanto a flutuabilidade age para cima. Se essas forças fossem

iguais e opostas uma em relação à outra, o corpo permaneceria em equilíbrio não havendo

movimento algum. Porém se as forças de gravidade e flutuabilidade forem diferentes e

estiverem desalinhadas, ocorrerá movimentação, que será uma rotação.

Essas forças aplicadas no corpo resultará na flutuação, estando, portanto, o corpo

em equilíbrio (CAMPION, 2000).

2.8.1.3 Turbulência

Definida como diminuição da pressão sobre o corpo pela movimentação do

líquido (DEGANI, 1998).

Para Campion (2000), indica os redemoinhos que seguem um objeto que se

movimenta em um líquido. A turbulência depende da velocidade do movimento. Se o

movimento for muito lento o objeto se movimentará em curvas leves e contínuas, movimentos

rápidos diminuem a pressão e aumentam o arrastão do corpo. A turbulência pode ser usada

39

tanto para auxiliar quanto para impor resistência aos movimentos.

2.8.1.4 Pressão hidrostática

A pressão hidrostática é conhecida como a força exercida por unidade de área ,

onde a força é exercida igualmente sobre toda a área da superfície de um corpo imerso em

repouso, em determinada profundidade, seguindo a lei de Pascal (CAROMANO;

NOWOTNY, 2003).

A pressão tende a aumentar com a profundidade e densidade do líquido. Pois ela

atua em todas as direções agindo em todas as superfícies do corpo (DEGANI, 1998).

Campion (2000) relata que em uma profundidade maior a pressão também será

maior. Esta pressão também pode favorecer a atenuação de movimentos espasmódicos e para

aumento da coordenação quando os exercícios são realizados abaixo da superfície.

2.8.2 Efeitos fisiológicos

Os efeitos associados da densidade da água, incompressibilidade e pressão

hidrostática geram uma compressão significativa sobre os tecidos quando um corpo encontra-

se em imersão. Isso leva a um aumento significativo na pressão atrial direita, no volume de

ejeção e no débito cardíaco. A resistência vascular sistêmica cai drasticamente, e a circulação

muscular aumenta várias vezes, de acordo com Ruot, Morris e Cole (2000).

Imediatamente após a imersão, por ação da pressão hidrostática, 700 ml de sangue

são deslocados dos os membros inferiores para a região do tórax, proporcionando um

aumento do retorno venolinfático e aumentando em 60% o volume central (CAROMANO;

THEMUDO FILHO; CANDELORO, 2003).

Segundo Rosenstein (2002), a pressão hidrostática promove um aumento da

40

resistência contra o tórax, fazendo os músculos respiratórios trabalharem mais. A pressão

hidrostática também ajuda o coração baixar a pressão sanguínea e melhorar o retorno venoso

durante o exercício.

Segundo Ruot, Morris e Cole (2000) os tecidos moles são comprimidos,

ocasionando um aumento do retorno linfático. A imersão em uma profundidade de água,

mesmo que pequena, produz uma pressão hidrostática sobre o vaso que ultrapassa a pressão

linfática que é negativa. Sendo assim, a imersão pode ser benéfica para a resolução de um

edema em tecidos moles.

A água promove resistência ao movimento em todas a direções, promovendo um

desequilíbrio muscular e fortalecendo os músculos antagonistas (ROOSENSTEIN, 2002).

O mesmo autor ainda cita que a temperatura da água (quente) leva ao relaxamento

muscular, redução da rigidez articular e aumento da circulação.

O corpo ao ser imergido, desloca a água criando a força de flutuação. Dessa forma

há uma redução na sobrecarga das articulações imersas. Para um corpo suspenso ou flutuando

em meio aquático, os efeitos da gravidade, que se direciona para baixo, são contra

balanceados pela força de flutuação, que direciona-se para cima. Esse efeito torna-se bastante

útil na terapêutica, pois permite uma intervenção reabilitadora em casos em que o movimento

articular sujeito à carga imposta pela gravidade está proibida (RUOT; MORRIS; COK, 2000).

Para Rosenstein (2002) a flutuabilidade permite ao paciente exercitar-se com

menos tensão nas articulações, ossos e músculos.

Os exercícios em meio aquático mostram-se bastante benéficos para pacientes

parkinsonianos. Estes pacientes relatam que em determinados exercícios realizados em solo a

dor e a tensão os levam a abandonar a prática de exercícios. A redução de peso corporal sobre

as articulações em meio aquático, somada a flutuabilidade da água, promovem maior

liberdade de movimentos. Diminuindo, desta forma, a tensão sobre os ossos e músculos

(ROSENSTEIN, 2002).

