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RSP 519 Revista do Serviço Público Brasília 63 (4): 519-539 out/dez 2012 Análise da relação principal- agente nos regimes próprios de Previdência Social: o caso do Agros Caio César de Medeiros Costa; Alan Antunes Vieira Macabeu e Marco Aurélio Marques Ferreira Introdução A questão previdenciária no Brasil apresenta-se, desde o fim da década de 1980, como o cerne de inúmeras discussões que envolvem finanças públicas do País. Entre os vários motivos que elevaram a previdência a esse patamar, encontram-se os crescentes déficits, quer sejam os enfrentados pelo próprio Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), criado a partir da edição da Lei n o 8.029/1990, quer sejam aqueles arcados pelos regimes previdenciários dos servidores públicos. Ademais, há que se considerar tais fatos em associação a um histórico quadro de desigualdades e diferenças de direitos e regras. Fatos estes que fizeram com que esse tema ocupasse uma posição de destaque na agenda político-econômica do País (ZYLBERSTAJN, 2005). De acordo com o INSS (2009), a previdência social é um seguro que garante a renda do contribuinte e de sua família em casos de doença, acidente, gravidez,

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Caio César de Medeiros Costa; Alan Antunes Vieira Macabeu e Marco Aurélio Marques Ferreira

Análise da relação principal-agente nos regimes próprios

de Previdência Social:o caso do Agros

Caio César de Medeiros Costa; Alan Antunes Vieira Macabeu eMarco Aurélio Marques Ferreira

Introdução

A questão previdenciária no Brasil apresenta-se, desde o fim da década de

1980, como o cerne de inúmeras discussões que envolvem finanças públicas do

País. Entre os vários motivos que elevaram a previdência a esse patamar,

encontram-se os crescentes déficits, quer sejam os enfrentados pelo próprio

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), criado a partir da edição da Lei

no 8.029/1990, quer sejam aqueles arcados pelos regimes previdenciários dos

servidores públicos.

Ademais, há que se considerar tais fatos em associação a um histórico quadro

de desigualdades e diferenças de direitos e regras. Fatos estes que fizeram com

que esse tema ocupasse uma posição de destaque na agenda político-econômica

do País (ZYLBERSTAJN, 2005).

De acordo com o INSS (2009), a previdência social é um seguro que garante a

renda do contribuinte e de sua família em casos de doença, acidente, gravidez,

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prisão, morte e velhice. Oferece váriosbenefícios que, juntos, garantem tranqui-lidade quanto ao presente e em relação aofuturo, assegurando um rendimento seguro.

A previdência se destaca como sendouma das mais importantes políticaspúblicas do Brasil. Essa política é impor-tante para o País, pois, se não houvesse,34% dos idosos urbanos figurariam entreos 10% mais pobres do País em 2008; noentanto, devido às transferências previden-ciárias e assistenciais, os aposentadosconcentram-se nos 50% superiores daescala de distribuição de renda, em queestão 79% dos beneficiários. No perímetrorural, a situação é semelhante: caso nãohouvesse a previdência rural, 39,4% dosaposentados comporiam o grupo dos 10%mais pobres; no entanto, o pagamentoregular de benefícios previdenciários naárea rural faz com que quase a metade dosaposentados rurais (47,7%) encontre-seentre o 5o e o 7o decil da distribuição derenda, ou seja, nos 30% acima da metadeda escala (INSS, 2009).

Entretanto, especificamente no casobrasileiro, a ocorrência dos mais variadosproblemas relacionados à questão da previ-dência, aliados à falta de transparência,contribuiu para que a confiança dos contri-buintes no sistema de previdência socialse tornasse cada dia menor.

Com isso, percebe-se a importância daemergência de mecanismos que garantam,ou facilitem, aos usuários dos planos deprevidência o controle das finanças dosinstitutos responsáveis por lhes prover aaposentadoria. Nesse sentido, ações foramrealizadas, destacando, entre elas, a criaçãodo Cadastro Nacional de InformaçõesSociais (CNIS), que tem, entre outros obje-tivos, o de dar transparência às informaçõesacerca da previdência, conforme dispostono sítio eletrônico da Dataprev (2010),

vinculada ao Ministério da PrevidênciaSocial do governo federal.

A criação de mecanismos, como oscitados anteriormente, contribui paradiminuir o impacto negativo de erros deestratégia e gestão sobre a imagem da previ-dência social frente ao contribuinte. Ésalutar que assim ocorra, uma vez que, noPaís, vários são os institutos de seguridadesocial, conforme dados do Ministério daPrevidência Social, publicados em seuAnuário Estatístico da Previdência Social(2008). Entre esses institutos, algunsapresentam situação diferenciada quandocomparados à realidade da Previdência noPaís; em especial o Instituto UFV (Univer-sidade Federal de Viçosa) de SeguridadeSocial (Agros), que se caracteriza comoentidade de previdência privada fechada,e que se constitui sob a forma de socie-dade civil pela Universidade Federal deViçosa (UFV), cujo objetivo é suplementaras prestações asseguradas pela previdênciaoficial aos grupos familiares dos empre-gados dos patrocinadores, e promover obem-estar social dos seus destinatários. OInstituto apresenta, de acordo cominformações oriundas da própria insti-tuição, uma situação financeira sólida(AGROS, 2012).

Além da questão financeira, outrasações são realizadas com o intuito deproporcionar ao participante do Agrosmaior confiança no regime de previdênciaestabelecido via estatuto, a saber: o regimede previdência complementar. Destacam-se, entre essas ações, a transparência emrelação às informações, a proximidade entreinstituto e participante, e demais ações quevão ao encontro dos princípios da gover-nança e da accountability.

