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1 Análise da Qualidade da Água em Estabelecimentos Leiteiros Associados da Cooperativa Agropecuária Batavo – Carambeí - PR Marcos Souza Barros 1 Luís Augusto Pfau 2 Fabiano Iker Oroski 3 Resumo A qualidade da água deve ser o primeiro parâmetro a ser observado com vistas a eficiência dos sistemas de produção de leite. Trabalhos de Adans, S.R. (2004), Britten, A M. (2003), Iramain, M.S.(2003) demostraram a interferência que a qualidade da água impõe no aumento da contagem de células somáticas no leite, na incidência de mastite em bovinos, na higienização das instalações e equipamentos utilizados pelo produtor de leite, principalmente quando ocorrem alterações físicas, químicas e microbiológicas na água utilizada. O objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo piloto no monitoramento da qualidade da água (parâmetros físico-químicos e microbiológicos) utilizada em granjas leiteiras e demonstrar sua influência na qualidade do leite produzido, na água destinada ao consumo familiar e pecuário, como também, indicar possíveis impactos ambientais gerados pelo próprio sistema de produção. Este trabalho foi executado na região de Ponta Grossa - PR, em 10 propriedades associadas a Cooperativa Batavo, localizadas na mesma microbacia hidrográfica e escolhidas ao acaso (até 200litros/dia, de 200 a 600 litros/dia e acima de 600 litros/dia). As amostras de água foram coletadas na fonte de abastecimento (águas de mina, poço escavado revestido e artesiano) e no ponto final de utilização (sala de ordenha), onde foram analisados: Sólidos Dissolvidos Totais, Cor, Turbidez, Nitrato, Nitrito, Arsênio, pH, Dureza Total, Coliformes Totais, Coliformes Fecais e Pseudomonas. Os resultados laboratoriais demonstraram que para os parâmetros físico- químicos, somente o pH (05 propriedades) apresentou valores aquém dos 1 Zootecnista - Emater / Convênio Cooperativa Batavo – [email protected] 2 Médico Veterinário - Emater / Curitiba – [email protected] 3 Coordenador Operacional da Sanepar / Ponta Grossa

Analise da Qualidade Agua em Estabelecimentos Leiteiros · Dissolvidos Totais, Cor, Turbidez, Nitrato, Nitrito, ... do que privados do acesso à água. ... toda a restrição de água

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Análise da Qualidade da Água em Estabelecimentos Leiteiros Associados da Cooperativa Agropecuária Batavo – Carambeí - PR

Marcos Souza Barros1 Luís Augusto Pfau2 Fabiano Iker Oroski3 Resumo

A qualidade da água deve ser o primeiro parâmetro a ser observado

com vistas a eficiência dos sistemas de produção de leite. Trabalhos de Adans,

S.R. (2004), Britten, A M. (2003), Iramain, M.S.(2003) demostraram a

interferência que a qualidade da água impõe no aumento da contagem de

células somáticas no leite, na incidência de mastite em bovinos, na

higienização das instalações e equipamentos utilizados pelo produtor de leite,

principalmente quando ocorrem alterações físicas, químicas e microbiológicas

na água utilizada. O objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo piloto no

monitoramento da qualidade da água (parâmetros físico-químicos e

microbiológicos) utilizada em granjas leiteiras e demonstrar sua influência na

qualidade do leite produzido, na água destinada ao consumo familiar e

pecuário, como também, indicar possíveis impactos ambientais gerados pelo

próprio sistema de produção.

Este trabalho foi executado na região de Ponta Grossa - PR, em 10

propriedades associadas a Cooperativa Batavo, localizadas na mesma

microbacia hidrográfica e escolhidas ao acaso (até 200litros/dia, de 200 a 600

litros/dia e acima de 600 litros/dia). As amostras de água foram coletadas na

fonte de abastecimento (águas de mina, poço escavado revestido e artesiano)

e no ponto final de utilização (sala de ordenha), onde foram analisados: Sólidos

Dissolvidos Totais, Cor, Turbidez, Nitrato, Nitrito, Arsênio, pH, Dureza Total,

Coliformes Totais, Coliformes Fecais e Pseudomonas.

Os resultados laboratoriais demonstraram que para os parâmetros físico-

químicos, somente o pH (05 propriedades) apresentou valores aquém dos

1 Zootecnista - Emater / Convênio Cooperativa Batavo – [email protected] 2 Médico Veterinário - Emater / Curitiba – [email protected] 3 Coordenador Operacional da Sanepar / Ponta Grossa

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padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde (Portaria N.º.

1469 de 29/12/2000). Nas análises laboratoriais o pH variou entre 5,0 a 6,7. Os

demais itens analisados como: Cor (variação entre 2,5 uH a 13,0 uH), Turbidez

(variação entre 0,27ntu a 2,56ntu), Nitrato (variação entre zero a 2,10mg/l),

Nitrito (variação entre 0,002mg/l a 0,005mg/l), Arsênio (variação entre zero a

0,0004mg/l), Dureza Total (variação entre < 1,0mg/l a 35mg/l) e Sólidos

Dissolvidos Totais (variação entre 9,0mg/l a 87mg/l) não foram detectados

níveis tóxicos desses elementos na água analisada, conforme padrão para

água potável definido pelo Ministério da Saúde. Já, para os parâmetros

microbiológicos, os exames indicaram a presença, em todas as propriedades,

de coliformes totais, fecais e/ou pseudomonas (variando entre zero a 69,6

ufc/ml para coliformes totais, de zero a 33,6 ufc/ml para coliformes fecais, e de

zero a 101,0 ufc/ml para pseudomonas) demonstrando que a qualidade da

água não atende os padrões de potabilidade definido pelos organismos

regulamentadores. Fundamentados nos resultados laboratoriais, podemos

afirmar que as famílias alvo deste trabalho, estão consumindo água não

potável, desconhecendo o problema e suas conseqüências.

Das propriedades estudadas, 60% não dispõem de estruturas

adequadas (esterqueiras) para estocagem de dejetos e efluentes, favorecendo

a contaminação das fontes de abastecimento. Este trabalho evidencia que,

principalmente as águas superficiais, estão vulneráveis a ação de

contaminantes físicos, químicos e microbiológicos.