41

Os pacientes com doença de Parkinson, são em geral, encaminhados para

tratamento fisioterapêutico nos estágios mais avançados, quando apresentam deficiências e

dificuldades de mobilidade e na independência funcional. Uma intervenção precoce pode ser

focalizado para redução das limitações musculoesqueléticas e deformidades posturais

(CAMPION, 2000).

A fisioterapia, direcionada à melhorar ou manter o comprimento e flexibilidade

dos tecidos moles, afetará o controle postural, a bradicinesia e o condicionamento

cardiovascular através da redução das contribuições musculoesqueléticas para essas lesões

(CAMPION, 2000).

As metas da Terapia Aquática ou da intervenção precoce, segundo Rosenstein

(2002) e Campion (2000), são: promover relaxamento, reduzir a dor, aumentar a flexibilidade,

melhorar o alinhamento postural, manter ou melhorar a força muscular, recuperar ou manter o

equilíbrio, manter ou melhorar a aptidão cardio-respiratória e manter a habilidade de realizar

as atividades funcionais.

2.8.3 O método Halliwick

O método Halliwick foi desenvolvido por James McMillan em 1949 na Halliwick School for Gisls, em Southgate, Londres. A principal finalidade das técnicas de McMillan era ajudar as pacientes com incapacidades a tornar-se mais independentes e treinadas para nadar. A ênfase inicial do método Halliwick era de natureza recreativa, com um objetivo de independência individual na água. (RUOT; MORRIS; COLE, 2000, pág 9).

As principais finalidades do método Halliwick são: ensinar aos nadadores a

respeito deles mesmos e seu controle de equilíbrio na água, e ensiná-los a nadar, de acordo

com Cunningham (2000).

Os mesmos autores citados anteriormente relatam que os objetivos do tratamento

na água incluem: fortalecer e/ou melhorar grupos musculares fracos, aumentar amplitude de

42

movimento, facilitar reações posturais e de equilíbrio, melhorar a condição física geral,

melhorar a adaptabilidade mental, reduzir a espasticidade.

Relatam ainda que as técnicas específicas utilizadas para satisfazer tais objetivos

podem ser realizadas individualmente ou associadas a outras técnicas:

- Empuxo/gravidade: variando-se a profundidade da água sobre o paciente, afim de

aumentar ou diminuir o suporte pela flutuação.

- Turbulência: usada para ajudar ou perturbar o controle de equilíbrio de forma sutil; ou

também para mover o paciente na água e pode beneficiar no treinamento da natação.

- Metacentro: relacionada à teoria do equilíbrio de qualquer objeto flutuando na água.

- Ondas: são controladas para serem de grande ou pequeno tamanho ou comprimento

criando uma força de trabalho forte ou delicado.

Outros fatores também influenciam, e devem ser levados em consideração:

- Estimulação da pele: para se obter um grau muito delicado de controle postural e/ou

movimento.

- Desvio ocular: importante para o controle de cabeça.

- Transferência: relacionada a capacidade de criar movimento de uma área do corpo e

transferi-lo para outra área.

A função do terapeuta, no método Halliwick, é dirigir o exercício, observar o que

acontece e corrigir o que seja indesejável, sendo que o paciente é quem executa a maior parte

do trabalho (CUNNINGHAM, 2000).

2.8.3.1 Dez pontos

O criador do método Halliwick, James McMillan, segundo Garcia (2003)

determinou o método em um programa de dez pontos, sendo eles:

1. Adaptação mental;

43

2. Desligamento;

3. Rotação transversal;

4. Rotação sagital;

5. Rotação longitudinal;

6. Rotação combinada;

7. Empuxo;

8. Equilíbrio e quietude;

9. Turbulência e deslize;

10. Progressão simples e nados básicos.

A adaptação mental está relacionada a adaptação às diferentes experiências de

flutuar e ao empuxo da água. As áreas que exigem adaptação incluem: superar preconceitos

relacionados com as habilidades no meio aquático, despir-se em ambiente estranho, habituar-

se ao contato físico com pessoas desconhecidas, habituar-se com sons da piscina e com os

reflexos da luz sobre a água, habituar-se com a dificuldade de comunicação pelos olhos

molhados, ouvidos na água e à desconcentração gerada pelos ruídos do ambiente. Esta fase

destina-se ao ganho de confiança do individuo na água. Conforme mostra a figura 3.

Figura 3 - Ajustamento mental Fonte: The Halliwick (2005).

O desligamento é representado pela independência física e mental de cada nadador

conquistadas gradualmente. Os desligamentos a serem conquistados são: de contato físico,

44

contato visual, de instrutor e de clube.