Tomando como base as consideraçõesacima, identifica-se a importância de severificar, sob a ótica do participante, os

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níveis de transparência de gestão adminis-trativa do Agros e a confiança em relaçãoao regime de previdência do qual fazemparte. Ressalta-se a relevância da verificaçãoquanto aos efeitos dessa transparência emrelação à confiança do contribuinte nosaspectos relacionados principalmente à suaaposentadoria. Este estudo servirá aindacomo um norteador das ações desses tiposde instituto e também do sistema de previ-dência social do País, dada a importânciadesses institutos e de sua contribuição parao sistema.

O presente artigo está estruturado emcinco seções. Além da seção introdutória,apresenta-se a seção com o referencialteórico; este, por sua vez, aborda a questãoda previdência social no Brasil, Teoria daAgência e accountability e relação de con-fiança. A seção seguinte apresenta os proce-dimentos metodológicos que possibili-taram a realização da análise; na outraseção, encontram-se os resultados obtidoscom a pesquisa; e, por fim, são feitas asconsiderações finais.

Previdência social no Brasil

De acordo com Silva (2009), a previ-dência social no Brasil, assim como na maiorparte do mundo, teve início privativo, volun-tário, mediante a formação dos primeirosplanos mutualistas. A previdência social podeser entendida como um seguro (seguridadesocial). Paga-se (hoje) para se obter (amanhã)um retorno em forma de benefícios finan-ceiros. Com isso, garante-se a conservaçãodo ordenamento, parcial ou integral, após operíodo laboral (LIMA, 2006).

O marco inicial da legislaçãoprevidenciária no Brasil, de acordo comBeltrão et al. (2000), foi a Lei Eloy Chaves,editada em 1923. Conforme o dispostonessa legislação, a cobertura seria

inicialmente restrita a uma parcela dosempregados urbanos de certas companhias,sendo paulatinamente estendida a outrosgrupos: empregadores, autônomos, empre-gados domésticos, trabalhadores rurais etc.

No plano constitucional, deixava-se oestágio da assistência pública para adentrarna era do seguro social. Não poderia serdiferente, uma vez que em todo o mundo,mesmo em sociedades industriais maisavançadas, não se tinha afastado a concep-

ção do seguro social. Nem mesmo o SocialSecurity Act norte-americano, impulsionadorda mudança de concepção do seguro social,havia sido concebido, já que data de 1935(PEREIRA JÚNIOR, 2005).

Foi com a promulgação da Constitui-ção Federal de 1988, marco da objetivaçãodemocrática e social do Estado brasileiro,que se tratou de alargar o tratamento

“O contatodireto entreparticipantes einstituto secaracterizacomo um dosprincipais meiosde se aumentara confiançapor parte dosparticipantesem relaçãoao Agros.”

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constitucional dado à previdência social,dispondo pela primeira vez do termo“seguridade social”, como um conjunto deações integradas envolvendo saúde, assis-tência e previdência social.

A seguridade social é uma técnicamoderna de proteção social, que se buscaimplementar em prol da dignidade dapessoa humana. As suas diversas facetas,quais sejam, a assistência, a saúde e a previ-dência social, no sistema de seguridadesocial, deveriam atuar articulada e integra-damente, mas percebe-se a existência deuma nítida separação no respectivo campode atuação, extraída do próprio texto consti-tucional (PEREIRA JÚNIOR, 2005).

Há de se salientar, portanto, que, desdeo início de suas atividades, vários foram osproblemas referentes à questão previ-denciária no Brasil, entre os quais se podemelencar desde os crescentes déficits à faltade equidade nos benefícios. Como conse-quência, tais dificuldades se apresentaramcomo estopim para reformas previdenciáriasrealizadas, as quais culminaram na criaçãode mecanismos, no intuito de romper comessas mazelas relacionadas à previdência eapresentar a resposta social ansiada.

Segundo Lima (2006), as reformas daprevidência começaram a ocorrer no Brasilem dezembro de 1998, por meio da EmendaConstitucional no 20, a qual visava a rompercom a cultura patrimonialista vigente ebuscava estabelecer um novo modelo a serimplementado na previdência social; a partirde então, a aposentadoria seria compreen-dida como o resultado de uma contrapartidacontributiva, a qual deveria ser calculadacom base em preceitos que assegurassem oequilíbrio financeiro e atuarial do regime:reforma seguida de mais duas, a saber, nosanos de 2003, a partir da edição da EmendaConstitucional no 41, e, em 2005, com a edi-ção da Emenda no 47.

Além das reformas supracitadas,podem-se enumerar outros mecanismoscriados de modo a corrigir as questões rela-cionadas ao tema previdenciário. Entre estes,destacam-se os planos de previdência com-plementar que foram criados de modo agarantir o rendimento do trabalhador naaposentadoria, diminuindo a defasagementre o valor recebido na ativa e o valor dosproventos oriundos da previdência.

Nesse sentido, alguns planos de previ-dência complementar se caracterizam comofundos de pensão operados pelas entidadesfechadas de previdência complementar,juridicamente sem fins lucrativos, criadosa partir do vínculo entre empresas e traba-lhadores. Tal sistema conta com mais de 2milhões de participantes ativos e assistidos,vinculados a fundos de pensão, detentoresde uma poupança previdenciária de aproxi-madamente R$ 200 bilhões. Trata-se aindade um número pequeno de pessoas e derecursos, se levado em conta o potencialexistente (BRASIL, 2003).

Entre as várias vantagens relacionadasaos fundos de pensão operados por enti-dades fechadas de previdência comple-mentar, ligadas a classes profissionais espe-cíficas ou a trabalhadores ligados a umamesma organização, encontra-se:

O aproveitamento da identidade degrupo (vínculo associativo) para umafinalidade previdenciária tem inúmerasvantagens, entre elas o estreitamento darelação entre a direção dessas entidadese seus associados, custos de adminis-tração menores, incentivos fiscais emaior rentabilidade – já que, nos fundosde pensão fechados, todo o ganhoobtido com as aplicações das contri-buições é revertido exclusivamente aosparticipantes do plano previdenciário(BRASIL, 2003, p.7).