1- Introdução

A Cooperativa Agropecuária Batavo sediada no município de Carambeí,

Estado do Paraná, possui uma abrangência regional, atingindo com seus

serviços outras localidades como os municípios de Castro, Tibagi, Ponta

Grossa, Palmeira, Teixeira Soares, Ortigueira, Imbaú e Piraí do Sul.

Atualmente a Cooperativa Batavo possui 510 associados, sendo 180

produtores de leite com uma produção anual de aproximadamente 70 milhões

de litros e uma produtividade de 6.000 litros/vaca/ano, performance esta,

bastante superior à média estadual (1558 litros/vaca/ano) e nacional

(1347litros/vaca/ano) conforme demonstrado por Koeler (2002). Contribuindo

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para esta produção e produtividade, os associados desta cooperativa detém

um plantel de 14 mil vacas e um nível de tecnologia de produção de leite

comparado as maiores bacias leiteiras do mundo.

Um fator que diferencia esta bacia leiteira, em comparação as demais

existentes no país é a existência de um pool (virtual) de comercialização do

leite e a formatação de uma política visando a produção de leite com qualidade.

Este instrumento, possibilita que a cooperativa bonifique ou penalize os

produtores, caso o leite produzido não esteja em conformidade com os padrões

de qualidade previamente estabelecidos. A política de remuneração ou

desconto por qualidade, leva em consideração o volume de leite produzido, a

temperatura de resfriamento, a porcentagem de gordura e de proteína, a

contagem bacteriana e a contagem de células somáticas. Outro fator

diferenciado e merecedor de destaque, é a normatização do controle sanitário

para brucelose e tuberculose exigido para todos os animais pertencentes a

esta bacia leiteira. Esta estratégia, possibilita que anualmente todos os animais

sejam examinados por Médicos Veterinários credenciados junto a cooperativa.

Com relação ao estrato produtivo do negócio leite, observa-se que mais

da metade dos associados envolvidos com esta atividade são produtores com

volume de leite de até 250 mil litros anuais, (685 litros/dia) conduzindo o

empreendimento em pequenos módulos fundiários (média de 30 hectares),

através do uso da mão-de-obra familiar.

Esta região é referência nacional na produção agropecuária pelo uso

intensivo de insumos e das tecnologias de produção existentes. Há uma

predominância para clima temperado com temperatura média de 26ºC no verão

e de 15ºC no inverno.

Analisando o processo de produção, depara-se com produtores

experientes na condução do negócio, altamente especializados e adotadores

de tecnologia por excelência independente do volume de leite produzido.

Nesta bacia leiteira, predominam os sistemas de produção com os

animais em regime de confinamento ou semiconfinados onde a alimentação é

fornecida em local específico. Este modelo de produção facilita a utilização

intensiva do esterco produzido, sendo utilizado principalmente nas áreas

destinadas à produção de forragens, como milho - silagem e as pastagens de

azevém e aveia.

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O relevo predominante desta região, caracteriza-se pelo ondulado ao

levemente ondulado, não prejudicando os serviços de mecanização agrícola. A

textura de solo é arenosa com predominância de solos do tipo podzólico

vermelho-amarelo, cambissolos e litólicos. A região de Carambeí possui uma

altitude variando de 900 a 1200 metros em relação ao nível do mar com índices

pluviométricos médios de 1200 ml anuais, bem distribuídos ao longo das

estações do ano.

2- Revisão da Literatura

2.1 - A água no mundo e sua importância

Estima-se que do total de água existente no mundo, 97,3% estão nos

oceanos, 2,05% congelada e 0,65% potável. Da água potável, cerca de 97,6%

é água subterrânea, onde metade dela está a mais de 800 metros de

profundidade, 1,9% flui em pequenos córregos, rios, e lagos, 0,28% na

umidade de superfície do solo e 0,22% na umidade do vapor atmosférico

(Maynard,1986).

A água, de qualidade, garante por si só um fator crítico de sucesso para

uma boa performance da pecuária leiteira, interferindo em vários processos de

produção como na nutrição, sanidade e na qualidade do leite como um todo.

A água fornecida aos animais deve ser potável, ou seja, adequada nos

aspectos físicos, químicos e microbiológicos. A origem das águas, as

condições na qual ela circula, tais como a natureza dos terrenos, canalizações

e reservatórios, bem como os locais onde ela é consumida tem muita influência

na qualidade da água e no seu produto final, o leite.

Neste contexto, de nada adianta deter a disponibilidade de água se não

existir consciência sobre a importância da manutenção da sua qualidade. Em

geral, águas de superfície são mais difíceis de manter a qualidade do que

águas de poços artesianos.

Os animais podem sobreviver por mais tempo, com a ausência de

qualquer outro nutriente essencial, do que privados do acesso à água. Assim,

toda a restrição de água que venha ocorrer é acompanhada de baixo

desempenho zootécnico.

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Como principal nutriente aos animais, a água mantém o volume normal

de sangue, as funções dos órgãos e sentidos, ajuda na digestão e absorção

dos nutrientes e mantém a funcionalidade do rumem. Na bovinocultura de leite

deve-se ter em mente que se as vacas não bebem água, não produzem leite, e

no momento em que bebem, produzirão mais leite se a água ingerida for de

boa qualidade.

O uso da água nos estabelecimentos leiteiros é de grande importância

não somente do ponto de vista nutricional, mas também nas atividades

relacionadas com o manejo da ordenha e a higienização das instalações e

equipamentos.

2.2 - Qualidade e composição da água

Não existe na natureza a água quimicamente pura, exceto nos

laboratórios. Sua composição e qualidade é muito variável e está determinada

pelo substrato do solo por onde a água transita ou onde está armazenada.

Desta forma, quando se refere aos padrões de qualidade da água, não se

refere a um estado de pureza e sim em condições físico, químicas e biológicas

adequadas ao consumo humano e animal.