A rotação transversal é o controle de qualquer rotação realizada no eixo fronto-

transversal. Como mostra a figura 4.

Figura 4 - Controle da rotação tranversal Fonte: The Halliwick (2005).

Rotação sagital é a habilidade de controlar as rotações no eixo sagital tranversal

(ântero-posterior). A figura 5 mostra esta etapa.

Figura 5 - Controle da rotação sagital Fonte: The Halliwick (2005).

A rotação longitudinal se dá com o movimento ao redor do eixo da coluna.

Relacionada com o controle das rotações no eixo sagital-frontal (longitudinal) ou eixo da

coluna.

Rotação combinada diz respeito ao controle de qualquer rotação em somente um

movimento. Ao alcançar esta fase o nadador já possui o controle de seu posicionamento na

água e pode alcançar, de forma segura, uma posição para respirar.

45

No empuxo o nadador já deve possuir controle da respiração, e tem consciência da

flutuação de seu corpo na água. Nesta etapa pode-se usar a força a favor ou contra.

Equilíbrio e quietude, onde o nadador usa toda sua habilidade de manter-se numa

posição enquanto flutua, parado e relaxado. Vivenciar diferentes posições do corpo ajuda na

flutuação em posições estáveis, permitindo também uma posição segura para respirar. Os

nadadores são treinados para realizarem pequenos ajustes na posição de seu corpo, para

manterem uma posição contra a força da turbulência. Para alcançar equilíbrio e quietude é

necessário ter controle físico e mental.

Turbulência e deslize, se dá quando o nadador esta flutuando e é puxado pela

água, através da turbulência gerada pelo instrutor. O nadador precisa ter controle sobre

qualquer tendência a rolar.

O último ponto do método é a progressão simples e nados básicos. O primeiro

movimento de propulsão, realizado pelo nadador, é um movimento elementar da mão próxima

ao corpo, no centro de equilíbrio.Também pode ser realizado pelas pernas, ou com o corpo.

46

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

3.1 Tipo de pesquisa

A presente pesquisa avaliou a influência do método Halliwick sobre a marcha dos

pacientes com doença de Parkinson, esta possui caráter experimental, sendo uma variação do

plano clássico com grupo único e aplicação de pré e pós-teste.

Segundo Santos (2000) a pesquisa experimental se dá quando um fato ou

fenômeno da realidade é produzido de maneira controlada, objetivando a descoberta dos

fatores que o produzem ou que por eles são produzidos.

Rudio (1998) diz ainda que a pesquisa experimental com grupo único é a pesquisa

onde há um pré-teste aplicado antes do fator experimental, e um pós-teste. Através desta se

obtêm informações da influência que o fator experimental exerce sobre os indivíduos e as

modificações que produz.

3.2 População e amostra

A população deste estudo foi composta por pacientes pertencentes a ambos os

sexos, que apresentavam diagnóstico de doença de Parkinson, sendo estes inscritos na lista de

espera da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL,

campus Tubarão, e que não realizavam nenhuma outra atividade física além da hidroterapia.

47

A amostra compreendida de cinco indivíduos portadores de doença de Parkinson,

sendo três do sexo feminino e dois do sexo masculino, com idades de 54 a 86 anos.

Foram excluídos do estudo os indivíduos que não deram continuidade ao

tratamento, ou que não participaram da avaliação ou reavaliação.

3.3 Instrumentos utilizados para a coleta de dados

Para realizar este estudo foram utilizados os seguintes instrumentos:

• Termo de Consentimento, conforme Apêndice A.

• Piscina terapêutica, local de realização dos atendimentos, com 15x9 metros de extensão,

profundidade mínima de 0,8 metros e máxima de 1,4 metros e temperatura média de 31 a

34ºC.

• Bolinhas de isopor, nos seguintes pontos anatômicos: maléolo lateral, cabeça da fíbula,

trocanter maior.

• Pista de 1 metro de extensão, onde o paciente dá cinco voltas (ida e volta), sendo

desprezados os 2 metros iniciais e 2 metros finais. Afim de o paciente alcançar uma

velocidade adequada e também uma desaceleração.

• Tabela de observação cinemática qualitativa da marcha no plano sagital, Apêndice B.

• Programa Windows Media Player 10.

• Máquina digital Sony P92 5.2 mega pixels, fixada em um tripé a de 3 metros de

distância da pista, para registro das imagens.

• Pano preto TNT.

• Fita métrica.

• Pincel atômico.