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Pelo exposto, nota-se como a questãoprevidenciária, principalmente no Brasil,ganha vulto à medida que as disparidadesaumentam e, com estas, surgem novasmedidas com vistas a saná-las. Não há dese perder, entretanto, o foco primordial,que se encontra na relação existente entreaquele que necessita buscar o auxílioprevidenciário, e aquele que presta esseserviço.

Teoria da Agência

A Teoria da Agência procura entendere explicar os fatos e conflitos que possamadvir da relação entre dois, ou mais, indi-víduos. Conforme Hendriksen & Breda(1999), “um desses dois indivíduos é umagente do outro, chamado de principal –daí o nome de teoria de agency. O agentecompromete-se a realizar certas tarefas parao principal e este se compromete a remu-nerar o agente”.

Supõe-se, então, que o agente tomedecisões que visem aos interesses do prin-cipal; no entanto, de acordo comEisenhardt (1989), principal e agente estãovinculados em um comportamentocoorporativo, mas possuem diferentes obje-tivos e diferentes atitudes com relação aorisco do negócio.

No mesmo sentido, caminhando pelaTeoria dos Contratos, Jensen e Meckling(1976) definem uma relação de agênciacomo: “um contrato pelo qual uma ou maispessoas contrata outra pessoa, ou outras,para executar algum serviço em seu favor,e que envolva delegar, ao agente, algumaautoridade de tomada de decisão”.

Cumpre ressaltar que a Teoria de Agên-cia, ao salientar a relação entre principal eagente, não se refere unicamente à relaçãoentre proprietário/acionista e administra-dores/gestores. Logo, tal relação pode ser

estabelecida entre diversos tipos de prin-cipal e agente.

A princípio, toda e qualquer relação deagência pode sugerir a busca de eficiência,já que o principal, uma vez que não dispõede experiência, tempo, competência,capacitação, repassa ao agente a tarefa degerenciamento de recursos e execução deatividades. No entanto, conforme ressaltamJensen e Meckling (1976), “se ambas aspartes do relacionamento são maximi-zadores de utilidade, existe boa razão paraacreditar que o agente não agirá semprepelos melhores interesses do principal”.

A Teoria da Agência focaliza relaçõescontratuais entre indivíduos. Ademais, buscacompreender a natureza dos conflitos quepossam advir da relação de agenciamento,quando os interesses, entre principal eagente, divergirem.

Tomando por base o Regime Própriode Previdência Social (RPPS), as relaçõesnele estabelecidas, entre gestores e servi-dores – estes últimos chamados de contri-buintes –, podem gerar uma gama deconflitos, entre os quais podem serelencados divergências na definição devalores de taxa, ou de portfólio de investi-mento, etc. Necessita-se, portanto, procurarmecanismos que visem a reduzir essainsegurança, ou seja, que minimizem, tantoquanto possível, essas áreas de conflito.

Ao se apropriar dos conceitos elen-cados pela Teoria da Agência e aplicando-os ao mundo dos RPPS, pode-se classificar,então, o servidor como principal, e o gestordo RPPS, como agente. Nesse caso, oservidor, mesmo que de forma compul-sória, confia a outrem a realização de tarefade seu interesse, a saber, a administraçãodos recursos garantidores de sua aposen-tadoria futura, o que confere ao gestor,necessariamente, em alguma medida, poderde decisão.

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O ideal, no que tange ao sistema previ-denciário, seria que o principal tivesse asmínimas condições de fiscalizar, e,consequentemente, cobrar ações quepudessem garantir-lhe a aposentadoria.

Tal cenário seria possível a partir daconscientização, por parte do agente, deque a informação precisa ser popularizada,ou seja, é necessário conferir transparênciaàs ações; ou também, como outra medida,com o simples cumprimento da legislaçãovigente, que, por si só, elenca mecanismosque, ao menos no plano das ideias,deveriam garantir o acesso à informaçãopor parte dos interessados. É interessantenotar que sob essa perspectiva se demons-tra, talvez, o principal conflito na relaçãocontratual principal/agente no mundo dosRPPS.

Segundo Byrd et al. (1998), a qualidadedas decisões/escolhas dos agentes nãodepende somente de suas habilidades, mastambém dos incentivos que lhes são ofere-cidos. Portanto, quando um agente estádisposto a maximizar a sua função/utili-dade, e não a do principal, identifica-se umconflito de agência.

O problema da agência é um aspectode extrema relevância na relação entreagente e principal. De acordo com oentendimento de Hatch (1997), o pro-blema de agência, ou conflito da agência,envolve o risco de o agente agir de acordocom seus próprios interesses, em vez deagir em conformidade com os interessesdo principal. A fim de evitar os problemasdecorrentes dessa divergência de inte-resses, a solução é a realização de con-tratos, cujo objetivo é dar conformidadeaos interesses bilaterais.

Na mesma linha de raciocínio, con-forme Eisenhardt (1985), a capacidade dosprincipais de saber se os agentes estão ounão agindo de acordo com seus interesses,

depende das informações disponíveis, quepodem ser conseguidas de forma direta,por meio do monitoramento das ações dosagentes, ou mesmo indiretamente, peloacompanhamento dos resultados.

No intuito de garantir os interesses doprincipal, faz-se necessária a criação demecanismos que reduzam a possibilidadede os agentes agirem de maneira diversa.Nesse processo incorrem custos, os quaissão denominados, segundo Clegg, Hardye Nordy (1996), custos de agência. Deve-se ressaltar que os custos totais de agênciase constituem em: o montante gasto nomonitoramento pelo principal, os custosda dependência do agente e a perda residualarcada pelo principal.