Segundo Rimbaud (2003), podemos encontrar na água vários

elementos, entre eles:

• Metais: Sódio, Cálcio, Magnésio, Potássio, Ferro, Manganês, Cobre,

Chumbo, Estrôncio, Lítio, Vanádio, Zinco e Alumínio;

• Não Metais: Cloro, Enxofre, Carbonatos, Silicatos, Nitratos, Nitritos e

Amônio;

• Sais e Óxidos Incrustantes: Carbonato de Cálcio, Cloreto de Cálcio,

Carbonato de Magnésio, Sulfato de Magnésio, Cloreto de Magnésio, Óxido

de Ferro e Óxido de Zinco;

• Sais não Incrustantes: Cloreto de Sódio, Carbonato de Sódio, Sulfato de

Bário e Nitrato de Potássio;

• Gases Dissolvidos: Dióxido de Carbono, Oxigênio, Nitrogênio e Metano.

Do ponto de vista microbiológico, a água pode conter vários

microorganismos contaminantes como Salmonella spp., Vibrio cholera,

Leptospira spp., Escherichia coli, Pseudomonas spp., podendo transportar

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protozoários patogênicos assim como ovos e quistos de vermes intestinais

(Patience,1992). Analisando os aspectos físicos da água, ressalta-se a

temperatura, cor e turbidez como fator diferencial na busca da qualidade. O

calor pode influir na velocidade de algumas reações químicas indesejáveis,

diminuindo sua aceitabilidade pelos animais. Já a turbidez anormal da água é

observada pelo despejo de efluentes de origem urbana, animal ou industrial

que com certeza, terão intercorrências negativas na produção animal.

Outro fator determinante como parâmetro de análise da água, são seus

aspectos químicos. Na averiguação deste critério, devem ser levados em

consideração os sólidos dissolvidos totais (SDT), pH, dureza e a presença de

nitrito, nitrato, arsênio entre outros minerais. A presença de níveis anormais de

nitrato e nitrito na água que em geral são originários de intensa fertilização dos

solos podem acarretar problemas nutricionais aos animais e outras desordens

reprodutivas. À medida que o SDT aumenta a qualidade da água piora,

causando repulsa no consumo de água e perda de desempenho zootécnico. O

pH, estando num intervalo de 6,5 a 8,5 pouco interferirá na qualidade,

entretanto, pode influenciar nas reações químicas envolvidas com o tratamento

da água. Um pH alcalino, prejudica a ação germicida do cloro e um pH ácido

pode comprometer a conservação de tubulações e equipamentos usados na

produção de leite, como também, causar a precipitação de alguns agentes

antibacterianos. Referente aos aspectos da dureza da água, os estudiosos

apontam que este critério não interfere diretamente na saúde animal e sim na

manutenção de tubulações, devido ao acúmulo de cálcio e magnésio nos

sistemas de condução de água (Rimbaud,2003).

2.3 - A qualidade da água associada com a qualidade do leite

A qualidade bacteriológica da água utilizada nas granjas leiteiras tem um

efeito profundo na qualidade do leite produzido. Estudiosos no assunto vem

demonstrando estreita correlação entre a qualidade da água fornecida aos

animais e o surgimento de mastites em bovinos leiteiros, elevando desta forma,

a contagem de células somáticas no leite (CCS). Pesquisas desenvolvidas pelo

Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária – INTA, Argentina, apontam para

uma associação entre níveis elevados de minerais na água, principalmente

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cloro e sódio, com os mesmos minerais na análise do leite e o aumento da

contagem de células somáticas, sendo, portanto, um indicativo da interferência

da água na qualidade do leite (Taverna,2003).

Adams (2004) e Kirk (2003), pesquisando incidências de mastite

provocada por Pseudomonas spp. em rebanhos leiteiros na Pensilvânia e na

Califórnia - EUA, respectivamente, demonstraram que este patógeno está

diretamente associado com o uso da água contaminada, necessitando portanto

de uma desinfecção prévia da água e demais utensílios para o controle de

novas infecções.

Taylor (2004), no Canadá demonstra a interferência da água na

qualidade do leite, apontando a importância que as autoridades canadenses

destacam para este item, obrigando que todas as propriedades rurais devam

utilizar-se somente de água potável para produção de leite.

As propriedades leiteiras que produzem um produto de alta qualidade

deveriam passar, pelo menos uma vez por ano, pelas mesmas provas

bacterianas que se realizam nos sistemas públicos gestores da água potável.

Além das provas elementares para detecção de coliformes, é importante

verificar o surgimento na água de bactérias psicrotróficas como a das famílias

das Pseudomonas, principalmente devido esses patógenos terem sua

multiplicação a baixas temperaturas, dificultando assim o seu controle

(Fonseca, 2000).

Os estabelecimentos rurais envoltos com a produção de leite obtém a

água basicamente sob três maneiras, ou originada em mina, geralmente não

protegida, que através de bomba de recalque a água é conduzida às

instalações e residências para seu consumo ou, através de poços (escavado

ou artesiano) sendo os artesianos, em menor proporção.

Atualmente, observam-se grandes avanços nas técnicas relativas ao

balanceamento de dietas, monitorando a ingestão de matéria seca, verificando

os níveis de energia, fibra, minerais, vitaminas, proteínas e até aminoácidos na

alimentação de vacas de leite. Por outro lado, observa-se também uma certa

desatenção quando o assunto é o fornecimento da água de qualidade na

alimentação dos bovinos, na higienização de instalações, equipamentos de

ordenha ou nos tanques de armazenamento do leite produzido.

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2.4 - A qualidade da água associada à saúde da família rural Estima-se que aproximadamente doze milhões de pessoas morrem

anualmente por problemas relacionados com a qualidade da água (Merten,

2002). No Brasil, os registros do Sistema Único de Saúde (SUS) aponta que

80% das internações hospitalares são devidas a doenças de veiculação

hídrica, ou seja, doenças que ocorrem devido à qualidade imprópria da água

para consumo humano, gerando um custo anual de U$ 2 bilhões (Merten,

2002).

Amaral (2003), comenta em seu trabalho que a água de consumo

doméstico é um dos importantes veículos de enfermidades diarreicas de

origem infecciosa, o que torna essencial a avaliação regular de sua qualidade

microbiológica. As doenças de veiculação hídrica são causadas principalmente

por microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana,

transmitidos basicamente pela rota fecal-oral, ou seja, são excretados nas

fezes de indivíduos infectados e ingeridos na forma de água ou alimento

contaminado por água poluída com fezes.