3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados

48

Inicialmente os pacientes foram convidados a participarem da amostra e

informados sobre os objetivos da referida pesquisa. Após aceito o convite, solicitou-se a

assinatura do Termo de Consentimento, e agendada a avaliação. A avaliação foi realizada com

base na observação cinemática da marcha, através de filmagem, sendo auxiliada por três

acadêmicos do curso de fisioterapia devidamente instruídos e cientes dos procedimentos a

serem realizados, e também pelo professor orientador.

A coleta referente à marcha dos pacientes, foi realizada na Clínica Escola de

Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão, em 05 de

abril de 2005.

Após aplicação dos instrumentos de medida, em 07 de abril de 2005, deu-se início

ao tratamento hidroterápico, com a aplicação do método Halliwick, onde enfatizou-se o

programa dos dez pontos de acordo com seu criador James McMillan: ajuste mental,

desprendimento, controle da rotação longitudinal, controle da rotação sagital, controle da

rotação horizontal, controle da rotação combinada, empuxo, equilíbrio,

turbulência/deslizamento e progressões simples/nados básicos.

Os atendimentos foram realizados semanalmente, dois dias por semana no horário

das 18:30 às 19:30, sendo uma hora de atendimento, totalizando 17 atendimentos. Em 27 e 29

de junho de 2005, foram realizadas as reavaliações e obtidos os resultados finais da pesquisa.

3.5 Procedimentos utilizados para análise dos dados

Para identificação dos pacientes, estes foram identificados por letras A, B, C, D e

E, correspondendo aos indivíduos.

As variáveis qualitativas, referentes aos desvios da marcha, serão analisados

através de quadro. E as variáveis quantitativas (comprimento do passo, comprimento da

passada e velocidade da marcha) serão expostas em gráficos.

49

3.6 Limitação do estudo

A preferência pela pesquisa quase experimental com grupo único com pré e pós

teste justifica-se pelo fato de a população ser restrita , sendo o único meio de avaliar um

mesmo grupo antes da aplicação do fator experimental e após a aplicação do fator

experimental. Como a amostra mostrou-se pequena (com apenas cinco participantes), não foi

possível utilizar teste estatístico e grupo controle.

Devido aos problemas ocorridos na piscina terapêutica da Clínica escola de

Fisioterapia, e ao grande número de feriados ocorridos no período, justifica-se a reduzida

quantidade de atendimentos realizados.

50

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Caracterização da amostra

A tabela 1 mostra as características da amostra do estudo, quanto ao sexo, idade,

tempo de diagnóstico da doença e estágio em que a doença se encontra, conforme escala de

estadiamento de Hoehn e Yahr.

Tabela 1 - Caracterização da amostra

Paciente Sexo Idade Tempo de

doença Estágio da doença

(Hoehn e Yahr) A ................ Feminino 72 anos 10 anos 2,5 B ................ Feminino 76 anos 2 anos 2,5 C ................ Feminino 73 anos 19 anos 2,5 D ................ Masculino 54 anos 3 anos 2,5 E ................ Masculino 86 anos 6 anos 3,0

O presente estudo foi composto de uma amostra de cinco pacientes com

diagnóstico de doença de Parkinson , que de acordo com Melnick (2004), Fox e Alder (2001)

afeta aproximadamente 1% da população com idade superior a 55 anos, com expressivo

aumento em sua incidência , estimando-se que 1 a cada 3 adultos com mais de 85 anos

desenvolverão a doença.

Algumas literaturas (MENESES; TEIVE, 2003; O’SULLIVAN, 2004) relatam

que os homens apresentam risco mais elevado de desenvolver a doença. Já Donoso et al

51

(2003) diz que é mais freqüente no sexo feminino.

Enquanto que Vieira (1999) cita que o surgimento da doença não tem relação

alguma com o sexo. Neste estudo encontrou-se maior prevalência do sexo feminino, mas

como trata-se de uma amostra pequena não há como afirmar sobre predominância de

determinado sexo.

Dos pacientes, quatro foram classificados como estágio 2,5, na escala de

estadiamento de Hoehn e Yahr, onde verifica-se apresentação bilateral, com alterações dos

reflexos posturais, mas com recuperação do equilíbrio sem auxílio quando desestabilizado. E

somente um paciente no estágio 3 da doença também com apresentação bilateral, mas com

alterações dos reflexos posturais e já com lentidão na execução das tarefas do dia-a-dia.

Melnick (2004) cita que pelo estágio 2,5 os distúrbios da marcha são as

deficiências mais comuns que fazem com que o indivíduo com Parkinson procure um

terapeuta.