Arrow (1985) identificou duas fontesprincipais de problemas de agência: o moralhazard, ou risco moral, que está relacionadocom acobertar ações, e a seleção adversa,relacionada a acobertar informações. O riscomoral envolve situações em que as açõesdos agentes não são de conhecimento doprincipal ou são muito onerosas para seremobservadas. Já a seleção adversa representao fato de os agentes possuírem informaçõesdesconhecidas por parte do principal, oucujos custos de obtenção são elevados.

Os problemas de agência são resol-vidos normalmente de duas maneiras:monitoramento e penalização. Para Clegg,Hardy e Nord (1996), o monitoramentoenvolve a observação do desempenho dosagentes, pois, de acordo com Holmstrom(1979), quanto mais de autonomia eindependência o agente goza e quantomaior o conhecimento especializado neces-sário na execução da tarefa, mais significa-tivo é o perigo da falta de controle. Apenalização trata-se da punição de umcomportamento não desejado dos agentes.Em outras palavras, aborda-se a temáticados mecanismos de controle.

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Accountability e os sistemas deprevidência social

A accountability, conforme TiburcioSilva et al. (2000), dada a complexidadedo seu conceito, seria o dever de prestarcontas. Apresenta-se como um dosnorteadores da governança corporativa.No entendimento de Kluvers (2003), semuma accountability adequada, o gerencia-mento dos recursos pode, na melhor dashipóteses, ser ineficaz e incompetente e,na pior das hipóteses, corrupto.

No caminho do entendimento em quese insere a accountability, Nakagawa (2003)busca elucidar:

Sob a ótica da teoria dos contratos ecomo consequência das relaçõessociais, políticas e econômicas queocorrem em qualquer sociedade, veri-fica-se, de um lado, que há sempre umadelegação de poder (autoridade), e deoutro, como contrapartida, a geraçãode responsabilidades, formando assimuma grande cadeia de accountability(Nakagawa 2003, p.17).

Nesse sentido, então, accountabilitycorresponderia à obrigação de executaralgo e decorreria da autoridade delegada.Mosher (1968) afirma que a accountability ésinônimo de responsabilidade objetiva, ouseja, trata-se da responsabilidadede uma pessoa ou organização perante aoutra, fora de si mesma. Tal responsabi-lidade traz consequências, desde prêmiospelo seu cumprimento, até castigos pelooposto.

Daí percebe-se que a necessidade dessemecanismo de controle decorreria dosconflitos de interesses entre as partes envol-vidas na relação de contrato, sendo estaformal ou não.

Assim, passa a ser de vital importânciaa busca por minimização de conflitos,sendo a prestação de contas um dessesmecanismos, uma vez que se apresentacomo instrumento de controle que visa apermitir a popularização das informaçõesa todos os interessados.

O ato de prestar contas deveria seratitude de qualquer gestão, uma vez que, apartir daí, haveria a possibilidade de obte-rem-se parâmetros de desempenho. Entre-

tanto, na vida quotidiana da administraçãopública, não parece ser a tônica, como severifica a seguir:

Os problemas mais contundentementecriticados são, entre outros, a lentidão noprocesso decisório (burocracia excessiva),uma demanda crescente por necessidadede financiamento (tributação elevada) e

“... a correlaçãoda confiança coma formaçãoacadêmica, coma frequência norecebimento deinformações ecom a idadeapresenta umnível designificânciaconsiderável...”

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a ausência de um processo de avalia-ção do desempenho do gestor públicoque seja objetivo e eficaz, sugerindoquase que uma tendência da gestãopública para o desperdício. (RIBEIRO

FILHO, 1999, p. 7)

Desperdício que nos RPPS podedesembocar na carência de recursosnecessários ao pagamento do passivoatuarial dos fundos. Logo, a utilização demecanismos de controle, como a presta-ção de contas, com fins de tornar públicosatos praticados, se apresenta como formade minimizar os efeitos de escassez futura.

A relação de confiança

A partir dos conceitos já expostos, épossível delinear uma definição ainda nãomencionada, mas de vital importância, querseja para o caso específico dos regimespróprios de previdência social, quer sejano desenrolar das atividades da adminis-tração pública em geral: a confiança.

Enumeram-se diferentes abordagensacerca do tema, tais como: confiança edesenvolvimento socioeconômico(FUKUYAMA, 1996), confiança e sistemassociais (LUHMANN, 1979). Arrow (1974)aponta que, a partir do ponto de vistaeconômico, confiança é reconhecidamenteconsiderada como um lubrificante para atroca econômica e um mecanismoeficiente para governar as transaçõeseconômicas nas sociedades. De modomais específico, em estudos da gerência eda organização, a literatura, ao tratar daconfiança, aborda-a enquanto fator intere/ou intraorganizacional (TZAFRIR E

HAREL, 2002). E tal é o contexto utilizadopelo presente estudo, qual seja, a confiançaintraorganizacional e sua influência nasrelações pessoas-organização.

No entendimento de Tzafrir e Harel(2002), é possível identificar três pontoscríticos na análise da confiança, a saber:a) questões associadas à vulnerabilidade/risco; b) o problema da reciprocidade;c) a dinâmica das expectativas.

No tocante às questões associadas àvulnerabilidade/risco, a definição de con-fiança mais comumente apresentada estáassociada à disposição de alguém a servulnerável em relação à outra pessoa, cujoscomportamentos não se pode controlar, ou,ainda, com base na crença de que o outroé competente, franco e responsável(MISHRA, 1996). Em outras palavras, oscomportamentos de confiança conferemsegurança a organizações e pessoas, a fimde que estas tenham minimizado seu receioem assumir riscos. Desse modo, a incli-nação a arriscar surge na literatura comouma das poucas características que podeser comum a todas as situações de con-fiança. Por seu turno, o risco seria, então, acondição essencial em conceituações deconfiança, sejam elas de caráter psicoló-gico, social ou econômico. Pode-se veri-ficar, então, que a assunção de riscos numarelação reforça o sentido de confiança.