Trabalho desenvolvido pela Universidade da Água em São Paulo (2003),

relaciona as principais enfermidades causadas pela ingestão de água

contaminada sendo: Cólera, Disenteria Amebiana, Disenteria Bacilar, Febre

Tifóide e Paratifóide, Gastroenterite, Giardíase, Hepatite Infecciosa,

Leptospirose, Paralisia Infantil, Salmonelose.

O risco de ocorrência de surtos de doenças veiculadas pela água é alto

no meio rural, devido à facilidade de contaminação bacteriana de águas

captadas em fontes de abastecimento superficial, muitas vezes próximas de

fontes contaminadoras como fossas e áreas de pastagens com a presença de

animais (Amaral, 2003). O mesmo autor cita que o uso de água subterrânea,

não tratada ou inadequadamente desinfetada foi responsável por 44% dos

surtos de doenças de veiculação hídrica nos Estados Unidos, entre 1981 e

1988. Na Inglaterra, foi possível associar o consumo de água de fonte

subterrânea não tratada ao aparecimento de enfermidades. Os autores

demonstram que, durante o período das chuvas, a infiltração da água de

escoamento de uma pastagem que apresentava fezes de animais, para dentro

da fonte, foi à causa da contaminação. Destacam também que o

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monitoramento periódico da qualidade microbiológica da água e a observação

das medidas de proteção de fontes são medidas muito importantes para a

prevenção de doenças de veiculação hídrica (Bridgman, 1995).

A maioria das doenças nas áreas rurais podem ser consideravelmente

reduzidas desde que a população tenha acesso à água potável. Infelizmente,

um dos maiores problemas das fontes de abastecimento d’água é a falta de um

monitoramento sistemático de sua qualidade física, química e microbiológica.

No Reino Unido, um estudo demonstrou que muitas fontes tinham suas águas

analisadas anualmente ou com menor freqüência, apesar de serem fontes

expostas a grandes riscos de contaminação por se situarem na área rural. O

mesmo estudo, observou que o risco de contrair doenças de veiculação hídrica

pelo consumo de água de fontes particulares era de 22 vezes maior que o

consumo de água oriunda do sistema público de abastecimento (Shepherd,

1997).

No Brasil, verificam-se esforços das autoridades em implementar ações

buscando a qualidade da água consumida à população do meio urbano,

enquanto no meio rural tais ações praticamente são inexistentes. Nos estudos

feitos por Amaral (2003), o mesmo demonstra ser uma postura incorreta

designar o consumidor a controlar a qualidade da água, uma vez que seu

conhecimento quanto aos riscos que a água pode oferecer à saúde é

praticamente inexistente. Por fim, o mesmo pesquisador recomenda um

trabalho intensivo no sentido de efetuar uma vigilância constante a respeito da

qualidade da água utilizada no meio rural, implementando ações que objetivem

o esclarecimento dessa população, visando a mudança de seu comportamento.

2.5 - A qualidade da água associada à qualidade ambiental

O uso e a ocupação do solo pelas explorações agropecuárias provocam

alterações nos processos biológicos, físicos e químicos aos sistemas naturais

(Merten, 2002). Com o monitoramento da qualidade da água, realizado de

forma sistemática, pode-se avaliar as alterações ocorridas em uma bacia

hidrográfica.

O nível de comprometimento da qualidade da água, objetivando o

consumo doméstico, é originário de várias fontes, como os efluentes

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industriais, domésticos e o deflúvio superficial. Os efluentes domésticos, são

constituídos por contaminantes orgânicos, nutrientes e microorganismos,

podendo serem patogênicos. Os poluentes resultantes do escorrimento

superficial (deflúvio) agrícola são constituídos de sedimentos, nutrientes,

agroquímicos e dejetos animais.

Picone (2003), relata a interferência da fertilização intensa nos solos

sobre a qualidade da água e a elevação dos níveis de nitratos e coliformes nas

fontes de abastecimento d’água na Argentina. No Brasil, não existem registros

sobre os impactos que esses produtos geram ao meio ambiente. Nos EUA,

pesquisadores apontam que 50% a 60% da carga de poluentes a rios e lagos

são provenientes da agricultura (Merten,2002).

Merten (2002), adverte que a degradação dos mananciais, proveniente

do deflúvio superficial agrícola ocorre devido ao aumento da atividade primária

das plantas e algas em decorrência do aporte de nitrogênio e fósforo oriundo

das lavouras e da produção animal em regime de confinamento. Com o

excesso de nutrientes nos mananciais, os mesmos comprometem a utilização

para fins de abastecimento em face às alterações no sabor e odor da água ou

a presença de toxinas liberadas pela floração de alguns tipos de algas.

A agricultura intensiva é caracterizada pela utilização de tecnologia,

envolvendo o alto uso de insumos como fertilizantes, herbicidas e inseticidas.

Geralmente, essas áreas são de boa aptidão agrícola e os problemas de

poluição causados pela erosão hídrica ocorrem com menos freqüência quando

comparados aos sistemas menos intensificados. O que se tem verificado é que

nos últimos anos houve uma mudança na maneira de se cultivar o solo,

priorizando a semeadura direta sem o revolvimento do solo. Desta forma, os

problemas de poluição hídrica causados pela erosão vêm sendo reduzidos

significativamente. No entanto, a semeadura direta ainda que seja eficiente no

controle da erosão, pode causar problemas de contaminação da água

subterrânea e superficial (Merten, 2002).

As atividades pecuárias são outra fonte de contaminação dos

mananciais, sendo a suinocultura a merecedora de maior destaque. A

utilização de dejetos de suínos como fertilizantes orgânicos contribuem para a

contaminação dos recursos hídricos quando são manejados de forma

inadequada, ou seja, quando quantidades de esterco são aplicadas num

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volume acima da capacidade do solo e das plantas absorverem os nutrientes

presentes nos resíduos.

Como sugestão para redução dos impactos causados ao meio ambiente

e, principalmente, a preservação da qualidade da água, Merten (2002)

recomenda a redução do deflúvio superficial, a redução do uso de

agroquímicos e o manejo adequado de efluentes produzidos pelos sistemas de

criação de animais em confinamento.