A realização de exercícios, como os utilizados nesta pesquisa através da

hidroterapia, conforme Melnick (2004), são benéficos nos estágios iniciais da doença. Porém,

um programa bem estruturado também é capaz de beneficiar pacientes que encontram-se em

estágios mais avançados da doença.

4.2 Análise das variáveis qualitativas

As alterações da marcha constituem sintomas comuns presentes na doença de

Parkinson, e são um dos principais aspectos que limitam a autonomia e qualidade de vida dos

pacientes. Observa-se uma dificuldade para regular a amplitude de movimento, durante a

marcha (OLMO; ARIAS; CUDEIRO-MAZAIRA, 2004).

O quadro 3 revela os desvios encontrados no pré-teste e pós-teste.

52

AVALIAÇÃO REAVALIAÇÃO

Paciente Fase Apoio Fase Balanço Fase Apoio Fase Balanço

Desvio ausente Extensão de joelho diminuída D e E � CC

Desvio ausente A

Extensão de joelho diminuída D e E � AM

Extensão de joelho diminuída D e E � AM

Flexão de quadril limitada D e E � BM

Extensão de joelho diminuída D e E � AM

Flexão de quadril limitada D e E � BM

B

Extensão de quadril diminuída D e E � AM

Extensão de quadril diminuída D e E � AM

C Extensão de joelho diminuída E � AM

Extensão de joelho diminuída E � AM

Flexão de joelho limitada D e E � BM

Flexão de joelho limitada D e E � BM D

Flexão de quadril limitada D e E � BM Desvio ausente

Apoio plantar E -> CC Desvio ausente Melhora da flexão de joelho D e E � BM Flexão limitada de joelho D

e E � BM Batida descontrolada do pé D e E � CC Desvio ausente

Sem saída de calcanhar D e E � SC

Melhora na saída do calcanhar

D e E � AP

E

Extensão de joelho diminuída D e E � AM

Extensão de joelho diminuída

D e E � AM

Quadro 3 - Desvios observados referentes às variáveis cinemáticas qualitativas no pré e pós-teste. Siglas: CC (contato de calcanêo), AP (apoio plantar), AM (apoio médio), CS (saída de calcâneo), SD (saída dos dedos), AC (aceleração), BM (balanço médio), DESC (desaceleração), D (direito), E (esquerdo).

Segundo Norkin (2004) durante o contato de calcâneo o grupo pré-tibial age de

forma excêntrica para se opor à flexão plantar impedindo que o pé bata com força,

controlando a flexão plantar. A incapacidade para se opor a flexão plantar faz com que o pé

bata descontroladamente no solo, como observado no paciente E durante a avaliação e

ausência do desvio na reavaliação. Neste mesmo paciente verificou-se apoio plantar durante

o contato de calcâneo , que pode ter como causa dorsiflexores fracos.

Nos pacientes A, B, C e E verificou-se uma redução na extensão de joelho durante

o apoio médio na avaliação, e na reavaliação somente A não apresentou mais o desvio. O

paciente A, também apresentou extensão de joelho reduzida durante o contato de calcâneo,

53

sendo esta ausente na reavaliação. Os pacientes B e D apresentaram flexão limitada de quadril

no balanço médio, persistindo em B e estando ausente em D no pós-teste .

Alterações cinemáticas na marcha do paciente com doença de Parkinson referem-

se a mudanças na movimentação das articulações de quadril e tornozelo (MELNICK, 2004).

“A capacidade de estender o quadril parece depender da amplitude articular, que é

perdida com o avanço da idade.” (VIEL 2001, p. 12). E como nos pacientes com Parkinson a

rigidez é bastante importante, tende a limitar ainda mais a extensão do quadril.

Segundo Viel (2001) a rigidez do quadril leva a uma flexão do mesmo, impedindo

sua completa extensão.

O paciente A apresentou durante o contato de calcâneo na fase de apoio

diminuição da extensão de joelhos, e após o tratamento esta alteração não mais foi observada.

Viel (2001) diz que no momento do contato de calcanhar, a articulação do joelho oferece o

máximo de extensão durante o ciclo da marcha.

O paciente B apresentou flexão de quadril limitada no balanço médio, estando

ainda presente na reavaliação. Já os pacientes D e E apresentaram flexão de joelhos limitada

no balanço médio, persistindo em B e D, e tendo considerável melhora da flexão em E no pós

teste.

Na fase de balanço, o membro inferior separa-se do solo e vai em direção ao

tronco, fletindo o joelho. Esta fase é freqüentemente perturbada pela disfunção muscular,

principalmente pela rigidez (VIEL, 2001).

De acordo com O’Sullivan (2004) os movimentos de quadril, joelhos e tornozelos

encontram-se reduzidos com generalizada falta de extensão nessas três articulações.