No que diz respeito à questão dareciprocidade, esta está ligada ao fato dese observar que um cenário de interaçõespositivas tende a elevar o nível deconfiança entre as partes. Quer dizer, essasinterações positivas mútuas entre os atoresenvolvidos acarretam, portanto, a consti-tuição de perspectivas em longo prazo(TZAFRIR E HAREL, 2002). As normas dereciprocidade têm grande influência sobrea confiança e constituem-se em caracte-rística que geralmente acompanha asrelações baseadas na confiança.

Quanto à dinâmica da expectativa,considera-se que a confiança traz embutidauma expectativa positiva. Tal expectativa do

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resultado da outra parte forma um elementocentral na definição de confiança. A dispo-sição para assumir riscos baseia-se naexpectativa de que a outra parte cumpriráuma determinada ação importante paraaquele que confia. A violação dessas expec-tativas, portanto, resultaria em consequên-cias negativas para os envolvidos (TZAFRIR

E HAREL, 2002).

Metodologia

Para subsidiar este estudo, foram utili-zados métodos quantitativos, de modo aesclarecer as relações entre o Instituto UFVde seguridade social (Agros) e os seus parti-cipantes, sob as diferentes perspectivasabordadas pelo referencial teórico.

Fonte de dados

A população-alvo deste estudo foiestabelecida de acordo com Hair et al. (2005),que a define como o grupo completo deobjetos ou elementos que possuem infor-mações relevantes. Dessa maneira, a popu-lação-alvo deste estudo foi constituída pelosservidores ativos da Universidade Federalde Viçosa e da Fundação Arthur Bernardes,optantes pela previdência complementar doAgros. Os questionários foram aplicadosentre os dias 30 de junho de 2010 e 07 dejulho de 2010. A população definida segueos critérios estabelecidos.

Segundo dados do relatório anual deinformações do Agros (2009), o númerode participantes ativos dos planos de pre-vidência do instituto contabiliza um totalde 4,4 mil participantes.

De modo a selecionar a amostra quecompõe o estudo, foi realizado o cálculoestatístico da amostra aleatória, utilizadoem estudos em que a população-alvoé considerada finita. O cálculo é feito

tomando como base a equação 1, apre-sentada abaixo:

(1)

Na equação acima, o representa otamanho da amostra aleatória,

é igualao nível de significância (sigma), o valorde p demonstra a probabilidade de manifes-tação do evento, o q apresenta o valorcomplementar a p, ou seja, 1-p. Por fim, ovalor de N traz o tamanho da populaçãode indivíduos e o valor

e

é o erro máximotolerado no estudo. Para a realização dessaanálise, os valores apurados foram: = 1,645;q=0,5; p=0,5; N=4.400 e o valor de =0,05.Tomando como base esses valores, apu-rou-se o tamanho da amostra aleatória que,para este estudo, foi de 254 indivíduos.

Elaboração do questionário:formulação dos constructos

Os questionários, para obtenção dosdados utilizados para a realização deste es-tudo, foram utilizados tomando como baseas teorias acerca da temática abordada. Deacordo com Hair et al., (2005) e Malhotra(2001), o conjunto de teorias a respeito dotema estudado é a principal fonte de subsí-dios para a construção de questionáriosconsistentes. Para a realização deste estudo,os questionários elaborados basearam-se emLima (2006).

De acordo com Hair et al. (2005), aprimeira etapa para a elaboração do ques-tionário é a definição dos conceitos ouconstrutos a serem pesquisados. Deve-seassegurar que não haja ambiguidade em suainterpretação.

De modo a possibilitar essa análise, fo-ram criados constructos relacionados aostemas abordados neste estudo, ou seja,

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relacionados à confiança e à transparência.Tomando como base Hair et al. (2005), umconstructo é um conceito ou uma ideia ge-nérica constituída pela combinação de umasérie de características semelhantes, que co-letivamente definem e tornam amensuração do conceito possível. Osagrupamentos das variáveis pesquisadaspara a realização deste estudo formam osconstructos que possibilitam a realizaçãoda análise objetivada pela pesquisa. Aescolha das variáveis que compuseram oconstructo se baseou na teoria referente aostemas abordados, tomando como baseprincipal os estudos de Lima (2006).

Os constructos utilizados para avaliara relação entre os participantes e o Agrosestão apresentados no Quadro 1.

O Quadro 1 apresenta as variáveisutilizadas para a formação de cadaconstructo. A realização desse processode formação dos constructos visa a faci-litar o entendimento acerca de determi-nados conceitos, cujo entendimentosomente é possível por meio do agrupa-mento de certas variáveis.

Construção e validação da escala

De modo a mensurar as variáveis,optou-se pela escala Likert. SegundoGüthner (2003), a escala Likert é umamensuração mais utilizada nas ciênciassociais, especialmente em levantamentosde atitudes, opiniões e avaliações. Deacordo com Malhotra (2001), Likert é uma

Fonte: Elaborado pelos autores

Quadro 1: Constructos utilizados na análise

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escala de medida com cinco ou sete cate-gorias de respostas, que vão de “discordototalmente” a “concordo totalmente”, eque exige que os participantes indiquemseu grau de concordância ou dediscordância com cada uma de uma sériede afirmações relacionadas com o objetode estudo.

Optou-se por utilizar uma escala de7 pontos, de modo a permitir aosrespondentes maior possibilidade de res-postas. Utilizou-se uma escala equilibrada,para que o número de categorias favoráveise desfavoráveis seja o mesmo e para nãoinfluenciar os respondentes nas suasavaliações. Foi escolhido um número ímparde categorias, a fim de possibilitar que orespondente adotasse uma postura neutraem relação à afirmação.