3- Material e Método

Este trabalho buscou informações preliminares da qualidade da água em

10 propriedades dum total de 180 existentes. As propriedades foram

selecionadas ao acaso, levando em consideração o volume de produção por

dia e a forma de captação da água utilizada no sistema de produção. Desta

forma, foram escolhidas 03 propriedades com volume de leite de até 200 litros

por dia, 05 propriedades com produção diária de até 600 litros e 02

propriedades com produção de leite superior a 600 litros ao dia.Com relação ao

tipo de captação de água, selecionou-se 02 propriedades que se utilizam de

poço artesiano, 03 propriedades que usam água proveniente de mina e por

último, 05 propriedades que utilizam águas oriundas de poço escavado. Todas

as propriedades estão localizadas no município de Carambeí, Estado do

Paraná.

3.1- Coleta de amostras de água e análises

Nessas propriedades, foram coletadas amostras de água na fonte (mina

ou poço) e no ponto final da água a ser utilizada nas atividades de produção.

As amostras foram acondicionadas em recipientes plásticos em meio

isotérmico (com gelo), devidamente identificadas com o nome de cada produtor

e transportadas ao laboratório da Sanepar em Ponta Grossa - PR.

Para conhecer a qualidade da água utilizada na produção de leite, foram

realizados exames laboratoriais para os parâmetros físico-químicos (pH,

nitrato, nitrito, arsênio, sólidos dissolvidos totais, dureza total, turbidez e cor) e

microbiológicos (coliforme total, coliforme fecal e pseudomonas).

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Quanto ao método de análise, todos os exames laboratoriais executados

pela Sanepar são fundamentados no Standard Methods (APHA,1992). Para as

análises microbiológicas, foi usado o método de membrana filtrante com

formação de meio de cultura específica. Nos exames físico-químicos foi

utilizado o peagâmetro para indicação do pH da água, o turbidímetro indicando

o grau de turbidez das amostras, a titulação como indicador de dureza, o

método de evaporação para determinação dos sólidos dissolvidos totais, e a

espectrofotometria para determinação de nitratos, nitritos e arsênio.

Neste trabalho, também foi aplicado junto as 10 propriedades estudadas,

um questionário de caráter qualitativo e quantitativo objetivando identificar as

condições das fontes de abastecimento, o manejo do solo, a destinação das

águas, dejetos, e efluentes como também, perceber junto ao produtor sua

opinião a respeito da água destinada ao consumo familiar.

Pelo pequeno número de amostras, não foi planejado a realização de

análise estatística, sendo feita somente a análise comparativa entre as

amostras.

4 – Resultados

4.1- Análise do uso da água nas propriedades estudadas

4.1.a - Formas de captação das águas

Foi identificado que os produtores de leite utilizam-se de 3 maneiras

diferentes para obtenção da água, ou seja, na forma de mina d’água, poço

escavado (revestido com tijolos) ou poço artesiano.

Para os produtores que se utilizam das águas de mina (03 propriedades

ou 30%), ficou constatado que estes mananciais estão bastante vulneráveis a

ação de contaminantes devido ao escorrimento superficial provocado pelas

chuvas, conduzindo portanto resíduos agrícolas (agrotóxicos / fertilizantes),

dejetos e efluentes gerados pelo sistema de produção de leite. Outra evidência

constatada é a falta de cobertura vegetal necessária para a devida proteção e

manutenção desta fonte de abastecimento.

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Para os poços escavados (05 propriedades ou 50%), os mesmos

possuem tampa de concreto, estão cercados com arame farpado, possuem

proteção interna de alvenaria e escavados a uma profundidade variando de 2,5

a 10,0 metros. Alguns poços (04) estão localizados abaixo do nível das

residências dos produtores e no meio das pastagens, favorecendo assim, a

interferência de contaminantes, pois ainda são considerados águas

superficiais.

Os poços artesianos (02 propriedades ou 20%) estão presentes nas

propriedades com maior volume de leite, cuja profundidade variou de 150 a 180

metros. A perfuração do poço menos profundo foi realizada no meio das

pastagens, existindo uma proteção precária de 03 fios de arame farpado. O

poço de maior profundidade foi perfurado no mês de Janeiro de 2004,

localizado num bosque de eucalipto.

4.1.b - Destino das águas utilizadas

Verifica-se que a maioria dos estabelecimentos rurais envolvidos (07

propriedades ou 70%) possuem somente um reservatório d’água, na qual

divide a água a ser usada no abastecimento familiar e no consumo da sala de

ordenha. Com este cenário, aponta para a necessidade do produtor rural ter

acesso a uma água de muito boa qualidade. Somente 03 propriedades

possuem reservatório d’água exclusivo ao consumo doméstico.

4.1.c - Destino dos efluentes

Foi identificado que as águas utilizadas nos locais de ordenha possuem

dois destinos. A maioria das propriedades (60%) as águas escorrem pela

superfície do estábulo e do solo, sem qualquer estratégia de armazenamento.

O outro destino das águas é verificado nas quatro propriedades restantes

(40%), onde possuem local específico para estocagem das águas residuais.

Nas propriedades estudadas, todas possuem fossas assépticas para

acondicionamento dos resíduos domésticos.

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4.1.d - Histórico do uso do solo

A região na qual estão inserida as propriedades, usa intensivamente

tecnologias de produção agrícola, principalmente fertilizantes (químicos e

orgânicos) e agroquímicos. Nos anexos deste trabalho (Anexo 1-item 04), está

representado de forma sucinta a ocupação do solo por lavouras de estação

quente (milho para silagem) e de estação fria (aveia e azevém). Este sistema

está presente em 100% das propriedades analisadas. O uso intensivo e

continuado de insumos agrícolas poderiam ter influenciado fortemente a

qualidade da água utilizada no consumo humano e animal. Os resultados das

análises químicas da água, realizados pela Sanepar, não indicaram níveis

tóxicos de nenhum elemento (Anexo 02).