Durante a fase de balanço, alguns eventos da marcha são perdidos em decorrência

de patologia, limitando a flexão de quadril, a flexão de joelho ou a flexão dorsal do tornozelo

(ROSE; GAMBLE, 1998).

54

O paciente E, também apresentou na fase de apoio a não saída do calcanhar. E

após intervenção apresentou uma melhora na saída de calcâneo.

Num estudo realizado por Morini, Adachi e Henriques (2003) utilizando a

hidroterapia na reabilitação de Parkinson, observaram ganho de ADM em algumas

articulações, e uma estabilização da doença, sem grandes perdas.

Outros dados importantes, obtidos na análise da marcha, devem ser levados em

consideração. O paciente B apresentou tronco cifótico anteriorizado e com pouca

movimentação de MMSS e dissociação de cinturas restrita .

Na reavaliação houve melhora no balanço do MSE e melhora na extensão de

joelhos e quadril, embora as limitações ainda persistissem. Em C registrou-se boa

movimentação de MSD e MSE em extensão movimentação limitada.

4.3 Análise das variáveis quantitativas

4.3.1 Comprimento do passo

Os pacientes encontram maior dificuldade na freqüência do passo, tendo como

conseqüência a redução da amplitude do passo (OLMO; ARIAS; CUDEIRO-MAZAIRA,

2004).

O gráfico 1 demonstra os valores obtidos quanto ao comprimento do passo.

0,28

0,38

0,50

0,50

0,380,

44

0,44 0,

47 0,54

0,37

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

A B C D E

Paciente

m

Avaliação

Reavaliação

55

Gráfico 1 - Comprimento do passo em metros, no pré e pós-teste.

Num estudo realizado por Blin e colaboradores (apud SHUMWAY-COOK;

WOOLLACOTT, 2003) verificou-se que pacientes com doença de Parkinson exibem uma

comprimento mais curto e variável do passo (média de 0,57 m), comparada a um grupo

controle, onde o valor encontrado foi em média 0,97 m. Estes valores foram ao encontro dos

verificados nos pacientes desta pesquisa onde calculando-se a média do comprimento do

passo no pré-teste encontrou-se o valor de 0,40 m e no pós -teste a média passou para 0,45 m,

verificando-se-se aumento do comprimento do passo.

Outra pesquisa desenvolvida por Whitle (2003), também mostrou que o

comprimento do passo, em indivíduos portadores de doença de Parkinson, encontravam-se

muito reduzidos.

Conforme estudos realizados em indivíduos com Parkinson por Formisano,

Gauthier et al e McIntosh et al (apud MELNICK, 2004) mostraram que a realização de

exercícios físicos aumentam o comprimento do passo, por reduzir a rigidez e a bradicinesia,

melhorando a marcha ao longo do tempo. Assim como verificado nesta pesquisa nos

pacientes A, B e D.

Além disso a hidroterapia, com água aquecida numa temperatura variando entre

30ºC e 34ºC,diminui a tensão, dores musculares e a rigidez, causando um relaxamento para

realização dos exercícios terapêuticos. A redução da rigidez muscular pode melhorar a

amplitude de movimento, e diminuir a dor (KOURY, 2000; ROSENSTEIN, 2002).

Num estudo realizado por Ferreira (2005) verificou-se aumento significativo

nos valores do comprimento do passo e no comprimento total do ciclo na fase de pós-

intervenção em comparação com a pré-intervenção.Indicando maior controle sobre a marcha .

Os pacientes C e E revelaram redução no comprimento do passo no pós teste.

56

4.3.2 Comprimento da passada

O gráfico 2 apresentam os valores correspondentes ao comprimento da passada

dos pacientes da amostra na pré e pós intervenção hidroterápica.

0,56 0,

69

0,98

0,75

0,69

0,88

0,88 0,

94

0,79

0,63

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

A B C D E

Paciente

m

Avaliação

Reavaliação

Gráfico 2 - Comprimento da passada no pré-teste e pós-teste.

Segundo Perry (2005) o comprimento da passada corresponde a um ciclo da

marcha, sendo baseada nas ações de um membro.

Num estudo realizado por Ferreira (2005) verificou o aumento no comprimento da

passada, após intervenção fisioterápica, sugerindo aumento na capacidade neuromotora da

marcha. Esta informação vem ao encontro com os resultados obtidos com esta pesquisa, que

mostrou aumento do comprimento da passada nos pacientes A, B e D.

Em dois pacientes, C e E, os resultados não foram os esperados, havendo redução

do comprimento da passada.