A escala utilizada pode ser conside-rada forçada, pois as categorias apre-sentadas não permitiam ao respondentese abster da resposta. Caso o mesmoapresentasse dúvidas, poderia optar pelaneutralidade.

Transformação dos dados

De modo a possibilitar este estudo, foirealizada a transformação dos dados. Hairet al. (2005) apontam que a transformaçãodos dados pode ser um importante pro-cesso de modificação dos dados originaispara um novo formato, que seja maisadequado para a realização de um proce-dimento estatístico.

O procedimento utilizado foi a combi-nação das médias das variáveis escolhidaspelos respondentes em cada questão rela-cionada a determinado conceito, ou seja,ao constructo. Esse procedimento possibi-litou mensurar qual a percepção do parti-cipante do Agros sobre cada um dos doisconstructos estudados.

Análise de correlação

De modo a avaliar a relação entre asvariáveis utilizadas neste estudo, foramrealizados testes estatísticos, testes decorrelação.

A correlação indica se existe ou nãointer-relacionamento entre variáveis. Nocaso deste artigo, buscou-se verificar seexiste inter-relação entre o nível de con-fiança dos participantes do Agros, as

características desses usuários e o contatoinstituto-participante.

Teste qui-quadrado

O teste qui-quadrado é o teste estatís-tico mais antigo e um dos mais utilizadosem pesquisa social. Segundo Barbetta(2008), é um método que permite testar a

“Outrosfatores como ocontato diretocom o instituto,a idade e o nívelde escolaridadesão variáveisque produzemreflexos maisdiretos naconfiança doservidor.”

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significância da associação entre duasvariáveis, como também compararduas ou mais amostras quando os resul-tados da variável-resposta estão dispostosem categoria.

O teste qui-quadrado se destina, por-tanto, a avaliar a associação existente entrevariáveis e se baseia na comparação dasproporções, ou seja, nas possíveis diver-gências entre as frequências observadas eesperadas para um evento específico(BEIGUELMAN, 1996).

O teste de ajustamento do qui-quadra-do é de fácil construção e se baseia nacomparação da distribuição dos dados daamostra (frequências observadas) com adistribuição teórica, à qual a amostra sesupõe pertencer (UFPE, 2010).

Para a realização do teste qui-quadrado,considera-se uma amostra aleatória de nelementos, extraída de uma população comdistribuição desconhecida, sobre os quaisse observa uma característica (qualitativaou quantitativa) (HENRIQUES e REIS, 2010).

Para que o teste seja realizado, é ne-cessário que:

• os grupos sejam independentes;• os itens de cada grupo sejam selecio-

nados aleatoriamente;• as observações sejam por frequências

ou contagens;• cada observação pertença a somente

uma categoria e que a amostra seja relativa-mente grande (com pelo menos cinco obser-vações em cada célula e, no caso de poucosgrupos, pelo menos 10) (BEIGUELMAN,1996).

Para a realização das análises desteestudo, o teste qui-quadrado é de extremaimportância, pois demonstra a indepen-dência ou não dos grupos ou estratosrelacionados a cada constructo, permitindoverificar a correlação entre esses grupos.No âmbito deste estudo, testaram-se ashipóteses de independência das variáveis

(H0 ou hipótese nula) e de dependência dasmesmas (Ha ou hipótese alternativa).

Levando-se em conta as característicasdos dados utilizados na realização destapesquisa e o alto nível de confiabilidadedo teste qui-quadrado, optou-se pela reali-zação do mesmo por meio do softwareSPSS® 15- Statistical Package for the SocialSciences – em versão licenciada.

Análise dos resultados

Com o objetivo de analisar a relaçãode confiança entre os participantes e oAgros, sob a perspectiva daqueles, o pre-sente artigo buscou conhecer a relaçãoentre as características dos participantes,as ações do instituto em relação à transpa-rência e o nível de confiança entre o Agrose os seus participantes.

De modo a favorecer as análises, de-monstra-se de extrema importância acaracterização do objeto estudado. Segundoinformações colhidas junto ao próprioInstituto UFV de Seguridade Social (Agros),este se constitui em uma entidade fechadade previdência privada, sob a forma desociedade civil, sendo vinculado à Univer-sidade Federal de Viçosa. Possui a finalidadede suplantar as prestações asseguradas pelaprevidência oficial aos grupos familiares dosempregados dos patrocinadores (a própriaUFV e o próprio Agros), e promover obem-estar social dos seus destinatários.

O Instituto foi criado em 8 de maio de1980, data da portaria no 2119, assinadapelo então Ministro da Previdência eAssistência Social Jair Soares.

Com o propósito de avaliar a relaçãoentre agente (Agros) e principal (Partici-pante), baseada na descrição da Teoria daAgência, realizou-se o cruzamento dasrespostas dos questionários que envolviamquestões vinculadas: a) às características

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inerentes aos participantes, b) às ações doinstituto de previdência complementar, ec) ao nível de confiança estabelecido nessarelação.

De modo a verificar os níveis de con-fiança dos participantes em relação aoAgros, buscou-se visualizar, por meio deuma correlação entre as respostas dadaspelos contribuintes, as questões do questio-nário e as características inerentes aosparticipantes.

Nesse sentido, os resultados obtidossão demonstrados nos gráficos aquiapresentados. Cumpre ressaltar que asanálises ora descritas são baseadas nasrespostas obtidas do grupo dos partici-pantes que declararam ter a) maior idade,b) mais tempo de serviço, c) receber maisinformações do instituto de previdênciacomplementar. Sendo assim, o artigobaseou-se na literatura que descreve essesgrupos como os mais propensos ademonstrarem maior confiança nos insti-tutos de previdência.