4.1.e - Qualidade da água na visão dos produtores

Todos os produtores questionados não mencionaram problemas com a

qualidade da água consumida (Anexo 01 – item 05). Em oito propriedades

(80%), os produtores afirmaram que a água era de boa qualidade e em duas

propriedades (20%), os produtores afirmaram que a qualidade da água era

ótima. Nenhum produtor se baseou em informações laboratoriais para justificar

sua posição em relação a água de consumo. Existem produtores que se

utilizam destas águas a mais de 30 anos sem conhecer se a água utilizada está

em conformidade com os padrões de potabilidade.

4.2- Análise dos resultados laboratoriais 4.2.a - Padrão de potabilidade da água no Brasil

O Ministério da Saúde normatiza o padrão de potabilidade da água através

da portaria n.º 1469 de 2000. A Universidade da Pensilvânia nos EUA,

estabeleceu em 2004, limites dos componentes físico – químicos e

microbiológicos aceitáveis ao sistema de produção de leite. Estas informações

estão disponíveis na tabela abaixo.

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Tabela 1- Padrões de potabilidade da água estabelecido pela portaria do

Ministério da Saúde e os limites que causam interferências ao sistema de

produção de leite, elaborado pela Universidade da Pensilvânia – EUA, 2004.

PADRÃO RECOMENDADO POSSÍVEIS PROBLEMAS NO LEITE

pH: 6,0 – 9,0 Abaixo de 5,1 ou acima de 9,0 Cor: 15,0 (uH) Não limitante a produção

Nitrito(NO2): 1,0 mg/l Acima de 4,0 mg/l Nitrato(NO3): 10,0 mg/l Acima de 100,0 mg/l

Turbidez: 5,0 (NTU) Não limitante a produção Sólidos Dissolvidos Totais: < 500 mg/l Acima de 3.000 mg/l

Arsênio (As): 0,01 mg/l Acima de 0,20 mg/l Dureza Total: 250 mg/l Acima de 300 mg/l

Coliforme Total: AUSENTE Acima de 1 UFC/ ml Coliforme Fecal: AUSENTE Acima de 1 UFC/ml

Pseudomonas: < 1,0 UFC/ml Acima de 1,0 UFC/ml Fonte: Portaria 1469 – Ministério da Saúde – 2001

Fonte: Pennsylvania State University - 2004

4.2.b - Parâmetros físico-químicos das águas analisadas:

pH: Conforme já observado na revisão deste trabalho, o pH estando

alterado poderá impedir a ação de sanitizantes, como também, danificar as

tubulações e equipamentos nas salas de ordenha. Para este item, cinco

propriedades (50%) apresentaram pH fora dos padrões de potabilidade (Tabela

01 - pH abaixo de 6,0) sendo três para águas originadas de poço escavado,

uma para água de poço artesiano e uma para água de mina. As análises

demonstraram que o pH mais baixo foi 5,0 e o mais elevado foi 6,4 (Anexo 02).

Cinco propriedades apresentaram pH acima de 6,0 e portanto, dentro dos

padrões de potabilidade supra mencionado. As águas oriundas de poço

escavado apresentaram 60% de alteração em relação as demais formas de

captação. Este parâmetro, foi o único que apresentou alteração nos exames

laboratoriais.

Nitrito, Nitrato e Arsênio: A presença em níveis tóxicos de nitrito, nitrato e

arsênio na água a ser utilizada na bovinocultura de leite, poderão interferir nos

processos digestivos e reprodutivos dos bovinos. A presença de nitrito nos

exames laboratoriais basicamente variou entre 0,002 mg/l a 0,005 mg/l, com

exceção de uma propriedade que apresentou, na origem, o valor de 0,66 mg/l.

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Os níveis de nitrito detectados não configuram presença tóxica deste elemento

(vide Tabela 01). Com relação a presença de nitrato nos exames laboratoriais,

os mesmos demonstraram variação entre zero a 2,10 mg/l, não caracterizando,

também, prejuízos a potabilidade da água (vide Tabela 01). As análises

visando detectar a presença de arsênio, demonstraram valores entre zero (09

propriedades) a 0,0004 mg/l. Da mesma forma que os elementos anteriores,

não foi presenciado níveis de toxidez para arsênio, conforme demonstrado na

Tabela 01.

Dureza Total: A dureza da água estando em desacordo com os padrões

de potabilidade, poderá danificar as tubulações onde a água transita, devido ao

acúmulo de minerais (cálcio e magnésio). As análises laboratoriais

apresentaram níveis variando de menor que 1,0 mg/l a 35,0 mg/l,

caracterizando um perfil para água mole permanecendo dentro dos padrões de

potabilidade (vide Tabela 01).

Cor e Turbidez: As análises laboratoriais para examinar a cor e turbidez

da água, são parâmetros que indicam a presença de poluentes ou não nos

mananciais. Neste trabalho, os exames apresentaram níveis variando entre 2,5

a 13 uH e 0,27 a 2,56 NTU, respectivamente. Com esses valores, podemos

afirmar que as águas analisadas estão em conformidade com os padrões de

potabilidade definido pelo Ministério da Saúde (Portaria Nº.1469/2000).

Sólidos Dissolvidos Totais (SDT): Conceitualmente o SDT quantifica a

soma de matéria inorgânica dissolvida em uma amostra d’água, ou seja quanto

maior for o SDT pior é a qualidade da água (Patience,1992). Nas análises

laboratoriais realizadas o SDT variou entre 9,0mg/l a 87mg/l, estando portanto

dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pelo órgãos oficiais.

4.2.c - Parâmetros microbiológicos das águas estudadas:

Coliformes Totais: As propriedades que captam águas oriundas de mina,

em 100% destas granjas os exames laboratoriais detectaram a presença

destes microorganismos, tanto na fonte de abastecimento (variação entre 4,0 a

53,2 ufc/ml) como no ponto final (variação entre 0,4 a 36,8 ufc/ml). Para as

águas de poço escavado, foram observados quatro (80%) propriedades

detectando a presença na fonte de abastecimento (variação entre zero a 69,6

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ufc/ml) e cinco (100%) propriedades detectando a presença no ponto final

(variação entre 2,4 a 16,4 ufc/ml). Nas propriedades que captam águas de

poço artesiano, apenas uma foi observado a presença deste contaminante no

ponto final (0,4ufc/ml), provavelmente devido a falta de limpeza na caixa d’água

(Anexo 02).