4.3.3 Velocidade da marcha

O gráfico 3 mostra os valores relacionados a velocidade da marcha, nos paciente

submetidos ao tratamento hidroterápico.

57

0,12

6 0,16

0

0,18

1

0,13

1

0,12

1

0,19

0

0,17

3

0,16

6

0,13

7

0,10

8

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

A B C D E

Pacientes

M/s

Avaliação

Reavaliação

Gráfico 3 - Velocidade da marcha no pré e pós intervenção hidroterápica.

A velocidade é calculada, dividindo-se a distância em metros pelo tempo em

segundos.

Pacientes portadores de doença de Parkinson, apresentam diminuição na

velocidade da marcha, sendo resultado da menor ativação do movimento pelos gânglios basais

(CUBO et al apud FERREIRA, 2005).

Whitle (2003) examinou a marcha de parkinson e encontrou redução da

velocidade, embora o tempo do ciclo era praticamente normal.

A velocidade é um fator importante na análise da marcha, pois alterações na

velocidade são acompanhadas por modificações de todos os aspectos da marcha, incluindo

medidas de tempo e distância, gasto de energia e atividade muscular (SMITH; WEISS;

LEHMKUHL, 1997).

Blin e colaboradores (apud SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003)

realizaram estudos, onde verificou-se que pacientes com doença de Parkinson exibem uma

velocidade lenta (em média 0,44 m/s), comparada a um grupo controle, cujo valor encontrado

foi 0,83 m/s. Nesta pesquisa, calculando-se a média os valores encontrados foram de 0,1438

m/s antes da intervenção hidroterápica e após 0,1548 m/s, verificando-se aumento da

velocidade da marcha.

58

Nesta pesquisa verificou -se aumento da velocidade da marcha em três pacientes,

sendo eles A, B e D, como resultado da intervenção fisioterápica.

Os pacientes C e E apresentaram resultados negativos, em todas as variáveis

quantitativas. No paciente E, a possível causa para redução dos valores, pode ser devido as

dores musculares relatadas. De acordo com André (2004) cabe a rigidez a presença de dores

musculares comuns no parkinsonismo. Influenciando, desta forma, na execução da marcha.

Já no paciente C a causa para a diminuição dos valores no pós-teste, pode ser

causada pelo maior tempo de doença e pela ação dos medicamentos que estavam sendo

utilizados no período. Segundo o paciente, a medicação usada era Prolopa ® e Cronomet ®, e

que estas já não estavam mais agindo de forma eficaz, sendo suas doses diárias muito

elevadas, provocando mal estar e dificuldade de movimentar-se, principalmente para a

marcha.

Um prolongado uso de L-dopa causa deterioração da efetividade terapêutica geral

da droga, para muitos pacientes este período é de 5 a 7 anos (O’SULLIVAN, 2004).

[...] a Prolopa HBS ® e Cronomet ®, que são derivados de seus congêneres Prolopa e Sinemet. Estes medicamentos, muito bem tolerados mesmo em pacientes idosos, entretanto, ao longo dos anos, produzem quantidades de dopamina que não são fisiológicas e submetemos receptores dopaminérgicos a um bombardeamento contínuo e, principalmente, de forma intermitente, acabam por produzir alterações das respostas destes receptores de modo a induzir uma série de novos sintomas, muito incomodativos e invalidantes. (ANDRADE, 2000. p. 576).

De acordo com O’Sullivan (2004), a deterioração de fim de dose leva a uma piora

dos sintomas durante o tempo em que ainda se aguarda que a medicação seja efetiva. Podem

haver episódios off de imobilidade. Ocorrem flutuações no desempenho motor, conhecidos

como fenômeno on-off, em aproximadamente 50% dos pacientes tratados por mais de dois

anos.

O programa de exercícios proposto baseou-se em exercícios de mobilidade,

alongamento muscular, fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e de marcha, exercícios

59

posturais como sugerem Morioto e Piemonte (2003); O’Sullivan (2004); Stanley e Protas

(2004). Todos estes realizados em ambiente aquático, que de acordo com Levin (2000),

promove redução na severidade da doença e também retarda as conseqüências produzidas

com o avançar desta.

60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A doença de Parkinson sendo uma doença progressiva e degenerativa do SNC,

necessita de tratamentos que previnam ou minimizem as suas alterações, principalmente no

que diz respeito aos comprometimentos motores, que impedem os pacientes de gozarem de

independência e qualidade de vida adequadas.