Há de se salientar que foram realizadasas análises para todos os demais gruposde participantes; entretanto, tais percepções,por ora, não colaborariam para a soluçãodo problema de pesquisa.

A seguir, apresentam-se os resultadosdo estudo, sob a forma de gráficos, paraos grupos considerados na relação princi-pal/agente, em se tratando dos regimespróprios de previdência social.

No Gráfico 1, percebe-se a formacomo o tempo de serviço influencia a con-fiança do servidor. Nota-se que mais dametade dos respondentes com mais de13 anos de serviço confia no instituto deprevidência complementar ao qual estávinculado, corroborando o entendimentoda literatura que aponta para a formaçãoda relação principal/agente e a confiançaem que se baseia tal relação.

No Gráfico 2, verifica-se que o recebi-mento de informações do institutode previdência também acompanha asexpectativas; em outras palavras, mais de50% dos respondentes, que afirmaramreceber informações mensalmente, confiamde maneira satisfatória em seu agente. Ocontato direto entre participantes e institutose caracteriza como um dos principais meiosde se aumentar a confiança por parte dosparticipantes em relação ao Agros. Destaca-se, assim, o envio mensal do informativodo Agros, que, além das várias informaçõesacerca do instituto, apresenta questõesligadas ao cotidiano dos participantes, desdedicas de saúde a questões relacionadas comeducação financeira. Nesse sentido, essasações podem ser consideradas como com-portamentos de confiança que conferemsegurança a organizações e a pessoas, a fimde que estas tenham minimizado seu receioem assumir riscos.

O Gráfico 3 demonstra a confiançaapresentada pelos servidores que possuemmais de 53 anos.

Percebe-se, mais uma vez, que mais dametade dos respondentes confia no insti-tuto, demonstrando que os servidores quese aproximam da idade apta à aposenta-doria confiam no plano de previdência doAgros, porém em um baixo nível; pois,como demonstrado pelo estudo, 47,6% dosparticipantes têm baixa confiança no insti-tuto, o que demonstra a necessidade deque este realize ações que visem a ampliara confiança dos participantes, ao se apro-ximar a idade de aposentadoria dos servi-dores da Universidade Federal de Viçosa.

O resultado deste gráfico vai contra asanálises realizadas no Gráfico 1, que apontaque os usuários com mais de 13 anos deserviço confiam em maior nível no Agros.Porém, essa divergência pode ocorrerdevido à diferença entre intervalos de

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Fonte: Elaborado pelos autores.

Gráfico 1: Relação da confiança com o tempo de serviço – servidores com maisde 13 anos de serviço

Fonte: Elaborado pelos autores.

Gráfico 2: Relação da confiança com o recebimento de informações – servidoresque recebem informações mensalmente

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período ocorridos em cada análise e, prin-cipalmente, pelo fato de a idade de 53 anosser muito próxima da idade na qual a mai-or parte dos servidores se encontra apto àaposentadoria.

O teste qui-quadrado foi realizado como intuito de conhecer o nível de indepen-dência das variáveis; nesse sentido, analisou-se o nível de significância da correlação entreo constructo confiança e as demais variáveis.

A Tabela 1 demonstra que a correlaçãoda confiança com a formação acadêmica,com a frequência no recebimento de

informações e com a idade apresenta umnível de significância considerável, o quepossibilita, por meio do teste qui-quadrado,rejeitar a hipótese H0, e, portanto, nãorejeitar a hipótese alternativa de depen-dência entre as variáveis, a um nível designificância de 10%.

Nesse sentido, o teste aponta que essasvariáveis são associadas em relação àvariável confiança. As demais variáveis,como transparência, tempo de experiênciano serviço público federal, frequência comque busca as informações e fonte em que

Gráfico 3: Relação da confiança com a idade – servidores com idade acima de 53 anosFonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 1: Resultados do teste qui-quadrado: relação entre o nível de confiança eas demais variáveis

Fonte: Elaborada pelos autores.

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essa informação é buscada, apresentaramum nível de significância que permite a nãorejeição de H0, que aponta que as variáveissão independentes.

Por meio das análises, torna-se factívelafirmarmos que as variáveis que serelacionam com a confiança, com exce-ção da frequência no recebimento deinformações, são variáveis sobre as quaiso instituto não tem qualquer poder deinterferência. Nesse sentido, entre aspossíveis ações avaliadas por este estudo,pode-se afirmar que o Agros deve ter umcontato constante com os seus partici-pantes, dando-lhes sempre ciência dasrealizações do instituto.

Isso diminui a sensação de vulnerabi-lidade/risco, pois permite ao participanteaumentar a crença de que o outro (Agros)é competente, franco e responsável(MISHRA, 1996). E, portanto, diminui oschamados conflitos da agência por meiode ações de baixo custo e de alto retornopara o instituto.

Considerações finais

Este trabalho permitiu analisar, sob aótica do participante do Agros, os níveisde transparência da gestão administrativado instituto e a confiança em relação aoregime de previdência do qual faz parte.

Além disso, foi essencial a verificaçãoquanto aos efeitos dessa transparência emrelação à confiança do contribuinte nosaspectos relacionados principalmente à suaaposentadoria.

Deve-se ressaltar que, para o grupoanalisado, ou seja, aqueles que se declara-ram pertencentes à faixa de maior idade,ou que possuíam mais tempo de serviço,ou ainda aqueles que recebiam mais infor-mações do instituto de previdência comple-mentar, apresentaram-se respostas em

concordância com o referencial teórico, ouseja, demonstrou-se nível maior de con-fiança no instituto de previdência a queestavam vinculados.