Coliformes Fecais: Nas propriedades que utilizam água de mina, 100%

destas foram detectados a presença destes microorganismos na fonte de

utilização (variação entre 2,8 a 17,2 ufc/ml) e apenas uma (33%) propriedade,

observou-se a presença do contaminante no ponto final (13,6 ufc/ml). A lógica

do resultado deveria apresentar contaminações em 100% nos exames da água

coletados no ponto final, tendo em vista que na origem, detectou-se 100% de

presença deste contaminante. Esta situação demonstra a necessidade de

realizar-se um maior número de amostras para cada análise laboratorial,

visando a eliminação de possíveis interferências. Nas águas de poço

escavado, observou-se que três (60%) propriedades apresentaram sinais deste

contaminante na fonte de utilização (variação entre zero a 33,6 ufc/ml) e três

(60%) propriedades apresentaram contaminação no ponto final (variação entre

zero a 7,6 ufc/ml). As propriedades que possuem poço artesiano em nenhuma

delas detectou-se a presença deste contaminante.

Pseudomonas: Para as águas oriundas de mina, todas as propriedades

foram detectados a presença deste contaminante, sendo três (100%)

propriedades na fonte de utilização (variação entre 11,0 a 59,0 ufc/ml) e duas (

67%) propriedades no ponto final (variação entre zero a 29,0 ufc/ml). Nas

propriedades que se utilizam as águas de poço escavado, 100% dos

estabelecimentos rurais os exames indicaram a presença deste patógeno nas

fontes de utilização (variação entre 20,0 a 101,0 ufc/ml) como também nos

pontos finais (variação entre 1,0 a 40,0 ufc/ml). As águas originadas de poço

artesiano, em somente uma propriedade foi detectado a presença deste

contaminante, tanto na sua origem(4,0 ufc/ml) como no ponto final (1,0 ufc/ml).

Com estas informações, ficou constatado que existem problemas

bacteriológicos com relação a qualidade da água utilizada, principalmente as

águas mais superficiais como as de mina e poços escavados, tanto na sua

origem como no ponto final de utilização. O patógeno do gênero Pseudomonas

spp., foi detectado em nove propriedades (90%), inclusive em águas mais

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profundas. É importante ressaltar que este contaminante, utiliza a água como

seu principal veinculante de contaminação aos sistemas de produção de leite,

gerando mastites e demais prejuízos com os sólidos contidos no leite. A

gravidade do problema se acentua por se tratar de microorganismo

psicrotrófico, tendo no ambiente dos tanques de expansão, um meio ótimo para

sua proliferação (Britten,2003).

Outra situação merecedora de maiores cuidados, é a presença de

coliformes, principalmente os de origem fecal na água utilizada para consumo

humano, pecuário e para desinfecção de utensílios de ordenha e

armazenamento do leite produzido. Os microorganismos estudados, são

sensíveis a ação de produtos clorados, devendo o produtor de leite ficar atento

ao manejo destes produtos, pois o cloro é inerte na presença de qualquer

resíduo orgânico, ou seja, no momento da higienização dos equipamentos em

que o leite transita, em nenhuma hipótese pode haver presença de líquidos

residuais por exemplo, o próprio leite.

5- Conclusão

Nas condições em que foi realizado este trabalho piloto pode-se concluir:

1. Os resultados laboratoriais demonstram que em 100% das

propriedades rurais analisadas, a qualidade da água está aquém dos

padrões de potabilidade, definidos pelo Ministério da Saúde, e portanto

inapta ao consumo humano;

2. As famílias estão destinando ao consumo doméstico água fora

dos padrões bacteriológicos definidos pelos agentes governamentais

desconhecendo o problema e suas conseqüências;

3. As análises químicas da água para nitrito, nitrato ou arsênio estão

dentro da normalidade, indicando que não houve contaminação das águas

em decorrência do uso intensivo de insumos agrícolas;

4. Das propriedades analisadas, 60% não dispõem de sistemas

adequados para armazenamento de efluentes e dejetos gerados pela

atividade leiteira, contribuindo desta maneira para contaminação das fontes

de abastecimento;

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5. Ficou evidenciado neste trabalho que, principalmente, as águas

superficiais, do modo que se apresentam hoje, estão bastante vulneráveis a

ação de contaminantes físicos, químicos e microbiológicos;

6. É recomendável a elaboração de estratégias técnicas visando o

manejo adequado de dejetos e a preservação / proteção das fontes de

abastecimento d’água, nas propriedades rurais;

7. Os resultados deste trabalho indicam a necessidade da

elaboração de um plano de manejo ambiental, envolvendo ações integradas

ao manejo do solo e suas bacias hidrográficas;

8. Pela interferência que a qualidade da água gera ao sistema de

produção de leite e na saúde da família rural, faz-se necessário estudos

mais abrangentes, envolvendo um maior número de propriedades rurais.

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MINISTÉRIO DA SAÚDE – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-Resolução - RDC N.º 54, de 15 Julho de 2000. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Água Mineral Natural e Água Natural. Diário Oficial da União, Brasília, 2000 – http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2000/54-00rdc.htm acesso em 05/05/2004. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria N.º 1469 de 29/12/2000. Normas e padrões de potabilidade da água para consumo humano. Diário Oficial da União, Brasília, 2001. PATIENCE,J.F. La calidad del agua puede ser un factor de rendimiento. Pig World, Inc. St. Paul,M.N. – USA, 1992. PICONE, L.I.; ANDREOLI, Y. E.; COSTA, J.L.; APARICIO, V.; CRESPO,L.; NANNINI, J.; TAMBASCIO, W.. Evaluación de nitratos y bacterias coliformes en pozos de la cuenca alta del arroyo pantanoso. Revista de Investigaciones Agropecuarias, Buenos Aires, Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria, 2003,vol. 32 - http://www.inta.gov.ar acesso em 12/12/2003. RIMBAUD, E. Patologias determinadas por la composición y calidad del agua de bebida en animales de produción. IICA - Montevideo,2003, http://www.iica.gov.uy acesso em 09/07/2003. SHERPHERD, K.M. et al. Private water supplies and the local authority role: results of Union King National survey. Water Sci Technol – Union King,1997; 35: 41 – 5; TAVERNA, M.A.; CUATRIN,A L.; CHARLON, V.; CHÁVEZ, M.S.; PÁEZ,R.B.. Reación entre la calidad del agua disponible en tambos y el recuento de células somáticas en la leche com la concentración de cloro y sodio de la misma. Anuario de 2002, Buenos Aires, Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria, http://www.inta.gov.ar acesso em 12/12/2003. TAYLOR, V. The importance of water quality to your batton line. Ministry of Agriculture and Food – Ontario - Canada. http://www.gov.on.ca/omafra... acesso em 05/05/2004. UNITED STATES PHARMACOPEIA. Microbiological limits test. U. S Pharmacopeia, 26 th, 2000, Ed. United States Pharmacopial Convencion, Rockville, MD UNIVERSIDADE DA ÁGUA. Qualidade das Águas. São Paulo, 2003 http://www.uniagua.org.br acesso em 12/12/03.