Os pacientes com doença de Parkinson, juntamente com outras formas de

tratamento, principalmente o medicamentoso, devem participar de programas de reabilitação

que visem reduzir e amenizar os sintomas motores da doença, que com o passar do tempo

tendem a tornar o indivíduo dependente para atividades funcionais.

A marcha foi o enfoque principal nesta pesquisa, visto o grande número de

comprometimentos que a doença traz a esta capacidade funcional.

Com esta pesquisa verificou-se que todos os pacientes apresentaram redução em

relação aos desvios da marcha. Na fase de apoio 4 pacientes apresentaram extensão de joelho

diminuída no pós-teste e após somente 3 apresentaram este desvio; 1 paciente apresentou

extensão de quadril diminuída persistindo na reavaliação; 1 apresentou batida descontrolada

dos pés e apoio plantar sendo que após intervenção estes desvios foram ausentes; e 1 paciente

não apresentou saída de calcâneo, tendo melhora no pós-teste. Já na fase de balanço em 2

pacientes encontrou-se flexão de quadril diminuída, e na reavaliação apenas um persistiu com

a limitação; e 2 pacientes apresentaram flexão de joelho diminuída onde em um destes

encontrou-se melhora e no outro o desvio persistiu após tratamento hidroterápico. Quanto às

61

variáveis quantitativas, dos 5 pacientes, 3 apresentaram aumento nos valores de comprimento

de passo, comprimento de passada e velocidade de marcha. Somente 2 pacientes tiveram

resultados insatisfatórios, que podem ter sido secundários a influência de outros problemas

associados, aqui citam-se dores musculares e influência de medicamentos.

Foi muito gratificante realizar esta pesquisa. Pois pode-se perceber a importância

que o profissional fisioterapeuta tem para estes pacientes, e o quanto que estes acreditam em

nosso trabalho.

O estudo apresentou resultados satisfatórios, revelando que a intervenção através

do método Halliwick é capaz de melhorar o desempenho da marcha, sugerindo que os

indivíduos com doença de Parkinson podem melhorar seu desempenho motor por meio de

atividades hidroterápicas devidamente acompanhadas por profissionais competentes.

Sugere-se aqui que pesquisas com este tipo de pacientes continuem sendo

realizadas, com uma amostra maior para aumentar a significância dos resultados, e para que

se continue comprovando que o tratamento fisioterápico é de suma importância, pois contribui

para amenizar os comprometimentos característicos da doença de Parkinson.

62

REFERÊNCIAS

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66

APÊNDICES

67

APÊNDICE A

Termo de Consentimento

68

Apêndice A – Termo de Consentimento

Nome do paciente: ..............................................................................................................

Foi informado sobre os objetivos e a metodologia utilizada na pesquisa de cunho

acadêmico intitulada “Análise da marcha em pacientes com doença de Parkinson

submetidos ao método Halliwick”, realizada pela acadêmica Ana Paula Borghezan

Canever, sob a orientação do professor Fernando Soldi.

Os dados e imagens coletados referentes ao analisado(a) serão utilizados de forma

privativa, sigilosa e confidencial, sendo que o(a) mesmo(a) poderá solicitar informações

durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma.

Está garantido ao participante a possibilidade de desistência a qualquer momento,

bastando para isso informar sua decisão à pesquisadora.

Concordo plenamente com os procedimentos a que serei submetido, e para tornar

válido o presente instrumento, assino-o conscientemente.

__________________________________

Assinatura do participante do estudo

Tubarão (SC), de de 2005.

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APÊNDICE B

Tabela para observação cinemática qualitativa da marcha no plano sagital

70

Apêndice B - Tabela para observação cinemática qualitativa da marcha no plano sagital

APOIO BALANÇO

CC AP AM SC SD AC BM DES Segmento do Corpo

Desvio D E D E D E D E D E D E D E D E

Tornozelo e Pé Nenhum

Apoio Plantar

Batida Descontrolada do Pé

Saída do Calcanhar

Sem Saída no Calcanhar

Flexão Plantar Excessiva

Dorsiflexão Excessiva

Arrastar os Dedos

Dedos em Garra

Observações

Uso do Membro Contralateral para impulsionar o membro

Joelho Nenhum

Flexão Excessiva

Flexão Limitada

Sem Flexão

Hiperextensão

Geno Recurvado

Observações

Extensão Diminuída

Quadril Nenhum

Flexão Excessiva

Flexão Limitada

Sem Flexão Observações

Extensão Diminuída

Pelve Nenhum

Inclinação Anterior

Inclinação Posterior

Rotação Para Trás Aumentada

Rotação Para Frente Aumentada

Rotação Para Trás Limitada

Rotação Para Frente Limitada

Observações

Cai No Lado Contralateral