Tomando como base o constructocriado para a realização deste estudo, o qualfoi chamado de transparência, percebe-seque os níveis de confiança não dependemda transparência das informações acerca daprevidência. Outros fatores como o con-tato direto com o instituto, a idade e o nívelde escolaridade são variáveis que produzemreflexos mais diretos na confiança doservidor.

Levando-se em conta os três pontoscríticos da confiança, percebe-se que asvariáveis que demonstraram correlaçãocom a confiança possibilitam a criação deum nível de confiança baseado nadinâmica da expectativa, apontada porTzafrir e Harel como elemento central nadefinição de confiança. A disposição paraassumir riscos é baseada na expectativade que a outra parte cumprirá uma deter-minada ação importante para aquele queconfia. A violação dessas expectativas,portanto, resultaria em consequênciasnegativas para os envolvidos.

O aumento dos níveis de confiançapossibilita a diminuição dos conflitos daagência inerentes ao relacionamento entreagente e principal.

Cabe ressaltar que a análise realizadaleva em conta as variáveis que formaram oconstructo, conforme demonstrado nametodologia. Não necessariamente análisesutilizando outras variáveis relacionadas aostemas abordados trariam resultadossemelhantes.

Outras análises podem ser realizadascom os dados obtidos por este estudo,como a percepção da confiança dos novosentrantes no Setor Público, ou seja, aquelesque se apresentam no período probatório

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de 03 (três) anos, tempo a ser cumpridoaté a efetivação. Sugere-se, ainda, arealização de uma nova análise, visando aconhecer a relação entre outrosconstructos e a questão da confiança nos

regimes próprios de previdência comple-mentar.

(Artigo recebido em abril de 2012. Versãofinal em dezembro de 2012).

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Análise da relação principal-agente nos regimes próprios de Previdência Social: o caso do Agros

Resumo – Resumen – Abstract

Análise da relação principal-agente nos regimes próprios de Previdência Social: ocaso do AgrosCaio César de Medeiros Costa, Alan Antunes Vieira Macabeu e Marco Aurélio Marques FerreiraEste estudo objetivou verificar, sob a ótica dos participantes, os níveis de transparência de

gestão administrativa do Instituto Universidade Federal de Viçosa (UFV) de Seguridade Social(Agros) e a confiança nele, além de verificar a relação entre os níveis de transparência e aconfiança dos participantes no instituto. Foram coletados dados primários junto aos participan-tes do Agros, e analisados por meio da análise de frequência e de correlação. Os resultadosapontaram que a confiança depende, entre outros aspectos, da formação acadêmica, da frequênciano recebimento de informações e da idade dos participantes. Outras variáveis analisadas não serelacionaram de forma significativa. Por meio das análises, torna-se factível afirmar que as vari-áveis que se relacionam com a confiança, com exceção da frequência no recebimento de infor-mações, são variáveis com as quais o instituto tem pouca influência, limitando o seu poder deação a curto prazo para modificar questões relacionadas a esse fenômeno. Assim, entre as pos-síveis ações avaliadas por este estudo, pode-se afirmar que o Agros deve ter um contato cons-tante com os participantes, dando-lhes ciência de suas realizações, buscando um contato fre-quente e duradouro.

Palavras-chaves: Previdência social; accountability; confiança

Análisis de la relación principal-agente en los regímenes própios de la seguridadsocial: el caso del AgrosCaio César de Medeiros Costa, Alan Antunes Vieira Macabeu y Marco Aurélio Marques FerreiraHemos examinado desde la perspectiva de los participantes, los niveles de transparencia en

la gestión del Instituto UFV de seguridad social (Agros) y la confianza en el mismo, además deidentificar las relaciones entre los niveles de transparencia y la confianza de los participantes enel instituto. Los datos primarios se obtuvieron junto a los participantes del Agros, y seanalizaron por medio del análisis de frecuencia y correlación. Los resultados mostraron que laconfianza depende, entre otros aspectos, de la formación académica, la frecuencia de recepciónde la información y la edad de los participantes. Otras variables no se correlacionaron de manerasignificativa. Mediante el análisis, se vuelve factible decir que las variables que se relacionan conla confianza, con la excepción de la frecuencia en la recepción de información, son variables conlas cuales el instituto tiene poca influencia, lo que limita su poder de acción para modificar lascuestiones del fenómeno a corto plazo. Así, entre las acciones posibles evaluadas en este estudio,se puede afirmar que el Agros debe mantener contacto con los participantes, informándoles suslogros, siempre en búsqueda de un contacto permanente y frecuente.

Palabras-clave: Seguridad social, accountability; confianza

A principal-agent analysis of the social security system: the case of AgrosCaio César de Medeiros Costa, Alan Antunes Vieira Macabeu and Marco Aurélio Marques FerreiraThis paper aims to verify the levels of transparency in the administration of Agros (Social

Security Institute of the Federal University of Viçosa) and the confidence in the Institute by theperspective of the participants. We collected data from a set of participants of the Agros SocialSecutiry System. The results showed that confidence depends on the level of schooling, thefrequency of receiving information and age of the participants. Excepted for frequency in

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Caio César de Medeiros Costa; Alan Antunes Vieira Macabeu e Marco Aurélio Marques Ferreira

receiving information, variables related to trust are those ones which the Institute has littleinfluence. The Institute should keep in touch with the participants, informing them of itsaccomplishments.

Keywords: Social security, accountability; trust

Caio César de Medeiros CostaDoutorando em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de São Paulo Fundação Getúlio Vargas;mestre em Administração – Universidade Federal de Viçosa. Contato: [email protected]

Alan Antunes Vieira MacabeuMestrando em Administração pela Universidade Federal de Viçosa; bacharel em Direito pela Universidade Federal deViçosa. Contato: [email protected]

Marco Aurélio Marques FerreiraDoutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa; professor adjunto do Departamento de Administraçãoe Contabilidade pela Universidade Federal de Viçosa. Contato: [email protected]