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ANEXOS

Anexo 1 – Informações adicionais das propriedades

Para conhecer as condições onde a água é captada, foram aplicados

questionários nas propriedades selecionadas, conforme descrito abaixo.

1) Formas de Captação

Produtor Poço com proteção

interna Poço artesiano Mina

Sim Não

Profund. Sim

Não

Profund. Sim

Não

Profund.

01 XX 180 02 XX 150 03 XX 8,5 04 XX 05 XX 10,0 06 XX 2,0 07 XX 08 XX 5,0 09 XX 2,5 10 XX

2) Destino das águas utilizadas

Para os animais Para uso doméstico Produtor

es Caixa

exclusiva

Caixa conjunt

a

Bebedouros

Caixa exclusiv

a

Água encanad

a

Cx.Conjun.

Poço escavad

o 01 XX XX XX 02 XX XX 03 XX XX 04 XX XX 05 XX XX 06 XX XX 07 XX XX 08 XX XX 09 XX XX 10 XX XX

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3) Destino final dos efluentes

Para os animais Uso doméstico Produtores Lagoa Horta Escore na

superfície Fossa Fossa Céu aberto

01 XX XX 02 XX XX 03 XX XX 04 XX XX 05 XX XX 06 XX XX XX 07 XX XX XX 08 XX XX 09 XX XX 10 XX XX 4) Histórico do uso do solo nas propriedades

Produtor

es Descrição sucinta

01 Milho, soja, mandioca salsa e azevém, usando adubação química e orgânica

02 Milho, soja , azevém, usando adubação química 03 Aveia e azevém, usando adubação química e orgânica 04 Aveia e azevém, usando adubação química e orgânica ( esterco de

frango) 05 Milho, aveia e azevém, usando adubação química e orgânica 06 Milho, alfafa, aveia e azevém, usando adubação química e orgânica 07 Milho, aveia e azevém, usando adubação química 08 Milho, aveia e azevém, usando adubação química 09 Milho, aveia e azevém, usando adubação química e orgânica (

esterco de peru) 10 Milho, aveia, alfafa e azevém

5) Depoimento dos produtores sobre a água de bebida Produtor Ótima Boa Regular Péssima

01 XX 02 XX 03 XX 04 XX 05 XX 06 XX 07 XX 08 XX 09 XX 10 XX

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Anexo 2 – Resultados da qualidade da água analisada pela Sanepar

Produtor: 01 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

6,0 5,0 0,005 0,92 2,56 58,5 Zero 5,0 Zero Zero Zero

Final 6,2 3,0 0,002 0,21 1,51 15,5 Zero 5,0 0,40 Zero Zero

Produtor: 02 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

5,5 2,5 0,004 0,31 0,43 9,0 0,0002

3,0 Zero Zero 4,00

Final 5,7 2,5 0,005 0,29 0,36 16,5 0,0004

4,0 Zero Zero 1,00

Produtor: 03 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

5,5 2,5 0,004 0,32 0,41 37,5 Zero 11,0 6,80 2,40 63,00

Final 6,1 2,5 0,002 0,16 0,51 49,0 Zero 13,0 5,20 0,80 40,00

Produtor: 04 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

6,1 2,5 0,002 0,45 0,35 28,0 Zero 18,0 51,20 2,80 14,00

Final 6,4 2,5 0,002 0,63 0,38 40,0 Zero 12,0 0,40 Zero Zero

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Produtor: 05 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

5,1 2,5 0,003 2,10 0,81 62,5 Zero 11,0 4,40 Zero 66,00

Final 5,0 2,5 0,003 0,14 0,37 67,0 Zero 10,0 8,40 2,80 35,00

Produtor: 06 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

6,2 7,0 0,004 0,27 1,91 17,5 Zero 5,0 69,60 33,6 101,0

Final 6,4 3,0 0,004 0,15 1,60 26,5 Zero 5,0 16,40 7,60 23,00

Produtor: 07 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

6,5 2,5 0,005 0,77 0,62 64,5 Zero 21,0 53,20 17,20 59,00

Final 6,7 2,5 0,004 1,04 0,56 87,0 zero 35,0 36,80 13,60 29,00

Produtor: 08

Ponto pH Cor uH

Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.Mg/l

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

5,7 2,5 0,004 1,5 0,53 35,5 Zero 8,0 28,40 0,40 35,00

Final 6,2 2,5 0,002 0,80 0,56 54,0 Zero 17,0 10,40 Zero 1,00

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26

Produtor: 09 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

Mg/l

Durez

Mg/l

Coli T

Ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

6,0 12,0 0,004 0,31 2,14 20,0 Zero 8,0 Zero Zero 20,00

Final 6,4 13,0 0,004 0,54 2,33 28,0 Zero 14,0 2,40 Zero 19,00

Produtor: 10 Ponto pH Cor

uH Nitrit. Mg/l

NitratMg/l

Turb.NTU

SDT Mg/l

Arsen

mg/l

Durez

mg/l

Coli T

ufc/ml

Coli F

Ufc/ml

Pseud

Ufc/ml

Origem

5,6 2,5 0,66 Zero 0,42 16,0 Zero < 1,0 4,00 4,00 11,00

Final 6,3 2,5 0,001 0,82 0,27 28,5 Zero 15,0 1,60 Zero 10,00